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JUSTIÇA DO TRABALHO

NO BRASIL

Breves definições e orientações


JUSTIÇA DO TRABALHO

SUAS COMPETÊNCIAS E COMPOSIÇÃO

PREVISÃO LEGAL:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:

I - o Supremo Tribunal Federal;


I-A - o Conselho Nacional de Justiça;
II - o Superior Tribunal de Justiça;
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e
Territórios.

SEÇÃO V
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DO TRABALHO

Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:

I - o Tribunal Superior do Trabalho (decisões colegiadas federais);

II - os Tribunais Regionais do Trabalho (decisões colegiadas em


âmbito de recurso – estaduais);

III - Juízes do Trabalho (decisões unilaterais em âmbito local).


Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:

I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes


de direito público externo e da administração pública direta e indireta
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

II - as ações que envolvam exercício do direito de greve;

III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre


sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;

IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data,


quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;

V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição


trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o;

VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial,


decorrentes da relação de trabalho;

VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos


empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;

VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art.


195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças
que proferir;

IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma


da lei.

Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por


um juiz singular.
O PROCESSO TRABALHISTA

CONDIÇÕES E CARACTERÍSTICAS

PEDIDO INICIAL OU PROCESSO TRABALHISTA

O pedido inicial é a peça em que o empregado/reclamante formula o seu pedido,


reivindicando verbas e direitos que entende fazer jus perante seu empregador,
também denominado reclamado, mais conhecida como Reclamação Trabalhista.

Devem fazer parte da petição inicial as provas documentais que se fizerem


necessárias para a instrução do pedido ao Juiz, bem como a indicação das
testemunhas ou compromisso de trazê-las independentemente de notificação,
sob pena de preclusão. Quando houver mais de uma Vara do Trabalho na
localidade da prestação de serviço do empregado (competência), haverá a
Distribuição mediante protocolo do Fórum Trabalhista, onde a petição inicial será
encaminhada para uma dessas Varas. Assim que o pedido chegar à Secretaria
da Vara, esta designará uma audiência inicial, remetendo-se notificação e uma
cópia para a empresa/empregador que está sendo acionado por via postal.

As partes que integram a Reclamação Trabalhista são:

 Reclamante: quem faz a reclamação, em geral, o trabalhador;

 Reclamada(o): quem sofre a reclamação, em geral, a


empresa/empregador.

No processo trabalhista, diferentemente do processo civil, a citação é realizada


por via postal, sendo este ato realizado pela Secretaria da Vara do Trabalho,
sem que ocorra, via de regra, um exame prévio da Inicial por parte do Juiz.

MOTIVAÇÃO

PRINCIPAIS MOTIVOS/PLEITOS QUE GERAM RECLAMAÇÕES


TRABALHISTAS:

1- Horas extras

2- Indenização por Dano moral - Assédio Moral

3- Adicional de insalubridade/Periculosidade

4- Estabilidade/Reintegração por acidente de trabalho (doença profissional ou do


trabalho, acidente típico ou de trajeto)
5- Vínculo empregatício

6- Equiparação salarial ou "desvio de função"

7- Restituição de descontos indevidos ou superiores ao devido (contribuições


assistenciais/confederativas; planos de saúde etc)

8- Desrespeito a garantia de emprego do empregado (Gravidez, CIPA, retorno


de afastamentos ou férias etc)

9- Atraso ou o não-pagamento das verbas rescisórias

10- Diferenças do FGTS (Fundo de garantia por tempo de serviço)

COMPETÊNCIA (local em que se pode mover uma ação)

Artigo 651 da CLT:

"A competência das Varas do Trabalho é determinada pela localidade onde o


empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador,
ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.

§ 1º Quando for parte no dissídio agente ou viajante comercial, a competência


será da Vara da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o
empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Vara da
localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima.

§ 2º. A competência das Varas do trabalho, estabelecida neste artigo, estende-


se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o
empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em
contrário.

§ 3º. Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora


do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar
reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos
respectivos serviços."

RITO SUMARÍSSIMO

Valor da causa que venha comportar o procedimento sumaríssimo seja de até


40 salários mínimos (Salário mínimo no Brasil hoje: R$998,00,
aproximadamente, US$250,00) quando da data de ajuizamento da reclamação.
O que vale frisar é que a conta de 40 vezes o salário mínimo, que é o montante
máximo para se adotar o procedimento sumaríssimo, há de ser considerada na
data da propositura da ação, e não no dia da audiência ou na data que consta
na petição inicial. Vale como prova da data de ajuizamento o protocolo do setor
de distribuição dos feitos, ou da própria Vara Trabalhista, quando, neste último
caso só existir uma Vara naquela jurisdição.

CONTESTAÇÃO (DEFESA) DA AÇÃO E DO PEDIDO

A partir do recebimento da reclamação trabalhista, já com a audiência marcada,


inicia-se a rotina de elaboração da Defesa. Neste momento, também devem ser
analisadas todas as provas que comprovarão as alegações constantes na Peça
Vestibular contra a empresa/reclamada, de forma a serem combatidas na
defesa. A defesa é apresentada na 1ª audiência, que é designada assim que o
processo é apresentado.

A contestação exigirá a busca de subsídios que comprovarão a defesa da


empresa.

Devem ser colhidas informações pelo Preposto, principalmente no setor de


trabalho do reclamante, que serão transcritas e encaminhadas ao advogado,
junto às cópias dos documentos de praxe. Os fatos não contestados
presumem-se verdadeiros.

RELATÓRIO: A “VERSÃO” DA EMPRESA

Para que se possa elaborar de forma eficiente uma defesa, a empresa (o


preposto, que pode ser um empregado, o sócio ou mesmo um terceiro)
deve elaborar relatório abrangente sobre as alegações do reclamante, contendo
elementos/informações que permitam a contestação destas alegações, a versão
da empresa sobre elas e a indicação de provas que sustentem a defesa da
empresa. Assim, uma descrição bem feita dos fatos e documentos armazenados
pela empresa, torna-se imprescindível para uma defesa sólida.

DOCUMENTAÇÃO POSSÍVEL PARA DEFESA:

 Normas coletivas sindicais (acordos, convenções ou decisões


normativas) relativas ao período trabalhado e aos pedidos;
 Programas de saúde e segurança ocupacional obrigatórios (PPRA,
PCMSO, laudos periciais, comprovantes de entrega e certificados de EPI
etc.)
 Descrição de cargos e salários;
 Autorizações especiais (trabalho ininterrupto e intervalo reduzido);
 Recolhimento sindical dos empregados e do empregador, para prova de
enquadramento sindical;
 Contratos firmados com terceiros contratados;
 Contratos especiais por determinação legal (aprendizes, por exemplo);
 Relatórios de acompanhamento dos Programas de Participação em
Lucros e Resultados;
 Registro de empregados paradigmas.
 Recibos de Pagamento
 Controles de jornada

PROVAS

Podem ser entendidas como quaisquer meios lícitos para convencimento dos
julgadores.

 Prova Documental – é a parte material que se faz mediante a juntada de


documentos aos autos do processo, JUNTO DA INICIAL OU DEFESA;

 Prova Oral ou Testemunhal – é a que se produz por meio dos relatos


verbais, mediante depoimento das partes e testemunhas;

 Prova Pericial – é a realização de perícia técnica e juntada de Laudo


elaborado por peritos técnicos sobre matérias que se pretendem esclarecer,
podendo ser: contábil, de insalubridade/periculosidade, médica, grafotécnica
etc.

PROVA TESTEMUNHAL - CONTRADITA

A prova testemunhal pode ser contraditada caso alguma delas possa ser
impugnada por parentesco, amizade íntima, interesse na causa ou inimizade
com a parte.

AUDIÊNCIAS POSSÍVEIS

- Audiência UNA: todos os atos são realizados numa única audiência,


contando com defesa, depoimentos pessoais, provas documentais e
testemunhais.

- Audiência INICIAL: só se apresenta a defesa e demais atos ficam para


a próxima audiência.

- Audiência de INSTRUÇÃO (CONTINUAÇÃO): onde se tomam os


depoimentos pessoais e se ouve as testemunhas.

- ACORDO: é possível em qualquer fase do processo.


DECISÕES POSSÍVEIS

- PROCEDENTE: o autor (em geral, o empregado, mas pode ser movida pelo
empregador) obtém decisão favorável em sua totalidade.

- PROCEDENTE EM PARTE: o autor obtém apenas parte dos pedidos.

- IMPROCEDENTE: o autor perde completamente a ação.

- EXTINTO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO: - LITISPENDÊNCIA


- COISA JULGADA
A ação não prosseguiu, devido algum erro processual ou legal.

- EXTINTO COM JULGAMENTO DO MÉRITO: PRESCRIÇÃO


O autor perde a ação, devido ter passado o tempo em que poderia apresentá-la.

MEDIDAS POSTERIORES À DECISÃO:

Recursos:
- EMBARGOS DE DECLARAÇÃO: apenas para esclarecer omissões, dúvidas
ou divergências na decisão.

- RECURSO ORDINÁRIO: medida que leva o processo para apreciação do


Tribunal Regional do Estado onde foi movida.

- RECURSO DE REVISTA: recurso que pode levar o processo a ser apreciado


por Tribunais Superiores, caso algum aspecto tenha infringido lei ou a
constituição.

EXECUÇÃO

Esgotadas todas as fases de conhecimento do processo, considera-se ter havido


o chamado “trânsito em julgado” da decisão. Assim, inicia-se a execução:
cumprimento da decisão. A partir daí, realização dos cálculos realmente devidos,
busca dos valores devidos e mesmo os encargos sociais incidentes.

Nesta fase, o juiz pode determinar busca de valores em banco, penhorar bens
móveis e imóveis e mesmo bloquear faturamento dos devedores.

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