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FATEC-FACULDADE DE TEOLOGIA E CIÊNCIA

ALUNO EM FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE CLÍNICA


Heder José Pena

A TRANSFERÊNCIA E O DESEJO DO PROFESSOR:

VOTUPORANGA
2019
ALUNO EM FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

Artigo sobre a Transferência e o Desejo do Professor apresentado à


Faculdade
De Teologia e Ciências de Votuporanga-SP como
Requisito para a obtenção de Nota na Matéria

Orientadora: Profª Cleodinéia Palácio

Votuporanga/SP
2019
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A TRANSFERÊNCIA E O DESEJO DO PROFESSOR

Heder José Pena


Profª Cleodinéia Palácio

RESUMO:

Conceitos psicanalíticos e a sua influência na prática educacional. O papel do


Professor no manejo do seu desejo na transferência que deve, como o analista em
sua prática, deixar fluir o desejo do aluno na relação do ensino e aprendizagem. A
transferência e o desejo do Professor, como atributo para o sucesso da capacidade
de ensinador e da aprendizagem a ser aplicada.

Palavras-chave: Educacional. Transferência. Professor. Aluno.

1 INTRODUÇÃO

A aplicação de conceitos psicanalíticos na educação é imprescincivel para o


desenvolvimento psiquico dos alunos.
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Nesse passo, os estudiosos da matéria afirmam que assim como o analista na


prática clinica, o professor precisa aprender a manejar o seu desejo na transferência
na prática educacional para que o aluno deixe fluir o seu desejo na relação entre o
ensino e a aprendizagem.

Freuf fez uma comparação com a prática do psicanalísta e a prática do


educador, no prefácio à obra de O. Pfister, assim parafraseada: Num único ponto a
responsabilidade do educador será maior, talvez, do que a do médico. O médico lida
com estruturas psíquicas já rígidas, encontrando a personalidade do enfermo em um
límite para sua própria ação.

Já o educador trabalha sobre o terreno maleável, acessível a todas as suas


impressões, e deverá obrigar-se ao dever de não modelar o jovem espírito segundo
seus ideais pessoais e sim, antes de mais nada, segundo as disposições e
possibilidades que ele encerra (Millot, 1987, p. 53.)

Assim, transparece o ideal de professor frente ao aluno, ou seja, o professor


controla seu desejo para que o desejo do aluno tenha primazia na sua formação
emocional.

2 O DESEJO DO PROFESSOR - TRANSFERÊNCIA

A Transferência não é um termo da psicanálise. É um vocábulo utilizado em


diversos campos, denota-se, sempre uma ideia de transporte, de deslocamento, de
substituição de um lugar para o outro.

Freud aponta-o como um fenômeno psíquico que se encontra presente em


todos os âmbitos das relações com nossos semelhantes. Ele reconheceu a
possibilidade de que a transferência acontecia na relação professor-aluno.

Na relação professor-aluno, está implicada uma relação de amor, uma


relação afetiva. Uma relação de confiança de valorização do conhecimento, da
revelação das habilidades e potencialidades do outro, só é possível através da
afetividade.
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A noção de transferência pode contribuir para entender esta relação que


envolve interesses e intenções, pois a educação é uma das fontes mais importantes
do desenvolvimento comportamental e agregação de valores nos membros das
espécies humanas.

Becker, (1997,111-112), afirma que na transferência, constitui uma


identificação simbólica é uma forma de desenvolver ao adolescente sua posição
discursiva. Verificar-se, que o aluno precisa admitir estar numa relação transferencial
com o professor que não estar ali só para transferir informações, mais para
considerar cada aluno singularmente.

O sujeito do qual ocupa a psicanálise é o sujeito do inconsciente enquanto


manifestação única e singular. Para o aluno ser tomado como sujeito é necessário
que o educador também o seja, que envolva sua prática com aquilo que lhe é
peculiar, o estilo.

Logo a relação professor-aluno depende fundamentalmente do clima


estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de sua
capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da
criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles.

Sob este ponto de vista, o professor deve, como o analista, equilibrar seu
desejo para que o aluno descubra por si só o que deve fazer para o seu
desenvolvimento pleno que venha de fato combater eventual neurose por
sentimentos recalcados em seu inconsciente.

Do Ponto de vista da psicanalista Melaine Klein (1.926), as crianças/alunos


desenvolvem a transferência de suas mais intensas fantasias, ansiedades e defesas
em casa, na creche, na escola, nos diferentes momentos do dia, no convívio escolar
e durante as aulas.

Quando é possível ver o afeto nas ações dos alunos diante das propostas dos
educadores, constata-se que houve transferência positiva à aprendizagem, há
possibilidades de superação dos conflitos internos, será possível aprender e crescer.
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A psicopedagoga Leila Sarah Chamat (1997), afirma que um bloqueio na


afetividade impede um vínculo saudável ou afetivo entre o ser que ensina e o ser
que aprende, seja na família ou escola.

Nessa toada, seria importantíssimo que todos os professores conhecessem o


conceito de transferência, para melhor entender a sua relação com o aluno. Pois ele
pode ser um suporte dos investimentos de seu aluno, porque é objeto de uma
transferência. Privilegiar a singularidade do aluno é um aspecto que deve merecer
atenção central.

A psicanálise trouxe em suas pesquisas o legado de que a sexualidade é a


energia motriz que rege toda a conduta humana. Logo o desejo de saber emerge de
restos sexuais (KUPFER, 2001). É com essa afirmação e seus possíveis
desdobramentos que iniciaremos a discussão sobre o desejo de saber do aluno.

É importante salientar que o termo sexualidade não pode ser interpretado


como comumente associado a ato sexual ou coito. Refere-se antes sim, a uma
psicossexualidade, ou seja, a toda a energia dispensada por seres humanos na
busca por uma satisfação, lembrando também que essa satisfação pode ser boa na
consciência e ruim no inconsciente ou vice e versa.

Pode-se afirmar que “a pulsão sublimada se transforma em pulsão do saber”


(KUPFER, 2001, p.86). Na obra “Os instintos e suas vicissitudes” ou “A pulsão e
seus destinos” (FREUD, 1915, vol. XIV) é possível compreender que a pulsão é um
conceito fronteira/limite entre o somático e o psíquico.

A fonte pulsional é o corpo e a pulsão tende a voltar para sua fonte de origem,
apresentando-se de alguma forma no orgânico. Existe, no tema relacionado à
pulsão, uma exigência de trabalho que se exerce de maneira constante. As pulsões
são forças que atuam na vida mental, e, uma vez em interação, inibem ou favorecem
o desenvolvimento umas das outras.

É um processo dinâmico que consiste em uma pressão ou força que faz


tender o organismo para um alvo de satisfação. Logo, o desejo de saber sob
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interferência direta da pulsão denominada por Freud de epistêmica, tem uma


exigência de trabalho, da qual emerge a curiosidade, a vontade de pesquisa.

O professor precisa entender que “sua fala deixa de ser inteiramente objetiva,
mas é escutada através com determinadas ações ou comportamentos
(inconsciente).

Para além disto, Freud (1915, vol XIV) destaca que o inconsciente é
atemporal, não sofre influência de um tempo cronológico e nem lógico. Não possui
também, juízo de valor, ou negação de seus desejos. Tudo é querido, tudo é
possível (processo primário).

Devido a esse processo, que o professor equilibrado em seu desejo, torna-se


fundamental no desenvolvimento do aluno.

3 CONCLUSÃO

O conteúdo do presente artigo, demonstrou que assim como o analista, na


prática clínica deve se ater ao cuidado expressivo na transferência e no equilíbrio do
seu desejo em face do analisado, assim deve o educador/professor se portar diante
do aluno.

O aluno deverá desenvolver o seu desejo de forma que consiga preencher a


sua personalidade com fatores positivos que não venha recalcar emoções
prejudiciais ao desenvolvimento emocional.

Assim, notamos a grande importância do papel do educador que, na fonte,


precisar transferir aos seus alunos os conhecimentos necessários para a sua
formação intelectual para a vida, bem como sua formação psíquica.
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REFERÊNCIAS

https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/psicologia/conceito-transferencia-relacao-
professoraluno.htm

http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/333
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