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POESIA, TRADUÇÃO
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07/05/2019 Harlem Renaissance por André Caramuru Aubert, pt. I | escamandro
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Uma introdução
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07/05/2019 Harlem Renaissance por André Caramuru Aubert, pt. I | escamandro
Em primeiro lugar, houve a Primeira Grande Guerra. Muitos dos soldados enviados à Europa eram
negros, e eles não só mataram e morreram pelo país como tiveram contato com europeus; em muitos
casos, gente, na época, com mente mais arejada do que os americanos. Na volta para casa, era natural
que eles exigissem um papel de maior protagonismo em todos os campos, incluindo a cultura.
Em segundo lugar, houve o fator demográfico. Há décadas as populações negras abandonavam o sul
racista, subindo o Mississippi em direção a Chicago e, dali, em parte, para Nova York. Esse grande
movimento migratório, como nos mostra o Harlem Renaissance, geraria mais do que “apenas” o
blues, o jazz e o rock and roll…
Finalmente, eram anos de modernismo. E o modernismo, em não poucas de suas vertentes estéticas
(penso logo de cara em Picasso, em Matisse, em Mário de Andrade), era sedento por enriquecer e
arejar a estética ocidental com elementos exóticos. Poesia chinesa, tradições indígenas, cânticos
hindus, lendas árabes, arte africana, causos sertanejos… O cânone europeu perdia sua hegemonia na
pintura, na música e na literatura. Assim, no momento em que artistas negros, em Nova York,
pretendiam que sua voz fosse ouvida, havia gente disposta a ouvir. E, mais importante, entusiasmada
por poder publicar, divulgar e, claro, incorporar tudo o que achasse interessante naquelas novidades
todas.
É claro que, passados oitenta anos desde o fim do movimento, nossa visão sobre o que se produziu
naquele espaço físico e temporal não é a mesma. Alguns dos poemas que mais fizeram sucesso na
época, por mais explicitamente defenderem, política e ideologicamente, a causa negra, acabaram não
resistindo bem ao tempo. Mas muitas das coisas que ali se produziram, por outro lado, reverberaram
não apenas na época como resistiram excepcionalmente bem aos anos e seguiram, sólidas, ocupando
um espaço fundamental na cena poética norte-americana.
Reuni, para esta pequena introdução à Harlem Renaissance, um ou dois poemas de alguns dos
principais nomes do movimento: Gwendolyn Benne , Joseph S. Co er, Waring Cuney, Countee
Cullen, Langston Hughes, Fenton Johnson, Georgia Douglas Johnson, Helene Johnson, James Weldon
Johnson, Claude McKay e Anne Spencer.
***
COUNTEE CULLEN
Countee Cullen (1903-1946) foi um dos poetas do Harlem Renaissance que obtiveram mais repercussão fora do
movimento, provavelmente porque sua temática, que não se furtava a abordar aspectos às vezes quase folclóricos,
evocava, de certa forma, o que as pessoas em geral esperavam de um poeta negro. Não obstante, sua poesia é forte
e marcante, e o julgamento cruel da passagem do tempo o manteve como um dos principais poetas do
movimento.
Incident
for Eric Walrond
Incidente
para Eric Walrond
LANGSTON HUGHES
James Mercer Langston Hughes (1902-1967), de poesia inventiva e lírica, é hoje, provavelmente, o nome mais
conhecido do Harlem Renaissance. Nascido no Missouri, foi militante comunista e também ensaísta, romancista
e dramaturgo.
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Eu conheci rios:
Eu conheci rios tão antigos quanto o mundo e mais velhos que o sangue que corre nas veias
humanas.
Eu conheci rios:
Antigos, escuros rios.
Elevator Boy
Up an’ down,
Or somebody else’s shoes
To shine,
Or greasy pots in a dirty kitchen.
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Ascensorista
Eu consegui um emprego
Conduzo um elevador
No Hotel Dennison em Jersey
Mas o trabalho não é muito bom.
Não rola grana.
Empregos são apenas chances
Como todo o resto.
De repente você tem sorte
De repente não.
De repente um bom emprego às vezes:
Saia fora do caminho, garoto.
Dois novos paletós e
uma mulher com quem dormir.
De repente sem sorte por muito tempo.
Só os elevadores
Indo pra cima, indo pra baixo,
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