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Fundamentos de cirurgia – equipe cirúrgica

sexta-feira, 1 de março de 2019


15:23
Componentes da equipe cirúrgica
 Cirurgião
 Auxiliares do cirurgião: a quantidade depende do tamanho da cirurgia.
 Anestesiologista
 Instrumentador
 Circulante
Cirurgião
 Responsável pelo procedimento
 Líder de equipe
 Apto a realizar o procedimento
 Atua em parceria com os outros
Primeiro auxiliar
 Substitui o cirurgião
 Deve ser um cirurgião, de preferência especialista da área, que saiba fazer
o procedimento
Segundo auxiliar
 Vai auxiliar o primeiro ou segundo cirurgião
 Consequentemente, deve ser cirurgião
 As cirurgias guiadas por vídeo aumentaram a utilização do segundo auxiliar
Anestesiologista
 Responsável pela manutenção do paciente
Instrumentador
 Auxilia na execução da cirurgia
 Responsável pela organização e limpeza dos materiais
 Deve conhecer a cirurgia e seus passos
Circulante
 Fornece o material necessário para a realização da cirurgia
 Possibilita que a equipe paramentada estéril não se contamine
Centro cirúrgico
 Local onde realizamos as cirurgias
 Cuidados de higiene reforçados
 Cuidados com locais estéreis
Check List -OMS
 É necessário fazer uma checagem antes de o paciente entrar no centro
cirúrgico
 O circulante fica com a lista de checagem
 Checa o paciente, o lado correto, os materiais necessários
 Componentes: é composta de 3 momentos, antes da indução anestésica,
antes de iniciar a cirurgia, e antes do paciente sair da sala cirúrgica.
 Antes da indução anestésica: confirmação sobre o paciente
(identificação, local da cirurgia, procedimento a ser realizado), sítio
cirúrgico do lado correto, checagem do equipamento anestésico,
confirmação de alergias, possibilidade de via aérea difícil, risco de
sangramento
 Antes de iniciar a cirurgia: cirurgião, anestesista e enfermagem
confirmam a identidade do paciente, o local da cirurgia, o
procedimento a ser realizado. Revisão do cirurgião, revisão do
anestesista, revisão da enfermagem. Necessidade de ATB
profilático (foi dado?). Identificação do paciente, procedimento
a ser realizado, local do procedimento.
 Antes de sair da sala cirúrgica: enfermeira confirma o nome do
procedimento realizado, contagem de instrumentos, compressas,
agulhas (checar se está correto), biópsias identificadas com o
nome do paciente.

Pré e pós-operatório
sábado, 30 de março de 2019
09:42

Pré-operatório
Conceito
É o período decorrido entre o momento em que a cirurgia foi indicada e o seu
começo, na sala de operação. É no pré-operatório que se faz a avaliação do
risco de morbidade e óbito do paciente, bem como o preparo do paciente com o
objetivo de reduzir esse risco. O pré-operatório dos pacientes que vão ser
submetidos às mais diversas cirurgias não diferem em essência, com as
variações dependendo mais do nível da cirurgia.
Classificação
 Pré-operatório de emergência: paciente chega no hospital por uma equipe
de resgate, realiza-se uma intervenção cirúrgica emergencial com o objetivo
de salvar a vida do paciente. À medida que se opera, pergunta-se a família
sobre doenças associadas, uso prévio de drogas ou medicamentos, que
podem interferir com a condução do ato anestésico etc.
 Pré-operatório de urgência: apesar do tempo ser curto, há tempo suficiente
para uma boa anamnese e exame físico, solicitação de exames
laboratoriais e de imagem, o que permite fazer o diagnóstico e correção de
alguns distúrbios associados.
 Pré-operatório eletivo: o cirurgião dispõe de todo o tempo necessário para
iniciar o ato cirúrgico sem nenhuma dúvida.
Bases da avaliação pré-operatória
 História clínica
o História da doença atual e do seu tratamento
o Tolerância ao exercício
o Última visita ao clínico
o Medicações em uso e história de alergias
o História social (incluindo drogas ilícitas, álcool e tabaco)
o Doenças crônicas: cardiovascular, pulmonar, hepática, renal,
endócrina, neurológica
o Antecedentes anestésicos e cirúrgicos: complicações, dor, náuseas,
vômitos, sangramentos, transfusão, febre, tempo de internação,
terapia.
o Avaliação das condições psíquicas
o Solicitar exames pré-operatórios e consultorias, quando necessários.
o Planejar a anestesia, a analgesia e os cuidados perioperatórios
o Informar prognósticos, diagnósticos, riscos e objetivos ao paciente ou
ao representante legal
o Obter consentimento informado do paciente ou do seu representante
legal
 Preparo psicológico
o Boa relação médico-paciente
o Conhecimento de todo o ato operatório e pós-operatório (sondas,
drenos, colostomia).
o Cuidado: pacientes deprimidos e aqueles que não desejam a cirurgia.
o Informar sobre dor do pós-operatório
o Prognóstico encorajador
 Preparo fisiológico
o Volemia: anemias, policitemia, transporte de O2 inadequado. Vômito
e diarreia. Perdas sanguíneas visíveis, como em fraturas de fêmur, ou
perdas invisíveis, como em perdas para o 3° espaço.
o Coagulação: hepatopatias, trombocitopenias, hemofilia, uso de
anticoagulantes, doença renal crônica.
 Nutrição: subnutridos possuem sistema imune suprimido, com maior risco
de infecção. A fraqueza muscular pode prejudicar a respiração e favorecer
complicação respiratória. Os obesos podem ter complicações trombóticas,
respiratórias, metabólicas (DM), complicações da ferida operatória.
 Medicamentos:
o Suspender AAS (15 dias), AINEs (15 dias), diabetogênicos orais,
antidepressivos.
o Manter digitálicos, anti-hipertensivos, insulina, antialérgicos,
anticonvulsivantes, corticoides.
 Infecção: uso de ATB profilático. Avaliar o tipo de cirurgia, se ela é
contaminada ou potencialmente contaminada.
 Exame físico minucioso
 Exames complementares: pacientes abaixo dos 40 anos sem queixas, não
é necessário pedir exames.
o Hemograma
o Glicemia de jejum
o Ureia
o Creatinina
o Tempo de sangramento, Tempo de coagulação (TAP e KPTT)
o RX de tórax PA e perfil
o ECG
 Reduzir tabagismo
 Orientar família
 Jejum: o jejum tem como objetivo principal evitar a aspiração pulmonar,
principalmente para o direito, de conteúdo gástrico, o que leva a chamada
pneumonia por aspiração.
 Dados vitais: PA, FC, FR, TAX.
 Formulação do risco cirúrgico: geralmente papel do anestesiologista.
Classificações do ASA.
Particularidades
 Gestantes:
o Risco de aborto, tentar postergar a cirurgia. Desconforto respiratório,
anemia fisiológica (não deve ser corrigida, e ocorre devido a maior
quantidade de água plasma)
 Mulher em idade fértil:
o Beta HCG para confirmar ausência de gestação
 Idosos: julgar mais pela fisiologia do que pela idade cronológica. Cuidar na
hidratação EV para não sobrecarregar coração. Realizar menores doses de
narcóticos. Possuem uma resposta alterada a hipnóticos e sedativos.
Pré-operatório imediato
 Reduzir tempo de internação
 Jejum de 8h
 Banho e tricotomia
 Preparo do cólon: caso a cirurgia seja nesse local, para esvaziamento do
órgão.
 Lavagem esofágica
 ATB profilático
 Sondagem vesical: pacientes com risco de ITU
Encaminhamento ao centro cirúrgico
 História clínica e exames analisados
 Pulso, FC, PA normais
 Retirada de próteses dentárias, cosméticos
 Banho e tricotomia satisfatórios
 Amostras de sangue coletadas, enviadas e solicitados volumes adequados
No centro cirúrgico
Equipe auxiliar
 Acesso venoso
 Montar mesa cirúrgica
 Verificar material cirúrgico
 Solicitação de materiais
Cirurgião
 Revisar a identidade do paciente
 Revisar posição
 Revisar instrumental
 Antissepsia do campo operatório
 Colocação de campos cirúrgicos
 Iniciar
 Orientar família
 Jejum: o jejum tem como objetivo principal evitar a aspiração pulmonar,
principalmente para o direito, de conteúdo gástrico, o que leva a chamada
pneumonia por aspiração.
 Dados vitais: PA, FC, FR, TAX.
 Interação medicamentosa: a suspensão de alguns fármacos de uso
rotineiro do paciente é importante devido ao risco de interação com outros
fármacos administrados durante o ato cirúrgico.
o Drogas que atuam no sistema cardiovascular: mantém-se terapia com
anti-hipertensivos (alfa-agonistas e beta-bloqueadores, inibidores de
ECA, bloqueadores de canal de cálcio).
Pós-operatório
Basicamente se restringe ao controle do estresse metabólico causado pelo
trauma, através de exames laboratoriais. Avaliação de febre pós-operatória,
atentando a suas causas mais comuns. Garantir nutrição adequada,
principalmente pela alta demanda metabólica desse paciente. Controlar a dor
pós-operatória. Higiene dos curativos.

Cicatrização tecidual
terça-feira, 2 de abril de 2019
10:33

Reparação tecidual
 Regeneração tecidual: processo pelo qual as células que morreram devido
a uma agressão são substituídas por células do parênquima do mesmo
órgão. Ocorre em tecido fetal e fígado.
 Cicatrização: processo em que as células lesadas não são substituídas por
células parenquimatosas, mas por tecido fibroso. Lesões de pele que
ultrapassam a membrana basal deixam cicatriz. A membrana basal divide
a derme e a epiderme. Boa parte da cicatrização da pele ocorre pela
unidade pilossebácea, que possui epitelização. Esse epitélio será utilizado
para cicatrização. Quando há lesão pilossebácea, a cicatrização ocorre
pelas laterais e é mais lenta.
o Queimaduras de 1º grau: lesão de epiderme
o Queimadura de 2º grau superficial: lesão de parte superficial da derme
o Queimadura de 2º grau profundo: lesão de derme profunda, lesão de
unidade pilossebácea. Vai levar bastante tempo para cicatrizar. É
necessário enxerto.
o Quemadura 3º grau: atinge a tela subcutânea, lesa a unidade
pilossebácea e a cicatrização será muito lenta.
Tipos de cicatrização
 Primeira intenção: ocorre nas feridas fechadas por aproximação de bordos
 Segunda intenção: é aquelas que se deixa aberta, sendo cicatrizada
dependente da granulação e contração da ferida para aproximação das
bordas. São feridas sem possibilidade de fechamento, ou infectadas.
 Terceira intenção: cicatrização por segunda intenção até melhorar, com
fechamento posterior por suturas, depois de alguns dias de cicatrização por
segunda intenção.

Processo cicatricial
Três fases: as fases se sobrepõem, a divisão é apenas didática. Alguns autores
consideram 4 fases, sendo coagulação uma extra.
 Inflamatória (3 primeiros dias): inicia-se no momento da lesão, junto da
coagulação. Ocorre exposição das células subendoteliais, ativando a
cascata de coagulação. Existe vasoconstrição inicial (tromboxano A2 e
prostaglandinas). Há aderência e agregação de plaquetas e formação do
coágulo. As plaquetas degranulam, liberando substâncias quimiotáticas,
atraindo células inflamatórias. Aumento da permeabilidade vascular,
facilitando diapedese. As células imunes combatem bactérias e células
destruídas.
o Neutrófilos: principal célula nas primeiras 24h. Apesar de necessários,
são dispensáveis com a chegada dos macrófagos.
o Macrófagos: predominam depois de 2-3 dias. O macrófago é
indispensável, pois é responsável pela liberação de fatores de
cicatrização que atuam em fibroblastos.
o Mastócitos: liberam histamina para vasodilatação
 Proliferativa (3 dias até 3 semanas): adição de colágeno a estrutura,
aumentando a força tênsil. A célula predominante é o fibroblasto, é ele
quem produz colágeno. O colágeno tipo 1 é o mais frequente na pele
normal, com baixas quantidades de colágeno tipo 3. O colágeno tipo 3
geralmente está aumentado nas cicatrizes (aumento da proporção), mas
ainda predomina o colágeno tipo 1. Ocorre formação de novos vasos
sanguíneos (neoangiogênese), a partir do brotamento de vasos sanguíneos
adjacentes. Neovascularização diz respeito a formação de novos vasos a
partir de vasos inexistentes. O VEGF é o responsável pela angiogênese e
pela neovascularização.
o Granulação: emaranhado de matriz extracelular, com vasos
sanguíneos abundantes. Geralmente ocorre nas feridas por segunda
intenção, servindo de substrato para criação das camadas. A
coloração vermelha significa vascularização adequada, e é um bom
sinal.
o Contração: o miofibroblasto possui capacidade de contração, reduz o
tamanho da ferida ou cicatriz. Essa contração da ferida próximo de
uma articulação vai prejudicar o movimento desta, sendo chamado de
contratura. A contração ocorre da periferia para o centro da ferida.
o Epitelização: promove a cobertura por epiderme. Ela ocorre a partir
dos queratinócitos, depositando queratina, impermeabilizando-a. Em
grandes feridas, a epitelização ocorre nas bordas, e pode ocorrer
pelos apêndices cutâneos quando estes são preservados. A
epitelização para através do feedback por contato, que é quando as
bordas se unem.
 Remodelação (3 semanas até 2 anos): é a fase de maturação. Ocorre
aumento de força tênsil, reorganização da cicatriz. O colágeno tipo 3
aumentado na fase proliferativa é transformado em colágeno tipo 1. As
fibras colágenas se alinham e criam aspecto organizado. A
hiperpigmentação se reduz. Nenhuma cicatriz terá a força tênsil de uma
pele íntegra, atingindo no máximo 80% da força tênsil normal (em cerca de
8 semanas).
Fatores que afetam a cicatrização
Fatores locais
 Isquemia
 Infecção: fase inflamatória persistente
 Técnica cirúrgica inadequada
 Corpo estranho: fase inflamatória persistente
Fatores sistêmicos
 Hipóxia
 Diabete (interfere em todas as fases)
 Radiação (lesão de endotélio do vaso, obliteração, fibrose)
 Envelhecimento (perda da qualidade do colágeno)
 Tabagismo (vasoconstrição)
 Desnutrição proteica
 Deficiência de vitamina C: responsável no metabolismo do colágeno
 Deficiência de vitamina A: a administração de vitamina A minimiza o efeito
deletério do corticoide na cicatrização.
 Deficiência de vitaminas do complexo B
 Deficiência de zinco
 Deficiência de ferro
 Medicamentos: corticoide, tamoxifeno, AINEs
Cicatrização patológica
Cicatriz hipertrófica
 Respeita a borda original
 Cresce até um determinado período e depois regride
 Ocorre por excesso de tensão na ferida.
 Sintomas significativos são raros
 Ocorre em locais de tensão, como dobras, cotovelo, joelho etc.
Queloide
 Não respeita a borda original, cresce além do limite
 Causa prurido, dor, infecção, ulceração frequente
 Estabiliza ou progride em tamanho
 Difícil tratamento
 Ocorre mais comum em negros
 Não respeita os limites laterais da cicatriz

Alterações endócrinas e metabólicas no trauma


cirúrgico
terça-feira, 12 de março de 2019
10:31

Componentes biológicos de uma agressão cirúrgica


 Primários: forças físicas
o Agente agressor
 Lesão de tecidos
 Lesão celular: extravasamento de conteúdo celular
 Destruição tecidual: lesão vascular (hematoma, hemorragia,
vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular
 Lesão de órgãos: insuficiência parcial ou total do órgão
 Secundários: consequências do primário
o Alterações endócrinas
 ADH: aumenta com o aumento do tempo de pós-operatório. 4º ou
5º dia de pós-operatório causam aumento de ADH, hemodiluindo
o paciente e causando hiponatremia. A hipervolemia pode causar
insuficiência cardíaca em pacientes idosos, cuja função cardíaca
está comprometida.
 Aldosterona: diminui a excreção renal de Na+.
 Cortisol: aumenta de 4-12h pós-operatório. Uma lesão adrenal ou
um bloqueio farmacológico (insuficiência adrenal por corticoide)
causam queda de PA. É importante coletar a história clínica para
saber se o paciente toma corticoide diariamente, pois a
suspensão abrupta da droga pode causar insuficiência adrenal, e
causar queda de PA nesses pacientes.
 Catecolaminas: aumentam de 12-48h do pós-operatório.
Alterações do metabolismo principalmente.
 Insulina: a insulina é baixa devido ao aumento das
catecolaminas. Portanto, haverá hiperglicemia. A hiperglicemia
de um paciente pós-operatório é normal, e não deve ser tratada
igual a de um paciente hígido.
 Glucagon: aumenta a liberação de glicose para o sangue.
 ACTH, GH, H. tireoidianos: estão todos aumentados. ACTH pelo
estresse imposto, GH pelo controle da glicemia e hormônios
tireoidianos para retorno do metabolismo.
o Alterações hemodinâmicas
 Perda de sangue
 Sequestração de plasma: edema
 Diminuição do débito cardíaco
 Diminuição do retorno venoso
 Vasoconstrição periférica
o Infecções
 Lesões do tecido de revestimento (pele, subcutâneo etc.)
 Hematomas: servem de substrato para fungos e bactérias
 Tecidos desvitalizados
 Diminuição da perfusão
 Diminuição da chegada de células imunes
o Falência múltipla dos órgãos
 Comprometimento conjunto de pulmões e rins:
 a IR é muito comum em politraumas, pois o
reestabelecimento das funções hemodinâmicas gera uma
diminuição da perfusão renal, causando IR.
 Depressão do CR
 Infecção do trato respiratório
 Aumento de ADH
 Aumento de ALD
 Redistribuição do fluxo sanguíneo com redução da perfusão
renal
 Ação de toxinas bacterianas
 Associados: independente do trauma
 Condições clínicas prévias:
 Alteração do ritmo alimentar: interrupção total ou parcial da
alimentação, diminuição do substrato energético, destruição
de proteínas e gorduras, dependência de glicose do SNC,
morte.
 Imobilização prolongada: pacientes imobilizados possuem
atrofia muscular. Estes pacientes acumulam (acamados)
secreções pulmonares, que favorecem infecções
respiratórias.
 Perdas hidroeletrolíticas extra-renais: grandes queimados e
pacientes traqueostomizados (ressecamento das vias
respiratórias) perdem muita água. Pacientes que vomitam,
que possuem sonda nasogástrica, fístulas, drenos ou
diarreia perdem grande quantidade de água e eletrólitos.
 Doenças concomitantes:
 Pneumopatias
 Cardiopatias
 Hepatopatias
 Nefropatias
 Endocrinopatia
 Extremos de idade

Prevenção e tratamento de suas consequências


 Cuidados com a destruição de tecidos:
 Cuidar com o manuseio dos tecidos, tentando manusear o mínimo
possível.
 Sempre hemostasiar, não deixar o paciente sangrando
 Evitar ligadura de grandes massas, fazer a hemostasia apenas do
ponto de hemorragia
 Usar bisturí elétrico apenas onde há necessidade, pois, apesar de
realizar hemostasia, ele promove queimaduras nas estruturas.
 Fios e agulhas adequados: fios multifilamentares acumulam bactérias
e matéria orgânica, que podem causar infecções. Agulhas com ponta
triangular são traumáticas. Agulhas com ponta circular são
atraumáticas.
 Não deixar espaço morto, pois retém líquido, que podem servir de
meio para proliferação bacteriana.
 Analisar a via de acesso correta para o procedimento
 Tecidos desvitalizados: são focos para proliferação bacteriana
 Cuidados nas alterações hidroeletrolíticas
 Edema traumático
 Perdas extra-renais
 Expansão de volume: checar dados clínicos como PA, FC e
dados laboratoriais (VG, fluxo urinário) para avaliar se o
paciente está hipovolêmico.
 Reposição de sangue
 Reposição de soluções coloidosmótica e hidrossalinas:
cuidar com a hemodiluição, principalmente em cardiopatas
e idosos. Lembrar que no pós-operatório o edema
traumático vai retornar ao plasma, e deve ser suspendido a
hidratação paraenteral.
 Cuidados com a função respiratória
 No pós-operatório deve existir aumento da perviabilidade da árvore
respiratória, pois pode ter ocorrido trauma no tórax, afetação do
movimento diafragmático, ação de anestésicos deprimindo o CR, TCE.
 Cuidados pré-operatórios importantes: cessar tabagismo, entre outras.
 Cuidados no pós-operatório: ventilação com pressão positiva, paciente
em posição semi-sentada, analgesia, fisioterapia respiratória,
nebulização, aspiração endotraqueal (em casos de paciente
traqueostomizados), traqueostomia (para evitar estenose traqueal
inferior. A traqueostomia também faz estenose traqueal, mas é mais
superior, e a correção cirúrgica é bem mais simples).
 Cuidados com o metabolismo orgânico
 O paciente que não come possui redução de seus estoques de energia
(gordura e proteínas)
 A limitação da liberação de insulina cria um déficit anabólico,
favorecendo o catabolismo das reservas
 O trauma cirúrgico, por si só, gera uma perda proteica importante, que
deverá ser compensado de alguma forma
 O paciente acamado terá atrofia muscular, além de aumentar risco de
infecções respiratórias devido a posição de decúbito
 O paciente deve ser mobilizado o mais rápido possível, pois previne
complicações, além de possibilitar recuperação das funções
fisiológicas e psíquicas do operado.
 A realimentação oral desse paciente deverá ser reestabelecida o mais
precocemente possível. Se não for possível, alimentação parenteral.
 Infecção
 Prevenir espaço morto
 Prevenir hematomas
 Usar fios adequados
 Assepsia
 Acessos venosos centrais e sondas vesicais com assepsia
 Uso de antibiótico profilático
 Hipertermia: as principais causas são atelectasia e infecção do trato
urinário
 Curativos: observar a manipulação do curativo pela enfermeira

Nutrição em cirurgia
quarta-feira, 27 de março de 2019
11:28
Introdução
 Possui duas funções:
o Prevenir complicações e diminuir mortalidade pós-operatória em
pacientes desnutridos submetidos a intervenção cirúrgica.
o Como terapêutica no tratamento de complicações cirúrgicas de
múltiplas causas, especialmente as mais graves, como fístulas
digestivas, sepse pós-operatória.
 O suporte nutricional pode ser utilizado no pré, per e pós-operatório, mas é
raramente empregado durante o procedimento cirúrgico.
 Cirurgias eletivas promovem perda menor de peso, enquanto grandes
cirurgias promovem grande perda de peso (grande trauma).
 O aumento das necessidades nutricionais decorre de:
o Perda de sangue
o Perda de água e eletrólitos
o Reparo dos tecidos
 Em alguns casos infeciosos, a infecção pode ocasionar desnutrição, pois
promovem:
o Redução da ingestão
o Redução da absorção
o Aumento da demanda metabólica
o Febre: pode causar anorexia e aumento do metabolismo basal.
 Avalianção nutricional:
o Método objetivo:
 Antropometria, composição corporal, parâmetros bioquímicos,
consumo alimentar, condição socioeconômica.
o Métodos subjetivos:
 Avaliação global subjetiva: perda de peso nos últimos 6 meses,
ingestão alimentar menor do que o habitual, sintomas
gastrintestinais;
 Exame físico: edema de tecido subcutâneo, dermatoses,
modificações na consistência, brilho dos cabelos, hepatomegalia,
anemia.
Pré-operatório
 Importante principalmente em pacientes desnutridos.
 O tempo de suporte será variado dependendo do estado nutricional do
paciente, da doença de base, e da urgência da operação.
 O suporte não visa a recuperação total do estado nutricional, mas sim ao
fortalecimento imunológico, recuperação funcional dos órgãos.
 Nutrição enteral e paraenteral são igualmente eficazes para essa finalidade,
mas sempre que possível se dá preferência a nutrição enteral, pois ela é
mais fisiológica, mais simples, com menor taxa de complicações infecciosas
e não-infecciosas no pós-operatório.
Peroperatório
 Quase nunca é recomendada
 Envolve riscos, deve ser evitada
Pós-operatório
 Pode ser feita enteral ou paraenteral
 Está indicada principalmente em casos de pacientes desnutridos,
submetidos a intervenções cirúrgicas de grande porte, e naqueles
impedidos de se alimentar por via oral, em razão de gastroparesia, íleo
adinâmico, intervenções buco-maxilo-faciais, ou outro impedimento
qualquer.
 Indicada também a pacientes operados em caráter de urgência, onde não
houve tempo para preparo pré-operatório adequado.
 Existe superioridade do suporte nutricional no pós-operatório no quesito de
redução no tempo de cicatrização da ferida cirúrgica, diminuição de
incidência de complicações.
 Deve-se sempre dar preferência a nutrição enteral, pois é mais fisiológica,
previne translocação bacteriana, menor taxa de complicações.

Nutrição enteral
 Consiste na administração de alimentos liquidificados ou de nutrientes,
estes por meio de soluções nutritivas com fórmulas quimicamente definidas.
A infusão é feita de maneira direta, no estômago ou delgado, através de
sondas.
 É indicada em pacientes com necessidades nutricionais normais ou
aumentadas, cuja ingestão por via oral está impedida ou é ineficaz, mas
que tenham o restante do trato digestivo anatomofuncionalmente
aproveitável.
Sondas
 Sondas nasogástricas convencionais: são mais utilizadas para
descompressão gástrica (aspiração de líquidos e gases estomacais), e são
INADEQUADAS para nutrição enteral, devem ser evitadas.
o Complicações: desconforto, ulceração frequente da asa do nariz,
faringite, otite, sinusite, retenção de secreções brônquicas que podem
causar infecção pulmonar. Esofagite por refluxo é complicação
frequente e por vezes grave em casos de permanência prolongada.
 Sondas nasoentéricas: são flexíveis, finas, leves, macias, resistentes a
ação das secreções digestivas, são altamente toleradas pelos pacientes.
Possui fio-guia que auxilia na passagem da sonda pelo trajeto. Algumas
possuem uma capsula na sua ponta, pesada, que facilita a progressão da
sonda até o jejuno, pela ação do peristaltismo. Além disso, são radiopacas,
e permitem a visualização em exames de imagem para verificação do seu
posicionamento correto.
Vias de acesso
 Passagem nasogástrica: é geralmente a opção de escolha, pois é mais fácil
e mais fisiológica. É utilizada em casos de dietas hiperosmolares, pois essa
dieta no intestino costuma causar diarreia osmótica. Necessita de cuidado
redobrado pelo risco de refluxo gastroesofágico. Está contraindicada em
pacientes comatosos, soluços frequentes, vômitos, dificuldades no
esvaziamento gástrico. Deve-se fixar a sonda após progredi-la, caso
contrário ela irá para o intestino delgado por ação do peristaltismo.
 Passagem nasoentérica: é a sonda nasogástrica não fixada, pois ela
progride com o peristaltismo. Introduz com o paciente sentado para evitar
vômito e risco de aspiração pulmonar. Utiliza-se lubrificantes como óleo
mineral, soja ou geleia de xilocaína. Introduzir de maneira lenta e
cuidadosa, e ao chegar na faringe pedir para o paciente deglutir. Em casos
de paciente pouco cooperativo, pode-se utilizar fio-guia (cuidar para não
progredir a sonda pela árvore traqueobrônquica). Realiza-se radiografia
para confirmar a posição adequada da sonda.
 Gastrostomia: realizada quando não for possível passar a sonda através do
esôfago, por exemplo.
 Jejunostomia: condições de estenose pilórica, por exemplo, ou quando não
se consegue a progressão da sonda para o intestino delgado, por qualquer
motivo.
Dieta
 Devem ser completas, atender as necessidades nutricionais do paciente
com carboidratos, lipídeos, proteínas, água, minerais e vitaminas.
 O principal componente energético é o carboidrato, principalmente
polissacarídeos. Cuidar com casos de intolerância pela ausência de
enzimas (lactase, por exemplo).
 Lipídeos são importantes para o aporte nutricional de ácidos graxos, bem
como para absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), no entanto
dependem de lipase pancreática e de sais biliares para que ocorra sua
absorção adequada. Em casos onde há distúrbio nesses elementos, opta-
se por triglicerídeos de cadeia média, pois são rapidamente absorvidos pelo
TGI e não dependem de lipase nem de sais biliares.
 Proteínas são observadas nas formas integrais e hidrolisadas, e podem ter
diversas fontes.
 O objetivo é que carboidratos sejam utilizados como fonte de energia, e não
proteínas.
 A qualidade da proteína também é importante, pois deve fornecer todos os
aminoácidos essenciais.
 A água é utilizada para manipulação da osmolaridade da dieta. Dietas muito
líquidas (ricas em água) são hiposmolares e exigem pouco trabalho
digestivo, enquanto que dietas mais pastosas (pouca água) são
hiperosmolares e exigem maior trabalho digestivo.
Complicações
 Erosão de mucosa nasal
 Irritação da nasofaringe
 Otite, sinusite, faringite
 Esofagite
 Aspiração pulmonar
 Desconforto, distensão, cólica abdominal
 Infecção intestinal

Nutrição parenteral
 Visa fornecer, por via paraenteral, todos os elementos necessários a
demanda nutricional do paciente, com necessidade normal ou aumentada,
cuja via digestiva não pode ser utilizada ou é ineficaz.
 Pode ser total (quando é nutrido exclusivamente por ali) ou complementar
(quando é nutrido por via parenteral e enteral, juntos).
 Pode ser central (quando é administrada em veia central, como cava
superior) ou periférica (quando é administrada em veia periférica).
Componentes das soluções
 Glicose e lipídeos como fonte energética.
 Como fonte de aminoácidos, utiliza-se aminoácidos sintéticos.
 A administração de água depende do estado de hidratação do paciente.
Deve-se atentar ao balanço hidrossalino.
 Possui risco aumentado de causar tromboembolismo vascular.
 Sua metabolização depende da insulina
Administração
 É necessário cuidado com os cateteres, para evitar contaminação.
 As soluções devem ser infundidas lentamente, com fluxo contínuo e regular.
Complicações
 Relacionadas com a técnica do cateterismo venoso
o Pneumotórax
o Embolia gasosa
o Posicionamento inadequado do cateter
 Infusão de soluções nutritivas
o Hiperglicemia, glicosúria
o Coma hiperglicêmico
o Hipoglicemia reacional
o Sobrecarga de aminoácidos
o Distúrbios hidroeletrolíticos
o Hipo ou hipervitaminose
 Infecção
o Contaminação das soluções
o Contaminação do cateter

Infecção em cirurgia
terça-feira, 19 de março de 2019
10:27

Infecção de sítio cirúrgico


 É a infecção no local da cirurgia, até 30 dias após a operação, mas pode
ser até 1 ano se houver prótese.
 Prolonga o tempo de internação do paciente
 Aumenta custo
 Aumenta complicação secundária (deiscências)
 Morbimortalidade
 Fatores de riscos:
o Extremos de idade (crianças e idosos): imunossupressão
o Obesidade e desnutrição: alteração imune
o Diabetes: imunossupressão
o Anemia: diminuição da pO2
o Irradiação prévia
o Anti-sepsia inadequada: lavação de mãos, paramentação inadequada
o Quebra da técnica asséptica por descuido do cirurgião
o Tempo cirúrgico prolongado: cirurgias muito demoradas
o Tempo de hospitalização prolongado
o Drenos: porta de entrada para microorganismos
o Ventilação e planejamento da sala de cirurgia inadequados
Resposta a infecção
1. Trauma
2. Resposta inflamatória
3. Hiperemia, exsudação e influxo de células fagocitárias
4. Degranulação de mastócitos, com aumento de permeabilidade vascular
5. Ativação do mecanismo de defesa humoral e celular
6. Ativação do sistema complemento
7. Dor, calor, tumor e rubor

Principais causas de febre no pós-operatório


 Primeiras 48-72h: atelectasia (mais comum em cirurgias de andar superior
de abdome, pois os pacientes fazem respiração superficial, e a redução da
ventilação pode causar atelectasia) ou inflamação. Geralmente não é
infeccioso.
 3°-4° dia de PO: suspeitar de pneumonias e infecções do trato urinário
(ITU), se foi submetido a sondagem vesical.
 4°-5° dia de PO: infecção de sítio cirúrgico, infecção intra-abdominal,
fístulas.
Classificações das feridas cirúrgicas de acordo com o grau de
contaminação
 Limpa: feridas não traumáticas em que o trato gastrintestinal, urinário e
respiratório não foi aberto. Ocorre em casos de retirada de melanoma,
mastectomia etc. Administra-se antibiótico de maneira profilática, mas
depende do caso.
 Potencialmente contaminada: não traumática com abertura controlada de
trato GI, urinário e respiratório. Realiza-se a abertura cautelosa, mas que
pode causar infecção. Pode acontecer em casos de infração na técnica
cirúrgica adequada (antissepsia).
 Contaminada: ocorre quando há abertura inadvertida do TGI, urinário e
respiratório. Toda ferida traumática com menos de 6h é considerada
contaminada. Uma ferida traumática com mais de 6h é considerada
infectada (proliferação de bactérias). Administra-se antibióticos de forma
profilática.
 Infectada: presença de pus, infecção estabelecida. São consideradas as
feridas traumáticas com mais de 6h. A antibioticoterapia é utilizada para
tratamento, e não de forma profilática.
 Local:
o Pele e subcutâneo: superficial
o Músculo: profunda
o Órgão ou cavidade: infecção de cavidade ou órgão
Etiologia da infecção
 Depende da natureza do procedimento, local da incisão e víscera envolvida
(TGI, TGU, respiratório). Dependendo do local aberto, suspeita-se de
bactérias da pele + do sítio cirúrgico em questão.
 A maior parte das infecções são provenientes da pele: gram-positivos
geralmente (Staphylococcus epidermidis e aureus).
 TGI alto (estômago e válvula ileo-cecal): germes gram-negativos (E. coli e
Klebsiella)
 Esôfago + TGI baixo e ginecológico: anaeróbios.
Diagnóstico de infecção
 É clínico
o Anorexia, febre, taquicardia, oligúria, leucocitose, anemia,
plaquetopenia, hiperglicemia
o IMPORTANTE SER LÁ PELO 4°-5° DIA DO PÓS OPERATÓRIO
o Culturas não são obrigatórias em casos de infecções superficiais
Tratamento
 Infecções superficiais
o Drenagem ampla, lavagem da ferida operatória (abrir os pontos)
geralmente é suficiente. Tratamento local apenas. Abrir, limpar,
manter aberto apenas com curativo até cicatrizar por segunda
intenção.
o Caso haja celulite associada, ou sinais de infecção sistêmica, iniciar
antibiótico (geralmente não é necessário)
 Infecções profundas: debridamento. Deixar aberto até resolução da
infecção, tratando a infecção.
Profilaxia com antibiótico: quando usar?
 Cirurgias limpas:
o Quando houver próteses, mesmo se for limpa: hernioplastia inguinal
(tela), próteses de aorta etc.
o Incisão em ossos (Sabiston)
o Esplenectomia (Goffi)
o Hernioplastia incisional (Goffi)
 Potencialmente contaminadas:
o Sempre fazer antibióticoprofilaxia
 Contaminadas: sempre fazer antibioticoprofilaxia
 Qual antibiótico usar?
o Depende do local da cirurgia
 Limpas: bactérias gram positivas, utiliza-se cefalosporinas de
primeira geração (cobrindo bactérias da pele)
 Cirurgias no TGI alto (exceto esôfago): bactérias gram positivas
e gram negativas. Utiliza-se cefalosporinas de primeira geração
 Esôfago + cirurgia do TGI baixo + ginecológica: cefalosporina de
segunda geração
 A concentração do antibiótico deve estar em nível sérico elevado, por isso
é administrado cerca de 1h antes da incisão (pelo anestesista). Geralmente
é uma única dose, mas pode ser necessária uma dose de reforço caso a
cirurgia dure mais de 4h. Não deve ser mantida por mais de 24h. Serve
apenas para evitar infecções.
Infecção respiratória no PO
 Pneumonia no pós-operatório geralmente ocorre em pacientes que foram
submetidos a intubação orotraqueal, causando tosse, febre.
 Em caso de suspeita, pode ser realizado cultura de escarro, para adequar
ao tratamento adequado com antibióticos.
Infecção de trato urinário
 Geralmente associada a sondagem urinária
 Evitar sondagens maior que 48h
 Solicita-se cultura para diagnóstico e conduta terapêutica
Infecção de acesso venoso central
 Podem ser veia jugular, subclávia e femoral
 Servem para infusão de medicamentos, monitorização de pressão venosa
central, hemodiálise
 A veia femoral possui o maior risco de infecção
 Acesso central deve ser revisado todos os dias, pois ocorre risco de
produzir bacteremia muito mais rápido do que qualquer ferida operatória.
 A bactéria geralmente é de pele, estafilococos.
Guidelines para prevenção de infecção
 Pedir para o paciente tomar banho com sabonete antibacteriano no dia
anterior da operação.
 Escovação ou passar produtos próprios para isso não fazem muita
diferença, são bons iguais.
 A utilização de duas luvas não é recomendada
 A lavagem da ferida operatória antes do fechamento cirúrgico não se
mostra superior, mas não causa mal, sendo indicada.
 Melhora do suporte nutricional do paciente reduz o índice de infecção de
feridas operatórias

Choque em cirurgia
sexta-feira, 22 de março de 2019
17:50

Conceito
Incapacidade do sistema circulatório em manter oferta adequada de oxigênio e
nutrientes para preencher as necessidades metabólicas do tecido. Interrupção
significativa no fornecimento de substratos e na remoção de metabólitos da
célula.

A resposta adrenérgica sacrifica a perfusão da periferia para desviar sangue para


cérebro e coração. O estímulo adrenérgico promove vasoconstrição das vênulas,
e vasodilatação dos shunts.

Fatores desencadeantes
 Queda do volume circulante
 Vasodilatação
 Queda do débito cardíaco
 Bloqueio do metabolismo celular aeróbico (hipóxia)

Fisiopatologia geral do choque


A disfunção metabólica promove morte celular, que causa disfunção orgânica
múltipla, e óbito. Os tecidos possuem necessidades metabólicas, as quais
devem ser mantidas constantemente para manutenção da função vital. Sem
perfusão adequada dos tecidos, os níveis de O2 reduzem, a produção de ATP é
comprometida, culminando em alterações intracelulares graves que resultam em
necrose tecidual, falência múltipla dos órgãos e óbito do paciente.

Falência múltipla dos órgãos: o choque promove liberação inadequada de O2


para os tecidos, produzindo alterações celulares graves. A lesão celular
generalizada promove inflamação sistêmica, que promove liberação de citocinas
inflamatórias que agravam o quadro de permeabilidade vascular, vasodilatação,
coagulação intravascular. Pode ocorrer fenômeno de isquemia-reperfusão, com
produção maciça de radicais livres durante a reperfusão, e o consequente dano
dos tecidos. Há desvio da circulação dos órgãos "periféricos" em detrimento da
circulação de órgãos "centrais", como coração e SNC.
 Disfunção respiratória: a redução da função de bomba cardíaca promove
represamento de sangue no pulmão, causando congestão pulmonar,
prejudicando hematose, reduzindo pO2.
 Disfunção renal: oligúria ocasionada pela diminuição da perfusão renal, que
em estágios tardios reflete necrose tubular aguda (insuficiência renal).
 Disfunção hepática: isquemia hepática
 Disfunção hematológica: coagulação intravascular disseminada
 Disfunção gastrintestinal: isquemia e infarto intestinal
 Disfunção neurológica: alteração do nível de consciência
 Disfunção endócrina: hiperglicemia, hipercatabolismo

Sinais e sintomas
 Cardiovascular: hipotensão, geralmente
 SNC: agitação, delírio, coma, conforme a perfusão piora
 Pulmão: hiperpneia e taquipneia, para compensar a acidose metabólica
 Pele: fria, com lábios e leitos ungueais cianóticos. Na fase inicial do choque
séptico pode haver pele quente e vermelha.
 Rins: oligúria e aumento da osmolaridade urinária
 TGI: perda de apetite, náusea, vômito, lesões na mucosa intestinal e
estomacal, hemorragias, úlceras.
 Sangue: coagulopatia
Classificação
 Hipovolêmico: redução do volume sanguíneo, causa mais comum é
hemorragia, abdome agudo obstrutivo (sequestro de líquido), diarreia,
queimaduras, desidratação. A queda abrupta da oferta de O2 aos tecidos
por redução da pré-carga.
o Sinais clínicos:
 Classe 1: hemorragia leve (<15% de perda)
 FC normal ou levemente aumentada, com PA normal e
pulso normal. pH normal, FR normal. Levemente ansioso,
pele quente, rosada, enchimento capilar rápido, débito
urinário normal.
 Classe 2: hemorragia leve (15-25%)
 Taquicardia, pulso diminuído, PA normal, pH normal,
taquipneia, irritado, confuso, extremidades frias, pálidas e
cianóticas.
 Classe 3: hemorragia moderada (26-39%)
 Taquicardia significativa, pulso fino, hipotensão, acidose
metabólica, taquipneia moderada, irritado ou letárgico,
resposta a dor diminuída, extremidades frias, pálida,
enchimento capilar demorado, oligúria, ureia aumentada.
 Classe 4: hemorragia moderada (>40%)
 Taquicardia grave, pulso fino, hipotensão, taquipneia,
letargia, coma, extremidade fria, pálida, cianótica, anúria.
 Cardiogênico: redução na contratilidade cardíaca, relacionados com ICC,
cirurgias cardíacas, arritmias, drogas cardiotóxicas (quimioterapia), IAM.
o Etiologia: falência cardíaca por arritmia, ICC, defeito valvular ou septal,
miocardiopatias, IAM.
o Sinais e sintomas:
 História de cardiopatia
 Hipotensão, vasoconstrição, oligúria
 Pressão venosa central elevada: turgência jugular
 Obstrutivo: obstrução mecânica ao débito ventricular, como em
tamponamento cardíaco (pericardite), embolia pulmonar, pneumotórax
hipertensivo.
 Dissociativo: falha na liberação de oxigênio pela hemoglobina, geralmente
por envenenamento por CO.
 Distributivo
o Anafilático: reação alérgica sistêmica com liberação massiva de
histamina, que causa vasodilatação sistêmica, queda de PA, redução
de pré-carga, redução de débito, e falência da circulação.
o Séptico: bacteremia significa presença de bactérias viáveis no sangue,
detectada por hemocultura. Sepse significa resposta inflamatória
sistêmica a uma infecção. Choque séptico significa resposta
inflamatória sistêmica associada a hipotensão.
 Infecções graves, bacteriana, fúngica e viral.
 As toxinas bacterianas promovem vasodilatação, diminuindo
resistência vascular, diminuição de PA, com aumento de
permeabilidade vascular, fazendo edema, reduzindo ainda mais
PA.
 Sinais e sintomas:
 Fase quente: extremidades quentes (vasodilatação e febre),
queda de pressão de enchimento cardíaco, débito cardíaco
aumentado, resistência vascular diminuída. As chances de
reversão nessa fase são grandes.
 Fase fria: extremidades frias (vasoconstrição), redução do
débito, intensa vasoconstrição arterial.
o Neurogênico: perda de controle autonômico (disautonomia)
 Causado por lesões do SNC
 Lesões medulares
 Anestesia regional
 Redução do débito cardíaco por ausência de controle autonômico
simpático.
 Sinais clínicos:
 Lesão neurológica
 Taquicardia/bradicardia
 Hipotensão
 Vasodilatação
Mecanismos envolvidos
Compensação
 Reflexo barroreceptor
 Vasoconstrição
 Reflexo quimiorreceptor
 Reabsorção de fluidos teciduais
 Reabsorção renal de sódio e água
 Sede
Descompensação
 Escape simpático: depleção de neurotransmissores e hormônios
catecolaminérgicos ou dessensibilização de receptores. Vasodilatação
generalizada depois de um tempo.
 Redução da perfusão miocárdica
 Isquemia cerebral, com perda do controle autônomo.
 Coagulação intravascular
 Aumento da viscosidade sanguínea
 Resposta inflamatória sistêmica
Complicações do choque
 Lesão pulmonar: hipoxemia
 Insuficiência renal aguda: necrose tubular aguda
 Complicações gastrintestinais
 Coagulação intravascular disseminada: coagulopatia de consumo,
depletando os estoques de plaquetas, aumentando o risco de hemorragias
e embolias.
 Síndrome da disfunção de múltiplos órgãos
Tratamento
 Identificar a causa do choque
 Iniciar tratamento imediato
 Objetivo do tratamento: aumentar o fornecimento de oxigênio e diminuir seu
consumo.
 A: via aérea
o Intubação orotraqueal
 B: respiração
o Oxigênio 100%
 C: circulação
o Estabelecer acessos e medições frequentes de PA
 Colher material para dosagens laboratoriais:
o Gasometrial (arterial e venosa)
o Hemograma com plaquetas, sódio, potássio, ureia, creatinina,
glicemia, proteínas, coagulograma e culturas, quando indicados. Estes
valores auxiliaram no tratamento, diagnóstico e na comparação
evolutiva.
 Tratamento para estabilização:
o Infusão de volume: Ringer Lactato ou soro fisiológico, 10-20ml/kg e
correr em 2-10min. Após infusão de 40-60ml/kg, reavaliar e
considerar. Se não melhorar, deve-se utilizar complementos:
 Aumento de pressão venosa sem aumento de pressão arterial
significa que o coração não está dando conta de jogar sangue
para frente ou que os vasos sanguíneos estão muito dilatados,
então administra-se inotrópicos e vasoconstritores.
 Adrenalina: eleva PA (principalmente por aumento de FC)
 Noradrenalina: eleva PA (principalmente por aumento da
resistência vascular)
 Dopamina: eleva PA (principalmente pelo aumento de FC).
Tem efeito diurético, e sua administração não pode ser
contínua, pois prejudica a volemia.
 Dobutamina: aumento de PA (principalmente por aumento
de contratilidade)
Tratamento cirúrgico
 Após a correção do distúrbio hemodinâmico, deve-se identificar e corrigir o
fator desencadeante do choque. Em um paciente instável, anestesia e
cirurgia serão fatores potenciais de agravamento. O ideal é sempre
estabilizar o paciente, mesmo que as custas de drogas vasoativas.
 O cirurgião deve ser experiente para optar pela melhor técnica para o caso
e para realizá-la de forma mais rápida e segura possível.
 Opta-se por cirurgias que sejam menos traumáticas e de menor duração.
Atos operatórios fundamentais
sexta-feira, 8 de março de 2019
18:00
Introdução
 No início da prática cirúrgica, não havia anestesia. Eram de curta duração.
 Transformou-se em uma ciência com objetivos e metodologia próprios, pois
aprimorou-se a anestesia, melhorou o conhecimento sobre infecções,
aprimorou-se o conhecimento sobre fisiopatologia e de técnicas cirúrgicas.
 Conceito de operação: conjunto de gestos manuais ou instrumentais que o
cirurgião executa para a integral realização de ato cruento com finalidade
diagnóstica, terapêutica ou estética.
 Qualquer ato cirúrgico fará:
o Diérese, hemostasia e síntese.
 Operações fundamentais são atos simples que permitem a realização de
cirurgias complexas.
Diérese
Interrupção da continuidade dos tecidos (corte), quando utilizada com fins
terapêuticos. Não é feita apenas por bisturi, pois uma punção interrompe a
continuidade do tecido, sendo considerada uma diérese. Pode ser feita através
de:
 Incisão: feita com instrumento de corte, seccionando os tecidos moles por
meio de uma lâmina, produzindo ferimento inciso.
 Secção: ato de cortar ou separar principalmente com tesoura, serra, bisturi
elétrico, laser, ultra-som, lâmina afiada.
 Divulsão: separação dos tecidos por pinça, tesoura, tentacânula,
afastadores. É realizada na criptoconiose, através da matricectomia.
 Punção: realizada com instrumento perfurante, com várias finalidades, para
drenagem de coleções, coleta de fragmentos de tecido e líquidos para
exame diagnóstico, injeção de contraste e medicamentos.
 Dilatação: usada para aumentar o diâmetro de canais, orifícios naturais e
vasos.
 Serração: feito com emprego de serras, como a serração em um osso.
 Descolamento: separação romba dos tecidos através de um espaço
anatômico virtual, como no descolamento da vesícula biliar.
 Curetagem: realizada com instrumento em forma de colher (cureta), o qual
raspa a superfície do órgão.
 Diérese térmica: bisturi elétrico
 Diérese por crioterapia
 Diérese com raio laser
o Instrumental
 Corte
 Bisturi: vários tamanhos de lâmina, e para cada lâmina
existe um tamanho de cabo. A lâmina mais utilizada em
adultos é a 23, e para crianças é a 15. As lâminas mais
arredondadas são utilizadas para incisão de pele. Lâminas
pontiagudas são mais utilizadas para punção (lâmina 11).
 Tesoura: reta ou curva. Mayo e Metzembau. A Mayo é mais
utilizada para corte de fios, enquanto que a Metzembau
curva é a mais utilizada para secção de tecidos.
 Rugina: Farabeuf e Doyen
 Serra
 Cisalha: utilizada para secção de ossos ou cartilagens.
Auxilia na remoção de corpos estranhos presos. O
costótomo é uma cisalha própria para costela.
 Osteótomo
 Pinça goiva
 Divulsão
 Pinça hemostática: as menores pinças são chamadas de
mosquito
 Afastador de Farabeuf
 Tentacânula: usada para descolar unha e para auxiliar no
corte de frênulo de língua.
 Dilatação
 Velas de Hegar: utilizadas na ginecologia para dilatação de
colo de útero, e em casos de anastomose
 Beniqué: para dilatação de uretra, em casos de estenose de
uretra, por exemplo.
 Punção
 Trocarte
 Agulha de Veres
 Princípios fundamentais da diérese:
o Seccionar toda a espessura de um plano anátomo-cirúrgico, com um
só movimento do instrumento cortante.
o Não biselar a incisão
o Não afunilar a incisão (o plano de baixo sempre deve ser mais amplo
que o de cima)
o Escolha da via de acesso:
 Ter uma extensão suficiente para uma boa visibilidade do campo
operatório
 Bordas nítidas para cicatrização estética e firme
 Atravessar os tecidos, respeitando anatomia regional, em um
plano de cada vez (não passar o bisturi por mais de um plano por
vez)
 Não comprometer grandes vasos ou nervos da região
 Acompanhar as linhas de força da pele
 Secionar as aponeuroses na direção das suas fibras, para boa
cicatrização
o Técnica de incisão
 Segurar como se fosse uma caneta
 Manter a lâmina perpendicular em relação a superfície, evitando
biselar
 Esticar a pele com os dedos indicador e polegar, começar com o
bisturi perpendicular, e ir tangenciando. Sair perpendicular, como
entrou.
Hemostasia
Conjunto de procedimentos que visam prevenir ou estancar hemorragias por
secção vascular, em cirurgia ou trauma. Diminui a formação de coágulos e
hematomas, que favorecem infecções. A hemostasia pode ser preventiva
(quando se faz o pinçamento antes da secção vascular) ou corretiva (quando
houve lesão vascular e é necessário interrupção)
 Hemostasia temporária: interrompe transitoriamente a corrente sanguínea.
Pode ser executada no campo operatório ou a distância. No máximo 30min,
devido a isquemia. Todos os instrumentos utilizados não causam danos
endotelial e não favorecem a formação de trombos.
o Pinçamento: método cruento, utilizando pinças atraumáticas, que não
causam danos ao endotélio, não causam trombose.
o Compressão: método cruento. Manobra de Pringle, campleamento
manual do hilo hepatico.
o Garroteamento: feito com manguito ou faixa de Esmarch
o Ação farmacológica: adrenalina
o Parada circulatória com hipotermia: usada em cirurgia cardíaca com
circulação extracorpórea
o Balão: balão introduzido na luz da artéria
 Hemostasia definitiva: interrompa para sempre a circulação do vaso sobre
a qual é aplicada. É quase sempre cruenta.
o Ligadura: amarração dos vasos com fio cirúrgico, como na flebotomia.
o Cauterização: formação de um coágulo na superfície sangrante, com
bisturi elétrico. Não é recomendado o uso indiscriminado de
cauterização, dando preferência a pinçamento e ligaduras.
o Sutura: englobando vasos com finalidade hemostática.
o Fotocoagulação: raio laser para hemostasia
o Grampeamento: aplicação de grampos metálicos, de aço inoxidável,
titânio ou material absorvível. Muito utilizados em videolaparoscopias.
o Obturação: aplicação de substâncias exógenas para ocluir a luz dos
vasos, com ceras, esponjas de gelatina, celulose.
o Tamponamento: compressão da área sangrante com gaze ou
compressa.
 Princípios da hemostasia por compressão:
o A técnica transitória é realizada em algumas situações especiais de
emergência.
 Hemostasia com pinça:
o Pinçar quantidade mínima de tecido
o Nunca pinçar às cegas
o Transfixar o tecido junto a ponta da pinça quando a elasticidade do
tecido não permitir uma boa ligadura.
 Hemostasia com bisturi elétrico:
o Sempre empregar a voltagem mais baixa
o Usar o equipamento apenas em vasos de pequeno calibre
o Não usar método em tecidos ou estruturas delicadas
o Ser prudente ao usá-lo em cavidades
Síntese
União cirúrgica das bordas dos tecidos e tem por finalidade manter as mesmas
em íntimo contato, acelerando a cicatrização. Pode ser feita por simples
afrontamento de anatômico das estruturas ou através de suturas.
 Usar instrumental e material adequado a cada tecido ou órgão
 Usar a menor quantidade de fio desde que respeitada segurança
 Não permitir que bordas fiquem sobre tensão
 Não suturar em plano único estrutura com espessura superior a 1cm
 Não deixar espaço morto
 Não apertar excessivamente os nós nem torcer.
Agulhas: servem de guia para os fios de sutura e transfixam os tecidos. A agulha
deve penetrar o tecido de maneira eficaz, e causar o mínimo de trauma possível.
 Reta transpassa da borda próxima para a borda distal do cirurgião
 Curva: traspassa da borda distante para a borda próxima do cirurgião
 Traumática (cortante) ou atraumática (não cortante)
o Corpo: cilíndrico, plano ou triangular.
o Ponta: cortante, romba ou plana.
 Pele: agulha triangular com ponta cortante
 Artéria: agulha cilíndrica com ponta romba
 Córnea ocular: agulha plana com ponta plana
Pinças: são usados em ligaduras vasculares e na aproximação de tecidos. São
empregado isoladamente ou montados em agulhas.
 Disseção anatômica: tecidos delicados, em casos de sutura. São menos
traumatizantes.
 Dissecção com dentes: aproximação de bordas de pele e aponeurose
Porta-agulha
 Auxilia na condução da agulha curva, oferece conforto ao cirurgião.
Fios
 Mais baixo custo, adequação, resistência tênsil, mínima reação tecidual
 O fio ideal deve manter a força do tecido até que a cicatriz adquira sua
própria resistência e comportar-se de modo inerte, sem iniciar reação
tecidual.
 A sutura não deve ser isquemiante por tensão exagerada no fio
 Absorvíveis: categute (animal), vicryl, monocryl, PDS (sintéticos).
 Inabsorvíveis: algodão, linho, seda, nylon (pele), prolene (intestinais)
 Calibre: 3-2-1-0-2.0-3.0-4.0-5.0. A espessura aumenta de zero a 3, e
diminui de zero a 10.0
 Estruturas delicadas (intestino delgado, por exemplo) requerem fios mais
delicados, de 4.0-10.0. Estruturas mais grosseiras de cicatrização lenta, e
expostas a uma força tênsil alta, utiliza-se fios grossos, 0-3.
 Fios monofilamentares requerem mais nós, tendem a se soltar. Possuem
vantagem de não alojarem bactérias.
 Em fios multifilamentares, as bactérias podem se alojar entre os filamentos
e produzir infecção.
Nós cirúrgicos
Composto de 3 semi-nós:
 Contenção: aperta
 Fixação: impede o afrouxamento do primeiro nó
 Segurança: quando existe tendência dos outros dois nós se afrouxarem.
 Nó de cirurgião
 Nó de cavidade
 Nó de sapateiro
Suturas
 Sutura de pontos separados:
o O afrouxamento de um nó ou a queda de um deles não interfere no
restante da sutura
o Há menor quantidade de corpo estranho no interior do ferimento
o Os pontos são menos isquemiantes do que na estrutura contínua
o A desvantagem é que é mais demorada e trabalhosa
 Tipos:
 Ponto simples
 Ponto simples com nó para o interior da ferida
 Ponto em U horizontal
 Ponto eu U vertical
 Ponto em X horizontal
 Ponto em X horizontal com nó para o interior da ferida
 Ponto recorrente
 Ponto helicoidal duplo
 Sutura contínua:
o Chuleio simples
o Chuleio ancorado
o Sutura em barra grega
o Sutura intratecidual
o Sutura em pontos recorrentes

Vias de acesso abdominais


sexta-feira, 15 de março de 2019
18:01

Aspectos importantes da anatomia abdominal


 A linha mediana corresponde a linha alba, que é dividida em supra-
umbilical e infra-umbilical.
 Na borda lateral dos ventres do M. reto abdominal, encontra-se a linha
semilunar, que também pode ser dividida em parte supra-umbilical e infra-
umbilical. Hérnias podem ocorrer nessa região, principalmente na parte
infra-umbilical (mais frouxa), pois a parte supra-umbilical é revestida por
M. oblíquo interno e M. transverso do abdome.
 Artérias superficiais: superiormente é irrigado por ramos da artéria torácica
interna, e inferiormente por ramos da artéria femoral, como A. epigástrica
superficial, circunflexa ilíaca superficial, pudenda externa.
 Veias superficiais: a parte baixa do abdome é drenada pelas veias
circunflexa ilíaca superficial, pudenda externa e epigástrica superficial,
sendo tributárias da safena, e drenam para veia cava inferior. O andar
superior do abdome é drenado por ramificações da veia torácica interna,
torácica lateral, e toracoepigástrica, tributárias da veia cava superior. São
importantes em casos de circulação colateral visível. A drenagem umbilical
ocorre através de veias paraumbilicais, que drenam para a veia porta
hepática. Em casos de hipertensão porta, essas veias se dilatam e formam
a cabeça de medusa.
 Linfático superficial: linfáticos abaixo da cicatriz umbilical convergem todos
para linfonodos inguinais, e os acima da cicatriz convergem todos para
linfonodos axilares, peitorais e subclávios.
 Os 3 músculos profundos do abdome se unem na linha mediana através
de aponeuroses.
 As hérnias podem ocorrer na linha alba (região epigástrica), linha
semilunar (de Spigel), cicatriz umbilical, canal inguinal.
 Incisões longitudinais: podem ser realizadas na linha alba (incisão
mediana) ou paralelas a ela (incisão paramediana). A irrigação é
relativamente pequena, e a linha alba pode necrosar se não for
aproximada de maneira correta.
 Incisões obliquas e transversas: a direção dessas incisões segue o padrão
das linhas musculares, existência de tecido rígido próximo (costela, crista
ilíaca) e redução do risco de lesar vasos e nervos.

Laparotomia
 Diagnóstica: natureza da doença desconhecida, sendo que a laparotomia
é utilizada para identificação da causa. A principal causa é endometriose.
 Terapêutica: uma causa foi identificada, e o procedimento é utilizado para
terapêutica.
 Significa "secção no flanco", ou "abertura cirúrgica na cavidade
abdominal".
 Possui como indicações:
o Via de acesso a órgãos intra-abdominais
o Via de drenagem de coleções líquidas
o Método diagnóstico: laparotomia exploradora
Escolha da via de acesso
 A via escolhida deve ser a mais rápida para o objetivo
 Mínimo de trauma
 Reconstituição perfeita da parede sob aspecto anatômico, funcional e
estético.
 Dependendo do local da incisão, pode-se ter acesso a todo um órgão ou
ao espaço abdominal
Vias de acesso
 Longitudinais: em adultos geralmente
o Mediana: do xifoide ao púbis. É considerada universal, pois permite a
realização de qualquer cirurgia intra-abdominal. (Battle)
 Supra-umbilical:do xifoide a cicatriz umbilical
 Infra-umbilical: da cicatriz umbilical ao púbis
o Paramediana: cituam-se 1,5-2cm ao lado da linha mediana.
 Pararretal interna: na borda medial do M. reto do abdome,
próximo da linha alba
 Supra-umbilical
 Infra-umbilical
 Paraumbilical
 Xifopúbica
 Transrretal: no meio do ventre do M. reto do abdome
 Pararretal externa: na borda lateral do M. reto do abdome,
próximo da linha semilunar.
 Supra-umbilical
 Infra-umbilical (Jalaguier):
 Transversas: geralmente em crianças
o Supra-umbilical
 Parcial
 Total
o Infra-umbilical
 Parcial (Pfannenstiel): cirurgia ginecológica
 Total
 Combinadas e obliquas
o Subcostal (Kocher): cirurgias de fígado, vesícula biliar e árvore biliar
o Diagonal epigástrica
o Estrelada supra-umbilical
o Estrelada infra-umbilical (McBurney)
o Lombo-abdominais
 Toraco-laparotomia: permite abertura da cavidade torácica e abdominal,
simultaneamente. Se for à esquerda, permite acesso ao esôfago distal,
cárdia, estômago. A direita, permite acesso ao fígado, hilo hepático, veia
porta, veia cava inferior.

Incisões
 Incisão mediana supraumbilical
 Paramediana superior D/E: pararretal interna e externa, ou transrretal
 Incisão subcostal D/E (Kocher): própria para cirurgias no fígado, na
vesícula biliar e na árvore biliar
 Incisão mediana infraumbilical
 Incisão paramediana infraumbulical D/E (jalaguier)
 Incisão de McBurney: apendicectomia, porém oblíqua. Possui melhor
abordagem que a de Rocky-Davis, mas promove resultado estético pior.
 Incisão de Pfannestiel: cesariana
 Incisão de Rocky-davis: apendicectomia
 Incisão mediana xifo-púbica (Battle): laparotomia de emergência
 Incisão oblíqua esquerda
 Lombotomia: acesso aos órgãos retroperitoneais

Como escolher a incisão


 Incisões longitudinais: no geral, situam-se em áreas de alta tensão
abdominal, tendendo sempre a afastar bordas suturadas, o que condiciona
risco de deiscência pós-operatória. É mais dolorosa aos mínimos esforços,
reduz amplitude respiratória, e no ato defensivo de evitar tosse. Causa
complicações pulmonares conhecidas (atelectasia, acúmulo de secreção
brônquica).
o A linha mediana supra-umbilical não é uma boa localização para
incisão abdominal, pois está exposta a maior tensão do abdome e
más condições de cicatrização.
o A linha mediana infra-umbilical, no entanto, não é tão ruim.
o Se for necessário abrir na linha mediana, a reconstituição deve ser
feita separadamente nos 3 planos.
o A incisão paramediana interna não atinge o centro, e desvia-se da
linha de maior tensão. Fácil acesso, pouco hemorrágico. Não
secciona nervos nem vasos importantes.
o A incisão paramediana externa possui risco de lesão de nervos.
o Incisões subcostais lesam nervos importantes, e por isso causam
atrofia muscular a parede abdominal. Pode se tornar fraca e herniar.
 Transversa: a abertura está na linha de tensão predominante no abdome
e resguarda as bordas suturadas da tendência ao afastamento e
deiscência pós-operatória. Mínimas lesões de nervos. Cicatrização
muscular rápida. Bom resultado estético. Como prejuízo, a abertura é mais
demorada e o sangramento é maior. Pós-operatório suave, menos
doloroso, menor incidência de complicações respiratórias, quase nulo o
risco de hérnias incisionais.
 Oblíquas: sacrificam nervos e músculos, são inconvenientes. Nem sempre
oferecem bom campo.

Laparoscopias
 Utiliza princípios de tratamento minimamente invasivo, isto é, menor grau
de agressão se comparado as técnicas cirúrgicas convencionais.
 O conceito de cirurgia minimamente invasiva é aquele que se faz através
de incisões mínimas. A não exposição das vísceras pode diminuir
significativamente a dor e o trauma metabólico pós-operatório. Suas
vantagens são: menor desconforto PO, alta hospitalar precoce, retorno
mais rápido a suas atividades.
 Indicações: deve ser a mesma indicação da técnica aberta
 Contraindicação: distensão abdominal significativa (casos de obstrução
intestinal), aderências firmes, peritonite, grandes abscessos, sangramento
significativo.
 Desafios: modificações no instrumental cirúrgico, compromete a destreza
e o sentido de tato
 Benefícios:
o Menor trauma
o Recuperação mais rápida
o Diminuição da internação
o Melhor aparência cosmética
o Menor risco de formação de aderência
o Menor risco de tromboembolia
o Menor risco de infecções
o Permite deambulação precoce
 Equipamentos: deve produzir qualidade excelente de imagem, mantenha
o pneumoperitônio de forma constante e segura e possibilite realização de
documentação.
o Microcâmera
o Lararoscópio: equipamento que, acoplado a microcâmera, capta as
imagens da cavidade peritoneal.
o Monitor
o Fonte de luz
o Insuflador eletrônico: para produzir fluxo de gás para a cavidade
peritoneal constantemente. A mudança dos instrumentos e utilização
de aspiradores reduz a quantidade de gás, que se não for reposta
rapidamente promoverá perda do pneumoperitônio e perda de campo
visual. Devem conter mostradores de pressão intraperitoneal.
Passo a passo
 Pneumoperitônio e colocação do primeiro trocarte: torna o espaço
peritoneal virtual em um espaço real, através da injeção de gás (ar). Retira-
se a agulha de Veress e coloca-se o primeiro trocarte, por onde passará o
laparoscópio e microcâmera.
o Fase cega: a cavidade peritoneal é atingida sem visualização direta.
É considerado um momento perigoso. Com a intenção de minimizar
riscos, utiliza-se a agulha de Veress, que tem como característica um
mecanismo de proteção retráctil de sua extremidade cortante.
Paciente em decúbito dorsal, Trendelenburg (para deslocar as
vísceras para cima). A região umbilical é o local preferencial para
introdução da agulha de Veress, pois possui pequena espessura,
baixa vascularização, bom resultado estético. Outros locais podem
ser utilizados, como hipocôndrio D e fossa ilíaca E. Após incisão de
1cm na região umbilical, insere-se a agulha de Veress, direcionando-
a preferencialmente para a fossa ilíaca D. São realizados testes,
como o Teste da Aspiração, para se ter certeza se a agulha está
posicionada no local correto. Um pneumoperitônio realizado muito
rapidamente pode promover síndrome compartimental (compressão
das artérias renais e insuficiência renal).
 Teste da aspiração: não pode vir nenhum líquido
 Teste da gota: a gota deve ser sugada para dentro do peritônio
pela pressão negativa
 Teste do insuflador: a pressão deve estar baixa, acusada pelo
insuflador
o Laparoscopia aberta: evita a fase cega. Realiza-se a meia incisão na
região umbilical e introduz o trocarte.
o Complicações dessa etapa: enfisema subcutâneo, danos intra-
abdominais. Para prevenir enfisema subcutâneo, realizar os testes de
segurança. Em casos de intubação dificultada, em que o paciente
teve que passar por ventilação através de máscara, esse tipo de
ventilação distende estômago e alças, e pode ser necessário passar
uma sonda nasogástrica para drenar esse ar antes de realizar o
pneumoperitônio.
 Colocação de trocartes: esses trocartes serão colocados após a criação
do pneumoperitônio, e serão as estruturas pelas quais a microcâmera e o
laparoscópio passarão para adentrar a cavidade abdominal cheia de ar.
Realiza-se incisões pequenas e a colocação dos trocartes.
 Inspeção laparoscópica: para detectar lesões ocorridas durante a fase
cega e inserção do primeiro trocarte, exclusão de outras afecções
abdominais não diagnosticadas previamente.
 Finalização do procedimento: visa prevenir hemorragia. Retira-se os
laparoscópios, e o trocarte umbilical é utilizado para drenar o ar. Nos locais
onde foram colocados trocateres mais calibrosos, deve-se avaliar a
necessidade de suturas.
 Manobras fundamentais: utiliza diérese, hemostasia e síntese.
 Complicações: lesão vascular, lesão visceral, enfisemas (agulha de
Veress mal posicionada), pneumoperitônio, lesões termoelétricas,
infecções, hérnias.
 Preparo pré-operatório: jejum mínimo de 6h, internação 2-3h antes da
cirurgia, bexiga vazia (principalmente pela passagem do primeiro trocater),
realizar sedação pré-anestésica, realizar anestesia geral, realizar
pneumoperitônio.
Traqueostomia e cricostomia
sexta-feira, 12 de abril de 2019
16:30

Conceito
 Traqueostomia é a criação cirúrgica de uma abertura na traqueia, através
da região anterior do pescoço, com o propósito de facilitar ou permitir a
ventilação do paciente.
Classificação
 Eletiva: realizada em paciente que já se encontra com um tubo orotraqueal
ou nasotraqueal, ou que não apresenta insuficiência respiratória, situações
que permitem um bom preparo do paciente e as condições materiais e
ambientas para execução do procedimento.
 Urgência: paciente em insuficiência respiratória leve ou moderada.
 Emergência: quando a parada respiratória é iminente.
Indicações
 Necessidade de suporte ventilatório prolongado: a permanência de um tubo
orotraqueal por longo período lesa as estruturas laríngeas, além de
promover desconforto. A traqueostomia não produz dano a laringe (está
abaixo dela), mais confortável, reduz o espaço morto ventilatório, facilita
higiene traqueobrônquica, permite alimentação por via oral.
 Quadro obstrutivo das vias aéreas superiores que não possa ser resolvido
de outra forma, como intubação orotraqueal ou nasotraqueal. Muitas vezes
realiza-se traqueostomia preventiva em paciente que sabidamente correrá
grande risco de ter sua via aérea obstruída, como em cirurgias
orofaríngeas, que geram grande edema local no pós-operatório.
Técnica
 Antissepsia e colocação de campos esterilizados
 Anestesia local por infiltração, lidocaína na região escolhida para incisão
 Incisão transversal (horizontal) de pele e tela subcutânea, dois dedos acima
da fúrcula esternal.
 Abertura da fáscia cervical superficial, entre os músculos pré-traqueais,
seguida do afastamento dos músculos com um Farabeuf, o que permite
expor a cartilagem cricoide, o istmo da tireoide e eventualmente o tecido
pré-traqueal.
 Abertura em U invertido abaixo da tireoide
 Passagem da cânula
 Fixação na tela subcutânea da lingueta da traqueia
 Curativo simples com gazes estéreis
Técnica de cricotireoidostomia
 Antissepsia rápida
 Palpação da membrana cricotireoidea
 Incisão com a ponta de bisturi e por um movimento só da pele, tela
subcutânea e membrana cricotireoidea, chegando a luz traqueal.
 Dilatação com pinça hemostática
 Introdução da cânula
Complicações
 Hemorragia
 Enfisema subcutâneo ou mediastinal
 Infecção
 Saída da cânula
 Obstrução da cânula
 Fístula traqueoarterial, traqueoesofágica
 Estenose de traqueia

Acesso vascular
terça-feira, 16 de abril de 2019
10:32
Objetivos
 Coleta de amostras sanguíneas
 Manutenção de uma via de infusão de soluções ou medicamentos
 Monitorização hemodinâmica
 Nutrição parenteral prolongada
 Hemodiálise
 Quimioterapia
Classificações
Vascular periférico
 Venóclise: é a punção clássica de um vaso
 Flebotomia: acesso cirúrgico a uma veia
Vascular central
 Veia jugular
 Veia subclávia
 Veia femoral
Intraósseo
 Tíbia, fêmur

Venóclise
 Técnica utilizada para inserir cateter em uma veia periférica (basílica,
cefálica, intermédia ou cubital do antebraço).
 É uma técnica de acesso temporário. Se for para permanecer por muito
tempo, deverá ser optada outra via de acesso
 Indicações:
o Infusão de medicamentos
o Amostras laboratoriais
 Contraindicações:
o Infecções de pele no local
o Fibrose e trombose de veia à palpação
o Presença de hematoma
o Presença de shunt vascular (fístula arterio-venosa)
 Complicações
o Formação de hematoma
o Lesão nervosa
o Punção arterial
o Celulite ou flebite
Flebotomia
 Acesso venoso periférico, mas é um acesso cirúrgico
 Realiza-se uma incisão e disseca-se a região.
 Pode ser utilizada:
o Fossa cubital
o Maléolo medial: safena magna é a melhor opção
o Jugular externa
 Indicações:
o Necessidade de acesso venoso periférico em pacientes com difícil
acesso
o Paciente em PCR (veias colabadas são de difíceis punção por
venóclise)
o Vítima de trauma que requer uma ressucitação volêmica definitiva
o Falha na obtenção de acessos periféricos, intraósseo ou central em
crianças
 Técnica:
o Palpar maléolo medial
o Incisão transversa (horizontal)
o Dissecar tecidos
o Observar a veia safena magna
o Ligar distal (amarrar) e proximal (não amarrar)
o Realizar incisão entre as duas ligaduras e inserir o cateter
o Fixar o cateter na pele com uma sutura
Venosos centrais
 Desembocam diretamente na veia cava superior ou inferior, que caem no
átrio direito
 O objetivo é deixar a ponta do cateter na entrada do átrio direito, pois lá são
realizadas medidas hemodinâmicas importantes
 Indicações:
o Monitorização hemodinâmica (pressões nas veias periféricas não
correspondem as pressões no coração)
o Infusão de medicação muito hiperosmolar (evita esclerose de veia),
como quimioterápicos e vasopressores.
o Hemodiálise
o Acesso vascular de longo prazo
o Estimulação cardíaca artificial temporária (marca-passo)
o Acesso venoso em pacientes com veias periféricas ruins
 Duração:
o Curta permanência
o Média permanência
o Longa permanência
 Local de inserção
o Jugular
o Subclávia
o Femoral
 Número de lúmens
o Monolúmen
o Duplo lúmen
o Triplo lúmen
 Implantação
o Externo
o Semi-implantável
o Implantável (portocath): pacientes que realizam quimioterapia, para
não haver necessidade de acesso venoso central toda vez que o
paciente realizar a terapia
 A seleção do local de inserção mais adequado é baseada em:
o Conhecimentos do médico
o Na anatomia do paciente
o Riscos associados ao procedimento (coagulopatia - não escolher
locais de difícil compressão, doença pulmonar - evitar punções
subclávias em pacientes pneumopatas)
o Tempo de permanência
 Técnica de Seldinger: é sempre utilizada nos acessos centrais,
independentemente do local de inserção.
Veia jugular interna
 Confiável para cateteres temporários ou permanentes
 Pode ser usado para colocação de filtro de veia cava inferior
 Está associado a um índice baixo de mal posicionamento do cateter
(especialmente à direita)
 Facilita hemodiálise e posicionamento de cateteres na artéria pulmonar
 Pode ter acesso anterior, posterior, médio ou entre as inserções do M. ECM
na clavícula. No acesso posterior, mirar na fúrcula esternal.
 Coloca-se anestésico local antes da inserção da agulha.
 Menor risco de infecção possível
Veia subclávia
 Acesso confiável para cateteres temporários e permanentes
 Não é possível fazer a punção assistida por ultrassonografia
 Deve ser evitada para cateteres largos para hemodiálise devido ao risco de
estenose e comprometimento da criação de futuras fístulas arteriovenosas.
 É um local de pouca movimentação em comparação ao pescoço, e é sítio
de punção preferível para cateteres implantáveis (menor chance de dobra).
 Baixo índice de infecção
 Local de difícil compressão, contraindicada em pacientes anticoagulados
ou com coagulopatias
 Palpar o sulco deltopeitoral, que é utilizado como referência.
 Mirar na fúrcula esternal
 O posicionamento no átrio pode ser identificado pela arritmia observada no
monitor
Veia femoral
 Veia de preferência em casos de coagulopatia, pois é mais fácil
compressão. A veia jugular também é de fácil compressão, mas há risco de
manobra vagal.
 Alternativa em pacientes não colaborativos
 Canulação mais fácil
 Possui os maiores índices de complicação como infecção e trombose
 Atrapalha a mobilidade de pacientes deambulantes
 Nervo, artéria e veia, de lateral para medial, localizados no trígono femoral
(M. adutor longo, sartório e ligamento inguinal).
 Palpar a artéria femoral, e 1cm medialmente a artéria entrar com a agulha
para punção, obedecendo a técnica de Seldinger.
Pontos importantes
 Em situações não emergenciais, deve-se obter radiografia de tórax para
confirmar a posição dos cateteres e a presença de complicações.
 Cateteres femorais não necessitam de confirmação radiológica
Intraósseo
 Geralmente em crianças, no trauma.
 É uma via rápida, segura, confiável para administração de fluidos, drogas,
hemoderivados.
 Locais anatômicos:
o Tibia proximal: crianças menores de 6 anos
o Tíbia distal: próximo ao maléolo medial
o Fêmur distal
o Úmero proximal
o Crista ilíaca anterossuperior
o Esterno

Introdução à Anestesiologia
terça-feira, 26 de fevereiro de 2019
13:32
Funções pré-operatórias
 Médico clínico do pré-operatório
 Pode suspender o ato cirúrgico caso ache necessário
 Verifica as condições clínicas do paciente
 Verifica e pede exames pré-operatórios
 Verifica e decide sobre medicações em uso
 Libera ou não o ato anestésico/cirúrgico
 Prescreve medicação pré-anestésica
 Esclarece possíveis dúvidas

Funções no perioperatório
 Garantir a hipnose
 Garantir a analgesia
 Garantir bloqueio neuromuscular adequado
 Manter assistência ventilatória
 Administrar e tratar intercorrências clínicas
 Monitoração do paciente

Outras funções
 Sedação fora do centro cirúrgico para procedimentos diagnósticos ou
terapêuticos (principalmente pediátricos)
 Responsável e membro da equipe de controle da dor pós-operatória
 Atendimento e consultoria em UTIs e unidades de emergência
 Funções administrativas e de ensino

Conceitos
 Anestesia: eliminar qualquer tipo de sensibilidade (incluindo a dor)
temporariamente
 Analgesia: supressão da dor por interferência nos estímulos nociceptivos
 Anestesia não é sono fisiológico. O eletroencefalograma de um paciente
anestesiado não tem padrão de sono REM. As espículas são muito
pequenas, baixíssima atividade, podendo atingir um traçado isoelétrico. Se
o paciente sonhar, significa que a anestesia estava superficial.
 Anestesia é um estado de coma, mas com as funções vitais estabelecidas.
 O fato de o paciente estar inconsciente, não significa que não sente dor.
Com isso, mesmo inconsciente, vai desenvolver hipertensão, sudorese,
lacrimejamento, através do sistema nervoso simpático, caso não tenha sido
realizada analgesia. Ainda pior, pode ser que desenvolva uma "memória de
dor", passando a desenvolver dor crônica depois da anestesia sem
analgesia.
 Na anestesia local, por exemplo, se faz analgesia, mas não anestesia.
 Atualmente, combina-se anestesia local com anestesia geral. Bloqueia-se
o estímulo nociceptivo de determinada região do corpo do paciente por
anestesia local, e retira a consciência com anestesia geral.

Administração de crises em procedimentos


anestésicos
terça-feira, 12 de março de 2019
13:35

Sistemas
 Interação: ações necessárias para obtenção de resultados. Pode ser linear
ou complexa.
 Acoplamento: relação entre ação e resultados. Pode ser estreito ou frouxo.
Um sistema é estritamente acoplado quando a ação possui consequência
imediata. É frouxamente acoplada quando a consequência não é imediata.
O sistema frouxamente acoplado permite erros, pois permite a correção,
diferente do sistema estreitamente acoplado.
 A anestesia é um sistema considerado complexo e estreitamente acoplado.
A ação do anestesista envolve múltiplas ações (por isso é complexo) e não
admite erros (por isso é estreitamente acoplado).
 Mesmo quando bem conduzido, este tipo de sistema é propenso a
acidentes. Por exemplo, os acidentes "normais" inevitáveis, como a dor de
garganta gerada por intubação orotraqueal.
 Diante disso, a anestesia envolve crises. Cerca de 15-20% dos atos
anestésicos envolvem problemas que requerem intervenção do
anestesiologista. Apenas 5% dos eventos são catastróficos.
Crise
 É composto de um problema, que causa um incidente, caso o problema não
seja corrigido. O anestesiologista deve atuar durante o incidente. Se não
atuar durante o incidente, progride para um incidente crítico, que promove
efeitos adversos, podendo causar morte.
 Por isso, é necessária vigilância. A vigilância envolve detecção e correção
do problema, controlando as crises.
 Origem dos problemas
o São originados de erros. Erros latentes, fatores psicológicos e fatores
externos.
 Erro latente: é um erro estrutural grave
 Fatores externos: doenças prévias ao problema cirúrgico, que
podem gerar problemas.
 Fatores psicológicos: pressa, nervosismo, uso de drogas
psicoativas pelo anestesista.

Planos
 Gerais: observar o local onde o doente será atendido
 Anestésico: qual tipo de anestesia será realizada, se a técnica está correta,
se o doente tem condições de saúde de receber esse tipo de procedimento.
 Emergencial: se der problema, tal procedimento será realizado. Plano A e
B. O anestesiologista deve solicitar uma caixa de emergência, com
componentes essenciais para casos de emergência. Deve ser verificada
rotineiramente.
Reavaliação
 Ocorreu a crise, foram tomadas medidas corretivas, é necessária
reavaliação do quadro.
 O problema:
o Está melhorando ou piorando?
 As ações:
o Surtiram efeito?
o Resultaram em efeito adverso?
 Problema novo:
o Não visto antes?
o Diagnóstico correto?
Atitudes de risco
As atitudes de risco geram um problema, que gera um incidente, causando um
acidente crítico, e um efeito adverso, que pode ser fatal.

Pós-crise
 O anestesista deve envolver-se no tratamento, falar com a família do
paciente, explicando as crises.
 O médico pode usar o protocolo da instituição

Dor pós-operatória (aguda)


terça-feira, 19 de março de 2019
13:33

Conceito
 É a dor que dura pouco tempo, causada pelo processo inflamatório agudo.
Dura algum tempo, mas logo desaparece.
 Depois de 2-3 meses passa a ser considerada crônica, e pode ter várias
causas.
Vias da dor
 Via ascendente: trato espinotalâmico. Possui neurônio primário (periferia
até a medula espinal), secundário (medula até tálamo) e terciário (tálamo
até córtex). Fibras C levam informação lentamente, sinalizando dor difusa,
mal localizada. As fibras Adelta levam sinal de alta velocidade, dor bem
localizada e aguda. A intensidade da dor é determinada pela interpretação
cortical, podendo variar entre indivíduos. A sinapse entre o neurônio
primário e secundário ocorre na substância gelatinosa da medula, e essa é
uma região rica em peptídeos opioides e receptores opioides, sendo um
alvo potencial terapêutico para modulação farmacológica da dor.
 Via descendente: sai do mesencéfalo e vai em direção a substância
gelatinosa da medula. A estrutura responsável por esse mecanismo é a
substância cinzenta periaquedutal. A substância cinzenta periaquedutal é
ativada pelo córtex insular, amigdala e hipotálamo.
 Alodinia: dor causada por estímulo não doloroso
Janela analgésica
 Doses muito baixas podem ser sub terapêuticas, não causando analgesia
 Doses muito altas promovem analgesia, mas são acompanhadas de efeitos
adversos
Escada de dor
 Possui 4 níveis
 Pacientes de pós-operatório são nível 4, com dor de alta intensidade que
vai aliviando com o passar dos dias, atingindo nível 1.
 Pacientes com dor crônica iniciam nível 1, com aumento progressivo da dor
até atingir nível 4.
 A OMS recomenda-se utilizar AINEs em todos os níveis de dor, associado
com as drogas em cada nível de dor.
Terapia multimodal (polimodal)
 É o uso concomitante de múltiplos analgésicos e técnicas para tratamento
da dor.
 Pontos de tratamento da dor:
o Transdução: onde a dor se forma, no foco da lesão. Pode ser tratado
com AINEs, opioides, EMLA, anestesia local.
o Transmissão: bloqueio do nervo, com anestésicos locais, através da
anestesia raquimedular e peridural. Realizada por bloqueadores de
canal de sódio.
o Modulação: através da via descendente, aumentando sua atividade. O
aumento da atividade desta via ocasiona em liberação de opioides na
substância gelatinosa, que atuam nos receptores opioides do neurônio
secundário, inibindo-os, impedindo subida do estímulo doloroso.
o Percepção: os anestésicos tiram a consciência do paciente, mas toda
a estrutura anterior ao neurônio de terceiro grau está ativa. Com isso,
o paciente possuirá taquicardia, hipotensão, sudorese, mesmo que
não haja percepção de dor. Utiliza-se opioides paraenterais,
anestésicos gerais e agonistas alfa-2.
 A anestesia moderna utiliza a técnica combinada: retira-se a consciência
do indivíduo durante a operação e realiza-se analgesia. A analgesia visa
prevenir repercussões no perioperatório e no pós-operatório. O paciente
sem analgesia, mesmo que inconsciente, possuirá efeitos da ativação do
SN autônomo simpático, podendo ficar instável durante a cirurgia e
complicando o procedimento, por aumento de débito cardíaco, por exemplo.
Além disso, sofrerá consequências pós-operatórias como insônia,
hiperalgesia etc.
Dor aguda
 Avaliar de forma rotineira
 Considerar como um sinal vital
 Associar sua presença com o tratamento imediato sempre, pois é subjetivo
e cada um sente com diferentes intensidades.
Avaliação da dor
 VAS: visual analogue scale
 É uma régua que ilustra a intensidade da dor baseada em números.
 5 é uma dor média
 10 é a pior dor
 0 é sem dor
 Não se aceita deixar sem medicação qualquer paciente que assinale dor
com intensidade maior que 3
Drogas
Opioides
1. Codeína: fraco (intensidade 1, 2, 3)
2. Tramadol: fraco (intensidade 1, 2, 3)
3. Morfina: potente
4. Fentanil: potente
5. Buprenorfina: potente
AINEs
1. Diclofenacos
2. AAS
3. Ibuprofeno
4. Cetoaminofeno (paracetamol)
5. Tenoxican
6. Piroxican
Analgésicos não opioides
 Dipirona
 Paracetamol
Sedativos
 Midazolam
 Diazepam

Efeitos colaterais dos opioides


 Depressão respiratória
 Náuseas e vômitos
 Reações histaminoides
 Sonolência
 Retenção urinária
 Sudorese
 Amenorreia
 Mioclonias
Vias de administração do opioide
 O único opioide que possui boa absorção por via oral é a morfina, os outros
possuem péssima absorção.
 Os outros podem ser por via transdérmica, mucosa oral e nasal, peridural,
subaracnoidea, venosa.
 Venosa pode ser em dose única, contínua.
Condutas do pós-operatório
 Definir estratégias de tratamento
 Avaliar dimensão cirúrgica e intensidade
 Analgesia por via oral ou EV, nunca intramuscular, pois causa muita dor
para o paciente, principalmente em crianças.
Insensibilidade congênita a dor
 É chamada de neuropatia hereditária sensorial e autonômica tipo IV
 É autossômica recessiva
 Anidrose e atraso do desenvolvimento mental
 Esses pacientes se machucam com grande facilidade e não sentem dor.

Anestesia local ou regional


terça-feira, 26 de março de 2019
13:31

Introdução
 Esse tipo de anestesia é dividido em 3 grupos:
o Anestesia infiltrativa: bloqueio nos dendritos das fibras nociceptivas
o Anestesia no neuroeixo: raquianestesia e anestesia peridural. Envolve
o bloqueio da condução ascendente na medula espinal.
o Bloqueio de nervos periféricos: bloqueio de um nervo específico ou de
plexos
 Na prática do clínico, anestesia local ou regional se restringe a anestesia
infiltrativa.
 Anestesia local significa "anestesia utilizando anestésicos locais" .
 Anestesia regional significa bloquear uma região específica.
 Anestésicos locais são bases fracas, por isso possuem seu efeito
diminuído em ambientes com pH ácido.
 Atuam bloqueando canais de Na+, reversivelmente, diferente da TTX.
Formas clínicas
Todos são originados da cocaína.
 Lidocaína (xilocaína): 1% ou 2%. A sua concentração é mais alta pois é a
menos tóxica dentre os anestésicos locais. Anestesia infiltrativa utiliza-se
sempre lidocaína, pois possui menos riscos. Parada cardíacas devido
bupivacaína e ropivacaína são mais difíceis de reverter que as causadas
por lidocaína. Demora cerca de 1h para cessar efeito.
 Bupivacaína: 0,5% e 0,25%. Ela penetra muito facilmente no coração
(afinidade alta pelos canais de sódio), e demora para se dissociar. Demora
cerca de 3h para cessar efeito.
 Ropivacaína: 1%, 0,75%, 0,2%. A ropivacaína foi desenvolvida como
intermediário entre a lidocaína e a bupivacaína. Mantém características da
bupivacaína e da lidocaína.
 Uma solução 2% possui 2g do sal em 100ml de solução, ou 20mg/ml.
o 1% = 10mg/ml
o 0,5% = 5mg/ml
o 2% = 20mg/ml
Cálculo da dose máxima
 Para crianças utiliza-se o peso para estimar a dose máxima de lidocaína (7-
10mg/kg). Se for bupivacaína (1mg/kg).
 Para adultos, a dose máxima é SEMPRE 500mg de lidocaína. Se for
bupivacaína, utiliza-se 150mg no máximo.
 É mais prático usar sempre a 1%, pois está mais longe da dose tóxica.
Cuidados importantes
 Quase sempre lidocaína (mais seguro)
 Concentração do anestésico: sempre preferir 1% pela margem de
segurança
 Dose máxima recomendada: 500mg de lidocaína em adultos
 Cuidados para evitar injeção intravascular

Anestesia infiltrativa
 Pode ser feito tanto na borda quanto dentro da ferida
 Se a ferida estiver infectada, não existe indicação de fechar a ferida, pois
gerará abcesso.
 A técnica diz para infiltrar na borda, e nunca por dentro
 No caso de nevos pigmentares, recomenda-se infiltrar por baixo da lesão,
pois eles podem ser profundos, além de infiltrar ao redor.
 Anestesia local bloqueio de campo (losango): utiliza-se quando se quer
retirar uma margem ampla.
 Em casos de ferimento na cabeça, realizar anestesia, suturar e observar,
para prevenir rebaixamento de consciência, caso tenha sofrido TCE.
Observar nível de consciência. Não sedar.
 Em casos de múltiplas lesões, injetar um de cada vez, tomando cuidado
com a dose máxima (500mg).
 Pode utilizar vasoconstritor para:
o Reduzir hemorragias
o Aumentar o tempo de ação da droga
o Não se utiliza vasoconstritor em cartilagens e em extremidades distais
Troncular
 Os critérios são os mesmos que na anestesia infiltrativa normal em
ferimentos superficiais.
 O local de infiltração deve ser bem no início da falange proximal.
 Com o objetivo de evitar variações anatômicas, pode-se infiltrar pela técnica
ring.
Infiltração do nervo mediano do punho
 Geralmente utiliza-se lidocaína 2%, 10ml.
 É um procedimento normalmente realizado por anestesiologistas.
Outras aplicações de anestésicos locais
 Reduzir extrassístoles ventriculares durante cirurgias: administração de
lidocaína EV 1mg/kg.
 Reduzir efeitos cardiovasculares da intubação orotraqueal: lidocaína EV
1mg/kg

Avaliação pré-anestésica
terça-feira, 2 de abril de 2019
13:36

Resolução do CFM
Determina que médicos anestesiologista, antes da realização de qualquer
anestesia, exceto nas emergências, conheça as condições clínicas do paciente,
cabendo ao médico anestesiologista decidir da conveniência ou não da prática
do ato anestésico, de modo soberano e intransferível.
 Para os procedimentos eletivos, recomenda-se que a avaliação pré-
anestésica seja realizada em consulta médica antes da admissão na
unidade hospitalar.
 Na avaliação pré-anestésica, baseado na condição clínica do paciente e
procedimento proposto, o médico anestesiologista solicitará ou não exames
complementares e/ou avaliação por outros especialistas.
Finalidade
 Conhecimento do estado físico e psíquico do paciente
 Estimar o risco do ato anestésico
 Planejamento da anestesia e do pós-anestésico
 Segurança e adequação do local (hospital, clínica etc.)
 Estabelecer vínculo do profissional com o paciente e esclarecer sobre os
procedimentos
 Obter o consentimento informado
Estimar riscos
 Exame físico
 Revisão do prontuário e leitura dos pareceres com devida contextualização
 Caso necessário solicitar novos exames
 Probabilidade de que algum evento possa ocorrer
 Perigo ou possibilidade de perigo ou perda
o Injúrias
o Doenças/sequelas
o Morte
Avaliação
 Avaliação deve ser a mais ampla possível
 No ambulatório ou consultório, se a operação for eletiva
 Paciente já internado:
o Na própria unidade de internação
o Emergências e urgências: na sala cirúrgica (anamnese breve e exame
físico)
O que avaliar
 Anamnese
o Anestesias prévias, alergias, tolerância ao exercício
o Atividade física
o Data da última menstruação: checar gravidez
o Uso de medicamentos, capacidades e incapacidades
Classificação do estado físico
American Society of Anesthesiologists - ASA
 ASA 1: paciente saudável
 ASA 2: doença sistêmica leve ou moderada sem limitação funcional
 Podem ser operados eletivamente
 ASA 3-6 só são operados em casos de urgência e emergência
 É possível fazer com que um paciente ASA 3 seja tratado, e se encaixe no
ASA 2.
 Pacientes ASA 4-6 são muito graves, como em casos de doença grave
incapacitante (4), moribundo sem esperança de vida por mais de 24h (5),
ou morte cerebral (6).
Jejum no pré-operatório
 Adultos: 6-8h
 Líquidos claros são permitidos: água, chá, sucos coados, em um volume de
4ml/kg
 Leite é considerado como sólido
 Cuidados
o Pacientes obesos
o Gestante a termo
o Diabéticos
o Operações de emergência
Droga de uso contínuo e anestesia
 O fármaco interfere na hemodinâmica, na coagulação?
 O fármaco apresenta interações medicamentosas importantes com os
agentes anestésicos usuais?
 Qual a importância deste fármaco no controle da doença de base?
 Qual seria o efeito da suspensão deste fármaco antes da operação
cirúrgica?
 Atentar para hipoglicemiantes orais, BRAs, anticoagulantes.
o AAS: suspender 7-10 dias antes
o Anticoagulantes orais (clopidogrel): substituir 4 dias antes, substituir
por heparina
o Hipoglicemiante oral: suspender 24h antes e substituir por insulina
regular
Medicamentos fitoterápicos
 Podem possuir interação medicamentosa com algumas drogas
o Ginko biloba e clopidogrel: o ginko biloba pode aumentar o
sangramento e potencializar a ação de anti-inflamatórios, anti-
agregantes plaquetários e anti-coagulantes.
o Ginseng: reduz ação dos opioides, podem interferir na ação de
analgésicos potentes
o Erva de São João: aumenta o tempo de metabolização da warfarina,
propranolol, teofilina, verapamil, insulina, fenobarbital, amiodarona,
diazepam.
Avaliar o grau de intubação traqueal
 Avaliar mobilidade do pescoço
 Calcular a distância entre o esterno e o mento. Se for menor de 12cm,
apresentará dificuldades na intubação.
 IMC
 Índice de Mallampati:
o 1: fácil intubação
o 2: fácil intubação
o 3: fácil intubação na mão de médico experiente
o 4: difícil intubação até para médico experiente
Quando o ato eletivo deve ser contraindicado?
 Pacientes cardiopatas
Risco baixo
 Idade avançada
 ECG anormal
 Ritmo diferente do sinusal
 Capacidade funcional diminuída
 História de acidente vascular cerebral
 HAS não controlada
Risco intermediário
 Angina pectoris moderada
 IAM prévio
 Diabético descompensado
Risco alto
 Angina instável
 ICC descompensada
 Quantidade significativa de arritmias
 Doença valvar grave
Critérios para suspensão do ato anestésico
 Jejum inadequado
 Hemoglobina menor de 6g/dL
 Ausência de adequado preparo ou readequação medicamentosa nos casos
de diabéticos, hipertensos, feocromocitoma, hipo/hipertireoidismo,
distúrbios graves de hemodinâmica com sintomas clínicos.
 Pressão arterial em cirurgia eletiva PAS>160 e PAD>100
 Febre >37,5° de origem desconhecida
 IAM recente: aguardar 6 meses
 Infecção respiratória: aguardar 3 semanas

Anestesia geral
terça-feira, 9 de abril de 2019
13:35

Introdução
Coma induzido por fármacos, que é transitório e reversível. Envolve bloqueio
sensorial, reflexo, motor e mental. Pode ser inalatória, venosa total, balanceada.

A anestesia balanceada é a técnica utilizada atualmente, com uma combinação


de anestésicos inalatórios, venosos e locais. Desse modo, de maneira simplista,
retira-se a consciência com um anestésico inalatório, promove-se analgesia com
anestésico local.

De maneira geral, a anestesia geral visa, com a hipnose e analgesia, administrar


o estresse do paciente durante a operação. Ao mesmo tempo, o relaxamento
muscular facilita a operação cirúrgica.

Indicações
É utilizada em qualquer procedimento cirúrgico. É mais indicada para grandes
procedimentos cirúrgicos. Só pode ser feita quando há acordo comum entre o
paciente e o médico anestesista. Em cirurgias de vídeo, é sempre indicada
anestesia geral.
Classificações
 Anestesia geral inalatória: feita com anestésicos inalatórios. Era muita
utilizada no passado.
 Anestesia geral venosa total: medicação EV de forma contínua, geralmente
associação de hipnótico, analgésico e bloqueador neuromuscular.
 Anestesia geral balanceada: emprego de vários fármacos para conseguir
múltiplos efeitos. Inconsciência, ausência de dor, relaxamento muscular. Os
relaxantes musculares são utilizados para que a colocação de afastadores
e abertura do campo cirúrgico seja feita mais rápida.
Anestesia balanceada
 Hipnose: propofol, anestésicos inalatórios, etomidato, midazolam. O
propofol é o mais utilizado no mundo, e apenas é trocado se houver alguma
contra-indicação
 Analgesia: anestésicos inalatórios + opioides + anestésicos locais. Os
opioides estão sendo lentamente substituídos para os anestésicos locais,
mas ainda são os principais utilizados. Fentanil, sufentanil, remifentanil.
 Relaxamento muscular: bloqueadores neuromusculares. Atuam
exclusivamente na placa motora.
Fases da anestesia geral
1. Indução
2. Manutenção
3. Emergência
Anestesia geral inalatória
Administração de fármacos pelo pulmão. Essa droga é inalada, atinge o alvéolo,
circulação sanguínea até o SNC, causando depressão do SNC, tanto em córtex
quanto em medula.
 Vantagens: fácil de administrar, ação rápida, possibilidade de
monitoramento e relativo baixo custo
 Desvantagens: administrados ao paciente através de sistema de ventilação
artificial, conectado a máscara facial, máscara laríngea ou intubação
orotraqueal.
 É administrado por um mecanismo que introduz o gás, e que retira o CO2
expirado pelo paciente. O sistema de ventilação artificial deve possuir uma
forma de eliminar CO2, uma fonte de gases frescos, e uma bolsa que irá
coletar esse material, chamado de absorvedor de CO2, que retira o esse
gás através de uma reação química com Cal sodada (CaO+NaOH).
Quando a Cal sodada começa a ficar esgotada, os indicadores mudam de
cor, avisando que a quantidade de Cal está comprometida.
 Drogas: são líquidos, e devem ser colocados dentro de um equipamento
chamado vaporizador. O vaporizador utilizado é conhecido como calibrado.
o Isoflurano
o Sevoflurano
o Óxido nitroso: pouco usado
 Solubilidade sanguínea (coeficiente sangue-gás): quanto menor for o
coeficiente, maior será a velocidade dos efeitos, devido a sua menor
solubilidade sanguínea.
 Concentração alveolar mínima (CAM): indica a potência do anestésico.
Quanto maior a quantidade de gás dentro do alvéolo, maior vai ser o efeito
no SNC. Quanto menor for a CAM, menos anestésico será necessário para
o efeito.
o Aumento de CAM: idade <1 ano, hipertermia, hipertensão,
hipernatremia, álcool
o Diminuição de CAM: anemia, idade elevada, hipercalemia,
medicamentos que deprimem o SNC, hipotensão.
Complicações respiratórias da anestesia geral
 Ventilação inadequada
 Intubação esofágica
 Depressão respiratória

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