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Os Jesuítas e o ensino filosófico

Página escrita por


Rubem Queiroz Cobra

Filósofos brasileiros:resumos de época, vida e obras


Os Jesuítas e o ensino filosófico. Os negócios eclesiásticos no Brasil colônia estavam
nas mãos do Rei, que deles se ocupava através do departamento de sua administração,
a que já me referi em outras páginas, a Mesa da Consciência e Ordens a qual estava
sob influência indireta mas decisiva da Igreja de Roma, através do prestígio de que
gozou por muito tempo na corte portuguesa a Companhia de Jesus.

A Companhia de Jesus aprovada por Paulo III a 27 de Setembro de 1540 foi desde a
sua origem bem aceita em Portugal. Não tardou muito que a educação da infância
fosse confiada aos Jesuítas. A fundação do Colégio de Coimbra da Sociedade de Jesus
começou logo a 14 de Abril de 1547, por Dom João III (1521 a 1557). 0 padre Simão
Rodrigues, companheiro de Santo Inácio, e que, tendo vindo de Roma com S.
Francisco Xavier para levar a voz do Evangelho às Índias, ficara na corte, foi o
fundador desta província portuguesa da nova sociedade.

A instrução da mocidade portuguesa estava completamente na mão dos Jesuítas. A sua


preponderância era incontestável. Mas as aspirações da Companhia cresciam sempre.
Primeiro, queriam dominar na Universidade; depois, criaram a de Évora, mas nada
disto Ihes basta, vamos examinar outras das suas ambições. As Escolas são Coimbra,
Évora, Braga, Lisboa, Porto e Santarém.

Como parte da disputa de poder entre o Rei e o Papa, os Jesuítas esforçaram-se por
demonstrar que os Estatutos da Academia de Évora não precisavam da régia
confirmação, e que o Rei não tinha nenhuma jurisdição sobre tal Academia, e
fundavam-se para isso em certa Bula publicada em 1568, em virtude da qual era
revogada a disposição compreendida no L. 2, cap. 5, dos Estatutos antigos do Cardeal
D. Henrique, que dava ao Rei o poder de os confirmar, ou conceder.

A Sociedade de Jesus domina por toda a parte. As apostilas são feitas sobre os livros
de Aristóteles, S. Tomás, Escoto são, entre outros, os principais filósofos cristãos
professados nas nossas escolas. Ao verem-se as disposições da Companhia de Jesus,
parece que eles estavam convencidos de que os seus comentadores não podiam ser
excedidos, nem deviam ser contrariados. A Filosofia teria então chegado ao seu maior
aperfeiçoamento. Fora dos Comentários pairava o erro. Era necessário coarctar os
espíritos dentro daqueles limites. Tal era o alvo dos esforços da companhia, quenão
transigiu nunca com a Filosofia moderna. O Tribunal do Santo Ofício auxiliou-a
muito.

Os estudos obedeciam a um padrão próprio dos Jesuítas. Os primeiros cinco anos


eram devotados a humanidades, isto é, estudo do Latim e Grego e dos autores
clássicos, a língua francesa com composição de prosa e verso, música, teatro, e
complementação própria a um cavalheiro: cavalgar e esgrimir (confronto com
espada). Seguiam-se três anos de filosofia. O primeiro dos três consistia de lógica
baseado no sistema silogístico derivado de Aristóteles, e filosofia moral a qual
consistia de um analise detalhada de outro trabalho aristotélico, a Ética Nicômaco. O
estudo de física, matemática e astronomia preenchia o segundo ano, mas as ciências
então estudadas não iam muito além das teorias de Aristóteles, reelaboradas e
desenvolvidas pelos comentaristas medievais. Somente em matemática e astronomia
traziam os mestre alguns dos avanços mais recentes. O terceiro ano consistia de
metafísica, principalmente a filosofia de São Tomás de Aquino, com os comentários à
margem feitos pelos jesuítas.

Rubem Queiroz Cobra

R.Q.Cobra
Doutor em Geologia
e bacharel em Filosofia.
Página lançada em. 15-01-2011

https://www.cobra.pages.nom.br/fb-jesuitasensfilo.html

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