A teoria do reconhecimento não é uma teoria democrática na acepção mais
usual do conceito.1 Pelo menos, não foi proposta como tal. Trata-se de uma teoria da justiça que ganhou diferentes contornos em autores distintos. No entanto, em todos eles, o foco é pensar as condições de superação de formas de opressão social que sistematicamente subordinam alguns indivíduos e grupos a outros. A teoria parte, pois, da constatação da desigualdade para conceber rotas profícuas em direção à emancipação e a um mundo mais igualitário.Esse foco na promoção da igualdade, bem como os meios propostos para sua realização, torna interessante a reflexão sobre a interface entre reco-nhecimento e democracia. Há uma teoria democrática a atravessar a teoria do reconhecimento? O que a teoria do reconhecimento tem a dizer para a teoria democrática? Que contribuições conceituais emergem desse diálogo? Essas são algumas das questões que conduzem o presente artigo.