Você está na página 1de 60

Revista de

Estudos
HOMEOPÁTICOS
Publicação Digital Quadrimestral Gratuita

Uma realização do Grupo Livre de


Terapeutas Homeopatas do Centro -Oeste

Ano 1
N° 1
Julho/2017
Editorial
Esta 1ª edição da Revista de Estudos Homeopáticos é resultado do
esforço de um grupo de terapeutas homeopatas (ocupação registrada na
Classificação Brasileira de Ocupações – CBO) formados pelo Instituto
Hanhemaniano, em parceria com a Universidade Federal de Viçosa, na
turma que teve início em Brasíia, em 2013. Desde então, com o objetivo de
divulgar conhecimento para esclarecer o grande público, além de qualificar
terapeutas homeopatas junto às instâncias acadêmicas e científicas, este grupo, livre,
voluntário e autogestionado, passou a organizar encontros mensais para reunir
terapeutas homeopatas do Centro-Oeste, especialmente do Distrito Federal e de
Goiânia, democratizando informação e promovendo capacitação continuada.

O grupo responsável pela produção da Revista de Estudos


Homeopáticos inclui farmacêuticos, nutricionistas, fisioterapeutas, agrônomos,
veterinários, psicólogos, psicanalistas, professores e jornalistas, entre ou-
tras variadas formações. Com este novo veículo de comunicação, especializa-
do em Homeopatia e construído colaborativamente, pretende-se oferecer uma
plataforma de difusão de conhecimento que une ciência e aplicação
cotidiana, democratizando o acesso à informação acerca de um tema tão
importante para a saúde humana, bem como da fauna, da flora, das águas e do solo.

A Revista de Estudos Homeopáticos é quadrimestral e disponibilizada em


versão digital no site https://revistaestudoshomeopaticos.com/. Os res-
ponsáveis se sentirão muito gratos com sua visita e o auxílio a sua difusão.

Para comentários e sugestões, envie mensagem para homeopatascentrooeste@gmail.com


EXPEDIENTE
Jornalista Responsável
Angélica Calheiros

Editora-Executiva
Sheila da Costa Oliveira

Conselho Editorial
Ramon Lobo
Evandro Aguiar Nascimento

Projeto Gráfico e Diagramação


Karine Santos

Redatores
Angélica Calheiros
Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste

Revisão
Sheila da Costa Oliveira

Contato
Email: homeopatascentrooeste@gmail.com
ÍNDICE
PRIMEIRA PARTE: HOMEOPATIA E NÓS 5
BIOGRAFIAS 7
Hahnemann e seu compromisso com a arte de curar
7
HOMEOPATIA E CULTURA: VALE A PENA LER 9
Organon da Arte de Curar, de Samuel Hahnemann
9
NOTÍCIAS HOMEOPÁTICAS 11
1. No Brasil 11
Homeopatia e Legislação Brasileira 11
Criadores apostam na Homeopatia para tratar doenças de animais
12
Homeopatia na Agricultura é tema de curso de extensão no Paraná
12
IV Congresso Nacional de Terapeutas 12
2. No Mundo 13
Homeopatia na ONU 13
Índia é o país que mais usa Homeopatia 13
Medicamento homeopático bate recorde de vendas na França
13
A Homeopatia nos EUA 13
COM A FALA, OS ATENDIDOS 15
A HOMEOPATIA A NOSSO FAVOR 17
ENTREVISTA 19
Homeopatia: O que é e como funciona? 19
SEGUNDA PARTE: HOMEOPATIA TAMBÉM É CIÊNCIA 21
CURANDO COM... 23
Arnica: Um santo remédio 23
NARRATIVAS TERAPÊUTICAS 25
Estudo de caso 25
DE OLHO NA PESQUISA 27
1. Artigo 27
2. Monografia 41
HOMEOPATIA EM REDE 58
Primeira Parte
HOMEOPATIA E NÓS
6
Hahnemann e seu compromisso
com a arte de curar
“A mais alta e única missão do médico é restabelecer a saúde nos doentes, que é o que se chama curar”.

Assim escreveu o médico alemão que desafiou to- Já casado com Joanna Leopoldina Henriqueta Ku-
dos os métodos tradicionais de medicina de sua chler, com quem teve 11 filhos, o cientista se dedi-
época, Christian Friedrich Samuel Hahnemann, na cou a trabalhos de traduções de textos científicos e
obra “Organon da arte de curar”, cuja resenha está experimentos na área de química, bem como à sua
presente nesta primeira edição da Revista de Estu- atividade médica, e passou a estudar e desenvolver
dos Homeopáticos (página 9). Pai da Homeopatia, uma teoria que, mais tarde, serviria de base para a
Hahnemann nasceu no dia 10 de abril de 1755, na Homeopatia: a arte de curar por meio de substân-
cidade de Meissen, localizada no estado da Saxônia, cias naturais. Dois casos o ajudaram a confirmar
um lugar privilegiado por belas paisagens naturais. tal pensamento. O primeiro envolveu uma família
com quatro crianças. Três delas tiveram escarlati-
]Ele cresceu em um ambiente modesto. Seu pai, na e apenas uma, medicada com Belladonna, uma
Christian Gottfried Hahnemann, foi pintor de uma planta encontrada facilmente na Europa, na Ásia,
fábrica de porcelanas e também de aquarelas, e, na África e em algumas partes da América do Nor-
ao lado da esposa, Johana Christiana Spiess, ensi- te, escapou da infecção. O segundo, em uma família
nou o filho a viver sem presunção e exibicionismo. com oito crianças, das quais três tinham escarlatina,
Nas palavras de Hahnemann, o pai “descobriu por e as outras cinco, que também estavam recebendo
si mesmo as mais sólidas concepções do que é ser dosagens de Belladonna, não ficaram doentes.
bom e o que pode ser considerado digno de ser
humano. Ele implantou essas idéias em mim (...). A partir do ano de 1796, ele intensificava seus es-
Impressionou-me mais por seus exemplos que por tudos a respeito de medicamentos naturais e seus
suas palavras”. efeitos nos pacientes que tratava. Essas experiências
motivaram a produção de diversos artigos que cri-
Com uma inteligência fora do comum, aos 14 anos ticavam profundamente a medicina da época, que
Hahnemann já substituía seu professor de grego ele chamava de “Alopatia”, além de expor seus erros
em sala de aula e, aos 20, conhecia profundamente, e absurdos, e, sobretudo, seus métodos de “cura”,
além do alemão, línguas como latim, hebraico, sírio, que, em lugar de curar, causavam mais sofrimento
árabe, espanhol, italiano e francês. Nessa mesma ao organismo dos seres humanos adoecidos. A pu-
época, começou a estudar Medicina na Universi- blicação do artigo “Ensaio sobre um novo princípio
dade de Leipzig, local que contemplava puramente para descobrir as virtudes curativas das substâncias
o ensino teórico em vez de relacioná-lo ao prático, medicinais seguidos de alguns comentários sobre
uma tendência que dominava todas as faculdades os princípios admitidos até nossos dias” marcou o
de medicina da Europa. Insatisfeito com tal enfo- início da doutrina homeopática.
que, o estudioso alemão foi para Viena, onde come-
çou a praticar medicina no povoado de Hettstedt. Na busca de desenvolver um tratamento de cura
Em 1799, ele defende sua tese de doutoramento em eficaz, Hahnemann experimentava as substâncias
Medicina. naturais que estudava em si mesmo, analisava e

7
anotava os efeitos que sentia e passava a aplicá-las, mes. No ano de 1828, mais uma obra de importan-
por meio de grandes doses, em enfermos com sin- tíssima para a doutrina homeopática foi lan-çada
tomas e características similares. Atento aos efeitos pelo médico alemão: “Doencas crônicas, sua natu-
colaterais e às suas intenções de evitar intoxicações reza e seu tratamento homeopático”.
para não prejudicar seus pacientes, o médico pas-
sou a diluir as substâncias utilizadas e a ministrá-las Por dedicar sua vida à cura a partir de métodos que
em pequenas quantidades. contradiziam fortemente a ciência pre-dominan-
te na época, Hahnemann sofreu perseguições por
O “processo de dinamização”, criado por ele, tam- parte de farmacêuticos e médicos duran-te boa par-
bém é fruto da atenção que o cientista dedicava às te de sua vida. O reconhecimento da Homeopatia
pessoas que tratava. Ele notou que os medicamen- como tratamento terapêutico começou em 1831,
tos que demoravam mais para chegar às casas dos um ano após a morte de sua esposa, quando o es-
pacientes se mostravam mais rápidos e eficazes. A tudioso alemão ajudou a conter uma epidemia de
única diferença entre estes remédios e os que eram cólera na Europa utilizando medicamentos home-
recebidos pelas pessoas que moravam mais perto opáticos. Na Áustria, um decreto que proibia a prá-
eram os sacolejos que os recipientes sofriam duran- tica da Homeopatia foi abolido e, na França e nos
te o transporte a cavalo. A partir dessa observação, Estados Unidos, a prática passou a conquistar um
Hahnemann concluiu que as substâncias homeopá- número cada vez maior de adeptos.
ticas deveriam passar por batidas fortes e ritmadas
para despertar a energia contida nelas, afinal, se os Hahnemann e seus discípulos desenvolveram 100
processos de saúde, doença e cura são dinâmicos, o substâncias curativas que, até hoje, nor-teiam os
medicamento também o deveria ser. princípios básicos da Homeopatia. Ele faleceu aos
88 anos, em Paris, no dia 2 de julho de 1843. Suas
Em 1810, a primeira edição do livro “Organon da ideias e estudos, no entanto, continuam sendo di-
Arte de Curar” veio a público e foi conside-rado fundidos para diferentes gerações de profissionais e
como referência para os estudos homeopáticos, ga- simpatizantes que acreditam no tratamento médico
nhando mais cinco edições até 1923. Já em 1811, global, tratando os seres humanos por completo e
Hahnemann iniciou a publicação da obra “Matéria não somente seus sintomas.
Médica Pura” que, até 1821, completou seis volu-

8
Vale a pena ler...
Organon da Arte de Curar

Versão Português Versão Alemão

“O Organon de Hahnemann é a mais elevada concepção da fi-


losofia médica, cuja interpretação prática fará brotar uma fonte
imensa de luz que guiará o médico por meio da Lei da Cura a um
novo mundo em terapêutica”
William Boericke (médico, escritor e estudioso da Homeopatia).

9
Escrita em 1810 pelo Dr. Samuel Hahnemann, em leis naturais e que, por coerência, deve tratar
fundador da Homeopatia, a obra Organon da doenças através de métodos naturais.
Arte de Curar aborda os fundamentos da home-
opatia e faz uma dura, porém verdadeira, análi- Ao longo do texto, organizado em 291 parágra-
se acerca da medicina de sua época, que se re- fos, percebe-se a falta de conhecimento que em-
sumia a tratamentos alopáticos que uma ciência basava a prática médica do século XIX, que mal
bem intencionada não poderia aceitar. Estes, por sabia sobre anatomia, função do sangue e humo-
exemplo, partiam do pressuposto de que doenças res corporais, e conexão entre estados mentais,
eram causadas por substâncias ácidas e mórbidas emocionais e físicos na produção dos adoeci-
que se alojavam no organismo, o que justificava mentos. Com coragem e assertividade, Hahne-
tratamentos traumáticos, como a aplicação de mann expõe, de maneira clara, conceitos científi-
sanguessugas na pele e uso de substâncias que cos inovadores para um período tão conturbado
expulsavam os líquidos corporais. para a medicina, capazes de mover montanhas de
preconceitos e crendices acumuladas e que conti-
É válido apontar que a palavra “Organon”, cujo nuam válidos até hoje.
significado é “instrumento” ou “ferramenta”, faz
uma referência a um conjunto de obras do filóso- Para os estudiosos e interessados pela Homeopa-
fo Aristóteles, que relaciona a filosofia com a ló- tia, essa é uma obra de cabeceira que serve como
gica. Logo, uma das mais belas intenções do livro diretriz tanto para diferenciar os estudos home-
produzido por Hahnemann é apresentar a lógica opáticos verdadeiros de outras terapias quanto
que por trás da medicina: esta se origina de um para conhecê-los em sua essência.
ramo da biologia, uma ciência natural baseada

Trechos da obra que, além de tantos outros, merecem destaque:

“&1 - A única e elevada missão do médico é a de restabelecer a saúde


dos pacientes, ou seja, curá-los das suas enfermidades.”

“&13 - A doença nunca deve ser encarada como entidade apartada do


ser vivo, globalmente considerado. O organicismo, olvidando a força
vital, é pernicioso a qualquer cura que se pretenda como definitiva.”

“&19 - As enfermidades não são mais que alterações no estado de saúde


do indivíduo, manifestadas por sinais patológicos.”

Onde encontrar a obra?


- Livraria Cultura
- Livraria Saraiva
- Estante Virtual

10
NOTÍCIAS

Brasil

Homeopatia e Legislação Brasileira


A Homeopatia chegou ao Brasil através do médico francês Benoît Jules Mure, em 1840, quando ele se
dedicou a tratar escravos e outros grupos socialmente excluídos do Brasil Império. Durante a República,
a Homeopatia ganhou força e conquistou figuras importantes, como Monteiro Lobato e Rui Barbosa.
De terapia “alternativa”, esta se desenvolveu científica e politicamente até alcançar a posição de Prática
Complementar, no início do século XXI, ao ser avalizada pelas políticas de saúde do governo brasileiro.
Confira algumas informações importantes acerca da Homeopatia e a legislação do país:
• A lei federal 5.991, de 17 de dezembro de 1973, estabelece que dependerá de receita médica os
medicamentos homeopáticos cuja concentração de substância ativa corresponda às doses máximas far-
macologicamente estabelecidas.
• As homeopatias tóxicas (restritas a médicos) e as não tóxicas (homeopatias livres) estão listadas
pela ANVISA e publicadas no Diário Oficial da União (RDC 139/2003 de 29/05/2003). Assim, quem tem
o conhecimento da homeopatia e sabendo quais são as homeopatias livres, poderá usá-las, assumindo a
responsabilidade por seus atos praticados, pois a venda e compra das homeopatias não tóxicas é livre no
Brasil.
• O Ministério do Trabalho reconhece a ocupação do homeopata não médico na Classificação
Brasileira de Ocupações - CBO, instituída por portaria ministerial nº. 397, de 9 de outubro de 2002.
• O Ministério da Agricultura libera o uso da homeopatia para agricultura e pecuária, na portaria
007 de 17/01/1999.
• A Justiça Federal, em decisão válida em todo o território nacional, decidiu que a homeopatia não
é uma prática exclusiva e restrita aos médicos. (PAC1.22.000.00422212002-59).

11
Criadores apostam na Homeopatia para tratar doenças de animais
Em São Paulo, o sítio de Vilson Bartuira, em Limeira, abriga rebanhos de ovelhas e cabras que rece-
bem medicamentos homeopáticos para tratar verminoses e casos de mastite ou mamite, inflamações nas
glândulas mamárias, causadas por microrganismos, como bactérias, que colocam em risco a saúde dos
animais e a qualidade do leite.
No caso das ovelhas, que vivem soltas, a Homeopatia é administrada em um pó, misturado ao sal mine-
ral, e aplicada quando os animais são levados para as baias, na hora da medicação.
Os cabritos, que não conseguem mamar nas mães e não se alimentam de ração, recebem as doses na
mamadeira. Para eles, a medicação serve como prevenção ao stress, principalmente por viverem em
confinamento.

IV Congresso Nacional de Terapeutas


Com o objetivo de discutir temas importantes para a categoria de terapeutas, como a regulamentação da
ocupação e a criação do Conselho Federal e Regional de Terapeutas, a Federação Nacional de Terapeu-
tas – Fenate realizou o IV Congresso Nacional de Terapeutas, em Brasília, no Centro de Convenções da
Legião da Boa Vontade - LBV. O evento aconteceu entre 8 e 10 de junho, e contou com a participação
de terapeutas, autoridades e parlamentares convidados. Simultaneamente, também ocorreu o I Con-
gresso Internacional de Terapeutas, que recebeu profissionais de outros países para possibilitar a troca
de experiências relacionadas às atividades dos terapeutas e da legislação acerca das terapias, observando
aspectos éticos, legais, administrativos, jurídicos, sociais e políticos.

Homeopatia na Agricultura é tema de curso de extensão no Paraná


A Universidade Estadual de Maringá está promovendo um curso de extensão sobre Homeopatia na
Agricultura, organizado em 12 módulos. O curso é coordenado pelo professor Carlos Moacir Bonato, do
Departamento de Biologia da UEM, que atua na área há pelo menos 16 anos e já possui muitos trabalhos
publicados na área, além de experiência em orientação de pesquisa.
O curso ainda conta com a participação de professores convidados da Universidade de São Paulo, da
Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural e da Universidade Estadual do Oeste do Paraná,
todos com experiência comprovada na área de Homeopatia vegetal e animal. As aulas começaram em
janeiro e continuarão até dezembro deste ano.
Para mais informações: cursohomeopatiauem@hotmail.com/(44)3011-5290.

12
Mundo

Homeopatia na ONU
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece oficialmente a Homeopatia como medicina com-
plementar desde 1978, e recomenda sua aplicação em todos os sistemas de saúde no mundo. De acordo
com a Organização, cerca de 500 milhões de pessoas recebem tratamento homeopático em todo o mun-
do e a Homeopatia faz parte dos sistemas nacionais de saúde de vários países além do Brasil, como Chile,
México, Suíça, Reino Unido, Paquistão e Índia.

A Homeopatia nos EUA

De acordo com o Instituto Nacional de Saúde, mais de 6 milhões de pessoas nos Estados Unidos usam
tratamento homeopático, sobretudo, para auto atendimento de condições específicas de saúde. Daqueles
que usam homeopatia, 1 milhão são crianças e mais de 5 milhões são adultos.

13
Medicamento homeopático bate recorde de vendas na França
O Oscillococcinum é um remédio produzido a partir de extratos de pato e é indicado para aliviar
os sintomas da gripe, como febre, dores de cabeça, calafrios e dores no corpo. Na frança, esse me-
dicamento homeopático foi um dos mais vendidos no ano passado.
“Quando o paciente está com gripe, os médicos se vêem limitados para recomendar qualquer
coisa da medicina tradicional, afinal, não existe uma cura”, aponta o médico Ken Redcross. “Usar
medicamentos que reduzam os efeitos dos sintomas pode ser de grande ajuda”, completa o espe-
cialista, que costuma indicar Oscillococcinum para seus pacientes por ser um remédio de baixo
custo, que pode ser usado por toda a família e porque, quando ingerido nas primeiras 24 horas
após o surgimento dos sintomas, oferece uma melhora considerável, e até completa, do quadro de
gripe em até 48 horas.
“Se você pegar gripe na França, a primeira coisa que os médicos recomendam é Oscillococcinum",
acrescenta Redcross. “Por isso, é importante fazer um estoque do remédio antes que a temporada
de gripe chegue à sua casa ou ao seu trabalho”, conclui.

Índia é o país que mais usa Homeopatia


Com 100 milhões de pessoas dependendo unicamente de medicamentos homeopáticos para tratamen-
tos médicos, a Índia lidera o ranking de número de pessoas que utilizam a Homeopatia no mundo.
Para o médico Kasim Chimthanawala, presidente da Academia Nacional de Homeopatia da Índia, a
principal vantagem do tratamento homeopático é que “ele trabalha para fortalecer o organismo do pa-
ciente, motivando-o a tratar de si mesmo para se defender da doença”. “Não são os vírus que estão
ficando mais fortes, são as pessoas que estão ficando mais fracas por causa das falhas no sistema imuno-
lógico. Por isso, a prioridade da Homeopatia é fortalecê-lo.”, afirmou durante um workshop na cidade de
Nagpur, no dia 12 de junho deste ano.
Atualmente, a Índia conta com 200 mil médicos homeopatas registrados e forma cerca de 12 mil novos
profissionais por ano.

14
COM A FALA, OS ATENDIDOS
A Homeopatia muda a vida de diversas pessoas, todos os dias, em cada cantinho do Brasil e do mundo.
Nesta seção é possível conhecer de perto algumas histórias de quem buscou tratamento através de medica-
mentos homeopáticos e observou mudanças significativas na própria saúde, e, também, na de familiares e
outras pessoas próximas.

José Marcos Soares, 37 anos, residente em Águas Claras


(Distrito Federal

Apesar de ser filho de médico (aneste- tratando meu problema renal para,
sista, especialista em drogas), ouvi des- depois, tratar enxaqueca, ansiedade,
de criança que deveria evitar remédios sistema imunológico e até pré e pós-
e resistir um pouco para que o orga- -cirúrgico. O tratamento homeopático
nismo conseguisse reagir. Sofria des- perpassa um autoconhecimento físico
de criança com enxaquecas e crises de e psicológico muito importante, o que
cálculos renais, a ponto de fazer duas tem me dado um resultado super po-
cirurgias para a extração das “pedras”. sitivo, chegando ao ponto de passar a
Há pouco mais de sete meses, eu fui incluir o investimento no tratamento
levado, por minha esposa (que já era homeopático no orçamento familiar
paciente) à Homeopatia, que começou mensal.

15
Luciana Guimarães, 45 anos, residente em Vicente Pires
(Distrito Federal)

“Sempre que posso, faço opção pelo são ainda maiores do que eu achava
tratamento homeopático ou, em ca- antes. Na Homeopatia é possível fazer
sos mais específicos, uso a Homeopa- ajustes de medicamentos observando
tia junto com a Alopatia. Eu conheci a o temperamento das pessoas, o meio
Homeopatia por indicação da pediatra onde elas vivem, a influência da famí-
de uma de minhas filhas, que era tam- lia e questões mentais também. O que
bém homeopata. Eu não conhecia bem mais me encanta é a possibilidade de o
o tratamento, só ouvia falar, sabia que organismo se fortalecer e ter condições
alguns colegas e alunos meus usavam de cura porque, às vezes, quando se usa
esse tipo de medicamento e comprava medicações tradicionais, você se vicia
de vez em quando algumas fórmulas ou sente que elas param de fazer efeito
prontas. Observando que a Homeo- a partir de um certo ponto. A aborda-
patia era melhor para a minha filha, gem do profissional que te atende como
comecei a me aprofundar mais para homeopata também é diferente porque
entender o que era e como funciona- ele indica um medicamento depois que
va. Desde então, recorro ao tratamen- conhece a pessoa. Isso é importante. Às
to para prevenir doenças, além de ver vezes eu me pergunto por que não exis-
vantagens em questões de custo-bene- tem mais informações disponíveis de
fício, de poder contar com tratamentos forma mais ampla sobre a Homeopa-
que não são agressivos ao organismo tia. Eu acho que o acesso a ela deveria
e com o fato de os medicamentos ho- ser mais democrático e facilitado para
meopáticos serem mais personaliza- toda a população.”
dos. As possibilidades de tratamento

Confira a próxima edição para apreciar mais depoimentos. Caso deseje enviar o seu, entre em contato

16
através do e-mail: homeopatascentrooeste@gmail.com.
A HOMEOPATIA A NOSSO FAVOR
Usos e aplicações da Homeopatia na vida cotidiana

Ao iniciar a busca por tatamento ho- não como algo preventivo, mas sim
meopático, é muito comum os inte- após a instalação física de um mal es-
ressados perguntarem: Mas homeo- tar, e as queixas costumam se iniciar
patia trata dor de cabeça? Problemas por algum sintoma bem incômodo,
psiquiátricos? Serve para dor de den- que afeta alguma área vital para o
te, senilidade, traumas graves como indivíduo, tal como a locomoção, o
uma fratura exposta? Em uma cirur- sono, a digestão, problemas na pele,
gia, é possível utilizá-la? Já ouvi falar na visão, e assim por diante. Dessa
que posso dar homeopatia para meu forma, também é comum iniciar o
aninal de estimação... Isso é verdade? tratamento com foco nesse mal estar e
Afinal, como essas gotinhas e “boli- evoluir o tratamento para outras áre-
nhas” (os glóbulos) podem nos aju- as, pois, como nenhum medicamento
dar? homeopático age apenas em um pon-
to exclusivo do corpo, a saúde como
Para responder a essas perguntas, ne- um todo começa a melhorar, às vezes
cessariamente precisamos dizer sim imperceptivelmente, em curto prazo,
e não. Sim, porque todos os males mas com ganhos significativos, ao
humanos podem ser tratados pela longo do tempo de tratamento.
abordagem homeopática, tanto como
opção única quanto como apoio, Da mesma forma que ajuda seres hu-
complemento à medicina tradicional. manos, a abordagem homeopática
E não porque, em homeopatia, não se também pode ser aplicada no solo e
tratam doenças, mas os doentes. na água, para purificar e nutrir, em
plantas e animais, para melhorar sua
No entanto, é preciso considerar que a saúde, seu desenvolvimento e sua be-
maioria das pessoas procura terapias leza, seja para prevenir ou para curar

17
um determinado mal: fungos, pragas, e melhorando sua própria qualidade
fraqueza, estados agudos e crônicos de vida, além das de seus familiares e
das mais diversas naturezas. cuidadores.

Crianças (mesmo antes de nascerem) A homeopatia também pode ser uti-


podem ser auxiliadas e ter saúde lizada com sucesso para tratar males
equilibrada durante a primeira e a se- profissionais dos mais variados: pode
gunda infância, época em que se for- auxiliar a desintoxicar pintores, técni-
mam as defesas imunológicas, e rece- cos de conserto de eletrodomésticos,
ber auxílio para vencerem os desafios trabalhadores do ramo de mineração
da idade escolar; adolescentes podem e combustíveis; contribui para a me-
se beneficiar dos remédios homeopá- lhoria da circulação de quem perma-
ticos para harmonizarem as mudan- nece longo tempo sentado ou de pé;
ças hormonais e o comportamento, oferece apoio à proteção da voz de
que pode se tornar bastante instável quem precisa falar muito; colabora
nesse período, além de contribuir para aumentar a imunidade de quem
para a melhoria de problemas como opera em condições insalubres, entre
a acne. Adultos podem e devem ser outros.
tratados em seus problemas específi-
cos, tais como a enxaqueca, a hiper- Graças a essa imensa gama de apli-
tensão, o diabetes, a TPM, dores di- cações homeopáticas, nesta seção,
versas e insônia. Já os idosos podem a cada número, vamos detalhar um
ter sua saúde física, mental e emocio- desses aspectos, esperando contribuir,
nal amparada pelos medicamentos dessa forma, para uma melhor com-
homeopáticos, estacionando e/ou re- preensão da Ciência da Homeopatia
vertendo processos de perda celular como um todo.

18
ENTREVISTA
Homeopatia: O que é e como funciona?

No mundo, a Homeopatia tem mais de 200 anos de história. Já no Brasil, o método terapêutico é re-
conhecido pelo Conselho Federal de Medicina desde 1980 e, desde então, vem conquistando seu espaço
tanto entre quem busca tratamentos naturais para curar doenças, quanto entre profissionais que en-
contram nele uma forma humanizada de interferir, de maneira positiva, na saúde dos seres humanos.
Para entender melhor o que é e como funciona a Homeopatia, confira a entrevista que realizamos com a médica
especialista em Homeopatia, Acupuntura e Patologia Clínica, Aldenice Cousseiro de Carvalho Filha (66 anos).

REH: O que é Homeopatia? ACCF: A Homeopatia vê o paciente em sua


totalidade, em vez de dividi-lo em sistemas,
ACCF: A Homeopatia atua através de estí- e o trata estudando e analisando seus sinto-
mulos energéticos que são desencadeados mas. A alopatia, por sua vez, suprime sinto-
pelos medicamentos homeopáticos para res- mas e trata órgãos específicos.
tabelecer a energia vital dos pacientes. Ela é
orientada por quatro princípios: a lei dos se- REH: Como são estudados e desenvol-
melhantes, experimentação na pessoa sadia vidos os medicamentos homeopáti-
(patogenesia), doses infinitesimais (muito di- cos?
luídas) e medicamento único. A lei dos seme-
lhantes estabelece que uma doença específica ACCF: Os medicamentos homeopáticos são
pode ser curada com uma substância que é estudados e aplicados buscando dar uma me-
capaz de reproduzir os mesmos sintomas lhor qualidade de vida aos pacientes. Vamos
dessa doença em um paciente saudável. Ou exemplificar: Se existe uma febre, eu devo
seja, se ela causar mal a alguém que esteja indicar um medicamento que causou febre
sadio, ela vai poder curar alguém doente. Por em um paciente sadio. Essa é a aplicação da
exemplo, se um veneno vai produzir vômitos expressão “Similia similibus curentur” (“Os
em uma pessoa sadia, a versão homeopáti- semelhantes curam os semelhantes”), uma
ca diluída desse mesmo veneno pode tratar das bases da Homeopatia que, na prática,
pacientes que sofrem de vômitos recorrentes. significa que as doenças são curadas por re-
Já as doses infinitesimais consistem na dilui- médios que produzem efeitos semelhantes aos
ção de um medicamento, e na agitação dele, das próprias doenças. Hipócrates, pai da Me-
chamada de dinamização, para despertar as dicina, já afirmava isso. Para tratar uma febre
propriedades latentes nele. na Alopatia se usa um medicamento que su-
prime esse sintoma, como um antitérmico, por
REH: Quais são as principais diferen- exemplo. Os medicamentos homeopáticos são
ças entre a Homeopatia e a Alopatia? desenvolvidos a partir de vegetais, sais e vene-
nos de animais, em diversas potências.

19
REH: Qual é a importância da Homeo- ACCF: Em diversos casos, se não todos. Até
patia em tratamentos de saúde? mesmo às vésperas de uma cirurgia e duran-
te o processo pós-cirúrgico a Homeopatia faz
diferença. Nesses casos, por exemplo, o medi-
ACCF: A Homeopatia pode ser usada, de
camento Arnica Montana evita inflamação
maneira geral, para qualquer problema de
e aumenta a imunidade celular, questões es-
saúde, sejam emocionais, digestivos, gineco-
senciais para restabelecer a saúde do pacien-
lógicos, dermatológicos, respiratórios e, tam-
te.
bém, em casos de alergias, infecções gerais
e até bacterianas. Ela é muito importante
porque não suprime os sintomas apresen- REH: Alguns cientistas dizem que a
tados pelos pacientes e também aumenta a homeopatia não possui embasamen-
imunidade celular. Além disso, ela é eficaz to científico ou explicação científica.
e mais acessível do ponto de vista financei- Qual é a sua opinião sobre isso?
ro. No entanto, doenças mais características
como diabetes e câncer não devem ser tra- ACCF: Quem assim se posiciona não co-
tadas apenas com Homeopatia, embora seja nhece os fundamentos da Homeopatia. Não
possível usar os medicamentos homeopáticos devemos esquecer de que o médico alemão
para aumentar a resistência dos pacientes e Samuel Hahnemann, seu fundador, provou,
abreviar o tempo de recuperação. através de seus estudos e experimentos, que
a Patogenesia (experimentação nos pacientes
REH: O tratamento homeopático ain- sãos) e todas as outras bases da Homeopatia,
da sofre preconceitos no Brasil? como os processos de diluição e dinamização,
são uma realidade e não uma questão de
ACCF: A prática foi reconhecida pelo Con- opinião ou de “achismo”. Só se deve criticar
selho Federal de Medicina do país há um aquilo que se conhece.
pouco mais de 30 anos, então, sim, princi-
palmente entre alguns colegas médicos que REH: Quais dicas você daria para pes-
desconhecem seus princípios e defendem que soas que procuram tanto homeopatas
“Homeopatia é placebo”. Contudo, já avan- quanto farmácias homeopáticas confi-
çamos muito. Hoje em dia, hospitais da rede
pública, como o Hospital Regional da Asa
áveis?
Norte - HRAN, no Distrito Federal, já ofe-
ACCF:Uma boa dica para evitar fraudes é
recem atendimento homeopático em suas
não acreditar em propagandas enganosas,
unidades, assim como em vários postos de
que prometem resultados muito bons e muito
saúde.
rápidos, e verificar se o homeopata que orien-
ta o tratamento realmente tem conhecimento
REH: Em quais casos a senhora indi- e pratica adequadamente a homeopatia.
caria o tratamento homeopático?

20
Segunda Parte
HOMEOPATIA TAMBÉM É
CIÊNCIA

21
22
CURANDO COM...
Arnica: Um santo remédio

Usada desde a Idade Média para curar feridas, meopatia receitada no caso de catástrofes com
inclusive em animais, a Arnica, ou Arnica Mon- pessoas, animais ou plantas, e, também, quan-
tana, é uma planta comum nas altas montanhas do acontecem torções, escoriações, cirurgias e
da Europa, na Sibéria e na América do Norte, flebite superficial. Junto com Hypericum (que
crescendo às bordas de pradarias e em terrenos trata mais os filamentos nervosos) e Symphitum
silicosos e úmidos. Como está sempre exposta (mais ligado aos problemas ósseos), compõe o
a muito sol, frio, vento e agitações contínuas, a chamado “Trio do Trauma”, contribuindo para o
Arnica apresenta várias cicatrizes e desenvolve restabelecimento mais rápido do corpo e para a
grande resistência a choques sucessivos. Não é rearmonização mental e emocional.
à toa que suas propriedades curativas comba-
tem situações dolorosas, seja do ponto de vista No Brasil, a planta ganhou diversos nomes, entre
físico ou do emocional, sendo muito apropriada eles Arnica-da-Orta, Arnica-do-Brasil, Erva-Fe-
às pessoas que têm as chamadas “vidas difíceis”, deral, Espiga-de-Ouro, Flecha, Lenceta, Mace-
com choques e traumas sucessivos, por vezes la-Miúda e Sapé-Macho. É possível encontrá-la
em curto espaço de tempo. como pomada, gel, tintura-mãe, medicamento
homeopático e chá, mas não se deve começar a
Com mais de 30 espécies, que apresentam co- usá-la para resolver qualquer dor de cabeça, pois,
res e estruturas diferentes, entre elas a Arni- apesar de ser um medicamento natural, a planta
ca-Brasileira, encontrada em Minas Gerais e é hepatotóxica. Por isso, se usada de forma ex-
no interior de São Paulo e do Goiás; a Arnica cessiva, ou na diluição inadequada, pode causar
Fulgens e o Tabaco-das-Montanhas, essa erva é danos sérios ao fígado. Além disso, não se deve
um importante policresto homeopático, ou seja, aplicá-la em feridas abertas ou regiões mucosas,
um remédio apropriado para muitas situações. como boca, olhos e nariz.
Seus efeitos analgésicos, anti-inflamatórios, ci-
catrizantes e antissépticos servem tanto para Para realmente usá-la a favor da sua saúde, pro-
aliviar e reduzir inchaços, feridas e picadas de cure o acompanhamento de um profissional de
inseto quanto para traumas físicos, mentais e fitoterapia e/ou homeopatia confiável e não caia

23
emocionais. Por isso, a Arnica é a primeira ho- nas armadilhas da automedicação.
NARRATIVAS TERAPÊUTICAS:
ESTUDO DE CASO
Terapeuta: Abrão Matias, Goiânia
Paciente: mulher, negra, 73 anos, solteira, nunca casou
Primeira consulta: maio de 2016
Motivo da consulta: Foi vista pelo terapeuta em uma rua da cidade de
Goiânia, com uma grande lesão na perna.

Foi levada à consulta formal e identificado o seguinte histórico:

• Tirou mioma, sofre de: hérnia de disco, erisipela, pressão alta, está perdendo
a visão; insônia por sentir muitas dores na perna por causa de uma grande ferida
que tem há mais 3 anos, e por ficar remoendo pensamentos ruins. Tem varizes e
erisipela; caminha com muita dificuldade.
• Há vários casos de câncer na família; morreram a mãe e uma irmã com essa
doença.
• (Chorou quando falou dos membros da família que morreram de câncer.)
• Noite atribulada; não consegue descanso para o cérebro; abafamento na
garganta; não consegue engolir.
• Problemas circulatórios, fez cirurgia nas pernas.
• Dores de cabeça pulsantes.
• Se ficar nervosa, coloca sangue pelo nariz.
• Remói tristeza, tem medo do abandono.
• Sente muita falta da mãe e dos irmãos.
• Está criando duas crianças, mesmo com todas as suas dificuldades.
• Chora por qualquer motivo, sente muita tristeza.

24
PRIMEIRA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA:
• Tintura de calêndula (para banho diário da ferida)
• Mercurius 6ch
• Echinacea 6ch

SEGUNDA CONSULTA: 20 de junho de 2016


• Sente muita saudade dos irmãos, esta só por causa da retirada de 2 crianças que ela estava criando.
• Solidão muito forte; está vivendo com ajuda dos vizinhos.
• As dores das pernas melhoraram muito, mas as feridas ainda não tinham sido curadas.

SEGUNDA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA:


• Tintura de calêndula (para banho da ferida)
• Mercurius 7ch
• Echinacea 7ch

TERCEIRA CONSULTA: 22 de julho 2016


• Teve muita melhora, ainda sente muita tristeza e falta dos parentes que faleceram de câncer.
• Vive sob pressão da única irmã que está viva e quer colocá-la no asilo para vender seu imóvel.
• Apesar dessa pressão, o sono melhorou, há muito tempo não dormia tão bem.
• A ferida já estava quase fechada.

TERCEIRA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA


• Tintura de calêndula (para banho da ferida)
• Natrum muriaticum 9ch
• Echinacea 8ch

QUARTA CONSULTA: 18 DE agosto 2016


• O sono está bom, as dores nas pernas foram bem aliviadas, pois era o que mais a deixava
incomodada. Tomava remédios alopáticos, mas não estava tendo resultado.
• As feridas estavam totalmente curadas, até a cor das pernas melhorou. Em vez de vermelho
escuro, arroxeadas, estavam vermelho mais claro, indicando mais oxigenação.
• Ela está mais feliz, mas ainda muito saudosa com a falta dos parentes, embora já consiga
falar deles sem chorar.

QUARTA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA


• Thuya 9ch
• Matrum muriaticum 12ch
• Passiflora 30ch

25
ANTES DO TRATAMENTO

DEPOIS DO TRATAMENTO

26
DE OLHO NA PESQUISA
Artigo: Florais de Bach e Homeopatias no Tratamento do Autismo Infantil: Parceria de
Harmonização 1
Sheila da Costa Oliveira2

RESUMO
O presente trabalho objetiva apresentar os resultados terapêuticos positivos obtidos com a associação
de florais de Bach e medicamentos homeopáticos no tratamento do autismo infantil. Foi acompa-
nhada apenas com florais e homeopatia, em encontros mensais, de dezembro de 2014 a junho de
2017, uma criança sexo masculino (de 8 a 10 anos), durante 30 meses, com melhora significativa da
interação familiar e social, da clareza mental e da expressão oral e escrita, quando, alopaticamente,
já não havia mais intervenções possíveis. O acompanhamento continua e a criança está agora sendo
preparada para entrar em classe de educação inclusiva.

PALAVRAS CHAVES
Combinação de terapias complementares, Autismo infantil, Educação inclusiva.

ABSTRACT
This paper presents the positive therapeutic results obtained with the combination of Bach flower re-
medies and homeopathic medicines in the treatment of infantile autism. It was accompanied only with
floral and homeopathy, in monthly meetings from December 2014 to June 2017, a child male aged
8-10 years/30 months with significant improvement of familiar and social interactions, mental clarity
and oral and written expression, when, allopathically, there was no longer possible interventions. The
monitoring continues and the child is now being prepared to enter into inclusive educational class.

KEY-WORDS
Complementary therapies combination. Infantile autism. Inclusive education.

1Artigo apresentado na IV Jornada Científica do Hospital de Medicina Alternativa de Goiânia, em 2015, e


atualizado com os dados de 2016/17.
2Terapeuta floral há 13 anos e estudante/praticante da homeopatia há 4 anos. Egressa certificada do curso de
Homeopatia para não médicos da Universidade Federal de Viçosa. Professora doutora e pesquisadora da Uni-
versidade Católica de Brasília.

27
INTRODUÇÃO
O autismo, objeto de estudos médicos relativamente recentes – os primeiros registrados indicam a
década de 1960 como origem - pode ser genericamente definido como uma “disfunção de desenvolvi-
mento”, a qual pode alterar o modo de comunicação da pessoa, o seu modo de estabelecer contatos e
relações afetivas de amizade e o próprio comportamento, causando problemas vários, ou síndromes,
conhecidas por TGD: transtorno global do desenvolvimento. É estudado pela medicina (neurologia,
psiquiatria) pela nutrição e pela psicologia, bem como psicopedagogia, pedagogia e também pelas
terapias complementares, com diferentes abordagens.

Segundo vários autores da área médica e psicológica responsáveis pelos estudos da ASA - AUTISM
SOCIETY OF AMERICA (2008), existem classificados três grandes tipos de Transtorno do Espectro
de Autismo (TEA):
1. Transtorno Autista 3. Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, ou "autismo atípico", que
ou autismo "clássico", que leva caracteriza pessoas que parecem se desenvolver normalmente até
a atrasos de linguagem signifi- cerca de 18 a 24 meses de idade e depois param de ganhar novas
cativos, aumentando os desa- habilidades, ou perdem as que já haviam desenvolvido. Ainda se-
fios sociais e de comunicação gundo a ASA, indivíduos diagnosticados como autistas usualmen-
e conduz a comportamentos te apresentam pelo menos metade das características mostradas na
incomuns e, com frequência, a Figura 1 a seguir, e os sintomas se manifestam desde suas formas
deficiências intelectuais. mais brandas até as mais severas. A observação cuidadosa ainda é
o mais importante meio de diagnóstico, pois, embora o transtorno
2. Síndrome de Asperger autista possa vir associado a diversos problemas neurológicos e/ou
Conjunto de sintomas mais le- neuroquímicos, não existe ainda nenhum exame específico para de-
ves do transtorno autista. Nesse tectá-lo, e qualquer resultado laboratorial e/ou de imagem precisa
grupo, os autistas podem apre- ser complementado pela observação.
sentar desafios de socialização,
comportamentos e interesses
incomuns, sem, no entanto,
mostrarem problemas com a
linguagem ou deficiência inte-
lectual.

Figura I:
Características
do autismo

28
Fonte: http://www.culturamix.com/saude/doencas/o-que-e-autismo. Acesso em 02/11/2015
Trabalhando um pouco mais com Em tempos como o que vivemos evitar ou minimizar o isolamento
dados oficiais, percebe-se que o agora, em que as terapias com- e deterioração social. Também se
autismo representa hoje uma das plementares ganham, mesmo recomenda a terapia familiar para
grandes inquietações da saúde, que pouco a pouco, mais terre- ajudar a família a desenvolver es-
em especial da neuropediatria, no no imaginário, na legislação tratégias de enfrentamento dos
da psicologia e da pedagogia in- e na prática terapêutica em todo desafios de conviver com uma
fantis, pois estão registrados até o mundo , divulgar estudos a criança autista, instrumentali-
2014 no mundo, pela OMS (Or- respeito desse tema representa zando-a para as ações adequadas.
ganização Mundial da Saúde), 70 possibilidades de avanço no diag-
milhões de casos da síndrome. nóstico e na intervenção precoce Farmacologicamente, nenhum
No Brasil, segundo o Projeto Au- dos casos identificados, de modo medicamento até agora demons-
tismo, do Instituto de Psiquiatria a minimizar desconfortos e tra- trou alterar a história natural da
do Hospital das Clínicas (2012), balhar pela harmonização indivi- doença, embora muitas substân-
Universidade de São Paulo, esses dual, familiar e social do autista, cias utilizadas mostrem-se úteis
números chegam a ser estimados ajudando igualmente a combater no controle de sintomas específi-
em 2 milhões, ou seja, aproxi- os estigmas da incurabilidade, do cos, como a ansiedade, a hiperati-
madamente 1,0% da população preconceito e da segregação. vidade, as estereotipias, a agressi-
brasileira. Além desses expressi- vidade, os transtornos obsessivos,
vos números, também é preciso Nas abordagens tradicionais, não a depressão ou as perturbações
ressaltar que, também de acordo se dispõe ainda de cura medi- do sono, sendo a antidepressiva
com informações da OMS, o au- camentosa para o autismo, mas a mais frequentemente utilizada,
tismo chega a ser mais comum indica-se um conjunto de inter- correspondendo a 32,1% das me-
em crianças que o câncer, o dia- venções terapêuticas em busca do dicações utilizadas (OMS, 2012).
betes e a AIDS, em conjunto. alívio de sintomas e de melhorias
no desenvolvimento, tais como Dentre essas drogas alopáticas,
O CDC – Centro de Controle e a estimulação precoce adequada destacam-se os inibidores seleti-
Prevenção de Doenças – dos Esta- para cada caso e feita de forma vos da recaptação da serotonina,
dos Unidos da América divulgou o continuada, contemplando as 3 tais como a fluoxetina e os antip-
alarmante número de uma crian- áreas principais de caracterização sicóticos. Ambos os grupos me-
ça com autismo para cada 50 em da síndrome: a interação social, a dicamentosos têm contribuído
fase escolar, nas idades entre 6 e 17 comunicação e os interesses e ati- para a obtenção de melhorias em
anos, o que totaliza uma incidên- vidades; a terapia familiar; a tera- termos de linguagem, socializa-
cia de 2,0%. Tendo em vista essas pia ocupacional; a psicoterapia e ção e estereotipias, assim como
estatísticas, a ONU criou em 2007 a intervenção medicamentosa. no controle de perturbações com-
uma data mundial para discus- portamentais graves. São usados
são do tema e conscientização da A intervenção deve ser orga- também medicamentos estimu-
sociedade, colocando no ar a pri- nizada e estruturada de forma lantes para tratar a perturbação
meira campanha em 2/abril/2008. progressiva, orientada por mé- de hiperatividade com déficit de
Desde então, anualmente, nesse dicos/terapeutas especializados atenção, sendo, por vezes, efica-
mesmo dia do lançamento da pri- e incluir os pais e, de preferên- zes na diminuição dos sintomas
meira campanha, os governos en- cia, toda a rede de apoio (avós, característicos desses aspectos.
volvidos no programa fazem com irmãos, babás, professores etc.).
que pontos estratégicos dos países Normalmente, essas interven- Apesar de todos os problemas de
signatários se iluminem de azul, ções englobam atividades que re- desenvolvimento, pessoas com
em sinal da luta pelo fim do autis- alizam treino de integração sen- perturbações do espectro autista
mo e pelo amparo a portadores da sorial, terapia da fala e treino de têm uma expectativa média de

29
síndrome e seus familiares. competências sociais, buscando vida muito semelhante à da po-
pulação geral, e seguem vivendo, também que o mesmo efeito – nocividade de seus ingredientes
quase sempre, com déficits de au- autismo – pode ser resultado de ou pela injeção dos diversos vírus
tonomia, funcionalidade e inte- causas múltiplas, o que contribui na corrente sanguínea, muitas ve-
gração social na vida adulta, mui- também para desculpabilizar os zes ao mesmo tempo. Para testar
tas vezes por serem considerados pais, os quais se sentem responsá- a hipótese, fez o experimento de
incuráveis, principalmente pela veis pelo “distúrbio genético” ma- dar às crianças do grupo de con-
própria família. Essa dificuldade nifestado no filho. Esse, inclusive, trole todas as vacinas e os antibi-
para viver a vida cotidiana pode é um dos grandes motivos de óticos ingeridos ao longo da vida,
agravar os sintomas do TEA, le- desarmonia e separação familiar em formato homeopático. Os re-
vando à diminuição da quantida- dos casais que identificam um fi- sultados surpreenderam muito,
de de anos de vida de cada autis- lho autista. sendo a cura obtida em 80% das
ta. Alguns especialistas acreditam crianças incluídas no corpus de
inclusive que o prognóstico sofre No contexto das terapias comple- teste. No entanto, existe o incon-
variações principalmente (i) pela mentares, já foi até mesmo dito veniente de precisar se lembrar
quantidade de linguagem que a que 70% dos casos ocorrem por de todas as substâncias ingeridas,
criança adquiriu até aos 7 anos de intoxicação vacinal, 25% por me- o que não se mostrou possível
idade; (ii) pela capacidade cogni- dicação indevida e somente 5% em praticamente todos os casos:
tiva da criança e (iii) pela presen- por causas genéticas (estouautis- ou as pessoas não se lembravam
ça/ausência de co-morbilidades ta, 2014). A partir daí, desenvol- ou tinham memórias adulteradas
(OMS, 2012). veu-se uma terapia chamada CE- dessas informações, o que levava
ASE, (sigla inglesa de Complete a equívocos diversos, inclusive à
Observando as possibilidades de Elimination of Autistic Spectrum piora de um ou outro sintoma.
compreensão e intervenção das Expression – Eliminação Com-
terapias complementares em ca- pleta dos Sintomas do Espectro Outro fator interessante de obser-
sos de TEA, constata-se que há do Autismo) que busca desinto- vação no contexto do tratamento
muitas diferenças. Primeiramen- xicar a criança dos remédios e do autismo por meio de terapias
te, como se trata de intervenções químicas que os pais utilizaram, complementares é o fato de que
que visam potencializar o sujeito pelo menos 5 anos antes de as o problema é considerado sério
em tratamento, não se declara crianças nascerem. demais para que uma abordagem
desde o início a incurabilidade, ainda não consolidada no imagi-
mesmo considerando sua possí- A terapia CEASE é ainda pou- nário popular seja buscada com
vel causa genética, aparentemen- co conhecida no Brasil, mas está frequência. Por isso, ao receber o
te irremovível. Logo em seguida, bastante conhecida na Europa, diagnóstico de autismo e o prog-
sai-se de protocolos automáticos nos EUA e no restante do mundo, nóstico de incurabilidade, a quase
e padronizados para buscar en- e é um tratamento homeopático totalidade das famílias se resigna,
tender o sujeito adoecido e pro- criado pelo homeopata holan- buscando conviver pacificamente
curando oferecer a ele tudo o dês Tinus Smits, que observou com o problema que se instala,
que seja possível para restaurar vários casos de progresso com muitas vezes sem o conseguir.
o equilíbrio de sua energia vital. tratamento unicista, mas que de- Considerando todo esse con-
Entende-se, no contexto dessas pois acabavam estacionando e até texto, o presente trabalho ob-
abordagens mais holísticas, que, mesmo voltando a regredir. Smits jetiva apresentar os resulta-
tanto biológica quanto cultu- formulou então a hipótese de o dos terapêuticos positivos
ralmente, constituições genéti- acúmulo de vacinas e antibióticos obtidos com a associação de
cas equivalentes dão resultados estar bloqueando a ação dos re- florais de Bach e medicamen-
bem diferentes, de acordo com médios homeopáticos, ou de ser o tos homeopáticos no tratamento
as condições psicossociais a que verdadeiro causador dos proble- de um caso de autismo infantil.

30
são submetidas. Compreende-se mas apresentados, quer seja pela
METODOLOGIA
Reafirmando o fato de que o autismo se manifesta diferentemente em cada indivíduo, embora
os traços em comum que permitem identifica-lo como portador de uma síndrome, a metodo-
logia aqui adotada foi por excelência qualitativa e progressiva, buscando atender ao indivíduo
e suas necessidades, passo a passo.

Ao receber o convite para acompanhar homeopaticamente essa criança, um menino de 8 anos


na época, e agora com 10, iniciei estudos mais aprofundados sobre o tema do autismo, incluin-
do leituras, vídeos e entrevistas presenciais com especialistas da área – médicos, psicólogos e
terapeutas diversos – e também conversas com familiares e educadores de outros autistas.

Foram 10 dias de leituras intensas e variadas, até que, pela imensa controvérsia que envolve
a identificação sintomatológica e as possibilidades de terapia, resolvi pensar filosoficamen-
te a questão: trata-se de indivíduos presos a um contexto de isolamento, escondidos em si
mesmos, sem conseguir encontrar uma saída dessa “caverna”, onde foram buscar segurança e
proteção (se movidos pelo medo e pela insegurança) ou, então, exclusividade (se movidos pela
arrogância). Há diversos relatos de casos onde as duas emocionalidades aparecem como traço
comportamental bastante comum em autistas.

Reestudei então a matéria médica de vários policrestos homeopáticos relacionados a esses


núcleos, e também os ligados ao desenvolvimento físico-emocional, como as calcáreas, bem
como os florais ligados ao medo, à arrogância, ao desânimo e ao desespero, e aguardei o pri-
meiro atendimento para saber que decisões tomar, mas partindo do seguinte pressuposto:
desintoxicar, harmonizar, estimular, potencializar, sendo este o eixo terapêutico eleito para
este caso.

Identificação clínica: Não fala, apenas emite sons vocálicos ou


consonantais, mas em tons diferenciados
Uma criança do sexo masculino, oito anos, para medo, raiva, tristeza e alegria.
terceiro filho da mãe, único do segundo
casamento, aqui referenciado como AA, Não para de se movimentar, como no
portador da síndrome de Asperger. Diag- transtorno de hiperatividade; mesmo ao
nosticado aos 18 meses. Em acompanha- dormir, mexe-se na cama o tempo todo.
mento com o neuropediatra desde então,
o qual, após sete anos de tratamento, de- Executa pequenas tarefas – guardar o cal-
clarou não ter mais alternativas e solicitou çado, comer e beber com a própria mão,
a busca de terapias alternativas. Devido a banhar-se e vestir-se, apenas com super-
essa indicação, a mãe procurou o atendi- visão.
mento homeopático.
Os pais e demais familiares precisam
Matriculado e frequentando a escola acompanhá-lo o tempo todo pela casa,
especial desde 3 anos. para evitar acidentes e crises.

31
Não obedece a comandos verbais, preci- Precisa de formas de madeira para traçar
sando ser tocado para mudar de direção e/ desenhos e letras.
ou comportamento. Mas, logo após o to-
que, manifesta desagrado e refugia-se no Não busca atividade de leitura e escrita
próprio quarto. por iniciativa própria.

Não aceita mudanças no cardápio: cospe Assiste ao mesmo programa várias vezes,
alimentos e bebidas que não lhe agradam e por isso prefere o DVD, pois chora e se
e larga toda a refeição, caso encontre algo desestabiliza quando não consegue repetir
que não seja de sua preferência. o programa quando esse acaba na TV.

O intestino não funciona bem, apresen- Não aceita cuidados além dos da mãe, e
tando evacuações apenas a cada 3 ou qua- esta precisa se submeter a uma cirurgia de
tro dias. recuperação longa, sendo este também um
dos motivos pela busca da abordagem ho-
Está com 8 quilos acima do peso apropria- meopática: ajudar na aceitação de novos
do para a idade e apresenta o abdômen cuidadores, tanto para facilitar o repou-
proeminente. so da mãe nas atividades cotidianas, bem
como sua preparação adequada para a in-
Na escola, tem professora exclusiva. Agi- tervenção cirúrgica.
ta-se se colocam outra criança junto com ele.

Escolhas medicamentosas
Todo processo de decisão é, primordialmente, um processo interpretativo que envole alto grau
de subjetividade. Tomamos decisões com base no que compreendemos e deixamos de com-
preender, como base no que conhecemos e desconhecemos, nas conexões que fazemos ou não
entre fatos, cenários e personagens.

Na decisão terapêutica ocorre o mesmo. Com base no que foi dado a conhecer ao terapeuta,
e levando em conta sua experiência e capacidade de conectar informações, as decisões são
tomadas, e não há como avaliar sua eficácia se não pela observação dos resultados, a qual dá
suporte a novas decisões. Por isso, é muito comum que o mesmo caso terapêutico receba enca-
minhamentos diferentes, quando analisado por diferentes sujeitos. Também por isso, é aceitá-
vel e mesmo esperado que outros raciocínios possam ser aplicados a este estudo, pois partirão
de pontos de vista únicos e insubstituíveis. Há, no entanto, no caminho escolhido, elementos
genéricos o suficiente para serem aplicados a casos diferentes, bem como especificidades que
atendem às idiossincrasias individuais, sistemática que apresento a partir de agora:

1. Thuya occidentalis, CH 5: A escolha desse medicamento se deu especialmente por três mo-
tivos:

32
a. A criança autista é muito medicada pela Thuya, como o grande antisicótico
quimicamente, e por isso pode apresentar homeopático.
tendência forte para a retenção de fezes,
o que, inclusive, é considerado um dos c. A Thuya possibilita a revelação do que
fatores agravantes do seu estado mental, estava escondido, sendo um grande re-
conforme visto na introdução. Essa re- médio quando se procura a verdade. A
tenção ocorre, além de pelos fatores me- retenção é revelada à revelia da consci-
dicamentosos, por vícios e deficiências ência, pois aparece nas “anormalidades
alimentares, pois o autista tem dificulda- tissulares”: verrugas, pólipos, cistos, quis-
de para modificar rotinas e experimentar tos, tumores, endurações no geral, que a
algo novo, o que se retrata também nos consciência lamenta, mas que só aparece-
seus hábitos alimentares, que tendem à ram porque o enfrentamento não se deu
repetição, sem contemplar toda a gama de outra forma. Olhando o fenômeno
nutricional necessária. Thuya faz essa autismo por esse ângulo, pode-se afirmar
desintoxicação, liberando o intestino e que a criança autista está, por assim dizer,
outros órgãos da sobrecarga de anos de escondida, fechada em um mundo prote-
medicamento, limpando as paredes e vi- gido, do qual teme ou não quer afastar-se.
losidades intestinais e fazendo com que Sua verdade está circunscrita à sua per-
a criança comece suas interações mais cepção, já que não consegue comunicá-la
regulares com o meio por meio da defe- aos circunstantes. Paralelamente a isso,
cação. Ao mesmo tempo, limpa também muito frequentemente a verdade familiar
dos excessos vacinais, contribuindo para também permanece incomunicada, pois
a desobstrução das vias eliminatórias e pais e irmãos tendem a fingir aceitação do
limpando o miasma da sicose. Paralele- fato de que um autista compõe o grupo, o
mente a esse efeito, aumenta também a que pode levar a um acúmulo indeclara-
clareza mental e reduz a tendência con- do de frustrações, raivas e tristezas, con-
troladora que muitas vezes o comporta- taminando o contexto e as relações. Por
mento autista revela. conta disso, foi feita a escolha da Thuya
como medicamento primeiro, e não ape-
b. Como o autista não tem livre o canal nas para a criança: também para os pais.
da expressão oral, corporal e escrita, seu A mãe, inclusive, mostrava vários sinais
processo de retenção psíquica e emocio- de intoxicação mental, emocional e me-
nal é muito grande. É como se ele fosse dicamentosa, confirmando-as durante o
um grande depósito abarrotado, muitas primeiro atendimento, e complementou
vezes prestes a explodir, e essas explosões relatando as do marido, que ficou cuidan-
podem mostrar-se nos gritos, nas crises do do filho enquanto a mãe participava
de pânico e na repetição prolongada dos da entrevista terapêutica. (LATHOUD,
movimentos repetitivos, quando ocor- 2009; BRUNINI, 2008; MORENO, 2009)
rem movimentos externos considerados
por ele como “invasões”. Essa sicose psí- 2. Calcarea carbonica CH 5: sendo um
quica e emocional também é atenuada medicamento constitucional, a calcarea

33
foi introduzida para equilibrar o meta- rando muitas vezes o comportamento
bolismo como um todo. AA, inclusive, agressivo. Holly eleva a vibração da alma,
apresentava os sinais físicos clássicos que trazendo a mensagem do perdão ao ou-
remetem a esse medicamento: silhueta, tro: “eles não sabem o que fazem”;
mãos, rosto e dedos quadrados, estando
mais de 8 quilos acima do peso previsto c. Pine: esse floral trabalha o auto-perdão,
para a idade. Além disso, como o autis- necessário devido à sensação de culpa in-
mo também está atrelado a falhas no de- terior que pode acometer muitos autistas,
senvolvimento infantil, a calcarea contri- que, sem o querer, provocam muitos efei-
buiria igualmente para preencher essas tos negativos no ambiente e nas pessoas,
lacunas, harmonizando-o como um todo. efeitos dos quais, na maioria das vezes,
Como ingrediente de fundo, essa calca- não conseguem entender as causas;
rea trabalha também a questão do medo,
considerado também um dos fatores de d. Star of Bethelem: grande floral da lim-
instauração e consolidação do autismo. peza dos choques físicos e emocionais,
(LATHOUD, 2009; BRUNINI, 2008; ajudando a descobrir uma boa trajetória
MORENO, 2009) e iluminando decisões durante a cami-
nhada;
Foi parte do processo decisório iniciar
com baixas diluições em CH: 5, 6, 7, 8, e. Aspen: o mais indicado nos processos
10,12, como num “convite à saída”, simu- de ansiedade, e a sicose é cheia dessa de-
lando um passo a passo que, pouco a pou- sarmonia.
co trouxesse AA “para fora da caverna”.
f. Cherry Plum: AA foi descrito como
3. Buquê floral: Nessa composição, igual- um “grande comilão”, sem saber a hora
mente, algumas essências foram introdu- de parar. Cherry Plum é o floral do au-
zidas por respeito ao padrão da síndro- tocontrole e complementa bem a ação
me, e outros por características pessoais de Aspen, que combate a ansiedade. Foi
de AA. indicada uma dose única de 20ml, sem
álcool, para tomar toda no primeiro dia
a. Impatiens: devido ao movimento con- de tratamento, na hora de dormir. Por vá-
tínuo, às crises de impaciência e aos pro- rias vezes já utilizei essa sistemática, com
cessos inflamatórios de repetição, pois o fim de preparar o corpo e a mente para
Impatiens é um poderoso calmante da a recepção da medicação homeopática e
mente, da emoção e do corpo; dos próprios florais, sempre com exce-
lentes resultados. Há, inclusive, vários re-
b. Holly: por não conseguir fazer-se com- latos de que, ao acordar, o paciente já se
preendido, o autista muitas vezes é injus- sentia em outro estado vibratório. No dia
tiçado: fazem o que não se deve com ele, seguinte, 12 gotas do mesmo buquê, 4 ve-
ou então não se faz o que é necessário, o zes ao dia, até acabar o frasco de 60 ml, a
que reforça o medo e o afastamento, ge- 15% de brandy. (BACH, 2000; KWITKO,
2007)

34
RESULTADOS MÊS A MÊS

PRIMEIRO MÊS NOVA INDICAÇÃO


TERAPÊUTICA
a) Parou o movimento contínuo e AA já conseguia repousar por
vários períodos, dando também descanso a seus cuidadores. A mãe Repetição do buquê floral.
chegou a dizer que não sabia o que fazer com o tempo livre, criado Thuya CH 6, Calcarea
a partir da hora em que não precisou mais correr atrás dele o tempo Carbonica CH 6.
todo.
b) Evacuação regular, não sendo mais necessário o uso de laxan-
tes e supositórios, sempre traumatizantes e intoxicantes.
c) Redução da compulsão alimentar e eliminação de dois quilos
de peso.
d) Aumento da concentração nas tarefas escolares, dispensando
ajuda em algumas delas;
e) Início de contato visual e físico com animais: cachorro, gato e
cavalo da casa da avó.
f) Parada para ouvir os familiares e pessoas da escola, embora
ainda só obedecesse à mãe, ao pai e à professora.

SEGUNDO MÊS NOVA INDICAÇÃO


TERAPÊUTICA
Começou a jogar um jogo simples, no computador.
Escreveu pela primeira vez o próprio nome sem o apoio da máscara No buquê floral, retirou-se
de madeira e pediu, por gestos, que o papel fosse colado na porta do Star of Bethelem, substituído
próprio quarto; por Clematis, que auxilia
Aceitou provar novos alimentos e mudou o cardápio habitual com na concentração e conexão
uma inclusão: a couve; com o momento presente, o
Eliminação de mais 2 quilos. aqui e o agora. Thuya CH 7,
Iniciou contato visual e físico com os familiares e colegas da escola; Calcarea Carbonica CH 7.
Manifestou ciúme da irmã mais velha, empurrando o namorado.
Começou a obedecer também aos irmãos e à auxiliar de limpeza que
cuidava da sala dele na escola.

TERCEIRO MÊS NOVA INDICAÇÃO


TERAPÊUTICA
a) Começou a arrumar objetos dentro do próprio quarto,
obedecendo a comandos verbais presenciais da mãe e da irmã mais Repeti o segundo buquê
velha; floral e subi mais um ponto
b) Já reconhecia todas as vogais e ditongos, lendo-os, identifi- na dinamização de Thuya e
cando-os no meio de outros e repetindo alguns verbalmente. Calcarea Carbonica.

35
QUARTO MÊS NOVA INDICAÇÃO
TERAPÊUTICA
a) Obedecia a comandos verbais dados a distância, sem que ele
estivesse no mesmo ambiente que o interlocutor – ele no quarto, um Suspendi Impatiens e intro-
familiar na sala, por exemplo, pedindo para abaixar a televisão; duzi Water Violet, floral que
b) Começou a repetir palavras ditas por outras pessoas, mas trabalha o isolamento, para
sem padrão de comunicação: uma hora faziam sentido, em outras potencializar os contatos
não. iniciados, e substituí a Cal-
c) Iniciou jogos didáticos avançados de identificação de obje- carea Carbonica pela Avena
tos, palavras e ações, com sucesso e melhorando a velocidade a cada Sativa CH 5, estimulando o
sessão. cérebro, já bem desintoxi-
cado, para um novo modo
de funcionamento. Thuya
CH 9.

QUINTO MÊS NOVA INDICAÇÃO


TERAPÊUTICA
AA já reconhecia 10 consoantes e as combinava com as vogais, por
escrito e oralmente, formando sílabas e palavras com até 3 letras. Com base nesses progressos,
Identificava objetos e as palavras usadas para nomeá-los. repeti o terceiro buquê floral
Em casa, começou a tomar a iniciativa da fala, sem repetir palavras e subi a Thuya e a Avena
já ouvidas no momento, e usando o toque no braço e no rosto para Sativa em mais uma dinami-
pedir contato visual. zação.

SEXTO MÊS NOVA INDICAÇÃO


TERAPÊUTICA
AA me procurou assim que chegou ao consultório, para fazer um
“toque especial”, com soquinhos, aperto de mão e movimentos com Holly, Pine, Aspen, Cher-
os dedos. ry Plum, Clematis, Water
Riu ao conseguir fazer tudo comigo e disse claramente a palavra “le- Violet, Walnut (ajuda nos
gal”, totalmente contextualizada, embora um pouco gutural. A mãe processos de mudança, e al-
relata que episódios como esse já aconteceram 4 vezes, mas sem re- gumas transformações signi-
gularidade. ficativas estavam começando
a acontecer.)
Thuya CH 12, Avena Sativa
CH 7.

SÉTIMO MÊS NOVA INDICAÇÃO


TERAPÊUTICA
Mantiveram-se os ganhos anteriores, em casa e na escola.
A professora levantou a hipótese de preparar AA para uma classe in- Repetição do último buquê
clusiva, no ano seguinte. floral. Thuya CH 13, Avena

36
Sativa CH 8.
OITAVO MÊS NOVA INDICAÇÃO
TERAPÊUTICA
AA aceitou o abraço na chegada e repetiu o “soquinho” do sexto aten-
dimento. Como AA estava vivendo
Parecia agitado, e sem querer deixar a companhia da mãe. uma situação de stress que
Esta relatou ter sido diagnosticada com câncer na tireoide, declaran- tendia se prolongar por al-
do-se muito temerosa com a necessidade de cirurgia, que precisava gum tempo, substituí o buquê
ser feita rapidamente. Com certeza, a agitação da cuidadora principal anterior por Rescue Remedy
já havia afetado a energia e o comportamento de AA. + Chicory + Beech, conside-
-rando que AA precisaria fi-
car sob cuidados de terceiros,
e quase durante toda a vida
fora cuidado quae que exclu-
sivamente pela mãe.
Thuya CH 14, Avena Sativa
CH 9.

NONO MÊS NOVA INDICAÇÃO


TERAPÊUTICA
A mãe havia iniciado a preparação para a cirurgia, saía várias ve-
zes para exames e consultas, mas AA passou a ficar bem com outros Repetiçao do buquê com
cuidadores, apenas perguntando a toda hora pela mãe, usando essa Rescue.Avena Sativa CH 10,
palavra em tom interrogativo para saber noticias de sua chegada. Thuya CH 16.
Na escola, a concentração para a leitura caiu um pouco. Não apren-
deu a falar e ler palavras novas, mas não esqueceu as já aprendidas.

DÉCIMO MÊS NOVA INDICAÇÃO


TERAPÊUTICA
A mãe fez a cirurgia e houve complicações que a prenderam ao hos-
pital por 20 dias. Durante todo esse tempo, AA ficou bem com os Novo buquê floral: Wal-nut,
outros cuidadores e conseguiu visitar a mãe por duas vezes, mas sem Larch, Clematis, Star of Be-
stress na hora da despedida. thelem, Water Violet.
Na escola, aprendeu mais 12 palavras novas, e usou 4 delas com a Cérebro total CH 7, para po-
mãe, durante as visitas. tencializar novas conexões
Aumentou em 3 os jogos de computador que já conseguia dominar, neuronais.
em níveis progressivos de dificuldade.
Melhorou a interação com o pai e aprendeu a falar o nome dele, cha-
mando-o assim.
Passou a permitir o tratamento dentário e a aparação das unhas, o
que só era obtido por contenção ou sedação. Durante a aparação das
unhas, estendeu o braço espontaneamente e permitiu que tudo fosse
feito, mas, a cada unha cortada, gritava “socorro”, mostrando o domí-
nio contextual do uso da palavra.

37
No segundo ano, a sistemática de aten- b) Tratamento de rinite alérgica agravada
dimento continuou semelhantemente a por frio, por meio do floral Larch + Olive
esses procedimentos do primeiro, mas e da fórmula Eucaliptos glóbulos CH 5 +
alternando o tratamento do autismo com Kali bichromicum CH 5. Essa etapa, além
outras patologias: de melhorar a irritação nasofaríngea de
AA, também permitiu sua frequência,
a) Desequilíbrio no funcionamento pan- regular e sem adoecimentos, às aulas de
creático, que levou à elevação dos níveis natação, agora desenvolvidas num centro
de glicose. Com a ajuda da nutricionista olímpico de Brasília e durante as quais
funcional, foi elaborada uma dieta e, por AA já aceita comandos de 2 instrutores
meio da abordagem homeopática, foi fei- diferentes, progredindo muito na perfor-
to o tratamento do pâncreas, com o orga- mance do esporte. Inclusive, já consegue
noterápico Pancreas CH 7, em conjunto associar o dia da semana com a presen-
com o floral Walnut + Vine, para melho- ça desta atividade, buscando o roupão, a
rar a flexibilidade e aceitação de novos touca, a sunga e os óculos, o que compro-
alimentos, ajudando-o a sair do império va a melhoria na percepção do tempo e
dos carboidratos, cujo excesso acaba por de seus significados.
“pesar” sobre este órgão. Essa etapa do
tratamento, que durou aproximadamen- c) Distúrbio de sono: AA tem o sono
te 3 meses, levou à inclusão de 12 novos muito leve, e não aceita dormir sozinho
alimentos na dieta diária, com boa acei- no quarto, que divide com a irmã de 24
tação, o que melhorou substancialmente anos. Foi introduzida a fórmula Passi-
o estado nutricional de AA. Um com- flora CH 5 + Aconitum CH 6, com bons
portamento interessante relatado pelos resultados, e, pelo menos por dois terços
familiares é o de que, ao experimentar da noite, AA não acorda, usufruindo dos
um novo alimento e não gostar dele, AA benefícios do sono profundo. No entan-
não somente o recusa para si mesmo: to, durante esse uso, não foi possível con-
também o retira do prato ou das mãos tinuar com Avena Sativa, pois ele ficava
dos familiares que o estejam consumin- agitado, ao contrário do esperado. Avena
do. Esse comportamento, embora ainda Sativa foi descontinuada e reintroduzida
demonstre traços de controle, é também 4 vezes, mas o resultado para a agitação
um sinal positivo de interação e contato: foi sempre o mesmo, se associada ao uso
“se não é bom, não quero que você passe de passiflora e aconitum, e, se sozinha,
por isso”. É interessante também registrar não ajudou a entrar no sono profundo.
que, após conversas reiteradas repetindo Estou estudando os motivos desse efeito e
“Você não gosta, mas eu gosto”, AA se re- buscando maneiras de, ao mesmo tempo,
signou e deixou o alimento recusado com melhorar o desempenho cerebral e a qua-
o familiar, embora ficasse “resmungando lidade de sono de AA.
em tom lamentoso” em seu quarto.

38
RESULTADOS E
DISCUSSÃO A característica 2 desapareceu do com AA fizeram com que um cli-
comportamento de AA, assim ma de relaxamento e alegria fosse
É nítida a evolução do paciente
como outros comportamentos re- experimentado no cotidiano, em
durante os passos da sequência te-
lacionados ao olhar emergiram: (i) substituição ao stress contínuo e à
rapêutica proposta e apresentada
aceita olhar-se ao espelho, buscan- irritabilidade que imperavam no
na Tabela 1 e nos itens descritos na
do essa atividade várias vezes ao lar.
seção anterior. Como AA não es-
dia. A fam´lia, inclusive, instalou
tava recebendo nenhum outro tipo
um espelho de corpo inteiro no Na escola, AA passou a ter um cír-
de medicação, e nenhuma abor-
final do corredor, para facilitar o culo de dois colegas para brincar,
dagem terapêutica complementar
acesso dele a essa atividade; (ii) faz ainda que por breves momentos.
além do floral e da homeopatia,
pose diante da câmera para fotos e Ele mesmo passou a procurar os
tudo leva a crer que os resultados
selfies; (iii) quer fotografar outras meninos escolhidos, mostran-
positivos se devem a essa interven-
pessoas e situações. do iniciativa interacional, o que
ção, além do acompanhamento
é considerado um grande ganho
nutricional e psicoterápico regular
A característica 14 não fazia parte em qualquer tratamento em autis-
e em conjunto comigo.
do comportamento de AA e conti- ta. Além disso, trouxe esperanças
nuou assim. O emprego da lingua- para a equipe educacional, que,
As características 1, 3, 4, 6, 7, 8, 9,
gem articulada contextualizada, a trabalhando sem resultados, ter-
13, 15 e 16, apresentadas na Figura
melhoria da aprendizagem escolar mina por se desestimular, em mui-
1 foram bastante atenuadas, pas-
e a evolução das interações consti- tos casos, e, mesmo sem intenção,
sando a ser exceções no comporta-
tuem os grandes ganhos da evolu- tende a deixar cair a qualidade das
mento de AA.
ção de AA até agora. intervenções escolares.
As características 5, 10, 11 e 12
Não se trata ainda de um caso de É de se esperar que, com o acom-
ainda são frequentes, embora tam-
cura, mas a hipótese do “convite à panhamento adequado daqui para
bém atenuadas, tanto na quantida-
saída da caverna” mostrou-se váli- frente, o comportamento de AA
de (ocorrem menos vezes ao mês,
da, pelos resultados positivos apre- seja cada vez melhor, mas sem li-
e antes eram diárias), quanto no
sentados. mites definidos, pois essa resposta é
intervalo (ocorrem com uma dis-
única, pessoal e intransferível, e per-
tância maior uma da outra) quanto
A dinâmica familiar também foi feitamente compreensível no contex-
na intensidade (ocorrem de ma-
positivamente afetada, pois as inte- to da medicina do sujeito, como o são
neira menos intensa e se diluem
rações mais tranquilas e regulares a homeopatia e o sistema floral.
mais rapidamente).

CONCLUSÕES
No entanto, essa associação se ção complementar entre as duas
A combinação de florais e homeo- mostrou benéfica neste caso em abordagens do que uma oposição
patia não se apresentou uma práti- específico, e também ao longo de ou uma incompatibilidade.
ca corrente na literatura acessada. minha prática terapêutica, já com
Alguns autores e terapeutas, inclu- 4 anos de experiência com esse Os buquês florais ajudaram a har-
sive, recomendam que não se faça design. Como o Dr. Edward Bach monizar a energia profunda de AA,
uso dos florais junto com a home- foi primeiramente homeopata e preparando o terreno para a entra-
opatia, pois alertam para o risco de depois criador do sistema floral, da da vibração homeopática e, em
estes alterarem os efeitos do medica- simplesmente por essa trajetó- consequência, acelerando e poten-
mento homeopático sobre o paciente. ria vê-se muito mais uma evolu- cializando seus efeitos terapêuticos.

39
Conforme observado ao longo Além disso, o tratamento com não especiais e o progresso de sua
desses dois anos de tratamento, florais e homeopatia foi estendido aprendizagem intelectual e emo-
a melhoria de AA, dessa forma, aos outros membros da família, cional a partir dessa mudança de
está sendo “suave, permanente faltando agora somente o irmão contexto.
e duradoura”, como preconiza mais velho para integrar o grupo,
Hahnemann no seu Organon e os sinais de harmonização estão É igualmente esperado que a aplica-
(2006), pois não há retrocessos cada vez mais evidentes. ção desta rotina em outras crianças,
nos passos caminhados, mesmo com as devidas adaptações, possa va-
com a interrupção periódica da Espera-se que, pelo acompanha- lidar quantitativamente esses passos,
medicação, seja por minha pró- mento longitudinal de AA e sua cooperando para o bom tratamento
pria opção, para avaliar ganhos família, seja possível relatar ou- de novos portadores de TEA e, em
profundos, seja por viagens e ou- tros ganhos, em especial os de sua consequência, de suas famílias e gru-
tras rotinas familiares. inclusão em classes educacionais pos sociais dos quais sejam membros.

REFERÊNCIAS IMPRESSAS REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS

CAVALCANTE, ELIZABETH & Rocha, Paulina. Autismo – Cons- http://www.alert-online.com/br/medical-guide/autismo. Aessado em


truções e desconstruções. Coleção “Clínica psicanalítica”. Casa do 15/01/20015.
Psicólogo: São Paulo, 2010.
http://www.revistaautismo.com.br/edic-o-0/numero-impressionante-uma-
DEMARQUE, D. Homeopatia: medicina de base experimental. -em-cada-110-criancas-tem-autismo. Acessado em 15/01/2015
2.ed. Ribeirão Preto: Museu de Homeopatia Abrahão Brickmann,
2002. http://www.revistaautismo.com.br/noticias/ha-1-autista-em-cada-50-crian-
cas-nos-eua. Acessado em 15/01/2015.
FARMACOPÉIA HOMEOPÁTICA BRASILEIRA. 2.ed. São Paulo:
Atheneu, 2003. “Changes in Prevalence of Parent-Reported Autism Spectrum Disorder
in School-Aged Children: CDC, USA, 2007 to 2011-2012. Acessado em
HAHNEMANN, Samuel. Exposição da doutrina homeopática, ou, 28/03/2015.
Organon da Arte de Curar. Tradução: David Castro, Rezende Filho,
Kamil Curi. São Paulo: GEHSP “Benoit Mure”, 2013. http://biblat.unam.mx/pt/revista/psicologia-argumento/articulo/conside-
racoes-preliminares-a-todo-tratamento-possivel-do-autismo. Acessado em
KOSSAK-ROMANACH, A. Homeopatia em 1000 conceitos. São 30/03/2015
Paulo: Elcid, 2003.
http://www.estouautista.com.br/index.php/2014/06/10/cease-tratamento-
LATHOUD, J.A. Estudos de matéria médica homeopática. São -homeopatico-para-autistas/. Acessado em 04/04/2015
Paulo: Organon, 2004.
http://diariomaedeumautistadietasgsc.blogspot.com.br/p/blog-page.html.
MORENO, José Alberto. Matéria médica homeopática repertori- Acessado em 05/04/2015
zada. Vol. 1, 2, 8. Ed. Hipocrática Hannemanniana. Belo Horizonte,
2013. http://www.brasil.gov.br/saude/2017/03/sus-passa-a-oferecer-mais-14-tra-
tamentos-alternativos. Acessado em 06/06/2017.
OMS. Relatório Internacional de Saúde 2012. Editora Ministério da
Saúde. Brasil, 2012.

ORRU WAK, Silvia Esther. Autismo - Linguagem e educação. Cole-


ção “Clínica psicanalítica”. Casa do Psicólogo: São Paulo, 2008.

SOARES, A.A.D. Dicionário de medicamentos homeopáticos. São


Paulo: Santos, 2000.

40
VANNIER, L.; POIRIER, J. Tratado de matéria médica homeopáti-
ca. São Paulo: Andrei, 1987.
DE OLHO NA PESQUISA
Monografia: Amor e não amor pela Homeopatia: Um estudo de opinião e percepção
Suécia Maria Moreira Damasceno
Psicóloga Clínica e estudante de homeopatia

INTRODUÇÃO
Escrever sobre Homeopatia é para mim fôssemos criando, desde os primórdios
muito difícil, pois me remete à materiali- de nossa existência, camadas de doenças,
zação daquilo que acredito ser energético. que vêm até nós dado às dificuldades que
E como pensar no energético, se somos temos de viver e conviver com as toxinas
corpo-matéria, desejo e pensamento abs- ssensoriais e relacionais que adquirimos
trato? Se, dentro do contexto terapêutico, mediante nossas características pessoais e
sempre vou trabalhar matéria, sentimen- intrínsecas. Dessa forma, desenvolvemos
to e sensações? Desta percepção nasceu, amor, ódio, raiva, tristeza, alegria, inveja,
principalmente, o grande desafio deste ciúme, ambição, desejo e todas as sensa-
trabalho. ções/emoções que vivenciamos e alimen-
tamos, que nos mantêm saudávies ou nos
Quando, no Organon, entrei em contato intoxicam, contaminando um ou mais de
com a frase de Hahnemann que intro- nossos órgãos e se estendendo por nossa
duz as bases dessa nova ciência dizendo: vida de relação. Em vão tentamos curar o
“Desde que o Homem existe, esteve ex- corpo, quando o adoecer é de outra natu-
posto, isolada e coletivamente, a doenças reza que não a matéria. Daí, especialmen-
decorrentes de causas físicas ou morais”. te, a dualidade e, muitas vezes, a confusão
(HAHNEMANN, 2013, p.23), começou a de nosso sentir/agir.
abrir-se em minha mente meu propósito
durante o curso de formação em home- Tanto as lacunas quanto os excessos po-
opatia. Vi nessa declaração uma grande dem nos tornar propensos ao adoecer.
conexão dos princípios homeopáticos Entender isso nos reporta a uma verdade
com os autores canônicos de minha área complexa: toda a energia que nos circun-
profissional – a psicologia – pois ambos da liga seres em um mundo onde muito
os contextos tratam dos complexos pro- do que vivemos é doença-remédio-corpo-
cessos de somatização de pensamentos e -órgãos, fazendo-nos esquecer da saúde e
emoções que frequentemente nos condu- da transcendência, ambiente somente no
zem ao adoecimento físico. Jung, em seus qual nossa essência pode se desenvolver.
escritos, nos apresenta o conhecimento A Homeopatia, contrariando esse círculo
que trazemos dos arquétipos e das nos- vicioso, nos convida a entrar em contato
sas couraças. Freud toca nos traumas, nos com toda nossa potência, ou seja, com
recalques e na força desconhecida do que nosso “Eu Maior” e nos “descascarmos”,
armazenamos no inconsciente. Por sua livrando-nos das máscaras, para chegar à
vez, Hahnemann nos “encebola”, nos diz nossa Plenitude, que se expressa em Saúde
e Harmonia corporal, emocional e mental.

41
que viemos como encapsulados, como se
TEMA

Em meio a tantas abordagens possíveis com relação ao conteúdo estudado no curso e que com-
põe o corpus homeopático, resolvi escolher como tema O AMOR E O NÃO AMOR À HO-
MEOPATIA, especialmente por minha motivação pessoal, pois também me aproximei desses
estudos por curiosidade, mas ainda sem saber se amava ou não essa possibilidade terapêutica,
especialmente por não conhecê-la. Ao longo do curso, percebi movimentos de defesa e ataque,
indiferença e envolvimento de todo o tipo de pessoas, e resolvi então investigar esse contexto,
buscando, ao mesmo tempo, minhas próprias respostas e a compreensão das motivações dos
que me rodeavam. Para explicitar melhor o significado do tema, exploro rapidamente a seguir
os conceitos de AMOR e NÃO AMOR.

O QUE É O AMOR? como algo tão elaborado e intencional que se


Se existe um conceito que quanto mais se avizinha da arte (FROM, 2006). A esse res-
explora mais incompreensível se torna, o de peito, Vinicius Bezerra declara que “A pro-
amor é, muito provavelmente, um grande posição de Erich Fromm, tomando o amor
candidato à lista. Todos nós temos alguma como uma arte, não é mero jogo retórico.
ideia a respeito do que significa amar e ser Consiste na compreensão de que o amor não
amado, e desenvolvemos julgamentos a par- é uma situação acidental em que nele se “tro-
tir dessas ideias, dizendo: “amo ou não amo, peça” quem for afortunado, é sim algo que,
amo ou não sou amado”, considerando pes- na qualidade de arte, exige conhecimento e
soas, atitudes, situações e circunstâncias. esforço”. (BEZERRA, 2010)

Para muitos, amar é abrir mão de si em prol Essa arte do amor funcionaria também como
do outro, é ser totalmente disponível para uma “força deintegração dos homens” consi-
servir, cuidar e respeitar, sem olhar a quem. go mesmos e com o mundo humano, forma
É deixar de estar em si para estar disponível de enfrentamento do desamparo causado pela
ao outro, sendo e dando o necessário para separação da união primordial com a Nature-
ampliar o todo do outro em função de um za, a qual, psicanaliticamente, revivemos no
mundo melhor. momento do parto, durante o nascimento.
Quando, por meio do amor, nos unimos pro-
Um dos autores tomados como referên- fundamente a uma pessoa, nos reconectamos
cia neste trabalho – Erich From – enrique- à mãe e ao mundo natural que ela representa,
ce essa vertente de alteridade e conceitua o e experimentamos o que Fromm denomina
amor não somente como sentimento, mas “amor produtivo”, dizendo:

42
Há apenas uma paixão que satisfaz à necessidade humana de
unir-se com o mundo, adquirindo, ao mesmo tempo, sensa-
ção de integridade e individualidade, e esta paixão é o amor.
Amor é união com alguém, ou algo, fora da criatura, sob a con-
dição de manter a separação e integridade própria. [...] Na rea-
lidade, o amor nasce e renasce da própria polaridade entre a se-
paração e a união. [...] O amor é um aspecto do que chamei de
orientação produtiva: a relação ativa e criadora do homem com
seus semelhantes, e dele com a Natureza (FROMM, 1965, p. 44).

As emoções e sentimentos são, ao mesmo dos os presentes da natureza, o ar, a água,


tempo, alimentos para a concretude e a a produção da terra, o brilho da lua, o
transcendência humanas, e a nutrição ou caminho das estrelas e todas as demais
recompensa por amar é grandiosa, pois manifestações que temos nesse imenso
a gratuidade de quem se dispõe a amar universo, que muitas vezes não nos per-
é sentida e percebida naturalmente, ge- mitimos ver nem observar, absorvidos
rando autenticidade para o ser emissor pela múltiplas demandas do cotidiano.
e grandes repercussões para aos outros Por isso, gosto de pensar que amar é pis-
e o ambiente. Amar despretensiosamen- car e, ao abrir os olhos, ver.
te, amar sem medo de se doar é o que faz
grande o doador. Acreditar ser o amor a Dentro da filosofia cristã, propala-se te-
mais plena disposição, ser e estar a ser- ologicamente que Deus nos dá seu único
viço do outro, é concordar com dizia o filho por puro e pleno amor a nós. E, no
grande Rey Mermmet: “Amar é se doar fim, quando nos encontrarmos com Deus
inteiramente sem nada exigir em troca e face a face, a fé e a esperança terão cum-
sua nutrição por tanto amor será natural- prido sua tarefa e só o Amor permanece-
mente recompensada pelo grande prazer rá para sempre. (1 Cor. Cap.13).
em se dar.” (MERMMET, 1979, p. 67)
Como só é possível amar verdadeiramen-
Quanto mais se mergulha na ação de te em harmonia, a conexão entre o amor e
amar, o amar deixa de ser uma prática a doutrina homeopática é completa, pois
obrigatória e passa a ser um ato natural; ela é um dos caminhos amorosos para
o amor deixa de ser imposto e torna-se nossa harmonização profunda, nossa re-
algo fácil e simples de ser operacionaliza- conexão com o natural, com os outros,
do. Quando nos voltamos para a prática conosco mesmos e com a ideia espiritua-
consciente e intencional do amor, temos lizante, que é um dos eixos de nossa saú-
o privilégio de ver atos e fatos antes ocul- de, reconhecido até mesmo pela Organi-
tos, alguns dos quais, no contexto religio- zação Mundial de Saúde (OMS), desde
so, podem nos mostrar o quanto o amor 1988, e tambem responsável por grande
de Deus por nós é grande. Basta sair um parte de nossos estímulos à prática do
pouco de nós mesmos e observarmos to- amor.
43
E O QUE É O NÃO AMOR? e que, se queremos compreender e amar,
nada pode fugir da reação ou da relação
De maneira mais simples, podemos inicial- com o contato, por mais desafiador que
mente dizer que o não amor é toda manifes- possa parecer.
tação contrária ao amor, ou seja, ressentimen-
tos, raivas, não aceitação, agressões mentais, Cito aqui novamente esse notável pen-
emocionais, verbais, corporais, autocentra- sador: “O medo é fonte do ódio, que é
mento excessivo que conduz ao egoísmo e à fonte da incompreensão, que é fonte do
arrogância. Segundo Edgar Morin, “A falta medo, em círculos viciosos que se auto-
do amor impede o reconhecimento das qua- -amplificam. Um verdadeiro delírio de
lidades do outro. O excesso do amor impede, cegueira culpando e diabolizando o ini-
pelo ciúme, o reconhecimento da autonomia migo toma conta de populações inteiras.”
do outro. Há passagens de compreensão para (MORIN, 2006, p. 98) Ou seja, caso não
a incompreensão e vice-versa; tanto se com- se amplie a consciência do valor da ho-
preende um ao outro com meia palavra, tanto meopatia como opção saudável na vida
se é como dois estrangeiros.” (MORIN, 2006, dos pacientes, para ajudar no processo
p. 75) de cura integral, pode-se continuar nes-
se “jogo de incompreensão e inconsciên-
Esse pensamento de Morin me traz à cons- cia”, e, enquanto isso, a humanidade per-
ciência a resistência que percebo em muitas de, pois frequentemente se intoxica com
pessoas quanto às práticas integrativas de medicamentos químicos que apresentam
saúde, incluindo o tratamento homeopático, as reações adversas, foge do tratamento
o que leva até mesmo a disputas profissionais por medo do enfrentamento da chamada
e judiciais para impedir o seu processo evolu- “doença”, e, quando resiste a isso, depois
tivo. Muitas vezes, nesse contexto turbulento, chega aos espaços terapêuticos buscando
é a energia do ciúme que se torna presente. o tratamentos ditos “alternativos”, entre
Daí, Morin enfatiza que “a incompreensão os quais se encontra o homeopático, e
produz a vontade de prejudicar, que gera a nós, terapeutas homeopatas, temos como
incompreensão. (...) Nosso cosmos humano compromisso ético cuidar, auxiliar e tra-
é salpicado de enormes buracos de incom- tar o cliente, independentemente de onde
preensão de onde nascem indiferença, indig- ele provém e de como vê seu processo de
nação, desgosto, ódio e desprezo.” (MORIN, adoecimento.
2006, p. 77)
Torna- se interessante também ressaltar a
Porém, pensar em não amor está ainda muito consciência de que a homeopatia surgiu
distante do ódio, ao contrário do que comu- de estudos do MÉDICO HAHNEMANN,
mente se pensa, tendo muito mais conexão que, insatisfeito (não amando) com os re-
com a ideia de desconhecido, pois não posso sultados de uma medicina tradicional, de-
amar aquilo que não me dispus a conhecer, safiou as verdades de sua época, buscando
já que só consigo expressar sentimento ver- um modo de ficar em paz (amar) de novo
dadeiro com relação àquilo com o que tenho com sua missão de curar, e foi ele o pró-
contato. prio experimentador dos remédios home-
opáticos que trouxe e deixou a todos nós
Em se tratando de Homeopatia, assim como como legado. Mas, como muitos ainda
de tantos outros temas importantes para a hu- desconhecem esse legado, têm a tendên-
manidade, percebo que o desconhecimento é cia de não amá-lo, e, por consequência, de

44
maior que qualquer conhecimento expresso, não se beneficiarem dele.
PROBLEMA
Considerando o acima exposto, a pergunta que será investigada nesse trabalho é a
seguinte: Por que tantas pessoas têm dificuldade em aceitar/reconhecer a legitimidade
do tratamento homeopático, demonstrando por ela um sentimento de não amor?

HIPÓTESES
Para tentar responder a essa pergunta, foram levantadas as seguintes hipóteses:

a) Não há conhecimento suficiente a respeito da ciência homeopática, e isso dificulta


o contato do público em geral com essa modalidade terapêutica;

b) Muitas pessoas têm medo do processo de exoneração (expulsão das toxi-


nas existentes no organismo) que pode ocorrer durante o tratamento com a
Homeopatia;

c) Por falta de conhecimento dos próprios miasmas (predisposição genética) de


possíveis doenças que se pode ter, dado o efeito das diversas supressões sintomáticas
experientadas ao longo da vida.

JUSTIFICATIVA
A reflexão sobre o amor ou não amor à Homeopatia despertou em mim depois de
minha mudança de vida após o contato real com essa arte-ciência, por meio da ex-
perimentação de diferentes medicamentos homeopáticos. Em 2012, quanto tive o
primeiro contato com a Homeopatia – Allium Sativum foi a primeira gota home-
opática que ingeri, grande cólica intestinal se manifestou e senti que, a partir daí,
estavam abertas aí minhas “histórias miasmáticas”, lembrando sempre que miasma
é nada mais que nossa disposição, orgânica e psíquica de desenvolvermos doenças.
Vencido esse primeiro momento de dificuldade, não parei as experimentações, e a
cada essência experimentada vinham novas descobertas, e um grande processo de
transformação se iniciou em mim como ser.

45
Durante essa trajetória, despertou a hipertensão, fomos, pedra, planta, animal e homem, dentro de
de que minha família já é “vítima” e a qual já se um processo de contínua evolução.
encontra hoje sob controle. O grande “boom” veio
em 2014, quando, passando por situações delica- No mundo atual, conforme as pessoas vão toman-
das na família, utilizei o medicamento Phospho- do consciência das dificuldades que lhes são impe-
rus, em curto espaço de tempo, na 30, na 200 e tradas a cada dia, não raro torna-se também difícil
depois 1000 CH . Negligência, irresponsabilidade, entrar em contato constante e diariamente com
imaturidade, inexperiência? Sim. Tudo isso e mais as situações problema que enfrentam, e por isso
um pouco, mas, enfim, o resultado é que o miasma buscam diversos caminhos terapêuticos, quando a
da perturbção energética mental foi aberto e pude eles têm acesso e a respeito deles recebem as infor-
ver, viver e sentir coisas que a razão não explica, mações adequadas e necessárias.
e que provocaram abalos profundos. Daí o título
amor e não amor, pois durante o meu episódio Em meio a esse cenário de turbulência, os psicólo-
“Phosphorus 1000 CH”, eu, além de viajar por pla- gos, assim como tantas outras modalidades de te-
nos até então não conhecidos, odiei o momento rapia, buscam a integração: mente – corpo, corpo
em que conheci a Homeopatia, e precisei me “de- - família, família-sociedade, sociedade - universo.
sintoxicar”, pois havia visitado o que julgo ser um Nessa atuação, agem segundo seus profundos co-
miasma que podemos, enquanto família humana, nhecimentos do grande complexo que é a mente
acessar de quando em quando: o da loucura. Após humana, conseguindo bons resultados quando há
a rearmonização, houve um grande aprendizado também a disponibilidade e a vontade do cliente
que restou dessa experiência: de se integrar e tomar consciência real do seu pa-
pel no mundo.
a)É preciso prudência com diluições muito altas,
pois o efeito energético pode ser além do adequa- Por sua vez, os terapeutas integrativos, entre eles
do para o momento: os homeopatas, por ampliarem o conhecimento
da ação energética nos reinos mineral, vegetal,
b)É preciso cuidado com a mente de seu paciente, animal e hominal, contribuem profundamente
buscando indicar aquilo que mais o auxilie no re- para fortalecer a essência do ser no mundo, tor-
equilíbrio mental e emocional, enquanto busca a nando então mais fácil conviver com as intempé-
saúde corporal; ries existenciais e com as dificuldades que a cada
dia assolam a humanidade.
c)É preciso respeito pela disposição e disponibi-
lidade do paciente, procurando fazer uma inter- Por isso, pensar e escrever sobre amor e não amor
venção amorosa em seu contexto, tendo-o sempre à homeopatia me reporta igualmente a Carl Gus-
como foco das decisões, e não ao nosso desejo de tav Jung, quando diz que todo adoecimento emo-
sucesso. cional está diretamente relacionado ao afastamen-
to do amor (JUNG, 2011) . Logo, trabalhar esse
Hoje, bem mais consciente, sei que, realmente, o tema ampliou em mim o grande amor por minha
estudo e a prática da Homeopatia não são para profissão e a disponibilidade em continuar minha
qualquer pessoa, mas para aqueles que não têm jornada humana, ora como psicóloga, ora como
medo de se conhecer e de se olhar de frente, den- homeopata, não deixando, ao mesmo tempo, de
tro da dimensão: Corpo, Mente, Alma, Espírito, exacerbar em mim meu profundo amor por Nosso
ampliando a consciência do que somos ou do que Criador.

46
OBJETIVOS

Geral
Saber se as pessoas conhecem ou não a Homeopatia, identificando possíveis perfis de
quem ama e de que não ama a Homeopatia.

Específicos
Conhecer que tipo de homeopatia é mais usado;

Verificar o que impede o uso da homeopatia pela grande população;

Averiguar em qual classe social a homeopatia é mais presente;


Identificar o que leva a pessoas a não dar continuidade ao tratamento homeopático.

Referencial Teórico Apoio-me também em Edgar Mo-


A ideia inicial é trabalhar o amor rin, no livro “O Método 6 – a ética”,
e não amor à Homeopatia, tendo onde expõe o quanto o amor, com
como base as ideias de amor de sua potência ainda desconhecida,
Erick Fromm, no livro “A Arte de pode auxiliar no crescimento e evo-
Amar”, e buscando os conhecimen- lução de todos os seres, e que o não
tos hahnemanianos da homeopatia, amor pode trazer malefícios a nós,
onde se nos dá claramente a ideia seres dotados dessa capacidade, fa-
de como a essa abordagem age em zendo-nos muitas vezes mergulhar
nosso corpo, em nossa mente, en- na indiferença. Dando também
volvendo todos os reinos, animal, noção clara da grandiosidade do
vegetal, mineral e hominal, de acor- amor pleno e dos prejuízos quando
do com o que se preconiza no Or- não há plenitude desse sentimento,
ganon (HAHNEMANN, 2006). reporta-se à necessidade de fazer
presentes nossos sentimentos, nos
Além de Fromm, busco também dando a ciência de que tudo deve
Jung, no livro “Os Arquétipos e o ser vivido e sentido no aqui e agora,
Inconsciente Coletivo”, obra que me ou seja, todas as reações, sentimen-
reporta a ampliar o conhecimen- tos e ressentimentos devem ser pre-
to de muitos dos efeitos que sinto sentificados, legitimados e compre-
quando entro em contato com a endidos em nossa consciência, pois
homeopatia, pois as reações que se suas consequências são refletidas
manifestam fogem comumente do no nosso modo de pensar, sentir,
controle do indivíduo tratado, acessan- agir e estar no mundo, incluindo aí
do conteúdos até então não sentidos e nossos estados de saúde e adoeci-
nem conhecidos, provavelmente por mento.
estarem adormecidos no inconsciente.

47
METODOLOGIA esse “sinal laranja”, aproximava-me
Foi utilizada neste trabalho a me- e solicitava a resposta à pesquisa.
todologia de pesquisa de campo, Este é um procedimento não con-
por meio de um questionário com vencional, mas, a meu ver, se jus-
dezesseis questões objetivas, e tam- tifica plenamente, haja visto que a
bém com espaço para explicitação Homeopatia não tem nada de con-
de aspectos que não caibam em vencional, pois suas características
respostas padronizadas. A primei- são próprias e seus resultados são
ra parte é sobre percepções do res- ímpares.
pondente, onde o mesmo responde
a questões sobre sua experiência e A partir do critério “uma cor que
conhecimento sobre homeopatia. A amo”, esperei atrair a participação
segunda parte refere-se ao perfil do de pessoas que tivessem energe-
respondente e serve para qualificar ticamente alguma ligação com o
os sujeitos participantes da pesqui- contexto das terapias integrativas e,
sa, permitindo criação de catego- mais especificamente, com a home-
rias e a reflexão a respeito delas. O opatia.
instrumento foi aplicado de modo
aleatório e intuitivo, tendo como A pesquisa foi aplicada durante três
característica determinante para a semanas do mês de outubro do ano
escolha dos respondentes o uso de de 2016 (dois mil e dezesseis), e
algum detalhe nas vestimentas ou reproduzo a seguir o questionário
no corpo que possuísse a cor laran- que foi aplicado.
ja, uma cor que amo. Ao andar pe-
las ruas e frequentar diversos am-
bientes, se observasse aguém com

Os resultados foram tabulados e consolidados em tabela Excel e apresentados


em gráficos da ferramenta Power Point. Os aspectos não objetivos, registrados
no espaço “Comentários livres”, de natureza qualitativa, foram organizados em
uma lista e serviram para auxiliar a verificação das hipóteses levantadas, em co-
tejamento com os resultados quantitativos.

48
FORMULÁRIO DE PESQUISA
Amor e não amor na e pela homeopatia
Pesquisa em andamento como parte do processo de conclusão do
Curso de Extensão em Homeopatia da Universidade Federal de Viçosa

Olá! Solicito a gentileza de voluntariamente colaborar com minha pesquisa, respondendo este questionário que
tem como objetivo identificar o amor e não amor à homeopatia, bem como as possíveis causas dessas percepções.
As informações fornecidas por você terão sigilo garantido e serão fundamentais para o andamento da pesquisa.
Grata pela disponibilidade e me coloco à disposição para qualquer esclarecimento.
Suécia Maria Moreira Damasceno
Email: sm2damasceno@hotmail.com
Telefone: (62) 98432-6060
Goiânia, 13 de setembro de 2016.

PARTE 1 – PERCEPÇÕES DO RESPONDENTE


1. Você conhece Homeopatia?
( ) Sim ( ) Não
2. Já usou Homeopatia?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não me lembro ( ) Não sei
3. Sua experiência foi:
( ) Positiva ( ) Negativa ( ) Não houve resultado ( ) Não me lembro
4. Se usou, foi:
( ) Líquida ( ) Glóbulos ( ) Pomadas, cremes ( ) Comprimidos
5. Sua noção quanto ao preço dos medicamentos:
( ) Acessível ( ) Caro ( ) Não sei
6. O que motiva você a usar Homeopatia
( ) Eficiência ( ) Preço ( ) Resultado ( ) Alternativa saudável
( ) Outros:......................................................................................................
7. O que desmotiva você quanto ao uso da Homeopatia?
( ) Demora do tratamento ( ) Preço da consulta
( ) Valor do medicamento ( ) Número de vezes a tomar diariamente
( ) Difícil encontrar farmácia homeopática ( ) Falta de comprovação
( ) Outros: ..........................................................................
8. Existe, para você, diferença entre Homeopatia e Fitoterapia?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
9. Se sim, qual/quais?
10. Comentários livres
PARTE II – PERFIL DO RESPONDENTE
1) Idade:
( ) 18----25 ( ) 26----35 ( ) 36----45 ( ) 46----55 ( ) 56 acima
2) Sexo:
( ) Masculino ( ) Feminino ( ) Outro
3) Escolaridade:
( ) Sem escolaridade ( ) Fundamental ( ) Médio ( ) Curso técnico
( ) Superior ( ) Pós graduação ( ) Mestrado ( ) Doutorado
4) Renda Familiar (Salário Mínimo: SM)
( ) Menos que SM ( ) 1 SM------2 SM ( ) 2,1 SM----3,SM
( ) 3,1 SM----4 SM ( ) Acima de 4,1 SM
5) Estado Civil:
( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Viúvo ( ) divorciado ( ) União Estável
( ) Outro:..............................................................................

49
6) Sua profissão? ........................................................................
Capítulo 1: Amor e não amor, interesse, pois senti que poderia me auxiliar
conhecimento, desconhecimento e medo mais concretamente nesse processo de auto-
conhecimento e facilitar o mesmo processo
Segundo Freud, o inconsciente é um or- àqueles que me procuram para acompanha-
ganizador interno e imaterial de natureza mento psicoterapêutico. A ideia da Homeo-
exclusivamente pessoal, muito embora ele patia casa-se com a de amplitude de consci-
tenha chegado a discernir as formas do pen- ência e ajuda na evolução dessa consciência
samento arcaico-mitológico do inconscien- até então adormecida (o que pode trazer o
te: “Uma camada mais ou menos superficial adoecimento), além de contribuir para a
do inconsciente é indubitavelmente pessoal, plena cura.
e nós a denominamos inconsciente pessoal”.
(FREUD, 2014). Já o inconsciente coletivo, Hahnemann, dentro de seus conhecimen-
trabalhado mais por Jung, está na camada tos e experiências homeopáticas, nos traz
mais profunda, pois não tem origem em a consciência de que o mal pensar e o mal
experiências ou aquisições pessoais, e é de sentir (não amor) são os grandes geradores
natureza universal, permitindo a conexão do adoecimento, nada mais do que a pertur-
entre os seres humanos de todas as partes bação energética da força anímica que nos
do planeta. faz viver; enquanto a cura é o restabeleci-
mento desse equilíbrio pela eliminação dos
Ambas as abordagens, na minha interpre- traços de somatização (por meio dos medi-
tação, se combinam com a de Hahnemann, camentos homeopáticos), e pela mudança
no parágrafo 9 do Organon, quando nos diz de regime (eliminação da fonte do mal pela
que transformação do indivíduo e das condições
No estado de saúde do individuo de seu ambiente).
reina, de modo absoluto, a força vi-
tal de tipo não material (Autocratie) É fácil pensar e sentir equivocadamente,
que anima o corpo material (orga- especialmente quando sabemos que nossas
nismo) como “Dynamis” , manten-
percepções e visões a respeito de nós mes-
do todas as suas partes em processo
mos, do outro e do ambiente são parciais e
vital admiravelmente harmônico
nas suas sensações e funções, de ma- podem nos conduzir ao erro com frequên-
neira que nosso espírito racional que cia. Podemos amar e sofrer a decepção, por
nele habita, possa servir-se livre- idealizarmos sem ver; e podemos não amar
mente desse instrumento vivo e sa- e perder oportunidades, seja por desconhe-
dio para o mais elevado objetivo de cimento ou medo, ou ambos.
nossa existência.(HAHNEMANN,
2006) Por meio da medicação homeopática, de
natureza energético-vibracional, acessam-
-se conteúdos do inconsciente individual e
coletivo que afloram, trazendo ao somático
Quando do meu contato inicial com a Ho-
estados mórbidos ocultos e conectando o
meopatia, me chamou muita atenção o
indivíduo a uma chance de cura real. Dessa
quanto ela se assemelhou a conteúdo antes
forma, o não amor pode ser substituído pela
visto e conhecido por mim: a teoria dos ar-
compreensão, que leva ao amor. Na home-
quétipos e dos nossos conscientes individu-
opatia, por meio desse processo de revela-
ais e coletivos. Pareceu-me familiar e agra-
dável ver essa conexão, e daí se ampliou meu

50
ção, o que se oculta se mostra e vai-se à base e o quanto não amamos e não somos ama-
da dor, do adoecimento, potencializando a dos enquanto vivemos.
energia vital do organismo e exonerando a
toxina que o levou a sofrer. Durante o tratamento homeopático, adqui-
rimos força para nos apropriarmos desse
Segundo Jung, por esse processo de auto- patrimônio interno, especialmente se com-
-ocultamento, tornamo-nos desconhecidos binamos a medicação homeopática com o
de nós mesmos, e passamos a temer nossa apoio psicoterapêutico, e o autodesconhe-
“carga”, pois nosso consciente ignora os de- cimento e o autotemor podem, finalmente,
pósitos velados de nosso mundo interior: ter uma chance de serem substituídos pelo
auto-amor.

Nas câmaras do coração moram os No entanto, como essa apropriação custa es-
terríveis espíritos sanguinários, a ira forço e demanda compromisso com o pro-
súbita e a fraqueza dos sentidos. Este cesso de autodescoberta, é muito comum
é o modo como o inconsciente é vis- os caminhos que levam a ele – e a Home-
to pelo lado consciente. A consciên- opatia é um deles - serem obstruídos pelo
cia, porém, parece ser essencialmen- não amor, para evitar o possível sofrimento
te uma questão de cérebro, o qual dessa transformação, e gerando a autossa-
vê tudo, separa e vê isoladamente,
botagem que retarda a tomada de posição
inclusive o inconsciente, encarado
do consciente com relação aos conteúdos
sempre como meu inconsciente.
Pensa-se por isso de um modo ge- inconscientes, atrasando, por consequência,
ral que quem desce ao inconsciente a autocura.
chega a uma atmosfera sufocante
de subjetividade egocêntrica, fican-
do neste beco sem saída à mercê do
ataque de todos os animais ferozes Capítulo 2
abrigados na caverna do submundo Apresentação, descrição e discussão do es-
anímico. (JUNG, 2011) tudo realizado

Dessa teoria junguiana de consciente e in- Durante as 3 semanas de aplicação dos ques-
consciente, fica clara a teoria homeopáti- tionários, foram entrevistadas 44 pessoas
ca da cura sempre de dentro para fora e de que tinham algum “sinal laranja” no corpo
cima para baixo, pois, à medida que vamos ou nas vestimentas e nos acessórios, em di-
ampliando nossa consciência sobre nossa ferentes pontos das cidades de Goiânia, Ja-
dificuldades físicas, psíquicas, relacionais, raguá e Professor Jamil, no estado de Goiás.
de nossas toxinas humanas, as quais trans- Esses 44 respondentes pertenciam majorita-
ferimos inconscientemente ao nosso corpo, riamente ao sexo feminino, número bastan-
vamos abrindo espaço para os nossos ado- te semelhantes de solteiros (23) e casais (21),
ecimentos. Muitas vezes não sabemos de com idades variando de 18 a 60 anos, pre-
onde vêm as doenças adquiridas, pois não dominância da formação superior, embora
paramos para avaliar o nosso modo de vida, a grande diversidade de profissões, e renda
familiar média de 4 salários mínimos.

51
A seguir, a apresentação dos gráficos com os resultados das respostas e a discussão de seus possíveis
significados.

Gráfico 1: Conhecimento da Homeopatia


Fonte: elaboração da autora
Os gráficos 1 e 2 apresentam a consoli-
dação de dados referentes à identidade
da homeopatia em si mesma e com re-
lação à fitoterapia, com a qual é comu-
Você conhece a homeopatia? mente confundida. É muito fácil ouvir
de usuários de medicamentos fitoterá-
picos e/ou de medicamentos homeopá-
ticos que demonstram a confusão exis-
tente entre os dois conceitos, que têm
Sim cada um, sua especicficidade. Entre os
Não
respondentes, mesmo os que disseram
conhecer homeopatia e saber que exis-
te diferença entre ela e a fitoterapia não
sabiam precisar os aspectos que diferen-
ciavam uma de outra, demonstrando o
não conhecimento e, portanto, o não-a-
mor.

Pelo perfil profissional dos responden-


tes, é possível perceber a diversidade
Gráfico 2: Diferença entre homeopatia e das formações (de professores a tra-
fitoterapia balhadores domesticos, artistas a co-
Fonte: elaboração da autora merciantes), o que torna os resultados
representativos do contexto social em
que foram coletados e possíveis de se-
rem generalizados para contextos se-
Existe diferença entre fitoterapia e homeopatia? melhantes. Cotejando essa informação
com os resultados dos Gráficos 1, 2 e
3, a predominância da formação supe-
rior parece ser decisiva para declarar o
Sim conhecimento da homeopatia, mas, ao
Não mesmo tempo, não é suficiente para re-
Não sei solver a confusão entre homeopatia e
fitoterapia, sugerindo que, mesmo no
ensino superior, durante o qual se tem
acesso a informações universalizantes,
o desconhecimento desse gênero de te-
rapia é considerável e pode reforçar o
não-amor.

52
Gráfico 3: Uso da homeopatia Os dados do gráfico 3, em comparação
Fonte: elaboração da autora com os dos Gráficos 1 e 2, sugerem que
mesmo os que declararam ter usado ho-
meopatia podem tê-la confundido com
a fitoterapia, já que não sabiam se havia
Você já usou homeopatia? diferença entre elas, ou quando sabiam,
não conseguiram precisar exatamente
qual. Dessa forma, reforça-se o núcleo
“desconhecimento” e a possibilidade
de o não-amor ser adotado/reforçado
Sim como consequência desse afastamento
Não entre a prática homeopática e o público.
Não me lembro
Pelos depoimentos livres, também foi
possível identificar que algumas mães
trataram homeopaticamente seus filhos
enquanto bem novos, descontinuando
o tratamento quando mais velhos, e eles
não se lembravam de terem passado por
esse tipo de abordagem.

Gráfico 4: Tipologia medicamentosa


Fonte: elaboração da autora
Os resultados do Gráfico
4 apontam como mais uti-
Se usou, foi em qual formato? lizados os líquidos e gló-
bulos, apresentações mais
populares entre os usuá-
rios e médicos/terapeutas,
talvez também por serem
preferidas pelas farmácias
de manipulação, dada a
facilidade e o custo de pro-
Líquido dução mais baixo. Como o
Glóbulos preço da consulta home-
Pomadas/cremes opática ainda é proibitivo
Comprimidos para grande parte da po-
pulação, e o serviço ainda
não está integrado às ofer-
tas dos postos de atendi-
mento do Sistema Único
de Saúde, o preço do me-
dicamento parece entrar
como “elemento compen-
satório”: “a consulta é cara,
mas o remédio não.”

53
Gráfico 5: Percepção a respeito da
experiência com homeopatia
Fonte: elaboração da autora

O Gráfico 5 sugere a presen-


ça do amor pela homeopatia,
Sua experiência foi... pois quase o total dos que
tiveram acesso a essa mo-
dalidade de tratamento de-
clarou que a experiência foi
positiva. Esse resultado se
Não sei completa com o exposto nos
Não houve Gráficos 6 e 7, que tratam dos
Positiva motivos indicados para o uso
Negativa da homeopatia: eficiência/
resultado positivo/alternati-
va saudável e preço acessível.

Gráfico 6: Percepção a respeito da Gráfico 7: Percepção a respeito dos


experiência com homeopatia motivos para uso da homeopatia
Fonte: elaboração da autora Fonte: elaboração da autora

O que o motiva a usar a homeopatia?


Sua noção quanto ao preço dos remédios é

Eficiência
Não sei
Preço
Acessível
Caro Resultado positivo
Alternativa saudável

54
Gráfico 8: Motivos para não usar a
homeopatia
Fonte: elaboração da autora

O que o desmsotiva a usar a homeopatia?


Demora no tratamento

Valor do medicamento

Difícil encontrar farmácia


homeopática
Preço da consulta

Número de vezes a tomar


diariamente
Falta de comprovação

Os motivos para não aderir/não da consulta; valor do medicamento


amar a homeopatia dizem respeito e falta de comprovação, revelam, ao
a fatores internos e externos a esta mesmo tempo, a marginalidade e o
modalidade terapêutica. Os internos elitismo desta modalidade terapêutica
- demora no tratamento e número de na cultura brasileira, com poucos pro-
vezes a tomar -, revelam o hábito da fissionais disponíveis, pouca divulga-
supressão de sintomas por meio de ção, falta de relevância no mercado de
medicação química, indicando, tal- produção de medicamentos e pouca
vez, a predominância de uma “men- visibilidade científica.
talidade alopática dos pacientes”. Por
outro lado, seria possível também Pelos comentários livres registrados
que esses aspectos revelem falhas na pelos respondentes, também foi possí-
prescrição homeopática, que não es- vel captar o desejo de que essa moda-
taria atingindo os objetivos de obter lidade de tratamento seja mais visível
efeitos rápidos, suaves e duradouros, e acessível à população de modo ge-
conforme preconiza Hahnemann no ral, contribuindo para a melhoria da
Organon. oferta de serviços e oportunidades aos
pacientes, por intermédio do Sistema
Já os externos: dificuldade em encon- Único de Saúde.
trar farmácias homeopáticas; preço

55
CONCLUSÕES e das diversas supressões (encapsulamento
dos germes com medicamentos químicos)
Com base nos estudos realizados para veri- experimentadas ao longo da vida – a afirma-
ficar a validade das hipóteses levantadas, é tiva é válida. A observação dos comentários
possível afirmar que: livres mostrou que a maioria da população
não tem consciência desses riscos nem da
Quanto à hipótese 1 - Não há conhecimen- presença deles como fatores que predipõem
to suficiente a respeito das ciências homeo- ao adoecimento, e, igualmente, não associa a
páticas, e isso dificulta o contato do público ideia de Homeopatia a algo que consiga in-
em geral com essa modalidade terapêutica terferir positivamente nesse contexto.
– essa afirmação é válida, pois mesmo quem
afirmou conhecer homeopatia a confundiu Dessa forma, é possível concluir, neste tra-
com outras abordagens, comumente com a balho, que:
fitoterapia, e não conseguiu citar suas carac-
terísticas, insistindo muito na percepção de A Homeopatia como terapia integrativa
que é um “tratamento mais natural”. Nem ainda não está suficientemente disponível à
mesmo as pessoas com formação superior, população das 3 cidades de Goiás que parti-
que constituiam a maioria dos 44 entrevis- ciparam do estudo, e, provavelmente, tam-
tados, foram capazes de ultrapassar essa li- bém no Brasil, necessitando ser mais bem
mitação. divulgada por todas as formas possíveis, ca-
bíveis e adequadas, para que para que possa
Quanto à hipótese 2 - Muitas pessoas têm ser conhecida e “amada” pelos que a expe-
medo do processo de exoneração (expulsão rimentarem. Pode-se inferir que, à medida
das toxinas existentes no organismo) que que essa divulgação ocorrer de forma mais
pode ocorrer durante o tratamento com a eficaz, aumentando o conhecimento a res-
Homeopatia – essa afirmativa revelou-se in- peito da Homeopatia, aumentarão também
válida, pois, no universo dos entrevistados, os pontos de (i) formação de profissionais
ninguém se referiu a isso, nem oralmente homeopatas, (ii) de consulta e atendimen-
nem nos comentários livres, o que reforça to ao público nesta modalidade terapêutica,
ainda mais a hipótese 1, pois somente sabe- (iii) de manipulação e venda de medicamen-
ria da exoneração quem tivesse um conheci- tos homeopáticos, universalizando a oferta
mento mais específico da doutrina e da prá- desse serviço à população brasileira;
tica homeopáticas;
As tipologias de medicamentos homeopáti-
Quanto à hipótese 3 - Por falta de conheci- cos mais conhecidas (amados) são os líqui-
mento dos próprios miasmas (predisposi- dos e os glóbulos, enquanto que comprimi-
ção genética a determinados adoecimentos) dos, sprays, pomadas e cremes ficam quase
dado ao efeito do modo de vida equivocado na invisibilidade (não amados), quando po-

56
deriam ser também mais utilizados em dife- mentassem não terem compreendido antes,
rentes casos de tratamento. Para ampliar o pois essa não compreensão, inclusive, os ha-
leque da tipologia em oferta, seria interes- via feito perder oportunidades de acesso a
sante estudar mais casos em que a ingestão essa modalidade terapêutica.
convencional não se aplica, verificando a
possibilidade de melhoria das indicações e O estudo acurado das matérias médicas
barateamento dos custos de produção dos e da doutrina homeopática no geral pode
demais tipos; auxiliar os homeopatas a minimizarem os
descompassos do tratamento, permitindo
A Homeopatia pode ser positivamente por uma abordagem mais segura e eficaz junto
camadas socioeconômicas bem distintas da aos adoecidos que ajude a eliminar as per-
população brasileira, embora a formação es- cepções negativas – demora nos resultados e
colar mais elevada constitua um importante quantidade de vezes a tomar -, e auxiliando-
patamar de acesso a ela, especialmente por -os a encontrar os caminhos do auto-amor e
permitir o pagamento de consultas especia- do amor à homeopatia.
lizadas, devido às maiores rendas por parte
de quem estuda mais. Durante as entrevis- Para percepções e observações mais amplas
tas para preenchimento dos questionários, e acuradas, seria preciso a aplicação do ins-
bastava uma pequena explicação para que trumento a outros públicos, e/ou sua refor-
os respondentes menos instruídos compre- mulação, incluindo novos itens e organizan-
endessem os princípios do tratamento e la- do novos estudos.

REFERÊNCIAS
BEZERRA, Vinicius. Eric Fromm e a arte de amar. Revista Espaço Acadêmico, nº 110, 2010. Disponível em http://
www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/viewFile/10487/5778 Acesso em 23 de out.
2016.

FREUD, Sigmund. A psicologia das massas e a análise do eu. 9ª ed. São Paulo: L&PM Pocket. 2014.

FROM, Eric. A arte de amar. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

HANNEMANN, Samuel. Organon da arte de curar. 6ª ed., Tradução: David Castro, Rezende Filho, Kamil Curi .
São Paulo: GEHSP “Benoit Mure”, 2013.

JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. 7ª ed., Trad. Maria Luiza Appy. São Paulo: Vozes,
2011.

MERMET, Rey. A fé explicada aos jovens e adultos. São Paulo:Paulinas, 1979.

MORIN, Edgar. La méthode 6 Éthique. Tradução: SILVA, Juremir Machado. O método 6: ética. Porto Alegre:
Editora Meridional/Sulina, 2005.

57
HOMEOPATIA
EM REDE
Os links a seguir contém notícias e informações im-
portantes para os estudos homeopáticos.
Vamos apreciar?

https://jornal.usp.br/artigos/o-papel-da-
-agua-na-homeopatia/

http://www.eventos.usp.br/?events=ho-
meopatia-e-acupuntura-sao-algumas-
-das-praticas-apresentadas-em-semina-
rio-na-usp

http://blogs.correiobraziliense.com.br/
maisbichos/homeopatia-para-pets/

http://homeopatia.bvs.br/vhl/confira-
-mais-sobre-a-homeopatia/softwares/

http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/
homeopaticos/index.htm

58

Você também pode gostar