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‘Somente no século XVII 0 cérebro substituiu 9 coragao como 0 controlador das nossas acées. Mary A. B. Brazier, A History ‘of Neurophysiology in the 19th Century, 1988. isiologia Cardiovascular ‘TOPICOS ABORDADOS E OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Visdo geral do sistema circulatério 436 14.4 Descraver as fungdes do sistema rcuatrio e dar exerlos de cada fungao, 142 Descrever a organizacao do sistema erculatrig, nciando terminand na aorta Pressao, volume, fuxo e resisténcia 439 143 Define explicar as relagbes entre press, press hidrosttica, ‘radiant de pressio, fx, velocidad de Munu, vet ai, & Loy ees 92 relacionam com o sistema crculatro, 0 miisculo cardiaco © 0 coragdo 443 144 Descrover em dots 2 anateria intera e externa do cago. 445 Descrever os dis tips de cas do miocrtoe seus eranos no cra. 146 Descrever as potinas de membrana ‘eo movimento dos irs woos na sooplamentoexcitacls-contrazéo & ‘no rlaxamento do minério, 44,7 Compare contrast os potenciais ago das clas riocrdicas autoecitiveis ecotites © coragio como uma bomba 454 148 Descrever a conduzo dos snais cltricas através do coragso, 4149 Descreveras pares de um letrocardiograma e eplicar como os ‘vents altos esto relacionados com (0s eventos mecricos do ct cardiac. 14:10 Expicar as mudancas a pressdo «que ocarem durant ick cardiaco ‘suas relagdes com oo aravés do cerago e des vatos sanginens 14.11 Expicar arelagao entre raquinca caiaca, dito cardiac edit sisttico. 14.12 Esplcaro papel das porcies aulonicasno conto da fequéncia cadiaca no rive celular @ molecu. 14:13 Explicar como os sequntesftores infuonciam no debit seo: rtomo ‘ey, ago eminent, cara pds-cam,contaiiade, bomba musculesqultic, bomba respiratriae agentes inatépicos ee = 436 Dee Unglaub Siverthorn 0 clissco filme Indiana Jones eo Templo da Perio, 0 8- ‘erdote do mal abre o peito de uma vitima submetida a jum sacrifice humanoe iso seu coseo anda pulsindo Base ao no fi imaginado por algum roteirieta de Hollywood ~ foi copia de stuais dos atigos Maas, os quai documenta- ‘am ess pita horivel em suas pintura ¢ esculturs.O coragio tem sido objeto de fascinio por séculos, mas como ete potente smisclo, que bombia 7200 isos de sangue por di, conseque ‘antinuie buted men fore Jo corpo? Para nagender est pengunt,primeiro consideraremor 0 papel do corgio no siste- ‘a crcl, ‘Com a evolugso da vids, onganismos unicellares simples ‘comesaram a agregar, primcio em coldniascooperativas,de- pois em organismos multieulares. Na maioria dos animaismul- Sicelulares,somente a cama mais superficial esti em contato dlucto com o ambiente, o que representa um problema, uma vee ‘que a difuso dimim exponencialmente& medi que a dstin- ‘aaumenta (p.134)-Por causa disso, o consumo de oxigénio naa ‘ells mais ntemas de animus grandes excede a taxa pela qual ‘ oxigtnio pode ecifundir dee a superiie corporal. ‘Uma solisio para siperar a dif lenta foi o desenval- vimento evolutivo de sstemar crclatcroe que transportam liguido entre a superficie corporal e ae muse partes mai profin- das, Em animals simple, a aividade muscular gers urs fhxa de liquido quando o animal se move. Animais mais complexos possuem uma bombs muscular, denominada corssio, que faz 0 equ interen trae [Nos sistemas circulatsrios mais eficientes, 0 congo bombela 9 ange staves de umn sistem fechado de atom Hate cireuto unidizecional leva o sangue por usna rota especifica ¢ assegura a distibuigo de gases, ntrentes, moléculssinaliza- dora e resis, Um sistema composto por um corgi, vasos sanguincos e sangue éconbecido como um sistema circulatério [Embora # idea de um sistema circulatério fechado que ‘steal o sanguccontiawamente nos pares dba hoje, nem smm- ‘SOLUCIONANDO 0 PROBLEMA Infarto do miocardio ‘As 09h06min, um codgulo sanguineo que tina silencioss- ‘mente 9 formado naartéria corondria descendents anterior ‘de Walter Parkorrevelou sua sinistra presanca. O executvo {do 59 anos havia chegado a0 Centro de Convencées de Dallas sentindo-se bem, mas repentiiamente sentiu uma dor no centro do peito ¢ ficou nauseado. Em um primelto ‘momento, ele pensou ser consequéncia do jantar da con- ‘yengdo na noite anterior. Todavia, quando a dor no peito pperistiu, ele pensou na sua histona familar de doeneas. ccerdiacas ¢ tomou uma aspirina, lembrando-se de um ‘anuncio de rio que cizia para fazer isso se voc® esta com sintomas de um “ataque cardiaco”. Walter, ent, fol até 0 posto de atondimenta. “Eu ndo estou me sentindo bem", disse ele a0 médico. O médico ouviy os sintomas deser'- tos por Walter, cbservou que ele estava pido e suanco no pre foi assim. Os eapilares, os vasos microscépicos nos quis ‘ocorre troca de materisie do sangue com o liquide interetical, rio eram conhecidos até que Marcello Malpighi, um anatomista italiano observou-os em im microscsipio,em meados da séclo XVII. Naquela época, a medicina europeia ainda era muito in~ ‘uenciada pela antiga ideia de que o sistema eirculatério tans portava sangue ear, Pensava-se que © sangue era produzido no figada e dis ‘sibuido para tad «corpo pelas veins. O ar ix dos pales a © coragao, onde era digerido e os “espiritos vitais”capturados. A partir do coragio,o ar era distibuido para os tecidos através de vasos, denominados artvias. Anormalidades — como o fato de ‘uma artéria cortada jorrar sangue,em vez de ar—eram ingenus- ‘mente explicadas pela existéncia de ligapSes invisives, entre as artias cas cia, que se abeiam quando uma leo ocorra. ‘De acordo com esse modelo de sisternacirculatdrio, os te dos consumiriam todo o sungue enviado até eles, cabendo a0 figado a tarefa de produsir continuamente mais sangue. Entio,o ‘médico William Harvey (1578-1657), da corte da rei Charles | da Inglaterra, calculous e demonstrou que 0 peso da sangue que ‘0 coragio bombeia em apenas uma hora € maior que o peso de todo 0 corpo. Como tornou-se dlvio que o figada nfo seria ca pazde sintetizarsangue to répido quanto o coragso o bombea va, Harvey procurou por uma rota anat@mica que permitise ao sangue recircula, em ver de ser consumido nos tecidos. Harvey rmostrou que as valvas do corasio e das weiascriavam um fluxo canguineo unidirectonal, © que oc wale trancportavam @ eangue de volta para o corasio, nfo para os membros. Fle tambérn mos ‘rou que o sangue que entrava no lado direto do coraso ia para (8 pulmes antes de ir para o lado esquerdo do corasio. (Os resultados desses estudos causaram um furor entre os sous contemporineos, levando Harvey adizer que ninguém com ‘menos 40 anos entenderia suas conchusGes. Po fimo trabalho de Harvey tornou-se a base do extudo da fsiologia cardiovascu- lar modema. Hoje, entendemos a estrutura do sistema circula- ‘rio em niveis microscépicos ¢ moleculares que Harvey jamais sonhou que existissem. Ainds assim, alguns pensamentos no smudaram. Mesmo agora, com teenologia sofisticada, estamos pprocurando por “espiitos” no sangue, embora hoje chamemos cles por nomes como horméniorecifeinas VISAO GERAL DO SISTEMA CIRCULATORIO ‘Em termos mais simples, um sistema circulatirio € uma sérke de tubes (asus sanguineos) cheios de liquide (sangue),conectados ‘a uma bomba (ocorasio).A presio gerada no corasio propele 0 sangue continuamente pelo sistema, O sangue captura o oxigénio nos pulmées e os nutrientes na intestino e, entio, entrega esas substincias para as células corpornisenqusato,simultaneamente, remove residuos celularese calor para seem excretados. Alem listo o sistema cicculatio tem um papel importante aa coma nicagio céula a céula ena defesa do corpo conta invasores, Este capinalo apresenta uma visio getal do sistema circuatiio © do coragio como bombs. Porteriormente, voc® aprenders sobre as propriedades dos vasossanguineos e dos controles homeostiticos que rogulam 0 luxo e a presto sanguine. O sistema circulatério transporta materia por todo 0 corpo A fangio priméria do sistema circulatrio€ transportar materiais para e de todas as partes da corpo. Substincias transpartadas pelo sistema circulatorio podem ser diviidas em: (1) nutrcntes, ‘Agua e gases que entram no corpo a partir do ambiente externo, (2) matersis que se movem de célula a célula no interior do cor poe (3) residios que as celulas eliminar (TABELA 18.1). (© exigénio entra no corpa na superficie de troea dos pul des. Nutrients ¢ gua sio absorvdos através do epitéio intes- ‘inal. Uma vex no sangue, todos esses materiais sio distrbuidos pelo sistema ciculatrio, Um formecimento continuo de cxigénio 4s odlulas € paricularmente importante, uma vez que mutas cé- Inlas, quando privadas de oxigénio, ofrem danos irepariveis em tum eurto periado de tempo. Poe exempla, cerca de 5 410 segun- dos depois que o flo saniguineo cerebral for interrompido, a pes- soa perde a conseitncia, Se a chegada do oxigénio parar por § 10 minutes, ocorreri dano cerebral permanente. Os neurinios en cefilicas possuem ume taxa elevada de consumo de oxigénio e nfo podem suprir suas necesidades metabslicas de ATP wtilizando vias anaercbia, as quais tm baixa produsio de ATP/glicose(p. 110). Devido a sensibilidade do encefso a hipaa, contrces home- costiticosfazem tad 0 possvel para mantero fixo eanguinco ce bral, mesmo que isso signifique privar outrase¢lulas de oxignio. ‘A comunicagéo eétula a célula € uma fungio fundamen- (hy Mac tla To capo andi wast Oxigenio Puimoes ‘Todas as células NNutrientes © aqua rato gastrintestinel Todas as cétulas “Materials transportados de célula a célula Residues ‘Algumas células _Figado pare sere processados CCélulas imunes, Presents Disponivel para anticorpos, ‘continuamente no qualquer oélula proteinas da sangue ue precise deles Coaguiacao Hormonios: (élulas endéerinas | Catulas-alvo Nutientes Figado etecido | Todas as células ammazenades adipose Materials que saem do corpo Residues Todas as.células Fine rmetaboticos Calor ‘Tedas.as clas Pele Dioxide de carbon Todas as células Fisiologia humana: uma abordagem integrada 437 dos pela glindulas endcrinas sio transportados no sangue at suas células-alvo, Nutrientes, coms a glicose hepitica eu écidos _grixos do tecide adiposo, também sio transportados pelo sin ‘gue para as clas metabolicamente ativas Por fim, a equipe de defesa, que € constituida de leucécitos ¢ anticorpos, patrulha circulapo para intercept invasores © sistema circulatério também secolhe o¢ residuos me- tubélicos ¢ 0 didxido de earbono Hberados pelas eélulas e 08 ‘wansporta para os pulmées eins, onde serio excetados. Alguns prociuto residuais a traneportadoe até figado pata eerem pro- cestados antes que sejam excretados na rina enas fezes. Oealor também circula pelo sangue, movendo-se do centro do corpo para.a superficie, onde € dssipado, O sistema circulatério é constituido por coragdo, vasos sanguineos e sangue O sistema cireulatério € constituide por coragio, vasos san- iguincos (também denominados easculatura),células © plasma sanguincos. Os vasos sanguineos que caregam sangue adiante a parte do corasio sto chamados de artéras; os vasossanguincos aque trazem sangue para 0 corago sio chamados de veins ‘A medida que o sangue érransportado pelo sistema circu Jatirio, um sistema de vals no corasao ¢ nas vias assegura que 6 sangue flua em apenas um sentido. Semelhante a uma roleta ra entrada de um parque de diverse, ax valvasimpedem que 6 sangue invert o sentido do seu fuxo. A FIGUKA 18.1 apeesen- tum digrama eqpemiton ie mactra rete components tuajeto que sungue segue pelo corpo. Repare nesta ilustracio, bem como em outros diagramas do coragio, que o lado dieito do coragio esti no lado esquerdo da pagina, ou ej, 0 corasio cst desenado como se voc estivesse vendo o coragao de uma, pessoa que esté de frente para voce. O coraso esti dividido por uma parede central, ou septo, «em metades esquerdaedireita, Cada metade funciona como uma born independente que consste em um Atrio c um ventriculo, Os dtrios recebem o sangue que retoma ao corayio dos vas05 sanguincos,¢ os ventriculos bombeiam o singue para dentro dos ‘anos sanguincos.O lado direito do coragio recrbe sangue a paz- tir dos tecdos e o envia para os pales, onde seri oxigenado. © lado exquerdo do coragao recebe o sangue recém-oxigensdo dos pulmies¢ 0 bombeia para os tecidos de todo 0 corpo. Tniciando no dtrio drei, representado na Figura 14.1, acompanhe o trjeto do sangue que fi pelo sistema ciculaté- rio, Observe que 0 sangue no lado dirito do coragio esti pin- tado de azul. Essa € uma convencio utlizada para mostrar 0 sangue do qual 0 oxigénio foi extraido pelos teidos. Embora esse sangue sejafrequentemente descrto como desaxigenado, cle no esti completamente desprovido de oxigénio; implesmente tem menos oxigénio do que o sangue questi dos pulmoes¢ vai para os tecidos. Em pessoas vivas,o sangue bem oxigenado€ vermetho-vivo, so passo que © sangue com pouco oxigénio é vermelho-cscur. Sob algumas condigSes, o sangue com buixo conteide de oxigé- nio pode conferir uma coloragio azulada a certas areas da pele, como a0 redor da boca ¢ embaixo das unhas, Essa condigio, de- nominada cians, é 0 motivo para se utilizar o azul em desenhos para indica osangue com baitos teores de oxigénio,

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