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em Santa Bárbara de Padrões (Castro Verde). Um arqueólogo sonha com o dia em que poderá
prosseguir a escavação.

Texto: Gonçalo Pereira Rosa

Fotogra as: António Cunha

Nº219, JUNHO 2019

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EDIÇÕES ESPECIAIS
As escavações e o conhecimento avançaram em Castro Verde ao ritmo da morte”, gosta de dizer,
com um sorriso provocatório, o arqueólogo Manuel Maia. Em 1983, as obras de ampliação do
cemitério local revelaram as estruturas de uma basílica paleocristã e de termas romanas no topo
de uma colina em Santa Bárbara de Padrões. Onze anos depois, nova ampliação do cemitério
levou à abertura de uma vala de quinze metros. O arqueólogo e a mulher, Maria Maia, conduziram
os estudantes de um curso de iniciação à arqueologia para aquela que veio a ser conhecida como
a vala das lucernas: “O primeiro estudante saiu de lá com meia lucerna. Nesse dia, trouxemos
cinco sacos de supermercado repletos de fragmentos”, conta o arqueólogo.
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Nos quatro meses seguintes, recuperaram-se centenas de lucernas do período romano,
correspondendo a três séculos de utilização do espaço, entre inícios do século I e o nal do
século III. “Todas as lucernas tinham marcas de utilização. Um depósito de lucernas utilizadas
indica por de nição a presença de um santuário com função religiosa nas proximidades. A lucerna
é como a vela moderna: deixa-se a queimar em nome de uma promessa”, diz o arqueólogo.

Durante as escavações, o casal Maia (Maria Maia faleceu em Julho de 2011) encontrou aqui cerca
de vinte mil lucernas – a maior colecção conhecida do mundo. Só havia um precedente na região:
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as lucernas encontradas em Peroguarda, em meados do século XX, sem efectivo controlo XX
arqueológico. “Muitas das ‘nossas’ lucernas tinham sido depositadas como hoje colocamos as
chávenas nas máquinas de lavar-louça”, brinca o arqueólogo. Curiosamente, mesmo 1.700 anos
depois de se ter apagado a última lucerna, “cheirava a azeite rançoso no local”.

Um santuário desta relevância teria seguramente importância estratégica no Sul de Portugal. Até à
data, não emergiu nenhuma inscrição que pudesse comprovar a toponímia local, mas Manuel Maia
acredita que aqui poderia ser Arannis, referenciada indirectamente por Plínio, como terra dos
aranditanos. “Um itinerário do tempo de Antonino Pio, que mandou levantar todas as estradas do
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império, também menciona este sítio no itinerário 21, que liga Castro Marim a Tavira e Faro,
subindo depois, pela serra, até ao Alentejo”, diz Manuel Maia. “Estou convencido, até pelas
distâncias ali indicadas, que Arannis seria Santa Bárbara de Padrões.” Há alguns anos, uma equipa
do Campo Arqueológico de Tavira detectou vestígios da velha estrada romana e o geógrafo Luís
Fraga da Silva encontrou, num mapa do século XVII, provas do uso persistente dessa rota por onde
se levava o correio para o Algarve. Manuel Maia continua a acreditar que uma escavação intensiva
no local poderia revelar a con guração do santuário.

Entretanto, a ciência aumentou o conhecimento disponível sobre as lucernas de Castro Verde. Arqueologia
Cultura
Uma tese de mestrado defendida na Universidade de Évora em 2017 por Silvânia Afonso
(enquadrada pelo Laboratório HERCULES) analisou a composição dos combustíveis utilizados em
lucernas de dois sítios arqueológicos. Para as de Castro Verde, a investigadora identi cou cera de
abelha, resina de pinheiro e óleo de sementes de brassicáceas. Algumas lucernas são
procedentes do Algarve ou da vizinha província da Bética, mas outras vieram seguramente de
paragens mais distantes. “Temos peças requintadas, mas o maior custo da lucerna não é a
decoração”, explica Maia. “A partir do momento em que uma matriz era esculpida, faziam-se
milhares de moldes. É o tipo de pasta que sugere o poder de compra do utilizador.” Cosmos

Na colecção do Museu da Lucerna, existem motivos replicados em todo o império romano e


outros que só se encontraram aqui. Através destes traços de cultura material, Manuel Maia Revista National Geogra…
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acredita que poderá ser possível cartografar as relações comerciais do mundo romano. “No
interior das lucernas, aparecem impressões digitais dos oleiros, uma vez que o barro era moldado
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à mão. Seria muito interessante desenvolver uma base de dados que pudesse ligar as lucernas
que aqui vieram parar aos centros de produção conhecidos através de algo tão identitário como a
impressão digital coincidente.”

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