Você está na página 1de 802

Exame Nacional do Ensino Médio

ENEM
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

VOLUME 1

HISTÓRIA, GEOGRAFIA, FILOSOFIA E SOCIOLOGIA


• ..... Diversidade cultural, conflitos e vida em sociedade – Cultura material e imaterial; patrimônio e diversidade cultural no Brasil. A conquista da
América. Conflitos entre europeus e indígenas na América colonial. A escravidão e formas de resistência indígena e africana na América.
História cultural dos povos africanos. A luta dos negros no Brasil e o negro na formação da sociedade brasileira. História dos povos
indígenas e a formação sociocultural brasileira. Movimentos culturais no mundo ocidental e seus impactos na vida política e social......................01
• ..Formas de organização social, movimentos sociais, pensamento político e ação do Estado – Cidadania e democracia na Antiguidade; Estado
e direitos do cidadão a partir da Idade Moderna; democracia direta, indireta e representativa. Revoluções sociais e políticas na Europa Moderna.
Formação territorial brasileira; as regiões brasileiras; políticas de reordenamento territorial. As lutas pela conquista da independência política
das colônias da América. Grupos sociais em conflito no Brasil imperial e a construção da nação. O desenvolvimento do pensamento liberal
na sociedade capitalista e seus críticos nos séculos XIX e XX. Políticas de colonização, migração, imigração e emigração no Brasil nos
séculos XIX e XX. A atuação dos grupos sociais e os grandes processos revolucionários do século XX: Revolução Bolchevique, Revolução
Chinesa, Revolução Cubana. Geopolítica e conflitos entre os séculos XIX e XX: Imperialismo, a ocupação da Ásia e da África, as Guerras
Mundiais e a Guerra Fria. Os sistemas totalitários na Europa do século XX: nazi- fascista, franquismo, salazarismo e stalinismo. Ditaduras
políticas na América Latina: Estado Novo no Brasil e ditaduras na América. Conflitos político-culturais pós-Guerra Fria, reorganização política
internacional e os organismos multilaterais nos séculos XX e XXI. A luta pela conquista de direitos pelos cidadãos: direitos civis, humanos,
políticos e sociais. Direitos sociais nas constituições brasileiras. Políticas afirmativas. Vida urbana: redes e hierarquia nas cidades,
pobreza e segregação espacial..............................................................................................................................................................................01
• Características e transformações das estruturas produtivas – Diferentes formas de organização da produção: escravismo antigo, feudalismo,
capitalismo, socialismo e suas diferentes experiências. Economia agroexportadora brasileira: complexo açucareiro; a mineração no período
colonial; a economia cafeeira; a borracha na Amazônia. Revolução Industrial: criação do sistema de fábrica na Europa e transformações no
processo de produção. Formação do espaço urbano-industrial. Transformações na estrutura produtiva no século XX: o fordismo, o toyotismo,
as novas técnicas de produção e seus impactos. A industrialização brasileira, a urbanização e as transformações sociais e trabalhistas.
A globalização e as novas tecnologias de telecomunicação e suas consequências econômicas, políticas e sociais. Produção e transformação
dos espaços agrários. Modernização da agricultura e estruturas agrárias tradicionais. O agronegócio, a agricultura familiar, os assalariados
do campo e as lutas sociais no campo. A relação campo-cidade ....... ..................................................................................................................76
• Os domínios naturais e a relação do ser humano com o ambiente – Relação homem- natureza, a apropriação dos recursos naturais pelas
sociedades ao longo do tempo. Impacto ambiental das atividades econômicas no Brasil. Recursos minerais e energéticos: exploração e
impactos. Recursos hídricos; bacias hidrográficas e seus aproveitamentos. As questões ambientais contemporâneas: mudança climática,
ilhas de calor, efeito estufa, chuva ácida, a destruição da camada de ozônio. A nova ordem ambiental internacional; políticas territoriais
ambientais; uso e conservação dos recursos naturais, unidades de conservação, corredores ecológicos, zoneamento ecológico e econômico.
Origem e evolução do conceito de sustentabilidade. Estrutura interna da terra. Estruturas do solo e do relevo; agentes internos e externos
modeladores do relevo. Situação geral da atmosfera e classificação climática. As características climáticas do território brasileiro. Os grandes
domínios da vegetação no Brasil e no mundo .............. .........................................................................................................................................62
• Representação espacial – Projeções cartográficas; leitura de mapas temáticos, físicos e políticos; tecnologias modernas aplicadas à
cartografia ......................... ...................................................................................................................................................................................175

1 ENEM - VOL.1

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos

A PRESENTE APOSTILA NÃO ESTÁ VINCULADA A EMPRESA ORGANIZADORA DO CONCURSO


PÚBLICO A QUE SE DESTINA, ASSIM COMO SUA AQUISIÇÃO NÃO GARANTE A INSCRIÇÃO DO
CANDIDATO OU MESMO O SEU INGRESSO NA CARREIRA PÚBLICA.

O CONTEÚDO DESTA APOSTILA ALMEJA ENGLOBAR AS EXIGENCIAS DO EDITAL, PORÉM, ISSO


NÃO IMPEDE QUE SE UTILIZE O MANUSEIO DE LIVROS, SITES, JORNAIS, REVISTAS, ENTRE OUTROS
MEIOS QUE AMPLIEM OS CONHECIMENTOS DO CANDIDATO, PARA SUA MELHOR PREPARAÇÃO.

ATUALIZAÇÕES LEGISLATIVAS, QUE NÃO TENHAM SIDO COLOCADAS À DISPOSIÇÃO ATÉ A


DATA DA ELABORAÇÃO DA APOSTILA, PODERÃO SER ENCONTRADAS GRATUITAMENTE NO SITE DA
APOSTILAS OPÇÃO, OU NOS SITES GOVERNAMENTAIS.

INFORMAMOS QUE NÃO SÃO DE NOSSA RESPONSABILIDADE AS ALTERAÇÕES E RETIFICAÇÕES


NOS EDITAIS DOS CONCURSOS, ASSIM COMO A DISTRIBUIÇÃO GRATUITA DO MATERIAL RETIFICADO,
NA VERSÃO IMPRESSA, TENDO EM VISTA QUE NOSSAS APOSTILAS SÃO ELABORADAS DE ACORDO
COM O EDITAL INICIAL. QUANDO ISSO OCORRER, INSERIMOS EM NOSSO SITE,
www.apostilasopcao.com.br, NO LINK “ERRATAS”, A MATÉRIA ALTERADA, E DISPONIBILIZAMOS
GRATUITAMENTE O CONTEÚDO ALTERADO NA VERSÃO VIRTUAL PARA NOSSOS CLIENTES.

CASO HAJA ALGUMA DÚVIDA QUANTO AO CONTEÚDO DESTA APOSTILA, O ADQUIRENTE


DESTA DEVE ACESSAR O SITE www.apostilasopcao.com.br, E ENVIAR SUA DÚVIDA, A QUAL SERÁ
RESPONDIDA O MAIS BREVE POSSÍVEL, ASSIM COMO PARA CONSULTAR ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS
E POSSÍVEIS ERRATAS.

TAMBÉM FICAM À DISPOSIÇÃO DO ADQUIRENTE DESTA APOSTILA O TELEFONE (11) 2856-6066,


DENTRO DO HORÁRIO COMERCIAL, PARA EVENTUAIS CONSULTAS.

EVENTUAIS RECLAMAÇÕES DEVERÃO SER ENCAMINHADAS POR ESCRITO, RESPEITANDO OS


PRAZOS ESTITUÍDOS NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.

É PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTA APOSTILA, DE ACORDO COM O


ARTIGO 184 DO CÓDIGO PENAL.

APOSTILAS OPÇÃO

A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
pela expulsão dos muçulmanos. Antecipando-se aos demais países euro-
peus, Portugal já é uma nação centralizada politicamente em torno de um
único monarca no século XII. O primeiro rei de Portugal, Afonso I, assume
o trono pelas armas em 1139. Ele inaugura a dinastia dos Borgonha,
reconhecida pelo papa em 1179.
Vocação comercial e marítima – Na porta de saída do Mediterrâneo
para o Atlântico, os portos de Portugal são pontos de passagem obrigatória
• Diversidade cultural, conflitos e vida em sociedade – Cultura para as embarcações que percorrem a rota entre as cidades italianas e os
material e imaterial; patrimônio e diversidade cultural no Brasil. mercados do norte da Europa. Cedo surgem ricos comerciantes e armado-
A conquista da América. Conflitos entre europeus e indígenas res, e os marinheiros portugueses conhecem todos os portos da Europa e
na América colonial. A escravidão e formas de resistência do norte da África.
indígena e africana na América. História cultural dos povos A dinastia de Avis – Na época das grandes navegações e descobri-
africanos. A luta dos negros no Brasil e o negro na formação mentos, reina em Portugal a Casa de Avis, dinastia fundada por dom João
da sociedade brasileira. História dos povos indígenas e a for- I, o Mestre de Avis, em 1385, após uma crise sucessória no reino. Ele
mação sociocultural brasileira. Movimentos culturais no mun- conquista a Coroa pelas armas, apoiado pela pequena nobreza, campone-
do ocidental e seus impactos na vida política e social. ses, comerciantes, armadores e ricos representantes dos ofícios urbanos.
• Formas de organização social, movimentos sociais, pensa- Todos têm um interesse em comum: a expansão comercial e marítima.
mento político e ação do Estado – Cidadania e democracia na Escola de Sagres
Antiguidade; Estado e direitos do cidadão a partir da Idade A busca de uma nova rota para o Oriente exige o aperfeiçoamento das
Moderna; democracia direta, indireta e representativa. Revolu- técnicas de navegação até então conhecidas. Portugal faz isso sob a
ções sociais e políticas na Europa Moderna. Formação territo- direção do infante dom Henrique, irmão do rei dom João I. O infante reúne
rial brasileira; as regiões brasileiras; políticas de reordenamen- no promontório de Sagres, no Algarve, os maiores especialistas em nave-
to territorial. As lutas pela conquista da independência política gação, cartografia, astronomia, geografia e construção naval. Forma,
assim, o mais completo e inovador centro de estudos náuticos da época.
das colônias da América. Grupos sociais em conflito no Brasil
imperial e a construção da nação. O desenvolvimento do pen- Tecnologia marítima portuguesa – Os especialistas de Sagres aper-
feiçoam instrumentos de navegação, como a bússola, o astrolábio, o
samento liberal na sociedade capitalista e seus críticos nos
quadrante, a balestilha e o sextante. Desenvolvem a cartografia moderna e
séculos XIX e XX. Políticas de colonização, migração, imigra- são os primeiros a calcular com precisão a circunferência da Terra em
ção e emigração no Brasil nos séculos XIX e XX. A atuação dos léguas, numa época em que poucos acreditavam que o planeta fosse
grupos sociais e os grandes processos revolucionários do redondo.
século XX: Revolução Bolchevique, Revolução Chinesa, Revo- Caravela latina – Em Sagres nasce a caravela latina: robusta para
lução Cubana. Geopolítica e conflitos entre os séculos XIX e poder enfrentar mar alto e tempo ruim, pequena para explorar litorais
XX: Imperialismo, a ocupação da Ásia e da África, as Guerras recortados e ágil para navegar com ventos contrários. Com essa embarca-
Mundiais e a Guerra Fria. Os sistemas totalitários na Europa do ção exclusiva dos portugueses, os navegadores do reino enfrentam os
século XX: nazi- fascista, franquismo, salazarismo e stalinis- perigos e surpresas do "mar Oceano", exploram o litoral da África e encon-
mo. Ditaduras políticas na América Latina: Estado Novo no tram o caminho marítimo para o Oriente.
Brasil e ditaduras na América. Conflitos político-culturais pós- Expansão marítima portuguesa
Guerra Fria, reorganização política internacional e os organis-
A tomada de Ceuta, no norte da África, em 1415, marca o início da ex-
mos multilaterais nos séculos XX e XXI. A luta pela conquista pansão portuguesa rumo à África e à Ásia. Em menos de um século,
de direitos pelos cidadãos: direitos civis, humanos, políticos e Portugal domina as rotas comerciais do Atlântico sul, da África e da Ásia.
sociais. Direitos sociais nas constituições brasileiras. Políticas Sua presença é tão marcante nesses mercados que, do século XVI ao
afirmativas. Vida urbana: redes e hierarquia nas cidades, po- XVIII, o português é usado nos portos como língua franca – aquela que
breza e segregação espacial. permite o entendimento entre marinheiros de diferentes nacionalidades.
Financiamento das viagens – A expansão ultramarina envolve somas
milionárias. Para financiá-la, a Coroa portuguesa aumenta impostos, recor-
No século XV a nova burguesia europeia e parcelas da nobreza bus-
re a empréstimos junto a grandes comerciantes e banqueiros, inclusive
cam na expansão comercial uma saída para a crise econômica do conti-
italianos, e aos recursos acumulados pela Ordem de Cristo, herdeira da
nente. Procuram novos mercados produtores e consumidores, já que o
antiga Ordem dos Templários.
comércio entre Europa e Oriente feito através do Mediterrâneo é insuficien-
te para gerar as riquezas necessárias para solucionar a crise europeia. Templários – Braço armado da Igreja, a Ordem dos Templários enri-
Tentam superar o controle exercido por Veneza e Gênova sobre os produ- quece com os saques realizados no Oriente Médio durante as cruzadas,
tos das Índias, nome genérico que inclui todo o Oriente. nos séculos XII e XIII. Com hierarquia própria, homens armados e muito
Novas rotas comerciais – Os objetivos da nova burguesia comercial dinheiro, transforma-se em um poder paralelo dentro da Igreja. Dissolvida
europeia são alcançar a África, com suas cobiçadas fontes de ouro e prata, pelo papa, os integrantes da ordem são perseguidos por toda a Europa.
e as Índias, terra das especiarias, sedas e pedrarias. O empreendimento é Portugal acolhe os templários e suas fortunas durante o reinado de dom
dispendioso e arriscado. Significa sair do mar Mediterrâneo e enfrentar o Diniz, de 1279 a 1325. Eles fundam a Ordem de Cristo. Dom Henrique,
desconhecido "mar Oceano", ou "mar Tenebroso", como o Atlântico é membro da ordem e administrador de seus recursos, usa essa riqueza
chamado na época. Entre todos os povos que se organizam para a aventu- para financiar o projeto ultramarino.
ra, os portugueses saem na frente, seguidos por espanhóis, ingleses, Conquista da costa africana – Entre 1421 e 1434 os lusitanos che-
franceses e holandeses. gam aos arquipélagos da Madeira e dos Açores e avançam para além do
Pioneirismo de Portugal cabo Bojador. Em 1436 atingem o Rio Douro e começam a conquista da
Um conjunto de fatores favoráveis explica a dianteira dos portugueses Guiné. Ali se apropriam da Mina, centro aurífero explorado pelos reinos
na expansão marítima do século XV. Os mais importantes são a precoce nativos em associação aos comerciantes mouros, a maior fonte de ouro de
centralização política do reino, posição geográfica, rápida formação de uma toda a história de Portugal. Em 1441 os portugueses chegam ao cabo
burguesia comercial e, o mais significativo, uma dinastia que aposta na Branco. Em 1444 atingem a ilha de Arguim, onde instalam a primeira
expansão comercial. feitoria em território africano, e iniciam a comercialização de escravos,
marfim e ouro. Entre 1445 e 1461 descobrem Cabo Verde, navegam pelos
Centralização política de Portugal – O surgimento de Portugal como
rios Senegal e Gâmbia e avançam até Serra Leoa. De 1470 a 1475 explo-
nação independente está vinculado às lutas travadas na península Ibérica
ram a costa de Serra Leoa até o cabo Santa Catarina. Em 1482 chegam a

Ciências Humanas e suas Tecnologias 1 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
São Jorge da Mina e avançam até o rio Zaire, o trecho mais difícil da costa
ocidental africana. Cinco anos mais tarde, em 1487, Bartolomeu Dias
atinge o cabo das Tormentas, no extremo sul do continente – que passa a
ser chamado de cabo da Boa Esperança –, e atinge o Índico. Conquista,
assim, o trecho mais difícil do caminho para as Índias.
Cristóvão Colombo em Sagres – Na época em que os portugueses
atingem a foz do rio Zaire, Cristóvão Colombo trabalha para Portugal e
integra a equipe de pilotos de Sagres. Ali elabora seus cálculos – errados –
sobre a circunferência da Terra em léguas: imagina as Índias muito mais
próximas da Europa. Em 1483 oferece ao rei de Portugal dom João II seu
projeto de alcançar as Índias pelo ocidente. Como os portugueses já têm
seus próprios planos – chegar às Índias contornando a África –, rejeitam a
proposta de Colombo, mais tarde bancada pela Espanha. Fonte – Barsa
Projeto de navios do período da Expansão
Expansão Marítima
História Por Algosobre
Eram enormes as dificuldades que tinham de ser superadas para na-
vegar pelos oceanos. As embarcações tinham de ser melhoradas e as
A crise de crescimento do século XV técnicas de navegação precisavam ser aprimoradas. No século XV, inven-
tou-se a caravela. A bússola e o astrolábio passaram a ser empregados
No início da Idade Moderna, surgiu um descompasso na economia eu-
como instrumentos de orientação no mar, e a cartografia passou por gran-
ropeia, entre a capacidade de produção e consumo na zona rural e na
des progressos. Ao mesmo tempo, a antiga concepção sobre a forma da
zona urbana. A produção agrícola no campo estava limitada pelo regime de
Terra começou a ser posta em dúvida. Seria a Terra realmente um disco
trabalho servil. O resultado disso era uma produtividade baixa e, conse-
chato e plano, cujos limites eram precipícios sem fim? Uma nova hipótese
quentemente, a falta de alimentos para abastecer os núcleos urbanos. Já a
sobre a forma de nosso planeta começou a surgir: o planeta teria a forma
produção artesanal nas cidades era alta e não encontrava consumidores
de uma esfera.
na zona rural, devido ao baixo poder aquisitivo dos trabalhadores rurais e
ao caráter auto-suficiente da produção feudal. Nessa nova concepção, se alguém partisse de um ponto qualquer da
Terra e navegasse sempre na mesma direção, voltaria ao ponto de partida.
Além disso, o comércio internacional europeu, baseado na compra de
O desejo de desbravar os oceanos, descobrir novos mundos e fazer fortu-
produtos orientais (especiarias, objetos raros, pedras preciosas), tendia a
na animava tanto os navegantes, que eles chegavam a se esquecer do
se estagnar, pois os nobres, empobrecidos pela crise do feudalismo, cada
medo que tinham do desconhecido. Dois Estados se destacaram na con-
vez compravam menos essas mercadorias. Os tesouros acumulados pela
quista dos mares: Portugal e Espanha."
nobreza durante as Cruzadas escoavam para o Oriente, em pagamento
das especiarias. O resultado disso foi a escassez de metais preciosos na Consequências dos grandes descobrimentos.
Europa, o que criava mais dificuldades ainda para o desenvolvimento do
comércio. A expansão marítima europeia iniciou uma fase de crescente interde-
pendência mundial, em proveito das nações colonizadoras, que dominaram
A solução para esses problemas estava na exploração de novos mer- o mundo política, econômica e culturalmente até 1914. Tal hegemonia foi
cados, capazes de fornecer alimentos e metais preciosos a baixo custo e, total na América, cuja população indígena, dizimada na maior parte, só
ao mesmo tempo, aptos para consumir os produtos artesanais fabricados sobreviveu na medida em que pôde adaptar-se às novas condições de vida
nas cidades europeias. Mas onde encontrar esses novos mercados? impostas pelos conquistadores. A África negra foi devastada demográfica e
culturalmente pelo tráfico negreiro, que forneceu milhões de escravos ao
O comércio com o Oriente estava indicando o caminho. Os mercados
Novo Mundo. A partir do século XVIII e sobretudo no XIX, a Ásia oriental
da Índia, da China e do Japão eram controlados pelos mercadores árabes
(exceto o Japão) e a Oceania ficaram submetidas aos interesses políticos e
e seus produtos chegavam à Europa ocidental através do mar Mediterrâ-
econômicos do Ocidente. O Atlântico e o Pacífico predominaram desde
neo, controlado por Veneza, Gênova e outras cidades italianas. O grande
então no comércio mundial.
número de intermediários nesse longo trajeto encarecia muito as mercado-
rias. Mas se fosse descoberta uma nova rota marítima que ligasse a Euro- Na Europa, o afluxo do ouro e da prata da América, do século XVI ao
pa diretamente aos mercados do Oriente, o preço das especiarias se XVIII, superou em muito o do ouro africano do século XV e influenciou
reduziria e as camadas da população europeia com poder aquisitivo mais poderosamente as transformações econômicas, sociais e políticas, das
baixo poderiam vir a consumi-las. quais a burguesia foi a principal beneficiária. Os produtos tropicais originá-
rios do Novo Mundo (algodão e fumo) ou nele introduzidos (açúcar) torna-
No século XV, a burguesia europeia, apoiada por monarquias nacio-
ram-se fonte de riqueza para minorias de colonos europeus e suas respec-
nais fortes e capazes de reunir grandes recursos, começou a lançar suas tivas metrópoles, generalizando-se seu consumo na Europa e mesmo em
embarcações nos oceanos ainda desconhecidos — Atlântico, Indico e outros continentes, a exemplo do fumo na África e na Ásia. Plantas alimen-
Pacífico - em busca de novos caminhos para o Oriente. Nessa aventura
tícias americanas como a batata e o milho melhoraram a dieta popular
marítima, os governos europeus dominaram a costa da África, atingiram o
europeia. Generalizou-se o consumo de especiarias, os produtos de luxo
Oriente e descobriram um mundo até então desconhecido: a América.
orientais difundiram-se e geraram imitações (porcelana). E a geografia, as
Com a descoberta de novas rotas comerciais, a burguesia europeia ciências biológicas, a história e a etnografia enriqueceram-se enormemen-
encontrou outros mercados fornecedores de alimentos, de metais precio- te.
sos e de especiarias a baixo custo. Isso permitiu a ampliação do mercado
-o0o-
consumidor, pois as pessoas de poder aquisitivo mais baixo puderam
adquirir as mercadorias, agora vendidas a preços menores. A História do Brasil compreende, tradicionalmente, o período desde a
chegada dos portugueses até os dias atuais, embora o seu território seja
A expansão comercial e marítima dos tempos modernos foi, portanto,
habitado continuamente desde tempos pré-históricos por povos indígenas.
uma consequência da crise de crescimento da economia europeia.
Após a chegada dePedro Álvares Cabral, capitão-mor de expedição portu-
Outras condições à expansão marítima europeia guesa a caminho das Índias, ao litoral sul da Bahia em 1500, aCoroa
portuguesa implementou uma política de colonização para a terra recém-
A expansão marítima só foi possível graças à centralização do poder descoberta a partir de 1530. A colonização europeia se organizou por meio
nas mãos dos reis. Um comerciante rico, uma grande cidade ou mesmo da distribuição de capitanias hereditárias pela coroa portuguesa a mem-
uma associação de mercadores muito ricos não tinham condições de reunir bros da nobreza e pela instalação de um governo-geral em 1548.
o capital necessário para esse grande empreendimento. Apenas o rei era
capaz de captar recursos de toda a nação para financiar as viagens ultra-
marinas.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 2 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
nicação, extinguiu os partidos políticos e criou o bipartidarismo. Após o fim
do regime militar, os deputados federais e senadores se reuniram , em
1988, em assembleia nacional constituintee promulgaram a nova Constitui-
ção, que amplia os direitos individuais. O país se redemocratiza,avança
economicamente e cada vez mais se insere no cenário internacional.
Período colonial (1500-1808)
A chegada dos portugueses
O período compreendido entre o Descobrimento do Brasil em 1500,
(chamado pelos portugueses de Achamento do Brasil), até a Independên-
cia do Brasil, é chamado, no Brasil, de Período Colonial. Os portugueses,
porém, chamam este período de A Construção do Brasil, e o estendem até
1825- 1826 quando Portugal reconheceu a independência do Brasil.
Há algumas teorias sobre quem foi o primeiro europeu a chegar nas
terras que hoje formam o Brasil. Entre elas, destacam-se a que defende
que foi Duarte Pacheco Pereira entre novembro e dezembro de 1498
[15][16] e a que argumenta que foi o espanholVicente Yáñez Pinzón no dia
A economia da colônia, iniciada com o extrativismo do pau-brasil e as 16 de janeiro de 1500. No entanto, oficialmente o Brasil foi descoberto em
trocas entre os colonos e os índios, gradualmente passou a ser dominada 22 de abril de 1500, pelo capitão-mor duma expedição portuguesa em
pelo cultivo da cana-de-açúcar para fins de exportação. Com a expansão busca das Índias, Pedro Álvares Cabral, que chegou ao litoral sul daBahia,
dos engenhos e a ocupação de novas áreas para seu cultivo, o território na região da atual cidade de Porto Seguro, mais precisamente no distrito
brasileiro se insere nas rotas de comércio do velho mundo e passa a ser de Coroa Vermelha,
paulatinamente ocupado por senhores de terra, missionários, homens
livres e largos contingentes de escravos africanos. No final do século XVII No dia 9 de março de 1500, o português Pedro Álvares Cabral, saindo
de Lisboa, iniciou viagem para oficialmente descobrir e tomar posse das
foram descobertas ricas jazidas de ouro nos atuais estados de Minas
novas terras para a Coroa, e depois seguir viagem para a Índia, contornan-
Gerais, Goiás e Mato Grosso que foi determinante para o povoamento do
do a África para chegar aCalecute.[21] Levava duas caravelas e 13 naus, e
interior do Brasil. Em 1789, quando a Coroa portuguesa anunciava aDer-
por volta de 1 500 homens - entre os mais experientes Nicolau Coelho, que
rama, medida para cobrar supostos impostos atrasados, eclodiu em Vila
acabava de regressar da Índia; Bartolomeu Dias, que descobrira o cabo da
Rica (atual Ouro Preto) a Inconfidência Mineira. A revolta fracassou e, em
Boa Esperança, e seu irmão Diogo Dias, que mais tarde Pero Vaz de
1792, um de seus líderes, Tiradentes, morreu enforcado.
Caminha descreveria dançando na praia em Porto Seguro com os índios,
Em 1808, com a transferência da corte portuguesa para o Brasil, fu- «ao jeito deles e ao som de uma gaita». As principais naus se chamavam
gindo das tropas de Napoleão Bonaparte, o Príncipe-regente Dom João de Anunciada, São Pedro, Espírito Santo, El-Rei, Santa Cruz, Fror de la
Bragança, filho da Rainha Dona Maria I, abriu os portos da então colônia, Mar,Victoria e Trindade.[24] O vice-comandante da frota era Sancho de
permitiu o funcionamento de fábricas e fundou o Banco do Brasil. Em 1815, Tovar e outros capitães eram Simão de Miranda, Aires Gomes da Silva,
o então Estado do Brasil, uma colônia do império português, tornou-se um Nuno Leitão,[25] Vasco de Ataíde, Pero Dias, Gaspar de Lemos, Luís
reino unido com Portugal, e a então Rainha Dona Maria I, foi coroada Pires, Simão de Pina, Pedro de Ataíde, de alcunha o inferno, além dos já
rainha do reino unido de Portugal, Brasil e Algarves. Com a morte da mãe, citados Nicolau Coelho e Bartolomeu Dias. Por feitor, a armada trazia Aires
o então Príncipe-regente Dom João de Bragança foi coroado rei, em 1816. Correia, que havia de ficar na Índia, e por escrivães Gonçalo Gil Barbosa e
Logo depois volta para Portugal, deixando seu filho mais velho, Dom Pedro Pero Vaz de Caminha. Entre os pilotos, que eram os verdadeiros navega-
de Alcântara de Bragança, o príncipe real do reino unido, como regente do dores, vinham Afonso Lopes e Pero Escobar. Diz a Crônica do Sereníssi-
Brasil. mo Rei D. Manuel I:
Em 7 de setembro de 1822, Dom Pedro de Alcântara proclamou a in- E, porque el Rei sempre foi mui inclinado às coisas que tocavam a
dependência do Brasil em relação ao reino unido de Portugal, Brasil e nossa Santa fé católica, mandou nesta armada oito frades da ordem de S.
Algarves, e fundou o Império do Brasil, sendo coroado imperador como Francisco, homens letrados, de que era Vigário frei Henrique, que depois
Dom Pedro I. O mesmo reinou até 1831, quando abdicou e passou a Coroa foi confessor del Rei e Bispo de Ceuta, os quais como oito capelães e um
brasileira ao seu filho, Dom Pedro de Alcântara, que tinha apenas cinco vigário, ordenou que ficassem em Calecut, para administrarem os sacra-
anos. Aos catorze anos, em 1840, Dom Pedro de Alcântara(filho) teve sua mentos aos portugueses e aos da terra se se quisessem converter à fé.—
maioridade declarada, sendo coroado imperador no ano seguinte, como Crônica do Sereníssimo Rei D. Manuel I
Dom Pedro II. No final da primeira década do Segundo Reinado, o regime
Âncoras levantadas em Lisboa, a frota passou por São Nicolau, no ar-
estabilizou-se. As províncias foram pacificadas e a última grande insurrei-
quipélago de Cabo Verde, em 16 de março. Tinham-se afastado da costa
ção, a Revolta Praieira, foi derrotada em 1849. Nesse mesmo ano, o
africana perto das Canárias, tocados pelos ventos alísios em direção ao
imperador extingue o tráfico de escravos. Aos poucos, os imigrantes euro-
ocidente. Em 21 de abril, da nau capitânea avistaram-se no mar, boiando,
peus assalariados substituíram os escravos. No contexto geopolítico, o
plantas. Mais tarde surgiram pássaros marítimos, sinais de terra próxima.
Brasil se alia à Argentina e Uruguai e entra em guerra contra o Paraguai.
Ao amanhecer de 22 de abril ouviu-se um grito de "terra à vista", pois se
No final do conflito, quase dois terços da população paraguaia estava
avistou o monte que Cabral batizou de Monte Pascoal, no litoral sul da
morta. A participação de negros e mestiços nas tropas brasileiras na Guer-
ra do Paraguai deu grande impulso ao movimento abolicionista e ao declí- atual Bahia.
nio da monarquia. Pouco tempo depois, em 1888, a princesa imperial do Ali aportaram as naus, discutindo-se até hoje se teria sido exatamente
Brasil, D. Isabel de Bragança, filha de Dom Pedro II, assina a Lei Áurea, em Porto Seguro ou em Santa Cruz Cabrália(mais precisamente no ilhéu
que extingue aescravidão no Brasil. Ao abandonar os proprietários de de Coroa Vermelha, no município de Santa Cruz Cabrália), e fizeram
escravos, sem os indenizar, o império brasileiro perde a última base de contato com os tupiniquins, indígenas pacíficos. A terra, a que os nativos
sustentação. chamavam Pindorama ("terra das palmeiras"), foi a princípio chamada
pelos portugueses de Ilha de Vera Cruz e nela foi erguido um padrão
Em 15 de novembro de 1889, ocorre a proclamação da república pelo
(marco de posse em nome da Coroa Portuguesa). Mais tarde, a terra seria
marechal Manuel Deodoro da Fonseca e tem início a República Velha,
rebatizada como Terra de Santa Cruz e posteriormente Brasil. Estava
terminada em 1930com a chegada de Getúlio Vargas ao poder. A partir
situada 5.000 km ao sul das terras descobertas por Cristóvão Colombo em
daí, a história do Brasil destaca a industrialização do Brasil e a participação
1492 e 1.400 quilômetros aquém da Linha de Tordesilhas. Sérgio Buarque
brasileira na Segunda Guerra Mundialao lado dos Estados Unidos; o
de Holanda descreve, em História Geral da Civilização Brasileira:
movimento militar de 1964, onde o general Castelo Branco assumiu a
presidência. Tendo velejado para o norte, acharam dez léguas mais adiante um ar-
recife com porto dentro, muito seguro. No dia seguinte, sábado, entraram
O Regime Militar, a pretexto de combater a subversão e a corrupção,
os navios no porto e ancoraram mais perto da terra. O lugar, que todos
suprimiu direitos constitucionais, perseguiu e censurou os meios de comu-

Ciências Humanas e suas Tecnologias 3 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
acharam deleitoso, proporcionava boa ancoragem e podia abrigar mais de retorno a Lisboa em 7 de setembro de 1502, depois de percorrer a costa e
200 embarcações. Alguma gente de bordo foi à terra, mas não pode en- dar nome aos principais acidentes geográficos. Sobre o comandante,
tender a algaravia dos habitantes, diferente de todas as línguas conheci- podem ter sido D. Nuno Manuel, André Gonçalves, Fernão de Noronha,
das. Gonçalo Coelho ou Gaspar de Lemos, sendo este último o nome mais
aceito. Em 1501, no dia 1 de novembro, foi descoberta a Baía de Todos os
Santos, na atual Bahia, local que mais tarde seria escolhido por D. João III
para abrigar a sede da administração colonial.
Alguns historiadores negam a hipótese de Gonçalo Coelho, que só te-
ria partido de Lisboa em 1502. O Barão do Rio Branco, em suas Efeméri-
des, fixa-se em André Gonçalves, que é a versão mais comumente aceita.
Mas André Gonçalves fazia parte da armada de Cabral, que retornou a
Lisboa quando a expedição de 1501 já partira para o Brasil e com ela
cruzou na altura do arquipélago de Cabo Verde.
Assim, diversos historiadores optam por Gaspar de Lemos, que entre
junho e julho de 1500 havia chegado a Portugal com a notícia do desco-
brimento. O florentino Américo Vespúcio vinha como piloto na frota (e por
seu nome seria batizado todo o continente, mais tarde). Depois de 67 dias
de viagem, em 16 de agosto, a frota alcançou o que hoje é oCabo de São
Roque (Paraíba) e, segundo Câmara Cascudo, ali plantou o marco de
posse mais antigo do Brasil. Houve, na ocasião, contatos entre portugue-
ses e os índios potiguaras.
Ao longo das expedições, os portugueses costumavam batizar os aci-
No dia 26 de abril, um domingo (o de Pascoela), foi oficiada a primeira dentes geográficos segundo o calendário com os nomes dos santos dos
missa no solo brasileiro por frei Henrique Soares (ou frei Henrique de dias, ignorando os nomes locais dados pelos nativos. Em 1 de novembro
Coimbra),[22] que pregou sobre o Evangelho do dia. Batizaram a terra (Dia de Todos os Santos), chegaram à Baía de Todos os Santos, em 21 de
como Ilha da Vera Cruz no dia 1 de maio e numa segunda missa Cabral dezembro (dia de São Tomé) ao Cabo de São Tomé, em 1 de janeiro de
tomou posse das terras em nome do rei de Portugal. No mesmo dia, os 1502 à Baía da Guanabara (por isso batizada de "Rio de Janeiro") e no dia
navios partiram, deixando na terra pelo menos dois degredados e dois 6 de janeiro (Dia de Reis) àangra (baía) batizada como Angra dos Reis.
grumetes que haviam fugido de bordo. Cabral partiu para a Índia pela via Outros lugares descobertos foram a foz do rio São Francisco e o Cabo
certa que sabia existir a partir da costa brasileira, isto é, cruzou outra vez o Frio, entre vários. As três naus que chegaram à Guanabara eram coman-
Oceano Atlântico e costeou a África. dadas por Gonçalo Coelho, e nela vinha Vespúcio. Tomando a estreita
O rei D. Manuel I recebeu a notícia do descobrimento por cartas escri- entrada da barra pela foz de um rio, chamaram-na Rio de Janeiro, nome
tas por Mestre João, físico e cirurgião de D. Manuel[22] e Pero Vaz de que se estendeu à cidade de São Sebastião que ali se ergueria mais tarde.
Caminha, semanas depois. Transportadas na nau de Gaspar de Lemos, as Em 1503 houve nova expedição, desta vez comandada (sem contro-
cartas descreviam de forma pormenorizada as condições geográficas e vérsias) por Gonçalo Coelho, sem ser estabelecido qualquer assentamento
seus habitantes, desde então chamados de índios. Atento aos objetivos da ou feitoria. Foi organizada em função um contrato do rei com um grupo de
Coroa na expansão marítima, Caminha informava ao rei: comerciantes de Lisboa para extrair o pau-brasil. Trazia novamente Vespú-
Nela até agora não podemos saber que haja ouro nem prata, nem al- cio e seis navios. Partiu em maio de Lisboa, esteve em agosto na ilha de
guma coisa de metal nem de ferro lho vimos; pero a terra em si é de muitos Fernando de Noronha e ali afundou a nau capitânia, dispersando-se a
bons ares, assi frios e temperados como os d'antreDoiro e Minho, porque armada. Vespúcio pode ter ido para a Bahia, passado seis meses em Cabo
neste tempo de agora assi os achamos como os de lá; águas são muitas Frio, onde fez entrada de 40 léguas terra adentro. Ali teria deixado 24
infindas e em tal maneira é graciosa, que querendo aproveitar-se dar-se-á homens com mantimentos para seis meses. Coelho, ao que parece, esteve
nela tudo por bem das águas que tem; pero o melhor fruto que nela se recolhido na região onde se fundaria depois a cidade do Rio de Janeiro,
pode fazer me parece que será salvar esta gente (…) boa e de boa simpli- possivelmente durante dois ou três anos.
cidade. — Pero Vaz Caminha
Damião de Góis narra o descobrimento em sua língua renascentista:
Navegando a loeste, aos xxiiij dias do mes Dabril viram terra, do que
forão muito alegres, porque polo rumo em que jazia, vião não ser nenhuma
das que até então eram descubertas. Padralures Cabral fez rosto para
aquela banda & como forão bem à vista, mandou ao seu mestre que no
esquife fosse a terra, o qual tornou logo com novas de ser muito fresca &
viçosa, dizendo que vira andar gente baça & nua pela praia, de cabelo
comprido & corredio, com arcos & frechas nas mãos, pelo que mandou
alguns dos capitães que fossem com os bateis armados ver se isto era
assi, os quaes sem sairem em terra tornaram à capitaina afirmando ser
verdade o que o mestre dixera. Estando já sobrancora se alevantou de
noite hum temporal, com que correram de longo da costa ate tomarem hum
porto muito bom, onde Pedralures surgio com as outras naos & por ser tal
lhe pos nome Porto Seguro. —Damião de Góis
Além das cartas acima mencionadas, outro importante documento so-
bre o descobrimento do Brasil é o Relato do Piloto Anônimo. De início, a
descoberta da nova terra foi mantida em sigilo pelo Rei de Portugal. O
Detalhe do mapa "Terra Brasilis" (Atlas Miller,1519), atualmente na
resto do mundo passou a conhecer o Brasil desde pelo menos 1507,
Biblioteca Nacional de França.
quando a terra apareceu com o nome deAmérica na carta (mapa) de Martin
Waldseemuller, no qual está assinalado na costa o Porto Seguro. Nessa ocasião, Vespúcio, a serviço de Portugal, retornou ao maior
Expedições exploratórias porto natural da costa brasileira, a Baía de Todos os Santos. Durante as
Em 1501, uma grande expedição exploratória, a primeira frota de re- três primeiras décadas, o litoral baiano, com suas inúmeras enseadas,
conhecimento, com três naus, encontrou como recurso explorável apenas serviu fundamentalmente como apoio à rota da Índia, cujo comércio de
o pau-brasil, de madeira avermelhada e valiosa usada na tinturaria euro- produtos de luxo – seda, tapetes, porcelana e especiarias – era mais
peia, mas fez um levantamento da costa. Comandada por Gaspar de vantajoso que os produtos oferecidos pela nova colônia. Nos pequenos e
Lemos, a viagem teve início em 10 de maio de 1501 e findaria com o grandes portos naturais baianos, em especial no de Todos os Santos, as

Ciências Humanas e suas Tecnologias 4 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
frotas se abasteciam de água e de lenha e aproveitavam para fazer peque- terra. Foram denominadas expedições guarda-costas, sendo mais marcan-
nos reparos. tes as duas comandadas por Cristóvão Jacques, de 1516-1519 e 1526-
1528. Suas expedições tinham caráter basicamente militar, com missão de
No Rio de Janeiro, alguns navios aportaram no local que os índios aprisionar os navios franceses que, sem pagar tributos à coroa, retiravam
chamavam de Uruçu-Mirim, a atual praia do Flamengo. Junto à foz do rio grandes quantidades do pau-brasil. A iniciativa teve poucos resultados
Carioca (outrora abundante fonte de água doce) foram erguidas uma casa práticos, considerando a imensa extensão do litoral e, como solução,
de pedra e um arraial, deixando-se no local degredados e galinhas. A Jacques sugeriu à Coroa dar início ao povoamento.
construção inspirou o nome que os índios deram ao local (cari-oca, "casa
dos brancos"), que passaria a ser o gentílico da cidade do Rio. O arraial, no A expedição enviada em 1530 sob a chefia de Martim Afonso de Sou-
entanto, foi logo destruído. Outras esquadras passariam pela Guanabara: a sa tinha por objetivos explorar melhor a costa, expulsar os franceses que
de Cristóvão Jacques, em 1516; a de Fernão de Magalhães (que chamou o rondavam o sul e as cercanias do Rio de Janeiro, e estabelecer núcleos de
local de Baía de Santa Luzia), em 1519, na primeiracircunavegação do colonização ou feitorias, como a estabelecida em Cabo Frio. Martim Afonso
mundo; outra vez a de Jacques, em 1526, e a de Martim Afonso de Sousa, doou as primeiras sesmarias do Brasil. Foram fundados por esta expedição
em 1531. os núcleos de São Vicente e São Paulo, onde o português João Ramalho
vivia como náufrago desde 1508 e casara-se com a índia Bartira, filha do
Outras expedições ao litoral brasileiro podem ter ocorrido, já que des- cacique Tibiriçá. Em São Vicente foi feita em 1532 a primeira eleição no
de 1504 são assinaladas atividades de corsários. Holanda, em Raízes do continente americano e instalada a primeira Câmara Municipal e a primeira
Brasil, cita o capitão francês Paulmier de Gonneville, de Honfleur, que vila do Brasil. A presença de Ramalho, que ajudava no contato com os
permaneceu seis meses no litoral de Santa Catarina.[28] A atividade de nativos e instalara-se na aldeia de Piratininga, foi o que inspirou Martim
navegadores não-portugueses se inspiravadoutrina da liberdade dos Afonso a instalar a vila de São Vicente perto do núcleo que viria a ser São
mares, expressada por Hugo Grotius em Mare liberum, base da reação Paulo.
europeia contra Espanha e Portugal, gerando pirataria alargada pelos
mares do planeta.[29] A mais polêmica expedição seria a de Francisco de Orellana que, em
1535, penetrando pela foz do rio Orinoco e subindo-o, descreve que numa
Extração de pau-brasil única viagem, em meio de um incrível emaranhado de rios e afluentes
O pau-brasil (que os índios tupis chamavam de ibirapitanga) era a amazônicos, teria encontrado o rio Cachequerique, raríssima e incomum
principal riqueza de crescente demanda na Europa. Estima-se que havia, captura fluvial que une o rio Orinoco aos rios Negro e Amazonas.
na época do descobrimento, mais de 70 milhões de árvores do tipo, abun- Administração colonial
dando numa faixa de 18 km do litoral do Rio Grande do Norte até a Gua-
nabara. Quase todas foram derrubadas e levadas para a Europa. A extra- Capitanias do Mar (1516-1532)
ção foi tanta que atualmente a espécie é protegida para não sofrer extin-
ção. A administração das terras ultramarinas, que a princípio foi arrendada
a Fernão de Noronha, agente da Casa Fugger (1503-1511), ficou a cargo
Para explorar a madeira, a Coroa adotou a política de oferecer a parti- direto da Coroa, que não conseguia conter as frequentes incursões de
culares, em geral cristãos-novos, concessões de exploração do pau-brasil franceses na nova terra. Por isso, em 1516, D. Manuel I e seu Conselho
mediante certas condições: os concessionários deveriam mandar seus criam nos Açores e na Madeira as chamadas «capitanias do mar», por
navios descobrirem 300 léguas de terra, instalar fortalezas nas terras que analogia com as estabelecidas no Oceano Índico. O objetivo fundamental
descobrissem, mantendo-as por três anos; do que levassem para o Reino, era garantir o monopólio da navegação e a política do mare clausum (mar
nada pagariam no primeiro ano, no segundo pagariam um sexto e no fechado). De dois em dois anos, o capitão do mar partia com navios para
terceiro um quinto. Os navios ancoravam na costa, algumas dezenas de realizar um cruzeiro de inspeção no litoral, defendendo-o das incursões
marinheiros desembarcavam e recrutavam índios para trabalhar no corte e francesas ou castelhanas. No Brasil, teriam visitado quatro armadas.
carregamento das toras, em troca de pequenas mercadorias como roupas,
colares e espelhos(prática chamada de "escambo"). Cada nau carregava As armadas de Jacques assinaram-se com insistência no rio da Prata.
em média cinco mil toras de 1,5 metro de comprimento e 30 quilogramas Também em 1516 ocorre a primeira tentativa de colonização metódica e
de peso. aproveitamento da terra com base na plantação da cana (levada de Cabo
Verde) e na fabricação do açúcar. Já devia ter havido algumas tentativas
Em 1503, toda a terra do Brasil foi arrendada pela coroa a Fernão de de capitanias e estabelecimentos em terra, pois em 15 de julho de 1526 o
Noronha (ou Loronha), e outros cristãos-novos, produzindo 20 mil quintais rei D. Manuel I autorizou Pedro Capico,[30] "capitão de uma capitania do
de madeira vermelha. Segundo Capistrano de Abreu, em Capítulos da Brasil", a regressar a Portugal porque "lhe era acabado o tempo de sua
História Colonial, cada quintal era vendido em Lisboa por 21/3 ducados, capitania". Talvez Jacques tenha ido buscar Capico em Porto Seguro, pois
mas levá-lo até lá custava apenas meio ducado. Os arrendatários pagavam a ele era justamente atribuída a fundação de uma feitoria no local, muito
4 mil ducados à Coroa. antes de ser doada como capitania a Pero do Campo Tourinho. Outras
capitanias incipientes podem ter existido pelo menos em Pernambuco,
Comerciantes de Lisboa e do Porto enviavam embarcações à costa Porto Seguro, Rio de Janeiroe São Vicente.
para contrabandearem pau-brasil, aves de plumagem colorida (papagaios,
araras), peles, raízes medicinais e índios para escravizar. Surgiram, assim, Roberto Simonsen (em História Econômica do Brasil, pág.120) comen-
as primeiras feitorias. O náufrago Diogo Álvares, o Caramuru, estabeleceu- ta:
se desde 1510 na barra da Baía de Todos os Santos, onde negociava com
barcos portugueses e estrangeiros. Outra feitoria foi chamada de Aldeia Na terra de Santa Cruz, o valor e as possibilidades de comércio não
Velha de Santa Cruz, próxima ao local da descoberta. justificavam (…) organizações da mesma importância» que as feitorias de
Portugal na África. «Mesmo assim, foram instaladas, quer pelos concessi-
Além dos portugueses, seus rivais europeus, principalmente franceses, onários do comércio do pau-brasil, quer pelo próprio governo português,
passaram a frequentar a costa brasileira para contrabandear a madeira e várias feitorias, postos de resgate onde se concentravam, sob o abrigo de
capturar índios. Os franceses contrabandearam muito pau-brasil no litoral fortificações primitivas, os artigos da terra que as naus vinham buscar. São
norte, entre a foz do rio Real e a Baía de Todos os Santos, mas não chega- por demais deficientes até hoje as notícias sobre estas feitorias, Igaraçu,
ram a estabelecer feitoria. Outro ponto de contrabando, sobretudo no Itamaracá, Bahia, Porto Seguro, Cabro Frio, São Vicente e outras interme-
século XVII, foi o Morro de São Paulo (Bahia). Até que Portugal estabele- diárias, que desapareciam, ora esmagadas pelo gentio, ora conquistadas
cesse o sistema de capitanias hereditárias, a presença mais constante na pelos franceses. Mas o próprio comércio do pau-brasil é uma demonstra-
terra era dos franceses. Estimulados por seu rei, corsários passam a ção de sua existência, e as notícias sobre a década anterior, de 1530,
frequentar a Guanabara à procura de pau-brasil e outros produtos. Ganha- salientam a preocupação do Governo português de defendê-las.» Eram
ram a simpatia dos índios tamoios, que a eles se aliaram durante décadas assim postos de resgate de caráter temporário, estabelecimentos efême-
contra os portugueses. ros, assolados por entrelopos e corsários franceses, por selvagens. Por
muitos anos cessará todo o interesse de Portugal pelo Brasil. O Brasil ficou
Portugal, verificando que o litoral era visitado por corsários e aventurei- ao acaso… Colonizar a nova terra seria dispendioso, sem lucro imediato.
ros estrangeiros, resolveu enviar expedições militares para defender a

Ciências Humanas e suas Tecnologias 5 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Portugal, no auge de sua técnica de navegação, de posse de feitorias foram ao Brasil; três faleceram pouco depois; três retornaram a Portugal;
fincadas em vastíssimas costas de oceanos, não tinha recursos humanos, um foi preso por heresia (Tourinho) e apenas dois se dedicam à coloniza-
com uma população estimada em um milhão de habitantes. Impunha-se ção (Duarte Coelho em Pernambuco e Martim Afonso de Sousa na Capita-
uma atitude predominantemente fiscal. Havia o quê? Havia macacos, nia de São Vicente).
papagaios, selvagens nus e primitivos. Mas havia pau-brasil… —
Roberto Simonsen Das quinze capitanias originais, apenas as capitanias de Pernambuco
e de São Vicente prosperaram. As terras brasileiras ficavam a dois meses
João Ribeiro (em História do Brasil) diz que de viagem de Portugal. Além disso, as notícias das novas terras não eram
muito animadoras: na viagem, além do medo de "monstros" que habitariam
... depois das primeiras explorações, as terras do Brasil tornaram-se o oceano (na superstição europeia), tempestades eram frequentes; nas
constante teatro da pirataria universal. Especuladores franceses, alemães, novas terras, florestas gigantescas e impenetráveis, povos antropófagos e
judeus e espanhóis aqui aportam, comerciam com o gentio ou seelvajam- não havia nenhuma riqueza mineral ainda descoberta. Em 1536, chegou o
se e com eles convivem em igual barbaria. Os navegadores de todos os donatário da capitania da Baía de Todos os Santos, Francisco Pereira
pontos aqui se aprovisionam ou se abrigam das tempestades. Aventureiros Coutinho, que fundou o Arraial do Pereira, na futura cidade do Salvador,
aqui desembarcam, e vivem à ventura, na companhia de degredados e mas se revelou mau administrador e foi morto pelos tupinambás. Tampou-
foragidos. O que procura a corte portuguesa de D. Manuel I são as rique- co tiveram maior sucesso as capitanias dos Ilhéus e do Espírito Santo,
zas do Oriente, e se alguma expedição aqui toca e se demora, (....) não é o devastadas por aimorés e tupiniquins.
Brasil que as atrai mas ainda a fascinação do Oriente. —João
Ribeiro Governo-Geral (1549-1580)
Capitanias hereditárias (1532-1549) Tomé de Sousa
A apatia só iria cessar quando D. João III ascendeu ao trono. Na dé- Após o fracasso do projeto de capitanias, o rei João III unificou as capi-
cada de 1530, Portugal começava a perder a hegemonia do comércio na tanias sob um Governo-Geral do Brasil e em 7 de janeiro de 1549nomeou
África Ocidental e no Índico. Circulavam insistentes notícias da descoberta Tomé de Sousa para assumir o cargo de governador-geral. A expedição do
de ouro e de prata na América Espanhola. Então, em 1532, o rei decidiu primeiro governador chegou ao Brasil em 29 de março do mesmo ano, com
ocupar as terras pelo regime de capitanias, mas num sistemahereditário, ordens para fundar uma cidade para abrigar a sede da administração
pelo qual a exploração passaria a ser direito de família. O capitão e gover- colonial. O local escolhido foi a Baía de Todos os Santos e a cidade foi
nador, títulos concedidos ao donatário, teria amplos poderes, dentre os chamada de São Salvador da Baía de Todos os Santos. As condições
quais o de fundar povoamentos (vilas e cidades), conceder sesmarias e favoráveis da terra, o clima quente, o solo fértil, a excelente posição geo-
administrar a justiça. O sistema de capitanias hereditárias implicava na gráfica, fizeram com que o rei decidisse reverter a capitania para a Coroa
divisão de terras vastíssimas, doadas a capitães-donatários que seriam (expropriando-a do donatário Pereira Coutinho). As tarefas de Tomé de
responsáveis por seu controle e desenvolvimento, e por arcar com as Sousa eram tornar efetiva a guarda da costa, auxiliar os donatários, orga-
despesas de colonização. Foram doadas aos que possuíssem condições nizar a ordem política e jurídica na colônia. O governador organizou a vida
financeiras para custear a empresa da colonização, e estes eram princi- municipal, e sobretudo a produção açucareira: distribuiu terras e mandou
palmente "membros da burocracia estatal" e "militares e navegadores abrir estradas, além de fazer construir um estaleiro.
ligados à conquista da Índia" (segundoEduardo Bueno em "História de
Brasil"). De acordo com o mesmo autor, a sugestão teria sido dada ao rei Desse modo, o Governo-Geral centralizou a administração colonial,
por Diogo de Gouveia, ilustre humanista português, e respondia a uma subordinando as capitanias a um só governador-geral que tornasse mais
"absoluta falta de interesse da alta nobreza lusitana" nas terras america- rápido o processo de colonização. Em 1548, elaborou-se o Regimento do
nas. Governador-Geral,[33] que regulamentava o trabalho do governador e de
seus principais auxiliares - o ouvidor-mor (Justiça), o provedor-mor (Fazen-
da) e o capitão-mor (Defesa).[34] O governador também levou ao Brasil os
primeiros missionários católicos, da ordem dos jesuítas, como o padre
Manuel da Nóbrega. Por ordens suas, ainda, foram introduzidas na colônia
as primeiras cabeças de gado, de novilhos levados de Cabo Verde. Ao
chegar à Bahia, Tomé de Sousa encontrou o velho Arraial do Pereira com
seus moradores, e mudaram o nome do local para Vila Velha. Também
moravam nos arredores o náufrago Diogo Álvares "Caramuru" e sua espo-
sa Paraguaçu (batizada como Catarina), perto da capela de Nossa Senho-
ra das Graças (hoje o bairro da Graça, em Salvador). Consta que Tomé de
Sousa teria pessoalmente ajudado a construir as casas e a carregar pedras
e madeiras para construção da capela de Nossa Senhora da Conceição da
Praia, uma das primeiras igrejas erguidas no Brasil. Tomé de Souza visitou
as capitanias do sul do Brasil, e, em 1553, criou a Vila de Santo André da
Borda do Campo, transferida em 1560 para o Pátio do Colégiodando
origem a cidade de São Paulo.
Duarte da Costa
Em 1553, a pedidos, Tomé de Sousa foi exonerado do cargo e substi-
tuído por Duarte da Costa, fidalgo e senador nas Cortes de Lisboa. Em sua
expedição foram também 260 pessoas, incluindo seu fiho, Álvaro da Costa,
e o então noviço José de Anchieta, jesuíta basco que seria o pioneiro na
catequese dos nativos americanos. A administração de Duarte foi contur-
bada. Já de início, a intenção de Álvaro em escravizar os indígenas, inclu-
indo os catequizados, esbarrou na impertinência de Dom Pero Fernandes
Sardinha, primeiro bispo do Brasil. O governador interveio a favor do filho e
autorizou a captura de indígenas para uso em trabalho escravo. Disposto a
levar as queixas pessoalmente ao rei de Portugal, Sardinha partiu para
Lisboa em 1556 mas naufragou na costa de Alagoas e acabou devorado
pelos caetés antropófagos.
Foram criadas, nesta divisão, quinze faixas longitudinais de diferentes
larguras que iam de acidentes geográficos no litoral até o Meridiano das Durante o governo de Duarte da Costa, uma expedição de protestan-
Tordesilhas, e foram oferecidas a doze donatários. Destes, quatro nunca tes franceses se instalou permanentemente na Guanabara e fundou a

Ciências Humanas e suas Tecnologias 6 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
colônia da França Antártica. Ultrajada, a Câmara Municipal da Bahia ape- Para sustentar a produção de cana-de-açúcar, os portugueses come-
lou à Coroa pela substituição do governador. Em 1556, Duarte foi exonera- çaram, a partir de meados do século XVI, a importar africanos como escra-
do, voltou a Lisboa e em seu lugar foi enviado Mem de Sá, com a missão vos. Eles eram pessoas capturadas entre tribos das feitorias europeias na
de retomar a posse portuguesa do litoral sul. África (às vezes com a conivência de chefes locais de tribos rivais) e
Mem de Sá atravessados no Atlântico nos navios negreiros, em péssimas condições de
asseio e saúde. Ao chegarem à América, essas pessoas eram comerciali-
O terceiro Governador-Geral, Mem de Sá (1558-1572), deu continui- zadas como mercadoria e obrigados a trabalhar nas plantações e casas
dade à política de concessão de sesmarias aos colonos e montou ele dos colonizadores. Dentro das fazendas, viviam aprisionados em galpões
próprio um engenho, às margens do rio Sergipe, que mais tarde viria a rústicos chamados de senzalas, e seus filhos também eram escravizados,
pertencer ao conde de Linhares(Engenho de Sergipe do Conde). Para perpetuando a situação pelas gerações seguintes.
enfrentar os colonos franceses estabelecidos na França Antártica, aliados
aos tamoiosna baía de Guanabara, Mem de Sá aliou-se aos Temiminós do
cacique Arariboia. O seu sobrinho, Estácio de Sá, comandou a retomada
da região e fundou a cidade do Rio de Janeiro a 20 de Janeiro de 1565, dia
de São Sebastião.
União Ibérica (1580-1640)
Ilustração de uma bandeira por Almeida Júnior:Estudo p/ Partida
da Monção, 1897. Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo
do Estado de S. Paulo.
Com o desaparecimento de D.Sebastião e posteriormente a morte de
D. Henrique I, Portugal ficou sob união pessoal com a Espanha, e foi
governada pelos três reis Filipes (Filipe II, Filipe III e Filipe IV, dos quais se
subtrai um número quando referentes a Portugal e ao Brasil). Isso virtual-
mente acabou com a linha divisória do meridiano das Tordesilhas e permi-
tiu que o Brasil se expandisse para o oeste.
Várias expedições exploratórias do interior (chamado de "os sertões") Nas feitorias, os mercadores portugueses vendiam principalmente ar-
foram organizadas, fosse sob ordens diretas da Coroa ("entradas") ou por mas de fogo, tecidos, utensílios de ferro, aguardente e tabaco, adquirindo
caçadores de escravos paulistas ("bandeiras", donde o nome "bandeiran- escravos, pimenta, marfim e outros produtos.
tes"). Estas expedições duravam anos e tinham o objetivo principalmente
de capturar índios como escravos e encontrar pedras preciosas e metais Até meados do século XVI, os portugueses possuíam o monopólio do
valiosos, como ouro e prata. Foram bandeirantes famosos, entre outros, tráfico de escravos. Depois disso, mercadores franceses, holandeses e
Fernão Dias Paes Leme, Bartolomeu Bueno da Silva (Anhanguera), Rapo- ingleses também entraram no negócio, enfraquecendo a participação
so Tavares, Domingos Jorge Velho, Borba Gato eAntônio Azevedo. portuguesa.
A União Ibérica também colocou o Brasil em conflito com potências eu- O Brasil nasceu e cresceu econômica e socialmente com o açúcar, en-
ropeias que eram amigas de Portugal mas inimigas da Espanha, como a tre os dias venturosos do pau-de-tinta e antes de as minas e o café o terem
Inglaterra e a Holanda. Esta última atacou e invadiu extensas faixas do ultrapassado. Efetivamente, o açúcar foi base na formação da sociedade e
litoral nordestino, fixando-se principalmente em Pernambuco e na Paraíba na forma de família. A casa de engenho foi modelo da fazenda de cacau,
por vinte e cinco anos. da fazenda de café, da estância. Foi base de um complexo sociocultural de
Estado do Maranhão e Estado do Brasil (1621-1755) vida. —Gilberto Freyre
Das mudanças administrativas durante o domínio espanhol, a mais Houve engenhos ainda nas capitanias de São Vicente e do Rio de Ja-
importante sucedeu em 1621, com a divisão da colônia em dois Estados neiro, que cobriam cem léguas e couberam ambas a Martim Afonso de
independentes: o Estado do Brasil, que abrangia de Pernambuco à atual Sousa. Este receberia o apoio de João Ramalho e de seu sogro Tibiriçá.
Santa Catarina, e o Estado do Maranhão, do atual Ceará à Amazônia. A No Rio, funcionava o engenho de Rodrigo de Freitas, nas margens da
razão se baseava no destacado papel assumido pelo Maranhão como lagoa que hoje leva seu nome. Ao entrar oséculo XVII, o açúcar brasileiro
ponto de apoio e de partida para a colonização do norte e nordeste. O era produto de importação nos portos de Lisboa, Antuérpia, Amsterdã,
Maranhão tinha por capital São Luís, e o Estado do Brasil sua capital em Roterdã, Hamburgo. Sua produção, muito superior à das ilhas portuguesas
Salvador. Nestes dois estados, os súditos eram cidadãos portugueses no Atlântico, supria quase toda a Europa. Gabriel Soares de Sousa, em
(chamados de "portugueses do Brasil") e sujeitos aos mesmos direitos e 1548, comentava o luxo reinante na Bahia e o padre Fernão Cardim exal-
deveres, e as mesmas leis as quais estavam submetidos os residentes em tava suas capelas magníficas, os objetos de prata, as lautas refeições em
Portugal, entre elas, as Ordenações manuelinas e as Ordenações filipinas. louça da Índia, que servia de lastro nos navios: «Parecem uns condes e
Quando o rei Filipe III (IV da Espanha) separou o Brasil e o Maranhão, gastam muito», reclamava o padre.
passaram a existir três capitanias reais: Maranhão, Ceará e Grão-Pará, e Em meados do século XVII, o açúcar produzido nas Antilhas Holande-
seis capitanias hereditárias. Em 1737, com sua sede transferida para sas começou a concorrer fortemente na Europa com o açúcar do Brasil. Os
Belém, o Maranhão passou a ser chamado de Grão-Pará e Maranhão. Tal holandeses tinham aperfeiçoado a técnica, com a experiência adquirida no
instalação era efeito do isolamento do extremo norte do Estado do Brasil, Brasil, e contavam com um desenvolvido esquema de transporte e distri-
pois o regime de ventos impedia durante meses as comunicações entre buição do açúcar em toda a Europa. Portugal foi obrigado a recorrer à
São Luís e a Bahia. No século XVII, o Estado do Brasil se estendia do atual Inglaterra e assinar diversos tratados que afetariam a economia da colônia.
Pará até o Rio Grande do Norte e deste até Santa Catarina, e no século Em 1642, Portugal concedeu à Inglaterra a posição de "nação mais favore-
XVIII já estariam incorporados o Rio Grande de São Pedro, atual Rio cida" e os comerciantes ingleses passaram a ter maior acesso ao comércio
Grande do Sul e as regiões mineiras e parte da Amazônia. O Estado do colonial. Em 1654 Portugal aumentou os direitos ingleses; mas poderiam
Maranhão foi extinto na época de Marquês de Pombal. negociar diretamente vários produtos do Brasil com Portugal e vice-versa,
Economia colonial excetuando-se alguns produtos como bacalhau, vinho, pau-brasil). Em1661
A economia da colônia, iniciada com o puro extrativismo de pau-brasil a Inglaterra se comprometeu a defender Portugal e suas colônias em troca
e o escambo entre os colonos e os índios, gradualmente passou à produ- de dois milhões de cruzados, obtendo ainda as possessões de Tânger e
ção local, com os cultivos da cana-de-açúcar e do cacau. O engenho de Bombaim. Em 1703 Portugal se comprometeu a admitir no reino os panos
açúcar (manufatura do ciclo de produção açucareiro) constituiu a peça dos lanifícios ingleses, e a Inglaterra, em troca, a comprar vinhos portugue-
principal do mercantilismo português, organizadas em grandes proprieda- ses. Data da época o famosíssimo Tratado de Methuen, do nome de seu
des. Estas, como se chamou mais tarde, eram latifúndios, caracterizados negociador inglês, ou tratado dos Panos e Vinhos. Na época, satisfazia os
por terras extensas, abundante mão-de-obra escrava, técnicas complexas interesses dos grupos dominantes mas teria como consequência a parali-
e baixa produtividade.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 7 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
sação da industrialização em Portugal, canalizando para a Inglaterra o ouro que os escravos eram os únicos que trabalhavam. Os escravos mais
que acabava de ser descoberto no Brasil. hábeis para a mineiração eram os "Minas" trazidos da Costa ocidental
africana, onde eram mineiradores de ouro, e saídos do porto de Elmina, em
No nordeste brasileiro se encontrava a pecuária, tão importante para o Gana, onde ficavam no Castelo de São Jorge da Mina. Foi muito comum a
domínio do interior, já que eram proibidos rebanhos de gado nas fazendas fuga de escravos e a formação de muitos quilombos em Minas Gerais,
litorâneas, cuja terra de massapê era ideal para o açúcar. Estuda-se bem o sendo o mais importante foi o "Quilombo do Ambrósio".
açúcar no item dedicado àinvasão holandesa.
Também foi responsável pela tentativa de escravização dos índios,
A conquista do sertão, povoado por diversos grupos indígenas foi lenta
através das bandeiras, que com intuito de abastecer a região centro-sul
e se deveu muito à pecuária (o gado avançou ao longo dos vales dos rios)
promoveu a interiorização do Brasil.
e, muito mais tarde, às expedições dos Bandeirantes que vinham prear
índios para levar para São Paulo. Apesar de modificar a estrutura econômica, manteve a estrutura de
O Ciclo do Ouro trabalho vigente, beneficiando apenas os ricos e os homens livres que
compunham a camada média. Outro fator negativo foi a falta de desenvol-
No final do século XVII foi descoberto, pelos bandeirantes paulistas, vimento de tecnologias que permitissem a exploração de minas em maior
ouro nos ribeiros das terras que pertenciam à capitania de São Paulo e profundidade, o que estenderia o período de exploração (e consequente-
mais tarde ficaram conhecidas como Minas Gerais. Descobriram-se depois, mente mais ouro para Portugal).
no final da década de 1720,diamante e outras gemas preciosas. Esgotou-
se o ouro abundante nos ribeirões, que passou a ser mais penosamente Assim, o eixo econômico e político se deslocou para o centro-sul da
buscado em veios dentro da terra. Apareceram metais preciosos em Goiás colônia e o Rio de Janeiro tornou-se sede administrativa, além de ser o
e no Mato Grosso, no século XVIII. A Coroa cobrava, como tributo, um porto por onde as frotas do rei de Portugal iam recolher os impostos. A
quinto de todo o minério extraído, o que passou a ser conhecido como "o cidade foi descrita pelo padre José de Anchieta como "a rainha das provín-
quinto". Os desvios e o tráfico de ouro, no entanto, eram frequentes. Para cias e o empório das riquezas do mundo", e por séculos foi a capital do
coibi-los, a Coroa instituiu toda uma burocracia e mecanimos de contro- Brasil.
le.[35]Quando a soma de impostos pagos não atingia uma cota mínima Invasões estrangeiras e conflitos coloniais
estabelecida, os colonos deveriam entregar joias e bens pessoais até
completar o valor estipulado — episódios chamados de derramas. O início da colonização portuguesa no território brasileiro foi a primeira
invasão estrangeira da história do país, então denominado pelos nativos
O período que ficou conhecido como Ciclo do Ouro iria permitir a cria- tupis como Pindorama, que significa "Terra das Palmeiras". A resposta
ção de um mercado interno, já que havia demanda por todo tipo de produ- imediata foi de longos embates, entre eles a Guerra dos Bárbaros. Houve
tos para o povoamento das Minas Gerais. Era preciso levar, Serra da ainda disputas com os franceses, que tentavam se implantar na América
Mantiqueira acima, escravos e ferramentas, ou, rio São Francisco abaixo, pela pirataria e pelo comércio do Pau-Brasil, chegando a criar uma guerra
os rebanhos de gado para alimentar a verdadeira multidão que para lá luso-francesa. Tudo isso culminou com a expulsão dos franceses trazidos
acorreu. A população de Minas Gerais rapidamente se tornou a maior do por Nicolas Durand de Villegagnon, que haviam construídoForte Coligny no
Brasil, sendo a única capitania do interior do Brasil com grande população. Rio de Janeiro, estabelecendo-se em definitivo a hegemonia portuguesa.
A essa época maioria da população de Minas Gerais , aproximadamente
78%, era formada por negros e mestiços. A população branca era formada A época colonial foi marcada por vários conflitos, tanto entre portugue-
em grande parte por cristãos-novos vindos do norte de Portugal e das Ilhas ses e outros europeus, e europeus contra nativos, como entre os próprios
dos Açores e Madeira. Os cristãos novos foram muito importantes no colonos. O maior deles, sem dúvida, foi a Guerra contra os Holandeses (ou
comércio colonial e se concentraram especialmente nos povoados em volta Guerras Holandesas, de 1630 a 1647, na Bahia, Sergipe, Alagoas, Per-
de Ouro Preto e Mariana. Ao contrário do que se pensava na Capitania do nambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
Ouro a riqueza não era mais bem distribuída do que em outras partes do
A insatisfação com a administração colonial provocou a Revolta de
Brasil. Hoje se sabe que foram poucos os beneficiados no solo mais rico da
América no século XVIII. Amador Bueno em São Paulo e, no Maranhão, aRevolta de Beckman. Os
colonos enchiam os navios que aportavam no Brasil, esvaziando o reino, e
As condições de vida dos escravizados na região mineira eram particu- foram apelidados "emboabas" porque andavam calçados contra a maioria
larmente difíceis. Eles trabalhavam o dia inteiro em pé, com as costas da população, que andava descalça. Contra eles se levantaram os paulis-
curvadas e com as pernas mergulhadas na água. Ou então em túneis tas, nas refregas do início do século XVIII que ficariam conhecidas como
cavados nos morros, onde era comum ocorrerem desabamentos e mortes. Guerra dos Emboabas e paulistas e ensanguentaram o rio que até hoje se
Os negros escravizados não realizavam apenas tarefas ligadas à minera- chama Rio das Mortes.
ção. Também transportavam mercadorias e pessoas, construíam estradas,
casas e chafarizes, comerciavam pelas ruas e lavras. Alguns proprietários Em Pernambuco, a disputa política e econômica entre mercadores e
alugavam seus escravos a outras pessoas. Esses trabalhadores eram canavieiros, após a expulsão dos holandeses, levou à Guerra dos Masca-
chamados de "escravos de aluguel". Outro tipo de escravo era o "escravo tes. Os escravos negros que fugiam das fazendas se refugiavam nas
de ganho", por exemplo, as mulheres que vendiam doces e salgados em serras do agreste nordestino e lá fundavam quilombos, dos quais o mais
tabuleiros pelas ruas. Foi relativamente comum este tipo de escravo con- importante foi o de Palmares, liderado por Ganga Zumba e seu sobrinho
seguir formar um pecúlio, que empregava na compra de sua liberdade, Zumbi. A campanha para destruí-lo foi a Guerra de Palmares (1693-1695).
pagando ao senhor por sua alforria. No sul, a tentativa de escravizar indígenas levou a confrontos com os
A Sociedade Mineradora e as Camadas Médias missionários jesuítas, organizados nas "reduções" (missões) de catequese
com os guaranis. AsGuerras Guaraníticas duraram, intermitentemente, de
O Brasil passou por sensíveis transformações em função da minera- 1750 a 1757.
ção. Um novo pólo econômico cresceu no Sudeste, relações comerciais
inter-regionais se desenvolveram, criando um mercado interno e fazendo Já com o Ciclo do Ouro, a capitania de Minas Gerais sofreu a Revolta
surgir uma vida social essencialmente urbana. A camada média, composta de Filipe dos Santos e a Inconfidência Mineira (1789), seguida pela Conju-
por padres, burocratas, artesãos, militares, mascates e faisqueiros, ocupou ração Baiana em Salvador dez anos mais tarde. Esses dois grandes movi-
espaço na sociedade. A população mineira, salvo nos principais centros mentos ficaram marcados por terem a intenção de proclamar a indepen-
Vila Rica, Mariana,Sabará, Serro e Caeté, era essencialmente pobre. O dência.
custo de vida altíssimo e a falta de gêneros alimêntícios uma constante. Inconfidência Mineira
As minas propiciaram uma diversificação relativa dos serviços e ofí-
Inconfidência Mineira foi um movimento que partiu da elite de Minas
cios, tais como comerciantes, artesãos, advogados, médicos, mestre-
Gerais. Com a decadência da mineração na segunda metade do século
escolas entre outros. No entanto foi intensamente escravagista, desenvol-
XVIII, tornou-se difícil pagar os impostos exigidos pela Coroa Portuguesa.
vendo a sociedade urbana às custas da exploração da mão de obra escra-
Além do mais, o governo português pretendia promulgar a derrama, um
va. A mineração também provocou o aumento do controle do comércio de
imposto que exigia que toda a população, inclusive quem não fosse mine-
escravos para evitar o esvaziamento da força de trabalho das lavouras, já

Ciências Humanas e suas Tecnologias 8 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
rador, contribuísse com a arrecadação de 20% do valor do ouro retirado. Conjuração Baiana
Os colonos se revoltaram e passaram a conspirar contra Portugal.
A Conjuração Baiana foi um movimento que partiu da camada humilde
Em Vila Rica (atual Ouro Preto), participavam do grupo, entre outros, da sociedade da Bahia, com grande participação de negros, mulatos e
os poetas Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, os coro- alfaiates, por isso também é conhecida como Revolta dos Alfaiates. Os
néis Domingos de Abreu Vieira e Francisco Antônio de Oliveira Lopes, o revoltosos pregavam a libertação dos escravos, a instauração de um
padre Rolim, o cônego Luís Vieira da Silva, o minerador Inácio José de governo igualitário (onde as pessoas fossem promovidas de acordo com a
Alvarenga Peixoto e alferes Joaquim José da Silva Xavier, apelidado capacidade e merecimento individuais), além da instalação de uma Repú-
Tiradentes. A conspiração pretendia eliminar a dominação portuguesa e blica na Bahia. Em 12 de Agosto de 1798, o movimento precipitou-se
criar um país livre.[2] Pela lei portuguesa a conspiração foi classificada quando alguns de seus membros, distribuindo os panfletos na porta das
como "crime de lesa-majestade", definida como "uma traição contra a igrejas e colando-os nas esquinas da cidade, alertaram as autoridades que,
pessoa do rei" nas ordenações afonsinas. de pronto, reagiram, detendo-os. Tal como na Inconfidência Mineira, inter-
rogados, acabaram delatando os demais envolvidos. Centenas de pessoas
foram denunciadas - militares, clérigos, funcionários públicos e pessoas de
todas as classes sociais. Destas, 49 foram detidas, a maioria tendo procu-
rado abjurar a sua participação, buscando demonstrar inocência. Mais de
30 foram presos e processados. Quatro participantes foram condenados à
forca e os restos de seus corpos foram espalhados pela Bahia para assus-
tar a população.
Principado do Brasil
O Principado do Brasil durou entre 1645 a 1816.
Tendo sido o Brasil uma colônia do Império Português, careceu de
bandeira própria por mais de trezentos anos. Não era costume, na tradição
vexilológica lusitana, a criação de bandeiras para suas colônias, quando
muito de um brasão. Hasteava-se no território a bandeira do reino, ou do
representante direto do monarca, como o governador-geral ou o vice-rei.
Ainda que não seja considerada uma bandeira brasileira, visto que seu uso
era exclusivo aos herdeiros aparentes do trono português, o pavilhão dos
príncipes do Brasil pode ser tido como a primeira representação flamular
do Brasil. Sobre campo branco – cor relacionada à monarquia – inscreve-
se uma esfera armilar – objeto que viria a ser, por muito tempo, o símbolo
do Brasil. Já no pavilhão pessoal de D. Manuel I, aparece este que foi um
objeto crucial para viabilizar as explorações marítimas de Portugal.
Corte no Brasil (1808-1822)
Mudança da Corte e Abertura dos Portos
A forma de governo escolhida foi o estabelecimento de uma República,
inspirados pelas ideias iluministas da França e da recente independência Em novembro de 1807, as tropas de Napoleão Bonaparte obrigaram a
norte-americana. Traídos por Joaquim Silvério dos Reis, que delatou os coroa portuguesa a procurar abrigo no Brasil. Dom João VI (então Príncipe-
inconfidentes para o governo, os líderes do movimento foram detidos e Regente em nome de sua mãe, a Rainha Maria I) chegou ao Rio de Janei-
enviados para o Rio de Janeiro, onde responderam pelo crime de inconfi- ro em 1808, abandonando Portugal após uma aliança defensiva feita com a
dência (falta de fidelidade ao rei), pelo qual foram condenados. Em 21 de Inglaterra, que escoltou os navios portugueses no caminho.[
abril de 1792, Tiradentes, de mais baixa condição social, foi o único conde-
nado à morte por enforcamento. Sua cabeça foi cortada e levada para Vila Os portos brasileiros foram abertos às nações amigas - designada-
Rica. O corpo foi esquartejado e espalhado pelos caminhos de Minas mente, a Inglaterra). A abertura dos portos se deu em 28 de janeiro de
Gerais. Era o cruel exemplo que ficava para qualquer outra tentativa de 1808 por outra carta régia de D. João, influenciado por José da Silva
questionar o poder de Portugal. Apesar de considerada cruel hoje o enfor- Lisboa. Foi permitida a importação "de todos e quaisquer gêneros, fazen-
camento e esquartejamento do corpo, no contexto da época a pena foi das e mercadorias transportadas em navios estrangeiros das potências
menos cruel que a pena aplicada, naquela mesma época, à família Távora, que se conservavam em paz e harmonia com a Real Coroa" ou em navios
no Caso Távora, por igual crime de lesa-majestade, foi condenação à portugueses. Os gêneros molhados (vinho,aguardente, azeite) pagariam
fogueira. 48%; outros mercadorias, os secos, 24% ad valorem. Podia ser levado
pelos estrangeiros qualquer produto colonial, exceto o pau-brasil e outros
O crime de lesa-majestade era o mais grave dos regimes monarquistas notoriamente estancados, que eram produzidos e armazenados na própria
absolutistas e era definido pelas ordenações filipinas, como traição contra o colônia.
rei. Crime este comparado à hanseníase pelas Ordenações filipinas, no
livro V, item 6: Era efeito também da expansão do capital; e deve-se recordar a falên-
cia dos recursos coatores portugueses e a tentativa de diminuir, abrindo os
“Lesa-majestade quer dizer traição cometida contra a pessoa do Rei, portos, a total dependência de Portugal da Inglaterra. No Reino, desanima-
ou seu Real Estado, que é tão grave e abominável crime, e que os antigos ram os que se haviam habituado aos generosos subsídios, às 100 arrobas
Sabedores tanto estranharam, que o comparavam à lepra; porque assim de ouro anuais, às derramas, às tentativas de controle completo. Um autor
como esta enfermidade enche todo o corpo, sem nunca mais se poder português do século XIX comenta que foi
curar, e empece ainda aos descendentes de quem a tem, e aos que ele
conversam, pelo que é apartado da comunicação da gente: assim o erro de "uma revolução no sistema comercial e a ruína da indústria portugue-
traição condena o que a comete, e empece e infama os que de sua linha sa; era necessária, mas cumpria modificá-la apenas as circunstâncias que
descendem, posto que não tenham culpa.” a haviam ditado desaparecessem; ajudando assim o heróico Portugal em
seu esforço generoso, em vez de deixar que estancassem as fontes da
O caso específico de crime de lesa-majestade praticado pelos inconfi- prosperidade!"
dentes foi o caso número 5, previsto nas ordenações filipinas, que diz: Se
algum fizesse conselho e confederação contra o rei e seu estado ou tratas- D. João, sua família e comitiva (a Corte), distribuídos por diversos na-
se de se levantar contra ele, ou para isso desse ajuda, conselho e favor. vios, chegaram ao Rio de Janeiro em 7 de marçode 1808. Foram acompa-
nhados pela Brigada Real da Marinha, criada em Portugal em 1797, que
deu origem aoCorpo de Fuzileiros Navais brasileiros. Instalaram-se no
Paço da Cidade, construído em 1743 pelo Conde de Bobadela como

Ciências Humanas e suas Tecnologias 9 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
residência dos governadores. Além disso, a Coroa requisitou o Convento D. João VI ordenou que deputados do Brasil (bem como dos Açores,
do Carmo e a Cadeia Velha para alojar os serviçais e as melhores casas Madeira e Cabo Verde) participassem da assembleia.
particulares. A expropriação era feita pelo carimbo das iniciais PR, de
Príncipe-Regente, nas portas das casas requisitadas, o que fazia o povo, Em março, as Cortes em Portugal expediram decreto com as bases da
com ironia, interpretar a sigla como "Ponha-se na Rua!". constituição política da monarquia . No Rio, outro decreto comunicava o
retorno do rei para Portugal e ordenava que, «sem perda de tempo»,
A abertura foi acompanhada por uma série de melhoramentos introdu- fossem realizadas eleições dos deputados para representarem o Brasil nas
zidos no Brasil. No dia 1 de abril do mesmo ano, D. João expediu um Cortes Gerais convocadas em Lisboa. Chegaria em abril a Lisboa um
decreto que revogava o alvará de 5 de janeiro de 1785 pelo qual se extin- delegado da Junta do Pará, Maciel Parente, que por exceção conseguiu
guiam no Brasil as fábricas e manufaturas de ouro, prata, seda, algodão, discursar e foi o primeiro brasileiro a falar perante aquela Assembleia. Em
linho e lã. Depois do comércio, chegava "a liberdade para a indústria". Em abril, no Rio, realizou-se a primeira assembleia de eleitores do Brasil, que
13 de maio, novas cartas régias (decretos) determinaram a criação da resultou em confronto com mortos, pois as tropas portuguesas dissolveram
Imprensa Nacional e de umaFábrica de Pólvora,[39][40] que até então era a manifestação. No dia seguinte, cariocas afixaram à porta do Paço um
fabricada na Fábrica da Pólvora de Barcarena,[41] desde 1540. Em 12 de cartaz com a inscrição "Açougue do Bragança", referindo-se ao Rei como
outubro foi fundado o Banco do Brasil para financiar as novas iniciativas e carniceiro. D. João VI partiu para Portugal cinco dias depois, em 16 de abril
empreitadas. Tais medidas do Príncipe fariam com que se pudesse contar de 1821, deixando seu primogênito Pedro de Alcântara como Príncipe-
nesta época os primórdios da independência do Brasil. Regente do Brasil.
Em represália à França, D. João ordenou ainda a invasão e anexação Em 1821, o Brasil elegeu seus representantes, em número de 81, para
da Guiana Francesa, no extremo norte, e da banda oriental do rio Uruguai, as Constituintes em Lisboa. Em agosto de 1821, as Cortes apresentariam
no extremo sul, já que a Espanha estava então sob o reinado de José três projetos para o Brasil que irritaram os representantes brasileiros com
Bonaparte, irmão de Napoleão, e portanto era considerada inimiga. O medidas recolonizadoras que estes se recusavam a aceitar. Depois de
primeiro território foi devolvido à soberania francesa em 1817, mas o Maciel Parente, o monsenhor Francisco Moniz Tavares, deputado pernam-
Uruguai foi mantido incorporado ao Brasil sob o nome de Província Cispla- bucano, seria o primeiro brasileiro a discursar oficialmente, em vivo debate
tina. Em 9 de fevereiro de 1810, no Rio de Janeiro, foi assinado um Trata- com os deputados portugueses Borges Carneiro, Ferreira Borges e Moura,
do de Amizade e comércio pelo Príncipe Regente com Jorge III, rei da contra a remessa de mais tropas para Pernambuco e a incômoda presença
Inglaterra. da numerosa guarnição militar portuguesa na província.
Enquanto isso, na Espanha, os liberais, ainda acostumados com certa
liberdade econômica imposta por Napoleão enquanto ocupara o país, de Independência
1807 a 1810, se revoltaram contra os restauradores Bourbon, dinastia à A separação do Brasil foi informalmente realizada em janeiro de 1822,
qual pertencia a Carlota Joaquina, esposa de D. João, e impuseram-lhes a quando D. Pedro declarou que iria permanecer no Brasil ("Dia do Fico"),
Constituição de Cádiz em 19 de março de 1812. Em reação, o rei Fernando com as seguintes palavras: Como é para o bem de todos e felicidade geral
VII, irmão de Carlota, dissolveu as cortes em 4 de maio de 1814. A respos- da nação, estou pronto: diga ao povo que fico. Agora só tenho a recomen-
ta viria em 1820 com a vitória da Revolução Liberal (ou constitucional). Por dar-vos união e tranquilidade. Porém, a separação do Brasil se é dada no
isso, D. João e seus ministros se ocuparam das questões do Vice-Reinado dia 7 de setembro de 1822, com o "grito do Ipiranga" que foi romantizado,
do Rio da Prata, tão logo puseram os pés no Rio de Janeiro, surgindo apesar da separação anteriormente.
assim a questão da incorporação da Cisplatina.
É importante lembrar que apesar de ser elevado a Principado em
1645, tendo sido o Brasil uma colônia do Império Português, careceu de
bandeira própria por mais de trezentos anos. Não era costume, na tradição
vexilológica lusitana, a criação de bandeiras para suas colônias, quando
muito de um brasão. Visto que seu o título uso era exclusivo aos herdeiros
aparentes do trono português, o pavilhão dos príncipes do Brasil pode ser
tido como a primeira representação flamular do Brasil. Sobre campo branco
– cor relacionada à monarquia – inscreve-se uma esfera armilar – objeto
que viria a ser, por muito tempo, o símbolo do Brasil. Já no pavilhão pes-
soal de D. Manuel I, aparece este que foi um objeto crucial para viabilizar
as explorações marítimas de Portugal. Contudo, como Principado, não
possui nenhum privilégio administrativo, militar, econômico ou social, pois
ainda era visto como uma colônia portuguesa. Império (1822-1889)
Elevação a Reino Unido Primeiro reinado
No contexto das negociações do Congresso de Viena, o Brasil foi ele- Após a declaração da independência, o Brasil foi governado por Dom
vado à condição de Reino dentro do Estado português, que assumiu a Pedro I até o ano de 1831, período chamado dePrimeiro Reinado, quando
designação oficial de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves em 16 abdicou em favor de seu filho, Dom Pedro II, então com cinco anos de
de dezembro de 1815. A carta de lei foi publicada na Gazeta do Rio de idade.
Janeiro de 10 de janeiro de 1816, oficializando o ato. O Rio de Janeiro, por
conseguinte, subia à categoria de Corte e capital, as antigas capitanias Logo após a independência, e terminadas as lutas nas províncias con-
passaram a ser denominadas províncias (hoje, os estados). No mesmo tra a resistência portuguesa, foi necessário iniciar os trabalhos da Assem-
ano, a rainha Maria I morreu e D. João foi coroado rei como João VI. Deu bleia Constituinte. Esta havia sido convocada antes mesmo da separação,
ao Brasil como brasão-de-armas a esfera manuelina com as quinas, en- em julho de 1822; foi instalada, entretanto, somente em maio de 1823.
contradas já no século anterior em moedas da África portuguesa (1770). Logo se tornou claro que a Assembleia iria votar uma constituição restrin-
gindo os poderes imperiais (apesar da ideia centralizadora encampada por
Revolução no Porto e Retorno de D. João VI
José Bonifácio e seu irmão Antônio Carlos de Andrada e Silva). Porém,
D. João VI deixaria o Brasil em 1821. Em agosto de 1820 houvera no antes que ela fosse aprovada, as tropas do exército cercaram o prédio da
Porto uma revolução constitucionalista (revolução liberal portuguesa de Assembleia, e por ordens do imperador a mesma foi dissolvida, devendo a
1820), movimento com ideias liberais que ganhou adeptos no reino. Em constituição ser elaborada por juristas da confiança de Dom Pedro I. Foi
setembro de 1820, uma Junta Provisória de Governo obrigou os portugue- então outorgada a constituição de 1824, que trazia uma inovação: o Poder
ses a jurarem uma Constituição provisória, nos moldes da Constituição Moderador. Através dele, o imperador poderia fiscalizar os outros três
espanhola de Cádiz, até redação de uma constituição definitiva. Em janeiro poderes.
de 1821, em Portugal, aconteceu a solene instalação das Cortes Gerais,
Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa, encarregadas de Surgiram diversas críticas ao autoritarismo imperial, e uma revolta im-
elaborar a constituição, mas sem representantes brasileiros. Em fevereiro, portante aconteceu no Nordeste: a Confederação do Equador. Foi debela-

Ciências Humanas e suas Tecnologias 10 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
da, mas Dom Pedro I saiu muito desgastado do episódio. Outro grande ministro do visconde de Ouro Preto, e, por incentivo de republicanos como
desgaste do Imperador foi por o Brasil na Guerra da Cisplatina, onde o país Benjamin Constant Botelho Magalhães, o Marechal Deodoro da Fonseca
não manteve o controle sobre a então região de Cisplatina (hoje, Uruguai). proclamou a República e enviou ao exílio a Família Imperial. Diversos
Também apareciam os primeiros focos de descontentamento no Rio Gran- fatores contribuíram para a queda da Monarquia, dentre os quais: a insatis-
de do Sul, com os farroupilhas. fação da elite agrária com a abolição da escravatura sem que os proprietá-
rios rurais fossem indenizados pelos prejuízos sofridos, o descontentamen-
Em 1831 o imperador decidiu visitar as províncias, numa última tentati- to dos cafeicultores do Oeste Paulista que se tornaram adeptos do Partido
va de estabelecer a paz interna. A viagem deveria começar por Minas Republicano Paulista e da abolição pois usavam apenas mão de obra
Gerais; mas ali o imperador encontrou uma recepção fria, pois acabara de europeia dos imigrantes, e perdendo apoio dos militares, especialmente do
ser assassinado Líbero Badaró, um importante jornalista de oposição. Ao exército que se sentiam desprestigiados entendendo que o imperador
voltar para o Rio de Janeiro, Dom Pedro deveria ser homenageado pelos preferia a marinha do Brasil e que almejavam mais poder, e as interferên-
portugueses, que preparavam-lhe uma festa de apoio; mas os brasileiros, cias do Imperador em assuntos da Igreja.
discordando da festa, entraram em conflito com os portugueses, no episó-
dio conhecido como Noite das Garrafadas. Não houve nenhuma participação popular na proclamação da Repúbli-
ca do Brasil. O que ocorreu, tecnicamente foi um golpe militar. O povo
Dom Pedro tentou mais uma medida: nomeou um gabinete de minis- brasileiro apoiava o Imperador. O correspondente do jornal "Diário Popu-
tros com suporte popular. Mas desentendeu-se com os ministros e logo lar", de São Paulo, Aristides Lobo, escreveu na edição de 18 de novembro
depois demitiu o gabinete, substituindo-o por outro bastante impopular. daquele jornal, sobre a derrubada do império, a frase histórica:
Frente a uma manifestação popular que recebeu o apoio do exército,não
teve muita escolha, assim criou o quinto poder. Mas não deu certo a ideia, Por ora, a cor do governo é puramente militar e deverá ser assim. O fa-
e não restou nada ao imperador a não ser a renúncia, no dia 7 de abril de to foi deles, deles só porque a colaboração do elemento civil foi quase nula.
1831. O povo assistiu àquilo tudo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o
que significava. Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada!—
Período regencial Aristides Lobo
Durante o período de 1831 a 1840, o Brasil foi governado por diversos Para poupar conflitos, não houve violência e a Família Imperial pôde
regentes, encarregados de administrar o país enquanto o herdeiro do exilar-se na Europa em segurança.
trono, D. Pedro II, ainda era menor. A princípio a regência era trina, ou
seja, três governantes eram responsáveis pela política brasileira, no entan- D. Pedro II assinou sua renúncia com a mesma assinatura de seu pai
to com o ato adicional de 1834, que, além de dar mais autonomia para as ao abdicar em 1831: Pedro de Alcântara.
províncias, substituiu o caráter tríplice da regência por um governo mais
centralizador. O período pode ser divido em três etapas principais:

O primeiro regente foi o Padre Diogo Antônio Feijó , que notabilizou-se  a chamada fase de consolidação, que se estende de 1840 a 1850.
por ser um governo de inspirações liberais, porém, devido às pressões As lutas internas são pacificadas, o café inicia a sua expansão, a tarifa
políticas e sociais, teve que renunciar. O governo de caráter liberal caiu Alves Branco permite a Era Mauá.
para dar lugar ao do conservador Araújo Lima, que centralizou o poder em  o chamado apogeu do Império, um período marcado por grande
suas mãos, sendo atacado veementemente pelos liberais, que só tomaram estabilidade política, quando de 1849 até 1889 não aconteceu no Brasil
o poder devido ao golpe da maioridade. Destacam-se neste período a nenhuma revolução, algo inédito no mundo: 50 anos de paz interna em um
instabilidade política e a atuação do tutor José Bonifácio, que garantiu o país, permitida pelo sistema parlamentarista,(o parlamentarismo às aves-
trono para D. Pedro II. sas) e pela política de troca de favores. Em termos de Relações Internaci-
Teve início neste período a Revolução Farroupilha, em que os gaú- onais, o período é marcado pela Questão Christie e pela Guerra do Para-
chos revoltaram-se contra a política interna do Império, e declararam a guai.
República Piratini. Também neste período ocorreram a Cabanada, de  o chamado declínio do Império, marcado pela Questão Militar, pela
Alagoas e Pernambuco; a Cabanagem, do Pará; a revolta dos Malês e a Questão Religiosa, pelas lutas abolicionistas e pelo movimento republica-
Sabinada, na Bahia; e a Balaiada, no Maranhão. no, que conduzem ao fim do regime monárquico.
Segundo reinado Libertação dos escravos
O Segundo Reinado teve início com o Golpe da Maioridade (1840), Os primeiros movimentos contra a escravidão foram feitos pelos missi-
que elevou D. Pedro II ao trono, antes dos 18 anos, com 15 anos. A eco- onários jesuítas, que combateram a escravização dos indígenas mas
nomia, que teve como base principal a agricultura – tornando-se o café o toleraram a dos africanos. O fim gradual do tráfico negreiro foi decidido, no
principal produto exportador do Brasil durante o reinado de Pedro II, em Congresso de Viena, em 1815. Desde 1810, a Inglaterra fez uma série de
substituição à cana-de-açúcar –, apresentou uma expansão de 900%.A exigências a Portugal, e passou, a partir de 1845, a reprimir violentamente
falta de mão-de-obra, na época chamada de "falta de braços para a lavou- o tráfico internacional de escrvos, amparada na lei inglessa chamada Lei
ra", em consequência da libertação dos escravos foi solucionada com a Aberdeen. Em 1850, a Lei Eusébio de Queirós aboliu o tráfico internacional
atração de centenas de milhares de imigrantes, em sua maioria italianos, de escravos no Brasil.
portugueses e alemães.O que fez o país desenvolver uma base industrial e
começar a expandir-se para o interior. Em 1871, o Parlamento Brasileiro aprovou e a Princesa Isabel sancio-
nou a Lei 2.040, conhecida como Lei Rio Branco ouLei do Ventre Livre,
Nesse período, foi construída uma ampla rede ferroviária, sendo o determinando que todos os filhos de escravos nascidos desde então seri-
Brasil o segundo país latino-americano a implantar este tipo de transporte, am livres a partir dos 21 anos.
e, durante a Guerra do Paraguai, foi possuidor da quarta maior marinha de
guerra do mundo. A mão-de-obra escrava, por pressão interna de oligar- Em 28 de setembro de 1885, promulgou-se uma outra lei, a Lei dos
quias paulistas, mineiras e fluminenses, manteve-se vigente até o ano de Sexagenários (Lei Saraiva–Cotegipe) que determinava a "extinção gradual
1888, quando caiu na ilegalidade pela Lei Áurea. Entretanto, havia-se do elemento servil" e criava fundos para a indenização dos proprietários de
encetado um gradual processo de decadência em 1850, ano do fim do escravos e determinava que escravos a partir de 60 anos poderiam ser
tráfico negreiro, por pressão da Inglaterra, além de que o Imperador era livres. Assim, com estas duas leis (Ventre Livre e Sexagenários), a aboli-
contra a escravidão, pela opção dos produtores de café paulistas que ção dos escravos seria gradativa, com os escravos sendo libertos ao
preferiam a mão de obra assalariada dos imigrantes europeus, pela malária atingirem a idade de 60 anos.
que dizimou a população escrava naquela época e pela guerra do Paraguai
Em 1880, fora criada a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão que,
quando os negros que dela participaram foram alforriados.
juntamente com a Associação Central Abolicionista e outras organizações,
A partir de 1870, assistiu-se ao crescimento dos movimentos republi- passou a ser conhecida pela Confederação Abolicionista] liderada por José
canos no Brasil. Em 1889, um golpe militar tirou o cargo de primeiro- do Patrocínio, filho de uma escrava negra com um padre. Em 1884, os

Ciências Humanas e suas Tecnologias 11 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
governos do Ceará e do Amazonas aboliram, em seus territórios, a escra- PRIMEIRA REPÚBLICA
vidão, no que foram pioneiros.
Chama-se de Primeira República o período que vai do fim do Império
As fugas de escravos aumentram muito, após 1885, quando foi abolida até a Revolução de 30. Tem dois momentos distintos: a República da
a pena de açoite para os negros fugidos, o que estimulou as fugas. O Espada, até 1894, momento de consolidação do regime marcado pela
exército se negava a perseguir os negros fugidos. Há que lembrar ainda os presença dos militares no poder, e República das Oligarquias, até 1930,
Caifases, liderados por Antônio Bento, que promoviam a fuga dos negros, período em que os civis ocupam o poder.
perseguiam os capitães-de-mato e ameaçavam os senhores escravistas.
Em São Paulo, a polícia, em 1888, também não ia mais atrás de negros República da Espada – A cena política logo após a Proclamação da
fugidos. República é dominada por uma acirrada luta pelo poder entre centralistas e
federalistas. Os centralistas, em geral militares, têm a liderança do mare-
A abolição definitiva era necessária. Há divergências sobre o número chal Deodoro da Fonseca. Identificados com as ideias positivistas de um
de escravos existentes em 1888. Havia, segundo alguns estudiosos, Estado forte, são apoiados pelas antigas elites agrárias. Os federalistas
1.400.000 escravos para população de 14 milhões habitantes: cerca de reúnem uma maioria de civis que representam as forças políticas e econô-
11%. Porém, segundo a matrícula de escravos, concluída em 30 de março micas dominantes nos Estados, principalmente São Paulo e Minas, os mais
de 1887, o número de escravos era apenas 720.000. ricos do país. Defendem a descentralização do poder sob a forma de
república federativa e o controle do governo pelo Congresso, onde as
Finalmente, o presidente do Conselho de Ministros do "Gabinete de 10 oligarquias regionais estariam representadas. Os dois primeiros presiden-
de março", João Alfredo Correia de Oliveira, do Partido Conservador, tes são militares.
promoveu a votação de uma lei que determinava a extinção definitiva da
escravidão no Brasil. Em 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel sancionou República das Oligarquias – Passado os primeiros momentos de
a Lei Áurea, que já havia sido aprovada pelo Parlamento, abolindo toda e afirmação da República, os cafeicultores paulistas, que já detêm a hege-
qualquer forma de escravidão no Brasil. Logo após a Princesa assinar a Lei monia econômica, conseguem também a hegemonia política. A chamada
Áurea, ao cumprimentá-la, João Maurício Wanderley, o barão de Cotejipe, República das Oligarquias consolida-se a partir do governo de Prudente de
o único senador que votou contra o projeto da abolição da escravatura, Morais. Os Estados de São Paulo e Minas Gerais, respectivamente os
profetizou: maiores produtores de café e de leite do país, passam a dominar o governo
central na chamada "política do café-com-leite". A Presidência da Repúbli-
"A senhora acabou de redimir uma raça e perder o trono"!— Ba- ca é ocupada alternadamente por representantes do Partido Republicano
rão de Cotegipe Paulista (PRP) e do Partido Republicano Mineiro (PRM). No governo
A aristocracia escravista, oligarquia rural arruinada com a abolição sem Campos Sales, acordos políticos feitos com as oligarquias locais dão
indenização, culpou o governo e aderiu aos vários partidos republicanos origem a um outro apelido do período, o de "política dos governadores".
existentes, especialmente ao Partido Republicano Paulista e o PRM, que GOVERNO PROVISÓRIO
faziam na oposição ao regime monárquico, assim, uma das consequências
da abolição seria a queda da monarquia. Pequenos proprietários que não Instalado na noite de 15 de novembro de 1889, o governo provisório é
podiam recorrer a mão de obra assalariada fornecida pelos imigrantes dirigido pelo marechal Deodoro da Fonseca. Instaura o regime republicano
europeus também ficaram arruinados. Apenas a economia cafeeira do federalista, transforma as Províncias em Estados da Federação e o país
oeste paulista, porém, quando comparada à de outras regiões, não sofreu passa a chamar-se Estados Unidos do Brasil. Os estrangeiros residentes
abalos, pois já se baseava na mão-de-obra livre, assalariada. Muitos no Brasil têm a opção de se naturalizar e adquirir a cidadania brasileira.
escravos negros permaneceram no campo, praticando uma economia de
subsistência, em pequenos lotes, outros buscaram as cidades, onde entra- Civis x militares – O governo provisório é uma composição entre mili-
ram num processo de marginalização. Desempregados, passaram a viver tares, que ficam com a Presidência, e civis, a maioria nos ministérios. As
em choças e barracos nos morros e nos subúrbios. crises entre centralistas e federalistas expressam-se dentro do próprio
governo, pelo enfrentamento entre o presidente e seu ministério. Autoritário
E de acordo com a análise de Everardo Vallim Pereira de Souza, re- e centralista, Deodoro desperta nos civis o temor de uma ditadura militar. O
portando-se às consideração do Conselheiro Antônio da Silva Prado, as governo provisório termina em 25 de fevereiro de 1891, com a promulga-
consequências da abolição dos escravos, em 13 de maio de 1888, deixan- ção da primeira Constituição.
do sem amparo os ex-escravos, foram das mais funestas:
Manuel Deodoro da Fonseca (1827-1892) nasce em Alagoas e faz
Segundo a previsão do Conselheiro Antônio Prado, decretada de afo- carreira no Exército. Combate a Rebelião Praieira em Pernambuco, em
gadilho a “Lei 13 de maio”, seus efeitos foram os mais desastrosos. Os ex- 1848, e participa das guerras do Prata e do Paraguai. Chega ao posto de
escravos, habituados à tutela e curatela de seus ex-senhores, debandaram marechal-de-campo em 1884. Nomeado comandante de armas do Rio
em grande parte das fazendas e foram "tentar a vida" nas cidades; tentâme Grande do Sul em 1885, volta ao Rio de Janeiro no ano seguinte, quando
aquele que consistia em: aguardente aos litros, miséria, crimes, enfermida- assume a liderança da facção do Exército favorável à abolição da escrava-
des e morte prematura. Dois anos depois do decreto da lei, talvez metade tura. Seu prestígio o coloca à frente do movimento militar que derruba a
do novo elemento livre havia já desaparecido! Os fazendeiros dificilmente monarquia e proclama a República, em 15 de novembro de 1889. Assume
encontravam "meieiros" que das lavouras quisessem cuidar. Todos os a chefia do governo provisório. Mantém acirrada luta contra os civis e
serviços desorganizaram-se; tão grande foi o descalabro social. A parte resiste à convocação de uma Assembleia Constituinte. Depois, pressões
única de São Paulo que menos sofreu foi a que, antecipadamente, havia já dos militares sobre o Congresso, inclusive com ameaças de golpe, garan-
recebido alguma imigração estrangeira; O geral da Província perdeu quase tem sua eleição como presidente constitucional do país em 25 de fevereiro
toda a safra de café por falta de colhedores!—Everardo Vallim Pereira de de 1891, um dia depois de promulgada a Constituição. Permanece nove
Souza meses no posto. Tenta vencer a oposição articulando um golpe de Estado.
Enfrenta resistência dentro do Exército, chefiada por seu vice-presidente, o
O Brasil foi o último país independente do continente americano a abo- marechal Floriano Peixoto. Renuncia em 23 de novembro de 1891.
lir a escravatura. O último país do mundo a abolir a escravidão foi a Mauri-
tânia, somente em 9 de novembro de 1981, pelo decreto de número
81.234.
ASSEMBLEIA CONSTITUINTE
REPÚBLICA VELHA (1889-1930):
Estruturas políticas, econômicas e sociais As eleições para a Assembleia Constituinte, em 15 de setembro de
1890, são consideradas fraudulentas e manipuladas pelos militares alinha-
O período republicano começa com a derrubada do Império e a Pro- dos com Deodoro da Fonseca. Abertas as urnas, em muitos Estados os
clamação da República, em 15 de novembro de 1889, e se estende até eleitos são completamente desconhecidos dos eleitores. Mesmo assim, o
hoje. Costuma ser dividido em cinco fases distintas: Primeira República ou governo provisório fica em minoria. Sua bancada reúne militares, monar-
República Velha, Era Vargas, Segunda República, Regime Militar e Rede- quistas adesistas e positivistas. A maioria é formada pelos chamados
mocratização. "republicanos objetivos", representantes da oligarquia cafeeira.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 12 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Constituição de 1891 ou "política do café-com-leite" e enfrenta acirrada oposição dos "florianis-
tas", partidários do ex-presidente. Consegue derrotar a Revolução Federa-
Promulgada em 24 de fevereiro de 1891, a Constituição define os pode- lista no Rio Grande do Sul, mas enfrenta uma nova guerra no sertão baia-
res Executivo, Legislativo e Judiciário como independentes, separa o no: a Guerra dos Canudos, na época considerada uma rebelião monarquis-
Estado e a Igreja e permite a liberdade de culto. Institui o federalismo, o ta. Prudente de Morais - ver foto ao lado - faz seu sucessor, o também
presidencialismo e o regime representativo. Nas disposições transitórias, paulista e cafeicultor Campos Sales.
determina que a própria Assembleia Constituinte se transforme em Con-
gresso, com poder para eleger o primeiro presidente de forma indireta. GOVERNO PRUDENTE DE MORAIS
Federalismo Estado de sítio – Em 5 de novembro de 1897 o presidente sofre um
atentado no cais do porto do Rio de Janeiro. Um soldado florianista, Marce-
O presidente é o chefe da nação e tem poderes para intervir nos Esta- lino Bispo, tenta atingi-lo, e acaba matando o ministro da Guerra, marechal
dos em caso de movimentos separatistas, invasão estrangeira ou conflitos Carlos Bittencourt. O incidente dá pretexto para o Congresso decretar
com outras unidades da Federação. Os 20 Estados têm autonomia para estado de sítio. Com poderes excepcionais, Prudente de Morais prende
elaborar sua Constituição, eleger governadores, realizar empréstimos no seus opositores, fecha jornais e acaba com qualquer manifestação política.
exterior, decretar impostos e formar suas próprias forças militares. Consolida assim a presença de civis no poder federal.
Representação restrita – Os chefes do Executivo e os membros do Prudente José de Morais e Barros (1841-1902) nasce em Itu, São
Legislativo são eleitos diretamente. O voto não é secreto. Analfabetos, Paulo, numa família de grandes cafeicultores. Bacharel em direito, adere
mulheres, soldados e menores de 18 anos não têm direito a voto – restri- ao Partido Republicano Paulista em 1876 e, depois da Proclamação da
ções que reduzem o eleitorado a cerca de 6% da população do país. República, exerce o governo de São Paulo. Eleito senador constituinte em
GOVERNO DEODORO DA FONSECA 1890, chega à presidência do Senado, onde encabeça a oposição a Deo-
doro da Fonseca e é derrotado nas eleições indiretas para a Presidência.
O novo Congresso elege Deodoro da Fonseca - para a Presidência sob Sua eleição em 1894 marca o início da hegemonia dos grandes proprietá-
pressão militar, em 25 de fevereiro de 1891. Para demonstrar sua insatis- rios rurais da região Sudeste na política. Governa até 15 de novembro de
fação, os congressistas escolhem para vice-presidente o candidato da 1898. Enfrenta a oposição política dos florianistas, partidários do ex-
oposição, Floriano Peixoto, inimigo de Deodoro. Hostilizado pelo Congres- presidente Floriano Peixoto e de seu próprio vice, Manuel Vitorino Pereira,
so e sem o apoio de São Paulo e do PRP, Deodoro procura aproximar-se que tenta impedi-lo de voltar ao cargo quando se afasta por motivo de
dos demais governos estaduais, sem resultado. Isolado, tenta um golpe de doença. É o primeiro presidente a governar sob estado de sítio. Passa para
estado e a dissolução do Congresso, em 3 de novembro. Floriano Peixoto a história como "o pacificador", apesar da violenta repressão praticada
desencadeia um movimento legalista, apoiado pelo PRP, pela Marinha e contra Canudos, e das arbitrariedades cometidas sob a proteção do estado
Exército, obrigando Deodoro a renunciar ao cargo. de sítio. Ao deixar a Presidência, retira-se para Piracicaba, onde morre em
GOVERNO FLORIANO PEIXOTO 3 de dezembro de 1902.

As primeiras medidas de Floriano Peixoto ao assumir o governo, em 23 GOVERNO CAMPOS SALES


de novembro de 1891, são anular o decreto de dissolução do Congresso, Representante da oligarquia cafeeira paulista e destacado membro do
assinado por Deodoro, e derrubar os governos estaduais que apoiaram a Partido Republicano Paulista (PRP), Campos Sales assume em 15 de
tentativa de golpe. Preocupado em garantir suas bases de sustentação, novembro de 1898 e governa até o fim do mandato, em 15 de novembro de
toma decisões de grande apelo popular: controla a especulação financeira, 1902. Encontra as finanças públicas depauperadas: as despesas do go-
que vem provocando alta generalizada do custo de vida, e inaugura o verno são exatamente o dobro da receita e a inflação é galopante – situa-
tabelamento de preços no Brasil; fixa valores máximos para os gêneros ção agravada pela queda dos preços do café no mercado internacional no
alimentícios; e congela os preços dos aluguéis. Ao mesmo tempo, estimula início do século XX. Tenta combater a inflação e estabelece a primeira
a economia e apoia os interesses dos cafeicultores paulistas. moratória da história da República.
Oposição no Congresso – A oposição a Floriano reivindica a convo- Política dos governadores – Para evitar a forte oposição do Legislati-
cação de nova eleição presidencial. A Constituição prevê a realização de vo, Campos Sales dá início à chamada política dos governadores. Faz uma
eleições para o caso de vacância dos cargos de presidente ou vice antes aliança com as oligarquias dominantes em São Paulo e Minas Gerais,
de decorridos dois anos de mandato. Ele argumenta que esse dispositivo compromete-se a apoiá-las em troca da garantia da eleição dos candidatos
só se aplicaria aos casos de eleitos por voto direto e não por eleição indire- indicados pelo governo para o Congresso Nacional.
ta, como ocorrera com o marechal Deodoro. Apoiado por setores populares
e cafeicultores paulistas, consegue terminar seu mandato, mas enfrenta Manipulação de eleições – As denúncias de manipulação de elei-
motins e rebeliões militares e civis em vários pontos do país. As mais çõessão constantes durante toda a Primeira República. Não existe Justiça
importantes são a Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul, e a Revol- Eleitoral na época. O voto não é secreto e os resultados das eleições
ta da Armada, no Rio de Janeiro. Trata seus opositores com grande violên- estaduais são validados por uma "comissão de verificação" escolhida pelo
cia e ganha o apelido de Marechal de Ferro. Legislativo e, depois, ratificados pelo presidente da República. Nos Esta-
dos, as oligarquias mantêm o controle das eleições através do chamado
Floriano Vieira Peixoto (1839-1895) nasce em Vila de Ipioca, Alagoas. "voto de cabresto" ou "voto de curral".
Militar de carreira, chega ao posto de marechal-de-campo em 1888. No-
meado para a presidência da Província do Mato Grosso em 1884, exerce o Voto de curral – A expressão é usada para designar o sistema de po-
cargo por um ano. Na Proclamação da República, ocupa o posto de aju- der político onde as eleições são controladas ou manipuladas por quem
dante-geral do Exército do gabinete de Ouro Preto. Não chega a participar detém o poderio econômico e social. Tem sua origem no Império, quando
diretamente da conspiração para derrubar a monarquia, mas recusa-se a os comandantes da Guarda Nacional, os chamados coronéis, grandes
enfrentar as tropas republicanas lideradas por Deodoro. Durante o governo proprietários de terra ou mineradores, decidem em quem a população local
Provisório, ocupa o Ministério da Guerra em substituição a Benjamin Cons- deve votar. O "coronel" de cada região arranja empregos e distribui os mais
tant. Em 1890 é eleito senador constituinte por Alagoas. Inimigo político de variados benefícios à sua clientela. Os protegidos do "coronel" lhe devem
Deodoro, é eleito seu vice pela oposição no Congresso, em 1891. Também fidelidade, principalmente política, manifestada no momento das eleições.
lidera a oposição ao presidente no momento da dissolução do Congresso e A força dos coronéis é base de sustentação política dos governos estadu-
ocupa a chefia da nação após a renúncia do titular, em 23 de novembro de ais e da própria República das Oligarquias.
1891. Autoritário e centralista, governa com mão-de-ferro e trata a oposi- Manuel Ferraz de Campos Sales (1841-1913) nasce em Campinas,
ção com violência. No final do mandato, em 15 de novembro de 1894, São Paulo, reduto dos cafeicultores tradicionais. Bacharel em direito,
retira-se da vida pública. Morre no dia 29 de junho de 1895. elege-se deputado provincial em 1867. Um dos fundadores do Partido
É o primeiro presidente civil e também o primeiro eleito pelo voto direto. Republicano Paulista, representa-o na Câmara Imperial a partir de 1885.
Assume em 15 de novembro de 1894 e governa até o final do mandato, em Com a República, é nomeado ministro da Justiça do governo Provisório e
15 de novembro de 1898. Dá início à chamada República das Oligarquias governador de São Paulo. Companheiro político de Prudente de Morais,

Ciências Humanas e suas Tecnologias 13 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
tem seu apoio na candidatura à Presidência. Eleito em 15 de novembro de garante a eleição de Venceslau Brás à Presidência – que mais tarde tenta
1898, desenvolve uma política de apoio à agricultura e dá início à estraté- reduzir sua influência sobre o governo. Autoritário e impulsivo, durante sua
gia de valorização do café. Recusa-se a implantar medidas protecionistas vida pública trava vários duelos à pistola e revólver. Morre apunhalado
que beneficiem a nascente indústria brasileira. Termina o mandato em 15 pelas costas, no Hotel dos Estrangeiros, no Rio de Janeiro, por Francisco
de novembro de 1902 e volta à política em 1909 como senador por São Manso de Paiva, em circunstâncias não suficientemente esclarecidas.
Paulo. Morre em Santos, São Paulo, em 28 de junho de 1913.
GOVERNO NILO PEÇANHA
GOVERNO RODRIGUES ALVES
Vice-presidente na gestão de Afonso Pena, assume a Presidência em
Conservador e ex-monarquista, Rodrigues Alves derrota Quintino Bo- 14 de junho de 1909 após a morte do titular. Governa até 15 de novembro
caiúva, um republicano histórico, nas eleições de 1902. Assume dia 15 de de 1910. Seu curto governo é ocupado por grandes disputas de poder
novembro e governa até o final do mandato, em 1906. Dá continuidade à entre as oligarquias mineira e paulista – a Campanha Civilista –, que, em
política de valorização do café. Propõe-se a reurbanizar e sanear o Rio de alguns casos, chegam a enfrentamentos armados. A acelerada dizimação
Janeiro. Conduzidas de forma autoritária e sem o esclarecimento da opini- de tribos indígenas leva à criação do Serviço de Proteção ao Índio (SPI),
ão pública, essas campanhas provocam uma grande rebelião popular, a em 20 de julho de 1910, sob a direção do marechal Cândido Rondon.
chamada Revolta do Mosquito ou da Vacina – argumento para uma tentati-
va de golpe militar. Durante seu governo, eclode também a chamada Campanha Civilista – A disputa pela Presidência da República abre
Questão do Acre, área de litígio entre o Brasil e a Bolívia. uma brecha na aliança entre as oligarquias paulista e mineira. O ministro
da Fazenda do governo Afonso Pena, Davi Campista, é indicado pelos
Francisco de Paula Rodrigues Alves (1848-1919) nasce em Guara- paulistas para a sucessão de Nilo Peçanha. A maioria do Partido Republi-
tinguetá, São Paulo, numa família de latifundiários. Bacharel em direito, cano Mineiro, no entanto, com a adesão da oligarquia gaúcha, escolhe
inicia sua vida política em 1872, como deputado provincial pelo Partido como candidato o marechal Hermes da Fonseca, ministro da Guerra. Os
Conservador. Em 1887, chega à Presidência da Província de São Paulo. paulistas desistem da candidatura de Campista, aliam-se aos coronéis
Adere à República na última hora. Elege-se deputado constituinte em 1890 baianos e lançam Rui Barbosa para a Presidência. Começa assim a Cam-
e ocupa o Ministério da Fazenda nos governos de Floriano Peixoto e panha Civilista: "O mais inteligente dos brasileiros", slogan da campanha
Prudente de Morais. Em 1900 é eleito novamente presidente de São Paulo. dos paulistas, em oposição a um candidato militar. A maior parcela do
Apesar de seu passado monarquista e tendências conservadoras derrota eleitorado – Minas, Rio Grande do Sul e parte de São Paulo – é controlada
Quintino Bocaiúva, um republicano histórico, nas eleições para Presidência por Hermes da Fonseca. Os civilistas tentam conseguir apoio popular, sem
em 15 de novembro de 1902. Depois de cumprir seu mandato de presiden- resultado, e perdem as eleições.
te, volta a ocupar o governo paulista e, em seguida, uma vaga no Senado.
Eleito novamente para a Presidência em 1918, não chega a tomar posse. Rui Barbosa de Oliveira (1849-1923), jurista e estadista, nasce em
Contaminado pelo vírus da gripe espanhola, morre no Rio de Janeiro em Salvador, Bahia, forma-se em direito e cedo ingressa no jornalismo. Aboli-
janeiro de 1919. Assume em seu lugar o vice, Delfim Moreira. cionista, fica famoso em 1877 ao traduzir a obra O papa e o concílio, de
Doelinger, contra o dogma da infalibilidade do papa. Faz da introdução do
O mineiro Afonso Pena - ver foto ao lado é o candidato das elites pau- livro um libelo contra a chamada questão religiosa. Eleito deputado pela
listas em aliança com José Gomes Pinheiro Machado, senador gaúcho que Bahia, participa da reforma eleitoral de 1881 e da reforma do ensino, em
articula as bancadas dos pequenos Estados. Assume a Presidência em 15 1882 e 1883. Destaca-se na defesa da abolição, mas não se mostra um
de novembro de 1906 e morre antes de concluir o mandato, em 14 de batalhador da República, embora critique as falhas da monarquia e ajude
junho de 1909. A base da aliança que o leva ao poder é a política de em sua derrocada. Ministro da Fazenda no primeiro governo provisório,
valorização do café. Em seu governo, é criada a Comissão do Café do recorre à inflação para financiar o crescimento econômico. Liberal, ajuda a
Estado de São Paulo com o objetivo de controlar estoques e negociar redigir a Constituição de 1891. Opsicionista no governo de Floriano Peixo-
preços. Ampliam-se as comunicações no país. Em 1907, a Amazônia é to, é obrigado a exilar-se em 1894. Volta ao Brasil e ocupa uma cadeira no
ligada por telégrafo ao Rio de Janeiro, graças ao trabalho desenvolvido Senado. Ganha fama internacional ao defender os direitos das pequenas
pelo marechal Cândido Rondon. Em 1908 é aprovada a lei do serviço nações na 2a Conferência de Haia, em 1907. Propõe a igualdade entre as
militar obrigatório. nações e sua interferência lhe vale o epíteto de "Águia de Haia". Em 1910,
candidato civil à Presidência em oposição ao marechal Hermes da Fonse-
GOVERNO AFONSO PENA ca, lidera a Campanha Civilista. Perde e volta a disputar a Presidência em
Afonso Augusto Moreira Pena (1847-1909) nasce em Santa Bárbara, 1919, numa campanha radical nas questões sociais. Novamente é derrota-
Minas Gerais. Bacharel em direito, inicia sua vida política em 1874 como do, desta vez por Epitácio Pessoa. Deixa uma obra vasta, que inclui escri-
deputado provincial. Durante o Império ocupa os ministérios da Guerra tos e discursos sobre todas as questões da época.
(1882), da Agricultura (1883) e da Justiça (1885). Elege-se deputado Nilo Procópio Peçanha (1867-1924) nasce em Campos, Rio de Janei-
constituinte em 1890 e presidente de Minas Gerais em 1892, quando a ro. Advogado, participa das campanhas abolicionistas e republicanas. Em
capital é transferida de Ouro Preto para Belo Horizonte. Ocupa a presidên- 1890 é eleito deputado constituinte e, mais tarde, vice-presidente da Repú-
cia do Banco da República e volta a representar seu Estado em 1899, blica. Com a morte de Afonso Pena em 14 de junho de 1909 assume a
como senador. Eleito para a Presidência da República, assume em 15 de Presidência aos 41 anos. Conclui o mandato de presidente em 1910 e,
novembro de 1906. Morre antes do fim do mandato e é substituído pelo depois, elege-se senador por duas vezes e presidente do Estado do Rio de
vice, Nilo Peçanha. Janeiro. Em 1917 ocupa o Ministério das Relações Exteriores no governo
José Gomes Pinheiro Machado (1852-1915) nasce em Cruz Alta, Rio Venceslau Brás. É derrotado nas eleições para a Presidência em 1921,
Grande do Sul. Bacharel em direito, participa como voluntário do Exército como candidato da chapa Reação Republicana, de oposição às oligarquias
brasileiro na Guerra do Paraguai. Em 1891, é eleito senador e participa da estaduais. Morre no Rio de Janeiro em 31 de março de 1924.
primeira Constituinte republicana. Em 1893 combate a Revolução Federa- GOVERNO HERMES DA FONSECA
lista e torna-se general honorário do Exército por sua atuação contra os
rebeldes gaúchos. Figura carismática e de grande poder pessoal, domina a Assume a Presidência em 15 de novembro de 1910 e governa até o fi-
máquina política do Rio Grande do Sul e conquista liderança sobre o nal do mandato, em 1914. Gaúcho, num cenário político dominado por
Senado, onde forma um bloco majoritário muito mais seu que do governo. paulistas e mineiros, o marechal Hermes da Fonseca - ver foto ao lado -
Conquista também a maioria na Câmara dos Deputados e alcança um distancia-se um pouco da política "café-com-leite". Dá início à chamada
poder político dificilmente experimentado por outro parlamentar na história "política salvacionista", que recupera a importância direta dos militares na
da política brasileira. Com a morte do presidente Afonso Pena e a posse do política: apoia intervenções militares nos governos estaduais. Seu objetivo
vice-presidente Nilo Peçanha, seu amigo e colaborador, aumenta ainda é reduzir o domínio das oligarquias e moralizar a política. Na prática,
mais seu prestígio e influência. Coordena a campanha de Hermes da porém, os militares apenas participam do jogo de poder local: aliam-se às
Fonseca à Presidência, articulando as lideranças dos Estados do Norte e facções oligárquicas que estão na oposição e as colocam no poder, em
Nordeste, de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, contra o candidato dos substituição às oligarquias situacionistas. Seu governo é marcado por
paulistas, Rui Barbosa. Pinheiro Machado também lança a candidatura e revoltas militares, como a Revolta da Chibata, e por graves conflitos soci-

Ciências Humanas e suas Tecnologias 14 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ais, como a Guerra do Contestado e o Conflito de Juazeiro, encabeçado Conferência de Paz de Versalhes, em 1919, e é eleito presidente da Repú-
pelo Padre Cícero. blica quando ainda está no exterior. Governa de 1919 a 1922. Depois, é
nomeado juiz da Corte Internacional de Haia, cargo que exerce de 1923 a
Hermes Rodrigues da Fonseca (1855-1923) nasce em São Gabriel, 1930. Nesse ano, apoia a candidatura de Getúlio Vargas e João Pessoa,
no Rio Grande do Sul. Sobrinho do marechal Deodoro da Fonseca, é seu sobrinho, pela Aliança Liberal. Abatido pelo assassinato de João
militar de carreira e um dos fundadores do Clube Republicano do Círculo Pessoa, não se identifica com os novos rumos da política brasileira e deixa
Militar, de 1878. Após a Proclamação da República, mantém-se em fun- a vida pública.
ções militares. Alcança o posto de marechal em 1906, quando é nomeado
ministro da Guerra do governo de Afonso Pena. Nesse cargo, reorganiza o GOVERNO ARTUR BERNARDES
Exército e, em 1908, institui o serviço militar obrigatório. Sua candidatura à
Presidência tem o apoio dos conservadores e dos militares, das elites Presidente da República entre 1922 e 1926, Artur Bernardes governa
mineiras, gaúchas e dos pequenos Estados coordenadas pelo senador sob estado de sítio, interrompido apenas entre dezembro de 1923 e julho
José Gomes Pinheiro Machado. Eleito em 1910, depois de agitada campa- de 1924, como defesa contra o Tenentismo. Os conflitos sociais e políticos
nha, governa até 1914. Depois de deixar a Presidência, envolve-se em se intensificam. Em janeiro de 1923 explode uma rebelião no Rio Grande
diversos incidentes políticos e, inclusive, na Revolta do Forte de Copaca- do Sul que contrapõe as oligarquias da região. No ano seguinte os tenen-
bana, em 1922. Preso por seis meses, retira-se para Petrópolis ao ser tes rebelam-se em São Paulo e começa a Coluna Prestes, no Rio Grande
libertado e morre poucos meses depois, em 9 de setembro de 1923. do Sul. No plano social, o governo Artur Bernardes - ver foto ao lado -
inaugura algumas vantagens trabalhistas, como as férias anuais obrigató-
GOVERNO VENCESLAU BRÁS rias, de 15 dias (lei 4.982), para empregados do comércio, indústrias e
bancos, instituída em dezembro de 1925.
Venceslau Brás - ver foto ao lado - assume a Presidência em 15 de
novembro de 1914 e governa até o fim do mandato, em 1918. Seu governo Artur da Silva Bernardes (1875-1955) nasce em Viçosa, Minas Ge-
é marcado por grande agitação política interna e externa. A 1a Guerra rais. Advogado, inicia sua vida política como vereador em sua cidade.
Mundial convulsiona a Europa, explode a primeira grande revolução socia- Depois elege-se deputado estadual e federal, assume a Secretaria das
lista na Rússia e, no Brasil, o movimento operário surge como uma força Finanças e a presidência de seu Estado. Presidente da República de 1922
organizada. O Código Civil Brasileiro é promulgado em 1916. No terreno da a 1926, é eleito senador em 1926. Participa da Aliança Liberal e lidera a
saúde pública, a gripe espanhola atinge a população de forma violenta. Em Revolução de 30 em seu Estado. Em 1932, durante a Revolução Constitu-
1918, só em São Paulo, morrem 8 mil pessoas em apenas quatro dias. cionalista tenta organizar em Minas um movimento de apoio à rebelião
Rodrigues Alves, o presidente da República recém-eleito, é uma das paulista. Derrotado, é obrigado a exilar-se. Volta ao Brasil em 1934 e é
vítimas da gripe. Na economia, dá continuidade à política de valorização do eleito deputado federal, cargo que exerce até 1937, quando o Congresso é
café. A guerra provoca queda das exportações e Venceslau Brás manda fechado por Getúlio Vargas. Em 1943 participa do movimento pela rede-
queimar 3 milhões de sacas de café, em junho de 1917, para evitar a baixa mocratização do país. É eleito deputado constituinte pelo Partido Republi-
dos preços. cano em 1946, e reeleito em 1954. Participa da campanha pela criação da
Petrobrás e preside a Comissão Nacional do Petróleo até sua morte, em
Venceslau Brás Pereira Gomes (1868-1966) nasce em São Caetano 1955.
da Vargem Grande, atual Brasópolis, Minas Gerais. Bacharel em direito, é
promotor público em seu Estado e inicia carreira política em 1892, como GOVERNO WASHINGTON LUÍS
deputado provincial. Ocupa a Secretaria do Interior de Minas Gerais, elege-
se deputado federal e vice-presidente do Estado. De 1909 a 1910, assume Washington Luís - ver foto ao lado - assume em 15 de novembro de
o governo de Minas devido à morte do presidente do Estado, João Pinhei- 1926 e é deposto pela Revolução de 30. Governa num período em que as
ro. Vice-presidente da República no mandato de Hermes da Fonseca, é divisões internas das antigas oligarquias e a crise econômica de 1929
lançado para a sucessão do marechal como uma solução conciliatória para levam ao fim da Primeira República. A cisão da oligarquia paulista em
as forças estaduais em disputa. Concorre como candidato único e governa liberais e republicanos conservadores consolida-se em 1926: uma dissi-
de 1914 a 1918. Depois, retira-se da vida pública. dência do antigo PRP funda o Partido Democrático, de tendência liberal,
com o apoio do jornal O Estado de S. Paulo. No mesmo ano, Getúlio
GOVERNO DELFIM MOREIRA Vargas, deputado federal pelo Rio Grande do Sul, é nomeado ministro da
Fazenda e dá início à sua rápida ascensão ao poder. O mandato de Wa-
Eleito vice-presidente em 1o de março de 1918 na chapa encabeçada shington Luís também é marcado pela repressão aos movimentos popula-
por Rodrigues Alves, toma posse como interino, em 15 de novembro, por res e à crescente organização dos trabalhadores. Em 1927, promulga a
causa do impedimento do presidente, contaminado pelo vírus da gripe chamada Lei Celerada, que permite a repressão a atividades políticas e
espanhola. Com a morte de Rodrigues Alves em janeiro de 1919, assume sindicais. Em 1o de maio de 1929 é fundada a Confederação Geral dos
a Presidência até a eleição de um novo presidente, em 28 de julho do Trabalhadores (CGT).
mesmo ano. Em seu curto governo envia uma delegação para a Conferên-
cia de Paz em Versalhes e enfrenta greves operárias em Porto Alegre, Washington Luís Pereira de Souza (1869-1957) nasce em Macaé,
Recife, Salvador, Curitiba e Niterói. Rio de Janeiro, e ainda jovem muda-se para São Paulo. Bacharel em
direito, é promotor público em Batatais e prefeito da cidade em 1898.
GOVERNO EPITÁCIO PESSOA Deputado estadual em 1904, ocupa o cargo de secretário da Justiça e
Assume a Presidência em 28 de julho de 1919 e governa até 15 de no- Segurança Pública de São Paulo de 1906 a 1912. Eleito prefeito da capital
vembro de 1922. Seu governo é marcado por graves conflitos sociais e paulista em 1914 e presidente do Estado em 1920, é dele a frase "governar
políticos que já antecipam a crise da Primeira República. Em outubro de é abrir estradas". Em seus governos, investe na modernização da infra-
1919 enfrenta amplo movimento grevista em São Paulo. A polícia fecha o estrutura de transportes, saneamento e demais serviços públicos. Historia-
jornal operário A Plebe e expulsa do país seus redatores e mais cem dor e membro da Academia Paulista de Letras, publica sua produção
militantes operários, todos imigrantes. Em 1929, decreta intervenção historiográfica em livros e artigos de jornais e revistas. Eleito presidente da
federal na Bahia devido aos choques entre os coronéis locais e políticos de República em 1926, é deposto pela Revolução de 30. Vai para o exílio na
oposição. Tropas federais ocupam Recife para conter conflitos entre as Europa e volta ao país em 1947.
oligarquias durante eleições de 1922. Nomeia o historiador Pandiá Calóge- REBELIÕES DA PRIMEIRA REPÚBLICA
ras, um civil, para ocupar o Ministério da Guerra. Os militares se rebelam e,
em julho de 1922, Epitácio Pessoa - ver foto ao lado - fecha o Clube Motins militares, rebeliões armadas, guerras civis e levantes populares
Militar do Rio de Janeiro. Seu ato provoca o protesto de oficiais jovens e são constantes em toda a Primeira República. Na fase de consolidação do
inaugura a participação dos tenentes na política do país. novo regime explodem motins e levantes populares em vários pontos do
país. A oposição congrega desde liberais radicais, que exigem maior
Epitácio da Silva Pessoa (1865-1942) nasce em Umbuzeiro, Paraíba. democratização do Estado, até monarquistas – presentes na Revolta da
Formado em direito, é eleito deputado constituinte por Pernambuco em Armada e na Revolução Federalista. Consolidado o regime, as rebeliões
1890. Ministro da Justiça no governo Campos Sales, em 1898, é nomeado surgem das disputas entre as oligarquias regionais pelo controle do poder.
ministro do Supremo Tribunal em 1901. Chefia a delegação brasileira à

Ciências Humanas e suas Tecnologias 15 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Há levantes de setores populares marginalizados e fanatizados, como na derrotadas. O fracasso assusta o governo e uma nova expedição é organi-
Guerra dos Canudos e na do Contestado, ou, ainda, contra a violação de zada em meados de 1897 com 8 mil soldados, algumas metralhadoras e
direitos civis e humanos, como a Revolta da Vacina. Nos anos 20, o movi- dois canhões, sob o comando do general Artur Oscar Andrade Guimarães.
mento tenentista põe em cheque a própria estrutura do poder montada Os combates começam em 25 de junho de 1897 e prolongam-se até 1o de
pelas oligarquias. outubro. As tropas do governo ocupam o povoado e matam Antônio Conse-
lheiro. A luta continua até 5 de outubro, quando morrem os quatro últimos
REVOLTA DA ARMADA combatentes.
A cúpula da Marinha rebela-se em 6 de setembro de 1893 e exige a REVOLTA DA VACINA
deposição de Floriano Peixoto. A revolta é liderada pelo contra-almirante
Custódio José de Melo e tem o apoio do almirante monarquista Luís Felipe As políticas de saneamento e de reforma urbana promovidas no gover-
Saldanha da Gama. Em 9 de fevereiro de 1894 as tropas rebeldes desem- no de Rodrigues Alves e conduzidas com violência revoltam a população
barcam em Niterói e tentam cercar a Capital. São derrotadas pelas forças pobre do Rio de Janeiro. Cortiços e casas populares são derrubados para
legalistas. Saldanha da Gama e mais 525 revoltosos buscam asilo nos permitir o alargamento das ruas e a construção de avenidas. A população é
navios portugueses Mindelo e Afonso de Albuquerque, atracados na baía expulsa de suas casas e os aluguéis sobem absurdamente. A campanha
de Guanabara. O incidente provoca o rompimento das relações diplomáti- de saneamento também é violenta: as casas da população pobre são
cas entre Brasil e Portugal, reatadas apenas em 16 de março de 1895, já invadidas e vasculhadas, os utensílios em condições precárias são inutili-
no governo de Prudente de Morais. zados. A revolta explode em 9 de outubro de 1904, quando é aprovada a
lei que torna a vacinação obrigatória. Repartições públicas são depreda-
REVOLUÇÃO FEDERALISTA das, lojas saqueadas e bondes incendiados. A população levanta barrica-
Em 15 de dezembro de 1893, durante o governo de Floriano Peixoto, das em diversas ruas do Rio. A oposição procura usar a revolta para
eclode uma guerra civil no Rio Grande do Sul. É provocada pelo autorita- derrubar o governo: dia 13 de outubro a Escola Militar rebela-se. A reação
rismo e excesso de centralização do presidente do Estado, Júlio de Casti- do governo é imediata. Controla a rebelião popular e, no dia 16, forças
lhos, um republicano histórico que tem o apoio de Floriano e governa com legalistas ocupam a Escola Militar.
mão-de-ferro. Osvaldo Gonçalves Cruz (1872-1917), cientista, médico e sanitarista,
Maragatos e pica-paus – Os aliados de Castilhos são chamados de é o pioneiro da medicina experimental no Brasil. Em 1896 faz estágio no
"pica-paus" ou "chimangos", herdeiros políticos dos liberais moderados, Instituto Pasteur, em Paris. Volta ao Brasil três anos depois e organiza o
como o senador Pinheiro Machado que, desde o Império, comanda a combate ao surto de peste bubônica registrado em Santos, São Paulo, e
política no Rio Grande do Sul. A oposição, os maragatos, é formada pelos em outras cidades portuárias. Participa da fundação do Instituto Soroterá-
federalistas adeptos do sistema parlamentar. São liderados por Gaspar da pico, no bairro de Manguinhos, no Rio de Janeiro, mais tarde Instituto
Silveira Martins, um ex-monarquista, por Gumercindo Saraiva e pelo gene- Osvaldo Cruz e, atualmente, um órgão da Fundação Osvaldo Cruz. Esco-
ral João Nunes da Silva Tavares. Os revoltosos têm o apoio da Marinha, lhido pelo governo para o cargo de diretor-geral da Saúde Pública, em 26
rebelada contra Floriano e o movimento tem nítido caráter antigovernista. de março de 1903, planeja e coordena a campanha pela erradicação da
Os enfrentamentos armados duram dois anos. Em 10 de julho de 1895, no febre amarela e da varíola do Rio de Janeiro. Organiza as brigadas "mata-
governo de Prudente de Morais, é feito um acordo de paz: o governo mosquitos" e é o principal pivô da chamada Revolta da Vacina e da rebe-
central garante o poder a Júlio de Castilhos e o Congresso anistia os lião da Escola Militar contra a lei da vacinação obrigatória. Osvaldo Cruz
participantes do movimento revolucionário. reforma o código sanitário do país e remodela os órgãos de saúde. Dirige a
campanha pela erradicação da febre amarela em Belém do Pará e na zona
GUERRA DE CANUDOS da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, divisa do Acre com a
Em 1893, no final do governo Floriano Peixoto, surge no sertão da Ba- Bolívia, e na calha do rio Amazonas. Deixa a direção da Saúde Pública em
hia um movimento messiânico, na época considerado monarquista, que se 1909 e, em 26 de junho de 1913, ingressa na Academia Brasileira de
transforma em uma guerra civil. É liderado por um beato, figura comum no Letras. Em 18 de agosto de 1916 assume a Prefeitura de Petrópolis, Esta-
sertão nordestino na segunda metade do século XVIII. Os beatos apare- do do Rio de Janeiro, e dirige um plano de reurbanização da cidade. Doen-
cem em torno das várias casas de caridade fundadas pelo padre José te, não conclui o mandato. Morre em 1917.
Maria Ibiapina e administradas por ordens leigas. Antônio Vicente Mendes REVOLTA DA CHIBATA
Maciel, o beato Antônio Conselheiro, começa a formar seu grupo de adep-
tos na casa de caridade de Bom Conselho, no sertão de Pernambuco. Mais Em 22 de novembro de 1910, no início do governo Hermes da Fonse-
tarde, funda a cidade de Belo Monte, no Arraial de Canudos, palco de um ca, estoura a Revolta da Chibata no Rio de Janeiro. O estopim é o castigo
dos conflitos sociais mais sangrentos da Primeira República. de 250 chibatadas imposto ao marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes.
Os couraçados São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Deodoro, ancorados na
Antônio Conselheiro (1830-1897) é o apelido de Antônio Vicente baía da Guanabara, se amotinam sob o comando do marinheiro João
Mendes Maciel, beato que dirige o Arraial e a Guerra de Canudos. Nasce Cândido. O comandante do navio Minas Gerais, Batista Neves, e outros
em Quixeramobim, Ceará, e fica conhecido em 1893, quando entra em oficiais são mortos. Os revoltosos apontam os canhões dos navios para o
choque com as autoridades de Bom Conselho, Pernambuco. O motivo é a Palácio do Catete, sede do governo, e fazem suas exigências: fim dos
autorização do governo federal para que os municípios cobrem impostos. castigos corporais na Marinha e melhor alimentação. Ameaçado, o governo
Conselheiro faz sermões contra a República e diz que o novo regime piora aceita as reivindicações dos marinheiros. Rui Barbosa, senador da Repú-
as condições de vida da população pobre – daí sua fama de monarquista. blica, apresenta no Congresso um projeto com esses pontos e mais a
Com seu grupo, arranca e queima os editais que anunciam a cobrança de anistia para os revoltosos, desde que estes deponham as armas. Os
impostos. Daí em diante, mantém conflitos constantes com as autoridades marinheiros cumprem sua parte. O governo, no entanto, volta atrás e
civis e religiosas. Proibido pela Igreja de fazer pregações e perseguido pela manda prender João Cândido e seus companheiros. Dois anos depois,
polícia, Antônio Conselheiro e seus seguidores internam-se no sertão. eles são julgados e absolvidos.
Fundam no Arraial de Canudos um misto de comunidade primitiva e acam-
pamento militar. A fama de que o arraial é santo espalha-se, atraindo GUERRA DO CONTESTADO
milhares de devotos. Conselheiro dirige a guerra contra as forças legalistas Revolta de camponeses do planalto catarinense, a Guerra do Contes-
até sua morte, em 1897. tado, entre 1912 e 1916, chega a envolver cerca de 50 mil pessoas. A
Arraial de Canudos – À margem do rio Vaza-barris, no sertão baiano, região do Contestado, rica em erva-mate e madeira, é uma área de litígio
o Arraial de Canudos reúne quase 30 mil habitantes. Os romeiros plantam entre os Estados do Paraná e Santa Catarina. Tal como no Nordeste
e criam rebanhos para consumo próprio e comércio com as cidades vizi- brasileiro, desenvolve-se ali um fanatismo religioso alimentado pelos
nhas. A comunidade prospera e começa a inquietar os grandes proprietá- "monges", os beatos locais. Os conflitos começam quando duas empresas
rios rurais da região e a Igreja. Para se defender, os fiéis de Antônio Con- norte-americanas, a Brazil Railway, construtora de estradas de ferro, e a
selheiro organizam-se em grupos armados. Entre novembro de 1896 e Southern Brazil Lumber & Colonization, exploradora de madeira, se insta-
março de 1897, tropas federais fazem três investidas contra o arraial e são lam na região, trazem para o Contestado uma mão-de-obra marginal e

Ciências Humanas e suas Tecnologias 16 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
barata e começam a expulsar os posseiros e a especular com a terra. Em de Engenharia de Santo Ângelo. No início são 900 rebeldes e parte deles é
1912 o "monge" José Maria torna-se uma liderança na região. Seus segui- contida pelo governo federal. Uma Coluna consegue fugir ao cerco gover-
dores são romeiros de diversas localidades, a maioria expulsa de suas nista e ruma para São Paulo. Em abril de 1925 unem-se às tropas rebeldes
terras. paulistas derrotadas no ano anterior. Luís Carlos Prestes adota a ideia de
uma guerra de movimento contra o governo, procurando desgastá-lo.
Rebeldes romeiros – José Maria e seus seguidores instalam-se pri- Ocupam posições e cidades para, em seguida, abandoná-las. Mantêm,
meiro em Curitibanos, Santa Catarina. O monge prega o fim da República, assim, a ideia de invencibilidade. Os rebeldes pregam reformas sociais e
chamando-a de "lei do diabo". São expulsos e vão deslocando-se pelo econômicas e repudiam qualquer acordo com as oligarquias.
interior de Santa Catarina e Paraná, em combates constantes com as
tropas do governo. José Maria morre em 1913. Os rebeldes montam uma A rota da Coluna – A Coluna Prestes reúne cerca de 1.500 homens,
nova cidade santa – Santa Maria –, palco da guerra. Em setembro de dura 29 meses e percorre mais de 25 mil km. Sai do Rio Grande do Sul, vai
1914, sob comando do general Setembrino de Carvalho, 7 mil soldados para São Paulo, entra no Paraguai e volta ao país. Atravessa Mato Grosso,
armados com modernos equipamentos militares, inclusive aviões, mar- Goiás, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraí-
cham para a região. Santa Maria cai em 3 de março de 1915 e a resistên- ba e Pernambuco. Em fevereiro de 1927, com metade de seus componen-
cia só é aniquilada no ano seguinte. Em outubro de 1916 os Estados tes dizimados pela cólera e sem condições materiais de continuar, embre-
envolvidos fazem um acordo, fundam na região o município de Concórdia e nha-se pela Bolívia e Paraguai. Mais tarde, Prestes aproxima-se do mar-
o Contestado é reintegrado à ordem republicana. xismo e transforma-se no principal líder comunista do país.
CONFLITO DE JUAZEIRO Luís Carlos Prestes (1898-1990) nasce em Porto Alegre e cursa a Es-
Padre Cícero Romão Batista , líder religioso venerado por milhares de cola Militar do Rio de Janeiro. Como tenente-engenheiro na Companhia
camponeses do sertão do Cariri, é o pivô desse conflito. Aliado dos coro- Ferroviária de Deodoro é transferido para o Rio Grande do Sul, onde
néis cearenses, é eleito prefeito de Juazeiro em 1911. Organiza, então, o começa a participar de movimentos políticos tenentistas. Em 1924 dá baixa
Pacto dos Coronéis: 17 chefes políticos da região fazem uma aliança para do Exército, já como capitão, e transforma-se num dos principais líderes do
garantir a permanência da família Acioli no poder estadual. O presidente da movimento tenentista. Em 1924 subleva o Batalhão Ferroviário de Santo
República, Hermes da Fonseca, reage e nomeia o coronel Franco Rabelo Ângelo, interior do Rio Grande do Sul. Dirige-se à Foz do Iguaçu ao encon-
para dirigir o Estado. A Assembleia Legislativa cearense não aceita a tro dos revolucionários paulistas comandados por Miguel Costa – fato que
indicação e elege Floro Bartolomeu, mentor político do padre Cícero, para dá início à Coluna Prestes. A prolongada marcha da Coluna pelo interior do
o governo. Os dois armam os sertanejos para garantir a decisão dos depu- país assume caráter lendário, e Prestes ganha o apelido de Cavaleiro da
tados. Hermes da Fonseca indica o general Setembrino de Carvalho como Esperança. No final de 1926 exila-se na Bolívia e aproxima-se do marxis-
interventor do Ceará e força a renúncia do padre. Excomungado pela Igreja mo. Em 1931 vai para a União Soviética e retorna três anos depois para
no final dos anos 20, padre Cícero permanece como eminência parda da assumir a liderança da Aliança Nacional Libertadora. Em 1935, com a
política cearense por mais de uma década e até hoje é considerado um Intentona Comunista, Prestes é preso junto com sua mulher, a alemã Olga
santo pelos sertanejos. Benário, em adiantado estado de gravidez. Olga é entregue pelo chefe da
polícia de Getúlio Vargas, Filinto Muller, ao governo nazista. A filha do
MOVIMENTOS TENENTISTAS casal, Anita Leocádia, nasce no mesmo campo de concentração onde Olga
O chamado Tenentismo nasce em 1922 entre a jovem oficialidade das Benário é assassinada. Prestes sai da prisão com a anistia decretada em
Forças Armadas – capitães e tenentes – e estende-se até 1934. Tem a 1945, assume a direção do Partido Comunistae faz uma aliança com
adesão de militares de patente superior e de civis das classes médias Getúlio. Elege-se senador pelo Distrito Federal, é cassado e entra para a
urbanas, insatisfeitos com um sistema que privilegia apenas as oligarquias clandestinidade em 1947, quando o governo Dutra decreta a ilegalidade do
estaduais, principalmente a do café. Propõe maior centralização do Estado, PCB. Em 1957 volta a circular com liberdade. Em 1964 é pego de surpresa
moralização dos costumes políticos e voto secreto. Os chamados tenentes pelo golpe militar. Foge apressadamente e deixa inúmeros documentos,
não procuram incorporar as massas populares ao seu movimento. Reali- usados mais tarde pelo governo militar para prender muitos militantes
zam ações militares diretas , como o levante dos 18 do Forte de Copaca- comunistas. Seus direitos políticos são cassados por dez anos. Em 1978,
bana, a Revolução Paulista de 1924 e a Coluna Prestes. Com a Revolução por divergências internas, é afastado da secretaria-geral do PCB e, depois,
de 30, a maioria dos tenentes adere ao liberalismo político e uma minoria do próprio partido. Anistiado em 1979, retorna à vida pública em 1980 e
ingressa no Partido Comunista do Brasil (PCB). Em 1934 alguns líderes participa da Campanha das Diretas-Já, em 1984.
incorporam-se à Ação Integralista Brasileira e outros à Aliança Nacional POLÍTICA EXTERNA
Libertadora (ANL).
Passado o período de reconhecimento da República, o Brasil enfrenta
Os 18 do Forte – Em julho de 1922, o presidente Epitácio Pessoa no- vários litígios de fronteira. O mais grave é a disputa pelo Acre com a Bolí-
meia um civil, Pandiá Calógeras, para o Ministério da Guerra. A decisão via. Com sua economia centrada em produtos agrícolas de exportação, o
provoca protestos dos militares. Epitácio fecha o Clube Militar e prende seu país depende do mercado externo e sua política internacional tende a
presidente. Na madrugada de 5 de julho há uma rebelião de jovens oficiais: alinhar-se com a de seus principais compradores. Durante a 1a Guerra
sob o comando do capitão Euclides da Fonseca, 17 oficiais tomam o Forte Mundial alinha-se com os Estados Unidos e é o único país da América do
de Copacabana. Enfrentam forte resistência das forças legalistas. O com- Sul a participar do conflito.
bate continua na rua e os oficiais dissidentes ganham o apoio de um grupo
civil. A luta é desigual e termina com a morte de praticamente todos os CONFLITOS DE FRONTEIRA
revoltosos. Sobrevivem apenas os tenentes Siqueira Campos e Eduardo
Os principais conflitos de fronteiras ocorrem no governo de Prudente de
Gomes. Como resultado, é decretado estado de sítio no país, mantido
Morais. Desde o Império, o Brasil disputa com a Argentina o território das
durante quase todo o governo Epitácio Pessoa.
Missões, hoje integrado ao Rio Grande do Sul. Em 1895, o litígio é subme-
Rebelião Paulista de 1924 – Em 5 de julho de 1924, a capital paulista tido ao presidente Cleveland, dos EUA, que dá parecer favorável ao Brasil.
é tomada por militares rebeldes chefiados pelos generais Isidoro Dias Em 1896, Brasil e Inglaterra entram em litígio pela posse da ilha de Trinda-
Lopes e Miguel Costa e pelos tenentes Joaquim e Juarez Távora e Eduar- de, no litoral do Espírito Santo, ocupada pelos ingleses em 1890. A arbitra-
do Gomes. Os revoltosos forçam a fuga do presidente do Estado e ocupam gem é feita por Portugal e o Brasil ganha a disputa. Em 1895, os franceses
a cidade por 22 dias. Exigem a derrubada do presidente da República Artur ocupam o Amapá e tentam anexá-lo. A questão é julgada pelo governo
Bernardes, eleição de uma Assembleia Constituinte e voto secreto. Tropas suíço, que dá a posse do território ao Brasil, em 1o de dezembro de 1900.
federais bombardeiam São Paulo e forçam a retirada dos rebeldes. No final
de julho, eles seguem em direção ao Rio Grande do Sul, para se juntar ao A QUESTÃO DO ACRE
movimento militar que começa a ser organizado pelo líder tenentista Luís A exploração e prosperidade do comércio da borracha levam muitos
Carlos Prestes. brasileiros, principalmente nordestinos, à região do Acre, área que perten-
Coluna Prestes – Movimento militar desencadeado em outubro de ce à Bolíviadesde 1867. Os brasileiros recusam-se a obedecer as autori-
1924, no Rio Grande do Sul, liderado por Luís Carlos Prestes, do Batalhão dades bolivianas, criam um território independente e exigem sua anexação

Ciências Humanas e suas Tecnologias 17 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ao Brasil. Em 14 de julho de 1899, com apoio dos seringalistas e do gover- governo intervém e desvaloriza seguidamente a moeda brasileira: embora
no do Amazonas, Luís Galvez Rodrigues de Arias proclama a República do o café renda menos em moeda estrangeira, esta pode comprar mais moe-
Acre. Enfrenta as próprias forças armadas brasileiras, que ajudam os da nacional, garantindo os ingressos dos grandes produtores. O restante
bolivianos a recuperar a região. Em 1901 a Bolívia arrenda o Acre ao The da nação, porém, precisa pagar mais pelas importações, há um aumento
Bolivian Sindicate of New York City in North America. geral nos preços internos e no custo de vida.
Anexação do Acre – Em 6 de agosto de 1902, no final do governo de Dívida externa – Com a desvalorização da moeda, o governo fica sem
Campos Sales, os brasileiros instalados no Acre se rebelam sob o coman- condições de pagar os juros da dívida externa e é obrigado a contrair
do de José Plácido de Castro: as forças bolivianas são expulsas em 24 de novos empréstimos para honrar os anteriores. O governo Campos Sales
janeiro de 1903 e Castro é aclamado governador do Estado Independente decreta a primeira moratória da dívida externa, o funding loan: os banquei-
do Acre. Em 17 de novembro de 1903, já no governo Rodrigues Alves, ros avalizam um novo empréstimo de 10 milhões de libras, dão um prazo
Brasil e Bolívia assinam o Tratado de Petrópolis: o Brasil compra a região de 13 anos para o Brasil começar a saldar o grosso de suas dívidas e de 3
por 2 milhões de libras esterlinas, compromete-se a construir a estrada de anos para pagar os juros devidos. Como garantia aos credores, o governo
ferro Madeira-Mamoré - ver foto ao lado - e a indenizar o Bolivian Syndi- hipoteca a Central do Brasil e o serviço de água do Rio de Janeiro. Assume
cate com 110 mil libras esterlinas. No ano seguinte o Acre é incorporado ao também uma política de deflação: corta despesas públicas, interrompe
Brasil como território federal. obras, demite funcionários, restringe o crédito e aumenta impostos.
PRESENÇA NA 1ª GUERRA Valorização do café – A superprodução do café atinge seu pico na sa-
fra de 1905 e 1906: são produzidos 22 milhões de sacas frente a uma
O Brasil permanece neutro na Guerra Mundial até 1917. Os Estados
1a demanda que não ultrapassa 6 milhões de sacas. Para contornar a situa-
Unidos pressionam o governo brasileiro para entrar no conflito e ameaçam ção, os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro firmam
suspender as importações do país. Em outubro de 1917, durante o governo o Convênio de Taubaté, em 27 de fevereiro de 1906, e dão início à chama-
de Venceslau Brás, submarinos alemães atacam navios brasileiros na da política de valorização do café: contraem novos empréstimos no exteri-
costa de Santa Catarina. O episódio deflagra no país uma campanha pela or, compram toda a produção excedente e regulam a oferta de forma a
participação na guerra comandada por Rui Barbosa. O governo brasileiro evitar a queda dos preços do produto. De 1906 a 1909 retiram do mercado
declara estado de beligerância contra a Alemanha e envia uma unidade 8,5 milhões de sacas de café. Os empréstimos para pagá-las chegam a 15
médica e aviadores para cooperar com os ingleses no patrulhamento do milhões de libras esterlinas. A longo prazo, os efeitos dessa política são
Atlântico Sul. O Brasil é a única nação sul-americana a participar do confli- desastrosos: a dívida externa e a inflação crescem ainda mais e a manu-
to. tenção artificial dos preços estimula a produção nos países concorrentes
ECONOMIA NA PRIMEIRA REPÚBLICA do Brasil.

Durante a Primeira República, a economia brasileira permanece cen- DIVERSIFICAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES
trada na produção cafeeira, mas avança o processo de modernização e Em seus melhores momentos, o café representa 70% do total das ex-
diversificação das atividades econômicas. No final do século XIX, os enge- portaçõesdo país, mas outros produtos agrícolas ganham importância na
nhos nordestinos modernizam-se com a instalação de usinas mecanizadas. pauta de exportações a partir do final do século XIX. Os principais são a
No sul do país, as pequenas propriedades de colonização estrangeira borracha - ver foto ao lado -, nativa da Amazônia, e o cacau, plantado na
aumentam sua participação no mercado interno e externo, com núcleos Bahia. A explosão das vendas desses produtos promove um surto de
econômicos exportadores de charque e erva-mate. Na região Amazônica progresso nessas regiões.
intensifica-se a exploração da borracha, valorizada pela nascente indústria
automobilística. A indústria brasileira também cresce com capitais vindos Apogeu da borracha – Os preços do látex extraído das seringueiras
da cafeicultura ou estrangeiros, e expandem-se os organismos de crédito. da Amazônia (Hevea brasilienses) explodem com a invenção do pneumáti-
No início do século, empresas estrangeiras instaladas no país, como a co e a expansão da indústria automobilística nos Estados Unidos. A produ-
anglo-canadense Light & Power e a norte-americana Bond and Share, ção brasileira cresce rapidamente e, em 1907, a borracha já é responsável
ampliam os serviços urbanos de água, luz e transportes. por 23% do valor das exportações brasileiras. O recorde ocorre em 1912,
quando são exportadas 42 mil toneladas de borracha. A partir de 1910, no
POLÍTICA ECONÔMICA entanto, holandeses e ingleses desenvolvem plantações planejadas e com
A valorização do café, a emissão de moedas e a inflação são as ques- grande produtividade na Indonésia, Ceilão e Malásia. Em 1919 a borracha
tões centrais da política econômica da Primeira República. A escassez de asiática já inunda o mercado internacional: das 423 mil toneladas comer-
moeda, um problema que surge com a abolição da escravatura e com a cializadas, apenas 34 mil toneladas são brasileiras. A produção da Amazô-
imigração, torna-se aguda com o crescimento do trabalho assalariado no nia definha e toda a região entra em decadência.
campo e na cidade. Em janeiro de 1890, Rui Barbosa, ministro da Fazenda Cultivo do cacau – No final do século XIX a demanda europeia e nor-
do governo provisório de Deodoro da Fonseca, tenta resolver o problema te-americana pelo cacau torna seu plantio lucrativo. O cultivo desenvolve-
adotando uma política emissionista, a primeira do país, chamada de enci- se na região de Ilhéus, no sul da Bahia, onde o solo e o clima são ideais,
lhamento. Mais tarde, no governo de Campos Sales, a superprodução do há terras virgens em abundância e mão-de-obra barata. A produção atinge
café dá início à política de desvalorização da moeda nacional, num proces- seu pico em 1900, quando o Brasil vende 13 mil toneladas de cacau e
so de socialização das perdas dos cafeicultores. firma-se como o maior exportador mundial. Nos anos seguintes, os ingle-
Encilhamento – A política monetária de Rui Barbosa fica conhecida ses instalados na Costa do Ouro, África, passam a dominar o mercado.
como encilhamento, uma alusão ao lugar do hipódromo onde são feitas as INDUSTRIALIZAÇÃO
apostas nos cavalos. O país é dividido em quatro zonas – Bahia, Rio de
Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul – e um banco emissor é instalado A riqueza acumulada com o café dinamiza o mercado consumidor e es-
em cada uma. Seu objetivo é atender às novas necessidades financeiras, timula o desenvolvimento industrial. Em 1910 o Brasil possui cerca de
expandir o crédito e estimular a criação de novas empresas nessas regi- 3.500 indústrias. Dez anos mais tarde já são 13 mil estabelecimentos
ões. O resultado, porém, é desastroso. A emissão de moedas sem controle industriais. Destes, 5.936 surgem entre 1915 e 1919, em consequência das
acelera a inflação, que chega aos 115%. Proliferam também as atividades dificuldades de importação durante a 1a Guerra e da política de incentivo à
especulativas: empresas fantasmas com grandes planos irrealizáveis industrialização dos governos republicanos. Em 1924, o país produz 99%
supervalorizam suas ações na Bolsa de Valores em uma orgia especulativa dos sapatos consumidos internamente, 90% dos móveis e 86% dos têxteis.
que faz surgir grandes fortunas da noite para o dia. A indústria de alimentação é a que mais cresce nas primeiras décadas da
República e chega a representar 40% dos estabelecimentos industriais do
Desvalorização da moeda – No final do século XIX, a alta do preço do país.
caféno mercado internacional estimula a expansão da lavoura no país. O
resultado é uma superprodução e, em consequência, a queda dos preços Presença do capital estrangeiro – No início do século XX o capital es-
nos mercados consumidores. Em 1893 uma saca de 60 quilos vale 4,09 trangeiro amplia sua presença no Brasil, principalmente o norte-americano.
libras-ouro. Seis anos depois, em 1899, o preço cai para 1,48 libra-ouro. O A indústria da carne é dominada pelos frigoríficos Wilson, Armour, Swift e

Ciências Humanas e suas Tecnologias 18 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Anglo; os vagões ferroviários são feitos pela fábrica norte-americana ção Operária, fundada em 1908. Dois anos mais tarde a Confederação
Pullman e os automóveis que circulam no país são da Ford ou da General realiza o primeiro Congresso Operário no país. Entre 1908 e 1909 e de
Motors. Na siderurgia, os franceses e belgas tomam a dianteira com a 1913 a 1915 a Confederação Operária edita o jornal A Voz do Trabalhador.
Companhia Belgo-Mineira. Dos 14 bancos existentes em 1910, sete são No dia 1o de maio de 1929 é fundada a Confederação Geral dos Trabalha-
estrangeiros. dores (CGT).
CRISE DE 1929 Greve Geral de 1917 – O ano de 1917 é marcado por uma série de
pequenas greves que culminam com uma greve geral, realizada em São
A quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, tem reflexos de- Paulo, entre os dias 12 e 15 de julho. Participam 45 mil trabalhadores e é a
sastrosos sobre a economia brasileira. Os preços internacionais do café maior paralisação operária realizada no país até 1930. Exigem um reajuste
despencam e os créditos para o país são cortados. O governo fica sem salarial de 20% e forçam o governo paulista a atender a algumas de suas
condições de manter a política de valorização do café e a situação é agra- reivindicações: fiscalização dos preços no varejo, liberdade para os operá-
vada pela produção recorde do ano: 30 milhões de sacas. Inúmeros fazen- rios presos e não punição aos grevistas. O acordo é feito por meio de um
deiros vão à ruína e multiplicam-se as falências no comércio e na indústria. comitê de conciliação integrado por jornalistas da grande imprensa da
O governo faz crescentes emissões de moeda, política que agrava ainda época. Greves por melhores salários e garantias trabalhistas proliferam
mais a crise do país e enfraquece a hegemonia das burguesias paulista e durante toda a década de 20.
mineira.
Conquistas operárias – Em 1918 a Câmara dos Deputados cria a
SOCIEDADE NA PRIMEIRA REPÚBLICA Comissão de Legislação Social com o objetivo de propor leis de proteção
No final do Império e Primeira República, a sociedade brasileira fica aos trabalhadores. Em 24 de dezembro de 1925 entra em vigor a lei 4.982
mais diversificada. Além da elite dominante, representada pela burguesia que institui 15 dias de férias anuais para trabalhadores do comércio, da
rural e urbana, as classes médias aparecem com força no cenário político. indústria e dos bancos.
Surge também um proletariado urbano influenciado pelas tradições políti- Fundação do PCB – Em 1922 é formado o Partido Comunista do Bra-
cas anarquistas e socialistas trazidas pelos imigrantes europeus. sil(PCB), uma influência direta da Revolução Socialista Soviética de 1917.
Classes sociais – A burguesia é formada pelos representantes da la- Nos dois anos iniciais, as ideias anarquistas são preponderantes entre
voura tradicional e ex-escravocrata, como os do Vale do Paraíba; pelos seus militantes. O partido só é aceito na 3a Internacional – organização
cafeicultores modernos que empregam trabalho assalariado, como os do internacional dos comunistas – em 1923, com a expulsão dos anarquistas.
oeste de São Paulo; por banqueiros e grandes comerciantes ligados à Essa filiação dá pretexto para o governo brasileiro perseguir os comunis-
exportação e à importação, e pelos grandes e pequenos industriais. As tas: a sede do partido é invadida e destruída e, em 1924, o governo decre-
classes médias urbanas incluem os imigrantes que se dedicam ao pequeno ta sua ilegalidade.
comércio e ao artesanato; os militares, os profissionais liberais e os altos Bloco Operário-camponês – Os militantes comunistas, os anarquis-
funcionários públicos. O proletariado inclui funcionários públicos do baixo tas, os socialistas e ativistas independentes fundam o Bloco Operário-
escalão, trabalhadores assalariados rurais e urbanos, e uma grande maio- camponês (BOC), uma frente política de atuação pública. O BOC defende
ria de ex-escravos desempregados ou que trabalham como biscateiros. bandeiras como o voto secreto, redução do custo de vida, anistia para
Presença do imigrante – Entre 1889 e 1928 entram no país 3.523.591 presos políticos e o combate às oligarquias e ao imperialismo. Nas eleições
imigrantes. Mais de um terço são italianos, seguidos pelos portugueses, de 1928 elege alguns deputados e vereadores e, em 1930, lança candidato
espanhóis, alemães e japoneses. A maior parte vai para a lavoura do café. próprio à Presidência: o marmorista e vereador Minervino de Oliveira. Seu
Muitos, porém, de origem urbana, abandonam o campo e dedicam-se ao desempenho eleitoral é inexpressivo.
comércio ou à indústria, como assalariados ou donos de seus próprios CULTURA NA PRIMIRA REPÚBLICA
negócios.
Obras literárias inspiradas na realidade brasileira, como as de Euclides
MOVIMENTO OPERÁRIO da Cunha, Lima Barreto e Monteiro Lobato, surgem nos primeiros anos da
Em uma sociedade que acabara de sair da escravidão, a nascente República. Mas é a partir da 1a Guerra Mundial que a produção cultural do
classe operária enfrenta condições de trabalho adversas. Os salários são país adquire maior pujança e originalidade. Na Europa, o pós-guerra é
muito baixos, não existe legislação trabalhista e os sindicatos recém- acompanhado por um movimento de renovação artística. Surge uma nova
formados não são reconhecidos. Os trabalhadoresnão contam com aviso estética e as chamadas "vanguardas" ganham espaço na literatura, na
prévio em casos de demissão, não têm direito a férias, a aposentadoria ou música e nas artes plásticas. Os artistas brasileiros, principalmente os mais
a qualquer tipo de seguro contra acidentes. A jornada de trabalho diária jovens, também são tocados pelo espírito renovador. Acompanham o que
chega a 15 horas. A greve é encarada como crime e caso de polícia. Em acontece fora do país mas querem produzir uma arte original, oposta aos
1889 há 54 mil operários no país, localizados principalmente em São Paulo padrões europeus – tendência que desemboca na Semana de Arte Moder-
e no Rio de Janeiro. Em 1920 eles já são 275.512, a maioria imigrantes na, realizada em São Paulo, em fevereiro de 1922.
italianos e espanhóis, responsáveis pela difusão das ideias anarquistas e MODERNISMO BRASILEIRO
socialistas no país.
Em 1917 a pintora Anita Malfatti promove em São Pauloa primeira ex-
Anarquismo – O anarquismo chega ao Brasil com os imigrantes euro- posição de arte moderna do país. Sua pintura provoca verdadeiro escânda-
peus e, durante boa parte da Primeira República, é a ideologia predomi- lo e choca a intelectualidade da época. Monteiro Lobato, por exemplo,
nante no movimento operário. Os anarquistas defendem a organização escritor e crítico literário respeitado, critica a exposição perguntando se a
sindical autônoma para todas as categorias profissionais como forma de os obra da artista é mistificação ou manifestação de paranoia. No mesmo ano,
operários reunirem forças para negociar com os patrões. Eles se opõem Oswald de Andrade escreve o romance Memórias sentimentais de João
radicalmente ao Estado, à Igreja e à propriedade privada e pregam a Miramar, só publicado em 1924. Ambos estarão entre os fundadores do
completa extinção dessas instituições. Também são contrários a qualquer modernismo, movimento que revela uma geração de novos artistas. Nas
atuação político-partidária e aí reside sua principal diferença com os socia- artes plásticas, destacam-se Lasar Segall , Tarsila do Amaral, Di Cavalcan-
listas e comunistas. A influência anarquista sobre o movimento operário ti, Ismael Néri e Cândido Portinari. Na escultura, Vitor Brecheret. Na músi-
brasileiro diminui quando o Estado começa a criar mecanismos legais de ca, Villa-Lobos - ver foto ao lado - e, na literatura, Mário de Andrade e
proteção ao trabalhador. Manuel Bandeira.
Primeiras organizações – Sem mecanismos formais de participação Literatura modernista – A produção modernista inova na forma, na
política, a classe operária começa a se organizar para ampliar seus direitos linguagem e na temática escolhida. Os poetas e prosadores deixam de
trabalhistas. No final do século XIX surgem as primeiras ligas operárias "macaquear a sintaxe lusíada", como afirma Manuel Bandeira, e procuram
que, mais tarde, transformam-se em sindicatos. Em 1890 é fundado o se expressar como brasileiros. Retomam os temas do indianismo, mas
Partido Operário e, em 1902, o Partido Socialista Brasileiro e o jornal renegam todas as idealizações românticas. É assim com Macunaíma, "o
operário Avanti. A primeira associação de caráter nacional é a Confedera- herói sem nenhum caráter" de Mário de Andrade. No movimento da Antro-

Ciências Humanas e suas Tecnologias 19 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
pofagia lançado por Oswald de Andrade, o escritor propõe a deglutição de entre os grupos oligárquicos e os chamados tenentes que apoiam a Revo-
todas as influências estrangeiras para que se possa criar uma arte verda- lução de 30. Getúlio Vargas equilibra as duas forças: atende a algumas
deiramente brasileira. reivindicações das oligarquias regionais e nomeia representantes dos
tenentes para as interventorias estaduais. O interventor em São Paulo é
CRISE NA PRIMEIRA REPÚBLICA um veterano do movimento tenentista, João Alberto. Para o Rio Grande do
A superprodução cafeeira e a política de valorização do café levam a Sul, nomeia Flores da Cunha e para os Estados do Norte-Nordeste e
uma crise econômica. A queda da Bolsa de Valores de Nova York, em Espírito Santo é escolhido um supervisor, Juarez Távora, que fica conheci-
1929, acentua a crise. Surgem brechas nos acordos políticos entre as do como "vice-rei do Norte".
oligarquias que controlam o Estado desde o início da República. Nas Agitações sociais – Em 1931 o PCB organiza no Rio de Janeiro uma
eleições de 1930 os paulistas desafiam a tradicional política do café-com- manifestação contra a carestia, a Marcha contra a Fome, violentamente
leite. Decidem permanecer no controle do governo central, quando a vez reprimida. Em vários Estados também pipocam greves e manifestações de
seria dos mineiros. O presidente Washington Luís, um paulista, indica outro oposição. Os setores oligárquicos afastados do poder se reorganizam,
paulista, Júlio Prestes, como candidato à sua sucessão. exigem a convocação de uma Assembleia Constituinte e o fim do governo
Aliança Liberal – Minas Gerais passa para a oposição e alia-se ao Rio provisório. São Paulo, principal centro econômico do país, lidera a oposi-
Grande do Sul e à Paraíba. Os três Estados formam a Aliança Liberal que, ção a Vargas.
além das elites agrárias, também aglutina militares e setores das classes REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA
médias urbanas. O gaúcho Getúlio Vargas é escolhido para concorrer à
Presidência, tendo como vice o paraibano João Pessoa. A campanha Em 1932 as elites paulistas deflagram a Revolução Constitucionalista
eleitoral mobiliza todo o país. Júlio Prestes é eleito presidente em 1o de contra o governo federal. Uma frente entre o Partido Republicano Paulista,
março de 1930, mas não chega a assumir o cargo. Em outubro, estoura a derrotado pela Revolução de 30, e o Partido Democrático lança a campa-
Revolução de 1930, que leva Getúlio Vargas ao poder. nha pela imediata convocação de uma Assembleia Constituinte e o fim das
intervenções nos Estados. O movimento tem o apoio das classes médias.
REVOLUÇÃO DE 1930 E A ERA VARGAS (1930-1945): Manifestações e comícios multiplicam-se na capital. Em um deles, dia 23
Contexto internacional, industrialização e processo de modernização. de maio de 1932, os manifestantes entram em conflito com o chefe de
polícia Miguel Costa e quatro estudantes são mortos: Euclides Bueno
Segunda Guerra Mundial e suas influências no país. Miragaia, Mário Martins de Almeida, Dráusio Marcondes de Souza e Antô-
João Pessoa, candidato a vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas, nio Américo Camargo de Andrade. Com as iniciais de seus nomes é com-
é assassinado em 26 de julho de 1930. O crime precipita a Revolução. No posta a sigla MMDC (Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo), assumida
dia 3 de outubro, o movimento estoura em Porto Alegre, sob a liderança como emblema do movimento rebelde. Em 9 de julho de 1932 estoura a
civil de Getúlio Vargas. O comando militar fica com o coronel Góis Montei- rebelião armada. As forças paulistas comandadas pelo general Isidoro Dias
ro, o mesmo que em 1922 e 1924 lutara contra o Tenentismo. Os revoluci- Lopes ficam isoladas: não recebem ajuda dos outros Estados e a Marinha
onários dominam rapidamente o Rio Grande do Sul, Minas Gerais e o bloqueia o porto de Santos impedindo-as de comprar armas no exterior. Os
Nordeste. Os legalistas tentam organizar a resistência em São Paulo, paulistas se rendem em 3 de outubro, depois de quase três meses de luta.
Bahia, Pará e Rio de Janeiro, sem resultados. Na madrugada de 24 de Constituição de 1934 – As eleições são realizadas dia 3 de maio de
outubro os chefes militares rebeldes intimam Washington Luís a deixar a 1933 e a Assembleia Constituinte é instalada em 15 de novembro. Pela
Presidência e o poder é assumido por uma junta militar. Dez dias depois, primeira vez uma mulher é eleita deputada no país, a médica Carlota
em 3 de novembro de 1930, a junta transfere o poder para Vargas. Pereira de Queiroz. Promulgada em 15 de julho de 1934, a Constituição
Getúlio Dornelles Vargas (1883-1954) nasce em São Borja, Rio mantém a república federativa, o presidencialismo, o regime representativo
Grande do Sul, e torna-se um dos políticos e estadistas mais marcantes do e institui o voto secreto. Amplia os poderes do Estado, que passa a ter
século. Inicia carreira militar e a abandona em 1902. Ingressa na faculdade autonomia para estabelecer monopólios e promover estatizações. Limita a
de direito, em Porto Alegre, e é eleito deputado estadual em 1909, 1913 e atuação política do Senado, incumbindo-o da coordenação interna dos três
1917. Integra a Câmara Federal de 1922 a 1926. Procura conciliar o presi- poderes federais. Institui o Conselho de Segurança Nacional e prevê a
dente eleito Artur Bernardes com o situacionismo gaúcho representado por criação das justiças Eleitoral e do Trabalho. Nas disposições transitórias,
Borges de Medeiros, que apoiara o candidato da oposição, Nilo Peçanha. transforma a Assembleia Constituinte em Congresso e determina que o
Assume o Ministério da Fazenda no governo Washington Luís de 1926 até próximo presidente seja eleito indiretamente por um período de 4 anos.
1928, ano em que elege-se presidente do Rio Grande do Sul. Candidato GOVERNO CONSTITUCIONAL
pela Aliança Liberal à Presidência é derrotado, lidera a Revolução de 30 e
assume o poder por 15 anos. Derrubado pelos militares em outubro de Getúlio Vargas é eleito presidente pelo Congresso em julho de 1934 e
1945, em dezembro elege-se senador por São Paulo e Rio Grande do Sul, exerce o mandato constitucional até o golpe do Estado Novo, em 10 de
e consegue fazer seu sucessor, o general Eurico Gaspar Dutra. Em 1950 novembro de 1937. Os três anos de legalidade são marcados por intensa
vence as eleições para a Presidência pelo PTB. Seu mandato é marcado agitação política, greves e o aprofundamento da crise econômica. Nesse
pela criação da Petrobrás, pela nacionalização da produção de energia quadro, ganham importância movimentos como a Ação Integralista Brasilei-
elétrica e criação da Eletrobrás, além de uma inflação galopante, escânda- ra (AIB) e a Aliança Nacional Libertadora (ANL).
los administrativos e acirrada oposição conservadora de civis e militares. Ação Integralista Brasileira – As ideias fascistas chegam ao Brasil
Em 24 de agosto de 1954, diante da opção de renunciar ou ser deposto, nos anos 20, propagam-se a partir do sul do país e dão origem a pequenos
suicida-se com um tiro no peito. núcleos de militantes. Em 1928 é fundado o Partido Fascista Brasileiro. A
ERA VARGAS organização mais representativa dos fascistas, porém, é a Ação Integralista
Brasileira (AIB), fundada em 1932 pelo escritores Plínio Salgado e Gustavo
A chamada "Era Vargas" começa com a Revolução de 30 e termina Barroso. O movimento é apoiado por setores direitistas das classes mé-
com a deposição de Getúlio Vargas em 1945. É marcada pelo aumento dias, dos latifundiários e dos industriais. Recebe a adesão de representan-
gradual da intervenção do Estado na economia e na organização da socie- tes do clero católico, da polícia e das Forças Armadas. Defende um Estado
dade e também pelo crescente autoritarismo e centralização do poder. autoritário e nacionalista que promova a "regeneração nacional", com base
Divide-se em três fases distintas: governo provisório, governo constitucio- no lema "Deus, Pátria e Família".
nal e Estado Novo.
Plínio Salgado (1895-1975) nasce em São Bento do Sapucaí, São
GOVERNO PROVISÓRIO Paulo, e estuda ciências humanas em Minas Gerais. Desde jovem dedica-
Getúlio Vargas é conduzido ao poder em 3 de novembro de 1930 pela se ao jornalismo. Elege-se deputado estadual em 1928 e, em 1932, funda
Junta Militar que depôs o presidente Washington Luís. Governa como a Ação Integralista Brasileira (AIB). Em menos de quatro anos, o movimen-
chefe revolucionário até julho de 1934, quando é eleito presidente pela to reúne mais de 300 mil adeptos em todo o país. De inspiração nazi-
Assembleia Constituinte. O governo provisório é marcado por conflitos fascista, adota uma simbologia nacionalista, uma camisa verde como

Ciências Humanas e suas Tecnologias 20 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
uniforme e, como saudação, a palavra anauê, uma interjeição da língua outorga da nova Constituição da República, elaborada pelo jurista Francis-
tupi. Apontado como líder do levante integralista de 1938, Plínio Salgado é co Campos. A quarta Constituição do país e terceira da República, conhe-
preso na fortaleza de Santa Cruz, e depois exilado em Portugal. Volta ao cida como "a polaca" por inspirar-se na Constituição fascista da Polônia,
Brasil em 1945, com o fim do Estado Novo, e funda o Partido da Represen- institui a ditadura do Estado Novo.
tação Popular (PRP). Em 1955, concorre à Presidência da República e
chega em último lugar. Elege-se deputado federal em 1958 e 1962 pelo Constituição de 1937 – A Constituição outorgada acaba com o princí-
PRP, e em 1966 e 1970 pela Arena. Membro da Academia Paulista de pio de harmonia e independência entre os três poderes. O Executivo é
Letras, escreve romances, ensaios e obras políticas. considerado "órgão supremo do Estado" e o presidente é a "autoridade
suprema" do país: controla todos os poderes, os Estados da Federação e
Aliança Nacional Libertadora – O agravamento das condições de vida nomeia interventores para governá-los. Os partidos políticos são extintos e
das massas urbanas e rurais, e as tendências autoritárias de Vargas instala-se o regime corporativista, sob autoridade direta do presidente. A
fornecem os ingredientes para formar a Aliança Nacional Libertadora "polaca" institui a pena de morte e o estado de emergência, que permite ao
(ANL), em março de 1935. A ANL é uma grande frente política formada por presidente suspender as imunidades parlamentares, invadir domicílios,
ex-tenentes, comunistas, socialistas, líderes sindicais e liberais alijados do prender e exilar opositores.
poder. O capitão da Marinha Hercolino Cascardo, líder da revolta do coura-
çado São Paulo na Revolução Paulista de 1924, é escolhido para dirigi-la. ESTADO NOVO
Luís Carlos Prestes, ex-chefe da Coluna Prestes e já militante do Partido A ditadura Vargas, ou Estado Novo, dura oito anos. Começa com o
Comunista, é indicado seu presidente de honra. A ANL defende a suspen- golpe de 10 de novembro de 1937 e se estende até 29 de outubro de 1945,
são definitiva do pagamento da dívida externa, ampliação das liberdades quando Getúlio é deposto pelos militares. O poder é centralizado no Execu-
civis, proteção aos pequenos e médios proprietários de terra, reforma tivo e cresce a ação intervencionista do Estado. As Forças Armadas pas-
agrária nos latifúndios improdutivos, nacionalização das empresas estran- sam a controlar as forças públicas estaduais, apoiadas pela polícia política
geiras e instauração de um governo popular. de Filinto Muller. Prisões arbitrárias, tortura e assassinato de presos políti-
Movimento nacional – Formada à semelhança das frentes populares cos e deportação de estrangeiros são constantes. Em 27 de dezembro de
antifascistas e antiimperialistas da Europa, a ANL é o primeiro movimento 1939 é criado o Departamento de Imprensa e Propaganda(DIP), responsá-
de massas de caráter nacional. Em apenas 3 meses forma 1.600 núcleos, vel pela censura aos meios de comunicação, pela propaganda do governo
principalmente nas grandes cidades. Só no Rio de Janeiro inscrevem-se e pela produção do programa Hora do Brasil.
mais de 50 mil pessoas. Congrega operários, estudantes, militares de As bases do regime – O Estado Novo é apoiado pelas classes médias
baixa patente e membros da classe média. Seu rápido crescimento assusta e por amplos setores das burguesias agrária e industrial. Rapidamente
as classes dominantes. Surgem campanhas contra a "ameaça comunista". Vargas amplia suas bases populares recorrendo à repressão e cooptação
Getúlio Vargas começa a reprimir os militantes e, em 11 de julho de 1935, dos trabalhadores urbanos: intervém nos sindicatos, sistematiza e amplia a
decreta a ilegalidade da ANL e manda fechar suas sedes. legislação trabalhista. Sua principal sustentação, porém, são as Forças
INTENTONA COMUNISTA Armadas. Durante o Estado Novo elas são reaparelhadas com modernos
armamentos comprados no Exterior e começam a intervir em setores
Após o fechamento da ANL, o Partido Comunista começa a preparar considerados fundamentais para a segurança nacional, como a siderurgia
uma insurreição armada. Em 23 de novembro de 1935 estoura em Natal e o petróleo. A burocracia estatal é outro ponto de apoio: cresce rapida-
um levante de militares ligados ao partido. No dia seguinte, o mesmo mente a abre empregos para a classe média. Em 1938, Vargas cria o
ocorre no Recife e, no dia 27, no Rio de Janeiro. A rebelião fica restrita aos Departamento Administrativo do Serviço Público (Dasp), encarregado de
muros dos quartéis, mas serve de argumento para o Congresso decretar unificar e racionalizar o aparelho burocrático e organizar concursos para
estado de sítio. A polícia, dirigida por Filinto Muller, desencadeia violenta recrutar novos funcionários.
repressão aos comunistas.
Propaganda – No início dos anos 40 o Estado Novo alcança certa es-
GOLPE DE ESTADO tabilidade. Os inimigos políticos já estão calados e as ações conciliatórias
com os diversos setores da burguesia evitam oposições. Na época, o jornal
O estado de sítio aumenta o poder de Vargas e de alguns altos oficiais O Estado de S. Paulo, sob controle direto do DIP, não cansa de publicar
do Exército e da própria polícia. Crescem a repressão aos movimentos editoriais exaltando o espírito conciliador do ditador. Um deles, por exem-
sociais e a conspiração para instaurar uma ditadura no país. É nesse clima plo, diz que Vargas é um "homem sem ódio e sem vaidade, dominado pela
que se inicia a campanha para as eleições presidenciais, previstas para preocupação de fazer o bem e servido por um espírito de tolerância exem-
janeiro de 1938. plar, sistematicamente devotado ao serviço da Pátria". Inúmeros folhetos
Campanha eleitoral – Três candidatos são lançados à Presidência. O de propaganda enaltecendo o caráter conciliador de Vargas e sua faceta
paulista Armando de Sales Oliveira é apoiado pelos partidos Constituciona- de "pai dos pobres" são produzidos pelo DIP e distribuídos nos sindicatos,
lista (sucessor do Partido Democrático) e Republicano Mineiro, pelo gover- escolas e clubes.
nador gaúcho, José Antônio Flores da Cunha, e por facções liberais de REVOLTA INTEGRALISTA
outros Estados. O paraibano José Américo de Almeida é apoiado pelo
Partido Libertador do Rio Grande do Sul, pelo governo de Minas e pela Os integralistas apoiam o golpe de estado desde a primeira hora mas
maioria das oligarquias nordestinas. O terceiro candidato é o integralista não conseguem participar do governo. Sentem-se logrados quando Vargas
Plínio Salgado. Vargas declara seu apoio a José Américo, mas, ao mesmo extingue a Ação Integralista Brasileira junto com os demais partidos. For-
tempo, encomenda secretamente ao jurista Francisco Campos, simpatizan- mam então a Associação Brasileira de Cultura e passam a conspirar contra
te do fascismo e futuro Ministro da Justiça, uma nova Constituição para o o ditador. Tentam um primeiro golpe em março de 1938, mas são pronta-
Estado autoritário que pretende estabelecer. mente reprimidos. Dois meses depois organizam a invasão do Palácio
Guanabara, no Rio de Janeiro, com o objetivo de assassinar Vargas. A
Plano Cohen – Em 30 de setembro de 1937 o general Góis Monteiro, guarda do Palácio resiste ao ataque até chegarem tropas do Exército.
chefe do Estado-maior do Exército, divulga à nação o "tenebroso" Plano Vários integralistas são presos e alguns executados no próprio Palácio.
Cohen: uma suposta manobra comunista para a tomada do poder através
da luta armada, assassinatos e invasão de lares. O Plano não passa de POLÍTICA EXTERNA NO ESTADO NOVO
uma fraude forjada por membros da Ação Integralista para justificar o golpe
de estado. Frente à "ameaça vermelha", o governo pede ao Congresso a Dois anos depois de instalada a ditadura Vargas começa a 2a Guerra
decretação de estado de guerra, concedido em 1o de outubro de 1937. É o Mundial. Apesar das afinidades do Estado Novo com o fascismo, o Brasil
início do golpe. se mantém neutro nos três primeiros anos da guerra. Vargas aproveita-se
das vantagens oferecidas pelas potências antagônicas e, sem romper
O golpe – Com o golpe já em andamento, Getúlio reforça suas alianças relações diplomáticas com os países do Eixo – Alemanha, Itália, Japão –,
com o governador de Minas, Benedito Valadares, e de vários Estados do consegue, por exemplo, que os Estados Unidos financiem a siderúrgica de
Nordeste. Em 10 de novembro de 1937 as Forças Armadas cercam o Volta Redonda.
Congresso Nacional e, à noite, Vargas anuncia em cadeia de rádio a

Ciências Humanas e suas Tecnologias 21 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Rompimento com o Eixo – Com o ataque japonês à base americana Brasileira de Aeronáutica S/A (Embraer), que produziu os aparelhos milita-
de Pearl Harbour , no Havaí, em dezembro de 1941, aumentam as pres- res Xavante, AMX e Tucano.
sões para que o governo brasileiro rompa com o Eixo. Em fevereiro de
1942 Vargas permite que os EUA usem as bases militares de Belém, Natal, Organização. A unidade básica da FAB é o esquadrão, constituído por
Salvador e Recife. Como retaliação, forças do Eixo atacam navios mercan- duas ou mais esquadrilhas de aviões do mesmo tipo. A FAB conta com
tes brasileiros ao longo da costa. Nos dias 18 e 19 de agosto de 1942, esquadrões de instrução, de caça, de patrulha, transporte de tropas, trans-
cinco deles – Araraquara, Baependi, Aníbal Benévolo, Itagiba e Arará – são porte aéreo, busca e salvamento, reconhecimento fotográfico, busca e
torpedeados por submarinos alemães. Morrem 652 pessoas e Vargas distribuição de submarinos, e de paraquedistas, entre outros. As unidades
declara guerra contra a Alemanha e a Itália. aéreas têm por sede a base aérea, que lhes fornece apoio pessoal e
material necessário.
Brasil na 2a Guerra
A proteção ao vôo no Brasil obedece a um sistema integrado que com-
A Força Expedicionária Brasileira (FEB) é criada em 23 de novembro preende o controle de tráfego aéreo e a defesa aérea. O Ministério da
de 1943. Em 6 de dezembro, a Comissão Militar Brasileira vai à Itália Aeronáutica é responsável pela instalação, operação e manutenção de
acertar a participação do Brasil ao lado dos aliados. O primeiro contingente extensa rede de equipamentos, que funcionam 24 horas por dia, no auxílio
de soldados segue para Nápoles em 2 de julho de 1944 e entra em comba- à navegação e ao pouso, tanto da FAB quanto da aviação civil.
te em 18 de setembro. Os pracinhas brasileiros atuam em várias batalhas
no vale do rio Pó: tomam Monte Castelo em 21 de fevereiro de 1945, Ensino. Para a formação e aperfeiçoamento do pessoal, a FAB conta
vencem em Castelnuovo em 5 de março e participam da tomada de Mon- com diversos estabelecimentos de ensino. A Escola Preparatória de Cade-
tese em 14 de abril. Ao todo são enviados cerca de 25 mil homens à guer- tes do Ar, com sede em Barbacena MG, prepara alunos para o oficialato. A
ra. Morrem 430 pracinhas, 13 oficiais do Exército e oito da Aeronáutica. Academia da Força Aérea, em Piraçununga SP, forma os oficiais da ativa,
aviadores e intendentes, enquanto a Escola de Especialistas da Aeronáuti-
Força Aérea Brasileira ca, em Guaratinguetá SP, forma sargentos especialistas. A Escola de
Oficiais Especialistas e de Infantaria de Guarda, em Curitiba PR, destina-se
Os primórdios da aviação militar no Brasil pertencem à história da Ma- ao aproveitamento em nível superior dos sargentos especialistas. A Escola
rinha, depois à do Exército, uma vez que desde 1913 o país contou com de Aperfeiçoamento de Oficiais, em São Paulo SP, tem por fim atualizar os
uma escola de aviação naval e em 1919 criou-se o Serviço Aéreo do conhecimentos técnicos dos oficiais. A Escola de Comando e Estado-Maior
Exército. Só em 1941 foi criada a Força Aérea Brasileira. da Aeronáutica prepara, no Rio de Janeiro, oficiais superiores que aspiram
A Força Aérea Brasileira (FAB) é uma das três forças armadas que ao generalato. O Centro Técnico Aeroespacial, em São José dos Campos
constituem o poder militar do Brasil e a ela compete, especificamente, SP, de nível superior, compreende várias entidades de pesquisa e desen-
realizar as missões típicas de uma força aérea: conquista e manutenção do volvimento, entre as quais o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).
controle do ar, operações aerotáticas e aeroestratégicas, defesa aérea, ECONOMIA NA ERA VARGAS
proteção das linhas de navegação marítima etc. A FAB coopera ainda com
as demais forças armadas na garantia dos poderes constitucionais, da Em agosto de 1931, durante o governo provisório, Vargas suspende o
ordem legal e da integridade das fronteiras; assegura a busca e salvamen- pagamento da dívida externa. No mesmo ano, reinicia a política de valori-
tos aéreos; e executa os serviços do Correio Aéreo Nacional. zação do café e cria o Conselho Nacional do Café. Em 1o de junho de 1933
cria também o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) para coordenar a
O Ministério da Aeronáutica foi criado em 20 de janeiro de 1941, em agricultura canavieira, controlar a produção, comércio, exportação e preços
meio à segunda guerra mundial, e assumiu a responsabilidade por todos do açúcar e do álcool de cana. Vargas desenvolve uma intensa política de
os assuntos referentes à aeronáutica militar e civil, cabendo-lhe, basica- promoção da indústria e intervém fortemente na economia.
mente, organizar, adestrar e aparelhar a FAB; cooperar com os demais
órgãos do governo para garantir a ordem legal e assegurar a defesa nacio- CRISE DA ECONOMIA CAFEEIRA
nal; orientar, desenvolver e coordenar a aviação civil e comercial; e ainda
incentivar as indústrias aeronáuticas do país. A política de valorização do café é mantida durante toda a Era Vargas.
Entre 1930 e 1945, o governo chega a comprar e destruir cerca de 80
Histórico. Em 1913, a Marinha fundou a primeira escola de aviação na- milhões de sacas de café. A medida, no entanto, alimenta um círculo
val brasileira e dois anos depois ocorreu a primeira ação bélica da aviação vicioso pois as repetidas supersafras continuam forçando a queda dos
no Brasil, na campanha do Contestado. Em 1916 estabeleceu-se a base preços do produto no mercado internacional. A crise da cafeicultura estimu-
aeronaval da ilha das Enxadas, e dois anos depois uma missão militar la a exploração de novos produtos, como frutas, algodão, óleos vegetais e
francesa foi enviada ao Rio de Janeiro com o objetivo de orientar a criação minérios, mas seus rendimentos não conseguem equilibrar o balanço de
do Serviço Aéreo do Exército, transformado em 1927 na arma da aviação, pagamentos do país. A 2a Guerra Mundial interrompe as vendas de algo-
enquanto se fundava a Escola de Aviação Militar. dão para o Japão e Alemanha, feitas em grandes volumes até 1939.
No final da década de 1920 e início da década de 1930, a aviação na- Crise no balanço de pagamentos – A redução das receitas com as
val e a do Exército passaram por grande desenvolvimento. Em 1931 foi exportações e o menor afluxo de capitais para o país devido à crise eco-
inaugurado o Serviço Postal Aéreo Militar, mais tarde Correio Aéreo Militar nômica que precede a guerra desequilibram o balanço de pagamentos
e, em 1934, Correio Aéreo Nacional. entre 1931 e 1939. Para contornar o problema, Vargas promove sucessi-
vas desvalorizações da moeda e adota medidas que desagradam aos
Com a criação do Ministério da Aeronáutica, a aviação militar e naval investidores internacionais: reduz a margem de remessa de lucros, sus-
foram reunidas numa força autônoma que, pelo decreto nº 3.302, de 22 de pende os pagamentos dos juros da dívida externa e recusa-se a pagar
maio de 1941, recebeu o nome de Força Aérea Brasileira. Nesse mesmo parte substancial da dívida pública negociada com os bancos estrangeiros.
ano a FAB instituiu um sistema de patrulhamento anti-submarino ao longo A redução das divisas e da capacidade de importar favorecem o desenvol-
das costas brasileiras e a Escola de Aviação do Campo dos Afonsos foi vimento da indústria.
transformada na Escola de Aeronáutica. Em 18 de novembro de 1943 foi
criado o 1º Grupo de Aviação de Caça, que participou da segunda guerra DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL
mundial equipado com 48 aparelhos Thunderbolt P-47 americanos, dos
quais 16 foram derrubados em combate e quatro perdidos em acidentes, Entre 1930 e 1945 o país passa por um surto de desenvolvimento in-
com a morte de cinco pilotos. dustrial. Na década de 30 o crescimento da indústria é de 125% ao ano,
em média, enquanto a agricultura cresce a uma taxa de 20%. Durante a 2a
Com o fim do conflito, a Comissão Militar Mista Brasil-Estados Unidos Guerra o crescimento industrial cai para 5,4% ao ano, mas o setor conse-
propiciou à FAB grande quantidade de material e aviões excedentes da gue avançar pela superutilização dos equipamentos já instalados. Nesse
guerra. Em 1953 foram adquiridos no Reino Unido caças Gloster Meteor, período, o Brasil chega a exportar tecidos para a América Latina, África do
os primeiros aviões a jato da FAB, substituídos em 1973 por aparelhos Sul e Estados Unidos. A expansão industrial continua no pós-guerra e, em
franceses Mirage III, a que se acrescentaram a partir de 1975 os america- meados da década de 50, a indústria supera a agricultura na composição
nos F-5E Tiger II. No começo da década de 1970 foi criada a Empresa do Produto Nacional Bruto.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 22 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Intervencionismo estatal – O governo getulista tem papel fundamental resoluções tomadas desde 1930 na área trabalhista, sempre apresentadas
na expansão do parque industrial do país. Ele institui tarifas protecionistas, como uma "doação" do Estado e do próprio Getúlio.
dá incentivos fiscais às indústrias, amplia o sistema de crédito, controla os
preços e estabelece uma política de contenção salarial. O Estado também MOVIMENTO ESTUDANTIL
faz investimentos diretos na ampliação dos setores de energia, transportes Em 1932 estudantes secundaristas e universitários paulistas participam
e na indústria de base, como a siderúrgica – áreas que não interessam aos ativamente da Revolução Constitucionalista. Em 1939 é fundada aUnião
capitalistas nacionais porque têm um retorno lento e exigem grandes Nacional dos Estudantes (UNE) que, em 4 de julho de 1942, comanda uma
capitais. Em 1941, com dinheiro público e financiamento do Eximbank grande manifestação popular antifascista no Rio de Janeiro. Em 1o de
norte-americano, Vargas monta a Companhia Siderúrgica Nacional, que só dezembro de 1943, Hélio Mota, presidente do Diretório Acadêmico 11 de
começa a operar em 1946 com a inauguração da usina de Volta Redonda - Agosto, da faculdade de direito da USP, é preso em São Paulo. Dez dias
ver foto acima -, no Rio de Janeiro. Em 1942 cria a Companhia Vale do depois, uma passeata estudantil por sua libertação é reprimida. A polícia
Rio Doce para explorar minério de ferro. No mesmo ano baixa um plano de atira na multidão e dois estudantes morrem. O fato intensifica as manifes-
saneamento econômico, desvaloriza a moeda e substitui o mil-réis pelo tações estudantis pelo fim do Estado Novo.
cruzeiro.
BANDITISMO SOCIAL
Dependência externa – A expansão das atividades industriais não di-
minui a dependência da economia brasileira em relação ao exterior. A O banditismo social é um fenômeno presente em vários países associ-
maior produção de bens de consumo exige mais importações de bens de ado a um quadro de intensa miséria e injustiça social. No Brasil, desenvol-
capital, matérias-primas e combustíveis. Mantém-se o desequilíbrio do ve-se no sertão nordestino e é conhecido como cangaço. Suas origens
balanço de pagamentos. As emissões de moeda e os empréstimos exter- remontam ao Império. Entre 1877 e 1879 grupos armados começam a
nos são frequentes. O resultado é uma inflação constante durante todo o assaltar fazendas e armazéns e a distribuir víveres aos flagelados da seca.
governo Vargas. O cangaço cresce alimentado pelas lutas de família no interior do Nordes-
te. Muitos "coronéis" contratam bandos de cangaceiros para eliminar seus
SOCIEDADE NA ERA VARGAS inimigos ou defender suas propriedades. Entre os principais líderes desta-
Com o aprofundamento da crise do café a partir de 1930 e a política in- ca-se Antônio Silvino, que chega a ser conhecido como "governador do
dustrializante de Vargas, a burguesia cafeeira passa a dividir o poder com sertão". Até sua captura, em 1914, Silvino mobilizou as polícias do Ceará,
a burguesia industrial em ascensão. As classes médias ampliam sua Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, atacando cidades, fazendas
participação na vida política do país, inclusive com o surgimento do movi- e tropas do governo. O mais conhecido, porém, é Virgulino Ferreira, o
mento estudantil. A classe operária cresce consideravelmente, mas é Lampião, chamado de "o rei do cangaço", famoso mais pela truculência de
controlada pelo Estado por meio dos sindicatos, da legislação trabalhista e seu bando do que por sua generosidade.
da repressão direta. Em 1930 é criado o Ministério da Educação e Saúde. Virgulino Ferreira Lampião (1900-1938), o rei do cangaço, nasce em
A Constituição de 1934 torna o ensino primário obrigatório e propõe a Vila Bela, atual Serra Talhada, em Pernambuco. Começa a atuar em 1916,
expansão gradativa dessa obrigatoriedade aos outros níveis de ensino. quando seus pais são mortos por um "coronel". Com os irmãos, foge para
CONTROLE DOS SINDICATOS o interior e junta-se a um grupo de "bandidos". Ganha o apelido de Lam-
pião entre 1918 e 1919: nos enfrentamentos com a polícia – os "macacos"
Em 26 de novembro de 1930 é criado o Ministério do Trabalho, Indús- –, gaba-se que sua espingarda não pára de ter clarão, "tal qual um lam-
tria e Comércio. No ano seguinte o Estado amplia o controle sobre os pião". O grupo de Lampião é um dos mais violentos: cercam e invadem
trabalhadores com a lei da sindicalização: a participação de estrangeiros cidades, vilarejos e fazendas e seus assaltos são marcados por estupros,
na diretoria dos sindicatos é limitada, o mandato dos diretores sindicais é saques, incêndios e execuções sumárias. Na época da Coluna Prestes, é
de apenas um ano, sem direito à reeleição. As entidades são proibidas de convidado por Floro Bartolomeu, chefe político ligado ao padre Cícero,
desenvolver qualquer atividade política e seus estatutos e contabilidade para ajudar o governo no combate aos tenentes. Lampião teria aceito e
precisam ser aprovados pelo Ministério do Trabalho. Mesmo com essas com isso armado melhor seu bando. Seu quartel-general é o sertão de
restrições, o período é marcado por um grande número de greves lideradas Sergipe e Bahia, mas o bando atua também de Alagoas ao Ceará. Em
por comunistas e socialistas. 1929 conhece Maria Bonita em Paulo Afonso, cidade baiana nas margens
do rio São Francisco. Ela abandona o marido, um sapateiro, integra-se ao
Corporativismo – Em 1939, uma nova lei sindical inspirada na Carta bando e tem uma filha com Lampião, Maria Expedita. Apesar de persegui-
del Lavoro da Itália fascista implanta o corporativismo nas entidades de dos e das várias tentativas de liquidá-los, os cangaceiros resistem até
trabalhadores. As organizações sindicais são entendidas como órgãos de 1938. Em 8 de julho são surpreendidos e cercados por uma tropa volante
colaboração de classe e base do poder do Estado. O governo cancela o na fazenda de Angicos, no sertão de Sergipe. Morrem 11 cangaceiros,
registro dos sindicatos, dissolve as antigas diretorias e indica homens de inclusive Lampião e Maria Bonita. Suas cabeças são cortadas e, durante
sua confiança para as novas funções – os chamados "pelegos". Proíbe as anos, conservadas no Museu da Faculdade de Medicina da Bahia. O ciclo
greves e quaisquer atividades de protesto. Institui também o imposto do cangaço encerra-se definitivamente em 1940, com a morte de Corisco,
sindical: cada trabalhador deve pagar por ano o valor correspondente a um último sobrevivente do grupo de Lampião.
dia de trabalho. Do total recolhido, 20% ficam com o governo e 80% com
os sindicatos, sob controle do Ministério do Trabalho. CULTURA NA ERA VARGAS
Conquistas trabalhistas – O governo Vargas atende a várias reivindi- A revolução estética proposta pelo movimento modernista de 1922
cações operárias. Em 1932 a jornada de trabalho passa a ser oficialmente consolida-se a partir da Revolução de 30. A tensão ideológica de toda a
de oito horas e o trabalho da mulher e do menor é regulamentado. É esta- Era Vargas se faz presente na produção cultural. A literatura, por exemplo,
belecido o princípio de salário igual para trabalho igual e as mulheres é considerada um instrumento privilegiado de conhecimento do ser huma-
ganham o direito à licença-maternidade de dois meses. A lei de férias, no e de modificação da realidade.
criada em 1926, é regulamentada em 1933, mas apenas algumas categori-
as de trabalhadores urbanos gozam de tal direito. Ainda em 1933, a previ- Literatura – Poetas como Manuel Bandeira e Carlos Drummond de
dência social começa a ser organizada sob o controle do Estado e são Andrade e romancistas como José Lins do Rego atingem a maturidade.
criados os institutos de aposentadorias e pensões (IAPs). Eles praticamen- Surgem novos escritores, como Érico Veríssimo, Jorge Amado e Graciliano
te eliminam as antigas entidades assistenciais dos trabalhadores e colabo- Ramos. Na poesia, de linha intimista, sobressaem Cecília Meireles e
ram para aumentar a força do Estado com os imensos recursos recolhidos Vinícius de Moraes. Mais para o final do Estado Novo destacam-se João
dos assalariados e das empresas. Cabral de Melo Neto na poesia de temas regionais, Clarice Lispector, na
prosa de ficção, e Guimarães Rosa, um dos mais importantes romancistas
CLT – Em 1940 é instituído o salário mínimo com o objetivo de reduzir brasileiros.
a pauperização dos trabalhadores urbanos e ampliar o mercado para as
indústrias de bens de consumo leve. Em 10 de novembro de 1943 entra Arquitetura e artes plásticas – Na arquitetura destacam-se Lúcio Cos-
em vigor a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), que reúne todas as ta, que projeta o prédio modernista do Ministério da Educação e Cultura
(MEC) no Rio de Janeiro, e Oscar Niemeyer que, em 1942, planeja em

Ciências Humanas e suas Tecnologias 23 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Belo Horizonte o Conjunto da Pampulha. A obra inova nas linhas arquitetô- Resende (atual Aman), da Escola do Estado Maior, da Escola Técnica do
nicas e na decoração, feita com azulejos e painéis do pintor Cândido Exército e também pela organização da Força Expedicionária Brasileira
Portinari . (FEB). Ao final da guerra, em 1945, sai do ministério, passa para a oposi-
ção e participa do movimento militar que depõe Getúlio Vargas. Candidato
Música e teatro – No teatro, surge o dramaturgo Nélson Rodrigues. pelo PSD à Presidência em 1946, elege-se com o apoio do ex-presidente
Em 1943 ele estreia no Rio de Janeiro a peça Vestido de noiva, que incor- que ajudara a derrubar. Em 1954 participa da conspiração militar-udenista
pora padrões teatrais revolucionários para a época. A música popular dá para derrubar o governo constitucional de Getúlio. No ano seguinte opõe-
um salto de qualidade com o trabalho de compositores como Pixinguinha, se à candidatura de João Goulart para a vice-presidência. Em 1964, apoia
Noel Rosa, Ary Barroso, Lamartine Babo, Ismael Silva e Ataulfo Alves. Na o golpe militar que depõe Goulart e chega a ser cogitado para a Presidên-
música erudita, Villa-Lobos compõe as Bachianas brasileiras, unindo Bach cia, depois ocupada por Castelo Branco.
e a música folclórica nacional.
GOVERNO VARGAS
REPÚBLICA LIBERAL-CONSERVADORA (1946-1964):
Getúlio Vargas vence as eleições presidenciais de 1950 e assume o
Nacional-desenvolvimentismo em dois momentos distintos: Vargas poder em 31 de janeiro de 1951. Governa até 24 de agosto de 1954.
(1951-1954) e Juscelino Kubitscheck (1956-1961) Apoiado pela coligação PTB/PSP/PSD, retoma as plataformas populistas e
Brasília e o processo de interiorização do desenvolvimento; a crise do nacionalistas, mantém a intervenção do Estado na economia e favorece a
regime – Jânio Quadros (1961) e João Goulart (1961-1964) implantação de grandes empresas públicas, como a Petrobrás, que mono-
O Brasil na Guerra Fria; política externa independente polizam a exploração dos recursos naturais. Com uma imagem de adversá-
SEGUNDA REPÚBLICA rio do imperialismo, é apoiado por setores do empresariado nacional, por
grupos nacionalistas do Congresso e das Forças Armadas, pela União
Com a queda de Vargas e a realização de eleições para a Assembleia Nacional dos Estudantes e pelas massas populares urbanas. Em 1952 cria
Constituinte e para presidente começa a Redemocratização do país. A o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), com o objetivo
Segunda República estende-se de 1945 até o golpe militar de 1964. Carac- de fomentar o desenvolvimento industrial, e também o Instituto Brasileiro
teriza-se pela consolidação do populismo nacionalista, fortalecimento dos do Café (IBC).
partidos políticos de caráter nacional e grande efervescência social. A
indústria expande-se rapidamente. Monopólio do petróleo – A campanha pela nacionalização do petróleo
começa em 1949 e divide a opinião pública. Sob o lema "O petróleo é
Populismo – O conceito de populismo é usado para designar um tipo nosso", reúnem-se sindicatos, organizações estudantis, militares naciona-
particular de relação entre o Estado e as classes sociais. Presente em listas, alguns empresários, grupos de intelectuais e militantes comunistas.
vários países latino-americanos no pós-guerra, o populismo caracteriza-se Os setores contrários ao monopólio e favoráveis à abertura ao capital
pela crescente incorporação das massas populares ao processo político estrangeiro incluem parte do empresariado, políticos da UDN e do PSD e a
sob controle e direção do Estado. A intervenção estatal na economia com o grande imprensa. O debate toma conta do país e a solução nacionalista sai
objetivo de promover a industrialização também cria vínculos de depen- vitoriosa: em 3 de outubro de 1953 é criada a Petrobrás (lei 2.004), empre-
dência entre a burguesia e o Estado. No Brasil, o populismo começa a ser sa estatal que monopoliza a exploração e refino do petróleo. A decisão
gestado após a Revolução de 30 e se constitui em uma derivação do desagrada aos Estados Unidos que, em represália, cancelam acordos de
regime autoritário criado por Getúlio Vargas. transferência de tecnologia estabelecidos com o Brasil. Empresas norte-
GOVERNO JOSÉ LINHARES americanas derrubam os preços do café no mercado internacional.

Com a deposição de Vargas em 29 de outubro de 1945, José Linhares, Trabalhismo – O nacionalismo varguista faz crescer a oposição e o
presidente do Supremo Tribunal Federal, assume interinamente a Presi- presidente aproxima-se do trabalhismo. Em dezembro de 1951 assina nova
dência e governa até 31 de janeiro de 1946. Entrega o poder ao general lei do salário mínimo. No ano seguinte cria a Carteira de Acidentes do
Eurico Gaspar Dutra, eleito pelo voto direto pelo PSD e PTB em 2 de Trabalho e outros benefícios, como o adicional de insalubridade. Em junho
dezembro de 1945. de 1953 nomeia João Goulart, conhecido como Jango, para ministro do
Trabalho com a missão de reorganizar a estrutura sindical, tornando-a
GOVERNO DUTRA ainda mais ligada à máquina do governo. Em 1o de maio de 1954 aumenta
em 100% o salário mínimo, que mantinha o mesmo valor desde 1943.
Eurico Gaspar Dutra governa de 1946 até o final de seu mandato, em
31 de janeiro de 1951. O início de seu governo é marcado por mais de 60 Conspiração contra Vargas – Em 1954 políticos da UDN, boa parte
greves e intensa repressão ao movimento operário. Dutra congela o salário dos militares e da grande imprensa conspiram abertamente pela deposição
mínimo, fecha a Confederação Geral dos Trabalhadores e intervém em 143 do presidente. A crise se agrava com a tentativa de assassinato do jornalis-
sindicatos. Conservador, proíbe o jogo e ordena o fechamento dos cassi- ta da UDN Carlos Lacerda, dono do jornal Tribuna da Imprensa e um dos
nos. No plano internacional alinha-se com a política norte-americana da mais ácidos opositores ao governo. Lacerda fica apenas ferido, mas o
Guerra Fria. Rompe relações diplomáticas com a União Soviética, decreta major da Aeronáutica Rubens Vaz morre. Gregório Fortunato, chefe da
novamente a ilegalidade do PCB e cassa o mandato de seus representan- segurança pessoal de Vargas, é acusado e preso como mandante do crime
tes. Em 6 de agosto de 1947 é fundado o Partido Socialista Brasileiro (e depois assassinado na prisão). Em 23 de agosto, 27 generais exigem a
(PSB) a partir de uma dissidência da UDN, a Esquerda Democrática. renúncia do presidente em um manifesto à nação.
Constituição de 1946 – A Assembleia Constituinte é instalada em 5 de Atentado a Carlos Lacerda
fevereiro de 1946 e encerra seus trabalhos em 18 de agosto de 1946. A
nova Constituição devolve a autonomia dos Estados e municípios e resta- Suicídio – Na manhã de 24 de agosto de 1954 Vargassuicida-se. Seu
belece a independência dos três poderes. Permite a liberdade de organiza- último ato político é uma carta-testamento : "Eu vos dei a minha vida.
ção e expressão, estende o direito de voto às mulheres, restabelece os Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primei-
direitos individuais e extingue a pena de morte. Mantém a estrutura sindical ro passo no caminho da eternidade. Saio da vida para entrar na História".
atrelada ao Estado e as restrições ao direito de greve. No Rio de Janeiro a reação popular é violenta: chorando, populares saem
às ruas, empastelam vários jornais de oposição, atacam a embaixada dos
Eurico Gaspar Dutra (1889-1974) nasce em Cuiabá e faz carreira mili- EUA e muitos políticos udenistas, entre eles Lacerda, têm de se esconder.
tar. Em 1908 é desligado junto com toda sua turma da Escola Militar de Os conflitos são contidos pelas Forças Armadas.
Porto Alegre pelo apoio à Revolta da Vacina. Anistiado, ingressa na Escola
Militar de Realengo, no Rio de Janeiro. Atinge o posto de general em 1932, Carlos Frederico Werneck de Lacerda - ver foto ao lado - (1914-
depois de comandar um destacamento contra a Revolução Constituciona- 1977) ingressa na política como militante da juventude comunista e, mais
lista em São Paulo. Em 1933 comanda a repressão à Intentona Comunista. tarde, torna-se um dos mais combativos e polêmicos líderes conservadores
No ano seguinte assume o Ministério da Guerra e garante o apoio das do país. Conquista projeção política através da coluna Tribuna da Imprensa
Forças Armadas ao golpe de Getúlio Vargas, em 1937, e ao Estado Novo. no jornal Correio da Manhã. Em 1947, elege-se vereador do Distrito Fede-
No cargo de ministro é responsável pela construção da Escola Militar de ral e funda o jornal Tribuna da Imprensa. Faz oposição permanente e

Ciências Humanas e suas Tecnologias 24 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
violenta contra Getúlio Vargas e está no centro dos acontecimentos que modernização da economia brasileira. Ao sair da Presidência, elege-se
levam ao suicídio do presidente, em agosto de 1954. Nesse mesmo ano, senador por Goiás. Seus direitos políticos são cassados pelo golpe militar
Lacerda elege-se deputado federal. Em dezembro de 1960, com a mudan- de 1964. Em 1967, junto com Carlos Lacerda, seu ex-inimigo político, e
ça da capital para Brasília, é o primeiro governador eleito do Estado da João Goulart tenta articular um movimento de oposição, a Frente Ampla.
Guanabara. Sua gestão é marcada por grande número de obras públicas e Morre em acidente automobilístico na via Dutra, no município de Resende,
intensa agitação política. Faz oposição a Jânio Quadros, participa da no dia 22 de agosto de 1976.
tentativa de golpe para impedir a posse do vice, João Goulart, em 1961, e
do golpe militar de 1964. Alijado do poder pelos militares, em 1967 procura Eleições de 1960 – Os dois principais candidatos às eleições presi-
o apoio de Juscelino Kubitschek, João Goulart e do PCB para formar a denciais de 1960 são Jânio Quadros , apoiado pela UDN, e o marechal
Frente Ampla de oposição. No ano seguinte, tem seus direitos políticos Henrique Teixeira Lott, da coligação PSD-PTB. Jânio Quadros, carismático,
cassados. Dedica-se então apenas ao jornalismo e à sua editora, a Nova com discurso e comportamento populistas, apresenta-se como um candi-
Fronteira. dato acima dos partidos. Obtém 5.636.623 votos, o equivalente a 48% dos
votos válidos, a maior votação até então atingida por um político brasileiro.
De Café Filho a Nereu Ramos – Nos 16 meses seguintes à morte de O marechal Lott obtém 3.846.825 votos. João Goulart, vice na chapa do
Getúlio Vargas, três presidentes cumprem mandatos-relâmpagos. Café marechal e herdeiro político de Getúlio Vargas, é eleito vice-presidente da
Filho , vice-presidente, assume o governo em 24 de agosto de 1954 e República. Isso ocorre porque, na época, o voto para presidente e vice-
afasta-se por problemas de saúde em 3 de novembro de 1955. Tenta voltar presidente era desvinculado, ou seja, o eleitor podia votar em candidatos
em novembro mas é impedido pelo Congresso. Em seu lugar, assume de chapas diferentes para cada um dos cargos.
interinamente o presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz. Efetiva-
do em 9 de novembro, ocupa a Presidência por apenas dois dias e é Cacareco – Os eleitores da capital paulista, num protesto bem-
interditado pelo Congresso por tentar impedir a posse do presidente eleito humorado contra os políticos, lançam informalmente a candidatura do
em outubro de 1955, Juscelino Kubitschek. Nereu Ramos, vice-presidente rinoceronte Cacareco à Câmara Municipal. O morador do zoológico paulis-
do Senado, assume a Presidência até 31 de janeiro de 1956, quando tano recebe mais de 100 mil votos e torna-se o "vereador" mais votado da
entrega o cargo a Juscelino. cidade.

GOVERNO JUSCELINO GOVERNO JÂNIO QUADROS

Juscelino Kubitschek assume em 31 de janeiro de 1956 e governa até o Jânio assume em 31 de janeiro de 1961 e renuncia sete meses depois,
final de seu mandato, em 31 de janeiro de 1961. Sua candidatura e a do em 25 de agosto. Herda de JK um país em acelerado processo de concen-
vice João Goulart são apoiadas pelo PSD e pelo PTB. Obtêm 36% dos tração de renda e inflação galopante. Adota uma política de austeridade
votos, 500 mil a mais que o candidato da UDN, Juarez Távora, e 700 mil a econômica ditada pelo FMI: restringe o crédito e congela salários. Com
mais que o terceiro colocado, Ademar de Barros – fato considerado uma isso, obtém novos empréstimos, mas desagrada ao movimento popular e
vitória das forças getulistas. A UDN alia-se a uma organização de direita, a aos empresários. No plano externo, exerce uma política não-alinhada.
Cruzada Brasileira Anticomunista, e tenta impedir a posse dos eleitos Apoia Fidel Castro diante da tentativa fracassada de invasão da baía dos
alegando que eles não obtiveram maioria absoluta nas eleições. A posse é Porcos pelos norte-americanos. Em 18 de agosto de 1961 condecora o
garantida pelo ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott. ministro da Indústria de Cuba, Ernesto "Che" Guevara, com a Ordem
Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta comenda brasileira.
Plano de Metas – Com o slogan "Cinquenta anos em cinco", o Plano
Nacional de Desenvolvimento, conhecido como Plano de Metas, estimula o Renúncia – Dia 24 de agosto de 1961, Carlos Lacerda, governador da
crescimento e diversificação da economia. Juscelino investe na indústria de Guanabara, denuncia pela TV que Jânio Quadros estaria articulando um
base, na agricultura, melhora a educação, os transportes, o fornecimento golpe de estado. No dia seguinte, o presidente surpreende a nação: em
de energia e transfere a capital do país para o Planalto Central. Projetada uma carta ao Congresso afirma que está sofrendo pressões de "forças
pelos arquitetos Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, a construção de Brasília- terríveis" e renuncia à Presidência da República.
começa em fevereiro de 1957. É inaugurada em 21 de abril de 1960 . Jânio da Silva Quadros (1917-1992) nasce em Campo Grande, atual
Estabilidade política – Durante o governo JK o país vive um clima de capital do Mato Grosso do Sul. Advogado e professor de português, faz
confiança e otimismo. Juscelino consegue conciliar os interesses de dife- uma carreira política vertiginosa em São Paulo: elege-se vereador da
rentes setores da sociedade. Os levantes militares, poucos e inexpressi- capital em 1947, deputado estadual em 1950, prefeito de São Paulo em
vos, são contornados com habilidade pelo presidente. Em 19 de fevereiro 1953 e governador do Estado em 1954. Fica conhecido por sua política de
de 1956 oficiais da Aeronáutica rebelam-se em Jacareacanga, no Pará. moralização administrativa e por seu comportamento populista. Ao sair do
Fato semelhante ocorre em 3 de dezembro de 1959 em Aragarças, Goiás. governo do Estado, elege-se deputado federal pelo Paraná. Em 1960
Nos dois casos, as rebeliões são rapidamente sufocadas e os rebeldes chega à Presidência da República com o apoio da UDN. Obtém 48% dos
anistiados. No plano internacional, estreita as relações com os EUA e cria votos, resultado recorde no Brasil. Renuncia sete meses depois e, em
a Operação Pan-americana(OPA), uma aliança para superar o subdesen- 1962, é derrotado nas eleições para o governo de São Paulo. Seus direitos
volvimento. Apesar do crescimento econômico, os empréstimos externos e políticos são cassados pelo golpe militar de 1964. Em 1968 é confinado por
os acordos com o FMI resultam em aumento da inflação e arrocho salarial. quatro meses em Corumbá, Mato Grosso, por criticar o governo. Volta à
O mandato de Juscelino chega ao fim em meio a várias manifestações de vida pública no final dos anos 70. Em 1982 é derrotado para o governo
descontentamento popular. Cresce o número de greves no campo e nos paulista, mas elege-se prefeito da capital pelo PTB, em 15 de novembro de
principais centros industriais. Nas eleições de 1960, vence o candidato da 1985. Morre em São Paulo em 16 de fevereiro de 1992.
oposição, Jânio Quadros. CRISE POLÍTICA
Juscelino Kubitschek de Oliveira (1902-1976) nasce em Diamantina, Quando Jânio renuncia, o vice-presidente João Goulart está fora do pa-
Minas Gerais. Formado em medicina, começa sua carreira política em ís, em visita oficial à China. O presidente da Câmara, Ranieri Mazzilli,
1931, no posto de capitão-médico da polícia militar mineira. Eleito deputa- assume a Presidência como interino, em 25 de agosto de 1961. A UDN e a
do federal em 1934, exerce o mandato até o fechamento do Congresso cúpula das Forças Armadas tentam impedir a posse de Goulart, considera-
pelo golpe de 1937. É nomeado prefeito de Belo Horizonte em 1940 e do perigoso por sua ligação com o movimento trabalhista. Os ministros da
realiza obras urbanísticas na cidade planejadas por Oscar Niemeyer - ver Guerra, Odílio Denys, o da Marinha, vice-almirante Sílvio Heck, e o da
foto ao lado, construção de Brasília. Elege-se deputado constituinte em Aeronáutica, brigadeiro Gabriel Grun Moss, pressionam o Congresso para
1946 e governador de Minas Gerais em 1950. Em seu mandato, constrói que considere vago o cargo de presidente e convoque novas eleições. O
cinco usinas hidrelétricas e abre mais de 3 mil km de rodovias. É eleito jornal O Estado de S. Paulo, porta-voz dos udenistas, afirma em editorial
presidente pela aliança PSD-PTB com 36% dos votos, fato que serve de de 29 de agosto de 1961 que só há uma saída para a crise: "a desistência
argumento para a oposição tentar impugnar sua posse e a de seu vice, espontânea do Sr. João Goulart ou a reforma da Constituição que retire do
João Goulart. Assume a Presidência em 31 de janeiro de 1956 e cumpre o vice-presidente o direito de suceder ao presidente".
mandato até o fim. Político habilidoso e dinâmico, consegue governar sem
grandes movimentos de oposição e deflagra um processo de crescimento e

Ciências Humanas e suas Tecnologias 25 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Campanha da Legalidade – O governador do Rio Grande do Sul, Leo- João Belchior Marques Goulart (1918-1976) nasce em São Borja, Rio
nel Brizola , encabeça a resistência legalista. Apoiado pela milícia estadual, Grande do Sul, numa família de estancieiros. Advogado, ingressa no PTB
afirma que garantirá a posse de Jango "a bala, se for preciso". Em seguida, em 1945. É eleito deputado federal em 1946 e 1950, e nesse ano coordena
cria a Cadeia da Legalidade: encampa a Rádio Guaíba, de Porto Alegre, e, a campanha presidencial de Getúlio Vargas, de quem é considerado her-
transmitindo em tempo integral, mobiliza a população e as forças políticas deiro político. Nomeado ministro do Trabalho em 1953, deixa o cargo um
leais ao governo a resistirem ao golpe e defender a Constituição. As princi- ano depois diante das pressões para não aumentar o salário mínimo. Eleito
pais emissoras do país aderem à rede e a opinião pública respalda a vice-presidente de Juscelino Kubitschek, em 1955, e de Jânio Quadros em
posição legalista. Em 28 de agosto de 1961 o general Machado Lopes, 1960, enfrenta forte oposição política. Com a renúncia de Jânio, uma
comandante do 3o Exército, sediado no Rio Grande do Sul, também decla- conspiração militar tenta evitar sua posse na Presidência. Leonel Brizola,
ra seu apoio a João Goulart. Em 2 de setembro o problema é contornado: o governador do Rio Grande do Sul, seu cunhado e aliado, encabeça uma
Congresso aprova uma emenda à Constituição que institui o regime parla- grande mobilização popular para garantir-lhe a posse, a Campanha da
mentarista. Jango toma posse mas perde os poderes do presidencialismo. Legalidade. Assume a Presidência depois da aprovação de uma emenda
constitucional que institui o parlamentarismo no país, em 2 de setembro de
GOVERNO JOÃO GOULART 1961. Um plebiscito realizado em janeiro de 1963 derruba o parlamenta-
João Goulart assume a Presidência em 7 de setembro de 1961, sob re- rismo. Em troca do apoio popular, Jango compromete-se a realizar as
gime parlamentarista, e governa até o golpe de estado de 1o de abril de reformas de base, que intimidam as classes dominantes. É destituído da
1964. Seu mandato é marcado pelo confronto entre diferentes projetos Presidência pelo golpe militar de 31 de março de 1964. Exilado no Uruguai,
políticos e econômicos para o Brasil, conflitos sociais, greves urbanas e participa da articulação da Frente Ampla, um movimento pela redemocrati-
rurais e um rápido processo de organização popular. O parlamentarismo, zação do país, junto com Juscelino Kubitschek e seu ex-inimigo político,
estratégia da oposição para manter o presidente sob controle, é derrubado Carlos Lacerda. A frente não decola, Jango retira-se da vida pública e
em janeiro de 1963: em um plebiscito nacional 80% dos eleitores optam dedica-se à administração de suas propriedades na Argentina, Paraguai,
pela volta ao presidencialismo. Uruguai e Brasil. Morre na Argentina em 6 de dezembro de 1976. É o único
ex-presidente a morrer no exílio.
Primeiros-ministros – Tancredo Neves, do PSD mineiro, é eleito pri-
meiro-ministro pelo Congresso logo após a posse de Jango. Renuncia ao CRISE DO POPULISMO
cargo em junho de 1962 para candidatar-se ao governo de Minas Gerais. É No início de 1964 o país chega a um impasse. O governo já não tem o
substituído pelo jurista gaúcho Francisco de Paula Brochado da Rocha, apoio da quase totalidade das classes dominantes e os próprios integran-
também do PSD, derrubado três meses depois por pressões político- tes da cúpula governamental divergem quanto aos rumos a serem segui-
militares. Hermes Lima, do PSB paulista, assume o cargo até o fim do dos. A crise se precipita no dia 13 de março, com a realização de um
parlamentarismo. grande comício em frente à Estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro.
Plano Trienal – João Goulart realiza um governo contraditório. Procura Perante 300 mil pessoas Jango decreta a nacionalização das refinarias
estreitar alianças com o movimento sindical e setores nacional-reformistas. privadas de petróleo e desapropria para fins de reforma agrária proprieda-
Paralelamente, tenta implementar uma política de estabilização baseada des às margens de ferrovias, rodovias e zonas de irrigação dos açudes
na contenção salarial para satisfazer a oposição udenista, o empresariado públicos. Tais decisões provocam a reação das classes proprietárias, de
associado ao capital estrangeiro e às Forças Armadas. Seu Plano Trienal setores conservadores da Igreja e de amplos segmentos das classes
de Desenvolvimento Econômico e Social, elaborado por Celso Furtado, médias. A grande imprensa afirma que as reformas levarão à "cubaniza-
ministro do Planejamento, tem por objetivos manter as taxas de crescimen- ção" do país.
to da economia e reduzir a inflação. Essas condições, impostas pelo FMI, Mobilização contra o governo – Em 19 de março é realizada em São
são indispensáveis para a obtenção de novos empréstimos, renegociação Paulo a maior mobilização contra o governo, a "Marcha da Família com
da dívida externa e elevação do nível de investimentos. Deus pela Liberdade" - -ver foto ao lado. Organizada por empresários,
Reformas de base – O Plano Trienal também determina a realização setores conservadores das classes médias e do clero, reúne cerca de 400
das chamadas reformas de base – reforma agrária, educacional, bancária mil participantes. A manifestação fornece o apoio político e social que
etc. –, necessárias ao desenvolvimento de um "capitalismo nacional e faltava aos grupos que já conspiram para derrubar o presidente. Um des-
progressista". O anúncio dessas reformas aumenta a oposição ao governo ses grupos é liderado pelo general Olímpio Mourão Filho. Outro, formado
e acentua a polarização da sociedade brasileira. Jango perde rapidamente por civis e militares, tem a direção do almirante Sílvio Heck. Um terceiro,
suas bases na burguesia. Para evitar o isolamento, reforça as alianças com composto por coronéis e generais, conta com a participação dos coronéis
as correntes reformistas: aproxima–se de Leonel Brizola, então deputado João Batista Figueiredo e Costa Cavalcanti e dos generais Ernesto Geisele
federal pela Guanabara; de Miguel Arraes, governador de Pernambuco; da Bizarria Mamede.
União Nacional dos Estudantes e do Partido Comunista que, embora na Golpe de 1964 – No dia 30 de março o governador de Minas , Maga-
ilegalidade, mantém forte atuação no movimento popular e sindical. O lhães Pinto, lança um manifesto em que conclama o povo à "restauração
Plano Trienal é abandonado em meados de 1963, mas o presidente conti- da ordem constitucional comprometida". No dia 31 tropas mineiras sob o
nua implementando medidas de caráter nacionalista: limita a remessa de comando do general Mourão Filho marcham em direção ao Rio de Janeiro
lucros para o exterior, nacionaliza empresas de comunicações e decide e Brasília. Depois de muita expectativa, os golpistas conseguem a adesão
rever as concessões para exploração de minérios. As retaliações estran- do comandante do 2o Exército, general Amaury Kruel. Jango está no Rio
geiras são rápidas: governo e empresas privadas norte–americanas cortam de Janeiro quando recebe o manifesto do general Mourão Filho exigindo
créditos para o Brasil e interrompem a renegociação da dívida externa. sua renúncia. No dia 1o de abril pela manhã, parte para Brasília na tentati-
Radicalização no Parlamento – O Congresso reflete a crescente pola- va de controlar a situação. Ao perceber que não conta com nenhum dispo-
rização da sociedade. Forma-se a Frente Parlamentar Nacionalista em sitivo militar e nem com o apoio armado dos grupos que o sustentavam,
apoio ao presidente, reunindo a maioria dos parlamentares do PTB e PSB, abandona a capital e segue para Porto Alegre. Recusa a oferta de Leonel
e setores dissidentes do PSD e da UDN. A oposição aglutina-se na Ação Brizola para organizar uma resistência armada. Nesse mesmo dia, ainda
Democrática Parlamentar, que reúne boa parte dos parlamentares do PSD, com João Goulart no país, o presidente do Senado, Auro de Moura Andra-
a maioria da UDN e de outros partidos conservadores. de , declara vaga a Presidência da República. Ranieri Mazzilli, presidente
da Câmara dos Deputados, ocupa a Presidência interinamente.
Financiamento da oposição – A Ação Democrática Parlamentar rece-
be ajuda financeira do Instituto Brasileiro de Ação Democrática(Ibad), ECONOMIA NA SEGUNDA REPÚBLICA
instituição mantida pela Embaixada dos Estados Unidos. Setores do em- Nos 18 anos da Segunda República o país passa por um acelerado
presariado paulista formam o Instituto de Pesquisas e Estudos Soci- processo de industrialização por substituição de importações. Em meados
ais(Ipes), com o objetivo de disseminar a luta contra o governo entre os dos anos 50 a indústria ultrapassa a agricultura na composição do Produto
empresários e na opinião pública. A grande imprensa pede a deposição de Nacional Bruto. A política econômica do governo Juscelino Kubitsche
João Goulart em seus editoriais. kestimula a indústria nacional e, ao mesmo tempo, abre o mercado brasilei-

Ciências Humanas e suas Tecnologias 26 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ro para o capital estrangeiro sob a forma de empréstimos ou de investimen- Teatro engajado – A temática social também chega ao teatro. Autores
tos diretos. como Jorge Andradee Dias Gomes trazem para o palco temas até então
inusitados, como o drama dos trabalhadores rurais expulsos do campo. A
No final dos anos 50 os rumos a serem impressos à economia brasilei- efervescência política dos grandes centros é trabalhada pelos dramaturgos
ra são o grande divisor de águas da sociedade civil. Os setores nacionalis- Gianfrancesco Guarnieri , em Eles não usam black-tie, e Oduvaldo Viana
tas defendem um desenvolvimento autônomo, centrado no crescimento do Filho , nas peças Chapetuba Futebol Clube e A mais-valia vai acabar, seu
mercado interno. A oposição quer ampliar a industrialização pela maior Edgar.
abertura do mercado aos capitais internacionais.
Bossa nova e protesto – Na passagem da década de 50 para a de 60
Queima de divisas – Durante a 2a Guerra as exportações brasileiras surge a bossa nova, movimento musical liderado por João Gilberto e Tom
superam as importações e o país acumula boa quantidade de divisas, a Jobim. Mais suave e intimista que o samba, a bossa nova revoluciona a
maioria paga após o final do conflito. A moeda brasileira também está música popular brasileira. Na mesma época ganha força a chamada músi-
valorizada. O governo Dutra promove uma verdadeira queima de divisas. ca engajada, ou de protesto, como Opinião, de Zé Kéti, e Carcará, de João
Libera as importações de produtos totalmente supérfluos: de casacos de do Vale e José Cândido. Na música erudita, os compositores se dividem
peles a ioiôs, de comida para cachorro a aparelhos de televisão, numa em torno do nacionalista Camargo Guarnieri e das propostas dodecafôni-
época em que não havia emissoras no Brasil. cas do vanguardista Hans-Joachim Koellreuter.
CRESCIMENTO DA INDÚSTRIA CENTRO POPULAR DE CULTURA
Para Juscelino Kubitschek e os ideólogos do desenvolvimentismo, as Grande parte dessa efervescência cultural tem como ponto de partida e
profundas desigualdades do país só serão superadas com o predomínio da veículo de divulgação o Centro Popular de Cultura da União Nacional dos
indústria sobre a agricultura. O governo JK empenha-se em baratear o Estudantes, criado em 1960. Com a concepção de que a arte é um pode-
custo da mão-de-obra e das matérias-primas, subsidia a implantação de roso instrumento de conscientização política, o CPC da UNE atua em
novas fábricas e facilita a entrada de capitais estrangeiros. Entre 1955 e várias partes do país. Realiza atividades teatrais, literárias, plásticas,
1959 os lucros na indústria crescem 76% e a produtividade, 35%. Os musicais e cinematográficas.
salários sobem apenas 15%.
Ruptura institucional de 1964:
Desenvolvimentismo – Juscelino isenta de impostos as importações Os governos militares, crescimento econômico e crise do “milagre
de máquinas, equipamentos e todo capital estrangeiro que aqui se estabe- brasileiro”;
leça, desde que em associação com o capital nacional. Financia a amplia- Colapso do regime e redemocratização
ção da indústria pesada. Investe na construção de siderúrgicas e hidrelétri-
cas, amplia a capacidade produtiva da Petrobrás, abre novas estradas e GOVERNO CASTELLO BRANCO (1964-1967), GOVERNO COSTA E
levanta Brasília. Em 1959 cria a Sudene (Superintendência para o Desen- SILVA (1967-1969), GOVERNO DA JUNTA MILITAR (31/8/1969-
volvimento do Nordeste) para integrar a região ao mercado nacional. Em 30/10/1969), GOVERNO MEDICI (1969-1974), GOVERNO GEISEL
1960 obtém do FMI um empréstimo de US$ 47,7 milhões e cria o Grupo de (1974-1979), GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985), Redemocratização
Estudos da Indústria Automobilística (Geia), primeiro passo para a instala-
ção das grandes montadoras de automóveis no Brasil .
Movimento militar de 1964
Desnacionalização – Em 1961, das 66 empresas com maior concen-
tração de capital, 32 são estrangeiras e apenas 19 pertencem a grupos Mais da metade dos países do mundo, no início da década de 1970,
privados nacionais. O capital estrangeiro controla 99,8% da indústria de tinha governos saídos de processos de ruptura da normalidade constituci-
tratores, 98% da indústria automobilística, 85% do setor de cigarros, 88% onal. No Brasil, que fez parte desse conjunto, a ação do regime militar
das indústrias farmacêuticas, 82% do setor de eletricidade, 70% das indús- sobre as instituições sociais, a representatividade democrática e as rela-
trias de máquinas e 76% das indústrias químicas. ções econômicas e trabalhistas contribuiu notavelmente para sua degene-
rescência.
INFLAÇÃO E DÍVIDA EXTERNA
Movimento militar de 1964 é a designação genérica da intervenção
Os índices de inflação crescem durante a Segunda República. Eles re- das forças armadas no sistema político-institucional brasileiro que resultou
sultam das constantes emissões de moedas para sustentar os investimen- no rompimento da normalidade constitucional, com a derrubada do presi-
tos estatais e pagar os empréstimos externos. Em 1960 a inflação chega a dente João Goulart, e na tomada do poder pelos militares. O movimento
25% ao ano, sobe para 43% em 1961, a 55% em 1962 e a 81% em 1963. teve três fases: a preparação, em que grupos civis e militares envolvidos
O FMI passa a condicionar a concessão de novos empréstimos a uma conspiraram; a ação militar, com o deslocamento de tropas prontas para
política austera de estabilidade da moeda. um possível conflito armado; e a instauração do regime militar, no qual
Evasão de divisas – Entre 1945 e 1960 entram no país US$ 315 mi- cinco generais se sucederam no poder pelo período de 21 anos.
lhões e saem US$ 542 milhões. No governo JK, a dívida externa aumenta O movimento marcou o abandono, pelo segmento militar brasileiro, de
US$ 1,5 bilhão, chegando a um total de US$ 3,8 bilhões. A situação é sua tradicional posição de respeito às normas constitucionais e determi-
agravada pelo crescente desequilíbrio do balanço de pagamentos. A queda nou sua intervenção direta no ordenamento jurídico e econômico da nação
das exportações de produtos agrícolas, o pagamento de elevados fretes e e nas questões administrativas e políticas de governo.
seguros para os produtos importados e as remessas de lucros das empre-
sas internacionais são os principais fatores de desequilíbrio. No governo Antecedentes. Para compreender a abrangência, causas, consequên-
João Goulart a dívida externa do país corresponde a 43% da renda obtida cias e pressupostos ideológicos do movimento militar de 1964, é necessá-
com as exportações. rio situá-lo nas condições nacionais e internacionais do momento histórico
em que ocorreu.
CULTURA NA SEGUNDA REPÚBLICA
Situação interna. O fim da ditadura Vargas revelou as profundas con-
A euforia desenvolvimentista aberta com o governo JK reflete-se na vi- tradições políticas, sociais e econômicas do país e mostrou a necessidade
da cultural brasileira. Surgem as chamadas "vanguardas" artísticas e a"arte premente de amplas reformas estruturais que contemplassem segmentos
engajada": a produção cultural transforma-se em um meio de formação de da população que viviam em total desamparo. O predomínio político de
opinião e instrumento de politização . oligarquias regionais chocava-se com a atuação das forças nacionalistas e
Cinema Novo – Em 1955 o cineasta Nelson Pereira dos Santos lança- progressistas. Um setor agrário retrógrado, dependente das políticas
Rio 40 graus. O filme marca o início do Cinema Novo, movimento que se protecionistas do governo e apegado a atividades agrícolas tradicionais e
caracteriza pelos temas sociais e pela busca das raízes brasileiras. Essa relações trabalhistas que se aproximavam da servidão medieval, convivia
tendência aprofunda-se nos anos seguintes com Deus e o diabo na terra mal com a industrialização modernizadora e a massa operária urbana que
do Sol, de Glauber Rocha, Os fuzis, de Rui Guerra, e Menino de engenho, se afirmava como força política.
de Walter Lima Jr., entre outros.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 27 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Disparidades imensas separavam a população em segmentos bem Pinto, de Minas Gerais e Ademar de Barros, de São Paulo; organizações
definidos: uma burguesia rica e relativamente pouco numerosa, uma de classe, como o Conselho Superior das Classes Produtoras (Conclap); e
classe média emergente e conservadora e vastos contingentes populacio- entidades como o Instituto de pesquisas e Estudos Sociais (IPES) e o
nais em estado de grande pobreza. Essas disparidades tinham também Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), organizadas pro empre-
uma dimensão geográfica: as regiões Sul e Sudeste apresentavam altos sários nacionais e estrangeiros que formularam um projeto político e
índices de crescimento econômico e industrialização acelerada; Norte, econômico nacional de caráter capitalista. Também apoiaram o movimen-
Nordeste e Centro-Oeste, de predominância agrícola, caracterizavam-se to organizações direitistas para militares, como o Movimento Anticomunis-
pelo fraco desempenho da economia. ta (MAC), e associações como a Campanha da Mulher pela Democracia
(CAMDE) e Tradição Família e Propriedade (TFP).
Os indicativos sociais do país mostravam um quadro alarmante: altas
taxas de analfabetismo, incidência elevada de doenças provenientes de A coordenação geral da mobilização coube ao IPES, que elaborou
desnutrição, deficiências graves nas áreas de saúde e saneamento bási- sua ação ideológica, política e militar. Com o uso da maciça propaganda
co, índices altos de mortalidade infantil e materna e precariedade da infra- anticomunista, convenceu amplos segmentos da opinião pública que o
estrutura de transportes, comunicações e armazenamento de grãos. governo pretendia instaurar no país uma ditadura "anarco-comunista" ou
uma "república sindicalista". A classe média reagiu à "ameaça comunista"
A política econômica dominante era a chamada "substituição de im- com manifestações de rua, como as marchas da família com Deus pela
portações", em que a atividade industrial se encontrava fortemente prote- liberdade, que em São Paulo reuniu centenas de milhares de pessoas.
gida para a formação de um parque fabril atuante, diversificado e capaz de
promover a acumulação de capital nacional, vinculado ou associado ao O governo tinha base de apoio precárias nos sindicatos de trabalha-
capital internacional. dores urbanos, como o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), e
rurais, como as Ligas Camponesas; nos segmentos nacionalistas das
Na década de 1950 intensificou-se o conflito político entre as forças forças armadas e associações de seus oficiais subalternos; na Frente
tradicionalistas, os grupos nacionalistas e modernizadores, o movimento Parlamentar Nacionalista (FPN), formada por representantes de diversos
operário e a juventude estudantil que se politizava. A divisão ideológica se partidos; e em governadores como Miguel Arraes, de Pernambuco. Lide-
exarcebou. Comunistas e esquerdistas apoiavam os movimentos progres- ranças populistas, como o deputado federal Leonel Brizola, radicalizaram
sistas, mas exigiam um aprofundamento das reformas que os industriais o discurso reformista e mostraram-se mais preocupados com a disputa
não desejavam. As forças conservadoras defendiam um modelo político e pela presidência. Grupos organizados, como a União Nacional dos Estu-
econômico vinculado aos interesses do capital internacional. dantes (UNE), deram apoio condicional ao governo e exigiram mudanças
A ascensão do reformistas João Goulart à presidência da república e estruturais mais profundas.
seu prestígio, confirmado em plebiscito e pelo aumento da bancada par- Deflagração do movimento. A radicalização das posições nos primei-
lamentar que o apoiava, agravaram a crise e mostraram aos adversários ros três meses de 1964 levou à movimentação de tropas, que se iniciou
das reformas a necessidade de ação enérgica e urgente, que admitia a em Minas Gerais, no dia 31 de março, sob o comando do general Olímpio
ruptura da normalidade democrática como alternativa para a derrota nas Mourão Filho. As tropas não encontraram oposição e os comandos milita-
urnas. res regionais aderiram aos rebeldes. João Goulart foi derrubado no dia 1º
Situação internacional. As décadas de 1950 e 1960 marcaram o auge de abril; no dia 2, os Estados Unidos reconheceram o novo governo
da guerra fria entre os blocos soviético e americano. A América Latina, brasileiro.
região de predomínio exclusivo dos Estados Unidos desde a elaboração Poder militar. Os militares, que detiveram o poder político até 1985,
da doutrina Monroe no século XIX, não podia ficar neutra. A vitória da puseram em prática as teses doutrinárias e o modelo econômico de de-
revolução cubana, a definição de Fidel Castro pelo socialismo e a crise senvolvimento industrial e de modernização da infra-estrutura de serviços
dos mísseis soviéticos em Cuba intensificaram os esforços anticomunis- elaborados basicamente pela ESG e pelo IPES.
tas na região. O assassinato de John Kennedy em 1963 reforçou os No campo político, o regime caracterizou-se pelo autoritarismo. Houve
conservadores em política externa e ampliou sua atuação no quadro cassação dos mandatos e de direitos políticos, censura aos meios de
interno brasileiro. No começo de março de 1964, a imprensa americana comunicação e repressão policial e militar. Opositores e grupos profissio-
divulgou a base da nova política para a América Latina: os Estados Unidos nais, como os jornalistas, foram perseguidos. Métodos de intimidação,
"não mais procurariam punir as juntas militares por derrubarem regimes como a tortura e o sequestro de suspeitos, foram adotados. Nesse setor,
democráticos". No último dia do mesmo mês o movimento militar foi defla- desempenhou papel essencial o Serviço Nacional de Informação (SNI),
grado no Brasil. criado pelo general Golbery a partir dos dados do arquivo do IPES. Uma
Preparação do movimento. As forças políticas nacionais das mais va- nova constituição foi outorgada e diversas vezes emendada, e o governo
riadas tendências estavam profundamente divididas entre si. Os progres- recorreu ainda a atos jurídicos de exceção. O Congresso, muitas vezes
sistas divergiam em relação às reformas de base: reforma agrária, sindica- fechado, perdeu autonomia e transformou-se em órgão avalizador das
lização rural, limitação de remessa de lucros ao exterior, distribuição de decisões do executivo.
renda e nacionalização de empresas. A esquerda radical considerou-as Na economia, os governos militares adotaram o planejamento centra-
insuficientes e os moderados temeram sua amplitude. Para os conserva- lizado, que transformou o estado em tutor da atividade produtiva e incre-
dores, o programa era ameaça grave aos interesses do capital nacional e mentou a formação de uma tecnoburocracia com amplos poderes de
internacional. Ao contrário da esquerda, a direita percebeu a necessidade intervenção. Usaram o endividamento externo para seu programa de
de união de seus diversos segmentos para combatê-lo e impedir sua diversificação de produção de bens e serviços, modernização dos produ-
implantação. tos industriais, ampliação da infra-estrutura de transportes e comunica-
A conspiração contra o governo contou com a participação coordena- ções, proteção a setores industriais emergentes e incentivo às exporta-
da de setores militares e civis. Entre os militares, destacou-se o chamado ções. Mecanismos institucionais de correção monetária transformaram a
"grupo da Sorbonne", como era conhecida a Escola Superior de Guerra inflação crescente em fonte de financiamento do estado. Acelerou-se o
(ESG). Com a atuação decisiva do general Golbery do Couto e Silva, o processo de estatização da economia e o estado tornou-se parceiro da
grupo elaborou a doutrina da "segurança nacional e desenvolvimento", iniciativa privada em numerosos empreendimentos. Com a crise da eco-
que mais tarde forneceria os fundamentos teóricos para os instrumentos nomia mundial da década de 1970, adotou-se uma política recessiva que
jurídicos do regime militar. agravou a concentração de renda e aumentou a miséria dos setores
desvalidos da população.
As figuras públicas, entidades e organizações civis envolvidas no mo-
vimento foram numerosas. Destacaram-se os setores conservadores da Além das sequelas econômicas do regime, o enxovalhamento da lei e
Igreja Católica; a Ação Democrática Parlamentar (ADP), de parlamentares a corrupção de parlamentares contribuiu, no plano ideológico, para o
de diversos partidos, como o Partido Social Democrático (PSD) e a União descrédito da população na justiça e nas instituições. A repressão ao
Democrática Nacional (UDN); líderes políticos como os governadores movimento estudantil, o afastamento compulsório de professores dissiden-
Carlos Lacerda, do extinto estado da Guanabara, José de Magalhães tes e a concessão indiscriminada de credenciais e universidades despre-

Ciências Humanas e suas Tecnologias 28 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
paradas teve consequências funestas para a educação e para a formação não tem prazo de vigência e dura até 1979. O AI-5 restabelece o poder
de profissionais. presidencial de cassar mandatos, suspender direitos políticos, demitir e
aposentar juízes e funcionários, acaba com a garantia do habeas-corpus,
Ruptura Institucional de 1964 amplia e endurece a repressão policial e militar. Outros 12 atos institucio-
nais complementares são decretados e passam a constituir o núcleo da
Regime instaurado pelo golpe de Estado de 31 de março de 1964. Es- legislação do regime.
tende-se até o final do processo de abertura política, em 1985. É marcado
por autoritarismo, supressão dos direitos constitucionais, perseguição GOVERNO DA JUNTA MILITAR (31/8/1969-30/10/1969) – Grave-
policial e militar, prisão e tortura dos opositores e pela censura prévia aos mente doente, o presidente é substituído por uma Junta Militar formada
meios de comunicação. pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (Exército), Augusto Rademaker
(Marinha) e Márcio de Sousa e Melo (Aeronáutica). O vice-presidente, o
O golpe – A crise político-institucional da qual nasce o regime militar civil Pedro Aleixo, é impedido de tomar posse. A Aliança de Libertação
começa com a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961. Agrava- Nacional (ALN) e o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8),
se durante a administração João Goulart (1961-1964), com a radicalização grupos de esquerda, sequestram no Rio o embaixador norte-americano
populista do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e de várias organizações Charles Elbrick. Ele é trocado por 15 presos políticos mandados para o
de esquerda e com a reação da direita conservadora. Goulart tenta mobili- México. Os militares respondem com a decretação da Lei de Segurança
zar as massas trabalhadoras em torno das reformas de base, que alterari- Nacional (18 de setembro) e com a Emenda Constitucional No 1 (17 de
am as relações econômicas e sociais no país. Isso leva o empresariado, outubro), que na prática é uma nova Constituição, com a figura do bani-
parte da Igreja Católica, a oficialidade militar e os partidos de oposição, mento do território nacional e a pena de morte nos casos de "guerra
liderados pela União Democrática Nacional (UDN) e pelo Partido Social psicológica adversa, ou revolucionária, ou subversiva". Ainda no final de
Democrático (PSD), a denunciar a preparação de um golpe comunista, 1969, o líder da ALN, Carlos Mariguella, é morto em São Paulo pelas
com a participação do presidente. Além disso, responsabilizam-no pela forças da repressão.
carestia e pelo desabastecimento. No dia 13 de março de 1964, o governo
promove grande comício em frente da estação ferroviária Central do GOVERNO MEDICI (1969-1974) – O general Emílio Garrastazu Me-
Brasil, no Rio de Janeiro, em favor das reformas de base. Os conservado- dici, escolhido pela Junta Militar para ser o novo presidente, comanda o
res reagem com uma manifestação em São Paulo, a Marcha da Família mais duro governo da ditadura, no período conhecido como os anos de
com Deus pela Liberdade, em 19 de março. A tensão cresce. No dia 31 de chumbo. A luta armada intensifica-se e a repressão policial-militar cresce
março, tropas saídas de Minas Gerais e São Paulo avançam sobre o Rio, ainda mais. Ela é acompanhada de severa censura a imprensa, espetácu-
onde o governo federal conta com o apoio de setores importantes da los, livros, músicas etc., atingindo políticos, artistas, editores, professores,
oficialidade e das Forças Armadas. Para evitar a guerra civil, Goulart estudantes, advogados, sindicalistas, intelectuais e religiosos. Espalham-
abandona o país e refugia-se no Uruguai. se pelo país os centros de tortura do regime, ligados ao Destacamento de
Operações e Informações e ao Centro de Operações de Defesa Interna
No dia 1º de abril, o Congresso Nacional declara a vacância da Presi- (DOI-Codi). A guerrilha urbana cede terreno rapidamente nas capitais,
dência. Os comandantes militares assumem o poder. Em 9 de abril é tenta afirmar-se no interior do país, como no Araguaia, mas acaba enfra-
decretado o Ato Institucional Nº 1 (AI-1), que cassa mandatos e suspende quecida e derrotada.
a imunidade parlamentar, a vitaliciedade dos magistrados, a estabilidade
dos funcionários públicos e outros direitos constitucionais. O endurecimento político é respaldado pelo milagre econômico, que
vai de 1969 a 1973. O produto interno bruto (PIB) cresce a quase 12% ao
GOVERNO CASTELLO BRANCO (1964-1967) – O general Castello ano, e a inflação média anual não ultrapassa 18%. O Estado arrecada
Branco é eleito pelo Congresso Nacional presidente da República em 15 mais, faz grandes empréstimos e atrai investimentos externos para proje-
de abril de 1964. Declara-se comprometido com a defesa da democracia, tos de grande porte no setor industrial, agropecuário, mineral e de infra-
mas logo adota posição autoritária. Decreta três atos institucionais, dissol- estrutura. Alguns desses projetos, por seu custo e impacto, são chamados
ve os partidos políticos e estabelece eleições indiretas para presidente e de faraônicos, como a construção da rodovia Transamazônica e da Ponte
governadores. Cassa mandatos de parlamentares federais e estaduais, Rio-Niterói.
suspende os direitos políticos de centenas de cidadãos, intervém em
quase 70% de sindicatos e federações de trabalhadores e demite funcio- GOVERNO GEISEL (1974-1979) – O general Ernesto Geisel enfrenta
nários. Institui o bipartidarismo com a Aliança Renovadora Nacional (Are- dificuldades que marcam o fim do milagre econômico e ameaçam a estabi-
na), de situação, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), de oposi- lidadeo Regime Militar. A crise internacional do petróleo contribui para
ção. Cria o Serviço Nacional de Informações (SNI), que funciona como uma recessão mundial e o aumento das taxas de juro, além de reduzir
polícia política. Em janeiro de 1967, o governo impõe ao Congresso a muito o crédito, põe a dívida externa brasileira em um patamar crítico. O
aprovação da nova Constituição que incorpora a legislação excepcional e presidente anuncia então a abertura política lenta, gradual e segura e nos
institucionaliza a ditadura. bastidores procura afastar os militares da linha dura, encastelados nos
órgãos de repressão e nos comandos militares. A oposição se fortalece e
GOVERNO COSTA E SILVA (1967-1969) – Ministro do Exército de nas eleições de novembro de 1974, o MDB conquista 59% dos votos para
Castello Branco, o general Arthur da Costa e Silva assume a Presidência o Senado, 48% para a Câmara dos Deputados e ganha em 79 das 90
em 1967, também eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. Em seu cidades com mais de 100 mil habitantes. A censura à imprensa é suspen-
governo cresce a oposição à ditadura. Em meados de 1968, a União sa em 1975. A linha dura resiste à liberalização e desencadeia uma onda
Nacional dos Estudantes (UNE) promove no Rio de Janeiro a Passeata repressiva contra militantes e simpatizantes do clandestino Partido Comu-
dos Cem Mil. Ao mesmo tempo ocorrem greves operárias em Contagem nista Brasileiro (PCB). Em outubro de 1975, o jornalista Vladimir Herzog é
(MG) e Osasco (SP). Grupos radicais de esquerda começam a organizar- assassinado em uma cela do DOI-Codi do 2º Exército, em São Paulo. Em
se para a guerrilha urbana e promovem os primeiros assaltos a bancos janeiro de 1976, o operário Manuel Fiel Filho é morto em circunstâncias
para obter fundos. semelhantes.
O governo é pressionado pelos militares da linha dura, que defendem O MDB vence novamente as eleições no final de 1976. Em abril de
a retomada das ações repressivas no plano político, institucional e policial. 1977, o governo coloca o Congresso em recesso e baixa o "pacote de
Em 17 de abril de 1968, 68 municípios (incluindo todas as capitais) são abril". As regras eleitorais são modificadas de modo a garantir maioria
transformados em zonas de segurança nacional, e seus prefeitos passam parlamentar à Arena, o mandato presidencial passa de cinco para seis
a ser nomeados pelo presidente. O deputado Márcio Moreira Alves anos e é criada a figura do senador biônico, eleito indiretamente pelas
(MDB/Guanabara), em discurso na Câmara, convoca a população a Assembleias Legislativas estaduais. Em 1978, Geisel envia ao Congresso
boicotar a parada militar de 7 de setembro, e o governo pede licença ao emenda constitucional que acaba com o AI-5 e restaura o habeas-corpus.
Congresso para processá-lo. O Parlamento nega a licença em 12 de Com isso abre caminho para a normalização do país. No final do ano, o
dezembro. Na noite de 13 de dezembro, Costa e Silva fecha o Congresso MDB volta a ganhar as eleições.
e decreta o Ato Institucional Nº 5 (AI-5). Ao contrário dos anteriores, esse
Ciências Humanas e suas Tecnologias 29 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Outro fator de irritação foi a decisão de realizar, com base na nova lei
GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985) – O crescimento da oposição eleitoral, eleição direta para governador em dez estados, dentre os quais a
nas eleições de 1978 acelera a abertura política. O general João Baptista Guanabara, onde venceu Francisco Negrão de Lima, e Minas Gerais, que
Figueiredo concede a anistia aos acusados ou condenados por crimes elegeu Israel Pinheiro, ambos candidatos de oposição. O presidente
políticos. O processo, porém, é perturbado pela linha dura. Figuras ligadas Castelo Branco empreendeu também, por meio do seu ministro do Plane-
à Igreja Católica são sequestradas e cartas-bomba explodem nas sedes jamento, Roberto Campos, a renovação do sistema tributário. Algumas
de instituições democráticas, como a Ordem dos Advogados do Brasil conquistas dos trabalhadores oriundas do período Vargas, como a estabi-
(OAB). O episódio mais grave é um malsucedido atentado terrorista pro- lidade do trabalhador, foram alteradas, por serem consideradas paternalis-
movido por militares no centro de convenções do Riocentro, no Rio, em 30 tas e antieconômicas.
de abril de 1981.
Governo Costa e Silva. O general Artur da Costa e Silva assumiu o
Em dezembro de 1979, o governo modifica a legislação partidária e governo em 15 de março de 1967, mas teve de deixá-lo em 31 de agosto
eleitoral e restabelece o pluripartidarismo. A Arena transforma-se no de 1969, acometido de grave doença. Em seu curto governo, Costa e
Partido Democrático Social (PDS), e o MDB acrescenta a palavra partido à Silva tratou de consolidar a ordem constitucional, dando cumprimento à
sigla, tornando-se o PMDB. Outras agremiações são criadas, como o carta de 1967, outorgada no momento de sua posse. Seu ministro da
Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Democrático Trabalhista Fazenda, Antônio Delfim Neto, executou uma política de dinamização da
(PDT), de esquerda, e o Partido Popular (PP), de centro-direita. economia, com concessão de créditos e melhoria geral dos níveis salari-
ais. Em seu governo foi adotado também o plano nacional de comunica-
Redemocratização – A crise econômica se aprofunda e mergulha o ções, base da modernização do sistema brasileiro de comunicações. No
Brasil na inflação e na recessão. Crescem os partidos de oposição, forta- campo dos transportes, intensificou-se a opção pelas rodovias, embora
lecem-se os sindicatos e as entidades de classe. Em 1984, o país mobili- tenham-se iniciado alguns estudos com vistas ao aproveitamento das vias
za-se na campanha pelas Diretas Já, que pede eleição direta para a fluviais. Foram também iniciados os estudos para a construção da ponte
Presidência da República. Mas a emenda é derrotada na Câmara dos Rio-Niterói.
Deputados em 25 de abril. Com Costa e Silva, o Exército passou a controlar mais diretamente o
aparelho de estado, que sofrera no governo anterior um processo de
Em 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolhe o candidato modernização burocrática e centralização administrativa. Ante as pressões
Tancredo Neves como novo presidente da República. Ele integra a Alian- oposicionistas, o início da resistência armada, a reativação do movimento
ça Democrática – a frente de oposição formada pelo PMDB e pela Frente estudantil e o surgimento de greves (numa mobilização das forças popula-
Liberal, dissidência do PDS. A eleição marca o fim da ditadura militar, mas res que durou todo o ano de 1968), agiu novamente a oposição interna ao
o processo de redemocratização só se completa em 1988, no governo regime, o que resultou na crise militar de dezembro daquele ano, quando
José Sarney, com a promulgação da nova Constituição. o Congresso recusou o pedido de licença, feito pelo governo, para proces-
Regime militar (1964-1985) sar o deputado Márcio Moreira Alves (MDB-RJ), que, em discurso, conci-
tara o país a não participar das comemorações pela independência, o que
Num período de 21 anos, desde a deposição de Goulart, em 1964, até foi interpretado como um ataque às forças armadas.
1985, sucederam-se no poder cinco governos militares, todos empossa-
dos sem eleição popular. Para dar um mínimo de aparência de legalidade, Seguiu-se a promulgação, em 13 de dezembro de 1968, do ato insti-
os "candidatos" submetiam-se à aprovação do Congresso, num jogo de tucional nº 5, que pôs em recesso o Congresso e todas as assembleias
resultados prévia e seguramente conhecidos. No entanto, ao tratar de legislativas estaduais e renovou por período indefinido os poderes de
evitar a ruptura completa com os fundamentos constitucionais da demo- exceção do presidente (autorização para governar por decreto e, de novo,
cracia representativa, os militares mantiveram a periodicidade dos manda- para cassar mandatos e suspender direitos políticos). Com o Congresso
tos e a exigência de um mínimo de legitimidade, por meio das eleições em recesso, Costa e Silva encomendou ao vice-presidente Pedro Aleixo a
indiretas para a presidência e vice-presidência da república e, posterior- elaboração de uma emenda que permitisse reabrir o Congresso e voltar à
mente, para os governos estaduais e principais prefeituras. Mantiveram as normalidade.
casas legislativas e os calendários eleitorais, embora sujeitos a manipula- Entretanto, antes que pudesse assiná-la, o presidente foi vítima de
ções e restrições, e o alistamento eleitoral, que entre 1960 e meados da uma trombose cerebral e teve de ser afastado do governo. Imediatamente
década de 1990 registrou um aumento superior a 500%. os ministros militares comunicaram a Pedro Aleixo que não lhe entregari-
Governo Castelo Branco. O primeiro presidente do governo militar foi am o governo. Foi então constituída uma junta militar, formada pelos
o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, que governou até 1967, ministros do Exército, general Aurélio de Lira Tavares, da Marinha, Augus-
num regime de absoluta austeridade. O sistema partidário foi reorganizado to Hamann Rademaker Grunewald, e da Aeronáutica, Márcio de Sousa e
em dois partidos: a Aliança Renovadora Nacional (Arena), governista, e o Melo. A junta, em seu curto mandato, outorgou a emenda constitucional nº
Movimento Democrático Brasileiro (MDB), de oposição. Nada mais artifici- 1, na verdade um outro texto, que acentuou ainda mais o caráter ditatorial
al que esse esquema político, na verdade necessário apenas para coo- do regime: foi eliminada a soberania do júri e decretada a pena de morte
nestar o regime militar. O governo exercia-se na prática por meio dos atos em tempos de paz, nos casos de "guerra psicológica adversa, revolucio-
institucionais, que foram sendo editados de acordo com as necessidades nária ou subversiva". Pela emenda constitucional, o ato institucional nº 5
do momento: o nº 1 suspendeu parcialmente a constituição de 1946 e foi incorporado à constituição. Em 30 de outubro de 1969, a junta militar
facultou a cassação de mandatos parlamentares e a suspensão de direitos passou o poder ao general Emílio Garrastazu Médici, então comandante
políticos; o nº 2 renovou esses poderes e extinguiu os partidos políticos do do Terceiro Exército, e que fora selecionado pelo alto comando do Exérci-
passado; o nº 3, de 5 de fevereiro de 1966, determinou a eleição indireta to e referendado pelo Congresso, especialmente reunido para esse fim.
do presidente e vice-presidente da república. Em janeiro de 1967 o Con- Governo Médici
gresso aprovou uma constituição previamente preparada pelo executivo e
não submetida a discussão. O governo do general Emílio Garrastazu Médici notabilizou-se por
obras de grande porte, como as rodovias Transamazônica, Perimetral
Apesar do apoio militar maciço e de muitas das lideranças civis, Cas- Norte e Santarém-Cuiabá, assim como a ponte Rio-Niterói, e concluiu um
telo Branco indispôs-se com três governadores que haviam conspirado a acordo para a construção da hidrelétrica de Itaipu e os pólos petroquími-
favor do golpe militar, na esperança de chegar à presidência, e que se cos da Bahia e São Paulo. Foram os tempos do chamado "milagre brasi-
viram frustrados com a prorrogação do seu mandato, de 31 de janeiro de leiro", comandado pelo ministro da Fazenda, Antônio Delfim Neto, quando
1966 para 15 de março de 1967. Foram eles o governador do estado da o país alcançou taxas de crescimento superiores a dez por cento, e taxas
Guanabara, Carlos Lacerda, que teve os direitos políticos cassados, o inflacionárias de pouco mais de 14% ao ano. Somente com o passar dos
governador de Minas Gerais, José de Magalhães Pinto, e o governador de anos se revelariam os custos do milagre: a inflação reprimida voltou a
São Paulo, Ademar de Barros, que além dos direitos políticos suspensos, passos largos e os empréstimos externos, que haviam financiado o cres-
teve o mandato cassado. cimento, implicaram taxas de juros elevadíssimas e a quase inadimplência
do país.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 30 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
No campo político, o governo Médici caracterizou-se por um combate se a uma cirurgia cardíaca nos Estados Unidos, e foi substituído tempora-
cerrado aos movimentos de resistência armada ao regime, que criaram riamente pelo vice-presidente Aureliano Chaves, primeiro civil a ocupar a
focos de guerrilha e promoveram assaltos a bancos e sequestros de presidência da república desde 1964.
embaixadores. Entre 1969 e 1971 foram sequestrados e trocados por
presos políticos os embaixadores dos Estados Unidos, Alemanha e Suíça. No pleito de novembro de 1982 Franco Montoro, Leonel Brizola e
A resposta do governo foi uma escalada da repressão, com uso da tortura Tancredo Neves, todos de oposição, foram eleitos governadores, respecti-
como método usual de interrogatório. Em maio de 1972, o sistema de vamente, de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. O governo Figuei-
arbítrio foi reforçado com o estabelecimento de eleições indiretas para redo assimilou a derrota e garantiu a posse dos eleitos. Todavia, sofreu
governadores e vice-governadores dos estados. grande desgaste com a denúncia de escândalos financeiros, como os
casos Capemi, Coroa-Brastel e Delfin, que representaram grandes prejuí-
Governo Geisel. Com o general Ernesto Geisel, que governou de zos aos cofres públicos, devido aos financiamentos sem garantias e a
1974 a 1979, foram tomadas as primeiras medidas de suavização do omissões de fiscalização. Além disso, o temperamento explosivo do
regime, entre elas a revogação do ato institucional nº 5. Pela primeira vez, presidente criou vários incidentes, que se somaram para desgastar sua
no período militar, a oposição se fez ouvir, ao lançar como "anticandidato" imagem, embora ele conduzisse com energia e coerência o processo de
o presidente do MDB, deputado Ulisses Guimarães. Empossado em plena abertura.
crise mundial do petróleo, Geisel, que fora superintendente da refinaria
Presidente Bernardes, membro do Conselho Nacional de Petróleo e Ao encerrar-se o governo Figueiredo, e com ele o período de 21 anos
presidente da Petrobrás, iniciou imediatamente a exploração da platafor- de regime militar, o país encontrava-se em situação econômica e financei-
ma submarina, que a médio e longo prazo mostrou excelentes resultados. ra das mais graves. A dívida externa alcançara tetos astronômicos, por
Instituiu também os "contratos de risco", que permitiram a associação com força dos juros exorbitantes. Emissões sucessivas destinadas a cobrir os
empresas estrangeiras, dotadas de capital e know-how, para explorar déficits do Tesouro aumentaram assustadoramente a dívida interna. Em
petróleo. março de 1985, a taxa de inflação chegou a 234% anuais. No entanto, há
pontos a creditar aos governos militares, como a redinamização da eco-
O aumento da receita em divisas, com as exportações de café e soja nomia, que alcançou altos níveis de crescimento, a modernização do país,
e o sucesso dos manufaturados brasileiros no exterior, aliviaram os pro- principalmente na área dos transportes e comunicações, o incremento das
blemas econômicos do país no governo Geisel. Contudo, já não era mais exportações, e a política energética, sobretudo a criação do Proálcool e o
possível sustentar a mística de crescimento acelerado. Na frente política, aumento dos investimentos na prospecção petrolífera, como resposta à
o sucesso do MDB nas eleições de 1974, que elegeu 16 senadores e 160 crise mundial de petróleo de 1973. Os resultados negativos foram a ex-
deputados federais, de um total de 364, e obteve maioria nas assembleias cessiva concentração de renda, o aumento vertiginoso da dívida externa,
legislativas de cinco estados, entre eles São Paulo e Rio de Janeiro, levou o decréscimo substancial do nível do salário real, o excessivo estatismo, a
o governo a um certo retrocesso na prometida abertura política. Foi institu- censura absoluta aos meios de comunicação e a falta de representativida-
ído o mandato presidencial de seis anos e a nomeação de um terço do de do governo. A tecnoburocracia, encastelada em Brasília, dirigiu a
Senado -- os chamados senadores "biônicos" -- pelo mesmo colégio economia do país sem nenhuma consulta aos setores envolvidos, muitas
eleitoral encarregado de escolher os governadores. Mas foram revogadas vezes com resultados desastrosos.
as penas de morte e banimento, eliminada a censura prévia à imprensa e
extinta a todo-poderosa Comissão Geral de Investigações (CGI), que No campo da política externa, o Brasil havia adotado, a partir do go-
podia confiscar bens após processo sumário. O principal formulador das verno Geisel, uma atitude mais crítica em relação às potências ocidentais.
políticas do governo Geisel foi o general Golbery do Couto e Silva, chefe A política do "pragmatismo responsável", posta em vigor pelo chanceler
do gabinete civil. Com essa abertura, denominada pelo próprio Geisel de Antônio Francisco Azeredo da Silveira, significou na prática uma revisão
"lenta, segura e gradual", foi possível encaminhar a sucessão. do alinhamento automático e uma aproximação com os países do Terceiro
Mundo. Em 1975 foram estabelecidas relações diplomáticas com a China,
Governo Figueiredo. O último presidente militar foi o general João Ba- rompidas em 1964, e o Brasil votou na ONU a favor de uma resolução que
tista Figueiredo, eleito tranquilamente contra a chapa que, apresentada condenava o sionismo como forma de racismo e discriminação racial,
pelo MDB, tinha como candidato o general Euler Bentes. Na posse, o novo contra o voto das potências ocidentais.
presidente jurou "fazer deste país uma democracia", e realmente continu-
ou o processo de abertura política e redemocratização. Seu primeiro ato No governo Figueiredo, a política externa foi entregue ao chanceler
foi a anistia política, que permitiu a volta ao país de alguns exilados de Ramiro Saraiva Guerreiro, que continuou a defender o princípio da não-
peso, como Leonel Brizola, Luís Carlos Prestes e Miguel Arraes. Veio intervenção e da autodeterminação dos povos. Durante a guerra das
depois a reforma partidária, que encerrou o bipartidarismo vigente. A Malvinas, em 1982, o Brasil, que voltara a harmonizar suas relações com
Arena transformou-se em Partido Democrático Social (PDS) e o MDB, a Argentina, abaladas desde o projeto da hidrelétrica de Itaipu, manteve o
obrigado a mudar de sigla, optou por Partido do Movimento Democrático apoio às pretensões argentinas de soberania sobre as ilhas. O restabele-
Brasileiro (PMDB). A sigla do PTB, Partido Trabalhista Brasileiro, foi dada cimento da liberdade de imprensa e dos direitos políticos, a anistia e
à deputada Ivete Vargas, sob protesto de Brizola, que fundou então o outras medidas de abertura política melhoraram sensivelmente a imagem
Partido Democrático Trabalhista (PDT). Tancredo Neves e Magalhães externa do país.
Pinto criaram o Partido Popular (PP). E Luís Inácio Lula da Silva, líder Normalização institucional
sindical dos metalúrgicos do ABC paulista, fundou o Partido dos Trabalha-
dores (PT). O principal interlocutor e arquiteto da abertura no governo Governo Sarney. No final de 1983 iniciou-se o movimento pelas elei-
Figueiredo foi seu ministro da Justiça, Petrônio Portela. ções diretas para presidente da república, conhecido como campanha das
"diretas já". No decorrer de 1984 a campanha mobilizou milhões de pes-
Figueiredo teve de suportar o inconformismo dos extremos: a extre- soas, em gigantescos comícios e passeatas em todo o Brasil. Mesmo
ma-direita provocou vários atentados terroristas, o mais grave dos quais assim, a emenda constitucional nesse sentido, apresentada pelo deputado
ocorreu em 1981, no Riocentro, centro de exposições no Rio de Janeiro, Dante de Oliveira, do PMDB de Mato Grosso, não foi aprovada por falta de
onde se realizava um show comemorativo do dia do Trabalho. No atenta- quórum. No dia da votação, o governo decretou o estado de emergência
do morreu um sargento e saiu ferido um capitão, que, segundo a versão no Distrito Federal e em dez municípios de Goiás, inclusive Goiânia, e
oficial, estavam em missão de informações. O inquérito instaurado, como impediu a pressão dos manifestantes. Em junho de 1984, o senador José
era previsto, nada apurou, e o general Golbery pediu demissão em sinal Sarney renunciou à presidência do PDS e formou a Frente Liberal, que
de protesto. apoiou a candidatura de Tancredo Neves à presidência. Em agosto, a
A esquerda procurou pressionar o projeto de anistia, a fim de que os Frente Liberal e o PMDB uniram-se e Sarney foi escolhido como candidato
militares acusados de tortura e morte continuassem passíveis de processo a vice-presidente. Avolumaram-se as adesões à Frente, que depois trans-
e punição. Estabeleceu-se, entretanto, um consenso político, aceito pela formou-se em Partido da Frente Liberal (PFL). No final do ano, o Colégio
opinião pública, segundo o qual a anistia deveria abranger a todos indistin- Eleitoral -- composto pelos membros do Congresso Nacional e por repre-
tamente, de vez que os excessos haviam sido cometidos em ambas as sentantes das assembleias legislativas estaduais -- elegeu a chapa Tan-
frentes. De setembro a novembro de 1981, Figueiredo teve de submeter- credo Neves-José Sarney, contra Paulo Maluf.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 31 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
O presidente eleito empreendeu uma viagem a vários países e ao vol- assim, a emenda constitucional nesse sentido, apresentada pelo deputado
tar dedicou-se à organização do seu governo. Entretanto, na véspera da Dante de Oliveira, do PMDB de Mato Grosso, não foi aprovada por falta de
data marcada para sua posse, Tancredo foi internado num hospital de quórum. No dia da votação, o governo decretou o estado de emergência
Brasília, para uma cirurgia. Em seu lugar, tomou posse, interinamente, o no Distrito Federal e em dez municípios de Goiás, inclusive Goiânia, e
vice José Sarney. Depois de prolongada agonia, Tancredo veio a falecer impediu a pressão dos manifestantes. Em junho de 1984, o senador José
em São Paulo, em 21 de abril de 1985, e um sentimento geral de frustra- Sarney renunciou à presidência do PDS e formou a Frente Liberal, que
ção tomou conta do país. Todas as expectativas concentraram-se então apoiou a candidatura de Tancredo Neves à presidência. Em agosto, a
em implementar o plano de governo por ele anunciado. Em linhas gerais, Frente Liberal e o PMDB uniram-se e Sarney foi escolhido como candidato
o seu plano condenava qualquer atitude revanchista, pregava a união a vice-presidente. Avolumaram-se as adesões à Frente, que depois trans-
nacional, a normalização institucional em moldes democráticos e a reto- formou-se em Partido da Frente Liberal (PFL). No final do ano, o Colégio
mada do desenvolvimento. Eleitoral -- composto pelos membros do Congresso Nacional e por repre-
sentantes das assembleias legislativas estaduais -- elegeu a chapa Tan-
Sarney sabiamente escolheu uma posição de modéstia, que atraiu a credo Neves-José Sarney, contra Paulo Maluf.
simpatia popular. Manteve os ministros escolhidos por Tancredo e encam-
pou suas ideias básicas de formar um pacto nacional para a redemocrati- O presidente eleito empreendeu uma viagem a vários países e ao vol-
zação do país, no período de governo civil que se iniciava, e que ficou tar dedicou-se à organização do seu governo. Entretanto, na véspera da
conhecido como Nova República. Em julho de 1985 o Congresso aprovou data marcada para sua posse, Tancredo foi internado num hospital de
proposta do presidente no sentido de convocar uma Assembleia Nacional Brasília, para uma cirurgia. Em seu lugar, tomou posse, interinamente, o
Constituinte, a ser formada pelos parlamentares que seriam eleitos em vice José Sarney. Depois de prolongada agonia, Tancredo veio a falecer
novembro de 1986. O sistema partidário ampliou-se e passou a abrigar em São Paulo, em 21 de abril de 1985, e um sentimento geral de frustra-
várias legendas novas, até mesmo de partidos de esquerda, antes na ção tomou conta do país. Todas as expectativas concentraram-se então
clandestinidade. Em novembro de 1985 foram realizadas eleições para as em implementar o plano de governo por ele anunciado. Em linhas gerais,
capitais dos estados e para os municípios considerados áreas de segu- o seu plano condenava qualquer atitude revanchista, pregava a união
rança nacional. Embora vencedor em 16 das 23 capitais, entre elas Belo nacional, a normalização institucional em moldes democráticos e a reto-
Horizonte, o PMDB perdeu em centros importantes como São Paulo, Rio mada do desenvolvimento.
de Janeiro, Porto Alegre, Recife e Fortaleza.
Sarney sabiamente escolheu uma posição de modéstia, que atraiu a
O governo, assediado pelas crescentes taxas de inflação, substituiu o simpatia popular. Manteve os ministros escolhidos por Tancredo e encam-
ministro da Fazenda, Francisco Dornelles, pelo empresário Dílson Funaro. pou suas ideias básicas de formar um pacto nacional para a redemocrati-
Em fevereiro de 1986 foi lançado o Programa de Estabilização Econômica, zação do país, no período de governo civil que se iniciava, e que ficou
que ficou conhecido como "Plano Cruzado", em alusão à nova moeda conhecido como Nova República. Em julho de 1985 o Congresso aprovou
criada, o cruzado. Os preços foram congelados e os salários fixados pela proposta do presidente no sentido de convocar uma Assembleia Nacional
média dos últimos seis meses. Foi extinta a correção monetária e criado o Constituinte, a ser formada pelos parlamentares que seriam eleitos em
seguro-desemprego. O governo recebeu amplo apoio popular, sobretudo novembro de 1986. O sistema partidário ampliou-se e passou a abrigar
na fiscalização dos preços. No entanto, a especulação, a cobrança de ágio várias legendas novas, até mesmo de partidos de esquerda, antes na
e as remarcações de preços acabaram por desgastar o plano, reformulado clandestinidade. Em novembro de 1985 foram realizadas eleições para as
várias vezes. capitais dos estados e para os municípios considerados áreas de segu-
rança nacional. Embora vencedor em 16 das 23 capitais, entre elas Belo
Empossada a Assembleia Nacional Constituinte, Sarney mobilizou-se Horizonte, o PMDB perdeu em centros importantes como São Paulo, Rio
para assegurar o sistema presidencialista e garantir o mandato de cinco de Janeiro, Porto Alegre, Recife e Fortaleza.
anos, que os constituintes queriam reduzir para quatro. As manobras de
bastidores, noticiadas pela imprensa, com trocas de favores por votos, O governo, assediado pelas crescentes taxas de inflação, substituiu o
desgastaram a imagem presidencial, agravada pelo aumento da inflação, ministro da Fazenda, Francisco Dornelles, pelo empresário Dílson Funaro.
que voltou aos patamares do início do governo. Em 5 de outubro de 1988 Em fevereiro de 1986 foi lançado o Programa de Estabilização Econômica,
foi promulgada a nova constituição, que trouxe um notável avanço no que ficou conhecido como "Plano Cruzado", em alusão à nova moeda
campo dos direitos sociais e trabalhistas: qualificou como crimes inafian- criada, o cruzado. Os preços foram congelados e os salários fixados pela
çáveis a tortura e as ações armadas contra o estado democrático e a média dos últimos seis meses. Foi extinta a correção monetária e criado o
ordem constitucional; determinou a eleição direta do presidente, governa- seguro-desemprego. O governo recebeu amplo apoio popular, sobretudo
dores e prefeitos dos municípios com mais de 200.000 habitantes em dois na fiscalização dos preços. No entanto, a especulação, a cobrança de ágio
turnos, no caso de nenhum candidato obter maioria absoluta no primeiro; e as remarcações de preços acabaram por desgastar o plano, reformulado
e ampliou os poderes do Congresso. várias vezes.
No final de 1989, o governo Sarney atingiu um desgaste impressio- Empossada a Assembleia Nacional Constituinte, Sarney mobilizou-se
nante. A inflação chegou a cinquenta por cento ao mês e foi trazida de para assegurar o sistema presidencialista e garantir o mandato de cinco
volta a correção monetária. Nesse clima de insatisfação e de temor de um anos, que os constituintes queriam reduzir para quatro. As manobras de
processo hiperinflacionário, foi realizada a primeira eleição presidencial bastidores, noticiadas pela imprensa, com trocas de favores por votos,
direta em 29 anos. Apresentaram-se 21 candidatos, entre eles Aureliano desgastaram a imagem presidencial, agravada pelo aumento da inflação,
Chaves, Leonel Brizola, Paulo Maluf e Ulisses Guimarães. Mas o segundo que voltou aos patamares do início do governo. Em 5 de outubro de 1988
turno foi decidido entre os pólos extremos: Luís Inácio Lula da Silva, do foi promulgada a nova constituição, que trouxe um notável avanço no
PT, e o jovem ex-governador de Alagoas, Fernando Collor de Melo, do campo dos direitos sociais e trabalhistas: qualificou como crimes inafian-
Partido de Reconstrução Nacional (PRN). Collor elegeu-se com uma çáveis a tortura e as ações armadas contra o estado democrático e a
diferença superior a quatro milhões de votos. ordem constitucional; determinou a eleição direta do presidente, governa-
dores e prefeitos dos municípios com mais de 200.000 habitantes em dois
Brasil contemporâneo: turnos, no caso de nenhum candidato obter maioria absoluta no primeiro;
Da eleição indireta de Tancredo Neves/José Sarney ao final do e ampliou os poderes do Congresso.
segundo mando de FHC
Constituinte e Carta de 1988 No final de 1989, o governo Sarney atingiu um desgaste impressio-
Planos de estabilização econômica nante. A inflação chegou a cinquenta por cento ao mês e foi trazida de
Crise do governo Collor volta a correção monetária. Nesse clima de insatisfação e de temor de um
Governo Itamar Franco e o Plano Real processo hiperinflacionário, foi realizada a primeira eleição presidencial
direta em 29 anos. Apresentaram-se 21 candidatos, entre eles Aureliano
Governo Sarney. No final de 1983 iniciou-se o movimento pelas elei- Chaves, Leonel Brizola, Paulo Maluf e Ulisses Guimarães. Mas o segundo
ções diretas para presidente da república, conhecido como campanha das turno foi decidido entre os pólos extremos: Luís Inácio Lula da Silva, do
"diretas já". No decorrer de 1984 a campanha mobilizou milhões de pes- PT, e o jovem ex-governador de Alagoas, Fernando Collor de Melo, do
soas, em gigantescos comícios e passeatas em todo o Brasil. Mesmo

Ciências Humanas e suas Tecnologias 32 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Partido de Reconstrução Nacional (PRN). Collor elegeu-se com uma A estabilidade monetária ajudou o governo a quebrar o monopólio da
diferença superior a quatro milhões de votos. Petrobrás na exploração de petróleo e privatizar diversas estatais, incluin-
do a Vale do Rio Doce e o sistema Telebrás. Também foi aprovado o fim
Governo Collor. Tão logo assumiu o governo, em 15 de março de da estabilidade dos servidores públicos e alteraram-se as regras para
1990, Collor baixou o mais drástico pacote econômico da história do país, concessão de aposentadorias.
que bloqueou cerca de dois terços do dinheiro circulante. A inflação, após
súbita queda, voltou a subir. A ministra da Economia, Zélia Cardoso de Em 1997, o governo fez aprovar a emenda constitucional que autori-
Melo, foi substituída por Marcílio Marques Moreira. Para os Ministérios da zava a reeleição do presidente da república, governadores e prefeitos. O
Justiça e da Saúde, foram convidados, respectivamente, Célio Borja e último ano do governo Fernando Henrique foi o mais difícil, devido ao
Adib Jatene. Com esses nomes, de excelente reputação moral e compe- aumento do desemprego e a uma forte perda de divisas, em decorrência
tência profissional, Collor tentou reaver credibilidade para seu governo. da crise financeira mundial. Isso obrigou o governo a anunciar um acordo
Nesse momento começaram as denúncias de corrupção em vários minis- com o fmi que levaria a um duro conjunto de medidas econômicas. Contu-
térios, que culminaram com as acusações, feitas pelo próprio irmão do do, o presidente conseguiu se reeleger no primeiro turno do pleito presi-
presidente, Pedro Collor de Melo, de um gigantesco esquema de corrup- dencial, em 15 de outubro de 1998, derrotando novamente Luís Inácio
ção, capitaneado por Paulo César Cavalcanti Farias, tesoureiro da cam- Lula da Silva com 53,06% dos votos válidos contra 31,71% do candidato
panha presidencial de Collor. do pt. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
O processo avolumou-se rapidamente, e logo multidões saíram em Constituição de 1988
passeatas pelas ruas para exigir o impeachment. Em 29 de setembro, ao
fim de uma tensa Comissão Parlamentar de Inquérito iniciada em junho, a É a Constituição em vigor. Elaborada por uma Assembleia Constituin-
Câmara dos Deputados autorizou o Senado Federal a processar o presi- te, legalmente convocada e eleita, é promulgada no governo José Sarney.
dente por crime de responsabilidade; em 2 de outubro, Collor foi afastado É a primeira a permitir a incorporação de emendas populares. Boa parte
e o vice-presidente Itamar Franco assumiu interinamente a presidência. dos dispositivos constitucionais ainda depende de regulamentação.
Em 29 de dezembro, pouco depois de iniciado seu julgamento pelo Sena- Principais medidas – Mantém a tradição republicana brasileira do re-
do, Collor renunciou e Itamar foi confirmado em definitivo no cargo. gime representativo, presidencialista e federativo. Amplia e fortalece os
Governo Itamar Franco. Itamar tornou-se presidente num dos momen- direitos individuais e as liberdades públicas - que haviam sofrido restrições
tos mais graves da história brasileira. Além da crise política que colocou à com a legislação do Regime Militar -, garantindo a inviolabilidade do direito
prova a estabilidade das instituições, o país enfrentava também grandes à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Conserva o
dificuldades na área econômica, com recessão, desemprego e crescente Poder Executivo forte permitindo a edição de medidas provisórias com
inflação. Logo que assumiu, ainda interino, Itamar nomeou novo ministério força de lei - vigoram por um mês e são reeditadas enquanto não forem
(de caráter multipartidário, para tentar garantir apoio do Congresso) e aprovadas ou rejeitadas pelo Congresso. Estende o direito do voto faculta-
baixou medida provisória destinada a reverter a centralização administrati- tivo a analfabetos e maiores de 16 anos. Estabelece a educação funda-
va estabelecida pelo governo Collor: superministérios como os da Econo- mental como obrigatória, universal e gratuita. Enfatiza a defesa do meio
mia, Fazenda e Planejamento e o da Infra-estrutura foram desmembrados. ambiente, transformando o combate à poluição e a preservação da fauna,
O novo mandatário também tomou iniciativas destinadas a moralizar a flora e paisagens naturais em obrigação da União, estados e municípios.
administração pública, tais como a criação do Centro Federal de Inteligên- Reconhece também o direito de todos ao meio ambiente equilibrado e a
cia (CFI). uma boa qualidade de vida. Determina que o poder público tem o dever de
preservar documentos, obras e outros bens de valor histórico, artístico e
Em outubro e novembro de 1992 realizaram-se em todo o país elei- cultural, bem como os sítios arqueológicos.
ções municipais; os partidos de esquerda foram os mais beneficiados. Em
21 de abril de 1993 os eleitores retornaram às urnas para decidir sobre o Reformas – Começam a ser votadas pelo Congresso Nacional a partir
sistema e a forma de governo, como previra a constituição de 1988: de 1992. Algumas das principais medidas abrem para a iniciativa privada
venceu a república presidencialista. O ano de 1993 foi marcado ainda por atividades antes restritas à esfera de ação do Estado. Essa desregula-
denúncias de corrupção e banditismo na Comissão de Orçamento do mentação é feita com o objetivo de adequar o país às regras econômicas
Congresso Nacional, envolvendo aproximadamente duas dezenas de do mercado internacional. Para isso é liberada a navegação pela costa e
parlamentares. O fato levou à criação de uma Comissão Parlamentar de interior do país (cabotagem) para embarcações estrangeiras. O conceito
Inquérito que teve como presidente o senador Jarbas Passarinho e como de empresa brasileira de capital nacional é eliminado, não havendo mais
relator o deputado Roberto Magalhães. distinção entre empresa brasileira e estrangeira. A iniciativa privada, tanto
nacional quanto internacional, é autorizada a explorar a pesquisa, a lavra
Ansioso por mostrar resultados no combate à inflação, Itamar acabou e a distribuição dos derivados de petróleo, as telecomunicações e o gás
batendo o recorde de nomear quatro ministros da Fazenda (Gustavo encanado. As empresas estrangeiras adquirem o direito de exploração
Krause, Paulo Haddad, Eliseu Resende e Fernando Henrique Cardoso) dos recursos minerais e hidráulicos.
em sete meses. Fernando Henrique, sociólogo e senador, que antes
ocupava a pasta das Relações Exteriores, começou por mudar a moeda Na política, ocorre a regulamentação de questões eleitorais, o manda-
de cruzeiro para cruzeiro real, com o corte de três zeros. Em seguida, o to do presidente da República é reduzido de cinco para quatro anos e, em
ministro e sua equipe elaboraram um plano de combate gradativo à infla- 1997, é aprovada a reeleição do presidente da República, de governado-
ção que previa o emprego de uma unidade monetária provisória (a Unida- res e prefeitos. Candidatos processados por crime comum não podem ser
de Real de Valor, urv) em antecipação ao lançamento de uma moeda eleitos, e os parlamentares submetidos a processo que possa levar à
forte, o real. No final de abril de 1994, Cardoso deixou o Ministério da perda de mandato e à inelegibilidade não podem renunciar para impedir a
Fazenda para concorrer à presidência da república nas eleições de outu- punição. A Constituição também passa a admitir a dupla nacionalidade
bro. para brasileiros em dois casos: quando estes têm direito a outra nacionali-
dade por ascendência consanguínea ou quando a legislação de um país
Governo Fernando Henrique Cardoso. Lançado o real em 1º de julho obriga o cidadão brasileiro residente a pedir sua naturalização.
e com a estabilidade econômica que se seguiu, a popularidade de Fer-
nando Henrique Cardoso, o que lhe permitiu derrotar Luís Inácio Lula da Planos Econômicos no Brasil
Silva logo no primeiro turno da eleição, com 54,30% dos votos válidos Plano Cruzado, Plano Bresser, Plano Verão, Plano Collor, Plano Real
contra 27,97%. No Congresso, a coalizão de Cardoso assegurou 36% das
cadeiras da Câmara e 41% das do Senado. Enquanto isso, o governo A partir de 1986, o Brasil passa por diversos planos de estabilização
tomava uma série de medidas para proteger a nova moeda, como a econômica. Todos têm o mesmo objetivo: acabar com a inflação e criar
restrição ao crédito (para coibir excesso de consumo) e liberalização das condições favoráveis para um desenvolvimento auto-sustentado.
importações (para evitar desabastecimento e estimular a concorrência). Plano Cruzado – Implantado em fevereiro de 1986 pelo ministro da
Empossado em 1º de janeiro de 1995, Fernando Henrique Cardoso Fazenda, Dilson Funaro, do governo José Sarney, o Plano Cruzado com-
mobilizou sua base de apoio para aprovar várias reformas constitucionais. bina austeridade fiscal e monetária com a preocupação de elevar a renda

Ciências Humanas e suas Tecnologias 33 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
dos assalariados. Muda a moeda de cruzeiro para cruzado, congela Índia e África do Sul com Fernando Henrique e Lula, diferenças remanes-
preços e salários, extingue a correção monetária e cria o seguro- cem ainda entre a população urbana e rural, os estados do norte e do sul,
desemprego e o gatilho salarial. Algumas medidas de ajuste do Plano os pobres e os ricos. Alguns dos desafios dos governos incluem a necessi-
Cruzado, chamadas de Cruzado II, são adiadas para depois das eleições dade de promover melhor infra-estrutura, modernizar o sistema de impos-
de novembro de 1986. Entre elas está o aumento de preço de produtos tos, as leis de trabalho e reduzir a desigualdade de renda e diminuir o custo
como automóveis (80%), cigarros (45% a 120%), bebidas (100%) e açúcar Brasil.
(25%), assim como das tarifas de energia e telefone. O cálculo da inflação
passa a levar em conta apenas o custo de vida das famílias com renda até A economia brasileira contém uma indústria desenvolvida, inclusive
cinco salários mínimos. com indústria aeronáutica e uma agricultura desenvolvida e associada à
indústria - o agronegócio, sendo que o setor de serviços cada vez ganha
No plano externo, o governo decreta moratória e suspende o paga- mais peso na economia . As recentes administrações expandiram a com-
mento das dívidas do país. Passado um ano, a inflação volta à casa dos petição em portos marítimos, estradas de ferro, em telecomunicações, em
20% ao mês. geração de eletricidade, em distribuição do gás natural e em aeroportos
com o alvo de promover o melhoramento da infra-estrutura. O Brasil come-
Plano Bresser – Em 1987, o novo ministro da Fazenda do governo çou à voltar-se para as exportações em 2004, e, mesmo com um real
Sarney, Luís Carlos Bresser Pereira, lança o Plano Bresser, voltado para o valorizado e a crise internacional, atingiu em2008 exportações de US$
equilíbrio das contas públicas. Além do congelamento de preços e salá- 197,9 bilhões, importações de US$ 173,2 bilhões, o que coloca o país entre
rios, aumenta as tarifas públicas e extingue o gatilho salarial. No plano os 19 maiores exportadores do planeta.
externo mantém a moratória. O plano também não dá resultado no que se
refere ao controle da inflação. Provoca perdas salariais e retaliações de No dia 1º de janeiro de 2011, Dilma Rousseff assumiu a Presidência
governos estrangeiros, por causa do não-pagamento da dívida externa. da República, tornando-se a primeira mulher a assumir o posto de chefe de
Estado, e também de governo, em toda a história do Brasil.
Plano Verão – Em 1989, ainda durante o governo Sarney, o ministro
da Fazenda Mailson da Nóbrega implanta o Plano Verão. Busca segurar a
inflação pelo controle do déficit público, privatização de empresas estatais,
demissão de funcionários e contração da demanda interna. A moeda HISTÓRIA GERAL
muda de cruzado para cruzado novo. Além de não evitar a elevação da
inflação, o plano causa forte recessão. Pré-história
Antes do século XIX, acreditava-se, com base na cronologia bíblica,
Plano Collor – O governo Collor toma posse em março de 1990 im- que a presença do homem na Terra remontava a poucos milhares de anos.
plantando o Plano Collor, ambicioso programa de estabilização. Ele é Estudos arqueológicos demonstraram, porém, que a espécie humana
baseado em um inédito confisco monetário, inclusive das contas correntes experimentou prolongada evolução, desde a fabricação dos primeiros
e da poupança, no congelamento de preços e salários e na reformulação utensílios até o surgimento de registros escritos sobre sua vida e suas
dos índices de correção monetária. A moeda muda de cruzado novo para ideias.
cruzeiro. Em seguida toma medidas de enxugamento da máquina estatal, Entende-se por pré-história, nos esquemas cronológicos tradicionais,
como a demissão de funcionários públicos e a extinção de autarquias, todo o período que abrange a atividade humana desde suas origens até o
fundações e empresas públicas. Ao mesmo tempo dá início ao processo aparecimento da escrita. Primeiramente, a atividade humana insere-se
de abertura da economia nacional à competição externa, facilitando a numa conformação social e tecnológica orientada pela economia predató-
entrada de mercadorias e capitais estrangeiros no país. ria, e em seguida pela economia de subsistência agrícola não-urbana (isto
Plano Real – As primeiras medidas de estabilização da economia que é, sem distinção cidade-campo).
levam ao Plano Real são tomadas em 1993. Em 1º de julho de 1994, o Chama-se em geral de proto-história a época de transição que se se-
ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, do governo Itamar gue, quando as sociedades agrárias começam a reunir os primeiros ele-
Franco, lança o Plano Real, que se destaca por buscar a estabilização mentos para a posterior aplicação da escrita. Caracteriza-se pelo começo
sem usar recursos tradicionais como o congelamento de preços e salários. da substituição da tecnologia da pedra pela do metal, em decorrência de
As medidas visam conter os gastos públicos, acelerar o processo de maior necessidade produtiva e do aumento do consumo no interior das
privatização das estatais, controlar a demanda por meio da elevação dos vilas. Nessa perspectiva, o advento da escrita constitui o marco convencio-
juros e pressionar diretamente os preços pela facilitação das importações. nal do princípio dos tempos históricos.
Com o plano, a moeda, que havia mudado de cruzeiro para cruzeiro real Conceituação geral
em agosto de 1993, muda para real em julho de 1994. O programa prevê Periodização. A pré-história não se apresenta cronologicamente uni-
continuação da abertura econômica do país e medidas de apoio à moder- forme e linear em todos os lugares onde suas características convencio-
nização das empresas. nais foram comprovadas. Além disso, os critérios teóricos para sua periodi-
zação estão em contínua revisão desde o século XIX, quando, ao classifi-
Durante o governo Fernando Henrique, que toma posse em 1995, o car o acervo do Museu de Copenhague, o arqueólogo Christian Jurgensen
Plano Real continua apresentando bons resultados quanto ao combate à Thomsen optou por ordenar os objetos com base em três fases sucessivas
inflação. O desemprego, contudo, aumenta. Na agricultura, cerca de 1,5 do desenvolvimento tecnológico do homem: idade da pedra, idade do
milhão de postos de trabalho desaparecem entre 1995 e 1996, por causa bronze e idade do ferro.
do uso de novas tecnologicas no campo. Na indústria, a busca por novos Posteriormente, o britânico John Lubbock propôs dividir a idade da pe-
ganhos de produtividade também contribui para o aumento do desempre- dra nos períodos paleolítico, ou da pedra lascada, e neolítico, ou da pedra
go no setor. A melhora na distribuição de renda é pequena. No final de polida. Alguns teóricos acrescentam uma fase intermediária, denominada
1997, o governo sobe a taxa de juros e lança um pacote fiscal para reduzir mesolítico, e cada período se subdivide nas fases inferior, média e superi-
as despesas do governo e melhorar as receitas. Em 1998, o país é atingi- or, ou antiga, média e recente. A periodização mais usada combina as
do ainda mais duramente pela crise financeira mundial. Há desaquecimen- propostas de Thomsen e Lubbock, eventualmente enriquecidas pelo traba-
to da economia e um significativo aumento do desemprego. O governo lho de outros estudiosos, que questionam o critério de periodização basea-
aumenta os juros e recorre a empréstimos internacionais para equilibrar as do por inteiro nas inovações tecnológicas, pois refere-se apenas a um
finanças internas. aspecto dos testemunhos históricos, deixando num plano secundário
outros setores das transformações sociais, como economia, política e
O candidato Luis Inácio Lula da Silva, do PT, foi eleito presidente com
ideologia.
aproximadamente 61% dos votos válidos. Lula repetiria o feito em 2006,
O americano Lewis Henry Morgan denominou selvagismo ao paleolíti-
sendo reeleito no segundo turno disputado contra Geraldo Alckmin, do
co, barbárie ao neolítico e ao calcolítico (idade do cobre), e civilização à
mesmo PSDB.
idade do bronze antigo, mas seu esquema foi criticado pelo acentuado
Apesar da estabilidade macro-econômica que reduziu as taxas de in- caráter evolucionista e pela rigidez conceitual. Posteriormente, o australia-
flação e de juros e aumentou a renda per capita, colocando o país em uma no V. Gordon Childe -- que dividiu a pré-história em selvagismo (paleolíti-
lista dos países mais promissores do mundo, ao lado de China, Rússia, co), revolução agrícola (neolítico) e revolução urbana (idade dos metais) --

Ciências Humanas e suas Tecnologias 34 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
propôs uma teoria segundo a qual as etapas sociais não se excluíam, mas res nas imediações de rios como o Nilo, o Vaal (África do Sul) e o Zambeze
superavam-se umas às outras por meio de novas formas de produção (Zimbábue), ou em torno de lagos como os de Olduvai e Olorgasailie, no
econômica. centro-oeste africano, e Karar, na Argélia.
Épocas pré-históricas. O paleolítico se prolongou do momento da Em territórios onde, sobre o gelo, não existiam abrigos naturais, como
aparição dos primeiros hominídeos inteligentes, há cerca de 600.000 anos, o sul da Rússia, certas partes da Alemanha ou as planícies setentrionais
até 10000 ou 9000 a.C., e a ele corresponde uma economia baseada no da Europa, os homens serviam-se de tendas de couro. Reconhecem-se os
nomadismo e na caça, assim como na pesca e na coleta. Aos instrumentos locais de ocupação pelos círculos de pedras, usadas como peso a fim de
fabricados em pedra lascada somaram-se, no final do período, os objetos manter a base das tendas, ou pelas perfurações regulares no solo, que
de osso. indicam com exatidão os lugares onde se fincavam estacas que sustenta-
O neolítico -- precedido por uma fase de transição denominada meso- vam a cobertura de couro. Em Ostrava-Petrovice (Silésia, no sudoeste da
lítico, especialmente desenvolvida no noroeste da Europa entre 8000 e Polônia), por exemplo, grupos de caçadores de mamutes do paleolítico
2700 a.C. -- caracterizou-se pela agricultura, pecuária e domesticação de superior armaram três tendas ovais de seis a oito metros de comprimento,
animais, o que correspondeu a um processo de sedentarização. A fabrica- e numa delas foram achados um molar de mamute e uma miniatura de
ção de objetos em pedra e osso, que se tornaram menores e de detalha- busto feminino esculpido em hematita.
mento mais aprimorado, passou a atender outras funções além das de
subsistência. Também ocorreram nesse período o aperfeiçoamento da Também foram usadas habitações subterrâneas em algumas regiões,
cerâmica, a divisão de tarefas e o crescimento dos aglomerados humanos. sobretudo nas estepes russas (Gagarino, Timonovka, Kostienki) e no norte
A idade dos metais começou ainda antes de 3000 a.C. no Oriente Mé- da Escandinávia, onde se identificaram diversas moradas escavadas no
dio e na Grécia. Embora o cobre já fosse conhecido na Anatólia em 6500 solo brando de loess, com paredes forradas de pedra e teto de couro e
a.C., assumiu grande importância a partir do quarto milênio antes da era grama. Iniciada no paleolítico europeu, preservou-se essa tradição na zona
cristã, com a obtenção do bronze, liga mais resistente de cobre e estanho. árida do Oriente Médio, onde está representada pelas casas subterrâneas
Posteriormente, o ferro permitiu a fabricação de armas de guerra que de Jericó, Beida e do calcolítico do grupo de Beersheba.
propiciaram profundas transformações políticas nos continentes asiático e Nas áreas cobertas de gelo, os abrigos preferidos foram em geral as
europeu. cavernas, muitas delas ocupadas durante séculos, embora nem sempre de
Métodos de estudo. Excetuada a idade dos metais (ferro e bronze) -- maneira ininterrupta. Os estratos de ocupação revelaram que os primeiros
também chamada proto-história e da qual se conservaram registros escri- habitantes de uma caverna concentravam-se próximos a sua entrada, a
tos indiretos, em textos posteriores --, a pré-história só pode ser estudada a julgar pelo maior acúmulo de detritos (ossos de animais, cinzas de foguei-
partir de fontes arqueológicas, isto é, dos restos materiais remanescentes, ra, utensílios) aí localizados. Com o tempo, os desmoronamentos sucessi-
em geral escassos e fragmentários. A datação dos objetos se faz pelo vos do frontão iam obrigando os habitantes a penetrar cada vez mais no
método estratigráfico, que examina a estrutura geológica dos estratos do interior. Os restos de utensílios e detritos abandonados, uma vez cobertos
terreno escavado. Também são empregados métodos tipológicos, como a por terra e pedras caídas do teto, ficaram isolados dos materiais deixados
análise evolutiva das técnicas, formas e materiais utilizados na confecção por habitantes posteriores. O clima glacial permitiu que essas camadas se
dos utensílios; e físicos, com o auxílio de elementos radioativos como o tornassem duras e impenetráveis, formando estratos de ocupação nos
flúor e o carbono 14. quais os arqueólogos são capazes de reconhecer as transformações
As transformações tecnológicas e sociais reconhecidas como pré- culturais ocorridas no local. No abrigo de Ksar Akil (Líbano), por exemplo,
históricas, como se viu, não representam, nas várias partes do mundo, um recuperou-se uma sequência completa de utensílios do paleolítico superior.
fenômeno histórico simultâneo. Do ponto de vista cronológico, pode-se Meios de subsistência. A subsistência dos grupos paleolíticos base-
afirmar que os progressos técnicos marcantes foram iniciados na África ou-se, de forma preponderante, nos recursos advindos da caça. A depen-
central e meridional (paleolítico inferior). A seguir, desenvolvendo padrões der das condições da área, podia acontecer que a caça se especializasse
tecnológicos certamente importados, os habitantes da Europa capacitaram- numa determinada espécie. Caso típico dessa especialização verificou-se
se a elaborar uma série de inventos consoante suas próprias condições de entre os habitantes do norte da Alemanha no paleolítico superior, que
vida (paleolítico médio e superior). Finalmente, em virtude da concentração tiravam seu sustento quase exclusivamente da rena (95% da caça), en-
demográfica ocasionada pelas modificações climáticas após a glaciação de quanto, na mesma época, as populações do sul da Alemanha diversifica-
Wurm, iniciou-se no Mediterrâneo oriental a transição da economia preda- vam a alimentação, recorrendo a lebres, cavalos, renas e aves. O clima
tória para a de produção agrícola (neolítico). glacial, mais rigoroso no norte, limitava a fauna daquela região.
É comum a existência de artefatos de caça provavelmente destinados
Nomadismo predatório a abater um só tipo de animal, como as grandes achas de basalto encon-
Durante o período quaternário, a Irlanda, pelo menos três quartos da tradas em Jisr Banat Yaqub (Alta Galileia), associados com esqueletos de
Inglaterra e todo o território dos Países Baixos submergiam em geleiras elefantes. A especialização dos artefatos pode ter sido motivada pela
que desciam pela Suíça até o Ródano, alcançando os Pireneus. Fato persistência de um mesmo tipo de fauna durante muito tempo. Foi o ocorri-
análogo sucedia na Alemanha setentrional, nas planícies russo-polonesas, do no Oriente Médio, onde os testemunhos arqueológicos indicam (como
com extensão à Escandinávia, Saxônia, Polônia e Crimeia. Enquanto isso, em Umm Qatafa, no deserto da Judeia) a constante presença de cavalos,
devido a sua latitude, o sul da Europa, parte da Ásia e da África estavam gamos, gazelas e veados até o final do paleolítico médio.
protegidos das glaciações e desfrutavam de períodos pluviais regulares. Sabe-se pouco a respeito da pesca no paleolítico, mas é improvável
Assim, regiões hoje desérticas exibiam uma paisagem bem diferente que as culturas dessa fase, mais afeitas à caça, possuíssem grande varie-
naquela época, com florestas densas e fauna bastante variada. dade de apetrechos especializados para a tarefa. Acredita-se que as trutas
A cada verão, os ventos que varriam as geleiras cobriam com finas eram capturadas a mão nos rios de montanha, enquanto se fisgava o
camadas de poeira amarelada as planícies da Rússia e da Europa central, salmão com anzóis e arpões. Embora nada se possa afirmar da pesca
tornando-as férteis. Para as terras sujeitas a esse fenômeno (chamadas submarina, ela certamente era praticada, como se pode inferir de um
loess) migravam, na primavera, grandes manadas de renas, mamutes, desenho, na caverna dos Césares (Espanha), de um homem em pleno
cavalos selvagens e bisões. Os homens, que dependiam da caça, tinham mergulho no encalço de peixes. Na costa de Bohuslän (Suécia ocidental)
um estilo de vida predominantemente nômade. Em perseguição aos reba- localizaram-se, em certas habitações, ossos de bacalhau, pichelim e
nhos, os caçadores instalavam acampamentos nas gargantas das monta- eglefim, ao lado de anzóis de ossos de variados tamanhos.
nhas que os animais tinham de atravessar. Tais acampamentos proporcio- As populações da orla marítima realizavam coletas de moluscos ao
nam hoje importante material para a reconstituição das condições de vida longo das costas rochosas. Foram encontrados, por exemplo, no litoral
daqueles grupos humanos em trânsito. atlântico das Cantábrias e de Portugal, amontoados de conchas de mexi-
Durante as secas, ao contrário, a concentração humana em determi- lhões, gastrópodes etc.
nados lugares -- como as áreas florestais -- era bem mais acentuada e Na primavera, a colheita do mel de abelhas podia ser praticada com
dava origem a verdadeiros núcleos de povoamento. Os locais escolhidos auxílio de cordas e recipientes de couro, segundo se atesta pela célebre
para habitação vinculavam-se ao acesso fácil à água, e constituíam mora- cena da gruta da Aranha (Alpera, costa mediterrânea da Espanha), em que
da ideal permanente as margens de lagos e rios, onde os animais vinham se observa um personagem, talvez feminino, a realizar tal trabalho. Embora
beber com frequência. Daí a presença de numerosos núcleos de caçado- quase nada se possa afirmar sobre a alimentação vegetal, com certeza nos

Ciências Humanas e suas Tecnologias 35 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
climas mais amenos do sul da Europa, da África e de certas partes da Ásia fabricação de um utensílio qualquer. O nomadismo característico dos
os homens efetuavam a colheita de frutos, raízes e até da polpa de muitas caçadores facilitou, sem dúvida, esse tipo de comunicação.
árvores, destinada a diversas utilizações. Assim, os habitantes de Haut Lugerie (Dordonha), utilizaram em seus
Por volta de 50000 a.C. a Europa aparece como tributária e renovado- colares moluscos procedentes do Mediterrâneo, a cerca de 300km de
ra das grandes tradições do paleolítico inferior: as técnicas se tornam mais distância, enquanto peles de focas de algum ponto da costa da França
complexas, aceleram-se as inovações e aumenta a difusão dessas con- foram encontradas na Espanha, onde se vêem, nas cavernas, crânios
quistas. O continente europeu estava então coberto por gigantesca calota desses animais sem o resto do esqueleto: presumivelmente as peles
de gelo. teriam sido dadas sem as cabeças. Conchas mediterrâneas foram também
Boa quantidade de agrupamentos humanos, que ocupavam cavernas localizadas na Europa central, e a ornamentação dos artefatos de Chu-ku-
e abrigos subterrâneos, utilizaram pela primeira vez em larga escala os tien, a sudoeste de Pequim, sugere contatos com as culturas da Sibéria.
ossos de animais mortos para fabricar utensílios. Assim, por exemplo, uma Foi certamente dessa forma que se propagaram, da África para a Europa,
meia mandíbula de urso ou de javali podia ser empregada como maça ou as mais importantes conquistas industriais, e se delineou o traçado das
lima; a omoplata, usada como pá ou, depois do nivelamento da crista, grandes vias tradicionais do comércio da antiguidade.
como faca e raspador; e os chifres de corças, gazelas e pequenos antílo- O desenvolvimento tecnológico acompanhou-se de um aumento de-
pes serviam para cortar couro e carne, ou como dardos, punhais, perfura- mográfico que possibilitou, no paleolítico superior, a existência de um
dores etc. tempo ocioso aplicado em atividades de "lazer". Essas ocupações se
As culturas do paleolítico superior são identificadas, portanto, também traduziram em novos meios de comunicação, embora se fale em magia ou
por suas indústrias de osso, ao lado das técnicas de trabalho de pedra. A religião a propósito da produção artística na qual as comunidades da época
principal indústria assim reconhecida, chamada aurignacense, tem por exprimiram sua visão das coisas.
padrão a jazida de Aurignac (sul da França). O novo material, contudo, não
substituiu integralmente os antigos instrumentos de pedra que, pelo contrá- Revolução agrícola
rio, se tornaram mais complexos, a ponto de não poucos estudiosos afir- Entende-se por mesolítico o breve período entre 10000 e 9000 a.C.,
marem que nessa época foi inventada a maioria dos utensílios manuais, correspondente ao início da época geológica denominada holoceno. Do
depois traduzidos e aperfeiçoados em metal. ponto de vista histórico, caracterizou-se pela série de alterações que o
Vida comunitária. Apesar do grande desenvolvimento atual dos mé- transtorno ecológico, trazido pelo fim da quarta glaciação, produziu no
todos de investigação arqueológica, os dados demográficos concernentes modo de vida humano.
ao paleolítico reduzem-se ainda a cifras aproximadas. Pelo fato de levarem A formação de extensas áreas florestais no lugar das antigas tundras e
vida nômade, é particularmente difícil determinar-se com segurança a estepes da Europa transalpina, com a consequente migração dos animais
composição das populações: enterros, quando existem, aparecem isolados adaptados ao frio, provocou o declínio de grandes culturas, como a da
ou reunidos em poucas sepulturas. Em algumas vêem-se dois adultos região cantábrica. Os caçadores europeus, que no paleolítico superior
juntos (do mesmo sexo ou não), em outras um ou dois adultos e diversas tendiam a especializar-se na perseguição de algumas espécies, foram
crianças. As tendas identificadas na região de Dolni-Vestonice (República compelidos a modificar pouco a pouco sua economia e concentraram-se
Tcheca), com quatro a sete metros de largura, deviam abrigar famílias cada vez mais em atividades antes complementares: a pesca e a coleta.
isoladas, enquanto as de Kostienki IV (Rússia), de 28 a 35m de compri- De modo geral, devido à relativa lentidão das mudanças climáticas no norte
mento, podiam conter grupos maiores. da Europa, as coletividades, embora ampliassem sua área de expansão,
A densidade de população variava conforme as regiões. Os baixos ín- limitaram-se, para sobreviver, a adaptar as antigas formas paleolíticas de
dices, entretanto, são bem exemplificados pelo número de habitantes da vida.
Bélgica durante o paleolítico superior, que não devia ultrapassar 400 No norte da África e no Oriente Médio, ao contrário, onde o holoceno
pessoas, isto é, cerca de vinte pequenos agrupamentos. Os estudos esta- se iniciou com modificações climáticas bruscas, e a irregularidade das
tísticos de enterros permitem inferir a vida média dos indivíduos, de vinte precipitações pluviais ocasionou de imediato a aridez em muitas áreas, os
anos no paleolítico médio e 26 anos no paleolítico superior. habitantes se viram compelidos a criar novas bases de subsistência. Dessa
Admite-se que, para os grupos paleolíticos, os meios de subsistência e forma, se o paleolítico superior europeu desempenhara papel crucial no
os territórios de caça eram coletivos. No plano intergrupal, como os traba- primitivo desenvolvimento tecnológico, o centro do progresso deslocou-se,
lhos da caça requeriam uma área extensa livre da interferência de caçado- nessa altura, para o Oriente Médio, onde se deu a superação da economia
res rivais, é de presumir que devia haver mútuos acordos de divisão territo- predatória pela de produção alimentar.
rial. As primeiras tentativas de domesticação de animais registraram-se na
A noção de posse limitava-se ao âmbito dos haveres pessoais (armas, Ásia ocidental, onde as manadas convergiam para as poucas reservas de
utensílios, adornos etc.), conforme se infere da presença de certas marcas, água e as margens dos rios a fim de fugir da crescente aridez e do rápido
propositais e nunca repetidas, em objetos de todo tipo. O melhor testemu- desflorestamento. Os antigos caçadores, no encalço das manadas, tam-
nho dessa ideia de apropriação, restrita aos objetos de uso, vem dos bém se obrigavam a uma relativa sedentarização próximo aos mananciais,
sepultamentos nos quais se colocavam os pertences do morto a seu lado, que rareavam progressivamente.
como se observa com o esqueleto masculino de Brunn (Morávia), exumado A convivência necessária de homens e manadas nos territórios delimi-
a 4,5m de profundidade, que se achava cercado de artefatos extraordinari- tados pela seca possibilitou, conforme se pensa, a domesticação de algu-
amente ricos: 600 pérolas, cinco discos de pedra perfurados e dentados, mas espécies animais então existentes apenas na Ásia. Acredita-se que os
objetos de ossos de mamute etc. primeiros animais domesticados foram o porco, a cabra e o carneiro, entre
Segundo revelam certos dados arqueológicos e as representações nas o décimo e o sétimo milênios anteriores à era cristã. Posteriormente,
paredes das cavernas, as comunidades paleolíticas praticavam uma divi- completando o processo de sedentarização, foram domesticados o cão, os
são rudimentar de tarefas entre seus membros ativos. A caça, atividade bovinos e, afinal, animais de tração, como o cavalo e o burro.
considerada essencialmente masculina, efetuava-se mediante uma distri- Ao lado da domesticação de animais, os grupos humanos pressiona-
buição de funções. Enquanto alguns homens, disfarçados sob peles, se dos por condições desérticas passaram a praticar uma espécie de coleta
aproximavam dos animais e os espantavam, outros os esperavam num menos variada de frutos e raízes, incentivando uma seleção tornada indis-
desfiladeiro a fim de abatê-los, como se vê na famosa pintura da caverna pensável em face da escassez da caça. Assim, a subsistência passou a
dos Cavalos, na Espanha. Já a colheita de frutos e as atividades coletoras depender cada vez mais da alimentação fornecida não só pelas reservas
em geral podiam estar a cargo de mulheres e crianças, bem como, em de carne de animais aprisionados ou em processo de domesticação, mas
certos grupos, a pesca. É significativo o achado, em alguns agrupamentos, também pelos vários tipos de cereais e outras plantas que cresciam em
de homens sepultados com seus arpões, enquanto os anzóis eram sempre estado selvagem nas imediações de fontes de água.
colocados junto às mulheres idosas. Os especialistas propõem atualmente diversos centros nos quais se
Seria impróprio falar-se em comércio no paleolítico, mas existia a per- originaram a seleção e o cruzamento deliberado de plantas, para fins de
muta de presentes entre comunidades caçadoras que ocupassem regiões sementeira, ao invés de um único foco de origem. Os centros do Oriente
de caça adjacentes. Por esse meio deve ter-se difundido, em consideráveis onde medravam os ancestrais selvagens das gramíneas já foram em
extensões, um bom número de ideias e técnicas, como o processo de grande parte localizados. O trigo parece ter surgido na Anatólia, Palestina,
Iraque e Pérsia, por um lado, e no Afeganistão e noroeste da China, por

Ciências Humanas e suas Tecnologias 36 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
outro. A cevada teria sua origem na Anatólia, Palestina, Arábia, Irã, Afega- presença de verdadeira arquitetura, como a que se descobriu nas casas
nistão e Sudeste Asiático. redondas semi-subterrâneas (com quatro a cinco metros de diâmetro) de
Apesar da área dos protótipos dos cereais ser bastante extensa, é difí- Jericó e Beida, estucadas internamente com gesso pintado, constitui um
cil dizer em que lugar, exatamente, se iniciou seu cultivo ordenado, embora bom indicador dessa complexidade. Em Khirokitia encontrou-se um tipo de
muitos indícios apontem para alguns locais na região que se estende da estrutura arquitetônica cuja forma se assemelhava a uma cúpula, com
Palestina e Síria até os sopés das montanhas da Turquia, norte do Iraque e paredes de argila erigidas sobre base de pedras e divisões internas que
do Irã. Provavelmente, nem a domesticação, nem as primeiras práticas sustentavam um piso superior. Seu número foi calculado em quase mil,
agrícolas foram realizadas, inicialmente, por povos sedentários, mas por formando um conjunto urbanizado.
grupos nômades que as difundiam em regiões muito afastadas entre si. Testemunhos diversos sugerem ainda a ocorrência de uma autêntica
Culturas sedentárias. O cultivo de plantas e a criação de animais co- divisão do trabalho e a especialização integral de um certo número de
meçaram como meras atividades de suplementação dos recursos provin- funções. Em Beida, por exemplo, o fato comprova-se, desde o sétimo
dos da coleta, da pesca e da caça. O cultivo permanente e organizado só milênio antes da era cristã, pela escavação de numerosas oficinas que
aparece nas comunidades sedentárias, que receberam dos nômades continham variadas ferramentas (mós, achas de basalto, martelos esferoi-
vários tipos de gramíneas selvagens de cujo cruzamento proveio a maioria dais etc.), boa qualidade de matéria-prima e muitos objetos ainda inacaba-
dos cereais comestíveis hoje conhecidos. Ainda assim, durante muitos dos. A especialização de ofícios em Beida revela-se também pela existên-
milênios, embora a vida econômica dos aglomerados sedentários depen- cia, em cada uma dessas oficinas anexas às casas, de um mesmo tipo de
desse exclusivamente da agricultura, a caça e a pesca constituíram ocupa- matéria-prima e ferramentas, donde se conclui que havia grupos dedicados
ções subsidiárias importantes. exclusivamente ao trabalho do osso, da pedra, de conchas e assim por
Na região mediterrânea, a superação desse esquema econômico qua- diante.
se não foi atingida durante o neolítico. Um dos primeiros estabelecimentos Quanto à hierarquia social, embora os dados disponíveis sejam frag-
estáveis do Oriente Médio, al-Natuf, mostra uma indústria dirigida para a mentários, tende-se a admitir a existência de um poder organizado, com
caça (dardos, facas, flechas) e a pesca (anzóis, arpões), enquanto em chefes e autoridades temporais e/ou religiosos. Embora quaisquer conclu-
Magharet el-Wad, no monte Carmelo -- que sofria influência de al-Natuf -- sões nesse terreno devam ter caráter provisório, à falta de um conjunto de
encontraram-se pratos circulares e pilões de basalto, talvez usados para testemunhos que forneçam um quadro coerente, a dependência vital dos
moer cereal, assim como um tipo de faca que servia para cortar ervas. mananciais apoia a suposição de que o controle e a distribuição da água,
Muitas aldeias, com efeito, já possuíam utensílios especializados, como nos campos, necessários para sustentar populações médias de 1.500 a
moinhos de mão e trituradores. Também em culturas ligadas a Karim 2.000 pessoas, eram garantidos por sistemas planejados de irrigação.
Shahir (Iraque) e em Khirokitia (Chipre), embora não se encontrassem Também a construção das muralhas que circundavam alguns aglomerados
provas diretas de agricultura, recuperaram-se moinhos de mão e mós. exigia um trabalho coletivo muito bem ordenado. Jericó, por exemplo,
As primeiras aglomerações estáveis, datadas entre 8000 e 6500 a.C., contava com sólidas muralhas, além de uma torre de pedra de 8,15m de
pertencentes ao chamado neolítico pré-cerâmico ou protoneolítico, situa- altura e nove metros de diâmetro.
vam-se nas encostas férteis das montanhas, às margens de rios ou lagos Por fim, certas disposições arquitetônicas destacam alguns edifícios
ou nos pequenos oásis. Os núcleos sedentários, dessa forma, distribuíam- destinados a servir tanto de "santuários" (Çatal Huyuk e Çayönu Tepesi)
se por todo o Oriente Médio, de onde se deu uma primeira expansão para como de centros de administração pública (Jericó e Khirokitia), ou mesmo
os Balcãs. Em Jericó, ainda na fase pré-cerâmica, foram encontrados um desempenhar ambas as funções se não se distinguir poder civil e poder
tipo especializado de moinho de mão com que se trituravam cereais e religioso. Alguns sepultamentos constituem uma pista adicional para a
fossas rasas no interior das casas, usadas como celeiro (silo). Igualmente, identificação, se não de chefes, pelo menos de pessoas destacadas na
em M'Lefaat e Jarmo localizaram-se moinhos de mão similares aos de comunidade. Assim, em Çatal Huyuk, em cerca de 400 esqueletos apenas
Karim Shahir. Quase todas as comunidades neolíticas tinham na agricultu- 11 estavam pintados de vermelho.
ra intensiva sua base alimentar e cultivavam trigo, cevada, lentilhas, tâma- Período proto-urbano. Por volta de 5500 a.C. registrou-se, em todo o
ras, ervilhas etc. Oriente Médio, um incremento das transações comerciais, além da multipli-
A indústria de pedra, adaptada à nova realidade econômica, exibe uma cação de aglomerados nas áreas onde depois nasceram as primeiras
produção bem mais diversificada. Longe de se restringir à fabricação de civilizações urbanas: Mesopotâmia e Egito. Desde essa época, a comuni-
instrumentos destinados à produção de subsistência, o surgimento de cação acelerada no interior dos vales do Eufrates-Tigre e do Nilo possibili-
várias matérias-primas (basalto, calcita, xisto, obsidiana, calcário, alabas- tou grande regularidade na transmissão de certas invenções e, assim,
tro, esteatita etc.) deu lugar à multiplicidade dos produtos: paletas de atingiu-se uma homogeneidade cultural até então inexistente. A projeção
cosméticos, vasos, estatuetas, fusos, mós, cabeças de maças, diademas, final desse processo -- a chamada revolução urbana -- representa um dos
achas, contas, pilões etc. Muitos desses objetos apresentam réplicas em momentos cruciais da história mundial.
osso e conchas, materiais que se prestavam também à fabricação de Duas culturas mesopotâmicas, Hassuna e Samarra, situam-se nas
agulhas, anzóis, pratos e outros utensílios. etapas iniciais dessa cadeia de transformações. Ainda sem romper o
Ainda que a cerâmica não seja, propriamente, uma invenção dos agri- horizonte típico do neolítico, realizaram empreendimentos comerciais que
cultores estáveis, sem dúvida foram eles que aperfeiçoaram a técnica, a alcançavam, de um lado, o golfo Pérsico e o Irã, de outro, a Síria e a
ponto de torná-la uma das peculiaridades tecnológicas do neolítico. Dois Cilícia.
fenômenos distintos encontram-se na origem da cerâmica: (1) o revesti- No sul da Mesopotâmia floresceu simultaneamente a cidade de Eridu
mento de betume no interior das cestas de fibra, feito com a finalidade de (entre 5500 e 5000 a.C. aproximadamente), onde se localizaram vestígios
impermeabilizá-las para o transporte de líquidos, persistia após o desgaste de trabalho agrícola e de operações de drenagem dos pântanos circundan-
das fibras, o que teria sugerido a utilização do recipiente que restou; (2) as tes. Sua vida intelectual era bem desenvolvida, a julgar pelo aparecimento
fossas de celeiros, também forradas de argila, que passassem por um de templos, os primeiros do Oriente Médio.
incêndio e tivessem queimado o barro podiam ilustrar o princípio de coze- Por fim, entre 5000 e 3700 a.C., duas grandes culturas de expansão e
dura da cerâmica. influência consideráveis forjaram os últimos componentes da unidade
Concluído o processo de sedentarização e efetuadas as principais ino- integral de tradições no vale do Eufrates-Tigre. Uma do norte (Halaf) e a
vações econômicas do neolítico, há um considerável aumento da densida- outra do sul (Obeid), elas se intercomunicaram em várias épocas e concluí-
de demográfica dos aglomerados permanentes. A população de certas ram, em conjunto, as bases sobre as quais se erigiram as poderosas
áreas revelou, em relação ao paleolítico, um significativo crescimento da culturas urbanas por volta de 3000 a.C.
densidade. Nessa primeira fase das culturas sedentárias, as concentrações Em Arpachia, jazida de marcante influência de Halaf, assinala-se a
humanas variavam da pequena aldeia de Jarmo, com cerca de 150 habi- mais antiga tentativa de urbanismo, pois nas ruas pavimentadas se distri-
tantes, à principal cidade de Chipre, Khirokitia, com população aproximada buíam casas maiores e mais bem construídas do que em Hassuna. A
de cinco mil pessoas. Entre os dois extremos, a média demográfica nas presença de especialistas em tempo integral foi também comprovada pelo
comunidades neolíticas atingia de 1.500 a 2.000 habitantes, como no achado de uma casa que fugia aos planos arquitetônicos domésticos, e em
período pré-cerâmico de Jericó e Hisar I (Irã). cujos quartos se amontoavam abundantes restos de matéria-prima, ferra-
Tal concentração demográfica significa que a complexidade das rela- mentas e mais de 150 objetos de pedra e argila.
ções sociais havia ultrapassado sensivelmente os padrões paleolíticos. A

Ciências Humanas e suas Tecnologias 37 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
No encaminhamento da organização urbana, o vale do Nilo aparece com os primitivos artefatos de seixos (pebble cultures) do sudeste asiático,
como retardatário em relação às culturas mesopotâmicas, pois as comuni- o que confirmaria a emigração de povos asiáticos para a América. Esses
dades ali reunidas desenvolveram-se de maneira mais ou menos autôno- artefatos -- pedras talhadas com uma só face (choppers) ou duas (bifaces)
ma, quer sem participar do comércio asiático, quer isolando-se entre si no ou ainda uma espécie de raspadeira -- se caracterizam por serem peças
interior do vale. Somente no quarto milênio antes da era cristã, talvez em toscas.
correspondência com a iniciativa oriental, o Egito entrou em contato com as Entre 15000 e 14000 a.C., uma nova onda de imigrantes asiáticos viria
correntes culturais mais fecundas do Crescente Fértil e da Anatólia. contribuir para o desenvolvimento cultural dos povos ameríndios. A caça
Os aglomerados neolíticos do Egito estabeleceram-se, de modo geral, continuou a ser a atividade econômica fundamental, mas os instrumentos
em ambiente favorável à sedentarização, e basearam sua subsistência de pedra começaram a ser fabricados em tamanho menor e com técnica
alimentar no cultivo de cereais e na criação de animais (porcos, carneiros, mais aperfeiçoada de lascamento por pressão. Esse período, correspon-
cabras e bovinos), como em Fayum (c. 4500 a.C.), Merimde (c. 4000 a.C.) dente ao paleolítico superior, caracteriza-se pelo aparecimento de pontas
e Tasa (c. 3800 a.C.). Em algumas dessas vilas atestou-se o armazena- de flecha bifaciais e facas de pedra, cujas peculiaridades permitiram esta-
mento dos excedentes agrícolas em silos, a exemplo de Fayum, com 165 belecer uma evolução tipológica claramente diferenciada.
celeiros subterrâneos, e de Merimde, com silos de até 2,4m de diâmetro e Em primeiro lugar encontram-se as pontas Sandía, estudadas princi-
quarenta centímetros de profundidade. palmente no Novo México, que aparecem associadas a restos de mamute
De qualquer modo, nessa época, os centros do vale do rio Nilo ainda e apresentam um talho num dos lados. Essas pontas, cuja técnica é seme-
não podiam comparar-se aos asiáticos. A verdadeira aceleração do pro- lhante à dos utensílios do solutrense europeu, foram substituídas entre
gresso efetivou-se no breve período posterior, em pouco mais de 500 anos. 10000 e 9000 a.C. -- coincidindo com o fim da última glaciação e o conse-
O primeiro marco desse progresso foi Badari, cultura após a qual o Egito quente desaparecimento do mamute -- pelo tipo Clóvis, de forma lanceola-
ingressou no desenvolvimento urbano que culminou na unificação política da e com uma estria central em uma ou nas duas faces, tipo que chegou a
do vale. No novo período, dito protodinástico (Nagada I e II), incorporou as difundir-se por todo o continente. O tipo Folsom, também localizado em
conquistas que, em outras regiões, se distribuíram por uma longa época toda a América e principalmente nos vales fluviais do sudeste dos Estados
proto-urbana, inexistente, nesse sentido, no vale do Nilo. Unidos, é de tamanho menor. Caracteriza-se pela forma foliácea, com base
Quanto ao desenvolvimento proto-urbano da Mesopotâmia, em parti- côncava e estria central dos dois lados. Assim como as anteriores, essas
cular as comunidades do grupo halafiano, tem-se como certa a influência pontas aparecem associadas na América do Norte com a caça do bisão e,
que sofreu por parte dos grandes centros neolíticos da Anatólia. Em diver- no resto do continente, com a perseguição de outros animais, como cava-
sos aspectos culturais, que os antigos historiadores consideraram criações los e camelos, posteriormente extintos.
do Crescente Fértil, o planalto anatólico possui a precedência. Entre 8000 e 6000 a.C., o tipo Folsom evoluiu, em todo o continente,
Apesar de sua importância, os centros neolíticos da Anatólia não de- para formas triangulares sem pedúnculo e, por último, para pontas com
ram o passo seguinte em direção à civilização urbana, expresso no surgi- pedúnculo que se mantiveram em muitos lugares até a chegada dos euro-
mento de estados. O mesmo sucedeu a muitas culturas da Síria-Palestina, peus.
desaparecidas no fim do quarto milênio antes da era cristã. Isso se deve, Deve-se lembrar que, em diversas zonas do continente, por isolamento
em grande parte, ao fato de que a expansão daqueles centros se esgotou ou por adaptação ao meio, vários povos se mantiveram num estágio cultu-
antes de haverem logrado a formação de uma perfeita unidade econômica ral muito primitivo. É o caso dos índios do planalto brasileiro ou das selvas
e cultural necessária para dinamizar o desenvolvimento das várias socie- amazônicas, cujas armas eram fabricadas com bambu, espinhos ou madei-
dades locais, seja de maneira isolada, seja tomadas em conjunto. O mes- ra. Outros povos desenvolveram formas de vida baseadas na pesca e na
mo poderia ser dito dos agrupamentos gregos que, em certo sentido, caça (fueguinos, esquimós) ou na coleta de moluscos, como atestam os
continuaram a depender da Ásia, embora se tenha deslocado o eixo dessa depósitos de conchas (sambaquis) encontrados em diversas zonas litorâ-
influência para a Mesopotâmia e o Egito, enquanto Hacilar e Çatal Huyuk neas. Por último, cabe destacar o desenvolvimento de uma cultura original
se dissiparam no panorama histórico. no oeste dos Estados Unidos e no México, a tradição do deserto, da qual
deriva a cultura cochise; esta última, desenvolvida a partir de 6000 a.C., e
Pré-história da América fundamentada na caça menor e na coleta, apresenta vestígios do paleolíti-
Pode-se afirmar que o conjunto do continente americano estava em co inferior (artefatos líticos muito toscos).
plena pré-história (com diferentes graus de evolução cultural) quando se Revolução neolítica. Em algumas zonas do México, da América Cen-
iniciou a conquista europeia, uma vez que, afora os maias e os astecas, tral e dos Andes centrais e setentrionais, começou, entre 5000 e 4000 a.C.,
nenhum outro povo ameríndio tinha então elaborado uma história escrita. um processo de neolitização semelhante ao do Velho Mundo, embora
Mas os especialistas fazem distinção entre as fases pré-históricas propria- cronologicamente posterior. Caracterizou-se pelo aparecimento sequencial
mente ditas (paleolítico e começo do neolítico) e o desenvolvimento de de várias fases: formas sistemáticas de coleta de vegetais; sedentarização
culturas com formas políticas e artísticas avançadas. Em muitos aspectos e urbanismo incipiente; cerâmica, cestaria, tecidos e, finalmente, artefatos
paralela à de outras partes do planeta (o que confirma a hipótese da ho- de pedra do tipo microlítico e adaptados à economia agrícola (almofarizes,
mogeneidade intelectual dos vários ramos da espécie humana), a pré- mãos de pilão). A revolução neolítica americana, consolidada entre 3000 a
história americana apresenta algumas importantes peculiaridades, em 1500 a.C., caracteriza-se basicamente pelo aproveitamento das espécies
geral derivadas das condições naturais e climáticas. vegetais autóctones (milho, batata, abóbora, cacau, mandioca, girassol
Povoamento do continente. Embora não haja unanimidade a respeito etc.), para o que se empregavam diversas técnicas agrícolas (irrigação,
da questão, pesquisas arqueológicas, geológicas, paleontológicas e lin- cultivo em terraços escalonados, fertilização), e pelo pequeno desenvolvi-
guísticas parecem indicar que o continente americano começou a ser mento da criação de gado, já que só era possível a domesticação de
povoado entre 40000 e 20000 a.C., por grupos humanos de raça mongo- alguns animais pouco produtivos, como o cão, a lhama ou a alpaca.
lóide ou pré-mongolóide, procedentes da Ásia oriental. Esses imigrantes, A zona meso-americana (México e América Central) parece ter sido o
caçadores e coletores, entraram na América pela zona do estreito de primeiro núcleo de desenvolvimento da agricultura, segundo mostram as
Bering, emersa em consequência da diminuição do nível marinho produzi- escavações realizadas em Tamaulipas e no vale de Tehuacán (México),
da pela última glaciação (Wisconsin ou Wurm). Devem ter chegado, em onde foi possível estabelecer uma sucessão cronológica a partir do conjun-
ondas sucessivas, até 10000 a.C., ao lado das possíveis migrações espo- to de utensílios e da evolução e seleção das plantas cultivadas (fases de
rádicas pelo Pacífico ou pelo Atlântico (elementos australóides e melanói- Coxcatlán, Abejas, Purrón, Coatepec).
des), o que explicaria a significativa diversidade etnográfica entre os povos Na zona andina (do Equador ao centro do Chile, incluindo parte do Pe-
ameríndios. ru e da Bolívia), a evolução foi mais lenta por causa do isolamento entre os
O paleolítico ou paleoindígena. Na periodização da pré-história ameri- vales e entre o litoral e a cordilheira; mas, assim como na área mesoameri-
cana, cabe identificar inicialmente um paleolítico inferior, localizado em cana, o desenvolvimento da agricultura e da sociedade urbana constituiu o
partes distintas do continente e configurado pelo emprego de instrumentos ponto de partida para o florescimento das grandes culturas e civilizações
de pedra (principalmente obsidiana) muito toscos e utensílios de osso que se sucederam do segundo milênio antes da era cristã até a conquista
associados à fauna pleistocênica desaparecida (mastodontes, mamutes, espanhola.
camelídeos, cavalos, bisões). Embora não estejam datados com precisão Em comparação com o neolítico do Velho Mundo, deve-se assinalar
satisfatória, os artefatos líticos desse período apresentam certa analogia como fato diferenciador o desconhecimento, por parte do homem america-

Ciências Humanas e suas Tecnologias 38 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
no, de algumas importantes invenções e conquistas intelectuais; a roda, o que nomes semitas são encontrados entre os sumérios. A Mesopotâmia
arco e a abóbada (na arquitetura), a metalurgia desenvolvida ou a escrita era, de todo modo, povoada por dois povos de origens distintas, o que
alfabética foram algumas das mais gritantes carências culturais das gran- explica as denominações de terra de Sumer (sul) e Acad (norte).
des civilizações americanas. Mesmo em suas fases de maior progresso, As primeiras tentativas de organização de aldeias agrícolas na área de
essas civilizações não chegaram a superar a categorização de neolítico Acad foram registradas em sítios arqueológicos como Hassuna, Jarmo e
avançado, embora, pela complexidade social e pelo nível de conhecimen- Samarra. Do ponto de vista cultural, os grupos que habitavam a área no
tos em campos como a arquitetura ou a astronomia, se situem fora da pré- chamado período Obeid I eram atrasados em relação aos povos do sul,
história, numa fase cultural conhecida como proto-história. mas alguns centros, como Nínive, já se assemelhavam mais a cidades do
Além das importantes regiões culturais da Mesoamérica e dos Andes, que a aldeias.
outras zonas do continente também conheceram certo desenvolvimento de Os habitantes do norte expandiram-se para o sul, no século XXIV a.C.,
tipo neolítico, em parte como consequência da influência das primeiras. e fundaram um reino unificado sob o governo de Sargão, criador de uma
Desta forma, a partir de 3000 a.C., desenvolveram-se no sudoeste norte- dinastia semítica, cuja capital era a cidade de Acad. Os invasores não
americano, como continuação da tradição do deserto e da cultura cochise, possuíam cultura própria, motivo pelo qual absorveram a cultura e as
as culturas hohokan, mogollon e anasazi (pueblo), que substituíram pro- técnicas de guerra do sul. Assim, a transferência do centro do poder políti-
gressivamente a atividade caçadora e coletora por uma economia de tipo co, de início instalado na cidade de Acad, para Nínive ou Babilônia, não
agrícola, com cerâmica e construções arquitetônicas. A partir dessa zona, teve influência na evolução cultural da região.
a agricultura se estendeu para o leste, onde se destacam as culturas old Com a terceira dinastia de Ur, cujos domínios incluíam a Assíria, prati-
copper (nos Grandes Lagos) e Adena (Ohio), conhecedoras de uma meta- camente completou-se a unificação da Mesopotâmia. O norte preservava
lurgia rústica do cobre, e mais tarde a Hopewell (Illinois), com grandes apenas seu idioma semita, escrito, porém, em caracteres cuneiformes
povoados. sumérios. Por volta de 2000 a.C., invasores elamitas e amorritas derruba-
A neolitização se estendeu também pelo continente sul-americano, ram essa terceira dinastia de Ur. Após um período de destruições, o sul
embora com maior atraso e sempre em associação com a antiga economia voltou a prosperar, enquanto, no norte, Assur tornou-se independente e na
caçadora e coletora. Entre outros, destacam-se os povos caraíbas, tupis e Babilônia surgiu uma dinastia local, amorrita, apoiada pelos semitas acadi-
guaranis, dos planaltos e planícies do Amazonas e do Orinoco (com gran- anos.
des ocas comunitárias), além dos araucanos do Chile (norte e centro) e Babilônios e assírios. O mais poderoso soberano da Babilônia foi Ha-
dos pampas norte-ocidentais da Argentina, cuja cultura se beneficiou do murabi, responsável por uma nova unificação da Mesopotâmia. Seu impé-
contato com a área andina. rio se estendeu do golfo Pérsico até o norte de Nínive, e das montanhas
elamitas até a Síria. A região logo voltaria a ser dividida, entretanto, entre o
ANTIGUIDADE ORIENTAL sul e o norte, depois que os reis cassitas derrubaram a dinastia de Hamu-
Mesopotâmia rabi. Os cassitas mantiveram a cultura e as tradições babilônicas, mas
Berço de algumas das mais ricas civilizações humanas, a Mesopotâ- transformaram o reino com uma ampla reestruturação administrativa e a
mia viu surgir os primeiros impérios, as primeiras cidades da antiguidade e adoção do sistema feudal. A dinastia cassita governou até cerca de 1430
algumas importantes invenções do homem, como a escrita e a legislação. a.C., e seu domínio foi marcado por uma significativa produção literária.
A Mesopotâmia (em grego, região entre rios) está situada na região Algumas das obras do período configuraram um padrão para épocas
delimitada pelos rios Tigre e Eufrates, no sudoeste da Ásia. Embora seus posteriores, até mesmo para a redação da epopeia de Gilgamesh.
limites variassem em diferentes períodos de sua história, de modo geral a Após o período da dinastia cassita, a Babilônia perdeu sua influência
Mesopotâmia abrangia, na antiguidade, o território do atual Iraque, ficando política, ao mesmo tempo em que o poderio dos assírios cresceu conside-
ao norte a cordilheira dos Taurus, que a separa da Armênia, ao sul o golfo ravelmente. Nesse período, invasores indo-europeus criaram diversos
Pérsico, a oeste a Assíria e a leste a Síria. O limite entre as regiões norte, estados na região, entre os quais o reino de Mitani. No século XII a.C., o
montanhosa, e a sul, plana, era a zona de Bagdá, onde mais se aproximam poderio assírio chegou ao apogeu sob o reinado de Tukulti-Ninurta I. A
os rios Tigre e Eufrates. Os romanos as denominaram, respectivamente, Assíria dominava então toda a região localizada a leste do Eufrates. Os
Mesopotâmia e Babilônia. sucessores do soberano não conseguiram manter o território, cuja desinte-
Muitos grupos étnicos tentaram fixar-se na região, e esses movimentos gração política foi motivada também pela chegada à região de diversas
migratórios acabaram por fazer surgir importantes civilizações, como a dos tribos de arameus, que aí fundaram vários reinos independentes.
assírios, que ocuparam a área montanhosa, e a dos sumérios e babilônios, Nos séculos seguintes, os reinos arameus começaram a ser incorpo-
instalados nas planícies do sul. A essência da cultura suméria se manteve rados ao império da Assíria, a que a Mesopotâmia voltou a ficar subordina-
mesmo após a desintegração do estado sumério e por isso pode-se, ape- da. Nesse período, a ascensão de uma das tribos dos arameus, os cal-
sar da grande diversidade dos grupos étnicos, falar de uma civilização deus, contribuiu de maneira significativa para a queda do poderio da Assí-
mesopotâmica. ria e para o estabelecimento, no sul da região, do reino neobabilônico de
A Bíblia, o relato de Heródoto e os textos do sacerdote babilônio Be- Nabopolassar. Esse soberano firmou com Ciaxares, da Média, uma aliança
rossos, estes datados de aproximadamente 300 a.C. eram, até o fim do que dividiu a Mesopotâmia entre medos e babilônicos, situação que se
século XIX, as únicas fontes de informação sobre a história da Mesopotâ- manteve até 539 a.C., quando a região foi transformada numa satrapia do
mia. As escavações iniciadas em meados do mesmo século, no território império persa durante o reinado de Ciro. No período, registrou-se um
do Iraque, e a decifração dos caracteres cuneiformes permitiram avaliar o florescimento cultural, em que a literatura, a religião e as tradições sumé-
papel desempenhado pela Mesopotâmia na criação de sociedades urbanas rias e babilônicas eram preservadas nas escolas dos templos.
mais evoluídas.
A escrita cuneiforme foi empregada na Babilônia até o século I a.C. e o Em 331 a.C., a vitória de Alexandre o Grande sobre Dario III marcou o
idioma, como língua erudita, até o primeiro século da era cristã. Com a início da colonização macedônica. A Babilônia tornou-se então importante
decifração dessa escrita, foi possível descobrir a literatura da região, cujos centro cultural, verdadeiro ponto de encontro entre as culturas grega e
épicos tiveram como um dos principais temas a sensação de instabilidade oriental. Com a morte de Alexandre, instalou-se uma dinastia selêucida que
provocada pelo difícil controle dos rios Tigre e Eufrates. A escrita cuneifor- governou por pouco mais de um século. Por volta de 140 a.C., a Mesopo-
me sobreviveu também ao domínio helenístico. A influência do grego era tâmia foi incorporada ao império parta.
significativa, mas tudo indica que o aramaico se tornou a língua popular, Domínio romano. No ano 115 da era cristã, o imperador romano Traja-
em especial nos centros urbanos da época. no submeteu a região até Singara. Sob o domínio de Roma, foi gradativa a
Resenha histórica. Os primeiros imigrantes chegaram à Mesopotâmia difusão do cristianismo, por intermédio dos cristãos da Síria, que fundaram
no quarto milênio a.C. Fixaram-se no sul e ali criaram o que teria sido, o bispado de Edessa. Esse bispado converteu-se depois à heresia nestori-
segundo a tradição suméria, seu primeiro núcleo urbano, Eridu. O povoa- anista, cujos integrantes se congregaram em Nísibis, em meio a uma
mento tornou-se mais intenso no milênio seguinte, com um novo movimen- complicada situação religiosa, na qual as decisões do Concílio de Calce-
to migratório, procedente do leste. Ao mesmo tempo, no norte, grupos de dônia contra o monofisismo acabaram por provocar a divisão dos cristãos
origem semítica formavam uma nova cultura, que assumiria gradativamen- em três grupos: nestorianos, jacobitas e melquitas.
te papel preponderante na região. As escavações comprovaram não haver A partir do século III, a luta de Roma dirigiu-se contra as pretensões
nesse período uma separação estrita entre as duas regiões, na medida em sassânidas na Mesopotâmia. Em meio à desordem política generalizada, a

Ciências Humanas e suas Tecnologias 39 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Mesopotâmia converteu-se, por dez anos, em porção do reino de Palmira, tação da navegação a vapor e do telégrafo e da construção de linhas
até a expedição do imperador Aureliano. A luta contra os persas, porém, ferroviárias. A reconstrução dos canais de irrigação foi outro importante
prosseguiu até o ano 298, quando Diocleciano submeteu a Mesopotâmia, fator de progresso na área. A hostilidade aos turcos continuou a dar mar-
até o Tigre, ao poder de Roma. Todavia, a luta continuou e, em 363, os gem à expansão do nacionalismo árabe, contida em parte pelos conflitos
romanos conseguiram uma trégua, mas tiveram que ceder Singara e entre facções e pela situação socioeconômica do país.
Nísibis. Egito
Depois de recuperar suas antigas fronteiras, perdidas durante o avan- Como assinalou o historiador grego Heródoto, no século V a.C., "O
ço de Khosro I, por volta de 530, a Mesopotâmia bizantina foi obrigada a Egito é uma dádiva do Nilo." Desde os primeiros momentos de sua história,
enfrentar o agravamento do conflito com os persas, com a perda de diver- os egípcios criaram uma sociedade baseada no aproveitamento das águas
sas cidades e o exílio de grande número de cristãos. do Nilo para a agricultura, mediante a construção de obras hidráulicas
Domínio árabe. Sob o governo de Heráclio, por volta de 640, Roma já capazes de regular sua vazão anual. No plano institucional, configuraram
perdera todas as cidades do norte para os muçulmanos. Nos séculos VII e um rígido e hierárquico sistema político que se manteve, com pequenas
VIII, a história da Mesopotâmia se caracterizou por uma série de transfor- mudanças, durante cerca de três mil anos.
mações culturais e sociais, pela fundação de grandes cidades, mas tam- Arqueologia. Ao compararem as tradições do Egito com sua própria ci-
bém por intrigas, violências e desordens. vilização, os gregos observaram que o passado tinha um grande papel no
Durante o predomínio muçulmano, teve início um período de tolerância presente daquela cultura, enquanto a cultura grega era ainda nova e inex-
religiosa e o idioma árabe passou a predominar sobre o siríaco. Disputas periente. Ao conhecerem a terra dos faraós, os viajantes gregos ficaram
entre as facções muçulmanas dos abássidas e dos omíadas voltaram, maravilhados com as grandes cidades e seus templos. O Periegesis (Via-
porém, a ameaçar a estabilidade da região. Os omíadas abandonaram gem ao redor do mundo), escrito por Hecateu de Mileto, perdeu-se. Heró-
Damasco e instalaram-se em Harran, enquanto os abássidas se fixaram no doto, que também escreveu sobre o país após uma viagem de alguns
Iraque e passaram a governar o Islã. Com a derrota de Hussein em Kerbe- meses, fundamentou grande parte de sua narrativa em informações errô-
la, no Iraque, no ano 680, o sul permaneceu xiita e o norte se tornou sunita, neas de pessoas incultas. Melhores fontes foram utilizadas pelo sacerdote
numa divisão do islamismo que se consolidaria ao longo do tempo. Centro Mâneto, quando por volta de 240 a.C., escreveu as Aigyptiaka (Egípcias),
vital do Islã, a região passou a beneficiar-se de um significativo afluxo de obra em que relaciona as trinta dinastias do Egito faraônico.
bens e manteve sua estrutura socioeconômica, com base na agricultura, Foram os romanos que começaram a colecionar antiguidades egíp-
que foi pouco afetada pelos conflitos. cias. Estátuas de faraós e esfinges enfeitavam palácios dos imperadores
A história da Mesopotâmia é marcada, nessa fase, por grandes trans- romanos e diversos obeliscos foram transportados de Karnak (Tebas) e
formações. Surgem importantes cidades e a fundação de um califado com Heliópolis e posteriormente reerguidos em Roma e Constantinopla. Entre
a capital em Bagdá marcou o início de um período de grande progresso. O as obras dos últimos escritores clássicos destaca-se a descrição do Egito
poder político passou a partir de então a ser exercido por dinastias locais, feita por Estrabão no Livro 17 de sua Geografia, que contém detalhes da
embora em nome do califa. topografia do delta. Plínio o Velho, em sua História natural, e Ptolomeu, em
A região entrou em declínio na segunda metade do século IX, quando seu tratado geográfico, descreveram o Egito. Plutarco estudou a mitologia
os escravos africanos deram início à guerra de Zanj, que durou de 869 a e Horapolon tentou decifrar os hieróglifos.
883. Contribuíram para o enfraquecimento do poder político a organização A religião egípcia desapareceu com a difusão do cristianismo e o copta
dos imigrantes turcos -- que haviam sido trazidos como escravos e posteri- substituiu a escrita antiga. Mas a tradição da "sabedoria do Egito" atraves-
ormente empregados como soldados mercenários --, as pretensões do sou a Idade Média e despertou interesse durante o Renascimento.
Egito quanto à soberania da região de Jazirah e uma restauração da Inícios da moderna egiptologia. A visita de Napoleão ao Egito, em
influência bizantina na dinastia macedônica. Ao agravamento da crise, em 1798, a descoberta da pedra de Rosetta e a decifração dos hieróglifos,
consequência das incursões dos turcos e dos cruzados, seguiu-se a vitória pelo inglês Thomas Young e pelo francês Jean-François Champollion,
de Saladino sobre os cristãos, com o estabelecimento da supremacia proporcionaram material para estudos mais profundos sobre o passado do
egípcia no norte da Mesopotâmia. país, como os de John Gardner Wilkinson e Samuel Birch. Karl Richard
Mongóis, turcos e persas. A prosperidade do sul da Mesopotâmia se Lepsius deu a conhecer ao mundo uma grande coleção de desenhos e
manteve até o reinado do califa Nisir, que governou entre 1180 e 1242. cópias de inscrições. No mundo todo, diversos museus receberam nume-
Com grandes ambições políticas, o soberano contratou mercenários mon- rosas doações de antiguidades feitas por viajantes. Entre os estudiosos
góis, mas a decisão se mostraria fatal para a sua dinastia: em 1258, as que mais se destacaram em meados do século XIX estão C. W. Goodwin,
hordas mongóis de Hulagu assassinaram o último califa, saquearam Bagdá Heinrich Karl Brugsch, Emmanuel de Rougé e Joseph Chabas.
e destruíram todo o Iraque, inclusive o extraordinário sistema de irrigação Em 1858, o governo egípcio implantou uma nova política de conserva-
da baixa Mesopotâmia. No ano seguinte, o norte também foi atacado e a ção de suas antiguidades, e nomeou Auguste-Edouard Mariette para esse
Mesopotâmia teve assim arrasada toda a sua estrutura econômica e social. trabalho. O governo fundou um museu em Bulaq, no Cairo, que mais tarde
A região foi dessa forma reduzida a uma das mais pobres províncias do se tornaria o Museu Egípcio. As escavações empreendidas por Mariette,
império de Hulagu, abalado por conflitos internos e pela inépcia dos gover- nas décadas de 1860 e 1870, principalmente em Gizé e Saqqara, fornece-
nantes enviados pelos mongóis, incapazes de reconstruir suas cidades e ram material suficiente para suprir o museu com esculturas e antiguidades.
de manter o controle sobre a região. Após a morte de Mariette, em 1881, o governo concedeu aos museus e
A Mesopotâmia foi dominada por dinastias de origem turca, entre 1410 instituições culturais o direito de escavações no país, com a condição de
e 1508, e depois caiu em poder do imperador persa Ismail, fundador da que a metade dos achados passasse a integrar o acervo do museu de
nova dinastia dos safávidas, que tomou Bagdá naquele último ano e, Bulaq.
depois, Mossul. O domínio de 1Ismail não durou mais do que 26 anos: sob Escavações no século XX. Métodos revolucionários desenvolvidos por
a liderança do sultão Suleiman I, os otomanos acabaram por dominar William Matthew Flinders Petrie permitiram uma mudança de atitude em
Bagdá, em 1534. O sultão soube conquistar a lealdade das populações relação às novas descobertas: o antigo sistema de somente descobrir
fronteiriças e não encontrou resistência em seu ataque decisivo à capital. monumentos e preservá-los foi substituído por escavações sistemáticas,
O Iraque moderno. As hostilidades entre turcos e persas prosseguiram com o objetivo de examinar e registrar cada objeto, ainda que insignificante
até o século XIX. Na época, os conflitos entre as diversas tribos árabes ou fragmentado, e analisar as camadas de terra em que se encontravam.
nômades da região constituíram outro obstáculo a uma eventual unificação Esse método possibilitou levantar dados sobre a história dos lugares e de
política. No início do século XX, com a política adotada por Midhat Paxá, seus habitantes e também sobre a arte que desenvolviam, seus conheci-
esses problemas começaram a ser solucionados. Entre outras medidas, mentos e sua vida cotidiana.
Paxá promoveu uma reestruturação administrativa e estimulou a sedentari- A descoberta do túmulo de Tutankhamen, em 1922, aumentou o inte-
zação das tribos nômades, com a venda de terras aos xeques, o que resse pela egiptologia. O esvaziamento desse túmulo exigiu um trabalho de
reduziu a influência dos grupos que continuaram errantes. dez anos. Seus descobridores, Lord Carvarnon e Howard Carter, solicita-
É crescente a partir desse período a influência na região da política co- ram a ajuda de diversos especialistas para a extração e preservação dos
lonialista do Reino Unido, que desde 1807 instalara seus cônsules com diversos tesouros que continha. O resultado foi que uma grande quantida-
amplos poderes em Bagdá. Teve início então um significativo processo de de de joias, armas, móveis e relicários transformaram o acervo do Museu
modernização com o desenvolvimento das comunicações, após a implan- Egípcio do Cairo em um dos mais valiosos do mundo.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 40 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
As primeiras décadas do século XX registraram diversas expedições A VI dinastia realizou expedições à península do Sinai e sob Pepi II
financiadas pelos governos da França, Alemanha, Estados Unidos, Itália e multiplicaram-se as imunidades concedidas aos nobres. Os chefes dos
Polônia, e por museus e instituições científicas. Petrie, Henry Edouard nomos se tornaram mais independentes e desapareceu o poder centraliza-
Naville, Francis Llewellyn Griffith, A. M. Blackman, Percy Edward Newberry dor do faraó. Após longa fase de lutas internas, que marcaram o fim do
e T. E. Peet são alguns estudiosos britânicos que trabalharam no Egito; Antigo Império, o Egito entrou em decadência. No século XXII a.C., os
também merecem destaque as escavações dos cientistas americanos príncipes de Tebas afirmaram sua independência e fundaram a XI dinastia,
George Reisner, em Gizé e na Núbia, e de H. E. Winlock, em Tebas. A dos Mentuhoep, dando início ao Médio Império, que durou de 1938 a c.
descoberta do túmulo de Tutankhamen levantou inúmeras controvérsias, 1600 a.C., com capital em Tebas.
que levaram o governo do Egito a adotar medidas restritivas à saída de Restaurou-se e consolidou-se o poder real. Sobressaíram na XII dinas-
achados arqueológicos do país. Tal medida, ao desencorajar os museus tia, também tebana, Amenemés I, Sesóstris I e Amenemés III, que coloni-
estrangeiros, que não se dispunham a financiar projetos de que não se zaram a Núbia e o Sudão, intensificaram o comércio e as relações diplomá-
beneficiassem diretamente, fez com que os estudos se transferissem do ticas e fizeram respeitar as fronteiras egípcias. O segundo período inter-
plano da escavação para o do registro. Cabe salientar nessa área, as mediário, que abrange da XIII à XVII dinastia, entre c. 1630 e 1540 a.C., é
reproduções publicadas pelo Museu Metropolitano de Arte, de Nova York, de história obscura. Por falta de fontes é impossível analisar o conjunto de
e os volumes editados pelo Instituto Oriental da Universidade de Chicago. causas determinantes da decadência do estado tebano. Sob a XIV dinastia
Desenvolveram-se então preciosos estudos de gabinete, como o dicionário ocorreu a invasão dos hicsos. Os monarcas da XVII dinastia abriram luta
de língua egípcia antiga, de Adolf Erman e H. Rank, e o trabalho de Kurt contra eles e ferimentos encontrados na múmia de Seqenenre parecem
Sethe, todos alemães. Merecem citações ainda os trabalhos dos ingleses indicar sua morte em combate.
Sir Wallis Budge, F. L. Griffith e Alan Henderson Gardiner, e dos franceses Ahmés ou Ahmose I assumiu o comando, expulsou definitivamente os
H. Gauthier e G. Lefebvre. hicsos e fundou a XVIII dinastia. Iniciou-se então o mais brilhante período
da história egípcia, o chamado Novo Império, entre 1539 e 1075 a.C., que
abrange também a XIX, a XX e a XXI dinastias. Como grandes conquista-
dores, sobressaíram Tutmés I e III, da XVIII dinastia, Ramsés II (XIX dinas-
tia), Ramsés III (XX dinastia) e Iknaton, Akenaton ou Amenhotep IV (XVIII
dinastia), por sua reforma religiosa.
Após cerca de trinta anos de paz interna, o Egito, rico e forte, pôde en-
tregar-se às novas tendências imperialistas. Tornou-se um estado essenci-
almente militar e por 200 anos dominou o mundo então conhecido. Alarga-
ram-se as fronteiras do país, da Núbia até o Eufrates. Os príncipes da
Síria, Palestina, Fenícia, Arábia e Etiópia pagaram-lhe tributos. O tratado
firmado em 1278 a.C. com Hattusilis III terminou com a secular guerra com
Templo de Isis (Egito) os hititas. O luxo e o poder econômico refletiram-se nas grandes constru-
Origens. Os muitos estudos de egiptologia revelaram que o povo egíp- ções desse período. Com Ramsés XI findou o Novo Império. Rebentaram
cio antigo resultou da fusão de vários grupos de origem africana e asiática, guerras civis e o Egito entrou em decadência, perdeu territórios e sofreu
e permitiram distinguir três tipos principais: um semítico dolicocéfalo, de invasões.
estatura mediana; outro semítico-líbio, braquicéfalo, de nariz recurvado; e Por volta de 722-715 a.C., uma dinastia etiópica, com capital em Napa-
um terceiro, mediterrâneo, braquicéfalo, de nariz reto e curto. Da mistura ta, restaurou parcialmente a unidade nacional. Em 667 a.C., Assaradão
desses grupos resultou um povo de lavradores, no vale do Nilo, que absor- invadiu o Egito e ocupou Mênfis. Em 664 a.C., Assurbanipal tomou e
veu progressivamente os estrangeiros invasores. saqueou Tebas. Os egípcios, comandados pelos chefes do delta, reagiram
Até o século XIX, as únicas fontes utilizáveis sobre as dinastias do Egi- e em 660 a.C., Psamético I, fundador da XXVI dinastia, expulsou os assí-
to eram os relatos dos autores clássicos, de épocas posteriores aos acon- rios. O Egito voltou a conhecer nova fase de esplendor, chamada de re-
tecimentos por eles descritos. Somente em 1821, com a decifração da nascimento saítico, devido ao nome de sua capital, Saís. Em 605 a.C.,
escrita hieroglífica, por Champollion, é que se pôde proceder à leitura de Necau II tentou conquistar a Síria, mas foi derrotado por Nabucodonosor.
inscrições, que iluminaram mais de três mil anos da história da humanida- Em seu governo concluiu-se o canal de ligação entre o Mediterrâneo e o
de. mar Vermelho e, sob seus auspícios, marinheiros fenícios contornaram a
O período histórico da civilização egípcia começou por volta de 4000 África.
a.C. Os primitivos clãs haviam sido transformados em províncias ou no- Em 525 a.C., o último soberano nacional egípcio, Psamético III, foi der-
mos, e seus chefes elevados à dignidade real. Mais tarde foram agrupados rotado e morto por Cambises, rei dos persas, em Pelusa. O Egito foi incor-
em dois grandes reinos: um ao norte, cujo primeiro rei-deus foi Horus, e porado ao império persa como uma de suas províncias (satrapia). A partir
outro ao sul, que teve Set como primeiro rei-deus. Por volta do ano 3300 de então, até Artaxerxes II, reinou a XXVII dinastia persa. A organização
a.C., segundo a tradição, o reino do sul venceu o do norte. Quando as social e religiosa foi mantida e registrou-se certo desenvolvimento econô-
dinastias humanas sucederam às dinastias divinas, Menés, personagem mico. A libertação do Egito se deu em 404 a.C. Com Armiteu, único faraó
lendário e apontado como unificador do Egito, se tornou o primeiro faraó. A da XXVIII dinastia, a aristocracia militar do delta subiu ao poder. As institui-
capital era, segundo alguns autores, Mênfis, e segundo outros, Tinis, nas ções e a cultura revigoraram-se sob as XXIX e XXX dinastias. Depois de
proximidades de Abidos. Menés é identificado como Narmeza (Narmer), saquear o país, Artaxerxes III restaurou a soberania persa, em 343 a.C. O
representado, num relevo de Hieracômpolis, com as duas coroas dos segundo período da dominação persa terminou em 332 a.C., quando
reinos unificados. Alexandre o Grande da Macedônia, vitorioso, entrou no Egito, após derro-
Dinastias. As escavações realizadas em Abidos, Saqqara e localida- tar Dario III.
des próximas trouxeram informações sobre as primeiras dinastias, denomi- Período macedônio ou ptolomaico. Nesse período, que vai até o ano
nadas tinitas por terem a capital em Tinis. Neste período houve um aumen- 30 a.C., Alexandre foi recebido como libertador e fez-se reconhecer como
to da prosperidade econômica do país, incrementado pelas expedições à "filho de Amon", sucessor dos faraós, prometendo respeitar as instituições
costa do mar Vermelho e às minas de cobre e turquesa do Sinai. e restaurar a paz, a ordem e a economia. Lançou as fundações da cidade
Com a III dinastia, iniciada em 2650 a.C., a capital foi trasladada para de Alexandria. Com sua morte em 323 a.C., o controle do Egito passou a
Mênfis e os faraós iniciaram a construção das pirâmides, grandes túmulos um de seus generais, Ptolomeu, que a partir de 305 a.C. iniciou a dinastia
reais. Inicia-se então o chamado Antigo Império, que vai até a VIII dinastia. dos lágidas. Dentre seus herdeiros destacaram-se, inicialmente, Ptolomeu
Erguem-se as pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, faraós da IV Filadelfo, cujo reinado durou de 285 a 246 a.C. e se notabilizou pela ex-
dinastia, e a esfinge de Gizé. A arte egípcia já se apresentava com todas pansão comercial, a construção de cidades, e a criação de um museu e da
as suas características, nessa época de maior esplendor da civilização biblioteca de Alexandria; sucedeu-lhe Ptolomeu Evérgetes, que reinou de
egípcia. O território se estendeu até a segunda catarata do Nilo, e realiza- 246 a 222 a.C. e impulsionou as letras e a arquitetura; e finalmente Ptolo-
ram-se expedições à Núbia e à Líbia. Aumentou o comércio marítimo no meu Epífano, coroado em 196 a.C., que foi homenageado com a redação
Mediterrâneo oriental e se iniciou a exploração das minas de cobre do do decreto da pedra de Rosetta, em 204 a.C.
Sinai, das pedreiras de Assuã e do deserto núbio.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 41 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Atacado por reinos helenísticos, o Egito colocou-se sob proteção ro- cente influência de oficiais mamelucos (conjunto de diferentes etnias, tais
mana, com submissão cada vez maior. Seguiram-se vários e cruéis reina- como turcos, mongóis, curdos etc.), tornou-se preponderante.
dos dos lágidas, até Ptolomeu Auletes que, com apoio romano, permane- Uma milícia de mamelucos bahri, isto é, "do rio", tomou o poder em
ceu no poder até 51 a.C., quando foi expulso pelos egípcios. Sua filha 1250 sob o comando de Izz al-Din Ayback. Os sultões mamelucos impera-
Cleópatra VII desfez-se, sucessivamente, de dois irmãos e apoiou-se no ram no Egito até 1517. Embora o período fosse de paz e prosperidade
imperador romano Júlio César. Com a morte deste, em 44 a.C., ligou-se a econômica, ocorreram tremendas perseguições a judeus e cristãos. Com
Marco Antônio, mas diante da derrota frente às esquadras romanas, e do os mamelucos, cessou qualquer sucessão hereditária e o sultão passou a
assassinato, ordenado por Otávio, do jovem Ptolomeu César, filho que ser eleito pelos emires, o que caracterizou uma verdadeira oligarquia
tivera com César, suicidou-se em 30 a.C. O Egito foi então transformado feudal-militar.
em província romana. Soberanos de direito divino e culto imperial, os Fenícia
lágidas restauraram os templos, honraram a classe sacerdotal e entrega- Os fenícios assimilaram as culturas do Egito e da Mesopotâmia e as
ram a administração aos gregos. Alexandria, cidade grega por suas ori- estenderam por todo o Mediterrâneo, do Oriente Médio até as costas
gens, comércio e cultura, foi o centro intelectual e comercial do mundo orientais da península ibérica. O maior legado que deixaram foi um alfabeto
helenístico. do qual derivam os caracteres gregos e latinos.
Período romano-bizantino. Em 30 a.C., iniciou-se o período romano- Chamou-se Fenícia à antiga região que se estendia pelo território do
bizantino. A minoria romana conservou a organização da época helenísti- que mais tarde seria o Líbano e por parte da Síria e da Palestina, habitada
ca, com base nos nomos (províncias). O camponês era esmagado por por um povo de artesãos, navegadores e comerciantes. Biblo (futura Ju-
altos impostos e requisições. A indústria e o comércio, que deixaram de ser bayl), Sídon (Saída), Tiro (Sur), Bérito (Beirute) e Árado foram as suas
monopólio estatal, ganharam impulso e atingiram as mais distantes regi- cidades principais. O nome Fenícia deriva do grego Phoiníke ("país da
ões. A passagem dos romanos foi marcada ainda pela construção de púrpura" ou, segundo alguns, "terra das palmeiras"). Na Bíblia, parte da
estradas, templos, teatros, cisternas, obras de irrigação e cidades. Uma região recebe o nome de Canaã, derivado da palavra semita kena'ani,
destas foi Antinópolis, construída por Adriano. "mercador".
No final do século II da era cristã generalizaram-se os ataques nôma- História. Os fenícios chegaram às costas libanesas por volta de 3000
des às fronteiras (Líbia, Etiópia, Palmira) e as perseguições ligadas à a.C. Sua origem é obscura, mas sabe-se que eram semitas, procedentes
expansão do cristianismo. Após Constantino, começam as disputas religio- provavelmente do golfo Pérsico. No começo, estiveram divididos em pe-
sas. Em 451 a adesão da igreja alexandrina ao monofisismo levou à for- quenos estados locais, dominados às vezes pelos impérios da Mesopotâ-
mação de uma igreja copta, distinta da grega, e dessa forma o que era tido mia e do Egito. Apesar de submetidos, os fenícios conseguiram desenvol-
como heresia, por força das perseguições imperiais, transformou-se na ver uma florescente atividade econômica que lhes permitiu, com o passar
religião nacional egípcia. do tempo, transformar-se numa das potências comerciais hegemônicas do
Com a divisão do Império Romano verificou-se uma progressiva substi- mundo banhado pelo Mediterrâneo.
tuição de Alexandria por Constantinopla em importância cultural e econô- A dependência dos primeiros fenícios em relação ao poderio egípcio
mica. No século VI o declínio econômico era generalizado em todos os iniciou-se com a IV dinastia (2613-2494, aproximadamente), e é notada
setores. E no início do século VII os árabes foram recebidos como autênti- pela grande quantidade de objetos de influência egípcia encontrados nas
cos libertadores. escavações arqueológicas. No século XIV a.C., a civilização grega de
Período medieval. Época árabe. No ano 640, com a conquista do Egito Micenas fez seu aparecimento na Fenícia, com o estabelecimento de
pelos árabes, começou a era medieval, que durou até 1798. O período comerciantes em Tiro, Sídon, Biblo e Árado. As invasões dos chamados
árabe caracterizou-se por lutas internas e constante troca de emires. A povos do mar significaram uma grande mudança para o mundo mediterrâ-
difusão do árabe e do islamismo transformou a invasão muçulmana na neo: os filisteus se instalaram na Fenícia, enquanto Egito e Creta começa-
mais importante de todas as que o Egito sofreu. De sua história restou o vam a decair como potências. Dessa forma, a Fenícia estava preparada no
copta, designação apenas religiosa. A princípio o Egito foi transformado em século XIII a.C. para iniciar a sua expansão marítima.
uma província do califado dos omíadas, de Damasco, que transferiram a A cidade de Tiro assumiu o papel hegemônico na região. Em pouco
capital para al-Fustat, construída nas imediações da fortaleza da Babilônia, tempo, seus habitantes controlaram todas as rotas comerciais do interior,
erguida pelos romanos, no lugar hoje ocupado pela cidade velha do Cairo. comercializando principalmente madeira de cedro, azeite e perfumes.
Os omíadas conservaram o sistema administrativo egípcio e seus funcioná- Quando dominaram o comércio na área, iniciaram a expansão pelo Medi-
rios, mas o governo era exercido por um emir, auxiliado por um amil, ou terrâneo, onde fundaram muitas colônias e feitorias.
diretor de finanças. O processo de islamização reacelerou com os abássi- Os fenícios escalaram primeiro em Chipre, ilha com a qual há muito
das, de Bagdá, cujo poder, no entanto, enfraqueceu ao longo do século IX. mantinham contato, e no século X a.C. se estabeleceram em Cício ou
Época independente. Este período corresponde a quatro dinastias, en- Kítion (Larnaca). A faixa costeira da Anatólia também conheceu a presença
tre 868 e 1517: os tulúnidas, os ikhchiditas, os fatímidas e os aiúbidas. fenícia, embora lá não se tenham estabelecido colônias permanentes. No
Compreende ainda um domínio por parte dos mamelucos. sul da Palestina, sob domínio judeu desde o fim do século XI a.C., assenta-
A dinastia dos tulúnidas dominou de 868 a 905 e foi fundada pelo ofici- ram-se colônias comerciais estáveis, assim como no Egito, sobretudo no
al turco Ahmad ibn Tulun, que proclamou a independência do país em delta do Nilo.
relação a Bagdá. Os ikhchiditas governaram independentemente entre 939 O Mediterrâneo ocidental foi, no entanto, a região de maior atração pa-
e 968, depois de um breve retorno a Bagdá. Entretanto, um novo poder ra os fenícios, que mantiveram relações econômicas com Creta, mas a
militar agressivo, oriundo da Tunísia, se apoderou do Egito, sob a família presença dos gregos os induziu a dirigirem-se mais a oeste, chegando à
dos fatímidas, que se consideravam descendentes do califa Ali e de Fáti- Sicília, onde fundaram Mócia (Mótya), Panormo (Panormum) e Solos
ma, filha de Maomé. Adeptos da doutrina xiita, governaram entre 969 e (Sóloi). No norte da África, os fenícios tinham-se estabelecido em Útica no
1171. Uma nova capital foi fundada, al-Qahira (Cairo) em 988, e o Egito, século XII a.C. e fundaram outros núcleos no século IX a.C., entre os quais
organizado como califado, passou a usufruir de notável desenvolvimento Cartago. Na península ibérica, Gades (Cádiz), fundada no século XII a.C.,
econômico e cultural. Foi fundada a mesquita e a universidade de al-Azhar, foi o porto principal dos fenícios, que ali adquiriam minerais e outros produ-
em 970, e o tesouro dos califas passou a incluir a mais valiosa biblioteca tos do interior. Na ilha de Malta, a Fenícia impôs seu controle no século VIII
do mundo muçulmano da época. a.C., e a partir de Cartago fez o mesmo em relação a Ibiza no século VI
As disputas internas possibilitaram a intervenção do sultão de Damas- a.C.
co, Nur-al-Din, por intermédio do general Shirgu e de seu sobrinho Saladi- O esplendor econômico e cultural da Fenícia viu-se ameaçado a partir
no (Sala al-Din Yusuf ibn Ayyub). Este, feito vizir em 1169, proclamou-se do século IX a.C., quando a Assíria, que precisava de uma saída para o
sultão do Egito logo após a morte do califa, dando início à dinastia dos mar a fim de fortalecer sua posição política no Oriente Médio, começou a
aiúbidas, que reinaram de 1171 a 1250, e destacaram-se como grandes introduzir-se na região. O rei assírio Assurbanipal estendeu sua influência a
administradores. Reconstituíram um grande estado, da Tripolitânia à Me- Tiro, Sídon e Biblo, cidades às quais impôs pesados tributos. A dominação
sopotâmia, dedicaram-se à agricultura de irrigação, ao comércio, às obras assíria obrigou as cidades fenícias a firmarem uma aliança: em meados do
militares, à construção de escolas, hospitais e mesquitas. Lutaram contra século VIII a.C., Tiro e Sídon se uniram para enfrentar os assírios, aos
os cruzados na Palestina, porém lutas internas minaram o poder. A cres- quais opuseram tenaz resistência; mas, apesar desses esforços de inde-
pendência, a Assíria manteve sua hegemonia. Os egípcios, também sub-

Ciências Humanas e suas Tecnologias 42 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
metidos à influência assíria, estabeleceram um pacto defensivo com Tiro Em geral os templos, normalmente divididos em três espaços, eram edifi-
no início do século VII a.C., mas foram vencidos. cados em áreas abertas dentro das cidades. Havia ainda pequenas cape-
No fim desse século, Nabucodonosor II impôs a hegemonia da Babilô- las, altares ao ar livre e santuários com estelas decoradas em relevo. Os
nia no Oriente Médio. O rei babilônico conquistou a região da Palestina e, sacerdotes e sacerdotisas frequentemente herdavam da família o ofício
depois de longo assédio, submeteu Tiro em 573 a.C. A Pérsia substituiu a sagrado. Os próprios monarcas fenícios, homens ou mulheres, exerciam o
Babilônia em 539 a.C. como poder hegemônico. A partir de então, Sídon sacerdócio, para o que se requeria um estudo profundo da tradição.
passou a ter supremacia sobre as outras cidades fenícias e colaborou com Cultura e arte. A civilização ocidental deve aos fenícios a difusão do al-
o império persa contra os gregos, seus principais inimigos na disputa do fabeto, cuja origem é incerta. Povo pragmático por natureza, os fenícios
controle comercial do Mediterrâneo. Os persas incluíram a Fenícia em sua parecem haver adotado e simplificado formas de escrita mais complexas,
quinta satrapia (província), junto com a Palestina e Chipre. Sídon procurou talvez de procedência egípcia, para criar um alfabeto consonântico de 22
então uma aproximação com os gregos, cuja influência cultural se acentu- letras, que se escreviam da direita para a esquerda. Os gregos foram os
ou na Fenícia. primeiros a receber essa importante herança fenícia, que remonta ao
século XIV a.C.; a exemplo dos latinos e outros povos da antiguidade,
transformaram esse alfabeto e lhe incorporaram as vogais.
A arte fenícia constituiu um sincretismo de elementos egípcios, egeus,
micênicos, mesopotâmicos, gregos e de outros povos, e tinha um caráter
essencialmente utilitário e comercial. A difusão dos objetos fenícios pelo
Mediterrâneo contribuiu para estender as influências orientalizantes à arte
dos gregos, dos etruscos, dos iberos e outros. A peça mais destacada da
escultura fenícia é o sarcófago de Ahiram, encontrado em Biblo, cuja
decoração apresenta motivos talhados em relevo.

ANTIGUIDADE OCIDENTAL
Grécia antiga
Os povos que na antiguidade habitaram o território da Grécia construí-
Ruínas da cidade de Tiro ram a primeira civilização duradoura da Europa, berço de toda a cultura
No século IV, o macedônio Alexandre o Grande irrompeu na Fenícia; ocidental moderna.
mais uma vez, Tiro foi a cidade que apresentou a resistência mais forte, Os gregos criaram obras artísticas, literárias, filosóficas e científicas de
mas, esgotada por anos de lutas contínuas, caiu em poder de Alexandre importância jamais superada, embora nunca tenham sido capazes de
em 322 a.C. Depois da derrota, toda a Fenícia foi tomada pelos gregos. alcançar a unificação política.
Finalmente, Roma incorporou a região a seus domínios, como parte da A Grécia antiga abrange o conjunto das civilizações que se desenvol-
província da Síria, em 64 a.C. veram nas regiões situadas na bacia do mar Egeu, sobretudo nas partes
Economia. A Fenícia foi um dos países mais prósperos da antiguida- central e sul da Grécia continental e no litoral oeste da Anatólia. Compre-
de. Suas cidades desenvolveram uma florescente indústria, que abastecia ende desde a civilização minóica (ou minoana), que floresceu em Creta na
os mais distantes mercados. Objetos de madeira talhada (cedro e pinho) e idade do bronze e foi depois absorvida pela cultura micênica do continente,
tecidos de lã, algodão e linho tingidos com a famosa púrpura de Tiro, até a da Grécia transformada em província romana, no ano 146 a.C.
extraída de um molusco, foram as manufaturas fenícias de maior prestígio O nome Grécia e o etnônimo grego, aplicados ao país e ao povo, fo-
e difusão. Também eram muito procurados os objetos de metal; o cobre, ram empregados inicialmente apenas pelos romanos, que estenderam a
obtido em Chipre, o ouro, a prata e o bronze foram os mais utilizados, em toda a região o nome da primeira tribo que encontraram no continente. Os
objetos suntuários e em joias de alto valor. Os trabalhos em marfim alcan- gregos do período clássico chamavam a si mesmos helenos e, a seu país,
çaram grande perfeição técnica na forma de pentes, estojos e estatuetas. Hélade. Referiam-se assim aos habitantes da península grega, para distin-
Os fenícios descobriram ainda a técnica de fabricação do vidro e aperfei- gui-los dos bárbaros, nome que davam aos povos que não tinham o grego
çoaram-na para confeccionar belos objetos. como língua materna. Originalmente, Hélade era um topônimo de significa-
O comércio se fez principalmente pelo mar, já que o transporte terres- do restrito, aplicado a um pequeno território ao sul da Tessália.
tre de grandes carregamentos era dificílimo. Essa exigência contribuiu para A extensão do termo a toda a Grécia continental, e o emprego do no-
desenvolver a habilidade dos fenícios como construtores navais e os me heleno para designar o cidadão de qualquer pólis (cidade-estado
transformou em hábeis navegadores. grega), mesmo das mais distantes, data do final do século VII a.C., quando
Sociedade e política. Para a construção de suas cidades e feitorias, os os santuários de Deméter, em Antela, e de Apolo, em Delfos, se transfor-
fenícios escolhiam zonas estratégicas do ponto de vista comercial e da maram em centros religiosos procurados por todos os gregos. Formou-se a
navegação. Erguiam-nas sempre em portos protegidos, amplas baías que partir daí uma liga de cidades gregas para administrar os templos e organi-
permitiam aos barcos atracar com facilidade e penínsulas abrigadas. As zar os festivais, que reuniam cidadãos de todas as partes da Hélade e
cidades eram geralmente protegidas com muralhas, e os edifícios chega- muito contribuíram para a unidade política e cultural desses territórios.
vam a uma altura considerável. Idade do bronze. Os séculos decorridos entre o início da idade do
A classe dos comerciantes ricos exercia o domínio político em cada ci- bronze, por volta do terceiro milênio a.C., até o fim do período micênico,
dade, governada por um rei. A diversidade arquitetônica das casas fenícias por volta do ano 1100 a.C., são denominados período heládico. Durante
que foi possível conhecer revela a existência de uma marcada diferencia- essa fase, a população local, constituída inicialmente de pacíficos criadores
ção social entre a oligarquia de mercadores e o conjunto dos trabalhadores e agricultores, transformou-se em povo guerreiro. A economia baseava-se
artesanais e agrícolas. no comércio marítimo com as ilhas e com os povos da costa leste do
Religião. A religião dos fenícios era semelhante à de outros povos do Mediterrâneo. Os chefes guerreiros dedicavam-se à guerra e à busca da
Oriente Médio, embora também apresentasse características e influências fama e beneficiavam-se tanto do comércio quanto das terras de agricultura
de religiões e crenças de outras áreas como o mar Egeu, o Egito e mais e pecuária, trabalhadas pelos servos.
tarde a Grécia, em consequência dos contatos comerciais. Essa transformação transcorreu lentamente. No ano 2600 a.C. houve
A religiosidade se baseava no culto às forças naturais divinizadas. A uma invasão de povos oriundos da Anatólia que sabiam trabalhar o ferro e
divindade principal era El, adorado junto com sua companheira e mãe, aperfeiçoaram as técnicas de agricultura e navegação. Cerca de seis
Asherat ou Elat, deusa do mar. Desses dois descendiam outros, como séculos depois, tribos indo-europeias invadiram a península pelo norte e
Baal, deus das montanhas e da chuva, e Astarte ou Astar, deusa da fertili- destruíram a sociedade existente. Falavam uma língua indo-europeia,
dade, chamada Tanit nas colônias do Mediterrâneo ocidental, como Carta- pertenciam a uma outra raça e distinguiam-se pela forma dos túmulos de
go. As cidades fenícias tinham ainda divindades particulares; Melqart foi o seus reis. Absorveram as práticas dos habitantes anteriores, mas passa-
deus de Tiro, de onde seu culto, com a expansão marítima, passou ao ram a viver em complexos fortificados. Um sistema de rampas e escadas
Ocidente, concretamente a Cartago e Gades. levava da porta da cidade ao salão onde ardia o fogo sagrado. Esse projeto
Entre os rituais fenícios mais praticados tiveram papel essencial os sa- tornou-se mais tarde a planta do templo grego.
crifícios de animais, mas também os humanos, principalmente crianças.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 43 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
tinham laços com suas cidades de origem. No final do século VII a.C., a
cunhagem de moedas, que os gregos jônicos aprenderam com os lídios,
revolucionou o comércio.
O que hoje se entende como literatura e filosofia gregas nasceu nas
cidades jônicas, onde também surgiu o alfabeto grego. Um importante
elemento de aglutinação cultural dessas cidades foram os poemas homéri-
cos Ilíada e Odisseia, baseados na guerra de Troia e nas viagens do herói
Ulisses. Os gregos consideravam a poetisa Safo, da ilha de Lesbos, o
maior nome da poesia lírica e Tales de Mileto o primeiro grande filósofo
grego. Foi também nesse período, na Beócia, no continente, que floresceu
Hesíodo.
Período clássico. O século V a.C., início do período clássico, foi a um
só tempo infausto e glorioso para a Grécia continental. Os persas invadi-
ram por duas vezes o território grego, de forma devastadora. Mas foi
também um século de triunfos, que correspondeu ao ápice da cultura
grega. As guerras greco-pérsicas, iniciadas em 499 a.C., fizeram com que
Por volta do ano 1600 a.C., a fusão entre grupos do continente e a civi- Atenas e Esparta, as duas cidades hegemônicas, superassem divergências
lização minóica de Creta levou ao surgimento da cultura micênica, nome e se aliassem contra o inimigo comum. Os persas esmagaram a revolta, e
derivado da cidade de Micenas, no continente. A civilização minóica, a Dario I o Grande resolveu punir Atenas.
mais característica de toda a região do Egeu, notabilizara-se por suas Em 490 a.C. Dario lançou uma força invasora, mas o exército atenien-
cidades populosas, com grandes edifícios e residências luxuosas; pelo se rechaçou o ataque, na batalha de Maratona. A vitória foi importante por
agudo senso comercial; pelas conquistas artísticas, que incluíam a escrita; duas razões: mostrou as perdas que os hoplitas (soldados de infantaria
e pela forma de governo, que concentrava o poder político nas mãos de um com armadura pesada ou fortemente armados) gregos foram capazes de
rei, encarregado de administrar as riquezas do país. impor aos persas e pôde ser usada para fins de propaganda.
Civilização micênica. A monarquia minóica acabou por submeter-se ao A segunda guerra greco-pérsica, dirigida por Xerxes, filho e sucessor
poder militar micênico, mas a cidade de Micenas valorizou a arte minóica de Dario I, teve início com a expedição punitiva realizada dez anos depois,
de tal forma que acabou por importar seus artistas, cujas influências se quando os persas derrotaram os gregos no desfiladeiro das Termópilas e
manifestam nos temas ornamentais que adornam sua cerâmica, nas repre- incendiaram a Acrópole. Mesmo assim, Temístocles, comandante da frota
sentações pictóricas e na ourivesaria. A sociedade micênica era guerreira, ateniense, destruiu com as trirremes gregas -- naus dotadas de três pavi-
como demonstram seu conhecimento dos carros puxados por cavalos, mentos de remos e vela redonda -- a frota persa, em Salamina. Sem o
suas extraordinárias fortificações, os palácios construídos em torno de um apoio naval, o exército persa foi finalmente dizimado na batalha de Plateia,
mégaro (salão central) e as armas e armaduras encontradas nas tumbas em 479 a.C., por uma confederação de cidades gregas. A vitória deveu-se
escavadas. principalmente ao amor à liberdade dos gregos, que defenderam desespe-
Diante da pressão dos dórios, povo procedente do norte que migrou radamente sua independência, ameaçada por um inimigo mais poderoso.
para a Grécia no início do século XII a.C., a civilização micênica sucumbiu. A essa altura, Atenas e Esparta, as principais cidades-estados, exibi-
Os dórios eram um povo guerreiro, que usava armas de ferro e cultuava am acentuados contrastes, tanto na forma de governo quanto em cultura.
deuses masculinos, mais frequentemente do que femininos. Destruíram os De acordo com a tradição instituída por seu legislador, Licurgo, Esparta
palácios micênicos e escravizaram todos que não conseguiram fugir a adotara um regime autoritário e militarista, em que os homens eram prepa-
tempo para Atenas, para as ilhas ou para a Anatólia. Sua forma de vida era rados para a guerra e as mulheres para gerar bravos guerreiros. Atenas
tão rude que os 300 anos de seu domínio ficaram conhecidos como idade vivia em regime democrático, graças à constituição legada por Sólon, que
das trevas -- ou como período geométrico, em alusão à simplicidade de permitiu uma participação cada vez maior dos cidadãos, ricos ou pobres,
sua cerâmica. na elaboração das leis. Atenas prosperou principalmente durante o gover-
À medida que a Grécia se recuperava dos efeitos da invasão, o povo no de Péricles, de 460 a 429 a.C., e se transformou na capital política,
grego foi desenvolvendo uma língua e uma religião em comum com os econômica e cultural do mundo grego. A democracia de Péricles despojou
dórios, e as populações tornaram-se semelhantes. Todos cultuavam uma a aristocracia da maioria dos poderes e privilégios; o conselho dos 500
família de deuses chamados olímpicos, que habitariam palácios no monte resolvia todos os assuntos do estado e controlava o executivo, e a vontade
Olimpo. O culto compreendia a realização de festivais, disputas atléticas popular se expressava na assembleia. Péricles se dedicou à consolidação
entre as cidades e cerimônias dedicadas ao deus protetor de cada cidade. do poder ateniense, mas não conseguiu a unificação pan-helênica, que
A mais conhecida dessas celebrações eram os Jogos Olímpicos, realiza- tanto almejara.
dos a cada quatro anos em Olímpia, em honra a Zeus e Hera. Os jogos Em 477 a.C. Atenas firmara com as cidades jônicas uma aliança, a liga
começaram a ser disputados em 776 a.C., primeira data registrada da de Delos, para protegê-las dos persas. No início, as cidades que faziam
história da Grécia antiga. A partir de então, os gregos passaram a datar os parte da liga mantiveram sua autonomia, mas Atenas desde o primeiro
acontecimentos fazendo referência ao ano olímpico. momento assumiu a direção militar e a administração dos recursos que os
Período arcaico. O terror das invasões dórias resultou na formação de aliados haviam depositado no templo de Apolo, em Delos. Ao afastar-se o
cidades-estados, as pequenas nações gregas, surgidas à medida que os perigo persa, a hegemonia ateniense começou a ser discutida por algumas
habitantes dos vilarejos dispersos buscavam proteção nas proximidades cidades, como Naxos e Tasos, que tentaram sem êxito abandonar a liga;
das fortificações micenianas. Em 800 a.C. aproximadamente, as cidades pelas cidades independentes, como Corinto, que se sentiam ameaçadas; e
passaram a seguir um mesmo padrão urbanístico: uma fortaleza (acrópole) pelas que faziam parte da liga do Peloponeso, à frente das quais estava
cercada de muros altos abrigava os templos e podia acomodar a popula- Esparta.
ção e os moradores dos povoados próximos quando a cidade fosse sitiada. Guerra do Peloponeso. Os choques entre Atenas e outras cidades se
Abaixo dela ficavam o mercado (ágora) e os quarteirões residenciais. As tornaram cada vez mais frequentes. A intervenção ateniense no conflito
cidades-estados tinham governo próprio, limites definidos e mantinham entre Corinto e Corcira (atual Corfu) provocou, a pedido de Corinto, a
entre si relações diplomáticas. A história política da Grécia antiga é, em reunião da liga do Peloponeso, cujos membros decidiram declarar guerra a
grande medida, a história das cinco maiores cidades-estados -- Atenas, Atenas. Os atenienses nada fizeram para evitá-la, confiantes nas vultosas
Esparta, Tebas, Corinto e Argos. reservas de ouro, suficientes para financiar um longo conflito, e na frota de
O período arcaico se estende de meados do século VIII até o início do navios, imensamente superior à dos peloponesos. Mas o exército esparta-
século V a.C. Pressionada pelo crescimento demográfico na Grécia conti- no era mais numeroso e estava melhor preparado que o ateniense. Come-
nental, a população fundou várias colônias, da Anatólia e do mar Negro à çou assim uma guerra que se prolongaria por quase trinta anos, com
França, Espanha e norte da África. Os oriundos de Atenas fundaram as resultados desfavoráveis para ambos os lados.
primeiras colônias na Anatólia, ajudados pela Lídia. As cidades jônicas Durante os primeiros anos de guerra, as forças atenienses e esparta-
originaram-se do comércio no mar Negro. Os habitantes das novas cidades nas se mantiveram equilibradas, mas a intervenção da Pérsia acabou por
da Ásia ou das margens do Mediterrâneo consideravam-se gregos e man- favorecer Esparta. A destruição completa do exército e da frota atenienses

Ciências Humanas e suas Tecnologias 44 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
na Sicília paralisou Atenas. Com o apoio da Pérsia, o excelente estrategis- oriente bárbaro e a civilização grega constituíram a origem da chamada
ta espartano Lisandro conseguiu triunfar na batalha decisiva de Egospóta- civilização helenística, que se desenvolveu em grande parte da Ásia (Pér-
mos, em 405 a.C. Atenas resistiu ao assédio lacedemônio, mas foi obriga- sia, Síria e Índia) e no Egito. Assim, depois que a Grécia perdeu o poder e
da a render-se. Após perder o império mediterrâneo, voltou a contar ape- a independência política, sua língua e sua cultura se tornaram universais.
nas com seus próprios recursos. Apesar da paz assinada em 404 a.C., o Alexandre concebeu o plano de um império que resultaria da união de
mundo grego, inteiramente dividido, jamais recuperou o esplendor do gregos e persas, mas morreu de febre na Babilônia, em 323 a.C. Liderados
passado. A Pérsia, verdadeira vencedora do conflito, passou a participar por Atenas, os gregos se revoltaram nesse ano contra a Macedônia na
ativamente da política grega, ora em apoio a Esparta, ora a Atenas, ora chamada guerra lamiana, mas tiveram de capitular depois da derrota de
finalmente atuando como potência mediadora entre as duas cidades- Amorgos e a Liga de Corinto foi dissolvida. O problema da sucessão de
estados. Alexandre arrastou o país a novas guerras. Por fim, impuseram-se os
Depois da guerra do Peloponeso instalou-se a hegemonia lacedemô- antigônidas na Macedônia, a monarquia selêucida no Oriente e a ptolomai-
nia e Esparta tentou impor o regime oligárquico em toda a Grécia. Descon- ca no Egito. Com isso, o império dividiu-se definitivamente, embora os
tente com o acordo de paz e com o predomínio de Esparta, Tebas fez uma anseios de liberdade dos gregos os levassem ainda a novas guerras e
aliança com sua antiga inimiga Atenas. Em 379 a.C., dois tebanos, Pelópi- coligações, de êxito esporádico, até a intervenção final e a ocupação do
das e Epaminondas, organizaram uma conspiração contra a guarnição território pelos romanos.
espartana da Cadmeia (cidadela de Tebas), que marcou o começo da Domínio romano. As primeiras relações dos romanos com as cidades
decadência de Esparta. Ameaçados pelo avanço tebano, os espartanos gregas haviam sido amistosas. Todavia, quando em 215 a.C. Filipe V da
assinaram, em 374 a.C., um novo tratado de paz com Atenas: esta reco- Macedônia aliou-se ao cartaginês Aníbal, Roma resolveu intervir militar-
nhecia a supremacia espartana no Peloponeso, e Esparta, em troca, mente e obteve a vitória contra os macedônios em Cinoscéfalas, no ano
reconhecia a segunda liga marítima ateniense. Esparta, no entanto, que- 197 a.C. Seguindo uma política de prudência, Roma respeitou o reino
brou o acordo e interveio contra Atenas mais uma vez no oeste. macedônio e devolveu a autonomia às cidades gregas. A partir de 146
Começou nessa época o apogeu da Tessália e de Tebas, que reorga- a.C., porém, a Grécia ficou submetida definitivamente ao domínio da
nizaram seus exércitos e restauraram a Liga Beócia, o que motivou a república romana, embora tenha continuado a manter a primazia espiritual
reaproximação entre Esparta e Atenas. Na batalha de Leuctras, em 371 sobre o mundo antigo.
a.C., Epaminondas, renovador da tática militar, infligiu à infantaria esparta- Roma antiga
na uma derrota de que ela nunca mais se recuperou. Depois da batalha de Grande parte da organização do mundo moderno se deve ao império
Mantineia (362 a.C.), em que os tebanos, apesar de terem vencido os que Roma foi capaz de construir há dois mil anos em torno do mar Mediter-
atenienses e espartanos, perderam Epaminondas, assinou-se uma paz râneo. Os idiomas falados no sul da Europa, América Latina e outras
pela qual nenhum estado conseguiu impor seu domínio. O equilíbrio alcan- partes do mundo constituem uma das heranças diretas da civilização
çado após Mantineia se apoiava unicamente na exaustão a que tinham romana.
chegado igualmente todos os estados gregos. Com o desmoronamento Sob o título Roma antiga estuda-se todo o dilatado período que com-
definitivo dos sonhos e ambições hegemônicas de Atenas, Esparta e preende as origens de Roma, no século VIII a.C., a fase monárquica, a
Tebas, a Grécia ficou à mercê de um país do norte: a Macedônia. república romana e o império, até o ano 476 da era cristã, quando ocorre o
Hegemonia macedônica e decadência. A dissolução da liga ateniense fim do Império Romano do Ocidente.
ocorreu ao mesmo tempo em que a Macedônia começava a ascender, Origens da cidade
liderada por Filipe II. Depois de unificar o reino, Filipe II iniciou uma política No século VIII a.C., duas grandes civilizações haviam lançado suas
de expansão cujo primeiro objetivo foi proporcionar ao país uma saída para bases na península itálica: nas terras onde posteriormente se localizaria a
o mar. As cidades que resistiram foram destruídas. A conquista das minas Toscana, as avançadas cidades etruscas se aproximavam do auge de seu
de ouro do monte Pangeu forneceu os recursos necessários para fazer da esplendor; no sul da península e na Sicília, a chamada Magna Grécia
Macedônia uma potência. implantava uma cultura semelhante à da Hélade, em cidades como Tarento
O exército macedônico foi reorganizado por Filipe, que o dotou da fa- e Siracusa.
mosa falange e de equipamentos de guerra. Atenas não se opôs ao avan- Os demais povos que habitavam a Itália, como os latinos e os samni-
ço macedônico. Só mais tarde o orador Demóstenes concitou os cidadãos tas, dispersos entre aqueles dois grupos, encontravam-se num estágio
atenienses a resistirem a Filipe, mas, juntamente com os tebanos, os pouco desenvolvido de civilização. As aldeias que iriam formar a Roma dos
atenienses foram derrotados na decisiva batalha de Queroneia, em 338 reis e as outras aglomerações rústicas do Lácio nos séculos IX e VIII a.C.
a.C. Filipe uniu todas as cidades gregas, com exceção de Esparta, e partilhavam língua e costumes religiosos e se unificaram mediante essa
assumiu pessoalmente o comando da confederação, o que na prática identidade cultural.
significou submeter a Grécia à Macedônia. Na parte central da península itálica, o rio Tibre, já próximo de sua de-
Filipe foi assassinado em 336 a.C., quando se preparava para realizar sembocadura, atravessava uma região de terras pantanosas, entre as
a conquista da Pérsia. Seu filho e herdeiro, Alexandre o Grande, que tinha quais se destacavam algumas colinas cobertas de bosques. O local era
então vinte anos, transformou em realidade esse ambicioso projeto. Toda a estratégico para os povos vizinhos: os latinos ali pastoreavam seus reba-
sociedade grega sofria então as consequências de suas próprias guerras nhos; os sabinos comerciavam o sal da costa e o transportavam rio acima;
civis e dos confrontos com a Macedônia. O campo ficou devastado e os e os etruscos afluíam do norte para vender seus produtos manufaturados
pequenos proprietários rurais tenderam a desaparecer. Os mercenários se às populações ribeirinhas, menos desenvolvidas. Na colina do Palatino, às
converteram num mal inevitável que assolou o campo e as cidades. As margens do Tibre, estabeleceu-se em meados do século VIII um núcleo
contínuas guerras provocaram a estagnação econômica, enquanto as populacional composto de agricultores e criadores de gado, entre os quais
classes menos favorecidas esperavam a assistência do estado. Entre os devia haver também comerciantes.
intelectuais do período, como Platão, Isócrates e Xenofonte, começou a
ganhar forma a ideia da unificação grega sob a liderança de um dirigente
carismático.
Alexandre o Grande se propôs unificar sob seu poder todo o mundo ci-
vilizado. Entretanto, antes de iniciar suas campanhas contra a Pérsia
precisava assegurar o domínio sobre as cidades gregas. Primeiramente,
conseguiu que a Liga de Corinto o nomeasse comandante supremo dos
gregos. Depois de submeter, em 335 a.C., os trácios e ilírios, que se havi-
am sublevado, voltou-se contra Tebas, que também se rebelara e destruiu
a cidade, matando ou escravizando todos os seus habitantes. A Grécia
comprovou a impossibilidade de opor-se a Alexandre, que pôde então
empreender suas conquistas na Ásia. Depois de confiar a Antípatro a
regência da Macedônia e o governo da Grécia, cruzou o Helesponto.
Em 334 a.C., Alexandre atravessou a Ásia, desafiou Dario III e chegou
à Índia. Suas conquistas e seu projeto de construir uma ponte entre o Ruínas de Cartago

Ciências Humanas e suas Tecnologias 45 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Em épocas posteriores, diversos autores recolheram e deram forma li- início a uma série de guerras contra seus vizinhos, o que acabou por lhe
terária a antigas lendas sobre a fundação da cidade, que teve sua data valer o domínio da Itália. A segunda guerra samnita, em que as forças
fixada convencionalmente em 753 a.C. Segundo essas lendas, o fundador, romanas foram vencidas, terminou em 321 a.C. com a chamada Paz
Rômulo, descendia do herói troiano Eneias e foi amamentado, junto com Caudina, uma alusão ao humilhante desfile a que foram obrigados os
seu irmão Remo, por uma loba, que se converteu no símbolo da cidade. romanos derrotados pelo desfiladeiro samnita de Caudinae Forculae.
Monarquia Entretanto, na terceira guerra samnita, de 298 a 290 a.C., as forças roma-
De acordo com as fontes tradicionais, sete reis governaram Roma ao nas conseguiram a esmagadora vitória de Sentino, contra uma coligação
longo de dois séculos e meio, período durante o qual o território dominado formada por seus principais inimigos.
pelos romanos passou por uma paulatina expansão. Os quatro primeiros Todo o centro da Itália caiu então sob o poderio de Roma. O expansi-
monarcas, Rômulo, Numa Pompílio, Tulo Hostílio e Anco Márcio, parecem onismo de Roma, já convertida em grande potência, voltou-se para as ricas
ser totalmente lendários, e acredita-se que tanto seus nomes quanto seus cidades gregas do sul da península. A poderosa Tarento caiu em suas
feitos foram imaginados e narrados muitos séculos após a fundação da mãos em 271 a.C. e logo toda a península itálica tornou-se romana.
cidade. Os três últimos soberanos foram os etruscos Tarquínio o Velho, Roma submetia as cidades dominadas a regimes jurídicos diversos.
Sérvio Túlio e Tarquínio o Soberbo, de existência mais documentada, cujos Basicamente, respeitou as instituições governamentais de cada uma delas
governos se estenderam pela maior parte do século VI. e executou uma hábil política, concedendo, em alguns casos, a cidadania
A monarquia etrusca coincidiu com uma época de notável progresso romana a seus habitantes, embora sem direitos políticos na metrópole. O
econômico e cultural: os romanos, povo de mentalidade prática, adotaram resultado foi a conquista de um vasto território em que a ordem jurídica se
o alfabeto grego e o modificaram até criar o alfabeto latino, que seria encontrava uniformizada e garantida, o que permitiu o incremento das
posteriormente utilizado por quase todos os idiomas do mundo. Tanto os relações comerciais e a manutenção de um poderoso exército. Logo foram
etruscos do norte quanto os gregos do sul tiveram influência significativa na construídas as primeiras grandes vias de comunicação terrestre e estabe-
formação da cultura especificamente latina. Roma, que não passava de um lecido o domínio marítimo da costa da península. Cidadãos romanos
aglomerado de aldeias, converteu-se numa verdadeira cidade, na qual os estabeleceram colônias, primeiro no Lácio e depois no resto da península
reis etruscos executaram grandes obras públicas: saneamento, constru- itálica, o que contribuiu para a integração do território.
ções de templos e de locais públicos de reunião.
É provável que a expulsão dos etruscos tenha, na verdade, ocorrido
vários decênios depois de 509 a.C., a data convencionalmente fixada para
sua ocorrência. O último rei, Tarquínio o Soberbo, foi deposto pelos cida-
dãos de Roma, que instauraram então o regime republicano.

República
Patrícios e plebeus. Nos primeiros tempos da república, só os mem-
bros das famílias mais poderosas habilitavam-se a participar do governo da
cidade. Seu poder era exercido pelo Senado, uma assembleia integrada
pelos chefes das principais famílias, que exerciam o cargo a título vitalício.
As tensões entre patrícios e plebeus fizeram com que estes últimos recor-
ressem, por duas vezes, a movimentos de secessão, mediante a retirada
para fora dos muros de Roma e a recusa de cumprir obrigações militares.
Obrigado a aceitar suas condições, o Senado acabou por autorizar a
criação de assembleias de plebeus. Essas assembleias nomeavam os Casa em Pompeia
tribunos da plebe, os quais gozavam de imunidade e eram dotados de Expansão mediterrânea. Em meados do século III, Roma -- senhora da
poderes para proteger o povo das ações arbitrárias dos magistrados. península itálica -- empreendeu a expansão que a tornaria dona do Medi-
Por volta de 450 a.C., o direito consuetudinário romano foi codificado terrâneo. Para isso, era inevitável o confronto com um poderoso inimigo:
pelos decênviros (magistrados especialmente designados para essa mis- Cartago. A cidade norte-africana dominava um extenso império comercial
são) e promulgada a Lei das Doze Tábuas, embrião do vasto corpo jurídico que incluía, além das costas africanas, o sul da península ibérica, a Córse-
que Roma legou ao mundo e que haveria de constituir a base dos sistemas ga, a Sardenha e a maior parte da Sicília. Todas as três ilhas caíram em
jurídicos modernos. A pressão dos plebeus levou a novas concessões, até poder dos romanos após a primeira guerra púnica, de 264 a 241 a.C. Mais
que, ao obterem acesso à dignidade sacerdotal, no ano 300 a.C., tornou-se tarde, Roma deu início à colonização do vale do Pó e se impôs aos gaule-
completa a igualdade jurídica entre todos os cidadãos da república. ses, os quais ali se estabeleceram no século IV.
Expansão territorial. A Roma monárquica havia integrado uma federa- Também as costas orientais do mar Adriático caíram sob a influência
ção de cidades latinas. Quando caíram os reis etruscos, as populações romana em consequência das campanhas empreendidas contra os piratas
vizinhas deram início a um movimento para exigir maior autonomia, o que que tinham suas bases no litoral de Ilíria. Uma nova guerra com Cartago --
obrigou Roma a intensificar suas ações militares até reconstruir a antiga a segunda guerra púnica -- começou em 218 a.C. Quando chegou ao fim,
Liga Latina, dessa vez sob seu predomínio. Ao longo do século V, Roma em 201 a.C., a cidade africana havia deixado de ser uma potência rival, e
dominou diversos povos. A vizinha cidade etrusca de Veios, principal rival grande parte da península ibérica caiu, com suas riquezas minerais, em
de Roma, foi destruída em 396 a.C., ao fim de dez anos de guerra. poder de Roma. A terceira guerra púnica, de 149 a 146 a.C., terminou com
Invasão dos gauleses. No início do século IV, povos celtas proceden- a destruição definitiva de Cartago e com a incorporação a Roma dos restos
tes da planície da Europa central invadiram o norte da Itália e venceram os de seu império.
etruscos. Prosseguindo seu avanço pela península, chocaram-se com as Ao mesmo tempo em que estabelecia seu domínio sobre o Mediterrâ-
forças romanas junto ao rio Ália e as derrotaram em 390 a.C. Os celtas neo ocidental, Roma empreendeu a expansão pela zona oriental. A inter-
apoderaram-se então de Roma e a incendiaram ao abandoná-la, depois de venção na Macedônia e Grécia teve início na época da segunda guerra
reunir um grande saque. Roma se recuperou rapidamente e em poucos púnica, mas a Macedônia só se tornou província romana em 148 a.C. Dois
anos se transformou na maior potência da Itália central, ao mesmo tempo anos mais tarde, a destruição de Corinto punha fim às aspirações de
que as cidades etruscas entravam em decadência, vítimas dos constantes independência dos gregos. Em 133 a.C., Átalo III, rei de Pérgamo, legou
ataques gauleses, que contribuíram para arruinar sua civilização. Data seu reino a Roma, com o que os domínios da cidade chegaram pela pri-
dessa época a muralha Serviana, que protegia uma Roma de dimensões já meira vez à Ásia. Somente no início do século I a.C. Roma reiniciou sua
bastante consideráveis. expansão pela Anatólia, Síria e Judeia.
Conquista da Itália. A cidade de Cápua, situada na Campânia, a su- A partir do ano de 125 a.C., com os ataques de címbrios e teutões à
deste de Roma, solicitou sem êxito a ajuda dos romanos para enfrentar os recém-organizada província Gália Narbonense, atual sul da França, teve
samnitas, seus inimigos. A poderosa comunidade samnita infiltrada em início a ocupação romana com o objetivo de estabelecer uma via de comu-
Roma -- que se transformava numa metrópole para a qual acorriam imi- nicação terrestre entre a Itália e os domínios ibéricos. Esses povos, proce-
grantes das mais diversas etnias -- conseguiu que a cidade de Roma se dentes da Jutlândia, desceram pela Europa central até chocar-se com as
voltasse contra Cápua. Depois que esta foi derrotada, os samnitas deram legiões romanas, que foram por elas derrotadas em Orange, no ano 105

Ciências Humanas e suas Tecnologias 46 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
a.C. Ante a lembrança da antiga invasão gaulesa, Roma reuniu todas as des colocou em perigo as próprias bases da república romana, até que
suas forças e o cônsul Caio Mário conseguiu obrigar os invasores nórdicos foram exterminados pelo exército, sob o comando de Pompeu. O mesmo
a retroceder, rechaçando os címbrios e teutões da Gália no período entre cônsul conseguiu a vitória na luta contra os piratas e nas guerras do Orien-
105 a 101 a.C. te, o que lhe permitiu voltar triunfalmente a Roma. O Senado, temeroso de
Evolução da sociedade romana. Depois que Roma se tornou centro de seu prestígio, desautorizou seu trabalho legislativo no Oriente e sua pro-
um grande território, os habitantes da cidade, que nos primeiros tempos da messa de distribuir terras aos veteranos da guerra. Em represália, Pompeu
república constituíam um povo sóbrio, guerreiro e trabalhador, começaram se aliou a dois outros líderes poderosos, Júlio César e Marco Licínio Cras-
a desfrutar as imensas riquezas acumuladas. Desapareceu o serviço militar so, para enfrentar a nobreza senatorial.
como direito e dever do cidadão. As legiões começaram então a ser forma- O primeiro triunvirato, estabelecido em 60 a.C., manteve o equilíbrio de
das com mercenários procedentes de toda a Itália e, mais tarde, de todas poder durante vários anos, ao longo dos quais César promoveu a conquis-
as regiões dominadas, o que provocou uma grande mistura de etnias e ta das Gálias e expedições além do Reno e do canal da Mancha. O Sena-
costumes. A Grécia foi saqueada e seus tesouros artísticos enviados a do procurou o apoio de Pompeu, em 52 a.C., para destruir o crescente
Roma. As classes altas, a começar por algumas famílias como a dos poder de César. Eclodiu então uma guerra civil e os partidários de Pompeu
Cipiões, assimilaram a cultura helênica, que foi protegida e imitada. Os foram derrotados em todas as regiões do mundo romano. César fez-se
prisioneiros de guerra constituíram um imenso exército de escravos, cujo nomear ditador perpétuo e assumiu plenos poderes. Em pouco tempo,
trabalho barato nas grandes propriedades e nas manufaturas arruinou os modificou a legislação romana, o censo de cidadãos e o calendário. A 15
camponeses e os artesãos livres da península itálica. de março de 44 a.C., foi assassinado por um grupo de senadores.
O sistema econômico, muito monetarizado, permitiu notável acúmulo O Senado tentou recuperar seu antigo poder, mas a revolta do povo
de capital. Os grandes comerciantes e banqueiros romanos pertenciam em romano após os funerais do ditador desencadeou novo período de lutas
geral à classe dos cavaleiros (equites), intermediária entre as grandes civis e repressão. Em 43 a.C., constituiu-se um segundo triunvirato, inte-
famílias que dividiam as cadeiras do Senado e as classes baixas. O prole- grado por Marco Antônio, Marco Emílio Lépido e Caio Otávio (chamado
tariado romano transformou-se numa classe ociosa que vivia miseravel- depois Augusto), que o Senado foi obrigado a reconhecer. Os triúnviros
mente das subvenções e distribuições de alimentos, frequentava as termas dividiram os domínios de Roma, mas nem por isso cessaram as lutas
e era entretida com jogos públicos e circo. A própria Roma tornou-se uma internas. Lépido foi neutralizado, Otávio ocupou habilmente o poder no
grande cidade parasita, que importava grande quantidade de mercadorias Ocidente e Marco Antônio, impopular em Roma devido a seu comporta-
de luxo e especiarias orientais, trigo da Sicília e do norte da África, azeite mento de déspota oriental, foi derrotado em Actium (Áccio) em 31 a.C.
da Espanha e escravos de todo o imenso território colonial. O velho siste- Com sua morte, Otávio tornou-se o único senhor de Roma. A queda de
ma político republicano, edificado por e para uma cidadania identificada Alexandria e o suicídio da rainha Cleópatra -- aliada de Marco Antônio --
com sua cidade, era cada vez menos capaz de funcionar numa sociedade deixaram o Egito em mãos de Otávio, que o incorporou a Roma como
enriquecida que perdera seus ideais. Teve início assim um longo período patrimônio pessoal.
de instabilidade interna que só cessou quando a velha república romana se
transformou em império. Império
Ditaduras e guerras civis. As últimas décadas do século II registraram Otávio Augusto. Depois de um século de lutas civis, o mundo romano
lutas sociais que tiveram como protagonistas os irmãos Tibério e Caio estava desejoso de paz. Otávio se encontrou na situação daquele que
Graco, eleitos tribunos da plebe. Já não se tratava, como no início da detém o poder absoluto num imenso império com suas províncias pacifica-
república, da reivindicação de igualdade de direitos por parte dos plebeus, das e em cuja capital a aristocracia se encontrava exausta e debilitada. O
mas do protesto do povo, reduzido à miséria, contra os ricos e, muito Senado não estava em condições de opor-se aos desejos do general,
especialmente, contra a nobreza senatorial, proprietária da maior parte das detentor do poder militar. A habilidade de Augusto -- nome adotado por
terras da Itália. Otávio em 27 a.C. -- consistiu em conciliar a tradição republicana de Roma
Mais tarde, generais vitoriosos como Mário, vencedor dos címbrios e com a de monarquia divinizada dos povos orientais do império. Conhece-
teutões, e Sila, pacificador da Itália, aproveitaram o poderio de seus exérci- dor do ódio ancestral dos romanos à instituição monárquica, assumiu o
tos e sua popularidade entre o povo para tentar apoderar-se do estado título de imperador, por meio do qual adquiriu o imperium, poder moral que
romano. O Senado, temeroso de sua influência, interveio mais ou menos em Roma se atribuía não ao rei, mas ao general vitorioso.
abertamente contra eles. As classes altas tentavam consolidar as institui- Sob a aparência de um retorno ao passado, Augusto orientou as insti-
ções republicanas, enquanto o povo desejava, com determinação cada vez tuições do estado romano em sentido oposto ao republicano. A burocracia
maior, um governante único. Por outro lado, as possessões orientais, cuja se multiplicou, de forma que os senadores se tornaram insuficientes para
influência no mundo romano era considerável, careciam de tradição repu- garantir o desempenho de todos os cargos de responsabilidade. Isso
blicana e seus habitantes consideravam natural o fato de serem governa- facilitou o ingresso da classe dos cavaleiros na alta administração do
dos por autocratas divinizados. império. Os novos administradores deviam tudo ao imperador e contribuí-
A guerra social eclodiu na Itália quando os habitantes da península am para fortalecer seu poder. Pouco a pouco, o Senado -- até então domí-
exigiram a cidadania romana para terem acesso à distribuição das terras nio exclusivo das antigas grandes famílias romanas -- passou a admitir
públicas. Em 91 a.C., estendeu-se pela península uma verdadeira guerra italianos e, mais tarde, representantes de todas as províncias. A cidadania
civil que só terminou quando, ao fim de três anos, foi concedida a cidada- romana ampliou-se lentamente e somente em 212 da era cristã o impera-
nia romana a todos os italianos. dor Marco Aurélio Antonino, dito Caracala, reconheceu todos os súditos do
No ano 88 a.C. rebentou na Anatólia uma rebelião contra o poder de império.
Roma. O Senado confiou o comando do exército, encarregado de reprimi- O longo período durante o qual Augusto foi senhor dos destinos de
la, a Lúcio Cornélio Sila, mas a plebe romana o destituiu e colocou Mário Roma, entre 27 a.C. e 14 da era cristã, caracterizou-se pela paz interna
em seu lugar, o vencedor dos invasores bárbaros, que simpatizava com o (pax romana), pela consolidação das instituições imperiais e pelo desen-
partido popular. volvimento econômico. As fronteiras europeias foram fixadas no Reno e no
À frente das tropas expedicionárias, Sila tomou Roma, desterrou Mário Danúbio, completou-se a dominação das regiões montanhosas dos Alpes e
e restabeleceu o poder senatorial. Quando Sila retomou o caminho da da península ibérica e empreendeu-se a conquista da Mauritânia.
Ásia, os partidários de Mário aproveitaram-se de seu afastamento para se O maior problema, porém, que permaneceu sem solução definitiva, foi
apoderar mais uma vez da capital. Após restabelecer a autoridade de o da sucessão no poder. Nunca existiu uma ordem sucessória bem defini-
Roma no Oriente, Sila voltou à metrópole. Os partidários de Mário foram da, nem dinástica nem eletiva. Depois de Augusto, revezaram-se no poder
derrotados em 82 a.C. e se estabeleceu em Roma um regime ditatorial. No diversos membros de sua família. A história salientou as misérias pessoais
poder, Sila fortaleceu a posição das classes altas e limitou as atribuições e a instabilidade da maior parte dos imperadores da dinastia Júlio-Cláudia,
dos tribunos da plebe, que foram privados do direito de veto, de convoca- como Caio Júlio César Germânico, dito Calígula, imperador de 37 a 41, e
ção do Senado e de apresentação de projetos de lei à assembleia sem Nero Cláudio César, de 54 a 68. É provável que tenha havido exagero, pois
autorização senatorial. Sila deixou voluntariamente o poder em 79 a.C., as fontes históricas que chegaram aos tempos modernos são de autores
pouco antes de sua morte. que se opuseram frontalmente a tais imperadores.
Em 73 a.C. eclodiu uma rebelião de escravos liderados pelo gladiador Mas se a corrupção e a desordem reinavam nos palácios romanos, o
Espártaco. Durante dois anos, um grande contingente de escravos rebel- império, solidamente organizado, parecia em nada ressentir-se. O sistema

Ciências Humanas e suas Tecnologias 47 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
econômico funcionava com eficácia, registrava-se uma paz relativa em social. Voltou-se à autarquia de cada território e o comércio decaiu. A
quase todas as províncias e além das fronteiras não existiam inimigos navegação tornou-se mais difícil. O poder do estado enfraqueceu e, em
capazes de enfrentar o poderio de Roma. Na Europa, Ásia e África, as compensação, os grandes proprietários rurais começaram a organizar
cidades, bases administrativas do império, cresciam e se tornavam cada pequenos exércitos privados e a administrar a justiça em seus domínios.
vez mais cultas e prósperas. As diferenças culturais e sociais entre as O século III viu acentuar-se o aspecto militar dos imperadores, que
cidades e as zonas rurais que as cercavam eram enormes, mas nunca acabou por eclipsar todos os demais. Registraram-se diversos períodos de
houve uma tentativa de diminuí-las. anarquia militar, no transcurso dos quais vários imperadores lutaram entre
Ao primitivo panteão romano juntaram-se centenas de deuses e, na re- si devido à divisão do poder e dos territórios. As fronteiras orientais, com a
ligião como no vestuário e em outras manifestações culturais, difundiram- Pérsia, e as do norte, com os povos germânicos, tinham sua segurança
se modismos egípcios e sírios. A partir de suas origens obscuras na Ju- ameaçada. Bretanha, Dácia e parte da Germânia foram abandonadas ante
deia, o cristianismo foi-se aos poucos propagando por todo o império, a impossibilidade das autoridades romanas de garantir sua defesa. Cres-
principalmente entre as classes baixas dos núcleos urbanos. Em alguns ceu o banditismo no interior, enquanto as cidades, empobrecidas, começa-
momentos, o rígido monoteísmo de judeus e cristãos se chocou com as vam a fortificar-se, devido à necessidade de defender-se de uma zona rural
conveniências políticas, ao opor-se à divinização, mais ritual que efetiva, que já não lhes pertencia. O intercâmbio de mercadorias decaiu e as rotas
do imperador. Registraram-se então perseguições, apesar da ampla tole- terrestres e marítimas ficaram abandonadas. Um acelerado declínio da
rância religiosa de uma sociedade que não acreditava verdadeiramente em população ocorreu a partir do ano 252, em consequência da peste que
nada. O Império Romano só começou a ser rígido e intolerante em matéria grassou em Roma.
religiosa depois que adotou o cristianismo como religião oficial, já no século Os imperadores Aureliano, regente de 270 a 275, e Diocleciano, de
IV. 284 a 305, conseguiram apenas conter a crise. Com grande energia, o
último tentou reorganizar o império, dividindo-o em duas partes, cada uma
das quais foi governada por um augusto, que associou seu governo a um
césar, destinado a ser o seu sucessor. Mas o sistema da tetrarquia não
deu resultados. Com a abdicação de Diocleciano, teve início uma nova
guerra civil.
Constantino I favoreceu o cristianismo, que gradativamente passou a
ser adotado como religião oficial. A esclerose do mundo romano era tal que
a antiga divisão administrativa se transformou em divisão política a partir
de Teodósio I, imperador de 379 a 395, o último a exercer sua autoridade
sobre todo o império. Este adotou a ortodoxia católica como religião oficial,
obrigatória para todos os súditos, pelo edito de 380.
Teodósio I conseguiu preservar a integridade imperial tanto ante a
ameaça dos bárbaros quanto contra as usurpações. No entanto, sancionou
a futura separação entre o Oriente e o Ocidente do império ao entregar o
governo de Roma a seu filho Honório, e o de Constantinopla, no Oriente,
ao primogênito, Arcádio. A parte oriental conservou uma maior vitalidade
demográfica e econômica, enquanto que o império ocidental, no qual
diversos povos bárbaros efetuavam incursões, umas vezes como atacan-
tes outras como aliados, se decompôs com rapidez.
Coliseu em Roma O rei godo Alarico saqueou Roma no ano 410. As forças imperiais,
O século II, conhecido como o século dos Antoninos, foi considerado somadas às dos aliados bárbaros, conseguiram entretanto uma última
pela historiografia tradicional como aquele em que o Império Romano vitória ao derrotar Átila nos Campos Catalaúnicos, em 451. O último impe-
chegou a seu apogeu. De fato, a população, o comércio e o poder do rador do Ocidente foi Rômulo Augústulo, deposto por Odoacro no ano 476,
império se encontravam em seu ponto máximo, mas começavam a perce- data que mais tarde viria a ser vista como a do fim da antiguidade. O
ber-se sinais de que o sistema estava à beira do esgotamento. A última império oriental prolongou sua existência, com diversas vicissitudes, duran-
grande conquista territorial foi a Dácia e na época de Trajano (98-117) teve te um milênio, até a conquista de Constantinopla pelos turcos, em 1453.
início um breve domínio sobre a Mesopotâmia e a Armênia. Depois dessa
época, o império não teve mais forças para anexar novos territórios. Legado de Roma
Decadência do império. Uma questão que os historiadores nunca con- A civilização romana foi original e criadora em vários campos: o direito
seguiram esclarecer de todo foi a da causa da decadência de Roma. romano, codificado no século VI, ao tempo do imperador Justiniano, consti-
Apesar da paz interna e da criação de um grande mercado comercial, a tuiu um corpo jurídico sem igual nos tempos antigos e forneceu as bases
partir do século II não se registrou nenhum desenvolvimento econômico e do direito da Europa medieval, além de ter conservado sua vigência, em
provavelmente também nenhum crescimento populacional. A Itália continu- muitas legislações, até os tempos modernos. As estradas romanas, perfei-
ava a registrar uma queda em sua densidade demográfica, com a emigra- tamente pavimentadas, uniam todas as províncias do império e continua-
ção de seus habitantes para Roma ou para as longínquas províncias do ram a facilitar os deslocamentos por terra dos povos que se radicaram nas
Oriente e do Ocidente. A agricultura e a indústria se tornavam mais próspe- antigas terras imperiais ao longo dos séculos, apesar de seu estado de
ras quanto mais se afastavam da capital. abandono. Conservaram-se delas grandes trechos e seu traçado foi segui-
No fim do século II, começou a registrar-se a decadência. Havia um do, em linhas gerais, por muitas das grandes vias modernas de comunica-
número cada vez menor de homens para integrar os exércitos, a ausência ção. As obras públicas, tais como pontes, represas e aquedutos ainda
de guerras de conquista deixou desprovido o mercado de escravos e o causam impressão pelo domínio da técnica e o poderio que revelam.
sistema econômico, baseado no trabalho da mão-de-obra escrava, come- Muitas cidades europeias mostram ainda em seu conjunto urbano os
çou a experimentar crises em consequência de sua falta, já que os agricul- vestígios das colônias romanas que foram no passado.
tores e artesãos livres haviam quase desaparecido da região ocidental do Se, em linhas gerais, a arte romana não foi original, Roma teve o méri-
império. Nas fronteiras, os povos bárbaros exerciam uma pressão crescen- to de haver sabido transmitir à posteridade os feitos dos artistas gregos. Os
te, na tentativa de penetrar nos territórios do império. Mas se terminaram poucos vestígios que sobreviveram da pintura romana mostram que as
por consegui-lo, isso não se deveu a sua força e sim à extrema debilidade tradições gregas continuavam vivas. Os temas indicam a crescente preo-
de Roma. cupação religiosa, a serviço dos imperadores divinizados; referem-se,
As cidades também começaram a entrar em decadência e os ricos principalmente, à imortalidade da alma e à vida de além-túmulo. O cristia-
burgueses que habitavam os centros urbanos se viram às voltas com nismo se valeu do Império Romano para sua expansão e organização e
obrigações e impostos cada vez mais altos. Em consequência, os proprie- depois de vinte séculos de existência são evidentes as marcas por ele
tários rurais voltaram para suas propriedades, onde se encontravam mais deixadas no mundo romano.
protegidos do assédio do fisco imperial. O esvaziamento dos centros O latim, idioma que a expansão romana tornou universal, está na ori-
urbanos, muito intenso na região ocidental, deixou o império sem sua base gem das atuais línguas românicas, tais como o espanhol, o italiano, o

Ciências Humanas e suas Tecnologias 48 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
português, o francês, o catalão e o romeno. Depois de quase dois mil anos, lutas internas, o que permitiu o fortalecimento dos poderes locais e a
pode-se ainda falar de um mundo latino de características bem diferencia- intervenção dos lombardos da Itália. Essa situação se manteve até o início
das. do século VII, quando Dagoberto I impôs a unidade territorial que permitiria
Idade Média o aparecimento de uma forte dinastia, a carolíngia.
Considerada desde o Renascimento como período obscurantista e de-
cadente, situado entre a antiguidade e o Renascimento, só em meados do
século XIX a Idade Média passou a ser entendida como etapa necessária
da história da civilização ocidental. Durante cerca de um milênio, a Europa
medieval passou por lentas mudanças econômicas e políticas que, no
entanto, prepararam o caminho da modernidade.
Chama-se Idade Média o período da história europeia compreendido
aproximadamente entre a queda do Império Romano do Ocidente e o
período histórico determinado pela afirmação do capitalismo sobre o modo
de produção feudal, o florescimento da cultura renascentista e os grandes
descobrimentos. A civilização medieval foi, em essência, a síntese de três
elementos: o legado da antiguidade greco-latina, a contribuição dos povos
germânicos e a religião cristã. O império bizantino e a civilização muçulma-
na na península ibérica constituem os limites geográficos e culturais mais
claros entre os quais transcorreu essa longa fase histórica. Do ponto de
vista cronológico, essas civilizações também tiveram sua Idade Média,
durante a qual viveram processos de características próprias.
A Idade Média europeia divide-se em duas etapas bem distintas: a alta
Idade Média, que vai da formação dos reinos germânicos, a partir do
século V, até a consolidação do feudalismo, entre os séculos IX e XII; e a
baixa Idade Média, que vai até o século XV, caracterizada pelo crescimen-
to das cidades, a expansão territorial e o florescimento do comércio.

Alta Idade Média


Reinos germânicos. A penetração e a fixação dos povos germânicos Castelo Medieval
no território do Império Romano deram lugar à formação de diversos rei- Na Itália ocorreram acontecimentos importantes depois da conquista
nos, a partir do início do século V. A autoridade imperial deixou de existir do reino ostrogodo pelo imperador bizantino Justiniano I, em meados do
no Ocidente no ano 476, com a deposição de Rômulo Augústulo. A parte século VI. O império bizantino alcançou, nessa época, seu apogeu político
oriental do império, centrada em Constantinopla (atual Istambul), assumiu a e cultural, e Justiniano I, ajudado por seus generais Belisário e Narses,
partir daí o legado político de Roma. tentou reconquistar a parte ocidental do antigo Império Romano e restabe-
Os germânicos, ditos bárbaros pelos romanos, organizaram seus rei- lecer a unidade do Mediterrâneo. Seus sucessores enfrentaram problemas
nos dentro das antigas fronteiras do império e em áreas que nunca tinham religiosos e incursões de ávaros, eslavos e persas, que foram derrotados
sido ocupadas pelos romanos, como a Alemanha. Cada um desses reinos pelo imperador Heráclio no início do século VII. Os lombardos conquista-
evoluiu de forma diferente para dar lugar às monarquias europeias medie- ram o norte da Itália em poucos anos, a partir de 568, e empreenderam o
vais. Os ostrogodos instalaram-se na Itália, conduzidos por Teodorico, e ataque ao reino merovíngio. Bizantinos e lombardos dividiram entre si o
constituíram um dos reinos mais importantes dos séculos V e VI. Teodori- território correspondente à Itália. No fim do século VI, quase todo ele, com
co, convertido ao arianismo, resolveu os conflitos com a população roma- exceção de Roma, Sicília e Ravena, estava sob domínio lombardo.
no-cristã mediante políticas tolerantes. Procurou elevar o nível cultural de Na Grã-Bretanha, a invasão de anglos e saxões, em meados do sécu-
seu povo e aproximar-se da hierarquia eclesiástica. Além disso, aliou-se a lo V, forçou os bretões a se refugiarem na Cornualha, em Gales e na
outros reinos bárbaros para enfrentar a intervenção do império bizantino. Escócia, ou a se submeterem ao novo poder. Os anglo-saxões dividiram o
Manteve a tradição jurídica e administrativa de Roma e estimulou o flores- território em sete pequenos reinos, que lutaram para estabelecer sua
cimento das artes e das letras. hegemonia sobre o sul da ilha.
No fim do século V, os francos fixaram as bases do que seria posteri- Os reinos surgidos no Ocidente deram nova fisionomia à Europa, mas
ormente um dos reinos medievais mais poderosos da Europa. Convertido não desapareceu totalmente a tradição que Roma havia legado. Em muitos
ao catolicismo, o rei Clóvis I conseguiu o apoio da população da antiga casos, principalmente nos lugares mais romanizados, foram mantidos a
Gália com uma política de fusão entre os galo-romanos e os francos. ordem e o direito romanos, combinados com contribuições dos costumes
Conseguiu impor-se a toda a Gália, expulsou os visigodos para a Espanha jurídicos dos povos germânicos. A religião, junto com as características de
no ano 507 e dominou os outros povos bárbaros, com exceção dos cada um desses povos, foi o principal elemento de coesão dos novos
burgúndios, que foram vencidos por seus sucessores. As únicas zonas da reinos do oeste europeu, e uma das causas de seu distanciamento dos
Gália que não conseguiu dominar foram a Setimânia e a Provença. bizantinos, cujo cristianismo tinha aspectos peculiares.
Na península ibérica, os visigodos constituíram uma monarquia prós- Quando desapareceu o poder do império no Ocidente, a igreja arro-
pera e culta, na qual se fundiram os traços germânicos e as tradições gou-se a supremacia universal. O papa foi reconhecido como a autoridade
seculares romanas. A monarquia visigoda esforçou-se para conquistar a máxima a que deviam se submeter os poderes temporais. Assim, a hierar-
unidade territorial e formar um estado. A oposição da população hispano- quia eclesiástica de Roma representou o fator aglutinante das monarquias
romana ao arianismo foi o primeiro obstáculo que ela teve de vencer. No ocidentais. A progressiva conversão dos bárbaros ao cristianismo fez da
século VI a monarquia visigoda chegou à plenitude com Leovigildo, que igreja a instituição mais importante da Idade Média. A cultura, a arte, a
estabeleceu a unidade territorial depois de vencer os suevos do noroeste, ciência e as letras eram patrimônio eclesiástico. Nos mosteiros, os monges
os bascos do norte e os bizantinos do sudeste. Apesar disso, os problemas realizaram um cuidadoso trabalho de compilação dos textos clássicos e
religiosos só foram solucionados quando Recaredo reconheceu o cristia- dos escritos teológicos dos padres da igreja.
nismo como sua religião, no ano 587, abjurando o arianismo. A ocupação A constituição das monarquias europeias e do poder temporal do papa
da península ibérica pelos árabes no início do século VIII foi favorecida favoreceu o distanciamento político e religioso entre a Europa e o império
pelas lutas entre Rodrigo e Áquila. O poder dos visigodos extinguiu-se em bizantino. O papado, assediado pelos lombardos, tinha pedido ajuda a
poucos anos e teve início uma nova etapa na península e na Europa, com Constantinopla, mas os imperadores orientais, ocupados com a discussão
a expansão do Islã. sobre a veneração das imagens e preocupados com a pressão do Islã em
Durante o século VI, o reino merovíngio dos francos sofreu constantes suas fronteiras, desinteressaram-se dos assuntos do Ocidente. Os papas
divisões entre os sucessivos herdeiros da coroa. Essas fragmentações se viram obrigados, então, a recorrer ao reino franco, que se consolidara
hereditárias do reino, considerado como propriedade dinástica, foram a como principal poder na região. Pepino o Breve destronou os merovíngios
causa da sua estagnação política e cultural. A monarquia debilitou-se em e foi reconhecido como rei pelo papa Estêvão II.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 49 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Os francos deram apoio militar ao papado e em pouco tempo vence- mandia) no ano 924. A partir de meados do século IX, conquistaram o
ram os lombardos. Os territórios que até então estavam sob domínio dos centro e o norte da Inglaterra. Os suecos, navegando pelos rios Volga e
lombardos passaram ao controle do papa, o que deu origem aos estados Dnieper, estabeleceram contatos comerciais com o império bizantino e com
pontifícios. Para justificar a cessão desses territórios e a autoridade papal os árabes. Na Rússia, fundaram pequenos estados que funcionavam como
como poder temporal sobre eles, recorreu-se à Doação de Constantino, sedes de suas atividades comerciais. Kiev e Novgorod eram os mais
documento forjado pelo qual esse imperador teria transferido ao papa importantes.
Silvestre I e a seus sucessores a autoridade sobre certos territórios no No fim do século IX um novo povo atacou as fronteiras orientais da Eu-
Ocidente. ropa: os húngaros, ou magiares. Ocuparam rapidamente a região do
Época carolíngia. A dinastia carolíngia, como sucessora da merovín- Danúbio, de onde partiram para incursões pela Itália, França e Alemanha.
gia, revelou-se capaz de estender sua influência à maior parte da Europa A desintegração do império carolíngio e essa segunda onda de invasões
ocidental. Pepino o Breve dedicou-se a ampliar os limites de seu reino, deixaram o oeste europeu numa situação de grave deterioração política e
com o que a Gália se tornou a partir de então uma unidade territorial regida econômica até que, no século X, o estabelecimento do Sacro Império
por uma coroa única, mas foi seu filho e sucessor, o futuro imperador Romano-Germânico restabeleceu a ordem na Europa central. Oto I o
Carlos Magno, quem levou o reino dos francos a seu período de glória. Grande, coroado imperador no ano 962, encontrou forte apoio no papado e
Os sucessivos ataques dos lombardos na Itália levaram o papa Adria- contribuiu, como antes fizera Carlos Magno, para o fortalecimento da igreja
no I a pedir ajuda a Carlos Magno que, no ano 774, conseguiu vencê-los e como poder temporal. Sua vitória sobre eslavos e magiares transformou-o
reclamou para si o título de rei desse povo. A Itália passou à esfera política num novo defensor da cristandade ocidental.
dos francos. As campanhas militares de Carlos Magno continuaram por Na Inglaterra, Alfredo o Grande, rei de Wessex, ergueu fortificações e
muitos anos, durante os quais ele derrotou saxões, frisões, bávaros e reconstruiu o exército, com o que o reino pôde resistir à invasão dos dina-
ávaros. Também estabeleceu um sistema de controle e tributação sobre os marqueses e aumentar seu território. Entretanto, na primeira metade do
povos eslavos residentes nas fronteiras de seu reino e conteve a expansão século XI, o rei dinamarquês Canuto o Grande conseguiu dominar toda a
do Islã ao sul dos Pireneus. Inglaterra. Em 1066, os normandos do noroeste da França, chefiados por
Carlos Magno foi proclamado defensor da cristandade europeia e da Guilherme o Conquistador, invadiram a ilha. Desde então, intensificaram-se
igreja, e todos os demais reinos reconheceram a superioridade do reino os contatos entre o arquipélago britânico e o continente. Na França, a
franco. O papa Leão III, que precisava de apoio militar constante, coroou-o monarquia foi incapaz de manter a unidade do reino. Os nobres se opuse-
imperador no Natal do ano 800, e ele foi aclamado pelo povo como "augus- ram à coroa em defesa de seus próprios interesses. Durante todo o século
to". Com isso, Carlos Magno uniu sua força e prestígio políticos ao título de X foi constante a luta entre as grandes casas nobres pela hegemonia, até
imperador, até então reservado aos monarcas bizantinos que, forçados que Hugo Capeto, no ano 987, conquistou a coroa para si e sua dinastia,
pela situação crítica em que se encontravam, em guerra contra búlgaros e substituindo para sempre os carolíngios. Os reinos cristãos da península
árabes, reconheceram o título imperial do rei dos francos. ibérica iniciaram nessa época uma lenta recuperação e passaram a enfren-
Durante o reinado do novo imperador do Ocidente, a Europa experi- tar o poder islâmico. Leão, Navarra, o condado de Aragão e Castela conti-
mentou notável desenvolvimento cultural, que se tornou conhecido sob o nuaram a conquistar territórios ocupados pelos muçulmanos.
nome de "renascimento carolíngio". Preocupado com a pouca cultura do
clero e dos funcionários imperiais, Carlos Magno mandou construir escolas Evolução do feudalismo
nos mosteiros, catedrais e em sua própria corte, sediada em Aachen (Aix- Até o século XI as monarquias europeias viveram um período de retro-
la-Chapelle). Criou a escola palaciana, onde lecionavam as maiores perso- cesso econômico em consequência das constantes guerras, das ondas de
nalidades da ciência e das letras. invasões, da cessação do comércio e do baixo rendimento agrícola. A
A obra do imperador lançou a ideia da Europa como unidade religiosa insegurança, que manteve isoladas as populações europeias durante muito
e cultural. Com sua morte, no ano 814, a coroa passou a seu filho Luís I o tempo, favoreceu a implantação do feudalismo. Esse sistema, cujas raízes
Piedoso. Entretanto, a crescente influência da nobreza e a proliferação das remontam ao fim do Império Romano, caracterizou-se pela estruturação da
relações feudais debilitaram a monarquia e desestruturaram a unidade sociedade com base na relação jurídica denominada vassalagem, estabe-
política. As lutas pela igualdade de herança e pela divisão territorial entre lecida entre senhor feudal e vassalo ou servo, na qual o senhor proporcio-
os filhos de Luís I precipitaram a desagregação do império fundado por nava proteção em troca de fidelidade, trabalho e pagamento de tributos. Ao
Carlos Magno. feudo, unidade física da relação de vassalagem, pertenciam seus habitan-
No ano 843, o Tratado de Verdun definiu as fronteiras dos reinos que tes, que passavam a vassalos do senhor a quem fosse transmitido o territó-
couberam aos filhos de Luís I: o de Lotário I, que também ficou com o título rio habitado e cultivado por eles. Do ponto de vista econômico e social, o
imperial, o de Luís o Germânico e o de Carlos o Calvo. A tradição da feudalismo acarretou a divisão da sociedade em duas classes básicas: a
divisão hereditária entre os sucessores foi mantida por todos os reis caro- nobreza, com diferentes graus de poder até a cúpula real, e o campesinato,
língios. Carlos III o Gordo, que tinha conseguido reunir quase todos os cuja subordinação transformou-se gradualmente em relação de servidão.
territórios do império franco, abdicou no ano 887. Foram criados então seis O feudalismo determinou a atomização do poder político, pois a su-
reinos independentes: França, Itália, o reino franco oriental (Alemanha), cessão de relações pessoais entre o rei e a alta nobreza, e entre esta e os
Provença, Borgonha e Lorena. pequenos senhores, criou um sistema de jurisdições e fidelidades particula-
Durante o século IX, os muçulmanos da Espanha constituíram uma res apenas simbolicamente subordinadas à autoridade monárquica. Além
força política unificadora e expansionista. No norte foram fundados reinos disso, a concessão de cargos administrativos com base nos feudos contri-
cristãos que logo estenderam seus territórios para o sul, com a Reconquis- buiu para romper a unidade política dos diferentes reinos.
ta. Entretanto, a convivência entre muçulmanos e cristãos predominou por Também a igreja se viu mergulhada na divisão da sociedade em clas-
vários séculos. A vida econômica reviveu durante o período de domínio ses, ou estados. Bispados, abadias e mosteiros possuíam grandes feudos
árabe, e as artes e ciências fizeram grandes progressos. e mantinham com seus vassalos o mesmo tipo de relações que os senho-
Nessa época, a Europa sofreu a invasão de uma segunda onda de po- res leigos. Entretanto, a igreja teve papel fundamental na conservação e
vos bárbaros vindos do norte, que agiram, segundo a ocasião, de forma transmissão dos conhecimentos antigos e contribuiu para manter a unidade
pacífica ou agressiva. Noruegueses, suecos e dinamarqueses, conhecidos cultural da Europa, principalmente com a expansão da ordem beneditina. A
como viquingues ou normandos, perpetraram ataques e invasões, sobretu- reforma realizada por essa ordem religiosa no século X, a partir do mostei-
do contra o litoral da Europa ocidental. Os suecos, especialmente, visavam ro francês de Cluny, favoreceu a independência da igreja em relação aos
o domínio das rotas comerciais do Báltico e da Rússia. poderes feudais e estendeu por toda a Europa ocidental o estilo artístico
A Irlanda sofreu, desde o ano 834, contínuos ataques dos noruegue- característico do feudalismo: o românico.
ses e, mais tarde, na segunda metade do século IX, dos dinamarqueses, o A reforma de Cluny apoiou o fortalecimento da autoridade papal duran-
que provocou a fuga de numerosos monges para a França. Os ataques te a questão das investiduras, conflito entre o império alemão e a igreja
dos dinamarqueses se sucederam ao longo do litoral continental, provo- sobre o direito de nomear prelados para os cargos religiosos. Os papas
cando graves danos ao império carolíngio, assim como à Espanha, onde Gregório VI, Leão IX, Nicolau II e Gregório VII (inspirador da reforma
foram contidos tanto pelos muçulmanos como pelos reis cristãos do norte. gregoriana) e os imperadores Henrique III e Henrique IV foram os persona-
Os normandos penetraram no interior da Europa, chegaram a Paris e a gens mais destacados dessa luta, que se travou principalmente no século
outras cidades do continente e fixaram-se no noroeste da França (Nor- XI.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 50 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Baixa Idade Média Média, as coroas de Aragão e Castela viveram um período áureo, tanto do
As invasões e o feudalismo fizeram desaparecer quase totalmente a ponto de vista econômico como cultural.
vida urbana na Europa. As cidades que sobreviveram à decadência do No século XII, as monarquias europeias começaram a impor sua auto-
Império Romano transformaram-se em meras residências de bispos e de ridade sobre os senhores feudais, aliando-se para isso à burguesia urbana.
senhores feudais, pouco vinculadas a sua zona rural e a outras cidades. Os estados adotaram novas instituições políticas, as cortes ou Parlamen-
A partir do século XI, porém, o processo de empobrecimento começou tos, que aprovaram as leis e impostos que deviam vigorar em todo o territó-
a reverter nos reinos europeus. Muito lentamente, a organização feudal da rio do reino. Na França, os Capetos, apoiados pelos burgueses, lançaram
sociedade passou a dar lugar a uma nova ordem, em que o papel econô- as bases do poderio monárquico, principalmente durante o reinado de
mico mais dinâmico passou para a burguesia urbana. Filipe II Augusto, que praticou uma política de centralização e expansão da
A abertura de novas lavouras, o crescimento demográfico e o aumento coroa nos ducados independentes.
da produtividade agrícola, em consequência de técnicas mais modernas Na Inglaterra, Henrique I e Henrique II conquistaram amplas prerroga-
(uso do arado com aiveca, canga para animais de tração, moinhos de tivas para a coroa. No século XIII foi redigida a Magna Carta, primeira
vento etc.), provocaram um excedente de mão-de-obra e de produção expressão das bases institucionais pelas quais o poder monárquico inglês
agrícola que beneficiou o desenvolvimento das cidades. Surgiu nelas uma foi regulamentado e submetido ao Parlamento. Na segunda metade do
nova classe de comerciantes e artesãos, nos burgos ou bairros construídos século XII, o imperador alemão Frederico I Barba-Roxa impôs seu poder ao
em volta das velhas muralhas, que promoveu o intercâmbio entre os nú- papado de Roma. Apesar disso, no fim do século, o papa Inocêncio III
cleos urbanos e o campo, assim como a abertura de rotas comerciais entre conseguiu fazer valer a supremacia espiritual da igreja sobre todos os
regiões distantes. A atividade dos artesãos urbanos foi regulada por uma reinos cristãos. A consolidação desse poder foi favorecida pela reforma
instituição típica da época, a guilda, associação fechada e hierárquica de promovida pelo monacato cisterciense, especialmente por são Bernardo de
cada ofício, destinada a proteger seus associados, evitando a concorrência Claraval.
entre eles. A vida religiosa estendeu-se às cidades e aos burgos por intermédio
O crescimento demográfico e econômico propiciou a expansão territo- das ordens mendicantes. Os franciscanos pregaram o ideal da pobreza e
rial dos reinos cristãos, principalmente no leste da Europa e na península humildade entre as classes populares, enquanto os dominicanos se ocupa-
ibérica. Também se abriram ao comércio grandes horizontes marítimos, ram principalmente do ensino e do estudo teológico nas universidades.
como o Báltico e o Mediterrâneo, que passaram a se ligar por rotas terres- Essas instituições docentes, surgidas inicialmente como agrupamentos de
tres. No norte da Europa, as cidades dos Países Baixos estabeleceram professores e alunos independentes das antigas escolas monacais e
sólidos laços comerciais com a região do Báltico, onde obtinham cereais, episcopais, desempenharam um papel importante no desenvolvimento e na
peles e outras matérias-primas, em troca de produtos manufaturados. A difusão da cultura. A recuperação da filosofia aristotélica motivou o apare-
comunhão de interesses entre essas cidades deu lugar à criação da Liga cimento da escolástica, doutrina teológica e filosófica sistematizada por
Hanseática. No Mediterrâneo, a indústria, o comércio e a atividade finan- santo Tomás de Aquino.
ceira floresceram nas cidades do norte da Itália (Veneza, Gênova, Florença A arte gótica foi a expressão estética da baixa Idade Média. A inven-
etc.), bem como em Marselha e Barcelona. Características da época foram ção do arco ogival e da abóbada de nervuras, apoiada em arcobotantes e
as feiras, grandes reuniões anuais de comerciantes e banqueiros que eram contrafortes, permitiu a construção de gigantescas e elevadas catedrais,
realizadas nas cidades mais importantes. capazes de alojar um número de pessoas muito maior do que as velhas
Os interesses econômicos, junto com o ideal religioso da defesa dos igrejas românicas.
lugares santos conquistados pelos muçulmanos, permitiram aos estados Durante o século XIV desencadeou-se na Europa uma profunda crise
do Ocidente a realização de um dos maiores empreendimentos da cristan- econômica, social e espiritual. Uma sucessão de más colheitas, conse-
dade medieval, as cruzadas, que serviu para ampliar os limites do poder quência de mudanças climáticas, trouxe a fome a uma população que
europeu, instituir o comércio mediterrâneo e aliviar a pressão muçulmana ultrapassava em muito as possibilidades produtivas do sistema feudal.
sobre o império bizantino. No fim do século XI, o papa Urbano II autorizou Ocorreram numerosas revoltas camponesas contra os senhores, enquanto
a primeira cruzada, cujo resultado foi a conquista de Jerusalém pelos nas cidades os trabalhadores pobres das guildas se rebelavam contra os
cristãos. Durante os séculos XII e XIII realizaram-se novas cruzadas e ricos comerciantes e os mestres artesãos reunidos nos patriciados que
fundaram-se diversos reinos cristãos no Oriente Médio, mas todos eles dominavam os governos urbanos. As destruições provocadas por essas
acabaram por cair em poder dos turcos otomanos. Como parte da expan- revoltas juntaram-se aos danos causados pelas guerras promovidas pelos
são territorial da Europa, cabe destacar a colonização germânica no leste senhores feudais com o objetivo de recuperar o poder perdido. Também a
do continente e o avanço da Reconquista na Espanha. Todos esses em- guerra dos cem anos, entre a França e a Inglaterra, provocou grande
preendimentos, imbuídos de forte espírito religioso, causaram o apareci- devastação e obrigou muitos camponeses a abandonar suas terras.
mento das ordens de cavalaria. A fome favoreceu a disseminação da grande peste que grassou em
Na Alemanha, a ideia de formar um império universal cristão e a pres- 1348. As sucessivas ondas da epidemia, durante a segunda metade do
são demográfica foram as causas da chamada "marcha para o leste" século, reduziram a um terço o total da população europeia. A crise espiri-
(Drang nach Osten) dos séculos XII e XIII. Os imperadores alemães prote- tual manifestou-se no cisma do Ocidente, que durante quase todo o século
geram os reis poloneses e ajudaram-nos a converter ao cristianismo os XIV manteve a igreja dividida entre Avignon e Roma, e no aparecimento de
habitantes da Prússia. Dessa forma, na primeira metade do século XIII, a movimentos místicos e reformadores que pregavam o resgate da pureza
Ordem Teutônica iniciou a campanha para a evangelização dos prussia- dos costumes cristãos.
nos, que teve como consequência a criação de um estado alemão em seu Uma vez superada a crise, o século XV surgiu como período de transi-
território. ção para novas realidades sociais, econômicas, políticas e culturais. Com o
Em 1241 os mongóis invadiram o sul da Polônia, mas foram detidos enfraquecimento da sociedade feudal e da estrutura das guildas, o artesa-
pelas tropas de Henrique II da Silésia. As destruições provocadas pelos nato e o comércio ganharam maior liberdade para ampliar suas atividades
mongóis obrigaram os sucessores de Henrique II a permitir a imigração de e adotar as fórmulas que, pouco a pouco, configuraram o modo de produ-
artesãos e camponeses alemães, para a reconstrução da economia. A ção capitalista. As monarquias, principalmente a inglesa, a francesa e a
influência alemã representou um perigo para a independência da Polônia castelhana, reforçaram seu poder com a criação de exércitos permanentes
até que, no século XIV, sua união com a Lituânia permitiu à dinastia Jague- e aparatos burocráticos, adquirindo um caráter autoritário que prenunciava
lão neutralizar os alemães e recuperar a Pomerânia e Gdansk. A Hungria, o aparecimento do aparelho de estado da idade moderna.
depois da invasão dos mongóis, em 1241-1242, foi vítima da penetração A tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, em 1453, selou o
germânica, até que a dinastia dos Anjou ocupou o poder entre 1308 e fim do comércio com o Mediterrâneo oriental. A burguesia europeia viu-se
1382. Tal como os mongóis, os turcos representaram uma perigosa amea- obrigada a buscar novas rotas comerciais pelo oeste, o que contribuiu para
ça para o país, cujo rei, Luís I o Grande, foi derrotado em 1363. Polônia e o progresso das técnicas de navegação e possibilitou os grandes desco-
Hungria formaram uma unidade política a partir de 1440, mas em 1458 a brimentos. Ao mesmo tempo, a rejeição da cultura medieval e a busca das
segunda recuperou sua independência com Matias Corvino. Na Espanha, fontes originais da arte e pensamento clássicos propiciaram o aparecimen-
as monarquias cristãs continuaram seu avanço sobre os reinos muçulma- to de uma nova maneira de ver a vida e as formas estéticas. Do legado
nos, que culminaria em 1492 com a conquista de Granada. Na baixa Idade medieval e da recuperação da cultura greco-latina surgiu o Renascimento.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 51 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Idade moderna América do Norte e na Ásia e desenvolvem ações de pirataria oficializadas
Período da história compreendido aproximadamente entre a queda de por seus governos contra Portugal e Espanha. No começo do século XVII,
Constantinopla, em 1453, e a revolução francesa, em 1789. Caracteriza-se ingleses, franceses e holandeses passam a produzir navios mais baratos,
pelo fim do feudalismo, o advento do Renascimento e as grandes navega- em maior quantidade e de melhor qualidade. Formam também sociedades
ções e descobrimentos. credenciadas para exploração, comercialização e administração de terras
longínquas, como a Companhia Britânica das Índias Orientais (1600) e a
Expansão marítima Companhia Holandesa das Índias Orientais (1602).
Grandes navegações dos séculos XV e XVI que têm origem na neces- Liderança inglesa – No século XVIII, com enorme poder naval, a Ingla-
sidade de expansão econômica da Europa. A insuficiência da produção terra lidera as expedições marítimas. As viagens, motivadas pela curiosi-
agrícola para alimentar toda a população, o declínio econômico da nobre- dade científica e pela expectativa de obter maiores vantagens comerciais,
za, o encarecimento dos produtos orientais e a falta de metais preciosos são organizadas pelo governo e realizadas em navios de guerra comanda-
para a emissão de moeda impulsionam a procura por novos mercados fora dos por oficiais da Marinha. Os objetivos são a exploração do sul do Pacífi-
dos domínios europeus. A tentativa de encontrar rotas alternativas para o co e a descoberta de um estreito, entre o nordeste da Ásia e noroeste da
Oriente torna-se indispensável. América, que leve ao Ártico: acabam por descobrir várias ilhas, como
Sandwich do Sul, a sudeste da América do Sul. Também exploram a Nova
Zelândia, a Austrália e toda a costa americana e asiática do Pacífico Norte.

Reforma Protestante
Movimentos de caráter religioso, político e econômico que surgem na
Europa entre 1517 e 1564. Contestam a estrutura e os dogmas da Igreja
Católica e rompem com a unidade do cristianismo, dando origem ao pro-
testantismo. Os reformistas rejeitam a pretensão da Igreja de ser o único
acesso ao mundo religioso e questionam a supremacia papal.

Os movimentos reformistas ocorrem paralelamente ao Renascimento à


passagem do feudalismo para o capitalismo e ao fortalecimento das mo-
narquias nacionais europeias. São o resultado da nova visão sobre o
homem – ele é o centro do universo –, dada pelo humanismo. As reformas
interessam às monarquias, que querem acabar com os privilégios da
Igreja. O progresso comercial e urbano também necessita de uma religião
Desembarque de Cabral afinada com o capitalismo emergente. Os camponeses, oprimidos, revol-
A empreitada é possível graças ao surgimento de uma burguesia mer- tam-se contra o \uldb catolicismojump:GHHG dos senhores feudais, o que
cantil, interessada em ampliar sua margem de lucro, e ao fortalecimento do transforma a luta religiosa em luta de classes. Os movimentos provocam
Estado, com a centralização do poder monárquico. Um forte ideal missio- ainda guerras religiosas entre protestantes e católicos, como a Guerra dos
nário, principalmente dos países ibéricos, para catequizar os povos infiéis Trinta Anos(1618-1648). Ela começa como um conflito religioso no interior
das terras distantes funciona como justificativa ideológica para a expansão. do Sacro Império Romano-Germânico e logo adquire caráter de disputa
As nações ibéricas formam impérios ultramarinos entre os séculos XV e pela hegemonia política na Europa, envolvendo quase todos os países do
XVI, quando tem início a colonização da África, da Ásia e da América. Além continente. O avanço do movimento reformista pela Europa obriga a Igreja
de Portugal e Espanha, Inglaterra, França e Holanda (Países Baixos) Católica a adotar reformas internas, conhecidas por Contra-Reforma
também realizam grandes expedições. REFORMA LUTERANA – Em 1517 inicia-se no Sacro Império Roma-
PORTUGAL – Para alcançar os mercados do Oriente e garantir o mo- no-Germânico a reforma do monge Martinho Lutero que defende a fé como
nopólio do comércio com as chamadas Índias, os portugueses assumem a forma de salvação do indivíduo. Lutero é excomungado em 1520. Com o
vanguarda do expansionismo europeu, seguidos pelos espanhóis. Revolu- apoio da nobreza, as ideias de Lutero difundem-se rapidamente. Elas
cionam a arte da navegação ao aperfeiçoar instrumentos náuticos de substituem o poder eclesiástico pelo do Estado, simplificam a liturgia,
origem árabe, como a bússola, modernizar a cartografia e inventar a cara- revogam o celibato clerical e acabam com o culto às imagens.
vela. São pioneiros em calcular com precisão a circunferência da Terra e REFORMA ANGLICANA – É promulgada em 1534 pelo rei Henrique
no comércio de escravos negros para a América. VIII, da Inglaterra. O pretexto é a recusa do papa ao pedido de anulação de
Expedições portuguesas – A primeira expedição portuguesa, coman- seu casamento com Catarina de Aragão, para que possa desposar Ana
dada pelo rei dom João I, termina com a conquista de Ceuta, em 21 de Bolena. Na verdade há o interesse da Monarquia inglesa em submeter a
agosto de 1415. Um dos mais importantes portos africanos, ao norte do Igreja e tornar o rei a autoridade suprema. A reforma anglicana consolida-
Marrocos, é o ponto de partida para as descobertas portuguesas na África se em 1558, sob o reinado de Elizabeth I
Ocidental. O cabo da Boa Esperança, no extremo sul do continente, é REFORMA CALVINISTA – Começa em 1534, na França, com as pre-
contornado em 1487 por Bartolomeu Dias (1450-1500), abrindo caminho gações de João Calvino Mais radical que Lutero, Calvino defende a tese de
para o Oriente. A primeira ligação por mar entre Europa Ocidental e Índia é o homem nascer predestinado à salvação ou à condenação. Considera-o
feita em 8 de julho de 1497 por Vasco da Gama (1469-1524). Ele parte da livre de todas as proibições não explicitadas nas Escrituras, o que torna as
praia de Restelo, em Portugal, e em 1498 chega ao porto indiano de Cali- práticas do capitalismo lícitas, em especial a usura, condenada pela Igreja
cute. Em 22 de abril de 1500, uma nova esquadra liderada por Pedro Católica. O homem deve buscar o lucro por meio do trabalho e de uma vida
Álvares Cabral chega à costa brasileira. regrada – também formas de louvar a Deus.
ESPANHA – Atrasados em relação a Portugal, os espanhóis patroci-
nam a viagem de Cristóvão Colombo ao Oriente em 1492. Acreditando que Contra-reforma
a Terra era redonda, Colombo supõe ter alcançado o Oriente navegando Reação da Igreja Católica à Reforma Protestante e às pressões inter-
pelo Ocidente. Na verdade, descobre outro continente: a América. Entre nas pela renovação das práticas e da atuação política do clero durante os
1503 e 1513, o navegador florentino Américo Vespúcio (1451-1512) viaja séculos XVI e XVII. Em 1545, o papa Paulo III (1468-1549) convoca o
ao continente a serviço da Espanha. Ainda com patrocínio espanhol, Concílio de Trento e torna-se o primeiro papa da Contra-Reforma.
Fernão de Magalhães (1454-1521) começa em 1519 a primeira viagem de
circunavegação da Terra. Parte de Cádiz, no litoral da Espanha, atravessa Concílio de Trento – Conselho que se reúne várias vezes, entre 1545 e
o Atlântico Sul e cruza o estreito que hoje tem seu nome. Ruma para a 1563, para assegurar a disciplina eclesiástica e a unidade da fé. Confirma
Ásia, chegando às Filipinas em 1521. A tese sobre a forma esférica da a presença de Cristo na eucaristia e combate a doutrina protestante a
Terra fica assim comprovada. respeito dos sacramentos. Regula as obrigações do clero, a contratação de
INGLATERRA, FRANÇA E PAÍSES BAIXOS – Iniciam sua expansão parentes para a Igreja e o excesso de luxo na vida dos religiosos. É institu-
marítima mais tarde e, no princípio do século XVI, aportam em terras já ído o índice de livros proibidos (Index Librorum Prohibitorum) com as obras
ocupadas por portugueses e espanhóis. Conquistam algumas áreas na que os católicos não poderiam ler, sob pena de excomunhão (expulsão da

Ciências Humanas e suas Tecnologias 52 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Igreja). O órgão encarregado pela repressão às heresias e aplicação das Monarquias nacionais
medidas da Contra-Reforma é a Inquisição. Para efetivar as mudanças, a Forma de organização política que dá origem aos Estados nacionais
Igreja cria ou reorganiza ordens religiosas, como a Companhia de Jesus. europeus, a partir do século X, como decorrência do renascimento comer-
cial e urbano e da crise do feudalismo. Caracteriza-se pelo fortalecimento
Iluminismo do poder real, que passa a se estender por todo o país. A formação das
Corrente de pensamento dominante no século XVIII, que defende o monarquias nacionais europeias é um processo lento e desigual, marcado
predomínio da razão sobre a fé e estabelece o progresso como destino da por revoluções, guerras civis, disputas territoriais e conflitos com a Igreja.
humanidade. Seus principais idealizadores são John Locke (1632-1704),
Montesquieu (1689-1755), Voltaire (1694-1778) e Rousseau (1712-1778). Com o surgimento das cidades e o enfraquecimento da influência da
Representa a visão de mundo da burguesia intelectual da época e tem nobreza, a figura do rei ganha importância. Ele passa a centralizar o poder
suas primeiras manifestações na Inglaterra e na Holanda. Alcança especial político e a estender sua soberania sobre toda a nação – definida na Idade
repercussão na França, onde se opõe às injustiças sociais, à intolerância Média como unidade linguística, religiosa, cultural e histórica dentro de
religiosa e aos privilégios do absolutismo em decadência. Influencia a determinado território. O monarca procura se sobrepor também ao poder
Revolução Francesa, fornecendo-lhe, inclusive, o lema Liberdade, Igualda- do papado, limitando os privilégios da Igreja, como isenção de impostos,
de e Fraternidade. tribunais próprios e direito de intervir nos assuntos nacionais.

O iluminismo tem origem no Renascimento, o primeiro grande momen- Nesse processo de centralização de poder, os reis contam com o
to de construção de uma cultura burguesa, na qual a razão e a ciência são apoio de uma nova classe social, a burguesia, que ascende com o desen-
as bases para o entendimento do mundo. Para o iluminismo, Deus está na volvimento do capitalismo. Interessados na formação de um mercado
natureza e no homem, que pode descobri-lo por meio da razão, dispen- nacional, os burgueses querem ainda libertar-se das estruturas feudais. As
sando a Igreja. Afirma que as leis naturais regulam as relações sociais e reivindicações burguesas, como a cobrança de pedágios e impostos, e a
considera os homens naturalmente bons e iguais entre si – quem os cor- uniformização de pesos e medidas, necessárias ao fortalecimento do
rompe é a sociedade. Cabe, portanto, transformá-la e garantir a todos mercado interno e à expansão comercial, são atendidas pela unificação do
liberdade de expressão e culto, igualdade perante a lei e defesa contra o poder nacional. A centralização se dá com a monopolização das forças
arbítrio. Quanto à forma de governo para a realização da sociedade justa, militares e a administração da nação. A criação de novas leis escritas, em
uns defendem a monarquia constitucional; outros, a república. Em Ensaio substituição às leis feudais, marca o nascimento da burocracia moderna.
sobre o Entendimento Humano (1689), o inglês John Locke trata a experi- Também são organizadas forças militares mercenárias, que permitem ao
ência como fonte do conhecimento, que é organizado depois pela razão. rei cobrar impostos com mais eficiência, manter o controle do território
Locke defende também o individualismo liberal contra o absolutismo mo- nacional e ampliar seus domínios. O soberano passa a controlar as igrejas
nárquico. O escritor francês Montesquieu propõe na obra Do Espírito das nacionais, sobrepondo seu poder ao do papa, e a intervir nos assuntos
Leis (1751) a independência dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciá- religiosos. A transformação da corte real em corte suprema de justiça da
rio como garantia da liberdade. Voltaire critica a Igreja e defende a monar- nação é o passo final para a consolidação da autoridade real, que, no
quia comandada por um soberano esclarecido. O suíço Jean-Jacques século XVII, atinge o auge e dá origem ao absolutismo.
Rousseau torna-se o iluminista mais radical, precursor do socialismo e do
romantismo. No livro O Contrato Social (1762) posiciona-se a favor do Considerada a primeira da Europa, a Monarquia nacional portuguesa
Estado democrático, voltado para o bem comum e a vontade geral, que tem início em 1385, após a revolução burguesa que coloca no trono o rei
inspira os ideais da Revolução Francesa. É dele a noção do bom selva- dom João I, da dinastia Avis. Na Espanha, a consolidação da Monarquia
gem, que representa o homem nascido bom e sem vícios, mas depois acontece em 1492, após o casamento dos reis católicos Fernando de
pervertido pelo meio social. Aragão e Isabel de Castela e a conquista de Granada, antes ocupada
pelos árabes.
Outra obra tipicamente iluminista é Enciclopédia, elaborada pelos fran-
ceses Denis Diderot (1713-1784) e Jean D''Alembert (1717-1783), com o MONARQUIA FRANCESA – Na França, o poder real começa a se for-
objetivo de organizar o conhecimento existente na época sobre artes, talecer durante a dinastia fundada por Hugo Capeto (938-996), que se
ciência, filosofia e religião. Na economia, o iluminismo é representado pela estende de 987 a 1328. Durante o reinado de Felipe IV, o Belo (1268-1314)
fisiocracia, que considera a terra única fonte de riqueza de uma nação, e são cobrados impostos sobre os bens do clero. A escolha de um papa
pelo liberalismo econômico, que defende a não intervenção do Estado na francês, Clemente V, leva ao estabelecimento da sede do papado na
economia. As ideias iluministas influenciam alguns governantes, que cidade francesa de Avignon, em 1306. Em decorrência das disputas entre
procuram agir segundo a razão e o interesse do povo, sem contudo abrir a Monarquia francesa e o poder da Igreja, a cristandade ocidental se divide
mão do poder absoluto – o que dá origem ao despotismo esclarecido no entre dois papas: um em Roma e outro em Avignon. Esse período fica
século XVIII. conhecido como o Cisma do Ocidente (1376-1417). A Monarquia nacional
francesa se consolida após a Guerra dos Cem Anos, que garante a sobe-
Despotismo rania do rei Carlos VII (1403-1461), da dinastia Valois, sobre todo o territó-
Despotismo esclarecido rio francês.
Forma de governo na qual o poder é exercido de maneira absoluta e
arbitrária e a relação entre governante e governado pode ser comparada à MONARQUIA INGLESA – Tem início quando Guilherme, o Conquista-
existente entre senhor e escravo. O conceito nasce com o filósofo grego dor, duque da Normandia, invade a Inglaterra, em 1066. Vitorioso, ocupa o
Aristóteles, no livro Política, para se referir aos impérios antigos da Ásia, trono e procura manter a autoridade sobre a nobreza. Em 1215, a nobreza
em contraposição às formas tirânicas de poder, características da Europa. feudal, os cavaleiros e os burgueses impõem ao rei João Sem Terra (1199-
Segundo Aristóteles, no despotismo o poder está ligado à natureza dos 1216) a Magna Carta, que limita os poderes reais. O documento impede o
súditos: dispostos à obediência e incapazes de se autogovernar. Nesse soberano de aumentar os impostos e mudar as leis sem a aprovação do
ponto se diferencia da tirania, na qual o poder depende da natureza do Grande Conselho, assembleia dos nobres do reino. Durante o reinado
governante, que age segundo os próprios interesses. O despotismo distin- seguinte, de Henrique III, o Grande Conselho passa por importantes mu-
gue-se também da ditadura por não depender da ocorrência de circunstân- danças em sua composição, que dão origem ao Parlamento inglês, forma-
cias excepcionais, como uma guerra. do pela Câmara dos Lordes (que reúne representantes do alto clero e da
Despotismo esclarecido – Forma de governo que se instala em alguns nobreza) e pela Câmara dos Comuns (que agrega representantes da
Estados absolutistas europeus no século XVIII. Inspirados pelo racionalis- burguesia). O poder dos barões feudais e dos cavaleiros ingleses é abala-
mo iluminista, os déspotas esclarecidos limitam o poder da Igreja Católica, do com a Guerra dos Cem Anos. Após a Guerra das Duas Rosas, a dinas-
reduzem os privilégios da aristocracia e do clero, centralizam o poder, tia Tudor consolida a soberania real na Inglaterra.
favorecem o progresso econômico e estimulam as artes e as ciências. Os
principais déspotas e seu tempo de reinado são Frederico II (1740-1786), Independência da América Espanhola
da Prússia; marquês de Pombal (1750-1777), de Portugal; Catarina II Processo de emancipação das colônias espanholas no continente
(1762-1796), da Rússia; e José II (1780-1790), da Áustria. americano durante as primeiras décadas do século XIX. Resulta das trans-

Ciências Humanas e suas Tecnologias 53 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
formações nas relações entre metrópole e colônia e da difusão das ideias bém o surgimento de lideranças locais fortes, os caudilhos, dificultando a
liberais trazidas pela Revolução Francesa e pela independência dos EUA. realização de um projeto de unidade colonial.
Recebe influência também das mudanças na relação de poder na Europa
em consequência das guerras napoleônicas. Independência dos EUA
Guerra pela independência das 13 colônias inglesas na América do
Durante o século XVIII, a Espanha reformula aspectos de seu pacto Norte. O movimento tem início em 1775 com as revoltas dos colonos
colonial. A suspensão do monopólio comercial da Casa de Contratação de contra a política financeira do Reino Unido. Resulta na Declaração de
Sevilha dá maior flexibilidade às relações comerciais entre metrópole e Independência, em 1776, e dura até a derrota dos ingleses, em 1781.
colônia. Mas, ao mesmo tempo, procura impedir o desenvolvimento das
manufaturas coloniais e combate o contrabando inglês. Essas medidas Política inglesa – De 1756 a 1763, a rivalidade econômica e colonial
contrariam os interesses da elite colonial, os criollos (descendentes de entre França e Inglaterra provoca a Guerra dos Sete Anos. Parte importan-
espanhóis nascidos na América), que lideram a maioria dos movimentos te desse conflito ocorre na América do Norte, onde a Coroa britânica conta
emancipacionistas. Eles são considerados inferiores pela elite e proibidos com a ajuda dos colonos para obter a vitória e apoderar-se de diversos
de ocupar cargos públicos, civis ou militares. territórios franceses, como o Canadá. Apesar de vencedora, a Inglaterra
fica em péssima situação financeira e decide cobrar dos colonos os custos
As guerras travadas peloImpério Napoleônico alteram o equilíbrio de da guerra, taxando vários produtos e instituindo impostos. Em 1764 é
forças na Europa, que se reflete nos domínios coloniais. Em junho de 1808, aprovada a Lei do Açúcar, que tributa o produto e, um ano depois, a Lei do
Napoleão Bonaparte invade a Espanha, destrona o rei Carlos IV e seu Selo, que determina a cobrança de tributos sobre documentos.
respectivo herdeiro, Fernando VII. Impõe aos espanhóis um rei francês,
seu irmão, José Napoleão (José I). Na América, os cabildos (instituições O estopim da crise entre a colônia e a metrópole é a aprovação da Lei
municipais que são a base da administração colonial), sob comando dos do Chá, que dá o monopólio do comércio do produto à Companhia Britâni-
criollos, declaram-se fiéis a Fernando VII e desligam-se do governo de ca das Índias Orientais, prejudicando comerciantes norte-americanos.
José I. Passam a exigir ainda maior autonomia, liberdade comercial e Reagindo à determinação, comerciantes disfarçados de índio destroem 300
igualdade com os espanhóis. caixas de chá de navios ingleses, no Porto de Boston, em 1773. O Parla-
mento inglês, em represália à insubordinação, vota as Leis Intoleráveis em
Com a restauração da Monarquia após a derrota de Napoleão, a Es- 1774, que interditam o porto de Boston até o ressarcimento dos prejuízos e
panha passa a reprimir os movimentos emancipacionistas. Diante dessa estabelecem punição para os envolvidos em manifestações contra a Co-
situação, a elite criolla decide-se pela ruptura com a metrópole. Conta com roa. Essas leis provocam a convocação, no mesmo ano, do Congresso
a aprovação da Inglaterra, que, interessada na liberação dos mercados Continental da Filadélfia, de caráter não separatista. Seus participantes
latino-americanos para seus produtos industrializados, contribui militar, pedem a revogação da legislação autoritária, em nome da igualdade de
financeira e diplomaticamente com as jovens nações. O Paraguai proclama direitos dos colonos. Em 1775, um destacamento inglês em Lexington tenta
a independência em 1811 e a Argentina, em 1816, com o apoio das forças destruir um depósito de armas controlado pelos rebeldes e encontra forte
do general José de San Martín. No Uruguai, José Artigas lidera as lutas resistência por parte das tropas coloniais semi-improvisadas. O aconteci-
contra as tropas espanholas e obtém vitória em 1811. No entanto, a região mento, conhecido como Batalha de Lexington, é considerado o marco da
é dominada em 1821 pelo rei dom João VI e anexada ao Brasil, sob o guerra pela independência. A partir daí, os colonos organizam-se militar-
nome de Província Cisplatina, até 1828, quando consegue sua indepen- mente, e a revolta contra o Reino Unido instala-se de forma declarada.
dência. San Martín organiza também no Chile a luta contra a Espanha e,
com o auxílio do líder chileno Bernardo O''Higginsjump: BAHFF, liberta o A guerra de independência– Ainda em 1775, o II Congresso da Filadél-
país em 1818. Com isso, alcança o Peru e, com a ajuda da esquadra fia conclama os cidadãos às armas e nomeia George Washington coman-
marítima chefiada pelo oficial inglês Lord Cockrane, torna-se independente dante das tropas norte-americanas. Uma comissão de cinco membros,
do país em 1822. Enquanto isso, no norte da América do Sul, Simón Bolí- liderada por Thomas Jefferson (1743-1826), redige a Declaração de Inde-
var atua nas lutas pela libertação da Venezuela (1819), da Colômbia pendência, promulgada em 4 de julho de 1776 por delegados de todos os
(1819), do Equador (1822) e da Bolívia (1825). Em 1822, os dois líderes, territórios. Inspirada nos ideais do iluminismo, defende a liberdade indivi-
Bolívar e San Martín, reúnem-se na cidade de Guayaquil, no Equador, para dual e o respeito aos direitos fundamentais do ser humano. A luta contra os
discutir o futuro da América hispânica. Bolívar defende a unidade das ex- soldados ingleses é dificultada pelo grande número de colonos ainda fiéis à
colônias e a formação de uma federação de repúblicas, e San Martín é metrópole. A ajuda decisiva para a consolidação da independência vem da
partidário de governos formados por príncipes europeus. A tese de Bolívar França. Motivados pelos ideais libertários norte-americanos e querendo
volta a ser discutida no Congresso do Panamá, em 1826, mas é rejeitada. revidar a derrota sofrida para os ingleses, os franceses dão dinheiro aos
rebeldes e aliciam os espanhóis na campanha. Em 1781, o Exército inglês
Em toda a América hispânica há participação popular nas lutas pela rende-se em Yorktown, depois de sitiado por tropas rebeldes. O Tratado de
independência, mas a elite criolla se mantém hegemônica. No México, no Versalhes, em 1783, reconhece a independência dos Estados Unidos da
entanto, a mobilização popular adquire contornos de revolução social: a América e recompensa seus aliados: a França recupera Santa Lúcia,
massa da população, composta de índios e mestiços, rebela-se ao mesmo Tobago e suas possessões no Senegal; a Espanha anexa a ilha de Minor-
tempo contra a dominação espanhola e contra os criollos. Liderados pelos ca e a região da Flórida.
padres Hidalgo e Morelos, os camponeses reivindicam o fim da escravidão, A Constituição – A Constituição dos EUA é promulgada em 1788 e re-
a divisão das terras e a abolição de tributos, mas são derrotados. Os presenta um compromisso entre a tendência republicana, defensora da
criollos assumem a liderança do movimento pela independência, que se autonomia política para os estados, e a federalista, que defende um poder
completa em 1821, quando o general Itúrbide se torna imperador do Méxi- central forte. Adota a República federativa presidencialista como forma de
co. O movimento pela emancipação propaga-se pela América Central (que governo, a separação dos poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário e
havia sido anexada por Itúrbide), resultando na formação da República o estabelecimento de direitos civis e políticos, como a liberdade de expres-
Unida da América Central (1823-1838), que mais tarde dá origem a Gua- são, de imprensa e de crença religiosa.
temala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica e El Salvador. O Panamá obtém
independência em 1821 e a República Dominicana, em 1844. Cuba per- Idade Moderna
manece como a última possessão espanhola no continente até a Guerra 1453 – Marco de ruptura entre a Idade Média e a Idade Moderna, a
Hispano-Americana. Ao contrário da América portuguesa, que mantém a tomada de Constantinopla pelo Império Turco-Otomano provoca mudanças
unidade territorial após a independência, a América espanhola divide-se significativas nas relações de poder no Mediterrâneo. O bloqueio das rotas
em várias nações, apesar de tentativas de promover a unidade, como a comerciais entre Europa e Ásia pelos turcos gera grande prejuízo econô-
Grã-Colômbia, reunindo Venezuela e Colômbia, de 1821 a 1830, a Repú- mico, levando os europeus a procurar novos caminhos para a Ásia pelo
blica Unida da América Central e a Confederação Peru-Boliviana, entre oceano Atlântico.
1835 e 1838. A fragmentação política da América hispânica pode ser 1453-1485 – A disputa pelo trono inglês, travada entre a casa real de
explicada pelo próprio sistema colonial, uma vez que as diversas regiões Lancaster, cujo brasão tem uma rosa vermelha, e a de York, que possui
do império espanhol eram isoladas entre si. Essa situação favorece tam- uma rosa branca, provoca a Guerra das Duas Rosas. O conflito termina

Ciências Humanas e suas Tecnologias 54 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
com a conquista do trono por Henrique Tudor, que unifica as duas alas da 1776 – A revolta de colonos na América do Norte contra a política fi-
nobreza e restaura a autoridade real. Com o nome de Henrique VII, ele nanceira imposta pelo Reino Unido leva à independência dos Estados
inaugura a dinastia Tudor, responsável pela implantação do absolutismo na Unidos. O estopim da rebelião é a aprovação da Lei do Chá, que dá o
Inglaterra. monopólio do comércio do produto à Companhia Britânica das Índias
1468-1591 – Sunni Ali Ber funda o Império Songhai ao conquistar o Orientais, prejudicando os comerciantes locais. A igualdade de direito dos
centro comercial de Gao (no atual Mali). No governo de Askia (1492-1528), colonos é reivindicada em 1774, durante o Congresso Continental da
o império já compreende os territórios dos atuais Burkina Fasso, Gâmbia, Filadélfia. Em 1775, a partir da Batalha de Lexington, os colonos organi-
Guiné, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria e Senegal. É o maior império da zam-se militarmente e a guerra contra a metrópole é declarada. Ainda
história da África Ocidental. Seu declínio tem início quando Askia, já cego, naquele ano, uma comissão de cinco membros, liderada por Thomas
é deposto por seu filho. Em 1591, o exército marroquino conquista o territó- Jefferson (1743-1826), redige a Declaração de Independência, promulgada
rio. no dia 4 de julho de 1776. Em 1783, a Inglaterra reconhece a independên-
1479-1492 Formação da monarquia nacional espanhola. O casamento cia dos Estados Unidos da América pelo Tratado de Versalhes.
de Fernando de Aragão e Isabel de Castela, em 1469, impulsiona a união 1789 – Os 13 estados norte-americanos Carolina do Norte, Carolina do
dos dois reinos ibéricos, que passam a ter uma única administração dez Sul, Connecticut, Delaware, Geórgia, Maryland, Massachusetts, New
anos depois. Em 1492, o reino se consolida com a conquista de Granada, Hampshire, Nova Jersey, Nova York, Pensilvânia, Rhode Island e Virgínia
última região sob ocupação islâmica na Espanha. – ratificam a primeira Constituição da história, que serve de modelo para a
1487 – Bartolomeu Dias contorna o cabo da Boa Esperança, no ex- maioria das repúblicas surgidas no mundo. A Constituição institui a separa-
tremo sul do continente africano, abrindo caminho para o Oriente. Em ção entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e cria um sistema
1498, Vasco da Gama atinge Calicute, na Índia. de dupla soberania, em que o Estado Federal possui atribuições acima dos
1492 – Convencido da esfericidade da Terra, o navegador genovês estados. No mesmo ano, George Washington torna-se o primeiro presiden-
Cristóvão Colombo propõe a Portugal alcançar as Índias pelo Atlântico. te dos Estados Unidos. No século XIX o país expande seu território por
Rechaçado, leva ao rei espanhol o mesmo projeto. Parte, então, em 3 de meio de compra de possessões, de guerras e conquistas de territórios
agosto, do porto espanhol de Palos com sua frota formada pelos navios indígenas.
Santa Maria, Pinta e Niña. No dia 12 de outubro, data do descobrimento da
América, Colombo aporta na ilha de San Salvador (Bahamas), pensando Revolução Francesa
ter chegado às Índias. Antecedentes, Tomada da Bastilha, Girondinos e jacobinos, Monarquia
1500 – O navegador Pedro Álvares Cabral e sua esquadra atingem o constitucional, República jacobina, Burguesia no poder
litoral sul da Bahia em 22 de abril. É o descobrimento do Brasil.
1517-1564 – A contestação da estrutura e dos dogmas da Igreja Cató- Revolução social e política que acontece na França de 1789 a 1799.
lica desencadeia a Reforma Protestante, que quebra a unidade do cristia- Sob o lema Liberdade, Igualdade e Fraternidade, a burguesia revolta-se
nismo. A reforma favorece a monarquia europeia, interessada em acabar contra a monarquia absolutista e, com o apoio popular, toma o poder,
com os privilégios da Igreja. Também beneficia a burguesia, ao intensificar instaurando a I República – chamada Mariana. Os revolucionários acabam
o progresso comercial e urbano, com uma nova religião mais afinada com com os privilégios da nobreza e do clero e livram-se das instituições feu-
o capitalismo e o nacionalismo emergentes. dais do Antigo Regime.
1534 – Ignácio de Loyola funda a Companhia de Jesus, com a missão
de ser uma ordem de ação política e ideológica da Igreja Católica. Antecedentes – No final do século XVIII, cerca de 98% da população
1542 – A Inquisição é restabelecida como órgão oficial da Igreja, dirigi- pertence ao Terceiro Estado, que reúne grandes e pequenos burgueses,
da de Roma pelo Santo Ofício. O tribunal detém com violência o avanço trabalhadores urbanos e camponeses. Ele arca com os pesados impostos
protestante em Portugal, Espanha e Itália. que sustentam o rei, o clero (Primeiro Estado) e a nobreza (Segundo
1545-1563 – A Reforma Protestante e as pressões internas pela reno- Estado). A população também sofre com os abusos do absolutismo de Luís
vação das práticas e pela atuação política do clero levam a Igreja Católica XVI (1754-1793). A burguesia detém o poder econômico, mas perde as
a formular a Contra-Reforma. Suas diretrizes são definidas no Concílio de disputas políticas para o clero e a nobreza, que se aliam nas votações –
Trento, que reafirma todos os dogmas e institui o Index Librorum Prohibito- um voto para cada Estado. Estimulada pelos ideais do iluminismo, revolta-
rum, lista de livros proibidos aos católicos, sob pena de excomunhão. se contra a dominação da minoria. A partir de 1786, o país enfrenta uma
1547-1917 – Adotando o título de czar, inspirado no César latino, Ivan série de dificuldades econômicas, como a crise da indústria e uma seca
IV, o Terrível funda o Império Russo. Mas somente em 1613, durante a que reduz a produção de alimentos. Em 1788, o rei convoca a Assembleia
dinastia Romanov, o Estado russo é unificado. Pedro I, o Grande cria o dos Estados Gerais, um ano depois que os nobres, na Assembleia dos
Santo Sínodo, que coloca a Igreja sob controle do czar. O dirigente tam- Notáveis, se recusam a aceitar medidas contra seus privilégios.
bém une a aristocracia ao governo absolutista, garantindo ao regime uma
estabilidade que duraria até 1917, ano da Revolução Russa.
1572 – Em 24 de agosto, a rainha católica Catarina de Médicis ordena
o assassinato de mais de 3 mil protestantes em Paris, episódio conhecido
como Noite de São Bartolomeu. O massacre não poupa mulheres nem
crianças e termina apenas três dias depois.
1600 – Fundação da Companhia Britânica das Índias Orientais com o
objetivo de explorar o comércio inglês com o Oriente, o Sudeste da Ásia e
a Índia. Mais tarde, a organização envolve-se com questões políticas a
atua como agente do imperialismo britânico na Índia.
1618-1648 – Protestantes e católicos enfrentam-se na Guerra dos
Trinta Anos surge no auge do iluminismo e se transforma em uma das mais
importantes bases teóricas da Revolução Francesa. É editada com o
objetivo de reunir o conhecimento existente na época sobre artes, ciência,
filosofia e religião. Fundamentada no racionalismo, a Enciclopédia ou
Dicionário Racional das Ciências, das Artes e dos Ofícios atrai colaborado-
res como Montesquieu, Voltaire, Rousseau e Quesnay.
1756-1763 – Inglaterra e França enfrentam-se na Guerra dos Sete
Anos, motivada sobretudo por disputas de colônias na Índia e na América
do Norte. A Inglaterra vence a guerra e consolida seu domínio em grande Tomada da Bastilha – Os Estados Gerais começam seus trabalhos em
parte do império colonial francês. maio de 1789, no Palácio de Versalhes. Em junho, a disposição de liquidar
1765 – James Watt aperfeiçoa o motor a vapor, a primeira forma regu- o absolutismo e realizar reformas leva a bancada do Terceiro Estado a
lar e estável de obtenção de energia inventada pelo homem e marco da autoproclamar-se Assembleia Nacional Constituinte. A população envolve-
Revolução Industrial. se, e as revoltas em Paris e no interior, causadas pelo aumento do preço

Ciências Humanas e suas Tecnologias 55 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
do pão, resultam na Tomada da Bastilha, em 14 de julho, marco inicial da co da burguesia, o surgimento do operariado e a consolidação do capita-
Revolução. Grande parte da nobreza sai do país. Em agosto de 1789, a lismo como sistema dominante na sociedade.
Constituinte anula os direitos feudais ainda existentes e aprova a Declara-
ção dos Direitos do Homem e do Cidadão. Em setembro de 1791 é finali- I REVOLUÇÃO INDUSTRIAL – O pioneirismo inglês, no século XVIII,
zada a Constituição, que conserva a Monarquia, mas institui a divisão do deve-se ao acúmulo de capital – em razão da rápida expansão do comér-
poder (Executivo, Legislativo e Judiciário), proclama a igualdade civil e cio ultramarino e continental –, às reservas de carvão e ferro, à grande
confisca os bens da Igreja. quantidade de mão-de-obra, ao avanço tecnológico e à existência de
mercados consumidores. Em sua origem está a Revolução Gloriosa
Girondinos e jacobinos – A unidade inicial do Terceiro Estado contra o (1688), que assinala o final do absolutismo inglês e coloca a burguesia no
Antigo Regime dá lugar a uma complexa composição partidária, que evolui controle do Estado. A disponibilidade de capital e o sistema financeiro
conforme os vários momentos da revolução. Os girondinos, que se sentam eficiente facilitam os investimentos dos empresários, que constroem ferro-
à direita do plenário, representam a alta burguesia, são mais conservado- vias, estradas, portos e sistemas de comunicação, favorecendo o comér-
res e combatem a ascensão dos sans-culottes (o povo). Os jacobinos, à cio. Os campos são apropriados pela burguesia, no processo chamado de
esquerda, representam a pequena e média burguesia e buscam ampliar a cercamento, originando extensas propriedades rurais. Com isso, os cam-
participação popular no governo. Republicanos radicais são liderados por poneses são expulsos das terras, migram para as cidades e tornam-se
Robespierre (1758-1794) e apoiados pelos cordeliers, líderes das massas mão-de-obra à disposição. Por outro lado aumenta a produção de alimen-
populares de Paris. Os deputados do centro, que oscilam entre jacobinos e tos, contribuindo para o crescimento populacional.
girondinos, recebem o apelido de grupo do pântano.
Avanços técnicos – O desenvolvimento de máquinas – como a máqui-
Monarquia constitucional – Em abril de 1792, os monarquistas patroci- na a vapor e o tear mecânico – permite o crescimento da produtividade e a
nam a declaração de guerra à Áustria, como possibilidade de voltar ao racionalização do trabalho. Com a aplicação da força a vapor às máquinas
poder. Austríacos e prussianos invadem a França com o apoio secreto de fabris, a mecanização difunde-se na indústria têxtil. Para melhorar a resis-
Luís XVI, mas são derrotados pelos populares. Os sans-culottes, liderados tência delas, o metal substitui a madeira, estimulando a siderurgia e o
por Marat (1743-1793), Robespierre e Danton (1759-1794), assumem o surgimento da indústria pesada de máquinas. A invenção da locomotiva e
governo. Criam a Comuna de Paris em agosto de 1792 e organizam as do navio a vapor acelera a circulação das mercadorias.
guardas nacionais. Radicaliza-se a oposição aos nobres, considerados
traidores. Em setembro, o povo invade as prisões e promove execuções Oferta de mão-de-obra – O novo sistema industrial institui duas novas
em massa. classes opostas: os empresários, donos do capital, dos modos e bens de
produção, e os operários, que vendem sua força de trabalho em troca de
República jacobina – Forma-se nova Assembleia, a Convenção, entre salário. A Revolução Industrial concentra os empregados em fábricas e
1792 e 1795, para preparar outra Constituição. Os girondinos perdem muda radicalmente o caráter do trabalho. Para aumentar o desempenho
força, e a maioria fica com os jacobinos, liderados por Robespierre e Saint- dos operários, a produção é dividida em várias etapas. O trabalhador
Just (1767-1794). Os montanheses, uma facção dos jacobinos, proclamam executa uma única, sempre do mesmo modo. Com a mecanização, o
a República em 20 de setembro de 1792. Luís XVI é guilhotinado em trabalho desqualifica-se, o que reduz os salários. No início, os empresários
janeiro de 1793. Começa o Período do Terror, que dura de junho de 1793 a impõem duras condições aos operários para ampliar a produção e garantir
julho de 1794. Sob o comando ditatorial de Robespierre são criados o margem de lucro crescente. Estes, então, se organizam em associações
Comitê de Salvação Pública e o Tribunal Revolucionário, encarregado de para reivindicar melhores condições de trabalho, dando origem aos sindica-
prender e julgar os traidores. A Comuna aprisiona e guilhotina 22 líderes tos.
girondinos e até jacobinos, como Danton e Desmoulins (1760-1794),
acusados de conspiração. Poucos meses após a morte de Danton, em II REVOLUÇÃO INDUSTRIAL – Inicia-se a partir de 1870, com a in-
julho de 1794 – dia 9 do novo mês Termidor –, Robespierre e Saint-Just dustrialização da França, da Alemanha, da Itália, dos EUA e do Japão,
também são presos e guilhotinados. Com a execução de Robespierre entre outros. Novas fontes de energia (eletricidade e petróleo) e produtos
chega ao fim a supremacia jacobina. Os girondinos, em aliança com o químicos, como o plástico, são desenvolvidos, e o ferro é substituído pelo
grupo do pântano, instalam no poder a alta burguesia. aço. Surgem máquinas e ferramentas mais modernas. Em 1909, Henry
Ford cria a linha de montagem e a produção em série. Na segunda metade
Burguesia no poder – Os clubes jacobinos são fechados e nova Cons- do século XX, quase todas as indústrias já estão mecanizadas e a automa-
tituição é redigida (1795), instituindo outro governo, o Diretório (1795- ção alcança todos os setores das fábricas. As inovações técnicas aumen-
1799), que consolida as aspirações da burguesia. Nesse período, o país tam a capacidade produtiva das indústrias e o acúmulo de capital. As
sofre ameaças externas. Para manter seus privilégios, a burguesia entrega potências industriais passam a buscar outros mercados consumidores.
o poder a Napoleão Bonaparte. Mesmo com a queda do Império Napoleô-
nico, em 1815, e a ameaça de restauração monárquica pelas potências III REVOLUÇÃO INDUSTRIAL – No período pós-II Guerra Mundial a
europeias vencedoras, a burguesia retoma o controle do governo francês partir da década de 50, surgem complexos industriais e empresas multina-
em 1830. O Estado burguês, construído por Napoleão Bonaparte, perma- cionais. As indústrias química e eletrônica crescem. Os avanços da auto-
nece. Para muitos historiadores, a Revolução Francesa é o auge de um mação, da informática e da engenharia genética são incorporados ao
amplo movimento revolucionário que consolida uma sociedade capitalista, processo produtivo, que depende cada vez mais de alta tecnologia e de
liberal e burguesa. Atinge outros países, como a Inglaterra e os EUA, e mão-de-obra especializada. A informatização substitui, em alguns casos, a
chega à França com maior violência e ideais mais bem delineados. Os mão-de-obra humana, contribuindo para a eliminação de inúmeros postos
movimentos pela independência da América Espanhola também são de trabalho.
reflexo dessas transformações. I Guerra Mundial

Revolução Industrial
I REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, Avanços técnicos, Oferta de mão-de-
obra, II REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, III REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Processo de mudança de uma economia agrária e baseada no traba-
lho manual para uma dominada pela indústria mecanizada. Tem início na
Inglaterra por volta de 1760 e alastra-se para o resto do mundo. Caracteri-
za-se pelo uso de novas fontes de energia, pela invenção de máquinas que
aumentam a produção, pela divisão e especialização do trabalho, pelo
desenvolvimento do transporte e da comunicação e pela aplicação da
ciência na indústria. Provoca profundas transformações na sociedade: o
declínio da terra como fonte de riqueza, o direcionamento da produção em
larga escala para o mercado internacional, a afirmação do poder econômi-

Ciências Humanas e suas Tecnologias 56 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Conflito armado que começa em 1914 como uma disputa local entre o a queda do czar russo assumem o poder após dois governos provisórios, já
Império Austro-Húngaro e a Sérvia, estende-se às potências imperialistas haviam assinado a paz em separado com a Alemanha, em março, pelo
da Europa e atinge o mundo inteiro. O estopim é o assassinato do arquidu- Tratado de Brest-Litovsk. A fome e a saúde precária da população alemã
que Francisco Ferdinando (1863-1914), herdeiro do trono austríaco, em levam o país à beira de uma revolução social. Com a renúncia do kaiser,
Sarajevo (atual Bósnia-Herzegóvina). A guerra termina em 1918, causando exigida pelos EUA, um conselho provisório socialista negocia a rendição.
a morte de mais de 8 milhões de soldados e 6,5 milhões de civis. Em 28 de junho de 1919 é assinado o Tratado de Versalhes, que põe fim à
guerra.

Confrontam-se dois grupos de países organizados em pactos antagô- Fascismo


nicos: a Tríplice Aliança, liderada pela Alemanha, e a Tríplice Entente, que Regime político de caráter totalitário que surge na Europa no entre-
vence a guerra, encabeçada pela França. A Europa perde sua posição na guerras (1919-1939). Originalmente é empregado para denominar o regime
liderança planetária para os Estados Unidos (EUA), que assumem o co- político implantado pelo italiano Benito Mussolini entre 1919 e 1943. Suas
mando das negociações mundiais e passam a ser o centro de poder do principais características são o nacionalismo, que tem a nação como forma
capitalismo. A reorganização do cenário político no continente europeu e suprema de desenvolvimento, e o corporativismo, em que os sindicatos
as condições impostas pelo Tratado de Versalhes ao perdedor, a Alema- patronais e trabalhistas são os mediadores das relações trabalhistas. O
nha, levam à II Guerra Mundial. O mundo do pós-guerra assiste também à fascismo nasce oficialmente em 1919, em Milão, quando Mussolini funda o
implantação do primeiro Estado socialista, a União Sovética (URSS). movimento intitulado Fascio de Combatimento, cujos integrantes, os cami-
sas pretas (camicie nere), se opõem à classe liberal. Em 1922, as milícias
Antecedentes – O choque de interesses imperialistas das nações eu- fascistas desfilam na Marcha sobre Roma. Pretendem tomar o poder
ropeias, aliado ao espírito nacionalista emergente, é o principal motivo do militarmente e ocupam prédios públicos e estações ferroviárias, exigindo a
conflito. No começo do século XX, a Alemanha se torna o país mais pode- formação de um novo gabinete. Mussolini é convocado para chefiar o
roso da Europa Continental após a Guerra Franco-Prussiana (1870) e a governo do país, que atravessa profunda crise econômica, agravada por
arrancada industrial propiciada pela unificação do país em 1871. A nova greves e manifestações de trabalhadores. Por meio de fraudes, os fascis-
potência ameaça os interesses econômicos do Reino Unido e os político- tas conseguem maioria parlamentar. Em seguida, Mussolini dissolve os
militares da Rússia e da França. As diferenças entre França e Alemanha partidos de oposição, persegue parlamentares oposicionistas e passa a
são acirradas pela disputa do Marrocos. Em 1906, ele é cedido à França governar por decretos. As características do regime são cerceamento da
por um acordo. A anexação da Bósnia-Herzegóvina pelos austríacos em liberdade civil e política, unipartidarismo, derrota dos movimentos de es-
1908 causa a explosão do nacionalismo sérvio, apoiado pela Rússia. querda e limitação ao direito dos empresários de administrar sua força de
Outros enfrentamentos, dessa vez entre Sérvia e Áustria após as Guerras trabalho. A política adotada, entretanto, é eficiente na modernização da
Balcânicas, aumentam a tensão pré-bélica. Esses conflitos de interesse economia industrial e na diminuição do desemprego.
levam à criação de dois sistemas rivais de alianças. Em 1879, a Alemanha
firma com o Império Austro-Húngaro um acordo contra a Rússia. Três anos Nazismo
depois, a Itália, rival da França no Mediterrâneo, alia-se aos dois países, Regime político de caráter totalitário que se desenvolve na Alemanha
constituindo a Tríplice Aliança. A Tríplice Entente tem origem na Entente durante as sucessivas crises da República de Weimar, entre 1919 e 1933.
Cordiale, formada em 1904 pelo Reino Unido e pela França para se opor Baseia-se na doutrina do nacional-socialismo, formulada por Adolf Hitler,
ao expansionismo germânico. Em 1907 conquista a adesão da Rússia. que orienta o programa do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores
Alemães (NSDAP). De caráter nacionalista, defende o racismo, a superio-
O mundo em guerra – Em 28 de junho de 1914, o arquiduque Francis- ridade da raça ariana e a luta pelo expansionismo alemão e nega as insti-
co Ferdinando, sucessor do Império Austro-Húngaro, e sua esposa são tuições da democracia liberal e a revolução socialista. A essência da
assassinados durante visita a Sarajevo, na Bósnia-Herzegóvina, pelo ideologia nazista encontra-se no livro de Hitler, Minha Luta (Mein Kampf).
estudante anarquista sérvio Gravilo Princip. Confirmada a cumplicidade de
políticos da Sérvia no atentado, o governo austríaco envia em julho um Ao final da I Guerra Mundial, além de perder territórios para França,
ultimato ao governo sérvio. Exige, entre outras medidas, a demissão de Polônia, Dinamarca e Bélgica, os alemães são obrigados pelo Tratado de
ministros suspeitos de envolvimento com os terroristas. Como a Sérvia Versalhes a pagar altas indenizações aos países vencedores. Essa penali-
reluta em atender às exigências, o país é invadido pelos austríacos em 1º dade faz crescer a dívida externa e compromete os investimentos internos,
de agosto. gerando falências, inflação e desemprego em massa. As tentativas frustra-
das de revolução socialista (1919, 1921 e 1923) e as sucessivas quedas de
O complexo sistema de alianças que impera no continente conduz ou-
gabinetes de orientação social-democrata criam condições favoráveis ao
tros países europeus ao conflito. A Rússia declara guerra à Áustria, e a
surgimento e à expansão do nazismo no país. O NSDAP, utilizando-se de
Alemanha se junta às nações contra a Rússia. A França, ligada aos russos,
espetáculos de massa (comícios e desfiles) e dos meios de comunicação
mobiliza tropas contra os alemães. No dia 3 de agosto de 1914, o mundo
(jornais, revistas, rádio e cinema), consegue mobilizar a população por
está em guerra. Outras nações tomam parte dela em seguida: o Reino
meio do apelo à ordem e ao revanchismo. Recebe ajuda da grande bur-
Unido alia-se à França; a Turquia, do lado dos alemães, ataca os portos
guesia, que teme o movimento operário. Favorecidos por uma divisão dos
russos no mar Negro; e o Japão, interessado nos domínios germânicos no
partidos de esquerda, os nazistas são vitoriosos nas eleições de 1932. Em
Extremo Oriente, engrossa o bloco contra a Alemanha. Ao lado da Entente
1933, Hitler é nomeado primeiro-ministro, com o auxílio de nacionalistas,
entram outras 24 nações, estabelecendo uma ampla coalizão, conhecida
católicos e setores independentes. Um ano depois se torna chefe de go-
como os países Aliados. Já a Alemanha recebe a adesão do Império
verno (chanceler) e chefe de Estado (presidente). Interpreta o papel de
Turco-Otomano, rival da Rússia e da Bulgária, movida pelos interesses nos
fuhrer, o guia do povo alemão, criando o III Reich (III Império).
Bálcãs. A Itália, embora pertencente à Tríplice Aliança, fica neutra no início,
mas troca de lado em 1915, sob promessa de receber parte dos territórios
Com poderes excepcionais, Hitler suprime todos os partidos políticos,
turco e austríaco. Na frente ocidental, a guerra entre França e Alemanha
exceto o nazista; dissolve os sindicatos; cassa o direito de greve; fecha os
não tem vitoriosos até 1918. Na frente oriental, os alemães abatem o
jornais de oposição; e estabelece a censura à imprensa. Apoiando-se em
Exército da Rússia. Já fragilizado pela derrota na Guerra Russo-Japonesa,
organizações paramilitares, SA (guarda do Exército), SS (guarda especial)
o povo russo atinge o ponto máximo de insatisfação com o conflito, o que
e Gestapo (polícia política), realiza perseguições aos judeus, aos sindica-
gera condições favoráveis para a Revolução Russa. Com a derrota militar
tos e aos políticos comunistas, socialistas e de outros partidos. O interven-
russa consumada e o risco de a Alemanha avançar pela frente oriental e
cionismo e a planificação econômica adotados por Hitler eliminam, no
atacar a França, os EUA entram na guerra e decidem o confronto. O objeti-
entanto, o desemprego e impedem a retirada do capital estrangeiro do
vo do país na luta é preservar o equilíbrio de poder na Europa e evitar uma
país. Há um acelerado desenvolvimento industrial, que estimula a indústria
possível hegemonia alemã.
bélica e a edificação de obras públicas. Esse crescimento se deve em boa
A paz – Em julho de 1918, forças inglesas, francesas e norte- parte ao apoio dos grandes grupos alemães, como Krupp, Siemens e
americanas lançam um ataque definitivo. A guerra está praticamente Bayer, a Adolf Hitler. Em desrespeito ao Tratado de Versalhes, Hitler
vencida. Turquia, Áustria e Bulgária rendem-se. Os bolcheviques, que com reinstitui o serviço militar obrigatório, em 1935, remilitariza o país e envia

Ciências Humanas e suas Tecnologias 57 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
tanques e aviões para amparar as forças conservadoras do general Fran- Em setembro de 1940, o Eixo, pacto entre Alemanha, Itália e Japão, é
cisco Franco durante a Guerra Civil Espanhola, em 1936. Nesse mesmo formalizado, estabelecendo o apoio mútuo entre os países em caso de
ano promove o extermínio sistemático dos judeus por meio da deportação ataque por potência ainda não envolvida na guerra, no caso os EUA.
para guetos ou campos de concentração. Anexa a Áustria e a região dos Londres é bombardeada pelos alemães, que também ameaçam o domínio
Sudetos, na Tchecoslováquia (1938). Ao invadir a Polônia, em 1939, dá inglês no Egito.
início à II Guerra Mundial.
Hitler reorienta sua máquina de guerra para o Leste Europeu e propõe
Terminado o conflito, instala-se na cidade alemã de Nurenberg um tri- ao governo de Moscou a partilha do mundo em zonas de influência. Mas as
bunal internacional para julgar os crimes de guerra cometidos pelos nazis- negociações falham, e o território da URSS é invadido, sem uma declara-
tas. Realizam-se 13 julgamentos entre 1945 e 1947, 25 alemães são ção formal de guerra, em 22 de junho de 1941. Nessa época, a Alemanha
condenados à morte, 20 à prisão perpétua, 97 a penas curtas de prisão e já domina vários países do Leste Europeu, como Romênia, Bulgária e
35 são absolvidos. Dos 21 principais líderes nazistas capturados, dez são Hungria, além de Iugoslávia e Grécia. Mas o Exército soviético avança, em
executados por enforcamento em 16 de outubro de 1946. contra-ataque, sobre os países-satélites da Alemanha, às voltas agora com
duas frentes de guerra.
Neonazismo – A partir dos anos 80, na Europa, há uma retomada de
movimentos autoritários e conservadores denominados neonazistas, Ataque japonês – Os japoneses precipitam a entrada dos EUA na
principalmente na Alemanha, Áustria, França e Itália. Eles são favorecidos, guerra ao bombardear, em 7 de dezembro de 1941, a base naval de Pearl
entre outros motivos, pela imigração, pela recessão, pelo desemprego e Harbor, no Havaí. Definem-se, assim, as duas facções em conflito. De um
pelo ressurgimento de velhos preconceitos étnicos e raciais. Manifestam-se lado, os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) e, de outro, os Aliados
de forma violenta e têm nos estrangeiros o alvo preferencial de ataque. Em (França, Reino Unido, EUA, URSS e China).
determinados países, os movimentos neonazistas valem-se também da via
institucional parlamentar, como o partido político Frente Nacional, na
França. No Brasil, carecas, skinheads e white power são alguns dos gru-
pos em evidência nos grandes centros urbanos, promovendo ataques
verbais, pichações e agressões dirigidas principalmente contra os migran-
tes nordestinos.

II Guerra Mundial
Conflito militar de escala mundial que envolve países de todos os con-
tinentes e se estende de 1939 a 1945. Resulta do choque de interesses
entre as nações após o fim da I Guerra Mundial e das pretensões da
Alemanha de conquistar o mundo. Termina com a destruição do III Reich,
de Adolf Hitler, o declínio das nações da Europa e a emergência das duas
superpotências mundiais, Estados Unidos e União Soviética, que passam a
disputar o controle do planeta na chamada Guerra Fria. As perdas em
consequência da guerra são estimadas em quase 50 milhões de mortos, a
maioria civis. Cerca de 5,9 milhões de judeus são assassinados nos cam-
pos de concentração e extermínio, em um dos maiores genocídios da
história. A ideia de superioridade da raça ariana também leva a uma políti- Entre 1942 e 1943, a Marinha anglo-americana elimina submarinos
ca de perseguição e ao extermínio de minorias consideradas inferiores, alemães no Atlântico, ao mesmo tempo em que a aviação aliada intensifica
como ciganos, eslavos, doentes mentais e deficientes físicos. o bombardeio à Alemanha. No norte da África, o Exército alemão rende-se
Causas – A derrota da Alemanha na I Guerra Mundial favorece o sur- em maio de 1943. Os Aliados desembarcam na Sicília e invadem a Itália.
gimento do nazismo em 1933. As potências ocidentais permitem o cresci- Na outra frente, o Exército soviético alcança vitórias na Romênia, Bulgária
mento nazista como forma de bloqueio à URSS e ao avanço do comunis- e Iugoslávia, em 1944, enquanto Albânia e Grécia expulsam os alemães.
mo sobre a Europa. Em 1935, a Alemanha reinicia a produção de arma-
mentos e restabelece o serviço militar obrigatório, em desrespeito ao Dia D –No dia 6 de junho de 1944, o Dia D, acontece o golpe mortal às
Tratado de Versalhes. Um ano depois ocupa novamente a Romênia e dá forças nazistas. O desembarque de 155 mil soldados aliados em Caen, na
início a uma política estratégica de alianças. Oferece ajuda econômica à Normandia francesa, é considerado a maior operação aeronaval da histó-
Itália fascista e apoia Francisco Franco na Guerra Civil Espanhola. Assina ria. Envolve mais de 1.200 navios de guerra e mil aviões. Paris é libertada
com o Japão o Pacto Anti-Comintern, em 1936, a fim de conter a expansão em 25 de agosto. A capital alemã é ocupada em 2 de maio pelo Exército da
comunista da URSS. Em 1938 invade a Áustria e incorpora parte da Tche- URSS. Cinco dias mais tarde, a Alemanha rende-se incondicionalmente.
coslováquia. Hitler aproveita ainda as desconfianças da URSS em relação
às potências ocidentais para assinar um acordo de não-agressão e neutra- Guerra no Pacífico – Na luta contra os japoneses, a situação havia
lidade com o líder soviético Josef Stálin: o Pacto Germânico-Soviético, de começado a se inverter a favor dos Aliados, após a vitória dos norte-
23 de agosto de 1939. Abre-se, assim, para Hitler o caminho a leste para americanos nas batalhas navais de Midway e do mar de Coral em 1942.
atacar a Polônia. Ele pretende recuperar a zona conhecida por Corredor No início de 1945, tropas norte-americanas, britânicas e chinesas recupe-
Polonês, a do Porto de Gdansk, que une a Alemanha à Prússia Oriental ram as Filipinas. Em 19 de fevereiro ocorre o primeiro desembarque norte-
(atual Polônia). americano em território japonês, na ilha de Iwojima. A primeira bomba
atômica é lançada pelos norte-americanos sobre a cidade japonesa de
Ofensiva alemã – Diante da resistência polonesa, as tropas alemãs in- Hiroshima em 6 de agosto de 1945 e mata 100 mil pessoas. Três dias
vadem o país em 1° de setembro de 1939 e travam uma guerra relâmpago depois, uma segunda bomba é jogada sobre Nagasaki, provocando mais
(blitzkrieg). É estabelecido um governo geral nazista e inicia-se a persegui- 70 mil mortes. A partir de 8 de agosto, tropas soviéticas expulsam os
ção aos judeus. O Reino Unido, comprometido com a defesa polonesa, e a japoneses da Manchúria e da Coreia. Finalmente, em 2 de setembro de
França, aliada inglesa, declaram guerra à Alemanha. Em seguida, Dina- 1945, o Japão rende-se ao Exército norte-americano. É o fim da II Guerra
marca e Noruega são ocupadas pelo Exército nazista, seguidas da Holan- Mundial.
da (Países Baixos) e da Bélgica. Em Dunkerque, na França, o Exército
belga-anglo-francês sofre a primeira derrota aliada. Em junho de 1940, Tratados – Em fevereiro de 1945, na Conferência de Yalta, EUA, Rei-
Hitler submete metade do território francês à ocupação das forças nazistas. no Unido e URSS reúnem-se para remontar o mapa geopolítico europeu:
Com a tomada de Paris, e a assinatura pelo governo francês do armistício os soviéticos anexam os Estados bálticos (Letônia, Lituânia e Estônia) e o
com os alemães, o subsecretário de Defesa Nacional Francesa, general leste da Polônia. No mesmo ano, na Conferência de Potsdam, em Berlim,
Charles de Gaulle, vai para o Reino Unido representando a Resistência são determinadas, entre outras medidas, a dissolução de todos os órgãos
Francesa. e associações nazistas, o desarmamento alemão e a divisão do país em

Ciências Humanas e suas Tecnologias 58 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
quatro zonas de ocupação militar: soviética, norte-americana, francesa e Regime comunista – Lênin distribui terras a camponeses e transfere o
britânica. A Alemanha é separada da Áustria, obrigada a devolver os controle das indústrias a representantes dos operários. O domínio total
territórios tomados da Tchecoslováquia, a entregar Dantzig à Polônia e a sobre o país, no entanto, só é alcançado após quatro anos de guerra civil,
reconhecer a divisão da Prússia Oriental entre URSS e Polônia. De abril a durante a qual o Exército Vermelho (bolchevique), criado por Leon Trótski,
junho de 1945, durante a Conferência de San Francisco (EUA), 50 nações enfrenta várias forças de oposição – mencheviques, czaristas, Forças
assinam a carta de criação da ONU, com o objetivo de manter a paz e Armadas de potências estrangeiras e grupos nacionalistas de etnias não
promover o desenvolvimento das nações. russas. Em 1922 é criada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
(URSS), sob regime comunista, reunindo os territórios que antes pertenci-
Federação Russa am ao Império Russo.
Palco da primeira revolução socialista da história, a Federação Russa
é tradicionalmente chamada de Rússia, república hegemônica da antiga Stalinismo – Com a morte de Lênin, em 1924, Josef Stálin afasta seus
União Soviética (URSS). Desde o fim da Guerra Fria, no início dos anos rivais na luta sucessória e assume o controle do Partido Comunista e do
90, procura redefinir seu papel no cenário mundial e, ao mesmo tempo, governo soviético. Sua política de coletivização forçada das terras, a partir
solucionar os problemas internos decorrentes da queda do comunismo. A de 1929, provoca a morte de 10 milhões de camponeses por fome ou
transição para o livre mercado mergulha sua economia no pior período de execução. Stálin combate as tendências autonomistas dos povos não
instabilidade do pós-guerra, situação agravada em 1998, quando se torna o russos e perverte os ideais de democracia operária pregados por Lênin e
centro da crise financeira mundial. O governo enfrenta ainda o aumento do Trótski. Com os Processos de Moscou, iniciados em 1936, nos quais
crime organizado e movimentos nacionalistas na Chechênia e no Dagues- julgamentos sumários podiam resultar em penas que iam da deportação ao
tão, que ameaçam a unidade do país, composta de pelo menos 80 etnias. fuzilamento, Stálin leva à morte a maioria dos antigos dirigentes bolchevi-
ques. Trótski é assassinado em 1940, no México, por um agente secreto,
A Federação Russa é a maior nação do mundo. Mais de 10 mil quilô- Ramón Mercader. Em 1941, a Alemanha nazista invade a URSS. O avanço
metros e onze fusos horários separam Sochi, no oeste, de Vladivostok, no das tropas alemãs em território soviético só é interrompido em 1943, na
extremo leste. Seu vasto território alcança dois continentes, a Europa e a Batalha de Stalingrado, que muda o curso da II Guerra Mundial. Em 1945,
Ásia. A parte europeia, delimitada pelos montes Urais, reúne quatro quintos a URSS emerge como a segunda maior potência do mundo, submetendo o
da população e as principais cidades, entre elas a capital, Moscou, e a Leste Europeu. A economia, no entanto, está arruinada, e as mortes pro-
imperial São Petersburgo. As planícies inóspitas da Sibéria, na porção vocadas pelo conflito chegam a 20 milhões.
asiática, concentram as ricas reservas minerais que fazem do país um dos
líderes mundiais na produção de carvão, petróleo e gás natural. A grande Guerra Fria – Os Estados Unidos (EUA) reagem ao poder soviético,
extensão territorial, porém, esconde uma fragilidade geopolítica: a existên- comprometendo-se a impedir a expansão comunista. O mundo é dividido
cia de poucas saídas para águas navegáveis. Com uma longa costa gelada em dois grandes blocos geopolíticos antagônicos, dando início a um pro-
nos mares Glacial Ártico e de Bering, restam portos estratégicos nos mares cesso que passa à história como Guerra Fria. Após a morte de Stálin, em
Negro, Báltico e de Barents. 1953, uma junta liderada por Nikita Khruchov sobe ao poder. Três anos
depois, em um "relatório secreto" ao 20º Congresso do Partido Comunista,
HISTÓRIA – Os vikings se estabelecem na região no século IX e fun- Khruchov denuncia os crimes de Stálin. É o começo do "degelo", período
dam as cidades de Kiev e Nijni Novgorod. No século XIII, os mongóis, em que os soviéticos desfrutam de moderada abertura política, o que
liderados por Genghis Khan, conquistam grande parte do território. No propicia o surgimento de um movimento anti-soviético na Hungria, em
século XIV, Moscou passa a ser o núcleo da nação russa. Ivan IV, o Terrí- 1956, subjugado por tropas do Pacto de Varsóvia. No quadro da Guerra
vel adota o título de czar (inspirado no césar latino) no século XVI e adota Fria, o confronto entre URSS e EUA coloca o mundo à beira de um conflito
uma política expansionista. Ele submete a classe aristocrática dos boiardos nuclear em 1962, quando Khruchov tenta instalar mísseis em Cuba. A crise
(abaixo dos príncipes na hierarquia nobiliárquica russa) à centralização do só é encerrada quando a URSS os retira da ilha.
Estado e expande o domínio de Moscou.
Era Bréjnev – Em 1964, um golpe no interior da cúpula dirigente sovié-
Modernização – No século XVIII, Pedro I, o Grande promove amplo tica derruba Khruchov e instala o linha-dura Leonid Bréjnev no poder. Em
programa de modernização e funda a cidade de São Petersburgo, que se 1968, a URSS reprime o processo de democratização da Tchecoslováquia,
torna a capital do Império em 1712. No reinado de Catarina II, a Grande, no conhecido como Primavera de Praga, pondo em prática a Doutrina Bréjnev,
final do século XVIII, a Rússia participa com a Áustria e a Prússia da parti- pela qual Moscou passa a intervir militarmente onde o modelo ou a influên-
lha da Polônia, transformando-se na maior potência da Europa Oriental. Os cia soviética estiver sob ameaça. A mesma doutrina leva à invasão do
czares governam com poder absoluto, e o regime de servidão é abolido Afeganistão, em 1979, que se prolonga por dez anos.
apenas em 1861. A aristocracia é riquíssima, enquanto a imensa maioria
da população vive na miséria. Cristãos ortodoxos, os czares russos estimu- Reformas – Em 1982, quando morre Bréjnev, o regime soviético mos-
lam o anti-semitismo e patrocinam pogroms – atos de violência coletiva tra sinais de fragilidade, expressos até na condição física de seus dirigen-
contra os judeus. Com a industrialização, a partir de 1890 surgem os tes. Iuri Andrópov, que substitui Bréjnev, morre 15 meses depois de assu-
centros operários urbanos e os grupos de inspiração marxista, entre os mir o cargo; seu sucessor, Konstantin Tchernenko, após 13 meses. Mikhail
quais se destaca o Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR). Gorbatchov assume o poder a partir de março de 1985 e dá início às
reformas que resultariam no fim da URSS. São duas as suas palavras de
Revolução Russa – Em 1905, a derrota da Rússia na guerra contra o ordem: glasnost (transparência) e perestroika (reestruturação). A primeira
Japão pela posse da Manchúria desencadeia um movimento revolucionário representa notável abrandamento da censura e a segunda introduz crité-
que enfraquece o regime do czar Nicolau II, obrigando-o a limitar seus rios de eficiência na gestão da economia, seriamente prejudicada por
poderes. A participação russa na I Guerra Mundial, com grandes perdas décadas de burocracia e corrupção. No plano externo, Gorbatchov prega o
humanas e materiais, ajuda a pôr fim ao czarismo: em março de 1917 esforço para o desarmamento e a ampliação do diálogo com os EUA. Em
(fevereiro pelo calendário juliano), Nicolau II é derrubado. A Revolução de 1986 anuncia moratória unilateral dos testes nucleares subterrâneos. Em
Fevereiro é liderada pela ala moderada (menchevique) do POSDR e subs- 1989 determina a retirada das tropas soviéticas do Afeganistão. As exigên-
titui a monarquia pela república parlamentar. São formados os sovietes – cias de aceleração das reformas conquistam o apoio popular e frustram as
assembleias de operários, camponeses e soldados influenciados pela ala expectativas de Gorbatchov de promover um processo de abertura gradual.
radical (bolchevique), que mais tarde daria origem ao Partido Comunista. O Cresce o prestígio do dirigente populista Boris Iéltsin, chefe do PC de
novo governo menchevique, porém, ao insistir na participação da Rússia Moscou, que em março de 1990 é eleito presidente do Soviete Supremo da
na guerra, perde o apoio popular, e os sovietes passam a constituir uma URSS. Três meses depois, Iéltsin consegue aprovar no Parlamento uma
alternativa a ele. Regressando do exílio, o líder bolchevique Lênin lança a declaração de soberania que estabelece a superioridade das instituições
famosa palavra de ordem: "Todo o poder aos sovietes". Em novembro de da Rússia sobre as da URSS na política do país, o que esvazia a autorida-
1917 (outubro pelo calendário juliano), uma insurreição chefiada pelos de de Gorbatchov. Isso estimula reivindicações autonomistas, que ganham
bolcheviques leva ao poder um governo revolucionário encabeçado por força nas demais repúblicas da URSS.
Lênin.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 59 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Fim da URSS – Em agosto de 1991, setores conservadores do Partido estavam prestes a vencer. A medida afeta os mercados financeiros de todo
Comunista e das Forças Armadas dão um golpe de Estado, prendem o mundo, que registram quedas acentuadas nas bolsas de valores. Tam-
Gorbatchov e tentam restaurar a linha dura no governo soviético. A firme bém abala a confiança de investidores internacionais nos países emergen-
oposição de Iéltsin e a mobilização da população de Moscou e Leningrado tes, como o Brasil, provocando fuga de capital desses mercados .
levam ao fracasso do golpe. Fortalecido, Iéltsin promove a desmontagem
das principais instituições da URSS. Gorbatchov renuncia em dezembro de A moeda russa, o rublo, desvaloriza-se em cerca de 75%. O pacote de
1991, e a nação deixa de existir. Em seu lugar surge a Federação Russa, e 22 bilhões de dólares aprovado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e
Iéltsin é eleito presidente do novo país. É criada a Comunidade dos Esta- por outras instituições não soluciona os problemas econômicos do país,
dos Independentes (CEI), um fórum de coordenação entre as várias ex- que sofre com uma quebra de 45% na safra de grãos, em 1998. Em 1999,
repúblicas soviéticas sem um governo central. o desemprego já atinge 14,2% da população economicamente ativa, e 35%
dos russos vivem abaixo da linha da pobreza.
Transição – Em 1992, Iéltsin anuncia um programa radical de desesta-
tização e liberalização econômica. A transição para o capitalismo gera Instabilidade política – Em agosto de 1998, Iéltsin demite seu ministé-
inflação, recessão, desemprego e crescimento do crime organizado. As rio, incluindo o primeiro-ministro liberal Kirienko. Para o cargo nomeia pela
máfias russas ganham espaço em vários setores da economia, antes segunda vez Viktor Tchernomírdin, defensor de maior centralismo estatal.
controlados pelo Estado. Em dezembro, o primeiro-ministro Yegor Gaidar, A Duma (Câmara Baixa do Parlamento), porém, não aprova seu nome, e
autor do programa de reformas, renuncia e é substituído por Viktor Tcher- Iéltsin indica Ievguêni Primakov, que toma posse em setembro. Com a
nomírdin, de linha centrista. O ano de 1993 é marcado pelo confronto continuidade da crise, os neocomunistas tentam ampliar sua força e orga-
aberto entre o presidente e o Legislativo, que se opõe às reformas. O nizam enormes protestos em outubro, em que exigem a renúncia de Iéltsin,
conflito resulta na votação da demissão de Iéltsin, respondida pelo presi- afastado de novo das atividades oficiais por doença.
dente com o bombardeio da sede do Parlamento, em que morrem mais de
300 pessoas. Respaldado pelas Forças Armadas e pelos EUA, Iéltsin A incerteza econômica, a saúde frágil de Iéltsin e os contínuos atritos
reforma a Constituição e reforça seu poder. entre o presidente e o Legislativo tornam a instabilidade política uma
constante no país. O primeiro-ministro, Primakov, ganha popularidade e
Invasão da Chechênia – Em 1994, Iéltsin ordena a intervenção militar respaldo da Duma, por causa de uma campanha contra os "oligarcas",
na Chechênia, pequena república do Cáucaso que se declarara indepen- donos de fortunas suspeitas construídas à sombra do governo. O principal
dente em 1991. No início de 1995, um avanço frustrado das forças russas alvo da campanha é o milionário Boris Berezovsky, amigo fiel de Iéltsin,
para tomar a capital chechena, Grozny, termina com a morte de mais de que é forçado a demiti-lo da secretaria geral da CEI, em março de 1999. O
100 de seus soldados. A Federação Russa reage com um bombardeio próprio Iéltsin é acusado de aceitar dinheiro de uma empresa suíça de
maciço sobre Grozny, matando milhares de civis. Aos poucos, as forças construção civil e se livra de uma tentativa de impeachment, em maio. No
russas vencem a resistência dos chechenos e tomam a cidade. O cessar- mesmo mês substitui Primakov por um aliado, Serguei Stepashin. Em
fogo é acertado em 1996, e, em maio de 1997, um acordo de paz adia para agosto, demite Stepashin e indica Vladimir Putin – o quinto primeiro-
2001 a decisão sobre o status político da Chechênia. ministro da Federação Russa em 19 meses.

Vitória comunista – Nas eleições de 1995, os comunistas russos con- Atuação na Iugoslávia – O declínio da influência internacional do país
seguem 22,3% dos votos e, com o apoio de pequenos partidos, obtêm a é interrompido durante a campanha de bombardeios da Otan contra a
maioria parlamentar. Iéltsin é reeleito em julho de 1996 com 54% dos Iugoslávia – tradicional aliada dos russos –, entre março e junho de 1999 .
votos, apesar do agravamento de seu estado de saúde – sofre dois ata- A Federação Russa condena a ofensiva aérea e aceita o pedido da Otan
ques cardíacos em 1995 e um terceiro durante a campanha. A precária de interceder junto ao presidente iugoslavo Slobodan Milosevic por uma
situação do dirigente alimenta disputas no governo. Em novembro, Iéltsin solução para as hostilidades em Kosovo. A mediação russa torna-se ele-
submete-se a uma cirurgia para implantação de cinco pontes de safena. A mento-chave para o acordo de paz assinado em junho, que determina a
recuperação é prejudicada por uma pneumonia, que o faz passar os dois ocupação de Kosovo por uma Força de Segurança Internacional (KFOR).
primeiros meses de 1997 em repouso. As potências ocidentais negam à Federação Russa uma zona de controle
militar na região, e, em uma demonstração de força, um contingente russo
Volta à ativa – Em melhores condições de saúde, Iéltsin reforça sua se antecipa à chegada da Otan e ocupa o Aeroporto de Pristina. Um acor-
posição com uma reforma no gabinete, em março de 1997. Ignorando do no fim do mês autoriza a participação de 3,6 mil soldados russos na
apelos contrários, assina uma lei que concede privilégios à Igreja Ortodoxa KFOR.
Russa e dificulta a atuação das demais religiões no país. Em abril, Federa-
ção Russa e China divulgam seu primeiro documento importante desde o Guerra no Cáucaso – Em agosto, Iéltsin enfrenta uma rebelião de se-
fim da Guerra Fria, comprometendo-se a reduzir tropas na fronteira. Em paratistas islâmicos no Daguestão, república da região do Cáucaso. O
maio, Iéltsin firma um acordo de cooperação estratégica com a Organiza- primeiro-ministro, Putin, que assume o cargo em meio à crise, anuncia
ção do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aceitando a entrada de países do medidas enérgicas contra os rebeldes. No mesmo mês, tropas russas
antigo bloco comunista na aliança militar ocidental em troca da participação lançam uma ofensiva contra o Daguestão. Seguem-se atentados a bomba
da Federação Russa no Grupo dos Sete (G7). em edifícios residenciais de Moscou e em outras grandes cidades russas,
que matam cerca de 300 pessoas em setembro. O governo russo respon-
ÚLTIMAS NOTÍCIAS – Em março de 1998, o presidente russo destitui sabiliza os extremistas do Cáucaso pela onda de terror e acusa os cheche-
todo o gabinete e nomeia para o posto de primeiro-ministro Serguei Kirien- nos de fomentar a revolta no Daguestão. Em reação, ordena um novo
ko, de 35 anos, que promete avançar nas reformas pró-capitalistas. ataque à Chechênia, ainda em setembro. Em 31 de dezembro, Iéltsin
renuncia, e a Presidência é ocupada interinamente pelo primeiro-ministro
Em julho, 80 anos depois do fuzilamento da família real russa pelo Putin.
Exército Vermelho, os restos do czar Nicolau II, da czarina e de seus filhos
são enterrados com honras de Estado na Catedral de São Petersburgo. Os Guerra Fria
ossos tinham sido desenterrados da vala comum onde permaneceram Disputa pela hegemonia mundial entre Estados Unidos e URSS após a
escondidos desde o assassinato coletivo, na Sibéria, em 1918. II Guerra Mundial. É uma intensa guerra econômica, diplomática e tecnoló-
gica pela conquista de zonas de influência. Ela divide o mundo em dois
Crise econômica – Com a economia em sérias dificuldades – reservas blocos, com sistemas econômico e político opostos: o chamado mundo
internacionais reduzidas a 17 bilhões de dólares, exportações em queda, capitalista, liderado pelos EUA, e o mundo comunista, encabeçado pela
atraso nos salários do funcionalismo público e das Forças Armadas, entre URSS. Provoca uma corrida armamentista que se estende por 40 anos e
outros problemas –, a Federação Russa torna-se o centro da crise financei- coloca o mundo sob a ameaça de uma guerra nuclear.
ra mundial em agosto de 1998. Iéltsin declara moratória da dívida externa
de empresas privadas, no valor de 40 bilhões de dólares, e adia o paga- Após a II Guerra Mundial, os soviéticos controlam os países do Leste
mento de 32 bilhões de dólares em títulos do governo federal russo, que Europeu e os norte-americanos tentam manter o resto da Europa sob sua

Ciências Humanas e suas Tecnologias 60 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
influência. Apoiado na Doutrina Truman – segundo a qual cabe aos EUA a produção da concorrência estrangeira e se abrem ao fluxo internacional de
defesa do mundo capitalista diante do avanço do comunismo –, o governo bens, serviços e capitais. A recente revolução nas tecnologias da informa-
norte-americano presta ajuda militar e econômica aos países que se ção contribui de forma decisiva para essa abertura. Além de concorrer para
opõem à expansão comunista e auxilia a instalação de ditaduras militares uma crescente homogeneização cultural, a evolução e a popularização das
na América Latina. O Plano Marshall, por exemplo, resulta na injeção de tecnologias de informação (computador, telefone e televisor) são funda-
US$ 13 bilhões na Europa. A URSS adota uma política isolacionista, a mentais para agilizar o comércio, o fluxo de investimentos e a atuação das
chamada Cortina de Ferro. Ajudada pelo Exército Vermelho, transforma os transnacionais, por permitir uma integração sem precedentes de pontos
governos do Leste Europeu em satélites de Moscou. distantes do planeta. Em 1960, um cabo de telefone intercontinental con-
seguia transmitir 138 conversas ao mesmo tempo. Atualmente, os cabos
Nos anos 50 e 60, a política norte-americana de contenção da expan- de fibra ótica possuem capacidade para enviar 1,5 milhão. Uma ligação
são comunista leva à participação da nação na Guerra da Coreia e na telefônica internacional de três minutos, que custava 244 dólares em 1930,
Guerra do Vietnã. A Guerra Fria repercute na própria política interna dos é feita por 3 dólares no início dos anos 90. A Organização Mundial do
EUA, com o chamado macarthismo, que desencadeia no país uma onda de Comércio (OMC) prevê para 2000 a existência de 300 milhões de usuários
perseguição a supostos simpatizantes comunistas. da internet e transações comerciais de mais de 300 bilhões de dólares.

Corrida nuclear – A Guerra Fria amplia-se a partir de 1949, quando os Contrastes da globalização – O debate em torno dos efeitos colaterais
soviéticos explodem sua primeira bomba atômica e inauguram a corrida da globalização e das estratégias para evitá-los aprofunda-se em 1999.
nuclear. Os EUA testam novas armas nucleares no atol de Bikini, no Pací- Uma das consequências desse processo é a concentração da riqueza. A
fico, e, em 1952, explodem a primeira bomba de hidrogênio. A URSS lança maior parte do dinheiro circula nos países industrializados – apenas 25%
a sua em 1955. As superpotências criam blocos militares reunindo seus dos investimentos internacionais vão para nações em desenvolvimento –, e
aliados, como a Otan, que agrega os anticomunistas, e o Pacto de Varsó- o número de pessoas que vivem com menos de 1 dólar por dia sobe de 1,2
via, do bloco socialista. bilhão, em 1987, para 1,5 bilhão, em 1999. O crescimento dos países
emergentes em 1999 fica em torno de 1,5%, o pior desempenho em 17
Com a descoberta da instalação de mísseis soviéticos em Cuba, em anos. As exceções, China e Índia, são justamente as nações que dão ritmo
1962, os EUA ameaçam um ataque nuclear e abordam navios soviéticos mais lento à liberação comercial e à integração ao sistema financeiro
no Caribe. A URSS recua e retira os mísseis. O perigo nuclear aumenta internacional.
com a entrada do Reino Unido, da França e da China no rol dos detentores
de armas nucleares. Em 1973, as superpotências concordam em desacele- Com a crise mundial, o preço das matérias-primas, produzidas em
rar a corrida armamentista, fato conhecido como Política da Détente. Esse grande parte pelos Estados mais pobres, cai mais de 20%, trazendo per-
acordo dura até 1979, quando a URSS invade o Afeganistão. Em 1985, das de 10 bilhões de dólares para a América Latina. Os países ricos, no
com a subida ao poder do líder soviético Mikhail Gorbatchov, a tensão e a mesmo ano, lucram 60 bilhões de dólares somente com a queda do custo
guerra ideológica entre as superpotências começam a diminuir. O símbolo do petróleo. A participação das nações emergentes no comércio internaci-
do final da Guerra Fria é a queda do Muro de Berlim, em 1989. A Alema- onal é de pouco mais de 30%. Algumas regiões estão à margem da globa-
nha é reunificada e, aos poucos, dissolvem-se os regimes comunistas do lização, como a Ásia Central, que representa apenas 0,2% das trocas, e o
Leste Europeu. Com a desintegração da própria URSS, em 1991, o conflito norte da África (0,7%).
entre capitalismo e comunismo cede lugar às contradições existentes entre
o hemisfério norte, que reúne os países desenvolvidos, e o hemisfério sul, O Banco Mundial (Bird) aponta como causas para o distanciamento
onde está a maioria dos subdesenvolvidos. entre ricos e pobres o aumento das ações protecionistas promovidas pelos
países ricos, a voracidade dos investidores e a fragilidade econômica e
Descolonização da África institucional das nações subdesenvolvidas. A receita usada para recuperar
Processo de independência das colônias europeias no continente afri- os mercados emergentes em queda – cortes orçamentários e juros altos –
cano que começa após a II Guerra Mundial e termina na década de 70. contribui para aumentar ainda mais a distância.
Durante a guerra, a pressão das metrópoles pelo crescimento da produção
colonial, o avanço dos meios de comunicação (aviação, rádio, construção Correção de rumos – Tais desigualdades preocupam os organismos
de estradas) e a desestruturação das metrópoles europeias – Inglaterra, internacionais. A Conferência das Nações Unidas para o Comércio e
França, Bélgica, Alemanha e Itália – favorecem o surgimento de movimen- Desenvolvimento (Unctad) propõe o controle de capitais e desenvolvimento
tos de libertação. A descolonização dá-se de forma lenta e desigual em sustentado em contraposição ao Consenso de Washington, nome pelo qual
todo o continente. ficaram conhecidos os princípios de liberalização financeira e comercial
que caracterizam o neoliberalismo. A instituição, em conjunto com o Bird,
Os movimentos anticolonialistas tomam impulso após a Conferência tem um plano para abolir em 15 anos as dívidas dos 41 países mais po-
Afro-Asiática. Realizada em Bandung, na Indonésia, em 1955, reúne 24 bres.
países asiáticos e africanos. Eles proclamam o princípio do não-
alinhamento automático ao lado das novas potências emergentes, EUA e Em seu Relatório do Desenvolvimento Humano de 1999, o Programa
URSS, e defendem o direito de autodeterminação dos povos. Nos dez das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) fornece uma receita
anos que se seguem à conferência, 33 países obtêm a emancipação. geral para corrigir os rumos da globalização. As nações emergentes e
Diante da pressão dos movimentos autonomistas, diversas potências organizações não governamentais devem ter mais influência nos fóruns
europeias apressam a concessão da independência. Entretanto, procuram econômicos internacionais – Fundo Monetário Internacional (FMI), Bird,
manter laços econômicos e políticos e estimulam a instauração de ditadu- Grupo dos Sete (G7) –, hoje controlados pelos Estados ricos. Sugere ainda
ras fiéis à antiga colônia. Aos EUA e à URSS, nesse contexto da Guerra que as decisões não considerem apenas as variáveis econômicas, mas
Fria, não mais interessa a manutenção do mundo colonial, mas a disputa também suas repercussões na área social. Por fim, conclui que, embora
por áreas de influência. pareça contraditório, o sucesso da globalização exige avaliações regionali-
zadas.
O surgimento das nações africanas no século XX é marcado por lutas
contra os grupos dirigentes colonialistas e por guerras civis, já que muitas Expansão – O início da integração mundial remonta aos séculos XV e
das fronteiras estabelecidas pelos novos países não obedeceram às divi- XVI, quando a expansão ultramarina dos Estados europeus possibilita a
sões étnicas, linguísticas e culturais dos povos africanos. Alguns desses conquista de novos mercados. Outro salto na difusão do comércio e dos
conflitos permanecem até hoje. Da mesma forma persistem sem solução investimentos é dado pelas duas Revoluções Industriais, nos séculos XVIII
os desequilíbrios econômicos e sociais no continente. e XIX. A interdependência econômica cresce até a quebra da Bolsa de
Nova York, em 1929, e é retomada no bloco capitalista após a II Guerra
Globalização Mundial. Estimuladas pela queda de barreiras – decorrente, em grande
Processo de integração mundial que se intensifica nas últimas déca- parte, das políticas liberalizantes postas em prática pelo Acordo Geral de
das, a globalização baseia-se na liberalização econômica: os Estados Tarifas e Comércio (Gatt) e, atualmente, pela Organização Mundial do
abandonam gradativamente as barreiras tarifárias que protegem sua Comércio (OMC) –, as trocas mundiais aumentam de forma expressiva a

Ciências Humanas e suas Tecnologias 61 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
partir dessa época. Em 1950 totalizam 61 bilhões de dólares, ao passo que O termo Nova Ordem Mundial é aplicado de forma abrangente. Em um
em 1998 atingem 5,2 trilhões de dólares. contexto atual, pode se referir também à importância das novas tecnologi-
asem um mundo progressivamente globalizado e às novas formas de
O fim da Guerra Fria, nos anos 80, inaugura um novo estágio da glo- controle tecnológico sobre as pessoas.
balização: as trocas mundiais incrementam-se ainda mais por causa da
transição das nações comunistas para a economia de mercado, e a expan- A Nova Ordem Mundial busca garantir o desenvolvimento do capita-
são do comércio supera o aumento da produção mundial. De acordo com o lismo e estrutura-se a partir de uma hierarquização de países, de acordo
FMI, entre 1989 e 1998 o volume de dinheiro movimentado em trocas com seu nível de desenvolvimento e de especialização econômica. Veja
internacionais se eleva em média 6,5% ao ano, enquanto a taxa anual de algumas das principais características.
crescimento da produção é de 3,4%. Distribuição do poder internacional

Explosão dos investimentos – A expansão dos fluxos de capital tem si- Em termos militares, a bipolaridade (fato de haver dois pólos de força,
do ainda maior por causa da abertura dos países ao investimento estran- que eram Estados Unidos e URSS) foi substituída pela chamada pax
geiro e da enorme velocidade das transações. O movimento diário de imperial americana, que significa que não existe país no mundo capaz de
capitais no mundo é estimado em 2 trilhões de dólares. A migração quase se contrapor ao poderio militar americano. A supremacia militar incontestá-
instantânea do dinheiro fortalece investimentos estrangeiros de curto vel dos Estados Unidos é exercida de forma intensa em todas as partes do
prazo. Ao menor sinal de instabilidade econômica ou política no Estado, o mundo onde seus interesses econômicos ou geopolíticos se fazem presen-
investimento é resgatado, provocando uma crise que pode alastrar-se para tes.
outras nações por causa da integração das economias. Em termos econômicos e tecnológicos temos a multipolaridade, com
pelo menos três grandes blocos: o primeiro, organizado em torno dos EUA;
É o que ocorre no segundo semestre de 1997, quando as principais o segundo, em torno da Europa (União Europeia) e um terceiro, o blocoa-
bolsas de valores do mundo despencam em reação à profunda crise das siático, onde se destacam o Japão, a China, a Índia e até mesmo a Rússia.
nações do Sudeste Asiático. O turbilhão financeiro evolui para uma crise
internacional em 1998. Os países emergentes – sobretudo a Federação Urbanização mundial
Russa – são os mais atingidos, por adotar modelos de desenvolvimento
A intensa urbanização mundial é um fenômeno típico de países não-
baseados em investimentos externos. As sucessivas crises realçam a
desenvolvidos e resultante de sua industrialização e modernização recente.
instabilidade de um mercado financeiro globalizado, em que o desempenho
No ano 2000, a ONU (Organização das Nações Unidas) divulgou que a
das economias nacionais depende não só da ação dos governos, mas
população urbana mundial superou a população rural.
cada vez mais dos grandes investidores estrangeiros.
A urbanização é acelerada e irreversível em especial nos países em
Corporações transnacionais – A globalização é marcada ainda pelo desenvolvimento. É geralmente caótica, o que agrava os problemas ambi-
crescimento das corporações transnacionais, que exercem papel decisivo entais e concentra a pobreza, potencializando seus aspectos negativos.
na economia mundial. De acordo com o Relatório do Desenvolvimento
Humano de 1999, das 100 maiores riquezas do mundo, metade pertence a Nova divisão do trabalho
Estados e metade, a megaempresas. Reportagem da revista Fortune Ao contrário do que ocorria até pouco tempo, a nova divisão internaci-
mostra que as dez principais corporações do mundo – General Motors onal do trabalho (DIT) não separa apenas países exportadores de manufa-
Corporation, DaimlerChrysler, Ford Motor, Wal-Mart Stores, Mitsui, Itochu, turados de países exportadores de matéria-prima.
Mitsubishi, Exxon, General Electric e Toyota Motor – ganharam juntas 1,2
trilhão de dólares em 1998, valor 50% maior que o produto interno bruto
(PIB) brasileiro. O faturamento isolado de cada uma dessas empresas é
comparável ao PIB de importantes economias mundiais, como Dinamarca, • OS DOMÍNIOS NATURAIS E A RELAÇÃO DO SER HUMANO
Noruega, Polônia, África do Sul, Finlândia, Grécia e Portugal. Somente as COM O AMBIENTE – RELAÇÃO HOMEM- NATUREZA, A
ações da Microsoft, a principal empresa de informática do mundo, atingem APROPRIAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS PELAS SOCIE-
em julho de 1999 valor de mercado equivalente a mais de 500 bilhões de DADES AO LONGO DO TEMPO. IMPACTO AMBIENTAL DAS
dólares. Além de crescer em faturamento, as corporações tornam-se ATIVIDADES ECONÔMICAS NO BRASIL. RECURSOS MINE-
gigantescas também pelo processo de fusões, acelerado a partir de 1998. RAIS E ENERGÉTICOS: EXPLORAÇÃO E IMPACTOS. RECUR-
SOS HÍDRICOS; BACIAS HIDROGRÁFICAS E SEUS APROVEI-
As transnacionais implementam mudanças significativas no processo
de produção. Auxiliadas pelas facilidades na comunicação e nos transpor- TAMENTOS. AS QUESTÕES AMBIENTAIS CONTEMPORÂ-
tes, instalam suas fábricas em qualquer lugar do mundo onde existam NEAS: MUDANÇA CLIMÁTICA, ILHAS DE CALOR, EFEITO
melhores vantagens fiscais e mão-de-obra e matéria-prima baratas. Os ESTUFA, CHUVA ÁCIDA, A DESTRUIÇÃO DA CAMADA DE
produtos não têm mais nacionalidade definida. Um carro de uma marca OZÔNIO. A NOVA ORDEM AMBIENTAL INTERNACIONAL;
dos EUA pode conter peças fabricadas no Japão, ter sido projetado na POLÍTICAS TERRITORIAIS AMBIENTAIS; USO E CONSERVA-
França, montado no Brasil e ser vendido no mundo todo. ÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS, UNIDADES DE CONSERVA-
ÇÃO, CORREDORES ECOLÓGICOS, ZONEAMENTO ECOLÓ-
Euro – Em 1999, onze países da União Europeia (UE) dão outro passo GICO E ECONÔMICO. ORIGEM E EVOLUÇÃO DO CONCEITO
importante no processo de globalização ao criar o euro, moeda única do
DE SUSTENTABILIDADE. ESTRUTURA INTERNA DA TERRA.
bloco. Em 1o de janeiro, Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, França,
Finlândia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda (Países Baixos) e Portugal ESTRUTURAS DO SOLO E DO RELEVO; AGENTES INTERNOS
passam a empregá-lo nas transações entre suas empresas. Em 1o de E EXTERNOS MODELADORES DO RELEVO. SITUAÇÃO GE-
janeiro de 2002, o euro vai ser usado regularmente e, a partir de 1o de RAL DA ATMOSFERA E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA. AS
julho desse ano, as moedas nacionais deixarão de existir. É a primeira vez CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS DO TERRITÓRIO BRASILEI-
na história que nações abrem mão de emitir sua própria moeda. RO. OS GRANDES DOMÍNIOS DA VEGETAÇÃO NO BRASIL E
NO MUNDO.
Nova Ordem Mundial
O fim da geopolítica bipolar Brasil, oficialmente República Federativa do Brasil, é o maior país
Luiz Carlos Parejo da América do Sul e o quinto maior do mundo em área territorial
A Nova Ordem Mundial é um conceito político e econômico que se (equivalente a 47% do território sul-americano) epopulação, com mais de
refere ao contexto histórico do mundo pós-Guerra Fria. Estabeleceu-se 192 milhões de habitantes. É o único país falante da língua portuguesana
no fim da década de 80, com a queda do muro de Berlim (1989), no quadro América e o maior país lusófono do mundo, além de ser uma das nações
das transformações ocorridas no Leste Europeu com a desintegração do mais multiculturais e etnicamente diversas do planeta, resultado da forte
blocosoviético. imigração vinda de muitos países.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 62 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Delimitado pelo oceano Atlântico a leste, o Brasil tem um litoral de do seu cerne, comerciado como corante. Já um ato notarial de 1503
7.491 km. É limitado a norte pela Venezuela, Guiana, Suriname e pelo arrolava um carregamento de "paus do brasil", trazidos da terra recém-
departamento ultramarino francês da Guiana Francesa; a noroeste pela descoberta. Até o século XVII, "brasileiros" eram inicialmente os que
Colômbia; a oeste pela Bolívia e Peru; a sudoeste pela Argentina e comerciavam com pau-brasil; depois os que vinham para o Brasil ganhar a
Paraguai e ao sul pelo Uruguai. Vários arquipélagos formam parte do vida; e finalmente os filhos da terra, nativos ou descendentes de europeus.
território brasileiro, como Fernando de Noronha,Atol das Rocas,
Arquipélago de São Pedro e São Paulo e Trindade e Martim Vaz. O país Geografia física
fazfronteira com todos os outros países sul-americanos, exceto Equador e Geologia
Chile.
O território brasileiro, juntamente com o das Guianas, distingue-se
O Brasil foi descoberto pelos europeus em 1500, por uma expedição nitidamente do resto da América do Sul. Seu embasamento abriga as
portuguesa liderada por Pedro Álvares Cabral. O território brasileiro, até maiores áreas de afloramento de rochas pré-cambrianas, os chamados
então habitado por povos ameríndios, a partir daí torna-se uma colônia do escudos: o escudo ou complexo Brasileiro, também designado como
império ultramarino português. Em 1815 se torna um reino unido com embasamento Cristalino, ou simplesmente Cristalino; e o escudo das
Portugal. O vínculo colonial foi, de fato, quebrado em 1808, quando a Guianas. Os terrenos mais antigos, constituídos de rochas de intenso
capital do reino foi transferida de Lisboapara o Rio de Janeiro, depois de as metamorfismo, formam o complexo Brasileiro. O escudo das Guianas
tropas francesas comandadas por Napoleão Bonaparteinvadirem Portugal. abarca, além das Guianas, parte da Venezuela e do Brasil, ao norte do rio
A independência do Brasil se deu em 1822. Inicialmente independente Amazonas. Entre ambos situa-se a bacia sedimentar do Amazonas, cuja
comoImpério do Brasil, período no qual foi uma monarquia constitucional superfície está em grande parte coberta por depósitos cenozóicos, em
parlamentarista, o país se tornou uma república em 1889, com um golpe continuação aos da faixa adjacente aos Andes.
militar, embora a legislatura bicameral, agora chamada decongresso
nacional, remonte à ratificação da primeira constituição, em 1824.] A sua As rochas mais antigas do escudo das Guianas datam de mais de dois
constituição atual, formulada em 1988, define o Brasil como uma república bilhões de anos. É portanto uma área estável de longa data. Na faixa
federativa presidencialista. Afederação é formada pela união do Distrito costeira do Maranhão e do Pará ocorrem rochas pré-cambrianas, que
Federal, os 26 estados e os 5 565 municípios. constituem um núcleo muito antigo, com cerca de dois bilhões de anos. A
região pré-cambriana de Guaporé é coberta pela floresta amazônica. A do
A economia brasileira é a maior da América Latina e do Hemisfério Sul, rio São Francisco estende-se pelos estados da Bahia, Minas Gerais e
a sexta maior do mundo porPIB nominal e a sétima maior por paridade do Goiás. Há dentro dessa região uma unidade tectônica muito antiga, o
poder de compra (PPC). O Brasil é uma das principais economias com geossinclíneo do Espinhaço, que vai de Ouro Preto MG até a borda
mais rápido crescimento econômico no mundo e as reformas econômicas meridional da bacia sedimentar do Parnaíba. As rochas mais antigas dessa
deram ao país novo reconhecimento internacional, seja em âmbito regional área constituem o grupo do rio das Velhas, com idades que atingem cerca
ou global. O país é membro fundador da Organização das Nações Unidas de 2,5 bilhões de anos.
(ONU), G20, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP),
União Latina, Organização dos Estados Americanos (OEA),Organização As rochas do grupo Minas assentam-se em discordância sobre elas, e
dos Estados Ibero-americanos (OEI), Mercado Comum do Sul (Mercosul) e são constituídas de metassedimentos que em geral exibem metamorfismo
da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), além de ser um dos de fácies xisto verde, com idade aproximada de 1,5 bilhão de anos.
países BRIC. O Brasil também é o lar de uma diversidade de animais Pertence a esse grupo a formação Itabira, com grandes jazidas de ferro e
selvagens, ambientes naturais e de vastos recursos naturais em uma manganês. Sobre as rochas do grupo Minas colocam-se em discordância
grande variedade de habitats protegidos. as do grupo Lavras, constituídas de metassedimentos de baixo
metamorfismo, com metaconglomerados devidos talvez a uma glaciação
"País do futuro", "terra dos contrastes", "nação da cordialidade" e pré-cambriana.
"gigante adormecido", são alguns dos qualificativos com que se tenta
resumidamente explicar a complexa e multifacetada realidade brasileira, Grande parte da área pré-cambriana do São Francisco é coberta por
onde a abundância de terras férteis convive com multidões de rochas sedimentares quase sem metamorfismo e só ligeiramente
desempregados, prodigiosos recursos naturais não conseguem impedir dobradas, constituídas em boa parte de calcários. Essa sequência é
bolsões de miséria e se vêem cidades tão modernas quanto as do primeiro conhecida como grupo Bambuí, com idade em torno de 600 milhões de
mundo ou tribos indígenas que vivem ainda como seus antepassados de anos, época em que provavelmente a região do São Francisco já havia
1500, ao tempo do descobrimento. atingido relativa estabilidade.

Único país de colonização portuguesa em todo o continente Ao que parece, um grande ciclo orogenético, denominado
americano, o Brasil difere muito de seus vizinhos tanto na língua quanto na Transamazônico, ocorrido há cerca de dois bilhões de anos, perturbou as
cultura, na maneira de ser de seu povo como nas preferências de sua elite rochas mais antigas dessa faixa pré-cambriana. Ao final do pré-cambriano,
intelectual e econômica, no relevo do solo como na configuração do litoral. as regiões do São Francisco e do Guaporé eram separadas por dois
E ele mesmo é uma grande colcha de retalhos, com regiões geossinclíneos -- o Paraguai-Araguaia, que margeava as terras antigas do
completamente diferentes entre si, tanto no aspecto físico como na Guaporé pelo lado oriental; e o de Brasília, que margeava as terras antigas
organização urbana, na história como na cultura, embora exista latente e do São Francisco pelo lado ocidental.
sempre pronto a manifestar-se com vigor um sentimento geral de As estruturas das rochas parametamórficas do geossinclíneo
brasilidade. Paraguai-Araguaia orientam-se na direção norte-sul no Paraguai e sul do
Uma das nações-continente do mundo, com área de 8.547.404km2, o Mato Grosso, curvam-se para o nordeste e novamente para norte-sul no
Brasil ocupa quase a metade da América do Sul e é o quinto país do norte de Mato Grosso e Goiás e atingem o Pará através do baixo vale do
mundo em extensão territorial, apenas sobrepujado pela Rússia, Canadá, Tocantins, numa extensão de mais de 2.500km. Iniciam-se por uma
China e Estados Unidos. Ao longo de cerca de 16.000km de fronteiras, espessa sequência de metassedimentos que constituem, no sul, o grupo
limita-se ao norte com a Guiana, Suriname, Guiana Francesa e Venezuela; Cuiabá, e no norte, o grupo Tocantins. Essa sequência é recoberta pelas
a oeste com a Colômbia, Peru, Bolívia e Paraguai; ao sul, com a Argentina rochas do grupo Jangada, entre as quais existem conglomerados tidos
e o Uruguai; e a leste com o oceano Atlântico. Portanto, apenas dois como representantes do episódio glacial.
países sul-americanos não têm fronteira com o Brasil: Equador e Chile. O geossinclíneo Brasília desenvolveu-se em parte dos estados de
Com a forma aproximada de um imenso triângulo, o território brasileiro tem Goiás e Minas Gerais. Suas estruturas, no sul, dirigem-se para noroeste e
largura e altura praticamente iguais: no sentido norte-sul, estende-se por depois curvam-se para o norte. A intensidade do metamorfismo decresce
4.320km, desde o monte Caburaí, na fronteira com a Guiana, até o arroio de oeste para leste e varia de fácies anfibolito a fácies xisto verde. A região
Chuí, na fronteira com o Uruguai; e no sentido oeste-leste, por 4.328km, da central de Goiás, que separa os geossinclíneos Paraguai-Araguaia e
serra de Contamana, no Peru, até a ponta do Seixas, no litoral da Paraíba. Brasília, é constituída de rochas que exibem fácies de metamorfismo de
O nome Brasil deriva da árvore Caesalpinia echinata, chamada pelos anfibolito.
índios de ibirapitanga e pelos portugueses de pau-brasil, pela cor de brasa

Ciências Humanas e suas Tecnologias 63 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Uma longa faixa metamórfica, chamada de geossinclíneo Paraíba, de origem marinha; os devonianos subdividem-se em três formações:
estende-se ao longo da costa oriental do Brasil, do sul da Bahia ao Rio Picos, Cabeças e Longá. Distinguem-se na bacia do Parnaíba três ciclos
Grande do Sul e Uruguai. Suas rochas de metamorfismo mais intenso de sedimentação separados por discordâncias: (1) siluriano; (2) devoniano-
estão na serra do Mar. As rochas de baixo metamorfismo (xistos verdes) carbonífero inferior; (3) carbonífero superior-permiano. Durante o intervalo
são grupadas sob diferentes nomes geográficos: grupo Porongos, no Rio siluriano-carbonífero inferior, a área de maior subsidência situava-se no
Grande do Sul, grupo Brusque, em Santa Catarina, grupo Açungui, no limite sudeste da atual bacia, o que lhe conferia grande assimetria em
Paraná e sul de São Paulo, e grupo São Roque, na área de São Roque- relação aos atuais limites da bacia. Isso significa que a borda oriental atual
Jundiaí-Mairiporã, no estado de São Paulo. Gnaisses e migmatitos da área é erosiva e não corresponde à borda original. A história da bacia durante o
pré-cambriana do norte, em São Paulo e partes adjacentes de Minas permiano acha-se documentada pelos depósitos das formações Pedra de
Gerais, constituem a serra da Mantiqueira. Fogo e Motuca.
A faixa orogenética do Cariri, no Nordeste, possui direções estruturais A bacia do Paraná é uma das maiores do mundo. Mais de sessenta
muito perturbadas por falhamentos. Um grande acidente tectônico, o por cento de sua área de 1.600.000km2 ficam no Brasil; cerca de 25% na
lineamento de Pernambuco, separa a faixa do Cariri do geossinclíneo de Argentina e o restante no Paraguai e Uruguai. É definida como unidade
Propriá. O grupo Ceará, importante unidade da faixa tectônica do Cariri, autônoma a partir do devoniano, embora ocorram sedimentos marinhos
apresenta metassedimentos com metamorfismos que variam da fácies silurianos fossilíferos no Paraguai, de extensão limitada. Distinguem-se na
xisto verde à de anfibolito, recobertos em discordância pelas rochas do bacia do Paraná três ciclos de sedimentação paleozóica (siluriano,
grupo Jaibara. devoniano, permocarbonífero), separados entre si por discordâncias. Os
sedimentos marinhos do fim do paleozóico são bem menos importantes
A fase de sedimentação intensa de todos esses geossinclíneos que nas duas outras bacias, mas ao contrário delas, essa bacia possui
ocorreu no pré-cambriano superior, e seu fim foi marcado por um ciclo sedimentos marinhos permianos.
orogenético, o ciclo Brasileiro, ocorrido há cerca de 600 milhões de anos.
Suas fases tardias atingiram os períodos cambriano e ordoviciano, e Relevo
produziram depósitos que sofreram perturbações tectônicas, não
acompanhadas de metamorfismo. Em Mato Grosso, extensos depósitos O Brasil é um país de relevo modesto: seus picos mais altos elevam-se
calcários dessa época constituem os grupos Corumbá, ao sul, e Araras, ao a cotas da ordem dos três mil metros. Em grandes números, o relevo
norte. Em discordância sobre o Corumbá, assentam as rochas do grupo brasileiro se reparte em menos de quarenta por cento de planícies e pouco
Jacadigo, constituídas de arcósios, conglomerados arcosianos, siltitos, mais de sessenta por cento de planaltos. A altitude média é de 500m. As
arenitos e camadas e lâminas de hematita, jaspe e óxidos de manganês. elevações agrupam-se em dois sistemas principais: o sistema Brasileiro e o
sistema Parima ou Guiano. Ambos são constituídos de velhos escudos
Na faixa atlântica há indícios de manifestações vulcânicas riolíticas e cristalinos, de rochas pré-cambrianas -- granito, gnaisse, micaxisto,
andesíticas associadas aos metassedimentos cambro-ordovicianos, e quartzito -- fortemente dobrados e falhados pelas orogenias laurenciana e
também granitos intrusivos, tardios e pós-tectônicos. Os sedimentos huroniana.
cambro-ordovicianos, que marcam os estertores da fase geossinclinal no
Brasil, não possuem fósseis, por se terem formado em ambiente não- Trabalhados por longo tempo pelos agentes erosivos, os dois escudos
marinho. Ocupam áreas restritas, cobertas discordantemente pelos foram aplainados até formarem planaltos muito regulares. Na periferia, a
sedimentos devonianos ou carboníferos da bacia do Paraná. A maior área orogenia andina refletiu-se por meio de falhas, flexuras e fraturas que
encontra-se no estado do Rio Grande do Sul. promoveram uma retomada da erosão, que deu origem a formas mais
enérgicas de relevo: escarpas, vales profundos, serras e morros
A sequência da base é chamada de grupo Maricá, à qual sucede o arredondados.
grupo Bom Jardim, que consiste em sequências sedimentares semelhantes
às do grupo Maricá, mas caracterizadas por um vulcanismo andesítico O sistema Parima ou Guiano fica ao norte da bacia amazônica e sua
muito intenso. Segue-se o grupo Camaquã, cujas rochas exibem linha divisória serve de fronteira entre o Brasil, de um lado, e a Venezuela,
perturbações mais suaves que as dos grupos sotopostos. Nas fases iniciais Guiana, Suriname e Guiana Francesa de outro. A superfície aplainada do
de deposição desse grupo, ocorreu intenso vulcanismo riolítico, mas há alto rio Branco (vales do Tacutu e do Rupununi) divide o sistema em dois
evidências de fases vulcânicas riolíticas anteriores: os conglomerados do maciços: o Oriental, com as serras de Tumucumaque e Acaraí, mais baixo,
grupo Bom Jardim contêm seixos de riólitos. Também durante as fases de com altitudes quase sempre inferiores a 600m; e o Ocidental, mais
sedimentação das rochas do grupo Camaquã, ocorreu vulcanismo elevado, que recebe denominações como serra de Pacaraima, Parima,
andesítico intermitente. Urucuzeiro, Tapirapecó e Imeri, onde se encontram os pontos culminantes
do relevo brasileiro: o pico da Neblina, com 3.014m, e o Trinta e Um de
O grupo Itajaí, em Santa Catarina, é outra grande área de rochas Março, com 2.992m. Mais para oeste, no alto rio Negro, ocorrem apenas
formadas em ambiente tectônico. O grupo Castro, no Paraná, constituído bossas graníticas isoladas (cerro Caparro, pedra de Cucaí), com menos de
de arcósios, siltitos e conglomerados, parece ter-se formado na mesma 500m, que emergem do peneplano coberto de florestas.
época desses grupos. Riólitos, tufos e aglomerados ocorrem em diversos
níveis dessa sequência, e rochas vulcânicas andesíticas marcam as fases O sistema Brasileiro ocupa área muito maior que o Parima. Está
finais. Sobre as rochas do grupo Castro descansa uma sequência de subdividido em províncias fisiográficas ou geomórficas. O maciço Atlântico
conglomerados, a formação Iapó. abrange as serras cristalinas que ficam a leste das escarpas sedimentares
do planalto Meridional, e tomam as denominações gerais de serra do Mar e
Bacias sedimentares. Distinguem-se, por sua estrutura, três grandes serra da Mantiqueira. A primeira acompanha a costa brasileira desde o
bacias sedimentares intracratônicas no Brasil: Amazonas, Parnaíba (ou baixo Paraíba, perto do município de Campos dos Goitacases RJ até o sul
Maranhão) e Paraná. A bacia do Amazonas propriamente dita ocupa de Santa Catarina; a serra da Mantiqueira fica um pouco mais para o
apenas a região oriental do estado do Amazonas e o estado do Pará, com interior, e estende-se de São Paulo até à Bahia.
exceção da foz do Amazonas, que pertence à bacia de Marajó. Os terrenos
mais antigos datam da era paleozóica e alinham-se em faixas paralelas ao A serra do Mar mostra um conjunto de cristas paralelas entre o litoral
curso do rio Amazonas. As rochas do período devoniano ocorrem tanto na sul do estado do Rio de Janeiro e o médio Paraíba: Gávea, Pão de Açúcar,
bacia do Amazonas como nas do Parnaíba e do Paraná. Outros datam da Corcovado, Tijuca, Pedra Branca, Jericinó-Marapicu, garganta Viúva da
era mesozóica e são cretáceos (séries Acre e Itauajuri, formação Nova Graça, até o alinhamento principal da serra, que descamba suavemente
Olinda), e constituem, com os anteriores, zonas com possibilidades de para o leito do Paraíba. Longitudinalmente, mostra o bloco levantado da
jazidas petrolíferas. Mas as maiores extensões correspondem aos terrenos serra dos Órgãos, ao norte da baía de Guanabara, com culminâncias na
recentes, particularmente pliocênicos (série Barreiras), mas também pedra do Sino (2.245m) e na pedra Açu (2.232m) entre Petrópolis e
pleistocênicos (formação Pará) e holocênicos ou atuais, todos de origem Teresópolis, pendente para o interior. A serra da Bocaina, no estado de
continental. São Paulo, ao contrário, é basculada em direção à costa. Entre São Paulo
e Santos, a serra de Cubatão, com 700m de altitude, é meramente a borda
A bacia sedimentar do Parnaíba situa-se em terras do Maranhão e do de um planalto.
Piauí. Os terrenos mais antigos remontam à era paleozóica e em geral são

Ciências Humanas e suas Tecnologias 64 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
No Paraná, a serra do Mar toma os nomes de Ibiteraquire, ou Verde, Goiás, passando pelo Distrito Federal. Seus vales são largos, com
Negra e Graciosa, e é uma verdadeira serra marginal. Em Santa Catarina, vertentes suaves; só os rios de grande caudal, como o Paranã (bacia
foi rebaixada e cortada de falhas, de modo que a erosão isolou morros com Amazônica), Paranaíba (bacia do Prata) e Abaeté (bacia do São
formato de pirâmide truncada. Avança para o sul até Tubarão, onde Francisco), cavam neles vales profundos. No sudeste do planalto central, a
desaparece sob sedimentos paleozóicos e possantes derrames basálticos. uniformidade do relevo resulta de longo trabalho de erosão em rochas
As serras de Tapes e Erval, no sudeste do Rio Grande do Sul, com cerca proterozóicas. As altitudes dos planaltos vão baixando para o norte e
de 400m de altitude, são consideradas como parte da serra do Mar apenas noroeste à medida que descem em degraus para a planície amazônica:
por suas rochas, pois há entre elas uma solução de continuidade. 800-900m na serra Geral de Goiás; 700-800m nas serras dos Parecis e
Pacaás Novos, em Rondônia; 500m e pouco mais na serra do Cachimbo.
A serra da Mantiqueira é composta por rochas de idade algonquiana,
na maioria de origem metamórfica: gnaisse xistoso, micaxisto, quartzito, Planícies. Existem três planícies no Brasil, em volta do sistema
filito, itabirito, mármore, itacolomito etc. Enquanto no interior paulista toma Brasileiro: a planície Amazônica, que o separa do sistema Guiano, a
os nomes locais de serra de Paranapiacaba e Cantareira, nas divisas de planície litorânea e a planície do Prata, ou Platina. A Amazônica, em quase
Minas, onde alcança as cotas mais elevadas, é chamada de Mantiqueira toda sua área, é formada de tabuleiros regulares, que descem em degraus
mesmo. em direção à calha do Amazonas. A planície litorânea estende-se como
uma fímbria estreita e contínua da costa do Piauí ao Rio de Janeiro,
Durante o período terciário, massas de rochas plutônicas alcalinas constituída de tabuleiros e da planície holocênica.
penetraram pelas falhas que criaram esse escarpamento e geraram os
blocos elevados de Itatiaia (pico das Agulhas Negras: 2.787m) e Poços de Apenas dois prolongamentos da planície do Prata atingem o Brasil: no
Caldas. Águas e vapores em altas temperaturas intrometeram-se também extremo sul, a campanha gaúcha, e no sudoeste, o pantanal mato-
pelas fendas e formaram as fontes de águas termais dessa região. A leste grossense. Ao sul da depressão transversal do Rio Grande do Sul, a
do maciço de Itatiaia, as cristas da Mantiqueira formam alinhamentos campanha é uma baixada com dois níveis de erosão: o mais alto forma um
divergentes. O mais ocidental se dirige para o centro do estado e forma platô com cerca de 400m de altitude na região de Lavras e Caçapava do
uma escarpa voltada para leste, que eleva as cotas a mais de mil metros. Sul; o mais baixo aplainou o escudo cristalino com ondulações suaves -- as
O ramo mais oriental forma a divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo até coxilhas. O pantanal mato-grossense é uma fossa tectônica, aproveitada
o vale do rio Doce, elevando-se na serra da Chibata ou Caparaó, até pelo rio Paraguai e seus afluentes, que a inundam em parte durante as
2.890m, no pico da Bandeira. enchentes, para atingir o rio da Prata.
No centro de Minas Gerais, outro bloco elevado assume forma Clima
quadrangular, constituído de rochas ricas em ferro, de alto teor. Toma
nomes locais de serra do Curral, ao norte; do Ouro Branco, ao sul; de O Brasil é um país essencialmente tropical: a linha do equador passa
Itabirito, a leste, e da Moeda, a oeste. O ramo oriental se prolonga para o ao norte, junto a Macapá AP e a Grande São Paulo fica na linha de
norte do estado, com o nome de serra do Espinhaço, que divide as águas Capricórnio. A zona temperada do sul compreende apenas o vértice
da bacia do São Francisco das que vertem diretamente no Atlântico. Com a meridional do Brasil: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, a maior parte do
mesma função e direção geral e estrutura semelhantes, a Mantiqueira Paraná e o extremo-sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul. Os climas
estende-se até o norte da Bahia, onde recebe as denominações de do país se enquadram nos três primeiros grupos da classificação de
chapada Diamantina, serra do Tombador e serra da Jacobina. Köppen (grupo dos megatérmicos, dos xerófitos e dos mesotérmicos
úmidos), cada um dos quais corresponde a um tipo de vegetação e se
Planaltos e escarpas. No sul do Brasil, o relevo de planaltos e subdivide com base nas temperaturas e nos índices pluviométricos.
escarpas começa do primeiro planalto, de Curitiba, com cerca de 800m, até
uma escarpa de 1.100m, constituída de arenito Furnas. O segundo planalto A região Norte do Brasil apresenta climas megatérmicos (ou tropicais
é o de Ponta Grossa. A escarpa oriental é denominada Serrinha, e tem chuvosos), em que os tipos predominantes são o Af (clima das florestas
nomes locais como os de serra do Purunã e Itaiacoca. A oeste do planalto pluviais, com chuvas abundantes e bem distribuídas) e o Am (clima das
ergue-se nova escarpa, com cota de 1.300m, que vai do sul de Goiás e florestas pluviais, com pequena estação seca). Caracterizam-se por
Mato Grosso até a Patagônia. A superfície desse derrame é de cerca de temperaturas médias anuais elevadas, acima de 24o C, e pelo fato de que
um milhão de quilômetros quadrados. O planalto descamba novamente a diferença entre as médias térmicas do mês mais quente e do mais frio se
para oeste, até cotas de 200 e 300m na barranca do rio Paraná. Este é o mantém inferior a 2,5o C. Entretanto, a variação diurna da temperatura é
terceiro planalto, chamado de planalto basáltico ou planalto de muito maior: 9,6o C em Belém PA, 8,7o C em Manaus AM e 13,5o C em
Guarapuava. A escarpa que o limita a leste chama-se serra da Esperança. Sena Madureira AC.

No Rio Grande do Sul, a única escarpa conspícua é a da serra Geral, No sudoeste da Amazônia, as amplitudes térmicas são mais
que abrange desde 1.200m, nos Aparados da Serra, até cotas entre 50 e expressivas devido ao fenômeno da friagem, que ocorre no inverno e
200m, no vale médio do Uruguai. Em São Paulo, os sedimentos provém da invasão da massa polar atlântica nessa área e acarreta uma
paleozóicos não formam uma escarpa, mas uma depressão periférica, na temperatura mínima, em Sena Madureira, de 7,9o C. O total de
base da cuesta basáltica: a serra de Botucatu. Mato Grosso apresenta três precipitações na Amazônia é geralmente superior a 1.500mm ao ano. A
frentes de cuesta: a devoniana, de arenito Furnas (serras de São Jerônimo região tem três tipos de regime de chuvas: sem estação seca e com
e Coroados ou São Lourenço); a carbonífera, de arenito Aquidauana (serra precipitações superiores a 3.000mm ao ano, no alto rio Negro; com curta
dos Alcantilados); e a eojurássica (serras de Maracaju e Amambaí). estação seca (menos de 100mm mensais) durante três meses, a qual
ocorre no inverno austral e desloca-se para a primavera à medida que se
O relevo do Nordeste, ao norte da grande curva do rio São Francisco, vai para leste; e com estiagem pronunciada, de cerca de cinco meses,
é constituído essencialmente por dois vastos pediplanos em níveis numa faixa transversal desde Roraima até Altamira, no centro do Pará.
diferentes. O mais elevado corresponde ao planalto da Borborema, de 500
a 600m, que se estende do Rio Grande do Norte a Pernambuco. Em A região Centro-Oeste do país apresenta alternância bem marcada
Alagoas e no brejo paraibano, sua superfície é cortada por vales entre as estações seca e chuvosa, geralmente no verão, o que configura o
profundos. O pediplano mais baixo, com menos de 400m, difunde-se por tipo climático Aw. A área submetida a esse tipo de clima engloba o planalto
quase todo o Ceará, oeste do Rio Grande do Norte e Paraíba e norte da Central e algumas zonas entre o Norte e o Nordeste. O total anual de
Bahia. Dele se erguem elevações isoladas de dois tipos:(1) chapadas precipitações é de cerca de 1.500mm, mas pode elevar-se a 2.000mm. No
areníticas de topo plano, como a do Araripe, (600-700m) entre Ceará e planalto Central, mais de oitenta por cento das chuvas caem de outubro a
Pernambuco e a do Apodi (100-200m), entre Ceará e Rio Grande do Norte; março, quase sempre sob a forma de aguaceiros, enquanto o inverno tem
e (2) serras cristalinas de rocha dura, como as de Baturité, Uruburetama e dois a três meses praticamente sem chuvas.
Meruoca, no Ceará. A temperatura média anual varia entre 19 e 26o C, mas a amplitude
Nos planaltos e chapadas do centro-oeste predominam as linhas térmica anual eleva-se até 5o C. O mês mais frio é geralmente julho; o
horizontais, que alcançam cotas de 1.100 a 1.300m no sudeste, desde a mais quente, janeiro ou dezembro. A insolação é forte de dia, mas à noite a
serra da Canastra, em Minas Gerais, até a chapada dos Veadeiros, em irradiação se faz livremente, trazendo madrugadas frias. No oeste (Mato

Ciências Humanas e suas Tecnologias 65 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Grosso do Sul) verificam-se também invasões de friagem, com V – Domínio das Araucárias – região sul brasileira, área do habitat do
temperaturas inferiores a 0o C em certos lugares. pinheiro brasileiro (araucária), região de planalto e de clima subtropical;
No sertão do Nordeste ocorre o clima semi-árido, equivalente à VI – Domínio das Pradarias – região do sudeste gaúcho, local de coxi-
variedade Bsh do grupo dos climas secos ou xerófitos. Abrange o médio lhas subtropicais.
São Francisco, mas na direção oposta chega ao litoral pelo Ceará e pelo
Rio Grande do Norte. Caem aí menos de 700mm de chuva por ano. O I – Domínio Morfoclimático Amazônico
período chuvoso, localmente chamado inverno, embora geralmente Situação Geográfica
corresponda ao verão, é curto e irregular. As precipitações são rápidas
mas violentas. A estiagem dura geralmente mais de seis meses e às vezes Situado ao norte brasileiro, o domínio Amazônico é a maior região mor-
se prolonga por um ano ou mais, nas secas periódicas, causando foclimática do Brasil, com uma área de aproximadamente 5 milhões km² –
problemas sociais graves. As temperaturas médias anuais são elevadas: equivalente a 60% do território nacional – abrangendo os Estados: Amazo-
acima de 23o C, exceto nos lugares altos. Em partes do Ceará e Rio nas, Amapá, Acre, Pará, Maranhão, Rondônia, Roraima, Tocantins e Mato
Grande do Norte, a média vai a 28o C. A evaporação é intensa. Grosso. Encontram-se como principais cidades desta região: Manaus,
Belém, Rio Branco, Macapá e Santarém.
Nas regiões Sudeste e Sul do Brasil predominam climas mais amenos
-- mesotérmicos úmidos -- enquadrados nas variedades Cfa, Cfb, Cwa e Características do Povoamento
Cwb. As temperaturas médias mais baixas ocorrem geralmente em julho A região é pouco povoada, sua densidade demográfica é de aproxi-
(menos de 18o C), época em que pode haver geadas. No Sudeste, madamente 2,88 hab./km². Isto se deve ao fato da grande extensão territo-
conservam-se as características tropicais modificadas pela altitude. A rial e dos difíceis acessos ao interior dessa área. Nesse sentido, o governo
amplitude térmica permanece por volta de 5o C e as chuvas mantêm o em 1970, fez o programa de ocupação populacional na região amazônica,
regime estival, concentradas no semestre de outubro a março. com migrações oriundas do nordeste. A extração da borracha permitiu
O Sul apresenta invernos brandos, geralmente com geadas; verões desenvolver esta área, antes inóspita economicamente, numa região de
quentes nas áreas baixas e frescos no planalto; chuvas em geral bem alta produtividade, seja ela econômica, cultural ou social. Nessa época,
distribuídas. As temperaturas médias anuais são inferiores a 18o C. A muitas cidades foram afetadas com o crescimento gerado pelo capital. O
amplitude térmica anual cresce à medida que se vai para o sul. Neves governo continuou auxiliando e orientando o desenvolvimento da região e
esporádicas caem sobretudo nos pontos mais elevados do planalto: São incorpora em Manaus a Suframa (Superintendência da Zona Franca de
Francisco de Paula RS, Caxias do Sul RS, São Joaquim SC, Lajes SC e Manaus), que trouxe para a capital amazonense muitas indústrias transna-
Palmas PR. No oeste do Rio Grande do Sul, no entanto, ocorrem os cionais. Tanto foi a resposta desta “zona livre”, que antes da Zona Franca
veranicos de fevereiro, secos e quentíssimos, com temperaturas das mais de Manaus, a mesma cidade detinha uma população de 300 mil/hab e com
altas do Brasil. a instalação desta área, passou para 800 mil/hab. Outros projetos são
instalados pelo governo federal na região amazônica, como: o Projeto Jari,
DOMÍNIOS MORFLOCLIMÁTICOS BRASILEIROS, OS o Programa Calha Norte, o PoloNoroeste e o Projeto Grande Carajás. Com
(SEGUNDO AZIZ AB'SABER) isso, inicia-se a exploração mineral e vegetal da Amazônia. Mas os resul-
tados desses projetos foram pobres em sua maioria, pois com a retirada da
Denis Richter vegetação natural o solo tornava-se inadequado ao cultivo da agricultura.
Dentre os diversos tipos de clima e relevo existente no Brasil, obser- Características Bio-Hidro-Climáticas e Fisiográficas
vamos que os mesmos mantêm grandes relações, sejam elas de espaço,
de vegetação, de solo entre outros. Caracterizando vários ambientes a Este domínio sofre grande influência fluvial, já que aí se encontra a
longo de todo território nacional. Para entende-los, é necessário distinguir maior bacia hidrográfica do mundo – a bacia amazônica. A região passa
um dos outros. Pois a sua compreensão deve ser feita isoladamente. por dois tipos de estações flúvio-climáticas, a estação das cheias dos rios e
Nesse sentido, o geógrafo brasileiro Aziz Ab’Saber, faz uma classificação a estação da seca, porém esta última estação não interrompe o processo
desses ambientes chamados de Domínios Morfoclimáticos. Este nome, pluviométrico diário, só que em índices diferentes. O transporte existente
morfoclimático, é devido às características morfológicas e climáticas en- também é influenciado pela enorme rede hidrográfica, enquanto que o
contradas nos diferentes domínios, que são 6 (seis) ao todo e mais as rodoviário é quase inexistente. Assim, o transporte fluvial e o aéreo são
faixas de transição. Em cada um desses sistemas, são encontrados aspec- muito utilizados devido às facilidades encontradas neste domínio. Como se
tos, histórias, culturas e economias divergentes, desenvolvendo singulares trata de uma floresta equatorial considerada um bioma riquíssimo, é de
condições, como de conservação do ambiente natural e processos erosi- fundamental importância entendê-la para não desestruturar seu frágil
vos provocados pela ação antrópica. Nesse sentido, este texto vem expli- equilíbrio. Devido à existência de inúmeros rios, a região sofre muita sedi-
car e exemplificar cada domínio morfoclimático, demonstrando sua locali- mentação por parte fluvial, já que a precipitação é abundante (2.500
zação, área, povoamento, condições bio-hidro-climáticas, preservação mm/ano), transformando a região numa grande “esponja” que detém altas
ambiental e economia local. taxas de umidade no solo. Este mesmo solo é formado basicamente por
latossolos, podzólicos e plintossolos, mas o mesmo não detém característi-
Os Domínios Morfoclimáticos cas de ser rico à vegetação existente, na verdade, o processo de precipita-
Os domínios morfoclimáticos brasileiros são definidos a partir das ca- ção é o que torna este domínio morfoclimático riquíssimo em floresta
racterísticas climáticas, botânicas, pedológicas, hidrológicas e fitogeográfi- hidrófita e não o solo, como muitas pessoas pensam que é o responsável
cas; com esses aspectos é possível delimitar seis regiões de domínio por tudo isto. Valendo destacar os tipos de matas encontradas na Amazô-
morfoclimático. Devido à extensão territorial do Brasil ser muito grande, nia, como: de iaipó – de regiões inundadas; de várzea – de regiões inun-
vamos nos defrontar com domínios muito diferenciados uns dos outros. dadas ciclicamente e de terras altas – que dificilmente são inundadas. As
Esta classificação feita, segundo o geógrafo Aziz Ab’Sáber (1970), dividiu o espécies de árvores encontradas nesta região são: castanaha-do-pará,
Brasil em seis domínios: seringueira, carnaúba, mogno, etc. (essas duas últimas em extinção); os
animais: peixe-boi, boto-cor-de-rosa, onça-pintada; e a flora com a vitória
I – Domínio Amazônico – região norte do Brasil, com terras baixas e régia e as diversas orquídeas.
grande processo de sedimentação; clima e floresta equatorial;
Com um grande processo de lixiviação encontrado na Amazônia, essa
II – Domínio dos Cerrados – região central do Brasil, como diz o nome, ação torna o solo pobre levando todos os seus nutrientes pela força da
vegetação tipo cerrado e inúmeros chapadões; capacidade do rio (correnteza). Mas esta riqueza diversa não deve ser
confundida como grande potencialidade agrícola, pois com a retirada da
III – Domínio dos Mares de Morros – região leste (litoral brasileiro), on-
vegetação nativa, transforma o solo num grande alvo da erosão, devido as
de se encontra a floresta Atlântica que possui clima diversificado;
fortes chuvas ocorridas na região. A rede hidrográfica é outra fonte de
IV – Domínio das Caatingas – região nordestina do Brasil (polígono potencialidade econômica da Amazônia, pois seus leitos fluviais são de
das secas), de formações cristalinas, área depressiva intermontanhas e de grande piscosidade, o que torna a área num importante atrativo natural
clima semi-árido; para o turismo, às indústrias pesqueiras e a população ribeirinha. Com um

Ciências Humanas e suas Tecnologias 66 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
clima equatorial, sem muitas mudanças de temperatura ao longo do ano, a extrativistas, além de investimentos de infra-estrutura, estradas e hidroelé-
região amazônica diferencia-se apenas nas épocas das chuvas (ou cheias tricas. Com estes recursos, a região vem a atrair investidores e mão-de-
dos rios) e das secas. Assim esta primeira época faz com que os rios obra, e consequentemente ocorre um salto no crescimento populacional de
transbordem e nutram as áreas de terras marginais ao leito dos mesmos. cada Estado, como no Mato Grosso que em 1940 sua população era de
Com um solo essencialmente argiloso e a forte influência do escoamento 430 mil/hab. e em 1970 vai para 1,6 milhões/hab. Tal foi à resposta destes
fluvial, faz com que a Amazônia torna-se uma área de terras baixas, deca- programas, que nos dias de hoje o setor agrícola do cerrado ocupa uma
pitando as formações existentes no seu substrato rochosos. ótima colocação em produção, em virtude de migrações do sul do Brasil.
Condições Ambientais e Economicamente Sustentáveis Características Bio-Hidro-Climáticas e Fisiográficas
Nos dias atuais é grande a devastação ambiental na Amazônia – Centrada no planalto brasileiro, o domínio do cerrado é dividido pelas
queimadas, desmatamentos, extinção de espécies, etc. – fazem com que a formações de chapadas que existem ao longo de sua extensão territorial,
região e o mundo preocupe-se com seu futuro, pois se trata da maior estas que são “gigantescos degraus” com mais de 500 metros de altura,
reserva florestal do globo. Ecologicamente a Amazônia está correndo muito formadas na era geológica Pré-Cambriana, limitam o planalto central e as
perigo, devido ao grande atrativo econômico natural que é encontrado planícies – como a Pantaneira. Com sua flora única, constituída por árvo-
nesta região, o equilíbrio é colocado muitas vezes em risco. A exploração res herbáceas tortuosas e de aspecto seco, devido à composição do solo,
descontrolada faz com que as ideologias conservacionistas sejam deixadas deficiente em nutrientes e com altas concentrações de alumínio, a região
de lado. As indústrias mineradoras geram consequências incalculáveis ao passa por dois períodos sazonais de precipitação, os secos e os chuvosos.
ambiente e nos rios são despejados muitos produtos químicos para esta Com sua vegetação rasteira e de campos limpos, o clima tropical existente
exploração. A agricultura torna áreas de vegetação em solos de fácil erosi- nesta área, condiz a uma boa formação e um ótimo crescimento das plan-
vidade e em resposta a tudo isso, gera-se um efeito “dominó” no meio tas. Também auxiliado pela importante rede hidrográfica da região, de
ambiente, onde um é responsável e necessário para o outro. São poucas onde são oriundas nascentes das três maiores bacias hidrográficas do
as atividades econômicas que não agridem a natureza. A extração da Brasil como foi destacado no início. Isto lhe dá uma imensa responsabili-
borracha, por exemplo, era uma economia viável ecologicamente, pois dade ambiental, pois denota a sua significativa conservação natural. Com
necessitava da floresta para o crescimento das seringueiras. Mas atual- um solo formado principalmente por latossolos, areais quartzosas e podzó-
mente, esta exploração é quase rara, devido à falta de indústrias consumi- licos; constituem assim um solo carente em nutrientes fertilizantes, neces-
doras. Nesse sentido, deverão ser tomadas medidas de aprimoramento sitando de correção para compor uma terra viável à agricultura. Observa-se
nas explorações existentes nesta região, para que deixem de causar também, que este mesmo solo apresenta características à fácil erosividade
imensas sequelas ao ambiente natural. devido às estações chuvosas que ali ocorrem e principalmente a degrada-
ção ambiental descontrolada, estes processos fazem a remoção da vege-
II – Domínio Morfoclimático dos Cerrados tação nativa que tornam frágeis os horizontes “A” frente aos problemas
Situação Geográfica ambientais existentes, como a voçoroca.

Formado pela própria vegetação de cerrado, nesta área encontram-se Condições Ambientais e Ecologicamente Sustentáveis
as formações de chapadas ou chapadões como a Chapada dos Guimarães Em vista desses aspectos fisiográficos, o cerrado atraiu muita atenção
e dos Veadeiros, a fauna e flora ali situada, são de grande exuberância, para a agricultura, o que lhe tornou uma região de grande produção de
tanto para pontos turísticos, como científicos. Vale destacar que é da grãos como a soja e agropastoril, com a ótima adaptação dos gados zebu,
região do cerrado que estão três nascentes das principais bacias hidrográ- nelore e ibagé. Em virtude disso, o solo nativo foi retirado e alterado por
ficas brasileiras: a Amazônica, a São-Franciscana e a Paranáica. outra vegetação, condizendo a uma maior facilidade aos processos erosi-
Localizado na região central do Brasil, o Domínio Morfoclimático do vos, devido à falta de cobertura vegetal, seja ela gramínea ou herbácea.
Cerrado detém uma área de 45 milhões de hectares, sendo o segundo Nesse sentido, faz-se muito pouco pela preservação e conservação das
maior domínio por extensão territorial. Incluindo neste espaço os Estados: matas nativas – a não ser nas áreas demarcadas como reservas bio-
do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul, do Tocantins (parte sul), de ecológicas. Outra exploração ativa é a mineral, como o ouro e o diamante,
Goiás, da Bahia (parte oeste), do Maranhão (parte sudoeste) e de Minas donde decorre uma grande devastação à natureza. Dessa forma, os go-
Gerais (parte noroeste). Encontrado ao longo de sua área cidades impor- vernos, tanto federal, estadual ou municipal, deverão tomar decisões
tantes como: Brasília, Cuiabá, Campo Grande, Goiânia, Palmas e Montes imediatas quanto à proteção do meio natural, pois deve ocorrer, sim, a
Claros. exploração pastoril, agrícola e mineral dessa região, porém não se deve
esquecer que para a efetiva existência dessas economias o ambiente
deverá ser prudentemente conservado.
III – Domínio Morfoclimático de Mares de Morros
Situação Geográfica
Este domínio estende-se do sul do Brasil até o Estado da Paraíba (no
nordeste), obtendo uma área total de aproximadamente 1.000.000 km².
Situado mais exatamente no litoral dos Estados do: Rio Grande do Sul,
Santa Catarina, Paraná, de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, da
Bahia, Sergipe, de Alagoas, de Pernambuco, da Paraíba; e no interior dos
Estados, como: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.
Incluindo em sua extensão territorial cidades importantes, como: São
Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Salvador, Recife, Porto Alegre e Florianópo-
lis.
Características de Povoamento
Como encontra-se na região litorânea leste do Brasil, foi o primeiro lu-
Características do Povoamento gar a ser descoberto e colonizado pelos portugueses – tanto que é em
Porto Seguro, Bahia, que atracou o navegante Pedro Álvares Cabral,
Devido a sua localização geográfica ser no interior brasileiro, o povo- descobrindo o Brasil. Com isso, a primeira capital da colônia portuguesa na
amento e a ocupação territorial nesta região era fraca, mas o governo América foi Salvador, onde iniciaram-se os processos de colonização e
federal vem a intervir com os programas de políticas de interiorização do povoamento, respectivamente. É neste domínio que estão as duas maiores
desenvolvimento nos anos 40 e 50, e da política de integração nacional cidades brasileiras – São Paulo e Rio de Janeiro. Isto se deve a antiga
dos anos 70. A primeira é baseada, principalmente, na construção de constituição das duas cidades como centros econômicos, integradores,
Brasília e a segunda, nos incentivos aos grandes projetos agropecuários e culturais e políticos. Foram muitos os resultados desse povoamento, como

Ciências Humanas e suas Tecnologias 67 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
por exemplo, a maior concentração populacional do Brasil e a de melhor gas localiza-se numa área de clima seco, logo chamou a atenção dos
base econômica. mesmos para refugiarem-se e construírem suas “fortalezas”, chamados de
cangaceiros. Com isso o processo de povoamento, instaurados nos anos
Características Bio-Hidro-Climáticas e Fisiográficas 40 e 50, centrou-se mais em áreas próximas ao litoral, mas o governo
Como o próprio nome já diz, é uma região de muitos morros de formas federal investiu em infra-estrutura na construção de barragens, açudes e
residuais e curtos em sua convexidade, com muitos movimentos de massa canais fluviais, surgindo assim o Departamento Nacional de Obras Contra
generalizados. Os processos de intemperismo, como o químico, são fre- as Secas (DNOCS). Entretanto, o clima “desértico” da caatinga, prejudicou
quentes, motivo pelo qual as rochas da região encontram-se geralmente muito a ocupação populacional nesta região, sendo que a caatinga conti-
em decomposição. Tem uma significativa gama de redes de drenagens, nua sendo uma área preocupante no território brasileiro em vista do seus
somados à boa precipitação existente (1.100 a 1.800 mm a/a e 5.000 mm problemas sociais, que são imensos. Valendo destacar que com todos
a/a nas regiões serranas), que é devido à massa de ar tropical atlântica esses obstáculos sociais e naturais da caatinga, seus habitantes partem
(MATA) e aos ventos alísios de sudeste, que ocasionam as chuvas de para migração em regiões como a Amazônia e o sudeste brasileiro, cha-
relevo nestas áreas de morros. Assim, os efeitos de sedimentação em mada de migrações de transumância (saída na seca e volta na chuva).
fundos de vale e de colúvios nas áreas altas são muito intensos. A vegeta- Características Bio-Hidro-Climáticas e Fisiográficas
ção natural é da mata chamada Atlântica, com poucas áreas nativas de
suma importância aos ecossistemas ali existentes. Sua flora e fauna são Com o seu clima semi-árido, o solo só poderia ter características se-
de grande respaldo ambiental e o solo é composto em sua maioria por melhantes. Sendo raso e pedregoso, o solo da caatinga sofre muito intem-
latossolos e podzólicos, sendo muito variável. A textura se contradiz de perismo físico nos latossolos e pouca erosão nos litólicos e há influência de
região para região, pois é encontrado tanto um solo arenoso como argiloso. sais em solo, como: solonetz, solodizados, planossolos, solódicos e soon-
Como a sua extensão territorial alarga-se entre Norte – Sul, seu clima chacks. Segundo Ab´Saber, a textura dos solos da caatinga passa de
dependerá da sua situação geográfica, diferenciando-se em: tropical, argilosa para textura média, outra característica é a diversidade de solos e
tropical de altitude e subtropical. ambientes, como o sertão e o agreste. Mesmo tendo aspectos de um solo
pobre, a caatinga nos engana, pois necessita apenas de irrigação para
Condições Ambientais e Economicamente Sustentáveis florescer e desenvolver a cultura implantada. Tendo pouca rede de drena-
Lembrando que foi colocado anteriormente em relação ao povoamen- gem, os mínimos rios existentes são em sua maioria sazonais ao período
to, essas terras já estão sendo utilizadas economicamente há muitos anos. das chuvas, que ocorrem num curto intervalo durante o ano. Porém existe
Decorrente disso, observa-se uma considerável desgastação do solo que um “oásis” no sertão nordestino, o Rio São Francisco, vindo da região
elucida uma atual preservação das matas restantes. Esta região já sofreu central do Brasil, irriga grandes áreas da caatinga, transformando suas
muita devastação do homem e da sociedade e devem ser tomadas atitudes margens num solo muito fértil – semelhante o que ocorre com as áreas
urgentes para sua conservação. Existem muitos programas, tanto do marginais ao Rio Nilo, no Egito. Neste sentido, comprova-se que a irriga-
governo como privados, para a proteção da mata atlântica. Destaca-se por ção na caatinga pode e deve ser feita com garantia de bons resultados.
exemplo, a Fundação O Boticário (privado), que detém áreas de preserva- Outro fato que chama a atenção, é a vegetação sertaneja, pois ela sobrevi-
ção ao ambiente natural e o SOS Mata Atlântica (governamental e priva- ve em épocas de extrema estiagem e em razão disso sua casca é dura e
do). Neste sentido, a solução mais adequada para este domínio, seria a seca, conservando a umidade em seu interior. Assim, a região é caracteri-
estagnação de muitos processos agrícolas ao longo de sua área, pois o zada por uma vegetação herbácea tortuosa, tendo como espécies: as
solo encontra-se desgastado e com problemas erosivos muito acentuados. cactáceas, o madacaru, o xique-xique, etc.
Deixando assim, a terra “descansar” e iniciar um projeto de reconstituição à Condições Ambientais e Economicamente Sustentáveis
vegetação nativa.
Devido o homem não intervir de significativa maneira em seu habitat, o
IV – Domínio Morfoclimático das Caatingas ambiente natural da caatinga encontra-se pouco devastado. Sua região
poderia ser ocupada mais a nível agrícola, em virtude do seu solo possuir
boas condições de manejo, só necessitando de irrigação artificial. Assim,
considerando os fatos apresentados, a caatinga teria condições de desen-
volver-se economicamente com a agricultura, que seria de suma importân-
cia para acabar com a miséria existente. Mas sem esquecer de utilizar os
recursos naturais com equilíbrio, sendo feito de modo organizado e pré-
estabelecido à não causar desastres e consequências ambientais futuros.
V – Domínio Morfoclimático das Araucárias
Situação Geográfica
Encontrado desde o sul paulista até o norte gaúcho, o domínio das
araucárias ocupa uma área de 400.000 km², abrangendo em seu território
cidades importantes, como: Curitiba, Ponta Grossa, Lages, Caxias do Sul,
Passo Fundo, Chapecó e Cascavel.

Situação Geográfica Características do Povoamento

Situado no nordeste brasileiro, o domínio morfoclimático das caatingas A região das araucárias foi povoada no final do século XIX, principal-
abrange em seu território a região dos polígonos das secas. Com uma mente por imigrantes italianos, alemães, poloneses, ucranianos etc. Com
extensão de aproximadamente 850.000 km², este domínio inclui o Estado isto, os estrangeiros diversificaram a economia local, o que tornou essa
do Ceará e partes dos Estados da Bahia, de Sergipe, de Alagoas, de região uma das mais prósperas economicamente. Caracterizado por colô-
Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Piauí. Tendo como nias de imigração estabelecidas pela descendência estrangeira, podemos
principais cidades: Crato, Petrolina, Juazeiro e Juazeiro do Norte. destacar como principais pontos, as cidades de: Blumenau – SC , colônia
alemã; Londrina – PR, colônia japonesa; Caxias do Sul – RS, colônia
Características do Povoamento italiana. Mas a vinda desses imigrantes não foi só boa vontade do governo
daquela época. O Brasil tinha acabado de terminar a sua guerra com
Sendo uma das áreas junto ao domínio morfoclimático dos mares de
Paraguai, que deixou muitas perdas em sua população, em virtude disso a
morros, de colonização pelos europeus (portugueses e holandeses), sua
solução foi atrair imigrantes europeus e asiáticos.
história de povoamento já é bastante antiga. A caatinga foi sempre um
palco de lutas de independência, seja ela escravista ou nacionalista. A Características Bio-Hidro-Climáticas e Fisiográficas
região tornou-se alvo de bandidos e fugitivos contrários ao Reinado Portu-
guês e posteriormente ao Império Brasileiro. Como o domínio das caatin- Atualmente, a vegetação de araucária – chamada de pinheiro-do-
Paraná, ou pinheiro-braseleiro – pouco resta, as indústrias de celulose e

Ciências Humanas e suas Tecnologias 68 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
madeireiras da região, fizeram um extrativismo descontrolado que resultou guai), ocorreram várias tentativas de anexação dos pampas a uma destas
no desaparecimento total em algumas áreas. Sua condição de arbórea, nações – devido aos tratados de Madrid e de Tordesilhas. Mas as tentati-
geralmente com mais de 30 m de altura, condiz a um solo profundo, em vas foram inválidas, hoje os pampas continuam sendo parte do território
virtude de suas raízes estabelecerem a sustentação da própria árvore. A brasileiro.
região das araucárias encontra-se no planalto meridional onde a altitude
pode variar de 500 metros até cerca de 1.200 m. Isso evidencia um clima Características Bio-Hidro-Climáticas e Fisiográficas
subtropical em toda sua extensão que mantém uma boa relação com a Como é uma área também chamada de pradarias mistas, o solo condiz
precipitação existente nesse domínio, variando de 1.200 a 1.800 mm. ao mesmo. Segundo Ab’Saber, que o caracteriza como diferente de todos
Nesse sentido, a região identifica-se com uma grande rede de drenagem os outros domínios morfoclimáticos, existindo o paleossolo vermelho e o
em toda a sua extensão territorial. O solo é formado principalmente por paleossolo claro, sendo de clima quente e frio. Denominado um solo jovem,
latossolos brunos e também é encontrado latossolos roxos, cambissolos, devido guardar materiais ferrosos e primários, sua coloração vêem a ser
terras brunas e solos litólicos. Com estas características, o solo detém uma escura. Estabelecido por um clima subtropical com zonas temperadas
alta potencialidade agrícola, como: milho, feijão, batata, etc. As morfologias úmidas e sub-úmidas, a região é sujeita a sofrer alguma estiagem durante
do relevo se destacam por uma forte ondulação até um montanhoso, o que o ano. Sua amplitude térmica alcança índices elevados, como em Uruguai-
o representa num solo de fácil adesão a processos erosivos, iniciados pela ana, considera a mais alta do Brasil, com 7° a/a. Isto evidencia suas limita-
degradação humana e social. ções agrícolas, pois o solo é pouco espesso e têm indícios de pedrugosi-
Condições Ambientais e Economicamente Sustentáveis dade. Assim, caracteriza-o a uma atividade pastoril de bovinos e ovinos.
Com a utilização do solo sem controle, denota-se um sério problema
Percebe-se atualmente que esta arbórea quase desapareceu dessa erosivo que origina as ravinas e posteriormente as voçorocas. Esse pro-
região, devido à descontrolada exploração da araucária para produção de cesso amplia-se rapidamente e origina o chamado deserto dos pampas. A
celulose. Felizmente, medidas foram tomadas e hoje a araucária é protegi- drenagem existente é perene com rios de grande vazão, como: Rio Uru-
da por lei estadual no Paraná. Mas os questionamentos ambientais não guai, Rio Ibicuí e o Rio Santa Maria.
estão somente na vegetação. Devido este solo ser utilizado há anos vêem
a ocorrer uma erosividade considerada. Em virtude do mesmo, surge a Condições Ambientais e Economicamente Sustentáveis
técnica de manejo agrícola chamada plantio direto, que evidencia uma O domínio morfoclimático das Pradarias detém importantes reservas
proteção ao solo nu em épocas de pós-safra. Nesse sentido, o domínio biológicas, como a do Parque Estadual do Espinilho (Uruguaiana e Barra
morfoclimático das araucárias, que compreende uma importante área no do Quarai) e a Reserva Biológica de Donato (São Borja). As condições
sul brasileiro, detém um nível de conservação e reestruturação vegetal ambientais atuais fora desses parques, são muito preocupantes. Com o
considerável. Mas não se deve estagnar esse processo positivo, pois início da formação de um deserto que tende a crescer anualmente, essa
necessitamos muito dessas terras férteis que mantém as economias locais. região está sendo foco de muitos estudos e projetos para estagnar esse
VI – Domínio Morfoclimático das Pradarias processo. Devido ao mau uso da terra pelo homem, como a monocultura e
as queimadas, essas darão origem as ravinas, que por sua vez farão surgir
às voçorocas. Como o solo é muito arenoso e a morfologia do relevo é
levemente ondulado, rapidamente os montantes de areia espalham-se na
região ocasionados pela ação eólica. Em virtude a tudo isso, poucas medi-
das estão sendo tomadas, exceto os estudos feitos. Assim, as autoridades
locais deverão estar alerta, para que esse processo erosivo tenha um fim
antes que torne toda as pradarias num imenso deserto.
Faixas de Transições
Encontrados entre os vários domínios morfoclimáticos brasileiros, as
faixas de transições são: as Zonas dos Cocais, a Zona Costeira, o Agreste,
o Meio-Norte, as Pradarias, o Pantanal e as Dunas. Espalhadas por todo o
território nacional, constituem importantes áreas ambientais e econômicas.
Faixas de Transição Nordestinas
A zona dos cocais, representa uma importante fonte de renda à popu-
lação nordestina, pois é nessa área principalmente, que se faz à extração
dos cocos. A zona costeira detém outra característica, é uma importante
região ambiental, onde se encontra a vegetação de mangue, que constitui
um bioma riquíssimo em decomposição de matéria. Outra faixa de transi-
ção é o agreste, que é responsável pela produção de alimentos para o
nordeste, como: leite, aves, sisal, entre outras matérias primas para indús-
trias. No litoral cearense, encontra-se as dunas, que é uma região de
Situação Geográfica montantes de areias depositados pela ação dos ventos e de constante
remodelação.
Situado ao extremo sul brasileiro, mais exatamente a sudeste gaúcho,
o domínio morfoclimático das pradarias compreende uma extensão, se- O meio-norte se estabelece entre a caatinga do sertão e a Amazônia
gundo Ab’Saber, de 80.000 km² e de 45.000 km² de acordo com Fontes & (Maranhão e Piauí). Com uma diversidade de vegetação como cerrado e
Ker – UFV. Tendo como cidades importantes em sua abrangência: Uru- matas de cocais, o meio-norte detém sua economia na pecuária bovina,
guaiana, Bagé, Alegrete, Itaqui e Rosário do Sul. chamada de pé-duro e na criação do jegue. A carnaúba e o óleo de babaçú
são outras fontes de extrativismo. Sem esquecer que todas estas zonas
Características do Povoamento demonstradas situam-se na região nordestina brasileira.
Território mãe da cultura gauchesca, suas tradições ultrapassam gera- Faixa de Transição da Região Sul Brasileira
ções, demonstrando a força da mesma. Caracterizado por um baixo povo-
amento, a região destaca-se grandes pelos latifúndios agropastoris, que Na região sul, encontra-se a zona de transição das Pradarias, que se
são até hoje marcas conhecidas dos pampas gaúchos. Os jesuítas inicia- situa entre os domínios morfoclimáticos da Araucária e das Pradarias. São
ram o povoamento com a catequização dos índios e posteriormente sur- geralmente campos acima de serras e são encontradas vegetações do tipo
gem as povoações de charqueadas. Passando por bandeirantes e tropei- araucárias, de campo, floresta e cerrado. Assim, os sistemas naturais
ros, as pradarias estagnam esse processo (ciclo do charque) com a venda situados nessa região, são de fundamental importância para o meio natural
de lotes de terras para militares, pelo governo federal. Devido à proximida- envolvente a ela.
de geográfica com a divisão fronteiriça de dois países (Argentina e Uru-

Ciências Humanas e suas Tecnologias 69 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Faixa de Transição – Pantanal O Paraná, constituído pela junção dos rios Paranaíba e Grande, é um
típico rio de planalto, que desce em saltos: cachoeira Dourada, no
O pantanal é uma das principais zonas de transição encontrada no Paranaíba; Marimbondo, no Grande; Iguaçu, no rio homônimo;
Brasil. Ele é um complexo ambiental de suma importância, pois compreen- Urubupungá, no próprio Paraná (Sete Quedas, nesse rio, desapareceu
de uma grande diversidade de fauna e flora. Situado em regiões serranas e com a construção da represa de Itaipu). Os principais afluentes da margem
em terras altas, o pantanal é considerado um grande reservatório de água, esquerda são o Tietê, o Paranapanema, o Ivaí e o Iguaçu; da margem
devido encontrar-se numa depressão entre várias montanhas. Sua rede direita, o Verde, o Pardo e o Invinheima.
fluvial é composta por rios, como: Cuiabá, Taquari, Paraguai etc, sendo
considerados rios perenes.

O Uruguai é formado pelos rios Pelotas e Canoas, que nascem perto


da escarpa da serra Geral. Separa o Rio Grande do Sul de Santa Catarina
e da Argentina e confronta depois esse país com o Uruguai. Seu regime
constitui exceção no Brasil: tem enchentes na primavera. O rio Paraguai
nasce em Mato Grosso, no planalto central, perto de Diamantino. Após
curto trecho, penetra no pantanal, ao qual inunda parcialmente nas cheias,
que ocorrem no outono. Seus principais afluentes são: pela margem
esquerda, o São Lourenço, o Taquari, o Miranda e o Apa; pela direita, o
Como o pantanal passa por duas estações climáticas durante o ano, a Jauru. Em certos trechos, separa o Brasil da Bolívia e do Paraguai, até que
seca e as cheias dos rios, essa região detém características e denomina- se interna nesse país.
ções únicas, como: “cordilheira” – que significa áreas mais altas, onde não
sofrem alagamentos (pequenas elevações); salinas – regiões deprimidas O rio São Francisco nasce na serra da Canastra, em Minas Gerais, e
que se tornam lagoas rasas e salgadas com as cheias dos rios; barreiros – corre nas direções gerais sul-norte e oeste-leste. É chamado "rio da
são os depósitos de sal após a seca das salinas; caixas – canais que ligam unidade nacional", porque liga as duas regiões de mais alta densidade
lagoas, existindo somente durante as inundações; e vazante – cursos demográfica e mais antigo povoamento do país: o Sudeste e a zona da
d´aguas existente durante as épocas das chuvas. Com tudo, o pantanal Mata nordestina. É um rio de planalto, que forma várias cachoeiras: Paulo
sofre consequências ambientais como a exploração mineral, que poluem Afonso, Itaparica, Sobradinho, Pirapora. Seus principais afluentes são: na
intensamente os rios – considerados como os responsáveis pela existência margem esquerda, o Indaiá, o Abaeté, o Paracatu, o Pardo, o Carinhanha,
da biodiversidade da região. A pecuária e a utilização de enormes mono- o Corrente e o Grande; pela direita, o Pará, o Paraopeba, o das Velhas e o
culturas, fazem o despejo de uma grande quantidade de agrotóxicos aos Verde Grande, todos perenes. Tem enchentes de verão.
rios. Vertentes. Os demais rios têm cursos menos extensos, e por isso são
Nesse sentido, a preservação dessas zonas de transição são conside- agrupados em vertentes:
radas de suma importância para a existência dos domínios morfoclimáticos (1) Rios da vertente setentrional, perenes, de vazão relativamente
brasileiros. Pois eles estabelecem uma relação direta com a fauna, flora, grande e enchentes de outono. Os principais são: o Oiapoque e o Araguari
hidrografia, clima e morfologia, conservando o equilíbrio dos frágeis siste- (em que ocorrem as famosas "pororocas"), no Amapá; o Gurupi, o Turiaçu,
mas ecológicos. o Pindaré, o Mearim, o Itapicuru e o Parnaíba, no Maranhão; este último,
Hidrografia na divisa com o Piauí, tem em seu delta a mais perfeita embocadura desse
gênero no Brasil.
De acordo com o perfil longitudinal, os rios do Brasil classificam-se em
dois grupos: rios de planalto, a maioria; e rios de planície, cujos principais (2) Rios da vertente norte-oriental, periódicos, com enchentes de
representantes são o Amazonas, o Paraguai e o Parnaíba. O Amazonas outono-inverno. Os principais são: o Acaraú e o Jaguaribe, no Ceará; o
tem a mais vasta bacia hidrográfica do mundo, em sua maior parte situada Apodi ou Moçoró, o Piranhas ou Açu, o Ceará-Mirim e o Potenji, no Rio
em território brasileiro. É também o rio de maior caudal do planeta. Os três Grande do Norte; o Paraíba do Norte, na Paraíba; o Capibaribe, o Ipojuca e
principais coletores da bacia do Prata -- Paraná, Paraguai e Uruguai -- o Una, em Pernambuco. Nos leitos desses rios são comuns as barragens,
nascem no Brasil. destinadas à construção de açudes.
(3) Rios da vertente oriental, a maioria dos rios genuinamente baianos
é constituída também de rios periódicos, com o máximo das enchentes no
verão -- o Itapicuru, o Paraguaçu e o Contas -- além do Vaza-Barris, na
Bahia e Sergipe.
(4) Rios da vertente sul-oriental, perenes, com perfil longitudinal de rios
de planalto e com enchentes de verão. Os principais são: o Pardo, o
Jequitinhonha (Minas Gerais e Bahia), este último famoso pela mineração
de diamantes e pedras semipreciosas; o Doce (Minas Gerais e Espírito
Santo), por cujo vale se exporta minério de ferro; o Paraíba do Sul, com
bacia leiteira no vale médio e região açucareira no inferior; e a Ribeira do
Iguape (Paraná e São Paulo).
(5) Rios da vertente meridional, também com enchentes de verão: o
Itajaí e o Tubarão, em Santa Catarina; o Guaíba, o Camaquã e o Jaguarão,

Ciências Humanas e suas Tecnologias 70 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
no Rio Grande do Sul. Os rios de baixada não desempenham papel adultas de troncos finos ou espécimes jovens, adaptados à vida na
relevante no sistema de transporte porque seus cursos estão afastados penumbra; e o sub-bosque, com samambaias e plantas de folhas largas.
das áreas mais povoadas e também em virtude da política de priorização Cipós pendentes das árvores entrelaçam os diferentes andares. Epífitas,
do transporte rodoviário. Os rios de planalto oferecem grande potencial como as orquídeas, e vegetais inferiores, como os cogumelos, liquens,
hidrelétrico. fungos e musgos, convivem com a vegetação e aumentam sua
complexidade.
Em vista do tamanho de seu território, o Brasil é um país de pequenos
lagos. Podem ser classificados geneticamente em três categorias: (1) lagos A mata de terra firme é geralmente semidecídua: dez por cento ou
costeiros ou de barragem, formados pelo fechamento total da costa, por mais de suas árvores perdem as folhas na estiagem. Árvores típicas da
uma restinga ou cordão de areia, como as lagoas dos Patos, Mirim e terra firme são a castanheira (Bertholettia excelsa), a balata (Mimusops
Mangueira, no Rio Grande do Sul; Araruama, Saquarema, Maricá, Rodrigo bidentata), o mogno (Swietenia macrophylla) e o pau-rosa (Aniba duckei).
de Freitas e Jacarepaguá, no estado do Rio de Janeiro. (2) Lagos fluviais A heterogeneidade da floresta dificulta sua exploração econômica, salvo
ou de transbordamento, formados pela acumulação de excedentes de água onde ocorrem concentrações. O tipo de solo predominante na hileia é o
da enchente de um rio, típicos dos rios de planície. Os principais são: no latossolo.
vale do Amazonas, Piorini, Saracá, Manacapuru, no Amazonas; Grande de
Maicuru e Itandeua, no Pará. No rio Paraguai, Uberaba, Guaíba, Mandioré A mata da encosta atlântica estende-se como uma faixa costeira, do
e Cáceres, no Mato Grosso. No baixo rio Doce, a lagoa Juparanã, no Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Suas árvores mais altas
Espírito Santo. (3) Lagos mistos, combinados dos dois tipos, como a lagoa chegam geralmente a 25 ou trinta metros. No sul da Bahia e na vertente
Feia, no estado do Rio de Janeiro, a do Norte, Manguaba ou do Sul e marítima da serra do Mar, é perenifólia; mais para o interior e em lugares
Jequiá, em Alagoas. menos úmidos, é semidecídua. Do Paraná para o sul, toma um caráter
subtropical: é de menor altura (10 a 15m), perenifólia, mais pobre em cipós
Fauna e mais rica em epífitas. A peroba (Aspidosperma sp.), o cedro (Cedrella,
spp.), o jacarandá (Machaerium villosum), o palmito (Euterpe edulis) e o
A fauna brasileira não conta com espécies de grande porte, pau-brasil foram espécies exploradas na mata atlântica.
semelhantes às que se encontram nas savanas e selvas da África. Na
selva amazônica existe uma abundante fauna de peixes e mamíferos Além de madeira, a mata atlântica contribuiu muito com seus solos
aquáticos que habitam os rios e igapós. As espécies mais conhecidas são para o desenvolvimento econômico do Brasil. A maior parte deles pertence
o pirarucu e o peixe-boi (este em vias de extinção). Nas várzeas há jacarés ao grande grupo dos latossolos vermelho-amarelos, entre os quais se inclui
e tartarugas (também ameaçados de desaparecimento), bem como a terra roxa, e nos quais se instalaram várias culturas, como café, cana-de-
algumas espécies anfíbias, notadamente a lontra e a capivara e certas açúcar, milho e cacau.
serpentes, como a sucuriju. Nas florestas em geral predominam a anta, a
onça, os macacos, a preguiça, o caititu, a jiboia, a sucuri, os papagaios, O terceiro tipo de floresta é a mata de araucárias. Fisionomicamente, é
araras e tucanos e uma imensa variedade de insetos e aracnídeos. uma floresta mista de coníferas e latifoliadas perenifólias. Ocorre no
planalto meridional, em terras submetidas a geadas anuais. Das matas
Nas caatingas, cerrados e campos são mais comuns a raposa, o brasileiras, é a de menor área, porém de maior valor econômico, por ser a
tamanduá, o tatu, o veado, o lobo guará, o guaxinim, a ema, a siriema, mais homogênea. Suas árvores úteis mais típicas são: o pinheiro-do-
perdizes e codornas, e os batráquios (rãs, sapos e pererecas) e répteis paraná (Araucaria angustifolia), produtor de madeira branca; a imbuia
(cascavel, surucucu e jararaca). Há abundância de térmitas, que constroem (Phoebe porosa), madeira de lei, escura, utilizada em marcenaria; e a erva-
montículos duros como habitação. De maneira geral, a fauna ornitológica mate (Ilex paraguariensis), com cujas folhas tostadas se faz uma infusão
brasileira não encontra rival em variedade, com muitas espécies semelhante ao chá, muito apreciada nos países do Prata.
inexistentes em outras partes do mundo. São inúmeras as aves de rapina,
como os gaviões, as aves noturnas, como as corujas e mochos, as Formações de transição. A caatinga, o cerrado e o manguezal são os
trepadoras, os galináceos, as pernaltas, os columbídeos e os palmípedes. tipos mais característicos da vegetação de transição. As caatingas
predominam nas áreas semi-áridas da região Nordeste e envolvem grande
Flora variedade de formações, desde a mata decídua (caatinga alta) até a estepe
de arbustos espinhentos. Suas árvores e arbustos são em geral providos
A diversidade do clima brasileiro reflete-se claramente em sua de folhas miúdas, que caem na estiagem, e armados de espinhos. São a
cobertura vegetal. A vegetação natural do Brasil pode ser grupada em três jurema (Mimosa sp.), a faveleira (Jatropha phyllancantha), o pereiro
domínios principais: as florestas, as formações de transição e os campos (Aspidosperma pirifolium), a catingueira (Caesalpinia sp), o marmeleiro
ou regiões abertas. As florestas se subdividem em outras três classes, de (Combretum sp). São também típicas as cactáceas, como o xiquexique
acordo com a localização e a fisionomia: a selva amazônica, a mata (Pilocereus gounellei), o facheiro (Cereus squamosus), o mandacaru
atlântica e a mata de araucárias. A primeira, denominada hileia pelo (Cereus jamacaru) e outras do gênero Opuntia. Nos vales planos são
naturalista alemão Alexander von Humboldt (do grego, hilayos, "da frequentes os carnaubais (Copernicia cerifera).
floresta", "selvagem") é a maior mata equatorial do mundo. Reveste uma
área de cinco milhões de quilômetros quadrados, equivalente a quase o Os cerrados, ou campos cerrados, predominam no planalto central,
dobro do território da Argentina. desde o oeste de Minas Gerais até o sul do Maranhão. São formações
constituídas de tufos de pequenas árvores, até dez ou 12m de altura,
Florestas. A hileia, do ponto de vista de sua ecologia, divide-se em: retorcidas, de casca grossa e folhas coriáceas, dispersos num tapete de
mata de igapó, mata de várzea e mata de terra firme. A primeira fica gramíneas até um metro de altura, que na estiagem se transforma em um
inundada durante cerca de dez meses no ano e é rica em palmeiras, como manto de palha. Os cerrados penetram no pantanal mato-grossense, onde
o açaí (Euterpe oleracea); os solos são arenosos e não cultiváveis nas se misturam a savanas e formações florestais e formam um conjunto
condições em que se encontram. A mata de várzea é inundada somente complexo. Os manguezais ocorrem em formações de quatro a cinco
nas enchentes dos rios; tem muitas essências de valor comercial e de metros de altura, na costa tropical, e são compostos sobretudo de
madeiras brancas, como a seringueira (Hevea brasiliensis), o cacaueiro Rhizophora mangle, Avicennia spp. e Laguncularia racemosa.
(Theobroma cacao), a copaíba (Copaifera officinalis), a sumaúma (Ceiba
pentandra) e o gigantesco açacu (Hura crepitans). Amata de igapó e a Regiões abertas. As áreas de vegetação aberta, no Brasil, se agrupam
mata de várzea, as duas primeiras divisões da hileia, têm árvores de folhas em tipos variados. Os campos de terra firme da Amazônia, como os
perenes. Os solos das várzeas são intrazonais, argilosos ou limosos. campos do rio Branco (Roraima), os de Puciari-Humaitá (Amazonas) e os
do Ererê (Pará), são savanas de gramíneas baixas, com diversas árvores
A mata de terra firme, que corresponde a cerca de noventa por cento isoladas típicas do cerrado, como o caimbé (Curatella americana), a
da floresta amazônica, nunca fica inundada. É uma mata plenamente carobeira (Tecoma caraíba) e a mangabeira (Hancornia speciosa). Os
desenvolvida, composta de quatro andares de vegetação: as árvores campos de várzea do médio e baixo Amazonas e do pantanal (rio
emergentes, que chegam a cinquenta metros ou mais; a abóbada foliar, Paraguai) são savanas sem árvores, com gramíneas de um metro ou mais
geralmente entre 20 e 35m, onde as copas das árvores disputam a luz de altura.
solar; o andar arbóreo inferior, entre cinco e vinte metros, com árvores

Ciências Humanas e suas Tecnologias 71 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Os campos limpos são estepes úmidas que ocorrem na campanha a elevada proporção de crianças e jovens acarreta uma maior carga para a
gaúcha, em partes do planalto meridional (campos de Vacaria RS, campos população ativa e para o estado e impõe a necessidade de manter um alto
de Lajes e Curitibanos SC; campos gerais, campos de Curitiba e de nível de crescimento, a fim de gerar empregos que permitam a
Guarapuava PR) e no extremo oeste baiano (os gerais). Têm solos incorporação desses novos efetivos à estrutura produtiva.
geralmente pobres, salvo na campanha, onde se enquadram no tipo prairie
degradado. É característica a grande mobilidade da população brasileira, o que
tende a modificar sua distribuição. Na segunda metade do século XX,
População registrou-se um avanço em direção ao oeste dos estados de São Paulo,
Paraná e Santa Catarina, e para o sul de Mato Grosso e Goiás. A criação
As três raças básicas formadoras da população brasileira são o negro, de Brasília e a construção de rodovias no interior do país atraíram
o europeu e o índio, em graus muito variáveis de mestiçagem e pureza. É contingentes numerosos, mas os principais fluxos migratórios, tanto do
difícil afirmar até que ponto cada elemento étnico era ou não previamente interior quanto do exterior do país, dirigiram-se para a região Sul e para o
mestiçado. Os portugueses trouxeram um complicado caldeamento de estado de São Paulo. As cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília
lusitanos, romanos, árabes e negros, que habitaram em Portugal. Os atraem imigrantes de todo o país; as demais recebem sobretudo a
demais grupos, vindos em grande número para o Brasil em diversas população rural das regiões vizinhas, onde são obrigados a viver em
épocas -- italianos, espanhóis, alemães, eslavos, sírios -- também tiveram condições precárias dada a pouca oferta de emprego.
mestiçagem semelhante. O Brasil é o país de maior população branca do
mundo tropical. A capital econômica do Brasil é São Paulo, maior parque industrial da
América Latina. Sua influência se estende por todo o Brasil e seu mercado
Os negros, trazidos para o Brasil como escravos, do século XVI até exerce atração até sobre as regiões ocidentais do Paraguai e Bolívia. O
1850, destinados à lavoura canavieira, à mineração e à lavoura cafeeira, Rio de Janeiro, com sua área metropolitana, constitui o segundo pólo
pertenciam a dois grandes grupos: os sudaneses e os bantos. Os industrial do país, mas tem maior importância cultural e turística. As outras
primeiros, geralmente altos e de cultura mais elaborada, foram sobretudo cidades mais populosas são Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife,
para a Bahia. Os bantos, originários de Angola e Moçambique, Salvador, Fortaleza e Belém. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil
predominaram na zona da mata nordestina, no Rio de Janeiro e em Minas Publicações Ltda.
Gerais.
Demografia
Os indígenas brasileiros pertencem aos grupos chamados
paleoameríndios, que provavelmente migraram em primeiro lugar para o A população do Brasil, conforme registrado pelo PNAD de 2008, foi de
Novo Mundo. Estavam no estádio cultural neolítico (pedra polida). aproximadamente 190 milhões de habitantes[ (22,31 habitantes por
Agrupam-se em quatro troncos linguísticos principais: o tupi ou tupi- quilômetro quadrado), com uma proporção de homens e mulheres de
guarani, o jê ou tapuia, o caraíba ou karib e o aruaque ou nu-aruaque. Há 0,95:1 e 83,75% da população definida como urbana. A população está
além disso pequenos grupos linguísticos, dispersos entre esses maiores, fortemente concentrada nas regiões Sudeste (79,8 milhões de habitantes)
como os pano, tucano, bororo e nhambiquara. Atualmente os índios e Nordeste (53,5 milhões de habitantes), enquanto as duas regiões mais
acham-se reduzidos a uma população de algumas dezenas de milhares, extensas, o Centro-Oeste e o Norte, que formam 64,12% do território
instalados sobretudo nas reservas indígenas da Amazônia, Centro-Oeste e brasileiro, contam com um total de apenas 30 milhões de habitantes.
Nordeste.
A população do Brasil aumentou significativamente entre 1940 e 1970,
A esses três elementos fundamentais vieram inicialmente acrescentar- devido a um declínio na taxa de mortalidade, embora a taxa de natalidade
se os mestiços, surgidos do cruzamento dos três tipos étnicos anteriores, e também tenha passado por um ligeiro declínio no período. Na década de
cujo número observou tendência sempre crescente. Ocupam portanto lugar 1940 a taxa de crescimento anual da população foi de 2,4%, subindo para
de grande destaque na composição étnica da população brasileira, 3,0% em 1950 e permanecendo em 2,9% em 1960, com a expectativa de
representados pelos caboclos (descendentes de brancos e ameríndios), vida subindo de 44 para 54 anos e para 72,6 anos em 2007.A taxa de
mulatos (de brancos e negros) e cafuzos (de negros e ameríndios). aumento populacional tem vindo a diminuir desde 1960, de 3,04% ao ano
entre 1950–1960 para 1,05% em 2008 e deverá cair para um valor
O Brasil é o sexto país do mundo em população. Embora não seja negativo, de −0,29%, em 2050, completando assim atransição
densamente povoado, sua enorme extensão territorial faz com que cerca demográfica.
da metade da população da América do Sul seja brasileira. Em pouco mais
de um século -- entre 1872 e 1990 -- a população brasileira viu-se As maiores áreas metropolitanas do Brasil são São Paulo, Rio de
multiplicada quase por quinze. Entre 1900 e final do século XX, aumentou Janeiro e Belo Horizonte – todas na região Sudeste – com 19,5, 11,5 e 5,1
também a participação da população brasileira no quadro mundial -- de milhões de habitantes, respectivamente.Quase todas as capitais são as
1,1% para 2,8% -- e na América Latina -- de 27,6% para 35%. maiores cidades de seus estados, com exceção de Vitória, capital do
Espírito Santo, e Florianópolis, a capital deSanta Catarina. Existem
A distribuição de habitantes é muito desigual: quase 58% da também regiões metropolitanas não-capitais nos estados de São Paulo
população vive nas regiões Sudeste e Sul, que correspondem a 18% do (Campinas, Santos e Vale do Paraíba), Minas Gerais (Vale do Aço),Rio
território, enquanto a região Norte, que compreende 45% do território, tem Grande do Sul (Vale do Rio dos Sinos) e Santa Catarina (Vale do Itajaí).
apenas 5,9% da população. Além disso, há grandes concentrações
urbanas, como São Paulo SP, Rio de Janeiro RJ, Belo Horizonte MG e Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de
Recife PE; e áreas escassamente ocupadas no interior, principalmente na 2008, 48,43% da população (cerca de 92 milhões) foi descrita como
Amazônia e no Centro-Oeste. A tendência migratória do campo para a brancos; 43,80% (cerca de 83 milhões) como Pardos (Multirracial); 6,84%
cidade acarretou um inchamento do meio urbano, com grandes (cerca de 13 milhões) como Negros; 0,58% (cerca de 1,1 milhões) como
contingentes de população marginal. Corresponde a uma estrutura agrária Asiáticos e 0,28% (cerca de 536 mil) como Indígenas, enquanto 0,07%
de grandes propriedades e à adoção de um modelo econômico (cerca de 130 mil) não declararam sua raça. Em 2007, a Fundação
concentrador de capital e voltado para a exportação, com altos índices de Nacional do Índio relatou a existência de 67 diferentes tribos isoladas,
mecanização da lavoura e pecuária. A inexistência de uma política contra 40 em 2005. Acredita-se que o Brasil possua o maior número de
cooperativa eficiente e a própria distribuição fundiária impedem a povos isolados do mundo.
proliferação da pequena propriedade e, portanto, a fixação das populações
rurais. A maioria dos brasileiros descendem de povos indígenas do país,
colonos portugueses, imigrantes europeus eescravos africanos. Desde a
A elevada taxa de natalidade e a progressiva redução da mortalidade chegada dos portugueses em 1500, um considerável número de uniões
transformaram o Brasil em um país jovem e de crescimento demográfico entre estes três grupos foram realizadas. A população parda é uma
acelerado. Esse aumento da população ocorre em taxas mais elevadas categoria ampla que inclui caboclos (descendentes de brancos e índios),
nas regiões mais pobres. Por volta do final do século XX, cerca da metade mulatos(descendentes de brancos e negros) e cafuzos (descendentes de
da população tinha menos de vinte anos. Tal característica constitui a curto negros e índios). Os pardos e mulatos formam a maioria da população nas
prazo um inconveniente para o desenvolvimento econômico, uma vez que regiões Norte,Nordeste e Centro-Oeste.A população mulata concentra-se

Ciências Humanas e suas Tecnologias 72 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
geralmente na costa leste da região Nordeste, da Bahia à Paraíba e petroleiro); Companhia Vale do Rio Doce(mineração); Marcopolo e Busscar
também no norte doMaranhão, sul de Minas Gerais e no leste do Rio de (carroceiras); Gerdau (siderúgicas); Organizações Globo (comunicação). O
Janeiro. No século XIX o Brasil abriu suas fronteiras à imigração. Cerca de Brasil é visto por muitos economistas como um país com grande potencial
cinco milhões de pessoas de mais de 60 países migraram para o Brasil de desenvolvimento, assim como a Rússia, Índia e China, os países BRIC.
entre 1808 e 1972, a maioria delas de Portugal, Itália, Espanha, Alemanha, Alguns especialistas em economia, como o analista Peter Gutmann,
Japão e Oriente Médio. afirmam que em 2050 o Brasil poderá vir a atingir estatisticamente o
padrão de vida verificado em 2005 nos países da Zona Euro. De acordo
Meio ambiente com dados doGoldman Sachs, o Brasil atingirá em 2050 um PIB de US$
A grande extensão territorial do Brasil abrange diferentes 11.366.000 e PIB per capita de US$ 49.759, a quarta maior economia do
ecossistemas, como a Floresta Amazônica, reconhecida como tendo a planeta.
maior diversidade biológica do mundo,[151] a Mata Atlântica e o Cerrado, Componentes
que sustentam também grande biodiversidade, sendo o Brasil reconhecido
como um país megadiverso. No sul, a Floresta de araucárias cresce sob A economia brasileira é diversa, abrangendo a agricultura, a indústria e
condições de clima temperado. uma multiplicidade de serviços.Atualmente o país tem conseguido impor
sua liderança global graças ao desenvolvimento de sua economia. A força
A rica vida selvagem do Brasil reflete a variedade de habitats naturais. econômica que o país tem demonstrado, deve-se, em parte, ao boom
Os cientistas estimam que o número total de espécies vegetais e animais mundial nos preços de commodities e de mercadorias para exportação,
no Brasil seja de aproximadamente de quatro milhões. Grandes mamíferos como a carne bovina e a soja.[As perspectivas da economia brasileira têm
incluem pumas, onças, jaguatiricas, raros cachorros-vinagre, raposas, melhorado ainda mais graças a descobertas de enormes jazidas de
queixadas, antas, tamanduás, preguiças, gambás e tatus. Veados são petróleo e gás natural na bacia de Santos. Potência mundial na agricultura
abundantes no sul e muitas espécies de platyrrhini são encontradas nas e em recursos naturais, o Brasil desencadeou sua maior explosão de
florestas tropicais do norte. A preocupação com o meio ambiente tem prosperidade econômica das últimas em três décadas.
crescido em resposta ao interesse mundial nas questões ambientais. A agricultura e setores aliados, como a silvicultura, exploração florestal
O patrimônio natural do Brasil está seriamente ameaçado pela e pesca contabilizaram 6,1% do produto interno bruto em 2007, um
pecuária e agricultura, exploração madeireira, mineração, reassentamento, desempenho que põe o agronegócio em uma posição de destaque na
extração de petróleo e gás, asobrepesca, comércio de espécies selvagens, balança comercial do Brasil, apesar das barreiras comerciais e das
barragens e infraestrutura, contaminação da água, alterações climáticas, políticas de subsídios adotadas pelos países desenvolvidos.
fogo e espécies invasoras. Em muitas áreas do país, o ambiente natural Em relatório divulgado em 2010 pela OMS, o Brasil é o terceiro maior
está ameaçado pelo desenvolvimento. A construção de estradas em áreas exportador de produtos agrícolas do mundo, atrás apenas de Estados
de floresta, tais como a BR-230 e a BR-163, abriu áreas anteriormente Unidos e União Europeia.
remotas para a agricultura e para o comércio; barragens inundaram vales e A indústria de automóveis, aço, petroquímica, computadores,
habitats selvagens; e minas criaram cicatrizes na terra e poluíram aeronaves e bens de consumo duradouros contabilizam 30,8%do produto
apaisagem. interno bruto brasileiro. A atividade industrial está concentrada
Economia geograficamente nas regiões metropolitanasde São Paulo, Rio de Janeiro,
Curitiba, Campinas, Porto Alegre, Belo Horizonte, Manaus, Salvador,
O Brasil é a maior economia da América Latina (e a segunda da Recife e Fortaleza. O país responde por três quintos da produção industrial
América, atrás apenas dos Estados Unidos), a sexta maior economia do da economia sul-americana e participa de diversos blocos econômicos
mundo a taxas de mercado de câmbio e a sétima maior em paridade do como: o Mercosul, o G-22 e o Grupo de Cairns.
poder de compra (PPC), de acordo com o Fundo Monetário Internacional e
O Brasil comercializa regularmente com mais de uma centena de
o Banco Mundial. O seu PIB (PPC) per capita é de US$ 12.181,341,
países, sendo que 74% dos bens exportados são manufaturas ou
colocando o Brasil na posição 75ª posição de acordo com dados do Banco
semimanufaturas. Os maiores parceiros são: União Europeia (com 26% do
Mundial. O país tem grandes e desenvolvidos setores agrícola, minerador,
saldo); Mercosul e América Latina (25%); Ásia (17%) e Estados Unidos
manufatureiro e de serviços, bem como um grande mercado de trabalho.
(15%). Um setor dos mais dinâmicos nessa troca é o de agronegócio, que
As exportaçõesbrasileiras estão crescendo, criando uma nova geração de
mantém o Brasil entre os países com maior produtividade no campo.
magnatas. Os principais produtos de exportação incluemaeronaves,
equipamentos elétricos, automóveis, álcool, têxtil, calçados, minério de Dono de sofisticação tecnológica, o país desenvolve de submarinos a
ferro, aço, café, suco de laranja, soja ecarne enlatada.[248] O país tem aeronaves, além de estar presente na pesquisa aeroespacial, possuindo
vindo a expandir a sua presença nos mercados financeiros internacionais e um Centro de Lançamento de Veículos Leves e sendo o único país do
mercados decommodities e faz parte de um grupo de quatro economias Hemisfério Sul a integrar a equipe de construção da Estação Espacial
emergentes chamadas de países BRIC. Internacional (ISS). Pioneiro na pesquisa de petróleo em águas profundas,
de onde extrai 73% de suas reservas, foi a primeira economia capitalista a
O Brasil atrelou a sua moeda, o real, ao dólar americano em 1994. No reunir, no seu território, as dez maiores empresas montadoras de
entanto, após a crise financeira da Ásia Oriental, a crise russa em 1998 e automóveis.
uma série de eventos adversos financeiros que se seguiram, o Banco
Central do Brasil alterou temporariamente sua política monetária para um Turismo
regime de flutuação gerenciada, enquanto atravessava uma crise de O turismo é uma atividade econômica importante em várias regiões do
moeda, até que definiu a modificação do regime de câmbio livre flutuante país. Com cinco milhões de visitantes estrangeiros em 2008, o Brasil é o
em janeiro de 1999.[O país recebeu um pacote de resgate de US$ 30,4 principal destino do mercado turístico internacional na América do Sul, e
bilhões do Fundo Monetário Internacional, em meados de 2002, uma soma ocupa o segundo lugar na América Latina em termos de fluxo de turistas
recorde. O Banco Central brasileiro pagou o empréstimo do FMI em 2005, internacionais.
embora pudesse pagar a dívida até 2006. Uma das questões que o Banco
Central do Brasil recentemente tratou foi um excesso de fluxos Os gastos dos turistas estrangeiros em visita ao Brasil alcançaram 5,8
especulativos de capital de curto prazo para o país, o que pode ter bilhões de dólares em 2008, 16,8% a mais do que em 2007.O país abarcou
contribuído para uma queda no valor do dólar frente ao real durante esse 3,4% do fluxo turístico internacional no continente americano em 2008. Em
período. No entanto, oinvestimento estrangeiro direto (IED), relacionado a 2005, o turismo contribuiu com 3,2% das receitas nacionais advindas da
longo prazo, menos investimento especulativo em produção, estima-se ser exportação de bens e serviços, responsável pela criação de 7% dos
de US$ 193,8 bilhões para 2007. O monitoramento e controle da inflação empregos diretos e indiretos na economia brasileira. Em 2006, estima-se
atualmente desempenha um papel importante nas funções do Banco que 1,87 milhão de pessoas foram empregadas no setor, com 768 mil
Central de fixar as taxas de juro de curto prazo como uma medida de empregos formais (41%) e 1,1 milhão de ocupações informais (59%).
política monetária. Entre as Empresas mais conhecidas do Brasil estão: O turismo doméstico representa uma parcela fundamental do setor,
Brasil Foods, Perdigão, Sadia e JBS (setor alimentício);Embraer (setor contabilizando 51 milhões de viagens em 2005.
aéreo); Havaianas e Calçados Azaleia (calçados); Petrobras (setor

Ciências Humanas e suas Tecnologias 73 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Infraestrutura Transportes
Educação Com uma rede rodoviária de cerca de 1,8 milhões de quilômetros,
A Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação sendo 96 353 km de rodovias pavimentadas (2004), as estradassão as
Nacional (LDB) determinam que o Governo Federal, osEstados, o Distrito principais transportadoras de carga e de passageiros no tráfego brasileiro.
Federal e os municípios devem gerir e organizar seus respectivos sistemas Os primeiros investimentos na infraestrutura rodoviária deram-se na
de ensino. Cada um desses sistemas educacionais públicos é responsável década de 1920, no governo de Washington Luís, sendo prosseguidos no
por sua própria manutenção, que gere fundos, bem como os mecanismos e governo Vargas e Gaspar Dutra. O presidente Juscelino Kubitschek (1956–
fontes de recursos financeiros. A nova constituição reserva 25% do 1961), que concebeu e construiu a capital Brasília, foi outro incentivador de
orçamento do Estado e 18% de impostos federais e taxas municipais para rodovias. Kubitschek foi responsável pela instalação de grandes
a educação. fabricantes de automóveis no país (Volkswagen, Ford e General Motors
Segundo dados do IBGE, em 2011, a taxa de literacia da população chegaram ao Brasil durante seu governo) e um dos pontos utilizados para
brasileira foi de 90,4%, significando que 13 milhões (9,6% da população) atraí-los era, evidentemente, o apoio à construção de rodovias. Hoje, o
de pessoas ainda são analfabetas no país; já o analfabetismo funcional país tem instalados em seu território outros grandes fabricantes de
atingiu 21,6% da população.[6]O analfabetismo é mais elevado no automóveis, como Fiat, Renault, Peugeot, Citroën, Chrysler, Mercedes-
Nordeste, onde 19,9% da população é analfabeta. Ainda segundo o PNAD, Benz, Hyundai e Toyota. O Brasil é o sétimo mais importante país da
o percentual de pessoas na escola, em 2007, foi de 97% na faixa etária de indústria automobilística.
6 a 14 anos e de 82,1% entre pessoas de 15 a 17 anos, enquanto o tempo
médio total de estudo entre os que têm mais de 10 anos foi, em média, de Existem cerca de quatro mil aeroportos e aeródromos no Brasil, sendo
6,9 anos. 721 com pistas pavimentadas, incluindo as áreas de desembarque.O país
tem o segundo maior número de aeroportos em todo o mundo, atrás
O ensino superior começa com a graduação ou cursos sequenciais, apenas dos Estados Unidos.O Aeroporto Internacional de Guarulhos,
que podem oferecer opções de especialização em diferentes carreiras localizado na Região Metropolitana de São Paulo, é o maior e mais
acadêmicas ou profissionais. Dependendo de escolha, os estudantes movimentado aeroporto dopaís, grande parte dessa movimentação deve-
podem melhorar seus antecedentes educativos com cursos de pós- se ao tráfego comercial e popular do país e ao fato de que o aeroporto liga
graduação Stricto Sensu ou Lato Sensu. Para frequentar uma instituição de São Paulo a praticamente todas as grandes cidades de todo o mundo. O
ensino superior, é obrigatório, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Brasil tem 34 aeroportos internacionais e 2 464aeroportos regionais.
concluir todos os níveis de ensino adequados às necessidades de todos os
estudantes dos ensinos infantil, fundamental e médio,[282]desde que o O país possui uma extensa rede ferroviária de 28 857 km de extensão,
aluno não seja portador de nenhuma deficiência, seja ela física, mental, a décima maior rede do mundo. Atualmente, o governo brasileiro,
visual ou auditiva. diferentemente do passado, procura incentivar esse meio de transporte; um
exemplo desse incentivo é o projeto do Trem de Alta Velocidade Rio-São
Ciência e tecnologia Paulo, um trem-bala que vai ligar as duas principais metrópoles do país. Há
A produção científica brasileira começou, efetivamente, nas primeiras 37 grandes portos no Brasil, dentre os quais o maior é o Porto de Santos.
décadas do século XIX, quando a família real e a nobreza portuguesa, O país também possui 50 000 km dehidrovias.
chefiadas pelo Príncipe-regente Dom João de Bragança (futuro Rei Dom Saúde
João VI), chegaram no Rio de Janeiro, fugindo da invasão do exército de
Napoleão Bonaparte em Portugal, em 1807. Até então, o Brasil era uma O sistema de saúde pública brasileiro, o Sistema Único de Saúde
colônia portuguesa(ver colônia do Brasil), sem universidades e (SUS), é gerenciado e fornecido por todos os níveis do governo, sendo o
organizações científicas, em contraste com as ex-colônias americanas do maior sistema do tipo do mundo. Já os sistemas de saúde privada atendem
império espanhol, que apesar de terem uma grande parte da população um papel complementar. Os serviços de saúde públicos são universais e
analfabeta, tinham um número considerável de universidades desde o oferecidos a todos os cidadãos do país de forma gratuita. No entanto, a
século XVI. construção e a manutenção de centros de saúde e hospitais são
A pesquisa tecnológica no Brasil é em grande parte realizada em financiadas por impostos, sendo que o país gasta cerca de 9% do seu PIB
universidades públicas e institutos de pesquisa. Alguns dos mais notáveis em despesas na área. Em 2009, o território brasileiro tinha 1,72 médicos e
polos tecnológicos do Brasil são os institutos Oswaldo Cruz, Butantan, 2,4 camas hospitalares para cada 1000 habitantes.
Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial,Empresa Brasileira de Apesar de todos os progressos realizados desde a criação do sistema
Pesquisa Agropecuária e o INPE. universal de cuidados de saúde em 1988, ainda existem vários problemas
O Brasil tem o mais avançado programa espacial da América Latina, de saúde pública no Brasil. Em 2006, os principais pontos a serem
com recursos significativos para veículos de lançamento, e fabricação de resolvidos foram as taxas de altos de mortalidade infantil (2,51%) e
satélites. Em 14 de outubro de 1997, a Agência Espacial Brasileira assinou materna (73,1 mortes por 1000 nascimentos). O número de mortes por
um acordo com a NASA para fornecer peças para a ISS.[287] Este acordo doenças não transmissíveis, como doenças cardiovasculares (151,7
possibilitou ao Brasil treinar seu primeiro astronauta. Em 30 de março de mortes por 100 000 habitantes) e câncer (72,7 mortes por 100 000
2006 o Cel. Marcos Pontes a bordo do veículo Soyuz se transformou no habitantes) também têm um impacto considerável sobre a saúde da
primeiro astronauta brasileiro e o terceiro latino-americano a orbitar nosso população brasileira. Finalmente, os fatores externos, mas evitáveis, como
planeta. acidentes de carro, violência e suicídio causaram 14,9% de todas as
O urânio enriquecido na Fábrica de Combustível Nuclear (FCN), mortes no país.
deResende, no estado do Rio de Janeiro, atende a demanda energética do
Energia
país. Existem planos para a construção do primeiro submarino nuclear do
país. O Brasil também é um dos três países da América Latina com um O Brasil é o décimo maior consumidor da energia do planeta e o
laboratório Síncrotron em operação, um mecanismo de pesquisa dafísica, terceiro maior do hemisfério ocidental, atrás dos Estados Unidos e Canadá.
da química, das ciências dos materiais e da biologia.[292] Segundo o A matriz energética brasileira é baseada em fontes renováveis, sobretudo a
Relatório Global de Tecnologia da Informação 2009–2010 do Fórum energia hidrelétrica e oetanol, além de fontes não-renováveis de energia,
Econômico Mundial, o Brasil é o 61º maior desenvolvedor mundial como o petróleo e o gás natural.
detecnologia da informação.
Ao longo das últimas três décadas o Brasil tem trabalhado para criar
O Brasil também tem um grande número de notáveis personalidades uma alternativa viável à gasolina. Com o seu combustível à base de cana-
científicas e inventores das mais diversas áreas do conhecimento, como os de-açúcar, a nação pode se tornar energicamente independente neste
padres Bartolomeu de Gusmão, Roberto Landell de Moura eFrancisco momento. O Pró-álcool, que teve origem na década de 1970, em resposta
João de Azevedo, Santos Dumont, Manuel Dias de Abreu, César Lattes, às incertezas do mercado do petróleo, aproveitou sucesso intermitente.
Andreas Pavel,Nélio José Nicolai, Adolfo Lutz, Vital Brasil, Carlos Chagas, Ainda assim, grande parte dos brasileiros utilizam os chamados "veículos
Oswaldo Cruz, Henrique da Rocha Lima, Mauricio Rocha e Silva e flex", que funcionam com etanol ou gasolina, permitindo que o consumidor
Euryclides Zerbini.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 74 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
possa abastecer com a opção mais barata no momento, muitas vezes o la, especialmente no setor cafeeiro, deixavam de ser rentáveis, além das
etanol. dificuldades de importação ocasionadas pela Primeira Guerra Mundial e
pela Segunda, passou-se a empregar mais investimentos no setor industri-
Os países com grande consumo de combustível como a Índia e a al.
China estão seguindo o progresso do Brasil nessa área.[316]Além disso,
países como o Japão e Suécia estão importando etanol brasileiro para Êxodo rural
ajudar a cumprir as suas obrigações ambientais estipuladas no Protocolo
de Quioto. As indústrias, sobretudo a têxtil e a alimentícia, difundiam-se, princi-
palmente nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Esse desenvolvi-
O Brasil possui a segunda maior reserva de petróleo bruto na América mento industrial acelerado necessitava de grande quantidade de mão-de-
do Sul e é um dos produtores de petróleo que mais aumentaram sua obra para trabalhar nas unidades fabris, na construção civil, no comércio
produção nos últimos anos. O país é um dos mais importantes do mundo ou nos serviços, o que atraiu milhares de migrantes do campo para as
na produção de energia hidrelétrica. Da sua capacidade total de geração cidades (êxodo rural).
de eletricidade, que corresponde a 90 mil megawatts, a energia hídrica é
responsável por 66.000 megawatts (74%). A energia nuclear representa O processo de urbanização brasileiro apoiou-se essencialmente no
cerca de 3% da matriz energética do Brasil. O Brasil pode se tornar uma êxodo rural. A migração rural-urbana tem múltiplas causas, sendo as
potência mundial na produção de petróleo, com grandes descobertas principais a perda de trabalho no setor agropecuário - em consequência da
desse recurso nos últimos tempos na Bacia de Santos. modernização técnica do trabalho rural, com a substituição do homem pela
A imprensa brasileira tem seu início em 1808 com a chegada da máquina e a estrutura fundiária concentradora, resultando numa carência
família real portuguesa ao Brasil, sendo até então proibida toda e qualquer de terras para a maioria dos trabalhadores rurais.
atividade de imprensa — fosse a publicação de jornais ou livros. A Assim, destituídos dos meios de sobrevivência na zona rural, os mi-
imprensa brasileira nasceu oficialmente no Rio de Janeiro em 13 de maio grantes dirigem-se às cidades em busca de empregos, salários e, acima de
de 1808, com a criação da Impressão Régia, hoje Imprensa Nacional, pelo tudo, melhores condições de vida.
príncipe-regente dom João.
População urbana
A Gazeta do Rio de Janeiro, o primeiro jornal publicado em território
nacional, começa a circular em 10 de setembro de 1808. Atualmente a Atualmente, a participação da população urbana no total da população
imprensa escrita consolidou-se como um meio de comunicação em massa brasileira atinge níveis próximos aos dos países de antiga urbanização
e produziu grandes jornais que hoje estão entre as maiores do país e do daEuropa e da América do Norte. Em 1940, os moradores das cidades
mundo como a Folha de S. Paulo, O Globo e o Estado de S. Paulo, e somavam 12,9 milhões de habitantes, cerca de 30% do total da população
publicações das editoras Abril eGlobo. do país, esse percentual cresceu aceleradamente: em 1970, mais da
A radiodifusão surgiu em 7 de setembro de 1922, sendo a primeira metade dos brasileiros já viviam nas cidades (55,9%). De acordo com o
transmissão um discurso do então presidente Epitácio Pessoa, porém a Censo de 2000, a população brasileira é agora majoritariamente urbana
instalação do rádio de fato ocorreu apenas em 20 de abril de 1923 com a (81,2%), sendo que de cada dez habitantes do Brasil, oito moram em
criação da "Rádio Sociedade do Rio de Janeiro". Na década de 1930 cidades.
começou a era comercial do rádio, com a permissão de comerciais na Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), no ano de 2005 o
programação, trazendo a contratação de artistas e desenvolvimento Brasil tinha uma taxa de urbanização de 84,2% e, de acordo com algumas
técnico para o setor. Com o surgimento das radionovelas e da projeções, até 2050, a porcentagem da população brasileira que vive em
popularização da programação, na década de 1940, começou a chamada centros urbanos deve pular para 93,6%. Em termos absolutos, serão
era de ouro do rádio brasileiro, que trouxe um impacto na 237,751 milhões de pessoas morando nas cidades do país na metade
sociedadebrasileira semelhante ao que a televisão produz hoje. Com a deste século. Por outro lado, a população rural terá caído de 29,462 mi-
criação da televisão o rádio passa por transformações, os programas de lhões para 16,335 milhões entre 2005 e 2050.
humor, os artistas, as novelas e os programas de auditório são substituídos
por músicas e serviços de utilidade pública. Na década de 1960 surgiram
as rádios FM's que trazem mais músicas para o ouvinte.
A televisão no Brasil começou, oficialmente, em 18 de setembro de
1950, trazida por Assis Chateaubriand que fundou o primeiro canal de
televisão no país, a TV Tupi. Desde então a televisão cresceu no país,
criando grandes redes como a Globo,Record, SBT e Bandeirantes. Hoje, a
televisão representa um fator importante na cultura popular moderna da
sociedade brasileira. A televisão digital no Brasil teve início às 20h30min de
2 de dezembro de 2007, inicialmente na cidade de São Paulo, pelo padrão
japonês.
Urbanização do Brasil
Consequências e características das cidades
Ângelo Tiago de Miranda
Urbanização é o aumento proporcional da população urbana em rela-
ção à população rural. Segundo esse conceito, só ocorre urbanização
quando o crescimento da população urbana é superior ao crescimento da
população rural. O processo de urbanização no Brasil difere do europeu pela rapidez de
Somente na segunda metade do século 20, o Brasil tornou-se um país seu crescimento. Na Europa esse processo é mais antigo. Com exceção
urbano, ou seja, mais de 50% de sua população passou a residir nas da Inglaterra, único país que se tornou urbanizado na primeira metade do
cidades. A partir da década de 1950, o processo de urbanização no Brasil século 19, a maioria dos países europeus se tornou urbanizada entre a
tornou-se cada vez mais acelerado. Isso se deve, sobretudo, a intensifica- segunda metade do século 19 e a primeira metade do século 20. Além
ção do processo de industrialização brasileiro ocorrido a partir de 1956, disso, nesses países a urbanização foi menos intensa, menos volumosa e
sendo esta a principal consequência entre uma série de outras, da "política acompanhada pela oferta de empregos urbanos, moradias, escolas, sane-
desenvolvimentista" do governo Juscelino Kubitschek. amento básico, etc.
É importante salientar que os processos de industrialização e de urba- Em nosso país, 70 anos foram suficientes para alterar os índices de
nização brasileiros estão intimamente ligados, pois as unidades fabris eram população rural e os de população urbana. Esse tempo é muito curto e um
instaladas em locais onde houvesse infra-estrutura, oferta de mão-de-obra rápido crescimento urbano não ocorre sem o surgimento de graves pro-
e mercado consumidor. No momento que os investimentos no setor agríco- blemas.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 75 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Favelização e outros problemas da urbanização representa um obstáculo ao êxodo rural. Ainda assim, Manaus (AM) e
Belém (PA) são as principais regiões metropolitanas com mais de 1 milhão
A urbanização desordenada, que pega os municípios despreparados de habitantes cada.
para atender às necessidades básicas dos migrantes, causa uma série de
problemas sociais e ambientais. Dentre eles destacam-se o desemprego, a Com mais de 51 milhões de habitantes o Nordeste é a região brasileira
criminalidade, a favelização e a poluição do ar e da água. Relatório do com o maior número de municípios (1.793), mas somente 69,1% de sua
Programa Habitat, órgão ligado à ONU, revela que 52,3 milhões de brasilei- população é urbana. A estrutura agrária baseada na pequena propriedade
ros - cerca de 28% da população - vivem nas 16.433 favelas cadastradas familiar, na faixa do Agreste, colaborou para segurar a força de trabalho no
no país, contingente que chegará a 55 milhões de pessoas em 2020. campo e controlar o ritmo do êxodo rural. O baixo rendimento e a baixa
produtividade do setor agrícola restringiu a repulsão dos habitantes rurais,
O Brasil sempre foi uma terra de contrastes e, nesse aspecto, também ao passo que o insuficiente desenvolvimento do mercado regional limitou a
não ocorrerá uma exceção: a urbanização do país não se distribui igualita- atração exercida pelas cidades.
riamente por todo o território nacional, conforme podemos observar na
tabela abaixo. Muito pelo contrário, ela se concentra na região Sudeste,
formada pelos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais eEspí-
rito Santo. • CARACTERÍSTICAS E TRANSFORMAÇÕES DAS ESTRUTU-
RAS PRODUTIVAS – DIFERENTES FORMAS DE ORGANIZA-
ÇÃO DA PRODUÇÃO: ESCRAVISMO ANTIGO, FEUDALISMO,
CAPITALISMO, SOCIALISMO E SUAS DIFERENTES EXPERI-
ÊNCIAS. ECONOMIA AGROEXPORTADORA BRASILEIRA:
COMPLEXO AÇUCAREIRO; A MINERAÇÃO NO PERÍODO CO-
LONIAL; A ECONOMIA CAFEEIRA; A BORRACHA NA AMAZÔ-
NIA. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: CRIAÇÃO DO SISTEMA DE
FÁBRICA NA EUROPA E TRANSFORMAÇÕES NO PROCESSO
DE PRODUÇÃO. FORMAÇÃO DO ESPAÇO URBANO-
INDUSTRIAL. TRANSFORMAÇÕES NA ESTRUTURA PRODUTI-
VA NO SÉCULO XX: O FORDISMO, O TOYOTISMO, AS NOVAS
TÉCNICAS DE PRODUÇÃO E SEUS IMPACTOS. A INDUSTRIA-
LIZAÇÃO BRASILEIRA, A URBANIZAÇÃO E AS TRANSFOR-
Região Sudeste MAÇÕES SOCIAIS E TRABALHISTAS. A GLOBALIZAÇÃO E AS
NOVAS TECNOLOGIAS DE TELECOMUNICAÇÃO E SUAS
Apesar desses quatro Estados ocuparem somente 10% do território CONSEQUÊNCIAS ECONÔMICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS.
brasileiro, a segunda menor em área, neles se encontram mais de 78 PRODUÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DOS ESPAÇOS AGRÁRIOS.
milhões de habitantes (IBGE, 2005), 90,5% dos quais vivem em cidades.
MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E ESTRUTURAS AGRÁ-
É também no Sudeste que se encontram três das cidades brasileiras RIAS TRADICIONAIS. O AGRONEGÓCIO, A AGRICULTURA
com mais de 1 milhão de habitantes (São Paulo, Rio de Janeiro e Belo FAMILIAR, OS ASSALARIADOS DO CAMPO E AS LUTAS SO-
Horizonte), bem como 50% das cidades com população entre 500 mil e 1 CIAIS NO CAMPO. A RELAÇÃO CAMPO-CIDADE.
milhão de habitantes.
As sucessivas crises econômicas que o país conheceu nas últimas dé- A INSERÇÃO SOBERANA DO BRASIL NA ECONOMIA MUNDIAL,
cadas fez seu ritmo de crescimento em geral diminuir e com isso o fluxo por Marcos Coimbra
migratório para o Sudeste se reduziu e continua em declínio. No mundo de hoje, encontramos uma superpotência, os EUA, e duas
megapotências, a União Europeia (UE) e o Japão, constituindo a tríade
Centro-Oeste e Sul
denominada de Centros de Poder Econômico CPES. Existem ainda as
A segunda região de maior população urbana no país é a Centro- potências ascendentes, constituídas por países que já dispõem, efetiva-
Oeste, onde 86,7% dos habitantes vivem em cidades. A urbanização dessa mente ou em potencial, das condições indispensáveis para exercer influên-
região é ainda mais recente e foi impulsionada pela fundação de Brasília, cia predominante em seu espaço geopolítico atuando como catalisador do
em 1960, e pelas rodovias de integração nacional que interligaram a nova Poder Nacional dos Estados compreendidos nesse mesmo espaço geopo-
capital com o Sudeste, de um lado, e a Amazônia, de outro. Além disso, há lítico, como a China, por exemplo. Além disto, visualizamos ainda as pseu-
o desenvolvimento do setor do agronegócio. A agropecuária impulsionou a do-potências, que compreendem os países que reúnem condições para ser
urbanização do Centro-Oeste, cujas cidades apresentam atividades eco- potências ascendentes, mas estão sendo impedidas de assim atuar pela
nômicas essencialmente de caráter agro-industrial. incompatibilidade entre seus interesses econômicos e os dos CPES, como
o Brasil.
A região Sul, apesar de contar com o terceiro maior contingente popu-
lacional do país - mais de 26 milhões de habitantes, 80,9% vivendo em As características essenciais do panorama internacional no terceiro mi-
cidades - e uma economia vigorosa, também baseada na agropecuária lênio são: a) a existência de três CPES, com interesses econômicos ten-
apresenta um índice mais baixo de urbanização. Ao contrário da região dendo à superposição; b) intensificação da superposição de interesse dos
Centro-Oeste, a região Sul conheceu uma urbanização mais lenta e limita- EUA e do Japão, enquanto a União Europeia avança no processo de
da até o início da década de 1970. efetivação tácita da liderança germânica e absorção das economias circun-
A estrutura agrária assentada na pequena propriedade e no trabalho vizinhas; c) globalização da economia sem o estabelecimento de genuíno
familiar, apoiado no parcelamento da terra nas áreas de planaltos subtropi- sistema mundial de livre comércio, devido à prática do comércio gerencia-
cais, limitava a migração de pessoas do campo para o meio urbano. De- do e da consolidação dos Blocos Regionais; d) substituição das vantagens
pois, a mecanização da agricultura e a concentração fundiária impulsiona- “naturais” (recursos naturais, posição geográfica, demografia etc.) pelas
ram o êxodo rural. vantagens “criadas pelo homem” (tecnologias de alta sofisticação e de
ponta).
Norte e Nordeste
O grau de urbanização da região Norte é o mais baixo do país: 69,9% Já as principais características da terceira revolução industrial podem
em 2003. No entanto, é a região que mais se urbanizou nos últimos anos. ser enunciadas como: 1) na produção industrial o insumo básico é a inteli-
Entre 1991 e 2000, segundo o IBGE, o crescimento urbano foi de 28,54%. gência humana e não mais a matéria-prima; 2) a prioridade para P&D
Além de ter-se inserido tardiamente na dinâmica econômica nacional, a (pesquisa e desenvolvimento) passou de produtos novos para processos
região tem sua peculiaridade geográfica - a floresta Amazônica - que produtivos novos; 3) muito maior interação entre os setores secundário e

Ciências Humanas e suas Tecnologias 76 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
terciário, fazendo também que, para com este último, as tecnologias de O BRASIL E A ECONOMIA MUNDIAL CONTEMPORÂNEA
ponta sejam indispensáveis; 4) a mão-de-obra será menor em número mas por José Tavares de Araújo Jr.
terá maior grau de instrução; 5) os dirigentes de empresas precisarão de Uma característica central do progresso tecnológico nas últimas três
maior conhecimento tecnológico para orientar suas atividades no rumo da décadas tem sido o contraste entre o declínio acelerado dos custos de
maior competitividade. informação e a relativa estabilidade dos custos de transporte. Este contras-
te vem alimentando as tendências simultâneas em direção à globalização
Partindo das premissas, segundo o embaixador Marcos Côrtes, conse- de mercados e à regionalização das estruturas produtivas, que marcaram a
lheiro da ESG, de que “a Segurança de uma Nação é a capacidade efetiva economia mundial no passado recente. Estas tendências por sua vez
que tem de implementar , sem entraves inamovíveis, suas políticas e redefiniram os perfis de inserção internacional das economias domésticas
estratégias; de que o Desenvolvimento de uma Nação é a transformação e as prioridades da agenda multilateral de comércio.
de potencial nacional em poder nacional, empreendida de forma harmônica
e continuada, almejando a plenitude; de que a Soberania é o atributo Os novos padrões de concorrência internacional acentuaram a impor-
essencial da Nação de decidir, com liberdade plena, sobre a busca e a tância da prestação de serviços, da inovação tecnológica e do investimento
manutenção dos seus objetivos; de que a Globalização é o processo direto no exterior, como fontes de sustentação do desempenho exportador
decorrente do conjunto de políticas e estratégias dos CPES que visam a das economias nacionais. Tais padrões reduziram a eficácia dos instru-
ampliar e aprofundar sua capacidade de conduzir o relacionamento inter- mentos convencionais de política comercial, como tarifas, quotas e salva-
nacional, em todos os seus aspectos, para satisfação plena de seus Obje- guardas; ao mesmo tempo em que introduziram novos temas na agenda
tivos Nacionais”, podemos concluir qual o melhor caminho a ser seguido multilateral de comércio, como o uso de regulamentos domésticos para
pelo Brasil, objetivando tornar-se uma potência ascendente. proteger as indústrias da fronteira tecnológica e as práticas anticompetiti-
vas com dimensão internacional.
OS CPES, através da mídia internacional principalmente, começaram
a impor ao mundo as chamadas causas nobres (direitos humanos, direitos Do ponto de vista das economias nacionais, a busca de eficiência pro-
das minorias, justiça social, povos indígenas), bem como as novas ideias dutiva, o estímulo à inovação e a melhoria das condições de inserção
(promoção da justiça social, através da adoção da “tarifa antidumping internacional das empresas domésticas tornaram-se partes complementa-
social”, penalidades comerciais para proteção ambiental -selo verde, res de um desafio comum. Para o governo, isto implica não apenas a
soberania limitada, dever de ingerência, direito de intervenção, interferên- convergência das políticas industrial, tecnológica e de comércio exterior,
cia humanitária, reformulação do papel das Forças Armadas). mas também a coerência de tais políticas com outras ações do governo
nos planos macroeconômico e da regulação das condições de concorrên-
É importante realçar que vários Blocos Econômicos Regionais (BERS) cia nos mercados domésticos.
são dirigidos pelos CPES e que os menores tenderão a ser absorvidos
pelos maiores, bem como que os organismos internacionais são meros Um desafio adicional implícito no cenário contemporâneo reside no fa-
instrumentos auxiliares da política e da estratégia externa dos países to de que a Organização Mundial do Comércio (OMC) não dispõe ainda
atuantes no âmbito internacional e muitas ONGS são empregadas sub- dos instrumentos de regulação necessários para lidar com os padrões de
repticiamente como verdadeiros mecanismos auxiliares de política externa concorrência em vigor. Embora a reunião ministerial de Doha, realizada em
pelos CPES. 0s dados do intercâmbio comercial mostram que nossos novembro de 2001, tenha ratificado o consenso da comunidade internacio-
principais parceiros, em termos de saldo comercial, em US$ milhões, nal quanto à necessidade de fortalecer a OMC, na prática, tal consenso
dados de 2006, são UE (10.248), ALADI (10.075), EUA (9.829) e MERCO- significou apenas que os países membros estão comprometidos a levar
SUL (4.979). Assim, o saldo maior refere-se à América Latina. Analisando- adiante a rodada de negociações, mas não autoriza qualquer previsão
se a pauta de exportações, de importações, o setor agro-industrial e o setor otimista quanto aos resultados deste empreendimento no futuro próximo,
de manufaturados, percebemos que, numa comparação entre as vanta- dada a magnitude dos desafios que a OMC enfrenta atualmente.
gens e desvantagens de maior integração com a ALCA ou a UE, haverá
para o setor agropecuário mais vantagens nas relações com a UE, enquan- Um tema que bem ilustra as presentes limitações da OMC é o de polí-
to será mais vantajoso para o setor industrial a aproximação maior com a tica de concorrência, que passou a desempenhar um papel central no
ALCA. plano internacional, não só para combater cartéis e fiscalizar a conduta das
corporações transnacionais, mas sobretudo para regular conflitos advindos
E para o Brasil? Num mundo globalizado, só terão participação as na- da proteção às indústrias de alta tecnologia. O debate sobre essas ques-
ções soberanas. Para ser soberana, a Nação precisa ser próspera. Para tões na OMC tem sido intenso desde dezembro de 1996, quando foi criado
que o povo brasileiro participe atualmente do processo de globalização é o Grupo de Trabalho sobre a Interação entre Comércio e Política de Con-
preciso que o Brasil seja plenamente soberano. Para tanto, o Brasil precisa corrência. Nos dois anos seguintes, cerca de 170 documentos governa-
ser capaz de defender por seus próprios meios o que deseja, pois , caso mentais foram submetidos ao grupo, cobrindo uma agenda substantiva
não o faça, nenhum organismo internacional defenderá, além de traçar seu que, de fato, foi bem além das relações entre comércio e concorrência. A
próprio rumo, pois, se não o fizer, o terá traçado por outro. Segundo decla- despeito da participação ativa de praticamente todos os membros da OMC
rou, em 2001, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, atual secretário- que dispõem de leis de concorrência, esse debate tem sido limitado por
geral do Itamaraty : ” Está em andamento um processo de desarmamento dois tipos de restrições. Por um lado, qualquer acordo multilateral sobre
econômico e jurídico do Estado brasileiro, que teria como obstáculo as regras de concorrência só terá algum significado na medida em que todos
eleições. Daí a pressa na implementação das amarras fiscal e monetária os membros da OMC, ou pelo menos sua grande maioria, estiverem capa-
expressas não apenas na independência do Banco Central, mas também citados a aplicar aquelas normas em seus respectivos territórios. Por outro
nas agências reguladoras. Se o Brasil aceitar as regras da ALCA será o fim lado, a OMC é uma instituição desenhada para lidar essencialmente com
das políticas adequadas para a Economia”. atos de governos, enquanto que o foco principal da política de concorrência
é a conduta dos agentes econômicos.
Em conclusão, afirmamos que o ideal para o Brasil é procurar incre-
mentar as relações bilaterais com outros países, em especial com os Em suma, não é provável que as principais fragilidades da OMC ve-
demais componentes dos BRIC`s como a China, a Rússia, a Índia, bem nham a ser superadas no futuro próximo. Entretanto, a atuação do Brasil
como ampliar o âmbito do MERCOSUL, convidando os países do Bloco naquele fórum durante os anos 90 demonstrou que mesmo assim – e
Andino, procurando a integração de toda a América do Sul, e não apenas sobretudo após o surto recente de pressões protecionistas nos Estados
do cone sul. Aumentar o intercâmbio com a África do Sul e com os países Unidos – interessa aos países em desenvolvimento promover o sistema
de língua portuguesa do resto do mundo. Aproveitar-se também da exis- multilateral de comércio. Casos como Embraer/Bombardier e a controvér-
tência de colônias expressivas em quantidade e qualidade, como a portu- sia sobre patentes farmacêuticas já se tornaram símbolos de situações em
guesa e a italiana, para alavancar nosso comércio, com transferência de que estratégias negociadoras bem fundamentadas conseguem preservar
tecnologia. Negociar com a UE e com a ALCA sim. Incorporar-se de forma interesses nacionais legítimos. Além de conferir maior credibilidade à OMC
submissa, assumindo o papel de colônia, não. Prof. Marcos Coimbra - e às posições defendidas pelo Brasil nas negociações em curso, esses
Membro do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (CEBRES), casos também se revelaram instrumentais para fomentar o diálogo bilateral

Ciências Humanas e suas Tecnologias 77 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
com diversos parceiros importantes, como Japão, China, Índia, Austrália e  Sul: a maior parte das riquezas provém do setor de serviços,
África do Sul. mas possui também indústria e agropecuária bem desenvolvidas.
Destacam-se as regiões metropolitanas de Curitiba e Porto Alegre.
Além de promover a OMC, outro tópico prioritário da política comercial
brasileira é a reconstrução do MERCOSUL, que tem desempenhado um Vale destacar que no Brasil predomina uma grande desigualdade
papel estratégico na defesa dos interesses brasileiros no plano multilateral, regional; apenas o estado de São Paulo responde por 33,8% do PIB
nas negociações sobre a criação de uma Área de Livre Comércio das brasileiro, e o estado do Rio de Janeiro, por 11,5%. Apenas sete estados
Américas (ALCA), e no diálogo com a União Europeia. O MERCOSUL é do País correspondem a 75,2% do PIB nacional.
importante por razões de geografia econômica: os padrões contemporâ-
neos de competição internacional não constituem anomalias efêmeras, Outra forma ainda de se dividir regionalmente o espaço brasileiro para
mas foram gerados gradualmente ao longo de várias décadas em decor- melhor estudá-lo é aquela que reconhece três grandes complexos regio-
rência da dicotomia acima referida, entre custos de informação e de trans- nais, ou regiões geo-econômicas, no país: a Amazônia, o Nordeste e o
porte. Portanto, a menos que os padrões contemporâneos de competição Centro-Sul. Trata-se de três unidades grandes, onde aparecem inúmeras
venham a ser redefinidos por outra revolução tecnológica, as metas da diversidades locais dentro de cada complexo regional, mas que, apesar
integração regional continuarão a ser prioritárias para o Brasil. disso, possuem características importantes em comum no seu interior. E os
limites de cada complexo regional, como se observa pelo mapa a seguir,
COMÉRCIO EXTERIOR não coincidem totalmente com os limites estaduais.
Os maiores parceiros do Brasil no comércio exterior são a União
Europeia, os Estados Unidos da América, o Mercosul e a República O NORDESTE
Popular da China. O complexo regional do Nordeste vai desde a porção leste do Mara-
nhão até o norte de Minas Gerais, abrangendo pouco menos de 20% do
O Brasil é a 10° maior economia mundial, de acordo com os critérios território nacional. Nessa grande região vivem uns 30% dos habitantes do
de Produto Interno Bruto diretamente convertido a dólares estadunidenses, Brasil, constituindo uma área de repulsão populacional, que desde o final
e está entre as 7 maiores economias mundiais em critérios de "purchasing do século passado vem fornecendo migrantes para as demais regiões. Mas
power parity". Em Outubro de 2007 foi divulgada uma pesquisa da ONU, durante vários séculos (XVI a XVIII) esse complexo regional abrigou a
em que mostra os melhores países para se investir do mundo. O Brasil grande maioria da população do Brasil-colônia e, até 1763, a capital políti-
ficou em 5º lugar, atrás apenas da China, Índia, Estados Unidos e Rússia. co-administrativa na cidade de Salvador.

O primeiro produto que moveu a economia do Brasil foi o açúcar, A ideia que temos hoje sobre o Nordeste, como uma grande região di-
durante o período de colônia, seguindo pelo ouro na região de Minas ferenciada no espaço brasileiro, é recente, datando do final do século XIX e
Gerais. Já independente, um novo ciclo econômico surgiu, agora com o inícios deste. Nos períodos anteriores havia vários “nordestes”, áreas
café. Esse momento foi fundamental para o desenvolvimento do Estado de bastante diferentes, com economias regionais relativamente isoladas umas
São Paulo, que acabou por tornar-se o mais rico do país. das outras: a região açucareira da Zona da Mata, centralizada em Recife e
Olinda; o sertão pecuário, servindo como complemento da Zona da Mata; a
Apesar de ter, ao longo da década de 90, um salto qualitativo na região do Maranhão e arredores, onde durante muito tempo houve até uma
produção de bens agrícolas, alcançando a liderança mundial em diversos administração colonial diferente da do restante do país; e as áreas que
insumos, com reformas comandadas pelo governo federal, a pauta de hoje correspondem ao Ceará e Piauí, que durante séculos de nossa histó-
exportação brasileira foi diversificada, com uma enorme inclusão de bens ria poucas ligações tiveram com as demais áreas que atualmente com-
de alto valor agregado como joias, aviões, automóveis e peças de põem o Nordeste do Brasil.
vestuário.
Foi com o processo de integração nacional, realizado a partir da indus-
Atualmente o país está entre os 20 maiores exportadores do mundo, trialização do país e sua concentração em São Paulo, que o Nordeste
com US$ 160,6 bilhões (em 2007) vendidos entre produtos e serviços a passou a ser encarado como uma grande região com traços em comum e
outros países. individualizada no conjunto do Brasil. Essa industrialização coincidiu com a
decadência econômica das áreas nordestinas e o refluxo demográfico
Em 2004 o Brasil começou a crescer, acompanhando a economia dessa região, que passou a ser fornecedora de mão-de-obra para as
mundial.Isto se deve a uma política econômica adotada pelo estado, ainda demais. O Nordeste, no século XX, passou a ser reconhecido como uma
assim, as taxas de juros e a política tributária é considerada abusiva. No "região-problema", área decadente que necessitava de um planejamento
final de 2004 o PIB cresceu 5,7%, a industria cresceu na faixa de 8% e as governamental para se desenvolver.
exportações superaram todas as expectativas.
Mesmo hoje, quando se reconhece o Nordeste como uma grande regi-
O Brasil é visto pelo mundo como um país com muito potencial assim ão com problemas em comum, ainda se pode perceber que há enormes
como a Índia, Rússia e China. A política externa adotada pelo Brasil disparidades econômicas e naturais entre diversas de suas áreas. As
prioriza a aliança entre países em desenvolvimento para negociar com os principais áreas ou unidades que compõem o complexo regional do Nor-
países ricos. O Brasil, assim como a Argentina e a Venezuela vêm deste brasileiro são:
mantendo o projeto da ALCA em discussão, apesar das pressões dos 1. Meio-Norte ou Nordeste ocidental - Formado pelos Estados do Ma-
EUA. Existem também iniciativas de integração na América do Sul, ranhão e Piauí, é uma área de transição entre a Amazônia e o
cooperação na economia e nas áreas sociais. Nordeste, com índices de pluviosidade elevados na porção oeste,
que diminuem para o leste e para o sul. Expande-se aí a Zona dos
A DIVISÃO INTER-REGIONAL DO TRABALHO E DA PRODUÇÃO Cocais, área de vegetação peculiar com seus babaçuais. E uma
unidade economicamente pobre, com o extrativismo vegetal (ba-
 Centro-Oeste: baseia-se principalmente na agroindústria. baçu) e uma agricultura tradicional de algodão, cana-de-açúcar e
 Nordeste: baseia-se normalmente em indústrias, petróleo e arroz. As cidades, como São Luís, mostram em suas paisagens
agronegócio. Políticas de incentivos fiscais levaram várias arquitetônicas as lembranças de um esplendor econômico passado
indústrias para a região. O turismo é bastante forte. e uma decadência presente.
 Norte: baseia-se principalmente em extrativismo vegetal e 2. Sertão - Área de clima semi-árido que constitui o interior dessa
mineral. Merece destaque também a Zona Franca de Manaus, pólo grande região. É a área conhecida como ''Polígono das Secas'',
industrial. onde aparece a vegetação de caatingas e onde os índices de plu-
viosidade são baixos e irregulares, com a ocorrência periódica de
 Sudeste: possui parque industrial diversificado e sofisticado
secas. Ela abrange a maior parte da área do Nordeste, mas aí vive
com comércio e serviços bem desenvolvidos. Destacam-se as
uma pequena parcela de sua população total, pois seus índices de
regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo
densidades demográficas são os mais baixos.
Horizonte como os principais centros econômicos do Brasil.
Ciências Humanas e suas Tecnologias 78 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
A principal atividade econômica do Sertão é a pecuária, que é extensi- fibra utilizada para fabricar tapetes, bolsas, cordas etc. ). Locali-
va e de corte. Os brejos, locais mais úmidos por estarem em encostas e zam-se ainda, nessa região, algumas cidades que desempenham
vales fluviais, são as principais áreas agrícolas do Sertão, com o cultivo do o papel de capitais regionais, como Campina Grande (PB), Caru-
milho, feijão e cana-de-açúcar. Em algumas áreas, como no Vale do Cariri aru (PE) e Garanhuns (PE).
cearense, cultiva-se o algodão de fibra longa, de altíssima qualidade,
denominado seridó. Nas áreas litorâneas do Ceará e Rio Grande do Norte O CENTRO-SUL
pratica-se a extração do sal, exportado principalmente pelos portos de Abrangendo quase 1/3 do território brasileiro, o complexo regional do
Macau e Areia Branca (RN). A cidade de Fortaleza, de crescimento rápido Centro-Sul estende-se desde a parte sul de Goiás, juntamente com o Mato
e recente e com alguma industrialização, destaca-se como centro diretor Grosso do Sul, até o extremo meridional do Brasil, incluindo, portanto, o
da vida dessa parcela da grande região, sendo receptora de grandes Sudeste. Nessa grande região vivem cerca de 2/3 dos habitantes do país e
contingentes de migrantes oriundos do interior. se concentra a maior parte dos recursos econômicos nacionais represen-
tados por instituições como: indústrias, agropecuária (das mais modernas),
O fato que mais marca o Sertão nordestino, para a imprensa e a opini- bancos, mercado de capitais, comércio, universidades etc. Trata-se assim
ão pública em geral, são suas secas. Elas são conhecidas desde o século da parte do território nacional mais intensamente ocupada pelo homem.
XVI, tendo sido registrado dessa época até 1985 um total de 41 secas,
doze das quais ocorreram no século XX. Algumas duram um ano, outras Dessa forma, o Centro-Sul é a grande região que possui maiores con-
dois ou três, e apenas uma durou seis anos, no século XVIII. Recentemen- trastes internos. As maiores disparidades regionais, os grandes contrastes
te, de 1979 até 1984, ocorreu uma violenta seca, que fora até prevista em são, de fato, obra do homem e não da Natureza. Comparada ao Centro-
meados da década de 1970 por um estudo realizado em São José dos Sul, a Amazônia pode ainda ser considerada bem mais homogênea. No
Campos pelo CTA (Centro Tecnológico da Aeronáutica). O governo fede- Centro-Sul localiza-se a megalópole brasileira, o ''centro econômico'' do
ral, desde a época do Império, vem adotando uma política de combate aos país, mas também se encontram nesse complexo regional áreas pouco
efeitos da seca, tendo por base a construção de açudes para represar os industrializadas e com uma agricultura tradicional.
rios locais, fazer um reservatório de água e tentar tornar perenes os rios
temporários. No Centro-Sul aparecem cinco das nove áreas metropolitanas do Bra-
Em 1909 foi criada a Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS), sil: São Paulo e Rio de Janeiro, as duas metrópoles nacionais; e Belo
mais tarde transformada em DNOCS (Departamento Nacional de Obras Horizonte, Curitiba e Porto Alegre, três metrópoles regionais. Aí também se
Contra as Secas) e incorporada à Sudene em 1959. localiza Brasília, a capital político-administrativa da nação. O grau de
urbanização dessa enorme região é bem maior que o da Amazônia ou do
Esse combate aos efeitos das secas no Nordeste não resolveu o pro- Nordeste, observando-se também uma rede urbana mais integrada, com
blema, mas beneficiou grandes proprietários de terras, denominados maior densidade de cidades, isto é, maior concentração de cidades, em
“coronéis”, e políticos ligados ao partido no poder. Os açudes, normalmen- relação ao espaço. A divisão territorial do trabalho entre as diversas áreas
te construídos com recursos públicos em grandes propriedades particula- que compõem o Centro-Sul do país é bem desenvolvida, com intensos
res, acabam sendo controlados pelo fazendeiro, que só permite se abaste- fluxos de mercadorias pelo espaço geográfico. As rodovias mais movimen-
cerem nesses locais as pessoas que lhe interessam. E as verbas federais tadas do Brasil aí se localizam, bem como os principais portos e aeropor-
que chegam para combater o efeito das secas são distribuídas para políti- tos.
cos ligados ao partido do poder, que as usam, muitas vezes, em proveito
próprio e para garantir votos. É por esse motivo que se criou a expressão Apesar de existirem inúmeras áreas ou regiões diferenciadas dentro
“indústria da seca”, para referir-se aos interesses econômicos e políticos de do Centro-Sul, e de as transformações aí serem muito grandes, podem-se
grupos que lucram com as secas. Esses grupos procuram divulgar ao reconhecer as seguintes unidades que se individualizam nesse conjunto
máximo a imagem de uma seca exagerada, que exigiria constantes recur- regional (a ordem de numeração dessas regiões ou unidades é aleatória,
sos financeiros do restante do país para ajudar os flagelados. não implicando qualquer classificação em graus de desenvolvimento):
3. A Zona da Mata ou Litoral oriental - Estende-se desde o Rio Gran- 1. A Megalópole ou “centro econômico” do Brasil - Área que abrange a
de do Norte até a Bahia. E uma área de clima tropical úmido, onde, Baixada Santista, onde se localiza o principal porto do país, além
às vezes, em cidades como Recife, são comuns as enchentes. Aí de inúmeras indústrias, como as siderúrgicas, petroquímicas etc. ;
estão concentrados a maioria dos habitantes da grande região a Grande São Paulo, Campinas e Paulínia; a Grande Rio de Janei-
Nordeste, com a ocorrência de elevadas densidades demográficas ro e cidades ao longo da rodovia Presidente Dutra, principal eixo
e cidades populosas. Ela compreende as seguintes subunidades: de ligação entre as duas metrópoles nacionais. Nessa área domina
- A Zona da Mata açucareira - Estende-se do Rio Grande do Norte a atividade industrial, com os estabelecimentos fabris mais moder-
até a parte setentrional da Bahia, onde predominam as grandes nos do país. Mas aí aparece também o ''cinturão verde'' de São
propriedades agrícolas que praticam a monocultura canavieira vol- Paulo (que abastece até o Rio de Janeiro), área hortigranjeira ao
tada para a exportação do açúcar. Os maiores problemas nordes- redor da cidade de Moji das Cruzes. Nessa área localiza-se igual-
tinos estão mais nessa área do que no Sertão: aí domina a pobre- mente uma zona de pecuária leiteira, nos diversos municípios que
za, as cidades são cheias de favelas ou ''mocambos'', a mão-de- compõem o Vale do Paraíba, área ao redor da rodovia Dutra (e do
obra em geral é mal remunerada e boa parte dos trabalhadores ru- rio Paraíba do Sul) que abrange terras dos Estados de São Paulo
rais recebe menos que o salário mínimo. e do Rio de Janeiro.
- O Recôncavo Baiano - Área ao redor de Salvador, onde se extrai 2. Zona da Mata mineira - Na porção sudeste desse Estado, onde se
boa parte do petróleo nacional. Há, aí, uma incipiente industrializa- destaca a cidade de Juiz de Fora. Trata-se de área agrícola e de
ção que vem crescendo desde os anos 70, mas também com idên- pecuária leiteira, que abastece principalmente a Grande Rio de Ja-
ticos problemas de submoradias, pobreza e mão-de-obra com re- neiro, além de Belo Horizonte.
munerações baixíssimas. 3. Quadrilátero Ferrífero - Área vizinha a Belo Horizonte, onde se des-
- O sul da Bahia ou Zona do Cacau - Engloba as cidades de Ilhéus e tacam as cidades de Sabará, Congonhas, Santa Bárbara e Maria-
Itabuna. Nessa área predomina a monocultura cacaueira voltada na, além de Ouro Preto. Trata-se da região que mais produz miné-
para a exportação. O cultivo desse produto é feito de forma som- rio de ferro no Brasil, cuja riqueza mineral se escoa por ferrovia até
breada, já que o cacaueiro é uma planta que se desenvolve bem à o porto de Vitória-Tubarão, no Espírito Santo, de onde é ex-
sombra de árvores de maior porte. portada. Aí se localizam também inúmeras indústrias, notadamente
4. O Agreste - Área de transição entre o Sertão e a Zona da Mata, siderúrgicas.
correspondendo de forma geral ao planalto da Borborema. O que 4. Triângulo Mineiro - Área sudoeste do Estado de Minas Gerais, onde
caracteriza o agreste é o fato de possuir, ao lado de áreas mais sobressaem as cidades de Uberlândia e Uberaba. Essa é uma re-
úmidas na parte leste, outras áreas de clima semi-árido e caatin- gião agrícola e pecuarista, com gado de corte.
gas na parte ocidental. Predominam nessa região as pequenas e 5. Porção sul de Goiás - Áreas vizinhas a Goiânia, Anápolis e Brasília.
médias propriedades e pratica-se uma policultura com o cultivo do É uma região agrícola que se destaca pelo cultivo do arroz e da
algodão, do café e do agave ou sisal (planta da qual se extrai uma soja.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 79 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
6. Grande Belo Horizonte - Área de grande dinamicidade industrial, cas, as menores do país. E a economia regional tem por base as ativida-
com empresas automobilística, metalúrgica, têxtil etc. des primárias: a agropecuária, que constitui o setor econômico mais impor-
7. O Sul do país - Área que abrange os três Estados meridionais do tante há duas décadas; o extrativismo vegetal, que foi a atividade básica
Brasil (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e na qual dessa região até umas duas décadas atrás; e a mineração, atividade muito
também pode-se incluir a maior parte do Estado de São Paulo, que promissora devido às grandes reservas minerais ainda pouco exploradas.
possui inúmeras características em comum com esses três Esta-
dos: forte presença de imigrantes e seus descendentes, agropecu- A agricultura possui na juta, na pimenta-do-reino e na malva seus três
ária moderna, grande número de cidades médias com indústrias produtos comerciais mais importantes. A juta e a malva são plantas que
etc. Pode-se mencionar, dentro dessa parte sul do país: produzem fibras utilizadas na indústria têxtil. Elas são cultivadas nas pro-
- A Campanha Gaúcha ou região dos pampas - Área onde apare- ximidades de Belém e Manaus. A pimenta-do-reino, que juntamente com a
cem as cidades de Bagé, Uruguaiana, Santana do Livramento e juta foi introduzida na região pela colonização japonesa, é cultivada em
Santa Maria. E uma região de pecuária moderna, com gado sele- Tomé-Açu (PA) e na Zona Bragantina, área localizada entre Belém e
cionado, e de agricultura com técnicas mais adequadas, destacan- Bragança (PA).
do-se o cultivo de trigo, soja e arroz.
- O Vale do Itajaí - Em Santa Catarina, onde estão as cidades de A pecuária, normalmente extensiva e de corte, teve um grande cresci-
Blumenau e Brusque, além de Joinvile, mais ao norte. É uma área mento a partir de 1970, quando se intensificou o processo de derrubada da
de colonização alemã, onde predominam pequenas e médias pro- floresta para plantações de capim, visando à criação de gado para expor-
priedades agrícolas, que praticam a policultura associada à pecuá- tação de carne. Essas exportações não se desenvolveram tanto quanto era
ria. Localizam-se aí inúmeras indústrias têxteis, alimentícias e ou- esperado mas mesmo assim o capim substituiu a mata em enormes tre-
tras. chos da Amazônia, espalhando-se por grandes propriedades de terras.
- A região serrana do Rio Grande do Sul - É uma área de coloniza- Algumas dessas propriedades, adquiridas por grupos econômicos do
ção italiana e principal centro vinícola do país, cujas videiras são Centro-Sul do país - representados, às vezes, até por empresas multinaci-
cultivadas nas cidades de Bento Gonçalves, Garibaldi e Caxias do onais -, permanecem até hoje ociosas, à espera de sua valorização futura.
Sul. A criação de búfalos, já tradicional na ilha de Marajó, tem sido melhorada
- O Vale do Ribeira - Na parte sudeste do Estado de São Paulo, ao ultimamente com a utilização de técnicas mais modernas.
redor do rio Ribeira de Iguape. Trata-se da área menos desenvol-
vida desse Estado, praticamente sem indústrias e onde se destaca O extrativismo vegetal, ou coleta florestal, tem na borracha seu pro-
a agricultura, principalmente a banana e a cultura do chá, introdu- duto mais importante - responsável pela fase áurea da Amazônia, entre
zida por imigrantes japoneses. 1870 e 1910, com as grandes exportações da borracha natural, extraída da
- O norte do Paraná - Aí se destacam as cidades de Londrina e Ma- seringueira. Após esse período, a região sofreu um acentuado declínio
ringá, na qual o café foi a grande riqueza até os anos 70 e, com a econômico em razão da diminuição das exportações, ocasionada pela
erradicação desse produto, há atualmente a forte presença de ou- concorrência dos seringais do sudeste asiático. Durante a Segunda Guerra
tros cultivos (algodão, trigo, amendoim, soja etc.). Mundial sobreveio um novo impulso dessa atividade, devido às dificuldades
- O interior de São Paulo - Área que desde os anos 80 vem cres- norte-americanas em buscar esse produto no sudeste da Ásia. Mas a
cendo bem mais que a Capital e seus arredores. Existem aí inúme- euforia durou pouco, e com o fim da guerra a situação se normalizou e as
ras cidades médias com razoável parque industrial e intensa ativi- exportações brasileiras de borracha voltaram a decrescer. Embora pratica-
dade agropecuária (cana-de-açúcar, principalmente, mas também da de forma rudimentar, a extração da borracha ainda é uma atividade
laranja, algodão, uva, figo, milho, tomate, amendoim, café etc.). significativa na região, principalmente no Estado do Acre.
Podem-se mencionar aqui as capitais regionais de Ribeirão Preto,
São José do Rio Preto, Presidente Prudente, Bauru, Piracicaba, Outros produtos extrativos fornecidos pela floresta e que possuem cer-
Sorocaba e outras. ta importância econômica na Amazônia são a castanha-do-pará e as
- O Vale do Tubarão, em Santa Catarina - Área produtora de carvão madeiras. A castanha é produzida principalmente pelos Estados do Acre e
mineral e que inclui as cidades de Tubarão e Criciúma. Pará, e a extração de madeiras vem se intensificando ultimamente através
8. Outras áreas do Centro-Sul - Existem ainda outras partes dessa re- do desmatamento. Multiplicaram-se as serrarias no sul do Amazonas e do
gião, mais difíceis de serem individualizadas ou que sofrem gran- Pará, em Rondônia e no norte de Goiás e Mato Grosso, a tal ponto que
des transformações na atualidade. Pode-se mencionar: algumas espécies de plantas começam já a escassear.
- O norte do Rio de Janeiro e o Espírito Santo - Constitui a área de
ocupação mais antiga do Centro-Sul, junto com o centro e o norte A mineração é uma atividade que, provavelmente, vai se tornar cada
de Minas Gerais. Há imensos canaviais nessa área e ocorreu re- dia mais importante na Amazônia. Estudos recentes, com o levantamento
centemente a descoberta de petróleo no litoral do Rio de Janeiro. dos recursos minerais da região, demonstraram haver abundância de ferro,
- O Mato Grosso do Sul - Área onde se destaca a pecuária de corte ouro e manganês, além de boas possibilidades de se encontrarem cobre,
e onde os cultivos do trigo e da soja se expandiram bastante nos níquel, bauxita e até petróleo e gás natural. Destaca-se na região a serra
últimos anos. Destaca-se aqui a cidade de Campo Grande. dos Carajás, província mineral localizada ao sul da cidade de Belém e
- O Pantanal Mato-grossense - Área de planície fluvial, banhada pe- onde aparecem vários tipos de minérios, principalmente o ferro. Vizinha a
lo rio Paraguai e afluentes, periodicamente inundada pelas chuvas. Carajás, também no Estado do Pará, está Serra Pelada, onde desde o fim
E uma espécie de periferia do Centro-Sul, com pecuária extensiva dos anos 70 se iniciou a exploração do ouro.
de corte, cujo gado será engordado nas invernadas de Araçatuba,
Presidente Prudente e Andradina, para, posteriormente, abastecer No Amapá, desenvolve-se uma atividade mineradora já tradicional na
de carne a Grande São Paulo. região: a extração do manganês da serra do Navio, exportado através do
porto de Santana, em Macapá. Praticamente todo manganês que está
A AMAZÔNIA quase esgotado é exportado para os Estados Unidos, e a empresa explo-
A Amazônia brasileira, com cerca de 4,8 milhões de km2, abrange mais radora, a Icomi (Indústria e Comércio de Minérios S.A.), divide 49% de
da metade do território nacional. Ela corresponde ao domínio da floresta suas ações com a poderosa empresa norte-americana Bethlehem Steel.
latifoliada equatorial - a Floresta Amazônica -, ao clima equatorial e à mais No Estado de Rondônia explora-se a cassiterita (minério de estanho),
densa das bacias hidrográficas do globo. Trata-se de uma parte da Ama- extraída em áreas próximas à cidade de Porto Velho.
zônia sul-americana, que ocupa cerca de 6,5 milhões de km2 e abrange
enormes áreas do Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela e Em resumo, a Amazônia brasileira é uma grande região ainda relati-
Guianas. A Natureza ainda domina nessa área, mostrando os traços mais vamente despovoada mas em franco processo de ocupação. Essa ocupa-
marcantes da paisagem - a floresta e os rios, principalmente. Mas o pro- ção mais intensiva iniciou-se com a construção de Brasília (1957-60) e de
cesso de ocupação e povoamento tem sido intenso nas últimas décadas. estradas, como a Belém-Brasília, que facilitaram o acesso à região. Nos
Apesar da intensificação da ocupação humana nos últimos anos, a anos 70 essa ocupação da Amazônia se acelerou, com a abertura de
Amazônia brasileira ainda é uma região de baixas densidades demográfi- novas rodovias (Transamazônica, Perimetral Norte, a BR-364, do Mato

Ciências Humanas e suas Tecnologias 80 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Grosso a Rondônia, e outras) e a concessão de incentivos fiscais às gran- outras partes do país  São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul etc. Aí
des empresas, inclusive estrangeiras, para lá adquirirem terras e investirem essa produção poderia ser totalmente nacionalizada (sem meramente
na agropecuária. O projeto Radam (Radar da Amazônia), iniciado em 1969, montar peças que vêm do exterior já prontas) e assim empregar maior
foi importante para aumentar os conhecimentos a respeito dos recursos quantidade de mão-de-obra, além de naturalmente estar mais próxima do
naturais da região e o seu mapeamento. mercado consumidor, o que baratearia os custos de transporte.

O governo brasileiro, por sua vez, vem tentando atrair mais ainda o Em outras palavras, toda a sociedade brasileira paga um certo preço
capital estrangeiro na Amazônia, oferecendo-lhe sociedade em empreen- ou uma cota de sacrifício em prol dessa industrialização de Manaus, que
dimentos industriais e de mineração, como a exploração da serra dos no final de contas beneficia somente um pequeno grupo empresarial e de
Carajás e a construção de ferrovias e portos a fim de escoar esses miné- políticos locais. Ademais, esse tipo de indústria eletrônica em Manaus é
rios para o mercado internacional. O governo federal também construiu, e algo completamente marginal em relação às características da região
continua construindo ou planejando, inúmeras hidrelétricas na Amazônia, amazônica, onde poder-se-ia planejar um outro modelo de crescimento
como forma de garantir o suprimento de energia elétrica. baseado na navegação fluvial, no extrativismo vegetal, na indústria química
ou farmacêutica que aproveitasse as potencialidades da flora local etc.
Outra importante tentativa de promover o desenvolvimento econômico
da região foi a criação da Zona Franca de Manaus, em 1967. Trata-se de Mas a Zona Franca de Manaus foi pensada exatamente dentro dessa
uma área de livre comércio ao redor da capital do Amazonas, onde os ideia de “espalhar a indústria pelo território” ou “desenvolver" a Amazônia,
produtos industrializados importados não pagam impostos alfandegários. sem levar em conta o fato de que desenvolvimento não significa necessari-
Criada com a finalidade de industrializar essa cidade e áreas vizinhas, o amente industrialização e que na Floresta Amazônica existem outras
resultado foi um relativo crescimento industrial que utiliza pouca mão-de- formas de riqueza a serem exploradas (plantas medicinais, banco de dados
obra por empregar tecnologia moderna. Além disso, as fábricas aí instala- genéticos etc.), que poderiam gerar mais empregos e bem-estar social que
das são apenas linhas de montagem, isto é, empresas que apenas mon- esse parque industrial eletrônico.
tam certos produtos cujas peças vêm já prontas do exterior. Os principais
bens aí produzidos - TV em cores, videocassetes, aparelhos de som e As desigualdades regionais no Brasil vêm suscitando inclusive propos-
motos - empregam tecnologia estrangeira e acabaram por restringir esse tas separatistas, isto é, de pessoas ou políticos que apregoam a autonomia
tipo de indústria no Centro-Sul do país, já que produzem por preços com- ou separação de sua região  principalmente o Nordeste, por um lado, e o
petitivos devido à ausência dos impostos. Ademais, essa zona fez crescer Sul do país, por outro - como forma de se alcançar o desenvolvimento. A
as importações do Brasil e contribuiu para aumentar sua dívida externa. partir dos anos 80, com a crise econômica e social do país, essas ideias
conheceram uma maior difusão.
O atual processo de ocupação da Amazônia brasileira, em síntese, é
predatório: em busca de lucros fáceis, grandes projetos agropecuários, Do lado do Nordeste, argumenta-se que essa região é sacrificada pela
subsidiados pelos incentivos fiscais do governo federal, depredam a rica prioridade dada ao Centro-Sul e que, funcionando como unidade política
floresta, exterminam nações indígenas, destroem a fauna, exploram inten- autônoma, conheceria uma maior industrialização.
samente a força de trabalho que utilizam e entram em conflitos violentos
com os pequenos proprietários de terras e posseiros. Essa é a Amazônia Do lado do Sul do Brasil, de São Paulo ao Rio Grande do Sul, torna-
de hoje, bem diferente daquela imagem romântica da "floresta impenetrá- ram-se a cada dia mais frequentes os argumentos de que, se esses quatro
vel'', do homem convivendo harmoniosamente com o meio natural, da Estados formassem um país, ele seria do Primeiro Mundo, ele teria um
predominância da coleta extrativa. padrão de vida comparável a muitos da Europa Ocidental. Afirma-se aqui
que a maior parte dos recursos do governo federal são extraídos do sul do
O PROBLEMA DAS DISPARIDADES REGIONAIS país e, ao invés fie serem investidos nessa área, eles quase sempre são
As desigualdades regionais do Brasil dão margem a várias interpreta- aplicados no Nordeste.
ções. De um lado há aqueles que afirmam haver um colonialismo (ou
imperialismo) interno, com as áreas industrializadas exercendo o papel de Apesar de existirem alguns poucos elementos de verdade em todos
metrópoles e as áreas mais pobres de colônias. Seria uma espécie de esses argumentos, na realidade eles são falsos nas suas conclusões,
''exploração'' de umas regiões sobre outras, principalmente do Centro-Sul como veremos a seguir.
sobre o Nordeste. Como se a industrialização de algumas áreas tivesse
necessariamente que ocorrer à custa do atraso em outras áreas, que O Nordeste de fato é um grande fornecedor de mão-de-obra barata e
permanecem somente como fornecedoras de mão-de-obra e matérias- matérias-primas para o Centro-Sul, em especial para suas áreas mais
primas baratas. industrializadas, que por sua vez fornecem bens manufaturados àquela
região. Mas não apenas o Nordeste desempenha esse papel: também
Outros autores, contudo, argumentam que esse raciocínio não é ver- inúmeras áreas no Centro-Sul baseiam-se na agropecuária ou na minera-
dadeiro, que a ideia de colonialismo interno é falsa. Afinal, em todas as ção, fornecendo inclusive força de trabalho para as partes mais industriali-
partes do mundo, mesmo nos países desenvolvidos, sempre coexistem no zadas dessa região do país.
mesmo território nacional áreas mais industrializadas e com tecnologia
avançada, por um lado, e, por outro, áreas agrícolas ou minerais, nas quais Mesmo no Nordeste há áreas industrializadas que recebem migrantes;
os salários permanecem num patamar inferior frente às primeiras. Exem- basta ver que na última década, de 1980 até 1990, a Bahia - e em particu-
plos desse tipo podem ser encontrados nos Estados Unidos, na França, na lar a sua capital, Salvador - foi uma das áreas que conheceu maior cresci-
Itália, na Inglaterra e na maioria dos demais países industrializados. A mento industrial no Brasil. E afinal de contas baixos salários não constitu-
industrialização, de fato, não se espalha por igual num território nacional, em uma característica do Nordeste e sim de todo o país. Não são apenas
mas normalmente se concentra em certas áreas onde há condições (maté- os operários nordestinos que recebem baixos salários no parque industrial
rias-primas ou mão-de-obra especializada, mercado consumidor, infra- de São Paulo ou de Belo Horizonte e sim a imensa maioria dos trabalhado-
estrutura etc.) favoráveis. res de uma forma geral.

Seria mesmo uma irracionalidade pretender espalhar por igual a ativi- Quanto à ideia de que o Sul do Brasil é desenvolvido e o restante é
dade industrial (ou qualquer outra: cultivo do trigo, da uva, pecuária leiteira que seria subdesenvolvido, temos que lembrar que as metrópoles dessa
etc.) no espaço geográfico, pois cada região ou área específica sempre parte do país também conhecem os enormes problemas das submoradias,
tem suas características (naturais e humanas) e potencialidades diferenci- do subemprego, dos salários baixíssimos para a maioria da população, da
adas. Pode-se inclusive citar um exemplo desse contra-senso na industria- sensível carência de atendimento médico-hospitalar e de transportes
lização de Manaus através de incentivos fiscais e isenção de impostos para coletivos etc., e que tanto a concentração fundiária no campo quanto a
importações de peças que lá são montadas. Houve um certo crescimento concentração na distribuição dos rendimentos são basicamente os mes-
industrial dessa cidade com a implantação da Zona Franca, mas isso se mos encontráveis nas demais regiões.
deu à custa do não-desenvolvimento dessas indústrias eletrônicas em

Ciências Humanas e suas Tecnologias 81 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Há na realidade uma série de problemas ou distorções que são co- tração industrial também tem se abalado sobre o Brasil, pois localidades do
muns em todo o país, apesar das particularidades locais, e que devem ser interior de São Paulo, do Sul do país e até mesmo estados nordestinos
enfrentados em conjunto: excessiva concentração na distribuição social da começam a receber plantas industriais que em outros tempos se dirigiriam
renda e das terras rurais, escolarização deficiente, péssimo sistema previ- sem sombra de dúvidas para a capital paulista. Esse processo se deve em
denciário e de saúde pública, enorme insuficiência de moradias populares especial a globalização da economia que tem acirrado a competição entre
etc. De nada adiantaria uma autonomia regional, de qualquer região, sem as empresas, que com isso buscam a redução dos custos de produção
modificar esse conjunto de problemas que são gerais em todas as partes buscando produzir onde é mais barato. Esse processo todo tende a rede-
do país. senhar não apenas o espaço industrial brasileiro, mas de várias áreas do
mundo. O mais interessante no caso brasileiro, é que ele não tem enfra-
As ideias de separatismo como solução para os problemas locais, na quecido o papel de São Paulo como cidade comandante da economia
realidade, constituem uma forma de desviar as atenções, de esquecer as nacional, mas pelo contrário fortalece, pois o que se desconcentra é a
origens sociais e políticas desses males e colocar em seu lugar uma dife- produção e não a decisão.
renciação espacial ou territorial. É mais uma tentativa de embaralhar a
realidade, encontrando um bode expiatório - seja o Centro-Sul, seja o CLASSIFICAÇÃO DAS INDÚSTRIAS
Nordeste - para substituir as verdadeiras causas do subdesenvolvimento As indústrias podem ser classificadas com bases em vários critérios,
nacional. em geral o mais utilizado é o que leva em consideração o tipo e destino do
bem produzido:
O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO E SUAS REPERCUSSÕES NA a) Indústrias de base: são aquelas que produzem bens que dão a
ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO. base para o funcionamento de outras indústrias, ou seja, as
chamadas matérias primas industrias ou insumos industriais,
A INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA como o aço.
Pensar na origem da indústria no Brasil, tem que se incluir necessari- b) Indústrias de bens de capital ou intermediárias: são aquelas que
amente, a economia cafeeira desenvolvida no pais durante o século XlX e produzem equipamentos necessários para o funcionamento de
boa parte do XX, pois ela foi quem deu as bases para o surgimento da outras indústrias, como as de máquinas.
indústria no país, que começou a ocorrer ainda na Segunda metade do c) Indústrias de bens de consumo: são aquelas que produzem
século XlX. Dentre as contribuições da economia cafeeira para a industria- bens para o consumidor final, a população comum, elas subdi-
lização, podemos mencionar: videm-se em:
a) Acumulação de capital necessário para o processo; c.1) Bens duráveis: as que produzem bens para consumo a longo
b) Criação de infra-estrutura; prazo, como automóveis.
c) Formação de mercado de consumo; c.2) Bens não duráveis: as que produzem bens para consumo em
d) Mão de obra utilizada, especialmente os migrantes europeus não geral imediato, como as de alimentos.
portugueses, como os italianos.
Se levarmos em consideração outros critérios como por exemplo:
No início do século XX, a industrialização brasileira ainda era incipien- 1-Maneira de produzir:
te, era mais vantajoso investir no café, por exemplo, do que na indústria. a) Indústrias extrativas;
Com a crise de 1929, o rumo da economia brasileira muda. Com a subida b) Indústrias de processamento ou beneficiamento;
ao poder de Vargas, emerge o pensamento urbano industrial, na chamada c) Indústria de construção;
era Vargas, o processo de industrialização é impulsionado, com base nas d) Indústria de transformação ou manufatureira.
políticas de caráter keynesiano. O intervencionismo estatal na economia é
cada vez maior, criam-se empresas estatais como CVRD, Petrobrás, 2-Quantidade de matéria prima e energia utilizadas:
Eletrobrás, etc., com o objetivo de industrializar o país. a) Indústrias leves;
b) Indústrias pesadas.
No governo de JK, se dá a abertura ao capital internacional, represen-
tado pelas empresas multinacionais e pelos enormes empréstimos para o 3-Tecnologia empregada:
estabelecimento de infra estrutura e de grandes obras como a construção a) Indústrias tradicionais;
da capital federal no centro do país, no planalto central, Brasília. b) Indústrias dinâmicas.

Durante a ditadura militar, o Plano de metas de JK é continuado, gran- OS FATORES LOCACIONAIS


des projetos são estabelecidos, a economia do país chega a tornar-se a Fatores locacionais devem ser entendidos como as vantagens que um
oitava do mundo. Durante o chamado milagre brasileiro(1968-1973), a determinado local pode oferecer para a instalação de uma indústria.
economia brasileira passa a ser uma das que mais cresce, essa festa toda Podem ser eles:
só é parada em decorrência da Crise do petróleo, que se dá a partir de - Matéria prima abundante e barata;
1973. - Mão de obra abundante e barata;
- Energia abundante e barata;
A grande contradição desse crescimento se deve ao fato que, por um - Mercados consumidores;
lado ele foi gerado pelo grande endividamento externo, e por outro através - Infra estrutura;
de grande repressão, e arrocho salarial, sobre a classe trabalhadora brasi- - Vias de transporte e comunicações;
leira, confirmando a tendência de Modernização conservadora da econo- - Incentivos fiscais;
mia nacional. - Legislações fiscais, tributárias e ambientais amenas.

A partir da década de 90, e da emergência das ideias neoliberais, o Durante a 1ª Revolução industrial as indústrias inglesas se concentra-
processo de industrialização do país toma novo rumo, com a privatização ram nas proximidades das bacias carboníferas, o que fez com que ali
de grande parte das estatais e da abertura cada vez maior da economia do surgissem importantes cidades industriais, que ganharam o apelido de
país ao capital internacional, além da retirada de direitos trabalhistas cidades negras, isso se deu em decorrência do pequeno desenvolvimento
históricos. em especial dos meios de transporte. Na 2ª Revolução Industrial do final
do século XlX, com o desenvolvimento de novos meios de transporte
Mudanças espaciais também são verificadas na distribuição atual das (ferrovia) e a utilização de novas fontes de energia (eletricidade, petróleo,
indústrias no país, pois desde o início da industrialização, a tendência foi etc.) houve uma maior liberdade na implantação de indústrias que fez com
de concentração espacial no Centro-sul, especialmente em São Paulo, isso que surgissem novas áreas industriais.
fez com que esse estado se torna-se o grande centro da economia nacio-
nal e em decorrência disso recebesse os maiores fluxos migratórios, mas o No século XX as metrópoles urbano industriais passaram a concentrar
que se verifica atualmente é que a tendência mundial atual de desconcen- as maiores e mais importantes indústrias, o que as tornou o centro da

Ciências Humanas e suas Tecnologias 82 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
economia de vários países do planeta, como é o caso da região metropoli- Hoje a presença delas no Brasil é muito intensa e numerosa, elas
tana de São Paulo no Brasil, ou do Manufacturing Belt nos EUA. Atualmen- sendo responsáveis por grande parte da drenagem de capitais que saem
te a tendência é a da desconcentração industrial, onde as indústrias bus- do país através das remessas de lucros.
cam novos locais onde os custos de produção sejam menores, como
ocorre com o chamado Sun Belt nos EUA, ou na relocalização produtiva MODELOS PRODUTIVOS
que estamos verificando no Brasil, isso gera uma mudança significativa dos (Da Segunda revolução industrial à revolução Técnico-científica).
fluxos migratórios, cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro, deixam de
ser as maiores captadoras de pessoas, cedendo esse posto para cidades TAYLORISMO
do interior de São Paulo dentre outras localidades. - Separação do trabalho por tarefas e níveis hierárquicos.
- Racionalização da produção.
A TERCEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - Controle do tempo.
Na década de 1970, a crise do petróleo fez com que emergisse para o - Estabelecimento de níveis mínimos de produtividade.
mundo algo que já vinha sendo gerado no decorrer do século XX, a 3ª
Revolução Industrial, também chamada de Revolução tecnocientífica FORDISMO
informacional. - Produção e consumo em massa.
- Extrema especialização do trabalho.
Esta por sua vez correspondia aos avanços tecnológicos em especial - Rígida padronização da produção.
da informação e dos transportes, representado por invenções como por - Linha de montagem.
exemplo Internet, e os aviões supersônicos. Os avanços nesses setores
tornaram o mundo menor, encurtaram as distâncias e em alguns casos PÓS-FORDISMO
aniquilaram o espaço em relação ao tempo, como o que vemos com a - Estratégias de produção e consumo em escala planetária.
telefonia, dentre tantos outros exemplos. - Valorização da pesquisa científica.
- Desenvolvimento de novas tecnologias.
Tudo isso gerou e tem gerado transformações colossais no espaço - Flexibilização dos contratos de trabalho. Fonte: pesso-
geográfico mundial, as indústrias buscam a inovação, investem em novas al.educacional.com.br
tecnologias, em especial naquelas que poupem mão de obra como a
robótica, o desemprego estrutural se expande. Antigas regiões industriais Características industriais de 1950
entram em decadência com o processo de desconcentração industrial, Nos inícios dos anos 50, a indústria brasileira apresentava dois aspec-
surgem novas regiões industriais. Surge a fábrica global, que se constitui tos salientes: de um lado, empreendimentos centrados na produção de
na estratégia utilizada pelas grandes empresas internacionais de produzir bens perecíveis e semiduráveis, destacando-se particularmente as indús-
se utilizando das vantagens comparativas que oferecem os variados países trias têxtil, alimentar, gráfica, editorial, de vestuário, fumo, couro e peles; de
do mundo. A terceirização, também torna-se algo comum, como o que outro, empresas inteiramente nacionais, normalmente gerenciadas pelo
ocorre com empresas de calçados como a NIKE, que não tem um único núcleo familiar proprietário. Quanto a estas últimas - segundo o economista
operário em linhas de produção, pois não produz apenas compra de em- Paul Singer –, embora algumas "tivessem dado mostras da apreciável
presas menores. capacidade de expansão via auto-acumulação, chegando a se constituir
alguns ‘impérios industriais’ (como os de Francisco Matarazzo e Ermírio de
Fruto também da revolução tecnocientífica informacional, surgem os Moraes), estava claro que nenhuma tinha possibilidade de mobilizar os
chamados Técnopolos, locais, que podem ser cidades ou até mesmo recursos necessários para efetivamente iniciar a indústria pesada no país".
bairros onde se instalam empresas de alta tecnologia como uma Microsoft,
em geral associadas a instituições de pesquisa como universidades. É o Efetivamente, a industrialização em 1950 não estava ainda completa,
caso do Vale do Silício nos EUA, Tsukuba no Japão, e cidades como pois, segundo o mesmo autor, a produção de bens perecíveis e semidurá-
Campinas e São Carlos no Brasil. veis de consumo não conduziu a indústria além dos limites da demanda
por esse tipo de produto. Para compreender melhor o passo seguinte na
AS MULTINACIONAIS OU TRANSNACIONAIS industrialização, vejamos quais as partes essenciais de um sistema indus-
A partir do final do século XlX, começam a surgir os primeiros trustes trial completo. Segundo os economistas, as indústrias estão articuladas da
(modalidade de concentração e centralização do capital), os quais dão seguinte maneira: indústria de consumo, que se caracteriza pela produção
origem a empresas multinacionais, que correspondem aquelas que se de bens e serviços destinados à direta satisfação dos consumidores (ali-
expandem para além das fronteiras onde surgiram, algumas tornando-se mentos, roupas, diversões, sapatos, fumo, couro); indústria de bens inter-
verdadeiras empresas globais, como é o caso da Coca-cola. mediários, que produz bens que necessitam de transformações finais para
se converterem em produtos aptos ao consumo (gusa para diversas indús-
A grande arrancada das multinacionais em direção dos países subde- trias, trigo para o padeiro, etc.); e, finalmente, a indústria de bens de capi-
senvolvidos se deu a partir do pós 2ª Guerra mundial, quando várias em- tal, que não se destina à produção de bens imediatamente consumíveis,
presas dos EUA, Europa e Japão, passaram a se aproveitar das vantagens sendo organizada para dar eficiência ao trabalho humano, tornando-o mais
locacionais oferecidas por esses países. produtivo (máquinas, estradas, portos, etc.).

Hoje a presença de multinacionais já faz parte do cotidiano de milhões Pois bem, no Brasil havia quase que exclusivamente a indústria de
de pessoas no mundo todo, elas comandam os fluxos internacionais, e em consumo, ou leve, que se dedicava à produção de "bens perecíveis e
alguns casos chegam a administrar receitas muito superiores a de vários semiduráveis”. Desse modo, a implantação definitiva do sistema industrial
países do mundo. dependia do encontro de soluções para a implantação da indústria pesada,
produtora de bens duráveis de consumo, bens intermediários e bens de
As maiores multinacionais do mundo são dos EUA, seguidas de japo- capital.
nesas e europeias. Empresas desse tipo surgidas em países do mundo
subdesenvolvido ainda são poucas, e não tão poderosas como dos primei- DEFININDO O CAMINHO
ros. PRESENÇA NORTE-AMERICANA
No início da década de 1950, embora as opções fossem claras, a defi-
No Brasil, a chegada delas se deu, principalmente a partir do governo nição em torno da industrialização via capital estrangeiro ou estatal ainda
de JK, que abriu a economia nacional ao capital internacional proporcio- não era evidente. Mas a presença norte-americana já era visível em nossa
nando grande internacionalização da economia, por outro lado também economia.
beneficiou multinacionais como por exemplo na opção pela via rodoviarista
de transportes para o Brasil, que naquele momento atraiu várias multinaci- Em 1951 a Comissão Mista Brasil-Estados Unidos reuniu-se para ela-
onais produtoras de automóveis, mas que condenou os brasileiros a paga- borar um grandioso projeto no setor energético e viário, em que uma
rem os custos mais elevados desse tipo de transporte. considerável soma de capital norte-americano seria aplicada: cerca de 400

Ciências Humanas e suas Tecnologias 83 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
milhões de dólares. Em oposição a essa abertura ao capital estrangeiro, através da construção de rodovias e da "ampliação do potencial de gera-
surgiu um maciço movimento de nacionalização do petróleo, sob o lema “O ção, transmissão e distribuição de energia elétrica".
petróleo é nosso”. Em 1953, finalmente, o Congresso, pressionado pela
força que o movimento atingira, aprovou a lei que instituiu o monopólio Significado econômico de 1964
estatal da exploração e do refinamento do petróleo. Esse modelo de desenvolvimento econômico, que ganhou forma com
Juscelino, seria retomado a partir de 1964, fazendo do movimento militar
Obviamente, o triunfo da iniciativa de um setor nacionalista, formado a que derrubou João Goulart o seu herdeiro direto. Com o regime instalado
partir da coligação de intelectuais, militares, estudantes, políticos e lideres em 1964, o modelo foi levado às suas últimas consequências. Houve,
operários, não poderia ser bem recebido pelos Estados Unidos, que, por porém, uma considerável diferença entre os períodos de 1955 a 1965,
esse tempo, atingiam o ponto culminante da guerra fria, com intensas aproximadamente, e de 1965 em diante. No primeiro período, apesar da
repercussões internas. Para o presidente Eisenhower, tal atitude por parte maciça presença do capital estrangeiro, procurou-se através dele dirigir
do Brasil não era mais do que o resultado de manobras de "inspiração toda a força econômica para a dinamização do mercado interno. De 1965
comunista". Por isso passou a pressionar o governo de Getúlio, através do em diante, a nova estratégia, com base na mesma força econômica, pas-
corte unilateral da ajuda econômica, reduzindo drasticamente o programa sou a orientá-la, entretanto, para o mercado mundial.
de empréstimo.
Nesse sentido, o movimento militar de 1964 e o regime implantado a
A partir de 1953, com o fim da Guerra da Coreia (1950-1953), teve iní- partir daí podem ser vistos como resultado, entre outras coisas, da luta
cio uma conjuntura extremamente desfavorável ao Brasil, devido à queda entre aqueles que procuravam enquadrar as multinacionais às perspectivas
dos preços dos produtos primários no mercado internacional, motivada da economia brasileira e aqueles que, inversamente, desejavam o enqua-
pelas manipulações dos Estados Unidos. A dificuldade de obter divisas dramento da economia brasileira à perspectiva econômica das multinacio-
com as exportações provocou uma crise financeira, de modo que o recurso nais. O desfecho da luta, em 1964, foi a vitória da última tendência. Para
de tomar empréstimos no exterior se tornou inevitável. A vinculação do Paul Singer, o movimento militar de 1964 "coincide com uma redivisão
Brasil ao capital internacional, particularmente ao norte-americano, come- internacional do trabalho, que as multinacionais estão levando a cabo em
çou então a delinear-se com clareza. todo mundo capitalista, e que consiste precisamente em transferir a países
semi-industrializados, como o Brasil, determinadas linhas de produção
O segundo governo de Vargas (1951-1954) industrial. A crescente exportação de bens industrializados pelas multinaci-
O suicídio de Getúlio Vargas, em agosto de 1954, representou a vitória onais instaladas no Brasil aumenta a importância destas empresas no
dos partidários do desenvolvimento dependente do capital estrangeiro. cenário econômico nacional, pois delas passa a depender cada vez mais a
Contudo, seria um exagero atribuir o suicídio de Vargas apenas a essa Balança de Pagamentos. Sendo estes bens adquiridos por subsidiárias nos
questão e, sobretudo, emprestar a ele, postumamente, a imagem de um países importadores das mesmas multinacionais que os exportam - como
nacionalista intransigente. Contrariamente ao que se pode supor, o com- da Ford do Brasil, que fornece motores à sua matriz americana -, sua
portamento político de Getúlio em relação ao capital estrangeiro - ao impe- presença no Brasil passa a se justificar não apenas por trazerem recursos
rialismo, em suma - era bastante flexível, e em nenhum momento se des- de capital e know-how técnico, mas também por assegurarem mercado
cartou por completo sua participação na economia brasileira. Getúlio só para uma parcela crescente de nossas exportações".
não concordava com o alinhamento completo do Brasil aos Estados Uni-
dos, como estes pareciam desejar. Na verdade, recusava-se a atuar como CONTRADIÇÕES DO MODELO DE DESENVOLVIMENTO DOS
peça subordinada ao capital estrangeiro. ANOS 50
Os desequilíbrios econômicos e sociais
O "desenvolvimentismo" juscelinista O modelo de desenvolvimento brasileiro que se definiu durante a pre-
A ascensão de Juscelino Kubitschek, em 1956, marcou o início do pro- sidência de Juscelino não estava isento de contradições, que, aliás, torna-
cesso de industrialização inteiramente ajustado aos interesses do capital ram-se claras na década de 1960. Desde o primeiro governo de Getúlio, o
internacional. Apesar da composição das forças políticas que serviram de Estado assumiu a forma de empresário privilegiado, investindo diretamente
base para sua eleição, o governo juscelinista definiu com clareza o rumo na criação de unidades produtivas. O recurso financeiro para tais empre-
da industrialização ao implantar o modelo desenvolvimentista, estreitamen- endimentos foi obtido através de uma política fiscal voltada para esse fim e
te associado ao capital estrangeiro. Parece estranho que isso possa ter também, sempre que necessário, através de emissões. Por isso, uma das
ocorrido com um governo aparentemente herdeiro do getulismo, pois é consequências principais foi o recrudescimento da inflação, que levou à
preciso notar que João Goulart era seu vice-presidente e que sua candida- rápida perda do poder aquisitivo da moeda. Consequentemente, os deten-
tura triunfou através da velha coligação PSD-PTB. tores do capital foram impelidos aos investimentos, para evitar o seu des-
gaste.
Todavia, seria precipitado atribuir essa "guinada em favor do capital
estrangeiro" a uma política deliberada de Kubitschek. Na realidade, sua O estímulo ao investimento motivado pela inflação teve um efeito ne-
posição diante do capital estrangeiro, tanto quanto a de Getúlio, era ambí- fasto no corpo social, principalmente porque atingiu os assalariados. De
gua, e sua ambiguidade refletia a própria indecisão da formação capitalista certa maneira, é possível dizer que, através desse mecanismo, transferi-
no Brasil. De fato, a burguesia industrial brasileira sentia-se incapaz de ram-se, indiretamente, os recursos dos assalariados para o setor empresa-
conduzir o processo de industrialização em posição hegemônica, prensada rial. Em outros termos, os ricos ficaram cada dia mais ricos e os pobres
como estava entre a participação do Estado e a do capital estrangeiro, cada vez mais pobres. Para piorar ainda mais a situação, os investimentos
representado pelas multinacionais. naturalmente resultaram no incremento da tecnologia. Com isso, restringiu-
se a criação de novos empregos, atirando os excedentes populacionais em
A formação do modelo setores agrícolas, agropecuários, da indústria extrativa - que eram frágeis -,
A execução do Plano de Metas de Juscelino foi, nesse sentido, a ou então ao comércio e ao setor de serviços, em que o subemprego tor-
grande responsável pela definitiva configuração do modelo de desenvolvi- nou-se inevitável, dando origem a um “subproletariado marginal urbano”.
mento industrial que o Brasil finalmente adotaria. Efetivamente, com esse
ambicioso plano, a penetração do capital estrangeiro ocorreu de forma Ao aprofundamento das diferenciações sociais correspondeu, no plano
maciça, ocupando os ramos da indústria pesada: indústria automobilística econômico, o agravamento das disparidades setoriais e regionais na
e de caminhões, de material elétrico e eletrônico, de eletrodomésticos, de produção. Em outras palavras, os investimentos não foram realizados de
produtos químicos e farmacêuticos, de matéria plástica. Iniciou se aí a maneira generalizada e igual em todos os setores produtivos. Evidente-
organização das multinacionais, que, monopolizando aquele que viria a ser mente, os investidores selecionaram as oportunidades que a eles se afigu-
o setor mais dinâmico da economia, estavam destinadas a exercer inegá- ravam como mais rentáveis. Em consequência, alguns setores - como o
vel influência na redefinição da orientação econômica e, também, política têxtil - permaneceram praticamente estagnados. Além do mais, os investi-
do Brasil. mentos foram feitos de forma especulativa, provocando o "inchaço" de
alguns setores, o que indicava alto grau de concentração de capitais. Foi o
Segundo ainda o Plano de Metas, o capital estatal ficou encarregado
caso do setor da construção e a correspondente especulação imobiliária.
de viabilizar o programa da infra-estrutura destinado a sustentar o modelo,

Ciências Humanas e suas Tecnologias 84 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
O entrelaçamento dos desequilíbrios sociais e econômicos é bem ilus- Paraíba ao longo da Rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo à Belo
trativo das profundas contradições do modelo do desenvolvimento adotado Horizonte. Estas áreas oferecem, além de incentivos fiscais, menores
na década de 1950. custos de mão-de-obra, transportes menos congestionados e por tratarem-
se de cidades-médias, melhor qualidade de vida, o que é vital quando
A inflação, como sabemos, tem um efeito corrosivo sobre os salários, trata-se de tecnopólos.
diminuindo o seu poder aquisitivo. Se esse aspecto é a contrapartida da
acumulação de capitais em mãos da burguesia, por outro lado, ao diminuir A desconcentração industrial entre as regiões vem determinando o
a capacidade aquisitiva do salário, a inflação tem como resultado a contra- crescimento de cidades-médias dotadas de boa infra-estrutura e com
ção da demanda e, portanto, a restrição do mercado consumidor. A longo centros formadores de mão-de-obra qualificada, geralmente universidades.
prazo, isso torna inviável o desenvolvimento industrial autônomo. Disso Além disso, percebe-se um movimento de indústrias tradicionais, de uso
resulta a grande dificuldade enfrentada pelo governo de elevar o nível de intensivo de mão-de-obra, como a de calçados e vestuários para o Nordes-
vida da população, pois a elevação do salário, para neutralizar a elevação te, atraídas sobretudo, pela mão-de-obra extremamente barata.
do custo de vida e combater a carestia, implica necessariamente a sua Fonte: www.brasilrepublica.hpg.ig.com.br
incorporação ao custo da produção, restabelecendo a tendência de alta
dos preços. Assim se explica o círculo vicioso do governo Goulart, em que Indústria de base
a corrida do salário e do preço apenas serviu para agravar o processo Os efeitos da quebra da Bolsa de Nova York sobre a agricultura cafeei-
inflacionário, criando inquietações sociais difíceis de acalmar. ra e as mudanças geradas pela Revolução de 1930 modificam o eixo da
política econômica, que assume caráter mais nacionalista e industrialista.
As multinacionais Já em 1931, Getúlio Vargas anuncia a determinação de implantar indús-
Ao lado dos problemas internos gerados pelo modelo de industrializa- trias de base. Com ela, o país poderia reduzir sua importação, estimulando
ção, um outro se apresentou, e este com maior peso: a penetração e a produção nacional de bens de consumo. As medidas concretas para a
consolidação das empresas multinacionais. Desde Juscelino (Plano de industrialização são tomadas durante o Estado Novo.
Metas), a instalação de multinacionais no Brasil foi maciça. A partir de
então, os setores fundamentais da indústria foram passando para o contro- As dificuldades causadas pela II Guerra Mundial ao comércio interna-
le estrangeiro. Segundo Gabriel Cohn, o controle externo das indústrias cional favorecem essa estratégia de substituição de importações. Em 1943
automobilísticas, de cigarro e de eletricidade variou em torno de 80% a é fundada no Rio de Janeiro a Fábrica Nacional de Motores. Em 1946
90%. Nas indústrias farmacêutica e mecânica, a proporção foi de 70%. começa a operar o primeiro alto-forno da Companhia Siderúrgica Nacional
(CSN), em Volta Redonda (RJ). A Petrobras é criada em outubro de 1953 e
O resultado principal dessa nova conjuntura foi a minimização da im- detém o monopólio de pequisa, extração e refino de petróleo. Todas são
portância da burguesia nacional, que passou para o plano secundário, empresas estatais.
muitas vezes como sócio menor das grandes corporações internacionais.
Isso significa que os postos de comando de tais indústrias estavam em Anos JK
mãos de indivíduos diretamente designados pela direção da matriz estran- O nacionalismo da Era Vargas é substituído pelo desenvolvimentismo
geira, ou seja, os centros de decisões se encontravam fora do país. Essa do governo Juscelino Kubitschek, de 1956 a 1961. Atraindo o capital es-
situação levou ao inevitável agravamento do desequilíbrio no Balanço de trangeiro e estimulando o capital nacional, JK implanta a indústria de bens
Pagamentos: a remessa de lucros para o exterior, além dos pagamentos de consumo duráveis, sobretudo eletrodomésticos e veículos, com o objeti-
pelo uso de marcas e patentes (royalties) e da importação de maquinaria, vo de multiplicar o número dessas indústrias e das fábricas de peças e
superou rapidamente o capital que as multinacionais inicialmente investi- componentes. Amplia os serviços de infra-estrutura, como transporte e
ram. fornecimento de energia elétrica. Com os investimentos externos e inter-
nos, estimula a diversificação da economia nacional, aumentando a produ-
Naturalmente, as contradições engendradas pelo modelo de desenvol- ção de insumos, máquinas e equipamentos pesados para mecanização
vimento da industrialização adotado na década de 1950 expressaram-se agrícola, fabricação de fertilizantes, frigoríficos, transporte ferroviário e
através do aguçamento das lutas sociais e políticas. A presença do capita- construção naval. No início dos anos 60, o setor industrial supera a média
lismo internacional e o seu papel cada vez mais decisivo no controle de de crescimento dos demais setores da economia brasileira.
nossa economia tiveram, por seu turno, uma importância certamente não
desprezível no desfecho da luta. O movimento militar de 1964 teve aí suas "Milagre econômico"
raízes e as suas razões. Fonte: www.culturabrasil.org O crescimento acelera-se e diversifica-se no período do chamado "mi-
lagre econômico", de 1968 a 1974. A disponibilidade externa de capital e a
A CONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL NO SUDESTE determinação dos governos militares de fazer do Brasil uma "potência
A distribuição espacial da indústria brasileira, com acentuada concen- emergente" viabilizam pesados investimentos em infra-estrutura (rodovias,
tração em São Paulo, foi determinada pelo processo histórico, já que no ferrovias, telecomunicações, portos, usinas hidrelétricas, usinas nucleares),
momento do início da efetiva industrialização, o estado tinha, devido à nas indústrias de base (mineração e siderurgia), de transformação (papel,
cafeicultura, os principais fatores para instalação das indústrias, a saber: cimento, alumínio, produtos químicos, fertilizantes), equipamentos (gerado-
capital, mercado consumidor, mão-de-obra e transportes. res, sistemas de telefonia, máquinas, motores, turbinas), bens duráveis
(veículos e eletrodomésticos) e na agroindústria de alimentos (grãos,
Além disso, a atuação estatal através de diversos planos governamen- carnes, laticínios). No início da década de 70, a economia apresenta resul-
tais, como o Plano de Metas, acentuou esta concentração no Sudeste, tados excepcionais, com o PIB crescendo a 12 %, e o setor industrial a
destacando novamente São Paulo. A partir desse processo industrial e, 18% ao ano.
respectiva concentração, o Brasil, que não possuía um espaço geográfico
nacional integrado, tendo uma estrutura de arquipélago econômico com Já em meados dos anos 70, a crise do petróleo e a alta internacional
várias áreas desarticuladas, passa a se integrar. Esta integração reflete dos juros desaceleram a expansão industrial. Com o financiamento externo
nossa divisão inter-regional do trabalho, sendo tipicamente centro-periferia, mais caro, a economia brasileira entra num período de dificuldades cres-
ou seja, com a região Sudeste polarizando as demais. centes, que levam o país, na década de 80, ao desequilíbrio do balanço de
pagamentos e ao descontrole da inflação. O Brasil mergulha numa longa
A DESCENTRALIZAÇÃO INDUSTRIAL recessão que praticamente bloqueia seu crescimento econômico. No
Atualmente, seguindo uma tendência mundial, o Brasil vem passando começo dos anos 90, a produção industrial é praticamente a mesma de
por um processo de descentralização industrial, chamada por alguns dez anos atrás. E no decorrer da década, também por conta da abertura
autores de desindustrialização, que vem ocorrendo intra-regionalmente e econômica que permite a entrada maciça de produtos importados, o setor
também entre as regiões. industrial vem encolhendo e perdendo participação no PIB para o setor de
serviços.
Dentro da Região Sudeste há uma tendência de saída do ABC Paulis-
ta, buscando menores custos de produção do interior paulista, no Vale do Fonte: http://geocities.yahoo.com.br

Ciências Humanas e suas Tecnologias 85 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
OS DESAFIOS AO DESENVOLVIMENTO REGIONAL BRASILEIRO do seu entorno é inapropriado à dispersão industrial e suas eco-
Edson Paulo Domingues nomias locais são de pequena escala.
Ricardo Machado Ruiz
O vínculo entre a distribuição da atividade econômica no território e o A figura 1 apresenta um mapa da presença de firmas industriais com
desenvolvimento social tem preocupado vários pesquisadores e governan- mais de 30 empregados no Brasil para o ano de 2000. É visível a concen-
tes, sejam eles da esfera federal ou estadual. No entrave à melhoria das tração no Sul e no Sudeste, comparativamente aos vazios e ilhas industri-
condições de vida da população brasileira, fatores relacionados às especí- ais das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste.
ficas formas de organização da atividade econômica no território foram
considerados um obstáculo fundamental à redução das desigualdades e ao
aumento do bem estar. Nos últimos anos, a desigualdade regional tornou-
se um tema nacional e internacional.

As economias modernas têm se baseado numa intensa divisão do tra-


balho que segmentou a produção em múltiplos setores de atividade. Agri-
cultura, indústria e serviços representam uma divisão convencional de
atividades econômicas, embora a classificação prática de uma atividade
nesse tripé possa ser questionada. Notadamente no caso da economia
brasileira, desde o final dos anos 1990, apesar do comentado aumento da
participação do setor de serviços, a atividade industrial ainda representa o
elemento-chave do dinamismo econômico nacional e regional. Em diferen-
tes contextos territoriais (municípios, estados ou regiões) a ausência da
atividade industrial pode representar um obstáculo ao desenvolvimento, daí
o interesse das políticas públicas no estímulo à descentralização dos
investimentos públicos e privados. Tais políticas foram consubstanciadas
no papel ativo do Estado brasileiro na integração econômica do território
nacional. Talvez a criação de Brasília seja a sua mais forte expressão.

A relativa homogeneização do espaço possibilitou a exploração de re-


cursos naturais do solo e subsolo nacional e o surgimento de novas centra-
lidades urbanas sub-nacionais capazes de atrair importantes atividades
industriais e de estruturar redes urbanas regionais. O fenômeno da metro-
polização de algumas cidades – especialmente de algumas capitais esta- CAPITAL NACIONAL E ESTRANGEIRO
duais – é parte desse processo de dispersão seletiva da indústria, que foi Um aspecto menos analisado sobre a distribuição territorial da indús-
denominada de "descentralização polarizada" devido à sua ainda limitada e tria no Brasil diz respeito às assimétricas localizações dos capitais estran-
restrita dispersão no território. geiro e nacional. Na medida que o processo de globalização e internacio-
nalização das empresas aumenta a participação do capital estrangeiro na
Em suma, a dinâmica espacial resultante da industrialização brasileira indústria brasileira, amplia-se sua importância como determinante do
confirmou, por um lado, as teorias do desenvolvimento desigual, mas desenvolvimento econômico nacional e, também, regional. Ao mesmo
refletiu, por outro lado, a geopolítica da integração nacional. Dessa forma, tempo, a integração regional do Brasil com outros países da América
a distribuição da indústria brasileira é concentrada, pela força hegemônica Latina realça a necessidade de uma apreciação mais detalhada das estra-
de São Paulo e seu entorno regional, mas existem pólos subnacionais que tégias e preferências espaciais desses diversos capitais.
são forças efetivas de atração de investimentos industriais e centros irradi-
adores da industrialização para suas periferias mais imediatas. Pode-se No que concerne à distribuição espacial das empresas industriais es-
dizer que o pólo nacional de São Paulo e os pólos sub-nacionais são os trangeiras e nacionais no ano 2000, 67% do produto industrial (VTI) ocorre
centros dinâmicos da indústria no território nacional. na indústria de capital nacional e cerca de 33% na indústria estrangeira. Há
uma notória concentração da indústria de capital estrangeiro na região
ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL DA INDÚSTRIA Sudeste, especialmente no estado de São Paulo (58% do produto das
Nas ciências sociais aplicadas as pesquisas utilizam intensamente fer- firmas estrangeiras) e, mais especificamente, na região metropolitana de
ramentas de geoprocessamento e métodos estatísticos e matemáticos São Paulo (27% do produto das firmas estrangeiras).
específicos para avaliar a localização e organização social da população.
Em economia regional, onde um dos temas de estudo é a distribuição da Outros recortes regionais mostram características bastante heterogê-
atividade econômica no território, esses instrumentos são utilizados na neas da participação da indústria estrangeira. Contudo, há um aspecto
construção de indicadores de concentração, no mapeamento e no teste de comum: em todas elas o peso relativo do capital nacional é sempre superi-
hipóteses referentes aos padrões de aglomeração sócio-econômicas, em or àquele registrado para o estado de São Paulo. A única exceção relevan-
particular da localização industrial. No Brasil, um recente trabalho utilizou te é o estado do Amazonas, um resultado das atividades industriais na
essas ferramentas na apreciação da organização territorial da indústria Zona Franca de Manaus; e no Amapá e Maranhão a concentração da
brasileira e suas principais conclusões podem ser assim sumarizadas: indústria estrangeira é relativamente elevada, mas seu peso absoluto no
a. Foram identificadas 15 aglomerações industriais espaciais forma- produto nacional é modesto. Portanto, pode-se afirmar que a região metro-
das por apenas 254 municípios (4,61% do total) e sua distribuição politana de São Paulo é a aglomeração industrial mais internacionalizada
geográfica é restrita a algumas áreas metropolitanas e pólos indus- do Brasil.
triais especializados de médio porte, quase todos concentrados no
Sul e Sudeste. A tabela 1 apresenta alguns indicadores da presença da indústria na-
b. Essas 15 aglomerações concentram 75% do produto industrial do cional e estrangeira para o ano de 2000. É interessante notar a presença
país e a quase totalidade do produto das firmas inovadoras, expor- da indústria estrangeira em um pequeno número de municípios – 549 –
tadoras e intensivas em escala. com elevada renda per capita, mercados de trabalho mais qualificados e
c. As aglomerações industriais locais e enclaves industriais que, por com melhor infra-estrutura urbana. Essas relações são ainda mais fortes
sua vez, são conjuntos de municípios com atividade industrial sig- no caso da presença de empresas estrangeiras, pois essas são ainda mais
nificativa, mas de menor escala e com alguma conexão econômica seletivas e restritivas na sua localização industrial. Salvo raras exceções
com municípios vizinhos, possuem menor participação no produto localizadas, as aglomerações específicas de empresas estrangeiras estão
industrial (6%). contidas nas aglomerações industriais espaciais, especialmente a das
d. A grande maioria desses enclaves possui poucas condições mate- grandes áreas metropolitanas do país. Juntamente com as empresas
riais, de acumulação de capital e renda nacional para promovem nacionais inovadoras, essas empresas constituem o núcleo industrial mais
uma maior integração produtiva regional. O meio técnico-científico dinâmico que lidera o crescimento econômico nacional e regional.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 86 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
INOVAÇÃO E LOCALIZAÇÃO INDUSTRIAL muitos, a instalação de firmas (ou mesmo grupo de firmas) em algumas
Um aspecto relevante da localização das firmas diz respeito à sua ca- regiões pode gerar fortes reações negativas, tais como deslocamento
pacidade de inovação e diferenciação de produtos e processos; um dos populacional e degradação do meio-ambiente, e não criar efeitos transbor-
principais determinantes da competitividade industrial no mercado externo. damentos e encadeamentos que estão na base de um desenvolvimento
Portanto, uma pergunta seria: existiria um padrão de concentração das regional sustentável.
firmas de acordo com sua capacidade de inovação e os atributos do espa-
ço geográfico brasileiro? Nos estudos sobre a dispersão territorial de firmas Portanto, devido à fragmentação espacial da produção industrial, a au-
por critérios de inovação, uma conclusão recorrente foi a elevada associa- sência de coordenação entre políticas industriais e de desenvolvimento
ção territorial das firmas que inovam e diferenciam produtos e processos, regional pode criar conflitos políticos e econômicos, assim ambas podem
ambas exportadoras (firmas A e B). As firmas que não diferenciam produ- ter suas eficiências reduzidas e sinergias positivas podem não ser explora-
tos ou processo, que possuem menor produtividade e que não exportam das. Além do mais, a ausência de uma articulação entre essas e outras
(firmas C) possuem pouca participação nos espaços econômicos mais políticas federais e estaduais abriria espaço para fracassadas e dispendio-
virtuosos. sas experiências de atração de investimentos descentralizadas, como as
conhecidas e declaradas guerras fiscais entre entes federativos.
As grandes aglomerações industriais estão invariavelmente ocupadas
por firmas inovadoras; aquelas consideradas líderes da indústria em ter- Até que ponto é possível uma conciliação entre objetivos, instrumentos
mos de crescimento, escala e competitividade internacional. Pode-se e atores sociais dessas políticas públicas? Um trabalho recente aponta três
mesmo afirmar que nas concentrações de firmas inovadoras, as firmas linhas de ação que corresponderiam aos pontos de interseção da política
não-inovadoras são induzidas a uma localização em espaços mais pobres industrial com a política regional para o caso brasileiro:
e com menor capacitação tecnológica. Esse é um caso clássico de segre- a. Uma política de promoção industrial e integração produtiva metro-
gação econômica e de constituição de uma dualidade espacial complemen- politana das aglomerações industriais menos desenvolvidas. Os
tar. objetivos seriam incentivar a interação e cooperação das firmas es-
tabelecidas para o aumento de sua capacidade inovadora e expor-
POLÍTICA INDUSTRIAL E REGIONAL tadora e integrar novas localidades vizinhas à base produtiva me-
O perfil da propriedade do capital e da capacitação tecnológica permite tropolitana. Para tanto, melhorias na infra-estrutura física do territó-
algumas considerações sobre políticas públicas para o desenvolvimento rio, especialmente transportes, qualificação da mão-de-obra e in-
regional e industrial. Por exemplo, pode-se dizer que o processo de desen- fra-estrutura urbana seriam necessárias.
volvimento regional teria nas firmas nacionais os agentes mais sensíveis à b. Uma política de desenvolvimento regional de aglomerações indus-
ocupação territorial. Dentre as empresas nacionais, aquelas pouco intensi- triais potenciais, buscando construir complementaridades produti-
vas em tecnologia e voltadas para o mercado doméstico seriam as primei- vas a partir de arranjos produtivos locais bem sucedidos, mas rela-
ras a ocuparem novos espaços econômicos. Em seguida ter-se-ia empre- tivamente desarticulados no território. Os objetivos seriam trans-
sas exportadoras nacionais com produtos homogêneos e seguidas de formar os arranjos produtivos locais em aglomerações industriais.
perto por suas congêneres estrangeiras. Quanto às empresas de alta A criação de cooperativas locais para desenvolvimento tecnológi-
tecnologia, sejam elas estrangeiras ou nacionais, estas seriam as mais co, produção e crédito seriam algumas medidas propostas.
reticentes à dispersão espacial. Portanto, políticas de desenvolvimento c. Uma política de desenvolvimento local de áreas no entorno de
regional centradas na atração de empresas de alta tecnologia seriam as aglomerações industriais locais isoladas no território, os chamados
mais custosas. Valeriam, então, propostas de "industrialização progressiva" Enclaves Industriais. Os objetivos seriam reduzir a segmentação
lideradas, inicialmente, por empresas nacionais de baixa tecnologia e territorial local com provimento de infra-estrutura física básica, co-
acompanhadas de perto por suas similares estrangeiras. As empresas mo saneamento, sistema viário urbano e habitação.
inovadoras seriam as últimas a dar suporte à construção de novos espaços
industriais. Essas três linhas de ação teriam que ser instrumentalizadas nas duas
principais políticas públicas federais para o setor produtivo, ou seja, a
As políticas industrial e regional já apresentam, na sua própria concep- Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior e a Política Nacional
ção, objetivos, instrumentos e atores sociais diferenciados. A política de Desenvolvimento Regional. Seria a interação necessária entre as com-
industrial foca a firma e/ou setor produtivo, enquanto que a unidade de petências da firma e do território.
planejamento da política regional é o território. A partir da análise das
aglomerações industriais é possível ilustrar potenciais conflitos e comple- A REDE BRASILEIRA DE TRANSPORTES E SUA EVOLUÇÃO.
mentaridades entre essas duas políticas quando implementadas em um
espaço econômico heterogêneo e fragmentado como o brasileiro. DESENVOLVIMENTO DOS TRANSPORTES E INTEGRAÇÃO RE-
GIONAL NO BRASIL — UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA
Por exemplo, a política industrial per se privilegia a maior eficiência Olímpio J. de Arroxelas Galvão
produtiva e competitividade das firmas, o que tenderia a reforçar as locali-
dades com maiores externalidades positivas. Entretanto, é certo que essas A percepção do isolamento econômico dos espaços geográficos do
localidades teriam, também, as maiores deseconomias de aglomeração Brasil como um problema de política pública é muito remota no país. A
(degradação ambiental, aluguéis dispendiosos, sobre-utilização dos siste- manutenção da integridade do território e a preservação da unidade nacio-
mas de transporte, etc). Caberia a uma política de desenvolvimento regio- nal constituíram assunto de séria preocupação desde os tempos coloniais,
nal indicar quais localidades teriam essas externalidades negativas minimi- quando as autoridades portuguesas tiveram de enfrentar numerosas tenta-
zadas. Os estudos urbano-regionais detectariam as aglomerações industri- tivas de invasão da sua colônia por outras potências europeias.
ais consolidadas e dinâmicas onde ocorreriam os mais fortes efeitos de
transbordamento através da interação entre firmas. Uma política industrial Durante praticamente todo o período colonial, a ocupação e o povoa-
que não observasse essa espacialização dos efeitos de transbordamentos mento do território brasileiro foram um permanente e constante objetivo de
não exploraria essas complementaridades positivas e não minimizaria as Portugal, em virtude da lei internacional do uti possidetis.
deseconomias de aglomeração.
Por essa lei, vigente na Europa logo após os grandes descobrimentos,
Já no caso da política regional, esta deve estar voltada para o desen- todas as nações europeias poderiam invocar o princípio da efetiva ocupa-
volvimento menos desigual do território nacional e deve privilegiar regiões ção para reivindicarem a posse de territórios recémdescobertos, daí o
excluídas das vantagens de retornos crescentes espaciais, ou seja, as empenho português de povoar a colônia e, até mesmo, de interligar as
regiões periféricas. Para desenvolver essas regiões, as políticas regionais várias províncias brasileiras, para preservar a integridade de seu território.
deveriam criar condições de produção que estivessem em sincronia com a Esta preocupação com a unidade nacional tornou-se cada vez maior ao
política industrial. Caberia à política regional selecionar, dentre as firmas ou longo do tempo. Logo após a Independência e durante todo o Império, a
indústrias privilegiadas pela política industrial, aquelas que estivessem integridade territorial da nação chegou a ser ameaçada por inúmeros
mais adequadas às particularidades regionais. Como já observado por movimentos separatistas de inspiração regionalista ou republicana, vindo a

Ciências Humanas e suas Tecnologias 87 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
fortalecer, ainda mais, a necessidade da criação, pelo governo central, de Um claro exemplo dessas preocupações remotas com os transportes
instrumentos eficazes de preservação da unidade do país. Com a instaura- como um fator de desenvolvimento foi o Plano Rebelo, submetido ao
ção da República, a integração ao litoral de vastas e despovoadas áreas governo imperial no ano de 1838 pelo engenheiro José Silvestre Rebelo.
do Brasil Central passou para a ordem do dia nas discussões do Parlamen- Concebido antes de o Brasil ter começado a construir as suas primeiras
to nacional, destacando-se, entre várias evidências desta visão integracio- ferrovias, esse plano rodoviário propunha a construção de "três estradas
nista, as políticas de incentivo à construção de ferrovias e a consignação, reais que, partindo da capital do Império, atingissem o Sudeste, o Noroeste
já na primeira Constituição republicana, da intenção da mudança da capital e o Norte do País" [apud Brasil (1974, p.37)]. A despeito de seu óbvio
federal para o Planalto Central. irrealismo para a época, já que havia escassa justificativa econômica para
muitas das estradas propostas, o estudo de Rebelo não deixa de constituir
Na primeira metade do século XX, a percepção de que o Brasil ainda um documento histórico de grande importância, por demonstrar claramente
constituía um imenso arquipélago de ilhas econômicas traduziu-se na as preocupações remotas com a execução de uma política viária de inte-
ideologia nacionalista da marcha para o Oeste e, nesta linha, os governos gração nacional. A relevância desse plano se torna ainda mais expressiva
de Vargas e de Kubitschek consagraram a integração nacional como quando é feita a reconstituição dos traçados das estradas com base nas
objetivo prioritário da política pública, por meio de grandes obras rodoviá- sugestões idealizadas pelo seu autor, tendo em vista que o plano viário do
rias e da construção de Brasília. E, ainda recentemente, nos governos engenheiro Rebelo conforma-se com perfeição aos principais troncos
militares dos anos 60 e 70, a integração do país vem a ser tratada como rodoviários que vieram a ser construídos no país mais de um século de-
assunto de segurança nacional, sendo definitivamente consolidada. pois: um, partindo da capital imperial, tomando duas direções, atingindo
Porto alegre, ao sul, e toda a atual região Nordeste e parte da Amazônia
Este trabalho parte desta perspectiva de examinar a evolução da per- Ocidental, até Belém do Pará, ao norte; outro, caminhando no sentido do
cepção do isolamento nacional como um problema de política pública, e faz interior do atual estado de Minas Gerais; e, finalmente, o último tronco,
considerações sobre diversos planos, projetos e tentativas de se construir adentrando pelo Centro-Oeste, prolongando-se até as fronteiras do Mato
uma infra-estrutura de transportes no país, com objetivos integracionistas, Grosso com a Bolívia [apud Brasil (op. cit., p. 38)].
de desenvolvimento socioeconômico e de modernização da economia
nacional. A ideia básica do artigo é a de mostrar por que a integração das Ao longo da segunda metade do século XIX, época da introdução das
várias regiões brasileiras foi um processo lento — levando cerca de 450 ferrovias no Brasil, uma sucessão de planos de viação foi apresentada aos
anos para ser plenamente alcançado —, e por que o país ingressou na era governos, todos eles descartando as rodovias como principal instrumento
moderna do seu desenvolvimento sem contar com um sistema nacional de de integração, e colocando ênfase nas vias férreas e na navegação fluvial
transportes multimodais, e dependendo tão largamente da rodovia para a e marítima como a solução para os problemas do isolamento a que ainda
movimentação de cargas e de passageiros. se viam submetidas as regiões brasileiras.

Para esse propósito, o capítulo seguinte faz um breve relato das preo- Dentre as várias propostas da época, vale ressaltar o estudo do enge-
cupações remotas com o transporte como um fator de desenvolvimento e nheiro militar Eduardo José de Moraes, apresentado ao governo imperial
de modernização da economia brasileira. O segundo capítulo apresenta em 1869, que continha ambicioso projeto de aproveitamento de vários rios
testemunhos de estadistas e engenheiros de transporte brasileiros, no brasileiros. O seu estudo, intitulado "Navegação Interior no Brasil", desta-
século XIX, assinalando as dificuldades para a implantação, no Brasil, de cava as enormes potencialidades das bacias hidrográficas brasileiras,
meios de transportes rentáveis e auto-sustentáveis. O terceiro registra o prevendo a implantação de "uma ampla rede de navegação fluvial, que
fim da era ferroviária e o início da era rodoviária. O quarto capítulo faz uma facilitaria as comunicações dos mais remotos pontos do país entre si", por
exploração sobre as principais causas da ascensão do transporte rodoviá- meio da construção de canais, eclusas e outras obras de engenharia [apud
rio e do declínio das outras modalidades de transporte, e o quinto e último Brasil (op. cit., p. 41)]. O Plano Moraes, como veio a ser chamado, propu-
capítulo conclui assinalando que o Brasil foi obrigado, por circunstâncias nha a interligação de todas as bacias hidrográficas do país — a do rio
particulares de seu desenvolvimento histórico, a fazer a opção pela moda- Amazonas e seus afluentes, no Norte, com a do rio da Prata, no Sul,
lidade de transporte que é a mais cara de todas, do ponto de vista social. através dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai, e a desses rios com a do São
Francisco, no Sudeste e Nordeste, e, finalmente, a ligação desta última
1. Os Transportes como Fator de Desenvolvimento no Século XIX bacia com a do rio Parnaíba e seus afluentes, na porção mais ocidental da
Nos quase 500 anos em que se completou o processo de plena ocu- atual região Nordeste. O plano do engenheiro Moraes, a despeito de
pação e integração do espaço nacional, a construção de uma rede unifica- enfatizar o aproveitamento das vias interiores de navegação, preconizava,
da de transportes foi apresentada sempre como a única forma de assegu- ainda, a integração do sistema fluvial com as ferrovias e com a navegação
rar a integridade do território. de cabotagem, por meio da construção de três grandes estradas de ferro
conectando os portos do Rio de Janeiro, Salvador e Recife com as bacias
Todavia, foi somente após a Independência que começou a se mani- dos rios mencionados — tudo isso de uma forma harmônica e coordenada.
festar explicitamente no Brasil a preocupação com o isolamento das regi-
ões do país como um obstáculo ao desenvolvimento econômico. É importante registrar, ainda, que além de justificar o seu projeto como
uma necessidade estratégica para a defesa nacional, argumentava o
Durante os governos do Império (1822-1889), e de igual forma após a engenheiro Moraes ter o seu plano uma forte justificativa econômica por-
proclamação da República, significativo número de brilhantes engenheiros que, de acordo com suas próprias palavras, "a falta de meios fáceis de
brasileiros elaborou planos detalhados e ambiciosos de transportes para o comunicação e de transportes baratos do interior para o litoral, condena[va]
Brasil. Tendo como principal propósito a interligação das distantes e isola- os habitantes dessas ricas regiões a só produzirem ou extraírem os gêne-
das províncias com vistas à constituição de uma nação-estado verdadei- ros de sua indústria e cultura em limitadíssima escala, por terem diante de
ramente unificada, esses pioneiros da promoção dos transportes no país si uma perspectiva de preço de transporte, igualando, se não excedendo, o
explicitavam firmemente a sua crença de que o crescimento era enorme- valor da mercadoria transportada" [apud Brasil (op. cit., p. 43)].
mente inibido pela ausência de um sistema nacional de comunicações, e
de que o desenvolvimento dos transportes constituía um fator crucial para Dadas as condições socioeconômicas em que vivia o país na época —
o alargamento da base econômica do país. Acreditavam, também, que a a economia brasileira ainda estava baseada na escravidão e no latifúndio,
existência de meios de comunicação viria promover mudanças estruturais e largamente dependente da exploração de uns poucos produtos exportá-
na economia brasileira, ao permitir o povoamento das áreas de baixa veis —, a implementação desses planos e de outros que se seguiram (a
densidade demográfica e, sobretudo, por possibilitar a descoberta e o despeito de conterem muitos aspectos realistas e efetivamente implemen-
desenvolvimento de novos recursos que jaziam ocultos no vasto e inexplo- táveis, mesmo considerando-se a pobreza dos recursos imperiais) termi-
rado interior da nação. A promoção da imigração também era, para muitos nou constituindo não mais do que uma aspiração não concretizada de
desses engenheiros, outro resultado importante que adviria da expansão grandes estadistas brasileiros do século XIX.
dos transportes, por propiciar a abertura de novas terras agricultáveis para
colonização. Mas o não-reconhecimento público dos inúmeros planos e estudos
apresentados ao Parlamento e às autoridades governamentais da época

Ciências Humanas e suas Tecnologias 88 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
não fez cessar a formulação de novas propostas para a solução do pro- termos da capacidade de investimentos do governo quanto em termos da
blema dos transportes no país. E muitos outros planos, uns mais outros própria saúde financeira dos diversos e precários sistemas de transportes
menos ambiciosos, se sucederam. já em operação.

O advento da era ferroviária, tanto no Brasil quanto em outros países Não é de surpreender, assim, que poucas décadas após o início da
do mundo, e, principalmente, o reconhecimento dos enormes impactos construção das primeiras linhas férreas no Brasil, a situação financeira das
desenvolvimentistas das ferrovias nos países de colonização recente, companhias ferroviárias em operação já constituísse séria preocupação
como os Estados Unidos da América, fizeram com que esta modalidade de dos governos, transformando-se, com o tempo, em problema crônico que
transporte passasse a receber prioridade dos engenheiros de transporte, jamais veio a ser adequadamente resolvido.
de sorte que todos os planos apresentados entre o período de 1870 até
1930 foram essencialmente ferroviários. Dentre os mais notáveis desses Outra indicação de quão remotamente as ferrovias brasileiras já pas-
planos, vale mencionar os de Rebouças (1874), Ramos de Queiroz (1874 e savam por dificuldades é encontrada no trabalho de Rodrigues da Silva, na
1886), Bicalho (1881), Bulhões (1882), Rodrigo da Silva (1886), o da época o ministro da Agricultura, do Comércio e de Obras Públicas e tam-
Comissão da República (1890), o da Viação Férrea (1912) e o de Paulo de bém autor de um Plano Geral de Viação, em 1886. Em relatório encami-
Frontin (1927). nhado ao imperador, no qual apresentava as justificativas de seu plano de
viação, o ministro assinalava que era "desolador o quadro que apresenta-
Em todos esses planos e projetos, se bem que nenhum chegasse a vam as nossas estradas de ferro", e chamava atenção para o fato de que
ser implementado ou o fosse apenas parcialmente, havia a justificativa "as circunstâncias do Tesouro Real não permitiam a continuação de um
comum de que, diante da precariedade dos sistemas de navegação marí- corajoso programa de construção de estradas econômicas (sic) que pene-
tima e fluvial, caberia às ferrovias o papel fundamental de interligar o país e trassem o interior do Império" [apud Brasil (1974, p. 75)].
de promover o aproveitamento das potencialidades das vastas áreas
interioranas da nação. "Franquear os tesouros ocultos no coração do Brasil Mas nenhum outro autor do século XIX parece ter revelado percepção
aos povos de todas as nações do globo; disseminar a civilização pelo tão aguda do problema ferroviário no Brasil quanto Antônio Rebouças,
interior de nosso país; economizar o tempo gasto em percorrer as distân- outro brilhante engenheiro que também oferecera ao governo imperial, em
cias, de harmonia com os altos interesses políticos e estratégicos", e a 1874, um ousado plano de transportes. Escrevendo 20 anos após a apre-
percepção de que "a grandeza deste país está, antes de tudo, na integri- sentação do seu plano, em um tom que claramente expressava a sua
dade de seu território" eram, nas palavras do engenheiro Ramos de Quei- profunda desilusão com a deplorável situação a que haviam chegado a
roz, em memória anexa ao seu plano ferroviário apresentado ao Senado construção e o funcionamento das ferrovias no Brasil, Rebouças declarava
brasileiro no ano de 1882 [apud Brasil (op.cit., p. 47-48)], a justificativa que em 1894: "A experiência de quase um século, que hoje temos com os
norteava os planos para a integração e o desenvolvimento da economia caminhos de ferro e [com o desenvolvimento de] seus terrenos marginais,
brasileira a partir da ferrovia. ensina-nos a não esperar mais pelos seus efeitos indiretos e sim promover
energicamente a subdivisão [da terra] em lotes, a abertura de caminhos
2. Crítica aos Transportes como Solução para os Problemas do vicinais, a venda [de terra] em leilões e o estabelecimento de pequenos
Brasil proprietários rurais em toda a zona servida pela via férrea" [Rebouças
Nas últimas décadas do século XIX, contudo, ao mesmo tempo em (1938, p. 414)].
que tomava força a ideia de que um sistema nacional de comunicações era
uma precondição para o crescimento do país, em face da deplorável situa- Rebouças, assim como um expressivo grupo de outros autores brasi-
ção em que se encontravam as diversas modalidades de transporte exis- leiros que escreveram sobre as condições socioeconômicas do Brasil no
tentes (ferrovias, navegação interior e costeira e estradas de rodagem), século XIX,6 era um entusiasta da experiência econômica vivida pelos
começou a se desenhar um crescente questionamento acerca dos reais Estados Unidos nesse século e um profundo admirador das bem-sucedidas
benefícios de apenas dotar o país de mais e melhores meios de transpor- políticas desenvolvimentistas que haviam sido adotadas naquele país,
tes. Dúvidas começaram a emergir, nas mentes daqueles mesmos pionei- especialmente relacionadas com a exploração de terras devolutas (por
ros, sobre se a simples construção de estradas e de outras vias de trans- meio das Homestead Laws, que Rebouças considerava como uma lei
porte, não acompanhadas por outras medidas de política econômica de civilizatória), com a política de construção de ferrovias (por meio da qual as
mais amplo alcance, seria suficiente para garantir a deflagração automática companhias ferroviárias recebiam terras devolutas como forma de paga-
do crescimento, satisfazendo, assim, às aspirações por mudanças profun- mento com a obrigação de vendê-las em lotes a pequenos agricultores),
das na sociedade brasileira, e livrando a economia nacional de quase com a capacidade de o governo norte-americano cobrar tributos de sua
quatro séculos de atraso. sociedade, e com a atitude democrática revelada pelos Estados Unidos em
relação à imigração. Advogando a implementação dessas políticas econô-
Nesse sentido, o engenheiro Ramos de Queiroz, autor de dois ambici- micas no Brasil, Rebouças defendia com vigor o argumento de que "toda
osos planos de transporte (um, em 1874, e outro, em 1882), e que procla- empresa de caminho de ferro deve começar por ser uma empresa territori-
mava ser "a disseminação da civilização pelo interior do nosso país" um al, como nos Estados unidos".
dos maiores objetivos dos seus projetos, alegando que a ausência de
meios adequados de comunicações "era a causa de grandes perturbações Argumentando, ainda, que a "solução do problema enfrentado pelas
na vida econômica e social dos estados", já antecipava, na reformulação ferrovias — intimamente ligado ao progresso da agricultura — deveria
do seu primeiro plano ferroviário de 1874, a enorme complexidade do começar com a terra", Rebouças ofereceu sugestões para a elaboração de
problema do transporte no Brasil. um programa compreensivo de construção de estradas, associado com o
desenvolvimento de terras ociosas, cujos princípios gerais são sintetizados
Ao concluir que "fazer estradas é o de menos; assegurar-lhes renda é a seguir:
que é a questão" [apud Brasil (op. cit., p. 54)], Queiroz deixava claras suas i) compra e desapropriação, por lei, de todas as terras não cultivadas
preocupações sobre a própria viabilidade de se construir e manter vias de situadas nas margens das ferrovias;
comunicações sem a existência de fluxo correspondente de cargas. ii) divisão dessas terras em pequenos lotes;
iii) abertura de estradas vicinais, com vistas a promover a articulação
De fato, embora considerações de ordem política e estratégica rece- dos lotes de terra com as estações ferroviárias próximas; e
bessem peso preponderante na definição das principais linhas ferroviárias iv) venda de terras em leilões públicos, a preços acessíveis, tanto a
a serem subsidiadas pelo governo, a rentabilidade econômica das ferrovias colonos nacionais quanto a imigrantes estrangeiros, durante o pe-
constituía matéria de crescente preocupação por parte de seus promoto- ríodo em que eram construídas as ferrovias [Rebouças (op. cit., p.
res. A pobreza do mercado interno e o estado geral de subdesenvolvimen- 414-15)].
to do país, de um lado, e, de outro, a enorme dificuldade de o Tesouro
Nacional gerar receitas fiscais em uma economia politicamente dominada Rebouças concluía que, adotando-se esse programa durante os três
por uma elite agrária que resistia fortemente ao pagamento de tributos, ou quatro anos que levaria a construção das estradas, as companhias
começavam a ser vistos como os fatores limitativos principais, tanto em ferroviárias teriam assegurado, após sua inauguração, uma clientela garan-

Ciências Humanas e suas Tecnologias 89 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
tida, tanto em termos de passageiros quanto de cargas a serem transpor- da aprovação de um novo plano nacional de viação, em 1951. Entre as
tadas, estimulando-se o comércio e a indústria e "pondo-se fim ao estado camadas técnicas, porém, a definitiva opção por esta modalidade de
de penúria" que cercava a maioria das empresas ferroviárias do Brasil transporte já havia sido feita, logo após o término da Segunda Guerra
[Rebouças (op. cit.)]. Mundial, durante os trabalhos de uma comissão do DNER encarregada
pelo governo da elaboração do referido plano de 1951. Com efeito, por
Reconhecendo, assim, que as ferrovias não eram uma panaceia para volta de 1946, um relatório é apresentado por essa comissão, contendo
os complexos problemas nacionais — como ele próprio e seus contempo- severas críticas acerca da preocupação de se evitar a duplicação de mo-
râneos chegaram um dia a acreditar — Rebouças observou com amargura: dos de transportes — preocupação que havia sido tão fortemente enfatiza-
"o caminho de ferro, por si só, não resolve a momentosa questão da terra. da em todos os planos e estudos anteriores sobre a construção de rodovi-
A despeito da locomotiva, a terra inculta, o baldio, o latifúndio, continua sua as no país. O argumento geral que a citada comissão defendia era o de
obra atroz de esterilização, de barbaria, de deserto e de miséria", e conclu- que evitar paralelismos implicava dotar algumas regiões ou áreas do
ía: "os grandes senhores territoriais — os landlords — são fatalmente território nacional de um único meio de transporte — ferrovias, rodovias ou
inímicos dos caminhos de ferro", ou seja, daquelas ferrovias que Rebouças vias fluviais —, impedindo, assim, que o país viesse a dispor de uma
desejava que fossem construídas com propósitos desenvolvimentistas, ao verdadeira e eficiente rede nacional de transportes, capaz de integrar
estilo norte-americano [Rebouças (op. cit.)]. efetivamente os vários espaços geográficos da nação [Brasil (1974, p. 179-
80)].
A despeito do tom indignado e claramente emocional dessas últimas
declarações de Rebouças, havia, de fato, mais verdades do que exagero O Plano Nacional de Viação de 1951 veio, portanto, colocar um ponto
nas suas palavras. Um outro autor do século XIX, Tavares Bastos, escre- final nas controvérsias sobre as prioridades de modalidades de transportes
vendo no final dos 1860, assinalava que, enquanto a construção de ferrovi- no Brasil. O texto do plano claramente especificava que as rodovias, a
as gozava de amplo apoio político nos Estados Unidos, ela era severamen- partir de então, passariam a assumir a "função pioneira, outrora exclusiva
te criticada no Brasil por muitos setores influentes da sociedade brasileira, das estradas de ferro", e que "o desenvolvimento da rede ferroviária [seria],
que as consideravam "um sacrifício imposto à nação" (ou seja, todas em grande parte, substituído por estradas de rodagem" (apud Brasil (op.
aquelas ferrovias não especificamente voltadas para servir ao escoamento cit., p. 180-82).
da produção das áreas de plantations) [Tavares Bastos (1975, p. 101)].
A evolução do transporte rodoviário, a partir dos anos 50, ocorreu em
3. O Fracasso das Ferrovias e o Início da Era Rodoviária ritmo extraordinariamente rápido no Brasil. Entre 1945 e 1952, o número de
O fracasso das ferrovias em propiciarem a implantação de uma rede caminhões e ônibus em circulação no país saltou de 103 mil para 265 mil,
nacional de transportes no Brasil trouxe, no final da década de 1920, as um crescimento de mais de 157% em apenas sete anos [Institute of
primeiras preocupações com as rodovias. Nessa década e na seguinte, Interamerican Affairs (1954a, p. 91)]. Na década de 60, a movimentação de
veio a público uma série de planos de transportes — concebidos, como no cargas foi largamente transferida das ferrovias e da cabotagem para as
passado, por indivíduos, mas agora também por instituições governamen- rodovias: enquanto, em 1946, o volume de cargas transportadas por todas
tais —, todos eles dando ênfase ou prioridade à construção de rodovias. as modalidades não rodoviárias de transporte representava 92,4% [Wythe
Os seguintes planos de caráter essencialmente rodoviário merecem desta- (1968, p. 186)], no ano de 1970 as estradas de rodagem já eram responsá-
que: o de Catrambi (1926-27), o de Luis Schoor (1927), o da Comissão de veis por cerca de 73% de todo o movimento de cargas do país [Barat
Estradas de Rodagens Federais (CERF) (1927), e o Plano Rodoviário do (1978, p.15)].
Nordeste (1930). Nenhum desses planos, contudo, recebeu aprovação
oficial [Brasil (1974, p. 103-122); Ferraro de Carvalho (1957, p. 242-46)]. 4. Causas da Ascensão das Rodovias e do Declínio das Outras
Modalidades de Transporte
Vale registrar que, embora as deficiências estruturais que afligiam o O espetacular avanço do transporte rodoviário e o declínio dos demais
setor ferroviário já fossem amplamente reconhecidas, tornando praticamen- merece uma série de reflexões: por que, após a Segunda Guerra, foi o
te inevitável a busca por modos alternativos de transportes de longa dis- desenvolvimento das rodovias tão priorizado vis-à-vis outras modalidades
tância, o Brasil não entrou, ainda nos anos 30, no que se poderia chamar de transporte, como as ferrovias e a cabotagem, reconhecidamente meios
de era rodoviária. Com efeito, quando, em 1934, um plano geral de viação mais eficientes e baratos de transporte para longas distâncias? Quais as
nacional foi finalmente aprovado pelo governo, contemplando todas as explicações para a enorme dependência, com relação ao transporte rodo-
modalidades de transporte, precedência ainda era conferida à cabotagem e viário, que ainda caracteriza o recente desenvolvimento da economia
à navegação fluvial sobre as rodovias, e prioridade total era dada às ferro- brasileira? Por que não foi possível melhorar (upgrade) tanto as ferrovias
vias, estas últimas vistas pela comissão encarregada da elaboração do quanto a cabotagem, tornando esses sistemas alternativas eficientes de
plano como a única modalidade de transporte que "poderia satisfazer como transporte de cargas no Brasil?
solução definitiva no estabelecimento dos grandes troncos da viação
nacional" [apud Brasil (op.cit., p. 125)]. Tanto assim, que o Primeiro Plano O virtual abandono da ideia de se desenvolverem as outras modalida-
Rodoviário Nacional, elaborado pelo Departamento Nacional de Estradas des de transporte esteve sempre baseado na crença de que um moderno
de Rodagem (DNER), em 1937, não conseguiu receber aprovação oficial sistema de rodovias constituiria a forma mais rápida de se alcançar o
pelo governo federal [Brasil (op. cit., p. 141)]. Ademais, quando, em 1944, grande objetivo nacional da integração social, econômica e política do país.
foi finalmente aprovado um plano rodoviário, este estabelecia como princi- A preferência pela rodovia teria sido, portanto, uma resposta à incapacida-
pal critério que as estradas de rodagem a serem construídas deveriam de revelada pelas outras modalidades de transporte para atenderem às
evitar a "concorrência e a superposição das rodovias com os principais aspirações nacionais, tendo em vista que os sistemas de transportes
troncos ferroviários existentes ou a concluir" [apud Brasil (op. cit., p. 151- existentes eram considerados como inadequados, antiquados, ineficientes
162)]. e absolutamente incapazes de responderem aos anseios nacionais da
unificação territorial do país.
É interessante assinalar nesse contexto que, até pelo menos a primei-
ra metade da década de 40, a ideia da ligação das várias regiões do país Na verdade, o Brasil encontrava-se, ainda ao final dos anos 40, man-
por meio de rodovias era considerada indesejável e uma meta distante de tendo intactas muitas das características do passado, da época imperial ou
ser alcançada. Por essa época, ainda havia um receio generalizado de que até mesmo da era colonial. O país continuava sendo ainda um imenso
as estradas de rodagem viessem apenas a concorrer com as ferrovias, fato arquipélago de ilhas humanas, com reduzido grau de articulação econômi-
que era fortemente condenado por largos segmentos técnicos e políticos ca entre suas distantes regiões.
do país. As rodovias eram vistas, obviamente, como necessárias, mas a
cumprirem uma função supletiva, complementar e subsidiária à rede ferro- Uma leitura dos diversos relatórios técnicos das missões estrangeiras
viária e aos portos [Brasil (1940, p. 87-114)]. que visitaram o Brasil nos anos 40 e início da década de 50 leva à clara
conclusão de que o país enfrentava um sério impasse no setor de transpor-
O reconhecimento oficial das rodovias como modalidade prioritária de tes, ao ingressar na segunda metade deste século [Cooke (1944); Institute
transporte no Brasil teve de esperar ainda até o início dos anos 50, quando of Interamerican Affairs (1954a); United Nations/CEPAL (1956)]. Embora a

Ciências Humanas e suas Tecnologias 90 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
rodovia e o transporte por caminhão tenham se tornado a única solução e fluvial e, sobretudo, para a quase falência dos sistemas de transportes
viável para este impasse, superando já no final dos 50 todas as outras não-rodoviários no país é geralmente atribuída a dois fatores principais: a
modalidades de transporte, o sistema de estradas de rodagem existente no uma conjugação de circunstâncias naturais adversas, associadas a certas
Brasil era descrito, no início dos 50, como estando ainda na sua infância. O características territoriais do Brasil; e à orientação histórica do crescimento
tráfego por vias terrestres era realizado, predominantemente, ainda dentro econômico do país, voltada, durante mais de 400 anos, para a exportação
dos próprios estados ou no máximo entre as unidades federadas vizinhas. de alguns poucos produtos primários.
Quanto à qualidade das vias de rodagem em uso, um relatório das Nações
Unidas e da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CE- O tamanho continental do Brasil, sua topografia ondulada, seu clima
PAL), publicado em 1956, descrevia as rodovias brasileiras como sendo tropical com alta pluviosidade, a densa floresta atlântica que cobria prati-
"pobremente conservadas, não pavimentadas e frequentemente perigosas" camente toda a faixa litorânea do país, e a natureza e localização geográfi-
[United Nations/CEPAL (op. cit., p. 133)]. Uma comparação do Brasil com ca dos principais rios brasileiros — uns, correndo do litoral para o interior
outras nações da América Latina colocava o país em uma posição bastante (as bacias do Sul-Sudeste), outros, com seus cursos interrompidos por
desvantajosa. grandes quedas d'água (a do rio São Francisco, no Nordeste) e outros
muito distantes dos centros dinâmicos do país (a bacia dos rios amazôni-
Na entrada dos anos 50, o Brasil contava com apenas 2 mil km de ro- cos) — são fatos inquestionáveis que exerceram, sem dúvida, papel impor-
dovias pavimentadas, menos, por exemplo, do que Porto Rico, Venezuela, tante como obstáculo para um precoce desenvolvimento das comunica-
Cuba, Peru e Colômbia, para não mencionar a Argentina e o México, que ções interregionais, embora outros países, que apresentaram condições
registravam, respectivamente, 11 mil e 24 mil km de estradas pavimenta- naturais talvez ainda mais adversas, tenham desenvolvido, desde épocas
das [Bastos (1955, p. 108)]. Ademais, tanto as ferrovias quanto a cabota- remotas, avançados sistemas interiores de transportes (Canadá e Estados
gem pareciam ter ingressado em uma fase de declínio ainda mais acentu- Unidos, por exemplo).10 Por outro lado, também é inquestionável que o
ado ao longo das décadas de 30 e 40. A despeito de essas duas modali- status colonial e a dependência da exportação de uns poucos produtos
dades de transporte nunca terem sido notabilizadas pela eficiência, as suas primários marcaram profundamente o padrão e a evolução dos sistemas de
condições operacionais atingiram estado de calamidade à medida que a transportes no Brasil — na medida em que tanto as ferrovias quanto os
industrialização e a modernização da economia avançavam. No início dos portos brasileiros foram originalmente concebidos para interligarem as
anos 50, a maior parte da frota costeira do país era composta de navios bases locais de produção de matérias-prima com os pontos finais de
obsoletos e de reduzida dimensão, com mais de 30 ou 40 anos de serviço, embarque de exportações.
e considerados como técnica e economicamente incapazes de transporta-
rem com regularidade as safras nacionais, e muito menos os manufatura- Concluir, contudo, que condições naturais adversas representaram
dos, em uma época em que o comércio inter-regional desses produtos se obstáculo intransponível e que os sistemas de transportes existentes, por
expandia aceleradamente [Galvão (1993)]. As empresas de navegação, terem sido concebidos para servirem originalmente a uma economia de
quase todas em lamentável estado de organização técnica, administrativa exportação, não poderiam ter-se prestado ao desenvolvimento do mercado
e financeira, operavam em grande parte com linhas deficitárias. nacional, constitui grave simplificação. Na verdade, tanto as ferrovias
quanto a cabotagem brasileiras, a despeito de todas as suas deficiências,
Os portos de que se servia o sistema de transportes marítimos eram desempenharam funções importantíssimas na expansão e integração dos
incapazes de atender com eficiência ao movimento normal de cabotagem mercados domésticos. Desde o período colonial, mas sobretudo no período
— os navios, segundo estudos realizados na época, navegando 20% do pós-Independência, uma fração significativa dos excedentes agrícolas das
tempo e permanecendo retidos nos portos os restantes 80%. Além do regiões brasileiras era transportada pela frota nacional para outros merca-
mais, era frequente o assoreamento dos cais de atracação e notórias as dos domésticos. O açúcar, o algodão, o fumo, o cacau, os couros e as
deficiências e insuficiências de armazéns e de equipamentos de manipula- peles, a farinha de mandioca e até algumas manufaturas simples, produzi-
ção de cargas. As condições das ferrovias, por seu turno, não eram muito dos no Nordeste, e diversos tipos de grãos, madeiras, carnes, café e
mais favoráveis do que as da cabotagem. Tal como sucedia às companhi- também outros manufaturados nacionais, produzidos no Sul e Sudeste,
as de navegação, a maioria das linhas férreas operava com grandes défi- são apenas alguns exemplos de produtos tipicamente voltados para os
cits, que representavam enorme carga para o Tesouro Nacional. A insufici- mercados internos, que eram transportados pela marinha mercante brasi-
ência de recursos financeiros, seja para novos investimentos, seja para a leira desde épocas bem remotas. As ferrovias também serviram, e na
reposição de equipamentos, resultava em uma inadequada manutenção do verdade em escala ainda maior, aos mercados domésticos. A partir da
sistema, de tal sorte que, nos anos 40 e 50, a maior parte do material segunda década deste século, a despeito da existência no Brasil de uma
rodante e dos leitos das estradas havia alcançado profundo estado de série de sistemas ferroviários independentes e às vezes não conectados,
desgaste, ameaçando a própria trafegabilidade dos comboios. Os trens uma larga fração do território nacional estava servida por ferrovias, com-
eram obrigados a trafegarem a velocidades muito baixas, reduzindo con- preendendo uma área comparável, em tamanho, à da Europa ocidental.
sequentemente a eficiência e a confiabilidade nas ferrovias como meio de Seja para aproveitar o retorno dos vagões aos centros de exportação ou
transporte de cargas e passageiros e, mesmo assim, acidentes como por quaisquer outras razões, as ferrovias escoavam um grande e diversifi-
deslizamento de barreiras, desalinhamento de trilhos e descarrilhamento cado número de bens, desde grãos a materiais de construção e a produtos
passaram a ser frequentes em todas as partes do país. Ademais, as restri- manufaturados produzidos no país, como têxteis e máquinas e equipamen-
ções cambiais existentes na época para a importação de locomotivas e tos agrícolas [Azevedo (1950); Saes (1981); e Lewis (1985)].
combustível eram consideradas como representando um sério obstáculo à
expansão das ferrovias. Duas outras razões adicionais são ainda apresentadas para explicar o
fracasso das ferrovias e das outras modalidades de transporte de longa
Diante de tamanhos problemas que afligiam o setor de transportes no distância e, consequentemente, a sua quase total substituição, em período
país, a reabilitação tanto dos sistemas ferroviários quanto da cabotagem moderno, pelas rodovias. Uma delas atribui ao poderoso lobby das empre-
(que incluía ainda a melhoria dos portos) veio a ser considerada, na entra- sas automobilísticas a prioridade governamental concedida ao transporte
da dos anos 50, por largos segmentos técnicos e políticos, como além das rodoviário; a outra parte do argumento de que dificilmente as ferrovias
possibilidades financeiras do governo brasileiro. poderiam servir a propósitos integracionistas (ou seja, como transporte
inter-regional) por operarem os vários sistemas ferroviários no Brasil com
Contudo, se à primeira vista parece ser legítimo aceitar como corretos bitolas diferentes.
o diagnóstico e o prognóstico do problema dos transportes no Brasil na
primeira metade deste século, não há dúvidas de que ainda resta explicar A primeira razão é frágil, porque não explica a reduzida importância ou
as causas básicas das deploráveis condições a que chegaram esses impacto das ferrovias, da cabotagem e da navegação fluvial no Brasil em
sistemas e, sobretudo, as razões que fizeram (e ainda fazem) com que o período anterior à era rodoviária (em contraste, por exemplo, com o ocorri-
país ainda hoje não disponha de uma rede nacional eficiente de transpor- do nos países da Europa e da América do Norte), e por desconsiderar o
tes multimodais. A explicação-padrão para o atraso no desenvolvimento de fato de que a decadência dessas modalidades de transporte precedeu a
uma rede inter-regional de transportes, para a inexistência de um sistema presença dos lobbies referidos (ademais, o lobby da indústria automobilís-
nacional de ferrovias, para a reduzida importância da navegação marítima tica foi poderoso em todo o mundo, e mesmo tendo afetado negativamente

Ciências Humanas e suas Tecnologias 91 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
as outras modalidades de transporte, como era de se esperar, não foi fretes de ida e de retorno —, o que é uma realidade ainda não alcançada
capaz de impedir que elas continuassem ainda sendo os principais meios nos dias atuais, em largas partes do território nacional.
de movimentação de cargas e, em muitos casos, também de passageiros,
em todos os países em que tinham tido grande desenvolvimento anterior). A natureza da industrialização brasileira também influenciou decisiva-
A segunda razão não procede, porque, salvo poucas exceções (principal- mente a opção pelo transporte rodoviário no país. Aqui, vale a pena, mais
mente no caso de algumas ferrovias de São Paulo), a grande maioria das uma vez, registrar o notável contraste entre países como os Estados
estradas de ferro brasileiras operava com idêntica bitola de um metro. Com Unidos e o Brasil. Os Estados Unidos, por uma série de circunstâncias
efeito, a ligação dos vários sistemas ferroviários desde o extremo Sul (por favoráveis, presenciaram desde cedo uma revolução nos seus sistemas de
meio da Viação Férrea do Rio Grande do Sul) até Minas e Bahia (por meio transportes internos — tornando-se quase todos percorridos, já no início da
da Viação Ferroviária Federal do Leste Brasileiro), e as outras redes no segunda metade do século passado, por uma densa malha ferroviária e por
Nordeste, operavam, todas, com bitola de um metro [Institute of uma extensa rede, tanto natural quanto artificial, de aquavias, sejam lacus-
Interamerican Affairs (1954a,b); Brasil (1981, 1993)]. tres, fluviais ou costeiras.13 A industrialização nesse país, ocorrendo de
forma geograficamente desconcentrada, contribuiu largamente para conso-
A questão que deve ser colocada, então, não é a de que os meios lidar e revigorar os seus sistemas interiores de transporte de longa distân-
existentes de transporte não puderam realizar funções integracionistas, ou cia, em época moderna, e um processo de convergência de rendas regio-
de que esses sistemas, por terem sido construídos com o propósito essen- nais per capita constitui um dos traços mais marcantes da economia ame-
cial de escoar produtos de exportação, eram inadequados para servirem ao ricana [Perloff et alii (1965); Barro e Sala-I-Martin (1991a, b)].
mercado interno. Ou, ainda, de que o lobby da indústria automobilística
tenha sido o responsável pela degradação dos sistemas alternativos de O Brasil, ao contrário da economia americana, evoluiu como um arqui-
transportes de longa distância. A verdadeira questão a ser posta é por que pélago de ilhas, ou regiões, mantendo entre si escassos elos econômicos,
a cabotagem e as ferrovias não puderam evoluir como um sistema eficiente até data relativamente recente [Galvão (1993)]. Como já no final da primei-
de transporte, em escala nacional, e por que, assim, nunca conseguiram se ra metade deste século a produção industrial se encontrava pesadamente
tornar modalidades de transporte rentáveis, auto-suficientes e confiáveis, concentrada em pequena área do território nacional, e como as décadas
como sucedeu em tantos outros países. seguintes testemunharam uma intensificação ainda maior da concentração
industrial — de tal sorte que, em 1970, o chamado triângulo São Pau-
Na verdade, tanto o melhoramento quanto a expansão física das ferro- lo/Rio/Belo Horizonte respondia por cerca de 75% de toda a produção
vias (e, de igual modo, do transporte hidroviário) deixaram de ocorrer manufatureira nacional [Galvão (1991)] —, tamanha concentração da
simplesmente porque não havia qualquer justificativa econômica para a produção industrial criou e consolidou vastas áreas dependentes de co-
sua melhoria e expansão, dadas as condições sociais, políticas e econômi- mércio, sem um feedback significativo de tráfego por parte das chamadas
cas do país, ainda vigentes quando do surgimento da era rodoviária — em regiões periféricas, constituindo-se, assim, em mais um fator que veio a
muitos aspectos, não tão diferentes daquelas descritas pelos engenheiros dificultar a possibilidade da implantação de sistemas de transportes alter-
de transporte de meados do século passado, como Ramos de Queiroz, nativos e mais racionais do ponto de vista social.
Rodrigues da Silva e André Rebouças, e pelos seus quase contemporâ-
neos Tavares Bastos e Joaquim Nabuco, por exemplo. Vale lembrar que 6. Conclusões
em países que alcançaram avançado estágio de desenvolvimento dos O desenvolvimento de um país qualquer requer a existência de meios
transportes por ferrovias ou por vias aquáticas, foi sempre o mercado adequados e eficientes de transporte. Mas os transportes funcionam ape-
interno que deu o suporte econômico para a viabilidade das companhias nas como um fator de facilitação, e não necessariamente como causa do
ferroviárias ou de navegação. A grande questão, portanto, é a de que a crescimento econômico.
ausência de um forte — real e potencial — mercado interno é inconsistente
com o desenvolvimento de um sistema eficiente de transporte, em escala A pobreza do mercado interno — seja o da nação como um todo, seja
nacional, baseado em ferrovias ou em navegação por cabotagem. o de cada uma de suas regiões —, o lento processo de integração do país,
e as profundas desigualdades inter-regionais de desenvolvimento explicam
Com efeito, um nível baixo de renda, uma excessiva concentração por que o Brasil foi incapaz de desenvolver sistemas eficientes de transpor-
dessa renda e da riqueza nacional, e um reduzido mercado interno resul- tes intermodais, não dispondo, até hoje, de uma verdadeira rede nacional
tam em pequena densidade de tráfego por unidade de área, fazendo com de ferrovias e de um sistema eficiente de cabotagem e de navegação
que o transporte rodoviário seja praticamente o único viável dentre as fluvial.
várias modalidades de transporte.
Em uma sociedade que tantos obstáculos colocou ao desenvolvimento
As rodovias, que emergiram na era moderna como a única modalidade de uma agricultura de base familiar, impedindo o acesso democrático à
de transportes que foi capaz de interligar efetivamente os vários espaços terra, desde os tempos coloniais, e mais ainda após a Independência e em
nacionais, refletem claramente os padrões passados e atuais do desenvol- época moderna, a abertura, a expansão e o melhoramento de meios de
vimento brasileiro. Os sistemas de transporte por caminhão são conheci- transportes jamais poderiam ter exercido os dramáticos impactos transfor-
dos por sua maior versatilidade técnica e econômica, em contraste com madores e funcionar como instrumento de modernização da economia,
outros modos de transporte, como o ferroviário, a cabotagem e a navega- como sucedeu em vários países ao longo do século XIX.
ção fluvial. Aqueles podem ser viáveis e eficientes (do ponto de vista
privado) em condições de baixa densidade de tráfego, o que dificilmente A modalidade do transporte rodoviário, nesse contexto, teria de ser a
pode ocorrer com as outras modalidades de transporte. Tanto as rodovias, única que, em um país como o Brasil, poderia ter sobrevivido e se desen-
quanto as ferrovias e a navegação marítima e fluvial, apresentam elevados volvido na época atual.
custos fixos de investimentos. Mas os custos variáveis de operação dos
serviços de transporte, dependendo de variadas circunstâncias, podem ser -o0o-
muito maiores no caso das ferrovias e da navegação do que no das rodo-
vias. A cabotagem, a navegação fluvial e as ferrovias são atividades produ- O sistema de transportes adotado no Brasil define-se basicamente
tivas que, em decorrência do fator indivisibilidade, apresentam-se muito por uma extensa matriz rodoviária, sendo também servido por um sistema
mais sensíveis a economias de escala do que o transporte rodoviário. E no limitado de transporte fluvial (apesar do numeroso sistema de bacias
caso deste último, é especialmente relevante considerar que as empresas hidrográficas presentes no país), ferroviário e aéreo. O intuito de criar uma
que operam os serviços rodoviários não são responsáveis pelos custos da rede de transportes ligando todo o país nasceu com as democracias
implantação das rodovias nem pela sua manutenção — ao contrário, por desenvolvimentistas, em especial as de Getúlio Vargas e Juscelino
exemplo, das empresas ferroviárias. Assim, as ferrovias e as hidrovias, Kubitscheck. Àquela época, o símbolo da modernidade e do avanço em
embora sejam reconhecidamente as modalidades de transporte de longa termos de transporte era o automóvel. Isso provocou uma especial atenção
distância que propiciam os mais baixos custos por unidade transportada, dos citados governantes na construção de estradas. Desde então, o Brasil
exigem, para serem economicamente viáveis, um grande volume de carga tem sua malha viária baseada no transporte rodoviário.
em duas direções — ou seja, exigem grande volume de passageiros e de

Ciências Humanas e suas Tecnologias 92 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Transporte aeroviário comercial. A Transbrasil e a Vasp paralisaram suas atividades por
O país sedia importantes aeroportos internacionais, sendo destino de problemas financeiros.
uma série de rotas aéreas internacionais. Porém, empresas internacionais
normalmente trabalham apenas com um número limitado de portos, o que Atualidade
faz com que o transporte dentro do país se faça através de uma série de Nos últimos anos, por conta de conjunturas internas e externas o
escalas. A aviação iniciou-se no Brasil com um vôo de Edmond Plauchut, a transporte aéreo no Brasil sofreu grandes perdas e inversões de papéis
22 de Outubro de 1911. O aviador, que fora mecânico de Santos Dumont entre as empresas do setor. No início dos anos 90, o mercado era
em Paris, decolou da praça Mauá, voou sobre a avenida Central e caiu no dominado pela Varig, como a empresa-símbolo da aviação nacional. Ainda
mar, de uma altura de 80 metros, ao chegar à Ilha do Governador. Era atuavam Vasp e Transbrasil como empresas de importância tanto no
então bem grande o entusiasmo pela aviação. Em 17 de Junho de 1922, os mercado doméstico quanto internacional.
portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral chegaram ao Brasil,
concluindo seu vôo pioneiro, da Europa para a América do Sul. E em 1927 Entretanto, nos últimos anos, a TAM, antes um táxi aéreo sediado em
seria terminada, com êxito, a travessia do Atlântico, pelos aviadores Marília, SP, ganhou súbita importância na ligação Rio-São Paulo,
brasileiros, João Ribeiro de Barros e Newton Braga, no avião "Jaú", hoje especialmente pelo emprego de aeronaves a jato (Fokker 100) nessa rota,
recolhido ao Museu do Ipiranga. antes servida apenas pelos Lockheed Electra. Somado a isso surgiu pela
primeira vez no país o conceito de empresa Low Fare com a Gol, que
O ano de 1927 é o marco da aviação comercial brasileira. A primeira empregando aeronaves mais modernas que a média das outras empresas,
empresa no Brasil a transportar passageiros foi a Condor Syndikat, no alcança hoje seu posto como segunda empresa do país. Outra empresa
hidroavião "Atlântico", ainda com a matrícula alemã D-1012 que, em 1° de que surgiu recentemente e segue um conceito similar é a BRA, Brasil Rodo
janeiro de 1927 transportou, do Rio de Janeiro para Florianópolis, o então Aéreo.
Ministro da Viação e Obras Públicas, Vitor Konder. A 22 de fevereiro,
iniciava-se a primeira linha regular, a chamada "Linha da Lagoa", entre Vasp e Transbrasil tiveram o triste fim da falência no início do século
Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande. Em junho de 1927, era fundada a XXI. A Varig, ainda que ostente ainda a importância simbólica de principal
Viação Aérea Rio-Grandense (Varig), sendo transferido para a nova empresa aérea nas linhas internacionais, vem perdendo linhas e aeronaves
empresa o avião "Atlântico", que recebeu o prefixo nacional P-BAAA. A 1° em leasing, e encontra-se em situação financeira extremamente delicada.
de dezembro do mesmo ano, a Condor Syndikat, que acabara de inaugurar Atualmente, a TAM é principal empresa do mercado doméstico. No âmbito
sua linha Rio - Porto Alegre, foi nacionalizada, com o nome de Sindicato das linhas nacionais, especialmente nas ligações entre as capitais, as
Condor Limitada, sendo rebatizada, durante a II Guerra Mundial, com o operações são feitas pela TAM, Gol, Varig e mais recentemente, pela BRA
nome de Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul (absorvida nos anos 80 pela e OceanAir.
Varig). Em novembro de 1927 (inaugurando a linha para a América do Sul
da nova companhia francesa Aeropostale) chegava ao Rio de Janeiro Jean O mercado regional do estado de São Paulo é servido pela Pantanal
Mermoz, que se tornaria o mais famoso aviador da época. Linhas Aéreas e pela Passaredo. Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal e
Tocantins são servidos pela Total, sendo que esses dois últimos também
Em 1929, a New York-Rio-Buenos Aires Line (NYRBA) iniciava seus pela Sete. O Centro-Oeste, Sul e Nordeste são ainda servidos pela
serviços aéreos e passou a ligar o Brasil a essas duas importantes OceanAir.
cidades, tendo sido fundada no Brasil a NYRBA do Brasil S.A., com linha
semanal entre Belém e Santos, e que se transformaria na Panair do Brasil, A aviação brasileira cresceu muito nos últimos anos. Com o
extinta em 1965. surgimento de novas companhias aéreas e a modernização das já
existentes, foi possível aumentar o número de assentos disponíveis na
A fundação do Aerolóide Iguaçú, com linha inicial São Paulo-Curitiba e malha aérea. A Gol lidera o ranking das empresas de baixo custo, podendo
logo se estendendo a Florianópolis, marcou o ano de 1933. Em novembro assim, repassar tarifas atraentes a todos os brasileiros. Com a competição
de 1933 era fundada por 72 empresários, a Viação Aérea São Paulo entre as companhias foi possível melhorar o serviço e reduzir tarifas.
(Vasp), que iniciaria em 1936 o vôo regular entre o Rio e São Paulo, a linha
de maior tráfego da aviação brasileira. A Vasp encerrou seus vôos em Grandes companhias internacionais também operam no Brasil:
2004 e encontra-se com seu direito de tráfego cassado pelo DAC - American Airlines, Continental Airlines, United Airlines, Lufthansa, Iberia,
Departamento de Aviação Civil, do Ministério da Defesa. Japan Airlines, South African Airlines, British Airways, Air France, Air
Canada, tap(transportes aéreos portugal) entre outras.
A extensão do país e a precariedade de outros meios de transporte
fizeram com que a aviação comercial tivesse uma expansão excepcional A partir da II Guerra Mundial a aviação comercial assistiu a um grande
no Brasil. Em 1960, o país tinha a maior rede comercial do mundo em desenvolvimento, transformando o avião num dos principais meios de
volume de tráfego depois dos Estados Unidos. Na década de 50, operavam transporte de passageiros e mercadorias no contexto mundial.
cerca de 16 empresas brasileiras, algumas com apenas dois ou três aviões
e fazendo principalmente ligações regionais. Se destacava então na O transporte aéreo foi o que mais contribuiu para a redução da
Amazônia a SAVA S.A. - Serviços Aéreos do Vale Amazônico, com sede distância-tempo, ao percorrer rapidamente distâncias longas. Rápido,
em Belém, fundada pelo Comandante Muniz, que com a ajuda do seu cômodo e seguro o avião suplantou outros meios de transporte de
amigo e futuro Brigadeiro e Ministro da Aeronáutica Eduardo Gomes, passageiros a médias a longas distâncias.
conseguiu a concessão presidencial para vôos regulares de passageiros e
cargas. Este meio de transporte implica construção de estruturas muito
especiais. Os aeroportos requerem enormes espaços e complicadas
A crise e o estímulo do governo federal às fusões de empresas instalações de saída e entrada dos vôos. Por outro lado, os custos e a
reduziram esse número para apenas quatro grandes empresas comerciais manutenção de cada avião são bastante elevados. Tudo isto contribui para
(Varig, Vasp, Transbrasil e Cruzeiro). Muitas cidades pequenas saíram do encarecer este meio de transporte.
mapa aeronáutico, mas ainda nessa mesma década organizaram-se novas
empresas regionais, utilizando inicialmente os aviões turbohélices Contrastes na distribuição
fabricados no Brasil pela Embraer, o Bandeirante EMB-110. As linhas aéreas cobrem todo o mundo, mas de forma irregular
encontrando-se uma maior densidade nos países desenvolvidos, mais
A Varig absorveu a Cruzeiro e adquiriu outras empresas regionais, se ricos, alguns países petrolíferos, e nos novos países industrializados
transformando, nas últimas décadas do Século XX, na maior (Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Japão…)
transportadora da América Latina e a então regional TAM, dirigida pelo
Comandante Adolfo Rolim Amaro - falecido em julho de 2001 em acidente Vantagens
de helicóptero no Paraguai, se transformou na segunda maior empresa do  É o mais rápido para transportar passageiros a médias e grandes
continente sul-americano. A Gol também se destacou como empresa distâncias

Ciências Humanas e suas Tecnologias 93 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
 Grande liberdade de movimentos  Aeroporto de Congonhas - São Paulo
 É dos mais seguros e cômodos  Aeroporto de Cumbica - São Paulo
 É o mais adequado para o transporte de mercadorias de alto valor  Aeroporto Internacional de Viracopos - Campinas
(diamantes, instrumentos de óptica, produtos farmacêuticos, etc.) e  Aeroporto da Pampulha - Belo Horizonte
de mercadorias perecíveis (frutas, flores, etc.)  Aeroporto Internacional de Belo Horizonte-Tancredo Neves - Belo
Horizonte
Desvantagens  Aeroporto Santos Dumont - Rio de Janeiro
 Elevada poluição atmosférica, devido à emissão de dióxido de  Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim - Rio de Janeiro
carbono  Aeroporto Internacional Salgado Filho - Porto Alegre
 Poluição sonora nas áreas circundantes aos aeroportos  Aeroporto dos Internacional dos Guararapes - Recife
 Forte consumidor de espaço – construção das infra-estruturas  Aeroporto Internacional Eduardo Gomes - Manaus
 Elevado consumo de combustível  Aeroporto Luiz Eduardo Magalhães - Salvador
 È muito dispendioso  Aeroporto Jorge Amado - Ilhéus
 Algumas áreas estão congestionadas, devido à densidade do  Aeroporto de Porto Seguro - Porto Seguro
tráfego, gerando problemas de segurança  Aeroporto Internacional Pinto Martins - Fortaleza
 Muita dependência das condições atmosféricas(nevoeiro, ventos  Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek - Brasília
fortes…)  Aeroporto Afonso Pena - Curitiba
 Reduzida capacidade de carga(em relação a transportes marítimo  Aeroporto Augusto Severo - Natal
e ferroviário)  Aeroporto Internacional Hercílio Luz - Florianópolis
 Localização: os aeroportos localizam-se, normalmente longe das  Aeroporto Internacional de Belém - Belém
cidades, por questões de segurança e acessibilidade.  Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares - Maceió
 Periferia: em torno dos aeroportos desenvolvem-se bairros de  Aeroporto Internacional de Campo Grande - Campo Grande
hotéis, escritórios indústrias, redes de auto-estradas e de vias-
 Aeroporto de Londrina - Londrina
férreas.
 Aeroporto Presidente João Suassuna - Campina Grande
A maior parte do tráfego de produtos de alta tecnologia é feita por via  Aeroporto de Uberlândia - Uberlândia
aérea. Por este motivo muitas indústrias instalam-se cada vez mais, nas  Aeroporto de Teresina - Teresina
proximidades dos aeroportos internacionais, o que contribui para o
desenvolvimento destes espaços.
Transporte ferroviário
Aeroportos nacionais e internacionais no Brasil A malha ferroviária brasileira é pequena e obsoleta. Os serviços de
passageiros praticamente acabaram, e os de carga subsistem em sua
maioria para o transporte de minérios. As únicas linhas de passageiros que
ainda preservam serviços diários de longa distância com relativo conforto
são as ligações São Luís (MA) - Parauapébas (PA) e Belo Horizonte-
Vitória. Entretanto, ainda existem algumas ferrovias de interesse
exclusivamente turístico em funcionamento, tais como Curitiba-Paranaguá.

Empresas extintas
Rede Ferroviária Federal 1957-2007
 Estrada de Ferro Madeira-Mamoré
 Estrada de Ferro de Bragança
 Estrada de Ferro São Luís-Teresina
 Estrada de Ferro Central do Piauí
 Rede de Viação Cearense
 Estrada de Ferro Mossoró-Sousa
 Estrada de Ferro Sampaio Correia
 Rede Ferroviária do Nordeste
 Viação Férrea Federal do Leste Brasileiro
Aeroporto de Internacional de Guarulhos, em Guarulhos (SP).  Estrada de Ferro Bahia-Minas
 Estrada de Ferro Leopoldina
 Estrada de Ferro Central do Brasil
 Rede Mineira de Viação
 Estrada de Ferro de Goiás
 Estrada de Ferro Santos-Jundiaí
 Estrada de Ferro Noroeste do Brasil
 Rede de Viação Paraná-Santa Catarina
 Estrada de Ferro Dona Teresa Cristina

Ferrovia Paulista SA-1971-1998


Criada em 1971,para absorver as ferrovias estatizadas pelo governo
de São Paulo,desde 1919.Em 1998,foi incorporada à Rede Ferroviária
Federal.
 Companhia Mogiana de Estradas de Ferro-
 Companhia Paulista de Estradas de Ferro-1868-1963
 Estrada de Ferro Araraquara S/A-
 Estrada de Ferro São Paulo e Minas
Aeroporto Internacional do Galeão, Rio de Janeiro.  Estrada de Ferro Sorocabana-1875-1919

Ciências Humanas e suas Tecnologias 94 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Transporte rodoviário  Rodovia Belém-Brasília
 Rodovia dos Imigrantes
 Rodovia dos Bandeirantes
 Rodovia Fernão Dias
 Rodovia Ayrton Senna
 Rodovia Carvalho Pinto
 Rodovia Dom Pedro I
 Rodovia Rio-Santos
 Rodovia Washington Luiz
 Rodovia Régis Bittencourt
 Rodovia Raposo Tavares
 Rodovia Anhanguera
 Rodovia Presidente Dutra
 Rodovia Anchieta
 Rodovia Castelo Branco
Mapa rodoviário do estado de São Paulo.  Rodovia Luiz Gonzaga

Resumindo:
Até a década de 1950, a economia brasileira se fundava na exportação
de produtos primários, e com isso o sistema de transportes limitou-se aos
transportes fluvial e ferroviário. Com a aceleração do processo industrial na
segunda metade do século XX, a política para o setor concentrou os recur-
sos no setor rodoviário, com prejuízo para as ferrovias, especialmente na
área da indústria pesada e extração mineral. Como resultado, o setor
rodoviário, o mais caro depois do aéreo, movimentava no final do século
mais de sessenta por cento das cargas.

Transporte terrestre. As primeiras medidas concretas para a formação


de um sistema de transportes no Brasil só foram estabelecidas em 1934.
Desde a criação da primeira estrada de ferro até 1946 os esquemas viários
de âmbito nacional foram montados tendo por base as ferrovias, comple-
mentados pelas vias fluviais e a malha rodoviária. Esses conceitos come-
çaram a ser modificados a partir de então, especialmente pela profunda
mudança que se operou na economia brasileira, e a ênfase passou para o
setor rodoviário. A crise econômica da década de 1980 e uma nova orien-
tação política tiveram como consequência uma queda expressiva na desti-
nação de verbas públicas para os transportes.

Transporte ferroviário. O setor ferroviário se desenvolveu de forma


acelerada de 1854, quando foi inaugurada a primeira estrada de ferro, até
1920. A década de 1940 marcou o começo do processo de estagnação,
que se acentuou com a ênfase do poder central na malha rodoviária.
Diversas ferrovias e ramais começaram a ser desativados e a rede ferrovi-
ária, que em 1960 tinha 38.287km, reduziu-se a 26.659km em 1980. A
crise do petróleo na década de 1970 mostrou a necessidade da correção
da política de transportes, mas dificuldades financeiras impediram a ado-
ção de medidas eficazes para recuperar, modernizar e manter a rede
ferroviária nacional, que entrou em processo acelerado de degradação.

Rodovia Anchieta.

Apesar de ter as rodovias como principal forma de trânsito a nível


nacional, estas não compreendem uma rede eficaz, segura e moderna.
Grande parte das ligações interurbanas no país, mesmo em regiões de
grande demanda, ainda se dão por estradas de terra ou estradas com
pavimentação quase inexistente. Durante a época de chuvas, a maioria
das estradas enche-se de buracos, sendo comuns, ainda que em menor
quantidade, deslizamentos de terra e quedas de pontes, provocando
muitas vezes prejuízos para o transporte de cargas bem como acidentes e
mortes.

As rodovias do país que se encontram em boas condições geralmente


estão sujeitas a pedágios, tais como a Rodovia dos Bandeirantes e a
Rodovia dos Imigrantes. O transporte rodoviário de passageiros do país
compreende uma rede extensa e intrincada, sendo possíveis viagens que,
devido à sua duração, em outros países, só são possíveis por via aérea. Na década de 1980, a administração pública tentou criar um sistema
 Rodovia Osvaldo Aranha ferroviário capaz de substituir o rodoviário no transporte de cargas pesa-
 Rodovia Transamazônica das. Uma das iniciativas de sucesso foi a construção da Estrada de Ferro

Ciências Humanas e suas Tecnologias 95 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Carajás, inaugurada em 1985, com 890km de extensão, que liga a provín- de forma substancial e foi substituída pelo transporte rodoviário. Para
cia mineral de Carajás, no sul do Pará, ao porto de São Luís MA. O volume reativar o setor, o Congresso aprovou em 1995 uma emenda constitucional
de investimentos, porém, ficou muito aquém das necessidades do setor que retirou dos navios de bandeira brasileira a reserva de mercado na
num país das dimensões continentais do Brasil. exploração comercial da navegação de cabotagem e permitiu a participa-
ção de navios de bandeira estrangeira no transporte costeiro de cargas e
Transporte rodoviário. As primeiras rodovias brasileiras datam do sécu- passageiros. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
lo XIX, mas a ampliação da malha rodoviária ocorreu no governo Vargas,
com a criação do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem A ESTRUTURA URBANA BRASILEIRA E AS GRANDES METRÓPOLES.
(DNER) em 1937 e, mais tarde, com a implantação da indústria automobi-
lística, na segunda metade da década de 1950, a aceleração do processo Urbanização hoje
de industrialização e a mudança da capital federal para Brasília. A partir daí Atualmente, 50% da população mundial vive em cidades. Desses 50%,
a rede rodoviária se ampliou de forma notável e se tornou a principal via de a grande maioria se encontra nos países desenvolvidos - aqueles que
escoamento de carga e passageiros.
viveram sua revolução industrial entre o fim do século 18 e o início do
século 20.

É assim na Bélgica, onde 97% vivem em cidades, no Reino Unido, on-


de a população urbana atinge 89% da população total do país, no Japão e
nos Estados Unidos onde os habitantes das cidades são respectivamente
79% e 77%.

Ao contrário, nos países subdesenvolvidos, a população urbana ainda


é minoria, como se vê na Guatemala (39%), no Haiti (35%), na Índia (38%),
em Bangladesh (24%) ou na Etiópia (17%).

Problemas urbanos
Evidentemente, a urbanização em processo nos países subdesenvol-
vidos ou em desenvolvimento, geram diversos problemas de várias ordens:
poluição do ar, do solo e das águas, trânsito caótico, violência, déficit de
moradias, crescimento das regiões periféricas sem infraestrutura, etc.
Na década de 1980, o crescimento acelerado deu lugar à estagnação. Muitos deles se manifestam também nas grandes cidades dos países
A perda de receitas, com a extinção, em 1988, do imposto sobre lubrifican- desenvolvidos, embora lá se reúnam melhores condições para combatê-
tes e combustíveis líquidos e do imposto sobre serviços de transporte los.
rodoviário, impediu a ampliação da rede e sua manutenção. Como resulta-
do, em fins do século XX a precária rede rodoviária respondia por 65% do Para os problemas urbanos, de qualquer modo, não existem soluções
transporte de cargas e 92% do de passageiros. mágicas, que se possam obter a curto prazo. Isso, se de fato existirem
soluções - o que ninguém pode prever. No entanto, uma coisa é certa: o
Transporte hidroviário. As hidrovias, uma alternativa sempre lembrada processo de urbanização é irreversível.
dadas as condições privilegiadas da rede fluvial nacional, pouco se desen-
volveram. A navegação fluvial nunca foi bem aproveitada para o transporte URBANIZAÇÃO DO BRASIL
de cargas. Em 1994, a malha hidroviária participava com apenas 1% do Consequências e características das cidades
transporte de cargas. A maioria dos brasileiros vivem em cidades. Isso significa que pouco
resta da sociedade rural que caracterizava o país nos anos 1940, quando
As hidrovias, na década de 1990, ainda eram os rios das principais ba- cerca de 70% da população brasileira morava no campo.
cias brasileiras, em que a ação humana corretiva foi limitada. Dentre essas O processo de urbanização no Brasil difere do europeu pela rapidez de
vias destacavam-se a bacia amazônica, da qual dependiam de forma seu crescimento. Ao passo em que na Europa esse processo começou no
quase absoluta as populações esparsas da região Norte; a bacia do Para- século 18, impulsionado pela Revolução Industrial, em nosso país ele só se
guai, via de escoamento de parte da produção mineral e agropecuária da acentuou a partir de 1950, com a intensificação da industrialização.
região Centro-Oeste; e a bacia do São Francisco, que atendia as popula- O êxodo rural aumentou na década de 70 do século 20, com a cidade
ções ribeirinhas dos estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alago- de São Paulo assumindo a posição de principal pólo de atração. Por conta
as e Sergipe. No Rio Grande do Sul localiza-se a principal via de transpor- desse crescimento descontrolado nos últimos 30 anos, 40 municípios que
te fluvial e lacustre do país, formada pelos rios Taquari e Jacuí, ligados às envolvem a capital paulista estão fisicamente unidos, formando uma man-
lagoas Patos e Mirim pelo canal de São Gonçalo. cha demográfica chamada conurbação.
O único projeto de hidrovia em andamento na metade da década de Favelização e outros problemas da urbanização
1990 era a Tietê-Paraná, no estado de São Paulo. Em trabalho conjunto, A urbanização desordenada, que pega os municípios despreparados
os governos estadual e federal realizaram obras de correção dos leitos dos para atender às necessidades básicas dos migrantes, causa uma série de
rios para torná-los navegáveis e construíram canais artificiais de ligação e problemas sociais e ambientais. Dentre eles destacam-se o desemprego, a
barragens com eclusas. A conexão com redes ferroviária e rodoviária criminalidade, a favelização e a poluição do ar e da água. Em todo o mun-
permitia o escoamento pela hidrovia da produção de numerosos municípios do mais de 1 bilhão de pessoas vivem em favelas e áreas invadidas.
paulistas.
Histórico da urbanização brasileira
Transporte aéreo. Implantado no Brasil em 1927, o transporte aéreo é Na segunda metade do século 19, a cafeicultura - que transformou de-
realizado por companhias particulares sob o controle do Ministério da finitivamente o Sudeste na principal região econômica do país - ajudou a
Aeronáutica no que diz respeito ao equipamento utilizado, abertura de promover a urbanização do Rio de Janeiro e de São Paulo e deu início a
novas linhas etc. A rede brasileira, que cresceu muito até a década de um pequeno processo de industrialização no país.
1980, sofreu as consequências da crise mundial que afetou o setor nos
primeiros anos da década de 1990. Foi somente durantes os governos de Getúlio Vargas (1930-1945) que
se promoveram as primeiras medidas para se industrializar significativa-
Transporte marítimo. Entre 1920 e 1945, com o florescimento da in- mente o país, o que deslocaria o eixo populacional do país do campo para
dústria de construção naval, houve um crescimento constante do transpor- a cidade. A implantação da indústria automobilística no governo de Jusce-
te marítimo, mas a partir dessa época a navegação de cabotagem declinou lino Kubitschek (1955-1960) deu novo impulso ao processo.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 96 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Indústria e cidade urbanização do Centro-Oeste, cujas cidades apresentam atividades eco-
A industrialização teve continuidade durante cerca de 15 anos do Re- nômicas essencialmente de caráter agro-industrial.
gime militar (1964-1985), o qual procurou atrair investimentos estrangeiros
para o país, ao mesmo tempo que fez o Estado assumir atividades empre- A região Sul, apesar de contar com o terceiro maior contingente popu-
sariais. Sendo uma decorrência da industrialização, a urbanização do país lacional do país - cerca de 25 milhões de habitantes - e uma economia
se deu nesse período histórico breve e recente. vigorosa, também baseada na agropecuária - apresenta um índice mais
baixo de urbanização. Isso se explica devido ao modo como as atividades
As cidades ofereciam oportunidades de trabalho e de melhoria da qua- econômicas se desenvolveram na região.
lidade de vida, atraindo a população do campo, onde novas técnicas agrí-
colas e a mecanização da agricultura tornavam cada vez menor a necessi- A pequena propriedade e o trabalho familiar foram as características
dade de mão de obra. essenciais do modo de produção agrícola na região, o que ajudou a fixar
as populações no campo. Esse modelo, entretanto, está passando por
População urbana mudanças e o êxodo rural já se tornou uma realidade também nessa
Desse modo, se em 1940, a população urbana brasileira se compunha região.
de 31,2% do total dos habitantes do país, esse percentual cresceu acele-
radamente: em 1970, mais da metade dos brasileiros já viviam nas cidades Norte e Nordeste
(55,9%). De acordo com o censo de 2000, a população brasileira é agora A região Norte tem o menor número de municípios do país e cerca de
majoritariamente urbana (81,2%). 15 milhões de habitantes. No entanto, é a região com o menor percentual
de população urbana no país (62%).
O país, entretanto, sempre foi uma terra de contrastes e, nesse aspec-
to, também não ocorrerá uma exceção: a urbanização do país não se Além de ter-se inserido tardiamente na dinâmica econômica nacional,
distribui igualitariamente por todo o território nacional. Muito pelo contrário, a região tem sua peculiaridade geográfica - a floresta Amazônica - que
ela se concentra na Região Sudeste, formada pelos Estados de São Paulo, representa um obstáculo ao êxodo rural. Ainda assim, Manaus (AM) e
Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Belém (PA) têm população superior a 1 milhão de habitantes.

Região Sudeste Com cerca de 50 milhões de habitantes e peculiaridades geográficas


Apesar destes quatro Estados ocuparem somente 10% de nosso terri- como as secas, nunca efetivamente combatidas desde os tempos do
tório, neles se encontram cerca de 40% da população nacional: são apro- Império, o Nordeste é a região brasileira com o maior número de municí-
ximadamente 72 milhões de habitantes, 90% dos quais vivem em cidades. pios (1.792), mas somente 65% de sua população é urbana. Só recente-
mente as cidades de Recife, Salvador e Fortaleza se tornaram pólos indus-
É também no Sudeste que se encontram três das cidades brasileiras triais.
com mais de 1 milhão de habitantes (São Paulo, Rio de Janeiro e Belo
Horizonte), bem como 50% das cidades com população entre 500 mil e 1
milhão de habitantes.

As sucessivas crises econômicas que o país conheceu nas últimas


duas décadas fez seu ritmo de crescimento em geral diminuir e com isso o
fluxo migratório para o Sudeste se reduziu e continua em declínio.

Classificações das cidades


As cidades podem ser classificadas quanto à origem. Nesses termos,
encontram-se duas categorias:
cidades espontâneas ou naturais: constituem a maioria das cida-
des do planeta e foram formadas, através dos tempos, em locais
que apresentavam algum tipo de vantagem para seu primitivo gru-
po populacional.
É o caso de cidades que se localizam às margens de mares e de rios,
que proporcionam alimentação e facilidade de transporte, por exemplo.
Mas é também o caso de cidades que surgiram em torno de castelos, nos
entroncamentos de estradas ou em rotas comerciais, que ofereciam res-
pectivamente garantia de segurança, facilidade de deslocamento ou opor-
tunidade de negócios.

Alguns exemplos: Londres (Reino Unido), Moscou (Rússia), Paris


(França), Rio de Janeiro e São Paulo (Brasil).
cidades planejadas: aquelas que são intencionalmente criadas em
locais previamente escolhidos, implantadas em períodos temporais
relativamente breves, com finalidade de caráter geopolítico.
Centro-Oeste e Sul
Em geral, as cidades planejadas têm seu planejamento rapidamente
A segunda região de maior população urbana no país é a Centro-
atropelado pelo crescimento populacional, o que faz o traçado original
Oeste, onde 89% dos habitantes vivem em cidades. A urbanização dessa
sucumbir diante da espontaneidade com que a população se espalha pelo
região é ainda mais recente e se explica pela criação de Brasília, bem
seu entorno ou por seu interior.
como de uma explosão do agronegócio. A agropecuária impulsionou a

Ciências Humanas e suas Tecnologias 97 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
O exemplo máximo que se poderia dar do fenômeno, em termos brasi- da Conquista, no sul da Bahia; ou em cidades locais, que constituem a
leiros, é Brasília, planejada para acolher 500 mil habitantes, mas já teve grande maioria das cidades de qualquer país.
esse número multiplicado por quatro, de acordo com o censo de 2000.
Uma última distinção pode ser estabelecida no que se refere às metró-
Outros exemplos: Camberra (Austrália), Islamabad (Paquistão), Belo poles as podem se caracterizar como:
Horizonte e Goiânia (Brasil). Cidades globais: aquelas em que se concentra a movimentação fi-
nanceira, onde se situam as sedes de grandes empresas ou escri-
Função principal tórios filiais de multinacionais, importantes universidades e centros
Este é um outro critério de classificação das cidades que leva em con- de pesquisa. Elas dispõem da infra-estrutura necessária para a re-
ta fatores de ordem política, econômica, histórica ou cultural. É essencial alização de negócios nacionais e internacionais, como aeroportos
atentar para o adjetivo "principal", pois as cidades não apresentam uma e/ou portos, bolsas de valores e avançados sistemas de telecomu-
função única, porém uma que predomina sobre as demais. Por sua função nicações, além de uma ampla rede de hotéis, bancos, centros de
principal, podem-se distinguir as cidades a partir das seguintes categorias: convenções, de eventos e de comércio.
Político-administrativas: Washington (EUA), Berlim (Alemanha), Megacidades: são cidades com mais de 10 milhões de habitantes.
Brasília (Brasil);
Industriais: Detroit (EUA), Manchester (Reino Unido), Volta Redon- Sendo o conceito de megacidade meramente populacional, ele pode
da (Brasil); se mesclar ao de cidade global. Nova York (EUA), Tóquio (Japão) e São
Portuárias: Roterdã (Holanda), Hamburgo (Alemanha), Santos Paulo (Brasil) são simultaneamente cidades globais e megacidades. A
(Brasil); Europa apresenta diversas cidades globais que, entretanto, não são mega-
Religiosas: Jerusalém (Israel); Varanasi (Índia), Aparecida (Brasil); cidades: Londres (Reino Unido), Paris (França), Milão (Itália), Frankfurt
Históricas: Atenas (Grécia), Florença (Itália), Ouro Preto (Brasil) (Alemanha). A Ásia concentra diversas megacidades que, contudo, não
Tecnológicas: Boston (EUA), Bangalore (Índia), Campinas (Brasil) são cidades globais: Pequim (China), Nova Délhi, Calcutá e Mumbai (Ín-
Turísticas: Miami (EUA), Katmandu (Nepal), Salvador (Brasil) dia), Karachi (Paquistão). Na África, Lagos (Nigéria) é uma megacidade.
Fonte: http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1701u55.jhtm
No entanto, é muito importante observar que são várias as cidades
multifuncionais onde vários das funções acima mencionadas podem ser REGIÃO METROPOLITANA
observadas simultaneamente e é impossível se dizer que uma predomina Uma região metropolitana ou área metropolitana é um grande
sobre a outra. centro populacional, que consiste em uma (ou, às vezes, duas ou até mais)
grande cidade central (uma metrópole), e sua zona adjacente de influência.
Tome-se como exemplo o caso de Jerusalém, capital de Israel e, por- Geralmente, regiões metropolitanas formam aglomerações urbanas, uma
tanto, sua sede político-administrativa. Jerusalém é ainda, inquestionavel- grande área urbanizada formada pela cidade núcleo e cidades adjacentes,
mente, uma cidade em que os aspectos religiosos, históricos e turísticos formando uma conurbação. Por exemplo, São Paulo é uma cidade central,
merecem destaque. com Guarulhos, Osasco e outras cidades adjacentes sendo cidades
vizinhas de São Paulo, juntas formando uma conurbação.
Do mesmo modo, o Rio de Janeiro, no Brasil, que já foi a capital fede-
ral, continua sendo a sede político-administrativa do Estado do Rio de Porém, uma região metropolitana não precisa ser obrigatoriamente
Janeiro, é um pólo turístico internacional, concentra indústrias e conserva formada por uma única área contígua urbanizada, podendo designar uma
sítios históricos de importância ímpar. região com duas ou mais áreas urbanizadas intercaladas com áreas rurais.
O necessário é que as cidades que formam uma região metropolitana
Conurbação, metrópoles e megalópoles possuam um alto grau de integração entre si. Uma região formada por
No estudo das cidades, deve-se levar em consideração dois fenôme- diversas regiões metropolitanas localizadas próximas entre si são por
nos que permitem estabelecer outras possibilidades de classificação. Em vezes chamadas de megalópole. Atualmente, as regiões mais populosas
primeiro lugar, deve-se saber que a expansão horizontal de um sítio urbano do mundo, que possuem até 30 milhões de habitantes, incluem Tóquio,
(a área efetivamente ocupada pela cidade) pode fazer com que ele se junte Cidade do México, Seul, Nova Iorque e São Paulo.
e misture a outro sítio urbano, de modo que seus limites geográficos mal
podem ser distinguidos. No Brasil, uma região metropolitana deve ser definida por lei estadual,
embora uma conurbação possa ser chamada, informalmente, de região
A esse fenômeno dá-se o nome de conurbação e é ele quem gera as metropolitana. A criação de uma região metropolitana por lei não se presta
metrópoles, ou seja, a união de várias cidades que funcionam, na prática, a uma finalidade meramente estatística, o objetivo é a viabilização de
como uma única cidade. Diversas capitais brasileiras já passaram pelo sistemas de gestão de funções públicas de interesse comum dos
fenômeno e constituem regiões metropolitanas, embora a metrópole brasi- municípios conurbados. Todavia, no Brasil, as regiões metropolitanas não
leira por excelência seja a Grande São Paulo, cujo núcleo é formado por possuem personalidade jurídica própria, nem os cidadãos elegem
São Paulo/Capital e o ABCD (Santo André, São Bernardo, São Caetano e representantes para a gestão metropolitana. Cada Estado-membro define
Diadema), embora conte, em seu total, com 39 cidades. seus critérios específicos não só para a instituição, como também para a
gestão metropolitana, com a finalidade de integrar a organização,
Nos países desenvolvidos, as regiões metropolitanas podem estar de planejamento e execução de funções públicas de interesse comum dos
tal forma interligadas e existir entre elas tamanha circulação de pessoas, municípios. A Constituição do Estado de Minas Gerais, por exemplo, define
serviços, mercadorias, capital e informações que se formam as megalópo- uma região metropolitana como "o conjunto de municípios limítrofes que
les. Nos Estados Unidos, por exemplo, considera-se uma megalópole Bos- apresentam a ocorrência ou a tendência de continuidade do tecido urbano
Wash, a região que se estende de Boston a Washington, incluindo grandes e de complementaridade de funções urbanas, que tenha como núcleo a
metrópoles como Nova York, Newark, Filadelfia e Baltimore. capital do Estado ou metrópole regional e que exija planejamento integrado
e gestão conjunta permanente por parte dos entes públicos nela atuantes".
Redes urbanas A mesma legislação estabelece regras para a administração da Região
Considerando-se que as cidades não estão isoladas, mas obrigatoria- Metropolitana de Belo Horizonte, com a participação do governo estadual,
mente estabelecem relações com outras, pode-se porceder uma nova das prefeituras e da sociedade civil.
classificação e uma hierarquia entre diversos centros urbanos. Para isso,
leva-se em conta, sobretudo, a importância e a influência econômica que Região Metropolitana Estado População
uma cidade exerce em sua relação com as outras.
Região Metropolitana de São Paulo São Paulo 20.500.000
Assim, pode-se falar em metrópoles nacionais, como São Paulo e o Região Metropolitana do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 11.351.937
Rio de Janeiro; metrópoles regionais, como Recife e Porto Alegre; em
centros regionais, como Ribeirão Preto, no norte de São Paulo, ou Vitória Região Metropolitana de Belo Horizonte Minas Gerais 4.975.126

Ciências Humanas e suas Tecnologias 98 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Região Metropolitana de Porto Alegre Rio Grande do Sul 4.184.042 população das sete regiões metropolitanas saltou de 37 para 42 milhões de
habitantes e suas periferias conheceram uma taxa de crescimento de 30%,
Região Metropolitana do Recife Pernambuco 3.589.181 enquanto que as áreas urbanas mais centrais não cresceram no mesmo
Região Metropolitana de Fortaleza Ceará 3.415.455 período mais de 5%. Depois de 1996, a renda per capita nas cidades
médias brasileiras aumentou 3% e nas periferias das grandes cidades caiu
Região Metropolitana de Salvador Bahia 3.350.523 3%. Há 10 anos, a violência nas periferias era outra. Tínhamos cerca de 30
Região Metropolitana de Campinas São Paulo 3.297.080
homicídios por 100 mil habitantes. Hoje esta taxa é de 150 mortos por 100
mil habitantes. É um padrão colombiano.
Região Metropolitana de Curitiba Paraná 3.251.168
O Brasil tem hoje um déficit habitacional de aproximadamente sete mi-
Região Metropolitana de Belém Pará 2.086.906
lhões de unidades. Isto é mais do que a população de países como Costa
Região Metropolitana de Goiânia Goiás 2.013.073 Rica ou Dinamarca. Um déficit destas proporções não pode ser enfrentado
apenas por programas localizados empreendidos por prefeituras munici-
Região Metropolitana da Baixada Santista São Paulo 1.476.820
pais. Depois do fim do BNH, Banco Nacional da Habitação, o governo
Região Metropolitana da Grande Vitória Espírito Santo 1.437.711 federal nada fez para definir e estabelecer uma política habitacional de
âmbito nacional, fora alguns programas de financiamento através da Caixa
Região Metropolitana de Natal Rio Grande do Norte 1.240.734 Econômica que beneficiaram prioritariamente a classe média. Inexistem
Região Metropolitana de Maceió Alagoas 1.116.075 hoje no país instituições governamentais que estejam seriamente desen-
volvendo esforços incentivando ações cooperativas entre municípios,
Região Metropolitana da Grande São Luís Maranhão 1.062.801 estados e governo federal em torno dos problemas metropolitanos. As
Região Metropolitana de João Pessoa Paraíba 1.062.791 nossas metrópoles são órfãs do sistema político-administrativo que gover-
na o país.
Região Metropolitana de Joinville Santa Catarina 1.024.212
Região Metropolitana de Campina Grande Paraíba 841.552
Região Metropolitana de Florianópolis Santa Catarina 752.100
Região Metropolitana de Londrina Paraná 739.195
Região Metropolitana de Aracaju Sergipe 708.000
Região Metropolitana de Maringá Paraná 576.581
Região Metropolitana da Foz do Rio Itajaí Santa Catarina 465.225
Região Metropolitana de Macapá Amapá 458.008
Região Metropolitana do Vale do Aço Minas Gerais 450.000
Região Metropolitana do Vale do Itajaí Santa Catarina 449.726
Região Metropolitana Carbonífera Santa Catarina 354.066
Enquanto o quadro de declínio social se consolida e a inércia impera,
Região Metropolitana de Tubarão Santa Catarina 128.545 pesquisas internacionais indicam que as metrópoles vêm sendo palco de
As regiões metropolitanas do Brasil segundo o IBGE em julho de 2006 e de 2005. um novo tipo de desenvolvimento que combina crescimento econômico,
justiça social e sustentabilidade. O que mostram estas pesquisas?
a) Que as grandes cidades continuam concentrando o poder econô-
Metrópoles brasileiras: futuro comprometido? mico e político: o PIB da região metropolitana de Tóquio é o dobro
Luiz César de Queiroz Ribeiro
do PIB do Brasil; Chicago, considerada a sétima cidade mundial,
As metrópoles brasileiras estão em crise. A crescente inserção da concentra uma economia com valor equivalente a do México; dois
economia numa lógica globalizada fez com que o planeta diminuísse de terços das transações mundiais são negociadas em pólos de Tó-
tamanho e as fronteiras nacionais diminuíssem de importância. Os efeitos quio, Londres e Nova Iorque, ligados por redes eletrônicas de co-
da globalização são sentidos em todo o mundo e vêm provocando debates municação que permitem uma rápida globalização dos mercados.
acalorados, aplausos antes entusiásticos, hoje discretos, e protestos b) Que os fluxos econômicos globais convergem crescentemente pa-
apaixonados. O Brasil foi envolvido neste turbilhão e as metrópoles brasi- ra os países onde já existem recursos acumulados e, no seu interi-
leiras sofreram o impacto desta nova realidade. O maior desafio, ao longo or, para as grandes cidades onde eles estão concentrados.
destas últimas décadas, foi procurar um equilíbrio entre as novas possibili-
dades de desenvolvimento proporcionadas pela globalização e seus graves As nossas metrópoles podem se transformar em alavancas do nosso
efeitos polarizadores e desagregadores. Os resultados obtidos foram desenvolvimento. É preciso, porém, mudar sua trajetória histórica através
insuficientes e nossas metrópoles parecem caminhar na direção de uma da criação de instituições de governança democrática que unifiquem go-
crescente fragmentação, o que inevitavelmente irá aprofundar as históricas vernos, políticos, forças do mercado e entidades representativas da socie-
desigualdades sociais com consequências dramáticas. dade que assegurem um destino que as tire da rota da barbárie.
Cientes da importância da discussão dos problemas das metrópoles
frente a esta nova realidade, cientistas sociais, planejadores urbanos, Mas observamos o surgimento de uma luz no fim do túnel. No vácuo
pesquisadores, especialistas de diversas áreas e instituições acadêmicas e da irresponsabilidade das autoridades políticas e administrativas, constata-
de organizações não-governamentais se criaram em 1995 o Observatório se hoje o crescimento da participação da sociedade na busca de soluções
das Metrópoles. Este grupo tem realizado estudos comparativos sobre Rio dos problemas locais em nossas metrópoles. Através de mecanismos
de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte Porto Alegre, , Curitiba, Salvador, como os Conselhos Municipais estão sendo abertas novas arenas de
Recife , Natal, Fortaleza, Belém e Goiânia, nos procuram entender o que a intermediação de interesses e de decisão, sinalizando a existência de uma
globalização tem trazido de positivo e negativo. Vários temas têm sido vontade coletiva e um sentido de responsabilidade cívica, germe promissor
pesquisados: segregação, democracia, gestão urbana, desigualdade, das instituições que necessitamos para evitar que o quadro de declínio
violência, mobilidade da família, justiça ambiental e política habitacional. social e de abandono político-administrativo das metrópoles não condene o
nosso futuro.
Como estão as metrópoles brasileiras neste início do terceiro milênio?
Elas concentram de maneira dramática as consequências de nossa condi- Esta constatação, porém, não deve servir de álibi para que as elites di-
ção periférica na expansão da economia mundial. Nos últimos dez anos, a rigentes encontrem a absolvição pela rejeição das nossas metrópoles

Ciências Humanas e suas Tecnologias 99 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
como centro da questão social brasileira. As metrópoles brasileiras estão cido como "modernização da agricultura" e nele ocorreram modificações
carentes de projetos que contemplem programas de planejamento urbano significativas na forma de se produzir.
de médio e longo prazos.
Estas transformações, sobretudo as ligadas à tecnificação, estão inse-
ridas em um movimento de mudanças significativas em nível econômico,
social e territorial.

O processo de transformação do setor agropecuário foi analisado por


vários pesquisadores e isto pode ser percebido na vasta literatura existente
sobre esta temática.

Poder-se-ia recuperar estes estudos através de diversos recortes, mas


nos pareceu mais frutífero privilegiar os estudos que discutem diretamente
as relações setoriais entre agricultura e indústria e a formação do Comple-
xo Agroindustrial.

A inserção das metrópoles no processo de globalização vem se dando


através do mercado e isso cria um paradoxo. Se de um lado percebe-se
uma maior aproximação territorial e uma crescente mistura social, por outro
lado observa-se o crescimento da auto-segregação, especialmente das
elites e das altas classes médias, que se fechando, se isolando e des-
responsabilizando quanto aos problemas coletivos. A violência mudou de
caráter: ela deixou de ser um meio de obtenção de interesses e se trans-
formou no próprio princípio organizador de todas as interações, produzindo
um padrão de sociabilidade radicalmente novo. As camadas populares e
seus bairros são crescentemente objeto de estigmatização, percebidos Relações agricultura e indústria: concepções
como causa da desordem social. Como produzir, então, um projeto de O termo Complexo Agroindustrial tem sido utilizado para rotular articu-
futuro para as nossas metrópoles, alternativo à trajetória em curso, se tal lações entre os setores agrícola e industrial que vêm ocorrendo na agricul-
projeto depende de ações cooperativas, e estas, por sua vez, necessita de tura brasileira. Para efeito de nossa análise, consideraremos duas concep-
crenças compartilhadas em valores cívicos e instituições sociais que criem ções que são propostas a partir da noção de Complexo Agroindustrial:
a alteridade entre as classes e grupos sociais integrantes do seu espaço
social, ou seja, da possibilidade da construção de falas que nomeiem os Aquela em que ele é visto como parte de uma estrutura maior e con-
problemas da metrópole e identifiquem as convergências e os conflitos em formada pelos complexos industriais de toda a economia. Nesse sentido,
torno das suas soluções? resultaria para fins de análise em um "macro" Complexo Agroindustrial
composto por vários sistemas e cadeias agroindustriais (MACHADO FILHO
As metrópoles brasileiras sofrem e concentram os efeitos da globaliza- et al, 1996) ou complexos particulares (MULLER, 1982c).
ção. Entender esta crise é um desafio. Através de pesquisas será possível
elaborar políticas sociais de longo prazo que promovam o desenvolvimento Aquela em que ele está associado à proposta da existência de vários
sustentável, a justiça social e o fortalecimento da gestão democrática no Complexos Agroindustriais (KAGEYAMA et al, 1987): os denominados
país, impedindo que nossas cidades caminhem para o caos. "micro" Complexos Agroindustriais (SILVA, 1991), que para estes autores,
resultam da passagem dos complexos rurais aos complexos agroindustri-
ais.
A DINÂMICA DAS FRONTEIRAS AGRÍCOLAS E SUA EXPANSÃO
PARA O CENTRO-OESTE E PARA A AMAZÔNIA. Estas duas concepções balizam as investigações de vários pesquisa-
dores que têm se dedicado à análise do processo de industrialização da
Industrialização da agricultura e formação do Complexo Agroin- agricultura a da formação do Complexo Agroindustrial no Brasil. Para
dustrial no Brasil explicitarmos as premissas que orientam esse processo, centraremos a
Gláucio José Marafon análise nas obras dos autores cuja contribuição tem sido de fundamental
Introdução importância para a sua compreensão. Nos deteremos, principalmente, nas
A intenção deste trabalho é discutir as concepções que são utilizadas contribuições de MULLER (1981, 1982a,b,c, 1989c), KAGEYAMA et al
para análise das relações que se estabeleceram entre os setores agrícola (1987), KAGEYAMA & SiLVA (1988) e SILVA (1991, 1996).
e industrial e que caracterizaram a produção agropecuária brasileira nas
últimas décadas, sobretudo as de setenta e oitenta, a partir da noção de A premissa inicial é a de que ocorrem relações intersetoriais entre
Complexo Agroindustrial. agricultura-indústria. A análise insere as relações agricultura-indústria na
perspectiva da absorção de inovações tecnológicas na agricultura e nesse
De um modo geral parece haver consenso na literatura existente acer- contexto o setor agrícola estaria inserido em complexos industriais baliza-
ca das transformações que ocorrem no setor agrícola brasileiro de que o dos em seus dois extremos por setores industriais oligopolizados: a indús-
processo de tecnificação da base produtiva teve início na década de cin- tria para a agricultura - fornecedora de bens de capital e insumos para a
quenta e ocorreu com a importação dos meios de produção (sobretudo agricultura - (denominado de setor a montante da agricultura); e a indústria
máquinas agrícolas). da agricultura - processadora da matéria-prima agrícola - agroindústria -
(denominado de setor a jusante da agricultura).
Somente a partir do final da década de sessenta foi implantado no
Brasil um setor industrial produtor de bens de produção voltado para a Teríamos assim articulações entre a indústria a montante, a agricultura
agricultura. Paralelamente à implantação desse setor ocorreu a moderniza- e a indústria a jusante. Nesse processo considera-se que a agricultura teria
ção e o desenvolvimento, em escala nacional, de um mercado para os perdido o seu antigo caráter autônomo e também a capacidade de decisão
produtos industriais do sistema agroindustrial. Esse processo ficou conhe- dos grupos sociais rurais envolvidos nesse processo.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 100 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Estas concepções se inspiraram na obra de Kautsky (1980), que no fi- teres comuns que equivale a uma classe, totalidade, estrutura ou conjunto.
nal do século passado analisou o início da união da agricultura com a Pode designar um sistema de relações internas que convertem o complexo
indústria. Em seu livro A Questão Agrária, realiza as seguintes afirmações: em um todo fechado ou autônomo. Para a lógica, o termo "complexo" é
constituído por diversos membros, simplesmente aludidos na expressão ou
O camponês deixa de ser, pois, o senhor na sua exploração agrícola. mencionados implicitamente. Essa noção de complexo nos é fornecida
Esta se torna um apêndice da exploração industrial por cujas conveniên- pela filosofia (JOSÉ FERRATER MORA - Dicionário de Filosofia, 1958).
cias deve orientar-se (.) Frequentemente, também cai sob a dependência
técnica da exploração industrial (...) Como nos demais setores da socieda- O termo "complexo" é utilizado para designar e/ou representar vários
de capitalista, a indústria acaba por vencer a agricultura (...). A indústria elementos e no uso corrente apresenta múltiplos sentidos, podendo ser
constitui a mola não apenas de sua evolução mas ainda da evolução considerado como "um grupo ou conjunto de coisas que tem qualquer
agrícola. Vimos que foi a manufatura urbana que dissociou, no campo, a ligação ou nexo entre si" e também algo "confuso, complicado, intricado e
indústria e a agricultura, que fez do rural um lavrador puro, um produtor que abrange ou encerra muitos elementos ou panes que podem ser obser-
dependente dos caprichos do mercado, que criou a possibilidade de sua váveis sob diferentes aspectos" (Dicionário Aurélio). Estas definições são o
proletarização (...) Foram criadas assim as condições técnicas e científicas balizamento que permite a realização de determinados recortes da realida-
da agricultura racional e moderna, a qual surgiu com o emprego de máqui- de, recortes estes possíveis de serem apreendidos de forma interrelacio-
nas e deu-lhe, pois, superioridade da grande exploração capitalista sobre a nada e definidos por um ou mais critérios.
pequena exploração camponesa. (KAUTSKY 1980: 281-318)
Assim, pode-se utilizar a noção de complexo para a análise do enca-
A citação é longa mas ilustrativa do processo iniciado no século pas- deamento, da coordenação, das relações entre os vários elementos e/ou
sado de como o capital se apropria da agricultura. Entre outras coisas, etapas de um determinado processo.
Kautsky em sua análise indica o início do processo de união, de interrela-
ção que passaria a ocorrer entre a agricultura e a indústria e que daria A primeira noção de complexo resultaria em um recorte estático obtido
origem ao processo de industrialização da agricultura. através de critérios de agregação de atividades que sejam afins (SILVA,
1991). O entendimento do Complexo Agroindustrial nesta perspectiva
Outra ideia central que norteia as investigações destas concepções é a surgiu com os conceitos de agribusiness (proposto por J. DAVIS & R.
de que a constituição do Complexo Agroindustrial no Brasil é recente e GONDELBERG, 1957); e de filiére (proposto por L. MALASSIS, 1973).
remonta à década de setenta.
A segunda noção de complexo está associada às teorias de desenvol-
A partir desse processo, tivemos a industrialização da agricultura (agri- vimento, sobretudo às contribuições de F. Perroux e A. Hirschman. Para
cultura articulada com ramos industriais a montante e a jusante, ramos estas teorias, os investimentos teriam o poder de induzir o surgimento de
estes instalados no país) e a consequente formação do Complexo Agroin- outras atividades nos ramos que estivessem em contato, ocorrendo, dessa
dustrial no Brasil. forma, atividades conexas e permitindo abordagens multisetoriais.
A constituição do Complexo Agroindustrial em nosso país envolveu a
A noção de agribusiness foi desenvolvida, inicialmente, nos Estados
internalização da indústria de máquinas, equipamentos e insumos e a
Unidos e definida como sendo a soma de todas as operações envolvidas
modernização e expansão do sistema agroindustrial que foi regulamentada
no processamento e distribuição de insumos agropecuários, as operações
através das políticas estatais (políticas de fomento agrícola).
de produção na fazenda, e o armazenamento, processamento e a distribui-
A existência de articulações intersetoriais entre a agricultura e a indús- ção dos produtos agrícolas derivados. (DAVID & GONDELBERB, 1957:2)
tria (a montante e a jusante) é a premissa básica para a formação do
Complexo Agroindustrial. Há concordância entre os autores, que estas Esta definição generalizou a utilização do termo agribusiness para ex-
relações são recentes no Brasil. plicar a crescente interrelação setorial entre a agricultura e a indústria. Para
estes autores, o termo agribusiness contemplaria as funções que eram
Apesar destas concordâncias, existem duas concepções sobre a for- dadas à agricultura há 150 anos.
mação do Complexo Agroindustrial no Brasil. As divergências estão asso-
ciadas à noção de complexo a às fontes teóricas e analíticas utilizadas A crítica dirigida a esta visão das relações agricultura-indústria, na
para a apreensão das suas características no Brasil. economia americana, é de que a mesma não considera o progresso técni-
co, tornando-se uma descrição estática das relações intersetoriais que
Uma das concepções utiliza critérios de agregação previamente defini- ocorreram entre agricultura e indústria, e o conceito de agribusiness nada
dos e derivados do conceito de agribusiness proposto nos Estados Unidos mais é do que um agregado de subsistemas interrelacionados por fluxos de
na década de cinquenta a de filière, que foi desenvolvido na França na troca. Se isso ajuda a descrever a complexidade das relações estruturais,
década de sessenta. não permite em nenhum momento dar conta da dinâmica das forças soci-
ais aí envolvidas que determinam não apenas aquela configuração particu-
Parte-se da concepção de que o Complexo Agroindustrial insere-se lar, como também as suas mudanças. (SILVA, 1991:7)
em um espaço econômico determinado. A partir desse espaço, se poderia
isolar um conjunto de atividades fortemente interdependentes, onde cada Podemos considerar que a noção de agribusiness propicia uma visão
complexo formaria um conjunto de sistemas e/ou cadeias produtivas relati- sistêmica do processo de relações entre agricultura a indústria. Esta análi-
vamente independentes dos demais complexos. Este recorte do Complexo se, que estuda os sistemas agroindustriais, contempla vários sistemas
Agroindustrial denominamos de "macro" Complexo Agroindustrial, que tem agroindustriais dos mais diversos produtos oriundos do setor agropecuário.
em MULLER (1981, 1982a,b,c, 1989b,c) a mais expressiva contribuição
para o entendimento desse processo no Brasil. O termo agribusiness foi traduzido para o francês como filière (cadeias)
e a dimensão histórica foi considerada no contexto do desenvolvimento
A outra concepção parte da análise das transformações da agricultura
capitalista do setor agropecuário. MALASSIS (1973) considera a cadeia
brasileira originada nos complexos rurais do Brasil Colonial aos Complexos
agroalimentar como o setor da economia agrícola constituído por um
Agroindustriais da atualidade. Assim, teríamos a existência de vários
conjunto de empresas que estão envolvidas na produção agrícola e na sua
Complexos Agroindustriais. Os trabalhos de KAGEYAMA et al (1987) e
transformação. A sua estrutura é caracterizada por um sub-setor a montan-
SILVA (1991,1996) procuram mostrar esse processo no Brasil.
te (que fornece os bens de produção), o sub-setor agrícola e o sub-setor
Apresentaremos agora o conteúdo da noção de Complexo Agroindus-
que transforma e distribui os produtos agrícolas e alimentares.
trial nas duas concepções: a do "macro" Complexo Agroindustrial e a dos
"micro" Complexos Agroindustriais.
Malassis, na sua análise, além de incorporar a dimensão histórica,
O "macro" complexo agroindustrial (CAI): do complexo industrial considera a dimensão tecnológica no interior das cadeias alimentares. Para
ao complexo agroindustrial este autor, as mudanças que ocorrem na economia agrícola estão associ-
O termo "complexo" apresenta vários significados. Pode ser conside- adas à evolução tecnológica.
rado de modo geral como um conjunto de objetos determinados por carac-

Ciências Humanas e suas Tecnologias 101 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
O estudo das cadeias agroindustriais como proposto por MALASSIS econômicas) e também na estrutura social. A utilização do termo industria-
(1973) incorporou em sua concepção a indústria a montante, a indústria lização da agricultura significa pensar que o mesmo expressa certa inter-
para a agricultura produtora de máquinas e insumos industriais. dependência da produção agrícola em relação às limitações naturais
(reprodução da fertilidade da terra, diminuição do tempo de produção
As concepções de agribusiness (complexo agroindustrial/ sistema graças ao emprego de conhecimentos de engenharia genética por exem-
agroindustrial) e de filière (cadeias agroindustriais) apresentam vários plo) e à destreza do trabalho humano (emprego de máquinas, implemen-
pontos em comum dentre os quais destacamos a sequência de informa- tos, herbicidas, por exemplo). (Muller, 1982a:52)
ções pelas quais passa o produto, do estágio inicial ao final; a importância
da coordenação dos sistemas; indicam a análise da matriz insumo-produto; O processo de industrialização da agricultura ocorreu, balizado em um
consideram relevante o papel da tecnologia (Machado Filho et al, 1996). mercado com fortes características oligopólicas, tanto a montante como a
jusante, e para Muller foi neste contexto que se constituiu no Brasil o
Complexo Agroindustrial, que em um primeiro momento foi definido como o
conjunto de processos técnico-econômicos, sócio-políticos, que envolvem
a produção agrícola, o beneficiamento e sua transformação, a produção de
bens industriais para a agricultura e os serviços financeiros corresponden-
tes. (MULLER, 1982a: 48)

Cabe destacar que nesta definição Muller acabou realizando uma dis-
tinção entre as atividades principais do Complexo Agroindustrial (indústria
a montante, a jusante e a própria agricultura) das atividades acessórias
(financiamento, comercialização e serviços) e considerou a indústria para a
agricultura como elemento dinâmico do complexo agroindustrial, e neste
sentido é que o autor propôs o conceito de Complexo Agroindustrial como
uma unidade analítica das transformações no setor agropecuário.

Para o autor, a utilização do conceito de Complexo Agroindustrial co-


Em nível de análise, o enfoque através de cadeias agroindustriais (filiè- mo unidade de análise retira da agricultura a sua centralidade como unida-
re) considera a existência de três sub-sistemas: indústria a montante, de de análise e reitera a explicação dos processos econômicos, sociais e
produção agrícola e indústria a jusante (MALASSIS, 1973). O enfoque que políticos, considerando os três segmentos que compõem o Complexo
considera o termo agribusiness (sistema/ complexo agroindustrial) dá Agroindustrial e "a insistencia en tomar el CAI como unidad de análisis se
ênfase à indústria a jusante que transforma a produção agrícola. refiere a la inclusion de la agricultura en la dinamica del capital industrial y
financiero." (MULLER, 1982b: 930)
Apesar de terem sido formuladas em locais e épocas diferentes, as
noções de agribusiness e filière inspiraram pesquisadores, que se dedica- A partir da delimitação dos complexos industriais para a economia bra-
ram a analisar o processo de evolução do setor agrícola brasileiro, sob a sileira por HAGUENAUER et al (1984), MULLER (1989b,c) retoma a dis-
ótica da articulação entre agricultura e indústria. cussão do Complexo Agroindustrial e se aproxima do conceito proposto
para os complexos industriais.
Entre os pesquisadores que utilizam estas noções para explicar a
crescente relação que ocorre com a indústria a montante e a jusante No Brasil, o conceito de complexo industrial foi formulado por HA-
destacamos GUIMARÃES (1979), ARAÚJO et al (1992) e LAUSCHNER GUENAUER et al (1984) e teve como ponto de partida a premissa de que
(1993). em um espaço econômico determinado pode-se isolar um conjunto de
atividades fortemente interdependentes. Desta forma, a constituição de um
Os autores citados contribuíram para a discussão do conceito de complexo industrial parte do processo de produção industrial, reunidos em
Complexo Agroindustrial, balizando o mesmo a partir dos conceitos de cadeias produtivas que se "constituem em um espaço unificado de geração
agribusiness e filière. Ao estudarem a sua aplicação ao Brasil, utilizaram e apropriação de lucro e de acumulação de capital"(HAGUENAUER et al
em sua maioria a matriz de insumo-produto e concordaram quanto ao 1984:2).
marco temporal de seu início na década de setenta. A ênfase na análise
muda no que consideram o pólo dinâmico do mesmo. Para uns o pólo A dimensão tecnológica é contemplada na construção do conceito de
dinâmico é a indústria a montante e para outros é a jusante, porém todos complexo industrial, pois é a tecnologia o elemento determinante da forma-
concordam que a agricultura não o seja mais. ção e transformação dos complexos industriais e "são as relações técnicas
que, definindo processos de produção, estabelecem que indústrias se
A maior contribuição para a construção do conceito de Complexo articulam entre si" (HAGUENAUER et al, 1984:8).
Agroindustrial, com inúmeros estudos realizados sobre o referido complexo
no Brasil, sem dúvida foi a de GERALDO MuLLER (1981, 1982a,b,c, Resumindo, podemos dizer que para estes autores os setores são
1989b,c). agregados em complexos a partir de fluxos de compra e venda que reali-
zam entre si. A delimitação empírica proposta ocorreu a partir das transa-
Muller, ao analisar a gênese e a expansão do complexo agroindustrial ções industriais - dos fluxos de compra e venda entre os setores produtivos
no Brasil, inspirou-se nas noções de agribusiness, de filière e de complexo contidos na matriz de relações intersetoriais. HAGUENAUER et al (1984)
industrial, e isso perpassa a sua abordagem sobre o "macro" Complexo delimitaram seis complexos industriais para a economia brasileira a partir
Agroindustrial a as cadeias agroindustrias ou complexas particulares, como da matriz intersetorial produzida pelo IBGE: construção civil; metal-
trigo/moinhos, fumo/cigarros, soja/indústria de oleaginosas etc. mecânico; químico; têxtil e calçados; papel e gráfico; e agroindustrial.

Em sua análise das transformações da agricultura brasileira, Muller O Complexo Agroindustrial é apresentado com uma grande articulação
parte da concepção de que esta se industrializou, e, para o mesmo, trata- interna e conformado pelas atividades agropecuárias e industriais que
se de sustentar que a atual industrialização do campo brasileiro é um transformam as matérias-primas. As cadeias produtivas articulam toda a
fenômeno novo e que a agricultura industrializada imprime a direção do base do processo - o setor agropecuário - com os vários setores que
devir de toda a agricultura nacional. (MULLER, 1982a:47) processam a matéria-prima - até a finalização do produto.

Concorda com a recência da industrialização da agricultura brasileira, O Complexo Agroindustrial é visto assim como um elemento de uma
na qual a agricultura passou a ser condição necessária para a acumulação estrutura maior conformada pelos complexos industriais de toda a econo-
de parcela da indústria de bens de capital (Muller, 1982a). Caracterizou a mia, aparecendo como um conjunto de atividades fortemente articuladas.
interdependência intersetorial na agricultura, que acabou se refletindo na Porém, é o único complexo que não está centrado nas atividades industri-
estrutura e na dinâmica do setor agrícola (transformações técnico- ais.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 102 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
HAGUENAUER et al (1984), na delimitação do Complexo Agroindus- O processo de modernização da agricultura (através da importação de
trial, não consideraram as indústrias de máquinas e implementos agrícolas. máquinas e insumos) resultou no de industrialização (já com as máquinas
Esta incorporação seria realizada por outros pesquisadores, como MUL- e insumos produzidos no Brasil), e essas transformações, aliadas às
LER (1989c), que considera as fábricas de máquinas e implementos agrí- mudanças nas relações de trabalho, resultaram na constituição do Com-
colas como integrantes da indústria para a agricultura. plexo Agroindustrial na década de setenta.

Neste contexto, o autor aponta que a noção de Complexo Agroindus- Os autores supra citados enfatizam o papel do Estado e da internaliza-
trial seria um espaço configurativo, de representação das relações interse- ção da produção de bens para a agricultura na formação do Complexo
toriais indústria-agricultura-comércio e serviços. "Na medida em que o CAI Agroindustrial, que é por eles definido como conjuntos de atividades forte-
se apresenta como a morfologia destas relações, ele permite evidenciar a mente relacionadas entre si (por compras e vendas) e fracamente relacio-
especificidade de uma rede de relações." (MULLER, 1989b:27). nadas com o resto das atividades. Esses conjuntos são vistos de forma
dinâmica, o que torna a sua delimitação menos rígida do que seria uma
Para Muller, o Complexo Agroindustrial passa a ser concebido como tipologia ou análise sistêmica. (KAGEYAMA et al, 1987:2)
um espaço de representação das relações entre indústria-agricultura-
comércio-serviços. A esta noção acrescentou a de complexo industrial Para chegar à formação dos Complexos Agroindustriais, esta concep-
(HAGUENAUER et al, 1984) e passou a considerar o Complexo Agroindus- ção resgatou o processo histórico da agricultura brasileira. O primeiro
trial como uma unidade de análise na qual as atividades (agricultura, complexo a ser considerado é o rural, que compreende o período que vai
pecuária, reflorestamento) se vinculam com as atividades industriais de do Brasil Colonial até 1850.
uma dupla maneira: com a de máquinas e insumos para a agricultura e
com as de beneficiamento e processamento; com o comércio atacadista e Este complexo em sua caracterização era simples e estava na depen-
varejista internos; e com o comércio externo, tanto de produtos agrários dência das flutuações do comércio exterior, em função da inexistência de
quanto agroindustriais, e da indústria para a agricultura. (MULLER, um mercado interno. No interior das fazendas produziam-se os equipamen-
1989c:31) tos necessários para a produção e a alimentação necessária à subsistên-
cia.
Nesta sua proposta, o autor mantém as atividades para a agricultura
como parte integrante e dinâmica do Complexo Agroindustrial, uma vez No período compreendido entre 1850 e 1945, o complexo rural entra
que é ela que define o padrão tecnológico de produção e é responsável em decomposição, que coincide com a transição para o trabalho livre, a
pela geração do progresso técnico na agricultura. formação do mercado interno, o processo de substituição de importações e
a emergência do novo complexo cafeeiro paulista. Para KAGEYAMA et al
Este conceito avança em relação ao anterior ao levar em consideração (1987), este foi um longo processo que ganhou impulso em 1850, acelerou-
as estratégias de comercialização utilizadas pelas agroindústrias e a incor- se na década de trinta e se consolidou na década de cinquenta, com a
poração do comércio atacadista e varejista no Complexo Agroindustrial. internalização das indústrias produtoras de bens de capital. Assim: a
decomposição do complexo rural inicia-se em 1850, com a lei de terras e a
O Complexo Agroindustrial constituiu-se assim em um dos agentes de proibição do tráfico, terminando em 1955, com a implantação do D1 em
transformação do setor agropecuário brasileiro. Devemos ressaltar que bases industriais modernas. (KAGEYAMA et al, 1987:5)
neste processo houve a participação do capital industrial e do Estado
(através do aparato financeiro - crédito rural) e dos grandes e médios A partir desse processo de consolidação da indústria nacional, que in-
proprietários. Ocorreu, na realidade, uma integração de capitais na agricul- cluiu a formação de mercados nacionais para produtos agroindustriais e
tura brasileira. Tivemos uma fusão de capitais e a agricultura passou a ser para produtos industriais necessários à produção, a agricultura brasileira
vista como um campo de aplicações de capitais em geral. iniciou a sua industrialização.

Resumindo, podemos afirmar que Muller trabalha com a ideia básica Para os autores em tela, a industrialização do campo é um processo
de que a produção agrária moderna apresenta relações setoriais entre os especifico no qual a indústria passou a comandar as transformações na
setores industriais e agrícolas. Em sua análise, coloca ênfase na interde- agricultura, e isso só foi possível ocorrer a partir da implantação da indús-
pendência entre a agricultura e a indústria e indica que a agricultura perdeu tria para a agricultura no país. Nestes termos, a produção agrícola passou
seu caráter autônomo. A análise não está mais centrada na agricultura, a ser um elo de uma cadeia, processo que resultou na formação dos
mas nas articulações que se estabeleceram entre estes setores. A propos- Complexos Agroindustriais.
ta de Complexo Agroindustrial surge como uma unidade analítica para
Assim, com a constituição dos Complexos Agroindustriais, as trans-
apreender o processo que se estabeleceu entre agricultura e indústria
formações do setor agrário podem ser apreendidas a partir da dinâmica
através do padrão geral de acumulação em curso no país. A sua configura-
conjunta da indústria para a agricultura (montante)/agricultura/agroindústria
ção foi construída a partir das noções agribusiness, filière e de complexo
(jusante), o que, na visão de KAGEYAMA et al (1987:11), "remete ao
industrial. Pode ser entendido como uma unidade analítica "macro", que
domínio do capital industrial e financeiro e ao sistema global de acumula-
permite a sua investigação também em forma de cadeias agroindustriais.
ção".
O "micro" complexo agroindustrial: dos complexos rurais aos A partir desse processo tem-se um estreitamento das relações interse-
complexos agroindustriais (CAI's) toriais, um reforço dos elos técnicos e dos fluxos econômicos entre a
A concepção que reconhece a existência de complexos agroindustriais agricultura e a indústria, resultando na subordinação da agricultura à
encontra-se nos relatórios de pesquisa de KAGEYAMA et al (1987), dinâmica industrial.
KAGEYAMA & SILVA (1988), e SILVA (1991, 1996).
Os autores traçaram uma trajetória das transformações que ocorreram
A noção de Complexo Agroindustrial deriva da aceitação da tese da na agricultura brasileira, concluindo que, para apreender estas transforma-
existência do complexo rural na agricultura brasileira. Estes autores defen- ções na atualidade (pós década de setenta), deve-se levar em considera-
dem a ideia de que a principal modificação na dinâmica da agricultura ção as relações intersetoriais entre agricultura a indústria.
brasileira reside em um processo histórico de passagem do "complexo
rural" para uma dinâmica comandada pelos "complexos agroindustriais" Realizaram um painel histórico mostrando a passagem dos complexos
(CAI's). rurais, da sua decomposição a da afirmação da modernização e industriali-
zação da agricultura, que resultou na formação dos Complexos Agroindus-
Para estes autores, modernização e industrialização da agricultura e trias no Brasil.
formação dos Complexos Agroindustriais apresentam características
distintas. No processo de modernização, ocorreram mudanças na base Ainda nesta concepção, foi desenvolvida uma tipologia de complexos
técnica da produção agrícola. No processo de industrialização, a agricultu- (KAGEYAMA & SILVA, 1988):
ra transformou-se em um ramo de produção semelhante à indústria e a) Complexos Agroindustriais Completos e Integrados - estes
conectada a outros ramos de produção. complexos possuem a característica de apresentarem vínculos es-

Ciências Humanas e suas Tecnologias 103 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
pecíficos com a indústria a montante (através dos insumos indus- Além disso, a grande capacidade produtiva permite que o Centro-Sul
triais necessários à produção) e uma forte integração com a indús- abasteça tanto o mercado nacional quanto o mercado externo. Essa área
tria processadora. São citados como exemplos os complexos aví- geoeconômica, caracterizada por suas atividades produtivas, ocupa o
cola, açúcar e álcool, carne e soja; primeiro lugar em volume e em valor de produção do setor agropecuário.
b) Complexos Agroindustriais Incompletos - são os complexos
que se encontram integrados com a agroindústria e em menor grau O Centro-Sul possui a melhor infra-estrutura viária do país. A intensa
com a indústria a montante. Neste caso, as culturas agrícolas não circulação de produtos e de pessoas, feita por uma densa rede de rodovias
demandam produtos específicos para a sua produção. Como e ferrovias, revela a forte integração e o dinamismo de sua área interna,
exemplos, são citados laranja, milho a laticínios. bem como sua ligação com as demais regiões do país.

Como nem todos os produtos agrícolas estão inseridos nos Complexos É importante destacar que essa é a área mais bem servida pelos no-
Agroindustriais, os autores caracterizaram também as atividades que foram vos meios de comunicação desenvolvidos com a microeletrônica e a infor-
modernizadas e as que estão fora desse processo. mática, por onde circulam as ideias e as informações no país. Os principais
corredores de exportação, assim como os portos e aeroportos de tráfego
Destarte, as atividades modernizadas sem vinculações específicas cor-
mais intenso, também estão no Centro-Sul.
respondem às atividades agrícolas modernas que dependem de máquinas
e insumos, mas não apresentam a forma de complexos, como o feijão, o
Os fluxos de informação estão amplamente concentrados em São
arroz e o café. E a produção artesanal não modernizada, que se refere ao
Paulo. A cidade é sede da maioria dos bancos privados, que correspondem
conjunto de atividades agrícolas onde prevalecem a produção artesanal e
a 60% do sistema bancário nacional, incluindo 18 dos 23 bancos estrangei-
que não apresentam ligações intersetoriais fortes. A produção de banana,
ros que operam no Brasil.
mandioca e outros alimentos básicos é utilizada como exemplo.

Para a tipologia apresentada (complexos completos e incompletos), o Os bancos são os principais clientes dos serviços de telecomunica-
mais importante é a articulação que se estabelece entre a agricultura e a ções que ligam o centro financeiro de São Paulo ao de outras cidades
indústria. Esta abordagem dá ênfase ao caráter histórico para a delimitação mundiais. São Paulo também recebe metade das chamadas da rede de
dos Complexos Agroindustriais, o que permite que os mesmos sejam vistos telex que chegam ao país.
na perspectiva de um processo de transformação em curso.
A nova maneira como o Brasil participa da economia mundial deve-se
Esta visão histórica dos Complexos Agroindustriais, que resultou na à formação da cidade mundial - São Paulo - e a uma estrutura urbano-
identificação da existência de vários Complexos Agroindustriais na dinâmi- industrial intimamente ligada, que teve início no Sudeste com a concentra-
ca da agricultura brasileira, é a diferença fundamental em relação à abor- ção e ampliação do núcleo econômico, durante os anos 60 e 70.
dagem do "macro" Complexo Agroindustrial.
Essa área é a parte do país mais integrada à economia mundial e
A principal diferença entre as concepções "macro" e "micro" do Com- também a mais dinâmica, tanto em termos de relações com o restante do
plexo Agroindustrial consiste em que, na perspectiva de "macro-complexo", país quanto com o exterior. Aí se localiza o eixo de expansão metropolitano
a análise é balizada pelo conceito de complexo industrial e pela utilização que liga São Paulo ao Rio de Janeiro. E uma grande área industrial quase
da matriz insumo-produto. O Complexo Agroindustrial é entendido como contínua, que parte da cidade mundial, ultrapassa os limites do estado de
um elemento do espaço econômico. O processo histórico é levado em São Paulo e inclui porções dos estados vizinhos de Minas Gerais e Rio de
consideração na análise que reconhece a existência de vários Complexos Janeiro.
Agroindustriais no Brasil na concepção dos "micro-complexos". A configu-
ração do Complexo Agroindustrial é fornecida pela evolução e transforma- A atividade industrial está se expandindo para novas áreas, a exemplo
ção que ocorreram em cada lavoura. O quadro 1 procura contemplar as do sul de Minas Gerais e o norte do Espírito Santo, onde a produção de
principais características das duas concepções. celulose para a fabricação de papel está modificando radicalmente a
paisagem das cidades como Aracruz (ES), que hoje depende diretamente
O CENTRO-SUL dessa atividade econômica.
O Centro-Sul é o cinturão agroindustrial do país. Ele é formado basi-
camente pelos Estados da Região Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro, A agricultura da região também se destaca das demais do país. Por
Minas Gerais e Espírito Santo) e Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande ser uma agricultura moderna, com nível técnico avançado, está bastante
do Sul), pelos Estados de Goiás e de Mato Grosso do Sul e pelo Distrito integrada à indústria. A Região Sudeste concentra a maior parte da produ-
Federal, que compõem a Região Centro-Oeste, segundo a classificação ção agrícola comercial voltada para a exportação.
oficial. De um modo geral, o Centro-Sul corresponde à parcela do território
brasileiro diretamente ligada à cidade mundial - São Paulo. O café, que no passado era produzido em São Paulo, hoje é o princi-
pal produto de exportação do estado de Minas Gerais. A soja e a laranja
Nele encontramos áreas onde houve, nas chamadas empresas rurais, também são itens importantes no comércio exterior brasileiro. O Brasil é
uma verdadeira industrialização da agricultura, com o uso de máquinas, responsável pelo fornecimento de cerca de 70% do consumo mundial de
adubos e fertilizantes e a especialização da produção. suco de laranja, cujo maior produtor é o Estado de São Paulo.

O cinturão agro-industrial se expande em todas as direções, desde os


campos do Sul até os cerrados centrais. Ele avança em fronteiras ao longo
dos principais eixos rodoviários, estimulando o desenvolvimento de centros
regionais, capitais estaduais e da própria capital federal.

A agroindústria da Região Sul responde por uma boa parte da produ-


ção de alimentos e matérias-primas do Brasil. O traço característico dessa
agricultura ainda é a média propriedade familiar, na qual o trabalho é
realizado pela própria família. Existem algumas áreas agrícolas muito
especiais, nas quais predomina a média propriedade familiar: a "serra"
gaúcha com seus vinhedos, o noroeste do Rio Grande do Sul com grandes
áreas cultivadas com trigo e soja, e o oeste de Santa Catarina, onde a
produção de milho está associada à criação de aves ou de suínos.

A modernização, que se processou a partir de 1960, promoveu gran-


des transformações nas condições dessa agricultura. Os médios proprietá-

Ciências Humanas e suas Tecnologias 104 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
rios se viram obrigados a consumir cada vez mais os produtos industriali- É importante deixar claro que o padrão de expansão agrícola do Cen-
zados: máquinas, fertilizantes, sementes. Nem sempre os resultados foram tro-Oeste é radicalmente distinto daquele que prevaleceu no Nordeste ou
compensadores e muitos desses médios proprietários não têm conseguido no Sul. A pequena propriedade praticamente não existe como unidade
pagar os empréstimos bancários que fizeram. produtiva nos cerrados por uma razão muito simples: os custos dos insu-
mos (matérias-primas, horas trabalhadas, energia consumida e outros
Já as grandes empresas têm condições mais estáveis, por isso rece- fatores que entram no processo de produção) e dos equipamentos, para
bem maior apoio do governo. A produção dessas grandes empresas está atingir economias de escala que compensem os investimentos realizados,
ficando cada vez mais especializada. Mas, curiosamente, nesse processo transformaram esta área no território econômico da agroindústria que é
que envolve modernização, especialização e industrialização, o Brasil, diferente do domínio agro-mercantil nordestino. Fonte -
mesmo sendo um grande exportador de produtos agrícolas, pode algumas http://orbita.starmedia.com/geoplanetbr/centrosul.html
vezes ter necessidade de importar alimentos.
Centro-Oeste - agricultura
No oeste de Santa Catarina, grandes indústrias, como a Sadia e a Muitos cultivos, antes restritos às regiões Sul e Sudeste, mostram-se
Perdigão, estão entrosadas com as médias propriedades produtoras da promissores em áreas do Centro-Oeste. É o caso da soja, do trigo e do
matéria-prima que essas indústrias vão processar. O mesmo acontece em café. Na fotografia, aparecem os grãos torrados de Coffea arabica.
Santa Cruz do Sul, onde os médios proprietários, que produzem fumo,
estão ligados às grandes indústrias produtoras de cigarros. A agricultura de subsistência, com o cultivo de milho, mandioca,
abóbora, feijão e arroz, através de técnicas primitivas, sempre se constituiu
A Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul, além das grandes pro- em atividade complementar à pecuária e ao extrativismo. O crescimento
priedades que se dedicam à pecuária de corte, desenvolveu, no vale do rio populacional que vem caracterizando a região, a melhoria das vias de
Jacuí, uma importante área agrícola. Grandes propriedades mecanizadas, comunicação e o mercado consumidor sempre expressivo do Sudeste têm
com modernas técnicas de irrigação, dedicam-se à produção de arroz. aumentado muito o desenvolvimento da agricultura comercial.
A valorização econômica do Centro-Oeste é recente. A transferência
da capital federal para Brasília, em 1960, exigia que a região estivesse As áreas agrícolas de maior expressão no Centro-Oeste são:
integrada de modo mais eficiente às demais regiões do país.  O "Mato Grosso de Goiás", área de solos férteis localizada no
sudeste de Goiás, que é destacado centro produtor de arroz,
A grande metrópole regional do Centro-Oeste é Brasília. Com cerca de algodão, café, milho e soja;
2 milhões de habitantes distribuídos pelo plano-piloto e pelas cidades  O Vale do Paranaíba, no extremo sul de Goiás, onde solos de
satélites, Brasília é um centro de prestação de serviços. As atividades solos vermelhos favorecem o desenvolvimento agrícola de
ligadas às funções políticas, administrativas e comerciais dominam a vida municípios como Itumbiara e Goiatuba, com o cultivo de algodão,
da cidade. amendoim e principalmente arroz;
 O sul de Mato Grosso do Sul, região que se caracteriza pela
O Centro-Oeste foi a região brasileira de maior dinamismo no período
produção de soja, arroz, café, algodão, milho e, recentemente, até
recente. Suas condições naturais favoráveis, associadas à expansão
mesmo trigo.
econômica do país nessa direção, fizeram da região uma importante área
agrícola.  A Região de Campo Grande e Dourados (MS), destacam-se as
produções de soja, milho, amendoim e trigo;
Seu ritmo de crescimento acelerou-se a partir de 1975, quando se ini-  Área do cerrado, abrange terras nas quais se pratica, em grandes
ciou o avanço da agricultura tecnificada sobre os cerrados. Mas não ape- propriedades, a pecuária extensiva de bovinos, com destaque
nas as transformações no campo justificam esse desempenho, pois o para os estados de Goiás e Mato Grosso, que juntos abrigam 15%
papel das cidades também foi muito importante. Elas ampliaram e diversifi- do rebanho nacional. Também se criam equinos, porém em menor
caram suas atividades e passaram a dar suporte material e financeiro à proporção;
agricultura e a atuar como centros de processamento industrial, de comer-  Pantanal (MS), tradicional área pecuarista, onde se pratica uma
cialização e administração do complexo agroindustrial. pecuária ultra-extensiva de baixa qualidade, com numerosos
rebanhos de bovinos e bufalinos.
As condições de clima e de solo, além do relevo muito plano, permiti-
ram o uso de técnicas de cultivo modernas e de tratores e equipamentos Essas são as seis regiões mais importantes, mas não são as únicas
agrícolas no aproveitamento da terra. As grandes propriedades que se em que se pratica a agricultura comercial. Ao longo da Rodovia Belém-
instalaram na região cultivam cereais (milho, arroz e, mais recentemente, Brasília, próximo a Campo Grande e a oeste de Brasília, novas áreas
trigo) e oleaginosas (amendoim e, em especial, soja). agrícolas se destacam, valorizadas por incentivos fiscais do governo,
Essas modernas propriedades agrícolas investem capital na seleção criação de condições de armazenamento, técnicas de controle da erosão,
de sementes, nas técnicas de irrigação e na aplicação de fertilizantes para abertura de novas estradas e assistência técnica e financeira ao agricultor.
aumentar sua produção. Novos conceitos de agronomia e introdução de modernas técnicas de
recuperação do solo têm tornado extremamente otimistas as perspectivas
No entanto, a aparente estabilidade dessa agricultura é enganosa. Ela de cultivo nas vastas extensões de cerrado que recobrem o Centro-Oeste,
depende dos preços do mercado internacional, uma vez que sua produção antes pouco valorizadas e utilizadas apenas para a pecuária.
destina-se, cada vez mais, à exportação, e seu endividamento com os
bancos, causado pelas altas taxas de juros, dificulta novos investimentos. Pecuária
Possuindo em média mais de quatro cabeças de gado para cada
Apesar disso, o crescimento da produção agrícola no Centro-Oeste habitante, o Centro-Oeste dispõe de um enorme rebanho, destacando-se o
tem sido significativo. Ele acontece por dois motivos: aumento do rendi- gado bovino, criado geralmente solto, o que caracteriza a pecuária
mento por hectare das áreas já em utilização e implantação de novas áreas extensiva. Esse tipo de criação dificulta o aproveitamento do leite e, assim,
de colonização ao longo dos eixos rodoviários, principalmente no Mato praticamente todo o rebanho é destinado ao corte e absorvido pelo
Grosso. mercado consumidor paulista e pelos frigoríficos do oeste do estado de
São Paulo. Apenas no sul da região é que a pecuária leiteira apresenta
A modernização que transformou a agricultura também se deu na pe- maior expressão, sobretudo em áreas mais urbanizadas e que dispõem de
cuária de corte. As grandes fazendas de criação de gado adotam técnicas uma boa rede de transportes, facilitando a comercialização da produção.
modernas, como a inseminação artificial que melhora a qualidade do Parte do leite é industrializado por laticínios da própria região e do Sudeste.
rebanho, as vacinas para evitar a febre aftosa e a brucelose, e a melhoria
das pastagens com o plantio de espécies mais resistentes e que forneçam A vegetação do cerrado não é de boa qualidade para a alimentação
mais alimento para o gado. Além dos cerrados do planalto, outra área de animal e por isso os rebanhos têm baixo rendimento, produzindo pouca
pecuária importante é o Pantanal. carne. Para contornar esse problema, recorre-se às chamadas invernadas,

Ciências Humanas e suas Tecnologias 105 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
fazenda de engorda onde o gado passa um período para ganhar peso. devastação de grandes trechos da mata. A substituição da floresta por
Embora o gado seja abatido em Mato Grosso, as invernadas estão pastagens aumenta a temperatura local e diminui a pluviosidade, levando,
localizadas geralmente em Minas Gerais e São Paulo. em última instância, à desertificação das áreas de criação. Além disso, o
gado introduzido — da raça nelore — apresenta baixa produção de carne,
As áreas de campo do Pantanal, o cerrado próximo à Campo Grande e fator que torna uma criação onerosa.
da parte sul de Goiás constituem as áreas pastoris de maior importância na
região, onde, inclusive, se desenvolvem muitas pastagens artificiais. Essa Assim, a pecuária é desenvolvida com sucesso apenas nos Campos
atividade econômica enfrenta sérios problemas na área do Pantanal, onde da Hileia, principalmente em Roraima e na ilha de Marajó onde se encontra
as cheias frequentes forçam a entrada do gado para áreas mais altas. o maior rebanho de búfalos do país.
Recentemente, importantes áreas de pecuária têm sido implantadas ao
longo das rodovias que ligam o Centro-Oeste à Região Norte. A EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA FUNDIÁRIA E OS PROBLEMAS DE-
MOGRÁFICOS NO CAMPO.
Além dos bovinos, que representam 80% dos rebanhos do Centro-
Oeste, destaca-se ainda o rebanho suíno, em Goiás. ESTRUTURA FUNDIÁRIA
Por Algosobre
Região Norte - Agricultura
Em relação à agricultura, têm crescido muito as plantações de soja. Denomina-se estrutura fundiária a forma como as propriedades agrá-
Além da soja, outras culturas muito comuns na região são o arroz, o rias de uma área ou país estão organizadas, isto é, seu número, tamanho e
guaraná, a mandioca, cacau, cupuaçu, coco e o maracujá. distribuição social. Um dos grandes problema agrários do Brasil é a sua
estrutura fundiária: de um lado, um pequeno número de grandes proprietá-
A agricultura comercial concentra-se nos seguintes pólos: rios de terras - os latifundiários -, que monopolizam a maior parte das
 a área de várzeas no médio e baixo Amazonas, onde o cultivo da propriedades rurais; no outro extremo, milhões de pequenos proprietários
juta possui grande destaque; que possuem uma área extremamente pequena - os minifúndios -, insufici-
 a Região Bragantina, próxima a Belém, onde se pratica a ente para permitir-lhes uma vida decente e com boa alimentação. Muitas
policultura, que abastece a grande capital nortista, e a fruticultura. grandes propriedades possuem enormes áreas ociosas, que não são
A pimenta-do-reino, cujo cultivo se iniciou com a chegada dos utilizadas pela agropecuária, apenas a espera de valorização.
imigrantes japoneses, é outro importante produto da região.
Uma tentativa de classificar as propriedades rurais, conforme sua di-
Especiaria apreciada desde tempos remotos, a pimenta-do-reino foi mensão, foi realizada em 1964 pela Estatuto da Terra. Essa classificação,
introduzida com sucesso pelos imigrantes japoneses na Região Norte. ainda válida, tem por base a noção de módulo rural, que se refere a uma
área de propriedades familiar adequada. Ou seja: "um imóvel rural, que
Uma das características dessa área são os solos lateríticos, presentes direta e pessoalmente é explorado pelo agricultor e sua família, absorva-
nas zonas intertropicais em geral, onde a intensa umidade provoca a lhes toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência, o progresso
concentração de minério de ferro na superfície. O resultado é uma camada social e econômico". O módulo rural não possui uma dimensão única, mas
de coloração avermelhada, endurecida e ácida, imprópria para a é fixado de cardo com a região e o tipo de exploração. Assim, por exemplo,
agricultura. Por esse motivo, os imigrantes japoneses implantaram um numa área de São Paulo em que os solos sejam menos férteis e maiores
sistema de cultivo, denominado cultura de vaso, que consiste em abrir as distâncias em relação ao mercado. Com base nesse conceito de módulo
covas, de onde retiram o solo laterítico, substituindo-o por solos de melhor rural, o Estatuto da Terra dividiu os imóveis rurais do Brasil em três catego-
qualidade, aplicando-lhes corretivos agrícolas até obterem o rias.
aproveitamento desejado;
 Rondônia, que a partir da década de 1970 atraiu agricultores do sul Minifúndio
do país. É um pólo marcado por conflitos fundiários e por Corresponde a toda propriedade inferior ao módulo fixado para a regi-
contrastes. Enquanto 17% de sua área é constituída por solos ão em que se localiza e para o tipo de exploração em que nela ocorre. Os
férteis, que propiciam importantes culturas comerciais de cacau e minifúndios possuem quase sempre menos de 50 hectares de extensão,
café, os 83% restantes são cobertos por terras de má qualidade, embora sua média seja de 20 hectares. Eles correspondem atualmente a
que não garantem o sustento dos agricultores que nelas se cerca de 72% do total dos imóveis rurais do país, embora ocupem apenas
estabelecem. Resta a esses indivíduos procurar outras áreas ou cerca de 12% da área total desses imóveis
atividades, como o garimpo do ouro;
 Cerrado, em Tocantins, onde a correção do solo ácido com Empresa rural
calcário e fertilizantes garante uma expressiva monocultura de São os imóveis explorados de forma econômica e racional, com uma
soja. área que, no máximo chega a 600 módulos rurais. Essas empresas abran-
gem cerca de 5% do número total de imóveis e uma área equivalente a
Acredita-se que o estado do Acre, onde há vastas áreas de solos quase 10% da superfície total ocupada pelas propriedades agrárias no
férteis, se torne a próxima fronteira agrícola da região. Cientistas e Brasil. A área média dessas empresas rurais é de 221 hectares.
ecologistas temem que tal fato se concentrize, pois a devastação da
floresta, como já ocorreu em Rondônia, seria inevitável. Uma medida Assim, o grande problema da estrutura fundiária no Brasil é a extrema
apontada como eficaz para acabar com a imigração de agricultores na concentração da propriedade. A maior parte das terras ocupadas e os
Região Norte seria melhorar as condições de vida dos boias-frias no sul do melhores solos encontram-se nas mão de pequeno número de proprietá-
país, pois eles constituem a maioria dos migrantes para essas áreas. rios, ao passo que um imenso número de pequenos proprietários possui
árias ínfimas, insuficiente para garantir-lhes a suas famílias um nível de
Pecuária vida decente.
A paisagem predominante na Região Norte — a grande Floresta
Amazônica — não é propícia à criação de gado. Apesar disso, a A partir de 1970, começou uma expansão das "fronteiras agrícolas" do
implantação de projetos agropecuários vem estimulando essa atividade ao país em direção a Amazônia, com a ocupação de terras devolutas, a
longo das rodovias Belém-Brasília e Brasília-Acre, principalmente devido à derrubada da mata e o estabelecimento da lavoura ou para pecuária. Em
facilidade de contato com os mercados do Sudeste e Centro-Oeste. A boa parte, essa ocupação da terra é apenas formal, com a empresa con-
pecuária praticada é do tipo extensivo e voltada quase que exlusivamente seguindo o título de propriedade da área e deixando-a ociosa a espera de
para a criação de bovinos. Grandes transnacionais aplicam voltuosos valorização. Mas essa expansão das áreas ocupadas pela agropecuária
capitais em imensas propriedades ocupadas por essa atividade. acabou contribuindo para agravar ainda mais o problema da estrutura
fundiária do Brasil, já que o tamanho médio das propriedades que ocupam
Há um dado negativo, entretanto, pois, de todas as atividades a maior parte das novas terras é enorme, constituindo, de fato, autênticos
econômicas, a mais prejudicial à floresta é a pecuária, porque requer a latifúndios.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 106 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Esse agravamento na concentração da propriedade fundiária no Brasil, A GRAVIDADE DA QUESTÃO FUNDIÁRIA NO BRASIL
prejudica a produção de alimentos. Isso porque as grandes propriedades Agosto 2003
em geral, voltam-se mais para os gêneros agrícolas de exportação. Um Abelardo Recco
estudo recente calculou que 60 a 70% dos gêneros alimentícios destinados O Brasil está acompanhando nos últimos tempos um agravamento
ao abastecimento do país procedem da produção de pequenos lavradores, acelerado da questão fundiária com o aumento das ocupações (ou inva-
que trabalham em base familiar. Portanto, a concentração ainda maior da sões) organizadas pelos movimentos sociais que coordenam as ações dos
estrutura fundiária explica a queda da produção de alguns gêneros alimen- trabalhadores rurais – o Movimento Nacional dos Trabalhadores Sem-Terra
tícios básicos e o crescimento de produtos agrícolas de exportação. (MST) é o maior deles. O novo governo aparentemente está acuado viven-
do as contradições entre sua pregação histórica e as reações explosivas
ESTRUTURA AGRÁRIA E ESTRUTURA FUNDIÁRIA no campo. O tema ocupa grande espaço na imprensa que sempre se
A relação entre os proprietários, os agricultores e a terra utilizada é posiciona ao lado das elites brasileiras influenciando a opinião pública
conceituada, pelos estudiosos, como estrutura agrária e estrutura fundiária. brasileira.
A expressão estrutura agrária é usada em sentido amplo, significando a
forma de acesso à propriedade da terra e à exploração da mesma, indi- As diferenças conceituais fundamentais dos termos invasão e ocupa-
cando as relações entre os proprietários e os não proprietários, a forma ção estão no fato de o direito à propriedade rural diferir do direito de propri-
como as culturas se distribuem pela superfície da Terra (morfologia agrá- edade sobre os outros bens, por ela ser a fonte de produção alimentar de
ria) e como a população se distribui e se relaciona aos meios de transpor- um país. Segundo alguns juristas, invadir significa um ato de força para
tes e comunicações (habitat rural). tomar alguma coisa de alguém e ocupar diz respeito, simplesmente, a
preencher um vazio, no caso, terras que não cumprem a sua função social,
No sentido restrito, usado pela FAO e por vários órgãos oficiais e para- pré-requisito para a garantia da propriedade fundiária. O MST defende
oficiais, a expressão estrutura agrária corresponde apenas ao estudo das essa posição, pois acredita em que o direito à propriedade não pode se
formas de acesso à propriedade da terra e à maneira como esta é explora- sobrepor ao direito à vida. Assim, famílias que buscam uma terra que não
da, tendo assim grande importância as relações existentes entre proprietá- esteja cumprindo sua função social, para fins de sobrevivência, estariam
rios e trabalhadores agrícolas não proprietários. A estrutura fundiária é ocupando, e não invadindo.
apenas a forma de acesso à propriedade da terra e a explicação da distri-
buição da propriedade, sendo seu estudo de grande importância, porque A estrutura fundiária brasileira nasceu sob o signo da grande proprie-
dela vai depender a melhor compreensão da estrutura agrária e dos fatores dade, o latifúndio. Alguns séculos depois, o quadro não sofreu grandes
que presidem a formação da morfologia agrária e do habitat rural. alterações. A concentração fundiária manteve-se devido à intensificação do
êxodo rural, através da expulsão em massa dos parceiros, colonos, assala-
riados. Com isto, multiplicaram-se os conflitos pela posse da terra, soman-
do-se a isto, as tributações que são executadas com base nas informações
cadastrais declaratórias da propriedade, não se efetivando o cadastro
técnico rural como previsto na década passada.

Essa história é secular, remontando ao descobrimento do Brasil. A Co-


roa portuguesa fez da sua colônia uma área de exploração o de gêneros
agrícolas exportáveis para o mercado europeu. As formas de apropriação
do solo nortearam-se para o latifúndio monocultor, onde a própria legisla-
ção estimulava a concentração fundiária, transformando a posse da terra
em referência da condição sócio-econômica e da própria capacitação
política, dentro da sociedade colonial. Essa situação refletiu-se na estrutura
agrária do campo brasileiro até os dias atuais. Ela é, em grande parte,
responsável pela morosidade e ineficácia das políticas fundiárias no Brasil
As relações jurídicas entre os proprietários e a terra e entre os proprie- contemporâneo, que têm acarretado as tensões entre camponeses des-
tários e os trabalhadores variam de acordo com a legislação de cada país. possuídos e os grandes proprietários rurais.
No Brasil, o indivíduo pode obter a propriedade da terra pela compra, por
herança ou pela concessão de terras devolutas. De acordo com a nossa A fase inicial da colonização constituiu o transplante de instituições
legislação, morto o proprietário, a terra é dividida entre os herdeiros, o que feudais portuguesas para um país habitado por uma coletividade indígena,
favorece, em tese, a divisão da propriedade. Sabemos, entretanto, que, se com uma organização social rudimentar, em que o solo era explorado pela
em algumas áreas a sucessão hereditária vem provocando a divisão da coletividade e os frutos partilhados entre todos. Neste sentido, as tribos
propriedade, em outras, principalmente naquelas produtoras de artigos de indígenas não sentiam necessidade de demarcar territórios que ocupavam.
grande valor comercial, isto não se observa; ao contrário, há uma concen-
tração cada vez maior da propriedade, criando o problema do monopólio Quando Portugal decidiu ocupar o Brasil, isto é, povoá-lo e explorá-lo
da terra e do latifúndio. Isto dificulta o acesso do agricultor à terra, provoca de modo mais efetivo, iniciou a tarefa da produção de cana-de-açúcar,
a proletarização do mesmo e cria áreas de atrito e de tensão social. Daí os altamente rentável e que os portugueses tinham experiência na Ilha da
problemas de reforma agrária e de colonização. A expressão reforma Madeira desde meados do século X. O território brasileiro foi dividido
agrária, hoje de uso generalizado, consistia na aplicação de uma série de administrativamente em 14 Capitanias Hereditárias no período de 1534 a
medidas visando modificar a estrutura fundiária – sistema de propriedade 1536, que possuíam de 20 a 100 léguas (cada légua com 4.828 m) de
através de redistribuição das terras apropriadas ou da redistribuição dos costa e limites paralelos entre si, até a linha imaginária do Tratado de
produtos da atividade agrícola. No primeiro caso, teríamos a formação de Tordesilhas. Estas pertenciam ao donatário que tinha o privilégio de insta-
uma nova estrutura, pela substituição das grandes propriedades por uma lar moendas e outros engenhos. Mas o resultado foi um grande fracasso.
série de pequenas propriedades familiares. No segundo caso, teríamos a
substituição das grandes propriedades privadas pelas grandes proprieda- A partir de então, um novo sistema político-administrativo foi instalado,
des comunitárias e cooperativas. A colonização não visa a uma modifica- denominado de Governo-Geral do Brasil que disciplinava o exercício dos
ção da estrutura fundiária existente, mas à ocupação de áreas novas, não poderes, a exploração das riquezas, cobrança de tributos, entre outros. As
apropriadas, como ocorre no momento no Brasil, com as terras cortadas concessões se tornaram alvo de favorecimento de pessoas ligadas ao
pela Transamazônica, ou com as áreas novas conquistadas ao mar na Governador, surgindo os grandes latifundiários por dimensão que possuí-
Holanda, ou a divisão de alguns grandes latifúndios mal explorados, para am enormes áreas sem ocupá-las ou até mesmo sem aproveitá-las.
atenuar tensões sociais existentes em áreas de povoamento antigo, como
A estrutura formada apoiava-se na grande propriedade, a exploração
ocorre na área açucareira do Nordeste -. Convém salientar, porém, que na
de um produto tropical exportável já conhecido e a utilização do braço
Amazônia, ao lado das colônias agrícolas, vêm sendo implantados grandes
escravo – inicialmente o índio e depois o negro. Não houve fórmulas no-
latifúndios dedicados à pecuária e à exploração madeireira.
Fonte: http://www.frigoletto.com.br/GeoRural/estrutura.htm
vas, pois, tudo se processou de acordo com a tradição lusitana.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 107 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
No ano de 1822 o Brasil tornou-se independente e o processo de con- Há um grande debate sobre a relação entre a população rural e urba-
cessão de terras foi paralisado, surgindo uma nova fase na ocupação sem na. Se por um lado, as estatísticas mostram uma população urbana bem
qualquer restrição legal, ficando disponível a qualquer pessoa que quises- superior à rural – números estes que servem de argumento aos conserva-
se ocupá-la, formando um quadro fundiário complexo e inadequado às dores no que diz respeito à falta de importância da reforma agrária – por
características físicas do relevo brasileiro. outro lado, a expulsão dos excluídos para os centros urbanos mostra que o
campo “mandou seus problemas para as cidades”. Assim, a reforma agrá-
Com a Proclamação da República em 1889 estabeleceu-se o Regime ria e a agricultura familiar são apontadas como alternativas para a diminui-
Federativo no começo do século XX, transferindo-se aos Estados as terras ção da miséria. Com os minifundistas, em torno de 2,5 milhões de famílias
devolutas e as minas encontradas no seu território. Estes foram adotando, e os eventuais beneficiários de uma redistribuição da terra, cerca de 2,4
a partir de então, a legislação de terras ainda do Império e o respectivo milhões, seria possível retirar milhões de pessoas do estado de miséria e
regulamento. Uma vez constituídos em unidades autônomas, cederam aos fome.
municípios que iam organizando a parte das terras devolutas, necessárias
ao assentamento e formação de suas cidades, vilas e povoados. Após esta A questão fundiária para as elites brasileiras tende a resolver-se à me-
mudança histórica, a União ficou responsável somente pela defesa das dida que o capital penetre na produção agrícola, haja vista a diminuição da
fronteiras e os denominados "terrenos de marinha". Desta forma, os Esta- pequena produção agrícola mercantil em relação à produção capitalista.
dos tiveram autonomia para gerenciar suas próprias leis e administrar suas Para os movimentos sociais, o foco de análise é outro. Incide sobre uma
terras. aliança operário-camponesa em torno da questão agrária, numa coligação
de reivindicações democráticas e de redistribuição da terra. Para seus
Em 1964, o governo militar editou o Estatuto da Terra para consolidar líderes, a luta pela terra não se opõe à propriedade privada, mas a uma
a regulamentação do uso e ocupação da terra, dando enfoque a função forma de apropriação, que é o latifúndio. Essa aliança estaria ameaçada
social da propriedade e instituindo mecanismos de políticas agrícolas. em virtude da ampliação da pequena produção mercantil com um aumento
Como exemplo, o Estatuto da Terra define uma tributação progressiva, dos preços dos alimentos e matérias-primas para o consumidor final. A
desapropriação das terras improdutivas, eliminação dos latifúndios impro- solução estaria na eliminação da especulação e de preços monopólicos da
dutivos e do minifúndio antieconômico, promoção do homem rural através comercialização, da renda fundiária e do lucro do capital produtivo agrário,
das reformas e ajustes nas estruturas produtivas. com uma articulação entre produção e distribuição – uma alternativa tão ou
mais complexa que a própria redistribuição da propriedade fundiária.
Em relação à função social da terra, destaca-se que esta deve forne-
cer o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, A questão agrária, pelas suas implicações históricas, políticas e soci-
assim como de suas famílias; apresentar níveis satisfatórios de produtivi- ais, é objeto de muitas análises e estudos, muitas vezes, bastante diver-
dade; assegurar a conservação dos recursos naturais e observar as justas gentes. A proposta de uma reforma agrária (ou reformas agrárias) no
relações de trabalho entre os que a possuem e aqueles que a cultivam. Brasil, de forma institucionalizada, deve considerar, não só a concentração
fundiária, mas também, as forças políticas que a amparam. Na verdade, a
Transcorridas algumas décadas da vigência do Estatuto da Terra, pressão dos movimentos populares, através das ocupações fará com que o
pouco foi feito para modificar a estrutura agrária do Brasil. A desapropria- governo federal adote alguma posição, ou opressora, ou promotora de
ção da terra por interesse social processou-se em escala ínfima e, conse- políticas no sentido de conter as tensões.
quentemente, o número de beneficiários foi reduzido.
O Presidente Luís Inácio Lula da Silva numa referência recente aos
A Constituição em vigor, no capítulo referente à questão agrária, esti- conflitos no campo, afirmou: "Para um país do tamanho do Brasil, com a
pula o pagamento prévio das indenizações, mas impôs a dificuldade etimo- quantidade de terra agricultável que tem, não existe nenhuma explicação
lógica na definição do que venha a ser propriedade produtiva e improduti- para que tenha qualquer ato de violência no campo de quem quer que
va. O texto constitucional avançou em alguns pontos, como a função social seja”. Lula disse que a reforma fundiária não é uma vontade nem do lati-
da propriedade, demarcação de terras públicas, reavaliação de todos os fúndio nem dos sem-terra. "É uma necessidade social que todos os países
incentivos fiscais, dentre outros aspectos. do mundo fizeram e, portanto, o Brasil precisa fazer também. E vamos
fazer da forma mais positiva possível".
Na atualidade, a composição e a evolução da estrutura fundiária brasi-
leira está condicionada por um lado, por tipos específicos de uso, ou em BOIAS-FRIAS
determinados casos, estas estruturas permanecem ociosas por especula- O termo boia-fria pode possuir vários significados que variam de
ção dos proprietários. De acordo com o INCRA - Instituto Nacional de acordo com a abordagem. As pessoas que recebem esse nome vivem ou
Colonização e Reforma Agrária, 82,6% dos estabelecimentos com menos já viveram no campo, quase sempre tiveram poucos anos de estudo e não
de 50 ha atingem apenas 13,5% da área total, ou seja, um grande número possuem qualificação profissional.
de propriedades com espaço extremamente reduzido, sendo que destes
53,7% possuem menos de 10 hectares, em sua maioria, caracterizando-se
como minifúndios. As propriedades com área entre 50 e 1.000 hectares
perfazem um total de 16,6% dos estabelecimentos e ocupam área de 43%
do total. Nas áreas acima de 1.000 ha o número de estabelecimentos é
menor do que 1,0%, (2.174 estabelecimentos), entretanto, a área atinge
43,5% do total, demonstrando uma acentuada concentração fundiária.
Quanto à utilização das terras no Brasil, pode-se destacar que apenas
11% destinam-se as culturas anuais, ou seja, para o cultivo das culturas
cíclicas. As culturas permanentes ocupam apenas 3% das áreas. As pas-
tagens nativas ou naturais e as cultivadas atingem 48% destas terras.

Na região Norte o grau de ociosidade chega a 65,8% do total, sendo


que nestas, quase sua totalidade a incidência de latifúndios (88,4%). Na
região Nordeste 54,4% das terras estão ociosas sendo que nelas 85,9%
são latifúndios. Na região Centro-Oeste a ociosidade das terras é de 42,6% A dura vida do boia-fria no Brasil.
e, destes 95,5% são latifúndios. Este índice é o mais expressivo de todo o
Brasil. As regiões Sudeste e Sul apresentam, respectivamente índices Muitas dessas pessoas são analfabetas ou semi-analfabetas que se
menores de ociosidade da terra. (21,1% e 15,2%). Quanto à presença de sujeitam ao trabalho no campo em diversas culturas, quase sempre em
latifúndios nestas áreas chega a 84,0% no Sudeste e 74,1% na região Sul, períodos de colheitas, geralmente em baixas condições de trabalho e
dando um padrão da estrutura fundiária diferente das demais regiões. salarial. O termo boia-fria designa um indivíduo que executa um trabalho
na zona rural sem a obtenção de vínculos empregatícios.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 108 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
A expressão boia-fria é proveniente do modo como eles se alimentam, o Estado de São Paulo que tornou-se a principal área de atração da popu-
pois saem para o trabalho de madrugada e já levam suas marmitas, como lação.
não existem meios para esquentá-las eles ingerem a comida fria.
No final do século XIX a Amazônia recebeu muitos migrantes devido à
O termo boia-fria foi difundido no centro-sul do país, quando exploração do látex, declinando no início do século XX devido à concorrên-
trabalhadores sazonais eram chamados para trabalhar em colheitas, esses cia da borracha produzida no Sudeste Asiático.
geralmente viviam, e ainda vivem, em áreas periféricas dos municípios e os Com a crise de 1929 e a industrialização brasileira os fluxos migrató-
atravessadores são os responsáveis pelo recrutamento. rios orientam-se para os centros urbanos industriais e as cidades passam a
O boia-fria se dirige para o trabalho entre quatro e cinco da manhã, ser os principais pólos de atração, provocando o êxodo rural. Esta migra-
momento em que o caminhão passa para transportá-los até a plantação, o ção intensifica-se na segunda metade do século XX, com a mecanização
motorista do transporte executa a negociação, quanto ao valor pago pelo da agricultura, a instituição do Estatuto da Terra (1964), a busca por melho-
trabalho, pois cada indivíduo ganha por aquilo que produz, ou seja, o valor res condições de vida (salários, assistência médica e educação).
é resultado da quantidade de toneladas ou arrobas colhidas.
Do final da década de 50 até os dias atuais, a Região Centro-Oeste e
A carga horária varia entre dez e doze horas diárias e somente trinta a Região Norte tornaram-se as principais áreas de migração de nordesti-
minutos para o almoço e esse, como foi dito anteriormente, é consumido nos e sulistas devido à construção de Brasília, a expansão da fronteira
frio, no fim da tarde os trabalhadores são levados de volta para casa e no agrícola e os projetos minerais e agrícolas desenvolvidos pelo governo
outro dia repetem a mesma rotina. federal.

Atualmente verifica-se a tendência de migração das grandes cidades


para as cidades de porte médio, onde a qualidade de vida é considerada
melhor sem a violência urbana, trânsito, lazer e etc. Muitas vezes a família
mora em uma cidade média e o chefe da família desloca-se, diariamente,
para o grande centro em função do trabalho.

NOVOS MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS NO BRASIL


Por Suely Salgueiro Chacon
Uma sociedade só alcança o seu pleno desenvolvimento quando é ca-
paz de eliminar todas as barreiras que dificultam o acesso aos bens e
serviços básicos e que promovem a privação do ser humano. Desenvolver
é um processo complexo e contínuo que deve ser analisado de uma pers-
pectiva histórica e permanente, e compreendido a partir das dimensões
que atestam sua sustentabilidade: social, econômica, ambiental e político-
institucional. Acima de tudo, desenvolver é perceber as necessidades
inerentes das pessoas em seu espaço e no seu tempo, pensando sempre
Nas entressafras os trabalhadores ficam sem trabalho e buscam serviço
nas gerações futuras.
em outras regiões, dessa forma vivem migrando de uma região para outra.
O fluxo desses trabalhadores fica entre os Estados de São Paulo, Paraná,
Compreender essa premissa passa pela necessidade de conhecer
Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, atuando
permanentemente a realidade onde se deve atuar para garantir as condi-
especialmente na colheita de cana-de-açúcar, algodão, café e laranja.
ções necessárias para o desenvolvimento. E isto requer estudos e pesqui-
sas constantes que atualizem a informações básicas sobre a organização
O boia fria passa por muitos problemas devido às condições
social e produtiva do país. E esta é uma das funções do economista.
degradantes de trabalho, os trabalhadores para obter maiores ganhos se
sujeitam a um imenso esforço físico, muitos até morrem devido a isso,
Uma recente pesquisa sobre os novos processos migratórios no Brasil
segundo alguns fisiologistas o corte de cana requer uma disponibilidade
é um belo exemplo de como um bom trabalho técnico pode auxiliar os
física igual à de um atleta de ponta, porém o trabalhador não possui tal
gestores públicos e privados em uma melhor condução do processo de
preparo.
desenvolvimento, guiando suas escolhas e políticas. A publicação "Nova
geoeconomia do emprego no Brasil: um balanço de 15 anos nos estados
Muitas reportagens são feitas nesse sentido e através delas muitos
da federação", coordenada pelo economista Marcio Pochmann, da Uni-
resultados já foram alcançados. Pelo fato do álcool estar em ascensão há
camp, desfaz alguns mitos e reafirma uma nova tendência de crescimento
centenas de usinas e o trabalho ligado a esse setor é grande, dessa forma
econômico no Brasil. Ele estudou o mercado de trabalho e a economia de
muitas empresas têm oferecido melhorias nas condições de trabalho, tais
todos os estados nas cinco grandes regiões do país.
como carteira assinada, alimentação com boa qualidade, roupas
adequadas e equipamentos de segurança. /www.brasilescola.com
Segundo a pesquisa, a região Sudeste deixou de ser o centro receptor
dos movimentos migratórios, transformando-se atualmente no principal
OS MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS INTERNOS. pólo de expulsão de mão-de-obra do Brasil, além de registrar um dos
piores indicadores da produção e do emprego no país. Em quatro anos,
As migrações regionais estão associadas aos “ciclos econômicos” que 215 mil pessoas deixaram o Sudeste em busca de melhores condições de
ocorreram ao longo da história da ocupação do território brasileiro, dessa vida e trabalho. Hoje, as regiões Centro-Oeste e Norte são as que mais
forma as áreas que atraiam população tornaram-se pólos de repulsão, à atraem os novos migrantes, especialmente para os estados do Amazonas,
medida que eram descobertas novas áreas, ou a região entrava em declí- Mato Grosso e Goiás. Esses estados também detêm os melhores resulta-
nio por perder sua importância econômica. Esta característica favoreceu a dos na evolução do Produto Interno Bruto - PIB. Também o Nordeste tem
ocupação de vastas áreas do território, como a Amazônia e o Centro- atraído, reativamente, mais pessoas em busca de emprego do que a região
Oeste. Sudeste, apresentando índices de crescimento superiores ao do país como
um todo.
Os fluxos migratórios internos da população brasileira são intensos
desde o período colonial com as migrações da Zona da Mata para o Agres-
Esses dados suscitam a necessidade de uma análise detalhada das
te e Sertão Nordestino devido à expansão da pecuária. No século XVIII os
condições históricas e estruturais que levaram a essa inversão de tendên-
migrantes dirigiram-se para Minas Gerais, pois ocorrera a descoberta do
cia.
ouro na região.
A expansão da cafeicultura e depois com a industrialização, grandes O crescimento da oferta de emprego ocorre quando há expansão da
contingentes populacionais dirigiram-se para o Sudeste, em especial, para economia, via de regra. E o Brasil vem crescendo a taxas médias que

Ciências Humanas e suas Tecnologias 109 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ficam muito abaixo do ideal nos últimos dez anos. O fato da região Sudeste Os estados do Nordeste, por sua vez, de um modo geral, optaram por
historicamente ter comandado o processo de industrialização do país repetir a estratégia da industrialização induzida. A "guerra fiscal" proporcio-
explica tanto a migração para lá nas décadas de 1970 e 1980, quanto o nou a vinda de várias indústrias para a região, em busca de isenção fiscal
atual processo de saída da população de lá para outras regiões do país. e mão de obra barata. Como consequência houve uma forte concentração
No passado, a construção e consolidação do parque industrial brasileiro de renda e investimentos nos grandes centros urbanos da região, e a
exigiam grande número de operários, não só nas fábricas, mas na constru- criação de empregos de pouca qualidade, com remunerações na faixa de 1
ção civil e no comércio e serviços. Essa mão de obra não precisava de a 2 salários mínimos. Ainda assim, muitas empresas já abandonaram a
grandes qualificações, e vinha tanto do meio rural da própria região Sudes- região, pois as plantas aqui instaladas não possuíam tecnologia adequada
te, que se modernizava a partir de novas técnicas agrícolas e com a meca- para o novo processo de competição internacional, ou simplesmente, por
nização das grandes lavouras, como também do meio rural de regiões total falta de comprometimento com a região, preferiram usufruir de vanta-
mais pobres, notadamente o Nordeste devido às constantes estiagens. gens oferecidas em outras regiões. A grande concentração de pessoas nos
centros urbanos, aliada à incapacidade do mercado de trabalho formal de
Foi um momento de expansão fortemente beneficiado pela política pro- absorver essa contingente, tem levado ao crescimento do mercado infor-
tecionista do governo federal. Naturalmente em um período assim encon- mal, que hoje ultrapassa 50% dos empregos em várias capitais, como é o
traremos índices de crescimento tão auspiciosos como os que vemos hoje caso de Fortaleza e de outras regiões metropolitanas do Nordeste. Além
para países como China e Índia. Quando não se tem nada, o resultado de disso, consequências sociais graves como a violência crescente, faveliza-
um forte investimento direcionado só pode ser o crescimento acelerado. ção, e dificuldades de acesso aos serviços essenciais, como saúde, edu-
Mas, na medida em que o pólo produtor se consolida a tendência é que as cação e saneamento, pioram a vida dessas pessoas que se deslocam para
taxas de crescimento desacelerem. Para manter um grau elevado de os centros urbanos do Nordeste, vindas tanto do meio rural local, quanto
crescimento da produção e geração de emprego é preciso um grau de de regiões saturadas como o Sudeste.
investimento e poupança também elevado e constante, com um mercado
consumidor garantido. Isto não ocorreu na década de 1990, o que foi Também é de se notar que no passado havia uma migração rural-
agravado pela abertura comercial intensa, pela preferência dos investido- urbana. Os habitantes do meio rural do Nordeste eram expulsos pelas
res pelo mercado financeiro e pelo baixo crescimento interno do país como péssimas condições de vida e pelas estiagens, e iam para o Sudeste, que
um todo. crescia em ritmo acelerado. Hoje há um processo de migração muito mais
urbana-urbana, quando falamos da população que sai do Sudeste para
O grau de crescimento econômico observado na região Sudeste ocor- outras regiões. Essa população é, de um modo geral, mais qualificada que
rido no passado não se verifica hoje devido a uma série de fatores, dentre a população local das novas regiões receptoras, mas ainda assim não
eles a competição crescente das indústrias brasileiras, grandemente con- encontra um nível de remuneração adequado, dado que o mercado de
centradas ali, com as rivais estrangeiras. A necessidade de avanços tecno- trabalho ainda não está adequadamente organizado.
lógicos também afetou os números do emprego. As indústrias que absorvi-
am grandes quantidades de mão de obra como a siderurgia e automobilís-
tica, tiveram que redimensionar seu quadro de funcionários, modernizarem
a linha de produção e até mesmo fechar algumas fábricas para não perder
competitividade. A abertura comercial iniciada no final da década 1980, a
chamada "guerra fiscal", que levou muitas fábricas para o Nordeste, e a
recente onda de produtos importados de países como a China são outros
fatores que contribuem para a diminuição da oferta de empregos industriais
no Sudeste.

Concomitante a esse processo, as outras regiões se mobilizaram para


tentar diminuir as disparidades e gerar índices maiores de crescimento de
seu produto interno. O Centro-oeste optou por se especializar nas culturas
de exportação e expandir a fronteira agrícola. Isto naturalmente atraiu um
grande contingente de migrantes, não só do Sudeste, mas também do
Nordeste, em busca de emprego no campo. Contudo esse tipo de lavoura
é altamente especializada e mecanizada, e não absorve tanta mão de
obra. Parte desses migrantes é alocada na colheita do algodão ou no trato
com o gado. No caso do algodão são empregos temporários.

O Nordeste, no entanto, começa a dar sinais de um novo processo de


crescimento econômico está se instalando na região, com características
um pouco mais equilibradas. Especialmente no que diz respeito à crescen-
te produção de petróleo em estados como Bahia e Rio Grande do Norte, e
também uma maior organização da atividade turística, inclusive com a
inserção do turismo ecológico e religioso, que leva emprego e renda não só
para o litoral, mas também para o interior dos estados. Nesse sentido o
Ceará tem se destacado. Também a implementação de novas metodologi-
No caso do Norte, o centro industrial de Manaus ainda é um grande as como o incentivo a Arranjos Produtivos Locais, que buscam maximizar
atrativo, pois consegue manter o incentivo do governo, ajudando na com- as vocações de cada região, têm ajudado a criar uma nova perspectiva de
petição com outros centros industriais do país, e mesmo no contexto crescimento e desenvolvimento para a região Nordeste.
externo. Também as atividades de extrativismo mineral e de expansão da
fronteira agrícola contribuem para um crescimento maior da atividade Essa nova tendência migratória detectada pela pesquisa tende a con-
econômica nessa região. Contudo, como no Centro-oeste, os empregos aí tinuar por algum tempo, pois, nesse momento não há perspectivas de se
gerados não são suficientes para atender a procura crescente. expandir muito mais o parque industrial do Sudeste. A tendência é que as
indústrias do Sudeste elevem os investimentos em tecnologia e procurem

Ciências Humanas e suas Tecnologias 110 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
aumentar a sua produtividade, usando a capacidade instalada ociosa. O sobrenome mais popular do Brasil é Silva, com um milhão de nomes
Desse modo, o número de empregos gerados não seria suficiente para nas listas telefônicas da Brasil Telecom, Telemar e Telesp. embora não se
atrair novamente grandes contingentes de migrantes. Existe ainda lá uma tenha certeza dessa pesquisa feita por recenseadores.
enorme quantidade de pessoas a espera de uma vaga no mercado formal
de trabalho. Além disso, novas atividades começam a se consolidar em As razões para uma diminuição do crescimento demográfico
regiões como o Nordeste, inclusive relacionadas com o setor externo, tanto relacionam-se com a urbanização e industrialização e com incentivos à
no na produção de bens como na oferta de serviços ligados à logística de redução da natalidade (como a disseminação de anticoncepcionais).
exportação. O complexo portuário do Pecém é um exemplo das possibili- Embora a taxa de mortalidade no país tenha caído bastante desde a
dades de crescimento do Nordeste nesse sentido, dada a proximidade com década de 1940, a queda na taxa de natalidade foi ainda maior.
os principais mercados no exterior.
A pirâmide etária brasileira ainda apresenta-se fortemente triangular,
Assim, esse novo movimento migratório pode ser visto primeiramente com larga base e estreito cume demonstrado que existem muitas mortes
como resultado natural da reordenação territorial das atividades produtivas entre os jovens nos primeiros anos de vida. A população jovem (até 19
no Brasil, ocorrida especialmente durante a década de 1990. Mas também anos) constitui mais de um terço do total. Somada a uma pequena
não se pode esquecer que, nos últimos 4 anos, um forte fator de atração população de idosos (menos de um décimo), esse contingente constitui a
da população de menor qualificação para regiões como o Norte e Nordeste população economicamente inativa, que precisa ser mantida pela
foi a implementação de políticas compensatórias de geração de renda, que população economicamente ativa.
garantiram a elevação do consumo, mas não a criação de empregos em
quantidades compatíveis com a procura. Além disso, os empregos gerados Distribuição populacional
nessas regiões, assim como no Centro-oeste, não permitem uma boa A distribuição populacional no Brasil é bastante desigual, havendo
remuneração. De um modo geral, isto significa, para o Brasil como um concentração da população nas zonas litorâneas, especialmente do
todo, não só a manutenção de uma camada social com baixo poder aquisi- Sudeste e da Zona da Mata nordestina. Outro núcleo importante é a região
tivo, mas também sua expansão, já que a chamada classe média, com Sul. As áreas menos povoadas situam-se no Centro-Oeste e no Norte.
melhor qualificação não consegue a adequada inserção no mundo do
trabalho, tendo que se submeter a remunerações inferiores àquelas que Taxa de natalidade
seriam compatíveis com a sua formação. Até recentemente, as taxas de natalidade no Brasil foram elevadas,
em patamar similar a de outros países subdesenvolvidos. Contudo, houve
Essa migração tem significado um incremento da pressão por empre- sensível diminuição nos últimos anos, que pode ser explicada pelo
go, especialmente nas regiões metropolitanas, que ainda não oferecem um aumento da população urbana — já que a natalidade é bem menor nas
mercado capaz de absorver esse contingente. Além disso, o migrante cidades, em consequência da progressiva integração da mulher no
vindo do Sudeste, normalmente teve maiores condições de acesso ao mercado de trabalho — e da difusão do controle de natalidade, seja
estudo formal e a uma formação técnica, competindo em condições superi- preventivo (métodos anticoncepcionais), seja corretivo (abortos). Além
ores com a maioria da população nordestina, ainda pouco qualificada. Com disso, o custo social da manutenção e educação dos filhos é bastante
uma procura maior de emprego do que a oferta disponível, o resultado é elevado, sobretudo no meio urbano.
uma diminuição na renda e o aumento da informalidade, além do aumento
dos índices de desemprego e de outros problemas sociais graves. Hierarquia urbana
A hierarquia urbana trata das influências que as cidades exercem
É perceptível, então, que a tendência demonstrada pela pesquisa não sobre uma determinada região, território ou país(es). São inúmeras as
minimiza as disparidades regionais de nosso país. Pelo contrário, a depen- atividades desenvolvidas nas cidades, tanto no setor secundário (indústria)
der da condução dessas novas condições, pode até agravá-las. Um pro- como no terciário (comércio e serviços), e até mesmo no primário
cesso de crescimento saudável requer compromisso do poder público e da (agropecuária). Essas atividades, dependendo de sua qualidade e
iniciativa privada com o bem-estar de todos e com a inclusão social. O diversificação, podem atender não só à população urbana, mas a todo o
papel do Estado é fundamental para fomentar o desenvolvimento e garantir município, incluindo a zona rural e a população de vários municípios ou de
a base estrutural e a estabilidade. Já o compromisso da iniciativa privada outros estados. Assim, uma cidade pequena pode não ter um comércio ou
só se dá quando há investimento próprio, pois há o interesse de garantir o serviço de saúde suficiente para sua população, que é atendida em outra
retorno desse investimento. Além disso, é bom lembrar que o processo de cidade maior, mais bem equipada, que lhe ofereça serviços de melhor
crescimento só se consolida quando temos um nível de renda, baseado na qualidade.
criação de empregos e na adequada qualificação da população, o que Os equipamentos de uma cidade (escolas, universidades, postos de
garante um mercado consumidor interno forte. Ou seja: para crescermos e saúde, hospitais, sistema de transporte, cinemas, teatros, entre outros), o
nos desenvolvermos de fato precisamos de EDUCAÇÃO e EMPREGO. parque industrial, os serviços, o setor financeiro determinam a sua área de
influência, ou seja, a região por esta polarizada. Assim, é possível construir
Apenas uma adequada política de desenvolvimento regional, inserida um sistema hierarquizado, no qual as cidades menores encontram-se
em um projeto maior para desenvolver o país como um todo pode corrigir subordinadas às maiores.
essas distorções e garantir a adequada inserção da população como um
todo em um processo sustentável de desenvolvimento. Esta deva ser a Rede urbana
meta dos governantes daqui por diante, dimensionando adequadamente as Sistema de hierarquização urbana, no qual várias cidades se
condições sociais, econômicas e ambientais de cada região e direcionando submetem a uma maior, que comanda esse espaço. Em cada nível, as
os investimentos necessários para criar um dinamismo capaz de gerar maiores polarizam as menores. O IBGE classifica a rede urbana brasileira
emprego e renda de forma adequada, garantindo a inserção social de de acordo com o tamanho e importância das cidades. As categorias de
todos. cidades mais importantes são:
 Metrópoles globais: suas áreas de influencia ultrapassam as
A DISTRIBUIÇÃO DOS EFETIVOS fronteiras de seus estados, região ou mesmo do país. São
DEMOGRÁFICOS NO TERRITÓRIO NACIONAL. metrópoles globais Rio de Janeiro e São Paulo
 Centros metropolitanos nacionais: exercem influência na
DEMOGRAFIA DO BRASIL macroregião onde se encontra e até fora dela. São metrópoles
O Brasil possui cerca de 186 milhões de habitantes (estimativa do nacionais Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Porto
IBGE, 2006). Ao longo dos últimos anos, o crescimento demográfico do Alegre, Recife e Salvador
país tem diminuído o ritmo, que era muito alto até a década de 1960. Em  Centros metropolitanos regionais: exercem influência apenas
1940, o recenseamento indicava 41.236.315 habitantes; em 1950, na macrorregião onde se encontra. São metrópoles regionais
51.944.397 habitantes; em 1960, 70.070.457 habitantes; em 1970, Belém, Campinas, Goiânia e Manaus
93.139.037 habitantes; em 1980, 119.002.706 habitantes; e finalmente em  Centros submetropolitanos ou centros regionais: exercem
1991, 146.825.475 habitantes. influência no estado e em estados próximos. São centros regionais

Ciências Humanas e suas Tecnologias 111 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Aracaju, Campo Grande, Cuiabá, Feira de Santana, Florianópolis, vegetativo, a despeito das altas taxas de mortalidade, sobretudo infantil. A
João Pessoa, Joinville, Juiz de Fora, Londrina, Maceió, Natal, estimativa da Fundação IBGE para 2010 é de uma taxa bruta de natalidade
Ribeirão Preto, Santos, São José dos Campos, São Luís, de 18,67‰ — ou seja, 18,67 nascidos para cada grupo de mil pessoas ao
Sorocaba, Teresina, Uberlândia e Vitória ano — e uma taxa bruta de mortalidade de 6,25‰ — ou seja 6,25 mortes
 Centros sub-regionais: exercem influência apenas em cidades por mil nascidos ao ano. Esses revelam um crescimento vegetativo anual
próximas, povoados e zona rural. Dividem-se em dois níveis: de 1,268.
 Centros sub-regionais 1: Anápolis, Bauru, Blumenau, Boa Vista,
Campina Grande, Campos dos Goytacazes, Caruaru, Cascavel, Expectativa de vida
Caxias do Sul, Criciúma, Dourados, Foz do Iguaçu, Franca, Ilhéus, No Brasil, a expectativa de vida está em torno de 68,3 anos para os
Imperatriz, Ipatinga, Itabuna, Juazeiro, Jundiaí, Macapá, Maringá, homens e 76,38 para as mulheres, conforme estimativas para 2007. Dessa
Montes Claros, Mossoró, Nova Friburgo, Palmas, Pelotas, forma, esse país se distância das nações paupérrimas, em que essa
Petrolina, Petrópolis, Piracicaba, Ponta Grossa, Porto Velho, Rio expectativa não alcança 50 anos (Mauritânia, Guiné, Níger e outras), mas
Branco, Santa Maria da Boca do Monte, São José do Rio Preto, ainda não alcança o patamar das nações desenvolvidas, onde a
Uberaba, Vitória da Conquista e Volta Redonda expectativa de vida ultrapassa os 70 anos (Noruega, Suécia e outras).
 Centros sub-regionais 2: Alagoinhas, Angra dos Reis, Aparecida,
Araçatuba, Araguaína,Arapiraca, Araraquara, Barbacena, Barra A expectativa de vida varia na razão inversa da taxa de mortalidade,
Mansa, Barreiras, Botucatu, Bragança Paulista, Cabo Frio, ou seja, são índices inversamente proporcionais. Assim no Brasil,
Cachoeiro de Itapemirim, Castanhal, Catanduva, Caxias, paralelamente ao decréscimo da mortalidade, ocorre uma elevação da
Chapecó, Colatina, Corumbá, Crato, Cruzeiro do Sul, Divinópolis, expectativa de vida.
Floriano, Garanhuns, Governador Valadares, Guaratinguetá,
Guarapuava, Gurupi, Iguatu, Itajaí, Jaú, Jequié, Ji-Paraná, Taxa de fecundidade
Juazeiro do Norte, Lages, Limeira, Linhares, Macaé, Marabá, Conforme estimativa de 2006, a taxa média de fecundidade é de 2,0
Marília, Mogi Guaçu, Mogi Mirim, Paranaguá, Parnaíba, Passo filhos por mulher. Esse índice sofre variações, caindo entre as mulheres de
Fundo, Patos, Picos, Poços de Caldas, Resende, Rio Grande, Rio etnia branca e elevando-se entre as pardas. Tal variação está relacionada
Verde, Rondonópolis, Santa Cruz do Sul, Santarém, São Carlos, ao nível sócio-econômico desses segmentos populacionais; em geral, a
São Sebastião, Sete Lagoas, Sinop, Sobral, Teófilo Otoni, Três população parda concentra-se nas camadas menos favorecidas social e
Lagoas, Tubarão, Uruguaiana economicamente, levando-se em conta a renda, a ocupação e o nível
educacional, entre outros fatores.
População absoluta
Com 183.987.291 habitantes (2007), o Brasil apresenta uma das Há também variações regionais: as taxas são menores no Sudeste e
maiores populações absolutas do mundo, destacando-se como a quinta no Sul — regiões de maior crescimento econômico e urbanização —,
nação mais populosa do globo. sendo maiores no Norte e no Nordeste.

Densidade demográfica Composição por sexo


O Brasil apresenta uma baixa densidade demográfica — apenas 22 O Brasil não foge à regra mundial. A razão de sexo no país é de 98
hab./km² —, inferior à média do planeta e bem menor que a de países homens para cada grupo de 100 mulheres conforme estimativas de 2008.
intensamente povoados, como a Bélgica (342 hab./km²) e o Japão (337
hab./km²). Até os 60 anos de idade, há um equilíbrio quantitativo entre homens e
mulheres, acentuando-se a partir desta faixa etária o predomínio feminino.
O estudo da população apoia-se em alguns fatores demográficos Esse fato pode ser explicado por uma longevidade maior da mulher, devido
fundamentais, que influenciam o crescimento populacional. por outras razões, ao fato de ela ser menos atingida por moléstias
cardiovasculares, causa frequente de morte após os 40 anos.
Taxa de mortalidade
O Brasil apresenta uma elevada taxa de mortalidade, também comum O número de mulheres, na população rural brasileira, pode-se dizer
em países subdesenvolvidos, enquadrando-se entre as nações mais que no Nordeste, por ser uma região de repulsão populacional, há o
vitimadas por moléstias infecciosas e parasitárias, praticamente predomínio da população feminina. Já nas regiões Norte e Centro-Oeste
inexistentes no mundo desenvolvido. predomina a população masculina, atraída pelas atividades econômicas
primárias, como o extrativismo vegetal, a pecuária e, sobretudo, a
Desde 1940, a taxa de mortalidade brasileira também vem caindo, mineração.
como reflexo de uma progressiva popularização de medidas de higiene,
principalmente após a Segunda Guerra Mundial; da ampliação das O número de mulheres, na população rural brasileira, também tende a
condições de atendimento médico e abertura de postos de saúde em áreas ser menor, já que as cidades oferecem melhores condições sociais e de
mais distantes; das campanhas de vacinação; e do aumento quantitativo trabalho à população feminina.
da assistência médica e do atendimento hospitalar.
Um relativo equilíbrio entre os sexos, entretanto, só se estabeleceu a
Taxa de mortalidade infantil partir dos anos 40 — pois até a década de 1930 o país apresentava nítido
O Brasil apresenta uma taxa de mortalidade infantil de 27.62 mortes predomínio da população masculina, devido principalmente à influência da
em cada 1.000 nascimentos (estimativa para 2007) elevada mesmo para imigração — e, ainda que nascessem mais meninos que meninas, a maior
os padrões latino-americanos. No entanto, há variações nessa taxa mortalidade infantil masculinas (até a faixa de 5 anos de idade) fez com
segundo as regiões e as camadas populacionais. O Norte e o Nordeste — que se estabelecesse o equilíbrio.
regiões mais pobres — têm os maiores índices de mortalidade infantil, que
diminuem na região Sul. Com relação às condições de vida, pode-se dizer Composição por faixa etária
que a mortalidade infantil é menor entre a população de maiores Considerando os dados de 1995, observa-se que o número de jovens
rendimentos, sendo provocada sobretudo por fatores endógenos. Já a é proporcionalmente pequeno nos países desenvolvidos, mas alcança
população brasileira de menor renda apresenta as características típicas quase a metade da população total como o Brasil, o Peru e outros do
da mortalidade infantil tardia. Terceiro Mundo. Nos países desenvolvidos, o nível sócio-econômico é
muito elevado e, em consequência, a natalidade é baixa e a expectativa de
Crescimento vegetativo vida bastante alta, o que explica o grande número de idosos na população
A população de uma localidade qualquer aumenta em função das total. No Brasil, apesar da progressiva redução das taxas de natalidade e
migrações e do crescimento vegetativo. No caso brasileiro, é pequena a mortalidade verificada nas últimas décadas, o país continua exibindo
contribuição das migrações para o aumento populacional. Assim, como elevado número de jovens na população.
esse aumento é alto, conclui-se que o Brasil apresenta alto crescimento

Ciências Humanas e suas Tecnologias 112 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Grupos étnico-raciais do Brasil grupos: uma parte foi enviada para o Sul do Brasil, onde se tornaram
A população atual do Brasil é muito diversa, tendo participado de sua colonos trabalhando na agricultura. Todavia, a maior parte foi enviada para
formação diversos povos e etnias. De forma geral, a população brasileira as fazendas de café do Sudeste. Os colonos mandados para o Sul do país
foi formada por cinco grandes ondas migratórias: foram, majoritariamente, alemães (a partir de 1824, sobretudo da Renânia-
 Os diversos povos indígenas, autóctones do Brasil, descendentes Palatinado, Pomerânia, Hamburgo, Vestfália, etc) e italianos (a partir de
de grupos humanos que migraram da Sibéria, atravessando o 1875, sobretudo do Vêneto e da Lombardia). Ali foram estabelecidas
Estreito de Bering, aproximadamente 9.000 a.C. diversas colônias de imigrantes que, ainda hoje, preservam os costumes
 Os colonos portugueses, que chegaram para explorar a colônia do país de origem. Para o Sudeste do país chegaram, majoritariamente,
desde a sua descoberta, em 1500, até a sua independência, em italianos (sobretudo do Vêneto, Campânia, Calábria e Lombardia),
1822. portugueses (notadamente oriundos da Beira Alta, do Minho e Alto Trás-
 Os africanos trazidos na forma de escravos para servirem de mão- Os-Montes), espanhóis (sobretudo da Galiza e Andaluzia), japoneses
de-obra, em um período de tempo que durou de 1530 à 1850. (sobretudo de Honshu e Okinawa) e árabes (do Líbano e da Síria).
 Os diversos grupos de imigrantes vindos principalmente da
De acordo com o Memorial do Imigrante, entre 1870 e 1953, entraram
Europa, os quais chegaram ao Brasil entre o final do século XIX e
no Brasil cerca de 5,5 milhões de imigrantes, sendo os italianos
início do século XX.
(1.550.000), portugueses (1.470.000), espanhóis (650.000), alemães
 Imigrações recentes de diversas partes do mundo, sobretudo Ásia
(210.000), japoneses (190.000), poloneses (120.000) e 650.000 de
e Oriente Médio.
diversas outras nacionalidades.
Acredita-se que o Continente Americano foi povoado por três ondas Atualmente, o IBGE utiliza para fins censitários 5 categorias no Brasil,
migratórias vindas do Norte da Ásia. Os indígenas brasileiros são, baseado na raça e cor da pele: branco, índio, preto, pardo e amarelo.
provavelmente, descendentes da primeira leva de migrantes, que chegou à
região por volta de 9.000 a.C. Os principais grupos indígenas, de acordo Miscigenação e genes
com sua origem linguística, eram os tupi-guarani, jê ou tapuia, aruaque ou Poucos países no mundo tiveram a rica interação de diferentes "raças"
maipuré e caraíba ou caribes. e etnias como ocorreu no Brasil. Desde a chegada dos primeiros colonos
portugueses assistiu-se à miscigenação em massa com os índios. Décadas
A imigração europeia no Brasil iniciou-se no século XVI, sendo depois, com a chegada de escravos negros, formou-se uma população trí-
dominada pelos portugueses. Neerlandeses (ver Invasões holandesas do híbrida.
Brasil) e franceses (ver França Antártica) também tentaram colonizar o
Brasil no século XVII, mas sua presença durou apenas algumas décadas. Os portugueses já trouxeram para o Brasil séculos de integração
Nos primeiros dois séculos de colonização vieram para o Brasil cerca de genética e cultural de povos europeus, como os celtas e os lusitanos.
100 mil portugueses, uma média anual de 500 imigrantes. No século Embora os portugueses sejam basicamente uma população europeia, 7
seguinte vieram 600 mil, em uma média anual de dez mil colonos. A séculos de convivência com mouros do norte de África e com judeus
primeira região a ser colonizada pelos portugueses foi o Nordeste. Pouco deixaram um importante legado a este povo. Um curioso estudo recente
mais tarde, os colonos passaram a colonizar o litoral do Sudeste. O interior aponta que entre 25 e 30% dos primeiros colonos portugueses no Brasil
do Brasil só foi colonizado no século XVIII. Os portugueses foram o único eram, de fato, de origem judaica.
grupo étnico a se espalhar por todo o Brasil, principalmente graças à ação
dos bandeirantes ao desbravarem o interior do país no século XVIII. Os índios brasileiros não apresentavam relevantes diferenças
genéticas entre si: seriam todos descendentes do primeiro grupo de
A população indígena original do Brasil (entre 3-5 milhões) foi em caçadores asiáticos que chegaram às Américas, há 60 mil anos. Porém,
grande parte exterminada ou assimilada pela população portuguesa. Os culturalmente falando, os aborígenes brasileiros estavam inseridos numa
mamelucos (ou caboclos, mestiços de branco com índio) se multiplicavam diversidade de nações com línguas e costumes distintos. A chegada dos
às centenas pela colônia. colonos portugueses, homens em sua maioria, culminou em relações e
concubinatos com as índias.
Um outro elemento formador do povo brasileiro chegou na forma de
escravo. Os africanos começaram a ser trazidos para a colônia na década Os escravos africanos trazidos ao Brasil pertenciam a um leque
de 1530, para suprir a falta de mão-de-obra. Inicialmente, chegaram enorme de etnias e nações. A maior parte eram bantos, originários de
escravos de Guiné. A partir do século XVIII, a maior parte dos cativos era Angola, Congo e Moçambique. Porém, em lugares como a Bahia,
trazida de Angola e, em menor medida, de Moçambique. Na Bahia, os predominaram os escravos da região da Nigéria, Daomé e Costa da Mina.
escravos eram majoritariamente oriundos do Golfo de Benin (atual Nigéria). Eram maiores e mais robustos que os bantos, e também mais
Até o fim do tráfico negreiro, em 1850, entre 3-5 milhões de africanos foram desenvolvidos. Alguns escravos islâmicos eram alfabetizados em árabe e
trazidos ao Brasil-37% de todo o tráfico negreiro efetuado entre a África e já traziam para o Brasil uma rica bagagem cultural. Miscigenaram-se com
as Américas. os portugueses e índios, formando a raiz étnica do povo brasileiro.
A tentativa do governo brasileiro em "branquear" a população marcou
o século XIX. O governo libertou os descendentes de africanos, mas não
deu assistência social aos ex-escravos, que foram abandonados à própria
sorte. O escravo seria substituído pelo imigrante europeu: entre 1870 e
1953, entraram no Brasil cerca de 5,5 milhões de imigrantes, dentre os
quais havia uma maioria de italianos, os preferidos do governo, por serem
brancos e latinos.

O governo brasileiro ambicionava que os imigrantes se casassem com


mestiços e negros, para diluir a raça negra na população brasileira. A
famosa pintura "Redenção do Can", feita em 1895 por Modesto Brocos y
Gómez, sintetiza a ideia pairante na época: através da miscigenação, os
Muitas cidades sulistas ainda guardam traços da imigração no Brasil brasileiros ficariam a cada geração mais brancos.
do século XIX. A cidade de Blumenau é conhecida por suas influências
alemãs. A entrada em massa de imigrantes europeus no Sul e Sudeste do
Brasil mudou relativamente a demografia do País. Em poucas décadas
O grande fluxo imigratório em direção ao Brasil foi efetuado no século verificou-se que a população de origem "negra e mestiça" foi superada pela
XIX e início do século XX. Para se ter uma ideia do impacto imigratório população "branca". O casamento entre imigrantes europeus e brasileiros
nesse período, entre 1870 e 1930, entraram no Brasil um número superior apenas alterou o fenótipo. Geneticamente, a população brasileira continua
a cinco milhões de imigrantes. Esses imigrantes foram divididos em dois mestiça.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 113 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Nos censos, a maioria da população brasileira continua a classificar-se
como branca (49,9%), uma parcela considerável como parda (43,2%) e um Os brancos auto-declarados compõem cerca de 49,9% da mesma,
número muito reduzido como preta (6,3%). Fato é que, geneticamente, o somando cerca de 93 milhões de indivíduos[18]. Estão espalhados por
Brasil possui uma população majoritariamente mestiça, e não branca como todo o território brasileiro, embora a maior concentração esteja no Sul e
mostram os censos: 86% dos brasileiros têm mais de 10% de genes Sudeste do Brasil. Consideram-se brancos os descendentes diretos ou
africanos. Ou seja, apenas 14% dos brasileiros são geneticamente predominantes de europeus e de outros povos de cor branca.
brancos, número bem inferior aos quase 50% dos censos do IBGE. A
motivação de grande parte dos brasileiros em classificarem-se como Uma pesquisa realizada com mais de 34 milhões de brasileiros, dos
brancos no censo, é fruto de um racismo velado enraizado na cultura do quais quase vinte milhões se declaram brancos, perguntou a origem étnica
País, onde é imposto pela mídia um padrão de beleza caucasiano. dos participantes de cor ou raça branca. A grande maioria apontou origem
brasileira (45,53%). 15,72% apontou origem italiana, 14,50% portuguesa,
Brancos 6,42% espanhola, 5,51% alemã e 12,32% outras origens, que incluem
africana, indígena, judaica e árabe.

Os números condizem fortemente com o passado imigratório no Brasil.


Entre o final do século XIX e início do século XX, sobretudo após a
Abolição da Escravatura, o Estado brasileiro passou a incentivar a vinda de
imigrantes para substituir a mão-de-obra africana. Entre 1870 e 1951, de
Portugal e da Itália chegaram números próximos de imigrantes, cerca de
1,5 milhão de italianos e 1,4 milhão de portugueses. Da Espanha
chegaram cerca de 650 mil e da Alemanha em torno de 260 mil imigrados.
Os números refletem as porcentagens das origens declaradas pelos
brancos brasileiros.

É notório, porém, que quase metade dos brancos pesquisados


declararam ser de origem brasileira. É explicável pelo fato de a imigração
portuguesa no Brasil ser bastante antiga, remontando mais de quinhentos
anos, fato que muitos brasileiros brancos desconhecem tais origens por já
terem suas famílias enraizadas no Brasil há séculos.

Se se considerar os brancos que se afirmaram de origem brasileira


como descendentes remotos de portugueses, 60,03% da população branca
do Brasil é de origem portuguesa. Ensuma, vivem em Portugal 10 milhões
de portugueses e no Brasil 26 milhões de pessoas que se consideram
etnicamente portuguesas e outras 41 milhões que são, provavelmente, de
remota origem lusitana. Observando os muitos milhões de mestiços e
negros brasileiros que também possuem antepassados portugueses, é
clara a extrema importância dos portugueses na formação étnica do povo
brasileiro.

Apenas 4,80% dos brancos brasileiros pesquisados afirmaram ter


antepassados indígenas, enquanto somente 1,88% declararam ter
antepassados negros africanos. Tais números, porém, não condizem com
a realidade genética dos brancos brasileiros que possuem, na maioria dos
Os portugueses deixaram forte influência genética na população brasileira.
casos, significante contribuição genética de índios e africanos, devido a
séculos de miscigenação entre europeus, nativos e escravos negros.

Através de um importante mapeamento genético, chegou-se a


conclusão que o brasileiro de cor branca é descendente quase que
exclusivamente de europeus do lado paterno (90%). Já no lado materno,
apresenta uma intensa miscigenação: 33% de linhagens ameríndias, 28%
de africanas e 39% de europeias. Isso é explicado historicamente: no início
da colonização, os colonos portugueses não trouxeram suas mulheres, o
que acarretou no relacionamento entre homens portugueses com mulheres
indígenas e, mais tarde, com as africanas. Em outras palavras, a maior
parte dos brancos do Brasil tem 90% de seus antepassados homens
oriundos da Europa, enquanto 60% de suas antepassadas eram indígenas
ou africanas.

Índios

Os índios auto-declarados compõem 0,4% da população brasileira,


somando cerca de 700 mil indivíduos. Populações indígenas podem ser
encontradas por todo o território brasileiro, embora mais da metade esteja
concentrada na Região amazônica do Norte e Centro-Oeste. Consideram-
se índios todos os descendentes puros dos povos autóctones do Brasil
e/ou que vivem no ambiente cultural tradicional dos mesmos.

Recentes estudos genéticos comprovaram que muitos brasileiros


possuem ascendência de povos indígenas extintos há séculos. Os
Uma família de imigrantes italianos: hoje, 28 milhões de brasileiros brasileiros que carregam esta carga genética de forma majoritária são
descendem de italianos. predominantes no norte do Brasil.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 114 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Quando os primeiros portugueses chegaram ao Brasil, em 1500, a Os amarelos auto-declarados compõem 0,5% da população brasileira,
população indígena girava em torno de 3 a 5 milhões de indivíduos. Na somando cerca de 1 milhão de indivíduos. Estão concentrados em dois
metade do século XIX, os índios não passavam de 100 mil pessoas e no estados brasileiros: São Paulo e Paraná, embora populações menores
final do século XX eram cerca de 300 mil. O desaparecimento da estejam espalhadas por todo o território brasileiro. Consideram-se
população nativa brasileira se deve principalmente a quatro fatores: a amarelos todos os descendentes de povos asiáticos.
dizimação promovida pelos colonizadores, as doenças europeias que se
espalharam como epidemias, a miscigenação racial e, principalmente, a A grande maioria dos amarelos brasileiros são descendentes de
perda dos valores e da identidade indígenas ao longo dos séculos. japoneses que imigraram para o Brasil entre 1908 e 1960, devido a
problemas econômicos. O Brasil abriga hoje a maior comunidade japonesa
Negros fora do Japão. Outros grupos amarelos em fase de crescimento rápido, são
Os negros auto-declarados compõem 6,3% da população brasileira, os chineses e coreanos que atualmente integram o comércio nas capitais.
somando cerca de 11 milhões de indivíduos. Estão espalhados por todo o
território brasileiro, embora a maior proporcionalidade esteja no Nordeste. Grupos Étnico-raciais por Regiões Brasileiras
Consideram-se negros todos os descendentes dos povos africanos Na região Sul do Brasil predomina o elemento europeu - a começar
trazidos para o Brasil e que têm o fenótipo característico africano. pelos colonizadores açorianos no século XVIII, acrescidos por grandes
A escravidão no Brasil durou cerca de 350 anos e trouxe para o país levas de imigrantes alemães, italianos e eslavos durante o século XIX e
cerca de 4 milhões de africanos-- 37% de todos os escravos trazidos às XX. O elemento indígena também se fez minoritariamente presente no Sul,
Américas. sendo convertido ao cristianismo por missões jesuítas logo no início do
século XVII.

Na região Sudeste do Brasil também predomina o elemento europeu -


a iniciar por portugueses, acrescidos principalmente de imigrantes italianos,
espanhóis e alemães nos séculos XIX e XX. Os elementos africano e
indígena também se fizeram bastante presentes, e no estado de São Paulo
o elemento asiático, composto sobretudo por japoneses e árabes, é
significativo.

Na região Nordeste do Brasil, predominam os elementos africano e


europeu (principalmente descendentes de portugueses).

Na região Norte do Brasil predomina o elemento indígena, bastante


miscigenado a negros e brancos.

Raça e cor segundo o IBGE


Capoeira na rua O critério usado pelo IBGE para esta classificação é a auto-
declaração, o que, segundo alguns, gera distorções na estatística pois
Pesquisas genéticas recentes indicam que a grande maioria dos existe preconceito contra o negro no país, sendo que muitos negros
brasileiros têm mais de 10% de marcadores genéticos africanos, assim geralmente se declaram "pardos" e também há casos de "pardos" que se
como mostram que aqueles considerados negros no Brasil, muitas vezes declaram "brancos". Este termo "pardo", utilizado pelo IBGE, na prática
carregam alto grau de carga genética europeia e indígena. acaba englobando todos os que se consideram não-brancos mas que
também não se identificam como negros, indígenas ou amarelos
Pardos (asiáticos). Isto tem gerado controvérsia, uma vez que muitos dos
Segundo a definição do IBGE, pardos são pessoas que se declaram contrários às políticas afirmativas (entre elas a política de cotas raciais) não
mulatas, caboclas, cafuzas, mamelucas ou mestiças de negro com pessoa consideram todos os "pardos" como afrodescendentes, algo que o governo
de outra raça. Para efeitos estatísticos, pardos são considerados negros tende a fazer.
pelo governo.
No censo de 2005, 43,2% da população nacional se auto-declarou Imigração
como sendo parda. Toda migração populacional é sempre determinada por um conjunto
Ao contrário do que muitos pensam, o termo pardo não foi criado de fatores de repulsão na área de origem e por outro conjunto de fatores
censitariamente como uma categoria de cunho "étnico-racial" distinto ou de atração na área de destino.
como sinônimo de miscigenado: o termo passou a ser utilizado no censo
do ano de 1872, com o intuito único de contabilizar de forma separada os Esses movimentos populacionais podem ser classificados em dois
negros (não importando se pretos ou miscigenados) ainda cativos, e os tipos: as migrações externas e as migrações internas.
negros (não importando se pretos ou miscigenados) nascidos livres ou
forros. As migrações externas são as que ocorrem quando se atravessam
Amarelos fronteiras internacionais; compreendem a emigração (saída do país) e a
imigração (entrada em outro país). Já as migrações internas compreendem
os movimentos populacionais que ocorrem dentro de um novo país.

No Brasil, a política migratória externa pode ser dividida em duas fases


: a primeira, de estímulo à imigração, principalmente após a abolição da
escravatura, em 1888, visando a substituição da mão-de-obra escrava na
lavoura cafeeira[28]; a segunda, de controle à imigração, a partir de 1934,
no governo Vargas, devido à crise econômica internacional da década de
1930.

O afluxo de imigrantes para o Brasil pode ser dividido em três períodos


principais.

O primeiro período (de 1808 a 1850) foi marcado pela chegada da


família real, em 1808, o que ocasionou a vinda dos primeiros casais de
Uma mulher nipo-brasileira. imigrantes açorianos para serem proprietários de terras no país. Devido ao

Ciências Humanas e suas Tecnologias 115 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
receio do europeu de fixar-se num país de economia colonial e Imigrantes italianos
escravocrata, nesse período houve uma imigração muito pequena. Os primeiros italianos chegaram ao Brasil em 1875, estabelecendo-se
no Rio Grande do Sul, na região serrana e também em Santa Catarina,
O segundo período (de 1850 a 1930) foi marcado pela proibição do onde o clima era mais ameno, assemelhando-se um pouco com as regiões
mercado de escravos. Foi a época mais importante para a nossa de onde vieram, especialmente do Vêneto (norte italiano), de onde
imigração, devido ao grande crescimento da atividade monocultora (café) e provinha a maior parte das famílias imigrantes. Logo após essa época, São
aos incentivos governamentais dados ao imigrante. Em 1888, com a Paulo tornou-se o maior pólo receptor de italianos, que inicialmente se
abolição da escravidão, estimulou-se ainda mais o fluxo imigratório, tendo encaminharam para as zonas cafeicultoras do interior. Em pouco tempo,
o Brasil recebido, nessa época, praticamente 80% dos imigrantes entrados entretanto, acabaram por migrar para a capital, vindo a se constituir em
no país. importante mão-de-obra para a indústria que então se iniciava.

O terceiro período (de 1930 até os dias de hoje) é caracterizado por Os italianos deixaram suas marcas em cidades e bairros, influenciando
uma sensível redução na imigração, devido, inicialmente, à crise hábitos alimentares e linguísticos das regiões onde se estabeleceram.
econômica de 1929, ocasionada pela quebra da bolsa de valores de Nova
Iorque, com o consequente abalo da cafeicultura brasileira. Além disso,
contribuiu também a crise política interna no país, decorrente da Revolução
de 1930, e a criação de uma lei sobre imigração, através da Constituição
de 1934. Essa lei restringia a entrada de imigrantes, estipulando que,
anualmente não poderia entrar no país mais que 2% do total de imigrantes
de cada nacionalidade entrados nos últimos 50 anos. Determinava ainda
que 80% dos imigrantes deveriam dedicar-se à agricultura, além de
estabelecer uma discutível e discriminatória "seleção ideológica", ou seja,
conforme as ideias políticas que professava, o imigrante poderia ou não
entrar no país.

O envolvimento da Europa na Segunda Guerra Mundial também


reduziu a emigração, e a recuperação econômica daquele continente, após
a guerra, levou os europeus a emigrarem para outros países do próprio
continente. Gramado, uma cidade marcada pelos traços alemães.
Intensificaram-se, nesse período, as migrações internas. Mineiros e
nordestinos, principalmente, dirigiram-se para o centro-sul do país, em Imigrantes alemães
virtude de crescimento urbano e industrial. As primeiras levas de imigrantes alemães chegaram em 1824 e, desde
então, deram preferência à região Sul do Brasil, onde fundaram a colônia
Imigrantes portugueses de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. A partir de 1850, foram se
instalando em Santa Catarina, sobretudo no vale do Itajaí, onde surgiram
Brusque, Joinville e Blumenau, cidades de marcantes características
alemãs. Atualmente, a cidade de São Paulo, sobretudo no bairro de Santo
Amaro, e os três estados sulinos abrigam quase a totalidade dos
imigrantes alemães e seus descendentes brasileiros.

Imigrantes espanhóis
Depois dos portugueses e italianos, é o terceiro maior contingente
imigratório do Brasil. Fixando-se principalmente nos estados de São Paulo,
Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, iniciaram suas
atividades em fazendas, mas acabaram por migrar para as cidades.
Atualmente, tal como os portugueses, os espanhóis têm migrado para
países europeus, sendo restrita sua participação entre os imigrantes que
chegaram após 1970.

Interior do Real Gabinete Português de Leitura, na cidade do Rio de


Janeiro, fundado em 1837 por um grupo de quarenta e três imigrantes
portugueses, refugiados políticos, para promover a cultura entre a
comunidade portuguesa na então capital do Império. É a maior biblioteca
de autores portugueses fora de Portugal.

Os portugueses representam o maior contingente de imigrantes


entrados no Brasil. Calcula-se que devam viver atualmente, no país,
213.203 portugueses, concentrados nos grandes centros urbanos, com
destaque especial para o Rio de Janeiro e São Paulo.

O fluxo imigratório português se acelerou a partir do ciclo do ouro, em


Minas Gerais (século XVIII), e manteve-se relativamente elevado até a
década de 1950; a partir daí, os portugueses passaram a emigrar para a
França, Alemanha e outros países europeus, graças à recuperação Bairro da Liberdade, em São Paulo.
econômica do continente. Na década de 1970, devido ao processo de
descolonização, o Brasil recebeu uma onda de imigrantes portugueses Imigrantes japoneses
provenientes, principalmente, das ex-colônias portuguesas na África A imigração japonesa teve início em 1908, quando aportou no Brasil o
(Angola e Moçambique). navio Kasato Maru, com 165 famílias a bordo. Estabeleceram-se

Ciências Humanas e suas Tecnologias 116 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
inicialmente no estado de São Paulo e depois no Pará, onde se desenvolve
importante núcleo produtor de pimenta-do-reino (Tomé-Açu). Fixaram-se Migrações internas
principalmente em colônias rurais, onde introduziram importantes Cerca de um terço dos brasileiros não vive onde nasceu. As migrações
inovações na indústria de hortifrutigranjeiros. Na cidade de São Paulo, internas respondem por boa parte deste terço, e classificam-se
foram se concentrando num bairro — a Liberdade —, que adquirindo basicamente em duas categorias: deslocamento do campo para a cidade, o
características de sua cultura, perceptíveis principalmente nas ruas e chamado (êxodo rural) - causado frequentemente pela falta de
cartazes. Além disso, instalados no cinturão verde em torno da cidade, são oportunidades de trabalho e serviços no campo e pela concentração
responsáveis pela maior parte do estabelecimento de frutas, legumes, fundiária - e migrações regionais, das quais os exemplos mais importantes
verduras, aves e ovos para a população da metrópole paulista. foram:
 o ciclo da mineração, em Minas Gerais, nos meados do século
Atualmente, estima-se em mais de 1 milhão e 200 mil os japoneses e XVIII, que provocou um deslocamento da população litorânea para
seus descendentes até a quarta geração vivendo no Brasil. o interior do país;
 o fluxo de escravos do Nordeste para as plantações de café de
Outros grupos imigrantes São Paulo e do Rio de Janeiro, em fins do século XIX;
 o ciclo da borracha, na Amazônia, em fins do século XIX para o
início do século XX, que atraiu muitas pessoas, especialmente do
Nordeste;
 a construção de Brasília, que deslocou mão-de-obra
principalmente do Norte e Nordeste;
 o desenvolvimento industrial, dos anos 50 em diante, na região
Sudeste (principalmente São Paulo e Rio de Janeiro), que
deslocou principalmente nordestinos.

Recentemente as migrações regionais mais importantes ainda são a


de nordestinos para as regiões Sudeste e Sul, em busca de trabalho nos
setores industrial, comercial e de serviços; ocorre, também, no Centro-
Oeste e Norte, um fluxo de famílias ligadas ao meio rural, vindas
principalmente da região Sul, graças à expansão da fronteira agrícola.

A partir dos anos 80 do século XX, os fluxos intra-regionais e até intra-


Memorial do Imigrante no bairro da Mooca, em São Paulo. estaduais tornaram-se mais significativos, especialmente na região
Nordeste, com a consolidação de várias metrópoles ao redor das capitais
Entre os eslavos, o maior destaque numérico cabe aos poloneses e de cada estado nordestino. Por conta do Brasil já ser um país
ucranianos, que se fixaram, em sua maioria, no Paraná, dedicando-se à essencialmente urbano, os fluxos migratórios encontram-se em menor
agricultura e pecuária. dimensão de décadas passadas, e concentram-se mais na ocupação de
espaços com maior dinamismo (em geral cidades médias do interior e
Os sírio-libaneses (árabes) distribuem-se por todo o território nacional, algumas capitais, além da fronteira agrícola). Ações sociais como o Fome
dedicando-se a atividades predominantemente urbanas, como o comércio Zero e o Bolsa Família também reduzem os fluxos migratórios, ao
e a indústria. Vieram principalmente na segunda metade do século XIX e responder mais rapidamente situações de calamidade pública
na primeira década do século XXI, mais precisamente em 2006, devido à especialmente em função da seca, que intensificavam os fluxos no
segunda guerra do Líbano. passado.
Os judeus, sobretudo de origem alemã e eslava, vieram para o Brasil A Carta Magna do Brasil e a Religiosidade Individual
principalmente às vésperas e durante a Segunda Guerra Mundial dirigindo- Dentro do território nacional brasileiro, prevalece a liberdade de culto.
se para o Sul e o Sudeste. Passaram a dedicar-se, como os árabes, a De acordo com a Constituição Federal, a participação de cidadãos
atividades urbanas (especialmente comércio e indústria). brasileiros em quaisquer atividades religiosas no país é um direito e uma
responsabilidade individual que não deve jamais ser abdicada, sofrer
Os Brasil passou a receber, durante os anos 70, um expressivo quaisquer tipos de coerções e/ou incitações. Nenhuma religião está acima
número de sul-americanos, principalmente paraguaios, bolivianos, das leis seculares vigentes em solo nacional.
uruguaios, argentinos e chilenos. Nos anos 80, o fluxo maior passou a ser
de coreanos e chineses, sobretudo de Formosa, mas estes, como os A imensa maioria da população é cristã. Cerca de três quartos da
latino-americanos, vivem em boa parte clandestinamente, uma vez que sua população seguem o catolicismo da Igreja Católica Apostólica Romana, o
presença é impossibilitada por leis que estabelecem cotas máximas de que faz do país o maior em número absoluto de católicos no mundo.
imigrantes por nacionalidade. Dados da prefeitura de São Paulo indicam Seguem o Protestantismo cerca de 15% da população, a maior parte
que há cerca de 100 mil coreanos e descendentes vivendo no Brasil, através de igrejas evangélicas pentecostais. Espíritas fazem 1% da
grande parte deles na cidade de São Paulo. população e Testemunhas de Jeová são cerca de 0,5%.
Dentre as regiões brasileiras, as que mais receberam imigrantes foram Uma parcela correspondente a 7% da população não é praticante de
a Sul e a Sudeste, e principalmente o estado de São Paulo, que recebeu religião alguma. Incluídos nesta parcela estão os ateus e agnósticos.
quase a metade dos imigrantes entrados no Brasil. Apenas na capital
paulista, há imigrantes de mais de cem nacionalidades diferentes. Religiões como judaísmo, budismo, islamismo, hinduísmo, bem como
as de origem africana (umbanda e candomblé, por exemplo), têm um
Atualmente, o ciclo migratório têm-se invertido, e o Brasil, que sempre número muito reduzido de seguidores no Brasil, geralmente concentrados
recebeu imigrantes, passou a partir da década de 80 do século XX por uma em cidades do Sul, Sudeste ou Nordeste.
fase de surto emigratório. As diversas crises sócio-econômicas do país têm
levado parcelas da população a procurarem saídas no exterior, Deficiência
especialmente nos Estados Unidos e na Europa. A melhoria econômica Mais de 24 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência.
recente no Brasil com a moeda forte, aliada a outros fatores como a Cerca de 16,5 milhões possuem deficiência visual, 8 milhões possuem
xenofobia crescente em diversos países, contribuem para um processo de deficiências de locomoção, 5,5 milhões possuem deficiência auditiva, e
retorno de levas de emigrados brasileiros (especialmente dos Estados quase 3 milhões possuem alguma deficiência mental. Frequentemente é
Unidos, que passam por uma crise econômica) e a redução do fluxo dito que há grande carência de obras adaptadas ao deficiente no Brasil e
emigratório observado até 2003. nenhuma campanha específica nacional para resolver o problema.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 117 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Língua Pirâmide etária – A desaceleração do crescimento demográfico e o
O português é a língua oficial e é falado pela população. O espanhol é envelhecimento populacional estão mudando o desenho da pirâmide etária
entendido, em diversos graus, pela maioria dos brasileiros. O inglês é parte brasileira – o gráfico que mostra a distribuição da população por faixa de
do currículo das escolas públicas e particulares, e o espanhol passou a idade. Nos anos 1980, a pirâmide era afunilada na ponta e larga na base,
fazer parte do currículo escolar nos últimos anos; o inglês é entendido e setor em que estão representadas as camadas de jovens. Nos anos 2000,
usado por poucas pessoas, especialmente nos centros comerciais e a pirâmide mostra uma base mais estreita e formato menos afunilado,
financeiros. indicando a tendência de crescimento da população adulta. Nas projeções
do IBGE para as quatro próximas décadas, a pirâmide tende ao equilíbrio
Cerca de 180 idiomas e dialetos dos povos indígenas são falados nas entre as faixas de idade até os 40 anos e o alargamento do pico, onde está
tribos, embora esse número esteja em declínio. representada a população de idosos.

O português é a língua materna de 98% dos brasileiros, embora haja Padrão de vida – A Pnad de 2003 revela novas tendências no padrão
um expressivo número de falantes de línguas imigrantes, principalmente o e no estilo de vida dos brasileiros. As famílias estão cada vez menores,
alemão, falado em zonas rurais do Brasil meridional, sendo o dialeto com 3,3 integrantes em média, e 28% delas são chefiadas por mulheres. O
Hunsruckisch o mais usado por cerca de 1,5 milhão de pessoas. O italiano nível de conforto dos lares brasileiros aumentou de uma década para cá:
é bem difundido por alguns descendentes de imigrantes que ainda não telefone, automóvel, água encanada e coleta de lixo foram alguns dos itens
adotaram o português como língua materna em zonas vinícolas do Rio que mais se popularizaram. Entre 1993 e 2003, a taxa de analfabetismo
Grande do Sul, sendo o dialeto Talian o mais usado. Outra língua falada recuou de 15% para 10% da população e a escolaridade cresceu em todas
por minorias é o japonês, entre outros idiomas imigrantes.11,4% da as faixas etárias. Os movimentos migratórios são mais diversificados, e é
população brasileira é analfabeta. cada vez mais significativa a migração de pessoas para cidades da mesma
região e do mesmo estado, o que reflete a busca por novas oportunidades
de trabalho e melhores condições de vida.
A ESTRUTURA ETÁRIA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA E A EVOLU-
ÇÃO DE SEU CRESCIMENTO. Distribuição populacional - Dividindo-se o número de habitantes esti-
mado pelo IBGE em 2004 pela área total do território brasileiro chega-se à
Quinta nação mais populosa do mundo, o Brasil ultrapassa o marco densidade populacional do país: 21 habitantes por quilômetro quadrado.
dos 180 milhões de habitantes em 2004, segundo as estimativas do Institu- Na prática, porém, a ocupação territorial no país varia drasticamente de
to Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Acompanhando uma ten- uma região para outra. Na Região Norte e em parte da Centro-Oeste, as
dência mundial, o crescimento demográfico brasileiro vem se desaceleran- densidades são inferiores a cinco habitantes por quilômetro quadrado. Já
do nas últimas quatro décadas. Isso ocorre porque a taxa de fecundidade na Região Sudeste há mais de 78 habitantes por quilômetro quadrado,
(a quantidade de filhos que a mulher tem no decorrer da vida) está caindo sobretudo nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. Há quatro déca-
ano a ano; atualmente, é de 2,3 filhos por mulher, índice próximo ao dos das, o Sudeste mantém-se como a região mais populosa do Brasil. Atual-
países desenvolvidos. mente, mais de 40% dos habitantes do país vivem ali.

Segundo o Censo de 2000, de cada dez habitantes do Brasil, oito mo-


Se o crescimento da população permanecesse no mesmo ritmo do ve-
ram em cidades. A urbanização do país consolida-se na década de 1970,
rificado nos anos 1950, quando as mulheres tinham em média mais de seis
quando a população residente em cidades supera o número de moradores
filhos, seríamos hoje 262 milhões de brasileiros. Naquela época, a taxa de
das zonas rurais. Atualmente, a metade dos habitantes rurais do país
crescimento demográfico era de 3% ao ano; agora, é de 1,4%. De acordo
concentra-se no Nordeste: cerca de 15 milhões de pessoas.
com as projeções do IBGE, esse índice continuará diminuindo até que, em
2062, o número de brasileiros vai parar de aumentar. A evolução do Brasil pelos censos - Os 11 recenseamentos realizados
no decorrer de 128 anos testemunham um período de intenso crescimento
Outra tendência da população do país é o envelhecimento. Com a me- e grandes modificações no Brasil. O primeiro deles, em 1872, contou uma
lhoria das condições de vida e os progressos da medicina conquistados população de quase 10 milhões de habitantes, dos quais 15% eram escra-
nas últimas décadas, as pessoas vivem mais, o que contribui para o au- vos. A população masculina era maioria (quase 52%), e os imigrantes
mento da proporção de adultos e de idosos na população. Em 1940, a chegavam perto de 4%. Havia, na época, 1,3 milhão de domicílios, nos
média de vida dos brasileiros era de 45 anos; em 2003 já passa de 70. quais habitavam em média 7,5 pessoas. Apenas 15% da população sabia
ler e escrever.
Envelhecimento populacional– Com o envelhecimento dos brasileiros,
associado ao menor número de nascimentos, as proporções de crianças e O segundo censo, de 1890, encontrava uma população 40% maior: 14
de idosos tende ao equilíbrio. Em 2000, o grupo de 0 a 14 anos represen- milhões de pessoas. O Brasil acabava de abolir a escravatura, vivia o
tava 30% da população, enquanto o dos cidadãos com mais de 65 corres- primeiro ano de República e atraía grandes levas de imigrantes. Mais de 1
pondia a apenas 5%. Já em 2050, as projeções indicam que os dois grupos milhão de estrangeiros chegaram ao país na década de 1890. Com isso,
terão o mesmo tamanho, representando, cada um, 18% da população. no terceiro censo, em 1900, a população imigrante superou os 7%. Nesse
ano, o país tinha 17 milhões de habitantes e quase 3 milhões de domicílios,
Transição demográfica – O envelhecimento da população é um fenô- nos quais habitavam mais de cinco pessoas em média. Um quarto da
meno típico das nações desenvolvidas que passa a ocorrer também nos população declarava saber ler e escrever.
países em desenvolvimento. O processo que leva a essa situação é co-
nhecido como transição demográfica e se caracteriza pelo declínio da Nos 20 anos que se passaram até o quarto censo, em 1920, a popula-
mortalidade, seguido pela diminuição da fecundidade. Com as pessoas ção do país quase dobrou, atingindo 30 milhões de pessoas. O número de
vivendo por mais tempo e menos crianças nascendo, a proporção de domicílios, no entanto, cresceu apenas 25% em relação à contagem ante-
idosos no conjunto da população aumenta a cada ano. As causas do rior. Com isso, a média de moradores dos lares voltou ao patamar dos
declínio da mortalidade são melhorias em saneamento, tratamento de água tempos imperiais, em que cerca de oito pessoas viviam sob o mesmo teto.
e alimentação e o maior acesso aos serviços de educação e saúde. E o da O número de portadores de deficiência audiovisual, levantado pela primeira
fertilidade decorre do uso de métodos anticoncepcionais. vez num censo, era de 55 mil pessoas.

Durante o processo de transição demográfica, ocorre um fenômeno O primeiro censo do IBGE - Em 1940 realizou-se o quinto censo, agora
chamado janela demográfica. É quando a população economicamente sob a responsabilidade do IBGE, que ampliou a abrangência do levanta-
ativa ultrapassa em número o conjunto de crianças e idosos. Nesse perío- mento. Da população de 41 milhões de habitantes, um terço já residia em
do em que há mais pessoas no mercado de trabalho e um menor número zonas urbanas. A qualidade de vida, ainda bastante precária na época,
de dependentes, os países podem obter significativos ganhos econômicos provocava índices de mortalidade que iam de 145 por mil habitantes, em
desde que consigam garantir emprego para todos. São Paulo, a 219 por mil, em Salvador. A esperança de vida média do
brasileiro era de 41,5 anos.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 118 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Na metade do século XX, a população brasileira chegou a 52 milhões. Bremaeker (1991, p.63), num trabalho com prefeitos municipais, apon-
O sexto censo, em 1950, mostrava que a faixa etária de 0 a 8 anos era a ta os principais problemas que exigem mais atenção dos governantes nas
mais numerosa, reunindo 16% dos habitantes. Ela poderia ser ainda maior, suas gestões. Mesmo que os municípios sejam diferentes, as variações em
não fosse a média brasileira de mortalidade infantil tão elevada – 135 conteúdo e intensidade do espectro de cada problema encontrado, decor-
mortes por mil nascidos vivos. Na cidade de Natal, quatro de cada dez rem da vocação econômica de cada município. Os problemas mais comuns
crianças morriam antes de completar 1 ano. contemplam:
- recursos financeiros insuficientes para atender a todas as necessi-
O sétimo censo contou 70 milhões de habitantes, em 1960. Um quarto dades da comunidade;
dos 19 milhões de famílias existentes tinha entre oito e nove integrantes. O - recursos humanos deficientes ou mal preparados para as funções
Brasil crescia à taxa de quase 3% ao ano, e a região cuja população mais que exercem;
aumentava – 6% – era a Centro-Oeste. - inexistência ou necessidade de ampliação dos serviços de infra-
estrutura urbana, saneamento básico, distribuição de água, esgoto
Maioria da população nas cidades - No censo seguinte, em 1970, esse sanitário, coleta de lixo, arruamento, pavimentação de vias, entre
crescimento começaria a desacelerar-se. Nesse ano, o oitavo recensea- outros;
mento contou 93 milhões de habitantes e mostrou que 56% da população - falta ou insuficiência de instalações, equipamentos e pessoal na
vivia em zonas urbanas. Perto de 20 milhões de pessoas com mais de 10 área de saúde,
anos de idade tinham curso completo: 75%, o fundamental; 22%, o médio; - abertura e conservação de estradas vicinais;
e apenas 3%, o superior. - necessidades de ampliação da oferta de emprego;
- falta ou insuficiência de instalações e pessoal habilitado na área de
Em 1980, a população brasileira chegou à casa dos 100 milhões: o educação;
nono censo contou 119 milhões de habitantes. Na época, acreditava-se - necessidade de construção de habitação para a população;
que a população brasileira ultrapassaria os 200 milhões na virada do - necessidade de aquisição ou recuperação do maquinário, motoni-
milênio. Porém, o modo de vida urbano, condição de dois terços dos brasi- veladoras, tratores, caminhões;
leiros, imprimia um padrão de crescimento demográfico mais lento à nação. - interferência negativa por parte de políticos locais;
O predomínio da faixa de 0 a 9 anos começava a declinar, e as demais - falta de apoio por parte do governo estadual e federal;
faixas aumentaram sua participação. Dos 27 milhões de famílias, 17% já - necessidade de prestar de assistência social à população;
eram chefiadas por mulheres. - condicionantes físicos, secas, geadas ou enchentes;
- falta de apoio ao setor agrícola.
Com quase 145 milhões de habitantes, o Brasil retratado pelo Censo
de 1991 mostrava o grau de transformações que o país sofrera do início ao Essas problemáticas tornam-se o grande desafio das gestões munici-
fim do século. A população tornara-se predominantemente urbana, as pais, que logram aos gestores a sua principal atenção e volume de recur-
famílias haviam encolhido à metade, as pessoas passaram a viver 50% sos, comprometendo as possibilidades de soluções preventivas, uma vez
mais, as mulheres haviam conquistado mais direitos e responsabilidades que a demanda de tais empreendimentos cresce acima da capacidade de
perante a sociedade e o grau de instrução dos indivíduos aumentara. Com oferta de recursos disposta nas prefeituras.
isso começava a esboçar-se o cenário do país na virada do milênio, quan-
do foi realizado o 11º- censo, o de 2000. As ações dos governos municipais, pela necessidade de atender aos
problemas existentes de forma emergencial, na maior parte das vezes,
impedem a criação de cenários futuros com melhor aplicabilidade dos
INTEGRAÇÃO ENTRE INDÚSTRIA, ESTRUTURA URBANA, REDE DE recursos em investimentos que maximizem as carências municipais.
TRANSPORTES E SETOR AGRÍCOLA NO BRASIL
A preocupação dos administradores municipais está em atender às
A PROBLEMÁTICA DOS PLANEJAMENTOS MUNICIPAIS necessidades mais urgentes em cada município, onde, geralmente, as
As administrações das últimas gestões municipais avançaram no sen- propostas de governo, dos próprios prefeitos, vêm de encontro a solução
tido de trazer para a população uma nova inserção na administração da de tais problemas, com investimentos dispersos em diversas atividades,
cidade, mas, de acordo com Junqueira e Inojosa (1993, p.87), não logra- dada as carências existentes nas prefeituras. O autor supra citado aponta
ram mudar a lógica que informa a prática da burocracia municipal. Houve ainda, que as prioridades de ações dos seus governos municipais, face às
melhorias na prática da participação popular nas decisões sobre a aplica- questões mais pertinentes em que se apresentam cada município, são:
ção dos recursos, mas não se mudou a forma de gerenciar sua aplicação. educação, saúde, infra-estrutura urbana, estradas vicinais, agricultura,
A população foi chamada a decidir, porém no interior da organização habitação, assistência social, desenvolvimento econômico, esportes, lazer
municipal, a decisão permaneceu centralizada na administração de recur- e turismo, participação comunitária, reforma administrativa, recursos hu-
sos financeiros, no gerenciamento da força de trabalho, nos recursos manos e meio ambiente. (Bremaeker, 1994)
materiais e, sobre o modo de realizar os serviços.
Essa sequência de prioridades, apresentadas pela sua ordem de im-
Todavia, o processo de descentralização dos governos superiores atri- portância, tiveram sua origem com o intenso processo de industrialização-
buiu aos governos municipais a dimensão política/administrativa, configu- urbanização ocorrido no país a partir de meados deste século, que, soma-
rando-lhe importante papel social a desempenhar no campo de crescimen- dos ao êxodo rural, resultou num processo de urbanização considerável,
to e desenvolvimento dos interesses locais em conformidade com a auto- com expressiva e progressiva concentração de população nas cidades,
nomia que lhe compete. Coelho (1994, p.25) afirma que desta forma, a herdando enormes problemas aos governos, principalmente municipais.
descentralização compreende a possibilidade de ampliação dos direitos, da Pamplona (1993 p.27) apresenta que esse processo de urbanização exer-
autonomia da gestão municipal e a participação cotidiana dos cidadãos na ce pressão sobre os sistemas urbanos combalidos, demandando espaço,
gestão pública. recursos naturais, emprego, infra-estrutura, serviços públicos, enfim, me-
lhores oportunidades de vida. Já para Xavier (1992 p.31) essa situação
As práticas administrativas utilizadas pelos governos municipais, dada resulta em graves efeitos ambientais, que são claramente identificáveis,
as suas limitações administrativas e forças de cunho político, estavam mais seja através das diferentes formas de poluição, do déficit no atendimento
condicionadas à submissão dos níveis governamentais superiores, do que por serviços e infra estrutura urbana, ou através de formas de ocupação do
ao real atendimento às questões municipais, podando a criatividade na solo que levaram e ainda levam à degradação dos espaços natural e
solução e atendimento das causas locais. construído.

Por outro lado, o crescimento acelerado das cidades imobilizou as ad- A área urbana, sendo uma condição indispensável para a produção
ministrações municipais, pela absorção da maior parcela dos recursos, social, incluindo-se aí a reprodução da força de trabalho, consiste na
principalmente financeiros, no atendimento dos serviços básicos e implan- fixação do suporte material, infra-estrutura, transporte, comunicação,
tação da infra-estrutura mínima ao atendimento da população. saneamento, hospitais, escolas, parques, lazer, entre outros serviços

Ciências Humanas e suas Tecnologias 119 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
urbanos. Devido a isso, Pamplona (1993 p. 28) acrescenta que a área e à recuperação do país. Nas cidades onde estes fatores se faziam presen-
urbana se transforma em geradora de graves problemas sociais, tais como: tes, o crescimento ocorreu com maior intensidade.
a marginalização da população mais pobre em periferias carentes e lon-
gínquas, déficit habitacional, elevação dos custos de implantação e manu- Esse centralismo do governo, refletiu também no uso do solo urbano,
tenção da infra-estrutura, equipamentos e serviços urbanos, dispersão e pela concentração de fábricas, edifícios comerciais, habitações e aumen-
superconcentração simultânea da população e das atividades econômicas tando as edificações, exigindo a existência de espaços para recreação,
na cidade. escolas, hospitais e outros equipamentos.

Por outro lado, para Schweizer (1994 p.71), os municípios enfrentam O fortalecimento do poder federal se articulou imprimindo ao processo
uma grande perda na qualidade de vida de seus habitantes que aspiram de desenvolvimento a dinâmica do autoritário e destacando a eficiência
por um desenvolvimento que não provoque a destruição sistemática do como base hierárquica.
meio urbano. A pressão gerada por grandes contingentes de população
urbana carente, obriga os governos locais a realizarem concessões cada A atuação do governo federal, através da administração direta e indire-
vez maiores em termos de preservação ou melhoramento ambiental. ta, se fez presente em quase todos os setores da vida econômica/social do
Pressão idêntica se forma do outro lado pelos grupos sedentos de lucro e país. O aparato do governo federal na periferia, ficou marcado pela prolife-
que não assumem o comprometimento com as causas da cidade, ignoran- ração da burocracia. Essa conotação burocrática se fez sentir nos plane-
do a realidade dos fatos, em busca de resultados financeiros. jamentos da administração municipal, que compreendiam encaminhamen-
tos de gestão administrativa da esfera federal para os municípios. Esses
A degradação ambiental e os problemas decorrentes têm sido um fe- planejamentos desmereciam os interesses da população, as características
nômeno visível nas propriedades particulares, ruas, bairros e assentamen- locais e, igualmente, a representatividade política dos segmentos sociais.
tos irregulares, nas áreas urbanas e seus entornos. Esse processo resultou Fato este que recebeu a conotação de planejamento de cima para baixo
na existência de cidades que foram deteriorando rapidamente, a qualidade (Souza, 1991). Esse procedimento teve forte impacto nos municípios, pois
de vida de sua população, devido principalmente a ineficiência do planeja- a liberação dos recursos, principalmente, federal, na década de 70, estava
mento e geralmente com pouca participação da cidadania. Nesse sentido, vinculada a projetos que ocasionaram uma multiplicação dos planos direto-
os governos ficam a administrar a perplexidade das questões diárias e res fomentados pelo próprio governo.
buscar paliativos para problemas que foram se alastrando no decorrer do
tempo, fragmentando cada vez mais suas ações e enfrentando uma multi- Contudo, esse mecanismo sofreu um viés na sua implementação por
plicidade de problemas ambientais (Schweizer (1994 p.71). uma série de razões. Constatou-se uma lacuna entre os propósitos dos
planos e as realidades locais, pois os planos eram elaborados por escritó-
A crise econômica e as políticas de ajustes macroeconômicos colocam rios de consultoria contratados que direcionavam as realizações de obras
para os governos locais o desafio de combinar a política de desenvolvi- que pudessem ser executadas pelos mesmos. Esses planos realizados por
mento econômico com a política social, onde a política local tem priorizado escritórios de consultoria restringiram o aperfeiçoamento do quadro técnico
a ordenação e o equipamento do território, que corresponde a obra física das prefeituras, tornando irrelevante as necessidades locais pelo interesse
pura. O quadro de degradação das cidades faz com que se acentue a no direcionamento das obras. As propostas se limitavam aos ordenamen-
iniciativa pública - em parceria com a iniciativa privada, com ONGs e tos do espaço físico e desmereciam os problemas sociais da população,
formas associativas urbanas - para reconstruir a base produtiva da cidade, inclusive, despotizando as questões urbanas na crença de que levaria os
atrair atividades geradoras de emprego, promover as indispensáveis mu- habitantes a viver em melhores condições. Souza (1991 p.58)
danças tecnológicas para assegurar a competitividade dos diversos setores
econômicos. A política social, que requer grandes recursos, fica com A Carta Magna de 1967 representou o respaldo necessário à reestru-
atendimento penalizado e em proporções compatíveis aos programas de turação governamental e organizou-se voltada para a eleição do desenvol-
cada governo, limitando-se ao atendimento básico e de emergência em vimento, primordialmente econômico, o fortalecimento do poder executivo
prejuízo de toda questão social que envolve a sociedade, pois tais recursos como instrumento básico para atingir o desenvolvimento e a preocupação
só são obtidos se a cidade reencontra o dinamismo econômico. como a eficiência e a racionalização do processo político-administrativo.

O desenvolvimento econômico local contempla-se como resultado de As diretrizes da gestão pública, frente à realidade pertinente, estiveram
um esforço compartilhado com os diversos atores que possam ser incorpo- apoiada nos princípios fundamentais como: planejamento, coordenação,
rados com outras instâncias governamentais. Nesse sentido, Coelho (1994 descentralização, delegação de competência e controle.
p.26) observa que a principal responsabilidade do governo municipal esta
em coordenar as ações e desenvolver, em conjunto com a comunidade As reformas administrativas, na área pública, contemplam processos
urbana e rural, um pensamento ambiental coerente. Esse pensamento de natureza, ao mesmo tempo político-administrativa e técnico-
comunitário em preservação ambiental visam fazer e implantar normas que organizacional, pois apresentam mudanças sociais que, num contexto
permitam controlar a deteriorização ambiental das áreas urbanas e propor- democrático, implicam na confrontação de interesse e na busca do con-
cionar a reabilitação das mesmas. senso possível aos procedimentos desejáveis e legítimos na gestão públi-
ca.
DIFICULDADES PARA A IMPLANTAÇÃO DE PLANEJAMENTOS
MUNICIPAIS VOLTADOS À SUSTENTABILIDADE A capacidade sinérgica da administração pública importa em continu-
A administração pública caracteriza-se, especificamente, por uma rela- amente redefinir sua missão em face aos novos imperativos. No entanto,
ção de responsabilidade direta da qual decorre o desenvolvimento da as mudanças nas administrações públicas, como novas diretrizes e formas
sociedade. Teixeira e Santana (1994, p.7) apresentam que o governo, de gestão, dada a alternância de governantes, esbarram nos interesses
como instância societal, articula necessidades diferentes de indivíduos, estabelecidos e provocam interferência na cultura organizacional do apare-
grupos, classes sociais e outros segmentos da sociedade. Estas necessi- lho administrativo do país. O planejamento compreendido como um pro-
dades, em interação, têm um efeito multiplicador, de dimensão macro, que cesso inerente à administração pública deve ser uma prática sistemática e
confere ao governo um potencial transformador, de caráter uno, em relação constante com integração entre áreas econômica, social, físico-territorial,
à sociedade global. administrativa e institucional.

A caracterização do exagerado centralismo político/econômico no país Os interesses corporativos nas estruturas organizacionais das organi-
no processo das atividades econômicas de produção, logrou ao governo zações públicas fazem prevalecer seus direitos, previstos na legislação,
federal, do início da década de 30 até meados da década de 60, mesmo diante dos imperativos às mudanças, comprometendo as gestões públicas
com decisões arbitrárias, sua presença nas cidades de maneira a direcio- nas formas mais dinâmicas de administração.
nar os fluxos de produção e consequentemente a concentração do capital.
As cidades, mesmo com concentração das atividades de produção, esta- Desta maneira, as questões de planejamento têm encontrado diversos
vam sob as ações do governo federal em atendimento aos seus interesses entraves na sua elaboração, em especial os internos da administração

Ciências Humanas e suas Tecnologias 120 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
pública pelo seu quadro de pessoas, composto por um corpo permanente planejamento deve contemplar também os Municípios que constituem a
do pessoal técnico e efetivo e por outro transitório e com cunho mais sua região de influência imediata, pois os que se encontram na vizinhança
político atingindo o sistema administrativo, ocorrendo frequentemente viés dos grandes municípios têm as suas economias intimamente relacionadas
de conduta nos procedimentos e interesses das cidades e municípios como com estes.
um todo.
Neste sentido, Souza (1991, p.59) aponta que muitas cidades brasilei-
O planejamento, enquanto direcionador e organizador das ações das ras, no encontro de seu desenvolvimento, ultrapassam os limites territoriais
administrações municipais, não contempla as necessidades reais dos e político-institucionais do município, formando as aglomerações urbanas,
municípios, mantendo um desempenho insatisfatório pela manutenção de constituídas de mais de um município que, interdependentemente de seus
uma inadequada infra-estrutura, falta de transparência de seus objetivos e limites de atuação político-institucional, formam uma mesma coletividade
propósitos, além da má alocação dos recursos. Isto se deve, também, pela sócio/econômica.
omissão da representatividade dos beneficiários no controle das ações e
decisões governamentais, principalmente locais. Essa realidade torna inevitável que cada vez mais existam funções
que não podem ficar restritas a um só município, seja do ponto de serviços
As deficiências administrativas, no atendimento às normas e procedi- urbanos como, transporte, habitação, equipamentos de saúde e educação,
mentos burocráticos exigidos pelas formalidades das organizações públi- lixo, abastecimento de água, energia elétrica ou do próprio desenvolvimen-
cas e dos anseios políticos, contribuíram para o agravamento dos proble- to econômico, gerando assim espaços que devem ser planejados não
mas urbanos, por serem ignorados ou negligenciados das próprias realida- apenas em nível local, intra-urbano, mas de forma mais abrangente, ou
des locais. seja, regional.

Nesse sentido, diante dos fatores abordados, se tornou nítido que as No entender de Fontes (1991, p. 51), os problemas e as oportunidades
administrações municipais estavam mais voltadas ao cumprimento dos municipais decorrem do fluxo de pessoas e recursos, bens e serviços, em
anseios superiores que propriamente o atendimento das causas munici- geral entre os municípios; de desigualdades e/ou complementaridade de
pais. O direcionamento político impregnou nas organizações públicas, recursos disponíveis em cada município, e do impacto diferenciado de leis
principalmente municipais, uma alienação à dependência dos recursos dos e arranjos institucionais sobre os municípios.
níveis administrativos superiores, principalmente federal, que se tornou
incapaz de formar sua própria cultura administrativa representativa no Os fluxos de água, ar e sólidos através de limites municipais geram os
contexto social. O doutrinamento federal imobilizou as administrações problemas mais visíveis e frequentemente os mais sérios nas relações
municipais de maneira a limitar suas ações de governo ao atendimento entre os municípios à denominada poluição fronteiriça. Os problemas
básico e fundamental à população, sem grandes projeções e desempenhos menos comuns, mas que estão se tornando dos mais difíceis, quase intra-
administrativos. táveis, são o transporte e disposição final dos resíduos sólidos de grande
número de cidades industriais. Também, os resíduos tóxicos hospitalares
Diante da imposição governamental, as administrações municipais fi- fazem parte deste contexto.
caram míopes em encontrar perspectivas de potencialidades locais, como
forma de gestão participativa e abrangente das realidades que as cercam, As experiências desta nova concepção de ação pública - diversificadas
além de limitarem suas ações governamentais a sua gestão como meio de nas áreas de saúde, transporte, habitação, abastecimento, educação,
projeção política e manutenção no poder. orçamento e cultura - reafirmam a noção de que o desenvolvimento local
integrado deve se dar de forma compartilhada, garantindo a dimensão
A forma de gestão centralizada em cumprimento dos planos de gover- pública dos serviços.
no, limitados pelo espaço de tempo, pela gestão de cada governo, com-
promete as administrações na implantação de projetos realmente adequa- Para Souza (1991), um planejamento regional é uma mobilização das
dos e compatíveis com as necessidades dos municípios. Poucos são os forças políticas, sociais e econômicas de vários municípios que vão além
exemplos de ações municipais que tiveram continuidade de projetos por do simples somatório de forças e intenções.
gestões sucessivas.
Os planejamentos municipais, com vistas à sustentabilidade, contem-
As dificuldades das administrações municipais relacionadas ao plane- pla a cooperação intermunicipal, para viabilizar políticas de desenvolvimen-
jamento municipal e deste, para o planejamento sustentável, tem em to micro regional e ultrapassar dificuldades no atendimento à demanda por
contrapartida, contribuído para que algumas questões comuns aos municí- serviços públicos, constituindo entidades específicas. Fontes (1991,p.46)
pios fossem tratadas conjuntamente, e assim forçado a comunicação entre aborda ainda que, para muitos prefeitos, a solução encontrada para o
gestores de municípios circunvizinhos, possibilitando melhorias nos plane- problema está na celebração de consórcios com municípios vizinhos para a
jamentos e solução de problemas comuns. Esse é o enfoque do próximo prestação de serviços administrativos, a prestação de serviços públicos e a
assunto. preservação do meio ambiente. Essa prestação de serviços comuns atra-
vés de entidades inter-municipais tem por finalidade a operacionalização
PLANEJAMENTOS MUNICIPAIS INTEGRADOS na prestação de serviços que visa o desenvolvimento da micro região a
As administrações municipais, segundo Fischer (1996), nos desafios partir de soluções técnicas e negociações políticas, onde surge o papel de
da economia sustentada e na promoção do desenvolvimento, defrontam-se intermediação entre os municípios e as outras esferas de governo.
com o resgate da identidade local, interceptando o futuro num plano de
abordagens de oportunidades. Essa estratégia de planejamento torna-se possível desde que haja
uma relativa proximidade e facilidade de comunicação entre os municípios
As responsabilidades do poder público tornam-se cada vez mais com- e capacidade de iniciativa, visão e espírito de cooperação dos prefeitos no
plexas e variadas à medida em que o país se desenvolve econômica, sentido de associarem os seus municípios em busca de soluções comuns
social e culturalmente. E, nesse sentido, o governo municipal é o mais para os problemas comuns.
solicitado a prestar novos serviços e atividades, visto que ocorre, na esfera
do município, o cotidiano da população. As administrações municipais constituem ambiente propício para atua-
ção das grandes massas, através das suas organizações, utilizando como
Além da preocupação com os empreendimentos públicos e privados método de atuação a planificação participativa. Para Pessoa (1988, p.55-
que afetam a sua área de jurisdição, afirma Bremaeker (1994), as adminis- 56), pelo menos três considerações justificam as possibilidades do poder
trações municipais devem também preocupar-se com as próprias ativida- local, para a realização de bens e serviços, de acordo com essas caracte-
des e projetos que afetam o meio ambiente e a população. rísticas.

A experiência tem demonstrado que o planejamento municipal não de- A primeira se refere às facilidades criadas pelo processo administrativo
ve se restringir ao estrito limite do seu território. Para Bremaeker (1994), o local, no que tange ao relacionamento entre a comunidade e os dirigentes

Ciências Humanas e suas Tecnologias 121 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
municipais. O povo tem fácil acesso à quem tem poder deliberativo. Como de relacionamento que forma o ecossistema. Este estudo permite identifi-
consequência, existem melhores condições para o desenvolvimento de car algumas das leis que regulam os mecanismos ecossistêmicos, as quais
uma administração colegiada, passo importante no encaminhar da demo- sintetizam-se nos seguintes princípios:
cracia representativa para a democracia participativa. - interdependência, tudo está relacionado com tudo, formando um
conjunto interdependente;
A segunda relaciona-se ao caráter objetivo da dependência das condi- - ordem dinâmica, esse sistema de equilíbrio interdependente e di-
ções de vida em relação aos bens que podem e devem ser realizados nâmico surgiu por um lento e trabalhoso processo evolutivo, que
pelas administrações locais. As contradições sociais, no conjunto da nação precisa ser continuamente renovado para prosseguir;
têm sua correspondência urbana, embora em diferentes expressões, - equilíbrio auto regulado (homeostase). Esse dinamismo faz com
relativas às grandezas diversas dos municípios. Pelo menos as necessida- que o ecossistema seja auto-organizado e também auto-regulável;
des básicas do dia-a-dia se enquadram nas atividades geralmente desen- - maior diversidade pode significar maior estabilidade, ou seja, quan-
volvidas pelas administrações locais. to maior for a variedade de elementos existentes em um ecossis-
tema, maior será a sua capacidade de auto-regular-se, pelas pos-
Finalmente, a terceira diz respeito à possibilidade de atuação direta sibilidades de recambiar elementos num novo equilíbrio;
nesse nível administrativo, através de contradições secundárias, visando - fluxo constante de matéria e energia. O sol é a grande fonte de
atendimento das necessidades básicas das classes populares, sem que, energia da natureza;
em inúmeros casos, aflorem as contradições principais do regime, pelo - reciclagem permanente. Não existe lixo na natureza. Todo elemen-
menos num primeiro momento. to natural liberado no ambiente é reaproveitado de alguma forma
pelo ecossistema.
Contudo, apesar dessas condições favoráveis ao planejamento partici-
pativo, é importante não esquecer que o município é parte integrante da Esse ambiente em constante evolução e dinamismo, proporciona ce-
problemática nacional, isto é, todos os problemas nacionais afetam o nários momentâneos e sucessivos do contexto ambiental.
município.
PLANEJAMENTO MUNICIPAL QUE DIRECIONA AO DESENVOL-
Essa mudança permitirá que a cidade seja assumida como um ecos- VIMENTO SUSTENTADO
sistema específico, para que seus problemas encontrem soluções harmô- A revisão do conceito de desenvolvimento, por parte do governo cen-
nicas, planejadas e executadas de forma integrada. Integração das cidades tral, representa trilhar o caminho do desenvolvimento sustentável, assu-
com o espaço exterior que a circunda e de onde ela tira os recursos natu- mindo que os problemas sociais estão intimamente associados com os
rais, matéria e energia, para a sobrevivência de seus habitantes. Integra- problemas ambientais e que a solução deve ser conjunta.
ção no seu interior, entre os elementos do sistema, que envolve os recur-
sos naturais e as funções urbanas, procurando equilibrar as atividades A descentralização concebida na redistribuição do poder político, entre
desenvolvidas, os resíduos produzidos e a ocupação humana. as esferas administrativas e nos poderes executivo, legislativo e judiciário,
permitiu o balanceamento das questões políticas, econômicas e adminis-
A diversidade presente nos processos de produção da cidade se tra- trativas com vistas ao desenvolvimento do país. Esta conquista, concebeu
duz tanto nas diferentes formas de participação econômica e social dos espaço para a sociedade manifestar suas prioridades, problemas e neces-
atores, quanto na complexidade dos municípios com relação a suas poten- sidades às administrações públicas. Mesmo assim, os canais de manifes-
cialidades. Em alguns casos, a economia pode ser sustentada por uma tação da população nos meios públicos são restritos, bem como o interes-
produção primária, como agricultura ou extração mineral. Em outros, como se de participação da sociedade é reduzido, mas ambos vem aumentando
os grandes centros urbanos, a base de poder e manufatureira ou de gran- no decorrer dos anos.
des indústrias, nesses, a economia é muito mais complexa, mesclando-se
setor primário, serviços, manufaturas e grandes indústrias. Essas modificações administrativas, a princípio induzidas pelas altera-
ções constitucionais, hoje também ocorrem devido a uma demanda maior
As novas parcerias, ainda que conflitivas, com as empresas privadas, de qualidade de vida por parte da população, que aos poucos vai compre-
surgem com maior intensidade na área de desenvolvimento urbano. Inseri- endendo a ampliação dos direitos da cidadania, no que diz respeito às
das no quadro de descentralização e desconcentração com controle social, questões ambientais no Brasil. Isto conduziu ao meio ambiente aparecer
tem suscitado uma série de instrumentos jurídicos - como o solo criado, pela primeira vez num texto constitucional como um direito fundamental da
operações interligadas, urbanizações consorciadas - que procuram articu- pessoa humana, não mais como um simples aspecto da atribuição de
lar políticas de controle do uso do solo com políticas de desenvolvimento órgãos ou entidades públicas (Silva, 1994 p.230)
social.
A preocupação com os problemas ambientais decorrentes dos proces-
sos de crescimento e desenvolvimento vem ocorrendo de modo muito
A própria percepção que a crise atual é uma crise única, diferente de
diferenciado entre indivíduos, governos, organizações internacionais,
todas as crises parciais tidas no passado, apresenta questões cruciais e
entidades da sociedade civil entre outros. No contexto urbano brasileiro, os
decisivas para o futuro histórico da espécie humana. Isto se justifica dado
problemas ambientais, crescentes a cada período, não recebem atendi-
que a solução do dilema atual não poderá ser encontrada através de
mento compatível e necessário ao desejado e, a resolução lenta dos
caminhos antigos e já trilhados, mas sim através da geração de alternati-
problemas agravam ainda mais a situação.
vas radicalmente novas e originais.
Para Barbieri (1997 p.15-16), isto ocorre devido as etapas a serem se-
A solução real para a crise atual terá de nascer da iniciativa, da criati- guidas nesta evolução, onde a inicial se baseia na percepção dos proble-
vidade e da solidariedade dos homens. Também são necessários um mas ambientais localizados e atribuídos à ignorância, negligência, dolo ou
esforço contínuo com respeito à educação e um ajuste do binômio ciência indiferença das pessoas e dos agentes produtores e consumidores de bens
e tecnologia para a produção de disseminação de tecnologias apropriadas. e serviços. Posteriormente, a degradação ambiental é percebida como um
problema generalizado, porém confinado nos limites territoriais das locali-
A comunidade como um todo deve questionar suas formas de traba- dades. Além destas causas, a gestão inadequada dos recursos é apontada
lho, o seu consumo, o seu lazer, os seus relacionamentos e a sua visão do como básica dos problemas percebidos. E por último a degradação ambi-
mundo. Muitos mitos estabelecidos da ciência, da tecnologia, da política e ental é percebida como um problema planetário que atinge a todos e que
da vida social estão sendo postos em cheque, e novos caminhos estão decorre de desenvolvimento praticado pelos países.
sendo abertos.
A opinião pública tem estado muito sensível às questões ambientais e
A responsabilidade ambiental passa, gradativamente, a ser encarada à expansão do movimento ambientalista, que vem adquirindo uma conside-
como uma necessidade de sobrevivência, constituindo um mercado pro- rável experiência técnica e organizacional política, seja no endosso de
missor, um novo produto/serviço a ser vendido. Neste entendimento, a produtos ecológicos, ou na elaboração e avaliação dos estudos de impac-
ecologia natural procura perceber as regras do funcionamento e o sistema tos ambientais, ou na difusão de tecnologias alternativas.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 122 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Isso requer uma estratégia de desenvolvimento a longo prazo, capaz Outro aspecto a ser considerado no planejamento municipal compre-
de estabelecer um novo conceito de modernidade, padrões de produção ende que o manejo sustentável do metabolismo urbano não pode ser
compatíveis com a equidade social e a prudência ambiental, gerando uma analisado isoladamente, deve estar articulado numa linha de reflexão em
nova civilização, fundada nas ideias de respeito humano, conhecimento que assumam papel relevante, no plano da análise e da ação, as políticas
intensivo e amor à natureza. É preciso encontrar um novo equilíbrio entre urbanas públicas e os processos sócio-políticos e institucionais em sua
todas as formas de recursos do capital humano, natural, físico, financeiro, o dimensão sócio-ambiental. Pois para Jacobi (1997 p.131) os fatores que
quadro institucional e os recursos culturais. geram desordem dentro do chamado metalismo urbano não conhecidos
em seu perfil de diversidade representam combinações diversificadas entre
Nesse sentido tem-se como vital um estilo de desenvolvimento que te- ações governamentais e ações civis. Se as respostas existem no nível
nha como dimensão fundamental o tamanho histórico, basicamente voltado técnico, o principal estrangulamento reside no nível sócio-institucional e na
às necessidades básicas da população, onde a participação seja a expres- precariedade das articulações entre os governos e sociedade, componen-
são maior de sua qualidade, pois decorrente da mesma o crescimento se tes fundamentais à abertura de possibilidades para a emergência de res-
transforma em desenvolvimento. postas efetivas. Nesse sentido pode-se considerar:
- o processo de degradação sócio-ambiental que afeta a todos os
Cada sociedade tem seu ritmo de compreender e de efetivar seu de- habitantes das cidades tem um impacto maior sobre os setores só-
senvolvimento, pois o que importa é a qualidade do desenvolvimento, cio-economicamente menos favorecidos e, notoriamente, sobre os
medido em distribuição e participação, ainda que seja do pouco que se mais excluídos.
produz. Para Demo (1985, p.106), vale muito a pena andar mais devagar, - como resultado do grande processo de omissões, irresponsabili-
se assim contribui a estilos de crescimento que realmente instrumentalizam dade e prevalência de interesses particulares sobre o interesse co-
a capacidade própria de auto-sustentação. letivo (em suas diversas facetas e perfis sócio-econômicos), gerou-
se uma cultura sócio-institucional que se caracteriza principalmen-
Barbieri (op.cit.) apud Sachs (1980), usa a ideia de ecodesenvolvimen- te por um esforço retórico no que toca a qualidade de vida. A von-
to para estudar novas modalidades de desenvolvimento, tanto em relação tade política dos governantes se manifesta geralmente de forma
aos seus fins, quanto aos seus instrumentos, tendo como compromisso tímida e pouca conveniente, o que contribuiu para a limitação das
básico valorizar as contribuições das populações dos recursos do seu ações que se propõem atenuar a degradação sócio-ambiental.
meio. Esse outro desenvolvimento apoia-se em cinco pilares, a saber: deve - para cada variável do contexto sócio-ambiental (gestão de resí-
ser endógeno, o que não quer dizer autárquico; deve-se basear em suas duos, transportes, política de uso do solo, violência, contaminação
próprias forças; a lógica das necessidades deve ser o ponto de partida; do ar, gestão de recursos hídricos e demais aspectos convergen-
deve-se dedicar a promover a simbiose entre a sociedade e a natureza; e, tes e interdependentes) existem respostas técnicas e sócio políti-
por fim, estar aberto às mudanças institucionais. cas institucionais, assim como escolas e graus de ação para dimi-
nuir ou resolver radicalmente os problemas. Apesar disso, é ne-
O ecodesenvolvimento representa um estilo de desenvolvimento em cessário que exista uma disponibilidade dos governos locais e es-
que cada eco-região insiste na solução específica de seus problemas taduais da institucionalização vigente para criar mecanismos que
particulares e um estilo de desenvolvimento particularmente adaptado às estimulem uma crescente co-responsabilidade dos cidadãos.
regiões rurais que contempla características marcantes. Deve-se concen- - considerar como imprescindível o reforço do papel da sociedade
trar esforços na valorização dos seus recursos específicos, para a satisfa- civil e a promoção dos meios para difusão de um certo nível de
ção das necessidades fundamentais da população, definidas de maneira consciência ambiental que possibilite, ao menos, a expansão de
realista e autônoma. O ecodesenvolvimento deverá contribuir para a reali- uma lógica solidária e cooperativa e o manejo de questões ambi-
zação do homem na redução dos impactos negativos das atividades hu- ental através da multiplicação de iniciativas centradas em ações de
manas sobre o ambiente mediante procedimentos e formas de organização informação e educação.
da produção, que permitam o aproveitamento de todas as complementari- - o desafio é romper com os perversos interesses criados e a cor-
dades e a utilização das quebras para fins produtivos. Deve-se apostar na rupção institucionalizada.
capacidade natural para a fotossíntese sob todas as suas formas, dando - torna-se fundamental - apesar da complexidade implícita - criar
importância à utilização das fontes locais de energia, reduzindo o consumo condições para ampliar o debate público a respeito das mudanças
de energia proveniente de fontes comerciais. A administração deverá ser necessárias quanto aos estilo de vida, redução do desperdício,
capaz de superar os particularismos setoriais, mas estar preocupada com concretização sobre a escassez dos recursos naturais, incremento
todas as facetas do desenvolvimento e considerando constantemente a de uma visão co-responsável, na qual prevaleça a noção de inte-
complementaridade das diferentes ações empreendidas. Essa gestão, com resse coletivo, formulação de políticas públicas em torno da valori-
a participação efetiva das populações locais na realização das estratégias zada participação dos cidadãos, reconhecimento das demandas e
de ecodesenvolvimento, definem a harmonização das necessidades con- ações de resistência frente à degradação sócio-ambiental.
cretas, para a definição das potencialidades produtivas do ecossistema e - o tema de manejo sustentável do metabolismo urbano não pode
para a organização do esforço coletivo com vistas ao aproveitamento ser visto a partir de uma perspectiva tecnocrática, ainda que mui-
dessas potencialidades. (Sachs, 1993) tas questões assim exijam. A orientação das políticas deve estar
centrada em aumento do nível de informação dos cidadões sobre:
O desenvolvimento sustentável, obviamente exigirá algo mais do que
- os riscos ambientais resultantes do esgotamento dos recursos
prevenir a poluição e improvisar as regulamentações ambientais. Dado que
naturais e da deterioração dos ecossistemas urbanos; - a existên-
as pessoas comuns, consumidores, comerciantes, agricultores, que de fato
cia de experiência e alternativas baseadas em ações co-
tomam as decisões ambientais do dia-a-dia, é preciso que as considera-
responsáveis para enfrentar os problemas; - a necessidade de ge-
ções ambientais façam parte do processo decisório de todos os órgãos
rar uma retroalimentação quanto ao impacto das denúncias e de-
governamentais, das empresas e, de fato, das pessoas. Schmidheiny
mandas e de estabelecer fórum para debatê-las e difundir suas re-
(1992), p.7-8) acrescenta ainda, que é preciso atingir níveis de cooperação
percussões no âmbito urbano; - a possibilidade de incrementar os
internacional nunca antes alcançados, mas não apenas na aceitação e
mecanismos para reforçar a responsabilidade pública e estimular o
observância dos trabalhos para gerir patrimônios globais, como a atmosfe-
controle social.
ra e os oceanos. É preciso, fora do âmbito das preocupações ambientais
- necessita-se ampliar, legitimar e estimular simultaneamente as ini-
imediatas, pôr fim à cultura dos armamentos, como meio de obter a segu-
ciativas baseadas na geração de ingressos e os princípios de sus-
rança, e dar novas definições de segurança que incluam a questão das
tentabilidade para garantia de alternativas aos setores mais excluí-
ameaças ao meio ambiente.
dos, dentro de parâmetros que assegurem condições de saúde
O desenvolvimento sustentável também se refere à redefinição das re- pública, preservação de fontes hídricas e recursos naturais. Mas
gras do jogo econômico, para transformar uma situação de poluição e também é fundamental ampliar a motivação dos setores empresa-
desperdício de recursos em outra de conservação, e uma situação de riais para investimentos que representem concepção de gestão
privilégios e protecionismo em outra de oportunidades justas e equitativas dentro de uma lógica de sustentabilidade.
aberta a todos. - deve-se enfrentar o desafio de conceder a questão ambiental no

Ciências Humanas e suas Tecnologias 123 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
âmbito do município, dentro de uma perspectiva que inclua: a re- O investimento na adoção de uma política de proteção ambiental, que
dução crescente da ação do governo em seus diversos níveis e o assegure a viabilidade ecológica da nova sociedade descentralizada, com
empobrecimento de setores crescentes da população, os impactos objetivo de construir uma sociedade cujo funcionamento tenha o menor
ainda incertos da globalização e um dos refluxos dos movimentos impacto ambiental possível, de forma a poder permanecer por um tempo
sociais. histórico indeterminado sem gerar contradições que provoquem sua própria
ruína. Esse tipo de política envolveria uma série de medidas de caráter
Para dirigir a cidade rumo a um futuro sustentável é preciso promover amplo, entre as quais salienta-se:
sua produtividade e fortalecer suas vantagens comparativas. Nesse sentido - proteção dos ecossistemas naturais, com a criação de reservas e
Quadri (1997 p.135) aponta a inovação tecnológica como um processo parques naturais, preservação de nascentes, encostas e áreas frá-
indispensável na busca de horizontes de sustentabilidade para a cidade, e geis;
que as condições de sustentabilidade estão definidas pela população, pela - proteção da vida silvestre;
tecnologia e pelos padrões de consumo. Entretanto, apesar de o avanço - racionalização do uso das reservas minerais em processo de esgo-
tecnológico ser indispensável, também é certo que algumas das tecnologi- tamento, com restrição do seu uso apenas a atividades de alto al-
as utilizadas já apresentam rendimentos marginais decrescentes enquanto cance social. É fundamental a conversão da produção para priori-
instrumentos para resolver os problemas ambientais da cidade. Cabe zar o uso de fontes renováveis e abundantes de matéria e energia;
mencionar que a ideia da sustentabilidade do fenômeno urbano surge da - controle rigoroso da poluição industrial, estimulando a curto prazo
introdução explicita de conceitos ambientais à gestão das cidades, num a filtragem das emissões poluentes, e a médio prazo a conversão
enfoque que destaca o impacto da deteriorização ambiental sobre o bem- para tecnologia de menor impacto ambiental como, por exemplo, a
estar social das comunidades urbanas. Assim, o desenvolvimento urbano reutilização da água em circuito fechado pelas indústrias;
não poderá dissociar-se no futuro dos custos sociais e econômicos (inclu- - controle da poluição gerada por esgotos urbanos, com difusão de
indo logicamente os ambientais) produzidos pelos atuais esquemas de estações de tratamento da água e de métodos de reutilização do
urbanização, em que muitas das vantagens oferecidas pelas economias de esgoto doméstico;
aglomeração foram anuladas pelos efeitos de um crescimento ambiental- - controle rigoroso da poluição por veículos automotores, incenti-
mente distorcido. Para o mesmo autor, a sustentabilidade do desenvolvi- vando ao mesmo tempo transportes não poluentes e o transporte
mento urbano depende criticamente de uma gestão correta dos recursos coletivo, com ênfase no ferroviário;
ambientais comuns nas cidades, os quais se compõem, entre outros, de - reciclagem do lixo e dos materiais usados, com a reutilização de
sua atmosfera, da bacia hidrográfica que a abastece e dos recursos territo- vidros, metais, papel; a parte orgânica do lixo pode ser transforma-
riais que oferecem serviços de localização espacial, de recarga de lençóis da em adubo através de usinas relativamente simples, que já exis-
freáticos, de reserva ecológica e territorial, de criação e conservação dos tem em algumas cidades do Brasil;
recursos naturais. - controle na qualidade dos produtos, incentivando a produção de
artigos duráveis, reutilizáveis, de fácil reparo e que, em sua fabri-
Numa visão de sustentabilidade, é necessário administrar esses recur- cação, gastem o mínimo de energia e recursos naturais;
sos de maneira que se observem sistematicamente os limiares críticos, - incentivo ao reflorestamento, com a distinção entre reflorestamento
transgredidos, os quais se geram custos sócio-ambientais excessivos. Para ecológico e reflorestamento com fins industriais (geralmente com
o mesmo autor acima, a ideia de limiar pode basear-se em observações espécies exóticas);
empíricas, em dados científicos e tecnológicos, em experiências cotidianas
e inclusive em preferências subjetivas, que revelam a existência de limita- A sustentabilidade, por conseguinte, incorpora as fontes de energia,
ções físicas, funcionais, ecológicas ou sociais à expansão de certos pro- matérias-primas e mão-de-obra para a produção agrícola e industrial, que
cessos urbanos nas condições vigentes. Reconhecer a existência de devem ser obtidas, o mais possível, a partir dos recursos regionais, levan-
limiares significa enfrentar como bens econômicos os recursos ambientais do-se em conta as características socio-ecológicas de cada lugar. As
comuns e, por conseguinte, admitir a inelutável necessidade de levar a opções nas fontes renováveis de energia, com ênfase na obtenção por
cabo uma gestão eficiente e socialmente equitativa. técnicas não poluentes e de pequeno impacto ambiental como, por exem-
plo, as estações coletoras de energia solar, dos ventos e dos mares, de
Para Neira (1997, p.123), deve-se buscar a sustentabilidade urbana biodigestores, de mini-hidroelétricas, entre outros meios.
por meio de políticas que integrem o estilo de vida da população, o desen-
volvimento tecnológico e a forma e organização do governo local. A susten- A agricultura sustentável deve resultar de um processo dinâmico de
tabilidade das cidades dependerá, por conseguinte, de sua capacidade de desenvolvimento rural, em que a promoção de alternativas de sustento fora
estabelecer estratégias sociais e econômicas para integrar seus espaços de atividades estritamente agrícolas constitui importante objetivo. A reto-
políticos e econômicos frente às demandas e pressões do exterior. mada de políticas para sistemas de produção, com ênfase aos pequenos
produtores, favorecendo o aumento da produtividade das terras já em uso,
O mesmo autor continua apontando que os problemas básicos das ci- evitando a expansão agrícola em terras marginalmente adequadas e
dades, sobretudo porque enfatiza uma série de fenômenos, nem sempre florestas. Finalmente, menção especial deve ser feita à pesquisa e à expe-
são considerados como pertencentes à categoria de problemas urbanos, rimentação orientadas para a combinação de tecnologias tradicionais e de
pois estão referenciados à violência urbana, ao individualismo, a queda da ponta, acessíveis aos pequenos produtores.
solidariedade social, ao egoísmo, a confusão dos automóveis e do trânsito,
à pobreza e à destruição de recursos naturais, este como um enfoque A importância da agricultura orgânica e, de modo geral, das técnicas
inovador. A esses, poderiam ser acrescentados outros como a segurança agrícolas alternativas e das práticas de conservação dos recursos, come-
no trabalho, a falta de identidade sociocultural e de organização cívica. çam a ser reconhecidas, inclusive nos países industrializados. (Sachs
(1993) apud Faeth et all, 1991, p.11) As vantagens mais importantes são,
Entretanto, para Lacy (1997, p.119-120), uma cidade obterá o desen- menos custos de produção, eliminação do uso de fertilizantes inorgânicos e
volvimento sustentável através do intercâmbio de bens e serviços cujos pesticidas, redução da erosão do solo e colheitas aumentadas.
fluxos de matéria e energia não alterassem o capital de recursos naturais O excedente produzido poderá voltar-se para a exportação, sem pre-
que lhe dá sustentação, seja em seu local de assentamento ou na região judicar o seu objetivo primeiro que é de atender a população em suas
que influencia. Infelizmente, só uma cidade que violasse as leis da termo- necessidades básicas e dos meios de vida em esquema descentralizado e
dinâmica e operasse com máquinas em perpétuo movimento poderá regionalizado. O estabelecimento desse tipo de economia não impediria a
cumprir esse princípio. Contudo, para o desenvolvimento sustentável das existência daqueles setores da produção que, apesar de socialmente úteis,
cidades será necessário identificar e controlar as tendências entrópicas, não pudessem ser descentralizados devido às suas características tecno-
aceitar perdas ambientais e sociais e negociá-las, identificando os agentes lógicas.
que assumirão os custos ambientais de um bem estar coletivo urbano.
Estimular a participação cívica e estabelecer-lhe limites claros para evitar o Em particular, as condições estratégicas de ecodesenvolvimento, ado-
populismo e, ao mesmo tempo, não cair no autoritarismo. tadas em diferentes zonas agroclimáticas e orientadas para as necessida-
des dos pequenos produtores, devem ensaiar vários sistemas de produção

Ciências Humanas e suas Tecnologias 124 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
integrada de alimentos, energia e outros bens; promover o manejo susten- 12. Obras públicas em faixas de fronteiras
tável das florestas e as atividades agroflorestais; valorizar os recursos
aquáticos; incentivar a produção de bioenergia e de uma ampla variedade Tem por diretriz maior de sua atuação a Política Nacional de
de produtos industriais derivados da biomassa; isso sem esquecer a ges- Desenvolvimento Regional (PNDR), instrumento que orienta os
tão do meio ambiente urbano. A fixação do homem no campo, como tradi- programas e ações do Ministério. Nesse sentido a PNDR orienta a
cionalmente é denominada, constitui-se importante na redução dos agra- formulação e implementação de grandes projetos estruturantes
vos econômico-sócio-ambientais nas cidades, contudo, há necessidade de macrorregionais, que resultam, na prática, em resultados positivos para a
fomentar esse homem no campo, ou produtores rurais, a fim que dispo- construção de relações federativas entre os três entes de Governo -
nham de condições adequadas de seu desenvolvimento. Tal desenvolvi- Federal, Estadual e Municipal - e de participação social ampla dos atores
mento, tanto melhoria econômica, como em condições sociais, acesso a sub-regionais.
informação, cultura e tecnologia permitirão um estilo de vida compatível
aos residentes nos centros urbanos. RECURSOS NATURAIS: APROVEITAMENTO, DESPERDÍCIO E POLÍ-
TICAS DE CONSERVAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS.
O ecodesenvolvimento, também, cria uma oportunidade única para
promover a modernização e o desenvolvimento sócio-econômico de manei- Recursos naturais são todos os elementos da natureza - luz, água, so-
ra ambientalmente viável, onde a equidade social, prudência ecológica e lo, minérios, animais, vegetais etc. - que o homem utiliza para desenvolver
eficiência econômica devem seguir juntas e exigem novas formas criativas as mais diversas atividades.
de associação entre o governo, as forças de mercado e a sociedade civil.
(Sachs, 1993 p.51) Existem dois tipos de recursos naturais: os renováveis e os não
renováveis.
Para Sachs (1993), a proposta de desenvolvimento sustentável nos
municípios está na descentralização geográfica da produção, de modo que Recursos naturais não renováveis
se torna relevante e que a economia seja reorganizada para atender priori- São aqueles que, uma vez extraídos do ambiente, não podem ser re-
tariamente ao mercado local e regional. O atendimento às necessidades postos pelo homem. Como exemplo, podemos citar o petróleo e os mine-
básicas da população, passa a ser primordial de forma que cada região se rais.
transforme o mais autônoma e auto-suficiente possível dando primazia às
exigências locais. Alguns minerais, como carvão-de-pedra, o xisto, o ferro, o manganês,
o cobre, as pedras preciosas e outros não são renováveis.
A sustentabilidade também consiste em possibilitar que as pequenas e
médias cidades se transformem, independentes das metrópoles, em cen- Pelo fato de não serem renováveis, devemos usar os minerais de mo-
tros culturais e econômicos autônomos, articulados e associados ao espa- do planejado. Assim, manteremos nossas reservas por um período de
ço rural ao seu redor. Esse processo serviria para atenuar o antagonismo tempo maior e ficaremos menos dependentes de outros países.
cidade/campo, aproximando os camponeses dos benefícios culturais e dos
artigos produzidos nas cidades, e os citadinos do contato mais próximo Recursos naturais renováveis
com a natureza e a cultura rural da região. Essa articulação seria também Quando um homem colhe vegetais para se alimentar, por exemplo,
a auto-suficiência regional, pois facilitaria o abastecimento direto das deve plantar outros para substituí-los. Se corta uma árvore para utilizar a
cidades com os produtos agrícolas produzidos na região, com benefícios madeira, deve plantar outra em seu lugar. O homem deve ter a preocupa-
para ambas as partes. ção de fazer novas plantações, e não somente gastar as que já existem.
O planejamento municipal sustentável está voltado ao estabelecimento Os recursos naturais que podem ser repostos no ambiente, como os
de uma economia regionalizada, diversificada e auto-suficiente, em aten- de origem vegetal e animal, são recursos naturais renováveis.
dimento às necessidades básicas da população, com promoção da inte- RECURSOS DE ORIGEM VEGETAL
gração cidade/campo. É construído a partir de técnicas eficientes, baratas
e não poluentes e calcadas em fontes renováveis de energia. Neste senti- Babaçu - É um tipo de palmeira que existe em grande quantidade no
do, as técnicas alternativas são em geral mais baratas, econômicas e Maranhão e no Piauí. Do babaçu extraem-se vários produtos: óleo comes-
acessíveis, além de gerarem mais empregos, pois são intensivas de mão- tível, fibras, óleo para a fabricação de sabão, palmito, carvão, lenha etc.
de-obra e contribuem para a independência tecnológica do país (Sachs,
1993). www.eps.ufsc.br Carnaúba - Também é um tipo de palmeira que existe em abundância
no Piauí, no Ceará e no Rio Grande do Norte.
O Ministério da Integração Nacional é uma autarquia do governo
federal brasileiro cuja criação se deu em 28 de maio de 2003, através da lei O derivado mais importante da carnaúba é a cera extraída de suas fo-
nº 10.683 e teve sua estrutura regimental aprovada pelo decreto nº 4.649 lhas. Esta cera é empregada na fabricação de velas, graxas para sapato,
de 27 de março de 2003, que estabeleceu as seguintes competências para ceras para assoalho, pastas para polimento etc. A folha da carnaúba é
a instituição: utilizada para fazer abanos, chapéus e vassouras.
1. Formular e conduzir a política de desenvolvimento nacional
integrada Borracha - Embora já seja possível a fabricação artificial, a borracha
2. Formular planos e programas regionais de desenvolvimento natural ainda é bastante usada. Ela é extraída da seringueira, do caucho e
3. Estabelecer estratégias de integração das economias regionais da balata, árvores encontradas na Região Amazônica.
4. Estabelecer diretrizes e prioridades na aplicação dos recursos dos
programas de financiamento, de que trata a Constituição Federal
5. Estabelecer diretrizes e prioridades na aplicação dos recursos do
Fundo de Desenvolvimento da Amazônia e do Fundo de
Desenvolvimento do Nordeste
6. Estabelecer de normas para cumprimento dos programas de
financiamento dos fundos constitucionais e das programações
orçamentárias dos fundos de investimentos regionais
7. Acompanhar e avaliar os programas integrados de
desenvolvimento nacional
8. Defesa civil
9. Obras contra as secas e de infra-estrutura hídrica
10. Formular e conduzir a política nacional de irrigação
11. Ordenação territorial Carnaúba

Ciências Humanas e suas Tecnologias 125 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Em épocas apropriadas, o homem faz um corte no tronco da árvore e Açaí
recolhe o látex, que escorre lentamente para uma lata presa no tronco. Palmeira disseminada por grande parte do pais c encontrada
principalmente na Amazônia Oriental. Produz vários cachos carregados de
Recebendo um determinado tratamento químico, o látex se transforma frutos. Da polpa e da casca desses frutos também se extrai o vinho de
em borracha, que pode ser utilizada para apagar escrita, fabricar pneus, açaí, alimento de alto valor energético consumido pela população regional,
saltos de sapato etc. que o mistura com farinha e açúcar ou com farinha e peixe. O açai fornece
também o palmito. O principal produtor é o Pará (92i% do total). seguido
Madeira - As florestas brasileiras são muito ricas em madeira e têm si- pelo Amapá e pelo Maranhão, onde é conhecido por juçara. O valor da sua
do bastante exploradas pelo homem. produção em 1986 foi superior ao da borracha e da castanha-do-pará. Em
síntese, os principais produtos extrativos (de florestas nativas) da
As chamadas madeiras nobres ou madeiras de lei, como o ipê, o jaca- Amazônia em 1986 foram, respectivamente: madeira. açaí, hévea e
randá, o paubrasil e a sucupira, são vendidas por preços elevados. Os castanha-do-pará.
móveis fabricados com essas madeiras têm grande valor comercial. Madei-
ras de qualidade inferior, como o louro e o pinho, são também usadas na Pinheiro ou Araucaria angustifolia
fabricação de móveis, portas, janelas etc. Até a década de 1950, o pinheiro foi a madeira mais explorada eco-
nomicamente no Brasil porque:
No Estado do Paraná existem grandes áreas plantadas com pinheiro,  os pinheirais são florestas homogêneas e portanto mais fáceis de
árvore que fornece boa quantidade de madeira. serem exploradas;
 seu crescimento é mais rápido que as madeiras de lei e é apropri-
Por essa razão, nesse Estado existem grandes indústrias de móveis e ada à construção civil, fabricação de papel, móveis etc.;
de outros produtos cuja fabricação depende da madeira.  os pinheirais são mais concentrados geograficamente.

Cacau - O Brasil é um dos principais produtores de cacau do mundo.


Com o cacau se fabricam chocolate, produtos medicinais e de beleza. A
Bahia é o principal produtor, seguida do Espírito Santo, Rondônia e Pará.

Sisal - Utilizado na fabricação de cordas, bolsas, chapéus e outros


produtos artesanais. O sisal é encontrado na Paraíba, na Bahia, no Rio
Grande do Norte e em Pernambuco.

Café - Apreciado em todo o mundo, o café, desde a segunda metade


do século passado, é o principal produto de exportação do Brasil. É culti-
vado nos seguintes Estados: São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Espírito
Santo.
Além desses vegetais que você acabou de ver, existem no Brasil ou-
tros que também têm muita utilidade para o homem. Como exemplo pode-
mos citar os coqueiros dos Estados de Sergipe e da Bahia; e o dendezeiro,
Assim sendo, a extração do pinheiro no planalto Meridional brasileiro
do qual se extrai o azeite-de-dendê, utilizado nas comidas típicas da Bahia.
foi intensamente explorada para abastecer principalmente o mercado
europeu. Na década de 1950, quando sua produção entrou em crise, a
Castanha do Pará
região Sul passou a cultivar outra espécie de pinheiro, o Pinus elliottii, de
A castanheira é uma árvore de grande porte, típica das terras firmes
origem norte-americana, com maior facilidade de adaptação ambiental e de
ou terras altas, e que se acha disseminada por quase toda a região Norte,
crescimento mais rápido que o pinho-do-paraná (araucária). Desse modo,
porém mais concentrada na porção leste, nos vales dos rios Tocantins,
o extrativismo no Sul do pais foi gradativamente sendo substituído pela
Itacaiúna e Xingu (PA). Em vista da potencialidade que a região apresenta,
silvicultura à base do plantio de espécies como o Pinus elliottii, o eucalipto,
sua produção é ainda muito baixa por causa de fatores como: baixo con-
a acácia-negra e outras.
sumo nacional, concorrência de outras castanhas, produção variável
(instável) e por ser espontânea, dependente de fatores naturais.
Erva-mate
Arbusto nativo do Sul do Brasil e de países vizinhos. De suas folhas se
A coleta da castanha-do-pará é feita em grandes e médias proprieda-
faz um chá muito apreciado por brasileiros, argentinos, paraguaios e uru-
des e realizada entre abril e julho, época que coincide com as cheias dos
guaios, conhecido por chimarrão. O aumento das exportações tem estimu-
rios, facilitando o escoamento da produção para os grandes centros expor-
lado seu cultivo no Sul. Apesar disso a produção atual é insuficiente para o
tadores de Belém e Manaus.
consumo interno. Grande parte da produção é proveniente de ervais culti-
vados. Esta planta produz a partir do quarto ano por um período de 50
No processo de produção e comercialização destacam-se três perso-
anos ou mais.
nagens: o extrator, o proprietário da terra ou produtor e o exportador. O
-o0o-
extrator, que faz a coleta, vende-a a ao produtor, e este, ao exportador.
Quem mais lucra é o exportador, visto que, além de financiar o produtor,
A palavra recurso significa algo a que se possa recorrer para a obten-
impõe o preço do produto. Quem menos lucra, quando lucra, é o extrator, o
ção de alguma coisa.
qual fica na dependência do proprietário, que lhe fornece os instrumentos
de trabalho necessários e o mantém sempre endividado.
O homem recorre aos recursos naturais, isto é, aqueles que estão na
Natureza, para satisfazer suas necessidades.
Cerca de 80% da produção destina-se ao mercado externo, principal-
mente aos EUA e à lnglaterra.
No Ecossistema Planeta-Terra há uma troca constante de recursos na-
turais entre os seres vivos.
O principal estado produtor é o Pará, e o principal município produtor é
Marabá.
Os recursos naturais, após seu uso, podem ser renováveis, isto é, vol-
tarem a ser disponíveis, ou não renováveis, isto é, nunca mais ficarem
Goma não-elástica
disponíveis.
É produzida por espécies vegetais como a sorva, a maçaranduba e a
ucuquirana. Mais conhecida pelos nomes de balata e chicle, sua produção
A flora (vegetais) e a fauna (animais) são exemplos de recursos natu-
decaiu bastante após a descoberta dos chicles sintéticos. Os principais
rais renováveis: uma planta ou animal podem ser reproduzidos, "teorica-
produtores são Amazonas e Pará.
mente", de forma infinita, a partir de seus "pais".

Ciências Humanas e suas Tecnologias 126 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Os minerais, como por exemplo o minério de ferro, estão classificados nização da Alimentação e da Agricultura (FAO) das Nações Unidas coor-
de recursos naturais não renováveis, outro exemplo é o petróleo e, se são denou a emissão de um relatório em 1996, o Livestock & the Environment
não renováveis é porque, após seu uso, um dia, irão se esgotar no Planeta. (Gado e Meio-Ambiente). O relatório lista os seguintes problemas encon-
trados no procedimento de plantar para alimentar os animais: Biodiversida-
Conservar e Preservar de diminuída pela perda de habitats e danos no ecossistema Erosão de
Conservar os recursos naturais implica em usá-los de forma econômi- solo Redução da água disponível para irrigação Produção de gases que
ca e racional para que, os renováveis não se extingam por mau uso e os causam o Efeito Estufa (óxido nitroso e dióxido de carbono) Esgotamento
não renováveis não se extingam rapidamente. do aquífero (lençol freático) Contaminação da água pela infiltração de
nitrogênio, fósforo e pesticidas empregados nas plantações O relatório lista
Desde que, num plano de manejo adequado, exista e se previna a os seguintes problemas criados pelo esterco animal: Contaminação das
ação antrópica (do homem) nociva, a perpetuidade do recurso natural águas Danos no ecossistema aquático Produção de gases que causam o
renovável pode, teoricamente, acontecer. Efeito Estufa (óxido nitroso e metano) Contaminação do solo por metais
pesados Chuva ácida e danos nas florestas causados pela emissão de
Desde que se recicle convenientemente o recurso natural não renová- amônia O relatório declara que a energia dos combustíveis fósseis é o
vel, a economia advinda possibilitará a dilatação do prazo de existência maior dos insumos da produção industrial de ovos, leite e carne animal, e
desse recurso na natureza. que os sistemas industriais (fazendas-fábrica) são ineficientes na conver-
são dessa energia em alimentos para os humanos. As granjas industriais
Com essas noções, podemos falar um pouco na importância da PRE- coletam os excrementos animais em grandes lagoas que vazam para os
SERVAÇÃO, muito bem definida por Álvaro Fernando de Almeida do Depto cursos de água locais. As fazendas intensivas de porcos têm tornado o ar
de Ciências da USP – "uso indireto e racional de recursos naturais renová- irrespirável em várias comunidades rurais; alguns dos residentes são
veis, mantendo-se a taxa normal de extinção das espécies"; em outras obrigados a usar máscaras quando saem de casa (revista Time, 30/11/98).
palavras, em a Natureza, diversas espécies estão sempre em competição Os excrementos suínos e de aves tem contribuído para a difusão de orga-
e pode ocorrer a extinção "natural" de algumas; não só a competição faz nismos patogênicos nos cursos d'água, envenenado humanos e matando
com que isso ocorra, mudanças climáticas, erupções vulcânicas, cheias milhares de peixes (revista Scientific American, 8/99). O livro publicado
etc. também podem acarretar a extinção. Da mesma forma que espécies pelo senador norte-americano Tom Harkin em dezembro de 1997, "Animal
são extintas, outras podem aparecer... é um longo processo de evolução. Waste Pollution In America" (Poluição dos Dejetos Animais nos EUA) diz
que de 1995 a 1997, mais de 40 vazamentos de dejetos animais mataram
Falando, ainda, nos recursos naturais renováveis (flora e fauna), cabe 10,6 milhões de peixes. A criação de pastos e a vida selvagem nativa A
ressaltar a importância do que chamamos biodiversidade, assunto que os criação de gado em pastos impróprios tem causado extensivamente danos
norte-americanos rejeitam a se comprometer através de compromissos ambientais e degradação do solo no oeste dos EUA; lá, a erosão do solo é
com o resto do mundo. A preservação da biodiversidade é importante para um problema sério e é em grande parte causado pela monocultura de
que o homem tenha tempo de descobrir a utilidade das espécies, para a milho e soja para as indústrias de porcos e galinhas. (Dr. PhD Peter Chee-
sua própria sobrevivência. A cura de muitos males que hoje existem e que ke, "Contemporary Issues in Animal Agriculture", Questões Atuais da
ainda virão a existir, pode estar em plantas em extinção ou poderia estar Pecuária, 1999) O departamento norte-americano de Pecuária, a inspetoria
em outras que já foram extintas. do Serviço de Saúde Animal e Vegetal (US Department of Agriculture
Animal & Plant Health Inspection Service's Wildlife Services) e os criadores
Outro, fato de relevante importância, é a manutenção das espécies de gado matam os animais nativos para poupar o rebanho. Tendo elimina-
originais ainda não modificadas pelo homem; assim, se amanhã, a enge- do os lobos e os ursos (Dr. PhD Peter Cheeke, "Contemporary Issues in
nharia genética conseguir um tomate de grande tamanho, isso será impor- Animal Agriculture", Questões Atuais da Pecuária, 1999), os caçadores do
tante para a humanidade mas, aí, poderá estar ocorrendo uma erosão governo federal agora matam, a cada ano, cerca de 100 mil coiotes, linces,
genética que precisará ser recomposta com o tomate primitivo, sem contar leões-da-montanha, porcos selvagens e bisões, para impedir a competição
que o novo fruto é um desconhecido alimento e não se sabe os males que pelo pasto, a predação e o espalhamento de doenças. (Washington Post,
possa vir a causar. Dessa forma, são importantes as Reservas Biológicas. 4/11/1998) Aqueles que alegam se importar com o bem-estar dos seres
A rigor, a preservação dos recursos naturais renováveis só será bem humanos e com a preservação do meio-ambiente deveriam se tornar
sucedida se se preservarem os ambientes primitivos, onde convivam, vegetarianos só por esse motivo. Desta maneira, essas pessoas aumenta-
organizadamente, animais e vegetais, tendo-se o cuidado para que tais riam a quantidade de grãos disponíveis para alimentar as pessoas em
ambientes, se pequenos demais, não promovam a degenerência das todos os lugares, reduziriam a poluição, poupariam água e energia, e
espécies por serem parentes próximos; um Zoológico ou uma "ilha" de cessariam de contribuir para o desmatamento de florestas; e mais ainda, já
floresta podem levar a essa degenerência. que a dieta vegetariana é mais barata do que a dieta baseada em carne,
essas pessoas teriam mais dinheiro para empregar no alívio da fome,
Quanto aos recursos não renováveis, como a água, por exemplo, controle de população ou qualquer causa social ou política que julguem
cumpre usá-la com sabedoria para reproveitá-la ao máximo (reciclagem) e mais urgente. Quando os não-vegetarianos dizem que "os problemas
a rigor, nesse caso, quanto menos poluí-la mais fácil será purificá-la para humanos vêm em primeiro lugar", eu não consigo deixar de questionar o
sucessivas utilizações. Gil Portugal quê exatamente eles estão fazendo pelos seres humanos que os obrigam
a continuar seu apoio ao desperdício e à brutal exploração dos animais de
A maneira como os animais são criados para alimento é uma fazenda. Peter Singer, Animal Liberation (Liberação Animal), 1990
ameaça ao planeta. Polui o meio ambiente e consome enorme quanti- http://www.vegetarianismo.com.br/sitio/index.php?option=com_content&task=vi
dade de água, grãos, petróleo, pesticidas e drogas. Os resultados são ew&id=542&Itemid=34
desastrosos.
Uma dieta vegetariana pode alimentar consideravelmente mais pesso- GUIA DE BOAS PRÁTICAS PARA O CONSUMO SUSTENTÁVEL
as do que uma dieta centralizada na carne. O livro "State of World Hunger" A imensidão do Brasil fez, e ainda faz, muita gente pensar que todos
(Situação da Fome no Mundo), de autoria de Peter Uvin do Programa os recursos naturais do nosso País são inesgotáveis. Engano. Um grande
sobre a Fome Mundial da Brown University, dá uma estimativa da popula- engano. Se não abrirmos os olhos e ficarmos bem atentos as nossas
ção potencial que é suportada pelo suprimento de alimentos mundial em atitudes, poderemos sofrer graves prejuízos e ainda comprometer a sobre-
1992, sob as várias dietas: Dieta quase puramente vegetariana 6,3 bilhões vivência das gerações futuras.
de pessoas 15% de calorias de fonte animal 4,2 bilhões de pessoas 25%
de calorias de fonte animal 3,2 bilhões de pessoas FONTE: FAO (Organi- Não é à toa que muita gente – técnicos, especialistas, estudiosos e
zação da Alimentação e da Agricultura - Nações Unidas), 1993. A fome governos de todas as partes do mundo – está preocupada com o futuro do
mundial é um problema complicado, e se tornar vegetariano não vai neces- nosso Planeta. O Ministério do Meio Ambiente – Secretaria de Políticas
sariamente aliviar a fome a curto prazo em seu país. Contudo, ser vegeta- para o Desenvolvimento Sustentável - e o Instituto Brasileiro de Defesa do
riano é um passo no sentido de economizar recursos que poderão ser Consumidor (IDEC) colocam o assunto em discussão e dão as dicas para
usados para alimentar as pessoas no futuro. Impactos Ambientais A Orga- que todos possam iniciar a mudança.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 127 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Talvez você já tenha ouvido falar de Consumo Sustentável. Mas, se 42% do consumo total. No segmento residencial, houve um aumento do
você não sabe o que isso significa, vamos lá: Consumo Sustentável quer uso da eletricidade por incorporação de novos eletrodomésticos. Será que
dizer saber usar os recursos naturais para satisfazer as nossas necessida- precisamos de todos eles, realmente? Economizar energia, além de fazer
des, sem comprometer as necessidades e aspirações das gerações futu- bem ao bolso, também contribui para o adiamento da construção de novas
ras. Ou seja, vale aquele velho jargão popular: saber usar para nunca hidrelétricas, que causam grandes impactos ambientais ou para diminuição
faltar. E isso não exige um grande esforço, somente mais atenção com o da exploração de recursos naturais não renováveis como o petróleo. Per-
que está ao nosso redor, no nosso ambiente. Basta fazermos uma peque- cebe como podemos ajudar?
na reflexão sobre como agimos.
Lixo
Normalmente, não nos preocupamos com a quantidade de água que Enquanto a água pode nos faltar, o lixo sobra. É lixo demais e ele
utilizamos ao escovar os dentes, quando tomamos banho ou no momento sempre aumenta. Aumenta tanto que nem sabemos onde colocá-lo. Essa
de lavar a louça e o nosso carro. Por absoluta desatenção, ao sairmos de dificuldade é maior quando associada aos custos para se criar aterros
um cômodo não apagamos a luz, ou vamos acendendo todas as lâmpadas, sanitários. A situação torna-se pior quando constatamos que na maioria
deixando para trás um rastro luminoso. Nem nos tocamos em relação ao das cidades brasileiras o lixo é despejado em terrenos baldios ou nos
consumo de papel, seja em casa ou no escritório estamos sempre desper- “famosos” e inadequados lixões. Em contraposição a essas práticas,
diçando papel. Misturamos o lixo doméstico, quando seria muito simples ecologicamente incorretas, vem-se estimulando o uso de métodos alterna-
separar os restos de comida do papel, da lata, do vidro, do plástico. No ato tivos de tratamento como a compostagem e a reciclagem ou, dependo do
da compra, pense! Não leve para casa alimentos em excesso nem faça caso, incineração.A incineração (queima do lixo) é a alternativa menos
comida em demasia para depois ter que jogar fora. Resto de alimento é aceitável. Provoca graves problemas de poluição atmosférica e exige
coisa séria. Milhares de pessoas carecem, diariamente, de um prato de investimentos de grande porte para a construção de incineradores.A com-
comida.Não nos damos conta de que os nossos desperdícios têm impacto postagem é uma maneira fácil e barata de tratar o lixo orgânico (detritos de
no nosso bolso. E, mais grave ainda, nunca paramos para pensar que este cozinha, restos de poda e fragmentos de árvores).A reciclagem é vista
comportamento displicente vai acarretar sérias e graves dificuldades para pelos governos e defensores da causa ambiental como solução para o lixo
os nossos descendentes. Eles vão ressentir-se da falta dos recursos inorgânico (plásticos, vidros, metais e papéis). Com a reciclagem é possí-
naturais.Ao mesmo tempo em que estaremos reduzindo ou eliminando o vel reduzir o consumo de matérias-primas, o volume de lixo e a poluição.
desperdício, vamos economizar muito dinheiro. Quem sabe, não consegui-
remos até melhorar a nossa renda mensal, se fizermos pequenas mudan- Tecnicamente, é possível recuperar e reutilizar a maior parte dos mate-
ças nas nossas atitudes? Se você acha que é muito trabalhoso, então, riais que na rotina do dia- a-dia é jogada fora. Latas de alumínio, vidro e
preste atenção nessas informações abaixo e perceba o risco que estamos papéis, facilmente coletados, estão sendo reciclados em larga escala em
correndo. muitos países, inclusive no Brasil. Embora seja um processo em cresci-
mento, ainda não é economicamente atrativo para todos os casos. Assim,
Água nos restam as alternativas: evitar produzir lixo, reaproveitar o que for
Hoje, metade da população mundial (mais de 3 bilhões de pessoas) possível e reciclar ao máximo. Como fazer isso? Aqui vai uma boa dica:
enfrenta problemas de abastecimento de água. Muitas fontes de água doce aproveitar melhor o que compramos, escolhendo produtos com menor
estão poluídas ou, simplesmente, secaram. Recife, capital de Pernambuco, quantidade de embalagens ou redescobrir antigos costumes como, por
em vários períodos do ano é submetida a um racionamento rigoroso, em exemplo, a volta das garrafas retornáveis de bebidas (os velhos cascos) ou
outros, não tem água mesmo. O racionamento também já chegou à São das sacolas de feira para carregar compras.
Paulo, podendo atingir 3 milhões dos 10 milhões de habitantes da capital http://www.ambientebrasil.com.br
paulista. Você sabia que 97% da água existente no planeta Terra é salgada
(mares e oceanos), 2% formam geleiras inacessíveis e, apenas, 1% é água ABUNDÂNCIA E DESPERDÍCIO
doce, armazenada em lençóis subterrâneos, rios e lagos? O Brasil é um país que, por suas riquezas naturais em abundância,
comete os maiores desperdícios em todas as áreas. Nós, brasileiros, de
Pois, bem, temos apenas 1% de água, distribuída desigualmente pela modo geral, somos campeões no desperdício e, com isso, jogamos fora
Terra para atender a mais de 6 bilhões de pessoas (população mundi- parte de nossa riqueza natural e humana.
al).Esse pouquinho de água que nos resta está ameaçado. Isso porque,
somente agora estamos nos dando conta dos riscos que representam os Desperdício
esgotos, o lixo, os resíduos de agrotóxicos e industriais.Cada um de nós Desperdiçamos comida, nisso somos experts, tanto que nossas sobras
tem uma parcela de responsabilidade nesse conjunto de coisas. Mas, poderiam alimentar milhões de pessoas necessitadas. Desperdiçamos
como não podemos resolver tudo de uma só vez, que tal começarmos a alimentos e nossa produção agropecuária, que, às vezes, não chega nem
dar a nossa contribuição no dia-a-dia? Você sabe quantos litros de água a sair do campo, ou sai e fica pelas estradas, armazéns ou apodrece pelo
uma pessoa consome, em média, por dia? Não? São cerca de 250 litros caminho, não chegando até a nossa mesa.
(isto mesmo, 250 litros ou mais): banho, cuidados de higiene, comida,
lavagem de louça e roupas, limpeza da casa, plantas e, claro, a água que Desperdiçamos também vidas humanas, energia, água, papel, recur-
se bebe. sos naturais e tempo. Entretanto, creio, firmemente, que o maior desperdí-
cio realizado por nós, no Brasil, seja aquele que mais prejuízos pode nos
Dá para viver sem água? Não dá. Então, a saída é fazer um uso racio- trazer, ou seja, o de jogar fora os nossos talentos.
nal deste recurso precioso. A água deve ser usada com responsabilidade e
parcimônia. Para nós, consumidores, também significa mais dinheiro no Talentos
bolso. A conta de água no final do mês será menor. O mais importante, no Calcula-se que por volta de 5% da população jovem do país tenha um
entanto, é termos a consciência de que estamos contribuindo, efetivamen- potencial para as chamadas altas habilidades ou, como comumente são
te, para reduzir os riscos de matarmos a nossa fonte de vida: a água. referidos pela sociedade, seja superdotada. Se realizarmos um cálculo
superficial, levando-se em conta que o Brasil possui 60 milhões de jovens e
Energia elétrica adolescentes, esses talentos seriam cerca de 3 milhões. Nesse grupo
O consumo de energia elétrica aumenta a cada ano no Brasil. Em bre- ainda existem aqueles que têm mais habilidades e dotes excepcionais e
ve, estaremos importando energia elétrica de países vizinhos. O comércio, que seriam aproximadamente 350 mil supertalentosos cidadãos.
além de ganhar novos estabelecimentos com alto padrão de consumo
(shopping centers, hipermercados), dinamizou suas atividades com a Criatividade
ampliação dos dias e horário de funcionamento. Uma grande parte desse Esse enorme contingente que possui talento, criatividade e habilidades
aumento é decorrente do desperdício de energia. notáveis poderia ser nosso diferencial em áreas como a da educação, da
ciência, da medicina, da arte, do esporte, da engenharia e de tantas outras
Voltamos à questão do desperdício. E é nesse ponto que entra a nos- atividades importantes para o desenvolvimento do país.
sa contribuição. O consumo residencial e comercial representam cerca de

Ciências Humanas e suas Tecnologias 128 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
O que acontece realmente com essas pessoas especiais é que seu ta- Nas unidades de conservação (UC´s) a flora e a fauna devem ser con-
lento, sem estímulo, sem escola e sem acompanhamento, acaba não servadas, assim como os processos ecológicos que regem o ecossistema.
sendo despertado ou, quando aparece, é percebido como problema. No entanto, as poucas unidades de conservação existentes, as quais
correspondem a aproximadamente 2,5% dos quase 204.000.000 de hecta-
É muito comum famílias e escolas não reconhecerem esse potencial res do bioma Cerrado, apresentam problemas ora relacionados à manu-
dos jovens ou, quando reconhecem, não oferecerem condições para que tenção, à falta de equipamentos e pessoal, ora relacionados às questões
se desenvolva, levando a maioria dessas pessoas a uma vida medíocre, de desapropriação e, ou, legalização das terras.
desperdiçando esse enorme potencial humano que nosso país desfruta,
mas que desperdiça numa velocidade e quantidade muito grandes. A fragmentação da vegetação e o isolamento das UC´s impedem a
movimentação das espécies e o fluxo genético. Assim, há a necessidade
De outro lado, temos também uma realidade difícil para mais de 7 mi- de implantação e manutenção de corredores ecológicos interligando as
lhões de jovens que estão fora da escola e do mercado de trabalho. Essas UC´s e demais áreas naturais remanescentes possibilitando, além do fluxo
pessoas também estão sendo desperdiçadas nesse descarte prematuro, a genético e a movimentação das espécies, a dispersão de espécies e a
sociedade reserva a essa massa uma vida sem oportunidades, com falta recolonização das áreas degradadas.
de perspectiva de futuro e mesmo a delinquência e o crime.
Por fim, recomenda-se que a elaboração de políticas públicas, sobre-
Oportunidade tudo aquelas voltadas para a conservação e para a agricultura, considere o
Esse, a meu ver, é o maior desperdício que nossa sociedade comete, conhecimento existente em relação às espécies, aos serviços ambientais e
jogar fora milhões de pessoas que poderiam, com suas capacidades e ao funcionamento dos ecossistemas.
talento, estar ajudando a impulsionar essa nação, mas que, por falta de
oportunidades e compreensão, estão sendo desperdiçadas.
GEOGRAFIA GERAL: A NOVA ORDEM MUNDIAL, O ESPAÇO GE-
Esse é o maior tesouro de uma nação, sendo ovacionado quando apa- OPOLÍTICO E A GLOBALIZAÇÃO.
rece e se destaca como algum fenômeno, mas que normalmente está
esquecido e sucumbe a falta de oportunidade perversa de nossa socieda-
NOVA ORDEM MUNDIAL
de.
"A ordem internacional da Guerra Fria refletiu-se em um modelo teóri-
-o0o-
co e didático de apreensão do espaço mundial. Esse modelo fundado na
subdivisão do globo nos "três mundos" dos livros de geografia apoiava-se
A cada ano milhares de plantas e animais desaparecem da terra e com
em realidades que entraram em colapso.
eles desaparecem as oportunidades de fornecimento de benefícios à
humanidade, o auxílio à manutenção do planeta e a possibilidade de serem
A nova ordem mundial implica a revisão dos conceitos tradicionais
reconhecidos pela ciência.
que, por décadas, serviram para explicar a organização geopolítica e geo-
econômica do espaço mundial.
A conservação e a manutenção das áreas nativas possibilita que os
serviços ambientais prestados pela natureza como a ciclagem de nutrien-
O deslocamento da natureza do poder dos arsenais nucleares e con-
tes, a proteção das bacias hidrográficas, o sequestro de carbono, a dispo-
vencionais para a eficácia, produtividade e influência das economias cons-
nibilidade e a qualidade da água, dentre outros, continuem ocorrendo
tituiu um dos mais notáveis fenômenos que acompanharam a dissolução
da ordem da Guerra Fria.
Diante dos benefícios e serviços prestados pela natureza a preserva-
ção da diversidade biológica de um país, de uma região, é um investimento
A multipolaridade do poder global substituiu a rígida geometria bipolar
necessário para a manutenção de opções futuras, além de contribuir para a
do mundo do pós-guerra. A internacionalização dos fluxos de capitais e a
evolução do conhecimento científico, econômico e social.
integração dos fluxos de capitais e a integração das economias nacionais
atingiram um patamar inédito. Como consequência, os pólos de poder da
No Cerrado, por exemplo, existem mais de 10.000 espécies de plan-
nova ordem mundial apresentam contornos supranacionais. Delineiam-se
tas, 199 espécies de mamíferos, 837 espécies de aves, 180 de répteis, 150
megablocos econômicos organizados em torno das grandes potências
espécies de anfíbios, 1.200 de peixes e 67.000 de invertebrados. Muitas
do fim do século.
espécies que ocorrem no bioma Cerrado são endêmicas, ou seja, só
ocorrem nesta região.  Na América do Norte, constitui-se a Nafta, polarizada pelos Esta-
dos Unidos.
Devido ao rápido e desordenado processo de ocupação e também de-  Na Europa, a Alemanha unificada funciona com eixo de ligação
vido aos sistemas de produção implantados, o bioma Cerrado é, atualmen- entre o leste e o oeste do continente.
te, um grande conjunto de interações, interesses, conflitos, desafios e  No Pacífico, o Japão centraliza uma vasta área de influência.
possibilidades, onde variedades selvagens de cultivares são perdidas e
pelo menos 137 espécies animais estão ameaçadas de extinção. A dissolução do Segundo Mundo expressa na transição para a eco-
nomia de mercado na antiga União Soviética e Europa oriental suscita
As transformações ocorridas no bioma Cerrado e as ameaças constan- questões cujas respostas somente aparecerão nos próximos anos.
tes à biodiversidade têm deflagrado o surgimento de iniciativas de conser-
vação por parte do governo e de organizações não governamentais A geometria do poder europeu depende ainda do desenvolvimento
(ONG´s). das relações econômicas e políticas entre a Alemanha unificada e a Rús-
sia pós-comunista. Essas relações podem conduzir ao deslocamento do
Algumas ações como, por exemplo, a proibição do funcionamento de eixo de poder europeu para o segmento da reta Berlim-Moscou, que se
carvoarias que utilizam matéria prima originada de desmatamento irregular, tornaria o sucessor do velho triângulo Londres-Paris-Bonn.
a criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural, proposta de
criação do ICMS Ecológico, o mapeamento dos remanescentes do bioma As reformas econômicas chinesas apoiadas sobre o alicerce do poder
permitindo maior eficácia no planejamento de ações para a conservação, monolítico comunista - representam uma reorganização radical do espaço
dentre outros, são implementadas na tentativa de conservar a biodiversi- do leste asiático. Os crescentes investimentos dos chineses de Formosa,
dade do Cerrado. dos coreanos do sul e dos japoneses no território continental da China
assinalam a integração de Pequim à esfera econômica polarizada por
Uma das melhores estratégias para a conservação dos atributos e dos Tóquio. Os indícios de retomada das relações políticas e diplomáticas
patrimônios naturais é a criação, a viabilização e a manutenção de unida- entre Japão e China abrem a possibilidade da emergência de um podero-
des de conservação. so bloco supranacional asiático.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 129 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
O Terceiro Mundo funcionou, por muito tempo, como um conceito cru- internacionais começou a vigorar. O embate político-ideológico entre EUA
cial na reflexão e na prática didática da geografia. Ele representou uma e URSS, duas nações consideradas super potências mundiais, e que
tentativa de cartografar a pobreza, definindo seus contornos em escala colocou em confronto dois sistemas políticos - capitalismo e socialismo.
global. A nova ordem mundial assinala a fragmentação do Terceiro Mundo
em espaços periféricos, que tendem a se integrar marginalmente aos O primeiro resultado desta situação foi o controle da Alemanha pelos
megablocos econômicos. países vencedores da Grande Guerra, como Estados Unidos, Reino Unido
 Os "Dragões Asiáticos" e os países pobres da Ásia meridional fun- e Grã-Bretanha, além da França. A região controlada pelas forças militares
cionam como áreas de transbordamento dos capitais japoneses. dos países capitalistas se uniu e formou a Alemanha Ocidental. Em
 A Europa do leste e do sul, bem como a África do norte, associa- contraponto a esta situação, a região controlada pelos soviéticos acabou
se ao núcleo próspero da Europa centro-ocidental. se tornando a Alemanha Oriental. Desta forma, o antagonismo ideológico
foi traduzido em alterações na estrutura de uma nação, conforme
 A América Latina entrelaça seu destino ao da América do Norte.
interesses, principalmente dos EUA e URSS.
A nova ordem mundial ergueu-se sobre uma revolução tecnocientífica
A rivalidade entre americanos e soviéticos ganhava um novo nome:
que reorganiza o alocamento dos capitais no espaço geográfico. A crise
Guerra Fria. Conforme interesses destas nações, o panorama político
das velhas regiões urbanas e industriais desenvolve-se paralelamente à
dividiu diferentes regiões do planeta, principalmente na Europa. Por parte
emergência de eixos de crescimento econômico apoiado em novas tecno-
dos Estados Unidos da América, surgiu a OTAN (Organização do Tratado
logias industriais, nas finanças e nos serviços. Nesse movimento, a po-
do Atlântico Norte, que reuniu, inicialmente, os países da Europa Ocidental,
breza dissemina-se por toda a superfície do globo, avançando sobre as
como Espanha, França, Grã-Bretanha, Suécia, Irlanda, Finlândia, Noruega,
fronteiras do Primeiro Mundo e instalando-se no coração dos Estados
Bélgica, Países Baixos e Alemanha Ocidental. Por outro lado, a União
Unidos e da Europa ocidental. No mundo todo, microespaços de prosperi-
Soviética fez uma aliança militar com os países sob sua influência política,
dade convivem com cinturões envolventes de pobreza e desemprego.
definido como Pacto de Varsóvia. Polônia, Alemanha Oriental,
Vastas regiões da África Subsaariana, América Latina e Ásia meridional
Tchecoslováquia, Hungria, Romênia e Bulgária.
conhecem as tragédias associadas à miséria absoluta. A nova ordem
mundial não é mais estável ou segura que a ordem da Guerra Fria. Se o
Esta divisão configura o campo de estudo da Geografia Política, ou
espectro da catástrofe nuclear parece ter sido afastado, novos demônios
geopolítica. A partir da década de 50, os conflitos armados em diferentes
tomaram-lhe o lugar. A emergência dos nacionalismos e da hostilidade
locais do mundo (Guerra da Coreia, Guerra do Vietnã, descolonização da
étnica, o ressurgimento do racismo e da xenofobia e a multiplicação dos
Ásia e África e guerras civis), a corrida espacial, a construção do Muro de
conflitos localizados evidenciam a componente de instabilidade introduzi-
Berlim, a expansão do arsenal de armas nucleares e a criação do bloco
da pela decadência das velhas super-potências. O século vindouro não
dos países não alinhados definem as características da geopolítica
promete um mundo melhor para se viver que o século que se encerra".
Magnoli. Demétrio mundial, influenciadas pelo confronto EUA-URSS.

GEOPOLÍTICA Contudo, com as reformas econômicas e políticas realizadas na URSS


Geopolítica é uma disciplina das Ciências Humanas que mescla a na segunda metade da década de 80, grandes mudanças aconteceram na
Teoria Política à Geografia, considerando o papel político internacional que Europa Oriental. O "afrouxamento" do controle soviético aos países
as nações desempenham em função de suas características geográficas satélites estimulou as ondas de liberação política na Tchecoslováquia,
— como localização, território, posse de recursos naturais, contingente Hungria, Polônia, Bulgária e Romênia. Também estimulou a queda do
populacional, etc... Muro de Berlim e a Reunificação Alemã. Estes acontecimentos levaram o
mundo a uma grande transformação na ordem econômica, social e política,
É o estudo da estratégia, da manipulação, da ação. Estuda o Estado pondo fim à Guerra Fria. Desta forma, o mundo unipolar, com a formação
enquanto organismo geográfico, ou seja, é o estudo da relação intrínseca de blocos econômicos, principalmente pelas potências econômicas (Japão,
entre a geografia e o poder. Método de análise que utiliza os EUA e países da Europa Ocidental), e os interesses internacionais em
conhecimentos da geografia física e humana para orientar a ação política detrimento do Estado Nacional são algumas das características da
do Estado. globalização. Esta pode ser estudada por várias disciplinas das ciências
humanas, em especial a história e a geopolítica com o surgimento da nova
O termo "Geopolítica" foi criado pelo cientista político sueco Rudolf ordem mundial.
Kjellén, no início do século XX, inspirado pela obra de Friedrich Ratzel,
Politische Geographie (Geografia Política), de 1897. De acordo com Geopolítica no Brasil
Magnoli (1969), é a "ciência que concebe o Estado como um organismo No território brasileiro também se configura características e situações
geográfico ou como um fenômeno no espaço". que envolve a geopolítica. Principalmente com as características sócio-
econômicas das diferentes regiões do país, o desenvolvimento econômico,
Geopolítica Mundial os conflitos sociais na zona rural e urbana e a inserção do país na
Após a Segunda Grande Guerra, o mundo passou por grandes economia internacional, tendo como destaque a negociação com grandes
transformações, tanto de ordem social, econômica e política. Uma série de blocos e a formação de entidades supranacionais, como o Mercosul.
acontecimentos no cenário internacional fez com que as relações
internacionais do pós-guerra fossem estudadas, em especial as Além disso, áreas importantes do país configuram o cenário
divergências entre populações ou Estados. Isto foi necessário devido o geopolítico brasileiro, como a questão do petróleo nacional, a reforma
contexto mundial da metade do século XX, caracterizada pelas agrária e as relações entre o Estado e administração territorial, em
fragmentações territoriais e os agrupamentos de países conforme especial, no que se refere a Amazônia Legal e internacional.
interesses políticos e econômicos.
Esta ciência deveria ser um ramo da história mundial. Porém, muitos Não podemos ainda, deixar de citar como questão geopolítica
fenômenos geográficos são ligados a situações tensas entre países, brasileira, a construção da Capital Brasília na região Centro-Oeste do país.
questões estratégias nacionais ou grupos étnicos dentro de uma nação. Esta é uma verdadeira questão estratégica, pois há alguns anos a capital
Um exemplo são as Repúblicas Balcânicas, em que características étnicas do Brasil era no Rio de Janeiro. Com o programa de povoamento do
foram fundamentais para a formação dos países. Como entender a região; Centro-Oeste e com a evolução dos conflitos mundiais, o Estado decidiu
países, densidade demográfica e distribuição espacial dos grupos étnicos? interiorizar a capital do Brasil. Assim, durante o governo de JK surgiu o
é através da geopolítica que conseguimos entender esta situação, já que Plano Piloto, que finalmente construiu o Distrito Federal.
geografia faz parte das ciências humanas, apesar de ser independente
tendo muitos alicerces nas ciências da natureza.
A NOVA GEOPOLÍTICA NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO
Ronaldo Mota Sardenberg
Um evento mundial que envolve a geopolítica é o resultado da Este é um tempo de esperanças e de angústias. A atualidade está
Segunda Grande Guerra. A partir de 1947, um novo sistema de relações grávida do futuro, como classicamente se notou. Afloram novas tendências

Ciências Humanas e suas Tecnologias 130 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
- a chamada geo-economia, por exemplo, enquanto reafirmam-se políticas proteção tecnológica da privacidade assegurada pela Constituição e à
permanentes, como a de poder mundial. Após décadas de repúdio, voltam proteção dos legítimos segredos comerciais e financeiros.
a ser utilizadas antigas ferramentas de análise, como parece ser o caso da
geopolítica. É necessário afirmar presença brasileira na Internet e ampliar a demo-
cratização do acesso maciço dos usuários potenciais à rede. Dessa forma,
Poder, geo-economia e geopolítica compõem o campo contemporâneo evitaremos ser apenas consumidores de um produto cultural, científico e
da segurança internacional. Com o fim da guerra fria, propagou-se a per- tecnólogico alheio. A procura crescente estimulará fortemente a ampliação
cepção superficial de que, doravante, as diferenças internacionais se da oferta local de material informativo, na rede, o que já vem ocorrendo.
confinariam ao campo comercial e financeiro (daí a voga da geo-economia) Mais transparência é hoje um ingrediente fundamental da democracia. Em
e que as manifestações de poder político e militar passavam a ser apenas segundo lugar, devemos buscar não a rivalidade e a separação entre o
marginais. As questões de segurança internacional formam um contexto português e o espanhol na rede, mas o reforço mútuo, a firme cooperação
político específico e integrado. Os processos de globalização e regionaliza- na divulgação de ambos os idiomas e a disponibilidade ampla de home
ção econômica não existem isoladamente, pois se amparam na articulação pages e de grupos de discussão bilingues.
da ordem política mundial, a qual, por seu turno, é condicionada por consi-
Finalmente, o processo expansão e globalização dos fluxos financeiros
derações de poder que concretamente condicionam.
induz uma nova geopolítica mundial de investimentos. O mundo do capital
está em transformação, novas tendências, novas possibilidades de ganho
Durante muito tempo, imaginou-se que a geopolítica e sua pesada tra-
e novas pressões se estão desatando. Segundo dados do Banco Mundial,
dição histórica - colonial, belicista e expansionista - estavam para sempre
o fluxo líquido de capital privado em direção aos países em desenvolvimen-
sepultadas. Este anúncio era obviamente precipitado. Na verdade, nem se
to aumentou 5,5 vezes nos seis últimos anos, alcançando $ 244 bilhões de
devem separar as concepções geopolíticas das geo-econômicas, nem se
dólares em 1996, enquanto os recursos oficiais passam de uma fase de
poderia realmente omitir a questão do poder da análise político-estratégica.
estagnação para uma de declínio, sendo agora de $ 41 bilhões. A Ásia-
Nesta fase, registra-se uma espécie de renascimento da geopolítica. A
Pacífico absorveu, no ano passado, $ 109 bilhões, dos quais apenas a
Europa se reorganiza com base em uma geometria flexível, ainda a ser
China ficou com $ 52 bilhões (ou seja 21% do total mundial) e a América
precisada nos campos político, econômico e militar. Na África, expande-se
Latina - Caribe outros $ 74 bilhões.
uma inquietante zona de instabilidades que engloba Ruanda, Burundi e
Zaire (Congo). Não há sinais de que esse processo, seus fluxos de refugi- Acirra-se a competição pela entrada de capitais privados, envolvendo,
ados e as rivalidades tribais, regionais e globais, nele subjacentes, já em 1996, na mesma faixa que o Brasil ($ 15 bilhões, cifra provavelmente
estejam sob controle. No Oriente Médio, as conhecidas oposições de subestimada) e a Argentina ($ 11 bilhões) - como as mais fortes economias
forças entre árabes e israelenses se radicalizam, ao mesmo tempo em que do Mercosul - países como o México ($ 28 bilhões), Indonésia ($ 18 bi-
persistem tensões no Golfo. A Bacia do Cáspio aparece como um área de lhões), Malásia ($ 16 bilhões) e Tailândia ($ 13 bilhões), o que aconselha
dura disputa, em que considerações políticas e econômicas - petróleo - um tratamento para a questão que vá muito além da vocação descritiva da
aparecem combinadas. A Ásia central está em transição estratégica. Na geografia econômica.
Ásia oriental, persiste o jogo de poder que envolve as principais potências
com presença regional. Mesmo em nossa região, muito menos tensa, se No novo contexto competitivo mundial, é flagrante a necessidade do
relança o tema, há tanto tempo em hibernação, da compra de armamentos melhoramento da coleta, processamento e difusão de informações econô-
sofisticados e, à raiz da negociação da ALCA, volta-se a tratar do tema da micas, a defesa contra a intrusão por meios eletrônicos e do esforço no
hegemonia hemisférica. campo vital da segurança e privacidade das comunicações.
*Ronaldo Mota Sardenberg é Secretário de Assuntos Estratégicos da
A novidade é que agora a geopolítica não incorpora apenas esses Presidência da República.
componentes pesados e tradicionais de planejamento para o conflito,
disputas e violências. É verdade que a nova geopolítica continua a preocu- O QUE É GEOPOLÍTICA? E GEOGRAFIA POLÍTICA?
par-se com categorias fundamentais do entendimento político-estratégico, José William Sisentini
que estão nos manuais: o território, sua localização, distribuição espacial, É frequente a confusão entre geografia política e geopolítica, que na
interrelação e complexidade dos fenômenos e das forças em presença. verdade são imbricadas, se sobrepõem em grande parte, mas não se
Mas apresenta também facetas inéditas. identificam totalmente. Existe uma história de cada um desses saberes que
mostra suas origens, suas especificidades, embora em alguns momentos
Pelo menos três dimensões profundamente inovadoras se incorporam eles tenham se mesclado, se identificado.
à geopolítica: a construção de espaços regionais, como, por exemplo, a
América do Sul e o Mercosul; o dramático despontar do espaço digitalizado A expressão geografia política existe há séculos. Há inúmeros livros
mundial, no qual sobressaem a Internet e a televisão; e a expansão de um dos séculos XVII, XVIII e XIX com esse título. Mas considera-se que geo-
espaço econômico que se pretende virtualmente desterritorializado, mas grafia política moderna, pelo menos tal como a entendemos hoje -- isto é,
que se materializa em fluxos de capital e investimentos diretos. como um estudo geográfico da política, ou como o estudo das relações
entre espaço e poder -- nasceu com a obra Politische Geographie [Geogra-
Em nosso entorno imediato, a nova geopolítica regional rompe com o fia Política], de Friedrich RATZEL, publicada em 1897. Ratzel, na verdade,
modelo antigo, consagrado em livros afinal relegados ao fundo das estan- não criou o rótulo "geografia política"; ela apenas redefiniu o seu conteúdo,
tes. Desaparece o modelo de desunião e diferenças, baseado no predomí- apontando para o que seria um verdadeiro estudo geográfico da política,
nio do desconhecimento recíproco ou nas relações de rivalidade. Concreti- uma concepção de política que muito deve à leitura de Maquiavel. Antes
zam-se os interesses comuns, via cooperação e, sobretudo, integração. dele era comum encontrar em obras com esse título a descrição dos rios
Muda, pois, a visão e o destino da América do Sul. Todos saem amplamen- ou montanhas de tal ou qual Estado - ou seja, qualquer fenômeno ligado
te ganhadores, ao findar o velho jogo de soma-zero. Os desafios da globa- ao Estado (o ser político por excelência) era tido como assunto de geogra-
lização nos levam a articular um futuro em que a região sul-americana fia política. Ratzel mostrou que o estudo da geografia política só vai se
funcione como um todo efetivo e harmônico, em benefício de cada um de preocupar com o meio ambiente - as características "naturais" do território,
nossos países. por exemplo (localização, formato, proximidade do mar, etc.) - desde que
isso tenha relações com a vida política. Ele procurou estabelecer uma série
Abre-se, por outro lado, um horizonte eletrônico e cibernético global, de temas pertinentes à geografia política, que continuam a ser atuais
um novo espaço geopolítico que aproxima os povos e países e no qual (embora outros tenham surgido posteriormente): o que é o Estado e quais
nossa região joga sua identidade em formação. A Internet, a televisão, a as suas relações com o território, soberania e território, o que é política
nova telefonia são as facetas mais visíveis desse bravo novo mundo digita- territorial (uma expressão criada por ele), a questão das fronteiras, o que
lizado. Seu avesso está nas possibilidades de dominação cultural, - propa- significa uma grande potência mundial, etc.
ganda, interferência eletrônica e criação de discriminação a excluir os que
não têm acesso aos meios avançados de informação. Vivemos uma época Em síntese, esse geógrafo alemão não foi o primeiro autor a empregar
em que prioridade crescente será dada à segurança das comunicações - à esse rótulo, geografia política, nem mesmo o primeiro a escrever sobre o

Ciências Humanas e suas Tecnologias 131 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
assunto - a questão do espaço geográfico na política. Essa análise a ser, mas de 1945 até por volta de 1975 esteve confinada em pequenos
respeito da dimensão geográfica ou espacial da política é bastante antiga. círculos, em especial militares). Só que agora, ao invés de ser vista como
Podemos encontrá-la em Aristóteles, em Maquiavel, em Montesquieu e em "uma ciência" (como pretendia Kjellén) ou como "uma técnica/arte a serviço
inúmeros outros filósofos da antiguidade, da Idade Média ou da época do Estado" (como advogavam inúmeros geopolíticos, inclusive Haushofer),
moderna. Mas normalmente essa preocupação com a dimensão espacial ela é cada vez mais entendida como "um campo de estudos", uma área
da política -- tal como, por exemplo, a respeito do tamanho e da localização interdisciplinar enfim (tal como, por exemplo, a questão ambiental). Em
do território de uma cidade-Estado, em Aristóteles; ou sobre a localização e várias parte do globo criaram-se -- ou estão sendo criados -- institutos de
a defesa da fortaleza do príncipe, em Maquiavel; ou a ênfase na importân- estudos geopolíticos e/ou estratégicos, que via de regra congregam inúme-
cia da geografia (física e principalmente humana) para a compreensão do ros especialistas: cientistas políticos, geógrafos, historiadores, militares ou
"espírito das Leis" de cada Estado, em Montesquieu -- era algo que surgia teóricos estrategistas, sociólogos e, como não podia deixar de ser (na
en passant, como um aspecto meio secundário da realidade, pois o essen- medida em que a "guerra" tecnológica-comercial hoje é mais importante
cial era entender a natureza do Estado ou das Leis, os tipos de governo ou que a militar) até mesmo economistas.
as maneiras de alcançar e exercer eficazmente o poder. Com Ratzel inicia-
se um estudo sistemático da dimensão geográfica da política, no qual a Enfim, a palavra geopolítica não é uma simples contração de geografia
espacialidade ou a territorialidade do Estado era o principal objeto de política, como pensam alguns, mas sim algo que diz respeito às disputas
preocupações. E com Ratzel a própria expressão "geografia política", que de poder no espaço mundial e que, como a noção de PODER já o diz
era comumente empregada nos estudos enciclopédicos dos séculos XVII, (poder implica em dominação, via Estado ou não, em relações de assime-
XVIII e mesmo XIX (as informações sobre tal ou qual Estado: sua popula- tria enfim, que podem ser culturais, sexuais, econômicas, repressivas e/ou
ção, contornos territoriais, rios, montanhas, climas, cidades principais, etc.), militares, etc.), não é exclusivo da geografia. (Embora também seja algo
ganha um novo significado. Ela passa a ser entendida como o estudo por ela estudado). A geografia política, dessa forma, também se ocupa da
geográfico ou espacial da política e não mais como um estudo genérico geopolítica, embora seja uma ciência (ou melhor, uma modalidade da
(em "todas" as suas características) dos Estados ou países. ciência geográfica) que estuda vários outros temas ou problemas. Exempli-
ficando, podemos lembrar que a geografia também leva em conta a ques-
A palavra geopolítica, por sua vez, foi criada no início do século XX, tão ambiental, embora esta não seja uma temática exclusivamente geográ-
mais precisamente em 1905, num artigo denominado "As grandes potên- fica (outras ciências -- tais como a biologia, a geologia, a antropologia, a
cias", escrito pelo jurista sueco Rudolf KJELLÉN. (Mas atenção: a palavra história, etc. -- também abordam essa questão). Mas a geografia -- da
geopolítica é que foi criada por Kjellén, pois não há dúvida que essa temá- mesma forma que as outras ciências mencionadas -- não se identifica
tica é bem mais antiga, ou seja, as grandes preocupações geopolíticas não exclusivamente com essa questão, pois ela também procura explicar
surgiram no início do século XX (preocupações sobre o que é e quem é outras temáticas que não são rigorosamente ambientais tais como, por
uma potência mundial, como se dá a disputa mundial pelo poder entre os exemplo, a história do pensamento geográfico, a geografia eleitoral, os
Estados, que estratégias seriam adequadas para tal ou qual Estado tornar- métodos cartográficos, etc.
se a potência regional nesta ou naquela parte do globo, etc.). Isto é, já
existia anteriormente juízos ou análises a respeito do poderio de cada Esquematizando, podemos dizer que existiram ou existem várias inter-
Estado, das grandes potências mundiais ou regionais, com a importância pretações diferentes sobre o que é geopolítica e as suas relações com a
ou o uso do espaço geográfico na guerra ou no exercício do poder estatal. geografia política. Vamos resumir essas interpretações, que variaram muito
no espaço e no tempo, em quatro visões:
Normalmente se afirma -- em quase todas as obras sobre "história da
1. "A geopolítica seria dinâmica (como um filme) e a geografia políti-
geopolítica" -- que os geopolíticos clássicos, ou os "grandes nomes da
ca estática (como uma fotografia)". Esta foi a interpretação de
geopolítica", foram H.J. MacKinder, A.T. Mahan, R. Kjellén e K. Haushofer.
inúmeros geopolíticos anteriores à Segunda Guerra Mundial, den-
Desses quatro nomes, dois deles (o geógrafo inglês Mackinder e o almiran-
tre os quais, podemos mencionar Kjellén, Haushofer e vários ou-
te norte-americano Mahan) tiveram as suas principais obras publicadas
tros colaboradores da Revista de Geopolítica, além do general
antes da criação dessa palavra geopolítica por Kjellén e, dessa forma,
Golbery do Couto e Silva e inúmeros outros militares no Brasil.
nunca fizeram uso dela. O outro autor, o general alemão Karl Haushofer,
Segundo eles, a geopolítica seria uma "nova ciência" (ou técnica,
foi na realidade quem popularizou a geopolítica, devido às circunstâncias
ou arte) que se ocuparia da política ao nível geográfico, mas com
(ligações, embora problemáticas, com o nazismo e possível contribuição
uma abordagem diferente da geografia: ela seria "mais dinâmica"
indireta para a obra Mein Kampf, de Hitler), tornando-a tristemente famosa
e voltada principalmente para a ação. Eles viam a geografia como
nos anos 1930 e 40, em especial através da sua Revista de Geopolítica
uma disciplina tradicional e descritiva e diziam que nela apenas
[Zeitschrift fur Geopolitik], editada em Munique de 1924 a 44 e com uma
colhiam algumas informações (sobre relevo, distâncias, latitude e
tiragem mensal que começou com 3 mil e chegou a atingir a marca dos 30
longitude, características territoriais ou marítimas, populações e
mil exemplares, algo bastante expressivo para a época.
economias, etc.), mas que fundamentalmente estavam construin-
A geopolítica, enfim, conheceu um período de grande expansão no do um outro saber, que na realidade seria mais do que uma ciên-
pré-guerra, na primeira metade do século XX, tendo se eclipsado -- ou cia ou um mero saber, seria um instrumento imprescindível para a
melhor, ficado no ostracismo -- depois de 1945. Ela sempre se preocupou estratégia, a atuação político/espacial do Estado. Como se perce-
com a chamada escala macro ou continental/planetária: a questão da be, foi uma visão adequada ao seu momento histórico -- não po-
disputa do poder mundial, que Estado (e por quê) é uma grande potência, demos esquecer que o mundo na primeira metade do século XX,
qual a melhor estratégia espacial para se atingir esse status, etc. Existiram antes da Grande Guerra, vivia uma ordem multipolar conflituosa,
"escolas (nacionais) de geopolítica", em especial dos anos 1920 até os com uma situação de guerra latente entre as grandes potências
anos 1970, em algumas partes do mundo, inclusive no Brasil. Não escola mundiais -- e à legitimação da prática de quem fazia geopolítica
no sentido físico (prédio e salas de aula), mas sim no sentido de corrente naquele momento. Ela também foi coeva e tributária de todo um
de pensamento, de autores -- mesmo que um tenha vivido distante do clima intelectual europeu -- especialmente alemão -- da época,
outro, no espaço ou às vezes até no tempo -- com uma certa identificação: que fustigava o conhecimento científico (a "ciência real", que era
no caso da geopolítica brasileira, ela consistiu principalmente no desenvol- contraposta a uma "ciência ideal" ou "novo saber", que deveria
vimento de um projeto ("Brasil, grande potência") que se expressa como contribuir para um "mundo melhor") pela sua pretensa "desconsi-
uma estratégia (geo)política e militar com uma clara dimensão espacial. A deração pela vida concreta, pelas emoções, pelos sentimentos".
natureza pragmática, utilitarista (e para o Estado, único agente visto como 2. "A geopolítica seria ideológica (um instrumento do nazi-fascismo
legítimo) ou de "saber aplicável" sempre foi uma tônica marcante na geo- ou dos Estados totalitários) e a geografia política seria uma ciên-
política. Ela nunca se preocupou em firmar-se como um (mero?) "conheci- cia". Esta foi a interpretação de alguns poucos geógrafos nos anos
mento" da realidade e sim como um "instrumento de ação", um guia para a 1930 e 40 (por exemplo: A. Hettner e Leo Waibel) e da quase tota-
atuação de tal ou qual Estado. lidade deles (e também de inúmeros outros cientistas sociais) no
pós-guerra. Um nome bastante representativo desta visão foi Pier-
A partir de meados dos anos 1970 a geopolítica sai do ostracismo. Ela re George, talvez o geógrafo francês mais conhecido dos anos 50
volta a ser novamente estudada (a bem a verdade, ela nunca deixou de aos 70, que afirmava que a geopolítica seria uma "pseudo-

Ciências Humanas e suas Tecnologias 132 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ciência", uma caricatura da geografia política. Esta visão foi prati- “Foi a necessidade de financiamento das guerras que esteve na ori-
camente uma reação àquela anterior, que predominou anterior- gem desta convergência entre o poder e a riqueza. Mas desta vez, o
mente, no período pré-Segunda Guerra Mundial. Como toda forte encontro dos “príncipes” com os “banqueiros” produziu um fenômeno
reação, ela caminhou para o lado extremo do pêndulo, desclassifi- absolutamente novo e revolucionário: o nascimento dos “estados-
cando completamente a geopolítica (da qual "nada se aproveita", economias nacionais”. Verdadeiras máquinas de acumulação de poder e
nos dizeres de inúmeros autores dos anos 50 e 60) e até mesmo riqueza que se expandiram a partir da Europa e através do mundo, numa
se recusando a explicá-la de forma mais rigorosa. velocidade e numa escala que permitem falar de um novo universo, com
3. "A geopolítica seria a verdadeira (ou fundamental) geografia". Esta relação ao que havia acontecido nos séculos anteriores”
foi a interpretação que Yves Lacoste inaugurou com o seu famoso
livro-panfleto A Geografia - isso serve, em primeiro lugar, para fa- J.L.F. , “O PODER AMERICANO”, Editora Vozes, 2004, p: 34
zer a guerra, de 1976, e que serviu como ideário para a revista O FATO E A TEORIA
Hérodote - revue de géographie et de géopolitique. Nessa visão, a Toda análise do sistema internacional supõe alguma visão teórica, a
geografia de verdade (a "essencial" ou fundamental) não teria sur- respeito do tempo, do espaço e do movimento da sua “massa histórica”.
gido no século XIX com Humboldt e Ritter, mas sim na antiguida- Sem a teoria é impossível interpretar a conjuntura, e identificar os movi-
de, junto com o advento dos primeiro mapas. O que teria surgido mentos cíclicos e as “longas durações” estruturais, que se escondem e
no século XIX seria apenas a "geografia dos professores", a geo- desvelam, ao mesmo tempo, através dos acontecimentos imediatos do
grafia acadêmica e que basicamente estaria preocupada em es- sistema mundial. Só tem sentido falar de “grandes crises”, “inflexões” e
conder ou encobrir, como uma "cortina de fumaça", a importância “tendências” a partir de uma teoria que relacione e hierarquize fatos e
estratégica da verdadeira geografia, da geopolítica enfim. A geo- conflitos locais, regionais e globais, dentro de um mesmo esquema de
política -- ou geografia dos Estados maiores, ou geografia funda- interpretação. Além disto, é a teoria que define o “foco central” da análise e
mental -- existiria desde a antiguidade na estratégia espacial das a sua “linha do tempo”. Por exemplo, com relação às transformações
cidades-Estado, de Alexandre o Grande, por exemplo, de Heródo- mundiais das últimas décadas, é muito comum falar de uma “crise da
to com os seus escritos (obra e autor que, nessa leitura enviesada, hegemonia americana”, na década de 70, e reconhecer que depois disto,
teria sido um "representante do imperialismo ateniense"). Esta in- houve duas inflexões históricas muito importantes, em 1991 e 2001. Mas
terpretação teve um certo fôlego -- ou melhor, foi reproduzida, por trás deste consenso aparente, podem esconder-se interpretações
normalmente por estudantes e de forma acrítica -- no final dos completamente diferentes, dependendo do ponto de partida teórico de
anos 1970 e nos anos 80, mas acabou ficando confinada a um cada analista. Por isto, essa nossa análise da conjuntura internacional
pequeno grupo de geógrafos franceses que, inclusive, em grande começa expondo, de forma sintética, o seu foco de observação, a sua tese
parte se afastaram do restante da comunidade geográfica (ou central e suas principais premissas teóricas, para só depois analisar as
mesmo científica) daquele país. Existe uma visível falta de evidên- mudanças recentes do sistema mundial, e discutir o novo lugar da China,
cias nessa tese -- de comprovações, e mesmo de possibilidade de Índia, Brasil e África do Sul.
ser testada empiricamente (inclusive via documentos históricos) --
e, na realidade, ela surgiu mais como uma forma de revalorizar a O FOCO DA ANÁLISE E A SUA TESE CENTRAL
geografia, tão questionada pelos revoltosos do maio de 1968, ten- O foco da nossa análise se concentra no movimento de expansão, e
tando mostrar a sua importância estratégica e militar. nas transformações estratégicas do poder global dos Estados Unidos,
4. "A geopolítica (hoje) seria uma área ou campo de estudos interdis- sobretudo depois da sua “crise” dos anos 70, e da sua vitória dos anos 90.
ciplinar". Esta interpretação começa a predominar a partir do final Quando os Estados Unidos assumiram, explicitamente, o projeto de cons-
dos anos 1980, sendo quase um consenso nos dias atuais. Não se trução de um império global. Mas, logo em seguida, este projeto atingiu seu
trata tanto do que foi a geopolítica e sim do que ela representa limite teórico de expansão, e abriu portas – dialeticamente – para o reapa-
atualmente. E mesmo se analisarmos quem fez geopolítica, os recimento e a universalização dos estados nacionais, e do seu cálculo
"grandes nomes" que teriam contribuído para desenvolver esse geopolítico, que agora atinge todos os tabuleiros regionais do sistema
saber, vamos concluir que eles nunca provieram de uma única mundial. Muitos analistas confundiram esta mudança com uma “crise
área do conhecimento: houve juristas (por exemplo, Kjellén), geó- terminal” do poder americano, ou do “sistema mundial moderno”, sem
grafos (Mackinder), militares (Mahan, Haushofer) e vários outros perceber que neste início do século XXI, este sistema moderno de “esta-
oriundos da história, da ciência política, da economia, da engenha- dos-economias nacionais” alcançou sua máxima extensão e universalida-
ria, etc. Não tem nenhum sentido advogar o monopólio desse tipo de, globalizando a competição político-econômica das nações, e permitin-
de estudo -- seria o mesmo que pretender deter a exclusividade do, desta forma, um novo ciclo de crescimento da economia internacional.
das pesquisas ambientais! --, já que com isso estaríamos desco-
nhecendo a realidade, o que já se fez e o que vem sendo feito na AS PREMISSAS TEÓRICAS
prática. Existem trabalhos recentes sobre geopolítica, alguns óti- Por trás da nossa hipótese, existe uma teoria e algumas generaliza-
mos, oriundos de geógrafos, de cientistas políticos (Luttuak...), de ções históricas, acerca da formação, expansão e mudanças do sistema
historiadores (H. Kissinger, P. Kennedy...), de sociólogos (Hunting- mundial que se formou no século XVI, e se consolidou nos séculos XVII e
ton...) de militares, etc. E ninguém pode imaginar seriamente que XVIII, a partir da Europa. De forma sintética, e por ordem, vejamos as suas
num instituto ou centro de estudos estratégicos e/ou geopolíticos -- teses principais:
onde se pesquise os rumos do Brasil (ou de qualquer outro Esta-  O atual “sistema político mundial” que nasceu na Europa, no sécu-
do-nação, ou mesmo de um partido político) no século XXI, as lo XVI, e se universalizou nos últimos 500 anos, não foi uma obra
possibilidades de confrontos ou de crises político-diplomáticas ou espontânea, nem diplomática. Foi uma criação do poder, do poder
econômicas, as estratégias para se tornar hegemônico no conquistador de alguns estados territoriais europeus, que defini-
(sub)continente, para ocupar racionalmente a Amazônia, etc. -- ram suas fronteiras nacionais no mesmo momento em que se ex-
devam existir apenas geógrafos, ou apenas militares, ou apenas pandiram - simultaneamente - para fora da Europa, e se transfor-
economistas ou juristas. Mais uma vez podemos fazer aqui uma li- maram em impérios globais.
gação com o nosso tempo, com o clima intelectual do final do sé-  Da mesma forma que o “sistema econômico mundial” que também
culo XX e inícios do XXI. A palavra de ordem hoje é interdisciplina- se constituiu, neste mesmo período, a partir da Europa, não foi
riedade (ou até transdisciplinariedade), pois o real nunca é conve- uma obra exclusiva dos “mercados” ou do “capital em geral”. Foi
nientemente explicado por apenas uma abordagem ou uma ciên- um subproduto da expansão competitiva e conquistadora de al-
cia específica. O conhecimento da realidade, enfim, e mesmo a gumas economias nacionais europeias que se internacionalizaram
atuação nela com vistas a um mundo mais justo, é algo muito mais junto com seus respectivos “estados-economias“, que se transfor-
importante do que as disputas corporativistas. maram, imediatamente, em impérios coloniais.
 Duas características distinguem a originalidade e explicam a força
A NOVA GEOPOLÍTICA DAS NAÇÕES e o lugar da China,
vitoriosa destes poderes europeus: primeiro, a maneira como os
Índia, Brasil e África do Sul. estados territoriais criaram, e se articularam, com suas economias
JOSE LUÍS FIORI nacionais, produzindo uma “máquina de acumulação” de poder e

Ciências Humanas e suas Tecnologias 133 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
riqueza, absolutamente nova e explosiva - os “estados-economias Potências. E só em alguns momentos excepcionais, em geral de-
nacionais”; e segundo, a maneira em que estes “estados- pois de grandes guerras, é que a potência vencedora pôde exer-
economias nacionais” nasceram, em conjunto, e numa situação de cer uma “hegemonia benevolente”, dentro do grupo das Grandes
permanente competição e guerra, entre si, e com os poderes im- Potências, e com relação ao resto do mundo, graças ao interesse
periais, de fora da Europa. comum na reconstrução do sistema recém destruído.
 Desde o início desse sistema, segundo o sociólogo alemão Nor-  Até o fim do século XVIII, o “sistema político mundial” se restringia
bert Elias, nessa competição permanente, “quem não sobe, cai” . aos estados europeus e seus impérios, aos quais se agregaram
Por isto, as guerras se transformaram na atividade principal dos no século XIX, os estados americanos, e depois, no século XX, os
primeiros poderes territoriais europeus, e depois seguiram sendo a novos estados africanos e asiáticos. Algo diferente aconteceu com
atividade básica dos estados nacionais. E, com isso, as guerras o “sistema econômico mundial” que sempre incluiu as economias
acabaram cumprindo na Europa, um papel contraditório, atuando, coloniais dentro da divisão internacional do trabalho definida pelas
simultaneamente, como uma força destrutiva e integradora, e necessidades das metrópoles.
promovendo uma espécie de “integração destrutiva”, de territórios  Foi só no final do século XX, que o sistema mundial universalizou,
e regiões que tinham se mantido distantes e separadas, até os sé- definitivamente, a grande invenção dos europeus que foram os
culos XVI e XVII, e que só passaram a fazer parte de uma mesma seus “estados-economias nacionais”. Mas com isto, também, o
unidade, ou de um mesmo sistema político, depois da Guerra dos sistema mundial se fragmentou, dando origem a várias estruturas
30 anos, e da Paz de Westfália, em 1648, e das Guerras do Norte, políticas e econômicas regionais, e a multiplicação das lutas pela
no início do século XVIII. liderança ou hegemonia dentro destes subsistemas. Uma espécie
 Dentro desse novo sistema político, todos os seus estados esta- de etapa prévia indispensável aos candidatos à luta pelo poder
vam obrigados a se expandir, para poder sobreviver. Por isto se global.
pode falar de uma “compulsão expansiva” de todo o sistema, e de  Concluindo, do nosso ponto de vista, qualquer discussão sobre o
cada um de seus estados territoriais, e da sua necessidade de futuro do atual sistema mundial, e sobre as perspectivas dos seus
conquista permanente, de novas posições monopólicas de poder e estados ou “potências emergentes”, deve partir de três convicções
de acumulação de riqueza. É neste sentido que se pode dizer preliminares: i) no “universo em expansão” dos “estados-
que, desde a formação mais incipiente do novo sistema, suas uni- economias nacionais”, não há possibilidade lógica de uma “paz
dades competidoras tinham que se propor, em última instância, à perpétua”, nem tampouco de mercados equilibrados e estáveis; ii)
conquista de um poder cada vez mais global, sobre territórios e não existe a possibilidade de que as Grandes Potências possam
populações cada vez mais amplos e unificados, até o limite teórico praticar, de forma permanente, uma política só voltada para a pre-
da monopolização absoluta e da constituição de um império políti- servação do status quo, isto é, elas serão sempre expansionistas,
co e econômico que teria uma abrangência mundial. mesmo quando já tenham conquistado e se mantenham no topo
 Mas, essa tendência à centralização e à monopolização do poder das hierarquias de poder e riqueza do sistema mundial; iii) por isto,
e da riqueza, que nasce da competição dentro do sistema mundial o líder ou hegemon, é sempre desestabilizador da sua própria si-
nunca se realizou plenamente, nestes últimos 500 anos. E não se tuação hegemônica, porque, “quem não sobe, permanentemente,
realizou, porque as mesmas forças que atuam na direção do poder cai”, dentro deste sistema mundial; e, finalmente, iv) não existe a
global, atuam, também, na direção do fortalecimento do poder e menor possibilidade de que a liderança da expansão econômica
dos capitais nacionais. Para ser mais preciso: a vitória e a consti- do capitalismo, saia - alguma vez - das mãos dos “estados-
tuição de um império mundial seria a vitória de algum estado naci- economias nacionais” expansivos e conquistadores.
onal específico. Daquele que tivesse sido capaz de monopolizar o
poder, até o limite do desaparecimento dos seus competidores. O PODER GLOBAL DOS ESTADOS UNIDOS
Mas ao mesmo tempo, sem o prosseguimento da competição, o EXPANSÃO, HEGEMONIA E PROJETO IMPERIAL
estado ganhador não teria como seguir aumentando o seu próprio Os Estados Unidos foram o primeiro estado nacional que se formou fo-
poder, como no caso da competição intercapitalista. E, nesse sen- ra da Europa. Mas sua conquista e colonização foi uma obra do expansio-
tido, se pode concluir que a vitória hipotética de um único “estado- nismo europeu, assim como sua guerra de independência foi uma “guerra
economia nacional” significaria, ao mesmo tempo, a destruição do europeia”. E seu nascimento foi – ao mesmo tempo – o primeiro passo do
mecanismo de acumulação de poder e riqueza que mantém o sis- processo de universalização do sistema político interestatal, inventado
tema mundial em estado de expansão desordenada, desequilibra- pelos europeus, e que só se completaria, no final do século XX. Além
da e contínua. disso, depois da independência das 13 Colônias, em 1776, os Estados
 Essa contradição do sistema mundial, impediu o nascimento de Unidos se expandiram de forma contínua, como aconteceu com todos os
um império global, mas não impediu a oligopolização precoce do estados nacionais que já se haviam transformado em Grandes Potências, e
controle do poder e da propriedade da riqueza, nas mãos de um em Impérios Coloniais.
pequeno grupo de estados que se transformaram nas Grandes
Potências, com capacidade de imposição da sua soberania e do Pelo caminho das guerras ou dos mercados, os Estados Unidos ane-
seu poder muito além de suas fronteiras nacionais. Uma espécie xaram a Flórida em 1819, o Texas em 1835, o Oregon em 1846, e o Novo
de núcleo central do sistema, que nunca teve mais do que seis ou México e a Califórnia em 1848. E no início do século XIX, o governo dos
sete “sócios”, todos eles europeus, até o início do século XX, Estados Unidos já havia ordenado duas “expedições punitivas”, de tipo
quando os Estados Unidos e o Japão ingressaram no “círculo go- colonial, no norte da África, onde seus navios bombardearam as cidades
vernante” do mundo. Além disto, estes estados sempre colocaram de Tripoli e Argel, em 1801 e 1815. Por outro lado, em 1784, um ano
barreiras à entrada de novos “sócios” e, apesar de suas relações apenas depois da assinatura do Tratado de Paz com a Grã Bretanha, já
competitivas e bélicas, sempre mantiveram entre si relações com- chegavam aos portos asiáticos os primeiros navios comerciais norte-
plementares. americanos, e meio século depois, os Estados Unidos, ao lado das Gran-
 Os estados e seus capitais nacionais nem sempre andaram juntos des Potencias econômicas europeias, já assinavam ou impunham Tratados
nas suas competições econômicas e político-militares, mas na ho- Comerciais, à China, em 1844, e ao Japão, em 1854. Por fim, na própria
ra da escassez de recursos essenciais aos estados e aos capitais América, quatro décadas depois da sua independência, os Estados Unidos
privados, sua aliança nacional se estreitou até o limite do enfren- já se consideravam com direito à hegemonia exclusiva em todo continente,
tamento conjunto das guerras. Por sua vez, também entre os es- e executaram sua Doutrina Monroe intervindo em Santo Domingo, em
tados e os capitais nacionais competidores, houve sempre convi- 1861, no México, em 1867, na Venezuela, em 1887, e no Brasil, em 1893.
vência, complementaridade e até alianças e fusões, ao lado da E, finalmente, declararam e venceram a guerra com a Espanha, em 1898,
competição, dos conflitos e das guerras. Às vezes predominou o conquistando Cuba, Guam, Porto Rico e Filipinas, para logo depois intervir
conflito, às vezes a complementaridade, mas foi esta “dialética” no Haiti, em 1902, no Panamá, em 1903, na República Dominicana, em
que permitiu a existência de períodos mais ou menos prolongados 1905, em Cuba, em 1906, e, de novo, no Haiti, em 1912. Por fim, entre
de paz e crescimento econômico convergente entre as Grandes 1900 e 1914, o governo norte-americano decidiu assumir plenamente o

Ciências Humanas e suas Tecnologias 134 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
protetorado militar e financeiro da República Dominicana, do Haiti, da na Conferência de Bretton Woods. Desse ponto de vista, a “crise do dólar”,
Nicarágua, do Panamá e de Cuba, e confirmou a situação do Caribe e da no início dos anos 70, não foi um acidente nem foi uma derrota, foi o resul-
América Central como sua “zona de influência” imediata e incontestável. tado de um período de sucesso econômico e foi também uma mudança
planejada da estratégica econômica internacional dos Estados Unidos, feita
Na 1ª. Guerra Mundial, os Estados Unidos tiveram uma participação com o objetivo de manter a autonomia da política econômica e preservar a
decisiva para a vitória da Grã Bretanha e da França, na Europa, e nas liderança mundial da economia norte-americana . Da mesma forma, se
decisões da Conferência de Paz de Versailles, em 1917. Mas foi só depois pode dizer que o fortalecimento tecnológico da União Soviética, no campo
da 2ª. Grande Guerra que os norte-americanos ocuparam o lugar da Grã militar e espacial, que assustou os Estados Unidos na década de 70,
Bretanha dentro do sistema mundial, impondo sua hegemonia na Europa e também foi uma consequência inevitável da estratégia americana de
na Ásia, e um pouco mais a frente, no Oriente Médio, depois da Crise de contenção e de pressão militar e tecnológica contínua sobre a União Sovié-
Suez, em 1956. Foi neste período de reconstrução da Europa, da Ásia e do tica, que serviu, ao mesmo tempo, para justificar os massivos investimen-
próprio sistema político e econômico mundial, que os Estados Unidos tos tecnológico-militares dos Estados Unidos.
lideraram - até a década de 70 - uma experiência sem precedentes de
“governança mundial” baseada em “regimes internacionais” e “instituições Por último, a chamada “insubordinação da periferia”, que é incluída
multilaterais”, tuteladas pelos norte-americanos. A engenharia deste novo como parte da “crise dos 70”, foi ao mesmo tempo, pelo menos em parte,
sistema apoiou-se na bipolarização geopolítica do mundo, com a União uma grande vitória geopolítica dos Estados Unidos, que apoiaram o pro-
Soviética, e numa relação privilegiada dos Estados Unidos com a Grã cesso da descolonização da África e da Ásia, ao lado da União Soviética.
Bretanha, e com os “povos de língua inglesa”. Mas além disto, tiveram No final da 2ª. Guerra, existia cerca de 60 estados nacionais, e no momen-
papel decisivo no funcionamento dessa nova “ordem regulada”: a unifica- to em que terminou a Guerra Fria, já havia cerca de 200 estados nacionais
ção europeia, sob proteção militar da OTAN, e a articulação econômica – independentes, em todo o mundo. E foi exatamente no período da “ordem
original e virtuosa - dos Estados Unidos com o Japão e a Alemanha, que regulada”, ou da “hegemonia benevolente” dos Estados Unidos, que o
foram transformados em “protetorados militares” norte-americanos e em sistema “interestatal” se universalizou, criando uma nova realidade e um
líderes regionais do processo de acumulação capitalista, na Europa e no desafio à “governança mundial”, que começou a se manifestar de forma
Sudeste Asiático. mais aguda, na década de 60, durante a descolonização africana.

Esse período de reconstrução do sistema mundial, e de “hegemonia De vários pontos de vista, portanto, se pode dizer que no final da dé-
benevolente” dos Estados Unidos, durou até a década 70, quando os cada de 60, já havia se esgotado o espaço e o tempo da parceria virtuosa
Estados Unidos perderam a Guerra do Vietnã e abandonaram o regime e da “hegemonia benevolente” dos Estados Unidos. Ela foi atropelada pelo
monetário e financeiro internacional, criado sob sua liderança, na Confe- seu próprio sucesso e suas contradições, e foi modificada pelo poder de
rência de Bretton Woods, no final da 2ª. Guerra Mundial. Foi quando se auto-transformação do seu criador e hegemon, os Estados Unidos, que
falou de uma “crise de hegemonia”, e muitos pensaram que fosse o final “fugiu para frente” e redefiniu o seu projeto internacional, para manter sua
poder americano. Existe uma interpretação dominante, sobre esta “crise dianteira, na corrida pelo poder e pela riqueza, dentro do sistema mundial.
da hegemonia americana”, da década de 70, que realça, no campo geopo- Afinal, como disse Norbert Elias, neste sistema, “quem não sobe, cai”. E foi
lítico, as derrotas militares e os fracassos diplomáticos dos Estados Uni- com este objetivo que os Estados Unidos abandonaram o Sistema de
dos, no Vietnã - e seu “efeito dominó” no Laos e no Camboja - mas tam- Bretton Woods, recuperando sua liberdade de iniciativa monetária; e aban-
bém na África, na América Central, e no Oriente Médio, culminando com a donaram o Vietnã e se aproximaram da China, renegociando a sua posição
a revolução xiita e a “crise dos reféns”, no Irã, e a invasão soviética do expansionista no sudeste asiático, e devolvendo aos chineses os seus
Afeganistão, já no final da década, em 1979. Essa mesma interpretação antigos “estados tributários” da Conchinchina. Foi exatamente assim que
costuma destacar, pelo lado econômico, o fim do “padrão dólar”, a subida começou, em 1970, a grande transformação geopolítica do sistema mundi-
do preço do petróleo, a perda de competitividade da economia norte- al, que segue em pleno curso, no início do século XXI: num primeiro mo-
americana, e a primeira grande recessão econômica mundial, depois da 2ª. mento, a China e os Estados Unidos assumiram a reorganização conjunta
Grande Guerra. Uma sucessão de acontecimentos que teriam fragilizado e do tabuleiro geopolítico do sudeste asiático , sem que os norte-americanos
desafiado o poder americano, provocando uma avassaladora resposta abandonassem sua proteção militar do Japão, de Taiwan e da Coreia do
conservadora, na década de 80. Uma resposta que teria permitido a “reto- Sul. Mas depois, esta mesma mudança estratégica dos anos 70, acabou
mada da hegemonia”, e teria dado origem às principais transformações do abrindo as portas e refazendo o mapa econômico do mundo, com a cons-
sistema mundial, no fim século XX. Mas existe outra maneira - mais dialéti- trução do eixo entre a China e os Estados Unidos, que se transformou na
ca - de ler estes mesmos acontecimentos, a partir do processo da recons- locomotiva da economia mundial.
trução do sistema mundial, e do sucesso da hegemonia norte-americana,
depois do fim da 2ª. Guerra Mundial. Deste ponto vista, o renascimento Assim mesmo, não há duvida que a derrota no Vietnã teve um papel
competitivo da Alemanha e do Japão foi uma consequência necessária do importante no início da “revolução militar”, que mudou a concepção estra-
crescimento econômico capitalista da “era de ouro”, e da estratégia norte- tégica e logística da guerra, no fim do século XX. Depois da derrota, os
americana de articulação preferencial da sua economia com as economias Estados Unidos desenvolveram novos sistemas de informação, controle e
alemã e japonesa, induzida pela Guerra Fia, dentro da Comunidade Euro- comando dos campos de batalha; e investiram pesadamente na produção
peia, e pela Revolução Chinesa e as Guerras da Coreia e do Vietnã, no de novos vetores, bombas teledirigidas e equipamentos sob comando
Sudeste Asiático. Foi este mesmo sucesso econômico, e o consequente remoto. Uma nova tecnologia militar que foi experimentada na Guerra do
fortalecimento da Alemanha Ocidental que permitiu que o governo social- Golfo, em 1991, e que depois se transformou numa ferramenta importante
democrata de Willie Brandt tomasse a iniciativa de se aproximar da União do projeto imperial americano, dos anos 90. Da mesma forma que a “crise
Soviética, sem consultar aos Estados Unidos. Dando início à segunda do dólar”, a desregulação dos mercados teve um papel decisivo na “revolu-
movida geopolítica mais importante do início da década de 70, a Ostpolitik, ção financeira” dos anos 80/90, e no nascimento do novo sistema monetá-
que seria mantida e aprofundada, depois da reunificação da Alemanha, e rio “dólar-flexível”, que também se transformaram em ferramentas de poder
do reaparecimento da Rússia no tabuleiro geopolítico europeu. Por outro fundamentais para a “escalada americana”, nas décadas seguintes. Depois
lado, o aumento do peso econômico e da competitividade mundial da de 1991, com a eliminação da concorrência soviética e com a ampliação do
Europa e do Japão, junto com o aumento dos gastos expansionistas dos espaço desregulado da economia mundial, criou-se um novo tipo de “terri-
Estados Unidos no Vietnã, só poderiam acabar pressionando a paridade tório global”, submetido à senhoriagem do dólar, e à velocidade de inter-
do dólar em ouro, estabelecida em Bretton Woods. Depois de 1968, cres- venção das forças militares americanas. Foi o momento em que o sistema
ceu o déficit orçamentário americano, e os Estados Unidos começaram a mundial deixou para trás, definitivamente, a perspectiva de um modelo
apresentar déficits no seu balanço comercial, os primeiros desde a 2ª. “regulado” de “governança global”, e de “hegemonia benevolente”, e come-
Guerra Mundial. Por isso, antes do momento da ruptura final do “padrão çou a experimentar o novo projeto imperial americano que começou a ser
dólar”, em 1973, as autoridades monetárias americanas já vinham discutin- desenhado nos anos 70, e alcançou “velocidade cruzeiro” na década de
do o problema, e analisando as alternativas mais favoráveis aos interesses 90, no período em que a China ainda digeria a sua própria mudança de
dos Estados Unidos , incluindo as teses “desregulacionistas” que haviam estratégia econômica e geopolítica internacional.
sido defendidas, e derrotadas transitoriamente, pelos setores financeiros,

Ciências Humanas e suas Tecnologias 135 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
O LIMITE DO IMPÉRIO Unidos. Suas intervenções militares não expandiram a democracia nem os
Depois da queda do Muro de Berlim, o bombardeio de Bagdá, em mercados livres; as guerras aéreas não foram suficientes, sem a conquista
1991, cumpriu um papel equivalente ao bombardeio atômico de Hiroshima territorial; e a conquista territorial militar não conseguiu dar conta da re-
e Nagasaki, em 1945: definiu o poder e a hierarquia do sistema mundial, construção nacional dos países derrotados. Com certeza, não se trata de
depois do fim da Guerra Fria. Mas, dessa vez, não houve um “acordo de uma “crise final” do poder americano, nem do apocalipse do sistema
paz”, nem havia outra potência com capacidade de negociar ou limitar o mundial, o que está acontecendo é que o projeto imperial dos Estados
poder unilateral dos Estados Unidos. Foi assim que, depois do fim da Unidos alcançou seu limite, dentro as regras do atual sistema mundial, e
União Soviética e da Guerra Fria, e no auge da globalização financeira, o não tem como avançar mais. Por duas razões fundamentais: em primeiro
mundo experimentou na década de 90, pela primeira vez na história, a lugar, parece impossível de sustentar um império global sem colônias, só
possibilidade real de um império global. Mas esta nova “situação imperial” com bases militares, e os Estados Unidos não tem disposição nacional de
ficou encoberta, num primeiro momento, pela comemoração coletiva da arcar com os custos de um sistema colonial; em segundo lugar, uma vez
vitória “ocidental”, e pela força da ideologia da globalização, com sua mais, o sucesso da estratégia “asiática” dos Estados Unidos, dos anos 70,
crença no fim da história, e das fronteiras nacionais, e das próprias guer- já gerou uma nova realidade que lhe escapa ao controle e, hoje, os Esta-
ras. Só no início do século XXI, em particular depois dos atentados de 11 dos Unidos não têm mais como frear a expansão econômica da China,
de setembro de 2001, é que o projeto imperial americano ficou mais trans- nem teriam mais como conceber um império mundial, que não contasse
parente. A despeito disto, olhando retrospectivamente, se pode ver que o pelo menos com uma parceira chinesa.
próprio período Clinton - que foi o auge da utopia globalitária - seguiu
depois de 1993, a mesma orientação estratégica que vinha sendo adotada Mas, neste momento, o quadro é bem mais complicado, porque o ato-
pelo governo Bush (pai), depois do fim da Guerra do Golfo, ambos con- lamento militar americano no Oriente Médio, e a velocidade gigantesca do
vencidos de que o novo século deveria ser um “século americano”. Durante expansionismo econômico chinês, estão provocando, em conjunto, uma
os oito anos, dos seus dois mandatos, a administração Clinton manteve um rápida fragmentação do sistema mundial, e a volta da luta pelas suprema-
forte ativismo militar, apesar de sua retórica a favor da “convivência e cias regionais. Ninguém mais acredita na possibilidade de uma “vitória
integração pacífica dos mercados nacionais”. Neste período, segundo definitiva” na “guerra global” ao terrorismo, na forma em que vem sendo
Andrew Bacevich, “os Estados Unidos fizeram 48 intervenções militares, conduzida pelos Estados Unidos, desde 2001. Nem acredita que se possa
muito mais do que em toda a Guerra Fria” . Depois de 2001, a nova admi- parar, interromper ou desacelerar a “asiatificação” da economia mundial. E
nistração Bush (filho) mudou a retórica da política externa americana e não existe, neste momento, mais nenhum projeto “ético”, ou ideologia
voltou a usar a linguagem militarista, defendendo o direito unilateral dos capaz de mobilizar a opinião pública mundial, legitimar as intervenções
Estados Unidos de fazer intervenções militares preventivas, em nome da americanas, ou agregar as principais potências. A utopia da globalização
sua “guerra global ao terrorismo”, declarada depois dos atentados do 11 de se converteu num lugar comum, e perdeu sua capacidade de convenci-
setembro. Mas mesmo nos seus momentos mais belicistas, a administra- mento, a social-democracia padece de anemia profunda e o nacionalismo
ção Bush não abandonou o discurso a favor do liberalismo econômico, está reaparecendo por todos os lados. E não existe, dentro dos Estados
nem as pressões concretas, para obter a abertura e desregulação de todos Unidos, neste momento, nenhuma alternativa política, suficientemente
os mercados nacionais. poderosa, com um projeto claro de mudança da sua atual estratégia inter-
nacional. Enquanto isso, estamos assistindo um retorno do sistema mundi-
Quando se olha a década e 90, do ponto de vista desse projeto impe- al à “geopolítica das nações” e à competição mercantilista entre as suas
rial, e do seu expansionismo militar, muito antes dos ataques terroristas, se economias nacionais, com repercussões em todos os os cantos do mun-
compreende melhor a rapidez e as intenções geopolíticas da ocupação do.
americana dos territórios fronteiriços da Rússia, que haviam estado sob
influência soviética, até 1991. O movimento de ocupação começou pelo A VOLTA DAS NAÇÕES
Báltico, atravessou a Europa Central, a Ucrânia e a Bielorússia, passou Resumindo: neste início do século XXI, a crise expansiva do império
pela “pacificação” dos Bálcãs; e chegou até a Ásia Central e ao Paquistão, americano está reacendendo a competição entre as nações e, em todos os
ampliando as fronteiras da OTAN, mesmo contra o voto dos europeus. Ao lados, o que se observa é uma diminuição da capacidade de intervenção
terminar a década, a distribuição geopolítica das novas bases militares unilateral dos Estados Unidos, com o aumento dos graus de incerteza e de
norte-americanas não deixa duvidas sobre a existência de um novo “cintu- liberdade de ação das velhas e novas potências, em cada um dos “tabulei-
rão sanitário”, separando a Alemanha da Rússia, e a Rússia da China, e ros regionais” do sistema mundial:
sobre a existência de um novo poder militar global, com o controle centrali- i) Começando pelo Oriente Médio, que se transformou no epicen-
zado de uma infra-estrutura mundial de poder, com mais de 700 bases ao tro da conjuntura internacional, e no principal símbolo das limita-
redor do mundo, com acordos de “apoio militar recíproco” com cerca de ções atuais do projeto imperial americano. O insucesso da inter-
130 países, com o controle soberano de todos oceanos, e com a capacida- venção militar, sobretudo depois do fim da Guerra do Iraque,
de de intervenção quase instantânea, em qualquer ponto do espaço aéreo desacreditou definitivamente o projeto do “Grande Médio Orien-
mundial. Da mesma forma, quando se olha para a década de 90, do ponto te”, da segunda administração Bush, que se propunha implantar
de vista do projeto americano de construção de um “império financeiro democracias e mercados livres, no território situado entre o Mar-
mundial”, também se compreende melhor a lógica expansiva da sua políti- rocos e o Paquistão. Mas além disto, corroeu a credibilidade
ca de desregulação, privatização e globalização financeira. No fim da das ameaças americanas de intervenção no Irã, na Coreia do
década de 90, o dólar havia se transformado na moeda do sistema mone- Norte ou em qualquer outro estado com alguma força militar e
tário internacional, sem ter o padrão de referência que não seja o próprio apoio internacional. Muito mais grave do que isto, entretanto, é a
poder americano, e o arbítrio do seu Banco Central, o FED. E os títulos da guerra civil que ameaça estilhaçar o território do Iraque e que
dívida pública dos Estados Unidos haviam se transformado na base do não tem perspectiva de conclusão. E o efeito paradoxal da ação
novo sistema monetário, atuando como reserva e ativo financeiro, de norte-americana, que provocou uma reviravolta na correlação de
quase todos os governos do mundo. poder regional, ao fortalecer o eixo de poder xiita, liderado pelo
Irã, que se transformou no grande desafiante da hegemonia
Mas logo depois, no início do século XXI, esse projeto imperial come- norte-americana no Oriente Médio. Com o aumento do poder
çou a apresentar algumas dificuldades, apesar de sua estrutura de poder dos xiitas na região, o Irã exerce hoje uma influência, cada vez
global. Depois de vencer a Guerra do Afeganistão, os Estados Unidos maior, no próprio Iraque, no Líbano, na Palestina, e dentro de
lideraram e venceram a Guerra do Iraque, em 2003, conquistando Bagdá, todos os grupos islâmicos mais resistentes ao poder de Israel e
destruindo as forças militares iraquianas e destituindo o presidente Sad- dos Estados Unidos, dentro da região. Este aumento da influên-
dam Hussein. Após suas duas vitórias, entretanto, as forças norte- cia iraniana acirrou a competição regional, com Israel, mas tam-
americanas não conseguiram reconstruir os dois países, nem conseguiram bém com o Egito, Arábia Saudita, Jordânia, e pode ter desdo-
definir com precisão seus objetivos de longo prazo, depois da constituição bramentos muito complicados, se desencadear uma corrida
de governos locais tutelados. Mas estes foram apenas os dois últimos atômica na região. Os Estados Unidos seguirão tendo grande in-
episódios, de uma experiência política e militar imperial que não tem sido fluência no Oriente Médio, mas perderam sua posição arbitral, e
bem sucedida, do ponto de vista dos objetivos imediatos dos Estados daqui para frente terão que conviver com a presença ativa da

Ciências Humanas e suas Tecnologias 136 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Rússia, da China e de outros países com interesses nos recur- americano da ALCA, na reunião de Punta del Este, em 2005.
sos energéticos do Oriente Médio. E, sobretudo, com o desafio e Tudo isto, ao mesmo tempo em que se expandia o MERCOSUL,
a competição hegemônica com o Irã, dentro da própria região. se formava a Comunidade Sul-Americana de Nações e a ALBA,
ii) Na Europa, a situação é menos conflitiva, mas é indisfarçável o e ressurgia no continente a proposta de construção de um “soci-
aumento da resistência ao unilateralismo norte-americano, e ao alismo do século XXI”, esquecida desde a derrota de Salvador
poder militar da OTAN. Aumentou o tamanho da União Europeia Allende, em 1973.
e a extensão da OTAN, mas a Europa vive, neste momento, iv) Durante a década de 90, generalizou-se a convicção de que a
uma situação de paralisia estratégica e decisória. E seu principal África seria um continente “inviável” e marginal dentro do pro-
problema está cada vez mais visível: a União Europeia não dis- cesso vitorioso da globalização econômica. Tratava-se de um
põe de um poder central unificado e homogêneo, capaz de defi- continente que não interessaria às Grandes Potências, nem às
nir e impor objetivos e prioridades estratégicas, ao conjunto dos suas corporações e bancos privados. Mas a África não é tão
estados associados. Pelo contrário, está cada vez mais dividida simples nem homogênea, com seus 53 estados, 5 grandes regi-
entre os projetos europeus de seus membros mais importantes, ões, e seus quase 800 milhões de habitantes. Um mosaico gi-
a França, a Grã Bretanha e a Alemanha. Uma divergência que gantesco e fragmentado de estados, onde não existe um verda-
não esconde a competição secular entre estes três países, que deiro sistema estatal competitivo, nem tampouco se pode falar
ficou adormecida depois da 2ª. Guerra Mundial, mas reapare- de uma economia regional integrada De fato, o atual sistema es-
ceu depois do fim da Guerra Fria, com a reunificação da Ale- tatal africano foi criado pelas potências coloniais europeias e só
manha, e o ressurgimento da Rússia. É indisfarçável o temor se manteve “integrado”, até 1991, graças à Guerra Fria e à sua
atual da França e da Grã Bretanha, frente ao fortalecimento da disputa bi-polar, que atingiu a África Setentrional, depois da cri-
Alemanha, no centro da Europa. E não há dúvida que a reunifi- se do Canal de Suez em 1956; e a África Central, depois do iní-
cação da Alemanha, e o reaparecimento da velha Rússia, no cio da luta pela independência do Congo, na década de 60; e fi-
cenário europeu, atingiram fortemente o processo da unificação nalmente, a África Austral, depois da independência de Angola
europeia. A Alemanha fortaleceu sua posição como a maior po- e Moçambique, em 1975. Depois da Guerra Fria, e depois do
tência demográfica e econômica do continente, e passou a ter fracasso da “intervenção humanitária” dos Estados Unidos, na
uma política externa mais autônoma, centrada nos seus próprios Somália, em 1993, o presidente Clinton visitou o continente afri-
interesses nacionais. Depois da sua reunificação, a Alemanha cano, em 1998, e definiu a estratégia americana – de “baixo te-
vem aprofundando a sua Ostpolitik dos anos 60, e vem promo- or” - para o continente negro: paz e crescimento econômico,
vendo uma forte expansão econômico-financeira, na direção da através dos mercados, da globalização e da democracia. Pou-
Europa Central e da Rússia. Uma estratégia que recolocou a cos anos depois, durante o primeiro governo republicano de Ge-
Alemanha no epicentro da luta pela hegemonia dentro de toda a orge Bush (filho), os Estados Unidos participaram de várias ne-
Europa, e dentro da própria União Europeia, ofuscando o papel gociações e forças de paz, e se envolveram no controle dos
da França e desafiando o “americanismo” da Grã Bretanha. Não processos eleitorais das novas democracias, da Libéria, da Ser-
é impossível uma aliança estratégica da Alemanha com a Rús- ra Leoa, do Congo, do Burundi e do Sudão. Mas de fato, a preo-
sia, que é a maior fornecedora de energia da Alemanha e de to- cupação dos Estados Unidos com a África se restringe hoje,
da a Europa, além de ser a segunda maior potência atômica do quase exclusivamente, à disputa das regiões petrolíferas e ao
mundo. Mas, se esta aliança existir, afetará radicalmente o futu- controle e repressão das forças islâmicas e dos grupos terroris-
ro da União Europeia e de suas relações com os Estados Uni- tas do Chifre da África. Nesse sentido, apesar dos gestos de
dos, e não é improvável que traga de volta a competição geopo- boa vontade, tudo indica que a velha Europa não tem mais “fô-
lítica dos estados europeus que foram os fundadores do atual lego”, e os Estados Unidos não tem mais “capacidade instala-
sistema mundial. da”, para cuidarem do projeto de “renascimento africano”, pro-
iii) Na América Latina, o cenário é um pouco diferente, porque até posto pelo presidente Mandela, na década de 90. Assim, não é
hoje, a América foi o único continente do sistema mundial, onde improvável que, neste vácuo, acabe surgindo uma luta hegemô-
nunca existiu uma disputa hegemônica entre os seus próprios nica local, ou que a nova presença econômica massiva da China
estados nacionais. Primeiro, ela foi colônia, e em seguida, “fron- e da Índia acabe se transformando num fator político importante,
teira de expansão” ou “periferia” da economia europeia, mas de- dentro da região.
pois da sua independência, esteve sempre sob a égide anglo- v) Por fim, no leste asiático, o sistema regional de estados e eco-
saxônica: da Grã Bretanha, até o fim do século XIX, e dos Esta- nomias nacionais, lembra, cada vez mais, o velho modelo euro-
dos Unidos, até o início do século XXI. Por outro lado, nestes peu de acumulação de poder e riqueza, que está na origem do
quase dois séculos de vida independente, as lutas políticas e atual sistema mundial. É a região de maior dinamismo econômi-
territoriais abaixo do Rio Grande, nunca atingiram a intensidade, co, dentro do sistema mundial, e, ao mesmo tempo, é onde está
nem tiveram os mesmos efeitos que na Europa. E tampouco se em curso a competição mais intensa e explícita, pela hegemonia
formou na América Latina um sistema integrado e competitivo, regional. Envolvendo suas velhas potências imperiais, a China,
de estados e economias nacionais, como viria a ocorrer na Ásia, o Japão e a Coreia, mas também a Rússia, e os Estados Uni-
depois da sua descolonização. Como consequência, os estados dos. Até os anos 30, o Japão foi o aliado principal da Grã Breta-
latino-americanos nunca ocuparam posição importante nas nha na região, e depois, também, dos Estados Unidos até a in-
grandes disputas geopolíticas do sistema mundial, e funcionou vasão japonesa da China, em 1938. Durante a 2ª. Guerra Mun-
durante todo o século XIX, como uma espécie de laboratório de dial, os Estados Unidos se opuseram à invasão japonesa e se
experimentação do “imperialismo de livre comércio”. Depois da aproximaram da China, patrocinando sua participação na reuni-
2ª. Guerra Mundial, e durante a Guerra Fria, os governos sul- ão tripartite de Moscou, em que foi convocada a Conferência de
americanos se alinharam ao lado dos Estados Unidos, com ex- São Francisco, e depois patrocinaram a inclusão da China no
ceção de Cuba, e depois da Guerra Fria, durante a década de Conselho de Segurança das Nações Unidas. Com o começo da
1990, a maioria dos governos da região aderiram às políticas e Guerra Fria, e com a vitória da Revolução Chinesa, seguida pe-
reformas neoliberais, preconizadas pelos Estados Unidos. Mas las Guerras da Coreia e do Vietnã, o Japão foi “reabilitado” e foi
agora, no início do século XXI, a América do Sul, em particular, transformado em “protetorado militar” dos Estados Unidos, com
está vivendo uma grande mudança, com uma virada à esquerda uma posição econômica muito importante, dentro da hegemonia
da maioria dos seus governos que são críticos das políticas neo- americana no sudeste asiático. Mas, a partir da década de 70, a
liberais e do “imperialismo norte-americano”. Neste sentido, é mudança da estratégia internacional dos Estados Unidos e sua
inegável que está em curso uma mudança no relacionamento da reaproximação da China, alteraram essa arquitetura regional
América do Sul, com os Estados Unidos. Sobretudo, depois da montada depois da 2ª. Grande Guerra. Na nova configuração,
moratória bem sucedida da Argentina, em 2001, do fracasso do fortaleceu-se a posição chinesa, aumentando sua competição
golpe de estado na Venezuela, que contou com a simpatia nor- regional com o Japão, que foi agravada, recentemente, com a
te-americana, em 2002, e da rejeição do projeto norte- primeira experiência nuclear da Coreia do Norte. No início do

Ciências Humanas e suas Tecnologias 137 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
século XXI, o envolvimento dos Estados Unidos com o Oriente população mundial e vêm crescendo, nas duas últimas décadas, a uma
Médio, e com sua “guerra global” ao terrorismo, diminuiu sensi- taxa média entre 6% e 10% ao ano. Por isso mesmo, ao fazer seu Mapa do
velmente sua capacidade de intervenção direta nos assuntos do Futuro Global, em 2005, o Conselho de Inteligência Nacional dos Estados
leste asiático. E está cada vez mais claro que se aumentar o dis- Unidos previu que se forem mantidas as atuais taxas de crescimento das
tanciamento americano da região, haverá um rápido rearma- duas economias nacionais, a China deverá aumentar em 150% o seu
mento japonês, com forte conotação nacionalista. Mais do que consumo energético e a Índia em 100%, até 2020. Mas nenhum dos dois
isto, se a Coreia do Norte não interromper suas experiências países tem condições de atender suas necessidades através do aumento
atômicas, o mais provável é que o Japão venha a ter o seu pró- da produção doméstica, de petróleo ou de gás. A China já foi exportadora
prio arsenal atômico. Um quadro que pode complicar-se ainda de petróleo, mas hoje é o segundo maior importador de óleo do mundo. E
mais, se a Índia for obrigado a envolver-se nesta disputa hege- essas importações atendem apenas um terço de suas necessidades inter-
mônica, por sua própria decisão, ou por conta de uma aliança nas. No caso da Índia, sua dependência do fornecimento externo de petró-
estratégica com os Estados Unidos. leo é ainda maior: nestes últimos quinze anos essa dependência aumentou
de 70% para 85% do seu consumo interno. Para complicar ainda mais o
De qualquer maneira, a grande novidade geopolítica da região e a quadro da competição econômica e geopolítica na Ásia, o Japão e a Coreia
grande incógnita sobre seu futuro, está ligada à nova expansão global da também dependem de suas importações de petróleo e de gás, para sus-
China. Até o momento, ela tem se mantido fiel ao modelo original da tentar suas econômicas domésticas. Esta situação de carência coletiva e
expansão chinesa, do século XV, que foi basicamente diplomática e mer- competitiva é que explica a aproximação recente, de todos estes países
cantil, à diferença da expansão bélica e mercantil - e depois capitalista - asiáticos, do Irã, a despeito da forte oposição dos Estados Unidos. E
dos europeus. Do ponto de vista geopolítico, o mais provável é que a explica também a ofensiva diplomática e econômica da China e da Índia,
China se restrinja à luta pela hegemonia no sudeste asiático, e à sua na Ásia Central, na África e na América Latina, como também, no Vietnã e
região próxima do Pacífico. Mas se a China seguir os caminhos de todas na Rússia. Além da participação conjunta da China e da Índia, na disputa
as Grandes Potências deste sistema mundial, em algum momento, terá com os Estados Unidos e com a Rússia, pelo petróleo do Mar Cáspio, e
que combinar sua expansão econômica, com uma expansão político-militar pelos seus oleodutos alternativos de escoamento. A estratégia de competi-
global. E, neste caso, enfrentará a resistência e o poder anglo-americano. ção e expansão é seguida, também, pelas grandes corporações privadas
Mas não está excluída a possibilidade de que se repita o que já ocorreu, no chinesas e indianas, que já saíram de sua zona tradicional de atuação, e
século XVII, com a fusão dos interesses econômicos anglo-holandeses, e hoje operam no Irã, na Rússia e até nos Estados Unidos. Com impactos
no século XX, com a fusão dos interesses anglo-americanos. A grande militares quase imediatos, como diagnostica o “Instituto Internacional de
novidade, entretanto, é que já não se trataria de uma relação de competi- Estudos Estratégicos”, de Londres, que atribui a essa disputa energética, a
ção, guerra e fusão entre europeus ou descendentes de europeus, se recente reestruturação da marinha militar da China e da Índia, e sua pre-
trataria de um retorno às relações e à competição que esteve no ponto de sença cada vez maior no Mar da Índia, e no Oriente Médio.
partida do sistema, uma espécie de “ajuste de contas”, entre os asiáticos e
os europeus e seus descentes. Na outra ponta, deste novo eixo dinâmico da economia mundial, estão
os Estados Unidos, que continuam sendo os maiores consumidores de
UMA NOVA GEOMETRIA ECONÔMICA energia do mundo e que, além disto, estão empenhados em diversificar
No final dos anos 90, a economia mundial perdeu fôlego, anunciando suas fontes de fornecimento para diminuir sua dependência em relação
uma desaceleração cíclica, para a primeira década do século XXI. Depois aos países do Oriente Médio. Hoje a Arábia Saudita só atende a 16% da
de 2001, entretanto, houve uma reversão das expectativas, e a economia demanda interna dos Estados Unidos, que já conseguiram deslocar a
retomou o seu crescimento de forma generalizada e contínua, com baixa maior parte do seu fornecimento de energia para dentro de sua zona
inflação e sem maiores desequilíbrios nos balanços de pagamento. Mas imediata de segurança estratégica, situada no México e no Canadá, segui-
não existe uma explicação consensual para o que passou em 2001, apesar dos pela Venezuela que é seu quarto principal fornecedor de petróleo.
de que muitos analistas atribuam o novo ciclo, ao impulso da política Além disto, os Estados Unidos vêm trabalhando ativamente para obter um
econômica “hiper-ativa” do governo americano, depois dos atentados de 11 acordo estratégico de longo prazo com a Rússia e têm avançado de forma
de setembro. Assim mesmo, chama atenção a coincidência temporal desta agressiva e competitiva sobre os novos territórios petrolíferos situados na
retomada econômica, com o retorno da “geopolítica das nações”, e com o África Sub-Sahariana, na Ásia Central, na região do Mar Cáspio. Portanto,
aumento da competição entre os estados e as economias nacionais. E os Estados Unidos estão disputando com a China, com a Índia, todos os
dentro desta perspectiva, o papel decisivo para a reversão econômica de territórios com excedentes energéticos atuais ou potenciais. E esta compe-
2001, que cumpriu a política econômica e monetária da China, praticada tição está se transformando num novo triângulo econômico, complementar
depois da crise financeira asiática de 1997, quando os chineses assimila- e competitivo, a um só tempo, que está cumprindo uma função organizado-
ram as perdas necessárias à manutenção da estabilidade da sua moeda, e ra e dinamizadora de várias regiões e economias nacionais, através de
aceleraram seu gasto publico para manter o dinamismo de seu mercado todo o mundo, incluindo a América do Sul e a África.
interno liderando a retomada quase imediata da economia regional. Já
dissemos, no início deste trabalho, que essa convergência entre a geopolí- Estados Unidos, China e América do Sul
tica e a acumulação do capital, não é permanente, nem é universal. Há No caso da América do Sul, também ocorreu uma reversão das expec-
momentos históricos, e setores econômicos, em que seu distanciamento é tativas econômicas pessimistas, no início do século XXI. Prognosticava-se
maior, e outros em que a convergência é muito grande. Mas não há dúvida um período de “vacas magras”, com crescimento baixo e desequilíbrios
que a geopolítica e a economia andam quase juntas, quando se trata da externos, sobretudo depois das crises da Argentina, e da Venezuela, em
competição e da luta por recursos naturais escassos e estratégicos, tanto 2001 e 2003. Mas depois de 2002, houve uma retomada do crescimento,
para os estados como para os capitais privados. E neste campo, a disputa em todos os países do continente, liderado – paradoxalmente – pelas
mais violenta sempre se deu em torno do controle e monopolização das economias da Argentina e da Venezuela, que superaram a crise e já alcan-
fontes energéticas indispensáveis ao funcionamento econômico do sistema çaram seus níveis de atividade anteriores à própria crise, crescendo a
mundial, e de todas as suas economias nacionais, em particular a das suas taxas médias, entre 7 e 9%, nestes últimos quatro anos, enquanto o resto
Grandes Potências. do continente está crescendo a taxas médias que variam entre 3,5% e
5,5,%, com a exceção mais notável do Brasil, que vem crescendo há mais
Estados Unidos, China e Índia. de duas décadas, a uma taxa média aproximada de apenas 2,5%. Como
Como agora, de novo, a grande competição econômica, e a grande em outros momentos da economia internacional, agora de novo, as eco-
disputa geopolítica está se dando em torno dos territórios e das regiões nomias exportadoras sul-americanas estão acompanhando o ciclo expan-
que dispõem dos excedentes energéticos para mover a nova “locomotiva” sivo da economia mundial, liderado pelos Estados Unidos e a China. Mas
do crescimento mundial, puxada pelos Estados Unidos e a China, com existe uma grande novidade, neste novo ciclo de crescimento sul-
efeitos imediatos sobre a Índia. Basta olhar para as duas pontas deste americano: o peso decisivo das exportações, importações e investimentos
novo eixo – Ásia e EUA - e para suas necessidades energéticas atuais e asiáticos no continente, em particular da China, que tem sido a grande
futuras, para visualizar o mapa das disputas e das suas sinergias positivas, responsável pelo aumento das exportações sul-americanas, de minérios,
através do mundo. Em conjunto, a China e a Índia detêm um terço da energia e grãos. E, ao mesmo tempo, suas exportações para a América

Ciências Humanas e suas Tecnologias 138 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Latina aumentaram 52%, em 2006, enquanto as dos Estados Unidos só timento e 80.000 trabalhadores chineses. Um verdadeiro “desembarque
aumentaram 20%. Só para o Brasil, as vendas chinesas cresceram 53%, econômico”, liderado por empresas estatais que vem sendo seguidas,
enquanto as exportações brasileiras para a China cresciam um 32% no ainda que em menor escala, pelo governo e pelos capitais privados india-
mesmo ano. Em 2006, o Brasil já importou mais da Ásia do que de seus nos que estão fazendo um movimento análogo de investimento massivo, e
parceiros tradicionais, os Estados Unidos e a Europa, e a China já superou de aprofundamento das suas relações políticas, econômicas e culturais
o Brasil como maior fornecedor de produtos manufaturados, para os países com a África..
da América Latina. Só para que se tenha uma ideia da velocidade dessas
mudanças, basta dizer que em 1990, o Brasil fornecia 10% das importa- Deste ponto de vista, todos os sinais estão apontando na mesma dire-
ções de manufaturados do Chile, enquanto a China fornecia 1%, e 15 anos ção: a África Sub-Sahariana está se transformando na grande fronteira de
depois, o Brasil fornece 13% e a China já chegou a 12%. Mas, além do expansão econômica – e talvez, também, política e demográfica – da
comércio, a China está ocupando um papel cada vez mais importante, China e da Índia, nas primeiras décadas do século XXI. Nesse sentido,
dentro da região, como investidor, competindo com as fontes tradicionais está se formando um novo triângulo geoeconômico envolvendo a China, a
de capital de investimento na América do Sul. Índia e a África Negra. Mas não é provável que os Estados Unidos aban-
donem suas posições na região, sobretudo na luta pela sua “segurança
Agora, do ponto de vista interno da economia sul-americana, os novos energética”. Mas não há nada que impeça que a África possa se transfom-
preços internacionais dos minérios e da energia, têm fortalecido a capaci- rar também num espaço provolegiado de negociação e fusão entre os
dade fiscal dos estados produtores, e estão servindo para financiar alguns interesses econômicos asiáticos e norte-americanos.
projetos ambiciosos de integração física e energética, dentro do próprio
continente. Além disto, as vultuosas reservas em moeda forte, da Venezue- Em síntese: a mudança das relações econômicas entre a Ásia, a África
la, já lhe permitiram atuar, duas vezes, como “emprestador em última e a América Latina, lideradas pela China e pela Índia, é um fato de enorme
instância”, da Argentina e do Paraguai, criando um novo tipo de relaciona- importância no redesenho econômico do sistema mundial. Pela primeira
mento e integração absolutamente original, na história da América do Sul. vez, na história do sistema econômico mundial, as relações “Sul-Sul”
adquirem uma densidade material importante e expansiva, com capacidade
De todos os pontos de vista, portanto, a China vem cumprindo um pa- de gerar interesses concretos, no mundo do capital e do poder. Quase no
pel novo e fundamental na economia sul-americana. Os Estados Unidos mesmo espaço onde floresceram, no século XX , às ideologias terceiro-
seguem sendo a potência hegemônica na América do Sul, e não é provável mundistas, e o movimento dos países não alinhados”.
que os chineses se envolvam politicamente na região. Mas não há duvida
que esta “bonança” internacional, liderada pelos Estados Unidos e pela VÁRIAS GEOMETRIAS POLÍTICAS
China tem contribuído para o surgimento de um triângulo econômico novo, Na geopolítica das nações, não há lugar para alianças baseadas ape-
que deve contribuir para o aprofundamento das relações materiais e políti- nas em médias estatísticas, semelhanças sociológicas ou analogias histó-
cas Sul-Sul, e para uma maior autonomia da política externa da América do ricas. E as coincidências ideológicas só operam com eficácia, quando
Sul com relação aos seus centros tradicionais de poder econômico e coincidem com as necessidades dos países, do ponto de vista do seu
político. desenvolvimento e de sua segurança. Deste ponto de vista, a formação de
um espaço econômico unificado por grandes fluxos comerciais e financei-
China, Índia e África. ros, entre a China, a Índia, o Brasil e a África do Sul, é um fato novo e
No caso da África também ocorreu algo análogo. Na década de 90, muito importante, e pode vir a ser a base material de algumas parcerias
depois da Guerra Fria, e no auge da globalização financeira, o continente setoriais, e localizadas, entre todos ou alguns destes quatro países. Mas é
africano ficou praticamente à margem dos novos fluxos de comércio e de muito pouco provável que, este simples nexo econômico, sustente ou
investimento, reforçando a imagem muito difundida, de um continente justifique uma aliança estratégica entre eles, de tipo geopolítico, e de longo
inviável. Com “estados falidos”, “guerras civis”, “genocídios” e grandes prazo. Por isto, a construção de uma agenda comum, entre China, Índia,
epidemias, mas além disto, com apenas 1% do PIB mundial, 2% das Brasil e África do Sul, deve partir do reconhecimento das diferenças exis-
transações comerciais globais e menos de 2% do investimento direto tentes entre suas distintas inserções e interesses, dentro do sistema mun-
estrangeiro em todo o mundo. Assim mesmo, nas primeiras décadas da dial. São quatro países que ocupam posição de destaque, nas suas res-
independência, alguns dos novos estados africanos tiveram crescimento pectivas regiões, devido ao tamanho de seu território, de sua população, e
econômico equiparável ao dos estados desenvolvimentistas mais bem de sua economia. Mas esta semelhança esconde diferenças muito grandes
sucedidos da Ásia e da América Latina. Este sucesso inicial, entretanto, foi de interesses, de perspectivas estratégicas e de capacidade de implemen-
atropelado pela crise econômica dos anos 70, e pela mudança de rumo do tação autônoma de decisões, no campo internacional.
sistema econômico mundial. A partir dos 70/80, a economia africana expe-
rimentou um declínio contínuo, até alcançar os níveis muito baixos da i) China e Índia
década de 90. No longo prazo, entretanto, como na América Latina, a Ao contrário do Brasil e da África do Sul, a China e a Índia possuem
maioria das economias africanas depende das suas exportações de maté- civilizações milenares e um terço da população mundial. Mas mais impor-
rias primas e seu desempenho acompanha os ciclos da economia interna- tante do que isto, é o fato de que esses dois gigantes asiáticos possuem
cional. E é isto o que vem ocorrendo, uma vez mais. Desde o final da entre si 3.200 quilômetros de fronteira comum, e os fazem ter fronteira com
década de 90, pelo menos, está em curso uma nova mudança do panora- o Paquistão, com o Nepal, com o Butão e com Mianmá. Além disto, China
ma econômico africano, em particular na África Sub-Sahariana. O cresci- e Índia têm territórios em disputa, guerrearam entre si nas últimas décadas,
mento econômico médio, que era de 2,4% em 1990, passou para 4,5, %, e são potências atômicas. Dentro deste xadrez geopolítico, os indianos
entre 2000 e 2005, alcançando a taxa de 5,3% em 2006, com uma previ- consideram que as relações amistosas da China com o Paquistão, com
são de que chegue a 5,5% em 2007 e 2008. Desde a metade da década Bangladesh e com o Sikri Lanka, fazem parte de uma estratégia chinesa de
de 90, 16 países da região, onde vivem 35% da sua população, vêem “cerco” da Índia e de expansão chinesa no Sul da Ásia, a “zona de influên-
crescendo a taxas superiores a 5,5%, e alguns países produtores de cia” imediata dos indianos. Por sua vez, os chineses consideram que a
petróleo a taxas “exorbitantes”, como no caso, por exemplo, de Angola, aproximação recente entre os Estados Unidos e a Índia, e a sua nova
16,9%, Sudão, 11,8% e Mauritânia, 17,9%. parceira estratégica e atômica, fazem parte de uma estratégia de “cerco”
da China. Tudo isto, são fatos, expectativas e desdobramentos que carac-
Por trás dessa transformação africana, o que se esconde, uma vez terizam uma relação muito próxima de competição territorial e bélica, em
mais, como na América do Sul, é o enorme crescimento dos dois gigantes torno da supremacia no Sul e no Sudeste da Ásia, envolvendo Estados
asiáticos, a China e a Índia. A China e a Índia que consumiam 14 % das Unidos, China e Índia. Além disto, como já vimos, China e Índia também
exportações africanas, no ano 2000, hoje consomem 27%, o mesmo que a competem, neste momento, na Ásia Central, no Oriente Médio e na África,
Europa e os Estados Unidos. Enquanto que as exportações asiáticas para na luta para assegurar sua “segurança energética”. A China investe hoje
a África, vêm crescendo a 18% ao ano, e o mesmo está acontecendo com pesados recursos na modernização de suas forças armadas e dos seus
os investimentos diretos chineses e indianos, na África Negra, concentra- arsenais. Como no caso de sua frota submarina chinesa, movida, simulta-
dos em energia, minérios e infra-estrutura. Basta dizer que já existem no neamente, à energia diesel e à energia atômica, o que caracteriza uma
continente africano, mais de 800 companhias, com 900 projetos de inves- indiscutível preocupação de controle marítimo do Pacífico Sul. E o mesmo

Ciências Humanas e suas Tecnologias 139 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
se pode dizer do recente desenvolvimento do novo sistema chinês de cautela, talvez devido ao seu próprio passado racista e belicista. Por outro
ataque e destruição de satélites - tecnologia que só tinham os Estados lado, desde o primeiro governo de Mandela, a África do Sul tem se propos-
Unidos e a Rússia - e que coloca a China em condições de destruir o nexo to cumprir um papel de “Cabo da Boa Esperança”, conectando os países
básico de controle da nova tecnologia de guerra norte-americana. Por outro da Ásia e América Latina, e tentando ocupar um lugar importante dentro
lado, não é segredo para ninguém que a China ocupa hoje um lugar central desta nova geometria econômica. Em 1997, assinou com a Índia, a “Decla-
dentro do planejamento estratégico dos Estados Unidos, ocupando a ração do Red Fort”, onde propõem uma ação conjunta de aproximação da
posição do adversário potencial necessário à organização e expansão do América Latina que contribui decisivamente para a criação, em 2003, do
poder americano. Afinal, a China teve um papel decisivo nas Guerras da Fórum de Diálogo Índia, Brasil e África do Sul (IBSA). Em 1998, o chance-
Coreia e do Vietnã, e apresenta quase todas as características das Gran- ler Alfred Nzo, confirmou estas prioridades diante do parlamento sul-
des Potências que se formaram dentro do sistema mundial, desde suas africano, e definiu como objetivo estratégico da África do Sul, estabelecer
origens europeias, no século XVI. Com a diferença, como já vimos, que até relações sólidas com os países chaves da conexão entre a Ásia, África e
agora, o expansionismo chinês, fora da Ásia, tem sido quase estritamente América Latina, para “fortalecer a voz do Sul nos foros internacionais”. A
diplomático e econômico. Mas dentro da Ásia, o projeto chinês é claramen- despeito disto, o volume e o ritmo de crescimento do PIB sul-africano, o
te hegemônico e competitivo, também do ponto de vista militar. tamanho de sua população e suas limitações militares, impedem que a
África do Sul tenha qualquer tipo de pretensão à supremacia fora da sua
A Índia, por outro lado, ainda não tem características de uma potência região imediata, na África Austral.
expansiva, e se comporta estrategicamente, como um estado que foi
obrigado a se armar para proteger e garantir sua segurança numa região No outro lado do Atlântico, a história regional e internacional do Brasil
de alta instabilidade, onde sustenta uma disputa territorial e uma competi- foi sempre mais tranquila e linear. O estado brasileiro nunca teve caracte-
ção atômica com o seu vizinho, o Paquistão. Mas assim mesmo, desenvol- rísticas expansivas, nem disputou jamais a hegemonia do seu próprio
ve e controla tecnologia militar de ponta, como no caso do seu sofisticado continente, com a Grã Bretanha ou com os Estados Unidos. Depois de
sistema balístico, e do seu próprio arsenal atômico, e possui um dos exér- 1850, o Brasil não enfrentou mais guerras civis ou ameaças de divisão
citos mais bem treinados de toda a Ásia. Assim mesmo, foi só depois da interna, e depois da Guerra do Paraguai, na década de 1860, o Brasil teve
sua derrota militar, para a China, em 1962, e da primeira explosão nuclear apenas uma participação pontual, na Itália, durante a 2ª. Guerra Mundial, e
chinesa, em 1964, logo antes da sua guerra com o Paquistão, em 1965, algumas participações posteriores nas “forças de paz” das Nações Unidos.
que a Índia abandonou o “idealismo prático” da política externa de Neruh, Sua relação com seus vizinhos da América do Sul, depois de 1870, foi
e adotou a realpolitik do primeiro ministro Bahadur Shastri, que autorizou o sempre pacífica e de pouca competitividade ou integração política e eco-
início do programa nuclear indiano, na década de 60. Foi quando mudou a nômica, e durante todo o século XX, sua posição dentro do continente, foi
política externa da Índia, e começou a ser montada a sua nova estratégia quase sempre a de sócio auxiliar da hegemonia continental dos Estados
atômica de defesa nacional, que atingiu sua maturidade, com as explo- Unidos. Depois da 2ª. Guerra Mundial, o Brasil não teve maior participação
sões nucleares, de 1998, e com o sucesso do míssil balístico indiano Agni na Guerra Fria, mas apesar do seu alinhamento com os Estados Unidos,
II, em 1999. Foi naquele momento, exatamente no auge da “utopia da começou uma política externa mais autônoma e global, a partir da década
globalização”, que a Índia assumiu plenamente a condição de potência de 60, quando se aproximou da Ásia e da África, e dos países socialistas,
nuclear, e passou a definir sua estratégia de inserção regional e internacio- se acercou do Movimento dos Países Não-Alinhados, e teve uma partici-
nal, com base na expansão do seu poder econômico e militar. Com esta pação ativa nas negociações para a criação da ALALC, da UNCTAD e do
nova perspectiva estratégica, a Índia luta hoje pelo acesso e controle de Grupo dos 77. Na década de 70, em particular no governo do General
recursos energéticos, na África e no Oriente Médio, mas também na Ásia Ernesto Geisel, o Brasil se propôs um projeto internacional de “potência
Central. Apesar de que, nesta região, a China tenha tomado a dianteira, e intermediária”, aprofundando sua estratégia econômica desenvolvimentista,
já lidere a Organização de Cooperação de Shangai, criada por sua iniciati- rompendo seu acordo militar com os Estados Unidos, ampliando suas
va, em 1996, junto com Rússia, Cazaquistão, Quirquistão, Tajiquistão e relações afro-asiáticas, e assinando um acordo atômico com a Alemanha.
Uzbequistão. Por outro lado, desde 2002, a Índia estabeleceu com o Mas sua crise econômica dos anos 80 e o fim do regime militar desativa-
Japão, uma “Parceria Global para o século XXI”, e vem estreitando suas ram este projeto, que foi completamente engavetando nos anos 90, quando
relações com a Rússia, em torno a questões energéticas e estratégicas, de o Brasil voltou a alinhar-se com os Estados Unidos e seu projeto de criação
mais longo prazo. da ALCA, um velho sonho norte-americano, desde o fim do século XIX.
Mais recentemente, entretanto, depois de 2002, a política externa brasileira
ii) Brasil e África do Sul mudou uma vez mais de rumo e definiu como suas novas prioridades, a
O Brasil e África do Sul, compartem com a China e a Índia, o fato de integração sul-americana, através do Mercosul e da Comunidade Sul-
serem os estados e as economias mais importantes de suas respectivas Americana de Nações, e uma relação mais estratégica com os países-
regiões, responsáveis por uma parte expressiva da população, do produto, chaves da África e da Ásia, em particular, a África do Sul, a Índia e a
e do comércio interno e externo da América do Sul e da África. Mas não China.
têm fronteiras entre si, não têm disputas territoriais com seus vizinhos, não O projeto da integração sulamericana remonta às ideias de Simon
enfrentam ameaças internas ou externas à sua segurança e não são Bolivar, na primeira metade do século XIX. Mas a construção do mercado
poderes militares relevantes, principalmente, depois que a África do Sul comum regional começou nos anos 60, com a criação da Associação
abandonou o seu programa nuclear, em 1991. A África do Sul viveu duas Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC), e teve dois momentos
histórias importantes, depois de sua independência, e teve duas inserções decisivos, com a criação da Comunidade Andina, em 1969, e com a cria-
internacionais absolutamente diferentes, antes e depois do fim do ção do Mercosul, em 1991. Por fim, no dia 8 de dezembro de 2004, os
apartheid, e da eleição de Nelson Mandela, em 1994. Depois da 2ª. Guerra países do Pacto Andino e do Mercosul, assinaram a Declaração de Cuzco,
Mundial, e durante o período do apartheid, entre 1948 e 1991, a África do lançando as bases da Comunidade Sul-Americana de Nações. O Brasil
Sul enfrentou uma rebelião social e política interna quase permanente, foi vem incentivando, nos últimos anos, o aprofundamento deste projeto de
objeto do boicote da comunidade internacional e, na década de 80, travou integração, mas enfrenta algumas limitações importantes, porque o Brasil
uma guerra regional, com os países da Conferência de Coordenação para não é considerado - hoje - um “modelo de desenvolvimento” de sucesso a
o Desenvolvimento da África Austral (SADCC), também chamados de ser seguido pelo resto dos países do continente, como acontece com a
“Paises da Linha de Frente”. Mas depois do fim do apartheid e da eleição China e a Índia, no Sudeste e no Sul da Ásia. E, além disto, tem tido pouca
de Mandela, a questão da segurança interna e da inserção internacional da capacidade de atender às necessidades materiais dos seus vizinhos,
África do Sul mudaram radicalmente, em particular no caso da África Negra devido ao seu baixo crescimento econômico e sua baixa capacidade de
e dos países da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral investimentos públicos e privados. Mas, sobretudo, devido à baixa capaci-
(SADC), criada em 1990, reunindo os antigos inimigos, Botsuana, Maurício, dade de coordenação estratégica do estado brasileiro, depois da sua crise
Namíbia, Zimbábue e Tanzânia, além da própria África do Sul. Fora desta dos anos 80, e da sua desmontagem neoliberal, na década de 90.
“zona de influência” imediata, a África do Sul envolveu-se em quase todas
as ações e negociações de paz ocorridas dentro do continente negro, na iii) a rota da “boa esperança”
década de 90 e nos primeiros anos do século XXI, mas sem apresentar Como se pode ver, as diferenças dinâmicas entre China, Índia, Brasil e
nenhum traço expansivo, ou disposição para uma luta hegemônica dentro África do Sul são enormes. A China e a Índia, depois dos anos 90, se
da África. Pelo contrário, tem sido um país que se move com enorme projetaram dentro do sistema mundial como potências econômicas e
Ciências Humanas e suas Tecnologias 140 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
militares, têm claras pretensões hegemônicas nas suas respectivas regi- depois de 2003, vem mantendo uma taxa próxima dos 8%. A China realiza
ões, e ocupam hoje uma posição geopolítica global absolutamente assimé- anualmente investimentos públicos e privados da ordem de 30% e até 40%
trica com relação ao Brasil e à África do Sul. Apesar disto, o Brasil, a do seu PIB, enquanto no Brasil o investimento não passa de 20% do PIB.
África do Sul e a Índia - e mesmo a China, ainda que seja por pouco Com relação à Índia, esta hoje ainda está numa situação semelhante a da
tempo mais – ainda ocupam a posição comum dos “países ascendentes”, China, no início da década de 80, e seu boom econômico ainda não atingiu
que sempre reivindicam mudanças nas regras de “gestão” do sistema a agricultura, onde vive cerca de 60% da população indiana, e que cresce
mundial, e na sua distribuição hierárquica e desigual do poder e da riqueza. a uma taxa de 3,9%, bem abaixo da média nacional de 8.4%, em 2005. E
Por isto, neste momento, compartilham uma agenda reformista com rela- as perspectivas para os próximos anos, são de que se mantenham estes
ção ao Sistema das Nações Unidas, e à formação do seu Conselho de diferenciais, com a Ásia crescendo à uma média 8% a 9% ao ano, e o
Segurança. Da mesma forma como compartem posições liberalizantes, na Brasil e África do Sul a uma taxa média entre 3% e 4%. Apesar de que no
Rodada de Doha, formando o G20, dentro da Organização Mundial do Brasil, nos últimos anos, tenha havido também uma pequena diminuição
Comércio. Nestas questões políticas e econômicas, entretanto, pode-se nos índices de desigualdade social, graças ao aumento do valor do seu
prever um afastamento progressivo da China, que já vem atuando, em salário, por cima das taxas de inflação, e graças também à suas políticas
vários momentos, com a postura de quem comparte, e não de quem ques- distribuitivistas do tipo assistencial ou emergencial.
tiona a atual configuração de poder mundial. Daqui para frente, seu com-
portamento será cada vez mais o de uma Grande Potência, como todas as Mas existe uma convergência muito importante entre estes países, a
que fazem, ou fizeram, parte do “círculo dirigente” do sistema mundial. E despeito das diferenças de suas estratégias econômicas, que é a priorida-
por isto, é de se esperar uma maior convergência de posições entre a de que vem sendo atribuída pelos seus atuais governos, à promoção da
Índia, a África do Sul e o Brasil, do que com a China. Mas mesmo com inclusão e da equidade social. E neste sentido, se pode dizer que existe
relação à Índia, as convergências políticas deverão ser tópicas, porque o uma agenda de preocupações sociais comuns, entre estes países, com o
Brasil e a África do Sul devem se manter fiéis ao “idealismo pragmático” de combate a fome e a pobreza, e com a garantia da segurança alimentar, da
suas atuais políticas externas. Nenhum dos dois demonstra vontade, nem saúde, do emprego, da educação, dos diretos humanos e de proteção ao
dispõe das ferramentas de poder e dos desafios indispensáveis ao exercí- meio ambiente. Uma vontade política que aparece de forma explícita na
cio da realpolitik, própria das Grandes Potências. Ambos, devem se manter Declaração de Brasília, de 2003, constitutiva do Grupo IPSA, e nos seus
na sua posição atual de porta-vozes pacíficos dos “injustiçados” de todo documentos de trabalho posteriores, onde a Índia, a África do Sul e o Brasil
mundo, e do “bom senso ético universal”. Do ponto de vista econômico, se propõem cooperar e promover, conjuntamente, ações eficazes de
entretanto, a nova geografia do comércio e dos investimentos dentro da combate a todo tipo de desigualdade, de defesa do meio ambiente, e de
região Sul-Sul deve aprofundar os nexos materiais entre estes quatro luta comum contra as grandes epidemias, do tipo da “gripe aviária” e do
países e suas regiões, e desta perspectiva, a África do Sul se transformará AIDS, entre outras que já ameaçam transformar-se em pandemias. Em
num novo Cabo da Boa Esperança, entre as “Índias” e a América: as duas todos estes campos, vem se consolidando uma agenda comum e uma
pontas do expansionismo europeu que deu origem ao atual sistema mun- vontade política de cooperação intergovernamental, no campo científico e
dial. tecnológico. E tem se ampliado o espaço de atuação das organizações não
governamentais, presentes neste quatro países.
UMA AGENDA SOCIAL CONVERGENTE
China, Índia, Brasil e África do Sul compartem sociedades com altos Saltando para uma perspectiva mais ampla, também é possível reco-
níveis de desigualdade na distribuição da renda, da riqueza e do acesso nhecer que, na virada do século XXI, a nova geopolítica das nações tem
aos direitos sociais básicos. Com graves problemas urbanos, de infra- trazido consigo uma grande mobilização social e política, a favor de trans-
estrutura, favelização e miséria, e com regiões rurais de baixa produtivida- formações sociais e igualitárias das sociedades mais afetadas pelas mu-
de, e com grandes contingentes de população sem atendimento de suas danças do sistema mundial. Como já vimos, o mundo viveu uma era de
necessidades básicas de saneamento, energia e alimentação. Mas, apesar euforia liberal depois de 1990, mas agora parece que está em curso uma
da luta comum dos países mais pobres, por uma melhor redistribuição do nova era de convergência entre os movimentos de autoproteção nacional
poder e da riqueza mundial, e apesar do apoio dos organismos internacio- que questionem o status quo internacional, e os movimentos sociais que
nais e da ajuda solidária eventual das Grandes Potências e dos organis- estão lutando contra a desigualdade, dentro de cada um destes países e
mos não governamentais, a resposta ao desafio da pobreza e da desigual- regiões. O fim do apartheid e a democratização da África do Sul foi um
dade, segue sendo uma responsabilidade de cada um dos estados nacio- momento emblemático dessa reversão, mesmo que depois de 1994, o
nais onde os “pobres do mundo estão “estocados”, e onde se geram e governo do presidente Mandela tenha mantido a mesma política econômi-
acumulam os recursos capazes de alterar a distribuição do poder e da ca do governo anterior, de corte ortodoxo e neoliberal. Numa perspectiva
riqueza entre os grupos sociais” . Neste sentido, o primeiro ponto da agen- de longo prazo, entretanto, a mudança na África do Sul representou o fim
da social comum da China, Índia, Brasil e África do Sul é a multiplicação do colonialismo europeu e o ápice da luta de libertação da África Negra.
dos empregos e da renda da população, e isto é rigorosamente inviável Por sua vez, depois de 2001, na América do Sul e no Brasil, os seus novos
sem um crescimento econômico acelerado, no caso destes quatro países. governos de esquerda estão se propondo reagir contra as políticas neolibe-
Só com a expansão do investimento público e privado, será possível au- rais e estão querendo realizar políticas mais igualitárias de transformação
mentar as taxas de crescimento econômico, e só com altas taxas de cres- social. E todos os estudos internacionais reconhecem que o crescimento
cimento é possível um controle social e uma política ousada de bloqueio do econômico da China e da Índia, como acabamos de ver, tem diminuído
processo de polarização da riqueza, que acompanha, inevitavelmente, o velozmente a miséria nestes dois países, mesmo quando as suas desi-
desenvolvimento capitalista, quando fica entregue às suas forças de mer- gualdades sociais ainda sejam muito grandes.
cado. Neste sentido, além do investimento público, são indispensáveis
políticas ativas de redistribuição da riqueza, através dos salários, mas, Este retorno da “questão social”, junto com a “questão nacional”, nos
sobretudo, através do fornecimento barato de alimentos de consumo anos recentes, relembra a tese clássica do economista austríaco, Karl
popular, e da oferta de equipamentos e serviços públicos universais de Polanyi, sobre as origens da “grande transformação” igualitária das socie-
saúde pública, educação, saneamento, energia, transportes e comunica- dades mais desenvolvidas, depois da 1ª. Guerra Mundial e da crise de 30.
ção. A única forma de superar as políticas assistenciais de tipo transitório, Segundo Polanyi, esta grande mudança da “civilização liberal”, que havia
transformando a distribuição e a inclusão sociais numa conquista perma- sido vitoriosa e incontestável no século XIX, aconteceu como consequên-
nente e estrutural das sociedades civis. cia de uma tendência de todas as economias e sociedades liberais, que
seriam movidas, simultaneamente, por duas forças contraditórias, de tipo
Deste ponto de vista, não há dúvida que existe hoje uma distância material e social. A primeira delas, seria “liberal-internacionalizante”, e
crescente entre os avanços sociais da China e da Índia, e também com empurraria as economias e sociedades nacionais na direção da globaliza-
relação ao Brasil e África do Sul, e esta diferença tem a ver com as taxas ção, da universalização dos mercados “auto-regulados” e da desigualdade
médias de crescimento de suas economias nas últimas décadas, e com o social. E a segunda, atuaria numa direção oposta, de “autoproteção das
grau de preocupação dos seus governos com a questão das desigualdades sociedades e das nações” contra os efeitos destrutivos dos mercados
sociais. A China cresce, há 27 anos, a uma taxa média de 9,6%, enquanto auto-regulados, que ele chamou de “moinhos satânicos”. No caso dos
o Brasil e a África do Sul, a uma taxa aproximada de 2,5%, e a Índia, só países europeus, sobretudo no século XX, estes dois movimentos de

Ciências Humanas e suas Tecnologias 141 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
autoproteção – nacional e social - convergiram sob a pressão externa das Se as empresas globalizadas não tem país-sede, o que ocorre quando
duas Grandes Guerras Mundiais, da crise econômica da década de 1930, e querem fazer um lobby?
depois, da própria Guerra Fria, criando um grande consenso social a favor A rigor, as empresas globalizadas preocupam-se muito mais com mar-
das políticas de crescimento econômico, pleno emprego e bem estar keting, o grosso de seus investimentos. Se em determinado país as condi-
social, consideradas heréticas até então, pelos liberais. Fora da Europa e ções de seu fornecedor se tornaram desfavoráveis - os juros aumentaram,
dos Estados Unidos, entretanto, este “duplo movimento” de autoproteção o que implica no aumento dos produtos -, a empresa globalizada procura
nacional e social, raramente aconteceu de forma convergente, pelo menos outro fornecedor em outro país. Ela não perderá tempo em fazer lobby
até o final do século XX, talvez porque estes países e regiões não tenham sobre determinado governo para que o crédito volte a ser competitivo.
enfrentado os desafios externos que acabaram solidarizando suas elites
com suas populações nacionais, até por uma razão de necessidade mútua. Por que dizem que a globalização gera desemprego?
Karl Polanyi não previu a “restauração liberal-conservadora” dos mer- A globalização não beneficia a todos de maneira uniforme. Uns ga-
cados auto-regulados, que ocorreu depois de 1980. Nem poderia ter nham muito, outros ganham menos, outros perdem. Na prática exigem
previsto, portanto, que no início do século XXI, pudesse estar se generali- menores custos de produção e maior tecnologia. A mão-de-obra menos
zando uma reação contra os efeitos destrutivos e “desigualizantes” das qualificada é descartada. O problema não é só individual. É um drama
políticas neoliberais, das duas décadas anteriores. Assim mesmo, acumu- nacional dos países mais pobres, que perdem com a desvalorização das
lam-se as evidências de que está em curso um movimento, cada vez mais matérias-primas que exportam e o atraso tecnológico.
amplo e universal, a favor da democracia e da igualdade social. Uma
espécie de retorno do mundo do trabalho e dos excluídos, depois de três A globalização vai deixar os ricos mais ricos e os pobres mais
décadas de supremacia incontrastável do mundo do capital. A grande pobres?
novidade, entretanto, é que neste início de século, o movimento de “auto- Em seu relatório deste ano sobre o desenvolvimento humano, a ONU
proteção nacional e social” está começando pela periferia do sistema comprova que a globalização está concentrando renda: os países ricos
mundial, e está ocorrendo sem a existência prévia de guerras e destruições ficam mais ricos, e os pobres, mais pobres. Há muitos motivos para
massivas. Por isto, se esta tendência se confirmar e se ampliar, não é isso. Alguns deles: a redução das tarifas de importação beneficiou muito
impossível uma convergência entre as sociedades civis e os governos da mais os produtos exportados pelos mais ricos. Os países mais ricos conti-
China, da Índia, do Brasil e da África do Sul, para liderar um grande projeto nuam a subsidiar seus produtos agrícolas, inviabilizando as exportações
de redistribuição mais igualitária do poder e da riqueza oligopolizados pelas dos mais pobres.
Grandes Potências, dentro deste sistema mundial criado pelos europeus,
exatamente no momento em que conquistaram, submeteram e conectaram Conjuntura Internacional
a Ásia, a África e a América, a partir do século XVI. A conjuntura internacional se desenvolve no contexto de declínio do
sistema capitalista. É a antítese da era de prosperidade vivida nas primei-
GLOBALIZAÇÃO ras décadas do pós-guerra e a expressão do esgotamento do padrão de
O que é Globalização? acumulação de capital proveniente deste período. Configura-se uma situa-
"A notícia do assassinato do presidente norte-americano Abraham Lin- ção crítica caracterizada por taxas de crescimento econômico declinantes e
coln, em 1865, levou 13 dias para cruzar o Atlântico e chegar a Europa. A elevados níveis de desemprego em quase todos os países onde predomina
queda da Bolsa de Valores de Hong Kong (outibro-novembro/97), levou 13 a economia de mercado.
segundos para cair como um raio sobre São Paulo e Tóquio, Nova York e
Tel Aviv, Buenos Aires e Frankfurt. Eis ao vivo e em cores, a globalização" A crise econômica, que não deve ser confundida com as perturbações
(Clóvis Rossi – do Concelho Editorial – Folha de São Paulo) cíclicas do sistema provocadas pela superprodução, vem acelerando o
"O furacão financeiro que veio da Ásia, passou pela Europa, Estados processo de centralização e globalização do capital, traduzidos principal-
Unidos e chegou ao Brasil, teve pelo menos uma vantagem didática. mente pela onda de aquisições, incorporações e megafusões de empresas.
Ninguém pode mais alegar que nunca ouviu falar da globalização financei- Como resultado, seus efeitos têm maior repercussão mundial, assim como
ra. Até poucos meses, é provável que poucos soubessem onde ficava a as políticas propostas ou impostas como "solução" pelas classes que
Tailândia ou Hong Kong. Hoje muita gente sabe que um resfriado nesses encarnam os interesses do capital.
lugares pode virar uma gripe aqui. Especialmente se fizer uma escala em
O cenário atual está caracterizado pelo avanço da globalização eco-
Nova York."
nômica, financeira e comercial defendida pelos organismos internacionais
(Celso Pinto – do Conselho Editorial – Folha de São Paulo)
(FMI, Banco Mundial e Organização Mundial do Comércio) com base na
Mas, o que é essa globalização e como é que ela se manifesta?
ideologia neoliberal. Trata-se de um processo em curso, comandado pelas
Não há uma definição que seja aceita por todos. Ela está definitiva-
grandes corporações transnacionais que procuram abrir novos mercados
mente na moda e designa muitas coisas ao mesmo tempo. Há a interliga-
para sua produção e, ao mesmo tempo, recuperar as taxas de lucro, redu-
ção acelerada dos mercados nacionais, há a possibilidade de movimentar
zindo seus custos pelo aumento da exploração dos trabalhadores, via
bilhões de dólares por computador em alguns segundos, como ocorreu nas
redução de salários, aumento das jornadas de trabalho e eliminação dos
Bolsas de todo o mundo, há a chamada "terceira revolução tecnológica"
direitos dos trabalhadores, atacando as conquistas sindicais e trabalhistas
(processamento, difusão e transmissão de informações). Os mais entusias-
obtidas na era de ouro do sistema e desmantelando o chamado Estado de
tas acham que a globalização define uma nova era da história humana.
Bem-Estar Social. A globalização tem representado o aumento do desem-
Qual a diferença entre Globalização, Mundialização e Internacio-
prego, a precarização dos contratos de trabalho, a informalidade e crescen-
nalização?
tes ataques aos direitos de organização sindical.
Globalização e Mundialização são quase sinônimos. Os americanos
falam em globalização. Os franceses preferem mundialização. Internacio- O neoliberalismo surge neste quadro e vem sendo aplicado desde os
nalização pode designar qualquer coisa que escape ao âmbito do Estado anos 80 como uma resposta da burguesia ao panorama crítico. Tendo
Nacional. adquirido ares de verdade absoluta após a derrocada do "socialismo real",
Quando o mundo começou a ficar globalizado? seu objetivo é, basicamente, elevar as taxas de lucros das empresas
Novamente, não há uma única resposta. Fala-se em início dos anos multinacionais (revertendo a queda observada nas últimas décadas). Em
80, quando a tecnologia de informática se associou à de telecomunicações. tese, o aumento dos lucros resultaria na recomposição dos níveis de
Outros acreditam que a globalização começou mais tarde com a queda das investimentos e viabilizaria a inauguração de um novo padrão de acumula-
barreiras comerciais. ção e uma fase de crescimento econômico capitalista, o que na prática não
Globalização é poder comprar o mesmo produto em qualquer parte do vem ocorrendo.
mundo?
Não se pode confundir globalização com a presença de um mesmo O ritmo e a natureza da inserção das economias nacionais à globaliza-
produto em qualquer lugar do mundo. A globalização pressupõe a padroni- ção são diferenciados e depende em grande medida de opções políticas e
zação dos produtos (um tênis Nike, um Big Mac) e uma estratégia mundi- da correlação de forças entre os setores populares e os defensores do
almente unificada de marketing, destinada a uniformizar sua imagem junto neoliberalismo. Ainda não está concluída a forma de inserção das econo-
aos consumidores. mias nacionais no mercado global.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 142 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Os sindicatos, em nível nacional e mundial, podem influir em seu cur- As estratégias globais das transnacionais estão sustentadas no au-
so. Greves e mobilizações recentes na Europa, Ásia e América Latina mento de produtividade possibilitado pelas novas tecnologias e métodos de
revelam que os sindicatos reagem e buscam alternativas para a maneira gestão da produção. Tais estratégias envolvem igualmente investimentos
excludente como a globalização vem se processando. Essas lutas ainda externos diretos realizados pelas transnacionais e pelos governos dos seus
ressentem-se da ausência de um projeto alternativo capaz de se contrapor países de origem. A partir de 1985 esses investimentos praticamente
ao neoliberalismo. triplicaram e vêm crescendo em ritmos mais acelerados do que o comércio
e a economia mundial.
Grandes mobilizações, como a greve na Coreia do Sul, a mobilização
dos mineiros alemães e dos trabalhadores franceses e belgas da Renault Por meio desses investimentos as transnacionais operam processos
revelam que os trabalhadores não estão dispostos a arcar com os custos de aquisição, fusão e terceirização segundo suas estratégias de controle
da globalização, e que é possível impor derrotas ao neoliberalismo. do mercado e da produção. A maior parte desses fluxos de investimentos
permanece concentrada nos países avançados, embora venha crescendo
As estratégias e os atuais modelos de organização sindical, criados a participação dos países em desenvolvimento nos últimos cinco anos. A
num período de fronteiras nacionais parcialmente protegidas, têm sido China e outros países asiáticos, são os principais receptores dos investi-
incapazes de enfrentar as transformações econômicas em curso. mentos direitos. O Brasil ocupa o segundo lugar dessa lista, onde desta-
cam-se os investimentos para aquisição de empresas privadas brasileiras
Principais tendências da globalização (COFAP, Metal Leve etc.) e nos programas de privatização, em particular
A crescente hegemonia do capital financeiro nos setores de infraestrutura.
O crescimento do sistema financeiro internacional constitui uma das
principais características da globalização. Um volume crescente de capital Liberalização e Regionalização do Comércio
acumulado é destinado à especulação propiciada pela desregulamentação O perfil altamente concentrado do comércio internacional também é
dos mercados financeiros. Nos últimos quinze anos o crescimento da indicativo do caráter excludente da globalização econômica. Cerca de 1/3
esfera financeira foi superior aos índices de crescimento dos investimentos, do comércio mundial é realizado entre as matrizes e filiais das empresas
do PIB e do comércio exterior dos países desenvolvidos. Isto significa que, transnacionais e 1/3 entre as próprias transnacionais. Os acordos concluí-
num contexto de desemprego crescente, miséria e exclusão social, um dos na Rodada Uruguai do GATT e a criação da OMC mostraram que a
volume cada vez maior do capital produtivo é destinado à especulação. liberação do comércio não resultou no seu equilíbrio, estando cada vez
mais concentrado entre os países desenvolvidos.
O setor financeiro passou a gozar de grande autonomia em relação
aos bancos centrais e instituições oficiais, ampliando o seu controle sobre A dinâmica do comércio no Mercosul traduz essa tendência. Na reali-
o setor produtivo. Fundos de pensão e de seguros passaram a operar dade a integração do comércio nessa região, a exemplo do que ocorre com
nesses mercados sem a intermediação das instituições financeiras oficiais. o Nafta e do que se planeja para a Alca em escala continental, tem favore-
O avanço das telecomunicações e da informática aumentou a capacidade cido sobretudo a atuação das empresas transnacionais, que constituem o
dos investidores realizarem transações em nível global. Cerca de 1,5 carro chefe da regionalização.
trilhão de dólares percorre as principais praças financeiras do planeta nas
24 horas do dia. Isso corresponde ao volume do comércio internacional em O aumento do comércio entre os países do Mercosul nos últimos cinco
um ano. anos foi da ordem de mais de 10 bilhões de dólares. Isto se deve em
grande parte às facilidades que os produtos e as empresas transnacionais
Da noite para o dia esses capitais voláteis podem fugir de um país pa- passaram a gozar com a eliminação das barreiras tarifárias no regime de
ra outro, produzindo imensos desequilíbrios financeiros e instabilidade união aduaneira incompleta que caracteriza o atual estágio do Mercosul.
política. A crise mexicana de 94/95 revelou as consequências da desregu-
No mesmo período, o Mercosul acumulou um déficit de mais de 5 bi-
lamentação financeira para os chamados mercados emergentes. Foram
lhões de dólares no seu comércio exterior. Este resultado reflete as conse-
necessários empréstimos da ordem de 38 bilhões de dólares para que os
quências negativas das políticas nacionais de estabilização monetária
EUA e o FMI evitassem a falência do Estado mexicano e o início de uma
ancoradas na valorização do câmbio e na abertura indiscriminada do
crise em cadeia do sistema financeiro internacional.
comércio externo praticadas pelos governos FHC e Menem.
Ao sair em socorro dos especuladores, o governo dos Estados Unidos O empenho das centrais sindicais para garantir os direitos sociais no
demonstrou quem são os seus verdadeiros parceiros no Nafta. Sob a interior desses mercados tem encontrado enormes resistências. As propos-
forma da recessão, do desemprego e do arrocho dos salários, os trabalha- tas do sindicalismo de adoção de uma Carta Social do Mercosul, de demo-
dores mexicanos prosseguem pagando a conta dessa aventura. Nos cratização dos fóruns de decisão, de fundos de reconversão produtiva e de
períodos "normais" a transferência de riquezas para o setor financeiro se qualificação profissional têm sido rechaçadas pelos governos e empresas
dá por meio do serviço da dívida pública, através da qual uma parte subs- transnacionais.
tancial dos orçamentos públicos são destinados para o pagamento das
dívidas contraídas junto aos especuladores. O governo FHC destinou para A liberalização do comércio e a abertura dos mercados nacionais têm
o pagamento de juros da dívida pública um pouco mais de 20 bilhões de produzido o acirramento da concorrência. A super exploração do trabalho é
dólares em 96. cada vez mais um instrumento dessa disputa. O trabalho infantil e o traba-
lho escravo são utilizados como vantagens comparativas na guerra comer-
Novo Papel das Empresas Transnacionais cial. Essa prática, conhecida como dumping (rebaixamento) social, consiste
As empresas transnacionais constituem o carro chefe da globalização. precisamente na violação de direitos fundamentais, utilizando a superex-
Essa empresas possuem atualmente um grau de liberdade inédito, que se ploração dos trabalhadores como vantagem comparativa na luta pela
manifesta na mobilidade do capital industrial, nos deslocamentos, na conquista de melhores posições no mercado mundial. Nesse contexto, as
terceirização e nas operações de aquisições e fusões. A globalização conquistas sindicais são apresentadas pelas empresas como um custo
remove as barreiras à livre circulação do capital, que hoje se encontra em adicional que precisa ser eliminado ("custo Brasil", "custo Alemanha" etc.).
condições de definir estratégias globais para a sua acumulação.
Os Impactos da Globalização para a América Latina
Essas estratégias são na verdade cada vez mais excludentes. O raio São distintos os impactos da globalização para os países da periferia
de ação das transnacionais se concentra na órbita dos países desenvolvi- do sistema capitalista. O grau de inserção desses países depende, em
dos e alguns poucos países periféricos que alcançaram certo estágio de grande parte, do estágio de desenvolvimento industrial alcançado até os
desenvolvimento. No entanto, o caráter setorial e diferenciado dessa anos oitenta, das perspectivas de crescimento do mercado interno e de
inserção tem implicado, por um lado, na constituição de ilhas de excelência condições políticas que vão se constituindo internamente. Isto vale para os
conectadas às empresas transnacionais e, por outro lado, na desindustria- países da América Latina, cujos governos se orientam pelas formas subor-
lização e o sucateamento de grande parte do parque industrial constituído dinadas de inserção preconizadas pelo chamado Consenso de Washing-
no período anterior por meio da substituição de importações. ton.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 143 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
A partir dos anos cinquenta, num contexto de políticas desenvolvimen-
tistas e populistas, consolida-se a divisão internacional do trabalho com a O declínio relativo da liderança econômica dos EUA no mundo
presença de empresas multinacionais operando em setores chaves da Combinada à crise econômica, verificam-se os desdobramentos do
estrutura produtiva de países como Brasil, México e Argentina. Desde declínio relativo da liderança econômica norte-americana no mundo capita-
então, as elites políticas e econômicas desses países aceitaram a condição lista, fenômeno decorrente do desenvolvimento desigual, que solapa as
de sócias minoritárias na condução do capitalismo associado e dependente bases da ordem internacional formalizada nos acordos de Bretton Woods e
da região. acirra os conflitos entre as grandes potências. A decadência dos EUA tem
sido acompanhada de uma ofensiva mais feroz por parte do Estado norte-
Por meio dessa associação com o capital estrangeiro a burguesia in- americano. Sinais disto são as leis Helms-Burtons e Amato, de alcance
dustrial abdicou de qualquer pretensão à hegemonia na condução do extraterritoriais, contra multinacionais instaladas em Cuba, Irã e Líbia ou
desenvolvimento nacional, aceitando um papel subalterno na dinâmica do comércio com estes países - que geraram uma oposição enérgica de
capitalismo dependente. O desenvolvimento industrial alcançado pela outras potências, principalmente na Europa; crescentes retaliações comer-
associação com o capital externo foi acompanhado de um padrão de ciais contra concorrentes; divergências em torno da constituição da Alca e
financiamento que aprofundou a dependência desses países. Os emprés- ainda o processo de desertificação de países latino-americanos sob o
timos externos dos anos setenta resultaram no pesadelo da crise da dívida pretexto de que não aplicam corretamente a hipócrita política anti-droga
externa dos anos 80, provocada pelo aumento das taxas de juros interna- americana. São iniciativas que só se explicam pela pretensão dos EUA se
cionais impostos pelos EUA. transformarem no árbitro e polícia do planeta, fazendo da sua própria
vontade e interesses os critérios de julgamento político e moral do univer-
O resultado mais dramático da crise da economia capitalista é o cres- so, num movimento que contraria sua decadência econômica relativamente
cimento extraordinário do desemprego, fenômeno motivado por duas às outras potências capitalistas e vai criando novas contradições geopolíti-
causas básicas: o progressivo declínio das taxas de crescimento econômi- cas. As declarações do presidente francês, Jacques Chirac, durante sua
co aliado ao desenvolvimento tecnológico com aplicação condicionada visita ao Brasil e AL, são sintomáticas das contradições que emergem com
pelas relações de produção características de tal sistema. O problema não o declínio relativo dos EUA e de redefinições de alianças que estão em
é só social, mas sobretudo econômico. Revela a crescente ineficiência curso. A CUT tem o dever de denunciar a crescente arrogância e agressi-
capitalista na utilização dos recursos colocados à disposição da humanida- vidade do imperialismo norte-americano.
de pelo progresso das forças produtivas. Neste contexto, cresce a impor-
tância da luta em defesa do emprego e pela redução da jornada de traba- Os desequilíbrios da economia norte-americana - que no ano de glória
lho. O proletariado europeu vem organizando e realizando grandes e e prosperidade de 1996 registrou o maior déficit no comércio de bens
poderosos movimentos neste sentido, num exemplo que merece ser segui- mercadorias com o exterior, superior a 180 bilhões de dólares, ao lado de
do pelos trabalhadores do chamado Terceiro Mundo. um rombo nas contas correntes em torno de US$ 170 bilhões - têm grande
repercussão econômica em todo o globo, uma vez que a necessidade de
Os governos neoliberais dizem que o custo do trabalho e as conquis- financiamento externo dos débitos influencia poderosamente o fluxo inter-
tas históricas dos trabalhadores são as causas do desemprego. Buscam nacional de capitais. É bom lembrar que durante o ano de 1994, cujo final
eliminar essas conquistas por meio da flexibilização da legislação trabalhis- foi agitado pela crise cambial mexicana (num dezembro de pânico), ocorre-
ta. O argumento é completamente mentiroso: a Espanha e a Argentina ram sete elevações das taxas de juros dos EUA. Novas altas dos juros
foram os países que mais avançaram na flexibilização e as taxas de de- norte-americanos influenciam imediatamente a capacidade de atração de
semprego, ao invés de cair, estão por volta de 20% da população ativa. capitais pelos países periféricos, assim como o custo dos empréstimos
contraídos no exterior e a política de juros no interior desses países (a
As transformações no mundo do trabalho indicam claramente as gran- decisão do Banco Central de manter para maio a mesma Taxa Básica do
des dificuldades colocadas para um sindicalismo baseado exclusivamente BC - TBC -, interrompendo a política de redução gradual dos juros que
nos setores tradicionais. A organização dos desempregados, dos trabalha- vinha implementando desde setembro de 1996, foi motivada pela expecta-
dores informais, das mulheres, que ingressam no mercado de trabalho em tiva de elevação das taxas norte-americanas. A repercussão de tal decisão
condições ainda mais precárias do que os homens, e de contingentes cada sobre a dívida interna será bem negativa). Também é importante observar,
vez mais amplos de excluídos, representa um desafio crucial para o futuro pois é mais um significativo sinal da crise do imperialismo, o avanço da
do sindicalismo. extrema-direita - é um fenômeno que se observa em vários países, sobre-
tudo na Europa e com mais ênfase na França (medidas e leis de intolerân-
A precarização dos contratos de trabalho (tempo parcial, tempo deter- cia contra imigrantes, por iniciativa do governo e das forças conservadoras;
minado), o aumento das jornadas, a rotatividade, a informalidade, a redu- avanço eleitoral da Frente Nacional de Le Pen ), mostrando que uma das
ção dos salários e a deterioração das condições de trabalho são outras alternativas com que as classes dominantes vêm acenando é este, o do
tantas formas de ataque aos trabalhadores. Em razão destes ataques, o obscurantismo, do neofascismo (ou algo parecido). Os trabalhadores e as
perfil do mercado de trabalho nos países desenvolvidos e em desenvolvi- personalidades democráticas da sociedade não podem observar com
mento começa apresentar semelhanças (o crescimento do desemprego passividade este fenômeno, como se expressasse acontecimentos sem
nos países do G-7 é um fenômeno quase generalizado, como podemos maior importância. Vai ficando claro que neoliberalismo não combina com
comprovar na tabela abaixo). democracia.
O novo padrão de acumulação pressupõe a destruição das conquistas
GLOBALIZAÇÃO E MEIO AMBIENTE
trabalhistas obtidas no período anterior. Os ataques à organização sindical, José de Sena Pereira Jr.
ao contrato de trabalho e às negociações coletivas vêm se tornando cada
vez mais intensos, ampliando a violência dos confrontos sociais e resultan- Abertura de mercados ao comércio internacional, migração de capitais,
do em grandes mobilizações sindicais, como demonstram as greves gerais uniformização e expansão tecnológica, tudo isso, capitaneado por uma
da França, Brasil e Coreia do Sul. frenética expansão dos meios de comunicação, parecem ser forças incon-
troláveis a mudar hábitos e conceitos, procedimentos e instituições. Nosso
Estruturados numa fase de economias nacionais reguladas, mercados
mundo aparenta estar cada vez menor, mais restrito, com todos os seus
parcialmente protegidos e padrões de organização tradicionais, os sindica-
cantos explorados e expostos à curiosidade e à ação humana. É a globali-
tos têm encontrado enormes dificuldades para combater os efeitos da
zação em seu sentido mais amplo, cujos reflexos se fazem sentir nos
globalização.
aspectos mais diversos de nossa vida.
Apesar da crise, as perspectivas são muito maiores para uma ação in-
ternacional da classe trabalhadora, com vistas a realização de ações As circunstâncias atuais parecem indicar que a globalização da eco-
articuladas em torno de objetivos comuns. A uniformização das estratégias nomia, com todas as suas consequências sociais e culturais, é um fenô-
empresarias e os ataques aos trabalhadores produz reações nacionais que meno que, no mínimo, irá durar. O fim da bipolaridade ideológica no cená-
devem ser canalizadas pelo movimento sindical internacional para a pro- rio internacional, a saturação dos mercados dos países mais ricos e a ação
moção de campanhas mundiais. dos meios de comunicação, aliados a um crescente fortalecimento do

Ciências Humanas e suas Tecnologias 144 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
poder das corporações e inversa redução do poder estatal (pelo menos nos A medida mais eficaz para evitar ou minimizar os efeitos deletérios
países que não constituem potências de primeira ordem) são apenas dessas e de outras consequências da globalização sobre o meio ambiente
alguns dos fatores que permitem esse prognóstico. O meio ambiente, em seria a adoção, por todos os países, de legislações ambientais com níveis
todos os seus componentes, tem sido e continuará cada vez mais sendo equivalentes de exigências. O fortalecimento das instituições de meio
afetado pelo processo de globalização da economia. ambiente, principalmente dos órgãos encarregados de implementar e
manter o cumprimento das leis, é igualmente fundamental. Para isto,
Os impactos da globalização da economia sobre o meio ambiente de- seriam necessárias, além de ações dos governos dos países em desenvol-
correm principalmente de seus efeitos sobre os sistemas produtivos e vimento, assistência econômica e técnica das nações mais ricas.
sobre os hábitos de consumo das populações. Alguns desses efeitos têm
sido negativos e outros, positivos. Estas são preocupações expressas em vários documentos, como a
Agenda 21, resultante da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Está havendo claramente uma redistribuição das funções econômicas Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992. No
no mundo. Um mesmo produto final é feito com materiais, peças e compo- entanto, interesses econômicos imediatos, aliados ao grave problema do
nentes produzidos em várias partes do planeta. Produzem-se os compo- desemprego, que hoje assola boa parte do mundo, têm dificultado o avan-
nentes onde os custos são mais adequados. E os fatores que implicam os ço de acordos e ações efetivas nesse sentido.
custos de produção incluem as exigências ambientais do país em que está
instalada a fábrica. Este fato tem provocado em muitos casos um processo A globalização da economia, pelo menos na fase de transição que im-
de "migração" industrial. Indústrias são rapidamente montadas em locais põe a todos os países, cria um contingente de mão-de-obra desativada, via
onde fatores como disponibilidade de mão-de-obra, salários, impostos, eliminação de empregos em setores nos quais o país não consegue com-
facilidades de transporte e exigências ambientais, entre outros, permitem a petir. O estímulo à mecanização da agricultura, dispensando mão-de-obra,
otimização de custos. Como a produção de componentes é feita em escala por outro lado, acelera o êxodo rural. Essa massa de excluídos do proces-
global, alimentando indústrias de montagem em várias partes do mundo, so de integração da economia acaba por provocar grave degradação
pequenas variações de custos produzem, no final, notáveis resultados ambiental, principalmente no ambiente urbano, criando invasões de áreas
financeiros. não urbanizadas e favelas. A degradação do ambiente urbano - destruição
de atributos naturais, poluição da água, perturbações da segurança e da
O processo de migração industrial, envolvendo fábricas de componen- saúde pública, prejuízos na estética urbana, etc.- resulta na perda da
tes e materiais básicos, pode ser notado facilmente nos países do Sudeste qualidade de vida, tanto dos novos como dos antigos moradores urbanos.
Asiático e, mais recentemente, na América Latina. São conhecidas as O ressurgimento de epidemias e endemias supostas extintas é um dos
preocupações dos sindicatos norte-americanos com a mudança de plantas ângulos mais visíveis desta questão.
industriais - notadamente da indústria química - para a margem sul do Rio
Grande. O fortalecimento da siderurgia brasileira, além, é claro, de favorá- Para uma transição menos traumática para uma economia globalizada,
veis condições de disponibilidade de matéria-prima, pode ser, em parte, a sociedade deveria estar disposta e preparada para prover condições
creditado a esse fenômeno. mínimas de subsistência aos que, provisória ou definitivamente, não se
adaptassem às novas condições de acesso ao mercado de trabalho globa-
Há uma clara tendência, na economia mundial, de concentrar-se nos lizado. Seria o preço a pagar pela tranquilidade pública, por usufruir os
países mais desenvolvidos atividades mais ligadas ao desenvolvimento de benefícios materiais que a nova ordem econômica pode trazer àqueles
tecnologias, à engenharia de produtos e à comercialização. Por outro lado, mais aptos a obter os bens de consumo, o luxo, a comodidade e o conforto
a atividade de produção, mesmo com níveis altos de automação, tenderá a material que o sistema capitalista pode prover. Sem essa disposição da
concentrar-se nos países menos desenvolvidos, onde são mais baratos a sociedade em dividir resultados, o meio ambiente como um todo sofrerá
mão-de-obra e o solo e são contornadas, com menores custos, as exigên- graves consequências, afetando profundamente nossas vidas e compro-
cias de proteção ao meio ambiente. metendo o nosso futuro.

Essa tendência poderá mascarar o cumprimento de metas de redução Mas a globalização da economia oferece também perspectivas positi-
da produção de gases decorrentes da queima de combustíveis fósseis, vas para o meio ambiente. Até pouco tempo era comum a manutenção, até
agravadores do "efeito estufa", pois a diminuição das emissões nos países por empresas multinacionais, de tecnologias ultrapassadas em países mais
mais ricos poderá ser anulada com o seu crescimento nos países em pobres e com consumidores menos exigentes. A escala global de produção
processo de industrialização. tem tornado desinteressante, sob o ponto de vista econômico, esta prática.
É o caso, por exemplo, dos automóveis brasileiros. Enquanto a injeção
Outro fator que tem exercido pressão negativa sobre o meio ambiente eletrônica era equipamento comum na maior parte do mundo, por aqui
e que tem crescido com a globalização da economia é o comércio interna- fabricavam-se motores carburados, de baixa eficiência e com elevados
cional de produtos naturais, como madeiras nobres e derivados de animais. índices de emissão de poluentes. Com a abertura do mercado brasileiro
Este comércio tem provocado sérios danos ao meio ambiente e colocado aos automóveis importados, ocorrida no início desta década, a indústria
em risco a preservação de ecossistemas inteiros. automobilística aqui instalada teve que se mover. Rapidamente, passou-se
a utilizar os mesmos motores e os mesmos modelos de carrocerias usadas
A existência de um mercado de dimensões globais, com poder aquisi- nos países de origem das montadoras. É claro que isto causou impacto
tivo elevado e gostos sofisticados, é responsável por boa parte do avanço sobre a indústria nacional de autopeças, pois uma grande quantidade de
da devastação das florestas tropicais e equatoriais na Malásia, Indonésia, componentes, principalmente os mais ligados à eletrônica, passaram a ser
África e, mais recentemente, na América do Sul. A tradicional medicina importados, o que antes não era possível, dado o caráter fechado que até
chinesa, em cuja clientela se incluem ricos de todo o mundo, estimula a então dominava o nosso mercado interno.
caça de exemplares remanescentes de tigres, rinocerontes e outros ani-
mais em vias de extinção. Mercados globalizados facilitam o trânsito des- Os efeitos sobre a emissão de poluentes dos veículos foi notável. Da-
sas mercadorias, cujos altos preços estimulam populações tradicionais a dos da CETESB e da ANFAVEA mostram que os automóveis fabricados
cometerem, inocentemente, crimes contra a natureza. em 1996 emitem cerca de um décimo da quantidade de poluentes que
emitiam os modelos fabricados em meados da década de 80. Os efeitos
Na agricultura e na pecuária, a facilidade de importação e exportação
não são ainda notados na qualidade do ar das grandes cidades, porque a
pode levar ao uso, em países com legislação ambiental pouco restritiva ou
maior parte da frota de veículos em circulação é antiga, com sistemas
fiscalização deficiente, de produtos químicos e técnicas lesivas ao meio
precários de regulagem de motores.
ambiente, mas que proporcionam elevada produtividade a custos baixos. É
o caso, por exemplo, de determinados agrotóxicos que, mesmo retirados
O mesmo efeito sentido na indústria automobilística estende-se a uma
de uso em países mais desenvolvidos, continuam a ser utilizados em
gama de outros produtos, como os eletrodomésticos. A globalização da
países onde não existem sistemas eficientes de registro e controle. Os
produção industrial está levando à rápida substituição do CFC, em refrige-
produtos agrícolas e pecuários fabricados graças a esses insumos irão
radores e aparelhos de ar condicionado, por gases que não afetam a
concorrer deslealmente com a produção de outros países.
Ciências Humanas e suas Tecnologias 145 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
camada de ozônio. Isto está ocorrendo em todos os países, pois não é insegurança coletiva com todas as suas mazelas, em particular, o senti-
interessante, economicamente, a manutenção de linhas de produção de mento de impotência, a violência, a tribalização e as alienações de fundo
artigos diferenciados de acordo com os países que os vão receber. místico ou similares. No momento presente, inexistem abordagens racio-
nais e projetos alternativos para as misérias sociais, o que alimenta irracio-
Outro efeito positivo da globalização da economia sobre o meio ambi- nalismos à solta.
ente é a criação de uma indústria e de um mercado ligados à proteção e
recuperação ambiental. Nesta lista incluem-se equipamentos de controle A informação mundializada de nossos dias não é exatamente troca: é
da poluição, sistemas de coleta, tratamento e reciclagem de resíduos a sutil imposição da hegemonia ideológica das elites. Cria a aparência de
sólidos e líquidos, inclusive lixo e esgoto urbanos, e novas técnicas de semelhança num mundo heterogêneo - em qualquer lugar, vemos o mes-
produção. São setores que movimentam fortes interesses econômicos, os mo McDonald`s, o mesmo Ford Motors, a mesma Mitsubishi, a mesma
quais acabam por influenciar os poderes públicos para que as leis ambien- Shell, a mesma Siemens. A mesma informação para fabricar os mesmos
tais sejam mais exigentes e haja instituições mais eficientes para torná-las informados. Massificação da informação na era do consumo seletivo.
efetivas.
Via informação, as elites (por que não dizer: classes dominantes?)
GLOBALIZAÇÃO - A HISTÓRIA INTERATIVA controlam os negócios, fixam regras civilizadas para suas competições e
Luiz Roberto Lopez concorrências e vendem a imagem de um mundo antisséptico, eficiente e
Prof. do IFCH/UFRG envernizado. A alta tecnologia, que deveria servir à felicidade coletiva, está
Historiógrafo da SEDAC/RS servindo a exclusão da maioria. Assim, não adianta muito exaltar as con-
quistas tecnológicas crescentes - importa questionar a que - e a quem -
Globalização implica uniformização de padrões econômicos e culturais elas servem. A informação global é a manipulação da informação para
em Âmbito mundial. Historicamente, ela tem sido indissociável de conceitos servir aos que controlam a economia global. E controle é dominação.
como hegemonia e dominação, da qual foi, sempre, a inevitável e previsí- Paralelamente à exclusão social, temos o individualismo narcisístico, a
vel consequência. O termo globalização e os que o antecederam, no correr ideologia da humanidade descartável, o que favorece a cultura do efêmero,
dos tempos, definem-se a partir de uma verdade mais profunda, isto é, a do transitório - da moda. De resto, se o trabalho foi tornado desimportante
apropriação de riquezas do mundo com a decorrente implantação de no imaginário social, ofuscado pelo brilho da tecnologia e das propagandas
sistemas de poder. que escondem o trabalho social detrás de um produto lustroso, pronto para
ser consumido, nada mais lógico que desvalorizar o trabalhador - e, por
A tendência histórica à globalização - fiquemos com o termo atual - é extensão, a própria condição humana. Ou será possível desligar trabalho e
um fenômeno que, no Ocidente moderno, tem suas raízes na era do Re- humanidade?
nascimento e das Grandes Navegações, quando a Europa emergiu de
seus casulos feudais. Paralelamente no início da globalização, traduzida na É a serviço do interesse de minorias que está a globalização da infor-
europeização da América, tivemos a criação da imprensa (1455). À tecno- mação. Ela difunde modas e beneficia o consumo rápido do descartável - e
logia que permitiu ao europeu expandir a sua civilização, correspondeu a o modismo frenético e desenfreado é imperativo às grandes empresas,
tecnologia que lhe possibilitou expandir a informação. nesta época pós- keynesiana, em que, ao consumo de massas, sucedeu a
ênfase no consumo seletivo de bens descartáveis. Cumpre à informação
Até a Revolução Industrial, no entanto, o processo de globalização foi globalizada vender a legitimidade de tudo isso, impondo padrões uniformes
acanhado - pouco afetou Ásia e África. Resultava mecanismos predatórios de cultura, valores e comportamentos - até no ser "diferente" (diferente na
e ainda incipientes da apropriação. Com a Revolução Industrial e a libera- aparência para continuar igual no fundo). Por suposto, os padrões de
ção do Capitalismo para suas plenas possibilidades de expansão, a globa- consumo e alienação, devidamente estandartizados, servem ao tédio do
lização deu um salto qualitativo e significativo. urbanóide pós-moderno.

Para entender este salto, é preciso ter presente que ;é intrínseco ao Nunca fomos tão informados. Mas nunca a informação foi tão direcio-
Capitalismo a apropriação e, por suposto, a expansão. A ampliação dos nada e controlada. A multipliciade estonteante de informações oculta a
espaços de lucro conduziu à globalização. O mundo passou a ser visto realidade de sua monotonia essencial - a democratização da informação é
como uma referência para obtenção de mercados, locais de investimento e aparente, tal como a variedade. No fundo, tudo igual. Estamos - e tal é a
fontes de matérias-primas. Num primeiro momento, a globalização foi pergunta principal - melhor informados? Controlada pelas elites que conhe-
também o espaço para o exercício de rivalidades inter-capitalistas e daí cemos, a informação globalizada é instrumento de domesticação social.
resultaram duas guerras mundiais. Simultaneamente à globalização da
apropriação e da opressão, tentou-se a globalização dos oprimidos, o que BLOCO ECONÔMICO
levou ao surgimento das Internacionais de trabalhadores. Imaturos para se Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
unirem e cooptados pelas rivalidades dos opressores, os oprimidos não
conseguiram criar uniões duradouras e estáveis. Blocos Econômicos são reuniões de países que têm como objetivo a
integração econômica e/ou social. Podem ser classificados em quatro
Ao longo do século XX, a globalização do capital foi conduzindo à glo- categorias distintas:
balização da informação e dos padrões culturais e de consumo. Isso de-  Áreas ou Zonas de Livre Comércio
veu-se não apenas ao progresso tecnológico, intrínseco à Revolução  Uniões Aduaneiras
Industrial, mas - e sobretudo - ao imperativo dos negócios. A tremenda  Mercados Comuns
crise de 1929 teve tamanha amplitude justamente por ser resultado de um  União Monetária
mundo globalizado, ou seja, ocidentalizado, face à expansão do Capitalis-
mo. E o papel da informação mundializada foi decisivo na mundialização Essa classificação remete às diversas etapas do desenvolvimento dos
do pânico. blocos econômicos que, em sua origem, pode ser associada ao
estabelecimento da Comunidade Econômica do Carvão e do Aço (CECA)
Ao entrarmos nos anos 80/90, o Capitalismo, definitivamente hegemô- pela Alemanha Ocidental, Bélgica, França, Holanda, Itália e Luxemburgo
nico com a ruína do chamado Socialismo Real, ingressou na etapa de sua em 1956. Essa organização seria a base do que futuramente constituiu a
total euforia triunfalista, sob o rótulo de Neo-Liberalismo. Tais são os União Europeia.
nossos tempos de palavras perfumadas: reengenharia, privatização, eco- Adam Smith já havia percebido que a divisão do trabalho é a razão do
nomia de mercado, modernidade e - metáfora do imperialismo - globaliza- aperfeiçoamento econômico por permitir uma maior produtividade do
ção. A classe trabalhadora, debilitada por causa do desemprego, resultante trabalho. Um fenômeno semelhante ocorre com os países, caracterizando
do maciço investimento tecnológico, ou está jogada no desamparo , ou foi a moderna Divisão Internacional do Trabalho (DIT). Por essa ótica, a
absorvida pelo setor de serviços, uma economia fluida e que não permite a melhor forma de garantir a prosperidade das nações é o livre comércio de
formação de uma consciência de classe. O desemprego e o sucateamento bens e serviços, de modo a cada área produzir aquilo em que obtém a
das conquistas sociais de outros tempos, duramente obtidas, geram a melhor produtividade marginal.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 146 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Os blocos econômicos surgiram nesse contexto com o propósito de O Mercado Comum do Sul (Mercosul) foi criado em 26/03/1991 com a
permitir uma maior integração econômica dos países membros visando um assinatura do Tratado de Assunção no Paraguai. Os membros deste
aumento da prosperidade geral. importante bloco econômico do América do Sul são os seguintes países:
Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela (entrou em julho de
A fase inicial caracteriza-se, normalmente, pela constituição de uma 2006).
Área de Livre Comércio, que tem como objetivo a isenção das tarifas de
importação de produtos entre os países membros. Deste modo, um artigo Embora tenha sido criado apenas em 1991, os esboços deste acordo
produzido num país poderá ser vendido noutro sem quaisquer datam da década de 1980, quando Brasil e Argentina assinaram vários
impedimentos fiscais, respeitando-se apenas as normas sanitárias ou acordos comerciais com o objetivo de integração. Chile, Equador, Colôm-
outras legislações restritivas que eventualmente apareçam. bia, Peru e Bolívia poderão entrar neste bloco econômico, pois assinaram
tratados comerciais e já estão organizando suas economias para tanto.
Numa União Aduaneira, os objetivos são mais amplos, abrangendo a Participam até o momento como países associados ao Mercosul.
criação de regras comuns de comércio com países exteriores ao bloco.
No ano de 1995, foi instalada a zona de livre comércio entre os países
O Mercado Comum implica numa integração econômica mais membros. A partir deste ano, cerca de 90% das mercadorias produzidas
profunda, com a adoção das mesmas normas de comércio interno e nos países membros podem ser comercializadas sem tarifas comerciais.
externo, unificando as economias e, num estágio mais avançado, as Alguns produtos não entraram neste acordo e possuem tarifação especial
moedas e instituições. por serem considerados estratégicos ou por aguardarem legislação comer-
cial específica.
A falha principal deste modo de encarar o surgimento e
desenvolvimento dos blocos econômicos é o fato de que ela induz, a partir Em julho de 1999, um importante passo foi dado no sentido de integra-
de um caso específico (a União Europeia), as etapas de desenvolvimento ção econômica entre os países membros. Estabelece-se um plano de
pelas quais outros blocos econômicos haveriam de passar. A própria uniformização de taxas de juros, índice de déficit e taxas de inflação.
história de alguns blocos econômicos aponta, entretanto, num sentido Futuramente, há planos para a adoção de uma moeda única, a exemplo do
oposto, mostrando que ao invés de uma regra, o caso da União Europeia fez o Mercado Comum Europeu.
consiste numa exceção. Exemplos são abundantes, como o caso da União
Africana bem ilustra, ou ainda o Mercosul. Atualmente, os países do Mercosul juntos concentram uma população
estimada em 311 milhões de habitantes e um PIB (Produto Interno Bruto)
Alguns blocos econômicos de aproximadamente 2 trilhões de dólares.
 ALBA - Alternativa Bolivariana para as Américas
 ALCA - Área de Livre Comércio das Américas Os conflitos comerciais entre Brasil e Argentina
 APEC - Asia-Pacific Economic Cooperation As duas maiores economias do Mercosul enfrentam algumas dificulda-
 ASEAN - Associação das Nações do Sudeste Asiático des nas relações comerciais. A Argentina está impondo algumas barreiras
 Comunidade Andina de Nações no setor automobilístico e da linha branca (geladeiras, micro-ondas, fo-
 SADC - Comunidade de Desenvolvimento da África Austral gões), pois a livre entrada dos produtos brasileiros está dificultando o
 ALCOM - Acordo de Livre Comércio do Oriente Médio. crescimento destes setores na Argentina.
 Mercosul - Mercado Comum do Sul
Na área agrícola também ocorrem dificuldades de integração, pois os
 NAFTA - North America Free Trade Agreement
argentinos alegam que o governo brasileiro oferece subsídios aos produto-
 União Europeia res de açúcar. Desta forma, o produto chegaria ao mercado argentino a um
 União de Nações Sul-Americanas preço muito competitivo, prejudicando o produtor e o comércio argentino.
 Tigres asiáticos
 Associação Latino-Americana de Integração Em 1999, o Brasil recorreu à OMC (Organização Mundial do Comér-
 CARICOM - Comunidade do Caribe cio), pois a Argentina estabeleceu barreiras aos tecidos de algodão e lã
 Mercado Comum Centro-Americano produzidos no Brasil. No mesmo ano, a Argentina começa a exigir selo de
 Associação Europeia de Livre Comércio qualidade nos calçados vindos do Brasil. Esta medida visava prejudicar a
 Comunidade dos Estados Independentes entrada de calçados brasileiros no mercado argentino.

MERCOSUL Estas dificuldades estão sendo discutidas e os governos estão cami-


Economia do Mercosul, blocos econômicos, objetivos, dificulda- nhando e negociando no sentido de superar barreiras e fazer com que o
des do Mercosul, comércio internacional, globalização, o Brasil e o bloco econômico funcione plenamente.
Mercosul, países do Mercosul, Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai,
Venezuela Conclusão
Espera-se que o Mercosul supere suas dificuldades e comece a funci-
onar plenamente e possibilite a entrada de novos parceiros da América do
Sul. Esta integração econômica, bem sucedida, aumentaria o desenvolvi-
mento econômico nos países membros, além de facilitar as relações co-
merciais entre o Mercosul e outros blocos econômicos, como o NAFTA e a
União Europeia. Economistas renomados afirmam que, muito em breve,
dentro desta economia globalizada as relações comerciais não mais acon-
tecerão entre países, mas sim entre blocos econômicos. Participar de um
bloco econômico forte será de extrema importância para o Brasil.
http://www.suapesquisa.com/mercosul/

CONTINENTE
Na grande massa dos oceanos, que cobrem cerca de setenta por cen-
to da superfície da Terra, aparecem aqui e ali territórios contínuos que, por
sua extensão, não podem ser considerados ilhas: são os continentes.
A denominação das massas continentais difere de acordo com os cri-
Mapa do Mercosul térios adotados: físicos, culturais, políticos ou históricos. A divisão física

Ciências Humanas e suas Tecnologias 147 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
mais disseminada define cinco continentes: Eurásia, África, América, O continente de Gonduana teria começado a fraturar-se no fim do pe-
Antártica e Austrália. Entretanto, critérios culturais fizeram com que a ríodo triásico (era mesozóica), com a separação de Madagascar do conjun-
Europa fosse considerada um continente separado da Ásia, assim como a to africano, e continuou a partir-se durante o jurássico, com a separação
América do Norte da América do Sul, e que se caracterizasse a união da entre a Índia peninsular e a Austrália. No fim do período cretáceo, separa-
Austrália com as ilhas do Pacífico para formar a Oceania. ram-se a África e a América do Sul; e no princípio do período terciário, com
a formação do mar Vermelho, a Arábia se desligou da África; também se
Do ponto de vista histórico, Europa, Ásia e África constituem o Velho formaram as depressões correspondentes aos oceanos Atlântico e Índico,
Mundo. Essa classificação se baseia na união geográfica real entre as três que seriam, portanto, mais recentes que o Pacífico.
massas de terra: Ásia e Europa (Eurásia), ligadas pelo mar Negro, o Cáu-
caso, o mar Cáspio e a cordilheira dos Urais, enquanto África e Ásia se A primeira explicação geral acerca da formação e da evolução dos
comunicam pelo istmo de Suez. O Novo Mundo agrupa os dois subconti- continentes é a da deriva continental, proposta em 1912 pelo geólogo
nentes americanos unidos pelo istmo do Panamá; e o Novíssimo Mundo alemão Alfred Wegener. Explica a evolução da superfície terrestre a partir
(Oceania) reúne a grande ilha australiana com Tasmânia, Nova Guiné e os da diferença de massa existente entre os continentes, que têm altitude
arquipélagos da Melanésia, Micronésia e Polinésia. média de 700m, e o fundo dos oceanos, cuja profundidade média é de
3.800m. Ao comprovar que as massas continentais são mais leves que o
Características estruturais. Os dois hemisférios em que se divide a fundo dos mares, formado de sima (silício e magnésio), Wegener aventou
Terra apresentam grande desproporção quanto ao espaço oceânico e o a hipótese de que os continentes flutuavam sobre os oceanos.
continental. Dos cerca de 145 milhões de quilômetros quadrados ocupados
pelos continentes, mais de dois terços ficam no hemisfério norte, e menos Segundo Wegener, durante a era paleozóica uma espécie de gigan-
de 45 milhões no hemisfério sul. Essa desproporção provém de que, no tesca "embarcação" única, a Pangeia, flutuava sobre o sima. Mais tarde,
hemisfério boreal (norte), os continentes vão ficando mais extensos à pela ação da força centrífuga originada da rotação da Terra, essa "balsa"
medida que se aproximam do círculo polar, enquanto no hemisfério austral primitiva se fracionou e cada um dos pedaços passou a constituir um dos
(sul), as massas continentais tendem a estreitar-se na direção sul. Dessa escudos atualmente conhecidos. Desta forma, ainda se pode perceber,
forma, a extremidade meridional da América ultrapassa em pouco a latitude graças à forma quase idêntica dos respectivos litorais, a fratura em forma
de 50o sul, que no hemisfério norte corresponde ao Canadá e ao centro da de "S" que separa a África da América do Sul, a partir do período terciário.
Europa e da Ásia. Da mesma forma, a superfície dos mares no hemisfério Os continentes teriam migrado para oeste por uma lenta translação, a
norte é bem menor que a dos continentes, enquanto no sul ocorre uma deriva continental, no decorrer da qual os escudos continentais teriam
desproporção de 8,5 para 1 a favor dos mares. Esta oposição entre a terra perdido fragmentos de sua parte posterior; assim, a Nova Zelândia, Mada-
firme e o oceano constitui um dos traços fundamentais da estrutura da gascar ou as Antilhas seriam partes que se desprenderam dos respectivos
superfície do planeta, da qual os continentes ocupam apenas cerca de três continentes.
décimos. Estrutura dos continentes. Os continentes apresentam estrutura formal
variada. A África é o continente mais maciço. De forma trapezoidal no norte
A tendência dos continentes a terminar em ponta em sua extremidade e triangular no sul, tem poucas ilhas e penínsulas. Estende-se do cabo
sul, se observa sobretudo na África e América do Sul, mas também em Branco (37o de latitude N) ao das Agulhas (34o de latitude S). Devido a
muitas penínsulas (Kamchatka, Coreia, Indochina, Hindustão, Arábia). sua localização, dois terços de seu território se encontram em latitudes
A zona de contato entre mares e continentes é muito variada. Em al- tropicais. Limita-se ao norte com o mar Mediterrâneo, a leste com o mar
guns pontos das costas, a superfície do terreno desce bruscamente ao Vermelho e a oeste com o Atlântico. Os estreitos de Bab al-Mandab (27km
penetrar no mar, de modo que, a pouca distância do litoral, a profundidade de largura) e Gibraltar (13km) separam a África, respectivamente, da Ásia
já é muito grande. Em outros lugares, existe uma larga faixa marinha de e da Europa.
pouca profundidade, inferior a 200m; nesses, as massas submersas fazem A América situa-se a grande distância do resto das massas continen-
parte dos continentes e denominam-se plataformas continentais. Estão tais. Estende-se por aproximadamente metade da circunferência terrestre,
separadas das grandes profundidades pelo talude continental, de declives do cabo Barrow (72o de latitude N), ao cabo Horn, na Terra do Fogo (52o
muito acentuados, e têm dimensões variáveis, com largura média de de latitude S). Entre esses dois pontos há mais de 14.000km de distância.
noventa quilômetros. A América limita-se ao norte com o oceano Glacial Ártico e o estreito de
Bering -- que a separa da Ásia -- a oeste com o Pacífico e a leste com o
As áreas continentais apresentam altitude média relativamente modes-
Atlântico.
ta, embora algumas cordilheiras se elevem a milhares de metros acima do
nível do mar. Se os continentes, conservadas suas dimensões, se trans- A Ásia é a maior massa continental do planeta. Caracterizada por seus
formassem em superfície plana, sua altitude média se reduziria para cerca grandes contrastes, nela tudo adquire proporções desmesuradas: das
de 700m. montanhas mais elevadas da Terra às maiores depressões, e dos desola-
dos desertos às mais densas selvas. Limita-se ao norte com o oceano
Evolução dos continentes. As massas terrestres passaram e passam Glacial Ártico, ao sul com o Índico, a leste com o Pacífico e a oeste com a
ainda por grandes transformações. Em épocas geológicas anteriores, a Europa e os mares Vermelho, Mediterrâneo e Negro. O conjunto de sua
distribuição de mares e continentes era muito diferente da atual. As pes- massa terrestre está situado no hemisfério norte, entre os paralelos 77o e
quisas demonstram vários fatos: primeiro, que a história dos continentes 1o.
registra numerosos deslocamentos, elevações e abatimentos; segundo,
que não existe na Terra nenhuma zona que não tenha estado em algum A Europa é o continente das grandes planícies, com altitude média de
momento coberta pelo mar; terceiro, que as forças erosivas desgastam 375m. Estende-se dos 36o aos 71o de latitude N. Sua situação é particu-
continuamente a superfície, de tal modo que, se não houvesse elevações, larmente favorável para a vida humana, pois quase todo o continente fica
os continentes desapareceriam, cobertos pelo mar; e quarto, que muitas dentro da zona temperada. Limita-se ao norte com o oceano Glacial Ártico,
terras emergiram em época relativamente recente. ao sul com o Mediterrâneo, a oeste com o Atlântico e a leste com a Ásia
(cordilheira dos Urais e do Cáucaso).
Estudos de geologia, zoologia e botânica levantam a hipótese de que
algumas depressões, hoje cobertas pelo mar, devem ter constituído, em A Oceania é um continente composto por um rosário de ilhas (mais de
outros tempos, extensos continentes. Há várias teorias sobre a origem e a dez mil), de todas as dimensões, espalhadas pelo oceano Pacífico, entre o
formação da superfície terrestre. Uma das mais difundidas propõe que do velho e o novo mundos. À exceção da Austrália, as ilhas apresentam em
período carbonífero (era paleozóica) até o começo do período terciário (era geral uma topografia muito montanhosa de origem vulcânica. A Oceania é
cenozóica), a Europa esteve unida à América do Norte; e que no hemisfé- constituída pelos restos de um continente primitivo, parcialmente submer-
rio sul existia um grande continente, denominado Gonduana, que compre- so, do qual só subsiste a Austrália. Este leque de ilhas cobre, de sudeste
endia a América do Sul, a África, a península da Arábia, a Índia, a Antártica para noroeste, um espaço de mais de 13.000km.
e a Austrália. Entre essas duas gigantescas massas terrestres estendia-se A Antártica ocupa quase toda a calota polar do hemisfério sul, a partir
uma faixa marítima. dos 69o de latitude S. Maciço pouco articulado, cuja forma lembra a da

Ciências Humanas e suas Tecnologias 148 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
África e a da Austrália, é o mais elevado dos continentes, pois sua altitude soviéticos geralmente incluem os Urais na Europa, incluindo o Cáucaso na
média ultrapassa dois mil metros. Em virtude do clima glacial, é pratica- Ásia. Da mesma forma, o Chipre é mais próximo da Anatólia (ou Ásia
mente desabitado. É um continente isolado; o cabo Horn, extremo meridio- Menor), mas é muitas vezes considerado parte da Europa e atualmente é
nal da América do Sul, a mil quilômetros de distância, é a única terra um estado membro da UE. Além disso, Malta já foi considerado uma ilha
continental próxima. O litoral da Antártica é cercado por uma enorme da África ao longo de vários séculos.
barreira de gelo. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
Relevo
O relevo europeu mostra grande variação dentro de áreas
EUROPA relativamente pequenas. As regiões do sul são mais montanhosas,
enquanto se move a norte o terreno desce dos altos Alpes, Pirineus e
Europa é, por convenção, um dos seis continentes do mundo. Cárpatos, através de planaltos montanhosos, baixas planícies do norte,
Compreendendo a península ocidental da Eurásia, a Europa geralmente que são vastas a leste.[69] Esta planície estendida é conhecida como a
divide-se da Ásia a leste pelo divisor de águas dos Montes Urais, orio Ural, Grande Planície Europeia, e em seu coração encontra-se a Planície do
o Mar Cáspio, o Cáucaso, e o Mar Negro a sudeste.A Europa é limitada Norte da Alemanha.[70] Um arco de terras altas, também existe ao longo
pelo Oceano Glacial Ártico e outros corpos de água no norte, pelo Oceano da costa norte-ocidental, que começa na parte ocidental da ilha da Grã-
Atlântico a oeste, pelo Mar Mediterrâneo ao sul, e pelo Mar Negro e por Bretanha e da Irlanda, e continua ao longo da montanhosa coluna, com
vias navegáveis interligadas ao sudeste. No entanto, as fronteiras para a fiordes cortados, da Noruega.
Europa, um conceito que remonta à Antiguidade Clássica, são um tanto
Esta descrição é simplificada. Sub-regiões como a Península Ibérica e
arbitrárias, visto que o termo "Europa" pode referir-se a uma distinção
a Península Itálica contêm suas próprias características complexas, como
cultural e política ou geográfica.
faz a própria Europa Central continental, onde o relevo contém muitos
A Europa é o segundo menor continente em superfície do mundo, planaltos, vales de rios e bacias que complicam a tendência geral. Sub-
cobrindo cerca de 10 180 000quilómetros quadrados ou 2% da superfície regiões como a Islândia, a Grã-Bretanha e a Irlanda são casos especiais. A
da Terra e cerca de 6,8% da área acima do nível do mar. Dos cerca de 50 primeira é uma terra independente no oceano do norte, que é considerada
países da Europa, a Rússia é o maior tanto em área quanto em população como parte da Europa, enquanto as outras duas são zonas de montanha
(sendo que a Rússia se estende por dois continentes, a Europa e a Ásia) e que outrora foram parte do continente até o nível do mar cortá-las da
a Cidade do Vaticano é o menor. A Europa é o terceiro continente mais massa de terra principal.
populoso do mundo, após a Ásia e a África, com uma população de 731
Hidrografia
milhões ou cerca de 11% da população mundial. No entanto, de acordo
com aOrganização das Nações Unidas (estimativa média), o peso europeu O continente apresenta uma complexa rede hidrográfica, com grandes
pode cair para cerca de 7% em2050. Em 1900, a população europeia rios como o Volga, na Rússia, e o Danúbio, que atravessa territórios (ou
representava 25% da população mundial. delimita fronteiras) daAlemanha, Áustria, República Checa, Croácia,
Hungria, Sérvia, Romênia, Bulgária e Ucrânia. O rio Volga é o maior rio da
A Europa, nomeadamente a Grécia antiga, é considerada o berço da
Europa. Começa no Lago Ládoga e atravessa no sentido norte-sul a região
cultura ocidental.[5] Tendo desempenhado um papel preponderante na
oeste da Rússia até desaguar no Mar Cáspio.
cena mundial a partir do século XVI, especialmente após o início do
colonialismo. Entre os séculos XVI e XX, as nações europeias controlaram Entre os lagos europeus destacam-se o Mar Cáspio, localizado na
em vários momentos as Américas, a maior parte da África, a Oceânia e divisa com a Ásia e que possui 371 mil km²; e o Lago Ládoga, na
grande parte da Ásia. Ambas asguerras mundiais foram em grande parte Federação Russa, este último o maior localizado totalmente no continente,
centradas na Europa, sendo considerado como o principal factor para um com 17 700 km² de área. Outros lagos extensos são o Onega, o Vänern, o
declínio do domínio Europa Ocidental na política e economia mundial a Saimaa, o Vättern, entre outros.
partir de meados do século XX, com os Estados Unidos e a União
Soviética ganhando maior protagonismo.[6]Durante a Guerra Fria, a Clima
Europa estava dividida ao longo do Cortina de Ferro entre a Organização A Europa encontra-se principalmente nas zonas de clima temperado,
do Tratado do Atlântico Norte, a oeste, e o Pacto de Varsóvia, a leste. A sendo submetido a correntes de ventos do oeste.
vontade de evitar outra guerra acelerou o processo de integração europeia
e levou à formação do Conselho Europeu e daUnião Europeia na Europa O clima é mais ameno em comparação com outras áreas da mesma
Ocidental, os quais, desde a queda do Muro de Berlim e do fim da União latitude de todo o mundo devido à influência daCorrente do Golfo. A
Soviética em 1991, têm vindo a expandir-se para o leste. Corrente do Golfo é o apelido de "aquecimento central da Europa", porque
torna o clima da Europa mais quente e mais húmido do que seria de outra
Geografia maneira. A Corrente do Golfo não só leva água quente à costa da Europa,
Fisiograficamente, a Europa é o componente noroeste da maior massa mas também aquece os ventos que sopram de oeste em todo o continente
de terra do planeta, conhecida como a Eurásia, ou Eurafrásia: a Ásia ocupa do Oceano Atlântico.
a maior parte leste dessa porção de terra contínua e todos partilham uma Portanto, a temperatura média durante todo o ano de Nápoles, é de 16
plataforma continental comum. A fronteira oriental da Europa agora é °C (60,8 °F), enquanto ela fica a apenas 12 °C (53,6 °F), em Nova York,
comumente definida pelos Montes Urais, na Rússia. O geógrafo do que é quase na mesma latitude. Berlim, na Alemanha; Calgary, no Canadá,
primeiro século d.C. Estrabão, considerava o rio Don "Tanais" como o e Irkutsk, na parte asiática da Rússia, estão em torno da mesma latitude,
limite para o Mar Negro, como diziam as primeiras fontes judaicas. as temperaturas de janeiro, em Berlim, são em média em torno de 8 °C (15
A fronteira sudeste com a Ásia não é universalmente definida, sendo °F), mais elevadas do que aquelas registradas em Calgary, e são quase 22
que o rio Ural, ou, alternativamente, o rio Embaservem mais comummente °C (40 °F) mais elevadas do que as temperaturas médias em Irkutsk.
como limites possíveis. O limite continua até ao Mar Cáspio, a crista das Demografia
montanhas doCáucaso, ou, alternativamente, o rio Kura no Cáucaso, e o
Mar Negro, Bósforo, o Mar de Mármara, o estreito de Dardanelos, o Mar Desde a Renascença, a Europa teve uma grande influência na cultura,
Egeu concluem o limite com a Ásia. O Mar Mediterrâneo ao sul separa a economia e movimentos sociais no mundo. As invenções mais
Europa da África. A fronteira ocidental é o Oceano Atlântico, a Islândia, significativas tiveram origem no mundo ocidental, principalmente na Europa
embora mais perto da Gronelândia (América do Norte) do que da Europa e nos Estados Unidos.Algumas questões atuais e passadas na demografia
continental, são geralmente incluídos na Europa. europeia incluíram emigração religiosa, relações raciais, imigração
econômica, a taxa de natalidade decrescente e o envelhecimento da
Por causa das diferenças sócio-políticas e culturais, existem várias população.
descrições de fronteira da Europa, sendo que em algumas fontes alguns
territórios não estão incluídos na Europa, enquanto outras fontes incluem- Em alguns países, como a Irlanda e a Polónia, o acesso ao aborto é
nos. Por exemplo, os geógrafos da Rússia e de outros países pós- atualmente limitado. No passado, tais restrições e também as restrições
sobre o controle artificial da natalidade eram comuns em toda a Europa. O
Ciências Humanas e suas Tecnologias 149 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
aborto continua sendo ilegal na ilha de Malta, onde o catolicismo é a Outras línguas não indo-europeias são o maltês (a única língua oficial
religião do Estado. Além disso, três países europeus (Países semita da UE), o Basco, Geórgio, Azerbaijão, Turco no leste da Trácia
Baixos,Bélgica e Suíça) e a Comunidade Autónoma da Andaluzia Oriental e as línguas das nações minoritárias na Rússia.
(Espanha) têm permitido uma forma limitada deeutanásia voluntária para
doentes terminais. O multilinguismo e a proteção das línguas regionais e minoritárias são
objetivos políticos reconhecidos na Europa de hoje. A Convenção para a
Em 2005, a população da Europa era estimada em 731 milhões de Protecção das Minorias Nacionais e a Carta Europeia das Línguas
acordo com as Nações Unidas, que é um pouco mais do que um nono da Regionais ou Minoritárias do Conselho da Europa estabelecem um quadro
população mundial. Um século atrás, a Europa tinha quase um quarto da jurídico para os direitos linguísticos na Europa.
população mundial. A população da Europa cresceu no século passado,
mas nas outras regiões do mundo (especialmente na África e na Ásia), a Política
população tem crescido muito mais rapidamente. Dentre os continentes, a União Europeia
Europa tem uma densidade populacional relativamente alta, perdendo
Uma união constituída por mais de uma dezena de países, que fazem
apenas para a Ásia. O país mais densamente povoado da Europa são os
transações comerciais utilizando uma moeda única - Euro - e cujos
Países Baixos, terceiro no ranking mundial após a Coreia do Sul e
interesses são representados por instituições comuns. Essa nova Europa
Bangladesh. Pan e Pfeil (2004) contam 87 distintos "povos da Europa", dos
começou a ganhar corpo em dezembro de 1991, quando os 12 países-
quais 33 formam a maioria da população em pelo menos um Estado
membros da União Europeia concluíram o Tratado de Maastricht, que
soberano, enquanto os 54 restantes constituem minorias étnicas.
objetivava a união política, económica/econômica e monetária dos
Segundo a projeção de população da ONU, a população da Europa participantes, sem fechar espaço para novas adesões.[
pode cair para cerca de 7% da população mundial até 2050, ou 653 Através desse acordo, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha,
milhões de pessoas (variante média, 556 a 777 milhões em baixa e alta França, Grécia, Irlanda, Itália,Luxemburgo, Países Baixos, Portugal e
variante, respetivamente/respectivamente). Neste contexto, existem Reino Unido iniciaram a caminhada da integração europeia. Áustria,
disparidades significativas entre regiões em relação às taxas de fertilidade. Finlândia e Suécia são uns dos mais novos membros e vários outros
O número médio de filhos por mulher em idade reprodutiva é de 1,52. De países já entraram com seu pedido de adesão.
acordo com algumas fontes, essa taxa é maior entre os europeus
muçulmanos. A ONU prevê que o declínio contínuo da população de A reunião na cidade neerlandensa de Maastricht - que, em dezembro
vastas áreas da Europa Oriental. A população da Rússia está diminuindo de 1991, consolidou a formação da União Europeia - representou um
em pelo menos 700 mil pessoas a cada ano. O país tem hoje 13 mil aldeias capítulo de várias etapas, cujas iniciativas pioneiras surgiram logo após a
desabitadas. Segunda Guerra Mundial.

A Europa é o lar do maior número de migrantes de todas as regiões do  BENELUX (België/Belgique, Nederland e Luxembourg) - Países-
mundo, em 70.6 milhões de pessoas, segundo um relatório da OIM. Em membros: Bélgica,Países Baixos e Luxemburgo. Foi a primeira
2005, a UE teve um ganho líquido global de imigração de 1,8 milhão de organização (1948) e tornou-se modelo e estímulo para as demais. Visava
pessoas, apesar de ter uma das maiores densidades populacionais do ao desenvolvimento econômico dos três países-membros e à ampliação do
mundo. Isso representou quase 85% docrescimento populacional total da comércioentre eles.
Europa.[86] A União Europeia pretende abrir centros de emprego para  CECA (Comunidade Europeia do Carvão e do Aço) - Países-
trabalhadores migrantes legais da África. membros: os integrantes do BENELUX e mais Alemanha, Dinamarca,
Emigração da Europa começou com os colonos espanhóis no século França, Reino Unido e Itália. Primeira entidade que, já em 1951, reunia
XVI, e com colonos franceses e ingleses no século XVII.[89] Mas os vencedores e vencidos da Segunda Guerra Mundial, a CECA tinha como
objetivo principais a livre circulação de ferro, carvão, aço e outros minerais
números mantiveram-se relativamente pequenas até ondas de emigração
no interior da comunidade. Através da redução dos gastos comtransportes
em massa no século XIX, quando milhões de famílias pobres, deixaram a
e das tarifas alfandegárias, facilitava-se o escoamento daqueles produtos,
Europa.
essenciais à industrialização.
Hoje, uma grande população de ascendência europeia é encontrada
 AELC (Associação Europeia de Livre Comércio) - Países-membros:
em todos os continentes. A ascendência europeia predomina na América
Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça (países da Europa Ocidental).
do Norte e, em menor grau, na América do Sul (principalmente na
Argentina, Chile, Uruguai e Centro-Sul do Brasil). Além disso, a Austrália e  Criada em 1960, a AELC objetivava a eliminação de tarifas
a Nova Zelândia têm grandes populações de descendentes europeus. A internacionais sobre produtos industrializados e negociação de acordos
África não tem países de maioria de descendentes de europeus, mas há bilaterais sobre produtosagrícolas. Era prevista a unificação da AELC com
minorias significativas, como a dos brancos Sul-Africanos. Na Ásia, as a União Europeia a partir de 1995, mas a Islândia, a Noruega e a Suíça
populações descendentes de europeus (mais especificamente russos) decidiram ficar de fora. A união dos dois blocos receberia o nome de
predominam no Ásia Setentrional. Espaço Econômico Europeu ou Área Econômica Europeia.
Línguas A Comunidade Económica Europeia (CEE) ou Mercado Comum
Europeu (MCE) foi o embrião da atual União Europeia (UE). Seus países
As línguas europeias pertencem principalmente a três grupos de membros são: Alemanha,Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia,
Línguas indo-europeias: as línguas românicas, derivadas da língua latina França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal, Reino
do Império Romano, as línguas germânicas, cujos ancestrais vieram de Unido e Suécia.
língua do sul da Escandinávia, e as línguas eslavas.[91] Apesar de ter a Quando de sua formação, em 1957, a entidade era constituída apenas
maioria de seu vocabulário descendente de línguas românicas, o idioma por Alemanha, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo e Países Baixos. Em
Inglês é classificado como uma língua germânica. 1973, ingressaram a Dinamarca, a Irlanda e o Reino Unido; em 1981, a
As línguas românicas são faladas principalmente no sudoeste da Grécia, e em 1986, Espanha e Portugal. Em 1995, a chamada Europa dos
Europa, bem como na Roménia e na Moldávia. As línguas germânicas são Doze cresceu ainda mais, ganhando a adesão de Áustria, Finlândia e
faladas no noroeste da Europa e algumas partes da Europa Central. As Suécia.
línguas eslavas são faladas na Europa Central, Oriental e sudeste da A partir de 1994, os países-membros da Comunidade Económica
Europa. Europeia, que adotou então o nome de União Europeia, se integrariam
para formar um mercado único, em que seriam abolidos os sistemas
Muitas outras línguas fora dos três grupos principais grupos existem na alfandegários e as diferentes taxas de impostos, além das restrições ao
Europa. Outras línguas indo-europeias incluem o grupo do Báltico (ie, Letã comércio, serviços e à circulação de capitais. Isso significaria, entre outras
e Lituana), o grupoCéltico (ie, Irlandês, Gaélico Escocês, Manês, Galês, coisas, que os habitantes da União Europeia teriam trânsito livre em todos
Córnico e Bretão), Grego, Albanês, e Arménio. Um grupo diferente de os países-membros, inclusive paratrabalho; os impostos seriam aos
línguas urálicas são o Estónio,Finlandês e Húngaro, falado nos poucos unificados e haveria livre acesso às mercadorias e serviços de
respetivos/respectivos países, bem como em partes da Roménia, Rússia, todos os países-membros dentro da comunidade.
Sérvia e Eslováquia.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 150 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Desde 1995, para facilitar a circulação de pessoas por alguns países Eslovénia, Croácia, Bósnia e Herzegovina e Macedónia - e pelas
da União Europeia, entrou em vigor um acordo entre Portugal, Espanha, repúblicas que constituíam a antiga União Soviética, em sua parte
França, Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo e Alemanha para eliminar as europeia: Bielorrússia, Ucrânia, Moldávia, Geórgia, Arménia, Azerbaijão e
barreiras alfandegárias e a obrigação da apresentação do passaporte entre Rússia Europeia.
esses países. Essa área recebeu o nome de Espaço Schengen, tirado da
cidade luxemburguesa onde o acordo foi assinado.  Europa Meridional: região que, também chamada de
mediterrânea, compreende os países situados no sul do continente, quase
No sentido da integração económica/econômica, outro passo todos banhados pelo mar Mediterrâneo: Portugal, Espanha, Itália, Grécia
importante seria a utilização de uma moeda comum. O ECU (European eTurquia europeia, além de vários micro-estados - Vaticano, San Marino,
Currency Unity ou Unidade Monetária Europeia) circula, desde 1993, como Mónaco, Malta e Andorra.
padrão em operações financeiras e, apesar da discordância de alguns
membros, pretendeu-se que, gradualmente, ele fosse adotado nas Economia
operações cotidianas até 1999, quando o Euro entrou em vigor como Como um continente, a economia da Europa é atualmente a maior do
moeda escritural e comomoeda oficial desde 2002. planeta e é a região mais rica como medido por ativos sob gestão, com
Todos os países que integram a União Europeia apresentam economia mais de 32,7 trilhões de dólares em relação ao 27,1 trilhões de dólares da
desenvolvida, ainda que existam diferenças extraordinárias entre eles, América do Norte.[100] Tal como acontece com outros continentes, a
como entre Irlanda eAlemanha, por exemplo, ou Grécia e Dinamarca. A Europa tem uma grande variação da riqueza entre os seus países. Os
meta, no entanto, é reduzir esses contrastes, tornando a comunidade cada países mais ricos tendem a estar no Ocidente, enquanto algumas das
vez mais homogénea/homógena/homogênea. economias do Leste ainda estão emergindo do colapso da União Soviética
e da Iugoslávia.
Apesar das metas em comum, há divergências entre os países-
membros da União Europeia e são frequentes os atritos e necessários os A União Europeia, um organismo intergovernamental composto por 27
ajustes para garantir a execução de tais metas. O ano de 1994 foi de estados europeus, compreende o maior espaço económico/econômico
provas para a integridade da União Europeia, já que ocorreram, nos único no mundo. Atualmente, para 16 países da UE, o euro é a moeda
países, plebiscitos para ratificar seus objetivos e confirmar ou não a comum. Cinco países europeus classificam-se entre as dez maiores
adesão à União. Na Dinamarca e no Reino Unido, as opiniões estavam economias nacionais do mundo por PIB (PPC). Isso inclui (classifcação de
muito divididas, mas o apoio à comunidade prevaleceu. Na Noruega, acordo com a CIA): Alemanha (5), Reino Unido (6), Rússia (7), França (8) e
entretanto, sua população decidiu não ingressar na União Europeia, apesar Itália (10).
da solicitação de adesão feita anteriormente. Pré-1945: crescimento industrial
Outras organizações O capitalismo tem sido dominante no mundo ocidental desde o fim do
feudalismo.Da Grã-Bretanha, que gradualmente se espalhou pela Europa.
Os países europeus ocidentais estão vinculados a importantes
A Revolução Industrial começou na Europa, mais concretamente ao Reino
organizações que agregam países de outros continentes, como a OTAN e
Unido no final do século XVIII, e no século XIX impulsionou a
a OECD.
industrialização da Europa ocidental. Economias foram interrompidas pela
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), criada em 1949, Primeira Guerra Mundial, mas até o início da Segunda Guerra Mundial já
tem caráter militar. Além de países europeus, inclui outros dois banhados tinham se recuperado e estavam tendo que competir com a crescente força
pelo oceano Atlântico Norte: Canadá e Estados Unidos. Seu objetivo económica/econômica dos Estados Unidos. A Segunda Guerra Mundial,
fundamental é a cooperação militar e a defesa de seus membros, no caso novamente, danificados muito as indústrias europeias.
de agressâo internacional.[97] 1945-1990: A Guerra Fria
Com o fim da Guerra Fria, o papel da OTAN tem estado em segundo Após a Segunda Guerra Mundial, a economia do Reino Unido estava
plano. A aliança assumiu um caráter preponderantemente político em em estado de ruína, e continuou a sofrer um relativo declínio econômico
1990, desenvolvendo o papel de resolver crises localizadas. Vários países nas décadas seguintes. A Itália também estava em má condição
do Leste Europeu solicitaram o ingresso à OTAN. económica/econômica, mas recuperou um elevado nível de crescimento na
A OECD (Organization for Economic Cooperation and Development ou década de 1950. A Alemanha Ocidental recuperou-se rapidamente e
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) foi dobrou a produção de níveis pré-guerra na década de 1950. A França
estabelecida em 1961para promover bem-estar econômico e social entre também organizou um retorno notável a um crescimento rápido e a
seus membros e harmonizar a qualidade de vida nos países em modernização e, mais tarde a Espanha, sob a liderança de Franco,
desenvolvimento. Além de 18 países europeus, engloba também Austrália, também recuperou-se, e a nação obteve um enorme crescimento
Canadá, Japão, Nova Zelândia e Estados Unidos. econômico sem precedentes no início da década de 1960, em que é
chamado de milagre espanhol. A maioria dos estados da Europa Oriental
Subdivisões ficou sob o controle da URSS e, portanto, eram membros do Conselho
para Assistência Econômica Mútua (COMECON).
De acordo com os pontos de vista espacial e económico, podemos
dividir o continente em: Europa Ocidental,Europa Setentrional, Europa Os estados que mantiveram um sistema de livre mercado foram
Centro-Oriental e Europa Meridional. Sendo: agraciados com uma grande quantidade de ajuda dosEstados Unidos ao
abrigo do Plano Marshall. Os Estados ocidentais mudaram para ligar as
 Europa Ocidental: região que abrange alguns dos chamados suas economias em conjunto, fornecendo a base para a UE e o aumento
países atlânticos, ou seja, banhados pelooceano Atlântico (Reino Unido, do comércio transfronteiriço. Isso ajudou-os a desfrutar de uma rápida
Irlanda e França); os que mantêm relação direta com o Atlântico através do melhora de suas economias, enquanto os estados da COMECON estavam
mar do Norte: Países Baixos, Bélgica e Alemanha; e os países sem saída lutando em grande parte devido ao custo da Guerra Fria. Até 1990, a
para o mar, mas que estão direta ou indiretamente vinculados ao Ocidente Comunidade Europeia foi ampliado de 6 para 12 membros fundadores. A
(Áustria, Suíça, Luxemburgo e Liechtenstein). ênfase na ressurreição da economia da Alemanha Ocidental levou a
ultrapassagem do Reino Unido como a maior economia da Europa.
 Europa Setentrional: região que engloba a Noruega e a Suécia,
localizadas na península Escandinava, além da Finlândia, Islândia e 1991-2007: O crescimento da UE
Dinamarca; abrange também a Estônia, Letônia e Lituânia, que a partir de Com a queda do comunismo na Europa Oriental, em 1991, os estados
1990 se tornaram independentes da então União Soviética. A inclusão do Leste tiveram de se adaptar a um sistema demercado livre. Havia vários
desses países na região justifica-se por motivos económicos e pela sua graus de sucesso com os países centro-europeus, como Polónia, Hungria
proximidade étnica e cultural com os finlandeses. e Eslovénia, que se adaptaram razoavelmente rápido, enquanto estados do
 Europa Centro-Oriental: É formada pelo conjunto dos antigos Leste como a Ucrânia e a Rússia, estão levando muito mais tempo. A
países socialistas do Leste - Polónia,República Checa, Eslováquia, Europa Ocidental ajudou a Europa Oriental, formando laços económicos/
Hungria, Roménia, Bulgária, Albânia, Sérvia, Montenegro, Kosovo, econômicos.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 151 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Após o Leste e o Oeste da Alemanha se reunirem em 1990, a Geografia
economia da Alemanha Ocidental, apoiou a reconstrução da infra-estrutura
da Alemanha Oriental. A Jugoslávia mostrou um atraso maior, sendo O ponto mais setentrional das Américas é a ilha Kaffeklubben, que é o
devastada pela guerra e em 2003 ainda havia muitas tropas de paz da e da ponto terrestre mais setentrional na Terra.[3] O ponto mais ao sul é a ilhas
OTAN no Kosovo, na República da Macedónia, na Bósnia e Herzegovina, do Thule do Sul, embora às vezes sejam consideradas parte da Antártida.
sendo apenas a Eslovénia que conseguiu fazer algum progresso real. O ponto mais oriental está em Nordostrundingen. O ponto mais ocidental é
ilha Attu.
Na mudança do milênio, a União Europeia dominou a economia da
Europa, que inclui os cinco maiores economias europeias da época a O continente americano é a maior massa terrestre do planeta no senti-
Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Espanha. Em 1999, 12 dos 15 do norte-sul. No seu mais longo trecho, estende-se por cerca de 14.000
membros da UE aderiram à zona do euro substituindo suas antigas km, da Península de Boothia, no norte do Canadá, ao Cabo Froward, na
moedas nacionais pelo euro comum. Os três que optaram por permanecer Patagônia chilena. O ponto mais ocidental do continente das Américas é o
fora da zona euro, foram: Reino Unido, Dinamarca e Suécia. fim da Península de Seward, noAlasca, enquanto a Ponta do Seixas, no
nordeste do Brasil, forma a extremidade oriental do continente.
2008-2009: Recessão
Topografia
A zona do euro entrou em sua primeira recessão oficial no terceiro
trimestre de 2008, os números oficiais confirmados em janeiro de 2009. A A geografia ocidental da América é dominada pela cordilheira ameri-
crise econômica do final dos anos 2000, que teve início nos Estados cana, com os Andes correndo ao longo da costa oeste da América do Sul e
Unidos, propagou-se de forma rápida para a Europa e afetou grande parte as Montanhas Rochosas e outras cordilheiras norte-americanas correndo
da região. A taxa de desempregooficial nos 16 países que usam o euro ao longo do lado ocidental da América do Norte. Com 2 300 km de com-
subiu para 9,5% em maio de 2009.[Os jovens trabalhadores da Europa têm primento os Apalaches correm ao longo da costa leste da América do
sido especialmente atingidos. No primeiro trimestre de 2009, a taxa de Norte, do Alabama até Terra Nova. Ao norte dos Apalaches, a Cordilheira
desemprego na UE-27 para pessoas entre 15-24 anos foi de 18,3%. Árctica corre ao longo da costa oriental doCanadá.

Cultura As cordilheiras com os mais altos picos são os Andes e as Montanhas


Rochosas. Enquanto exitem picos altos, em média, naSierra Nevada e na
A cultura europeia pode ser melhor descrita como uma série de Cordilheira das Cascatas, não há como muitos atingindo uma altura maior
culturas sobrepostas e que envolve questões de Ocidente contra Oriente e do que 4 200 metros. Na América do Norte, a maior quantidade de monta-
Cristianismo contra Islão. Existem várias linhas de ruptura culturais através nhas com mais de 4 200 metros ocorrem nos Estados Unidos e, mais
do continente e movimentos culturais inovadores discordam uns dos especificamente, no estado do Colorado. Os picos mais altos nas Américas
outros. Assim, uma "cultura comum europeia" ou "valores comuns estão localizados nos Andes, sendo oAconcágua, na Argentina, o mais
europeus", é algo cuja definição é mais complexa do que parece. alto; na América do Norte o Monte McKinley, nos Estados Unidos, é o mais
alto.
Desporto
Entre as suas cadeias de montanhas costeiras, a América do Norte
Na Europa pratica-se uma considerável quantidade de modalidades tem vastas áreas planas. As Planícies Interiores estão distribuídas por
desportivas. O desporto mais popular é o futebol, representado pela UEFA. grande parte do continente, com baixo relevo. O Escudo Canadense cobre
O torneio mais importante de selecções é o Campeonato Europeu de quase 5 milhões de km² da América do Norte e é geralmente bastante
Futebol, enquanto que o de clubes é a Liga dos Campeões da UEFA. Em plano. Do mesmo modo, o nordeste da América do Sul é coberto pela
relação ao Campeonato do Mundo de Futebol, em dez edições países plana Bacia Amazônica.[12] O Planalto Brasileiro, na costa leste, é bastan-
europeus sediaram o evento, e em dez selecções de países europeus te suave, mas mostra algumas variações no relevo, enquanto mais ao sul
venceram o torneio. existem grandes planícies como o Gran Chaco e osPampas.
Hidrologia
AMÉRICA Com montanhas e planícies costeiras interiores, a América tem várias
grandes bacias hidrográficas que drenam os continentes. A maior bacia
América ou Américas (em espanhol: América, em inglês: Americas,
hidrográfica da América do Norte é a do Mississippi, abrangendo a segun-
em francês: Amérique, emquéchua: Amirika, em guarani: Amérika, em
da maior bacia hidrográfica do planeta. O sistema dos rios Mississippi-
aimará: Amërika, em neerlandês: Amerika) é ocontinente localizado no
Missouri drena mais de 31 estados dos Estados Unidos, a maior parte das
hemisfério ocidental e que se estende, no sentido norte-sul, desde o ocea-
Grandes Planícies e grandes áreas entre as Montanhas Rochosas e os
no Ártico até o cabo Horn, ao longo de cerca de 15 mil quilômetros. O seu
Apalaches. Este rio é o quarto maior do mundo e décimo mais poderoso do
extremo oriental insular (não-continental) encontra-se na Groenlândia, o
mundo.
Nordostrundingen, enquanto o ocidental localiza-se nas Aleutas. Já os
extremos continentais (não-insulares) são o Cabo Príncipe de Gales, o Na América do Norte, a leste das Montanhas Apalaches, não há gran-
extremo ocidental, no Alasca, e a Ponta do Seixas, extremo oriental, no des rios, mas sim uma série de rios e córregos que fluem para o leste com
estado brasileiro da Paraíba. Os três maiores países da América, Canadá, o seu término no Oceano Atlântico, estes rios incluem o rio Savannah. Um
Estados Unidos e Brasil, são também as maiores economias, as quais exemplo semelhante surge com rios centrais canadenses que drenam para
estão entre as dez maiores do mundo. a baía de Hudson, sendo a maior do rio Churchill. Na costa oeste da Amé-
rica do Norte, os principais rios são o Colorado, Columbia, Yukon e Sacra-
Com uma área de 42 189 120 km² e uma população de mais de 902 mento.
milhões de habitantes, corresponde a 8,3% da superfície total do planeta,
ou 28,4% das terras emersas, e a 14% da população humana. Localizada O rio Colorado drena grande parte das Montanhas Rochosas do Sul. O
entre o oceano Pacífico e o Atlântico, a América inclui o Mar do Caribe e a rio corre por cerca de 2 330km para o Golfo da Califórnia, durante o qual
Groenlândia, mas não a Islândia, por razões históricas e culturais. ao longo do tempo tem esculpido fenômenos naturais, como o Grand
Canyon e fenômenos criados, como o Mar Salton. O Columbia é um gran-
Também é conhecida pela expressão "Novo Mundo", neste caso em
de rio com 2 000 km de comprimento, no centro-oeste da América do
oposição à Eurafrásia, considerada o "Velho Mundo", e à Oceania, chama-
Norte, e é o rio mais poderoso na costa oeste das Américas. No extremo
da de "Novíssimo Mundo". A maioria dos estudiosos aponta o nome do
noroeste da América do Norte, o Yukon drena grande parte da península
navegador italiano Américo Vespúcio como origem etimológica dotopônimo
do Alasca e corre por 3 190 km[15] em direção aoPacífico. Drenando para
"América", cujo gentílico é "americano".
o Oceano Ártico, na América do Norte, o rio Mackenzie drena águas dos
A América compõe-se de duas massas de dimensões continentais (as Grandes Lagos do Canadá. Este rio é o maior no Canadá e drenos 1 805
Américas do Norte e do Sul) ligadas por um istmo (o istmo do Panamá) que 200 quilômetros quadrados.
é cortado por um canal (o canal do Panamá). Além dessas divisões, há os A maior bacia hidrográfica da América do Sul é a do Amazonas, que
conceitos das chamadas América Média e Mesoamérica. tem o maior fluxo em volume do que qualquer outro rio do planeta. A

Ciências Humanas e suas Tecnologias 152 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
segunda maior bacia hidrográfica da América do Sul é a do rio Paraná, que torneios a Copa Libertadores da América para os clubes, e a Copa América
abrange cerca de 2,5 milhões km². para as seleções. Já a CONCACAF tem como seus principais torneios a
Liga dos Campeões da CONCACAF para os clubes e a Copa Ouro da
Clima CONCACAF para as seleções. Na Copa do Mundo o continente já obteve 9
O clima das Américas varia significativamente de região para região. títulos com 3 países diferentes; já sediou essa competição 7 vezes, sendo
Os lugares mais quentes das Américas estão localizados na Grande Bacia que foi sede da 1° Copa do Mundo em 1930, no Uruguai; e sediará pela 8°
da América do Norte e no deserto do Atacama, no Chile. O clima de flores- vez em 2014, no Brasil. Outros esportes como basquete, vôlei, beise-
ta tropical ocorre nas latitudes da Amazônia, nas florestas nubladas ameri- bol,boxe e o MMA são bem populares na América, principalmente na
canas, na Flórida e em Darién Gap. Nas Montanhas Rochosas e nos América do Norte. A principal competição de esportes olímpicos da Améri-
Andes, um clima semelhante é observado. Muitas vezes, as altitudes mais ca são os Jogos Pan-Americanos e os Jogos Parapan-Americanos, que
elevadas dessas montanhas são cobertas de neve. são organizados pela Organização Desportiva Pan-Americana. A América
já sediou 6 vezes os Jogos Olímpicos de Verão e sediará pela 7° vez em
O sudeste da América do Norte é bem conhecido por sua ocorrência 2016, no Rio de Janeiro. Também sediou 6 vezes os Jogos Olímpicos de
de tornados e furacões, dos quais a grande maioria dos tornados ocorrem Inverno.
no Tornado Alley, nos Estados Unidos.[19] Muitas vezes, partes do Caribe
estão expostas aos efeitos de furacões violentos. Estes sistemas climáticos *Na Taça Libertadores, Copa Sul-Americana e Copa América, que são
são formadas pela colisão de ar seco e frio do Canadá e do ar quente competições da CONMEBOL, tem como participantes clubes e seleções da
úmido do Atlântico. CONCACAF. Na Libertadores e Copa Sul-Americana são aceitas a partici-
pação de clubes mexicanos, e na Copa América duas seleções de outras
Demografia confederações são convidados a participar da competição, na maioria das
A população total da América era de 910 720 588 habitantes segundo vezes seleções da CONCACAF.
estimativas de 2008. Dados gerais
A população da América compreende descendentes de grandes gru-  Área total: 42.189.120 km²
pos étnicos, como os indígenas (inclusive inuítes e aleútas), os europeus  Maior país em extensão: Canadá
(principalmente espanhóis, ingleses, irlandeses, italianos, portugueses,  País mais populoso: Estados Unidos
franceses, alemães e holandeses), negros africanos, asiáticos (como os
 Ponto culminante: Aconcágua (Argentina)
amarelos e os médio-orientais), bem como mestiçose mulatos.
 Maior ilha: Groenlândia (2.175.000 km²)
Línguas  Maior depressão: Vale da Morte (Estados Unidos)
 Maior bacia hidrográfica: bacia Amazônica (América do Sul)
Várias línguas são faladas nas Américas. Alguns são de origem euro-
 Maior rio: Amazonas (Brasil e Peru)
peia, outras são faladas por povos indígenas ou por uma mistura de idio-
mas diversos, como os diferentes crioulos.  Maior PIB: Estados Unidos
 Número de países: 35
A língua dominante da América Latina é o espanhol, embora a maior  Maior IDH: Estados Unidos
nação da América Latina, o Brasil, fale português. Pequenos enclaves de  Maior temperatura registrada: 56,6 °C Vale da Morte, (EUA)
comunidades que falam francês, holandês e regiões de língua inglesa  Menor temperatura registrada: -61,4 °C (Ilhas Árticas, Ilha de Fer-
também existem na América Latina, notadamente na Guiana Francesa, rentzen)
Suriname e Belize, respectivamente, e o crioulo haitiano, de origem france-  Maiores cidades, em população (exclusive os demais municípios
sa, é dominante na nação do Haiti. Línguas nativas são mais proeminentes das regiões metropolitanas): São Paulo (Brasil), Cidade do México (Méxi-
na América Latina do que nos países anglo-americanos, com os idiomas co) e Nova Iorque(Estados Unidos).
nahuatl, quíchua, aimará e o guarani como o mais comum. Várias outras  Maiores regiões metropolitanas, por população: Cidade do México,
línguas nativas são faladas com menos frequência tanto na América Anglo- São Paulo e Nova Iorque.
Saxônica quanto na América Latina. Línguas crioulas, que não o crioulo
haitiano, são também faladas em partes da América Latina. América do Norte
A língua dominante da Anglo-América, como o próprio nome sugere, é A América do Norte é a porção setentrional do continente americano.
o inglês. O francês é também oficial no Canadá, onde é a língua predomi- Existem duas formas de classificar esse continente: a primeira considera
nante em Québec e uma língua oficial em Nova Brunswick, juntamente que a América do Norte é apenas a parte mais setentrional da América,
com o inglês. Também é uma linguagem importante no estado da Louisia- separada da América Central na fronteira entre o México e o Guatemala, a
na e em partes de New Hampshire, Maine e Vermont, nos Estados Unidos. segunda classificação reconhece apenas uma América do Norte e uma
O espanhol manteve uma presença permanente no sudoeste dos Estados América do Sul, traçando o limite no Istmo do Panamá (umas vezes no
Unidos, que fazia parte do Vice-reinado da Nova Espanha, especialmente Canal do Panamá, outras na fronteira entre o Panamáe a Colômbia). Pela
na Califórnia e no Novo México, onde uma variedade distinta do espanhol última definição, a América do Norte incluiria a América Central Continental
sobrevive desde o século XVII. Mais recentemente, o espanhol se tornou eInsular (Caribe).
amplamente falado em outras partes dos Estados Unidos devido à pesada
De facto, a América do Norte está assente na sua própria placa
imigração de povos da América Latina. Elevados níveis de imigração, em
tectónica - a Placa Norte-americana (que abrange também parte da Ásia
geral, têm trazido uma grande diversidade linguística para a Anglo-
oriental) -, enquanto que a América Central, a sul da Península de Iucatã,
América, com mais de 300 línguas conhecidas a serem faladas nos Esta-
está assente na Placa Caribeana.
dos Unidos, mas a maioria das línguas são faladas apenas em enclaves
pequenos e em grupos relativamente pequenos de imigrantes. O subcontinente é limitado a norte pelo Oceano Glacial Ártico, a leste
pelo Oceano Atlântico, a sul pela América Central (ou pela América do Sul,
As nações da Guiana, Suriname e Belize geralmente não são conside-
conforme a definição que se considere), peloGolfo do México e Mar das
radas nem como parte da Anglo-América ou da América Latina devido a
Caraíbas e a oeste pelo oceano Pacífico. Inclui ainda, além da porção
diferenças linguísticas com a América Latina, diferenças geográficas com a
continental, a Gronelândia (a maior ilha do mundo), a Terra Nova, o
Anglo-América, e diferenças culturais e históricas com ambas as regiões; o
Arquipélago Ártico Canadiano, as Aleútes, a ilha de Vancouver, as Ilhas da
inglês é a idioma principal da Guiana e Belize e o holandês é a língua
Rainha Carlota e uma miríade de outras ilhas, espalhadas pelos mares que
oficial do Suriname.
a rodeiam.
Desporto
A América do Norte é composta pelo Canadá, Estados Unidos,
O esporte mais popular na América é o futebol, nesse continente há México e Groelândia. É um continente extenso, o terceiro maior
duas confederações diferentes: a CONMEBOL, para clubes e seleções da do mundo.Até o século XVI este continente era habitado pelos
América do Sul; e aCONCACAF, para clubes e seleções da América do esquimós, peles-vermelhas e astecas. Os primeiros colonos a
Norte, Central e do Caribe. A CONMEBOL tem como seus principais chegarem foram os ingleses, franceses, espanhóis e holandeses. A

Ciências Humanas e suas Tecnologias 153 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
partir do século XIX, os navios e ferrovias facilitaram a entrada de do estreito de Bering. O estado do Havaí é um arquipélago no Pacífico
novos colonos, que, em sua maior parte, vinham da Europa. Central. O país também possui vários outros territórios no Caribe e no
Pacífico.
Conhecendo a América do Norte
Com 9,37 milhões de km² de área e cerca de 309 milhões de
A América do Norte possui grandes cordilheiras em suas habitantes, os Estados Unidos são oquarto maior país em área total, o
regiões oeste e leste. As Montanhas Rochosas, que vão do Ártico ao quinto maior em área contínua e o terceiro em população. O país é uma
México, recebem diferentes nomes durante toda a sua extensão na das nações mais multiculturais e etnicamente diversas do mundo, produto
porção oeste do continente. Elas chamam atenção não só por sua da forte imigraçãovinda de muitos países. A economia dos Estados Unidos
beleza, mas também por serem ricas em minerais. Ao leste é a maior economia nacional do mundo, com um produto interno bruto que
também há montanhas, contudo, elas são mais baixas se em 2008 foi de 14,2 trilhões de dólares, o que foi equivalente a um quarto
comparadas com as existentes na região oeste. Estas montanhas do valor do PIB nominal mundial e um quinto do PIB mundial por paridade
mais baixas vão do Labrador ao Alabama e, durante grande parte do poder de compra.
de sua extensão, o nome que predomina é Apalaches.
Os povos indígenas, provavelmente de origem asiática, habitam o que
Entre essas duas extensas cadeias montanhosas, há planícies e é hoje o território dos Estados Unidos desde há muitos milhares de anos.
pradarias cujos ambientes e seres vivos se modificam durante o Esta população nativa americana foi muito reduzida após ocontato com os
percurso para o sul, desde o gelado Ártico até os trópicos da europeus devido a doenças e guerras. Os Estados Unidos foram fundados
América Central. pelastreze colônias do Império Britânico localizadas ao longo da costa
Na região do extremo-norte encontram-se as regiões geladas do atlântica do país. Em 4 de julho de 1776, foi emitida a Declaração de
Alasca e do norte do Canadá, onde habitam os esquimós, caçadores e Independência, que proclamou o seu direito à autodeterminação e a
pescadores. Apesar do clima gelado, foram criadas estruturas que criação de uma união cooperativa. Os estados rebeldes derrotaram a Grã-
permitem um número crescente de habitantes, atraídos por centros Bretanha na Guerra Revolucionária Americana, a primeira guerra colonial
mineiros de ouro e urânio. bem sucedida da Idade Contemporânea. AConvenção de Filadélfia
aprovou a atual Constituição dos Estados Unidos em 17 de setembro de
Há ainda florestas de pinheiros, lariços e abetos, que os 1787; sua ratificação no ano seguinte tornou os estados parte de uma
lenhadores derrubam para a manufatura de papel, rayon e para única república com um forte governo central. A Carta dos Direitos,
lenha. composta por dez emendas constitucionais que garantem vários direitos
Ao sul dessas florestas, encontram-se planícies cobertas pelo civis e liberdades fundamentais, foi ratificada em 1791.
trigo norte-americano e canadense. Nas áreas próximas aos No século XIX, os Estados Unidos deslocaram as tribos nativas,
Grandes Lagos e ao vale do rio São Lourenço, existem grandes e adquiriram o território da Luisianada França, a Flórida da Espanha, parte
modernas cidades e também fazendas e minas. do território do Oregon do Reino Unido, Alta Califórnia e Novo México do
Indo mais para o sul, nos Estados Unidos, encontram-se México e o Alasca da Rússia, e anexaram a República do Texas e a
terras férteis para a produção de milho. República do Havaí. Os litígios entre o sul agrário e o norte industrializado
do país sobre os direitos dos estados e sobre a expansão da instituição da
Nas bacias férteis dos rios Mississipi e Missouri é feito o plantio de escravatura, provocaram a Guerra de Secessão, que decorreu entre 1861
tabaco, algodão e de frutas. Esses rios são extremamente e 1865. A vitória do Norte impediu a separação do país e levou ao fim da
importantes, pois, na época de cheia, eles inundam e fertilizam a escravidãolegal nos Estados Unidos. Na década de 1870, a economia do
região. país tornou-se a maior do mundo. A Guerra Hispano-Americana e a
Primeira Guerra Mundial confirmaram o estatuto do país como uma
No México existe um interior deserto, onde há poços de petróleo e
potência militar. A nação emergiu da Segunda Guerra Mundial como o
minas de prata, matéria prima da qual o país é o maior produtor
primeiro país com armas nucleares e como membro permanente do
mundial. Outras riquezas minerais também são encontradas nesta
Conselho de Segurança das Nações Unidas. O fim daGuerra Fria e a
região, entre elas estão: o ouro, o cobre, o zinco, etc. Embora conte
dissolução da União Soviética deixaram os Estados Unidos como a
com este recurso, a naçãocontinua dando papel de destaque para
únicasuperpotência restante no planeta. O país responde por 41% dos
a agricultura, onde seus principais produtos são: o café, açúcar,
gastos militares do mundo e é um forte líder econômico, político e cultural
tomate e algodão.
no planeta.
Ao leste da América do Norte estão localizadas muitas de suas
Demografia
maiores cidades, como Toronto e Montreal (no Canadá), Nova
Iorque, Filadélfia, Detroit e Baltimore (nos Estados Unidos). É nessa A população dos Estados Unidos foi estimada pelo United States Cen-
região que se encontra grande parte do ferro e do carvão do sus Bureau em novembro de 2010 em 310 730 000 habitantes, incluindo
continente, as maiores indústriaspesadas e o maior comércio. 11,2 milhões deimigrantes ilegais. Os Estados Unidos são a terceira nação
mais populosa do mundo, a seguir à China e a Índia, e são o único país
Na costa ocidental encontram-se as florestas e fazendas da
industrializado em que há perspetivas de aumento em grande parte da
Colúmbia Britânica, os pomares, os poços de petróleo e as
população. Com uma taxa de natalidade de 13,82 por mil, 30% abaixo da
plantações de algodão daCalifórnia. As maiores cidades do oeste
média mundial, a sua taxa de crescimento populacional é de 0,98%, signifi-
são: Vancouver, São Francisco e Los Angeles. Hollywood também se
cativamente superior às da Europa Ocidental, Japão e Coreia do Sul. No
situa nessa região.
ano fiscal de 2009, foi concedida residência legal a 1,1 milhões de imigran-
Os habitantes norte-americanos procedem de diferentes tes. O México foi a principal fonte de novos residentes por mais de duas
países: um quarto da população do Canadá fala francês, e o décadas; desde 1998, China, Índia e as Filipinas foram os quatro principais
resto é de origem inglesa. Os milhares de habitantes dos Estados países de origem de imigrantes a cada ano.
Unidos são, em sua grande parte, de origem europeia. Há também muitos
Política
negros, chineses, japoneses e índios.
Os Estados Unidos são a federação mais antiga do mundo.O país é
Estados Unidos
uma república constitucional e uma democracia representativa, "em que a
Estados Unidos da América são uma república constitucional federal regra da maioria é temperada por direitos das minoria protegidas por lei". O
composta por cinquenta estados e um distrito federal. A maior parte do governo é regulado por um sistema de freios e contrapesos definido pela
país situa-se na região central da América do Norte, formada por 48 Constituição, que serve como documento legal supremo do país. No siste-
estados e Washington, D.C., o distrito federal da capital. Localiza-se entre ma federalista estado-unidense, os cidadãos são geralmente sujeitos a três
os oceanos Pacífico e Atlântico, fazendo fronteira com o Canadá a norte e níveis de governo, federal, estadual e local; funções do governo local são
com o México a sul. O estado do Alasca está no noroeste do continente, geralmente divididas entre o condado e os governos municipais. Em quase
fazendo fronteira com o Canadá no leste e com a Rússia a oeste, através todos os casos, funcionários do executivo e legislativo são eleitos pelo voto

Ciências Humanas e suas Tecnologias 154 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
da maioria dos cidadãos por distrito.Não hárepresentação proporcional no res.[203] Canadá, China,México, Japão e Alemanha são os seus principais
nível federal e isso é muito raro em níveis inferiores. parceiros comerciais. A China é o maior detentor da dívida externa pública
dos EUA.[205] Depois de uma expansão que durou pouco mais de seis
O governo federal é composto de três ramos: anos, a economia estadunidense entrou emrecessão desde dezembro de
 Legislativo: Congresso bicameral, composto pelo Senado e pela 2007, recuperando-se em 2010. Os Estados Unidos ocupam o segundo
Câmara dos Representantes, faz a lei federal, declara guerras, aprova lugar no Global Competitiveness Report.
tratados, tem o poder da bolsa e tem o poder de impeachment, pelo qual Em 2009, estimou-se que o setor privado constituía 55,3% da econo-
pode remover membros efetivos do governo. mia do país; a atividade do governo federal,24,1%; e as atividades dos
 Executivo: o Presidente é o comandante-em-chefe das forças ar- estados e de administrações locais (incluindo as transferências federais),
madas, pode vetar projetos de lei antes de se tornar lei e nomeia os mem- os restantes 20,6%. A economia é pós-industrial, com o setor de serviços
bros do Conselho de Ministros (sujeito à aprovação do Senado) e outros contribuindo com 67,8% do PIB, embora os Estados Unidos continuem a
poderes, que administram e fazem cumprir as leis federais e políticas . ser uma potência industrial.[209] Os Estados Unidos são o terceiro maior
produtor de petróleo do mundo, bem como o seu maior importador. É o
 Judiciário: A Suprema Corte e tribunais inferiores, cujos juízes são maior produtor do mundo de energia elétrica e nuclear, assim como de gás
nomeados pelo presidente com aprovação do Senado, interpretam as leis e natural liquefeito,enxofre, fosfatos e sal. Enquanto a agricultura representa
derrubam aquelas que são inconstitucionais. menos de 1% do PIB,[209] os Estados Unidos são o maior produtor mundi-
al de milho e soja. A Bolsa de Valores de Nova Iorque é a maior do mundo
A Câmara dos Representantes tem 435 membros votantes, cada um
em volume de dólares. Coca-Cola e McDonald's são as duas marcas do
representando um distrito do Congresso para um mandato de dois anos.
país mais reconhecidas no mundo.
Cadeiras na Câmara são distribuídas entre os estados pela população a
cada dez anos. De acordo com o censo de 2000, sete estados têm um No terceiro bimestre de 2009, a força de trabalho do país era compos-
mínimo de um representante, enquanto a Califórnia, o estado mais populo- ta por 154,4 milhões de pessoas. Desses trabalhadores, 81% tinham
so, tem cinquenta e três. O Senado tem 100 membros com cada estado emprego no setor de serviços. Com 22,4 milhões de pessoas, o governo é
tendo dois senadores, eleitos em-grande para mandatos de seis anos, um o principal campo de trabalho.Cerca de 12% dos trabalhadores são sindi-
terço das cadeiras do Senado estão acima para a eleição a cada ano. O calizados, contra 30% na Europa Ocidental. O Banco Mundialclassifica os
presidente serve um mandato de quatro anos e pode ser eleito não mais do Estados Unidos em primeiro lugar na facilidade de contratação e demissão
que duas vezes. trabalhadores. Entre 1973 e2003, um ano de trabalho para o estaduniden-
se médio cresceu 199 horas.[220] Em parte como resultado disso, os
O presidente não é eleito pelo voto direto, mas por um sistema de co-
Estados Unidos mantém a maior produtividade do trabalho no mundo. Em
légio eleitoral indireto em que os votos são distribuídos de forma determi-
2008, ele também levou a produtividade por hora do mundo, ultrapassando
nante pelo estado, para um mandato de quatro anos, podendo ser reeleito
a Noruega, França, Bélgica e Luxemburgo, que havia superado os Estados
não mais de duas vezes. Cada estado pode brindar uma determinada
Unidos durante a maior parte da década anterior. Em relação àEuropa, a
quantidade de votos de acordo com o número de congressistasdentro do
propriedade e as taxas de imposto de renda estadunidenses são geralmen-
poder legislativo: senadores (dois por cada estado) e representantes (que
te mais elevadas, enquanto trabalho e, particularmente, as taxas de impos-
variam de acordo com a população de cada estado); dando um total de 538
to sobre o consumo são menores.
membros. O sistema bipartidarista permite que um dos candidatos à presi-
dência, seja do partido republicano o democrata, precise de apenas duzen- Renda e desenvolvimento humano
tos e setenta votos para assegurar a vitória. A Suprema Corte, liderada
pelo Chefe de Justiça dos Estados Unidos, tem nove membros. De acordo com o United States Census Bureau, a renda familiar média
bruta americana em 2010 foi de 49.445 dólares. A média variou de 64.308
Os governos estaduais estão estruturados de forma mais ou menos dólares entre famílias asiáticas-americanas a $ 32.068 entre os lares de
semelhante, Nebraska excepcionalmente tem uma legislatura unicameral. afro-americanos.Usando a paridade do poder de compra das taxas de
O governador (chefe executivo) de cada estado é eleito por sufrágio direto. câmbio, a média geral é semelhante ao grupo do mais ricos países desen-
Alguns juízes estaduais e agentes do gabinete são nomeados pelos gover- volvidos. Depois de uma diminuição acentuada durante a matade do século
nadores dos respectivos Estados, enquanto outros são eleitos pelo voto XX, a taxa de pobreza estabilizou-se desde os anos 1970, sendo que há
popular. entre 11 e 15% norte-americanos abaixo da linha da pobreza todos os
anos e cerca de 58,5% deles passam pelo menos um ano em situação de
Todas as leis e procedimentos governamentais são passíveis de re-
pobreza entre as idades de 25 e 75 anos. Em 2010, 46,2 milhões de ame-
curso judicial e a que foi julgada em desacordo com a Constituição é
ricanos viviam na pobreza, número que subiu pelo quarto ano consecutivo.
anulada. O texto original da Constituição estabelece a estrutura e as res-
ponsabilidades do governo federal e sua relação com os estados. O Artigo O Estado de bem-estar social dos Estados Unidos é um dos menos
Primeiro protege o direito ao "grandes decreto" do habeas corpus e o extensos do mundo desenvolvido, o que diminui a sua capacidade de
Artigo Terceiro garante o direito a um julgamento com júri em todos os reduzir a pobreza relativa e absoluta consideravelmente menos do que a
casos criminais. Emendas à Constituição exigem a aprovação de três média para os países ricos, embora os gastos sociais per capita públicos e
quartos dos estados. A Constituição foi alterada vinte e sete vezes; as dez privados combinados sejam relativamente altos. Enquanto o Estado de
primeiras emendas, que constituem a Carta dos Direitos, e a Décima bem-estar americano reduza eficazmente a pobreza entre os idosos, presta
Quarta Emendaformam a base central dos direitos individuais dos estadu- relativamente pouca assistência para os mais jovens.[228] Um estudo de
nidenses 2007 da UNICEF sobre o bem-estar infantil em vinte e uma nações indus-
trializadas classificou os Estados Unidos em penúltimo lugar.
Economia
Entre 1947 e 1979, a renda média real aumentou em mais de 80% pa-
Os Estados Unidos têm uma economia mista capitalista, que é abaste-
ra todas as classes sociais, com a renda dos americanos mais pobres
cida por recursos naturais abundantes, uma infraestrutura bem desenvolvi-
crescendo mais rapidamente do que a dos mais ricos.No entanto, o au-
da e pela alta produtividade. De acordo com o Fundo Monetário Internacio-
mento da renda, desde então, têm sido mais lento, menos amplamente
nal, o PIBdos Estados Unidos de 14,4 trilhões de dólares representa 24%
compartilhadose acompanhado pelo aumento da insegurança econômica.
do produto interno bruto mundial no mercado de câmbio e quase 21% do
A renda familiar média aumentou para todas as classes, desde 1980,mas o
produto interno bruto mundial em paridade do poder de compra (PPC). O
crescimento tem sido fortemente inclinado em direção ao topo. Por conse-
maior PIB nacional do mundo era cerca de 5% menor do que o PIB combi-
guinte, a parcela da renda do 1% do topo - 21,8% da renda total reportada
nado daUnião Europeia em PPC, em 2008. O país ocupa a décima sétima
em 2005 - mais do que duplicou desde 1980, deixando o Estados Unidos
posição no mundo em termos de PIB nominal per capita e a sexta posição
com a maior desigualdade de renda entre as nações desenvolvidas. Os 1%
em PIB per capita PPC.
mais ricos pagam 27,6% de todos osimpostos federais, enquanto os 10%
Os Estados Unidos são o maior importador e terceiro maior exportador mais ricos pagam 54,7%. A riqueza, como renda, é altamente concentrada:
de bens, embora as exportações per capita sejam relativamente baixas. os 10% mais ricos da população adulta possuem 69,8% da riqueza domés-
Em 2008, o déficit comercial total dos E.U.A. foi de 696 bilhões de dóla-
Ciências Humanas e suas Tecnologias 155 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
tica do país, a segunda maior participação entre as nações desenvolvidas. mente a integração econômica entre os Estados soberanos do subconti-
Os 1% mais ricos possuem 33,4% da riqueza líquida nente em meio à III Cúpula de Chefas e Chefes de Estado e de Governo
da América do Sul.
Mídia
A América do Sul possui vastos recursos naturais e graves problemas
A primeira exposição comercial de filme do mundo foi feita em Nova econômicos e sociais.[7] Em razão do alto endividamento externo e interno,
Iorque em 1894, usando o cinetoscópio de Thomas Edison. No ano seguin- vários países sul-americanos aplicam as políticas doFundo Monetário
te foi feita a primeira exibição comercial de um filme projetado, também em Internacional (FMI), que comprimem as contas públicas mas não eliminam
Nova York, e os Estados Unidos estavam na vanguarda do desenvolvimen- as crises.
to do cinema sonoro nas décadas seguintes. Desde o início do século XX,
aindústria cinematográfica estadunidense tem sido largamente sediada nos A indústria está concentrada no beneficiamento de produtos agrícolas
arredores de Hollywood, na Califórnia. O diretor D. W. Griffith foi central e na produção de bens de consumo, com destaque para a indústria auto-
para o desenvolvimento da gramática cinematográfica, e o filme Cidadão mobilística. No Brasil e na Argentina encontra-se mais diversificada, abran-
Kane (1941) de Orson Welles é frequentemente citado como o melhor filme gendo setores como extração, refino de petróleo e siderurgia. O Brasil é
de todos os tempos.[328] Atores cinematográficos estadunidenses como- responsável por cerca de três quintos da produção industrial sul-
John Wayne e Marilyn Monroe se tornaram figuras icónicas, enquanto o americana. A mineração inclui a extração de petróleo (com destaque para
produtor/empresário Walt Disney foi um líder emfilmes animados e de a Venezuela), cobre, estanho, manganês, ferro e outros. A agricultura é
merchandising. Os grandes estúdios cinematográficos de Hollywood têm intensiva nas áreas tropicais, onde há culturas voltadas para a exportação
produzido os filmes de maior sucesso comercial da história, como Star (café, cacau, banana, cana-de-açúcar, cereais). A pecuária é praticada em
Wars (1977) e Titanic (1997), e os produtos de Hollywood hoje dominam a larga escala no sul e no centro.
indústria cinematográfica mundial
A América do Sul também é considerada, atualmente, o único conti-
Os estadunidenses são os maiores espectadores de televisão do nente do mundo sem nenhumamonarquia (embora as Ilhas Malvinas,
mundo,[330] e o tempo médio de visualização continua a aumentar, che- normalmente consideradas como integrantes do continente, façam parte do
gando a cinco horas por dia em 2006. As quatro grandes redes de televi- Reino Unido.)
são do país são todas entidades comerciais. Estadunidenses ouvem pro-
gramas de rádio, também largamente comercializado, em média, pouco Geografia
mais de duas horas e meia por dia. Além de portaise motores de busca, os A América do Sul ocupa uma área de 17.819.100 km², localiza-se a
sites mais populares no país são o Facebook, YouTube, Wikipédia, Blo- 60º00'00" de longitude oeste do Meridiano de Greenwich e a 20º00'00" de
gger, eBay, Google e Craigslist. latitude sul da Linha do Equador e com fusos horários -6, -5, -4, -3 e -2
Os estilos rítmicos e vocais da música negra estadunidense influencia- horas em relação a hora mundial GMT. Quatro quintos do continente ficam
ram profundamente a música estadunidense em geral, distinguindo-a das abaixo da Linha do Equador. Noplaneta Terra, o continente faz parte do
tradições europeias. Elementos da música folclórica, como o blues e o que continente pan-americano. É banhado pelo mar do Caribe, oceano Atlânti-
é agora conhecido como old-time music, foram aprovadas e transformadas co e oceano Pacífico. O continente é cortado por dois círculos imaginários:
em gêneros populares com público global. O jazz foi desenvolvido por A linha do Equador que passa pelo país homônimo, Peru, Colômbia e
artistas inovadores, tais como Louis Armstrong e Duke Ellington no início Brasil e o Trópico de Capricórnio, que corta Chile, Argentina, Paraguai e
do século XX. A música country foi desenvolvida nadécada de 1920, e o Brasil.
rhythm and blues na década de 1940. Elvis Presley e Chuck Berry foram No continente, existem tipos bem diversos de ambiente. A oeste fica a
um dos pioneiros do rock and roll em meados dos anos 1950. Em1960, extensa cadeia montanhosa dos Andes, que atinge até 6.700m de altitude
Bob Dylan surgiu a partir do american folk music revival para se tornar um em alguns pontos. Onorte é quase completamente tomado pela densa e
dos compositores mais célebres do país e James Brown liderou o desen- úmida Floresta Amazônica. Na região central do continente predomina
volvimento do funk. Mais recentes criações musicais estadunidenses áreas alagadas que incluem o Pantanalbrasileiro e Chaco boliviano. Mais
incluem o rap e a house music. Astros pop estadunidenses como Elvis para o sul há planícies e cerrados. Na costa leste, a floresta costeira origi-
Presley, Michael Jackson e Madonnatornaram-se celebridades globais. nal cedeu lugar à ocupação industrial e agrícola.
Geologia e relevo

AMÉRICA DO SUL Primitivamente ligada à África, com a qual compunha o continente da


Gonduana, a América do Sul era representada, basicamente, por três
A América do Sul é um subcontinente que compreende a porção me- massas cristalinas: o escudo Brasileiro, o escudo Guiano e o escudo
ridional da América. Sua extensão é de 17.819.100 km², abrangendo 12% Patagônico. Os escudos Brasileiro e Guiano apresentam traços de dobra-
da superfície terrestre e 6% da população mundial. Une-se à América mentos antigos, pré-cambrianos e pré-devonianos, o mesmo se verificando
Central, ao norte, pelo istmo do Panamá e separa-se da Antártica pelo noCretáceo com o escudo Patagônico. No Cretáceo, quando parece ter-se
estreito de Drake. Tem uma extensão de 7.500 km desde o mar do Caribe iniciado o desligamento do bloco africano do brasileiro, dobraram-se as
até o cabo Horn, ponto extremo suldo continente. Os outros pontos extre- camadas sedimentares acumuladas, dando origem à cordilheira dos An-
mos da América do Sul são: ao norte a Punta Gallinas, naColômbia, ao des, já no Terciário. Uma vez formada, ocorreu quase simultaneamente a
leste a Ponta do Seixas, no Brasil, e a oeste a Punta Pariñas, no Peru. regressão dos mares que cobriam as partes mais baixas dos escudos ou
Seus limites naturais são: ao norte com o mar do Caribe; a leste, nordeste entre estes e os Andes.
e sudeste com o oceano Atlântico; e a oeste com o oceano Pacífico.
Com relação à bacia Amazônica, o levantamento do bloco andino bar-
No século XIX, o continente recebeu cerca de 15 milhões de imigran- rou o escoamento das águas para oeste e, com o aumento da sedimenta-
tes provenientes da Europa, e sofreu influências culturais e ideológicas ção, a bacia adquiriu um aspecto lagunar. A evolução da sedimentação da
tanto dos Estados Unidos quanto da Europa. A rápidaurbanização superou bacia do Orinoco não teve sequência muito diferente da bacia Amazônica.
a oferta de emprego e moradia.
Quanto à planície do Pampa, pois, ao que parece, a sedimentação, até
Como esforço para estimular o comércio, a produção e a integração o final doMesozóico, ocorreu em ambiente marinho ou em conjunto de
sul-americana como um todo, firmaram-se acordos e organizações econô- grandes lagunas. Mas no Terciário, com a formação dos Andes, o braço de
micos como o Pacto do ABC em 1915, a Comunidade Andina de Nações mar que separava o escudo Patagônico do Brasileiro regrediu. De outro
(CAN) em 1969, a Associação Latino-Americana de Livre Comércio lado, no Mesozóico ePaleozóico, os sedimentos provieram das áreas
(ALALC) em 1960, que foi substituída pela Associação Latino-Americana cristalinas das áreas soerguidas do norte (planalto Brasileiro) ou do sul
de Desenvolvimento e Intercâmbio(ALADI) em 1981, o Mercado Comum do (escudo Patagônico), enquanto no Terciário a planície começou também a
Sul (Mercosul) em 1995. E em 23 de maio de2008, foi assinado o Tratado receber os sedimentos dos Andes. O relevo dessa área possui característi-
Constitutivo da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL) na cidade de cas próprias. A planície Amazônica é um imenso funil que desce suave-
Brasília, onde foi estruturada e oficializada a União estabelecendo oficial- mente em direção ao Atlântico a partir dos sopés andinos. Na planície

Ciências Humanas e suas Tecnologias 156 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Amazônica, encontra-se a maior rede hidrográfica do mundo, com uma As temperaturas médias anuais na bacia Amazônica oscilam em torno
área de cerca de 7.000.000 km². de 27 °C, com pequenas variações estacionais. Entre olago de Maracaibo
e a foz do Orinoco, predomina um clima tropical do tipo senegalês, que
Ao norte da planície Amazônica, estendendo-se por quase 500.000 engloba também partes do território brasileiro.
km², surge a bacia do Orinoco. A planície do Orinoco é continuada para o
sul através de lhanos do Beni, de Mojos, Guarayos e de Chiquitos. Ao sul O centro-leste do planalto Brasileiro possui clima tropical úmido e
da Bolívia, inicia-se o Chaco. Ao sul do Chaco, estendem-se os pampas, quente. As partes norte e leste do pampa argentino possuemclima tempe-
onde formaram bacias sem escoamento para o mar. A noroeste da provín- rado oceânico, enquanto as faixas oeste e leste tem clima temperado. Nos
cia de Buenos Aires, erguem-se as serras pampianas. A serra de Famatina pontos mais elevados da região andina, os climas são mais frios do tipo
(cerca de 6.000 metros) é a mais alta desse conjunto, onde também se norueguês. Nos planaltos andinos, predomina o clima quente, embora
destacam outras serras. amenizado pela altitude, enquanto na faixa costeira, registra-se um clima
equatorial do tipo guineano. Deste ponto até o norte do litoral chileno
Diferente é o aspecto morfológico geral da região situada a leste das aparecem, sucessivamente, climas mediterrâneo oceânico, temperado do
referidas planícies, formando a segunda importante faixa de relevo da tipo bretão e, já na Terra do Fogo, clima frio do tipo siberiano.
América do Sul. Trata-se do planalto Brasileiro e seu prolongamento para o
norte, o planalto das Guianas. Este último, estende-se pela fronteira brasi- A distribuição das chuvas relaciona-se com o regime dos ventos e das
leira com as Guianas e com a Venezuela. A escarpa do planalto, do lado massas de ar. Na maior parte da região tropical a leste dos Andes, os
sul, desce abruptamente. Para o norte, em direção àplanície do Orinoco, ventos que sopram do nordeste, leste e sudeste carregam umidade do
suas vertentes são mais suaves. Depois da interrupção produzida pela Atlântico, provocando abundante precipitação pluviométrica. Nos lhanos do
planície a área planaltina prossegue para o sul, constituindo-se no planalto Orinoco e no planalto das Guianas, as precipitações vão de moderadas a
Brasileiro, com cerca de 5.000.000 km². elevadas. O litoral colombiano do Pacífico e o norte do Equador são regi-
ões bastante chuvosas. O deserto de Atacama, ao longo desse trecho da
Interrompidas mais o sul pelos depósitos pampianos, as formas planal- costa, é uma das regiões mais secas do mundo. Os trechos central e
tinas reaparecem ao sul do rio Colorado (Argentina), constituindo o planalto meridional do Chile são sujeitos a ciclones, e a maior parte da Patagônia
da Patagônia. Apesar do domínio das formações continentais, há sinais de argentina é desértica. Nos pampas da Argentina, Uruguai e Sul do Brasil a
transgressão marinha na costa. A superfície atual parece corresponder a pluviosidade é moderada, com chuvas bem distribuídas durante o ano. As
umpeneplano, cuja formação data do fim do Plioceno. Movimentos posteri- condições moderadamente secas do Chaco opõem-se a intensa pluviosi-
ores de soerguimento aprofundaram os vales na massa sedimentar. Os dade da região oriental do Paraguai. Na costa do semiárido Nordeste
vales patagônicos, que em regra se caracterizam por uma topografia semi- brasileiro as chuvas estão ligadas a um regime de monções.
desértica, possuem perfis longitudinais com forte inclinação, largos talve-
gues cercados por altas vertentes. Como os soerguimentos pós-pliocênicos Fatores importantes na determinação dos climas são as correntes ma-
não se fizeram uniformemente, restaram áreas deprimidas. rítimas, como as de corrente de Humboldt e das Malvinas. A corrente
equatorial do Atlântico Sul esbarra no litoral do Nordeste e aí divide-se em
O oeste da América do Sul é ocupado pela terceira grande faixa morfo- duas outras: a corrente do Brasil e uma corrente costeira que flui para o
estrutural e que constitui a extensa cordilheira dos Andes. A par dessas noroeste rumo às Antilhas.
três áreas morfo-estruturais, observa-se um grande contraste morfológico
entre o litoral do Atlântico (16 mil quilômetros de extensão) e o do Pacífico Hidrografia
(nove mil quilômetros). O litoral atlântico é, em geral, baixo, de fraco decli-
ve, arenoso ou constituído de depósitos fluviais e ostenta uma larga plata- Os mais importantes sistemas hidrográficos da América do Sul — o do
forma continental. Os rios desempenharam papel importante na configura- Amazonas (o mais vasto), do Orinoco e do Paraná-rio da Prata — têm a
ção do litoral, de grande parte das ilhas da foz do Amazonas e do delta do maior parte de suas bacias de drenagem na planície. Os três sistemas, em
Paraná. Mas tiveram importância também a erosão marinha e os movimen- conjunto, drenam uma área de cerca de 9.583.000 km².
tos epirogênicos. A maior parte dos lagos da América do Sul localiza-se nos Andes ou
As grandes altitudes das costas do Pacífico se opõem imensas pro- ao longo de seu sopé. Entre os lagos andinos, destacam-se o Titicaca e o
fundidades submarinas, quase não existindo plataforma continental. A Poopó. A mais importante formação lacustre do norte é o lago de Maracai-
única área mais acidentada é a situada ao sul, onde aparecem ilhas e bo, na Venezuela, e na costa oriental salienta-se a lagoa dos Patos, no
arquipélagos, como o de Chonos, Madre de Díos, Reina Adelaide, além da Brasil.
ilha da Terra do Fogo, separada do continente pelo estreito de Magalhães. A cobertura vegetal é complexa, especialmente nos planaltos e nas
Solos áreas em que ocorrem diferenças de precipitação pluviométrica. As flores-
tas tropicais úmidas são bastante extensas, cobrindo a bacia Amazônica.
Milhares de quilômetros quadrados de solo escuro, de origem eólica e
aluvial, ocorrem nos pampas da Argentina e Uruguai, onde se encontram Uma zona semicircular de florestas temperadas de araucária reveste
algumas das melhoresterras do mundo. Pequenas áreas de bons solos parte do planalto Meridional Brasileiro, enquanto a floresta fria estende-se
aparecem também nos vales andinos e da costa ocidental, especialmente sobre os Andes centro-meridionais chilenos, e florestas tropicais descontí-
no vale longitudinal do Chile, na planícieequatoriana de Guayas, e no vale nuas compreendem a região do Chaco.
colombiano do Cauca. Excelentes também são as terras roxas da bacia do Existem vastas áreas de campos e savanas. No Nordeste brasileiro,
Paraná no Brasil, originadas da desagregação dosafloramentos basálticos sob um clima semiárido, aparece a caatinga e, correspondendo ao clima
e atualmente propícias à cultura cafeeira, somente encontrando rival nos tropical, estendem-se os cerrados do Brasil central. Os páramos, vegeta-
solos vulcânicos dos Andes colombianos. ção estépica de altitude, cobrem amplas porções dos planaltos interandi-
As terras da bacia Amazônica em geral são pobres; existem solos fér- nos do Equador e do Peru setentrional, enquanto os pampas apresentam a
teis em pequenas áreas de terras aluviais, porém sujeitas a inundações. A mesma vegetação. E a vegetação desértica das punas, predomina em
infertilidade e a elevadaacidez fazem com que a maior parte das terras da larga faixa do litoral do Pacífico, no Peru centro-meridional, norte do Chile e
planície tropical sejam ruins para a agricultura. nordeste da Argentina.

Clima Fauna

A distribuição das temperaturas médias na região apresenta uma regu- Os animais nativos da América do Sul pertencem, em sua maioria, ao
laridade constante a partir dos 30º de latitude sul, quando as isotermas chamado domínio neotrópico da zoogeografia. Quando as Américas uni-
tendem, cada vez mais, a se confundir com os graus de latitude. ram-se pelo istmo do Panamá, a fauna terrestre e de água doce migrou do
Norte para o Sul e vice-versa. Este foi o denominado Grande Intercâmbio
Nas latitudes temperadas, os invernos são mais amenos e os verões Americano, que atingiu seu ápice por volta de três milhões de anos atrás.
mais quentes do que na América do Norte. Pelo fato de sua parte mais
extensa do continente localizar-se na zona equatorial, a região possui mais A fauna das florestas tropicais carateriza-se pela abundância de ma-
áreas de planícies tropicais do que qualquer outro continente. cacos, antas, roedores e répteis. Os mais característicos membros da

Ciências Humanas e suas Tecnologias 157 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
fauna amazônica são o peixe-boi, mamífero aquático e vegetariano, e a que ocorriam na Europa e a fartura de terras no Brasil. Atualmente, estima-
piranha. se que dezoito milhões ou 10% dos brasileiros têm ao menos um antepas-
sado alemão. O Brasil abriga hoje a maior comunidade ucraniana da
A região dos Andes, as estepes frias e desertos da Patagônia possu- América Latina, contando com 1 milhão de pessoas.
em uma fauna peculiaríssima, como os quatro membros do ramo america-
no de camelídeos: guanaco, lhama, alpaca e vicunha. Composição genética
A pradarias situadas no sul do Amazonas possuem uma fauna carac- Na Argentina, a herança europeia é a predominante, mas com signifi-
teristicamente transicional. Nessa área ocorrem espécies tropicais, ao cativa herança indígena, e presença de contribuição africana também. Um
mesmo tempo que animais das regiões mais frias. estudo genético autossômico realizado em 2009, revelou que a composi-
ção da Argentina é 78,50% europeia, 17,30% indígena, e 4,20% africa-
Demografia na.[64] Em Buenos Aires, um estudo genético autossômico encontrou
Grupos étnicos contribuição Indígena de 15,80% e Africana de 4,30%.[65] Na região de La
Plata, as contribuições europeia, indígena e africana foram, respectivamen-
Para a formação étnica da população sul-americana predominaram te, 67.55% (+/-2.7), 25.9% (+/-4.3), e 6.5% (+/-6.4).[66] 56% da população
três etnias: índios, brancos e negros. Em muitos países predominam os da Argentina possui DNA mitoncondrial ameríndio.
mestiços deespanhóis com indígenas, como é o caso daColômbia, Equa-
dor, Paraguai e Venezuela. Em apenas dois países os povos indígenas são Um estudo genético de DNA autossômico, de 2008, apontou que a an-
maioria: no Peru e na Bolívia. Grandes populações de ascendência africa- cestralidade do povo chileno é 51,6% europeia, 42,1% indígena e 6,3%
na são encontradas no Brasil, naColômbia. africana.Um outro estudo genético confirma que o povo chileno é mestiço,
mas é notável que as camadas sociais mais baixas apresentam maior grau
Os países de forte ascendência europeia são aArgentina, o Uruguai, o de ancestralidade indígena, enquanto as camadas mais altas da sociedade
Chile, e oBrasil. Os dois primeiros países tem sua população derivada de têm mais ancestralidade europeia.Um outro estudo genético realizado em
imigrantesespanhóis e italianos e, no caso do Sul e sudeste meridional do pessoas de Santiago, capital do Chile, encontrou uma mistura de ancestra-
Brasil (principalmente São Paulo), derivada de imigrantes portugueses, lidade, sendo 57% europeia e 43% indígena. Os habitantes de Concepción,
italianos, alemães e espanhóis. O Brasil é o país com maior população de outra cidade chilena, têm 65% de ancestralidade europeia e 36% indígena.
afro-descendentes fora da África do mundo, contando com uma população Já os habitantes de Puerto Montt têm 53% de origem indígena e 47%
de afro-descendentes maior que a soma de todos os outros países ameri- europeia. Na localidade de Laitec a ascendência é 80% ameríndia e 20%
canos juntos. europeia, enquanto que em Poposo é 60% ameríndia e 40% europeia.Os
O Chile recebeu uma grande onda de imigrantes europeus, principal- índios chilenos são predominantemente de ancestralidade indígena. Um
mente no norte, sul e costa. Ao longo do século XVIII e início do século XX. estudo genético envolvendo índios aymará encontrou 96% de sangue
Os imigrantes europeus que chegaram no Chile são maioritariamente indígena e 4% de europeu ou africano. Os mapuches já são mais mistura-
espanhóis, alemães, ingleses (incluindo o escocês e irlandês), italianos, dos, tendo 73% de sangue ameríndio e 27% de europeu ou africano. Os
franceses, austríacos, neerlandeses, suíços, escandinavos, portugueses, pehuenches têm ancestralidade 95% indígena e 5% não-índio, enquanto
gregos ecroatas. os alacaluf são 89% índios e 11% europeu ou africano.

O maior grupo étnico que compõe a população chilena veio da Espa- Um estudo genético de 2009, publicado no American Journal of Hu-
nha e do País Basco, ao sul da França. As estimativas de descendentes de man Biology, revelou que a composição genética do Uruguai é principal-
bascos no Chile variam de 10% (1.600.000) até 27% (4.500.000). 1848 foi mente Europeia, mas com contribuição indígena (que varia de 1% a 20%
um ano de grande imigração de alemães e franceses, a imigração de em diferentes partes do país) e significativa contribuição africana (7% a
alemães foi patrocinada pelo governo chileno para fins de colonização para 15% em diferentes partes do país).
as regiões meridionais do país. Esses alemães (também suíços eaustría- Os brasileiros ("brancos", "pardos" e "negros"), no geral, possuem an-
cos), significativamente atraídos pela composição natural das províncias do cestralidades europeia, africana e indígena. A europeia sendo importante
Valdivia, Osorno e Llanquihue foram colocados em terras dadas pelo sobretudo nos "brancos" e "pardos". A ancestralidade "africana" é maior
governo chileno para povoar a região. Porque o sul do Chile era pratica- entre os "negros". A ancestralidade indígena encontra-se presente em
mente desabitado, a influência desta imigração alemã foi muito forte, todas as regiões, em "brancos", "pardos" e "negros" brasileiros, embora
comparável à América Latinaapenas com a imigração alemã do sul do tendendo a um grau menor. De acordo com um estudo de DNA autossômi-
Brasil. Há também um grande número de alemães que chegaram ao Chile, co de 2008, conduzido pela Universidade de Brasília (UnB), com "brancos",
após a Primeira e Segunda Guerra Mundial, especialmente no sul (Punta "pardos" e "negros", a ancestralidade europeia é a predominante em todas
Arenas, Puerto Varas, Frutillar, Puerto Montt, Temuco, etc.) A embaixada as regiões do Brasil, respondendo por 65,90% da herança da população,
alemã no Chile estima que entre 500,000 a 600,000 chilenos são de origem seguida de uma grande contribuição africana (24,80%) e de uma contribui-
alemã. Além disso, estima-se que cerca de 5% da população chilena é ção indígena menor (9,3%). De acordo com o estudo autossômico de 2011,
descendente de imigrantes de origem asiática, principalmente do Oriente com aproximadamente 1000 amostras de brasileiros "brancos", "pardos" e
Médio (ou seja, palestinos, sírios, libaneses e armênios), são cerca de "negros", levado a cabo pelo geneticista brasileiro Sérgio Pena, o compo-
800.000 pessoas. É importante ressaltar que os israelitas, tanto judeus nente europeu é o predominante na população do Brasil, em todas as
como não-cidadãos judeus da nação de Israel podem ser incluídos. Chile regiões nacionais, com contribuições africanas e indígenas. De acordo com
abriga uma grande população de imigrantes, principalmente cristã, do esse estudo, a ancestralidade europeia responde por 70% da herança da
Oriente Médio. Acredita-se que cerca de 500.000 descendentes de palesti- população brasileira. Esse estudo foi realizado com base em doadores de
nos residem no Chile. Outros grupos de imigrantes historicamente significa- sangue, sendo que a maior parte dos doadores de sangue no Brasil vêm
tivos são: os croatas, cujo número de descendentes é estimado em das classes mais baixas (além de enfermeiros e demais pessoas que
380.000 pessoas, o equivalente a 2,4% da população. No entanto, outras laboram em entidades de saúde pública, representando bem, assim, a
fontes dizem que 4,6% da população do Chile podem ter alguma ascen- população brasileira) . Esse estudo constatou que os brasileiros de diferen-
dência croata.[56] Além disso, mais de 700.000 chilenos de origem britâni- tes regiões são geneticamente muito mais homogêneos do que se espera-
ca (Inglaterra, País de Gales e Escócia), o que corresponde a 4,5% da va, como consequência do predomínio europeu (o que já havia sido mos-
população.Os chilenos de ascendência grega são estimados entre 90.000 trado por vários outros estudos genéticos autossômicos, como se pode ver
e 120.000 pessoas,a maioria deles vive no Santiago ou Antofagasta, Chile abaixo). “Pelos critérios de cor e raça até hoje usados no censo, tínhamos
é um dos 5 países com mais descendentes de gregos no mundo.[Os a visão do Brasil como um mosaico heterogêneo, como se o Sul e o Norte
descendentes de suíços somam o número 90.000, também se estima que abrigassem dois povos diferentes”, comenta o geneticista. “O estudo vem
cerca de 5% da população chilena tem alguma ascendência francesa. Os mostrar que o Brasil é um país muito mais integrado do que pensávamos.”
descendentes de italianos estão entre 600.000 e 800.000 pessoas. A homogeneidade brasileira é, portanto, muito maior entre as regiões do
A imigração alemã no Brasil foi o movimento migratório ocorrido nos que dentro delas, o que valoriza a heterogeneidade individual. Essa con-
séculos XIX e XX de alemães para várias regiões doBrasil. As causas clusão do trabalho indica que características como cor da pele são, na
deste processo podem ser encontradas nos frequentes problemas sociais verdade, arbitrárias para categorizar a população.Já de acordo com um

Ciências Humanas e suas Tecnologias 158 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
estudo genético autossômico feito em 2010 pela Universidade Católica de (90%). No entanto, outros estudos mostram que 56% da população da
Brasília, publicado noAmerican Journal of Human Biology, a herança Argentina, tem ancestralidade ameríndia. Nos países andinos e caribe-
genética europeia é a predominante no Brasil, respondendo por entre 75% nhos, entretanto, os índices de ameríndios e mestiços são consideráveis:
e 80% total, "brancos", "pardos" e "negros" incluídos. Os resultados tam-
bém mostravam que, no Brasil, indicadores de aparência física, como cor População
da pele, dos olhos e dos cabelos, têm relativamente pouca relação com a A população da América do Sul não se distribui uniformemente, ha-
ascendência de cada pessoa (ou seja, o fenótipo de uma pessoa não vendo áreas rarefeitas, ao lado de outras de densidade relativamente
indica claramente o seu genótipo).Esse estudo foi realizado com base em elevada. Alguns fatores de ordem física e humana contribuem para isso.
amostras de testes de paternidade gratuitos, conforme exposto pelos Entre as causas de rarefação demográfica, salientam-se:
pesquisadores: "os teste de paternidade foram gratuitos, as amostras da
população envolvem pessoas de variável perfil socioeconômico, embora  A existência de regiões desérticas, como a Patagônia, o pampa
provavelmente com um viés em direção ao grupo dos 'pardos'". De acordo seco, o Atacama e a Sechura;
com outro estudo, de 2009, osbrasileiros, como um todo, e de todas as  As zonas de florestas equatoriais, como a Amazônia;
regiões, e independentemente de aparência ou classificação pelo censo,  As áreas de campos, onde a criação extensiva de gado contribui
estão bem mais perto dos europeus do que dosmestiços do México, e dos para a escassez demográfica.
africanos, do ponto de vista genético. Quanto aos fatores que têm determinado maiores concentrações de
população destacam-se:
Evolução étnica  As faixas litorâneas bem abrigadas e dotadas de portos naturais;
As populações primitivas da América do Sul, os ameríndios, de carac-  As costas de clima relativamente benigno;
teres antropológicos mongoloides, distribuíam-se, no período colonial, em  Os vales de alguns rios navegáveis, como o Amazonas, Orinoco,
grupos. Os métodos de redução e conquista variaram, de acordo com o Cauca, Paraná;
estágio de civilização dos nativos.  E as regiões naturalmente férteis, onde se desenvolveu uma ativi-
Na região dominada pelos portugueses, os colonizadores escraviza- dade agrícola apropriada, como o eixo Rio-São Paulo, no Brasil, a provín-
ram os índios espalhados pelo interior, levando às terras propícias para cia de Buenos Aires, na Argentina, e o vale central do Chile.
fazer a colonização. Com esse objetivo, foram organizadas expedições de A população da América do Sul teve o maior índice de crescimento no
busca aos escravos índios, comobandeiras. Essa obra de conquista foi mundo entre 1920 e 1960. O declínio da mortalidade, determinado em
acompanhada pelas missões religiosas, que também procuravam "reduzir" grande parte pela elevação dos padrões de higiene pública, foi a causa
os gentios e fazê-los produzir, mas através de outros métodos e com o fundamental dessa expansão demográfica. Outro fator que contribuiu para
objetivo de cristianização. esse aumento foi a imigração. Desde1800, cerca de 12 milhões de imigran-
Com essa obra de conquista veio juntar-se ao indígena um outro con- tes chegaram à região. Desse total, cerca de 4 milhões vieram da Espa-
tingente, o branco, ibérico principalmente. Na primeira fase, o conquistador nha, 4 milhões da Itália, 2 milhões de Portugal e o restante da Alemanha,
interessou pelo ameríndio, sobretudo como mão de obra. Não tardou, Polônia, Síria, Japão, China e outros países.
porém, que os europeus, especialmente os portugueses, se desiludissem Política
quanto à eficiência do ameríndio escravizado. Como o indígena não se
Durante a primeira década do século XXI, os governos sul-americanos
adaptasse bem a agricultura, os colonizadores começaram a importação,
têm impulsionado a política de esquerda, com líderes socialistas que são
como os escravos, de negros africanos, que vieram a constituir o terceiro
eleitos como no Chile, Uruguai, Brasil, Argentina, Equador, Bolívia, Para-
elemento importante na formação étnica das populações sul-americanas.
guai e Venezuela. Apesar do movimento de esquerda, a América do Sul
É a partir do final do século XIX, todavia, que se assiste a entrada em em sua maioria ainda abraça a política de mercado livre, e ela está toman-
massa de imigrantes europeus em diversos países latino-americanos. Essa do um caminho ativo em direção à maior integração continental.
imigração se concentrou sobretudo na Argentina, no Chile, no Uruguai e no
Recentemente, uma entidade intergovernamental tem sido formada
Brasil. São os italianos que chegam em maior número, superando inclusive
para fundir duas uniões aduaneiras existentes: o Mercosul e a Comunidade
espanhóis e portugueses.
Andina, formando assim o terceiro bloco político-comercial no mundo. Esta
Composição da população nova organização política conhecida como a União de Nações Sul-
Americanas procura estabelecer o movimento livre de pessoas, desenvol-
A população branca predomina na região, mas é considerável a por- vimento econômico, uma política de defesa comum e a eliminação de
centagem de mestiços, enquanto os indígenas constituem minoria. Na tarifas.
Colômbia, 75% da população correspondem a mestiços e 1% aos amerín-
dios. Na Venezuela, 2% dos habitantes são ameríndios, 21% europeus Economia
ibéricos, 10% afro-americanos e 67%eurameríndios. A população brasileira A América do Sul experimentou, a partir de 1930, um notável cresci-
é formada principalmente por descendentes de povos indígenas, colonos mento e diversificação na maioria dos setores econômicos. Grande parte
portugueses, escravos africanos e de imigranteseuropeus. dos produtos agrícolas e pecuários é destinada ao consumo local e ao
mercado interno. No entanto, a exportação de produtos agrícolas é funda-
No Brasil, são considerados pardos (caboclos, cafuzos e mulatos), mental para o equilíbrio da balança comercial da maioria dos países.
mas o número de mestiços deve ser maior, estando diluídos nos 49,7%
considerados brancos. No caso do Paraguai, embora não exista censo Os principais cultivos agrários são justamente os de exportação, como
racial, a maior parte do contingente populacional é considerada mestiça. a soja e o trigo. A produção de alimentos básicos como as hortaliças, o
Segundo a CIA Factbook, 95% da população paraguaia tem ancestrais milho ou o feijão é grande, mas voltada para o consumo interno. A criação
espanhóis e guaranis; outras etnias também têm contribuído na mestiça- de gado destinada à exportação de carne é importante na Argentina, no
gem paraguaia, imigrantes europeus e de países vizinhos especialmente, Paraguai, no Uruguai e na Colômbia. Nas regiões tropicais os cultivos mais
mas também asiáticos em menor medida (árabes, coreanos e japoneses, importantes são o café, o cacau e as bananas, principalmente no Brasil, na
entre outros) que começaram se instalar no país após o conflito conhecido Colômbia e no Equador. Por tradição, os países produtores de açúcar para
como a Guerra do Paraguai até a atualidade[88][89]. O Uruguai é um país a exportação são: Peru, Guiana e Suriname, sendo que no Brasil, a cana-
predominante branco (88%), correspondendo os mestiços e negros a 8% e de-açúcar também é utilizada para a fabricação de álcool combustível. Na
4% respectivamente. A população chilena é principalmente Branca de costa do Peru, nordeste e sul do Brasil cultiva-se o algodão.
origem europeia, 95% da população. Uma descrição pormenorizada da Cinquenta por cento da superfície sul-americana está coberta por flo-
etnia mostra que 52,7% (8.8 milhões) - 90% (15 milhões) da população são restas, mas as indústrias madeireiras são pequenas e direcionadas para os
descendentes de europeus.Outro estudo que analisou o genótipo mostrou mercados internos. Nos últimos anos, no entanto, empresas transnacionais
que 30% da população é classificada como caucasica descendentes vêm se instalando naAmazônia para explorar madeiras nobres destinadas
directos dos europeus e 65% (brancos-mestiços), com um fenótipo branco, à exportação.
e na Argentina, onde foi maior o aniquilamento de indígenas e onde o
As águas costeiras do Pacífico da América do Sul, são as mais impor-
escravo negro não penetrou, a população é quase inteiramente branca
tantes para a pesca comercial. A captura de anchova chega a milhares de

Ciências Humanas e suas Tecnologias 159 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
toneladas, e também é abundante o atum, dos quais o Peru é um grande animais de pequeno porte (suínos, caprinos eovinos) ou de espécies que
exportador. A captura decrustáceos é notável, particularmente no nordeste melhor se adaptam às condições geográficas, como o caso da alpaca e do
do Brasil e no Chile. lhama. Os maiores rebanhos bovinos pertencem ao Brasil, Argentina e
Uruguai, onde também se concentram grandes criações de ovinos, suínos
Apenas Brasil e Argentina fazem parte do G20 (países industriais), en- e equinos. Igualmente importantes são os rebanhos brasileiros de caprinos
quanto que somente o Brasil integra o G8+5 (as nações mais poderosas e emuares.
com maior influência do planeta).
Mineração
No setor de turismo, se iniciaram em 2005 uma série de negociações
com objetivo de promover o turismo e aumentar as conexões aéreas dentro O subsolo sul-americano é rico em petróleo. Cerca de 25% da área to-
da região. Punta del Este, Florianópolis e Mar del Plata se encontram entre tal da região contém bacias sedimentares em que podem ocorrer estratos
os principais balneários da América do Sul. petrolíferos. Mas, até 1965, a maioria dos campos produtores localizavam-
se nas bacias estruturais flanqueadas pela cordilheira dos Andes. A Vene-
Agricultura zuela, com uma reserva estimada em 17 bilhões de barris, possui a mais
rica área petrolífera da América do Sul, a segunda do hemisfério ocidental
A maioria dos sul-americanos vive nas proximidades do litoral e por is-
e a sétima do mundo, somente ultrapassada pelosEstados Unidos, Rússia,
so grande parte das áreas em que se faz uso intensivo da terra localiza-se
Iraque, Irã, Arábia Saudita e Kuwait. Outros países sul-americanos que
nessa faixa periférica. Menos de 5% das terras da região são cultivadas,
dispõem de grandes reservas são Argentina, Colômbia, Peru, Bolívia e
19% destinam-se a pastagens e 47% são ocupadas por florestas. A pro-
Brasil.
porção de terra cultivada varia desde 12% no Uruguai até 1% no Paraguai
e a 0,03% na Guiana Francesa. A produção de gás natural é comumente associada à do petróleo, mas
sua utilização comercial tem sido limitada pela distância dos campos
Apesar dos esforços que têm sido feitos no sentido da industrialização, produtores em relação aos grandes centros de consumo.
a América do Sul ainda é uma região onde as atividades agrícolas desem-
Ao contrário do que ocorre na América do Norte, são escassos os re-
penham papel fundamental. O mais importante produto da região é o café,
cursos carboníferos sul-americanos. Embora existam depósitos em diver-
cultivado sobretudo nas terras roxas dos estados brasileiros de São Paulo
sas áreas dosAndes, bem como no Sul do Brasil, somente três países —
e Paraná e na cordilheira Ocidental da Colômbia, constituindo grande fonte
Colômbia, Chile eBrasil — apresentam produção razoável. O carvão brasi-
de divisas desses países. As principais áreas de cultura do milho se encon-
leiro contém elevado teor de cinza, necessitando, pois, de adição de car-
tram no interior do planalto Brasileiro, sobretudo na sua porção sul-oriental,
vão importado a fim de ser convenientemente utilizado na indústria.
e nas terras que bordejam na faixa tritícola dos pampas argentinos. A
banana é intensamente cultivada em torno do golfo de Guayaquil e callejón A América do Sul é rica em minério de ferro, que ocorre em imensa
do Equador (primeiro exportador da América do Sul), na região do baixo rio quantidade, sobretudo no planalto das Guianas e no escudo Brasileiro.
Magdalena e nas baixadas quentes e úmidas do Sul do Brasil. A produção Numerosos e extensos depósitos têm sido descobertos quase à flor da
de trigo concentra-se quase toda nas grandes áreas do pampa úmido e no terra, e podem ser minerados diretamente e a baixos custos. Os principais
Sul do Brasil; a Argentina é um dos principais países tritícolas do mundo, detritos ferríferos venezuelanos localizam-se próximo ao rio Caroni, afluen-
ao lado da Rússia, Estados Unidos e Canadá. A cultura do cacau assume te meridional do Orinoco, e o desenvolvimento de sua exploração tem sido
grande importância no callejón equatoriano, em torno do lago de Maracai- facilitado pela existência de meios de transportes fluviais baratos. Já no
bo, na Venezuela, e, principalmente, no sul do estado da Bahia, Brasil, que Brasil, que possui uma das maiores reservas de minério de ferro do mun-
é primeiro produtor sul-americano e segundo produtor e exportador mundi- do, as condições de exploração são menos favoráveis, uma vez que a
al. Fato a destacar na agriculturabrasileira na década de 1970 foi a enorme maior parte das minas situa-se no interior do estado de Minas Gerais, de
expansão da soja, que passou a ser um principais produtores de exporta- onde o minério é transportado por ferrovias para os portos de escoamento
ção do país. do litoral.
Outro recurso mineral importante da América do Sul é o cobre, que se
A fibras comerciais, como o sisal e a juta, encontram-se na América do
encontra principalmente nas terras geologicamente recentes dos Andes
Sul alguns grandes produtores, como a Colômbia, o Equador e o Brasil,
centrais, no Chile e no Peru. Somente as minas de cobre da América do
com suas plantações na Amazônia e no Nordeste. O Brasil é também o
Norte e da África Centralrivalizam com as do Chile.
principal produtor de algodão, graças às suas vastas plantações do Nor-
deste e do estado de São Paulo, bem como de mamona, amendoim e A maior parte das reservas de estanho do hemisfério ocidental encon-
mandioca. Cabe ainda ao Brasil a primazia no cultivo da cana-de-açúcar, tra-se no território boliviano. As minas localizam-se a grandes altitudes, nos
com suas imensas plantações no Nordeste, estado de São Paulo e do Rio Andes, e algumas delas são antigas jazidas de prata exauridas nos tempos
de Janeiro, embora outros países, como o Peru, possuam grandes canavi- coloniais. Estima-se que os depósitos dos Andes bolivianos contém um
ais. Se bem que alguns países do norte do continente cultivem fumoem terço de todo o estanho existente no mundo.
grande escala, é no Brasil que se encontram as maiores áreas fumageiras, O Brasil possui imensas reservas de manganês, e uma das maiores
notadamente nos estados da Bahia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e jazidas do mundo localiza-se a sudoeste do estado de Mato Grosso. Um
Minas Gerais. Os babaçuais e carnaubais são também plantas industriali- depósito menor, porém mais acessível, é explorado no estado do Amapá.
záveis, bem aproveitadas pelo Brasil, que tem como principais áreas Entre outros minérios abundantes na América do Sul, destacam-se a
produtoras os estados do Nordeste. Por fim, as frutas têm seu lugar na bauxita (sul da Guiana Francesa, Suriname e extremo norte do Brasil),
economia agrícola dos países sul-americanos; a Argentina é grande produ- platina (Colômbia), prata (Peru e Bolívia), nitrato (Chile), chumbo, zinco,
tora de peras, uvas e maçãs, e o Brasil possui extensos laranjais. bismuto e antimônio (Bolívia), vanádio e chumbo (Peru), iodo e enxofre
A agricultura sul-americana, entretanto, não emprega sistemas ou téc- (Chile), sal marinho, amianto, tungstênio, titânioe nióbio no (Brasil).
nicas uniformes para um mesmo produto. A produtividade não apenas
varia de país para país mas também apresentava enormes diferenças
regionais dentro de cada país. Até aproximadamente 1930, as técnicas e JAPÃO
os métodos de plantio apresentavam alto índice de arcaísmo, caracterizado
pela ausência de mecanização e adubação, preparo inadequado dos solos, Japão é um país insular da Ásia Oriental. Localizado no Oceano Pací-
ineficiência no combate às pragas, etc. Assim, somente a partir de1930 fico, a leste do Mar do Japão, da República Popular da China, da Coreia do
tem-se tratado desses problemas, tentando-se, inclusive, a recuperação de Norte, da Coreia do Sul e da Rússia, se estendendo do Mar de Okhotsk, no
terras esgotadas em virtude do uso predatório. norte, ao Mar da China Oriental e Taiwan, ao sul. Os caracteresque com-
Pecuária põem seu nome significam "origem do Sol", razão pela qual o Japão é às
vezes identificado como a "Terra do Sol Nascente".
É também do campo que provém uma fonte de riqueza de alguns paí-
ses sul-americanos: a pecuária. Em razão de uma série de fatores, tais O país é um arquipélago de 6.852 ilhas,[8] cujas quatro maiores são
como o relevo acidentado e a exiguidade de espaço útil, os países andinos Honshu, Hokkaido, Kyushu eShikoku, representando em conjunto 97% da
não se destacam por seus rebanhos; em geral, apenas existe a criação de área terrestre nacional. A maior parte das ilhas émontanhosa, com muitos

Ciências Humanas e suas Tecnologias 160 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
vulcões como, por exemplo, o pico mais alto japonês, o Monte Fuji. O principais atividades industriais estão a engenharia automóvel, a eletrônica,
Japão possui a décima maior população do mundo, com cerca de 128 a informática, a siderurgia, a metalurgia, a construção naval e a química,
milhões de habitantes. ARegião Metropolitana de Tóquio, que inclui a com destaque para as indústrias com tecnologia de ponta nestes setores.
capital de facto de Tóquio e várias prefeiturasadjacentes, é a maior área
metropolitana do mundo, com mais de 30 milhões de habitantes. As exportações japonesas incluem equipamento de transporte, veícu-
los motorizados, produtos eletroeletrônicos, maquinário industrial e produ-
Pesquisas arqueológicas indicam que humanos já viviam nas ilhas ja- tos químicos. Os principais compradores do Japão são a China, os Estados
ponesas no período Paleolítico Superior. A primeira menção escrita do Unidos, a Coreia do Sul, Taiwan e Hong Kong (em 2005). Contudo, o
Japão começa com uma breve aparição em textos históricos chineses do Japão possui reduzidos recursos naturais para sustentar o crescimento
século I. A influência do resto do mundo seguida por longos períodos de econômico e por isso depende de outros países em relação a matérias-
isolamento tem caracterizado a história do país. Desde a sua constituição primas. Os países que mais vendem para o Japão são a China, os Estados
em 1947, o Japão se manteve como umamonarquia constitucional unitária Unidos, oBrasil, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, a Austrália,
com um imperador e um parlamento eleito, a Dieta. a Coreia do Sul e a Indonésia. As principais importações do país são
máquinas e equipamentos, combustíveis fósseis, produtos alimentícios
Como grande potência econômica,[9] possui a terceira maior economia (carne em particular), químicos, têxteis e matéria-prima para suas indús-
do mundo em PIB nominal e a terceira maior em poder de compra. É trias. O principal parceiro comercial do Japão é a China. O maior banco do
também o quarto maior exportador e o sexto maior importador do mundo, mundo está no Japão,o Mitsubishi UFJ Financial Group, com aproximada-
além de ser o único país asiático membro do G8. O país mantém uma mente 1,7 trilhões de dólares em fundos assim como o maior sistema de
força de segurança moderna e ampla, utilizada para auto-defesa e para caderneta de poupança postal do mundo e o maior titular de poupança
funções de manutenção da paz. O Japão possui um padrão de vida muito mundial, o Serviço Postal Japonês, detentor de títulos privados da ordem
alto (12º maior IDH), com a maior expectativa de vida do mundo (de acordo de 3,300 bilhões de dólares. Também fica no país a segunda maior bolsa
com estimativas da ONU e da OMS) e a terceira menor taxa de mortalida- de valores do mundo, a Bolsa de Valores de Tóquio, com uma capitaliza-
de infantil. O país também faz parte do G20, grupo formado pelas 19 ção de mercado de mais de 549,7 trilhões de yens em Dezembro de 2006.
maiores economias do mundo mais a União Europeia. Também é lar de algumas das maiores empresas de serviços financeiros,
O Japão é uma monarquia constitucional onde o poder do imperador é grupos empresariais e bancos. Por exemplo, vários keiretsus (grupos
muito limitado. A Constituição o define como "símbolo do Estado e da empresariais) e multinacionais como a Sony, a Sumitomo, a Mitsubishi e a
unidade do povo" e ele não possui poderes relacionados ao governo. O Toyota têm bancos, grupos de investimento e de serviços financeiros.
poder, concedido por soberania popular,[96] está concentrado principal- As principais atividades econômicas do Japão circulam entre as ilhas
mente na figura do primeiro-ministro do Japão e de outros membros eleitos de Hokkaido, Honshu, Shikoku e Kyushu. O Japão é cortado por uma
da Dieta. O imperador age como chefe de Estado em ocasiões diplomáti- eficiente malha rodoviária e ferroviária que liga o país de norte a sul. Em
cas, sendo Akihito o presente imperador do Japão e Naruhito, o próximo na 2004, havia 1.177.278 km de rodovias pavimentadas, 173 aeroportos e
linha sucessória do trono. 23.577 km de ferrovias. O transporte aéreo é em grande parte operado
O primeiro-ministro do Japão é o chefe de governo. O candidato é es- pelaAll Nippon Airways (ANA) e pela Japan Airlines (JAL). Já as ferrovias
colhido pela Dieta de entre um de seus membros e endossado pelo impe- são operadas pela Japan Railways entre outras. Os aeroportos mais mo-
rador. O primeiro-ministro é o chefe do Gabinete, órgão executivo que vimentados ficam nas regiões mais populosas do país, Kanto e Kinki. O
nomeia e demite ministros de Estado do qual a maioria deve ser membro Aeroporto Internacional de Narita, por exemplo, é o mais movimentado do
da Dieta. O primeiro-ministro do Japão é, no momento, Yoshihiko Noda. país e o oitavo mais movimentado do mundo. Há muitos vôos internacio-
nais de várias cidades e países do Japão e para o país. Já o transporte
O órgão legislativo do Japão é a Dieta Nacional, um parlamento bica- portuário, apesar de fundamental para um país insular, encontra-se em
meral. A Dieta é formado pela Câmara dos Representantes, com 480 baixa, desde um pico na década de 1980.
representantes eleitos por voto popular a cada quatro anos ou quando
dissolvida, e pela Câmara dos Conselheiros de 242 membros com manda- Uma vez que apenas 15% das terras japonesas são apropriadas para
tos de seis anos. Todos os cidadãos com mais de 20 anos têm direito ao o cultivo, o sistema de terraceamento é usado em pequenas áreas. Isto
voto e a concorrer nas eleições nacionais e locais realizadas com voto resulta em um dos mais elevados níveis de produtividade por unidade no
secreto. O Japão tem um sistema político democrático e pluripartidário com mundo. O pequeno setor agrário do Japão, contudo, é muito subsidiado e
seis grandes partidos políticos. O liberal conservador Partido Liberal De- protegido. O Japão precisa importar cerca de 50% dos grãosconsumidos
mocrata(PLD) está no poder desde 1955, a não ser por um curto período excetuando o arroz, e depende de importações para seu suprimento de
de coalizão da oposição em 1993. O maior partido de oposição é o liberal carne. O Japão é o segundo maior produtor de pescado do mundo por
social Partido Democrático do Japão. tonelada depois da China e tem uma das maiores frotas de pesqueiros do
mundo que responde por quase 15% da pesca mundial O país depende de
Historicamente influenciado pelo sistema chinês, o sistema legal do países estrangeiros em 80% para o seu suprimento de petróleo e alimentos
Japão desenvolveu-se independentemente durante o período Edo. Entre- como a carne bovina.
tanto, desde o final do século XIX, o sistema legal japonês tem se baseado
em grande parte nos direitos civis da Europa, principalmente da França e É líder nos campos da pesquisa científica, tecnológica, maquinária e
Alemanha. Em 1896, por exemplo, o governo japonês estabeleceu um médica. Algumas das mais importantes contribuições tecnológicas do
código civil baseado no modelo alemão. Com modificações do pós-Guerra, Japão são encontrados nos campos da eletrônica, maquinaria, robótica
o código permanece vigente no Japão. A lei estatutária origina-se na Dieta industrial, óptica, química, semicondutores e metalurgia. O Japão é líder no
com a aprovação do imperador. A Constituição requer que o imperador mundo dos robôs industriais, sendo que mais da metade dos robôs existen-
promulgue as leis aprovadas pela Dieta, sem, no entanto, conferir-lhe o tes no mundo, são usados nas suas indústrias.
poder de opôr-se a aprovação de uma lei. O sistema de tribunais do Japão As grandes empresas japonesas são organizadas de dois modos prin-
é dividido em quatro esferas básicas: a Suprema Corte e três níveis de cipais:
cortes inferiores. O corpo principal da lei estatutária japonesa é chamado
de Seis Códigos.  As keiretsus (ou redes verticais) são um conjunto de empresas
que vivem em função de uma grande empresa especializada. As pequenas
Economia
empresas são fornecedoras e prestadoras de serviços da empresa cen-
Levando-se em conta seu produto interno bruto (PIB) nominal de 5,8 tral.[126] As maiores keiretsus giram em torno da Toyota, Toshiba, Nissan,
trilhões de dólares, o Japão é presentemente a terceira economia mundial Hitachi e Matsushita.
e a quarta em relação à paridade do poder de compra, estando em 4,39
trilhões de dólares, [o que ocorre basicamente em decorrência da coopera-
 Redes horizontais ou kigyo shudan são baseadas na conexão
entre grandes empresas. São consideradas herdeiras dazaibatsu. Atual-
ção entre o governo e a indústria, de uma profunda ética do trabalho,
mente as principais redes horizontais são: Mitsui, Mitsubishi e Sumitomo.
investimentos em alta tecnologia, redução de desperdício e reciclagem de
materiais e de um orçamento relativamente baixo para a defesa. Dentre as

Ciências Humanas e suas Tecnologias 161 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
CHINA pouco mais de US$ 11,3 trilhões. A renda per capita do país está em 5.185
dólares por pessoa (nominal) e 8.395 dólares por pessoa (PPP) em 2011,
República Popular da China também simplesmente conhecida como de acordo com o Fundo Monetário Internacional. A China é a nação com o
China, é o maior país da Ásia Oriental e o mais populoso do mundo, com maior crescimento econômico dos últimos 25 anos, com a média do cres-
mais de 1,3 bilhão de habitantes, aproximadamente um sétimo da popula- cimento do PIB em 10% por ano.[85] A renda per capita da China cresceu
ção da Terra. É uma república socialista governada pelo Partido Comunista 8% ao ano nos últimos 30 anos.
da China sob um sistema de partido único e tem jurisdição sobre 22 pro- Desde sua fundação em 1949, a República Popular da China adotava
víncias, cinco regiões autônomas (Xinjiang, Mongólia Interior, Tibete, um estilo soviético de economia planificada. Com a morte de Mao Tse-tung
Ningxiae Guangxi), quatro municípios (Pequim, Tianjin, Xangai e Chon- e o fim da Revolução Cultural, os novos dirigentes chineses começaram a
gqing) e duas Regiões Administrativas Especiais com grande autonomia reformar a economia. A sua transformação em economia mista, foi iniciada
(Hong Kong e Macau). A capital da República Popular da China é Pequim. por Deng Xiaoping em 1978, após a falha da economia planificada em
Com aproximadamente 9,6 milhões de quilômetros quadrados, a Re- desenvolver os sistemas produtivos chineses a níveis aceitáveis.[87] As
pública Popular da China é oterceiro ou quarto maior país do mundo em reformas de Xiaoping incluíram a privatização das fazendas, o que pôs fim
área total[6] e o segundo maior em área terrestre. Sua paisagem é variada, à agricultura coletiva,[88] e de indústrias estatais que fossem consideradas
com florestas de estepes e desertos (os de Gobi e Taklamakan) no norte de baixo desempenho na época, como mineração e produtos básicos
seco e frio, próximo da Mongólia e Sibéria (Rússia), e florestas subtropicais (roupas, processamento de alimentos), entre outras. Em 1978, a China e o
no sul úmido e quente próximo ao Vietnam, Laos e Mianmar. O terreno do Japão normalizaram as relações diplomáticas e a China aceitou emprésti-
país, a oeste, é de alta altitude, com o Himalaia e as montanhas Tian Shan mos do Japão. Nas últimas décadas este país tem sido o maior credor
formando fronteiras naturais entre a China, a Índia e a Ásia Central. Em estrangeiro da China.[89] Em 1997 a China abandonou de vez o socialismo
contraste, a costa leste da China continental é de baixa altitude e tem uma de mercado adotando o capitalismo convencional, acabando com o princí-
longa faixa costeira de 14.500 quilômetros, delimitada a sudeste pelo Mar pio de propriedade estatal e executando um segundo maciço programa de
da China Meridional e a leste pelo Mar da China Oriental, além de onde privatização. Para selar sua condição de economia globalizada, em 2001 a
estão Taiwan, Coreia e Japão. China foi aceita na Organização Mundial do Comércio. Actualmente, 70%
da economia da China é privada, e este número continua crescendo. A
A história da China está registrada em documentos que datam do sé- economia da China composta por membros capitalistas "transplantados
culo XVI a.C. em diante e que demonstram ser aquele país uma das civili- num corpo socialista debilitado", modifica, em 1995, a taxa de crescimento,
zações mais antigas e avançadas do mundo antigo com existência contí- impulsionada principalmente pelo setor não-estatal, para 8,9%, superando
nua. A civilização chinesa surgiu em cidades-Estado no vale do rio Ama- as expectativas do governo e antecipando a meta prevista no IX Plano
relo. O ano221 a.C. costuma ser referido como o momento em que a China Quinquenal (1996-2000).
foi unificada na forma de um grande reino ou império, apesar de já haver
vários estados e dinastias antes disso. As dinastias sucessivas desenvol- Este robusto crescimento econômico, combinado com excelentes fato-
veram sistemas de controle burocrático que permitiriam ao imperador res internos como estabilidade política, grandes reservas em moeda es-
chinês administrar o vasto território que viria a ser conhecido como a trangeira (a maior do mundo, com US$ 818,9 bilhões), mercado interno
China. A fundação do que hoje se chama a civilização chinesa é marcada com grande potencial de crescimento, faz com que a China seja actual-
pela imposição de um sistema de escrita comum, pela dinastia Qin nosécu- mente um dos melhores locais do mundo para investimentos estrangeiros,
lo III a.C., e pelo desenvolvimento de uma ideologia estatal baseada no com uma avaliação de risco (Moody's) A2, índice considerado excelente.
confucionismo, noséculo II a.C. Por mais de 4.000 anos, o sistema político As grandes mudanças sociais e econômicas promovidos pelos segui-
da China foi baseado em monarquias hereditárias (também conhecidas dores de Deng Xiaoping deram uma nova dinâmica política à China com-
como dinastias). A primeira dessas dinastias foi a Xia(aproximadamente temporânea e limitaram as opções dos governantes do país. Houve nos
2000 a.C), mais tarde foi a dinastia Qin que unificou a China em 221 a.C. A últimos anos uma melhoria no padrão de vida dos chineses, embora seja
última dinastia foi a Qing, que terminou em 1911 com a fundação da Repú- um país com renda média para os padrões mundiais. O rápido crescimento
blica da China (RC) pelo Partido Nacionalista Kuomintang (KMT). Na econômico do país conseguiu retirar centenas de milhões de pessoas da
primeira metade do século XX a China mergulhou em um período de pobreza desde 1978 - o número de camponeses pobres caiu de 200 mi-
desunião e guerras civis que dividiram o país em dois principais campos lhões para 80 milhões em 10 anos. Apenas 10% da população vive abaixo
políticos - oKuomintang e os Comunistas. As hostilidades terminaram em da linha de pobreza (em comparação com 64% em 1978) e 99,8% dos
1949, quando a República Popular da China foi estabelecida na China jovens são alfabetizados. Desemprego urbano diminuiu para 4 por cento
pelos comunistas vitoriosos. O KMT, liderado pelo governo daRepública da em 2007 (desemprego real pode estar em 10%). A expectativa de vida
China, recuou para Taiwan, agora limitadando sua competência para a ilha chinesa é a terceira maior do leste asiático, com 73 anos, atrás da Coreia
de Taiwan e algumas ilhas adjacentes. Ainda hoje, a China está envolvida do Sul com 77,3 e do Japão com 82,2.
em disputas com a RC em relação a questões de soberania e do estatuto
político de Taiwan. A população de classe média (com renda anual de, pelo menos,
17.000 dólares) ultrapassou mais de 100 milhões de pessoas, enquanto
Desde a introdução de reformas da economia em 1978, a China tor- número de pessoas ricas (com capital superior a US$ 1,5 milhão) é esti-
nou-se em uma das economias de mais rápido crescimento no mundo, e mado em mais de 825 mil pessoas de acordo com o Hurun Report, em
segundo maior exportador e o terceiro maior importador de mercadorias do 2009. A China é o segundo maior consumidor mundial de bens de luxo
planeta. A industrialização reduziu a sua taxa de pobreza de 53% em 1981 com 27,5% da quota global, atrás do Japão. O mercado de varejo da China
para 8% em 2001. A China tem sido caracterizado como uma superpotên- cresceu 16,8% ao ano.
cia emergente por vários acadêmicos, analistas econômicos e militares.
Com reformas econômicas iniciados em 1978, a China cresceu 90 ve-
A importância da China como uma grande potência é refletida através zes,[99] se tornando a economia de maior crescimento mundial nos últimos
de seu papel comosegunda maior economia do mundo nominalmente (ou 25 anos, com crescimento do PIB em torno de 10% por ano.[A renda per
segunda maior em poder de compra) e como membro permanente do capitada China tem crescido cerca de 8% ao ano nos últimos 30 anos.
Conselho de Segurança da ONU, bem como sendo um membro de várias Levando em conta a renda per capita e moeda desvalorizada, o custo de
outras organizações multilaterais, incluindo a OMC, APEC, G-20, BRIC e vida na China é baixo.
da Organização para Cooperação de Xangai. Além disso, é reconhecido
como um Estado com armas nucleares, além de possuir o maior exército A China é o quarto país mais visitado do mundo, com 50,9 milhões de
do mundo em número de tropas e o segundo maior orçamento de defesa. visitantes internacionais em 2009.Actualmente a China é a segunda potên-
cia comercial do mundo, atrás dos EUA e a frente do Japão. Suas reservas
Economia internacionais de moedas estrangeiras atingiram US$ 2,4 trilhões, os
A economia da República Popular da China é a segunda maior do maiores do mundo. A China possui cerca de US$ 1,6 trilhão de títulos
mundo. Seu produto interno bruto (PIB nominal) é estimado em US$ 7,3 financeiros dos EUA. A China detém US$ 801,5 bilhões em títulos do
trilhões (dados de 2011),] enquanto seu poder de compra foi calculado em Tesouro dos EUA, tornando-se o maior credor estrangeiro da dívida pública
dos EUA. O investimento da China no mercado internacional está crescen-

Ciências Humanas e suas Tecnologias 162 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
do rápidamente. Em 2008 era o sexto maior investidor no mercado interna- a Índia ainda sofre com altos níveis depobreza, analfabetismo, doenças e
cional. desnutrição. Uma sociedade pluralista, multilingue e multiétnica, a Índia
também é o lar de uma grande diversidade de animais selvagens e de
O sucesso comercial da China tem sido devido principalmente ao seu habitatsprotegidos.
baixo custo de produção. São atribuídos uma combinação de fatores como
mão-de-obra de baixo custo, boa infraestrutura, bom nível de tecnologia, Geografia
alta produtividade, em alguns casos, o não pagamento de licenças comer-
ciais, a política governamental favorável e uma moeda muito desvaloriza- A Índia ocupa a maior parte do subcontinente indiano, onde se encon-
da. tra em cima da placa tectônica indiana, uma placa menor da placa indo-
australiana.
O Estado ainda predomina nas áreas-chaves da indústria como a
energia e as indústrias pesadas, a iniciativa privada (30 milhões de empre- Os processos geológicos que definiram a atual situação geográfica da
sas privadas) responde entre 33% (People's Daily, 2005) a 70% (Busi- Índia começaram há setenta e cinco milhões de anos, quando o subconti-
nessWeek, 2005) do PIB em 2005, enquanto que a estimativa da OCDE é nente indiano e, por continuação, parte do subcontinente Gondwana come-
superior a 50% da produção nacional da China, muito superior a 1% de çaram a se mover a partir donordeste através do que posteriormente se
1978. A Bolsa de Valores de Xangai (SSE) lança valores recordes de IPOs converteria em Oceano Índico.A colisão superior do subcontinente com
e seu índice de referência Shanghai Composite index dobrou desde 2005. aplaca euro-asiática e a subducção debaixo dela deram lugar ao Himalaia,
A capitalização de mercado SSE atingiu US$ 3 trilhões em 2007 tornando- sistema montanhoso mais alto do planeta, que atualmente é a fronteira da
se o quinto maior na bolsa de valores do mundo. Índia a norte e a noroeste. O antigo leito marinho que emergiu imediata-
mente o sul da Himalaiafez com que o movimento da placa criasse uma
A China ocupa posição 29 no ranking no Índice de Competitividade grande depressão, que foi sendo levada pouco a pouco por sedimentos
Global. Quarenta e seis empresas chinesas entraram na lista da Fortune propagados nos rios, que atualmente constitui a Planície Indo-Gangética. A
Global 500 em 2010. Utilizando o cálculo de capitalização de mercado, oeste desta planície encontra-se o deserto de Thar, separada pela cordi-
quatro das dez empresas mais valiosas do mundo são chinesas. Algumas lheira Avaralli.
delas incluem a primeira no ranking mundial PetroChina Company (empre-
sa de petróleo mais valiosa do mundo), terceiro no ranking Banco Industrial A placa original indiana corresponde hoje ao subcontinente indiano,
e Comercial da China (banco mais valioso do mundo), quinto no ranking sendo também a parte mais antiga e estável da Índia, que se estende
China Mobile (empresa de telecomunicações mais valiosa do mundo) e desde o norte, com as cordilheiras Satpura e Vindhya no centro. Estas
sétima no ranking China Construction Bank. cordilheiras paralelas vão desde a costa doMar Arábico no estado de
Gujarat até o planalto de Chota Nagpur no estado de Jharkhand. No sul, o
Apesar do progresso significativo dos últimos anos, existem grandes planalto de Decãcontém à esquerda e à direita os Gates Ocidentais e
obstáculos para o crescimento chinês a longo prazo. A significativa piora Orientais; o planalto contém as formações rochosas mais antigas do territó-
da distribuição de rendaé apenas um dos fatores negativos para o desen- rio, algumas com mais de cem mil anos de idade. Os pontos extremos do
volvimento social, com um coeficiente de Gini em 41,1 e cada vez maior. país se localizam a 6° 44' e 35° 30 ' de latitude norte[c] e 68°7' e 97°25' de
Outro grande problema é o direito previdenciário que, com a política do longitude leste.
filho único e aumento da expectativa de vida, apresenta desequilíbrios no
fluxo de caixa, sendo cada vez menor a relação entre trabalhadores contri- A Índia tem 7 517 quilômetros de litoral, destes 5 423 pertencem ao
buintes por aposentado. Cerca de 21% da população tem 14 anos ou subcontinente indiano e 2 094 pertencem ao Andamão,Nicobar e Laquedi-
menos de idade e 8% tem mais de 65 anos. Outro aspecto é a diferença vas. Segundo dados, a costa indiana tem 43% de praias arenosas, 11% de
dedesenvolvimento econômico entre as áreas costeiras (urbanas), nordes- costas rochosas (incluindofalésias) e 46% de marismas ou costas pantano-
te e leste da China e o seu interior, principalmente no sul e oeste, ainda sas.
predominantemente agrário e de baixa renda, exacerbada com a liberação Os principais rios têm sua origem na cordilheira Himalaia, como o
do mercado, pois os investidores preferem investir em áreas com melhor Ganges e o Brahmaputra, que desembocam no Golfo de Bengala. Entre os
infraestrutura e trabalhadores mais qualificados. afluentes mais importantes do Ganges encontram-se os rios Yamuna e o
Kosi, cuja pendente extremamente baixa provoca inundações catastróficas
quase ou todos os anos. Os rios peninsulares mais importantes cujas
ÍNDIA
pendentes que evitam inundações são o Godavari, o Mahanadi, o Kaveri e
o Krishna, que também desembocam no golfo de Bengala; e os rios Nar-
A Índia, oficialmente República da Índia, é um país da Ásia Meridio- mada e Tapti, que desembocam no Mar Arábico. Na costa oeste, encon-
nal. É o sétimo maior país em área geográfica, o segundo país mais popu- tram-se também os pântanos do Rann de Kutch, enquanto noleste há a
loso e ademocracia mais populosa do mundo. Delimitado ao sul pelo área protegida de Sundarbans, que a Índia divide com Bangladesh. A Índia
Oceano Índico, pelo mar da Arábia a oeste e pela Baía de Bengala a leste, possui dois arquipélagos: Laquedivas, atóis de corais na costa sudoeste
a Índia tem uma costa com 7.517 km.[8] O país é delimitado pelo Paquistão indiana e as ilhas de Andamão e Nicobar, cadeias de ilhas vulcânicas no
a oeste;[9] pela República Popular da China, Nepal e Butão no norte e Mar de Andamão.
porBangladesh e Mianmar a leste. Os países insulares do Oceano Índico, o
Sri Lanka e Maldivas, estão localizados bem próximos da Índia. O clima indiano está fortemente influenciado pelo Himalaia e deserto
de Thar, os quais favorecem o desenvolvimento das monções. O Himalaia
Lar da Civilização do Vale do Indo, de rotas comerciais históricas e de prevê a entrada deventos catabáticos frios, vindos da Ásia Central, man-
vastos impérios, oSubcontinente indiano é identificado por sua riqueza tendo a maior parte do subcontinente indiano mais quente do que a maioria
comercial e cultural de grande parte da sua longa história. Quatro grandes das localidades que se localizam emlatitudes similares.O deserto de Thar
religiões, Hinduísmo, Budismo, Jainismo e Sikhismo, originaram-se no desempenha um papel crucial para atrair ventos de monção carregados de
país, enquanto o Zoroastrismo, o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo umidade desde o sudoeste, os quais entre junho e outubro proporcionam a
chegaram no primeiro milênio d.C. e moldaram a diversidade cultural da maioria das precipitações do país.[As zonas climáticas principais que
região. Anexada gradualmente pela Companhia Britânica das Índias Orien- predominam em território indiano são o tropical úmido, tropical seco e o
tais no início do século XVIII e colonizada pelo Reino Unido a partir de subtropical úmido.
meados do século XIX, a Índia se tornou uma nação independente em
1947 após uma luta pela independência que foi marcada pela extensão da Demografia
resistência não-violenta. Com uma população de mais de um bilhão de habitantes,a Índia é o
A Índia é uma república composta por 28 estados e sete territórios da segundo país mais populoso do mundo. Nos últimos cinquenta anos, o país
união com um sistema de democracia parlamentar. O país é a décima tem vivido um rápido aumento em sua população urbana devido, em gran-
maior economia do mundo em Produto Interno Bruto (PIB) nominal, bem de parte, aos avanços médicos e aos aumentos massivos da produtividade
como a terceira maior do mundo em PIB medido em Paridade de Poder de agrícola pela "revolução verde". A população urbana da Índia aumentou
Compra. As reformas econômicas feitas desde 1991 transformaram o país onze vezes durante o século XX e vem se concentrando cada vez mais nas
em uma das economias de mais rápido crescimento do mundo; no entanto, grandes cidades. Em 2001, 35 cidades indianas tinha sua população igual

Ciências Humanas e suas Tecnologias 163 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ou superior a um milhão de habitantes, onde as três cidades mais populo- produtos químicos, peles e couros. Entre as principais importações estão o
sas (Bombaim,Deli e Calcutá), sozinhas, tinham mais de dez milhões de petróleo cru, maquinarias, joias, fertilizantes e alguns produtos químicos.
habitantes. Porém, nesse mesmo ano 70% da população indiana vivia em
áreas rurais. O PIB ascende a 1,8 trilhões de dólares, sendo a décima segunda
maior economia do mundo e a quarta maior em termos de Paridade do
A Índia é a segunda entidade geográfica com maior diversidade cultu- Poder de Compra. Entretanto, devido à grande população (estimado em
ral, linguística e e genética, depois da África. A Índia é o lugar de duas mais de 1,2 bilhão de habitantes em 2011), a renda per capita é muito
grandes famílias linguísticas: a indo-ária (falado por aproximadamente 74% baixa: US$ 1.530 (nominal) e paridade de poder de compra calculada em
da população) e a dravídica(falada por aproximadamente 24%). Outras 2011 em US$ 3.705. Cerca de 50% da população (ou cerca de 600 milhões
línguas faladas na Índia provêm das línguas austro-asiáticas e tibeto- de pessoas) vive em miséria extrema e depende diretamente da agricultura
birmanesas. O hindi (ou híndi) conta com o maior número de falantes[63] e para se sustentar e sobreviver.
é a língua oficial da república. O inglês é utilizado amplamente em negó-
cios e na administração e tem o status de "idioma oficial subsidiário"[65] Apesar de seu notável crescimento econômico nas últimas décadas,
também é importante na educação, especialmente no ensino médio supe- todavia a Índia conteve a maior concentração de pessoas pobres do mun-
rior. Cada estado e território da união tem seus próprios idiomas oficiais, e do e tem uma alta taxa desubnutrição em crianças menores de três anos
a constituição reconhece outras 21 línguas como oficiais que são faladas (46% em 2007). A porcentagem de pessoas vivendo abaixo da linha de
por um importante setor da população ou são parte da herança histórica pobreza segundo o Banco Mundial, vivendo com menos de um dólar por
indiana, denominadas de "línguas clássicas". Enquanto o sânscrito e o dia (PPA, em termos nominais Rp. 21,6 ao dia nas zonas urbanas e Rp.
tamil têm sido consideradas como línguas clássicas por muitos anos, o 14,3 nas zonas rurais) diminuiu de 60% em 1981 para 42% em 2005.
governo indiano também tem concedido o status de língua clássica ao Apesar de nas últimas décadas a Índia ter evitado a carestia, a metade das
kannada e ao telugu utilizando seus próprios critérios. O número de diale- crianças têm um peso inferior à média mundial, uma das taxas mais altas
tos na Índia chega a mais de 1 652. do mundo e quase o dobro da taxa da África Subsaariana.

Mais de oitocentos milhões de indianos (80,5 % da população) são Um relatório em 2007 do Goldman Sachs prevê que entre 2007 e 2020
hindus. Outros grupos religiosos com presença no país são muçulmanos o PIB indiano se quadruplicará, e que poderá superar o PIB dos Estados
(13,4 %), cristãos (2,3 %), siquistas (1,9 %), budistas (0,8 %), jainistas (0,4 Unidos antes de 2050, mas que a Índia continuará sendo um dos países
%), judeus, zoroastristas, entre outros. Os adivasi constituem 8,1 % da com habitantes mais pobres do mundo durante várias décadas, com renda
população. A Índia tem a terceira maior população muçulmana do mundo e per capita abaixo dos seus companheiros "BRIC". Apesar de nos últimos
a maior população muçulmana para um país de maioria não-muçulmana. decênios a economia indiana ter aumentado de forma constante, este
crescimento tem ocorrido de maneira desigual, em especial quando se
A taxa de alfabetização no país é de 64,8% (53,7% para as mulheres e compara à qualidade de vida nos diferentes grupos sociais, econômicos,
75,3% para os homens). O estado com o maior índice de alfabetização é em diversas regiões geográficas, zonas rurais e urbanas. O Banco Mundial
Kerala, como 91%, enquanto Bihar tem a menor taxa, com apenas 47%. O afirma que as prioridades mais importantes para o governo indiano deveri-
índice de masculinidade é de cada 944 homens para cada mil mulheres, am ser a reforma do setor público, a construção de infraestruturas básicas,
enquanto que a taxa de crescimento demográfico anual é de 1,38%: a cada o desenvolvimento agrícola e rural sustentável, a eliminação das normas
ano, são registrado 22,01 nascimentos para cada mil pessoas. Segundo a de trabalho, a reforma nos estados mais atrasados e luta contra a AIDS.
Organização Mundial de Saúde, a cada ano morrem novecentos mil india-
nos por beberem água em mal-estado e inalarem ar contaminado. A malá- ORIENTE MÉDIO
ria é endêmica na Índia.[75] Existem cerca de sessenta médicos para cada
cem mil pessoas no país. O Médio Oriente é um termo que se refere a uma área geográfica à
volta das partes leste e sul do Mar Mediterrâneo. É um território que se
Economia
estende desde o leste do Mediterrâneo até ao Golfo Pérsico. O Médio
A Índia com um produto interno bruto nominal estimado emUS$1,8 tri- Oriente é uma sub-região da África-Eurásia (partes da Turquia estão na
lhão figura como a 10ª maior economia do mundo por PIB nominal, en- Europa, e o país é considerado por alguns como parte da última), sobretu-
quanto sua paridade de poder de compra calculada em 2011 em US$4,4 do da Ásia, e partes da África Setentrional. Comparada com o restante da
trilhões, é a terceira maior do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e Ásia, é uma região geograficamente pequena, com uma área aproximada
daChina. Contudo, ainda é um país muito pobre (2011) comrenda per de 7 200 000 km². A população do Oriente Médio é de 270 milhões de
capita nominal de US$ 1.530 e renda per capita PPC de US$3.705. habitantes.
No período compreendido entre a décadas de 1950 e 1980, a econo- O Oriente Médio fica na junção da Eurásia e da África e do Mar Medi-
mia indiana seguia tendência socialistas. A economia se manteve paralisa- terrâneo e do Oceano Índico. É o local de nascimento e centro espiritual do
da por regulamentos impostos pelo governo, oprotecionismo e a proprieda- cristianismo,islamismo, judaísmo, Yazidi, e no Irã do mitraísmo, zoroas-
de pública, o que levou a umacorrupção generalizada e a um lento cresci- trismo, maniqueísmo e da Fé Bahá'í. Ao longo de sua história, o Oriente
mento econômico. Em 1991, a economia nacional se converteu em uma Médio tem sido um grande centro de negócios do mundo, uma área estra-
economia de mercado. Esta mudança na política econômica em 1991 se tégica, economica, política, cultural e religiosamente sensível.
deu pouco depois de uma crise aguda no balanço de pagamentos, pelo As primeiras civilizações da Mesopotâmia e do Egito antigo, origina-
que desde então se pôs ênfase em fazer docomércio internacional e do ram-se no Crescente Fértil e em regiões do vale do Nilo do antigo Oriente,
investimento estrangeiro direto um setor primordial da economia indiana. assim como as civilizações da Península do Levante, Pérsia e da Arábia. O
Durante as últimas décadas a economia indiana tem tido uma taxa de Oriente Médio foi unificado pela primeira vez sob o império Aquemênida
crescimento anual do produto interno bruto ao redor de 5,8%, convertendo- seguido mais tarde peloImpério Macedônio e, mais tarde pelos impérios
se em uma das economias de mais rápido crescimento no mundo. A Índia iranianos, a saber, o Império Arsácida e o Império Sassânida. No entanto,
conta com a maior força de trabalho do mundo, com mais de 513,6 milhões seriam os Califatos árabes na Idade Média ou Idade de Ouro Islâmica, que
de pessoas. Em termos de produção, o setor agrícola representa 28% do primeiramente iriam unificar todo o Oriente Médio como uma região distinta
PIB; o setor de serviço, 54% e a indústria, 18%, respectivamente. Os e criar a identidade étnica dominante que persiste até hoje. Os turcos
principais produtos agrícolas e de gado incluemarroz, trigo, sementes seljúcidas, o Império Otomano e os safávidas também depois dominariam
oleaginosas, algodão, juta, chá, a cana-de-açúcar, ovelhas, cabras, aves a região.
de curral e pescados. As principais indústrias são a têxtil, maquinaria, O moderno Oriente Médio surgiu após a I Guerra Mundial, quando o
produtos químicos, aço, transportes, cimento, mineração e o comércio de Império Otomano, que foi aliado com as derrotadas Potências Centrais, foi
softwares. Em 2006, o comércio indiano havia alcançado uma proporção dividido em um número de nações separadas. Outros acontecimentos
relativamente moderada de 24% do PIB, crescendo a taxa de 6% desde marcantes nesta transformação incluiu a criação de Israel em 1948 e a
1985. O comércio da Índia representa um pouco mais de 1% do comércio saída das potências europeias, nomeadamente a Grã-Bretanha e França.
mundial. As principais exportações incluem os derivados de petróleo, Eles foram suplantados em parte pela crescente influência dos Estados
alguns produtos têxteis, pedras preciosas, softwares, engenharia de bens, Unidos.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 164 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
No século XX, ações importantes da região do petróleo deu-lhe nova da África, que têm afinidades culturais e de política internacional com os
importância estratégica e econômica. A produção em massa do petróleo estados árabes. Não raro nele se englobam também Afeganistão, Paquis-
começou por volta de 1945, com a Arábia Saudita, Irã, Kuwait, Iraque e tão e parte da Europa balcânica. A delimitação feita pela comissão das
Emirados Árabes Unidos com grandes quantidades de petróleo. As reser- Nações Unidas para fomentar o progresso econômico no Oriente Médio
vas de petróleo estimadas, especialmente na Arábia Saudita e Irã, são abrange da Grécia ao Paquistão e, para o sul, a Etiópia. Os dois termos,
alguns das mais altos do mundo, e o cartel internacional do petróleo da Oriente Médio e Oriente Próximo, são, assim, de conceituação imprecisa e
Opep é dominado por países do Oriente Médio. sofrem variações e deslocamentos por razões diversas, sem contudo
Durante a Guerra Fria, o Oriente Médio foi um teatro de luta ideológica ultrapassarem os limites da região histórica conhecida no passado sob o
entre as duas superpotências: os Estados Unidos e a União Soviética, que nome de Oriente, sítio das primeiras civilizações que ocupavam o vale do
competiam porzonas de influências e aliados regionais. É claro que, além Nilo e o Crescente Fértil e se estendiam até a Grécia.
dos motivos políticos, houve também o "conflito ideológico" entre os dois Geografia física e humana. A área central do Oriente Médio, do Egito
sistemas. Neste quadro contextual, os Estados Unidos procuraram desviar ao Irã e da Turquia à península arábica, compreende três grandes zonas
o mundo árabe da influência soviética. geográficas. Ao norte, uma região de planaltos, rica em ferro, carvão e
Desde o final da Segunda Guerra Mundial, a região tem tido períodos petróleo, é limitada por cadeias de montanhas, desde a Turquia até o Irã,
de relativa paz e tolerância, pontuada por conflitos e guerras como a Guer- que orientam a distribuição da umidade, das atividades agrícolas e a das
ra do Golfo, Guerra do Iraque, o conflito árabe-israelense e o programa pastagens, nas quais se criam predominantemente ovinos e caprinos. As
nuclear do Irã. atividades industriais são bem desenvolvidas, em especial as indústrias
alimentícias, têxteis, de madeira, couro e petróleo.
Economia
Ao sul estende-se uma região sedimentar, entre o Mediterrâneo e o
O Oriente Médio está sobre uma dobra tectônica que se inicia na Me- golfo Pérsico, onde se destacam a fossa do Jordão e do mar Morto e a
sopotâmia e se prolonga até o Golfo Pérsico. Nela, encontra-se uma mag- Mesopotâmia. Situam-se a leste dessa área as mais ricas reservas petrolí-
nífica reserva de petróleo, que representa 60% das reservas mundiais feras do mundo. Na Mesopotâmia e na zona mediterrânea concentram-se
desse minério. Os principais países exportadores de petróleo são: Arábia as atividades agrícolas; nas áreas mais elevadas do interior há criação de
Saudita, Iraque, Irã, Kuwait, Bahrein, Qatar e Emirados Árabes Unidos. ovinos. Na península arábica e no Egito localizam-se as áreas predominan-
Essa grande quantidade de petróleo, aliada a fatores econômicos e políti- temente desérticas. Riquezas minerais, com petróleo, ferro, manganês,
cos, criou as condições para a formação, na década de 1960, da Organiza- fosfatos e sal-gema, ocorrem na península do Sinai e nos planaltos do
ção dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). As elevadas rendas per leste do Egito. As principais áreas agrícolas dessa região são o vale do
capita do Kuwait e da Arábia Saudita revelam que esses países obtêm Nilo e a região montanhosa do Iêmen.
muito lucro com a venda de petróleo, entretanto, a população dos países
petrolíferos é, em geral, pobre, fato que decorre da má distribuição de A população do Oriente Médio é majoritariamente árabe e tem na inte-
renda. [carece de fontes?] gração de todos os povos árabes uma de suas aspirações mais antigas.
Para atingir esse objetivo, trabalha a seu favor o fato de falarem a mesma
Embora o predomínio de climas áridos e semiáridos no Oriente Médio língua, constituírem uma maioria de adeptos da seita islâmica sunita e
prejudique o desenvolvimento da agropecuária, ela é outra atividade eco- terem resistido de forma tenaz às influências estranhas, originárias da
nômica importante na região. Ela é realizada predominantemente de forma dominação otomana e, a seguir, da colonização pelas potências europeias.
tradicional, com uso de pouca tecnologia e mecanização, e incorpora até
40% da população economicamente ativa. A atividade econômica tradicio- Zona de conflito. O mais destacado movimento para a reunificação po-
nal do Oriente Médio é o pastoreio nômade. Destacam-se as criações de lítica dos povos de cultura árabe é o pan-arabismo, cuja origem remonta ao
carneiros, cabras e camelos em áreas desérticas. Na Planície Mesopotâ- fracionamento do mundo islâmico no século VIII, quando a fase de sua
mica, também conhecida como "crescente fértil", cultivam-se frutas, arroz, grande expansão havia chegado ao auge. Apesar de várias tentativas de
trigo e cana-de-açúcar, utilizando-se a técnica de irrigação. Na região realizar essa aspiração, sobretudo a partir do século XIX, o pan-arabismo
mediterrânea, destacam-se culturas comerciais como oliveira, fumo, trigo e só ganhou força após a segunda guerra mundial, com a criação da Liga
tâmara. dos Estados Árabes. Os objetivos da Liga são os do pan-arabismo: "forta-
lecer os laços entre os estados participantes, coordenar-lhes a atividade
O turismo é também um segmento econômico importante para alguns política de modo a ser conseguida uma efetiva colaboração entre eles e
países do Oriente Médio, como Israel e Turquia - que juntos recebem cerca preservar-lhes a independência e a soberania". A Liga Árabe, porém, não
de 2,5 milhões de turistas por ano. Já o setor industrial no Oriente Médio conseguiu consagrar o ideal unitário que estimulou o movimento pan-
apresenta pouca expressividade. Nos países petrolíferos, há refinarias e arábico no século anterior, que inspirou a resistência dos líderes árabes ao
petroquímicas. Outras indústrias se relacionam aos setores mais tradicio- império otomano.
nais, como o têxtil e o alimentício. Israel é um caso à parte e tem um
parque industrial desenvolvido e uma economiaindependente da exporta- Na verdade, sempre existiram divergências entre os países árabes,
ção de petróleo. alimentadas pelo exacerbado nacionalismo e pela religiosidade, que inibi-
ram sua capacidade de adotar uma política de defesa conjunta e progresso
Os conceitos de geografia física e humana relativos ao Oriente Médio global. Essa limitação foi amplamente explorada pelas potências mundiais,
variam de acordo com a época e a fonte das definições. Um importante que cobiçam as riquezas naturais da região, especialmente o petróleo.
fator para caracterização da área é a presença da cultura árabe.
Alguns dos elementos que mais pesaram contra a pacificação da regi-
Oriente Médio é a expressão que designa as terras do litoral leste e sul ão, a partir da segunda guerra mundial, foram a implantação do Estado de
do Mediterrâneo, que vão do Marrocos à península arábica, ao Irã e, em Israel e suas guerras com os países árabes, o êxodo do povo palestino e
alguns casos, mais além. A inclusão dessa vasta área sob a designação de os conflitos daí resultantes, o aprofundamento da divisão entre os seguido-
Oriente Médio é contemporânea. Os primeiros geógrafos e historiadores res das seitas xiita e sunita, a ascensão do fundamentalismo xiita ao poder
modernos dividiram o Oriente em três regiões: Oriente Próximo, que com- no Irã, a guerra civil no Líbano, a guerra Irã-Iraque e a invasão do Kuwait
preendia a área geográfica mais próxima da Europa, do Mediterrâneo ao pelo Iraque, que levou à primeira intervenção de forças internacionais no
golfo Pérsico; Oriente Médio, do golfo Pérsico ao sudeste da Ásia; e Ex- Oriente Médio desde a aliança que combateu o Eixo. Na década de 1990,
tremo Oriente, as terras banhadas pelo Pacífico. porém, surgiram indicações de avanço em direção à paz, como o fim da
A mudança na acepção do termo começou antes da segunda guerra guerra civil no Líbano, o acordo entre Israel e a Organização para a Liber-
mundial, confirmou-se durante o conflito, quando o comando militar britâni- tação da Palestina (OLP) e a declaração de paz entre Israel e Jordânia.
co no Egito recebeu a denominação de Oriente Médio, e se manteve na ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
atualidade. Assim, integram o Oriente Médio, além do núcleo central --
Síria, Egito, Líbano, Israel e Jordânia, que constituíam o antigo Oriente Liga Árabe
Próximo--, os estados da Turquia, Chipre, Iraque, Irã, Sudão, Líbia, Arábia A falta de unidade foi sempre o maior problema da Liga Árabe, sujeita
Saudita, Kuwait, Iêmen, Omã, Bahrein, Qatar e Emirados Árabes Unidos. a frequentes disputas internas, que prejudicaram sua coordenação. Foi
Acontecimentos posteriores ampliaram ainda mais o uso do termo para justamente a ausência de coesão que possibilitou a criação do Estado de
incluir outros países, como Tunísia, Argélia e Marrocos, situados no norte Israel, quando da intervenção militar na Palestina, em 1948.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 165 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Denomina-se Liga Árabe a associação de estados árabes criada em pomares. Mais ao sul, a planície litorânea se prolonga na região de Filis-
22 de março de 1945, por tratado assinado no Cairo. O objetivo inicial da teia, onde os solos férteis permitem o cultivo de cítricos, hortaliças e cere-
organização era fortalecer e coordenar as políticas econômicas, sociais e ais. A planície de Esdrelom ou Megido separa as colinas do sul da Galileia
culturais dos estados integrantes e mediar as disputas internas, assim das montanhas de Samaria. Com largura máxima de 25km, estreita-se a
como as divergências que surgissem entre os membros e outras nações. noroeste, onde o rio Qishon corre em direção à planície de Acre e, no
Essa posição evoluiu para uma política de cooperação econômica e defesa sudeste, onde o Jalud segue pelo vale de Jezreel até desaguar na fossa
coletiva. Um tratado com esse objetivo foi assinado em 1950. tectônica do Jordão. A zona de Megido é conhecida pela fertilidade de suas
terras e por formar uma passagem natural entre o Mediterrâneo e as terras
Os integrantes originais da Liga eram Egito, Síria, Iraque, Líbano, do interior, pelo Jordão.
Transjordânia (atual Jordânia), Arábia Saudita e Iêmen. Mais tarde aderi-
ram Líbia (1953), Sudão (1956), Tunísia e Marrocos (1958), Kuwait (1961), A zona da Galileia, com a paisagem marcada por colinas, é mais úmi-
Argélia (1962), Bahrein, Omã, Qatar, Emirados Árabes Unidos (1971), da que a Samaria e a Judeia e tem vegetação mais densa. No sul da
Mauritânia (1973), Somália (1974), Organização para a Libertação da Galileia existem vales férteis, como o de Nazaré. A Samaria, onde se
Palestina (1976) e Djibuti (1977). estabeleceu o antigo reino de Israel, estende-se desde a planície de Megi-
do até Ramla. Suas montanhas, entre as quais se destaca o monte Carme-
As divergências inviabilizaram uma cooperação maior. A Liga promo- lo, são mais baixas que as da alta Galileia e os vales, mais amplos que os
veu em 1959 o primeiro congresso sobre o petróleo e, em 1964, contra a da Judeia. O vale de Faria liga Samaria ao Jordão. O planalto da Judeia,
posição da Jordânia, reconheceu a Organização para a Libertação da entre Ramla, ao norte, e Beersheba, ao sul, tem solo árido e pedregoso e
Palestina (OLP) como legítima representante do povo palestino. A questão poucas terras cultiváveis.
palestina exacerbou as divergências internas: o Egito acabou suspenso da
Liga após assinar tratado de paz em separado com Israel, em 1979, e só O vale do Jordão é uma fossa tectônica cuja largura oscila entre 2,5 e
foi readmitido em 1989. A invasão do Kuwait pelo Iraque em 1990 provo- 22km. Situado abaixo do nível do mar, é extremamente seco e quente e
cou uma profunda divisão entre os países árabes. A maior parte deles nele a agricultura se limita às zonas irrigadas de uns poucos oásis, como
apoiou a decisão da Arábia Saudita de permitir a presença de tropas os de Jericó e En Gedi, às margens do mar Morto. A leste da fossa do
ocidentais em seu território para combater o Iraque.. Jordão, os terrenos altos recolhem consideráveis quantidades de chuva.
Bosques de carvalho e pastagens se estendem pela meseta de Bashan e
Palestina pelas colinas de Gilead. Localizados mais ao sul, os planaltos de Amã e
Desde a criação do Estado de Israel e durante quase meio século, a Moab são bastante secos, embora também se prestem para a agricultura.
Palestina foi palco de sangrentos conflitos entre árabes e judeus. A cele- História
bração de um acordo de paz em 1993 abriu uma perspectiva de paz dura-
doura para a região. Primeiros ocupantes. O solo da Palestina é rico em depósitos pré-
históricos, que demonstram ter sido povoado desde o paleolítico. No tercei-
Palestina é a região que compreende a área geográfica situada entre o ro milênio anterior à era cristã começaram a surgir as primeiras cidades,
mar Mediterrâneo, a oeste, o deserto da Arábia, a leste, o rio Litani, ao certamente em contato com as grandes civilizações que se desenvolveram
norte, e o deserto de Neguev, ao sul. Dentro desses limites pouco precisos, no vizinho vale do Nilo e na Mesopotâmia. Quando os hebreus chegaram à
inclui parte dos atuais estados de Israel, Jordânia e Egito. O pequeno Palestina, a região estava ocupada por povos cananeus.
território, com uma superfície aproximada de vinte mil quilômetros quadra-
dos, constitui um corredor natural entre Ásia e África, muito disputado em Hegemonia israelita. O povo hebreu, semita, que se refugiara no Egito
todas as épocas, mais por sua posição estratégica que por suas escassas sob proteção da dinastia asiática dos hicsos, teve que partir por volta de
riquezas naturais. 1550 a.C., quando seus protetores foram expulsos do território egípcio. De
início, se fixaram nas regiões localizadas a oeste do mar Morto, mas pouco
Geografia física a pouco ocuparam as margens do Mediterrâneo e as terras da Galileia, no
A região da Palestina forma uma das bordas do planalto da Arábia e norte da Palestina. No século XII a.C., os chamados povos do mar, entre
se compõe de terrenos e paisagens de origem e configuração bem diver- eles os filisteus, ocuparam as planícies litorâneas. As constantes lutas
sas: colinas surgidas de dobramentos moderados entre as quais se encai- entre os dois povos terminaram com a vitória dos hebreus. No século X
xam estreitos vales, afloramentos de rochas magmáticas e planícies sedi- a.C., a Palestina aproveitou o enfraquecimento dos grandes impérios
mentares constituídas por aluviões procedentes das montanhas. A ocupa- vizinhos para expandir seu território. O país, que alcançou seu maior
ção humana do território depende da localização da água, que não costu- esplendor ao longo dos reinados de Davi e Salomão, foi mais tarde dividido
ma ser abundante. Registra-se maior volume de precipitações pluviométri- em dois reinos: Israel, ao norte, e Judá, ao sul.
cas nas zonas do norte e no litoral do que no sul e no interior. São escas- Domínio de Assíria, Babilônia e Pérsia. Israel foi transformado em tri-
sos os rios perenes e a escassez de água é agravada pelas infiltrações butário da Assíria e logo após subir ao trono, em 721 a.C., Sargão II con-
subterrâneas, favorecidas pela porosidade das rochas calcárias que consti- quistou o país e deportou a maior parte de seus habitantes. No sul, o reino
tuem grande parte do território. de Judá conservou sua precária independência até 587 a.C., quando
Nabucodonosor o arrasou e deportou sua população para a Babilônia. Em
539, quando o imperador persa Ciro o Grande apoderou-se da Babilônia,
muitos hebreus puderam regressar à Palestina. Depois da conquista do
império persa pelo macedônio Alexandre o Grande, a Palestina ficou
submetida à influência helenística. No início do século II a.C. passou do
domínio da dinastia ptolomaica, que governava então o Egito, para a dos
selêucidas da Síria. Estes impuseram a helenização à força, o que provo-
cou a reação armada dos hebreus mais conservadores. O país recuperou a
independência sob a dinastia dos macabeus.
Roma. No século I a.C., começou a manifestar-se de forma crescente
o intervencionismo romano. Em 40 a.C., a Palestina foi invadida pelos
partos. Herodes o Grande obteve ajuda romana e expulsou os invasores, o
que o levou a ser reconhecido rei da Judeia por Otávio (o futuro Augusto) e
Marco Antônio. Após a morte de Herodes, o reino foi dividido entre seus
filhos, mas nos primeiros anos da era cristã Roma começou a administrar
diretamente o território. Em 63 os judeus se rebelaram contra Roma e em
No litoral norte estende-se a planície de Acre, desde Naqura, ao norte, 70 Jerusalém foi sitiada e quase totalmente destruída pelas tropas imperi-
até o monte Carmelo, ao sul, onde se encontra a planície de Sharon, até a ais. Após uma nova revolta, entre 132 e 135, o imperador Adriano decidiu
região de Jafa. Entre as colinas que formam a paisagem, há lavouras e erguer no local uma cidade romana, cujo traçado sobreviveu até o século

Ciências Humanas e suas Tecnologias 166 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
XX. Grande parte da população foi então massacrada e os sobreviventes Primeira guerra mundial. A Palestina foi campo de batalha entre forças
tiveram que emigrar, no início da dispersão pelo mundo, ou diáspora. turcas e britânicas durante a primeira guerra mundial. Os britânicos ocupa-
ram o país entre 1917 e 1918. Em novembro de 1917 foi firmada a Decla-
Ao adotar o cristianismo como religião oficial, o estado romano dispen- ração Balfour, em que o Reino Unido se comprometia a apoiar a criação de
sou especial proteção ao território que a partir de então começou a ser um "lar nacional judeu na Palestina". As intenções manifestadas na Decla-
considerado como Terra Santa. Jerusalém voltou a florescer e transformou- ração Balfour contradiziam as promessas feitas por Londres aos árabes
se em importante centro de peregrinação, ao qual afluíam habitantes de que se rebelaram contra o poder otomano durante a guerra. Em julho de
todas as regiões do império. Construíram-se basílicas notáveis e a cidade 1919 um congresso sírio-palestino reunido em Damasco reclamou o trono
foi embelezada pelos imperadores bizantinos, sob cuja jurisdição ficou a da Síria, que incluía o território da Palestina, para um rei árabe. A Síria foi
Palestina após a divisão do império, no ano de 395. Em 611 registrou-se a no entanto posta sob proteção francesa, ao mesmo tempo que a Palestina
invasão dos persas, que três anos mais tarde tomaram Jerusalém e destru- ficava submetida a mandato britânico.
íram todas as igrejas da cidade. Em 628 o imperador bizantino Heráclio
recuperou a Terra Santa. Mandato britânico. A década de 1920 foi relativamente tranquila. A
Transjordânia, situada a leste do rio Jordão, foi separada do resto do país,
Palestina muçulmana. Em 636, depois da batalha de Yarmuk, que pôs e as autoridades de Londres consideraram que seu território ficava excluí-
em fuga os exércitos bizantinos, a Palestina caiu em poder dos árabes. do das obrigações contraídas com a Declaração Balfour. Os assentamen-
Dois anos depois, o califa Omar entrou em Jerusalém. Os califas respeita- tos sionistas progrediram muito lentamente, mas a chegada do nacional-
ram os lugares santos e edificaram numerosas mesquitas. Uma delas, o socialismo ao poder na Alemanha, em 1933, aumentou o fluxo de refugia-
domo do Rochedo, é o monumento islâmico mais antigo que se conserva dos judeus para a Palestina, o que despertou os receios árabes. Em 1936,
na região. A tolerância religiosa dos califas foi notável. Os peregrinos a população árabe da Palestina manteve durante seis meses uma greve
cristãos que acorriam aos lugares santos não eram incomodados e até geral, ao mesmo tempo que se iniciavam as ações guerrilheiras. Uma
mesmo hospitais foram construídos para eles. Contudo, a população, que comissão real britânica recomendou, em 1937, a partilha do país, ao que
em sua imensa maioria era cristã no momento da conquista árabe, conver- se negaram os árabes, que constituíam mais de dois terços da população.
teu-se progressivamente ao islamismo. As autoridades britânicas decretaram então o estado de exceção.
O poderoso califado de Bagdá entrou em decadência na segunda me- Segunda guerra mundial. O início da segunda guerra mundial obrigou
tade do século IX e Síria, Palestina e Egito ficaram sob o poder da dinastia Londres a minimizar suas divergências com os árabes, o que motivou a
egípcia dos tulúnidas. Os fatímidas do norte da África conquistaram o país limitação da imigração judia para a Palestina. Ao término do conflito, havia-
em 969 e puseram fim à tolerância religiosa. Impediram o acesso dos se formado um imenso contingente de refugiados judeus que, procedentes
peregrinos cristãos aos lugares santos e destruíram igrejas, entre elas a do de toda a Europa, tentavam instalar-se no país.
Santo Sepulcro; esta foi uma das razões que levaram à organização da
primeira cruzada. Em 1099, os exércitos cruzados tomaram Jerusalém. No A pressão sionista sobre os políticos americanos intensificou-se e o
dia de Natal do ano seguinte, estabeleceu-se o reino cristão daquela presidente Harry Truman instou o Reino Unido a permitir a entrada dos
cidade, que desapareceu em 1187, quando o sultão do Egito, Saladino, refugiados judeus na Palestina. Os países árabes da região, no entanto,
expulsou dali os cruzados. O imperador Frederico II negociou em 1229 a exigiam a formação de um estado palestino árabe, o que pôs o governo
devolução provisória dos lugares santos de Jerusalém, Belém e Nazaré britânico diante de um difícil dilema. Organizações sionistas clandestinas
aos cristãos, mas 15 anos mais tarde eles foram definitivamente expulsos. deram então início a uma campanha terrorista, que culminou com a explo-
Em 1291, o último bastião cristão na Terra Santa caiu em poder dos ma- são de um hotel de Jerusalém no qual estavam instaladas diversas depen-
melucos, então senhores do vizinho Egito. Depois de um período obscuro e dências do governo britânico. Ante a impossibilidade de controlar o país, os
decadente, em 1516 a Palestina, junto com outros domínios mamelucos, britânicos decidiram transferir à Organização das Nações Unidas (ONU) a
foi tomada pelo imperador turco otomano Selim I. competência sobre a questão.
Domínio otomano. A Palestina permaneceu durante quase três séculos Em 29 de novembro de 1947, a Assembleia Geral da organização in-
integrada ao império otomano, até que Napoleão conquistou o Egito, em ternacional decidiu dividir a Palestina em dois estados, um árabe e outro
1799. Os exércitos franceses apoderaram-se durante breve tempo da judeu, com o voto favorável dos Estados Unidos e da então União Soviéti-
maior parte da Palestina, mas não conseguiram tomar a cidade de Acre ca. Os países árabes votaram em bloco contra a divisão. Os britânicos
(atual Akko), auxiliada pela frota britânica. No início do século XIX, o go- anunciaram sua retirada definitiva da Palestina em 15 de maio de 1948 e
vernador do Egito, Mohamed Ali, liberou-se de sua vinculação a Istambul e, começaram a desmantelar suas instalações.
em 1831, com apoio da França, ocupou Palestina e Síria. Nove anos mais
tarde, o Reino Unido, a Áustria e a Rússia forçaram os egípcios a devolver À medida que as tropas britânicas desguarneciam o território, as orga-
a região ao império otomano. O período de domínio egípcio marcou a nizações judaicas armadas apoderavam-se dele e expulsavam a popula-
abertura da Palestina à influência ocidental. Começaram a instalar-se nos ção árabe que, embora também armada, não era capaz de opor uma
lugares santos comunidades religiosas de várias nacionalidades, e o país, resistência eficaz. Os países árabes vizinhos anunciaram sua intervenção
ainda depois de devolvido à soberania turca, experimentou um notável na Palestina no momento em que expirava o mandato do Reino Unido.
desenvolvimento cultural e econômico. No final do século começaram a Finalmente, os últimos contingentes britânicos se retiraram do país, e em
chegar à Palestina imigrantes judeus, apoiados por organizações sionistas 14 de maio de 1948 proclamou-se o Estado de Israel.
internacionais. Acordo de paz. Nas décadas seguintes, o território palestino foi palco
de uma série de guerras civis e internacionais de vastas proporções. O
primeiro passo para o estabelecimento de uma paz definitiva na região foi
dado em setembro de 1993, quando Israel e e a Organização para a Liber-
tação da Palestina (OLP) assinaram acordo que estabeleceu o reconheci-
mento mútuo e a concessão de autonomia limitada aos dois milhões de
palestinos residentes na Cisjordânia e na faixa de Gaza.
Pela primeira vez uma organização política -- a OLP -- era reconhecida
como legítima representante do povo palestino e o mundo aceitava a
possibilidade de constituição de um estado palestino. Em 5 de julho de
1994, o presidente da OLP, Yasser Arafat, tomou posse à frente do gover-
no autônomo na cidade bíblica de Jericó, que passou a ser a capital pales-
tina. Mais um passo de grande significado para a obtenção da paz na
região foi a assinatura, em julho de 1994, de uma declaração de paz entre
Israel e a Jordânia, que estavam em estado oficial de guerra desde 1948.
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 167 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ÁFRICA Dentre os acidentes geográficos litorâneos, merecem destaque o golfo
da Guiné no Atlântico Sul; e o estreito de Gibraltar, entre o Oceano Atlânti-
A África é o terceiro continente mais extenso (atrás da Ásia e da Amé- co e o mar Mediterrâneo, junto da península Ibérica, na Europa. Há ainda
rica) com cerca de 30 milhões de quilômetros quadrados, cobrindo 20,3 % no leste do continente, a península da Somália, chamada também de
da área total da terra firme do planeta. É o segundocontinente mais popu- Chifre da África, e o golfo de Áden, formado por águas do oceano Índico e
loso da Terra (atrás da Ásia) com cerca de mil milhões de pessoas (estima- limitado pela península Arábica, que pertence à Ásia. Ao sul, encontra-se o
tiva para 2005), representando cerca de um sétimo da população do mun- cabo da Boa Esperança.
do, e 54 países independentes. Inclui ainda territórios pertencentes a
países de outros continentes, como as Ilhas Canárias e os enclaves de A África não possui muitas ilhas ao seu redor. No Atlântico, localizam-
Ceuta e Melilla, que pertencem à Espanha, o território ultramarino das ilhas se algumas, formadas por picos submarinos, como as Ilhas Canárias, bem
de Santa Helena, Ascensão e Tristão da Cunha, que pertence ao Reino como os arquipélagos de São Tomé e Príncipe e de Cabo Verde. No
Unido, e as ilhas deReunião e Mayotte, que pertencem à França. Oceano Índico encontram-se uma grande ilha — a de Madagáscar — e
outras de extensão reduzida, entre as quaisComores, Maurício e Seychel-
Apresenta grande diversidade étnica, cultural, social e política. Dos les.
trinta países mais pobres do mundo (com mais problemas de subnutrição,
analfabetismo, baixa expectativa de vida), pelo menos 21 são africanos. O relevo africano, predominantemente planáltico, apresenta conside-
Apesar disso existem alguns países com um padrão de vida razoável, mas rável altitude média - cerca de 750 metros. As regiõescentral e ocidental
não existe nenhum país realmente desenvolvido na África. A Líbia, Maurí- são ocupadas, em sua totalidade, por planaltos intensamente erodidos,
cia e Seicheles têm uma boaqualidade de vida. Ainda há outros países constituídos de rochas muito antigas e limitados por grandes escarpamen-
africanos com qualidade de vida e indíces de desenvolvimento razoáveis, tos.
como a maior economia africana, a África do Sul e outros países comoMar- Os planaltos contornam depressões cortadas por rios, nas quais tam-
rocos, Argélia, Tunísia, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. bém se encontram lagos e grandes bacias hidrográficas, como as do Nilo,
A África costuma ser regionalizada de duas formas, a primeira forma, do Congo, do Chade, do Níger, do Zambeze, do Limpopo, do Cubango e
que valoriza a localização dos países e os dividem em cinco grupos, que do Orange.
são a África setentrional, a África Ocidental, a África central, a África Orien- Ao longo do litoral, situam-se as planícies costeiras, por vezes bastan-
tal e a África meridional. A segunda regionalização desse continente, que te vastas. Destacam-se, a oeste e nordeste do continente, quando se
vem sendo muito utilizada, usa critérios étnicos e culturais (religião e etnias estendem para o interior. As planícies ocupam área menor do que a dos
predominantes em cada região), é dividida em dois grandes grupos, a planaltos. Podemos citar as planícies do Níger e do Congo.
África Branca ou setentrional formado pelos oito países da África do norte,
mais a Mauritânia e o Saara Ocidental, e a África Negra ou subsaariana Na porção oriental da África encontra-se uma de suas características
formada pelos outros 44 países do continente. físicas mais marcantes: uma falha geológicaestendendo-se de norte a sul,
o Grande Vale do Rift, em que se sucedem montanhas, algumas de origem
Cinco dos países de África foram colónias portuguesas e usam o por- vulcânica e grandes depressões. É nessa região que se localizam os
tuguês como língua oficial:Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambi- maiores lagos do continente, circundados por altas montanhas, de mencio-
que e São Tomé e Príncipe; em Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e nar o Quilimanjaro (5895 metros), o monte Quênia (5199 metros) e o
Príncipe são ainda falados crioulos de base portuguesa. Ruwenzori (5109 metros).
Geografia Podemos destacar ainda dois grandes conjuntos de terras altas, um no
A África está separada da Europa pelo mar Mediterrâneo e liga-se à norte, outro no sul do continente:
Ásia na sua extremidade nordeste pelo istmo de Suez. No entanto, a África  a Cadeia do Atlas, que ocupa a região setentrional do Marrocos,
ocupa uma únicaplaca tectônica, ao contrário da Europa que partilha com a da Argélia e da Tunísia. É de formação recente a apresenta montanhas
Ásia a Placa Euro-asiática. cujos picos chegam a atingir 4000 metros de altura; nesta região, o subsolo
Do seu ponto mais a norte, Ras ben Sakka, em Marrocos, à latitude apresenta significativas reservas de petróleo, gás natural, ferro, urânio e
37°21' N, até ao ponto mais a sul, o cabo das Agulhas na África do Sul, à fosfato.
latitude 34°51'15? S, vai uma distância de aproximadamente 8 000 km. Do  a Cadeia do Cabo, na África do Sul. É de formação antiga, culmi-
ponto mais ocidental de África, o Cabo Verde, no Senegal, à longitude nando nos Montes Drakensberg, com mais de 3400metros de altura.
17°33'22? W, até Ras Hafun na Somália, à longitude 51°27'52? E, vai uma
distância de cerca de 7 400 km. Completando uma visão do relevo africano, é possível observar ainda
a existência de antigos maciços montanhosos em diferentes pontos do
Para além do mar Mediterrâneo, a norte, África é banhada pelo oceano continente: o da Etiópia, formado a partir de erupções vulcânicas, o de
Atlântico na sua costa ocidental e pelo oceano Índico do lado oriental. O Fouta Djalon e o de Hoggar, além de vários outros.[
comprimento da linha de costa é de 26 000 km.
O Planalto dos Grandes Lagos assinala o início de inclinação do relevo
Localização africano, do leste para o continente, que favorece a drenagem de bacias
Com uma área territorial de pouco mais de 30 milhões de quilômetros fluviais interiores, como as dos rios Congo, Zambeze e Orange.
quadrados, o continente africano é o terceiro em extensão. Cortam a Densidade demográfica
África, três dos grandesparalelos terrestres: Equador, Trópico de Câncer e
Trópico de Capricórnio, além do Meridiano de Greenwich. África é o terceiro continente em extensão territorial, e o segundo con-
tinente mais populoso da Terra (atrás da Ásia) com cerca de um bilião de
Há cinco diferentes fusos horários. O continente tem oformato aproxi- pessoas (estimativa para 2005), representando cerca de um sétimo da
mado de um crânio humano visto de lado com o nariz - a península da população do mundo, cifra que lhe confere uma densidade demográfica de
Somália - apontado para leste. cerca de 30 habitantes porquilômetro quadrado.
Estendendo-se de 37 graus de latitude norte a 34 graus de latitude sul Essa pequena ocupação demográfica encontra explicações nos se-
e de 18 graus de longitude oeste a 51 graus de longitude leste, o território guintes fatores:
africano distribui-se pelos quatro hemisférios do planeta Terra. Por outro
lado, está compreendido em apenas duas zonas climáticas: a zona inter-  grande parte do continente é ocupada por áreas desfavoráveis a
tropical (equatorial e tropical norte e sul) etemperada do norte e do sul. concentrações humanas: desertos,florestas densas e emaranhadas e
formações vegetais típicas de solos pobres;
A África apresenta litoral pouco recortado e é banhada, a oeste, pelo
oceano Atlântico; a leste, pelo oceano Índico; ao norte, pelo mar Mediterrâ-  os índices de mortalidade são muito altos; embora tenham diminu-
neo; e a nordeste, pelo mar Vermelho. ído nos últimos 50 anos, ainda se mantêm superiores aos de outros conti-
nentes;

Ciências Humanas e suas Tecnologias 168 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
 a África é um continente que recebeu correntes migratórias; ao produtivo, cujas colheitas abastecem, em geral, apenas os próprios agricul-
contrário, perdeu inúmeros habitantes na época do tráfico de escravos. tores. Como principais produtos de cultivo citam-se inhame,mandioca,
milho, sorgo, batata e arroz.
A população africana caracteriza-se também pela distribuição irregular.
O vale do Nilo, por exemplo, possuidensidade demográfica de 500 habitan- A forma comercial de agricultura está representada pela plantation, sis-
tes por quilômetro quadrado, enquanto os desertos e as florestas são tema introduzido pelos europeus no, período colonial; baseia-se na mono-
praticamente despovoados. Outros pontos de alta densidade são o Golfo cultura de gêneros tropicais em grandes extensões de terra, com produção
da Guiné, as áreas férteis em torno doLago Vitória e alguns trechos no voltada para o mercado externo. Muitas vezes as propriedades encontram-
extremo norte e no extremo sul do continente. As regiões das savanas, de se sob o comando de grandes empresas agroindustriais, que encaminham
maneira geral, são áreas de densidades demográficas médias. os artigos agrícolas para o processamento industrial. Enquadram-se nesse
caso o algodão e a borracha, bem como o cacau, o café e o amendoim.
Poucos países africanos apresentam população urbana numericamen-
te superior à rural; entre os que se enquadram nesse caso estão Argélia, Devido às condições naturais pouco propícias à criação de gado bovi-
Líbia e Tunísia. no, a África tem na pecuária uma atividade econômicade limitado alcance,
em geral praticada de forma nômade ou extensiva. O maior destaque é
A quase totalidade dos países africanos exibe características típicas para a criação de carneiros na África do Sul e na Etiópia, além de peque-
do subdesenvolvimento: elevadas taxas de natalidade e de mortalidade, nos rebanhos conduzidos por nômades nas regiões de estepes. Nos
bem expectativa de vida muito baixa. Resulta desses fatores a preponde- países situados ao norte do Saara, criam-se camelos e dromedários,
rância de jovens na população, que, além de apresentarem menor produti- animais de grande porte utilizados como meio de transporte. Nessa região,
vidade, requisitam grandes investimentos emeducação e nível de emprego. os rebanhos caprino e ovino também são significativos.
Economia Indústria e transportes
A África é o continente mais pobre do mundo, onde estão quase dois A incipiente industrialização do continente, por sua vez, está restrita a
terços dos portadores do vírus HIV do planeta, a continuidade dos conflitos alguns pontos do território. Iniciou-se tardiamente, após o processo de
armados, o avanço de epidemias e o agravamento da miséria põem em descolonização, motivo pelo qual as indústrias africanas levam grande
causa o seu desenvolvimento. Algumas nações alcançaram relativa estabi- desvantagem em relação ao setor industrial altamente desenvolvido de
lidade política, como é o caso da África do Sul, que possui sozinha um países do Primeiro Mundo, ou mesmo de Terceiro Mundo, mas industriali-
quinto do PIB de toda a África. zados, como oBrasil. Esse distanciamento agrava-se dia a dia com o
Distinguindo-se pelas elevadas taxas de natalidade e de mortalidade e permanente aprimoramento industrial e tecnológico dos países desenvolvi-
pela baixa expectativa de vida e abrigando uma população jovem, a África dos.
caracteriza-se pelosubdesenvolvimento. Aparecendo ao mesmo tempo Toda a sua estrutura econômica é extremamente frágil e dependente,
como causa e consequência desse panorama, os setores econômicos em fato que se torna mais evidente no setor industrial: a escassez de capitais,
que os países africanos apresentam algum destaque constituem herança a falta de mão de obra técnica especializada e a insuficiência dos meios de
do seu passado colonial: o extrativismo e a agricultura - setores em que transporte, aliados ao baixo poder aquisitivo da população, compõem um
são baixos os investimentos e o custo da mão-de-obra - cuja produção é quadro nada propício ao desenvolvimento. Mesmo a grande variedade
destinada a abastecer o mercado externo. dematérias-primas, sobretudo minerais, que poderia ser utilizada para
Extrativismo promover a indústria africana, é destinada basicamente ao mercado exter-
no.
A África detém grandes reservas minerais, destacando-se o ouro e os
diamantes da África do Sul, do Zaire e deGana, que respondem pela maior Atuando nesse panorama, as modestas indústrias africanas dedicam-
parte da produção mundial. É igualmente rica em fontes energéticas como se, em geral, ao beneficiamento de matérias-primas, como madeiras, óleos
petróleoe gás natural, explorados principalmente na Nigéria, no Gabão, na comestíveis, açúcar e algodão, ou ao beneficiamento de minérios para
Líbia, na Argélia e no Egito. exportação.

O subsolo africano fornece também em abundância os seguintes mine- Atraídas pelo baixo preço da mão-de-obra, da energia elétrica e das
rais: antimônio (África do Sul), fosfatos(Marrocos, grande produtor mundi- matérias-primas, muitas indústrias de origem europeia enorte-americana
al), manganês (Gabão e África do Sul), cobre (Zâmbia e Zaire), urânio instalaram-se no continente, onde produzem a custo reduzidos artigos cuja
(África do Sul e Gabão). exportação lhes possibilita altas margens de lucro.

Apesar da diversidade de minerais encontrada em seu subsolo, a Áfri- As indústrias têxteis e alimentares, voltadas para o mercado interno,
ca revela-se um continente pobre, o que é explicado pelo fato de a explo- encontram-se em todos os países do continente, enquanto na África do
ração das riquezas minerais estar a cargo de companhias europeias ou Sul, no Egito e na República Democrática do Congo estão instaladas as
norte-americanas. Estas, ao se instalarem, implantam na região uma principais indústrias de base (siderúrgicas, metalúrgicas, usinas hidrelétri-
infraestrutura - equipamentos, técnicas e meios de transporte - visando cas etc.). Essa circunstância justifica o fato de a África do Sul e o Egito
exclusivamente à extração e exportação das riquezas em estado bruto serem os países mais industrializados do continente.
para os países industrializados, de modo que a maior parte dos lucros O sistema de transportes, bastante precário, constitui um entrave ao
provenientes desse setor acaba se encaminhando para fora do continente. desenvolvimento industrial. Implantado peloscolonizadores, tinha como
A caça, a pesca e a coleta de produtos naturais ainda constituem im- principal finalidade possibilitar o escoamento de matérias-primas e gêneros
portantes fontes de renda para a grande parcela da população africana. No agrícolas para osportos marítimos, de onde os produtos seguiam para as
extrativismo animal, figuram em primeiro plano o comércio de couro e de metrópoles. Por isso, hoje a África ressente-se da falta de uma rederodovi-
peles emBurkina Fasso, Botsuana e Djibuti, e o de marfim na África do Sul, ária e ferroviária que interligue eficazmente suas regiões.
Congo, Moçambique e Gabão. O extrativismo vegetal fornece como princi-
pais produtos: madeiras, resinas e especiarias, nos países cobertos parci-
República Popular da China
almente pela floresta equatorial; óleo de palmeira, no Benin e naCosta do Economia
Marfim; tâmaras, nos países desérticos.
A economia da República Popular da China é a segunda maior do
Agropecuária mundo.[83] Seu produto interno bruto (PIB nominal) é estimado em US$
A agricultura do continente africano apresenta-se sob duas formas: a 7,3 trilhões (dados de 2011), enquanto seu poder de compra foi calculado
de subsistência e a comercial. A primeira é rudimentar, itinerante e extensi- em pouco mais de US$ 11,3 trilhões. A renda per capita do país está em
va - planta-se em grandes extensões de terra, que são cultivadas anos 5.185 dólares por pessoa (nominal) e 8.395 dólares por pessoa (PPP) em
seguidos, até ocorrer o esgotamento do solo. Em seguida, busca-se outra 2011, de acordo com o Fundo Monetário Internacional. A China é a nação
área, em que se repete o mesmo processo. Trata-se de um sistema pouco com o maior crescimento econômico dos últimos 25 anos, com a média do

Ciências Humanas e suas Tecnologias 169 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
crescimento do PIB em 10% por ano. A renda per capita da China cresceu Com reformas econômicas iniciados em 1978, a China cresceu 90 ve-
8% ao ano nos últimos 30 anos. zes,[99] se tornando a economia de maior crescimento mundial nos últimos
25 anos, com crescimento do PIB em torno de 10% por ano. A renda per
Desde sua fundação em 1949, a República Popular da China adotava capitada China tem crescido cerca de 8% ao ano nos últimos 30 anos.
um estilo soviético de economia planificada. Com a morte de Mao Tse-tung Levando em conta a renda per capita e moeda desvalorizada, o custo de
e o fim da Revolução Cultural, os novos dirigentes chineses começaram a vida na China é baixo.
reformar a economia. A sua transformação em economia mista, foi iniciada
por Deng Xiaoping em 1978, após a falha da economia planificada em A China é o quarto país mais visitado do mundo, com 50,9 milhões de
desenvolver os sistemas produtivos chineses a níveis aceitáveis. As refor- visitantes internacionais em 2009. Actualmente a China é a segunda po-
mas de Xiaoping incluíram a privatização das fazendas, o que pôs fim à tência comercial do mundo, atrás dos EUA e a frente do Japão. Suas
agricultura coletiva,[88] e de indústrias estatais que fossem consideradas reservas internacionais de moedas estrangeiras atingiram US$ 2,4 trilhões,
de baixo desempenho na época, como mineração e produtos básicos os maiores do mundo. A China possui cerca de US$ 1,6 trilhão de títulos
(roupas, processamento de alimentos), entre outras. Em 1978, a China e o financeiros dos EUA. A China detém US$ 801,5 bilhões em títulos do
Japão normalizaram as relações diplomáticas e a China aceitou emprésti- Tesouro dos EUA, tornando-se o maior credor estrangeiro da dívida pública
mos do Japão. Nas últimas décadas este país tem sido o maior credor dos EUA. O investimento da China no mercado internacional está crescen-
estrangeiro da China. Em 1997 a China abandonou de vez o socialismo de do rápidamente. Em 2008 era o sexto maior investidor no mercado interna-
mercado adotando o capitalismo convencional, acabando com o princípio cional.
de propriedade estatal e executando um segundo maciço programa de
privatização. Para selar sua condição de economia globalizada, em 2001 a O sucesso comercial da China tem sido devido principalmente ao seu
China foi aceita na Organização Mundial do Comércio. Actualmente, 70% baixo custo de produção. São atribuídos uma combinação de fatores como
da economia da China é privada, e este número continua crescendo. A mão-de-obra de baixo custo, boa infraestrutura, bom nível de tecnologia,
economia da China composta por membros capitalistas "transplantados alta produtividade, em alguns casos, o não pagamento de licenças comer-
num corpo socialista debilitado", modifica, em 1995, a taxa de crescimento, ciais, a política governamental favorável e uma moeda muito desvaloriza-
impulsionada principalmente pelo setor não-estatal, para 8,9%, superando da.
as expectativas do governo e antecipando a meta prevista no IX Plano O Estado ainda predomina nas áreas-chaves da indústria como a
Quinquenal (1996-2000). energia e as indústrias pesadas, a iniciativa privada (30 milhões de empre-
Este robusto crescimento econômico, combinado com excelentes fato- sas privadas)[108] responde entre 33%[109] (People's Daily, 2005) a 70%
res internos como estabilidade política, grandes reservas em moeda es- (BusinessWeek, 2005) do PIB em 2005, enquanto que a estimativa da
trangeira (a maior do mundo, com US$ 818,9 bilhões), mercado interno OCDE é superior a 50% da produção nacional da China, muito superior a
com grande potencial de crescimento, faz com que a China seja actual- 1% de 1978. A Bolsa de Valores de Xangai (SSE) lança valores recordes
mente um dos melhores locais do mundo para investimentos estrangeiros, de IPOs e seu índice de referência Shanghai Composite index dobrou
com uma avaliação de risco (Moody's) A2, índice considerado excelente. desde 2005. A capitalização de mercado SSE atingiu US$ 3 trilhões em
2007 tornando-se o quinto maior na bolsa de valores do mundo.
As grandes mudanças sociais e econômicas promovidos pelos segui-
dores de Deng Xiaoping deram uma nova dinâmica política à China com- A China ocupa posição 29 no ranking no Índice de Competitividade
temporânea e limitaram as opções dos governantes do país. Houve nos Global. Quarenta e seis empresas chinesas entraram na lista da Fortune
últimos anos uma melhoria no padrão de vida dos chineses, embora seja Global 500 em 2010. Utilizando o cálculo de capitalização de mercado,
um país com renda média para os padrões mundiais. O rápido crescimento quatro das dez empresas mais valiosas do mundo são chinesas. Algumas
econômico do país conseguiu retirar centenas de milhões de pessoas da delas incluem a primeira no ranking mundial PetroChina Company (empre-
pobreza desde 1978 - o número de camponeses pobres caiu de 200 mi- sa de petróleo mais valiosa do mundo), terceiro no ranking Banco Industrial
lhões para 80 milhões em 10 anos. Apenas 10% da população vive abaixo e Comercial da China (banco mais valioso do mundo), quinto no ranking
da linha de pobreza (em comparação com 64% em 1978) e 99,8% dos China Mobile (empresa de telecomunicações mais valiosa do mundo) e
jovens são alfabetizados. Desemprego urbano diminuiu para 4 por cento sétima no ranking China Construction Bank.
em 2007 (desemprego real pode estar em 10%). A expectativa de vida Apesar do progresso significativo dos últimos anos, existem grandes
chinesa é a terceira maior do leste asiático, com 73 anos, atrás da Coreia obstáculos para o crescimento chinês a longo prazo. A significativa piora
do Sul com 77,3 e do Japão com 82,2. da distribuição de rendaé apenas um dos fatores negativos para o desen-
volvimento social, com um coeficiente de Gini em 41,1 e cada vez maior.
Outro grande problema é o direito previdenciário que, com a política do
filho único e aumento da expectativa de vida, apresenta desequilíbrios no
fluxo de caixa, sendo cada vez menor a relação entre trabalhadores contri-
buintes por aposentado. Cerca de 21% da população tem 14 anos ou
menos de idade e 8% tem mais de 65 anos. Outro aspecto é a diferença
dedesenvolvimento econômico entre as áreas costeiras (urbanas), nordes-
te e leste da China e o seu interior, principalmente no sul e oeste, ainda
predominantemente agrário e de baixa renda, exacerbada com a liberação
do mercado, pois os investidores preferem investir em áreas com melhor
infraestrutura e trabalhadores mais qualificados.
Infraestrutura
Educação
Em 1986, a China estabeleceu a meta de longo prazo de fornecer
educação básica obrigatória de nove anos para cada criança. Em 2007,
havia 396.567 escolas primárias, 94.116 escolas secundárias e 2.236
Vista do distrito financeiro de Pudong, emXangai.
instituições de ensino superior na República Popular da China. Em feverei-
A população de classe média (com renda anual de, pelo menos, ro de 2006, o governo avançou sua meta de educação básica se compro-
17.000 dólares) ultrapassou mais de 100 milhões de pessoas, enquanto metendo a fornecer educação de nove anos completamente de graça,
número de pessoas ricas (com capital superior a US$ 1,5 milhão) é esti- incluindo livros didáticos e taxas. Portanto, o sistema de ensino actual na
mado em mais de 825 mil pessoas de acordo com o Hurun Report, em China, introduziu a educação obrigatória e gratuita para todos os cidadãos
2009.[96] A China é o segundo maior consumidor mundial de bens de luxo chineses, com umensino fundamental com duração de 9 anos (6-15), e
com 27,5% da quota global, atrás do Japão. O mercado de varejo da China quase todas as crianças nas áreas urbanas continuam seus três anos
cresceu 16,8% ao ano. doensino médio.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 170 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Em 2007, 93,3% da população acima de 15 anos de idade eram alfa- industriais. A China é o maior consumidor de energia do mundo, mas
betizadas.[25] A taxa de alfabetização da juventude chinesa (idade 15-24) depende do carvão para fornecer 70% das suas necessidades energéti-
foi de 98,9% (99,2% para o sexo masculino e 98,5% feminino), em 2000. cas.Tudo isso com uma regulamentação ambiental deficiente, a poluição
Em março 2007, a China anunciou a decisão de tornar a educação uma maciça de ar e água são muito graves (a China tem 20 das 30 cidades
"prioridade estratégica nacional", o orçamento central das bolsas nacionais mais poluídas do mundo). Por conseguinte, o governo prometeu aumentar
será triplicado em dois anos e 223,5 bilhões de yuans (28,65 bilhões de a utilização de energias renováveis com uma meta de atingir 10% do
dólares) de um financiamento adicional será atribuído pelo governo central, consumo total de energia até 2010 e 30% em 2050.
nos próximos cinco anos, para melhorar o ensino obrigatório nas zonas
rurais. Telecomunicações

A qualidade das faculdades e universidades chinesas varia considera-


velmente em todo o país. As universidades melhores classificadas na
China continental são:
 Pequim: Universidade de Pequim, Universidade de Tsinghua, Uni-
versidade Renmin da China, Universidade Normal de Pequim
 Xangai: Universidade Fudan, Universidade de Xangai Jiao Tong,
Universidade Tongji, Universidade Normal da China Oriental
 Harbin: Instituto de Tecnologia de Harbin
 Tianjin: Universidade Nankai, Universidade de Tianjin
 Universidade Xi'an Jiaotong (Xi'an) Nova sede da Televisão Central da China, em Pequim.
 Universidade de Nanquim (Nanquim) A China tem actualmente a maioria dos usuários de celulares no mun-
do, com mais de 800 milhões de usuários em julho de 2010. O país tam-
 Universidade de Ciência e Tecnologia da China (Hefei) bém tem o maior número de usuários de internet e banda larga no mundo.
 Universidade de Zhejiang (Hangzhou) A China Telecom e a China Unicom, dois grandes prestadores de ser-
 Universidade de Wuhan (Wuhan) viços de banda larga, são responsáveis por 20% dos assinantes de banda
larga global, enquanto os dez maiores fornecedores de serviços de banda
 Cantão: Universidade Sun Yat-sen (aka Universidade Zhongshan) larga do mundo, respondem juntos por 39% dos clientes de banda larga do
planeta. A China Telecom tem mais de 55 milhões de assinantes de banda
Muitos pais estão altamente comprometidos com a educação de seus larga e a China Unicom, tem mais de 40 milhões, enquanto o terceiro maior
filhos, muitas vezes, investindo grande parte da renda da família na educa- fornecedor, a NTT, possui menos de 18 milhões de assinantes. O espaço
ção. Aulas particulares e atividades recreativas, como em línguas estran- entre os dois grandes prestadores de banda larga chineses e os prestado-
geiras ou música, são populares entre as famílias de classe média que res do resto do mundo, continuará a crescer rapidamente, visto que os
podem pagar por esses serviços. outros dez maiores provedores de banda larga operam em mercados
Transportes desenvolvidos, com elevados níveis de penetração da banda larga e com
rápida desaceleração do crescimento de assinantes.
O transporte na parte continental da República Popular da China me-
lhorou significativamente desde a década de 1990 como parte de um Ciência e tecnologia
esforço do governo para vincular toda a nação através de uma série de
vias expressas. O comprimento total da rede de vias expressas era de
65,000 km no final de 2009, a segunda maior rede do mundo, perdendo
apenas para os Estados Unidos A China possui também a maior rede
ferroviária de alta velocidade do mundo, com mais de 7,050 km de rotas. A
expansão da rede ferroviária de alta velocidade para 16 mil quilômetros,
com trens circulando a uma média de 350 km/h, será construída na China
na próxima década e em 2012 deverão estar completados 13 mil quilôme-
tros, segundo o Ministério da Ferrovia.
A posse de um automóvel privado está aumentando a uma taxa anual
superior a 30%. A venda de automóveis começou a aumentar rapidamente
após a crise financeira em 2009. Cerca de 18,06 milhões de veículos foi
vendido na China em 2010, uma expansão de 33% em relação a 2009 com
13,8 milhões, o que a transformou no maior mercado mundial de veículos,
excedendo pela primeira vez os EUA com 11,6 milhões de veículos.
O transporte aéreo doméstico aumentou significativamente, mas conti-
nua a ser muito caro para a maioria da população. O transporte de longa
distância é dominado por ferrovias e sistemas de ônibus fretados. A ferro-
via é um transporte vital para a China e são monopolizadas pelo Estado,
divididas em departamentos de transporte ferroviário em diferentes regiões.
As grandes cidades têm redes de metrô e VLT em rápida expansão. O lançamento do Tianlian, noCentro Espacial de Xichang.
Várias cidades também estão construindo metrôs. Hong Kong tem um dos
A China tem o segundo maior orçamento para pesquisas e desenvol-
sistemas de transportes mais avançados do mundo. Xangai tem uma linha
vimento do mundo, e investiu mais de US$ 136 bilhões em2006 após ter
de trem Maglev ligando o centro da cidade ao seu principal aeroporto
crescido mais de 20% em 2005. O governo chinês continua a colocar
internacional, o Aeroporto Internacional de Xangai Pudong.
grande ênfase na pesquisa e desenvolvimento, criando uma maior sensibi-
Energia lização do público para a inovação e reforma dos sistemas financeiros e
fiscais para promover o crescimento das indústrias de ponta.
A economia da China é altamente deficiente em relação ao aproveita-
mento e desperdício de energia. Gasta de 20% a 100% de energia adicio- Em 2006, o presidente, Hu Jintao, apelou à China para fazer a transi-
nal em comparação com países da OCDE para os mesmos processos ção de uma economia baseada na produção para uma baseada na inova-

Ciências Humanas e suas Tecnologias 171 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ção e o Congresso Nacional Popular aprovou têm grandes aumentos no para todo o mundo ocidental, a apropriação pela China de outras lingua-
orçamento de pesquisa. A pesquisa emcélulas-tronco e terapia gênica, que gens estéticas.
alguns no ocidente veem como controversa, tem uma regulação mínima na
China. A China tem um número estimado de 926 mil pesquisadores, per- A arte chinesa é significativa não apenas pela beleza, mas também
dendo apenas para os Estados Unidos, com 1,3 milhões. porque foi a maior fonte de inspiração para todo o Oriente -Japão, Coreia,
Tibete, Mongólia, Indochina e Ásia Central. A Europa também deve à
A China também está desenvolvendo ativamente suas indústrias de China muitos dos seus impulsos artísticos, bem como a introdução de
semicondutores, software e energia, incluindo as energias renováveis, variadas técnicas, principalmente na cerâmica e na tecelagem.
como a hidrelétrica, eólica e solar, se tornando o maior produtor de energi-
as renováveis do mundo. Em um esforço para reduzir a poluição proveni- A postura em relação às artes apresentava muitas diferenças entre a
ente de usinas a carvão, a China tem sido pioneira na implantação de China e o Ocidente. O amador erudito, por exemplo, tinha geralmente um
reactor de leito de esferas nucleares, que são mais frios e seguros, e tem status mais elevado do que o profissional, e não havia distinção entre
aplicações potenciais para a economia do hidrogênio. belas-artes e artes aplicadas. Na verdade, a caligrafia na China há muito
tempo já era considerada a mais nobre das artes.
Em 2010, a China desenvolveu o Tianhe-IA, o supercomputador mais
rápido do mundo, actualmente armazenado no Centro Nacional de Super- A pintura era uma forma desenvolvida da caligrafia, e ainda hoje as
computação de Tianjin. O sistema deverá processar os dados sísmicos duas apresentam relações bem próximas. O pintor, em vez de pintar seus
para prospecção de petróleo, o comportamento de computação bio-médica quadros em telas ou madeira com tintas a óleo, geralmente trabalhava em
e na ajuda no design de veículos aeroespaciais. seda ou papel com aquarela. Além disso, a vitalidade e o ritmo das pince-
ladas eram mais importantes que o naturalismo da representação.
Após a ruptura sino-soviética, a China começou a desenvolver suas
próprias armas nucleares e sistemas de distribuição com sucesso, deto- O escultor utilizava pedra, madeira ou bronze, mas algumas vezes
nando seu primeiro teste nuclear de superfície em 1964, em Lop Nor. A modelava ou revestia suas obras com laca, uma forma de arte originária da
consequência natural disto foi o lançamento de um programa de satélites, China. A porcelana também foi fabricada pela primeira vez na China, mais
que culminou em 1970 com o lançamento do Dong Fang Hong I, o primeiro de mil anos antes que o segredo de sua manufatura fosse conhecido na
satélite chinês. Isso fez da RPC a quinta nação independente a lançar um Europa, no início do século XVIII. O jade é outro tipo de material associado
satélite. à China, tendo sido utilizado na confecção de objetos rituais, armas ceri-
moniais, joias e pequenas esculturas.
Em 1992, o programa espacial tripulado Shenzhou foi autorizado. Após
quatro testes não-tripulados, o Shenzhou 5 foi lançado em 15 de outubro As casas dispõem na maioria das vezes de um só andar, espalhando-
de 2003, utilizando o veículo lançador Longa Marcha 2F e levando o astro- se por grandes terrenos, com jardins e pátios entre as várias alas, embora
nauta chinês Yang Liwei, tornando a China o terceiro país a colocar um ser palácios, templos e pagodes sejam mais altos. Os telhados também são
humano no espaço através de seu próprio esforço. A China completou a construídos sobre portões, pontes, muralhas e monumentos. Vários telha-
sua segunda missão tripulada, com uma tripulação de duas pessoas, o dos aparecem muitas vezes uns sobre outros, com os beirais formando
Shenzhou 6, em de outubro de 2005. Em 2008, a China concluiu com êxito graciosas curvas para cima, uma das características mais típicas da arqui-
a missão Shenzhou 7, tornando-se o terceiro país a ter a capacidade de tetura chinesa.
realizar uma caminhada espacial. Em 2007, a República Popular da China Depois de um período pré-histórico bastante obscuro, a evolução da
enviou com sucesso a sonda Chang'e, nomeada em homenagem a antiga arte chinesa pode ser dividida em cinco longos períodos, para os quais, no
deusa chinesa da lua, para a órbita e para explorar a Lua como parte entanto, não existem limites bem claros. Registros definitivos datam da
doPrograma de Exploração Lunar Chinês. A China tem planos de construir segunda parte da dinastia Shang (1711 a.C.-1066 a.C.), cujos trabalhos
uma estação espacial Tiangong 1 em um futuro próximo e de conseguir mais importantes são os vasos de bronze para sacrifícios, de formas
uma aterrissagem lunar na próxima década. Existem também planos para rígidas e decorados principalmente com motivos animais, de significado
uma missão tripulada ao planeta Marte. religioso.
Cultura
Arte
A China tem a mais longa tradição cultural continua do mundo, com
uma história contínua de mais de 3.000 anos. A civilização chinesa experi-
mentou uma notável longevidade e expansão geografica, que remonta pelo
menos ao terceiro milênio, altura em que este povo se concentrava na
região do Rio Amarelo. Segundo o investigador Joseph Needham, os
chineses foram pioneiros em muitas descobertas e desenvolvimentos do
mundo antigo. Quando os navios de Fernão de Magalhães chegaram ao
Brunei em 1521, encontraram uma cidade rica que tinha sido fortificada por
engenheiros chineses. Antonio Pigafetta anotou que muita da tecnologia
chinesa no Brunei era equivalente à tecnologia ocidental desse tempo e os
comerciantes chineses na corte do Brunei tinham-lhes vendido óculos e um
modelo de porcelana, que eram uma raridade na Europa.
A periodização da civilização chinesa foi estabelecida através das dife-
rentes dinastias que governaram a nação, desde as precursorasShang
(1650 a.C.-1027 a.C.), cujas produções culturais se enquadram no período Muralha da China construída durante a China Imperial.
do bronze, e Zhou (1027 a.C.-256 a.C.). Foi durante a época Tang (618-
907 d. C.) que o país atingiu a maior dimensão territorial de toda a sua O segundo período tem início com a unificação da China em 221 a.C.,
história. Seguiram-se a ÉpocaSung (960-1279), a dinastia Ming (1368- durante a dinastia Qin, com o imperador Shi Huangdi, o construtor da
1644) e o período Qing ou Manchu, que correspondeu à última dinastia Grande Muralha. Objetos de bronze e jade constituem os mais importantes
imperial (1644-1911). exemplos da arte deste período; além disso, também foram encontrados
vasos de cerâmica vitrificada e figuras em sepulturas.
Caracterizada pela serenidade e permanência das formas expressivas
e pela rigidez de valores estéticos, a cultura chinesa procurou sempre, Um dos acontecimentos mais importantes da dinastia Han (206 a.C.-
através das suas realizações artísticas, a harmonia com o universo. Com a 220 d.C.) foi a introdução do budismo, proveniente daÍndia e da Ásia
abertura da cultura chinesa ao exterior, verificada durante a dinastia Ching Central, uma vez que os templos e mosteiros budistas se tornaram os
tornou-se evidente, em paralelo com a exportação de artefatos artísticos grandes patrocinadores e guardiões das artes. Os exemplos mais bem
preservados são aqueles que, seguindo o modelo indiano, foram escava-

Ciências Humanas e suas Tecnologias 172 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
dos nas faces das rochas, decorados com esculturas e afrescos. Estes dos Unidos e da Inglaterra, interessados em estabelecer um aliado na
templos pertencem ao terceiro período da arte chinesa, cujo clímax foi região, já que não confiavam nos Estados árabes que a cercavam. Os
atingido pelas dinastias Sui (581-618) e Tang (618-907). A China foi unifi- palestinos, por sua vez, também almejavam a criação de um Estado inde-
cada após um período de invasões e guerra civil, quando todas as artes pendente em território palestino e, para isso, contavam com o apoio dos
floresceram. países árabes.
O século X marca o início do quarto período, que culminou na dinastia Em 1947, a ONU estabeleceu a divisão do território palestino entre ju-
Song (960-1279), época em que a arte chinesa atingiu seu apogeu. O deus, que ocupariam 57% das terras com seus 700 mil habitantes, e pales-
grande feito destes séculos foi a transformação da simples pintura de tinos, cuja população de cerca de 1,3 milhão de habitantes ocuparia os
paisagens numa arte maior, muito antes de a Europa ter vislumbrado tal restantes 43% do território.
possibilidade. Teve a mesma importância neste período a cerâmica, inigua-
lável tanto pela nobreza da forma quanto pela beleza da decoração. Com a retirada das tropas britânicas que ocupavam a região, come-
çou, em 1948, uma guerra entre Israel e a Liga Árabe, criada em 1945 e
O último grande período da arte chinesa vai do reinado dos imperado- que reunia Estados Árabes que procuravam defender a independência e a
res Ming (1368-1644) até a última dinastia dos Manchu ou Qing (1644- integridade de seus membros. A guerra foi liderada pela Jordânia e pelo
1911). A pintura e a cerâmica mantiveram o alto nível e novas técnicas de Egito. Israel venceu o conflito e ocupou áreas reservadas aos palestinos,
fabricação de porcelana foram desenvolvidas, especialmente a pintura azul ampliando para 75% o domínio sobre as terras da região. O Egito assumiu
vitrificada e a utilização de cores esmaltadas sobre a vitrificação. o controle sobre a Faixa de Gaza e a Jordânia criou a Cisjordânia.
Notável habilidade também foi demonstrada nos trabalhos de escultura Em 1956, o presidente egípcio Gamal Abdel Nasser declarou guerra a
em marfim e jade, e no esmalte cloisonné (técnica francesa). No século II, Inglaterra, França e Israel com o objetivo de assumir definitivamente o
uma combinação de influências ocidentais e de outras oriundas da revolu- controle sobre o canal de Suez, em mãos europeias desde sua construção.
ção minaram a tradicional arte chinesa. Para isso contou com o apoio da União Soviética, país que, no contexto
A revolução comunista de 1949 e a criação da República Popular da daGuerra Fria, apoiava todas as iniciativas de libertação nacional a fim de
China sob a liderança de Mao Tsé-Tung introduziram uma incontornável conquistar aliados para o bloco socialista. Durante o conflito, Israel ocupou
dimensão política em todas as formas de expressão artística. Os movimen- a Península do Sinai, mas, devolveu-a logo em seguida, devido à pressão
tos vanguardistas foram banidos e tachados como "formalismo burguês". norte-americana.
Por outro lado, a revolução também propiciou o renascimento de formas Organização para a Libertação da Palestina (OLP)
artísticas ancestrais e ensinou o povo a valorizar suas tradições no campo
das artes, o que resultou em valiosa restauração e descoberta de tesouros Para defender a luta palestina no sentido da criação de um Estado au-
artísticos do passado, como o folclore, que foi assumido como valioso tônomo, foi criada a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), em
produto de exportação e importante fonte de rendimentos. 1964, tendo como líder Iasser Arafat. Nas fileiras da OLP, surgiu o Al
Fatah, braço armado da organização que prega a luta armada e o terroris-
Entenda o conflito árabe-israelense mo para destruir Israel. A OLP só recentemente foi reconhecida por Israel
Do colégio Stockler como representante dos interesses palestinos na questão territorial. Até
então, quando havia negociações de paz, seus membros ingressavam em
Os conflitos que hoje assolam o Oriente Médio têm diferentes motivos. delegações de países árabes como Egito e Jordânia.
O principal deles diz respeito ao território: israelenses e palestinos lutam
para assegurar terras sobre as quais, segundo eles, têm direito milenar. Em 1967, novo conflito eclodiu entre árabes e israelenses. Após a reti-
Outra questão diz respeito à cultura e à imposição de valores ocidentais às rada das tropas da ONU que guardavam a fronteira entre Egito e Israel,
milenares tradições orientais. Pode-se ainda mencionar o fator econômico - soldados israelenses avançaram sobre a Península do Sinai, a Faixa de
talvez o preponderante: potências capitalistas desejam estabelecer um Gaza e as colinas de Golã. As sucessivas ocupações de Israel sobre áreas
ponto estratégico na mais rica região petrolífera do planeta. E ainda existe de população palestina obrigaram-na a refugiar-se em países vizinhos -
a questão política. sobretudo ao sul do Líbano - onde passaram a viver em condições subu-
manas, acarretando problemas para esses países. Além disso, a partir do
As tensões perduram há séculos. Expulsos da Palestina pelos roma- sul do Líbano, a OLP, passou a bombardear alvos israelenses na Galileia,
nos já no século 1 da Era Cristã, os judeus acalentaram durante séculos o levando o Exército de Israel a realizar violentas operações de represália
sonho de retornar à "Terra Prometida", enfrentando todo tipo de discrimi- contra o território libanês a partir de 1972.
nação e perseguição. Todavia, o território, durante sua ausência, foi ocu-
pado por outros povos que, igualmente, sentem-se no direito de nele A OLP adotou o terrorismo como estratégia de luta contra Israel que,
permanecer de modo autônomo. por sua vez, com amplo apoio das potências ocidentais, desenvolvia res-
peitável aparato bélico.
Durante o domínio britânico sobre a região, os ingleses permitiram a
compra de terras na Palestina por ricos judeus de todo mundo que come- Como resposta às invasões israelenses de 1967, no feriado judeu do
çaram a reocupar a região. Essa maciça migração de judeus para a Terra Yom Kippur (Dia do Perdão) de 1968, Egito e Síria desfecharam ataque
Santa chamou-se Sionismo, em referência à Colina de Sion, em Jerusa- simultâneo a Israel que revidou prontamente, vencendo as forças agresso-
lém. ras. Nas áreas que iam sendo ocupadas por Israel, principalmente em
Gaza e na Cisjordânia, surgiram colônias judaicas protegidas por soldados
Os ingleses após a Primeira Guerra Mundial, comprometeram-se a israelenses. A estratégia visava consolidar o domínio sobre o território.
ajudar os judeus a construir um Estado livre e independente em território Atualmente, mais de 170 mil judeus vivem em assentamentos nos territó-
palestino, buscando, assim, enfraquecer os árabes e conquistar vantagens rios ocupados por Israel.
econômicas na região. Entre os anos 1930 e 1940, intensificou-se conside-
ravelmente a imigração judaica para a Palestina. Acordos de paz

O descontrolado ingresso de judeus na Palestina acarretou sérios pro- Quando o presidente Anuar Sadat assumiu a presidência do Egito, as-
blemas já às vésperas da Segunda Grande Guerra: as áreas de assenta- sumiu uma postura de distanciamento da União Soviética e de aproxima-
mento judeu e palestino não foram delimitadas e grupos de características ção dos Estados Unidos. Daí resultaram conversações de paz entre egíp-
étnicas e religiosas tão diferentes tiveram que compartilhar o mesmo cios e israelenses que resultaram num acordo formalizado em Camp
território, de onde resultam graves hostilidades entre ambos. David, em 1979. Assinaram o acordo, sob os olhos do presidente norte-
americano Jimmy Carter, o presidente egípcio, Sadat, e o primeiro-ministro
Com o holocausto promovido pelos nazistas durante a Segunda Guer- israelense, o ultra-direitista, Menahem Begin. O acordo previa que Israel
ra, a opinião pública, sensibilizada com os sofrimentos dos judeus, concor- devolveria o Sinai para o Egito até 1982 e que em Gaza e na Cisjordânia
dou com a criação de um Estado judeu na Palestina. A recém-criada nasceria uma "autoridade autônoma", da qual a OLP não participaria, e que
Organização das Nações Unidas estabeleceu que a solução para os pro- governaria essas regiões por 5 anos, até a retirada definitiva de Israel. O
blemas do Oriente Médio seria sua prioridade, com a anuência dos Esta- acordo não agradou nem aos judeus instalados nas colônias do Sinai, de

Ciências Humanas e suas Tecnologias 173 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Gaza e da Cisjordânia, nem muito menos aos árabes que esperavam Entre os novos movimentos estavam o nacionalismo árabe, que de-
maiores concessões por parte dos israelenses. Por isso, Sadat, considera- fendia a criação de um grande Estado árabe independente dos turcos; e o
do por muitos, traidor da causa árabe no Oriente Médio, foi assassinado movimento sionista, defensor da volta dos judeus à Palestina - dispersos
em 1981. por todo o mundo desde a destruição de seu Estado independente, no
início da era cristã.
Intifada
A 1ª Guerra Mundial (1914-1918) selou o fim dos grandes impérios e
Na década de 1980, as negociações sobre o futuro do Oriente Médio redesenhou o mapa do Oriente Médio, que antes era dominado pelos
não avançaram. De um lado, os árabes iniciam a Intifada, rebelião popular turcos. Os ingleses receberam um mandato da Liga das Nações para
em Gaza, cujo estopim foi o atropelamento e morte de quatro palestinos ocupar por 30 anos os atuais Iraque, Jordânia e Palestina. A França ficou
por um caminhão do exército israelense, em 1987. Adolescentes, munidos com o que hoje são a Síria e o Líbano.
de paus e pedras, enfrentaram, nas ruas, os soldados de Israel e o levante Entre os judeus, a maioria vivendo na Europa Oriental e na América do
se alastrou. A repressão israelense foi brutal. Desde então, os choques Norte, o sionismo era bastante minoritário. As correntes políticas mais
entre palestinos e colonos nas áreas de ocupação israelense têm sido fortes eram as compostas pelos socialistas - defensores da integração dos
frequentes. judeus à luta dos trabalhadores contra o capital -, pelos liberais - favoráveis
Em 1992, porém, a eleição de Itzhak Rabin, membro do Partido Traba- à integração da população judaica em cada país -, ou, ainda, pelos religio-
lhista, para Primeiro Ministro de Israel, favoreceu a retomada das conver- sos ortodoxos.
sações de paz entre árabes e israelenses. Simultaneamente, Arafat, enfra- O problema é que, para conquistar o apoio dos árabes contra os turcos
quecido pelas dissidências internas a OLP, já adotava uma postura menos na 1ªGuerra, assim como o respaldo dos judeus nos impérios Russo e
belicista e mais conciliadora. Austro-Húngaro, e também nos Estados Unidos, a Grã-Bretanha prometeu
a mesma coisa aos dois lados. Aos árabes, um grande Estado independen-
A disposição de ambos levou-os, em 1993, a um encontro em Oslo,
te, o que suporia a inclusão da Palestina. E aos judeus, um "lar nacional"
onde ficou decidido que, de forma gradual, Israel devolveria a Faixa de
na Palestina.
Gaza (área pobre onde se espremem 800 mil palestinos) e de Jericó, na
Jordânia, para a administração direta e autônoma dos palestinos, apesar As duas comunidades passaram então a disputar espaço na Palestina
dos cerca de 100 mil colonos judeus ali instalados permanecerem protegi- sob mandato britânico. Os sionistas traziam jovens pioneiros da Europa
dos pelo exército israelense. Oriental para cultivar terras compradas dos árabes por milionários judeus.
E os nacionalistas árabes lançavam ataques armados contra as novas
Ao acordo, opuseram-se as facções palestinas hostis a Arafat, alegan- comunidades judaicas. Os britânicos ficavam no meio do caminho, ora
do que as concessões de Israel eram pequenas frente aos desejos dos limitando a imigração judaica, ora restringindo os ataques dos militantes
palestinos, e os israelenses que habitam as regiões a serem devolvidas. árabes.
Em 4 de novembro de 1995, durante um comício pela paz na Praça dos
Massacre na Europa
Reis, em Tel Aviv, um estudante judeu de 27 anos, membro de uma orga-
nização paramilitar de extrema direita, assassinou Itzhak Rabin. Tudo mudou com a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), quando mais de
seis milhões de judeus foram massacrados pelos nazifascistas na Europa,
As negociações de paz não avançaram depois da eleição de Benjamin ao lado de milhões de russos, poloneses, homossexuais, dissidentes
Netanyahu, do Likud, partido de direita israelense, para o cargo de primeiro políticos e deficientes físicos e mentais. No final da guerra, com a Europa
ministro. Netanyahu não estava disposto a fazer concessões aos palesti- arrasada, o sionismo tornou-se rapidamente majoritário entre os judeus
nos. Todavia, em 1999, realizaram-se eleições gerais em Israel e o Partido sobreviventes.
Trabalhista, representado agora por Ehud Barak, foi reconduzido ao poder,
Com a retirada das tropas britânicas da Palestina marcada para 1947,
reabrindo as negociações de paz para a região. O grande obstáculo nesse
os sionistas - que contavam com a simpatia da opinião pública mundial,
momento é decidir sobre a situação de Jerusalém, cidade sagrada tanto
devido ao massacre dos judeus na guerra - conseguiram costurar o apoio
para judeus quanto para muçulmanos.
dos dois grandes vencedores do conflito, União Soviética e Estados Uni-
Todavia, em setembro de 2000, um episódio marcaria o acirramento dos, à divisão do território.
das tensões entre palestinos e israelenses, quando Ariel Sharon, líder do A Assembleia Geral da ONU, então presidida pelo ex-chanceler brasi-
Partido Conservador e principal expoente do conservadorismo judeu, leiroOswaldo Aranha, votou pela partilha da Palestina em dois estados -
"visitou" a Esplanada das Mesquitas em Jerusalém. O ato pareceu uma um árabe e outro judeu. Em maio de 1948, o futuro primeiro-ministro David
forte provocação aos árabes e deu início à "nova intifada". Ataques terroris- Ben Gurion anunciou a criação do Estado de Israel. O mundo árabe não
tas e confrontos diretos entre palestinos e israelenses tornaram-se cada aceitou a partilha e, nos dias seguintes, sete estados árabes declararam
vez mais frequentes, ameaçando perigosamente as conversações de paz. guerra a Israel, que foi invadido por cinco exércitos. Valendo-se da divisão
A situação, porém, tornou-se mais violenta quando, no início de 2001, do mundo árabe, os israelenses venceram a guerra e expulsaram muitos
o mesmo Ariel Sharon foi eleito Primeiro Ministro de Israel, revelando o palestinos do que deveria ser seu Estado.
sentimento dominante entre os israelenses de não retomar as negociações Desde então, houve três grandes guerras entre Israel e os países ára-
para a criação do Estado Palestino enquanto durar a intifada. bes: em 1956, 1967 e 1973. Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel
Diante da violência dos atentados terroristas promovidos pelo Hamas e ocupou a Faixa de Gaza e o deserto do Sinai, que pertenciam ao Egito, as
pelo Hezbolah, grupos extremistas árabes que pregam o extermínio dos colinas do Golan (Síria), as fazendas de Shebaa (Líbano), Jerusalém
judeus, as ações do exército israelense também têm sido cada vez mais Oriental e a Cisjordânia (Jordânia).
cruéis, atingindo, inclusive, a população civil das regiões dominadas. Em 1979, Israel assinou a paz com o Egito, que recebeu de volta o Si-
Árabes e judeus nai. Nunca mais o mundo árabe conseguiria unir-se contra o Estado judeu.
Sucessivos governos israelenses incentivaram a criação de colônias judai-
Relacionamento marcado por tensões e conflitos cas nos territórios ocupados, principalmente a Cisjordânia.
Jayme Brener Intifadas
O conflito entre árabes e judeus é relativamente recente, ao contrário A resistência palestina optou então pela luta armada, lançando mão
do que muitos acreditam. Até o final do século 19, judeus e diferentes por vezes do terrorismo - com ataques a alvos civis dentro e fora de Israel.
povos árabes viviam como "primos" (o que supõe, claro, conflitos ocasio- O resultado foi pouco alentador e o terrorismo até reforçou a posição de
nais), e não só noOriente Médio. A convivência se estendeu, por exemplo, Israel, que tem nos Estados Unidos seu principal aliado. Em 1987, explodiu
à Espanha, ocupada pelos árabes até o fim do século 15. uma revolta popular contra os israelenses na Faixa de Gaza e na Cisjordâ-
nia, inicialmente fora do controle da Organização pela Libertação da Pales-
Os problemas ganharam corpo com a crise dos grandes impérios, ao tina (OLP) e de seu principal líder, Yasser Arafat. A rebelião ficou conheci-
término do século 19, que permitiu o avanço de inúmeros movimentos da comointifada, sobressalto, em árabe.
nacionalistas. Isso tanto no Império Russo como no Império Turco-
Otomano e no Império Austro-Húngaro.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 174 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
A reação violenta do exército israelense, que matou centenas de pes- É uma técnica indispensável, pois nos maciços calcários os pontos de
soas em poucos dias, desgastou a posição do país. Em seguida, Arafat referência nem sempre ajudam. Assinalar as coordenadas de uma gruta é
prometeu desistir da luta armada em favor de negociações políticas que como escrever a sua morada, para que qualquer espeleólogo a possa
conduzissem à criação de um Estado palestino. Em 1991, sob pressão dos encontrar sem problemas.
EUA, que enfrentavam a ira das massas árabes por conta da invasão do
Iraque, naquele mesmo ano, o então primeiro-ministro ultraconservador de
Israel, Itzhak Shamir, aceitou iniciar tímidas negociações de paz com os Tipos de cartas
palestinos, na Conferência de Madrid. .- Carta Planimétrica: mostra apenas a posição relativa dos objetos
Mas o sucessor de Shamir, Itzhak Rabin, levou as negociações à fren- sem o relevo
te e, em 1993, assinou com Yasser Arafat os acordos de Oslo, com apoio - Carta Topográfica: além da planimetria representa o relevo
da Casa Branca. O acordo previa a criação da Autoridade Palestina, em- - Carta Aeronáutica: utilizadas na navegação aérea, mostra os porme-
brião de um futuro governo palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. nores mais facilmente identificáveis do terreno.
Os limites territoriais e a espinhosa questão de Jerusalém - que é reivindi-
- Fotomapa: fotografia aérea em mosaico
cada como capital por israelenses e palestinos - deveriam ser resolvidos
nos anos seguintes. Israel também assinou a paz definitiva com a vizinha - Carta Hidrográfica: indica as profundidades marítimas e faróis para
Jordânia. navegação costeira
As negociações com os palestinos evoluíram com extrema dificuldade, - Cartas Especiais: Geológicas, Vegetação, Arqueológicas, etc. (obti-
mas, no fim dos anos 90, parecia que a paz estava próxima, em torno de das a partir das cartas normais, sobrepondo-lhes os dados desejados.
uma proposta israelense que incluía uma complexa equação para permitir - Cartas Tridimensionais: Carta plástica em relevo, Fotomapas plástico
a soberania compartilhada sobre Jerusalém. Também parecia próximo um em relevo, modelos de terreno, etc.
acordo sobre a troca de territórios entre Israel e palestinos para resolver o ..
problema dos quase 200 mil colonos judeus que vivem na Cisjordânia.
Elementos informativos de uma carta Topográfica Militar (1:25000)
Arafat, porém, acreditou que o momento era favorável para aumentar
as demandas e apresentou a exigência de realocação, no atual Israel, de - Nome de Folha: está colocado na margem superior direita da carta e
milhões de palestinos que haviam perdido suas terras e casas após 1948. advém de um pormenor geográfico ou de cultura nela existente. Sempre
O governo israelense não aceitou, as conversações de paz foram por água que possível representa o nome da maior cidade, vila ou aldeia nela exis-
abaixo e um passeio de outro primeiro-ministro ultraconservador, Ariel tente.
Sharon, pela Esplanada das Mesquitas, local sagrado para os muçulmanos - Número de Folha: está colocado no canto superior direito da carta. É
em Jerusalém, detonou a segunda intifada, em 2000. o número de referência da carta e baseia-se num sistema arbitrário no qual
De lá para cá, a paz entre judeus e palestinos tem parecido cada vez a numeração das folhas cresce de oeste para leste e de norte para sul.
mais distante. A OLP, que defendia um acordo com Israel, perdeu espaço - Número de Série: margens superior e inferior direita, aparece nas
nos territórios ocupados para o movimento fundamentalista islâmico Ha- cartas 1:25000 do continente e é representado por um número de três ou
mas, que tem apoio do Irã e da Síria e rejeita a paz com o Estado judeu. E quatro algarismos antecedidos de uma letra. A letra corresponde a deter-
o cenário político israelense deslocou-se para a direita, com as forças minada zona do globo (a Europa Ocidental é designada pela letra M), o
pacifistas perdendo espaço. primeiro algarismo é o de sub região (a Península Ibérica é o número 8), o
Grupos palestinos lançaram mão outra vez do terror, acionando ho- segundo algarismo corresponde à escala da Carta (8 para 1:25000), o
mens (e mulheres) bombas contra alvos civis em Israel. Os israelenses terceiro algarismo distingue esta série de cartas de outras com a mesma
reagiram construindo um imenso muro de proteção que isola suas cidades escala e área de cobertura.
e estradas dos núcleos residenciais palestinos. - Número de Edição: margem superior e inferior da carta, representa a
Em 2006, Israel lançou um sangrento ataque contra o Líbano, a propó- idade da carta em relação a outras edições da mesma carta. A última
sito de estancar os disparos de foguetes do Hizbolá, facção xiita que tem o edição terá um número maior que as edições anteriores.
apoio da Síria e do Irã. Dois anos depois, também para pôr fim a ataques - Escala de Carta e Escala Gráfica: na margem inferior ao centro, a es-
de foguetes contra seu território, Israel invadiu a Faixa de Gaza, deixando cala da carta dá-nos a relação entre uma distância na carta e a equivalente
centenas de mortos. distância no terreno, sendo a escala gráfica usada para a determinação de
Pouco mais de cem anos depois do nascimento do nacionalismo árabe distâncias no terreno por processos gráficos.
e do sionismo, as perspectivas de paz entre Israel e seus vizinhos árabes - Nota de Responsabilidade: aparece nas margens superiores ou infe-
parecem muito distantes. As negociações entre israelenses e palestinos riores, à esquerda ou ao centro. Servem para indicar o produtor e referir o
estão paralisadas, assim como qualquer conversa entre Israel, Síria e método de compilação utilizado pelos técnicos.
Líbano. Fala-se até em um novo ataque de Israel contra o Hizbolá libanês, - Diagrama de Ligação de Folhas: aparece na margem superior es-
que vem recebendo de sírios e iranianos mísseis capazes de atingir as querda e indica as folhas da mesma carta que circundam a folha em ques-
principais cidades israelenses. tão.
Pior: nos últimos anos um novo player desponta no tabuleiro político - Tipo de Projeção: aparece na margem inferior, ao centro.
regional. Trata-se do Irã, cujo governo é abertamente hostil a Israel e aos
- Sistema de Referência: aparece na margem inferior, ao centro. Infor-
EUA, e está engajado em um imponente programa nuclear.
ma sobre os sistemas de referência usados e contém os elementos para a
Como se vê, essa história ainda nos reserva muitos capítulos antes do identificação de pontos nas quadrículas Gauss e UTM.
epílogo que todos juram perseguir: a paz duradoura no Oriente Médio.
Diagrama de Declinação: aparece na margem direita da carta e dá a
posição relativa entre os Nortes Geográfico, Cartográfico e Magnético.
Escala de Tangentes: aparece na margem superior direita e emprega-
• REPRESENTAÇÃO ESPACIAL – PROJEÇÕES CARTOGRÁFI- se para a marcação gráfica da direção do Norte Magnético sobre a carta.
CAS; LEITURA DE MAPAS TEMÁTICOS, FÍSICOS E POLÍTICOS; As instruções relativas ao seu uso estão normalmente impressas sobre o
TECNOLOGIAS MODERNAS APLICADAS À CARTOGRAFIA. diagrama de declinação.
Litografia Impressora: aparece na margem inferior esquerda e indica
onde foi impressa a folha da carta.
1 FERRAMENTAS DA CARTOGRAFIA.
Equidistância das Curvas de Nível: aparece na margem inferior ao cen-
Uma Carta Topográfica é uma representação gráfica da superfície da tro e indica a distância vertical entre as curvas de nível da carta.
Terra ou parte dela, desenhada num plano e em determinada escala. Ela
Curva de Nível: linha imaginária (representada a castanho) na qual to-
permite ao espeleólogo orientar-se e marcar as coordenadas de uma gruta.
dos os pontos delas constantes se situam à mesma altitude.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 175 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Linha Mestra: Curva de nível desenhada a traço mais grosso, é repre- A projeção do ponto A sobre cada um dos eixos de coordenadas, efe-
sentada na carta de cinco em cinco curvas. tuada paralelamente aos outros dois, permite-nos medir as “coordenadas
Linha Intermédia: representada a tracejado, utiliza-se para uma melhor de A” : x, y, z.
definição do terreno
Equidistância: distância em metros entre duas curvas de nível (10 me-
tros na carta 1:25000)
.
As cores base da carta dão as seguintes indicações:
Verde: variando do mais escuro ao mais claro dá a indicação da den-
sidade de vegetação.
Azul: referência os acidentes contendo água (rios, lagos, pântanos,
tanques, nascentes, etc.) e linhas de alta tensão
Amarelo: dá indicação de locais sem vegetação.
Castanho: indica as curvas de nível.
Coordenadas de Gauss
Preto: define todas as vias de comunicação secundárias, utilizando-se
Segundo o sistema de referência escolhido, a origem 0 e os três eixos
ainda para a marcação de acidentes não naturais como casas, postes e
0x, 0y, 0z, existem várias maneiras de referenciar o ponto A. Será lógico
linhas, obstáculos artificiais, etc. Os nomes das povoações também estão
que se escolham as direções de referência mais cômodas. Uma delas
nesta cor.
impõe-se por si: a direção vertical. A coordenada vertical de um ponto é,
Vermelho: indica as principais vias de comunicação rodoviárias (estra- simplesmente, a sua altitude z, logo o eixo 0z é o eixo vertical. Falta esco-
das, pontes, linhas de caminho-de-ferro). É também utilizada para as lher duas direções perpendiculares no plano horizontal.
designações dos Marcos Geodésicos, Hospitais e Postos de Combustível.
Dado que as cartas topográficas utilizadas no nosso país são feitas
Fonte: http://www.teia.pt/ectv/cartografia.html com base na projeção conforme Gauss (logo o Norte Cartográfico corres-
pondente ao Norte Gauss, se assim lhe podemos chamar) escolhe-se a
1.1 ESCALAS. direção Norte Cartográfico para eixo 0y e a sua perpendicular em direção
ao eixo 0x. Para melhorar a comodidade do sistema, nas cartas mais
Escala de uma carta é o quociente entre uma distância medida na car- recentes, desenha-se uma quadrícula paralela a 0y e 0x, de base kilométri-
ta e a correspondente distância horizontal medida no terreno. As escalas ca, a partir de uns pequenos traços castanhos inscritos nos lados da carta.
podem ser numéricas ou gráficas: Nas cartas antigas a quadrícula está inscrita a castanho.
Escalas numéricas A origem desta quadrícula está situada a Sudoeste de Portugal e ao
Distância na carta nível do mar, 200 km a Oeste do Ponto Central (marco geodésico da
Escala numérica ----------------------------------------------- Melriça) e a 300 km a Sul do mesmo ponto.
Distância horizontal no terreno As coordenadas são denominadas M (meridiana) para o eixo 0y, P
(Ex: 1/25.000, 1/50.000, 1/250.000) (perpendicular) para o eixo 0x e Cota (altitude) para o eixo 0z.
Assim, na escala 1/25.000 1cm na carta são 250 metros no terreno;
na escala 1/50.000 1cm na carta são 500 metros no terreno e por último, Determinação das coordenadas de uma cavidade
na escala 1/250.000 1cm na carta são 2500 metros no terreno.
.
É uma operação muito simples que se faz sobre a carta com uma ré-
gua graduada. Escolhe-se o quadrado kilométrico Gauss que engloba a
Escalas gráficas cavidade, cuja leitura deste valor se faz observando a parte superior e
As escalas gráficas são segmentos de reta graduados que exprimem, lateral da carta. Mede-se a distância, perpendicularmente, em milímetros
também a relação entre o desenho e o terreno. Tem duas partes na sua desde o lado esquerdo do quadrado até à cavidade, para obter a coorde-
constituição que são: o Talão e a Escala principal nada M. Esta coordenada ficará determinada da seguinte maneira: M=000
. (três algarismos que indicam a distância, do quadrado ao Ponto de Origem,
Esquadro de Coordenadas em km), 000 (três algarismos que indicam a distância, do lado do quadrado
O esquadro de coordenadas é um objeto graduado, dependendo da à cavidade, em metros; sabendo que 1mm na carta corresponde a 25
metros no terreno).
escala, que permite que uma posição seja referenciada por coordenadas
precisas. Para se obter a coordenada P, opera-se da mesma maneira, só que a
leitura agora é feita do lado inferior do quadrado até à cavidade.
Para usar o esquadro de coordenadas colocamos o zero da escala no
canto inferior esquerdo do quadrado da quadrícula onde se encontra o Quanto à Cota, lê-se diretamente sobre a carta, utilizando as curtas de
ponto, de forma a que a linha inferior do esquadro fique coincidente com a nível, que são equidistantes de 10 metros.
linha da quadrícula. De seguida desliza-se o esquadro, mantendo a coinci-
dência de linhas, até a linha vertical do esquadro passar pelo ponto.
Determinação de uma cavidade a partir das coordenadas
Conservando o esquadro nessa posição procede-se à leitura. (Distân-
Trata-se da operação inversa da anterior. Sobre a carta determina-se o
cia à Meridiana - escala horizontal - e distância à perpendicular - escala
quadrado kilométrico indicado pelas coordenadas M e P. Seguidamente,
vertical).
sabendo que cada mm na carta corresponde a 25 metros no terreno,
Fonte: http://www.teia.pt/ectv/cartografia.html marca-se a distância correspondente aos dois eixos.
A altitude é verificada pela leitura das curvas de nível.
1.2 AS PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS.
Determinação das coordenadas de um ponto Marcação de uma cavidade na carta
O que se entende por coordenadas de um ponto? Esta noção impõe- Visada simples sobre pontos característicos
se a partir da constatação seguinte: o nosso espaço, sendo tridimensional,
A partir do centro da entrada da gruta determinam-se com a bússola
obriga-nos a possuir três medidas independentes (altura, longitude e
as direções de três pontos (marcos geodésicos ou outros facilmente identi-
latitude) para se poder referenciar um determinado ponto A sobre a super-
ficáveis na carta topográfica). Deve-se ter o cuidado de escolher os pontos
fície terrestre.
mais próximos e melhor repartidos pelo horizonte para obter maior preci-
È habitual utilizar-se como referência três direções perpendiculares en- são.
tre elas, partindo os eixos de um mesmo ponto, a origem das coordenadas.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 176 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
De seguida, é necessário transferir para a carta as direções corres- Representa-se um ponto na superfície terrestre por um valor de latitu-
pondentes aos três azimutes determinados no terreno e localizados agora de e longitude.
na carta. Na intersecção dos três traços encontra-se o ponto localizado. Na Longitude de um lugar é a distância angular entre um ponto qualquer
prática os traços não são exatamente concorrentes, determinando sim um da superfície terrestre e o meridiano inicial ou de origem.
triângulo, no centro do qual se deverá marcar o ponto que se pretende
localizar.

Visada composta
No caso de não se avistarem pontos de referência da entrada da cavi-
dade, pode-se optar por outros dois processos:
- o primeiro consiste em determinar um ponto qualquer, perto, facil-
mente assinalável pelo processo atrás descrito, e seguidamente localizar a
entrada a partir desse ponto só com uma visada, confirmada com outra Latitude é a distância angular entre um ponto qualquer da superfície
visada feita em sentido inverso. terrestre e a linha do Equador.
- o segundo, mais rigoroso, consiste em determinar três linhas, orien-
tadas cada uma para um ponto característico. Estas linhas direcionais
constam de uma ou mais visadas sempre confirmadas com leituras inver-
sas.
Fonte: http://www.teia.pt/ectv/cartografia.html

Sistema de Coordenadas Geográficas ou Terrestres


É o sistema mais antigo de coordenadas. Nele, cada ponto da superfí-
cie terrestre é localizado na interseção de um meridiano com um paralelo. Por exemplo, Leme - SP, situa-se ao sul do Equador e a oeste de
Meridianos são círculos máximos da esfera, cujos planos contêm o ei- Greenwich, tendo latitude e longitude negativas.
xo de rotação ou eixo dos pólos; correspondem às linhas que unem os dois Sendo a latitude e a longitude ângulos, suas medidas são tradicional-
pólos ao redor da terra. mente representadas em graus, minutos e segundos. Então, as coordena-
Meridiano de origem (também conhecido como inicial ou fundamental) das geográficas de Leme são:
é aquele que passa pelo antigo observatório britânico de Greenwich,  S 22° 11' 04 “: latitude sul
escolhido convencionalmente como a origem (0°) das longitudes sobre a  W 47° 23' 01": longitude oeste
superfície terrestre e como base para a contagem dos fusos horários. Por ser um sistema que considera desvios angulares a partir do centro
A leste de Greenwich os meridianos são medidos por valores crescen- da Terra, o sistema de coordenadas geográficas não é um sistema conve-
tes até + 180°. A oeste, suas medidas são decrescentes até o limite míni- niente para aplicações onde busca-se distâncias ou áreas.
mo de - 180°. Para estes casos, recomenda-se outros sistemas de coordenadas,
mais adequados, como, por exemplo, o sistema de coordenadas planas,
descrito a seguir.

SISTEMA DE COORDENADAS PLANAS OU CARTESIANAS


O sistema de coordenadas planas, também conhecido por sistema de
coordenadas cartesianas, baseia-se na escolha de dois eixos perpendicu-
lares, usualmente os eixos horizontal e vertical, cuja intersecção é denomi-
nada origem, estabelecida como base para a localização de qualquer ponto
do plano.
Nesse sistema de coordenadas, um ponto é representado por dois
números: um correspondente à projeção sobre o eixo x (horizontal), asso-
ciado à longitude, e outro correspondente à projeção sobre o eixo y (verti-
cal), associado à latitude.
Os valores de x e y são referenciados conforme um sistema cartesia-
no, que representa, como exemplo, as coordenadas de Leme - SP.

Os paralelos são círculos da esfera cujo plano é perpendicular ao eixo dos


pólos. O Equador é o paralelo que divide a Terra em dois hemisférios
(Norte e Sul), considerado como o paralelo de origem (0°). Partindo do
equador em direção aos pólos temos vários planos paralelos ao equador,
cujos tamanhos vão diminuindo, até se tornarem um ponto nos pólos Norte
(+90°) e Sul (-90°).

onde : x = 254.000 m e y = 7.545.000 m


Estas coordenadas são relacionadas matematicamente às coordena-
das geográficas, de maneira que umas podem ser convertidas nas outras.
Projeções Cartográficas
Todos os mapas são representações aproximadas da superfície terres-
tre. São aproximadas porque a Terra, esférica, é desenhada em uma
superfície plana.
A elaboração de um mapa consiste em um método segundo o qual se
faz corresponder a cada ponto da Terra, um ponto no mapa. Para se obter
essa correspondência, utilizam-se os sistemas de projeções cartográficas.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 177 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Há um número de diferentes projeções cartográficas, uma vez que há A seguir, apresenta-se a comparação da representação de um quarto
uma variedade de modos de projetar os objetos geográficos que caracteri- de hemisfério, segundo três diferentes sistemas de projeção.
zam a superfície terrestre, em um plano. Consequentemente, torna-se
necessário classificá-las sob seus diversos aspectos, a fim de melhor
estudá-las.

Classificação das Projeções


Analisam-se os sistemas de projeções cartográficas pelo tipo de super-
fície adotada e grau de deformação.
Quanto ao tipo de superfície de projeção adotada, classificam-se as
projeções em: planas ou azimutais, cilíndricas, cônicas, UTM e poliédricas
(não utilizadas no SPRING), segundo se represente a superfície curva da
Terra sobre um plano, um cilindro, um cone ou um poliedro tangente ou
secante à esfera terrestre.
Projeção plana

1- Projeção plana ou azimutal:


Constrói-se o mapa imaginando-o situado num plano tangente ou se-
cante a um ponto na superfície da Terra.

Projeção cônica

Exemplo: projeção estereográfica polar.

2- Projeção cônica:
Obtém-se o mapa imaginando-o desenhado num cone que envolve a
esfera terrestre, que é em seguida desenrolado. As projeções cônicas
podem ser tangentes ou secantes.
Pode-se constatar que em todas as projeções cônicas os meridianos
são retas que convergem em um ponto (que representa o vértice do cone),
e todos os paralelos, circunferências concêntricas a esse ponto.

Projeção cilíndrica
A superfície da Terra é uma superfície curva irregular, porém aproxi-
ma-se de um elipsóide (descrito no item modelos de elipsóide, neste mes-
mo capítulo). Pode-se transformar o elipsóide em uma esfera com a mes-
ma superfície: constrói-se um globo terrestre.
É impossível, porém, fazer uma cópia plana desta superfície, sem des-
figurá-la ou alterá-la. Nesse processo, poucas grandezas podem ser man-
Exemplo: projeção cônica de Lambert. tidas. Por isso, deve-se escolher entre uma possível conservação dos
ângulos, uma proporcionalidade das superfícies ou um outro método que
reduza os efeitos da deformação, levando em conta o que se pretende
3- Projeção cilíndrica: analisar no mapa. Conceitua-se então grau de deformação.
Obtém-se este mapa imaginando-o desenhado num cilindro tangente Quanto ao grau de deformação das superfícies representadas, classifi-
ou secante à superfície da Terra, que é depois desenrolado. cam-se as projeções em:
Pode-se verificar que em todas as projeções cilíndricas, os meridianos  Conformes ou isogonais: mantêm fidelidade aos ângulos ob-
bem como os paralelos são representados por retas perpendiculares. servados na superfície representada. Porém ao se manter a
precisão dos ângulos, distorce-se a forma dos objetos no mapa.
Exemplo: Mercator.
 Equivalentes ou isométricas: conservam as relações de su-
perfície (não há deformação de área). Exemplos: Cônica de Al-
bers, Azimutal de Lambert.
 Equidistante: conservam a proporção entre as distâncias, em
determinadas direções, na superfície representada. Exemplo:
Cilíndrica Equidistante.
Exemplo: projeção Mercator. Fonte: http://www.dpi.inpe.br/spring/usuario/cartogrf.htm

Ciências Humanas e suas Tecnologias 178 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
PROVA SIMULADA e) a derrota militar de uma potência hegemônica envolvida na luta
contra o fascismo.
PROVA 1
04. “O cenário contemporâneo global não comporta mais a dicotomia que
01. Considere os textos. prevaleceu durante a Guerra Fria, que dividia o mundo entre Ocidente
A crise balcânica de 1914 precipitou a guerra entre a tríplice entente e e Oriente. Buscou-se então a divisão entre norte e sul, ou mesmo en-
a tríplice aliança. Todos acreditavam que essa luta seria rápida, mas tre centro e periferia.” (DUARTE, F. Global e Local no mundo con-
ela se transformou numa guerra de desgaste, de trincheiras. temporâneo: integração e conflito em escala global. São Paulo: Mo-
(José Jobson de A Arruda, História Moderna e Contemporânea) derna, 1998. p. 34.)
Ela começou como uma Guerra essencialmente europeia, entre a Com base na citação acima e em seus conhecimentos sobre o mun-
tríplice aliança de França, Grã-Bretanha e Rússia, de um lado, e as do contemporâneo, assinale a alternativa correta.
chamadas “Potências Centrais”, Alemanha e Áustria, do outro, com a a) Em tempos de globalização, a divisão entre países centrais e periféri-
Sérvia e a Bélgica sendo imediatamente arrastadas para um dos la- cos expressa, principalmente, as diferenças de poder econômico e
dos devido ao ataque austríaco (que na verdade detonou a guerra) à bélico entre os diversos Estados Nacionais.
primeira e o ataque alemão à segunda (como parte da estratégia de b) Especialmente a partir da década de 1990, assistiu-se a uma reorga-
guerra da Alemanha). nização do poder mundial, que passou a contar com um equilíbrio
(Eric Hobsbawm, Era dos Extremos. Tradução) maior, não havendo mais uma superpotência que se sobreponha às
Os textos apresentam aspectos históricos de uma guerra na qual demais nações.
a) as duas superpotências vitoriosas iniciaram uma disputa hegemônica c) Intimamente ligada ao processo de globalização, uma prática político-
no mundo, ampliando suas áreas de influência política. econômica conhecida como neoliberalismo passou a pregar uma
b) os países aliados conseguiram barrar o avanço das forças militares e ação maior do Estado na resolução dos problemas sociais.
expansionistas governadas por regimes de idelogia fascista. d) A globalização, com o estabelecimento de empresas transnacionais,
c) as potências vencedoras responsabilizaram a Alemanha pelo conflito empregando tecnologia de ponta, é responsável pela política de pleno
mundial, obrigando-a a assinar o Tratado de Versalhes. emprego para a população de diversos países.
d) a Alemanha nazista foi derrotada pela estratégia de terra arrasada e) Os efeitos da globalização atingem somente os chamados “países
adotada pelo exército vermelho da União Soviética. centrais” da Europa e da América do Norte.
e) a Rússia conseguiu derrotar as forças armadas da Inglaterra e
da França com a ajuda econômica do Império Austro-Húngaro. 05. O período da Guerra Fria, que se encerrou com a queda do Muro de
Berlim, caracterizou-se sobretudo pelo(a)
02. Leia o texto abaixo: a) bipolaridade, com marcantes divergências ideológicas e econômicas
“Nosso povo alemão, hoje esfacelado [...], sem defesa, aos pontapés e a existência de blocos liderados pela URSS (socialista) e pelo Ja-
do resto do mundo, tem precisamente necessidade da força, que a pão, maior potência capitalista desse período.
confiança em si proporciona. Todo o sistema de educação e de cultu- b) monopolaridade, com hegemonia absoluta dos Estados Unidos, cuja
ra deve visar a dar às crianças de nosso povo a convicção de que área de influência se estendia por todo o espaço mundial, mas princi-
são absolutamente superiores aos outros povos.” palmente na Europa Oriental, onde a maioria dos países era capitalis-
HITLER, Adolf. Minha luta. In: CATELLI et al. História temática: o ta.
mundo dos cidadãos. São Paulo: Scipione, 2004, p. 205. c) grande equilíbrio de forças entre dois blocos ideologicamente opos-
No trecho acima, Hitler expressa uma de suas ideias em relação à tos, liderados pelos Estados Unidos (capitalista) e pela ex-URSS (so-
Alemanha, que é o(a) cialista), baseado no poder de mútua destruição, devido principalmen-
a) necessidade de ratificar a estabilidade econômica da Alemanha te ao poderio bélico de cada uma das potências, o que especialistas
favorecida pela assinatura do Acordo de Paz em Versalhes; por isso, políticos chamavam “equilíbrio do terror”.
os alemães necessitavam da ‘força’, que só a ‘confiança em si pro- d) multipolaridade, com a presença de três grandes pólos de poder
porciona’. econômico e geopolítico: Estados Unidos, Japão e ex-URSS, que
b) convicção da superioridade da “raça ariana”, ou seja, dos alemães disputavam áreas de influência imediata nos países periféricos da
em relação a outros povos, e a certeza de que a educação deveria América, da Ásia e da Europa, respectivamente.
ser um dos canais de transmissão dessa ideologia às crianças.
06. “(...) ainda estão em curso muitos dos processos criados pela Guerra
c) valorização da educação como instrumento de formação de cidadãos
Fria ou por ela estimulados, como, por exemplo, a absoluta preponde-
pacatos, confiantes e alienados em relação ao seu projeto político de
rância do complexo industrial e tecnológico bélico-militar sobre as ou-
tornar os alemães superiores pela eugenia por meio de casamento
tras formas de indústria e tecnologia”.
com judeus.
(ARBEX JR, J. Guerra Fria: terror de Estado, política e cultura. São
d) uso nocivo da propaganda e da educação enquanto instrumentos de
Paulo: Moderna, 1997. p. 207).
poder e alienação, com o propósito de incitar o povo contra os proje-
Sobre o período da História Contemporânea conhecido como “Guerra
tos políticos para o III Reich.
Fria”, considere as seguintes afirmativas:
I. Essa guerra, não declarada, envolveu a polarização do mundo entre
as duas superpotências, EUA e URSS, que emergiram após a Se-
03. Considere a manchete de um jornal.
gunda Guerra Mundial.
II. A queda do Muro de Berlim, que marcava a divisão entre a Alemanha
Ocidental, capitalista, e a Alemanha Oriental, comunista, é considera-
da um símbolo do fim da Guerra Fria.
III. A América Latina não sofreu influência do conflito entre URSS e EUA,
permanecendo neutra durante todo o período da Guerra Fria.
IV. Nas décadas de 1960 e 1970, o Brasil foi claramente aliado ao bloco
A manchete do jornal anuncia um fato histórico relacionado à Segun- soviético, identificado com a ditadura e o autoritarismo.
da Guerra Mundial e que representou V. Durante a Guerra Fria, americanos e soviéticos lançaram-se à corrida
a) a vitória dos países aliados sobre os países que compunham as tecnológica, consolidando a proliferação de seus arsenais bélicos,
forças do Eixo. como forma de intimidar seus opositores.
b) o recuo militar de um país liberal que não pôde derrotar o exército Assinale a alternativa correta.
bolchevique. a) Somente as afirmativas I, II e V são verdadeiras.
c) a vitória parcial dos nazistas nas batalhas contra os partidários do b) As afirmativas I, II, III, IV e V são verdadeiras.
bolchevismo. c) Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras.
d) a derrota de um dos países europeus que lutou contra países liberais d) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
e comunistas. e) Somente as afirmativas III, IV e V são verdadeiras.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 179 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
07. A globalização é, atualmente, um dos fatos mais polêmicos e contra- 10. Em meados da década de 1970, as posturas favoráveis às reformas
ditórios em discussão. Analise as afirmações sobre esse processo: do Estado ganharam força com o desenvolvimento de ideias frontal-
I. Trata-se de um processo econômico em andamento que tem possibi- mente contrárias ao keynesianismo, fonte inspiradora do Estado de
litado aos mais diferentes países atingir o pleno emprego e o rápido bem-estar social, modelo predominante no pós-guerra. (José Geraldo
crescimento econômico. Vinci de Moraes, História Geral e do Brasil)
II. Para ampliar o comércio mundial, a globalização estimulou a queda As ideias a que o texto se refere foram implementadas nos governos
de protecionismos e de barreiras comerciais. de Ronald Reagan (EUA) e de Margareth Thatcher (Grã-Bretanha)
III. Cresceu a circulação de capitais pelo mundo e as bolsas de valores nos anos 1980. Essas ideias fundamentam-se
ganharam grande destaque. a) na intervenção do Estado no domínio econômico e no controle sobre
IV. Para estimular o processo, as nações ricas têm privilegiado algumas a taxa cambial.
áreas do globo, como, por exemplo, a África negra, ao sul do Saara. b) na estatização dos recursos naturais e na ampliação dos direitos
Está correto somente o que se afirma em sociais e trabalhistas.
a) I e II. c) na garantia estatal do emprego e na ampliação do Estado na área
b) I e III. trabalhista.
c) I e IV. d) no fim da abertura econômica e no aumento dos impostos sobre
d) II e III. produtos importados.
e) III e IV. e) na desregulamentação do direito trabalhista e na não intervenção do
Estado na economia.
08. Relacione os textos 1, 2 e 3 aos respectivos blocos econômicos
abaixo apresentados. 11. O golpe que instalou o “Estado Novo”, em 1937, instituiu a perma-
TEXTO 1 nência de Getúlio Vargas na presidência do Brasil. Sobre este perío-
Esse bloco econômico foi criado em 1991, por meio da assinatura do pode-se afirmar que
do tratado de Assunção. 1. havia proibição de organização de partidos.
Funciona como zona de livre comércio desde 1994. A transforma- 2. foi criada a Consolidação das Leis de Trabalho (CLT).
ção desse bloco em união aduaneira, ocorrida parcialmente em 3. a imprensa se manifestava livremente contra o Estado.
1995, aumentou a integração comercial entre os países membros. Está (ão) correta(s):
Além de quatro membros fundadores, possui alguns países associ- a) 1, 2 e 3. b) 1, apenas.
ados. c) 3, apenas. d) 2 e 3, apenas. e) 1 e 2, apenas.
TEXTO 2 12. O primeiro período do governo de Getúlio Vargas na presidência do
Por ser o mais antigo, esse bloco econômico serviu de modelo para Brasil (l930-1945) foi marcado pelo autoritarismo e pelo populismo.
a formação dos demais blocos econômicos. Possui um conjunto de Das várias medidas adotadas por Vargas, uma se constituiu em be-
instituições com poderes próprios, cujas decisões devem ser nefício direto muito importante para a classe trabalhadora:
seguidas pelos governos, empresas e cidadãos de todos os países a) a criação da PETROBRÁS.
membros. A desigualdade econômica existente entre seus países b) a criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
membros tem sido um dos principais problemas enfrentados pelo c) a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
bloco. d) a criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
TEXTO 3
Criado em 1993, esse bloco é liderado pelos Estados Unidos. Nele 13. Logo após o período ditatorial de Getúlio Vargas (1930-1945) foi
vivem mais de 400 milhões de habitantes e consumidores com eleito para Presidente da República do Brasil:
elevado poder aquisitivo (com exceção de grande parte da popula- a) Ranieri Mazzili. b) José Sarney.
ção de um de seus países membros). Grande número de empresas c) Juscelino Kubistschek. d) Eurico Dutra.
dos EUA já se instalou em um dos seus países membros em busca
14. Leia com atenção o texto abaixo.
de mão-de-obra barata.
”Fui vencido pela reação e, assim, deixo o governo. (...) Sinto-me,
porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me in-
Blocos econômicos:
trigam ou me infamam. (...) Se permanecesse não manteria a confi-
( ) União Europeia ( ) Mercosul ( ) Nafta
ança e a tranquilidade ora quebradas, indispensáveis ao exercício da
A sequência correta de cima para baixo é:
minha autoridade. (...) A mim não falta a coragem da renúncia”.
a) 2, 3 e 1.
O trecho acima foi retirado da carta-renúncia de Jânio Quadros.
b) 2, 1 e 3.
Visivelmente, ele se inspirou em outra carta famosa, a carta testa-
c) 3, 1 e 2.
mento. Quem foi o autor desta última?
d) 1, 3 e 2.
a) Juscelino Kubitschek. b) Getúlio Vargas.
e) 3, 2 e 1.
c) Eurico Gaspar Dutra. d) João Goulart.
09. As diversas formas de integração econômica representam graus
15. Sobre o Integralismo, é correto afirmar:
variáveis de integração. Dentro dessa perspectiva, existe uma classi-
a) Foi um movimento liderado por Plínio Salgado que combatia a demo-
ficação de formas de integração que já é considerada clássica. Sobre
cracia burguesa (conforme a tradição liberal) e o comunismo, e de-
esta questão, analise as afirmativas que se seguem.
fendia um nacionalismo fundado no centralismo estatal, que coman-
1. Em uma Área de Livre-Comércio ficam abolidas as tarifas alfandegá-
daria a disciplina e a hierarquia entre os indivíduos.
rias entre os países participantes.
b) Teve papel fundamental na revolução de 1930 e foi constituído, entre
2. A consolidação de uma União Aduaneira suprime a discriminação
outros, pelo levante do Forte de Copacabana e pela Coluna Prestes,
dos movimentos de mercadorias dentro da União.
interessados em contestar a ordem política da chamada república oli-
3. Em um Mercado Comum ocorre a abolição das restrições comerciais
gárquica e cafeeira.
e movimentos de fatores.
c) Refere-se ao movimento estético e ideológico liderado principalmente
4. Uma União Econômica combina a supressão das restrições aos
por Mário de Andrade e Oswald de Andrade, cuja proposta era a rup-
movimentos de mercadorias e de fatores com a harmonização das
tura com uma arte de influência europeia acadêmica, fundando uma
políticas econômica, monetária, fiscal e social.
expressão artística original.
Estão corretas:
d) Foi um movimento liderado pelo Partido Comunista Brasileiro e tinha
a) 1 e 3, apenas.
como proposta efetivar no Brasil uma revolução proletária.
b) 1 e 2, apenas.
e) Trata-se de um movimento do catolicismo brasileiro que, imbuído das
c) 2 e 3, apenas.
propostas sociais da Rerum Novarum, propunha uma maior participa-
d) 1, 3 e 4, apenas.
ção da Igreja na política social do Estado brasileiro.
e) 1, 2, 3 e 4.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 180 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
16. Considere o cartaz. 18. Após a Proclamação da República, o Congresso Constituinte brasilei-
ro aprovou a Constituição de 1891, que teve como uma de suas ca-
racterísticas
a) o estabelecimento de quatro poderes harmônicos e independentes
entre si, sendo um deles o poder moderador do Presidente da Repú-
blica.
b) o direito de voto aos cidadãos brasileiros maiores de 21 anos, excluí-
das certas categorias como, por exemplo, os analfabetos e os mendi-
gos.
c) o dever de todos os cidadãos brasileiros praticarem o culto ao catoli-
cismo, considerado religião oficial por determinação do governo.
d) a garantia do direito de qualquer cidadão brasileiro, maior de 21 anos,
poder candidatar-se ao mandato de Senador vitalício da República.
e) a instauração do sistema parlamentarista, no qual o primeiro ministro
possuía mais poderes políticos do que o Presidente da República.

19. Em relação à História do Brasil, assinale a alternativa correta.


a) O país teve apenas duas formas de governo: imperial e republicana.
b) O país passou por diversos períodos marcados por diferentes modos
de governo. Em ordem cronológica, são eles: os estados imperial, re-
publicano e socialista.
c) O país passou por diversos períodos marcados por diferentes modos
de governo. Em ordem cronológica, são eles: os estados republicano,
colonial e imperial.
d) O país passou por diversos períodos marcados por diferentes modos
de governo. Em ordem cronológica, são eles: os estados imperial, co-
No início da Era Vargas, surgiu um movimento, mostrado no cartaz, lonial e republicano.
que e) O país passou por diversos períodos marcados por diferentes modos
a) utilizou a bandeira do constitucionalismo para opor-se ao governo de governo. Em ordem cronológica, são eles: os estados colonial, im-
federal. perial e republicano.
b) defendeu a implantação de uma República socialista ou comunista no
Brasil. 20. Os governos militares instaurados após o golpe de 1964 podem ser
c) obteve o apoio incondicional dos partidos políticos para depor o caracterizados por um regime que funcionou por uma série de atos
presidente. institucionais. O Ato Institucional nº. 5 decretou que
d) combateu o poder político das elites cafeeiras de São Paulo e de a) as eleições para governador fossem indiretas.
Minas Gerais. b) fosse criado o Serviço Nacional de Informações (SNI).
e) apoiou o presidente em troca da legalização do Partido Democrático c) as atividades do Congresso Nacional fossem suspensas.
Paulista. d) houvesse o estabelecimento do sistema bipartidário.
e) qualquer manifestação de greve fosse considerada ilegal.
17. Considere a charge.
21. O clima de censura do regime militar não impediu que jovens e artis-
tas se arriscassem na luta por uma sociedade democrática.
A este respeito, pode-se afirmar que:
1. os festivais de música popular da TV Record constituíram impor-
tantes espaços de atuação destes jovens.
2. a UNE era o único órgão, institucionalmente aceito pelo gover-
no, que representava os estudantes.
3. compositores como Edu Lobo, Chico Buarque e Geraldo Vandré
ficaram conhecidos pelas canções de protesto.
Está (ão) correta(s):
a) 1 e 2, apenas. b) 2, apenas.
c) 2 e 3, apenas. d) 3, apenas.
e) 1 e 3, apenas.

22. A derrubada do presidente João Goulart, por um Golpe Militar


(31/03/1964), teve como uma de suas causas imediatas:
a) o rompimento de relações diplomáticas com os Estados Unidos.
b) a substituição do regime Parlamentarista pelo Presidencialista.
(Carlos Eduardo Novaes e César Lobo, História do Brasil para princi- c) os tratados de cooperação econômica entre o Brasil e Cuba.
piantes) d) o projeto das Reformas de Base anunciado pelo governo Goulart.
A charge expressa um fato ocorrido no Brasil, na década de 1930.
Essa Carta Magna, chamada de “Polaca”, provocou mudanças na es- 23. O Plano de Metas nacional-desenvolvimentista constituído pelo
trutura política do país, uma vez que aumento de intervenção do governo na economia, pelo incentivo aos
a) o poder legislativo federal estabeleceu o sistema parlamentaris- empresários nacionais para que ampliassem e abrissem novas indús-
ta de governo. trias, pelo incentivo aos empresários estrangeiros para que viessem
b) o poder executivo criou mecanismos de intervenção no poder legisla- instalar no Brasil seus empreendimentos foi orientação básica de qual
tivo. presidente da República?
c) o governo brasileiro foi obrigado a renunciar por pressões dos milita- a) Getúlio Vargas.
res. b) Jânio Quadros.
d) os três poderes não poderiam sofrer quaisquer formas de interven- c) Juscelino Kubitschek.
ção. d) João Goulart.
e) o Congresso Nacional determinou o fim do regime presidencialista.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 181 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
24. Considere a foto. 26. Em 1964, os militares tomaram o poder e implantaram uma ditadura
no Brasil. Durante os governos militares, podemos constatar:
I. Os golpistas procuraram definir esse assalto à democracia como uma
revolução;
II. O golpe militar de 1964 representou a culminância do processo de
crise do populismo, iniciado com a renúncia de Jânio Quadros em
1961;
III. Uma das características dos governos militares foi o autorita-
rismo, visto que membros do governo não se mostravam dis-
postos a dialogar com os diversos setores da sociedade;
IV. Tortura, prisão e expulsão do país foram instrumentos utilizados pelos
governos militares contra alguns cidadãos, para manterem seu poder
inabalado.
Os itens corretos são
a) somente I, III e IV. b) somente II, III e IV.
c) somente I, II e IV. d) somente I, II e III. e) I, II, III e IV.

27. A partir do final da década de 1970, o regime militar começava a


apresentar sinais de desgaste em razão das pressões da sociedade
brasileira. Contribuíram para esse desgaste
a) a queda progressiva dos índices de inflação e as vitórias sucessivas
da ARENA nas eleições parlamentares.
b) a aprovação da Lei da Anistia Ampla, Geral e Irrestrita e a queda dos
preços dos gêneros de primeira necessidade.
c) a crise do petróleo e os elevados índices de popularidade dos parti-
dos políticos que davam sustentação ao governo.
d) as vitórias sucessivas do Movimento Democrático Brasileiro nas
eleições e o crescimento do movimento sindical no ABC paulista.
(In: Antonio Pedro, Lizânias S. Lima e Yone de Carvalho. e) as privatizações realizadas pelo governo e as manifestações popula-
História do mundo Ocidental.) res contra os efeitos do Plano Cruzado.

28. Sobre a história recente do Brasil, é correto afirmar:


No momento histórico em que chegou ao Brasil, “Che” Guevara foi
a) Depois de quase três décadas sem o direito de escolher diretamente
condecorado com a Ordem do Cruzeiro do Sul por um presidente
o presidente da república, o povo brasileiro elegeu Fernando Collor
brasileiro que
de Melo em 1989.
a) foi deposto por um golpe de Estado porque pretendia realizar, com
b) Após 21 anos de ditadura militar, com a pressão do movimento
amplo apoio popular, as reformas de base no país.
chamado diretas-já, estabeleceu-se a eleição direta para presidente,
b) renunciou ao mandato porque foi pressionado pelos poderes legislati-
quando José Sarney foi eleito pelo voto popular.
vo e judiciário, em razão de sua política ultra-esquerdista.
c) O processo de redemocratização trouxe consigo medidas econômi-
c) adotou uma política externa baseada nos princípios da autodetermi-
cas como o Plano Cruzado, com o congelamento de preços e o gati-
nação dos povos, agradando com isso setores progressistas.
lho salarial, que foram instrumentos eficazes no combate à inflação e
d) rompeu relações diplomáticas com a União Soviética porque realizou
na reestruturação das contas públicas.
acordos bilaterais com os Estados Unidos da América.
d) Em 1994, o ex-ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, é
e) desenvolveu a industrialização com capital externo e com emissões
eleito presidente da república. Sua plataforma eleitoral teve por base
de moeda, criando atrito com o Fundo Monetário Internacional.
o Plano Real e um amplo programa contrário ao neoliberalismo.
e) Em abril de 1993, foi convocado um plebiscito sobre a forma (repúbli-
25. Os governos militares tiveram em comum o fato de manterem no país
ca ou monarquia) e o sistema (presidencialismo ou parlamentarismo)
um regime político que contrariava os princípios de Estado de direito.
de governo. A república parlamentarista foi vitoriosa, concedendo
Entretanto, cada um desses governos adotou medidas que os dife-
amplos poderes ao Congresso Nacional.
renciaram. Identifique a alternativa que associa corretamente o presi-
dente e uma decisão política de seu governo. 29. Em 1984, um amplo movimento contra o governo militar mobilizou a
sociedade brasileira e conseguiu unir vários setores da oposição,
A Arthur da Ampliou os poderes do executivo, que poderia num processo que culminou com a eleição, pelo Colégio Eleitoral, de
Costa e Silva fechar o Congresso Nacional, cassar mandatos e Tancredo Neves para presidente (15/01/1985). Este movimento ficou
suspender direitos em caso de violações à Lei de conhecido como:
Imprensa e à Lei de Segurança Nacional. a) Diretas Já!
(B Ernesto Decidiu romper relações diplomáticas com os b) Voto censitário.
Geisel Estados Unidos da América devido aos protestos c) Intentona Comunista.
realizados pelo governo desse país por causa do d) Abaixo a ditadura!
sequestro do embaixador estadunidense.
C) Garrastazu Promoveu uma restrita abertura política, quando 30. Analise as afirmativas referentes à História do Brasil atual.
Médici aprovou uma lei concedendo anistia aos exilados I. Após o movimento “Diretas-já”, o Brasil voltou a conviver com regras
e presos políticos da oposição e aos que partici- democráticas constitucionais.
param de órgãos de repressão e de tortura. II. As medidas, adotadas pelo Governo Fernando Henrique Cardoso,
D Humberto A. Deixou claro para a nação que seu sucessor seria determinaram o fim da inflação e praticamente extinguiram as desi-
Castelo escolhido por eleição direta, mas não pôde reali- gualdades sociais no Brasil.
Branco zar a sua meta política porque acabou sofrendo III. Os últimos dez anos da história econômica brasileira foram
um golpe dos setores militares de "linha dura". marcados por intenso processo de privatização e de abertura
E João B. Enviou, no final do seu mandato político, proposta do mercado ao capital estrangeiro.
Figueiredo de eleições diretas para presidente do Congresso IV. Em janeiro de 1987, o Governo Sarney foi obrigado a decretar, unila-
Nacional, pois pretendia completar o processo de teralmente, a moratória, deixando de pagar os juros da dívida exter-
transição democrática no país. na.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 182 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Dentre as afirmativas apresentadas, são verdadeiras b) os países ricos e industrializados vivem um período de intensa pros-
a) somente I e IV. b) somente II e III. peridade, com grande diminuição do desemprego estrutural, visto
c) somente I, II e III. d) somente I, III e IV. e) I, II, III e IV. que, graças ao desenvolvimento da informática, surgiram novas pro-
fissões e, consequentemente, novas oportunidades de emprego.
31. Sobre o Brasil Contemporâneo, considere as afirmações a seguir. c) se constata uma melhoria considerável na qualidade de vida das
I. Fernando Collor de Mello tinha como programa de Governo privatizar populações dos países pobres, em especial dos africanos e asiáticos,
empresas estatais, combater os monopólios, abrir o país à concor- fato associado ao avanço nas pesquisas científicas e tecnológicas
rência internacional e desburocratizar as regulamentações econômi- nesses países; um dos pontos mais relevantes é a diminuição drásti-
cas. ca da população de aidéticos na África.
II. Em maio de 1993, o Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardo- d) surgem a cada dia novas tecnologias de produção e de gerenciamen-
so, anunciou as primeiras medidas para estabilizar a economia. O to de empresas, uma fase do capitalismo que gera uma “sociedade
novo plano econômico, o Plano Real, previa o congelamento dos pre- sem trabalho”, sendo um dos fenômenos mais marcantes desta “nova
ços e salários e confisco das contas bancárias. era” o desemprego estrutural de um lado, e, de outro, novas formas
III. O modelo político brasileiro, em vigor desde o começo dos anos 90, é de atividades econômicas.
considerado por muitos como neoliberal, por pretender a valorização
das organizações trabalhadoras, visando estabelecer alianças na luta 37. A charge abaixo critica a pretensão dos Estados Unidos de dominar
contra o desemprego. economicamente o Brasil.
IV. Com a saída de Fernando Collor do governo do país, o vice-
presidente Itamar Franco foi empossado na presidência.
Estão corretas
a) somente I e II. b) somente I e III.
c) somente II e III. d) somente I e IV. e) somente II e IV.

32. A Constituição de 1988 afirma que os fundamentos da República


Federativa do Brasil são:
a) soberania, cidadania e pluralismo político.
b) bipartidarismo, estabilidade e soberania. Sobre essa questão, é verdadeiro afirmar que
c) oposição, pluripartidarismo e ufanismo. a) a pretensão dos Estados Unidos pode concretizar-se caso o
d) segurança nacional, repressão e hierarquia. Brasil aceite fazer parte do NAFTA, visto que, em recente reu-
nião do Grupo G8, do qual o Brasil é membro, os Estados Uni-
33. O governo de Fernando Henrique Cardoso estabeleceu algumas dos fizeram um convite formal nesse sentido.
propostas de mudanças econômicas no Brasil. Fez parte destas pro- b) os Estados Unidos, para fazerem frente ao avanço da União Europeia
postas: no contexto do comércio mundial, planejam criar um enorme bloco
a) estimular o cooperativismo das pequenas empresas. econômico que estimule o intercâmbio entre essa superpotência e a
b) desenvolver o país integrando-o à internacionalização da economia. América Latina; esse bloco seria a Área de Livre Comércio das Amé-
c) viabilizar o mercado interno de massas para melhorar a renda da ricas (ALCA).
população. c) o Brasil foi convidado a fazer parte da ALCA em função de sua singu-
d) fortalecer o poder do Estado protetor e ligado ao bem estar social. lar importância geopolítica, que deriva da sua condição de espaço de
e) estabelecer a continuidade do modelo nacionaldesenvolvimentista. fronteira entre os Estados Unidos e a América Latina; para o governo
estadunidense, a estabilidade brasileira é crucial para a manutenção
34. Sobre a globalização, pode-se afirmar que: da segurança de sua fronteira meridional.
a) garante igualdade de acesso aos meios de comunicação. d) o interesse dos Estados Unidos em relação ao Brasil deve-se ao fato
b) defende o Estado como regulador da sociedade e da economia. de que a posição geográfica do país, com um extenso litoral voltado
c) favorece e estimula o crescimento de empresas nacionais. para o Atlântico, facilitaria um intercâmbio comercial maior com os pa-
d) desenvolve a tecnologia de maneira equivalente em todos os países. íses europeus.
e) difunde informações com rapidez, mas mantém a desigualdade
social. 38. Leia com atenção o texto a seguir e observe o mapa abaixo.
“Provavelmente, no século XXI, as guerras que acontecerem no Ori-
35. De acordo com as Nações Unidas, a crise atual de alimentos ameaça ente Médio terão muito mais a ver com a água do que com o petróleo.
mais de 100 milhões de pessoas no mundo. Essa advertência parece cada vez mais concreta, havendo inclusive
(www.g1.globo.com/Noticias.html)
hipóteses do surgimento das zonas hidroconflitivas, uma delas junto
Para explicar o atual aumento do preço dos alimentos e a crise de
da bacia dos rios Tigre e Eufrates, em cujas margens a Turquia de-
fome, são apontados vários fatores, dentre os quais,
senvolve, desde os anos 80, o projeto Grande Anatólia, com constru-
a) o fato de países como a China e a Índia deixarem de cultivar alimen-
ção de hidroelétricas, barragens e irrigação de terras, com grande re-
tos para se dedicarem às atividades industriais. tenção de água desses rios.” OLIC, Nelson Basic. Conflitos do mun-
b) o aumento do consumo motivado pela melhoria das condições de do: questões e visões geopolíticas. São Paulo: Moderna. p. 42.
vida nos países africanos, antigamente muito pobres.
c) os problemas climáticos, tais como o excesso de chuvas, que diminu-
íram a produção de trigo e milho na Ásia.
d) o elevado preço do petróleo, produto largamente utilizado na fabrica-
ção de fertilizantes e no transporte dos alimentos.
e) os conflitos em países do Oriente Médio, que dificultam o traba-
lho dos agricultores e reduzem a oferta mundial de alimentos.

36. O espaço geográfico mundial tem sofrido intensas transformações


socioespaciais desde o final dos anos 80 do século XX, transforma-
ções que se acentuam à medida que se aprofunda o processo de
globalização. Levando em consideração essas transformações, é
verdadeiro afirmar que
a) se intensifica de forma significativa uma tendência para a diminuição
dos conflitos geopolíticos e étnicos, exacerbados no período da Guer-
ra Fria.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 183 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Considerando as informações veiculadas no texto e no mapa, é ver- a) Nos continentes mais pobres, a explosão demográfica alcançou
dadeiro afirmar que índices mais altos entre 1970 e 1985, ficando a média do crescimento
a) a água é um dos recursos naturais vitais para a vida no nosso planeta acima de 2,0 % ao ano.
e, em algumas regiões, como na representada no mapa acima, é um b) O continente africano é o único que mantém um ritmo acelerado de
bem escasso: em virtude da grande população absoluta, é enorme o crescimento demográfico, embora venha apresentando uma queda a
consumo desse recurso na região. partir de 1990.
b) os recursos hídricos são reduzidos na região representada no mapa, c) Nos países ricos do continente europeu, há uma verdadeira estagna-
há grandes áreas desérticas e poucos cursos fluviais, muito deles ção demográfica, e a natalidade e a fecundidade, em geral, estão
temporários; as nascentes dos principais rios são controladas pela bastante reduzidas.
Turquia, que consome grande parte da água, provocando insatisfação d) A América Latina e a Ásia vêm apresentando taxas reduzidas de
nos demais países percorridos por esses rios. crescimento da natalidade e da fecundidade, sobretudo a partir de
c) o Oriente Médio é considerado uma região de “stress hídrico”; a 1985, como resultado do crescimento da economia, elevando as con-
escassez da água está relacionada ao reduzido índice pluviométrico dições de vida e diminuindo os desníveis na distribuição de renda.
da região, decorrente do intenso desmatamento das florestas tropi- e) As taxas de natalidade na Ásia vêm sendo reduzidas graças a um
cais que antes dominavam a paisagem vegetal desse espaço. rigoroso programa de controle de natalidade.
d) o Projeto Grande Anatólia desenvolvido pela Turquia beneficiará
todos os países percorridos pelos rios Tigre e Eufrates, que deixarão 42. Observe a figura a seguir.
de ter áreas desérticas e impróprias para a atividade agrícola.

39. O espaço agrário mundial apresenta diferentes formas de organiza-


ção nos diversos continentes por influência não só de fatores natu-
rais, mas também do nível tecnológico das populações, de condicio-
nantes históricos e até mesmo da cultura de determinados povos. Por
isso, é possível observar
a) vastas extensões da África, Ásia Meridional e Américas do Sul e
Central cobertas por plantations, caracterizadas pela presença de
grandes estabelecimentos monocultores e pela grande mobilização
de força de trabalho barata, com produção destinada principalmente
ao mercado externo; nessa forma de apropriação agrícola, há uma
forte ligação com o processo histórico do lugar.
b) uma prática intensiva da agricultura de jardinagem nos países euro-
peus de base agrícola, como a Alemanha, que se caracteriza princi-
A área em chamas na figura é considerada como uma
palmente pelo cultivo itinerante, sendo considerada complementar à das que apresentam as principais questões geopolíticas
caça, à coleta e à pesca de subsistência, atividades que sempre têm da atualidade e vários dos países que a integram estão
caráter preservacionista. constantemente na mídia. Sobre essa área, considere as
c) o domínio do cultivo do arroz (rizicultura) em vastas planícies e vales
afirmações:
fluviais da Ásia de Monções, em razão da baixa densidade demográ-
I. As tropas norte-americanas permanecem no Iraque e os atentados à
fica da região; o baixo parcelamento da terra e a produção comercial
bomba são constantes no país.
são traços característicos da atividade agrícola nesse trecho do con-
II. Palestinos e Israelenses permanecem em conflito pela ocupação de
tinente asiático, onde predomina um relevo de planícies alagáveis,
territórios.
que favorece a prática desse tipo de cultivo.
III. A Arábia Saudita tem sofrido pressão dos países vizinhos pela posse
d) uma agricultura de alto rendimento nos Estados Unidos, fato que se
de poços de petróleo.
deve à predominância dos cultivos familiares, praticados em peque-
IV. O Irã é alvo de investigações por organismos internacionais devido às
nas propriedades, que geralmente empregam técnicas tradicionais,
suas tentativas de produzir armas nucleares.
principalmente nas áreas dos chamados belts (cinturões do trigo, mi-
Está correto somente o que se afirma em
lho e algodão).
a) I, II e III. b) I, II e IV.
c) I, III e IV. d) II e III. e) III e IV.
40. Durante vários dias do mês de agosto de 2008, foram lidas manche-
tes como as que seguem:
43. Entre os atuais problemas ambientais, um dos mais preocupantes é o
Russos invadem ____________ após ataque a separatistas (Folha de
aquecimento global que
S.Paulo, 09.08.2008)
a) afeta o meio ambiente dos países mais industrializados, mas ainda
Rússia se diz vitoriosa e acerta acordo de paz com___________ (Fo-
não produziu efeitos nas áreas mais pobres do Planeta.
lha de S.Paulo, 09.08.2008)
b) está sendo combatido de forma eficiente pelos Estados Unidos, que
A morte de mais de 2 mil pessoas e cerca de 40 mil refugiados é par-
já reduziram pela metade a emissão de gases do efeito estufa.
te do saldo do conflito que envolveu a Rússia e
c) graças aos constantes debates promovidos pela ONU (Organização
a) a Ucrânia b) o Afeganistão
das Nações Unidas) já está controlado em quase todo o Globo.
c) a Geórgia d) a Armênia
d) apresenta como uma de suas principais consequências o desapare-
e) o Cazaquistão
cimento das massas de ar polares, como tem sido observado no Bra-
sil.
41. Sobre o crescimento demográfico dos continentes, analise a tabela
e) já tem produzido alterações climáticas em várias partes do mundo,
abaixo e assinale a alternativa incorreta.
como por exemplo a redução da calota de gelo do pólo Norte.
Crescimento Demográfico nos Continentes em % ao ano
Continente 1970 - 1975 1980 -1985 1990 – 1995 2000 – 2005
44. A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada
África 2,56 2,86 2,81 2,56 pela ONU em 1983, constatou que muitas das tendências atuais de
Ásia 2,27 1,89 1,64 1,38 desenvolvimento, resultam em um aumento no número de pessoas
Europa 0,80 0,38 0,15 0,00 pobres e vulneráveis, além de causarem danos ao meio ambiente.
América Latina 2,44 2,11 1,84 1,50 Tendo como base esta constatação, a relação entre pobreza e meio
América do Norte 1,10 0,93 1,06 0,51 ambiente pode ser estabelecida da seguinte forma:
Oceania 2,09 1,50 1,54 1,31 a) na tentativa de saldar suas dívidas os países em desenvolvimento
Fonte: Almanaque abril,1999. exploram excessivamente sua base de recursos naturais, empregan-
do-os para cumprir obrigações financeiras e não para o desenvolvi-
mento, o que aumenta o índice de pobreza.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 184 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
b) nos países desenvolvidos o índice de pobreza é baixo porque os 49. Marque a alternativa CORRETA. As massas de ar são de fundamen-
recursos ambientais foram explorados racionalmente, respeitando a tal importância para a explicação da dinâmica do clima brasileiro.
capacidade de suporte dos ecossistemas. A principal característica da massa Equatorial atlântica é:
c) os países em desenvolvimento são mais pobres pois controlam o uso a) Quente e úmida, origina-se no atlântico sul e forma os ventos alísios
dos recursos naturais, não permitindo sua exploração para a promo- do sudeste. Atua principalmente na faixa litorânea, desde o nordeste
ção do desenvolvimento, o que os torna mais vulneráveis às crises até o sul do país.
econômicas mundiais. b) Fria e úmida, originária do atlântico sul, a mais de 40°de latitude sul.
d) o desenvolvimento sustentável é uma alternativa que deve ser segui- Durante o inverno encontra-se bastante fortalecida, seus “ramos”
da pelas nações em desenvolvimento para que elas possam atingir a abrangem grande parte do território brasileiro.
capacidade de produção e o nível de crescimento econômico das na- c) Quente e seca, surge na Depressão do Chaco, e sua influência no
ções desenvolvidas. Brasil abrange o sul da região centro-oeste e o interior (oeste) das re-
e) o índice de pobreza é maior em países que adotaram o desenvolvi- giões sudeste e sul, provocando longos períodos de tempo quente e
mento sustentável como modelo econômico, pois a proteção dos re- seco.
cursos naturais limitou a implantação de projetos de erradicação da d) Quente e úmida, vem do atlântico norte. Forma os ventos alísios de
pobreza. nordeste. Sua principal área de atuação no Brasil é o litoral das regi-
ões do norte e nordeste, principalmente na primavera e no verão.
45. O fenômeno de natureza climática, que pode ser comparado a um
automóvel ao ar livre, em que os raios solares ultrapassam os vidros 50. O histórico rio Tietê atravessa o território paulista, conforme se pode
fechados, mas o calor no seu interior não se dissipa, denomina-se: observar no mapa.
a) El Niño. b) efeito estufa.
c) frente fria. d) anomalia climática. e) inversão térmica.

46. Dentre os domínios vegetacionais brasileiros, aquele que ainda


detém o maior percentual preservado de sua cobertura vegetal origi-
nal é o domínio que corresponde:
a) à Caatinga. b) à Mata das Araucárias.
c) à Floresta Atlântica. d) ao Cerrado. e) à Floresta Amazônica.

47. Considere as características.


I. As regiões mais baixas, onde predominam gramíneas formadas por
planícies, estão permanentemente inundadas.
Sobre esse rio, pode-se afirmar que
II. As áreas que são inundadas por ocasião das cheias formam um
a) faz parte da bacia Platina, tem sua nascente no Planalto Atlântico (1)
verdadeiro mar interior, o mar de Xaraés. A vegetação nessas áreas
e a maior parte do seu curso está no Planalto Meridional (2).
é formada por árvores de médio porte, arbustos e plantas rasteiras.
b) pertence à bacia do Prata, tem sua nascente na serra da Mantiqueira
III. As áreas mais altas estão livres das inundações; possuem uma
(1) e cruza o Planalto Atlântico (2).
variada flora, onde podemos destacar plantas aquáticas, palmeiras,
c) integra a bacia do Sudeste, tem sua nascente no Planalto Meridional
mandacarus e figueiras.
(1) e a maior parte do seu curso está no Planalto Paulista (2).
Elas representam as regiões distintas de qual ecossistema brasileiro?
d) é um dos formadores da bacia Platina, tem sua nascente no Planalto
a) Da Mata Atlântica. b) Do Manguezal.
Paulista (1) e cruza o Planalto Cristalino (2).
c) Da Campanha Gaúcha. d) Do Pantanal. e) Da Caatinga.
e) é integrante da bacia do Prata, tem sua nascente na serra do Mar (1)
e mais da metade do seu curso está no Planalto Atlântico (2).
48. O texto e a figura, apresentados a seguir, compreendem uma das
principais peculiaridades da conjuntura climática local da região Nor-
51. Considere o perfil topográfico e o mapa do Nordeste apresentados a
deste do Brasil.
seguir.
“Entre a costa úmida e o Sertão semi-árido, o Agreste subúmido
interpõe-se, em princípio, como um faixa de transição gradual.
Muitas vezes, contudo, se estabelece bruscamente contíguo à Zona
da Mata por efeitos de subexposição aos fluxos úmidos de leste”.

(SOBRINHO, Vasconcelos. As regiões naturais do Nordeste, o meio e a civilização.


Recife, 2005).
Esse fenômeno ocorre quando
a) uma corrente de ar vai de encontro a um obstáculo topográfico trans-
versalmente oposto ao fluxo é forçada a elevar-se e em consequência
resfria-se.
b) o fluxo de ar seco acarreta a formação de nuvens provocando precipi-
tações abundantes na vertente a barlavento constituída de grandes
altitudes.
c) o ar está mais aquecido a barlavento pelo calor gerado pela conden- O perfil apresentado destaca as formas de relevo atravessadas pela
sação chegando à base da vertente a sotavento com temperatura in- linha
ferior. a) 1.
d) a umidade relativa do ar é inferior a barlavento atingindo o ponto de b) 2.
saturação a sotavento e provocando alta precipitação em sua base. c) 3.
e) uma corrente de ar seco é forçada a elevar-se a barlavento diminuin- d) 4.
do a formação de nuvens em consequência do seu aquecimento. e) 5.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 185 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
52. A região de agricultura irrigada aparece como um verdadeiro oásis, d) Brasil é um dos poucos países do mundo, de seu porte, onde não
após quilômetros e quilômetros de paisagens áridas, com solos endu- ocorreu miscigenação na formação de sua população. Assim, mesmo
recidos e quebradiços e arbustos ressecados. Com seus pomares e com mais de 300 anos de história, ainda podem-se encontrar etnias
hortas cultivados em solos umedecidos, graças a numerosos canais bem definidas especialmente nos Estados do centrooeste do país.
que transportam água em todas as direções. Na paisagem vemos cul- e) Brasil é o único país do mundo, de seu porte, onde não ocorreu
tivos de frutas variadas, justificando o que dizem seus moradores: miscigenação na formação de sua população. Assim, mesmo com
“Isso aqui é uma grande salada d e frutas”. mais de 700 anos de história, ainda podem-se encontrar etnias bem
definidas especialmente nos estados do sul do país.

55. De acordo com o gráfico, abaixo, o Brasil vem apresentando uma


considerável queda no índice de natalidade brasileira, fato que produz
uma redução no crescimento demográfico. Sobre este assunto, anali-
se as proposições a seguir.

O texto faz referência à área baiana indicada pelo número


a) 1.
b) 2.
c) 3.
d) 4.
e) 5. 1. Uma das razões da diminuição das taxas de natalidade no Bra-
sil é a maior participação da mulher no mercado de trabalho.
53. Considerem-se as características abaixo, relativas a dois momentos 2. O uso de métodos contraceptivos colaborou substancialmente
distintos: para a redução da taxa de natalidade brasileira.
Década de 50 do século XX: 3. Em virtude da diminuição do nível educacional de boa parte da
_ predominância de cobertura vegetal nativa, no caso, a floresta população brasileira, nos últimos anos, tem havido uma acentu-
amazônica; ada queda nas taxas brutas de natalidade.
_ destaque para a coleta vegetal, com realce para a exploração de Está (ão) correta (s):
oleaginosas, como a castanha-do-pará e essências, como a do a) 1, apenas.
pau-rosa; b) 1 e 2, apenas.
_ prática da agricultura de subsistência com pequenos roçados e uso c) 1 e 3, apenas.
de técnicas tradicionais; d) 2 e 3, apenas.
_ pecuária incipiente, quase sempre de caráter extensivo; e) 1,2 e 3.
_ espaço da circulação definido principalmente pelo uso das vias flu-
viais. 56. “ O Brasil sempre se acreditou um país jovem, e as estatísticas
Década de 90 do século XX: mostraram, durante décadas, que o percentual de idosos era extre-
_ grandes áreas que já perderam a cobertura vegetal original; mamente baixo. Isso justificou, por muito tempo, o descaso das auto-
_ destaque para a exploração mineral, principalmente o ferro, desti- ridades e dos políticos para esse importante segmento populacional.
nado à exportação; Ocorre que os tempos mudaram. Estamos diante de um gradativo
_ extensas áreas de expansão de atividades agropastoris, com in- envelhecimento populacional”.
tensa prática de queimadas para a implantação de pastos artifici- Folha de São Paulo, setembro de 1998.
ais; O texto acima permite afirmar que:
_ grandes obras de infra-estrutura e presença de projetos minerome- 1. a estrutura etária da população brasileira vem mudando nos últi-
talúrgicos, que atraíram significativos fluxos migratórios inter- mos anos em decorrência da queda das taxas de natalidade e de
regionais e contribuíram para a perda da identidade cultural de po- mortalidade e da elevação da expectativa de vida.
pulações antes consideradas tradicionais; 2. o ápice da pirâmide etária do Brasil, para os próximos anos, sofre-
_ espaço da circulação definido em grande parte pelo uso das rodo- rá consideravelmente uma variação de proporção, tornando-se
vias. mais afunilado e apresentando um percentual maior de pessoas
Esses comentários dizem respeito à seguinte sub-região do espaço com 60 anos ou mais.
paraense: 3. a população de países subdesenvolvidos, como o Brasil, embora
a) Sudeste do Pará. ainda mais jovem em termos comparativos, está envelhecendo
b) Vale do rio Trombetas no Oeste paraense. num ritmo mais acelerado que nos países desenvolvidos.
c) Nordeste paraense, em especial a Zona Bragantina. Está (ão) correta (s):
d) arquipélago do Marajó, em especial a ilha de Mexiana. a) 1, apenas, b) 1 e 2, apenas.
c) 1 e 3, apenas. d) 2 e 3, apenas. e) 1,2 e 3.
54. Assinale a alternativa correta.
a) No Brasil, as diferentes etnias originais misturaramse. Assim, desde a 57. Segundo as pesquisas do IBGE,
chegada dos portugueses até hoje, o país segue a formação de uma a) tem-se verificado que, nessas últimas décadas, os movimentos
sociedade não miscigenada. migratórios não são mais predominantemente na direção Nordeste-
b) No Brasil, as diferentes etnias originais misturaramse. Assim, desde a Sudeste, mas, ao contrário, apresentam-se difusos, atingindo também
chegada dos portugueses até hoje, o país segue a formação de uma as regiões Norte e Centro-Oeste.
sociedade miscigenada. b) o crescimento vegetativo está estabilizado no índice de 3% ao ano, o
c) O Brasil é um dos poucos países do mundo, de seu porte, onde não que permite um certo “conforto” quanto à possibilidade de geração de
ocorreu miscigenação na formação de sua população. Assim, mesmo emprego e renda às novas gerações.
com mais de 500 anos de história, ainda podem-se encontrar etnias c) a maior parte da população economicamente ativa, cerca de 40% do
bem definidas por todo o país. total, tem carteira assinada e exerce atividades primárias, isto é, tra-
balha no campo.
Ciências Humanas e suas Tecnologias 186 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
d) metade da população brasileira reside nas áreas urbanas, principal- Pois terras, não mais verei”.
mente nas médias e grandes cidades que, desde a década de 1990, (citado em Dora Martins & Sonia Vanalli. Migrantes. São Paulo: Con-
têm apresentado pequeno crescimento demográfico. texto, 1994. p. 23)
e) a população brasileira tende a se tornar predominantemente jovem Da leitura atenta dos versos pode-se destacar dois problemas socio-
porque as taxas de natalidade são elevadas e a expectativa de vida econômicos encontrados em todo o Brasil. São eles:
ainda é muito baixa. a) os problemas do Sertão e o desemprego nas cidades.
b) as diferenças entre as classes sociais e o aumento do trabalho infor-
58. Considere as pirâmides etárias da população brasileira. mal.
c) o crescimento urbano e a modernização da pecuária.
d)) o êxodo rural e a concentração de terras.
e) a violência no campo e o inchaço urbano.

61. Segundo o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em


1960, apenas duas cidades brasileiras apresentavam população su-
perior a 1 milhão de habitantes enquanto que em 2000 eram 12 cida-
des. Sobre essas cidades milionárias é correto afirmar que
a)) o rápido crescimento provocou uma série de problemas sociais e
ambientais, até a presente data, difíceis de solucionar.
b) estão concentradas nas regiões Sudeste e Centro- Oeste e formam
regiões metropolitanas.
c) seu crescimento, nessas duas últimas décadas, foi promovido por
políticas públicas de planejamento urbano.
d) tiveram pequena influência na transformação do espaço nacional,
pois têm poucas relações entre si.
e) estão distribuídas equitativamente por todas as regiões brasileiras,
sendo que o Sudeste abriga 3 dessas cidades.

62. Observe as pirâmides etárias do Brasil em dois momentos:

<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/projecao_da_populacao/piramide/piramide.shtm>)
A comparação entre as pirâmides etárias revela que no período anali-
sado ocorreu
a) inversão na tendência normal, pois em 2005 havia o predomínio da
população adulta e idosa masculina.
b) aumento do número de crianças e jovens devido à acentuada queda
nas taxas de mortalidade infantil.
c) pequeno aumento na faixa de idosos, mas a população continuou
com predomínio de crianças e jovens.
d) sensível aumento da população adulta, consequência da gradativa
diminuição da taxa de natalidade.
e) diminuição da população adulta masculina em 2005, resultado da
grande violência nas áreas urbanas.

59. Considere o gráfico e as afirmações a seguir.


Comparando-se as pirâmides etárias de 1970 e 2008, pode-se con-
cluir que no Brasil,
a) nestes quase 40 anos, a população brasileira manteve a mesma
distribuição etária.
b) a quantidade de população adulta teve pequena alteração no período.
c) as faixas etárias de adultos e idosos são, atualmente, maiores do que
em 1970.
I. Nos últimos 50 anos houve uma sensível queda na taxa de na- d) não ocorreu redução da natalidade e o país continua com maioria de
talidade da população. jovens.
II. As migrações internas da população têm forte influência sobre a e) o número de idosos em 2008 é semelhante ao de 1970 porque a
proporção de adultos. expectativa de vida é baixa.
III. A expectativa de vida da população tem aumentado nessas úl-
timas décadas. 63. Desde seu início efetivo, na década de 1950, o processo de industria-
Está correto o que se afirma APENAS em lização brasileiro tem passado por várias transformações. Uma das
a) I. b) I e II. c) I e III. d) II. e) II e III. mais recentes é
a) a elevada robotização nas linhas de montagem, considerada como
60. Considere os seguintes versos: uma das maiores do mundo ocidental.
“Vou-me embora pra cidade b) a forte participação do Estado na construção e manutenção dos
Nem sou amigo do rei principais parques industriais do País.
Quem sabe encontro um trabalho

Ciências Humanas e suas Tecnologias 187 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
c) a desativação das indústrias de bens de produção, pois grande parte O produto a que o texto se refere é
delas era considerada obsoleta. a) o café. b) a cana-de-açúcar.
d) o crescente aumento de sua participação no PIB (Produto Interno c) a soja. d) o algodão. e) a laranja.
Bruto) brasileiro, atualmente por volta de 70%.
e)) a relativa desconcentração, pois várias indústrias têm saído do eixo 68. Observe a tabela a seguir
São Paulo/Rio para se instalar em outras regiões brasileiras. GRAU DE URBANIZAÇÂO NO BRASIL POR REGIÃO (1980-2000)
Grandes regiões Grau de urbanização (%)
64. A Região Sudeste, particularmente o eixo São Paulo – Rio de Janei- . 1980 1991 2000
ro, funciona como centro de comando das atividades agrárias, influ- Norte 50,32 59,05 69,83
enciando intensamente o Centro – Sul e em menor escala, o restante Nordeste 50,46 60,65 69,04
do espaço nacional. Isso acontece por diversos motivos, exceto: Sudeste 82,81 88,02 90,52
a) Concentração populacional e o elevado nível de urbanização fazem Sul 62,41 74,12 80,94
do Sudeste o grande mercado de consumo do país, para o qual se Centro-Oeste 70,84 81,28 86,73
volta boa parte das atividades agrárias organizadas com fins comer- Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1980-2000.
ciais.
A tabela evidencia o grau de urbanização das regiões brasileiras nas
b) Os solos brasileiros que são classificados como tipicamente irregula-
últimas décadas do século XX.
res, correspondem a 50,5% do total do país e quase metade está na
Sua análise possibilita afirmar que
Região Sudeste.
a) as regiões com maior grau de urbanização ao longo das três décadas
c) Concentração de capital permite maiores investimentos para a melho-
enfocadas são o Sudeste e o Sul, que apresentam uma economia in-
ria das técnicas agrícolas, que, por sua vez, são tomadas como
dustrializada e a maior modernização econômica e tecnológica do país.
exemplo pelos produtores de outras áreas do país.
b) todas as regiões – com exceção do Norte e do Nordeste, que apre-
d) As empresas se expandem e, para continuar a crescer, mantêm com
sentaram os menores crescimentos da população urbana em todo o
elas fortes laços de dependência.
País nas últimas décadas – são extremamente urbanizadas, com
e) As lavouras para exportação se desenvolvem e se modernizam cada
destaque para o Centro-Oeste e o Sudeste.
vez mais – a maior parte delas concentrase na Região Sudeste e em
c) o Norte e o Nordeste, apesar de apresentarem os menores graus de
áreas próximas, como o Sul e o Centro-Oeste.
urbanização no conjunto das regiões brasileiras, destacam-se dentre
as regiões que tiveram os maiores incrementos da população urbana
65. Leia e analise o texto a seguir.
nas últimas décadas.
“Ao longo do século, mas, sobretudo nos períodos mais recentes, o
d) as regiões que apresentaram os maiores incrementos da população
processo brasileiro de urbanização revela uma crescente associação
urbana nas últimas décadas são aquelas que também são considera-
com o da pobreza, cujo locus passa a ser, cada vez mais, a cidade,
das as mais industrializadas do País, o que confirma a relação entre
sobretudo a grande cidade. O campo brasileiro moderno repele os
urbanização e desenvolvimento industrial.
pobres, e os trabalhadores da agricultura capitalizada vivem cada vez
mais nos espaços urbanos. A indústria se desenvolve com a criação
69. O rio São Francisco já recebeu várias denominações, dentre as quais
de pequeno número de empregos e o terciário associa formas mo-
se destaca “o Nilo brasileiro”. Na atualidade, tal denominação é per-
dernas a formas primitivas que remuneram mal e não garantem a
feitamente adequada, porque
ocupação.” SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. São Paulo, HUCITEC, 1993.
a) há enormes extensões de cultivo de papiro e algodão em suas mar-
Sobre o assunto tratado no texto, é incorreto afirmar que:
gens fertilizadas naturalmente pelo material sedimentar carregado pe-
a) com o processo brasileiro de urbanização a economia não foi capaz
las águas do rio, tal como ocorria no Egito Antigo, cuja economia se
de absorver toda a mão-de-obra disponível, tendo como consequên-
baseava nesses produtos.
cia o empobrecimento de parte da população.
b) o São Francisco, tal como o Nilo, por ser totalmente navegável, é
b) a partir das décadas de 1940 e 1950, quando começaram a ser
extremamente importante para a circulação de pessoas e mercadori-
instaladas as indústrias de base no país, acentuou-se o número de
as em todo o vale do rio, sendo inclusive a única via de circulação do
migrantes para as cidades.
sertão nordestino.
c) a mecanização das lavouras e o aumento da concentração fundiária
c) atualmente se desenvolve em várias áreas semi-áridas do Nordeste
no Brasil também foram responsáveis pela expulsão da população do
uma próspera agricultura de irrigação, que só é possível graças às
campo para as cidades brasileiras.
águas do São Francisco, tal como acontecia no Egito nas terras ba-
d) o processo de urbanização no Brasil ampliou a oferta de empregos
nhadas pelo rio Nilo; dessa forma, o Velho Chico (maneira carinhosa
nas cidades, porém o número de vagas não cresce na mesma pro-
de os sertanejos chamarem o rio São Francisco) está para o sertão
porção que a população urbana.
assim como o Nilo estava para o Egito antigo.
e) uma considerável parcela da população economicamente ativa está
d) tanto o rio Nilo como o São Francisco são rios bastante encachoeira-
desempregada no Brasil provocando, dessa forma, o crescimento do
dos; por isso, são aproveitados para o fornecimento de energia elétri-
setor formal da economia, como por exemplo os ambulantes, diaristas
ca, estando localizadas no médio vale do São Francisco suas princi-
e vendedores.
pais hidroelétricas: Pirapora, Sobradinho e Itaipu.
66. Após a controvertida participação do Brasil na Conferência de Esto-
colmo em 1972, em virtude da polêmica gerada em torno da sua pro- 70. Leia o trecho do livro de Josué de Castro abaixo transcrito:
posta de desenvolvimento a qualquer preço, o governo brasileiro, em “Comi todas as minhas reservas de milho e de farinha. Depois, virei
1973, criou raizeiro. Durante um mês inteiro cavei o chão duro e rachado da se-
a) o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente. ca, em busca de raiz de planta braba. Comi xiquexique, macambira e
a) o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal. raiz de mucunã, e continuaria comendo até hoje essas plantas pra
c) a Superintendência de Desenvolvimento da Pesca. não largar minha terra, se não fosse a sede desesperada. Foi a sede
d) o Instituto do Meio Ambiente. que me botou pra fora..., mais do que a fome.”
e) a Secretaria Especial do Meio Ambiente. Fala de Seu Maneca do Crato, personagem fictício (CASTRO, Josué
de. Homens e caranguejos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
67. Esse produto agrícola foi responsável por uma verdadeira revolução 2001, p. 95-96).
socioeconômica no Brasil moderno. O produto responde por uma en- A passagem tem como cenário uma importante sub-região do Nor-
trada de dinheiro para o Brasil de mais de sete bilhões de dólares deste brasileiro, muito bem caracterizada na fala do personagem.
anuais mais cinco vezes esse valor, se considerados os benefícios Trata-se do(a)
que gera ao longo da sua extensa cadeia produtiva. (...) O explosivo a) Zona da Mata, considerada a mais próspera das sub-regiões nordes-
crescimento da produção, de quase 260 vezes no transcorrer de ape- tinas, graças ao elevado nível de desenvolvimento tecnológico da ati-
nas quatro décadas, determinou uma série de mudanças sem prece- vidade agrícola, que prosperou principalmente devido à predominân-
dentes na história do país. (<http://:www.embrapa.gov.br> cia de minifúndios administrados por comunidades familiares.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 188 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
b) Agreste, considerado uma área de transição entre o sertão e a Zona b) A economia paranaense mostra-se bastante integrada ao modelo
da Mata; embora também assolada pela seca, a região tem trechos exportador nacional, tanto no que se refere à produção de soja
úmidos que se encontram livres da prolongada estiagem, são os (Campos Gerais, Oeste e Sudoeste, além do Norte) como na de mi-
chamados “brejos”, áreas úmidas, espécies de oásis dentro de um nério de ferro (Adrianópolis – Vale do Ribeira).
deserto. c) O Brasil possui um potencial turístico muito significativo, que pode ser
c) Meio Norte, assim denominado porque grande parte de sua extensão atestado pelo seu clima predominantemente quente e pelas suas
tem características amazônicas, mas possui áreas secas, com vege- inúmeras paisagens naturais. Contudo, a valorização da mão-de-obra
tação xerófita, como o xiquexique; sua população é marcada pela for- pode representar um obstáculo para seu desenvolvimento.
te emigração. d) O turismo promove o desenvolvimento econômico e social na medida
d) Sertão, considerado a mais pobre das sub-regiões nordestinas, em que gera renda, distribui riqueza e proporciona inclusão social.
caracterizada por longos períodos de estiagens e pela forte emigra- e) O fato de a soja, o ferro e o turismo encabeçarem a lista das exporta-
ção do sertanejo, que procura principalmente a Zona da Mata. A seca ções brasileiras atesta que nossa economia permanece marcada-
sertaneja é considerada um problema mais social do que simples- mente agrária, com baixo nível de industrialização.
mente natural.
74. Assinale a alternativa INCORRETA.
71. No recente processo de (re)organização do espaço paraense, o a) A economia do Brasil mudou muito no século XX.
modelo de ocupação do território tem provocado sérios impactos so- b) A economia do Brasil não é apenas agrária.
cioambientais, como c) A economia do Brasil cresceu fortemente durante todo o século XX.
a) o desmatamento da floresta amazônica, decorrente principalmente da d) A economia do Brasil ganhou centros urbanos durante o século XX.
ação dos chamados povos da floresta, que exploram intensivamente, e) A economia brasileira tem uma distribuição de renda desigual.
com fins capitalistas, os recursos naturais e também praticam a pe-
cuária extensiva para garantir sua própria sobrevivência. 75. Aproximadamente 90% da matriz energética elétrica brasileira pro-
b) a utilização dos campos limpos do Marajó, caracterizados pela exube- vém de hidrelétricas. Com base nisso, assinale a alternativa correta.
rância da vegetação e pela biodiversidade existente, para fins de cul- a) A topografia plana do território do estado do Paraná desfavorece a
tivo voltados para a exportação, o que provoca não só o comprome- construção de hidrelétricas para o aproveitamento energético de seus
timento do geossistema, mas também o rápido esgotamento do solo. rios.
c) a ação antrópica nas áreas de floresta de terra firme. De fato, o b) A produção de eletricidade no país conta com uma participação de
cultivo da soja tem contribuído decisivamente para o desgaste do so- aproximadamente 10% provenientes de termelétricas e da usina ter-
lo, considerado um dos mais ricos e férteis de todo o território brasilei- monuclear de Angra dos Reis.
ro. c) A bacia hidrográfica do Rio Paraná, situada no Centro-Sul do país,
d) as alterações ambientais no polígono dos castanhais, devido princi- apresenta um elevado potencial energético que, contudo, é subapro-
palmente ao intenso desmatamento para criar novos espaços desti- veitado.
nados a atividades agropastoris, tornando o Sul e o Sudeste do Pará d) Devido à infra-estrutura de que dispõe para a geração de eletricidade,
áreas de significativa degradação ambiental. o país não corre riscos de “apagões”.
e) Por serem uma fonte de energia limpa, as hidrelétricas são, do ponto
72. Com a implantação do Plano de Desenvolvimento da Amazônia, na de vista ambiental, a melhor alternativa energética para o país.
década de 70 do século XX, ocorreu a instalação de grandes projetos
minerometalúrgicos, agropecuários e de colonização, que alteraram a 76. A descoberta da reserva de petróleo no Campo de Tupi poderá
estrutura produtiva do espaço econômico paraense. Em relação a es- transformar o Brasil em grande exportador do combustível. A man-
ses projetos, é verdadeiro afirmar que o(a) chete, publicada em vários jornais do Brasil e do mundo, no início do
a) Usina Hidroelétrica de Tucuruí, em sua fase inicial, teve sua produção ano de 2008, demonstra a importância desse lençol de petróleo situ-
destinada ao abastecimento, a baixo custo, dos municípios do seu ado
entorno. a) junto à costa do Paraná.
b) Projeto Jari foi o que menos provocou alterações socioambientais, b) no Recôncavo Baiano.
pois seu objetivo principal era a fabricação da pasta de celulose obti- c) no litoral do Nordeste.
da da exploração de espécies nativas, em especial as palmeiras das d) próximo à foz do rio Amazonas.
várzeas amazônicas. e) no litoral do Sudeste.
c) Projeto Ferro Carajás, que tem como objetivo principal a exploração
do minério de ferro, é responsável em grande parte pela degradação 77. Este problema ambiental é observado em várias áreas rurais brasilei-
ambiental de sua área circunvizinha, visto que ainda utiliza, em volu- ras.
me considerável, o carvão vegetal para alimentar seus fornos side-
rúrgicos.
d) Projeto Trombetas, instalado em Barcarena, é responsável em gran-
de parte pela significativa melhoria da qualidade de vida dos habitan-
tes da Vila dos Cabanos, devido em especial ao aumento da oferta de
emprego que propiciou.

73. Leia com atenção o trecho de uma matéria que circulou recentemente
pelo país.
O bom desempenho do turismo este ano está levando o setor a
despontar como forte aliado ao desenvolvimento econômico e social
do Brasil. Segundo o Ministério do Turismo, nos primeiros oito meses
de 2005 o setor arrecadou cerca de US$ 2,526 bilhões, marca que ul-
trapassa todo o total acumulado em 2003 – US$ 2,125 bilhões.
O desempenho faz o turismo figurar em terceiro lugar na balança de
exportações brasileiras, atrás somente da soja em grãos e do minério
de ferro. Assinale a alternativa que apresenta causas desse problema.
(Fonte: Gazeta do Povo, 04 out. 2005, p. 18.) a) Forte pluviosidade – solos muito pedregosos.
A partir da análise do texto, assinale a alternativa correta. b) Desmatamento – práticas agrícolas inadequadas.
a) O turismo no estado do Paraná é incipiente, uma vez que seus atrati- c) Cultivos em áreas de várzeas – uso de máquinas agrícolas.
vos são pouco expressivos e a infra-estrutura de transportes e de ho- d) Queimadas – forte ação de ventos.
telaria é relativamente precária. e) Solos com pequena fertilidade – excesso de chuvas.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 189 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
78. Anualmente, quando tem início o período de chuvas, ocorrem em
várias partes do Brasil cenas de escorregamento como esta. 81. Nesta região brasileira ocorre atualmente a maior expansão agrícola
do país, com o predomínio das grandes propriedades que desenvol-
vem extensas monoculturas e o uso intensivo de máquinas, corretivos
químicos e fertilizantes que acabam por provocar fortes impactos am-
bientais. Muitos desses estabelecimentos agrícolas pertencem ou es-
tão associados aos complexos agroindustriais.
O texto faz referência à região
a) Sul, que desenvolve grandes cultivos de milho e trigo.
b) Nordeste, que tem ampliado o cultivo de frutas.
c) Norte, que tem aumentado as áreas canavieiras.
d) Sudeste, que introduziu, recentemente, o cultivo de laranja.
e) Centro-Oeste, que abriga grandes plantações de soja.

82. A sustentabilidade ecológica é


a) um princípio biológico que estabelece regras para o desenvolvimento
social nas Unidades de Conservação e Áreas Indígenas brasileiras.
http://correio24horas.com b) um conceito cercado de críticas e riscos no que se refere à sua
Sobre a situação apresentada, são feitas as seguintes afirmações: aplicação como ferramenta para o crescimento econômico em áreas
I. Problemas de deslizamentos de terra em áreas íngremes ocorrem por protegidas.
causa das chuvas e não pela ocupação indevida da área. c) uma noção equivocada de que o desenvolvimento econômico preju-
II. As encostas dos morros tornam-se, muitas vezes, a única alternativa dica a conservação dos ecossistemas e a melhoria da qualidade de
de moradia para a população mais pobre. vida a longo prazo.
III. As encostas de morros, quando desmatadas e ocupadas por constru- d) um conceito alternativo à noção de desenvolvimento sustentável, uma
ções irregulares, são consideradas áreas de risco. vez que evidencia a necessidade de superar os limites da natureza
Está correto o que se afirma APENAS em através de atividades econômicas que priorizem o desenvolvimento
a) I. b) I e II. c) I e III. d) II e III. e) II. social.
e) uma das dimensões do desenvolvimento sustentável e aponta para a
79. A Amazônia não se encontra fora da influência de empreendimentos necessidade de reconhecer que os ecossistemas tem uma capacida-
voltados para a obtenção de lucro. Contudo, existem atividades que, de suporte que impõe limites à atividade econômica.
por suas particularidades, geram poucos impactos ambientais e cultu-
rais, prestando-se, assim, para a manutenção desse que é um dos 83. Em 1978, 150 mil quilômetros quadrados da floresta amazônica
mais ricos e frágeis ecossistemas do planeta. Assinale a alternativa tinham sido desmatados. Cerca de 30 anos depois, a área saltou para
que apresenta uma atividade que NÃO condiz com o conteúdo acima 700 mil, ou seja, o equivalente a 3 vezes a área do estado de São
exposto. Paulo. É importante lembrar que a cada 10 segundos, uma área equi-
a) Manejo florestal para retirada de madeira da mata. valente ao estádio de futebol do Maracanã é desmatada.
b) Exploração do látex das seringueiras. Entre as principais causas do desmatamento, podem-se citar
c) Criação de gado bovino, segundo o sistema extensivo. a) o crescimento das cidades e a exploração da borracha.
d) Aproveitamento das paisagens para fins de desenvolvimento do b) a ação dos posseiros e a expansão de aeroportos clandestinos.
ecoturismo. c) o trabalho das madeireiras e a expansão urbana.
e) Exploração da energia solar para a geração de eletricidade. d) a expansão da pecuária e a dos cultivos, como a soja.
e) a exploração da castanha-do-pará e a agricultura de subsistência.
80. Observe a figura que mostra uma queimada na Amazônia.
Respostas: PROVA 1

01. C 11. E 21. E 31. D 41. D


02. B 12. C 22. D 32. A 42. B
03. D 13. D 23. C 33. B 43. E
04. A 14. B 24. C 34. E 44. A
05. C 15. A 25. A 35. D 45. B
06. A 16. A 26. E 36. D 46. E
07. D 17. B 27. D 37. B 47. D
08. B 18. B 28. A 38. B 48. A
09. E 19. E 29. A 39. A 49. D
10. E 20. C 30. D 40. C 50. A

51. E 61. A 71. D 81. E


52. A 62. C 72. C 82. E
53. A 63. E 73. D 83. D
54. B 64. B 74. C
55. B 65. E 75. B
56. C 66. E 76. E
A alternativa que indica uma das consequências da situação apresen-
57. A 67. C 77. B
tada na figura é
a) a diminuição da temperatura do ar. 58. D 68. C 78. D
b) o aumento da erosão do solo. 59. C 69. B 79. C
c) o aumento da quantidade anual de chuvas. 60. D 70. D 80. B
d) o declínio da amplitude térmica diurna.
e) o aparecimento das ilhas de calor.

Ciências Humanas e suas Tecnologias 190 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos

BRASIL POLÍTICO

Ciências Humanas e suas Tecnologias 191 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos

AMÉRICA

Ciências Humanas e suas Tecnologias 192 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos

EUROPA

Ciências Humanas e suas Tecnologias 193 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos

ÁFRICA

Ciências Humanas e suas Tecnologias 194 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
OCEANIA

Ciências Humanas e suas Tecnologias 195 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
_____________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________

Ciências Humanas e suas Tecnologias 196 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
Exame Nacional do Ensino Médio

ENEM
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

VOLUME 2

FÍSICA
• Conhecimentos básicos e fundamentais – Noções de ordem de grandeza. Notação Científica. Sistema Internacional de Unidades. Metodologia
de investigação: a procura de regularidades e de sinais na interpretação física do mundo. Observações e mensurações: representação de
grandezas físicas como grandezas mensuráveis. Ferramentas básicas: gráficos e vetores. Conceituação de grandezas vetoriais e escalares.
Operações básicas com vetores ............................................................................................................................................................................01
• O movimento, o equilíbrio e a descoberta de leis físicas – Grandezas fundamentais da mecânica: tempo, espaço, velocidade e aceleração.
Relação histórica entre força e movimento. Descrições do movimento e sua interpretação: quantificação do movimento e sua descrição matemáti-
ca e gráfica. Casos especiais de movimentos e suas regularidades observáveis. Conceito de inércia. Noção de sistemas de referência inerciais e
não inerciais. Noção dinâmica de massa e quantidade de movimento (momento linear). Força e variação da quantidade de movimento. Leis de
Newton. Centro de massa e a ideia de ponto material. Conceito de forças externas e internas. Lei da conservação da quantidade de movimento
(momento linear) e teorema do impulso. Momento de uma força (torque). Condições de equilíbrio estático de ponto material e de corpos rígidos.
Força de atrito, força peso, força normal de contato e tração. Diagramas de forças. Identificação das forças que atuam nos movimentos circulares.
Noção de força centrípeta e sua quantificação. A hidrostática: aspectos históricos e variáveis relevantes. Empuxo. Princípios de Pascal,
Arquimedes e Stevin: condições de flutuação, relação entre diferença de nível e pressão hidrostática ...............................................................09
• Energia, trabalho e potência – Conceituação de trabalho, energia e potência. Conceito de energia potencial e de energia cinética.
Conservação de energia mecânica e dissipação de energia. Trabalho da força gravitacional e energia potencial gravitacional. Forças
conservativas e dissipativas ...................................................................................................................................................................................28
• A mecânica e o funcionamento do universo – Força peso. Aceleração gravitacional. Lei da Gravitação Universal. Leis de Kepler. Movimentos
de corpos celestes. Influência na Terra: marés e variações climáticas. Concepções históricas sobre a origem do universo e sua evolução............32
• Fenômenos elétricos e magnéticos – Carga elétrica e corrente elétrica. Lei de Coulomb. Campo elétrico e potencial elétrico. Linhas de campo.
Superfícies equipotenciais. Poder das pontas. Blindagem. Capacitores. Efeito Joule. Lei de Ohm. Resistência elétrica e resistividade. Relações
entre grandezas elétricas: tensão, corrente, potência e energia. Circuitos elétricos simples. Correntes contínua e alternada. Medidores elétricos.
Representação gráfica de circuitos. Símbolos convencionais. Potência e consumo de energia em dispositivos elétricos. Campo magnético.
Imãs permanentes. Linhas de campo magnético. Campo magnético terrestre ...... ...............................................................................................35
• Oscilações, ondas, óptica e radiação – Feixes e frentes de ondas. Reflexão e refração. Óptica geométrica: lentes e espelhos. Formação de
imagens. Instrumentos ópticos simples. Fenômenos ondulatórios. Pulsos e ondas. Período, frequência, ciclo. Propagação: relação entre
velocidade, frequência e comprimento de onda. Ondas em diferentes meios de propagação .............................................................................51
• O calor e os fenômenos térmicos – Conceitos de calor e de temperatura. Escalas termométricas. Transferência de calor e equilíbrio térmico.
Capacidade calorífica e calor específico. Condução do calor. Dilatação térmica. Mudanças de estado físico e calor latente de transformação.
Comportamento de gases ideais. Máquinas térmicas. Ciclo de Carnot. Leis da Termodinâmica. Aplicações e fenômenos térmicos de uso
cotidiano. Compreensão de fenômenos climáticos relacionados ao ciclo da água .... ...........................................................................................60

QUÍMICA
• Transformações químicas – Evidências de transformações químicas. Interpretando transformações químicas. Sistemas gasosos: Lei dos gases.
Equação geral dos gases ideais, Princípio de Avogadro, conceito de molécula; massa molar, volume molar dos gases. Teoria cinética dos gases.
Misturas gasosas. Modelo corpuscular da matéria. Modelo atômico de Dalton. Natureza elétrica da matéria: Modelo Atômico de Thomson,
Rutherford, Rutherford-Bohr. Átomos e sua estrutura. Número atômico, número de massa, isótopos, massa atômica. Elementos químicos e
Tabela Periódica. Reações químicas .....................................................................................................................................................................11
• Representação das transformações químicas – Fórmulas químicas. Balanceamento de equações químicas. Aspectos quantitativos das
transformações químicas. Leis ponderais das reações químicas. Determinação de fórmulas químicas. Grandezas químicas: massa, volume,
mol, massa molar, constante de Avogadro. Cálculos estequiométricos ......... .......................................................................................................19
• Materiais, suas propriedades e usos – Propriedades de materiais. Estados físicos de materiais. Mudanças de estado. Misturas: tipos e métodos
de separação. Substâncias químicas: classificação e características gerais. Metais e ligas metálicas. Ferro, cobre e alumínio. Ligações metálicas.

1 ENEM - VOL.2

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
Substâncias iônicas: características e propriedades. Substâncias iônicas do grupo: cloreto, carbonato, nitrato e sulfato. Ligação iônica. Substân-
cias moleculares: características e propriedades. Substâncias moleculares: H2, O2, N2, Cl2, NH3, H2O, HCl, CH4. Ligação covalente. Polaridade
de moléculas. Forças intermoleculares. Relação entre estruturas, propriedade e aplicação das substâncias. .... ................................................21
• Água – Ocorrência e importância na vida animal e vegetal. Ligação, estrutura e propriedades. Sistemas em solução aquosa: soluções
verdadeiras, soluções coloidais e suspensões. Solubilidade. Concentração das soluções. Aspectos qualitativos das propriedades coligativas
das soluções. Ácidos, bases, sais e óxidos: definição, classificação, propriedades, formulação e nomenclatura. Conceitos de ácidos e bases.
Principais propriedades dos ácidos e bases: indicadores, condutibilidade elétrica, reação com metais, reação de neutralização.............................28
• Transformações químicas e energia – Transformações químicas e energia calorífica. Calor de reação. Entalpia. Equações termoquímicas.
Lei de Hess. Transformações químicas e energia elétrica. Reação de oxirredução. Potenciais padrão de redução. Pilha. Eletrólise. Leis de
Faraday. Transformações nucleares. Conceitos fundamentais da radioatividade. Reações de fissão e fusão nuclear. Desintegração radioativa e
radioisótopos ........................ .................................................................................................................................................................................38
• Dinâmica das transformações químicas – Transformações químicas e velocidade. Velocidade de reação. Energia de ativação. Fatores que
alteram a velocidade de reação: concentração, pressão, temperatura e catalisador ..... .......................................................................................43
• Transformação química e equilíbrio – Caracterização do sistema em equilíbrio. Constante de equilíbrio. Produto iônico da água, equilíbrio
ácido-base e pH. Solubilidade dos sais e hidrólise. Fatores que alteram o sistema em equilíbrio. Aplicação da velocidade e do equilíbrio químico
no cotidiano ........................ ...................................................................................................................................................................................44
• Compostos de carbono – Características gerais dos compostos orgânicos. Principais funções orgânicas. Estrutura e propriedades de
hidrocarbonetos. Estrutura e propriedades de compostos orgânicos oxigenados. Fermentação. Estrutura e propriedades de compostos orgânicos
nitrogenados. Macromoléculas naturais e sintéticas. Noções básicas sobre polímeros. Amido, glicogênio e celulose. Borracha natural e sintética.
Polietileno, poliestireno, PVC, teflon, náilon. Óleos e gorduras, sabões e detergentes sintéticos. Proteínas e enzimas...........................................45
• Relações da Química com as tecnologias, a sociedade e o meio ambiente – Química no cotidiano. Química na agricultura e na saúde. Química
nos alimentos. Química e ambiente. Aspectos científico-tecnológicos, socioeconômicos e ambientais associados à obtenção ou produção de
substâncias químicas. Indústria química: obtenção e utilização do cloro, hidróxido de sódio, ácido sulfúrico, amônia e ácido nítrico. Mineração e
metalurgia. Poluição e tratamento de água. Poluição atmosférica. Contaminação e proteção do ambiente ........................................................60
• Energias químicas no cotidiano – Petróleo, gás natural e carvão. Madeira e hulha. Biomassa. Biocombustíveis. Impactos ambientais de
combustíveis fósseis. Energia nuclear. Lixo atômico. Vantagens e desvantagens do uso de energia nuclear.........................................................75

BIOLOGIA
• Moléculas, células e tecidos – Estrutura e fisiologia celular: membrana, citoplasma e núcleo. Divisão celular. Aspectos bioquímicos das
estruturas celulares. Aspectos gerais do metabolismo celular. Metabolismo energético: fotossíntese e respiração. Codificação da informação
genética. Síntese proteica. Diferenciação celular. Principais tecidos animais e vegetais. Origem e evolução das células. Noções sobre células-
tronco, clonagem e tecnologia do DNA recombinante. Aplicações de biotecnologia na produção de alimentos, fármacos e componentes biológicos.
Aplicações de tecnologias relacionadas ao DNA a investigações científicas, determinação da paternidade, investigação criminal e identificação
de indivíduos. Aspectos éticos relacionados ao desenvolvimento biotecnológico. Biotecnologia e sustentabilidade..................................................07
• Hereditariedade e diversidade da vida – Princípios básicos que regem a transmissão de características hereditárias. Concepções pré-mendelianas
sobre a hereditariedade. Aspectos genéticos do funcionamento do corpo humano. Antígenos e anticorpos. Grupos sanguíneos, transplantes e
doenças autoimunes. Neoplasias e a influência de fatores ambientais. Mutações gênicas e cromossômicas. Aconselhamento genético.
Fundamentos genéticos da evolução. Aspectos genéticos da formação e manutenção da diversidade biológica.....................................................13
• Identidade dos seres vivos – Níveis de organização dos seres vivos. Vírus, procariontes e eucariontes. Autótrofos e heterótrofos. Seres
unicelulares e pluricelulares. Sistemática e as grandes linhas da evolução dos seres vivos. Tipos de ciclo de vida. Evolução e padrões anatômicos
e fisiológicos observados nos seres vivos. Funções vitais dos seres vivos e sua relação com a adaptação desses organismos a diferentes
ambientes. Embriologia, anatomia e fisiologia humana. Evolução humana. Biotecnologia e sistemática..............................................................24
• Ecologia e ciências ambientais – Ecossistemas. Fatores bióticos e abióticos. Habitat e nicho ecológico. A comunidade biológica: teia alimentar,
sucessão e comunidade clímax. Dinâmica de populações. Interações entre os seres vivos. Ciclos biogeoquímicos. Fluxo de energia no
ecossistema. Biogeografia. Biomas brasileiros. Exploração e uso de recursos naturais. Problemas ambientais: mudanças climáticas, efeito
estufa; desmatamento; erosão; poluição da água, do solo e do ar. Conservação e recuperação de ecossistemas. Conservação da biodiversidade.
Tecnologias ambientais. Noções de saneamento básico. Noções de legislação ambiental: água, florestas, unidades de conservação;
biodiversidade ........................ ...............................................................................................................................................................................35
• Origem e evolução da vida – A biologia como ciência: história, métodos, técnicas e experimentação. Hipóteses sobre a origem do Universo,
da Terra e dos seres vivos. Teorias de evolução. Explicações pré-darwinistas para a modificação das espécies. A teoria evolutiva de
Charles Darwin. Teoria sintética da evolução. Seleção artificial e seu impacto sobre ambientes naturais e sobre populações humanas..................38
• Qualidade de vida das populações humanas – Aspectos biológicos da pobreza e do desenvolvimento humano. Indicadores sociais,
ambientais e econômicos. Índice de desenvolvimento humano. Principais doenças que afetam a população brasileira: caracterização,
prevenção e profilaxia. Noções de primeiros socorros. Doenças sexualmente transmissíveis. Aspectos sociais da biologia: uso indevido de
drogas; gravidez na adolescência; obesidade. Violência e segurança pública. Exercícios físicos e vida saudável. Aspectos biológicos do
desenvolvimento sustentável. Legislação e cidadania............. ..............................................................................................................................60

2 ENEM - VOL.2

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos

A PRESENTE APOSTILA NÃO ESTÁ VINCULADA A EMPRESA ORGANIZADORA DO CONCURSO


PÚBLICO A QUE SE DESTINA, ASSIM COMO SUA AQUISIÇÃO NÃO GARANTE A INSCRIÇÃO DO
CANDIDATO OU MESMO O SEU INGRESSO NA CARREIRA PÚBLICA.

O CONTEÚDO DESTA APOSTILA ALMEJA ENGLOBAR AS EXIGENCIAS DO EDITAL, PORÉM, ISSO


NÃO IMPEDE QUE SE UTILIZE O MANUSEIO DE LIVROS, SITES, JORNAIS, REVISTAS, ENTRE OUTROS
MEIOS QUE AMPLIEM OS CONHECIMENTOS DO CANDIDATO, PARA SUA MELHOR PREPARAÇÃO.

ATUALIZAÇÕES LEGISLATIVAS, QUE NÃO TENHAM SIDO COLOCADAS À DISPOSIÇÃO ATÉ A


DATA DA ELABORAÇÃO DA APOSTILA, PODERÃO SER ENCONTRADAS GRATUITAMENTE NO SITE DA
APOSTILAS OPÇÃO, OU NOS SITES GOVERNAMENTAIS.

INFORMAMOS QUE NÃO SÃO DE NOSSA RESPONSABILIDADE AS ALTERAÇÕES E RETIFICAÇÕES


NOS EDITAIS DOS CONCURSOS, ASSIM COMO A DISTRIBUIÇÃO GRATUITA DO MATERIAL RETIFICADO,
NA VERSÃO IMPRESSA, TENDO EM VISTA QUE NOSSAS APOSTILAS SÃO ELABORADAS DE ACORDO
COM O EDITAL INICIAL. QUANDO ISSO OCORRER, INSERIMOS EM NOSSO SITE,
www.apostilasopcao.com.br, NO LINK “ERRATAS”, A MATÉRIA ALTERADA, E DISPONIBILIZAMOS
GRATUITAMENTE O CONTEÚDO ALTERADO NA VERSÃO VIRTUAL PARA NOSSOS CLIENTES.

CASO HAJA ALGUMA DÚVIDA QUANTO AO CONTEÚDO DESTA APOSTILA, O ADQUIRENTE


DESTA DEVE ACESSAR O SITE www.apostilasopcao.com.br, E ENVIAR SUA DÚVIDA, A QUAL SERÁ
RESPONDIDA O MAIS BREVE POSSÍVEL, ASSIM COMO PARA CONSULTAR ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS
E POSSÍVEIS ERRATAS.

TAMBÉM FICAM À DISPOSIÇÃO DO ADQUIRENTE DESTA APOSTILA O TELEFONE (11) 2856-6066,


DENTRO DO HORÁRIO COMERCIAL, PARA EVENTUAIS CONSULTAS.

EVENTUAIS RECLAMAÇÕES DEVERÃO SER ENCAMINHADAS POR ESCRITO, RESPEITANDO OS


PRAZOS ESTITUÍDOS NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.

É PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTA APOSTILA, DE ACORDO COM O


ARTIGO 184 DO CÓDIGO PENAL.

APOSTILAS OPÇÃO

A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos

A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
10-1 = 0,1
10-2 = 0,01
10-3 = 0,001
3 x 101 = 3 x 10 = 30
1,2 x 104 = 1,2 x 10.000 = 12.000
• CONHECIMENTOS BÁSICOS E FUNDAMENTAIS – NOÇÕES 2 x 10-1 = 2 x 0,1 = 0,2
DE ORDEM DE GRANDEZA. NOTAÇÃO CIENTÍFICA. SISTEMA 4,53 x 10-2 = 4,53 x 0,01 = 0,0453
INTERNACIONAL DE UNIDADES. METODOLOGIA DE INVES-
TIGAÇÃO: A PROCURA DE REGULARIDADES E DE SINAIS Observação: O número que multiplica a potência de dez deve estar
NA INTERPRETAÇÃO FÍSICA DO MUNDO. OBSERVAÇÕES E preferencialmente entre 1 e 10. Exemplo:
MENSURAÇÕES: REPRESENTAÇÃO DE GRANDEZAS FÍSI- 34 x 103 (evitar!!!)
CAS COMO GRANDEZAS MENSURÁVEIS. FERRAMENTAS
BÁSICAS: GRÁFICOS E VETORES. CONCEITUAÇÃO DE 34 x 103 = 3,4 x 104 (preferível)
GRANDEZAS VETORIAIS E ESCALARES. OPERAÇÕES BÁ-
No exemplo acima, o expoente de dez passou de 3 para 4 (aumentou
SICAS COM VETORES. em 1) porque na transformação de 34,0 para 3,4 a vírgula se deslocou
uma casa para a esquerda. Outro exemplo:
GRANDEZA FÍSICA
302,61 x 10-6 (evitar!!!)
Grandeza física é tudo aquilo que envolve medidas, ou seja, que po-
de ser medida. 302,61 x 10-6 = 3,0261 x 10-4 (preferível)
Medir significa comparar quantitativamente uma grandeza física com No exemplo acima, a vírgula de deslocou duas casas para a esquer-
uma unidade através de uma escala pré-definida. Em outras palavras, da e o expoente de dez aumentou em 2.
medir uma grandeza física é compará-la com outra grandeza de mesma
Por outro lado, quando a vírgula se desloca para a direita, o expoente
espécie, que é a unidade de medida. Verifica-se, então, quantas vezes a
de dez diminui na mesma quantidade de casas decimais deslocadas.
unidade está contida na grandeza que está sendo medida. Nas medições,
Exemplos:
as grandezas sempre devem vir acompanhadas de unidades.
Por exemplo, o comprimento de uma corda pode ser medida em me- 0,489 x 104 (evitar) = 4,89 x 103 (preferível)
tros. Quando de diz que um determinado pedaço de corda tem 3 m de
comprimento, significa dizer que esta corda pode ser dividida em 3 peda- 0,489 x 10-3 (evitar) = 4,89 x 10-4 (preferível)
ços de 1 metro, onde 1 metro é a unidade. Por outro lado, este mesmo MULTIPLICAÇÃO
pedaço de corda pode ser dividido em 300 pedaços de 1 centímetro,
onde 1 centímetro também é uma unidade. Em ambos os casos, a gran- Para multiplicar números em notação científica (potência de dez),
deza física é a mesma: basta somar os expoentes de dez e multiplicar os números que aparecem
na frente das potências normalmente. Exemplos:
“comprimento da corda”, embora as unidades sejam distintas. Outros
exemplos de grandezas físicas: massa, temperatura, velocidade, etc. (3 x10-2) x (4 x10-3) = (3 x 4) x (10-2-3) = 12 x 10-5 = 1,2 x 10-4
POTÊNCIAS DE DEZ, NOTAÇÃO CIENTÍFICA E ORDENS DE (3,2 x 102) x (2 x103) = (3,2 x 2) x (102+3) = 6,4 x 105
GRANDEZA
(2 x 10-5) x (4 x103) = (2 x 4) x (10-5+3) = 8 x 10-2
Na natureza, algumas grandezas são muito maiores que a unidade
DIVISÃO
empregada. Por exemplo, o diâmetro da terra é de aproximadamente
10.000.000 metros. Por outro lado, outras grandezas são muito menores Para dividir números em notação científica (potência de dez), basta
que a unidade, como por exemplo o raio de uma bactéria comum, que é diminuir os expoentes e dividir os números que aparecem na frente das
de aproximadamente 0,000001 metros. Nestes casos, escrever algaris- potências normalmente.
mos com muitos algarismos zero é inconveniente, podendo inclusive levar
a erros. Exemplos:

Emprega-se então a notação com potências de dez, também conhe- (3 x 10-2) ÷ (4 x 10-3) = (3 ÷ 4) x (10-2-(-3)) = 0,75 x 101 = 7,5
cida como notação científica. A vantagem do uso desta notação é substi- (3,2 x 102) ÷ (2 x 103) = (3,2 ÷ 2) x (102-3) = 1,6 x 10-1
tuir o número de zeros da grandeza por 10 elevado ao um expoente igual
ao número de zeros. Por exemplo: (2 x 10-5) ÷ (4 x 103) = (2 ÷ 4) x (10-5-3) = 0,5 x 10-8 = 5 x 10-9

 Diâmetro da terra: 10.000.000 m = 107 m SOMA E SUBTRAÇÃO

 Diâmetro da bactéria: 0,000001 m = 10-6 m Para somar ou subtrair números com notação científica (potência de
dez), os expoentes devem ser iguais. Portanto, o primeiro passo é trans-
No primeiro exemplo, o expoente 7 é igual ao número de zeros que formar os dois números para potências de dez com o mesmo expoente.
aparece no número que define o valor do diâmetro da terra. No segundo Assim, os números podem ser somados ou subtraídos normalmente.
exemplo o expoente 6 também é o número de zeros que define o valor da Exemplos:
grandeza “diâmetro da bactéria”, porém o expoente é negativo, o que
significa que é menor que a unidade. Outros exemplos: 10-2 + 10-3 = 1 x 10-2 + 1 x 10-3 =10 x 10-3 + 1 x 10-3 = 11 x 10-3 = 1,1 x
10-2
101=10
102=100 2,37 x 104 - 1,1 x 103 = 23,7 x 103 – 1,1 x 103 = 22,6 x 103 = 2,26 x 104

103=1000 2 + 3 x 10-6 = 2 + 0,000003 = 2,000003

Física 1 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ORDENS DE GRANDEZA  Velocidade da luz no vácuo 300.000.000 m/s (metros por segundo) =
A ordem de grandeza de uma grandeza física é a potência de dez 3 x 108 m/s (ordem de grandeza 108 m/s).
que mais se aproxima do valor da grandeza. Por exemplo, foi dito anteri-
 Potência média do motor de um automóvel de 1.000 cilindradas: 60
ormente que o diâmetro aproximado da terra é de 107 metros. Na verda-
de, um valor mais real para o diâmetro da terra é de 1,3 x 107 metros. CV (cavalosvapor) = 6 x 101 (ordem de grandeza de 101 CV).
Neste caso, diz se que a ordem de grandeza do diâmetro da terra é de
 Potência aproximada do motor de um carro de Formula-1: 1000 cv =
107 metros. Outros exemplos:
103 cv (ordem de grandeza de 103 cv).
 Altura média de uma pessoa adulta: 1,70 metros = 1,7 x 100 (ordem
de grandeza de 100 metros).  Distância equivalente a 1 ano-luz: 9,46 x 1015 metros (ordem de
grandeza de 1015 metros)
 Altura média de um edifício de 10 andares: 30 metros = 3 x 101
(ordem de grandeza de 101 metros).  Raio de um átomo de hidrogênio: 5 x 10-11 metros (ordem de gran-
 Velocidade média de um avião comercial de grande porte: 1000 km/h deza de 10-11 metros)
(quilômetros por hora) = 1 x 103 km/h (ordem de grandeza 103 km/h).
 Velocidade média de um automóvel de passeio em rodovias de pista
dupla: 110 km/h = 1,1 x 102 km/h (ordem de grandeza 102 km/h).

SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES (SI)


Conforme já mencionado, toda grandeza física pode ser medida e para se fazer um medição é necessário que se estabeleça uma unidade. Por
exemplo, a unidade de comprimento oficial no Brasil é o metro, cujo símbolo é “m”. Existem outras unidades de medida de comprimento, como a polega-
da, a milha, a jarda, etc. que são utilizadas principalmente nos E. U. A. Devido à grande influência econômica dos E.U.A. sobre os demais países, a
polegada acaba sendo também utilizada em países como o Brasil. No entanto, o sistema de unidades oficial do Brasil e da grande maioria dos demais
países do mundo é o Sistema Internacional de Unidades – SI. A Tab. 1 mostra as sete unidades fundamentais do SI, além da grandeza e o símbolo
correspondentes. Observe a maneira correta de escrever o nome da unidade e o símbolo. Por exemplo, o símbolo correto
de metro é “m” e não “M”, “mts”, etc. como comumente encontramos no cotidiano.
Tabela 1 – Unidades fundamentais do SI
Grandeza Unidade Símbolo
Comprimento metro m
Massa quilograma kg
Tempo segundo s
Corrente elétrica ampère A
Temperatura termodinâmica kelvin K
Quantidade de matéria mol mol
Intensidade luminosa candela cd
A partir destas sete unidades fundamentais, várias outras unidades podem ser derivadas. A Tab. 2 apresenta as unidades derivadas mais comuns e
que serão utilizadas no curso e na vida profissional técnica. A última coluna mostra como a grandeza é definida a partir das grandezas fundamentais.
Como pode-se perceber na coluna “Forma analítica”, todas as unidades derivadas podem ser escritas a partir das unidades fundamentais. Novamente,
observe nesta tabela a grafia correta de cada unidade e seus respectivos símbolos.

Tabela 2 – Unidades derivadas do SI


Grandeza Unidade Símbolo Forma analítica Definição
Área superficial metro quadrado m2 m2 m2
Volume sólido metro cúbico m3 m3 m3
Velocidade metro por segundo m/s m/s m/s
Aceleração metro por segundo quadrado m/s2 m/s2 m/s2
Vazão metro cúbico por segundo m3/s m3/s m3/s
Densidade volumétrica quilograma por metro cúbico kg/ m3 kg/ m3 kg/ m3
Ângulo plano radiano rad 1 m/m
Frequência hertz Hz 1/s 1/s
Força newton N kg·m/s² kg·m/s²
Pressão pascal Pa kg/(m·s²) N/m²
Energia joule J kg·m²/s² N·m
Potência watt W kg·m²/s³ J/s
Carga elétrica coulomb C A·s A·s
Tensão elétrica volt V kg·m²/(s³·A) W/A
Resistência elétrica ohm Ωk g·m²/(s³·A²) V/A
Capacitância farad F A²·s²·s²/(kg·m²) A·s/V
Temperatura em Celsius grau Celsius °C --- K-273,2

Física 2 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
MÚLTIPLOS E SUBMÚLTIPLOS DO SI
Alternativamente à notação científica, quando a grandeza física é muito maior ou muito menor que a unidade, é comum utilizar-se os múltiplos e
submúltiplos das unidades. A Tab. 3 apresenta a correspondência entre a notação científica e os múltiplos e submúltiplos do SI.
Cada múltiplo/submúltiplo do SI tem um símbolo correspondente, que deve ser escrito na frente do símbolo da unidade. Por exemplo, o símbolo k
(quilo) corresponde a 103. Assim, dizer que uma certa distância é de 120 km, corresponde a dizer que esta distância é igual 120 x 10 3 m, ou 1,2 x 105 m.
Tabela 3 – Múltiplos e submúltiplos das unidades do SI
10n Prefixo Símbolo Escala curta Equivalente decimal
1024 yotta Y Septilhão 1 000 000 000 000 000 000 000 000
1021 zetta Z Sextilhão 1 000 000 000 000 000 000 000
1018 exa E Quintilhão 1 000 000 000 000 000 000
1015 peta P Quadrilhão 1 000 000 000 000 000
1012 tera T Trilhão 1 000 000 000 000
109 giga G Bilhão 1 000 000 000
106 mega M Milhão 1 000 000
103 quilo k Milhar 1 000
102 hecto h Centena 100
101 deca da Dezena 10
100 nenhum nenhum Unidade 1
10−1 deci d Décimo 0,1
10−2 centi c Centésimo 0,01
10−3 mili m Milésimo 0,001
10−6 micro μ (*) Milionésimo 0,000 001
10−9 nano n Bilionésimo 0,000 000 001
10−12 pico p Trilionésimo 0,000 000 000 001
10−15 femto f Quadrilionésimo 0,000 000 000 000 001
10−18 atto a Quintilionésimo 0,000 000 000 000 000 001
10−21 zepto z Sextilionésimo 0,000 000 000 000 000 000 001
10−24 yocto y Septilionésimo 0,000 000 000 000 000 000 000 001
* Pode ser escrito como 'u' se o 'μ' não estiver disponível, como em '10uF'

TRANSFORMAÇÃO DE UNIDADES
Conforme já mencionado, o sistema de unidades oficial do Brasil é o SI. Infelizmente, é bastante comum a utilização de outros sistemas de unidades,
como o Inglês, onde a unidade de comprimento é a polegada. Outras unidades bastante utilizadas na prática são o quilograma-força (símbolo kgf) para
força, o cavalo vapor (símbolo CV) e “horse-power” (símbolo HP) para potência, a atmosfera (símbolo atm) e o bar (símbolo bar) para pressão, entre
muitos outros. Muitas vezes, é necessário transformar estas unidades para as do SI.
Isto pode ser feito de diversas maneiras, como:
 Substituição de múltiplos/submúltiplos
 Tabelas,
 Regra de três simples
SUBSTITUIÇÃO DE MÚLTIPLOS/SUBMÚLTIPLOS
O método da substituição de múltiplos e submúltiplos só pode ser usado para unidades do SI. Para transformar múltiplos e submúltiplos de unidades
basta escrever em notação em potência de dez e rearranjar para o múltiplo ou submúltiplo desejado. Exemplos:

 Potência de um motor elétrico: 8 kW = 8 x 103 W.

 Diâmetro de uma broca específica: 10 mm = 10 x 10-3 m = 10-2 m = 1 cm.


 Comprimento de um campo de futebol em km:

100 m = 100 x (10-3 x 103 m) = 102 x 10-3 km = 10-1 km = 0,1 km.

 Área de um campo de futebol em km2:

700 m2 = 700 x (10-3 km)2 = 7 x 102 x 10-6 km2 = 7 x 10-4 km2.

Física 3 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
MÉTODO DA TABELA
O método da tabela é usado para transformar unidades de sistemas diferentes. A Tab. 4 apresenta na coluna do meio os fatores que devem ser mul-
tiplicados à unidade da primeira coluna para se obter a unidade da última coluna. Por exemplo para se transformar polegada (primeira coluna) para metro
(última coluna), deve-se multiplicar por 0,0254 (1 pol x 0,00254 = 0,0254 m = 2,54 cm = 25,4 mm). Outros exemplos:
 5 ft em pol: 5 x 12 “ = 60”
 1 mi em km: 1 x 1.609 m = 1.609 m  1,6 km
 20 psi em kPa: 20 x 6.899 Pa = 137.980 Pa  138 kPa
 7.000 BTU/h em kW: 7.000 x 0,293 = 2.051 W  2 kW

Tabela 4 – Correspondência entre unidades do SI e outras unidades.


Unidade (símbolo) Multiplicar por Unidade (símbolo)
polegada (pol, inch, “) 0,0254 metro (m)
pé (ft) 12 polegada (pol, “)
milha terrestre (mi) 1.609 metro (m)
milha náutica (n.mi) 1.853 metro (m)
litro (l ) 10-3 metro cúbico (m3)
galão dos E.U.A 3,785 litro (l )
galão da Inglaterra 4,54 litro (l )
quilograma-força (kgf) aceleração da gravidade (9,81) newton (N)
libra-massa (lb) 0,454 quilograma (kg)
tonelada (t) 1.000 quilograma (kg)
libra-força (lbf) 0,454 x gravidade (9,81) = 4,45 newton (N)
atmosfera (atm) 101.325 pascal (Pa)
libra-força por polegada 6.899 pascal (Pa)
quadrada (psi, lbf/pol2)
quilograma-força por gravidade (9,81) x 104 pascal (Pa)
centímetro quadrado (kgf/cm2)
bar (bar) 105 pascal (Pa)

caloria (cal) 4,186 joule (J)


unidade térmica inglesa (BTU) 1.055 joule (J)
watt-hora (W.h) 3.600 joule (J)
Cavalo-vapor (CV) 736 watt (W)
Horse-power (HP) 746 watt (W)
BTU por hora (BTU/h) 0,293 watt (W)
tonelada de refrigeração (TR) 12.000 BTU/h
hora (h) 3.600 segundo (s)

Para se fazer a transformação inversa, ou seja transformar as unida- REGRA DE TRÊS SIMPLES
des da última coluna para as da primeira coluna, basta dividir pelo valor
da coluna do meio. Por exemplo, para transformar 5 metros cúbicos O método da regra de três simples é usado para transformar tanto
(última coluna) em litros (primeira coluna), deve-se dividir por 10-3 (coluna unidades de sistemas diferentes quanto unidades do SI. Basta saber a
do meio), ou seja: correspondência entre as unidades inicial e final. Por exemplo, para se
transformar 3 polegadas em metro, deve-se saber de antemão que 1 pol
5 3 corresponde a 0,0254 m (coluna do meio da Tab. 4). Nesta caso temos a
 5  10 ou 5.000 seguinte relação de proporção:
-3
10
Outros exemplos: 1 pol = 0,0254 m
3
2.10 3 pol = Xm
 2 kW em HP: 2.103 W =  2,68 HP
746
Efetuando a multiplicação cruzada temos: 1 . X = 3 . 0,0254.
3
800  10 Portanto: X = 0,0762 m
 800 kPa em atm: 800.103 =  7,9 atm
3
101,3  10
Física 4 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Suponha agora que queremos converter este valor para centímetros.
Devemos saber de antemão que 1 centímetro é igual a 10-2 metros (Tab.
3). Podemos então escrever a seguinte proporção:
1 cm = 10-2 m
X cm = 0,0762 m
Efetuando a multiplicação cruzada temos: 1 . 0,0762 = X . 10-2. Figura 1 – Área Da Superfície De Um Retângulo
Isolando X na equação acima temos: É importante observar que mesmo quando a área não tem forma de
0,0762 retângulo, a unidade de superfície será sempre a unidade de comprimen-
2
X  0,0762  10  7,62 cm to ao quadrado. Por exemplo, a área superficial de um círculo de raio “r” e
2
10 diâmetro “d” (ver Fig. 2), pode ser calculado com as seguintes fórmulas:
Outros exemplos:
 5 ft em pol:
1 ft = 12 “
5 ft = X”
1 . X = 5 . 12
X = 60”
 2 kW em HP:
1 HP = 746 W
X HP = 2.103 W
1. 2.103 = X . 746
3
2  10 Figura 2 – Área da superfície de um círculo
x  2,68 HP
746 Tanto “r” como “d” são medidos em [m], e ambos estão elevados ao
quadrado nas fórmulas.
Logo, a medida da área superficial “S “ de um círculo terá unidade
OBTENÇÃO DE UNIDADES PELO CONCEITO FÍSICO DAS GRANDEZAS [m2]. O mesmo raciocínio vale para qualquer outro formato de superfície.
Conforme já pode ser visto até agora, existe uma grande quantidade VOLUME
de unidades com as quais o profissional pode se deparar em sua vida. No
entanto, sabemos da importância de se dominar o conhecimento das De maneira semelhante à superfície, o volume é calculado a partir da
unidades das grandezas físicas. Para evitar termos que “decorar” todas multiplicação de dimensões de comprimento. Da matemática, sabemos
estas unidades, é possível deduzir a unidade de uma certa grandeza a que o volume de um cubo, por exemplo, é a medida do lado “a” elevado à
partir do conhecimento do seu conceito físico. Estudaremos aqui como potência 3 (ver Fig. 3). Logo, a unidade de volume é igual à unidade de
obter a unidade a partir da fórmula das seguintes grandezas físicas: comprimento elevada à potência 3 ou seja, [m3], [cm3], etc.
superfície, volume, densidade (linear, superficial e volumétrica), vazão,
pressão, potência elétrica e energia elétrica.
SUPERFÍCIE
Suponhamos que você deseja trocar o piso cerâmico do banheiro de
sua casa. O banheiro tem forma de retângulo e mede 2,5 metros de
largura por 4 metros de comprimento.
Se você for a uma loja de material de construção para comprar o piso
desejado, o vendedor vai perguntar qual a área em metros quadrados de
piso você deseja comprar. Para obter esta informação, você multiplica as
duas dimensões do chão do banheiro, ou seja: 2,5 m x 4 m = 2,5 x 4 x m Figura 3 – Volume de um cubo
x m = 10 m2. O símbolo m2 apareceu porque sabemos da matemática
que: X . X = X2. Desta forma, se lembrarmos que a medida de superfície é Semelhante ao que acontece com a área superficial, o volume terá
sempre o produto de duas dimensões de comprimento, a unidade de sempre unidades de comprimento ao cubo (potência 3), independente-
superfície será a unidade de comprimento ao quadrado. A Fig. 1 apresen- mente do formato. Ex. esfera, paralelepípedos, cones, etc.
ta isso de forma resumida.

A CIÊNCIA COMO CONSTRUÇÃO HUMANA

Os símbolos, as fórmulas, as tabelas, os gráficos e as relações ma-


temáticas que nós encontramos nos livros das ciências são os instrumen-
tos, são a forma própria com que aqueles que fazem a Biologia, a Física,
a Química e outras ciências se expressam, isto é, comunicam o conheci-
mento que conseguiram produzir.
OS SINAIS DA CIÊNCIA
Vamos investigar um pouco mais a presença da ciência em nossas
vidas.

Física 5 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Para isso, é preciso levar em conta que a Física, a Biologia, a Quími- agasalhar, o telefone para comunicarmos mais rápido, a televisão para
ca, enfim, todas as ciências têm formas particulares de expressar as trazer notícias do outro lado do mundo.
relações que elas estabelecem entre os fatos e os fenômenos que elas
estudam, assim como os resultados de suas experiências. Essas formas Todas essas coisas foram inventadas, construídas e melhoradas pa-
particulares constituem uma linguagem especial, que é utilizada para ra aumentar a capacidade do homem em todos os sentidos: algumas
expressar o significado das relações e das transformações que estão para tornar as nossas atividades de trabalho mais eficientes; outras para
sendo estudadas. nos dar maior conforto e prazer; outras para ampliar o nosso tempo de
vida. Pense numa lista de coisas que você utiliza normalmente em um dia
Quando nós queremos expressar nosso conhecimento, quando que- para fazer as suas atividades. Observe que cada uma dessas coisas que
remos contar algo que sabemos, nós utilizamos uma linguagem que você utiliza é para lhe ajudar, ou seja, elas aumentam ou ampliam os
aprendemos ao longo de nossa vida. Usamos, então, o que é chamado resultados de suas ações. Com certeza, essa lista será enorme, quase
de linguagem natural – o português, no nosso caso. sem fim.
Usando essa linguagem, que todos nós aprendemos e que todos nós
conhecemos, nós nos comunicamos. Com ela, podemos transmitir nosso
conhecimento, informando a alguém como chegar a algum lugar, pode-
mos ensinar a quem não sabe a utilização do caixa automático de um
banco, podemos contar para um outro nossos sonhos e nossos sentimen-
tos.
Com as ciências é a mesma coisa. Quem faz ciência – os cientistas –
tem necessidade de uma linguagem própria para expressar o seu conhe-
cimento, isto é, o que descobriu a respeito das coisas, dos fatos, dos
fenômenos que estudou, que analisou. Para fazer isso, o cientista utiliza
também uma linguagem que é diferente, às vezes muito diferente, da
nossa linguagem de todos os dias. Assim, a linguagem das ciências é
uma linguagem diferente, mas ela não é misteriosa, ela não é esotérica,
ela não é secreta. Para conhecê-la, para usá-la, basta um pouco de
esforço e algum estudo.
É por isso que este item se chama “sinais da ciência”. Tem esse no-
me porque nele vamos nos familiarizar com códigos, termos científicos e
tecnológicos e também com os caminhos que a ciência utiliza para expli-
car fenômenos importantes do mundo em que vivemos. Todas essas coisas como cama, relógio, ônibus, televisão, fogão,
roupa, remédios foram inventadas, desenvolvidas e construídas basea-
AS LINGUAGENS E CÓDIGOS DA CIÊNCIA das em resultados de pesquisas científicas e tecnológicas e assim, fre-
quentemente, são chamadas de “objetos” tecnológicos. Para se ter uma
Vamos utilizar um problema que está relacionado com o tratamento ideia de como dependemos desses objetos tecnológicos, basta imaginar
do solo para que nele possam ser plantados girassóis. Tratar a terra para uma situação bastante conhecida de todos nós: um dia em que “acaba a
que ela possa produzir melhor verduras, frutas, legumes e grãos, por luz”. Que transtorno, quase tudo deixa de funcionar! Nós nos sentimos
exemplo, é uma prática muito importante. Por isso, desde tempos mais completamente perdidos, porque da nossa maneira de viver fazem parte
antigos, os agricultores e, nos últimos séculos, os cientistas procuram todas essas coisas.
conhecer os recursos que podem ser usados para obter bons rendimen-
tos das terras cultivadas e para proteger as plantações das pragas e do Um cotidiano sem eletricidade é um cotidiano de natureza bem dife-
mau tempo. rente daquele que conhecemos hoje. Imagine como seriam as atividades
de um jovem da época em que não se conhecia a energia elétrica. Como
A tecnologia em nosso dia-a-dia ele estudava? Como ele se divertia?
Dos objetos que aparecem no quadro ao lado, você é capaz de dizer O que bebia? O que comia? Que profissões existiam? Que doenças
quais começaram a frequentar as nossas casas há mais de 20 anos? E adquiriam? Que tratamentos existiam? Se, por um lado, toda essa tecno-
há mais de 50 anos? E há mais de 100 anos? A geladeira, a televisão e o logia que existe hoje proporciona a melhoria da qualidade de vida, por
carro começaram a fazer parte de cenário familiar há mais de 50 anos. outro, ela cria outros valores baseados, muitas vezes, em razões mais
A cama, o relógio e a panela há mais de 100 anos. Telefone celular, técnicas e comerciais do que humanas.
microcomputador e toca-CD com certeza só fazem parte do cotidiano das Para a utilização consciente e correta de todos esses produtos tecno-
pessoas que vivem no momento atual. Todos esses aparelhos ou coisas lógicos, que fazem parte de nosso dia-a-dia, é necessário compreender,
foram mudando no tempo, seja na aparência, na durabilidade, na eficiên- além dos conhecimentos técnico-científicos neles envolvidos, os aspectos
cia. Procure ver em livros, revistas ou fotos antigas como eram esses éticos e sociais relacionados com a sua produção, comercialização e
produtos na década de 50. Por exemplo, o automóvel era de lataria utilização.
bastante rígida e baixa durabilidade, enferrujando em menos de dois
anos; o formato pouco aerodinâmico e motor de baixa eficiência desen-
volviam aproximadamente 5km por litro. E o que dizer da beleza do
carro? O bonito também muda com o tempo. FERRAMENTAS BÁSICAS: GRÁFICOS E VETORES.
CONCEITUAÇÃO DE GRANDEZAS VETORIAIS E ESCALARES. OPE-
Se você conhece um eletricista com mais de 50 anos, pergunte a ele RAÇÕES BÁSICAS COM VETORES.
como eram as antigas televisões. Provavelmente, ele terá uma guardada
em uma de suas prateleiras. Pergunte, também, como era o rádio dessa
época. Pergunte como funcionavam esses aparelhos. VETORES

Para que foram inventadas todas essas coisas? A geladeira, por A representação matemática de uma grandeza vetorial é o vetor re-
exemplo, para conservar os alimentos por mais tempo, o despertador presentado graficamente pelo segmento de reta orientado (Fig. 1), que
para avisar a hora de levantar, a faca para ajudar a cortar o pão, o CD apresenta as seguintes características:
para trazer a música para casa, o ônibus para levar ao trabalho, a lâmpa- Módulo do vetor - é dado pelo comprimento do segmento em uma
da para enxergarmos à noite, o remédio para curar doença, a roupa para escala adequada (d = 5 cm).

Física 6 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Direção do vetor - é dada pela reta suporte do segmento (30o com a origem do primeiro e extremidade coincidente com a extremidade do
horizontal). segundo) (Fig. 3).
Sentido do vetor - é dado pela seta colocada na extremidade do
segmento.
Notação:

ou d: vetor deslocamento Figura 4 - Adição de dois vetores:


a: vetor aceleração Método do paralelogramo
V: vetor velocidade Método do paralelogramo: consiste em colocar as origens dos dois
vetores coincidentes e construir um paralelogramo; o vetor soma (ou
Exemplo de vetores: a fig. 2 representa um cruzamento de ruas, tal
vetor resultante) será dado pela diagonal do paralelogramo cuja origem
que você, situado em O, pode realizar os deslocamentos indicados pelos
coincide com a dos dois vetores (Fig. 4). A outra diagonal será o vetor
vetores d1, d2, d3, e d4. Diferenciando estes vetores segundo suas carac-
diferença.
terísticas, tem-se que:
Adição de dois vetores perpendiculares entre si
Os vetores d1 e d3 têm a mesma direção, mesmo módulo, e sentidos
opostos.
Os vetores d2 e d4 têm a mesma direção, módulos diferentes e senti-
dos opostos.
Os vetores d1 e d2 têm o mesmo módulo, direções e sentidos diferen-
tes.
Os vetores d3 e d4 têm módulos, direções e sentidos diferentes. Figura 5 - Adição de dois vetores
perpendiculares entre si
Geometricamente, aplica-se o método da triangulação ou do parale-
logramo (fig. 5) para determinar o vetor resultante dr.
Determina-se o módulo do vetor resultante aplicando-se o teorema
de Pitágoras para o triângulo ABC da fig. 5.

dr2 = d12 + d22 (1)


Aplicação numérica
Sendo d1 = 3 cm e d2 = 4 cm, o módulo do vetor resultante dr é cal-
culado substituindo estes valores em (1):
dr2 = 32 + 42 = 25
dr = 5 cm
Observação: O vetor diferença é obtido de modo análogo ao vetor
Figura 2 - Vetores deslocamento. soma; basta fazer a soma do primeiro vetor com o oposto do segundo
Adição de dois vetores vetor.

Considere que o PUCK realizou os seguintes deslocamentos: 3,0 cm d = d1 + ( -d2)


na direção vertical, no sentido de baixo para cima (d1), e 4,0 cm na dire- Componentes de um vetor
ção horizontal (d2), no sentido da esquerda para a direita (fig. 5). Considere o vetor deslocamento d como sendo o da fig. 6a. Para de-
O deslocamento resultante não é simplesmente uma soma algébrica terminar as componentes do vetor, adota-se um sistema de eixos cartesi-
(3 + 4), porque os dois vetores d1 e d2 têm direções e sentidos diferentes. anos. As componentes do vetor d, segundo as direções x e y, são as
projeções ortogonais do vetor nas duas direções.
Há dois métodos, geométricos, para realizar a adição dos dois veto- Notação:
res, dr = d1 + d2, que são:
dx: componente do vetor d na direção x
dy: componente do vetor d na direção y

Figura 3 - Adição de dois vetores:


Figura 6a - Os vetores dx e dy são as componentes retangulares do vetor d.
Vamos entender o que seriam estas projeções. Para projetar o vetor
Método da triangulação na direção x basta traçar uma perpendicular da extremidade do vetor até
Método da triangulação: consiste em colocar a origem do segundo o eixo x e na direção y traça-se outra perpendicular da extremidade do
vetor coincidente com a extremidade do primeiro vetor, e o vetor soma vetor até o eixo y; estas projeções são as componentes retangulares dx e
(ou vetor resultante) é o que fecha o triângulo (origem coincidente com a dy do vetor d (fig. 6a).

Física 7 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Qual o significado das componentes do vetor? Significa que os dois posição inicial e transportar esta medida para a nova posição. O erro é
vetores componentes atuando nas direções x e y podem substituir o vetor menor medindo-se desta forma do que com régua.
d, produzindo o mesmo efeito.
Para determinar os valores destas componentes, aplicam-se as rela-
ções trigonométricas para o triângulo retângulo OAB (fig.6a ou 6b).

Figura 2
(A) Adição de dois vetores (triangulação).
(B) Diferença entre dois vetores (triangulação).
As fig. 2A e 2B mostram como se faz a adição e a diferença entre
dois vetores S1 e S2 (fig. 1A), usando o método da triangulação.
Figura 6b - Triângulo retângulo OAB.
A adição de dois vetores (fig. 2A) foi realizada movendo-se o vetor S2
Para o triângulo OAB da fig. 6b, que é o da mesmo da fig. 6a, valem tal que a origem dele coincidisse com a extremidade de S1.
as relações: O vetor soma S1 + S2 é o vetor que fecha o triângulo, cuja origem
sen = cateto oposto / hipotenusa = dy / d. coincide com a origem do primeiro vetor e a extremidade coincide com a
Resolvendo para dy, tem-se que: extremidade do segundo vetor.
A diferença entre os dois vetores (S2 e S1) foi realizada movendo-se
dy = d sen
o vetor S1 (fig. 2B), considerando o vetor oposto (- S1).
componente vertical do vetor d na direção Y (2a)
O vetor diferença S2 - S1 é o vetor que fecha o triângulo, cuja origem
cos = cateto adjacente / hipotenusa = dx / d. coincide com a origem do vetor S2 e a extremidade coincide com a ex-
Resolvendo para dx , tem-se que: tremidade do vetor - S1.
dx = d cos Se quisermos a diferença S1 - S2 , devemos mover o vetor S2, consi-
componente horizontal do vetor d na direção X (2b) derando o oposto dele (-S2).
Vetor velocidade
Aplicação numérica Sabemos que V = S/ t =(S2 - S1)/ t (1)
Podemos determinar a direção e o sentido do vetor V determinando a
diferença entre dois vetores deslocamento graficamente, usando a regra
do paralelogramo ou da triangulação (fig. 2B). O módulo é determinando
dividindo-se a medida do vetor S por t.
O vetor V tem a mesma direção e o mesmo sentido de S; o módulo
de V é proporcional a S.
Vetor aceleração
O vetor aceleração é dado pela relação:
Considerando que o módulo do vetor deslocamento é igual a 3,0 m, e A= V/ t (2)
o ângulo que este deslocamento faz com a direção X é igual a 60o, de-
Esta relação pode se reescrita em função de S. Como V = S / t ,
terminar as componentes deste vetor, dx e dy.
substituindo em (2), obtemos:
Substituindo em (2b):
A = ( S / t) / t
dx = d cos = 3,0 cos 60o = 3,0 * 0,50
A = S / t2 (3)
dx = 1,5 m
A vantagem da equação (3) é que expressando a aceleração em
Substituindo em (2a):
termos do vetor diferença S, a direção e o sentido do vetor A são os
dy = d sen = 3,0 sen 60o = 3,0 * 0,87 mesmos de S e o módulo de A é proporcional a S.
dy 2,6 m Para determinar graficamente o vetor A, o primeiro passo é construir
o vetor diferençça S. Este vetor aponta na mesma direção e sentido de
A. Medimos o comprimento deste vetor S em centímetros, e em seguida
dividimos o resultado por t2 (fig. 2).
ANÁLISE GRÁFICA DO MOVIMENTO
Repetindo este processo para cada duas posições sucessivas de
Movendo vetores uma trajetória, obtemos um quadro detalhado da aceleração do movimen-
Quando vamos fazer a adição ou a diferença de dois vetores grafi- to.
camente, precisamos mover o vetor tal que ele tenha sua origem coinci- Vamos aplicar este processo, considerando que a trajetória do movi-
dente com um novo ponto. mento do PUCK seja o da fig.3. (Huggins, 1979)
Vamos ver como se faz esta translação geometricamente.

Figura 1
(A) Os vetores deslocamento S1 e S2. (B) Movendo um vetor (S1).
Para mover um vetor (S1) para uma nova posição temos que, primei-
ro, desenhar uma reta paralela com o auxílio de uma régua e um transfe-
ridor como mostra a fig. 1B, transportando o vetor paralelamente para a
nova posição. Figura 3 - Determinando os vetores S1 e S2 em uma trajetória do PUCK
Para colocar o comprimento do vetor na nova posição, pode-se usar Medindo os comprimentos destes vetores S1 e S2 (fig. 3) que são
um pedaço de papel ou um compasso para medir o comprimento na iguais a 1 cm e considerando os intervalos de tempo t1 e t2 entre duas
Física 8 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
posições sucessivas iguais a 0,1s, obtemos os valores das acelerações PONTO REFERENCIAL
nas posições (1) e (2): Para determinarmos situações de movimento e repouso devemos
A1 = A2 = S/ t2 = (1 cm) / (0,1)2 = 100 cm/s2 adotar algum ponto como referencial, a partir do qual poderemos fazer a
classificação.
e a direção e o sentido de A1 e de A2 são os mesmos de S1 e S2, O Ponto Referencial pode ser qualquer objeto, e é considerado sem-
respectivamente. pre em repouso.
Deste modo obtemos as acelerações A1, A2, A3,...An graficamente. Você deve tomar cuidado com a classificação de situações de movi-
mento e repouso, pois estas são feitas em relação ao ponto referencial,
mesmo parecendo absurdas para o observador.
MOVIMENTO
Um corpo está em movimento quando a distância deste em relação
• O MOVIMENTO, O EQUILÍBRIO E A DESCOBERTA DE LEIS ao ponto referencial muda com o passar do tempo.
FÍSICAS – GRANDEZAS FUNDAMENTAIS DA MECÂNICA: REPOUSO
TEMPO, ESPAÇO, VELOCIDADE E ACELERAÇÃO. RELAÇÃO Um corpo está em repouso quando a distância deste em relação ao
HISTÓRICA ENTRE FORÇA E MOVIMENTO. DESCRIÇÕES DO ponto referencial não muda com o passar do tempo.
MOVIMENTO E SUA INTERPRETAÇÃO: QUANTIFICAÇÃO DO Exemplo:
MOVIMENTO E SUA DESCRIÇÃO MATEMÁTICA E GRÁFICA. Considere uma caneta colocada no bolso de um homem que cami-
CASOS ESPECIAIS DE MOVIMENTOS E SUAS REGULARIDA- nha pela sala. Em relação a um observador na mesma sala a caneta
DES OBSERVÁVEIS. CONCEITO DE INÉRCIA. NOÇÃO DE encontra-se em movimento ou em repouso? E em relação ao dono da
SISTEMAS DE REFERÊNCIA INERCIAIS E NÃO INERCIAIS. caneta?
NOÇÃO DINÂMICA DE MASSA E QUANTIDADE DE MOVI- Resposta:
MENTO (MOMENTO LINEAR). FORÇA E VARIAÇÃO DA Em relação ao observador a caneta encontra-se em movimento, pois
QUANTIDADE DE MOVIMENTO. LEIS DE NEWTON. CENTRO a distância entre o ponto referencial (observador) e o objeto (caneta) está
DE MASSA E A IDEIA DE PONTO MATERIAL. CONCEITO DE mudando. Em relação ao dono da caneta, esta encontra-se em repouso,
FORÇAS EXTERNAS E INTERNAS. LEI DA CONSERVAÇÃO pois a distância entre ambos não se altera.
DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO (MOMENTO LINEAR) E TRAJETÓRIA
TEOREMA DO IMPULSO. MOMENTO DE UMA FORÇA (TOR- É a representação gráfica do movimento de um objeto.
QUE). CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO ESTÁTICO DE PONTO Quando um objeto está em movimento, este ocupa várias posições
MATERIAL E DE CORPOS RÍGIDOS. FORÇA DE ATRITO, diferentes no espaço. A união dos pontos correspondentes às várias
FORÇA PESO, FORÇA NORMAL DE CONTATO E TRAÇÃO. posições adotadas corresponde à trajetória.
DIAGRAMAS DE FORÇAS. IDENTIFICAÇÃO DAS FORÇAS Cabe observar que a trajetória depende do referencial adotado, pois
QUE ATUAM NOS MOVIMENTOS CIRCULARES. NOÇÃO DE em relação a vários referenciais diferentes as trajetórias serão diferentes.
FORÇA CENTRÍPETA E SUA QUANTIFICAÇÃO. A HIDROSTÁ- Exemplo:
TICA: ASPECTOS HISTÓRICOS E VARIÁVEIS RELEVANTES. Qual a trajetória de uma laranja caindo de uma árvore em relação a
EMPUXO. PRINCÍPIOS DE PASCAL, ARQUIMEDES E STEVIN: um observador parado na frente da árvore? E em relação a um observa-
CONDIÇÕES DE FLUTUAÇÃO, RELAÇÃO ENTRE DIFERENÇA dor que passa em um carro que se afasta da árvore?
DE NÍVEL E PRESSÃO HIDROSTÁTICA.

CINEMÁTICA ESCALAR
Divisão da Mecânica
A Mecânica estuda o movimento dos corpos. Para estudarmos a Me- Resposta:
cânica, dividimo-la em duas grandes partes denominadas Cinemática e No primeiro caso a trajetória será uma reta vertical, e no segundo um
Dinâmica. arco de parábola.
POSIÇÃO OU ESPAÇO
A Cinemática procura apenas descrever o movimento dos corpos,
sem preocupar-se com as suas causas, e está dividida em Cinemática E a distância medida sobre a trajetória a partir do ponto referencial.
Escalar e Cinemática Vetorial. A Dinâmica, por sua vez, explica as cau- Esta distância pode ser medida em qualquer unidade.
sas dos movimentos e faz a ligação com os efeitos. É representada pela letra S.
ORIGEM
Para que seja possível descrever um movimento de forma correta,
precisamos de certos elementos que são medidos, como tempo, posição, O ponto referencial, a partir do qual começaremos a contagem da
velocidade e aceleração. Essas medidas são chamadas de Grandezas distância de um objeto recebe o nome de origem, e adota sempre o valor
Físicas, e permitem a descrição perfeita do movimento de um corpo. zero.
Para saber se um móvel encontra-se à direita ou a esquerda da ori-
PONTO MATERIAL gem, adotamos arbitrariamente um sentido positivo para a trajetória. O
Um corpo é considerado ponto material quando suas dimensões não mais comum é adotar o sentido da esquerda para a direita como sendo o
interferem no fenômeno estudado. Um corpo pode ser ou não ponto positivo.
material, dependendo apenas do fenômeno que está sendo estudado. Exemplo:
Um carro em uma estrada pode ser considerado um ponto material, pois
sua dimensão pode ser desprezada, quando comparada com a dimensão
da estrada, mas o mesmo carro não será ponto material quando conside-
rarmos o movimento de manobra em uma garagem, pois seu tamanho
não pode ser desprezado em relação ao tamanho da garagem.

Física 9 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Desta maneira, quando o móvel estiver colocado à esquerda da ori- INTERVALO DE TEMPO
gem, adotará posições com valores negativos e quando estiver à direita,
adotará valores positivos para suas posições. É a diferença entre o instante final e o instante inicial do movimento.
E representado por At.
Lembre-se que esta convenção é a mais comum, mas não é a única,
foi adotada arbitrariamente, podendo ser modificada, conforme a vontade t = t – t0
ou necessidade que a resolução de uma questão nos coloque.
onde:
t = intervalo de tempo t = instante final
POSIÇÃO INICIAL
t0 = instante inicial
É representada por S0 e indica a posição do móvel no instante inicial
(t = 0). Você deve tomar cuidado para não confundir posição inicial com Tome o seguinte exemplo: Um caminhão parte da cidade A às 9 ho-
origem. A posição inicial pode adotar qualquer valor, inclusive o zero, mas ras e chega à cidade B às 15 horas. Qual o intervalo de tempo gasto na
a origem sempre tem como valor o zero. viagem?
Tome a seguinte situação como exemplo: t = t – t0 = 15 - 9 = 6 h
Um automóvel parte do km 25 de uma estrada, no sentido da trajetó- VELOCIDADE
ria, para uma viagem que durará 6 horas. Ao final deste período o auto-
móvel irá encontrar-se no km 505 da mesma estrada. A velocidade mede a distância percorrida por um móvel em um dado
intervalo de tempo.
A partir da afirmação dada acima, podemos concluir que a posição
inicial é 25 km, e não zero, pois o automóvel está a 25 km da origem no VELOCIDADE MÉDIA
início do movimento; a posição final é 505 km.
S
VM 
DESLOCAMENTO t
É a variação de posição sofrida pelo móvel, e é representado por S.
Velocidade Média é a relação entre o deslocamento e o intervalo de
Esta variação é determinada pela subtração tempo. E representada por VM onde:
das posições final e inicial:
VM = velocidade média;
S = S – S0 S = deslocamento;
onde: t = intervalo de tempo.
S = deslocamento; Unidades:
S = posição final; Pelo Sistema Internacional a velocidade é medida em m/s, mas po-
S0 = posição inicial. demos utilizar outras unidades como km/h, cm/s, etc.

Utilizando o exemplo do item anterior, podemos calcular qual o des- Em alguns casos é necessário converter a velocidade de km/h para
locamento realizado pelo automóvel. m/s. Para fazê-lo basta dividir o valor dado por 3,6.

posição inicial: Exemplo:

S0 = 25 km posição final : S = 505 km Um móvel encontra-se a uma velocidade de 72 km/h, qual sua velo-
cidade em m/s?
deslocamento:
Resolução:
S = S - S0 = 505 - 25 = 480 km
v = 72 km/h :3,6
20 m/s
MOVIMENTO PROGRESSIVO
É possível, também, classificar o movimento em função da velocida-
É todo movimento que ocorre com S > O. de:
O exemplo do item anterior é um caso de movimento progressivo (S Movimento Progressivo: v > 0.
> 0).
Movimento Retrógrado : v < 0.
ACELERAÇÃO
MOVIMENTO RETRÓGRADO
Mede o quanto a velocidade aumenta, ou diminui, em um dado inter-
É todo movimento que ocorre com S < 0. valo de tempo.
Exemplo: Se o valor da aceleração for positivo, a velocidade estará aumentan-
do, e se for negativo, a velocidade estará diminuindo.
Um ônibus parte do km 300 de uma estrada e, após 3 horas, encon-
tra-se no km 90 da mesma estrada. Classifique o movimento em progres- ACELERAÇÃO MÉDIA
sivo ou retrógrado.
Aceleração média é a relação entre a variação de velocidade e o in-
Resolução: tervalo de tempo. E representada por M
Primeiro calculamos o S:
V
S = S – S0 = 90 -300= - 210 km M 
t
Como o S é negativo, classificamos o movimento como retrógrado.

Física 10 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
onde: Foi este italiano quem primeiro estudou, com rigor, os movimentos na
Terra. As suas experiências permitiram chegar a algumas leis da Física
M = aceleração média; que ainda hoje são aceitas. Foi também Galileu que introduziu o método
V = variação da velocidade; experimental: Na base da Física, estão problemas acerca dos quais os
físicos formulam hipóteses, as quais são sujeitas à experimentação, ou
t = intervalo de tempo. seja, provoca-se um dado fenômeno em laboratório de modo a ser
possível observá-lo e analisá-lo cuidadosamente. Galileu procedeu à
mas temos que V = V - V0 , várias experiências, como deixar cair corpos de vários volumes e massas,
com v = velocidade final; estudando os respectivos movimentos. Tais experiências permitiram-lhe
chegar a conclusões acerca do movimento em queda livre e ao longo de
v0 = velocidade inicial. um plano inclinado. Também fez o estudo do movimento do pêndulo,
Unidades: segundo o qual concluiu que independentemente da distância percorrida
pelo pêndulo, o tempo para completar o movimento é sempre o mesmo.
No Sistema Internacional, a aceleração é medida em m/s2, mas po- Através desta conclusão construiu o relógio de pêndulo, o mais preciso
de-se utilizar outras unidades como km/h2, cm/s2, etc. da sua época.
 Movimento Segundo Isaac Newton
RELAÇÃO HISTÓRICA ENTRE FORÇA E MOVIMENTO. Foi Isaac Newton quem, com base nos estudos de Galileu,
desenvolveu os principais estudos acerca do movimento, traçando leis
MOVIMENTO gerais, que são amplamente aceites hoje em dia. As leis gerais do
Em física, movimento é a variação de posição espacial de um objeto movimento, enunciadas por Newton são:
ou ponto material no decorrer do tempo. Primeira Lei de Newton: Também conhecida como Lei da Inércia,
Na filosofia clássica, o movimento é um dos problemas mais enuncia que:
tradicionais da cosmologia, desde os pré-socráticos, na medida em que "Todo corpo continua no estado de repouso ou de movimento
envolve a questão da mudança na realidade. Assim, o mobilismo de retilíneo uniforme, a menos que seja obrigado a mudá-lo por forças a ele
Heráclito considera a realidade como sempre em fluxo. A escola eleática aplicadas."
por sua vez, principalmente através dos paradoxos de Zenão, afirma ser
o movimento ilusório, sendo a verdadeira realidade imutável. Segunda Lei de Newton: Também conhecida como Lei
Fundamental da Dinâmica, enuncia que:
Aristóteles define o movimento como passagem de potência a ato,
distinguindo o movimento como deslocamento no espaço; como mudança "A resultante das forças que agem num corpo é igual a variação da
ou alteração de uma natureza; como crescimento e diminuição; e como quantidade de movimento em relação ao tempo"
geração e corrupção (destruição).
Terceira Lei de Newton: Também conhecida como Lei de Ação-
No universo descrito pela física da relatividade, o movimento nada Reação, enuncia que:
mais é do que a variação de posição de um corpo relativamente a um
"Se um corpo A aplicar uma força sobre um corpo B, receberá deste
ponto chamado "referencial".
uma força de mesma intensidade, mesma direção e sentido oposto à
Estudo do movimento força que aplicou em B."
A ciência Física que estuda o movimento é a Mecânica. Ela se Tais leis são fundamentais no estudo do movimento em Física, e são
preocupa tanto com o movimento em si quanto com o agente que o faz essenciais na resolução de problemas relacionados com movimento,
iniciar ou cessar. Se abstraírem-se as causas do movimento e preocupar- velocidade, aceleração e forças, em termos físicos e reais. Assim todas
se apenas com a descrição do movimento, ter-se-á estudos de uma parte as forças físicas (forças eletromotrizes) expressadas em (Nwe) são
da Mecânica chamada Cinemática (do grego kinema, movimento). Se, ao utilizadas majoritariamente em casos de extrema necessidade, com por
invés disso, buscar-se compreender as causas do movimento, as forças exemplo: - força exercida quando feita por um eletroímã; - quando feita a
que iniciam ou cessam o movimento dos corpos, ter-se-á estudos da polarização direta de um imã sob carga; - o simples ato de retirar a mão
parte da Mecânica chamada Dinâmica (do grego dynamis, força). Existe após uma carga de aproximadamente 220-230 volts; - polarização do
ainda uma disciplina que estuda justamente o não-movimento, corpos polo norte para o sul.
parados: é a Estática (do grego statikos, ficar parado). De certo modo, a
estaticidade é uma propriedade altamente específica, pois só se
apresenta para referenciais muito especiais, de modo que o comum é que
MOVIMENTO ACELERADO
em qualquer situação, possamos atribuir movimento ao objeto em
análise. Ocorre quando velocidade e aceleração têm o mesmo sinal.
Notas históricas MOVIMENTO RETARDADO
 Movimento Segundo Aristóteles Ocorre quando velocidade e aceleração têm sinais diferentes.
Segundo Aristóteles todos os corpos celestes no Universo possuíam Exemplo:
almas, ou seja, intelectos divinos que os guiavam ao longo das suas
viagens, sendo portanto estes responsáveis pelo movimento do mesmo. Um motorista está em seu automóvel a uma velocidade de 90 km/h.
Em um dado instante percebe um obstáculo na estrada, tendo que parar
Existiria, então, uma última e imutável divindade, responsável pelo seu veículo em 10 segundos. Qual aceleração média deve ser aplicada
movimento de todos os outros seres, uma fonte universal de movimento, nos freios a fim de parar o carro? Classifique o tipo de movimento em
que seria, no entanto, imóvel. Todos os corpos deslocar-se-iam em acelerado ou retardado.
função do amor, o qual nas últimas palavras do Paraíso de Dante, movia
o Sol e as primeiras estrelas. Aristóteles nunca relacionou o movimento Resolução:
dos corpos no Universo com o movimento dos corpos da Terra. Dados:
 Movimento Segundo Galileu V0 = 90 km/h = 25 m/s

Física 11 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
V = 0 ( o automóvel deve parar) ENCONTRO DE MÓVEIS
t =10s Dois móveis “encontram-se” quando, em um dado instante, adotam a
mesma posição, ou seja, S 1 = S2 .
Variação de velocidade:
Este encontro pode ocorrer entre objetos que se deslocam em senti-
V = V - V0 = 0 - 25 = -25 m/s dos contrários:
Aceleração média:

V -25
M    2,5 m / s2
t 10
Classificação do movimento:
O movimento é retardado, pois a velocidade inicial e a aceleração
média têm sinais diferentes: a velocidade inicial é positiva e a aceleração ou quando há ultrapassagem:
média é negativa.
MOVIMENTO UNIFORME
É todo movimento que ocorre com velocidade escalar constante e di-
ferente de zero. No Movimento Uniforme (M.U.) a aceleração escalar é
nula.
Para representar um Movimento Uniforme nos utilizamos de uma
equação horária de primeiro grau: Exemplo:
Dois móveis, A e B, possuem equações horárias: SÃ =20+ 3.t e SB =
S = S0 + V.t onde: 50- 2.t, em unidades dó Sistema Internacional. Determine:
a) O instante de encontro dos móveis;
S = posição final b) A posição de encontro dos móveis.
S0 = posição inicial Resolução:
a) No encontro temos que SA = SB:
V = velocidade
SA = SB  20+3.t = 50 - 2.t 
t = tempo.
3.t +2.t = 50 – 20  5.t = 30 
Esta equação horária relaciona a posição do móvel com o instante
escolhido. 30
t=  t = 6s
Unidades: 5
Portanto o instante de encontro é 6 s após o início do movimento.
As posições podem ser medidas em m (S.I.), km, cm, etc.
As velocidades podem ser medidas em m/s (S.I.), km/h, cm/s, etc.
b) Pode-se substituir o instante de encontro (t = 6s) na equação ho-
Os tempos podem ser medidos em s (S.I.), h, mm, etc. rária de SA ou na de SB . O resultado é o mesmo:
Exemplo: Em SA:
SA = 20+3.6  SA= 20 + 18  SA = 38 m
Um móvel parte da posição 10 m com velocidade, em valor absoluto,
de 2 m/s. Sabendo que o movimento do móvel é retrógrado, determinar: Em SB:
a) Equação horária do movimento; SB =50 -2.6  SB = 50 -12  SB =38 m
b) A posição do móvel no instante 3s; Portanto, a posição de encontro dos móveis é 38 m.
c) O instante em que o móvel passa pela origem das posições.
MOVIMENTO UNIFORMEMENTE VARIADO
Resolução:
É todo movimento que ocorre com aceleração escalar constante e
a) Equação horária: não nula. No Movimento Uniformemente Variado (M.U.V.) tanto posição
Dados: quanto velocidade são variáveis.

S0 = 10 m No Movimento Uniformemente Variado temos três equações, sendo


que a equação das posições é de segundo grau:
V = - 2 m/s (movimento retrógrado)
Equação:  .t 2 onde:
S  S0  V0 .t 
2
S = S0 + V.t  S = 10 - 2.t
S = Posição final;
b) No instante 3s temos: S = 10 -2.3  S = 10 - 6  S = 4m
S0 = Posição inicial;
c) Na origem das posições temos S = 0:
V0 = velocidade inicial;
10
0 = 10 – 2t  2.t = 10  t =  t = 5s t = tempo;
2
 = aceleração.
Física 12 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Exemplo: Um móvel encontra-se na posição 10 m com velocidade 3 Também no movimento uniformemente variado pode ocorrer o en-
m/s quando adquire aceleração de 2 m/s2. Determine a posição do contro de móveis, e neste encontro também teremos SA = SB.
móvel no instante 5 s.
Exemplo:
Resolução:
Dois móveis, A e 2B, possuem funções horárias:
Dados:
SA = 10 +4.t -3.t2 e SB = 4+9.t - 4.t2.
S = 10 m V0 = 3 m/s
Determine instante e posição de encontro.
 = 2 m/s2 t = 5s
A posição é: Resolução: No encontro dos móveis temos SA = SB:
.t 2
25 2 SA = SB  10 + 4.t - 3.t2 = 4+9.t - 4.t2 
S  S0  V0 .t   S  10  3  5 
2 2 4.t2 – 3.t2 + 9.t + 10 –4 = 0
 S = 10 + 15 + 25 =  S = 50 m
Portanto, a posição no instante 5s é 50 m. 5  5 2  4  1 6
 t2 – 5.t + 6 = 0  t  
A equação da velocidade é de primeiro grau: 2 1
V = V0 +  .t 5  25  24 5 1
t  t 
onde: 2 2
V = velocidade final;
V0 = velocidade inicial;  t1 = 3 s e t2 = 2 s
 = aceleração; Portanto os móveis se encontrarão duas vezes: 2 s e 3 s após o iní-
cio do movimento.
t = tempo.
Daí teremos duas posições de encontro:
Exemplo: Um móvel possui velocidade de 8 m/s quando adquire
aceleração de 4 m/s2. Determine a velocidade deste móvel no instan- Em A, para t = 2 s: SA = 10 + 4 . 2 – 3 .22 
te 3s.
SA = 10 + 8 – 12  SA = 6 m
Resolução:
Em A, para t = 3 s: SA = 10 + 4 . 3 – 3 .32 
Dados: V0 = 8 m/s
SA = 10 + 12 – 27  SA = -5 m
 = 4 m/s2 t = 3s
No movimento uniformemente variado é possível determinar o instan-
A velocidade é: te em que ocorre inversão do sentido do movimento. Isto ocorre quando o
móvel tem velocidade igual a zero durante um movimento retardado.
V = V0 +  .t  V = 8+4.3  Após este intervalo o movimento passa a ser acelerado.
V = 8+12  V = 20m/s Exemplo:
Portanto, a velocidade no instante 3 s é 20 m/s. E temos também a Um móvel apresenta função horária : V = 30 - 5.1 (5.1.). Determine o
equação de Torricelli: instante em que ocorre inversão no sentido do movimento, e classifique o
movimento antes e depois deste instante.
V 2  V02  2    S
Resolução:
onde:
No instante de inversão do sentido do movimento temos que v = 0:
V = velocidade final;
0 = 30 - 5.t  5.t = 30 
V0 = velocidade inicial;
30
 = aceleração; t=  t = 6s
5
S = deslocamento.
Classificação do movimento:
Exemplo: Um móvel possui velocidade de 10 m/s quando adquire
aceleração de 1 m/s2. Determine a velocidade do móvel após percor- Até 6 s o movimento é retardado ( velocidade positiva e aceleração
rer 400 m. negativa); após 6 s o movimento é acelerado ( velocidade e aceleração
negativas).
Resolução:
Dados: V0 = 10 m/s QUEDA LIVRE
 = 1 m/s S = 400 m O movimento que ocorre nas proximidades da superfície da Terra (ou
no vácuo) com direção vertical é considerado movimento de Queda Livre,
A velocidade é: desde que seja desprezada a resistência do ar.
V2 = V0 + 2..S  V2 = 102 + 2.1.400  Neste tipo de movimento a aceleração é constante, denominada ace-
V = 100+800  V2 = 900  leração da gravidade (g) e adota o valor aproximado de 10 m/s2.
Na Queda Livre valem as equações do Movimento Uniformemente
V= 900  V = 30 m/s Variado, considerando a aceleração positiva em movimento de queda e
negativa em movimento de lançamento vertical.
Portanto, a velocidade do móvel após percorrer 400 m é de 30 m/s.
Física 13 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Exemplo 1: Um objeto é abandonado, a partir do repouso, de uma Supondo-se a resistência do ar desprezível, essa pedra descrevera,
certa altura e, em queda livre, atinge o solo após 5 s. Determine: em relação ao solo, uma trajetória parabólica (arco de parábola).
a) A altura de onde o objeto foi abandonado; Como podemos determinar, por exemplo, o valor do alcance da pe-
dra? Ou, ainda, qual o valor da altura máxima atingida pela pedra durante
b) A velocidade com que o objeto atinge o solo. Adote g = 10 m/s2. o trajeto?
Resolução: Para tanto, decomporemos o movimento resultante em dois outros:
a) Altura: Dados: S0 = 0 um vertical e outro horizontal.

V0 = 0 g = 10 m/s2 Qual a conveniência dessa decomposição?

t = 5s Tornemos a olhar a figura e nela veremos a aceleração da gravidade

g.t 2 10  52 g lembramos, então, que sua direção é vertical, de onde afirmamos


S  S0  V0 .t   S  0  0.5  
2 2 que:

S= 0+0+125  S = 125m  em relação à horizontal, o movimento da pedra será uniforme (v =


constante), já que nessa mesma direção inexiste aceleração.
 em relação à vertical, a pedra executa um movimento de aceleração
Portanto, o objeto foi abandonado de uma altura de 125 m. constante e de módulo igual a g; trata-se, de um movimento unifor-
b) Velocidade: Dados: V0 = 0 memente variado (MUV)

g = 10 m/s2 t = 5s Consideremos, então, um corpo lançado a partir do solo com veloci-


dade v0 , com uma dada inclinação , em relação à horizontal, confor-
me a figura seguinte:
V = V0 + g.t  V = 0 + 10.5 
V = 0 + 50  V = 50 m/s
Portanto, a velocidade com que o objeto atinge o solo é de 50 m/s.
Exemplo 2: Um objeto é abandonado, a partir do repouso, de uma
certa altura e, em queda livre, atinge o solo com uma velocidade de
20 m/s. Determine de que altura o objeto foi abandonado. Adote g =
10 m/s2.
Resolução:
Dados: V0 = 0
V = 20 m/s g = 10 m/s2
V2 = V02 +2. g. S  202 = 02 +2 . 10 . S Decompondo-se v0 nos eixos 0 x e 0y, mostrados na figura, ob-
400 temos:
 400 = 0 + 20. S  400 = 20. S  
20
v0 x
S  S =20 m cos  =  v0 x  v0 . cos
v0
Portanto, o objeto foi abandonado de uma altura de 20 m.
v0 y
sen  =
 v0 y  v0 .sen
LANÇAMENTO DE PROJÉTEIS v0
Lançamento oblíquo
Estudaremos a seguir o movimento de um corpo, lançado com velo- As equações que regem os movimentos nas direções 0x (horizontal)
cidade v0, nas proximidades da Terra, inclinado inicialmente em relação à e 0y (vertical) serão:
Terra.
 direção 0x — movimento uniforme:
A trajetória descrita pelo corpo pode ser visualizada se pensarmos na
trajetória descrita por uma pedra lançada por um menino com um estilin- s = s0 +v . t  x = x0 + v0x .t  x =(v0. cos ).t
gue, como mostra a figura seguinte.
 direção 0y — movimento uniformemente variado:


s = s0 +v0 . t + . t2 onde
2
s 0  y 0  0

v 0  v oy  v 0  senθ

γ   g

Física 14 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
assim:

g 2
y  (v 0 . sen θ ) . t - .t
2

v  v 0  γ. t  v y  v 0y  γ .t 

v y  v 0 .senθ - g.t

São equações difíceis de memorizar; é mais prático e prudente que


você saiba monta-las no momento da resolução.
Propriedades do lançamento oblíquo:
Para uma dada velocidade inicial v0, o máximo alcance é obtido para
um ângulo de lançamento de 45º.
Para uma dada velocidade inicial v0, para ângulos de lançamentos
complementares, teremos alcances do mesmo valor.

Se o vagão for freado, acelerado ou efetuar uma curva (segunda figu-


ra), a bola será deslocada sobre a mesa, saindo da sua posição de
INÉRCIA equilíbrio e sobre ele não surgiu nenhuma força de interação, ou seja,
nenhuma força externa agiu empurrando ou puxando a bola. Assim,
nesse caso, o princípio da inércia não é válido para esse referencial que
Existe na natureza uma tendência de não se alterar o estado de mo- também colocado no interior do ônibus e ele não é um referencial inercial
vimento de um objeto, isto é, um objeto em repouso tende naturalmente a é um referencial não inercial. Portanto, num referencial não inercial, os
permanecer em repouso. Um objeto com velocidade constante tende a corpos estão sujeitos a pseudo-forças (forças de inércia) que, em princí-
manter a sua velocidade constante. pio, não podem ser atribuídas a qualquer agente direto.
Essa tendência natural de tudo permanecer como está é conhecida Um referencial é denominado referencial inercial se nele a pri-
como inércia. No caso da Mecânica, essas observações a respeito do meira lei de Newton (ou qualquer outra lei física) é válida.
comportamento da natureza levou Newton a enunciar a sua famosa Lei
da Inércia, que diz:
"Qualquer corpo em movimento retilíneo e uniforme (ou em repouso)
tende a manter-se em movimento retilíneo e uniforme (ou em repouso)." NOÇÃO DINÂMICA DE MASSA E QUANTIDADE DE MOVIMENTO
(MOMENTO LINEAR). FORÇA E VARIAÇÃO DA QUANTIDADE DE
A Inércia nas brecadas MOVIMENTO.
O exemplo mais simples’, do ponto de vista da observação da inércia
dos corpos, é aquele dos passageiros num veículo. Quando o veículo é Momento linear
brecado, os passageiros tendem a manter-se no seu estado de movimen-
to. Por isso, as pessoas "vão para a frente" do ônibus quando este é O momento linear (ou quantidade de movimento) é uma grandeza ve-
brecado. Na realidade, a mudança do estado de movimento é apenas do torial que caracteriza o efeito dinâmico de um corpo de massa m, anima-
ônibus. Os passageiros simplesmente tendem a manter-se como esta- do com uma velocidade v:
vam. Da inércia resultam os ferimentos em acidentes no tráfego.
Colisão no Trânsito A unidade do sistema internacional do momento linear é kg.m.s-1.
O princípio da inércia explica por que as pessoas se ferem em aci- Características do vetor momento linear:
dentes automobilísticos. Conquanto os carros tenham suas velocidades  tem direção tangente à trajetória em cada instante considerado,
reduzidas pela colisão, a tendência das pessoas é manterem-se em coincidindo com a direção do vetor velocidade, ;
movimento. Daí resulta os corpos serem jogados contra o pára-brisas ou  tem o mesmo sentido do vetor velocidade, ;
outras partes do carro. O uso do cinto de segurança tenta minimizar o
efeito, fixando as pessoas ao veículo.Conceito de referencial inercial –  o módulo do momento linear é igual a p = m.v
considere um vagão em movimento retilíneo uniforme (MRU) e uma bola
colocada sobre uma mesa, ambas no interior do vagão. A primeira lei de Lei da Variação do Momento linear (ou da Variação da Quantida-
Newton “Princípio da Inércia” afirma que qualquer corpo em repouso ou de de Movimento)
em movimento retilíneo uniforme tende a manter esses estados, O impulso de uma força constante que atua num corpo durante um
desde que nenhuma força atue sobre ele. Nesse caso, um referencial intervalo de tempo é igual à variação do momento linear desse corpo,
no interior do vagão é inercial, pois em relação a ele as leis da física (no nesse intervalo de tempo,
caso, princípio da inércia) são válidos, já que a bola em relação a esse
referencial estará em repouso (primeira figura). ou seja,

Física 15 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Princípio da Conservação do Momento Linear A dinâmica dos corpos em rotação e, em especial, a do chamado só-
Quando dois ou mais corpos interagem, o momento linear desse sis- lido rígido -- sistema que mantém constantes as distâncias que separam
tema (conjunto dos corpos) permanece constante: partículas dentro do corpo -- inclui uma energia cinética de rotação que se
expressa matematicamente de maneira análoga à linear:

Ec = 1/2 I.w2
em que I é o momento de inércia e w é a velocidade angular.
LEIS DE NEWTON. O movimento oscilatório inclui uma energia potencial elástica, que se
Newton enunciou três axiomas fundamentais da dinâmica nos siste- define como a energia armazenada no campo de forças contrário, em
mas e partículas materiais: todo momento, ao sentido do movimento, cuja representação é uma mola
esticada que oscila em torno de sua posição de equilíbrio. Essa energia
(1) A lei da inércia, esboçada previamente por Galileu, segundo a qual se expressa como:
todo corpo não submetido a perturbações exteriores tende a conser-
var seu estado de repouso ou movimento. Ep = 1/2 k.x2
(2) O princípio fundamental da dinâmica, que situa nas forças mecânicas em que k é a constante elástica do oscilador e x é a posição atual do
a origem de todo movimento, de acordo com a relação matemática F oscilador.
= m. a, segundo a qual toda força aplicada a um corpo imprime nele
uma aceleração inversamente proporcional a sua massa. A expressão matemática do trabalho exercido por uma força, equipa-
rável em valor à energia consumida para efetuá-lo, adquire o nível de
(3) A lei de ação e reação, segundo a qual todo corpo A, submetido a uma soma infinita de termos ao longo de toda a trajetória, ou seja, de
uma força aplicada por outro corpo B, aplicará sobre o último uma uma integral. De modo simples, pode ser expresso como:
força de mesma intensidade e sentido contrário.
T = F.s
A aplicação de tais princípios a problemas estáticos e cinemáticos
simples facilita sua compreensão e resolução. Com base nesses axio- em que T é o trabalho realizado; F é a força aplicada e s é a distância
mas, a dinâmica clássica apresenta três importantes teoremas de conser- que o corpo percorre durante o período em que se aplica a força.
vação de suas grandezas fundamentais: As grandezas força, velocidade, aceleração, momento linear e mo-
(1) Segundo o princípio de conservação da massa, todo sistema físico mento angular têm caráter vetorial, enquanto massa, energia em todos os
fechado mantém uma acumulação de matéria uniforme e invariável seus aspectos e trabalho são grandezas escalares, ou seja, se determi-
ao longo dos processos nele desenvolvidos. Esse axioma foi questi- nam perfeitamente determinadas com a expressão de seu valor absoluto.
onado e revisto pelas doutrinas relativistas de Einstein. Cada uma dessas grandezas deriva de outras fundamentais, que são, em
mecânica, massa (M), distância (D) e tempo (T), e em função delas pode
(2) De acordo com o princípio de conservação do momento linear, todo ser expressa por meio de equações. Nessas expressões, do tipo F =
processo físico que implica colisões de partículas ou de corpos ma- MDT-2, que deriva de F = m.a, incluem-se os correspondentes coeficien-
croscópicos caracteriza-se pela conservação do momento linear glo- tes positivos, negativos, nulos ou fracionários, segundo os casos deduzi-
bal do sistema. dos da formulação matemática da grandeza.
(3) Por último, o princípio de conservação da energia estabelece que a O campo de aplicação da mecânica permite que as grandezas que
soma das energias contidas no interior de todo sistema físico isolado intervêm em seu estudo sejam inteiramente expressas por meio de
tem de ser nula. Em problemas que incluam rotações e movimentos equações dimensionais. Deve-se lembrar, no entanto, que existem outras
circulares, essas leis de conservação se completam com a do mo- grandezas físicas, como a densidade relativa e o rendimento de uma
mento angular. máquina, que por serem nulas em relação a qualquer das grandezas
fundamentais denominam-se adimensionais.
O problema da conservação da energia, ampliado pela teoria relati-
vista para conservação do conjunto massa-energia, foi profundamente
debatido ao longo da história. Em mecânica, definem-se dois tipos fun-
damentais de energia: a cinética, devida à velocidade das partículas
CENTRO DE MASSA E A IDEIA DE PONTO MATERIAL. CONCEITO
materiais em movimento; e a potencial gravitacional, motivada pela
DE FORÇAS EXTERNAS E INTERNAS.
distância do corpo com relação ao nível do solo. As duas formas, também
expressas em forma de trabalho ou de capacidade de atuação sobre o CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO DE
movimento do sistema, podem ser reduzidas a fórmulas matemáticas
simples: UM CORPO EXTENSO

Ec = 1/2 m.v2 São duas as condições que devem ser satisfeitas simultaneamente
para que um corpo extenso esteja em equilíbrio:
em que Ec é a energia cinética; m é a massa da partícula; e v é a ve-
locidade da partícula; e 1ª condição: A resultante das forças que atuam sobre o corpo é nula
(não há translação).
Ep = m.g.h
2ª condição: A soma algébrica dos momentos em relação a um pon-
em que Ep é a energia potencial; g é a aceleração da gravidade e h é to qualquer é nula (não há rotação).
a altura em relação a um nível de referência.
Deve-se distinguir do conjunto as forças ditas conservativas, ou seja,
CENTRO DE MASSA OU BARICENTRO DE UM CORPO
as que geram campos de energia cinética e potencial, e em todo momen-
to são capazes de produzir trabalho. Existem, além destas, forças como Consideremos um sistema de pontos materiais de massas m1, m2,
as de atrito e as de aceleração angular, que não podem ser transforma- m3, cujas coordenadas em relação a um sistema de referência são (x1,
das em movimento útil e produzem dissipação de energia em forma de y1), (x2, y2) e (x3, y3), respectivamente, conforme a figura seguinte.
calor. Para dar tratamento físico a essas forças recorre-se a métodos
termodinâmicos ou a critérios relativistas. Chamaremos de centro de massa G do sistema um ponto no qual to-
da massa do sistema está concentrada.

Física 16 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Substituindo os valores dados, temos:

4x0  6x50
XG   X G  30cm
46
Esse resultado significa que o centro de massa do sistema está a 30
cm da origem do referencial adotado, coincidindo com o ponto A.

LEI DA CONSERVAÇÃO DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO (MO-


MENTO LINEAR) E TEOREMA DO IMPULSO.

QUANTIDADE DE MOVIMENTO
As coordenadas do centro de massa serão dadas por:
Impulso
m1x 1  m 2 x 2  m 3 x 3 Você sabe o que acontece quando a bola de futebol fica em contato com
xG  o pé do jogador?
m1  m 2  m 3
Vai ser aplicada uma força, F, em um pequeno intervalo de tempo t
(na ordem de centésimos de segundos), tal que esta força vai direcionar a
m1y 1  m 2 y 2  m 3 y 3 bola para onde o jogador quiser.
yG 
m1  m 2  m 3 O impulso desta força é o produto da força, F, multiplicada pelo inter-
valo de tempo, t. Observe que o impulso é uma grandeza vetorial
porque vai ser dada direção e sentido para a bola, através da força apli-
Caso trabalhemos com corpos simétricos e homogêneos, seus cen-
cada.
tros de massa coincidirão com seus centros geométricos.
Notação: I impulso
Exemplos
Expressão: I = F t 10.1
Observe que o vetor impulso, I, tem a mesma direção e sentido do
vetor força, F.
Unidade de medida - Impulso - Sistema Internacional
U (I) = U (F) U (t) = 1 Newton segundo (1 N s)
No nosso exemplo, considerando que o tempo de contato é da ordem
de 0,01s e a força exercida pelo pé do jogador na bola seja 2000 N,
temos que o impulso é:
I = F t = 2000 0,01 = 20,0 N s
Quantidade de Movimento
Quando a bola de futebol, de massa m, sai do pé do jogador, ela ad-
Nos exercícios que envolvem corpos extensos, a força-peso deverá quire uma velocidade V. Neste caso, dizemos que a bola adquiriu uma
sempre ser localizada no centro de massa G do corpo. quantidade de movimento. A quantidade de movimento é definida como
sendo o produto da massa da bola pela velocidade adquirida. É também
Exemplo: vetorial porque é o produto de uma grandeza escalar (massa) por uma
Considere duas partículas A e B de massas mA = 4 kg e mB = 6 kg, grandeza vetorial (velocidade).
separadas por uma distância d = 50 cm. Localize a posição do centro de Notação: Q quantidade de movimento
massa desse sistema de partículas.
Expressão: Q = m V 10.2
Solução
Observe que o vetor quantidade de movimento, Q, tem a mesma di-
Nesse caso, onde temos apenas duas partículas, o centro de massa reção e sentido do vetor velocidade, V.
estará localizado num ponto do segmento que une as duas partículas;
assim, basta adotarmos um só eixo para encontrar o centro de massa. Unidade - Quantidade de Movimento - Sistema Internacional
U (Q) = U (m) U (V) = 1 quilograma metro/segundo (1 kg m/s)
Exemplo: A bola de futebol tem uma massa de 0,4 kg e a velocidade
que adquire após o chute foi de 40 m/s. A quantidade de movimento da
bola é:
As coordenadas de A e B, em relação ao referencial adotado, são: Q = m V = 0,4 40 = 16,0 kg m/s
XA =0 e xB = 50 cm Relação entre impulso e quantidade de movimento
A posição do centro de massa será dada por: Vimos que o impulso é dado por:

m A x A  mB x B I=F t 10.3
xG  A força F vai imprimir uma aceleração à bola, a, fazendo que a sua
m A  mB velocidade altere de um valor inicial V1, para um valor V2.

Física 17 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
A força F é calculada pela 2a Lei de Newton: Quando houve a colisão das bolas, considerando que o sistema seja
isolado de forças externas (forças externas nulas), ou se a resultante das
F=ma 10.4 forças externas fôr nula, o impulso é nulo:
Substituindo 10.4 em 10.3, temos: Considerando a expressão 10.6:
I=ma t 10.5 I = Q1 + Q2
Como pela expressão 10.3:
Como a = V / t , substituindo na expressão 10.5:
I=F t=0x t=0
I = m ( V / t) / t = m V = m (V 2- V1) = m V 2- m V1 onde F é a resultante das forças externas.
Como Q = m V (10.2), substituindo, obtemos que: Substituindo, obtemos:
Q1 + Q2 = 0
I = Q 2 - Q1 10.6
que é o Princípio da Conservação da Quantidade de Movimento:
A equação 10.5 mostra que o impulso, exercido por uma força ou por "É constante a quantidade de movimento de um sistema quando
uma resultante de forças, em um intervalo de tempo, é igual à variação da a resultante das forças externas for nula".
quantidade de movimento. Qinicial = Qfinal 10.7
Conservação da Quantidade de Movimento sendo as quantidades de movimento grandezas vetoriais.
Vamos ver se você entendeu.
Você já deve ter visto em colisões de curta duração como por exem-
plo com bolas em um jogo de bilhar, dependendo da direção e sentido do Considere um carro pequeno com massa 500 kg com velocidade de
impulso que for dado à bola com taco, após o choque com uma bola de 20 m/s e um caminhão com massa 3000 kg com velocidade também de
bilhar em repouso na mesa, as bolas podem se movimentar em quaisquer 20 m/s, que estão se movimentando em sentidos contrários (10.3). Em
direções e sentidos. um determinado instante, eles colidem frontalmente. Pergunto: o carro
exerce força maior sobre o caminhão ou vice-versa?
Vamos analisar o caso mais simples em que bolas de massas dife-
rentes, movimentando-se na em sentidos opostos (fig. 10.2a), após a
colisão, se movimentam na mesma direção e mesmo sentido (fig. 10.2b).

Figura 10.3 - Carro e caminhão se movimentando em sentidos contrá-


rios, mesma direção e com velocidades iguais
(a) Se você respondeu que o caminhão exerceu maior força sobre o car-
ro, errou! Porque as forças são iguais em módulo e atuam em corpos
diferentes (3a Lei de Newton).
Mas você pode perguntar: por quê o carro ficou mais danificado que
o caminhão? Para você ter a resposta calcule a quantidade de movimento
(b) antes do choque. Você vai verificar que a quantidade de movimento do
Figura 10.2 Colisão de duas bolas de massas diferentes, com caminhão antes do choque é maior que a quantidade de movimento do
velocidades diferentes antes da colisão carro, provocando maior estrago no carro. Entendeu?
Temos outras situações em que a conservação da quantidade de
movimento se conserva:
Consideremos como dados:  Na distensão ou compressão de uma mola existente entre
dois blocos.
mA = 4 kg
Quando distendemos ou comprimimos a mola, exercemos uma força
mB= 2 kg externa F. Ao liberarmos a mola ela volta para a sua posição inicial.
Como?
Medindo os valores das velocidades antes e depois da colisão, foram
obtidos os seguintes valores experimentalmente: Quando a mola é deformada, ao aplicarmos a força externa F (força
de tração T no exemplo), temos que vai aparecer uma força na mola que
Bola A Bola B atua no sentido contrário ao da força aplicada F, intrínseca à mola deno-
Antes da colisão V 1A = 6 m/s V1B = 4 m/s minada força elástica, Fel. Quando é retirada a força externa F, é a força
elástica Fel que faz com que a mola volte para sua posição inicial. Neste
Depois da colisão V 2A = 1 m/s V2B = 6 m/s caso vale o princípio da conservação da quantidade de movimento por-
que a resultante das forças externa é nula (fig. 10.4).
Calculando a quantidade de movimento antes da colisão:
Q1 = mA V 1A- mBV1B=4 x 6 - 2 x 4 = 24 - 8 = 16 kg m/s
Observe que como os vetores quantidades de movimentos têm sen-
tidos contrários foi realizada a diferença entre os módulos dos dois veto-
res.
Calculando a quantidade de movimento depois da colisão:
Q2 = mAV 2A+mBV2B = 4 x 1 + 2 x 6 = 16 kg m/s
Chegamos à conclusão que:
Q1 = Q2
ou seja, as quantidades de movimento se conservam.
Por quê?
Figura 10.4 - Dois blocos A e B ligados por uma mola
Física 18 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Inicialmente o sistema está em repouso, portanto a quantidade de
movimento inIcial é nula: Definimos momento da força F em relação ao ponto O através do
produto:
Qinicial = 0
Quando é retirada a força externa F, o bloco A se desloca com com
M 0  F  d
VA e o bloco B com velocidade VB. A quantidade de movimento final é:
Nessa expressão, d representa o braço de F em relação ao ponto O:
Qfinal = m A VA - m B VB distância do ponto O à reta r. Lembre-se de que a distância do ponto à
reta corresponde à medida do segmento de perpendicular baixado do
Qinicial = Qfinal ponto à reta.
0 = m A VA - m B VB O sinal + ou - será atribuído ao momento, comparando-se o sentido
m A VA = m B VB de rotação imprimido pela força com um sentido anteriormente convenci-
onado como positivo (horário ou anti-horário).
 Em um jogo de bilhar, a quantidade de movimento também
se conserva. No caso do exemplo da figura anterior, o momento da força F em re-
lação a O, de acordo com a convenção adotada, será positivo.
Após a colisão as bolas podem ter diferentes sentidos e direções
(fig.10.5). No Sistema Internacional de Unidades, a unidade de momento será:

M   F   d   M   N  m

EQUILÍBRIO DE UM PONTO
Uma partícula está em Equilíbrio estático quando encontra-se em re-
pouso, e em Equilíbrio dinâmico encontra-se em Movimento Retilíneo e
Uniforme.
PRINCÍPIOS DA DINÂMICA
a) Princípio da Inércia (1.ª Lei de Newton)
“Se a resultante das forças agindo sobre um corpo for nula, esse cor-
po permanece em seu estado inicial (em repouso ou em Movimento
Retilíneo e Uniforme)”.
Isto quer dizer que, se um corpo estiver em repouso, a tendência é
que permaneça em repouso e se estiver em movimento, a ausência de
força resultante faz com que ele permaneça em movimento, mas com
Figura 10.5 - Colisão de duas bolas de bilhar. velocidade constante.

Análise vetorial O princípio da inércia aplica-se, teoricamente, em situações ideais,


mas podemos notar a aplicação deste princípio de situações do cotidiano.
Aplicando o princípio da conservação da quantidade de movimento,
na direção x, temos: Exemplo 1:

Qinicialx = Qfinalx Uma nave espacial, em um local onde não existem forças de atração
gravitacional, ao desligar os motores permanece em movimento retilíneo
m A V1Ax = m B V2B x+ m A V2Ax e uniforme, por inércia.
m A V1A = m B V2B cos B+ m A V2A cos A Exemplo 2:
Na direção y, temos: Quando um automóvel entra em uma curva para a direita, em alta ve-
locidade, o motorista tende a encostar seu corpo na porta, e o passageiro
Q (inicial)y = Q(final)y
do banco dianteiro tende a deslocar-se para a esquerda.
0 = m B V2By - m A V2Ay
Isto ocorre porque, por inércia, os corpos destas pessoas tendem a
0 = m B V2Bsen B - m A V2A sen A manter o movimento em linha reta, apesar de o carro estar fazendo uma
curva.
b) Princípio Fundamental da Dinâmica - P.F.D. (2.ª Lei de Newton)
MOVIMENTO DE UMA FORÇA “A força aplicada em um corpo é proporcional à aceleração produzida
EM RELAÇAO A UM PONTO por essa mesma força”.
 
Seja F uma força cuja linha de ação é dada pela reta r; seja ainda Equação Fundamental: F  m.a
O um ponto qualquer.
onde:

F = força resultante agindo sobre o corpo;
m = massa do corpo;

a = aceleração adquirida pelo corpo.

Física 19 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Unidades: Resolução:
A força tem por unidade no Sistema Internacional o newton (N), mas Dados: k = 400 N/m x = 50 cm = 0,5 m
pode ser medida em outros sistemas métricos utilizando dyn (CGS), kgf
(MKS) ou sth (MTS). 2 2
k.x 400.(0,5)
Exemplo: Um corpo de massa 3 kg, pela aplicação de uma força F  F 
constante, adquire aceleração de 5 m/s2. Qual a intensidade da força 2 2
aplicada?
Resolução: 400.0,25 100
F F  F  50 N
Dados: m = 3 kg a = 5 m/s2 2 2
F = m.a  F =3 . 5  F = 15 N
Portanto, a força aplicada vale 15 N.
c) Peso de um corpo Portanto, a força elástica aplicada sobre a mola é de 50 N.
O Peso de um corpo é consequência da atração gravitacional da Ter- e) Princípio da Ação e Reação (3.ª Lei de Newton)
ra.
“A toda força de ação corresponde uma força de reação, com a
Se desconsiderarmos os efeitos da rotação da Terra, o Peso corres- mesma intensidade, mesma direção e sentidos contrários.”
ponde à força de atração gravitacional.
Pelo Princípio Fundamental da Dinâmica, a força-peso é dada por: Observação: As forças de ação e reação aplicam-se em corpos dis-
  tintos e, portanto, nunca se anulam.
P  m. g onde: Exemplos da 3.ª Lei de Newton:

P = força-peso aplicada sobre o corpo; 1. Tiro de uma espingarda: Quando acionamos o gatilho de uma arma
m = massa do corpo; de fogo ocorre uma explosão que produz gases. Os gases pro-
 duzidos aplicam sobre o projétil da arma uma força (ação). Mas o
g = aceleração da gravidade local. projétil aplica sobre a arma uma força de reação que impulsiona para
Unidades: trás violentamente. Se o atirador não estiver prevenido, errará o alvo.
O peso, por ser uma força aplicada sobre um corpo, apresenta as 2. Vôo de um pássaro: O pássaro, ao bater as asas, exerce uma força
mesmas unidades de medida de uma força qualquer, que são o newton sobre o ar (ação). A força de reação do ar faz com que o pássaro se
(N), o kgf, o dyn ou o sth. sustente na altura em que está, e que se movimente.
Observação 1: A massa de um corpo independe do local, sendo a
3. Vôo de um foguete no espaço: O motor do foguete lança os gases da
mesma em qualquer ponto do Universo.
combustão para o espaço com uma certa força (ação). Os gases lan-
Observação 2: A aceleração da gravidade varia com o local, pois çados reagem empurrando o foguete em sentido contrário. Note que,
mede a intensidade do campo gravitacional. neste caso, não é necessária a presença do ar.
Exemplo:
Um corpo de massa 10 kg encontra-se em um planeta onde a acele-
ração da gravidade vale 8 m/s2 . Qual a massa e qual o peso do corpo? ESTÁTICA
Resolução:
Dados: m = 10 kg2 g = 8 m/s EQUILIBRIO DO PONTO MATERIAL
A massa de um corpo é constante em qualquer local dó Universo,
Ponto material: é todo corpo cujas dimensões possam ser considera-
portanto vale 10 kg.
das desprezíveis no problema analisado; como decorrência, só terá
O peso é: significado analisarmos movimentos de translação desse ponto material.
P = m.g  P = 10 . 8  P = 80 N
Sendo o equilíbrio estático do ponto material, a situação estudada
Portanto, o peso do corpo neste planeta é de 80 N. agora, a resposta é dada diretamente pela primeira lei de Newton: a
d) Força Elástica (Lei de Hooke) resultante das forças que atuam sobre o ponto material é nula. Essa
“A intensidade da força deformadora é proporcional à deformação condição é necessária e suficiente para que o equilíbrio do ponto material
produzida”. seja atingido.
Esta lei é utilizada para medir-se a força empregada em molas de- Assim, todos os problemas referentes ao equilíbrio de um ponto ma-
formadas e elásticos esticados. terial serão resolvidos a partir da aplicação dessa ideia.
 
A Lei de Hooke é expressa por: F K.x Conceitualmente, são problemas de fácil resolução, exigindo, do alu-
onde: no, porém, alguma habilidade no trabalho com vetores.

F = força elástica; Resumindo: seja A um ponto material sujeito ao sistema de forças
K = constante elástica, que representa as características da mola; F1 , F2 ,... Fn . .

x = deformação da mola.
Unidades:
Pelo Sistema Internacional, a força elástica é medida em newtons
(N), a constante elástica é dada em newton por metro (N/m) e a defor-
mação da mola é dada em metros (m).
Exemplo:
Uma mola de constante elástica 400 N/m sofre deformação de 50
cm. Qual a força elástica aplicada sobre a mola para que ela apresente
esta deformação?

Física 20 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Se esse ponto material estiver em equilíbrio, então: A partir da observação do triângulo retângulo ABC da figura, escre-
vemos, sempre lembrando que T1 já é conhecido:
F1  F2  F3  ...  Fn  0
T1 T1 10 3
Exemplo: sen 60º   T3  
T2 sen 60º 3
No esquema que se segue, o peso P de 10 3 N está em equilí- 5
brio. Determine as forças de tração nos fios da figura.
T3  20N

T2 1
cos 60º   T2  T3  cos 60º  20 
T3 2

T2  10N

Solução:
EQUILÍBRIO DE UM CORPO EXTENSO
Assinalando as forças que atuam no sistema, teremos:
Já vimos que a condição necessária e suficiente para que um ponto
material permaneça em equilíbrio é que a resultante das forças que
atuam sobre ele seja nula.
Um exemplo bem simples, todavia, mostra-nos que essa condição
não será suficiente se quisermos impor o equilíbrio a um corpo extenso.
Para tanto, consideremos uma barra situada sobre a mesa, conforme a
figura, e apliquemos aos seus extremos duas forças de mesmo módulo,
mesma direção e sentidos opostos. Tente você mesmo, na prática.

Estando o corpo em questão em equilíbrio, resulta:

T1  P  T1  10 3N
Embora a resultante das forças seja nula, a barra não permanecerá
em equilíbrio, mas executará um movimento de rotação em torno de um
Como o ponto A da figura se encontra em equilíbrio, temos: dos seus pontos.
Vemos, então, que uma nova condição deve ser imposta, de forma
T1  T2  T3  0 que o movimento de rotação não seja possível.

Uma forma de se simplificar a solução matemática deste exercício é OBSERVAÇÃO Lembre-se: quando a resultante das forças é nula, o
determinar que se a resultante das três forças for nula, a soma de duas corpo não executa movimento de translação.
delas quaisquer deve ser anulada pela terceira. Assim, temos:

T1  T2  T3 FORÇA DE ATRITO, FORÇA PESO, FORÇA NORMAL DE CONTATO


E TRAÇÃO. DIAGRAMAS DE FORÇAS.
Graficamente, temos:
FORÇA DE ATRITO
Cerca de um quinto da potência de um automóvel é consumido na
superação das forças de atrito entre suas peças móveis. No esforço de
superar o atrito, a humanidade fez conquistas tecnológicas importantes,
como a roda.
Entende-se por atrito a força que oferece resistência ao movimento
relativo entre superfícies em contato. Apresenta dois efeitos importantes:
exercer pressão sobre o corpo e opor-se a seu movimento em relação à
superfície. A força do atrito pode ser benéfica, tal como a tração necessá-
ria para se caminhar sem deslizar, mas também pode representar um alto
custo.
Dois fatos experimentais caracterizam o atrito entre sólidos deslizan-
tes. Primeiro, a quantidade de atrito quase independe da área de contato
entre as superfícies. Se um tijolo é empurrado sobre uma mesa, a força
de atrito é a mesma para qualquer posição desse bloco. Segundo, o atrito

Física 21 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
é proporcional à carga ou peso que une as superfícies. Se uma pilha de Exemplo:
três tijolos é empurrada sobre uma mesa, o atrito é três vezes maior do
que no caso de somente um tijolo. Assim, a razão entre a força de atrito e Um objeto de massa 4 kg encontra-se em uma superfície que apre-
o peso do corpo é uma constante conhecida como coeficiente de atrito. senta coeficientes de atrito estático e dinâmico iguais, respectivamente, a
Como atrito e peso são medidos em unidades de força (como quilogra- 0,3 e 0,25. Considerando a aceleração da gravidade local como sendo 10
mas e newtons), o coeficiente de atrito é adimensional. m/s2, determine as forças de atrito estático e dinâmico.

Esse tipo de atrito surge entre superfícies em movimento relativo, e Resolução:


por isso é chamado de atrito cinético. O atrito estático, ao contrário, atua Dados: m = 4 kg
entre superfícies em repouso relativo. O valor do atrito estático varia entre
zero e a menor força necessária para iniciar o movimento.  e = 0,3  d = 0,25 g = 10 m/s2

A resistência ao movimento exercida por uma superfície sobre um


corpo ocorre também quando, ao invés de deslizar, o corpo rola sobre Força de atrito estático:
ela. Nesse caso fala-se em atrito de rolamento. A principal fonte desse
tipo de atrito é a dissipação de energia envolvida na deformação dos Fat(e) = e .m.g  Fat(e) = 0,3.4.10 
objetos. Essa deformação elástica, ou compressão, produzida na região
de contato cria uma resistência ao movimento que não é compensada Fat(e) = 12 N
quando a região deformada volta a seu estado normal. O coeficiente de
atrito de rolamento é geralmente cem ou mil vezes menor que o de atrito
cinético ou estático. Portanto, a força de atrito estático é de 12 N.

Força de Atrito é aquela desenvolvida entre dois corpos em contato, Força de atrito dinâmico:
desde que haja, nas regiões de contato, aspereza. Isto causa o surgi- Fat(d) = d .m.g  Fat(d) = 0,25.4.10 
mento de forças de ação e reação.
Fat(d) = 10 N
Estas forças surgem apenas se houver movimento relativo entre os
corpos (atrito dinâmico), ou quando não há movimento, mas existe uma Portanto, a força de atrito dinâmico é de 10 N.
força aplicada em um dos corpos que está sendo neutralizada pela ação
da força de atrito (atrito estático).
Determina-se a força de atrito da seguinte forma: PLANO INCLINADO

Força de atrito estático: Fat e  e  m  g Considere um objeto em repouso colocado em um plano inclinado de
um ângulo em relação ao plano horizontal:
onde:
Fat(e) = força de atrito estático
 e = coeficiente de atrito estático
N = força normal do corpo
m = massa do corpo Em uma análise inicial percebemos a existência de duas forças:
g = aceleração da gravidade local

Força de atrito dinâmico:

Fat d  d  N  d  m  g

onde: onde: N = força normal de reação
Fat(d) = força de atrito dinâmico 
P = força-peso do corpo
 d = coeficiente de atrito dinâmico ou cinético
N = força normal do corpo
Para tornar o estudo mais simples, é usual decompor a força-peso
m = massa do corpo em duas componentes:
g = aceleração da gravidade local
Unidade:
A força de atrito, como todas as outras forças é medida, no Sistema
Internacional, em newtons (N). O coeficiente de atrito () é uma constan-
te que representa as características da superfície em questão, e não tem
unidade definida.
Observação: Tanto no atrito estático como no dinâmico a força nor-
mal é substituída pelo produto m.g, que é a expressão da força-peso. Isto onde:
ocorre porque a força normal e a força-peso equilibram-se no corpo, pois
são ambas perpendiculares à superfície considerada, mas possuem PN = componente normal do peso, responsável peIa compressão
mesma intensidade e sentidos contrários. do bloco sobre o plano de apoio.

Física 22 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
A figura abaixo mostra a variação de direção do vetor velocidade
Pt = componente tangencial do peso, responsável pelo movimento em alguns pontos.
do bloco para baixo.
Para determinar os valores destas componentes usamos as equa-
ções:
  
| Pn |  | P | . cos  | Pt |  | P | . sen 
É óbvio, portanto, que devemos conhecer o ângulo de inclinação.
Como a tendência do bloco é descer o plano inclinado, podemos cal-
cular o valor da aceleração neste plano, desconsiderando o atrito:

O tempo que a partícula gasta para efetuar uma volta completa é


denominada período do movimento e é representado por T. O espaço
a = g.sen  percorrido pela partícula, durante um período, é o comprimento da circun-
ferência que, vale 2R ( R é o raio da trajetória). Como o movimento é
Exemplo: uniforme, o valor da velocidade será dado por:
Um bloco encontra-se colocado em um plano inclinado, cujo ângulo
de inclinação é de 300. Sabendo-se que o corpo possui massa de 2 kg,
determine o valor das componentes do peso do corpo e a aceleração de
descida deste bloco. Adote g = 10 m/s2.
Resolução: logo, v = 2R/T

Dados: m = 2 kg Frequência do movimento circular – suponha que observando a


válvula mostrada na imagem, verificássemos que ela efetua 30 voltas
g = 10 m/s2  = 30º completas em um tempo igual a 10 segundos. A frequência, F desse
movimento é, por definição, o quociente entre o número de voltas e o
tempo gasto para efetua-las. Logo, a frequência da válvula será:
1 3
sen   cos  
2 2
Peso do bloco:
P = m . g  P = 2 . 10  P = 20 N Observe que esse resultado significa que a válvula efetuou 3.0 vol-
tas em cada 1 seg. A unidade de frequência,1 volta/seg, é denominada 1
Componente tangencial do peso:
hertz, em homenagem ao cientista alemão H.Hertz ( 1857 – 1894). Por-
1 tanto, podemos destacar:
Pt = P. sen   Pt = 20 .  Pt = 10N
2 A frequência F de um movimento circular é definida por:
Componente normal do peso: nº de voltas efetuadas
F=
Tempo gasto para efetuá-las
3
PN = P. cos   PN = 20 . 
2 Este resultado representa o nº de voltas que o corpo executa por
unidade de tempo.
PN = 10 3 N
O conceito de frequência pode ser aplicada em outros tipos de mo-
Aceleração do bloco na descida: vimentos, que não serão discutidos aqui.

a = g.sen   A frequência e o período de um movimento estão relacionados. Para


relacionar F e T, basta perceber que essas grandezas são inversamente
1 proporcionais e, assim podemos estabelecer a seguinte proporção:
a = 10   a = 5 m/s2
2 No tempo T (um período) é efetuada uma volta
Na unidade de tempo serão efetuadas F voltas ( frequência)
MOVIMENTO CIRCULAR. Ou, esquematicamente
Introdução – Dizemos que uma partícula está em movimento circular
quando sua trajetória é uma circunferência como, por exemplo, a trajetó-
ria descrita por uma válvula do pneu de uma bicicleta em movimento igual
a da imagem. Se, além disso, o valor da velocidade permanecer constan-
te, o movimento é denominado circular uniforme. Então, neste movimen-
to, o vetor velocidade tem módulo constante, mas a direção deste vetor
varia continuamente.

Física 23 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Portanto, a frequência é igual ao inverso do período e reciproca- Esta equação nos permite calcular a velocidade linear V, quando co-
mente. Por exemplo: se o período de um movimento circular é T = 0,5 s, nhecemos a velocidade angular  e o raio R da trajetória.
sua frequência será:
Observe que ela só é válida se os ângulos estiverem medidos em ra-
dianos.
Aceleração centrípeta – No movimento circular uniforme, o módulo
Velocidade Angular – Consideremos a válvula do pneu de bicicleta da velocidade da válvula permanece constante e, então, a válvula não
em movimento circular, passando pela posição P1 representada na figura possui uma aceleração tangencial. Entretanto, como a direção do vetor
abaixo. Após um intervalo de tempo t, a válvula estará passando pela velocidade varia continuamente, a válvula (ou uma partícula qualquer nas
posição P2. Neste intervalo de tempo t, o raio que acompanha a válvula mesmas condições) possui uma aceleração centrípeta Na figura
em seu movimento descreve um ângulo 
abaixo estão representados os vetores e em quatro posições

diferentes da válvula do pneu de bicicleta. Observe que o vetor tem


a direção do raio e aponta sempre para o centro da circunferência.

A relação entre o ângulo descrito pela válvula e o intervalo de tempo


gasto para descreve-lo é denominado velocidade angular da partícula.
Representando a velocidade angular por  temos;
Podemos deduzir, matematicamente, que o valor da aceleração cen-
trípeta no movimento circular é dado por:
 = /t

A velocidade definida pela relação V = d/t, que já conhecemos,


costuma ser denominada velocidade linear, para distingui-la da velocida-
de angular que acabamos de definir. Observe que as definições de V e 
são semelhantes: a velocidade linear se refere à distância percorrida na
unidade de tempo, enquanto a velocidade angular se refere ao ângulo Observe que o valor de é proporcional ao quadrado da velo-
descrito na unidade de tempo. cidade e inversamente proporcional ao raio da circunferência. Portanto,
A velocidade angular nos fornece uma informação sobre a rapidez se um automóvel faz uma curva “fechada” (R pequeno) com grande
com que a válvula está girando. De fato, quanto maior for a velocidade velocidade, ele terá uma grande aceleração centrípeta. Estes fatos estão
angular de um corpo, maior será o ângulo que ele descreve por unidade relacionados com a possibilidade de o automóvel conseguir ou não fazer
de tempo,isto é , ele estará girando mais rapidamente. a curva.
Observe abaixo, um exercício relacionado a Velocidade Angular Mé-
Lembrando que os ângulos podem ser medidos em graus ou em ra- dia:
dianos, concluímos que  poderá ser medida em grau/s ou em rad/s.
“Uma partícula descreve um movimento circular uniforme, com uma
Uma maneira de calcular a velocidade angular é considerar a válvula velocidade escalar V= 5m/s. Sendo R = 2m o raio da circunferência,
( ou uma partícula qualquer) efetuando uma volta completa. Neste caso, o determine a velocidade angular.”
ângulo descrito será  =2rad e o intervalo de tempo será um período, Resolução _- sendo V = 5m / s a velocidade escalar e R = 2 m o raio
Istoé, t = T. Logo, da circunferência, a velocidade angular e será dado por
V = .R
 = 2/T De onde = V / R
= 5 / 2 = 2,5 rad/s = 450 g / s
Relação entre V e  - Sabemos que, no movimento circular unifor- MOVIMENTOS CURVOS
me, a velocidade linear pode ser obtida pela relação Considerando um objeto em movimento curvo:

Como 2/T é a velocidade angular, concluímos que

Pode-se determinar o valor da força aplicada, desde que se faça a


sua decomposição:

Física 24 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
O conceito de pressão nos permite entender muitos dos fenômenos
físicos que nos rodeiam. Por exemplo, para cortar um pedaço de pão,
utilizamos o lado afiado da faca (menor área), pois, para uma mesma
força, quanto menor a área, maior a pressão produzida.
Exemplo
Compare a pressão exercida, sobre o solo, por uma pessoa com
massa de 80 kg, apoiada na ponta de um único pé, com a pressão produ-
zida por um elefante, de 2.000 kg de massa, apoiado nas quatro patas.
Considere de 10 cm2 a área de contato da ponta do pé da pessoa, e de
400 cm2 a área de contato de cada pata do elefante. Considere também g
= 10 m/s2 .
Ft = componente tangencial da força aplicada.
Resolução
Fcp = componente centrípeta da força aplicada.
A pressão exercida pela pessoa no solo é dada pelo seu peso, dividi-
F = Ft + Fcp e a  at  acp do pela área da ponta do pé:

Daí podemos concluir que:

Ft  m . a t e Fcp  m . acp
Exemplo: Um objeto de massa 3 kg em movimento curvo com acele- A pressão exercida pelo elefante é dada por:
ração de 2 m/s2 apresenta, num dado instante, velocidade igual a 10 m/s.
Sabendo-se que o raio da curva é de 4 m, determine:
a) A aceleração tangencial;
b) a aceleração centrípeta; Comparando as duas pressões, temos que a pressão exercida pela
c) a força tangencial; pessoa é 6,4 vezes a pressão exercida pelo elefante.
d) a força centrípeta;
e) a força resultante. PRINCÍPIO DE PASCAL
Resolução:
O princípio físico que se aplica, por exemplo, aos elevadores hidráu-
Dados: v = 10 m/s R=4m licos dos postos de gasolina e ao sistema de freios e amortecedores,
a) at =   at = 2 m/s2 deve-se ao físico e matemático francês Blaise Pascal (1623-1662). Seu
enunciado é:
2 2
v 10
b) a cp   a cp  O acréscimo de pressão produzido num líquido em equilíbrio
R 4 transmite-se integralmente a todos os pontos do líquido.
c) Ft =m . a  Ft =3.2  Ft = 6 N

d) Fcp = m .acp 
Fcp = 3.25  Fcp = 75N
e) F = Ft + Fcp  F = 6 + 75  F = 81N

A HIDROSTÁTICA: ASPECTOS HISTÓRICOS E VARIÁVEIS RELE-


VANTES. EMPUXO. PRINCÍPIOS DE PASCAL, ARQUIMEDES E STE-
VIN: CONDIÇÕES DE FLUTUAÇÃO, RELAÇÃO ENTRE DIFERENÇA
DE NÍVEL E PRESSÃO HIDROSTÁTICA. Blaise Pascal (1623-1662), físico, matemático, filósofo religioso e
homem de letras nascido na França.
HIDROSTÁTICA: PRESSÃO Consideremos um líquido em equilíbrio colocado em um recipiente.
Vamos supor que as pressões hidrostáticas nos pontos A e B (veja a
Consideremos uma força aplicada perpendicularmente a uma figura) sejam, respectivamente, 0,2 e 0,5 atm.
superfície com área A. Definimos a pressão (p) aplicada pela força sobre
a área pela seguinte relação:

No SI , a unidade de pressão é o pascal (Pa) que corresponde a


N/m2 . A seguir apresenta outras unidades de pressão e suas relações
com a unidade do SI :
1 dyn/cm2 (bária) = 0,1 Pa
1 kgf/cm2 = 1 Pa
1 atm = 1,1013x105 Pa
1 lb/pol2 = 6,9x103 Pa Se através de um êmbolo comprimirmos o líquido, produzindo uma
pressão de 0,1 atm, todos os pontos do líquido, sofrerão o mesmo acrés-

Física 25 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
cimo de pressão. Portanto os pontos A e B apresentarão pressões de 0,3 Exemplo:
atm e 0,6 atm, respectivamente.
Na prensa hidráulica na figura , os diâmetros dos tubos 1 e 2 são ,
As prensas hidráulicas em geral, sistemas multiplicadores de força, respectivamente, 4 cm e 20 cm. Sendo o peso do carro igual a 10 kN,
são construídos com base no Princípio de Pascal. Uma aplicação impor- determine:
tante é encontrada nos freios hidráulicos usados em automóveis, cami-
nhões, etc. Quando se exerce uma força no pedal, produz-se uma pres-
são que é transmitida integralmente para as rodas através de um líquido,
no caso, o óleo.
A figura seguinte esquematiza uma das aplicações práticas da pren-
sa hidráulica: o elevador de automóveis usado nos postos de gasolina.

a) a força que deve ser aplicada no tubo 1 para equlibrar o carro;


b) o deslocamento do nível de óleo no tubo 1, quando o carro sobe
20 cm.
Resolução:
a) A área do tubo é dada por A = p R2 , sendo R o raio do tubo. Co-
mo o raio é igual a metade do diâmetro, temos R1 = 2 cm e R2 = 10 cm .
Como R2 = 5R1 , a área A2 é 25 vezes a área A1 , pois a área é pro-
porcional ao quadrado do raio. Portanto A2 = 25 A1 .
Aplicando a equação da prensa, obtemos:

è
O ar comprimido, empurrando o óleo no tubo estreito, produz um F1 = 400N
acréscimo de pressão (D p), que pelo princípio de Pascal, se transmite
integralmente para o tubo largo, onde se encontra o automóvel.
Sendo D p1 = D p2 e lembrando que D p = F/A , escrevemos: b) Para obter o deslocamento d1 aplicamos:

è è d1 = 500 cm (5,0 m)
Como A2 > A1 , temos F2 > F1 , ou seja, a intensidade da força é dire-
tamente proporcional à área do tubo. A prensa hidráulica é uma máquina
que multiplica a força aplicada.
Por outro lado, admitindo-se que não existam perdas na máquina, o
trabalho motor realizado pela força do ar comprimido é igual ao trabalho PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES (EMPUXO)
resistente realizado pelo peso do automóvel. Desse modo, os desloca- Contam os livros, que o sábio grego Arquimedes (282-212 AC) des-
mentos – o do automóvel e o do nível do óleo – são inversamente propor- cobriu, enquanto tomava banho, que um corpo imerso na água se torna
cionais às áreas dos tubos: mais leve devido a uma força, exercida pelo líquido sobre o corpo, vertical
t 1 = t 2 e F 1d 1 = F 2d 2 e para cima, que alivia o peso do corpo. Essa força, do líquido sobre o
Mas na prensa hidráulica ocorre o seguinte: corpo, é denominada empuxo ( ).
Portanto, num corpo que se encontra imerso em um líquido, agem
duas forças: a força peso ( ) , devida à interação com o campo gravita-
Comparando-se com a expressão anterior, obtemos:
cinal terrestre, e a força de empuxo ( ) , devida à sua interação com o
líquido.

Física 26 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
a) Qual é o valor do peso do objeto ?
b) Qual é a intensidade da força de empuxo que a água exerce no
objeto ?
c) Qual o valor do peso aparente do objeto ?
d) Desprezando o atrito com a água, determine a aceleração do obje-
to.
(Use g = 10 m/s2.)
Resolução:
a) P = mg = 10.10 = 100N
Arquimedes (282-212 AC).Inventor e matemático grego.
b) E = dáguaVobjeto
Quando um corpo está totalmente imerso em um líquido, podemos
ter as seguintes condições: c) Paparente = P – E = 100 – 20 = 80N

* se ele permanece parado no ponto onde foi colocado, a intensidade d) FR = P – 2 (afundará, pois P > E)
da força de empuxo é igual à intensidade da força peso (E = P);
* se ele afundar, a intensidade da força de empuxo é menor do que a Flutuação
intensidade da força peso (E < P); e
Para um corpo flutuando em um líquido, temos as condições a se-
* se ele for levado para a superfície, a intensidade da força de empuxo guir.
é maior do que a intensidade da força peso (E > P) .
1) Ele encontra-se em equilíbrio:
Para saber qual das três situações irá ocorrer, devemos enunciar o
princípio de Arquimedes: E=P
Todo corpo mergulhado num fluido (líquido ou gás) sofre, por 2) O volume de líquido que ele desloca é menor do que o seu volu-
parte do fluido, uma força vertical para cima, cuja intensidade é igual me:
ao peso do fluido deslocado pelo corpo.
Vdeslocado < Vcorpo
Seja Vf o volume de fluido deslocado pelo corpo. Então a massa do
3) Sua densidade é menor do que a densidade do líquido:
fluido deslocado é dada por:
dcorpo < dlíquido
mf = dfVf
4) O valor do peso aparente do corpo é nulo:
A intensidade do empuxo é igual à do peso dessa massa deslocada:
Paparente = P – E = O
E = mfg = dfVfg
A relação entre os volumes imerso e total do corpo é dada por:
Para corpos totalmente imersos, o volume de fluido deslocado é igual E=P
ao próprio volume do corpo. Neste caso, a intensidade do peso do corpo
e do empuxo são dadas por: dliquidoVimersog = dcorpoVcorpog =

P = dcVcg e E = dfVcg
Comparando-se as duas expressões observamos que:
* se dc > df , o corpo desce em movimento acelerado (FR = P – E);
* se dc < df , o corpo sobe em movimento acelerado (FR = E – P);
* se dc = df , o corpo encontra-se em equilíbrio. Exemplo:
Quando um corpo mais denso que um líquido é totalmente imerso Um bloco de madeira (dc = 0,65 g/cm3), com 20 cm de aresta, flutua
nesse líquido, observamos que o valor do seu peso, dentro desse líquido na água (dagua = 1,0 g/c3) . Determine a altura do cubo que permanece
, é aparentemente menor do que no ar. A diferença entre o valor do peso dentro da água.
real e do peso aparente corresponde ao empuxo exercido pelo líquido:
Paparente = Preal - E
Exemplo:
Um objeto com massa de 10 kg e volume de 0,002 m3 é colocado to-
talmente dentro da água (d = 1 kg/L).

Resolução:
Como o bloco está flutuando, temos que E = P e , sendo V = Abaseh ,
escrevemos:

Como hcorpo = 20 cm, então himerso = 13 cm.

Física 27 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
CLASSIFICAÇÃO DO TRABALHO
• ENERGIA, TRABALHO E POTÊNCIA – CONCEITUA-
ÇÃO DE TRABALHO, ENERGIA E POTÊNCIA. CONCEI- a) Trabalho Motor: Ocorre quando o trabalho é maior que zero (t> 0),
TO DE ENERGIA POTENCIAL E DE ENERGIA CINÉTICA. ou seja, a força F cede energia ao corpo.
CONSERVAÇÃO DE ENERGIA MECÂNICA E DISSIPA- b) Trabalho Resistente: Ocorre quando o trabalho é menor que zero (t
ÇÃO DE ENERGIA. TRABALHO DA FORÇA GRAVITA- < 0), ou seja, a força F retira energia do corpo.
CIONAL E ENERGIA POTENCIAL GRAVITACIONAL. c) Trabalho Nulo: Ocorre quando a força F não transfere nem trans-
FORÇAS CONSERVATIVAS E DISSIPATIVAS. forma energia.
Isto pode ocorrer em três casos:
CONCEITUAÇÃO DE TRABALHO, ENERGIA E POTÊNCIA. c.1) Força Nula: E evidente que se não houver força aplicada, não
haverá trabalho realizado.
CONCEITO DE TRABALHO
c.2) Deslocamento Nulo: Muitas vezes a força aplicada em um corpo
Trabalho é a medida da quantidade de energia transformada em ou- não é suficiente para movê-lo. Isto significa que a tentativa de reali-
tra modalidade, ou transferida para outro corpo através de uma força. zar trabalho fracassou, pois não houve transferência ou transforma-
ção de energia.
c.3) Força perpendicular ao deslocamento: Quando o ângulo formado
TRABALHO DE UMA FORÇA CONSTANTE
entre a força e o deslocamento é de 900, o trabalho é nulo.
Considere a seguinte situação: Percebe-se isto na expressão  = F.d.cos , pois, neste caso,  =
90.º e cos  = 0, o que nos leva a  = 0.
Pode-se citar como exemplo os movimentos circulares, pois é possí-
vel determinar que a força centrípeta não altera a energia do ponto mate-
rial durante a trajetória, o que nos traz trabalho nulo. Outros exemplos
são: um halterofilista mantendo o haltere imóvel sobre sua cabeça, esqui-
adores deslizando em planos horizontais, um homem carregando uma
 
O trabalho realizado é:  = | F | . | d | . cos  onde: mala, etc.
 = trabalho realizado pelo corpo;

F = força aplicada no corpo; TRABALHO DE UMA FORÇA VARIÁVEL

d = deslocamento realizado pelo corpo; Quando a força aplicada a um corpo não é constante, a determina-
 = ângulo formado entre a força e o deslocamento. ção do trabalho realizado é feita graficamente:
Considere, inicialmente, uma força constante de valor 10 N aplicada
sobre um corpo, no sentido do deslocamento, causando um desloca-
Unidades mento de 3 m. Temos que:
No Sistema Internacional o trabalho é expresso em joules (J), mas p = F.d.cos   p = 10.3.1  p = 30 N
pode ser expresso em erg (CGS), kgm (MKS) ou kJ (MTS).
Representando esta situação graficamente temos:
Exemplo: Uma força de 10 N é aplicada em um corpo de massa 4 kg,
provocando um deslocamento de 5 m. Sabendo-se que o ângulo entre
força e deslocamento é de 60.º, determine o trabalho realizado.
Resolução:
Dados: F= 10 N
d = 5m  = 600 cos  = 1/2

1 A determinação da área hachurada nos leva ao valor 30, o que nos


 = F.d. cos    = 10.5.   = 25 J
2 faz supor que a área do gráfico força x deslocamento é numericamente
igual ao trabalho realizado pela força F, o que é correto, ou seja:

Observações: N
Área 
1) O trabalho é uma grandeza escalar.

2) O trabalho de uma força constante não depende da trajetória. Exemplo: Uma força de intensidade variável é aplicada em um corpo,
como mostra o gráfico abaixo. Determine o trabalho realizado entre 0 e 6
3) Quando o ângulo for de 0º, podemos escrever apenas:  = F.d m.
Exemplo: Uma força de 3 N age sobre um corpo, provocando um
deslocamento de 6 m. Sabendo-se que a força e o deslocamento tem o
mesmo sentido, qual o trabalho realizado?
Resolução:
Dados: F = 3N d = 6m
 = F.d   =3.6   =18 J

Física 28 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Resolução Pode-se classificar a potência em Mecânica, onde a energia é trans-
ferida na forma de trabalho; Térmica, onde a energia é transferida sob a
bh 2  10 forma de calor; Elétrica, etc.
AΔ   AΔ   A Δ  10 e
2 2
A = b . h  A = 4.10  A = 40
POTÊNCIA MÉDIA
 = A+A   = 10+ 40   = 50 J Mede a energia transferida em um dado intervalo de tempo.
No caso particular de o gráfico estar acima do eixo, o trabalho é posi- 
tivo, pois força e deslocamento têm o mesmo sentido, e no caso de o grá- Pot M  onde:
fico estar abaixo do eixo, o trabalho é negativo, porque força e desloca- t
mento têm sentidos opostos. PotM = potência média desenvolvida;
 = trabalho realizado;
t = intervalo de tempo.
Unidades
No Sistema Internacional a unidade utilizada é o watt (W), mas pode-
se utilizar também o erg/s (CGS), o kgm/s (MKS) ou o kW (MTS).
Exemplo:
Um liquidificador realiza um trabalho de 100 J em 2 segundos. Qual
sua potência média?
Resolução:
Dados:  = 100J
t = 2
 100
Pot M   Pot M   Pot M  50 W
t 2
Exemplo: Uma força de intensidade variável age sobre um objeto
como mostra o diagrama abaixo. Qual o trabalho realizado entre 0 e 12
m? POTÊNCIA INSTANTÂNEA
Mede a energia transferida a cada instante.
Pot = F .v onde:
Pot = potência desenvolvida em um dado instante;
F = força aplicada;
v = velocidade. Unidade
Assim como na potência média, também na potência instantânea uti-
liza-se, pelo Sistema Internacional, o watt (W).

Resolução: Exemplo: Uma força de 100 N é aplicada em um corpo que, em cer-


to instante, apresenta velocidade de 5 m/s. Qual sua potência neste
( B  b) . h ( 9  3 ) .10 instante?
A1   A1  
2 2 Resolução:
12  10 120 Dados: F = 100 N v = 5 m/s
A1   A1   A1  60
2 2 Pot = F .v  Pot = 100.5  Pot = 500 W

bh 34 12
A2   A2   A2   A2  6 RENDIMENTO
2 2 2
Teoricamente pode-se transformar ou transferir energia sem perdas,
 = A1 - A2   = 60 – 6   = 54 J mas na prática isto não ocorre.
Define-se como rendimento a quantidade real de energia que é trans-
CONCEITO DE ENERGIA formada na modalidade desejada. Este rendimento é dado por:
Energia significa capacidade de realizar trabalho, ou seja, capacida- Pot u
de de transformar energia ou transferir energia para outros sistemas.  onde:
Todo sistema que apresentar esta característica será considerado pos- Pot t
suidor de energia.
 = rendimento;
CONCEITO DE POTÊNCIA
Potu = potência útil (energia realmente transformada);
Potência é a medida da rapidez com que um sistema transforma ou
transfere energia. Pott = potência total (potência obtida).

Física 29 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
O rendimento não possui unidade, mas pode-se utilizar o valor per- Exemplo:
centual, bastando para isso multiplicar o valor obtido na equação por 100.
Uma mola de constante elástica 400 N/m sofre uma deformação de
Exemplo: Uma máquina apresenta uma potência total de 2000 W. 40 cm. Qual sua energia potencial elástica?
Sabendo que esta máquina realiza um trabalho de 3200 J em 2 s, qual o
seu rendimento? Resolução:

Dados: Pott = 2000 W Dados: k = 400 N/m


x = 40 cm = 0,4 m
 = 3200 J t =2s
k  x2 400 0,4
2
Potência útil:
Ee   Ee  
 3200 2 2
Pot   Pot   Pot  1600 W
t 2 400  0,16 64
Ee   Ee   Ee  32 J
Rendimento: 2 2

Pot u 1600
     0,8 ENERGIA MECÂNICA
Pot t 2000
A Energia Mecânica é a energia total de um sistema em um dado ins-
Em valor percentual tem-se:  = 0,8.100   = 80% tante. E dada pela soma das energias cinética e potencial:

EM = Ec + Ep
CONCEITO DE ENERGIA POTENCIAL E DE ENERGIA CINÉTICA.
Exemplo.
Um pássaro de massa 1 kg voa à altura de 100 m com velocidade de
ENERGIA CINÉTICA
10 m/s. Sendo a aceleração da gravidade local igual a 10 m/s2, qual sua
A Energia Cinética é a forma de energia que um sistema possui por energia mecânica?
estar em movimento em relação a um referencial adotado. E expressa
por:
Resolução:
m  v2
Ec  onde:
Dados: m = 1 kg h = 100 m
2 v = 10 m/s g = 10 m/s2
Ec = Energia Cinética;
m = massa do corpo;
EM = Ec + Ep 
v = velocidade do corpo.
m  v2 1 102 1 100
EM   m  g  h  EM   1 10  100  EM   1000 
xemplo: 2 2 2

Um corpo de massa 3 kg encontra-se a uma velocidade de 4 m/s. EM = 1050 J


Qual sua energia cinética?
Resolução:
CONSERVAÇÃO DE ENERGIA MECÂNICA E DISSIPAÇÃO DE
Dados: m = 3 kg ENERGIA.
v = 4 m/s
m  v2 3  42
Ec   Ec  
2 2 PRINCIPIO DA CONSERVAÇÃO DA ENERGIA MECÂNICA

3  16 48 Um sistema de forças é chamado conservativo quando sua energia


Ec   Ec   Ec  24 J mecânica não é alterada.
2 2
Isto significa que a energia potencial pode transformar-se em energia
ENERGIA POTENCIAL ELÁSTICA cinética, e vice-versa, mas a soma das energias permanece constante.
A Energia Potencial Elástica é a forma de energia armazenada em É importante lembrar que se o sistema estiver sob ação de uma força
uma mola deformada ou um elástico esticado. E dada por: elástica, esta deve ser levada em consideração.
Temos então:
k  x2
Ee  onde:
Sistema sem a ação de uma força elástica:
2
Ee = Energia Potencial Elástica; m.v 2
EM  Ec  Ep   m.g.h = constante
k = constante elástica da mola; 2
x = deformação sofrida pela mola.  EM1 = EM2

Física 30 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Sistema sob ação de uma força elástica: TRABALHO DA FORÇA GRAVITACIONAL E ENERGIA POTENCIAL
2 2 GRAVITACIONAL.
m.v kx
EM  Ec  Ep  Ee   m.g.h  TRABALHO DA FORÇA-PESO
2 2
= constante Esta modalidade de trabalho é expressa como:
p =  m.g.h onde:
 EM1 = EM2
p = trabalho realizado pela força-peso;
Exemplo:
m = massa do corpo;
Um corpo de massa 4 kg encontra-se à altura de 10 m. Determine a g = aceleração da gravidade local;
velocidade do corpo quando:
h = altura do corpo em relação ao solo (ou outro referencial).
a) sua altura é de 5 m; O sinal ± da equação será utilizado dependendo apenas do tipo de
b) atinge o solo. Adote g = 10 m/s2 movimento realizado.
Quando um corpo é levado em sentido vertical para cima o sinal usa-
Resolução: do é o negativo (trabalho resistente), e quando é levado verticalmente
Dados: m = 4 kg para baixo o sinal é positivo (trabalho motor).
Exemplo: Um tijolo de massa 1,5 kg é retirado do solo e colocado a
h = 10 m g = 10 m/s2
uma altura de 2 m. Qual o trabalho realizado pela força-peso? Adote g =
10 m/s2.
Resolução:
m  v 22 Dados: m = 1,5 kg
a) EM1 = EM2  m.g.h1   m.g.h 2 
2 g = 10 m/s2 h = 2m
4  v 22 O trabalho é de subida, portanto o sinal é negativo:
4. 10. 10   4. 10.5  400  2  v 22  200 
2 p = -m.g.h  p = -1,5.10.2  p = -30 J
200
2  v 22  200  v 22   v 22  100 
2 ENERGIA POTENCIAL GRAVITACIONAL
v 2  100  v 2  10 m/s A energia Potencial é uma forma de energia que o sistema possui,
que está associada a urna posição em relação ao ponto referencial
adotado.
m  v 22 A Energia Potencial é a energia armazenada pelo sistema, e que es-
b) EM1 = EM2  m.g.h1  
2 tá pronta para ser transformada em outra forma de energia.
4  v 22 A Energia Potencial Gravitacional é consequência da força de atra-
4. 10. 10   400  2  v 22  ção gravitacional da Terra, e é expressa por:
2
Ep = m.g.h onde:
400
v 22   v 22  200  Ep = Energia Potencial Gravitacional;
2
m = massa do corpo;
v 2  200  v 2  14,1 m/s g = aceleração da gravidade local;
h = altura na qual o corpo se encontra. Unidade
Pelo Sistema Internacional a unidade de medida utilizada para ener-
TEOREMA DA ENERGIA CINÉTICA (T.E.C.)
gia é a mesma do trabalho, ou seja, o joule (J).
Este teorema diz que o trabalho total das forças atuantes em um sis- Exemplo:
tema é dado pela variação da Energia Cinética do sistema, ou seja, pode-
Um corpo de massa 5 kg encontra-se a urna altura de 4 m. Qual a
se determinar facilmente o trabalho realizado, bastando apenas conhe-
energia potencial deste como? Adote g = 10 m/s2
cer-se as Energias Cinéticas nos dois pontos em questão:
Resolução
Dados: m = 10 Kg
  Ec 2  Ec1 g = 10 m/s2 h=4m
Ep = m.g.h  Ep = 5.10.4 
Exemplo:
Ep = 200 J
Um corpo de massa 2 kg altera sua velocidade de 4 m/s para 6 m/s.
Qual o trabalho realizado para ocorrer este aumento de velocidade?
FORÇAS CONSERVATIVAS E DISSIPATIVAS.
Resolução:
 = Ec2 - Ec1  Forças conservativas
Na física, definimos forças conservativas como sendo aquelas que
m  v 22 m  v12 26 2
24 2
não modificam a energia mecânica do sistema. É possível estabelecer
     
2 2 2 2 uma classificação para os diversos tipos de forças através dos efeitos
provocados por cada uma sobre a energia mecânica dos corpos. Por
2  36 2  16 exemplo, a força peso tem a propriedade de transformar a energia poten-
     36 - 16    20 J cial gravitacional em energia cinética. A força de uma mola pode trans-
2 2
formar a energia elástica em energia cinética.

Física 31 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Esses dois tipos de forças mencionadas acima, força gravitacional e  Diminui quando a altitude do lugar aumenta
força elástica, são exemplos de forças conservativas, pois tais forças não
modificam a energia mecânica do sistema. Peso e massa são grandezas físicas diferentes. Num mesmo lugar à
superfície da Terra, dois corpos com massas iguais têm o mesmo peso, e
Forças dissipativas com massas diferentes têm pesos diferentes. E em lugares a latitudes ou
Na física, definimos forças dissipativas, que também podem ser altitudes diferentes, dois corpos com massas iguais têm pesos diferentes.
denominadas de forças não conservativas, como sendo as forças que O peso de um corpo será o mesmo em qualquer planeta?
transformam a energia mecânica em outras formas de energia, como por
exemplo, o som, calor e deformação. Quando um corpo é levado de um planeta para outro, a sua massa,
quantidade de matéria que constitui o corpo, mantém-se, mas o seu peso
A força de atrito faz um objeto parar, transformando sua energia ciné- passa a ser diferente, pois a força com que o corpo é atraído por esse
tica inicial em calor e som. Sempre que houver força de atrito, parte da planeta passa a ser diferente.
energia mecânica do sistema vai ser transformada em calor e som. É
Quanto maior for a massa de um planeta, maior será a força
possível verificar isso quando um carro freia bruscamente: escutamos o
gravitacional que o planeta exerce sobre os corpos colocados à sua
som característico da freada e vemos a fumaça dos pneus queimando em
superfície.
virtude do aumento da temperatura devido à força de atrito com o asfalto.
Leis de Kepler
Depois de uma análise meticulosa dos excelentes dados
astronômicos obtidos por Tycho Brahe, Kepler descobriu as leis do
• A MECÂNICA E O FUNCIONAMENTO DO UNIVERSO – movimento planetário que se seguem:
FORÇA PESO. ACELERAÇÃO GRAVITACIONAL. LEI DA
GRAVITAÇÃO UNIVERSAL. LEIS DE KEPLER. MOVI-  Os planetas descrevem órbitas elípticas, com o Sol num dos
focos.
MENTOS DE CORPOS CELESTES. INFLUÊNCIA NA
TERRA: MARÉS E VARIAÇÕES CLIMÁTICAS. CONCEP-  O raio vetor que liga um planeta ao Sol descreve áreas iguais em
ÇÕES HISTÓRICAS SOBRE A ORIGEM DO UNIVERSO E tempos iguais. (lei das áreas)
SUA EVOLUÇÃO.  Os quadrados dos períodos de revolucão (T) são proporcionais
aos cubos das distâncias médias (R) do Sol aos planetas. T2 = CR3, onde
C é uma constante de proporcionalidade.
FORÇA Peso
O modelo de Kepler é heliocêntrico. Seu modelo foi muito criticado
O peso é a força gravitacional sofrida por um corpo na vizinhança de
pela falta de simetria que constava no fato do Sol ocupar um dos focos da
um planeta ou outro grande corpo. Também pode ser definido como a
elipse e o outro simplesmente ser preenchido com o vácuo.
medida da aceleração que um corpo exerce sobre outro, através da força
gravitacional. O modelo da mecânica celeste de Brahe é muito curioso pois ele
coloca os planetas orbitando o Sol e este orbitando a Terra, o que o torna
Matematicamente, pode ser descrito como o produto entre massa e a
ao mesmo tempo geocêntrico e heliocêntrico.
aceleração da gravidade:
O objetivo da Mecânica Celeste, como o da Astrometria, é o de
determinar as posições dos astros e suas variações com o tempo, mas
diferentemente da Astrometria, a Mecânica Celeste faz esse estudo
baseada principalmente nos dados da Astrometria e na parte teórica
Devido às diferentes massas dos planetas do sistema solar, o peso fornecida pela Mecânica Clássica.
de um objeto será diferente em cada um deles. Segue-se uma tabela com
a relação desta força em relação à força exercida noutros planetas: Johannes Kepler em 1589, após laborioso estudo das posições de
planetas do sistema solar, elaborou três leis que representavam esses
Mercúrio 0.378 movimentos: são as chamadas Leis de Kepler. Isaac Newton, no início do
Vênus 0.907 século XVII quis entender o mecanismo que fazia com que a Lua girasse
em torno da Terra. Estudando os princípios elaborados por Galileu Galilei
Terra = 1
e por Johannes Kepler, Newton conseguiu elaborar uma teoria que dizia
Lua 0.166 que todos os corpos que possuiam massa sofreriam uma atração mútua
Marte 0.377 entre eles.
Júpiter 2.364 Surgiu então a teoria da Gravitação Universal: dados dois corpos de
Saturno 1.064 massa m e M distantes d entre si, esses dois corpos se atraem
Urano 0.889 mutuamente com uma força que é proporcional à massa de cada um
deles e ao mesmo tempo inversamente ao quadrado da distância que
Netuno 1.125 separa esses corpos. Matematicamente essa lei pode ser escrita por:
Plutão 0.067
F = G.m.M/d2
O peso de um corpo será o mesmo em qualquer lugar da Terra?
Quanto mais afastado estiver um corpo do centro da Terra menor vai onde G é a constante universal da atração gravitacional.
ser a força gravitacional entre a Terra e o corpo. Assim, a força diminui A Mecânica Celeste é, pois, a parte da Astronomia que visa estudar o
quando a distância entre o corpo e o centro da Terra aumenta. ~>O peso movimento dos astros que estão submetidos às forças resultantes da
de um corpo na Terra : atração gravitacional entre esses corpos celestes. Assim, podemos dizer
que a Mecânica Celeste estuda os movimentos dos astros aplicando as
 Aumenta do equador para os polos: por dois motivos, 1) leis da Mecânica.
achatamento nos polos (a Terra não é uma esfera perfeita); 2) devido
também à ação da força centrípeta da rotação da Terra, que "empurra" os O Mecânico Celeste é capaz de calcular as distâncias e as posições
corpos para fora, reduzindo o seu peso. dos astros do Sistema Solar, determinar massas de estrelas pertencentes
a Sistemas Estelares distantes, calcular órbitas de satélites artificiais em

Física 32 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
torno da Terra, determinar as trajetórias de sondas espaciais enviadas a órbita do planeta Urano, astrônomos puderam calcular a presença de um
outros astros do Sistema Solar etc. É com a Mecânica Celeste que se outro corpo celeste influenciando seu movimento. E lá estava Netuno.
pode determinar as massas de corpos celestes, incluindo planetas, Com Plutão não foi diferente. P. Lowel no início do séc. XX pode prever a
satélites, estrelas etc. existência do planeta estudando a órbita de Netuno. Em 1930, Plutão
seria descoberto por Clyde Tombaugh.
Mecânica Celeste é a parte da astronomia que se ocupa da
determinação dos movimentos dos astros. Planetas
Kepler São corpos não luminosos que orbitam uma estrela e que brilham ao
refletir sua luz. No nosso sistema solar existem 9 planetas que orbitam
Nascido em Weil, Áustria, em 27 de fevereiro de 1571, o pisciano uma estrela, o Sol. Uma boa dica ao observar o céu é que estrela emite
Kepler publicou em 1596 "Mysterium Cosmographicum", onde expõe uma luz que pisca, planeta não.
argumentos favoráveis às hipóteses Heliocêntricas. Em 1609, publicou
Astronomia Nova... De Motibus Stellae Martis, onde apresentas as 3 leis São planetas inferiores aqueles que estão entre o Sol e a Terra, a
do movimento dos planetas: saber: Mercúrio e Vênus. Planetas superiores aqueles que estão além da
Terra: Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão.
Primeira Lei de Kepler:
Rotação
"O planeta em órbita em torno do Sol descreve uma elipse em que o Planeta Distância do Sol
Revolução
Sol ocupa um dos focos". Mercúrio 57.910.000 58d15h36m 87dias 23h15m
Esta lei definiu que as órbitas não eram esféricas como se supunha Vênus 108.210.000 243d 224dias 16h49m
até então. Terra 149.597.910 24h 365dias 5h48m
Segunda Lei de Kepler: Marte 227.944.000 24h37m 687dias
Júpiter 778.340.000 9h50m 11anos 10 meses 17 dias
"A linha que liga o planeta ao Sol varre áreas iguais em tempos Saturno 1.427.010.000 10h4m 29 anos 167 dias
iguais". Esta determina que os planetas movem-se com velocidades Urano 2.869.600.000 10h49m 84 anos 4 dias
diferentes dependendo da distância que estão do Sol. Netuno 4.496.660.000 15h48m 164 anos 9 meses 16 dias
Periélio é ponto mais perto do sol, o planeta anda mais rápido. Afélio Plutão 5.898.900.000 6 d 9h21m 247 anos 8 meses 8 dias
é ponto mais afastado do sol, o planeta anda mais lentamente
Terceira Lei de Kepler: "Os quadrados dos períodos de revolução
dos planetas são proporcionais aos cubos dos eixos máximos de suas CONCEPÇÕES HISTÓRICAS SOBRE A ORIGEM DO UNIVERSO E
órbitas". SUA EVOLUÇÃO.

T2 Universo
 k , com k constante
D3 No século IV a.C., Parmênides de Eleia concebia o universo como "a
massa de uma esfera arredondada que se equilibra em si mesma, em
Complicadinho isso, não? Mas fica simples quando a gente fala de todos os seus pontos". Heráclito de Éfeso via o mundo como contínuo
outro jeito. Esta lei nos diz que existe uma relação entre a distância do movimento e constante vir-a-ser. Dois mil e quinhentos anos mais tarde,
planeta e o tempo que ele demora para completar uma revolução em como se prolongasse e desenvolvesse essas intuições originais, Albert
torno do sol. Portanto quanto mais distante ele estiver mais tempo levará Einstein, que também concebeu o universo como uma esfera, falou "da
para completar sua volta em torno do Sol. razão poderosa e suprema que se revela no incompreensível universo".
Dessas 3 leis, o físico inglês Isaac Newton deduz as características A ideia de universo é produto de um momento histórico, suas con-
das forças que agem sobre os planetas devido à presença do Sol. Em cepções religiosas, filosóficas e científicas. A menos que se considere a
1687 publica "Principia" onde conclui: situação da ciência e da filosofia num dado instante como definitivas,
Da primeira lei de Kepler que a força que atua constantemente sobre suas posições, teorias e hipóteses não passam de momentos de um
o planeta tem sua linha de ação passando pelo Sol, para o qual é dirigida. processo, o qual consiste no desvendamento progressivo da realidade
Portanto o Sol, nosso astro-rei, tudo atrái. Da segunda que essa força é pela razão. Tal processo, que se confunde com o que se poderia chamar
também inversamente proporcional ao quadrado da distância entre o sol de história da razão, revela que o saber é social e histórico, e que a
e o planeta. Ou seja, que quanto mais perto o planeta está maior é a realidade não se descobre de uma só vez, pelo mesmo homem, mas aos
força de atração do Sol. E da terceira que devido ao sol, a força que age poucos, e pelas diversas gerações que se sucedem.
constantemente sobre o planeta, além de ser central, estar dirigida para o Evolução da ideia de universo
Sol e ser inversamente proporcional ao quadrado da distância, é
diretamente proporcional à massa do planeta. O coeficiente de O conceito de universo, inseparável da história da religião, da filoso-
proporcionalidade independe do planeta. Essa é difícil, hein. Ele repete as fia e da ciência, teria percorrido três etapas, que podem eventualmente
duas primeiras conclusões e acrescenta que "tamanho é documento". Na coexistir no contexto de uma mesma cultura, embora em cada contexto
verdade o que interessa aqui é a massa do planeta. uma delas sempre prevaleça. A primeira se caracteriza pela concepção
religiosa, a segunda pela metafísica e a terceira pela concepção científi-
LEI DA GRAVITAÇÃO UNIVERSAL ca. Segundo a concepção religiosa, o mundo, além de ter sido criado por
A lei da gravitação universal define que dois pontos materiais (S e P) Deus ou pelos deuses, é por eles governado, à revelia do homem e de
de massa M e m, situados a uma distância r, exercem mutuamente uma sua vontade. Diante de Deus, ou dos deuses, infinitamente poderosos, o
força atrativa dirigida segundo a reta SP, proporcional às massas e homem não passa de um ser indefeso e temeroso.
inversamente proporcional ao quadrado de suas distâncias. Concepção grega. A filosofia e a ciência gregas pressupõem as teo-
Isto tudo pode parecer complicado à primeira vista, mas é importante gonias e as cosmogonias, tais como concebidas nas obras de Homero e
pra compreendermos porque o planeta gira em torno do Sol e como esse de Hesíodo. O mundo, que incluía a totalidade daquilo que se conhece,
movimento se estabelece. compreende os deuses, imortais, os homens, mortais, e a natureza, que
os gregos chamavam physis. Tanto a natureza quanto os homens estão à
A mecânica celeste mostrou sua eficiência na descoberta do planeta mercê dos deuses imortais, de seus caprichos, cóleras, paixões, pois os
Netuno em 1846 por U. J. de Verrier. Baseados nas perturbações da deuses, embora divinos e imortais, são concebidos à semelhança dos

Física 33 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
homens, tendo também vícios e virtudes. A concepção religiosa e mitoló- Concepção judaico-cristã. A revelação judaico-cristã trouxe duas
gica do universo é criticada pela filosofia e pela ciência, que se propõem, ideias estranhas ao pensamento grego: a ideia de um Deus único e
desde suas origens, a substituí-la por uma concepção racional e lógica. pessoal, transcendente ao mundo, e a ideia da criação ex-nihilo, a partir
do nada. De acordo com o Gênesis, Deus criou o universo, o céu e a
Nos primeiros filósofos gregos, chamados pré-socráticos, encontra- Terra, e todos os seres que nele se contêm, a água e a luz, os astros e as
se o esboço das cosmovisões que Platão e Aristóteles tentariam sistema- estrelas, as plantas e os animais e, finalmente, o homem, feito a sua
tizar dois séculos mais tarde. Partindo do mesmo pressuposto, da identi- imagem e semelhança. Obra de Deus, que é, por definição, a inteligência
dade do pensamento e do ser, ou da razão e da realidade, Parmênides e suprema, o universo reflete essa inteligência, sendo ordem e beleza,
Heráclito formularam as duas teses que determinaram todo o pensamen- cosmo e não caos. As leis que regem seu funcionamento expressam a
to ulterior: a da unidade e imobilidade, e a da multiplicidade e mobilidade vontade divina, que não as estabeleceu arbitrariamente, mas segundo o
do ser. Para Parmênides, o Ser, isto é, o universo, o Absoluto, era incria- plano que se desdobrou ao longo dos sete dias da criação.
do, imperecível, completo, imóvel e eterno, assemelhando-se à "massa
de uma esfera bem arredondada, que se equilibra em si mesma em todos Compelidos, pelas exigências da luta contra o paganismo e as here-
os seus pontos". Segundo Heráclito, para quem o lógos "tudo governa", o sias, a formular conceitualmente o conteúdo da revelação, os pensadores
mundo, que é o mesmo para todos os seres, não foi criado por um deus cristãos tiveram que se valer do arsenal ideológico de que dispunham,
ou por um homem, e sempre foi, é e será um fogo vivo "que se acende e quer dizer, o pensamento grego. O que se chama de filosofia cristã, ou de
apaga com medida". pensamento cristão, não passa, na realidade, do pensamento grego -- de
Platão e de Aristóteles especialmente -- usado como instrumento de
Ainda no período pré-socrático, as filosofias de Demócrito, Empédo- defesa e justificação da fé. Ao incorporar a filosofia grega, a cosmovisão
cles e Anaxágoras, foram tentativas de conciliar e superar essas duas cristã ficou presa à física e à cosmologia de Aristóteles, que, durante dois
posições extremas. De todas, a mais significativa é a de Demócrito, que mil anos, dominou o pensamento ocidental, até o advento da filosofia e da
lançou os fundamentos de uma concepção rigorosamente científica do ciência moderna.
universo, concebendo-o como composto de átomos e de vazio. Os áto-
mos e o vazio, assim como o movimento, são eternos, sempre existiram, Universo newtoniano. Os fundadores da ciência moderna, Copérnico,
e suas infinitas combinações dão origem a todos os seres. Galileu, Kepler, Descartes e Newton, acreditavam em Deus e a ele se
referiram constantemente, mas conceberam o universo como se fosse
Segundo Platão, cuja cosmogonia é expressa no mito do Timeu, pois independente de Deus e explicável por si mesmo, pelas leis que lhe são
a física é apenas um passatempo para o espírito, o mundo, obra de um próprias. A "revolução copernicana" deslocou o centro de gravitação da
demiurgo, é belo e vivo. Cópia corpórea e sensível do modelo inteligível, Terra para o Sol e permitiu conceber o universo como um sistema autô-
é habitado por uma alma que mistura três essências: a indivisível, unida- nomo, regido por leis que podem ser conhecidas experimentalmente e
de absoluta do todo inteligível, a divisível, ou multiplicidade que caracteri- formuladas matematicamente. Descobrindo a impenetrabilidade, a mobili-
za os corpos e seu vir-a-ser, e uma terceira, intermediária, a existência, dade, a força de propulsão dos corpos, as leis do movimento e da gravi-
que participa das duas primeiras. O centro da alma, uma espécie de dade, e formulando os postulados que permitem definir as noções de
envoltório esférico do corpo do mundo, coincide com o centro do mundo, massa, causa, força, inércia, espaço, tempo e movimento, Newton foi o
e seus movimentos circulares se confundem. O corpo do mundo é com- primeiro a sistematizar a moderna ciência da natureza.
posto do fogo e da terra, entre os quais se interpõe, por razões matemáti-
cas, a água e o ar, matéria ou elementos que preexistem à ação do Embora não se propusesse mais o conhecimento das causas dos fe-
demiurgo e cujo começo de organização explica-se mecanicamente. nômenos, mas a determinação das leis que os regem, a ciência newtoni-
ana, físico-matemática, coincidia ainda com a física de Aristóteles num
Ao contrário de Platão, para quem a física só poderia ser objeto de ponto capital, a concepção do tempo e do espaço. Ambas consideram
um "conhecimento bastardo", Aristóteles achava que o mundo natural tempo e espaço como quadros invariáveis e fixos, referenciais absolutos,
pode ser objeto de conhecimento racional ou epistemológico. Único, não em função dos quais se explicam os movimentos do universo. A definição
tem nem começo nem fim, nada existe fora dele, é perfeito e finito, for- aristotélica do tempo e do espaço, embora date do século IV a.C., preva-
mando uma esfera que se move de acordo com o movimento mais perfei- leceu na ciência clássica, na mecânica de Galileu e de Newton, até o
to, que é movimento circular. O mundo inclui quatro corpos simples ou advento da física quântica e da relatividade einsteiniana.
elementares, a terra, a água, o ar e o fogo, aos quais se acrescenta uma
quinta-essência, o éter, que não comporta nenhuma espécie de mudan- Relacionando a queda da maçã com o movimento dos planetas e do
ça. Sol, Newton formulou a lei da gravitação universal, que permite determi-
nar a velocidade de revolução da Terra em torno do Sol, do sistema solar
O universo se dividiria em duas grandes regiões: o céu propriamente no sistema estelar, do sistema estelar na Via Láctea e da Via Láctea nas
dito, que se estende do "primeiro céu" até a Lua, incluindo as estrelas galáxias exteriores. Distinguindo movimento absoluto e movimento relati-
fixas, cujo movimento é regular, eterno e circular. Os astros e os planetas vo, foi levado a admitir a existência de estrelas fixas, ou de pontos imó-
são tão imóveis quanto as estrelas. O que se move circularmente é a veis no universo, embora não dispusesse de meios para provar tal hipó-
esfera que carrega o astro, esfera única no caso das estrelas, esferas tese. Por considerar o espaço uma realidade fixa, um quadro estático e
múltiplas no caso dos planetas. Segundo Aristóteles, para que o movi- imutável e por não poder estabelecer cientificamente esse postulado,
mento de cada esfera planetária não se altere em virtude do movimento recorreu a uma explicação teológica, que considerava o espaço a onipre-
da outra esfera em que está encaixada, é preciso introduzir esferas sença de Deus na natureza. O universo newtoniano era, assim, o meio
compensadoras, que preservam a unidade do sistema. invisível, o espaço absoluto e imutável no qual as estrelas se deslocam e
A segunda região do universo é a região sublunar, cujo centro é a a luz se propaga de acordo com modelos mecânicos, traduzíveis em
Terra. Mais distante do "primeiro motor" que o céu, caracteriza-se pela fórmulas matemáticas.
geração e pela corrupção das substâncias, cuja matéria não é mais Universo einsteiniano. Em 1905, Albert Einstein escreveu um peque-
perfeitamente determinada, como a do mundo sideral, mas é, ao contrá- no trabalho, no qual admitia que a velocidade da luz não é afetada pelo
rio, pura indeterminação. Nesse mundo, onde reina a contingência, o movimento da Terra, mas rejeitava a teoria do éter e a noção de espaço
acidente e o acesso, a descontinuidade é a norma do movimento, mesmo como quadro fixo e imóvel no qual é possível distinguir o movimento
regular. Os elementos que se constituem nessa região são inferiores ao absoluto do movimento relativo. Se a velocidade da luz é constante, e se
éter, misturando-se e transformando-se uns nos outros, o que permite propaga independentemente do movimento da Terra, também deve ser
considerá-la a região dos mistos, ou das misturas. O mundo sublunar independente do movimento de qualquer outro planeta, estrela, meteoro,
está envolvido por uma esfera de fogo que gira com o primeiro céu, a ou mesmo sistema no universo. As leis da natureza, consequentemente,
qual envolve o ar, que, por sua vez, envolve a água, que, finalmente, são as mesmas para todos os sistemas que se movem uniformemente,
envolve a terra. uns em relação aos outros.

Física 34 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Eliminados o espaço e o tempo absolutos, o universo todo entra em
movimento, não tendo mais sentido indagar pela velocidade "verdadeira",
• FENÔMENOS ELÉTRICOS E MAGNÉTICOS – CARGA
ou "real" de qualquer sistema. O espaço einsteiniano não tem fronteiras ELÉTRICA E CORRENTE ELÉTRICA. LEI DE COULOMB.
nem direção, e não apresenta nenhum ponto de referência que permita CAMPO ELÉTRICO E POTENCIAL ELÉTRICO. LINHAS
comparações absolutas, pois não passa, como já dissera Leibniz, "da DE CAMPO. SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS. PODER
ordem da relação das coisas entre elas". O que leva a concluir que, sem
DAS PONTAS. BLINDAGEM. CAPACITORES. EFEITO
coisas que o ocupem e nele se movam, não há espaço. Os movimentos,
portanto, sejam quais forem, só podem ser descritos e medidos uns em JOULE. LEI DE OHM. RESISTÊNCIA ELÉTRICA E RE-
relação aos outros, uma vez que, no universo, tudo está em movimento. SISTIVIDADE. RELAÇÕES ENTRE GRANDEZAS ELÉ-
Na primeira formulação de sua teoria, que chamou de "relatividade
TRICAS: TENSÃO, CORRENTE, POTÊNCIA E ENERGIA.
restrita", Einstein buscou demonstrar que não há no universo nenhum CIRCUITOS ELÉTRICOS SIMPLES. CORRENTES CON-
parâmetro absoluto que permita calcular o movimento absoluto de um TÍNUA E ALTERNADA. MEDIDORES ELÉTRICOS. RE-
planeta, como a Terra, ou de qualquer sistema que se ache em movimen- PRESENTAÇÃO GRÁFICA DE CIRCUITOS. SÍMBOLOS
to. Um corpo só se move em relação a outro, ou a outros, e se todos os CONVENCIONAIS. POTÊNCIA E CONSUMO DE ENER-
corpos do universo se movessem simultaneamente, com a mesma velo-
cidade, não haveria movimentos, nem percepção do movimento e possi- GIA EM DISPOSITIVOS ELÉTRICOS. CAMPO MAGNÉTI-
bilidade de calculá-lo. CO. IMÃS PERMANENTES. LINHAS DE CAMPO MAG-
A partir da lei da inércia, tal como foi enunciada por Newton, Einstein
NÉTICO. CAMPO MAGNÉTICO TERRESTRE.
reformulou a lei da gravitação universal, estabelecendo como premissa
que as leis da natureza são as mesmas para qualquer sistema, indepen-
CORRENTE ELÉTRICA
dentemente de seu movimento. O princípio da equivalência, entre a
gravidade e a inércia, estabelece que não há meio algum que permita Define-se corrente elétrica como sendo o fluxo ordenado de cargas
distinguir o movimento produzido pelas forças de inércia do movimento elétricas que atravessam um condutor.
gerado pela força da gravitação.
O princípio permitiu mostrar que nada há de único ou de absoluto no
movimento não uniforme, pois seus efeitos não se podem distinguir dos
efeitos da gravitação. O movimento, portanto, seja qual for, uniforme ou
não, só pode ser observado e calculado em relação a um parâmetro, pois
não há movimento absoluto. Desse ponto de vista, a gravitação passa a
fazer parte da inércia e o movimento dos corpos resulta de sua inércia Quando um condutor é ligado a um gerador é possível ter-se esta
própria. Sua trajetória é determinada pelas propriedades métricas do movimentação, pois o gerador é responsável pelo surgimento de falta de
contínuo espaço-tempo, o que permite eliminar a obscura noção de ação cargas em uma região, e excesso de cargas em outra. Se as cargas
a distância. forem prótons, estes se movimentarão do polo positivo (onde há excesso
de prótons) para o negativo (onde há falta de prótons). Este é o sentido
Na confluência da teoria dos quanta, que determinou todas as con- convencional da corrente elétrica.
cepções a respeito do átomo, e da teoria da relatividade, que determinou
todas as concepções a respeito do espaço, do tempo, da gravitação, da Como a corrente elétrica é, comumente, fluxo de elétrons, o fluxo
inércia etc., a teoria do campo unitário vem atender à exigência funda- destas cargas ocorre sempre em sentido contrário ao da corrente elétrica.
mental da razão, que é a exigência de unidade. A intensidade da corrente elétrica é determinada da seguinte forma:
"A ideia de que existem duas estruturas no espaço, independentes
uma da outra", escreve Einstein, "o espaço métrico gravitacional e o Q
espaço eletromagnético, é intolerável ao espírito teórico". i onde:
t
Ao mostrar que as duas forças, a da gravitação e a eletromagnética,
não são independentes, mas inseparáveis, a teoria do campo unitário as i = intensidade de corrente elétrica;
descreve em termos que poderão permitir novas descobertas sobre a
estrutura da matéria, a mecânica das radiações e demais problemas do Q = quantidade de carga que percorre o condutor;
mundo atômico e subatômico.
t = intervalo de tempo.
O universo einsteiniano não é nem infinito, nem euclidiano, ou tridi-
Unidades:
mensional, pois a geometria de Euclides não é válida no campo gravitaci-
onal. E, como a estrutura do campo gravitacional é determinada pela Pelo Sistema Internacional, a intensidade de corrente elétrica é me-
massa e pela velocidade do corpo em gravitação, a geometria do univer- dida em ampères (A), a quantidade de carga em coulombs (C) e o inter-
so, a curvatura do contínuo espaço-tempo, por ser proporcional à concen- valo de tempo em segundos (s).
tração de matéria que contém, será determinada pela totalidade da
matéria contida no universo, que o faz descrever uma imensa curvatura Exemplo: Por um condutor passam 7200 C em 1 hora. Qual a inten-
que se fecha em si mesma. sidade da corrente elétrica que passa neste condutor?

Embora não seja possível dar uma representação gráfica do universo Resolução:
finito e esférico de Einstein, foi possível calcular, em função da quantida- Dados: Q = 7200 C
de de matéria contida em cada centímetro cúbico de espaço, o valor do
raio do universo, avaliado em 35 trilhões de anos-luz. t 1 h = 3600 s
Nesse universo finito, mas grande o bastante para conter bilhões de
estrelas e galáxias, um feixe de luz, com a velocidade de 300.000km/s,
levaria 200 trilhões de anos para percorrer a circunferência do cosmo e Q 7200
i  i  i  2A
retornar ao ponto de partida. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publi- t 3600
cações Ltda.

Física 35 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
PROPRIEDADE GRÁFICA
Nos gráficos i x t, a área nos fornece a quantidade de carga transpor-
tada no intervalo de tempo considerado.
Para se determinar se estas forças são de atração ou de repulsão uti-
liza-se o produto de suas cargas, ou seja:

CAMPO ELÉTRICO E POTENCIAL ELÉTRICO.

Exemplo: O gráfico abaixo representa a variação da corrente com o POTENCIAL ELÉTRICO


tempo em um condutor. Qual a quantidade de carga que atravessa
este condutor entre 0 e 8 s? Admita um ponto A de um campo elétrico. Define-se potencial elétrico
como sendo a grandeza escalar que descreve as características do
campo e do ponto A considerado.
O potencial elétrico pode ser entendido como a medida do nível de
energia potencial do ponto, e é determinado como:

Epot
V onde:
q

(B  b)h (8  4). 5 V = potencial elétrico;


A  A  Epot = energia potencial;
2 2
q = carga elétrica.
12  5 60
A  A   A  30 Unidades
2 2
O potencial elétrico, pelo Sistema Internacional, é medido em volts
N (V), a energia potencial em joules (J) e a carga elétrica em coulombs (C).
Q =A  Q = 30C
 CAMPO ELÉTRICO UNIFORME
Em um campo elétrico uniforme pode-se determinar o trabalho reali-
zado para levar uma carga q de um ponto A para um ponto B:
LEI DE COULOMB.

Lei de Coulomb
Esta lei, formulada por Charles Augustin Coulomb, refere-se às for-
ças de interação (atração e repulsão) entre duas cargas elétricas punti-
formes, ou seja, com dimensão e massa desprezível.
Lembrando que, pelo princípio de atração e repulsão, cargas com si-
nais opostos são atraídas e com sinais iguais são repelidas, mas estas
forças de interação têm intensidade igual, independente do sentido para
O trabalho é:
onde o vetor que as descreve aponta.
O que a Lei de Coulomb enuncia é que a intensidade da força elétrica de =q.E.d onde:
interação entre cargas puntiformes é diretamente proporcional ao produto
dos módulos de cada carga e inversamente proporcional ao quadrado da  = trabalho realizado;
distância que as separa. Ou seja:
q = carga elétrica;
E = intensidade do campo elétrico;
d = distância entre os pontos.

Onde a equação pode ser expressa por uma igualdade se conside- Unidades
rarmos uma constante k, que depende do meio onde as cargas são
encontradas. O valor mais usual de k é considerado quando esta intera- O trabalho é medido em joules (J), a carga elétrica em coulombs (C),
ção acontece no vácuo, e seu valor é igual a: o campo elétrico em N/C e a distância em metros (m).
Observação: Quando o sentido do movimento da carga é contrário ao
do campo elétrico, como na figura acima, a energia potencial aumenta, e
quando o sentido do movimento é o mesmo do campo elétrico, a energia
Então podemos escrever a equação da lei de Coulomb como: potencial diminui.

Física 36 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
A diferença de potencial entre dois pontos é: Exemplo: Duas cargas localizadas nos pontos A e B, de 5.10 C e 3
C, respectivamente, estão separadas por uma distância de 30 cm.
U=E.d onde:
Determine:
U = diferença de potencial; a) O potencial elétrico no ponto B;
E = intensidade do campo elétrico; b) A energia potencial no ponto B.
d = distância entre os pontos. Dado: k = 9.109
Exemplo: Uma carga de 3 C encontra-se sobre ação de um campo
elétrico de intensidade 3.10 N/C
Resolução:
Pede-se:
Dados:
a) Qual o trabalho realizado para levar esta carga para outro ponto
localizado a uma distância de 30 cm? Q = 5.10-4 C q = 3 C = 3.106 C
b) Qual a diferença de potencial entre os pontos do item anterior? d = 30 cm = 30.102 m
Resolução: k = 9.109
Dados:
q = 3 C = 3. 10-6 C K Q 9  109  5  104
a) VA   VA   VA  1,5  107 V
E = 3.107 N/C d 30  102
30 cm = 30. 102 m
a)  = q.E.d2   = 3.106.3.107.3.10-2  b) Epot = q . VA  Epot = 3 . 10-6 . 1,5 . 107 
 = 2,7J Epot = 45 J
b) U = E . d  U = 3.107.3.10-2 U= 9.105 V
Se uma carga puntiforme q é transportada de um ponto A para um
ponto B, existe um trabalho realizado para este deslocamento:
CAMPO ELÉTRICO DE UMA CARGA PUNTIFORME
Se considerarmos uma carga puntiforme Q criando um campo elétri-
co à sua volta, e uma carga puntiforme q a uma certa distância d da carga
geradora de campo, temos:

Potencial elétrico no ponto A:

k Q
VA  onde:
d
Este trabalho é calculado pela expressão:  = q.(VA - VR ) onde:
VA = potencial elétrico no ponto A;
k = constante eletrostática;
Q = valor da carga elétrica geradora de campo;
 = trabalho realizado no deslocamento;
q = valor da carga da partícula movimentada;
d = distância entre as cargas elétricas.
VA = potencial elétrico no ponto A;
VB = potencial elétrico no ponto B.
Energia Potencial da carga Q no ponto A:

k Qq
Epot  ou Epot  q  VA onde: POTENCIAL GERADO POR DIVERSAS
d CARGAS PUNTIFORMES
Epot = energia potencial; Se tivermos várias cargas puntiformes criando, cada uma delas, um
potencial em um ponto A, o potencial resultante neste ponto é dado pela
k = constante eletrostática; soma algébrica dos potenciais:
Q = valor da carga geradora de campo; VA = V1 + V2 + V3 + . . . onde:
q = valor da carga puntiforme no ponto A; VA = potencial elétrico no ponto A;
d = distância entre as cargas;
V1, V2,V3 potencial elétrico criado por cada carga elétrica puntiforme.
VA = potencial elétrico no ponto A.

Física 37 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
LINHAS DE CAMPO. SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS. A reta que contém os polos de uma agulha magnética é a direção de
um vetor denominado vetor indução magnética ( ) - e o sentido é do
Os efeitos de um campo magnético não podem ser vistos. Mas po- sul para o norte da agulha. A unidade de no SI é o tesla (T). Também
dem ser percebidos, o que permite fazer seu desenho - uma representa- é utilizada a unidade gauss (G).
ção geométrica -, no qual estampamos os polos e linhas magnéticos.
Existe uma relação de interação entre esses dois polos: quando
Todo campo magnético está associado a uma carga elétrica em mo- aproximamos o polo de um ímã do polo oposto de outro ímã podemos
vimento. Basta uma carga elétrica em movimento para, simultaneamente, constatar uma atração entre eles. Mas quando aproximamos um ímã
termos um campo magnético. Mas uma carga em movimento não gera com um de seus polos voltado para o mesmo polo de outro ímã perce-
um campo magnético. Na verdade, podemos pensar essas duas grande- bemos uma forte repulsão entre eles.
zas (carga em movimento e campo magnético) como uma só, pois a
partir do momento que temos uma, temos também a outra.
Um campo magnético pode - da mesma forma que um campo elétri-
co - ser representado geometricamente por figuras denominadas linhas
de campos, também chamadas de linhas de indução ou linhas de
força do campo magnético. O local onde o campo magnético tem maior
intensidade é representado por uma concentração maior de linhas.
É importante lembrar que o conceito de um campo de força que
surge a partir de linhas de força foi desenvolvido por Faraday, quando
ele relacionou o magnetismo com a eletricidade.
Lei de Gauss
Os ímãs apresentam regiões onde o campo magnético é mais inten-
so e que são denominadas polos magnéticos. Essas regiões são deno-
A figura mostra campos magnéticos entre polos de dois ímãs. Na
minadas, arbitrariamente, de polo sul e polo norte. Esses polos são
primeira dupla de ímãs, no alto, temos o polo norte de um ímã com a
representados, geralmente, por cores diferentes nos ímãs.
face voltada para o polo sul de outro (há uma interação atrativa entre
Ímãs diferentes podem ter esses polos em regiões diferentes: eles). Nos outros dois casos, temos interações repulsivas.
Fonte: http://educacao.uol.com.br

Por convenção, dizemos que as linhas de campo são orientadas do PODER DAS PONTAS. BLINDAGEM.
polo norte para o polo sul; e é comum ouvirmos que elas "saem" ou
"nascem" no polo norte e "entram" ou "morrem" no polo sul. O Poder das Pontas
Você já deve ter observado que caminhões tanque, desses que
transportam combustível, têm formas arredondadas. Você sabe por quê?
Há mais de duzentos anos os cientistas observaram que um condutor
que apresenta em sua superfície uma região pontiaguda dificilmente se
mantém eletrizado, pois a carga elétrica fornecida a ele escapa através
dessa ponta. Porém, aqueles cientistas não tinham uma explicação
Linhas de campo de um ímã em barra. satisfatória para o fato.

Mas é importante sabermos que essa é uma linguagem figurada, pois Hoje sabemos que o poder das pontas ocorre porque, em um condu-
as linhas de campo magnético na verdade são fechadas (sem começo ou tor eletrizado, a carga tende a acumular-se nas regiões pontiagudas. Em
fim), e não existe lugar onde essas linhas possam "nascer" ou "morrer". virtude disso o campo elétrico nessas regiões é mais intenso do que nas
Tal fato representa a lei de Gauss magnética. regiões mais planas do condutor.

Outro aspecto importante da linha de campo é que, se colocarmos É devido a esse fato que não se recomenda, em dias de chuva, abri-
uma bússola sobre qualquer ponto dela, a agulha magnética da bússola gar-se em baixo de árvores e em locais mais altos.
assumirá uma posição tangente em relação à linha. O sentido do campo No caso dos caminhões tanque, suas extremidades são arredonda-
magnético é dado pelo sentido da reta que contém os polos da agulha das para que as cargas não se acumulem em uma ponta, impedindo que
magnética em repouso. uma centelha seja gerada, o que provocaria uma grande explosão.
Blindagem Eletrostática
Você já parou para pensar porque equipamentos como aparelhos de
rádio, videocassetes, aparelhos de DVD entre outros, são montados em
gabinetes metálicos, ao serem fabricados? Ou ainda, porque fios elétricos
e cabos coaxiais, usados para transmissão de sinais de TV e telefonia,
são envolvidos por uma tela metálica?
De acordo com as leis da eletrostática, o campo elétrico no interior de
um condutor é nulo. Esse fenômeno é conhecido como blindagem ele-
trostática.
O primeiro cientista a praticar esse fenômeno foi o físico experimental
inglês Michael Faraday (1791-1867). Para mostrar que em um condutor
Mapeamento de um campo magnético com a agulha de uma
metálico, as cargas se distribuem apenas em sua superfície externa, não
bússola, aqui representada pelas setas.

Física 38 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
exercendo, portanto nenhuma ação nos pontos internos, Faraday mandou
EFEITO JOULE.
construir uma gaiola metálica, que passou a ser conhecida como gaiola
de Faraday.
Quando uma corrente elétrica passa por um resistor, este converte
Ele Próprio colocou-se dentro da gaiola e mandou seus assistentes energia elétrica em energia térmica. O resistor dissipa a energia em forma
eletrizarem-na intensamente. Como a gaiola estava sobre suportes de calor. Assim a potência total do sistema diminuiu, o aquecimento de
isolantes, faíscas chegaram a saltar do dispositivo, mas o cientista em um resistor por passagem de uma corrente é chamado de efeito Joule.
seu interior não sofreu nenhum efeito.
Joule foi o cientista que primeiramente percebeu de maneira quanti-
Desde então, quando é necessário manter um aparelho ou equipa- tativa como funciona o calor produzido por um resistor.
mento elétrico ou eletrônico a salvo das interferências elétricas externas,
Este fato pode ser explicado como os elétrons da corrente colidem
envolve-se o aparelho ou equipamento com uma “capa” metálica, deno-
com os átomos e moléculas do condutor.
minada blindagem eletrostática.
Potência elétrica dissipada em um resistor.
É por essa razão então que aparelhos de rádio, videocassetes, re-
produtores de DVD, CD player etc. são montados em caixas metálicas, A potencia elétrica em qualquer circuito é dada por :
garantindo que esses equipamentos estejam protegidos das descargas
elétricas externas. Por Kleber G Cavalcante
P=i.v
Segundo a lei de Ohm temos que:
CAPACITORES. v=R.i

Capacitores Assim podemos encontrar que:

Em circuitos eletrônicos alguns componentes necessitam que haja P = i . (R . i)


alimentação em corrente contínua, enquanto a fonte está ligada em P = R . i2
corrente alternada. A resolução deste problema é um dos exemplos da
utilidade de um capacitor. Ou ainda se i = v/r podemos fazer:
Este equipamento é capaz de armazenar energia potencial elétrica P = (v / R) . v
durante um intervalo de tempo, ele é construído utilizando um campo
P = v2 / R
elétrico uniforme. Um capacitor é composto por duas peças condutoras,
chamadas armaduras e um material isolante com propriedades específi- Sendo que qualquer uma destas três equações mede a potência dis-
cas chamado dielétrico. sipada de maneira satisfatória.
Para que haja um campo elétrico uniforme é necessário que haja
uma interação específica, limitando os possíveis formatos geométricos de
um capacitor, assim alguns exemplos de capacitores são:
Capacitores planos

A lâmpada de filamento incandescente funciona graças ao efeito Jou-


le, o filamento com a passagem da corrente elétrica se aquece e libera
energia em forma de luz e em forma de calor.

LEI DE OHM.

Capacitores cilíndricos 1.ª LEI DE OHM


“À temperatura constante, a diferença de potencial e a intensi-
dade de corrente são diretamente proporcionais
A constante de proporcionalidade que torna esta lei válida é justa-
mente o valor da resistência do resistor ou condutor.

Equação: U = R . i onde:
U = diferença de potencial;
R = resistência elétrica;
i = intensidade da corrente elétrica.

Física 39 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Unidades:
RESISTÊNCIA ELÉTRICA E RESISTIVIDADE.
A diferença de potencial é medida em volts (V), a resistência elétrica
em ohms (), e a intensidade de corrente em ampères (A). RESISTÊNCIA ELÉTRICA
Define-se resistência elétrica como sendo a medida da dificuldade
imposta por parte do condutor ao movimento das cargas elétricas.
Exemplo:
A resistência é a propriedade física característica dos condutores e
Qual a diferença de potencial em um resistor de 20  que é percorri- resistores. Um resistor é representado da seguinte forma:
do por uma corrente de 3A?
Resolução:
Dados: R =20  i = 3A

U=R.i  U =20.3  U = 60V

ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES
Pode-se construir a curva característica do resistor:
Os resistores, para fins práticos, são associados em série ou em pa-
ralelo.
Nestas associações determina-se a resistência equivalente, que é a
resistência do resistor equivalente aos da associação. Este resistor pode
ser entendido como um substituto, ou seja, se substituirmos os resistores
da associação por um único resistor, este deve ter o valor da resistência
equivalente. E evidente que, na prática, isto não funciona, portanto o
N cálculo da resistência equivalente é meramente teórico.
onde: tg R

a) Associação em série
2.ª LEI DE OHM
“A resistência elétrica é diretamente proporcional ao compri-
mento do resistor e inversamente proporcional à sua seção trans-
versal”.
Esta lei é expressa pela equação:

 Propriedades:
R   onde:
A  A corrente elétrica é a mesma em todos os resistores;

R = resistência elétrica;  a diferença de potencial total é a soma das parciais:

 = resistividade elétrica (característica do material do condutor);


U = U1 +U2 +U3
 = comprimento do condutor;
 a resistência equivalente é determinada desta forma:
A = área da seção transversal do condutor.
Unidades: Req = R1 + R2 + R3

A resistência é medida em ohms (), a resistividade em .m, o Exemplo:


comprimento em metros (m) e a área da seção transversal em m2.
Dado o circuito abaixo:
Exemplo:
Qual a resistência de um condutor de resistividade 0,2 .m, sendo que
o seu comprimento é de 2 m e sua seção transversal é de 0,02 m2?
Resolução:
Dados:  = 0,2 .m

= 2m A = 0,02 m2
Determinar:
 2
Rρ  R  0,2 .  a) valor da corrente no circuito;
A 0,02
b) valor de R2
0,4 c) valor de U3
R  R  20 Ω
0,02 d) valor da diferença de potencial no circuito;

Física 40 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
e) valor da resistência equivalente. a) valores de i1, i2 e i3 ;
Resolução: b) valor da corrente no ponto A;
a) Em R1 : c) valor da resistência equivalente.

U 20 Resolução:
U1  R1  i  i  1  i   i  2A
R1 10 a) Em R1 :

b) Em R2: 48
U  R1 . i1  48  12 . i1  i 1   i1  4 A
12
U2 40
U2  R2  i  R2   R2   R2  20 Em R2:
i 2
c) Em R3 : 48
U  R2 . i2  48  6 . i2  i 2   i2  8 A
U3  R3  i  U3  15  2  U3  30 V 6
Em R3:

48
d) U = U1 + U2 + U3  U  R3 . i3  48  4 . i3  i 3   i3  12 A
4
U = 20 + 40 + 30 =  U = 90 V
b) i = i1 + i2 + i3  i = 4+ 8+12  i =24 A

1 1 1 1 1 1 1 1
e) Req = R1 + R2 + R3  Req = 10 + 20 + 15  Req = 45  c)        
R eq R1 R2 R3 R 12 6 4
eq
b) Associação em paralelo
1 1 2  3 1 6
   
R 12 R 12
eq eq

12
R eq   R eq  2 Ω
6
No caso especial de dois resistores associados em paralelo temos:

R1.R2
R eq 
Propriedades: R1  R2

Exemplo:
 A corrente elétrica total (i) é a soma das correntes parciais: i = i1 + i2
+ i3 Determine a resistência equivalente no circuito abaixo:
 A diferença de potencial é a mesma em todos os resistores;
 A resistência equivalente é determinada da seguinte forma:

1 1 1 1
  
Req R1 R2 R3
Resolução:

R1.R 2 24  8
Exemplo: Dado o circuito: R eq   R  
R1  R 2 eq 24  8

192
 R  R  6Ω
eq 32 eq

No caso de vários resistores de mesmo valor associados em paralelo


temos:

R
Req 
n
onde:
Determinar:
R = valor da resistência dos resistores;
Física 41 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
n = número de resistores associados em paralelo. Tensão é igual ao valor da tensão dividido pelo valor da corren-
te.
Exemplo: Determine a resistência equivalente no circuito:
V=P / I
Corrente é igual ao valor da potência dividido pelo valor da ten-
são.
I=P / V
Exemplo de uso:
Um chuveiro tem a potencia de 2200W e esta ligado a rede elétrica
de 220V. Qual a corrente que vai consumida pelo chuveiro?
R 15
Resolução: Req   Req   Req  5  I=P/V
n 3
I=2200 / 220
I= 10A
VARIAÇÃO DA RESISTÊNCIA ELÉTRICA COM A TEMPERATURA
Resposta: A corrente que vai circular pela resistência do chuveiro é
A resistividade varia com a temperatura e, como consequência, a re- de 10 Ampéres.
sistência elétrica também varia. Esta variação se dá pela equação:
Uma lâmpada de automóvel usando 12 Volts e uma corrente de 5
Ampéres tem uma potencia de 60 Watts. Já uma lâmpada comum de
R = R0 [ 1+  (T - T0 ) ] onde:
60W ligada a rede de 110 V consome 0,54 A.

R = resistência elétrica na temperatura dada; Um processador que realiza suas funções usando 1.2V de tensão e
uma corrente de 50 amperes, por exemplo, utiliza 60 watts.
R0 = resistência elétrica na temperatura de referência;
Para medir a quantidade de energia que foi utilizada frequentemente
 = coeficiente de variação de resistência com a temperatura; utilizamos a unidade Watts por Hora (Wh) ou o quilowatt (KWh).
T = temperatura dada; Um microcomputador ligado a rede elétrica de 110V e que tem uma
corrente de 1 ampere circulando nele tem a potencia de 110W. Se esse
T0 = temperatura de referência. computador ficar ligado durante 10 horas, o consumo de energia será de
1100W (1,1 KWh). Se você reparar no medidor de consumo de energia
elétrica da sua casa, verá que a unidade de consumo é o KWh.
Exemplo: Qual o valor da resistência de um resistor de resistência
nominal 20 a 200C, sabendo que o coeficiente de variação de resistência Lembre-se, a Watt é uma taxa enquanto o watt/hora mede a quanti-
com a temperatura é de 0,4 /0C, e que a temperatura ambiente é de dade.
250C? Outro conceito importante é o de Eficiência. Pelo que vimos até
Resolução: agora, pode parecer que, por exemplo, uma lâmpada de 60W ilumine
mais que uma lâmpada de 25W. Mas na realidade não é bem assim.
Dados: R0 = 20  Aqui entra o conceito de eficiência. Voltando ao exemplo citado, uma
lâmpada incandescente de 60W pode iluminar menos que uma lâmpada
 = 0,4 .0C T = 250C T0 = 200C
fluorescente de 25W, porque as lâmpadas incandescentes são menos
R = R0 [1+ .( T - T0) ]  eficientes que as fluorescentes.

R = 20 [1+0,4. (25 - 20)]  E mesmo entre duas lâmpadas incandescentes de 60W pode haver
diferenças entre a quantidade de luz produzida, dependendo do grau de
R = 20 [1 + 0,4.5]  R = 20 [1+2]  eficiência de cada uma delas.
R = 20 . 3  R = 60  Podemos definir a eficiência como sendo percentual de transformar
energia em trabalho.
Uma fonte para PC com 90% de eficiência precisa de 334 watts da
RELAÇÕES ENTRE GRANDEZAS ELÉTRICAS: TENSÃO, rede elétrica para fornecer 300 watts ao equipamento, enquanto uma
CORRENTE, POTÊNCIA E ENERGIA. fonte com 70% de eficiência precisaria de 429 watts para fornecer os
mesmos 300 watts.
Potência Elétrica Na maioria das vezes as perdas de potência ocorrem sob a forma de
Potência Elétrica pode ser entendida como o trabalho realizado pela dissipação de calor. Como exemplo temos a lâmpada incandescente tem
corrente elétrica. A unidade usada para medir potência é o Watts (W). como principal fornecer luz, mas perde muita potência na forma de calor.
Os múltiplos do Watt também são comumente usados. Assim temos Note que quando a corrente percorre um condutor sempre há produ-
o quilowatt (KW) que é correspondente a 1000W e o Megawatt ( ção de calor. A quantidade de calor depende de algumas características,
MW) que corresponde a 1.000.000W. como o tipo do material e a espessura.
Em eletricidade a potência elétrica pode ser calculada através da
formula:
Potência é igual ao valor da Tensão multiplicada pela Corrente. CIRCUITOS ELÉTRICOS SIMPLES.
P=V.I CIRCUITOS ELÉTRICOS
Mudando a posição dos termos deduzimos que: A corrente elétrica é formada por elétrons livres em movimento orga-
nizado. A energia elétrica transportada pela corrente nada mais é do que

Física 42 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
a energia cinética dos elétrons. Assim, nos circuitos elétricos, a energia
cinética dos elétrons livres pode transformar-se em energia luminosa ou
em energia cinética dos motores, por exemplo.

Ao percorrer o circuito, do polo negativo da pilha até o polo positivo,


os elétrons livres perdem totalmente a energia que transportavam. E sem
a reposição dessa energia não seria possível a permanência de uma
corrente elétrica. Note que o valor de da corrente elétrica i permanece constante para
quelquer instante de tempo. A corrente elétrica é dada pela equação:
A função de uma pilha é, portanto, fornecer a energia necessária aos
elétrons livres do fio, para que eles permaneçam em movimento. i =ΔQ/Δt
Dentro da pilha, os elétrons adquirem energia ao serem levados do
polo positivo ao negativo. Ao chegarem ao polo negativo, movimentam-se Esta equação satisfaz a todos os tipos de corrente elétrica. Porém,
novamente pela parte externa do circuito até alcançarem o polo positivo, para corrente contínua, haverá um fluxo de cargas elétricas igual para
e assim sucessivamente. intervalos de tempo iguais. Ou seja, a quantidade de cargas elétricas que
passa por uma seção transversal reta de um condutor é igual para inter-
valos de tempo iguais.
A unidade de medida de intensidade da corrente elétrica é o ampère,
em homenagem ao importante estudioso na área, o cientista francês
André Marie Ampère (1775 – 1836). Este cientista nasceu em Polemieux-
Le-Mont-d’Or, próximo a Lyon, na França. Seu trabalho de maior relevân-
cia talvez tenha sido a famosa lei circuital de Ampère, que assim como a
lei de Gauss, aproveita a simetria do problema para facilitar a resolução,
tornando-a mais fácil e elegante. Claro, a lei de Gauss relaciona campo
elétrico, carga elétrica e força elétrica. Já a lei de Ampère trata de campo
magnético criado por uma corrente elétrica.
Ao levar um certo número de elétrons do polo positivo para o negati- CORRENTE ALTERNADA
vo, a pilha cede a eles uma certa quantidade de energia. O valor da
energia que esses elétrons recebem, dividido pela quantidade de carga
que eles têm, é a tensão elétrica existente entre os polos da pilha. Nas
pilhas comuns, esse valor é 1,5 volt.

Em geral, um circuito elétrico é constituído por um conjunto de com-


ponentes ligados uns aos outros e conectados aos polos de um gerador.
Onda Senoidal
Uma bateria de carro ou uma pilha, pode funcionar como gerador.
Corrente alternada ou AC é a corrente elétrica na qual a intensidade
e a direção são grandezas que variam ciclicamente ao contrário da
corrente contínua, DC, que tem direção bem definida e não varia com o
CORRENTES CONTÍNUA E ALTERNADA. MEDIDORES ELÉ- tempo. Em um circuito de potência de corrente alternada a forma da onda
TRICOS. mais utilizada é a onda senoidal, no entanto, ela pode se apresentar de
outras formas como, por exemplo, a onda triangular e a onda quadrada.
CORRENTE CONTÍNUA
Esse tipo de corrente surgiu com Nicola Tesla, que foi contratado
As cargas elétricas sob a ação de uma diferença de potencial podem para construir uma linha de transmissão entre duas cidades de Nova
entrar em movimento. Para isto, é necessário que o meio material do qual York. Naquela época, Thomas Edison tentou desacreditar Tesla de que
elas fazem parte seja condutor. isso daria certo, no entanto, o sistema que Tesla fez acabou sendo
adotado. A partir de então a corrente elétrica em forma de corrente
Em geral, os condutores não são perfeitos, ou seja, possuem certa
alternada passou a ser muito utilizada, sendo hoje aplicada na
resistividade. Portanto, quando uma tensão é aplicada, as cargas elétri-
transmissão de energia elétrica que vai das companhias de energia
cas atingem uma velocidade constante ao longo do condutor em questão.
elétrica até os centros residenciais e comerciais. A corrente alternada é a
A este movimento das cargas elétricas dá-se o nome de corrente elétri-
forma mais eficaz de transmissão de energia elétrica por longas
ca contínua. Observe o gráfico ixt.
distâncias, pois ela apresenta facilidade para ter o valor da sua tensão
alterado por aparelhos denominados transformadores.

Física 43 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
MEDIDORES ELÉTRICOS Percorrendo a malha no sentido ABCDA temos: R2 . i2 + E2 - r2.i2 +
r1.i1 E1 + R1. i1 = 0
Galvanômetro
É um dispositivo utilizado para detectar correntes elétricas de peque-
na intensidade. Possui resistência alta e a corrente máxima que suporta c) Convenção dos sinais
(corrente de fundo de escala) é muito baixa (da ordem de miliampères). Ao percorrer o circuito em um certo sentido, temos que o sinal de E é
Este medidor não serve para situações do cotidiano. o do lado de chegada, e de R.i depende do sentido da corrente.
Amperímetro Exemplo:
E um dispositivo utilizado para medir corrente. O amperímetro deve
ser colocado em série com o resistor no qual se deseja fazer a leitura da
corrente, e sua resistência elétrica é desprezível.
Voltímetro
É um dispositivo utilizado para medir a diferença de potencial. O vol-
tímetro deve ser colocado em paralelo com o resistor no qual se deseja
fazer a leitura da diferença de potencial, e possui resistência elétrica
considerada infinita.

Exemplo da aplicação das Leis de Kirchhoff: Dado o circuito abaixo:


LEIS DE KIRCHHOFF
1.ª Lei de Kirchhoff
“A soma das intensidades das correntes que chegam a um nó é igual
à soma das intensidades das correntes que saem do nó”.
Exemplos:

Determine o valor da corrente i2.


Resolução:
Pela 2.ª Lei de Kirchhoff temos:
- 4 . i2 + 50 – 1 . i2+ 2.2 - 20+3 . 2 = 0 

- 4 . i2 + 50 - i2 - 20 + 6 = 0 

20
- 5 . i2 = - 20  i2 =  i2 = 4A
5
PONTES DE WHEATSTONE
E um grupo de resistores associados a um galvanômetro.
Observação: Nó é a interseção de três ou mais condutores.
A ponte de Wheatstone é considerada em equilíbrio quando o galva-
2.ª Lei de Kirchhoff nômetro não acusa corrente. Nestas condições os produtos das resistên-
cias opostas são iguais:
“A soma das diferenças de potencial ao longo de qualquer malha de
um circuito é igual a zero”.
As parcelas desta soma são E ou R . i. Exemplo 1:

Exemplo: Dado o circuito:

Física 44 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Abaixo temos a representação de um receptor:

Onde:
ε’ = é a força contra eletromotriz.
r’ = resistência interna
i = corrente elétrica que atravessa o receptor
Determine o valor de R4.
Dispositivos de segurança
Resolução: Estes dispositivos servem para garantir a segurança do circuito inter-
rompendo a passagem da corrente elétrica quando necessário. Exemplo
24
R1 . R3 = R2 R4  6 .4 = 3.R4  24 = 3 . R4  R4 =  R4 = para estes elementos: fusíveis e disjuntores.
3 O fusível é um componente do circuito elétrico que tem como função
8 proteger o circuito de possíveis sobrecargas de corrente elétrica. Um uma
instalação elétrica todos os componentes são escolhidos para suportarem
a corrente máxima prevista para o circuito, os fios, por exemplo, devem
ter uma bitola que suporte a intensidade da corrente ou podem fundir com
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE CIRCUITOS. o calor liberado pelo Efeito Joule. Mesmo tendo este cuidado é necessá-
SÍMBOLOS CONVENCIONAIS. rio utilizar um dispositivo que corte a corrente caso haja alguma sobre-
carga para que os aparelhos ligados não sejam danificados, o fusível é
Dispositivos de manobra este dispositivo.
Os dispositivos de manobra são elementos que servem para acionar Medidores elétricos
ou desligar um circuito elétrico. Exemplo para estes elementos: chaves e
interruptores. Os medidores elétricos são instrumentos que têm seus funcionamen-
tos baseados no eletromagnetismo e são dois os mais importantes o
Resistor elétrico amperímetro e o voltímetro.
O resistor é um dispositivo cujas principais funções são: dificultar a Os amperímetros são medidores da intensidade de corrente elétrica
passagem da corrente elétrica e transformar energia elétrica em energia em determinada parte do circuito elétrico. Eles podem ser representados
térmica por Efeito Joule. Entendemos a dificuldade que o resistor apre- pelos símbolos abaixo:
senta à passagem da corrente elétrica como sendo resistência elétrica. O
material mais comum na fabricação do resistor é o carbono.
Abaixo temos a representação do resistor: Veja um exemplo de um amperímetro em um circuito elétrico:

Nesse exemplo o amperímetro mede apensas a intensidade da cor-


rente elétrica que o atravessa, ou seja, a mesma corrente elétrica que
Gerador elétrico atravessa o resistor R1.
O gerador elétrico é um mecanismo que transforma energia mecâni- Observe que o amperímetro foi ligado em série com o resistor. E, é
ca, química ou outra forma de energia em energia elétrica, ou seja, o desta maneira que ele deve ser ligado para que a corrente elétrica o
gerador elétrico é o agente do circuito que o abastece, fornecendo ener- atravesse.
gia elétrica às cargas que o atravessam. Já o voltímetro mede a diferença de potencial elétrico entre dois pon-
tos do circuito, e pode ser representado através dos seguintes símbolos:
Um gerador ideal é representado pela seguinte figura:

Para medir a ddp entre dois pontos do circuito o voltímetro deve ser
ligado em paralelo a este trecho que se pretende medir. Abaixo um
exemplo de ligação:

Onde:
ε = é a força eletromotriz.
i = corrente elétrica que o atravessa.
Receptor elétrico
O receptor elétrico é todo elemento do circuito elétrico que transfor-
Na ligação acima o voltímetro mede a tensão entre os polos do resis-
ma energia elétrica em outra forma de energia que não seja calor.
tor R2.

Física 45 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
POTÊNCIA E CONSUMO DE ENERGIA A existência de resistência interna faz com que a diferença de poten-
EM DISPOSITIVOS ELÉTRICOS. cial entre os polos do circuito seja menor que a força eletromotriz. Assim,
a equação do gerador é:
U=E–r.i onde:
ENERGIA ELÉTRICA U = diferença de potencial;
Como já vimos, a potência elétrica mede a quantidade de energia E = força eletromotriz;
elétrica consumida em um dado intervalo de tempo, o que quer dizer que r = resistência interna do gerador;
se desejarmos saber a quantidade de energia elétrica consumida, basta i = intensidade da corrente que percorre o circuito.
multiplicar a potência elétrica pelo tempo de uso:
Eel = Pot . t onde: A curva característica do gerador é representada em um gráfico U x i:
Eel = energia elétrica consumida;
Pot = potência elétrica dissipada;
t = intervalo de tempo considerado.
Unidades:
Pelo Sistema Internacional, a energia elétrica é medida em joules (J),
a potência em watts (W) e o intervalo de tempo em segundos (s). Uma
unidade usual para medir energia elétrica é o kWh, com a potência sendo
medida em kW e o intervalo de tempo em horas (h).
A potência útil do gerador (potência fornecida ao gerador) é:
Exemplo 1:
Pu = U . i onde:
Um aparelho de som de 100 W de potência é utilizado durante 30
minutos. Qual a energia elétrica consumida, em joules? P = potência útil do gerador;

Resolução: U = diferença de potencial no gerador;

Dados: P= 100W t =30 min = 1800s i = intensidade de corrente.

Eel = Pot . t  Eel = 100. 1800 


Eel =180 000 J A potência dissipada pelo gerador é:

Exemplo 2: Pd = r . i2 onde:

Um chuveiro de 4500 W é usado por 30 minutos durante um banho. Pd = potência dissipada pelo gerador;
Se o preço do kWh é R$ 0,04, determine o custo deste banho. r = resistência interna do gerador;
Resolução: i = intensidade da corrente elétrica.
Dados: Pot = 4500 W = 4,5 kW
t = 30 mm = 0,5 h preço do kWh = R$ 0,04
A potência total (Pu + Pd) é:
Energia Elétrica:
Pt = E . i onde:
Eel = Pot . t  Eel = 4,5 . 0,5  Eel = 2,25 kWh
Pt = potência total;
custo do banho:
E = força eletromotriz do gerador;
custo = 2,25.0,04  custo = R$ 0,09
i = intensidade de corrente.
E o rendimento do gerador é:
GERADOR ELÉTRICO
P U
g  u  onde:
Gerador é um elemento capaz de transformar uma modalidade de Pt E
energia em energia elétrica.
Esta energia é fornecida às cargas que atravessam o gerador. A dife- g = rendimento do gerador;
rença de potencial entre os polos do gerador é chamada força eletro-
motriz (f.e.m.), e é representada por E. Pu = potência útil do gerador;
O gerador é representado por: Pt = potência total do gerador;
U = diferença de potencial no gerador;
E = força eletromotriz do gerador.
Mas na verdade, quando uma corrente atravessa um gerador, ela
encontra uma certa resistência, chamada resistência interna. Daí a repre-
Exemplo: Dado o circuito:
sentação de um gerador real é:

Física 46 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Determine: A potência dissipada no receptor é:
a) A corrente que percorre o circuito; Pd = r . i2 onde:
b) a diferença de potencial no gerador;
c) a potência útil do gerador;
d) a potência dissipada pelo gerador; Pd = potência dissipada;
e) o rendimento do gerador.
r = resistência interna do receptor;
Resolução: i = intensidade de corrente.
a) i
E  i
20
i
20
 i2A A potência total é
R 28 10
Pt = U . i onde:

b) U = E -r . i  U = 20 – 2 . 2  P = potência total do receptor;


U = 20 – 4  U =16 V U = diferença de potencial no receptor;

c) Pu = U . i  Pu = 16 . 2  Pu = 32 V i = intensidade de corrente.

d) Pd = r . i2  Pd = 2 . 22 
Pd = 2 . 4  Pd = 8 V O rendimento do receptor é:
P E
R  u 
Pt U onde:
U 16
e) g   g   g  0,8 ou g  80 %
E 20
R = rendimento do receptor;
PU = potência útil do receptor;
RECEPTOR ELÉTRICO
PT = potência total do gerador,
Dispositivo que consome energia elétrica, transformando-a em outro
tipo de energia. Assim como nos geradores, nos receptores também há E = força eletromotriz;
resistência interna.
U = diferença de potencial
Quando se aplica a um receptor uma diferença de potencial igual a
U, esta se divide em duas partes: a primeira corresponde à queda de
tensão na resistência interna e a segunda é a diferença de potencial útil Exemplo: Dado o circuito:
do receptor, denominada força contra-motriz.
Equação característica do receptor:
U=E+r.i onde:
U = diferença de potencial no receptor;
E = força eletromotriz;
r = resistência interna do receptor;
i = intensidade de corrente.

A representação do receptor é idêntica à do gerador:


Determinar:
a) A corrente elétrica que percorre o circuito;
b) a diferença de potencial no receptor;
c) a potência útil do receptor;
A curva característica do receptor é:
d) a potência dissipada pelo receptor;
e) a potência total do receptor;
f) o rendimento do receptor.

Resolução:

E  E' 30 - 10
A potência útil do receptor é: a) i  i 
Pu = E . i onde:
R 2  5 1 2

Pu = potência útil; 20
i  i2A
E = força eletromotriz; 10
i = intensidade de corrente. b) U = E -r . i  U = 30 + 1 . 2 
U = 30 + 2  U =32 V

Física 47 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
c) Pu = E . i  Pu = 1 . 22  Pu = 60 W CAMPO MAGNÉTICO. IMÃS PERMANENTES. LINHAS DE CAMPO
MAGNÉTICO. CAMPO MAGNÉTICO TERRESTRE.
d) Pd = r . i2  Pd = 1 . 22  Pd = 1 . 4  Pd = 4 W
ELETRIZAÇÃO
d) Pt = U . i  Pt = 32 . 2  Pt = 64 W
Pu 60 Normalmente, em um corpo, o número de cargas positivas é igual ao
e) R   g   número de cargas negativas. Quando isto ocorre, dizemos que o corpo é
Pt 64 eletricamente neutro, mas se isto não acontece, o corpo encontra-se
eletricamente carregado.
 R  0,937 ou  R  93,7 %
Ao colocarmos dois ou mais corpos em contato, estes podem apre-
POTÊNCIA ELÉTRICA sentar forças de atração ou repulsão eletrostática, e ainda pode ocorrer
transferência de cargas de um corpo para outro. Para isto ocorrer é
Potência elétrica é a medida da quantidade de energia elétrica con- necessário que alguns princípios sejam seguidos:
sumida em um dado intervalo de tempo.
1.º) “Em um sistema eletricamente isolado, a soma algébrica das
A potência elétrica é expressa por: cargas positivas e negativas é sempre constante.”
Pot = U . i onde: Exemplo:

Pot = potência elétrica dissipada;


U = diferença de potencial;
i = intensidade da corrente elétrica.
Unidade:
Pelo Sistema Internacional a potência elétrica é expressa em watts
(W).
Em um resistor a passagem da corrente elétrica faz com que haja
conversão de energia elétrica em térmica (Efeito Joule), e a potência
dissipada é dada por:
Pot = R . i2 onde: 2.º) “Cargas elétricas de mesmo sinal repelem-se, e cargas elétricas
Pot = potência dissipada; de sinais contrários atraem-se.”
R = resistência elétrica do resistor;
duas cargas positivas se repelem
i = intensidade da corrente elétrica.
2
ou Pot  U onde: duas cargas negativas se repelem
R Portanto
Pot = potência dissipada;
U = diferença de potencial; uma carga positiva atrai urna carga negativa, e
R = resistência elétrica. vice-versa

O processo de transferência de carga se dá através dos fenômenos


de eletrização, que são:
Exemplo 1:
Qual a potência dissipada por uma lâmpada quando é percorrida por a) Eletrização por atrito
uma corrente de 0,5 A sob uma diferença de potencial de 110 V? Quando dois corpos, inicialmente neutros, são atritados, ocorre trans-
Resolução: ferência de elétrons e ambos se eletrizam.
Dados: U= 110V i = 0,5 A
Exemplo:
Pot = U . i  Pot = 110. 0,5  Pot = 55 W

Exemplo 2:
Qual a potência dissipada por um aparelho de resistência 20 Q,
quando submetido à diferença de potencial de 120 V?
Resolução:
Dados: U = 120V R = 20 
2
U 120 2
Pot   Pot  
R 20
14400
Pot   Pot  720 W
400
Exemplo 3:
Qual a potência elétrica consumida por um aparelho de resistência
25  , quando percorrido por uma corrente de 2 A?
Resolução: Dados: R = 25  i = 2A Note que o vidro era neutro e, após o atrito, ficou carregado positi-
Pot = R . i2  Pot = 25.22  vamente. Isto significa que o vidro cedeu elétrons para o pedaço de lã,
que tomou-se carregado negativamente.
Pot = 25.4  Pot = 100 W
Física 48 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
b) Eletrização por contato Unidades:
Quando um corpo eletrizado é colocado em contato com outro corpo A força eletrostática (força elétrica) é medida em newtons (N) no Sis-
(eletrizado ou neutro) ocorre transferência de elétrons. Isto ocorre entre tema Internacional, as cargas elétricas são expressas em coulombs (C) e
um corpo eletrizado e um neutro ou entre dois corpos eletrizados, desde a distância em metros (m).
que as quantidades de cargas sejam diferentes. Exemplo:
Exemplo 1: Qual a força eletrostática existente entre duas cargas, Q1 e Q2, que
apresentam cargas de, respectivamente, 5. 10-4 C e 3 C, e que estão
separadas por 30 cm? Dado: k = 9.109
Resolução:
Dados:
Q1 = 5.10-4 C
Q2 = 3 C = 3.10-6 C d = 30 cm = 30.10 -2 m
Exemplo 2: k = 9.109

Q1  Q2 9  109  5  104  3  106


F F 
d2 3  10 2 2

135  101
F  F  1,5  104 N
Observação: Note que nos dois exemplos a quantidade de carga total 9  10 4
antes é igual à quantidade de carga total depois.
Constante eletrostática, no vácuo, tem valor k =9.109. Mas o valor
c) Eletrização por indução desta constante pode ser determinada em outros meios pela equação:
Quando um corpo eletrizado é aproximado de um corpo neutro, sem
1
haver contato, há separação das cargas elétricas do corpo neutro. K onde:
4 
Exemplo:
k = constante eletrostática;
 = constante matemática de valor 3,14;
 = constante dielétrica absoluta ou constante de permissividade do
meio.
Se o corpo induzido for ligado à Terra ocorrerá eletrização deste:

CAMPO ELETROSTÁTICO
Quando colocamos uma carga elétrica em algum lugar, a região pró-
xima a esta carga modifica-se. Ao colocarmos uma segunda carga, pun-
tiforme, em um ponto A dentro desta região, será constatada a existência
Note que o corpo B recebeu elétrons da Terra, que neutralizaram as de uma força eletrostática sobre esta carga.
cargas positivas localizadas do “lado direito”, tornando o corpo eletrizado.
Este mesmo fenômeno ocorre quando, ao invés de uma, colocamos
várias cargas elétricas.
FORÇA ELETROSTÁTICA A região modificada damos o nome de Campo Eletrostático.
Quando duas cargas elétricas são aproximadas ocorrem forças de
atração ou repulsão, dependendo dos sinais que apresentem.
CAMPO ELETROSTÁTICO (ELÉTRICO) UNIFORME
É possível determinar a força eletrostática existente entre as cargas,
seguindo-se a lei de Coulomb: Quando colocamos uma carga puntiforme em um ponto qualquer de
um Campo Elétrico, o vetor campo elétrico que surge tem intensidade:
“A força de interação entre duas cargas puntiformes é inversamente
proporcional ao quadrado da distância que as separa, e diretamente F
proporcional ao produto dos módulos destas cargas”. E onde:
q
Q1  Q2 E = campo elétrico;
F K onde: F = força elétrica;
d2 q = quantidade de carga.

F = força eletrostática; Unidades

k = constante eletrostática; O campo elétrico, pelo Sistema Internacional, é medido em N/C, pois
a força elétrica vem em newtons (N) e a carga elétrica em coulombs (C).
Q1 = quantidade de carga elétrica da primeira carga puntiforme;
Exemplo:
Q2 = quantidade de carga elétrica da segunda carga puntiforme;
Qual o campo eletrostático criado sobre uma carga puntiforme de
d = distância entre as cargas puntiformes. 3C , quando a força eletrostática aplicada é de 1,5.10 N?

Física 49 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Resolução: TEORIA ELEMENTAR DO MAGNETISMO
Dados: F = 1,5.104N
Magnetismo e eletricidade
q = 3 C = 3.10 -6 C
Atualmente, os físicos acreditam que todos os fenômenos magnéti-
F 1.5.10 -4 cos resultam de forças entre cargas elétricas em movimento, e nos dias
E   E  E = 5 . 101 N/C de hoje são geradas grandes quantidades de energia elétrica pelo movi-
q 3  10-6 mento relativo entre condutores elétricos e campos magnéticos. Por outro
lado, a energia elétrica é transformada em energia mecânica também por
sistemas que usam este movimento relativo entre correntes elétricas e
DIREÇÃO E SENTIDO DO VETOR CAMPO ELÉTRICO campos magnéticos. A função de muitos instrumentos elétricos de medi-
ção depende da relação entre a eletricidade e o magnetismo.
O vetor força eletrostática e o vetor campo elétrico têm a mesma di-
reção. Antes de empreendermos o estudo dos efeitos magnéticos das cor-
rentes elétricas, examinaremos as propriedades magnéticas das substân-
O sentido dos vetores é definido pelo sinal da carga: cias e aprenderemos alguma coisa sobre a natureza do magnetismo e
  dos campos magnéticos.
 se q > 0  F e E têm o mesmo sentido
  Substâncias magnéticas
 se q < 0  F e E têm sentidos contrários
Depósitos de minério ferro magnético foram descobertos pelos gre-
gos, numa região da Turquia, há muitos séculos. A região era então
CAMPO ELÉTRICO CRIADO POR UMA CARGA PUNTIFORME conhecida como Magnésia e, assim, o minério foi chamado magnetita.
Outros depósitos de magnetita são encontrados em outras regiões do
Ao colocar uma carga puntiforme Q em um ponto genérico, o campo mundo, e os pedaços de magnetita são conhecidos como ímãs naturais.
elétrico que surge pode ser de aproximação ou de afastamento. Um desses pedaços, pendurado em um fio, se alinha com o campo
a) Direção do Vetor Campo Elétrico: É a direção da reta que une o magnético da Terra. Por volta do século XII, os homens começaram a
ponto à carga puntiforme. usar esses ímãs naturais a que davam o nome de pedra-ímã, como as
primeiras bússolas magnéticas.
b) Sentido do Vetor Campo Elétrico: Se a carga fonte for positiva, o
campo elétrico será de afastamento, e se a carga for negativa, o Alguns materiais, notadamente o ferro e o aço, são fortemente atraí-
campo será de aproximação. dos pelos ímãs; o cobalto e o níquel são atraídos em grau menor. Diz-se
que essas substâncias têm propriedades ferromagnéticas. Ligas especi-
ais, como o permalloy e o alnico, têm extraordinárias propriedades ferro-
magnéticas. Os físicos têm demonstrado muito interesse pela estrutura
dos materiais dotados da propriedade do ferromagnetismo.
Atualmente, são fabricados ímãs artificiais muito fortes e versáteis,
com substâncias ferromagnéticas. Os ímãs de alnico (Al, Ni e Co) atuais
c) Módulo do Vetor Campo Elétrico: A intensidade do campo elétrico suportam um peso de mais de 1 000 vezes o dos próprios ímãs. As
é calculada por: substâncias ferromagnéticas são comumente chamadas “substâncias
magnéticas”.
k .| Q |
E onde: Substâncias não-magnéticas
d2
Os materiais são comumente classificados como magnéticos ou não-
E = intensidade do capo elétrico; magnéticos. Diz-se que os que não demonstram o forte ferromagnetismo
da Família do Ferro dos metais são “não-magnéticos”. Contudo, se esses
k = constante eletrostática; materiais forem colocados no campo de um ímã muito forte, observa-se
Q = quantidade de carga da carga fonte; que alguns deles são ligeiramente repelidos pelo ímã, ao passo que
outros são ligeiramente atraídos.
d = distância da carga elétrica ao ponto considerado.
O zinco, o bismuto, o cloreto de sódio, o ouro e o mercúrio são algu-
Unidades mas das substâncias ligeiramente repelidas e diz-se que são diamagnéti-
O campo elétrico, pelo Sistema Internacional, é medido em N/C, a cas. A propriedade do diamagnetismo é um conceito importante na mo-
quantidade de carga vem em coulombs (C) e a distância em metros (m). derna teoria do magnetismo, como veremos mais adiante.

Exemplo: Qual o campo elétrico criado sobre uma carga puntiforme Madeira, alumínio, platina, oxigênio e sulfato de cobre(II) são exem-
plos de substâncias ligeiramente atraídas por um ímã forte. Diz-se que
de 3 C separada de outra por uma distância de 30 cm? Dado: k = 9.109.
esses materiais são paramagnéticos e esse tipo de comportamento
Resolução: magnético é chamado paramagnetismo.
Dados: k = 9.109
A força entre polos magnéticos
Q = 3 . C = 3.106
O fato de que as limalhas de ferro se prendem principalmente nas ex-
d =30cm = 30.102m tremidades de um ímã de barra indica que a força magnética atua sobre
as limalhas basicamente nessas regiões ou polos; isso não significa que
k .| Q | 9  109  3  106 27  103 a região intermediária do ímã seja desmagnetizada O polo que aponta
E  E E  para o Norte, quando o ímã está livre para girar sobre um eixo vertical, é
d2  3  10 2 
2 9  10 4 comumente chamado polo norte ou simplesmente polo N. O polo oposto,
 
  que aponta para o Sul, é chamado polo sul ou polo S.
E = 3.107 N/C

Física 50 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Vamos supor que um ímã de barra seja pendurado conforme mos- Pode-se obter aproximadamente o comportamento de um polo N in-
tramos abaixo: dependente num campo magnético usando uma agulha de costura,
magnetizada, conforme sugerimos na ilustração acima. A agulha atraves-
sa um pedaço de cortiça suficientemente grande para fazê-la flutuar, com
o polo N abaixo da superfície da água. O polo S está afastado o bastante
para ter uma influência insignificante sobre o movimento da agulha. Um
ímã em forma de barra, colocado sob o recipiente de vidro de modo que
seu polo N esteja próximo da agulha, faz com que o ímã flutuante se
mova aproximadamente ao longo do trajeto que seria seguido por um
polo N isolado.
O trajeto de um polo N independente num campo magnético é cha-
mado linha de força ou de fluxo. Linha de fluxo é uma linha traçada de tal
maneira que uma tangente a ela em qualquer ponto indica a direção do
campo magnético. Supõe-se que as linhas de fluxo 'saiam' de um ímã no
polo N e 'entrem' no polo S, sendo todas as linhas um trajeto fechado,
passando do polo S para o polo N dentro do ímã. Ilustramos abaixo essas
duas ideias.
Polos semelhantes se repelem; polos diferentes se atraem.

Quando o polo N de um segundo ímã é aproximado do polo N do ímã


pendurado, os dois se repelem mútuamente; idêntica ação se observa
com os dois polos S. Se o polo S de um ímã for aproximado do polo N do
outro, eles se atraem mutuamente. Essas experiências mostram que
polos idênticos se repelem e polos diferentes se atraem.
Os ímãs normalmente têm dois polos bem definidos, um N e outro S.
Ímãs de barra, compridos, às vezes adquirem mais de dois polos e um
anel de ferro pode não apresentar nenhum polo quando magnetizado. Um
único polo isolado não é uma possibilidade física, porquanto um ímã deve (A) O caminho seguido por um polo N independente, num campo
ter um polo S para cada polo N. Todavia, frequentemente se admite um magnético, é chamado de linha de fluxo. (B) Linhas de fluxo ao
polo N isolado, de intensidade magnética unitária, em considerações redor de um ímã em forma de barra.
teóricas.
As linhas de fluxo de um campo magnético são coletivamente cha-
No antigo sistema CGS, um polo unitário pode ser considerado como
aquele que repele um polo exatamente semelhante, colocado a 1 centí- madas fluxo magnético, para o qual se usa o símbolo , a letra grega
metro de distância, com uma força de um dina. (1 dina = 10-5 newtons.) Phi. A unidade de fluxo magnético (ou fluxo de indução magnética) no
Sistema Internacional de Unidades (SIU) é o weber (wb).
O primeiro estudo quantitativo da força entre dois ímãs geralmente é
creditado a Coulomb, que descobriu que essa força é governada pela
mesma relação do inverso do quadrado aplicável à força gravitacional e à
força eletrostática. • OSCILAÇÕES, ONDAS, ÓPTICA E RADIAÇÃO – FEIXES E
A lei de Coulomb para o magnetismo diz que a força entre dois polos
FRENTES DE ONDAS. REFLEXÃO E REFRAÇÃO. ÓPTICA
magnéticos é diretamente proporcional ao produto das intensidades GEOMÉTRICA: LENTES E ESPELHOS. FORMAÇÃO DE IMA-
magnéticas dos polos e inversamente proporcional ao quadrado da GENS. INSTRUMENTOS ÓPTICOS SIMPLES. FENÔMENOS
distância entre elas. A força é de repulsão ou de atração, se os polos ONDULATÓRIOS. PULSOS E ONDAS. PERÍODO, FREQUÊN-
magnéticos forem iguais (mesmo nome) ou diferentes (nomes diferentes). CIA, CICLO. PROPAGAÇÃO: RELAÇÃO ENTRE VELOCIDADE,
Campo de força magnético
FREQUÊNCIA E COMPRIMENTO DE ONDA. ONDAS EM DIFE-
RENTES MEIOS DE PROPAGAÇÃO.
Já conhecemos o comportamento do campo elétrico próximo de um
objeto eletricamente carregado. A situação de um ímã é análoga. Se um
polo N independente é aproximado de um ímã, ele fica submetido a uma FEIXES E FRENTES DE ONDAS. REFLEXÃO E REFRAÇÃO.
força de acordo com a lei de Coulomb, porque a região próxima do ímã
exibe um campo magnético: Um campo magnético existe numa região em CONCEITO DE ÓPTICA
que uma força magnética atua sobre um polo independente colocado Óptica é a parte da Física que estuda os fenômenos que têm a luz
nesta região. como causador.
Embora um campo elétrico e um campo magnético tenham caracte- LUZ
rísticas semelhantes, não são equivalentes. Uma partícula eletricamente Pode-se conceituar a luz como ondas eletromagnéticas que são ca-
carregada em movimento é influenciada por um campo magnético, mas pazes de sensibilizar nossos órgãos visuais. Propaga-se no vácuo à
não da mesma forma que é influenciada por um campo elétrico. velocidade de aproximadamente 300.000 km/s.
RAIO DE LUZ
É a linha que representa o trajeto seguido pela luz. A ideia de raio de
luz é teórica, uma vez que não tem existência física real.

FEIXE LUMINOSO
O caminho seguido por um ímã flutuante é aproxima- E o conjunto de raios luminosos no qual a abertura angular é relati-
damente o de um polo N independente. vamente grande.

Física 51 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Podem ser de três tipos:

a) Cônico Convergente: Os
raios de luz convergem para
um único ponto.
b) A Reflexão Difusa ocorre quando a luz incide em uma superfície não
polida (que apresenta saliências), retornando ao mesmo meio de
forma irregular. E o tipo de reflexão que permite a visualização dos
objetos.

b) Cônico Divergente: Os raios


de luz divergem a partir de um
dado ponto.

c) Refração: Ocorre quando a luz incide em uma superfície e, ao pas-


c) Cilíndrico: Os raios de luz
sar para outro meio, sofre, em geral, desvio em sua trajetória.
são paralelos entre si.

FONTES DE LUZ
E considerado fonte de luz qualquer corpo capaz de emitir luz.
Estas fontes são classificadas em:
d) Absorção: Ocorre quando a luz incide em uma superfície e é trans-
a) Fontes Primárias: São os corpos que emitem “luz própria”, ou seja, formada em energia térmica.
transformam algum tipo de energia em energia luminosa.
Exemplos: Sol, estrelas, lâmpada elétrica, chama de uma vela, luz
emitida pelo vaga-lume. ÓPTICA GEOMÉTRICA: LENTES E ESPELHOS.
b) Fontes Secundárias: São os corpos que não possuem “luz FORMAÇÃO DE IMAGENS.
própria”, reemitindo a luz recebida de outro corpo. PRINCÍPIOS DA ÓPTICA GEOMÉTRICA
Exemplos: Lua, paredes, esta folha de papel.
Os fenômenos ligados à propagação da luz são estudados seguindo-
se três princípios:
MEIOS DE PROPAGAÇÃO a) Princípio da Propagação Retilínea da Luz
São os meios por onde a luz pode se propagar. “Nos meios transparentes e homogêneos, a luz propaga-se em linha
a) Meio Transparente: E todo meio que permite a propagação da luz reta”.
de forma regular, possibilitando a visualização nítida dos objetos. Este principio evidencia os fenômenos de formação de sombra e do
Exemplos: vidro hialino, ar, pequenas camadas de água, etc. eclipse.

b) Meio Translúcido: É todo meio que permite a propagação da luz de


forma irregular, impossibilitando a visão nítida dos objetos, ou seja, b) Principio da Independência dos Raios de Luz
permite apenas visualizar seus contornos.
“Os raios luminosos, ao se cruzarem, não interferem uns sobre as
Exemplos: vidro fosco, papel de seda, etc. propagações dos outros”.
c) Meio Opaco: É qualquer meio que não permite a propagação da luz Os raios de luz, não tendo existência física real, não podem chocar-
através dele próprio, o que impossibilita a visualização dos objetos. se, e nem desviar suas trajetórias.
Exemplos: madeira, parede de concreto, etc.

c) Princípio da Reversibilidade dos raios de Luz


FENÔMENOS ÓPTICOS
“Se um raio de luz executa um determinado caminho, outro raio lumi-
São os fenômenos que ocorrem com a luz quando esta entra em noso pode executar o mesmo caminho em sentido contrario
contato com urna fronteira que separa dois meios de propagação. Estes
Este princípio pode ser evidenciado quando tomamos duas pessoas
fenômenos são:
(A e B) na frente de um espelho plano. Quando o observador A olha o
a) Reflexão: Ocorre quando a luz incide em uma fronteira e retorna ao espelho, consegue ver o observador B, pois os raios de luz que incidem
mesmo meio de propagação. em B, refletem-se no espelho e atingem os olhos de A. Mas o observador
B também consegue ver o observador A através dos raios de luz que
A Reflexão Especular ocorre quando a luz incide em uma fronteira fazem o caminho contrário.
perfeitamente polida e retorna ao mesmo meio de forma regular. E o
tipo de reflexão que permite a formação de imagens em espelhos.

Física 52 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Espelhos Planos 3. Para objetos em movimento, a velocidade do objeto em relação ao
espelho é igual à velocidade da imagem. Se um objeto se aproxima
Os Espelhos Planos são superfícies planas e perfeitamente polidas do espelho com velocidade v, a velocidade de aproximação da ima-
onde há predominância do fenômeno de reflexão. gem em relação ao espelho é a mesma, em módulo.
ELEMENTOS ÓPTICOS 4. A imagem é sempre revertida em relação ao objeto. Se um observa-
dor levantar a mão direita na frente de um espelho, sua imagem “le-
a) Ponto Objeto Real (P.O.R.): vantará” a mão esquerda.
É o ponto de onde divergem
os raios luminosos (feixe di-
vergente).
ESPELHOS ANGULARES
Quando uni objeto é colocado no plano bissetor de dois espelhos
b) Ponto Objeto Virtual planos, o número de imagens obtido depende do ângulo formado entre
(P.O.V.): É o ponto para onde estes espelhos e é dado por:
convergem os raios lumino-
sos. (feixe convergente). 360 
N  1 onde:

N = número de imagens formadas;
c) Ponto Imagem Real (P.I.R.):
 = ângulo entre os espelhos.
É o ponto para onde conver-
gem os raios luminosos.

ESPELHOS ESFÉRICOS
d) Ponto Imagem Virtual CLASSIFICAÇÃO DOS ESPELHOS ESFÉRICOS
(P.I.V.): É o ponto de onde di-
vergem os raios luminosos. É denominado espelho esférico qualquer calota esférica que apre-
sente uma superfície refletora.
Os espelhos côncavos são aqueles onde a superfície refletora é in-
terna, ç os espelhos. convexos são os que possuem superfície refletora
externa.
LEIS DA REFLEXÃO
O fenômeno de reflexão da luz segue duas leis:
1.ª Lei da Reflexão: “O raio de luz incidente (i), a reta normal ao pon-
to de incidência (N) e o raio de luz refletido (r) pertencem ao mesmo
plano (plano de incidência da luz)”.

ELEMENTOS DOS ESPELHOS ESFÉRICOS


1) Vértice (V) : polo da cabia esférica.
2) Centro de Curvatura (C) centro da esfera que originou o espelho.
3) Raio de Çurvatura (R) E o raio da esfera que originou o espelho.
2.ª Lei da Reflexão: “O ângulo de incidência O e o ângulo de refle- 4) Eixo Principal (P) Reta que passa pelo centro de curvatura e pelo
xão O têm o mesmo valor em relação à reta normal (N)”. vértice.
5) Foco (F) É o ponto localizado no ponto médio do segmento CV.
6) Distância Focal (O Segmento FV.

FORMAÇÃO DE IMAGENS EM ESPELHOS PLANOS


Os espelhos planos apresentam as seguintes características na for-
mação de suas imagens:
1. Para um objeto real a imagem é virtual, e vice-versa. RAIOS NOTÁVEIS
2. Objeto e imagem são simétricos, ou seja, possuem mesmo tamanho São raios especiais que podemos utilizar para formar graficamente
e igual distância à superfície refletora. as imagens.

Física 53 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
1) O raio que incide no espelho paralelamente ao eixo principal, reflete- E necessário estabelecer uma convenção de sinais para abcissas e
se passando pelo foco. ordenadas, de modo a caracterizar a Natureza, o Tamanho, a Orientação
e a Posição da imagem.
Para isto utiliza-se o Referencial de Gauss:

2) O raio que incide no espelho passando anteriormente pelo centro de


curvatura, reflete-se voltando sobre si mesmo.

De acordo com esse referencial, as abcissas positivas encontram-se


à esquerda do espelho (na frente), e as negativas à direita (atrás).
Com relação às ordenadas, estas são positivas quando encontram-
se acima do eixo principal. e negativas quando abaixo deste.
3) O raio que incide no vértice do espelho, reflete-se com ângulo de A partir desta convenção pode-se determinar as características da
incidência igual ao de reflexão em relação ao eixo principal. imagem da seguinte forma:
Adotando-se a convenção:
p = abcissa do objeto;
p’ = abcissa da imagem;
o = tamanho do objeto;

i = tamanho da imagem, temos:

CONSTRUÇÃO DE IMAGENS Natureza:

Usualmente, os dois primeiros raios notáveis são utilizados. • Objeto real: p > 0

Exemplo: Determinar geometricamente a imagem obtida para o obje- • Imagem real: p > 0
to colocado antes do cento de curvatura do espelho côncavo. A imagem é • Imagem virtual: p < 0
obtida no ponto de encontro dos raios refletidos.
Orientação:
 tem sinal positivo
 i e o têm o mesmo sinal: Imagem Direita
 i e o têm sinais diferentes: Imagem Invertida
Apesar de pouco usual, podemos considerar o objeto como colocado
abaixo do eixo principal ( o negativo), e o raciocínio se inverte.

Análise qualitativa das características da imagem: Tipo de espelho:


a) Natureza: Imagem real (forma-se na frente do espelho, atrás do Espelhos côncavos possuem focos positivos ( f > 0)
espelho seria virtual). Espelhos convexos possuem focos negativos (f < 0)
b) Tamanho: Menor que o objeto. (o tamanho é determinado fazendo-se
a comparação com o objeto).
EQUAÇÃO DE GAUSS
c) Orientação: Invertida (forma-se abaixo do eixo principal, se a forma-
ção da imagem fosse acima do eixo, esta seria direita). Para um objeto disposto perpendicularmente ao eixo principal, esta
equação relaciona as abcissas do objeto e da imagem com a distância
ESTUDO ANALÍTICO DOS ESPELHOS PLANOS focal.
O estudo analítico dos espelhos esféricos consiste em estabelecer
equações que permitam obter as características da imagem quantitativa- 1 1 1
  onde:
mente. f p p'
f = distância focal;

Física 54 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
p = abcissa do objeto; forma, praticamente, no plano focal imagem da lente. Quando a imagem
se forma antes ou depois do filme, obtém-se uma foto sem nitidez (fora
p’ = abcissa da imagem. de foco). O ajuste do foco é feito com o deslocamento da posição da
lente.
INSTRUMENTOS ÓPTICOS SIMPLES
PROJETOR DE SLIDES
INSTRUMENTOS ÓPTICOS
O projetor de slides tem funcionamento inverso ao da máquina foto-
Introdução gráfica. A lente convergente conjuga, para um pequeno slide bem ilumi-
nado, uma imagem real, ampliada e projetada sobre um anteparo.
Os instrumentos ópticos são instrumentos bem comuns, em nosso
cotidiano, a lupa, a luneta, o microscópio são exemplos bem conhecimen- OLHO HUMANO
tos. A classificação dos instrumentos ópticos é feita com base no tipo de
- Anatomia e funcionamento
imagem final que produzem.
- Anatomia
CLASSIFICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS ÓPTICOS
a) Instrumentos de Observação
Os chamados instrumentos de observação produzem uma imagem
final virtual, observada diretamente pelo operador do instrumento. Exem-
plos: Lupa, Luneta astronômica e o microscópio composto.
LUPA
Para observar com mais detalhes pequenos objetos ou áreas de uma
superfície, utilizamos a lupa. É um instrumento de ampliação composto
de uma lente convergente que nos fornece uma imagem virtual, direita e
maior que o objeto real. A lupa também é chamada de microscópio sim-
ples.
A Figura 1 contém as principais partes do olho humano que partici-
LUNETA ASTRONÔMICA pam da percepção visual.
Utilizamos a luneta astronômica para observar os astros. A olho nu, Córnea: refrata os raios de luz que entram nos olhos e exerce o pa-
obviamente não conseguimos vê-los em maiores detalhes porque desse pel de proteção à estrutura interna do olho.
modo o nosso ângulo visual é muito pequeno. E a função da luneta é Íris: é a porção visível e colorida do olho logo atrás da córnea. A sua
justamente a de produzir um aumento visual na observação dos astros. função é regular a quantidade de luz que entra em nossos olhos.
A luneta contém duas lentes convergentes: a objetiva, de grande dis- Pupila: é a abertura central da íris, através da qual a luz passa.
tância focal, que proporciona uma imagem real e invertida do astro obser- Cristalino: é uma lente biconvexa natural do olho e sua função é auxi-
vado; e a ocular, que nos fornece uma imagem final virtual e invertida do liar na focalização da imagem sobre a retina.
objeto.
Retina: é a membrana fina que preenche a parede interna e posterior
Definimos o aumento visual obtido com a luneta pela relação entre a do olho, que recebe a luz focalizada pelo cristalino. Contém fotorecepto-
distância focal da objetiva e a distância focal da ocular: res que transformam a luz em impulsos elétricos, que o cérebro pode
interpretar como imagens.
Nervo ótico: transporta os impulsos elétricos do olho para o centro de
processamento do cérebro, para a devida interpretação.
Esclera: é a capa externa, fibrosa branca e rígida que envolve o olho,
contínua com a córnea. É a estrutura que dá forma ao globo ocular.
- Funcionamento
MICROSCÓPIO COMPOSTO Como nós enxergamos?
Um microscópio composto serve para a observação de regiões mi- Nossos olhos são como uma câmara fotográfica. Ambos têm uma
núsculas cujos detalhes não podem ser distinguidos a olho nu. Ele é abertura para a passagem de luz, uma lente e um anteparo onde a ima-
composto basicamente de duas lentes convergentes, ambas de pequena gem é recebida e registrada. Simplificando, vamos considerar possuindo
distância focal: a objetiva, que fornece uma imagem real, invertida e uma única lente convergente biconvexa (meios transparentes, mais o
ampliada do objeto focalizado, e a ocular, que fornece uma imagem final cristalino) situada a 5 mm da córnea e a 15 mm da retina.
virtual, direita e ampliada em relação à imagem do objetiva, mas inversa
Quando os raios de luz provenientes de um objeto (Figura 2) atra-
em relação ao objeto.
vessam essa lente, forma uma imagem real e invertida localizada exata-
b) Instrumentos de Projeção mente sobre a retina para que ela seja nítida. A retina transmite as infor-
mações ao cérebro, através do nervo ótico, que processa uma inversão
Os instrumentos de projeção produzem uma imagem final real, que da imagem fazendo com que nós vejamos o objeto na sua posição nor-
pode ser projetada em um anteparo qualquer. Exemplos: câmara fotográ- mal. É assim que nós enxergamos.
fica, episcópio e o projetor de slides.
CÂMARA FOTOGRÁFICA
A câmara fotográfica é constituída por uma lente convergente que
deve projetar, de um objeto real, uma imagem real exatamente sobre o
filme.
Como os objetos fotografados estão normalmente a uma distância
bem maior do que a distância focal da objetiva da câmara, a imagem se

Física 55 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
gem do objeto se forma depois da retina como na hipermetropia. Para
corrigir, é utilizada uma lente convergente.

FENÔMENOS ONDULATÓRIOS. PULSOS E ONDAS.


PERÍODO, FREQUÊNCIA, CICLO. PROPAGAÇÃO:
RELAÇÃO ENTRE VELOCIDADE, FREQUÊNCIA E COMPRIMENTO
DE ONDA. ONDAS EM DIFERENTES MEIOS DE PROPAGAÇÃO.

ONDULATÓRIA
a) No olho normal a imagem se forma sobre a retina. Estudaremos nesta parte os principais fenômenos ondulatórios, entre
b) Esquema da formação da imagem em um olho reduzido. os quais se destacam a reflexão e a refração.
- Defeitos da visão / Correção ONDAS
Antes de se estudar os defeitos / correção da visão, deve-se enten-
der como o olho se acomoda para enxergar objetos em diferentes posi- Vamos inicialmente obter o conceito de onda e introduzir alguns
ções, variando a distância focal da lente do olho. elementos a ele relacionados.
O cristalino, que é uma lente convergente, possui ligado a ele um Consideremos uma corda esticada na qual produzimos um abalo em
conjunto de músculos provocando variações nas curvaturas de suas uma das extremidades.
faces e consequentemente na distância focal.
Portanto, para uma determinada posição do objeto, os músculos
ajustam a distância focal do cristalino para que a imagem seja formada
sobre a retina. Essa propriedade do olho é denominada acomodação
visual.
Uma pessoa de visão normal pode enxergar objetos situados desde
uma distância média convencional de 25 cm (posição conhecida como
ponto próximo) até o infinito.
A) Miopia
A pessoa que possui miopia, tem o globo ocular um pouco mais
alongado que o normal. Nesse caso a imagem se forma antes da retina Observemos que esse abalo se desloca ao longo da corda cujos
(Figura 3) e a pessoa não enxerga o objeto com nitidez. pontos serão perturbados à medida que ferem por ele atingidos. A corda
é o meio de propagação do abalo.
De um modo geral, um abalo é uma perturbação causada no meio de
propagação.
Assim, podemos conceituar:
Onda é uma perturbação que se propaga.
Para corrigir a miopia usa-se lente divergente para diminuir a conver- Podemos citar outros exemplos de ondas:
gência dos raios luminosos, fazendo com que a imagem se forme sobre a
retina.  ondas na água: que surgem quando produzimos um abalo na
superfície da água;
Observe que em uma receita de óculos para uma pessoa que é mío-
pe, a vergência da lente vem com sinal negativo (por exemplo - 5 di),  ondas sonoras: que se originam por uma perturbação num meio
indicando que é necessário uma lente divergente para correção. material (sólido, liquido ou gasoso);
B) Hipermetropia  ondas eletromagnéticas (entre as quais se enquadra a luz): que são
As pessoas que apresentam hipermetropia, ao contrário da miopia, devidas às perturbações em campos elétricos e magnéticos.
apresentam o globo ocular mais curto que o normal, fazendo com que a
imagem se forme atrás da retina (Figura 4). É importante observarmos que a onda transmite energia de ponto
para ponto do meio de propagação. Assim, na corda, pontos que estavam
em repouso são postos em movimento quando atingidos pela onda,
adquirindo energia cinética e potencial. Essa transmissão de energia não
envolve o transporte de matéria.
A onda transmite energia sem transporte de matéria.
Ondas periódicas
Se produzirmos abalos sucessivos e que se repetem em tempos
Para corrigir a hipermetropia usa-se uma lente convergente para au- iguais, estabeleceremos na corda uma onda periódica. A propagação de
mentar a convergência dos raios fazendo com que imagem se forme um único abalo é denominada pulso de onda.
exatamente sobre a retina.
Um caso importante a ser estudado é quando as ondas periódicas
Neste caso, a receita de óculos de uma pessoa com hipermetropia têm a forma de uma senóide (ou cossenóide).
vem com a vergência positiva (+ 5 di) indicando que é necessária uma
lente convergente para a correção.
C) Presbiopia ou "vista cansada"
Quando a pessoa vai envelhecendo, o cristalino vai perdendo a elas-
ticidade e a pessoa fica com dificuldade para enxergar de perto. A ima-

Física 56 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Após uma oscilação: A figura acima também mostra que o comprimento de onda () é a
distância entre duas cristas consecutivas ou entre dois vales
consecutivos.

Velocidade de propagação
Na figura anterior, uma oscilação corresponde ao movimento da mão, Vamos calcular a velocidade V com que a onda se propaga.
que é a fonte das ondas, indo do ponto A ao B, do ponto B ao C e
retomando ao ponto A. Usemos a relação:

Um ponto P da corda, atingido pela onda, oscila para cima e para (distânciapercorrida)
baixo, da mesma forma como oscila a mão. A altura y do ponto, em v
relação à posição inicial dela, a cada instante, é denominada elongação. (tempo)
Após outra oscilação: Tomando como base uma oscilação, temos:


V ou V  f
T
onde:
 V: velocidade de propagação;
A elongação y, durante a oscilação do ponto, varia entre os  f: frequência;
valores + a e - a. O valor a é denominado amplitude de onda.  T: período.
Resumindo:
Classificação das ondas
y: elongação;
As ondas podem ser classificadas quanto:
a: amplitude;
 à natureza;
 a  y  a
 às direções de propagação e de vibração;
Os pontos que, num dado instante, possuem elongação máxima (+ a)
são chamados de cristas. E os de elongação mínima (- a) são os vales.  à dimensão.
Na figura anterior, C é uma crista e V é um vale. Quanto à natureza
Período e frequência Quanto à natureza uma onda pode ser mecânica ou eletromagnética.
O tempo necessário para a realização de uma oscilação é o mesmo, Onda mecânica é aquela que necessita de um meio material para se
tanto para qualquer ponto atingido pela onda como para a fonte de ondas. propagar.
Período é o tempo decorrido numa oscilação. São exemplos de ondas mecânicas: onda na corda, onda na água,
Assim, por exemplo, um período igual a 0,5 s significa que a fonte onda sonora etc.
gasta 0,5 s para executar uma oscilação. Poderíamos querer saber ATENÇÃO O som não se propaga no vácuo pois, sendo uma onda
quantas oscilações são realizadas em 1s, isto é, a frequência. No mecânica, necessita de um meio material (sólido, liquido ou gasoso) para
exemplo, é imediato que a frequência é de 2 oscilações por segundo. sua propagação.
Frequência é o número de oscilações por unidade de tempo. Onda eletromagnética (por ser devida às variações em campos
Chamando de T o período e de f a frequência, vale que: elétricos e magnéticos) é aquela que se propaga em meios materiais e
1 1 também no vácuo.
f  ou T São exemplos de ondas eletromagnéticas: onda luminosa, raios X,
T f
raio “lazer”, ondas de rádio e de televisão etc.
ATENÇÃO Quando o período T estiver medido em s (segundos), a ATENÇÃO A luz é onda eletromagnética, daí ela se propaga no
frequência f estará em s-1 (oscilações por segundo), que recebe o nome vácuo e em meios materiais.
de Hz (hertz). Quanto às direções de propagação e vibração Quanto a esse
aspecto, destacam-se dois tipos importantes de ondas: a transversal e a
longitudinal.
Comprimento de onda Onda transversal é aquela cuja direção de propagação é
Voltamos a observar a figura anterior, onde assinalamos a distância perpendicular à direção de vibração.
representada pela letra grega  (lâmbda) e denominada comprimento de A onda numa corda é transversal pois, enquanto os seus pontos
onda. vibram para cima e para baixo, ela se propaga ao longo da corda,
Comprimento de onda () é a distância percorrida pela onda durante conforme figura.
uma oscilação.

ATENÇÃO Verifica-se que todas as ondas eletromagnéticas são


ondas transversais.
Onda longitudinal é aquela cuja direção de propagação coincide com
a direção de vibração.
Física 57 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Comprimindo-se os aros de uma mola, estabelecemos uma onda de recebe do suporte fixo determina uma onda refletida invertida em relação
compressão ao longo da mola, à medida que os aros vibram para frente e à incidente.
para trás. Essa onda é longitudinal.

Reflexão sem inversão de fase: Se a extremidade da corda estiver


ATENÇÃO O som, no ar, é uma onda longitudinal, pois ocorre com livre para oscilar, a onda refletida não será invertida em relação à
as moléculas do ar um comportamento semelhante aos aros da mola do incidente.
exemplo anterior.
Quanto à dimensão
Quanto à dimensão, uma onda pode ser: unidimensional,
bidimensional ou tridimensional.
 a onda unidimensional se propaga ao longo de uma linha;
 a onda bidimensional se propaga numa superfície;
 a onda tridimensional se propaga em todas as direções de uma
região.
Exemplos
1. a onda na corda, ou na mola, é unidimensional;
ATENÇÃO
2. a onda na superfície da água é bidimensional;
3. o som no ar é tridimensional.  se não houver dissipação de energia, a energia da onda refletida
será igual à da incidente;
ONDAS UNIDIMENSIONAIS
Analisemos agora a velocidade de propagação e certos fenômenos  a onda incidente e a refletida possuem a mesma velocidade, uma vez
ondulatórios para as ondas unidimensionais. que propagam-se no mesmo meio.
Velocidade de propagação
REFLEXÃO E REFRAÇÃO
Consideremos um meio unidimensional, como por exemplo, uma
corda, onde se propaga uma onda. Quando uma onda atinge a separação de dois meios unidimensionais
distintos haverá a formação de uma onda refletida e uma refratada.
Iremos, a seguir, considerar dois casos.
Onda incidente no meio menos denso: Consideremos uma onda
Seja  , a densidade linear da corda, dada por: incidente se propagando numa corda A e atingindo o ponto P (junção da
m corda A com uma corda B). onde:  A  B

L
onde m é a massa da corda e L é o seu comprimento.
A velocidade de propagação V é dada pela fórmula de Taylor:

F
V Se a densidade linear de A é menor que a de B (  A   B ), o
 ponto P equivale a uma
extremidade fixa e a onda refletida será invertida em relação à incidente.
onde F é a força de tração (que mantém a corda esticada).
Podemos tirar as seguintes conclusões da fórmula de Taylor:
 a onda se propaga com maior velocidade na corda de menor
densidade linear;
 a onda se propaga com maior velocidade na corda mais tracionada.
ATENÇÃO A onda refratada sempre ocorre sem inversão de fase.
Tomando duas cordas do mesmo material, a mais grossa possui Onda incidente no meio mais denso: Consideremos as cordas A e B,
maior densidade linear. do caso anterior, e uma onda incidente se propaga em B, conforme
Reflexão figura.

Devemos considerar dois casos na reflexão de uma onda, pois a


onde:  A  B
onda refletida poderá estar invertida ou não, em relação à incidente.
Reflexão com inversão de fase: Consideremos uma onda que se
propaga em direção a uma extremidade fixa da corda. Ao atingir essa
extremidade, a onda incidente sofrerá reflexão. A força que a corda

Física 58 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
O ponto P comporta-se agora como uma extremidade livre e a onda A ligação da música com a ciência - em outras palavras, a associa-
refletida não sofrerá inversão de fase. ção da estética musical à teoria dos números – remonta à Escola Pitagó-
rica, no século VI a.C. O ponto de partida era a relação entre os compri-
mentos das cordas de uma lira e as notas musicais e a percepção que
cordas mais curtas emitiam sons mais agudos. A partir daí foi desenvolvi-
da toda uma teoria que relacionava comprimentos de cordas, escalas,
intervalos, notas, números inteiros e frações. Em particular, a associação
ATENÇÃO Se não houver dissipação de energia, a soma das de uma fração a um dado intervalo musical mostrou-se um dos princípios
energias transportadas pelas ondas refletida e refratada é igual à energia mais fecundos da acústica e em cima dele montou-se praticamente toda
da onda incidente. a teoria da música ocidental. A relação entre a Física e a Música come-
Pela fórmula de Taylor: çou a aparecer depois da teoria ondulatória, estabelecida nos sécs. XVII
e XVIII, e sedimentou-se quando Jean Batiste Fourier criou a parte da
Matemática que leva seu nome e que é utilizada na análise de qualquer
F
V  fenômeno periódico. Falaremos a análise de Fourier em diversas partes
 dessa monografia.
Trataremos também da percepção do som a partir das suas proprie-
podemos saber se a onda aumentou ou diminuiu a velocidade de dades físicas, que nos permite ouvir o som sem, necessariamente, estar
propagação ao se refratar. Assim: na frente da fonte sonora. Como toda onda, o som sofre reflexão, é
absorvido pelo meio em que se propaga, atenuado pelo atrito com as
 quando a onda passa da corda menos densa para a mais densa, a moléculas do meio e transmitido de um meio a outro. Usando essas
velocidade diminui; ferramentas vamos então discutir os detalhes da produção do som nos
 quando a onda passa da corda mais densa para a menos densa, a diversos instrumentos musicais e entender o porque das peculiaridades
velocidade aumenta. sonoras de cada um deles e porque um som musical é diferente de um
som qualquer produzido na natureza.
Ondas estacionárias Produção do som
Consideremos duas ondas se propagando em sentidos opostos num O som é produzido ao criarmos algum tipo de mecanismo que altere
meio unidimensional, como, por exemplo, os dois pulsos de onda, A e B, a pressão do ar em nossa volta. Na verdade, para a produção do som, é
na corda representada a seguir. mais importante a velocidade com que a pressão varia (o "gradiente da
pressão") do que o seu valor absoluto. Por essa razão é que um balão
cheio de ar não faz praticamente nenhum barulho ao deixarmos o ar sair
de dentro dele naturalmente. Por outro lado, se o balão estourar (e o ar
sair todo de uma vez), existe uma variação enorme da pressão e um
ruído alto é produzido. Podemos então dizer que o som é produzido ao
colocarmos uma quantidade (massa) de ar em movimento. É a variação
Chama-se interferência ao fenômeno resultante da superposição dos da pressão sobre a massa de ar que causa os diferentes sons, dentre
dois pulsos. Cada ponto da corda sofrerá uma perturbação igual à soma eles os que são combinados para criar a música. A vibração de determi-
algébrica das perturbações que cada pulso produziria sozinho. nados materiais é transmitida às moléculas de ar sob a forma de ondas
sonoras. Percebemos o som porque as ondas no ar, causadas por essa
variação de pressão, chegam aos nossos ouvidos e fazem o tímpano
vibrar. As vibrações são transformadas em impulsos nervosos, levadas
até o cérebro e lá codificadas.
A analogia entre a compressão e a rarefação do ar ao transmitir as
a  a A  aB ondas sonoras pode ser vista ao brincarmos com uma mola, facilmente
encontrada em lojas de brinquedos infantis. O nosso problema agora é
Após a interferência, cada pulso de onda se propaga in- quantificar a produção do som a partir desta variação de pressão. Uma
dependentemente do outro, isto é, como se nada tivesse acontecido. Este maneira interessante de se fazer isso é mostrar como, num tubo tampa-
é o princípio da independência das ondas, como havíamos visto na óptica do, a modificação da pressão interna que acontece quando ele é destam-
geométrica. pado, produz um som característico. Esse som pode ser observado num
osciloscópio e registrado no computador, caso ele possua uma placa de
som e um microfone. Qualquer dos programas anexos à placa de som é
capaz de gravar e reproduzir esse som.
Uma nota musical é um som cuja frequência de vibração encontra-se
dentro do intervalo perceptível pelo ouvido humano e a música é a com-
Podemos conceituar onda estacionária a partir do entendimento do binação, sob as mais diversas formas, de uma sequência de notas em
fenômeno de interferência. diferentes intervalos. Entretanto, uma mesma nota emitida por diferentes
fontes (ou instrumentos musicais) podem ter a mesma frequência e ainda
Onda estacionária é a resultante da interferência de duas ondas assim soar de maneira diferente para quem ouve. Atualmente o conheci-
iguais e que se propagam em sentidos opostos. mento dos princípios da acústica e a teoria da propagação das ondas é
bastante bem conhecida e pode-se descrever com precisão todas as
peculiaridades e características associadas aos fenômenos acústicos. A
PROPAGAÇÃO DO SOM
teoria matemática que descreve fenômenos ondulatórios foi desenvolvida
Introdução por Jean Baptiste Fourier no início do século XIX. Ela afirma que qualquer
onda pode ser decomposta em uma combinação de ondas primitivas,
Quando falamos de som e música, raramente pensamos em física e todas elas com a forma de uma senóide. Vamos discutir esses dois
na análise científica necessária para entender a propagação do som e aspectos mais na frente.
suas nuanças, nas propriedades do som e nos detalhes ligados ao pro-
cesso que antecede a apreciação da arte musical. Esta monografia Descrevendo cientificamente um som
apresenta a parte da Física ligada ao processo da produção e análise dos A forma de onda vista abaixo (Figura 1) possui a forma da função
sons, em particular os musicais: a Acústica. matemática conhecida como senóide. Podemos descrever completamen-
Física 59 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
te essa função em termos da sua amplitude, comprimento de onda e A temperatura é a medida da energia térmica do corpo e, quanto
frequência. maior a temperatura, maior a agitação térmica das partículas.
Y – Amplitude da onda Quando dois corpos em temperaturas diferentes são colocados em
contato, há transferência espontânea de energia térmica do corpo mais
X - Deslocamento da onda
quente para o mais frio. Com isto, o corpo mais frio aumenta sua tempe-
A Figura 1 vai nos ajudar a definir praticamente todas as grandezas ratura, e o corpo mais quente diminui, até atingirem temperatura de igual
de que necessitamos para descrever os sons durante o resto do texto. O valor. Neste ponto cessa a transferência de calor e é atingido o equilíbrio
comprimento de onda é a grandeza física que define o "tamanho do térmico. Esta temperatura final é chamada temperatura de equilíbrio.
ciclo", ou seja, qual a distância percorrida por um ciclo de onda até que A partir disto, podemos dizer que calor é energia térmica que se
ele volte a se repetir. Na nossa figura, um comprimento de onda é a transfere de um corpo mais quente para outro mais frio. Se não houver
distância, no eixo horizontal, de 0 a 4, 4 a 8, 8 a 12 e assim por diante. diferença de temperatura, não haverá transferência de energia e, conse-
Assim, dizemos que a nossa onda tem 4 unidades de comprimento de quentemente, não haverá calor.
onda (que pode ser expresso em metros, centímetros ou qualquer outra
unidade que você desejar). A amplitude é o afastamento da forma de
onda da origem, na direção vertical Assim, a amplitude máxima na Figura
1 é de 10 unidades, quer para cima, quer para baixo. A frequência des- CALOR SENSÍVEL
creve o número de vibrações por segundo, ou seja, quantos ciclos com- É a quantidade de calor recebida (ou cedida) por uma substância que
pletos a onda percorre por segundo. A unidade que usaremos para altera sua temperatura, sem alterar seu estado físico.
descrever as frequências é o Hertz (Hz). 1 Hz corresponde a um ciclo de
vibração por segundo. Por exemplo, quando colocamos um diapasão em A equação do calor sensível é:
vibração, suas hastes vibrarão a uma frequência de 440 Hz, ou 440 ciclos
por segundo, correspondentes à nota musical Lá. Essa nota pode ser Q = m. c . T onde:
perfeitamente descrita pela sua frequência (440 Hz), comprimento de Q = quantidade de calor recebida ou cedida;
onda (0,77 m) e uma amplitude que vai depender da energia utilizada
para colocá-lo em vibração e que descreve a intensidade na variação de m = massa de substância;
pressão. c = calor específico da substância;
Outra característica importante de uma onda, normalmente mencio-
nada nos livros de Física de nível médio, é que ela transporta energia T = variação de temperatura ocorrida no fenômeno.
sem transportar matéria. Isso pode ser observado quando jogamos uma
Unidades
pedra numa piscina com água parada. Não há transporte das moléculas
de água, mas observamos uma "perturbação" se propagando do ponto No Sistema Internacional a unidade recomendada é o joule (J), mas
onde jogamos a pedra para todos os pontos na borda da piscina. Pode- utiliza-se muito a caloria (cal). Existe a possibilidade de conversão entre
mos ver que ela transporta energia, caso haja uma folha na superfície da as unidades, pois 1 cal = 4,18 J.
água. Quando a perturbação passar pela folha, ela vai entrar em movi-
mento (na direção vertical, atingindo o pico da onda, e depois descendo Observação: Convencionamos sinal positivo para calor recebido e si-
passando pelo "vale" da onda), voltando ao repouso depois da passa- nal negativo para calor cedido.
gem. Exemplo: 500 g de uma substância de calor especifico 0,2 cal/g 0C
recebe calor e sua temperatura sobe de 20 C para 30 0C sem haver
mudança de estado. Qual a quantidade de calor recebida pela subs-
tância?
Resolução:
Dados:
m = 500 g c = 0,2 cal/g 0C
T0 = 200C T = 300C
• O CALOR E OS FENÔMENOS TÉRMICOS – CONCEITOS DE Q = m.c.(T -To)  Q= 500.0,2(30 - 20) 
CALOR E DE TEMPERATURA. ESCALAS TERMOMÉTRICAS.
Q = 500.0,2.10  Q = 1000 cal
TRANSFERÊNCIA DE CALOR E EQUILÍBRIO TÉRMICO. CA-
PACIDADE CALORÍFICA E CALOR ESPECÍFICO. CONDUÇÃO
DO CALOR. DILATAÇÃO TÉRMICA. MUDANÇAS DE ESTADO ESCALAS TERMOMÉTRICAS
FÍSICO E CALOR LATENTE DE TRANSFORMAÇÃO. COM-
PORTAMENTO DE GASES IDEAIS. MÁQUINAS TÉRMICAS. ESCALAS TERMOMÉTRICAS
CICLO DE CARNOT. LEIS DA TERMODINÂMICA. APLICA- Uma escala termométrica é o conjunto de valores numéricos, cada
ÇÕES E FENÔMENOS TÉRMICOS DE USO COTIDIANO. COM- um associado a um estado térmico previamente estabelecido.
PREENSÃO DE FENÔMENOS CLIMÁTICOS RELACIONADOS
AO CICLO DA ÁGUA. Apesar de poder-se criar diferentes escalas termométricas, fare-
mos referência apenas às mais importantes:
CONCEITO DE TEMPERATURA a) Escala Celsius: É usada oficialmente na maioria dos países e tem
Temperatura é um número associado ao estado de agitação térmica dois pontos fixos com temperaturas definidas.
de um corpo. Esta agitação térmica é definida pelo nível energético do 1.º Ponto Fixo: ponto de fusão do gelo, que recebe o valor 00C.
corpo, e constitui seu estado de aquecimento.
CONCEITO DE CALOR 2.º Ponto Fixo: ponto de ebulição da água, que recebe o valor 1000C.
Todas as partículas constituintes de um corpo estão constantemente b) Escala Fahrenheit: Escala usada nos países de língua inglesa,
em movimento, possuindo, assim, energia cinética. também possui dois pontos fixos.
Estas energias cinéticas das partículas, quando somadas, nos dão a
energia térmica do corpo. 1.º Ponto Fixo: ponto de fusão do gelo, que marca 320F.

Física 60 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
2.º Ponto Fixo: ponto de ebulição da água, que marca 212 0F.
TRANSFERÊNCIA DE CALOR E EQUILÍBRIO TÉRMICO
c) Escala Kelvin: Também denominada Escala Absoluta, é usada no
meio científico.
EQUILÍBRIO TÉRMICO
A escala Kelvin não possui pontos fixos, sendo obtido o valor zero
experimentalmente, e sendo a temperatura em que, teoricamente, a “Quando dois ou mais corpos, em temperaturas diferentes, são colo-
velocidade das moléculas de um gás ideal se reduziria a zero. cados em contato, constituindo um sistema termicamente isolado, eles
A graduação da escala Kelvin é idêntica a da escala Celsius, mas o trocam calor até atingir o equilíbrio térmico”.
valor 00C corresponde a 273,15K, porém, por simplicidade, utilizamos o Isto quer dizer que, em um sistema onde não há perda de calor para
valor 273K. o meio, a quantidade de calor cedida por um ou mais corpos (mais quen-
Na escala Kelvin devemos omitir o termo grau, usado nas outras du- tes) é completamente recebida por outro(s) corpo(s) (mais frio).
as escalas.
Relação entre as escalas
Portanto, podemos deduzir que:

Qcedido = Qrecebido
ou
Q1 + Q2 + Q3 + ... = 0
Exemplo:
Em um recipiente mistura-se 200 g de uma substância de calor espe-
cífico igual a 0,5 cal/g.0C, que se encontra a 200C, com 100 g de água (e
Equação de conversão entre as escalas: = 1,0 cal/g.0C) a 500C. Após certo intervalo de tempo atinge-se o equilí-
brio térmico. Qual a temperatura final da mistura?
TC T - 32 T - 273
 F  K onde: Dados:
5 9 5
m1 =200 g c1 = 0,5 cal/g.0C
TC = temperatura na escala Celsius;
T0 = 200C (para a substância)
TF = temperatura na escala Fahrenheit;
m2 = 100 g c2 = 1,0 cal/g.0C
TK = temperatura na escala Kelvin.
T0 = 500C (para a água)
A equação apresentada acima serve apenas para conversão nestas
três escalas. Qualquer outra escala deve ter os pontos fixos apresentados Q1 + Q2 = 0 
para que se possa determinar a equação de conversão. Exemplo 1:
m1 . c1 ( T - T0) + m2.c2 . (T - T ) = 0 
Um objeto encontra-se a 200C. Qual sua temperatura:
200. 0,5. (T - 20) = 100. 1( T - 50) = 
a) na escala Fahrenheit
b) na escala Kelvin
Resolução: 100.(T - 20) + 100 (T - 50) = 0 

Tc TF  32 20 TF  32 T  32 100.T – 2000 + 100.T – 5000 = 0 


a)    4 F
5 9 5 9 9 200.T – 7000 = 0  200.T = 7000 

 TF  32  36  TF  36  32  TF  68 F 7000
T  T = 350C
200
TC TK  273
b)   TC  TK  273 
5 5
CAPACIDADE CALORÍFICA E CALOR ESPECÍFICO
20 =TK - 273  TK = 20 + 273  TK = 293K
Exemplo 2: CALOR ESPECÍFICO
Na escala Reaumur o ponto de fusão do gelo é 00R e o ponto de va- O calor específico (c) é um coeficiente de proporcionalidade utilizado
porização da água é 800 R. Qual a temperatura nesta escala que corres- na equação fundamental do calor sensível, e representa as carac-
ponde a 400C? terísticas da substância. Mais precisamente, representa a facilidade com
que a substância recebe ou cede calor, e não depende da massa de
substância.
CAPACIDADE TÉRMICA
É a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de
uma substância. Diferentemente do calor específico, a Capacidade Tér-
mica depende da massa. Quanto maior a massa de substância, maior a
quantidade de calor necessária para aumentar sua temperatura.
A capacidade térmica pode ser expressa por:

R0 40  0 R 40 R Q
     4  R  32 R C
80  0 100  0 80 100 8 T onde:

Física 61 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
C = capacidade térmica; Como calcular estas dilatações ou estas contrações?
Q = quantidade de calor recebido; Existem três equações simples para determinar o quanto um corpo
T = variação de temperatura sofrida. varia de tamanho, e cada uma delas deve ser usada em uma situação
diferente.
Unidade:
1 - Dilatação térmica linear
A capacidade térmica é expressa em J/0C (Sistema Internacional) ou
cal/ 0C (unidade usual). L=L0    T
Exemplo: Certa substância recebe 1000 cal e sua temperatura sobe
de 10 0C para 15 0C. Qual sua capacidade térmica?
Resolução: L = o quanto o corpo aumentou seu comprimento
Dados: Lo = comprimento inicial do corpo
Q = 1000 cal T0 = 10 0C T= 15 0C  = coeficiente de dilatação linear (depende do material)
Q 1000 1000 T = variação da temperatura ( Tf - Ti )
C  C  C  C  200 cal/C
T 15 - 10 5 Vale destacar que o coeficiente de dilatação linear (  ) é um número
Mas para um corpo constituído de uma só substância temos: tabelado e depende de cada material. Com ele podemos comparar qual
substância dilata ou contrai mais do que outra. Quanto maior for o coefi-
C=m.c onde: ciente de dilatação linear da substância mais facilidade ela terá para
C = capacidade térmica; aumentar seu tamanho, quando esquentada, ou diminuir seu tamanho,
m = massa de substância; quando esfriada.

c = calor específico da substância. Outra coisa interessante de notar é que, se soubermos o valor do co-
eficiente de dilatação linear (  ) de uma determinada substância, pode-
Exemplo: Qual a capacidade térmica de 200 g de H2O? Dado: e = remos também saber o valor do coeficiente de dilatação superficial (  ) e
1,0 cal/g 0C o coeficiente de dilatação volumétrica (  ) da mesma. Eles se relacio-
Resolução: nam da seguinte maneira:
Dados:
m = 200 g  = 2 e  = 3
c= 1,0 cal/g 0C

C = m . c  C = 200. 1,0  C = 200 cal/ 0C 2 - Dilatação térmica superficial

A = A0    T
CONDUÇÃO DO CALOR. DILATAÇÃO TÉRMICA
A = o quanto o corpo aumentou sua área
DILATAÇÃO TÉRMICA
Ao = área inicial do corpo
Todos os corpos na natureza estão sujeitos a este fenômeno, uns
mais outros menos. Geralmente quando esquentamos algum corpo, ou  = coeficiente de dilatação superficial (depende do material)
alguma substância, esta tende a aumentar seu volume (expansão térmi-
ca). E se esfriarmos algum corpo ou substância esta tende a diminuir seu T = variação da temperatura ( Tf - Ti )
volume (contração térmica). 3 - Dilatação térmica volumétrica
Existem alguns materiais que em condições especiais fazem o con-
trário, ou seja, quando esquentam contraem e quando esfriam dilatam. É
o caso da água quando está na pressão atmosférica e entre 0ºC e 4ºC. V = V0    T
Mas estes casos são exceções e, embora tenham também sua importân-
cia, não serão estudados aqui neste capítulo.
Porque isso acontece? V = o quanto o corpo aumentou seu volume
Bem, você deve estar lembrado que quando esquentamos alguma
substância estamos aumentando a agitação de suas moléculas, e isso faz Vo = volume inicial do corpo
com que elas se afastem umas das outras, aumentando logicamente o
espaço entre elas. Para uma molécula é mais fácil, quando esta está  = coeficiente de dilatação volumétrica (depende do material)
vibrando com mais intensidade, afastar-se das suas vizinhas do que
aproximar-se delas. Isso acontece por causa da maneira como as forças T = variação da temperatura ( Tf - Ti )
moleculares agem no interior da matéria. Então ... Obs:
" ...se o espaço entre elas aumenta, o volume final do corpo acaba
aumentando também" L , A ou V positivos significa que a substância aumentou suas
dimensões.
Quando esfriamos uma substância ocorre exatamente o inverso.
Diminuímos a agitação interna das mesmas o que faz com que o espaço L , A ou V negativos significa que a substância diminuiu suas
entre as moléculas diminua, ocasionando uma diminuição do volume do dimensões.
corpo.
"Se o espaço entre as moléculas diminui, o volume final do corpo Tabelas com os coeficientes de dilatação linear (  ) e volumétrica
acaba diminuindo também" (  ) de algumas substâncias
Física 62 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
OS TIPOS DE VAPORIZAÇÃO
substância Coeficiente de dilatação linear () em ºC-1
Evaporação: É a passagem lenta do estado líquido para o gasoso. A
aço 1,1 x 10-5
evaporação pode ocorrer a qualquer temperatura, mas se dá apenas na
alumínio 2,4 x 10-5 superfície do líquido.
chumbo 2,9 x 10-5 Ebulição: É a passagem rápida do estado líquido para o gasoso. A
cobre 1,7 x 10-5 ebulição ocorre em uma temperatura definida.

ferro 1,2 x 10-5 Calefação: É a passagem do estado líquido para o gasoso mediante
um brusco aquecimento. Um exemplo disto é o que ocorre quando uma
latão 2,0 x 10-5 porção de água é jogada em uma chapa quente. A água sofre um aque-
ouro 1,4 x 10-5 cimento brusco, seguido de vaporização.
prata 1,9 x 10-5 TEMPERATURAS DE MUDANÇA DE ESTADO
vidro comum 0,9 x 10-5 Durante a mudança de estado, a temperatura permanece constante.
vidro pirex 0,3 x 10-5 A temperatura onde ocorre a passagem do sólido para o líquido, ou
zinco 6,4 x 10-5 líquido para sólido, é chamada Ponto de Fusão.
A temperatura onde ocorre a passagem do líquido para gasoso, ou
substância Coeficiente de dilatação volumétrica (g) em ºC-1 gasoso para líquido, é chamada Ponto de Ebulição.

álcool 100 x 10-5 CALOR LATENTE


gases 3,66 x 10-3 Chamamos de Calor Latente a quantidade de calor necessária para
que um grama de uma substância mude de estado.
gasolina 11 x 10-4
mercúrio 18,2 x 10-5 A quantidade de calor necessária para que uma massa m de uma
substância mude de estado é:

Q=m.L
MUDANÇAS DE ESTADO FÍSICO E onde:
CALOR LATENTE DE TRANSFORMAÇÃO
Q = quantidade de calor recebida (cedida)
Mudanças de Estado m = massa de substância
A matéria se apresenta em três estados físicos que se distinguem fa- L = calor latente de mudança de estado
cilmente:
Unidades:
Estado sólido: A matéria tem forma e volume definidos.
O calor latente é expresso em J/g no Sistema Internacional, mas a
Estado líquido: A matéria tem volume definido e a forma é a do reci- unidade usual é cal/g.
piente que a contém.
Exemplo:
Estado gasoso: A matéria não tem forma nem volume definidos.
Para fundirmos completamente 200 g de água são fornecidos 16 000
MUDANÇAS DE ESTADO cal. Qual o calor latente de fusão desta substância?
Quando aquecemos um corpo, sua temperatura aumenta até que ele Resolução:
começa a mudar de estado físico.
Dados: Q = 16000 cal m = 200 g
As mudanças de estado físico são:
16000
a) Fusão: Passagem de uma substância do estado sólido para o estado Q = m.L  16000 = 200.L  L   L= 80 cal/g
líquido. 200
b) Solidificação: Passagem do estado líquido para o sólido. É o proces- Exemplo 2:
so inverso à fusão.
Qual a quantidade de calor necessária para levar 100 g de gelo a
c) Vaporização: Passagem do estado líquido para o gasoso. 100C até vapor de água a 1300C?
d) Condensação ou Liquefação: Passagem do estado gasoso para
líquido. É o processo inverso à vaporização. Dados: C gelo = 0,5 cal/g.0C; L fusão = 80 cal/g; C água = 1 cal/g.0C;
e) Sublimação: Passagem do estado sólido diretamente para o gasoso, L vaporização = 540 cal/g; Cvapor = 0,5 cal/g.0C.
ou do gasoso para o sólido.
Esquema das mudanças de estado:
Resolução: As transformações que ocorrem são:
Q Q Q
gelo a -100C 
1
 gelo a 00 C 
2
 água a 00 
3

Q Q
água a 1000C 
4
 vapor a 1000 C 
5
 vapor a 1300C
Quantidade de calor:
Q1 =m.c.T  Q1 100.0,5.10  Q1 =500 cal
Q2 =m.L  Q2 =100.80  Q2 = 8000 cal

Física 63 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Q3 = m.c.AT  Q3 =100.1.100  Q3 = 10000 cal 3) o calor latente de vaporização.
Q4 =m.L  Q4 =100.540  Q4 = 54000 cal Resolução:
a) estado sólido temperatura entre 50C e 100C:
Q5 = m.c.T  Q5 =100.0,5.30  Q5 = 1500 cal
100
Qtotal =Q1 + Q2 + Q3 + Q4 + Q5  Q = m.c.T  100 = 100.c.5  100 = 500.c  c = c=
500
Qtotal =500 + 3000 + 10000 +54000 + 1500  0,2 cal/g. 0C
Qtotal = 74000 cal b) estado líquido temperatura entre 100C e 800C:
2100
Q = m.c.T  2100 = 100.c.70  2100  7000.c  c =
CURVA DE AQUECIMENTO 7000
 c = 0,3 cal/g
É a curva obtida construindo-se um gráfico temperatura x quantidade
de calor recebido. c) estado gasoso temperatura entre 800C e 100 0C:

Exemplo: Curva de aquecimento da água onde: 1000


Q = m.c. T  1000 = 100.c.20  1000 = 2000.c  c =
2000
 c = 0,5 cal/g.0C
d) fusão: temperatura de 100C:
300
Q = m.L  300 = 100.L  L =  L = 3 cal/g
100
e) vaporização: temperatura de 800C:
800
Q = m.L  800 = 100.L  L =  L = 8 cal/g
100

T1 = temperatura inicial
T2 = temperatura final COMPORTAMENTO DE GASES IDEAIS
Tf = temperatura de fusão
Um gás é caracterizado por três variáveis, chamadas variáveis de es-
Te = temperatura de ebulição
tado, que são:
As quantidades de calor recebidas pela água são: a) Volume (V)
Q1 = m.c.( Tf – T1) Os gases não têm volume definido, portanto o volume de um gás é o
Q2 = m.L, onde L = calor latente de fusão volume do recipiente que o contém.
Q3 = m.c.(Te -Tf) b) Pressão (P)
Q4 = m.L, onde L = calor latente de vaporização A pressão de um gás é devida aos choques das moléculas deste gás
contra as paredes do recipiente que o contém.
Q5 = m.c ( T2 – T3)
c) Temperatura (T)
Observação:
Mede a agitação térmica das partículas do gás.
Para se obter a curva de resfriamento basta considerar as transfor-
mações inversas.
Exemplo: TRANSFORMAÇÕES GASOSAS
Dada a curva de aquecimento de uma substância:
As transformações gasosas ocorrem quando pelo menos uma variá-
vel de estado sofre alteração.
Dentre as transformações gasosas, podemos destacar três:
a) Transformação Isotérmica: A temperatura permanece constante
durante a transformação. Este tipo de transformação é conhecida
como Lei de Boyle-Mariotte, e pode ser enunciada da seguinte forma:
“Para uma dada massa de gás, a pressão varia de maneira inversamente
proporcional ao volume, se a temperatura for mantida constante”.
b) Transformação Isobárica: Nesta transformação a pressão perma-
nece constante. Esta transformação é chamada Lei de Gay-Lussac, e
é enunciada assim:
“Para uma dada massa de gás, mantida a pressão constante, a vari-
ação do volume é diretamente proporcional à da temperatura”.
Sabendo-se que a massa de substância é de 100 g, determine: c) Transformação Isométrica ou Isocórica: Durante esta transforma-
a) o calor específico do sólido; ção o volume permanece constante. Este tipo de transformação é
conhecido como Lei de Charles, e é enunciada desta maneira:
b) o calor específico do líquido; “Para uma dada massa de gás, mantido o volume constante, a pres-
c) o calor específico do vapor; são é diretamente proporcional à temperatura”.
d) o calor latente de fusão; d) Diagramas das transformações

Física 64 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Exemplo 2:
Um gás apresenta uma pressão de 3 atm e volume de 5 L. Após uma
transformação isotérmica, sua pressão cai para 2,5 atm. Qual seu novo
volume?
Resolução:
Dados:

EQUAÇÕES P0 = 3 atm V0 = 5L P1 = 2,5 atm

Equação de Clapeyron: P0 . V0
P0 . V0  P1 .V1  V1  
PV = n.R.T onde: P1
P = pressão do gás;
35
V = volume ocupado pelo gás; V1   V1  6 L
2,5
n = número de mols do gás;
Exemplo 3: Certa massa de um gás apresenta volume de 3 L à tem-
R = constante universal dos gases;
peratura de 1270C. Após sofrer uma transformação isobárica, seu volume
T = temperatura do gás, na escala Kelvin passa a 6 L. Qual sua nova temperatura, em graus Celsius?
Valores de R Resolução:
R = 0,082 atm.L/mol.K = 8,31 J/mol.K= 2 cal/mol.K = 62,3 Dados:
mmHg.L/mol K
V0 = 3 L T0 = 1270C = 400 K V1 = 6L
Exemplo: 88 g de gás carbônico encontram-se a uma pressão de 2
atm e a uma temperatura de 2270C. Qual o volume ocupado pelo gás? V0 V1 V1  T0
  T1  
Dado: T0 T1 V0
Massa molar do CO2 = 44 g/mol;
6  400 2400
R = 0,082 atm.L/mol.K T1   T1  
3 3
Resolução:
T1 = 800 K = 5270C
Dados: m = 88 g
P = 2 atm T = 2270C 500 K
Exemplo 4: Um gás apresenta pressão de 1,5 atm à temperatura de
número de mols de CO2: 270C. Ao sofrer uma transformação isométrica, sua temperatura pas-
sa a 2270C. Qual sua nova pressão?
m 88
n n  n  2 mols Resolução:
M 44
volume de CO2: PV = n.R.T  Dados:

n.R.T 2  0,082  500 P = 1,5 atm T0 = 270C T1 = 2270C


V= V  V  41 L
P 2
P0 P1 P0  T1
P0  V0 P1  V1   P1  
Equação Geral dos Gases:  onde:
T0 T1 T0 T1 T0

O índice 0 representa a situação inicial do gás (antes da transforma- 1,5  500 750
ção) e o índice 1 representa a situação final do gás (após a transforma- P1   P1   P1  2,5 atm
ção). 300 300

Exemplo 1: Certa massa de um gás apresenta volume 5 L à pressão


de 2 atm e temperatura de 270C. Após uma transformação, sua pressão
passa a 8 atm a uma temperatura de 3270C. Qual seu novo volume? MÁQUINAS TÉRMICAS. CICLO DE CARNOT. LEIS DA TERMODINÂ-
Resolução: MICA. APLICAÇÕES E FENÔMENOS TÉRMICOS DE USO COTIDIANO

Dados: P0 =2 atm V0 = 5 L T0 = 270C = 300 K MÁQUINAS TÉRMICAS


P1 = 8 atm T1 = 3270C = 600 K Aplicação da 1ª lei da termodinâmica às máquinas térmicas

P0  V0 P1  V1 P0  V0  T1 Muitas máquinas têm como objetivo a realização de trabalho, e para


  V1   o conseguir, utilizam energia que é, muitas vezes, recebida pela máquina
T0 T1 P1  T0 sob a forma de calor. As máquinas que recebem energia sob a forma de
calor de modo a poderem realizar trabalho, designam-se por máquinas
2  5  600 6000 térmicas.
V1   V1   V1  2,5 L
8  300 2400 Uma máquina térmica, como o modelo de funcionamento de um mo-
tor de um automóvel, é um sistema que executa uma transformação

Física 65 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
cíclica, isto é, a máquina térmica passa periodicamente pelo mesmo logo, a fração de energia sob a forma de calor que não é utilizada para
estado. Como os estados inicial e final de um ciclo são os mesmos, a realizar trabalho é transferida para outra fonte a uma temperatura inferior.
energia interna nesses estados é igual, e assim, a variação de energia
interna ao fim de um ciclo é nula. Assim, as máquinas térmicas apenas permitem obter trabalho, a par-
tir de um fluxo de energia sob a forma de calor entre duas fontes a tempe-
Deste modo, aplicando a 1ª lei da termodinâmica a uma máquina raturas diferentes. A energia sob a forma de calor flui espontaneamente
térmica ao fim de um ciclo: da fonte quente, isto é, a fonte com maior temperatura, para a fonte fria,
ou seja, a fonte com temperatura inferior.
Por exemplo, na máquina a vapor, um cilindro move-se devido à ex-
pansão do gás no seu interior, causada pela energia proveniente do
aquecimento de água numa caldeira (fonte de energia sob a forma de
calor - "fonte de calor").
Parte desta energia não é transformada em trabalho, e passa por
Segundo a 1ª lei da termodinâmica, o trabalho realizado por uma condução térmica para os arredores da máquina (fonte com temperatura
máquina térmica sobre o exterior (o sinal negativo significa que a máqui- inferior).
na realiza trabalho sobre os arredores), é igual à energia recebida sob a
forma de calor absorvida por ela. O princípio de funcionamento de uma máquina térmica pode ser es-
quematizado pela figura 1:
Por exemplo, num motor de explosão de um automóvel, a energia
obtida sob a forma de calor na câmara de combustão devido à explosão
da mistura de ar e gasolina, causa a expansão dessa mistura gasosa.
Esta expansão empurra um pistão ou êmbolo, realizando trabalho sobre o
exterior. De seguida, os gases resultantes da combustão são expelidos
para o exterior, entrando novamente para a câmara uma mistura de ar e
gasolina, e todo o processo volta a repetir-se, ou seja, é um processo
cíclico.
O movimento do êmbolo ou pistão, a que equivale uma certa quanti-
dade de trabalho, apenas acontece porque se fornece energia ao motor
e, segundo a 1ª lei da termodinâmica, o trabalho efetivo realizado por
uma máquina térmica não pode ser superior à energia recebida sob a
forma de calor.
Na realidade, o trabalho realizado é sempre inferior à energia recebi-
da sob a forma de calor, isto é, nem toda essa energia recebida é usada
para realizar trabalho. Por exemplo, parte da energia recebida pela má-
quina sob a forma de calor provoca o aumento da temperatura da máqui-
na (que depois é preciso arrefecer).
Designa-se por máquina de movimento perpétuo de primeira es-
pécie, um tipo de máquina térmica que realiza trabalho efetivo sem que o
sistema receba energia, no entanto, a 1ª lei da termodinâmica não permi-
te que tal máquina exista. Qualquer máquina só pode transformar ener-
gia, recebida sob a forma de calor em energia cedida sob a forma de
trabalho, e nunca pode criar energia a partir do nada.
Aplicação da 2ª lei da termodinâmica às máquinas térmicas Fig. 1 - Esquema de uma máquina térmica.

As máquinas são aparelhos que servem para transferir energia e,


tanto podem receber energia sob a forma de calor para produzir trabalho, Deste modo, o trabalho fornecido pela máquina é igual à diferença
que é o caso das máquinas térmicas, como podem receber trabalho de entre as quantidades de energia sob a forma de calor trocadas:
modo a transferir energia sob a forma de calor, e nesse caso temos uma
máquina frigorífica. Todas as máquinas funcionam em ciclo, isto é, uma W = |Qq| = |Qf|
máquina passa periodicamente pelo mesmo estado. Rendimento das máquinas térmicas
A 2ª lei da termodinâmica, nomeadamente os postulados de Clau- Um dos principais objetivos de quem constrói uma máquina térmica,
sius, e de Lord Kelvin estabelecem limitações, tanto na transferência de é que esta tenha o maior rendimento possível. O rendimento, que nor-
energia sob a forma de calor entre objetos, como na possibilidade de malmente se denota por η, define-se como a razão entre o trabalho que a
transformar energia de uma forma noutra. máquina fornece, W, e a energia sob a forma de calor que sai da fonte
Tais fatos implicam que apenas possam existir máquinas, em que o quente, Qq, e sem o qual ela não poderia funcionar.
seu princípio de funcionamento não viole a segunda lei da termodinâmica.
Analisemos o que acontece no caso de:
 Máquinas térmicas
 Máquinas frigoríficas
Máquinas térmicas
Segundo o postulado de Lord Kelvin, é impossível transformar em
trabalho toda a energia sob a forma de calor extraída de uma única fonte,

Física 66 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Como o quociente entre Qc e Qq tem um valor que pode estar entre 0 Deste modo, a energia sob a forma de calor que é transferida para a
e 1, o rendimento de uma máquina térmica é sempre inferior a 1. Caso o fonte quente é igual à soma da energia sob a forma de calor retirada à
fonte fria, com o trabalho necessário para que ocorra esse fluxo de ener-
valor de Qc fosse nulo, isto é, se a máquina não transferisse energia sob
gia:
a forma de calor para a fonte fria, o rendimento seria igual a 1.
No entanto, não é possível construir máquinas térmicas onde, cicli- |Qq| = W + |Qf|
camente se transforme toda a energia sob a forma de calor proveniente
da fonte quente, em trabalho, uma vez que tal violaria a 2ª lei da termodi- Eficiência das máquinas frigoríficas
nâmica.
A eficiência de uma máquina frigorífica é tanto maior, quanto maior
for a quantidade de energia sob a forma de calor que retirar da fonte fria,
ou seja, do interior do frigorífico, para a mesma quantidade de trabalho
fornecido pelo motor do frigorífico.
A eficiência de uma máquina frigorífica é o quociente entre a
energia sob a forma de calor que sai da fonte fria, Qf, e o trabalho neces-
sário para realizar essa transferência de energia:

Ao contrário do rendimento de uma máquina térmica, a eficiência po-


de ser maior que 1. A eficiência típica de uma máquina frigorífica varia
entre 4 e 6. Por exemplo, se a eficiência for igual a 5, então o frigorífico
retira 5 J de energia da fonte fria (interior do frigorífico) para a fonte
quente (exterior), por cada 1 J de energia elétrica que consome.
Fig. 2 - Esquema de uma máquina térmica impossível
devido à 2ª lei da termodinâmica. Seria impossível que a máquina frigorífica retirasse energia da fonte
fria, sem receber qualquer energia do exterior (sem receber trabalho),
Máquinas frigoríficas uma vez que tal não estaria de acordo com a 2ª lei da termodinâmica.
Segundo o postulado de Clausius, é impossível transferir energia sob
a forma de calor de forma espontânea, de uma fonte fria para uma fonte
quente. Para que tal aconteça, é necessário fornecer trabalho ao sistema,
e, nesse caso, temos uma máquina frigorífica.
As máquinas frigoríficas, como um frigorífico ou uma arca congelado-
ra, recebem trabalho (através da energia elétrica proveniente da rede
elétrica), e usam-no de modo a retirarem energia sob a forma de calor do
seu interior, transferindo-a por condução para o exterior.
Deste modo, o interior de um frigorífico encontra-se a uma tempera-
tura baixa, próxima de 0 ºC, enquanto que a parte de trás de um frigorífi-
co está normalmente a uma temperatura superior à do meio ambiente
onde se encontra.
O princípio de funcionamento de uma máquina frigorífica encontra-se
esquematizado na figura 3:

Fig. 4 - Esquema de uma máquina frigorífica impossível devido à 2ª


lei da termodinâmica.

Motores a diesel e a gasolina


Um motor de um automóvel é composto por vários espaços cilíndri-
cos, e, no interior de cada cilindro, desloca-se um êmbolo móvel ou
pistão. O movimento dos pistões, devido à combustão da mistura gasosa
de ar e combustível, é responsável por gerar trabalho, o qual é convertido
no movimento de rotação das rodas de tração do automóvel.
No modelo de funcionamento de um motor a gasolina ocorrem seis
processos em cada ciclo. O sistema termodinâmico de interesse consiste
no interior do cilindro acima do pistão, no qual decorrem as várias trans-
Fig. 3 - Esquema de uma máquina frigorífica. formações durante o funcionamento do motor.

Física 67 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
O motor a gasolina designa-se também por motor de quatro tempos, As seis etapas do ciclo de Otto, descritas anteriormente, encontram-
uma vez que durante um ciclo existem duas compressões do volume se representadas na figura 2:
acima do pistão e duas expansões de volume, havendo alternância entre
compressão e expansão.
O processo cíclico que se verifica num motor a gasolina é pratica-
mente semelhante ao ciclo de Otto, que se encontra representado no
diagrama PV (pressão em função do volume) da figura 1.

Fig. 1 - Diagrama PV do ciclo de Otto.

Com base na figura 1, as seis etapas de cada ciclo de um motor a


gasolina são:
 Etapa de O para A: o pistão move-se para baixo, a mistura gasosa
de ar e gasolina entra para o cilindro, à pressão atmosférica, e o vo-
lume aumenta de V2 para V1. Assim, entrou energia para o sistema
(interior do cilindro) sob a forma de energia potencial química das
moléculas de gasolina.
 Etapa de A para B: o pistão move-se para cima e comprime adiaba-
ticamente (sem que hajam trocas de energia sob a forma de calor) a
mistura gasosa, do volume V1 para o volume V2. Deste modo, a tem-
peratura da mistura aumenta de TA para TB, e há a realização de tra-
balho sobre o gás.
 Etapa de B para C: a mistura gasosa está muito comprimida e
encontra-se a uma temperatura superior à inicial, ocorrendo então
uma pequena descarga elétrica que provoca a combustão da mistura
gasosa . Durante o curto espaço de tempo que dura esta etapa, a
pressão e a temperatura no interior do cilindro aumentam rapidamen-
te, com a temperatura a aumentar de TB para TC. No entanto, o volu-
me permanece praticamente constante devido ao intervalo de tempo
ser muito curto, logo, não existe trabalho realizado pelo sistema, ou
sobre o sistema.
 Etapa de C para D: os gases resultantes da combustão expandem
adiabaticamente do volume V2 para o volume V1. Esta expansão adi-
abática provoca a descida de temperatura de TC para TD, sendo rea-
lizado trabalho pelo gás, ao empurrar o pistão para baixo.
 Etapa de D a A: a válvula de saída dos gases do interior do cilindro é
aberta e a pressão diminui num curtíssimo intervalo de tempo. Duran-
te esse tempo, o pistão encontra-se praticamente parado na posição Motores a diesel e a gasolina Básico
mais baixa do cilindro, logo, o volume é constante e por isso não há a
realização de trabalho. Os motores a diesel têm um ciclo semelhante ao motor a gasolina, no
entanto, não é necessário uma descarga elétrica para iniciar a combustão
 Etapa de A a O: o pistão move-se para cima, enquanto que a válvula do diesel. O diagrama PV de um motor a diesel, encontra-se representa-
permanece aberta, permitindo, assim, a saída dos gases resultantes do na figura 3.
da combustão. O volume diminui de V1 para V2, e a partir desse mo-
mento o ciclo volta a repetir-se.

Física 68 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ambiente, tenderá a atingir um estado de equilíbrio, que pode ser descrito
pela especificação de suas propriedades, como pressão, temperatura ou
composição química. Se as limitações externas são alteradas (por exem-
plo, se o sistema passa a poder se expandir), então essas propriedades
se modificam. A termodinâmica tenta descrever matematicamente essas
mudanças e prever as condições de equilíbrio do sistema.
Conceitos básicos. No estudo da termodinâmica, é necessário defi-
nir com precisão alguns conceitos básicos, como sistema, fase, estado e
transformação. Sistema é qualquer parte limitada do universo passível de
observação e manipulação. Em contraposição, tudo o que não pertence
ao sistema é denominado exterior e é dele separado por suas fronteiras.
A caracterização de um estado do sistema é feita por reconhecimento de
suas propriedades termodinâmicas. Chama-se fase qualquer porção
homogênea de um sistema. O estado depende da natureza do sistema e,
para ser descrito, necessita de grandezas que o representem o mais
completamente possível. Denomina-se transformação toda e qualquer
mudança de estado. Quando formada por uma sucessão de estados de
equilíbrio, a transformação é dita reversível.
No estudo da termodinâmica, consideram-se alguns tipos particulares
Fig. 3 - Diagrama PV do ciclo de um motor a diesel. de transformações. A transformação isotérmica é a que se processa sob
temperatura constante, enquanto a isobárica é aquela durante a qual não
há variação de pressão do sistema. A transformação isométrica se carac-
Num motor a diesel, apenas ar está presente no cilindro, no início da teriza pela constância do volume do sistema, a adiabática pela ausência
compressão. Esse ar sofre uma compressão adiabática, diminuindo o seu de trocas térmicas com o exterior e a politrópica pela constância do
volume de VA para VB, e aumentando muito a sua temperatura. A partir quociente entre a quantidade de calor trocado com o meio externo e a
do momento em que o volume é igual a VB, o combustível começa a ser variação de temperatura. Conhecem-se ainda mais dois tipos de trans-
injetado para dentro do cilindro e, devido à elevada temperatura da mistu- formação -- a isentálpica e a isentrópica -- nas quais se observa a cons-
ra de ar e diesel, ocorre a combustão espontânea da mistura. tância de outras propriedades termodinâmicas, respectivamente a ental-
pia (soma da energia interna com o produto da pressão pelo volume do
Na etapa de B a C, continua a ser injetado combustível para o interior sistema) e a entropia (função associada à organização espacial e energé-
do cilindro, e a mistura de ar e diesel aumenta o seu volume para V C, tica das partículas de um sistema).
mantendo-se a pressão constante durante todo o processo de combustão
Existem muitas grandezas físicas mensuráveis que variam quando a
da mistura gasosa. A partir do estado C, a admissão e combustão de
temperatura do corpo se altera. Em princípio, essas grandezas podem ser
combustível pára e dá-se a expansão adiabática dos gases resultantes da
utilizadas como indicadoras de temperatura dos corpos. Entre elas citam-
combustão, ou seja, o gás realiza trabalho ao empurrar o pistão para
se o volume de um líquido, a resistência elétrica de um fio e o volume de
baixo, até o volume ser igual a VD. um gás mantido a pressão constante.
A partir do estado D, a válvula de saída dos gases do interior do ci- A equação de estado de uma substância sólida, líquida ou gasosa é
lindro é aberta, permitindo, assim, a saída dos gases resultantes da uma relação entre grandezas como a pressão (p), a temperatura (t), a
combustão. A pressão diminui, enquanto que o pistão permanece parado densidade (s) e o volume (v). Sabe-se, experimentalmente, que existem
na posição mais baixa do cilindro, logo, o volume é constante entre os relações entre essas grandezas: em princípio, é possível obter uma
estados D e A, não havendo realização de trabalho. Após a saída dos função do tipo f (p, t, s, v) = 0. Nos casos mais gerais, essas funções são
gases resultantes da combustão, o ciclo volta a repetir-se. bastante complicadas. Uma forma de estudar as substâncias é represen-
Os motores a diesel são mais eficientes do que os motores a gasoli- tar graficamente a variação de uma grandeza com outra escolhida, es-
na. tando todas as demais fixas.
Para gases a baixa densidade, podem-se obter equações de estado
A compressão da mistura gasosa de ar e combustível é superior no simples. Nesse caso, observa-se um comportamento geral, que é expres-
motor a diesel, o que resulta em maiores temperaturas de combustão, ou so pela relação:
seja, mais energia proveniente do combustível é aproveitada para realizar
trabalho. PV = nRT

Fonte: http://www.e-escola.pt/ em que P é a pressão do gás, V o volume por ele ocupado, T a tem-
peratura, n o número de moles do gás e R uma constante igual a 8,3149
J/kg.mol.K. Para gases de densidades mais elevadas, o modelo do gás
ideal (ou perfeito) não é válido. Existem então outras equações de esta-
TERMODINÂMICA
do, empíricas ou deduzidas de princípios mais fundamentais, como a de
A descoberta de meios para utilização de fontes de energia diferen- van der Waals: As principais definições de grandezas termodinâmicas
tes da que os animais forneciam foi o que determinou a possibilidade da constam de suas leis: a lei zero é a que define a temperatura; a primeira
revolução industrial. A energia pode se apresentar na natureza sob lei (calor, trabalho mecânico e energia interna) é a do princípio da conser-
diversas formas, mas, exceto no caso da energia hidráulica e dos ventos, vação da energia; a segunda lei define entropia e fornece regras para
deve ser transformada em trabalho mecânico por meio de máquinas, para conversão de energia térmica em trabalho mecânico e a terceira lei
ser utilizada pelo homem. A termodinâmica nasceu justamente dessa aponta limitações para a obtenção do zero absoluto de temperatura.
necessidade, e foi o estudo de máquinas térmicas que desenvolveu seus Lei zero. Embora a noção de quente e frio pelo contato com a pele
princípios básicos. seja de uso corrente, ela pode levar a avaliações erradas de temperatura.
Termodinâmica é o ramo da física que estuda as relações entre ca- De qualquer forma, é da observação cotidiana dos corpos quentes e frios
lor, temperatura, trabalho e energia. Abrange o comportamento geral dos que se chega ao conceito de temperatura. Levando em conta essas
sistemas físicos em condições de equilíbrio ou próximas dele. Qualquer observações, assim postulou-se a lei zero: se A e B são dois corpos em
sistema físico, seja ele capaz ou não de trocar energia e matéria com o equilíbrio térmico com um terceiro corpo C, então A e B estão em equilí-

Física 69 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
brio térmico um com o outro, ou seja, a temperatura desses sistemas é a termodinâmica, segundo a qual é impossível reduzir qualquer sistema à
mesma. temperatura do zero absoluto mediante um número finito de operações.
De acordo com esse princípio, também conhecido como teorema de
Primeira lei. A lei de conservação de energia aplicada aos processos Nernst, a entropia de todos os corpos tende a zero quando a temperatura
térmicos é conhecida como primeira lei da termodinâmica. Ela dá a tende ao zero absoluto.
equivalência entre calor e trabalho e pode enunciar-se da seguinte manei-
ra: "em todo sistema quimicamente isolado em que há troca de trabalho e Termodinâmica estatística. As leis da termodinâmica são obtidas
calor com o meio externo e em que, durante essa transformação, realiza- experimentalmente, mas podem ser deduzidas a partir de princípios mais
se um ciclo (o estado inicial do sistema é igual a seu estado final), as fundamentais, por meio da mecânica estatística, desenvolvida sobretudo
quantidades de calor (Q) e trabalho (W) trocadas são iguais. Assim, por Josiah Willard Gibbs e Ludwig Boltzmann. O propósito fundamental
chega-se à expressão W = JQ, em que J é uma constante que corres- da termodinâmica estatística é o de interpretar grandezas macroscópicas,
ponde ao ajuste entre as unidades de calor (usada na medida de Q) e como temperatura, energia interna e pressão, em termos das grandezas
Joule (usada na medida de W). Essa constante é empregada na própria dinâmicas, e reescrever os princípios da termodinâmica em termos das
definição de caloria (1 cal = 4,1868J). leis gerais que as afetam.
A primeira lei da termodinâmica pode ser enunciada também a A energia interna, U, é por si uma grandeza mecânica e dispensa in-
partir do conceito de energia interna, entendida como a energia associada terpretações adicionais. A análise se concentra, portanto, nas interpreta-
aos átomos e moléculas em seus movimentos e interações internas ao ções mecânicas da temperatura e da entropia. Os fundamentos da ter-
sistema. Essa energia não envolve outras energias cinéticas e potenciais, modinâmica estatística foram estabelecidos a partir de meados do século
que o sistema como um todo apresenta em suas relações com o exterior. XIX por Rudolf Julius Emanuel Clausius, James Clerk Maxwell e Ludwig
Boltzmann. A interpretação mecânica da temperatura deve muito aos
Tanto o calor específico quanto a capacidade calorífica do sistema trabalhos dos dois primeiros cientistas sobre o comportamento dos gases.
dependem das condições pelas quais foi absorvido ou retirado calor do Maxwell demonstrou que a temperatura T de um gás ideal em equilíbrio
sistema. está relacionada com a energia cinética média de suas moléculas (E) por
Segunda lei. A tendência do calor a passar de um corpo mais quente E = 3/2 k.T, em que k é a constante de Boltzmann.
para um mais frio, e nunca no sentido oposto, a menos que exteriormente Seus trabalhos foram posteriormente desenvolvidos por Boltzmann e
comandado, é enunciada pela segunda lei da termodinâmica. Essa lei levaram a uma generalização importante desse resultado, conhecida
nega a existência do fenômeno espontâneo de transformação de energia como equipartição da energia: o valor médio da energia de um sistema
térmica em energia cinética, que permitiria converter a energia do meio cujo movimento microscópico tem s graus de liberdade (números de
aquecido para a execução de um movimento (por exemplo, mover um coordenadas de posição e de impulso que determinam as energias de
barco com a energia resultante da conversão da água em gelo). translação, vibração e rotação de uma molécula), em equilíbrio termodi-
De acordo com essa lei da termodinâmica, num sistema fechado, a nâmico à temperatura T, distribui-se igualmente entre os diferentes graus
entropia nunca diminui. Isso significa que, se o sistema está inicialmente de liberdade, de tal modo que cada um contribui com k.T/2 para a energia
num estado de baixa entropia (organizado), tenderá espontaneamente a total. Assim, para s graus de liberdade,E = s/2 k.T. Para gases monoatô-
um estado de entropia máxima (desordem). Por exemplo, se dois blocos micos, o movimento de cada molécula tem apenas três graus de liberda-
de metal a diferentes temperaturas são postos em contato térmico, a de de translação. Para gases diatômicos, além da translação, haverá
desigual distribuição de temperatura rapidamente dá lugar a um estado vibrações e rotações, num total de seis graus de liberdade.
de temperatura uniforme à medida que a energia flui do bloco mais quen- A falha na previsão do valor correto para o calor específico a volume
te para o mais frio. Ao atingir esse estado, o sistema está em equilíbrio. constante de gases diatômicos (e também de sólidos cristalinos monoa-
A entropia, que pode ser entendida como decorrente da desordem in- tômicos) foi o primeiro exemplo histórico da inadequação dos conceitos e
terna do sistema, é definida por meio de processos estatísticos relaciona- métodos da mecânica clássica para o tratamento dos movimentos mi-
dos com a probabilidade de as partículas terem determinadas caracterís- croscópicos. Essa e outras contradições com a formulação teórica da
ticas ao constituírem um sistema num dado estado. Assim, por exemplo, equipartição da energia de Maxwell-Boltzmann vieram a ser elucidadas
as moléculas e átomos que compõem 1kg de gelo, a 0o C e 1atm, apre- posteriormente, à luz dos argumentos da mecânica quântica.
sentam características individuais distintas, mas do ponto de vista estatís- História. A temperatura é provavelmente o primeiro conceito termodi-
tico apresentam, no conjunto, características que definem a possibilidade nâmico. No final do século XVI, Galileu Galilei inventou um termômetro
da existência da pedra de gelo nesse estado. rudimentar, o termoscópio, ao qual se seguiram outros inventos com a
A variação da função entropia pode ser determinada pela relação en- mesma finalidade. O objetivo desses instrumentos era medir uma quanti-
tre a quantidade de calor trocada e a temperatura absoluta do sistema. dade até então indefinida, mais objetiva na natureza do que as sensações
Assim, por exemplo, a fusão de 1kg de gelo, nas condições de 273K e fisiológicas de calor e frio. Na época, acreditava-se que a temperatura
1atm, utiliza 80.000cal, o que representa um aumento de entropia do fosse uma potência motriz que provoca a transmissão de um certo eflúvio
sistema, devido à fusão, em 293J/K. de um corpo quente para outro mais frio. Mas não se sabia explicar ainda
o que era transmitido entre os corpos.
A aplicação do segundo princípio a sistemas de extensões universais
esbarra em dificuldades conceituais relativas à condição de seu isolamen- Francis Bacon, em 1620, e a Academia Florentina, alguns anos de-
to. Entretanto, pode-se cogitar de regiões do universo tão grandes quanto pois, começaram a fazer a distinção entre essa emanação e a temperatu-
se queira, isoladas das restantes. Para elas (e para as regiões comple- ra. Somente em 1770, porém, o químico Joseph Black, da Universidade
mentares) valeria a lei do crescimento da entropia. Pode-se então per- de Glasglow, diferenciou-as de maneira clara. Misturando massas iguais
guntar por que motivo o universo não atingiu ainda a situação de máxima de líquidos a diferentes temperaturas, ele mostrou que a variação de
entropia, ou se atingirá essa condição um dia. temperatura em cada uma das substâncias misturadas não é igual em
termos quantitativos.
A situação de máxima entropia corresponde à chamada morte térmi-
ca do universo: toda a matéria estaria distribuída na vastidão espacial, Black fundou a ciência da calorimetria, que levou à enunciação da
ocupando uniformemente os estados possíveis da energia. A temperatura teoria segundo a qual o calor é um fluido invisível chamado calórico. Um
seria constante em toda parte e nenhuma forma de organização, das objeto se aquecia quando recebia calórico e se esfriava quando o perdia.
mais elementares às superiores, seria possível. A primeira evidência de que essa substância não existia foi dada, no final
do século XVIII, pelo conde Rumford (Benjamin Thompson). Demonstrou-
Terceira lei. O conceito de temperatura entra na termodinâmica como se, posteriormente, que o que se troca entre corpos de temperaturas
uma quantidade matemática precisa que relaciona calor e entropia. A diferentes é a energia cinética de seus átomos e moléculas, energia
interação entre essas três quantidades é descrita pela terceira lei da também conhecida como térmica.
Física 70 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Em 1824, Sadi Carnot, um engenheiro militar francês, tornou-se o do matemático que serviu como base para a fundação da termodinâmica
primeiro pesquisador a preocupar-se com as características básicas das química e para diversas aplicações da termodinâmica clássica. No início
máquinas térmicas e a estudar o problema de seu rendimento. A contri- do século XX, Henri Poincaré elaborou as equações matemáticas das leis
buição de Carnot à solução do problema, embora teórica, foi de importân- de Clausius, e Constantin Carathéodory apresentou uma estrutura lógica
cia fundamental, pois demonstrou as características realmente significati- alternativa das teorias termodinâmicas que evitava o termo calor, consi-
vas do funcionamento das máquinas térmicas, ou seja: (1) que a máquina derado obsoleto. Em 1918, o Prêmio Nobel Walther Nernst, enunciou o
recebe de uma fonte qualquer certa quantidade de calor a temperatura princípio de Nernst, que coincide essencialmente com a terceira lei da
elevada; (2) que ela executa um trabalho externo; e (3) que rejeita calor a termodinâmica.
temperatura mais baixa do que a correspondente ao calor recebido.
COMPREENSÃO DE FENÔMENOS CLIMÁTICOS RELACIONADOS
Apesar de fundamentar suas teorias na noção de que o calor é um AO CICLO DA ÁGUA.
fluido imponderável, o calórico, Carnot encontrou a expressão correta do
rendimento máximo que se pode obter com uma máquina térmica qual- O CICLO DA ÁGUA
quer, operando entre duas fontes de temperaturas diferentes. Na década
de 1840, James Prescott Joule assentou as bases da primeira lei da Vai e volta
termodinâmica ao mostrar que a quantidade de trabalho necessária para
Devido à sua capacidade de evaporar (volatilidade), a água encontra-
promover uma determinada mudança de estado é independente do tipo
se na natureza também na forma de vapor. E é esse vapor d’água que
de trabalho (mecânico, elétrico, magnético etc.) realizado, do ritmo e do
torna o ar úmido e forma as nuvens ao se condensar. Ao precipitar (cho-
método empregado.
ver), a água retorna para a forma líquida e o fenômeno da evaporação
Joule concluiu que o trabalho pode ser convertido em calor e vice- recomeça, formando o que os cientistas chamam de ciclo da água. Esse
versa. Em 1844, Julius Robert von Mayer deduziu a lei de equivalência do ciclo pode ser afetado por vários fatores, entre eles a poluição das águas,
calor e do trabalho, segundo a qual, num ciclo produtor de trabalho, o que pode diminuir sua taxa de evaporação e, consequentemente, a
calor introduzido deve exceder o calor rejeitado em uma quantidade umidade do ar e quantidade de chuvas na região.
proporcional ao trabalho e calculou o valor da constante de proporcionali-
A taxa de evaporação da água depende basicamente de dois fatores:
dade.
• energia do sol: que aquece a água e o solo, sendo que este contribui
Em 1849, Lord Kelvin (William Thomson), engenheiro de Glasgow,
para o aquecimento da água. Nos dias mais frios a água evapora
mostrou o conflito existente entre a base calórica dos argumentos de
menos, deixando o ar mais seco;
Carnot e as conclusões obtidas por Joule. No ano seguinte, Rudolf Julius
Emanuel Clausius solucionou o problema ao enunciar a primeira e a • presença de poluentes solúveis: essas substâncias, quando dissolvi-
segunda leis da termodinâmica. Alguns anos depois, Clausius definiu a das na água, provocam um fenômeno chamado abaixamento da
função da entropia, que se conserva em todas as transformações reversí- pressão máxima de vapor, que pode ser entendido como uma dimi-
veis, e deduziu da segunda lei da termodinâmica o princípio do aumento nuição da capacidade de evaporar da água.
da entropia.
Quanto maior a concentração desses poluentes nos rios, lagos, iga-
A publicação dos estudos de Clausius em 1850 marca o nascimento rapés, menor é a taxa de evaporação da água.
da ciência termodinâmica. De 1873 a 1878, Josiah Gibbs criou um méto-

Física 71 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Tá quente ou frio? 2. Um motorista deseja perfazer a distância de 20 km com a velocidade
Uma das consequências decorrentes do abaixamento da pressão média de 80 km/h. se viajar durante 15 minutos com a velocidade de
máxima de vapor causada pela poluição das águas refere-se à tempera- 40 km/h, com que velocidade deverá perfazer o percurso restante?
tura ambiente de uma determinada região. A umidade do ar desempenha a) 120 km/h
um papel importante, sendo um dos reguladores da temperatura ambien- b) 160 km/h
te. Em regiões onde a umidade do ar é baixa, a temperatura (média) c) É impossível estabelecer a velocidade média desejada nas circuns-
ambiente tende a ser maior, durante o dia, do que em outra região locali- tâncias apresentadas.
zada em posições geográficas semelhantes. À noite, acontece o inverso: d) Nula.
a temperatura será menor na região com baixa umidade do ar. Contudo, e) Nenhuma das afirmações é correta.
a umidade do ar não é o único fator que contribui para “estabilizar” a
temperatura ambiente. As correntes marítimas, o relevo, a vegetação, o A velocidade de um móvel é dada pela equação v = 20 – 5t, com v
tipo de ocupação dos espaços físicos (urbanização), entre outros fatores, medidas em m/s e os instantes t em segundos. Com base nesses dados,
também têm um papel decisivo. responda às questões 3 e 4:
A baixa umidade do ar também influencia diretamente a saúde das
pessoas, pois acelera o processo de desidratação das células e tecidos, o 3. O instante em que o móvel pára instantaneamente é:
que obriga as pessoas a beberem mais líquidos para repor a água perdi- a) 20 s
da. É responsável, também, pela sensação incômoda de ressecamento b) 10 s
dos olhos, nariz e boca, das pessoas que vivem nessas regiões. c) 5s
Outro efeito da poluição das águas sobre as sociedades refere-se à d) 4s
agricultura, à pecuária e à produção de alimentos. e) 2s
Vegetais e animais 4. Do instante inicial até o instante da parada, e após este instante, os
É sabido que a maioria das lavouras são irrigadas com água dos rios, movimentos são, respectivamente:
lagos e igarapés, sem um tratamento prévio. Sendo assim, se essa água a) MUR retrógrado e MUA progressivo.
estiver poluída com substâncias tóxicas e/ou com microorganismos b) MUR progressivo e MUA retrógrado.
patogênicos, a qualidade dos produtos obtidos dessas lavouras pode c) MUA progressivo e MUR retrógrado.
estar comprometida. Como, no Brasil, a fiscalização dos alimentos não é d) MUA retrógrado e MUR progressivo.
das mais eficientes, é possível que muitos alimentos vegetais disponíveis e) MUR progressivo e MUR retrógrado.
nos mercados, mercearias e restaurantes estejam contaminados com
substâncias tóxicas, cujos efeitos sobre a saúde da população podem ir 5. O deslocamento do móvel nos 4 s e nos 8 s iniciais é, respectivamen-
desde uma simples indisposição ou mal-estar (a curto prazo) até proble- te, igual a:
mas mais graves, como problemas cardíacos, distúrbios neurológicos, a) zero e –20 m
problemas renais e hepáticos, entre outros (a médio e longo prazos), b) 20 m e zero
devido ao consumo regular desses alimentos. c) 40 m e zero
A questão é que não são apenas os alimentos vegetais que podem d) zero e –40 m
ser afetados pela poluição das águas; os peixes, frutos do mar e até e) 40 m e 80 m
mesmo o gado leiteiro e de corte também podem.
O gado é afetado quando come ração e pastagem contaminadas. A 6. Se a força resultante sobre um corpo é nula, podemos concluir que:
partir daí, a carne e seus derivados, bem como o leite e seus derivados, a) a velocidade do corpo é crescente.
passam a ser veículos de contaminação. Já os peixes e os frutos do mar b) O corpo encontra-se em repouso.
podem ser afetados pela poluição das águas de duas maneiras: c) A aceleração é constante.
- direta: quando as substâncias tóxicas e/ou os microorganismos d) O corpo encontra-se em MRU.
patogênicos são absorvidos direto da água; e) Todas as afirmações são incorretas.
- indireta: quando os peixes e os frutos do mar se alimentam de
seres contaminados. 7. Um corpo está sujeito a uma força resultante constante e diferente de
zero. Podemos concluir que:
Seja que tipo de alimento for, o fato é que a poluição da água pode
a) a velocidade do corpo é constante.
afetar, em maior ou menor grau, a produção de todo eles.
b) a velocidade do corpo é crescente.
Isso porque nossa alimentação é constituída, basicamente, de vege- c) a velocidade do corpo é decrescente.
tais e seus derivados e/ou animais e seus derivados, os quais, por sua d) A aceleração é constante.
vez, precisam de água para nascerem e crescerem, até o momento da e) nenhuma das anteriores.
extração ou do abate.
Líquido vital 8. Quando se atira com uma carabina, a força de recuo sobre o ombro
A água, portanto, é vital para o desenvolvimento da vida no planeta, deve ser:
tal como a conhecemos hoje. Para o consumo humano a água precisa a) menor que a força que propulsiona a bala.
ser potável, ou seja, apresentar características físicas, químicas e senso- b) maior que a força que propulsiona a bala.
riais de acordo com parâmetros de qualidade estabelecidos pelos órgãos c) igual à força que propulsiona a bala.
competentes, como o Ministério da Saúde, que segue os padrões estabe- d) Maior ou menor que a força que propulsiona a bala, dependendo da
lecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). massa da carabina e da bala.
e) Nada se pode concluir, pois depende da velocidade com que sai a
PROVA SIMULADA bala.
1. Se a velocidade média, de um automóvel, de São Paulo ao Rio de
Janeiro, foi de 80 km/h, isto significa que: 9. Uma pedra é lançada contra uma janela de vidro e este se quebra;
a) em todos os instantes o automóvel manteve 80 km/h. neste caso, a intensidade:
b) a velocidade nunca superou 80 km/h. a) da força de ação é maior que a de reação.
c) a velocidade em nenhum instante foi inferior a 80 km/h. b) da força de ação é igual à de reação.
d) se mantivesse a velocidade de 80 km/h em todo o trajeto, teria feito o c) da força de ação é menor que a de reação.
mesmo percurso na mesma duração. d) da força de ação é exatamente o dobro da de reação.
e) A média aritmética das velocidades nos diversos trechos foi de 80 e) nenhuma das anteriores.
km/h.
Física 72 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
10. Se um cavalo puxa uma carroça, a força responsável pelo movimento 17. A velocidade adquirida pelo corpo é máxima no instante t igual a:
do cavalo é: a) 5,0 s
a) a força que o cavalo exerce sobre a carroça. b) 15 s
b) a força que o cavalo exerce sobre o solo. c) 20 s
c) A força de atrito entre o cavalo e a carroça. d) 25 s
d) A força que o solo exerce sobre o cavalo. e) 10 s
e) nenhuma das anteriores.
18. Se no instante inicial o corpo se encontra na origem, o afastamento
11. Apontar a proposição incorreta. Se, sob a ação de forças convenien- máximo do mesmo em relação à origem ocorre no instante t igual a:
tes, um corpo executa um movimento qualquer, é necessária uma a) 5,0 s
força resultante não nula. b) 10 s
a) par pôr o corpo em movimento, a partir do repouso. c) 15 s
b) Para deter o corpo, quando em movimento. d) 20 s
c) Para manter o corpo em movimento reto e uniforme. e) 25 s
d) Para encurvar a trajetória, mesmo quando o movimento é uniforme.
e) nenhuma das anteriores. 19. A velocidade anula-se no instante t igual a:
12.O impulso da força resultante sobre um corpo é igual: a) 5,0 s
a) ao produto da força resultante pelo tempo de duração d mesma; b) 10 s
b) ao quociente da força resultante pelo tempo de duração d mesma; c) 15 s
c) à variação da quantidade de movimento ocorrida no intervalo de d) 20 s
tempo considerado. e) 25 s
d) à quantidade de movimento final do corpo.
e) As alternativas a e c estão corretas. 20. Um canhão de massa 1 000 kg dispara um projétil de massa 5 kg na
horizontal, com velocidade de 800 m/s. A velocidade de recuo do ca-
13. Uma bomba, inicialmente em repouso, explode em 3 fragmentos, A, nhão é |v| igual a:
B e C. Após a explosão, se o fragmento A se dirige para o Norte e o a) 1 m/s
B para o Oeste, podemos afirmar que o fragmento C se dirige para: b) 2 m/s
a) o Leste c) 2,5 m/s
b) o Sul d) 3 m/s
c) o Noroeste e) 4 m/s
d) o Sudoeste
e) o Sudeste 21. Se uma força única diferente de zero atua sobre um corpo, podemos
concluir que o mesmo:
14. Aplicando-se um impulso sobre um corpo, a velocidade deste, certa- a) está em equilíbrio.
mente: b) nunca poderá estar em equilíbrio.
a) cresce c) poderá estar em equilíbrio, dependendo da direção da força.
b) decresce d) poderá estar em equilíbrio se a direção for vertical e o sentido ascen-
c) permanece constante dente.
d) cresce se o  I
tem sentido do movimento inicial do corpo.
e) nenhuma das anteriores. 22. Para que um ponto material permaneça em equilíbrio, é necessário e
suficiente que:
15. A condição necessária e suficiente para que um corpo tenha quanti- a) além da força resultante nula, a soma dos momentos das forças
dade de movimento nula é que: também seja nula.
a) a soma de todas as forças que atuam sobre o corpo seja nula. b) apenas a força resultante seja nula.
b) a trajetória do corpo seja retilínea. c) as forças agentes sejam coplanares.
c) a velocidade do corpo seja constante e diferente de zero. d) as forças agentes tenham a mesma direção.
d) o corpo esteja em repouso. e) as forças agentes tenham sentidos opostos.
e) o corpo esteja em queda livre.
23. Se um ponto material, sobre o qual agem três forças, está em equilí-
16. Um automóvel a 30 m/s choca-se contra a traseira de outro de igual brio, e uma dessas forças é o peso do ponto, pode-se dizer que:
massa, que segue no mesmo sentido, a 20 m/s. Se os dois ficam a) as duas forças não podem ser ambas horizontais
unidos, a velocidade comum imediatamente após a colisão é, em b) apenas uma força poderá ser vertical
m/s, de: c) certamente as outras duas forças só podem ser verticais
a) 15 d) certamente as outras duas forças só podem ser horizontais
b) 25
c) 20 24. A temperatura de ebulição do nitrogênio, sob pressão normal, é 77 K.
d) 30 na escala Celsius essa temperatura se escreve:
e) 50 a) –350oC
b) –175oC
Sobre um corpo inicialmente em repouso atua uma força que varia
c) 100oC
com o tempo, de acordo com o diagrama abaixo. Esta aplicação refere-se
d) –196oC
aos testes 17, 18 e 19.
e) –160oC

25. Uma menina chamada Aline vai para o Chile e lhe informam que,
nesse país, em janeiro, a temperatura média é de 64,4oF. Na escala
centígrada, o valor correspondente é:
a) 15oC
b) 16oC
c) 17oC
d) 18oC

Física 73 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
26. O vidro comum trinca com maior facilidade que o pirex com o aumen- 34. Dois corpos A e B, de mesma capacidade térmica, trocam calor entre
to de temperatura porque: si. Podemos dizer que a variação de temperatura sofrida pelo corpo
a) o vidro comum se aquece mais facilmente que o pirex A é:
b) o vidro comum dilata menos que o pirex a) igual àquela sofrida pelo corpo B
c) o vidro comum e o pirex dilatam igualmente b) maior que aquela sofrida pelo corpo B, se A tiver menor massa
d) o coeficiente de dilatação do vidro comum é maior que o do pirex c) maior que aquela sofrida pelo corpo B, se A tiver menor calor especí-
e) o coeficiente de dilatação do vidro comum é menor que o do pirex fico
d) menor que aquela sofrida pelo corpo B, se A tiver menor calor espe-
27. Quando a remoção da tampa metálica de um frasco de vidro é muito cífico
difícil, costumamos colocá-lo em água quente para removê-lo. Isto se e) menor que aquela sofrida pelo corpo B, se A tiver maior massa
deve ao fato de:
a) o metal ter maior coeficiente de dilatação que o vidro 35. Assinale com F as afirmações falsas e com V as verdadeiras:
b) o metal ter menor coeficiente de dilatação que o vidro ( ) Sempre que um corpo quente aquece um corpo frio, suas temperatu-
c) dilatar apenas a tampa e não o vidro ras variam igualmente.
d) dilatar apenas o vidro e não a tampa ( ) Calor é sinônimo de temperatura.
e) por razões diferentes das anteriores ( ) Só há transferência de energia térmica entre dois corpos quando
entre eles há diferença de temperatura.
28. Uma mesma quantidade de calor é fornecida a iguais massas de ( ) Calor é energia térmica em trânsito.
água e de cobre. A maior variação de temperatura será sofrida: ( ) A grandeza física que indica o nível de energia das moléculas de um
a) pelo cobre, pois tem menor calor específico corpo chama-se calor específico.
a) FFVVF
b) pela água, pois tem maior calor específico
b) VFFVF
c) pelo cobre, pois tem maior calor específico
c) FVVFF
d) pela água, pois tem menor calor específico
d) FVFVV
e) nada se pode concluir apenas com os dados acima
e) VFVFV
29. A capacidade térmica de um corpo é 0,052 cal/ºC. Se a massa do 36. O calor latente de fusão do gelo é 80 cal/g. Isto significa que:
mesmo é 10 g, seu calor específico será, em cal/gºC, igual a: a) com 1 cal podemos fundir 80 g de gelo
a) 0,52 b) com 80 cal podemos aumentar a temperatura do gelo de 1oC
b) 5,2 c) com 80 cal podemos fundir qualquer massa de gelo
c) 52 d) com 80 cal podemos fundir 1 g de gelo
d) 0,052 e) com 80 cal podemos fundir 1 g de gelo e elevar sua temperatura de
e) 0,0052 1oC

30. Calor específico da substância é uma das características da mesma. 37. O aumento de pressão sobre um corpo ocasiona na sua temperatura
Cada substância tem seu próprio calor específico, em cada estado, de fusão:
que: a) um acréscimo, se o corpo, ao se fundir, se expande
a) é uma constante para dada pressão b) um acréscimo, se o corpo, ao se fundir, se contrai
b) varia ligeiramente com a temperatura c) um acréscimo para qualquer substância
c) é uma constante para quaisquer temperaturas d) um decréscimo para qualquer substância
d) é um número adimensional e) nenhuma variação
e) é sempre menor que a capacidade térmica do corpo correspondente
38. Num planeta onde não existem fluídos não é possível a propagação
31. Uma mesma quantidade de calor é fornecida a dois corpos de massa do calor por:
diferentes, à mesma temperatura inicial. Se a temperatura final de a) condução
ambos é a mesma, podemos concluir que: b) convecção
a) os calores específicos dos dois corpos são iguais c) irradiação
b) as capacidades térmicas dos dois corpos são iguais d) condução e convecção
c) as massas são diretamente proporcionais aos calores específicos e) convecção e irradiação
d) não é possível, nessas condições, atingir-se a mesma temperatura
final 39. O fato de usarmos roupas claras no verão é explicado porque estas:
e) todas as afirmações acima são falsas a) propagam menos calor por condução
b) propagam menos calor por convecção
32. Dois corpos A e B têm a mesma capacidade térmica; então: c) propagam menos calor por irradiação
a) se A tem menor massa, B terá maior calor específico d) absorvem mais calor
b) se A tem maior massa, B terá menor calor específico e) absorvem menos calor
c) se A tem maior massa, B terá maior calor específico
d) ambos têm a mesma massa e o mesmo calor específico 40. Usarmos caixas de isopor para conservar o gelo porque esse materi-
e) ambos têm a mesma massa, mas têm calor específico diferente al é ótimo:
a) para o transporte, pois é muito leve
33. Um corpo A cede calor a um corpo B de mesma massa. Estabele- b) condutor de calor
cendo-se o equilíbrio térmico, sem que haja mudança de estado físi- c) isolante térmico
co, e sendo o calor específico de A o triplo de B, podemos afirmar d) absorvente de calor
que a variação de temperatura sofrida por A é: e) emissor de calor
a) o triplo da de B
41. Ao instalarmos um exaustor, numa das paredes da cozinha, devemos
b) maior que a de B
escolher uma posição:
c) igual à de B
a) próxima ao piso
d) a terça parte da de B
b) intermediária entre o piso e o teto
e) a metade da de B
c) qualquer da parede
Física 74 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
d) superior próximo ao teto c) 500 J
e) exatamente a 2/3 do piso do teto d) 100 J
e) impossível de ser determinada
42. Assinale a afirmação incorreta:
a) A propagação do calor por irradiação ocorre também no vácuo 51. Se a energia interna final do gás for U = 2000 J, então o calor recebi-
b) A propagação do calor característica nos líquidos e gases por con- do do ambiente será:
vecção a) 950 J
c) Superfícies escuras são bons absorventes de calor b) 1000 J
d) Os bombeiros, no combate ao fogo, usam roupas de amianto porque c) 1050 J
este é ótimo isolante térmico d) 1500 J
e) Apenas uma das alternativas acima é incorreta e) impossível de ser determinado

43.Assinale a afirmação incorreta: 52. Você pode ver a folha deste livro porque ela:
a) Todo corpo bom absorvedor de calor é também um bom emissor a) absorve a luz
b) Todo corpo bom refletor é um mau irradiador de calor b) é uma fonte primária de luz
c) O Sol a Terra tanto por irradiação como por convecção c) é uma fonte secundária de luz
d) A formação dos ventos é explicada com base nas correntes de d) é feita de celulose
convecção e) nenhuma das anteriores.
e) O processo pelo qual o calor se propaga nos sólidos é o da condução
53. Dentre as alternativas, escolha a que contém apenas fontes primá-
44. O trabalho realizado pelo gás ideal, numa transformação isométrica, rias de luz:
é: a) pilha de lanternas, Sol e fósforo
a) igual ao seu volume b) Sol, Lua e lâmpada elétrica
b) sempre positivo c) Lâmpada elétrica, fósforo e Sol
c) numericamente igual à pressão d) Sol, ferro em brasa e estrelas
d) sempre nulo e) Vela, Sol e tocha
e) numericamente igual ao produto do volume pela sua pressão
54. Relativamente a um sistema óptico, o vértice do pincel incidente só
45. Numa transformação cíclica, o calor absorvido é: pode ser um ponto:
a) maior que o trabalho realizado a) objeto
b) menor que o trabalho realizado b) imagem
c) igual ao trabalho realizado c) objeto ou imagem
d) igual à variação da energia interna do sistema d) objeto real ou imagem virtual
e) igual a zero e) objeto virtual ou imagem real

46. Durante a expansão adiabática e a compressão adiabática de uma 55. Assinale a afirmação incorreta:
dada massa gasosa, podemos afirmar que a temperatura: a) em um meio transparente a luz se propaga no seu interior
a) aumenta no 1o caso e diminui no 2o b) em um meio translúcido a luz se propaga no seu interior
b) diminui no 1o caso e aumenta no 2o c) em um meio opaco a luz não se propaga no seu interior
c) aumenta nos dois casos d) um meio é transparente se a luz se propaga no seu interior
d) diminui nos dois casos e) apenas uma das alternativas acima é incorreta
e) permanece constante nos dois casos
56. Uma gravura coberta por vidro transparente não é, em geral, vista
Um gás ideal tem energia interna UO = 1000 J, sujeito à pressão com a mesma facilidade que se a observássemos diretamente sem o
constante de 50 N/m2. Se o seu volume varia de 1 m3 para 2 m3, respon- vidro, porque o vidro:
da às questões 47 a 51 com base nesses dados: a) é translúcido apenas para a incidência normal
47. A temperatura do gás: b) é transparente
a) aumenta c) reflete parte da luz incidente
b) diminui d) transmite a luz
c) permanece constante e) absorve a maior parte da luz
d) é sempre igual a 273 K
e) nenhuma das anteriores. 57. A sombra de uma nuvem sobre o solo tem a mesma forma e o mes-
mo tamanho que a própria nuvem porque os raios solares são:
48. Durante a transformação, o gás: a) praticamente paralelos
a) recebe calor b) muito divergentes
b) cede calor c) pouco numerosos
c) não realiza trabalho d) todos convergentes a um mesmo ponto
d) não cede nem recebe calor e) muito numerosos
e) nenhuma das anteriores.
58. A um ponto-objeto real, um espelho plano conjuga:
49. O trabalho realizado pelo gás, na transformação, é igual a: a) um ponto-imagem real
a) zero b) um ponto-imagem virtual
b) 50 J c) um ponto-imagem real ou virtual, dependendo da posição do objeto
c) 500 J d) um ponto-imagem impróprio
d) 1000 J e) nenhuma das anteriores.
e) nenhuma das anteriores.
59. Quando um raio de luz incide perpendicularmente ao espelho plano:
50. A quantidade de calor recebida pelo gás do ambiente é: a) não ocorre reflexão
a) zero b) o ângulo de reflexão é igual a 0o
b) 50 J c) o ângulo de reflexão é igual a 90o
Física 75 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
d) o ângulo formado pelo raio incidente e o raio refletido é igual a 0o c) maior o ângulo de refração
e) as alternativas b e d estão corretas d) maior o ângulo de incidência
e) menor a densidade do meio
60. Uma pequena fonte de luz é colocada no foco principal de um espe-
lho esférico côncavo. Os raios refletidos pelo espelho:
68. Se um raio luminoso incide normalmente (i = 0o) na fronteira de
a) passarão pelo centro de curvatura do espelho
separação de dois meios transparentes:
b) formarão pincel cônico divergente
a) não sofre refração
c) formarão pincel cônico convergente
b) sofre reflexão total
d) serão paralelos ao eixo principal
c) sofre refração sem desvio
e) passarão novamente pelo foco
d) o ângulo de refração é 90o
61. Um objeto AB, linear e frontal, é colocado entre o centro da curvatura e) nada se pode afirmar
e o foco principal de um espelho esférico côncavo. A imagem conju-
gada será: 69. Quando passa do meio mais refringente para o menos refringente, o
a) real, direita e ampliada raio de luz:
b) real, direita e reduzida a) afasta-se da normal
c) real invertida e reduzida b) aproxima-se da normal
d) real, invertida e ampliada c) sofre refração sem desvio
e) virtual, direita e ampliada d) não sofre refração
e) sofre reflexão total
62. Um objeto luminoso AB, linear e frontal, é colocado diante de um
espelho esférico convexo. A imagem conjugada A’B’ terá as seguin- 70. Para se acertar um peixe com uma lança, deve-se atirá-la:
tes características: a) acima da posição onde se vê o peixe
a) virtual, direita e reduzida b) abaixo da posição onde se vê o peixe
b) virtual, direita e ampliada c) na posição exata onde se vê o peixe
c) virtual, invertida e reduzida d) aproximadamente a 10 cm acima da posição onde se vê o peixe
d) real, direta e ampliada e) nenhuma das anteriores
e) nenhuma das anteriores
71. Assinale a afirmação falsa:
63. Um espelho côncavo fornece de um objeto virtual uma imagem: a) Uma mesma substância pode adquirir, por atrito, cargas positivas ou
a) real, direita e menor que o objeto negativas, dependendo da substância com a qual é atritada.
b) virtual, direita e menor que o objeto b) Os isolantes elétricos são também denominados dielétricos.
c) virtual, invertida e menor que objeto c) O fenômeno da indução eletrostática mostra que um corpo neutro
d) real, direta e maior que objeto pode ser atraído por um corpo eletrizado.
e) real, invertida e menor que objeto d) Um corpo neutro, posto em contato com um corpo eletrizado positi-
vamente, só pode eletrizar-se positivamente.
64. Em um farol de automóvel tem-se um refletor constituído por um e) Apenas uma das alternativas acima é falsa.
espelho esférico e um filamento de pequenas dimensões que pode
emitir luz. O farol funciona bem quando o espelho é: 72. No fenômeno da indução eletrostática:
a) côncavo e o filamento está no centro do espelho a) há passagem de cargas do indutor para o induzido
b) côncavo e o filamento está no foco do espelho b) há passagem de cargas do induzido para o indutor
c) convexo e o filamento está no centro do espelho c) não há passagem de cargas do indutor para o induzido
d) convexo e o filamento está no foco do espelho d) a passagem de cargas dependerá do sinal da carga do indutor
e) convexo e o filamento está no ponto médio entre o foco e o centro do e) todas as afirmações acima são incorretas
espelho
73. O fato de caminhões-tanque andarem com uma corrente arrastando
65. Espelhos convexos são frequentemente utilizados como espelhos
pelo chão é:
retrovisores em carros. Quais das seguintes afirmações estão corre-
a) para descarregar a eletricidade que surge no caminhão, devido ao
tas?
atrito com o ar atmosférico
I. A área para o olho, por um espelho circular convexo, é maior que a
b) para evitar que um raio caia sobre eles
refletida por um espelho plano de igual diâmetro na mesma posição.
c) para evitar excesso de velocidade
II. A imagem é formada atrás do espelho, sendo, portanto, real.
d) para produzir eletrização por atrito
III. A imagem é menor que o objeto e não é invertida.
e) para descarregar as baterias dos caminhões
IV. A distância entre a imagem e o espelho é ilimitada, tornando-se cada
vez maior à medida que o objeto se afasta.
74. Se aproximarmos um condutor eletrizado negativamente de um
a) somente I e III
condutor neutro, sem que haja contato, então:
b) somente II e IV
a) o neutro fica com carga total negativa e é repelido pelo eletrizado
c) somente I, III e IV
b) o neutro fica com carga total nula, mas não é atraído nem repelido
d) somente I, II e III
pelo eletrizado
e) somente II, III e IV
c) o neutro continua com carga total nula, mas é atraído pelo eletrizado
66. Um menino aproxima-se de um espelho; sua imagem é: d) o neutro fica com carga total positiva e é atraído pelo eletrizado
a) direita e real se o espelho é plano e) nenhuma das anteriores
b) direita e virtual se o espelho é côncavo
c) invertida e real se o espelho é côncavo 75. Três corpos A, B e C estão eletrizados. Se A atrai B e este repele C,
d) virtual e direita se o espelho é convexo podemos afirmar que certamente:
e) real e direita se o espelho é convexo a) A e B têm cargas positivas
b) B e C têm cargas negativas
67. Quanto maior o índice de refração absoluto de um dado meio trans- c) A e C têm cargas de mesmo sinal
parente e homogêneo: d) A e C têm cargas de sinais contrários
a) maior a velocidade de propagação da luz no seu interior e) Nada se pode concluir
b) menor a velocidade de propagação da luz no seu interior
Física 76 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
76. A intensidade de corrente elétrica é dada em termos de: BIBLIOGRAFIA
a) carga total que atravessa uma superfície na unidade de tempo ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
b) carga total que atravessa a unidade de superfície GUIA INTENSIVO DE ENSINO GLOBALIZADO 1º E 2º GRAUS, SUPLE-
c) carga unitária que atravessa uma superfície TIVO E VESTIBULAR. EDELBRA – INDÚSTRIA GRÁFICA E EDITORA
d) carga unitária na unidade de tempo LTDA.ERECHIM – RS
e) número de elétrons por unidade de tempo
77. Para uma mesma diferença de potencial, se dobrarmos a resistência ___________________________________
elétrica, a intensidade de corrente elétrica:
a) dobra ___________________________________
b) reduz-se à metade ___________________________________
c) quadruplica
d) reduz-se à quarta parte ___________________________________
e) permanece a mesma
___________________________________
78. A resistência elétrica de um fio condutor é 20, A resistência elétrica
de um outro fio de mesmo material, mesmo comprimento e diâmetro duas _______________________________________________________
vezes maior será: _______________________________________________________
a) 40
b) 80 _______________________________________________________
c) 20 _______________________________________________________
d) 10
e) 5 _______________________________________________________

79. Um chuveiro elétrico deve ser ligado a 220 V. Se a intensidade de _______________________________________________________


corrente que circula é de 10 A., podemos afirmar que sua resistência é: _______________________________________________________
a) 20
b) 10 _______________________________________________________
c) 220 _______________________________________________________
d) 22
e) 2200 _______________________________________________________
80. A função de um fusível num circuito elétrico é: _______________________________________________________
a) aumentar a resistência elétrica do circuito
_______________________________________________________
b) diminuir a resistência elétrica do circuito
c) aumentar a diferença de potencial _______________________________________________________
d) diminuir a diferença de potencial
e) interromper a corrente elétrica quando for excessiva _______________________________________________________
81. Dobrando-se a d.d.p. aplicada a um resistor, a potência dissipada _______________________________________________________
pelo mesmo: _______________________________________________________
a) dobra
b) reduz-se à metade _______________________________________________________
c) quadruplica
_______________________________________________________
d) reduz-se à quarta parte
e) não se altera _______________________________________________________
82. Duas lâmpadas elétricas, uma de 60 W e outra de 100 W, são espe- _______________________________________________________
cificadas para funcionarem sob uma d.d.p de 110 V. a resistência e a
intensidade de corrente são maiores, respectivamente, na lâmpada de: _______________________________________________________
a) 60 W _______________________________________________________
b) 100 W
c) 60 e 100 W _______________________________________________________
d) 100 W e 60 W
e) nada se pode afirmar
_______________________________________________________
_______________________________________________________
RESPOSTAS
1. d 2. d 3. d 4. b 5. c 6. e _______________________________________________________
7. d 8. c 9. b 10. d 11. c 12. c _______________________________________________________
13. c 14. d 15. d 16. b 17. e 18. e
19. d 20. e 21. b 22. b 23. a 24. d _______________________________________________________
25. d 26. d 27. a 28. a 29. e 30. b _______________________________________________________
31. b 32. c 33. d 34. a 35. a 36. d
37. a 38. b 39. e 40. c 41. d 42. e ______________________________________________________
43. c 44. d 45. e 46. b 47. b 48. a _______________________________________________________
49. b 50. e 51. c 52. c 53. d 54. a
55. d 56. c 57. a 58. b 59. e 60. d _______________________________________________________
61. d 62. a 63. a 64. b 65. a 66. d _______________________________________________________
67. b 68. c 69. a 70. b 71. e 72. c
73. a 74. c 75. d 76. a 77. b 78. e _______________________________________________________
79. d 80. e 81. c 82. c . . . . _______________________________________________________

Física 77 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________

Física 78 A Opção Certa Para a Sua Realização

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos

Durante centenas de anos acumularam-se conhecimentos empíricos


sobre o comportamento das substâncias e tentou-se organizar todas essas
informações num corpo doutrinário. Somente a partir do século XIX, quando
a soma de conhecimentos se tornou ampla e abrangente, foi possível
estabelecer um vínculo teórico para a interpretação dos fatos e criar uma
verdadeira teoria química.
Química é a ciência que estuda as propriedades, a composição e a
estrutura das substâncias (elementos e compostos), as transformações a
que estão submetidas e a energia liberada ou absorvida durante esses
processos. Toda substância, seja ela natural ou artificialmente produzida, é Química analítica. O campo da química analítica é o estudo e a
constituída por uma (ou mais) das centenas de espécies diferentes de determinação da composição dos sistemas químicos em termos dos
átomos que foram identificados como elementos. Embora esses átomos se elementos ou compostos que contêm. Divide-se em qualitativa e
componham de partículas elementares, eles são os componentes básicos quantitativa. A qualitativa restringe-se apenas à detecção e identificação
das substâncias químicas; não há quantidade de oxigênio, mercúrio ou dos constituintes, enquanto a quantitativa lhes determina a grandeza.
ouro, por exemplo, que seja menor do que um átomo dessa substância. A
Essa divisão da química, assemelhada à tradição empírica dos
química, portanto, não se ocupa do universo subatômico, mas das
métodos químicos da antiguidade, sofreu nos últimos séculos uma
propriedades dos átomos e das leis que regem suas combinações, além do
progressiva aproximação dos processos da físico-química. Apesar dos
modo como o conhecimento dessas propriedades pode ser utilizado para
modernos métodos analíticos, porém, os processos de pesquisa puramente
finalidades específicas.
analítica, inspirados na dissecação de uma mistura complexa em seus
Classificação da química componentes simples por métodos químicos, encontram crescente
aplicação em determinados estudos sobre poluição das águas e do ar. A
A amplitude dos campos estudados pela química e o grande número química analítica também tem grande importância científica e prática em
de inter-relações com outras disciplinas científicas dificultam a classificação várias áreas da pesquisa e da indústria, bem como em mineralogia,
dessa ciência em ramos perfeitamente definidos e independentes. Ao longo geologia, medicina, farmácia, agricultura, metalurgia, energia nuclear etc.
do século XX, contudo, estabeleceu-se nos meios universitários a divisão
da química em cinco grandes grupos: orgânica, inorgânica, físico-química, Bioquímica. Também chamada química biológica, a bioquímica situa-se
química analítica e bioquímica. Deve-se enfatizar, contudo, que tais na fronteira entre a química e a biologia. Trata da composição química da
subdivisões nunca foram, nem se espera que venham a ser, mutuamente matéria viva e dos processos químicos que ocorrem nos organismos vivos.
exclusivas, pois o campo da química é um só, e há uma tendência natural Desempenha importante papel nos campos da agricultura, bacteriologia,
para a unificação e remoção de barreiras artificiais. farmacologia, medicina e odontologia.
Outras disciplinas freqüentemente citadas em separado são a química Outras classificações. Nas últimas décadas do século XX propuseram-
molecular, a eletroquímica, a química nuclear, a radioquímica e a se subdivisões da química consideradas a partir de diferentes perspectivas.
estereoquímica. Costuma-se ainda denominar química industrial ao Entre elas destacou-se a classificação sugerida em 1971 pelo periódico
conjunto de processos de produção de substâncias químicas de interesse americano Chemical Abstracts (publicada pela Sociedade Americana de
econômico, o que pressupõe o conhecimento de técnicas fornecidas por Química), que enumerava oitenta campos agrupados em cinco disciplinas
todos os ramos anteriormente citados. globais: (1) bioquímica; (2) química orgânica; (3) química macromolecular,
extraída da tradicional química orgânica e especializada no estudo de
Química orgânica e inorgânica. A química orgânica e a inorgânica são polímeros, com especial atenção aos plásticos, fibras têxteis e vegetais e
subdivisões baseadas na natureza dos compostos que constituem seu produtos derivados; (4) química aplicada e engenharia química; e (5)
objeto de estudo. Em geral define-se a química orgânica como a química química física e analítica.
dos compostos de carbono, ou seja, do carbono combinado com outros
elementos, principalmente hidrogênio, oxigênio, enxofre, nitrogênio, fósforo História
e cloro. Os compostos estudados pela química orgânica incluem os
Inicialmente, durante um longo período, o espírito de manipulação dos
componentes dos tecidos vegetais e animais, o petróleo e seus derivados,
meios naturais pelo homem se reduziu à mera modelação de materiais,
a hulha, os açúcares, o amido, a celulose, os plásticos e a borracha.
como a pedra, o osso e a madeira, a fim de transformá-los em utensílios.
Por exclusão, a química inorgânica concentra-se no estudo dos demais Mais tarde, a invenção das primeiras técnicas metalúrgicas representou
compostos químicos, inclusive aqueles em que o carbono não se encontra uma autêntica revolução em todos os aspectos da atividade das sociedades
coordenado em cadeias, como os óxidos carbonados, carbonetos metálicos primitivas.
e alguns outros.
O ofício do ferreiro, artífice das primeiras transformações químicas
Físico-química. A físico-química representa um método de abordagem controladas pelo homem na história, adquiriu um valor predominante
de qualquer sistema químico, seja uma substância simples ou uma mistura nessas comunidades. Seu trabalho -- como sugerem numerosos estudos
de substâncias, sem estabelecer considerações sobre sua natureza antropológicos sobre os povos antigos -- relacionava-se com aspectos da
orgânica ou inorgânica. A disciplina inclui o estudo de propriedades divindade e imbuía-se de conotações mágicas e religiosas. Desde tempos
mensuráveis, o desenvolvimento de métodos experimentais e instrumentos remotos se conhecem os metais ouro, prata, cobre, estanho e chumbo. A
para realizar medições, além da formulação de teorias, de preferência obtenção do mercúrio a partir do mineral cinabre, descrita por Teofrasto por
expressas em linguagem matemática, e a previsão dos valores das volta do ano 300 a.C., teve grande importância na evolução da metalurgia,
propriedades com o objetivo de compará-los aos resultados experimentais. devido a sua capacidade de dar coesão a ligas metálicas, e coincide com
Nesse campo, em que não há limite entre o fato químico e o fato físico, se os mais antigos registros da existência da alquimia.
incluem as pesquisas das chamadas física atômica, física nuclear,
Amplamente praticada nas grandes civilizações da antiguidade, como a
mecânica quântica atômica e molecular.
chinesa, a indiana e a egípcia, a alquimia aspirava, mediante técnicas de
transmutação dos elementos da natureza, ao bem-estar do homem,
traduzido em três objetivos principais: riqueza, longevidade e imortalidade.

Química 1 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Com essa finalidade os alquimistas buscaram obter a pedra filosofal, que denominou ar desflogisticado) representaram como que um prelúdio ao
transformaria as substâncias impuras em metais nobres, e o elixir da eterna surgimento da primeira doutrina metodológica da química, iniciada com o
juventude; seus textos, supostos depositários do conhecimento divino, são francês Antoine-Laurent Lavoisier, que em seus postulados teóricos
repletos de símbolos criptográficos e frases freqüentemente indecifráveis. equiparou essa disciplina à tradicionalmente mais estruturada ciência física.
A formulação, por Lavoisier, de uma teoria da combustão, devida ao
Dois dos princípios fundamentais da alquimia -- a volatilidade, oxigênio e não ao flogístico, e os esforços que ele e outros pesquisadores
simbolizada pelo mercúrio, e a combustibilidade, pelo enxofre -- empreenderam para estabelecer uma nomenclatura química geral e
representaram notáveis progressos na pesquisa científica. Os alquimistas racional assinalaram o início de uma nova etapa no desenvolvimento dessa
trataram os metais com vitríolos (sulfatos de cobre e de ferro), alunitas ciência.
(sulfatos de alumínio e de potássio) e cloretos de sódio e de amônia. O
importante impulso que deram à ciência experimental transparece no fato Composição química. Durante o século XVIII dedicou-se grande
de que os aparelhos tradicionais dos laboratórios químicos atuais procedem atenção à questão da afinidade, nome que se dava à força que mantinha
do instrumental que os alquimistas usaram em seus processos prediletos ligados os compostos químicos: julgava-se que o grau de afinidade de um
de experimentação (sublimação, combustão de substâncias): destiladores, dado grupo de elementos podia ser capaz de tomar o lugar de outro num
retortas, provetas etc. Além disso, em seus aspectos práticos, distanciados determinado composto.
da simbologia mágica, a alquimia contribuiu notavelmente para o
desenvolvimento da medicina, com a fabricação de pomadas, bálsamos e Em 1808, aceitava-se a idéia de que os compostos possuíssem
ungüentos. composições fixas. Uma explicação para tal fato foi proporcionada pela
primeira teoria atômica verdadeiramente química, a de John Dalton.
A influência dessa ciência primitiva se prolongou até o início do século Afirmava ele que cada elemento consistia em seu próprio tipo de átomos,
XIX, mas com um parêntese na bacia mediterrânea oriental, com o apogeu cada qual com tamanho e peso característicos. Entrava em cena a idéia de
da Grécia clássica. As anotações de pensadores célebres como Leucipo e peso atômico, embora Dalton não dispusesse de meios para calcular os
seu discípulo Demócrito, autor de uma teoria atômica parecida com a pesos atômicos ou o número de átomos presentes num composto.
exposta no século XIX por John Dalton, que culminou nos trabalhos de Contudo, supunha ele que a composição constante dos compostos fosse
Aristóteles sobre filosofia natural, contêm excelentes idéias e ao mesmo devida à combinação de um número constante de átomos.
tempo grande número de imprecisões científicas, em decorrência de seu
caráter, mais dado à especulação abstrata que às realizações empíricas. As limitações impostas à generalização da teoria de Dalton por seus
postulados rígidos foram em grande parte removidas pelas investigações
Islã e cristandade. As origens da alquimia nas nações islâmicas são de Joseph-Louis Gay-Lussac, segundo o qual quantidades equivalentes de
pouco conhecidas, embora nela se perceba a influência do saber grego e elementos diferentes podiam combinar-se entre si, mas não fez distinção
oriental. Os escritos de al-Razi e de Jabir (ou Geber, na forma latinizada, entre átomos e moléculas. Em 1811 Amedeo Avogadro propôs para a
personagem misterioso que parece ser na verdade um conjunto de autores controvérsia uma solução que obteve o reconhecimento geral depois de
ocultos sob o pseudônimo para fugir das perseguições religiosas contra a transcorridas várias décadas: a unidade de matéria é o átomo, mas a célula
ciência na Bagdá do século X) projetaram o conhecimento dos árabes na básica das reações químicas é a molécula, ou agrupamento de átomos que
Europa através da fronteira espanhola e mediante intercâmbios marítimos. define a natureza dos diferentes compostos, de maneira que os mesmos
átomos podem formar moléculas diferentes em função de diferentes
O pensamento do cordovês Avicena, que representou a vertente da proporções ou estruturas de combinação. Entretanto, o trabalho de
alquimia orientada para fins curativos, foi o ponto mais alto do saber médico Avogadro foi desprezado durante quase meio século.
da Idade Média. O inglês Francis Bacon e o alemão Alberto Magno, teólogo
e filósofo canonizado pela Igreja Católica, assimilaram os ensinamentos Entrementes, o sueco Jöns Jacob Berzelius realizava estudos
árabes e os uniram à interpretação das doutrinas aristotélicas próprias da analíticos de minerais e, com base na lei Dulong-Petit, preparava uma
época medieval até alçar a alquimia européia a um nível comparável ao das tabela de pesos atômicos, de modo geral exatos. Berzelius contribuiu
civilizações que a precederam. também com a descrição dos fenômenos da catálise e isomeria e com a
invenção do moderno sistema de símbolos químicos. Sua principal
No século XVI, a química européia recebeu o impulso dado pelo contribuição teórica foi a teoria dualista ou eletroquímica da combinação
médico suíço Paracelso, que, com formas próprias da alquimia, assentou atômica, na qual buscou solucionar o velho problema da natureza da
as bases da moderna química médica ao combinar adequadamente as afinidade. Acreditava que todos os átomos apresentassem o velho
observações de Avicena e dos sábios gregos da antiguidade. A concepção problema da natureza da afinidade. Acreditava que todos os átomos
racionalista da física e da astronomia marcou o início do declínio da apresentassem carga elétrica, tanto positiva como negativa, mas que a
alquimia especulativa que imperava na época, e a destacada obra de positiva predominasse em alguns e a negativa em outros. Os átomos de
Robert Boyle, que definiu já no século XVII a noção de elemento como um carga negativa seriam mantidos ligados aos de carga positiva mediante
primeiro passo em direção às teorias modernas da química, simbolizou a forças eletrostáticas.
decadência de uma visão das transmutações da matéria que, embora
sustentada durante várias décadas por algumas áreas de pesquisa, O maior conhecimento de compostos de carbono que resultou do
sucumbiu progressivamente ante certas idéias ordenadas e vigorosas estudo intensivo da química orgânica na primeira metade do século XIX
fundamentadas em princípios universais de inspiração natural e viria desmentir essa teoria dualista. Os químicos passaram então a
distanciados da mística que os caracterizara em tempos anteriores. conjeturar quanto à existência de radicais, isto é, grupos de átomos que
atuariam como uma unidade nas reações químicas. Julgava-se que dois
Química científica. A química dos séculos XVII e XVIII alcançou um radicais ligados a um átomo de oxigênio (para formar um éter)
estado de desenvolvimento e abstração claramente inferior ao adquirido por pertencessem ao tipo água, e que três radicais ligados a um átomo de
outras disciplinas científicas. Durante esse período, sua fonte básica de nitrogênio (para formar uma amina) pertencessem ao tipo amônia. A
inspiração foi a obra de Isaac Newton Opticks (1704; Óptica), em cujos polêmica quanto ao uso de pesos moleculares ou atômicos ou de
apêndices finais o físico britânico expôs um conjunto de hipóteses sobre a equivalentes na notação de fórmulas aumentava a confusão criada pelas
natureza corpuscular da matéria. tentativas de enquadrar todos os compostos orgânicos em alguns poucos
A teoria global mais destacável elaborada durante o século XVII, tipos rígidos. A teoria tipológica pelo menos sugeria que um átomo
devida a Johann Joachim Becher e Georg Ernst Stahl, explicava o individual só era capaz de prender um número limitado de átomos de outros
comportamento dos gases e o fenômeno do fogo como derivados de um elementos ou radicais. O conceito de "unidades de afinidade" transformou-
único princípio natural, a que denominaram flogístico, que seria responsável se gradualmente no moderno conceito de valência, passo importante para a
pelos processos de combustão, calcinação e respiração. O ar, como elucidação da natureza dos compostos orgânicos.
receptáculo do flogístico, e os metais, como geradores do flogístico na Em 1858, August Kekulé e Archibald Scott Couper propuseram a
combustão, tinham papel preponderante na pesquisa química. tetravalência do carbono e sua propriedade de unir-se a outros átomos de
As descobertas realizadas no fim do século XVIII por Georg e Joseph carbono, formando longas cadeias, o que abriu caminho para o
Black (o dióxido de carbono) e Joseph Priestley (o oxigênio, ao qual desenvolvimento da teoria estrutural dos compostos orgânicos. Nesse
desenvolvimento destacou-se o químico Aleksandr Butlerov. Na década de

Química 2 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
1870, Jacobus Henricus van't Hoff e Joseph-Achille Le Bel praticamente conhecidas do fenômeno até conseguir uma teoria completa e situações
inauguraram o campo da estereoquímica, ao postularem um átomo de absolutamente previsíveis dentro de seus postulados.
carbono tetraédrico.
(2) Estrutura atômica, segundo a qual a matéria se compõe
Tabela periódica. Em 1860, realizou-se em Karlsruhe, Alemanha, o fundamentalmente de átomos, internamente formados de um pequeno
primeiro congresso químico internacional, numa tentativa de solucionar a núcleo que consiste na aglomeração de partículas elementares positivas
confusão reinante na teoria química, especialmente com relação aos pesos (prótons) e neutras (nêutrons) unidas entre si por forças de coesão nuclear,
químicos. O italiano Stanislao Cannizzaro exumou a hipótese de Avogadro e um conjunto de elétrons ou unidades elementares de carga elétrica
e demonstrou como os átomos e moléculas podiam distinguir-se entre si. A negativa distribuídos em distintos níveis de energia e ligados ao núcleo por
verificação dos verdadeiros pesos atômicos e moleculares possibilitou a atração eletromagnética. A união de átomos gera moléculas, e as reações
complementação de estudos anteriores para classificação das propriedades químicas se devem ao intercâmbio de elétrons entre moléculas.
dos elementos em termos de seus pesos atômicos. Dmitri Mendeleiev e
Lothar Meyer propuseram versões de tabelas periódicas, e Mendeleiev (3) Equilíbrios energéticos de acordo com a mecânica quântica,
previu a existência e propriedades de três elementos até então especialidade científica que postula a existência de regiões do espaço do
desconhecidos. A descoberta posterior desses elementos (gálio, em 1875; átomo, chamadas orbitais e distribuídas em níveis, nas quais se organizam
escândio, em 1879; e germânio, em 1886), de acordo com as previsões, faz seus elétrons em pares ou isoladamente. O movimento de elétrons entre os
com que a lei de periodicidade fosse universalmente aceita e deu aos diferentes níveis de orbitais explica não só os fenômenos energéticos do
químicos uma generalização sistemática sobre a qual basearam sua átomo, expressos sob formulações quânticas de alta complexidade
ciência. matemática, como também o estabelecimento de ligações químicas.

A química do século XIX conseguiu ainda duas descobertas de (4) Validade do conceito de valência química, número inteiro com sinal
importância transcendental: as técnicas de espectrografia, devidas a Robert positivo ou negativo que quantifica a natureza da participação dos átomos
Bunsen e Gustav Kirchhoff em 1859, que permitem deduzir a composição de um elemento em sua combinação com outros. Esse conceito, manejado
das substâncias segundo a energia absorvida por seus átomos a diferentes desde a antiguidade, se manteve nas explicações atuais como a
freqüências características de luz; e a tabela periódica dos elementos quantidade de elétrons que intervém numa reação química por cada classe
químicos, criada independentemente por Dmitri Mendeleiev e Julius Lothar de elementos participantes, e se complementa adequadamente com a
Meyer, que criou uma classificação estruturada de todas as classes de teoria de orbitais atômicos.
átomos conhecidas e ainda não descobertas, de cuja simples análise se Peso atômico e mol. A essas considerações teóricas devem
podem extrair conclusões sobre a composição atômica e as propriedades corresponder técnicas de medida adequadas, baseadas na definição de
físicas e químicas de cada elemento. grandezas e princípios básicos de experimentação. Também é fundamental
Século XX. O desenvolvimento da química ao longo do século XX definir unidades métricas reprodutíveis mediante um instrumental preciso e
apoiou-se na confirmação experimental da teoria atômica, em estreita completo. Ciência de inspiração puramente empírica e carente de
conexão com os avanços da física. Comprovou-se a existência de concepções perfeitamente delimitadas no momento de sua invenção, a
partículas subatômicas, Ernest Rutherford e Niels Bohr elaboraram modelos química conserva duas noções fundamentais de natureza experimental: o
atômicos, e Max Planck lançou os fundamentos da mecânica quântica. peso atômico, posteriormente definido como a acumulação de partículas
elementares positivas ou prótons do núcleo atômico; e o mol, equivalente a
A explosão tecnológica e industrial do século XX, como conseqüência 6,023 x 1023 moléculas ou átomos (número de Avogadro), segundo a
de avanços científicos acelerados, deu origem ao nascimento das grandes natureza do composto, e definido como o peso molecular (soma de pesos
indústrias químicas. A química médica e farmacêutica e a química de atômicos dos átomos de uma molécula) ou atômico, expresso em gramas,
polímeros (plásticos, fibras, derivados do petróleo etc.) experimentaram um que constitui a unidade básica de quantidade química.
desenvolvimento espetacular na segunda metade do século e influíram
diretamente sobre os hábitos sociais com o lançamento no mercado de Finalmente, as leis dos intercâmbios químicos se regem antes de tudo
consumo de inovadores utensílios fabricados com diversos materiais e a por equilíbrios de energia que determinam a viabilidade, a duração e a
universalização da distribuição de medicamentos e outros produtos espontaneidade dos processos. A análise energética das reações químicas,
terapêuticos. Além disso, outros numerosos aspectos da vida cotidiana, apoiada nos princípios da termodinâmica, constitui a síntese teórico-prática
como a alimentação, a agricultura e o tratamento de combustíveis da maioria das questões pesquisadas pelas diferentes disciplinas da
ganharam novos enfoques paralelamente às descobertas de uma ciência química.
em contínua evolução. Nomenclatura química
Princípios fundamentais A utilização de nomes para tudo o que a química representa foi e
Desde a revolução experimentada pelas ciências químicas no princípio continua sendo uma de suas maiores preocupações. Cada princípio e
do século XIX, um dos principais objetivos perseguidos pelos especialistas conceito fundamental, assim como os elementos, os compostos e uma
foi o estabelecimento de postulados metodológicos em grande parte quantidade de outros fatores, precisa ser assinalado com uma palavra ou
inspirados nos modelos preexistentes da física e da matemática. combinação de palavras. Para completar esse requisito, tem-se procurado
chegar a uma linguagem química coerente.
Os enunciados modernos da filosofia da ciência defendem que o
progresso científico resulta da confrontação entre dois pontos de vista A palavra átomo é uma das mais antigas desse vocabulário e quando
complementares: as concepções teóricas dos fenômenos, que analisam e se relaciona a uma reação química comum significa o mesmo que quando
sintetizam os dados experimentais e conformam conjuntos de hipóteses foi utilizada pela primeira vez por Demócrito, por volta do ano 400 a.C. É a
destinados a explicar os fatos e prever as situações futuras; e as unidade mínima de matéria (sem considerar a fissão nuclear) nas reações
comprovações empíricas, que julgam a validez e a oportunidade de sua químicas, da qual se formam as moléculas ou compostos. Cada átomo tem
aplicação. um símbolo constituído de uma ou duas letras associadas ao nome do
elemento. Tem-se, assim, "Fe" como símbolo do elemento ferro, "Ca" para
São os seguintes os princípios gerais mais comumente aceitos para a o elemento cálcio etc. Substância é a palavra que se aplica à matéria de
abordagem teórica dos sistemas químicos. composição uniforme e constante, com uma série de propriedades
químicas. Conseqüentemente, só se podem chamar de substâncias os
(1) Utilidade dos modelos teóricos, entendidos como conjuntos de elementos e compostos.
premissas expressas de forma matemática que constituem o núcleo básico
de partida para a análise de um problema e seus desdobramentos. O uso Até quase o fim do século XVIII, nenhuma tentativa sistemática havia
de modelos, como o do gás ideal que sustentou a enunciação de leis dos sido feita para designar as substâncias químicas, de modo a indicar sua
gases perfeitos durante os séculos XVII e XVIII, assim como os avançados composição. Os nomes então em uso eram mais ou menos arbitrários:
sistemas configurados pelos computadores a partir de extensas podiam ser termos da velha alquimia, ou derivar-se do nome de seu
enumerações de dados, se fundamenta na restrição das particularidades descobridor (por exemplo, o sal de Glauber, muito usado pelo alemão
Johann Rudolf Glauber), ou ainda baseavam-se em alguma semelhança

Química 3 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
superficial. Assim, o tricloreto de antimônio, por seu aspecto amanteigado,
se denominava manteiga de antimônio; o cloreto de zinco, manteiga de
zinco. Essas substâncias eram classificadas junto com a manteiga de leite.
O mesmo sucedia com o óleo de vitríolo (ácido sulfúrico), óleo de oliva etc.
Torbern Olof Bergman e Louis Bernard Guyton de Morveau, de forma
simultânea e independente, tentaram projetar um sistema mais completo
para denominar os compostos químicos. A sistematização da nomenclatura
apresentada por Lavoisier e a notação química proposta por Jöns Jacob
Berzelius, que criou símbolos para os elementos, são empregadas ainda
hoje.
Equipamento de laboratório
Quase todos os utensílios empregados nas experiências químicas são
feitos de vidro, principalmente devido à inércia química desse material.
Entre esses destacam-se os copos ou bécheres, cilindros de fundo plano
abertos em cima e providos de bico para verter, e os balões, que podem ter
fundo chato ou redondo.
O volume dos líquidos pode ser medido por provetas, que são cilindros
de vidro graduados; por buretas, recipientes de vidro tubular com muitas
linhas finas graduadas, de modo que se pode medir com segurança a
quantidade de líquido retirada por uma torneira na extremidade inferior; e
pipetas, que diferem das buretas, pois são suficientemente pequenas para
se poderem manejar. A pressão exercida pelo dedo sobre a entrada do ar
na parte superior do tubo regula a retirada do líquido da pipeta. Os
cadinhos são pequenos recipientes resistentes ao calor, muito usados para
a determinação de cinzas e a fusão de metais. Os tubos de ensaio são
Entretanto, os alquimistas medievais tinham mais interesse nos
tubos de vidro fechados numa das extremidades, usados no trabalho com
poderes de transmutação da matéria atribuídos à pedra filosofal, uma vez
pequenas porções de reativos.
que, se alcançada, essa técnica possibilitaria o fácil acesso à riqueza.
Os principais aparelhos de laboratório são o microscópio e a balança, Nicolas Flamel, tabelião e alquimista francês do século XIV, acumulou
equipamentos de medida indireta das massas. São usados também tamanha riqueza que seus contemporâneos imaginaram que ele houvesse
termômetros de mercúrio, para medir temperaturas; densímetros, para finalmente descoberto o princípio do elixir da vida. Segundo a lenda, Flamel
determinação de pesos específicos; bicos de gás (Bunsen) para aquecer; teria sonhado com um livro oculto, que revelava os segredos da "grande
rolhas etc. arte". O alquimista teria se dedicado à busca desse livro e, depois de
O avanço da química está intimamente relacionado à evolução da encontrá-lo, o decifrara com a ajuda de um erudito judeu, conseguindo
ciência dos computadores, pois acredita-se que muitos dos trabalhos e assim a transmutação de substâncias de pouco valor em ouro.
reações realizados nos laboratórios passarão a ser feitos unicamente no
O empenho com que se dedicaram à busca do ouro fez com que
computador, num processo conhecido como modelagem molecular. Os
alguns alquimistas obtivessem muito poder; outros, porém, foram
computadores também são indispensáveis nas pesquisas de química
perseguidos. Na segunda metade do século XVI e no começo do XVII,
quântica, por exemplo, e encontram cada vez maior aplicação no controle
Praga transformou-se no principal centro da prática da alquimia. Os
dos equipamentos eletrônicos de laboratório.
imperadores Maximiliano II e Rodolfo II deram respaldo à obra de alguns
Alquimia alquimistas, e este último chegou a conceder título de nobreza ao
alquimista alemão Michael Maier. Menos sorte teve o inglês Edward Kelly,
Conta a lenda que o filósofo e alquimista árabe Averróis enterrou um encarcerado por ordem do próprio Rodolfo II.
raio de sol sob a primeira coluna à esquerda da mesquita de Córdoba,
acreditando que, transcorridos oito mil anos, ele se converteria em ouro. De maneira geral, o cristianismo se opôs à prática da alquimia, que
considerava pagã. O próprio arcebispo de Praga foi perseguido pelo
A alquimia foi uma atividade pré-científica que visava alcançar uma Concílio de Constance no século XV, e em 1530 foi promulgado em Veneza
melhor compreensão do cosmo, da matéria e do homem. Em particular, um decreto que condenava à morte os alquimistas. Devido a essas
através do conhecimento da natureza da matéria, os alquimistas visavam perseguições e a fim de manter em segredo suas descobertas, os
transformá-la e transmutar metais de pouco valor em ouro e prata. alquimistas passaram a utilizar uma linguagem rica em símbolos e
Características da alquimia. Segundo os alquimistas, através de certas metáforas, só acessível aos iniciados. Era comum publicarem obras com
técnicas, que envolviam ciência, arte e religião, seria possível conseguir a pseudônimos ou atribuírem-nas a pessoas de reconhecido prestígio, como
transmutação de uma substância em outra. Por haverem desenvolvido e santo Alberto Magno, santo Tomás de Aquino ou Roger Bacon.
utilizado diversos procedimentos de laboratório, a alquimia foi uma Ao lado dos alquimistas que se empenharam honestamente em
atividade precursora da química, que lhe deve a descoberta de inúmeras alcançar a pedra filosofal, houve aqueles que recorreram a fraudes como
substâncias e a invenção de grande variedade de instrumentos, que mais meio de obter dinheiro, fama e poder. Não era incomum construírem caixas
tarde desempenhariam papel de destaque no domínio da metodologia de fundo falso, onde o ouro era escondido, aparecendo no momento
científica. oportuno, ou branqueá-lo com mercúrio, recuperando depois seu brilho por
A teoria da transmutação baseava-se na interpretação dada pela meio de calcinação.
filosofia clássica grega à composição da matéria. Na época de Aristóteles, Histórico. A prática da alquimia teve início em tempos remotos na Índia,
acreditava-se que toda substância compunha-se de diferentes proporções na China e na Europa. Certas características comuns parecem apontar uma
dos quatro elementos fundamentais: água, ar, fogo e terra. A partir desse mútua influência entre os antigos alquimistas chineses e hindus. Em ambas
princípio, os alquimistas desenvolveram seu postulado fundamental: "A as culturas, o objetivo fundamental da alquimia não era a obtenção de ouro,
matéria é única e pode sofrer transmutações mediante a variação das mas sim o prolongamento da vida. Por conseguinte, nas civilizações
proporções entre seus componentes." Os alquimistas acreditavam também orientais, a alquimia estava ligada mais de perto à medicina que à química.
na existência de uma substância capaz de provocar essa transmutação,
denominada elixir (do árabe al-iksir, "pó seco") ou pedra filosofal. A essa Ainda se discute a origem das idéias alquímicas. Enquanto alguns
substância eram atribuídas outras propriedades, tais como o poder curativo estudiosos defendem o desenvolvimento independente da alquimia na Índia
e de rejuvenescimento, razão pela qual recebia também o nome de "elixir e na China, outros consideram a possibilidade da transmissão de
da vida" ou "panacéia universal". conhecimentos de uma dessas culturas para a outra. Os Vedas, textos

Química 4 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
sagrados hindus, fazem referência a uma provável relação entre o ouro e a As primeiras pesquisas no campo da eletroquímica datam do século
longevidade. Os chineses, por sua vez, um século antes de Cristo, XVIII, quando Alexandre Volta inventou sua pilha eletrolítica. Cabe, porém,
acreditavam ser possível alcançar a imortalidade através da ingestão de ao inglês Michael Faraday o título de principal impulsionador dessa ciência.
uma bebida de ouro, devido à resistência desse metal à corrosão. Além de descobrir os mecanismos e leis da eletrólise, fenômeno que
potencializa e facilita a realização de certas reações químicas com a ajuda
A alquimia européia baseou-se na astrologia (a palavra "alquimia" foi de correntes elétricas, foi Faraday quem fixou grande parte da terminologia
empregada pela primeira vez no tratado astrológico de Julius Maternus empregada na eletroquímica moderna.
Firmicus, do século IV) e nas técnicas metalúrgicas dos sumérios e
egípcios, que já obtinham o cobre a partir da malaquita, quatro mil anos Reações eletroquímicas. As reações eletroquímicas fundam-se na
antes da era cristã. existência de moléculas com certo grau de instabilidade elétrica. Em função
Uma das primeiras obras sobre alquimia de que se tem notícia é o da distribuição dos elétrons ao redor de seu núcleo, os átomos podem
tratado Physica et mystica, atribuído ao egípcio, naturalizado grego, Bolos apresentar tendência a atrair novos elétrons ou, pelo contrário, a repelir
de Mende, que viveu na região do delta do Nilo por volta do ano 200 a.C. alguns deles.
Nele se encontravam receitas para converter metais em ouro e prata, numa Assim, diferenciam-se as moléculas integradas por átomos cuja
época em que eram divulgadas as idéias platônicas sobre a composição da tendência é ceder elétrons daquelas cujos átomos tendem a tomá-los dos
matéria. Apesar da confusão provocada pelas falsas atribuições de livros e demais. Tais compostos, chamados iônicos, são formados por um ânion (ou
tratados a este ou aquele autor, parece ter existido, nessa época, átomo que roubou elétrons) e um cátion (ou átomo que os perdeu), de
numerosos praticantes da alquimia, tais como Ostan o Mago, Sofar o Persa modo que ambos gozam de certa autonomia ou independência dentro da
e os egípcios Petesis e Chiuses. O tratado Physica et mystica é parte de molécula, por se considerarem completos.
uma compilação de textos realizada no século VIII, e inclui obras de cerca
de quarenta autores, entre os quais Zózimo, que viveu no início da era Existe, por sua vez, outro tipo de moléculas, as chamadas polares,
cristã e exerceu grande influência sobre os alquimistas posteriores. Em que, sem chegar a repartir totalmente os elétrons, como se dá nos
suas obras, ele descreveu toda uma série de instrumentos, cuja invenção compostos iônicos, possuem átomos com desiguais afinidades eletrônicas.
foi atribuída a Maria a Judia, uma das mais famosas mulheres que Quando se passa uma corrente elétrica através de substância composta de
praticaram a alquimia. íons ou moléculas polares, pode-se facilmente provocar ruptura de união e
Após a conquista de Alexandria, em 642 da era cristã, os árabes redistribuição de carga, isto é, reações químicas produzidas como efeito do
incorporaram a seu saber as teorias dos alquimistas gregos e egípcios. impulso elétrico.
Entretanto, alguns especialistas consideram que a alquimia árabe não teve O processo eletroquímico de aplicação mais freqüente é a eletrólise,
como origem a Grécia, mas sim a escola asiática, provavelmente centrada que pode ser utilizada na obtenção de energia elétrica a partir da energia
na cidade turca de Harran. Entre os mais destacados alquimistas árabes desprendida em uma reação química. Para tal se empregam sais iônicos
cabe mencionar: Jabir (em latim, Geber), al-Razi, que no século X lançou dissolvidos ou fundidos em um recipiente ou cuba eletrolítica, em que
os fundamentos para a descoberta dos ácidos minerais, e Avicena, também se introduzem os dois pólos ou extremidades de um circuito
responsável pela compilação, cem anos depois, dos conhecimentos dos elétrico. Para que o circuito se feche, o líquido ou eletrólito contido na cuba
alquimistas árabes. deve ser condutor de corrente elétrica. Esta, ao passar pelo líquido,
No século XII cresceu na Europa o interesse pela alquimia. A partir de provoca transformações químicas e eventuais ganhos de energia. O pólo
traduções das obras dos alquimistas árabes, foram descobertas positivo submerso, ou ânodo, atrai os ânions ou íons negativos da solução,
substâncias que constituiriam a base da ciência química: os ácidos enquanto o pólo negativo, ou catodo, atrai os cátions ou íons positivos. As
minerais, o álcool (cuja descoberta é atribuída ao alquimista catalão Arnau pilhas constituem uma aplicação especial desse tipo de processo.
de Vilanova, no século XIII) e elementos químicos como o antimônio,
Incluem-se no campo de estudo da eletroquímica as chamadas
estudado por Basílio Valentín.
reações de oxidação-redução, ou redox, nas quais, ainda que não haja
Já no século XIII, o inglês Roger Bacon defendia a utilização do nenhuma corrente elétrica exterior, produzem-se trocas de elétrons entre os
método científico, afirmando que "nada se pode conhecer com certeza, diversos componentes. Assim, o elemento ou composto oxidante captura os
salvo através da experiência". No século XIV, Paracelso, para quem o elétrons do chamado redutor, para dar lugar a novas ligações químicas e,
objetivo da alquimia não era a obtenção de ouro, e sim de remédios, deu em conseqüência, a produtos de reação distintos dos iniciais. A eletrólise é
um importante impulso a essa disciplina, embora se jactasse de ter um dos processos que dão origem a reações redox. As reações
encontrado o elixir da vida. eletroquímicas, sejam eletrolíticas ou não, em geral são empregadas na
Durante esse período, a alquimia oscilou entre a ciência e o misticismo. obtenção de numerosos compostos gasosos, puramente metálicos e
Assim, enquanto o respeitado cientista inglês Isaac Newton se dedicava, no orgânicos.
século XVII, a investigações sobre a obtenção de ouro, o alquimista
Aplicações. Os processos eletroquímicos, utilizados em campos muito
holandês Jan Baptiste van Helmont estudava o dióxido de carbono, criando
diversos, apresentam a vantagem de não produzir contaminações do
a palavra "gás".
ambiente. Costumam, porém, gerar rendimentos baixos, ao serem
Com a publicação dos trabalhos de Lavoisier, no século XVIII, teve utilizados em grande escala para fins industriais. Modernamente, usam-se
início a era da química, embora certos aspectos filosóficos da atividade procedimentos eletrolíticos para obter metais alcalinos como o sódio e o
alquímica tivessem sido preservados por seitas místicas, como a irmandade potássio, ou alcalino-terrosos, como o magnésio, a partir de seus sais
dos Rosacruzes. fundidos. Do mesmo modo, são utilizdos na indústria de recobrimento
Os historiadores da química tendem a distinguir entre os aspectos eletrolítico, quer do tipo decorativo, quer de natureza anticorrosiva.
positivos da alquimia e aqueles que consideram nocivos. Entre os
Os mecanismos eletroquímicos também intervêm na indústria de
primeiros cabe citar o descobrimento de novas substâncias e a invenção de
síntese química, dos compostos inorgânicos às fibras sintéticas. A eletrólise
novos instrumentos de trabalho, enquanto o principal caráter negativo
constitui a base teórica e prática da produção de certas pilhas e
apontado no procedimento alquimista refere-se ao descrédito do método
acumuladores de corrente contínua, e os mecanismos eletroquímicos, em
científico.
seu aspecto mais genérico, contam com um número muito amplo de
Eletroquímica aplicações nas indústrias químicas e de e redução
Quando se aciona o interruptor de um aparelho movido a pilha, fecha- Oxidação e redução
se o circuito de uma corrente elétrica alimentada pela reação química que
Na classificação das reações químicas, os termos oxidação e redução
ocorre no interior das pilhas, exemplo de um processo de natureza
abrangem um amplo e diversificado conjunto de processos. Muitas reações
eletroquímica.
de oxi-redução são comuns na vida diária e nas funções vitais básicas,
Eletroquímica é a disciplina científica que estuda e avalia as relações como o fogo, a ferrugem, o apodrecimento das frutas, a respiração e a
que se estabelecem entre as reações químicas e os fenômenos elétricos, fotossíntese.
em particular as correntes elétricas.

Química 5 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Balanço das reações redox. As leis gerais da química estabelecem que
uma reação química é a redistribuição das ligações entre os elementos
reagentes e que, quando não há processos de ruptura ou variação nos
núcleos atômicos, conserva-se, ao longo de toda a reação, a massa global
desses reagentes. Desse modo, o número de átomos iniciais de cada
reagente se mantém quando a reação atinge o equilíbrio.
Em cada processo desse tipo, existe uma relação de proporção fixa e
única entre as moléculas. Uma molécula de oxigênio, por exemplo, se une
a duas de hidrogênio para formar duas moléculas de água. Essa proporção
é a mesma para todas as vezes que se procura obter água a partir de seus
componentes puros:
2H2 + O2 -> 2H2O
A reação descrita, que é redox por se terem alterado os números de
oxidação do hidrogênio e do oxigênio em cada um dos membros, pode ser
Ferrugem entendida como a combinação de duas reações iônicas parciais:

Oxidação é o processo químico em que uma substância perde elétrons, H2 -> 2H+ + 2e- (semi-oxidação)
partículas elementares de sinal elétrico negativo. O mecanismo inverso, a 4e- + 2H+ + O2 -> 2OH- (semi-redução)
redução, consiste no ganho de elétrons por um átomo, que os incorpora a
sua estrutura interna. Tais processos são simultâneos. Na reação em que os elétrons ganhos e perdidos representam-se com e- e os
resultante, chamada oxi-redução ou redox, uma substância redutora cede símbolos H+ e OH- simbolizam respectivamente os íons hidrogênio e
alguns de seus elétrons e, conseqüentemente, se oxida, enquanto outra, hidroxila. Em ambas as etapas, a carga elétrica nos membros iniciais e
oxidante, retém essas partículas e sofre assim um processo de redução. finais da equação deve ser a mesma, já que os processos são
Ainda que os termos oxidação e redução se apliquem às moléculas em seu independentes entre si.
conjunto, é apenas um dos átomos integrantes dessas moléculas que se
Para fazer o balanceamento da reação global, igualam-se as reações
reduz ou se oxida.
iônicas parciais, de tal maneira que o número de elétrons doados pelo
Número de oxidação. Para explicar teoricamente os mecanismos agente redutor seja igual ao número de elétrons recebidos pelo oxidante, e
internos de uma reação do tipo redox é preciso recorrer ao conceito de procede-se a sua soma:
número de oxidação, determinado pela valência do elemento (número de
(H2 -> 2H+ + 2e-) x 2
ligações que um átomo do elemento pode fazer), e por um conjunto de
regras deduzidas empiricamente: (1) quando entra na constituição das (4e- + 2H+ + O2 -> 2OH-) x1
moléculas monoatômicas, diatômicas ou poliatômicas de suas variedades
alotrópicas, o elemento químico tem número de oxidação igual a zero; (2) o -----------------------------------------
oxigênio apresenta número de oxidação igual a -2, em todas as suas 2H2 + 4e- + 2H+ + O2 -> 4H+ + 4e- + 2OH-
combinações com outros elementos, exceto nos peróxidos, quando esse
valor é -1; (3) o hidrogênio tem número de oxidação +1 em todos os seus o que equivale a:
compostos, exceto aqueles em que se combina com os ametais, quando o 2H2 + O2 -> 2H2O
número é -1; e (4) os outros números de oxidação são determinados de tal
maneira que a soma algébrica global dos números de oxidação de uma pois os elétrons se compensam e os íons H+ e OH- se unem para
molécula ou íon seja igual a sua carga efetiva. Assim, é possível determinar formar a água.
o número de oxidação de qualquer elemento diferente do hidrogênio e do
Nesses mecanismos se apóia o método generalizado de balanço de
oxigênio nos compostos que formam com esses dois elementos.
reações redox, chamado íon-elétron, que permite determinar as proporções
Assim, o ácido sulfúrico (H2SO4) apresenta, para seu elemento central exatas de átomos e moléculas participantes. O método íon-elétron inclui as
(enxofre), um número de oxidação n, de forma que seja nula a soma seguintes etapas: (1) notação da reação sem escrever os coeficientes
algébrica dos números de oxidação dos elementos integrantes da molécula: numéricos; (2) determinação dos números de oxidação de todos os átomos
participantes; (3) identificação do agente oxidante e redutor e expressão de
2.(+1) + n + 4.(-2) = 0, logo, n = +6 suas respectivas equações iônicas parciais; (4) igualação de cada reação
Em toda reação redox existem ao menos um agente oxidante e um parcial e soma de ambas, de tal forma que sejam eliminados os elétrons
redutor. Em terminologia química, diz-se que o redutor se oxida, perde livres; (5) eventual recomposição das moléculas originais a partir de
elétrons, e, em conseqüência, seu número de oxidação aumenta, enquanto possíveis íons livres.
com o oxidante ocorre o oposto. Estereoquímica
Oxidantes e redutores. Os mais fortes agentes redutores são os metais O conhecimento da estereoquímica, com suas várias ramificações, é
altamente eletropositivos, como o sódio, que facilmente reduz os hoje imprescindível para a compreensão da química em geral, pois
compostos de metais nobres e também libera o hidrogênio da água. Entre estendeu-se a todos os domínios da química orgânica, inorgânica e de
os oxidantes mais fortes, podem-se citar o flúor e o ozônio. complexos.
O caráter oxidante e redutor de uma substância depende dos outros Estereoquímica é a disciplina que estuda os compostos químicos tendo
compostos que participam da reação, e da acidez e alcalinidade do meio em vista as relações espaciais entre os átomos e grupos de átomos na
em que ela ocorre. Tais condições variam com a concentração de constituição da molécula. Depois de conhecida a composição, a fórmula
elementos ácidos. Entre as reações tipo redox mais conhecidas -- as bruta, os grupos funcionais e sua localização na molécula, assunto de que
reações bioquímicas -- inclui-se a corrosão, que tem grande importância se ocupa a análise química, é necessária uma análise estrutural mais
industrial. refinada dos compostos, que podem apresentar mais de uma configuração
Um caso particularmente interessante é o do fenômeno chamado auto- ou conformação espacial, para que se tenham as relações estereoquímicas
redox, pelo qual um mesmo elemento sofre oxidação e redução na mesma e a descrição completa da molécula.
reação. Isso ocorre entre halogênios e hidróxidos alcalinos. Na reação com O estudo das relações espaciais entre átomos e grupos de átomos nas
o hidróxido de sódio a quente, o cloro (0) sofre auto-redox: se oxida para moléculas orgânicas, iniciado em meados do século XIX com o trabalho de
clorato (+5) e se reduz para cloreto (-1): Louis Pasteur, ganhou base científica com a teoria do carbono tetraédrico,
6Cl + 6NaOH -> 5NaCl- + NaClO3 + 3H2O de Jacobus Henricus van't Hoff e Joseph-Achille Le Bel, e com a teoria da

Química 6 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
estrutura dos compostos químicos de Aleksandr M. Butlerov e August Nuclear, medicina
Kekulé, culminando com os trabalhos de Emil Fischer sobre configuração
Medicina Nuclear
dos glicídios e aminoácidos.
Lesões de tecidos internos do corpo humano, sobretudo tumores,
Entre os problemas que são objeto de pesquisa intensa estão a podem ser detectadas precocemente pelo emprego dos métodos de
estereoquímica das macromoléculas, incluídas as proteínas, a de outros diagnóstico por imagem, como o exame cintilográfico e a captação de iodo
átomos, além do carbono, a dos estados excitados, a dos orbitais atômicos pela tireóide.
e moleculares e sua influência nas reações orgânicas.
Medicina nuclear é a especialidade médica que emprega isótopos
Radioquímica radioativos para diagnóstico e tratamento de doenças. Baseia-se no
A radioquímica experimentou grande desenvolvimento durante a princípio segundo o qual o isótopo radioativo de certos elementos,
segunda guerra mundial, graças especialmente aos trabalhos de obtenção isoladamente ou associado a outras substâncias, pode ser conduzido ao
de material nuclearmente puro, necessário à construção da bomba atômica. órgão que se deseja estudar ou tratar. Assim, o isótopo radioativo do iodo
Atualmente, encontra larga aplicação em várias áreas, entre elas a 131, administrado por via oral em pequenas quantidades, se emprega para
medicina e a arqueologia. diagnosticar disfunções tireoideanas e, em doses terapêuticas, para destruir
A radioquímica é o ramo da química em que se investigam os tecido canceroso na tireóide ou parte da glândula hiperfuncionante.
fenômenos químicos relacionados com os radioisótopos e com as No exame de rastreamento de isótopos denominado cintilografia injeta-
radiações nucleares. Seu campo interpenetra com o da química nuclear, se no corpo do paciente, por via intravenosa, um isótopo radioativo emissor
que alguns autores conceituam como o estudo das reações entre núcleos e de radiação gama de meia-vida muito curta, como o tecnécio 99 ou índio
das propriedades das espécies nucleares mediante métodos químicos, mas 113, denominado traçador. De acordo com a substância a ele associada o
a distinção entre as duas disciplinas não é rígida, principalmente nos países traçador se fixa preferentemente num ou noutro órgão. Para que se fixe no
europeus. fígado, por exemplo, o isótopo é associado a uma proteína. Efetua-se a
Os fundamentos básicos da radioquímica foram estabelecidos antes da seguir o mapeamento: uma câmara gama, ou cintilógrafo, capta a radiação
segunda guerra mundial por pesquisadores europeus, entre eles Marie e emitida pelo isótopo e transfere para o papel ou placa emulsionada os
Pierre Curie, George Charles de Hevesy, Friedrich Adolf Paneth e Otto impulsos que acionam seu percutor, desenhando um mapa do órgão que
Hahn, entre outros, que pesquisaram a radiação e os isótopos naturais das permite avaliar seu tamanho e condições de funcionamento. A maior ou
famílias do urânio e do tório. A nova ciência teve um rápido menor concentração do traçador em certas áreas do órgão, mostrada no
desenvolvimento durante e após o término do conflito, graças cintilograma, informa sobre a localização e proporções da eventual lesão. A
especialmente aos trabalhos de obtenção de material nuclearmente puro, substância radioativa se desintegra completamente antes que possa causar
necessário à construção da bomba atômica. dano ao organismo do paciente.
Datam dessa época os processos elaborados para reproduzir Físico-química
industrialmente procedimentos até então limitados ao laboratório.
Reproduziram-se em grande escala técnicas de obtenção de materiais com A evolução do conhecimento científico que atualmente se acha a cargo
grau de pureza superior aos reagentes químicos de melhor qualidade, da físico-química começou, sem delimitação precisa, com as pesquisas
como o urânio metálico, compostos de urânio e a grafita. Além disso, o que, no final do século XVIII e início do XIX, visavam a esclarecer
funcionamento dos primeiros reatores nucleares permitiu a obtenção, com propriedades e fenômenos de química que ainda não se explicavam
relativa facilidade, e o estudo de elementos químicos que não existem na suficientemente com essa disciplina.
natureza (elementos de número atômico maior do que 92, ou Físico-química é uma disciplina científica de fronteiras indefinidas que
transurânicos). A separação e identificação desses elementos foi emprega indiferentemente instrumentos analíticos, teóricos e experimentais
conseguida mediante técnicas que hoje constituem um capítulo da tomados à química e à física. Durante o grande florescimento científico do
radioquímica. O químico americano Glenn Theodore Seaborg, a quem se século XIX, tomaram corpo, embora ainda não sob a égide de uma
deve, em boa parte, o reconhecimento da chamada química dos disciplina autônoma, diversos setores que faziam parte da físico-química
transurânicos, recebeu o Prêmio Nobel de química de 1951, por suas clássica. Foram então assentadas as bases da termodinâmica química,
pesquisas nesse setor. graças aos trabalhos gerais de Sadi Carnot, Hermann Ludwig F. Helmholtz,
Técnicas. Entre as principais técnicas da radioquímica salienta-se o James P. Joule, Rudolf Clausius, Lord Kelvin e J. R. von Mayer.
emprego de elementos "traçadores", como são chamados os isótopos
radioativos que substituem átomos inertes da molécula de uma substância Datam dessa época as descobertas sobre adsorção, as primeiras
em estudo. Seu percurso pode ser acompanhado mediante aparelhos medidas de calor de reação, a descoberta do efeito químico da corrente
detectores de radioatividade, num processo denominado "marcação da elétrica e da produção da eletricidade mediante processos químicos, a
molécula", que tem diversas aplicações industriais e médicas. Usa-se essa descoberta e investigação dos fenômenos eletrolíticos e a descoberta da
técnica para determinar mecanismos de reações orgânicas, acompanhar catálise. Não é pois de estranhar que figurem como expoentes da físico-
processos industriais, investigar a modificação de um composto numa química dessa fase não apenas químicos renomados, como Carl Wilhelm
seqüência de reações etc. Scheele, Humphry Davy, Louis-Jacques Thénard, Jöns Jacob Berzelius,
Uma das mais curiosas aplicações dos traçadores radioativos (isótopos Lavoisier, mas também físicos famosos como Michael Faraday e
radioativos artificiais) tem sido na elucidação dos mecanismos de reações Alessandro Volta.
orgânicas. Ao fornecer, por exemplo, gás carbônico marcado com carbono Nas primeiras décadas do século XX, a físico-química foi marcada pela
14 (radioativo) às plantas, foi possível provar que, na fotossíntese, o gás predominância de temas mais próximos da química que da física, tais como
carbônico se transforma primeiro num fosfato orgânico e depois em a eletroquímica, a cinética química e o equilíbrio químico. Com o advento
carboidrato (açúcar). Outra aplicação interessante dos métodos da mecânica quântica e da teoria da estrutura atômica e molecular, se
radioquímicos é na datação de peças arqueológicas pelo método do diluíram as fronteiras entre a química e a física. Atualmente, a físico-
carbono 14, que possibilita estimar a idade de um achado arqueológico química abrange áreas que estão na vanguarda da pesquisa científica,
mediante exame de antigas amostras de madeira, tecido, derivados como a física dos sólidos, espectros e estrutura molecular, estrutura
vegetais etc. cristalina, teoria do estado líquido, química quântica e outras.
Os isótopos artificiais têm tido ainda importante aplicação no campo da ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
medicina e da biologia. O uso terapêutico de radioisótopos baseia-se no
Radioatividade
fato de que as células malignas ou doentes são mais afetadas pela
radiação do que as sadias. Entre as substâncias radioativas mais utilizadas Em 1896, o francês Henri Becquerel estudou os efeitos da luz solar
estão o cobalto 60, o irídio 192 e o césio 137. Em biologia, a radiação se sobre determinados materiais fluorescentes, como o minério de urânio. À
aplica no campo da esterilização de material hospitalar, inclusive luvas de espera da melhora do tempo, que se apresentava nublado, guardou a
cirurgia, bandagens, seringas, agulhas etc., e na erradicação de insetos, amostra do minério numa gaveta. Ao retirá-la, alguns dias mais tarde,
feita mediante esterilização sexual produzida por aplicações baixas de Becquerel observou que a pedra havia emitido radiações mesmo no escuro
radiação. e obteve a primeira prova da existência da radioatividade natural.

Química 7 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Radioatividade é a propriedade que alguns tipos de átomos instáveis decaimento beta, quando o núcleo emite elétrons (ou pósitrons) ou captura
apresentam de emitir energia e partículas subatômicas, o que se um elétron orbital para adquirir estabilidade. As partículas beta possuem
convenciona chamar de decaimento radioativo ou desintegração nuclear. menor energia que as alfa, mas apresentam maior poder de penetração,
As teorias físicas modernas atribuem a origem da radioatividade a um grau razão pela qual ultrapassam a barreira das lâminas metálicas finas usadas
de instabilidade interna do átomo (nuclídeo pai), que ao se converter em para deter as partículas alfa. Para isolar a radiação beta, é necessário usar
outro átomo (nuclídeo filho) alcança maior estabilidade. lâminas muito mais espessas.
História. Após a descoberta da radioatividade dos minérios de urânio
por Becquerel, o casal Pierre e Marie Curie comprovou a existência de
outras substâncias com atividade radioativa. Simultaneamente com o
alemão Gerhard Carl Schmidt, o casal encontrou alto índice de
radioatividade no tório. Mais tarde, ao analisar alguns minérios de urânio,
em especial as pechblendas, Marie Curie detectou uma intensidade
radioativa maior do que a observada no urânio e supôs que esses minerais
continham algum elemento químico radioativo ainda não descoberto.
Prosseguindo em suas experiências, os Curie separaram da pechblenda
um elemento 400 vezes mais radioativo que o urânio, a que chamaram
polônio, em homenagem à terra natal da cientista. Mais tarde, conseguiram
isolar a partir da pechblenda outro elemento milhares de vezes mais ativo
que o urânio, que denominaram rádio.
A pesquisa de novos materiais radioativos prosseguiu nas décadas
seguintes e resultou na descoberta de elementos até então desconhecidos,
como o actínio, isolado por André Louis Debierne, em 1899, e por Friedrich Detector de partículas radioativas
Otto Giesel, em 1902, além do mesotório e do radiotório, isótopos do rádio
Raios gama. Eletricamente neutros e constituídos de radiação
e do tório, respectivamente, descobertos por Otto Hahn.
eletromagnética (fótons) de freqüência superior ao do espectro da luz
Os estudos sobre o comportamento dessas substâncias, junto com os visível e a dos raios X, os raios gama são emitidos quando os núcleos
avanços da teoria atômica, resultaram, durante as primeiras décadas do efetuam transições, por decaimento alfa, de estados excitados para os de
século XX, numa nova concepção sobre a estrutura da matéria e energia mais baixa. Sua energia e capacidade de penetração dificultam a
derrubaram a idéia de indivisibilidade do átomo enunciada no início do manipulação. A excessiva exposição dos tecidos vivos a esses raios
século XIX. A hipótese estabelecida sobre a radioatividade, definida como a ocasiona malformações nas células, que podem provocar efeitos
desintegração dos átomos, foi reforçada com a descoberta do nêutron por irreversíveis.
James Chadwick em 1932. Essa nova partícula, de carga elétrica neutra,
Atualmente sabe-se que existem também radiações devidas a fissão
complementou uma teoria da estrutura atômica que compreende o átomo
espontânea do núcleo, que são observadas em núcleos pesados como os
como uma conjunção equilibrada de dois componentes: o núcleo, composto
de urânio, plutônio e netúnio. Essa radiação ocorre devido à quebra
de nêutrons e prótons, partículas elementares de carga positiva, e os
espontânea do núcleo em dois núcleos mais leves, com liberação de
elétrons, partículas fundamentais de carga negativa, distribuídas na região
nêutrons.
extranuclear e responsáveis pelas propriedades químicas dos elementos.
Assim, a radioatividade não é senão a conseqüência de uma perda, por Os principais métodos de detecção dessas radiações são a câmara de
parte do átomo, de alguns de seus componentes, ou a emissão de Wilson, que permite efetuar um traçado da trajetória das partículas
subpartículas por desequilíbrio dos campos de energia internos. radioativas num gás saturado de vapor d'água; os contadores Geiger-Müller
e de outros tipos, que determinam o número de partículas radioativas que
Em 1934, o casal Frédéric Joliot e Irène Curie (filha de Pierre e Marie
atravessam certa região do espaço; e as câmaras de ionização,
Curie) anunciou a descoberta da radioatividade artificial. Eles constataram
generalização dos contadores Geiger-Müller, que distinguem a passagem
que alguns núcleos atômicos, bombardeados com determinados tipos de
das partículas por meio de pulsos de carga elétrica que produzem nos
radiações de partículas, tinham sua estrutura interna alterada e passavam a
dispositivos de detecção.
apresentar propriedades radioativas. Os procedimentos de transmutação
artificial dos elementos químicos resultaram na obtenção de isótopos
artificiais e radioativos da maioria dos átomos conhecidos e na descoberta
de numerosos átomos novos, como os transurânicos (netúnio, plutônio,
amerício etc).
O emprego de técnicas de transmutação radioativa permite obter
elementos químicos artificiais desconhecidos na natureza. De vida
extremamente curta, devido a seu caráter fortemente radioativo, esses
elementos sofrem imediatas transformações, que os convertem em
elementos naturais.
Tipos de radioatividade. Os estudos realizados sobre o fenômeno da
radioatividade, a partir do final do século XIX, comprovaram a existência de
três tipos de radiações emergentes do interior dos átomos: os raios alfa, os
raios beta e os raios gama.
Raios alfa. De natureza eletropositiva e identificados como feixes de
núcleos de hélio, os raios alfa são altamente energéticos e emitidos pelos
elementos radioativos a milhares de quilômetros por segundo. São também
chamados partículas alfa. Apesar de seu elevado conteúdo energético,
possuem baixa penetrabilidade e são facilmente detidos por folhas de Propriedades dos materiais radioativos. Após a confirmação das
papel, de alumínio e de outros metais. hipóteses enunciadas por Ernest Rutherford e Frederick Soddy, segundo as
Raios beta. Também chamados de partículas beta, de carga negativa quais a radioatividade resulta da transmutação de elementos químicos em
(elétrons) ou positiva (pósitrons), os raios beta são identificados como outros, o próprio Soddy e Kasimir Fajans enunciaram as leis que levam
partículas de alta energia expelidas pelos núcleos de átomos radioativos. seus nomes e que determinam os produtos finais de uma decomposição
Essas partículas não são constituintes do núcleo, mas surgem durante o radioativa, resumidas na chamada lei do deslocamento radioativo: o átomo
radioativo que decai pela emissão de uma partícula alfa se transforma num

Química 8 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
elemento químico diferente, com dois prótons a menos em seu núcleo e Aplicações. A radioatividade tem três campos de aplicação para fins
com quatro unidades de massa atômica a menos; se o decaimento resulta pacíficos: médico, quando se aproveita sua capacidade de penetração e
da emissão de uma partícula beta, seu número atômico se eleva uma perfeita definição do feixe emitido para o tratamento de tumores e diversas
unidade. Por exemplo, uma emissão alfa de urânio produz tório, que por doenças da pele e dos tecidos em geral; industrial, nas áreas de obtenção
emissão beta produz um átomo de protactínio. de energia nuclear mediante procedimentos de fissão ou ruptura de átomos
A instabilidade dos núcleos atômicos, espontânea ou induzida, reduz, pesados; e científico, para o qual fornece, com mecanismos de
por emissão de radioatividade, a massa do material radioativo, que se bombardeamento de átomos e aceleração de partículas, meios de
transforma de forma progressiva em outra substância. A velocidade de aperfeiçoar o conhecimento sobre a estrutura da matéria nos níveis de
transmutação de um elemento radioativo é determinada pela constante de organização subatômica, atômica e molecular.
desintegração, ou tempo de vida, valor que mede a probabilidade de um Materiais radioativos são utilizados também na fabricação de
átomo radioativo sofrer uma transformação na unidade de tempo substâncias fluorescentes e de relógios científicos, que se baseiam nos
considerada, e o tempo de meia-vida (semidesintegração), definido como o fundamentos da geocronologia e da cosmocronologia para obter medidas
tempo necessário para que uma quantidade de substância radioativa precisas de tempo. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
reduza sua massa à metade.
A natureza probabilística da desintegração radioativa conduz à Energia nuclear
definição do conceito de meia-vida dos elementos -- a média aritmética dos Em 16 de julho de 1945, ocorreu em Alamogordo, no estado americano
tempos de vida dos átomos do elemento radioativo antes de sofrerem de Nevada, o primeiro teste de uma bomba nuclear. A experiência
decaimento. Os períodos de semidesintegração oscilam entre milésimos de prenunciou as explosões que destruiriam grande parte das cidades
segundos (por exemplo, nas variedades do polônio e o astato) e bilhões de japonesas de Hiroxima e Nagasaki em 6 e 9 de agosto do mesmo ano. O
anos (como nos isótopos mais estáveis do urânio e do tório). fundamento físico de tais explosões, a energia nuclear, encontrou mais
As transformações sofridas pelos elementos radioativos, existentes na tarde vasto campo de aplicações pacíficas.
natureza num total de aproximadamente quarenta, permitem agrupá-los em A energia nuclear é a que se obtém por processos de transformação de
três séries, chamadas séries de desintegração radioativa, nas quais os núcleos atômicos em outros, mediante mecanismos de fissão de núcleos
elementos se convertem uns nos outros por sucessivas emissões alfa e pesados em fragmentos menores, ou de fusão de núcleos leves em outros
beta (a emissão gama não produz intrinsecamente alterações nucleares): maiores.
(1) Série do urânio, a partir do isótopo 238 do urânio e cujos primeiros História. Logo depois de anunciada a descoberta da fissão nuclear, em
elementos são o tório (234), o protactínio (234), o urânio (234), o tório 1939, também se observou que o isótopo fissionável que participa da
(230), o rádio (226) e o radônio (222). O átomo final da série é o chumbo reação é o urânio-238 e que se emitem nêutrons no processo. Especulava-
(206), não radioativo. se na época que uma reação de fissão em cadeia poderia ser explorada
(2) Série do tório, iniciada com o isótopo 232 do tório e seguida de como fonte de energia. No entanto, ao iniciar-se a segunda guerra mundial,
rádio (228), actínio (228), tório (228), rádio (224) e outros átomos, até em setembro de 1939, os físicos voltaram suas pesquisas para tentar usar
terminar com o chumbo estável (208). a reação em cadeia para produzir uma bomba.
(3) Série do actínio, a partir do isótopo 235 do urânio, que se No início de 1940, o governo americano destinou recursos para uma
transforma sucessivamente em tório (231), protactínio (231), actínio (227), pesquisa que mais tarde se transformou no Projeto Manhattan. Esse projeto
tório (227), frâncio (223) etc, até finalizar no chumbo estável (207). Esta incluía trabalhos sobre enriquecimento de urânio para obter urânio-235 em
seqüência é empregada nos processos de fusão ou ruptura nuclear. altas concentrações e também pesquisas para o desenvolvimento de
Há ainda uma quarta série, a série do netúnio, que começa com o reatores nucleares. Eram dois os objetivos: compreender melhor a reação
isótopo 237 do netúnio, que tem meia-vida de dois milhões de anos. Os em cadeia para projetar uma bomba nuclear e desenvolver uma forma de
elementos que integram essa série não ocorrem naturalmente; são produzir um novo elemento químico, o plutônio, que, segundo se
produzidos artificialmente por reações nucleares. Nas séries radioativas, as acreditava, seria físsil e poderia ser isolado quimicamente a partir do urânio.
emissões alfa reduzem em quatro unidades a massa atômica de um O primeiro reator nuclear foi construído na Universidade de Chicago,
isótopo, expressa entre parênteses, enquanto que na emissão beta se sob a supervisão do físico italiano Enrico Fermi. O equipamento produziu
conserva a massa atômica e se modifica somente a natureza dos átomos. uma reação em cadeia em 2 de dezembro de 1942. Imediatamente após a
Efeitos biológicos. A atividade de uma substância radioativa é segunda guerra mundial, cientistas e engenheiros de vários outros países
determinada pelo número de transformações que ela sofre por unidade de empreenderam pesquisas destinadas a desenvolver reatores nucleares
tempo. A unidade internacional estabelecida para medir essa grandeza, para a produção de energia em larga escala. Em 1956, o Reino Unido
denominada curie (Ci), se define como a quantidade de substância inaugurou em Calder Hall a primeira usina nuclear totalmente comercial.
radioativa que produz o mesmo número de desintegrações que um grama Um ano depois, entrou em operação a primeira usina americana desse tipo.
de rádio e equivale a 3,7 x 1010 desintegrações por segundo. O número de grandes usinas nucleares aumentou rapidamente em
A radiação gama, de efeitos extremamente nocivos para a vida, se muitos países industrializados até o final da década de 1970. Depois disso,
mede em röntgen (R), como os raios X. Essa unidade é definida como a houve uma significativa redução no ritmo de utilização da energia nuclear
quantidade de radiação capaz de produzir um determinado número de íons para fins comerciais, por diversas razões: a demanda de energia elétrica
(átomos com carga elétrica) numa certa quantidade de ar, sob condições ficou muito abaixo do que se esperava; o custo de construção de novas
fixas de temperatura e pressão. O rad é a unidade de medida de exposição usinas nucleares era alto; a opinião pública pressionava contra a
local à radiação e equivale a cem ergs por grama. construção de usinas, principalmente depois dos catastróficos acidentes
O efeito biológico causado pela irradiação prolongada do corpo ocorridos na usina de Three Mile Island, nos Estados Unidos, e em
humano se avalia segundo o fator de qualidade da radiação (Q), que Tchernóbil, na Ucrânia, então parte da União Soviética. Entretanto, França,
estabelece quantas vezes o efeito biológico causado por um dado tipo de Japão, Coréia do Sul e Tailândia, que dispõem de poucas alternativas
radiação excede aquele provocado pela radiação gama de mesma dose. A energéticas, continuaram a usar a energia nuclear.
dose equivalente (DEQ), cuja unidade é o rem, se define como a Reações nucleares. Três tipos de reações nucleares produzem
quantidade de radiação que causa o mesmo efeito biológico que uma dose grandes quantidades de energia: (1) a desintegração radioativa, processo
de um rad de raios X ou radiação gama. segundo o qual um núcleo se converte espontaneamente no núcleo de
outro isótopo ou elemento; (2) a fissão nuclear, pela qual um núcleo pesado
O limite aceitável de radioatividade para o corpo humano é de se divide em dois outros e libera a energia neles contida; e (3) a fusão
aproximadamente meio rem por semana. A tolerância de radioatividade nuclear, segundo a qual dois núcleos atômicos leves, submetidos a
varia ligeiramente entre os organismos vivos, mas uma dose generalizada temperaturas elevadíssimas, reagem para formar um único núcleo, de peso
de centenas de rem ocasiona sempre graves lesões e mesmo a morte. A maior.
administração local de uma radiação de milhares de rem, porém, contribui
para eliminar tumores de pele e de outros órgãos do corpo. Todos os reatores nucleares produzem energia a partir da reação de
fissão, mas os cientistas acreditam que a fusão nuclear controlada pode

Química 9 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
originar uma fonte de energia alternativa relativamente barata de geração Num reator nuclear, essa série de fissões é cuidadosamente
de eletricidade, o que ajudaria a conservar o suprimento de combustíveis controlada, o que permite utilizar a enorme quantidade de energia liberada,
fósseis do planeta, em rápido esgotamento. que ocorre em forma de radiação e de energia cinética dos produtos da
fissão lançados a altas velocidades. Boa parte dela se transforma em
energia térmica quando os produtos da fissão entram em repouso. Uma
porção dessa energia é usada para aquecer água e convertê-la em vapor
de alta pressão, que faz funcionar uma turbina. A energia mecânica da
turbina é então convertida em eletricidade por um gerador.
Além de valiosa fonte de energia elétrica para uso comercial, os
reatores nucleares também servem para impelir alguns tipos de navios
militares, submarinos e certas naves espaciais não-tripuladas. Outra
importante aplicação dos reatores é a produção de isótopos radioativos,
amplamente usados na pesquisa científica, na terapêutica e na indústria.
Os isótopos são criados pelo bombardeamento de substâncias não-
radioativas com os nêutrons liberados durante a fissão.
Combustível. O único material presente na natureza pronto para ser
fissionado e capaz de manter uma reação em cadeia é o urânio-235. É um
isótopo raro: no urânio natural, ocorre na proporção de um para
aproximadamente 140 de outro isótopo, o urânio-238. Quando um nêutron
lento colide com o núcleo do átomo de urânio-235, ele se torna
repentinamente instável, divide-se em dois fragmentos e libera em média
dois a três nêutrons. Desses nêutrons, ao menos um deve produzir outra
fissão, caso se pretenda que a reação em cadeia continue. Isso é muito
difícil de conseguir com o urânio natural, porque sua concentração de
núcleos de urânio-235 é tão pequena que os nêutrons podem escapar do
combustível nuclear sem colidir com o núcleo fissionável, ou podem se
chocar com o núcleo do urânio-238 e serem absorvidos.

Usina neclear de Angrados Reis


Para reduzir essa possibilidade, usa-se como combustível do reator o
urânio enriquecido, que contém uma percentagem maior de urânio-235 do
que o urânio natural. O enriquecimento se obtém por vários processos,
como, por exemplo, difusão gasosa. Como os recursos de urânio-235
existentes no mundo são limitados, projetaram-se reatores regeneradores
capazes de converter urânio não-fissionável e outros elementos em
isótopos fissionáveis.
Moderadores. A maioria dos reatores comerciais de potência requer um
moderador para reduzir a velocidade dos nêutrons, de forma a aumentar a
possibilidade de que eles consigam fissionar o urânio-235. Substâncias
como a água, o óxido de deutério (água pesada) e a grafita foram
consideradas moderadores eficazes porque conseguem reduzir a
velocidade dos nêutrons durante o processo de fissão sem reduzir muito
seu número por absorção.
Barras de controle. O controle sobre a taxa de emissão de nêutrons, e
portanto sobre a reação, se faz mediante a introdução no núcleo dos
reatores de materiais que absorvem os nêutrons. Esses materiais, que
podem ser barras de cádmio ou boro, são retirados gradualmente do núcleo
do reator antes que uma reação em cadeia se inicie. Elas são
reintroduzidas sempre que a série de fissões começa a se realizar a alta
velocidade, o que poderia resultar na liberação de uma quantidade
excessiva de energia e radiação, causando assim a fusão do núcleo.
Produção de energia nuclear. No processo de fissão, um núcleo Refrigerantes. O calor liberado pelas fissões é removido do núcleo do
pesado, como o urânio, absorve um nêutron e se divide em dois fragmentos reator por uma substância refrigerante, que pode ser líquida ou gasosa. Os
de massa aproximadamente idêntica. A reação libera grande quantidade de refrigerantes devem ter boas propriedades de transferência de calor, assim
energia, assim como muitos nêutrons, que colidem com outros núcleos como fraca propriedade de absorver nêutrons. Tanto a água leve (comum)
pesados e provocam sua fissão. A repetição desse processo gera uma quanto a pesada são empregadas como refrigerantes, o que ocorre
reação em cadeia na qual vários bilhões de núcleos são fissionados numa também com metais líquidos (sódio, por exemplo), hélio e várias outras
pequena fração de segundos. substâncias.

Química 10 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Estrutura de contenção. À medida que a reação em cadeia prossegue, As experiências de Evidência de Reações Químicas, fundamenta-se
os produtos da fissão se acumulam no núcleo do reator. A maioria desses em reações de: síntese ou formação, deslocamento ou simples troca e de
fragmentos é altamente radioativa e emite raios gama e nêutrons. Para dupla troca ou substituição.
proteger os operadores da usina e outras pessoas próximas da radiação
desses fragmentos, e da radiação produzida diretamente pelo processo de Geralmente, estes experimentos são muito rápidos e podem ser reali-
fissão, o reator é cercado por paredes e um piso de concreto bastante zados em simples tubos de ensaio, sem a necessidade de utilização de
espesso, que constituem a estrutura de contenção. controle de temperatura ou tempo da reação, pois, neste apenas verifica-se
a ocorrência de reações de um dado reagente reage para com outro.
Rejeitos. O manipulação dos produtos radioativos da fissão é um
problema mais difícil de resolver do que a contenção do núcleo do reator. Mas, vale ressaltar que as observações experimentais ficarão limitadas
Alguns desses resíduos nucleares se mantêm perigosamente radioativos a: número de fases (homogeniedade ou heterogeniedade), desprendimento
por milhares de anos e, portanto, devem ser eliminados ou armazenados de de gás, desprendimento de luz, mudança de coloração, mudança de cheiro
forma permanente. Ainda não foi descoberto, no entanto, um método (liberação de odor) e formação de precipitados.
prático e seguro de tratamento desses resíduos.
Citaremos abaixo, 3 (três) exemplos de experimentos para se verificar
Segurança. Como acontece a toda atividade humana, a produção de as Evidências de Reações Químicas:
energia nuclear não pode ser considerada absolutamente isenta de riscos.
As medidas preventivas visam, portanto, minimizar o risco de acidentes. 1. Colocar em um tubo de ensaio 2 ml de solução de sulfato de cobre II e
Estudos realizados nos Estados Unidos na década de 1970 concluíram que juntar 2 ml de solução de cloreto de bário.
era extremamente baixo o risco de um acidente numa usina nuclear atingir 2. Colocar em um tubo de ensaio 2 ml de solução de cloreto de ferro III e
grande número de pessoas. Em 1979, porém, uma unidade da usina de adicionar uma gota de ferrocianeto de potássio.
Three Mile Island sofreu um grave acidente. Por uma combinação de erros
de operadores da usina, associados à falha de uma válvula, a água 3. Colocar uma pequena porção de zinco em pó em um tubo de ensaio e
refrigerante se perdeu e algumas partes do núcleo do reator fundiram. acrescentar 3 ml de ácido clorídrico 10%. Aproximar da boca do tubo
Grande quantidade de produtos de fissão foi liberada do reator para o de ensaio uma chama de um palito de fósforo.
interior da estrutura de contenção, que conseguiu reter a maior parte da
Considerações quanto ao procedimento de Evidências de Rea-
radioatividade. A pequena quantidade que escapou teve sérias
ções Químicas
conseqüências.
Após as investigações, ficou claro que o elemento humano é muito  Teste 1: ocorre reação de dupla troca ou substituição com o nitrato de
mais importante como fator de segurança numa usina nuclear do que se bário, formando o nitrato de cobre e o sulfato de bário. A solução adqui-
havia reconhecido até então. Por essa razão, foram introduzidas várias re uma coloração azul claro (aspecto leitoso).
mudanças no treinamento de operadores, técnicos e inspetores. Essas
mudanças foram consideradas eficazes para reduzir a probabilidade de  Teste 2: ao se adicionar uma gota de ferrocianeto de potássio ao
ocorrência de acidentes graves quanto o de Three Mile Island, mas cloreto de ferro III (ambos tinham coloração amarela) a solução adquire
aumentaram sensivelmente os custos de operação das usinas nucleares. cor azul, sem formação de precipitados. A reação é de deslocamento.
A questão da importância do elemento humano para o correto  Teste 3: a reação do zinco em pó com o ácido clorídrico, resulta em
funcionamento das usinas nucleares voltou a ser debatida após a catástrofe uma reação de simples troca ou deslocamento, com a liberação do gás
de Tchernóbil, em 1986. Um dos quatro reatores da usina explodiu e pegou hidrogênio (H2) da reação dos produtos, este gás é inflamável.
fogo. Antes que a situação pudesse ser controlada, 31 pessoas haviam
morrido. Aproximadamente 25% do conteúdo radioativo do reator vazou, Conceito de Reações Químicas
135.000 pessoas tiveram que ser evacuadas do local e uma imensa área Uma reação química ocorre quando certas substâncias se transformam
na vizinhança da usina foi de tal forma contaminada pela radioatividade que em outras. Para que isso possa acontecer, a ligação entre átomos e molé-
não pode mais ser cultivada. Na época, estimou-se que de quatro mil a culas devem ser rompidas e devem ser restabelecidas de outra maneira.
quarenta mil casos de câncer resultariam desse acidente. ©Encyclopaedia
Britannica do Brasil Publicações Ltda. Como estas ligações podem ser muito fortes, energia, geralmente na
forma de calor, é necessária para iniciar a reação. As novas substâncias
possuem propriedades diferentes das substâncias originais (reagentes).

• TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS – EVIDÊNCIAS DE TRANS- Como a ocorrência de uma reação química é indicada pelo apareci-
FORMAÇÕES QUÍMICAS. INTERPRETANDO TRANSFORMA- mento de novas substâncias (ou pelo menos uma) diferentes das que
existiam antes, quando as substâncias reagem, às vezes ocorrem fatos
ÇÕES QUÍMICAS. SISTEMAS GASOSOS: LEI DOS GASES. bastante visíveis que confirmam a ocorrência da reação e dentre eles,
EQUAÇÃO GERAL DOS GASES IDEAIS, PRINCÍPIO DE AVO- podemos destacar: desprendimento de gás e luz, mudança de coloração e
GADRO, CONCEITO DE MOLÉCULA; MASSA MOLAR, VOLUME cheiro, formação de precipitados, etc...
MOLAR DOS GASES. TEORIA CINÉTICA DOS GASES. MISTU-
RAS GASOSAS. MODELO CORPUSCULAR DA MATÉRIA. MO- As reações químicas não ocorrem somente nos laboratórios, mas, em
toda a parte e a todo momento. Oxidação e redução são exemplos destes
DELO ATÔMICO DE DALTON. NATUREZA ELÉTRICA DA MA-
tipos de reações que ocorrem em nosso dia-a-dia.Fonte:
TÉRIA: MODELO ATÔMICO DE THOMSON, RUTHERFORD, http://www.coladaweb.com.
RUTHERFORD-BOHR. ÁTOMOS E SUA ESTRUTURA. NÚMERO
ATÔMICO, NÚMERO DE MASSA, ISÓTOPOS, MASSA ATÔMICA.
ELEMENTOS QUÍMICOS E TABELA PERIÓDICA. REAÇÕES
TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS
QUÍMICAS.
I. Equação Química
EVIDÊNCIAS DE REAÇÕES QUÍMICAS Os estudiosos de química preocuparam-se, desde cedo, em encontrar
uma forma de registrar os resultados de suas experiências realizadas em
A ocorrência de uma reação química é indicada pelo aparecimento de laboratório. Para isso, precisaram criar uma linguagem comum, de fácil
novas substâncias (ou pelo menos uma) diferentes das que existiam antes. leitura e entendimento por parte dos que se dedicariam aos estudos e à
pesquisa química. No vocabulário específico dessa linguagem os elemen-
Quando as substâncias reagem, às vezes ocorrem fatos bastante visí- tos foram substituídos pelos símbolos; os compostos, pelas fórmulas.
veis que confirmam a ocorrência da reação e dentre eles, podemos desta- Analogamente, as reações químicas passaram a ser representadas pelas
car: desprendimento de gás e luz, mudança de coloração e cheiro, forma- equações químicas.
ção de precipitados, etc...

Química 11 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Equação química é a representação gráfica do que ocorre numa rea- (1) Processos de síntese ou adição, nos quais duas ou mais substân-
ção ou num fenômeno químico. Seu papel é descrever o processo químico cias reagentes formam um único produto da reação.
tanto qualitativa quanto quantitativamente, de uma forma ao mesmo tempo (2) Reações de deslocamento ou simples troca, que ocorrem entre uma
precisa e breve. Equações termoquímicas indicam as trocas térmicas que substância simples e uma composta, de tal forma que a substância simples
acompanham o fenômeno químico, ou seja, se uma reação desprende ou desloca e substitui um dos componentes do composto para formar um novo
absorve calor, e equações nucleares representam a transmutação de um produto.
elemento em outro. Qualquer que seja a equação, porém, é imprescindível
que represente fenômenos que realmente se passem; contenha todas as (3) Reações de decomposição ou análise, que consistem na separação
substâncias envolvidas na transformação; e obedeça à lei da conservação de um composto em seus componentes elementares ou em moléculas mais
da matéria, enunciada por Lavoisier. simples, freqüentemente sob a ação do calor ou do aumento da pressão
externa. As reações de decomposição alcançam normalmente o equilíbrio
Para se escrever uma equação química é necessário: (1) saber quais dinâmico, no qual os produtos da reação interagem com a mesma veloci-
são as substâncias consumidas (reagentes) e quais as formadas (produ- dade que as substâncias reagentes, para produzir um processo químico
tos); (2) conhecer as fórmulas dos reagentes e dos produtos; e (3) usar simultâneo de adição e decomposição conhecido como dissociação.
sempre a seguinte forma:
(4) Redistribuição interna ou reação isomérica, na qual não há troca de
reagentes --> produtos matéria. Nesse caso, ocorre apenas um reagrupamento espacial das liga-
O símbolo "-->", que corresponde ao sinal "=" nas equações matemáti- ções químicas entre os átomos do composto. O equilíbrio dinâmico dessa
cas, significa "produz" ou "forma". Quando mais de um reagente, ou mais reação é conhecido como tautomeria.
de um produto, participam da reação, as fórmulas das substâncias são De acordo com a capacidade dos produtos reverterem ao estado inici-
separadas pelo sinal "+", que à esquerda da seta quer dizer "reage com" e al, as reações químicas podem ainda ser reversíveis ou irreversíveis,
à direita, "junto com". entendendo-se por reações reversíveis as que são capazes de se proces-
A equação se lê, portanto: uma molécula de cloreto de sódio reage sar em ambos os sentidos de transformação. Quanto à intervenção de
com uma de nitrato de prata e produz uma molécula de nitrato de sódio fatores do meio ambiente, a reação química pode ser espontânea, quando
junto com uma de cloreto de prata. Nessas condições, o cloreto de prata é não são necessários agentes externos de ativação, ou induzida. A esponta-
um sal insolúvel e precipitará da solução, o que se indica com uma seta neidade de uma reação depende de trocas energéticas a que dê origem.
vertical (orientada para baixo) logo depois da fórmula de sua molécula. Leis das reações químicas
Quando se formam gases, indica-se o fato pelo sinal " ".
A estrutura metodológica criada pelo francês Antoine-Laurent Lavoisier,
A equação química pode indicar ainda que se trata de reação reversí- no final do século XVIII, foi consolidada, no início do século XIX, com a
vel ou irreversível. A dupla seta " " informa que a reação reversível é a que enunciação dos princípios básicos das combinações químicas.
se passa nos dois sentidos. Nesse caso, a reação da esquerda para a
direita é dita direta; e a da direita para a esquerda é inversa. A lei da conservação da massa, do próprio Lavoisier, afirma que, em
todo processo químico, não ocorre perda de matéria, somente transforma-
Os coeficientes estequiométricos expressam os aspectos quantitativos ção. Assim, a massa das substâncias reagentes coincide com a dos produ-
de uma reação química. Aparecem numa equação química na forma de tos. Conforme mostrou Albert Einstein, no entanto, verifica-se transforma-
números que antecedem as fórmulas das moléculas participantes da rea- ção de massa em energia em certos processos de alteração de matéria,
ção. A equação química é um exemplo de equação de conservação pois que recebem o nome de reações nucleares.
exprime o fato de que, numa reação química, o número de átomos de cada
elemento é conservado. Esse princípio é usado no balanceamento de uma Joseph-Louis Proust enunciou a lei das proporções definidas, segundo
equação, procedimento que também se denomina acerto de coeficientes a qual a combinação de dois ou mais elementos para formar um determina-
estequiométricos. do composto se efetua sempre numa relação idêntica de pesos. O princípio
das proporções múltiplas, devido a John Dalton, propõe uma relação múlti-
II. Reação química pla, ainda que limitada, entre os pesos dos vários elementos, que se com-
Nas ciências modernas, o fenômeno das transmutações químicas equi- binam para formar vários compostos da mesma família.
vale ao ideal dos alquimistas, que pretendiam transformar metais não- O químico alemão Jeremias Richter descobriu a lei das proporções re-
nobres em ouro com ajuda da nunca descoberta pedra filosofal. cíprocas, segundo a qual todos os elementos químicos reagem entre si
Reação química é um processo de intercâmbio que, estabelecido entre para formar qualquer tipo de compostos, de acordo com um conjunto de
substâncias químicas iniciais ou reagentes, altera suas propriedades e relações numéricas simples. Esse valor de reação, característico para cada
natureza interna até convertê-las em novas substâncias, chamadas produ- elemento químico, é denominado equivalente-grama ou equivalente quími-
tos da reação. Diferentes das transformações físicas, que ativam nas co. Define-se como a quantidade de elemento que desloca, ou se combina,
substâncias apenas uma mudança de estado (líquido, sólido e gasoso), as com oito partes de oxigênio. A lei dos volumes de combinação, demonstra-
reações químicas provocam modificações na estrutura íntima da matéria. da por Gay-Lussac, postula que, nas reações químicas, os gases são
As unidades fundamentais do intercâmbio químico são as moléculas, obtidos e se conjugam em relações numéricas simples.
entes físicos formados pelo agrupamento homogêneo ou heterogêneo de A conjunção teórica das leis das combinações químicas levou à hipóte-
átomos. Enquanto as reações nucleares se baseiam na alteração dos se atômica de John Dalton. Publicada em 1808, a hipótese pode ser resu-
átomos participantes, as reações químicas criam novas moléculas pela mida em dois princípios: as espécies químicas são compostas de unidades
constituição de diferentes ligações entre átomos, que permanecem inalte- indivisíveis e básicas chamadas átomos, e os átomos de um elemento são
rados. idênticos entre si e diferentes dos átomos de outros elementos.
A vida diária apresenta vários exemplos de reações químicas, entre A idéia de Amedeo Avogadro de tomar a molécula, ou agrupamento de
eles a queima de um fósforo, a descarga de uma bateria de automóvel, a átomos, como unidade que define a estrutura interna dos compostos con-
digestão dos alimentos e a respiração dos animais. Uma reação química é cluiu o modelo clássico da química do século XIX. A teoria das partículas,
descrita por uma equação química em que os reagentes, no primeiro mem- desenvolvida no século XX, modificou algumas dessas concepções ao
bro, e os produtos, no segundo, são representados por suas fórmulas questionar a indivisibilidade do átomo e verificar a existência dos isótopos,
químicas e separados pelo sinal "+". Entre os dois membros, há uma seta átomos ligeiramente distintos pertencentes a um mesmo elemento.
que significa "produz". Duas condições são fundamentais para que uma Niels Bohr propôs um modelo de átomo formado por um núcleo central
reação química ocorra: afinidade -- tendência natural para que os reagentes e níveis periféricos de energia ocupados por partículas elementares de
interajam -- e contato. Quanto maior for o número de pontos de contato da carga elétrica negativa, denominadas elétrons. Inspirado nas idéias de
mistura, mais fácil será a reação. Bohr, Gilbert Lewis elaborou uma teoria eletrônica de reações entre com-
Tipos de reação química postos como intercâmbios de elétrons. Essas partículas formam diferentes
Existe uma ampla variedade de transformações de origem química, ligações, cuja natureza e distribuição determina as moléculas resultantes.
mas pode-se estabelecer uma classificação geral em quatro grandes gru- De acordo com essa hipótese, os elétrons da última camada da estrutura
pos. atômica são os responsáveis diretos pelas combinações químicas.

Química 12 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Combustão
O fenômeno da combustão, que fascinou o homem desde a pré-
história, permite a obtenção de energia em forma de calor e está presente
em inúmeras atividades, na indústria e no lar.
Combustão é uma reação química rápida entre substâncias, uma delas
quase sempre o oxigênio, e geralmente acompanhada pela geração de
calor e luz em forma de chama.
O processo começa quando o sistema alcança a temperatura de
ignição, prossegue espontaneamente e cessa quando é alcançado o
equilíbrio entre a energia calorífica total dos reagentes e dos produtos.
Um exemplo familiar desse processo é a queima de fósforos. Quando a
cabeça do fósforo é atritada, o aquecimento faz com que os produtos
químicos que a compõem reajam e passem a gerar uma quantidade de
calor maior que a que pode dispersar-se no ar circundante. A cabeça do
fósforo queima em forma de chama. Se alguém sopra sobre ela e expulsa o
calor, ou se a cabeça do fósforo está úmida, o atrito não consegue iniciar o
processo.
As substâncias que mais facilmente entram em combustão são os
hidrocarbonetos, compostos químicos constituídos por carbono e
hidrogênio, tais como o metano, o propano, e toda uma série de produtos
empregados como combustíveis.
A aceleração drástica do processo de combustão, pelo súbito aumento
da temperatura, de forma a alcançar imediatamente o nível de ignição,
pode provocar explosão. Pode ocorrer também a combustão espontânea,
sem aquecimento prévio, quando determinados compostos, facilmente
oxidáveis e maus condutores de calor, encontram-se em local abafado. O
incorreto armazenamento de tecidos sujos de graxa, por exemplo, pode
provocar combustão espontânea, devido à má dissipação do calor. Provocando o contato entre as soluções reagentes (cloreto de sódio e
Lavoisier e a era moderna nitrato de prata), surge um sólido levemente acinzentado, o precipatado de
Em 1743 nasceu o químico francês A. L. Lavoisier. Ele também se inte- cloreto de prata e uma solução aquosa de nitrato de sódio.
ressou pelo processo da combustão; porém, diferentemente da maioria de Lavoisier constatou que a massa do sistema antes e depois da reação
seus predecessores, cuidadosamente planejou seus experimentos, de é a mesma. Com base em inúmeras experiências, Lavoisier enunciou a Lei
modo que podia com precisão pesar ambos, os combustíveis e seus pro- da Conservação da Massa:
dutos. Lavoisier prosseguiu queimando tudo que pudesse ter em suas "Numa reação química, não ocorre alteração na massa do siste-
mãos, mesmo um diamante, e foi capaz de mostrar que, quando uma ma".
substância se corrói em um recipiente fechado, o ganho, resultante em Soma das massas dos REAGENTES = Soma das massas dos PRO-
peso é compensado por uma perda correspondente, em peso, do no recipi- DUTOS
ente. Essa generalização é na verdade uma versão prévia de um dos Ou: "Na Natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma".
fundamentos da química, a lei da conservação da massa.
É bom frisar que, depois de Lavoisier enunciar esta lei, outros cientistas
Lavoisier é geralmente conhecido como o introdutor da era moderna da fizeram novos experimentos que visam testar a hipótese proposta por ele e,
química. Em 1789 ele publicou um compêndio importante, “Tratado Ele- mesmo ao utilizarem balanças mais modernas, de grande sensibilidade, os
mentar de Química”. Logo após, muitas das incertezas sobre elementos, testes confirmaram o enunciado proposto.
compostos, átomos e transformações químicas tornaram-se, ao menos
Quando um pedaço de ferro é abandonado ao ar, vai se "enferrujando",
empiricamente, resolvidas e a marcha para a frente, para novas descober-
ou seja, vai sofrendo uma reação química. Se compararmos a massa do
tas experimentais e teóricas, acelerou-se bastante.
ferro inicial com a do ferro "enferrujado", notaremos que este último tem
Joseph-Louis Proust enunciou a lei das proporções definidas, segundo massa maior.
a qual a combinação de dois ou mais elementos para formar um determina- Será que neste caso a massa não se conserva? O que acontece é que
do composto se efetua sempre numa relação idêntica de pesos. O princípio os reagentes dessa reação química são ferro (sólido) e material gasoso,
das proporções múltiplas, devido a John Dalton, propõe uma relação múlti- proveniente do ar.
pla, ainda que limitada, entre os pesos dos vários elementos, que se com-
binam para formar vários compostos da mesma família. massa do ferro + massa dos gases (ar) = massa do ferro "enferrujado"
Como o sistema inicial é constituído por ferro e ar, e o sistema final por
ferro "enferrujado", o aumento de massa efetivamente não existiu. Por essa
SISTEMAS GASOSOS: LEI DOS GASES. EQUAÇÃO GERAL DOS razão é necessário utilizarmos sistemas fechados para verificar a Lei de
GASES IDEAIS, PRINCÍPIO DE AVOGADRO, CONCEITO DE MOLÉCU- Lavoisier.
LA; MASSA MOLAR, VOLUME MOLAR DOS GASES. TEORIA CINÉTICA Lei das Proporções Definidas (Proust)
DOS GASES. MISTURAS GASOSAS.
No final do século XVIII, através de inúmeros experimentos, Proust
mediu as massas dos reagentes e produtos de uma reação e calculou as
GASES diversas relações possíveis entre elas.
No estado gasoso a substância apresenta forma indefinida e volume Vamos considerar a reação química de decomposição da água, para
variável. Isto porque as forças de atração entre as molécula é pequena. que você possa entender como ele procedeu:
Os gases são caracterizados por três variáveis de estado que são: água = oxigênio + hidrogênio
pressão, volume e temperatura. Se fizermos diversos experimentos com quantidades variadas de água
Lei da Conservação da Massa pura e analisarmos as massas dos produtos, teremos o seguinte:
(Lavoisier) Água Oxigênio Hidrogênio
Lavoisier mediu cuidadosamente as massas de um sistema antes e I) 18 g 16 g 2g
depois de uma reação em recipientes fechados. A figura ilustra uma possi- II) 180 g 160 g 20 g
bilidade de se testar a Lei de Lavoisier em um procedimento simples.

Química 13 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
III) 9g 8g 1g V = volume;
IV) 45 kg 40 kg 5 kg n = n0 de mols da substância; = Constante Universal dos Gases
•• •
 atm . L mm Hg L 
•• •  0,082 ou 62,3  , T = Temperatura
•• •  mol . K mol . K 
Vamos fazer a relação massa de oxigênio para cada amostra de
Obs.: A temperatura é utilizada na escala Kelvin (escala absoluta), e a
massa de hidrogênio conversão das temperaturas na escala Celsius para a escala Kelvin é:
água:
K = C + 273, onde K é a leitura na escala Kelvin e C a leitura na escala
I) m oxigênio = 16 g = 8 Celsius.
m hidrogênio 2g

II) m oxigênio = 160g = 8 LEI GERAL DOS GASES


m hidrogênio 20g
Ë utilizada quando a quantidade de gás permanece inalterada. A equa-
III) m oxigênio = 8 g = 8 ção é:
m hidrogênio 1g
P0  V0 P1  V1
IV) m oxigênio = 40g = 8

T0 T1
m hidrogênio 5 g
TRANSFORMAÇÕES GASOSAS
Se fizermos agora a relação massa de água para cada amostra
massa de hidrogênio a) Transformação Isotérmica: Ocorre com temperatura constante.
de água, teremos uma relação constante igual a 9. b) Transformação Isobárica: Ocorre com pressão constante.
ÁGUA  HIDROGÊNIO + OXIGÊNIO c) Transformação Isocórica: Ocorre com volume constante.
Proporção: 9 : 1 : 8
HIPÓTESE DE AVOGADRO
Como há proporcionalidade entre massas envolvidas numa reação,
podemos construir os seguintes gráficos: “Volumes iguais de gases diferentes, mantidos sob mesmas condições
de pressão e temperatura, apresentam o mesmo número de moléculas.”
A partir deste texto estabeleceram-se as Condições Normais de Tem-
peratura e Pressão (C.N.T.P.), que são pressão de 1 atm e temperatura de
00C.
Através de experimentos chegou-se à conclusão de que 1 mol de qual-
quer gás, em CNTP, ocupa 22,4L, ou seja, este é o valor do volume molar.

MODELO CORPUSCULAR DA MATÉRIA. MODELO ATÔMICO DE DAL-


TON. NATUREZA ELÉTRICA DA MATÉRIA: MODELO ATÔMICO DE
THOMSON, RUTHERFORD, RUTHERFORD-BOHR. ÁTOMOS E SUA
ESTRUTURA. NÚMERO ATÔMICO, NÚMERO DE MASSA, ISÓTOPOS,
Repetindo experimentos com decomposição de outras substâncias, MASSA ATÔMICA.
Proust afirmou:
"Numa dada reação química, existe uma proporção constante en- ÁTOMO E MOLÉCULA
tre as massas das substâncias participantes".
Átomo: é um sistema formado por um certo número de prótons, nêu-
ou trons e elétrons; os prótons e nêutrons constituem o núcleo, ao redor deste
"Qualquer composto, independentemente de sua origem, tem uma temos os elétrons em número igual ao número dos prótons.
relação constante entre as massas de seus elementos constituintes". Os prótons são partículas de natureza elétrica positiva, os elétrons de
Esquematicamente natureza elétrica negativa e os nêutrons são eletricamente neutros. A
massa dos prótons é aproximadamente igual à massa do nêutron, enquanto
X + Y  Z + W que a massa do elétron é muito pequena em relação à do próton. A massa
1ª experiência x1 y1 z1 w1 do elétron é cerca de 1/1840 da massa do próton.
2ª experiência x2 y2 z2 w2 O número de prótons que forma o núcleo do átomo é sempre igual ao
x, y, z, w representam as massas das substâncias X, Y, Z e W número de elétrons que o envolve, isto torna o átomo um sistema eletrica-
mente neutro. Este número de prótons igual ao número de elétrons, é que
x1 y1 z1 w1 dá ao átomo suas propriedades químicas. Este número é chamado número
  
x2 y2 z2 w2 atômico.
Número atômico das matérias: As matérias que formam a natureza
Equação de estado de um gás ideal são constituídas de átomos de números atômicos de 1 a 92 ou seja, são
constituídas de sistemas formados de 1 próton e 1 elétron até 92 prótons e
A equação de estado de um gás ideal relaciona as variáveis de estado,
92 elétrons.
e é conhecida como Equação de Clapeyron, em homenagem ao seu cria-
dor. Cada átomo tem seu número atômico e cada número atômico corres-
ponde a um determinado elemento químico.
P.V = n.R.T
Assim o elemento químico hidrogênio tem um número atômico 1, ou
onde: seja, é formado por 1 elétron e 1 próton; o carbono tem um número atômico
6, ou seja, é formado por 6 elétrons e 6 prótons e assim por diante,
P = pressão;

Química 14 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Vemos que o átomo é um sistema descontínuo, onde existem espaços FENÔMENOS FÍSICOS: são aqueles que não alteram a natureza das
vazios entre as partículas constituintes e deste modo podemos também substâncias e, como conseqüência, não originam novas substâncias.
dizer que a matéria é descontínua. Exemplo: qualquer mudança de estado. Você sabe que a água, por exem-
Número de massa : Chama-se número de massa a um átomo à soma plo, pode passar do estado sólido ao líquido, deste ao gasoso, retornar ao
do número de prótons e do número de nêutrons que formam o átomo. estado líquido e novamente voltar ao sólido, sem sofrer nenhuma alteração.
O número de massa e o número atômico são constantes que podemos FENÔMENO QUÍMICO: são aqueles que alteram a natureza das subs-
determinar experimentalmente, e conhecendo-se estes números podemos tâncias e como conseqüência, originam novas substâncias. Exemplo: uma
conhecer a composição do átomo, pois: combustão. Queimando açúcar, por exemplo, forma-se água e gás carbôni-
co.
número atômico = número de prótons = número de elétrons
VALÊNCIA
número de massa = número de prótons + número de nêutrons.
a) VALÊNCIA é o poder de combinação dos átomos. Esse poder de
Por exemplo: o elemento químico sódio tem número atômico 11 e nú- combinação está na dependência do número de elétrons que o átomo pode
mero de massa 23; isto significa que ele tem 11 elétrons, 11 prótons e 23 - ceder, receber ou compartilhar.
11 = 12 nêutrons.
b) Os elétrons que podem ser cedidos, recebidos ou compartilhados
MOLÉCULA pertencem sempre á última camada eletrônica de cada átomo, razão pela
Uma partícula formada de dois ou mais átomos ligados entre si por qual essa camada ou nível é conhecida como "camada de valência".
meio de elétrons, chama-se molécula. As moléculas podem ser formadas c) No caso das substâncias moleculares, cada par de elétrons
por átomos do mesmo elemento químico ou por átomos de diferentes compartilhado significa uma possibilidade de combinação, isto é, uma
elementos químicos. valência. Já nas substâncias iônicas, a valência é contada pelo número de
Espécie química ou substância pura: é a matéria formada de molé- elétrons que podem ser cedidos ou recebidos na "transação" entre os
culas quimicamente iguais, ou seja, formada por átomos dos mesmos átomos.
elementos químicos, nas mesmas proporções, e igualmente ligados na mo- Átomo
lécula. Como exemplo, temos a água que é sempre formada de um átomo
de oxigênio para dois de hidrogénio. Desde a antiguidade o homem suspeitava que o mundo físico fosse
formado por partículas menores, invisíveis ao olho humano e, segundo
As substâncias puras podem ser simpIes ou compostas. alguns pensadores da Grécia antiga, indivisíveis.
Substâncias simples: é constituída de moléculas formadas por áto-
mos do mesmo elemento químico. Como exemplo, podemos tomar o ele-
mento químico Hidrogênio (H2) no qual os átomos ligam-se dois a dois for-
mando a molécula H2.
Substância composta: é constituída de moléculas formadas por áto-
mos de dois ou mais elementos químicos. É o exemplo tão citado da água.
Mistura: é a matéria formada de moléculas químicas diferentes. Estas
moléculas que formam a mistura permanecem inalteradas. A mistura é pois
a reunião de duas ou mais espécies químicas. Exemplo: a solução de água
e açúcar. Nesta solução as moléculas de água e as de açúcar mantém-se
inalteradas na mistura, o que existe é a disseminação das moléculas de
açúcar entre as moléculas de água.
É importante não confundir mistura com substância composta.
Classificação das misturas: As misturas podem ser homogêneas ou
heterogêneas.
Misturas homogêneas, são aquelas que apresentam as mesmas pro-
priedades em toda sua extensão. É o caso da água com açúcar, em toda a Graças a essa propriedade, que lhes foi atribuída erroneamente, tais
extensão esta apresenta as mesmas propriedades e ainda não consegui- partículas receberam o nome de átomos, termo grego que significa "o que
mos distinguir as moléculas de açúcar em solução, mesmo com aparelhos não pode ser dividido".
como o uItramicroscópio. Ou seja, não conseguimos distinguir a superfície
de separação das moléculas de açúcar e da água. Conceitos e evolução histórica. Alguns dos mais destacados filósofos
Misturas heterogêneas, são as que apresentam diferentes proprieda- gregos, como Leucipo e Demócrito, procuraram determinar a estrutura da
des nas diferentes partes de sua extensão e ainda podemos distinguir a matéria, afirmando que não seria razoável supor que ela pudesse se subdi-
superfície de separação das partículas componentes da mistura. É o caso vidir indefinidamente. Segundo eles, deveria existir um limite, que permitis-
do granito formado de quartzo, feldspato e mica, cujas superfícies de sepa- se alcançar uma determinada porção, ainda que ínfima, a partir da qual
ração são bem definidas. uma posterior fragmentação não seria possível. Essa teoria, no entanto, só
sairia do campo da mera especulação dois mil anos mais tarde, quando o
PESO ATÓMICO conceito de átomo foi incluído no âmbito da ciência.
É o peso do átomo de um elemento em relação ao peso do átomo de
oxigênio, o qual foi fixado em 16. A determinação do peso atômico é feita No século XIX, o químico inglês John Dalton, analisando os resultados
experimentalmente, consiste em combinar-se o elemento químico cujo peso obtidos por ele e por outros pesquisadores ao pesarem as quantidades de
atômico se quer determinar com o elemento químico padrão. Assim reagentes e de reações entre diferentes compostos, deduziu as chamadas
escolheu-se o oxigênio como elemento padrão pois este combina-se com leis estequiométricas, sobre as proporções e relações quantitativas que
quase todos os elementos químicos com exceção dos gases raros. regem as reações químicas, entre as quais se incluem as leis das propor-
ções definidas e das proporções múltiplas. A primeira afirma que, quando
Átomo grama é o peso atômico tomado em gramas. dois elementos se unem para formar um determinado composto, sempre o
Peso molecular é a soma dos pesos atômicos dos átomos que fazem em proporções e em pesos definidos e fixos. Segundo a lei das
constituem a molécula. proporções múltiplas, quando dois elementos reagem entre si para formar
FENÔMENOS FÍSICOS E QUÍMICOS mais de um composto, as proporções dos elementos presentes nesses
diferentes compostos estão relacionadas por meio de números inteiros. Um
Sob o aspecto popular, fenômeno é sinônimo de fato sobrenatural.
exemplo desse tipo de reação ocorre quando se combina oxigênio e cloro,
Para o cientista, fenômeno é qualquer ocorrência natural. dando origem aos óxidos hipocloroso, cloroso, clórico e perclórico.
Os fenômenos podem ser: físicos e químicos.
Robert Boyle e Edme Mariotte enunciaram a lei dos gases, que quanti-
ficava a relação existente entre seu volume e pressão. O fato de apresenta-

Química 15 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
rem elevada compressibilidade quando submetidos a altas pressões, indi- tória. Essa teoria estava fundamentada na hipótese proposta por Broglie de
cava que os gases eram constituídos de partículas separadas por grandes que todo corpúsculo atômico pode comportar-se como onda e como partí-
distâncias. Dessa forma, concluiu-se que a matéria não era contínua. Esse cula. Heisenberg postulou, em 1925, seu famoso princípio da incerteza,
e outros fenômenos físicos só encontraram explicação na teoria atômica. segundo o qual não era possível determinar simultaneamente, com preci-
são, a posição e a velocidade de uma partícula subatômica. Dessa forma, a
Ao final do século XIX, o físico alemão Wilhelm Conrad Roentgen des- idéia de órbita eletrônica perdia o sentido, dando lugar ao conceito de
cobriu a existência de um tipo singular de radiação, denominada raios X, probabilidade de encontrar um determinado elétron em uma dada região do
capaz de atravessar um objeto material, sendo parte dessa radiação inci- espaço, em um instante qualquer. O átomo, portanto, diferentemente do
dente absorvida por ele. Observou-se também que a quantidade de energia que haviam proposto Dalton e os antigos filósofos gregos, não era indivisí-
absorvida por um corpo era diretamente proporcional a sua espessura e ao vel, constituindo, na verdade, um microuniverso de enorme complexidade.
peso atômico do material de que era constituído. Aos trabalhos de Roen- Seu estudo levava ao próprio limite da realidade da matéria e fazia desva-
tgen somaram-se as pesquisas do inglês Sir Joseph John Thomson, que necer as noções comuns de certeza e precisão, espaço e tempo, energia e
conseguiu isolar o elétron, partícula carregada negativamente, que parecia matéria.
fazer parte da estrutura do átomo; e o desenvolvimento da teoria da radioa-
tividade, pelo casal Pierre e Marie Curie e por Henri Becquerel. Partículas e parâmetros atômicos. Os elétrons, de carga negativa e
massa infinitesimal, movem-se em órbitas ao redor do núcleo atômico. Esse
O neozelandês Ernest Rutherford demonstrou que, ao bombardear-se último, situado no centro do átomo, é constituído por prótons, partículas de
uma chapa metálica com partículas radioativas alfa, apenas uma pequena carga positiva, com uma massa equivalente a 1.837 vezes a massa do
fração dessas partículas sofria um desvio de trajetória, após atravessar a elétron, e por nêutrons, partículas sem carga e de massa ligeiramente
chapa. Rutherford concluiu que isso ocorria porque as partículas não en- superior à dos prótons. O átomo é, dessa forma, eletricamente neutro, uma
contravam na chapa obstáculos que provocassem uma deflexão em sua vez que possui números iguais de prótons e elétrons.
trajetória. Baseado nisso, propôs um modelo de estrutura atômica na qual O número de elétrons de um átomo é denominado número atômico,
os elétrons, partículas de dimensões mínimas e grande mobilidade, giravam sendo esse valor utilizado para estabelecer o lugar que um elemento ocupa
em torno do núcleo -- região central do átomo e local onde se concentrava na tabela periódica, ordenação sistemática dos elementos químicos conhe-
a maior parte de sua massa -- descrevendo órbitas similares às dos plane- cidos. Cada elemento caracteriza-se por possuir um determinado número
tas em torno do Sol. Dessa forma, a maior parte do átomo se encontraria de elétrons, que se distribuem nos diferentes níveis de energia do átomo,
vazia, com praticamente a totalidade de sua massa condensada no núcleo, ocupando uma série de camadas, designadas pelos símbolos K, L, M, N, O,
que mediria cerca de dez mil vezes menos que o átomo. P e Q. Cada uma dessas camadas possui uma quantidade fixa de elétrons.
Em 1912, Frederick Soddy descobriu que os átomos de um mesmo Assim, a camada K, mais próxima do núcleo, comporta somente dois
elemento poderiam apresentar massas nucleares diferentes. Paralelamen- elétrons; a camada L, imediatamente posterior, oito, e assim por diante. Os
te, Thomson percebeu que um feixe de átomos de neônio submetido à ação elétrons da última camada, os mais afastados da região central, são res-
de um campo magnético se separava em dois feixes, que seguiam trajetó- ponsáveis pelo comportamento químico do elemento, sendo por isso de-
rias diferentes. Dessa experiência Thomson deduziu a existência de duas nominados elétrons de valência.
"formas" para o mesmo elemento, as quais receberam o nome de isótopos. Outro parâmetro importante no estudo dos átomos é o número de mas-
sa, equivalente à soma do número de prótons e nêutrons presentes no
O modelo de Rutherford, entretanto, apresentava sérias lacunas. Como
núcleo. Um átomo pode, por diversos mecanismos, perder elétrons, carre-
era possível que os elétrons girassem em torno dos núcleos sem emitir
gando-se positivamente, e nesse caso é chamado de íon positivo. Por outro
energia radiante? Com o auxílio da teoria quântica, formulada pelo alemão
lado, ao receber elétrons, um átomo se torna negativo, sendo denominado
Max Planck, o dinamarquês Niels Bohr confirmou que os elétrons só podi-
íon negativo. O deslocamento dos elétrons provoca uma corrente elétrica,
am mover-se em determinadas órbitas ou níveis energéticos, nos quais não
que dá origem a todos os fenômenos relacionados à eletricidade e ao
absorviam nem emitiam energia; a absorção ou emissão de energia ocorre-
magnetismo.
ria somente quando um elétron saltava de um nível energético para outro.
Na segunda metade do século XX foram feitas inúmeras pesquisas so-
A hipótese de Bohr permitia explicar a configuração apresentada pelos bre a natureza da força que une os componentes do núcleo. Atualmente, os
espectros de emissão (conjunto de raias correspondentes aos comprimen- físicos reconhecem a existência de quatro forças básicas: além da força da
tos de onda da radiação luminosa emitida pelos átomos) do átomo de gravidade e do magnetismo, a chamada interação nuclear forte, responsá-
hidrogênio -- elemento que apresenta apenas um elétron --, mas era ainda vel pela coesão do núcleo, e a interação nuclear fraca.
insuficiente para explicar a configuração dos espectros de átomos com um
Tais forças de interação nuclear são responsáveis em grande parte pe-
número mais elevado de elétrons.
lo comportamento do átomo. Entretanto, as propriedades físicas e químicas
Coube ao alemão Arnold Sommerfeld introduzir modificações no mode- de um elemento são determinadas predominantemente por sua configura-
lo de Bohr, postulando órbitas elípticas ao invés de circulares e introduzindo ção eletrônica (fórmula estrutural da disposição dos elétrons em torno do
uma série de parâmetros que corrigiam os desvios encontrados entre o núcleo) e, em especial, pela estrutura da última camada de elétrons, ou
modelo antigo e as observações experimentais. A maior falha do modelo de camada de valência.
Bohr advinha do fato de que, embora baseado em conceitos da mecânica Observando-se a tabela criada pelo russo Dmitri Ivanovitch Mendeleiev,
clássica, introduzia princípios que não podiam ser explicados por essa na qual os elementos químicos são ordenados em grupos verticais e perío-
teoria. dos horizontais, conclui-se que as propriedades atribuídas a cada um
desses elementos se repetem ciclicamente; daí o nome de tabela ou siste-
ma periódico de elementos.
Um parâmetro cuja determinação causou grandes problemas aos cien-
tistas foi o peso do átomo. Devido a suas dimensões, um átomo não é
suscetível de pesagem direta e foi necessário encontrar um artifício que
permitisse relacionar os pesos dos diversos átomos. A unidade escolhida
foi o chamado peso de combinação, correspondente ao peso de um átomo
que se liga com uma parte de hidrogênio e oito de oxigênio.
Cabe mencionar, ainda, dois aspectos relacionados à estrutura atômica
e ao comportamento de determinados tipos de átomos. Primeiro, a existên-
cia dos já mencionados isótopos, átomos de um mesmo elemento, com
mesmo número de prótons, porém com uma quantidade diferente de nêu-
trons; segundo, o fenômeno da radioatividade. Através desse processo,
alguns átomos atuam como emissores de uma radiação nuclear, que cons-
Louis Victor de Broglie, Erwin Schrodinger e Werner Heisenberg de- titui a base do uso da energia atômica. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil
senvolveram, em conjunto, uma nova teoria mecânica, denominada ondula- Publicações Ltda.

Química 16 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ELEMENTOS QUÍMICOS E TABELA PERIÓDICA. LOCALIZAÇÃO DOS ELEMENTOS NA TABELA PERIÓDICA
Os elementos representativos estão nos dois extremos da tabe-
TABELA PERIÓDICA la, em colunas A, inclusive os Gases Nobres (coluna 0 ou 8A).
Os elementos de transição estão no centro da tabela, em colunas B.
Características da Tabela Periódica
É importante notar que os elementos situados na parte inferior da tabe-
A Classificação Periódica ou Tabela Periódica é um quadro que reúne la (assinalados com asterísticos) indicam séries com origem no Lantânio e
os elementos químicos, em tal ordem e posição que nos permite agrupá-los no Actínio, chamadas respectivamente de série dos Lantanóides (*) e série
em função de suas propriedades, em linhas e colunas. dos Actinóides (**) e são de transição interna.
Muitas tentativas foram feitas de modo a conservar e ordenar os ele-
mentos, mas o sucesso em tal empresa coube ao gênio russo Dimitri Iva-
novich Mendeleev, que em 1869 criou uma classificação bastante eficiente
colocando os elementos em ordem crescente de massas atômicas, prati-
camente construindo a tabela atual, onde os elementos estão colocados em
linhas horizontais, na ordem crescente dos números atômicos.
Posteriormente, com o descobrimento de novos elementos, alguns já
prognosticados por Mendeleev, Moseley lançou em 1913 o conceito de
número atômico, e a tabela periódica foi reorganizada em função dos
números atômicos crescentes nas linhas horizontais FAMÍLIAS DOS ELEMENTOS REPRESENTATIVOS
Para continuarmos nosso estudo de Tabela Periódica, vamos precisar
de dois conceitos importantes. Estas famílias têm nomes particulares e muito importantes, que são:
Período 1A: Família dos Metais Alcalinos
São as filas horizontais da tabela periódica. Os elementos de um mes- 2A: Família dos Metais Alcalino-Terrosos
mo período têm o mesmo número de camadas, ou níveis de energia. 3A: Família do Boro
O período indica o número de níveis de energia do átomo. 4A: Família do Carbono
Família ou Grupo 5A: Família do Nitrogênio ou Pnicogênios
São as filas verticais da tabela periódica, cada uma delas encimada por 6A: Família dos Calcogênios ou Chalcogênios
um número e uma letra. Os elementos de uma mesma família apresentam 7A: Família dos Halogênios
a mesma configuração eletrônica no último nível, e apresentam proprieda- 8A: Família dos Gases Nobres, Raros ou Inertes
des químicas semelhantes. Nos elementos das famílias A, o número da
família corresponde ao número de elétrons no último nível. Propriedades Periódicas
Ex.: Os elementos estão dispostos na tabela em ordem crescente de seus
11Na: 1s2 2s2 2p6 3s1
números atômicos, e quando fazemos um estudo comparativo de suas
família: 1A período: 3 propriedades, podemos notar:
1.º) Algumas propriedades crescem ou decrescem em cada período, à
531. 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d’0 4p6 5s2 4d10 5p5 medida que aumenta o atômico, e são chamadas Propriedades Periódicas.
família: 7A período: 5 Exemplos: etronegatividade, eletropositividade, potencial de ionização,
afinidade eletrônica, densidade, volume atômico, raio atômico, raio covalen-
te, ponto de fusão, reatividade química, etc.
CLASSIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS
2.º) Outras propriedades simplesmente crescem ou decrescem à medi-
Elementos Representativos da que o n2 atômico aumenta, não sendo esta variação observada em
função dos períodos, mas sim continuamente ao longo da tabela, e são
Apresentam seu elétron de diferenciação (mais energético) em subní- chamadas Propriedades Aperiódicas.
veis s2, p6 ou d10.
Exemplos: massa atômica, calor especifico, etc.
Vamos analisar o Na(Z= 11) e o Cl (Z= 17) Das propriedades nos interessam algumas periódicas.
Eletronegatividade
E a tendência que o átomo dos elementos apresenta em atrair elétrons.
E maior quanto maior o número de elétrons do último nível e menor o
tamanho do átomo.
Elementos de Transição
Apresentam seu elétron de diferenciação (mais energético) em
subnível d. São também chamados de Elementos de Transição
Externa.
Vamos avaliar o Sc (Z = 21) Caráter Metálico
E a somatória de todas as propriedades dos metais (eletropositividade,
reatividade química, condutibilidade elétrica, condutibilidade térmica, etc. ).
Elementos de Transição Interna O caráter metálico é definido para todos os elementos da tabela, pois
indica a tendência destes a se comportarem como metais.
Apresentam seu elétron de diferenciação em subnível f. São
também chamados de Elementos Terras-Raras, e dividem-se em
Lantanóides (período 6) e Actinóides (período 7).
Vamos analisar o Ce (Z = 58)
Potencial de Ionização
É a quantidade de energia fornecida a um átomo isolado, no estado
gasoso, para retirar o elétron mais afastado do núcleo, produzindo um íon
positivo.

Química 17 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Obs.: Afinidade Eletrônica
1) O potencial de ionização pode ser medido em qualquer unidade de É a quantidade de energia libertada pelo átomo isolado, no estado ga-
energia, como, por exemplo, a quilocaloria, o joule e o elétron-volt. soso, ao receber um elétron em seu último nível e transformar-se em um
2) Pode-se retirar mais de um elétron do átomo, mas os valores do po- íon negativo.
tencial de ionização tornam-se maiores. Obs.: Também é medida em qualquer unidade de energia.
Expressão geral: B(g) + e-  B(g) + energia

Raio Atômico
Ë a distância entre o núcleo do átomo e o extremo de sua eletrosfera. E Reatividade Química
medido de forma indireta, sendo calculado como metade da distância entre Mede a tendência do elemento a reagir quimicamente com outros. Os
os núcleos de dois átomos vizinhos. mais reativos são os muito eletronegativos e os muito eletropositivos.

Química 18 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
REAÇÕES QUÍMICAS. 3. O índice do elemento do primeiro membro será coeficiente deste ele-
mento no segundo membro, e vice-versa.
REAÇÕES QUÍMICAS 4. Partindo-se destes coeficientes, acertam-se os demais.
As combinações entre as substâncias são fenômenos químicos. Esses Ex.:
fenômenos são chamados de reações químicas. Balancear a equação: P2O5 + H2O  H3PO4.
Em toda reação química ocorre uma nova arrumação dos átomos. Isso 1) Escolhemos o fósforo ou o hidrogênio para iniciar. O mais adequado
acontece porque são destruídas as ligações químicas das moléculas das é o H.
substâncias que se combinam e os átomos estabelecem novas ligações
2) Utilizando-se índices como coeficientes no hidrogênio, temos:
químicas, formando moléculas diferentes que se arrumam, dando origem a
novas substâncias. P2O5+3H2O— 2H3PO4
As reações químicas são representadas por meio das fórmulas das Acertando o fósforo temos:
substâncias reagentes, de números que indicam sua quantidade e de sinais 1 P2O5 + 3 H3O —4 2 H3PO4.
gráficos que traduzem os fenômenos que ocorrem entre as substâncias. O
Obs.: O coeficiente 1 pode ser omitido.
resultado é uma expressão gráfica de um fenômeno que ocorre com a
matéria. Essa expressão gráfica é chamada equação química. Vejamos REAÇÕES INORGÂNICAS
como escrever corretamente uma equação química:
Podemos dividir as reações inorgânicas em quatro grandes grupos:
Escrevem-se primeiro os símbolos das substâncias reagentes, unindo-
os pelo sinal de adição. a) Reações de combinação ou síntese

Em seguida, acrescenta-se uma seta (ou o sinal de =) que indica o sen- Ocorrem quando duas ou mais substâncias reagem para formar uma
tido da reação: única substância.

Depois, escreve-se o símbolo do produto resultante; se houver mais de 1.º caso: metal + ametal  sal ou óxido
uma substância, unem-se seus símbolos com o sinal de adição: 2 Na(S) + Cl2(g)  2 NaCl(S)
Os dois membros que compõem a equação química devem ser 4 Fe (s) + 3 O2(g)  2Fe2O3
quantitativa e qualitativamente iguais, ou seja, é preciso que os dois mem-
bros estejam equilibrados. 2.º caso: ametal + ametal  composto molecular
O equilíbrio da equação química vem demonstrar que, numa reação N2(g) + 3 H2(g)  2 NH3(g)
química, os átomos continuam os mesmos. Isto é, o número de átomos de
cada elemento continua sendo o mesmo, antes e depois da reação. H2(g) + Cl2(g)  2 HCl(g)
3.º caso: óxido ametálico + água  oxiácido (ácido que contém
oxigênio)
• REPRESENTAÇÃO DAS TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS – SO3(g) + H2O(I)  H2SO4(aq)
FÓRMULAS QUÍMICAS. BALANCEAMENTO DE EQUAÇÕES
QUÍMICAS. ASPECTOS QUANTITATIVOS DAS TRANSFORMA- CO2(g) + H2O(l)  H2CO3(aq)
ÇÕES QUÍMICAS. LEIS PONDERAIS DAS REAÇÕES QUÍMICAS. 4.º caso: óxido metálico + água  hidróxido do metal
DETERMINAÇÃO DE FÓRMULAS QUÍMICAS. GRANDEZAS
QUÍMICAS: MASSA, VOLUME, MOL, MASSA MOLAR, CONS- Na2O(S) + H2O(I)  NaOH(aq)
TANTE DE AVOGADRO. CÁLCULOS ESTEQUIOMÉTRICOS. CaO(s) + H2O(l)  Ca(OH)2(aq)
b) Reações de Decomposição ou análise
REAÇÕES QUÍMICAS INORGÂNICAS
Reações onde um reagente dá origem a duas ou mais substâncias.
Como sabemos, os compostos se formam através de ligações quími-
cas, na tentativa de diminuir o contéúdo energético dos átomos cons- 2 H2O(I)  2H2(g) + O2(g)
tituintes da substância. Mas o contato com outras substâncias pode fazer CaCO3(S) — CaO(S) + CO2(g)
com que este arranjo inicial seja modificado, e novas substâncias se for-
mem pela recombinação dos elementos. c) Reações de Substituição, Deslocamento ou Simples Troca
Este rearranjo ocorre no sentido de diminuir ainda mais o conteúdo Ocorrem quando um elemento mais reativo, em uma substância sim-
energético dos átomos presentes, com a formação de substâncias mais ples, entra em contato com uma substância composta. A substituição pode
estáveis que as anteriores. ocorrer no cátion ou no ânion.
As reações químicas, portanto, ocorrem apenas quando as substâncias Série de Reatividade de alguns metais (ordem decrescente):
que eventualmente se formarão (produtos), apresentarem energia interna
Li, K, Sr, Ca, Na, Mg, AI, Zn, Fe, Ni, Sn, Pb, H, Cu, Hg, Ag, Au
menor que as iniciais (reagentes).
Série de Reatividade de alguns ametais (ordem decrescente):
BALANCEAMENTO DE EQUAÇÃO
F, O, Cl, Br, I, S, ...
Acertar os coeficientes de uma equação química (balancear) significa
igualar o número total de átomos de cada elemento no primeiro e no se- Exemplos de reações de substituição:
gundo membros.
Zn(S) + CaSO4(aq)  não reagem, pois o Ca, que deveria ser substituí-
Pode-se balancear as equações pelo método das tentativas, seguindo- do, é mais reativo que o Zn.
se as seguintes regras:
Al(S) + 3AgNO3(aq)  Al(NO3)3(aq) + 3 Ag(s). A reação ocorre, bois o Al é
1. Pega-se um elemento que aparece em só uma substância no primeiro mais reativo que o Ag.
membro e em só uma substância no segundo membro.
d) Reações de dupla troca ou metáteses
2. Se acontecer a condição acima com mais de um elemento, escolhe-se
o de maior índice. Reações entre substâncias compostas, onde ocorre a inversão dos cá-
tions dos reagentes.
Química 19 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Estas reações ocorrem apenas se um dos produtos for: Podemos calcular a massa de bromobenzeno obtida por meio de um
dos seguintes cálculos:
a) Um precipitado: sal ou base insolúvel em água.
C6H6________________ C6H5Br
b) um gás.
78 g ________________ 157 g
c) uma substância pouco ionizada. 48,75 g_______________ y
Ex.: y = 98,1 g
AgNO3(aq) + NaCl(aq)  AgCl(s) + NaNO3(aq) . O AgCl é insoluvel. ou
Na2CO3(aq) + 2 HNO3(aq)  2 NaNO3(aq) + CO2(g) + H2O (I) Br2________________ C6H5Br
160 g ______________ 157 g
HCl(aq)+NaOH(aq)  NaCl (aq) + H2O (I) A água é substância pouco ioni-
zada. 100 g ______________ z

ESTEQUIOMETRIA z = 98,1 g

É a parte da química que envolve os cálculos das quantidades de rea- Cálculo do rendimento de uma reação
gentes e produtos nas reações químicas. Freqüentemente não é igual a 100%
C2H6O(l) + 3O2(g) 2(g) + 3H2O(v)
Valor teórico = massa teórica __100%
O cálculo estequiométrico não pode ser dispensado por nenhum pro-
cesso químico .(laboratório ou indústria), porque é através de sua aplicação Valor real = massa real_______ R %
envolvendo as leis ponderais e volumétricas obtém-se: Cálculo do grau de pureza
 rendimento de processos industriais
Massa total com impurezas____100 %
 grau de pureza de uma amostra
Massa pura__________________ P %
Para resolvermos problemas de cálculo estequiométrico precisamos:
Exemplo:
 equação representativa da reação química
 ajustar o coeficiente O minério de sulfeto de zinco denominado Blenda, é encontrado na na-
tureza com pureza máxima de 82 % . Qual é a massa de sulfeto de zinco
 aplicar cálculos de proporções (como a regra de 3) puro existente em 105 T de minério ?
*Obs.: lembrando que a proporção entre coeficientes é uma proporção
100 % __________105 T
entre moléculas, que é a que existe entre mols das substâncias.
Exemplo 1: Combustão completa do álcool etílico 82 % __________ m
C2H5OH + 3 O2 2 + 3 H2O m = 86,1 T
1 molécula : 3 moléculas : 2 moléculas : 3 moléculas (proporção mole- CONCEITOS E CÁLCULOS DECORRENTES DAS LEIS E DA TEO-
cular) RIA ATÔMICA-MOLECULAR.
6,02 x 1023 : 18,06 x 1023: 12,04 x 1023 : 18,06 x 1023
Unidade de massa atômica (uma)
1 mol 3 mols 2 mols 3 mols (proporção molar)
Utiliza-se como padrão o isótopo 12 do átomo de carbono ( é o átomo
46 g 3 x 32 g 2 x 44g 3 x 18 g (proporção ponderal) que possui 6 prótons e 6 nêutrons em seu núcleo). A esse átomo foi atribu-
----- 3 x 22,4 L 2 x 22,4 L 3 x 22,4 L (proporção volumétricaCNTP) ída arbitrariamente a massa 12, então desse átomo separou-se uma "fatia"
Qualquer que seja a solicitação de cálculo utilizamos uma regra de 3 correspondente a um doze avos ( 1/12 de 12 é igual a 1), que é usada
entre qualquer item. como unidade internacional para a medida de massas atômicas e molecula-
res.
Massas em excesso: deve-se retirar o excesso para poder trabalhar
Atualmente, pode-se determinar experimentalmente que uma é  1,66
com a proporção exata.
x 10–24 g.
Exemplo: Massa atômica (MA): é a massa do átomo medida em unidades de
Na reação entre benzeno (C6H6) e bromo (Br2) forma-se bromobenzeno massa atômica (u). Ela indica quantas vezes o átomo considerado é mais
(C6H5Br) e bromidreto (HBr) , segundo a equação abaixo. Colocam-se para pesado que 1/12 do átomo de C12.
reagir 50 g de benzeno e 100 g de bromo: Massa molecular (MM): é a massa medida em unidades de massa
1) a reação atômica (u).
C6H6 + Br2  C6H5Br + HBr Exemplos:
1) molécula de CO2 (gás carbônico)
2)as massas molares
C: 12 x 1 = 12
MM (C6H6) = 78 g
O: 16 x 2 = 32
MM (Br2) = 160 g
MM (CO2) = 12 + 32 = 44
MM (C6H5Br) = 157 g
2) molécula de H2SO4 (ácido sulfúrico)
3) quem está em excesso? H: 1 x 2 = 2
C6H6 + Br2  C6H5Br + HBr S: 32 x 1 = 32
78 g ________________160 g O: 16 x 4 = 64
x ________________ 100 g MM (H2SO4) = 98
x = 48,75 g 3) molécula de C12H22O11 (glicose)
48,75 g é a massa de C6H6 que reagirá efetivamente com os 100 g de C: 12 x 12 = 144
Br2 H: 22 x 1 = 22
O: 11 x 16 = 176

Química 20 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
MM (C12H22O11) = 342
• MATERIAIS, SUAS PROPRIEDADES E USOS – PROPRIEDA-
Átomo-grama ou molécula-grama DES DE MATERIAIS. ESTADOS FÍSICOS DE MATERIAIS. MU-
DANÇAS DE ESTADO. MISTURAS: TIPOS E MÉTODOS DE
Elemento ou Subs- Massa atômica ou Átomo-grama ou SEPARAÇÃO. SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS: CLASSIFICAÇÃO E
tância Massa molecular Molécula-grama
CARACTERÍSTICAS GERAIS. METAIS E LIGAS METÁLICAS.
"Valores comparados "Quantidades pesadas
ao átomo de carbono- numa balança"
FERRO, COBRE E ALUMÍNIO. LIGAÇÕES METÁLICAS. SUBS-
12" TÂNCIAS IÔNICAS: CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES.
SUBSTÂNCIAS IÔNICAS DO GRUPO: CLORETO, CARBONATO,
Carbono (C) 12 uma 12 g
NITRATO E SULFATO. LIGAÇÃO IÔNICA. SUBSTÂNCIAS MO-
Cálcio (Ca) 40 uma 40 g LECULARES: CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES. SUBS-
Dióxido de Carbono 44 uma 44 g TÂNCIAS MOLECULARES: H2, O2, N2, CL2, NH3, H2O, HCL,
(CO2) CH4. LIGAÇÃO COVALENTE. POLARIDADE DE MOLÉCULAS.
Sacarose 342 uma 342 g FORÇAS INTERMOLECULARES. RELAÇÃO ENTRE ESTRUTU-
RAS, PROPRIEDADE E APLICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS.

 Obs: 1 átomo-grama ou 1 molécula-grama não indicam a massa


de um único átomo ou de uma única molécula em gramas. Representam PROPRIEDADES DA MATÉRIA
"pacotes" contendo um número enorme de átomos ou moléculas. Toda matéria apresenta propriedades que são qualidades especiais
NÚMERO OU CONSTANTE DE AVOGADRO. que a caracterizam. As propriedades estão divididas em:
- gerais
NÚMERO DE AVOGADRO = 6,02 x 1023
- funcionais
É referente ao "pacote" que contém 1 átomo-grama.
- específicas
Mol.
Propriedades gerais: são aquelas que se referem a todos os tipos de
Com o passar do tempo, generalizou-se na Química a aplicação do matéria. Exemplos: inércia, massa,
número de Avogadro, como mostramos a seguir: Propriedades funcionais: são aquelas que determinam as funções da
matéria. Exemplos: ácidos, bases, sais e óxidos.
1 atómo-grama de 40g de Ca 6,02 x 1023
átomos
Ca de Ca Propriedades específicas: são aquelas que dão características e que
1 molécula-grama 44g de CO2 6,02 x 1023 molé- permitem identificar determinadas matérias, Exemplos: ser incolor, ser
de CO2 culas de CO2 brilhante.
1 íon-grama de Na+ 23g de Na+ 6,02 x 1023 íons de PROPRIEDADES GERAIS
Na+ INÉRCIA
1 elétron-grama de 1/1836 g de elé- 6,02 x 1023 elé- É a resistência que todos os corpos têm a qualquer modificação de seu
elétrons tron trons estado de repouso ou movimento.
1 átomo-grama de 12g de 12C 6,02 x 1023 átomos Para que esse conceito se torne mais claro, veja o que acontece
12C de 12C quando você anda de bicicleta.
   Para que ela comece a se movimentar, é necessário que se use de
Mol Quantidade de Número constante força muscular para pedalar, caso contrário ela continuará parada (em
matéria (Avogadro) partí- repouso). A matéria, nesse caso, é a bicicleta, que tem a propriedade de
culas ou entidades manter seu estado de repouso a menos que sofra a ação da força
elementares muscular. Se você estiver correndo com sua bicicleta e freá-la bruscamente
(alterando seu estado de movimento), a tendência do seu corpo è de ser
Daí surgiu a definição moderna de Mol ligada ao padrão de massas projetado para frente, como querendo continuar a corrida. A matéria, no
atômicas. caso, é o seu corpo que quer continuar seu estado de movimento mas é
Mol: é a quantidade de matéria de um sistema, que contém tantas en- interrompido pela força da freada. Vemos, então, que todos os corpos têm
tidades elementares (átomos, moléculas, íons, elétrons, etc.) quantos inércia, só a alteramos quando sofrem a ação de uma força.
átomos existem em 12g de carbono-12. MASSA
Massa molecular. É a quantidade de moléculas existentes em um corpo,
É a massa, em gramas, de um mol da substância (íons, elétrons, etc.). A massa de um corpo pode ser medida através de uma balança, para
isso utiliza-se como unidade padrão o quilograma. (Kg).
Volume Molar (Vm) de um gás, em determinada pressão e temperatu-
Um indivíduo que ao subir na balança registra 70 Kg, terá esse
ra, é o volume que 1 mol de gás ocupa na pressão e temperatura conside-
resultado como sendo sua massa.
radas.
PES0
Nas condições normais de pressão e temperatura (CNTP) o volume
molar é 22,4L. É a ação da força de gravidade sobre a massa de um corpo. ,

Para calcular o Vm em qualquer outra condição de pressão e tempera- Quanto maior a massa, maior será a ação da gravidade sobre ela,
tura, bastará aplicar a Equação Geral dos Gases: tornando seu peso maior. O peso de um corpo é medido pelo dinamômetro
e a unidade padrão é o quilograma-força (Kgf).
P x V P0 x V0 Assim, no espaço, onde não existe gravidade, um astronauta continua-
 rá tendo a massa de seu corpo em 70 Kg, mas não terá peso.
T T0
Se pesarmos em um dinamômetro 1 Kgf de algodão e 1 Kgf de chum-
bo, eles terão o mesmo peso, mas será necessário uma quantidade de
massa maior de algodão para atingir esse peso.

Química 21 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
EXTENSÃO c) DENSIDADE
É a capacidade que a matéria tem de ocupar lugar no espaço, Dividindo a massa de um substância por seu volume, obtemos a sua
Toda a matéria, por ocupar um lugar no espaço, tem um volume que densidade:
pode ser calculado através de medidas.
M
IMPENETRABILIDADE d
Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo. v
Se numa cadeira estiver alguém sentado, para que o outro sente, só Como a massa é dada em gramas (g) e o volume em centímetro cúbico
existem duas opções: ou ele senta no colo do primeiro ou este levanta-se e (g/cm³).
cede o lugar. Jamais os dois poderiam sentar na mesma cadeia, ao mesmo
tempo, ocupando o mesmo lugar. Logo, um corpo não pode penetrar no Tabela de densidade:
outro sem que desloque as matéria. Ao cravarmos a faca numa maçã, ela SUBSTÂNCIA DENSIDADE
só penetra porque as moléculas da maçã se afastam, cedendo espaço para água 1 g/cm³
a lâmina. O espaço agora ocupado pela faca não é mais ocupado pela gelo 0,92
maçã. ouro 19,3
COMPRESSIBILIDADE chumbo 11,3
centro do sol 100 g/cm³
É a capacidade que a matéria tem de ter reduzido o espaço ocupado
por seu corpo (volume). Todos os corpos, independentemente do seu Quando colocamos um cubo de gelo dentro de um recipiente com água
estado físico, apresentam espaços entre suas moléculas, átomos ou íons, líquida, ele bóia.
por isso, quando comprimimos, reduzem seu volume, aproximando-os.
Embora sólido, o cubo de gelo tem densidade menor que a água e por
Como exemplo, o botijão de gás de cozinha, onde um volume grande desse
isso, flutua.
combustível cabe num recipiente pequeno, o que justifica a pressão com
que ele escapa pela válvula. PROPRIEDADES QUÍMICAS
ELASTICIDADE Estão relacionadas aos fenômenos químicos que alteram a estrutura
É a capacidade que a matéria tem de retornar ao seu volume inicial, da matéria, formando novas substâncias com propriedades diferentes. Ex.:
depois que cessa a força que a deformou. ao misturarmos: limão, açúcar e água, obtemos uma limonada.
Depois de esticado, ao soltarmos o elástico, ele retorna ao seu PROPRIEDADES ORGANOLÉPTICAS
comprimento normal.
São aquelas percebidas pelos nossos sentidos: cor, odor, sabor, brilho,
DIVISIBILIDADE
textura.
É a capacidade que a matéria tem de ser dividida sempre em partes
COR
menores.
Ao quebrarmos a rocha com o martelo, obteremos fragmentos cada vez - coloridas = anilina
menores até chegarmos ao pó. - incolores = água
PROPRIEDADES FUNCIONAIS SABOR
São propriedades apresentadas por um grupo de substâncias. - sápidas (com sabor) = açúcar
O grupo passa chamar-se função química. Temos quatro funções - insípidas (sem cheiro) = ar
químicas:
ODOR
- ácidos
- odoríferas (com cheiro) = sabonete
- bases
- inodoras (sem cheiro) = água
- sais
BRILHO
- óxidos
- refletem a luz = ouro
PROPRIEDADES ESPECÍFICAS
- não refletem a luz = madeira
São propriedades que caracterizam certas substâncias puras,
identificando-as. TEXTURA
As propriedades específicas são divididas em três grupos: - lisa = vidro polido
- propriedades físicas - áspera - lixa
- propriedades químicas ESTADOS FÍSICOS DA MATÉRIA
- propriedades organolépticas A matéria se apresenta em 3 estados físicos diferentes, a saber:
PROPRIEDADES FÍSICAS  SÓLIDO
Estão relacionadas com os fenômenos físicos, em que não há  LÍQUIDO
modificação da estrutura interna da matéria.
 GASOSO
a) PONTO DE FUSÃO, SOLIDIFICAÇÃO, EBULIÇÃO E
CONDENSAÇÃO Estado Sólido
É a temperatura necessária para que a substância mude de estado fí- O estado sólido é caracterizado pela forma e volume constantes.
sico, a determinada pressão, sem perder suas características básicas. A Isto é, se você mudar um objeto sólido de um local para outro, seu vo-
água passa para sólido (gelo), vapor ou liquido, sem alterar sua composi- lume e seu formato não mudarão. Um prego terá o mesmo formato se
ção química H2O . colocado em um copo, em uma panela, em uma forma oval, ou em outro
b) CALOR ESPECÍFICO qualquer recipiente, ou seja: um material sólido tem sempre o mesmo
formato e o mesmo volume qualquer que seja o recipiente.
É a quantidade de calor necessário para elevar um grau Celsius (1°C)
temperatura de uma grama (1g) de massa de uma substância. Cada tipo de Estado Líquido
substância necessita de uma quantidade determinada de calor para que
isso aconteça. O estado LIÍQUIDO é caracterizado pelo volume constante, mas tem a
forma variável.

Química 22 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Se você mudar um líquido de recipiente, seu volume não mudará, isto Ebulição
é, o líquido só vai ocupar uma parte do recipiente, mas seu formato mudará
pois o líquido vai ter o mesmo formato do recipiente. A EBULIÇÃO é a passagem do estado LÍQUIDO para o estado
GASOSO.
Vamos realizar uma experiência, na qual você usará os seguintes
materiais: Vamos realizar uma outra experiência para a qual os materiais usados
serão os seguintes:
um copo
uma panela
água
um pouco de água
uma tigela ou uma panela
um fogão ou um fogareiro
Encha o copo com água e observe seu formato.
Coloque um pouco de água na panela, leve ao fogo e verifique que de-
Em seguida, transfira a água para uma tigela ou uma panela e observe pois de um certo tempo inicia-se uma forte agitação no liquido. Olhe para a
que, à medida que o líquido muda de recipiente, seu formato também superfície da água, você verá que o líquido está se transformando num
muda. Transfira de novo o líquido para o copo. Você verá que o volume vapor.
conservou-se o mesmo pois a altura da água voltará a ser a mesma no
copo. Esta transformação recebe o nome de EBULIÇÃO. Repare que o vapor
irá se distribuir por todo o cômodo, pois, como você já sabe, os vapores não
Você comprovará com isto que um material líquido, quando mudado de têm volumes próprios ocupando sempre todo o volume dos recipientes que
recipiente, conserva seu volume mas não conserva seu formato. os encerram.
Estado gasoso Liquefação
O estado GASOSO é caracterizado pela forma e volume variáveis. A LIQUEFAÇÃO é a passagem do estado GASOSO para o estado
LÍQUIDO.
Se você mudar um gás de recipiente, ele ocupará todo o volume do re-
cipiente, adaptando-se perfeitamente ao seu formato, seja ele qual for. Vamos realizar mais uma experiência, para a qual os materiais usados
serão os seguintes:
Vamos a mais uma experiência. Desta vez você vai precisar dos
seguintes materiais: uma chaleira
um frasco de amoníaco, um cômodo qualquer de sua casa água
No cômodo, coloque o frasco de amoníaco destapado. um copo de vidro
Do frasco, sairá um gás que você não verá, mas sentirá sua presença Pegue uma chaleira, coloque um pouco de água, tampe e aqueça. De-
pelo cheiro. pois de algum tempo você verá o vapor da água saindo pelo bico da chalei-
ra.
Em pouco tempo, se você se afastar do frasco, poderá sentir o cheiro
do gás em todo o cômodo. Isto prova que o gás se espalhou por todo o am- Pegue o copo com pano, vire de cabeça para baixo de tal maneira que
biente. Repetindo a experiência em outros cômodos com outros formatos, o vapor de água, que está saindo da chaleira, entre no copo. Ao encontrar
você poderá concluir que: o volume e o formato dos gases mudam confor- as paredes frias do copo, o vapor da água voltará ao estado líquido. Isto
me o recipiente que os encerra. você poderá comprovar através da formação de gotas de água no interior
do copo. Dizemos que o vapor de água sofreu uma LIQUEFAÇÃO, que
MUDANÇAS DE ESTADO também recebe o nome de condensação.
FÍSICOS Solidificação
Agente Transformador A SOLIDIFICAÇÃO é a passagem do estado LÍQUIDO para o estado
Os estados físicos são facilmente transformáveis em outro. Estas trans- SÓLIDO.
formações podem ser conseguidas graças ao calor. O calor transforma um Na geladeira, quando colocamos a água, que está no estado líquido,
sólido em líquido e um líquido em vapor. A retirada de calor transforma o no congelador, temos a formação de gelo, que está no estado sólido.
vapor em líquido e o líquido em sólido.
Sublimação
Fusão
A SUBLIMAÇÃO é a passagem direta do estado SÓLIDO para o esta-
A FUSÃO é a passagem do estado SÓLIDO para o estado LÍQUIDO. do GASOSO, sem a passagem pelo estado Líquido.
Vamos realizar mais uma experiência, para a qual você deve munir-se São poucos os materiais que sofrem esta transformação. Como exem-
dos seguintes materiais: plo poderemos citar o iodo e a parafina.
pedaços de gelo Aquecendo-se parafina, esta passa direto para o estado gasoso. Colo-
uma panela cando-se no trajeto uma superfície fria a parafina irá solidificar-se em forma
de agulhas. A naftalina também sofre sublimação.
um fogão ou fogareiro
Pegue um ou mais pedaços de gelo, coloque na panela, leve ao fogão
e aqueça. Você verá que o gelo, que é um sólido, transformar-se-á em MISTURAS: TIPOS E MÉTODOS DE SEPARAÇÃO.
água, que é um líquido.
O responsável por essa transformação foi o calor e a transformação re- SEPARAÇÃO DE MISTURAS
cebe o nome de FUSÃO.
Na natureza, raramente encontramos substâncias puras. Em função
Repita o aquecimento com outros materiais, tais como manteiga, sa- disso, é necessário utilizarmos métodos de separação se quisermos obter
bão, etc. Mude também de recipiente, usando uma colher ou uma lata e uma determinada substância.
você verá que sempre que o material passa para o estado liquido, ele vai
adquirir o formato do recipiente que o contém, pois como você já sabe, os Para a separação dos componentes de uma mistura. Ou seja, para a
sólidos têm formato invariável, mas os líquidos têm formato variável. obtenção separada de cada uma das suas substâncias puras que deram
origem à mistura, utilizamos um conjunto de processos físicos denominados

Química 23 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
análise imediata. Esses processos não alteram a composição das subs-  vira-se lentamente a mistura em um outro frasco;
tâncias que formam uma dada mistura.
 com o auxílio de um sifão, transfere-se a fase líquida para um outro
A escolha dos melhores métodos para a separação de misturas exige frasco (sifonação)
um conhecimento anterior de algumas das propriedades das substâncias
presentes. Assim, se tivermos uma mistura de açúcar e areia, devemos a) Centrifugação: é uma maneira de acelerar o processo de decanta-
saber que o açúcar se dissolve na água, enquanto a areia não se dissolve. ção, utilizando um aparelho denominado centrifuga. Na centrífuga, devido
ao movimento de rotação, as partículas de maior densidade, por inércia ,
Muitas vezes, dependendo da complexidade da mistura, é necessário são arremessadas para o fundo do tubo.
usar vários processos diferentes, numa seqüência que se baseia nas
propriedades das substâncias presentes na mistura. b) Filtração simples: a fase sólida é separada com o auxílio de papéis
de filtro. A preparação do café e o filtro de água são dois exemplos do uso
Alguns dos métodos de separação são tão comuns que nem pensamos da filtração no dia-a-dia.
neles como processos de separação, por exemplo, a "escolha" dos grãos
de feijão (catação) e a separação de amendoim torrado das suas cascas c) Filtração à vácuo: O processo de filtração pode ser acelerado pela
(ventilação), ou ainda as máquinas existentes em bancos, as quais sepa- filtração à vácuo, onde uma trompa de vácuo "suga" o ar existente na parte
ram as moedas em função de seus tamanhos (tamisação). Esse processo interior do kitassato, o que permite um mais rápido escoamento do líquido.
é também usado para separar laranjas em diferentes tamanhos ou quando Observe o esquema ao lado.
usamos uma peneira.
III- LÍQUIDO - LÍQUIDO
Vamos estudar agora, alguns desses principais processos de separa-
Decantação: separam-se líquidos imiscíveis com densidades diferen-
ção.
tes; o líquido mais denso acumula-se na parte inferior do sistema. Em
01. SEPARAÇÃO DOS COMPONENTES DE MISTURAS HETERO- laboratório usa-se o funil de bromo, também conhecido como funil de
GÊNEAS decantação, ou ainda, funil de separação. Num sistema formado por água e
óleo, por exemplo, a água, por ser mais densa, localiza-se na parte inferior
I - SÓLIDO - SÓLIDO do funil e é escoada abrindo-se az torneira de modo controlado. A decanta-
a) Catação: usando a mão ou uma pinça, separam-se os componentes ção pode ser feita de uma maneira mais rudimentar, utilizando-se um sifão
sólidos. (sifonação).

b) Ventilação: o sólido menos denso é separado por uma corrente de IV- GÁS - SÓLIDO
ar. a) Decantação: a mistura passa através de obstáculos, em forma de
c) Levigação: o sólido menos denso é separado por uma corrente de zigue-zague, onde as partículas sólidas perdem velocidade e se depositam.
água. A levigação é usada, por exemplo, para separar areia e ouro: a areia Industrialmente, esse processo é feito em equipamento denominado
é menos densa e por isso, é arrastada pela água corrente; o ouro, por ser câmara de poeira ou chicana, conforme o esquema:
mais denso, permanece no fundo da bateia.
b) Filtração: A mistura passa através de um filtro, onde o sólido fica re-
d) Separação magnética: um dos sólidos é atraído por um ímã. Esse tido. Esse processo é muito utilizado nas indústrias, principalmente para
processo é utilizado em larga escala para separar alguns minérios de ferro evitar o lançamento de partículas sólidas na atmosfera. A filtração é tam-
de suas impurezas. bém usada nos aspiradores de pó, onde o sólido é retido (poeira) à medida
e) Cristalização fracionada: todos os componentes da mistura são que o ar é aspirado.
dissolvidos em um líquido que, em seguida, sofre evaporação provocando a 02 . SEPARAÇÃO DOS COMPONENTES DE MISTURA HOMOGÊ-
cristalização separada de cada componente. A cristalização fracionada é NEA
usada, por exemplo, nas salinas para a obtenção de sais a partir da água
do mar. A evaporação da água permite a cristalização de diferentes sais, I- SÓLIDO - LÍQUIDO
sendo que o último a ser obtido é o cloreto de sódio (NaCl), usado na
Nas misturas homogêneas sólido-líquido (soluções), o componente só-
alimentação.
lido encontra-se totalmente dissolvido no líquido, o que impede as sua
f) Dissolução fracionada: um dos componentes sólidos da mistura é separação por filtração. A maneira mais comum de separar os componen-
dissolvido em um líquido. Por exemplo, a mistura sal + areia. Colocando-se tes desse tipo de mistura está relacionada com as diferenças nos seus
a mistura em um recipiente com água, o sal irá se dissolver e a areia se pontos de ebulição (PE). Isto pode ser feito de duas maneiras:
depositar no fundo do recipiente, podendo agora ser separados pelos
a) Evaporação: a mistura é deixada em repouso ou é aquecida até o
seguintes processos: a filtração separa a areia (fase sólida) da água
líquido (componente mais volátil) sofra evaporação. Esse processo apre-
salgada (fase líquida) e com a evaporação da água obteremos o sal.
senta um inconveniente: a perda do componente líquido.
g) Peneiração: usada para separar sólidos constituintes de partículas
b) Destilação simples: a mistura é aquecida em uma aparelhagem
de dimensões diferentes. São usadas peneiras que tenham malhas diferen-
apropriada, de tal maneira que o componente líquido inicialmente evapora
tes. Industrialmente, usam-se conjuntos de peneiras superpostas que
e, a seguir, sofre condensação, sendo recolhido em outro frasco. Veja como
separam as diferentes granulações.
é feita a destilação em laboratório:
h) Fusão fracionada: Serve para separar sólidos, tomando por base
Obs.: A entrada de água corrente no condensador deve ser feita pela
seus diferentes pontos de fusão. Baseia-se, portanto, num aquecimento da
parte inferior do aparelho para permitir que seu tubo externo esteja sempre
mistura com controle da temperatura.
completamente preenchido por água fria, que irá sair pela parte superior.
i) Sublimação: é usada quando um dos sólidos, por aquecimento, se
II - LIQUIDO - LÍQUIDO
sublima (passa para vapor), e o outro permanece sólido. Exemplo: sal e
iodo ou areia e iodo (o iodo se sublima por aquecimento). a)Destilação fracionada: consiste no aquecimento da mistura de líqui-
dos miscíveis (solução), cujos pontos de ebulição (PE) não sejam muito
Obs.: As principais substâncias que podem ser separadas por sublima-
próximos. Os, líquidos são separados na medida em que cada um dos seus
ção são: o iodo, o enxofre e a naftalina (naftaleno).
pontos de ebulição é atingido. Inicialmente, é separado o líquido com menor
II- SÓLIDO - LÍQUIDO PE; depois, com PE intermediário e assim sucessivamente até o líquido de
maior PE. A aparelhagem usada é a mesma de uma destilação simples,
a) Decantação: a fase sólida, por ser mais densa, sedimenta-se, ou se- com o acréscimo de uma coluna de fracionamento ou retificação. Um dos
ja, deposita-se no fundo do recipiente tipos mais comuns de coluna de fracionamento apresenta no seu interior
Obs.: a separação das duas fases pode ser feita de duas maneiras: um grande número de bolinhas de vidro, em cuja superfície ocorre conden-

Química 24 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
sação dos vapores do líquido menos volátil, ou seja, de maior ponto de SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS: CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS
ebulição, que voltam para o balão. Enquanto isso, os vapores do líquido GERAIS. METAIS E LIGAS METÁLICAS. FERRO, COBRE E ALUMÍNIO.
mais volátil atravessam a coluna e sofrem condensação fora dela, no LIGAÇÕES METÁLICAS. SUBSTÂNCIAS IÔNICAS: CARACTERÍSTICAS
próprio condensador, sendo recolhidos no frasco. Só depois de todo o E PROPRIEDADES. SUBSTÂNCIAS IÔNICAS DO GRUPO: CLORETO,
líquido mais volátil ter sido recolhido é que o líquido menos volátil passará CARBONATO, NITRATO E SULFATO. LIGAÇÃO IÔNICA.
por evaporação e condensação.
Obs.: Esse processo é muito utilizado, principalmente em indústrias pe- LIGAS METÁLICAS
troquímicas, na separação dos diferentes derivados do petróleo. Nesse
caso, as colunas de fracionamento são divididas em bandejas ou pratos. As ligas metálicas podem ser classificadas em basicamente dois tipos
Esse processo também é muito utilizado no processo de obtenção de de ligas; ligas ferrosas e ligas não ferrosas.
bebidas alcoólicas (alambique). Ligas Ferrosas
Existem casos de misturas homogêneas de líquidos que não podem São aquelas onde o ferro é constituinte principal. Essas ligas são im-
ser separadas por processos físicos como, por exemplo a destilação. Isso portantes como materiais de construção em engenharia. As ligas ferrosas
porque tais misturas destilam em proporções fixas e constantes, como se são extremamente versáteis, no sentido em que elas podem ser adaptadas
fossem uma substância pura. Essas misturas são denominadas misturas para possuir uma ampla variedade de propriedades mecânicas e físicas. A
azeotrópicas. Assim, o álcool etílico forma com a água uma mistura azeo- desvantagem dessas ligas é que elas são muito suscetíveis à corrosão.
trópica (95,5% de álcool e 4,5% de água) que destila à temperatura de
78,1° C. Aços: são ligas ferro-carbono que podem conter concentrações apreci-
áveis de outros elementos de liga. As propriedades mecânicas são sensí-
Então, para obtermos o álcool anidrido ou álcool absoluto (álcool puro) veis ao teor de carbono, que é normalmente inferior a 1%.
utilizamos processos químicos. Adicionamos à mistura azeotrópica água e
álcool, por exemplo, óxido de cálcio (CaO), que reage com a água produ- 1. Aços com baixo teor de carbono, essas ligas contem geralmente me-
zindo hidróxido de cálcio Ca(OH)2. A seguir, submetemos a mistura a uma nos que 0,25% de C. como conseqüência essas ligas são moles e fra-
destilação, pois agora somente o álcool destila, sendo portanto, recolhido cas, porém possuem uma ductilidade e uma tenacidade excepcionais;
puro no béquer. além disso, são usináveis soldáveis e, dentre todos os tipos de aço,
são os mais baratos de serem produzidos. Aplicações típicas para este
Observe na tabela abaixo, alguns casos de misturas azeotrópicas: tipo de liga incluem os componentes de carcaças de automóveis e
MISTURA AZEOTRÓPICA PONTO DE EBULIÇÃO chapas usadas em tubulações, edificações e latas estanhadas.
álcool etílico (95,5%) + água (4,5%) 78,1° C 2. Aços com médio teor de carbono: esses aços possuem concentrações
acetona (86,5%) + metanol (13,5%) 56° C de carbono aproximadamente de 0,25 e 0,60%p de carbono. As maio-
res aplicações destas ligas se encontram em rodas de trens, engrena-
álcool etílico (7%) + clorofórmio (93%) 60° C gens, virabrequins e outras peças de alta resistência que exigem uma
ácido fórmico (77,5%) + água (22,5%) 107,3° C combinação de elevada resistência, resistência à abrasão e tenacida-
de.
III - GÁS - GÁS
3. Aços com alto teor de carbono: esses aços apresentam em média uma
a) Liquefação fracionada: a mistura de gases passa por um processo concentração de carbono e 0,60 a 1,4%p. são mais duros, mais resis-
de liquefação e, posteriormente, pela destilação fracionada. tentes e, porem, os menos dúcteis dentre todos os aços de carbono.
Obs.: Uma aplicação desse processo consiste na separação dos com- Esses aços são usados geralmente como ferramentas de corte, bem
ponentes do ar atmosférico: N2 e O2. Após a liquefação do ar, a mistura como para a fabricação de facas, laminas de serras para metais, molas
líquida é destilada e o primeiro componente a ser obtido é o N2, pois apre- e arames com alta resistência.
senta menor PE (-195,8 ° C); posteriormente, obtém-se o O2, que possui Liga não ferrosa
maior PE (-183 ° C).
São ligas que não possuem como constituinte principal o elemento fer-
b) Adsorção: Consiste na retenção superficial de gases. ro.
Alguma substâncias, tais como o carvão ativo, têm a propriedade de re- Ligas de cobre: o cobre, quando não se encontra na forma de ligas, é
ter, na sua superfície, substâncias no estado gasoso. Uma das principais tão mole e dúctil que é muito difícil de ser usinado. As ligas de cobre mais
aplicações da adsorção são as máscaras contra gases venenosos. comuns são os latões, onde o zinco, na forma de uma impureza substituci-
onal, é o elemento de liga predominante. Ligas de cobre-zinco com concen-
II - ANÁLISE CROMATOGRÁFICA OU CROMATOGRAFIA trações aproximadamente de 35%p de zinco são relativamente moles,
Esse método, utilizado para a separação e identificação dos compo- dúcteis e facilmente submetidos à deformação plástica a frio. As ligas de
nentes de uma mistura, é relativamente recente. Na maioria das cromato- latão que possuem um maior teor de zinco são mais duras e mais resisten-
grafias, os componentes separados são identificados pela sua cor (cromos tes.
= cor). A cromatografia tem a vantagem de permitir até mesmo a separação Os bronzes são ligas de cobre com vários outros elementos, incluindo
de componentes em quantidades muito pequenas. Existem atualmente o estanho, alumínio, o silício e o níquel. Essas ligas são relativamente mais
vários tipos de cromatografia, sendo que a primeira a ser utilizada foi a resistentes do que os latões, porém ainda possui um elevado nível de
cromatografia em papel. resistência a corrosão.
Adiciona-se uma gota da mistura a ser analisada em uma tira de papel Alguns outros exemplos de ligas não ferrosas são as ligas de alumínio,
de filtro, próximo a uma das extremidades. Depois que a gota da mistura que são caracterizadas por uma densidade relativamente baixa, condutivi-
seca, a tira de papel é colocada em um frasco contendo um solvente apro- dade elétrica e térmica elevada, e uma resistência à corrosão em alguns
priado, de tal modo que o nível do solvente fique abaixo da gota. ambientes comuns, com a atmosfera ambiente.
O solvente é absorvido gradativamente pela tira de papel e, devido às Liga de magnésio é caracterizada pela baixa densidade do magnésio
diferentes solubilidades e aos diferentes tamanhos das moléculas, os que é a mais baixa dentre todos os metais estruturai; dessa forma suas
componentes da mistura "sobem" com diferentes velocidades. Com isso, os ligas são usadas onde um peso leve é considerado importante, como por
componentes se separam em diferentes regiões da tira de papel. exemplo, em componentes de aeronave.
Esse processo, além de permitir a determinação do número de compo- LIGAÇÃO METÁLICA
nentes presentes na mistura, permite também a identificação das substân-
cias. Para se conseguir essa identificação, comparam-se os resultados Os metais são elementos químicos presentes na Tabela Periódica,
obtidos na cromatografia da mistura com outros resultados obtidos em apresentam propriedades únicas que se diferem das outras substâncias:
experiências anteriores, feitas com substâncias puras. ametais, gases, etc.

Química 25 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Se fosse possível visualizar a estrutura de um metal de forma bem níti- Sendo assim, os demais elementos (metais e não metais) efetuam liga-
da veríamos os retículos cristalinos presentes nos metais sólidos. Esses ções químicas procurando assim se estabelecer, adquirindo, de alguma
retículos são compostos de cátions envoltos por uma espessa camada de forma, uma estrutura eletrônica semelhante à dos gases nobres.
elétrons, como se sabe, os íons cátions apresentam carga + e os elétrons -.
Ligação Iônica ou Eletrovalente
Na composição atômica existe a camada de valência, e os elétrons se A ligação iônica ocorre entre metais e não metais por transferência de
movimentam livremente por essa camada mantendo a atração eletromag- elétrons.
nética pelos cátions. Essa propriedade permite a formação das moléculas Os átomos dos metais, por possuírem 1, 2 ou 3 elétrons na última ca-
de metais e conseqüentemente os próprios metais. mada, estão dispostos a perdê-los (doá-los).
É justamente toda essa estrutura dos metais que lhe concede a capa- Como os átomos dos metais vão doar seus elétrons da última camada,
cidade de serem ótimos condutores de corrente elétrica. É importante eles perderão cargas negativas, tornando-se íons positivos, chamados
ressaltar que os metais conduzem eletricidade estando no estado sólido ou cátions.
líquido (metal fundido). Inclusive, existe um metal que se encontra no Ex.: Na (Z = 11)
estado líquido na natureza, é o mercúrio, cujo símbolo atômico é Hg. distribuição do átomo: 1s2 2s2 2p6 3s1 vai doar 1 e-
distribuição do cátion Na+: 1s2 2s2 2p6 passa a ter 8 e no último nível.
Quanto ao aspecto físico dos metais, o que se pode dizer é que, em Mg(Z=12)
geral, possuem um aspecto metálico (cinza brilhante). Os que fogem a esta distribuição do átomo: 1s2 2s2 2p6 3~2 vai doar 2 e-
regra são o Ouro (Au) e o Cobre (Cu), que apresentam cor dourada e distribuição do cátion Mg2+ 1s2 2s2 2p6 passa a ter 8 e no último nível.
avermelhada respectivamente.
Até agora falamos apenas dos metais no estado puro como: Ouro, Co- Percebemos que se um átomo X doar um elétron, sua carga será X+,
bre, Mercúrio. Mas em nosso cotidiano usamos muito mais o que chama- se doar 2 elétrons, sua carga será X2+ e se doar 3 elétrons, sua carga será
mos de ligações metálicas, mas o que exatamente é uma liga de metais? X3+ . A eles chamamos de cátion monovalente, bivalente e trivalente, res-
São materiais com propriedades metálicas que contêm em sua composição pectivamente.
um outro elemento sem ser metal.
Os átomos dos não metais possuem 5, 6 ou 7 elétrons na última cama-
As ligas metálicas são preferenciais na fabricação de alguns objetos, da, e estão dispostos a receber 3, 2 ou 1 elétron, e assim completar seus
por possuírem características que os metais puros não possuem, como por octetos eletrônicos.
exemplo: a liga de ouro usada nas joalherias. A característica dessa liga é
de aumentar a dureza do material, a liga de ouro é composta pela ligação Como os átomos dos não metais vão receber elétrons, eles ficarão com
entre ouro, prata e cobre. cargas negativas em excesso e tornar-se-ão íons negativos, ou ânions.
Ex.: O (Z=8)
Veja mais exemplos:
distribuição do átomo: 1s2 2s2 2p4 vai receber 2 e-
Amálgama dental: liga de mercúrio, prata e estanho, é usada nas obtu- distribuição do ânion: 1s2 2s2 2p6 passa a ter 8e- no último nível.
rações dentárias; F (Z=9)
distribuição do átomo: 1s2 2s2 2p5 vai receber 1 e-
Bronze: liga de cobre e estanho, é aplicada na fabricação de sinos, es- distribuição do ânion: 1s2 2s2 2p6 passa a ter 8 e no último nível.
tátuas e moedas;
Aço inoxidável: liga de carbono, ferro, cromo e níquel, através da liga- Percebemos que quando um átomo X receber 1 elétron, seu ânion será
ção entre estes metais é possível fabricar utensílios de cozinha como X, se receber 2, seu ânion será X2-, e se receber 3, o ânion será X3-, que
talheres e ainda peças de carro. Esse material possui uma vantagem representarão ânions monovalente, bivalente e trivalente, respectivamente.
especial: não se enferruja.
Mecanismos da Ligação Iônica
Por Líria Alves A ligação iônica ocorre devido à atração eletrostática existente entre o
cátion e o ânion, pois o primeiro é carregado positivamente, e o segundo
LIGAÇÃO IÔNICA carregado negativamente, e, como todos sabemos, cargas de sinais opos-
tos se atraem.
Introdução Para representar a ligação iônica usamos as fórmulas eletrônica e iôni-
Os elementos químicos podem ser classificados, em suas característi- ca.
cas químicas, pelo número de elétrons na última camada. A fórmula eletrônica, ou de Lewis, indica quais os elementos participan-
tes da ligação e quantos átomos, bem como o número de elétrons na última
Como podemos perceber ao analisar as distribuições eletrônicas dos camada e os elétrons trocados.
elementos, um átomo qualquer terá no máximo 8 elétrons na última cama- A fórmula iônica indica quais os íons participantes e suas quantidades,
da. Assim sendo, temos a regra prática: sendo que o primeiro da fórmula é o cátion.
Vamos analisar, inicialmente, o mecanismo de ligação entre o sódio e o
Última camada com: cloro, e depois entre magnésio e flúor.
1 ,2 ou 3 elétrons  metal Na (Z = 11): 1s2 2s2 2p6 3s1 última camada com 1 e-.
5, 6 ou 7 elétrons  não metal ou ametal Cl (Z =17): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5 última camada com 7 e-.
8 elétrons  gás nobre Fórmula eletrônica ou de Lewis:
Sabemos também que os elementos combinam-se entre si para forma-
rem novas substâncias, e estas combinações acontecem através de liga-
ções químicas.
Fórmula iônica: NaCl ou [Na+] [Cl-]
As ligações químicas ocorrem pois a maioria dos átomos neutros não é Mg (Z= 12): 1s2 2s2 2p6 3s2 última camada com 2 e-.
estável, ou seja, não possuem baixa energia, e ao unirem-se a outros F (Z=9): 1s2 2s2 2p5 última camada com 7 e-
átomos, conseguem diminuir seu conteúdo energético.
Fórmula eletrônica ou de Lewis:
Teoria do Octeto
Um fato experimentalmente observado é que os gases nobres não fa-
zem ligações químicas, isto porque são quimicamente estáveis.
Fórmula iônica: MgF2 ou [Mg2+] [F-]2
Portanto, um átomo está estável quando apresenta sua última camada
completa, ou seja, com 8 elétrons.

Química 26 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
SUBSTÂNCIAS IÔNICAS Propriedades das substâncias moleculares:
Força intermolecular: a temperatura de ebulição (T.E.) de uma
molécula é influenciada pela interação entre seus átomos (forças de
atração intermoleculares): quanto mais intensa for a atração entre as
moléculas, maior será a temperatura de ebulição.
Tamanho das moléculas: o tamanho de um composto molecular
também influencia no seu ponto de ebulição. Quanto maior for a substância
maior será sua superfície de contato, devido ao aumento das interações
entre as moléculas, conseqüentemente a temperatura de ebulição irá
Formato dos sais: retículo cristalino cúbico. aumentar.
Íons são átomos em desequilíbrio elétrico e apresentam carga positiva Por Líria Alves
ou negativa.
Arranjos entre compostos iônicos formam substâncias iônicas, também
chamadas de compostos iônicos. A união entre os íons acontece em con- LIGAÇÃO COVALENTE. POLARIDADE DE MOLÉCULAS.
seqüência das forças de atração eletrostática, elas ocorrem a todo o mo- FORÇAS INTERMOLECULARES. RELAÇÃO ENTRE ESTRUTURAS,
mento ao nosso redor, onde existem cargas elétricas de sinais opostos se PROPRIEDADE E APLICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS.
atraindo.
A atração entre os íons produz aglomerados com formas geométricas LIGAÇÃO COVALENTE
definidas que recebem o nome de retículos cristalinos. Nesse retículo, cada A ligação covalente ocorre entre átomos de não metais, por comparti-
ânion atrai simultaneamente vários cátions e cada cátion também atrai lhamento de elétrons do último nível.
simultaneamente vários ânions. É importante salientar que o compartilhamento ocorre por pares de elé-
O cloreto de sódio (o sal de cozinha) é um exemplo de substância iôni- trons.
ca, formada por inúmeros aglomerados iônicos. O arranjo entre os cátions Os átomos compartilharão os pares eletrônicos até que seus últimos
sódio (Na+) e os ânions cloreto (Cl-) se atraem fortemente por terem cargas níveis fiquem completos (8 elétrons), porém devemos ressaltar que o
contrárias, e formam a substância cloreto de sódio, que é um retículo hidrogênio, que está presente em grande número de compostos covalentes,
cristalino de formato geométrico cúbico. Os sais e outros grupos de mine- se estabiliza com dois (2) elétrons, pois só tem o nível 1.
rais possuem íons que formam compostos iônicos e, conseqüentemente, Utilizamos na ligação covalente a fórmula eletrônica ou de Lewis, a
substâncias iônicas. fórmula estrutural e a fórmula molecular.
A fórmula eletrônica, ou de Lewis, indica quais os elementos participan-
As principais características desses compostos se devem à existência
tes da ligação, e com quantos átomos, bem como o número de elétrons na
do retículo iônico.
última camada e os pares de elétrons compartilhados.
Propriedades das substâncias iônicas: A fórmula estrutural indica quais os elementos que participam da liga-
• Apresentam alto ponto de fusão (PF) e ponto de ebulição (PE). ção, bem como o número de seus átomos e os pares de elétrons comparti-
• São sólidas à temperatura ambiente (25°C) e apresentam forma defini- lhados.
da. A fórmula molecular indica quais os elementos participantes e o núme-
• Quebram-se facilmente quando são submetidas a impactos, e produ- ro de seus átomos, sendo que o primeiro da fórmula é o menos eletronega-
zem faces planas, são, portanto, cristais duros e quebradiços. tivo.
Os átomos ligados covalentemente formam moléculas, que são conjun-
• O melhor solvente dessas substâncias é a água.
tos estáveis de átomos unidos por este tipo de ligação. A molécula é a
• Conduzem corrente elétrica no estado líquido (fundido) e quando estão menor porção de uma substância que ainda mantém suas propriedades.
dissolvidas em água. Essa propriedade é devido à existência de íons Vamos a alguns exemplos:
com liberdade de movimento. H (Z=1) 1s1 compartilha 1 e-.
Cl (Z= 17) 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5 compartilha 1 e-
SUBSTÂNCIAS MOLECULARES: CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDA-
DES. SUBSTÂNCIAS MOLECULARES: H2, O2, N2, CL2, NH3, H2O,
HCL, CH4.

A grande variedade de substâncias presentes na natureza se deve à


capacidade que os átomos têm de se combinar entre si, essa propriedade é H (Z= 1) 1s1 compartilha 1 e-.
denominada ligação química e pode acontecer entre átomos de um mesmo O (Z=8) 1s2 2s2 2p4 compartilha 2 e-
elemento ou de elementos diferentes. Molécula é, portanto, a menor
combinação de átomos que mantém a composição da matéria inalterada.
Os átomos podem se unir através de ligações químicas covalentes, iônicas
ou metálicas.
Os arranjos entre moléculas formam substâncias moleculares ou É comum os não metais ligarem-se entre si formando moléculas de
compostos moleculares. Essas substâncias se encontram à temperatura seus átomos. Isto ocorre principalmente entre H, N, O, F, Cl, Br e 1.
ambiente nos três estados físicos: sólido, líquido e gasoso. O (Z=8): 1s2 2s2 2p4 compartilha 2 e.
A molécula de água é formada pela ligação entre dois átomos de
hidrogênio (H) e um átomo de oxigênio (O). Essa molécula se encontra no
estado líquido e é representada pela fórmula H2O:
H―O―H
A molécula de metano é formada pela ligação entre um átomo de Ligação Covalente Dativa
carbono (C) e quatro átomos de hidrogênio, é representada pela fórmula A ligação dativa, ou coordenada, ocorre quando já temos um sistema
CH4 (ver figura acima): ligado por covalência molecular, e neste sistema precisamos inserir um ou
mais átomos.
A água e o metano são substâncias moleculares, pois são formadas
Isto, porém, será possível se:
por moléculas. Além dessas, podemos citar como exemplos de substâncias
moleculares: o açúcar (estado sólido), o álcool (estado líquido) e os gases  Átomo a ser adicionado precisar de um par de elétrons;
em geral (estado gasoso).  No conjunto, o átomo menos eletronegativo puder emprestar um
par de elétrons.

Química 27 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Exemplo da ligação dativa: a água do fundo dos rios e lagos dos países frios continue líquida, enquanto
5 (Z=16) 1s2 2s2 2p6 3s2 3p4 compartilha 2 e-. a superfície recobre-se com uma camada de gelo, permitindo que peixes e
O (Z = 8) 1s2 2s2 2p4 compartilha 2 e- outros seres sobrevivam nessas condições.
Algumas anomalias encontradas nas propriedades físicas da água são
explicadas pela presença de moléculas associadas. Assim, o ponto de
ebulição da água, em comparação com o dos compostos de estruturas
semelhantes, é bem mais elevado. A explicação para esse fato é a seguin-
te: para que a água entre em ebulição é preciso ceder energia para vencer
as forças de atração intermoleculares (forças de Van der Waals) existentes
entre todas as moléculas conhecidas, e também responsáveis pela associ-
ação das moléculas de água, as pontes de hidrogênio.
Propriedades químicas. Nas transformações químicas, a água pode
funcionar, principalmente, como solvente e como reagente. A ação solvente
é considerada como um processo físico, através do qual a água solubiliza
os reagentes, permitindo um contato mais íntimo entre eles e acelerando as
reações entre compostos sólidos e gasosos. Isso se dá graças a sua eleva-
da constante dielétrica e à tendência de suas moléculas a se combinarem
com íons dos reagentes previamente solubilizados, formando íons hidrata-
• ÁGUA – OCORRÊNCIA E IMPORTÂNCIA NA VIDA ANIMAL E
dos.
VEGETAL. LIGAÇÃO, ESTRUTURA E PROPRIEDADES. SISTE-
A constante dielétrica da água, na temperatura ambiente, é de oitenta,
MAS EM SOLUÇÃO AQUOSA: SOLUÇÕES VERDADEIRAS, isto é, duas cargas elétricas do mesmo módulo e sinal repelem-se, dentro
SOLUÇÕES COLOIDAIS E SUSPENSÕES. SOLUBILIDADE. d'água, com uma força oitenta vezes menor do que o fariam se estivessem
CONCENTRAÇÃO DAS SOLUÇÕES. ASPECTOS QUALITATI- no ar. Esse fato é explicado pelo modelo dipolar: no interior de um campo
VOS DAS PROPRIEDADES COLIGATIVAS DAS SOLUÇÕES. elétrico, as moléculas de água, de caráter polar, orientam-se alinhando seu
ÁCIDOS, BASES, SAIS E ÓXIDOS: DEFINIÇÃO, CLASSIFICA- centro positivo na direção da porção negativa do campo e seu centro nega-
ÇÃO, PROPRIEDADES, FORMULAÇÃO E NOMENCLATURA. tivo na direção positiva. Assim, parte do campo elétrico inicial é neutraliza-
CONCEITOS DE ÁCIDOS E BASES. PRINCIPAIS PROPRIEDA- do, tornando-se fraco.
DES DOS ÁCIDOS E BASES: INDICADORES, CONDUTIBILIDA- Desse modo, os íons dos cristais em meio aquoso podem separar-se
DE ELÉTRICA, REAÇÃO COM METAIS, REAÇÃO DE NEUTRA- do cristal muito mais facilmente que no ar, pois a força de atração eletrostá-
LIZAÇÃO. tica é oitenta vezes menor. Por essa razão, as soluções aquosas são
consideradas boas condutoras de eletricidade. Por outro lado, cada íon
A formação das primeiras moléculas orgânicas ocorreu nas águas lito- negativo, quando em solução aquosa, atrai as extremidades positivas das
râneas dos oceanos primitivos. Nessa solução começaram a surgir os seres moléculas de água vizinhas, o mesmo acontecendo com os íons positivos
vivos, que nela encontraram os nutrientes necessários ao seu crescimento em relação às extremidades negativas. Isso faz com que os íons fiquem
e evolução. como que recobertos por uma camada de moléculas de água solidamente
ligadas a eles, o que confere grande estabilidade à solução, sendo esse
A água é um líquido inodoro, incolor e insípido, imprescindível para o fenômeno conhecido como hidratação dos íons.
desenvolvimento dos processos vitais de todos os seres vivos. Uma prova Água e geologia. Na atmosfera, a água se apresenta na forma de va-
disso é o fato de que aproximadamente setenta por cento do peso do corpo por, que pode sofrer condensação, precipitando-se como chuva, neve ou
humano é constituído de água. granizo, de acordo com as condições climatológicas presentes. Uma vez
Composição e estrutura. A água, substância de fórmula química H2O, em contato com o solo, a água pode fluir, constituindo as chamadas águas
compõe-se de dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio, dispostos nos superficiais, ou se infiltrar na terra, formando as correntes subterrâneas. As
vértices de um triângulo isósceles. A ligação entre cada átomo de oxigênio águas superficiais, por sua vez, através da ação do calor, evaporam e
e os átomos vizinhos tem caráter parcialmente covalente, de forma que o voltam à atmosfera, de onde o ciclo se reinicia.
átomo de oxigênio divide um par de elétrons com cada um dos átomos de A evolução subterrânea da água depende fortemente das característi-
hidrogênio. cas geológicas do terreno. Ao atravessar uma camada de areia, por exem-
plo, seu movimento é muito lento, ao passo que, ao passar por uma zona
A localização desses pares de elétrons, no entanto, não é eqüidistante de rochas calcárias, facilmente solúveis, forma correntes muito velozes,
em relação aos dois átomos que formam a ligação covalente. Como o estabelecendo uma rede fluvial subterrânea. Em alguns casos, a água
oxigênio tem maior afinidade por elétrons, isto é, eletronegatividade mais subterrânea pode ficar aprisionada entre duas camadas de rochas imper-
elevada, estes se encontram mais próximos do átomo de oxigênio, gerando meáveis. Se essas camadas ou estratos afloram para a superfície, forma-se
uma carga negativa no vértice do triângulo ocupado por ele. Conseqüente- o que é chamado de fonte ou manancial. Quando isso não ocorre, a massa
mente, nos vértices ocupados pelos átomos de hidrogênio surge uma carga de água fica retida na parte inferior do vale que é formado pelas rochas
positiva. Por essa razão, diz-se que a molécula da água tem caráter polar, impermeáveis. Esse tipo de estrutura geológica é muito utilizado pelo
já que apresenta uma distribuição desigual de cargas na sua estrutura. homem para a construção de poços artesianos.
As moléculas de água, quando nos estados líquido ou sólido, tendem a A água é o principal agente geológico causador da erosão ou desgaste
associar-se através de ligações denominadas pontes de hidrogênio -- das rochas e do transporte de materiais. Quando a concentração dos
quando um átomo de hidrogênio ligado a um átomo eletronegativo forma compostos químicos dissolvidos nas águas naturais alcança um determina-
uma ponte para um outro átomo eletronegativo. Embora de intensidade do valor, elas passam a chamar-se águas minerais. Se essas impurezas
inferior à das ligações covalentes ou iônicas puras, esse tipo de ligação é são constituídas de sais de cálcio e magnésio, a água se denomina água
suficientemente forte para influenciar decisivamente as propriedades físicas dura. A dureza é temporária quando os sais são bicarbonatos e permanente
e químicas da água. quando o cálcio e o magnésio apresentam-se na forma de outros sais. Além
de impedir que o sabão faça espuma esses sais provocam outros inconve-
Propriedades físicas. A água pura é insípida, inodora e praticamente nientes. A água dura pode ser amolecida pelo tratamento com água de cal.
incolor, apresentando, em grandes volumes, coloração ligeiramente azula-
Água e os seres vivos. As principais funções da água nos organismos
da. Seu ponto de fusão é 0°C e de ebulição, 100° C, à pressão de uma
vivos relacionam-se ao transporte das substâncias reguladoras dos proces-
atmosfera. A densidade da água varia com a temperatura, sendo seu valor
sos vitais e à manutenção das estruturas celulares dos tecidos. Dez por
máximo igual a aproximadamente 1,0 g/cm3, a 4°C. Além disso, observa-se
cento da água contida no corpo humano se encontra no sangue; vinte por
que a água, ao congelar-se, sofre uma redução da densidade e, conse-
cento se localizam nos interstícios celulares; e os setenta por cento restan-
qüentemente, uma expansão de volume. Por esse motivo, o gelo -- água
tes ocupam o interior das células.
sólida -- flutua na água líquida. Essa característica permite que, no inverno,

Química 28 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
As membranas celulares são permeáveis à passagem da água, uma SOLUÇÕES
vez que é necessário manter as concentrações dos sais dissolvidos em
equilíbrio no interior e no exterior da célula. Isso se consegue através da Solução é uma mistura homogênea constituída por duas ou mais subs-
regulagem da quantidade de água que entra e sai do corpo. Quando o nível tâncias numa só fase. As soluções são formadas por um solvente (geral-
de água no interior das células diminui, os receptores cerebrais localizados mente o componente em maior quantidade) e um ou mais solutos (geral-
no hipotálamo detectam essa variação e ordenam, por meio de impulsos mente componente em menor quantidade).
nervosos, a redução da eliminação da água pelos rins e da secreção salivar Substâncias químicas presentes nos organismos de animais e vegetais
o que, por sua vez, causa secura bucal e sensação de sede. estão dissolvidas em água constituindo soluções. No cotidiano a maioria
As plantas utilizam a água para transportar, das raízes até as folhas, as das soluções é líquida.
diferentes substâncias necessárias às suas funções vitais. Essa água de As propriedades físicas e químicas de uma mesma solução são cons-
transporte constitui cerca de 75% do peso da planta e é eliminada nas tantes em toda sua extensão, todavia dependem da composição, que pode
folhas, através do processo de transpiração. variar de solução para solução. As soluções são classificadas de acordo
Água pesada. Utilizada como moderadora de nêutrons em reatores com:
nucleares, a água pesada foi isolada pela primeira vez por Harold C. Urey, O estado de agregação da solução:
em 1931, através da eletrólise de uma solução de água e hidróxido de
sódio. Com uma estrutura molecular semelhante à da água comum, a água - Sólida - ligas metálicas de bronze (cobre e estanho), latão (cobre e
pesada apresenta, em sua composição, dois átomos de deutério, -- um zinco).
isótopo estável do hidrogênio com peso molecular duas vezes superior - Líquida - água do mar constituída principalmente de cloreto de sódio
(P.M.= 2,0 g/mol) -- e um átomo de oxigênio. (NaCl).
A água comum contém cerca de um átomo de deutério para cada - Gasosa – ar.
6.760 átomos de hidrogênio. Quando submetida ao processo de eletrólise, A proporção entre soluto e solvente:
a água libera no catodo, de preferência, moléculas de hidrogênio, e a - diluída: apresenta uma baixa relação soluto/solvente, ou seja, a quan-
solução fica assim enriquecida em deutério. A redução adequada do volu- tidade de soluto dissolvida na solução está bem abaixo da solubilidade
me dessa solução produz óxido de deutério quase puro. desse soluto.
Essa operação, utilizada em larga escala até 1943, foi substituída por - concentrada: apresenta uma alta relação soluto/solvente, ou seja, a
processos mais baratos, como, por exemplo, a destilação fracionada. Nesta quantidade do soluto dissolvida na solução está bem próxima a solubi-
última, a separação entre as duas substâncias se dá através da concentra- lidade desse soluto.
ção, na fase líquida, da água pesada, graças a sua alta volatilidade em A natureza do soluto:
relação à da água comum. Embora essas duas substâncias não apresen-
tem nenhuma diferença de comportamento químico, há grande diferença - molecular: o soluto é uma substância molecular (exemplo: açúcar e
fisiológica entre ambas. Assim sendo, não se deve utilizar a água pesada água)
para beber ou preparar alimentos. - iônica: o soluto é uma substância iônica (exemplo: sal e água)
Além de sua utilização em usinas geradoras de energia nuclear, a água A solubilidade:
pesada é largamente aplicada, em laboratório, como elemento traçador nos
A maioria das substâncias dissolve-se, em certo volume de solvente,
estudos das reações químicas e bioquímicas.
em quantidade limitada.
Água oxigenada. Composto químico cuja molécula é formada por dois Solubilidade é a quantidade máxima de um soluto que pode ser dissol-
átomos de hidrogênio ligados a dois átomos de oxigênio (H202). Líquido vida em um determinado volume de solvente, a uma dada temperatura,
incolor, de densidade 1,47g/cm3, ponto de fusão -0,43o C e de ebulição formando um sistema estável. Quanto à solubilidade as soluções podem
151o C, é poderoso oxidante, e age intensamente sobre as substâncias ser classificadas em:
orgânicas. Empregada como antisséptico e descolorante de cabelos, entre
- saturada: solução que contém uma quantidade de soluto igual à solu-
outros usos, a água oxigenada comercial contém alguma quantidade de
bilidade a uma dada temperatura. Na solução saturada o soluto dissol-
estabilizante para evitar sua decomposição.
vido e o não dissolvido estão em equilíbrio dinâmico entre si.
Água mineral. Assim se denomina a água natural que se afasta de tal - insaturada: solução que contém uma quantidade de soluto inferior à
modo da média das águas potáveis de uso comum que pode ser usada solubilidade a uma dada temperatura.
com fins terapêuticos ou como água de mesa naturalmente gasosa.
- supersaturada: solução que contém uma quantidade de soluto superi-
São características importantes das águas minerais: composição, tem- or a solubilidade a uma dada temperatura. A solução supersaturada é
peratura, radioatividade e tonicidade. A classificação dos diversos tipos é instável, e a mínima perturbação do sistema faz com que o excesso de
bastante complexa, mas em linhas gerais, há dois tipos básicos: (1) água soluto dissolvido precipite, tornando-se uma solução saturada com pre-
de dominante simples (um princípio químico em proporção muito maior) sença de corpo de fundo.
como as de Caxambu, São Lourenço, Lambari, Cambuquira (carbogaso- Em geral pode-se obter soluções supersaturadas aquecendo uma so-
sas); as de Prata, Salutaris, Boa Vista (bicarbonatadas); as de Vichy e Vals, lução saturada que tenha parte do soluto não dissolvido. O aquecimento
na França, as de Caldas de Cipó, Muriçoca, Mosquete e Fervente (cloreta- deve ser realizado até que todo o soluto presente se dissolva. Um resfria-
das); e (2) águas de dominante complexa (com mais de um princípio quími- mento lento, com a solução em repouso, até a temperatura inicial, pode
co em proporção maior) como as de Brejo de Freitas, Pajé, Iraí, Prado permitir a obtenção da solução supersaturada, desde que o soluto não
(bicarbonato-cloretadas); as de Poços de Caldas, Pocinhos, Araxá, Patrocí- tenha cristalizado.
nio, Chapecó (sulfurosas); as ferruginosas de Lambari, Cambuquira, Ca-
O mel, o melado de cana de açúcar e os xaropes são alguns exemplos
xambu, São Lourenço e outras.
de soluções supersaturadas usadas no dia a dia.
A temperatura depende da natureza e da profundidade do veio original. PROPRIEDADES COLIGATIVAS
Considera-se termal toda água cuja temperatura é pelo menos 5o C superi-
or à temperatura ambiente. Algumas vezes a temperatura atinge 44o C ou Propriedades coligativas são propriedades de uma solução que depen-
mesmo mais. A água é então chamada hipertermal. Esse é o caso das dem da concentração de partículas do soluto e não da sua natureza.
águas de Caldas de Piratininga e Caldas Novas, em Goiás. Utilizadas em Cada uma dessas propriedades depende da diminuição da tendência
banhos, as águas termais têm efeito comprovado nas dermatoses, artrites, de escape das moléculas do solvente pela adição das partículas do soluto.
reumatismos etc. Bebidas, têm efeito positivo na remoção de mucosidades,
na estimulação gástrica, hepática e pancreática. As propriedades coligativas incluem o abaixamento da pressão do va-
por, elevação do ponto de ebulição, abaixamento do ponto de congelação e
pressão osmótica.

Química 29 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Pressão de Vapor de um Líquido Puro Quanto mais volátil o líquido, maior será sua pressão de vapor, assim a
Um recipiente contendo água líquida, depois de algum tempo evapora, pressão de vapor de um líquido indica sua volatilidade.
ao fecharmos o recipiente a evaporação não ocorrerá com a mesma inten- A pressão de vapor de uma solução a cada temperatura diminui como
sidade. Agora a fase líquida estará em permanente contato com a fase resultado da presença de um soluto e assim é necessário aquecer a solu-
vapor. Nesse momento o líquido está em equilíbrio dinâmico com o vapor. ção a uma temperatura mais alta, a fim de alcançar seu ponto de ebulição
Aqui o vapor exerce sobre o líquido a pressão máxima de vapor (maior Ou seja, ao adicionar soluto à solução a temperatura de ebulição dimi-
pressão possível) nui.
Pressão máxima de vapor de um líquido é a pressão que seu vapor Abaixamento Do Ponto De Congelamento
exerce, num recipiente fechado, quando está em equilíbrio com o líquido, a
uma certa temperatura. Crioscopia
Quanto maior a temperatura, maior a pressão de vapor de uma subs- A Temperatura de início de congelamento do solvente de uma solução
tância. É SEMPRE MENOR que a temperatura de início de congelamento do
Quanto mais volátil de uma substância maior é a sua pressão de vapor, solvente puro. Uma utilidade prática do abaixamento da temperatura de
a uma mesma temperatura, líquidos mais voláteis têm maior pressão de congelamento é a utilização de água e etilenoglicol no radiador de carros de
vapor, ou seja, entram em ebulição antes. países de clima frio, a mistura pode baixar a temperatura até -35° C, utili-
zando água pura a temperatura mínima seria de 0°C. A água dos oceanos,
Maior pressão de vapor implica atingir o ponto de ebulição mais rápido é uma solução que contém diversos solutos, dentre os quais o cloreto de
(Ponto De Ebulição Menor) sódio. Rios e lagos de água doce também possuem solutos, mas em bem
Líquidos diferentes possuem pressões de vapor diferentes, conse- menor concentração. A temperatura de início de congelamento das águas
quência das maiores ou menores forças de atração entre as moléculas dos dos oceanos É MENOR que a temperatura de início de congelamento das
líquidos. águas de rios e lagos, mas POR QUE? Como vimos a temperatura de início
de congelamento de qualquer solução é sempre menor que a temperatura
Temperatura de ebulição (também chamada de ponto de ebulição) é de início de congelamento do solvente puro e quanto maior a concentração
aquela na qual a pressão de vapor de um líquido é igual à pressão externa da solução, menor sua temperatura de início de congelamento.
exercida sobre o líquido.
Quanto maior a pressão externa, maior a temperatura de ebulição Uma utilidade prática do abaixamento da temperatura de congelamento
é a utilização de água e etilenoglicol no radiador de carros de países de
Locais situados ao nível do mar, têm pressão atmosférica maior e a clima frio, a mistura pode baixar a temperatura até –35° C.
temperatura de ebulição é maior do que em locais com maior altitude em
onde a pressão atmosférica é menor. Assim o tempo de cozimento dos Pressão Osmótica
alimentos aumenta quando a pressão externa diminui.
Dois líquidos podem aparecer separados por uma membrana semiper-
Adotou-se como pressão normal: 760 mmHg ou 1 atm. meável.
Pressão De Vapor Dos Sólidos
Uma membrana semipermeável é uma barreira fina que permite a pas-
A maioria dos sólidos, possui pressão de vapor praticamente nula. sagem de certas espécies atômicas, mas de outras não. Neste caso, ela
Sólidos como naftalina e iodo apresentam pressão de vapor alta, am- permite a passagem de moléculas do solvente em ambas as direções, mas
bos sólidos sublimam, passam do estado sólido para o vapor. é impermeável para partículas de soluto)
Nesta sublimação também ocorre um equilíbrio dinâmico entre o sólido Osmose
e o vapor, existindo nesse momento a pressão máxima de vapor.
A temperatura de fusão (também chamada ponto de fusão) de uma Fenômeno que permite a passagem do solvente do meio mais diluído
substância é aquela em que pressão de vapor do sólido é igual a do líquido. para o meio mais concentrado através de uma membrana permeável é
A temperatura de fusão é sempre igual à de solidificação (também chama- denominado osmose.
da temperatura de congelamento). Assim, para ocorrer osmose, as concentrações das partículas de soluto
O ponto de fusão sofre uma variação muito pequena com a pressão ex- devem ser diferentes nos dois líquidos.
terna, para a maioria das substâncias sólidas, um grande aumento na
FORÇAS INTERMOLECULARES
pressão provoca um pequeno aumento na temperatura de fusão.
Curiosidades As forças de interação entre as moléculas
As panelas de pressão são projetadas para reter boa parte do vapor de Será que uma molécula, quando próxima a outra, influencia em alguma
água, aumentando a pressão interna. A água permanece líquida, acima de coisa? A resposta é positiva, como você pode ver nos artigos "Solubilidade
100° C e, em virtude da alta temperatura, os alimentos cozinham mais em água" ou mesmo "Eletronegatividade". O fato de moléculas - e átomos -
rápido. possuírem campo magnético faz com que haja influência de uma nas
A água ferve sem necessidade de aquecimento em grandes altitudes. outras. Vamos tentar explicar melhor essa questão.
A 27.000m de altitude, a água entra em ebulição a 100° C. A polaridade molecular
Quando patinamos no gelo, de fato os patins deslizam sobre uma fina
camada de água líquida, essa camada se forma devido à pressão exercida Vamos ao básico, nos restringindo apenas a moléculas diatômicas
pelas lâminas dos patins, pressão essa que provoca a fusão do gelo. (formadas por apenas dois átomos): quando pelo menos dois átomos se
ligam, formando uma molécula, existe entre eles uma "disputa" pelos elé-
Ebulioscopia trons.
Como vimos um líquido ferve à temperatura na qual sua pressão de
vapor é igual à pressão atmosférica. Quando um deles é mais eletronegativo que o outro conseguirá mantê-
lo mais próximo de si por mais tempo. Dessa forma, podemos dizer que o
Caso seja necessário reduzir a temperatura de ebulição de um liquido, lado da molécula que possui o átomo mais eletronegativo fica mais negati-
basta diminuir a pressão exercida sobre ele. vo, enquanto que o lado do átomo menos eletronegativo fica mais positivo.
Ao se adicionar um soluto (não volátil e molecular) à água pura, a tem- Temos então uma molécula polar.
peratura de ebulição do solvente na solução aumenta.
Quando os dois átomos de nossa molécula têm a mesma eletronegati-
Tonoscopia: vidade, portanto são do mesmo elemento, nenhum deles é capaz de garan-
Como vimos a pressão de vapor aumenta com o aumento da tempera- tir a presença dos elétrons por mais tempo que o outro. Dessa forma,
tura. Quando a pressão de vapor se iguala a pressão atmosférica, o líquido nenhum dos lados ficará mais positivo ou mais negativo. A molécula será
entra em ebulição. apolar.

Química 30 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Força intermolecular Título em Massa (T) ou concentração massa/massa: é a razão es-
Quando duas moléculas se aproximam há uma interação de seus cam- tabelecida entre a massa do soluto (m1) e a massa da solução (m), ambas
pos magnéticos o que faz surgir uma força entre elas. É o que chamamos na mesma unidade (geralmente em gramas);
de força intermolecular. Essas forças variam de intensidade, dependendo
do tipo da molécula (polar ou apolar) e, no caso das polares, de quão
polares elas são.
Observação importante: A teoria cinética dos gases assume que a dis- Obs.: 0 < T < 1
tância entre as moléculas é tão grande que não existe força de atração
entre elas. Em estado líquido e sólido as moléculas estão muito próximas e Obs.: Título percentual (T%): T% = Tx100
a força atrativa pode ser observada.
Obs.: O título não possui unidade
Íon x molécula polar: É a força mais forte e sua magnitude pode ser
compatível a de uma ligação covalente. Obs.: Para soluções onde a concentração é muito pequena, ou seja,
para soluções muito diluídas, a concentração costuma ser expressa em
Molécula polar x molécula polar: Ocorre entre moléculas polares da
partes por milhão ou ppm:
mesma substância ou de substâncias diferentes, ambas polares. Esta força
é muito conhecida como dipolo x dipolo ou dipolo-permanente.
Ligações de hidrogênio: Quando ligado a um átomo pequeno e de
forte eletronegatividade (F, O ou N), o hidrogênio forma ligações polares
muito fortes. Seus pólos interagirão fortemente com outras moléculas Título em Volume (Tv) ou concentração volume/volume: é a razão
polares, formando uma forte rede de ligações intermoleculares. estabelecida entre volume do soluto (V1) e o volume da solução (V), ambos
Molécula polar x molécula apolar: Conhecida como interação dipolo x na mesma unidade;
dipolo induzido, ocorrem porque moléculas polares (dipolos permanentes)
conseguem distorcer a distribuição de carga em outras moléculas vizinhas,
através de polarização induzida. Uma interação desse tipo é uma interação
fraca. Obs.: 0 < Tv < 1
Essas interações são responsáveis, por exemplo, pela solubilidade de Obs.: Título percentual (Tv%): Tv% = Tv x 100
gases como o O2 (apolar) em água.
Molécula apolar x molécula apolar: O movimento dos elétrons permi- Obs.: Para soluções onde a concentração é muito pequena, ou seja,
te que, em determinado momento, moléculas apolares consigam induzir um para soluções muito diluídas, a concentração costuma ser expressa em
dipolo em sua molécula vizinha e esta, uma vez polarizada, dê seqüência partes por milhão ou ppm:
ao efeito. Essas forças foram percebidas pelo físico polonês Fritz London,
que sugeriu que moléculas apolares poderiam se tornar dipolos temporá-
rios. Essas forças ficaram conhecidas como forças de dispersão ou forças
de London. Obs.: 1cm3 = 1mL; 1dm3 = 1L; 1000L = 1m3;
Onde atuam as forças intermoleculares
Obs.: O título em volume não possui unidade
A força intermolecular é responsável por alguns fenômenos muito co-
muns, como a capilaridade e a tensão superficial. Quando pegamos uma
toalha de papel e colocamos apenas uma de suas pontas em contato com a Densidade absoluta (d): é a razão estabelecida entre a massa da so-
água. Após alguns instantes, toda a toalha está úmida. Essa "subida" da lução (m) e o volume (V) dessa solução;
água por algumas superfícies ou tubos capilares (muito finos) é chamada
de capilaridade. O fato de uma agulha flutuar sobre a superfície da água
mesmo sendo mais densa que ela e o caminhar de um inseto sobre a água
só é possível pela tensão superficial, uma espécie de fina camada que se
forma nos líquidos. Unidade: g/mL = g/cm3; g/L = g/m3;
Ponte de Hidrogênio Obs.: para se passar de g/mL para g/L (multiplica-se a densidade por
Se não existissem as pontes de hidrogênio, a água teria seu ponto de 1000) e para se passar de g/L para g/mL (divide-se a densidade por 1000)
ebulição perto de -90°C, o que tornaria sua existência impossível na Terra. Obs.: volume e densidade devem estar nas mesmas unidades;
Capilaridade
Obs.: Como a densidade da água é igual a 1g/mL temos: 1 mL de água
A água chega a uma flor subindo pelo seu caule. Esse é um bom = 1g de água; 1L de água é igual a 1Kg de água...Cuidado essas relações
exemplo para o fenômeno da capilaridade. Quando você recebe flores e as só são válidas para a água devido a sua densidade ser igual a 1g/mL.
coloca em um jarro, é um hábito muito comum cortar a ponta inferior do
caule. Para evitar que o ar entre nos pequenos vasos que existem no caule FRAÇÃO MOLAR OU CONCENTRAÇÃO EM QUANTIDADE DE MA-
e interrompam a capilaridade por evitar o contato entre as moléculas da TÉRIA/QUANTIDADE DE MATÉRIA:
água, faça o corte do caule dentro do jarro com água e suas flores durarão Fração Molar do Soluto (x1): é a razão estabelecida entre o número
um pouco mais. Fonte: www.mundovestibular.com.br de mols de moléculas do soluto (n1) e o número de mols de moléculas da
solução (n).
UNIDADES DE CONCENTRAÇÃO DAS SOLUÇÕES
Concentração Comum (C) ou Concentração massa/volume: é a ra-
zão estabelecida entre a massa do soluto (m1) e o volume da solução (V); Fração Molar do Solvente (x2): é a razão estabelecida entre o número
de mols de moléculas do solvente (n2) e o número de mols de moléculas da
Geralmente: soluto (g) e solvente em (L), logo: C=g/L solução (n).

Unidade: g/L Obs.: x1 + x2 = 1


Obs.: kL - hL - daL - L - dL - cL - mL (nova representação para os múl- Obs.: A Fração molar não possui unidade
tiplos e submúltiplos do litro (L))

Química 31 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Concentração Molar ou Molaridade (M) ou Concentração em quan- no entanto, tem sua aplicação limitada às soluções aquosas. Para superar
tidade de matéria/volume ou concentração mol/L: é a razão estabeleci- essa restrição, o químico dinamarquês Johannes M. Nicolaus Brönsted e o
da entre o número de mols de moléculas do soluto (n1) e o volume da inglês Thomas Lowry elaboraram a teoria protônica, segundo a qual ácido
solução (V), em litros; seria toda substância íon ou molécula capaz de doar prótons, partícula
subatômica de carga positiva. Essa teoria pode aplicar-se a qualquer tipo
de solvente, e não somente à água, como no caso do critério de Arrhenius.
Baseando-se em critérios distintos, o americano Gilbert Lewis definiu
ácido como uma substância que pode aceitar um par de elétrons, partículas
Obs.: Número de mols do soluto (n1) é a razão entre a massa do soluto
subatômicas de carga negativa, que giram em torno do núcleo atômico.
(m1) e a massa molar desse soluto (M1).
Alguns átomos apresentam maior tendência a ceder elétrons e se con-
Unidade: mol/L ou M ou molar escritas após o valor numérico da con-
vertem em íons positivos ou cátions, enquanto outros tendem a aceitar
centração;
pares de elétrons, e se convertem em íons negativos ou ânions. Em toda
Obs.: Cuidado com os vários tipos de "m" usados até aqui!!! Revisan- reação química ocorre esse processo simultâneo de doação e recebimento
do: de elétrons, no qual Lewis se baseou para formular sua teoria.
m1 = massa do soluto Propriedades. Os ácidos possuem sabor azedo ou cáustico, facilmen-
m2 = massa do solvente te identificado em frutas cítricas, como limão, laranja e maçã. Têm a capa-
cidade de alterar a cor de certas substâncias orgânicas, denominadas
m = massa da solução
indicadores. Assim, em presença de solução aquosa ácida, o papel azul de
M1 = massa molar do soluto tornassol passa para vermelho; o papel vermelho-do-congo passa para azul
M = molaridade e uma solução básica de fenolftaleína passa de vermelho para incolor. Em
Obs.: tudo que possui o índice "1" refere-se ao soluto, tudo que possui soluções aquosas diluídas, os ácidos são bons condutores de eletricidade.
o índice "2" refere-se ao solvente e tudo que não possui índice refere-se a Os ácidos apresentam, em solução aquosa, diferentes graus de ioniza-
solução, assim temos: ção, isto é, uma relação variável entre o número de moléculas ionizadas e o
de moléculas dissolvidas. Dessa forma, por meio do valor da constante de
n1 = número de mols de moléculas do soluto
ionização, pode-se medir a força de um ácido. Quanto mais elevado for o
n2 = número de mols de moléculas do solvente valor dessa constante, maior será a força do ácido e maior a concentração
n = número de mols de moléculas da solução de íons hidrogênio.
C= concentração comum da solução Outro artifício utilizado para avaliar o poder dos ácidos é o conceito de
pH. Definido como o logaritmo negativo da concentração de íons hidrogênio
em solução aquosa, o pH varia entre zero e 14. Todos os ácidos apresen-
Concentração Molal ou concentração quantidade de maté- tam pH entre zero e 7, sendo que, quanto menor esse valor, mais elevada é
ria/massa (W): é a razão estabelecida entre o número de mols de molécu- a força do ácido.
las do soluto e a massa, em quilogramas, do solvente;
Além disso, os ácidos reagem com os metais colocados acima do hi-
drogênio na série de atividade dos metais ou na tabela de potenciais de
oxidação, liberando hidrogênio e formando o sal correspondente.
Por outro lado, os ácidos oxidantes, isto é, aqueles cujos íons negati-
vos têm capacidade de realizar reações de oxidação, não libertam hidrogê-
nio e reagem até com os metais abaixo do hidrogênio na tabela de poten-
ciais.
Unidade: mol/kg ou molal Os ácidos reagem com os óxidos (exceto os neutros e os anidridos)
Obs.: Numa solução aquosa diluída, 1L de solução contém aproxima- formando sais e água, e com os carbonatos e bicarbonatos desprendendo
damente 1L de água, ou seja, 1Kg de água. Dessa forma o número de mols CO2. Os ácidos reagem com as bases, formando sais e água. Daí dizer-se
de soluto por litro de solução (molaridade) é aproximadamente igual ao que a reação de ácidos com bases é de salificação (devido à formação de
número de mols do soluto por quilograma de água (molalidade). sal) ou de neutralização (devido à anulação do caráter básico da solução),
tornando o meio neutro.
Nomenclatura. A denominação dos ácidos obedece aos seguintes
ÁCIDOS, BASES, SAIS E ÓXIDOS: DEFINIÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, princípios: nos hidrácidos, à palavra "ácido" segue-se o nome do elemento
PROPRIEDADES, FORMULAÇÃO E NOMENCLATURA. CONCEITOS DE ou radical eletronegativo, com o sufixo "ídrico": HCL, ácido clorídrico; HCN,
ÁCIDOS E BASE. PRINCIPAIS PROPRIEDADES DOS ÁCIDOS E BA- ácido cianídrico; H2S, ácido sulfídrico etc. Nos oxiácidos, à palavra "ácido"
SES: INDICADORES, CONDUTIBILIDADE ELÉTRICA, REAÇÃO COM segue-se o nome do radical eletronegativo com a terminação "ico": H2CO3,
METAIS, REAÇÃO DE NEUTRALIZAÇÃO. ácido carbônico; HCNO, ácido ciânico etc.
Quando um mesmo elemento forma dois oxiácidos, usa-se o sufixo
ÁCIDO "oso" para o menos oxigenado: HNO2, ácido nitroso; HNO3, ácido nítrico.
Desde os tempos dos alquimistas, observou-se que certas substâncias Numa série de oxiácidos de um mesmo elemento, usa-se o prefixo "hipo" e
apresentavam comportamentos peculiares quando dissolvidos na água. o sufixo "oso" para o ácido menos oxigenado, e o prefixo "per" e a desinên-
Entre tais propriedades destacavam-se o sabor, semelhante ao do vinagre; cia "ico" para o mais oxigenado: HClO, ácido hipocloroso, HClO3, ácido
a facilidade de atacar os metais, dando origem a um gás inflamável; e o fato clórico; HClO4, ácido perclórico.
de produzirem espuma quando em contato com calcários. Essas substân- A nomenclatura oficial UIQPA (União Internacional de Química Pura e
cias foram denominadas ácidos. Aplicada) consiste em substituir o "o" do hidrocarboneto correspondente
pelo sufixo "óico". Nos ácidos ramificados, a cadeia principal é a mais longa
Definição. Os critérios inicialmente usados para caracterizar os ácidos que contenha o grupamento funcional (-COOH), ponto a partir do qual a
baseavam-se nas propriedades de suas soluções aquosas. Dizia-se que cadeia é numerada. Os átomos de carbono da cadeia principal podem
ácidos eram substâncias que apresentavam sabor azedo ou ácido e produ- também ser designados por letras: o carbono de carboxila é ômega, e os
ziam mudança de cor dos indicadores. Evidentemente, essas propriedades seguintes, alfa, beta, gama etc.
não são completas nem específicas, pois outras substâncias podem tam-
Tipos de ácidos. Os ácidos se dividem fundamentalmente em orgâni-
bém apresentá-las. Com o passar do tempo, foram estabelecidos conceitos
cos e inorgânicos ou minerais. Os ácidos orgânicos são compostos que
mais definidos para a caracterização dos ácidos, tais como o de Arrhenius,
contêm em sua estrutura o grupamento carboxila, composto por um átomo
o de Brönsted-Lowry e o de Lewis.
de carbono ligado a um átomo de oxigênio por ligação dupla e a um grupo
Na segunda metade do século XIX, Arrhenius definiu ácido como um de hidroxila, por ligação simples. Entre os milhares de ácidos orgânicos
composto que, dissolvido em água, libera íons hidrogênio. Essa definição, conhecidos, alguns são de enorme importância para o homem.

Química 32 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
O ácido fórmico, primitivamente obtido de certa espécie de formiga, é oxidação e, conseqüentemente, forma mais de um hidróxido, coloca-se,
atualmente produzido a partir da reação do monóxido de carbono com após o nome do cátion, o seu número de oxidação em algarismos romanos.
hidróxido de sódio sob pressão (sete atmosferas), na temperatura de 120 a Usam-se, também, as terminações "-oso" e "-ico", conforme o número de
150o C, obtendo-se formiato de sódio, que, tratado por ácidos minerais, oxidação seja menor ou maior, respectivamente.
libera o ácido fórmico. É usado em corantes de tecidos, para formar a As bases reagem com os ácidos, com os óxidos de caráter ácido e com
solução ácida, sendo que, no final do processo, o ácido que fica na fazenda os anfóteros, produzindo sal e água. Com os anidridos ácidos a reação
se evapora. Preferido para a coagulação do látex de borracha, é também pode conduzir a mais de um sal, conforme se use ou não excesso de
usado na neutralização da cal, que é empregada no processamento do anidrido. Os hidróxidos são bons condutores de corrente elétrica, tanto
couro. fundidos quanto em solução aquosa, sendo os produtos da eletrólise dife-
O ácido acético, o mais importante dos ácidos carboxílicos, forma-se a rentes num caso e noutro.
partir de soluções diluídas de etanol por ação de microrganismos, sendo ÓXIDO
esse o processo de preparação de vinagre de vinho; é utilizado em grandes
quantidades como solvente e como meio não aquoso, em reações. Tem A ferrugem que corrói os objetos de ferro e a pátina que recobre as cú-
também uso importante na neutralização ou acidulação, quando não são pulas de bronze de certas igrejas nada mais são que variedades de óxidos
aplicáveis ácidos minerais (por exemplo, no processamento de filmes e formados pela reação dessas substâncias com o oxigênio do ar.
papéis fotográficos). Óxido é um composto binário do oxigênio com elementos menos ele-
Os ácidos graxos, presentes nas gorduras animais e vegetais, ocorrem, tronegativos. Segundo suas propriedades, os óxidos distinguem-se em
normalmente, combinados com glicerina ou glicerol, sob a forma de triéste- básicos, ácidos ou neutros.
res chamados glicerídeos, dos quais são obtidos por saponificação. São
utilizados na produção industrial de ceras, cosméticos e pinturas. Chamam-se básicos os óxidos que reagem com a água para formar
bases (ou hidróxidos) e com ácidos para produzir sais. Os elementos que
Os ácidos inorgânicos são de origem mineral e dividem-se em hidráci-
se ligam ao oxigênio nos óxidos básicos pertencem aos grupos Ia, IIa e IIIa
dos, quando não apresentam oxigênio em sua combinação, e oxiácidos,
(exceto o boro) ou são elementos de transição, como nos óxidos de sódio
quando esse átomo faz parte de sua estrutura. Entre eles, os mais utiliza-
(Na2O) e de cálcio (CaO). Os óxidos ácidos, ou anidridos, como o dióxido
dos industrialmente são o ácido clorídrico, o nítrico, o fosfórico e o sulfúrico.
de carbono (CO2) e o dióxido de enxofre (SO2), reagem com a água para
O ácido clorídrico ou cloreto de hidrogênio é um gás incolor, de odor irritan-
formar ácidos e com bases para formar sais. São produzidos com elemen-
te e tóxico. Tem ponto de fusão -112o C e de ebulição -83,7o C. É muito
tos não-metálicos dos grupos IVa, Va, VIa e VIIa e alguns elementos de
solúvel em água, solução chamada de ácido clorídrico. Ácido forte é quase
transição. Já exemplos de óxidos neutros (nem ácidos nem básicos) são o
totalmente ionizado, e emprega-se na síntese de diversos compostos
monóxido de carbono (CO) e o monóxido de nitrogênio (NO).
orgânicos de interesse.
O ácido nítrico é um líquido incolor, de cheiro irritante e tóxico; tem pon- Embora se enquadrem na classificação anterior, merecem destaque os
to de ebulição 86o C e ponto de fusão -41,3o C. É miscível com a água em óxidos anfóteros, como o óxido de alumínio (Al2O3), que reage tanto com
todas as proporções. Suas soluções aquosas são incolores, mas se de- ácidos como com bases para formar sais. São anfóteros tanto os peróxidos,
compõem com o tempo, sob a ação da luz. É utilizado como matéria-prima como o peróxido de sódio (Na2O2), que reagem com a água para formar
na indústria de plásticos, fertilizantes, explosivos e corantes. bases e peróxido de hidrogênio (água oxigenada, H2O2), e com ácidos
O ácido ortofosfórico é um sólido incolor, muito higroscópico e muito para formar sal e peróxido de hidrogênio, quanto os superóxidos, como o
solúvel em água. Aplica-se na indústria de fertilizantes, nos processos de superóxido de sódio (NaO2), que em reação com a água formam bases,
estamparia nas indústrias têxteis e na síntese de inúmeros compostos de peróxido de hidrogênio e oxigênio, e com os ácidos formam sal, peróxido de
interesse. hidrogênio e oxigênio. Mencionam-se ainda os ozonides (ou ozonetos),
resultantes da reação entre ozônio (O3) e hidróxidos de metais alcalinos
O ácido sulfúrico é um líquido oleoso, com densidade de 1,84g/cm3.
(exceto LiOH), e os óxidos salinos, como o Fe3O4, que formam, pela
Tem ponto de fusão de 10o C e de ebulição de 338o C. Embora muito
reação com ácidos, dois sais diferentes do mesmo metal. Exceto nos
estável quando aquecido, sua solução diluída perde água, gradualmente,
peróxidos e superóxidos, o oxigênio nessas reações tem valência dois, ou
com o aquecimento. Durante o aquecimento, o ácido puro perde SO3. É
seja, participa das ligações com dois elétrons.
utilizado como matéria-prima na produção do sulfato de amônio, intermediá-
rio da elaboração de fertilizantes, de detergentes, explosivos, pigmentos e SAL
corantes, entre outros produtos.
A importância histórica do sal comum como conservante de alimentos e
BASE como moeda permaneceu em várias expressões de linguagem. A palavra
Os antigos dividiam as substâncias em dois grandes grupos: as que se salário, derivada do latim, representava originalmente a porção de sal que
assemelhavam ao vinagre, denominadas ácidos, e as semelhantes às os soldados da antiguidade romana recebiam como pagamento por seus
cinzas de plantas, chamadas álcalis. Os álcalis eram substâncias detergen- serviços.
tes ou, segundo o farmacêutico e químico francês Guillaume François
Rouelle, bases. Na linguagem vulgar, o termo sal designa estritamente o cloreto de só-
dio (NaCl), utilizado na alimentação. Em química, porém, tem um sentido
No final do século XIX, o sueco Svante Arrhenius definiu base como
muito mais amplo e se aplica a uma série de compostos com características
substância que, em solução aquosa, libera íon hidroxila, OH-, como único
bem definidas, que têm em comum com o cloreto de sódio o fato de se
ânion. Esse conceito corresponde ao de hidróxido. De fato, base é uma
formarem pela reação de um ácido com uma base. O cloreto de sódio
classe mais geral de compostos, de forma que todo hidróxido é uma base,
resulta da reação do ácido clorídrico com o hidróxido de sódio.
mas nem toda base é um hidróxido.
Um conceito mais abrangente, porém ainda não completo, desses Pode-se, assim, definir sal como composto iônico resultante da reação
compostos foi proposto pelo dinamarquês Johannes Nicolaus Brønsted e entre um ácido e uma base, mas há outras conceituações igualmente
pelo britânico Thomas Martin Lowry na década de 1920. Segundo os dois aceitas. Segundo a teoria de Arrhenius, que defende a existência de três
químicos, base é qualquer substância química, molecular ou iônica, capaz tipos de eletrólitos (ou substâncias em dissolução), sais são substâncias
de receber prótons. Esse conceito, mais geral do que o de Arrhenius, que, em dissolução, produzem cátions e ânions de vários tipos, mas sem-
permite incluir entre as bases outras substâncias além dos hidróxidos. pre diferentes dos íons hidrogênio (H3O+), também chamados hidroxônios,
Para o americano Gilbert Lewis, base é qualquer substância química e hidroxila (OH-). Os outros dois tipos de eletrólitos, segundo Arrhenius,
capaz de ceder um par de elétrons para a formação de co-valência coorde- são: os ácidos, que em água se ionizam e produzem, como cátions, exclu-
nada. Certos sais são formados sem transferência de prótons (na ausência sivamente íons hidrogênio; e as bases que, em água, se dissociam e pro-
de água) e, nesse caso, nem a teoria de Arrhenius nem a de Brønsted- duzem, como ânions, exclusivamente íons hidroxila. Por serem sobretudo
Lowry seriam suficientes para classificar como bases as substâncias que iônicos, os sais são em geral cristalinos e solúveis em água.
reagem com os compostos de caráter ácido para formar esses sais. Classificação. De acordo com o ácido de que derivam, os sais se
As bases designam-se pela expressão "hidróxido de" seguida do nome classificam em: (1) halóides, derivados de hidrácidos, e (2) oxissais, deriva-
do cátion ou metal. Quando o cátion apresenta mais de um número de dos de oxiácidos. Os halóides são sais não-oxigenados, como NaCl e KBr

Química 33 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
(bromato de potássio). Os oxissais apresentam oxigênio no íon negativo, cloreto de sódio, chamado sal comum ou sal de cozinha, muito empregado
como no caso do Na2SO4 (sulfato de sódio). Outra classificação distingue na alimentação como condimento e como conservante, neste caso especi-
os sais ácidos, básicos, e neutros ou normais. Os sais ácidos resultam da almente para carnes e pescados. A grande importância do sal, no entanto,
substituição, parcial ou total, de um ou mais hidrogênios ácidos (ionizáveis decorre de seus múltiplos usos e aplicações, além do consumo humano e
ou substituíveis) por íons positivos, como no caso do NaH2PO4 (fosfato de animal. Emprega-se o sal em refrigeração, na indústria eletroquímica de
sódio). Sais básicos têm uma ou mais hidroxilas, como no caso do cloro e seus derivados, como o ácido clorídrico e cloretos diversos, hipoclo-
Zn(OH)Cl (cloreto monobásico de zinco), e resultam das bases por substi- ritos, cloratos e percloratos. É ainda usado na fabricação de inseticidas
tuição parcial ou total das hidroxilas por íons negativos. Os que não contêm como o DDT, de plásticos com base de cloro e outros.
hidrogênio ácido nem hidroxila, como é o caso do CaSO4 (sulfato de cál- A eletrólise do cloreto de sódio fornece, além do cloro, o sódio metálico
cio), são chamados de sais neutros ou normais. ou soda cáustica, que tem na indústria um papel equivalente ao do ácido
Quando se misturam soluções de dois ou mais sais simples, pode-se sulfúrico, pela diversidade de empregos, entre eles a produção de sabões,
formar um terceiro sal, chamado duplo, como por exemplo o óleos vegetais e minerais, celulose etc. O sal também é matéria-prima para
KCl.MgCl2.6H2O (cloreto duplo de potássio e magnésio). Os sais compos- fabricação de barrilha (Na2CO3), empregada na indústria têxtil, na produ-
tos de íons complexos, formados de diversos átomos, são chamados de ção de vidro e em muitos outros casos em que se necessita de um álcali
sais complexos. Em solução aquosa, os sais podem fixar uma ou mais fraco.
moléculas de água e se tornarem hidratados, como ocorre em Cu- Tipos de sal. O sal comum pode ser classificado, de acordo com seu
SO4.5H2O (sulfato de cobre II penta-hidratado). teor de pureza, ou seja, a maior ou menor porcentagem de outros sais em
Nomenclatura. Existem regras para nomear os sais mais comuns. No sua composição, em dois tipos: sal bruto e sal beneficiado. Sal bruto é o
caso dos sais halóides, substitui-se a terminação "-ídrico" do hidrácido pelo produto imediato da extração, com todas as impurezas de manipulação
sufixo "-eto". Acrescenta-se a preposição "de" e o nome do íon positivo. extrativa e tudo o que cristaliza com o cloreto de sódio. Pode ser de três
Tem-se assim, por exemplo, derivado do ácido cianídrico (HCN), o cianeto tipos: sal marinho (verde e curado); sal de minas, lagos salgados ou mares
de potássio (KCN). interiores (salmoura); sal de jazidas de sal-gema (ou halito) e depósitos de
Quando um metal forma dois sais, derivados do mesmo ácido, acres- sais mistos. O sal beneficiado se subdivide em alimentício (sal de cozinha e
centa-se após o nome do sal, entre parênteses, o número de oxidação do sal grosso) e de conserva, a qual pode ser salga seca ou salmoura. No
metal em algarismos romanos. É comum também o emprego das termina- Brasil, uma lei de 1953 determina que seja distribuído exclusivamente sal
ções "-oso", para o sal em que o metal apresenta o menor número de iodado nas regiões sujeitas ao bócio endêmico, doença causada pela
oxidação, e "-ico", para o número de oxidação maior. O estanho, por exem- deficiência de iodo na alimentação.
plo, forma os sais SnCl2 (cloreto estanoso) e SnCl4 (cloreto estânico). Extração de sal. Ainda que a fonte principal de sal seja a água do mar
No caso dos oxissais, derivados dos oxiácidos, substituem-se as termi- -- na qual sua concentração é muito variável, com uma média de 3,3% --, o
nações "-oso" e "-ico" dos ácidos de que derivam os sais pelas terminações produto pode ser encontrado também em lagos salgados. Em ambos os
"-ito" e "-ato", respectivamente. Acrescenta-se a preposição "de" e o nome casos, o procedimento de extração consiste em isolar a água salgada em
do cátion do sal. Do ácido sulfúrico (H2SO4), por exemplo, deriva o sulfato tanques rasos, as salinas, onde, exposta ao sol e ao vento, a solução
de potássio (CaSO4). Ao metal que forma mais de um sal, aplica-se o atinge concentrações cada vez maiores, até o ponto de saturação, quando
critério do número de oxidação em algarismos romanos, ou as terminações começa a precipitar o cloreto de sódio.
"-oso" e "-ico", como em FeSO4 (sulfato de ferro II, ou sulfato ferroso) e O sal obtido do mar apresenta-se geralmente menos puro que o sal-
Fe2(SO4)3 (sulfato de ferro III, ou sulfato férrico). gema, encontrado em depósitos subterrâneos ou superficiais formados a
Quando se tem sais ácidos, há várias alternativas de nomenclatura: (1) partir da evaporação dos mares em eras geológicas passadas. O sal-gema
indica-se o número de íons positivos pelos prefixos "mono-", "di-", "tri-" etc; é um mineral que ocasionalmente apresenta cristais de forma cúbica regu-
(2) indica-se o número de átomos de hidrogênio ácido não substituídos com lar e se caracteriza pelo sabor e pouca dureza (dois, na escala de Mohs).
as expressões "mono-hidrogeno", "di-hidrogeno" etc; (3) utilizam-se os Entre as principais jazidas de sal-gema estão a da baixa Saxônia, na Ale-
termos "monoácido", "diácido" etc; ou (4) coloca-se o prefixo "bi-" antes do manha, e outras na Áustria, Espanha, Itália e Rússia. No que se refere à
nome do íon negativo, no caso de sais ácidos derivados de diácidos. Um produção global de sal, os principais países produtores são Estados Uni-
exemplo é NaHSO4, sulfato monossódico, também designado mono- dos, China e Rússia.
hidrogeno-sulfato de sódio, ou sulfato monoácido de sódio, ou bissulfato de
sódio. FUNÇÕES DA QUÍMICA INORGÂNICA:
ÁCIDOS
Ácido de Arrhenius - Substância que, em solução aquosa, libera co-
mo cátions somente íons H+ (ou H3O+).
NOMENCLATURA
Ácido não-oxigenado (HxE):
ácido + [nome de E] + ídrico
Exemplo: HCl - ácido clorídrico
Ácidos HxEOy, nos quais varia o nox de E:
Grupo de E

Nox de E

Nome do ácido
Exemplo
HxEOy
Preparação. Alguns sais ocorrem em grandes quantidades na nature-
za. Basta, portanto, escolher o melhor processo de extração, como no caso ácido per +
do cloreto de sódio, presente na água do mar. Muitos outros sais, porém, HClO4 ácido perclórico
7 [nome de E] +
Nox do Cl = +7
são preparados artificialmente por meio de reações entre ácidos e bases ico
(chamadas reações de salificação); entre ácidos e óxidos básicos; ou entre ácido
óxidos ácidos e básicos. Outros processos de obtenção de sais incluem a HClO3 ácido clórico
7 a<7 [nome de E]
ação de ácido, base ou sal sobre um sal, geralmente em solução aquosa; a + ico
Nox do Cl = +5
reação entre metal e ácidos, bases ou sais; e a combinação de um metal
com um ametal. Ácido
HClO2 ácido cloroso
b<a [nome de E] +
Sal comum. Dos inúmeros compostos salinos que podem ser encontra- oso
Nox do Cl = +3
dos na natureza, o que mais importância apresenta para o ser humano é o

Química 34 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ácido hipo + - É consumido em enormes quantidades em inúmeros processos indus-
HClO ácido hipocloroso triais, como processos da indústria petroquímica, fabricação de papel,
c<b [nome de E] +
oso
Nox do Cl = +1 corantes, etc.
ácido - O ácido sulfúrico concentrado é um dos desidratantes mais enérgicos.
H3PO4 ácido fosfórico Assim, ele carboniza os hidratos de carbono como os açúcares, amido
G [nome de E] +
ico
Nox do P = +5 e celulose; a carbonização é devido à desidratação desses materiais.
G Ácido - O ácido sulfúrico "destrói" o papel, o tecido de algodão, a madeira, o
H3PO3 ácido fosforoso açúcar e outros materiais devido à sua enérgica ação desidratante.
¹ a<G [nome de E] +
Nox do P = +3
7 oso - O ácido sulfúrico concentrado tem ação corrosiva sobre os tecidos dos
ácido hipo + organismos vivos também devido à sua ação desidratante. Produz sé-
H3PO2 ácido hipofosforoso rias queimaduras na pele. Por isso, é necessário extremo cuidado ao
b<a [nome de E] +
oso
Nox do P = +1 manusear esse ácido.
- As chuvas ácidas em ambiente poluídos com dióxido de enxofre con-
Ácidos orto, meta e piro. O elemento E tem o mesmo nox. Esses áci- têm H2SO4 e causam grande impacto ambiental.
dos diferem no grau de hidratação:
 Ácido nítrico (HNO3)
1 ORTO - 1 H2O = 1 META - Depois do sulfúrico, é o ácido mais fabricado e mais consumido na
2 ORTO - 1 H2O = 1 PIRO indústria. Seu maior consumo é na fabricação de explosivos, como ni-
troglicerina (dinamite), trinitrotolueno (TNT), trinitrocelulose (algodão
Nome dos ânions sem H ionizáveis - Substituem as terminações pólvora) e ácido pícrico e picrato de amônio.
ídrico, oso e ico dos ácidos por eto, ito e ato, respectivamente. - É usado na fabricação do salitre (NaNO3, KNO3) e da pólvora negra
(salitre + carvão + enxofre).
CLASSIFICAÇÃO
- As chuvas ácidas em ambientes poluídos com óxidos do nitrogênio
 Quanto ao número de H ionizáveis: contém HNO3 e causam sério impacto ambiental. Em ambientes não
- monoácidos ou ácidos monopróticos poluídos, mas na presença de raios e relâmpagos, a chuva também
contém HNO3, mas em proporção mínima.
- diácidos ou ácidos dipróticos
- O ácido nítrico concentrado é um líquido muito volátil; seus vapores
- triácidos ou ácidos tripróticos
são muito tóxicos. É um ácido muito corrosivo e, assim como o ácido
- tetrácidos ou ácidos tetrapróticos sulfúrico, é necessário muito cuidado para manuseá- lo.
 Quanto à força  Ácido fosfórico (H3PO4)
- Ácidos fortes, quando a ionização ocorre em grande extensão. - Os seus sais (fosfatos) têm grande aplicação como fertilizantes na
Exemplos: HCl, HBr, HI . Ácidos HxEOy, nos quais (y - x) ³ 2, como agricultura.
HClO4, HNO3 e H2SO4. - É usado como aditivo em alguns refrigerantes.
- Ácidos fracos, quando a ionização ocorre em pequena extensão.  Ácido acético (CH3 - COOH)
Exemplos: H2S e ácidos HxEOy, nos quais (y - x) = 0, como HClO, - É o ácido de vinagre, produto indispensável na cozinha (preparo de
H3BO3. saladas e maioneses).
- Ácidos semifortes, quando a ionização ocorre em extensão interme-  Ácido fluorídrico (HF)
diária.
- Tem a particularidade de corroer o vidro, devendo ser guardado em
Exemplos: HF e ácidos HxEOy, nos quais (y - x) = 1, como H3PO4, frascos de polietileno. É usado para gravar sobre vidro.
HNO2, H2SO3.
 Ácido carbônico (H2CO3)
Exceção: H2CO3 é fraco, embora (y - x) = 1.
- É o ácido das águas minerais gaseificadas e dos refrigerantes. Forma-
Roteiro para escrever a fórmula estrutural de um ácido HxEOy se na reação do gás carbônico com a água:
1. Ligue a E tantos -O-H quantos forem os H ionizáveis.
CO2 + H2O  H2CO3
2. Ligue a E os H não-ionizáveis, se houver.
3. Ligue a E os O restantes, por ligação dupla (E = O) ou dativa (E  O).
BASES
Ácidos mais comuns na química do cotidiano Base de Arrhenius - Substância que, em solução aquosa, libera como
 Ácido clorídrico (HCl) ânions somente íons OH-.
- O ácido impuro (técnico) é vendido no comércio com o nome de ácido Classificação
muriático. Solubilidade em água:
- É encontrado no suco gástrico. São solúveis em água o hidróxido de amônio, hidróxidos de metais alcali-
- É um reagente muito usado na indústria e no laboratório. nos e alcalino-terrosos (exceto Mg). Os hidróxidos de outros metais são
- É usado na limpeza de edifícios após a sua caiação, para remover os insolúveis.
respingos de cal. Quanto à força:
- É usado na limpeza de superfícies metálicas antes da soldagem dos São bases fortes os hidróxidos iônicos solúveis em água, como NaOH,
respectivos metais. KOH, Ca(OH)2 e Ba(OH)2.
 Ácido sulfúrico (H2SO4) São bases fracas os hidróxidos insolúveis em água e o hidróxido de amô-
- É o ácido mais importante na indústria e no laboratório. O poder eco- nio. O NH4OH é a única base solúvel e fraca.
nômico de um país pode ser avaliado pela quantidade de ácido sulfúri- Ação de ácidos e bases sobre indicadores
co que ele fabrica e consome.
Indicador Ácido Base
- O maior consumo de ácido sulfúrico é na fabricação de fertilizantes,
como os superfosfatos e o sulfato de amônio. tornassol róseo azul
- É o ácido dos acumuladores de chumbo (baterias) usados nos automó- fenolftaleína incolor avermelhado
veis. alaranjado de metila avermelhado amarelo

Química 35 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Bases mais comuns na química do cotidiano Nomenclatura
 Hidróxido de sódio ou soda cáustica (NaOH) Óxido ExOy:
- É a base mais importante da indústria e do laboratório. É fabricado e nome do óxido = [mono, di, tri ...] + óxido de [mono, di, tri...] + [nome
consumido em grandes quantidades. de E]
- É usado na fabricação do sabão e glicerina: O prefixo mono pode ser omitido.
(óleos e gorduras) + NaOH  glicerina + sabão Os prefixos mono, di, tri... podem ser substituídos pelo nox de E, es-
crito em algarismo romano.
- É usado na fabricação de sais de sódio em geral. Exemplo: salitre.
Nos óxidos de metais com nox fixo e nos quais o oxigênio tem nox = -2,
HNO3 + NaOH  NaNO3 + H2O não há necessidade de prefixos, nem de indicar o nox de E.
- É usado em inúmeros processos industriais na petroquímica e na Óxidos nos quais o oxigênio tem nox = -1:
fabricação de papel, celulose, corantes, etc.
nome do óxido = peróxido de + [nome de E ]
- É usado na limpeza doméstica. É muito corrosivo e exige muito cuidado
ao ser manuseado. Óxidos ácidos, óxidos básicos e óxidos anfóteros

- É fabricado por eletrólise de solução aquosa de sal de cozinha. Na  Os óxidos dos elementos fortemente eletronegativos (não-metais),
eletrólise, além do NaOH, obtêm-se o H2 e o Cl2, que têm grandes apli- como regra, são óxidos ácidos. Exceções: CO, NO e N2O.
cações industriais.
 Os óxidos dos elementos fracamente eletronegativos (metais alcalinos
 Hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) e alcalino-terrosos) são óxidos básicos.
- É a cal hidratada ou cal extinta ou cal apagada.  Os óxidos dos elementos de eletronegatividade intermediária, isto é,
dos elementos da região central da Tabela Periódica, são óxidos anfó-
- É obtida pela reação da cal viva ou cal virgem com a água. É o que teros.
fazem os pedreiros ao preparar a argamassa:
- É consumido em grandes quantidades nas pinturas a cal (caiação) e no Óxidos ácidos
preparo da argamassa usada na alvenaria. Cl2O Cl2O7 I2O5 SO2 SO3 N2O3 N2O5 P2O3 P2O5 CO2 SiO2 CrO3 MnO3
Mn2O7
 Amônia (NH3) e hidróxido de amônio (NH4OH) Reações caraterísticas Exemplos de reações
- Hidróxido de amônio é a solução aquosa do gás amônia. Esta solução SO3 + H2O  H2SO4
é também chamada de amoníaco. óxido ácido + água  ácido
SO3 +2KOH  K2SO4 + H2O
óxido ácido + base  sal +
- A amônia é um gás incolor de cheiro forte e muito irritante. N2O5 + H2O  2HNO3
água
N2O5 + 2KOH  2KNO3 + H2O
- A amônia é fabricada em enormes quantidades na indústria. Sua Óxidos ácidos mistos
principal aplicação é a fabricação de ácido nítrico. NO2
- É também usada na fabricação de sais de amônio, muito usados como Reações caraterísticas Exemplos de reações
fertilizantes na agricultura. Exemplos: NH4NO3, (NH4)2SO4, (NH4)3PO4
óxido ácido misto + água 
2NO2 + H2O  HNO3 + HNO2
- A amônia é usada na fabricação de produtos de limpeza doméstica, ácido(1) + ácido(2)
2NO2 + 2KOH  KNO3 + KNO2 +
como Ajax, Fúria, etc. óxido ácido misto + base 
H2O
sal(1) + sal(2) + água
 Hidróxido de magnésio (Mg(OH)2)
Óxidos básicos
- É pouco solúvel na água. A suspensão aquosa de Mg(OH)2 é o leite de Li2O Na2O K2O Rb2O Cs2O MgO CaO SrO BaO RaO
magnésia, usado como antiácido estomacal. O Mg(OH)2 neutraliza o Cu2O CuO Hg2O HgO Ag2O FeO NiO CoO MnO
excesso de HCl no suco gástrico. Reações caraterísticas Exemplos de reações
Mg(OH)2 + 2HCl  MgCl2 + 2H2O Na2O + H2O  2NaOH
óxido básico + água  base
Na2O + 2HCl  2NaCl + H2O
 Hidróxido de alumínio (Al(OH)3) óxido básico + ácido  sal +
CaO + H2O  Ca(OH)2
água
- É muito usado em medicamentos antiácidos estomacais, como Maalox, CaO + 2HCl  CaCl2
Pepsamar, etc. Óxidos anfóteros
TEORIA PROTÔNICA DE BRÖNSTED-LOWRY E TEORIA ELETRÔ- As2O3 As2O5 Sb2O3 Sb2O5 ZnO Al2O3 Fe2O3 Cr2O3 SnO SnO2 PbO
NICA DE LEWIS PbO2 MnO2
Reações caraterísticas Exemplos de reações
Teoria protônica de Brönsted-Lowry - Ácido é um doador de prótons
(H+) e base é um receptor de prótons. óxido anfótero + ácido  sal + ZnO + 2HCl  ZnCl2 + H2O
água ZnO + 2KOH  K2ZnO2 + H2O
ácido(1) + base(2) ácido(2) + base(1)
óxido anfótero + base  sal + Al2O3 + 6HCl  2AlCl3 + 3H2O
- Um ácido (1) doa um próton e se tranforma na sua base conjugada (1). água Al2O3 + 2KOH  2KAlO2 + H2O
Um ácido (2) doa um próton e se tranforma na sua base conjugada (2).
Óxidos neutros
- Quanto maior é a tendência a doar prótons, mais forte é o ácido. NO N2O CO
- Quanto maior a tendência a receber prótons, mais forte é a base, e Não reagem com a água, nem com os ácidos, nem com as bases.
vice-versa.
Óxidos salinos
Teoria eletrônica de Lewis - Ácidos são receptores de pares de elé- Fe3O4 Pb3O4 Mn3O4
trons, numa reação química.
Reações caraterísticas Exemplos de reações
ÓXIDOS
óxido salino + ácido  sal(1) + Fe3O4 + 8HCl  2FeCl3 + FeCl2 +
Óxido - Composto binário de oxigênio com outro elemento menos ele- sal(2) + água 4H2O
tronegativo.

Química 36 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Peróxidos - O álcool (etanol) não contém composto de enxofre e, por isso, na sua
Li2O2 Na2O2 K2O2 Rb2O2 Cs2O2 MgO2 CaO2 SrO2 BaO2 RaO2 Ag2O2 queima não é liberado o SO2. Esta é mais uma vantagem do álcool em
H2O2 relação à gasolina em termos de poluição atmosférica.
Reações caraterísticas Exemplos de reações - O SO2 lançado na atmosfera se transforma em SO3 que se dissolve na
peróxido + água  base + O2 Na2O2 + H2O  2NaOH + 1/2 O2 água de chuva constituindo a chuva ácida, causando um sério impacto
peróxido + ácido  sal + H2O2 Na2O2 + 2HCl  2NaCl + H2O2 ambiental e destruindo a vegetação:
2SO2 + O2 (ar)  2SO3
SO3 + H2O  H2SO4
Óxidos mais comuns na química do cotidiano
 Dióxido de nitrogênio (NO2)
 Óxido de cálcio (CaO)
- É um gás de cor castanho-avermelhada, de cheiro forte e irritante,
- É um dos óxidos de maior aplicação e não é encontrado na natu-
muito tóxico.
reza. É obtido industrialmente por pirólise de calcário.
- Nos motores de explosão dos automóveis, caminhões, etc., devido à
- Fabricação de cal hidratada ou Ca(OH)2. temperatura muito elevada, o nitrogênio e oxigênio do ar se combinam
- Preparação da argamassa usada no assentamento de tijolos e revesti- resultando em óxidos do nitrogênio, particularmente NO2, que poluem a
mento das paredes. atmosfera.

- Pintura a cal (caiação). - O NO2 liberado dos escapamentos reage com o O2 do ar produzindo
O3, que é outro sério poluente atmosférico
- Na agricultura, para diminuir a acidez do solo.
NO2 + O2  NO + O3
 Dióxido de carbono (CO2)
- Os automóveis modernos têm dispositivos especiais que transformam
- É um gás incolor, inodoro, mais denso que o ar. Não é combustível e os óxidos do nitrogênio e o CO em N2 e CO2 (não poluentes).
nem comburente, por isso, é usado como extintor de incêndio.
- Os óxidos do nitrogênio da atmosfera dissolvem-se na água dando
- O CO2 não é tóxico, por isso não é poluente. O ar contendo maior teor ácido nítrico, originando assim a chuva ácida, que também causa sério
em CO2 que o normal (0,03%) é impróprio à respiração, porque contém impacto ambiental.
menor teor em O2 que o normal.
SAIS
- O CO2 é o gás usado nos refrigerantes e nas águas minerais gaseifica-
das. Aqui ocorre a reação: Sal de Arrhenius - Composto resultante da neutralização de um ácido
por uma base, com eliminação de água. É formado por um cátion proveni-
CO2 + H2O  H2CO3 (ácido carbônico) ente de uma base e um ânion proveniente de um ácido.
- O CO2 sólido, conhecido por gelo seco, é usado para produzir baixas Nomenclatura
temperaturas.
nome do sal = [nome do ânion] + de + [nome do cátion]
- Atualmente, o teor em CO2 na atmosfera tem aumentado e esse fato é
o principal responsável pelo chamado efeito estufa. Classificação

 Monóxido de carbono (CO) Os sais podem ser classificados em:

- É um gás incolor extremamente tóxico. É um seríssimo poluente do ar  sal normal (sal neutro, na nomenclatura antiga),
atmosférico.  hidrogênio sal (sal ácido, na nomenclatura antiga) e
- Forma-se na queima incompleta de combustíveis como álcool (etanol),
 hidróxi sal (sal básico, na nomenclatura antiga).
gasolina, óleo, diesel, etc.
REAÇÕES DE SALIFICAÇÃO
- A quantidade de CO lançada na atmosfera pelo escapamento dos
automóveis, caminhões, ônibus, etc. cresce na seguinte ordem em re- Reação da salificação com neutralização total do ácido e da base
lação ao combustível usado: Todos os H ionizáveis do ácido e todos os OH- da base são neutraliza-
álcool < gasolina < óleo diesel. dos. Nessa reação, forma-se um sal normal. Esse sal não tem H ionizável
nem OH-.
- A gasolina usada como combustível contém um certo teor de álcool
Reação de salificação com neutralização parcial do ácido
(etanol), para reduzir a quantidade de CO lançada na atmosfera e, com
isso, diminuir a poluição do ar, ou seja, diminuir o impacto ambiental. Nessa reação, forma-se um hidrogênio sal, cujo ânion contém H ionizá-
vel.
 Dióxido de enxofre (SO2) Reação de salificação com neutralização parcial da base
- É um gás incolor, tóxico, de cheiro forte e irritante. Nessa reação, forma-se um hidróxi sal, que apresenta o ânion OH- ao
lado do ânion do ácido.
- Forma-se na queima do enxofre e dos compostos do enxofre:
Sais naturais
S + O2 (ar)  SO2
CaCO3 NaCl NaNO3
- O SO2 é um sério poluente atmosférico. É o principal poluente do ar Ca3(PO4)2 CaSO4 CaF2
das regiões onde há fábricas de H2SO4. Uma das fases da fabricação sulfetos metálicos
silicatos etc.
desse ácido consiste na queima do enxofre. (FeS2, PbS, ZnS,HgS)
- A gasolina, óleo diesel e outros combustíveis derivados do petróleo Sais mais comuns na química do cotidiano
contêm compostos do enxofre. Na queima desses combustíveis, forma-
se o SO2 que é lançado na atmosfera. O óleo diesel contém maior teor  Cloreto de sódio (NaCl)
de enxofre do que a gasolina e, por isso, o impacto ambiental causado - Alimentação - É obrigatória por lei a adição de certa quantidade de
pelo uso do óleo diesel, como combustível, é maior do que o da gasoli- iodeto (NaI, KI) ao sal de cozinha, como prevenção da doença do bó-
na. cio.

Química 37 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
- Conservação da carne, do pescado e de peles.
• TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS E ENERGIA – TRANSFOR-
- Obtenção de misturas refrigerantes; a mistura gelo + NaCl(s) pode MAÇÕES QUÍMICAS E ENERGIA CALORÍFICA. CALOR DE
atingir -22°C. REAÇÃO. ENTALPIA. EQUAÇÕES TERMOQUÍMICAS. LEI DE
- Obtenção de Na, Cl2, H2, e compostos tanto de sódio como de cloro, HESS. TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS E ENERGIA ELÉTRICA.
como NaOH, Na2CO3, NaHCO3, HCl, etc. REAÇÃO DE OXIRREDUÇÃO. POTENCIAIS PADRÃO DE RE-
DUÇÃO. PILHA. ELETRÓLISE. LEIS DE FARADAY. TRANS-
- Em medicina sob forma de soro fisiológico (solução aquosa contendo FORMAÇÕES NUCLEARES. CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA
0,92% de NaCl), no combate à desidratação.
RADIOATIVIDADE. REAÇÕES DE FISSÃO E FUSÃO NUCLEAR.
 Nitrato de sódio (NaNO3) DESINTEGRAÇÃO RADIOATIVA E RADIOISÓTOPOS.
- Fertilizante na agricultura.
TERMOQUÍMICA
- Fabricação da pólvora (carvão, enxofre, salitre).
Termoquímica é a parte da Química que estuda o calor, envolvido em
 Carbonato de sódio (Na2CO3) uma reação química.
- O produto comercial (impuro) é vendido no comércio com o nome de CONCEITOS FUNDAMENTAIS
barrilha ou soda. Antes de falarmos das reações termo-químicas, devemos nos familiari-
zar com alguns conceitos importantes.
- Fabrição do vidro comum (maior aplicação):
a) Entalpia (H)
Barrilha + calcáreo + areia ® vidro comum É o nome que damos ao conteúdo energético (capacidade calorífica)
- Fabricação de sabões. de um sistema.
b) Variação de Entaipia (H)
 Bicarbonato de sódio (NaHCO3)
Diferença entre as entalpias final e inicial de um sistema. E a medida
- Antiácido estomacal. Neutraliza o excesso de HCl do suco gástrico. da energia liberada ou absorvida pelo sistema. Também é denominada
calor de reação ou energia de reação.
NaHCO3 + HCl  NaCl + H2O + CO2
 H = Hf Hi
- O CO2 liberado é o responsável pelo "arroto".
Todo sistema químico possui certo conteúdo energético ou capacidade
- Fabricação de digestivo, como Alka-Seltzer, Sonrisal, sal de frutas, etc. calorífica. Quando ocorre uma transformação (reação) química neste siste-
ma, ocorre, também, uma modificação em seu conteúdo energético.
- O sal de frutas contém NaHCO3 (s) e ácidos orgânicos sólidos (tartárico,
cítrico e outros). Na presença de água, o NaHCO3 reage com os ácidos Exemplos:
liberando CO2 (g), o responsável pela efervecência: 1. Um palito de fósforo é um sistema químico. Quando a cabeça do palito
é atritada contra a lixa da caixa, ocorre uma reação química que liberta
NaHCO3 + H+  Na+ + H2O + CO2 energia.
- Fabricação de fermento químico. O crescimento da massa (bolos, 2. Certa porção de água é colocada em um congelador de geladeira.
bolachas, etc) é devido à liberação do CO2 do NaHCO3. Após algum tempo retiramos cubos de gelo. A água é um sistema do
qual foi retirado calor, ocorrendo uma mudança de estado físico, de lí-
- Fabricação de extintores de incêndio (extintores de espuma). No extin-
quido para sólido.
tor há NaHCO3 (s) e H2SO4 em compartimentos separados. Quando o
extintor é acionado, o NaHCO3 mistura-se com o H2SO4, com o qual No exemplo 1 temos um fenômeno químico, onde ocorre a formação de
reage produzindo uma espuma, com liberação de CO2. Estes extintores novas substâncias, enquanto que no exemplo 2, temos um fenômeno físico,
não podem ser usados para apagar o fogo em instalações elétricas pois nos estados líquido e sólido a substância é a água.
porque a espuma é eletrolítica (conduz corrente elétrica). REAÇÕES TERMOQUÍMICAS
 Fluoreto de sódio (NaF) Observe o exemplo descrito a seguir, referente à formação de 1 moi de
água líquida a partir de seus elementos.
- É usado na prevenção de cáries dentárias (anticárie), na fabricação de Fenômeno:
pastas de dentes e na fluoretação da água potável.
Um mol de gás hidrogênio é misturado com meio mol de gás oxigênio.
 Carbonato de cálcio (CaCO3) Urna faísca elétrica provoca uma explosão e observa-se a formação de
água líquida. Medindo-se a variação de temperatura, calcula-se a energia
- É encontrado na natureza constituindo o calcário e o mármore. libertada como sendo 68,3 kcal. Apoiando-se na Lei da Conservação da
- Fabricação de CO2 e cal viva (CaO), a partir da qual se obtém cal Matéria e da Energia, conclui-se que as 68,3 kcai estavam armazenadas na
hidradatada (Ca(OH)2): mistura inicial e o produto final terá conteúdo energético (entalpia) menor. A
mistura inicial tem uma entalpia Hi, o produto final tem uma entalpia Hf. A
CaCO3  CaO + CO2 energia libertada é, por definição, Hf Hi. Trata-se de uma reação exotérmi-
ca, pois houve liberação de energia.
CaO + H2O  Ca(OH)2
Equação Termoquímica do processo:
- Fabricação do vidro comum.
- Fabricação do cimento Portland:
Gráfico da reação:
Calcáreo + argila + areia  cimento Portland
- Sob forma de mármore é usado em pias, pisos, escadarias, etc.
 Sulfato de cálcio (CaSO4)
- Fabricação de giz escolar.
- O gesso é uma variedade de CaSO4 hidratado, muito usado em Orto-
pedia, na obtenção de estuque, etc.

Química 38 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Ou seja, toda reação exotérmica tem AH com sinal negativo (Hf < Hi). Por isso é necessária a determinação teórica do H da reação, e isto é
Vamos descrever outro fenômeno, referente à decomposição de um feito através da Lei de Hess, que diz que o calor de uma reação é o mes-
mol de água líquida, produzindo hidrogênio e oxigênio gasosos. mo, independente do caminho tomado, ou seja, a reação pode realizar-se
em uma ou várias etapas, mas se os estados inicial (reagentes) e final
Fenômeno: (produtos) forem os mesmos, o H será o mesmo. Exemplo da aplicação da
Um mol de água líquida é percorrido por uma corrente elétrica contínua Lei de Hess:
e observa-se a formação de um mol de gás hidrogênio e meio mol de gás
oxigênio. Convertendo-se a energia elétrica em calorias obtemos 68,3 kcal. Deseja-se determinar o AH da reação: (I)
O sistema inicial tem conteúdo energético, ou entalpia inicial, menor que o
conteúdo energético final, ou entalpia final, Hf, pois foram necessárias 68,3
kcal adicionadas ao H~ para se atingir o valor do Hf. A energia fornecida ao
sistema é, por definição Hf Hi. Trata-se de uma reação endotérmica, pois Conhecendo-se os dados referentes às reações:
houve absorção de energia.
Equação Termoquímica do processo:

Gráfico da reação:

Resolução:
A Lei de Hess consiste em arranjar as equações dadas, de modo que a
soma delas resulte na equação de AH desconhecido.
Para isso devemos conservar a equação II e inverter a equação III.

Ou seja, toda reação endotérmica tem  H com sinal positivo (Hf > Hi)
INTERMEDIÁRIOS DE REAÇÃO
Todas as reações químicas se processam com variação na quantidade
de energia durante a transformação, independentemente desta ser endo-
térmica ou exotérmica. Note que, ao invertermos a equação III, invertemos também o si-
Três itens são importantes para entendermos o que ocorre: nal do AH, pois esta passou de exotérmica (reação direta)
para endotérmica (reação inversa).
a) Complexo Ativado
Estado intermediário da reação que envolve os reagentes, ,a energia Outra regra, não utilizada nesta questão, diz que ao multiplicarmos
de ativação e, se houver, o catalisador. E o estágio de maior energia da uma equação por uma constante (número), devemos multiplicar o H pela
reação, e é a partir deste estado que a reação se desenvolve, pois a forma- mesma constante, ou seja:
ção dos produtos tem início. Se multiplicarmos a equação:
Obs.: O fato de o complexo ativado se formar não significa que os pro-
dutos se formarão, pois existem casos onde, após a formação do complexo
ativado, retorna-se aos reagentes.
por 2, obteremos:
b) Energia de Ativação
É a mínima energia necessária, que será fornecida ao sistema no ins-
tante inicial, para dar início à reação química.
e) Catalisador
E uma substância estranha à reação que aumenta a velocidade desta ELETROQUÍMICA
reação, pois faz diminuir a energia de ativação. O catalisador não altera
nenhum outro aspecto da reação, como variação de entalpia ou condição
Eletroquímica é o ramo da Química que estuda as relações entre as
de equilíbrio químico, e também participa dos produtos finais e, em alguns
reações químicas e a energia eléjrica envolvida.
casos, pode ser recuperado intacto e pode ser reaproveitado.
Gráfico de Energia de Ativação sem e com catalisador Neste estudo da eletroquímica teremos:
1) Pilha: Dispositivo que produz energia elétrica a partir de uma reação
química espontânea de oxidorredução.

2) Eletrólise: Reação química não espontânea de oxidorredução em


que uma substância sofr~ decomposição pela ação de corrente elétrica. E
um processo inverso ao da pilha.

PILHAS
LEI DE HESS a) Conceitos Fundamentais
Oxidação: Quando o sistema perde elétrons. Ocorre aumento no núme-
Algumas reações químicas apresentam muita dificuldade na determi- ro de oxidação.
nação experimental do H, por serem violentas ou não se dispor de material Redução: Quando o sistema recebe elétrons. Ocorre uma diminuição
adequado para sua realização. no número de oxidação.

Química 39 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Eletrodo: Nome dado ao conjunto que compreende uma barra metálica
e uma solução de seus íons. Também é chamado de semicela ou semicélu- CÁLCULO DA DIFERENÇA DE POTENCIAL DA PILHA
la.
Anodo: É o eletrodo que emite elétrons para o circuito externo. Onde Para calcular a ddp da pilha (E0), devemos raciocinar da seguinte for-
ocorre a oxidação. Na pilha é o pólo negativo. ma:
Cátodo: É o eletrodo que recebe elétrons do circuito externo. Onde
ocorre redução. Na pilha é o pólo positivo. O elemento com menor valor de E0red tem maior tendência a oxidar-se,
Pilha eletroquímica: Conjunto de dois eletrodos ligados por um fio con- portanto perde elétrons mais facilmente, e será o melhor redutor.
dutor, com as soluções em contato através de uma ponte salina.
Potencial de eletrodo: É o número, medido em volts, que indica a ten- Os elétrons vão sempre do eletrodo de maior potencial de oxidação pa-
dência do processo ocorrer no sentido indicado. E simbolizado por E. ra o eletrodo de menor potencial de oxidação.
Se a equação é de oxidação temos o Eoxidação:

Se a equação é de redução temos E redução:

Potencial Normal: E o potencial de eletrodo medido à temperatura de


250C, na pressão de 1 atm (condições padrão), em uma solução de con-
centração 1 mol/L. E simbolizado por E0.
Pilha de Daniel Se não houver interesse na equação global, mas deseja-se calcular
Observe o esquema abaixo, onde representamos uma pilha cujos pólos somente o AE0, faz-se:
são Zn/Zn2+ e Cu/Cu2+, conhecida como pilha de Daniel:

Exemplo: Calcular a ddp (E0) de uma pilha de Zn0/Zn2+ e Al0/Al3+:

E0 = 0,76 — (—1,66) = — 0,76 + 1,66 = + 0,90V.

ESPONTANEIDADE DE UMA REAÇÃO

E0 > 0 a reação é espontânea e ocorre.

E0 < 0 a reação não é espontânea e não ocorre.


A ponte salina tem como único papei, no funcionamento da pilha, per-
mitir a migração dos íons em excesso nos eletrodos e, deste modo, resta- Podemos prever quando uma reação de oxidorredução ocorre ou não
belecer o equilíbrio de cargas elétricas nas soluções. na prática. Para isso calculamos o E no sentido em que a reação está
indicada, e seguimos a indicação do quadro acima.
EQUAÇÃO GLOBAL DA PILHA
Para escrevermos a equação que representa a reação que ocorre na Exemplos:
pilha devemos seguir a seguinte seqüência de passos:
a) Manter a equação de maior E0red. 1) Determinar a espontaneidade da reação: Ni + Sn2+  Ni2~ + Sn
b) Inverter a equação de menor E0red (trocar o sinal do E0).
c) Se necessário, acertar o número de elétrons das equações, multi- Ni2+ / Ni : E0red = 0,23V e Sn2+/Sn E0red = 0,14V
plicando-as por números adequados.
Obs.: Multiplicar apenas os coeficientes da equação, e não os E0. Resolução: AE0 = - 0,14 - (0,23) = +0,09V reação espontânea.
d) Somar as equações membro a membro.
Exemplo: Montar a equação global de uma pilha de Zn/Zn2+ e Al/Al3+. 2) Determinar a espontaneidade da reação: Cu0 + Fe2+ Cu2~ + Fe
Dados:
Cu2+/Cu : E0red = +0,34V e Fe2+/Fe0 : E0red = 0,44V

Resolução: E0 = - 0,34 - (+0,44) = - 0,78V reação não espontânea.


Resolução:
a) Manter a equação de maior E0 (1) e inverter a equação de menor E0 ELETRÓLISE
(2):
A eletrólise é um processo contrário ao da pilha. Enquanto a pilha é um
processo espontâneo, na eletrólise temos um processo não espontâneo
provocado por uma corrente elétrica.
b) Multiplicar a equação (1) por três e a equação (2) por dois:
a) Esquema Geral de uma eletrólise

Seja um eletrólito genérico de fórmula AB, cuja dissolução em água


c) Somar as equações membro a membro: produza íons A+ e B-:

Quando mergulhamos nesta solução dois eletrodos ligados a um gera-


dor ou uma pilha, temos que:
O pólo negativo (cátodo) atrai os cátions.
O pólo positivo (ânodo) atrai os ânions.
(equação global da pilha)

Química 40 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Na pilha, entretanto, o cátodo é o pólo positivo e o ânodo é o pólo ne- Os estudos sobre o comportamento dessas substâncias, junto com os
gativo, ou sei a, a nomenclatura é oposta à eletrólise. avanços da teoria atômica, resultaram, durante as primeiras décadas do
século XX, numa nova concepção sobre a estrutura da matéria e derruba-
Você pode, no entanto, guardar como regra geral que: ram a idéia de indivisibilidade do átomo enunciada no início do século XIX.
Ânodo: E o pólo onde ocorre oxidação, ou seja, de onde os elétrons A hipótese estabelecida sobre a radioatividade, definida como a desintegra-
saem para o circuito externo. ção dos átomos, foi reforçada com a descoberta do nêutron por James
Cátodo: É o pólo onde ocorre a redução, ou seja, onde chegam os elé- Chadwick em 1932. Essa nova partícula, de carga elétrica neutra, comple-
trons que percorrem o circuito. mentou uma teoria da estrutura atômica que compreende o átomo como
uma conjunção equilibrada de dois componentes: o núcleo, composto de
Observe a figura abaixo: nêutrons e prótons, partículas elementares de carga positiva, e os elétrons,
partículas fundamentais de carga negativa, distribuídas na região extranu-
clear e responsáveis pelas propriedades químicas dos elementos. Assim, a
radioatividade não é senão a conseqüência de uma perda, por parte do
átomo, de alguns de seus componentes, ou a emissão de subpartículas por
desequilíbrio dos campos de energia internos.
Em 1934, o casal Frédéric Joliot e Irène Curie (filha de Pierre e Marie
Curie) anunciou a descoberta da radioatividade artificial. Eles constataram
O ânion B- deixa seu elétron no ânodo, que conduz esse elétron pelo que alguns núcleos atômicos, bombardeados com determinados tipos de
circuito até a pilha, a qual, por sua vez, o impulsiona pelo circuito até o radiações de partículas, tinham sua estrutura interna alterada e passavam a
cátodo, onde o cátion A+ recebe esse elétron. apresentar propriedades radioativas. Os procedimentos de transmutação
Semi-reação do cátodo: A+ + e-  A (redução) artificial dos elementos químicos resultaram na obtenção de isótopos artifi-
ciais e radioativos da maioria dos átomos conhecidos e na descoberta de
Semi-reação do ânodo: B-  B- + e- (oxidação)
numerosos átomos novos, como os transurânicos (netúnio, plutônio, amerí-
Reação Global da eletrólise: A+ + B-  A + B Desta maneira, o com-
cio etc).
posto AB decompõe-se e formam-se A e B puros e isolados.
O emprego de técnicas de transmutação radioativa permite obter ele-
mentos químicos artificiais desconhecidos na natureza. De vida extrema-
RADIOATIVIDADE
mente curta, devido a seu caráter fortemente radioativo, esses elementos
sofrem imediatas transformações, que os convertem em elementos natu-
rais.
Tipos de radioatividade
Os estudos realizados sobre o fenômeno da radioatividade, a partir do
final do século XIX, comprovaram a existência de três tipos de radiações
emergentes do interior dos átomos: os raios alfa, os raios beta e os raios
gama.
Raios alfa (a). De natureza eletropositiva e identificados como feixes
Em 1896, o francês Henri Becquerel descobriu a radioatividade, ele de núcleos de hélio, os raios alfa são altamente energéticos e emitidos
estudava os efeitos da luz solar sobre determinados materiais fluorescen- pelos elementos radioativos a milhares de quilômetros por segundo. São
tes, como o minério de urânio. À espera da melhora do tempo, que se também chamados partículas alfa. Apesar de seu elevado conteúdo ener-
apresentava nublado, guardou a amostra do minério numa gaveta. Ao gético, possuem baixa penetrabilidade e são facilmente detidos por folhas
retirá-la, alguns dias mais tarde, Becquerel observou que a pedra havia de papel, de alumínio e de outros metais.
emitido radiações mesmo no escuro e obteve a primeira prova da existência Raios beta (b). Também chamados de partículas beta, de carga nega-
da radioatividade natural. tiva (b+, elétrons) ou positiva (b- , pósitrons), os raios beta são identificados
Radioatividade é a propriedade que alguns tipos de átomos instáveis como partículas de alta energia expelidas pelos núcleos de átomos radioa-
apresentam de emitir energia e partículas subatômicas, o que se convenci- tivos. Essas partículas não são constituintes do núcleo, mas surgem duran-
ona chamar de decaimento radioativo ou desintegração nuclear. As teorias te o decaimento beta, quando o núcleo emite elétrons (ou pósitrons) ou
físicas modernas atribuem a origem da radioatividade a um grau de instabi- captura um elétron orbital para adquirir estabilidade. As partículas beta
lidade interna do átomo (nuclídeo pai), que ao se converter em outro átomo possuem menor energia que as alfa, mas apresentam maior poder de
(nuclídeo filho) alcança maior estabilidade. penetração, razão pela qual ultrapassam a barreira das lâminas metálicas
finas usadas para deter as partículas alfa. Para isolar a radiação beta, é
História da radioatividade necessário usar lâminas muito mais espessas.
Após a descoberta da radioatividade dos minérios de urânio por Raios gama (g). Eletricamente neutros e constituídos de radiação ele-
Becquerel, o casal Pierre e Marie Curie comprovou a existência de outras tromagnética (fótons) de freqüência superior ao do espectro da luz visível e
substâncias com atividade radioativa. Simultaneamente com o alemão a dos raios X, os raios gama são emitidos quando os núcleos efetuam
Gerhard Carl Schmidt, o casal encontrou alto índice de radioatividade no transições, por decaimento alfa, de estados excitados para os de energia
tório. Mais tarde, ao analisar alguns minérios de urânio, em especial as mais baixa. Sua energia e capacidade de penetração dificultam a manipula-
pechblendas, Marie Curie detectou uma intensidade radioativa maior do ção. A excessiva exposição dos tecidos vivos a esses raios ocasiona mal-
que a observada no urânio e supôs que esses minerais continham algum formações nas células, que podem provocar efeitos irreversíveis.
elemento químico radioativo ainda não descoberto. Prosseguindo em suas
experiências, os Curie separaram da pechblenda um elemento 400 vezes Atualmente sabe-se que existem também radiações devidas a fissão
mais radioativo que o urânio, a que chamaram polônio, em homenagem à espontânea do núcleo, que são observadas em núcleos pesados como os
terra natal da cientista. Mais tarde, conseguiram isolar a partir da pechblen- de urânio, plutônio e netúnio. Essa radiação ocorre devido à quebra espon-
da outro elemento milhares de vezes mais ativo que o urânio, que denomi- tânea do núcleo em dois núcleos mais leves, com liberação de nêutrons.
naram rádio. Os principais métodos de detecção dessas radiações são a câmara de
A pesquisa de novos materiais radioativos prosseguiu nas décadas se- Wilson, que permite efetuar um traçado da trajetória das partículas radioati-
guintes e resultou na descoberta de elementos até então desconhecidos, vas num gás saturado de vapor d'água; os contadores Geiger-Müller e de
como o actínio, isolado por André Louis Debierne, em 1899, e por Friedrich outros tipos, que determinam o número de partículas radioativas que atra-
Otto Giesel, em 1902, além do mesotório e do radiotório, isótopos do rádio vessam certa região do espaço; e as câmaras de ionização, generalização
e do tório, respectivamente, descobertos por Otto Hahn. dos contadores Geiger-Müller, que distinguem a passagem das partículas

Química 41 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
por meio de pulsos de carga elétrica que produzem nos dispositivos de O efeito biológico causado pela irradiação prolongada do corpo huma-
detecção. no se avalia segundo o fator de qualidade da radiação (Q), que estabelece
quantas vezes o efeito biológico causado por um dado tipo de radiação
Propriedades dos materiais radioativos. Após a confirmação das hipó- excede aquele provocado pela radiação gama de mesma dose. A dose
teses enunciadas por Ernest Rutherford e Frederick Soddy, segundo as equivalente (DEQ), cuja unidade é o rem, se define como a quantidade de
quais a radioatividade resulta da transmutação de elementos químicos em radiação que causa o mesmo efeito biológico que uma dose de um rad de
outros, o próprio Soddy e Kasimir Fajans enunciaram as leis que levam raios X ou radiação gama.
seus nomes e que determinam os produtos finais de uma decomposição
radioativa, resumidas na chamada lei do deslocamento radioativo: o átomo O limite aceitável de radioatividade para o corpo humano é de aproxi-
radioativo que decai pela emissão de uma partícula alfa se transforma num madamente meio rem por semana. A tolerância de radioatividade varia
elemento químico diferente, com dois prótons a menos em seu núcleo e ligeiramente entre os organismos vivos, mas uma dose generalizada de
com quatro unidades de massa atômica a menos; se o decaimento resulta centenas de rem ocasiona sempre graves lesões e mesmo a morte. A
da emissão de uma partícula beta, seu número atômico se eleva uma administração local de uma radiação de milhares de rem, porém, contribui
unidade. Por exemplo, uma emissão alfa de urânio produz tório, que por para eliminar tumores de pele e de outros órgãos do corpo.
emissão beta produz um átomo de protactínio.
Aplicações da radioatividade
A instabilidade dos núcleos atômicos, espontânea ou induzida, reduz,
por emissão de radioatividade, a massa do material radioativo, que se A radioatividade tem três campos de aplicação para fins pacíficos: mé-
transforma de forma progressiva em outra substância. A velocidade de dico, quando se aproveita sua capacidade de penetração e perfeita defini-
transmutação de um elemento radioativo é determinada pela constante de ção do feixe emitido para o tratamento de tumores e diversas doenças da
desintegração, ou tempo de vida, valor que mede a probabilidade de um pele e dos tecidos em geral; industrial, nas áreas de obtenção de energia
átomo radioativo sofrer uma transformação na unidade de tempo conside- nuclear mediante procedimentos de fissão ou ruptura de átomos pesados; e
rada, e o tempo de meia-vida (semidesintegração), definido como o tempo científico, para o qual fornece, com mecanismos de bombardeamento de
necessário para que uma quantidade de substância radioativa reduza sua átomos e aceleração de partículas, meios de aperfeiçoar o conhecimento
massa à metade. sobre a estrutura da matéria nos níveis de organização subatômica, atômi-
ca e molecular.
A natureza probabilística da desintegração radioativa conduz à defini-
ção do conceito de meia-vida dos elementos -- a média aritmética dos Materiais radioativos são utilizados também na fabricação de substân-
tempos de vida dos átomos do elemento radioativo antes de sofrerem cias fluorescentes e de relógios científicos, que se baseiam nos fundamen-
decaimento. Os períodos de semidesintegração oscilam entre milésimos de tos da geocronologia e da cosmocronologia para obter medidas precisas de
segundos (por exemplo, nas variedades do polônio e o astato) e bilhões de tempo.
anos (como nos isótopos mais estáveis do urânio e do tório). Autoria: Luciana Cardoso
As transformações sofridas pelos elementos radioativos, existentes na FISSÃO NUCLEAR E FUSÃO NUCLEAR
natureza num total de aproximadamente quarenta, permitem agrupá-los em
três séries, chamadas séries de desintegração radioativa, nas quais os Qual a diferença entre Fissão Nuclear e Fusão Nuclear? Vejamos pri-
elementos se convertem uns nos outros por sucessivas emissões alfa e meiro o que seria uma Fissão Nuclear: reação que se inicia com o choque
beta (a emissão gama não produz intrinsecamente alterações nucleares): de um nêutron com um núcleo instável que proporciona a quebra deste
último e, por este motivo, é chamado de fissão nuclear (divisão do núcleo).
(1) Série do urânio, a partir do isótopo 238 do urânio e cujos primeiros
Exemplo de fissão nuclear: o núcleo do elemento Urânio pode sofrer uma
elementos são o tório (234), o protactínio (234), o urânio (234), o tório
fissão e gerar grande quantidade de energia, por isso o Urânio é considera-
(230), o rádio (226) e o radônio (222). O átomo final da série é o chumbo
do radioativo.
(206), não radioativo.
O bombardeamento de partículas que leva a ruptura do núcleo é um
(2) Série do tório, iniciada com o isótopo 232 do tório e seguida de rá-
processo em cadeia, ou seja, quando a fissão se inicia produz novos nêu-
dio (228), actínio (228), tório (228), rádio (224) e outros átomos, até termi-
trons que irão se chocar com mais núcleos instáveis e levar a outras fis-
nar com o chumbo estável (208).
sões.
(3) Série do actínio, a partir do isótopo 235 do urânio, que se transfor-
Já a Fusão Nuclear consiste na união de núcleos para dar origem a
ma sucessivamente em tório (231), protactínio (231), actínio (227), tório
novos elementos químicos. Exemplo de fusão nuclear: você sabia que o sol
(227), frâncio (223) etc, até finalizar no chumbo estável (207). Esta seqüên-
só existe devido à fusão nuclear de átomos de hidrogênio? O hidrogênio se
cia é empregada nos processos de fusão ou ruptura nuclear.
funde dando origem a dois prótons correspondentes aos átomos de Hélio e
Há ainda uma quarta série, a série do netúnio, que começa com o isó- esta reação libera grande quantidade de energia, mas ocorre somente na
topo 237 do netúnio, que tem meia-vida de dois milhões de anos. Os ele- forma natural, pois não se pode reproduzí-la artificialmente, sabe por quê?
mentos que integram essa série não ocorrem naturalmente; são produzidos Seria necessária uma temperatura elevadíssima, o que ofereceria muitos
artificialmente por reações nucleares. Nas séries radioativas, as emissões riscos a operação.
alfa reduzem em quatro unidades a massa atômica de um isótopo, expres-
Por líria alves de souza
sa entre parênteses, enquanto que na emissão beta se conserva a massa
atômica e se modifica somente a natureza dos átomos.? DESINTEGRAÇÃO RADIOATIVA
Efeitos biológicos da radioatividade Leis da radioatividade
A atividade de uma substância radioativa é determinada pelo número 1ª Lei: Soddy
de transformações que ela sofre por unidade de tempo. A unidade interna-
cional estabelecida para medir essa grandeza, denominada curie (Ci), se Quando um átomo emite uma partícula α, o seu número atômico dimi-
define como a quantidade de substância radioativa que produz o mesmo nui de 2 unidades e o seu número de massa diminui de 4 unidades.
número de desintegrações que um grama de rádio e equivale a 3,7 x 1010 90Th232 → +2α4 + 88Ra228
desintegrações por segundo.
228 + 4 = 232
A radiação gama, de efeitos extremamente nocivos para a vida, se me- 88 + 2 = 90
de em röntgen (R), como os raios X. Essa unidade é definida como a quan-
tidade de radiação capaz de produzir um determinado número de íons 2ª Lei: Soddy, Fajans, Russel
(átomos com carga elétrica) numa certa quantidade de ar, sob condições Quando um átomo emite uma partícula β, o seu número atômico au-
fixas de temperatura e pressão. O rad é a unidade de medida de exposição menta de 1 unidade e o seu número de massa permanece inalterado.
local à radiação e equivale a cem ergs por grama.
90Th234 → -1β0 + 91Pa234

Química 42 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Exemplo: Os isótopos do elemento Carbono possuem o mesmo número atômico,
mas diferentes massas. O Carbono 14 é um radioisótopo artificial, embora
Dada a equação: também exista na atmosfera, já o Carbono 12 é o mais comum na natureza.
90X204 → xα + yβ + 92Y192 O Carbono 14 é denominado de contador radioativo do tempo, este
Determinar x e y processo é útil para revelar a idade de plantas, múmias e fósseis.

Resolução: Hidrogênio:
1H1 2H1 3H1
90X204 → x+2α4 + y-1β0 + 92Y192
Montamos duas equações: O Hidrogênio com massa 1 é o mais abundante na natureza e não é
radioativo. O Hidrogênio com número de massa 2 é radioativo e dá origem
a) uma para os índices superiores: às bombas de hidrogênio, já o Hidrogênio com massa 3, ocorre em quanti-
b) 204 = 4x + 0y + 192 dades menores e é também radioativo.

c) x=3 Urânio:
238U92 235U92
b) uma para os índices inferiores:
90 = 2x + (-1y) + 92 O Urânio 235 é radioativo e é usado para construir os reatores nuclea-
res e as bombas atômicas.
90 = 2(3) -1y +92
Cobalto:
y=8 59Co27 60Co27

90X204 → 3+2α4 + 8-1β0 + 92Y192


Cinética da radioatividade O Cobalto com número de massa 59 é o isótopo natural, já o Cobalto
60 é fabricado de modo artificial pelo bombardeamento do isótopo 59 com
Meia vida ou período de semidesintegração: é o tempo que leva para a
nêutrons, é aplicado no tratamento de tumores.
metade da amostra desintegrar-se.
Os isótopos estão sendo cada vez mais utilizados, e de formas varia-
Quando o número de meias-vidas aumenta de 1, 2, 3, 4 vezes etc., o
das: na agricultura, na engenharia, na medicina, etc. Vale lembrar que os
valor da massa inicial (mi) diminui, respectivamente, de 21, 22, 23, 24 etc.
radioisótopos (isótopos radioativos) apresentam um alto grau de periculosi-
Essa correspondência nos permite formular a expressão geral para calcular
dade e por isso são manipulados com o auxílio de robôs.
a massa final (mf) existente após x meias-vidas:
Por Líria Alves
Mf = mi/2x
x = é o número de meias-vidas transcorrido
Cinética das radiações • DINÂMICA DAS TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS – TRANS-
FORMAÇÕES QUÍMICAS E VELOCIDADE. VELOCIDADE DE
v = k·N
REAÇÃO. ENERGIA DE ATIVAÇÃO. FATORES QUE ALTERAM
v = velocidade de desintegração ou atividade radioativa A VELOCIDADE DE REAÇÃO: CONCENTRAÇÃO, PRESSÃO,
k = constante radioativa TEMPERATURA E CATALISADOR.

N = número de átomos do elemento radioativo CINÉTICA QUÍMICA


Meia-vida (t1/2) é o tempo depois do qual metade dos átomos da amos- A cinética química é uma ciência que estuda a velocidade das rea-
tra se desintegra. ções químicas. A velocidade da reacção recebe geralmente o nome de taxa
k·t1/2 = 0,693 de reacção. A taxa de reacção está relacionada com as concentrações dos
reagentes e dos produtos de reacção. A temperatura também afecta a taxa
Vida média = 1/k de reacção.
A velocidade de desintegração ou atividade radioativa não depende de - Velocidade Média = AQ - At
fatores externos como pressão e temperatura, nem da substância sob a
qual se apresenta o elemento radioativo. Só depende do número de átomos A equivalente a "Delta";
N do elemento radioativo presentes na amostra. AQ = Quantidade que varia;
Transmutação artificial (Rutherford, 1919)
14N + 4  17O + 1p
A partir dessa, muitas outras transmutações foram conseguidas.
RADIOISÓTOPOS
Os Radioisótopos são formados por Isótopos, que são átomos com o
mesmo número atômico e diferente número de massa.
Existem dois tipos de Isótopos: os radioativos e não-radioativos. Com- Ocorrência das Reações:
preender a origem, a presença e a diferença de isótopos em nosso meio 1- Afinidade química;
ambiente nos dá condições de conhecer os limites naturais de segurança
2- Colisões Efetivas: São choques frontais bem orientadas, capazes de
radiológica. Podemos então projetar a obtenção, o uso, ou seja, usar estes
provocar quebra de ligação e favorecer a formação de novas ligações;
isótopos de modo seguro.
3- Energia de Ativação: É a mínima energia necessária para iniciar uma
Veja os exemplos: reação química;
Carbono: 4- Complexo Ativado: É um intermediário formado com a ajuda da energia
de ativação que se apresenta muito instável
12C6 14C6

Química 43 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Fatores que alteram a velocidade das Reações: Equilíbrio químico é um fenômeno que ocorre quando, em condições
definidas de temperatura e pressão, as velocidades de uma reação química
 Concentração dos reagentes: O aumento da concentração dos reagen- reversível se igualam nos dois sentidos. Nesse ponto, as concentrações de
tes, aumenta o número de colisões efetivas, conseqüentemente au- todas as substâncias presentes no sistema permanecem constantes, ape-
mentando a velocidade da reação; sar de continuar a processar-se a reação, motivo pelo qual o fato é também
 Temperatura: Ao aumentar a temperatura ocorre um aumento de denominado equilíbrio dinâmico.
energia cinética (agitação das moléculas) e conseqüentemente o nú- Evolução de uma reação química. A interação de duas ou mais subs-
mero de colisões efetivas, resultando em um aumento na velocidade da tâncias suscita o desenvolvimento de uma reação química quando, em
reação; condições favoráveis, os átomos ou moléculas dessas substâncias apre-
 Pressão: O aumento da pressão aumenta o número de colisões efeti- sentam uma quantidade de energia adequada, denominada energia de
vas e aumenta a velocidade de reação; ativação. Esta última relaciona-se com a magnitude do aumento da energia
interna associada às partículas e responsável pela ocorrência da reação.
Assim, o contato de uma molécula de cloro, Cl2, com uma molécula de
hidrogênio, H2, resulta na formação de duas unidades moleculares de ácido
clorídrico, HCl, segundo a reação:
Como em toda reação reversível, isto é, que ocorre tanto no sentido de
formação do produto quanto no de formação dos reagentes a partir do
produto, nesse processo as concentrações dos reagentes diminuem pro-
gressivamente, até chegar a uma situação de equilíbrio, em que as veloci-
 Superfície de Contato: Ao aumentar a superfície de contato (triturar o dades das reações nos dois sentidos são iguais. Nesse instante, o sistema
objeto), aumenta o número de colisões efetivas e logo um aumento na reacional é constituído por uma mistura de ácido clorídrico, cloro e hidrogê-
velocidade de reação; nio. O estudo das condições de equilíbrio químico baseia-se em critérios
fundamentalmente dinâmicos, uma vez que, alcançadas essas condições,
 Catalisador: É uma substância química que aumenta a velocidade de as reações ocorrem, em ambos os sentidos, simultaneamente e sem inter-
uma determinada reação e é devolvido ao final do processo de reação. rupções.
O catalisador diminuí a energia de ativação;
Lei da ação das massas. Um dos princípios básicos a partir dos quais
 Inibidor: é uma substância química que diminuí a velocidade de uma se desenvolveu o conceito de equilíbrio químico é a chamada lei da ação
reação (contrario ao catalisador); das massas, enunciada pelos químicos noruegueses Cato Maximiliam
 Catalise: É uma reação na presença de um catalisador; Guldberg e Peter Waage, em 1866.
- Homogênea: Produto com apenas uma fase; A expressão matemática da lei de ação de massas é dada por
- Heterogênea: Produto com 2 ou mais fase;
[C]c . [D]d
Lei de Guldberg - Waage ou Ação das Massas: Kc =
Seja a reação elementar (Reação que ocorre em 1 só etapa): [A]a . [B]b
aA + bB ---> cC + dD onde as concentrações molares de cada substância são representa-
das entre colchetes e Kc é a chamada constante de equilíbrio. Pode-se
V=K [A]a [B]b
interpretar essa lei em termos das velocidades de reação (v) e através das
- V é diretamente proporcional; seguintes expressões:
- [ ] = Concentração molar (mol/L); v1 = k1 [A].[B] e v2 = k2 [C] [D]
- a, b, c, d - Coeficientes; onde k1 e k2 são constantes de velocidade referentes às reações de
Observações: formação e de decomposição do produto, respectivamente. Nesses termos,
a constante de equilíbrio Kc é equivalente ao quociente das constantes de
 Reagente sólido não participa da expressão de velocidade, pois a velocidade (Kc = k1/k2).
velocidade de uma reação de um sólido depende exclusivamente da
superfície de contato; Na expressão matemática da constante de equilíbrio, as concentra-
ções molares dos produtos da reação estão no numerador, enquanto as
 Para reações que ocorrem em várias etapas, usar na expressão de
relativas aos reagentes se situam no denominador. Conseqüentemente,
velocidade apenas a etapa lenta;
quando essa constante tiver valor elevado haverá forte tendência à forma-
 Nem sempre os coeficientes de uma equação serão os expoentes da ção de produtos, motivo pelo qual se diz que o equilíbrio está deslocado no
expressão de velocidade. Analisar a Tabela de Experimento (se for da- sentido da direita. Inversamente, quando o valor de Kc for baixo, a reação
da). ocorre, de preferência, no sentido da esquerda, isto é, da decomposição do
produto, ou formação dos reagentes.
Leis de deslocamento do equilíbrio. O deslocamento das condições
• TRANSFORMAÇÃO QUÍMICA E EQUILÍBRIO – CARACTERI- de equilíbrio é regido por dois princípios básicos, enunciados pelo holandês
ZAÇÃO DO SISTEMA EM EQUILÍBRIO. CONSTANTE DE EQUI- Jacobus Henricus van't Hoff e pelo francês Henry-Louis Le Chatelier.
LÍBRIO. PRODUTO IÔNICO DA ÁGUA, EQUILÍBRIO ÁCIDO-
BASE E PH. SOLUBILIDADE DOS SAIS E HIDRÓLISE. FATO- A lei de Van't Hoff fornece interessantes conclusões quanto ao compor-
RES QUE ALTERAM O SISTEMA EM EQUILÍBRIO. APLICAÇÃO tamento do equilíbrio químico em face da mudança de temperatura. Se a
reação é exotérmica (que libera calor), o aumento da temperatura leva à
DA VELOCIDADE E DO EQUILÍBRIO QUÍMICO NO COTIDIANO.
diminuição da constante de equilíbrio. O equilíbrio é então deslocado no
sentido dos reagentes, ou seja, no sentido da reação oposta, que é endo-
EQUILÍBRIO QUÍMICO
térmica (que absorve calor). O aumento de temperatura leva ao desloca-
A dinâmica das reações entre substâncias não pode ser compreendida mento do equilíbrio no sentido dos produtos, pois a constante de equilíbrio
sem o conceito de equilíbrio químico. Não importa se em termos da transfe- cresce.
rência de elétrons - equilíbrio de oxidação e redução -, do intercâmbio de
Esse comportamento é o caso particular de um princípio geral, o de Le
cargas elétricas - equilíbrio iônico - ou de processos de outra natureza, a
Chatelier: num sistema em equilíbrio químico, a modificação de qualquer
situação de equilíbrio químico determina a estabilidade a que tende toda
coordenada intensiva, cujo valor não depende da quantidade da substância,
reação.
Química 44 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
provoca no equilíbrio uma mudança que tende a anular tal modificação. Em Como a água pura é neutra (já que para cada íon H+, forma-se também
outras palavras, na reação química, o aumento de temperatura mediante o um íon OH-), temos que [H+] = [OH-], a 25 °C, quando [H+].[OH-] = 1,0.10-14,
fornecimento de calor desloca o equilíbrio no sentido em que houver absor- temos que [H+] = [OH-] = 10-7 mol/L.
ção de calor. Da mesma forma, se houver aumento de pressão, o sistema
reacional modifica-se, favorecendo o integrante da reação que ocupar Como a concentração molar da água é praticamente constante, reto-
menor volume. mando a constante de equilíbrio, podemos escrever:
K.[H2O] = [H+].[OH-]
Analisando-se a reação de síntese e decomposição da molécula da
água, se a temperatura é reduzida, a reação tende a opor-se a esse resfri- do que resulta uma única constante (o produto de duas constantes), ou
amento, sendo então o equilíbrio deslocado para a direita, o que provoca seja:
liberação de calor. Por outro lado, um aumento da temperatura causa o Kw = [H+].[OH-]
deslocamento do equilíbrio para a esquerda, no sentido de decomposição
da água e absorção do calor. que é o chamado produto iônico da água, onde o w se deve à palavra
inglesa water.
Diferenciação dos equilíbrios químicos. As leis gerais de equilíbrio
são válidas também para os processos de reação entre ácidos e bases, Caráter das Soluções Aquosas
bem como nos processos de oxidação-redução, em que a reação se deve à Solução ácida:
perda ou ganho de elétrons, respectivamente.
[H+] > 10-7 mol/L e [OH-] < 10-7 mol/L
Outro grupo de reações químicas que são regidas pelas leis de equilí-
brio são as de precipitação, através das quais se dá a formação de subs- Solução básica:
tâncias sólidas a partir de uma solução. Também obedecem às leis de
[H+] < 10-7 mol/L e [OH-] > 10-7 mol/L
equilíbrio as reações que envolvem compostos de coordenação, substân-
cias constituídas por moléculas integradas por um átomo central, geralmen- Solução neutra:
te um metal de transição, que formam um grupo isolado de compostos
químicos, com propriedades distintas. [H+] = 10-7 mol/L e [OH-] = 10-7 mol/L

Por fim, o conceito de equilíbrio químico é aplicável às reações de for- pH


mação e decomposição de compostos iônicos e à modificação do estado de Sörensen definiu pH como sendo o logaritmo (decimal) do inverso da
agregação de uma substância, a que também se dá o nome de mudança concentração hidrogeniônica:
de fase. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
pH = log 1/[H+]
Ou ainda, como o cologarítmo da concentração hidrogeniônica:
• COMPOSTOS DE CARBONO – CARACTERÍSTICAS GERAIS
DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS. PRINCIPAIS FUNÇÕES OR- pH = colog [H+]
GÂNICAS. ESTRUTURA E PROPRIEDADES DE HIDROCARBO- Ou seja:
NETOS. ESTRUTURA E PROPRIEDADES DE COMPOSTOS
ORGÂNICOS OXIGENADOS. FERMENTAÇÃO. ESTRUTURA E pH = log 1/[H+] → pH = log 1 – log [H+]
PROPRIEDADES DE COMPOSTOS ORGÂNICOS NITROGENA- Como log 1 = 0:
DOS. MACROMOLÉCULAS NATURAIS E SINTÉTICAS. NOÇÕES
pH = -log[H+] ou pH = colog [H+]
BÁSICAS SOBRE POLÍMEROS. AMIDO, GLICOGÊNIO E CELU-
LOSE. BORRACHA NATURAL E SINTÉTICA. POLIETILENO, que é igual ao inverso do log.
POLIESTIRENO, PVC, TEFLON, NÁILON. ÓLEOS E GORDURAS, Vejamos a variação do pH em função das concentrações de H+ e OH-,
SABÕES E DETERGENTES SINTÉTICOS. PROTEÍNAS E ENZI- a 25 °C:
MAS.
Meio neutro: pH = 7
Por Luiz Molina Luz
Meio ácido: pH < 7
É muito comum ouvirmos alguém dizer que o pH da água de uma pis-
Meio básico: pH > 7
cina precisa ser controlado, assim como o pH da água de um aquário ou de
um solo, para favorecer um determinado plantio. Até mesmo nosso sangue pOH
deve manter um pH sempre entre os valores de 7,35 e 7,45. Uma variação
de 0,4 pode ser fatal! O que exatamente é o pH e o que significam seus Por analogia, define-se pOH como sendo o logaritmo (decimal) do in-
valores? verso da concentração hidroxiliônica:

PRODUTO IÔNICO DA ÁGUA pOH = log 1/[OH-]

Considere um copo com água. Será que essa água é composta apenas Ou ainda, como sendo o cologaritmo da concentração de OH-:
por moléculas de H2O? Não, pois como essas moléculas estão em cons- pOH = colog [OH-]
tante movimento, elas se chocam o tempo todo. Resultado: uma molécula
de água pode colidir e reagir com outra molécula de água! O equilíbrio Assim:
gerado é conhecido como auto-ionização da água: pOH = log 1/[OH-] → pOH = log 1 – log [OH-]
HOH ↔ H+ + OH- Como log 1 = 0:
ou pOH = -log[OH-] ou pOH = colog [OH-]
HOH + HOH ↔ H3O+ + OH- Vejamos a variação do pOH em função das concentrações de OH- e
Como já é sabida, a concentração da água ─ [H2O] ≈ 55,6 mol/L ─ se- H+:
rá desprezivelmente alterada caso alguma nova substância seja adicionada Meio neutro: pOH = 7
(como um ácido, por exemplo) para a formação de soluções diluídas como
as que estamos estudando (dificilmente mais de 0,5 mol de água será Meio ácido: pOH > 7
consumido na formação dessas soluções. Começar com 55,6 mol e termi-
Meio básico: pOH < 7
nar a experiência com 55,1 mol de água não é uma alteração significativa).
Portanto, vamos considerar [H2O] constante.
Química 45 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Relação entre pH e pOH: A palavra Hidrólise significa reação de decomposição de uma substân-
pH + pOH = 14 (25 °C) cia pela água.
H+ + H2O ↔ HOH + H+
Observação:
A decomposição de um cátion (H+) caracteriza as soluções ácidas.
Os conceitos de pH e pOH indicam que em qualquer solução coexistem
H+ e OH-. Por mais ácida que seja a solução, sempre existirão, embora em OH- + H2O ↔ HOH + OH-
pequeno número, íons OH-. Nas soluções básicas também estarão presen- A decomposição de um ânion (OH-) dá origem a soluções básicas.
tes os íons H+. As concentrações desses íons jamais se anulam. Por Líria Alves
SOLUBILIDADE DOS SAIS Hidrólise salina de ácido fraco e base forte
Os sais solúveis são os que sofrem o processo de dissolução no qual No preparo de uma solução aquosa de NaCN (cianeto de sódio), verifi-
uma grande quantidade de íons fica na solução. Os sais solúveis, são camos que seu pH é maior que 7, portanto constitui uma base forte. Acom-
aqueles que um grande número de íons vai para a solução, já os sais panhe a análise da hidrólise deste sal:
insolúveis ou pouco solúveis, são aqueles que uma pequena quantidade
de íons vai para a água, fazendo com que a maior parte dele fique coeso.
Por exemplos
O cloreto de potássio é um tipo de sal muito solúvel.
O cloreto de prata é um tipo de sal pouco solúvel.
Para que ocorra uma melhor compreensão dos estudos das reações de
dupla-troca é de extrema importância o contato com a tabela de solubilida- Ao se adicionar a base NaCN em meio neutro (água), ela torna a solu-
de dos sais na água. ção básica (pH > 7).
Regra de solubilidade dos sais na água A equação clássica do processo é:
Regra 1 – solúveis: sais dos metais alcalinos e do amônio
Regra 2 – solúveis: nitratos
Regra 3 – solúveis: os acetatos
Exceção dos acetatos: CH3 COOAg Os produtos da reação são:
Regra 4 – solúveis: os cloretos (Cl-), brometos (Br-) e iodetos (I-); NaOH (hidróxido de sódio): base forte
Exceções que não são solúveis: HCN (ácido cianídrico): ácido fraco
- PbCl2, AgCl e Hg2Cl2 (insolúveis) As duas regras a seguir são úteis para se obter a equação do processo
de Hidrólise do sal:
- PbBr2, AgBr e Hg2Br2 (insolúveis)
1. Dissociar o sal (separar o cátion do ânion)
- PbI2, AgI, Hg2, I2 (insolúveis)
2. Dissociar a base forte (COH → C+ +OH-)
Regra 5 – solúveis: os sulfatos (SO2-4);
• NaCN, por ser sal solúvel, encontra-se dissociado:
Principais exceções: NaCN → Na+ + CN-
CaSO4, SrSO4, BaSO4, PbSO4 (insoluveis) • NaOH, por ser base forte, encontra-se dissociada:
Regra 6 – solúveis: os sulfetos (S2-) NaOH → Na+ + OH-
Principais exceções: Assim, a maneira mais correta de representar a reação é:
- sulfeto dos metais alcalinos e de amônio. (solúveis)
- sulfeto dos metais alcalino-terrosos. (solúveis)
Regra 7 – insolúveis: os carbonatos (CO2-3), os fosfatos (PO3-4), os
sais dos outros ânions que não foram citados são quase todos insolúveis.
CN- (aq) + H2O(l) ↔ OH- (aq) +HCN(aq)
Exceções: sais dos alcalinos e do ânion. Repare que a hidrólise (quebra da molécula através da água) foi do
É importante sabermos que nas reações de dupla-troca pode ocorrer a ânion CN-, ou seja, do íon proveniente do ácido fraco.
formação de um sal que seja insolúvel na água, portanto podemos dizer Equação genérica da Hidrólise do ânion: A- + HOH → HA + OH-
que esse sal ele precipita, e conseqüentemente forma-se um precipitado.
Conclusão: sal de ácido fraco e base forte dá à solução caráter básico
HIDRÓLISE (pH > 7). A presença do íon OH- justifica o meio básico.
Hidrólise salina é o processo em que íons provenientes de um sal rea- Por Líria Alves
gem com a água. Hidrólise salina de ácido forte e base fraca
Uma solução salina pode originar soluções ácidas e básicas. Os sais Ao preparamos uma solução aquosa de Nitrato de amônio (NH4NO3)
presentes se dissociam em cátions e ânions, e dependendo destes íons a podemos constatar que seu pH fica abaixo de 7.
solução assume diferentes valores de pH.
Representação:

A adição de NH4NH3 à água torna a solução ácida.


Quando o sal se dissolve em água, ele se dissolve totalmente para Para se obter a equação do processo de Hidrólise do sal, devemos se-
produzir cátions (H+) e ânions (OH-). Repare na equação acima que estes guir as seguintes regras:
íons contribuíram para a formação de um ácido (HA) e uma base (COH).

Química 46 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
• dissociar o sal (separar o cátion do ânion) outra, seus produtos adquirem maior concentração pois passam a ser
produzidos mais rápidamente do que a reação inversa pode consumi-los.
• ionizar o ácido forte (HA → H+ + A-)
A+BC+D
• dissociar a base forte (COH → C+ + OH-)
V = K[A].[B]
Devemos lembrar de que a velocidade de uma reação depende sempre
de seus reagentes.

• NH4NO3, por ser sal solúvel, encontra-se dissociado: Dessa forma, se forem adicionadas quantidades extras de reagentes A
e B, a velocidade da reação aumenta. Com isso uma maior quantidade dos
NH4NO3 → NH+4 + NO-3 produtos C e D serão formados.
• HNO3, por ser ácido forte, encontra-se ionizado: Se a reação inversa estiver ocorrendo:
HNO3 → H+ + NO-3 C+DA+B
Assim, a maneira mais correta de representar a reação é: Da mesma forma, a sua velocidade depende das concentrações dos
reagentes C e D. Assim, se forem adicionadas quantidades extras das
espécies C e D a velocidade desta reação aumenta produzindo maiores
quantidades de produtos A e B.
Portanto, se tivermos o equilíbrio:
Observe que a hidrólise foi do cátion, ou seja, do íon proveniente da
base fraca. A+B=C+D

Hidrólise do cátion: NH4+ + HOH ↔ NH4OH + H+ O que aconteceria ao adicionar quantidades extras das espécies A e B?

A Hidrólise salina do nitrato de amônio deu origem aos produtos: O que aconteceria ao adicionar quantidades extras das espécies C e D?

NH4OH (hidróxido de amônio): base fraca Devemos ter em mente que a velocidade de uma reação depende das
concentrações dos reagentes.
HNO3 (ácido nítrico): ácido forte
Partindo da situação de equilíbrio, ao adicionar quantidades extras das
A presença do íon H+ justifica a acidez da solução (pH < 7). espécies A e B, as concentrações dessas espécies aumentariam. A veloci-
dade da reação que transforma A e B em C e D aumentaria também e
Conclusão: assim as concentrações de C e D aumentariam. Portanto o equilíbrio seria
Sal de ácido forte e base fraca dá à solução caráter ácido. deslocado para a direita.

FATORES QUE INFLUENCIAM O EQUILÍBRIO: Seguindo o mesmo raciocínio, tendo uma situação inicial de equilíbrio,
ao adicionar quantidades extras das espécies C e D, as concentrações
A partir do momento em que uma reação química está ocorrendo tanto dessas espécies aumentariam e com isso a velocidade da reação inversa
no seu sentido direto como no sentido inverso com velocidades iguais, (C + D  A + B) aumentaria também. Dessa forma uma quantidade maior
caracterizando o estado de equilíbrio, podemos esperar que esse estado de dos produtos A e B seriam produzidos aumentando suas concentrações.
equilíbrio seja vulnerável a alguns fatores como temperatura, concentração Assim o equilíbrio seria deslocado para a esquerda.
e pressão. Se a velocidade de uma das duas reações (reação direta ou
inversa) for alterada, o equilíbrio será desbalanceado devido à diferença Exemplo 1 :
entre as velocidades das reações direta e inversa. Chama-se esse desba-
Inicialmente temos o seguinte equilíbrio:
lanceamento do equilíbrio de deslocamento do equilíbrio.
Qualquer deslocamento de equilibrio gera aumento ou queda nas con- H2CO3 = H+ + HCO3-
centrações das espécies químicas presentes, por exemplo: Ao adicionar H2CO3 o equilíbrio será deslocado para a direita pois a
2SO2(g) + O2(g) = 2SO3(g) produção de H+ e HCO3- será maior.
Se o equilíbrio sofrer deslocamento e a concentração da espécie SO 3(g) Exemplo 2:
aumentar, então o equilíbrio foi deslocado para a direita. (porque SO3(g) está
à direita do sinal igual ( = ). Inicialmente temos o seguinte equilíbrio:
No entanto, se ocorrer o contrário e a concentração das espécies A+B=C+D
SO2(g) e O2(g) aumentarem, o equilíbrio foi deslocado para a esquerda. O que acontece ao adicionar quantidade extra apenas da espécie C?
Qual das reações terá sua velocidade aumentada? a direta ou a inver-
Por outro lado, se não for notado qualquer variação nas concentrações sa?
das espécies, não houve deslocamento de equilíbrio.
O raciocínio envolvido no equilíbrio químico é bastante desenvolvido ao
Exemplo: responder essas questões.
A seguinte reação encontrava-se em equilíbrio:
Adicionando-se a espécie C a velocidade da reação inversa aumenta:
2 NO2 = N2O4
C+DA+B
A temperatura foi elevada e a concentração de N2O4 aumentou!
V = K[C].[D]
Como a espécie N2O4 está à direita da dupla seta, a reação foi deslo-
cada para a direita. Assim o equilíbrio será deslocado para a esquerda (no sentido de au-
(não é sempre que o aumento da temperatura causa esse efeito, ape- mentar as concentrações das espécies A e B).
nas em alguns casos) E a concentração da espécie D? aumenta, diminui ou permanece cons-
tante?
Mudanças na concentração:
Sabemos que as concentrações das espécies A e B aumentam porque
A situação de equilíbrio existente em um sistema químico depende o equilíbrio foi deslocado para a esquerda. A concentração da espécie C
sempre da igualdade de velocidades das duas reações: a direta e a inversa. aumentou pois foi a espécie de que adicionamos quantidades extras, mas e
Quando uma dessas reações ocorre com maior velocidade em relação a a concentração da espécie D?

Química 47 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
A concentração da espécie D diminui! Para a reação ocorrer é necessário energia. Uma forma de fornecer
energia é aumentar a temperatura, portanto devemos elevar a temperatura
Quando adicionamos a espécie C parte da concentração da espécie D do sistema.
reagiu com a espécie C que foi adicionada produzindo A e B. Dessa forma,
a concentração da espécie D restante é menor que a inicial. Sempre que uma reação apresentar dH > 0 significa que sua velocida-
de aumenta se a temperatura elevar. Se dH < 0 a veocidade da reação
Seguindo esse raciocínio é possível resolver qualquer problema relaci- aumenta se a temperatura diminuir.
onado a equilíbrio químico envolvendo alterações nas concentrações das dH > 0 temperatura aumenta velocidade aumenta
espécies envolvidas.
dH < 0 temperatura diminui velocidade aumenta
Mudanças na pressão:
Suponhamos que:
A pressão total do sistema é frequentemente um fator capaz de deslo-
car o equilíbrio químico. De acordo com a lei de Le Chatelier, se a pressão 2CO + O2  2CO2 dH < 0
total do sistema é aumentada, o sistema tenderá a reduzir esse efeito. 2CO2  2CO + O2 dH > 0
Assim, o equilíbrio será deslocado no sentido de diminuir a pressão. Num
sistema onde o equilíbrio envolve espécies gasosas, o equilíbrio será Temos o seguinte equilíbrio:
deslocado no sentido de diminuir a quantidade de gás no sistema. Para isso
ser possível, o equilíbrio deve deslocar-se para o lado que possui menor 2CO + O2 = 2CO2
número de moles gasosos. O que acontece se a temperatura aumentar?
Por exemplo:
Se a temperatura aumentar, a reação cujo valor dH > 0 é a reação in-
2NO2(g) = N2O4(g) versa:
Se a pressão do sistema aumentar, o equilíbrio é deslocado para a di-
2CO2  2CO + O2 dH > 0
reita pois o número de moles gasosos no lado direito é menor. Por outro
lado, se a pressão diminuir acontece o contrário: o equilíbrio desloca-se Se esta reação sofrer aumento de velocidade, o equilíbrio será deslo-
para a direita. cado no sentido de produzir as espécies químicas CO + O2. O equilíbrio
Mudanças na temperatura: 2CO + O2 = 2CO2
Vamos considerar agora o deslocamento do equilíbrio causado pela va- será deslocado para a esquerda.
riação da temperatura do sistema.
O princípio de Le Chatelier:
Sempre que a temperatura aumenta, a energia cinética das moléculas
aumenta e os choques entre elas tornam-se mais intensos. Isso faz com Le Chatelier propôs este teorema geral em 1884:
que a velocidade de qualquer reação aumente. Como temos duas reações
"Se uma perturbação é aplicada a um sistema em equilíbrio, o sistema
ocorrendo no estado de equilíbrio, as velocidades das duas irão aumentar.
altera-se, se possível, no sentido de anular a perturbação".
No entanto, as velocidades das duas reações presentes no estado de
equilíbrio não aumentam em proporções iguais. Assim, as velocidades das Catalisadores não alteram o equilíbrio?
duas reações tornam-se diferentes entre si e a partir disso o equilíbrio é Catalisadores são espécies químicas geralmente encontradas nos me-
deslocado. tais de transição. Foi descoberto o fato de alguns metais de transição
Por que as velocidades das duas reações presentes no estado de equi- tornarem determinadas reações químicas mais velozes e a partir disso
líbrio não crescem igualmente se a variação da temperatura é a mesma inicializou-se o uso desses metais de transição no sentido de facilitar a
para as duas reações? ocorrência de algumas reações que até então dificilmente os químicos
Cada reação possui uma característica própria e exclusiva sua. Esta conseguiam realizar em laboratórios.
característica é denominada "Entalpia" e está relacionada com a quantida- A grande função dos catalisadores consiste em aumentar a velocidade
de de calor liberada na reação. das reações. No entanto eles não são capazes de deslocar equilíbrios
Existem reações que liberam calor e por isso são chamadas "reações químicos. A explicação para esse fenômeno é bastante simples: os catali-
exotérmicas". Por exemplo: zadores não aumentam apenas a velocidade da reação direta. A velocidade
2CO + O2  2CO2 + calor da reação inversa também é aumentada proporcionalmente de modo que o
deslocamento do equilíbrio é compensado. Essa informação foi comprova-
Quando queremos dizer que uma reação libera calor, não utilizamos a
da experimentalmente através da síntese da amônia a partir de nitrogênio e
notação acima. Basta dizer que a entalpia dH < 0).
hidrogênio utilizando o ferro como catalizador. Da mesma forma que o ferro
Calor é sinônimo de energia térmica. No exemplo acima ocorre a libe- ajudava a reação de síntese da amônia, facilitava a sua decomposição.
ração de energia.
APLICAÇÃO DA VELOCIDADE E DO EQUILÍBRIO QUÍMICO NO
Existem reações que consomem energia, por exemplo a reação inver-
COTIDIANO.
sa:
2CO2 + calor  2CO + O2 Estado de Equilíbrio, o que é?
Reações que consomem energia são chamadas reações endotérmicas Bem, você pode imaginar uma situação real e que acontece no seu dia-
e possuem entalpia positiva (dH > 0). O valor de dH é positivo porque a-dia.
temos de adicionar energia para a reação ocorrer.
Imagine uma garrafa de cerveja, quando a colocamos em um congela-
A forma correta de expressar estas duas reações é a seguinte: dor ou freezer e esquecemos de retirá-la após um determinado tempo,
2CO + O2  2CO2 dH < 0 possivelmente a garrafa teria estourado, mas muitas vezes isso não ocorre,
2CO2  2CO + O2 dH > 0 ocorrendo um fenômeno que é denominado de supercongelamento, isto é,
quando o líquido, no caso a cerveja, "esquece" de congelar, pois o proces-
"Calor" não é reagente nem produto de reação. A energia representada so de resfriamento foi muito rápido e as moléculas do líquido estão em um
por "Calor" é a elevação da temperatura. estado de equilíbrio. No entanto, quando retiramos a garrafa do congelador
Se aumentarmos a temperatura, estamos fornecendo energia à reação. e a abrimos, ela estoura, pois diminuímos a pressão no interior da garrafa,
Ao contrário, se resfriarmos o sistema, estamos retirando energia da rea- ou seja, diminuímos a pressão dentro do sistema, o que provoca uma
ção. perturbação no estado de equilíbrio que se estabelecia dentro da garrafa.
Se uma reação precisa de energia para ocorrer, oque devemos fazer Estados de Equilíbrio estão muito presentes no nosso dia-a-dia, seja
para que ela ocorra? elevar a temperatura ou resfriar o sistema? em fenômenos físicos, biológicos e até mesmo fenômenos químicos.

Química 48 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Exemplos diversos de equilíbrio químico podem ser verificados no nos- Velocidade das reações químicas
so cotidiano, tais como os descritos abaixo. Uma reação química ocorre quando certas substâncias sofrem trans-
Óculos formações em relação ao seu estado inicial. Para que isso possa acontecer,
as ligações entre átomos e moléculas devem ser rompidas e devem ser
Você, possivelmente, já viu ou ouviu falar dos óculos fotocromáticos, restabelecidas de outra maneira. Não existe uma velocidade geral para
talvez não os conheça por este nome, mas devem conhecê-los. todas as reações químicas, cada uma acontece em sua velocidade especí-
fica. Algumas são lentas e outras são rápidas, como por exemplo: a oxida-
Óculos fotocromáticos são aqueles óculos que possuem lentes que
ção (ferrugem) de um pedaço de ferro é um processo lento, pois levará
mudam de cor, conforme a intensidade luminosa, ou seja, quando uma
algumas semanas para reagir com o oxigênio do ar. Já no caso de um
pessoa que usa este tipo de óculos está dentro de uma residência, as
palito de fósforo que acendemos, a reação de combustão do oxigênio
lentes são praticamente incolores, mas quando esta pessoa sai para fora
ocorre em segundos gerando o fogo, sendo assim é uma reação rápida.
da residência, ficando exposta à luz, as lentes tendem a ficar com uma
coloração escura. Isso é devido à uma reação química que ocorre nos A velocidade das reações químicas depende de uma série de fatores: a
óculos, você sabia? concentração das substâncias reagentes, a temperatura, a luz, a presença
de catalisadores, superfície de contato. Esses fatores nos permitem alterar
A reação que ocorre nas lentes dos óculos é a seguinte: a velocidade natural de uma reação química, vejamos por que:
Concentração de reagentes: Quanto maior a concentração dos rea-
AgCl + Energia Ag + Cl gentes, mais rápida será a reação química. Essa propriedade está relacio-
O cloreto de prata (AgCl), quando na lente, dá uma aparência clara pa- nada com o número de colisões entre as partículas. Exemplo: uma amostra
ra a mesma, já a prata metálica (Ag), quando é formada na lente dá uma de palha de aço reage mais rápido com ácido clorídrico concentrado do que
aparência escura à lente. Esta reação é um caso em que se aumentar a com ácido clorídrico diluído.
energia, no caso a claridade, na lente o equilíbrio deslocará para o lado da Temperatura: De um modo geral, quanto maior a temperatura, mais
formação do Ag elementar que é escuro (na lente). Quando se diminui a rapidamente se processa a reação. Podemos acelerar uma reação lenta,
intensidade luminosa na lente ocorre o favorecimento da reação inversa, ou submetendo os reagentes a uma temperatura mais elevada. Exemplo: se
seja, a diminuição da sensação escura. cozinharmos um alimento em panela de pressão ele cozinhará bem mais
rápido, devido à elevação de temperatura em relação às panelas comuns.
Este exemplo é abrangido pelo princípio de Le Chatelier, que diz:
"Quando um sistema está em equilíbrio e sofre alguma perturbação, seja Luz: Certas reações, as chamadas reações fotoquímicas, podem ser
ela por variação de pressão, de concentração de algum dos reagentes ou favorecidas e aceleradas pela incidência de luz. Trata-se de uma reação de
dos produtos, ou pela variação da temperatura, o sistema tenderá a retor- fotólise, ou seja, da decomposição de uma substância pela ação da luz.
nar o estado de equilíbrio, a partir da diminuição do efeito provocado pela Podemos retardar a velocidade de uma reação diminuindo a quantidade de
perturbação." luz. Exemplo: A fotossíntese, que é o processo pelo qual as plantas conver-
tem a energia solar em energia química, é uma reação fotoquímica.
Este princípio pode ser enunciado de uma maneira mais simplificada, Catalisadores: São substâncias capazes de acelerar uma reação.
quando se aplica uma perturbação a um sistema em equilíbrio, o sistema Exemplo: alguns produtos de limpeza contêm enzimas para facilitar na
tende a provocar um reajuste para diminuir as influências da perturbação. remoção de sujeiras. Essas enzimas facilitam a quebra das moléculas de
Um outro exemplo de equilíbrio químico em nosso dia-a-dia é o caso da substâncias responsáveis pelas manchas nos tecidos.
garrafa de refrigerante, é isso mesmo, refrigerante. Superfície de contato: Quanto maior a superfície de contato dos rea-
gentes, maior será a velocidade da reação. Exemplo: os antiácidos eferves-
Refrigerante
centes quando triturados se dissolvem mais rápido em água do que em
Dentro de uma garrafa de refrigerante, ocorre várias reações, mas um forma de comprimido inteiro, isto porque a superfície de contato fica maior
destaque pode ser dado para o ácido carbônico (H2CO3), que se decompõe para reagir com a água.
em H2O e CO2.

H2CO3(aq) H2O + CO2(g) • COMPOSTOS DE CARBONO – CARACTERÍSTICAS GERAIS


DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS. PRINCIPAIS FUNÇÕES OR-
Esta é a reação de decomposição do ácido carbônico, sendo que ela
GÂNICAS. ESTRUTURA E PROPRIEDADES DE HIDROCARBO-
está em equilíbrio químico, pois a medida que ocorre a decomposição,
também ocorre a formação de ácido carbônico, sendo assim pode se dizer NETOS. ESTRUTURA E PROPRIEDADES DE COMPOSTOS
que esta é uma reação que representa um estado de equilíbrio, que sofre ORGÂNICOS OXIGENADOS. FERMENTAÇÃO. ESTRUTURA E
influência pelo aumento de temperatura, pela pressão e também pela PROPRIEDADES DE COMPOSTOS ORGÂNICOS NITROGENA-
concentração. DOS. MACROMOLÉCULAS NATURAIS E SINTÉTICAS. NOÇÕES
BÁSICAS SOBRE POLÍMEROS. AMIDO, GLICOGÊNIO E CELU-
Quando abrimos uma garrafa de refrigerante, ocorre uma diminuição da
pressão no interior do sistema (garrafa de refrigerante), ocorrendo um
LOSE. BORRACHA NATURAL E SINTÉTICA. POLIETILENO,
deslocamento do equilíbrio para o lado de maior número de mols gasosos, POLIESTIRENO, PVC, TEFLON, NÁILON. ÓLEOS E GORDURAS,
ou seja, o lado dos produtos. Isto é mostrado pelo princípio de Le Chatelier. SABÕES E DETERGENTES SINTÉTICOS. PROTEÍNAS E ENZI-
O estado de equilíbrio também pode ser deslocado pelo aumento da tempe- MAS.
ratura, ou seja, caso coloquemos um pouco de refrigerante para aquecer
em um recipiente adequado, ocorrerá a liberação de gases (esta reação é
endotérmica), assim como no caso em que abrimos a garrafa de refrigeran- HISTÓRICO
te, ou seja, o gás liberado é o gás carbônico, CO2,, Neste exemplo, nas Bergman, em 1777, utilizou pela primeira vez a expressão Química Or-
duas situações, estaremos provocando um deslocamento de equilíbrio gânica, sendo que esta era a parte da Química que estudava os compostos
químico, o que provocará no refrigerante uma modificação no seu gosto. extraídos dos organismos vivos, enquanto a Química Inorgânica estudava
Isto você já deve ter percebido, quando um resto de refrigerante fica muito os compostos extraídos de minerais
tempo dentro da geladeira, ele fica com um gosto diferente, isto ocorre Em 1828, Wöhler, aquecendo cianato de amônio obteve, em laborató-
devido ao fato de ter ocorrido perda de CO2, logo, perda de H2CO3. rio, a uréia, segundo a reação:
Estes dois exemplos, lentes fotocromáticas e garrafa de refrigerante,
são exemplos de equilíbrio químico, que ocorrem em nosso cotidiano, mas
não são os únicos exemplos, podemos citar, ainda, o caso do equilíbrio
químico que ocorre nos dentes ou do que ocorre nos pulmões, entre outros
tantos.

Química 49 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Esta experiência provou que as reações orgânicas não ocorriam so- Exemplo: molécula de etano:
mente em seres vivos, mas poderiam ser feitas também em laboratório.
Em 1848, Gmelin criou um novo conceito para a Química Orgânica,
usado até hoje:
“Química Orgânica é a parte da Química que estuda os compostos do
elemento Carbono.”
b) Ligação Dupla
As substâncias orgânicas que participam dos processos vitais dos ve-
getais e animais formam mais de 500 mil substâncias. Quando dois átomos de carbono ligam-se através de dupla ligação. A
representação é feita por dois traços.
Os mais importantes elementos são C, H, O, N, e em proporções me-
nores P, S, halogênios e metais alcalinos. Exemplo: molécula de eteno (etileno)
Não existe base científica concreta para dividir a Química em Orgânica
e Inorgânica, porque as leis da Química valem para os compostos orgâni-
cos e inorgânicos.
CARACTERÍSTICAS DO CARBONO
c) Ligacão Tripla
Postulados de Kekulé
Quando dois átomos de carbono estão unidos por ligação tripla. A re-
Os postulados de Kekulé, estabelecidos em 1858, são: presentação simbólica é feita por três traços.
1.º) O Carbono é tetravalente.
O carbono tem número atômico igual a seis, portanto tem como distri-
buição eletrônica:
Obs.: Dois átomos de carbono nunca fazem quatro ligações entre si.
TIPOS DE CARBONO
a) Carbono Primário
E aquele que se liga diretamente a apenas um outro átomo de carbono.
Mas, por um fenômeno chamado hibridação, ocorre a promoção de um Exemplo: molécula de etano
elétron do sub-nível s para o subnível p:

O que torna possível ao carbono fazer 4 ligações covalentes.


b) Carbono Secundário
É aquele que se liga diretamente a dois outros átomos de carbono.
Observação
Exemplo: molécula de butano
Hibridação é uma “mistura” de orbitais. Os orbitais híbridos surgem da
fusão de orbitais puros, dando origem a novos orbitais atômicos iguais entre
si, porém diferentes dos orbitais puros originais.
2.º) As valências do carbono são iguais entre si.
Explica-se o fato de o carbono apresentar as 4 valências iguais, por
meio da existência de apenas um composto CHC13 (clorofórmio).
c) Carbono Terciário
É aquele que se liga diretamente a três outros átomos de carbo-
no.
Exemplo: molécula de 2-metilpropano (isobutano)

Apesar de termos quatro possibilidades de representação, as fórmulas


estruturais acima se referem ao mesmo composto (CHCl3).
3.º) Os átomos de carbono podem se ligar uns aos outros formando
cadeias.
d) Carbono Ouaternário
E aquele que se liga diretamente a quatro outros átomos de car-
bono.
Exemplo: molécula de 2,2-dimetilpropano (isopentano)

TIPOS DE LIGAÇÃO ENTRE ÁTOMOS DE CARBONO


a) Ligação Simples
Quando dois átomos de carbono fazem apenas uma ligação entre eles.
A representação éfeita por um traço.

Química 50 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Definições (VIII) Cadeia Alicíclica
(I) Cadeias Homogênea e Homocíclica É aquela que não apresenta anel benzênico. Exemplos:
São aquelas que não apresentam átomos diferentes do carbono na ca-
deia principal.
Exemplos:

(II) Cadeias Heterogênea e Heterocíclica (IX) Cadeia Mononuclear


São aquelas que apresentam átomos diferentes do carbono na cadeia É aquela cadeia que tem só um ciclo. Exemplos:
principal.
Exemplos

(X) Cadeia Polinuclear


É aquela que tem mais de um ciclo. Exemplos:

(III) Cadeia Saturada


É aquela onde os átomos de carbono só fazem ligações simples entre
si. Exemplo:

Nomenclatura Orgânica
Existem várias nomenclaturas em Quimica Orgânica, porém devemos
seguir a nomenclatura oficial ou IUPAC (União Internacional de Quimica
(IV) Cadeia Insaturada Pura e Aplicada).
É aquela que tem pelo menos uma ligação dupla ou tripla entre os A maior parte dos nomes oficiais possui três partes distintas, cada qual
átomos de carbono. Exemplos: contendo um tipo de informação a respeito do composto. O nome de um
composto deve ter um número mínimo de informações que permita constru-
ir sua fórmula estrutural.
a) NOME DOS COMPOSTOS
(V) Cadeia Normal ou Reta
É aquela que não apresenta nenhum carbono terciário ou quaternário. Nome
Exemplos:
PREFIXO INTERMEDIÁRIO SUFIXO

Prefixo: Indica o número de carbonos que a cadeia principal do com-


posto possui. Os primeiros prefixos são:

PREFIXOS IUPAC
C primários: 1 e 3 C primários: 1 e 3 n.º de C prefixo
1 met
C secundário: 2 C secundário: 2
2 et
(VI) Cadeia Ramificada ou Arborescente
3 prop
É aquela que tem pelo menos um carbono terciário ou quaternário. 4 but
Exemplo:
PREFIXOS GREGOS
n.º de prefixo n.º de C prefixo n.º de C prefixo
C
5 pent 16 hexadec 27 heptacos
6 hex 17 heptadec 28 octacos
7 hept 18 octadec 29 nonacos
8 oct 19 nonadec 30 triacont
C terciário: 2 C quaternário: 2 9 non 20 cicos 40 tetracont
(VII) Cadeia Aromática 10 dec 21 heneicos 50 pentacont
É aquela que apresenta anel benzênico. Exemplos: 11 undec 22 docos 60 hexacont
12 dodec 23 tricos 70 heptacont
13 tridec 24 tetracos 80 octacont
14 tetradec 25 pentacos 90 nonacont
15 pentadec 26 heptacos 100 hect

Intermediário: Indica o tipo de ligação existente entre os carbonos da


cadeia.

Química 51 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
intermediário indicação Arilas: Radicais derivados de aromáticos.
na apenas ligações simples
en 1 ligação dupla
in 1 ligação tripla
dien 2 ligações duplas
diin 2 ligações triplas
enin 1 ligação dupla e 1 tripla
c) NOMENCLATURA DE HIDROCARBONETOS
Sufixo: Indica a função a que pertence o composto. As funções mais
comuns possuem os seguintes sufixos: Hidrocarbonetos são compostos constituídos apenas de carbono e hi-
função sufixo drogênio.
hidrocarboneto o Regras para nomenclatura IUPAC:
álcool oI a) Escolher a cadeia principal (aquela que possuir a maior seqüência de
aldeido aI carbonos). Se existirem várias possibilidades, escolha a mais ramifica-
cetona ona da
acido carboxílico óico b) Verificar quantas e quais são as ramificações.
c) Numerar os carbonos da cadeia principal. A numeração deve ser a
b) RADICAIS ORGÂNICOS partir da ponta mais próxima do:
1.º) Grupo funcional;
Definição: Radicais são átomos ou urupos de átoiios que possuem
uma ou mais valências livres e. por isto, são instáveis. 2.º) Insaturação;
3.º) Ramificação.
Exemplo:
Atenção: O nome do composto orgânico deve ser sempre escrito:
1.º) Com números antes das indicações;
2.º) Em ordem alfabética;
3.º) Em ordem numérica crescente, se possível, isto é, se não violar as
regras de nomenclatura.
4.º) Se um mesmo radical aparecer várias vezes, seu nome será pre-
cedido pelos prefixos di, tri, tetra, etc.
Exemplo:
Dar o nome do composto abaixo:
PRINCIPAIS RADICAIS ORGÂNICOS
Alquilas: Radicais derivados de alcanos:

Resolução:
Primeiro devemos escolher a cadeia principal:

Verificamos que temos três ramificações, que são: dois grupos metíl
em um carbono e um grupo metil em outro. Numeramos a cadeia da es-
querda para a direita (mais próxima da primeira ramificação).

Alquenilas: Radicais derivados de alcenos.

Observação:
EX de 6 carbonos (deve-se retirar a letra h do prefixo, pois este encon-
Alquinilas: Radicais derivados de alcinos. CH2~CH et,inil tra-se no meio da palavra).
AN de carbono saturado.
O de hidrocarboneto.

Química 52 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
FUNÇÕES QUÍMICAS ORGÂNICAS Definição: São compostos orgânicos que apresentam o grupo funcional
aldoxila.
ÁLCOOIS
Definição: São compostos orgânicos derivados de hidrocarbonetos pela
substituição de um hidrogênio de um carbono saturado pelo grupo OH
(Hidroxila).

FORMULA GERAL: R-OH

Nomenclatura: Observação o grupo funcional aparece em carbono primário.


Damos o sufixo ol ao nome correspondente ao hidrocarboneto de ori-
gem.
Exemplos:

Nomenclatura
Dá-se o sufixo al ao nome da cadeia correspondente. Exemplos:
Classificação dos álcoois
Álcool primário: O que apresenta o grupo — OH ligado a carbono
primário. Exemplo:

Álcool secundário: O que apresenta o grupo —OH ligado a carbono


secundário. Exemplo:

CETONAS
Álcool terciário: O que apresenta o grupo — OH ligado a carbono ter- Definição: São compostos orgânicos que apresentam o grupo funcional
ciário. carbonila entre átomos de carbono.
Exemplo:

Observação: O grupo funcional aparece em carbono secundário.

FENÓIS
Definição: São compostos orgânicos derivados dos hidrocarbonetos
aromáticos, pela substituição de um hidrogênio ligado diretamente ao
benzeno por um grupo —OH (hidroxila).
Nomenclatura Observação: R e R1 correspondem a radicais orgânicos.
Coloca-se a palavra hidroxi antes do nome do núcleo benzênico cor- Nomenclatura
respondente. Exemplos:
Dá-se o sufixo ona ao nome do hidrocarboneto correspondente. Exem-
plo:

ALDEIDOS

Química 53 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ÁCIDOS CARBOXÍLICOS ÉTERES
Definição: São compostos orgânicos que apresentam o grupo funcional Definição: São compostos orgânicos derivados dos álcoois por retirada
carboxila. do hidrogênio da hidroxila (OH), e substituição por radical derivado de
hidrocarboneto.
Nomenclatura

Usa-se a partícula oxi ligada ao prefixo indicativo do número de carbo-


nos do radical menor e, e, seguida, o nome do hidrocarboneto que gerou o
outro radical.

Exemplos:
Nomenclatura
Coloca-se a palavra ácido antes do nome, e a terminação óico no hi-
drocarboneto correspondente.
Exemplos:
AMINAS
Definição: São compostos orgânicos definidos e classificados a partir
do NH3
Classificamos as aminas em três grupos:
Aminas Primárias
São aquelas derivadas do NH3, por substituição de um hidrogênio por
um radical derivado de hidrocarboneto.
As aminas primárias apresentam sempre o grupo NH2. Exemplos:

ÉSTERES
Definição: São compostos orgânicos que apresentam o grupo funcio-
nal:
Com o carbono ligado à valência livre do oxigenio.

Nomenclatura Aminas Secundárias


São as que derivam do NH3, por substituição de dois hidrogênios por
dois radicais derivados de hidrocarbonetos.
As aminas secundárias apresentam sempre o grupo —NH—.

Exemplos:
nome do hidrocarboneto da prefixo do radical Exemplos:
DE
esquerda + ATO da direita + ILA

Aminas Terciárias
São as que derivam do NH3, por substituição de três hidrogênios por
três radicais derivados de hidrocarbonetos.
As aminas terciárias não apresentam hidrogênio ligado diretamente ao
nitrogênio.

Obs.: O prefixo do radical da direita indica apenas o número de carbo-


nos.

Química 54 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Exemplos: AMIDAS
Definição: São compostos orgânicos derivados dos ácidos carboxílicos,
pela substituição do OH por radicais NH2.

Nomenclatura
Nomenclatura
Na nomenclatura de aminas coloca-se o nome do(s) radical(is)
antes da palavra amina. Coloca-se o nome do hidrocarboneto antes da palavra amida. Exem-
plos:
Exemplos:

FERMENTAÇÃO. inorgânica, tal como o íon hidrogênio de um ácido mineral, tem a faculdade
generalizada de hidrolisar tanto os carboidratos, as proteínas e as graxas
Fermentação como outras substâncias orgânicas, e a característica adicional de tornar
essas reações completas.
Muitos produtos de importância biológica e econômica, como antibióti-
cos e bebidas alcoólicas, são obtidos com técnicas em que a ação de As enzimas, pelo contrário, são mais específicas em sua ação catalisa-
microrganismos provoca a decomposição de certas substâncias, no pro- dora. Assim o ácido mineral (por exemplo, o ácido sulfúrico) transforma o
cesso conhecido como fermentação. amido em glicose, pela hidrólise, enquanto a diástase (uma enzima) trans-
forma o mesmo amido em maltose, também pela hidrólise, e a maltase
Fermentação é um processo, próprio de certas células animais e vege- (outra enzima) converte a maltose em glicose. Pela hidrólise os ácidos
tais, que causa a fragmentação de moléculas de açúcares, reação em que minerais transformam as proteínas em aminoácidos, ao passo que as
se desprende gás carbônico e há liberação de energia. proteases não levam a reação além dos peptídeos (acúmulo de dois ou
mais aminoácidos).
Normalmente, a fermentação realiza-se na presença de catalisadores
biológicos denominados enzimas, que aceleram as reações envolvidas no Existem ainda substâncias, denominadas co-enzimas, que acompa-
processo sem, no entanto, serem consumidos. Um catalisador de origem nham muitas enzimas e são indispensáveis a sua atividade, enquanto as

Química 55 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
chamadas antienzimas são compostos presentes em um tecido e evitam a ESTRUTURA E PROPRIEDADES DE COMPOSTOS ORGÂNICOS
ação da enzima sobre o substrato. NITROGENADOS.
Evolução histórica. Baseada num processo de fermentação, a fabrica- CICLO DO NITROGÊNIO
ção do vinho é praticada há mais de dez mil anos, embora só no século
XVII se iniciassem os estudos sobre os fundamentos químicos do processo. O nitrogênio é um dos componentes vitais para a vida. Sua importân-
Descobriu-se que a espuma gerada pela fermentação correspondia ao cia se deve aos aminoácidos, proteínas, DNA e RNA fornecidos. O DNA e o
desprendimento de gás carbônico ou dióxido de carbono (CO2). RNA são materiais genéticos que contêm informações determinantes dos
caracteres hereditários transmissíveis à descendência.
Foi o cientista francês Louis Pasteur, descobridor do microrganismo
causador da raiva, quem criou, no final do século XIX, o termo fermentação, O nitrogênio compõe aproximadamente 80% da atmosfera. Entretanto,
que reservou exclusivamente para os processos em que as transformações os animais e as plantas não podem absorvê-lo diretamente do ar, e sim na
provocadas por leveduras e outros microrganismos ocorriam na ausência forma de amônia solúvel em água ou na forma de nitrato, nas quais é
de ar. Em 1897, Eduard Buchner, ao isolar enzimas de levedura, mostrou convertido por bactérias.
que eram elas, e não as leveduras, as verdadeiras responsáveis pela Certas bactérias do solo e as algas azuis dos oceanos convertem o ni-
fermentação alcoólica. Atualmente, emprega-se o termo fermentação para trogênio do ar em amônia.
designar todas as reações em que ocorre a transformação de açúcares,
seja nos músculos, produzindo ácido lático, seja em plantas ou em micror- Algumas plantas absorvem diretamente essa amônia.
ganismos. As bactérias transformam a amônia em nitritos e em seguida em nitra-
Classificação. As fermentações são aeróbicas quando se realizam em tos, que as plantas usam para os compostos como as proteínas, DNA e
presença de oxigênio atmosférico, e anaeróbicas quando não há interven- RNA.
ção do oxigênio, o qual é nocivo a esse tipo de fermentação. Em geral, Ao comerem as plantas, os animais herbívoros acabam absorvendo ni-
nestas últimas, há produção de gases, seja hidrogênio, seja CO2, proveni- trogênio. Os animais carnívoros, ao comerem os herbívoros, também
entes das reações de descarboxilação. absorvem nitrogênio, assim como toda a cadeia alimentar.
A natureza dos produtos finais não depende unicamente do substrato Quando os animais e plantas morrem, certas bactérias e fungos, tam-
inicial, mas também do mecanismo do processo. Se há predominância de bém chamados de decompositores, convertem seus compostos de nitrogê-
um só produto, o processo é denominado homofermentativo; no caso de nio em gás nitrogênio, que retorna à atmosfera, reiniciando o Ciclo do
vários produtos serem elaborados simultaneamente, o processo é hetero- Nitrogênio.
fermentativo.
Funções Orgânicas Nitrogenadas
Em relação ao produto ou produtos elaborados, as fermentações po-
dem ser dissimilativas e assimilativas. No primeiro caso os produtos são Se dividem em:
excretados, como a fermentação alcoólica, a cítrica e a lática. A fermenta-
 Aminas;
ção é assimilativa, quando os produtos intermediários são assimilados,
como ocorre na síntese de gorduras, de vitaminas ou de proteínas.  Amidas;
Aplicações. Os processos de fermentação industrial utilizam os deno-  Nitrocompostos.
minados agentes de fermentação, adequados para iniciar o processo, além
do controle cuidadoso da concentração do substrato, umidade e temperatu- Aminas
ra, entre outros parâmetros, importantes nesse tipo de reação bioquímica.
São derivados orgânicos da amônia pela substituição de um, dois ou
O agente do processo de fermentação é um microrganismo, animal ou três hidrogênios por grupos orgânicos.
vegetal. Os animais unicelulares não apresentam interesse industrial, ao Existe uma variedade de substâncias pertencentes a essa classe orgâ-
passo que os vegetais unicelulares, como as bactérias e leveduras -- am- nica, como por exemplo: cafeína, cocaína, anfetamina.
bas contêm enzimas -- são usados industrialmente em vários tipos de
fermentação. A terminação “ina” caracteriza o grupo Amina.
As leveduras compreendem um grupo de vegetais unicelulares bastan- São responsáveis por deixar o indivíduo “ligadão”.
te primitivos, que se incluem na ampla classificação dos fungos. Sua nutri-
ção depende dos carboidratos, previamente formados, e do amoníaco (ou  Anfetamina
dos aminoácidos), encontrados na matéria orgânica.  Cafeína
Mesmo apresentando caracteres comuns, não constituem um grupo  Cocaína
homogêneo e diferem entre si em forma, tamanho, métodos de reprodução,
capacidade fermentativa, exigências nutritivas e proliferação enzimática. As Amidas
formas das células já observadas no microscópio são redondas, ovaladas e
São compostos orgânicos nitrogenados e derivam da amônia (NH3),
triangulares.
podem ser encontradas na fase sólida ou líquida. Na sua forma mais sim-
As leveduras do gênero Saccharomyces, sobretudo a espécie S. cere- ples ela é denominada de metanamida.
visiae, são conhecidas mais extensamente, em virtude de seus usos na
São usadas para se obter fertilizantes.
panificação e na produção de álcool e bebidas fermentadas. As principais
aplicações industriais das leveduras derivam de sua capacidade de provo- Muito utilizada na indústria farmacêutica, e na indústria do nylon.
car a fermentação dos açúcares, com produção de dióxido de carbono e
álcool etílico. Utilizadas em muitas sínteses em laboratório e como intermediários in-
dustriais na preparação de medicamentos e outros derivados.
Outras aplicações da levedura compreendem suplementos alimentícios
e matérias-primas, a partir das quais se isolam produtos bioquímicos espe- Nylon
cíficos, como o ergosterol e os ácidos nucléicos. São também usadas como Uma poliamida muito importante dentre os polímeros.
fontes de enzimas, para realizar reações especiais que incluem a liberação
de oxigênio, a partir do peróxido de hidrogênio, por meio da ação da cata- Uréia
lase - como na produção de borracha esponjosa - e inversão da sacarose
É uma diamida do ácido carbônico, encontrada como produto final do
pela invertase, o que se verifica na indústria açucareira, e na formação do l-
metabolismo dos animais superiores, e eliminada pela urina.
acetilfenilcarbinol, produto intermediário na síntese da l-efedrina. A levedura
também tem sido utilizada para produzir glicerina, em presença de sulfito ou A Uréia é usada dentre outras coisas, como adubo (fertilizante) e na
em meio alcalino. produção de polímeros e medicamentos.

Química 56 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Ocorre na urina e em pequenas quantidades do sangue. b) polímeros artificiais (obtidos em laboratório).
Um sólido cristalino a temperatura ambiente Ex.: polietileno, isopor (poliestireno insuflado com ar quente), etc ...
Nitrocompostos 2. Quanto ao método de obtenção:
São compostos orgânicos nitrogenados que apresentam um ou mais a) polímeros de adição: obtidos pela adição de um único monômero.
grupos nitro (-NO²) ligados a um grupo orgânico. Ex.:
Utilizados para fazer buracos, implodir prédios e queimar imaturos.
Mais utilizados e importantes representantes dessa classe, são:
 Nitroalcanos
 Nitrobenzeno
 Trinitro-tolueno b) copolímeros: obtidos pela adição de dois monômeros diferentes. Ex.:
 Mono-nitrocompostos
 Trinitrofenol

MACROMOLÉCULAS NATURAIS E SINTÉTICAS. NOÇÕES BÁSICAS


SOBRE POLÍMEROS. AMIDO, GLICOGÊNIO E CELULOSE. BORRA-
CHA NATURAL E SINTÉTICA. POLIETILENO, POLIESTIRENO, PVC,
TEFLON, NÁILON.

POLÍMEROS
Roberto Grillo Cúneo
Polímeros são moléculas gigantes que apresentam unidades que se
repetem.
c) condensação: obtidos pela adição de dois monômeros diferentes
A substância inicial é chamada de monômero e sua repetição 2x, 3x .... com eliminação de substância inorgânica (geralmente água ou gás amonía-
nx dá origem ao: co).
( 2x ) dímero, ......... ( 3x ) trímero ......... ( nx ) polímero - mais de 100 Ex.:
unidades,
Exemplo de dímero:
repetição de duas moléculas do etino (acetileno) produz o butenino.

Exemplo de trímero: repetição de três moléculas do etino (acetileno)


produz o benzeno.

Exemplo de polímero: repetição de n moléculas do eteno (etileno) pro-


duz o polietileno.

Outros polímeros
Polímeros naturais:
Borracha natural: polímero de adição do isopreno (metil-butadieno-1,3).
Amido: polímero de condensação da alfa-glicose (com eliminação de
Classificação dos Polímeros água).
1. Quanto à ocorrência: Celulose: polímero de condensação da beta-glicose (com eliminação
a) polímeros naturais (os que existem na natureza). de água).

Ex.: proteína, celulose, amido, borracha, etc... Proteina: polímero de condensação de alfa-aminoácidos (com elimina-
ção de água).

Química 57 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Polímeros artificiais: ÓLEOS E GORDURAS, SABÕES E DETERGENTES SINTÉTICOS.
Plásticos: História do Sabão
Isopor (poliestireno): polímero de adição do estireno / vinil-benzeno (in- O sabão e o sabonete são produtos diferentes, utilizados para a higie-
suflado com ar). Isolante térmico. ne pessoal e lavagem de determinados objetos. São encontrados em
barras, em pó ou gel.
Quando não expandido é utilizado na fabricação de pratos, copos, etc... Em sentido restrito, existe uma grande diferença entre sabão, um de-
PVC (cloreto de polivinila): polímero de adição do cloreto de vinila / clo- tergente e um sabonete.
ro-eteno. Isolante térmico e material usado em estofamentos. As primeiras evidências de um material parecido com sabão foram en-
contradas em cilindros de barro, datados de aproximadamente 2800 a. C.,
Teflon: polímero de adição do tetraflúor-eteno. Material usado em re-
durante escavações da antiga Babilónia. As inscrições revelam que os
vestimento de utensílios domésticos.
habitantes ferviam gordura juntamente com cinzas, mas não mencionam
Plásticos: para que o "sabão" era usado.
Poliisobutileno: polímero de adição do isobutileno (metil-propeno ou A história do sabão e do sabonete ao longo dos tempos
isobuteno). Empregado na fabricação de câmaras de ar. No ano 600 a.C. os Fenícios usavam terra argilosa contendo calcário
ou cinzas de madeira (sabão pastoso).
Buna-N: copolímero do acrilonitrila(o) e butadieno-1,3 (eritreno). Em-
pregado na fabricação de pneus. No séc. I d.C. Gaius Plinius Secundus (23 ou 24-79 d.C.), autor da His-
tória Natural, menciona a preparação do sabão a partir do cozimento do
Fibras: sebo de carneiro com cinzas de madeira. O procedimento envolve o trata-
mento repetido da pasta resultante com sal, até ao produto final.
Poliéster: copolímero de ácidos dicarboxílicos. Empregado na fabrica-
ção de tecidos. Segundo Plínio, os Fenícios conheciam a técnica desde 600 a.C.
No séc. II d.C. , o médico grego Galeno (130-200 d. C) descreve uma
Nylon: copolímero de diaminas com ácidos dicarboxílicos. Empregado
técnica segundo a qual o sabão podia ser preparado com gorduras e cin-
na fabricação.
zas, mostrando a sua utilidade para a remoção de sujidade corporal e de
Dacron: polímero de condensação entre éster de ácido orgânico com tecidos mortos da pele.
poliálcool do tipo glicol. Empregado na fabricação de velas de embarca- No séc. IV, o sabão é usado em Roma apenas para lavar os cabelos.
ções, etc...
No séc. VIII o alquimista árabe Geber menciona o sabão como agente
3. Quanto às aplicações industriais: de limpeza.
a) elastômeros: possuem propriedades elásticas. No séc. XIII é criado o sabão sólido, quando os árabes descobrem o
processo de saponificação (mistura de óleos naturais, gordura animal e
Ex.: borrachas (naturais ou sintéticas). soda cáustica que depois de fervida endurece).
b) plásticos: são sólidos mais ou menos rígidos. Nos séculos XV e XVI várias cidades europeias tornam-se centros pro-
dutores de sabão, na época um produto de luxo, usado apenas por pessoas
Ex.: PVC, poliuretano, polietileno, etc... ricas.
c) fibras: quando se prestam à fabricação de fios. No séc. XVIII é registada a primeira patente do processo de fabricação
de sabão; o químico francês Nicolas Leblanc consegue obter soda caústica
Ex.: nylon, poliéster, etc... a partir do sal de cozinha e, pouco depois, cria-se o processo de saponifi-
OBS.: Os plásticos que sofrem fusão sem decomposição, são chama- cação das gorduras, dando um grande avanço na fabricação de sabão.
dos de termoplásticos, isto é, podem ser remoldados sucessivamente. No séc. XIX o químico James Gamble descobre como produzir sabão
branco, cremoso e perfumado. O seu primo Harley Procter (dono de uma
Ex.: poletileno, etc ...
fábrica de velas e sabão) passa a promover esse sabonete, prevendo que
Os plásticos que sofrem decomposição por aquecimento, antes que com a eletricidade, o seu negócio de velas poderá acabar. Durante este
ocorra a fusão, são chamados de termoestáveis (termofixos), isto é, não século surgiu também o Sabonete "Roger & Gallet" o primeiro sabonete
podem ser remoldados. redondo, envolto artesanalmente em papel drapeado.
Ex.: epóxidos, etc... Atualmente, o sabão apresenta várias formas, tipos, tamanhos e cores.
O sabão e o sabonete à lupa: O sabão é obtido de gorduras (de boi,
4. Quanto à estrutura: de porco, de carneiro, etc.) ou de óleos (de algodão, de vários tipo de
a) polímeros lineares: são, geralmente, termoplásticos. palmeiras, etc.).
O sabão praticamente neutro, que contém glicerina, óleos, perfumes e
corantes, é o sabonete.
O sabão permite remover certos tipos de sujidade que a água, sendo
Os polímeros lineares podem ser transformados em tridimensionais pe- polar, não consegue remover, como restos de óleo, apolares. O sabão
lo aquecimento. exerce um papel importantíssimo na limpeza porque possui uma cadeia
apolar, capaz de interagir com o óleo e uma extremidade polar, capaz de
b) polímeros tridimensionais: são, geralmente, termoestáveis (termofi- interagir com a água, conforme representado na figura abaixo.
xos).

A glicerina é um subproduto da fabricação do sabão, também vendido


nas fábricas de sabão. Este sub-produto é adicionado aos cremes de
beleza e sabonetes (permite manter a humidade da pele) ou a produtos
alimentícios (mantém a humidade do produto).

Química 58 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
PROTEÍNAS
As proteínas são macromoléculas orgânicas formadas pela sequência
de vários aminoácidos, unidos por ligações peptídicas (cadeia polipeptídi-
ca).
Desempenha diversas funções no organismo, sendo: estrutural, hor-
monal, enzimática, imunológico, nutritivo e transporte citoplasmático.
Dependendo da capacidade metabólica, alguns seres vivos, como por
Ao tentarmos misturar a gordura/azeite com a água, temos apenas isso exemplo, os vegetais (seres autotróficos), conseguem sintetizar todos os
mesmo uma tentativa porque o fenômeno não se dá. O azeite e a água não polipeptídeos necessários ao equilibrado funcionamento do organismo. No
se misturam devido á sua estrutura química, são completamente incompatí- entanto, os animais (seres heterotróficos), requerem os nutrientes essenci-
veis, assim por mais que tentemos a água e a gordura nunca se irão mistu- ais através do hábito alimentar, suprindo as restrições metabólicas.
rar. É por isso que quando colocamos a gordura dentro de água ela perma-
nece á superfície, formando uma película. A sequência de aminoácidos da proteína
Com a introdução do sabão ou detergente na nossa mistura heterogê- Uma proteína pode conter milhares de aminoácidos, com sequência
nea e com a consequente agitação o sabão vai envolver a gordura em dessas unidades determinada pela informação genética contida no gene,
forma de micelas, que são gotículas microscópicas de gordura envolvidas um seguimento da molécula cromossômica. Portanto, todo o funcionamento
por moléculas de sabão, orientadas com a cadeia apolar direcionada para de um organismo é conduzido pelo controle das moléculas de DNA.
dentro, interagindo assim com o óleo, e a extremidade polar para fora, A partir do DNA ocorrem as transcrições, com a fabricação de RNAs:
interagindo com a água. transportadores, ribossômicos e mensageiros. Esses elementos, cada um
E porque não utilizamos nós, detergente para nos lavarmos? com incumbência peculiar no auxílio do processo de tradução, proporcio-
Os detergentes são produtos sintéticos, resultantes da indústria petro- nam a produção de uma ou várias proteínas.
química. Portanto, as proteínas sintetizadas possuem características próprias,
Estes produtos começaram a ser usados intensamente a partir da Se- desempenhando funções específicas no organismo. Qualquer anormalida-
gunda Guerra Mundial, quando houve escassez de óleos e gorduras para a de genética, transcricional ou traducional (mutações ou eventuais erros),
produção de sabão comum. incidem diretamente sobre a proteína, comprometendo a forma e o funcio-
namento desta.
São essencialmente constituídos por:
Problemas assim podem ser desencadeados por três formas: deleção
Fosfatos, como por exemplo, o trifosfato de sódio (Na5P3O10),
de um aminoácido decorrente de uma síndrome genética transmitida ao
que atuam:
mecanismo de transcrição; ou uma simples troca de aminoácidos (substitui-
Como substância básica, neutralizando a eventual acidez da água e ção errônea), pela colocação de outro aminoácido que não deveria ser
ainda ajudando na limpeza. introduzido em tal posição na cadeia peptídica; ou pela inversão da posição
Como os catiões Ca2+ e Mg2+, que existem em possíveis águas du- modificando a ordem sequencial dos aminoácidos, as duas últimas relacio-
ras. nadas à transcrição ou também tradução. Essas alterações normalmente
Outras substâncias Bórax (Na2B4O7 . 10 H2O), para tirar odores. podem resultar na inativação da proteína.
Tira nódoas (como NaClO), para tirar manchas Enzimas, para eliminar A estrutura das proteínas
manchas de proteínas, como manteiga, ovos, etc. A sequência dos aminoácidos em uma proteína representa a estrutura
Anticorrosivos das máquinas de lavar roupa (como Na2SiO3). primária, responsável pelas propriedades da molécula.
Perfume Corantes fluorescentes (ou também denominados de bran- Em decorrência à existência de pontes de hidrogênio entre o hidrogê-
queadores ópticos), que em geral absorvem a luz ultravioleta, emitindo uma nio (carga positiva +) de um aminoácido com o oxigênio ou nitrogênio
luz azulada que disfarça o amarelado das roupas, dando "o branco mais (carga negativa -) de um outro aminoácido não adjacente, é proporcionada
branco". Esta substância não elimina apenas disfarça sujidade. uma torção na cadeia filamentosa, assumindo a proteína uma forma de
Mas os detergentes têm também desvantagens, até há pouco tempo os helicoidal.
detergentes eram produzidos com substâncias não biodegradáveis, ou seja, Uma proteína não apresenta necessariamente aspecto linear helicoidal.
estas substâncias não são consumidas pelos microrganismos existentes na As propriedades químicas dos aminoácidos podem ter efeitos de atração ou
água e como tal originam espumas. Espumas estas que não permitem a repulsão uns para com os outros, principalmente pelo estabelecimento de
entrada de oxigénio no meio e assim não é possível que outras espécies de pontes bissulfeto (ligação envolvendo dois átomos de enxofre de aminoáci-
ser vivos possam viver na água. Nos detergentes biodegradáveis, este risco dos cisteina), causando flexões (dobras) sobre si mesma, chamada de
ambiental já não se coloca pois os microrganismos conseguem consumir estrutura terciária.
estas substâncias.
O agrupamento de duas ou mais estruturas terciárias combinadas a ou-
A nossa pele tem um valor de pH entre 5 e 6. O pH corresponde à me- tras substâncias, vitaminas ou minerais: ferro, magnésio, iodo, forma a
dida da acidez (pH < 7) ou basicidade (pH > 7) de uma solução; os seus estrutura quaternária. Configuração espacial observada na molécula de
valores estão compreendidos entre 0 e 14 (pH = 7, solução neutra). hemoglobina, proteína conjugada a íon ferro, compondo os glóbulos verme-
Substância lhos (hemácias ou eritrócitos do sangue), permitindo o transporte de oxigê-
Ácido de bateria <1.0 Suco gástrico 2.0 Sumo de limão 2.4 Refrige- nio.
rante tipo Cola 2.5 Vinagre 2.9 Sumo de laranja ou maçã 3.5 Cerveja Por Krukemberghe Fonseca
4.5 Café 5.0 Chá 5.5 Chuva ácida < 5.6 Saliva (pacientes com cancro)
4.5-5.7 Leite 6.5 Água pura 7.0 Saliva humana 6.5-7.4 Sangue 7.34 - ENZIMAS
7.45 As enzimas são proteínas especializadas em catalisar reações biológi-
Água do mar 8.0 Sabonete 9.0 - 10.0 Amónia caseira 11.5 Água sa- cas, ou seja aumentam a velocidade de uma reação química sem interferir
nitária 12.5 Hidróxido de Sódio Sódio 13.5 no processo. Elas estão associadas a biomoléculas, devido as suas extra-
Normalmente os produtos de higiene pessoal possuem um pH próximo ordinária especificidade e poder catalítico.
de 7 (pH neutro), devido ao fato de estarem em contato com a pele, cujo pH História das Enzimas
é aproximadamente neutro.
O nome enzima provém de "in yeasts", no qual suspeitava-se que as
Como em muitos detergentes são utilizados ácidos fortes e bases for-
catálises biológicas estavam envolvidas com a fermentação do açúcar em
tes, o valor de pH destes vai ser ou muito ácido ou muito básico. Deste
álcool.
modo iríamos provocar graves danos na nossa pele.

Química 59 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
A primeira descoberta foi feita por Payen e Persoz em 1833, quando
• RELAÇÕES DA QUÍMICA COM AS TECNOLOGIAS, A SOCIE-
encontraram uma substância termolábil no precipitado do álcool, extrato de
malte, que convertia amido em açúcar, mais tarde denominada amilase. DADE E O MEIO AMBIENTE – QUÍMICA NO COTIDIANO. QUÍMI-
CA NA AGRICULTURA E NA SAÚDE. QUÍMICA NOS ALIMEN-
Pasteur em 1860 postulou que as enzimas estão associadas à estrutu- TOS. QUÍMICA E AMBIENTE. ASPECTOS CIENTÍFICO-
ra e a vida da célula. TECNOLÓGICOS, SOCIOECONÔMICOS E AMBIENTAIS ASSO-
A enzima foi primeiramente isolada na forma cristalina, mas isto foi CIADOS À OBTENÇÃO OU PRODUÇÃO DE SUBSTÂNCIAS
compreendido melhor quando Summer em 1926 isolou urease de feijão e QUÍMICAS. INDÚSTRIA QUÍMICA: OBTENÇÃO E UTILIZAÇÃO
evidenciou que estes cristais consistem em proteínas. DO CLORO, HIDRÓXIDO DE SÓDIO, ÁCIDO SULFÚRICO, AMÔ-
Hoje 2000 diferentes enzimas são conhecidas, nas quais muitas são NIA E ÁCIDO NÍTRICO. MINERAÇÃO E METALURGIA. POLUI-
isoladas na forma pura homogenizada e 200 na forma cristalizada. ÇÃO E TRATAMENTO DE ÁGUA. POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA.
CONTAMINAÇÃO E PROTEÇÃO DO AMBIENTE.

NATUREZA E ESTRUTURA DAS ENZIMAS


QUIMICA E SOCIEDADE
Todas as enzimas são proteínas, mas nem todas as proteínas são en-
zimas! A química está sempre a serviço do que procura a sociedade. Isso quer
dizer que, assim como as regras e os costumes mudam de geração a
As enzimas – catalisadores - reação química - venha a ocorrer dentro geração, essa ciência também não pára no tempo. Até um profissional já
dos limites das temperaturas biológicas. muito sabido tem que estar sempre se atualizando. Mas é claro que de
nada adianta fazer novas descobertas, se elas se resumirem a meia-dúzia
Como uma proteína a enzima apresenta - aminoácidos.
de especialistas.
Algumas proteínas: Ex: ribonucleases, quimiotripsina e tripsina - ape-
Por isso, há também, hoje, uma forte preocupação com a divulgação
nas de aminoácidos.
dos avanços na área para a sociedade em geral. Diversos meios de comu-
Aminoácidos + componentes orgânicos e inorgânicos: proteínas conju- nicação -- como a Ciência Hoje das Crianças -- são fonte de informação
gadas (Ex: peroxidase e a catalase = conjugada - porfirina férrica como para que cada vez mais pessoas descubram a química como parte inte-
cofator). grante de seu dia-a-dia!
As ligações peptídicas que ligam cadeias lineares de aminoácidos ca- Até um tempo atrás, após se formar na faculdade, o químico iria ser
racterizam a estrutura primária das proteínas. professor, pesquisador, ou trabalhar na indústria. Com o progresso da
informática e a crescente preocupação com o meio ambiente e a saúde,
OBS: muitas portas se abriram para esse profissional. Desde a área criminal,
Muitas enzimas são compostas de uma cadeia polipeptídica simples. onde o químico é necessário para analisar possíveis pistas -- como fios de
Este é caso de enzimas como a ribonuclease, lisosima, tripsina,pepsina e cabelo e pedaços de pele -- até o gerenciamento de fábricas, que precisam
algumas alfa amilases. Ao contrário, existe um grande número de enzimas garantir produtos não poluentes, o que não falta é campo de trabalho. Por
que são compostas por mais de uma cadeia peptídica. A enzima lactato- isso, se você se considera apto para essa profissão, estude bastante e faça
desidrogenase é composta por quatro cadeias polipeptídicas. A repetição a sua escolha!
das cadeias polipeptídicas na construção de uma macromolécula de proteí- Química
na caracteriza a estruturação quaternária que esta pode assumir.
Durante centenas de anos acumularam-se conhecimentos empíricos
sobre o comportamento das substâncias e tentou-se organizar todas essas
NOMENCLATURA E CLASSIFICAÇÃO DAS ENZIMAS: informações num corpo doutrinário. Somente a partir do século XIX, quando
a soma de conhecimentos se tornou ampla e abrangente, foi possível
Sufixo ase ao nome do substrato (chamada de Nome Recomendado), estabelecer um vínculo teórico para a interpretação dos fatos e criar uma
ou seja, a molécula na qual a enzima exerce sua ação catalítica. verdadeira teoria química.
Ex: urease catalisa a hidrólise da uréia em amônia e CO2 Química é a ciência que estuda as propriedades, a composição e a es-
arginase catalisa a hidrólise da arginina em ornitina e uréia trutura das substâncias (elementos e compostos), as transformações a que
estão submetidas e a energia liberada ou absorvida durante esses proces-
fosfatase catalisa a hidrólise de ésteres de fosfato. sos. Toda substância, seja ela natural ou artificialmente produzida, é consti-
tuída por uma (ou mais) das centenas de espécies diferentes de átomos
Proposta uma classificação sistemática: Seis Classes principais.
que foram identificados como elementos. Embora esses átomos se compo-
nham de partículas elementares, eles são os componentes básicos das
substâncias químicas; não há quantidade de oxigênio, mercúrio ou ouro,
Classificação das Enzimas Segundo a Comissão de Enzimas por exemplo, que seja menor do que um átomo dessa substância. A quími-
1. Oxido-redutases (reações de oxidação-redução ou transferência de ca, portanto, não se ocupa do universo subatômico, mas das propriedades
elétrons – Desidrogenases e Oxidases) dos átomos e das leis que regem suas combinações, além do modo como o
conhecimento dessas propriedades pode ser utilizado para finalidades
2. Transferases (transferem grupos funcionais como amina, fosfato, acil, específicas.
carboxil – Quinases e Transaminases)
3. Hidrolases (reações de hidrólise de ligação covalente - Peptidases)
Classificação da química
4. Liases (catalisam a quebra de ligações covalentes e a remoção de
moléculas de água, amônia e gás carbônico – Dehidratases e Descar- A amplitude dos campos estudados pela química e o grande número
boxilases) de inter-relações com outras disciplinas científicas dificultam a classificação
dessa ciência em ramos perfeitamente definidos e independentes. Ao longo
5. Isomerases (reações de interconversão entre isômeros óticos ou geo- do século XX, contudo, estabeleceu-se nos meios universitários a divisão
métricos - Epimerases) da química em cinco grandes grupos: orgânica, inorgânica, físico-química,
química analítica e bioquímica. Deve-se enfatizar, contudo, que tais subdi-
6. Ligases (catalisam reações de formação de novas moléculas a partir da
visões nunca foram, nem se espera que venham a ser, mutuamente exclu-
ligação entre duas pré-existentes, sempre às custas de energia - Sinte-
sivas, pois o campo da química é um só, e há uma tendência natural para a
tases)
unificação e remoção de barreiras artificiais.

Química 60 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Outras disciplinas freqüentemente citadas em separado são a química O ofício do ferreiro, artífice das primeiras transformações químicas con-
molecular, a eletroquímica, a química nuclear, a radioquímica e a estereo- troladas pelo homem na história, adquiriu um valor predominante nessas
química. Costuma-se ainda denominar química industrial ao conjunto de comunidades. Seu trabalho -- como sugerem numerosos estudos antropo-
processos de produção de substâncias químicas de interesse econômico, o lógicos sobre os povos antigos -- relacionava-se com aspectos da divindade
que pressupõe o conhecimento de técnicas fornecidas por todos os ramos e imbuía-se de conotações mágicas e religiosas. Desde tempos remotos se
anteriormente citados. conhecem os metais ouro, prata, cobre, estanho e chumbo. A obtenção do
mercúrio a partir do mineral cinabre, descrita por Teofrasto por volta do ano
Química orgânica e inorgânica. A química orgânica e a inorgânica 300 a.C., teve grande importância na evolução da metalurgia, devido a sua
são subdivisões baseadas na natureza dos compostos que constituem seu capacidade de dar coesão a ligas metálicas, e coincide com os mais anti-
objeto de estudo. Em geral define-se a química orgânica como a química gos registros da existência da alquimia.
dos compostos de carbono, ou seja, do carbono combinado com outros
elementos, principalmente hidrogênio, oxigênio, enxofre, nitrogênio, fósforo Amplamente praticada nas grandes civilizações da antiguidade, como a
e cloro. Os compostos estudados pela química orgânica incluem os compo- chinesa, a indiana e a egípcia, a alquimia aspirava, mediante técnicas de
nentes dos tecidos vegetais e animais, o petróleo e seus derivados, a transmutação dos elementos da natureza, ao bem-estar do homem, tradu-
hulha, os açúcares, o amido, a celulose, os plásticos e a borracha. zido em três objetivos principais: riqueza, longevidade e imortalidade. Com
essa finalidade os alquimistas buscaram obter a pedra filosofal, que trans-
Por exclusão, a química inorgânica concentra-se no estudo dos demais formaria as substâncias impuras em metais nobres, e o elixir da eterna
compostos químicos, inclusive aqueles em que o carbono não se encontra juventude; seus textos, supostos depositários do conhecimento divino, são
coordenado em cadeias, como os óxidos carbonados, carbonetos metálicos repletos de símbolos criptográficos e frases freqüentemente indecifráveis.
e alguns outros.
Dois dos princípios fundamentais da alquimia -- a volatilidade, simboli-
Físico-química. A físico-química representa um método de abordagem zada pelo mercúrio, e a combustibilidade, pelo enxofre -- representaram
de qualquer sistema químico, seja uma substância simples ou uma mistura notáveis progressos na pesquisa científica. Os alquimistas trataram os
de substâncias, sem estabelecer considerações sobre sua natureza orgâni- metais com vitríolos (sulfatos de cobre e de ferro), alunitas (sulfatos de
ca ou inorgânica. A disciplina inclui o estudo de propriedades mensuráveis, alumínio e de potássio) e cloretos de sódio e de amônia. O importante
o desenvolvimento de métodos experimentais e instrumentos para realizar impulso que deram à ciência experimental transparece no fato de que os
medições, além da formulação de teorias, de preferência expressas em aparelhos tradicionais dos laboratórios químicos atuais procedem do ins-
linguagem matemática, e a previsão dos valores das propriedades com o trumental que os alquimistas usaram em seus processos prediletos de
objetivo de compará-los aos resultados experimentais. Nesse campo, em experimentação (sublimação, combustão de substâncias): destiladores,
que não há limite entre o fato químico e o fato físico, se incluem as pesqui- retortas, provetas etc. Além disso, em seus aspectos práticos, distanciados
sas das chamadas física atômica, física nuclear, mecânica quântica atômi- da simbologia mágica, a alquimia contribuiu notavelmente para o desenvol-
ca e molecular. vimento da medicina, com a fabricação de pomadas, bálsamos e ungüen-
Química analítica. O campo da química analítica é o estudo e a de- tos.
terminação da composição dos sistemas químicos em termos dos elemen- A influência dessa ciência primitiva se prolongou até o início do século
tos ou compostos que contêm. Divide-se em qualitativa e quantitativa. A XIX, mas com um parêntese na bacia mediterrânea oriental, com o apogeu
qualitativa restringe-se apenas à detecção e identificação dos constituintes, da Grécia clássica. As anotações de pensadores célebres como Leucipo e
enquanto a quantitativa lhes determina a grandeza. seu discípulo Demócrito, autor de uma teoria atômica parecida com a
Essa divisão da química, assemelhada à tradição empírica dos méto- exposta no século XIX por John Dalton, que culminou nos trabalhos de
dos químicos da antiguidade, sofreu nos últimos séculos uma progressiva Aristóteles sobre filosofia natural, contêm excelentes idéias e ao mesmo
aproximação dos processos da físico-química. Apesar dos modernos méto- tempo grande número de imprecisões científicas, em decorrência de seu
dos analíticos, porém, os processos de pesquisa puramente analítica, caráter, mais dado à especulação abstrata que às realizações empíricas.
inspirados na dissecação de uma mistura complexa em seus componentes Islã e cristandade. As origens da alquimia nas nações islâmicas são
simples por métodos químicos, encontram crescente aplicação em determi- pouco conhecidas, embora nela se perceba a influência do saber grego e
nados estudos sobre poluição das águas e do ar. A química analítica tam- oriental. Os escritos de al-Razi e de Jabir (ou Geber, na forma latinizada,
bém tem grande importância científica e prática em várias áreas da pesqui- personagem misterioso que parece ser na verdade um conjunto de autores
sa e da indústria, bem como em mineralogia, geologia, medicina, farmácia, ocultos sob o pseudônimo para fugir das perseguições religiosas contra a
agricultura, metalurgia, energia nuclear etc. ciência na Bagdá do século X) projetaram o conhecimento dos árabes na
Bioquímica. Também chamada química biológica, a bioquímica situa- Europa através da fronteira espanhola e mediante intercâmbios marítimos.
se na fronteira entre a química e a biologia. Trata da composição química O pensamento do cordovês Avicena, que representou a vertente da al-
da matéria viva e dos processos químicos que ocorrem nos organismos quimia orientada para fins curativos, foi o ponto mais alto do saber médico
vivos. Desempenha importante papel nos campos da agricultura, bacterio- da Idade Média. O inglês Francis Bacon e o alemão Alberto Magno, teólogo
logia, farmacologia, medicina e odontologia. e filósofo canonizado pela Igreja Católica, assimilaram os ensinamentos
Outras classificações. Nas últimas décadas do século XX propuseram- árabes e os uniram à interpretação das doutrinas aristotélicas próprias da
se subdivisões da química consideradas a partir de diferentes perspectivas. época medieval até alçar a alquimia européia a um nível comparável ao das
Entre elas destacou-se a classificação sugerida em 1971 pelo periódico civilizações que a precederam.
americano Chemical Abstracts (publicada pela Sociedade Americana de No século XVI, a química européia recebeu o impulso dado pelo médi-
Química), que enumerava oitenta campos agrupados em cinco disciplinas co suíço Paracelso, que, com formas próprias da alquimia, assentou as
globais: (1) bioquímica; (2) química orgânica; (3) química macromolecular, bases da moderna química médica ao combinar adequadamente as obser-
extraída da tradicional química orgânica e especializada no estudo de vações de Avicena e dos sábios gregos da antiguidade. A concepção
polímeros, com especial atenção aos plásticos, fibras têxteis e vegetais e racionalista da física e da astronomia marcou o início do declínio da alqui-
produtos derivados; (4) química aplicada e engenharia química; e (5) quími- mia especulativa que imperava na época, e a destacada obra de Robert
ca física e analítica. Boyle, que definiu já no século XVII a noção de elemento como um primeiro
História passo em direção às teorias modernas da química, simbolizou a decadên-
cia de uma visão das transmutações da matéria que, embora sustentada
Inicialmente, durante um longo período, o espírito de manipulação dos durante várias décadas por algumas áreas de pesquisa, sucumbiu progres-
meios naturais pelo homem se reduziu à mera modelação de materiais, sivamente ante certas idéias ordenadas e vigorosas fundamentadas em
como a pedra, o osso e a madeira, a fim de transformá-los em utensílios. princípios universais de inspiração natural e distanciados da mística que os
Mais tarde, a invenção das primeiras técnicas metalúrgicas representou caracterizara em tempos anteriores.
uma autêntica revolução em todos os aspectos da atividade das sociedades
primitivas. Química científica. A química dos séculos XVII e XVIII alcançou um
estado de desenvolvimento e abstração claramente inferior ao adquirido por

Química 61 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
outras disciplinas científicas. Durante esse período, sua fonte básica de aumentava a confusão criada pelas tentativas de enquadrar todos os com-
inspiração foi a obra de Isaac Newton Opticks (1704; Óptica), em cujos postos orgânicos em alguns poucos tipos rígidos. A teoria tipológica pelo
apêndices finais o físico britânico expôs um conjunto de hipóteses sobre a menos sugeria que um átomo individual só era capaz de prender um núme-
natureza corpuscular da matéria. ro limitado de átomos de outros elementos ou radicais. O conceito de
"unidades de afinidade" transformou-se gradualmente no moderno conceito
A teoria global mais destacável elaborada durante o século XVII, devi- de valência, passo importante para a elucidação da natureza dos compos-
da a Johann Joachim Becher e Georg Ernst Stahl, explicava o comporta- tos orgânicos.
mento dos gases e o fenômeno do fogo como derivados de um único
princípio natural, a que denominaram flogístico, que seria responsável pelos Em 1858, August Kekulé e Archibald Scott Couper propuseram a tetra-
processos de combustão, calcinação e respiração. O ar, como receptáculo valência do carbono e sua propriedade de unir-se a outros átomos de
do flogístico, e os metais, como geradores do flogístico na combustão, carbono, formando longas cadeias, o que abriu caminho para o desenvol-
tinham papel preponderante na pesquisa química. vimento da teoria estrutural dos compostos orgânicos. Nesse desenvolvi-
mento destacou-se o químico Aleksandr Butlerov. Na década de 1870,
As descobertas realizadas no fim do século XVIII por Georg e Joseph Jacobus Henricus van't Hoff e Joseph-Achille Le Bel praticamente inaugura-
Black (o dióxido de carbono) e Joseph Priestley (o oxigênio, ao qual deno- ram o campo da estereoquímica, ao postularem um átomo de carbono
minou ar desflogisticado) representaram como que um prelúdio ao surgi- tetraédrico.
mento da primeira doutrina metodológica da química, iniciada com o fran-
cês Antoine-Laurent Lavoisier, que em seus postulados teóricos equiparou Tabela periódica. Em 1860, realizou-se em Karlsruhe, Alemanha, o
essa disciplina à tradicionalmente mais estruturada ciência física. A formu- primeiro congresso químico internacional, numa tentativa de solucionar a
lação, por Lavoisier, de uma teoria da combustão, devida ao oxigênio e não confusão reinante na teoria química, especialmente com relação aos pesos
ao flogístico, e os esforços que ele e outros pesquisadores empreenderam químicos. O italiano Stanislao Cannizzaro exumou a hipótese de Avogadro
para estabelecer uma nomenclatura química geral e racional assinalaram o e demonstrou como os átomos e moléculas podiam distinguir-se entre si. A
início de uma nova etapa no desenvolvimento dessa ciência. verificação dos verdadeiros pesos atômicos e moleculares possibilitou a
complementação de estudos anteriores para classificação das propriedades
Composição química. Durante o século XVIII dedicou-se grande aten- dos elementos em termos de seus pesos atômicos. Dmitri Mendeleiev e
ção à questão da afinidade, nome que se dava à força que mantinha liga- Lothar Meyer propuseram versões de tabelas periódicas, e Mendeleiev
dos os compostos químicos: julgava-se que o grau de afinidade de um dado previu a existência e propriedades de três elementos até então desconheci-
grupo de elementos podia ser capaz de tomar o lugar de outro num deter- dos. A descoberta posterior desses elementos (gálio, em 1875; escândio,
minado composto. em 1879; e germânio, em 1886), de acordo com as previsões, faz com que
Em 1808, aceitava-se a idéia de que os compostos possuíssem com- a lei de periodicidade fosse universalmente aceita e deu aos químicos uma
posições fixas. Uma explicação para tal fato foi proporcionada pela primeira generalização sistemática sobre a qual basearam sua ciência.
teoria atômica verdadeiramente química, a de John Dalton. Afirmava ele A química do século XIX conseguiu ainda duas descobertas de impor-
que cada elemento consistia em seu próprio tipo de átomos, cada qual com tância transcendental: as técnicas de espectrografia, devidas a Robert
tamanho e peso característicos. Entrava em cena a idéia de peso atômico, Bunsen e Gustav Kirchhoff em 1859, que permitem deduzir a composição
embora Dalton não dispusesse de meios para calcular os pesos atômicos das substâncias segundo a energia absorvida por seus átomos a diferentes
ou o número de átomos presentes num composto. Contudo, supunha ele freqüências características de luz; e a tabela periódica dos elementos
que a composição constante dos compostos fosse devida à combinação de químicos, criada independentemente por Dmitri Mendeleiev e Julius Lothar
um número constante de átomos. Meyer, que criou uma classificação estruturada de todas as classes de
As limitações impostas à generalização da teoria de Dalton por seus átomos conhecidas e ainda não descobertas, de cuja simples análise se
postulados rígidos foram em grande parte removidas pelas investigações podem extrair conclusões sobre a composição atômica e as propriedades
de Joseph-Louis Gay-Lussac, segundo o qual quantidades equivalentes de físicas e químicas de cada elemento.
elementos diferentes podiam combinar-se entre si, mas não fez distinção Século XX. O desenvolvimento da química ao longo do século XX
entre átomos e moléculas. Em 1811 Amedeo Avogadro propôs para a apoiou-se na confirmação experimental da teoria atômica, em estreita
controvérsia uma solução que obteve o reconhecimento geral depois de conexão com os avanços da física. Comprovou-se a existência de partícu-
transcorridas várias décadas: a unidade de matéria é o átomo, mas a célula las subatômicas, Ernest Rutherford e Niels Bohr elaboraram modelos
básica das reações químicas é a molécula, ou agrupamento de átomos que atômicos, e Max Planck lançou os fundamentos da mecânica quântica.
define a natureza dos diferentes compostos, de maneira que os mesmos
átomos podem formar moléculas diferentes em função de diferentes pro- A explosão tecnológica e industrial do século XX, como conseqüência
porções ou estruturas de combinação. Entretanto, o trabalho de Avogadro de avanços científicos acelerados, deu origem ao nascimento das grandes
foi desprezado durante quase meio século. indústrias químicas. A química médica e farmacêutica e a química de
polímeros (plásticos, fibras, derivados do petróleo etc.) experimentaram um
Entrementes, o sueco Jöns Jacob Berzelius realizava estudos analíti- desenvolvimento espetacular na segunda metade do século e influíram
cos de minerais e, com base na lei Dulong-Petit, preparava uma tabela de diretamente sobre os hábitos sociais com o lançamento no mercado de
pesos atômicos, de modo geral exatos. Berzelius contribuiu também com a consumo de inovadores utensílios fabricados com diversos materiais e a
descrição dos fenômenos da catálise e isomeria e com a invenção do universalização da distribuição de medicamentos e outros produtos tera-
moderno sistema de símbolos químicos. Sua principal contribuição teórica pêuticos. Além disso, outros numerosos aspectos da vida cotidiana, como a
foi a teoria dualista ou eletroquímica da combinação atômica, na qual alimentação, a agricultura e o tratamento de combustíveis ganharam novos
buscou solucionar o velho problema da natureza da afinidade. Acreditava enfoques paralelamente às descobertas de uma ciência em contínua evolu-
que todos os átomos apresentassem o velho problema da natureza da ção.
afinidade. Acreditava que todos os átomos apresentassem carga elétrica,
tanto positiva como negativa, mas que a positiva predominasse em alguns Princípios fundamentais
e a negativa em outros. Os átomos de carga negativa seriam mantidos
ligados aos de carga positiva mediante forças eletrostáticas. Desde a revolução experimentada pelas ciências químicas no princípio
do século XIX, um dos principais objetivos perseguidos pelos especialistas
O maior conhecimento de compostos de carbono que resultou do estu- foi o estabelecimento de postulados metodológicos em grande parte inspi-
do intensivo da química orgânica na primeira metade do século XIX viria rados nos modelos preexistentes da física e da matemática.
desmentir essa teoria dualista. Os químicos passaram então a conjeturar
quanto à existência de radicais, isto é, grupos de átomos que atuariam Os enunciados modernos da filosofia da ciência defendem que o pro-
como uma unidade nas reações químicas. Julgava-se que dois radicais gresso científico resulta da confrontação entre dois pontos de vista com-
ligados a um átomo de oxigênio (para formar um éter) pertencessem ao tipo plementares: as concepções teóricas dos fenômenos, que analisam e
água, e que três radicais ligados a um átomo de nitrogênio (para formar sintetizam os dados experimentais e conformam conjuntos de hipóteses
uma amina) pertencessem ao tipo amônia. A polêmica quanto ao uso de destinados a explicar os fatos e prever as situações futuras; e as compro-
pesos moleculares ou atômicos ou de equivalentes na notação de fórmulas vações empíricas, que julgam a validez e a oportunidade de sua aplicação.

Química 62 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
São os seguintes os princípios gerais mais comumente aceitos para a composição uniforme e constante, com uma série de propriedades quími-
abordagem teórica dos sistemas químicos. cas. Conseqüentemente, só se podem chamar de substâncias os elemen-
tos e compostos.
(1) Utilidade dos modelos teóricos, entendidos como conjuntos de pre-
missas expressas de forma matemática que constituem o núcleo básico de Até quase o fim do século XVIII, nenhuma tentativa sistemática havia
partida para a análise de um problema e seus desdobramentos. O uso de sido feita para designar as substâncias químicas, de modo a indicar sua
modelos, como o do gás ideal que sustentou a enunciação de leis dos composição. Os nomes então em uso eram mais ou menos arbitrários:
gases perfeitos durante os séculos XVII e XVIII, assim como os avançados podiam ser termos da velha alquimia, ou derivar-se do nome de seu desco-
sistemas configurados pelos computadores a partir de extensas enumera- bridor (por exemplo, o sal de Glauber, muito usado pelo alemão Johann
ções de dados, se fundamenta na restrição das particularidades conhecidas Rudolf Glauber), ou ainda baseavam-se em alguma semelhança superficial.
do fenômeno até conseguir uma teoria completa e situações absolutamente Assim, o tricloreto de antimônio, por seu aspecto amanteigado, se denomi-
previsíveis dentro de seus postulados. nava manteiga de antimônio; o cloreto de zinco, manteiga de zinco. Essas
substâncias eram classificadas junto com a manteiga de leite. O mesmo
(2) Estrutura atômica, segundo a qual a matéria se compõe fundamen- sucedia com o óleo de vitríolo (ácido sulfúrico), óleo de oliva etc. Torbern
talmente de átomos, internamente formados de um pequeno núcleo que Olof Bergman e Louis Bernard Guyton de Morveau, de forma simultânea e
consiste na aglomeração de partículas elementares positivas (prótons) e independente, tentaram projetar um sistema mais completo para denominar
neutras (nêutrons) unidas entre si por forças de coesão nuclear, e um os compostos químicos. A sistematização da nomenclatura apresentada
conjunto de elétrons ou unidades elementares de carga elétrica negativa por Lavoisier e a notação química proposta por Jöns Jacob Berzelius, que
distribuídos em distintos níveis de energia e ligados ao núcleo por atração criou símbolos para os elementos, são empregadas ainda hoje.
eletromagnética. A união de átomos gera moléculas, e as reações químicas
se devem ao intercâmbio de elétrons entre moléculas. Equipamento de laboratório
(3) Equilíbrios energéticos de acordo com a mecânica quântica, espe- Quase todos os utensílios empregados nas experiências químicas são
cialidade científica que postula a existência de regiões do espaço do átomo, feitos de vidro, principalmente devido à inércia química desse material.
chamadas orbitais e distribuídas em níveis, nas quais se organizam seus Entre esses destacam-se os copos ou bécheres, cilindros de fundo plano
elétrons em pares ou isoladamente. O movimento de elétrons entre os abertos em cima e providos de bico para verter, e os balões, que podem ter
diferentes níveis de orbitais explica não só os fenômenos energéticos do fundo chato ou redondo.
átomo, expressos sob formulações quânticas de alta complexidade mate-
mática, como também o estabelecimento de ligações químicas. O volume dos líquidos pode ser medido por provetas, que são cilindros
de vidro graduados; por buretas, recipientes de vidro tubular com muitas
(4) Validade do conceito de valência química, número inteiro com sinal linhas finas graduadas, de modo que se pode medir com segurança a
positivo ou negativo que quantifica a natureza da participação dos átomos quantidade de líquido retirada por uma torneira na extremidade inferior; e
de um elemento em sua combinação com outros. Esse conceito, manejado pipetas, que diferem das buretas, pois são suficientemente pequenas para
desde a antiguidade, se manteve nas explicações atuais como a quantida- se poderem manejar. A pressão exercida pelo dedo sobre a entrada do ar
de de elétrons que intervém numa reação química por cada classe de na parte superior do tubo regula a retirada do líquido da pipeta. Os cadi-
elementos participantes, e se complementa adequadamente com a teoria nhos são pequenos recipientes resistentes ao calor, muito usados para a
de orbitais atômicos. determinação de cinzas e a fusão de metais. Os tubos de ensaio são tubos
de vidro fechados numa das extremidades, usados no trabalho com peque-
Peso atômico e mol. A essas considerações teóricas devem corres- nas porções de reativos.
ponder técnicas de medida adequadas, baseadas na definição de grande-
zas e princípios básicos de experimentação. Também é fundamental definir Os principais aparelhos de laboratório são o microscópio e a balança,
unidades métricas reprodutíveis mediante um instrumental preciso e com- equipamentos de medida indireta das massas. São usados também termô-
pleto. Ciência de inspiração puramente empírica e carente de concepções metros de mercúrio, para medir temperaturas; densímetros, para determi-
perfeitamente delimitadas no momento de sua invenção, a química conser- nação de pesos específicos; bicos de gás (Bunsen) para aquecer; rolhas
va duas noções fundamentais de natureza experimental: o peso atômico, etc.
posteriormente definido como a acumulação de partículas elementares
positivas ou prótons do núcleo atômico; e o mol, equivalente a 6,023 x 1023 O avanço da química está intimamente relacionado à evolução da
moléculas ou átomos (número de Avogadro), segundo a natureza do com- ciência dos computadores, pois acredita-se que muitos dos trabalhos e
posto, e definido como o peso molecular (soma de pesos atômicos dos reações realizados nos laboratórios passarão a ser feitos unicamente
átomos de uma molécula) ou atômico, expresso em gramas, que constitui a no computador, num processo conhecido como modelagem molecular.
unidade básica de quantidade química. Os computadores também são indispensáveis nas pesquisas de quími-
ca quântica, por exemplo, e encontram cada vez maior aplicação no
Finalmente, as leis dos intercâmbios químicos se regem antes de tudo controle dos equipamentos eletrônicos de laboratório. ©Encyclopaedia
por equilíbrios de energia que determinam a viabilidade, a duração e a Britannica do Brasil Publicações Ltda.
espontaneidade dos processos. A análise energética das reações químicas,
apoiada nos princípios da termodinâmica, constitui a síntese teórico-prática Nomenclatura química
da maioria das questões pesquisadas pelas diferentes disciplinas da quími- O nascimento da química moderna, tradicionalmente identificado com
ca. os trabalhos do cientista francês Lavoisier, no século XVIII, foi acompanha-
Nomenclatura química do da primeira nomenclatura química. Nomes como óleo de vitríolo e espíri-
to de Vênus, da alquimia, foram substituídos por outros menos poéticos e
A utilização de nomes para tudo o que a química representa foi e conti- mais rigorosos, como ácido sulfúrico e ácido acético concentrado.
nua sendo uma de suas maiores preocupações. Cada princípio e conceito
fundamental, assim como os elementos, os compostos e uma quantidade Nomenclatura química é o sistema de denominação dos compostos
de outros fatores, precisa ser assinalado com uma palavra ou combinação conforme regras e recomendações adotadas pela comunidade científica
de palavras. Para completar esse requisito, tem-se procurado chegar a uma internacional com o objetivo de unificar critérios e facilitar a troca de infor-
linguagem química coerente. mações entre grupos de trabalho de diferentes regiões e áreas de pesqui-
sa.
A palavra átomo é uma das mais antigas desse vocabulário e quando
se relaciona a uma reação química comum significa o mesmo que quando História. Até as pesquisas efetuadas no século XVIII por Carl Wilhelm
foi utilizada pela primeira vez por Demócrito, por volta do ano 400 a.C. É a Scheele, Joseph Priestley, Henry Cavendish e, principalmente, Lavoisier, os
unidade mínima de matéria (sem considerar a fissão nuclear) nas reações princípios que governavam os fenômenos químicos conhecidos eram
químicas, da qual se formam as moléculas ou compostos. Cada átomo tem herdados da alquimia que, embora acumulasse grande quantidade de
um símbolo constituído de uma ou duas letras associadas ao nome do dados, não havia empreendido uma classificação metódica. Com base nas
elemento. Tem-se, assim, "Fe" como símbolo do elemento ferro, "Ca" para descobertas e teorias de Lavoisier, um grupo de químicos franceses publi-
o elemento cálcio etc. Substância é a palavra que se aplica à matéria de cou um livro de grande influência no meio científico, Méthode de nomencla-

Química 63 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ture chimique (1787), que classificava e dava nomes aos elementos quími- As tentativas de modernizar os nomes dos ácidos e sais oxiácidos, na
cos e compostos conhecidos. Gradualmente, as doutrinas de Lavoisier, maior parte dos casos, não conseguiram se sobrepor à popularidade das
sistematizadas em seu livro Traité élémentaire de chimie (1789), passaram denominações do século XIX. Caracterizados pelo número de oxidação
a ser aceitas universalmente. No século XX, o organismo denominado positivo de seu elemento não-metálico presente no composto, os ácidos
International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC) assumiu a são designados com os sufixos -oso e -ico e os prefixos hipo- e per-. Assim,
tarefa de elaborar e atualizar periodicamente as normas universais de os ácidos derivados do cloro, em ordem crescente de número de oxidação,
nomenclatura química. são o ácido hipocloroso (HClO), o cloroso (HClO2), o clórico (HClO3) e o
perclórico (HClO4). Os sais oxiácidos resultantes da substituição do hidro-
Compostos inorgânicos. Do ponto de vista químico, consideram-se gênio desses ácidos por um metal recebem os nomes respectivos de
compostos inorgânicos aqueles em cuja estrutura estão presentes elemen- hipoclorito, clorito, clorato e perclorato do elemento metálico em questão.
tos metálicos e não-metálicos, e que não apresentam longas cadeias de Tem-se, assim, o nitrito de potássio (KNO3), o sulfato de ferro II (FeSO4)
carbono unidas a átomos de hidrogênio, oxigênio ou nitrogênio. Distinguem- etc. A substituição do hidrogênio dos ácidos oxiácidos pode ser parcial, com
se vários grupos de compostos com propriedades gerais semelhantes: formação de sais hidrogenados constituídos de quatro elementos distintos.
hidretos, sais binários, óxidos, ácidos oxigenados, sais oxiácidos e bases. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
Os três primeiros grupos são compostos binários (de dois elementos), e os
demais são combinações triplas de elementos. QUÍMICA NA AGRICULTURA
Hidretos. Compostos binários em que um dos elementos é o hidrogê- Introdução
nio, os hidretos podem ser iônicos e moleculares. Os hidretos iônicos
Não se sabe quando nem onde, o Homem terá começado a preo-
resultam da combinação de hidrogênio com elementos metálicos (sódio,
cálcio, ferro, ouro etc.), que se caracterizam pela acentuada tendência a cupar-se com a fertilidade dos solos, no entanto, tudo leva a crer que
ceder elétrons (partículas de carga elétrica negativa) de seus átomos. Os uma tal preocupação tenha coincidido com o aparecimento da pró-
pria Agricultura que terá tido o seu início quando os povos se fixa-
hidretos moleculares são produto da combinação do hidrogênio com ele-
ram, isto é, quando passaram de nómadas a sedentários.
mentos não-metálicos (oxigênio, nitrogênio, enxofre, halogênios), dotados
de alta eletronegatividade, ou poder de captar elétrons. O uso da Química na Agricultura
A proporção de hidrogênio nos hidretos é regida pelas leis da troca ele- Terá sido a partir daqui que as terras, por serem cultivadas mais fre-
trônica. Como o átomo de hidrogênio contém apenas um elétron, atua quentemente, terão começado a baixar a sua capacidade produtiva, condu-
sempre com número de oxidação (número de elétrons cedidos ou adquiri- zindo assim a que, começassem a utilizar-se substâncias como por exem-
dos para formar um íon, um radical ou uma molécula) igual a 1 -- positivo, plo os detritos e despojos vegetais e animais, os quais actuavam como
se o elétron for cedido, ou negativo, se o elétron for absorvido -- para fertilizantes.
alcançar sua estabilidade energética. Os metais possuem, em geral, núme-
ros de oxidação positivos, enquanto os elementos não-metálicos podem tê- Os primeiros produtos a serem usados como objectivo de manter os
lo positivo ou negativo, conforme a eletronegatividade dos outros elementos solos em condições de continuarem a produzir terão sido, portanto, subs-
do composto. tâncias orgânicas as quais viriam a ser designadas de estrumes.

Para designar um hidreto metálico usa-se a palavra hidreto seguida do No início do primeiro século da Era actual, (350 anos D.C.) viria a ser
nome do metal que participa do composto, como hidreto de sódio (NaH), formulada por Aristóteles a teoria do húmus, segundo a qual a matéria
hidreto de cálcio (CaH2) etc. Quando o metal tem vários números de oxida- orgânica constituía como que uma força sobrenatural existente nas terras.
ção possíveis, expressa-se o número utilizado em cada situação: hidreto de A aplicação de substâncias orgânicas, regeneradoras do húmus da ter-
ferro II (FeH2), ou ferroso, e hidreto de ferro III (FeH3), ou férrico. Os crité- ra, não viria a ser substituída pelo princípio da nutrição mineral das plantas,
rios de nomenclatura dos hidretos não-metálicos coincidem com os anterio- o qual estabelecia que as plantas se alimentavam não de substâncias
res, com a ressalva de que seus números são negativos e únicos: hidreto orgânicas mas de elementos minerais.
de cloro, hidreto de enxofre etc.
Ficou então aberto o caminho para a descoberta dos adubos, produtos
As soluções de hidretos de elementos não-metálicos em água, porém, que viriam a contribuir, de forma decisiva, para o aumento das produções.
apresenta alto grau de acidez e, por isso, se designam com outros nomes,
de maior aceitação geral: ácido clorídrico, ácido sulfídrico etc. Muitos hidre- Foi portanto a química que ofereceu à agricultura a possibilidade de
tos são conhecidos por denominações generalizadas mas não sistemáticas. dispor de adubos, produtos que por conterem em formas assimiláveis os
É o caso da água (hidreto de oxigênio), do amoníaco (hidreto de nitrogê- nutrientes mais utilizados na alimentação das plantas, iriam contribuir para
nio), dos silanos (hidreto de silício) e dos boranos (hidretos de boro). a obtenção de maiores produções.
Demais compostos binários. Para designar os sais binários, resultantes Actualmente, a Química pode fornecer informações quanto:
da combinação de um elemento metálico e um não-metálico, acrescenta-se
1. à quantidade e qualidade dos produtos a aplicar;
o sufixo-eto ao nome do não-metal e, no caso de ser possível mais de um
desses compostos, o número de oxidação do metal: cloreto de sódio 2. à avaliação da reacção fisiológica dos adubos, isto é, se são acidifican-
(NaCl), sulfeto de níquel II (NiS), sulfeto de níquel III (Ni2S3). Empregam-se tes, neutros ou alcalinizantes;
critérios análogos na denominação dos compostos binários de metais com
oxigênio, chamados óxidos metálicos: óxido de potássio (K2O), óxido de 3. à salinidade dos solos, sendo as épocas e as técnicas de aplicação dos
ferro II (FeO) etc. adubos igualmente condicionadas pelo comportamento químico dos
elementos nutritivos que possuem.
A nomenclatura dos compostos binários aos quais não se aplicam as
normas anteriores, pelo fato de seus dois elementos serem não-metálicos,
se rege por duas regras fundamentais: (1) os números de oxidação se Factores de que dependem as produções agrícolas
antepõem como prefixo aos nomes dos elementos, de forma invertida, e (2)
em primeiro lugar se cita o elemento mais eletronegativo com o sufixo -eto, As produções agrícolas dependem de factores genéticos e de factores
exceto nos óxidos. Assim, o trissulfeto de dinitrogênio (S2N3) procede da ambientais, os quais exercem uma forte acção nas necessidades alimenta-
combinação do enxofre, de número de oxidação 2, com o nitrogênio, 3. res e nas disponibilidades nutritivas das plantas e, consequentemente, na
utilização dos fertilizantes.
As bases são combinações de metais com o íon hidroxila (OH) de car-
ga elétrica negativa. São designadas pelo termo hidróxido seguido do nome Fatores Genéticos
do metal e, eventualmente, de seu número de oxidação. Dois exemplos são Assim, começando pelos factores que são inerentes à própria planta,
o hidróxido de potássio, de fórmula KOH, e o hidróxido de mercúrio II, de verifica-se que, embora as suas características sejam determinadas pela
fórmula Hg(OH)2. genética, poderão ser influenciadas pela Química.

Química 64 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Exemplos: se o metabolismo celular, que consiste num conjunto de reacções químicas;
as células formam tecidos logo neles ocorrem reacções químicas; os teci-
1. Numa estufa, o controlo de factores como a temperatura, humidade dos formam orgãos logo neles ocorrem reacções químicas; os orgãos
e teor de anidrido carbónico, pode ser obtido através de produtos químicos. formam sistemas logo neles ocorrem reacções químicas; os sistemas
2. A impossibilidade de controlar os factores climáticos nas culturas formam o nosso corpo logo o nosso corpo funciona a partir de um conjunto
efectuadas ao ar livre, faz com que se realizem culturas sob abrigos (cultu- de reacções químicas. Este é apenas um raciocinio fácil que comprova a
ras protegidas). É aqui que a Química entra, pois os materiais utilizados na existência da química em todo o nosso corpo, mas existem muitos outros
protecção (vidro e plástico), são obtidos industrial e quimicamente. processos químicos no organismo para além do metabolismo celular.
Quando estamos doentes o funcionamento do nosso corpo é alterado,
como já vimos é a patologia que estuda essas alterações e comunica-as à
QUIMICA NA SAÚDE indústria farmacêutica que é muito importante no campo da medicina pois
ela estuda como normalizar o nosso funcionamento em caso de doença. A
INTRODUÇÃO indústria farmacêutica utiliza vários processos químicos para a confecção
A Química está muito relacionada com a saúde, não só porque no nos- dos medicamentos, de que muitas pessoas precisam para viver.
so organismo ocorrem inúmeras reacções químicas, mas também porque A química tem ajudado a medicina em todos os sentidos, veja-se por
para o seu tratamento, em caso de doença, utilizam-se produtos químicos. exemplo um dos grandes avanços da medicina, que foi a descoberta da
Vamos ver o que é a Química e a Saúde. penicilina, a primeira substância química usada nas infecções. Em 1928/29
foi descoberta por Fleming e em 1939 já era usada em medicina como o
A Química é uma ciência que tem como objectivo estudar as proprie- primeiro antibiótico, sendo activo contra muitas infecções entre elas a sífilis
dades das diferentes substâncias, como são constituídas, as transforma- incurável na altura.
ções por que passam e os processos para as obter. Esta ciência ocupa-se
ainda de estudar as transformações da matéria. Em 1944 deu-se outro grande avanço na medicina, desta vez foi o rus-
so Waksmann que descobriu a primeira substância química eficaz no
A Saúde corresponde ao bem estar físico, mental e social, esta ideia tratamento da tuberculose chamada Estreptomicina, esta descoberta foi
implica não só a ausência de doença como também a sua prevenção e a muito importante porque a tuberculose era tão perigosa que até se chama-
melhoria geral do estado do organismo humano e da qualidade de vida das va "peste branca".
populações. Para isso existem medidas de higiene individual e de compor-
tamentos sociais, que estimulando estilos de vida saudáveis previnem o Louis Pasteur também foi decisivo na prevenção de algumas doenças
aparecimento das doenças evitando, mais tarde, o seu tratamento. através da descoberta das vacinas que são na sua grande maioria compos-
tos químicos.
RELAÇÃO DA QUÍMICA COM A SAÚDE
Tal como estes houve e haverá muitos outros químicos com grande
A Química não está só ligada aos aspectos da poluição ambiental ou importância para a saúde.
da produção de fertilizantes, está também presente nas reacções e meca-
nismos químicos do nosso organismo. Para compreendermos melhor esta Conclusão
relação entre Química e corpo humano vamos definir três ciências muito A química está no nosso organismo em todo o lado, quando levamos
importantes no campo da saúde e relacionadas com a Química, são elas a uma vacina, quando tomamos um comprimido para o estômago ou para
fisiologia, a patologia e a farmacologia. uma simples dor de cabeça, é à química que estamos a recorrer. Quando
A fisiologia é uma ciência através da qual podemos saber como funci- respiramos, quando transpiramos ou mesmo quando choramos, na base da
ona o nosso organismo em condições normais. Esta ciência pretende nossa respiração, do suor ou de uma simples lágrima estão um conjunto de
definir correctamente o estado de homeostasia, ou seja, o estado em que o reacções químicas.
nosso corpo se encontra nas condições ideais e perfeitas para o seu funci- Como se pode depreender do que atrás foi dito é dificil completar um
onamento e que resulta da conjugação de múltiplas reacções químicas e trabalho de relação entre saúde e química pois a saúde está de tal modo
inúmeros processos físicos que ocorrem constantemente no nosso orga- dependente da química que não podemos simplesmente viver sem ela.
nismo.
A patologia é a ciência que estuda os problemas que existem quando
estamos doentes. Através do estudo da fisiologia e da definição de ho- QUÍMICA NOS ALIMENTOS
meostasia, esta ciência consegue saber quando e qual a parte do nosso
corpo que não está a funcionar bem, um dos ramos desta ciência, a pato- A química nos alimentos
logia laboratorial, utiliza a química num sem número de reacções efectua- Os processos relacionados com a alimentação geram enorme volume
das em inúmeros produtos provenientes do organismo humano para detec- de negócios. Tanto pela magnitude da produção quanto pelo alto número
tar as alterações que possam existir no funcionamento do organismo hu- de empregos criados, a indústria desse setor da economia foi uma das que
mano. mais cresceram, desde o início de seu desenvolvimento, no fim do século
Após a detecção de uma doença ou qualquer mau funcionamento no XIX.
organismo inicia-se a fase de tratamento, é aqui que entra a farmacologia A indústria alimentícia engloba o conjunto de processos de elaboração,
que como o nome indica estuda os fármacos e a sua aplicação. Fármaco é tratamento, condimentação, embalagem e conservação de alimentos. Os
toda a substância química que exerce um efeito no funcionamento do produtos obtidos e os procedimentos de transformação se diversificaram na
organismo, também conhecido por medicamento, são pois medicamentos segunda metade do século XX, o que desencadeou a ampliação da oferta e
os produtos químicos que desencadeiam reacções no nosso organismo um notável incremento de consumo nas nações desenvolvidas. Grande
para a correcção das alterações que apresentar. parte da população mundial, no entanto, permanece à margem dos avan-
Estas três ciências são pois muito importantes para a saúde e lidam ços nesse setor, e seu nível de vida muitas vezes mal alcança os limites da
constantemente com a química: a fisiologia e a patologia estudam, portanto, subsistência.
os processos e reacções do nosso organismo - a maioria químicos - en- Princípios gerais. O setor industrial da alimentação compreende as
quanto a farmacologia estuda os produtos químicos que são, ou podem ser, atividades e processos da transformação das matérias-primas, originárias
utilizados no tratamento das doenças contribuindo para o bem estar do da agricultura, da pecuária e da pesca, que podem ser utilizadas na elabo-
nosso corpo. ração de produtos alimentícios. Depois de preparado, o alimento é subme-
No nosso corpo em condições normais ocorrem constantemente muitas tido aos procedimentos de conservação e armazenamento, o que deve ser
reacções químicas, alguns exemplos são o funcionamento do sistema feito de modo a evitar sua deterioração ou a perda de qualidades nutritivas,
digestivo, excretor, o metabolismo celular, etc. Ora vejamos, as células são do sabor e outras. Em seguida, o produto é transportado e distribuído aos
as partículas (com vida) mais pequenas do nosso organismo, nelas realiza- locais de consumo, para comercialização.

Química 65 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
A transformação das matérias-primas se faz por diferentes meios, co- ramo dessa indústria é o de conservas. Com as frutas também se preparam
mo os processos fermentativos, nos quais intervêm microrganismos, os de várias bebidas, como sucos, vitaminas, licores etc.
extração de determinados componentes, os de mistura e elaboração a
partir de várias matérias-primas e os de adição de substâncias como con- Bebidas alcoólicas. As bebidas alcoólicas são obtidas pela fermenta-
servantes e colorantes. O acondicionamento e o armazenamento devem ção dos carboidratos contidos em frutas e grãos. Da uva, por exemplo,
ser realizados em perfeitas condições de higiene. Para isso, usam-se procede o vinho. A partir da maçã faz-se a sidra; da cevada, a cerveja. Com
câmaras frigoríficas, além de embalagens e recipientes herméticos, conve- muitas outras plantas elaboram-se diversos tipos de licores e aguardentes.
nientemente lacrados. Indústria de carnes. As principais espécies produtoras de carne são o
A garantia de qualidade do produto tem que ser assegurada por uma boi, o porco, o carneiro, a galinha, o peru e o ganso. O gado é transportado
série de análises químicas, microbiológicas e das chamadas propriedades até os matadouros, nos quais se processa o corte e o retalhamento. Em
organolépticas, que são as perceptíveis através dos sentidos (cor, sabor, seguida, a carne é conservada em grandes frigoríficos até o momento da
aroma etc.) Em vista da importância adquirida pelo uso de conservantes, distribuição. As carnes são empregadas como matéria-prima para o preparo
aditivos e de todo um conjunto de compostos adicionados ao alimento para de conservas, embutidos, frios e patês.
torná-lo mais duradouro e melhorar-lhe o sabor, a cor ou outras caracterís- Os embutidos são carnes trituradas e ensacadas em tripas de porco ou
ticas, é necessário um estudo minucioso dos efeitos que esses componen- de boi, depois de misturadas a temperos e outros componentes. Podem ser
tes podem exercer sobre o metabolismo humano a médio e a longo prazos. cozidos ou secos. Os patês são preparados com carne picada e transfor-
Conservação dos alimentos. Já na antiguidade o homem utilizava o mada em pasta, complementada com vários aditivos. O fígado de ganso é a
fogo para transformar os alimentos que obtinha. Também aprendeu a usar matéria-prima para a elaboração do foie-gras.
vários métodos para conservá-los, valendo-se do gelo e dos lugares em Indústria pesqueira. No conjunto das indústrias pesqueiras se englo-
que a temperatura era baixa, como as grutas e as geleiras nas montanhas. bam todos os meios de extração, processamento e conservação de peixes,
As civilizações antigas desenvolveram processos de conservação como a moluscos e crustáceos. Algumas das espécies mais pescadas são o atum,
salga do peixe e a secagem da fruta e da carne, assim como procedimen- o salmão, a sardinha, a anchova, o bacalhau e a merluza, assim como
tos de fermentação para obter produtos como o vinho e o queijo. vários mariscos (lagosta, camarão etc.) A moderna indústria pesqueira vem
A conservação de alimentos atingiu hoje alto grau de perfeição e são aperfeiçoando cada vez mais os sistemas de congelamento e desenvolven-
muitos os sistemas aos quais se recorre, todos com duplo objetivo: manter do o aproveitamento da farinha de peixe, produto destinado à preparação
as propriedades do alimento e impedir que nele se desenvolvam microrga- de margarinas e gorduras, assim como à alimentação animal.
nismos. Ambas as condições podem ser satisfeitas mediante processos Indústria de laticínios. O leite é a base de numerosos produtos. Em
físicos como a fervura, o congelamento, a desidratação, a embalagem em seu estado natural é ingrediente para a fabricação de cremes, chocolates e
vidros ou latas, afora a adição de conservantes, antioxidantes, ácidos ou vários outros artigos de confeitaria; através de processos específicos trans-
sais. forma-se em leite desnatado, em pó ou condensado; por sua fermentação
Principais áreas. A indústria alimentícia abarca muitas áreas, das obtém-se iogurte, quefir e inúmeras variedades de queijo; e de sua nata
quais citaremos as mais importantes. batida se produz a manteiga.

Indústria de farinhas. A farinha procede da moagem de cereais (trigo, Outras indústrias alimentícias. Existem outros produtos de origem
aveia, milho, arroz etc.), de leguminosas (em especial da soja) ou de raízes animal obtidos, por exemplo, das aves (ovos) e das abelhas (mel, geléia
como as da mandioca. Outros tipos, como as de peixe e as de ossos, são real). Nas últimas décadas, difundiram-se novos artigos alimentícios, como
usadas preferencialmente na alimentação do gado. As farinhas apresentam a margarina, alternativa à manteiga, que se obtém a partir de gorduras
elevado conteúdo de carboidratos e, em alguns casos, também de proteí- vegetais e que foi preparada pela primeira vez na França, no século XIX.
nas, minerais e enzimas. As chamadas farinhas panificáveis são as que Outros produtos de utilização relativamente recente são os extratos de
servem para a elaboração do pão. Na maior parte, são obtidas a partir do carne, os preparos vitamínicos e as sopas e papas infantis. Também mere-
trigo e do centeio. O processo de extração da farinha exige uma série de ce destaque o desenvolvimento alcançado, em vários países, pelas chama-
operações, como a separação das impurezas do grão, o descascamento e das cozinhas macrobiótica e vegetariana, com uma infinidade de produtos
a moagem. Em seguida faz-se a distribuição dos diversos tipos, com o derivados da soja, cereais integrais, algas etc. Esse tipo de cozinha visa a
emprego de peneiras ou de jatos de ar. recuperar o consumo de produtos naturais, como reação ao excesso de
aditivos e substâncias químicas que invadiram a indústria alimentícia. Outro
As farinhas têm muitas aplicações na indústria alimentícia e são am- setor de interesse é o das bebidas estimulantes, como o chá e o café, que
plamente utilizadas em pastelarias, misturadas a gorduras e azeites, açúcar gozam de ampla difusão e notável volume comercial.
e componentes diversos como o cacau, a baunilha e outras essências. Com
elas se prepara uma grande variedade de produtos: bolos, biscoitos, bola- SUAVE VENENO
chas, roscas e folheados. Também se empregam para fazer massas, caso Especialistas explicam como a população adoece devido aos resí-
em que se preferem as farinhas de trigo-duro, embora em alguns países duos tóxicos nos alimentos
também se encontrem massas feitas a partir da farinha de soja. A massa é
obtida mediante a mistura homogênea de água e farinha ou sêmola. Em As pessoas evitam pegar latas amassadas da prateleira do super-
seguida, essa pasta é sovada e moldada em prensas de formas diversas, mercado, mas não se preocupam com a suave dose de veneno que in-
para fazer fios (aletria ou cabelo-de-anjo, espaguete), canudinhos (macar- gerem diariamente, até com o pão nosso de cada dia. São 2.300 tipos
rão), tiras (talharim), quadriláteros (canelone), grânulos, estrelas etc. A de agrotóxicos definidos em 270 espécies de culturas, incluindo aí o
última operação consiste em secar a massa para conservá-la. pasto dos animais que fornecem carne e leite.

Oleaginosas. A prensagem de certas sementes e frutos, denominados A professora Silvia Tondella Dantas, especialista em embalagens do
oleaginosos, permite extrair deles azeites e óleos comestíveis, como os de Ital (Instituto de Tecnologia de Alimentos), falou na Cientec sobre latas
oliva, soja, milho, girassol, e muitos outros, que têm grande importância na amassadas. O moderno verniz interior desta embalagem permite a manu-
cozedura dos alimentos. tenção da qualidade do alimento em condições adversas, como é o caso do
amassamento do corpo, diferentemente do conceito de muitos anos atrás,
Indústria açucareira. Os açúcares são obtidos principalmente a partir que permanece até hoje, garante ela. Silvia é do Centro de Tecnologia de
da cana-de-açúcar e da beterraba, depois de uma série de operações de Embalagens do Ital e se diz desconcertada com noticiários na imprensa
trituração, extração e refinamento do caldo. O açúcar é utilizado como afirmando o contrário, enquanto ela atua em pesquisa de embalagnes
ingrediente básico na elaboração de doces, caramelos, confeitaria em geral metálicas há 18 anos.
e na fabricação de bebidas açucaradas.
Pior que o estado da lata são os números dos que morrem de fome –
Indústria hortifrutícola. A indústria hortifrutícola compreende a elabo- 24 mil pessoas por dia no mundo – e a existencia de 150 milhões de crian-
ração de produtos alimentícios a partir de frutas e hortaliças. O principal ças menores de 5 anos subnutridas no planeta. “No Brasil são 32 milhões
que passam fome. Entre os que têm comida, um terço se alimenta mal e

Química 66 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
muitos fazem refeições colhidas no lixo”, lembra Silvia, última palestrante QUÍMICA E O MEIO AMBIENTE
do módulo sobre “Segurança Alimentar”.
Definição de Química Ambiental
O próprio conceito de segurança alimentar pode originar horas de de-
bate, graças a sua origem e à língua portuguesa. No inglês, o conceito é A Química Ambiental estuda os processos químicos que acontecem na
duplo: save food, para alimento seguro, e safety food, suficiência ou esto- natureza, sejam eles naturais ou causados pelo homem e que comprome-
que alimentar. Na Cientec, tratou-se de ambos os casos. tem não só a saúde humana, mas de todo planeta.
No âmbito da segurança, as colocações de Silvia Dantas remetem para A Química Ambiental teve sua origem na Química Clássica e se tornou
o início dos debates, quando a pesquisadora Heloísa Toledo, do Instituto uma ciência interdisciplinar por envolver outras matérias como: Biologia,
Adolfo Lutz, falou sobre os resíduos químicos embutidos nos alimentos que Ecologia, Geologia.
estão nas prateleiras. Fora do verniz dito inofensivo das latas, o feijão-com-
Essa parte da química estuda as mudanças que ocorrem no meio am-
arroz vem temperado com toda a sorte de produtos agroquímicos.
biente, mais precisamente, os processos químicos que envolvem essas
O Adolfo Lutz, entre outras atividades de excelência no cenário científi- mudanças e que causam sérios danos à humanidade.
co nacional, realiza o aferimento do chamado “limite máximo de resíduos”,
No Brasil, as últimas décadas foram marcadas por um crescimento da
ou seja, o que o organismo humano tolera de envenenamento pela alimen-
conscientização dos cidadãos sobre os danos causados pelas atividades
tação. A medição tem como parâmetros miligramas de agrotóxico por
humanas inadequadas. Sejam em indústrias ou em seus próprios lares,
toneladas de alimento. Um tanto a mais dispara o alarme. “O problema é o
essas atividades têm gerado efluentes e resíduos: sólidos, líquidos e gaso-
uso indiscriminado desses produtos e a precariedade da fiscalização”,
sos, que acabam tendo seu destino final na atmosfera, nos solos e nas
afirma a doutora Heloísa.
águas.
Mesmo se houvesse um severo controle, o cardápio do mundo inteiro
Como essas transformações ameaçam o meio ambiente, há uma gran-
estaria longe de ser totalmente inofensivo. Não só pelo limite máximo de
de preocupação em entender os processos que a envolvem. A química
resíduos químicos, mas pelo solo onde a planta é cultivada, muitas vezes
ambiental existe justamente para isso, para abranger os mecanismos que
tão faminto como parte da população.
definem e controlam a concentração das espécies químicas que precisam
Ecologia médica – Fernando Antonio Cardoso Bignardi, especialista ser monitoradas. Sendo assim, expandem os horizontes da Química con-
em ecologia médica da Escola Paulista de Medicina, outro palestrante, vencional, criando parcerias com outras áreas como a Toxicologia e Enge-
lembra que a técnica do arado rasgando a terra, importada dos países frios nharia Sanitária.
(e ricos), acaba com os seus nutrientes e produz plantas inócuas. “Pode-
É importante este estudo para entender os aspectos químicos dos pro-
mos dizer que estamos comendo alimento de solo morto”, afirma.
blemas que nós seres humanos criamos no meio onde vivemos. Esse
Os distúrbios provocados pela insuficiência de nutrientes necessários mesmo ambiente há alguns anos antes de começar os processos de polui-
nesses alimentos entopem os consultórios médicos e, por falta de um ção, era um ambiente natural, ou seja, sem poluentes.
diagnóstico sério, o paciente acaba levando tranqüilizantes para casa. “A
Impactos Ambientais
venda de estupefacientes (tranqüilizantes) bate em dez vezes a de aspirina,
por exemplo”, compara Bignard. Impacto ambiental é a alteração no meio ambiente por determinada
ação ou atividade. Atualmente o planeta Terra enfrenta fortes sinais de
“O paciente chega ao consultório médico e diz que não está se sentin-
transição, o homem está revendo seus conceitos sobre natureza. Esta
do bem. O doutor pergunta onde dói. Mas a pessoa não sabe onde dói.
conscientização da humanidade está gerando novos paradigmas, determi-
Explica que não tem apetite, nem sexual, não está produzindo no trabalho,
nando novos comportamentos e exigindo novas providências na gestão de
não dorme bem. Então esse médico (que é formado pela escola de medici-
recursos do meio ambiente.
na convencional), porque o paciente não sabe onde dói, acha que o distúr-
bio é psíquico”, acusa. Um dos fatores mais preocupantes é o que diz respeito aos recursos
hídricos. Problemas como a escassez e o uso indiscriminado da água estão
“Hoje o conceito mais moderno em todas as doenças, infecciosas ou
sendo considerados como as questões mais graves do século XXI. É
não, é de que decorrem de um terreno pobre. Um ser intoxicado adoece e
preciso que tomemos partido nesta luta contra os impactos ambientais, e
qualquer tratamento deve se iniciar pela desintoxicação”, adverte Fernando
para isso é importante sabermos alguns conceitos relacionados ao assunto.
Bignard.
Poluição é qualquer alteração físico-química ou biológica que venha a
desequilibrar um ecossistema, e o agente causador desse problema é
Alimentos aditivados denominado de poluente.
No meio da celeuma entre orgânicos e convencionais, surgiu o concei- Como já era previsto, os principais poluentes têm origem na atividade
to do alimento funcional, que serve para combater ou prevenir determina- humana. A Indústria é a principal fonte, ela gera resíduos que podem ser
das doenças, pois os produtos são aditivados com antídotos. Antonio eliminados de três formas:
Mantoan Filho, engenheiro de alimentos formado na Unicamp e trabalhando
Na água: essa opção de descarte de dejetos é mais barata e mais cô-
para uma multinacional do setor, explica que esse tipo de alimento hoje é
moda, infelizmente os resíduos são lançados geralmente em recursos
normatizado pelo poder público, sendo encontrado no mercado desde o
hídricos utilizados como fonte de água para abastecimento público.
ano passado. É o caso da margarina temperada com fitosteróis. Depois de
vários estudos comprovados, ela foi classificada como remédio contra o Na atmosfera: a eliminação de poluentes desta forma só é possível
colesterol. quando os resíduos estão no estado gasoso.
A professora Rosa Wanda Diez Garcia, especialista em nutrição da Em áreas isoladas: essas áreas são previamente escolhidas, em geral
PUC-Campinas, vê com cautela uma eventual propagação de alimentos são aterros sanitários.
dito funcionais. A própria farinha multimistura, usada pela Pastoral da Terra
para combater a mortalidade infantil, mereceu uma crítica. “Na farinha usa- Classificação dos resíduos:
se às vezes subprodutos sem controle de qualidade de armazenamento, Resíduos tóxicos: são os mais perigosos e podem provocar a morte
controle bacteriológico etc. Acho que o problema se resolveria com a me- conforme a concentração, são rapidamente identificados por provocar
lhora da qualidade da merenda escolar”, observa. diversas reações maléficas no organismo. Exemplos de geradores desses
Sobre os alimentos industrializados que propagam propriedades medi- poluentes: indústrias produtoras de resíduos de cianetos, cromo, chumbo e
cinais, Rosa lembra que, do ponto de vista médico, ainda não existe um fenóis.
consenso para permita sua recomendação. Resíduos minerais: são relativamente estáveis, correspondem às
substâncias químicas minerais, elas alteram as condições físico-químicas e

Química 67 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
biológicas do meio ambiente. Exemplos de indústrias: mineradoras, meta-  examinar criteriosamente sua possibilidade de desempenho satisfató-
lúrgicas, refinarias de petróleo. rio de cargo ou função que pleiteie ou aceite;
Resíduos orgânicos: as principais fontes desses poluentes são os es-  manter contato direto com a unidade fabril sob sua responsabilidade;
gotos domésticos, os frigoríficos, laticínios, etc. Esses resíduos correspon-
dem à matéria orgânica potencialmente ativa, que entra em decomposição  estimular os jovens profissionais.
ao ser lançada no meio ambiente. II - Procedimento indevido
Resíduos mistos: possuem características químicas associadas às de O profissional da química não deve:
natureza biológica. As indústrias têxteis, lavanderias, indústrias de papel e
borracha, são responsáveis por esse tipo de resíduo lançado na natureza.  aceitar interferência na atividade de colega, sem antes prevení-lo;
Resíduos atômicos: esse tipo de poluente contém isótopos radioati-  usar sua posição para coagir a opinião de colega ou de subordinado;
vos, é um lixo atômico capaz de emitir radiações ionizantes e altamente
nocivas à saúde humana.Fonte: http://www.brasilescola.com  cometer, nem contribuir para que se cometa injustiça contra colega ou
subordinado;
 aceitar acumulação de atividades remuneradas que, em virtude do
CÓDIGO DE ÉTICA E RESPONSABILIDADE TÉCNICA mercado de trabalho profissional, venha em prejuízo de oportunidades
dos jovens colegas ou dos colegas em desemprego;
Como é comum a todas as profissões regulamentadas, os profissionais
 efetuar o acobertamento profissional ou aceitar qualquer forma que o
da química também têm seu Código de Ética cuja conceituação geral e
permita;
diretrizes são as seguintes:
Conceituação Geral  praticar concorrência desleal aos colegas;

É fundamental que o serviço profissional seja prestado de modo fiel e  empregar qualificação indevida para si ou para outrem;
honesto, tanto para os interessados como para a coletividade, e que venha  ser conivente, de qualquer forma, com o exercício ilegal da profissão;
contribuir, sempre que possível, para o desenvolvimento dos trabalhos da usufruir concepção ou estudo alheios sem fazer referência ao autor;
Química, nos seus aspectos de pesquisa, controle e engenharia.
 usufruir planos ou projetos de outrem, sem autorização;
A Química é ciência que tende a favorecer o progresso da humanida-
de, desvendando as leis naturais que regem a transformação da matéria; a  procurar atingir qualquer posição agindo deslealmente;
tecnologia química, que dela decorre, é a soma de conhecimentos que
permite a promoção e o domínio dos fenômenos que obedecem a essas  divulgar informações sobre trabalhos ou estudos do contratante do seu
leis, para sistemático usufruto e benefício do Homem. serviço a menos que autorizado por ele.

Esta tecnologia é missão e obra do profissional da química, aqui, agen- III - O Profissional em exercício
te da coletividade que lhe confiou a execução das relevantes atividades que 1 - Quanto à responsabilidade técnica
caracterizam e constituem sua profissão. Cabe-lhe o dever de exercer a
profissão com exata compreensão de sua responsabilidade, defendendo os 1.1- A responsabilidade técnica implica no efetivo exercício da ativida-
interesses que lhe são confiados, atento aos direitos da coletividade e de profissional;
zelando, pela distinção e prestígio do grupo profissional.
2 - Quanto à atuação profissional
É essencial que zele pelo seu aperfeiçoamento profissional, com espíri-
2.1. - Deve ser efetivo o exercício da atividade profissional, de acordo
to crítico em relação aos seus próprios conhecimentos e mente aberta para
com o contrato de trabalho.
as realidades da prática tecnológica, que só o íntimo contato com as opera-
ções industriais proporciona. Deve aprofundar seus conhecimentos científi- 2.2. - É vedado atividade profissional em empresa sujeita à fiscalização
cos na especialidade, admitindo, estudando e buscando desenvolver novas por parte do órgão Técnico oficial, junto ao qual o profissional esteja em
técnicas, sempre preparado para reformular conceitos estabelecidos, já que efetivo exercício remunerado.
química é transformação.
2.3. - Não deve prevalecer-se de sua condição de representante de
Seu modo de proceder deve visar o desenvolvimento do Brasil, como firma fornecedora ou consumidora, para obter serviço profissional.
nação soberana e, frente aos colegas e contratantes de seus serviços,
considerá-los como semelhantes a si próprios. 2.4. - Não deve prevalecer-se de sua posição junto ao contratante de
seus serviços para forçá-lo a adquirir produtos de empresa com que possua
Esse trabalho que proporciona ao profissional da química certos privi- ligação comercial.
légios, exige, com maior razão para o exercício do seu mister, uma conduta
moral e ética que satisfaça ao mais alto padrão de dignidade, e equilíbrio e 1.5. - Deve exigir de seu contratante o cumprimento de suas reco-
consciência como indivíduo e como integrante do grupo profissional. mendações técnicas, mormente quando estas, envolverem problemas de
segurança, saúde ou defesa da economia popular.
Diretrizes
I- Procedimento devido
SEGURANÇA QUÍMICA
O profissional da química deve:
Segurança Química é a prevenção dos efeitos adversos, para o ser
 instruir-se permanentemente; humano e o meio ambiente, decorrentes da produção, armazenagem,
transporte, manuseio, uso e descarte de produtos químicos.
 impulsionar a difusão da tecnologia;
A produção química mundial movimenta trilhões de dólares anualmen-
 apoiar as associações científicas e de classe; te, gerando milhões de postos de trabalho. Existem atualmente cerca de 10
 proceder com dignidade e distinção; milhões de de substâncias químicas das quais cerca de 100 mil de uso
difundido. Porém somente algumas centenas de substâncias químicas
 ajudar a coletividade na compreensão justa dos assuntos técnicos de foram avaliadas plenamente quanto aos seus riscos de saúde.
interesse público;
A importância dos produtos químicos e a dimensão dos riscos decor-
 manter elevado o prestígio de sua profissão; rentes do seu uso exigem ações que promovam a Segurança Química,
articulada a nível nacional e internacional.
 manter o sigilo profissional;

Química 68 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
O capítulo 19 da Agenda 21 incorpora propostas destinadas a reforçar HIDRÓXIDO DE SÓDIO
estas ações organizadas em 6 áreas programáticas: Área A: Expansão e
Aceleração da Avaliação dos Riscos dos Produtos Químicos à Saúde e O hidróxido de sódio (NaOH), também conhecido como soda cáustica,
Meio Ambiente; Área B: Harmonização da Classificação e Rotulagem de é um hidróxido cáustico usado na indústria (principalmente como uma base
Substâncias Químicas; Área C: Intercâmbio de Informações sobre Riscos química) na fabricação de papel, tecidos, detergentes, alimentos e biodi-
dos Produtos Químicos; Área D: Organização de Programas de Redução esel. Também usado para desobstruir encanamentos e sumidouros pelo
de Riscos e Promoção de Alternativas; Área E: Fortalecimento das Capaci- fato de ser corrosivo. É produzido por eletrólise de uma solução aquosa de
dades e dos Meios Nacionais para a Gestão de Produtos Químicos; Área F: cloreto de sódio (salmoura).
Prevenção do Tráfico Internacional Ilícito dos Produtos Tóxicos e Perigo- É utilizado em reações químicas por sua alta reatividade. Exemplos:
sos. Ademais, a Agenda 21 propôs a organização de um Foro Intergover- em degradações, onde é usado para preparar alcanos a fim de diminuir a
namental para gerenciar o desenvolvimento das ações previstas no Capítu- quantidade de carbono na cadeia. Usado também, juntamente com o óxido
lo 19. de cálcio (CaO), para diminuir a reatividade e prevenir a corrosão dos tubos
Em 1994 durante a Conferência Internacional de Segurança Química, de ensaio.
realizada em Estocolmo, Suécia foi criado o Fórum Intergovernamental O manuseio do hidróxido de sódio deve ser feito com total cuidado,
sobre Segurança Química (FISQ), quando ocorreu sua primeira reunião pois apresenta um quadro considerável de danos ao homem. Se for ingeri-
(Fórum I). A segunda reunião (Fórum II) foi realizada em Ottawa, Canadá, do, pode causar danos graves e as vezes irreversíveis ao sistema gastroin-
em 1997. A terceira reunião (Fórum III) ocorreu em Salvador, Brasil em testinal, e se for inalado pode causar irritações, sendo que em altas doses
2000. O FISQ conta com a participação de agências internacionais, como a pode levar à morte. O contato com a pele também é um fato perigoso, pois
OMS, OIT, PNUMA, UNITAR, FAO, UNIDO e outras, assim como dos pode causar de uma simples irritação até uma úlcera grave, e nos olhos
países membros das Nações Unidas, de organizações privadas, do meio pode causar queimaduras e problemas na córnea ou no conjuntivo.
científico e da sociedade civil.
Em casos de contato com o hidróxido de sódio, deve-se colocar a regi-
FISC é um instrumento de cooperação e fomento, singular e ão exposta em água corrente por 15 min e procurar ajuda médica, se for
abrangente, voltado para o desenvolvimento de estratégias e parcerias ingerido deve-se dar água ou leite à vítima sem provocar vômito na mesma,
entre os governos dos países, instituições intergovernamentais e orga- se for inalado levar a vítima para um local aberto para que possa respirar.
nismos não governamentais, na avaliação dos riscos, do ponto de vista Se caso a vítima não esteja respirando, é necessário usar respiração
ecológico e na gestão segura dos produtos químicos. artificial.
ÁCIDO SULFÚRICO
INDÚSTRIA QUÍMICA: OBTENÇÃO E UTILIZAÇÃO DO CLORO, HIDRÓ- Os alquimistas já utilizavam o ácido sulfúrico, e denominavam óleo de
XIDO DE SÓDIO, ÁCIDO SULFÚRICO, AMÔNIA E ÁCIDO NÍTRICO. vitríolo.
A formula do ácido sulfúrico é H2SO4 e, quando livre, pode ser encon-
trado em fontes minerais como águas de rios.
OBTENÇÃO E UTILIZAÇÃO DO CLORO
O H2SO4 é um líquido incolor, inodoro, oleoso e pesado (densida-
Escrito por: Miguel A. Medeiros
de=1,4 a 15° C)
Você ou alguém de sua casa já deve ter utilizado, alguma vez, para fa-
Ponto de Fusão é de 10,4° C e o Ponto de Ebulição é de 290° C e a
zer limpezas difíceis, um produto comercial, chamado "cloro", caso não,
Massa Molar é de 98,08.
com certeza já deve ter ouvido falar à seu respeito. Você sabe do que se
trata este produto? Será que ele é o cloro, Cl que se localiza na família dos Sulfato de Hidrogênio, Ácido de Bateria e Espirito de enxofre, são seus
halogênios, possui massa molar igual à 35,5g e número atômico 17, que sinônimos.
está localizado na tabela periódica?
É comum encontrar H2SO4 no comércio sob forma de soluções aquo-
Bem, muitos acreditam que realmente o "cloro" comercial é o mesmo sas de diversas concentrações.
cloro da Química, aquele de compostos químicos, tais como o cloreto de
sódio (NaCl), ou o DDT, no entanto, este composto com a denominação de A dissolução de trióxido de enxofre no ácido sulfúrico da origem ao áci-
cloro nada mais é do que uma solução de um sal, o hipoclorito de sódio do sulfúrico oleoso que pode emitir fumaças esbranquiçadas.
(ClO-Na+) e não Cl2. Reage fortemente com diversas substâncias orgânicas. A reação libera
O cloro livre se apresenta como um gás que possui a coloração ama- muito calor e pode ser explosiva. Ao se derramar água sobre
relo esverdeado, sendo ele venenoso e utilizado como uma arma química ele(concentrado), ele explode, projetando líquido a distância.
(uma de suas aplicações). Seu nome origina do grego chlorós, que significa Reage com água, álcool, metais em pó, carburetos, bases anídricas,
"amarelo esverdeado". Ele é, geralmente, encontrado na natureza, em clorados, cromatos, permanganatos, nitratos, fulminatos, fluosilícios.
combinações, tais como cloretos, sendo estes cloretos encontrados em
minerais, como a halita (NaCl), a silvita (KCl) e a carnalita KCl · MgCl 2 · Ele ataco o ferro, o zinco e o cobre, mas não tem ação sobre o chum-
6H2O, que são encontrados em depósitos subterrâneos, (nas minas de sal). bo.
Na Rússia existe uma grande obtenção de NaCl a partir de minas de sal. O
É o ácido mais importante economicamente. Na década de 60 o grau
NaCl também é obtido a partir de oceanos, que é a principal forma de
de desenvolvimento industrial de um país era avaliado pela quantidade de
obtenção do NaCl no Brasil, sendo que o NaCl é o principal componente do
ácido sulfúrico que ele produzia e consumia.
sal de cozinha, que apresenta também KCl e outros sais, mas em menores
proporções, além do iodo, que é uma exigência do ministério da saúde para O consumo se dá na fabricação de fertilizantes, papel, corantes e bate-
diminuir a incidência de tireóide ou bócio na população. O iodo é adicionado rias de automóveis
na forma de um sal de iodo, geralmente o KI.
Ele é oxidante e desidratante e, devido a isto, tem ação corrosiva sobre
O NaCl é a principal forma de se encontrar o cloro na natureza, ou seja, tecidos orgânicos vivos, produzindo queimaduras na pele, com a formação
a principal fonte de obtenção de cloro é a partir do cloreto de sódio. de manchas pretas ocasionadas pela carbonização.
O cloro industrial (Cl2) é produzido principalmente, pela eletrólise do Ele carboniza os hidratos de carbono:
NaCl fundido ou em solução, sendo assim, o Cl2, ou seja o gás cloro é
muito difícil de se encontrar na natureza em concentrações favoráveis. C12H22O11 à H2SO4 à 12C (carvão) + 11H2O (açúcar)

Foi possível, então, perceber que o cloro que é vendido no comércio, É utilizado na preparação da maioria dos ácidos minerais (clorídrico, ní-
não é realmente cloro, mas sim uma solução de um sal de cloro e que trico, fosfórico, fluorídrico) e orgânicos (acético, esteárico, tartárico).
possui um nome fantasia - "cloro".
Química 69 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
É empregado em pilhas, acumuladores, gases, bebidas efervescentes, Esta reação deve ocorrer em condições de pressão e temperatura ide-
papel, matérias, gordurosas animais e vegetais, tecidos e em metalurgia. ais. Essas condições são favorecidas por meio do processo Haber-Bosch,
Dados do Ácido Sulfúrico para que se consiga obter um maior rendimento na produção da amônia.
A amônia serve de matéria-prima para um número elevado de aplica-
Sinônimos – Oil of vitriol; Babcock acid; Sulphuric acid
ções. Ela é utilizada na fabricação de fertilizantes agrícolas, fibras e plásti-
Fórmula Química – H2SO4 cos, de produtos de limpeza, de explosivos, etc.
Identificação dos Danos Entre tantos empregos, podemos destacar:
Corrosivo! Cancerígeno! Causa severas queimaduras por todo o corpo.  Fertilizantes: sulfato de amônio, fosfato de amônio, nitrato de amônio e
Pode ser fatal se ingerido ou em contato coma pele, nocivo se for inalado, uréia.
afetando apenas os dentes.
 Produtos químicos: ácido nítrico (utilizado na preparação de explosi-
Equipamentos de Segurança para uso: vos).
Óculos de segurança ou protetor facial  Fibras e plásticos: nylon e outras poliamidas.
Avental ou Jaleco  Produtos de limpeza: detergentes e amaciadores de roupa.
Luvas impermeáveis
Efeitos potencias á saúde ÁCIDO NÍTRICO
Inalação O ácido nítrico, que tem a fórmula molecular HNO3, é um ácido de
Causa irritação ao trato respiratório e mucosas das membranas. Sinto- elevado grau de ionização e volátil à temperatura ambiente. É produzido
mas incluem irritação do nariz e garganta e fadigo respiratória, pode causar industrialmente pelo processo Ostwald.
edema pulmonar. Características e propriedades
Ingestão Propriedades físicas
Pode causar severas queimaduras na boca, garganta e estômago, le- O ácido nítrico puro é um líquido viscoso, incolor e inodoro.
vando à morte, dor de garganta, vomito, diarréia, colapso circulatório, Frequentemente, distintas impurezas o colorem de amarelo-acastanhado. A
pulsação fraca e rápida, baixa respiração e pouca urina se o ácido for temperatura ambiente libera fumaças (fumos) vermelhos ou amareladas. O
ingerido. ácido nítrico concentrado tinge a pele humana de amarelo ao contato,
Contato com a pele devido a uma reação com a cisteína presente na queratina da pele.

Os sintomas mais freqüentes são vermelhidão, dor e severas queima- Propriedades químicas
duras, pulsação fraca e rápida, baixa respiração e pouca urina se o ácido O ácido nítrico é considerado um ácido forte, sendo também bastante
for posto em contato com a pessoa. corrosivo.
AMÔNIA Propriedades e usos Sendo um ácido típico, o ácido nítrico reage com os metais alcalinos,
óxidos básicos e carbonatos, formando sais, como o nitrato de amônio.
Erivanildo Lopes da Silva* Devido à sua natureza oxidante, o ácido nítrico geralmente não doa prótons
Em Química, estudamos, dentre outros temas, as características dos (isto é, ele não libera hidrogênio) na reação com metais e o sal resultante
elementos existentes na natureza. E entre os variados elementos que normalmente está no mais alto estado de oxidação. Por essa razão, pode-
existem, podemos destacar alguns mais empregados ou produzidos na se esperar forte corrosão, que deve ser evitada pelo uso apropriado de
indústria - e que são utilizados em outras áreas. E, entre esses, temos a metais ou ligas resistentes à corrosão.
amônia. Ácido nítrico tem uma constante de dissociação ácida (pKa) de -1.4:
Durante o ciclo do nitrogênio, no processo de desnitrificação realizado em solução aquosa, ele ioniza quase completamente (93%, a 0,1 mol/L) em
pelas bactérias, a amônia (NH3) produzida é devolvida ao solo. O processo íons nitrato (NO3-) e prótons hidratados, conhecidos como íons hidrônios
pode ser assim apresentado: (H3O+).
HNO3 + H2O → H3O+ + NO3-
Quando ebulido em presença de luz, mesmo a temperatura ambiente,
há uma decomposição parcial com a formações de dióxido de nitrogênio
A amônia é um gás incolor, bastante tóxico, que se dissolve bem na
seguindo a reação:
água. Uma vez em meio aquoso, a amônia forma o hidróxido de amônio
(NH4OH): 4 HNO3 → 2 H2O + 4 NO2 + O2 (72 °C)
Suas reações com compostos como os cianetos, carbetos, e pós
metálicos podem ser explosivas.
O NH3 pode ser preparado em laboratório aquecendo-se um sal de Fortemente oxidante é incompatível com a maioria dos produtos
amônio com hidróxido de sódio (NaOH). Na verdade, é um teste comum orgânicos. As reações do ácido nítrico com muitos compostos orgânicos,
para identificação de compostos de NH4+ (amônio): como a terebentina ou o álcool etílico, são violentas, a mistura sendo
hipergólica (quer dizer, auto-inflamável).
Os sais do ácido nítrico (que contém o íon nitrato) se chamam nitratos.
A quase totalidade deles são muito estáveis em água. O ácido nítrico e
Diferentes aplicações seus sais, os nitratos, não devem ser confundidos com o ácido nitroso e
seus sais, os nitritos.
A produção mundial de amônia é praticamente feita por meio da reação
entre os gases N2 e H2, pelo processo denominado Haber-Bosch: Aplicações
É encontrado disponível no comércio normalmente nas concentrações
aquosas de 50%,65% e 69-70%. O ácido nítrico concentrado, normalmente
usado em laboratórios e aplicações industriais, é a solução aquosa de

Química 70 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ponto de ebulição constante, contendo 68% de ácido nítrico (42,25º escavação superficial de pedreiras foram o material de construção das
Baumé). pirâmides do Egito, algumas das quais consumiram mais de dois milhões
de blocos com cerca de 15 toneladas cada.
Ácido nítrico, especialmente concentrado (solução aquosa em teor de
nítrico maior que 70% mássico) é utilizado na indústria de explosivos, O conhecimento e a capacidade de trabalhar os metais dão a medida
apenas de forma gasosa. do grau de civilização de um povo. Em 3000 a.C., o Egito tornou-se a mais
importante civilização do mundo, ao mesmo tempo em que passou a domi-
O ácido nítrico fumegante é o ácido concentrado, 85,7% (47º Bé), nar a mineração de cobre em Meghara, na península do Sinai. Durante
contendo óxidos de nitrogênio livres, dissolvidos, que elevem a cerca de dois séculos e meio, os fenícios mantiveram segredo sobre a
concentração para até mais de 96% em peso. Este ácido deriva seu nome descoberta de minas de estanho em seu território. A exploração dessas
porque fumega quando exposto ao ar. Apesar de mais instável minas, seguida de seu monopólio comercial, constituiu fator decisivo para
quimicamente que o ácido concentrado normal, reage mais vigorosamente manter a supremacia de Cartago e lhe propiciou, em parte, o controle do
com outras substâncias, devido à presença dos óxidos nitrosos livres. comércio no reduzido mundo de então. Finalmente, o Império Romano só
Forma uma mistura azeotrópica com a água a 68%. dominou o mundo depois de conquistar os amplos recursos minerais da
A principal aplicação do acído nítrico é na produção de fertilizantes. Espanha. Mesmo na idade contemporânea, a história está repleta de
exemplos desse tipo, pois a exploração e o tratamento dos minerais, além
Entre os sais do ácido nítrico estão incluidos importantes compostos de servir de base ao progresso industrial e ao comércio, em função da
como o nitrato de potássio (nitro ou salitre empregado na fabricação de tecnologia alcançada, é uma das bases do poder econômico, militar e
pólvora) e o nitrato de amônio como fertilizante. político.
O ácido nítrico também pode ser utilizado na obtenção de um éster, em Um dos antigos métodos de mineração, primeiramente documentado
um processo chamado de esterificação: pelos romanos, consistia em acender fogo sobre as rochas que, com o
calor intenso, se expandiam e rachavam. O livro De re metallica (1556;
 Ácido nítrico + Álcool metílico → Nitrato de metila + água
Sobre os metais), de Georgius Agricola, é a melhor fonte de informação
NO2 - OH + HO - CH3 → NO2- O - CH3 + H2O sobre antigas técnicas de mineração, algumas das quais ainda são utiliza-
das, ou o eram até há bem pouco tempo. Essas técnicas incluem instru-
O ácido nítrico é utilizado na oxidação do ciclohexanol/ciclohexanona mentos como picaretas e martelos, sistemas de bombeamento e ventilação,
na produção de ácido adípico na cadeia do nylon. além de carros de mão.
Além destes usos, o ácido nítrico, em várias concentrações, é utilizado O uso da pólvora fez progredir a técnica da mineração, e mais ainda a
para fabricação de corantes, explosivos (destacadamente a nitroglicerina, a dinamite, em meados do século XIX, aperfeiçoada com suplementos no
nitrocelulose, além do ácido pícrico), diversos ésteres orgânicos, fibras século XX. A evolução das técnicas de perfuração também ampliou a
sintéticas, nitrificação de composto alifáticos e aromáticos, galvanoplastia, capacidade de mineração. Acredita-se que a primeira sonda rotativa tenha
seda artificial, ácido benzóico, terylene, etc. sido utilizada na Inglaterra, em 1813, e versões aprimoradas apareceram
ao longo do século XIX.
A mineração -- especialmente do carvão -- foi o eixo central para o pro-
MINERAÇÃO E METALURGIA. gresso da tecnologia industrial. A aplicação das bombas e máquinas a
vapor, num ramo vital de importância crescente até meados do século
XVIII, foi o primeiro passo para a siderurgia, com a substituição da lenha
MINERAÇÃO pelo carvão mineral. No caso da máquina a vapor, a mineração lhe forne-
ceu os elementos essenciais (ferro e carvão), e dela recebeu, mais tarde,
O progresso material, técnico e cultural da civilização esteve sempre contribuições indiretas sob a forma de mecanismos de extração, equipa-
estreitamente ligado à exploração dos recursos minerais, atividade exercida mentos, transportes, sistemas de ventilação etc.
pelo homem desde a pré-história, como testemunham as galerias e túneis
encontrados por arqueólogos em numerosos portos da Europa e que datam Ciclo da mineração no Brasil. Desde o século XVI, partiam da Bahia pa-
do período neolítico. ra o interior do Brasil expedições empenhadas em encontrar minas de
prata. No século XVII, Fernão Dias saiu de São Paulo com seus seguidores
Mineração, atividade econômica também designada, num sentido mais em busca de prata e esmeraldas em Sabará. Só no fim do século XVII,
amplo, como indústria extrativa mineral ou indústria de produtos minerais, porém, revelou-se em Minas Gerais a ocorrência de ouro. Os diamantes
se define na classificação internacional adotada pela Organização das foram descobertos na segunda década do século XVIII. Com isso, a mine-
Nações Unidas (ONU) como a extração, elaboração e beneficiamento de ração tornou-se a mais importante atividade econômica da colônia durante
minerais que se encontram em estado natural sólido, como o carvão e toda a primeira metade do século XVIII.
outros; líquido, como o petróleo bruto; e gasoso, como o gás natural. Nessa
acepção mais abrangente, inclui a exploração das minas subterrâneas e a Nessa época, também já tinham sido localizadas riquezas auríferas em
céu aberto, as pedreiras e os poços, com todas as atividades complementa- Mato Grosso e, em 1725, descobriu-se ouro em Goiás. O governo criou
res para preparar e beneficiar minérios e outros minerais em bruto: tritura- duas casas de fundição e, diante da nova e mais lucrativa atividade que
ção, lavagem, limpeza, classificação, granulação, fusão, destilação inicial e surgia, a agricultura foi gradativamente relegada ao abandono. Em pouco
demais preparativos necessários à comercialização dos produtos sem tempo, o açúcar, principal produto de exportação de Pernambuco e da
alterar sua condição primária. Bahia, nem sequer encontrava colocação no mercado.
Alguns metais, como o ouro, a prata, o cobre e a platina, encontram-se Com o atrativo da mineração, a migração para a colônia tornou-se tão
em estado puro. A maioria, porém, se apresenta em combinações: óxidos, intensa que a metrópole chegou a proibi-la. Portugal criou então um impos-
carbonatos, sulfetos etc., quase sempre ainda misturados a substâncias to que montava à quinta parte da produção. O exagero na cobrança do
estéreis, constituindo o que se chama ganga. De acordo com o tamanho, a "quinto", nome que se deu ao tributo, conduziu a conspirações e levantes
forma, a profundidade e as características físicas do minério, as jazidas autonomistas. A partir da segunda metade do século XVIII, porém, com o
podem ser exploradas na superfície (a céu aberto) ou por meio da lavra esgotamento das minas, começou a decadência da mineração e cogitou-se
subterrânea. reativar a agricultura.
História No século XIX, começaram as tentativas de aplicação de técnicas mo-
dernas de mineração, com a vinda de especialistas europeus. A maioria, no
Origem. Materiais como o sílex, para produzir fogo, e os que contêm entanto, falhou, com prejuízo para as companhias brasileiras ou inglesas
pigmentos, como a ocra e o manganês, foram provavelmente as primeiras que nelas investiram. No início do século XIX, tentou-se modernizar a
substâncias obtidas por mineração. As designações "idade do bronze" e mineração do ferro, incipiente no período colonial, mas a experiência fra-
"idade do ferro" para períodos arqueológicos também indicam a exploração cassou por motivos técnicos e econômicos. Findo o ciclo do ouro, o Brasil
e o uso desses minerais em épocas remotas. Grandes blocos extraídos por

Química 71 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
enfrentou uma grave crise econômica só interrompida em meados do Autoria: Vivian dos Santos Evangelista
século, com a exportação de café.
METALURGIA
Operações de mineração
Desde a primitiva extração e a utilização do cobre, os metais tornaram-
Modernamente, a mineração é uma atividade cara e complexa. Tem se elementos indispensáveis para o progresso das sociedades. A metalur-
início com a localização de jazidas minerais cuja produção provável venha gia é, por isso, uma das atividades a que o homem tem dedicado seus
a compensar os custos de extração. Para calcular as reservas de uma maiores esforços.
jazida, ou seja, a quantidade de um minério disponível, fazem-se mapas
Metalurgia é o conjunto de técnicas e processos usados para extração,
geológicos de superfície e subsolo, por meio de sondagens, galerias,
beneficiamento e processamento industrial dos metais. De maneira geral,
poços, trincheiras etc., que mostrarão as condições geofísicas de uma dada
distingue-se a metalurgia extrativa, ligada à mineração, da metalurgia de
região. A coleta das amostras (amostragem) permitirá a dosagem dos
preparação dos metais para formar ligas e produtos diversos. Nas socieda-
teores do elemento (ou elementos) e sua distribuição na superfície e em
des industrializadas, cresce a importância dos processos de recuperação e
profundidade.
reciclagem da sucata, pelos quais se obtém notável economia em relação à
A finalidade industrial do mineral a ser explorado pode ser determinan- extração a partir do mineral.
te da escolha do processo de mineração. Assim, as amostras do mineral
A disciplina científica que orienta a metalurgia chama-se metalografia,
colhidas na fase de prospecção devem ser representativas, para que se
que estuda a composição e a estrutura dos metais, por meio de microscó-
determine o processo de tratamento mais adequado. As minas modernas
pios, aparelhos de raio X e observação visual direta. A constituição, as
empregam computadores e outros equipamentos sofisticados para esses
propriedades e as alterações das ligas metálicas também são objeto da
cálculos.
metalografia, que se ocupa da aplicação dos princípios da física e da quí-
Uma vez determinado o local e o tamanho aproximado da jazida, os mica ao estudo dos metais.
engenheiros estudam a melhor maneira de realizar a mineração. A explora-
Evolução histórica. As atividades metalúrgicas datam de aproxima-
ção de minas subterrâneas, por exemplo, envolve operações de sondagem,
damente 4000 a.C. Acredita-se que o cobre tenha sido o primeiro metal
perfuração, extração, carregamento e transporte. Além disso, as minas
extraído de minério. Foram encontradas minas de cobre em vários pontos
precisam ser ventiladas e iluminadas. Nesses processos, usam-se sondas,
do Oriente Médio. O metal extraído era provavelmente utilizado na fabrica-
perfuratrizes, brocas, guindastes, vagonetes e muitos outros equipamentos.
ção de armas e utensílios.
Prospecção. A operação de sondagem visa a pesquisar o local, a fim
O bronze passou a ser conhecido provavelmente entre 4000 e 1400
de determinar o ponto exato de abertura dos poços, em função do posicio-
a.C., quando se descobriu que a liga de cobre e estanho era menos que-
namento das jazidas. Em geral utilizam-se sondas de percussão, que
bradiça que o cobre puro. O uso do ferro, supostamente originário também
impactam a rocha com uma broca em forma de talhadeira, feita de carbona-
do Oriente Médio, tornou-se comum por volta de 1200 a.C. e se disseminou
to de tungstênio extremamente duro; ou sondas rotativas, dotadas de
gradualmente pela Europa e pela Ásia.
cabeças rotativas com dentes de metal duro, que entalham, raspam, que-
bram e trituram a rocha. Há ainda o modelo misto, que são as sondas de O latão, liga de cobre e zinco, surgiu entre 1600 e 600 a.C., mas só
percussão rotativa. Em solos pouco consistentes, às vezes é necessário ganhou importância comercial quando os romanos passaram a usá-lo na
instalar tubos para orientação das sondas. Há outros métodos de prospec- confecção de moedas. Embora os romanos tenham introduzido poucas
ção, como o eletrolítico, o sismográfico e o gravítico. inovações na metalurgia, contribuíram muito para o progresso das técnicas
de mineração e fundição. Encontraram também muitas aplicações novas
Perfuração e extração. A perfuração para exploração das minas é fei-
para os metais. A prata passou a ser extraída com sucesso em 500 a.C. e o
ta mediante poços e galerias escavados e em seguida revestidos, sobretu-
chumbo, resíduo do minério de prata, é conhecido desde então. O ouro,
do nos terrenos menos consistentes, com madeira, cimento armado ou
extraído desde tempos muito remotos, foi usado em liga com a prata. Os
ferro. Em muitos casos há necessidade de empregar explosivos, dos quais
princípios da metalurgia foram popularizados no século XVI graças a Van-
os mais comuns utilizam compostos de carbono, hidrogênio, nitrogênio e
noccio Biringucccio e Georgius Agricola. Seus livros reuniam a maior parte
oxigênio, alguns com a finalidade de servir como combustível e outros
do conhecimento metalúrgico disponível na época.
como agentes que provocam a combinação química com o oxigênio. Esses
compostos têm a propriedade de reagir rapidamente e liberam grande Metalurgia extrativa. Poucos metais se apresentam na natureza em
quantidade de energia química. estado puro. Por isso, na maior parte dos casos, aplicam-se os métodos da
metalurgia extrativa. Na seleção da técnica mais adequada de extração é
Num sopro de explosão, a energia da reação química serve para infla-
importante considerar não apenas a estrutura química do minério, mas
mar os explosivos e manter o processo termodinâmico da propagação da
também fatores como a natureza das impurezas presentes no mineral que,
onda de choque a temperaturas elevadas (até 5.200o C) e pressões de até
em alguns casos, têm valor econômico.
200.000 vezes a pressão atmosférica. Os explosivos são, portanto, subs-
tâncias capazes de produzir, em milésimos de segundo, muito calor e O oxigênio, de elevada eletronegatividade e relativamente abundante,
grande volume de gases que, por se encontrarem em recipientes fechados, é o elemento químico que mais tende a combinar-se com os metais na
provocam pressões elevadíssimas. natureza. Por isso, o aspecto mais importante na extração dos metais é sua
redução, processo que corresponde à reação química contrária à oxidação.
Carregamento e transporte. O carregamento do material extraído dos
filões ou camadas da mina se faz através de poços e galerias, em vagone- Antes de passar pela etapa de redução, os minérios são britados, moí-
tes que são depois içados até a superfície. A ventilação é imprescindível dos (em alguns casos), classificados por peneiramento e concentrados. O
para proporcionar uma atmosfera respirável, fazer a exaustão de gases processo de concentração consiste em aumentar o teor metálico do minério
venenosos ou explosivos e proporcionar ar fresco nas minas de temperatu- por eliminação da ganga (resíduos não aproveitáveis). Essa etapa pode ser
ra elevada. Os gases nocivos se geram, em algumas minas de metal, tanto realizada por gravimetria, flotação, separação eletrostática ou magnética ou
pela ação da água acidulada sobre a rocha quanto pelos explosivos utiliza- outros processos especiais. Ao remover-se a ganga, reduz-se a quantidade
dos no desmonte. Da mesma forma, é preciso remover, nas minas de de minério a ser manipulada nas etapas seguintes do processo de extração
urânio, a radioemissão, devido a sua radioatividade. do metal.
Mineração a céu aberto. As mesmas operações descritas para a mi- Metalurgia de processos. A segunda fase da extração é o processo,
neração subterrânea se aplicam à mineração a céu aberto: sondagem, ou conjunto de processos, pelo qual o metal é extraído do concentrado
perfuração, extração, carregamento e transporte. A diferença reside no tipo obtido na primeira fase, refinado, transformado em liga e preparado para
de mineral, que pode ocorrer em camadas superiores e, assim, permitir a atender às especificações do mercado. Na escolha do método mais ade-
exploração de superfície. Os produtos mais comuns explorados a céu quado para cada caso, consideram-se vários fatores, entre eles a natureza
aberto são a hulha, o cobre, minérios de ferro e produtos minerais não- química do concentrado, que em geral é um óxido (no caso do ferro e do
metálicos, como a argila, o gesso, a rocha fosfatada e vários tipos de pedra, alumínio, por exemplo), um sulfeto (caso do cobre, do zinco e do chumbo),
areia e cascalho. um carbonato ou um silicato. Nessa fase, os três processos mais comu-

Química 72 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
mente aplicados são: pirometalurgia, que utiliza o calor; eletrometalurgia, dade e cuja elevação depois de cada golpe se produz mediante sistemas
que utiliza a eletricidade; e hidrometalurgia, que utiliza a água. O produto mecânicos rotativos. As principais operações de forjamento são o aplana-
pode ainda ser refinado mediante técnicas metalúrgicas adicionais, como a mento, o estiramento e a flexão.
destilação.
Laminação é um processo que consiste na obtenção de placas (lâmi-
Pirometalurgia é o processo extrativo em que as reações se processam nas) de metal mediante a passagem do lingote entre dois cilindros de eixos
a altas temperaturas com auxílio de um agente redutor. O calor é fornecido paralelos que giram em sentidos opostos. A continuidade é condição indis-
normalmente por combustíveis, como coque, petróleo e gás, ou por energia pensável dessa operação, que deve, portanto, ser feita numa sucessão de
elétrica. Na maioria dos casos, o fogo tem não só uma função química, mas laminadores chamados trens de laminagem. A distância entre os cilindros,
também física, pois libera certos componentes do minério. Geralmente ou interstício de laminação, é regulável e diminui progressivamente à
aplicada a grandes quantidades de minério e em fornos de alta temperatu- medida que se repete a passagem das placas, cada vez de menor espes-
ra, a pirometalurgia opera a redução dos óxidos pelo carbono -- um exem- sura.
plo típico é o alto-forno para o ferro fundido. Às vezes é precedida de uma
ustulação para transformar os sulfetos em óxidos, como ocorre no caso do A metalurgia do pó é um processo criado mais recentemente e permite
chumbo, do zinco, do cobre e do níquel. De acordo com a composição do tratar o metal sem a passagem pelo estado fundido. A forma desejada é
minério, podem-se utilizar outros redutores em lugar do carbono, como por obtida nesse caso pela compressão a frio de uma massa de pó que poste-
exemplo o magnésio (ou sódio) para preparação do titânio a partir de seu riormente é submetida a tratamento térmico para adquirir as características
tetracloreto. A depender do calor necessário para a reação e do ponto de mecânicas desejadas. O pó do metal pode ser produzido mecanicamente
fusão do metal, ele pode ser obtido em estado líquido, como no caso do ou quimicamente. A metalurgia do pó é especialmente utilizada na elabora-
ferro fundido, ou sólido, como no caso do tungstênio e do molibdênio. ção de metais cujos pontos de fusão são elevados, como tungstênio, molib-
dênio, tântalo e nióbio, e na preparação de ligas nucleares (urânio, tório,
Eletrometalurgia é o processo que utiliza a eletrólise, ou seja, uma cor- berílio, zircônio), semicondutores (telúrio-bismuto), produtos porosos e
rente elétrica aplicada a uma solução (aquosa ou de sais fundidos) que refratários.
contém o metal. Esse é o método empregado na extração do alumínio a
partir da criolita, bem como do cobre, do zinco e em grande parte do mag- Nos tratamentos térmicos, os metais são submetidos ao calor para pro-
nésio. duzir ou aprimorar determinadas qualidades, como grau de dureza, ductili-
dade etc. Os tratamentos superficiais consistem em aplicar uma camada
A hidrometalurgia usa a lixiviação, que consiste no tratamento do miné- exterior aos metais por imersão a quente, eletrólise ou cimentação, entre
rio com soluções aquosas para dissolver e reprecipitar os metais. É usada outros métodos. A finalidade desse tratamento é proteger a substância
em alguns minérios de cobre, níquel e zinco. De modo geral, as operações básica ou modificar as características da superfície do metal, como ocorre
hidrometalúrgicas compreendem três fases: dissolução do material em na galvanização.
água pura ou com determinados reagentes; separação do resíduo e depu-
ração da solução obtida; e precipitação do metal dessa solução por trata-
mento químico ou eletrolítico.
POLUIÇÃO E TRATAMENTO DE ÁGUA. POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA.
Também chamada metalurgia por via úmida, a hidrometalurgia é apli- CONTAMINAÇÃO E PROTEÇÃO DO AMBIENTE.
cável quando se pode dissolver uma combinação do metal desejado num
solvente apropriado, que pode ser um ácido, uma base, um sal ou um
solvente orgânico. Na produção de cobre e zinco, por exemplo, usa-se POLUIÇÃO DAS ÁGUAS, Maré vermelha, Ecossistemas de água doce
ácido sulfúrico diluído; na preparação do aluminato de sódio, usa-se soda
Responsável pelas alterações climáticas registradas no planeta na dé-
cáustica, que é uma base. O cianeto de sódio, um sal, é usado para sepa-
cada de 90, como o efeito estufa e a chuva ácida, a poluição atmosférica
rar tanto o ouro como a prata de seus minérios. Na extração desses metais
está associada à queima de carvão e de combustíveis derivados de petró-
preciosos também se pode usar outro metal, o mercúrio, num processo
leo. Os dois produtos alimentam diversos setores da economia atual, como
denominado amalgamação.
a geração de energia elétrica, a produção industrial e o transporte de mer-
Processo de uso relativamente restrito, a amalgamação só se aplica cadorias. O transporte rodoviário é hoje uma das maiores fontes de emis-
aos metais que fazem liga com o mercúrio. Consiste em fazer passar são de dióxido de carbono (CO2), por causa da dimensão da frota em
partículas finamente trituradas de minério, em mistura com uma solução, circulação. Em 1950 havia 70 milhões de veículos no mundo, entre carros,
sobre placas cobertas com mercúrio -- único metal líquido a temperatura caminhões e ônibus. Esse número se torna nove vezes maior em 1994 –
ambiente. O mercúrio combina-se com o metal, formando a liga denomina- 630 milhões de unidades – e não pára de crescer. A cada ano 16 milhões
da amálgama, que é, em seguida, aquecida. Após entrar em ebulição, o de carros novos vão para as ruas.
mercúrio escapa sob a forma gasosa e deixa uma esponja metálica de
Projeções indicam que por volta de 2025 estarão circulando cerca de 1
metal puro.
bilhão de veículos, graças sobretudo aos países em desenvolvimento, que
Tratamentos. Poucos métodos de extração, no entanto, resultam num investem na ampliação de sua frota. A China e a Índia, duas nações muito
produto puro. Em geral, o que se obtém é um metal mais ou menos impuro, populosas que sempre tiveram baixos índices de veículos por habitante,
que precisa ser tratado para chegar à forma adequada a suas finalidades confirmam essa tendência. Com oito carros por mil habitantes, a China
comerciais, industriais ou de pesquisa. Nos tratamentos a frio, o metal aumenta sua frota em 13% ao ano. A Índia, com apenas sete por mil, tem
endurecido sofre mudanças estruturais ao invés de mudanças químicas. dobrado o número de veículos a cada cinco anos.
Nos tratamentos a quente, o metal é amolecido pelo calor, num processo
A frota em circulação no mundo joga na atmosfera mais de 900 milhões
que altera sua cristalinidade, de tal forma que ele pode então ser trabalha-
de toneladas de CO2 por ano. Os países desenvolvidos são responsáveis
do.
pela maior parte da poluição, em razão da quantidade de veículos em
Uma das alternativas para a conformação dos metais é a fundição, que circulação. Nos Estados Unidos (EUA), por exemplo, há hoje 750 carros por
consiste em verter o metal fundido num molde, onde ele se solidifica e mil habitantes.
ganha a forma dos objetos desejados. Objetos de ferro, aço e metais não-
POLUIÇÃO DAS ÁGUAS – A falta de água com qualidade para con-
ferrosos são feitos em moldes. Também se podem submeter os metais ou
sumo humano em várias regiões do planeta deve ser o principal problema
ligas a tratamentos mecânicos a partir do material sólido. A usinagem
ambiental do próximo milênio. Estudo da ONU (Organização das Nações
consiste em desgastar o bloco metálico por ferramentas de corte, mas os
Unidas) estima que problemas de abastecimento irão afetar dois terços da
tratamentos mecânicos mais importantes são o forjamento e a laminação,
humanidade por volta do ano 2025 – hoje um quinto já não tem acesso a
feitos a partir do metal já transformado em lingotes.
água potável e o estoque disponível vem sendo contaminado pela falta de
Forjamento é um meio de modelagem de blocos metálicos, normalmen- tratamento. Entre 1990 e 1995, a demanda por água cresceu duas vezes
te feito a quente, mediante golpes de martelo ou, em peças de grande mais que a população, como resultado do uso intensivo em atividades
tamanho, por pressão. Nesse caso, usa-se uma prensa que atua por gravi- industriais e agrícolas. Apenas 2,5% da água do planeta corresponde a
reservas de água doce e, desse total, só 0,07% está acessível ao uso
Química 73 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
humano. Os principais fatores de degradação dos rios e dos oceanos são no rio minimizando seu impacto ao ambiente. Podemos dividir o tratamento
os insumos usados pela produção industrial, pela atividade de mineração e de água em duas etapas, as quais chamamos de tratamento inicial e trata-
pela agricultura – petróleo, carvão, mercúrio e diversos fertilizantes e pesti- mento final:
cidas –, bem como os esgotos dos centros urbanos.
Tratamento inicial:
Mais de 5 milhões de pessoas morrem por ano em conseqüência de
doenças associadas à má qualidade da água e a condições insatisfatórias Não há reações químicas envolvidas, somente processos físicos.
de higiene e saneamento básico. Especialistas da ONU calculam que  peneiramento: elimina as sujeiras maiores.
metade da população dos países em desenvolvimento sofre de moléstias  sedimentação ou decantação: pedaços de impurezas que não foram
como diarréia e esquistossomose por causa da condição inadequada da retirados com o peneiramento são depositados no fundo dos tanques.
água que utiliza.  aeração: borbulha-se ar com o intuito de retirar substâncias responsá-
veis pelo mau cheiro da água (ácido sulfídrico, substâncias voláteis,
Maré vermelha – Além de tornar a água imprópria para consumo hu- etc).
mano, o esgoto e o lixo geram outro tipo de poluição. Em grande quantida-
de, o material orgânico contribui para a proliferação descontrolada de algas Tratamento final:
e microorganismos. Um exemplo é o fenômeno da maré vermelha – cres- Coagulação ou floculação: neste processo as partículas sólidas se
cimento exagerado de algas do mar, superalimentadas pelo material orgâ- aglomeram em flocos para que sejam removidas mais facilmente.
nico do lixo doméstico. Elas impedem a passagem da luz e liberam subs- Este processo consiste na formação e precipitação de hidróxido de
tâncias tóxicas que põem em risco a sobrevivência das espécies aquáticas. alumínio (Al2(OH)3) que é insolúvel em água e “carrega” as impurezas para
De acordo com a Academia Nacional de Ciências dos EUA, cerca de o fundo do tanque.
14 milhões de toneladas de lixo são despejadas no mar anualmente. Por Primeiramente, o pH da água tem que ser elevado pela adição ou de
causa da gravidade do problema e com o objetivo de conscientizar os uma base diretamente, ou de um sal básico conhecido como barrilha (car-
países sobre a urgência de combater o problema, a ONU declarou 1998 bonato de sódio):
como Ano Internacional dos Oceanos. base:
NaOH(s) → Na+(aq) + OH-(aq)
A descoloração dos recifes de coral, formação típica da áreas tropicais, sal básico:
é um sinal visível do declínio da qualidade de vida nos oceanos, informa o Na2CO3(s) → 2 Na+(aq) + CO32-(aq)
relatório Planeta Vivo, do Fundo Mundial para a Natureza (WWF). Os CO32-(aq) + H2O(l) → HCO3-(aq) + OH-(aq)
biólogos observam o aumento do número de formações atingidas pelo
problema desde 1980. A perda de cor é uma reação dos corais à elevação Após o ajuste do pH, adiciona-se o sulfato de alumínio, que irá dissol-
da temperatura da água nos oceanos. Cerca de 100 episódios de descolo- ver na água e depois precipitar na forma de hidróxido de alumínio.
ração foram relatados por pesquisadores na década de 80, um índice alto, dissolução:
se comparado aos três episódios registrados nos 100 anos anteriores. Al2(SO4)3(s) → 2 Al3+(aq) + 2 SO43-(aq)
Entre 1990 e 1998, a quantidade de episódios de descoloração aumenta precipitação:
para 180. A morte dos corais ameaça a fauna marinha que utiliza as forma- Al3+(aq) + 3 OH-(aq) → Al(OH)3(s)
ções como hábitat e deixa a costa litorânea menos protegida. Os corais  sedimentação: os flocos formados vão sedimentando no fundo do
desempenham uma importante função de quebra-ondas, atenuando a tanque “limpando” a água.
erosão que o mar e o impacto das tempestades provocam na plataforma  filtração: a água da parte superior do tanque de sedimentação passa
continental. por um filtro que contém várias camadas de cascalho e areia, e assim
retiram as impurezas menores.
Ecossistemas de água doce – Os rios e lagos que formam ecossiste-  desinfecção: é adicionado na água um composto bactericida e fungici-
mas de água doce são considerados o meio de vida natural mais ameaçado da, como por exemplo o hipoclorito de sódio (água sanitária, NaClO),
do planeta. Das espécies de peixe de água doce em todo o mundo, 34% conhecido como ‘cloro’.
estão em risco de extinção, de acordo com o Planeta Vivo. Embora ocupem
apenas 1% da superfície terrestre, os ecossistemas de água doce abrigam
cerca de 40% das espécies de peixes e 12% dos demais animais. Só o rio
Amazonas possui mais de 3 mil tipos de peixes. III. Poluição da Atmosfera

Conforme o World Resources Institute (WRI), a construção de represas A atmosfera é constituída pela camada de gases que envolvem o globo
e a canalização de rios constituem as duas maiores ameaças à manuten- terrestre.
ção da vida nos rios e lagos. De 1950 até hoje, o número de grandes barra- A poluição da atmosfera está a adquirir aspectos extremamente preo-
gens no mundo cresceu de 5.270 para mais de 36.500. Entre os exemplos cupantes, pois tem vindo a aumentar nos últimos anos. As causas da
do impacto que tais obras provocam no meio ambiente está a construção poluição atmosférica são variadas, mas a principal é a combustão incom-
da represa de Pak Mum, na Tailândia, no início dos anos 90, que levou à pleta do carvão e dos hidrocarbonetos, quer na indústria e em centrais
extinção cerca de 150 espécies de peixes do rio Mum. eléctricas, quer no transporte motorizado e aquecimento doméstico. Desta-
TRATAMENTO DE ÁGUA cam-se os gases, que representam cerca de 90% da massa dos poluentes:

Quase toda água potável que consumimos se transforma em esgoto Monóxido de carbono, CO: é o poluente atmosférico mais abundante,
que é re-introduzido nos rios e lagos. Estes mananciais, uma vez contami- sendo também um dos mais tóxicos. É emitido essencialmente pelos esca-
nados, podem conter microorganismos causadores de várias doenças pes dos automóveis. São lançadas para a atmosfera cerca de 400 Mt (400
Megatoneladas) por ano.
como a diarréia, hepatite, cólera e febre tifóide. Além dos microorganismos,
as águas dos rios e lagos contêm muitas partículas que também precisam Dióxido de carbono, CO2: existe naturalmente na atmosfera, mas em
ser removidas antes do consumo humano. Daí a necessidade de se tratar a quantidades controladas, que têm vindo a aumentar 0,2% por ano. É es-
água para que esta volte a ser propícia para o consumo humano. sencialmente emitido pela combustão de combustíveis fósseis, como o
Quando pensamos em água tratada normalmente nos vem à cabeça o carvão. A atmosfera recebe, por mão do homem, cerca de 8 000 Mt de
tratamento de uma água que estava poluída, como o esgoto, para uma que dióxido de carbono por ano.
volte a ser limpa. Cabe aqui fazer uma distinção entre tratamento de água e Dióxido de enxofre, SO2: é um poluente bastante perigoso, pois
tratamento de esgoto: o tratamento de água é feito a partir da água doce quando em contacto com a água transforma-se espontaneamente em ácido
encontrada na natureza que contém resíduos orgânicos, sais dissolvidos, sulfúrico. Este facto torna-se bem patente pelo aumento da acidez da água
metais pesados, partículas em suspensão e microorganismos. Por essa da chuva: são as Chuvas Ácidas. Estas Chuvas Ácidas têm a capacidade
razão a água é levada do manancial para a Estação de Tratamento de de corroer rochas e metais, destruindo obras de arte que se encontrem ao
Água (ETA). Já o tratamento de esgoto é feito a partir de esgotos residenci- ar livre, e afectando igualmente solos e culturas.
ais ou industriais para, após o tratamento, a água poder ser re-introduzida

Química 74 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Como se pode verificar existem muitos gases poluentes, que em gran- estão no Oriente Médio. Segundo o relatório, o volume de óleo remanes-
des quantidades são lançados para a atmosfera pelo homem, e em quanti- cente na Terra é de 1,65 trilhões de barris, constituídos de 976,5 bilhões de
dades mais pequenas pela natureza. Estes gases quando lançados pela barris de óleo de reserva provada e de 674 bilhões de barris de óleo. (O
natureza, têm como principais emissores os vulcões. barril, medida habitual dos óleos, contém 159 litros. A densidade do petró-
leo é variável, com valor médio de 0,81, o que significa 129 quilos por barril.
O Ozono Um metro cúbico contém 6,3 barris, e uma tonelada, 7,5 barris).
A existência de ozono na atmosfera é de extrema importância, por um Presume-se que ainda existam por serem descobertos cerca de 800 a
lado, este absorve grande parte dos raios solares, provocando deste modo 900 bilhões de barris de petróleo no mundo. No Oriente Médio, a maior
um aquecimento com apreciável subida de temperatura. Por outro lado, o parte do óleo descoberto e por descobrir encontra-se sob a terra, mas no
ozono protege a superfície terrestre de uma excessiva radiação ultravioleta restante do mundo o óleo potencial deverá ser encontrado na plataforma
que tornaria a vida impossível: os tecidos dos seres vivos seriam rapida- continental. (A Petrobrás e a Shell são os líderes mundiais em exploração e
mente destruídos, pois a radiação seria 50 vezes superior à que se regista produção em águas profundas.) Atividades de exploração e produção estão
actualmente nas altas montanhas durante o Verão. Mas, se a concentração sendo desenvolvidas nas plataformas do Brasil, golfo do México, Noruega,
do ozono na atmosfera aumentasse, a radiação ultravioleta que chega à Reino Unido, Califórnia, Nigéria e, em menor escala, China, Filipinas e
superfície terrestre diminuiria, a ponto de não se produzir vitamina D (para Índia. São de especial interesse os mares semifechados marginais, como
que esta vitamina se forme é necessária a acção deste tipo de radiação), e mar do Norte, golfo Pérsico, mar da Irlanda, baía de Hudson, mar Negro,
os ossos dos animais e do homem deixariam de se desenvolver convenien- mar Cáspio, mar Vermelho e mar Adriático, que apresentam cortes sedi-
temente. mentares adequados e lâminas d'água relativamente pequenas.
Recentemente verificou-se que se formaram "buracos" na camada de Petróleo no Brasil
ozono, mais concretamente na zona do Antárctico e do Ártico. Um grupo de
substâncias responsáveis por estes "buracos" é o grupo dos clorofluorcar- A primeira referência à pesquisa do petróleo no Brasil remonta ao final
bonetos, mais conhecidos por CFCs. Os CFCs são compostos muito está- do século XIX. Entre 1892 e 1896, Eugênio Ferreira de Camargo instalou
veis, não tóxicos, não inflamáveis, não corrosivos e inodoros... todas estas por conta própria, em Bofete SP, uma sonda junto ao afloramento de uma
propriedades tornaram possível a sua utilização como propulsores de rocha betuminosa. O furo atingiu mais de 400m, mas o poço encontrou
aerossóis, líquidos de arrefecimento de frigoríficos e aparelhos de ar condi- apenas água sulfurosa. Foi somente em janeiro de 1939 que se revelou a
cionado, etc, no entanto... existência de petróleo no solo brasileiro, no poço de Lobato BA, perfurado
pelo Departamento Nacional de Produção Mineral, órgão do governo fede-
... a descoberta do efeito nocivo dos CFCs sobre a camada de ozono, ral. O poço de Lobato produziu 2.089 barris de óleo em 1940.
levou alguns países a aprovarem uma legislação de modo a reduzir a
quantidade de CFCs eventualmente emitidos para a atmosfera, o que por Em outubro de 1953 instituiu-se o monopólio estatal da pesquisa, lavra,
sua vez, obrigou a busca de substâncias alternativas. Uma dessas subs- refinação, transporte e importação do óleo no Brasil, pela Petrobrás (Petró-
tâncias é o butano, que tem o inconveniente de ser altamente inflamável. leo Brasileiro S.A.), sob a orientação e a fiscalização do Conselho Nacional
Nos pulverizadores de laca para o cabelo, por exemplo, usa-se o éter de Petróleo (CNP). Na década de 1950 e começo da de 1960 descobriram-
dimetílico, que é menos inflamável que o butano e não provoca (até ver!!) se novos campos, especialmente no Recôncavo Baiano e na bacia de
danos na camada de ozono. Sergipe/Alagoas. Também se desenvolveram pesquisas nas bacias sedi-
mentares do Amazonas e do Paraná.
POLUIÇÃO DO SOLO – As principais causas da poluição do solo são
o acúmulo de lixo sólido, como embalagens de plástico, papel e metal, e de Em março de 1955, foi encontrado petróleo em Nova Olinda, no médio
produtos químicos, como fertilizantes, pesticidas e herbicidas. O material Amazonas. Em seguida, as atividades de perfuração estenderam-se até a
sólido do lixo demora muito tempo para desaparecer no ambiente. O vidro, bacia do Acre. Como as quantidades de petróleo obtidas não eram comer-
por exemplo, leva cerca de 5 mil anos para se decompor, enquanto certos ciais, após seis anos a avaliação dos resultados aconselhou a redução da
tipos de plástico nunca se desintegram, pois são impermeáveis ao processo exploração. Em 1967, as perfurações na bacia amazônica foram suspen-
de biodegradação promovido pelos microorganismos. sas. Com os avanços tecnológicos, a Petrobrás procedeu os levantamentos
geofísicos nas bacias do Paraná e do Amazonas. Alcançaram-se bons
As soluções usadas para reduzir o acúmulo de lixo, como a incineração resultados, em particular descobertas de gás natural na região do rio Juruá,
e a deposição em aterros, também têm efeito poluidor, pois emitem fumaça no alto Amazonas, a partir de 1978.
tóxica, no primeiro caso, ou produzem fluidos tóxicos que se infiltram no
solo e contaminam os lençóis de água. A melhor forma de amenizar o Dez anos antes, a empresa iniciara a exploração de petróleo na plata-
problema, na opinião de especialistas, é reduzir a quantidade de lixo produ- forma continental, com a descoberta de óleo no litoral de Sergipe (campo
zida, por meio da reciclagem e do uso de materiais biodegradáveis ou não de Guaricema). Foi, porém, a crise do petróleo, iniciada em 1973, que
descartáveis. viabilizou a prospecção em áreas antes consideradas antieconômicas. Na
década de 1970, intensificou-se a exploração de bacias submersas. A
identificação de petróleo na bacia de Campos, litoral do Rio de Janeiro,
duplicou as reservas brasileiras. Mais de vinte campos de pequeno e médio
• ENERGIAS QUÍMICAS NO COTIDIANO – PETRÓLEO, GÁS portes foram encontrados mais tarde no litoral do Rio Grande do Norte,
NATURAL E CARVÃO. MADEIRA E HULHA. BIOMASSA. BIO- Ceará, Bahia, Alagoas e Sergipe. Em 1981, pela primeira vez, a produção
COMBUSTÍVEIS. IMPACTOS AMBIENTAIS DE COMBUSTÍVEIS dos campos submarinos ultrapassou a dos campos em terra. No início da
FÓSSEIS. ENERGIA NUCLEAR. LIXO ATÔMICO. VANTAGENS E década de 1980, o Brasil era, depois dos Estados Unidos, o país que mais
DESVANTAGENS DO USO DE ENERGIA NUCLEAR. perfurava no mar, mas, no final do século, ainda precisava importar quase a
metade do petróleo que consumia, apesar de suas reservas provadas de
Petróleo aproximadamente 3,8 bilhões de barris (0,2% das reservas internacionais).
Reservas mundiais. Embora os derivados do petróleo sejam consumi- O refino de petróleo no Brasil começou em 1932, ao ser instalada a
dos no mundo inteiro, o óleo cru só é produzido comercialmente num Destilaria Sul-Riograndense em Uruguaiana RS, com capacidade de 25m3.
número relativamente diminuto de lugares, e muitas vezes em áreas de Em 1936 inauguraram-se duas outras refinarias: a de São Paulo, com
deserto, pântanos e plataformas submarinas. O volume total de petróleo capacidade de oitenta metros cúbicos, e a de Rio Grande RS, capaz de
ainda não descoberto em terra e na plataforma continental é desconhecido, produzir o dobro. Em 1959, o CNP instalou em Mataripe BA a Refinaria
mas a indústria petrolífera desenvolveu o conceito de "reserva provada" Nacional de Petróleo, mais tarde denominada Refinaria Landulfo Alves.
para designar o volume de óleo e gás que se sabe existir e cuja extração é
Na década de 1990 a Petrobrás contava com uma fábrica de asfalto,
compensadora, considerados os custos e os métodos conhecidos. Confor-
em Fortaleza CE, e dez refinarias: Refinaria de Manaus (Reman); de Paulí-
me relatório das Nações Unidas (Ocean Oil Weekly Report, de 7 de feverei-
nia (Replan); Presidente Bernardes (RPBC); Henrique Lage (Revap); Presi-
ro de 1994), que toma como base a produção média de 1991, o estoque
dente Getúlio Vargas (Repar); Alberto Pasqualini (Refap); Duque de Caxias
mundial de óleo estaria esgotado em 75 anos. Das reservas atuais, 65%

Química 75 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
(Reduc); Gabriel Passos (Regap); Landulfo Alves (RLAM); e Capuava do, mais alto o teor de carbono na parte orgânica e menor o teor de oxigê-
(Recap). Em meados da década de 1990, o Brasil produzia cerca de nio.
750.000 barris de petróleo por dia, com a possibilidade de aumento gradati-
vo desse número, com a exploração de campos gigantes da bacia de Em virtude dessa estrutura complexa e variável, o carvão mineral apre-
Campos. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda. senta diversos tipos. Seu emprego para fins industriais obedece a uma
classificação que toma como base a produção de matéria volátil e a nature-
Carvão za do resíduo. Assim, há carvões que se destinam à produção de gás, de
vapor ou de coque, que é um carvão amorfo, resultante da calcinação do
Até a segunda guerra mundial, o carvão era o combustível mais utiliza- carvão mineral, e de largo emprego na siderurgia.
do no mundo. A descoberta dos combustíveis derivados do petróleo, que
permitiu o desenvolvimento dos motores a explosão e abriu maiores pers- Para combustão em caldeira, é preferível o carvão com pequenos teo-
pectivas de velocidade e potência, e o surgimento da energia nuclear, res de cinza e quantidades moderadas de matéria volátil, condições que
relegaram o carvão a condição de fonte subsidiária de energia. No entanto, proporcionam bom rendimento térmico. É preferível que apresente também
a disponibilidade de grandes jazidas de carvão mineral e o baixo custo do o mínimo de enxofre e poder calorífico elevado, já que o calor por ele
carvão vegetal ainda conferem a esse combustível um papel relevante. gerado vai ser utilizado diretamente ou transformado em outras formas de
energia. Para a produção do coque metalúrgico com propriedades mecâni-
Carvão é um material sólido, poroso, de fácil combustão e capaz de ge- cas para uso em altos fornos, o carvão mineral precisa apresentar proprie-
rar grandes quantidades de calor. Pode ser produzido por processo artifici- dades aglomerantes ainda maiores e teores mais baixos de enxofre e cinza.
al, pela queima de madeira, como o carvão vegetal; ou originar-se de um Na destilação do carvão para produção de gás combustível ou coque
longo processo natural, denominado encarbonização, pelo qual substâncias metalúrgico, obtêm-se também águas amoniacais, das quais extraem-se a
orgânicas, sobretudo vegetais, são submetidas à ação da temperatura amônia e o alcatrão.
terrestre durante cerca de 300 milhões de anos e transformam-se em
carvão mineral. Em função da natureza desses processos, o carvão vegetal Muito embora os derivados de petróleo - como a gasolina, o querose-
é também chamado de artificial, e o carvão mineral, de natural. ne, o óleo combustível e o diesel - e a energia termonuclear tenham deslo-
cado o carvão mineral como fonte de energia, sobretudo para as máquinas
Carvão mineral. De acordo com a maior ou menor intensidade da en- móveis, ainda é significativa sua participação no total do consumo energéti-
carbonização, o carvão mineral - também chamado carvão fóssil ou de co dos países desenvolvidos - cerca de 20% no final do século XX. A
pedra - pode ser classificado como linhito, carvão betuminoso e sub- entrada em operação de centenas de usinas hidrelétricas e termonucleares
betuminoso (ambos designados como hulha) e antracito. A formação de um não conseguiu diminuir drasticamente, como se esperava, a participação do
depósito de carvão mineral exige inicialmente a ocorrência simultânea de carvão, não somente porque essas fontes de energia representam grandes
diversas condições geográficas, geológicas e biológicas. Primeiro, deve investimentos iniciais e provocam sérios impactos no meio ambiente, mas
existir uma vegetação densa, em ambiente pantanoso, capaz de conservar também porque a disponibilidade de grandes jazidas de carvão mineral é
a matéria orgânica. A água estagnada impede a atividade das bactérias e ainda grande.
fungos que, em condições normais, decomporiam a celulose. A massa
vegetal assim acumulada, no prazo de algumas dezenas de milhares de Carvão vegetal. O processo tradicional de obtenção do carvão vegetal
anos - tempo curto do ponto de vista geológico - transforma-se em turfa, dá-se pela queima ou aquecimento de madeira, em temperaturas que
material cuja percentagem de carbono já é bem mais elevada que a da variam entre 500 e 600C, na ausência de ar. Empilham-se estacas de
celulose. madeira, cobertas parcialmente por terra, para limitar a entrada de ar, e
procede-se à queima. Trata-se de uma técnica bastante primitiva, que não
Na etapa seguinte, que leva algumas dezenas de milhões de anos, a permite o aproveitamento de nenhum subproduto, geralmente usada por
turfa multiplica seu teor de carbono e se transforma na primeira variedade pequenos produtores, que operam no próprio local de desbaste das árvo-
de carvão, o linhito, cujo nome provém de sua aparência de madeira. Na res. O processo industrial utiliza fornos, preaquecidos à temperatura de
etapa seguinte, surge a hulha, primeiro como carvão betuminoso, depois 300oC, nos quais são colocados pedaços relativamente pequenos de
como sub-betuminoso. Na fase final, a hulha se transforma em antracito, madeira seca. Esse processo permite a produção em escala incompara-
com teores de até 90% de carbono fixo. velmente maior de carvão vegetal destinado à siderurgia do ferro gusa e à
Quanto maior o teor de carbono, maior também é o poder energético. obtenção de subprodutos, como metanol, ácido acético, piche, óleo e gás.
Por isso, a turfa, que tem teores muito baixos e altas percentagens de A madeira mais indicada é o eucalipto, plantado em grandes extensões.
umidade, nem sempre pode ser aproveitada como combustível, e nesse Graças à principal característica do carvão vegetal, que é sua grande
caso serve para aumentar a composição de matéria orgânica dos solos. porosidade, costuma-se empregá-lo como adsorvente, seja para desodori-
Encontrada nos baixios e várzeas, ou em antigas lagoas atulhadas, a turfa zador do ar, seja como descorante de soluções. Utiliza-se esse tipo de
caracteriza-se pela presença abundante de restos ainda conservados de carvão vegetal em respiradores de máscaras contra gases, para remoção
talos e raízes. Já o linhito, muito mais compacto que a turfa, é empregado de vapores tóxicos, e na purificação da água. Ainda na categoria do carvão
na siderurgia, como redutor, graças a sua capacidade de ceder oxigênio artificial, podem-se citar o negro-de-fumo, fabricado a partir do petróleo e de
para a combustão e transformar-se em metal. É utilizado também como grande utilização na indústria da borracha. Na produção de pneus, por
matéria-prima na carboquímica. Quando o linhito se apresenta brilhante e exemplo, a participação do negro-de-fumo é de 35% em relação à borracha
negro, recebe o nome de azeviche. natural e de 50% para a borracha sintética.
A hulha é composta de carbono, restos vegetais parcialmente conser- Os carvões animais, obtidos pela calcinação de resíduos da industriali-
vados, elementos voláteis, detritos minerais e água. É empregada tanto zação de animais, principalmente ossos e partes córneas, são usados
como combustível quanto como redutor de óxidos de ferro e, graças a suas como absorventes e pigmentos negros. Contêm grande proporção de
impurezas, na síntese de milhares de substâncias de uso industrial. O carbonato e fosfato de cálcio. A indústria açucareira utiliza-o no descora-
antracito, última variedade de carvão surgida no processo de encarboniza- mento da calda de açúcar.
ção, caracteriza-se pelo alto teor de carbono fixo, baixo teor de compostos
voláteis, cor negra brilhante, rigidez e dificuldade com que se queima, dada Carvão no Brasil. Formadas sob condições climáticas desfavoráveis,
sua pobreza de elementos inflamáveis. É usado como redutor em metalur- as jazidas brasileiras de carvão mineral, localizadas na região Sul, são
gia, na fabricação de eletrodos e de grafita artificial. Uma de suas principais pouco espessas e de qualidade inferior. Apenas o carvão produzido em
vantagens consiste em proporcionar chama pura, sem nenhuma fuligem. Santa Catarina é coqueificável, mesmo assim em proporções mínimas -
menos de 20% - e por isso tem de ser misturado ao carvão importado. Já o
O carvão mineral, em qualquer de suas fases, compõe-se de uma parte carvão vegetal é produzido basicamente para atender as siderúrgicas, a
orgânica, formada de macromoléculas de carbono e hidrogênio e pequenas partir do eucalipto. Para isso, as produtoras necessitam de imensas planta-
proporções de oxigênio, enxofre e nitrogênio. Essa é a parte útil, por ser ções, que provocam impactos ambientais desfavoráveis, já que não che-
fortemente combustível. A outra parte, mineral, contém os silicatos que gam a constituir um ecossistema e expulsam as espécies animais. A produ-
constituem a cinza. As proporções desses elementos variam de acordo com ção caseira de carvão vegetal, feita por métodos primitivos, embora pouco
o grau de evolução do processo de encarbonização: quanto mais avança- representativa do ponto de vista econômico, provoca desmatamento e

Química 76 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
poluição ambiental. Parte dessa produção destina-se ao consumo domésti- a lei 11.097 (janeiro/2005). Essa lei dispõe sobre a introdução do biodiesel
co, em restaurantes com forno de lenha e churrasqueiras. ©Encyclopaedia na matriz energética brasileira. Inicialmente a proporção autorizada é 2% do
Britannica do Brasil Publicações Ltda. diesel comum até 2008, 5% até 2013 e já é pensado 20%, sendo que nos
Estados Unidos, os automóveis movidos com 100% de biodiesel têm apre-
sentado rendimentos surpreendentes.
BIOMASSA. BIOCOMBUSTÍVEIS.
A política brasileira prevê o incentivo à produção da mamona no Nor-
Biocombustíveis deste e no Bioma Caatinga como um todo, do dendê no Norte e Amazônia
e da soja no Cerrado, Sul e Sudeste. O maior problema está no fato de
O debate sobre o uso de biocombustíveis está cada vez mais em vo- serem plantas exóticas, sendo que a macaúba, o buriti (Maurutia fexuosa),
ga, pois é sabido, com muita clareza, que os combustíveis fósseis, os mais o pinhão manso (Jatropha curcas) e o babaçu (Ricinus communis), todas
utilizados, são finitos e as reservas terrestres só tendem a diminuir e termi- nativas, apresentam grande potencial, só não sendo mais produtivas que o
nar, sem renovação. Além disso, são extremamente poluidores e causam dendê, o qual ainda tem a vantegem de apretesentar baixo custo de produ-
sérios desequilíbrios no ambiente. ção (custa cerca de um terço do óleo diesel europeu). Todavia, o conheci-
mento sobre a cultura das nativas ainda é incipiente e a tecnologia para
Mas o que seriam os biocombustíveis? São materiais biológicos que,
utilização precisa de muitos estudos para ser mais viável economicamente.
quando em combustão, possuem a capacidade de gerar energia para
Ao contrário, as exóticas são mais conhecidas, suas culturas já são domi-
realizar trabalhos. É certo que praticamente todo material biológico gera
nadas agronomicamente e existem muitos estudos publicados.
energia, a fruta que comemos, a planta que queima.
A mamona, além de ser menos produtiva do que todas essas nativas,
Mas aqui vou me concentrar naqueles com potencial combustível de in-
possui muitas exigências de solo (irrigação e adubação), o que causa
teresse econômico - a energia para queimar é inferior à energia que gera
muitas modificações sérias no ambiente, não sendo portanto a mais indica-
posteriormente - e suas conseqüências ao ambiente.
da para a região Nordeste e Caatinga. Seria mais eficiente utilizar o pinhão
O tipo mais difundido de biocombustível no Brasil é o álcool provenien- manso, que é mais adaptado ao semi-árido nordestino. O pequi também
te da cana de açúcar. Sua principal vantagem é a menor poluição que poderia ser uma boa opção pela alta produtividade, mas não deve ser
causa, em comparação aos combustíveis derivados do petróleo. A cana é viável economicamente já que é uma arbórea de crescimento lento.
um produto completo porque produz açúcar, álcool e bagaço, cujo vapor
Substituir o que resta dos biomas brasileiros por mais monoculturas de
gera energia elétrica. Contudo, possui diversas desvantagens, como o fato
plantas exóticas, existindo altos potenciais nativos, não parece ser a estra-
de não resolver o problema da dependência do petróleo, devido à inflexibili-
tégia mais eficiente para levar o Brasil crescentemente à independência ao
dade no refino do mesmo.
petróleo, à melhor contribuir para o controle das mudanças climáticas e
O álcool proveniente da cana-de-açúcar tem sido o biocombustível nú- para a preservação ambiental. A melhor saída seria estimular sistemas
mero 1 na política brasileira de incentivo a energias alternativas ao petróleo. agro-florestais consorciando nativas e exóticas (a serem substituídas à
O mais grave do pro-álcool talvez tenha sido a necessidade de se utilizar medida que os estudos sobre as nativas, e a tecnologia associada, avan-
um motor específico que não permite a utilização alternada entre álcool e cem), arbustos, árvores e palmeiras.
gasolina, quando for interessante. http://www.biologo.com.br/ecologia/ecologia8.htm

Ainda há a questão ambiental. Com o estímulo ao pró-álcool, grande


área de Mata Atlântica foi substituída por plantações de cana de açúcar, IMPACTOS AMBIENTAIS DE COMBUSTÍVEIS FOSSEIS.
particularmente no nordeste brasileiro. Isto acarretou graves problemas
climáticos e edáficos, com elevação das temperaturas e da erodibilidade
dos solos. Tanto que muitos usineiros agora têm preocupação em proteger Consequências do consumo de combustíveis fósseis
os fragmentos que restam e recuperar áreas degradadas. Até porque hoje
em dia o álcool não está dando um lucro satisfatório, como antigamente... Fonte: Profº Alexandre Guimarães.
Já o biodiesel, ou seja, óleo virgem derivado de algumas espécies de O preço dos combustíveis fósseis sobe em proporcionalidade inversa à
plantas, apresentam vantagens muito interessantes, como a possibilidade sua quantidade disponível para venda, ou seja, quanto mais escasseiam,
real de substituir quase todos os derivados do petróleo sem modificação mais elevado é o seu preço. A economia mundial está tão dependente
nos motores, eliminando a dependência do petróleo. Além de ser natural- deles que o simples aumento do preço do barril de petróleo (que é o mais
mente menos poluente, o biodiesel reduz as emissões poluentes dos deri- explorado para fins energéticos) influencia fortemente as bolsas de valores.
vados de petróleo (em cerca de 40%, sendo que seu potencial cancerígeno
é cerca de 94% menor que os derivados do petróleo), possui elevada O aumento do controle e do uso, por parte do Homem, da energia con-
capacidade de lubrificar as máquinas ou motores reduzindo possíveis tida nesses combustíveis fósseis foi determinante para as transformações
danos, é seguro para armazenar e transportar porque é biodegradável, não- econômicas, sociais, tecnológicas - e infelizmente ambientais - que vêm
tóxico e não explosivo nem inflamável à temperatura ambiente, não contri- ocorrendo desde a Revolução Industrial. Graças a aumento do preço dos
bui para a chuva ácida por não apresentar enxofre em sua composição, combustíveis fósseis e da poluição ambiental, a Europa está a procurar
permite dispensar investimentos em grandes usinas, ou linhas de transmis- soluções energéticas alternativas (como os biocombustíveis, a eletricidade
são, para atendimento local de energia em regiões com pequena demanda e o hidrogênio). Até 2020 a União Européia prevê aumentar para 10% a
percentagem de energias renováveis utilizadas nos transportes rodoviários.
As plantas mais utilizadas atualmente para produção do biodiesel são a
soja, a colza, o pinhão manso, mamona, dendê, girassol e macaúba. As Dentre as conseqüências ambientais do processo de industrialização e
mais produtivas são o dendê (Elaeis guineensis) e a macaúba (Acrocomia do inerente e progressivo consumo de combustíveis fósseis - leia-se ener-
aculeata - típica do litoral brasileiro), confirmando a potencialidade das gia -, destaca-se o aumento da contaminação do ar por gases e material
palmeiras. particulado, provenientes justamente da queima destes combustíveis,
gerando uma série de impactos locais sobre a saúde humana. Outros
A soja (Glycine Max) é a mais utilizada nos EUA, onde também é co- gases causam impactos em regiões diferentes dos pontos a partir dos quais
mum misturar com restos de óleos usados para fritura. são emitidos, como é o caso da chuva ácida.
A colza (Brassica napus) é a principal planta estudada e plantada para A mudança global do clima é outro problema ambiental, porém bastan-
este fim na União Européia. Existem outras muito produtivas, como a te mais complexo e que traz conseqüências possivelmente catastróficas.
castanha do Pará, o coco e a copaíba, porém outros derivados seus são Este problema vem sendo causado pela intensificação do efeito estufa que,
mais interessantes economicamente. por sua vez, está relacionada ao aumento da concentração, na atmosfera
Tendo em vista tantas vantagens, o governo brasileiro têm estimulado da Terra, de gases que possuem características específicas. Estes gases
a produção e comercialização do biodiesel, sendo o marco principal a permitem a entrada da luz solar, mas impedem que parte do calor no qual a
publicação do Decreto No. 5.488, em 20 de maio de 2005, que regulamenta luz se transforma volte para o espaço. Este processo de aprisionamento do
calor é análogo ao que ocorre em uma estufa - daí o nome atribuído a esse

Química 77 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
fenômeno e também aos gases que possuem essa propriedade de aprisio- Urânio Enriquecido
namento parcial de calor, chamados de gases do efeito estufa (GEE),
dentre os quais se destaca o dióxido de carbono (CO2). A quantidade de urânio-235 na natureza é muito pequena: para cada
1.000 átomos de urânio, 7 são de urânio-235 (0,7%) e 993 são de urânio-
É importante notar que o dióxido de carbono, bem como os outros GEE em 238 (99,3% - a quantidade dos demais isótopos é desprezível). Para ser
geral (vapor d'água, por exemplo), não causa, em absoluto, nenhum dano à possível a ocorrência de uma reação de fissão nuclear em cadeia, é neces-
saúde e não sujam o meio ambiente. Seria incorreto classificar estes gases sário haver quantidade suficiente de urânio-235, que é fissionado por
como poluentes -, já que os mesmos não possuem as duas características nêutrons de qualquer energia, como já foi dito.
básicas de um poluente segundo a definição tradicional do termo (idéia de
dano à saúde e/ou sujeira). Todavia, novas definições de poluição, mais Nos Reatores Nucleares do tipo PWR (Pressurized Water Reactor), é
técnicas e abrangentes, fizeram-se necessárias e surgiram ao longo da necessário haver a proporção de 32 átomos de urânio-235 para 968 átomos
última década, fazendo com que os gases de efeito estufa fossem classifi- de urânio-238, em cada grupo de 1.000 átomos de urânio, ou seja, 3,2% de
cados como poluentes. urânio-235. O urânio encontrado na natureza precisa ser tratado industrial-
mente, com o objetivo de elevar a proporção (ou concentração) de urânio-
235 para urânio-238, de 0,7% para 3,2%, correspondendo a um aumento
de quase 5 vezes. Para isso deve, primeiramente, ser purificado e converti-
ENERGIA NUCLEAR. LIXO ATÔMICO. VANTAGENS E DESVANTA- do em gás, através de um processo específico.
GENS DO USO DE ENERGIA NUCLEAR.
Enriquecimento de Urânio
O processo físico de retirada de urânio-238 do urânio natural, aumen-
A ENERGIA NUCLEAR tando, em conseqüência, a concentração de urânio-235, é conhecido como
Os prótons têm a tendência de se repelirem, porque têm a mesma car- Enriquecimento de Urânio. Se o grau de enriquecimento for muito alto
ga (positiva). Como eles estão juntos no núcleo, comprova-se a realização (acima de 90%), isto é, se houver quase só urânio-235, pode ocorrer uma
de um trabalho para manter essa estrutura, implicando, em conseqüência, reação em cadeia muito rápida, de difícil controle, mesmo para uma quanti-
na existência de energia no núcleo dos átomos com mais de uma partícula. dade relativamente pequena de urânio, passando a constituir-se em uma
A energia que mantém os prótons e nêutrons juntos no núcleo é a ENER- explosão: é a “bomba atômica”. Simplificando, corresponde a uma reação
GIA NUCLEAR. em cadeia descontrolada, com grande liberação de energia.

Utilização da Energia Nuclear Foram desenvolvidos vários processos de enriquecimento de urânio,


entre eles o da Difusão Gasosa e da Ultracentrifugação (em escala
Uma vez constatada a existência da energia nuclear, restava descobrir industrial), o do Jato Centrífugo (em escala de demonstração industrial) e
como utilizá-la. A forma imaginada para liberar a energia nuclear baseou-se um processo a Laser (em fase de pesquisa). Por se tratarem de tecnologi-
na possibilidade de partir-se ou dividir-se o núcleo de um átomo “pesado”, as sofisticadas, os países que as detêm oferecem empecilhos para que
isto é, com muitos prótons e nêutrons, em dois núcleos menores, através outras nações tenham acesso a elas.
do impacto de um nêutron. A energia que mantinha juntos esses núcleos
menores, antes constituindo um só núcleo maior, seria liberada, na maior Controle da Reação de Fissão Nuclear em Cadeia
parte, em forma de calor (energia térmica). Descoberta a grande fonte de energia no núcleo dos átomos e a forma
Fissão Nuclear de aproveitá-la, restava saber como controlar a reação em cadeia, que
normalmente não pararia, até consumir quase todo o material físsil (= que
A divisão do núcleo de um átomo pesado, por exemplo, do urânio-235, sofre fissão nuclear), no caso o urânio-235.
em dois menores, quando atingido por um nêutron, é denominada fissão
nuclear. Seria como jogar uma bolinha de vidro (um nêutron) contra várias Como já foi visto, a fissão de cada átomo de urânio-235 resulta em 2
outras agrupadas (o núcleo). átomos menores e 2 a 3 nêutrons, que irão fissionar outros tantos núcleos
de urânio-235. A forma de controlar a reação em cadeia consiste na elimi-
Reação em Cadeia nação do agente causador da fissão: o nêutron. Não havendo nêutrons
Na realidade, em cada reação de fissão nuclear resultam, além dos nú- disponíveis, não pode haver reação de fissão em cadeia. Alguns elementos
cleos de elementos resultantes menores, temos ainda de dois a três nêu- químicos, como o boro, na forma de ácido bórico ou de metal, e o cád-
trons, como conseqüência da absorção do nêutron que causou a fissão. mio, em barras metálicas, têm a propriedade de absorver nêutrons, porque
Torna-se, então, possível que esses nêutrons resultantes atinjam outros seus núcleos podem conter ainda um número de nêutrons superior ao
núcleos de urânio-235, sucessivamente, liberando uma quantidade muito existente em seu estado natural, resultando na formação de isótopos de
grande de calor. Tal processo é denominado reação de fissão nuclear em boro e de cádmio.
cadeia ou, simplesmente, reação em cadeia, chave para compreensão e A grande aplicação do controle da reação de fissão nuclear em cadeia
uso da energia nuclear. é nos Reatores Nucleares, para geração de energia elétrica.
Urânio-235 e Urânio-238 O REATOR NUCLEAR
O urânio-235 é um elemento químico que possui 92 prótons e 143 nêu- De uma forma simplificada, um Reator Nuclear é um equipamento on-
trons em seu núcleo. Sua massa é, portanto, 92 + 143 = 235. Além do de se processa uma reação de fissão nuclear, assim como um reator quí-
urânio-235, existem na natureza, em maior quantidade, átomos com 92 mico é um equipamento onde se processa uma reação química.
prótons e 146 nêutrons (massa igual a 238). São também átomos do ele-
mento urânio, porque têm 92 prótons, ou seja, número atômico 92. Trata- Um Reator Nuclear para gerar energia elétrica é, na verdade, uma
se do urânio-238, que só tem possibilidade de sofrer fissão por nêutrons de Central Térmica, onde a fonte de calor é o urânio-235, em vez de óleo
elevada energia cinética (os nêutrons “rápidos”). combustível ou de carvão. É, portanto, uma Central Térmica Nuclear. A
grande vantagem de uma Central Térmica Nuclear é a enorme quantidade
Já o urânio-235 pode ser fissionado por nêutrons de qualquer energia de energia que pode ser gerada, ou seja, a potência gerada, para pouco
cinética, preferencialmente os de baixa energia, denominados nêutrons material usado (o urânio). Para se ter uma idéia, 10 gramas de Urânio-
térmicos (“lentos”). 235, tem a mesma capacidade energética de 700Kg de óleo ou ainda
Isótopos 1.200KG de carvão

São átomos de um mesmo elemento químico que possuem massas di- O Combustível Nuclear
ferentes. Portanto o urânio-235 e urânio-238 são isótopos de urânio, tendo O urânio-235, por analogia, é chamado de combustível nuclear, por-
o mesmo número atômico 92, mas com diferente número de massa. Muitos que pode substituir o óleo ou o carvão, para gerar calor. Não há diferença
outros elementos apresentam essa característica, como, por exemplo, o entre a energia gerada por uma fonte convencional (hidroelétrica ou térmi-
Hidrogênio, que tem três isótopos: Hidrogênio, Deutério e Trítio. ca) e a energia elétrica gerada por um Reator Nuclear. Em todas elas

Química 78 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
(hidroelétrica ou térmica), existirá conversão de energia, sendo o produto de vapor, acionando-a. É, a seguir, condensada e bombeada de volta para
final, no caso, energia elétrica. o Gerador de Vapor, constituindo um outro Sistema de Refrigeração, inde-
pendente do primeiro. O sistema de geração de vapor é chamado de Cir-
Reator Nuclear e Bomba Atômica cuito Secundário.
A bomba (“atômica”) é feita para ser possível explodir, ou seja, a rea- Independência entre os sistemas de refrigeração
ção em cadeia deve ser rápida e a quantidade de urânio muito concentrado
em urânio-235 (quer dizer, urânio enriquecido acima de 90%) deve ser A independência entre o Circuito Primário e o Circuito Secundário tem
suficiente para a ocorrência rápida da reação. Além disso, toda a massa de o objetivo de evitar que, danificando-se uma ou mais varetas, o material
urânio deve ficar junta, caso contrário não ocorrerá a reação em cadeia de radioativo (urânio e produtos de fissão) passe para o Circuito Secundário. É
forma explosiva. interessante mencionar que a própria água do Circuito Primário é radioati-
va, e por isso não tem contato com o mundo exterior.
Um Reator Nuclear, para gerar energia elétrica, é construído de forma
a ser impossível explodir como uma bomba atômica. Primeiro, porque a A Contenção
concentração de urânio-235 é muito baixa (cerca de 3,2%), não permitindo O Vaso de Pressão do Reator e o Gerador de Vapor são instalados em
que a reação em cadeia se processe com rapidez suficiente para se trans- uma grande “carcaça” de aço, com 3,8 cm de espessura em Angra 1. Esse
formar em explosão. Segundo, porque dentro do Reator Nuclear existem envoltório, construído para manter contidos os gases ou vapores possíveis
materiais absorvedores de nêutrons, que controlam e até acabam com a de serem liberados durante a operação do Reator, é denominado Conten-
reação em cadeia, como, por exemplo, na “parada” do Reator. ção. No caso de Angra 1, a Contenção tem a forma de um tubo (cilindro),
O Reator Nuclear existente em Angra sendo na Usina de Angra 2 no formato esférica. A Contenção é a terceira
barreira que serve para impedir a saída de material radioativo para o meio
Um reator nuclear do tipo do que foi construído (Angra 1) e do que está ambiente.
em fase de construção (Angra 2) é conhecido como PWR (Pressurized
Water Reactor = Reator a Água Pressurizada), porque contém água sob Edifício do Reator
alta pressão. O urânio, enriquecido a 3,2% em urânio-235, é colocado, em Um último envoltório, de concreto, revestindo a Contenção, é o próprio
forma de pastilhas de 1 cm de diâmetro, dentro de tubos (“varetas”) de 4m Edifício do Reator. Tem cerca de 1 m de espessura em Angra 1. É exata-
de comprimento, feitos de uma liga especial de zircônio, denominada mente a parte mais saliente da usina nuclear e que visualmente logo perce-
“zircalloy”. bemos. O Edifício do Reator, construído em concreto e envolvendo a Con-
tenção de aço, é a quarta barreira física que serve para impedir a saída de
Varetas de Combustível
material radioativo para o meio ambiente e, além disso, protege contra
As varetas, contendo o urânio, conhecidas como Varetas de Combus- impactos externos (queda de aviões e explosões).
tível, são montadas em feixes, numa estrutura denominada ELEMENTO A SEGURANÇA DOS REATORES NUCLEARES
COMBUSTÍVEL. As varetas são fechadas, com o objetivo de não deixar
escapar o material nelas contido (o urânio e os elementos resultantes da Apesar de um Reator Nuclear não poder explodir como uma bomba
fissão) e podem suportar altas temperaturas. atômica, isso não quer dizer que não seja possível ocorrer um acidente em
uma Central Nuclear. Por esse motivo, a construção de uma Usina Nuclear
Os elementos resultantes da fissão nuclear (produtos de fissão ou envolve vários aspectos de segurança, desde a fase de projeto até a cons-
fragmentos da fissão) são radioativos, isto é, emitem radiações e, por trução civil, montagem dos equipamentos e operação.
isso, devem ficar retidos no interior do Reator.
Acidente Nuclear - Definição
A Vareta de Combustível é a primeira barreira que serve para impedir a
saída de material radioativo para o meio ambiente. Um acidente é considerado nuclear, quando envolve uma reação nu-
clear ou equipamento onde se processe uma reação nuclear.
Barras de Controle
Filosofia de Segurança
Na estrutura do Elemento Combustível existem tubos guias, por onde
O perigo potencial na operação dos Reatores Nucleares é representa-
podem passar as Barras de Controle, geralmente feitas de cádmio, mate-
do pela alta radioatividade dos produtos da fissão do urânio e sua liberação
rial que absorve nêutrons, com o objetivo de controlar a reação de fissão
para o meio ambiente. A filosofia de segurança dos Reatores Nucleares é
nuclear em cadeia. Quando as barras de controle estão totalmente para
dirigida no sentido de que as Usinas Nucleares sejam projetadas, construí-
fora, o Reator está trabalhando no máximo de sua capacidade de gerar
das e operadas com os mais elevados padrões de qualidade e que tenham
energia térmica. Estando elas totalmente dentro da estrutura do Elemento
condições de alta confiabilidade.
Combustível, o Reator está “parado” (não há reação de fissão em cadeia).
Os Elementos Combustíveis são colocados dentro de um grande vaso de Sistemas Ativos de Segurança
aço, com “paredes”, no caso de Angra 1, de cerca de 33 cm e, no caso de
As barreiras físicas citadas constituem um Sistema Passivo de Segu-
Angra 2, de 23,5 cm.
rança, isto é, atuam, independentemente de qualquer ação. Para a opera-
Vaso de Pressão ção do Reator, Sistemas de Segurança são projetados para atuar, inclusive
de forma redundante: na falha de algum deles, outro sistema, no mínimo,
Esse enorme recipiente, denominado Vaso de Pressão do Reator, é atuará, comandando, se for o caso, a parada do Reator.
montado sobre uma estrutura de concreto, com cerca de 5 m de espessura
na base. O Vaso de Pressão do Reator corresponde a segunda barreira Projeto de uma Usina Nuclear
física que serve para impedir a saída de material radioativo para o meio Na fase de projeto, são imaginados diversos acidentes que poderiam
ambiente, em caso de acidente. ocorrer em um Reator Nuclear, assim como a forma de contorná-los, por
Circuito Primário ação humana ou, em última instância, por intervenção automática dos
sistemas de segurança, projetados com essa finalidade.
O Vaso de Pressão contém a água de refrigeração do núcleo do rea-
tor (os elementos combustíveis). Essa água fica circulando quente pelo São, ainda, avaliadas as conseqüências em relação aos equipamentos,
Gerador de Vapor, em circuito, isto é, não sai desse Sistema, chamado de à estrutura interna do Reator e, principalmente, em relação ao meio ambi-
Circuito Primário. Angra 1 tem dois Geradores de Vapor; Angra 2 terá ente. Fenômenos da natureza, como tempestades, vendavais e terremotos,
quatro. A água que circula no Circuito Primário é usada para aquecer uma e outros fatores de risco, como queda de avião e sabotagem, são também
outra corrente de água, que passa pelo Gerador de Vapor. levados em consideração no dimensionamento e no cálculo das estruturas.
Controle de Qualidade
Circuito Secundário
Um rigoroso controle da qualidade garante que estruturas, sistemas e
A outra corrente de água, que passa pelo Gerador de Vapor para ser componentes, relacionados com a segurança, mantenham os padrões de
aquecida e transformada em vapor, passa também pela turbina, em forma qualidade especificados no projeto. Inspeções e auditorias são feitas conti-

Química 79 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
nuamente durante o projeto e a construção e, posteriormente, durante a 2, porque o projeto já prevê essas falhas e os meios de evitar que elas
operação. aconteçam. Em Three Miles Island após o acidente, os elementos combus-
tíveis e as barras de controle foram fundidos, mas o Vaso não sofreu da-
Operação
nos, conforme seria esperado.
A complexidade e as particularidades de uma Usina Nuclear exigem
O Reator Nuclear de Chernobyl.
uma preparação adequada do pessoal que irá operá-la. No Brasil, existe
em Mambucaba, município de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, um O Reator de Chernobyl é de um tipo diferente dos de Angra. A maior di-
Centro de Treinamento para operadores de Centrais Nucleares, que é uma ferença é devida ao fato de que esse Reator tem grafite no núcleo e não
“reprodução” das salas de controle de Reatores do tipo de Angra 1 e 2, possui Contenção de aço. O combustível é o urânio-235 e o controle da
capaz de simular todas as operações dessa usinas, inclusive a atuação dos reação de fissão nuclear em cadeia é feita da mesma forma: por meio de
sistemas de segurança. Para se ter uma idéia do padrão dos serviços barras de controle, absorvedoras de nêutrons.
prestados por esse Centro, conhecido como Simulador, deve-se ressaltar As varetas de combustível são colocadas dentro de blocos de grafite,
que nele foram e ainda são treinados operadores para Reatores da Espa- por onde passam os tubos da água de refrigeração, que vai produzir o
nha, Argentina e da própria República Federal da Alemanha, responsável vapor para acionar a turbina. A água passa entre as varetas de combustí-
pelo projeto e montagem do Centro. vel, onde é gerado o vapor, não havendo necessidade de um gerador de
Os instrutores são todos brasileiros e que, periodicamente, fazem está- vapor com essa finalidade, como em Angra 1. As dimensões do Vaso do
gios em Reatores alemães, para atualização de conhecimentos e introdu- Reator são muito maiores, por causa da montagem dos blocos de grafite.
ção de novas experiências nos cursos ministrados. Por isso, o Edifício do Reator também tem proporções grandes. Ele funcio-
na como contenção única, mas não é lacrado. A parte superior do compar-
Fiscalização e Auditoria
timento do Vaso do Reator é uma tampa de concreto.
O projeto de uma Usina Nuclear é fiscalizado e analisado, passo a
Esse Reator permite que o Sistema de Segurança (desligamento au-
passo, por uma equipe diferente da que o elaborou: o Órgão Fiscalizador.
tomático) possa ser bloqueado e o Reator passe a ser operado manual-
Da mesma forma, a construção é fiscalizada e auditada por equipes do
mente, não desligando automaticamente, em caso de perigo ou de falha
Órgão Fiscalizador que não foram envolvidas diretamente ou indiretamente
humana. Até aqui, já deu para se notar a diferença, em termos de Segu-
na obra, para não haver interferências.
rança Ativa e Barreiras Passivas, entre o Reator do tipo Chernobyl e o
Vazamentos em Reatores Nucleares Reator do tipo Angra.
É claro que existem vazamentos em Reatores Nucleares, como exis- O Acidente de Chernobyl
tem em outras usinas térmicas. O que não existe é vazamento de Reato-
O Reator estava parando para manutenção periódica anual. Estavam
res Nucleares, como muitas vezes se faz crer pela mídia.
sendo feitos testes na parte elétrica com o Reator quase parando, isto é,
As águas de refrigeração dos Circuitos Primário e Secundário circulam funcionando à baixa potência. Para que isso fosse possível, era preciso
por meio de bombas rotativas (para “puxar” a água) em sistemas fecha- desligar o Sistema Automático de Segurança, caso contrário, o Reator
dos. Em qualquer instalação industrial e também nos Reatores Nucleares, poderia parar automaticamente durante os testes, o que eles não deseja-
bombas de refrigeração são colocadas em diques, como um “box” de vam.
banheiro, dotados de ralos, para recolher a água que possa vazar pelas
Os reatores deste tipo não podem permanecer muito tempo com po-
“juntas”. No caso de vazamento em Reatores, a água recolhida vai para um
tência baixa, porque isso representa riscos muito altos. Ainda assim, a
tanque, onde é analisada e tratada, podendo até voltar para o circuito
operação continuou desta forma. Os operadores da Sala de Controle do
correspondente.
Reator, que não são treinados segundo as normas internacionais de segu-
Aí está a diferença: podem existir vazamentos, inclusive para dentro da rança, não obedeceram aos cuidados mínimos, e assim, acabaram perden-
contenção, ou seja, no Reator e não para o meio ambiente, isto é, do do o controle da operação.
Reator. Por esse motivo, os “vazamentos” ocorridos em 1986 (de água) e
A temperatura aumentou rapidamente e a água que circulava nos tubos
em 1995 (falhas em varetas), ambos dentro da instalação, não causaram
foi total e rapidamente transformada em vapor, de forma explosiva. Houve,
maior preocupação por parte dos operadores de Angra 1. No segundo
portanto, uma explosão de vapor, que arrebentou os tubos, os elementos
caso, a Usina operou ainda por cerca de três meses, sob controle, até a
combustíveis e os blocos de grafite. A explosão foi tão violenta que deslo-
parada prevista para manutenção. Não houve parada de emergência.
cou a tampa de concreto e destruiu o teto do prédio, que não foi previsto
Em resumo e comparando com um fato do dia a dia: é como se uma para agüentar tal impacto, deixando o Reator aberto para o meio ambiente.
torneira de uma pia em um apartamento estivesse com defeito, pingando ou
Como o grafite aquecido entra em combustão espontânea, seguiu-se
deixando escorrer água (vazando).
um grande incêndio, arremessando para fora grande parte do material
Existiria um vazamento no apartamento ou até no edifício mas não se radioativo que estava nos elementos combustíveis, danificados na explosão
deveria dizer que teria havido um vazamento do edifício. de vapor. Em resumo, é impossível ocorrer um acidente dessa natureza em
Acidente Nuclear em Three Miles Island Reatores do tipo PWR (Angra), porque:
Duzentos e quarenta e dois reatores nucleares do tipo Angra (PWR) já  O Sistema Automático de Segurança não pode ser bloqueado para
foram construídos e estão em operação, ocorrendo em um deles um aci- permitir a realização de testes.
dente nuclear grave, imaginado em projeto, sem conseqüências para o  Os Reatores PWR usam água que, diferentemente do grafite, não entra
meio ambiente. Foi o acidente de Three Miles Island (TMI), nos Estados em combustão quando aquecida.
Unidos.
 Os Reatores PWR possuem uma Contenção de Aço e uma Con-
Nesse acidente, vazaram água e vapor do Circuito Primário, mas am- tenção de Concreto em volta da Contenção de Aço.
bos ficaram retidos na Contenção. Com a perda da água que fazia a refrige-
ração dos elementos combustíveis, estes esquentaram demais e fundiram  O Vaso de Pressão do Reator PWR é muito mais resistente.
parcialmente, mas permaneceram confinados no Vaso de Pressão do  O Edifício do Reator (ou Contenção de Concreto) é uma estrutura de
Reator. Houve evacuação parcial (desnecessária) da Cidade. O Governa- segurança, construída para suportar impactos, e não simplesmente um
dor recomendou a saída de mulheres e crianças, que retornaram às suas prédio industrial convencional, como o de Chernobyl.
casas no dia seguinte. Ao contrário do esperado, muitas pessoas quiseram
ir ver o acidente de perto, sendo contidas por tropas militares e pela BIBLIOGRAFIA
polícia. GUIA INTENSIVO DE ENSINO GLOBALIZADO
1º E 2º GRAU – SUPLETIVO E VESTIBULAR
Embora o Reator Angra 1 seja do mesmo tipo do de TMI, ele não corre EDITOR – JACI JOSÉ DELAZERI
o risco de sofrer um acidente semelhante, porque já foram tomadas as EDELBRA – INDÚSTRIA GRÁFICA E EDITORA LTDA.
medidas preventivas que impedem a repetição das falhas humanas causa- ERECHIM - RS
doras daquele acidente. O mesmo acidente não poderia ocorrer em Angra ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Química 80 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
assim a possibilidade de larvas de moscas serem geradas de carne em
decomposição, ou de minhocas se originarem do solo em dias de chuva, ou
de ratos nascidos de camisas velhas. A geração espontânea voltou à moda
no século XX, em plena vigência do paradigma biogênico, mas em nova
versão: a de que a geração espontânea não pode ocorrer nas condições
atuais; mas que a vida se originou nos primórdios do planeta, a partir da
matéria bruta sob condições especiais; e que das formas primitivas então
A crise energética, o efeito estufa, o buraco na camada de ozônio e as geradas descendem as formas de vida atuais.
novas moléstias, como a AIDS, são algumas das questões e desafios que
no final do século XX levaram as ciências biológicas a uma maior interdisci- A base da teoria da vida mais amplamente aceita é a do bioquímico
plinaridade, poder de síntese e precisão. russo Aleksandr Oparin, no livro A origem da vida na Terra, publicado em
1924 e divulgado a partir da versão em inglês, em 1938. Embora a teoria
Biologia é o conjunto das disciplinas que têm por objeto os seres vivos. seja dada como válida, existem detalhes ainda hoje polêmicos e explicações
Estuda portanto a estrutura, as funções, a evolução e as interações das insatisfatórias para certas etapas do fenômeno. Ao que parece, a vida se
várias formas de vida entre si e com o meio circundante. As ciências biológi- originou na atmosfera primitiva, há cerca de dois bilhões de anos.
cas, juntamente com as geológicas, formam a história natural, que pode ser
vista como precursora da moderna ecologia. A teoria mais aceita afirma que o sistema solar originou-se de uma nu-
vem de poeira cósmica e gases, que se condensou em massas mais com-
pactas e com isso produziu enorme quantidade de calor e pressão, que
desencadearam reações termonucleares e transformaram a massa conden-
sada de maior volume no Sol. Os fragmentos que gravitavam a seu redor
formaram os planetas. Durante a condensação do fragmento que deu ori-
gem à Terra, os materiais mais pesados, como o ferro e o níquel, mergulha-
ram para o interior e os mais leves permaneceram na superfície, com gran-
de desprendimento de gases, como hidrogênio, nitrogênio, oxigênio e car-
bono, todos de suma importância para a origem da vida. A atmosfera primiti-
va continha mais hidrogênio que a atual e consequentemente apresentava
menores quantidades de nitrogênio, oxigênio e dióxido de carbono livres,
combinados com o hidrogênio sob a forma de amônia, de vapor de água e
de metano. Os planetas Júpiter e Saturno têm hoje atmosfera semelhante à
primitiva atmosfera da Terra.

Seres vivos e brutos. As diferenças entre um mineral, uma planta e um


animal são evidentes, o que leva a supor que é fácil definir um ser vivo. Mas
um cristal e um vírus podem ter formas similares e assim suscitar dúvidas
sobre a distinção entre ser vivo e ser inanimado e sobre a definição da vida.
Um critério básico para definir um ser vivo é sua capacidade de ajustar-
se ao meio e de extrair dele a energia necessária a suas estruturas e fun-
ções. A homeostase -- termo criado por Claude Bernard no século XIX -- é a
tendência, comum a todas as formas vivas, de manter a estabilidade fisioló-
gica. Todavia, os mecanismos homeostáticos operam dentro de certos
limites de pressão, temperatura, umidade, acidez etc. Esses mecanismos de
regulação põem em funcionamento sistemas que impedem que mudanças
ambientais alterem demasiadamente o estado interno do ser. Assim, uma
árvore pode gerar um córtex mais grosso quando o clima se torna mais frio
ou seco que o habitual; o organismo humano é capaz de sintetizar pigmen-
tos para proteger a pele dos raios solares; alguns animais hibernam quando
o frio os força a um enorme gasto energético.
Há casos em que o controle é feito por mecanismos comportamentais.
Assim, por exemplo, a abelha (Apis mellifera) é capaz de controlar a tempe-
ratura no interior da colmeia por meio da água trazida para dentro e que se Como essa mistura é quimicamente estável, para que ocorressem rea-
evapora graças à ventilação produzida pela vibração das asas de numero- ções capazes de originar as primeiras moléculas orgânicas existentes nas
sas operárias. Espécies de Melipona -- abelhas sociais indígenas -- que formas precursoras de vida havia necessidade de energia externa. A teoria
nidificam em oco de árvores, podem na estação chuvosa mudar suas colô- sobre a origem da vida sustenta que a energia de descargas elétricas gera-
nias para as partes mais altas das cavidades e calafetá-las com cera e das nas tempestades e a proveniente dos raios ultravioleta do Sol, com o
resinas a fim de torná-las impermeáveis. Os térmitas que constroem suas concurso da luz visível e de outras formas de energia, como o calor, provo-
vivendas terrosas nas quentes savanas africanas, modificam continuamente caram uma reação nos gases atmosféricos para proporcionar as moléculas
as aberturas de seus ninhos, de modo a facilitar a termorregulação e circu- orgânicas primordiais. As experiências clássicas do bioquímico americano
lação do ar, para que não se torne viciado e comprometa as culturas de Stanley Miller, em 1953, assim como numerosas outras subsequentes,
fungo, necessárias a sua sobrevivência. realizadas em condições simuladas a partir de uma mistura dos gases que
Outra característica do ser vivo é a auto reprodução. Os seres vivos se supostamente compunham a atmosfera terrestre primitiva, demonstraram
compõem de unidades estruturais simples, as células, que se reproduzem a que é possível obter moléculas orgânicas com alguns aminoácidos, que são
partir de si próprias. Como afirmou o pesquisador prussiano do século XIX os componentes essenciais das proteínas.
Rudolf Virchow, toda célula provém de outra célula. Ainda segundo a teoria, chuvas torrenciais teriam transportado essas
Origem da vida. Poucas questões têm ocupado tanto a ciência quanto a moléculas para os mares e oceanos, onde se acumularam no decorrer de
origem da vida. O experimento clássico de Louis Pasteur descartou de uma milhões de anos. A difusão ajudou o contato entre essas substâncias, que
vez por todas a ideia da geração espontânea e estabeleceu o princípio da em condições adequadas, foram formando as proteínas e outros compostos.
biogênese, segundo o qual a vida provém somente da vida. Descartou-se Esse caldo rico e complexo foi-se concentrando, por meio do fenômeno

Biologia 1 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
denominado coacervação, e formaram gotículas, os chamados coacervados. tes órgãos; a embriologia estuda o desenvolvimento desde a fecundação; a
Não se sabe ainda em que fase esse sistema molecular complexo se tornou paleontologia estuda os fósseis de seres extintos. A ecologia trata das
vivo. Os cientistas consideram os átomos como sistemas dotados de cargas interações dos organismos entre si e com o meio ambiente, seja no nível do
elétricas, que se mantêm unidos e formam moléculas pela energia elétrica indivíduo (auto-ecologia), da população (dinâmica ou ecologia de popula-
das ligações químicas. Todavia os coacervados não têm a capacidade de se ções) e da comunidade ou biocenose (ecologia de comunidades, biocenóti-
auto-reproduzir e de proporcionar a seus sucessores a informação suficiente ca ou sinecologia).
para manter a mesma estrutura nas gerações subsequentes.
Como os diferentes níveis de organização estão estreitamente relacio-
Estudos bioquímicos demonstraram que só existe uma molécula capaz nados, os campos de estudo das ciências biológicas se sobrepõem, isso
de duplicar-se, o ácido desoxirribonucléico (ADN). Para que ocorra a dupli- quando não se cria uma nova disciplina por "hibridação" de outras. Assim, o
cação, no entanto, o ADN precisa estar em contato com determinadas estudo da célula gerou a ciência que se encarrega desse tema, a citologia,
enzimas, que são proteínas especiais. As proteínas não podem reproduzir- que vem cedendo espaço para a biologia celular; quando se registraram os
se, mas são sintetizadas nos organismos a partir de informações contidas primeiros avanços no campo do conhecimento sobre os mecanismos da
no ADN. Por conseguinte, há necessidade de ADN para a produção de herança, nasceu a citogenética, que estuda os mecanismos em nível celular;
proteínas; e de proteínas para o processo de duplicação do ADN. Desse e quando se introduziram métodos químicos de análise, surgiu a citoquími-
dilema nasce o debate entre os vitalistas, para quem os seres vivos têm ca.
alguma característica intrínseca, e os mecanicistas, para quem todo proces-
so biológico pode ser explicado por leis físicas e químicas. O estudo dos fenômenos físico-químicos em que as moléculas dão ori-
gem a transformações químicas compete à bioquímica, à genética molecu-
Método científico aplicado à biologia. Como a maior parte das discipli- lar, à citoquímica, à microbiologia e à virologia. A histologia trata dos tecidos,
nas científicas, a biologia se baseia na observação da natureza. A moderna e tem também numerosas especializações: histopatologia, histoquímica etc.
ciência biológica tem como fundamento a obtenção de dados experimentais No início, o estudo da célula dependeu dos aperfeiçoamentos do microscó-
a partir de cuja comparação os cientistas procuram estabelecer leis que pio óptico, que possibilitava distinguir estruturas de dimensões próximas ao
expliquem os diferentes processos de caráter geral. Colhem-se, por meio micrômetro (milésima parte de um milímetro), e de um conjunto de técnicas
dos sentidos, os dados científicos com os quais são formuladas as teorias e de coloração com que se podia tingir os diferentes orgânulos e substâncias
as leis físicas. Os cientistas reconhecem, entretanto, a imperfeição dos celulares. O surgimento do microscópio eletrônico permitiu distinguir estrutu-
mecanismos sensoriais de percepção. A mera coleta de dados, embora ras de dimensões muito mais reduzidas.
necessária, é insuficiente e as novas informações devem ser integradas a
algum tipo de generalização. Assim, por exemplo, a constatação de que a Interdisciplinaridade e aplicações. Existem estudos biológicos que se
mosca tem três pares de patas, embora seja interessante, é ineficaz en- aproximam de diferentes áreas científicas ou técnicas para somar esforços e
quanto não for integrada a uma generalização, como "todos os insetos têm resolver problemas concretos de estudo. A paleontologia, por exemplo, tem
três pares de patas". servido de ponte entre a biologia e a geologia; a antropologia levou a uma
aproximação com a arqueologia; e a bioquímica reuniu a biologia e química.
Nos estudos biológicos de caráter experimental, uma das principais difi- Também se estabeleceram vínculos com vários ramos da tecnologia, o que
culdades consiste em controlar todas as variáveis que possam influir na deu origem a vertentes muito férteis de trabalho: a biônica, que busca a
realização do fenômeno em análise. O método experimental exige isenção, aplicação de modelos encontrados na natureza à construção de engenhos;
perspicácia, perseverança e geralmente muito trabalho. O conhecimento ou a bio-engenharia, que visa o desenvolvimento de mecanismos para suprir
biológico foi complementado pela utilização de técnicas instrumentais fun- carências causadas por mutilações de órgãos humanos; a cibernética, que
damentadas em outras disciplinas científicas. Os avanços da óptica favore- estuda os princípios comuns que regem o funcionamento dos organismos e
ceram o emprego dos microscópios ópticos, eletrônicos e de varredura, das máquinas, e fornece a base para a robótica. Diversas indústrias utilizam
enquanto a química proporcionou técnicas analíticas de crescente precisão. métodos biológicos para fabricação de diferentes produtos e para a elimina-
Por meio de tais procedimentos, a biologia pôde aprofundar-se no conheci- ção de resíduos. A aplicação da biologia abrange, pois, desde o simples
mento da natureza em dimensões nunca imaginadas pelos antigos pesqui- fermento utilizado no pão, até atividades mais complexas, como o controle
sadores. Também foi fundamental a introdução de métodos de análise de pragas e doenças.
matemática e, em particular, estatística, essenciais para processar os dados
obtidos por observação e experimentação. História da biologia

Ramos da biologia Conhecimentos biológicos empíricos datam da época pré-histórica. Em


sua condição de caçador e coletor, o homem primitivo conheceu diferentes
A biologia compreende muitas disciplinas, pois os seres vivos podem tipos de animais e plantas e, mais especificamente, o comportamento dos
ser estudados em diferentes níveis de sua organização estrutural, desde as primeiros, assim como os períodos de frutificação das espécies vegetais de
moléculas até às comunidades bióticas (ou biocenoses). Entre esses dois que se alimentava. A representação de animais nas pinturas rupestres
extremos estão a célula, os tecidos, os órgãos, os organismos e as popula- demonstra esse interesse biológico. Documentos escritos revelam que os
ções. Os átomos formam moléculas, que formam células, que formam o babilônios da época de Hamurabi, por volta de 1800 a.C., já conheciam o
tecido, e assim por diante, até o nível das comunidades, que, integradas aos dimorfismo sexual das tamareiras. Em papiros e baixos-relevos foram tam-
respectivos biótopos, formam os ecossistemas. O conjunto de todos os bém achadas descrições anatômicas de animais e do corpo humano, assim
biótopos da Terra constitui a biosfera, a qual abriga todos os organismos como estudos sobre os tecidos das plantas cultiváveis. Os antigos egípcios
terrestres. Cada nível apresenta propriedades que lhes são peculiares. Por dispunham ainda de conhecimentos sobre plantas e óleos vegetais, que
isso, a biologia é formada por uma multiplicidade de ciências. aplicavam às técnicas de embalsamamento.
Como só era possível o estudo macroscópico, os objetos de estudo das Grécia e Roma. No século VI a.C., produziu-se um salto qualitativo no
ciências biológicas foram inicialmente os indivíduos. Animais e plantas têm progresso de todos os campos do saber, com o florescimento da cultura na
certas peculiaridades que os diferenciam como objetos potenciais de estudo: Grécia. Por meio da pesquisa e da dedução pretenderam os gregos chegar
os animais são geralmente dotados de movimentos, enquanto as plantas ao conhecimento do mundo e das leis que o regem, numa atitude que
normalmente não. Tal característica torna mais fácil, por exemplo, a coleta constitui a origem da ciência ocidental. Em alguns dos sistemas globais
de plantas (herbários) para estudo. Os animais são mais difíceis de desco- então imaginados, já se percebia uma atitude evolucionista, pois sustenta-
brir, coletar, contar, etc., uma vez que sua posição no habitat muda frequen- vam que os seres vivos se haviam formado a partir da matéria inanimada.
temente. Por isso, desde os primeiros tempos a biologia se organizou em Para Tales de Mileto, tal formação se originava da condensação da água.
dois grandes ramos de saber: a botânica, que é o estudo das plantas, e a Anaximandro, um de seus discípulos, acreditava que os primeiros seres
zoologia, que é o estudo dos animais, embora os interesses dos antigos vivos tinham sido os peixes, formados a partir de lama, os quais, ao aban-
naturalistas nem sempre tivessem tanta nitidez assim. Mais tarde surgiram donarem a água, teriam iniciado o desenvolvimento dos outros animais.
especializações cada vez mais restritivas, como a ictiologia (estudo dos
peixes), a entomologia (estudo dos insetos), a micologia (estudo dos fungos) A escola pitagórica fez importantes estudos anatômicos: Alcmeon de
etc. Também se pode dividir a biologia de acordo com o aspecto estudado. Crotona, um de seus membros, situou no cérebro a sede do intelecto e
Por exemplo, a fisiologia trata das funções e das relações entre os diferen- realizou os primeiros estudos sobre embriões. Na ilha de Cós, onde viveu

Biologia 2 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Hipócrates, considerado o fundador da medicina ocidental, criou-se uma (1543; Sete livros sobre a estrutura do corpo humano). No campo da fisiolo-
importante escola médica, no século V a.C. gia, o espanhol Miguel Servet iniciou o estudo da circulação sanguínea,
concluído no século XVII pelo inglês William Harvey.
Aristóteles, que viveu no século IV a.C., tem importância especial, dada
a influência que suas ideias exerceram mais tarde na Europa. Coube-lhe Por essa época foram publicados tratados de zoologia, como o do suíço
formular o primeiro sistema de classificação dos animais, os quais dividiu em Conrad Gesner, que incluía estudos anatômicos desenhados por Albrecht
animais de sangue e animais sem sangue (em linhas gerais, correspondem Durer, e descreveram-se a flora e a fauna das mais longínquas regiões.
aos atuais vertebrados e invertebrados). Ainda se consideram válidas algu- Ante a grande quantidade de plantas e animais que iam sendo registrados,
mas de suas afirmações, como a da existência de órgãos homólogos (que tornou-se necessário aperfeiçoar os sistemas de classificação. Andrea
se apresentam em diferentes espécies de organismos e que foram herdados Cesalpino, botânico italiano, procurou estabelecer um sistema de diferencia-
de um ancestral comum) e órgãos análogos (que se apresentam em diferen- ção das plantas baseado na estrutura de flores, sementes e frutos. Estabe-
tes espécies de organismos e têm função similar). Outra constatação de leceu assim as primeiras hipóteses sobre os mecanismos de reprodução
Aristóteles ainda vigente no conhecimento biológico é a da adaptação dos vegetais. O suíço Gaspard Bauhin concebeu um sistema em que atribu-
estrutural e funcional dos seres vivos ao meio. ía a cada planta dois nomes: o genérico e o específico. A montagem de
herbários, a que se incorporavam as plantas trazidas por viajantes ou por
expedições científicas, contribuiu bastante para o desenvolvimento da
botânica nessa época. Também foi fundamental a criação de jardins botâni-
cos, geralmente ligados a universidades, como os de Pisa, Bolonha, Leyden,
Oxford e Paris.
Expansão. No século XVIII fundaram-se numerosas sociedades científi-
cas, como a Royal Society britânica ou a Academia de Ciências francesa, e
com elas surgiram as primeiras revistas científicas. Nas discussões entre os
membros dessas instituições, frequentemente se fazia referência a um
instrumento que viria abrir novas portas ao conhecimento biológico: o mi-
croscópio. Com esse aparelho, o italiano Marcello Malpighi examinou grande
quantidade de tecidos animais e vegetais. Em 1665, Robert Hooke desco-
briu a estrutura celular e utilizou pela primeira vez a palavra célula. Os
primeiros microrganismos, inicialmente denominados animálculos, foram
descobertos pelo holandês Antonie van Leeuwenhoek em infusões que ele
mesmo havia preparado. O microscópio também permitiu confirmar a exis-
tência de espermatozóides no líquido seminal. Esta descoberta gerou as
Teofrasto, discípulo de Aristóteles, deteve-se mais no estudo das plan- escolas espermista e ovulista, uma das tendências em que se dividiu a
tas: ocupou-se de sua sistemática, já que agrupou diversas espécies afins; teoria da pré-formação. Os pré-formistas sustentavam que nas células
analisou sua nomenclatura e deu nomes às diferentes partes da planta; sexuais (no espermatozóide, para os espermistas, ou no óvulo, para os
descreveu com precisão a estrutura dos diversos tecidos, pelo que é consi- ovulistas) existia latente uma miniatura do ser vivo. Tal teoria contestava a
derado fundador da anatomia vegetal; e estudou os fenômenos da poliniza- da epigenesia, que defendia a formação gradual do embrião.
ção e do desenvolvimento das sementes, com o que firmou as bases da
embriologia botânica. Outros microscopistas pesquisaram tecidos animais e vegetais. O ho-
landês Jan Swammerdam estudou a anatomia dos insetos e o inglês Nehe-
Com a queda do império de Alexandre, o foco cultural trasladou-se da miah Grew analisou a estrutura das células das plantas. Outro tema de
Grécia para a cidade egípcia de Alexandria, onde se destacaram, no campo controvérsia foi o da geração espontânea. Dois microscopistas, o inglês
da biologia, Erasístrato, que estudou o aparelho circulatório, e Herófilo, que John Turberville Needham e o italiano Lazzaro Spallanzani, isolaram e
dissecou corpos humanos e descreveu o sistema nervoso. cultivaram infusões, e obtiveram resultados opostos. Só no século XIX
Durante a era romana viveram Dioscórides, botânico que escreveu um Pasteur demonstrou cabalmente a impossibilidade da geração espontânea.
tratado sobre ervas medicinais cuja influência perdurou por toda a Idade Durante o século XVIII realizaram-se novos estudos químicos relacio-
Média; Plínio o Velho, cuja História natural, apesar de misturar fatos científi- nados com a biologia. Lavoisier estudou o papel desempenhado pelo oxigê-
cos a lendas e superstições, foi obra respeitada de consulta nos séculos nio na respiração animal e a utilização do dióxido de carbono pelas plantas.
posteriores; e Galeno, cuja obra constituiu o fundamento teórico da prática A importância da luz solar para os processos vitais do mundo vegetal foi
médica, embora suas pesquisas anatômicas não se baseassem no corpo revelada pelo holandês Jan Ingenhousz, descobridor da fotossíntese; pelo
humano, mas no de animais. suíço Nicolas-Théodore de Saussure, que consolidou grande parte dos
Idade Média. Com o fim da civilização romana, a cultura clássica entrou princípios da fisiologia vegetal; e pelo também suíço Jean Senebier, que
em fase de regressão e coube ao mundo árabe a recuperação de um legado observou a liberação de oxigênio pelas plantas.
de conhecimentos mais tarde reintroduzidos na Europa graças às traduções No mesmo século viveu o sueco Carl von Linné, conhecido como Lineu,
do árabe para o latim. Entre os cientistas árabes que intervieram nesse que utilizou o sistema binominal para designar todas as plantas e animais
importante trabalho de ligação destacam-se al-Yahiz, que viveu no século IX catalogados em sua obra Systema naturae (1735; Sistema da natureza),
e elaborou um dos primeiros tratados de zoologia, o Livro dos animais; e que agrupava as diferentes espécies em gêneros, famílias, ordens e classes
Avicena (Ibn Sina), que no século XI redigiu, entre outras obras de interesse sucessivamente e baseava-se na semelhança de certas características
capital, o Cânon de medicina, paradigma da ciência biológica medieval. concretas que escolhera, como a forma da flor, no caso das plantas, ou a
Nos séculos XII e XIII reativou-se a cultura europeia, fundaram-se esco- forma e o número de dentes e dedos, para os animais.
las e universidades. Surgiram figuras como santo Alberto Magno e Roger Durante o século XVIII e início do século XIX realizaram-se numerosos
Bacon. O primeiro escreveu tratados sobre animais e plantas, baseados estudos de anatomia comparada com o fim de verificar as semelhanças
principalmente nos escritos de Aristóteles. Durante o século XIV começaram existentes entre as diversas espécies animais. Destacaram-se nesse campo
a ser feitas dissecações de cadáveres, o que fez a anatomia progredir o inglês Edward Tyson e o francês Georges Cuvier. Este último compreen-
acentuadamente. deu a relação entre as diferentes partes de um mesmo animal, o que possi-
Renascimento. Durante o século XVI, fatores como o êxodo dos sábios bilitou deduzir a forma do animal completo a partir de um pequeno resto. Tal
bizantinos para o Ocidente, depois da conquista de Constantinopla pelos recurso constitui fator fundamental para o estudo dos fósseis. O próprio
turcos, e a invenção da imprensa propiciaram novo impulso ao estudo da Cuvier, com suas Recherches sur les ossements fossiles des quadrupèdes
natureza em geral e da biologia em particular. O anatomista flamengo An- (1812; Pesquisas sobre as ossadas fósseis de quadrúpedes), estabeleceu o
dreas Vesalius ensinou na Universidade de Pádua, onde realizou estudos universo precursor da ciência que se ocupa do estudo dos fósseis, a paleon-
anatômicos, relatados na obra De humani corporis fabrica libri septem tologia.

Biologia 3 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Muitos fatores influíram na divisão dos biólogos em diferentes correntes segunda metade do século XX, graças principalmente ao trabalho do inglês
de opinião, frequentemente opostas. Entre esses fatores incluem-se as Charles Elton, fundador da ecologia animal, e do americano Robert MacAr-
afinidades anatômicas entre animais de diferentes espécies, como por thur, um dos pioneiros da ecologia geográfica.
exemplo as que foram identificadas por Tyson entre o homem e o chimpan-
zé; a hipotética existência de uma hierarquia para todos os seres vivos, que Os trabalhos do monge austríaco Gregor Johann Mendel constituíram o
levou Leibniz a predizer a descoberta de formas de transição entre as plan- núcleo a partir do qual se desenvolveu a genética moderna. Para executar
tas e os animais; e o achado de fósseis de animais extintos. Sobre esse seus experimentos, Mendel adquiriu em casas especializadas sementes de
último ponto, houve duas correntes: a dos catastrofistas, entre os quais 34 variedades puras de ervilhas. Para assegurar-se de que estava lidando
Cuvier, que viam nas catástrofes naturais a explicação para a fossilização com variedades verdadeiramente puras, cultivou-as durante vários anos,
dos animais, e a dos que, como o conde de Buffon, atribuíam à influência do antes de iniciar suas experiências. Constatou então que o fenômeno encai-
habitat, do clima ou dos alimentos a transformação de certos seres vivos em xava-se em regras simples, que o botânico holandês Hugo de Vries chamou
outros. de leis de Mendel, primeiras leis da herança genética e também primeiras
leis quantitativas em biologia.
Um novo passo na formulação das ideias evolucionistas foi dado por
Jean-Baptiste de Monet Lamarck, que em sua Philosophie zoologique (1809;
Filosofia zoológica) afirmou que o meio modifica plantas e animais; chegou
assim à lei do uso e desuso. Baseado na herança de caracteres adquiridos,
sustentava ele que mudanças ambientais demandariam uma utilização dos
órgãos, os quais se tornariam mais desenvolvidos, e as transformações
seriam então transmitidas para a prole do organismo. A falta de uso dos
órgãos levaria a retrocessos.
Finalmente, as ideias transformistas se consolidaram na teoria de Char-
les Darwin, exposta em seu livro On the Origin of Species by Means of
Natural Selection (1859; Sobre a origem das espécies por meio da seleção
natural). Baseado em uma vasta coleção de dados, coligidos em vários
lugares do mundo e na ampla competência teórica adquirida durante anos
de pesquisas, Darwin afirmou nessa obra que, dentro da enorme variedade
que se observa numa mesma espécie, o meio seleciona os indivíduos mais
aptos à sobrevivência, os quais transmitem à descendência suas próprias
características.
As obras de dois pesquisadores, Thomas Robert Malthus e Charles
Lyel, tiveram profunda influência na origem e desenvolvimento das ideias
evolucionistas de Darwin. A obra de Malthus, intitulada An Essay on the
Principle of Population (1798; Ensaio sobre o princípio da população), foi
publicada em Londres e logo provocou grandes discussões em todo o
mundo científico da época. Lyel, fundador da geologia, publicou também em
Londres o livro Principles of Geology (1832; Princípios de geologia), também
de ampla repercussão.
Além do grande avanço conceitual proporcionado pelas teorias evoluci- Século XX. O emprego de instrumentos avançados, como o microscópio
onistas de Darwin e de outros naturalistas, como Alfred Russell Wallace, o eletrônico, os recursos da informática e as técnicas de análise química e
século XIX foi fecundo para a biologia em muitos outros campos. À luz das física de crescente sensibilidade e exatidão, assim como o aumento de
descobertas do alemão Christian Heinrich Pander e do estoniano Karl Ernst capacitação dos biólogos, fizeram com que a pesquisa biológica no século
von Baer em seus estudos sobre embriologia, descartaram-se as ideias pré- XX alcançasse o nível molecular e que avançasse também, sem perda do
formistas. Estabeleceram-se as bases da teoria celular, segundo a qual rigor analítico, na compreensão de fenômenos mais gerais, como os bioge-
todos os organismos se compõem de células. Essa teoria foi aplicada às ográficos e ecológicos. Depois de formulada a teoria da herança, em que se
plantas por Matthias Jakob Schleiden e aos animais por Theodor Schwann. ligavam as investigações de Mendel com os estudos celulares sobre os
Virchow afirmou que toda célula provém de outra célula e deu um impulso à processos de divisão, estabeleceram-se as bases da genética molecular.
patologia celular ao relacionar algumas doenças com processos celulares Essa disciplina estuda o material que integra os cromossomos e o modo
anormais. pelo qual a informação neles contida se transmite nos processos de consti-
tuição da estrutura do indivíduo. Graças aos trabalhos de James Dewey
Hugo von Mohl descobriu a existência de um núcleo e de um proto- Watson e Francis Crick, na década de 1950, descobriu-se o ADN. ©En-
plasma na célula. Também se estudou o processo da mitose, pelo qual uma cyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
célula se divide em duas, nos animais (Walther Flemming) e nas plantas
(Eduard Strasburger). O zoólogo alemão Hermann Fol descreveu o proces- Zoologia
so de fecundação do óvulo pelo espermatozóide, e o citologista belga Pode-se dizer que o homem primitivo se fez zoólogo naturalmente, pela
Edouard van Beneden, o da meiose, para formar os gametas. Outro avanço necessidade de conhecer bem tanto os animais de que podia depender para
fundamental no campo das ciências biológicas resultou do trabalho de alimento e vestuário, como aqueles de que devia fugir. A anatomia e a
Pasteur, que demonstrou o papel desempenhado pelos microrganismos no zoologia acham-se presentes na arte do homem primitivo, intimamente
desenvolvimento de doenças infecciosas e realizou estudos sobre a fermen- ligada a sua vida e seu meio. A domesticação e a criação dos animais, que
tação, a partir dos quais Eduard Buchner conseguiu isolar uma das enzimas exigiam mais observação e até mesmo certo grau de experimentação,
participantes desse processo. decerto aumentaram os conhecimentos do homem caçador e contribuíram
Em fins do século XIX, o dinamarquês Johannes Eugenius Bulow War- para a formação de uma cultura zoológica. Tão importantes se tornaram os
ming publicou Plantesamfund gundträk af den öekologiske pplantegeografi animais para a vida humana, que muitos foram deificados e serviram de
(1895; Geografia vegetal ecológica), onde apareceu pela primeira vez o base à criação de mitos.
termo "ecologia", cunhado por Ernst Haeckel, junto com uma ampla discus- Zoologia é o ramo das ciências biológicas que se ocupa do estudo do
são teórica que redundou na fundação d a ecologia. Outro pesquisador que reino animal em seus múltiplos aspectos. Abrange todas as formas de
muito contribuiu para as bases dessa ciência foi o botânico alemão Andreas estudo relativas a animais -- não apenas os componentes do corpo animal e
Schimper, que publicou Pflanzengeographie auf physiologisher Grundlage os processos vitais que o sustentam, mas também as relações que mantêm
(1898; Geografia vegetal em bases fisiológicas). Vários cientistas, sobretudo os animais ou grupos de animais entre si e com o meio ambiente. Devido a
fitogeógrafos, em atividade nos fins do século XIX e início do século XX, sua grande abrangência, a zoologia em geral se divide em numerosas
ajudaram a consolidar esse ramo da biologia. A ecologia desenvolveu-se na

Biologia 4 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
subdisciplinas das quais as principais incluem citologia, embriologia, morfo- dos, há também diversas disciplinas especiais, tais como a ictiologia, estudo
logia, fisiologia, patologia, paleontologia, genética e evolução, taxionomia, dos peixes; a herpetologia, dos répteis; a ornitologia, das aves; e a masto-
etologia (estudo do comportamento animal), ecologia e zoogeografia. zoologia, dos mamíferos.
Além das pesquisas concretas e específicas em cada um dos diversos Métodos de estudo e pesquisa. A observação direta constitui o primeiro
campos de que trata, a zoologia tenta responder a uma série de questões método de estudo utilizado pelo homem tanto para investigar o reino animal
básicas, tais como: o que é um animal e em que se diferencia essencialmen- quanto o mundo natural em geral. De fato, é essa a primeira etapa na for-
te dos demais seres vivos; que tipos ou padrões básicos de organização mação de toda ciência e, no caso de algumas disciplinas, como a etologia,
animal existem e como se agrupam as diversas formas para dar lugar a continua a ter importância fundamental. Nos tempos modernos, muitos
grandes troncos aparentados entre si; que fatores governam ou influenciam instrumentos ampliaram de maneira notável essa capacidade de observa-
a evolução e a distribuição das espécies animais ao longo do tempo; e que ção, básica em qualquer trabalho de campo: câmaras fotográficas equipa-
relações ecológicas mantêm essas espécies e com outros grupos de ani- das com teleobjetivas ou simples binóculos são ferramentas insubstituíveis
mais e plantas e com o meio em que se desenvolvem. para o conhecimento do comportamento dos vertebrados terrestres em seu
meio ambiente, nos estudos da distribuição de espécies e nas pesquisas
Ramos da zoologia. Dada a amplitude de aspectos implicados numa vi- ecológicas e de comportamento.
são científica do mundo animal, são múltiplas as ciências e ramos, auxiliares
ou básicos, gerais ou especiais, que contribuem para o conhecimento zoo- A dissecação constitui outra das técnicas mais importantes da zoologia
lógico. O aspecto externo, a morfologia, a estrutura e a organização inter- e durante séculos a única, além da observação direta. Bisturis, agulhas,
nas, em suas partes puramente descritivas, correspondem à anatomia pinças, tesouras etc. são alguns dos utensílios empregados em tais práticas.
externa e interna. A biofísica e a bioquímica, desenvolvidas nas últimas A invenção do microscópio representou uma revolução, pois com esse
décadas do século XX, consideram em sua aplicação à zoologia os aspec- instrumento os animais mais diminutos, como os protozoários, e as estrutu-
tos físicos e químicos de constituição e funcionamento dos animais e elabo- ras histológicas mais finas se tornaram pela primeira vez acessíveis ao olho
ram modelos mais ou menos abstratos e em grande medida desligados de humano. As lupas são também valiosos instrumentos de trabalho para o
suas coordenadas anatômicas ou descritivas. zoólogo.
A histologia animal investiga a estrutura, formação e distribuição dos te- Nos trabalhos de zoologia, torna-se necessária a captura de animais,
cidos animais, enquanto a citologia animal faz o mesmo em relação às vivos ou mortos, para que se possa proceder a seu estudo e classificação.
células, consideradas como unidades. Nesse sentido, aprofunda o estudo Para isso, foram utilizados todo tipo de artefatos, desde armadilhas e redes
das propriedades e características orgânicas e funcionais que distinguem as até fuzis para injetar a distância agentes anestésicos e soníferos. Uma vez
células animais das vegetais. Essas últimas são capazes de fotossíntese, o capturados, os exemplares mortos devem ser conservados e preparados,
que lhes permite sintetizar o próprio alimento a partir de materiais inorgâni- para o que se empregam líquidos como o formol, o álcool etc., capazes de
cos. Além disso, as células vegetais são fortemente vacuoladas, com abun- impedir a decomposição dos tecidos. Muitos grupos animais são dotados de
dância de grânulos nos quais se acumulam amidos e outras substâncias de exosqueletos, como acontece com os insetos, e de carcaças, como os
reserva, e apresentam uma parede celulósica que as priva de mobilidade e moluscos gastrópodes e bivalves, o que facilita a sua conservação. As
flexibilidade. A célula animal não dispõe de tal suporte externo nem apresen- coleções entomológicas e malacológicas, entre as mais conhecidas, assim
ta tão grande número de grânulos nem de cloroplastos (corpúsculos nos como a montagem de esqueletos, no caso dos vertebrados e das práticas
quais se verifica a fotossíntese). de taxidermia, permitem dispor ordenadamente o material zoológico coleta-
do.
Outras ciências biológicas gerais e fundamentais para a compreensão
do fenômeno animal são: a genética, que estuda os mecanismos da herança Além dessas técnicas, a zoologia moderna utiliza complexos procedi-
dos caracteres biológicos; a fisiologia animal, cujo objeto de estudo são os mentos bioquímicos para analisar as proteínas de uma determinada espécie
processos que ocorrem no organismo animal e permitem seu funcionamen- e compará-las com as de outras (cromatografia de aminoácidos e eletrofore-
to; e a embriologia, que tem por objeto o desenvolvimento do animal desde se) com o objetivo de determinar seu parentesco. Também utiliza métodos
seus primeiros estágios de vida, quando não passa de um conjunto de biométricos (medição das distintas partes orgânicas e correlação); técnicas
células proveniente da segmentação do óvulo fecundado, a mórula, até fisiológicas (avaliação da taxa metabólica, respiratória, das funções digesti-
atingir a estrutura e aspecto definitivos. vas, excretoras etc.); e aparelhos como o radar (evolução da migração de
aves), a câmara cinematográfica, o gravador (estudos de comportamento,
A ecologia se ocupa da relação entre os animais e seu meio, este com- canto de aves, sons etc.) e o rádio, para o acompanhamento de mamíferos
preendido como o conjunto de fatores, tanto abióticos quanto biológicos, que em seu meio natural, por exemplo, para o que se coloca no animal um colar
constituem o ambiente em que vivem. Tal disciplina implica um nível de emissor de ondas de rádio.
complexidade superior ao individual e abrange comunidades e populações,
que são as unidades ecológicas básicas. A etologia trata do comportamento Importância da zoologia. A zoologia, além de ser uma ciência com peso
animal e, apesar de ser uma ciência recente, constitui uma das áreas mais específico dentro da biologia, reveste-se de grande importância para o
fecundas e promissoras da zoologia, tendo esclarecido problemas funda- homem em muitas outras áreas, da economia à cultura.
mentais relacionados à linguagem animal, à territorialidade, às normas
sociais, ao comportamento reprodutor e migratório e às causas da agressi- No campo da medicina e da saúde, são numerosos os produtos e subs-
vidade. A zoogeografia se liga estreitamente a essas duas ciências e tenta tâncias de origem animal descobertos pelas pesquisas zoológicas que se
esclarecer os fatores que intervêm na distribuição geográfica dos animais no revelaram de extrema utilidade para o tratamento de enfermidades, fabrica-
planeta, assim como as leis profundas que regem tal distribuição. ção de soros, correção de deficiências endócrinas etc. e que incluem desde
hormônios até venenos extraídos de serpentes. A experimentação com
A paleozoologia, que investiga as formas animais das eras geológicas animais com objetivos médicos e farmacológicos (testes de vacinas, remé-
passadas e sua evolução no decorrer do tempo, e a taxionomia, ou sistemá- dios etc.) é amplamente difundida. Outra aplicação de grande importância
tica, cuja tarefa é traçar as grandes linhas de parentesco entre os compo- constituem os estudos parasitológicos e epidemiológicos, estes últimos no
nentes do reino animal, completam o quadro de disciplinas básicas que que se refere à transmissão e veiculação de agentes patogênicos por alguns
contribuem para o caudal comum de conhecimentos da zoologia. animais.
Outros ramos da ciência zoológica dizem respeito a áreas ou grupos Na agropecuária, o conhecimento proporcionado pela zoologia sobre as
específicos dentro do estudo do reino animal. Entre elas estão a parasitolo- pragas da lavoura, sua biologia, ciclos vitais, inimigos naturais etc. fornece a
gia, cujo campo de trabalho se centra em organismos animais que vivem à base para erradicá-las. Igualmente úteis são as pesquisas sobre os insetos
custa de outros, causando-lhes prejuízo; a protozoologia, ciência que estuda e aves polinizadoras, as espécies benéficas para os campos, a influência de
os animais unicelulares ou protozoários; a helmintologia, que se refere aos muitos animais na melhoria da estrutura dos solos e as possibilidades de
vermes, categoria não-sistemática na qual se incluem representantes de domesticação e aproveitamento de mamíferos herbívoros autóctones em
diferentes tipos, tais como os platelmintos, asquelmintos e anelídeos; a zonas nas quais o gado doméstico apresenta baixos rendimentos e provoca
malacologia, que investiga os moluscos; a entomologia, relativa aos artrópo- graves alterações ecológicas.
des e, mais concretamente, aos insetos etc. No que se refere aos vertebra-

Biologia 5 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
As aplicações industriais e científicas dos resultados dos estudos zooló- O problema da evolução das espécies (deve-se o conceito de espécie
gicos são múltiplas e abrangem uma ampla gama de produtos e substân- ao britânico John Ray) foi objeto de estudo rigoroso pela primeira vez por
cias, desde corantes e tintas (obtidos de cochonilhas, gastrópodes e outros) Jean-Baptiste Lamarck, que propôs em sua obra Philosophie zoologique
até gorduras, espermacete, peles etc. A reprodução de modelos básicos de (1809) a denominada teoria do transformismo, que defendia a transmissão
muitos animais na fabricação de máquinas e instrumentos deu origem a uma hereditária dos caracteres adquiridos. A questão foi um dos principais temas
nova ciência, a biônica. de debate científico ao longo do século XIX e culminou na teoria da evolu-
ção elaborada de forma independente por Alfred Russel Wallace e Charles
Também no aspecto cultural, o papel desempenhado pela zoologia não Darwin. O primeiro lançou os fundamentos da zoogeografia, após pesquisar
é nada desdenhável. Reservas, jardins zoológicos, aquários e outros centros um amplo material biológico durante suas explorações no arquipélago
e instalações semelhantes desempenham importante função educadora e malaio. O segundo, autor da célebre obra On the Origin of Species (1859;
divulgadora e contribuem para ampliar a visão intelectual de uma porção Sobre a origem das espécies), produziu ainda inúmeras monografias de
cada vez maior da sociedade para a qual o acesso ao meio natural é pro- considerável importância, sobretudo no que se refere à biologia de certos
gressivamente mais difícil e esporádico. grupos de crustáceos e insetos, a teoria das formações de coral e a descri-
História. A zoologia não existiu como ciência até os trabalhos de Aristó- ção dos mamíferos fósseis da Patagônia, entre outros temas.
teles, o primeiro a descrever de forma sistemática numerosas espécies A pesquisa de fósseis permitiu o desenvolvimento da paleozoologia, ci-
animais e a estudar problemas como a reprodução e sua classificação em ência bastante beneficiada pelos trabalhos do francês Georges Cuvier, autor
diferentes grupos segundo o grau de semelhança. de estudos de anatomia comparada e idealizador do conceito de plano de
Já nos primeiros anos da era cristã, destacou-se como naturalista Plínio organização, ou padrão geral estrutural e orgânico, a que pareciam obede-
o Velho, que resumiu os conhecimentos zoológicos de sua época na obra cer grandes grupos de animais. Cuvier distinguiu quatro grandes planos
Historia naturalis, na qual reuniu inúmeras descrições de animais, uns reais organizacionais: o dos radiados, o dos moluscos, o dos articulados (depois
e outros mitológicos, pois incluía em sua relação unicórnios e grifos, entre artrópodes) e o dos vertebrados. Outro que deu grande contribuição à
outros seres fabulosos. Essa falta de rigor deu início a uma tradição que paleozoologia foi o britânico Richard Owen.
prosseguiu nos bestiários medievais, em que eram representados seres Muitos outros nomes se destacam pela importância de suas contribui-
imaginários, desde harpias e centauros até dragões e quimeras, e depois ções ao conhecimento da biologia animal: Rudolf Leuckart, que estudou os
nos relatos de viajantes e nas crônicas de comerciantes e aventureiros que celenterados, assim como os ovos dos insetos e o fenômeno da partenogê-
alimentaram a imaginação de muitas gerações, na Idade Média e no início nese, em consequência da qual as fêmeas se reproduzem sem a interven-
da idade moderna. ção dos machos; Christian Gottfried Ehrenberg, que distinguiu os protozoá-
A partir do Renascimento, o saber humano experimentou um notável rios de outros animais microscópicos pluricelulares; Karl Theodor von Sie-
desenvolvimento que levou à criação do método científico, ao desenvolvi- bold, que se notabilizou no estudo da anatomia comparada dos invertebra-
mento e expansão da investigação direta e à observação do mundo natural dos; e Ernst Heinrich Haeckel, que enunciou a chamada lei biogenética
como única forma válida de conhecimento, além das afirmações dogmáticas fundamental (também chamada teoria da recapitulação), segundo a qual o
e daquelas baseadas em autoridades de outras épocas, entre elas o próprio desenvolvimento do ser desde a fecundação até a maturidade para a repro-
Aristóteles. Na medicina, expandiu-se a prática da dissecação, procedimen- dução é uma recapitulação das fases sucessivas pelas quais passou a
to também seguido pelos naturalistas e que abriria à ciência aspectos até espécie a que pertence em sua evolução.
então desconhecidos da estrutura e do funcionamento dos seres vivos. Principais grupos animais. O reino animal se divide em grandes grupos,
As explorações geográficas, que se sucederam ao longo da idade mo- cada um dos quais tem a categoria de filo e representa um modelo estrutural
derna, levaram a conhecer novas faunas, com formas animais mais surpre- ou padrão organizacional básico claramente diferenciado. A classificação do
endentes do que as mais fantásticas criações antigas, o que estimulou mundo animal está longe de ser definitiva, pois existem grupos de posição
relatórios científicos, viagens subvencionadas por academias e governos, e duvidosa, seja pela apresentação de caracteres híbridos entre dois ou mais
obras enciclopédicas como a de George-Louis Leclerc, conde de Buffon. Em tipos, seja por apresentar características próprias mas cujo peso específico
sua Histoire naturelle générale et particulière, de mais de trinta volumes e do ponto de vista taxionômico não está claro. Por essa razão, as classifica-
cuja publicação teve início em 1749, Buffon ofereceu uma ampla mostra, ções zoológicas variam de acordo com seus autores.
com frequência mais pitoresca que rigorosa, de tudo o que a ciência zooló- Apesar dessas divergências, pode-se considerar os seguintes filos cla-
gica de sua época reconhecera e estudara. ramente definidos: (1) protozoários, que incluem os animais unicelulares,
Produtos das viagens de exploração pela América, realizadas em sua como as amebas e os tripanossomos; (2) poríferos ou espongiários, plurice-
maior parte por naturalistas espanhóis, como as obras de José de Acosta, lulares, que incluem as esponjas, as quais vivem fixas sobre um substrato e
entre outros, deram a conhecer à Europa a rica e variada fauna do Novo se nutrem das partículas deslocadas pela água quando esta penetra através
Mundo. A criação de laboratórios de zoologia e de museus nas principais dos numerosos poros que possuem no corpo; (3) celenterados ou cnidários,
universidades europeias, assim como de ricas coleções com base nas quais como as hidras, medusas e corais; (4) ctenóforos, em muitos aspectos
se elaboraram as primeiras classificações exaustivas, foi habitual ao longo semelhantes aos anteriores, mas distintos em estrutura e biologia; (5) pla-
dos séculos XVI e XVII. telmintos, vermes achatados como as planárias e as tênias, muitos dos
quais parasitas do homem e de outros animais; (6) nemertinos, longos e
O chamado sistema binominal, método de classificação idealizado pelo estreitos vermes dotados de uma pequena estrutura em forma de tromba;
botânico sueco Lineu, abriu seu caminho pouco a pouco, por sua simplicida- (7) asquelmintos, vermes em geral cilíndricos, entre os quais se encontram
de e eficácia, tanto em botânica quanto em zoologia. De acordo com tal as lombrigas e os rotíferos, estes últimos microscópicos; (8) anelídeos ou
método, atribuía-se um nome científico composto de dois termos latinos, o vermes cilíndricos com cavidade entre os órgãos internos e a parede do
primeiro para designar o gênero e o segundo a espécie, de maneira que corpo, ao qual pertencem as poliquetas marinhas, minhocas e sanguessu-
cada ser vivo poderia ter a sua denominação, que também levava em conta gas; (9) moluscos, animais providos de uma carcaça calcária em forma de
seu parentesco genérico. espiral, de duas valvas ou reduzido a uma haste cartilaginosa ou coriácea
A invenção do microscópio e sua utilização por pesquisadores como An- interna; (10) artrópodes, dotados de apêndices articulados, como os crustá-
tonie van Leeuwenhoek permitiu aos zoólogos a descoberta de um novo ceos, aracnídeos, insetos e miriápodes; (11) equinodermos, com esqueleto
mundo de animais imperceptíveis a olho nu, tais como os protozoários, calcário sob a primeira camada epitelial, grupo em que estão as estrelas do
estágios larvares de numerosas classes, rotíferos etc., assim como as mar, ouriços, os holoturóides, os ofiúros e os crinóides; (12) hemicordados,
células reprodutoras (óvulos e espermatozóides). Georg Augustus Goldfuss marinhos e com aspecto de vermes, como o balanoglosso; (13) quetógna-
incluiu mais tarde no conceito de protozoários outros animais que têm em tos, marinhos e planctônicos; (14) pogonóforos, marinhos, com tentáculos
comum com esse grupo o único fato de serem microscópicos, como ocorre filiformes; e (15) cordados, no qual se encontram os vertebrados, integrados
com os rotíferos, que depois passaram a ser incluídos no grupo dos asque- pelos ciclostomados ou lampreias, os condrictes (peixes cartilaginosos), os
lmintos. osteíctes (peixes de esqueleto ósseo), os anfíbios, os répteis, as aves e os
mamíferos. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Biologia 6 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
• MOLÉCULAS, CÉLULAS E TECIDOS – ESTRUTURA E FISIO- Ion Papel Biológico
Cálcio Atua na coagulação do sangue e participa da
LOGIA CELULAR: MEMBRANA, CITOPLASMA E NÚCLEO.
estrutura do esqueleto
DIVISÃO CELULAR. ASPECTOS BIOQUÍMICOS DAS ESTRU- Ferro Faz parte da composição de hemoglobina (pig-
TURAS CELULARES. ASPECTOS GERAIS DO METABOLISMO mento do sangue). Componente de substâncias
CELULAR. METABOLISMO ENERGÉTICO: FOTOSSÍNTESE E importantes na respiração e na fotossíntese
RESPIRAÇÃO. CODIFICAÇÃO DA INFORMAÇÃO GENÉTICA. (citocromos)
SÍNTESE PROTEICA. DIFERENCIAÇÃO CELULAR. PRINCIPAIS Fosfato Componente estrutural dos ácidos nucléicos e da
TECIDOS ANIMAIS E VEGETAIS. ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS molécula do ATP. Participa também da estrutura
CÉLULAS. NOÇÕES SOBRE CÉLULAS-TRONCO, CLONAGEM do esqueleto
E TECNOLOGIA DO DNA RECOMBINANTE. APLICAÇÕES DE Sódio e Tem ativa participação na transmissão do impulso
BIOTECNOLOGIA NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS, FÁRMA- Potássio nervoso através dos neurônios
COS E COMPONENTES BIOLÓGICOS. APLICAÇÕES DE TEC- Os sais minerais são obtidos através da ingestão de água e juntamen-
NOLOGIAS RELACIONADAS AO DNA A INVESTIGAÇÕES te com os alimentos.
CIENTÍFICAS, DETERMINAÇÃO DA PATERNIDADE, INVESTI-
Compostos Orgânicos da Célula
GAÇÃO CRIMINAL E IDENTIFICAÇÃO DE INDIVÍDUOS. AS-
PECTOS ÉTICOS RELACIONADOS AO DESENVOLVIMENTO Carboidratos ou hidratos de carbono
BIOTECNOLÓGICO. BIOTECNOLOGIA E SUSTENTABILIDADE. São compostos orgânicos formados por carbono, hidrogênio e oxigê-
nio. Constituem as principais estruturas produzidas pelo processo de
Composição Química da Célula fotossíntese.
A composição química dos seres vivos é estudada pela parte da biolo- Os carboidratos desempenham basicamente função energética. Eles
gia chamada Bioquímica. Os componentes químicos da células são dividi- também apresentam função estrutural. Eles são classificados em três
dos em inorgânicos e orgânicos: grupos: monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos.
Compostos Inorgânicos Compostos orgânicos a) Monossacarídeos - constituem açucares simples que não sofrem
Carboidratos hidrólise. Apresentam geralmente a fórmula geral Cn (H2O)n, sendo que n
Água Lipídios varia de 3 a 7.
Sais minerais Proteínas
Ácidos nucléicos Conforme o número de átomos de carbono, os monossacarídeos de-
nominam-se trioses, tetroses, pentoses, hexoses e heptoses.
Compostos inorgânicos das Células
As pentoses e as hexoses são os monossacarídeos mais importantes
Água para os seres vivos. A ribose e a desoxirribose são pentoses que partici-
pam das moléculas dos ácidos nucléicos. Entre as hexoses destacam-se a
É a substância encontrada em maior quantidade na matéria viva. A ta-
glicose (mais importante fonte de energia para as células), frutose e galac-
xa de água nos organismos varia conforme três fatores:
tose (ambas também tem papel energético).
Atividade metabólica de um determinado tecido ou órgão: as células
b) Oligossacarídeos - constituem os carboidratos formados a partir da
nervosas do cérebro humano têm cerca de 78% de água, enquanto as
reunião de duas a dez moléculas de monossacarídeos. Estes se unem
células dos ossos que têm menos atividade apresentam 40% de água.
através de ligações chamadas glicosídicas. Os oligossacarídeos mais
Com a idade: quanto mais jovem for o organismo maior será a quanti- importantes são os dissacarídeos, como a sacarose (glicose + frutose),
dade de água dentro de uma mesma espécie. O encéfalo do embrião tem lactose (glicose + galactose), maltose (glicose + glicose).Ambos têm papel
92% de água, enquanto o do adulto, 78%. energético.
Com a espécie: na espécie humana a água representa 65% do seu c) Polissacarídeos - são carboidratos constituídos por várias molécu-
corpo, nas águas vivas ela representa 98%. las de monossacarídeos unidos entre si por ligações glicosídicas.
Funções da Água A celulose e a quitina são polissacarídeos que têm função estrutural. O
amido é o polissacarídeo de reserva energética dos vegetais, enquanto o
 Solvente universal nos líquidos orgânicos. glicogênio representa a reserva energética dos animais.
 Meio de transporte de aquisição e eliminação de substâncias.
Lipídios - são compostos orgânicos que se caracterizam por serem in-
 Atua nas reações de hidrólise. solúveis na água e solúveis em solventes orgânicos como éter, álcool,
 Contribui para manter a temperatura do corpo dos seres vivos. clorofórmio e o benzeno.
 Age como lubrificante, estando presente em regiões onde há Os lipídios armazenam energia e também participam da constituição
atritos, nas articulações entre os ossos, por exemplo. das membranas celulares, tendo portanto função energética e estrutural,
respectivamente. Os lipídios resultam da união de ácidos graxos e álcoois.
A água é obtida pelos seres vivos através da ingestão direta ou indire-
tamente através dos alimentos Veja no quadro abaixo, a classificação dos lipídios:
Sais Minerais Grupos de Lipídios Papel Biolóqico
Glicerídios Compreendem os óleos e gordura. Têm
Os sais minerais são substâncias que regulam o metabolismo celular.
função energética
Eles são encontrados sob duas formas básicas: insolúveis e solúveis.
Cerídeos Compreendem as ceras.
a) Forma insolúvel - eles acham-se imobilizados fazendo parte da Impermeabilizam superfícies sujeitas a desi-
estrutura do esqueleto, tais como ossos, carapaças, etc. O fosfato de cálcio dratação tais como folhas, frutos, etc.
é um sal encontrado em abundância nos ossos dos vertebrados contribuin- Esteróides Compreendem os lipídios que contêm coleste-
do para a sua rigidez. rol, é o caso dos hormônios sexuais (proges-
terona e testosterona) e os corticosteróides
b) Forma solúvel - eles acham-se dissolvidos na água formando
fabricados pela supra-renal.
íons. E nessa forma que eles desempenham importantes papéis biológicos
Lipídeos complexos Compreendem os fosfolipídios. Eles entram
nos seres vivos. Veja no quadro abaixo, alguns íons com o seu respectivo
na constituição das membranas celulares.
papel biológico.

Biologia 7 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Proteínas - são compostos orgânicos formados por unidades denomi- Não possuem núcleo e nem organelas membranosas (mitocôndrias,
nadas aminoácidos unidos entre si através de ligações peptídicas. retículo endoplasmático, complexo de Golgi).
Os aminoácidos são classificados em: essenciais e não essenciais. O citoplasma não se apresenta dividido em compartimentos, como
São consideradas essenciais, aqueles que os animais não produzem, mas ocorre nas células eucarióticas
que devem fazer parte da alimentação. Os não essenciais são aqueles que
os animais sintetizam. Possuem DNA livre no citoplasma (um único cromossomo em forma
circular)
Representação Geral de um Aminoácido
Os organismos formados por células procarióticas (procariontes) são
sempre unicelulares
São representadas pelas bactérias, incluindo as cianobactérias, que
também são chamadas de cianofíceas e algas azuis
A célula procariótica mais estudada é a bactéria Escherichia coli, devi-
do à sua simplicidade estrutural, rapidez de multiplicação e por não ser
patogênica. É encontrada no trato gastrointestinal humano
Células eucarióticas

Os aminoácidos possuem uma carboxila (COOH) e um grupo amina Possuem citoplasma (revestido pela membrana plasmática) e núcleo
(NH2). As proteínas são constituídas por vinte tipos e aminoácidos. Eles (revestido pelo envoltório nuclear), entre os quais há um fluxo constante de
diferem entre si através dos radicais R. moléculas, nos dois sentidos.
Classificação das Proteínas Muitas reações metabólicas ocorrem dentro de compartimentos estru-
As proteínas se classificam em dois grupos: simples e conjugadas. turais, isoladas, já que os eucariontes contêm membranas internas envol-
vendo organelas
Proteínas simples - aquelas constituídas exclusivamente por aminoá-
cidos. Ex.: albuminas, histonas, etc. Por exemplo, as mitocôndrias e o complexo de Golgi, bem como o re-
tículo endoplasmático.
Proteínas conjugadas - aquelas formadas por aminoácidos mais outro
componente não protéico, denominado grupo prostético. Ex.: fosfo- Além de aumentar a eficiência, essa separação de atividades permite
proteínas, glicoproteínas, lipoproteínas, etc. que as células eucarióticas atinjam maior tamanho, sem prejuízo de suas
Funções das Proteínas funções

São constituintes básicos da estrutura celular (alimentos plásticos); Os organismos constituídos por células eucarióticas (eucariontes) po-
dem ser unicelulares ou pluricelulares
Produzem energia quando oxidadas;
Participam como anticorpos, importantes na defesa do organismo; São eucarióticas as células de animais, vegetais, fungos, protozoários
e muitas algas
Atuam como enzimas.
Enzimas são proteínas que agem como catalisadores, isto é, são bio-
catalisadores que atuam intra ou extracelularmente aumentando a veloci- CÉLULA: ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA MEMBRANA
dade da reação química. Para que ocorram as reações químicas no corpo PLASMÁTICA, CITOPLASMA E NÚCLEO
dos seres vivos é necessária a presença das enzimas.
O citoplasma – aspectos estruturais e funcionais
Cada enzima atua sobre um determinado substrato, daí a especificida-
de desse composto. A enzima chamada ptialina (amilase salivar), atua Célula
apenas sobre o amido (substrato), transformando-o na boca em maltose Todo ser vivo é composto de células, de tamanho tão reduzido que só
(açúcar). podem ser observadas através do microscópio, e tão numerosas que no
Ácidos Nucléicos - são compostos orgânicos constituídos por uma ser humano adulto somam cerca de cem trilhões.
sucessão de unidades ligadas entre si, chamadas nucleotídeos.
A célula é o mais diminuto componente vivo em que pode ser decom-
Tipos de ácidos nucléicos posto qualquer tecido animal ou vegetal. Isoladas e livres, as células apre-
Há dois tipos de ácidos nucléicos: DNA (ácido desoxirribonucléico) e sentam forma esférica; nos tecidos podem assumir forma cilíndrica, cônica,
RNA (ácido ribonucléico). espiralada etc. Seu tamanho e estrutura também variam de acordo com a
natureza do tecido. Existem organismos, como as bactérias, as algas azuis
Cada nucleotídeo é formado por três elementos: um ácido fosfórico, e os protozoários, que se compõem de uma única célula, e por isso são
um açúcar (pentose) e uma base nitrogenada. Um nucleotídeo sem o chamados unicelulares.
radical fosfato chama-se nucleosídeo.
Há dois tipos de bases nitrogenadas: púricas: (adenina (A) e guanina Estrutura celular. O conjunto vivo da célula é o protoplasma e se
(G)) e pirimídicas (citosina (C), timina (T) e uracila (U)). compõe de membrana plasmática, citoplasma e núcleo. A membrana
plasmática, que existe em todas as células conhecidas, envolve o conteúdo
A timina é uma base exclusiva do DNA e a uracila do RNA. celular e o separa do meio exterior. Trata-se de uma película muito fina, de
Nos ácidos nucléicos há duas pentoses: a ribose e a desoxirribose. A contorno irregular, que, além de servir de envoltório, tem a função de
ribose é encontrada no RNA e a desoxirribose no DNA. selecionar as substâncias que entram ou saem das células, e de providen-
ciar a regeneração celular. Graças às proteínas, a membrana possui
O DNA é uma molécula portadora da informação genética. O RNA é
elasticidade, resistência mecânica e baixa tensão superficial; e devido aos
sintetizado no núcleo através da molécula do DNA e participa da síntese de
lipídios, tem alta resistência elétrica e permeabilidade às substâncias
proteínas.
lipossolúveis. Nos vegetais, além da membrana, existe outro envoltório
Organização básica de células procarióticas e eucarióticas mais externo, a parede celular, cujo componente mais abundante é a
celulose. Nas células vegetais jovens, a parede é relativamente delgada e
Células procarióticas chama-se primária; nas adultas, a deposição de celulose e outras substân-
Não possuem envoltório nuclear (carioteca) cias determina o aparecimento da chamada parede secundária.
São pobres em membranas, pequenas e simples A região compreendida entre a membrana e o núcleo é o citoplasma.
Possuem membrana celular circundada por uma parede celular rígida O hialoplasma é um líquido gelatinoso constituído principalmente de água e

Biologia 8 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
proteínas, que preenche o citoplasma. Na parte externa da célula, chama- célula, maior o número de mitocôndrias. O conjunto de mitocôndrias de
da ectoplasma, o hialoplasma se apresenta denso, em estado de gel; na uma célula chama-se condrioma.
parte interna, chamada endoplasma, mostra-se mais fluido, em forma de
sol. Esses estados, de gel e sol, podem sofrer mudanças e se transformar Os vacúolos, estruturas frequentes nas células vegetais, são verda-
um no outro, sobretudo nos movimentos citoplasmáticos, como o movimen- deiras bolsas, delimitadas externamente por uma membrana denominada
to amebóide e a ciclose. É no movimento amebóide que a membrana emite tonoplasto. Essa membrana armazena uma solução aquosa, o suco vacuo-
certas projeções temporárias chamadas pseudópodes, para permitir a lar, que pode conter açúcares, sais, óleos, pigmentos e outras substâncias.
locomoção da célula ou captura de alimento. A ciclose forma uma corrente Os centríolos são organelas fibrilares, geralmente dispostas nas células em
que carrega os orgânulos e distribui substâncias ao longo do citoplasma. pares perpendiculares. O conjunto de pares chama-se diplossomo. Os
centríolos não ocorrem nas células vegetais superiores; nas inferiores e
Os orgânulos celulares, ou organelas, são estruturas citoplasmáticas nas células animais relacionam-se com o processo de divisão celular.
que realizam determinadas funções essenciais à vida da célula. São eles:
retículo endoplasmático, complexo de Golgi, lisossomos, plastos, mitocôn- Estrutura do núcleo. O núcleo desempenha dois papéis fundamentais
drias, vacúolos e centríolos. Há dois tipos de retículo endoplasmático: o nas células: é portador dos fatores hereditários e controla as atividades
rugoso e o liso. O rugoso apresenta grânulos, chamados ribossomos, metabólicas. A estrutura nuclear varia, conforme a célula esteja ou não em
constituídos de ribonucleoproteínas, e estão intimamente associados à divisão. Por isso, para se examinar a estrutura do núcleo, é necessário
síntese de proteínas. O liso tem como principais funções aumentar a estabelecer em que fase se encontra a célula. Se ela se encontra em
superfície interna da célula para ativar enzimas e favorecer o metabolismo interfase, isto é, no intervalo entre duas divisões celulares, o núcleo apre-
celular, facilitar o intercâmbio de substâncias, auxiliar a circulação intrace- senta como componentes carioteca, cariolinfa, cromatina e nucléolo. A
lular, armazenar substâncias, regular a pressão osmótica e produzir lipí- carioteca, ou cariomembrana, envolve o conteúdo nuclear e é formada por
dios. duas membranas: -- lamela interna e lamela externa -- separadas pelo
espaço perinuclear. A carioteca é dotada de poros, que permitem a comu-
O complexo de Golgi consiste em um sistema de membranas lisas, nicação entre o material nuclear e o citoplasma. Quanto maior a atividade
que formam vesículas e sáculos achatados, destinados a armazenar celular, maior o número de poros.
proteínas, proporcionar a síntese de carboidratos e lipídios e organizar o
acrossomo nos espermatozóides. Acrossomo é uma estrutura, situada na
cabeça do espermatozóide, formada pelo acoplamento do complexo de
Golgi com o núcleo do espermatozóide, e contém enzimas que facilitam a
perfuração do invólucro do óvulo para permitir a fecundação.
Os lisossomos são pequenas vesículas portadoras de enzimas diges-
tivas, liberadas pelo complexo de Golgi, com a finalidade de promover a
digestão de substâncias englobadas pelas células. Os plastos são organe-
las citoplasmáticas típicas das células vegetais. De acordo com a colora-
ção, dividem-se em leucoplastos (incolores) e cromoplastos (coloridos). Os
leucoplastos, segundo a substância que acumulam -- amidos, lipídios ou
proteínas --, dividem-se em amiloplastos, oleoplastos e proteoplastos. Os
cromoplastos são portadores de diversos pigmentos, entre os quais desta-
cam-se as clorofilas, que absorvem a energia luminosa necessária à fotos-
síntese; e os carotenóides, de pigmentação amarela, alaranjada ou verme-
lha, que contribuem ara a coloração de flores e frutos.
Célula cancerígena
A cariolinfa, nucleoplasma ou suco nuclear, é uma massa incolor
constituída principalmente de água e proteínas. A cromatina representa o
material genético contido no núcleo. Seu aspecto é o de um emaranhado
de filamentos longos e finos, os cromonemas. Durante a divisão celular,
espiralizam-se e se tornam mais curtos e grossos. São então denominados
cromossomos. Estes apresentam dois tipos de constrição: primária, onde
se localiza o centrômero, estrutura relacionada ao movimento dos cromos-
somos; e secundária, sem centrômero, que abriga moléculas de ácido
desoxirribonucléico (ADN), responsáveis pela formação de moléculas de
ácido ribonucléico (ARN) ribossômico, que vão organizar o nucléolo. Este é
um corpúsculo esponjoso, em contato direto com o suco nuclear.
Cromossomos e genes. Do ponto de vista químico, os cromossomos
são filamentos de cromatina formados por moléculas de ADN e proteínas.
A sequência de base de ADN cromossômico capaz de determinar a síntese
de uma proteína é o gene. Cada cromossomo pode conter inúmeros ge-
nes. Nas células somáticas, que constituem o corpo, existem diversos tipos
de cromossomos, conforme a espécie considerada. Estes podem agrupar-
se dois a dois, e cada par é constituído por cromossomos com genes que
se correspondem mutuamente, isto é, são homólogos.
Na espécie humana, as células somáticas contêm 46 cromossomos,
dos quais 44 são autossomos -- sem implicação com o sexo -- e os outros
dois são chamados sexuais, porque determinam o sexo do indivíduo. Na
Os seres aeróbicos, isto é, que utilizam oxigênio em seu processo res-
mulher, os dois cromossomos sexuais são iguais e chamados de X. No
piratório, realizam a degradação das moléculas orgânicas em duas etapas.
homem, há um cromossomo X e outro Y. Nas células das fêmeas de
A primeira dá-se no hialoplasma, sem a participação de oxigênio; a segun-
mamíferos+ encontra-se uma forma, situada junto à carioteca do núcleo,
da, com oxigênio, ocorre no interior de organelas citoplasmáticas, as
denominada cromatina sexual, ou corpúsculo de Barr. O número desses
mitocôndrias, que são verdadeiras usinas de energia, onde a matéria
corpúsculos corresponde ao número de cromossomos X menos 1. Nas
orgânica é processada para fornecer a energia química acumulada ao
células normais dos machos não existe cromatina sexual.
metabolismo celular. Portanto, quanto maior a atividade metabólica da

Biologia 9 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
De acordo com a estrutura e organização do material nuclear existente te de diversos compostos orgânicos e inorgânicos. Serve também como
nas células, podem-se distinguir dois grupos básicos de organismos: veículo para o intercâmbio de moléculas entre os líquidos intra e extracelu-
procariontes e eucariontes. Os primeiros são organismos unicelulares, cuja lar. Exerce ainda o papel de lubrificante nas articulações ósseas e entre os
célula, chamada procariota, não tem núcleo individualizado, nem carioteca órgãos e, pela evaporação, contribui para manter a temperatura do corpo
ou nucléolo. Os eucariontes têm células com núcleos individualizados, com em níveis adequados à vida.
material genético típico.
Os sais minerais encontram-se nos seres vivos em duas formas bási-
cas: solúvel e insolúvel. No primeiro caso, encontram-se dissolvidos na
água em forma de íons, e agem como ativadores das enzimas, como
componentes estruturais de moléculas orgânicas fundamentais e partici-
pam da manutenção do equilíbrio osmótico. Na forma insolúvel, os sais
minerais se encontram imobilizados na composição do esqueleto. Assim,
por exemplo, nos vertebrados os fosfatos de cálcio contribuem para a
rigidez dos ossos; nos corais, os carbonatos de cálcio organizam o esque-
leto externo; os sais de silício conferem grande rigidez à carapaça externa
das algas; e os sais de cálcio são fundamentais para a composição da
casca do ovo.

Ciclo de vida das células: interfase e mitose.

Mitose
Tipo de ARN. Uma célula pode conter três tipos básicos de ARN: o
ARN mensageiro ou ARNm, produzido diretamente do ADN, do qual se
destaca para migrar para o citoplasma e associar-se aos ribossomos. Esse
mecanismo de formação denomina-se transcrição. O ARN transportador,
ou ARNt, formado por uma cadeia pequena de nucleotídeos, produzida no
núcleo a partir do ADN, migra para o citoplasma, com função de capturar
aminoácidos e transportá-los para o ARN mensageiro, que se encontra
associado aos ribossomos. O ARNt é dotado de uma região específica
para cada aminoácido e de outra codificada, que determina seu lugar
apropriado na molécula de ARNm. Existe, portanto, um ARNt para cada
aminoácido. O ARN ribossômico, ou ARNr, origina-se do ADN em regiões
especiais do cromossomo relacionadas com o nucléolo. Ao migrar para o
citoplasma, o ARNr associa-se a proteínas, e forma os ribossomos. O
mecanismo de produção de determinada proteína a partir do ARN chama-
se tradução, e ocorre nos ribossomos.
Divisão celular. Existem dois tipos básicos de divisão: a mitose, pro-
cesso pelo qual as células-filhas conterão o mesmo número de cromosso-
mos da célula-mãe; e a meiose, divisão em que as células-filhas conterão a
metade do número de cromossomos da célula-mãe. A mitose divide-se em
quatro etapas: prófase, quando ocorrem alterações na morfologia da célula
e os cromossomos, já duplicados, entram em espiralização. Cada cromos-
somo duplicado é constituído por duas cromátides, chamadas cromátides-
irmãs. Vem em seguida a metáfase, quando a espiralização chega ao
máximo e ocorre a duplicação dos centrômeros. As cromátides-irmãs se
separam e passam a constituir cromossomos-filhos. Na fase seguinte, a
anáfise, cada cromossomo-filho migra para um dos pólos das células. A
última fase é a telófase, quando os cromossomos se despiralizam e a
carioteca se organiza em torno de cada conjunto cromossômico. No final Etapas da mitose: I ao III prófase, IV metáfase, V e VI anáfase,
dessa fase, completa-se a divisão do núcleo, ou cariocinese, com a conse- VII e VIII telófase.
quente formação de dois novos núcleos. Inicia-se então a citocinese, que é
Mitose (do grego mitos, fio, filamento) é o processo pelo qual as
a separação do citoplasma em duas regiões, com formação de duas novas
células eucarióticas dividem seus cromossomos entre duas células
células-filhas.
menores do corpo. Este processo dura, em geral, 50 a 80 minutos e é
Na meiose, há apenas uma duplicação cromossômica para cada duas dividido em cinco fases[: Prófase,prometáfase, metafase, anafase e
divisões nucleares. Produzem-se assim quatro células-filhas, com a meta- telófase. É uma das fases do processo de divisão celular ou fase mitótica
de do número de cromossomos presentes na célula-mãe. Essa redução é do ciclo celular.
de importância fundamental para a manutenção do número constante de Definição
cromossomos da espécie. Na fecundação, células haplóides (gametas)
fundem-se e originam outras diplóides, e estas, por meiose, formam outras Um dos pressupostos fundamentais e principais da biologia celular é o
haplóides. Graças a esse ciclo, em que a fecundação é compensada pela de que todas as células se originam a partir de células pré-existentes, à
meiose, mantém-se o número de cromossomos da espécie. Do contrário, excepção do ovo ouzigoto que, nos seres vivos com reprodução sexuada,
cada vez que ocorresse nova fecundação, duplicaria o número de cromos- resulta da união de duas células reprodutivas (gâmetas), cada qual com
somos a cada geração, o que terminaria por levar a espécie a um impasse metade da informação genética de seus ascendentes.
biológico. Embora seja um processo contínuo, a meiose ocorre em duas
divisões nucleares sucessivas -- denominadas meiose I e meiose II. A mitose é um processo de divisão celular já que a partir de uma célula
formada , originam-se duas células com a mesma composição genética
Bioquímica celular. Os componentes químicos das células podem ser (mesmo número e tipo de cromossomos), mantendo assim inalterada a
orgânicos e inorgânicos. Os componentes orgânicos são carboidratos, composição e teor de DNA característico da espécie (exceto se ocorrer
lipídios, proteínas, enzimas, ácidos nucléicos e vitaminas. A água é de uma mutação, fenômeno menos comum e acidental). Este processo de
fundamental importância para os seres vivos, porque atua como dispersan- divisão celular é comum a todos os seres vivos, dos animais e plantas

Biologia 10 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
multicelulares até os organismos unicelulares, nos quais, muitas vezes, Intervalo G1 ou pós-mitótico
este é o principal ou, até mesmo, o único processo de reprodução
(reprodução assexuada). Existe uma intensa atividade de biossíntese (proteínas, enzimas, RNA,
etc.) e formação de mais organelos celulares o que implica crescimento
Comportamento dos cromossomos na mitose celular. No final desta fase a célula faz uma "avaliação interna" a fim de
verificar se deve prosseguir o ciclo celular. Caso a avaliação seja negativa,
Walther Flemming, estudando células epidérmicas de salamandra, as células não se vão dividir, passando ao estado G0 que dependendo da
notou alterações no núcleo de uma célula que se divide. Primeiro, os célula pode ter uma duração variada, (Ex.: neurónios, fibras musculares,
cromossomos tornavam-se visíveis como fios finos e longos no interior do hemáceas, plaquetas, etc.) e se a avaliação for positiva passa-se à fase
núcleo (neste estágio, quando é possível ver apenas um filamento, seguinte.
denominamos tal filamento como cromatina), ficando progressivamente
mais curtos e grossos ao longo da divisão celular (vulgarmente: Período S ou Período de Síntese
condensação).
Vai ocorrer a auto-replicação semi-conservativa do DNA, passando
Os primeiros citologistas concluíram, acertadamente, que isso se deve cada cromossomo a possuir dois cromatídios ligados pelo centrómero.
ao fato de os fios cromossômicos enrolarem-se sobre si. Flemming notou
que, quando os cromossomos se tornam visíveis pela primeira vez, no Intervalo G2 ou pré-mitótico
início da divisão celular, eles estão duplicados, o que se torna evidente à Decorre desde o final da síntese de DNA até o início da mitose, com a
medida que a condensação progride. síntese de biomoléculas essenciais à divisão celular. Esta aumenta a
Em uma etapa seguinte do processo de divisão, o limite entre o núcleo síntese de proteínasgastando mais energia. Ocorre também a duplicação
e o citoplasma (carioteca) , bem evidente nas células que não estão se dos centríolos (o que implica a formação de dois pares) se a célula for
dividindo, desaparece e os cromossomos espalham-se pelo citoplasma. animal (uma vez que estes não existem em células vegetais). Nesta fase
Uma vez libertados do núcleo, os cromossomos deslocam-se para a região haverá igualmente um período de "avaliação interna"; conforme o sucesso
equatorial (metáfase) da célula e prendem-se a um conjunto de fibras, o da replicação semi-conservativa do DNA no período S, e conforme o
fuso mitótico. espaço na célula é suficiente ou não para o prosseguimento da mitose,
haverá o desenvolvimento do processo para a fase seguinte: Fase Mitótica.
Imediatamente após terem se alinhado na região equatorial da célula,
os dois fios que constituem cada cromossomo, denominados cromátides- Período de Divisão Celular ou Fase Mitótica
irmãs, separam-se e deslocam-se para pólos opostos da célula (anáfase),
puxados por fibras do fuso mitótico, presas a seus centrômeros (região
onde as cromátides irmãs se unem). Assim, separam-se dois grupos de
cromossomos equivalentes, cada um deles contendo um exemplar de cada
cromossomo presente no núcleo original.
Ao chegarem nos pólos da célula, os cromossomos descondensam-se,
em um processo praticamente inverso ao que ocorreu no início da divisão.
A região ocupada pelos cromossomos em descondensação torna-se
distinta do citoplasma, o que levou os primeiros citologistas a concluir que
o envoltório nuclear (carioteca) era reconstituído após a divisão. O
emprego do microscópio eletrônico, a partir de segunda metade do século
XX, confirmou a existência de uma membrana nuclear, que se desintegra
no início do processo de divisão celular e reaparece no final. Enquanto os
dois núcleos-filhos se reestruturam nos pólos da célula, o citoplasma
divide-se, dando origem a duas novas células. Estas crescem até atingir o
tamanho originalmente apresentado pela célula-mãe.
Os primeiros estudiosos da mitose logo verificaram, que o número, o Esquema do ciclo celular: I=Interfase, M=Mitose. A duração da
tamanho e a forma dos cromossomos variam de espécie para espécie. Os mitose em relação às outras fases encontra-se exagerada.
indivíduos de uma espécie, entretanto, geralmente apresentam em suas A mitose é o período durante o qual ocorre a divisão celular que
células conjuntos cromossômicos semelhantes. Por exemplo, uma célula compreende duas fases, a mitose e citocinese
humana tem 46 cromossomos (como as células são diplóides, tais
cromossomos são divididos em 23 pares) com tamanho e formas Mitose
características, de modo que se pode identificar uma célula de nossa Processo durante o qual ocorrem transformações que levam à divisão
espécie pelas características de seu conjunto cromossômico (exceção feita da célula, dando origem a duas outras com o mesmo número de
a casos excepcionais como, por exemplo, trissomias). cromossomos, com cinco fases:
Os conjuntos cromossômicos típicos de cada espécie são  Prófase
denominados cariótipos.  prometáfase
Ciclo celular  Metáfase
 Anáfase
O ciclo celular compreende duas fases: a Intérfase e o Período de  Telófase
Divisão Celular ou Fase Mitótica, este segundo também designado por
mitose. Prófase
Intérfase No início da mitose, numa célula diplóide, o centrossomo e os
cromossomos encontram-se duplicados. Na prófase os cromossomos
Período que vai desde o fim de uma divisão celular e o início da começam a se condensar, tornando-se visíveis ao microscópio óptico.
divisão seguinte. Cada cromossomo é constituido por dois cromatídios unidos pelo
Como os cromossomos estão pouco condensados e dispersos pelo centrômero, chamados cromossomos dicromatídeos. Depois, os centríolos
núcleo não são visíveis a microscópio óptico. Nesta fase, por microscopia deslocam-se para pólos opostos da célula, iniciando-se, entre eles, a
óptica, não visualizamos modificações tanto no citoplasma quanto no formação do fuso acromático ou fuso mitótico. Entretanto, o invólucro
núcleo. As células porém estão em intensa atividade, sintetizando os nuclear desorganiza-se e os nucléolos desaparecem. Essencial para a
componentes que irão constituir as células filhas. divisão dos cromossomos.
Compreende três fases:

Biologia 11 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Prometáfase inicial. Assim, é importante na regeneração dos tecidos e no crescimento
dos organismos multicelulares. Nos unicelulares, permite a reprodução
A dissolução do envelope nuclear em fragmentos e seu assexuada.
desaparecimento marca o início da segunda fase da mitose, a
prometáfase.[5] Os microtúbulos que emergem dos centrossomas nos Já a meiose, nos seres pluricelulares, só ocorre em células
pólos do aparelho mitótico atingem os cromossomas, agora condensados. germinativas, com duas divisões sucessivas. A célula-mãe se divide em
Na região do centrómero, cada cromátide irmã possui uma estrutura duas, que se dividem de novo, originando quatro células-filhas (três
proteica denominada cinetócoro. Alguns dos microtúbulos do aparelho células-filhas no caso da oogénese) com metade dos cromossomos da
ligam-se ao cinotocoro, arrastando os cromossomas. Outros microtúbulos célula inicial: são os gametas, geneticamente diferentes entre si.
do aparelho fazem contacto com os microtúbulos vindos do pólo oposto. As
forças exercidas por motores proteicos associados a estes microtúbulos do Importância da mitose
aparelho movem o cromossoma até ao centro da célula.Ja se tornam  Permite propagar com fidelidade o programa genético.
quase visiveis ao olho nú.
 Nos seres unicelulares a mitose já possui o papel da reprodução
Metáfase em si, uma vez que gera dois seres idênticos a partir de um.
A metáfase (do grego μετά (meta, depois) e φάσις (fasis, estágio) é a  Nos seres pluri ou multi celulares, a mitose possui três funções
fase mitótica em que os centrômeros dos cromossomos estão ligados às básicas e são elas:
fibras cinetocóricas que provêm dos centríolos, que se ligam aos
microtúbulos do fuso mitótico. É a fase mais estável da mitose.[6] Os  Crescimento corpóreo
cromatídeos tornam-se bem visíveis e logo em seguida partem-se para o
início da anáfase. É nesta altura da mitose,que os cromossomos  Regeneração de lesões
condensados alinham-se no centro da célula, formando a chamada placa  Renovação dos tecidos
metafásica ou placa equatorial, antes de terem seus centrômeros
repartidos em decorrência do encurtamento das fibras cinetocóricas pelas Utilização da mitose pelos seres humanos
duas células-filhas, fazendo com que cada cromátide-irmã vá para cada Este processo biológico é rentabilizado pelo homem de diferentes
pólo das células em formação. modos: como uma técnica agrícola - regeneração de plantas inteiras a
Essa é a etapa em que os estudos do cariótipo são realizados, pois os partir de fragmentos (por exemplo, cultivo de begónias, roseiras, árvores de
cromossomos estão totalmente condensados.E tornam-se visiveis. fruta, etc.); em laboratório - onde bactérias geneticamente modificadas são
postas a reproduzirem-se rápida e assexuadamente, através de duplicação
Anáfase mitótica (por exemplo, para produzir insulina); na exploração de cortiça - a
Quebram-se os centrômeros, separando-se os dois cromatídeos que casca dos sobreiros é regenerada por mitose; na extracção de lã das
passam a formar dois cromossomos independentes.[6] As fibrilas ligadas a ovelhas - o pêlo volta a crescer naturalmente pelo processo mitótico; e em
estes dois cromossomos encolhem, o que faz com que estes se afastem muitas outras actividades que se tornam possíveis graças à existência
(migrem) para pólos opostos da célula - ascensão polar dos cromossomos- deste processo de duplicação celular. Wikipédia
filhos. O que leva a que no final, em ambos os pólos haja o mesmo número
de cromossomos, com o mesmo conteúdo genético e igual ao da célula
A hipótese da origem endossimbiótica de mitocôndrias e plastos.
mãe.
Telófase Teoria endossimbiótica - A origem da célula eucariota

Na Telófase os cromossomos se descondensam,os cromossomos Fundamental no mundo biológico é a que separa os seres procariontes
filhos estão presentes nos dois pólos da célula e uma nova carioteca dos eucariontes, divisão esta, baseada na estrutura celular dos organis-
organiza-se ao redor de cada conjunto cromossômico. Com a mos. No entanto, apesar das diferenças bem conhecidas entre estes dois
descondensação, os cromossomos retornam à atividade, voltando a grupos, têm sido estabelecidas importantes relações entre eles.
produzir RNA, e os nucléolos reaparecem. Os procariontes constituem, mesmo na actualidade, mais de metade
Durante a telofase os cromossomos descondensam tornando-se da biomassa da Terra, e colonizaram todos os ambientes. No entanto, a
menos visíveis. O invólucro nuclear reorganiza-se em torno de cada evolução não se satisfez com este sucesso e surgiram níveis mais comple-
conjunto de cromossomos e reaparecem os nucléolos. O fuso acromático xos de organização.
desaparece e dá-se por concluída a citocinese. A origem da Vida parece ter ocorrido há cerca de 3400 M.a., quando o
Citocinese nosso planeta já teria 1000 ou 1500 M.a. de idade. A célula conserva em
si, a nível da sequência de aminoácidos, proteínas ou bases nucleotídicas,
Divisão do citoplasma que leva à individualização das células-filhas. diversas marcas do seu passado, pois cada gene de uma célula actual é
uma cópia de um gene muito antigo, ainda que com alterações.
Nas células animais (sem parede celular) forma-se na zona equatorial
um anel contráctil de filamentos proteicos que se contraem puxando a Este é o motivo porque se considera a existência de um ancestral co-
membrana para dentro levando de início ao aparecimento de um sulco de mum entre organismos que apresentem grande número de nucleótidos ou
clivagem que vai estrangulando o citoplasma, até se separem as duas proteínas comuns.
células-filhas.
Até há pouco tempo considerava-se que as células eucarióticas teriam
Nas células vegetais (com parede celular) como a parede celular não derivado de procariontes unicelulares, por um processo desconhecido de
permite divisão por estrangulamento, um conjunto de vesículas derivadas complexificação, designado por hipótese autogénica. Esta teoria considera
do complexo de Golgivão alinhar-se na região equatorial e fundem-se que a célula eucariótica teria surgido através de especialização de mem-
formando a membrana plasmática, o que leva à formação da lamela branas internas, derivadas de invaginações da membrana plasmática.
mediana entre as células-filhas. Posteriormente ocorre a formação das
paredes celulares de cada nova célula que cresce da parte central para a É sabido que a associação entre duas células é comum e pode trazer
periferia. (Como a parede das células não vai ser contínua, vai possuir vantagens importantes, tanto em procariontes como em eucariontes. As
poros — plasmodesmos, que permitem a ligação entre os citoplasmas das bactérias formam frequentemente agregados simples, em que as células
duas células). não apresentam ligações citoplasmáticas, mas beneficiam, apesar disso,
da proteção do número. O estudo de situações deste tipo revelou, no
Comparações entre a mitose e a meiose entanto, que um conjunto de procariontes nunca funcionará como uma
estrutura multicelular.
A mitose ocorre em todas as células somáticas do corpo e, por meio
dela, uma célula se divide em duas, geneticamente semelhantes à célula

Biologia 12 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Surge, portanto, um corolário para esta afirmação, que consiste na participar em fenómenos de endossimbiose terciária, originando um grupo
obrigatoriedade da presença de células eucarióticas para o desenvolvimen- de dinoflagelados com cloroplastos envolvidos por quatro membranas.
to da multicelularidade.
Alguns outros factos parecem apoiar a teoria endossimbiótica:
- material genético igual entre procariontes e eucariontes;
- transcrição e tradução semelhantes;
- simbiose é um processo muito comum no mundo vivo;
- tamanho de cloroplastos e mitocôndrias muito semelhante ao dos proca-
riontes actuais;
- membrana interna dos cloroplastos e mitocôndrias é produzida pelos
próprios organitos;
- ribossomas dos cloroplastos semelhantes em tamanho e características
aos dos procariontes ;
- síntese proteica das mitocôndrias e cloroplastos é inibida por substâncias
inibidoras de procariontes (estreptomicina e cloranfenicol) mas não por
inibidores de eucariontes (ciclo-heximida);
- aminoácido iniciador da cadeia polipeptídica de uma mitocôndria ou
cloroplasto é a formil-metionina, como nas bactérias, e não a metionina,
como nos eucariontes (e arqueobactérias);
- DNA próprio nas mitocôndrias e cloroplastos, semelhante, em estrutura,
ao material genético bacteriano, não associado a histonas;
- divisão autónoma das mitocôndrias e dos cloroplastos;
- protozoários que vivem em simbiose com bactérias não têm mitocôndrias
mas realizam respiração aeróbia por intermédio das bactérias, localizadas
no interior de vacúolos.
A teoria de maior aceitação, proposta por Lynn Margulis, a Teoria En-
dossimbiótica, sugere que as células eucarióticas seriam o resultado da No entanto, muitas dúvidas persistem, pois a transferência lateral de genes
associação de células procarióticas simbióticas. complica grandemente o estudo das linhagens celulares mas, ao mesmo
tempo, não parece ter sido suficiente para explicar o facto de cada vez
A simbiose entre estas células procarióticas teria evoluído para graus mais genes com origem bacteriana serem encontrados em eucariontes.
de intimidade tais, que algumas células envolveriam outras completamente,
embora as primeiras ficassem intactas no interior do hospedeiro. Estas Uma origem endossimbiótica de mitocôndrias e cloroplastos permite expli-
células envolvidas teriam originado os organitos de uma célula eucariótica car a presença de genes bacterianos que codificam enzimas do metabo-
actual. lismo energético mas não explica a presença de muitos outros. O genoma
eucarionte é claramente uma mistura com dupla origem.
Segundo Margulis, a célula eucariótica típica teria surgido sequencial-
mente, em 3 etapas, como se pode ver ao lado: Um sugestão recente propõe que o domínio Eukarya tenha surgido através
proto-eucarionte tornou-se hospedeiro de bactérias aeróbias, obtendo de uma fusão mutualista (e não uma endossimbiose) de uma bactéria
mitocôndrias; Gram – e de uma arqueobactéria, mas ainda precisa de mais provas.
Helena Cruz
proto-eucarionte tornou-se hospedeiro de bactérias espiroquetas, ob-
tendo cílios, flagelos e, mais tarde, outras estruturas com base em microtú-
bulos como os centríolos e citosqueleto;
• HEREDITARIEDADE E DIVERSIDADE DA VIDA – PRINCÍPIOS
proto-eucarionte tornou-se hospedeiro de cianobactérias obtendo plas-
BÁSICOS QUE REGEM A TRANSMISSÃO DE CARACTERÍSTI-
tos.
CAS HEREDITÁRIAS. CONCEPÇÕES PRÉ-MENDELIANAS
Um bom exemplo de como esta teoria pode ser correcta é a evolução SOBRE A HEREDITARIEDADE. ASPECTOS GENÉTICOS DO
dos cloroplastos em protistas fotossintéticos, que parece resultar de uma FUNCIONAMENTO DO CORPO HUMANO. ANTÍGENOS E ANTI-
série de processos endossimbióticos. CORPOS. GRUPOS SANGUÍNEOS, TRANSPLANTES E DOEN-
Aparentemente todos os cloroplastos remontam ao envolvimento de uma ÇAS AUTOIMUNES. NEOPLASIAS E A INFLUÊNCIA DE FATO-
cianobactéria ancestral por uma outra célula, um proto-eucarionte. Este RES AMBIENTAIS. MUTAÇÕES GÊNICAS E CROMOSSÔMI-
será designado o fenómeno endossimbiótico primário e teria resultado na CAS. ACONSELHAMENTO GENÉTICO. FUNDAMENTOS GENÉ-
formação do cloroplasto clássico com duas membranas (uma resultante da TICOS DA EVOLUÇÃO. ASPECTOS GENÉTICOS DA FORMA-
membrana plasmática da cianobactéria e outra da membrana da vesícula ÇÃO E MANUTENÇÃO DA DIVERSIDADE BIOLÓGICA.
de endocitose da célula maior). Teria sido assim que surgiram os cloroplas-
tos das algas verdes e vermelhas.
ESTRUTURA DO DNA
As algas euglenófitas, no entanto, teriam cloroplastos formados por um
ÁCIDO DESOXIRRIBONUCLEICO
fenómeno endossimbiótico secundário, ou seja, o seu ancestral terá envol-
vido uma clorófita unicelular e descartado toda a célula excepto o cloro- O ácido desoxirribonucleico (ADN ou mais, por convenção, DNA), é
plasto. Esta é uma possível explicação para o facto de as euglenófitas um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas
apresentarem os mesmos pigmentos fotossintéticos que as clorófitas e as que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres
plantas, bem como para a terceira membrana que envolve o cloroplasto vivos e alguns vírus. O seu principal papel é armazenar as informações
destas algas unicelulares. necessárias para a construção das proteínas e ARNs. Os segmentos de
ADN que são responsáveis por carregar a informação genética são deno-
Outros protistas fotossintéticos apresentam cloroplastos resultantes da minados genes. O restante da sequência de ADN tem importância estrutu-
endossimbiose secundária de rodófitas unicelulares e chegam mesmo a ral ou está envolvido na regulação do uso da informação genética.

Biologia 13 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
A estrutura da molécula de ADN foi descoberta conjuntamente pelo es- Propriedades físicas e químicas
tadunidense James Watson e pelo britânico Francis Crick em 7 de Março
de 1953, o que lhes valeu o Prémio Nobel de Fisiologia ou Medicina em
1962, juntamente com Maurice Wilkins.
Do ponto de vista químico, o ADN é um longo polímero de unidades
simples (monômeros) de nucleotídeos, cujo cerne é formado por açúcares
e fosfato intercalados unidos por ligações fosfodiéster. Ligadas à molécula
de açúcar está uma de quatro bases nitrogenadas e é a sequência dessas
bases ao longo da molécula de ADN que carrega a informação genética. A
leitura destas sequências é feita através do código genético, o qual especi-
fica a sequência linear dos aminoácidos das proteínas. A tradução é feita
por um RNA mensageiro que copia parte da cadeia de ADN por um pro-
cesso chamado transcrição e posteriormente a informação contida neste é
"traduzida" em proteínas pela tradução. Embora a maioria do ARN produ-
zido seja usado na síntese de proteínas, algum ARN tem função estrutural,
como por exemplo o ARN ribossômico, que faz parte da constituição dos
Figura 2: Estrutura química do ADN.
ribossomos.
O ADN é um longo polímero formado por unidades repetidas chama-
Dentro da célula, o ADN é organizado numa estrutura chamada cro- das nucleotídeos [1] [2] A cadeia de ADN tem 2,2 a 2,4 nanometros de
mossoma e o conjunto de cromossomas de uma célula forma o cariótipo. largura, e um nucleotídeo possui aproximandamente 0,33 nanometros de
Antes da divisão celular os cromossomas são duplicados através de um comprimento [3]. Embora os monômeros (nucleotídeos) que constituem o
processo chamado replicação. Eucariontes como animais, plantas e fungos ADN sejam muito pequenos, polímeros de ADN pode ser moléculas enor-
têm o seu ADN dentro do núcleo enquanto que procariontes como as mes com milhões de nucleotídeos. Por exemplo, o maior cromossomo
bactérias o tem disperso no citoplasma. Dentro dos cromossomas, proteí- humano (cromossomo 1), possui 220 milhões de pares de bases de com-
nas da cromatina como as histonas compactam e organizam o ADN. Estas primento.
estruturas compactas guiam as interacções entre o ADN e outras proteí-
Em organismos vivos, o ADN não existe como uma molécula única (fita
nas, ajudando a controlar que partes do ADN são transcritas.
simples), mas sim como um par de moléculas firmemente associadas. As
O ADN é responsável pela transmissão das características hereditárias duas longas fitas de ADN enrolam-se como uma trepadeira formando uma
de cada espécie de ser vivo. dupla hélice (figura 3). Os nucleotídeos estão presentes em ambas as fitas
da dupla hélice, unidos com nucleótidos da mesma fita por ligações fosfo-
diéster e à fita complementar através de pontes de hidrogénio formadas
pelas suas bases (figura 2). Em geral, uma base ligada a um açúcar é
chamada nucleosídeo e uma base ligada a um açúcar e um ou mais fosfa-
tos é chamada nucleotídeo. Portanto, o ADN pode ser referido como um
polinucleotídeo.
O cerne (backbone) da fita de ADN é formado por fosfato e resíduos
de açúcar dispostos alternadamente. O açúcar no ADN é 2-desoxirribose é
uma pentose (açúcar com cinco carbonos). Os açúcares são unidos por
grupos de fosfato que formam ligações fosfodiester entre o terceiro e quinto
átomos de carbono dos anéis de açúcar adjacentes. Estas ligações assi-
métricas significam que uma fita de ADN tem uma direção. Numa dupla
hélice, a direção dos nucleotídeos de uma fita é oposta à direção dos
nucleotídeos da outra fita. O formato das fitas do ADN é designado anti-
paralelo. As terminações assimétricas das fitas de ADN são designadas
terminais 5’ (cinco linha) e 3’ (três linha). Uma das diferenças principais
entre o ADN e o ARN encontra-se no açúcar, com a substituição da 2-
desoxirribose no ADN pela ribose no ARN.
A dupla hélice do ADN é estabilizada por pontes de hidrogênio entre
as bases presas às duas fitas. As quatro bases encontradas no ADN são a
adenina (A), citosina (C), guanina (G) e timina (T). Estas quatro bases
estão representadas na figura 4 e ligam-se ao açúcar / fosfato para formar
o nucleotídeo completo, que na figura 2 é mostrado como adenosina
monofosfato.

Figura 3: Uma cadeia de ADN

Biologia 14 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Estas bases são classificadas em dois tipos; a adenina e guanina são de hidrogénio, a temperatura de desnaturação (também chamado Tm).
compostos heterocíclicos chamados purinas, enquanto que a citosina e Quando todas os pares de base numa dupla hélice de ADN quebram as
timina são pirimidinas. Uma quinta base (uma pirimidina) chamada uracila suas ligações, as duas cadeias separam-se e existem em solução como
(U) aparece no ARN e substitui a timina, a uracila difere da timina pela falta duas moléculas completamente independentes. Estas moléculas de DNA
de um grupo de metila no seu anel. A uracila normalmente não está pre- de cadeia simples não têm uma única forma comum, mas algumas confor-
sente no ADN, só ocorrendo como um produto da decomposição da citosi- mações são mais estáveis do que outras.
na. Uma raríssima exceção para esta regra é um vírus bacteriano chamado
PBS1 que contém uracila no seu ADN. Em contraste, após a síntese de
certas moléculas de ARN, um número significante de uracilas são converti-
das a timinas pela adição enzimática do grupo de metila. Isto acontece
principalmente em RNAs estruturais e enzimáticos como o ARN mensagei-
ro e o ARN ribossomal.
A dupla hélice é uma espiral destra. Como as fitas de ADN giram uma
ao redor da outra, elas deixam espaços entre cada cerne de fosfato, reve-
lando os sítios das bases que estão localizadas na parte interna (veja
figura 4). Há dois destes espaços ao redor da superfície da dupla hélice:
um espaço é maior e possui 22 Å de largura e o outro, o espaço é menor
com 12 Å de largura. Proteínas como fatores de transcrição podem ligar-se
a sequências específicas do ADN dupla-fita normalmente estabelecendo
contato com os sítios das bases expostos no espaço maior.

Figura 5: TBP associada ao DNA


Fenda maior e menor
O DNA normalmente encontra-se em forma de uma espiral, portanto
as fitas de DNA giram uma sobre a outra e acabam por formar fendas entre
os cernes de fosfatos deixando expostas as faces das bases nitrogenadas
que não estão unidas por pontes de hidrogênio com a base complementar
(figura 3).
Há dois tipos de fendas na superfície da dupla hélice: uma com 22 Å
denominada fenda maior e uma com 12 Å designada de fenda menor. A
principal função das “fendas” do DNA é fornecer a informação acerca das
bases que se encontram ligadas numa determinada região da dupla fita
sem a necessidade de a abrir. Como é de esperar a fenda maior oferece
uma maior acessibilidade de ligação com proteínas do que a fenda menor,
mas isso não quer dizer que a fenda menor não possa interagir com prote-
ínas, um exemplo disto é a TBP (TATA-binding protein) uma importante
proteína para a transcrição em eucariotas (Figura 5).
Senso e anti-senso
Uma sequência de DNA é chamada de senso se possui a mesma se-
quência do RNAm. A fita oposta (complementar) à fita "senso" é denomi-
Figura 4: No topo, pareamento GC com três pontes de hidro- nada sequência anti-senso. Como a RNA polimerase sintetiza um RNA que
gênio. Em baixo, AT com duas pontes de hidrogênio. é complementar à fita molde, então podemos dizer que ela utiliza a fita
Emparelhamento de Bases antisenso como molde para produzir um RNA. As sequências senso e
antisenso podem existir em diferentes partes da mesma fita de DNA que
Cada tipo de base numa fita forma uma ligação com apenas um tipo pode ser de um lado ou do outro, dependendo de onde se encontra a
de base na outra fita. Este comportamento é designado de complementari- sequência codificadora.
edade de bases. Assim, as purinas formam pontes de hidrogênio com
pirimidinas, i.e. A liga-se com T e C com G. Este arranjo de dois nucleotí- Às vezes não é possível dizer qual é a fita senso ou antisenso, isto
deos complementares na dupla hélice é chamado par de base. Além das acontece devido à existência de genes que se sobrepõem, e neste caso
pontes de hidrogênio entre as bases, as duas fitas são mantidas juntas ambas as fitas dão origem a um RNA. Nas bactérias, a sobreposição pode
devido a forças geradas por interações hidrofóbicas entre as bases empi- esta envolvida da regulação da transcrição. Já nos virus, a sobreposição
lhadas, a qual não é influenciada pela sequência do DNA (Figura 3). Como aumenta a capacidade do armazenamento de informações em pequenos
as pontes de hidrogênio não são ligações covalentes, podem ser quebra- genomas virais.
das e reunidas com relativa facilidade. Desta forma, as duas fitas da dupla Supercoiling (super-helicoidização)
hélice de DNA podem ser separadas como um "zíper" (fecho) por força
mecânica ou altas temperaturas. Como resultado desta complementarie-
dade, toda a informação contida numa das fitas de DNA está também
contida na outra, o que é fundamental para a replicação do DNA.
Os dois tipos de pares de base formam diferentes números de pontes
de hidrogênio, AT forma duas pontes de hidrogênio enquanto que GC
formam três pontes de hidrogênio (figura 4). Desta forma a interação entre
GC é mais forte que AT. Como resultado, a percentagem de GC numa
dupla fita de DNA determina a força de interação entre as duas fitas. Uma
parte da dupla fita de DNA que precisa de ser separada facilmente, tal
como a TATAAT Pribnow Box nos promotores bacterianos, tendem a ter as
sequencias com maior predomínio de AT, para facilitar a abertura da dupla
fita aquando da transcrição. No laboratório, a força desta interacção pode
Figura 6: Da direita para a esquerda, a estrutura do DNA A, B e Z.
ser medida encontrando a temperatura necessária para quebrar as pontes

Biologia 15 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
O DNA pode ser torcido num processo denominado super- empilhadas, ao invés dos pares de base usuais encontrados em outras
helicoidização. No estado relaxado do DNA, uma fita normalmente dá uma moléculas de DNA. Aqui, quatro bases de guanina formam uma placa
volta completa ao eixo da dupla hélice a cada 10.4 pares de base, mas se chata e depois estas unidade chatas de quatro bases empilham-se no topo
o DNA está torcido, as cadeias ficam mais ou menos enroladas. Se o DNA umas das outras, para formarem estruturas G-quadruplex estáveis. Estas
está torcido na direção da hélice, é denominado um supercoiling positivo e estruturas são estabilizadas por pontes de hidrogénio entre as margens
as bases estão unidas mais firmemente. Já o supercoiling negativo refere- das bases e por quelação de um ião metálico no centro de cada unidade
se a uma torção na direção oposta resultanto num afrouxamento das de quatro-bases. Outras estruturas podem também ser formadas, com o
bases. Na natureza, o DNA apresenta um ligeiro supercoiling negativo que conjunto central de quatro bases a vir quer de uma cadeia simples enrola-
é causado pela ação de uma enzima denominada topoisomerase. Estas da à volta das bases ou de diversas cadeias paralela, cada uma contribu-
enzimas também são necessárias para aliviar o estresse de torção causa- indo com uma base para a estrutura central.
do no DNA durante os processos de transcrição e replicação.
Além destas estruturas empilhadas, os telómeros também forma gran-
Estrutura alternativa da dupla hélice des estruturas em forma de laço chamados telomere loops ou T-loops.
Aqui, DNA de cadeia simples enrola-se à volta de um círculo grande estabi-
O DNA pode existir em muitas formações diferentes. As formações lizados por proteínas que se ligam a telómeros. Mesmo no fim dos T-loops,
mais comuns são: DNA-A, DNA-B, DNA-C, DNA-D, DNA-E, DNA-H, DNA- o DNA de cadeia simples do telómero é segurado sobre uma região de
L, DNA-P, e DNA-Z. Porém, só as formações de DNA A, B e Z foram DNA de cadeia dupla pela cadeia do telómero que desestabiliza o DNA de
encontradas em sistemas biológicos naturais. A formação que o DNA dupla hélica e o emparelhamento de bases de uma das duas cadeias. Esta
adopta depende de vários fatores da própria sequência de DNA, a intensi- estrutura de cadeia tripla é chamada de laço de deslocamento ou D-loop.
dade e direção do supercoiling, modificações químicas das bases e a
solução na qual o DNA está presente (ex.: concentração de metais, iões e Vida
poliaminas). Das três formações referidas, a forma “B” é a mais comum nas
condições encontradas nas células. Cada ser vivo que habita a Terra possui uma codificação diferente de
instruções escritas na mesma linguagem no seu ADN. Estas diferenças
A forma “A” corresponde à espiral destra mais larga, com uma fenda geram as diferenças orgânicas entre os organismos vivos.
menor larga e superficial e uma fenda maior estreita e profunda. A forma
“A” ocorre sob condições não fisiológicas em amostras de DNA desidrata-
das, enquanto na célula pode ser produzida por pareamento hibrido de
DNA e RNA ou pelo complexo enzima-DNA. Em segmentos de DNA onde
as bases foram quimicamente modificadas por metilação, o DNA pode
sofrer uma grande modificação na sua formação e adoptar a forma DNA-Z.
Aqui, a fita gira sobre o eixo da dupla hélice para a esquerda, o oposto da
forma mais comum – DNA-B. Esta estrutura é rara e pode ser reconhecida
por proteínas especificas de ligação com o DNA-Z e podem estar envolvi-
das na regulação da transcrição.
ESTRUTURAS EM QUADRUPLEX Figura 7:Diferentes níveis de condensação do ADN. (1) Ca-
deia simples de ADN . (2) Filamento de cromatina (ADN com
histonas). (3) Cromatina condensada em intérfase com cen-
trómeros. (4) Cromatina condensada em prófase. (Existem
agora duas cópias da molécula de ADN) (5) Cromossoma em
metáfase
A dupla cadeia polinucleotídica constitui a molécula de ADN, cuja se-
quência de nucleotídeos codifica as instruções hereditárias, organizadas
em genes, que codificam as inúmeras proteínas existentes nas mais varia-
das células. As moléculas de ADN contêm portanto a informação genética
necessária para a codificação das características de um indivíduo, como a
cor do cabelo em humanos, o formato da folha em Angiospermas e a sua
morfologia.
O ADN de todas as células do corpo humano seria equivalente, se fos-
se visível a olho nu, em comprimento, a oito mil vezes a distância da Terra
à Lua.
Função biológica
O DNA normalmente possui forma linear que está presente nos cro-
mossomos de eucariotos ou circulares em cromossomos de procariotos.

Estrutura de um quadruplex de DNA formado por repetições teloméri- Como já foi dito, o DNA carrega a informação genética na sequência
cas. A conformação do esqueleto de DNA é diferente da típica estru- de suas bases, logo a utilização ou duplicação da informação depende do
tura helicoidal pareamento de novas bases. Por exemplo, na transcrição, quando a célula
usa a informação nos genes, a sequência de DNA é copiada em uma
Nas extremidades do cromossomas lineares estão zonas especializa- sequência complementar de RNA. Normalmente, o RNA produzido nesse
das do DNA chamadas telómeros. A função principal destas regiões é processo codifica proteína (RNAm), mas este pode ser estrutural (ex.:
permitir que a célula replique as extremidades do cromossoma usando a RNAr). A tradução ocorre no caso do RNAm, que também depende da
enzima telomerase, porque enzimas que permitem replicar DNA normal- interação dos nucleotídeos de RNA, essa interação ocorre no ribossomo e
mente não conseguem copiar as extremidades 3' dos cromossomas. Estas entre o RNAm e RNAt para formar a sequência linear de uma proteína
tampas de cromossoma especializadas também ajudam a proteger as (para mais informações veja: Trancrição e Tradução)
extremidades do DNA, e evitam que o sistema de reparo de DNA da célula
as trate como danos que precisem de ser corrigidos. Em células humanas, ESTRUTURA DO GENOMA
os telómeros tem normalmente vários milhares de repetições de uma O DNA genômico está localizado no núcleo celular dos eucariotos,
sequência simples (TTAGGG). mas uma pequena quantia esta presente nas mitocôndrias e cloroplastos.
Estas sequências ricas em guanina podem estabilizar as extremidades Em procarioto, o DNA está mantido dentro de um corpo irregular no cito-
dos cromossomas formando estruturas de unidades de quatro bases plasma chamado de nucleoide. A informação genética em um genoma é

Biologia 16 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
mantida dentro dos genes. Como já foi dito, um gene é uma região do DNA Esta regra se aplica à quantidade de danos mas não à qualidade. Uma
que influencia numa característica particular em um organismo. Os genes única mutação poderá ser de importância vital para o organismo.
contém uma matriz de leitura aberta que pode ser transcrito, conjunto de
sequências reguladoras como promotors e reguladores que controlam a No homem, quando a dosagem é inferior à 50 mR (miliroentgens) não
expressão dos genes. se percebe qualquer lesão imediata, embora alguns efeitos nocivos ocultos
possam ocorrer como a indução de leucemia e redução do tempo de vida.
b2) Excitantes
São os raios que atuam aumentando o nível de energia do átomo, tor-
nando-os menos estáveis. O exemplo típico é a ultra violeta que provoca
dímeros de timina através de ligações covalentes. Os raios ultra violeta não
penetram tão bem quanto os raios X, mas são prontamente absorvidos por
alguns pontos específicos do indivíduo.
Agentes Químicos
Existem várias substâncias químicas com efeito mutagênico, entre elas
Figura 8: Fluxo da informação genética
pode-se citar o HNO2, hidroxilamina e a cafeína. O ácido nitroso e a hidro-
Em muitas espécies, só uma pequena quantia do genoma total codifica xilamina (NH4)OH atuam provocando substituição de bases.
proteínas. Por exemplo, apenas aproximadamente 1.5% do genoma hu- A cafeína, por exemplo, é um derivado da purina; várias purinas foram
mano consistem de exons codificantes de proteínas e mais de 50% do indicadas como substâncias que causam quebras nos cromossomos de
genoma humano consiste de sequências repetidas não codificantes. A plantas e bactérias. Por este motivo, sempre houve grande interesse pela
razão para a presença de “tanto” DNA não codificante nos genomas de cafeína por causa da grande quantidade que o homem civilizado ingere
eucariotos e a extraordinária diferença no tamanho do genoma ou valor-C através do chá ou café.
entre as espécies representa um “velho” quebra-cabeça denominado
“enigma do valor-C”. Porém, a sequência de DNA que não codifica proteína Em experimentos com ratos não foi encontrado nenhuma quebra de
pode codificar moléculas funcionais de RNA não-codificante o qual está cromossomos quando estes foram tratados com doses máximas toleráveis.
envolvido na regulação da expressão gênica. Quando células humanas, em cultura de tecido, foram expostas a solução
de cafeína, foram encontradas algumas quebras cromossômicas. Foi
Algumas sequências de DNA não codificante mostra papel estrutural relatado que havia evidências de que a cafeína tem um efeito mutagênico
nos cromossomos. Os telômeros e centrômeros contêm poucos genes, fraco.
mas são importantes para o funcionamento e estabilidade do cromossomo.
Em bactérias descobriu-se que a adenosina, constituinte do ATP anu-
Uma forma abundante de DNA não codificante em humanos são os pseu-
lava a ação da cafeína e de outros derivados de purinas. Ela também reduz
dogenes, que nada mais são do que copias de genes que sofreram desati-
a quantidade de mutações espontâneas.
vação por mutações. Na luz do evolucionismo essa sequência, denominas
fosseis moleculares, podem ser a matéria-prima do processo evolutivo. ASPECTOS GERAIS
Origem de novos alelos
MUTAÇÕES GÊNICAS A mutação proporciona o aparecimento de novas formas de um gene
e, consequentemente, é responsável pela variabilidade gênica. Entretanto,
CONCEITO o processo de melhoramento, via mutação, não é muito usado por ser caro,
Mutações gênicas são mudanças repentinas que ocorrem nos genes, trabalhoso e de resultado incerto. Em caso de necessidade, é mais fácil
ou seja, é o processo pelo qual um gene sofre uma mudança estrutural. As fazer uso da variabilidade genotípica obtida pelos processos meióticos, do
mutações distinguem-se das aberrações por serem alterações a nível de que tentar gerar variabilidade gênica.
ponto, envolvendo a eliminação ou substituição de um ou poucos nucleotí- Podem ser reversíveis
deos da fita de DNA.
As mutações podem se reverterem, mas a mutação nos dois sentidos
ORIGEM não ocorrem com a mesma taxa. A reversão requer uma mudança especi-
Adição ou subtração de bases fica, mas a mudança original pode ocorrer em qualquer um dos nucleotí-
deos da estrutura do gene. Em mutações espontâneas tem sido verificado
A adição ou subtração de bases altera o código genético, definido pela
que u (taxa de mutação) é aproximadamente 10 vezes superior a v (taxa
sequência de três bases adjacentes no mRNA, e consequentemente
de retromutação).
poderá alterar o tipo de aminoácido incluído na cadeia protéica e, em
última analise, poderá alterar a expressão fenotípica. Mutações espontâneas vs induzidas
Substituição de bases As mutações serão ditas espontâneas quando as causas que deram
origem à alteração no DNA são desconhecidas. Quando se conhece a
A substituição de uma purina (adenina e guanina) por outra purina, ou
causa diz-se que a mutação foi induzida. Em geral, as mutações espontâ-
de uma pirimidina (citosina e timina) por outra pirimidina é denominada de
neas ocorrem em proporção de 1/10^6 a 1/10^5. Através da indução pode-
transição. A substituição de uma purina por uma pirimidina, ou vice-versa é
se aumentar a frequência da mutação, mas, de maneira geral, não se pode
denominada de transversão.
orientá-la, no sentido desejado.
AGENTES MUTAGÊNICOS
Um exemplo de uma mutação espontânea vantajosa é o cultivar de so-
Os agentes mutagênicos são de natureza química ou física. A seguir é ja "Viçoja" mutante originado de plantações de soja. Nestas plantações
descrito alguns agentes e suas ações. surgiu uma planta mais alta, tardia e que não segregou dando origem,
Agentes Físicos posteriormente, ao cultivar "UFV - 1".
a) temperatura Podem ser recorrentes
Em determinados organismos a variação de 10ºC pode duplicar a taxa Como as mutações se repetem tanto no tempo como no espaço, po-
de mutação. demos associá-las a determinadas taxas, e deduzirmos teoricamente o seu
efeito como agente de alterações da frequência gênica de uma população.
b) Radiações
Podem ser hereditárias
b1) Ionizantes
A mutação será hereditária quando atingir uma estrutura gamética ou
São os raios X, alfa, beta e gama. Atuam alterando a valência química, qualquer órgão que venha contribuir para a formação da geração descen-
através da ejeção (expulsão) de elétrons. A taxa de mutação é geralmente dente. Uma mutação somática poderá ser transmitida de geração após
proporcional à dosagem de irradiação (principalmente no caso de raio X). geração, quando a espécie em consideração contar com algum processo

Biologia 17 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
que permita a multiplicação da mutação na área somática. Este fato é Os humanos, já no tempo da pré-história utilizavam conhecimentos de
frequente quando a espécie contar com qualquer processo de propagação genética através da domesticação e do cruzamento seletivo deanimais e
vegetativa. plantas. Atualmente, a genética proporciona ferramentas importantes para
a investigação das funções dos genes, isto é, a análise das interacções
MUTAÇÕES E O MELHORAMENTO genéticas. No interior dos organismos, a informação genética está
O processo evolutivo consiste basicamente em concentrar em uma normalmente contida nos cromossomos, onde é representada na estrutura
população indivíduos com maior frequência de genes favoráveis. Um química da molécula de DNA.
organismo evoluído é resultante de um processo de seleção, no qual as Os genes, em geral, codificam a informação necessária para a síntese
mutações que lhe eram vantajosas foram preservadas. Portanto, para de proteínas, no entanto diversos tipos de gene não-codificantes de
estes indivíduos é pouco provável que alterações aleatórias nos genes proteínas já foram identificados, como por exemplo genes precursores de
possam contribuir para melhorias, uma vez que o organismo já se encontra microRNAs (miRNA) ou de RNAs estruturais, como os ribossômicos. As
em estágio avançado de seleção. Assim, de maneira geral, considera-se proteínas, por sua vez, podem atuar como enzimas (catalisadores) ou
que a maioria das mutações são prejudiciais. apenas estruturalmente, funções estas diretamente responsáveis pelo
A mutação é responsável pela variabilidade gênica e por extensão pela fenótipo final de um organismo. O conceito de "um gene, uma proteína" é
variabilidade genotípica. Ela fornece a matéria prima para o processo simplista e equivocado: por exemplo, um único gene poderá produzir
evolutivo e, em algumas situações é fundamental para o melhoramento, múltiplos produtos (diferentes RNAs ou proteínas), dependendo de como a
cujo sucesso depende da existência de variabilidade. Entretanto, os orga- transcrição é regulada e como seu mRNA nascente é processador pela
nismos mais evoluídos apresentam uma grande diversidade de germo- maquinaria de splicing.
plasma (conjunto de DNA), que associado ao processo meiótico, tem História
fornecido materiais adequados às exigências dos programas de melhora-
mento. Em 1866, Gregor Mendel estabeleceu pela primeira vez os padrões de
hereditariedade de algumas características existentes emervilheiras,
O uso de agentes mutagênicos é caro, trabalhoso e de resultado incer- mostrando que obedeciam a regras estatísticas simples. Embora nem
to. Seu uso tem se justificado quando não mais existe variabilidade no todas as características mostrem estes padrões dehereditariedade
germoplasma. mendeliana, o trabalho de Mendel provou que a aplicação da estatística à
genética poderia ser de grande utilidade.
TAXA DE MUTAÇÃO A partir da sua análise estatística, Mendel definiu o conceito de alelo
O cálculo da taxa de mutação pode ser realizado para os diversos ca- como sendo a unidade fundamental da hereditariedade. O termo "alelo" tal
racteres, avaliando-se cruzamentos específicos. Como ilustração será como Mendel o utilizou, expressa a ideia de "gene", enquanto que nos
considerado o estudo da taxa de mutação do alelo a para A, que controla a nossos dias ele é utilizado para especificar uma variante de um gene.
cor da flor em uma espécie vegetal. Nesta espécie a condição A_ determi- Só depois da morte de Mendel é que o seu trabalho foi redescoberto,
na as flores vermelhas e aa as flores brancas. entendido (início do século XX) e lhe foi dado o devido valor por cientistas
Cruzamento entre plantas de flores brancas, considerando a ocorrên- que então trabalhavam em problemas similares.
cia de mutação de a para A igual a u, produzem descendentes com a Mendel não tinha conhecimento da natureza física dos genes. O
seguinte frequência genotípica e fenotípica: trabalho de Watson e Crick em 1953 mostrou que a base física da
Brancas (aa) x Brancas (aa) informação genética eram os ácidos nucleicos, especificamente o DNA,
embora alguns vírus possuam genomas de RNA. A descoberta da
Gametas A(u) a(1-u) estrutura do DNA, no entanto, não trouxe imediatamente o conhecimento
de como as milhares de proteínas de um organismo estariam "codificadas"
A(u) AA u² Aa u(1-u) nas sequências de nucleotídeos do DNA. Esta descoberta crítica para o
a(1-u) Aa u(1-u) aa (1-u)² surgimento da moderna Biologia Molecular só foi alcançada no começo da
década de 1960 por Marshall Nirenberg, que viria a receber o Nobel em
Desta forma espera-se encontrar a seguinte relação fenotípica: 1968, assim como Watson e Crick cinco anos antes. A manipulação
controlada do DNA (engenharia genética) pode alterar a hereditariedade e
Fenótipos Frequência as características dos organismos.
Vermelhas u²+2u(1-u) Mendel teve sucesso onde vários experimentadores, que também
faziam cruzamentos com plantas e com animais, falharam. O fracasso
Brancas (1-u)²
desses pesquisadores explica-se pelo seguinte: eles tentavam entender a
herança em bloco, isto é, considerando todas as características do
Como ilustração será considerado um experimento em que foi avaliada individuo ao mesmo tempo; não estudavam uma característica de cada
a descendência do cruzamento entre plantas de flores brancas. Foram vez, como fez Mendel. Somente quando se compreendia o mecanismo de
observadas 498 plantas de flores brancas e duas vermelhas. Admitindo transmissão de certa característica é que Mendel se dedicava a outra,
que as plantas de flores vermelhas são mutantes, pode-se considerar que: verificando se as regras valiam também nesso caso.
f(Observado de plantas de flores brancas) = 498/500
f(Esperada de plantas de flores brancas) = (1 - u)² O sucesso de Mendel deveu-se também a algumas particularidades do
Considera-se que: método que usava: a escolha do material, a escolha de características
(1-u)² = 498/500 constantes e o tratamento dos resultados. Além de ele ter escolhido
Obtém-se: ervilhas para efetuar seus experimentos, espécie que possui ciclo de vida
u = 1/500 curto, flores hermafroditas o que permite a autofecundação, características
variadas e o método empregado na organização das experimentações
eram associados à aplicação da estatística, estimando matematicamente
Genética os resultados obtidos.
Genética (do grego genno; fazer nascer) é a ciência dos genes, da Cronologia de descobertas importantes
hereditariedade e da variação dos organismos. Ramo da biologiaque
estuda a forma como se transmitem as características biológicas de Áreas da genética
geração para geração. O termo genética foi primeiramente aplicado para Genética clássica
descrever o estudo da variação e hereditariedade, pelo cientista William
Bateson numa carta dirigida a Adam Sedgewick, da data de 18 de Abril de A Genética clássica consiste nas técnicas e métodos da genética,
1908. anteriores ao advento da biologia molecular. Depois da descoberta do

Biologia 18 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
código genético e de ferramentas de clonagem utilizando enzimas de  A terapia genética permite substituir genes doentes por genes
restrição, os temas abertos à investigação científica em genética sofreram sãos, ou mesmo eliminar os genes doentes.
um aumento considerável. Algumas ideias da genética clássica foram
 Optimização do bem-estar e sobrevivência do indivíduo.
abandonadas ou modificadas devido ao aumento do conhecimento trazido
por descobertas de índole molecular, embora algumas ideias ainda  Intervenções terapêuticas definidas de acordo com o perfil
permaneçam intactas, como a hereditariedade mendeliana. O estudo dos genético do doente, o que faz com que a probabilidade de sucesso de
padrões de hereditariedade continuam ainda a ser uma ferramenta útil no tratamento seja maior.
estudo de doenças genéticas,como a Neurofibromatose.
As aplicações acima descritas fazem parte da genética médica outras
Genética molecular utilizações da genética humana estão relacionadas à medicina legal e
criminologia, a saber: reconhecimento de tecidos, reconhecimento de
A genética molecular tem as suas fundações na genética clássica, mas
identidade através de características genéticas em especial as impressões
dá um enfoque maior à estrutura e função dos genes ao nível molecular. A
digitais (dactiloscopia) e o exame de DNA seja para identificação de
genética molecular emprega os métodos quer da genética clássica (como
paternidade, de vítimas de sinistros ou de potenciais homicidas.
por exemplo a hibridação) quer da biologia molecular. É assim chamada
para se poder distinguir de outros ramos da genética como a ecologia Tão importantes para humanidade quanto a genética médica são as
genética e a genética populacional. Uma de suas aplicações consiste no aplicações dessa ciência ao melhoramento animal e vegetal. Sabemos que
estudo da mutação e variação de cepas de bactérias. Uma área importante a genética praticamente se iniciou com a domesticação de animais (fase
dentro da genética molecular é aquela que usa a informação molecular pré-científica) e com os estudos de genética vegetal de Mendel contudo
para determinar os padrões de descendência e daí avaliar a vivemos um impasse ainda não bem dimensionado pela comunidade
corretaclassificação científica dos organismos: chamada sistemática científica que é a produção de Organismos Geneticamente Modificados ou
molecular. Transgênicos, cujo impacto sobre o meio ambiente e mesmo sobre as
O estudo das características herdadas e que não estão estritamente estabilidade do DNA ainda não é de todo conhecida.
associadas a mudanças na sequência do DNA dá-se o nome de Outra aplicação dessa ciência vem de sua associação à epidemiologia
epigenética. (epidemiologia genética) e toxicologia (tóxicogenética e radiogenética) na
Alguns autores defendem que a vida pode ser definida, em termos medida em que produzem estratégias de identificar os agentes
moleculares, como o conjunto de estratégias que os polinucleótidos de mutagênicos, teratogênicos ou carcinogênicos que ameaçam a saúde das
RNA usaram e continuam a usar para perpectuar a eles próprios. Esta comunidades humanas e integridade dos ecossistemas.
definição baseia-se em trabalho dirigido para conhecer a origem da vida,
Genética Médica
estando associada à hipótese do RNA.
Genética populacional, genética quantitativa e ecologia genética A Genética Médica, embora utilize os conhecimentos das demais
áreas, lida especificamente com as doenças genéticas, incluindo a
A genética populacional, a genética quantitativa e a ecologia genética Genética Clínica, que é o atendimento ao paciente com doenças genéticas,
são ramos próximos da genética que também se baseiam nas premissas sua família, e a realização do aconselhamento genético. A Genética
da genética clássica, suplementadas pela moderna genética molecular. Médica procura entender como a variação genética é relacionada com a
Estudam as populações de organismos retirados da natureza mas saúde humana e suas doenças. Ao procurar um gene desconhecido que
diferem de alguma maneira na escolha do aspecto do organismo que irão pode estar envolvido numa doença, os investigadores usam geralmente a
focar. A disciplina essencial é a genética populacional, que estuda a genética de ligação e diagramas de pedigrees genéticos para encontrar a
distribuição e as alterações das frequências dos alelos que estão sob localização no genoma associada com a doença. Ao nível da população,
influência das forças evolutivas: selecção natural, deriva genética, mutação os pesquisadores tomam vantagem da randomização mendeliana para
e migração. É a teoria que tenta explicar fenómenos como a adaptação e a procurar locais no genoma que estão associados a doenças, um método
especiação. especialmente útil para traços multigênicos não definidos claramente por
um único gene.
O ramo da genética quantitativa, construído a partir da genética
populacional, tenciona fazer predições das respostas da selecção natural, Os distúrbios genéticos podem ser inicialmente classificados em 4
tendo como ponto de partida dados fenotípicos e dados das relações entre grandes grupos: monogênicos, multifatoriais, cromossômicos e mutações
indivíduos. somáticas. A Herança multifatorial é aquela em que o fenótipo ocorre pela
A ecologia genética é por sua vez baseada nos princípios básicos da determinação genética e de fatores do meio ambiente. A susceptibilidade
genética populacional, mas tem o seu enfoque principal nos processos genética ocorre quando genes propiciam a aquisição ou desenvolvimento
ecológicos. Enquanto que a genética molecular estuda a estrutura e função de caracteres (ou doenças) determinadas por fatores do meio ambiente. A
dos genes ao nível molecular, a ecologia genética estuda as populações determinação da susceptibilidade pode ser monogênica ou poligênica,
selvagens de organismos e tenta deles recolher dados sobre aspectos nesta última havendo limiares para determinação fenotípica. A maioria das
ecológicos e marcadores moleculares que estes possuam. doenças genéticas são doenças gênicas, isto é, determinadas por
mutações em um gene, cujo efeito primário é a formação de uma proteína
Genómica modificada ou supressão da síntese de determinada proteína, entretanto,
A genómica é um desenvolvimento recente da genética. Estuda os na maior parte dessas doenças o efeito primário não é conhecido e a
padrões genéticos de larga escala que possam existir no genoma (e em etiologia genética é reconhecida pelo fato de a doença ser hereditária
todo o DNA) de uma espécie em particular.[10] Este ramo da genética (transmitida de geração a geração) ou de ser mais frequente em
depende da existência de genomas completamente sequenciados e de determinados grupos populacionais.
ferramentas computacionais desenvolvidas pelabioinformática que
A distribuição dos genes nas famílias e populações é objeto de estudo
permitam a análise de grandes quantidades de dados.
da genética de populações. As doenças geneticamente determinadas nas
Disciplinas relacionadas quais conhecemos a alteração bioquímica, são conhecidas como erros
O termo "genética" é vulgarmente utilizado para denominar o processo inatos do metabolismo e estudadas pela genética bioquímica. As cerca de
de engenharia genética, em que o DNA de um organismo é modificado 3000 doenças que apresentam herança monogênica, podem em alguns
para se obter uma utilidade prática. No entanto, a maior parte da casos ser tratadas pela correção dos distúrbios metabólicos, mas aa sua
investigação em genética é direccionada para a explicação do efeito dos maioria não tem tratamento no momento. Contudo, o estudo e identificação
genes no fenótipo e para o papel dos genes nas populações. dos genes responsáveis por essas doenças e a busca de metodologia para
modificar o DNA (terapia gênica) de grande interesse da genética
Aplicações da genética molecular, incluindo-se aí o Projeto Mundial "Genoma Humano" que
 Prevenção (aconselhamento genético) e tratamento de doenças pretende decifrar todo o código genético da espécie humana na próxima
como asma, e câncer. década.

Biologia 19 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
A metodologia de investigação nas doenças decorrentes de mutações RNA e criar organismos transgénicos em que vai haver uma sobre-
envolve a identificação de proteínas, produtos de degradação ou expressão do gene de interesse.
metabólitos de vias alternativas através de análises bioquímicas e a análise
do ADN, que permite a identificação da região alterada. Os genes estão Técnicas em genética molecular
contidos nos cromossomos, organelas que se individualizam durante a Existem três técnicas gerais utilizadas para genética molecular:
divisão celular. Na espécie humana o número diploide de cromossomos é amplificação, separação e detecção, e expressão. A reação em cadeia da
46, sendo 22 pares de autossomos e 1 par de cromossomos sexuais, XX polimerase é especificamente utilizada para a amplificação, que é um
na mulher e XY no homem. Cada cromossomo contém centenas de genes, "instrumento indispensável para uma grande variedade de aplicações".[4]
sendo o total do genoma humano composto por cerca de 50.000 genes Na técnica de separação e detecção o ADN e o ARNm são isolados a partir
estruturais, além de genes reguladores. Quando ocorrem aberrações de suas células. A expressão do gene em células ou organismos é feita
cromossômicas, isto é perda ou excesso de cromossomos inteiros ou de num local ou tempo que não é normal para esse gene específico.
segmentos de cromossomos (visíveis ao microscópio ótico), há perda ou
excesso de vários genes, ocorrendo numerosas modificações Amplificação
fisiopatológicas. Estudamos as aberrações cromossômicas na área de Há outros métodos para a amplificação além da reacção em cadeia da
citogenética. polimerase. Clonagem de ADN em bactérias é também uma forma de
A análise do cariótipo humano é rotineiramente realizada nos linfócitos, amplificar ADN em genes.
sendo para isso colhida amostra de sangue periférico, mas também pode Reação em cadeia da polimerase
ser realizada nas células das vilosidades coriônicas, nas células de
descamação fetal presentes no líquido amniótico, em fibroblastos ou em
qualquer célula nucleada que possa ser cultivada in vitro. Por não
compreendermos a fisiopatologia dessas doenças, não há ainda
tratamento específico, apenas terapias paliativas. A realização de
programas de aconselhamento genético, prevenção e diagnóstico pré-natal
ainda são a única opção disponível para diminuir a frequência de crianças
portadoras de doenças geneticamente determinadas.
Genética clássica Conjunto de oito tubos de PCR, cada um contendo 100μL.
A Genética clássica consiste nas técnicas e métodos da genética, Os principais materiais utilizados na reação em cadeia da polimerase
anteriores ao advento da biologia molecular. Depois da descoberta do são nucleotídeos do ADN, o ADN molde (template), iniciadores(primers) e
código genético e de ferramentas de clonagem utilizando enzimas de a Taq polimerase. Nucleótidos de ADN são a base para o novo ADN, o
restrição, os temas abertos à investigação científica em genética sofreram ADN molde é a sequência específica a ser amplificada, iniciadores são
um aumento considerável. Algumas ideias da genética clássica foram nucleótidos complementares que podem ir em ambos os lados do ADN
abandonadas ou modificadas devido ao aumento do conhecimento trazido molde, e a polimerase Taq é uma enzima termicamente estável que salta-
por descobertas de índole molecular, embora algumas ideias ainda inicia a produção de ADN novo às temperaturas elevadas necessárias para
permaneçam intactas, como a hereditariedade mendeliana. O estudo dos a reacção.[5] Nesta técnica não é necessário usar as bactérias vivas ou
padrões de hereditariedade continuam ainda a ser uma ferramenta útil no células; tudo o que é necessário é a sequência de bases do ADN e os
estudo de doenças genéticas, como a Neurofibromatose. materiais listados acima.
Genética molecular Clonagem de ADN em bactérias
A genética molecular é a área da biologia que estuda a estrutura e a O termo clonagem para este tipo de amplificação envolve fazer
função dos genes a nível molecular. A genética molecular usa os métodos múltiplas cópias idênticas de uma sequência de ADN. A sequência de ADN
da genética e dabiologia molecular. É chamada assim para se diferenciar alvo é então inserida num vector de clonagem. Uma vez que este vector
de outros campos da genética como a genética ecológica e a genética origina a partir de um vírus auto-replicante, plasmídeo, ou uma célula
populacional. Um campo importante da genética molecular é o uso de superior do organismo, quando o ADN de tamanho apropriado é inserido o
informação molecular para determinar padrões de descendência, e assim a "alvo e fragmentos de ADN do vector são então ligados" e criam uma
classificação científica correcta dos organismos: a isto chamamos molécula de ADN recombinante. As moléculas de ADN recombinantes são
sistemática molecular. depois colocados em uma cepa de bactérias (E. coli geralmente), que
Junto com a determinação do padrão de descendentes, a genética produz várias cópias idênticas por transformação. A transformação é o
molecular ajuda a compreender as mutações genéticas que podem causar mecanismo de absorção de ADN possuído por bactérias. No entanto,
certos tipos de doenças. Através da utilização dos métodos de genética e apenas uma molécula de ADN recombinante pode ser clonada dentro de
biologia molecular, a genética molecular descobre as razões pelas quais as uma única célula bacteriana, de modo que cada clone é de apenas uma
características são exercidas e como e porque algumas podem sofrer inserção de ADN.
mutações. Separação e detecção
Forward genetics Na separação e detecção o ADN e o ARNm são isolados a partir de
Uma das primeiras ferramentas a ser utilizada pelos geneticistas células (a separação) e, em seguida detectados simplesmente pelo
moleculares na década de 1970 foi o rastreio genético. O objetivo desta isolamento. As culturas celulares são também aumentadas para
técnica é identificar o gene que é responsável por um determinado proporcionar um fornecimento constante de células prontas para o
fenótipo. Muitas vezes usa-se um agente mutagénico para acelerar este isolamento.
processo. Uma vez isolados os organismos mutantes, torna-se possível Culturas de células
identificar molecularmente o gene responsável pela mutação.
Reverse genetics
Embora os rastreios da forward genetics sejam eficazes, podemos
usar uma abordagem mais directa:determinar o fenótipo resultante da
mutação de um determinado gene. A isto chama-se reverse genetics.
Nalguns organismos, tais como leveduras e ratinhos, é possível induzir
uma delecção num gene específico, criando um gene nocaute. Uma
alternativa possível é induzir delecções aleatórias no ADN e seleccionar
posteriormente as delecções em genes de interesse, usar interferência de Células epiteliais em cultura. Em vermelho, queratina e em
verde,DNA.

Biologia 20 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Uma cultura de células para a genética molecular é uma cultura que é 5. Transferência de tecnologias para setores privados, e
cultivada em condições artificiais. Alguns tipos de células crescem bem em
tais culturas como as células da pele, mas outras células não são tão 6. Abordar as questões éticas, legais e sociais (ELSI) que
produtivas em culturas. Existem diferentes técnicas para cada tipo de pudessem surgir a partir dos projetos.
célula, algumas apenas recentemente encontradas para fomentar o Genética populacional
crescimento de células-tronco e nervo. Culturas para a genética molecular
são congeladas, a fim de preservar todas as cópias do gene espécime e Genética de populações é o ramo da Biologia que estuda a
descongeladas apenas quando necessário. Isto permite um fornecimento distribuição e mudança na frequência de alelos sob influência das quatro
constante de células. forças evolutivas: seleção natural, deriva gênica, mutação e migração. A
genética populacional também busca explicar fenômenos como adaptação
Isolamento do ADN e especiação. Ela é parte vital da síntese evolutiva moderna, seus
O isolamento do ADN extrai ADN a partir de uma célula de uma forma principais fundadores foramSewall Wright, Sir Ronald Fisher e J. B. S.
pura. Em primeiro lugar, o ADN é separado a partir de componentes Haldane.
celulares, tais como proteínas, ARN, e lípidos. Isto é feito colocando as A fundação dessa disciplina se baseia no fato de que, respeitadas
células escolhidas em um tubo com uma solução que mecanicamente, certas premissas básicas em uma população (ausência de seleção natural
quimicamente, rompe as células abertas. Esta solução contém enzimas, e ausência de mutação no locus em questão, ausência de migração e
produtos químicos, e sais que rompe as células excepto o ADN. Ele tamanhos populacionais infinitamente grandes, entre outras), as
contém enzimas para dissolver proteínas, produtos químicos para destruir frequências dos alelos e dos pares de alelos (genótipos) podem ser
todos os ARN presentes, e sais para ajudar a puxar o ADN para fora da calculadas segundo fórmulas derivadas do chamado Princípio do Equilíbrio
solução. de Hardy-Weinberg:
Em seguida, o ADN é separado da solução ao ser girado em uma Em um locus com apenas dois alelos segregando em uma população
centrífuga, o que permite que o ADN se acumule na parte inferior do tubo. diploide de reprodução sexuada, temos:
Após este ciclo na centrífuga a solução é vertida fora e o ADN é
ressuspenso em uma segunda solução o que faz com que se torne fácil de [f(A)= p] Frequência relativa de "A" (a probabilidade de que um alelo
trabalhar com o ADN no futuro. sorteado ao acaso na população seja "A")

Isto resulta em uma amostra de ADN concentrada que contém [f(a)= q] Frequência relativa de "a" (a probabilidade de que um alelo
milhares de cópias de cada gene. Para projetos de grande porte, tais como sorteado ao acaso na população seja "a")
o sequenciamento do genoma humano, todo esse trabalho é feito por [p + q = 1] As frequências de "A" e "a" somam 100%
robôs.
onde, "a" é o alelo recessivo e "A", o alelo dominante. As frequências
Isolamento do ARNm relativas de cada alelo também representam as respectivas frequências de
ADN expresso que codifica para a síntese de uma proteína é o gametas disponíveis para formar os indivíduos da próxima geração nesta
objectivo final para cientistas e este ADN expresso é obtido através do população.
isolamento de ARNm (o ARN mensageiro). Primeiro, os laboratórios Para o par de alelos "A" e "a" temos três situações em relação à
utilizam uma modificação celular normal de ARNm que acrescenta-se a formação de zigotos após uma rodada de acasalamentos aleatórios:
200 nucleótidos de adenina para o fim da molécula (cauda poli (A)). Uma
vez que este tenha sido adicionado, a célula é rompida e o conteúdo da [f(AA)=f(A).f(A)=p.p=p² (par de alelos dominantes)] Frequência de
célula é exposto a grânulos sintéticos que são revestidos com nucleótidos genótipos AA
da cadeia timina. Devido a Adenina e Timina parearem juntas no ADN, a
[f(Aa)=[f(A).f(a)]+ [f(a).f(A)]= 2.p.q (par de alelos distintos formando
cauda poli (A) e os grânulos sintéticos são atraídos um para o outro, e uma
heterozigotos)] Frequência de genótipos Aa
vez que eles se liguem a este processo, os componentes celulares podem
ser lavados sem remover o ARNm. Uma vez que o ARNm foi isolado, a [f(aa)=f(a).f(a)=q.q=q² (par de alelos recessivos)] Frequência de
transcriptase reversa é empregue para convertê-lo para ADN de cadeia genótipos aa
simples, a partir do qual um ADN de cadeia dupla estável é produzido
usando DNA polimerase. O DNA complementar (cDNA) é muito mais [p²+2pq+q²=1] As frequências dos três genótipos possíveis somam
estável do que o ARNm e, assim, uma vez que o ADN de cadeia dupla 100%
tenha sido produzido ele representa as sequências expressas de ADN que Genômica
os cientistas procuram.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Aplicações
Genômica é um ramo da bioquímica que estuda o genoma completo
Uma de suas aplicações consiste no estudo da mutação e variação de de um organismo.[1] Essa ciência pode se dedicar a determinar a
cepas de bactérias. sequência completa do DNA de organismos ou apenas o mapeamento de
O Projeto Genoma Humano uma escala genética menor.

O Projeto Genoma Humano é um projeto de genética molecular, que


começou na década de 1990 e foi projetado para levar quinze anos para Clonagem ainda é técnica em desenvolvimento
ser concluído. No entanto, por causa dos avanços tecnológicos o
andamento do projeto foi adiantado e o projeto terminou em 2003, tendo A clonagem tem causado inflamadas discussões em toda sociedade,
apenas treze anos. O projeto foi iniciado pelo Departamento de Energia principalmente quando essa técnica, já empregada em bactérias, plantas e
dos EUA e do National Institutes of Health em um esforço para atingir seis animais, passou a vislumbrar o ser humano. Originada da palavra grega
metas estabelecidas. Estes objectivos foram: klón que significa broto vegetal, essa técnica é basicamente uma forma de
reprodução assexuada (sem a união do óvulo e do espermatozóide) e que
1. Identificação de 20.000 a 25.000 genes no ADN humano origina indivíduos com genoma idêntico ao do organismo provedor do DNA.
(embora as estimativas iniciais eram cerca de 100.000 genes), A medida que a técnica foi se aproximando da árvore geneológica da
2. Determinar sequências de pares de base químicos no ADN evolução humana passou a representar uma ameaça dada a possibilidade
humano, de serem geradas crianças idênticas ao pai ou a mãe.

3. Armazenar todas as informações encontradas em bancos de A ideia de clonagem surgiu em 1938 quando Hans Spermann, embrio-
dados, logista alemão (Nobel de Medicina, 1935) propôs um experimento que
consistia em transferir o núcleo de uma célula em estágio tardio de desen-
4. Melhorar as ferramentas utilizadas para análise de dados, volvimento para um óvulo. Em 1952, Robert Briggs e Thomas King, da

Biologia 21 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Filadélfia, realizam a primeira clonagem de sapos a partir de células embri- quiser guardar amostras de seu bichinho de estimação ou de animais com
onárias. Em 1984, Steen Willadsen da Universidade de Cambridge clonou grande potencial pecuário. Quando a técnica de clonagem estiver bem
uma ovelha a partir de células embrionárias jovens. Um grupo de pesqui- estabelecida esse material poderia ser utilizado.
sadores da Universidade de Wisconsin clonou uma vaca a partir de células
embrionárias jovens do mesmo animal (1986). Em 1995, Ian Wilmut e Keith A ideia de produzir clones de animais de estimação por enquanto só é
Campbell, da estação de reprodução animal na Escócia, partiram de célu- possível em filmes como O Sexto Dia, estrelado por Arnold Schwarzene-
las embrionárias de 9 dias para clonar duas ovelhas idênticas chamadas gger. Na história, o cachorro do personagem de Schwarzenegger é clona-
de "Megan" e "Morag". No ano seguinte surgiu "Dolly", clonada pelas mãos do por uma empresa chamada Re-pet, especializada em animais de esti-
destes mesmos pesquisadores a partir de células congeladas de uma mação.
ovelha. Esta foi a grande inovação - e que criou a grande repercussão do No entanto, bancos como esses começam a ser formados também pa-
caso-, um clone originado não de uma célula embrionária, mas sim de uma ra animais em extinção como o Centro de Reprodução de Espécies em
célula mamária. Em 1997, Dolly teria seu nascimento anunciado, sendo o Extinção do Zoológico de São Diego (EUA) e o Centro para Pesquisa de
marco de uma nova era biotecnológica. Espécies em Extinção do Instituto Audubon (EUA). A ideia é que, no futuro,
Posteriormente à ovelha mais famosa do mundo surgiram clones de o material genético de animais ameaçados de desaparecer possa ser
bezerros, cabras, camundongos, porcos e macaco rhesus. Hoje a corrida usado para cloná-los e reproduzí-los.
tecnológica da clonagem tem como países líderes os Estados Unidos, A ACT chegou a clonar, em 2000, um gauro, espécie em extinção se-
Escócia, Inglaterra, Japão, Nova Zelândia e Canadá. melhante ao boi, natural da Índia, Indoshina e parte da Ásia. O animal fora
Os procedimentos mais utilizados em animais e que começam a ser clonado a partir de células da pele de um gauro fundidas com óvulos de
usados em clonagem de humanos são dois: um deles consiste em utilizar o vacas. Mas após nove meses de gestação o animal morreu, pouco depois
material genético (núcleo) extraído de uma célula não reprodutiva ou de nascer, devido a complicações no sistema respiratório.
somática (diferente do óvulo ou espermatozóide) de um indivíduo e inseri- A espectativa é que a clonagem seja a única alternativa para recuperar
lo em um óvulo cujo núcleo com DNA tenha sido retirado. Essa célula pode espécies já extintas como o tigre da Tasmânia (desaparecido desde 1930)
ser originada de um embrião, feto ou adulto que estejam vivos, mantidos e o bode bucardo da montanha (desaparecido desde 2000). Outras espé-
em cultura em um laboratório ou de tecido que esteja congelado. cies em vias de extinção como a ararinha-azul, o mico-leão-dourado, o
A outra técnica consiste na fusão de uma célula inteira com um óvulo peixe-boi, o pirarucú, a sussuarana, o lobo-guará, a lontra e o tamanduá-
sem material genético. Foi essa justamente a técnica utilizada em Dolly. bandeira também poderiam ser clonados. Existe, porém, a preocupação
Sua fase crítica - em que o experimento pode não dar certo -se dá na para que o material armazenado desses animais tenha variabilidade gené-
etapa de fusão das células, feita através de corrente elétrica ou com um tica para que não sejam originadas populações tão homogêneas que
vírus chamado Sendai (veja esquema abaixo). correriam o risco de serem dizimadas por vírus e bactérias. O armazena-
mento de amostras de células do maior número de animais de uma espé-
cie que ainda estejam disponíveis no mundo, poderia garantir indivíduos
com menor igualdade genética.
Atualmente, é impossível utilizar DNA extraído de organismos preser-
vados em âmbar (como sugere o filme de Steven Spielberg O Parque dos
Dinossauros), de células congeladas em condições diferentes às exigidas
por condições laboratoriais, células de cadáveres ou de material fossiliza-
do.
Entre os grupos brasileiros atuantes no campo da clonagem animal es-
tão, segundo Rodolfo Rumpf, da Embrapa, o coordenado por José Antônio
Visintin na Veterinária da USP; o de Joaquim Mansano Garcia na Unesp de
1) As células somáticas são retiradas do doador 2) Essas células são Jaboticabal; o de Flávio Meireles na USP de Pirassununga e outros que
cultivadas em laboratório 3) De uma doadora colhe-se um óvulo não fertili- ainda estão se estruturando, além do grupo liderado pelo próprio Rumpf.
zado 4) O núcleo contendo DNA é retirado do óvulo 5) A célula cultivada é Entre os que estão em processo de estruturação está o grupo liderado por
fundida ao óvulo por meio de corrente elétrica 6) Agora temos o óvulo Reginaldo Fontes na Universidade Estadual Norte Fluminense, o coorde-
fertilizado com nova informação genética 7) Este óvulo vai se desenvolver nado por Otávio M. Ohashi na Universidade Federal do Pará, e grupos no
até a fase de blástula (embrião com mais de 100 células) onde estão as Rio Grande do Sul.
células tronco.
No que se refere à clonagem humana, os maiores benefícios espera-
A clonagem de animais no Brasil foi iniciada em março de 2001 com o dos pela comunidade científica estão no campo da terapia de órgãos e
nascimento de Vitória, uma bezerra da raça simental desenvolvida pela tecidos. É através dessa técnica que pesquisadores esperam estudar as
equipe de Rodolfo Rumpf, coordenador do projeto de biotecnologia de chamadas células-tronco (células primordiais no embrião que têm multipo-
reprodução animal da Embrapa. De lá pra cá, nenhum outro animal foi tencialidade para gerar os mais de 200 tipos celulares do nosso corpo) que
clonado, embora alguns grupos venham desenvolvendo pesquisa, princi- poderiam gerar células cardíacas, hepáticas, hemácias, epiteliais e resolver
palmente em clonagem de bezerros. Esses animais são escolhidos por ou amenizar problemas causados por enfarto, cirrose, leucemia e queima-
terem apelo comercial e por terem um período de gestação longo o que duras da pele. Embora a impressão que se tem através dos jornais é que
gera, normalmente, apenas um indivíduo. O fato de originar, através dos esse processo é relativamente simples, Paulo Marcelo Perin, do Centro de
métodos naturais, apenas um indivíduo por gestação dificulta a perpetua- Reprodução Humana de Campinas, garante que a técnica ainda não
ção de algumas características que são interessantes para o comércio, existe: "não sabemos o que vai ser necessário para reconstituir um rim
como por exemplo uma maior produção de leite ou a alta taxa de múscu- inteiro".
los. A clonagem de bovinos poderia facilitar a reprodução de animais com
certas características genéticas. Para os galináceos, que podem se repro- No Brasil, muito se tem feito no ramo de pesquisas com células-tronco
duzir em um período curto de tempo e gerar inúmeros indivíduos, a clona- adultas, extraídas do cordão-umbilical de bebês ou da nossa medula mas,
gem não seria tão interessante. segundo informa Perin, essas células já sofreram algum processo de
diferenciação e, portanto, têm potencial restrito para se transformarem em
Mas existe também a possibilidade de animais serem clonados para outros tipos celulares. Por isso as células-tronco cultivadas a partir de
fins terapêuticos, servindo para a experimentação ou visando a produção células retiradas de embriões despertam mais interesse, embora sejam
de órgãos compatíveis com o ser humano - animais poderiam ser, um dia, muito mais polêmicas. "Esse é o grande dilema ético, porque estaríamos
produzidos em série para transplantes. Algumas empresas, como a Advan- produzindo embriões exclusivamente para fins terapêuticos", explica Perin.
ced Cell Technology (ACT), a mesma que alegou ter clonado o primeiro O que é vida para grupos religiosos é apenas um emaranhado de células
embrião humano da história, já dispõe de um banco de tecidos para quem para os cientistas.

Biologia 22 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Mas a polêmica mais efervescente é aquela que permeia a reprodução Três variedades de mariposas
humana. Se ela hoje depende fundamentalmente de um espermatozóide e O pesquisador francês Jean-Baptiste Lamarck foi dos primeiros a ne-
um óvulo, poderá se tornar independente ao ponto de qualquer célula de gar esse postulado e a propor um mecanismo pelo qual a evolução se teria
nosso corpo poder fecundar um óvulo e gerar um descendente. Claro que verificado. A partir da observação de que fatores ambientais podem modifi-
contando com o auxílio de um bom laboratório e alguns milhares de reais. car certas características dos indivíduos, Lamarck imaginou que tais modi-
Para Perin, a clonagem humana parece interessante para casais que não ficações se transmitissem à prole: os filhos das pessoas que normalmente
produzem células reprodutivas (óvulos ou espermatozóides). Ele acredita tomam muito sol já nasceriam mais morenos do que os filhos dos que não
que as técnicas de clonagem serviram muito mais para resolver outros tomam sol. Chegava, mesmo, a admitir que era a necessidade de adaptar-
problemas de fertilidade do que para gerar cópias de seres humanos. Cita se ao ambiente que fazia surgir nova característica, a qual, uma vez adqui-
como exemplo uma técnica realizada por um grupo de pesquisadores do rida pelo indivíduo, se transmitiria a sua prole. Em contraposição, a inutili-
Centro de Monash, na Austrália, que a partir de uma célula somática de um dade de um órgão faria com que ele terminasse por desaparecer.
camundongo (que possui dois conjuntos de cromossomos ao invés de
A necessidade de respirar na atmosfera teria feito aparecer pulmões
apenas um como em uma célula reprodutiva), deixou apenas um conjunto
nos peixes que começaram a passar pequenos períodos fora d'água, o que
de cromossomos e fertilizou um óvulo, de uma doadora da mesma espécie,
teria permitido a seus descendentes viver em terra mais tempo, fortalecen-
com a célula que funcionou como um espermatozóide.
do os pulmões pelo exercício; as brânquias, cada vez menos utilizadas
A técnica de clonagem ainda está em aperfeiçoamento. A alta taxa de pelos peixes pulmonados, terminaram por desaparecer.
mortalidade em experimentos com animais - cerca de 90% -, diagnósticos Assim, o mecanismo de formação de uma nova espécie seria, em li-
pré-implantacionais (antes do útero) e pré-natais, ainda em definição, nhas gerais, o seguinte: alguns indivíduos de uma espécie ancestral pas-
alarmam para o fato de ninguém saber determinar a normalidade dos savam a viver num ambiente diferente; o novo ambiente criava necessida-
embriões. "Do ponto de vista científico a clonagem humana é inevitável, des que antes não existiam, as quais o organismo satisfazia desenvolven-
mas não sei se a sociedade como um todo vai permitir que isso aconteça, do novas características hereditárias; os portadores dessas características
porque a ciência avança e não pensa nas consequências, o avanço é feito. passavam a formar uma nova espécie, diferente da primeira.
Mas quem impõe os limites é a sociedade. Os aspectos jurídicos, morais, A doutrina de Lamarck foi publicada em Philosophie zoologique (1809;
religiosos vão ser determinados pela sociedade", conclui Perin. Filosofia zoológica), e teve, como principal mérito, suscitar debates e
2. Processos de evolução orgânica pesquisas num campo que, até então, era domínio exclusivo da filosofia e
da religião. Estudos posteriores demonstraram que apenas o primeiro
Ideias fixista, lamarkista e darwinista como tentativas científicas para postulado do lamarckismo estava correto; de fato, o ambiente provoca no
indivíduo modificações adaptativas; mas os caracteres assim adquiridos
explicar a diversidade de seres vivos, influenciadas por fatores
não se transmitem à prole.
sociais, políticos, econômicos, culturais, religiosos e tecnológicos.
Em 1859, Charles Darwin publicou The Origin of Species (A origem
Evolução das espécies), livro de grande impacto no meio científico que pôs em
evidência o papel da seleção natural no mecanismo da evolução. Darwin
A teoria da evolução constituiu, desde os primeiros momentos de sua partiu da observação segundo a qual, dentro de uma espécie, os indivíduos
gênese, uma candente fonte de controvérsia, não somente no campo diferem uns dos outros. Há, portanto, na luta pela existência, uma competi-
científico, como também na área ideológica e religiosa. ção entre indivíduos de capacidades diversas. Os mais bem adaptados são
A teoria da evolução, também chamada evolucionismo, afirma que as os que deixam maior número de descendentes.
espécies animais e vegetais existentes na Terra não são imutáveis, mas Se a prole herda os caracteres vantajosos, os indivíduos bem dotados
sofrem ao longo das gerações uma modificação gradual, que inclui a vão predominando nas gerações sucessivas, enquanto os tipos inferiores
formação de raças e espécies novas. se vão extinguindo. Assim, por efeito da seleção natural, a espécie aperfei-
çoa-se gradualmente. Entretanto, o sentido em que age a seleção natural é
História
determinado pelo ambiente, pois um caráter que é vantajoso num ambiente
Até o século XVIII, o mundo ocidental aceitava a doutrina do criacio- pode ser inconveniente em outro.
nismo, segundo a qual cada espécie, animal ou vegetal, tinha sido criada Os indivíduos que têm o corpo recoberto por uma espessa camada de
independentemente, por ato divino. pêlos levam vantagem num clima frio, mas estão menos adaptados a um
clima quente. Se uma espécie tem indivíduos dos dois tipos (peludos e
desprovidos de pêlos), a seleção natural fará com que venham a predomi-
nar os primeiros nas regiões frias e os outros nas regiões quentes. Isso
será o início da diferenciação de duas raças que, tornando-se cada vez
mais diferentes, acabarão por constituir espécies distintas.
O darwinismo estava fundamentalmente correto, mas teve de ser com-
plementado e, em alguns aspectos, corrigido pelos evolucionistas do
século XX para que se transformasse na sólida doutrina evolucionista de
hoje. As ideias de Darwin e seus contemporâneos sobre a origem das
diferenças individuais eram confusas ou erradas. Predominava o conceito
lamarckista de que o ambiente faz surgir nos indivíduos novos caracteres
adaptativos, que se tornam hereditários.
Um dos primeiros a abordar experimentalmente a questão foi o biólogo
alemão August Weismann, ainda no século XIX. Tendo cortado, por várias
gerações, os rabos de camundongos que usava como reprodutores, mos-
trou que nem por isso os descendentes passavam a nascer com rabos
menores. Weismann estabeleceu também a distinção fundamental entre
células germinais e células somáticas.
Nas espécies de reprodução sexuada, todas as células de um indiví-
duo provêm da célula inicial única que lhe deu origem. No entanto, durante
o desenvolvimento diferenciam-se no corpo duas partes, com destinos
biológicos diversos. As células reprodutivas (gametas) transmitem aos
descendentes as características dos ancestrais. As células somáticas, que
constituem o resto do corpo (soma), não passam à prole: morrem com o
indivíduo, o que explica por que as modificações produzidas no soma pelo
ambiente não passam à prole.

Biologia 23 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Complementando as ideias de Weismann, em 1909 o geneticista di- Charles Robert Darwin nasceu em Shrewsbury, Shropshire, no Reino
namarquês Wilhelm Ludvig Johannsen demonstrou que a variabilidade dos Unido, em 12 de fevereiro de 1809, em uma família próspera e culta. Seu
indivíduos dentro de uma espécie é, em parte, produzida por diferenças pai, Robert Waring Darwin, foi médico respeitado. O avô paterno, Erasmus
nos genes que os indivíduos possuem e, em parte, por influência do meio. Darwin, poeta, médico e filósofo, era um evolucionista em potencial, cuja
O fenótipo, ou aspecto do indivíduo, resulta da ação do genótipo, modifica- obra mais famosa, a Zoonomia (1794-1796), antecipava em muitos aspec-
da por fatores ambientais. Só o genótipo, ou conjunto de genes, passa tos as teorias de Lamarck.
para a prole. Se o ambiente varia, o indivíduo passa a ter um fenótipo Em 1825 Darwin foi para Edimburgo estudar medicina, carreira que
diferente, sem que o genótipo se altere. O caráter adquirido em resultado abandonou por não suportar as dissecções. Todavia, interessou-se pelas
da adaptação individual não passa, portanto, à prole. ciências naturais. Matriculou-se a seguir no Christ's College, em Cambrid-
As variações hereditárias têm origem diferente. Baseando-se em estu- ge, decidido a ordenar-se, embora não tivesse vocação religiosa. Ali se
dos feitos com a planta denominada Oenothera lamarckiana, o botânico tornou amigo do botânico John Stevens Henslow, que o aconselhou a
holandês Hugo de Vries elaborou em 1901 a teoria das mutações. De vez aperfeiçoar seus conhecimentos em história natural.
em quando, os genes sofrem modificações espontâneas, não relacionadas A viagem do Beagle. Usando sua influência, Henslow conseguiu que
com a influência do ambiente, e passam a determinar novos caracteres Darwin fosse convidado para participar, como naturalista, da viagem de
hereditários. Essas mutações quase nunca são adaptativas; entretanto, circunavegação do navio Beagle, promovida pelo Almirantado britânico. A
pode acontecer, por acaso, que uma delas venha a ser útil a seu portador, 27 de dezembro de 1831, o Beagle deixou Davenport, rumando para o
num determinado ambiente. Nesse caso, tal indivíduo leva vantagem na arquipélago de Cabo Verde. Quando chegou às costas do Brasil, aportan-
competição com os demais e tem maior probabilidade de deixar prole do na Bahia e depois no Rio de Janeiro, Darwin fez algumas incursões pelo
numerosa, a qual herdará o gene mutado. O novo caráter vai, aos poucos, interior. O navio seguiu depois para a Patagônia, as ilhas Malvinas e a
predominando, podendo mesmo vir a substituir o antigo numa população, Terra do Fogo. Darwin conheceu também as ilhas Galápagos, a Nova
dando início a uma variedade que pode, por um mecanismo semelhante, Zelândia, a Austrália, a Tasmânia, as Maldivas, toda a costa ocidental da
transformar-se numa espécie nova. América do Sul, do Chile ao Peru, bem como as ilhas Keeling, Maurício e
Os citologistas do fim do século XIX tinham descrito o comportamento Santa Helena. Desembarcou em Falmouth a 2 de outubro de 1836, depois
dos cromossomos durante a mitose e a meiose. Esses conhecimentos, de quatro anos e nove meses.
combinados com as leis de Mendel, mostravam claramente que os fatores Essa longa viagem deu a orientação que Darwin imprimiria à pesquisa
hereditários antagônicos não se fundem no híbrido, de modo que os carac- sobre o tema fundamental de sua obra: a teoria da origem das espécies.
teres surgidos por mutação, ainda que muito raros, não se diluem por efeito Darwin colecionou fósseis e observou inúmeras espécies vegetais e ani-
dos cruzamentos que se processam ao longo das gerações subsequentes, mais, além de assistir a fenômenos geológicos como erupções vulcânicas
como pensava Darwin. e terremotos. Seu primeiro livro, Journal of Researches into the Geology
Se o gene que sofreu mutação determina um caráter inconveniente, and Natural History of the Various Countries Visited by H.M.S. Beagle,
será eliminado por seleção natural; mas se, por acaso, a mutação é benéfi- 1832-1836 (1839; Pesquisas sobre a geologia e a história natural nos
ca, a frequência do gene correspondente aumentará nas gerações suces- vários países visitados pelo H.M.S. Beagle, 1832-1836), resumiu as desco-
sivas, e o gene não perderá suas características por coexistir com seus bertas que fez na viagem.
alelos nos indivíduos híbridos. Em 29 de janeiro de 1839, Darwin casou-se com uma prima, Emma
Outra fonte de variação hereditária, ao lado das mutações, é a recom- Wedgwood. Após um curto período em Londres, o casal passou a viver em
binação entre os genes. O estudo da meiose e da segregação mendeliana Down, no condado de Kent, devido aos problemas de saúde que Darwin
mostrou que, ao passar de uma geração para a seguinte, os genes são, carregaria até a morte. Seu mal, tido por mera hipocondria, foi mais tarde
por três vezes, reagrupados ao acaso. atribuído à picada de um inseto que, durante sua viagem pelos mares do
Na prófase da meiose, os cromossomos trocam pedaços e ficam, as- sul, lhe transmitiu a então desconhecida doença de Chagas.
sim, com certos alelos diferentes dos que possuíam. Na metáfase, os A partir das ideias do geólogo escocês Charles Lyell, que explicava as
cromossomos homólogos se separam e vão formar, nos gametas, conjun- mudanças na conformação da crosta terrestre por meio dos fenômenos
tos haplóides em que figuram cromossomos maternos e paternos em observáveis (chuva, rios, vulcões, terremotos etc.), Darwin publicou várias
qualquer proporção. Finalmente, na fecundação, os cromossomos assim obras de geologia, nas quais tratava de diversos temas: formação e desen-
reorganizados vão-se juntar com os provenientes de um outro indivíduo. O volvimento dos recifes de coral; fenômenos vulcânicos e sísmicos associa-
número de genótipos diferentes que podem surgir em consequência da dos a elevações de terras; estratificação de sedimentos; formação de
recombinação de genes é extraordinariamente grande. rochas metamórficas devido à pressão das camadas que as cobrem etc.
Especialmente importante foi sua explicação sobre a origem de um bosque
petrificado dos Andes (que atribuiu a movimentos sucessivos de afunda-
• IDENTIDADE DOS SERES VIVOS – NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO mento e elevação do terreno que o sustentava).
DOS SERES VIVOS. VÍRUS, PROCARIONTES E EUCARIONTES. Evolução das espécies. Durante a viagem do Beagle, Darwin observou
AUTÓTROFOS E HETERÓTROFOS. SERES UNICELULARES E que, à medida que passava de uma região para outra, o mesmo animal
PLURICELULARES. SISTEMÁTICA E AS GRANDES LINHAS DA apresentava características distintas. Notou ainda que, entre as espécies
EVOLUÇÃO DOS SERES VIVOS. TIPOS DE CICLO DE VIDA. extintas e as atuais existiam traços comuns, embora bastante diferencia-
dos. Tais fatos levaram-no a supor que os seres vivos não são imutáveis,
EVOLUÇÃO E PADRÕES ANATÔMICOS E FISIOLÓGICOS
mas que se transformam uns nos outros.
OBSERVADOS NOS SERES VIVOS. FUNÇÕES VITAIS DOS
SERES VIVOS E SUA RELAÇÃO COM A ADAPTAÇÃO DESSES Na base de sua teoria evolucionista, Darwin colocou a luta pela vida,
segundo a qual em cada espécie animal existe uma permanente concor-
ORGANISMOS A DIFERENTES AMBIENTES. EMBRIOLOGIA,
rência entre os indivíduos. Somente os mais fortes e os mais aptos conse-
ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA. EVOLUÇÃO HUMANA. guem sobreviver e a própria natureza se incumbe de proceder a essa
BIOTECNOLOGIA E SISTEMÁTICA. seleção natural. Darwin observou que os espécimes botânicos cultivados
Origem das espécies são bem mais aprimorados do que os que nascem nas matas; observou
ainda que os fazendeiros criam reprodutores que apresentam característi-
Obra do naturalista inglês Charles Darwin, publicada em 1859. Apre- cas consideradas mais vantajosas, e que se transmitem por hereditarieda-
senta o resultado de suas pesquisas de mais de 20 anos sobre a evolução de. Essa seleção artificial visa, pois, transmitir a cada nova geração da
dos seres vivos. espécie uma soma de características que permitam, além da melhor ade-
Charles Darwrin quação ao ambiente, seu aprimoramento progressivo.
As ideias gerais da teoria da evolução das espécies sofreram, aos A princípio, Darwin revelou suas conclusões apenas a um restrito nú-
poucos, alterações e aperfeiçoamentos. Todavia, as bases do evolucio- mero de amigos, até que, animado por uma carta na qual o zoólogo britâni-
nismo subsistem até hoje e o nome de Darwin ficou ligado a uma das mais co Alfred Russell Wallace lhe anunciava um trabalho com conclusões
notáveis concepções do espírito humano. semelhantes, preparou um resumo de seu estudo, On the Origin of Species

Biologia 24 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in Inglaterra perderam suas cores variegadas e ficaram uniformemente ne-
the Struggle for Life (1859; Sobre a origem das espécies por meio da gros nas zonas fabris e suas vizinhanças. A mariposa inglesa Biston betu-
seleção natural ou a conservação das raças favorecidas na luta pela vida). laria, por exemplo, tem o corpo coberto por uma mescla de pintas brancas
O livro colocou Darwin no centro de acirradas polêmicas e discussões e pretas, o que faz com que ela se confunda com os liquens dos troncos
fervorosas. Um dos grandes defensores e divulgadores da teoria foi o das árvores em que pousa. Graças à proteção conferida por esse mime-
biólogo e naturalista Thomas Henry Huxley. A publicação de mais três tismo, ela escapa da perseguição de seus predadores.
livros aprofundou as explicações sobre a teoria da seleção natural. Em 1850, encontrou-se, perto de Manchester, um exemplar todo negro
De caráter simples, extremamente apegado à mulher e aos filhos, (melânico) dessa espécie, o primeiro a ser conhecido. Desde então, a
Darwin dedicou a vida à ciência, apesar da pouca saúde. Sua obra revela variedade negra vem sobrepujando a forma pintada, que se tornou muito
modéstia e escrúpulo, que despertaram a simpatia e a amizade de todos. rara na região de Manchester. Para explicar uma transformação tão rápida
Até os adversários admiravam seu caráter e respeitavam-no como cientis- e radical na composição de uma população, formulou-se a hipótese de
ta. Darwin morreu de um ataque cardíaco em Down, a 19 de abril de 1882. que, nas regiões fabris, onde as árvores ficam cobertas de fuligem, a
Foi enterrado na abadia de Westminster, por solicitação expressa do variedade pintada torna-se mais visível que a melânica, e é mais rapida-
Parlamento britânico. mente exterminada pelas aves. Essa hipótese veio a ser confirmada expe-
Mecanismo da evolução rimentalmente: soltou-se igual número de indivíduos pintados e negros na
floresta limpa e verificou-se que os melânicos eram devorados pelos pás-
Preliminares. Caracteres novos e hereditários podem surgir por muta- saros em muito maior número do que os pintados. Quando a mesma
ção de um único gene, ou por mutações cromossômicas, que resultam de experiência foi realizada numa floresta coberta de fuligem, perto de uma
vários acidentes que os cromossomos sofrem, como perda ou duplicação área industrial, o resultado foi inverso: os pintados é que foram dizimados.
de um pequeno fragmento, inversão na posição de um pedaço, ou translo-
cação de um fragmento de um cromossomo para outro. Qualquer dessas É evidente que, mesmo antes do surto industrial na Inglaterra, as ma-
anomalias pode provocar uma alteração nos caracteres aparentes dos riposas negras já surgiam por mutação; mas eram rapidamente destruídas,
organismos. por serem muito visíveis sobre os liquens, e tinham, assim, pouca probabi-
lidade de deixar descendentes. O tipo pintado, ao contrário, escondia-se
Cada tipo de mutação ocorre com uma determinada frequência. Calcu- melhor e produzia prole numerosa. Com a modificação do ambiente, a
la-se, por exemplo, que a mutação que produz a hemofilia ocorre com a situação inverteu-se: a forma negra é que ficou sendo mimética, enquanto
frequência de dois ou três genes em cem mil. A frequência das mutações a forma pintada, mais visível em contraste com a fuligem, passou a ser
espontâneas foi medida para muitos genes na mosca-do-vinagre (Droso- eliminada.
phila melanogaster), no milho e em outras espécies.
Um bom reforço dessa explicação ocorreu quando novamente se pas-
Em 1926, o geneticista americano Hermann Joseph Muller conseguiu, sou a observar um aumento significativo na frequência da forma pintada: é
pela primeira vez, aumentar experimentalmente a frequência das mutações que, como resultado de medidas tomadas pelo governo para combater a
na mosca-do-vinagre, submetendo-a aos raios X, trabalho que lhe valeu o poluição, os troncos das árvores tinham ficado mais claros, livres de fuli-
Prêmio Nobel de fisiologia ou medicina em 1946. Muller demonstrou que a gem.
frequência de todas as mutações aumentava proporcionalmente com a
dose de raios X empregada. Outras radiações penetrantes produzem o A seleção natural age continuamente sobre todas as espécies. Um
mesmo efeito que os raios X, quando aplicadas em dosagens equivalentes. exemplo na espécie humana é o da anemia falciforme, doença hereditária
comum em certas regiões da África. A anomalia é causada por um gene
O gás de mostarda, um dos componentes dos gases asfixiantes usa- recessivo que determina a síntese de uma hemoglobina anômala nos
dos na primeira guerra mundial, mostrou-se tão ativo como os raios X, na glóbulos vermelhos do sangue. Os homozigotos quanto a esse gene mor-
produção de mutações na mosca-do-vinagre. Outras substâncias químicas rem ainda na infância, mas os heterozigotos não manifestam a doença,
também provocam mutações, embora em menor escala. A colquicina, embora possam ser reconhecidos por um tipo especial de exame de san-
alcalóide extraído da planta Colchicum autumnale, tem a propriedade de gue.
inibir a formação do fuso, durante a mitose: como resultado, os cromosso-
mos duplicam-se normalmente, mas não se separam, de modo que a Genes letais como esse são constantemente eliminados pela morte
célula fica com o número de cromossomos dobrado. O calor também é um dos homozigotos, de modo que, em geral, suas frequências se mantêm
agente mutagênico: a frequência das mutações em drosófilas dobra ou muito baixas nas populações. Surpreendentemente, verificou-se, porém,
triplica para cada 10o C de elevação da temperatura ambiente. que certas populações africanas apresentavam frequências altíssimas do
gene da anemia falciforme.
Quase todas as mutações são inconvenientes para seus portadores,
pois as espécies atualmente existentes resultam de um longo processo de Essa situação intrigou os geneticistas, até ser descoberta sua explica-
evolução, pelo qual as combinações gênicas mais convenientes para os ção: as populações africanas com alta incidência de anemia falciforme
indivíduos, no ambiente em que vivem, foram fixadas como características eram as que viviam em regiões de malária; as populações não expostas à
normais da espécie. A alteração de um gene, ao acaso, tem grande proba- malária apresentavam apenas raros casos da doença. Levado por esse
bilidade de ter consequência indesejável. Por exemplo, um novo gene que indício, levantou-se a hipótese, depois demonstrada experimentalmente, de
surja por mutação pode interferir no metabolismo de forma a tornar impos- que os glóbulos vermelhos dos indivíduos heterozigotos quanto à anemia
sível a formação de um organismo viável; uma mutação desse tipo, que falciforme resistem melhor ao ataque do plasmódio da malária.
mata precocemente o organismo, é chamada letal. Ficou claro, então, que, nas zonas malarígenas, ter o gene da anemia
Às vezes, a mutação não tem consequência tão drástica e produz um falciforme, em dose simples, constitui grande vantagem, pois isso defende
efeito que prejudica o indivíduo sem, entretanto, eliminá-lo. É o caso das seu portador contra a malária. Assim, a seleção natural favorece o gene,
mutações que produzem anomalias ou doenças hereditárias, como o em heterozigose, embora o elimine em homozigose. Como, em qualquer
albinismo e a hemofilia. Ainda outras mutações provocam apenas altera- população, os heterozigotos são muito mais numerosos que os homozigo-
ções ligeiras, que não chegam a ter valor adaptativo, isto é, não prejudicam tos, a frequência do gene mantém-se elevada.
nem favorecem seus portadores. São desse tipo as mutações que alteram, Uma alteração do ambiente faz com que certos tipos dentro de uma
por exemplo, a forma de borda da orelha. espécie passem a ser mais eficientes do que outros e acabem por predo-
As mutações que produzem modificações extremamente pequenas, minar. Se todos os indivíduos de uma espécie fossem geneticamente
muito difíceis de serem percebidas, são, porém, as mais importantes para idênticos, a seleção natural não poderia agir; mas as mutações estão
a evolução das espécies, pois têm maior probabilidade de dotarem seus sempre produzindo novas variações dentro das populações e, assim,
portadores com alguma vantagem. Como as espécies já estão, em geral, promovem a variabilidade necessária para que a seleção natural possa
muito bem adaptadas ao meio em que vivem, qualquer modificação radical influir na composição das populações, de acordo com as modificações do
será quase fatalmente prejudicial. ambiente.
Exemplo clássico da ação da seleção natural é o ocorrido com popula- Entretanto, nem todos os genes nocivos vêm a ser eliminados pela se-
ções de mariposas europeias que habitam zonas industriais. Quase todos leção natural: os genes recessivos são mantidos, em certa frequência, nos
os indivíduos de cerca de setenta espécies diferentes de mariposas da heterozigotos, que são fenotipicamente normais e podem transmitir o gene

Biologia 25 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
à metade de seus descendentes. Como os genes recessivos inconvenien- duas raças vivessem lado a lado, não poderiam trocar genes, pois os
tes são muitos, embora cada qual exista na população em baixa frequên- híbridos são inviáveis.
cia, em média, cada pessoa é heterozigota para alguns genes recessivos Entretanto, cada população da Rana pipiens dá prole fértil, ao cruzar-
prejudiciais. se com outra população contígua, e isso desde o norte até o sul dos Esta-
Se o ambiente em que vive uma espécie fosse constante ao longo das dos Unidos. Assim, um gene surgido por mutação no extremo norte teria a
gerações, tal espécie iria adaptando-se cada vez melhor a seu ambiente, possibilidade de ser introduzido na população da Flórida, migrando por
pela substituição das combinações gênicas menos favoráveis por outras meio das outras. Todavia, se as populações intermediárias desapareces-
mais adequadas. Assim, a espécie evoluiria como um todo, sem se frag- sem, em consequência de modificações geológicas, e as duas populações
mentar em raças e espécies novas. O mais comum, entretanto, é que a extremas passassem a conviver no mesmo ambiente, a troca de genes
espécie viva em diferentes micro-habitats, criados por alteração das condi- entre elas seria impossível: elas constituíram duas espécies distintas.
ções do meio em partes da zona ocupada, ou que a espécie se difunda por Provavelmente, a distribuição da espécie pela enorme área que ocupa
regiões novas. Em ambos os casos, a seleção natural passa a atuar em determinou um isolamento geográfico entre as populações mais distantes;
sentidos divergentes nos diferentes habitats, de modo que as populações ao mesmo tempo, tais populações encontraram ambientes diferentes, que
que neles vivem tendem a diversificar-se em raças distintas. fizeram com que seu patrimônio hereditário evoluísse em direções diver-
Outro fator importante na modificação genética das raças é a migra- sas, sob a influência das mutações e da seleção natural. Nas populações
ção. Os índios americanos, por exemplo, são descendentes dos povos mais extremas, essa diferenciação atingiu um ponto tal que a produção de
mongolóides asiáticos, mas deles diferem em vários aspectos, em razão da híbridos viáveis tornou-se impossível. Surgiu, então, em consequência do
evolução divergente determinada pela separação dos dois grupos em isolamento geográfico, um isolamento reprodutivo total entre elas.
continentes diversos. Origem das raças. As mutações, as recombinações gênicas, a seleção
Modificações na configuração geográfica podem dar oportunidade a natural, as diferenças de ambiente, os movimentos migratórios e o isola-
importantes movimentos migratórios de plantas e animais. Um exemplo é a mento, tanto geográfico como reprodutivo, concorrem para alterar a fre-
restauração da ligação entre a América do Norte e a do Sul, que tinham quência dos genes nas populações e são, assim, os principais fatores da
estado separadas pelo oceano desde o paleoceno até o fim do plioceno (o evolução.
que representa cerca de 65 milhões de anos). Durante esse tempo, a Suponha-se que uma espécie estava estabelecida, em tempos remo-
evolução dos mamíferos tinha seguido rumos diferentes nos dois hemisfé- tos, numa região restrita e uniforme. Cada indivíduo era geneticamente
rios, com a formação de espécies locais. Os fósseis do mioceno médio diferente dos demais: as recombinações gênicas, promovidas pela repro-
revelam que havia, por essa época, 27 famílias de mamíferos na América dução sexuada, e as mutações mantinham essa diversidade.
do Norte e 23 na América do Sul, sem que nenhuma delas existisse con-
comitantemente nas duas regiões. Admita-se, ainda, que a espécie não estivesse subdividida em raças:
era uma espécie monotípica. Suponha-se, agora, que, vencendo certas
Com a restauração do istmo do Panamá, as espécies da América do barreiras naturais, como rios ou montanhas, um grupo de indivíduos tenha
Norte invadiram a América do Sul e vice-versa. Essa troca de faunas conseguido colonizar uma área limítrofe, cujas condições ambientais
redundou numa modificação radical no ambiente vivo dos dois continentes, conseguiram tolerar com dificuldade. A seleção natural entra em ação,
o que provocou a extinção de muitas espécies sul-americanas, na competi- eliminando grande parte dos colonizadores e de seus descendentes, mas a
ção com espécies mais eficientes provenientes do norte. No pleistoceno, variabilidade genética preexistente garante que grande parte dos indiví-
entre as 32 famílias de mamíferos da América do Norte e as 36 da América duos prolifere, por terem algumas peculiaridades hereditárias.
do Sul, 21 eram comuns aos dois continentes.
Alguns genes, ou combinações gênicas, que no ambiente anterior
Após a descoberta da América, muitas plantas e animais foram trazi- eram nocivos, podem revelar-se úteis. Novas mutações e combinações,
dos da Europa, da África e da Ásia, e nela se estabeleceram. Os amerín- sob a ação da seleção natural, vão tornando a população cada vez mais
dios foram, em grande parte, aniquilados, deixando, entretanto, seus genes adaptada ao novo ambiente. Forma-se, assim, uma nova raça geográfica,
incorporados, embora em pequena proporção, ao patrimônio hereditário do cujas características diferem das do estoque original.
grupo dominador, por meio de intercruzamentos.
Duas raças geograficamente isoladas evoluem independentemente e
Quando a densidade da população numa área atinge um nível alto, a se diversificam cada vez mais, até que as diferenças nos órgãos reproduto-
sobrevivência fica difícil, os indivíduos são impelidos para fora da zona e a res, ou nos instintos sexuais, ou no número de cromossomos, sejam gran-
distribuição geográfica da espécie é ampliada. As regiões contíguas são des a ponto de tornar o cruzamento entre elas impossível ou, quando
ocupadas, a menos que existam barreiras intransponíveis. O novo ambien- possível, produtor de prole estéril. Com isso, as duas raças transformam-se
te conquistado pode ser diferente, de modo que a seleção natural segue em espécies distintas, isto é, populações incapazes de trocar genes. Daí
nele novos rumos e, se a comunicação com a população inicial for difícil, a por diante, mesmo que as barreiras venham a desaparecer e as espécies
espécie pode dividir-se em duas. passem a compartilhar o mesmo território, não haverá entre elas cruza-
Isolamento geográfico. Quando Darwin visitou as ilhas Galápagos, mentos viáveis. As duas espécies formarão, para sempre, unidades bioló-
impressionou-o encontrar ali inúmeras espécies que não existiam em gicas estanques, de destinos evolutivos diferentes.
nenhum outro lugar. Certos pássaros da subfamília dos geospigíneos, por Se, entretanto, o isolamento geográfico entre duas raças é precário e
exemplo, diferenciaram-se, em Galápagos, em 14 espécies, pertencentes a desaparece depois de algum tempo, o cruzamento entre elas tende a
quatro gêneros, não representadas em nenhum outro lugar. A principal obliterar a diferenciação racial e elas se fundem numa mesma espécie,
diferença entre as espécies está no bico, que vai desde um tipo curvo e monotípica, porém muito variável. É o que está acontecendo com a espé-
robusto, como o dos periquitos, até um tipo fino e delgado, que correspon- cie humana, cujas raças se diferenciaram enquanto as barreiras naturais
de, em cada espécie, ao tipo de alimento usado (frutos, grãos, insetos) e eram muito difíceis de vencer e quase chegaram ao ponto de formar espé-
tem, portanto, evidente função adaptativa. cies distintas; mas os meios de transporte, introduzidos pela civilização,
É provável que o arquipélago tenha sido ocupado por aves vindas do aperfeiçoaram-se antes que se estabelecessem mecanismos de isolamen-
continente, que ocuparam as diferentes ilhas e constituíram populações to reprodutivo que tornassem o processo irreversível. Os cruzamentos
relativamente isoladas, que puderam evoluir independentemente, até virem inter-raciais tornaram-se frequentes e a humanidade está-se amalgamando
a formar espécies distintas. Numa ilha onde abundavam insetos pequenos numa espécie cada vez mais homogênea, mas com grandes variações.
as mutações que tornavam o bico delicado foram fixadas pela seleção Populações que se intercruzam amplamente apresentam pequenas di-
natural, enquanto em outra ilha, rica em sementes duras, o bico forte tinha ferenças genéticas, mas as populações isoladas por longo tempo desen-
maior valor adaptativo e por isso se diferenciou. volvem diferenças consideráveis. Em teoria, raças são populações de uma
Isolamento reprodutivo. A distribuição da espécie Rana pipiens por mesma espécie que diferem quanto à frequência de genes, mesmo que
toda a área dos Estados Unidos determinou um isolamento geográfico essas diferenças sejam pequenas. A divisão da humanidade em determi-
entre as populações mais distintas. Assim, exemplares do extremo norte nado número de raças é arbitrária; o importante é reconhecer que a espé-
podem cruzar-se, no laboratório, com exemplares do extremo sul, mas os cie humana, como as demais, está dividida em alguns grupos raciais
embriões morrem antes da eclosão, o que demonstra que, mesmo que as maiores que, por sua vez, se subdividem em raças menos distintas, e a

Biologia 26 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
subdivisão continua até se chegar a populações que quase não apresen- Ciclo de infecção. A injeção do ácido nucléico viral no interior de uma
tam diferenças. célula hospedeira é o início do ciclo de desenvolvimento do vírus. Vírus
As subespécies representam o último estádio evolutivo na diferencia- bacteriófagos (que invadem as células bacterianas) acoplam-se à superfí-
ção das raças, antes do estabelecimento dos mecanismos de isolamento cie do microrganismo e perfuram sua rígida membrana celular, transmitindo
reprodutivo. São, portanto, distinguíveis por apresentarem certas caracte- assim o ácido nucléico viral para o hospedeiro. Os vírus de animais entram
rísticas em frequência bem diferentes. Não se cruzam, por estarem sepa- nas células hospedeiras mediante um processo chamado endocitose
radas, mas são capazes de produzir híbridos férteis, se colocadas juntas. (invaginação da membrana da célula), enquanto os vírus de vegetais
penetram em corrosões nas folhas das plantas. Uma vez no interior do
Por esse critério, que é o aceito pela biologia moderna, os nativos da hospedeiro, o genoma viral comanda a síntese de novos componentes
África e da selva amazônica, por exemplo, são raças que atingiram plena- virais -- ácidos nucléicos e proteínas. Esses componentes são então mon-
mente o nível de subespécies. O mesmo pode-se dizer dos italianos e os tados para formar novos vírus, que, ao romperem a membrana da célula,
esquimós etc., mas não há grupos humanos que se tenham diferenciado estão prontos para infectar novas células.
em espécies distintas, pois espécies são grupos biológicos que não se
intercruzam habitualmente na natureza, mesmo quando os indivíduos Há outro tipo de infecção viral, na qual o genoma viral forma uma as-
habitam o mesmo território. sociação estável com o cromossomo da célula hospedeira e junto com ele
VÍRUS se replica, antes da divisão celular. Cada nova geração de células herda o
genoma do vírus, que nesse caso não produz descendentes. Em algum
Com o aumento vertiginoso dos índices de crescimento demográfico momento, um fator qualquer pode induzir o genoma viral latente a coman-
em meados do século XX, as populações humanas foram sendo empurra- dar a replicação viral, com a subsequente ruptura da célula hospedeira e a
das para o interior de áreas até então ocupadas por florestas tropicais liberação de novos vírus.
densas, habitat de incontáveis formas de vida. Esse avanço desenfreado,
responsável pela expansão das fronteiras agrícolas e pela abertura de Resposta imunológica. O animal pode responder de numerosas for-
novas estradas e rotas comerciais, parece ter encontrado resistência mas a uma infecção viral. A febre é uma resposta: muitos vírus são inativa-
apenas de alguns organismos invisíveis e extremamente agressivos: os dos a temperaturas ligeiramente acima da temperatura normal do hospe-
vírus. deiro. A secreção de interferon pelas células do animal infectado é outra
resposta comum. O interferon inibe a multiplicação de vírus em células
Vírus são agentes infecciosos de tamanho ultramicroscópico (com di-
não-infectadas. Os seres humanos e outros vertebrados são capazes ainda
âmetro entre 20 e 250 nanômetros), muito menores que as menores bacté-
de organizar um ataque imunológico contra vírus específicos, com anticor-
rias. Desprovidos de estrutura celular e dependentes de outras células
pos e células imunológicas especialmente produzidos para neutralizá-los.
vivas para se multiplicarem e propagarem, situam-se no limite que separa a
matéria viva da inerte. Consistem de um núcleo de ácido nucléico (ADN, Classificação. Os vírus classificam-se de acordo com várias caracte-
ácido desoxirribonucléico, ou ARN, ácido ribonucléico), envolto por uma rísticas: o tipo de ácido nucléico que apresentam, seu tamanho, a forma do
cápsula externa protéica (capsídeo). Alguns apresentam ainda um envelo- capsídeo ou a presença de um envelope lipoprotéico em sua estrutura. A
pe externo composto de lipídios e proteínas. O ácido nucléico contém o divisão taxionômica primária se faz em duas classes: vírus ADN e vírus
genoma do vírus -- sua coleção de genes --, enquanto o capsídeo o prote- ARN. Os vírus ADN dividem-se em seis famílias: poxvírus (que inclui o
ge e pode apresentar moléculas que facilitam a invasão da célula hospe- agente causador da varíola), adenovírus, herpesvírus, iridovírus, papovaví-
deira. Podem ser esféricos, em formato de bastão ou ter formas muito rus (entre os quais os papilomavírus, que causam as verrugas simples,
complexas, como "cabeças" poliédricas e "caudas" cilíndricas. genitais e carcinomas de pele, de vulva e de pênis) e parvovírus.
Em virtude de sua simplicidade, os vírus foram inicialmente considera- Já os vírus ARN classificam-se nas famílias picornavírus (resfriados,
dos formas de vida primitivas. Esse conceito é tido como incorreto porque poliomielite e hepatite A), calicivírus, togavírus (rubéola), flavivírus (dengue
os vírus, destituídos das estruturas responsáveis pelo exercício das fun- e febre amarela), coronavírus, ortomixovírus (gripe), paramixovírus (sa-
ções vitais, não sobreviveriam à ausência de células hospedeiras. É então rampo e caxumba), rabdovírus (raiva), arenavírus (febre hemorrágica),
mais provável que os vírus tenham evoluído a partir das células e não o buniavírus, retrovírus (AIDS, leucemia e câncer de pele) e reovírus. Os
contrário. arbovírus não chegam a constituir uma família. Agrupam-se nessa classifi-
cação todos os vírus transmitidos por artrópodes, principalmente mosqui-
tos. Como exemplos de arbovírus citam-se os vírus transmissores da
dengue, da febre amarela e da encefalite equina.
Prevenção e tratamento. O tratamento de uma infecção viral se res-
tringe normalmente ao alívio dos sintomas: por exemplo, a ingestão de
líquidos controla a desidratação, a aspirina alivia dores e diminui a febre.
Há poucas drogas que podem ser usadas para combater diretamente o
vírus, uma vez que esses organismos empregam a energia e o equipamen-
to bioquímico das células vivas para realizarem sua própria replicação.
Portanto, os medicamentos que inibem a replicação viral também inibem as
funções das células hospedeiras. Existe um reduzido número de drogas
antivirais, porém, que combatem infecções específicas.
O controle epidemiológico é a medida de maior êxito contra as doen-
ças viróticas. Programas de imunização ativa em larga escala, por exem-
plo, podem quebrar a cadeia de transmissão de uma doença virótica e até
erradicá-la, como ocorreu com a varíola. O controle de insetos e a higiene
na manipulação dos alimentos são outras medidas que podem ajudar a
eliminar alguns vírus do interior de populações específicas.
História. Os primeiros indícios da natureza biológica dos vírus vieram
de estudos feitos pelo russo Dmitri Ivanovski, em 1892, e pelo holandês
Martinus Beijerinck, em 1898. Beijerinck supôs inicialmente que o organis-
mo estudado, causador de uma doença das plantas chamada mosaico, era
um novo agente infeccioso, que ele chamou de contagium vivum fluidum,
capaz de atravessar os filtros biológicos mais finos até então conhecidos.
Em estudos independentes, Frederick Twort, em 1915, e Félix d'Hérelle,
em 1917, comprovaram a existência dos vírus ao descobrirem agentes
infecciosos capazes de produzir lesões em culturas de bactérias, os bacte-
riófagos.

Biologia 27 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Na década de 1940, a invenção do microscópio eletrônico permitiu ob- cos, formando longos filamentos; estafilococos, formando estruturas tridi-
servar os vírus pela primeira vez. Um significativo avanço no estudo des- mensionais; e sarcinas, de morfologia cúbica. As bactérias se movem por
ses organismos se fez em 1949, com a descoberta de uma técnica de meio de flagelos, estruturas alongadas de forma e número variáveis, distri-
cultura de células em superfícies de vidro, que abriu caminho para o diag- buídas ao redor da célula.
nóstico de doenças causadas por vírus, por intermédio da identificação de
sua ação sobre as células e dos anticorpos produzidos contra eles no
sangue.
A nova técnica levou ao desenvolvimento de vacinas eficientes, como
as empregadas contra a poliomielite, a varíola, a raiva e a febre amarela,
avanços que pareciam prever a vitória definitiva do homem sobre as doen-
ças viróticas. No entanto, o crescimento descontrolado da população
mundial e a invasão concomitante e indiscriminada de nichos ecológicos
antes intocados acabaram expondo o homem, nas últimas décadas do
século XX, a vírus desconhecidos, por isso chamados emergentes, e
extremamente agressivos. O surgimento de novas correntes migratórias e
a intensificação do turismo internacional também ajudaram a disseminar
doenças viróticas antes restritas a algumas populações isoladas.
O primeiro desses novos vírus a aparecer foi o HIV, causador da AIDS
e provavelmente oriundo de macacos africanos. Isolado em 1983, o HIV
infectou mais de 13 milhões de pessoas em 15 anos. Um dos vírus emer-
gentes mais letais de que se tem notícia, contudo, é o ebola, que surgiu
pela primeira vez, em 1967, em Marburg, na Alemanha, onde matou sete
pessoas contaminadas por macacos importados da Uganda. Novas varie-
dades do ebola, letais em noventa por cento dos casos, apareceram no
Sudão e no Zaire, em 1976, e, novamente no Zaire, em 1995, causando
mortíferas epidemias de febre hemorrágica.
Os hantavírus, transmitidos por roedores, são um exemplo de vírus
que circulavam numa população isolada e se disseminaram pelo planeta
na segunda metade do século XX. Antes da década de 1950, o Ocidente
desconhecia os hantavírus, causadores de febre hemorrágica muito co-
muns na China e na Coreia, que se dispersaram principalmente no orga- Reprodução. Em condições adequadas, uma célula bacteriana se re-
nismo de ratos transportados em porões de navios. A lista dos vírus emer- produz assexuadamente pelo processo da bipartição. Inicialmente, seu
gentes inclui ainda o rift valley, um arbovírus causador de febre na região material celular dobra de volume, seguindo-se uma constrição na parte
da grande fossa africana; e os arenavírus sabiá, junin, machupo, guanarito média da célula, pela invaginação ou dobra da membrana plasmática, ao
e lassa, causadores de febre hemorrágica, respectivamente, no Brasil, na longo da qual ocorre o crescimento de uma nova parede celular, até que
Argentina, na Bolívia, na Venezuela e na África ©Encyclopaedia Britannica duas novas células se formem.
do Brasil Publicações Ltda. Além desse mecanismo de reprodução, as bactérias podem se repro-
BACTÉRIA duzir sexuadamente, por meio de três processos diferentes, conhecidos
como conjugação, transformação e transdução. No primeiro deles, há a
Incluídos entre os menores seres vivos conhecidos, as bactérias estão
transferência de material genético entre duas células. Na transformação,
presentes em toda parte: no solo, na água, no ar e em outros seres vivos.
uma célula bacteriana, anteriormente destruída, libera para o meio parte de
Embora algumas espécies causem graves enfermidades, a função biológi-
seu material genético, captada por outra célula. Na transdução, o material
ca desses microrganismos é indispensável, principalmente nos processos
genético é transferido de uma célula para outra com o auxílio de um vírus
de fermentação e no tratamento de resíduos orgânicos.
bacteriófago.
Bactéria é um ser procariote, isto é, não possui núcleo propriamente
dito, como ocorre nas células vegetais e animais, e o material genético, O crescimento desses microrganismos apresenta várias fases sucessi-
reunido numa determinada região celular, não se isola fisicamente do resto vas: latência, na qual o crescimento é nulo; crescimento exponencial; fase
dos componentes celulares por uma membrana. Por isso, são considera- estacionária, na qual o número de indivíduos se mantém constante ao
das um grupo de seres vivos à parte, embora algumas espécies sejam longo do tempo; e, por último, fase de declive, na qual há uma redução na
capazes de, como os vegetais, realizar fotossíntese. população de microrganismos. Estas duas últimas são consequência da
redução dos nutrientes presentes no meio e da produção de resíduos
Tamanho, forma e estrutura. O material celular desses organismos, o metabólicos tóxicos durante o processo de crescimento.
citoplasma, é constituído pelo hialoplasma, substância semifluida composta
de água, sais, substâncias químicas nutrientes e rejeitos do metabolismo Ciclo vital das bactérias. O desenvolvimento bacteriano depende for-
da célula. Dispersos no hialoplasma se encontram o material genético da temente da temperatura. Existem certas espécies, denominadas psicrófilas,
célula, responsável pela transmissão de suas características biológicas, e que exibem crescimento a temperaturas na faixa de 4 a 10o C, enquanto
várias organelas, responsáveis por suas funções vitais. outras, conhecidas como bactérias mesófilas, apresentam um desenvolvi-
mento acentuado em temperaturas entre 25 e 40o C. Outras, ainda, apre-
O citoplasma, por sua vez, é circundado pela membrana plasmática,
sentam uma temperatura ótima de crescimento na faixa de 45 a 75o C,
envoltório composto por lipídios e proteínas, onde ocorrem as trocas nutri-
sendo, por esse motivo, denominadas termófilas. Além da temperatura,
tivas entre a célula e o meio, além de várias outras atividades metabólicas,
também o teor de oxigênio presente no meio afeta o desenvolvimento
entre elas a respiração. Essa membrana está envolvida pela parede celu-
desses microrganismos. Assim, existem bactérias aeróbias (que só sobre-
lar, uma estrutura de proteção que confere à bactéria sua forma caracterís-
vivem na presença de oxigênio) e anaeróbias (para as quais a presença
tica; com dez a vinte micra (1 mícron = 1 milésimo de milímetro) de espes-
desse gás é letal) e facultativas (que não necessitam de oxigênio mas
sura, compõe-se basicamente de glucopeptídeos (açúcares e proteínas).
podem desenvolver-se na presença dele).
Em algumas espécies de bactérias, a parede celular se encontra rodeada
por uma cápsula de natureza gelatinosa e de composição variável. Quanto a suas necessidades nutritivas, as bactérias podem ser classi-
A maioria das bactérias possui um tamanho médio de dez micra, e se ficadas como autotróficas, quando são capazes de produzir matéria orgâni-
apresenta em quatro formas fundamentais: cocos ou pequenas esferas; ca a partir de matéria inorgânica, e heterotróficas, quando necessitam de
bacilos ou bastonetes retos; vibriões ou bastonetes curvos; e espirilos ou matéria orgânica para sintetizar seu alimento. Muitas espécies de bactéria
filamentos em forma de hélice. Algumas espécies apresentam-se sob a formam, quando em condições adversas, uma estrutura de proteção,
forma de colônias de grupamentos: diplococos ou aos pares; estreptoco- denominada endósporo, capaz de resistir a ataques químicos e a grandes

Biologia 28 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
variações de temperatura. Quando as condições do meio se normalizam, A tendência de certos germes patogênicos a se localizarem em deter-
essa proteção se desfaz e a bactéria se torna novamente ativa. minadas células e órgãos, e neles produzirem lesões, nem sempre encon-
tra explicação plausível. Do ponto de vista clínico, o médico pode ter uma
Importância. Embora mais conhecidas pelas doenças que podem ideia da identidade do germe quando leva em consideração a localização
causar ao homem, as bactérias se mostram muito úteis em diversos aspec- anatômica ou conjunto de sinais e sintomas referentes a certos órgãos.
tos. Fertilizam o solo onde crescem vegetais, fixando o nitrogênio atmosfé-
rico ou transformando compostos nitrogenados em sais absorvíveis pelas Salvo pequenas diferenças, as infecções geralmente seguem um cur-
plantas. Também outras substâncias essenciais à nutrição das plantas só so constante. Os microrganismos penetram no corpo através da pele,
são assimiladas com o auxílio de bactérias, como é o caso do ferro e do nasofaringe, pulmões, uretra, intestino ou outras portas de entrada. Uma
enxofre. vez instalados no hospedeiro, passam a multiplicar-se, gerando uma
infecção geral ou primária. A partir daí, pode ocorrer invasão local de
Os grandes depósitos de salitre-do-chile resultam do trabalho de trans-
estruturas orgânicas vizinhas ou disseminação para órgãos mais distantes,
formação dos dejetos de aves marinhas em nitratos de potássio e sódio
através da corrente sanguínea e linfática, produzindo lesões secundárias.
efetuado por bactérias. O mesmo acontece com o salitre do Brasil, encon-
A infecção pode ser vencida pelo hospedeiro com recuperação completa
trado nos areais do Norte, proveniente da transformação de dejetos de
ou matá-lo em qualquer fase evolutiva (localização, invasão ou dissemina-
mocós. O guano, fertilizante rico em fósforo e ainda hoje produzido em
ção).
ilhas das costas do Peru, é também um resultado da ação de bactérias
sobre os dejetos de aves guanaanis. Além disso, muitas jazidas de ferro e O diagnóstico das doenças infecciosas se fundamenta em informações
de enxofre resultaram da atividade de bactérias ferruginosas e sulfurosas extraídas do interrogatório clínico, do exame físico e de exames comple-
que concentram esses elementos, obtidos em águas primitivas nas quais mentares, principalmente de sangue e de urina. Em doenças causadas por
abundavam. bactérias, frequentemente se demonstra a presença do germe mediante
Presentes na atividade industrial, as bactérias são responsáveis pela exame microscópico de material colhido do hospedeiro. O diagnóstico pode
obtenção de vários produtos, entre eles o ácido lático, o butírico, o álcool ser confirmado, também, pelo estudo das características celulares no
butílico, o propílico e a acetona, entre outros. Toda a indústria de laticínios, exame histológico de material colhido para biópsia. Finalmente, no diag-
como manteiga, queijos, cremes e coalhadas, e o preparo do café, do chá, nóstico das infecções, serve-se o médico também de exames sorológicos,
das bebidas fermentadas como vinhos, cervejas, vinagres etc., exploram o por meio dos quais consegue identificar os anticorpos específicos para
trabalho desses microrganismos. esse ou aquele germe.

Os despejos sanitários expostos à ação prolongada das bactérias e in- Dados históricos. A bacteriologia se iniciou por volta de 1880, com os
suflados de ar durante algumas horas recuperam-se e podem voltar ao trabalhos básicos de Robert Koch e Louis Pasteur. A noção de que as
curso dos rios sem prejuízo para sua fauna. A vasa que se forma nas bactérias eram a causa de doenças já fora mencionada anteriormente, em
estações de tratamento como sedimento é rica em substância orgânica. trabalhos que procuravam esclarecer a origem do contágio. O médico
Tanto pode ser utilizada como fertilizante, como aproveitada para produzir italiano Girolamo Fracastoro foi o primeiro a postular, em meados do
gás, em geral, é utilizado para fornecer a eletricidade necessária ao funcio- século XVI, a ideia de que o contágio se devia a agentes vivos, admitindo
namento dessas estações. que pudesse ser direto, indireto ou a distância.

A água contaminada com componentes do ácido fênico, rejeitada pe- Daí até o desenvolvimento formal da teoria microbiana por Pasteur, em
las refinarias de petróleo, é purificada por certo tipo de bactérias; e até as 1878, vários cientistas realizaram experiências visando confirmar as hipó-
águas com escórias de certas indústrias, como cianetos, que provocariam teses sugeridas por Fracastoro. Paralelamente ao trabalho realizado por
a total destruição dos peixes e demais animais dos cursos de água, são Pasteur, estudos de Koch, com a adoção de procedimentos normalizados
hoje neutralizadas pela ação de bactérias especializadas em transformar de pesquisa, foram responsáveis pelo surpreendente progresso da bacteri-
esse veneno em substâncias inócuas. ologia nos vinte anos seguintes.
As bactérias formam mais da metade do volume do conteúdo intesti- A invenção do ultramicroscópio, em 1903, pelo físico alemão Heinrich
nal. Existe aí um equilíbrio natural, entre as espécies nocivas e as benéfi- Wilhelm Siedentopf e pelo químico austríaco Richard Zsigmond, facilitou
cas, que se traduz em saúde para o organismo. Um dos efeitos secundá- consideravelmente as pesquisas. Surgiram, em 1919, a fotomicrografia e,
rios dos antibióticos empregados para combater as bactérias patogênicas em 1943, o microscópio eletrônico, que permitiu observar detalhadamente
(aquelas causadoras de enfermidades) é que eles matam também as a célula microbiana. A descoberta do bacteriófago, em 1915, pelo cana-
espécies úteis, podendo acarretar distúrbios em consequência do rompi- dense Félix Hubert d'Hérelle, marcou o início do capítulo extremamente
mento desse equilíbrio. importante em bacteriologia, relacionado a fenômenos de variação bacteri-
ana, natureza dos vírus e mecanismo de sua manipulação.
Muitas bactérias do gênero Streptomyces produzem antibióticos, como
a estreptomicina (S. griseus), aureomicina (S. aureofaciens), terramicina Finalmente, o advento da quimioterapia bacteriana, em 1935, veio pa-
(S. rimosus), cloranfenicol (S. venezuelae), eritromicina (S. erythreus), vimentar o caminho para a era dos antibióticos, iniciada em 1940, com os
neomicina (S. fradiae), farmicetina (S. lavendulae) etc. trabalhos dos médicos ingleses Sir Howard Walter Florey e Ernst Boris
Chain, que conduziram à produção em massa da penicilina, descoberta,
Germes e doenças. Os organismos unicelulares que, introduzidos no
em 1928, por Alexander Fleming. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil
corpo humano ou de animais, são capazes de provocar doenças, em
Publicações Ltda.
determinadas condições, tomam o nome genérico de germes ou micróbios.
Alguns germes, chamados não-patogênicos, podem ser encontrados no PROTOZOÁRIOS
organismo.
Antes da invenção do microscópio, ninguém teria imaginado que o mi-
Para demonstrar que uma enfermidade é causada por um determinado núsculo espaço de uma gota d'água procedente de um charco pudesse ser
germe, devem ser satisfeitas quatro condições, conhecidas como "postula- o habitat de centenas de pequenos seres unicelulares capazes de vida
dos de Koch": (1) o germe deve ser encontrado no organismo do hospedei- independente. Esses seres são os protozoários.
ro, homem ou animal; (2) o micróbio deve ser extraído ou isolado do orga-
nismo e cultivado fora dele em meios artificiais de cultura; (3) o germe, Protozoários são pequenos seres vivos, em geral microscópicos, uni-
cultivado em laboratório, deve causar a mesma doença quando inoculado celulares e eucariotas, do reino dos protistas. Alguns cientistas questionam
em animal sadio; (4) deve-se encontrar o mesmo germe no animal inocula- a inclusão dos protozoários num só grupo, mas atualmente é em geral
do experimentalmente. aceita sua classificação como subfilo dos protistas. As relações taxionômi-
cas dos protozoários entre si e com outros protistas se alteram em função
À medida que os cientistas iam estudando os micróbios, foram desco- de pesquisas genéticas e bioquímicas que motivam a revisão de antigas
brindo que esses organismos podiam apresentar características que os classificações baseadas em características morfológicas e fisiológicas.
assemelhavam aos animais, sendo, nesse caso, denominados protozoá-
rios; ou aos vegetais, englobando, nesse grupo, as bactérias e as riquét- Características gerais. Os protozoários vivem na água ou em qual-
sias, fungos microscópicos; há ainda o grupo dos vírus filtráveis. quer ambiente que conserve um alto grau de umidade e também como

Biologia 29 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
parasitos nos humores de animais. Muitos são de vida livre, enquanto Mastigóforos ou flagelados. Caracterizados pelo longo apêndice, em
outros vivem sobre plantas ou dentro delas. As inter-relações variam de forma de chicote (ou flagelo) e de movimentos rápidos e violentos, os
ocorrência casual até parasitismo estrito, sendo que alguns servem de mastigóforos ou flagelados são os protozoários mais primitivos. Têm gran-
alimento para animais diminutos. Algumas espécies podem ser úteis na de interesse biológico, pois certas formas são transitórias entre plantas e
purificação de filtros de água e de esgotos em estações de tratamento, animais, devido à presença de clorofila, como as do gênero Euglena. Do
mas há também os causadores de moléstias graves. ponto de vista médico, são muito importantes os causadores da sífilis, da
doença-do-sono, da doença de Chagas etc. Os gêneros Ceratium e Peri-
Quase todos os protozoários são microscópicos, mas alguns -- muito dinium são importantes componentes do plâncton microscópico, do qual se
poucos -- podem ser vistos a olho nu. O tamanho da maioria deles oscila alimentam as larvas diminutas de crustáceos e outros animais marinhos.
entre 30 e 300 micra. Antonie van Leeuwenhoek observou-os pela primeira Certos dinoflagelados podem tornar-se excessivamente abundantes, como
vez após aperfeiçoar o microscópio, em 1674, e chamou-os "animalículos" ocorre ao longo do litoral norte-americano, onde constituem a causa da
que vivem em infusões vegetais. As formas parasitas são em geral as formação da "água vermelha" nos mares durante o dia e luminescência à
menores. A Leishmania, por exemplo, existe às dezenas num único glóbulo noite.
branco. Certos Nummulites, gênero de foraminíferos fósseis da era ceno-
zóica, atingiam vinte centímetros, provavelmente o maior tamanho já
registrado para um protozoário. Alguns gêneros atuais têm espécies que
atingem seis milímetros.

Sarcodinos ou rizópodes. Os protozoários cujos movimentos se efe-


tuam por simples expansão e contrações do protoplasma, como é o caso
da ameba, denominam-se sarcodinos ou rizópodes. Alguns deles são
também patogênicos e produtores de disenteria. As amebas têm o corpo
nu, mas algumas são envolvidas por partículas de matérias estranhas
aglutinadas. Certos rizópodes marinhos, como os foraminíferos, estão
encerrados em cápsulas calcárias com perfurações. A reprodução dos
foraminíferos é mais complicada que a amitose das amebas. Têm gera-
ções alternadas.
Outro grupo marinho, o dos radiolários, possui um esqueleto central de
matéria vítrea nas mais curiosas formas geométricas. Nas zonas quentes,
Os protozoários têm formas tão diversas que não é possível obter-se a maioria dos fundos oceânicos é constituída de lodos compostos dos
um exemplo característico deles. O corpo pode ser uma massa polimorfa, restos desses rizópodes, acumulados numa proporção que se calcula em
ou ser protegido por formações esqueléticas muito complicadas. A locomo- 12m de espessura para cada milhão de anos. Os micetozoários (ou mixo-
ção é feita por meio de pequenos órgãos, denominados pseudópodos, micetos), que exibem características tanto de protozoários quanto de
flagelos, cílios etc., ausentes nas formas parasitas. Alguns desses peque- fungos, são com mais frequência incluídos pelos botânicos entre os fungos,
nos órgãos são também internos, como o vacúolo contrátil presente nas mas têm sido também classificados como rizópodes.
espécies de água doce, que ritmicamente excretam os gases e líquidos
inúteis e mantêm a densidade do protoplasma ao regular o equilíbrio Esporozoários. Os esporozoários são assim denominados por se re-
osmótico entre a célula e o ambiente. produzirem mais rapidamente por meio de corpos germinativos, ou espo-
ros, resultantes de uma múltipla divisão, e de ciclo vital muito complicado.
Com relação à nutrição, distinguem-se vários tipos de protozoários, As formas são muito heterogêneas, mas todas são parasitas, e os esporo-
desde os de alimentação heterotrófica, como a dos animais, até os que se zoários habitam em outras células e nos glóbulos vermelhos, como é o
alimentam de forma autotrófica, como fazem os vegetais. Nas formas livres caso do plasmódio (Plasmodium), agente etiológico da malária.
de protozoários, a nutrição se faz à base de substâncias sólidas (incorpo-
radas diretamente no protoplasma ou em certos vacúolos gástricos) como Ciliados ou cilióforos. Os protozoários ciliados ou cilióforos são muito
bactérias, fermentos e até outros protozoários. O paramécio, por exemplo, numerosos e também os de mais elevada organização intracelular. São
pode ingerir até cinco milhões de bactérias em 24 horas. Há formas de cobertos de cílios, cuja vibração ondulante lhes permite nadar. Têm um
protozoários que, embora tenham nutrição fotossintética, por ação clorofí- orifício à maneira de boca (citóstoma) e dois tipos de núcleo celular (ma-
lica, como as plantas, enquanto privados de luz também podem assimilar cronúcleo e micronúcleo), um dos quais regula as funções vegetativas e o
substâncias orgânicas. outro as reprodutoras. A reprodução se faz em geral por um processo
peculiar denominado conjugação, pelo qual os indivíduos fertilizam-se
A reprodução faz-se por divisão direta do indivíduo em duas células mutuamente. Os protozoários ciliados são abundantes nas águas doces e
(amitose), ou indireta, onde complicados processos nucleares precedem a marinhas.
divisão do protoplasma (mitose). Dá-se também por esporulação, como em
muitos parasitos. Embora a maioria contenha um só núcleo celular, muitos Espécies. Existem mais de 25.000 espécies conhecidas de protozoá-
têm dois ou mais. rios. Destas, uma terça parte são restos de fósseis marinhos de foraminífe-
ros e radiolários. Os primeiros têm importância em geologia para o estudo
Algumas espécies formam colônias por simples agrupamento e coor- dos estratos indicadores da presença de petróleo. De grande importância
denação de movimentos. Certas formas, muito mais avançadas, alcançam médica no Brasil são a Entamoeba histolytica, causadora da disenteria
verdadeira diferenciação somática. Do ponto de vista filogenético, é prová- amebiana; o Trypanosoma cruzi, agente da doença de Chagas; as espé-
vel que os metazoários tenham evoluído de colônias de protozoários. São cies de Plasmodium, pelos diferentes tipos de malária; e a Leishmania
conhecidas formas parasitárias que vivem em todos os grupos de animais brasiliensis, agente etiológico da doença conhecida como úlcera de Bauru.
e em muitas plantas. As que têm sido objeto de estudo mais detalhado são ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
as causadoras de sérias enfermidades.
Fungo
Ordenação sistemática. A classificação dos protozoários se baseia
em sua reprodução, alimentação e especialmente em sua locomoção. Há Por muito tempo incluídos no reino vegetal, apesar de carecerem de
quatro classes bem definidas: mastigóforos ou flagelados, sarcodinos ou clorofila e possuírem características muito diferentes das que apresentam
rizópodes, esporozoários e ciliados ou cilióforos. as plantas, os fungos são hoje classificados em reino independente. Para-

Biologia 30 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
sitos das plantas cultivadas, permitem a produção de antibióticos e favore- durante muitos anos, até que as condições ambientais se tornem favorá-
cem muitos processos de fermentação. Alguns são apreciados também veis a seu desenvolvimento. A classe dos ficomicetes, fungos inferiores e
como alimento. antigos, agrupa os arquimicetes, muito primitivos; os oomicetes, que para-
sitam vegetais; e os zigomicetes, que incluem alguns dos mofos mais
Fungo é o organismo vivo simples heterotrófico, isto é, incapaz de sin- comuns, como os pertencentes aos gêneros Mucor e Rhizopus -- os cha-
tetizar matéria orgânica a partir de substâncias inorgânicas, cujo corpo é mados mofos pretos -- frequentes no pão, nas frutas e em outros alimentos
formado somente de um talo unicelular ou pluricelular. Semelhante às em mau estado de conservação.
plantas em alguns aspectos, delas difere muito em outros. Já foram descri-
tas cerca de cinquenta mil espécies, mas calcula-se que tal número possa A classe dos ascomicetes, caracterizados por possuírem ascos dos
chegar a 250.000. Os fungos encontram-se em habitats muito diversos: em quais saem os esporos, incluem, entre outros, os levedos do gênero Sac-
meio aquático, no solo, no ar, sobre partículas em suspensão ou ainda à charomyces, importantes porque realizam diferentes processos de fermen-
custa das plantas e também dos animais, que muitos deles parasitam. tação, entre os quais o da farinha, que assim se transforma em pão, e o da
Aparecem onde quer que exista certo grau de umidade. cerveja. A esse grupo pertencem também os fungos do gênero Penicillium,
dos quais se obtém a penicilina, antibiótico descoberto pelo médico inglês
Caracteres gerais. Como as plantas, os fungos são organismos imó- Alexander Fleming em 1928, e as trufas, do gênero Tuber, muito aprecia-
veis que vivem fixados a um substrato. Possuem um tecido indiferenciado, das como alimento, por seu delicado sabor.
parecido com o talo de certos vegetais inferiores, e formam estruturas
reprodutivas semelhantes aos esporos de outros seres vivos. No entanto, Os cogumelos são fungos pertencentes à classe dos basidiomiceto,
não têm clorofila, substância graças à qual os vegetais realizam a fotossín- alguns dos quais comestíveis, como o Agaricus campestris, conhecido em
tese, e se alimentam de matéria inorgânica por meio da captação de ener- culinária como champignon; e o Lactarius deliciosus. Outros são veneno-
gia luminosa. sos, como os mata-moscas (Amanita muscaria), e até mortais, como o A.
phalloydes; e outros ainda são parasitos, como o carvão do milho (Ustilago
Os fungos, portanto, como seres heterotróficos, isto é, que vivem às maydis). ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda
expensas da matéria elaborada por outros organismos, devem necessari-
amente crescer sobre restos orgânicos em decomposição ou como parasi-
tos de outros seres vivos. A carência de clorofila, que confere às plantas
sua característica cor verde, faz com que os fungos apresentem outras Doenças causadas por fungos
tonalidades, amiúde esbranquiçadas ou pardas, e também é a razão por Por serem heterotróficos, os fungos obtêm alimento a partir de outros
que não precisam de luz para desenvolver-se. Além disso, não possuem seres vivos. Alguns deles instalam-se no corpo de animais e vegetais ainda
em suas células a típica parede de celulose dos vegetais e suas membra- vivos, e atuam como parasitas, podendo causar-lhes doenças.
nas frequentemente contêm quitina, substância de que se compõe a cutí-
cula de alguns animais invertebrados, como os insetos. Essas característi- Fungos parasitas, quando atacam os vegetais, causam sérios prejuí-
cas levaram os biólogos a considerarem os fungos como um reino à parte. zos nas colheitas de verduras, frutos, legumes e cereais. No campo, a
A ciência que estuda esses seres denomina-se micologia. dispersão dos esporos pelo vento é muito grande e, muitas vezes, culturas
inteiras são perdidas. Eles podem desenvolver-se também em cereais que
As células dos fungos pluricelulares se dispõem em filamentos chama- ficam armazenados, por exemplo, milho, amendoim, soja e outros, produ-
dos hifas, as quais se agrupam e constituem o tecido fundamental ou zindo substâncias potencialmente tóxicas que atacam as células do fígado,
micélio. A reprodução pode ser assexuada, em geral por meio de estrutu- podendo, inclusive, causar o câncer. Cabe ao governo um controle rígido
ras microscópicas denominadas esporos, ou sexuada. Esta última se sobre os alimentos que serão comercializados, para verificar o nível de
processa em certos fungos por fusão de células procedentes de duas hifas toxicidade.
distintas. Alguns grupos formam duas classes de esporos: uns dotados de
flagelo, prolongamento filiforme que lhes permite deslocar-se na água, Os fungos são responsáveis por micoses nos animais, inclusive no
conhecidos como zoósporos; e outros sem flagelo, os aplanósporos, caren- homem. As mais comuns são aquelas que afetam a pele, as unhas e os
tes de mobilidade. cabelos. Os locais preferidos por eles são as dobras do corpo, por serem
regiões mais quentes e úmidas. No caso das unhas, as micoses ocorrem
devido ao acúmulo de umidade.
As micoses mais comuns são as frieiras, também conhecidaspor pé-
de-atleta, infecção muito comum entre os dedos dos pés, quando eles
ficam úmidos e abafados, devido ao uso prolongado de calçados fechados,
principalmente do tipo tênis. Elas causam vermelhidão, coceira e rachadu-
ras.
A candidíase é uma micose causada pelo fungo Candida albicans.
Nos bebês, ela provoca manchas esbranquiçadas que se espalham por
todo o interior da boca, sendo conhecidatambém por "sapinho". Nas mulhe-
res, é uma infecção muito frequente na vagina, provocando prurido (cocei-
ra) e presença de um corrimento esbranquiçado.
Alguns fatores físicos podem favorecer o desenvolvimento das mico-
ses, por exemplo: umidade; calor; baixa imunidade, devido a alguma
doença ou desnutrição; uso prolongado de substâncias; como os antibióti-
cos, que alteram o equilíbrio da pele; e a falta de higiene corporal adequa-
Os diversos grupos de fungos desenvolvem também diferentes tipos da. Todas essas situações são ideais para que os fungos se instalem e se
de órgãos produtores de esporos. Em alguns mofos, esses órgãos deno- reproduzam em nosso corpo, provocando as micoses.
minam-se esporângios e se apresentam como corpos arredondados situa-
dos na extremidade de um filamento. Os cogumelos mais comuns produ- A seguir estão algumas dicas que nos ajudam a ficar livres de do-
zem um órgão frutífero composto de um pé e um chapéu, que constituem a enças causadas por fungos:
parte visível do fungo. Na parte inferior do chapéu há uma série de lamelas
em que se originam os basídios, estruturas que emitem os esporos. Os
 Evitar andar descalço, principalmente em pisos úmidos ou públi-
cos, como vestiários de piscinas;
levedos e certos mofos formam os ascos, pequenos órgãos que costumam
desenvolver oito esporos.  Na praia, usar sempre chinelo;
Ordenação sistemática. Entre as diversas classes de fungos encon-  Não usar toalhas ou calçados de outras pessoas;
tram-se os mixomicetes, que produzem corpos frutíferos dos quais surgem  Evitar usar o mesmo sapato por dias seguidos; as meias devem
esporos muito resistentes, que podem permanecer em estado de latência ser trocadas diariamente. Não usá-las sem, antes, lavá-las;

Biologia 31 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
 Ao sair do banho, enxugar-se bem, principalmente onde há do- acetil-salicílico, que podem aumentar o risco de sangramentos. Os antiin-
bras e entre os dedos; flamatórios também devem ser evitados. Quando o diagnóstico é feito até o
quarto dia de doença, devem ser empregados antibióticos, que reduzem as
 Usar roupas íntimas, de preferência, de algodão, pois as fibras chances de evolução para a forma grave. As pessoas com leptospirose
sintéticas retêm o suor; sem icterícia podem ser tratadas no domicílio. As que desenvolvem menin-
 Quando for ao manicuro ou pedicuro, levar seu próprio material. gite ou icterícia devem ser internadas.
Caso contrário, certificar-se de que o material usado pelo profissional está FEBRE TIFOIDE
todo devidamente esterilizado;
Causada pela bactéria Salmonella Typhi, a febre tifóide é transmitida
 Evitar ficar por muito tempo, com roupas de banho molhadas. pela ingestão de alimentos ou água contaminados, ou pelo contato com os
portadores. Seja como for, a única porta para a sua entrada é a via digesti-
Além das micoses, os fungos podem provocar irritações no sistema
va. A doença também é exclusiva do homem, não sendo encontrada
respiratório, que vão desde alergias simples, rinites e bronquites até asma,
manifestações dela em nenhuma outra espécie animal. Os primeiros
doença que se caracteriza pela inflamação crônica das vias aéreas, provo-
sintomas, caracterizados por dor de cabeça, fadiga, febre e agitação duran-
cando dificuldade respiratória. Essas doenças são provocadas pelos espo-
te o sono. Deve ser tratada com antibióticos específicos, mais comumente
ros de diferentes tipos de fungos presentes na poeira que se acumula em
o cloranfenicol e ampicilina, também deve-se tratar as complicações, caso
carpetes, tapetes, cortinas e condiciona-dores de ar. É por isso que nossas
hajam, e isolar o paciente, que mesmo curado pode tornar-se portador do
casas devem ser arejadas, ensolaradas e limpas.
bacilo por meses, até mesmo anos.Além da vacinação, para evitar o con-
Por: Renan Roberto Bardine tágio da febre tifóide é necessário tratar a água e os alimentos, controlar o
lixo, observar boas condições de higiene, identificar e vigiar os portadores
Doenças causadas por bactérias
dos bacilos.
CÓLERA
PESTE BUBÔNICA
A Cólera é causada pelo vibrião colérico (Vibrio cholerae, uma bactéria
A peste bubônica é causada pela bactéria Yersinia pestis e apesar de
em forma de vírgula ou bastonete que se multiplica rapidamente no intesti-
ser comum entre roedores, como ratos e esquilos, pode ser transmitida por
no humano eliminando potente toxina que provoca diarreia intensa), a
suas pulgas (Xenopsylla cheopis) para o homem. O excesso de bactérias
doença (de origem indonésia) é transmitida através da ingestão de água ou
pode entupir o tubo digestivo da pulga, o que causa problemas em sua
alimentos contaminados. O tratamento imediato é o soro fisiológico ou soro
alimentação. Esfomeada, a pulga busca novas fontes de alimento (como
caseiro para repor a água e os sais minerais: uma pitada de sal, meia
cães, gatos e humanos). Após o esforço da picada, ela relaxa seu tubo
xícara de açúcar e meio litro de água tratada. No hospital, a doença é
digestivo e libera as bactérias na corrente sanguínea de seus hospedeiros.
curada com doses de antibióticos. A higiene e o tratamento da água e do
O primeiros sintomas, caracterizados por inflamação dos gânglios linfáticos
esgoto são as principais formas de prevenção. A vacina existente é de
e uma leve tremedeira. Segue-se então, dor de cabeça, sonolência, intole-
baixa eficácia (50% de imunização) e de efeito retardado (de 3 a 6 meses
rância à luz, apatia, vertigem, dores nos membros e nas costas, febre de
após a aplicação).
40oC e delírios. O quadro pode se tornar mais grave com o surgimento da
COQUELUCHE diarreia e pode matar em 60% dos casos não tratados. Atualmente o
Trata-se de uma enfermidade que agride o aparelho respiratório e é quadro de letalidade é mínimo devido à administração de antibióticos,
causada por três bactérias do gênero Bordetella, sobretudo a B. pertussis. como a tetraciclina e a estreptomicina. Também existem vacinas específi-
O contágio se dá pelas gotículas de saliva liberadas pelo doente por meio cas que podem assegurar a imunidade quando aplicadas repetidas vezes.
de tosse, espirro ou fala - objetos contaminados também podem transmitir No entanto, a maneira mais eficaz de combate à doença continua a ser a
a doença. O período de maior contaminação acontece quando o enfermo prevenção com o extermínio dos ratos urbanos e de suas pulgas.
se encontra na primeira fase da infecção (catarral), onde os sintomas ainda A peste bubônica também é conhecida como peste negra. Tal denomi-
não são suficientemente claros, e que ainda permitem um maior contato nação surgiu graças a um dos momentos mais aterrorizantes da história da
social do doente com pessoas sadias. primeiros sintomas que apresentam- humanidade protagonizado pela doença: durante o século 14, ela dizimou
se sob a forma de tosse com catarro, coriza, ligeiro mal-estar e, raramente, um quarto da população total da Europa (cerca de 25 milhões de pessoas).
febre baixa, o que não permite diferenciar a coqueluche de qualquer gripe
BOTULISMO
comum. Com o passar do tempo (duas semanas aproximadamente), a
coqueluche começa a se expressar mais intensamente por meio de sinto- É uma doença infecciosa produzida pela bactéria toxina do bacilo
mas típicos: a tosse torna-se mais seca e curta, ocorrendo de oito a dez Clostridium botulinum que produz uma paralisia no nível do sistema nervo-
vezes em um único movimento expiratório (lembrando o soar de uma so. Os primeiros casos aconteceram pela ingestão de salsichas contami-
metralhadora). A tosse quase deixa o paciente sem ar e ao tentar inspirá-lo nadas e outros derivados da carne. Felizmente e devido aos progressos
de volta, é possível identificar um guincho, semelhante a um assobio, nas técnicas de enlatado e conservação dos alimentos, tem-se observado
característico da infecção e seguidos da eliminação de uma substância uma diminuição importantíssima de sua incidência. começa com uma
viscosa que, por vezes, provoca vômitos.Se não for tratada, a coqueluche paralisia dos músculos da cabeça que vai descendo simetricamente, visão
pode provocar complicações respiratórias graves como broncopneumonia, borrada, dificuldade para falar e para deglutir os alimentos, que pode-se
enfisema, dispneia, ruptura do diafragma, inflamação nos ouvidos, convul- acompanhar de manifestações gerais como fraqueza muscular, enjôos e
sões, coma e morte.A melhor forma de evitar a coqueluche é através da desmaios. Também aparece: secura da boca e da língua que não se alivia
aplicação da vacina tríplice e do isolamento dos doentes. Nos casos mais com a ingestão de líquidos, constipação, retenção de líquidos e diminuição
graves, costuma-se administrar antibióticos, mais exatamente a eritromici- da pressão arterial. Caso comprometer os músculos respiratórios, pode
na. acontecer a morte, pelo fato de mudar a mecânica respiratória. tratamento
específico consiste no fornecimento de soro que contenha anticorpos
LEPTOSPIROSE
contra a toxina del C. botulinum, que somente age sobre a toxina que
A leptospirose é uma doença infecciosa aguda causada pela bactéria circula pelo sangue e não sobre a ligada ao sistema nervoso. Em alguns
Leptospira interrogans, transmitida pela urina de ratos. A rede de esgoto casos, pode-se realizar lavagens gástricas e clister para impedir a absor-
precária, a falta de drenagem de águas pluviais, a coleta de lixo inadequa- ção das toxinas que têm ficado no aparato digestivo. Para evitar a conta-
da e as consequentes inundações são condições favoráveis para o apare- minação dos alimentos, devera-se realizar um controle apropriado do
cimento de epidemias.Os sintomas da leptospirose aparecem entre dois e processo de enlatado e conservação deles. Os alimentos enlatados suspei-
trinta dias após a infecção, sendo o período de incubação médio de dez tos devem ser rejeitados. As conservas caseiras somente poderão ser
dias. Febre alta, sensação de mal estar, dor de cabeça constante e acen- consumidas se forem fervidas previamente.
tuada, dor muscular intensa, cansaço e calafrios estão entre as manifesta-
ESCARLATINA
ções da doença. Também são frequentes dores abdominais, náuseas,
vômitos e diarreia, podendo levar à desidratação.O tratamento de pessoas Escarlatina é uma doença infecciosa aguda, causada por uma bactéria
com leptospirose é feito principalmente com hidratação. Não devem ser chamada estreptococo beta hemolítico do grupo A. Os estreptococos são
utilizados medicamentes para dor ou para febre que contenham ácido também agentes causadores de infecções da garganta (amigdalites) e da

Biologia 32 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
pele (impétigo, erisipela). O aparecimento da escarlatina não depende de onde cria placas brancas ou acinzentadas, muitas vezes visíveis a olho nu.
uma acção direta do estreptococo, mas de uma reacçao de hipersensibili- A difteria é altamente contagiosa e é adquirida pelo simples contato com os
dade (alergia) a substâncias que a bactéria produz (toxinas). A transmissão infectados, com suas secreções ou com os objetos contaminados por eles.
da escarlatina faz-se de pessoa para pessoa, através de gotículas de Ambientes fechados facilitam a transmissão, que pode ser causada por
saliva ou secreções infectadas, que podem provir de doentes ou de pesso- portadores assintomáticos (que não manifestam a doença) ou mesmo por
as sãs que transportam a bactéria na garganta ou no nariz sem apresenta- ex-doentes, já que estes continuam a eliminar o bacilo até seis meses após
rem sintomas (portadores sãos). aparecem associadas uma infecção na a cura.Além das placas na garganta, a toxina diftérica também causa febre
garganta, febre e uma erupção típica na pele. O seu início é súbito com baixa (entre 37,5 e 38o Celsius), abatimento, palidez e dor de garganta
febre, mal estar, dores de garganta, por vezes vómitos, dor de barriga e discreta. Se não for devidamente tratada, a difteria evolui, causando incha-
prostração. A febre, elevada nos dois ou três primeiros dias, diminui pro- ço no pescoço (nos gânglios e nas cadeias cervicais), que, dependendo de
gressivamente a partir daí, mas pode manter-se durante uma semana. O seu tamanho, pode asfixiar o paciente. A vacina tríplice continua a ser a
tratamento de escolha para a escarlatina é a penicilina que elimina os principal arma contra a difteria, no entanto, caso a doença se estabeleça,
estreptococos, evita as complicações da fase aguda, previne a febre reu- recomenda-se o imediato isolamento do enfermo, para tratá-lo com o soro
mática e diminui a possibilidade de aparecimento de glomerulonefrite antidiftérico, que inativa a toxina produzida pelo bacilo. As medidas profilá-
(lesão renal). Nos doentes alérgicos à penicilina o medicamento habitual- ticas também recomendam a observação de todos que estiveram em
mente utilizado é a eritromocina. contato com o enfermo, que devem ser investigados por meio de exames
TÉTANO laboratoriais.
A bactéria Clostridium tetani, agente causadora da moléstia, uma vez PNEUMONIA
no organismo humano, a Clostridium germina, assume uma forma vegeta-
tiva e passa a produzir uma poderosa toxina chamada tetanospasmina que A pneumonia pode ser desencadeada por vírus, fungos, protozoários
ataca o sistema nervoso central, causando rigidez muscular em diversas e, principalmente, bactérias e caracteriza-se pela inflamação dos pulmões -
regiões do corpo. Entre os principais sintomas observa-se o trismo (altera- mais especificamente os alvéolos, onde ocorrem as trocas gasosas - em
ção nervosa que impossibilita a abertura da boca), riso sardônico (produzi- virtude de infecções causadas pelos microorganismos citados. Os princi-
do por espasmos dos músculos faciais), dores nas costas, rigidez abdomi- pais agentes causadores da pneumonia são as bactérias Diplococcus
nal e da nuca, espasmos e convulsões. O quadro pode ser tornar compli- pneumoniae, Haemophilus influenza, Staphylococcus aureus e Klebsiella
cado e causar parada respiratória ou cardíaca. O tratamento inclui, princi- pneumoniae. Entre os vírus destacam-se o do sarampo e o da varíola (este
palmente, sedativos, músculo-relaxadores, antibióticos e o soro antitetâni- último, já extinto). A doença pode ser adquirida por simples aspiração do ar
co, sendo a primeira semana capital para se evitar a morte do doente. A ou de gotículas de saliva e secreções contaminadas ou, ainda, por transfu-
partir de então, restará administrar os medicamentos e aguardar a recupe- são de sangue. Normalmente a moléstia atinge crianças, idosos e pessoas
ração orgânica dos tecidos comprometidos, sobretudo o nervoso. Estatísti- com baixa imunidade, como alcoólatras, tabagistas, ou indivíduos já atingi-
cas apontam que as maiores vítimas de tétano são crianças de até 14 dos por outras enfermidades - ela é a maior causa de mortes entre os
anos. Crianças de até cinco anos devem tomar a vacina tríplice, mas todos, enfermos infectados com o vírus da AIDS. A pneumonia também pode ser
sem exceção, devem ser vacinados com o toxóide tetânico com reforço a adquirida por mudanças bruscas da temperatura (por exemplo, quando se
cada dez anos. A vacina pode ser adquirida em qualquer posto de saúde sai da ducha quente direto para a varanda com vento frio) que comprome-
público. Caso ocorra algum tipo de ferimento, recomenda-se a lavagem tem o funcionamento dos cílios responsáveis pela filtragem do ar aspirado.
imediata do local com água e sabão e a aplicação de água oxigenada, já Os sintomas da doença são tosse com escarro, dores reumáticas e toráci-
que a Clostridium tetani não resiste ao contato com o oxigênio. cas, febre que pode chegar a 40°C, calafrios, dor de ouvido e de garganta,
aceleração de pulso e respiração ofegante. Quando não é tratada, a
TUBERCULOSE
pneumonia pode evoluir para um quadro mais grave com acumulo de
Grave e causada por uma bactéria chamada Mycobacterium tubercu- líquido nos pulmões e o surgimento de ulcerações nos brônquios. O trata-
losis (também conhecida como bacilo de Koch), a tuberculose é transmitida mento depende do agente causador da enfermidade, mas costuma-se
pelas vias respiratórias. O contágio se dá pelas gotículas de escarro elimi- administrar antibióticos como a tetraciclina e a eritromicina. Também deve-
nadas pelo enfermo quando este tosse ou espirra ou mesmo pela poeira se isolar o paciente para evitar o contágio de outras pessoas.
gerada pelo catarro expelido. Quanto aos sintomas, Vicentin explica: "a
tosse prolongada por mais de três semanas, mesmo sem febre, é o primei- SÍFILIS
ro indício da infeccção. Depois pode se seguir catarro, febre acompanhada Doença infecciosa causada por uma bactéria que causa sintomas crô-
de muito suor, perda de apetite e emagrecimento". nicos e sistêmicos quando não diagnosticada ou tratada adequadamente.
Apesar dos números altos, Vicentin afirma que o tratamento à base de Doença sexualmente transmissível, a sífilis começa na maior parte das
antibióticos aplicado no país é excelente e 100% eficaz. No entanto, aponta vezes como uma ferida perto dos órgãos genitais, mas também pode
seu abandono como outro problema importante: "a cura leva seis meses, aparecer nos lábios e nos dedos. A seguir, os gânglios linfáticos incham e
mas muitas vezes o paciente não recebe o devido esclarecimento, está aparece febre e dor de garganta. Se não tratada adequadamente, a doen-
desempregado, com baixa auto-estima, não é estimulado e acaba desistin- ça se espalha e pode atingir até o sistema nervoso. Os sintomas são
do antes do tempo". Para se evitar isso, o pesquisador sugere a formação verrugas nos órgãos genitais, manchas vermelhas na pele, febre dor de
de equipes com médicos, enfermeiros, assistentes socias e visitadores garganta. O tratamento é feito com antibióticos, principalmente a penicili-
devidamente preparados. na. A Prevenção é usar camisinha, fazer sempre uma boa higienização,
MENINGITE MENIGOCÓCICA além de exames anuais do aparelho reprodutor. Os homens que sentirem
Doença grave do sistema nervoso central, a meningite pode ser cau- dores súbitas e fortes nos testículos devem procurar um médico com
sada por inúmeros agentes, desde o Streptococcus pneumoniae (pneumo- urgência.
coco causador da pneumonia) até o Leptospira (bactéria causadora da FURÚNCULO
leptospirose), mas os mais relevantes são o Neisseria Meningitidis (menin-
gococo) e o Mycobacterium tuberculosis (bacilo da tuberculose). É funda- O furúnculo é uma infecção bacteriana que provoca um nódulo verme-
mental o diagnóstico laboratorial, que analisa aspectos físicos, citológico, lho, quente e dolorido, com inflamação profunda na pele. A responsável é
bioquímico, microbiológico e imunológico. Geralmente acomete crianças ou uma bactéria perigosa, mas muito comum, chamada Staphilococcus au-
idosos e, em algumas situações, pode surgir como consequência de infec- reus. Os primeiros sinais dessa lesão na pele são inflamação, dor aguda e
ções do trato respiratório superior. É tratada com antibióticos e previne-se vermelhidão. O nódulo apresenta um pouco de pus bem no centro. A dor
com vacinação. que ele causa é intensa e latejante, como se estivessem cutucando com
uma agulha debaixo da pele. O Tratamento em média, dura de cinco a
DIFTERIA
sete dias. Se for um furúnculo simples, é provável que o médico receite
Também conhecida como crupe, a difteria é altamente contagiosa, compressas de água quente e pomada com antibióticos, observando se há
normalmente ocorre nos meses frios e atinge, principalmente, crianças de necessidade de fazer um corte para drenar o pus. Não esprema a lesão
até 10 anos de idade. A doença é produzida pelo bacilo Corynebacterium nem fure a região com agulha. Isso pode piorar bastante o quadro. O
diphteriae, que se aloja nas amígdalas, faringe, laringe e fossas nasais, dermatologista é o único que pode fazer a drenagem. Furúnculos mal

Biologia 33 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
cuidados precisam ser extraídos no consultório e o procedimento deixa TRACOMA
uma cicatriz profunda escura. Uma boa higiene é a melhor forma de evitar
os furúnculos. Quem já foi contaminado deve lavar com sabonete bacteri- É uma inflamação da conjuntiva e da córnea que pode levar à ceguei-
cida as regiões mais vulneráveis. Outras dicas: Lave as mãos depois de ra. A doença é causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, de estrutura
cada curativo. Evite usar toalhas e sabonetes comuns. Não frequente muito simples, cuja transmissão se dá por contato com objetos contamina-
saunas nem piscinas até o completo desaparecimento dos sintomas. Se dos. A profilaxia inclui uma boa higiene pessoal e o tratamento é feito com
tiver febre e os furúnculos aparecerem com frequência, o especialista pode sulfas e antibióticos
indicar antibióticos por via oral. Quem tem predisposição para a doença Autoria: Ana Paula Rodrigues
não deve deixar colares friccionando a pele nem usar cintos apertados. Doenças Causadas por Protozoários - Nematelmintos e Platelmin-
GONORREIA tos
Doença sexualmente transmissível, a gonorreia é uma infecção dos Doenças causadas por protozoários
órgãos genitais e do sistema urinário por bactérias. Nas mulheres, não a) Disenteria ou Amebíase:
existem sinais na fase inicial. A gonorreia provoca mal-estar, febre, coceira,  Parasita - Entamoeba histolytica
dor e queimação na hora de urinar, corrimento esverdeado e purulento. Ela  Sintomas - Dores abdominais, diarreia, náuseas, etc.
atinge homens e mulheres, pode gerar infertilidade e até meningite –  Transmissão - Água e alimentos contaminados
infecção na meninge, membrana que envolve o cérebro. A cura é feita com b) Tricomoníase:
antibióticos. O preservativo reduz a chance de infecção e evita que a  Parasita - Trichomonas vaginalis
pessoa passe a doença para o parceiro.
 Sintomas - Homem - Uretite
ERISIPELA
 Mulher - Prurido, edema, leucorreia
A erisipela geralmente é causada por um tipo comum de bactéria, o
estreptococo. Toda vez que há perda da barreira da pele, isto é, toda vez
 Transmissão - Relações sexuais, objetos contaminados
c) Giardiáse:
que a pele se rompe por algum motivo, o estreptococo pode penetrar e
provocar uma infecção superficial acompanhada de vermelhidão e calor e  Parasita - Giardia lamblia
que rapidamente afeta os vasos linfáticos existentes na segunda camada  Sintomas - Cólicas, náuseas, diarreia, etc.
da pele.. Calor, rubor e dor são três sintomas de inflamação que a medici-  Transmissão - água e alimentos contaminados
na conhece há muito tempo e que se manifestam também na erisipela. d) Leishmanioses:
Dentro do organismo, a proliferação das bactérias faz com que sejam - Úlcera de Bauru
liberadas toxinas que vão provocar febre, dor de cabeça, mal-estar. Nor-  Parasita - Leishmania brasiliensis
malmente, as lesões aparecem mais nas pernas e nos pés, embora pos-  Sintomas - Ulcerações naso-buco-faringo-laringeana
sam manifestar-se também na face. Se o indivíduo for hígido e a erisipela
 Transmissão - Transmitida mosquito Phlebotomos
simples e inicial, a prescrição de antibióticos por via oral, repouso e eleva-
- Botão do Oriente
ção do membro acometido creio que sejam medidas suficientes. O trata-
mento da erisipela precisa ser seguido criteriosamente para evitar crises de  Parasita - Leishmania trópica
repetição que podem ter consequências graves.  Sintomas - Ulcerações cutâneas
DOENÇA DO SONO  Transmissão - Transmitida pelo mosquito Phlebotomos
É uma doença (síndrome) crônica, evolutiva, com alta taxa de morbi- - Mal de Kalazar
dade e mortalidade, apresentando um conjunto sintomático múltiplo que vai  Parasita - Leishmania dono vani
desde o ronco até a sonolência excessiva diurna, com repercussões gerais  Sintomas - Ataca o fígado, rins, etc.
hemodinâmicas, neurológicas e comportamentais. As cirurgias utilizadas  Transmissão - Transmitida pelo mosquito Phlebotomos
dependem do grau de obstrução e também dos locais de obstrução estu- e) Doença do Sono ou Tripanossomíase Africana:
dados e diagnosticados; dependendo também da idade e da constituição  Parasita - Tripanossomo gamiens
física de cada paciente, podendo ser desde cirurgias das adenóides,
 Sintomas - Letargia, sonolência, ataca o sistema nervoso central,
amígdalas, cornetos, desvios de septo, correções do palato mole incluindo
anemia (morte)
úvula (campainha), língua, maxilares e mandíbula. Recomendações:
perder peso, evitar álcool no mínimo quatro horas antes de dormir, evitar  Transmissão - mosca tsé-tsé
medicamentos sedativos do tipo hipnóticos, anti-alérgicos, anti- f) Tripanossomíase Americana ou Doença de Chagas: (não tem
histamínicos, preferencialmente antes de dormir, evitar dormir de costas cura)
(barriga para cima) , evitar refeições pesadas antes de dormir, evitar  Parasita - Trypanosoma cruzi
bebidas cafeinadas no mínimo quatro horas antes de dormir (chá, café,  Sintomas - Cardiomegalia, hipotensão, (morte)
chocolate), evitar fumar no mínimo quatro horas antes de dormir, evitar  Transmissão - Triatoma (barbeiro)
comer no meio da noite , evitar privação de sono, procurar manter um g) Malária ou Impaludismo ou Febre Malita:
horário relativamente constante para dormir e acordar.  Parasita - Plasmodium (gênero)
LEPRA  Sintomas - Acessos de febre, calafrios, anemia
O chamado Mal de Hansen ou Lepra é uma doença infecciosa crônica  Transmissão - Anopheles
que acomete quase que exclusivamente o homen, trata-se de uma doença OBS: Os esporozoítos entram na nas células hepáticas, onde se tor-
que ataca principalmente os nervos periféricos e a pele. O agente que nam merozoítos por esquizogonia, por sua vez, os merozoítos podem se
causa a lepra chama-se Mycobacterium leprae e é também conhecido transformar em gametócitos ou penetrar nas hemácias. Caso eles entrem
como Bacilo de Hansen seu descobridor! O Homen, é hoje a fonte de nas hemácias, transformam-se em trofozoido e por esquizogonia, transfor-
contágio, e o "homen doente" ou seja aquele que não está sendo tratado, mam se em novos merozoítos, o que leva a plasmoptíase da hemácia
ou está em recaída ou seja portador da chamada multibacilar (tem vários (rompimento).
bacilos de diferentes formas). A lepra é tratável em todas as suas formas, OBS2: Quando as hemácias se rompem, levam herozoína, e essa
porém é claro, que naquelas mais graves como as virchowianas podem substância causa a febre.
ocorrer sequelas como deformidades, atrofias, deformações de membros, OBS3: No mosquito, o ciclo se dá da seguinte forma: os gametócitos
faces e vários locais. se transformam em gametas, por reprodução sexuada, que sofrem fecun-
DESINTERIA BACILAR dação dando origem ao zigoto, esse por sua vez sofre reprodução por
Da água podem vir muitas doenças, ainda mais nos dias de hoje, que esporogonia e se transforma em esporozóitos.
este líquido está ficando cada vez mais poluído.Causado pela Bactéria OBS4: O homem é o hospedeiro intermediário e a reprodução assexu-
Shigella, que podem ser transmitidas pela água contaminada. Os sintomas ada do esporozoíto ou do trofozoido no mesmo, é denominada esquizogo-
são Fezes com sangue e pus, vômitos e cólicas. As bactérias do grupo nia. Já o mosquito (Anopheles) é o hospedeiro definitivo e a reprodução
coliforme são consideradas os principais indicadores de contaminação assexuada do zigoto no mesmo é chamada de esporogonia.
fecal.
Biologia 34 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Doenças causadas por Nematelmintos
• ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS – ECOSSISTEMAS.
a) Enterobiose ou Oxiuríase:
FATORES BIÓTICOS E ABIÓTICOS. HABITAT E NICHO ECO-
 Parasita - Enterobius vermiculares
LÓGICO. A COMUNIDADE BIOLÓGICA: TEIA ALIMENTAR,
 Sintomas - Prurido anal
SUCESSÃO E COMUNIDADE CLÍMAX. DINÂMICA DE POPULA-
 Transmissão - alimentos contaminados e auto infestação ÇÕES. INTERAÇÕES ENTRE OS SERES VIVOS. CICLOS BIO-
b) Filariose ou Elefantíase: (não tem cura)
GEOQUÍMICOS. FLUXO DE ENERGIA NO ECOSSISTEMA. BIO-
 Parasita - Wuchereria bancrofti
GEOGRAFIA. BIOMAS BRASILEIROS. EXPLORAÇÃO E USO
 Sintomas - Hipertrofia das extremidades do corpo, como pernas, DE RECURSOS NATURAIS. PROBLEMAS AMBIENTAIS: MU-
saco escrotal, etc.
DANÇAS CLIMÁTICAS, EFEITO ESTUFA; DESMATAMENTO;
 Transmissão - Mosquito Culex
EROSÃO; POLUIÇÃO DA ÁGUA, DO SOLO E DO AR. CON-
OBS: Existe um derrame de plasma para o tecido e a volta do mesmo
para os capilares, a fim de realizar as trocas metabólicas. O plasma que SERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE ECOSSISTEMAS. CONSER-
não é absorvido pelos capilares, é absorvido pelo vaso linfático e passará a VAÇÃO DA BIODIVERSIDADE. TECNOLOGIAS AMBIENTAIS.
se chamar linfa. Nesta doença, a larva migra para os vasos linfáticos NOÇÕES DE SANEAMENTO BÁSICO. NOÇÕES DE LEGISLA-
interrompendo a passagem da linfa, logo ocorre um acúmulo de líquido nos ÇÃO AMBIENTAL: ÁGUA, FLORESTAS, UNIDADES DE CON-
tecidos, causando edemas. SERVAÇÃO; BIODIVERSIDADE.
c) Amarelão ou Opilação ou Ancilostomose:
 Parasita - Necator americanus; Ancylostoma duodenale
Reino Plantae - Introdução
 Sintomas - Ulcerações no delgado, hemorragia e consequente
anemia. Através da fotossíntese as plantas produzem seu próprio alimento e
 Transmissão - Infestação ativa ou passiva, normalmente ocorre in- fornecem o oxigênio, mantendo sua quantidade mais ou menos constante
festação ativa, quando se pisa em solo contaminado, já a infestação passi- na atmosfera.
va, é quando se come alimentos contaminados. A parte da biologia que estuda as plantas chama-se botânica. Os gru-
OBS: O homem é o único hospedeiro, e a infestação se dá da seguinte pos mais primitivos das plantas se desenvolvem na água ou em locais úmi-
forma: a larva Filarióide entra no sangue e vai para a coração, seguindo dos, dependendo desses meios para a reprodução, é o caso por exemplo
para os pulmões, onde acontecem 2 mudas que têm como finalidade tornar das algas. As plantas mais evoluídas conquistaram totalmente o meio ter-
as larvas mais resistentes contra o suco gástrico. Depois de perfurarem os restre.
capilares pulmonares e a parede dos alvéolos, migram pelos bronquíolos e Os estudiosos reúnem as plantas em dois grandes grupos: criptóga-
chegam - faringe. Daí, descem pelo esôfago até o intestino delgado, onde mas e fanerógamas.
completa a 4ª muda tornando-se adulta, há a fecundação, formação de
Criptógamas - são aquelas que não apresentam flores. Elas compre-
ovos que são expelidos pelas fezes, que logo após 24h se transformarão
endem as algas, briófitas e pteridófitas.
em larvas Rabditóides, que sofrerão a 1ª muda dentro de 72h passando a
larvas Filarióides, recomeçando o ciclo. a) Algas
d) Ascaridose ou Ascaridíase: Constituem os vegetais mais simples e mais primitivos que vivem na
 Parasita - Ascares lombricóides água doce e salgada e também na terra úmida. A estrutura do seu corpo é
 Sintomas - Cólicas, náuseas, vômitos, oclusão intestinal (não con- denominada talo, sendo portanto conhecidas como talófitas, não apresen-
segue defecar), quando em grande número. tando raiz, caule, nem folhas.
 Transmissão - Alimentos contaminados por ovos Há uma enorme variedade de tipos de algas desde unicelulares mi-
OBS: O homem é o único hospedeiro, a infestação acontece quando croscópicas a pluricelulares que atingem vários metros de comprimento.
se ingere alimentos contaminados por ovos, daí o verme segue o seguinte Elas são clorofiladas, realizando portanto a fotossíntese, sendo todas
caminho: boca - estômago - delgado - pulmões - traqueia - laringe - glote - autótrofas.
faringe - estômago - delgado, onde o verme se torna adulto e que por Com relação aos pigmentos que apresentam as algas pluricelulares
fecundação deposita seus ovos nas fezes, o que pode vir a recomeçar o são divididas em três grupos: algas verdes (clorofíceas), algas pardas
ciclo. (feofíceas) e algas vermelhas (rodofíceas). A reprodução das algas pode
Doenças causadas por Platelmintos ser sexuada ou assexuada.
a) Esquistossomose: b) Briófitas
 Parasita - Shistosoma mansoni
Esse vegetais são de pequeno porte porque não possuem estruturas
 Sintomas - Alojam-se nos vasos do sistema porta – hepático, pro- de condução. de substâncias, por isso são chamadas plantas avasculares
movendo (sem vasos condutores de seiva). As substâncias nutritivas circulam de
 hemorragias e consequente edema (barriga d’água); urrose hepá- uma célula para outra célula lentamente.
tica.
O musgo é a briófita mais conhecida, ela forma um tapete esverdeado
 Transmissão - infestação passiva ou ativa. em locais úmidos e sombrios. Pertencem também a esse grupo as he-
b) Hidatidose ou Equinococose: páticas. Elas vivem só em locais úmidos. A reprodução desses vegetais é
 Parasita - Echinococcus granulosus sexuada e assexuada com alternância de gerações.
 Sintomas - Formação de cisto hidático c) Pteridófitas
 Transmissão - Ingestão acidental de ovos As pteridófitas são criptógamas vasculares (com vasos condutores de
c) Teníase: seiva) e dotadas de raiz caule e folhas, porém não têm flores, frutos e
 Parasita - Taenia solium e Taenia signata semente. As pteridófitas formam as primeiras plantas vasculares a conquis-
 Sintomas - Náuseas, diarreia, letargia, etc. tar a Terra. Elas são mais conhecidas como avencas e samambaias. Elas
 Transmissão - ingestão de carne com cisticercos reproduzem-se assexuada e sexuadamente, com alternância de gerações.
OBS: O ciclo começa quando o porco engole os ovos, da boca esses Fanerógamas - são aquelas que apresentam flores. A flor é uma estru-
ovos vão para o estômago onde se tornam larvas oncosféricas, então tura de reprodução dos vegetais superiores. As fanerógamas são divididas
migram para o delgado e para a musculatura em forma de cisticercos. em dois grupos: gimnosperma e angiosperma.
Comendo a carne contaminada, o verme vai para o delgado do homem,
a) Gimnosperma
onde se torna adulto, por auto fecundação ou por fecundação cruzada, dão
se origem aos proglotes grávidos, que serão futuramente ou ovos. Constituem as fanerógamas que não têm fruto. Elas têm raiz, caule, fo-
OBS2: A cisticercose caracteriza-se quando o homem faz o papel de lhas, flores e sementes. A palavra gimnosperma significa gimnos (nua,
hospedeiro intermediário (do porco), devido a ingestão de alimentos con- descoberta) e sperma (semente). Como esses vegetais não produzem
taminados por ovos. frutos, as sementes são nuas.

Biologia 35 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
As flores das gimnospermas são rudimentares, reunindo-se em cachos cálice - esta estrutura é formada por folhas modificadas chamadas sé-
denominadas estróbilos ou pinhas. São representantes das gimnospermas palas. Geralmente apresenta coloração verde. As sépalas protegem as
o pinheiro-do-paraná e o ciprestre. pétalas e os órgãos reprodutores.
b) Angiosperma corola - formada por folhas modificadas coloridas e perfumadas, de-
Compreende o grupo dos vegetais mais evoluídos. As angiospermas nominadas pétalas. Elas também protegem os órgãos reprodutores.
têm raiz, caule, folha, flor, fruto e semente, e por isso são chamadas plan- gineceu- constitui o órgão reprodutor feminino da flor. Ele é formado
tas completas. As sementes das angiospermas são protegidas pelo fruto, por folhas modificadas que se chamam carpelos. O gineceu é constituído
que se desenvolve a partir do ovário da flor. por três partes: estígma, estilete e ovário.
1. Raiz androceu - constitui o órgão reprodutor masculino. Ele é constituído
É uma estrutura que fixa o vegetal ao solo, pela qual retira água e sais por folhas modificadas chamadas estames. Cada estame é formado por
minerais. Em alguns casos acumulam substâncias. três partes: filete, conectivo e antera.
Partes da Raiz Quando uma flor possui gineceu e androceu é chamada hermafrodita,
Uma raiz apresenta as seguintes partes: coifa, região de crescimento, quando possui apenas gineceu é unissexuada feminina; caso possua ape-
região de pêlos absorventes e região de ramificação. nas androceu, é unissexuada masculina.

5. Fruto
O fruto constitui o órgão do vegetal que se origina do aumento do ová-
rio após a fecundação.
Partes de um Fruto
Um fruto completo é formado de duas partes: pericarpo e semente. O
Tipos de Raiz pericarpo é constituído por três camadas: epicarpo (parte mais externa,
Há vários tipos de raiz: axial, fascieulada, tuberosa, respiratória, aérea, corresponde à casca); mesocarpo (parte intermediária, carnosa que con-
sugadora, e aquática. tém substâncias nutritivas); endocarpo (parte mais interna que reveste a
2. Caule semente).
O caule é a estrutura da planta que liga a raiz às folhas. Ele sustenta a
copa, transporta seiva e armazena substâncias de reserva.
Partes do Caule
Encontram-se no caule três partes: os nós, os entrenós e gema. Nos
nós situam-se as gemas, quando elas se desenvolvem originam ramos e
novas folhas.. O espaço que separa um nó de outro é denominado entrenó. Tipos de Frutos
Tipos de Caules Há basicamente dois tipos de frutos: os carnosos e os secos
Os caules são classificados em aéreos, subterrâneos e aquáticos. Carnosos - São aqueles que apresentam o pericarpo desenvolvido e
Caules Aéreos - aqueles que se desenvolvem acima do solo. Exemplo: geralmente suculento. Quando um fruto carnoso apresenta uma única
tronco (laranjeira), estipe (palmeira), colmo (bambu), haste (couve). semente chama-se drupa (manga, abacate), quando têm várias sementes
Caules Subterrâneos - são aqueles que reservam substâncias nutriti- é chamada baga (laranja, melão)
vas. Há três tipos básicos de caule subterrâneo: rizoma (bananeira), tubér- Secos - são aqueles que têm o pericarpo desenvolvido e duro. Exem-
culo (batata inglesa), bulbo (cebola). plos: arroz, avelã, milho.
3. Folha Os frutos que não se originam a partir do ovário da flor, são denomina-
As folhas são estruturas que estão associadas com a fotossíntese, dos pseudofrutos.
respiração, transpiração e gutação. Elas têm geralmente a cor verde, por Exemplos: o caju, o morango, o abacaxi.
serem ricas em clorofila e possuem a forma laminar.
6. Semente
Partes de uma Folha
A semente é uma estrutura que se forma a partir do desenvolvimento
Uma folha pode apresentar as seguintes partes: limbo, pecíolo, bainha
do óvulo após a fecundação. Ela representa o órgão responsável pela
e estípulas.
perpetuação da espécie.
Partes da Semente
Uma semente apresenta duas partes: tegumento e amêndoa.
Tegumento ou casca - camada externa que reveste e protege o restan-
te da semente.
Amêndoa - nessa parte encontra-se o embrião, que dará origem a uma
nova planta, e o endosperma, que serve para alimentar o embrião durante
4. Flor o seu desenvolvimento.

A flor é a estrutura vegetal relacionada com a reprodução das faneró-


gamas.
Partes de uma Flor
Uma flor completa é formada por quatro verticilos florais: cálice, corola,
androceu e gineceu.

Biologia 36 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Evolução das plantas e adaptações morfológicas e ção entomófila, intermediada por insetos, têm flores vistosas, muitas de
reprodutivas ao ambiente terrestre. grande beleza, como as orquídeas, rosas e dálias, acompanhadas às
vezes dos chamados nectários, órgãos produtores de essências que as
dotam de delicados aromas.
Processo evolutivo. Era paleozóica. A conquista do ambiente terres-
As angiospermas subdividem-se em dois grupos: dicotiledôneas e mo-
tre pelos vegetais foi um dos passos decisivos na evolução dos seres
nocotiledôneas. As primeiras se caracterizam por apresentarem um em-
vivos. Atualmente os botânicos acreditam que as plantas se desenvolve-
brião com dois cotilédones ou folículos. Nas dicotiledôneas desenvolvidas,
ram a partir das algas, graças a mudanças evolutivas ocorridas quando
o caule experimenta crescimento em grossura, existe uma raiz principal, da
seres vivos multicelulares fotossintéticos invadiram os continentes. As mais
qual partem ramificações secundárias, e a nervação das folhas apresenta-
antigas evidências de plantas terrestres são fósseis encontrados em ro-
se também ramificada, a partir de uma via central. Por sua vez, as monoco-
chas do período ordoviciano (505 a 438 milhões de anos atrás).
tiledôneas, como seu nome indica, têm um único cotilédone no embrião.
Os fósseis são mais abundantes e diversificados em rochas do período Nos espécimes desenvolvidos não existe crescimento em grossura (cres-
siluriano, nas quais se encontraram as primeiras evidências macroscópicas cimento experimentado contudo, mas de modo diferente do que ocorre nas
de plantas terrestres. Esses fósseis correspondem ao grupo das briófitas dicotiledôneas, por algumas espécies que têm porte arbóreo), as raízes se
(musgos) ou ao das pteridófitas (criptógamos vasculares), que se tornaram apresentam em feixes da mesma extensão e grossura e as folhas estão
abundantes no devoniano e no carbonífero, quando predominaram os fetos sulcadas por nervuras paralelas.
gigantes. Equissetáceas, licopódios e fetos integram o que os botânicos
A origem das angiospermas parece residir em algumas ordens de gim-
por muito tempo denominaram criptógamos vasculares, plantas mais
nospermas arcaicas, como as das cicadales e cordaitales. Seus represen-
evoluídas que os musgos cujos órgãos reprodutivos não são aparentes e
tantes mais antigos procedem do período jurássico, na era mesozóica.
que possuem vasos condutores de seiva. No período carbonífero surgiram
também certos tipos de gimnospermas, plantas superiores em que as Dicotiledôneas. As dicotiledôneas formam o grupo mais numeroso das
sementes estão a descoberto, desprovidas de estruturas que as envolvam, angiospermas, no qual se destacam, pelo interesse das plantas que as
e cujas flores são pouco aparentes e reduzidas a suas partes reprodutivas. integram, as seguintes ordens: fagales, salicales, urticales, magnoliales,
ranunculales, papaverales, cariofilales, capparales, cactales, cucurbitales,
Era mesozóica. Na era seguinte, a mesozóica, uma classe das gim-
rosales, fabales, mirtales, cornales, ramnales, scrofulariales, lamiales e
nospermas, a das plantas coníferas, iniciou seu grande desenvolvimento e
asterales.
difusão por vastas áreas continentais. No período cretáceo (o último dessa
era) surgiram as primeiras angiospermas, plantas superiores providas de A ordem das fagales inclui espécies arbóreas de notável desenvolvi-
sementes abrigadas no pericarpo, em órgãos específicos denominados mento, em especial nas regiões temperadas. Algumas, como a faia e o
ovários. Na maioria dos casos, as flores das angiospermas são dotadas de castanheiro, são típicas de zonas climáticas frias e úmidas; outras, em
estruturas acessórias, como cálice (composto de sépalas) e corola (forma- contrapartida, vegetam em zonas bem mais secas, como acontece com o
da pelas pétalas). carvalho e o sobreiro.
Na ordem das salicales encontram-se árvores caracterizadas por uma
Angiospermas: organização morfológica básica, crescimento e ampla área de dispersão e nítida preferência por terrenos úmidos, como o
desenvolvimento; nutrição e transporte; reprodução. chorão e o choupo.

Angiospermas A ordem das urticales é composta tanto por árvores, como a amoreira,
a figueira e o olmo, quanto por espécies de crescimento herbáceo, entre as
A maior parte das espécies de plantas superiores enquadra-se na divi- quais a urtiga e o lúpulo.
são das angiospermas, que engloba uma imensa diversidade de formas
vegetais, desde árvores de grande porte, como os baobás e eucaliptos, até A ordem das magnoliales reúne espécies arbóreas ou arbustivas que
as ervas mais comuns nos campos e no solo das matas. Algumas espé- constituem a base morfológica a partir da qual se desenvolveram as de-
cies, como as orquídeas, ostentam flores soberbas, enquanto outras, como mais angiospermas. Acham-se entre elas a magnólia, a canela e o boldo.
os cereais, as hortaliças, os tubérculos e as árvores frutíferas, são básicas Na ordem das ranunculales destacam-se algumas espécies herbáceas
para a alimentação humana. conhecidas pelos princípios tóxicos que contêm, como o ranúnculo, o
Características gerais. As angiospermas constituem uma das duas acônito e o heléboro, e espécies floríferas de pequeno porte como a anê-
grandes divisões em que se repartem as plantas superiores (com flores e mona e o delfínio ou esporinhas.
sementes) e se denominam fanerógamas; a outra divisão é a das gimnos- São também herbáceas muitas das integrantes da ordem das papave-
permas, cujas sementes estão contidas numa escama e não em ovário. rales, como as papoulas silvestres, fornecedoras de matéria-prima para a
Essas árvores, como os abetos e ciprestes, são pouco comuns no Brasil. extração do ópio e seus derivados. Na mesma ordem há árvores como o
A principal característica das angiospermas é a presença de uma série pau-d'alho, arbustos que fornecem condimentos, como a alcaparra, e
de peças, não raro muito vistosas, que compõem a corola e o cálice (o espécies ornamentais odoríferas, como o resedá.
chamado perianto) e circundam os órgãos reprodutores propriamente ditos. Na ordem das cariofilales agrupam-se muitas espécies herbáceas que
Além disso, os óvulos ou células femininas não se encontram a descober- também têm interesse do ponto de vista ornamental, como o cravo, ou
to, tal como ocorre nas coníferas e demais gimnospermas, mas acham-se alimentício, como a acelga, o espinafre e a beterraba.
protegidos pelos chamados carpelos, folhas modificadas que se fecham
sobre si mesmas para guardar as células incumbidas da reprodução. As Importantes para a alimentação humana são ainda certas espécies da
angiospermas compreendem grande diversidade de árvores, arbustos e ordem das capparales, como a couve, o rabanete, o nabo e a mostarda.
espécies herbáceas, rasteiras e aquáticas. Distribuem-se por todo o mundo As cactales congregam a importante família dos cactos, plantas adap-
e ocupam os habitats mais distintos, do Ártico aos trópicos, passando por tadas aos climas desérticos e que acumulam água em seus tecidos. Já na
matas, desertos, estepes, montanhas, ilhas, águas continentais e oceâni- ordem das cucurbitales estão contidas importantes espécies hortícolas,
cas. Sua importância econômica é fundamental, já que as angiospermas como a abóbora, o melão, a melancia e o pepino.
incluem a maioria das espécies arbóreas utilizadas pelo homem, todas as
plantas hortícolas, as ervas produtoras de essências, especiarias e extra- Da ordem das rosales fazem parte as roseiras, o morangueiro e as ár-
tos medicinais, as flores, os cereais e uma grande quantidade de espécies vores frutíferas de ocorrência mais comum nas regiões temperadas, como
das quais são obtidos numerosos produtos de interesse industrial. a macieira, a pereira, a cerejeira, o marmeleiro, o pessegueiro e o damas-
queiro. A ordem das fabales, identificada antes com a das rosales, pelas
A forma e a vistosa aparência das flores variam enormemente de uma afinidades que as ligam, é composta por espécies como o trevo e a alfafa,
espécie a outra. As plantas anemófilas, cuja polinização se efetua pela além de outras destinadas à alimentação humana, como o feijão, a ervilha,
ação do vento, apresentam flores simples, sem perianto (corola e cálice) a fava, o grão-de-bico e o alcaçuz.
vistoso, e sementes providas de asas. As plantas que praticam a poliniza-

Biologia 37 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Entre as mirtales incluem-se os eucaliptos, grandes árvores nativas da Célula - é uma unidade fundamental dos seres vivos
Austrália que se dispersaram por todo o mundo graças à rapidez com que
crescem, facilitando assim a extração de madeira. Na ordem das ramnales, A maioria das células apresenta três partes: membrana, citoplasma e
cabe mencionar, por sua importância para o homem, a videira, planta de núcleo.
que foram obtidas inúmeras variedades e de cujos frutos fermentados se Reprodução
obtém o vinho.
A reprodução é a capacidade que os seres vivos têm de originar outros
A ordem das scrofulariales compreende a família das solanáceas, na seres semelhantes a si mesmos.
qual há várias espécies alimentícias, como a batata, o tomate, a beringela,
e outras de grande importância econômica, como o fumo, ou medicinal, A reprodução pode ser: sexuada e assexuada. A reprodução sexuada
como a beladona e o meimendro. envolve a união de células sexuais feminina (óvulo) e masculina (esperma-
tozoide). A partir da união dessas células forma-se a primeira célula do
Entre as lamiales há plantas herbáceas de ampla área de dispersão, novo ser, chamada célula-ovo ou zigoto.
como a digital ou dedaleira, da qual se extrai um princípio ativo muito
tóxico, usado no tratamento de doenças cardíacas. Na mesma ordem A reprodução assexuada se caracteriza pela formação de novos seres
estão ainda agrupadas plantas aromáticas como a menta, a sálvia, o sem a participação de células sexuais.
tomilho e o orégano. Ciclo Vital
A ordem das asterales conta por sua vez com a grande família das Os seres vivos nascem, crescem, reproduzem-se e morrem, isto é, têm
compostas, integrada por espécies como o cardo, a artemísia, a margarida, um ciclo de vida.
o crisântemo, a calêndula e o girassol.
Excitabilidade
Monocotiledôneas. No grupo das monocotiledôneas, é menor o núme-
ro de ordens, convindo mencionar entre elas, pelo interesse das espécies É a capacidade que os seres vivos possuem de reagir a estímulos do
que englobam, as seguintes: liliales, iridales, orquidales, bromeliales, meio.
poales e arecales.
Nos vegetais, a resposta a estímulos é denominada irritabilidade.
A primeira delas inclui plantas aquáticas, como os juncos, e plantas Quando tocamos nas folhas da planta sensitiva (dormideira), elas se fe-
bulbosas, quer comestíveis como o alho e a cebola, quer ornamentais pela cham, como resposta ao estímulo mecânico.
beleza das flores, como a açucena, o narciso e a tulipa. Na ordem das
2 - Classificação dos Seres Vivos
iridales há igualmente diversas plantas ornamentais, como o gladíolo e a
íris. Há em nosso planeta cerca de 1,3 milhão de espécies conhecidas. Pa-
ra estudar essa enorme quantidade de seres vivos é necessário agrupá-los
Entre as orquidales ressalta a família das orquídeas, nativas em sua
conforme suas características.
maioria dos trópicos e apreciadas pela beleza invulgar de suas flores.
Algumas espécies, como a baunilha americana, assumiram grande impor- Classificar - significa agrupar os seres vivos de acordo com suas se-
tância econômica. melhanças ou diferenças.
Também a ordem das poales inclui espécies de importância funda- Os cientistas perceberam que certos animais eram bastante semelhan-
mental para o homem: as da família das gramíneas, entre as quais se tes entre si e que ao cruzar-se eram capazes de originar indivíduos férteis.
destacam os cereais mais comuns na alimentação. ©Encyclopaedia Bri- Chama-se esse grupo de espécie.
tannica do Brasil Publicações Ltda.
Espécie - é o conjunto de seres vivos semelhantes que podem cruzar-
se entre si, originando indivíduos férteis
• ORIGEM E EVOLUÇÃO DA VIDA – A BIOLOGIA COMO CIÊN- A espécie representa a categoria básica de classificação dos seres vi-
CIA: HISTÓRIA, MÉTODOS, TÉCNICAS E EXPERIMENTAÇÃO. vos.
HIPÓTESES SOBRE A ORIGEM DO UNIVERSO, DA TERRA E
Várias espécies semelhantes formam um gênero gêneros permanen-
DOS SERES VIVOS. TEORIAS DE EVOLUÇÃO. EXPLICAÇÕES tes agrupados formam uma família várias famílias semelhantes formam
PRÉ-DARWINISTAS PARA A MODIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES. A uma ordem, ordens semelhantes agrupadas formam uma classe, várias
TEORIA EVOLUTIVA DE CHARLES DARWIN. TEORIA SINTÉTI- classes semelhantes formam um filo. O agrupamento de filos forma um
CA DA EVOLUÇÃO. SELEÇÃO ARTIFICIAL E SEU IMPACTO reino.
SOBRE AMBIENTES NATURAIS E SOBRE POPULAÇÕES HU-
O sistema de classificação dos seres vivos foi proposto por Carlos Li-
MANAS. neu em 1735. Esse sistema foi aperfeiçoado mais adiante por outros
cientistas.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS SERES VIVOS Para classificar cientificamente um ser vivo, deve-se mencionar cada
uma das categorias a que ele pertence.
Nosso planeta tem cerca de 4,5 bilhões de anos e a vida surgiu há
mais de 3 bilhões de anos. Veja no quadro abaixo as unidades de classificação de um ser vivo.
Atualmente a Terra apresenta uma grande variedade de seres vivos.
Isso porque ela oferece condições ideais para a vida se desenvolver: tem
água líquida em abundância, temperatura adequada e presença de oxigê-
nio.
1 Características dos Seres Vivos
Todos os seres vivos apresentam características comuns e são dife-
rentes dos seres brutos, como as rochas, os minerais, etc.
Principais Características dos Seres Vivos
Organização Classificação Geral dos Seres Vivos

Os seres vivos são formados por células. Eles podem ser unicelulares Atualmente os seres vivos estão agrupados em cinco reinos. Essa di-
(formados por uma única célula) ou pluricelulares (formados por várias visão foi proposta pelo biólogo norte-americano Whittaker.
células).

Biologia 38 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Reino Animalia - compreende organismos pluricelulares, heterótrofos A maioria das bactérias tem reprodução assexuada do tipo cissipari-
que não possuem capacidade de fabricar seus próprios alimentos e geral- dade ou divisão binária. Esse processo consiste na divisão do corpo da
mente se movimentam por força própria. Abrange os animais. bactéria formando duas novas bactérias.
Reino Plantae - os seres pertencentes a esse reino são pluricelulares, Entre as bactérias encontramos algumas que são parasitas do homem,
autótrofos (capazes de produzir seus próprios alimentos) e possuem clo- são as chamadas bactérias patogênicas (causadoras de doenças).
rofila. Inclui as plantas em geral.
O combate às doenças causadas por bactérias é feito principalmente
Reino Fungi - esse reino compreende organismos uni e pluricelulares através de vacinas e antibióticos.
que vivem à custa de matéria orgânica. Seus representantes vivem fixos
em um substrato. Abrange os fungos. Como exemplos de doenças causadas por bactérias podemos citar:
Reino Protista - compreende organismos unicelulares autótrofos ou he- tuberculose, difteria, tétano, febre tifóide, coqueluche, pneumonia, sífilis,
terótrofos capazes de viver em diversos ambientes. Nele se encontram os entre outras.
protozoários e as algas unicelulares. Algas Azuis
Reino Monera - pertencem a esse reino as bactérias e as algas azuis. Constituem organismos unicelulares que têm a forma esférica ou de
São seres unicelulares de organização muito simples. Eles podem ser bastonetes. Muitas vezes se agrupam formando longas colônias fila-
autótrofos ou heterótrofos. mentosas.
Nomenclatura dos Seres Vivos
As algas azuis realizam a fotossíntese e fixam o nitrogênio atmosféri-
Em 1758, Lineu resolveu universalizar o nome dos seres vivos criando co. Elas vivem em água doce ou salgada, solos úmidos e até em fontes
a Nomenclatura Científica. Assim, cada ser vivo seria conhecido pelo termais.
mesmo nome em qualquer país do mundo, independentemente do idioma.
A reprodução das algas azuis é assexuada do tipo bipartição ou cissi-
Veja as principais regras da nomenclatura científica: paridade.
Todo nome científico deve ser escrito em latim.
5 - Reino Protista
nome científico é formado por dois nomes (nomenclatura binominal), o
primeiro corresponde ao gênero e o segundo à espécie. O Reino Protista é formado por protozoários e as algas unicelulares.
Eles se caracterizam por serem organismos eucariontes (com núcleo indi-
nome do gênero deve ser escrito com letra inicial maiúscula e o da es- vidualizado) e unicelulares. Eles podem ser autótrofos ou heterótrofos.
pécie com inicial minúscula. Exemplos: Felis catus (gato), Canis familiares
(cão), Homo sapiens (homem). Os protistas vivem na água, no solo, no ar ou associados a outros or-
ganismos.
Todo nome científico deve vir destacado (escrito em itálico, ou com ou-
tro tipo de letra). Quando manuscrito deve ser sublinhado. Protozoários
3 - Os Vírus, Um Reino à Parte Os protozoários são seres microscópicos e unicelulares. Eles são en-
Vimos anteriormente que uma das características dos seres vivos é a contrados na água, em locais úmidos e na matéria em decomposição.
organização celular, o que nos indica que todo ser vivo tem sua estrutura Muitos são parasitas do homem. Para sua locomoção dispõem de estrutu-
baseada na célula. Os vírus são os únicos seres que fogem a essa regra. ras tais como cílios, flagelos e pseudópodes.
Eles são considerados seres vivos pela capacidade de se reproduzirem e
Classificação dos Protozoários
de sofrerem mutações.
Os vírus só são vistos ao microscópio eletrônico, devido ao seu redu- Os protozoários são classificados de acordo com seu meio de locomo-
zido tamanho. Eles possuem a sua estrutura formada por proteínas e ção em: rizópodes, flagelos, ciliados e esporozoário.
ácidos nucléicos. Rizópodes - locomovem-se através de pseudópodes. São representa-
Os vírus são considerados parasitas intracelulares, pois para sobrevi- dos pelas amebas.
ver e reproduzir-se necessitam penetrar no interior de células vivas. Quan-
Exemplos:
do fora do organismo se cristalizam podendo ficar assim por muito tempo.
Os vírus provocam doenças Entamoeba coli - rizópode inquilinista que vive no intestino humano.
Como parasitas que são, os vírus provocam muitas doenças nos ou- Entamoeba histolytica - parasita causador da disenteria amebiana
tros seres vivos. Há vírus parasitas de plantas e parasitas de animais. (amebíase).
Na espécie humana podemos destacar várias doenças causadas por
vírus: a gripe, a caxumba, a poliomielite, o sarampo, a febre amarela, a
hepatite, a AIDS, dentre outras.
Para combater os vírus, dispomos de vacinas, que são produzidas a
partir de vírus atenuados.
4 - Reino Monera
O Reino Monera é constituído por dois tipos de organismos vivos: as
bactérias e as algas azuis (cianofíceas). Esses organismos são seres
unicelulares e microscópicos. São encontrados na água, no ar, na matéria
em decomposição ou parasitando outros organismos.
As células dos organismos desse reino são muito simples. O seu nú-
cleo não é individualizado, isto é, não é separado do citoplasma por uma
membrana nuclear. Por essa razão são chamados procariontes. Flagelados - locomovem-se através de flagelos. A maioria é parasita.
Bactérias Exemplos:
As bactérias podem se apresentar sob várias formas. Conforme a sua
Trypanosoma cruzi - protozoário causador da doença de Chagas. Esse
forma, elas são denominadas: cocos (forma esférica), bacilos (forma de
protozoário é transmitido por um inseto, o barbeiro (Triatoma infestans).
bastonetes), vibriões (forma de vírgula) e espirilos (forma de espiral).
As bactérias podem ser encontradas no solo, no ar, na água ou asso- Leishmania brasiliensis - protozoário que provoca uma doença chama-
ciadas a outros seres vivos. da Leishmaniose ou úlcera de bauru. A sua transmissão é feita pela picada
do mosquito - palha.

Biologia 39 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Os fungos são encontrados na água, em locais úmidos e sobre a ma-
téria em decomposição. Os fungos podem ser unicelulares e microscópicos
(levedura de cerveja), outros são pluricelulares, formados por filamentos
chamados hifas. O conjunto de hifas forma o micélio, que representa o
corpo do fungo.
Os fungos podem ser saprófitas, simbiontes ou parasitas.
Classificação dos Fungos
Esses organismos se classificam nos seguintes grupos:
Ficomicetos - constituem os fungos mais simples. Exemplo: bolor do
pão.
Ciliados - locomovem-se através de cílios. São quase todos de vida li- Ascomicetos - possuem o corpo de frutificação chamado asco. Um as-
vre, isto é, não parasitas. comiceto de grande importância é Penicillium crysogenum, usado na
Exemplos fabricação da penicilina.
Paramecium caudatum - Ciliado de água doce e de vida livre. Basidiomicetos - apresentam o seu corpo de frutificação chamado ba-
Balantidium coli - parasita do intestino grosso humano, causando dis- sídio. São exemplos o popular cogumelo (comestível), e outros que cres-
túrbios intestinais (disen teria). cem sobre a madeira podre (orelha-de-pau).
Alguns fungos se associam a algas, formando o que se chama de lí-
quen.

A reprodução dos fungos pode ser assexuada ou sexuada. A reprodu-


ção assexuada ocorre geralmente por meio de esporos, enquanto a repro-
dução sexuada ocorre em presença de células sexuais masculinas e
femininas que se unem formando um zigoto.
Esporozoário - protozoários que não apresentam estrutura de locomo- REINO ANIMALIA - INVERTEBRADOS
ção e por isso são todos parasitas de animais, tanto vertebrados como Os animais constituem mais de 1 milhão de espécies conhecidas. Para
invertebrados. facilitar o seu estudo, os animais foram classificados levando-se em conta
Exemplo: a presença ou ausência da coluna vertebral em invertebrados e vertebra-
dos.
Plasmodium vivax - protozoário causador da malária, também cha-
madà de impaludismo. Ela é transmitida pela fêmea de um mosquito do Invertebrados - aqueles que não possuem coluna vertebral. Eles estão
gênero Anopheles sp, chamado de mosquito prego. distribuídos em vários filos: poríferos, celenterados, platelmintos, nematel-
mintos, anelídeos, moluscos, artrópodes e equinodermos.
Combate às Doenças Causadas por Protozoários
Vertebrados - aqueles que têm coluna vertebral. Os animais desse
A melhor maneira de evitar as doenças causadas pelos protozoários é
grupo pertencem ao filo dos cordados. Este filo divide-se nas seguintes
combater seus transmissores.
classes: peixes, anfíbios, répteis, aves, e mamíferos.
1 - Os Poríferos ou Espongiários
Os poríferos representam os animais pluricelulares mais primitivos.
Eles não apresentam tecidos verdadeiros. Todas as suas funções são
realizadas por diferentes células. São animais aquáticos e vivem, na maio-
ria, nas águas do mar. Alguns são indivíduos isolados, outros formam
colônia.
O corpo dos poríferos tem forma de um vaso perfurado, com muitos
poros. A cavidade central do corpo desses animais chama-se átrio e a
abertura superior, denomina-se ósculo. A parede interna é revestida por
células chamadas coanócitos. Elas promovem a filtração da água, captu-
rando microorganismos e substâncias alimentares.

As algas
Elas constituem organismos bastante simples que não apresentam
partes diferenciadas tais como raízes, caules ou folhas. Seu corpo é consti-
tuído por um talo. São encontradas em ambientes aquáticos onde são mais
numerosas e também sobre pedras, troncos de árvores e locais úmidos.
As algas realizam aproximadamente cerca de 90% da fotossíntese que
ocorre em nosso planeta. Sendo portanto, responsáveis por grande parte
do oxigênio eliminado para a atmosfera. Além disso constituem a fonte
mais importante de alimentos para os consumidores do meio aquático.
6 - Reino Fungi
Os poríferos apresentam um esqueleto muito simples, que serve para
Esse reino é constituído pelos fungos. sustentação da massa de células formadas por um emaranhado de espícu-
Os fungos são organismos aclorofilados, heterótrofos, eucariontes, las. Elas são constituídas de calcário ou sílica, ou mesmo espongina, uma
com parede celular, geralmente imóveis. Apresentam como reservas espécie de proteína.
energéticas o glicogênio. São, em alguns, casos patogênicos.

Biologia 40 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
A reprodução dos poríferos pode ser assexuada ou sexuada. A repro- Solitária
dução assexuada pode acontecer por dois processos: regeneração ou bro- A solitária também é um verme parasita humano. Ela tem alguns me-
tamento. A reprodução sexuada é menos frequente que a assexuada, mas tros de comprimento e tem a forma de uma fita. O corpo da solitária é
ocorre em alguns poríferos. dividido em três partes: escólex (região anterior com ganchos e ventosas);
2 - Celenterados ou Cnidários pescoço (curto prolongamento do escólex) e estróbilo (região dividida em
pedaços, os proglotes). A solitária causa uma doença chamada Teníase.
Os celenterados representam animais mais evoluídos que os espongi- Há dois tipos de solitárias: Taenia solium (parasita do homem e do
ários, pois já possuem tecidos e alguns órgãos primitivos. São animais porco) e a Taenia saginata (parasita o homem e o boi).
aquáticos predominantemente marinhos e apresentam grande variedade
de espécies. A Teníase é caracterizada por insônia, cansaço, diarreia, perda de
apetite ou fome voraz. A transmissão da teníase se dá através da ingestão
A água-viva, as caravelas, as hidras e as actíneas são celenteradas. de carne suína e bovina mal cozidas.
As celenteradas apresentam duas formas básicas: pólipo (animal fixo, em Evita-se a teníase não ingerindo carnes mal cozidas de porco ou de
geral preso a rochas) e medusa (animal livre e mutante) boi, além de instalações sanitárias adequadas.
Os pólipos têm formato cilíndrico, enquanto as medusas têm um as- 4 - Nematelmintos
pecto de guarda-chuva aberto. A maioria dos celenterados existe nas duas Os nematelmintos são vermes que têm o corpo cilíndrico, alongado e
formas, outros só existem exclusivamente na forma pólipo. E o caso da que têm extremidades afiladas. Há nematelmintos de vida livre e também
hidra, da anêmona-do-mar e dos corais. nematelmintos parasitas que vivem no organismo de outros seres vivos.
Veja os principais nematelmintos parasitas da espécie humana, cau-
sando-lhe doenças.
Ascaris lumbricoides
Esse verme é conhecido popularmente como lombriga. Ele causa uma
doença chamada ascaridíase e se instala no intestino delgado humano.
A ascaridíase provoca alterações de apetite, dores abdominais, irritabi-
lidade e sono agitado. Essa doença é adquirida por meio da ingestão de
ovos do verme, sua prevenção é feita através das seguintes medidas:
educação sanitária; construção de fossas; tratamento dos doentes; prática
Os celenterados possuem duas camadas de células: epiderme (exter- de hábito higiênico.
na) e gastroderme (interna). Entre elas ocorre uma camada gelatinosa, Ancylostoma duodenale e Necator americanus
denominada mesogleia. Na epiderme de todos os celenterados há um tipo Esses vermes são causadores de doenças chamadas ancilostomose
de célula chamada cnidoblasto, que produz um líquido urticante capaz de ou amarelão. Eles vivem no intestino delgado, onde sugam sangue com
provocar queimaduras nos seres por ela atingidos. Esses animais utilizam auxílio de seus dentículos. Em consequencia, o indivíduo contaminado tem
esse líquido para se defender e para obter alimentos. A reprodução dos uma anemia profunda, tornando-se amarelo, daí o nome amarelão.
celenterados pode ser assexuada (apenas nos pólipos) e sexuada (nos
pólipos e medusas). A transmissão dessa doença ocorre através da penetração de larvas
terrestres pela sola do pé. Para evitar o amarelão é necessário andar
3 - Platelmintos calçado e promover o saneamento básico.
Os platelmintos constituem vermes que apresentam o corpo mole e Wulchereria bancrofti
forma achatada. Entre as espécies do grupo destacam-se as parasitas cau- É um verme parasita que vive nos vasos linfáticos, geralmente nos
sadoras de doenças no homem, como esquistossomo e as solitárias. Há membros inferiores do homem. Esse verme é causador da doença chama-
também platelmintos de vida livre. E o caso da planária. da elefantíase ou filariose. Os vermes adultos alojam-se nos vasos linfáti-
cos e causam obstrução desses vasos dificultando o escoamento da linfa,
causando inchaços na região afetada.
O mosquito do gênero Culex é transmissor desse verme. Para evitar a
elefantíase, deve-se combater o mosquito Culex com inseticida.
5 - Anelídeos
Os anelídeos são vermes que apresentam o corpo alongado e seg-
mentado dividido em anéis. Eles vivem em solos úmidos e na água doce
Planária ou salgada, são na maioria de vida livre. As minhocas, as sanguessugas e
nereidas são os principais representantes desse filo.
As planárias são vermes pequenos que medem cerca de 2 centímetros
de comprimento. São animais de vida livre e vivem na água doce. A planá- Os anelídeos apresentam a superfície do corpo coberto por pequenos
ria é um animal carnívoro, alimentando-se de pequenos animais. As planá- filamentos que se relacionam com a locomoção, chamadas cerdas.
rias são hermafroditas e reproduzem-se sexuada e assexuadamente (por
regeneração).
Schistosoma mansoni (Esquistossomo)
O esquistossomo é um verme parasita que causa no homem a esquis-
tossomose ou barriga-d’água. Essa doença se caracteriza pelo aumento do
volume do abdome, do fígado e do baço.
O esquistossomo tem sexos separados e quando adultos habita uma
veia localizada no abdome do homem. Eles apresentam duas ventosas na Classificação dos Anelídeos
parte anterior do corpo, uma serve para fixação do animal a outra para
sugar o sangue do hospedeiro. Conforme as quantidades de cerdas os anelídeos foram divididos em
três classes: oligoquetos, poliquetos e hirundíneos.
A esquistossomose se transmite pela penetração ativa de larvas (cer- Oligoquetos - constituem a classe dos anelídeos que têm poucas cer-
cárias) através da pele. Para evitar a esquistossomose, deve-se evitar ba- das. Ela é representada pelas minhocas. Esses animais vivem sob a terra,
nhos em reservatórios de água desconhecidos e promover a educação cavando túneis favorecendo o arejamento do solo, necessários à respira-
sanitária. ção das raízes das plantas, o que os torna importantes para a agricultura.

Biologia 41 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Os oligoquetos apresentam respiração cutânea (pela pele). A minhoca A concha é facultativa em certas espécies de cefalópodes, ela está
é um animal hermafrodita, porém não fazem auto-fecundação, a sua repro- presente na lula e ausente no polvo.
dução ocorre por fecundação cruzada.
Os cefalópodes são considerados os moluscos mais desenvolvidos,
Poliquetos - Compreendem os anelídeos que apresentam muitas cer- apresentam movimentos rápidos, ao contrário dos demais moluscos que
das, são vermes marinhos. Como representante dessa classe temos as são animais fixos ou lentos. Os cefalópodes são capazes de mudar de cor
nereidas para fugir de seus inimigos, isso ocorre devido à presença de células
especiais presentes na superfície do corpo. Há também outra forma de
Hirundíneos - Compreende a classe das sanguessugas. Os hirundí- defesa que é realizada por uma glândula que expele um líquido escuro que
neos vivem em locais úmidos e na água doce ou salgada. Eles se carac- confunde os inimigos dos cefalópodes.
terizam por não apresentarem cerdas. Apresentam nas extremidades do
corpo ventosas que são utilizadas para a locomoção. Algumas espécies
usam a ventosa bucal para retirar sangue de outros animais.
A respiração dos hirundíneos é do tipo cutânea. As sanguessugas são
animais hermafroditas, a sua reprodução é semelhante à da minhoca.
6 - Moluscos
Os moluscos são animais que apresentam o corpo mole, quase sem-
pre encerrado dentro de uma concha e dividido em cabeça, massa visceral
e pé. O marisco, o mexilhão, o polvo, a lula, o caracol e a ostra, são repre-
sentantes dos moluscos.
Os moluscos vivem na maioria no mar, há também espécies que vivem
na água doce e na terra. São todos de vida livre. A parte superior do corpo 7 - Artrópodes
desses animais é coberta por uma camada denominada manto. Estrutura
responsável pela formação da concha, rica em material calcário. Esse filo é constituído pelos insetos, aranhas, escorpiões, carangue-
jos, camarões, etc. Ele representa o filo mais numeroso do nosso planeta.
Entre os moluscos encontramos tanto espécies de sexos separados
como hermafroditas. Sua reprodução é sempre sexuada. Muitos moluscos Os artrópodes são animais que têm patas articuladas. Essas patas es-
são utilizados na nossa alimentação e também são usados como matéria tão adaptadas para andar, nadar, cavar, etc. Os artrópodes vivem em
prima para a indústria. todos os meios, terrestres ou aquáticos, de água doce ou salgada. Eles
apresentam um esqueleto externo denominado exoesqueleto, geralmente
Classificação dos Moluscos formado por quitina e carbonato de cálcio. Muitos deles sofrem modifica-
ções do seu corpo desde a fase larval até atingir a fase adulta. Essa modifi-
Os moluscos são divididos em três classes: gastrópodes, bivalves e
cações constitui a metamorfose.
cefalópodes.
O corpo desses animais é geralmente dividido em cabeça, tórax e ab-
Gastrópodes - são moluscos que vivem na água doce e salgada e
dome. Em alguns a cabeça e o tórax formam uma peça única, chamada
também na terra. Eles apresentam geralmente uma única concha, por isso
cefalotórax.
também são chamados univalves.
Classificação dos Artrópodes
As lesmas constituem exceção, pois não apresentam concha. Todos
têm um par de tentáculos na cabeça, os tentáculos maiores possuem olhos O filo dos artrópodes é dividido nas seguintes classes: insetos, crustá-
nas extremidades. ceos, aracnídeos e miriápodes.
Insetos
A classe dos insetos inclui gafanhotos, moscas, piolhos, borboletas,
besouros, abelhas, baratas, etc. Constitui os mais abundantes e difundidos
de todos os animais. Eles são encontrados em todos os ambientes, exceto
o mar.
O corpo dos insetos é dividido em três partes: cabeça, tórax e abdome.
Possui um par de antenas e três pares de patas, quando tem asas essas
aparecem aos pares. Eles têm respiração do tipo traqueal.
O esqueleto dos insetos é constituído por quitina. Há insetos úteis,
como a abelha, que produzem o mel, e insetos nocivos, que transmitem
doença. Há ainda aqueles que destroem as plantas e causam prejuízos à
Os gastrópodes são herbívoros, possuem na boca uma espécie de lín- lavoura.
gua denominada rádula, que serve para raspar e triturar os alimentos. Os
gastrópodes terrestres tem respiração pulmonar, enquanto as formas
aquáticas respiram por brânquias. Compreende a classe da lesma, caracol, A reprodução dos insetos é sexuada. A maioria dos insetos sofre me-
caramujo e os búzios. tamorfose.
Bivalves - nessa classe enquadram-se os mariscos, mexilhões e as Crustáceos
ostras. Eles apresentam a concha formada por duas partes chamadas val-
vas. São todos animais aquáticos. Os bivalves respiram através de brân- Os crustáceos são artrópodes que vivem na água, principalmente no
quias. O seu corpo é dividido apenas em massa visceral e pé, utilizado mar e muito raramente em lugares úmidos. Compreende a classe dos
para cavar buraco na areia quando o animal quer se proteger. A região camarões, caranguejo, siris, lagostas, etc. O corpo desses animais é
interna da concha desses moluscos é revestido por uma substância cha- dividido em duas partes: cefalotórax e abdome.
mada madrepérola. Os crustáceos têm respiração branquial. Para a locomoção eles utili-
Cefalópodes - são moluscos marinhos, que têm o pé dividido em ten- zam várias patas, que permitem nadar ou andar na terra. Muitos crustá-
táculos que partem diretamente da cabeça. O polvo e a lula são represen- ceos são usados na alimentação humana. E o caso do siri, caranguejo,
tantes dessa classe. Os tentáculos possuem ventosas que servem para camarão e lagosta. Eles apresentam reprodução sexuada. Alguns sofrem
capturar as presas utilizadas na alimentação desses moluscos. metamorfose. E o caso do caranguejo e camarão.

Biologia 42 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Aracnídeos maioria com fecundação externa. Após a fecundação ocorre a formação de
uma larva chamada alevino. Nos peixes cartilaginosos a fecundação é
Os aracnídeos compreendem a classe das aranhas, escorpiões, car- interna
rapatos, etc. Eles apresentam o corpo dividido em cefalotórax e abdome.
No cefalotórax ficam os olhos, um par de quelíceras, um par de pedipalpo e Classificação dos Peixes
quatro pares de patas.
Há duas classes em que se dividem os peixes: peixes ósseos e peixes
Os aracnídeos têm respiração traqueal e pulmonar. As aranhas produ- cartilaginosos.
zem uma espécie de teia que serve para aprisionar suas presas. A maioria
dos aracnídeos tem hábito alimentar carnívoro.
A reprodução nesses animais é sexuada, com fecundação interna.
Miriápodes
Constitui a classe em que os artrópodes apresentam várias patas. Fa-
zem parte desse grupo as lacraias ou centopeias e os piolhos-de-cobra.

Peixes ósseos ou osteícties


Nessa classe se encontram os peixes que têm o esqueleto ósseo. Per-
tencem a ela a sardinha, o dourado, o salmão, a pescada, o atum, a truta,
8 - Equinodermos etc. Nela se encontra a maioria dos peixes. A boca nos peixes ósseos
No filo dos equinodermos encontram-se os seguintes animais: os ouri- assume posição frontal. Eles possuem uma bolsa chamada bexiga natató-
ços-do-mar, as estrelas-do-mar, os pepinos-do-mar, lírios-do-mar, etc. ria, cuja função; e hidrostática, porque dá equilíbrio ao peixe na água. Nos
peixes pulmonados a bexiga natatória funciona como pulmão. E o caso da
Os equinodermos são animais exclusivamente marinhos. Eles apre- pirambóia. Nesses peixes as branquias são protegidas por uma estrutura
sentam um esqueleto interno (endoesqueleto) formado por placas cal- denominada opérculo.
cáreas, revestidas por epiderme, geralmente com espinhos. Esses animais
são de vida livre e se movimentam lentamente. Peixes Cartilaginosos ou Condrícties

Os equinodermos apresentam respiração branquial. Na maioria dos Nessa classe se encontram os peixes que têm o esqueleto constituído
equinodermos a boca situa-se na face ventral do corpo, e o ânus, na face por cartilagens. Seus principais representantes são os tubarões e as raias.
dorsal. A boca de alguns equinodermos apresenta um aparelho mastiga- Os peixes cartilaginosos apresentam no interior do intestino a válvula
dor, que possui cinco estruturas que funcionam como dentes, chamada espiral, que constitui uma estrutura espiralizada, cuja função é aumentar a
lanterna-de-aristóteles. Eles apresentam um conjunto de pequenos vasos superfície de absorção dos alimentos. A boca nesses peixes tem posição
por onde circula a água, chamado aparelho ambulacrário. Ele participa da ventral.
respiração, da excreção e da circulação destes animais. O aparelho ambu- 2 - Anfíbios
lacrário é exclusivo dos equinodermos. Os equinodermos realizam repro-
dução sexuada e têm fecundação externa. Os equinodermos têm capaci- Os anfíbios são vertebrados que passam uma fase de sua vida na
dade de recompor partes perdidas do corpo. Essa característica é chama- água e outra fase na terra. Os representantes mais conhecidos são o sapo,
da regeneração. a rã, a perereca, a salamandra e a cobra-cega.
REINO ANIMALIA - VERTEBRADOS Esses animais apresentam a pele lisa e com muitas glândulas muco-
sas que a deixam sempre úmida facilitando a respiração cutânea.
Introdução
Os anfíbios têm aparelho digestivo completo e o intestino terminando
Os vertebrados são denominados cordados porque apresentam duran- numa cloaca. Eles são animais carnívoros. A respiração é feita por brân-
te o seu desenvolvimento embrionário, um cordão fibroso chamado noto- quias na fase larvária e na fase adulta ela é feita pelos pulmões e pela
corda. Essa estrutura é substituída pela coluna vertebral. Por isso esses pele.
animais são também chamados vertebrados.
Os anfíbios são animais cuja temperatura corpórea varia de acordo
Os vertebrados são divididos em cinco classes: peixes, anfíbios, rép- com o ambiente (pecilotérmicos). O coração dos anfíbios é formado por
teis, aves e mamíferos. três cavidades: 2 átrios e 1 ventrículo. Nele ocorre a mistura de sangue
1 - Peixes venoso com arterial. A reprodução desses animais é sexuada e com fe-
cundação externa.
Os peixes foram os primeiros vertebrados a surgir na Terra. Eles vivem
em ambientes aquáticos, de água doce ou salgada. A maioria dos peixes Os anfíbios são ovíparos (se reproduzem através de ovos) Esses ani-
apresentam a pele coberta por escamas. Na pele há glândulas que secre- mais passam por metamorfose. A larva dos anfíbios é denominadas girino.
tam uma substância viscosa denominada muco. Ela é importante para os
peixes porque diminui o atrito com a água impedindo o desgastes das suas
células, como também a protege contra a entrada de micróbios. A locomo-
ção desses animais é feita através de nadadeiras.
Os peixes são animais pecilotérmicos, ou seja, sua temperatura varia
de acordo com as variações da temperatura da água. Eles possuem res-
piração branquial. Os peixes possuem uma fileira de poros situados de
cada lado do corpo que formam a chamada linha lateral, cuja função é
perceber as vibrações da água e suas mudanças de pressão. O aparelho Classificação dos Anfíbios
digestivo dos peixes é completo (boca, faringe, esôfago, estômago e
intestino). Nos peixes cartilaginosos o intestino termina numa cloaca, Eles são divididos em três classes: ápodes, anuros e urodelos.
orifício que serve ao aparelho digestivo, excretor e reprodutor. Nos peixes
Ápodes
ósseos o intestino termina no ânus. A circulação sanguínea é constituída
por coração e vasos sangUíneos. Pelo coração só circula sangue rico em Não têm patas, têm corpo vermiforme e vivem enterrados no solo.
gás carbônico (sangue venoso).Os peixes têm reprodução sexuada na Como exemplo temos a cobra-cega.

Biologia 43 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Anuros Peçonhentas - são aquelas que produzem veneno e conseguem inocu-
Compreendem a classe dos sapos, rãs e pererecas. Eles vivem na lá-lo em suas vftimas, porque dispõem de dentes localizados na região
água ou locais úmidos. Não possuem cauda e tem quatro membros loco- anterior da boca. São peçonhentas a cascavel, jararaca, etc.
motores. Nos sapos são encontradas nas laterais da cabeça duas glându- Não-peçonhentas - são aquelas que produzem veneno só que não
las paratóides, que produzem veneno. apresentam estruturas para inoculá-lo em suas vítimas. E o caso da sucuri,
Urodelos jibóia, etc.
Os urodelos são representados pelas salamandras e tritões. Constitu- 4 - Aves
em animais de corpo alongado, com quatro membros locomotores e com
cauda. As aves são animais bem mais complexos que os répteis. Elas repre-
3 - Répteis sentam um grande avanço na evolução dos animais e estão bem mais
adaptados ao ambiente terrestre do que os repteis.
Os répteis são vertebrados mais evoluídos que os anfíbios. Assim co-
mo os peixes e anfíbios são também animais pecilotérmicos. A sua pele é As aves têm o corpo coberto por penas, cuja função é proteger o corpo
seca e revestida por escamas, placas ou carapaças, por essa razão não se da ave, evitar a perda de calor e permitir o vôo. A pele é fina e possui ape-
desidratam. O grupo dos répteis é formado por jacarés, tartarugas, cobras, nas uma glândula localizada na região caudal que se chama glândula
lagartos, etc. uropígea, que libera uma secreção oleosa que impermeabiliza as penas.
Os répteis apresentam aparelho digestivo completo, seu intestino ter- O esqueleto das aves é formado por ossos pneumáticos (ossos ocos
mina na cloaca. Eles têm respiração exclusivamente pulmonar. Eles apre- que se comunicam com os pulmões, enchendo-se de ar). São animais
sentam dois pares de membros locomotores. Em alguns casos os mem- homotérmicos (temperatura do corpo não varia com a temperatura ambien-
bros são muitos reduzidos ou não existem. O coração da maioria é dividido te, isto é, mantém-se constante).
em três cavidades: dois átrios e um ventrículo. Nos crocodilianos, porém,
ele apresenta quatro cavidades: dois átrios e dois ventrículos. Nesse caso A respiração das aves é pulmonar. A siringe é o órgão responsável pe-
não há mistura do sangue venoso com o arterial. la formação dos sons nesses animais. As aves têm aparelho digestivo
completo terminando na cloaca. O alimento ingerido pela ave é umedecido
A reprodução dos répteis é sexuada. A fecundação é interna. Após a
e armazenado num órgão chamado papo. Em seguida vai para o estômago
fecundação a fêmea deposita os ovos na areia, onde eles se desenvolvem.
que se divide em duas partes: moela, local em que o alimento é triturado e
Portanto esses animais são ovíparos. Alguns são ovovivíparos (o ovo fica
pró-ventrículo, onde é digerido.
dentro da fêmea até o desenvolvimento do filhote). E o caso de algumas
cobras. O aparelho circulatório é formado pelo coração e vasos sanguíneos. O
coração é formado por quatro cavidades: dois átrios e dois ventrículos.
Nele não há mistura de sangue venoso com arterial.

As aves são ovíparos de sexos separados e fecundação interna.


5 - Os Mamíferos
Os mamíferos representam os cordados mais evoluídos. Eles surgiram
em nosso planeta há aproximadamente 60 milhões de anos.
A presença de glândulas mamárias nas fêmeas é a principal caracte-
Classificação dos Répteis rística dos mamíferos. A pele dos mamíferos é revestida por pelos, cuja
Os répteis são divididos em três grupos: quelonios, crocodilhanos e função é proteger a pele contra o desgaste e manter a temperatura corpo-
escamados. ral. A pele é constituída por duas camadas: epiderme (camada superficial)
e derme (camada mais profunda).
Quelônios - apresentam uma carapaça óssea de proteção. A boca
desses animais é desprovida de dentes. Ela apresenta um bico córneo. Os São animais homotérmicos, isto é, a temperatura corpórea é constan-
quelônios vivem na água e na terra. Compreendem o grupo das tartarugas, te, não variando com a do ambiente. Os mamíferos apresentam quatro
cágados e jabutis. membros. Eles estão adaptados para andar, nadar, correr, voar, etc. Eles
possuem um músculo chamado diafragma que divide o tronco em cavidade
Crocodilianos - compreendem o grupo dos jacarés e crocodilos. Eles
torácica e cavidade abdominal. Ele é responsável pelos movimentos respi-
são répteis de corpo alongado recoberto por placas córneas. Representam
ratórios.
os répteis mais evoluídos, apresentam quatro membros de locomoção.
O aparelho digestivo é completo, terminando em ânus. Nos ruminan-
Escamados - esses répteis têm o corpo revestido por escamas. Esse
tes, como vaca, camelo, etc, o estômago é dividido em quatro câmaras:
grupo divide-se em lacertílios e ofídios.
pança, barrete, folhoso e coagulador.
a) lacertílios- apresentam corpo delgado com quatro patas, alimentam-
A respiração dos mamíferos é pulmonar. O aparelho circulatório é
se de insetos e pequenos invertebrados. A lagartixa, a cobra-de-vidro, os
constituído pelo coração e vasos sanguíneos. O coração é formado por
lagartos, o camaleão são representantes dos lacertílios.
quatro cavidades: dois átrios e dois ventrículos. Nele não ocorre mistura de
b) ofídios - são répteis que têm pés ausentes na fase adulta, porém sangue venoso com sangue arterial.
presentes na fase embrionária. Os ofídios são representados pelas cobras.
Os mamíferos são animais de sexos separados, de fecundação interna
As cobras têm corpo cilíndrico e alongado longitudinalmente. As cobras
e vivíparos (desenvolvimento do feto dentro do organismo materno). O
são divididas em: peçonhentas e não peçonhentas.
ornitorrinco e equidna fazem exceção, pois são ovíparos. As fêmeas pos-

Biologia 44 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
suem placenta durante a gravidez. Ela funciona como meio de ligação - Leishmania brasiliensis
entre a mãe e o feto, permitindo a nutrição, respiração e a excreção fetal. A Protozoário causador da leishmaniose.
placenta não é encontrada nos marsupiais (gambá) e nos monotremos - Giardia lamblia
(equidna e ornitorrinco). Protozoário causador da giardíase.
- Trichomonas vaginalis
Veja as principais ordens dos mamíferos Protozoário causador da Tricomoníase.
 Monotremos - mamíferos ovíparos. Ex.: ornitorrinco e equidna. - Plasmodium falciparum
Protozoário causador da malária.
 Marsupiais - as fêmeas têm uma bolsa no abdome onde os filhotes
- Toxoplasma gondii
completam o seu desenvolvimento. Ex.: gambá e canguru.
Protozoário causador da toxoplasmose.
 Quirópteros - mamíferos voadores. Ex.: morcego. - Schistosoma mansoni
 Desdentados - mamíferos com dentes reduzidos ou ausentes. Ex.: Verme platelminto causador da esquistossomose.
tamanduá, preguiça, etc. - Taenia saginata e Taenia solium
 Roedores - apresentam incisivos que crescem continuamente. Ex.: Vermes platelmintos causadores da teníase.
esquilo, rato, castor, etc. - Enterobius vermicularis
Vermes nematódeos causadores da entorobiose.
 Logomorfos - apresentam dois pares de dentes incisivos superiores
- Wuchereria bancrofti
que crescem sempre. Ex.: lebres.
Nematoide causador da filariose linfática.
 Cetáceos - vivem no mar e têm um formato de um peixe. Ex.: baleia, - Trichuris trichiura
golfo e boto. Nemátode causador da Tricuríase.
 Carnívoros - possuem caninos bem desenvolvidos. Ex.: cão, leão, - Strongyloides stercoralis
tigre, gato, onças, etc. Nemátode causador da Estrongiloidíase.
 Proboscídeos - possuem tromba. Ex. elefante. - Piolhos (Pediculus humanus)
Insetos causadores da pediculose.
 Sirênios - vivem na água doce. Ex.: peixe-boi. - Balantidium coli
 Perissodáctilos - têm casco com número Ímpar de dedos. Ex.: cavalo, Protista causador da balantidiose.
asno, zebra, etc. - Larvas dos nemátodes da família Anisakinae
 Artiodáctilos - têm casco com número par de dedos. Ex. camelo, Causadores da Anisaquíase
veado, boi, girafa, etc. - Necator americanus
 Primatas - mamíferos de cérebro mais desenvolvido. Ex.: macaco, Verme nematódeo causador da Ancilostomose .
homem, lêmure, etc. - Ascaris lumbricoides
Verme nematódeo causador da Ascaridíase.
- Trypanosoma cruzi
Ciclos de vida dos principais animais parasitas do ser humano e Protozoário causador da Doença de Chagas.
medidas profiláticas.
4. A espécie humana
O parasitismo é um fenômeno pelo qual uma planta ou animal sobrevi-
ve retirando nutrientes de outro ser. Estabelece-se nesta relação uma forte Estrutura básica e fisiologia dos sistemas: tegumentar, muscular,
dependência, onde um lado é beneficiado (parasita) e o outro prejudicado esquelético, respiratório, digestório, cardiovascular, imunitário,
(hospedeiro). Muitas vezes, o animal ou planta que sofre a ação do parasita, urinário, endócrino, nervoso, sensorial e genital.
pode chegar a morte.
Podemos citar, como exemplo deste fenômeno, o piolho, que vive como OS TECIDOS: TIPOS DE TECIDOS
parasita no couro cabeludo de seres humanos e animais domésticos. Eles
retiram do seu hospedeiro o sangue, alimento fundamental para a sua NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO
sobrevivência. Outro exemplo bem conhecido é a tênia, que vive no sistema
Desde um simples grão de areia e uma gota d'água até o homem, que
digestório dos seres humanos.
ocupa o mais alto grau de complexidade, entre os seres vivos, encontra-
Os parasitas podem ser classificados da seguinte forma: mos uma estrutura que obedece a diferentes níveis de organização.
- Parasitas Completos: vivem no hospedeiro durante a vida toda.
No grão de areia, como na gota d'água, a organização não vai além do
- Parasitas Incompletos: vivem no hospedeiro durante um certo perío-
nível molecular, porém, no homem, como nos demais seres vivos, com
do da vida.
exceção dos vírus, a organização estrutural ultrapassa o nível molecular e
- Endoparasitas: vivem na parte interna do hospedeiro. Exemplos: tê-
alcança o nível celular.
nias, vermes e alguns microorganismos.
- Ectoparasitas: vivem na parte externa do animal ou planta. Exem- 1. A célula
plos: fungos, piolhos, pulgas e carrapatos.
A célula é a unidade básica dos seres vivos.
Principais parasitas humanos: Há plantas e animais formados de uma só célula que realiza todas as
- Piolho (inseto) funções vitais. Nos organismos pluricelulares, essas funções são
- Entamoeba histolytica (protozoário, mais conhecido como ameba) executadas por grupos de células especializadas.
- Trypanosoma cruzi (protozoário)
- Giardia Lamblia (protozoário) Entre os organismos unicelulares mais simples estão as bactérias e as
- Plasmodium falciparum (protozoário) cianofíceas e supõe-se que sua organização seja muito semelhante á das
- Schistosoma mansoni (platelminto) primeiras células que se formaram na Terra.
A célula funciona como uma complicada máquina, realizando e
Os parasitas são seres vivos que extraem de outros organismos os re- dirigindo todas as funções vitais. As suas partes principais são a
cursos necessários para a sua sobrevivência. Existem várias espécies membrana celular, o hialoplasma e o núcleo.
destes seres que parasitam os seres humanos. Alguns são inofencifos,
O hialoplasma é a maior porção da célula, compreendida entre a
porém muitos causam doenças graves.
membrana e o núcleo. Seu componente mais abundante é a água.
Principais parasitas humanos e doenças que causam:
O núcleo funciona como centro de controle da célula; nele se
- Entamoeba histolytica
encontram os cromossomos que representam o material genético do
É um protozoário causador da amebíase.
indivíduo.

Biologia 45 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
O hialoplasma contém certa quantidade de corpúsculos com funções Note que todos os órgãos que compõem um aparelho cooperam para
diversas no metabolismo celular. Entre eles destacamos: as mitocôndrias, uma mesma finalidade. Finalmente, o conjunto de aparelhos ou sistemas
conhecidas como "centro de energia" da célula, pois é nelas que ocorre a constitui o organismo.
maior parte do mecanismo químico da respiração, no qual a glicose se
converte em energia; os ribossomos, associados, em grande parte, ás 3. Aparelho e Sistema
membranas do retículo endoplasmático e responsáveis pela síntese de Denominamos aparelho ao conjunto de órgãos formados de tecidos di-
proteínas, o sistema de Golpi, mais desenvolvido em células secretoras, versos. Assim, os vasos sanguíneos e o coração, por serem formados de
dai atribuir-se a essa estrutura a função de secreção celular, os lisosso- diferentes tipos de tecido, são órgãos do aparelho circulatório; pelo o
mos, estruturas típicas de células animais e encarregadas da digestão mesmo motivo, o estômago e o intestino fazem pane do aparelho digestivo.
celular; o centro celular com importante função na divisão das células
animais. O hialoplasma com todos os corpúsculos nele contidos constitui o Chamamos sistema ao conjunto de órgâos formados por um só tipo de
citoplasma. tecido. Assim, os músculos formam o sistema muscular; os ossos formam
o sistema ósseo ou esquelético; o tecido vervoso forma o sistema nervoso.
A célula distingue-se fundamentalmente da célula animal por apresen-
tar parede celular (reforço externo constituído de celulose) e vários tipos de Entretanto, é bom lembrar que nem sempre tal diferença é levada em
plastos. Entre eles destacam-se, em importância, os cloroplastos, ricos em consideração. Por, isso, os termos "aparelho" e "sistema", muitas vezes,
clorofilas, pigmento verde que permite á planta aproveitar a energia solar são empregados com sinônimos.
para produzir seu próprio alimento. 4. Anatomia
2. Organização celular humana Descrever a forma e a estrutura de um órgão qualquer do corpo hu-
No homem, como os organismos pluricelulares em geral, existe uma mano é fazer um estudo de anatomia. Nas faculdades de medicina, os
organização com divisão de trabalho. Assim, células semelhantes "traba- futuros médicos estudam anatomia humana com auxilio de cadáveres
lham" em conjunto, fazendo a mesma coisa. O fígado, por exemplo, possui conservados em solução de formol. É por isso que, se afirma que os "mor-
milhões de células cúbicas, dispostas lado a lado, que fabricam bile, subs- tos ensinam os vivos".
tância que nenhuma outra célula produz. Mas o fígado é formado também TIPOS CELULARES E TECIDOS EM NOSSO CORPO
de outros tipos de células, por exemplo, células alongadas e resistentes
que lhe dão certa consistência. Nosso corpo é constituído por um número considerável de células de
diferentes formas e variadas funções. Há células achatadas, como as que
Os grupos de células semelhantes que fazem a mesma coisa são de- compõem a pane mais externa da pele; longas e finas, como as fibras
nominadas tecidos. musculares; arredondadas, como as que acumulam gordura; ramificadas,
No fígado, as células que produzem bile formam, em conjunto, um como as células nervosas; e muitas outros tipos.
tecido secretor, enquanto as células alongadas e resistentes constituem As células não "trabalham" isoladas mas reunidas em tecidos que , no
um tecido de sustentação. O fígado é um órgão, Então, podemos afirmar organismo humano, são de quatro tipos: epitelial, conjuntivo, muscular e
que o órgão é formado de tecidos. nervoso.
1. Tecido epitelial
Todos as células que se agrupam sem deixar espaços entre si, com a
função de revestir o corpo e os órgãos, interna e externamente, constituem
o tecido epitelial. As células achatadas da pele, em conjunto, constituem
uma variedade de tecido epitelial.
O tecido epitelial, ou simplesmente epitélio, pode ser simples ou estra-
tificado. No primeiro caso, é formado por uma só camada de células acha-
tadas, cúbicas ou prismáticas; no segundo, é formado por células super-
postas.
O tecido epitelial que forma parte da pele é do tipo estratificado. Nele
há duas camadas distintas: a mais externa, constituída de células mortas,
denominadas camada córnea, e mais interna, constituída de camada
geradora.
O revestimento do tubo digestivo, das cavidades e dos canais do
aparelho respiratório e do aparelho urinário é formado de tecido epitelial.
O tecido epitelial que reveste internamete os órgãos ocos forma uma
membrana denominada mucosa. Assim, fala-se em mucosa bucal, mucosa
nasal, mucosa gástrica (do estômago) e mucosa intestinal.
O tecido epitelial que recobre certos órgãos externamente forma outro
tipo de membrana denominada serosa. Assim, temos as pleuras, serosas
que envolvem os pulmões; o pericárdio, serosa que envolve o miocárdio
(músculo do coração); e o peritônio, serosa que envolve o intestino.
O tecido epitelial pode se diferenciar em tecido glandular quando suas
células secretam substâncias. As glândulas sudoríparas (do suor), as
glândulas salivares, as glândulas lacrimais são exemplos de órgãos de
Esquema de tecido epitelial cuja função não é revestir, mas secretar substâncias.
uma célula 2. Tecido conjuntivo
Como os tecidos, os órgãos formam grupos denominados aparelhos Nesse tipo de tecido as células encontram-se separadas umas das
ou sistemas. O aparelho digestivo, por exemplo, compõem-se dos seguin- outras por substâncias intercelular. Considere os exemplos seguintes:
tes órgãos: boca, glândula salivares, esôfago, estômago, intestino, pân-
creas, e fígado. Através da cooperação desses órgãos, o aparelho digesti- Em todos os exemplos dados, constata-se a presença de substância
vo realiza um "trabalho" que consiste na transformação de alimentos inge- intercelular. Assim sendo, os esquemas representam variedades de tecido
ridos de modo a permitir sua absorção ou assimilação. conjuntivo.

Biologia 46 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Os tecidos ósseo e cartilaginoso sustentam o corpo; o tecido sanguí- a) material necessário para o crescimento e reconstituição dos órgãos
neo transporta oxigênio e alimento ás células e defende o organismo e tecidos;
contra a ação de micróbios, graças aos glóbulos brancos nele presentes; o
tecido adiposo armazena gordura em suas células; o tecido conjuntivo b) a energia necessária para todas as funções desenvolvidas pelos
propriamente dito encontra-se distribuído por todo o corpo e sua principal diferentes órgãos.
função é ligar e sustentar os demais A quantidade de substâncias consumidas pelos organismo vai
3. Tecido muscular depender de uma série de fatores: sexo, idade, peso e trabalho que a
pessoa realiza.
Na carne de boi, você encontra cena quantidade de gordura e algumas
membranas brancas (as pelancas), conhecidas como aproveroses. São Os principais tipos de nutrientes são:
variedades de tecido conjuntivo. As panes vermelhas ia carne) são forma-
das de células alongadas, denominadas fibras. Essas células, á semelhan-  Alimentos plásticos: favorecem o crescimento e a reconstituição
ça de um elástico, podem se contrair e se distender. Essas células com- compreendem a água e os sais minerais.
põem o tecido  Alimentos energéticos: vão produzir energia sob a forma de
Pela análise dos esquemas, você constata que em nosso corpo calorias. Os alimentos energéticos compreendem os glicídios.
existem dois tipos de musculatura: estriada e lisa.
 Alimentos mistos: vão agir como plásticos e energéticos.
Estriada: As fibras possuem numerosos núcleos e estrias transversais. Compreendem as proteínas e os lipídios. Exemplo: a carne, rica em
E de cor vermelha . proteínas.
Exemplo: a musculatura do braço.  Vitaminas: ajudam no trabalho do organismo, influenciando no
Lisa: As fibras são uninucleadas e não possuem estrias transversais. E crescimento, na digestão, na reprodução, no combate às infecções e nas
de cor branca. anemias. Exemplo: cenoura, que contém vitamina A.
Exemplo: a musculatura do estômago. Para nos alimentarmos bem, precisamos comer tanto na quantidade
Movimento muscular suficiente quanto na variedade adequada. Assim, devemos ter uma dieta
variada, a fim de que nosso organismo receba todos os nutrientes neces-
Chutar uma bola, correr, levantar um peso... é executar movimentos sários para o seu funcionamento.
musculares de contração e de distensão. Esses movimentos são
voluntários. DIGESTÃO
Os músculos estriados participam dos movimentos voluntários. Observando a próxima figura, acompanhe o que ocorre com os
Enquanto ingerimos alimentos e durante a digestão, o esôfago, o alimentos, á medida que eles vão percorrendo o aparelho digestivo.
estômago e o intestino executam movimentos que independem de nossa 1. BOCA: aqui o alimento é mastigado e insalivado. Na saliva existe
vontade. uma enzima denominada ptialina que desdobra o amido numa forma mais
Os músculos lisos executam movimentos involuntários. simples denominada maltose.
OBSERVAÇÃO - A bexiga, embora seja formada, em grande parte, de 2. FARINGE: aqui o alimento é deglutido (engolido).
musculatura lisa, tem contrações voluntárias, enquanto o coração e o
diafragma, cuja musculatura é estriada, têm contrações involuntárias. 3. ESÔFAGO: graças a contrações e relaxamentos dos músculos das
paredes deste órgão (movimentos peristáticos), os alimentos são encami-
4. Tecido Nervoso nhados para o estômago.
No cérebro, como na medula, existe um emaranhado de células dota-
das de prolongamentos que conduzem os impulsos nervosos. As células 4. ESTÔMAGO: aqui ocorre a chamada quimificação, isto é, a ação do
desse tipo são denominados neurônios e formam o tecido nervoso. suco gástrico sobre o quimo (bolo alimentar). No suco gástrico, encontra-
mos uma enzima pepsina que desdobra as proteínas complexas em for-
Os prolongamentos de uma célula nervosa recebem as designações mas um pouco mais simples, denominadas peptídios.
de axônio e dendrites.
Os axônios de muitos neurônios unidos, formando feixes, constituem
os nervos.
PROTEÇÃO E REVESTIMENTO
NOÇÕES GERAIS SOBRE A ORGANIZAÇÃO DA PELE
A pele é constituída por uma parte epitelial; superficial, a epiderme,
constituída por camadas celulares distintas; pela derme, constituída de
tecido conjuntivo fibroso, rico em fibras elásticas. O derma está em direta
continuação com o hipoderma, rico em gordura e tecido conjuntivo coláge-
no.
Existem ainda os anexos da pele que são os pelos, unhas e glândulas
sebáceas e sudoríparas.
NUTRIÇÃO
Os seres vivos precisam do ar, da luz, da água e do solo. Mas eles
precisam também de alimentos para sobreviverem.
Animais herbívoros são animais que se alimentam de vegetais.
Exemplos: cavalo, boi, coelho.
Animais carnívoros se alimentam de carne. Exemplo: leão, tigre, gato.
Os alimentos depois de digeridos irão fornecer a energia necessária
para a manutenção da vida. 5. INTESTINO DELGADO: aqui ocorre a quimificação, isto é, a ação
do suco pancreático, suco intestinal e bile, sobre o quilo (bolo alimentar).
NOÇÕES GERAIS SOBRE OS PRINCIPAIS TIPOS DE NUTRIENTES Sucintamente, temos:
Os alimentos são importantes para o organismo, porque nos dão: a) a maltase desdobra o açúcar maltosa em glicose;

Biologia 47 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
b) a amílase pancreática desdobra o amido que não sofreu ação Atuam na coagulação sanguínea. Para que haja a coagulação do
da ptialina da saliva, em açúcar maltosa (em seguida a maltase o desdobra sangue é necessário que várias substâncias estejam presentes:
em glicose); - Tromboquinase: responsável pelo inicio da coagulação,
c) a tripsina pancreática e a erepsina intestinal transformam os fabricada pelas plaquetas;
peptídios em aminoácidos; - Protombina: fabricada pelo fígado;
d) a bile do fígado emulsiona as gorduras, isto é, torna-as liquidas; - Íons cálcio: existentes no sangue.
e) as lipases pancreáticas e intestinal desdobram as gorduras
emulsionadas em ácidos gráxos e glicerol;
f) a lactase intestinal transforma o açúcar lactose em glicose;
g) a sacarase intestinal desdobra o açúcar sacarose em glicose.
Alcançadas as formas simples (glicose, aminoácidos, ácidos graxos e
glicerol) os alimentos são absorvidos, ganhando a corrente sanguínea que
os conduzirá a todas as células.
6) INTESTINO GROSSO: na sua primeira parte (seco) ele ainda pode
absorver os alimentos, porém, sua função principal será a de armazenar os
detritos alimentares que serão posteriormente eliminados.
Como você deve ter percebido, digerir os alimentos significa transfor-
má-los em formas simples, a fim de que sejam eles absorvidos. Agora
responda: Por que a água, os sais minerais e as vitaminas não sofrem
digestão?
CIRCULAÇÃO
Circulação sanguínea é o fluxo do sangue em um organismo.
Vejamos agora o sistema de circulação do sangue em nosso corpo:
O sangue, impulsionado por uma "bomba" - coração - chega a todas
as células do nosso corpo através de uma "rede de canos" ~ os vasos Essas substâncias reagem em conjunto até formar uma enzima, a
sanguíneos. trombina, a qual atua sobre o fibrinogênio do plasma, transformando-o em
O coração funciona como duas bombas. A metade esquerda recebe o fibrina. A fibrina, formará uma rede que retém as células, constituindo o
sangue dos pulmões e o envia a todo o organismo; a metade direita recebe coágulo.
o sangue que percorre todo o organismo e o envia aos pulmões. Sangue arterial e o sangue venoso:
Sangue: é o transportador das substâncias de que o nosso organismo Sangue arterial - sangue carregado de oxigênio.
necessita. Sangue venoso - sangue carregado de gás carbônico.
Nos pulmões, o sangue recebe oxigênio, conduzindo-o às diferentes Aparelho circulatório: é formado pelo o coração e pelos vasos
panes do organismo. Aí recolhe gás carbônico e o leva até os pulmões. sanguineos.
Ao passar pelo intestino, recebe os alimentos e os transporta a todas Coração: o coração apresenta quatro cavidades.
as células. Recolhe ainda todos os resíduos que se formam continuamente
nos órgãos, levando-os até os rins, que os eliminam através da urina. Aurícula direita e aurícula esquerda, na parte superior
O sangue é formado pelo plasma e pelos glóbulos. Ventrículo direito e ventrículo esquerdo, na parte inferior.
Plasma: parte liquida do sangue. É formado por 90% a 92% de água, Essas cavidades só se comunicam de cima para baixo, isto porque o
proteínas, glicose, sais minerais e outras substâncias. sangue arterial que passa do lado esquerdo do coração não pode se
misturar com o sangue venoso que passa no lado direito.
Glóbulos vermelhos ou hemáceas: são células sem núcleo. Cada milí-
metro cúbico de sangue, contém aproximadamente 5 milhões de glóbulos O coração apresenta os principais vasos sanguineos:
vermelhos. Veia cava superior e veia cava inferior - são duas veias que chegam
A principal função hemácias é transportar o oxigênio dos pulmões para ao coração pelo lado direito e desembocam na aurícula direita. Elas trazem
todas as células e trazer de volta gás carbônico. O oxigênio e o gás carbô- sangue venoso de todo o corpo. Saindo do coração, ramificando-se por
nico se combinam com a hemoglobina, o que lhes permitem serem trans- todos os órgãos, veia renal (rins); veia hepática (fígado).
portadas pelo sangue. Veias pulmonares - são quatro veias. Chegam ao coração pelo lado
Os glóbulos vermelhos são fabricados pela medula óssea e vivem, no esquerdo, trazendo sangue arterial dos pulmões e desembocam na
máximo, de 100 a 120 dias. Os glóbulos vermelhos são destruídos no baço aurícula esquerda.
e no fígado, dando origem a bile esverdeada. Artéria pulmonar - sai do ventrículo direito, transporta sangue venoso
Os Glóbulos brancos ou leucócitos: são células com núcleo. do coração para os pulmões.
Apresentam formas e tamanhos variados. Artéria aorta - sai do ventrículo esquerdo e leva o sangue arterial para
Cada milímetro cúbico de sangue contém aproximadamente 8 mil todo o corpo. A partir do coração, se ramifica e se espalha por todos os
glóbulos brancos. A principal função dos leucócitos é de defesa. órgãos do corpo, artéria renal, artéria hepática, etc.
Os glóbulos brancos defendem o organismo contra a entrada de As paredes do coração são formadas por três camadas: pericárdio,
corpos estranhos no sangue. miocárdio e endocárdio.
Os glóbulos brancos realizam esse trabalho de defesa através de mo- O coração realiza movimentos de contração (sístole) e de dilatação
vimentos amebóides, isto é, o citoplasma do glóbulo branco emite pseucló- (diástole), responsáveis pelo fluxo sanguineo nas veias sanguíneas.
podes, que cercam e destroem os corpos estranhos.
Vasos sanguíneos:
Os glóbulos brancos englobam as partículas estranhas através da
fagocitose. Artérias: são os vasos sanguíneos mais grossos do nosso organismo e
As plaquetas: existem no sangue na proporção aproximada de 300 mil se originam no coração.
por milímetro cúbico. A artéria aorta e a pulmonar ramificam-se, dando origem a vasos de
calibres menores que também se ramificam, até formarem as arteriolas;

Biologia 48 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
estas por sua vez continuam ramificando-se, até formarem os capilares Bexiga: musculatura lisa, obedecendo a nossa vontade.
arteriais, formando assim a rede capilar.
Propriedades dos músculos:
Os inúmeros capilares venoso espalhados pelo nosso corpo, juntam-
se novamente, após passarem por todos os órgãos e forma uma vênula. - Contrabilidade: propriedade pela qual o músculo se contrai, para
executar um trabalho.
As vênulas se unem e formam as veias.
- Elasticidade: é a volta ao estado de repouso, após uma
Assim as veias vão dos órgãos ao coração e as artérias vão do contração.
coração aos órgãos.
- Excitabilidade: pode ser provocada por um agente mecânico
O sangue em nosso organismo sai do coração, vai ás células do corpo (uma pancada brusca); químico (um ácido); fisiológia (uma ação nervosa)
e volta ao coração. O sangue que está na aurícula direita passa para o etc.
ventrículo direito, em seguida, através da artéria pulmonar, vai para os
pulmões. Nos pulmões, o sangue libera o gás carbônico trazido dos órgãos Os músculos se prendem aos ossos por meio de cordões fibrosos,
do corpo e a seguir, absorve oxigênio, tornando-se sangue arterial. Esse chamados tendões, ou por meio de lâminas fibrosas, chamadas
fenômeno é chamado hematose. aponeuroses.

Dos pulmões, o sangue vai, através das veias pulmonares para a Sistema esquelético
aurícula esquerda, passando depois para o ventrículo esquerdo. Certos animais sem ossos possuem esqueleto externo: o
Depois, através da artéria aorta, se espalha por todas as células do exoesqueleto. Ex.: siri, carangueijo, barata, etc.
corpo. Aí o oxigênio é liberado e o sangue torna a absorver o gás carbôni- Os animais vertebrados possuem esqueletos ósseos.
co, tornando-se novamente venoso. E através das veias cavas, vai nova-
mente para a aurícula direita O esqueleto sustenta os órgãos do nosso corpo. No homem está
dividido em 3 panes: cabeça, tronco e membros.
LOCOMOÇÃO
Os ossos estão unidos entre si por meio de articulações. Entre as arti-
Sistema muscular: os músculos formam o sistema muscular, eles culações existe o líquido sinovial, que serve de lubrificante, evitando assim
produzem movimentos, sendo importantes na constituição do nosso corpo. o desgaste dos ossos durante os movimentos.
Tipos de músculos: Os ossos são formados pelos seguintes elementos: osseína
- quanto ao tamanho: músculos grandes; músculos pequenos (substância orgânica); sais e cálcio e células chamadas osteócitos.

- quanto á função: voluntários - são aqueles que obedecem a Há ossos longos, curtos e chatos.
nossa vontade. Ex.: músculo das pernas, dos braços. São formados por Os ossos longos apresentam em seu interior o canal ósseo, o qual
fibras musculares que apresentam estrias transversais. Por isso, recebem contém um tecido conjuntivo - medula amarela. Ex.: fêmur.
também o nome de músculos estriados.
Os ossos curtos apresentam as 3 dimensões quase iguais. Ex.: o
Involuntários - são os que não estão dependendo da nossa vontade. calcâneo.
Existem nos órgãos como o estômago, pulmões, intestinos. Recebem
também o nome de músculos lisos, pois são formados por células curtas e Os ossos curtos são mais longos e compridos do que espessos. Ex.: o
lisas. omoplata.
A cabeça possui 22 ossos, sendo 8 do crânio e 14 da fase.
O tronco é formado pela coluna vertebral e pela caixa toráxica. A
coluna vertebral apresenta 33 vértebras, distribuídas em 5 regiões:
cervical, dorsal, lombar, sacra e coccigiana.
A caixa toráxica é formada pelo osso externo e por 12 pares de
costelas agrupadas em 3 tipos: verdadeiro, falsa e flutuante.
Os membros superiores dividem-se em 4 partes:
- ombro - clavícula e omoplata
- braço – úmero
- antebraço - rádio e cúbito
- mão - carpo, metacarpo e falanges
Os membros inferiores dividem-se em 4 partes:
- quadris - ilíaco e sacro
- coxa – fêmur
- perna - tíbia, perônio e rótula
- pé - tarso, metatarso e falanges
É importante salientar que na locomoção humana os ossos participam
de maneira passiva e os músculos de forma ativa.
REGULAÇÃO INTERNA E COMPORTAMENTO
Comportamento - é a soma total das atividades de um organismo.
Comportamento das plantas: existem plantas que são bastante
Exceções: Coração - musculatura estrada, mas não obedece a nossa sensíveis á variação de luz e á gravidade. As suas diferentes reações são
vontade. chamadas de tropismo.

Biologia 49 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Geotropismo - é a resposta á gravidade. Em uma planta nova, a raiz, 4. Aparelho urinário: os rins, funcionando como verdadeiros filtros, reti-
geralmente, cresce em direção ao centro da terra. O seu geotropismo é ram do sangue as substâncias que vão constituir a urina. Esta, descendo
positivo. Porém o caule cresce em sentido contrário: seu geotropismo é por condutos denominados ureteres, vai ser, temporariamente armazenada
negativo. na bexiga urinária. Posteriormente, a uretra elimina a urina para o meio
exterior.
Fototropismo é a resposta á variação da luz. Quando a planta cresce
em direção á luz, o seu fototropismo é positivo; cresce em sentido Um indivíduo adulto elimina, em média, um litro e meio de urina por
contrário, o seu fototropismo é negativo. dia.
Comportamento animal: COMPOSIÇÃO DA URINA NORMAL
Comportamentos inatos: são comportamentos não aprendidos. É o Guarde isto:
comportamento apresentado por quase todos os indivíduos de uma
espécie, independentemente de experiência prévia e em resposta a O aparelho urinário é formado por: rins, ureteres, bexiga urinaria e
determinado estimulo. uretra.

O reflexo é um tipo de comportamento inato que apresenta a seguinte COMPONENTES %


característica: o organismo responde sempre a determinação do estímulo Água 95,5
de maneira característica. A resposta ao estimulo é instantânea. Cloreto de sódio 1,0
Ureia 2,0
Comportamentos adquiridos: são todos os comportamentos que o Ácido úrico 0,05
indivíduo aprende durante sua vida. Outros produtos 1,45
Dizemos que se trata de um reflexo condicionado quando o organismo
tem seus reflexos inatos e alterados. Num reflexo condicionado, a resposta
condicionada envolve a substituição de um estimulo por outro. ÓRGÃOS DOS SENTIDOS
RESPIRAÇÃO O homem possui órgãos receptores de vários estímulos, sejam estes
oriundos do ambiente ou do meio interno. Os principais são:
VIAS AÉREAS
1. Língua: é o órgão das sensações gustativas. Na sua superfície
O ar, ao penetrar no aparelho respiratório, passa pelas fossas nasais, encontramos as papilas que, segundo a forma, se dividem em:
faringe, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos e alcança os alvéolos caliciformes, filiformes e fungiformes.
pulmonares. Observe a próxima figura. Estes órgãos, em conjunto, consti- Observe a figura da página a seguir:
tuem as vias aéreas ou tubos respiratótio.
2. Pele: recebe 5 sensações distintas, por meio de estruturas também
PULMÕES distintas. Assim temos:
São dois órgãos de natureza esponjosa e plástica, alojados na caixa a) Bulbos de Krause - sensações de frio;
torácica. O pulmão direito é formado por três lobos, enquanto que o pulmão b) Corpúsculos de Ruffini - sensações de calor;
esquerdo menor é formado por apenas dois. c) Corpúlos de Meissner - sensações táteis;
Revestindo os pulmões, observamos uma serosa denominada pleura. d) Discos de Merkel - sensações táteis;
É no interior dos pulmões que ocorre a hematose, isto é, a transformação e) Terminações nervosas livres - sensações de dor.
do sangue venoso em arterial.
3. Fossa nasal: é o receptor dos diferentes odores. Na porção superior
FENÔMENOS RESPIRATÓRIOS da fossa nasal, encontramos terminações do nervo olfativo, que
conduz as sensações ao cérebro.
Traduzem-se num conjunto de atos mecânicos e de reações químicas,
que permitem a fixação do oxigênio e o desprendimento de gás carbônico. 4. Globo ocular: responsável pelo sentido da visão, é formado por:
a) Membranas:
O ar que respiramos é uma mistura de gases com cerca de 21% de um
gás muito importante: o oxigênio. Este é fixado pela hemoglobina das - Esclerótica (externa): diferencia-se formando a córnea que é
hemácias e conduzindo a todas as células, onde será utilizado nos proces- transparente;
sos de combustão. Deixando o oxigênio, a hemoglobina combina-se com o - Coróide (médio): diferencia-se originando a íris com a pupila no
gás carbónico e o conduz aos pulmões. Ele é eliminado juntamente com o centro;
ar expirado. - Retina (interno): é a receptora das imagens.
RESPIRAÇÃO INTERNA E EXTERNA b) Meios transparentes:
Há, na realidade, duas respirações: a externa, de que participam as vi- - Humor aquoso: aloja-se na chamada câmara anterior, isto é,
as aéreas e os pulmões, e a interna, que é a respiração de cada célula entre a córnea e a íris;
(combustão por meio do oxigênio com liberação de gás carbônico). - Cristalino: é a lente que projeta as imagens na retina;
EXCREÇÃO - Humor vítreo: aloja-se na chamada câmara posterior, isto é,
numa cavidade atrás do cristalino.
Os resíduos de substâncias em excesso, derivadas dos processos me-
FUNCIONAMENTO:
tabólicos, precisam ser eliminados. As principais vias excretoras do orga-
nismo são: tubo digestivo, vias respiratórias, pele e aparelho urinário. A luz atravessa a córnea, o humor aquoso e penetra pela pupila, al-
cançando o cristalino. Este, uma lente biconvexa, projeta as imagens na
1. Tubo digestivo: é o responsável pela excreção do chamado bolo
retina, que funciona como a chapa de uma máquina fotográfica. Desta,
fecal formado pela substâncias que resultaram do processo digestivo.
pelo nervo óptico, as imagens são conduzidas ao cérebro.
2. Vias respiratórias: eliminam, durante a expiração, o gás carbônico
originário das combustões celulares, vapor de água e as eventuais subs- APARELHO AUDITIVO
tâncias voláteis, como o álcool, por exemplo, que ganham o interior do É o receptor das sensações auditivas. Compreende três ouvidos:
organismo.
3. Pele: a função excretora da pele é realizada, fundamentalmente, pe- a) Ouvido externo: formado pelo pavilhão auditivo (orelha) e conduto
las glândulas sudoríparas que eliminam o suor. Este é constituído de água, auditivo externo;
contendo em soluções sais minerais (por exemplo, o cloreto de sódio) e b) Ouvido médio: formado pela troMpa de Eustáquio que regula a
ureia. pressão interna e por 3 ossículos: martelo, bigorna e estribo;

Biologia 50 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
c) Ouvido interno: formado pelo caracol, vestíbulo e canais SUBSTÂNCIA CINZENTA E SUBSTÂNCIA BRANCA
semicirculares.
Substância cinzenta: os corpos celulares dos neurônios, em conjunto
Entre o ouvido externo e o médio, encontramos a membrana do dão á região em que se encontram, uma cor acinzentada e daí o nome de
tímpano e, entre o ouvido médio e o interno, observamos uma membrana substância cinzenta a estas regiões. No encéfalo, por exemplo, os corpos
denominada janela oval. celulares dos neurônios estão situados superficialmente e, por isso, a
camada mais superficial do cérebro apresenta coloração acinzentada,
FUNCIONAMENTO recebendo o nome de substância cinzenta. Já na medula os corpos celula-
As ondas sonoras penetram pelo conduto auditivo externo, fazendo vi- res estão situados profundamente, sendo interna, portanto, a substância
brar a membrana do tímpano. Em seguida, sucessivamente, vibram: o cinzenta e não superficial como no cérebro.
martelo, a bigorna, o estribo e a janela oval. As sensações auditivas pene- Substância branca: é formada pelo acúmulo de axônios nas células
tram no caracol e são conduzidas ao cérebro pelo nervo acústico. nervosas. Sabemos que o axônio é um prolongamento do neurônio, o qual
UM SENTIDO CURIOSO: O EQUILÍBRIO pode ser muito longo e percorrer distâncias apreciáveis. No cérebro os
corpos celulares estão situados na periferia, sendo seus prolongamentos
As posições relativas da cabeça e do corpo, nos movimentos, bem situados mais profundamente. Daí o fato de no cérebro, a substância
como a sensação de equilíbrio, são registradas através de um organismo cinzenta ser externa e a branca, representada pelos axônios, de cor es-
que faz parte do ouvido interno. Este mecanismo compreende os canais branquiçada, ser interna. Já na medula, sucede o inverso, isto é, os corpos
semicirculares e o vestíbulo. celulares são internos e os axônios constituem a camada externa na medu-
FUNCIONAMENTO la.

Ao movermos a cabeça, pequenos grãos calcários e um liquido, mo- SISTEMA NERVOSO CENTRAL
vem-se no interior do vestíbulo e dos canais semicirculares, sensibilizando O sistema nervoso central é formado pelo encéfalo e pela medula.
células que lá se encontram. Pelo nervo acústico, as sensações são con-
duzidas ao cerebelo. ENCÉFALO é a pane do sistema nervoso central, localizando na caixa
craniana. Em sua constituição distinguimos várias panes. Dentre elas
Você saberia dizer por que sentimos sensações de tontura, quando constatamos: cérebro, diencéfalo, cerebelo e bulbo.
giramos rapidamente, realizando um movimento de rotação?
1. Cérebro ou Hemisférios Cerebrais: o cérebro ocupa a porção supe-
SISTEMA NERVOSO rior da caixa craniana. Encobre, devido ao seu tamanho, todas as demais
Este sistema superintenda e governa o funcionamento dos demais partes do encéfalo, que lhe são inferiores. Os hemisférios cerebrais, em
aparelhos do organismo, garantindo um trabalho harmônico quer na vida número de dois, estão separados, um do outro, por uma fenda ou sulco
de relação de indivíduo, quer na vida vegetativa. Em sua constituição anteroposterior, denominada fissura longitudinal do cérebro.
encontramos uma série de formações, das quais são mais importantes o A face superior dos hemisférios cerebrais de forma ovoidal apresenta
encéfalo e a medula. grande número de reentrâncias (também chamadas sucos), mais ou me-
PRINCIPAIS PARTES DO SISTEMA NERVOSO nos pronunciadas. E entre estes sulcos notamos saliência do tecido nervo-
so; estas saliências recebem o nome de circunvoluções cerebrais. Ao
O quadro seguinte, que deverá ser memorizando antes do fundo da fissura longitudinal do cérebro, encontramos uma espécie de
prosseguimento da leitura desse apontamentos, nos dá uma ideia sumária ponte de substância branca que a atravessa de um lado a outro e recebe o
das principais partes do sistema nervoso. nome de corpo caloso. Os hemisférios cerebrais apresentam sulcos, que
os dividem em quadro lobos que são os seguintes: frontal, pariental, tem-
I – SISTEMA NERVOSO CENTRAL
poral e occipital.
- ENCÉFALO
- cérebro No interior do cérebro encontramos cavidades que se denominam:
- cerebelo ventrículos laterais do cérebro e que estão cheios de um liquido chamado
- diencéfalo liquido céfalo-raquidiano.
- mesencéfalo
- ponte l. Diencéfalo: esta porção do encéfalo está situada imediatamente
- bulbo abaixo dos hemisférios cerebrais, aparenta ocupar uma posição central,
estando meio oculto. E uma das partes de grande importância do sistema
MEDULA nervoso central. Para aquilatarmos sua importância é suficiente lembrar-
II – SISTEMA NERVOSOPERIFÉRICO mos que está relacionado com:
- Nervos raquidianos ou espinhais (31 pares) - as funções sensitivas
- Nervos cranianos (12 pares)
- os impulsos visuais e auditivos
III – SISTEMA NERVOSO AUTÕNOMO
- a termo-regulação, isto é, o mecanismo regulador da
- Simpático temperatura
- Parassimpático - o medo e a fúria, ao que parece
O encéfalo (vulgarmente chamado de miolo) é a parte do sistema ner- Encontramos no diencéfalo uma cavidade cheia de liquido céfalo-
voso central localizada na caixa craniana. É ele a parte mais importante raquidiano, denominada lll ventrículo. Este comunica-se com os ventrículos
dos sistemas, porque é justamente quem manda ordens para todo o orga- laterais (cavidades dos hemisférios cerebrais) e com o lV ventrículo (cavi-
nismo. É o encéfalo também que recebe e nos torna conhecidas todas as dade situada dorsalmente ao bulbo).
sensações, tais como: dor, sabor, odor, etc.
2. Bulbo ou Medula Alongada: representa o bulbo, a transição entre o
A medula é a parte do sistema nervoso central, localizada no canal encéfalo e a medula. De forma aproximadamente cônica, caracteriza bem
vertebral, estando constituída em sua maior parte por fibras que deixam o esta transição, que se vai fazendo gradativamente, quase imperceptível. Ai
encéfalo e agrupam-se dando-lhe consistência. se originam vários nervos cranianos.
Ao conjunto da medula e encéfalo convencionou-se chamar de siste- No bulbo estão localizadas também centros reguladores de diversas
ma nervoso central, uma vez que ambos representam exatamente o cen- funções orgânicas. Por exemplo, aí, temos o centro respiratório, que regula
tro, de onde se irradia uma série de ramificações (nervos), que constituem os processos respiratórios; o centro do vómito, da defecção, da tosse, etc.
o sistema nervoso periférico. o que já nos permite aferir a grande importância do bulbo.

Biologia 51 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
3. Cerebelo: Também conhecido por árvores da vida. Localiza-se fibras sensitivas ficam misturadas á fibras motoras e, portanto, os nervos
superior e posteriormente ao bulbo. Apresenta-se dividido em três panes: espinhais são mistos.
uma média, ímpar, chamada vérmis e duas laterais, denominadas
hemisférios cerebelares, que á semelhança dos hemisférios cerebrais, SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
apresentam uma grande quantidade de depressões (sulcos) alternadas Que é sistema nervoso autônomo?
com saliências do tecido: são as circunvuluções cerebelares.
E aquela pane do sistema nervoso que funciona sem a intervenção da
O cerebelo está encarregado da medida e coordenação dos vontade, isto é, o indivíduo não precisa mandar, não há necessidade de
movimentos, tanto para a manutenção do equilíbrio como para a execução intervenção da consciência, sendo o funcionamento automático, autônomo.
dos atos voluntários. Por exemplo, o coração bate sem que tenhamos necessidade de obrigá-lo
MEDULA ESPINHAL a bater. Já, se quisermos levantar um braço por exemplo, havemos de
mandar, ordenar, para que a ação seja cumprida.
Corresponde a um cordão de tecido nervoso, que se estende desde o
farame occipital (buraco occipital) até a região lombar da coluna vertebral, E esta diferença, por que? Porque no primeiro caso, os batimentos são
percorrendo o canal vertebral ou raquidiano, que é aquele canal formado, automáticos, dependendo do sistema nervoso autônomo; já no segundo
como estudamos, pelos buracos vertebrais das vértebras superposta umas caso, quem intervém é o sistema nervoso voluntário, ou seja, sistema
ás outras. A medula ao nível lombar, se interrompe, como já dissemos, e nervoso central, e periférico, aquele emitindo e este transmitindo.
como continuação direta da medula, daí, até o cóccix, existe um filete O sistema nervoso autônomo está representado por dois grandes sub-
apenas: filum terminale. sistemas: simpático e parassimpático. Diga-se já que estes dois sistemas
A substância branca da medula é superficial, enquanto a cinzenta, em são antônimos um ao outro, isto é, têm ações opostas. Por exemplo,
forma de um longo H, é interna. No centro da substância cinzenta, existe enquanto o simpático faz bater rapidamente o coração, o parassimpático
um canal que percorre toda a medula e vai se abrir no lV ventrículo: é o faz bater lentamente e se possível, para, o que não consegue porque o
canal ependimário. simpático logo entra em ação, aumentando a rapidez dos batimentos. E
assim é em todos os aparelhos.
Da medula se origina uma série de 31 pares de nervos: os nervos es-
pinhais ou raquidianos, que teremos ocasião de estudar. Os impulsos Outro exemplo, enquanto o parassimpático faz o estômago e intestinos
motores (ordens) que se originam das células nervosas do encéfalo, após trabalharem mais depressa (aumenta o peristaltismo), o simpático tenta
transmitirem pela medula, serão levados pelos nervos raquidianos para os diminuir o peristaltismo. Este é o chamado antagonismo entre os dois
músculos aos quais se destinam. De maneira inversa, a medula transmite sistemas.
da periferia para o encéfalo (córtex cerebral), os impulsos sensitivos (notí- ATOS REFLEXOS
cias) trazidas pelos nervos aferentes ou sensitivos.
Chamamos de reflexos os atos de caráter involuntário, que resultam
Em resumo podemos dizer: da estimulação de um órgão. São ações que praticamos sem pensar. Por
A medula transmite os impulsos nervosos motores provenientes do exemplo, o fechamento das pálpebras ao simples toque ou visão de um
encéfalo e os impulsos nervosos sensitivos, que se destinam ao encéfalo. objeto que nos ameace os olhos. Vejamos mais alguns exemplos de refle-
xos:
MENINGES
1. Reflexo de flexão: corresponde á flexão brusca de um membro ao
Damos o nome de meninge (inflamação da meninges) às membranas se aplicar sobre sua superfície algum estimulo doloroso (picada de alfinete,
que envolvem a medula e o encéfalo. São em número de três: dura-máter, queimaduras, etc.).
aracnóide e pia-máter.
2. A presença de alimentos na cavidade bucal aumenta o fluxo salivar.
A dura-máter é a mais externa e a mais resistente das três membra-
nas. A pia-máter é mais interna, estando colada ao encéfalo e a medula. 3. Reflexo de postura: a pressão sobre a planta do pé, condiciona a
Entre ambas, dura-máter e pia-máter, encontra-se a aracnóide. Entre as extensão da perna correspondente (este ocorre, por exemplo, quando o
meninges circula um liquido céfalo-raquidiano e que é o mesmo que já indivíduo apoia todo o seu peso sobre uma perna).
vimos preenchendo os ventrículos encefálicos. 4. Outro exemplo seria a recuperação imediata do equilíbrio quando o
SISTEMA NERVOS PERIFÉRICO centro de gravidade do corpo muda repentinamente de posição como no
caso de um escorregão.
O sistema nervoso periférico está representado, como sabemos, pelos
nervos, que podem ser: cranianos e raquidianos ou espinhais. SISTEMA HORMONAL

Nervos cranianos: são assim chamados os nervos que nascem do en- Em nosso organismo existem três tipos de glândulas:
céfalo. Originam-se dos núcleos dos nervos cranianos. Estes nada mais - Exócrinas - são aquelas que derramam seus produtos na superfície
são que aglomerados de neurônios existentes no encéfalo. Cada naurônio do corpo ou da cavidade de algum órgão;
origina uma fibra nervosa (axônio). A reunião de muitas dessas fibras - Endócrinas - são as que fabricam hormônios.
nervosas proveniente de um mesmo núcleo, constitui um nervo craniano. - Mistas - são exócrinas e endócrinas ao mesmo tempo.
Existem 12 pares de nervos cranianos. GLÂNDULAS EXÓCRINAS:
- Glândulas salivares - fabricam a saliva lançada na cavidade bucal.
Nervos espinhais: são nervos originários da medula. Na medula nota- As glândulas salivares são denominadas de sublingual: Parótida e
mos que tanto posterior como anteriormente, existem filetes dispostos em Submaxilar.
quatro fileiras ao comprimento, sendo duas anteriores e duas posteriores,
uma de cada lado da medula. Estes filetes depois de se terem distanciado - Glândulas lacrimais - fabricam as lágrimas, líquido lançado na
um pouco da medula, reúnem-se e formam o que se chama de raízes cavidade ocular, banhando a superfície do olho, lubrificando-o e limpando-
o
nervosas, e que são, pelo visto, anteriores e posteriores.
- Glândulas sebáceas - fabricam uma gordura lançada sobre a
As duas raízes anteriores de cada segmento da medula são motoras superfície da pele, evitando assim seu ressecamento.
(eferentes), isto é, levam ordens da medula para a periferia. As duas - Glândulas sudoríparas - produzem o suor, eliminando através da
posteriores são sensitivas (aferentes), quer dizer que trazem da periferia pele.
para a medula, as sensações percebidas.
O suor é um produto de excreção. Através dele, o organismo elimina o
Um pouco mais distanciadas ainda da medula as raízes anteriores e excesso de água; ureia e cloreto de sódio.
posteriores se unirão para constituir os nervos espinhais. Desta forma as - Glândulas das paredes do estômago - fabricam o suco gástrico.

Biologia 52 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
GLÂNDULAS ENDÓCRINAS: SISTEMA GENITAL FEMININO
a) hipófise ~ localiza-se no encéfalo. Produz hormônios que regulam o É. formado pelos seguintes órgãos: (Fig. 2.2)
crescimento do corpo e influenciam o desenvolvimento e funcionamento 1 - ovários
dos órgãos sexuais masculinos e femininos. 2 - trompas
3 - útero
b) Tireóide - situa-se no pescoço. A tireóide é a responsável pela 4 - vagina
produção da tiroxina. A tiroxina é rica em iodo, a qual é absorvida através 5 - vulva
de alimentos e água.
Período de fertilidade da mulher
c) Paratireóide - 4 glândulas localizadas no lado interno da tireóide.
Seu hormônio regula a assimilação de cálcio e fósforo pelo organismo; a De um modo geral a mulher apresenta um ciclo hormonal de 28 dias.
insuficiência desse hormônio pode causar convulsões musculares; o ex- Desses 28 dias ela é fértil apenas de 3 a 5 dias, e isto ocorre quando ela
cesso pode provocar calcificação acentuada nos dentes e ossos. ovula. A ovulação ocorre normalmente no 14º dia do ciclo, e corresponde à
saída do óvulo do ovário, indo para o oviduto. No oviduto o óvulo
d) Supra Renais ~ situam-se acima dos rins e fabricam como hormônio permanece vivo' de 3 a 5 dias, que corresponde ao período de real
a Adrenalina. A adrenalina estimula o sistema nervoso simpático. As Supra fertilidade da mulher. Se o óvulo não for fecundado nesse tempo ele morre
Renais fabricam também outros hormônios: os corticosteróides. Dentre e degenera, fazendo com que a mulher torne-se fértil agora apenas no
estes o mais importante é a hidrocortisona, que controla a assimilação de próximo ciclo.
sódio e potássio no organismo e a reserva de glicogênio no fígado.
Testículos e Ovários - são glândulas - são glândulas sexuais do
homem e da mulher.
GLÂNDULAS MISTAS:
a) Pâncreas - fabrica o suco pancreático e a insulina. A insulina regula
a assimilação da glicose pelas células. A insuficiência de insulina provoca a
diabete.
b) Figado - sua secreção externa é a bile, a interna é a glicose.
SISTEMA SENSORIAL - ÓRGÃOS DOS SENTIDOS
Visão: o órgão responsável pela visão são os olhos.
Audição: - o órgão responsável ou seja o receptor externo é o ouvido.
Olfação: - o receptor externo são as células olfativas.
Gustação: - o receptor externo são as papilas gustativas.
Tato: - receptor externos são os corpúsculos táteis. Através deles
podemos sentir calor,
REPRODUÇÃO
É o sistema responsável pela manutenção da espécie. No homem a
estrutura fundamental está representada pelos testículos, que são duas
grandes glândulas situadas no interior do saco escrotal, e que têm dupla
finalidade: produzir os hormônios sexuais masculinos, como é o caso da
testosterona, responsável pelas características sexuais secundárias
masculinas; e produzir gametas masculinos (espermatozoides). Nutrição: requisitos nutricionais fundamentais e desnutrição.
Formando os órgãos de reprodução masculinos temos: testículos, epi-
dídimo, canais deferentes, vesículas seminais, próstata e pênis. Nutrição
Na mulher o órgão de reprodução está representado pelos ovários, Além do estudo clássico dos processos fisiológicos e bioquímicos por
trompas e útero, sendo os ovários duas glândulas também com dupla meio dos quais as substâncias presentes nos alimentos se transformam em
finalidade: a produção de gametas femininos (óvulos), e a produção dos energia e em tecidos orgânicos, a nutrição humana aborda os efeitos de
hormônios sexuais femininos (estrógenos é progesterona). qualquer componente alimentar, e da ausência dele, sobre o organismo.
Isso inclui o estudo da maior parte das doenças degenerativas crônicas --
como queda de dentes, doenças coronarianas, alguns tipos de câncer etc. --
e se estende à avaliação dos efeitos dos alimentos sobre a atividade física e
mental do homem, sua resistência a infecções, e sobre a saúde e o desen-
volvimento do feto.
Nutrição é o conjunto de transformações pelas quais passam os alimen-
tos nos seres vivos, desde sua absorção até a eliminação de seus detritos.
O estudo da nutrição envolve a identificação de nutrientes essenciais ao
crescimento e à manutenção do ser vivo; a determinação das relações entre
esses nutrientes; e a avaliação das quantidades exigidas pelos seres vivos
em diferentes condições ambientais.
As substâncias que o ser vivo colhe no meio ambiente para se nutrir re-
cebem a designação geral de alimento. Na segunda metade do século XX,
porém, esse termo passou a ser mais utilizado para designar o material
ingerido, enquanto a cada uma das substâncias químicas que constituem o
alimento foi atribuída a denominação de nutriente.

Biologia 53 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Depois de absorvidas pelo organismo, essas substâncias são submeti- Sacarose e frutose são responsáveis por 12% da média total de calori-
das a processos de composição, assimilação ou anabolismo, e de decom- as ingeridas pelos adultos e um pouco mais nas crianças. Também há
posição, desassimilação ou catabolismo. Existente em todos os seres vivos, açúcares naturais nos alimentos (frutose, glicose e sacarose, nas frutas e
o conjunto dos processos e transformações por que passa o alimento rece- verduras, e lactose, no leite), cuja ingestão representa oito por cento das
be a denominação de metabolismo, termo que significa "transformação de calorias totais consumidas por adultos. Os açúcares não contêm, entretanto,
matéria". proteínas, minerais e vitaminas.
Além da energia potencial química, os alimentos fornecem ao organis- A carne vermelha consiste geralmente em vinte por cento de proteínas,
mo elementos de construção dos tecidos e de regulação do meio interno: vinte por cento de gordura e sessenta por cento de água. Também é rica em
proteínas, carboidratos, gorduras, água, sais minerais, vitaminas, inclusive vitamina B, inclusive a tiamina, uma das mais importantes. O tecido muscu-
os aminoácidos indispensáveis e os ácidos graxos insaturados que o orga- lar dos peixes consiste de 13 a 20% de proteína, uma quantidade variada de
nismo não sintetiza ou sintetiza em quantidade insuficiente. gordura (de menos de um a mais de vinte por cento) e um percentual de 60
a 82% de água (inversamente proporcional ao conteúdo de gordura). O ovo
Digestão, absorção e excreção. Nos organismos unicelulares, a própria é um excelente alimento, pela grande quantidade de proteínas presente na
célula procede à ingestão dos nutrientes e à excreção dos dejetos. Os seres clara e na gema (rica em vitamina A), mas também apresenta alto índice de
multicelulares, com exceção dos celenterados inferiores, apresentam um colesterol.
tubo com uma cavidade na qual se processam a digestão e absorção, ou
fases pré-metabólicas, e a excreção, pós-metabólica. A excreção, realizada O leite de vaca é alimento rico em calorias, proteínas, cálcio e fósforo,
parcialmente pelos órgãos excretores -- rins, fígado e outros -- é lançada no mas sua nata compõe-se de 53% de ácidos graxos saturados. Como essa
tubo digestivo. gordura é considerada um dos fatores responsáveis pelas doenças corona-
rianas, a indústria de laticínios criou o leite desnatado. O queijo também é
A água e as substâncias alimentares dissolvidas na cavidade estomacal rico em proteínas e cálcio, além de ser uma boa fonte de vitamina A e
-- sais, proteínas, carboidratos, gorduras e diversas drogas -- são absorvi- riboflavina. A maioria dos queijos, porém, contém cerca de 25 a 30% de
das sobretudo no intestino delgado, pois o estômago absorve apenas álcool gordura, em grande parte saturada, e é muito salgada.
e algumas drogas; e o intestino grosso, água e algumas substâncias como
sais e glicose. Os adultos bebem de um a dois litros de água por dia, geralmente em
bebidas como café, chá, sucos, refrigerantes, cerveja, vinho, entre outros,
Fenômeno complexo, a absorção intestinal é em parte ativa, com inter- apreciados mais por seu gosto ou por seus efeitos do que por seu valor
venção selecionadora das células epiteliais da mucosa, e em parte passiva, nutritivo. Os sucos de fruta são uma exceção, por constituírem boas fontes
realizada por forças físicas e físico-químicas, como a pressão hidrostática, de vitamina C e potássio.
filtração, difusão, osmose etc. O mecanismo de bomba realiza a parte ativa:
criam-se diferenças de concentração de uma determinada substância Dieta saudável. Os alimentos fornecem ao organismo os nutrientes dos
através de uma barreira de difusão, pela transformação de energia potencial quais ele retira a energia para seu funcionamento e o material que utiliza na
química em trabalho osmótico. O transporte dessas substâncias desde a formação e renovação dos tecidos e na formação e regulação do meio
superfície de absorção até os tecidos se faz pelo sangue e a linfa. interno. Como nutrientes, as proteínas podem ser de alto ou baixo valor
biológico, conforme contenham ou não, em quantidade suficiente, os ami-
Os processos vitais dependem de um constante consumo de energia e noácidos indispensáveis, ou seja, aqueles que devem ser ingeridos nos
da permanente troca de materiais. O funcionamento do organismo implica alimentos porque não são sintetizados pelo organismo animal.
ainda um processo de renovação, também constante, de todas as substân-
cias estruturais e de todo o material genético, com a possível exceção do A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização das Nações
ácido desoxirribonucléico (ADN). A velocidade desse processo de renova- Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) admitem que a taxa protéica
ção se expressa em termos de vida média biológica, conceito análogo ao da mínima ideal, por dia, deve ser de 0,75g de proteína de bom valor biológico
vida média das substâncias radioativas e que corresponde ao período de por quilo de peso do indivíduo adulto. Para crianças, a recomendação
tempo necessário à degradação ou renovação de metade de cada material começa com 1,85g por quilo de peso, em recém-nascidos, e cai para um
presente no organismo. Nos seres humanos, a vida média das proteínas do grama por quilo de peso, aos cinco anos de idade. A ingestão diária de
fígado ou do plasma é de dez dias, e de 158 dias no caso das proteínas da alimentos também deve satisfazer as necessidades de vitaminas e sais
pele, do esqueleto e dos músculos. O consumo de energia se mede pela minerais -- em adultos, zinco (12 a 16mg), ferro (7mg), iodo (150 miligra-
quantidade de calor e de trabalho externo que o corpo produz. Os produtos mas), magnésio (320mg), cálcio (800mg), fósforo (1g), selênio (85 miligra-
metabólicos finais eliminados permitem avaliar as trocas materiais registra- mas), sódio (0,92 a 2,3g) e potássio (1,95 a 5,46g).
das no organismo.
Na dieta mista e espontânea de um homem adulto sadio, de atividade e
Grupos básicos de alimentos. Um conjunto de 17 grupos enquadra a porte médios, encontram-se 70g de proteína (280 calorias), 90g de gorduras
maior parte dos alimentos: (1) cereais e derivados; (2) raízes amiláceas; (3) (810 calorias) e 550g de carboidratos (2.200 calorias). As gorduras e car-
legumes; (4) verduras; (5) frutas; (6) nozes e sementes; (7) açúcares, xaro- boidratos cobrem a maior parte das calorias e qualquer aumento da deman-
pes, doces e conservas; (8) carne, inclusive aves, e derivados; (9) frutos do da energética do organismo. As proteínas têm participação menor e relati-
mar -- peixes, crustáceos e moluscos; (10) ovos e ovas de peixe; (11) leite, vamente constante.
nata e queijo; (12) gorduras e óleos; (13) ervas e condimentos; (14) bebidas
não-alcoólicas e não-lácteas; (15) bebidas alcoólicas; (16) alimentos dietéti- Com a lei do isodinamismo, Max Rubner demonstrou que do ponto de
cos; e (17) outros (por exemplo, sal e vinagre). vista energético, os nutrientes se equivalem por seus valores calóricos.
Obtém-se igual quantidade de calor com 100g de gordura, 232g de amido,
Por serem ricos em carboidratos, os cereais têm alto valor energético, 234g de sacarose e 243g de carne seca. Caso um indivíduo passasse a
além de contribuírem com grande parte das necessidades orgânicas de sustentar-se apenas com alimentos protéicos, seria obrigado a consumir
proteína vegetal. As raízes amiláceas (batata, mandioca, inhame etc.) são quantidade muito elevada de proteínas para manter as calorias da dieta.
uma importante fonte de energia e assemelham-se aos cereais quanto a Esse aumento faria crescer em vinte vezes o volume da ureia eliminada
seu valor nutritivo, embora sejam mais pobres em proteínas. Ocorre o pelos rins. E ocorreria, tal como acontece com os esquimós, uma sobrecar-
contrário com os legumes (ervilhas e feijões) -- como o feijão de soja (com ga digestiva, excretória e metabólica, com transformação de proteínas em
38% de proteína em sua composição) --, que também podem representar carboidratos e gorduras e, também, formação de ureia.
uma importante fonte de vitamina B, quando não-moídos.
Os alimentos naturais são de certa forma mistos. A carne, mesmo ma-
Verduras e frutas possuem propriedades nutritivas semelhantes. Com- gra, contém gordura; o trigo tem proteína, amido e uma pequena quantidade
postos de setenta por cento de água, esses alimentos fornecem pouca de gordura; o leite contém caseína, albumina, gordura, lactose e substân-
energia ou proteína, mas muitos contêm vitamina C e caroteno, dois nutrien- cias minerais e só não pode ser considerado alimento completo por não
tes não encontrados nos cereais. Também são ricos em fibras (úteis na conter ferro, elemento indispensável à formação da hemoglobina. Do ponto
prevenção da constipação intestinal), cálcio e ferro, sais presentes porém de vista fisiológico, a dieta mista é a mais natural. A alimentação espontâ-
numa forma que dificulta sua absorção.

Biologia 54 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
nea do homem que se guia pela fome e pelo apetite é geralmente equilibra- cetomia, sua progressão tende a evoluir com o surgimento de ceto-acidose
da e satisfaz suas necessidades de nutrição. (ph<7,3) compensado pelo organismo com liberação de bicarbonatos na
circulação.
Deve-se evitar gordura em excesso, gordura saturada e alimentos que
contenham colesterol. Para suprir a necessidade de proteína, recomenda-se A pele fica mais grossa, sem o tecido adiposo subcutâneo. Nessa
a ingestão de carnes magras, peixes, aves, feijões e ervilhas secas, assim etapa, as proteínas dos músculos e do fígado passam a ser quebradas em
como leite desnatado ou leite magro e seus derivados. É preferível que os aminoácidos para que esses por meio da gliconeogênese passem a ser a
alimentos sejam grelhados, assados ou cozidos, ao invés de fritos. Também nova fonte de glicose (energia). Na verdade, o organismo pode usar ainda
devem fazer parte da dieta alimentos com amido e fibras. Para substituir o várias substâncias como fonte de energia além dessas, se for possível. Há
sal como tempero, podem ser empregados suco de limão, ervas e condi- grande perda de massa muscular e as feições do indivíduo ficam mais
mentos. próximas ao esqueleto . A força muscular é mínima e a consequência
seguinte é o óbito.
Doenças nutricionais. É provável que a obesidade, a mais importante
doença nutricional dos Estados Unidos e da Europa, seja decorrente da Consequências
ingestão excessiva de calorias, embora fatores emocionais, genéticos e
endócrinos possam estar presentes. A ingestão exagerada de algumas Coração: o coração perde massa muscular, assim como os outros
vitaminas também pode provocar doenças, especialmente no caso das músculos do corpo. Em estágio mais avançado há insuficiência cardíaca e
vitaminas A e D, que são lipossolúveis e tendem a se acumular nos tecidos posteriormente morte.
quando consumidas em excesso. As vitaminas C e B, solúveis em água, Sistema imune: torna-se ineficiente. O corpo humano não vai ter os
são mais facilmente metabolizadas ou excretadas e, portanto, raramente se nutrientes necessários para produzir as células de defesa. Logo, é comum
acumulam em níveis tóxicos. infecções intestinais subsequentes, respiratórias e outros acometimentos.
As deficiências nutricionais podem estar relacionadas à ingestão de ca- A duração das doenças é maior e o prognóstico é sempre pior em
lorias, de proteínas ou de alguns nutrientes essenciais como vitaminas ou, comparação a indivíduos normais. A cicatrização é lentificada.
mais raramente, alguns aminoácidos e ácidos graxos. A má-nutrição de Sangue: É possível ocorrer um quadro de anemia ferropriva
proteínas e calorias continua a predominar em algumas áreas. Acredita-se relacionada à desnutrição.
que dois terços da população mundial dispõem de menos alimentos do que
o necessário. Não só a quantidade é inadequada, mas também a qualidade Trato gastro-intestinal: há menor secreção de HCl pelo estômago,
dos alimentos é nutricionalmente deficiente e contém pouca proteína. tornando esse ambiente mais propício para proliferação bacteriana. O
intestino diminui seu ritmo de peristalse e a absorção de nutrientes fica
Em áreas carentes, a má-nutrição tem seu maior impacto nos jovens. muito reduzida.
As mortes provocadas por ingesta insuficiente de proteínas e calorias resul-
tam da incapacidade da criança para se desenvolver, com perda de peso e Solução
enfraquecimento progressivos, que levam a estados infecciosos, geralmente A desnutrição não é um problema difícil tampouco caro de se resolver.
provocados por bactérias e parasitos gastrointestinais. Carências vitamíni- Segundo Dr. Hugo, do ponto de vista nutricional as soluções são simples e
cas também se manifestam como resultado de uma dieta incorreta ou baratas, porém elas precisam vir acompanhadas de mudanças também no
inadequada. Quando a ingestão calórica total é baixa, também podem quadro social. Para ele, a solução passa pela reeducação alimentar da
ocorrer carências vitamínicas, mascaradas pela profunda deficiência de criança e da família, acompanhada de uma estruturação social que
calorias e proteínas. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda. possibilite a esse grupo familiar manter a qualidade de vida. "Vai além de
Desnutrição tirar a criança do quadro de desnutrição, é uma questão, política, social e
educacional", diz.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Uma opção que tem mostrado resultados é a alimentação alternativa.
A desnutrição é uma doença causada pela dieta inapropriada, A ideia começou a ser disseminada pela Pastoral da Criança, e consiste no
hipocalórica e hipoprotéica. Também pode ser causada por má-absorção aproveitamento máximo dos alimentos, evitando desperdícios e buscando
de nutrientes ou anorexia. Tem influência de fatores sociais, psiquiátricos novas fontes de nutrientes. A mais conhecida é a multi-mistura, feita com
ou simplesmente patológicos. Acontece principalmente entre indivíduos de farelos (de arroz e de trigo), da moagem de folhas verdes (de mandioca,
baixa renda e principalmente as crianças depaíses subdesenvolvidos. batata-doce, abóbora) e de sementes (de girassol, melancia, etc.), tudo
Segundo Médicos sem Fronteiras, a cada ano 3,5 a 5 milhões de isso moído, tostado e peneirado vira uma rica fonte de nutrientes.
crianças menores de cinco anos morrem de desnutrição. Outro trabalho que vem trazendo soluções no Estado é o Projeto Ser
Causas Criança. Ele procura dar um atendimento integral às gestantes e às
crianças de 0 a 6 anos, com o objetivo de aumentar o Índice de
A causa mais frequente da desnutrição é uma má alimentação. Ainda, Desenvolvimento Infantil (IDI) e diminuir a mortalidade. Para tanto, o
outras patologias podem desencadear má absorção ou dificuldade de projeto envolveu três secretarias estaduais: da Saúde, da Educação e do
alimentação e causar a desnutrição. Combate à Pobreza. A meta é atingir todos os municípios sergipanos até
2006.
Fisiopatologia e quadro clínico
Em um indivíduo primeiramente com estado nutricional normal, ao ter
sua alimentação altamente limitada, sofre primeiramente com o gasto Reprodução: gametogênese, concepção, contracepção, gravidez e
energético. Gasta-se rapidamente os ATPs produzidos pelas mitocôndrias parto; regulação neuro-endócrina da reprodução; doenças
e em seguida a glicose dos tecidos e do sangue com a liberação de sexualmente transmissíveis.
insulina.
Com o esgotamento da glicose, a próxima fonte de energia a ser GAMETOGÊNESE
utilizada é o glicogênio armazenado nos músculos e no fígado. Ele é
rapidamente lisado em glicose e fornece um aporte razoável de energia. Gametogênese é o processo de formação e desenvolvimento de célu-
Sua depleção irá causar apatia, prostração e até síncopes - o cérebro que las especializadas para a reprodução que são chamados de gametas. Os
utiliza apenas a glicose e corpos cetônicos, como fonte de energia sofre gametas são células que contém a metade do número normal de cromos-
muito quando há hipoglicemia. Em seguida, a gordura (triacilglicerol) é somos e por isso são células ditas haplóides. Portanto, durante a gameto-
liberada das reservas adiposas, é quebrada em acido-graxo mais glicerol. gênese, o número de cromossomos é reduzido pela metade através de um
O glicerol é transportado para o fígado a fim de produzir novas moléculas tipo especial de divisão celular denominada meiose.
de glicose.O ácido-graxo por meio de beta-oxidação forma corpos
cetônicos que causa aumento da acidez sanguinea (ph sanguineo normal No homem, o processo da gametogênese é denominado de esperma-
7,4). O acumulo de corpos cetônicos no sangue pode levar a um quadro de togênese e dá origem ao gameta masculino, denominado espermatozóide.

Biologia 55 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Na mulher, o processo é denominado ovogênese e dá origem ao ga- As espermatogônias localizam-se na periferia do túbulo seminífero e a
meta feminino, ou ovócito. medida que o processo da gametogênese ocorre elas se localizam mais
próximo à luz do túbulos. Durante o processo da espermiogênese, todo o
Tanto no sexo masculino como no feminino, as células germinativas material desprendido das espermátides é então absorvido e digerido pelas
primitivas, chamadas respectivamente espermatogônias e ovogônias, células de Sertoli. Quando prontos, os espermatozóides são liberados e
originam-se na 4ª semana de desenvolvimento pré-natal a partir da dife- caem na luz dos túbulos seminíferos indo em direção ao epidídimo. Lá
renciação de células endodérmicas na parede do saco vitelino posterior, ficam armazenados por um tempo variável, amadurecem e ganham mobili-
próximo à origem do alantóide. Essas células migram através do mesenté- dade até serem eliminados através das vias genitais masculinas durante a
rio dorsal do embrião e incorporam-se à gônada em formação, ao redor da ejaculação.
6ª semana de desenvolvimento. Aproximadamente na 8ª semana de de-
senvolvimento pré-natal, a gônada dita indiferenciada, diferencia-se em Como consequência do processo de gametogênese masculina temos:
ovário ou testículo, dependendo da constituição cromossômica do feto, a partir de uma espermatogônia que é uma célula 2n, ou seja com 46
respectivamente, feminina (XX) ou masculina (XY). A partir daí as células cromossomos, originam-se 4 células com 23 cromossomos, ou haplóides
germinativas primoridiais diferenciam-se em espermatogônias (célula (n).
germinativa masculina) e ovogônia (célula germinativa feminina).
No tecido intersticial do testículo, um tipo especial de células, a célula
GAMETOGÊNESE MASCULINA (ESPERMATOGÊNESE) de Leydig tem a função de produzir o hormônio masculino, ou testosterona.
A espermatogênese compreende o processo pelo qual a espermato- Controle hormonal da gametogênese masculina
gônia é transformada em espermatozoide. Esse processo tem início com a
puberdade. As Gonadotrofinas hipofisárias, mais especificamente o LH, estimula
as células de Leydig a produzirem a testosterona.
As espermatogônias tipo A se dividem também por mitose, mantendo
assim a população de espermatogônias. As espermatogônias do tipo B, se FSH estimula as células de Sertoli a produzirem uma proteína que se
dividem por meiose originando os gametas. O processo da espermatogê- liga à testosterona e a transporta para o interior dos túbulos seminíferos
nese no homem é contínuo, não obedecendo a nenhum ciclo específico, e estimulando o processo da gametogênese.
se continua até a velhice. GAMETOGÊNESE FEMININA
Etapas da espermatogênese O processo de gametogênese feminina é denominado ovogênese. Di-
1. espermatogônia cresce e sua cromatina se condensa transformando- ferentemente do sexo masculino, a maturação do gameta feminino inicia-se
se nos espermatócitos primários. ainda no período pré-natal e termina depois do fim da maturação sexual
(puberdade).
2. Os espermatócitos primários sofrem então uma divisão reducional, a
primeira divisão meiótica, gerando dois espermatócitos secundários. Maturação pré-natal
Células que atêm aproximadamente a metade do tamanho dos esper- A ovogônia, tem origem também a partir das células germinativas pri-
matócitos primários. mordias que migram da parede posterior do saco vitelino e, quando a
3. Cada espermatócito primário passa pela segunda divisão meiótica gônada se diferencia em ovário, as células germinativas primordiais se
originando duas espermátides. diferenciam em ovogônias.

4. Cada espermátide transforma-se gradualmente em um espermatóide No início da vida fetal, as ovogônias proliferam por divisão mitótica e
através de um processo denominado espermiogênese. ainda antes do nascimento, todas crescem formando os ovócitos primários
e iniciam a primeira divisão meiótica. Esta porém não vai se concluir neste
Espermiogênese período. As células permanecem em prófase suspensa da primeira divisão
meiótica (dictióteno) até o início dos períodos reprodutivos na puberdade.
A espermiogênese é um processo pelo qual a espermátide perde a
maior parte do seu citoplasma e organelas, transformando-se em uma Maturação pós-natal
célula contendo: núcleo (com metade do número de cromossomos), e uma
organela especial denominada acrossomo. O acrossomo consiste em uma Na puberdade, a cada período reprodutivo, vários ovócitos reiniciam a
organela derivada do Aparelho de Golgi e que contém no seu interior divisão meiótica, porém apenas um vai ser eliminado a cada mês na ovula-
enzimas que têm uma função importante para o processo de fertilização. ção.
Um proeminente flagelo surge da região centriolar. As mitocôndrias se O ovócito primário aumenta de tamanho e termina a primeira divisão
arranjam circundando a parte inicial do flagelo denominada peça interme- meiótica pouco antes da ovulação (48 a 72 horas antes), porém a divisão
diária, e têm importante função no fornecimento de energia para a movi- gera duas células de tamanhos desiguais: o ovócito secundário fica com
mentação do flagelo e consequentemente condução do espermatozoide quase todo o citoplasma e a maioria das organelas, a outra célula, bem
através do trato genital feminino. menor, é chamada de corpúsculo polar e logo degenera Durante o proces-
Gônada masculina (testículo) so de ovulação (eliminação do ovócito do ovário), o ovócito inicia a segun-
da divisão meiótica, porém esta é novamente suspensa, desta vez na
O processo da gametogênese masculina ocorre na gônada masculina, metáfase, e só será completada no momento da fecundação com a entrada
denominada testículo. Este é constituído por uma série de túbulos enove- do espermatozoide no interior da célula. Ocorrendo a fecundação, antes da
lados, denominados túbulos seminíferos, entre os quais existe um tecido fusão dos dois pró-núcleos, o masculino e o feminino, o ovócito secundário
intersticial constituído por tecido conjuntivo frouxo. termina a segunda divisão meiótica, novamente eliminando outro corpúscu-
lo polar.
É no interior do túbulos seminíferos que ocorre o processo da esper-
matogênese. Formação do folículo ovariano
Um dos principais componentes do túbulo seminífero é uma célula de- Folículo ovariano é a estrutura no interior do ovário, localizada no cór-
nominada Célula de Sertoli. As células de Sertoli são as responsáveis pela tex da gônada e é constituída pela célula germinativa, o ovócito, envolta
estrutura do túbulo, além de servirem de proteção e fonte de nutrição para pelas células foliculares, que são células derivadas do estroma do ovário.
as células germinativas. Constituem o principal elemento da chamada
barreira Hemato-testicular, pois qualquer substância para chegar até as No momento em que é formado o ovócito primário a partir da ovogô-
células germinativas passam primeiro pelas células de Sertoli. Todo o nia, ele é envolvido por uma camada de células foliculares, que têm forma
material que é eliminado pelas células da linhagem germinativa durante o achatada. O folículo é denominado folículo primordial.
processo da espermatogênese é absorvido e digerido pelas células de Na puberdade, quando o ovócito primário cresce, as células epiteliais
Sertoli. Dessa forma este material não atingirá a circulação sanguínea e tornam-se cubóides e depois colunares, tendo o seu núcleo forma esférica,
não constituirá fonte contínua de antígenos. constituindo assim o folículo primário. Nessa fase, ovócito é envolvido por

Biologia 56 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
uma camada de material amorfo, acelular, chamada de zona pelúcida, Estágio germinativo
constituída por glicoproteínas e glicosamninoglicanos.
Aproximadamente 36 horas após a fecundação, o zigoto entra em uma
As células foliculares proliferam e constituem várias camadas envol- fase de rápida divisão celular. Esta divisão continua até que se desenvol-
vendo o ovócito. Nessa fase o folículo é chamada folículo em crescimento. vam as mais de 800 bilhões de células especializadas que irão constituir o
Essa proliferação das células foliculares é estimulada pelas Gonadotrofinas organismo humano. O estágio germinativo compreende o período que vai
hipofisárias, principalmente o FSH. da fecundação até completar 2 semanas. No início deste período o zigoto
desce do local onde ocorreu a fecundação (trompa de falópio) e implanta-
O folículo aumenta de tamanho e, devido ao crescimento desigual das se no útero.
células foliculares, assume uma forma oval sugindo em um dos pólos uma
cavidade entre as células foliculares, cheia de líquido, denominada antro Estágio embrionário
folicular. O ovócito rodeado por um grupo de células fica localizado em um
dos polos da estrutura, o cumulus oophorus. O estágio embrionário vai da segunda até a oitava semana após a fe-
cundação e se caracteriza por um rápido crescimento e desenvolvimento
Com o desenvolvimento do folículo, uma nova camada de células deri- dos sistemas (respiratório, digestivo, nervoso, etc.). Em consequência
vado do estroma ovariano passa a envolver o folículo e logo se organiza deste crescimento e desenvolvimento rápidos, este período é muito vulne-
em duas camadas: teca externa, responsável pelo envoltório do folículo e rável à influência de fatores como doenças maternas e uso de medicamen-
teca interna, responsável pela produção dos hormônios femininos, estró- tos.
geno e progesterona.
Estágio fetal
Aproximadamente, na metade do cilo ovariano, o folículo encontra-se
pronto para eliminar o ovócito, e é chamado de folículo maduro ou folículo A partir de oito semanas o embrião para a ser um feto. Até o final da
de Graaf. gravidez (em torno de 40 semanas), o feto irá crescer e aperfeiçoar todos
os seus órgão e sistemas.
Ovulação
Células germinativas
Durante o processo de ovulação, determinado pelas produção hormo-
nal (pico de LH), é eliminado do ovário através de uma região ligeiramente Todas as nossas células contém 46 cromossomas, organizados em 23
protusa, o estigma, o ovócito secundário, circundado pela zona pelúcida e pares. Cada cromossoma é constituído por longas cadeias de moléculas
rodeado por uma ou mais camadas de células foliculares que se dispõem de uma substância química – DNA (ácido desoxirribonucleico), que por sua
radialmente formando a coroa radiata, além do líquido folicular, sendo vez é subdivida em segmentos – os genes (com funções específicas e
então captado pelas tubas uterinas. informações genéticas do indivíduo como a cor do cabelo e dos olhos,
altura, o temperamento, aspectos da inteligência, padrões de desenvolvi-
A parede do folículo ovariano que permanece no ovário, se diferencia mento, propensões a doenças).
em uma estrutura conhecida como corpo lúteo e que produz hormônios,
principalmente progesterona que mantêm o endométrio preparado para As únicas células que não contém 46 cromossomas são os gametas
receber o embrião. (espermatozoide e o óvulo), também chamadas de células germinativas.
Elas contém apenas 23 cromossomas e quando o espermatozoide une-se
Principais diferenças entre os processos da gametogênese mas- ao óvulo, forma-se uma nova célula – zigoto – esta com 46 cromossomas,
culina e feminina. origem de um novo indivíduo.
1. A espermatogênese é um processo contínuo, enquanto a ovogênese Gêmeos
está relacionada ao cilo reprodutivo da mulher;
Em torno de 1% dos nascimentos nascem gêmeos. Destes, a grande
2. Na espermatogênese, cada espermatogônia produz 4 espermatozoi- maioria são de gêmeos chamados de "fraternos" ou "bivitelinos". Nestes
des. Na ovogênese, cada ovogônia dá origem a apenas um ovócito e casos a mulher produziu dois (ou mais) óvulos em seu ciclo, e ambos
células inviáveis denominadas corpúsculos polares. foram fertilizados, cada um por um espermatozoide diferente. Estas crian-
ças serão tão parecidas uma com a outra como qualquer outro irmão que
3. A produção de gametas masculinos é um processo que se continua tenha nascido em outra gestação, podendo inclusive serem de sexos
até a velhice, enquanto que a produção de gametas femininos cessa diferentes. Aqui apenas ocorreu que dois irmãos foram gestados ao mes-
com a menopausa. mo tempo, mas tiveram origem de espermatozoides e óvulos diferentes.
4. O espermatozoide é uma célula pequena e móvel, enquanto que o
ovócito é uma célula grande e sem mobilidade.
5. Quanto à constituição cromossômica, existem dois tipo de espermato-
zoides: 23,X ou 23,Y. A mulher só produz um tipo de gameta quanto à
constituição cromossômica: 23,X.

http://www.unimes.br/aulas/MEDICINA/Aulas2004/1ano/Biologia_Molecular
_(Genetica_Basica)_Embriologia_e_Evolucao/BM200104.htm
Gametogênese (ou gametogênese) é o processo de diferenciação das
células sexuais ou gâmetas, que intervêm no processo de reprodução
sexuada nos animais e nas plantas.
Espermatogênese é o processo de formação das células sexuais mas-
culinas, os espermatozoides.
Bivitelinos Univitelinos
Orogênese, o de formação das células sexuais femininas, os óvulos. Duas placentas Uma placenta
ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL Gêmeos idênticos ocorrem quando um óvulo fecundado por um es-
permatozoide ao iniciar o seu processo de divisão celular, divide-se em
Fecundação
dois, e cada metade vai dar origem a um indivíduo. Nestes casos, os
A fecundação ocorre quando uma célula espermática (espermatozoi- irmãos têm a mesma bagagem genética e serão um a cópia do outro,
de) de um indivíduo do sexo masculino se une ao óvulo de um indivíduo do inclusive do mesmo sexo.
sexo feminino, formando uma única célula, chamada de zigoto. O esperma-
Os gêmeos idênticos são uma importante fonte de pesquisa para a
tozoide e o óvulo são chamados de gametas ou células sexuais.
avaliação das influências da genética e do ambiente sobre o desenvolvi-

Biologia 57 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
mento das crianças. A maioria destas pesquisas confirma que ambos os promisso formal perante a sociedade, e o próprio casamento como cerimô-
fatores são importantes na determinação das características individuais. nia oficial, estão sendo substituídos por outros costumes.
Determinação do sexo As mudanças culturais e econômicas, a profunda modificação do papel
da mulher na sociedade, a assimilação de novos costumes e a progressiva
Já vai longe o tempo em que era necessário aguardar o momento do aceitação de valores e opções pessoais, torna difícil uma definição objetiva
parto para que os pais finalmente soubessem se era um menino ou uma do que atualmente é uma família “normal
menina. O ultra-som acabou com esta expectativa. Na verdade o sexo já
está determinado no momento da concepção, pois dependerá do tipo de Convivemos com inúmeras constelações familiares diferentes das tra-
espermatozóide que vai fecundar o óvulo. dicionais, como pais com filhos biológicos, crianças com padrastos ou
madrastas, filhos adotivos, filhos oriundos de barrigas de aluguel ou de
Os cromossomos sexuais (par número 23) são de dois tipos (cromos- inseminação artificial, casais do mesmo sexo, mães solteiras por contin-
somo X e Y). Na mulher, ambos os cromossomos são do tipo X e no ho- gência ou opção
mem, um é do tipo X e um é do tipo Y.
Apesar de todas as transformações, de tornar-se menor, fragmentada
As células sexuais (espermatozoide e o óvulo), diferentemente das e redimensionada, a entidade familiar tem demonstrado grande capacidade
demais células do organismo, contém apenas 23 cromossomos, e quando de resistência e de adaptação no que concerne à manutenção de transmitir
se unem na fecundação, formam uma nova célula, esta com os 46 cromos- valores, costumes, respeito, aprendizagem e limites indispensáveis nas
somos. Portanto, cada óvulo ou espermatozoide contém apenas um cro- relações sociais e no desenvolvimento do indivíduo. Ela ainda é referência
mossomo sexual (X na mulher e X ou Y no homem) de conceitos éticos e morais, compartilha problemas e soluções, garante a
O sexo da criança será determinado pelo tipo de espermatozoide que individualidade e a busca da independência, dispõe de proteção, carinho,
fecundar o óvulo: se for do tipo X (haverá uma combinação XX) e será uma afeto e o compartilhamento de recursos emocionais e materiais
menina; se for do tipo Y (haverá uma combinação XY) e será um menino. Desde os primórdios da história da humanidade a família mantém-se
Qual período da gestação é mais suscetível à malformações? como núcleo primário, básico e essencial. Embora alterando seus valores,
mudando de parceiros e buscando novos caminhos, o ser humano ainda
A probabilidade de ocorrem malformações variam de acordo com o es- não encontrou nenhuma alternativa melhor de conviver e criar filhos.
tágio de desenvolvimento intrauterino. É pouco provável que agressões ao
embrião durante as três primeiras semanas resultem em desenvolvimento Assim, a família deve ser valorizada e respeitada em suas diferenças,
defeituoso, ou porque eliminam o embrião, ou porque este, através de sem avaliações preconceituosas ou discriminatórias.
poderosos mecanismos reguladores, compensa a agressão. Anticoncepcionais, métodos
O período de suscetibilidade máxima ocorre entre a terceira e a oitava Pretendidos e ensaiados desde a antiguidade, os métodos anticoncep-
semana, período em que começa a formação da maioria dos principais cionais evoluíram com o progresso tecnológico e o crescimento demográfi-
órgãos e sistemas do corpo. Após a oitava semana é pouco provável a co. Modernamente, abrangem variado leque de alternativas, algumas muito
ocorrência de importantes anomalias estruturais, porque a partir desta fase seguras, mas todas com alguma desvantagem.
a maioria dos órgãos já está bem estabelecida.
Os métodos anticoncepcionais ou contraceptivos destinam-se a evitar
As anomalias que surgem do terceiro ao nono mês de gravidez ten- a gravidez. Variam desde o simples coito interrompido, por certo o mais
dem a ser funcionais (por exemplo, retardo mental), ou envolvem distúrbios antigo de todos os meios já utilizados, até as modernas pílulas anovulató-
do crescimento de partes do corpo já formadas. Entretanto, outras influên- rias (que inibem a ovulação) de reduzidos efeitos colaterais.
cias (como doenças maternas e drogas), podem resultar na destruição de
toda ou partes de estruturas que já formadas. Na escolha do método os dados mais importantes a considerar são: a
plena aceitação por parte do homem e da mulher; a eficiência; a facilidade
Riscos da gravidez em adolescentes de emprego; o grau de inocuidade (não exercer efeitos negativos sobre a
Quanto mais jovem a menina engravidar, maior a probabilidade de saúde) e a reversibilidade (poder ser suspenso, em favor da gravidez, se
ocorrerem complicações na gravidez ou durante o parto. Entretanto, estes esta passar a ser desejada).
riscos podem ser evitados ou reduzidos com a realização de um acompa- O emprego de métodos anticoncepcionais, que a rigor deveria ser uma
nhamento pré-natal adequado, de preferência com uma equipe profissional opção puramente pessoal, está ligado a questões de caráter econômico,
experiente em adolescência. Infelizmente, principalmente nos primeiros social e político, como controle da natalidade e planejamento familiar. São
três meses de gravidez, muitas jovens não procuram assistência. problemas que só se apresentaram a partir do final do século XVIII, pionei-
As complicações mais frequentes são: maior índice de partos prematu- ramente apontados pelo economista inglês Thomas Robert Malthus. Na-
ros; nascimento de recém-nascidos com baixo peso; aumento do índice de quela época, o crescimento populacional começava a se tornar maior que o
cesarianas por complicações do parto ou por desproporção "céfalo-pélvica" crescimento dos meios de subsistência. Dali até meados do século XX, a
(a bacia materna não é compatível como nascimento de um bebê) e altera- ameaça foi praticamente debelada nos países desenvolvidos, cujas popu-
ções na pressão sanguínea materna. lações se estabilizaram ou diminuíram. Alguns passaram mesmo a estimu-
lar a concepção.
É preciso lembrar que muitas jovens irão buscar a alternativa do abor-
to, aumentando consideravelmente os riscos para a sua própria saúde. Nos países subdesenvolvidos, ao contrário, a tendência se manteve e
se agravou, o que provocou a interferência do estado no controle da natali-
A adolescência é um período de mudanças hormonais no organismo. dade, por meio de campanhas, em alguns, até pela esterilização em massa
A gravidez significa uma sobrecarga hormonal importante, podendo ocor- das populações, em outros.
rer, por exemplo, prejuízo no crescimento em altura devido ao fechamento
precoce das epífises ósseas da jovem. Métodos femininos. Os meios anticoncepcionais próprios para a mu-
lher podem ser classificados como naturais, mecânicos, químicos e cirúrgi-
Em adolescentes grávidas é comum a depressão, a negligência aos cos. Entre os considerados naturais o mais conhecido é o chamado Ogino-
cuidados pessoais, o uso de medicamentos sem orientação médica, a Knauss, ou da tabela. Baseia-se na determinação dos dias férteis do ciclo
resistência ao pré-natal, a falta de apetite e consequente perda de peso e menstrual da mulher. Se o casal prevê a data da próxima ovulação, que
vômitos frequentes. ocorre do oitavo ao vigésimo dia do ciclo, evita a gravidez abstendo-se de
Novas famílias relações sexuais durante esse período. Os 12 dias de abstinência constitu-
em a desvantagem do método, que também é inadequado para mulheres
As características e a estrutura da família tem sofrido inúmeras altera- de ciclo irregular.
ções com a evolução da sociedade. Muitos dos rituais que antecediam sua
constituição estão sendo abandonados ou modificados. O noivado, institui- Outro método natural, o das temperaturas, consiste em determinar o
ção que a par de proporcionar mais liberdade aos jovens exigia um com- período fértil por meio da temperatura do corpo, que sobe durante a ovula-
ção. Esse método, que também implica abstinência, pode sofrer a interfe-
Biologia 58 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
rência de doenças e febres. O terceiro método natural é o do muco, ou geral, afetam de início os órgãos genitais, os sistemas reprodutor e uriná-
método Billings, baseado na observação da secreção vaginal, que aumenta rio, a boca, o ânus e o reto. Podem, entretanto, com a permanência do
durante o período de ovulação. Sua segurança e desvantagens são seme- microrganismo, atacar vários órgãos e sistemas.
lhantes às do método das temperaturas.
Os meios mecânicos são o diafragma e os vários tipos de DIU (disposi-
tivo intra-uterino). O diafragma é um objeto arredondado de borracha,
composto de um anel e película flexíveis, que a mulher coloca no fundo da
vagina, sobre o colo do útero: com isso, ele bloqueia a entrada dos esper-
matozoides. Pode ser utilizado em combinação com um espermicida e tem
como inconveniente a necessidade de previsão da relação sexual, pois
deve ser colocado duas horas antes dela e retirado de seis a oito horas
depois. O DIU é um dispositivo de plástico em forma de T, recoberto por
um fio de cobre, que é implantado por um especialista dentro do útero. Em
vez de impedir a fecundação, inibe o desenvolvimento do óvulo fecundado,
pois altera as reações da mucosa uterina. Tem como principais desvanta-
gens o risco de expulsão espontânea, incrustação na parede uterina ou
inflamação, além de provocar aumento do fluxo menstrual e exigir consul-
tas médicas periódicas.
Já no antigo Egito empregavam-se métodos químicos, como unguen-
tos de ação espermicida. Existem hoje diversas substâncias, comercializa-
das em cápsulas ou cremes, que devem ser aplicadas ao fundo da vagina
imediatamente antes da relação sexual. Há também o tampão de esponja Durante séculos, as doenças sexualmente transmissíveis representa-
impregnada de um desses produtos. A eficiência desses meios é variável e ram considerável ameaça para a saúde pública, tanto pela impossibilidade
tende a aumentar pela associação com outro método, como o diafragma. de controlar sua difusão antes da implantação dos modernos sistemas de
As pílulas anticoncepcionais difundiram-se a partir da década de 1960, saneamento, quanto pela inexistência de meios adequados para combater
quando foram sintetizados esteróides de ação estrogênica ou progesterô- os microrganismos que as provocam. Esse quadro começou a modificar-se
nica (os hormônios estrogênio e progesterona, produzidos pelo ovário, a partir da descoberta dos antibióticos e de outros agentes quimioterápicos
regulam a menstruação). Criaram-se assim as pílulas de inibição do pro- que provocaram imediata redução na ocorrência dessas doenças.
cesso ovulatório, tomadas durante vinte, 21 ou 22 dias do ciclo menstrual. A mais grave das doenças sexualmente transmissíveis até o apareci-
A eficiência é praticamente absoluta. Os inconvenientes são as contraindi- mento da AIDS foi a sífilis, causada por uma bactéria do grupo dos espiro-
cações para mulheres diabéticas, hipertensas ou fumantes com mais de 35 quetas, o Treponema pallidum. O contágio ocorre por via direta, pelo
anos, pelo risco de doença circulatória. A injeção trimestral de progestero- contato entre mucosas ou pela epiderme. O tratamento se faz com base na
na sintética tem maiores desvantagens, pois quase sempre acarreta au- administração de penicilina e de outros agentes antibióticos.
mento de peso.
O método cirúrgico para a mulher consiste na laqueadura ou ligação Modernamente, entre as doenças sexualmente transmissíveis, só a
das trompas, pela qual o cirurgião obstrui o caminho que deve ser percorri- AIDS (sigla inglesa de "síndrome da imunodeficiência adquirida") é fatal
do pelo óvulo a fim de ser fecundado. A inconveniência maior é a irreversi- mesmo com tratamento. Detectada no final da década de 1970, logo pas-
bilidade, absoluta ou relativa, conforme a técnica adotada. sou a constituir uma das maiores ameaças à saúde pública. A infecção é
provocada pela contaminação do sangue por fluidos humanos que conte-
Métodos masculinos. O coito interrompido consiste na retirada do pê- nham o retrovírus HIV (sigla inglesa de "vírus da imunodeficiência huma-
nis do interior da vagina antes que ocorra a ejaculação. O método exige na"). Com a destruição do sistema imunológico, o organismo fica exposto a
absoluto controle do parceiro e, se empregado continuamente, pode causar outras infecções, chamadas oportunistas, que acabam por provocar a
tensão e ansiedade. O anticoncepcional masculino mais empregado é o morte do paciente.
preservativo (camisa-de-vênus ou camisinha), usado desde tempos remo-
tos, quando era feito de membranas animais. O preservativo é prático, Gonorreia. Também chamada blenorragia, a gonorreia é provocada
eficaz e higiênico, já que previne doenças sexualmente transmissíveis, por um gonococo, bactéria de forma arredondada que se instala nas muco-
inclusive a AIDS. Algumas pessoas, no entanto, acham que o preservativo sas. A infecção se localiza em diversas glândulas do aparelho genital do
provoca diminuição da sensibilidade. homem e da mulher e costuma afetar as mucosas da uretra, do colo uteri-
A vasectomia é uma cirurgia que obstrui os canais deferentes, por on- no e do reto. O tratamento com penicilina e outros antibióticos é extraordi-
de devem passar os espermatozoides a fim de serem eliminados pelo nariamente eficaz para combater a gonorreia. A infecção pode deixar
sêmen. A desvantagem do método consiste principalmente na irreversibili- sequelas graves: esterilidade, tanto no homem, se o epidídimo for atingido,
dade, já que não causa dano à saúde nem transtornos ao desempenho quanto na mulher, se houver inflamação das trompas, e cegueira no re-
sexual masculino. cém-nascido contaminado pela mãe.
DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS Durante muito tempo os especialistas acreditaram que sífilis e gonor-
O surgimento da AIDS, na década de 1980, renovou o interesse da reia eram a mesma doença. Só no início do século XX foram registrados
medicina pelas doenças sexualmente transmissíveis, que voltaram a ser progressos significativos na identificação das duas enfermidades, com a
uma das principais questões de saúde pública. Tais enfermidades, como a descoberta dos microrganismos que as causam e o desenvolvimento de
sífilis, a gonorreia e o cancro mole, são difundidas de pessoa para pessoa testes de detecção. Entre 1940 e 1950 a erradicação dessas duas enfermi-
pelo contato sexual. dades parecia iminente, mas logo depois sua incidência voltou a aumentar.
O recrudescimento foi provocado por diversas causas, entre as quais a
Doenças sexualmente transmissíveis são aquelas que se contraem redução das campanhas de prevenção, a crescente resistência dos micror-
principalmente por contato sexual. Essas enfermidades eram antes cha- ganismos aos antibióticos e diversos fatores sociais que influenciaram o
madas venéreas, denominação derivada de Vênus, a deusa do amor da comportamento sexual.
mitologia romana. São provocadas pela infecção por diferentes tipos de
microrganismos, tais como bactérias (gonorreia, sífilis, linfogranuloma Cancro mole. Semelhante ao cancro da sífilis primária, o cancro mole,
venéreo, cancro mole etc.), vírus (herpes genital, AIDS) ou mesmo proto- cancróide ou "cavalo" é provocado pela bactéria Haemophilus ducreyi. Ao
zoários (tricomoníase). lado do granuloma inguinal e do linfogranuloma, é doença de alta incidên-
O contágio das doenças sexualmente transmissíveis se dá também cia nos trópicos. O período de incubação varia de três a cinco dias, após os
por outras vias. Algumas, como a sífilis e a AIDS, podem ser transmitidas quais surgem feridas muito dolorosas nos órgãos genitais, acompanhadas
de mãe para filho durante a gestação, por uma transfusão de sangue de ínguas nas virilhas. O tratamento, à base de tetraciclinas, deve ser feito
infectado ou pelo uso de seringas hipodérmicas não esterilizadas. Em pelo casal.

Biologia 59 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Herpes genital. Na primeira manifestação do herpes genital, de quatro O vírus se transmite pelos fluidos corpóreos, particularmente o sangue
a seis dias após o contágio, surgem nos genitais inúmeras bolhinhas que e o sêmen. Assim, o contato social com o soropositivo não configura risco
logo se rompem, formando pequenas feridas dolorosas que desaparecem de contágio. Por outro lado, a pessoa que ignora estar contaminada pode
espontaneamente entre o sétimo e o décimo dia. O vírus, no entanto, aloja- transmitir a doença. A situação de risco mais importante é a relação sexual,
se no organismo e provoca o retorno periódico dos sintomas, em geral especialmente a anal, pois a mucosa do reto é mais frágil que a da vagina
abrandados. As crises podem ser desencadeadas por exposição ao sol, e se rompe facilmente durante o coito, abrindo caminho à entrada do vírus
estresse, menstruação e fatores que diminuam a resistência imunológica, na corrente sanguínea. Outro fator de risco são as transfusões de sangue.
como outras doenças e certos medicamentos. A cura do herpes, causado A terceira é a aplicação de injeções com agulhas contaminadas. E a quarta
pelos vírus herpes simples tipos 1 e 2, ainda está sendo pesquisada, mas é a gestação; a mulher infectada muitas vezes contamina o feto.
existem medicamentos à base de aciclovir que controlam o aparecimento Histórico. A doença foi detectada pela primeira vez em 1979, entre ho-
dos sintomas. mossexuais masculinos americanos. Por apresentar sintomas parecidos com
Outras doenças. Também têm incidência relativamente elevada o lin- os de outras moléstias, pôde a princípio passar despercebida e assim expan-
fogranuloma venéreo, o granuloma inguinal, a uretrite não-gonocócica e o dir-se rapidamente. O primeiro diagnóstico foi feito em 1981, e em 1983 o
condiloma acuminado. O linfogranuloma venéreo -- causado pela Chlamy- vírus foi identificado na França, por uma equipe do Instituto Pasteur. Em
dia trachomatis, agente responsável também por doenças de menor gravi- 1985, criou-se o primeiro método para descobrir no sangue anticorpos do
dade, como uretrites -- manifesta-se pelo aumento das glândulas linfáticas vírus da AIDS. Baseava-se na técnica denominada ELISA. Esse exame foi a
nas virilhas, que podem supurar. O granuloma inguinal inicia-se como uma princípio criticado por apenas indicar a presença ou ausência de anticorpos
pequena ferida, que pode aumentar e tomar grandes áreas, usualmente na no sangue. Objetava-se que o exame poderia dar resultado positivo em
região genital. A uretrite não-gonocócica provoca inflamação da conjuntiva pessoas que eram apenas portadoras do vírus. Contudo, uma experiência do
e da uretra, artrite, lesões cutâneas e oculares. O condiloma acuminado, Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos indicou que cinco a dez por
conhecido popularmente como verruga venérea ou crista-de-galo, é causa- cento das pessoas com resultado positivo realmente contraem a doença.
do por vírus e se caracteriza pelo aparecimento na região genital de pe- No início da década de 1990 foi testada uma série de medicamentos
quenas verrugas róseas ou acinzentadas, moles e úmidas. O tratamento é contra o HIV. Nenhum deles, porém, mostrou-se capaz de curar a doença.
local com ácido tricloroacético. O único que efetivamente conseguia retardar a evolução do mal -- embora
Infecções frequentes mas sem gravidade são a tricomoníase, causada ao custo de pesados efeitos colaterais, sobretudo a anemia -- era o AZT
pelo Trichomonas vaginalis, um protozoário flagelado, e a candidíase, (azidovidina). Outro campo de pesquisa eram os remédios contra as infec-
provocada pela Candida albicans, agente infeccioso que produz sintomas ções oportunistas. Nenhum deles, porém, apresentava resultados compro-
como irritação, prurido e leucorreia. vadamente eficazes. Apesar dos esforços, a AIDS espalhava-se rapida-
Prevenção. Não existe vacina contra as doenças sexualmente trans- mente e se previa que no ano 2000 o número de infectados pelo HIV
missíveis, de modo que a prevenção consiste basicamente em evitar o poderia chegar a quarenta milhões em todo o mundo.
contágio. Muitas vezes, a pessoa infectada por vírus ou bactérias causado- Em 1996 divulgou-se a descoberta de uma combinação de três medi-
res dessas doenças não apresenta sintomas e pode contaminar parceiros camentos capaz de reduzir o ritmo de reprodução do HIV. O coquetel
sexuais sem mesmo saber que está doente. Assim, as principais medidas incluía dois bloqueadores de transcriptase reversa -- o já conhecido AZT e
preventivas consistem em evitar práticas sexuais promíscuas, mesmo com mais o 3TC -- e um inibidor de protease. Doentes precocemente submeti-
parceiros aparentemente limpos e saudáveis, e usar preservativos corre- dos a essa terapia se recuperaram fisicamente sem perda da qualidade de
tamente. A mulher só deve engravidar e amamentar depois de comprovar vida e os especialistas começaram a encarar a AIDS já não como incurá-
sua condição de não-infectada, para não contaminar o bebê. O doador de vel, mas como doença crônica.
sangue deve ter resultados negativos para sífilis e AIDS, além da hepatite. Prevenção e tratamento. A grande arma contra a AIDS é a prevenção.
Recomenda-se o emprego exclusivo de seringas e agulhas descartáveis e, As campanhas sanitárias recomendam, em primeiro lugar, relações sexu-
no caso de médicos e enfermeiros que cuidam de portadores de sífilis e ais estáveis, com um mínimo de parceiros. Em segundo, o uso de preser-
AIDS, o uso de luvas para manipular sangue e demais secreções do paci- vativos (camisinhas). Em terceiro, para injeções usar exclusivamente
ente. seringas e agulhas descartáveis ou esterilizadas e, nas transfusões, san-
AIDS gue testado. E, finalmente, que as mulheres infectadas evitem ter filhos. A
Detectada no final da década de 1970, a AIDS se configurou rapida- outra arma é o diagnóstico precoce, para o que já se desenvolveram vários
mente como uma das maiores ameaças à saúde pública no século XX. A testes.
grande capacidade de contágio, a elevada taxa de mortalidade e um qua-
dro clínico arrasador fizeram desse mal um dos mais graves problemas
• QUALIDADE DE VIDA DAS POPULAÇÕES HUMANAS – AS-
sanitários e sociais que o homem moderno tem a enfrentar.
PECTOS BIOLÓGICOS DA POBREZA E DO DESENVOLVIMEN-
A AIDS (sigla de acquired immune deficiency syndrome, ou síndrome
TO HUMANO. INDICADORES SOCIAIS, AMBIENTAIS E
da imunodeficiência adquirida) é provocada por uma infecção virótica que
danifica o sistema imunológico humano. Em consequência, todo o orga- ECONÔMICOS. ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO.
nismo fica exposto a outras infecções, como a pneumocistose (forma de PRINCIPAIS DOENÇAS QUE AFETAM A POPULAÇÃO BRASI-
pneumonia rara que acomete também recém-nascidos debilitados), infec- LEIRA: CARACTERIZAÇÃO, PREVENÇÃO E PROFILAXIA.
ções cerebrais, diarreia persistente e herpes ou ainda certas variedades de NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS. DOENÇAS SEXUAL-
câncer (como o sarcoma de Kaposi, um tipo de câncer de pele). MENTE TRANSMISSÍVEIS. ASPECTOS SOCIAIS DA BIOLOGIA:
A infecção inicial é provocada pela contaminação direta do sangue por USO INDEVIDO DE DROGAS; GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA;
fluidos corpóreos que contenham o retrovírus HIV (sigla inglesa de "vírus OBESIDADE. VIOLÊNCIA E SEGURANÇA PÚBLICA. EXERCÍ-
da imunodeficiência humana"). Os retrovírus se reproduzem com a ajuda CIOS FÍSICOS E VIDA SAUDÁVEL. ASPECTOS BIOLÓGICOS
de uma enzima chamada transcriptase, que torna o vírus capaz de copiar DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. LEGISLAÇÃO E
(transcrever) suas informações genéticas em uma forma que possa ser CIDADANIA.
integrada no próprio código genético da célula hospedeira. Assim, cada vez
que a célula hospedeira se divide, produzem-se também cópias do vírus, Quando a Organização Mundial da Saúde foi criada, pouco após o fim
cada uma das quais contém o código virótico. da Segunda Guerra Mundial, havia uma preocupação em traçar uma
A moléstia desenvolve-se em três fases. Inicialmente, o HIV entra na definição positiva de saúde, que incluiria fatores como alimentação, ativi-
corrente sanguínea e provoca o desenvolvimento de anticorpos. Os sinto- dade física, acesso ao sistema de saúde e etc. O "bem-estar social" da
mas aparecem na segunda fase: suores noturnos, febre, diarreia, perda de definição veio de uma preocupação com a devastação causada pela guer-
peso, cansaço e infecções incomuns. A AIDS é, a rigor, a terceira fase do ra, assim como de um otimismo em relação à paz mundial — a Guerra Fria
processo, em que surgem as chamadas infecções oportunistas e, finalmen- ainda não tinha começado. A OMS foi ainda a primeira organização inter-
te, sobrevém a morte. Os anticorpos do HIV podem ser detectados no nacional de saúde a considerar-se responsável pela saúde mental, e não
organismo duas a oito semanas após a inoculação, mas o vírus fica incu- apenas pela saúde do corpo.
bado entre um ano e meio e cinco anos antes que surjam sintomas.
Biologia 60 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
A definição adotada pela OMS tem sido alvo de inúmeras críticas des- básico (sistemas de água, de esgotossanitários e de limpeza urbana) a
de então. Definir a saúde como um estado de completo bem-estar faz com saúde pública fica completamente prejudicada.
que a saúde seja algo ideal, inatingível, e assim a definição não pode ser A OMS reconhece ainda que a cada unidade monetária (dólar, euro,
usada como meta pelos serviços de saúde. Alguns afirmam ainda que a real, etc.) dispendida em saneamento economiza-se cerca de quatro a
definição teria possibilitado uma medicalização da existência humana, cinco unidades em sistemas de saúde (postos, hospitais, tratamentos,etc.)
assim como abusos por parte do Estado a título de promoção de saúde. e que cerca de 80% das doenças mundiais são causadas por falta de água
Por outro lado, a definição utópica de saúde é útil como um horizonte potável suficiente para atender as populações necessitadas.
para os serviços de saúde por estimular a priorização das ações. A defini- Expectativa de Vida
ção pouco restritiva dá liberdade necessária para ações em todos os níveis
da organização social. Por Thais Pacievitch
Christopher Boorse definiu em 1977 a saúde como a simples ausência A expectativa de vida da população, em nível mundial, é crescente. O
de doença; pretendia apresentar uma definição "naturalista". Em 1981, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) define expectativa de
Leon Kass questionou que o bem-estar mental fosse parte do campo da vida, ou esperança de vida como:
saúde; sua definição de saúde foi: "o bem-funcionar de um organismo Número médio de anos que um indivíduo de idade x espera-
como um todo", ou ainda "uma actividade do organismo vivo de acordo ria viver a partir desta idade, se estivesse sujeito a uma lei de
com suas excelências específicas." Lennart Nordenfelt definiu em 2001 a mortalidade observada. Particularmente, se x = 0, tem-se a ex-
saúde como um estado físico e mental em que é possível alcançar todas pectativa de vida ao nascer (2008, p. 87).
as metas vitais, dadas as circunstâncias. Ou seja, a expectativa de vida ao nascer é o número de anos que se
As definições acima têm seus méritos, mas provavelmente a segunda calcula que um recém-nascido pode viver caso as taxas de mortalidade
definição mais citada também é da OMS, mais especificamente do Escritó- registradas da população residente, no ano de seu nascimento, permane-
rio Regional Europeu: A medida em que um indivíduo ou grupo é capaz, çam as mesmas ao longo de sua vida. A mesma fórmula é utilizada para o
por um lado, de realizar aspirações e satisfazer necessidades e, por outro, cálculo de sobrevida de uma pessoa aos 60 anos, por exemplo.
de lidar com o meio ambiente. A saúde é, portanto, vista como um recurso A expectativa de vida ao nascer é calculada considerando, além da
para a vida diária, não o objetivo dela; abranger os recursos sociais e taxa de mortalidade, a expectativa de sobrevida da população residente na
pessoais, bem como as capacidades físicas, é um conceito positivo. região em que o individuo nasceu. Fatores como saúde, educação, situa-
Essa visão funcional da saúde interessa muito aos profissionais de sa- ção socioeconômica, criminalidade, e poluição, entre outros, são determi-
úde pública, incluindo-se aí os médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e os nantes para uma maior expectativa de vida.
engenheiros sanitaristas, e de atenção primária à saúde, pois pode ser Nesse sentido, o aumento da expectativa de vida da população está
usada de forma a melhorar a equidade dos serviços de saúde e de sanea- associado a melhoria das condições de vida dessa população. Políticas
mento básico, ou seja prover cuidados de acordo com as necessidades de públicas e avanços tecnológicos promovem essas melhorias, tais como:
cada indivíduo ou grupo.
 Os cuidados com gestantes (acompanhamento pré-natal), bem
Determinantes da saúde como o acompanhamento do recém-nascido e o aleitamento materno
O relatório Lalonde sugere que existem quatro determinantes gerais de diminuem as taxas de mortalidade infantil;
saúde, incluindo biologia humana, ambiente, estilo de vida e assistência
 Escolarização
médica. Assim, a saúde é mantida e melhorada, não só através da promo-
ção e aplicação da ciência da saúde, mas também através dos esforços e  Campanhas de vacinação
opções de vida inteligentes do indivíduo e da sociedade.  Saneamento básico
O Alameda County Study analisa a relação entre estilo de vida e saú-
 Avanços na medicina
de. Descobriu que as pessoas podem melhorar sua saúde através de
exercício, sono suficiente, mantendo um peso saudável, limitando o uso de A expectativa de vida ao nascer é utilizada para cálculo previdenciário,
álcool e evitando fumar. seguro de vida e é um dos índices que compõe oÍndice de Desenvolvimen-
to Humano (IDH). A partir desses índices, e de projeções calculadas a
Um dos principais fatores ambientais que afetam a saúde é a qualida-
partir dele, políticas públicas devem ser estudadas e elaboradas para que
de da água, especialmente para a saúde dos lactentes e das crianças em
sejam atendidas as necessidades da população no presente e no futuro.
países em desenvolvimento.
No Brasil, a menor taxa de fecundidade, associada ao aumento na ex-
Estudos mostram que em países desenvolvidos, a falta de espaços de
pectativa de vida ao nascer tem como resultado, o aumento no número de
lazer no bairro que inclua o ambiente natural conduz a níveis mais baixos
idosos (pessoas com mais de 60 anos), sobretudo entre as mulheres,
de satisfação nesses bairros e níveis mais elevados de obesidade e,
devido ao auto índice de mortalidade entre os homens por fatores externos.
portanto, menor bem-estar geral. Por isso, os benefícios psicológicos
positivos do espaço natural em aglomerações urbanas devem ser levados Segundo dados do IBGE (2008, p. 45), a expectativa de vida ao nas-
em conta nas políticas públicas e de uso da terra. cer, em nível mundial, para 2008 foi estimada em 67,2 anos. De acordo
com esse relatório, no Brasil, a expectativa de vida ao nascer (2008) é de
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, os principais deter-
72, 8 anos (sendo 76,7 anos para as mulheres e 69,1 anos para os ho-
minantes da saúde incluem o ambiente social e econômico, o ambiente
mens). O Brasil ocupa a 87ª posição entre os países, quanto a expectativa
físico e as características e comportamentos individuais da pessoa. Em
de vida ao nascer. O país com maior expectativa de vida é o Japão (82,6
geral, o contexto em que um indivíduo vive é de grande importância na sua
anos), e o país no qual a expectativa é menor (39,60) é a Suazelândia,
qualidade de vida e em seu estado de saúde. O ambiente social e econô-
país localizado no interior da África, entre Moçambique (penúltimo país no
mico são fatores essenciais na determinação do estado de saúde dos
ranking, no qual a expectativa é de 42,10 anos) e a África do Sul (expecta-
indivíduos dado o fato de que altos níveis educacionais estão relacionados
tiva de 49, 30 anos).
com um alto padrão de vida, bem como uma maior renda. Geralmente, as
pessoas que terminam o ensino superior têm maior probabilidade de Endemia, Epidemia e Pandemia
conseguir um emprego melhor e, portanto, são menos propensas ao es-
Por Neuda Batista Mendes França
tresse em comparação com indivíduos com baixa escolaridade.
O ambiente físico é talvez o fator mais importante que deve ser consi- Endemia
derado na classificação do estado de saúde de um indivíduo. Isso inclui
É uma doença localizada em um espaço limitado denominado “faixa
fatores como água e arlimpos, casas, comunidades e estradas seguras,
endêmica”. Isso quer dizer que, endemia é uma doença que se manifesta
todos contribuindo para a boa saúde.
apenas numa determinada região, de causa local.
A percepção de saúde varia muito entre as diferentes culturas, assim
quanto as crenças sobre o que traz ou retira a saúde. A OMS define ainda Para entender melhor: endemia é qualquer doença que ocorre apenas
a Engenharia sanitáriacomo sendo um conjunto de tecnologias que promo- em um determinado local ou região, não atingindo nem se espalhando para
vem o bem-estar físico, mental e social. Sabe-se que sem o saneamento outras comunidades.

Biologia 61 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Enquanto a epidemia se espalha por outras localidades, a endemia atenção se deu a essa questão. Na Roma antiga, encontram-se sinais de
tem duração continua porém, restrito a uma determinada área. que o problema fora objeto de atenção das autoridades, como prova a
Cloaca Maxima, sistema de esgotos construído no século VI a.C., inicial-
No Brasil, existem áreas endêmicas. A título de exemplo, pode ser ci- mente a céu aberto, que recolhia as águas servidas de toda a cidade e
tada a febre amarela comum Amazônia. No período de infestação da desembocava no rio Tibre.
doença, as pessoas que viajam para tal região precisam ser vacinadas. A
dengue é outro exemplo de endemia, pois são registrados focos da doença A rigor, somente no início do século XVIII é que a necessidade de re-
em um espaço limitado, ou seja, ela não se espalha por toda uma região, solver o problema foi tratada de forma técnica, quando o sanitarista alemão
ocorre apenas onde há incidência do mosquito transmissor da doença. Johann Peter Frank desenvolveu o conceito de saneamento urbano e
reclamou a criação de uma polícia médica. Foi ele o primeiro a observar
Epidemia que a organização sanitária deveria ser de responsabilidade internacional.
É uma doença infecciosa e transmissível que ocorre numa comunida- No que concerne à higiene e à habitação, recomendava melhor disposição
de ou região e pode se espalhar rapidamente entre as pessoas de outras das moradias e a instalação de serviços de limpeza nas cidades e lugares
regiões, originando um surto epidêmico. Isso poderá ocorrer por causa de habitados. Lembrou a necessidade de calçar as ruas, varrê-las e dotá-las
um grande desequilíbrio (mutação) do agente transmissor da doença ou de canalizações de esgoto amplas e com declive suficiente. Combateu
pelo surgimento de um novo agente (desconhecido). vigorosamente a falta de aparelhos sanitários nas casas particulares e o
costume, então comum, de lançar detritos pela janela.
A gripe aviária, por exemplo, é uma doença “nova” que se iniciou como
surto epidêmico. Assim, a ocorrência de um único caso de uma doença
transmissível (ex.: poliomielite) ou o primeiro caso de uma doença até Categorias. Para efeito de tratamento, as águas servidas dividem-se
então desconhecida na área (ex.: gripe do frango) requerem medidas de em: águas de cozinha, de lavagem de roupa e piso, de pia, lavatórios e
avaliação e uma investigação completa, pois, representam um perigo de banheiro etc; águas com dejetos humanos e de animais, provenientes de
originarem uma epidemia. latrinas e mictórios; águas servidas de matadouros, açougues, mercados,
estábulos, cocheiras etc.; águas carregadas de matérias químicas ou
Com o tempo e um ambiente estável a ocorrência de doença passa de resíduos industriais; águas usadas em serviços públicos de limpeza de
epidêmica para endêmica e depois para esporádica. ruas, praças e jardins, de fontes, de combate a incêndio; e águas de sub-
Pandemia solo. Agrupam-se em três classes: águas residuais, águas industriais e
águas superficiais. Ao elaborar um sistema de esgotos sanitários, deve-se
A pandemia é uma epidemia que atinge grandes proporções, podendo levar em conta as características de cada uma.
se espalhar por um ou mais continentes ou por todo o mundo, causando
inúmeras mortes ou destruindo cidades e regiões inteiras. Fossa ou esgoto estático. Na zona rural, nas zonas urbanas mais afas-
tadas e nas pequenas povoações, onde geralmente não existe rede pública
Para entender melhor: quando uma doença existe apenas em uma de- de esgoto, as águas servidas são tratadas no próprio terreno, por meio de
terminada região é considerada uma endemia (ou proporções pequenas da fossas. Inicialmente, eram simples depósitos fechados, com um tubo de
doença que não sobrevive em outras localidades). Quando a doença é entrada, outro de ventilação e uma tampa para remoção periódica do
transmitida para outras populações, infesta mais de uma cidade ou região, conteúdo, operação perigosa e repugnante. Com o tempo, os projetos
denominamos epidemia. Porém, quando uma epidemia se alastra de forma foram aperfeiçoados até que, em 1860, conseguiu-se a liquefação quase
desequilibrada se espalhando pelos continentes, ou pelo mundo, ela é completa dos detritos em recipientes fechados, em menos de um mês.
considerada pandemia. Pouco mais tarde, foram definidos os princípios que daí por diante passa-
ram a reger o funcionamento das fossas sépticas. Em 1906, na Alemanha,
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a pandemia pode se
Karl Imhoff projetou o poço que recebeu seu nome. Anos depois, também
iniciar com o aparecimento de uma nova doença à população, quando o
na Alemanha, Otto Mohr inventou a câmara decantadora OMS, capaz de
agente infecta os humanos, causando doença séria ou quando o agente
otimizar as condições de funcionamento da fossa séptica.
esparrama facilmente e sustentavelmente entre humanos.
Esgoto dinâmico, redes e sistemas. Cada cidade deve possuir sua
Os critérios de definição de uma pandemia são os seguintes: a doença
própria rede de esgotos, para onde fluirão as águas servidas das redes que
ou condição além de se espalhar ou matar um grande número de pessoas,
servem aos prédios, também constituídas de canalizações e equipamen-
deve ser infecciosa.
tos. Enquanto no antigo sistema romano, todas as águas servidas, maté-
Para saber mais: o câncer (responsável por inúmeras mortes) não é rias fecais e águas pluviais eram conduzidas para a mesma rede externa
considerado uma pandemia porque não uma é doença infecciosa, ou seja, geral, nos sistemas modernos, denominados separadores, as águas pluvi-
não é transmissível. ais tomam destino diferente das águas servidas. Ambos os sistemas fazem
parte do esgoto dinâmico, pelo qual a água corre por gravidade ou aciona-
Exemplos de Pandemias da por sistemas de bombeamento.
AIDS, tuberculose, peste, gripe asiática, gripe espanhola, tifo, etc. Os esgotos domiciliares dividem-se em primários e secundários. Os
É importante saber que: o vírus ebola e outras doenças rapidamente primários são ligados diretamente à rede de esgoto externa e possuem um
letais como a febre de Lassa, febre de Vale de Racha, vírus de Marburg, e sistema de coleta e distribuição para as estações de tratamento. Os se-
a febre de hemorragia boliviana são doenças altamente contagiosas e cundários ligam-se às caixas e sistemas de distribuição, caixas sifonadas,
mortais com o potencial teórico de se tornar pandemias no futuro. sifões, vasos sanitários e conectores. O lançamento de esgotos industriais
na rede pública obedece, em todo o mundo, a legislação específica. Não
Esgoto e saneamento se permite, por exemplo, o despejo de gases ou produtos tóxicos, substân-
O escoamento e a purificação de águas servidas é uma necessidade cias inflamáveis ou produtoras de gases inflamáveis, resíduos e corpos
prioritária, especialmente nos grandes aglomerados urbanos, pois os capazes de provocar entupimento ou incrustações que, com o decorrer do
dejetos representam risco potencial de infecção, intoxicação e epidemia. tempo, possam impedir a passagem das águas servidas.

Esgoto é o conjunto geral de canalizações, estações de controle, sis- A rede de esgoto pública, externa, é um sistema de coleta e tratamen-
temas de bombeamento e outros equipamentos destinados ao esgotamen- to em vários pontos da cidade. Possui equipamentos e sistemas de ventila-
to de águas servidas. Saneamento é o conjunto de obras e serviços desti- ção, aeração e desinfecção, para que as águas servidas, ao chegarem ao
nados a assegurar a higiene e a salubridade dos agrupamentos humanos. emissário final, de onde serão levadas para um ponto distante do mar ou
As obras de esgoto e saneamento integram-se num conjunto destinado a outro lugar adequado, estejam desprovidas, ao menos parcialmente, de
recolher, transportar, tratar e eliminar as águas servidas. bactérias, detritos e substâncias tóxicas, que as acompanham desde a
origem.
Apesar das epidemias que sucessivamente assolaram a humanidade
de tempos em tempos e cuja origem liga-se às precárias condições sanitá- Esgotos pluviais. No campo, as águas da chuva escoam pela declivi-
rias dos aglomerados urbanos, na antiguidade e na Idade Média pouca dade natural do terreno. Nas cidades pequenas, o escoamento se faz pelas

Biologia 62 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
sarjetas, que devem obedecer a um bom traçado. Nas grandes cidades, o sucessivas mudanças com universalização progressiva do atendimento, já
volume de águas pluviais necessita de um complexo sistema de captação numa transição com o SUS.
e escoamento que permita sua vazão. Essas instalações, externas e
públicas, consistem de um conjunto de equipamentos que levam a água a A 8ª Conferência Nacional de Saúde foi um marco na história do SUS
seu destino final. Quando a rede urbana não dá vazão suficiente às águas por vários motivos. Foi aberta em 17 de março de 1986 por José Sarney, o
da chuva - para o que contribui a falta de limpeza periódica -, pode ocorrer primeiro presidente civil após a ditadura, e foi a primeira CNS a ser aberta
inundação de grandes áreas. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publica- à sociedade; além disso, foi importante na propagação do movimento da
ções Ltda. Reforma Sanitária. A 8ª CNS resultou na implantação do Sistema Unificado
e Descentralizado de Saúde (SUDS), um convênio entre o INAMPS e os
Vigilância Sanitária governos estaduais, mas o mais importante foi ter formado as bases para a
seção "Da Saúde"da Constituição brasileira de 5 de outubro de 1988. A
Vigilância Sanitária é a parcela do poder de polícia do Estado Constituição de 1988 foi um marco na história da saúde pública brasileira,
destinado à defesa da saúde, que tem como principal finalidade impedir ao definir a saúde como "direito de todos e dever do Estado". A
que a saúde humana seja exposta a riscos ou, em última instância, implantação do SUS foi realizada de forma gradual: primeiro veio o SUDS;
combater as causas dos efeitos nocivos que lhe forem gerados, em razão depois, a incorporação do INAMPS ao Ministério da Saúde (Decreto nº
de alguma distorção sanitária, na produção e na circulação de bens, ou na 99.060, de 7 de março de 1990); e por fim a Lei Orgânica da Saúde (Lei nº
prestação de serviços de interesse à saúde. 8.080, de 19 de setembro de 1990) fundou o SUS. Em poucos meses foi
No Brasil, a definição legal de vigilância sanitária é concentida pela lançada a Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que imprimiu ao SUS
lei federal nº 8.080 de 19 de setembro de 1.990: uma de suas principais características: o controle social, ou seja, a
participação dos usuários (população) na gestão do serviço. O INAMPS só
Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de foi extinto em 27 de julho de1993 pela Lei nº 8.689.
eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas
sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de Princípios do SUS
bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo: o O Sistema Único de Saúde teve seus princípios estabelecidos na Lei
controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem Orgânica de Saúde, em 1990, com base no artigo 198 da Constituição
com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção Federal de 1988. Os princípios da universalidade, integralidade e da
ao consumo; e o controle da prestação de serviços que se relacionam equidade são às vezes chamados de princípios ideológicos ou
direta ou indiretamente com a saúde. A vigilância sanitária de doutrinários, e os princípios da descentralização, da regionalização e
portos,aeroportos e fronteiras não é um dever exclusivo ao S.U.S podendo dahierarquização de princípios organizacionais, mas não está claro qual
ser executada juntamente com a participação cooperativa da União.(m) seria a classificação do princípio da participaçãopopular.
Sistema Único de Saúde Universalidade
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição Federal "A saúde é um direito de todos", como afirma a Constituição Federal.
de 1988 para que toda a população brasileira tenha acesso ao atendimento Naturalmente, entende-se que o Estadotem a obrigação de prover atenção
público de saúde. Anteriormente, a assistência médica estava a cargo do à saúde, ou seja, é impossível tornar todos sadios por força de lei.
Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS),
ficando restrita aos empregados que contribuíssem com a previdência Integralidade
social; os demais eram atendidos apenas em serviços filantrópicos. Do
Sistema Único de Saúde fazem parte os centros e postos de saúde, A atenção à saúde inclui tanto os meios curativos quanto os
hospitais - incluindo os universitários, laboratórios, hemocentros (bancos preventivos; tanto os individuais quanto os coletivos. Em outras palavras,
de sangue), os serviços deVigilância Sanitária, Vigilância Epidemiológica, as necessidades de saúde das pessoas (ou de grupos) devem ser levadas
Vigilância Ambiental, além de fundações e institutos de pesquisa, como em consideração mesmo que não sejam iguais às da maioria.
aFIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Vital Brazil. Equidade
História Todos devem ter igualdade de oportunidade em usar o sistema de
Antes do advento do Sistema Único de Saúde (SUS), a atuação do saúde; como, no entanto, o Brasil contém disparidades sociais e regionais,
Ministério da Saúde se resumia às atividades de promoção de saúde e as necessidades de saúde variam. Por isso, enquanto a Lei Orgânica fala
prevenção de doenças (por exemplo, vacinação), realizadas em caráter em igualdade, tanto o meio acadêmico quanto o político consideram mais
universal, e à assistência médico-hospitalar para poucas doenças; servia importante lutar pela equidadedo SUS.
aos indigentes, ou seja, a quem não tinha acesso ao atendimento pelo Participação da comunidade
Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social. O INAMPS
foi criado pelo regime militar em 1974 pelo desmembramento do Instituto O controle social, como também é chamado esse princípio, foi melhor
Nacional de Previdência Social (INPS), que hoje é o Instituto Nacional de regulado pela Lei nº 8.142. Os usuários participam da gestão do SUS
Seguridade Social (INSS); era uma autarquia filiada ao Ministério da através dasConferências de Saúde, que ocorrem a cada quatro anos em
Previdência e Assistência Social (hoje Ministério da Previdência Social), e todos os níveis, e através dos Conselhos de Saúde, que são órgãos
tinha a finalidade de prestar atendimento médico aos que contribuíam com colegiados também em todos os níveis. Nos Conselhos de Saúde ocorre a
a previdência social, ou seja, aos empregados de carteira assinada. O chamada paridade: enquanto os usuários têm metade das vagas, o
INAMPS dispunha de estabelecimentos próprios, mas a maior parte do governo tem um quarto e os trabalhadores outro quarto.
atendimento era realizado pela iniciativa privada; os convênios Descentralização político-administrativa
estabeleciam a remuneração por procedimento.
O SUS existe em três níveis, também chamados de esferas: nacional,
O movimento da Reforma Sanitária nasceu no meio acadêmico no estadual e municipal, cada uma com comando único e atribuições próprias.
início da década de 1970 como forma de oposição técnica e política ao Os municípios têm assumido papel cada vez mais importante na prestação
regime militar, sendo abraçado por outros setores da sociedade e pelo e no gerenciamento dos serviços de saúde; as transferências passaram a
partido de oposição da época — o Movimento Democrático Brasileiro ser "fundo-a-fundo", ou seja, baseadas em sua população e no tipo de
(MDB). Em meados da década de 70 ocorreu uma crise do financiamento serviço oferecido, e não no número de atendimentos.
da previdência social, com repercussões no INAMPS. Em 1979 o general
João Baptista Figueiredo assumiu a presidência com a promessa de Hierarquização e regionalização
abertura política, e de fato a Comissão de Saúde da Câmara dos
Os serviços de saúde são divididos em níveis de complexidade; o
Deputados promoveu, no período de 9 a 11 de outubro de 1979, o I
nível primário deve ser oferecido diretamente à população, enquanto os
Simpósio sobre Política Nacional de Saúde, que contou com participação
outros devem ser utilizados apenas quando necessário. Quanto mais bem
de muitos dos integrantes do movimento e chegou a conclusões altamente
estruturado for o fluxo de referência e contra-referência entre os serviços
favoráveis ao mesmo; ao longo dadécada de 1980 o INAMPS passaria por

Biologia 63 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
de saúde, melhor a sua eficiência e eficácia. Cada serviço de saúde tem - alucinógenas:
uma área de abrangência, ou seja, é responsável pela saúde de uma alteram a percepção, provocando distúrbios no funcionamento do cé-
parte da população. Os serviços de maior complexidade são menos rebro, que passa a trabalhar de forma desordenada.
numerosos e por isso mesmo sua área de abrangência é mais ampla,
abrangência a área de vários serviços de menor complexidade. Principais drogas depressoras:
Ser eficiente e eficaz, produzindo resultados com qualidades. - Ansiolíticos ou tranquilizantes:
A Lei Orgânica da Saúde estabelece ainda os seguintes princípios: são medicamentos sedativos ou calmantes que aliviam a tensão e a
 Preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua ansiedade. Provocam relaxamento muscular, sonolência, descoordenação
integridade física e moral; dos movimentos. Em altas doses podem causar queda da pressão arterial
 Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; e quando utilizados com álcool, aumentam seus efeitos, podendo levar ao
 Divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de coma;
saúde e sua utilização pelo usuário; - Álcool etílico:
 Utilização da epidemiologia para o estabelecimento de
é obtido a partir da cana-de-açúcar, cereais ou frutas, por processo de
prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática;
fermentação ou destilação. Provocam desinibição, euforia, perda da capa-
 Integração, em nível executivo, das ações de saúde, meio-
cidade crítica, sonolência, sedação. O uso excessivo pode provocar náu-
ambiente e saneamento básico;
sea, vômito, tremores, suor abundante, dor de cabeça, tontura, agressivi-
 Conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e dade, diminuição da atenção, da concentração, dos reflexos. Seu uso
humanos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, na prolongado pode ocasionar doenças graves como cirrose hepática e atrofia
prestação de serviços de assistência à saúde da população; cerebral;
 Capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de
assistência; e - Inalantes ou solventes:
 Organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade substâncias químicas conhecidas como cola de sapateiro, esmalte,
de meios para fins idênticos. lança-perfume, loló. Provocam euforia, diminuição da fome, alucinações,
náusea, vômito, dores musculares. Em altas doses provam queda da
Áreas de atuação pressão arterial, diminuição da respiração e dos batimentos cardíacos,
Segundo o artigo 200 da Constituição Federal, compete ao SUS: podendo levar à morte. O uso contínuo causa problemas nos rins, destrui-
 Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de ção das células nervosas, suicídio.
interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, - Narcóticos:
equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; extraídos da papoula ou sintetizados em laboratório, são conhecidos
 Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como heroína, morfina e codeína. Provocam sonolência, torpor, alívio da
como as de saúde do trabalhador; dor, sedação, sensação de prazer e leveza. Podem levar a queda da
 Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; pressão arterial, diminuição da respiração e dos batimentos cardíacos,
 Participar da formulação da política e da execução das ações de podendo levar à morte.
saneamento básico;
Principais drogas estimulantes:
 Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento
científico e tecnológico; - Anfetaminas:
 Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de substâncias sintéticas que estimulam a atividade física e mental. Pro-
seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; vocam inibição do sono, diminuição do cansaço e da fome. Podem causar
 Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, aumento da pressão arterial, dos batimentos cardíacos, insônia, ansiedade,
guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e agressividade. Em altas doses poderão surgir distúrbios psicológicos
radioativos; graves como paranóia e alucinações. Alguns casos evoluem para compli-
 Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o cações cardíacas e circulatórias (derrame cerebral e infarto do miocárdio),
do trabalho. convulsões e coma.
Financiamento - Cocaína/crack:
substância extraída da folha da coca, planta encontrada na América do
Um bom trabalho está sendo feito, principalmente pelas prefeituras, Sul. Provoca sensação de poder, euforia, excitação, diminuição do cansaço
para levar assistência à saúde aos mais distantes sertões, aos mais pobres e da fome. O usuário vê o mundo brilhante, com mais intensidade. Pode
recantos das periferias urbanas. Por outro lado, os técnicos em saúde causar taquicardia, febre, dilatação das pupilas, excesso de suor, aumento
pública há muito detectaram o ponto fraco do sistema: o baixo orçamento da pressão sanguínea, insônia, ansiedade, paranóia, medo, pânico, irritabi-
nacional à saúde. Outro problema é aheterogeneidade de gastos, lidade e liberação da agressividade. Alguns casos evoluem para complica-
prejudicando os Estados e os municípios, que têm orçamentos mais ções cardíacas e circulatórias (derrame cerebral e infarto do miocárdio);
generosos, pela migração de doentes de locais onde os orçamentos são
mais restritos. - Tabaco:
extraído da folha do fumo. Provoca sensação de prazer, redução do
Assim, em 1993 foi apresentado uma Emenda Constitucional visando apetite (podendo levar a anemia crônica). Seu uso prolongado causa
garantir financiamento maior e mais estável para o SUS, semelhante foi ao problemas circulatórios, cardíacos e pulmonares. O hábito de fumar está
que a educação já tem há alguns anos. Proposta semelhante foi associado a vários tipos de câncer, como de pulmão, bexiga, próstata,
apresentada no legislativo de São Paulo (Pec 13/96). boca, entre outros. Aumenta o risco de aborto e parto prematuro e o nas-
DROGAS cimento de recém-nascidos de baixo peso.
Principais drogas alucinógenas:
Droga é toda substância natural ou artificial que quando introduzida no
organismo provoca modificações físicas e no comportamento da pessoa. - Maconha:
Existem basicamente três tipos de drogas: substância extraída da planta Cannabis sativa. Provoca excitação se-
- depressoras: guida de relaxamento, euforia, fome intensa, dificuldades de localização no
tempo e espaço, olhos avermelhados, pupilas dilatadas, boca seca, dimi-
diminuem a atividade mental, fazendo com que o cérebro funcione
nuição da atenção, da memória, dos reflexos, alucinações. Em altas doses
mais lentamente;
pode haver ansiedade intensa, pânico, paranóia. Seu uso prolongado pode
- estimulantes: levar a um quadro de desânimo generalizado.
aceleram a atividade mental;

Biologia 64 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
- LSD (ácido lisérgico) e cogumelos: A energia flui unidirecionalmente ao longo do ecossistema e é sempre
substâncias extraídas de plantas ou sintetizadas em laboratório. Pro- renovada pela luz solar. A matéria orgânica, porém, precisa ser reciclada e
vocam efeitos semelhantes aos da maconha, porém mais intensos. Aluci- nesse processo participam os seres vivos. Em qualquer ciclo existe a
nações, delírios, percepção deformada de sons, imagens e do tato. retirada do elemento ou substância de sua fonte, utilização por seres vivos
e devolução para a sua fonte. Os mais importantes ciclos da matéria são o
- Ecstasy: da água, o do carbono e o do nitrogênio.
substância sintética do tipo anfetamina. Provoca sensação de bem-
estar, plenitude, leveza, aguçamento dos sentidos, aumento da disposição Ciclo do carbono
e resistência física, alucinações, aumento da temperatura e desidratação, O carbono existente na atmosfera na forma de CO2 , entra na compo-
podendo levar à morte. O uso contínuo tende a substituir as sensações sição das moléculas orgânicas dos seres vivos a partir da fotossíntese, e a
agradáveis por ansiedade, medo, pânico e delírios sua devolução ao meio ocorre pela respiração aeróbica, pela decomposi-
Drogas ção e pela combustão da matéria orgânica.
Possíveis motivos que levam alguém a usar drogas:
- oportunidade de experimentar;
- o uso de drogas pode ser visto como algo excitante e ousado;
- as drogas podem modificar o que sentimos;
- influência de colegas e amigos;
- tentativa de amenizar sentimentos de solidão, inadequação, baixa
auto-estima, falta de confiança;
- busca de prazer.
Dependência:
é o impulso que leva uma pessoa a usar drogas de forma contínua ou
periódica para obter prazer. Alguns indivíduos podem fazer uso constante
de drogas para aliviar tensões, ansiedades, medos, sensações físicas
desagradáveis. O dependente não consegue controlar o consumo das
drogas, agindo de forma impulsiva e repetitiva. Quando pára de tomar ou
diminui bruscamente o seu uso, surgem sintomas e sinais físicos gerados
pela abstinência, e variam de acordo com a droga utilizada.
Prevenção:
diminuir a motivação que alguém possa vir a ter de usar drogas, cons- Ciclo do Oxigênio
cientizando-a sobre os danos sociais, físicos e psicológicos causados pelo No ecossistema, o elemento oxigênio captado pelos seres vivos pro-
seu uso. vém de três fontes principais: gás oxigênio (O2), gás carbônico (CO2) e
A família e a escola têm papel fundamental na prevenção. Diálogo, in- água (H2O).
formação, respeito, compreensão, confiança, são essenciais para que
crianças e adolescentes cresçam num ambiente saudável, onde suas O O2 é captado por plantas e animais e utilizado na respiração. Nesse
dúvidas possam ser esclarecidas. Quando o jovem se isola e o acesso a processo, átomos de oxigênio se combinam com átomos de hidrogênio,
ele se torna impossível, é sinal de que é necessário procurar ajuda externa. formando moléculas de água. A água formada na respiração é em parte
Nas escolas que adotam programas de prevenção, o uso de drogas deve eliminada para o ambiente através da transpiração, da excreção e das
ser discutido num contexto amplo, onde drogas, alimentação, sentimentos, fezes, e em parte utilizada em processos metabólicos. Dessa forma os
emoções, desejos, ideais, sejam entendidos como bem-estar físico, psíqui- átomos de oxigênio incorporados à matéria orgânica podem voltar à atmos-
co e social, ou seja: qualidade de vida. O jovem deve aprender a conhecer fera pela respiração e pela decomposição do organismo, que produzem
suas emoções e a lidar com suas dificuldades e problemas, a fim de que água e gás carbônico.
comportamentos de risco possam ser modificados. A água também é utilizada pelas plantas no processo da fotossíntese.
Tratamento: Nesse caso, os átomos de hidrogênio são aproveitados na síntese da
Existem diversos modelos de ajuda a dependentes de drogas. Trata- glicose, enquanto os de oxigênio são liberados na forma de O2.
mento médico, terapias cognitivas e comportamentais, psicoterapia, grupos O oxigênio presente no CO2 poderá voltar a fazer parte de moléculas
de auto-ajuda, comunidades terapêuticas. Nos últimos anos os especialis- orgânicas através da fotossíntese.
tas em dependência vêm realizando pesquisas para determinar que tipos
de dependentes se beneficiam de um ou outro tipo de ajuda. Entretanto
deve-se destacar que as abordagens medicopsicológicas têm se mostrado
mais eficazes na maior parte dos casos.
Fonte: Ministério da Saúde

OS SERES VIVOS E O AMBIENTE


1. Populações, comunidades e ecossistemas
O fluxo de energia e os ciclos da matéria nos ecossistemas.
Energia no ecossistema
A existência da comunidade de um ecossistema está ligada à energia
necessária à sobrevivência dos seres vivos a ela pertencentes. De maneira
geral, num ecossistema, existem vegetais capazes de realizar fotossíntese.
Deles dependem todos os demais seres vivos. O Sol é a fonte de energia Ciclo do Nitrogênio
utilizada pelos vegetais fotossintetizantes, que transformam a energia solar
em energia química contida nos alimentos orgânicos. Durante a realização O nitrogênio é um elemento indispensável para os seres vivos, fazen-
das reações metabólicas dos seres vivos, parte da energia química se do parte das moléculas de aminoácidos, proteínas, ácidos nucléicos.
transforma em calor, que é liberado para o ecossistema. Assim a energia Acontece que embora esteja presente em grande quantidade no ar , consti-
segue um fluxo unidirecional. tuindo o gás nitrogênio (N2), poucos seres vivos o assimilam nessa forma.

Biologia 65 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Apenas algumas bactérias, principalmente as cianobactérias, conseguem conhecimento da maioria, senão de todos os demais campos do saber...
captar o N2, utilizando-o na síntese de moléculas orgânicas nitrogenadas. Ecologia não é meio ambiente. Ecologia não é o lugar onde se vive. Ecolo-
Essas bactérias são chamadas fixadoras de nitrogênio. gia não é um descontentamento emocional com os aspectos industriais e
tecnológicos da sociedade moderna" (Wickersham et alii, 1975).
Os microorganismos fixadores de nitrogênio, quando morrem, liberam
no solo nitrogênio sob a forma de amônia (NH3). As bactérias do gênero "É a ciência que estuda as condições de existência dos seres vivos e
Nitrosomonas transformam essa substância em nitritos (HNO2), obtendo as interações, de qualquer natureza, existentes entre esses seres vivos e
energia no processo. seu meio"(Dajoz, 1973).
O nitrito (tóxico para as plantas) é transformado pelas bactérias do gê- "Ciência das relações dos seres vivos com o seu meio... Termo usado
nero Nitrobacter em nitratos (HNO3). O nitrato é a fonte de nitrogênio mais frequente e erradamente para designar o meio ou o ambiente"(Dansereau,
aproveitada. 1978).
Na fixação, entram as bactérias fixadoras de nitrogênio, entre elas as "...o ramo da ciência concernente à inter-relação dos organismos e
do gênero Rhizobium, que vivem em nódulos de raízes de leguminosas, seus ambientes, manifestada em especial por: ciclos e ritmos naturais;
que inclui o feijão, a soja, etc. Essa bactérias fixam o nitrogênio do ar e desenvolvimento e estrutura das comunidades; distribuição geográfica;
fornecem parte dele à planta hospedeira. Esta, oferece abrigo e substân- interações dos diferentes tipos de organismos; alterações de população; o
cias que as bactérias necessitam. É um exemplo de mutualismo. modelo ou a totalidade das relações entre os organismos e seu ambiente"
(Webster`s, 1976).
A devolução do nitrogênio à atmosfera é feita pela ação das bactérias
denitrificantes. Elas transformam os nitratos do solo em gás nitrogênio, que "Parte da Biologia que estuda as relações entre os seres vivos e o
volta à atmosfera, fechando o ciclo. meio ou ambiente em que vivem, bem como suas recíprocas influências.
Ramo das ciências humanas que estuda a estrutura e o desenvolvimento
das comunidades humanas em suas relações com o meio ambiente e sua
consequente adaptação a ele, assim como os novos aspectos que os
processos tecnológicos ou os sistemas de organização social possam
acarretar para as condições de vida do homem" (Ferreira, 1975).
"Disciplina biológica que lida com o estudo das interrelações dinâmicas
dos componentes bióticos e abióticos do meio ambiente"(USDT, 1980).
TEIA ALIMENTAR
Cadeia alimentar
A cadeia alimentar ou trófica é a maneira de expressar as relações de
alimentação entre os organismos de uma comunidade, iniciando-se nos
produtores e passando pelos herbívoros, predadores e decompositores,
por esta ordem. Ao longo da cadeia alimentar há uma transferência de
energia e de nutrientes (a energia diminui ao longo da cadeia alimentar),
sempre no sentido dos produtores para os decompositores. No entanto, a
transferência de nutrientes fecha-se com o retorno dos nutrientes aos
produtores, possibilitado pelos decompositores que transformam a matéria
orgânica em compostos mais simples, pelo que falamos de um ciclo de
Fonte: Amabis e Martho - Biologia 3 transferência de nutrientes. A energia, por outro lado, é utilizada por todos
os seres que se inserem na cadeia alimentar para sustentar as suas fun-
ções, não sendo reaproveitável. Esse processo é conhecido pelos ecolo-
Dinâmica das populações e das comunidades biológicas: gistas como fluxo de energia.
crescimento, interações, equilíbrio e sucessão.
A posição que cada um ocupa na cadeia alimentar é um nível hierár-
ECOLOGIA quico que os classifica entre produtores (como as plantas), consumidores
(como os animais) e decompositores (fungos e bactérias).
O termo "Ecologia" foi criado por Haeckel (1834-1919) em 1869, em
seu libro "Generelle Morphologie des Organismen", para designar "o estu- Porque frequentemente cada organismo se alimenta de mais de um ti-
do das relações de um organismo com seu ambiente inorgânico ou orgâni- po de animais ou plantas, as relações alimentares (também conhecidas por
co, em particular o estudo das relações do tipo positivo ou amistoso e do relações tróficas) tornam-se mais complexas, dando origem a redes ou
tipo negativo (inimigos) com as plantas e animais com que aparece pela teias alimentares, em que as diferentes cadeias alimentares se inter-
primeira vez em Pontes de Miranda, 1924, "Introdução à Política Científi- relacionam.
ca". O conceito original evoluiu até o presente no sentido de designar uma O primeiro nível trófico é constituído pelos seres autotróficos, também
ciência, parte da Biologia, e uma área específica do conhecimento humano conhecidos por produtores, capazes de sintetizar matéria orgânica a partir
que tratam do estudo das relações dos organismos uns com os outros e de substâncias minerais e fixar a energia luminosa sob a forma de energia
com todos os demais fatores naturais e sociais que compreendem seu química. Os organismos deste nível são as plantas verdes, as cianófitas ou
ambiente. cianofíceas (algas verde-azuladas ou azuis) e algumas bactérias que,
"Em sentido literal, a Ecologia é a ciência ou o estudo dos organismos devido à presença de clorofila (pigmento verde), podem realizar a fotossín-
em sua casa, isto é, em seu meio... define-se como o estudo das relações tese. Estes organismos são também conhecidos por produtores primários.
dos organismos, ou grupos de organismos, com seu meio... Está em maior Os níveis seguintes são compostos por organismos heterotróficos, ou
consonância com a conceituação moderna definir Ecologia como estudo da seja, aqueles que obtêm a energia de que precisam de substâncias orgâni-
estrutura e da função da natureza, entendendo-se que o homem dela faz cas produzidas por outros organismos. Todos os animais e fungos são
parte" (Odum, 1972). seres heterotróficos, e este grupo inclui os herbívoros, os carnívoros e os
"Deriva-se do grego oikos, que significa lugar onde se vive ou hábitat... decompositores.
Ecologia é a ciência que estuda dinâmica dos ecossistemas... é a disciplina Os herbívoros são os organismos do segundo nível trófico, que se ali-
que estuda os processos, interações e a dinâmica de todos os seres vivos mentam diretamente dos produtores (por exemplo, a vaca). Eles são
com cada um dos demais, incluindo os aspectos econômicos, sociais, chamados de consumidores primários; os carnívoros ou predadores são os
culturais e psicológicos peculiares ao homem...é um estudo interdisciplinar organismos dos níveis tróficos seguintes, que se alimentam de outros
e interativo que deve, por sua própria natureza, sintetizar informação e animais (por exemplo o leão). O carnívoro, que come o herbívoro, é cha-
Biologia 66 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
mado de consumidor secundário. Existem seres vivos que se alimentam lhantes no mesmo ambiente, o que gera uma sobreposição de nichos, o
em diferentes níveis tróficos, tal como o Homem que inclui na sua alimen- que pode ser traduzido por competição. Este fato faz com que o nicho
tação seres autotróficos, como a batata, e seres herbívoros como a vaca. ideal, seja reduzido ao chamado nicho real, ou nicho realizado. Grupos de
espécies com nichos semelhantes em uma mesma comunidade são cha-
Os decompositores são organismos que se alimentam de matéria mor- mados Guildas e em comunidades diferentes são denominados Equivalen-
ta e excrementos, provenientes de todos os outros níveis tróficos. Este tes ecológicos.
grupo inclui algumas bactérias e fungos. O seu papel num ecossistema é
muito importante uma vez que transformam as substâncias orgânicas de O tamanho dos nichos reais (realizados) varia muito de acordo com a
que se alimentam em substâncias minerais. Estas substâncias minerais espécie. Pode ser muito extenso, como por exemplo o dos animais migra-
são novamente utilizáveis pelas plantas verdes, que sintetizam de novo tórios, de vida longa e generalistas (têm variada dieta alimentar), ou extre-
matéria orgânica, fechando assim o ciclo de utilização da matéria. mamente reduzidos, como no caso de espécies parasitas internos de
animais.
Ao longo da cadeia alimentar há uma transferência de energia e de
matéria orgânica. Estas transferências têm aspectos semelhantes, uma vez Em muitos casos, quando ocorre sobreposição de nichos e competi-
que se realizam sempre dos autotróficos para os níveis tróficos superiores ção, há uma tendência das populações se especializarem no uso e apro-
(herbívoros, carnívoros e decompositores), mas existe uma diferença veitamento de recursos diferentes, ou ocuparem espaços distintos de um
fundamental: os nutrientes são reciclados pelos decompositores, que os mesmo ambiente. Por exemplo, várias aves insetívoras (comedoras de
tornam disponíveis para os seres autotróficos sob a forma de minerais, insetos) podem coexistir em uma mesma floresta desde que cada uma se
fechando assim o ciclo da matéria, enquanto a energia, que é utilizada por alimente em um estrato diferente da mesma (nas copas, nos troncos, no
todos os seres vivos para a manutenção da vida, é parcialmente consumi- solo, etc), e isso realmente ocorre. A especialização gera uma redução no
da em cada nível trófico. Assim, a única fonte de energia num ecossistema nicho ecológico das espécies mas por outro lado propicia a continuidade da
são os seres autotróficos e, simultaneamente, todos os seres vivos depen- sua sobrevivência no ecossistema. Os efeitos negativos e indesejáveis da
dem dessa energia para realizar as suas funções vitais. Como apenas uma competição entre espécies ecologicamente similares são evitados a todo o
parte da energia que chega a um determinado nível trófico passa para o custo.
nível seguinte: apenas 10% da energia de um nível é produzido a partir do
próximo, o que geralmente restringe o número de níveis a não mais do que POPULAÇÃO
cinco, pois em determinado nível a energia disponível é insuficiente para Ecologia de População
permitir a subsistência
1. Introdução
Exemplos de cadeia alimentar
O tamanho das populações deve manter-se mais ou menos constante,
Terrestre: ao longo do tempo, em ecossistemas em equilíbrio. Alterações no tamanho
Folhas de uma árvore -> Gafanhoto -> Ave -> Jaguatirica -> Decompo- de uma população podem determinar alterações em outras populações que
sitores com ela coexistem e interagem em uma comunidade estável, provocando
Folhas -> Lagarta -> Sapo -> Cobra -> Coruja desequilíbrios ecológicos.
Aquática:
Algas -> Caramujos -> Peixes -> Carnívoros -> Aves aquáticas -> De- Neste capítulo, serão estudadas as principais características de uma
compositores. população e, depois, os principais fatores bióticos reguladores do tamanho
das populações. Esses fatores são fundamentais para a manutenção do
equilíbrio do ecossistema.
TEIA ALIMENTAR
2. Potencial biótico
Teia ou rede alimentar é um conjunto de cadeias alimentares interco-
nectadas, geralmente representado como um diagrama das relações entre O potencial biótico de uma população corresponde à sua capacidade
os diversos organismos de um ecossistema. As teias alimentares, em potencial para aumentar seu número de indivíduos em condições ideais,
comparação com as cadeias, apresentam situações mais perto da realida- isto é, sem que nada haja para impedir esse aumento.
de, onde cada organismo se alimenta em vários níveis hierárquicos diferen- Na natureza, entretanto, verifica-se que o tamanho das populações em
tes e produz uma complexa teia de interações alimentares. Todas as comunidades estáveis não aumenta indefinidamente, mas permanece
cadeias alimentares começam com um único organismo produtor, mas relativamente constante. Isto se deve a um conjunto de fatores que se
uma teia alimentar pode ter vários produtores. A complexidade de teias opõem ao potencial biótico. A esse conjunto de fatores dá-se o nome de
alimentares limita o número de níveis hierárquicos, assim como na cadeia. resistência ambiental.
É dividido em Níveis tróficos e também Produtor e consumidores.
Os principais fatores de resistência ambiental regulam, portanto, o ta-
HABITAT E NICHO ECOLÓGICO manho das populações.
O habitat de um organismo é o lugar onde ele vive, o ambiente ocupa- Para determinar a resistência ambiental calcula-se a diferença entre a
do por ele. O habitat representa então o espaço físico mais provável de se taxa teórica de crescimento de uma população sob condições ideais (po-
encontrar determinada espécie. Assim, o habitat dos macacos são as tencial biótico) e a taxa real observada na natureza.
árvores da floresta; dos cupins é o interior da madeira; dos corais são as
águas claras, rasas e quentes dos trópicos; das cracas são os costões 3. A curva de crescimento de uma população
rochosos, e assim por diante.
A curva de crescimento populacional mais comum é a sigmóide, como
O conceito de nicho ecológico é mais abrangente que o de habitat, a representada a seguir.
pois considera não apenas o espaço utilizado pela espécie (habitat) mas
também a sua posição na teia trófica da comunidade (nicho trófico) e a sua
relação com os fatores ambientais, ou seja, a área ideal para a ocorrência
da espécie dentro do gradiente ambiental de temperatura, umidade, lumi-
nosidade, etc. (hipervolume). O nicho ecológico é portanto o local onde
vive o organismo, suas exigências ambientais e sua relação com seus
predadores e presas. É considerado portanto a identidade ecológica da
espécie, como ela é e tudo o que ela faz.
Uma espécie qualquer tem seu nicho teórico, ou mais tecnicamente ni-
cho ideal, como a área de ação possível sem a presença de qualquer
interferência externa, como a competição com outras espécies. No entanto,
normalmente existem mais de uma espécie com hábitos e habitats seme-

Biologia 67 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Quando uma população inicia a colonização de um ambiente propício vamos analisar, no entanto, apenas os fatores bióticos: competição infra-
ao seu desenvolvimento, verifica-se que o crescimento inicial é lento, pois específica, competição interespecífica, predação e parasitismo.
há pequeno número de indivíduos e, consequentemente, a taxa de repro-
dução é pequena. À medida que aumenta o número de organismos, a taxa 7.1 Competição infra-específica
de reprodução também aumenta. Com isso, o crescimento da população A competição infra-específica determina, basicamente, a densidade da
aumenta. Se não houvesse os fatores de resistência do meio, o crescimen- população em um dado local. Ela ocorre quando os recursos do ambiente
to da população seria exponencial, representando o seu potencial biótico. não existem em quantidade adequada para todos.
No entanto, à medida que a população cresce, aumenta a resistência Um exemplo de competição intra-específica por espaço, determinando
ambiental, reduzindo o potencial biótico. Isso ocorre até que se estabeleça um controle no tamanho das populações, é a territorialidade. A delimitação
um equilíbrio entre a resistência ambiental e o potencial biótico. A partir de de um "território", ou seja, de um espaço em que um grupo de organismos
então, tem-se uma população cujo tamanho é máximo para aquele ambien- passa a agir livremente sem a interferência de outro grupo de indivíduos da
te, em função da resistência do meio. Pequenas oscilações em torno desse população, é um comportamento bem conhecido para muitas espécies de
tamanho máximo podem, no entanto, ocorrer. peixes, aves e mamíferos, tais como macacos, focas, elefantes-marinhos,
4. Densidade da população coelhos e castores.
O território é, em geral, delimitado pelo macho da espécie no início da
A densidade corresponde ao número de indivíduos de uma população estação reprodutiva e defendido por ele contra outros machos da mesma
em uma determinada área ou volume. população. Entretanto, não são todos os machos da população que conse-
guem estabelecer o seu território. Apenas os que o conseguem têm maior
probabilidade de atrair fêmeas e se reproduzir.
A territorialidade ajuda, portanto, a evitar a superpopulação, uma vez
que determina um espaço mínimo por casal ou por grupo de indivíduos.
Quando, em uma população, ocorre o fenômeno da superpopulação,
ou seja, aumento do número de indivíduos acima da capacidade do meio,
vários mecanismos de retorno à densidade anterior podem ser verificados.
O crescimento de uma população depende de dois conjuntos de fato- Um deles é a emigração.
res: um que contribui para o aumento da densidade, do qual fazem parte a
taxa de natalidade e a taxa de imigração, e outro que contribui para a Um exemplo de emigração como resposta à superpopulação pode ser
diminuição da densidade, do qual fazem parte a taxa de mortalidade e a dado pelos lemingues, pequenos roedores que habitam as tundras da
taxa de emigração. O modo como esses fatores interagem determina se e América do Norte e da Eurásia.
como o crescimento da população sofre variação. Esses animais têm alto potencial reprodutivo, podendo apresentar ver-
dadeiras explosões populacionais a cada três ou quatro anos. Quando isso
5. Taxa de natalidade e taxa de mortalidade acontece, grandes grupos de lemingues emigram da região em que ocor-
A taxa de natalidade corresponde à velocidade com que novos indiví- reu a superpopulação, sem direção definida. Têm sido registrados numero-
duos são adicionados à população, por meio da reprodução. A taxa de sos casos em que, mesmo diante de obstáculos como rios, lagos ou preci-
mortalidade corresponde à velocidade com que indivíduos são eliminados pícios, os lemingues não detiveram sua marcha e mergulharam nesses
da população, por morte. Em ambas as taxas o fator tempo é importante. locais, morrendo.
O mecanismo que determina essa grande emigração, que pode levar
Em populações naturais em geral, a taxa de mortalidade é mais alta ao suicídio coletivo, parece ser desencadeado por alterações hormonais
em populações com alta taxa de natalidade. Uma população de ostras, por decorrentes da superpopulação. Dessa forma, a população que apresentou
exemplo, produz milhares de ovos em cada estação reprodutiva, mas,
a grande explosão numérica retorna à densidade compatível com os recur-
dentre estes, apenas alguns formam indivíduos que atingem a idade adulta
sos do meio.
ou reprodutiva. Nos grandes mamíferos, entretanto, a taxa de natalidade é
menor do que as obtidas em populações de ostras, mas a taxa de mortali- 7.2 Competição interespecífica
dade também é menor.
A competição interespecífica ocorre quando duas populações de es-
Cada uma dessas taxas, isoladamente, diz pouco sobre o crescimento pécies diferentes, em uma mesma comunidade, apresentam nichos ecoló-
da população. Para isso, deve-se calcular seu índice de crescimento, gicos iguais ou muito semelhantes, desencadeando um mecanismo de
assim definido: disputa pelo mesmo recurso do meio, quando este não é suficiente para as
duas populações. Esse mecanismo pode determinar controle da densidade
Taxa de natalidade das duas populações que estão interagindo, extinção de uma delas ou,
I.C.
= Taxa de mortalidade ainda, especialização do nicho ecológico.
Toda competição, intra ou interespecífica, sempre traz resultados posi-
I.C. = índice de crescimento tivos em termos da seleção natural, pois tende à manutenção dos indiví-
duos mais bem adaptados, em detrimento dos menos adaptados.
Quando a taxa de natalidade é alta e a de mortalidade é baixa, a popu-
lação está crescendo e o índice de crescimento é maior que 1. Ao contrá- Um exemplo de competição interespecífica controlando a densidade
rio, quando a taxa de mortalidade é mais alta do que a de natalidade, a de populações foi mostrado por Connel, em 1961, através de estudos
população está diminuindo e o índice é menor que 1. Em países desenvol- experimentais em costões rochosos na Escócia. Esse pesquisador investi-
vidos, a taxa de natalidade e a de mortalidade da espécie humana se gou a relação entre duas espécies de cracas, que vivem na região entre-
aproximam, daí resultando um índice de crescimento próximo de 1. marés de costões rochosos marinhos: Chthamalus stellatus, que vive na
região superior do costão, e Balanus balanoides, que vive logo abaixo.
6. Taxa de imigração e taxa de emigração Connel verificou que adultos dessas duas espécies ocupavam duas zonas
horizontais distintas, com uma pequena área de superposição. Nas rochas
Correspondem, respectivamente, ao número de indivíduos que entram
da região entremarés, o espaço para fixação e crescimento é muito reduzi-
e que saem de uma população, por unidade de tempo. Esses dois meca-
do, determinando acirrada competição.
nismos correspondem à dispersão ou à migração dos organismos.
Connel raspou várias regiões de rochas e as manteve isoladas da
Certas populações animais apresentam migrações em função das es- ação de predadores. Ele verificou que as larvas dessas duas espécies
tações do ano. fixavam-se em extensões verticais mais amplas do que aquelas em que se
7. Fatores bióticos reguladores do tamanho da população encontravam os adultos de cada uma delas. Connel deixou, também, que
as larvas de Balanus se desenvolvessem sem a interferência de Chthama-
A regulação do tamanho das populações é feita por vários fatores, abi- lus, que eram removidos da área experimental tão logo se fixavam. Connel
óticos e bióticos. Um importante fator abiótico, por exemplo, é o clima. Aqui verificou alta mortalidade de Balanus na região superior em função da

Biologia 68 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
dessecação, muito maior nessa parte do costão que só é banhada por É comum diferenciar-se as relações em harmônicas e desarmônicas.
marés bem altas. Dessa forma, a distribuição de Balanus no costão parece Nas harmônicas não há prejuízo para nenhuma das partes associadas, e
ser regida principalmente por fatores físicos, como a dessecação. nas desarmônicas há.
Em outro local, Connel deixou que as larvas de Chthamalus se desen- Relações Intra-específicas Harmônicas
volvessem sem a interferência das larvas de Balanus. Neste caso, verificou
que Chthamalus ocupou grande parte da região em que Balanus ocorria a) Colônias
quando adulto. Acompanhando, também, o crescimento conjunto de Agrupamento de indivíduos da mesma espécie que revelam um grau
Chthamalus e de Balanus, Connel demonstrou que, enquanto a população de interdependência e se mostram ligados uns aos outros, sendo impossí-
de Balanus é limitada principalmente por fatores físicos, a população de vel a vida quando isolados do conjunto, podendo ou não ocorrer divisão do
Chthamalus nos níveis médios e inferiores da região entremarés é contro- trabalho.
lada por competição com Balanus, que a restringe à região superior da
zona entremarés. Chthamalus mais resistente à dessecação do que Bala- Ex.: As cracas, os corais e as esponjas vivem sempre em colônias.
nus, consegue sobreviver bem nessa região. b) Sociedades
É importante lembrar que, além da competição interespecífica, há ain- São agrupamentos de indivíduos da mesma espécie que têm plena
da competição infra-específica entre os indivíduos de cada uma dessas capacidade de vida isolada mas preferem viver na coletividade. Os indiví-
populações, que também interfere no controle da densidade populacional. duos de uma sociedade têm independência física uns dos outros. Pode
A competição intra-específica ocorre nas zonas características dessas ocorrer um certo grau de diferenciação de formas entre eles e de divisão
espécies. de trabalho com alguns insetos denominados sociais (que formam socie-
dade). A comunicação é feita através dos ferormônios - substâncias quími-
cas que servem para essa função. Os ferormônios são usados na demar-
cação de territórios, atração sexual, transmissão de alarme, localização de
alimento e organização social.
Ex.: as formigas, as abelhas e os cupins.
Relações Intra-específicas Desarmônicas
a) Canibalismo
Canibal é o indivíduo que mata e come outro da mesma espécie.
Essa distribuição por zonas – Chthamalus na região superior e Bala- Ex.: ocorre com escorpiões, aranhas, peixes, planárias, roedores, etc.
nus na região inferior de rochas na região entremarés – também pode ser Na espécie humana, quando existe, recebe o nome de antropofagia (do
constatada no litoral brasileiro. No exemplo dado, portanto, a população de grego anthropos, homem; phagein, comer).
Balanus exerceu, nos níveis médios e inferiores da região entremarés,
controle sobre a densidade da população de Chthamalus. Relações Interespecíficas Harmônicas
7.3 Predação a) Comensalismo
A relação predador-presa em comunidades estáveis evolui de modo a É uma associação em que uma das espécies — a comensal — é be-
estabelecer equilíbrio entre os indivíduos da relação. A população de neficiada, sem causar benefício ou prejuízo ao outro (não-comensal).
predadores pode determinar a densidade de presas, assim como o inverso Ex.: A rêmora é um peixe dotado de ventosa com a qual se prende ao
também pode ocorrer. ventre dos tubarões, aproveita os restos alimentares que caem na boca do
Um exemplo próximo, da ação do predador sobre a população de pre- seu grande "anfitrião". A Entamoeba colié um protozoário comensal que
sas, é o que está acontecendo no pantanal matogrossense. Ali havia vive no intestino humano, onde se nutre dos restos da digestão.
muitos jacarés, que controlavam a população de suas presas: as piranhas. b) Inquilinismo
Atualmente, a matança de jacarés nas regiões do pantanal, movida por
interesses humanos pela exploração de couro, reduziu a população desses É a associação em que apenas uma espécie (inquilino) se beneficia,
animais. Com isso, houve aumento da população de piranhas. procurando abrigo ou suporte no corpo de outra espécie (hospedeiro), sem
prejudicá-lo. Trata-se de uma associação semelhante ao comensalismo,
7.4 Parasitismo
não envolvendo alimento.
Os parasitas são mais específicos do que os predadores em relação à
Ex.: Peixe-agulha e holotúria, o peixe-agulha apresenta um corpo fino
obtenção de alimento. Enquanto os predadores podem procurar várias
e alongado e se protege contra a ação de predadores abrigando-se no
outras fontes de alimento quando uma população de presas se reduz, os
interior das holotúrias (pepinos-do-mar), sem prejudicá-los.
parasitas, em geral, instalam-se apenas em uma ou em algumas espécies.
As epífitas (epi, em cima) são plantas que crescem sobre outras plan-
Essa característica é importante nos estudos feitos atualmente sobre o
tas sem parasitá-las, usando-as apenas como suporte. Ex.: as orquídeas e
controle biológico de pragas. O controle por meio de parasitas parece ser
as bromélias.
mais adequado, uma vez que é específico. Já o predador, empregado
como agente controlador, pode utilizar-se de outro recurso e provocar c) Mutualismo
alterações nas redes alimentares. Pardais originários da Inglaterra, por
exemplo, foram introduzidos em Nova York, para controlar uma espécie de Associação na qual duas espécies envolvidas são beneficiadas, po-
lagarta. O pardal, no entanto, utilizou vários outros alimentos, além dessa rém, cada espécie só consegue viver na presença da outra, associação
espécie de lagarta, espalhando-se pelos Estados Unidos e tornando-se permanente e obrigatória entre dois seres vivos de espécies diferentes.
praga em alguns lugares. (Fonte: /www.mesologia.hpg.ig.com.b) Ex.:
Relações Ecológicas entre Seres Vivos 1.Líquens - constituem associações entre algas unicelulares e certos
Podemos classificar as relações entre seres vivos inicialmente em dois fungos. As algas sintetizam matéria orgânica e fornecem aos fungos parte
grupos: do alimento produzido. Esses, por sua vez, retiram água e sais minerais do
substrato, fornecendo-os às algas. Além disso, os fungos envolvem com
As intra-específicas, que ocorrem entre seres da mesma espécie; suas hifas o grupo de algas, protegendo-as contra desidratação.
As interespecíficas, entre seres de espécies diferentes. 2.Cupins e protozoários - ao comerem madeira, os cupins obtêm gran-
des quantidades de celulose, mas não conseguem produzir a celulase,

Biologia 69 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
enzima capaz de digerir a celulose. Em seu intestino existem protozoários lha", podem determinar a morte da fauna marinha. A secreção e eliminação
flagelados capazes de realizar essa digestão. Assim, os protozoários se de substâncias tóxicas pelas raízes de certas plantas impede o crescimen-
valem em parte do alimento do inseto e este, por sua vez, se beneficia da to de outras espécies no local.
ação dos protozoários. Nenhum deles, todavia, poderia viver isoladamente.
b) Parasitismo
3.Ruminantes e microorganismos - no estômago dos ruminantes tam-
bém se encontram bactérias que promovem a digestão da celulose ingeri- O parasitismo é caracterizado pela espécie que se instala no corpo de
da com a folhagem. outra, dela retirando matéria para a sua nutrição e causando-lhe, em
consequência, danos cuja gravidade pode ser muito variável, desde pe-
4.Bactérias e raízes de leguminosas - no ciclo do nitrogênio, bactérias quenos distúrbios até a própria morte do indivíduo parasitado. É uma
do gênero Rhizobium produzem compostos nitrogenados que são assimi- associação obrigatória para o parasita. De um modo geral, a morte do
lados pelas leguminosas, por sua vez, fornecem a essas bactérias a maté- hospedeiro não é conveniente ao parasita, mas muitas vezes ela ocorre.
ria orgânica necessária ao desempenho de suas funções vitais.
Ex.: algumas plantas, como as ervas-de-passarinho, cipó-chumbo.
5.Micorrizas - são associações entre fungos e raízes de certas plantas,
como orquídeas, morangueiros, tomateiros, pinheiros, etc. O fungo, que é c) Predatismo
um decompositor, fornece ao vegetal nitrogênio e outros nutrientes mine- O predatismo é o ato de um animal capturar outro para alimentar-se. O
rais; em troca, recebe matéria orgânica fotossintetizada. predador e a presa pertencem a espécies diferentes.
d) Protocooperação Os predadores são geralmente maiores e menos numerosos que suas
Trata-se de uma associação bilateral, entre espécies diferentes, na presas, sendo exemplificados pelos animais carnívoros.
qual ambas se beneficiam; contudo, tal associação não é obrigatória, As duas populações - de predadores e presas - geralmente não se ex-
podendo cada espécie viver isoladamente. tinguem e nem entram em superpopulação, permanecendo em equilíbrio
Ex.: no ecossistema. Para a espécie humana, o predatismo, como fator limitan-
te do crescimento populacional, tem efeito praticamente nulo.
1.Alguns animais que promovem a dispersão de algumas plantas co-
mendo-lhes os frutos e evacuando as suas sementes em local distante; a Algumas espécies desenvolveram adaptações para se defenderem ao
ação de insetos que procuram o néctar das flores e contribuem involuntari- predatismo:
amente para a polinização das plantas. Mimetismo; é uma forma de adaptação que muitas espécies se tornam
2.Caramujo paguro e actínias - também conhecido como bernardo- semelhantes a outras, disso obtendo algumas vantagens. Ex.: a cobra
eremita, trata-se de um crustáceo marinho que apresenta o abdômen longo falsa-coral é confundida com a coral-verdadeira, muito temida, e, graças a
e mole, desprotegido de exoesqueleto. A fim de proteger o abdomên, o isso, não é importunada pela maioria das outras espécies.
bernardo vive no interior de conchas vazias de caramujos. Sobre a concha Camuflagem; é uma forma de adaptação morfológica pela qual uma
aparecem actínias ou anêmonas-do-mar (celenterados), animais portado- espécie procura confundir suas vítimas ou seus agressores revelando
res de tentáculos urticantes. Ao paguro, a actínia não causa qualquer dano, cor(es) e/ou forma(s) semelhante(s) a coisas do ambiente. Ex.: o louva-a-
pois se beneficia, sendo levada por ele aos locais onde há alimento. Ele, deus, que é um poderoso predador, se assemelha a folhas; o bicho-pau
por sua vez, também se beneficia com a eficiente "proteção" que ela lhe assemelha-se a galhos, confundindo seus predadores.
dá.
Aposematismo: trata-se de espécies que exibem cores de advertência,
3.Pássaro-palito e crocodilo - o pássaro-palito penetra na boca dos cores vivas e marcantes para afastar seus possíveis predadores, que já a
crocodilos, alimentando-se de restos alimentares e de vermes existentes reconhecem pelo gosto desagradável ou pelos venenos que possui. Ex.:
na boca do réptil. A vantagem é mútua, porque, em troca do alimento, o muitas rãs apresentam cores vivas
pássaro livra os crocodilos dos parasitas. Obs.: A associação ecológica
verificada entre o pássaro-palito e o crocodilo africano é um exemplo de
mutualismo, quando se considera que o pássaro retira parasitas da boca BIOMAS TERRESTRES
do réptil. Mas pode ser também descrita como exemplo de comensalismo;
nesse caso o pássaro atua retirando apenas restos alimentares que ficam Embora represente apenas 28% da área total do globo, este apresenta
situados entre os dentes do crocodilo. um grande número de espécies. Os biomas que o compõe englobam
animais e vegetação existentes em um dado clima. Os principais biomas
4.Anu e gado - o anu é uma ave que se alimenta de carrapatos exis- terrestres são: Tundra, Taiga, Floresta temperada, Floresta tropical, Cam-
tentes na pele do gado, capturando-os diretamente. Em troca, o gado livra- pos e Desertos. Tundra: é um bioma localizado na região do Círculo Polar
se dos indesejáveis parasitas. Ártico. Taiga: situa-se em partes do Alasca, Canadá, Estados Unidos e
e) Esclavagismo ou sinfilia Sibéria. Florestas Temperadas: localizam-se nos Estados Unidos, Europa,
China, Sibéria, Ásia, Coreia e Japão. Florestas Tropicais: Equador, Améri-
É uma associação em que uma das espécies se beneficia com as ati- ca do Sul e Central, na África, na Ásia e em linhas do oceano Pacífico.
vidades de outra espécie. Campos: em regiões dos Estados Unidos, na Austrália, América do Sul
Ex.: os pulgões do gênero Aphis, habitam formigueiros e são benefici- (Brasil e Argentina) e na Eurásia. Desertos: o maior é deserto do Saara na
ados pela facilidade de encontrar alimentos e até mesmo pelos bons tratos África, na Austrália, Arábia Saudita, Chile, Estados Unidos e México
a eles dispensados pelas formigas (transporte, proteção, etc). Essa associ- Tundra
ação é considerada harmônica e um caso especial de protocooperação por
muitos autores, pois a união não é obrigatória à sobrevivência. Nas regiões polares, onde os dias e noites são extremamente longos,
o ritmo biológico tende a acompanhar mais as variações de temperatura do
Relações Interespecíficas Desarmônicas que a quantidade de luz solar aproveitável no processo de fotossíntese. A
a) Amensalismo ou Antibiose tundra é o organismo vegetal mais adaptado a essas condições.

Relação na qual uma espécie bloqueia o crescimento ou a reprodução Tundra é a vegetação herbácea encontrada nas regiões polares (tun-
de outra espécie, denominada amensal, através da liberação de substân- dra ártica) e em montanhas muito altas (tundra alpina), na qual predomi-
cias tóxicas. É a relação em que um dos seres é prejudicado sem que nam gramíneas, ciperáceas e vários subarbustos, sob os quais uma série
disso resulte benefícios para o outro. de musgos e liquens revestem o solo. O conjunto atinge 15 a 30cm de
altura, em média. Os raros arbustos não ultrapassam um metro de altura. A
Ex.: Os fungos Penicillium notatum eliminam a penicilina, antibiótico variedade de tundra alpina coloniza as altas montanhas da zona tempera-
que impede que as bactérias se reproduzam. As substâncias secretadas da, acima do nível atingido pelas árvores. O clima da tundra é mais rigoro-
por dinoflagelados Gonyaulax, responsáveis pelo fenômeno "maré verme- so nas regiões polares, onde as temperaturas variam de 4o C, no verão, a -

Biologia 70 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
32o C, nos meses de inverno. O clima de tundra alpina é mais ameno, com Distinguem-se vários tipos de selvas. A erófila ou montana é aquela
invernos moderados em que as mínimas não ultrapassam os -18o C. localizada na montanha, em geral formada por três camadas superpostas
de vegetação: a primeira, ou inferior, muito exuberante; a segunda, já no
A tundra ártica se estende pelo extremo setentrional da América, Eu- nível em que pairam as nuvens, chamada de mata nebular ou bosque
ropa e Ásia. O solo está sempre congelado (permafrost) até centenas de nubígeno; e a terceira, localizada nas proximidades dos picos, onde as
metros de profundidade. Somente uma fina camada superficial degela árvores escasseiam e dominam as comunidades herbáceas. As selvas
durante o verão ártico, período em que a vegetação se desenvolve. O equatoriais ou tropicais constituem um dos tipos mais complexos, ricos e
clima de tundra ocorre também nas terras polares da América do Sul, Terra variados de ecossistema terrestre. Desenvolvem-se em uma ampla faixa
do Fogo e regiões da Antártica que não estão permanentemente cobertas situada em ambos os lados da linha do equador, onde se registram condi-
de gelo. ções ótimas de temperatura e umidade para o crescimento de grandes
Os animais característicos da tundra ártica são o urso polar e a rapo- massas vegetais. É característica da selva tropical a oscilação mínima de
sa, o lobo, a lebre e a doninha do Ártico. Muitos desses animais desenvol- temperatura, se comparada com a que se registra nos demais ecossiste-
vem uma pelagem branca durante os meses de inverno como camuflagem. mas terrestres. Os manguezais também são matas pluviais dos trópicos,
Também estão adaptados a esse ecossistema grandes herbívoros como o com árvores menos altas e caracterizadas pelas raízes respiratórias e
caribu, o boi-almiscareiro e a rena. aracnóideas, para sustentação da planta em solos lodosos e pouco consis-
tentes.
A tundra alpina forma-se nas regiões em que a altitude excessiva im-
pede o crescimento de árvores. Embora as temperaturas médias costu- Distribuição, flora e fauna. Existem selvas nas Américas Central e do
mem ser muito baixas, o subsolo não fica congelado o ano inteiro. Predo- Sul, das quais a amazônica é a mais exuberante; na zona equatorial afri-
minam pequenos arbustos e plantas herbáceas, exceto nos cumes mais cana, Madagascar e certas áreas do sudeste da África; nas regiões meridi-
altos, onde se desenvolvem somente musgos e liquens. A variedade de onais da Ásia, desde a Índia até a Nova Guiné; e em uma estreita mas
espécies animais é limitada e apenas parcialmente adaptada ao ambiente extensa faixa do litoral setentrional da Austrália.
invernal. Carneiros e cabritos monteses, camurças, gatos selvagens e A vegetação na selva se distribui em estratos bem diferenciados, do
diversas aves descem para áreas mais quentes em busca de alimento no nível do solo às camadas mais altas: o estrato herbáceo, constituído por
inverno. Marmotas e esquilos consomem grande quantidade de vegetação plantas que crescem perto da terra e não ultrapassam meio metro de
no verão e no início do outono, para depois hibernarem. ©Encyclopaedia altura; o arbustivo, integrado por espécies cuja envergadura chega a cinco
Britannica do Brasil Publicações Ltda. metros; o estrato médio, até os 15m; o estrato arbóreo contínuo, até os
Taiga 25m; e o estrato das grandes árvores, que podem atingir até 35m de altura.
A concorrência entre as plantas é muito intensa, pois a escassez de espa-
Vegetação característica da região subpolar, a taiga é uma das maio- ço e de luz exige das espécies múltiplas adaptações.
res fontes mundiais de produção de madeira e forma um tipo de floresta
conhecido também como floresta boreal. A selva é o paraíso dos invertebrados terrestres: caracóis gigantes da
África tropical, sanguessugas Haemadipsa do Extremo Oriente, tarântulas
Taiga é uma vegetação caracterizada pela predominância de conífe- sul-americanas, lacraias e centopeias. O calor e a umidade mantêm ativo o
ras. Forma florestas abertas que se estendem no norte do continente metabolismo desses animais ao longo de todos os meses do ano, assim
americano e na Eurásia, da Suécia ao oceano Pacífico, entre a região de como o dos vertebrados poiquilotermos (anfíbios e répteis), que em regiões
tundra ao norte, mais fria, e a temperada, ao sul. O solo entre as árvores, mais frias experimentam um período de letargia nas estações rigorosas.
sobretudo nas áreas setentrionais extremas, é frequentemente coberto de Têm nas selvas o seu principal habitat inúmeras espécies de aves, dos
tapetes de líquen, vegetal formado pela associação de alga verde ou azul faisões asiáticos aos colibris americanos; grandes felinos, como o jaguar,
com um fungo superior. Pouco favorável à agricultura, o solo típico para na América; o leopardo, na África; e o tigre, na Ásia; mamíferos insetívoros,
desenvolvimento da taiga é o podzol, ou solo podzólico, que permanece morcegos frugíveros e a quase totalidade dos primatas. ©Encyclopaedia
gelado durante cerca de seis meses por ano. Britannica do Brasil Publicações Ltda.
As espécies vegetais que compõem a taiga são adaptadas às rigoro- Campo.
sas condições das latitudes extremas em que se encontram e apresentam
comportamento xerófilo: as folhas são pequenas e duras, o que reduz ao Designação genérica das grandes extensões de terra plana, cultivadas
máximo a transpiração no inverno. As árvores mais bem adaptadas são as ou cobertas por gramíneas e vegetações rasteiras. Em sentido estrito,
que se encontram mais ao norte, como as epíceas e o lariço, que ocorre terreno de topografia suave. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publica-
até a latitude de 72o50', na Sibéria. No extremo norte a taiga é substituída ções Ltda.
pela tundra, vegetação formada de musgos, ervas e subarbustos que se Deserto
desenvolve sobre solos rochosos em áreas de frio intenso. ©Encyclopaedia
Britannica do Brasil Publicações Ltda. A imagem de uma região seca, estéril e habitada por pastores nôma-
des fornece uma visão exata de um rigoroso ecossistema: o deserto.
Selva Deserto é uma região que, por sua aridez, excessivo frio ou calor, não
Lugares inóspitos para o homem civilizado, autênticos paraísos para favorece o desenvolvimento da vida. Tanto nas zonas temperadas como
os cientistas e ecossistemas ótimos para o desenvolvimento da vida em nas tropicais ou frias, a existência de áreas desérticas é determinada pelo
seu máximo esplendor, as selvas constituem um dos habitats mais impor- baixo índice de precipitações. A insuficiência de chuvas traduz-se na
tantes para o equilíbrio ecológico do planeta. À imensa variedade de orga- paisagem de dunas, na vegetação rarefeita, na fauna escassa, nas enor-
nismos que abrigam, soma-se a influência de suas massas de vegetação mes extensões de solo desnudo, na irregularidade das redes fluviais e na
sobre o clima, o solo, a paisagem e a produção de oxigênio. baixíssima densidade populacional. As regiões desérticas variam no tocan-
te à temperatura, ao grau de umidade e aos tipos de precipitações, mas
Selva ou mata pluvial é um tipo de ecossistema florestal formado por uma característica todas elas têm em comum: a aridez. No Brasil existem
uma comunidade arbórea muito densa, com árvores altas, cujas copas zonas semi-áridas, como a caatinga, mas nenhum deserto.
formam uma cobertura que dificulta a penetração da luz, localizada em
planaltos tropicais úmidos e planícies próximas ao equador. Em geral, considera-se uma região desértica quando sua precipitação
média anual é inferior a 250mm. As precipitações são intermitentes: em
As características da selva se determinam de acordo com o clima. Em algumas zonas passam-se anos sem que caia uma só gota de água.
geral, classificam-se em selvas caducifólias e perenifólias, de acordo com Quando finalmente chove, em poucas horas podem registrar-se grandes
as espécies que as formam. As selvas caducifólias, integradas por árvores níveis de precipitação.
que renovam as folhas de forma simultânea, são adaptadas ao clima
Os desertos cobrem imensos espaços do planeta, aproximadamente
temperado, com alternância de duas estações, uma seca e outra úmida.
15% das terras emersas. Cerca de metade da Austrália, mais de um terço
Quando a estação seca é muito longa, a vegetação se reduz. As selvas
da África, a quinta parte da Ásia e mais de dez por cento da América são
perenifólias, pelo contrário, são sempre verdes por serem formadas por
regiões áridas.
árvores cujas folhas não caem antes que as novas estejam desenvolvidas.

Biologia 71 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Devido às árduas condições de vida, os desertos são praticamente Desertos polares. Nas altas latitudes, a partir de 55o no hemisfério sul
despovoados. Contudo, as civilizações antigas descobriram técnicas e de 65o no hemisfério norte, prevalece um clima de frio constante, com
adequadas a sua exploração. Agricultores laboriosos esgotaram todos os precipitações escassas e em forma de neve. O inverno dura mais de oito
escassos recursos de água disponíveis, enquanto os nômades da África e meses, com temperatura média inferior a -20o C. Essas regiões não co-
da Ásia aproveitaram as pastagens efêmeras graças à excepcional resis- nhecem o verão, pois nos meses menos frios a temperatura não chega a
tência do camelo e do dromedário, animais típicos do deserto. 10o C. O frio contínuo e a existência de um manto de neve quase perma-
nente limitam a vida vegetal e animal. As altas cordilheiras, como os Andes
Tipos de desertos e o Himalaia, apresentam climas desérticos semelhantes aos polares.
Desertos de latitudes quentes. Na zona tropical, entre 15o e 30o ao Deserto polar continental. As tundras do Canadá e da Sibéria setentri-
norte e ao sul da linha do equador, existem dois tipos de deserto: o subtro- onal apresentam ecossistemas caracterizados por invernos rigorosos, com
pical quente e o litorâneo. temperatura média inferior a -30o C, e verões relativamente cálidos, com
9o C de máxima. As precipitações são escassas, com menos de 200mm.
Desertos subtropicais. A circulação atmosférica geral explica a exis-
tência dos desertos subtropicais, em virtude da presença, nessas latitudes, Deserto polar glacial. Nas zonas permanentemente cobertas por calo-
de altas pressões (anticiclones) estáveis e constantes. O ar se comprime e tas glaciais o inverno é perpétuo, de tal forma que as temperaturas nunca
se aquece ao descer e, em vez de trazer chuvas, resseca-se e estimula a ultrapassam 0o C. Esse tipo de deserto absoluto, coberto de gelo e carente
evaporação. Os desertos subtropicais mais importantes são os do Saara e de vegetação e fauna, localiza-se no centro e no norte da Groenlândia,
o de Kalahari, respectivamente no norte e no sul da África; os de Victoria, bem como no continente antártico.
Gibson e Simpson, na Austrália; os de Sonora, da Califórnia e do Arizona, Hidrografia, vegetação e fauna
na América do Norte; e o da Arábia, na Ásia ocidental. Rede fluvial. A hidrografia das zonas áridas se caracteriza pela irregu-
Desertos litorâneos. A influência das correntes marinhas frias nas cos- laridade no escoamento das águas e no próprio traçado da rede fluvial. O
tas ocidentais dos continentes, dentro da área das latitudes tropicais, escoamento das águas é intermitente. Os rios de regiões desérticas, salvo
determina o aparecimento dos desertos litorâneos. Nesse caso, as massas alguns, como o Nilo, o Tigre, o Eufrates, o Indo e o Colorado, correm
de ar fresco do oceano, carregadas de umidade, se reaquecem ao chegar depois das precipitações violentas que esporadicamente irrigam o terreno.
à terra, diminuem continuamente sua umidade relativa e tornam-se cada Às vezes, permanecem secos durante anos.
vez mais secas. Assim, mesmo sendo frequentes os nevoeiros, as chuvas É raro que uma zona árida seja completamente desprovida de cursos
são muito raras. Esse tipo de área desértica acha-se muito bem represen- de água. No deserto, porém, os cursos fluviais formam uma bacia fechada
tado pelo deserto costeiro do Peru e pelo de Atacama, no Chile, ambos cuja água só excepcionalmente atinge o oceano. As redes hidrográficas
afetados pela corrente marinha fria de Humboldt. são embrionárias e desconexas, pois os leitos dos rios nada mais são que
uma série de sulcos, independentes uns dos outros, sem a hierarquização
Em outras faixas ocidentais dos trópicos também encontram-se deser-
característica que se produz nas regiões úmidas.
tos desse tipo. Assim, a corrente marinha fria de Benguela dá origem, na
África, ao deserto de Namibe; e a da Califórnia, ao deserto da Baixa Cali- As vertentes e os leitos desses rios apresentam-se repletos de casca-
fórnia. Há ainda, no noroeste da Austrália, o Grande Deserto de Areia. lho e areia, o que torna muito forte a carga aluvial das águas. Às vezes,
estas correm sem canalizar-se, deslizando na forma de mantos difusos que
Desertos da zona temperada. A diferença das regiões mencionadas, desempenham um papel essencial no processo de erosão do relevo desér-
os territórios áridos da zona temperada têm invernos frios e amplitudes tico.
térmicas muito acentuadas, uma vez que se trata de climas de tipo conti-
Flora. A escassez de chuvas dificulta o desenvolvimento vegetal nos
nental. A continentalidade ou distância em relação ao mar torna o clima
solos desérticos. Estes são muito finos, pois consistem unicamente em
mais seco e reduz as possibilidades de que chegue o ar marítimo. Nos
fragmentos desfeitos de rocha: areias e cascalho. Em algumas zonas, a
países temperados, as altas pressões continentais originadas pelos frios
rápida evaporação da água, em consequência da intensa irradiação solar,
hibernais afastam as tempestades oceânicas, e por isso os invernos são
deixa o solo recoberto por uma camada de sais. Nesses casos formam-se
secos. No verão, o calor provoca muita evaporação, e a água das chuvas,
crostas calcárias, gípseas e salinas com vários metros de espessura.
mesmo escassas, ainda podem ser aproveitadas pelo homem. Em geral,
esses desertos resultam da degradação dos climas mediterrâneos ou Além disso, a aridez determina a pobreza do manto vegetal e a exis-
continentais. tência de vastos territórios desnudos, pois nesses ecossistemas sobrevi-
vem apenas as espécies capazes de resistir ao meio hostil. Isso explica a
Desertos continentais. Dada a tendência do clima continental a produ- ausência de árvores, enquanto arbustos, tufos de gramíneas e diversas
zir aridez, existem no interior dos continentes vastas zonas desérticas. Na plantas herbáceas apresentam formas xerófilas, isto é, adaptadas às
Ásia central, do Turquestão à Mongólia, há toda uma série de desertos condições de aridez.
(Taklimaken e Gobi), cuja variação anual de temperatura entre o mês mais
A vegetação do deserto se caracteriza pelo grande desenvolvimento
frio e o mais quente vai além de 30o C. No Taklimaken, as temperaturas
das raízes, pela redução das superfícies de evaporação (nanismo das
oscilam entre -26o C em janeiro e 17o C em julho, enquanto as chuvas são
plantas, redução ou até o desaparecimento das folhas) e pelo espessa-
inferiores a 200mm e ocorrem sobretudo no verão. Também são muito
mento dos tecidos que constituem reservas de água, como nas chamadas
acentuadas as diferenças de temperatura entre o dia e a noite.
plantas graxas ou suculentas (em especial o cacto). Nos desertos polares,
O continente americano também apresenta desertos de tipo continen- durante o curto verão desenvolve-se uma vegetação de tundra na qual se
tal, porque as montanhas bloqueiam o acesso dos ventos provenientes das destacam musgos e liquens, plantas anuais de breve ciclo vegetativo, mas
águas próximas do Pacífico. Assim, ao pé das montanhas Rochosas estão com sementes capazes de suportar longos períodos de seca e baixíssimas
os desertos de Utah, do Colorado e do Novo México. A mesma origem têm temperaturas e de germinar na primeira oportunidade. São plantas que
os desertos de Chihuahua, no norte do México, e da Patagônia, no hemis- também aparecem nos desertos tropicais.
fério sul-americano. Contudo, o clima dessas regiões é mais brando que o A pobreza e a distribuição desigual da vegetação revelam as precárias
dos desertos da Ásia central. condições de vida nos desertos. Ausente nas áreas mais secas, a vegeta-
Deserto por degradação do clima mediterrâneo. O verão seco do clima ção se concentra nos lugares onde a água corre a pouca profundidade ou
mediterrâneo assume características de aridez nas zonas afastadas da a umidade do solo é maior: oásis, leitos dos cursos fluviais, maciços mon-
costa ou isoladas dos ventos úmidos. No inverno e na primavera caem tanhosos.
poucas chuvas e estas são torrenciais. Às vezes, as geadas (congelamen- Fauna. Tal como se dá com a vegetação, só sobrevivem no deserto
to dos líquidos, inclusive a seiva das plantas, devido à queda da temperatu- animais capazes de obter e de armazenar maior quantidade de água.
ra) interrompem os invernos pouco rigorosos e contrastam com o calor A fauna dos desertos temperados e tropicais consiste em insetos (be-
sufocante que se registra no verão. Esse tipo de deserto por degradação souros, formigas, aranhas, escorpiões), répteis (lagartos, víboras), pássa-
existe na Ásia ocidental (Neguev, Síria, Iraque) e nos Estados Unidos ros, numerosos roedores de hábitos noturnos e mamíferos de porte como a
(Grande Bacia de Nevada e deserto do Mojave, na Califórnia). gazela, o antílope, o chacal, a hiena e o camelo. Em seu conjunto, o núme-
ro de mamíferos é muito escasso, pois esses animais precisam mais de

Biologia 72 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
água e de alimento que as demais espécies. Os animais adaptados ao O cerrado, assim como a Mata Atlântica, não é homogêneo. Ele pode
clima árido extraem a água das plantas suculentas e até do sangue de apresentar desde um aspecto de “floresta”, o chamado cerradão, passando
suas presas. Além disso, conservam no organismo todo o líquido possível. por formas intermediárias, como o cerrado propriamente dito, até um
Os répteis são dotados de tecidos impermeáveis que conservam a água e aspecto de campo, com gramíneas e poucas árvores, o chamado campo
evitam a transpiração. Os insetos e alguns roedores utilizam água metabo- limpo.
lizada, enquanto o camelo e o dromedário podem acumular água princi-
palmente na corcova e possuem válvulas nasais que impedem a passagem A biodiversidade da flora é alta, assim como a da fauna, com um gran-
de areia. de número de formigas e cupins. Existe grande endemismo nas plantas
superiores, e hoje sabe-se que também para a fauna. Vale lembrar que o
A fauna polar se adapta bem ao clima frio. Aliás, certos animais ficam cerrado é considerado um hotspot.
com o pêlo branco no inverno para se confundir com a neve. No verão, nas
superfícies pantanosas da tundra pululam insetos e pastam herbívoros A agricultura, especialmente a cultura da soja, do milho e de vários ce-
(caribus, bois almiscarados) que no inverno se refugiam no bosque (taiga). reais, assim como a pecuária têm sido responsáveis pela rápida devasta-
As águas dos oceanos polares, ricas em plâncton e, portanto, em peixes, ção desse bioma. Estima-se que, em 2002, mais de 55% da área original-
alimentam focas, morsas e pinguins. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil mente ocupada pelo cerrado já havia sido transformada ou destruída para
Publicações Ltda. uso humano, num ritmo de destruição maior do que o encontrado na flores-
ta amazônica. Um dos motivos é que a legislação é mais branda na prote-
ção desse bioma.
BIOMAS BRASILEIROS Apenas nos últimos anos tem sido feito um esforço maior para a pre-
servação do cerrado. Foram criadas algumas unidades de conservação,
Bioma: Conjunto constituído pelos organismos que ocupam determi- mas em poucas o cerrado é o bioma predominante e a falta de fiscalização
nada área geográfica ou habitat. e marcação territorial precisa é um problema. ONGs têm trabalhado em
Mata Atlântica projetos de conservação importantes. Mesmo assim, o cerrado merece
uma maior atenção em sua conservação.
A Mata Atlântica, originalmente, estendia-se por mais de 4000 quilô-
metros, representando cerca de 8,5% do território nacional. Ocupava uma O Pantanal
faixa próxima ao litoral, que se prolongava até o interior em algumas regi- O Pantanal é uma grande planície alagável localizada na região cen-
ões, e se estendia do Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. Hoje tro-oeste dos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. É a maior
resta somente 7% da área original. área alagada da América do Sul e do mundo.
Esse bioma tem por principal característica sua biodiversidade. O nú- Devido à sua localização no centro do continente, o Pantanal é um
mero de espécies endêmicas é alto, especialmente em árvores e bromé- ponto de encontro entre diversos biomas, entre eles a Amazônia, o Cerra-
lias. Existe também uma grande biodiversidade de animais vertebrados e do e o “Chaco” boliviano e paraguaio. É possível, portanto, dentro do
invertebrados. É considerado o bioma de maior biodviersidade do mundo. Pantanal, encontrarmos fauna e flora típicas desses 3 biomas.
O clima e a temperatura variam de acordo com a região. A mata, em A região possui chuvas abundantes no final da primavera e verão,
geral, é fechada, mas devido à sua grande extensão territorial, apresenta ocasionando o alagamento de grandes áreas (em anos de chuva intensa,
variações, especialmente nas regiões interioranas, que apresentam flores- cerca de 78% da área do Pantanal pode ficar temporariamente alagada), e
tas semidecíduas. Em regiões elevadas, há o predomínio da mata de clima seco no restante do ano. Nesse período seco as áreas alagadas vão
araucária. A restinga é outro exemplo de vegetação típica associada à secando, formando lagoas, fundamentais para a sobrevivência da flora e
Mata Atlântica. É uma área de floresta baixa de arbustos e árvores, que se fauna pantaneira. Então um novo período de chuvas chega, e o ciclo
mistura a brejos e lagoas, separando o mar das regiões de mata mais continua.
densa. É muito comum no Estado do Rio de Janeiro.
O Pantanal também possui grande biodiversidade, totalmente adapta-
A exploração sempre marcou a Mata Atlântica, desde o início da colo- da às mudanças entre os períodos alagados e secos, com fartura de
nização. A extração de madeira, especialmente do pau-brasil, os ciclos do vegetação e fauna aquática. Entretanto, é a densidade da fauna que cha-
açúcar e café e o desmatamento para instalação de indústrias são eventos ma a atenção, especialmente na época seca, quando se aglomeram pró-
de nossa história que contribuíram para a degradação desse bioma. A ximos às lagoas. O número de espécies endêmicas, porém, é baixo, não
extração do palmito Juçara (Euterpe edulis) para consumo e o tráfico de ultrapassando 5% do total.
animais silvestres são exemplos de problemas atuais que devem ser
combatidos. Ainda assim, existem vitórias na preservação da Mata Atlânti- O difícil acesso à região protegeu-a de um grande impacto humano. A
ca. As taxas de desmatamento caíram nas últimas duas décadas e a área pecuária é forte, porém não é considerada prejudicial. Os maiores proble-
de florestas protegidas quintuplicou, além do estabelecimento oficial em mas são a pesca e caça predatória, o tráfico de animais silvestres e a
1992, pela UNESCO, da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. A socie- poluição das águas dos rios que deságuam na região. O potencial de
dade, organizando-se com a ajuda de ONGs, é responsável em promover crescimento para o turismo ecológico é enorme.
esforços para preservação desse importante bioma.
Existem Parques, Estações Ecológicas e algumas Reservas Particula-
Cerrado res em toda a região. A UNESCO também já declarou o Pantanal como
“Reserva da Biosfera”.
O cerrado, conhecido como a “savana brasileira”, é um bioma que ori-
ginalmente cobria cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados, cerca de Caatinga
22% do território brasileiro. Localiza-se principalmente na região central do
país, compreendendo parte dos Estados de Goiás, Tocantins, Mato Gros- A Caatinga é uma área de aproximadamente 800.000 quilômetros
so, Mato Grosso do Sul, Pará, Maranhão, Minas Gerais, Piauí e São Paulo. quadrados localizada na região nordeste do Brasil. Abrange os Estados do
Existem também pequenas áreas em outros locais. Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, além de algumas áreas da
Bahia, Alagoas, Pernambuco e Sergipe. Localiza-se entre a Floresta Ama-
O clima tropical, de altas temperaturas, com uma forte estação seca, é zônica, a Mata Atlântica e o Cerrado.
típico desse bioma. O solo possui pH baixo, baixa fertilidade, um alto nível
de alumínio e pouca disponibilidade de água na superfície, restringindo a As temperaturas, em geral, são altas, e as chuvas são escassas, con-
sobrevivência apenas às espécies adaptadas. Dessa forma, o cerrado centradas principalmente nos meses de verão. Os solos são pedregosos e
apresenta uma vegetação adaptada à escassez de nutrientes, com caules secos, ocasionando uma rápida evaporação das águas. Os rios e cursos
e ramos tortuosos, cascas e folhas grossas, e as raízes podem atingir d´água, na sua maioria, são intermitentes, ou seja, secam por um período
grande comprimento. As árvores podem também ser decíduas, perdendo de sete a nove meses do ano e reaparecem na época de chuva. Quando
as folhas na estação seca. As queimadas são frequentes na estação seca, chove, a paisagem muda rapidamente. As árvores cobrem-se de folhas e o
sejam elas naturais, sejam provocadas pelo homem. solo fica forrado de pequenas plantas.

Biologia 73 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Há várias fisionomias de Caatinga, desde a florestal até a herbácea, disso, as culturas de milho, trigo, arroz e soja cresceram rapidamente,
passando pela Caatinga arbustiva. A biodiversidade de flora é média, e a diminuindo a fertilidade dos solos e aumentando a erosão.
vegetação em geral é xerofítica, ou seja, adaptada à escassez periódica da
água, como no cerrado. O endemismo nas plantas superiores chega a Unidades de conservação vêm sendo implantadas ultimamente para a
30%. A fauna, por sua vez, é relativamente pobre, se comparada à de proteção desse bioma.
outros biomas. Os animais aproveitam o período de chuvas para reprodu- Biomas Costeiros
ção e engorda.
O bioma costeiro é um mosaico de ecossistemas encontrados ao lon-
Não se sabe ainda a importância do impacto humano na Caatinga. Es- go do litoral brasileiro. Manguezais, restingas, dunas, praias, ilhas, costões
tima-se que entre 30 e 50% da região já foi alterada pelo homem, e o rochosos, baías, brejos, recifes de corais e outros ambientes importantes
restante do bioma é bastante fragmentado. É uma região pouco estudada e exemplificam a diversidade de ecossistemas que podemos encontrar. Cada
pouco habitada, com projetos de desenvolvimento falidos e abandonados. um deles é formado por características regionais e únicas. Algumas regi-
As unidades de conservação são poucas, espalhadas e cobrem uma ões da costa brasileira apresentam características mais marcantes, segun-
pequena área territorial, tornando a caatinga o bioma de menor área prote- do o IBAMA:
gida entre os biomas brasileiros.
- o litoral amazônico apresenta grandes manguezais, assim como du-
Floresta Amazônica nas e praias. Possui uma uma rica biodiversidade em espécies de crustá-
A Floresta Amazônica é um enorme e complexo bioma que se estende ceos, peixes e aves;
por toda a Região Norte do país e em partes das regiões Nordeste e Cen- - o litoral nordestino é marcado por recifes, dunas, manguezais, res-
tro-Oeste, além de oito outros países. tingas e matas;
O clima é quente e úmido durante todo o ano, não ocorrendo sazonali- - o litoral sudeste é muito recortado, com várias baías e pequenas en-
dade. A vegetação é extremamente diversificada: seadas. Tem por principais características os recifes, as praias e especial-
mente a mata de restinga;
- Matas alagadas: são área de floresta inundadas pelo pelos rios - o litoral sul possui muitos manguezais, e é especialmente rico em
da bacia Amazônica. Subdividem-se em dois tipos: as chamadas vár- aves.
zeas(com solo mais rico, maior biodiversidade, áreas ora alagadas, ora
não, com vegetação herbácea no solo) e as florestas de igapó (com solo O manguezal, como visto acima, é um dos principais ecossistemas da
mais pobre, menor biodiversidade, em geral alagadas permanentemente, costa brasileira. Caracteriza-se por ser uma formação de árvores, na região
sem vegetação herbácea no solo); entre-marés, extremamente adaptada à sobrevivência em substrato lodoso
e a água salgada. É um habitat muito procurado pela fauna marinha, pois é
- Florestas de terra firme: a típica floresta amazônica, úmida, com utilizado para a procriação e crescimento de filhotes de vários animais,
vegetação alta e densa, de grande biodiversidade; como rota migratória de aves e alimentação de peixes. Além disso, os
Ainda encontramos regiões de floresta semidecídua, de cerrado, cam- mangues colaboram para o enriquecimento das águas marinhas com sais,
pos rupestres (bioma típico de altas atitudes, em geral acima de 900 me- nutrientes e matéria orgânica.
tros de altura, que ocorre em algumas regiões do Brasil), o cipoal (vegeta- Estima-se que, na época do descobrimento do Brasil, entre 60 e 70%
ção com muito cipós associada à locais com jazidas de ferro e alumínio) e da costa era dominada por esse tipo de vegetação. Hoje os manguezais
o babaçual (local com predominância de palmeiras, que serve de transição ocupam apenas entre 20 e 30% da costa.
entre a Floresta Amazônica e a Caatinga), entre outros.
O mosaico de ecossistemas do bioma costeiro é riquíssimo em biodi-
A biodiversidade é enorme, tanto da flora quanto da fauna. A região versidade. Os maiores problemas enfrentados por esse bioma são a polui-
apresenta grandes áreas de endemismo, e muitas espécies ainda não ção, causada principalmente pelo despejo de esgoto de cidades litorâneas,
foram sequer descritas pelo homem. O potencial para descobertas científi- e a pesca predatória. Muitas áreas vêm sendo protegidas por unidades de
cas é vasto. É difícil mensurar a importância e o tamanho da biodiversidade conservação, como o Parque Nacional Marinho de Abrolhos, na Bahia, e o
amazônica. Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, em Pernambuco, mas
O que é facilmente mensurável é o tamanho da devastação. Até o ano a extensão territorial protegida ainda não é suficiente. Os manguezais são
de 2003, estima-se que cerca de 16% da área total da Floresta Amazônica protegidos por legislação federal, mas a fiscalização é precária. Assim
no Brasil já havia sido devastada. Em média, uma área do tamanho da como em outros biomas, a conservação desse bioma brasileiro pode e
Bélgica é derrubada todo ano. deve ser melhorada.(Fonte: http://eco.ib.usp.br).

O número de unidades de conservação na Amazônia é alto, assim


como o de projetos conservacionistas executados por ONGs. O problema 2. Ecologia humana
na região é a falta de fiscalização, seja pelo baixo número de fiscais, seja O crescimento da população humana e a utilização dos recursos
pelo grande número de locais de difícil acesso. É necessário um maior naturais, sob aspectos históricos e perspectivas.
investimento na fiscalização para que os esforços de preservação come-
cem a surtir efeitos, e para que o ritmo de devastação comece a diminuir. Crescimento populacional
Campos sulinos O crescimento populacional é a mudança positiva do número de
indivíduos de uma populaçãodividida por uma unidade de tempo. O termo
Os campos sulinos localizam-se no Estado do Rio Grande do Sul e se população pode ser aplicado a qualquer espécie viva, mas aqui refere-se
estendem até o Uruguai e a Argentina. São conhecidos como "pampas", aos humanos.
termo indígena que significa "terra plana".
A população mundial em 1950 era de 2,5 bilhões de pessoas. Em
O clima é quente durante o verão, enquanto no inverno as temperatu- 2000 já havia mais de 6 bilhões de humanos no planeta.
ras são baixas e chove mais. A vegetação predominante é de gramíneas e
leguminosas, com a presença de alguns arbustos. Existem também pe- Para um estudo da população, é essencial a análise estatística
quenas regiões de florestas estacionais e, próximo aos planaltos, os cam- acompanhada das característicashistóricas e geográficas das sociedades
pos tem o aspecto de savanas abertas. existentes no planeta. Alguns locais que apresentam elevadas taxas de
densidades demográficas são: Sudeste Brasileiro, nordeste dos Estados
A biodiversidade concentra-se especialmente na fauna, contando com Unidos da América, leste da China e sul da África. Cada umas dessas
espécies endêmicas, raras, ameaçadas de extinção e migratórias. O en- regiões tem as suas particularidades socioeconômicas, culturais e
demismo em mamíferos chega a 39% das espécies. ambientais.
O impacto humano nos campos sulinos é grande. A pecuária é forte, e De acordo com os dados obtidos junto à ONU, no nosso planeta vivem
as queimadas nas pastagens impedem o crescimento da vegetação. Além mais de 6,3 milhares de milhões de pessoas. Dessas, mais de 75% vivem

Biologia 74 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
em países subdesenvolvidos e com menos de dois dólares por dia, 22% Com o aumento da população e desenvolvimento dos países aumenta
são analfabetos, metade nunca utilizou um telefone e apenas 25% têm também a poluição produzida, e se já com a população actual os
acesso àinternet. problemas ambientais relacionados com a poluição são bastantes, então
deduz-se que serão muito piores com uma população ainda maior e a
Fases do aumento populacional – fase de crescimento lento e produzir cada vez mais desperdícios; este aumento da poluição poderá
fase de crescimento acelerado implicar também a degradação de muitos ecossistemas naturais.
Estima-se que, há cerca de 2000 anos atrás, a população global era
Na sociedade globalizada em que vivemos outro grave problema é a
de cerca de 300 milhões de habitantes. Por um longo período a população
propagação de epidemias, que agora o fazem com muito mais facilidade
mundial não cresceu significativamente, com períodos de crescimento
devido ao contacto entre indivíduos de todos os pontos do mundo uns com
seguidos de períodos de declínio. Decorreram mais de 1600 anos para que
a população do mundo dobrasse para 600 milhões. O contingente os outros, provocado pelos avanços dos meios de transporte. O facto de
populacional estimado para o ano de 1750, é de 791 milhões de pessoas, haver cada vez mais gente, para menos área habitável faz também com
das quais 64% viviam na Ásia, 21% na Europa e 13% emÁfrica. que comecem a surgir populações que habitam áreas perigosas do
planeta, facilmente susceptíveis a catástrofes (ex.: áreas de grande
A humanidade gastou, portanto, dezenas de milhares de anos para actividade vulcânica). Têm também preocupado as autoridades
alcançar o primeiro milhar de milhão de habitantes, por volta de 1802. Em governamentais os problemas associados à criação de empregos, meios
seguida, foram necessários mais 125 anos para dobrar a população, de habitação, transportes,educação e saúde.
alcançando assim o planeta, por volta de 1927, 2 milhares de milhões de
habitantes. O terceiro milhar de milhões foi atingido 34 anos depois, em Medidas a tomar para conter tal aumento
1961, e assim por diante. Para tentar conter o elevado aumento populacional já estão tomadas e
Durante este período, o homem abandonou o modo de vida que criara estudadas certas medidas. É necessária a expansão de serviços de alta
há cerca de 10 mil anos, com o advento da agricultura, e passou a qualidade de planeamento familiar e saúde reprodutiva. As gestações
multiplicar-se nas cidades, um mundo à parte da natureza. Em 1900, nove indesejadas ocorrem quando os casais que não querem ter uma gravidez
em cada dez homens, mulheres e crianças, que somavam uma população não usam nenhum método para regular eficazmente a fertilidade. Uma das
de 1,65 milhares de milhão, ainda viviam no campo. Calcula-se que nos prioridades de vários governos dos países em via de desenvolvimento
primeiros anos do século XXI quase metade dos seis milhares de milhões deve ser oferecer aos casais e a pessoas individuais serviços apropriados
de pessoas habita cidades; dessa população urbana, estima-se que uma para evitar tais gravidezes.
proporção de três para vinte pessoas se encontre nas cerca de meia Deve-se também divulgar mais informação sobre planeamento familiar
centena de metrópoles e megalópoles (população igual ou maior que 5 e aumentar as alternativas de métodos anticoncepcionais, nos casos em
milhões de habitantes). que tal seja legal.
A ONU estima que no ano 2000 a população mundial crescia então a
É também muito importante a consciencialização do público sobre os
um ritmo de 1,2 % (77 milhões de pessoas) por ano. Isto representa um
meios existentes para a regulação da fertilidade e o seu valor, da
decréscimo da taxa de crescimento em relação ao seu nível em 1990,
importância da responsabilidade e da segurança na prática de relações
sobretudo devido à quebra das taxas de natalidade.
sexuais e a localização dos serviços. Deverão ser criadas condições
A China era, nessa altura, o país mais populoso do mundo com 1300 favoráveis para várias famílias pequenas.
milhões de habitantes, porém, devido à baixa taxa de natalidade poderá
ser superada em 2050pela Índia que, se mantiver a taxa de natalidade de Importa também aumentar a escolaridade, especialmente entre as
2000, atingirá os 1600 milhões. adolescentes. Melhorias na situação econômica, social e jurídica das
jovens e das mulheres poderão contribuir para aumentar o seu poder de
Causas do rápido aumento da população mundial negociação, conferindo-lhes uma voz mais forte nas decisões relacionadas
Foram várias as causas desta fase de rápido crescimento da com os aspectos reprodutivos e produtivos da família. Wikipédia
população mundial. Os índices de mortalidade nos países em Os recursos naturais
desenvolvimento tiveram uma queda significantemente grande após a
Segunda Guerra Mundial. Campanhas de saúde pública e de vacinação A água é um recurso natural essencial para todas as formas de vida.
reduziram espetacularmente as doenças e a mortalidade infantil. Desde os tempos mais remotos que a água assume um papel fundamental
Nos países desenvolvidos, esses declínios na mortalidade tinham no desenvolvimento das populações: na alimentação, na higiene, na pro-
levado séculos para ocorrer, à medida que a própria sociedade dução de energia, na agricultura, na indústria, etc.
gradualmente se transformava, tornando-se mais urbanizada e menos A água é insubstituível.
dependente de grandes famílias. Como resultado, as taxas de natalidade e
Não podemos correr o risco de ter "sede de água"
mortalidade tendiam a decrescer proporcionalmente e as taxas de
crescimento populacional nunca atingiram o nível que atingiriam mais A água é um recurso natural de grande valor económico, ambiental e
tarde, nos países em desenvolvimento. Na década de sessenta, as social, fundamental à subsistência e bem-estar do Homem e dos ecossis-
mulheres nos países em desenvolvimento estavam tendo, em média, seis temas da Terra. É um bem comum a toda a humanidade.
filhos.
Durante milhares de anos, acreditou-se que a água era um recurso in-
Previsões sobre a população mundial futura finito e renovável, uma vez que parecia existir na Natureza com grande
O crescimento futuro da população é difícil de prever. As taxas de abundância.
natalidade estão a diminuir em geral, mas variam muito entre países A água é essencial para todas as formas de vida.
desenvolvidos e países em desenvolvimento. As taxas de mortalidade
podem mudar inesperadamente devido a doenças, guerras e catástrofes, Hoje, a má utilização, e a crescente procura deste recurso, tornou-se
ou avanços na medicina. A ONU publicou várias projecções da população uma preocupação geral, pela menor disponibilidade de água potável em
mundial futura, baseadas nos diferentes pressupostos. Ao longo dos todo o planeta. Isto é suficiente, para deixar o cidadão comum preocupado,
últimos dez anos, a ONU tem revisto constantemente as suas projecções mas ganha outra dimensão, se pensarmos que apenas 1% de toda a água
da população mundial, corrigindo-as para valores inferiores aos da Terra está disponível para uso, pois a maior percentagem de água
anteriormente anunciados. existente é salgada (97,5%) e outra parte encontra-se em locais inacessí-
veis.
Consequências do aumento populacional
O contínuo aumento populacional pode ter várias consequências A poluição, a má gestão da água e as alterações climáticas, que es-
negativas. A mais falada é a questão da escassez de alimentos, mas a tão de facto, a provocar o aquecimento do planeta, são alguns dos motivos
verdade é que os alimentos estão mal distribuídos mundialmente, uma vez que contribuem para a menor disponibilidade dos recursos hídricos.
que, nos países desenvolvidos existe um grande problema de saúde por É por isso urgente, apostar na prevenção e ter um plano de resposta
excesso de alimentação (obesidade e problemascardiovasculares). para a gestão dos recursos hídricos.

Biologia 75 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
O petróleo - matéria prima básica portanto não se reprodução, o que diminuirá drasticamente a população
aquática.
O petróleo é uma das matérias primas básicas para a obtenção de
energia e de materiais. Este combustível fóssil também está em vias de A pesca da tartaruga
extinção, devida à velocidade e modo de consumo que dele se tem feito A pesca da tartaruga vem trazendo sério fisco de extinção da espécie.
comparativamente com o modo e tempo de formação. É pois necessário Além da pesca, o homem desenvolve outra ação predatória, ao consumir
recorrer cada vez mais às energias alternativas. os ovos de tartaruga.
O que são então os recursos naturais? Na época da desova, esses répteis enterram seus ovos na areia. Os
Os recursos naturais incluem tudo o que ajuda a manter a vida, co- ovos são aquecidos pelo sol e deles saem os filhotes. Ao descobrir o local
mo o solo, a radiação solar, a água, o ar, os combustíveis e os minerais, as em que os ovos foram colocados, o homem desenterra-os e utilizá-los os
plantas e os animais. em sua alimentação. Assim, a capacidade de reprodução da tartaruga fica
reduzida.
Atualmente existem no nosso planeta muitos milhões de pessoas e A caça de jacarés no Pantanal do Mato Grosso
todos têm as suas necessidades (de espaço, de alimentos ou de combustí-
veis, por exemplo). Torna-se necessário encontrar o equilíbrio entre as Para comercializar a pele dos jacarés, o homem vem provocando uma
necessidades do Homem e a preservação do ambiente, o que atualmente grande matança desses animais. A pele dos jacarés é vendida por preços
se traduz num enorme desafio para a nossa espécie. elevados a contrabandistas, que a revendem a comerciantes estrangeiros.
Se esse tipo de caçada não for seriamente proibido, os jacarés do Pantanal
Os recursos naturais não são inesgotáveis, no entanto, se fizer- do Mato Grosso correm o risco de desaparecer.
mos uma gestão cuidada desses recursos, poderemos continuar a tirar
partido deles sem comprometer a nossa qualidade de vida e a das gera- As consequências da extinção do jacaré já podem ser observadas:
ções futuras. multiplica-se o número de peixes doentes e de piranhas, dos quais ele é
predador. Isso provoca um grave desequilíbrio ecológico no Pantanal.
Como podemos classificá-los? O desmatamento
Frequentemente são classificados como recursos renováveis e A derrubada das matas está provocando o desaparecimento de
não-renováveis, quando se tem em conta o tempo necessário para que se madeiras de lei, como o pau-brasil, o jacarandá, o ipê etc., das nossas
dê a sua reposição: florestas. Essas espécies vegetais estão correndo sério risco de extinção,
assim como as espécies animais que vivem nas florestas.
 Os recursos não-renováveis incluem substâncias que não po-
dem ser recuperadas num curto período de tempo, como por exemplo, o As florestas desempenham, de diversas formas, um papel muito impor-
petróleo e minérios em geral (como por exemplo o carvão, o ferro ou o tante na conservação da natureza. Vejamos por quê.
ouro) Elas influem no clima:
 Os recursos renováveis são aqueles que se podem renovar ou  impedindo que os raios solares incidam diretamente sobre o solo,
serem recuperados, com ou sem interferência humana, como as florestas, o que torna a temperatura mais agradável;
a luz solar, o vento e a água. Os animais podem também ser considerados  aumentando a umidade de uma região - graças á transpiração -, o
como recursos naturais. que torna maior o índice de chuvas.
Também podem ser classificados em: Elas renovam o ar atmosférico: durante a fotossíntese, as plantas libe-
ram oxigênio para o ar atmosférico, retirando dele o excesso de gás carbô-
 Recursos energéticos, são aqueles que têm capacidade para
nico.
produzir energia, como o carvão e o petróleo. A água poderá ser conside-
rada um recurso energético, quando é utilizada para produzir energia (nas Elas diminuem a velocidade do vento, o que faz reduzir a erosão eóli-
barragens, por exemplo). ca. Além disso, as florestas impedem que a água das chuvas chegue até o
solo com muita força e carregue consigo as substâncias nutritivas da
 Recursos não energéticos, a maioria dos metais não servem camada superficial. Assim, elas protegem o solo contra a erosão pro-
para produzir energia, com exceção do volfrâmio, do urânio e do plutónio, vocada pelas chuvas.
que, por serem substâncias radioativas, são usadas para a geração de
A poluição da água
energia.
A poluição das águas dos rios e mares provoca graves desequilíbrios
http://www.explicatorium.com/CFQ8-Recursos-naturais.php
ecológicos, contribuindo para a extinção de espécies da fauna e da flora,
além de afetar direta ou indiretamente a saúde e a sobrevivência do ho-
A INTERFERÊNCIA DO HOMEM NOS ECOSSISTEMAS mem.
A ganância do homem faz com que ele altere os ecossistemas, interfe- A poluição causada par esgotos e resíduos industriais
rindo nos cicllos naturais, sem se importar com as consequências. Com O lançamento de esgotos das áreas urbanas e dos resíduos das fábri-
isso ele contribui para o desequilíbrio ecológico. cas de papel, açúcar e álcool nos rios aumenta a quantidade de matéria
orgânica na água. Essa matéria orgânica serve de alimento a determinadas
O homem deve se conscientizar da importância da conservação do
bactérias que começam, então, a se multiplicar rapidamente.
meio ambiente para o futuro do nosso planeta e da nossa espécie. Assim
como os animais e os vegetais, ele também faz parte da natureza e dela As bactérias, pela respiração, consomem grande parte do oxigênio
depende sua sobrevivência. dissolvido na água, provocando a morte dos peixes e de outros animais
aquáticos. A água torna-se turva, o que dificulta a entrada de luz e conse-
Vamos ver algumas atividades do homem que causam o desequilíbrio quentemente a realização da fotossíntese pelas algas e pelos vegetais.
ecológico. Isso diminui ainda mais a quantidade de oxigênio disponível.
A pesca e a caça predatórias Em pouco tempo os rios transformam-se em um ambiente sem vida,
contendo apenas bactérias que não precisam de oxigênio. Essas bactérias
Grandes indústrias pesqueiras mantém suas atividades durante a épo-
liberam substâncias malcheirosas e são responsáveis pelo processo de
ca de reprodução dos peixes, utilizando redes de malhas finas e até bom-
decomposição.
bas. O uso desses meios provoca a morte das fêmeas em épocas de
desova e de seus filhotinhos. Imagine quantos peixes são mortos, deixando Quando esses rios ou os esgotos são lançados diretamente no mar,
com isso de alimentar a tanta gente. além dos problemas já citados, os banhistas correm o risco de sofrer
contaminação por microrganismos patogênicos causadores de diarreias,
Assim, esse tipo de pescaria põe em risco a própria sobrevivência da hepatites infecciosas e micoses.
espécie. Isso porque inúmeros peixes não chegarão a se tomar adultos e

Biologia 76 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
A poluição causada por substâncias não biodegradáveis Esses dois fatores provocam o aumento da camada de gás carbônico
O despejo nos rios ou mares de substâncias não biodegradáveis, isto na atmosfera. O gás carbônico retém o calor dos raios solares. Por isso
é, de substâncias que não sofrem decomposição por microrganismos, tem existem previsões de que um aumento gradativo da temperatura do pla-
consequências gravíssimas. Isso porque essas substâncias vão se acumu- neta, conhecido como efeito estufa, possa descongelar parte das calotas
lando nos ecossistemas e se concentrando cada vez mais nos seres vivos polares, provocando a elevação do nível dos mares e a consequente
através das cadeias alimentares. submersão das cidades litorâneas.

Os agrotóxicos, como o DDT, BHC ou aqueles fabricados com mercú- A chuva ácida
rio (metal também usado no garimpo do ouro), são levados aos rios pelas Outra grave consequência da poluição do ar é a chuva ácida que se
águas das chuvas. Os vegetais aquáticos absorvem esses produtos e não forma na atmosfera pela mistura do vapor de água com substâncias quími-
conseguem dominá-los. cas á base de produtos como o enxofre e os óxidos de nitrogênio. Estas
Os peixes, que se alimentam dos vegetais, são também contaminados, substâncias tóxicas precipitam-se sob a forma de ácido sulfúrico e ácido
e essas substâncias vão se acumulando nos organismos que formam a nítrico, causando distúrbios e a morte principalmente de crianças.
cadeia alimentar.
O vale do Cubatão, no Estado de São Paulo, é um dos grandes produ-
Quando as pessoas se alimentam dos peixes ou usam a água conta- tores desse tipo de poluição, onde se formam nuvens contendo principal-
minada em sua alimentação, a quantidade desses produtos tóxicos aumen- mente enxofre. Essas nuvens, levadas pelos ventos, precipitam-se sobre a
ta em seu organismo e das passam a sofrer as consequências da intoxi- encosta da Serra do Mar espalhando as substâncias tóxicas sobre a vege-
cação. tação e o solo.
O DDT, por exemplo, provoca dificuldades respiratórias, dor de cabe- As substâncias tóxicas deixam as árvores retorcidas, sem folhas, mor-
ça, tontura, enjoo, podendo até mesmo causar o câncer e muitas vezes a tas. O solo descoberto, sem as raízes das árvores para retê-lo, apresenta
morte. enormes sulcos devido á erosão das chuvas que provocam grandes desli-
O mercúrio ataca o sistema nervoso provocando cegueira, surdez, pa- zamentos, colocando em risco não só a própria Serra do Mar como tam-
ralisia e graves doenças nos rins, no ligado e no intestino. Também pode bém a Baixada Santista.
causar o nascimento de crianças com defeitos físicos e mentais, caso os
pais possuam uma taxa elevada desse metal em seu organismo. Medidas de proteção e conservação da natureza

Os detergentes não biodegradáveis, utilizados nas casas e indústrias, A preservação do meio ambiente é a única forma de manter a vida na
provocam grande quantidade de espuma na superfície dos rios, dificultan- Terra. Defendendo a natureza, estamos defendendo nossa qualidade de
do a passagem do oxigênio do ar para a água (oxigenação). vida. Por isso precisamos exigir dos órgãos públicos o planejamento e a
execução de medidas de proteção à natureza, como por exemplo:
Esses detergentes também destroem a camada de gordura que existe
nas penas das aves aquáticas e que é responsável por sua impermeabili-  construir estações de tratamento de lixo e esgotos antes de lançá-
zação. Sem essa gordura, as penas ficam encharcadas e a ave não conse- los no meio ambiente;
gue flutuar. Além disso, os detergentes não biodegradáveis se infiltram no  determinar locais para a instalação de indústrias;
solo, atingindo os lençóis de água subterrâneos que fornecem água para
os poços residenciais. As pessoas que tomam essa água contaminada  exigir a instalação de filtros nas chaminés das fábricas e nos esca-
podem apresentar distúrbios intestinais. pamentos de veículos, a fim de que as substâncias poluentes não sejam
lançadas na atmosfera;
A poluição causada pelo petróleo
 escolher e aplicar cuidadosamente herbicidas, fungicidas e adubos
Um dos problemas mais sérios de poluição marinha é causado pelo químicos na lavoura, para impedir a destruição dos vegetais, animais e
derramamento de petróleo devido a vazamentos nos navios petroleiros ou microrganismos úteis ao meio ambiente;
á lavagem de seus reservatórios.
 criar e fiscalizar o cumprimento de leis que regulem a caça e a pes-
Por ser menos denso do que a água, o petróleo flutua, formando uma ca, evitando a morte dos filhotes, dos animais em vias de desaparecimento
camada que impede a oxigenação e a penetração da luz solar. Isso dificul- e das fêmeas em época de procriação, impedindo assim a extinção das
ta o processo de fotossíntese das algas. O petróleo também adere às espécies;
brânquias dos peixes e de outros animais marinhos, matando-os por asfi-
xia. Além disso, impregna as penas das aves alterando sua impermeabili-  criar um serviço de fiscalização eficaz de proteção à fauna e à flora;
zação e intoxica diretamente os animais marinhos, provocando lesões em  criar parques florestais, áreas protegidas da ação destruidora do
seus órgãos fritemos. homem, para a conservação da fauna e da flora;
Nos mangues, ecossistemas considerados os berçários do oceano, a  promover campanhas educativas junto à população, esclarecendo o
poluição por petróleo causa sérios danos ás populações de animais, ma- povo sobre:
tando os filhotes de peixes, camarões e siris. Assim, uma das principais  o perigo do desequilíbrio ecológico;
fontes de alimento do homem vai sendo destruída.
 a necessidade de fiscalização das leis de proteção ao meio
A poluição do ar ambiente;
A poluição do ar é causada principalmente pela poeira, por resíduos e  a importância da construção de fossas e outras medidas de ordem
gases tóxicos eliminados pelas indústrias químicas, metalúrgicas e por sanitária;
veículos. Pode ser causada ainda pelo uso indiscriminado de inseticidas e
fertilizantes.  a necessidade da criação e conservação de áreas verdes nos cen-
tros urbanos.
As pessoas, principalmente aquelas que vivem nas grandes cidades
ou em áreas industriais, ficam mais sujeitas a problemas respiratórios,
cardíacos e ao câncer, podendo morrer por intoxicação. Saneamento Básico
Gás carbônico: um grande poluente do ar Saneamento é o conjunto de medidas, visando a preservar ou modifi-
O excesso de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e seus deriva- car as condições do meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e
dos), cuja combustão fornece energia às indústrias e aos automóveis, tem promover a saúde. Saneamento básico se restringe ao abastecimento de
elevado a taxa de gás carbônico no ar atmosférico. Por outro lado, o cres- água e disposição de esgotos, mas há quem inclua o lixo nesta categoria.
cente desmatamento de áreas florestais e a poluição dos mares têm redu- Outras atividades de saneamento são: controle de animais e insetos,
zido o número de vegetais e algas microscópicas, que consomem o gás saneamento de alimentos, escolas, locais de trabalho e de lazer e habita-
carbônico ao realizarem a fotossíntese. ções.

Biologia 77 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Normalmente qualquer atividade de saneamento tem os seguintes ob- uma de ordem psicológica: o efeito da limpeza da comunidade sobre o
jetivos: controle e prevenção de doenças, melhoria da qualidade de vida da povo. O lixo tem que ser bem acondicionado para facilitar sua remoção. Às
população, melhorar a produtividade do indivíduo e facilitar a atividade vezes, a parte orgânica do lixo é triturada e jogada na rede de esgoto. Se
econômica. isso facilita a remoção do lixo e sua possível coleta seletiva, também
Abastecimento de água representa mais uma carga para o sistema de esgotos. Enquanto a parte
inorgânica do lixo vai para a possível reciclagem, a orgânica pode ir para a
A água própria para o consumo humano chama-se água potável. Para alimentação dos porcos.
ser considerada como tal ela deve obedecer a padrões de potabilidade. Se
ela tem substâncias que modificam estes padrões ela é considerada poluí- O sistema de coleta tem que ter periodicidade regular, intervalos cur-
da. As substâncias que indicam poluição por matéria orgânica são: com- tos, e a coleta noturna ainda é a melhor, apesar dos ruídos.
postos nitrogenados, oxigênio consumido e cloretos.
O lixo pode ser lançado em rios, mares ou a céu aberto, enterrado, ir
Para o abastecimento de água, a melhor saída é a solução coletiva, para um aterro sanitário (o mais indicado) ou incinerado. Também pode ter
excetuando-se comunidades rurais muito afastadas. As partes do Sistema suas graxas e gorduras recuperadas, ser fermentado ou passar pelo pro-
Público de Água são: cesso Indore.
- Manancial
Doenças causadas pela falta de saneamento básico
- Captação
- Adução Existem mais de 100 doenças, entre as quais cólera, amebíase, vários
tipos de diarreia, peste bubônica, lepra, meningite, pólio, herpes, sarampo,
- Tratamento hepatite, febre amarela, gripe, malária, leptospirose, Ebola, etc.
- Reservação
Os custos dos tratamentos variam desde R$ 3,16 (rubéola e sarampo
- Reservatório de montante ou de jusante sem complicações) até R$ 154,03 (Leishmaniose).
- Distribuição
As redes de abastecimento funcionam sob o princípio dos vasos co- PROVA SIMULADA
municantes. 1 – Considere as seguintes informações:
A água necessita de tratamento para se adequar ao consumo. Mas to- I. A bactéria Nitrosomonas europaea obtém a energia necessária a seu
dos os métodos têm suas limitações, por isso não é possível tratar água de metabolismo a partir da reação de oxidação de amônia a nitrito.
esgoto para torná-la potável. Os métodos vão desde a simples fervura até II. A bactéria Escherichia coli obtém a energia necessária a seu metabolis-
correção de dureza e corrosão. As estações de tratamento se utilizam de mo a partir da respiração aeróbica ou da fermentação.
várias fases de decantação e filtração, além de cloração. III. A bactéria Halobacterium halobium obtém a energia necessária a seu
Sistema de esgotos metabolismo a partir da luz captada por um pigmento chamado rodopsina
bacteriana. Com base nessas informações, Nitrosomonas europaea,
Despejos são compostos de materiais rejeitados ou eliminados devido Escherichia coli e Halobacterium halobium podem ser classificados, res-
à atividade normal de uma comunidade. pectivamente, como organismos
O sistema de esgotos existe para afastar a possibilidade de contato de a)autotróficos; autotróficos; autotróficos.
despejos, esgoto e dejetos humanos com a população, águas de abaste- b)autotróficos; heterotróficos; autotróficos.
cimento, vetores de doenças e alimentos. O sistema de esgotos ajuda a c)autotróficos; autotróficos; heterotróficos.
reduzir despesas com o tratamento tanto da água de abastecimento quanto d)autotróficos; heterotróficos; heterotróficos.
das doenças provocadas pelo contato humano com os dejetos, além de e)heterotróficos; autotróficos; heterotróficos.
controlar a poluição das praias. O esgoto (também chamado de águas
servidas) pode ser de vários tipos: sanitário (água usada para fins higiêni- 2 – Leia o texto a seguir, escrito por Jöns Jacob Berzelius em 1828.
cos e industriais), sépticos (em fase de putrefação), pluviais (águas pluvi- “Existem razões para supor que, nos animais e nas plantas, ocorrem
ais), combinado (sanitário + pluvial), cru (sem tratamento), fresco (recente, milhares de processos catalíticos nos líquidos do corpo e nos tecidos. Tudo
ainda com oxigênio livre). indica que, no futuro, descobriremos que a capacidade de os organismos
Existem soluções para a retirada do esgoto e dos dejetos, havendo ou vivos produzirem os mais variados tipos de compostos químicos reside no
não água encanada. poder catalítico de seus tecidos.”
A previsão de Berzelius estava correta, e hoje sabemos que o “poder
Existem três tipos de sistemas de esgotos:
catalítico” mencionado no texto deve-se
- sistema unitário: é a coleta do esgotos pluviais, domésticos e indus- a)aos ácidos nucléicos.
triais em um único coletor. Tem custo de implantação elevado, assim como b)aos carboidratos.
o tratamento também é caro. c)aos lipídios.
- sistema separador: o esgoto doméstico e industrial ficam separados d)às proteínas.
do esgoto pluvial. É o usado no Brasil. O custo de implantação é menor, e)às vitaminas.
pois as águas pluviais não são tão prejudiciais quanto o esgoto doméstico,
que tem prioridade por necessitar tratamento. Assim como o esgoto indus- 3 – Um cromossomo é formado por uma longa molécula de DNA associada
trial nem sempre pode se juntar ao esgoto sanitário sem tratamento espe- a proteínas. Isso permite afirmar que o núcleo de uma célula somática
cial prévio. humana em ...A... possui ...B... moléculas de DNA. Qual das alternativas
- sistema misto: a rede recebe o esgoto sanitário e uma parte de indica os termos que substituem corretamente as letras A e B?
águas pluviais. a)A = início de intérfase (G1); B = 46.
b)A = fim de intérfase (G2); B = 23.
A contribuição domiciliar para o esgoto está diretamente relacionada c)A = início de mitose (prófase); B = 46.
com o consumo de água. d)A = fim de mitose (telófase); B = 23.
As diferenças entre água e esgoto é a quantidade de microorganismos e)A = qualquer fase do ciclo celular; B = 92.
no último, que é tremendamente maior. O esgoto não precisa ser tratado,
depende das condições locais, desde que estas permitam a oxidação. 4 – Pontas de raízes são utilizadas para o estudo dos cromossomos de
Quando isso não é possível, ele é tratado em uma Estação de Tratamento. plantas por apresentarem células
Também existe o processo das lagoas de oxidação. a)com cromossomos gigantes do tipo politênico.
Disposição do Lixo b)com grande número de mitocôndrias.
c)dotadas de nucléolos bem desenvolvidos.
O lixo é o conjunto de resíduos sólidos resultantes da atividade huma-
d)em divisão mitótica.
na. Ele é constituído de substâncias putrescíveis, combustíveis e incom-
e)em processo de diferenciação.
bustíveis. O problema do lixo tem objetivo comum a outras medidas, mais

Biologia 78 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
5 – Está presente na célula bacteriana: d)dois tipos de hospedeiro, ambos vertebrados.
a)aparelho de Golgi. e)um único tipo de hospedeiro, que pode ser um vertebrado ou um inverte-
b)carioteca. brado.
c)mitocôndria.
d)retículo endoplasmático. 13 – O tipo de relação ecológica que se estabelece entre as flores e as
e)ribossomo. abelhas que nelas coletam pólen e néctar é
a)comensalismo.
6 – Nas grandes árvores, a seiva bruta sobe pelos vasos lenhosos, desde b)competição.
as raízes até as folhas, c)herbivorismo.
a)bombeada por contrações rítmicas das paredes dos vasos. d)mutualismo.
b)apenas por capilaridade. e)parasitismo.
c)impulsionada pela pressão positiva da raiz.
d)por diferença de pressão osmótica entre as células da raiz e as do caule. 14 – A maior parte do nitrogênio que compõe as moléculas orgânicas
e)sugada pelas folhas, que perdem água por transpiração. ingressa nos ecossistemas pela ação de
a)algas marinhas.
7 – Uma planta apresenta as seguintes características: suas flores são b)animais.
verdes como as folhas, produz grande quantidade de grãos de pólen e c)bactérias.
apresenta estigma piloso. Essas características indicam que a polinização d)fungos.
nessa espécie de planta é feita e)plantas terrestres.
a)pela luz.
15 – Que tipos de organismo devem estar necessariamente presentes em
b)pelo vento.
um ecossistema para que ele se mantenha?
c)por aves.
a)Herbívoros e carnívoros.
d)por insetos.
b)Herbívoros, carnívoros e decompositores.
e)por mamíferos.
c)Produtores e decompositores.
d)Produtores e herbívoros.
8 – O pinhão, estrutura comestível produzida por pinheiros da espécie
e)Produtores, herbívoros e carnívoros.
Araucaria angustifolia, corresponde a que parte da planta?
a)Cone (estróbilo) masculino repleto de pólen. 16 – Uma certa raça de gado, quando criada em pastagens argentinas,
b)Cone (estróbilo) feminino antes da fecundação. apresenta ganho de peso corpóreo relativamente maior, em mesmo perío-
c)Fruto simples sem pericarpo. do de tempo, do que quando criada no Brasil. A explicação para essa
d)Folha especializada no acúmulo de substâncias de reserva. diferença é que o solo argentino é mais rico em
e)Semente envolta por tegumento. a)ácidos, o que melhora a digestão dos ruminantes e o aproveitamento
calórico da pastagem.
9 – A fenilcetonúria é uma doença com herança autossômica recessiva. b)dióxido de carbono, o que aumenta a quantidade de carboidratos da
Em certa comunidade europeia, uma em cada 20 pessoas com fenótipo pastagem.
normal é heterozigótica quanto ao gene que determina a fenilcetonúria. Em c)nitrogênio, o que aumenta o valor protéico da pastagem.
800 casamentos ocorridos entre membros sadios dessa comunidade, qual d)sais minerais, o que aumenta a quantidade de carboidratos da pastagem.
o número esperado de casamentos com risco de gerar crianças fenilceto- e)sódio, o que aumenta o valor calórico da pastagem.
núricas?
a)2 17 – O hormônio ADH atua sobre os túbulos renais promovendo absorção
b)8 de água do filtrado glomerular. A deficiência na secreção desse hormônio
c)16 faz com que a pessoa produza
d)40 a)muita urina, com alta concentração de excreções.
e)80 b)muita urina, com baixa concentração de excreções.
c)pouca urina, com alta concentração de excreções.
10 – Uma maneira de se obter um clone de ovelha é transferir o núcleo de d)pouca urina, com baixa concentração de excreções.
uma célula somática de uma ovelha adulta A para um óvulo de uma outra e)quantidade normal de urina, com alta concentração de excreções.
ovelha B do qual foi previamente eliminado o núcleo. O embrião resultante
é implantado no útero de uma terceira ovelha C, onde origina um novo 18 – Além da sustentação do corpo, são funções dos ossos:
indivíduo. Acerca do material genético desse novo indivíduo, pode-se a)armazenar cálcio e fósforo; produzir hemácias e leucócitos.
afirmar que b)armazenar cálcio e fósforo; produzir glicogênio.
a)o DNA nuclear e o mitocondrial são iguais aos da ovelha A. c)armazenar glicogênio; produzir hemácias e leucócitos.
b)o DNA nuclear e o mitocondrial são iguais aos da ovelha B. d)armazenar vitaminas; produzir hemácias e leucócitos.
c)o DNA nuclear e o mitocondrial são iguais aos da ovelha C. e)armazenar vitaminas; produzir proteínas do plasma.
d)o DNA nuclear é igual ao da ovelha A, mas o DNA mitocondrial é igual ao
da ovelha B. 19 – Dois animais, A e B, têm sistema circulatório aberto. O sistema respi-
e)o DNA nuclear é igual ao da ovelha A, mas o DNA mitocondrial é igual ao ratório de A é traqueal, e o de B, branquial. Com base nessa descrição,
da ovelha C. escolha a alternativa correta.
b)A pode ser um gafanhoto e B pode ser um mexilhão.
11 – Os antibióticos atuam contra os agentes causadores das seguintes c)A pode ser um caracol e B pode ser uma mariposa.
doenças: d)A pode ser uma minhoca e B pode ser uma aranha.
a)tuberculose, coqueluche e hepatite. e)A pode ser uma aranha e B pode ser uma planária.
b)tuberculose, sífilis e gripe.
c)tétano, sífilis e gripe. 20 – No curso da evolução, os primeiros vertebrados a conquistar efetiva-
d)tuberculose, coqueluche e sífilis. mente o ambiente terrestre foram
e)coqueluche, sífilis e sarampo. a)os anfíbios, cujos adultos respiravam por pulmões.
b)as aves, que podiam voar por grandes distâncias sobre os continentes.
12 – Os platelmintos parasitas Schistosoma mansoni (esquistossomo) e c)os mamíferos marsupiais, cujos embriões se desenvolviam em uma bolsa
Taenia solium (tênia) apresentam de pele na barriga da mãe.
a)a espécie humana como hospedeiro intermediário. d)os mamíferos placentários, cujos embriões se desenvolviam no útero
b)um invertebrado como hospedeiro intermediário. materno.
c)dois tipos de hospedeiro, um intermediário e um definitivo. e)os répteis, cujos ovos podiam desenvolver-se fora do ambiente aquático.

Biologia 79 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
21) (FUNREI-2000) Considerando as seguintes afirmativas referentes às 26) (UNIPAC-2000) "A vida biológica atravessa o tempo e, é o resultante
enzimas: da reprodução das células". Esta frase pode ser confirmada por todas as
I. A velocidade da atividade enzimática depende do pH do meio, mas afirmativas abaixo, EXCETO:
independe das concentrações do substrato e do produto final da reação. a) A ocorrência do "crossing-over" determina a variabilidade das caracterís-
II. A ligação enzima-substrato é reversível, de modo que uma mesma ticas genéticas das espécies.
molécula pode participar, num mesmo intervalo de tempo, de um maior b) A duplicação do DNA ocorre durante a metáfase da mitose devido à
número de reações à medida que se eleva a temperatura. duplicação dos cromossomos em cromátides.
III. Sob temperaturas muito baixas, as enzima sofrem desnaturação e c) A meiose é uma forma de reprodução celular que garante a manutenção
perdem sua especificidade com o substrato. do número diplóide de cromossomos das espécies.
a) Apenas a afirmativa I é correta. d) A divisão mitótica origina células filhas que contêm qualitativa e quantita-
b) Apenas a afirmativa II e III são corretas. tivamente a mesma informação genética que a célula que lhes deu origem.
c) Apenas a afirmativa II é correta.
d) Apenas as afirmativas I e III são corretas. 27) (U.E.LONDRINA) Considere os itens abaixo:
I. Ocorrem em todos os tipos de células.
22) (FUNREI-2000) São estruturas exclusivas de uma célula nervosa: II. Participam da respiração celular.
a) mitocôndria, sarcolema e pericário. III. Autoduplicam-se
b) axônio, lisossomo e bomba de sódio-potássio. IV . Contêm ácidos nucléicos.
c) dendritos, pericário e axônio. São verdadeiros para as mitocôndrias:
d) vacúolo, ribossomos e bainha de mielina. a) Apenas I, II e III d) Apenas II, III e IV
b) Apenas I, II e IV e) I, II, III e IV
23) (UFLA-2000) São exemplos de monossacarídeo, dissacarídeo e polis- c) Apenas I, III e IV.
sacarídeo, respectivamente, os seguintes carboidratos:
a) glicose, amido e sacarose. 28) A chamada adubação verde consiste no plantio de leguminosas alter-
b) sacarose, amido e glicose. nadas com outras culturas. A importância das leguminosas nessa aduba-
c) amido, glicose e sacarose. ção está relacionada ao ciclo do nitrogênio. Nesse ciclo, as leguminosas:
d) glicose, sacarose e amido. a) fazem a biofixação do nitrogênio atmosférico (N2)por meio da associa-
e) sacarose, glicose e amido. ção com bactérias nitrificantes.
b) promovem a emissão do nitrogênio atmosférico (N2)por meio da associ-
24) (UFOP-2000) Uma célula animal foi mergulhada em uma solução ação com bactérias desnitricantes.
aquosa de concentração desconhecida. Duas alterações ocorridas encon- c) possuem nódulos em suas raízes que apresentam associações com
tram-se registradas no gráfico seguinte: bactérias fixadoras do nitrogênio atmosférico (N2).
Pergunta-se: d) assimilam o nitrito (NO2-) devido a associações com bactérias do gênero
Nitrosomonas.
e)transformam o nitrogênio atmosférico (N2) em nitrato (NO3-), devido a
associações com bactérias do gênero Nitrobacter.

29) (PUC-Campinas) O número de pombos nas grandes cidades vem


aumentando. Os principais motivos são, provavelmente:
a) regularidade do clima e falta de ambiente natural para a reprodução.
b) ausência de inimigos naturais e regularidade do clima.
c) fartura de alimentos e falta de ambiente natural para a reprodução.
d) fartura de alimentos e regularidade do clima.
e) fartura de alimentos e ausência de inimigos naturais,

30) (UFJF/96) Dentre as afirmativas abaixo, marque aquela que só relacio-


na doenças causadas por vírus no homem:
a) AIDS, tuberculose, gripe, lepra;
b) AIDS, gripe, lepra, sarampo;
c) AIDS, lepra, sarampo, raiva;
Qual a tonicidade relativa da solução em que a célula foi mergulhada? d) AIDS, sarampo, raiva, poliomielite;
Qual o nome do fenômeno que explica os resultados apresentados no e) AIDS, raiva, poliomielite, pneumonia.
gráfico?As respostas dessas perguntas são, respectivamente: 21) (UFJF/96) No ciclo de uma angiosperma apresentado abaixo, as fases
a) hipertônica e difusão numeradas de 1, 2 e 3 apresentam as respectivas ploidias (número de
b) hipertônica e osmose cromossomos):
c) hipotônica e difusão
d) hipotônica e osmose
e) isotônica e osmose

25) (UFOP-2000) "O Ministério da Saúde adverte: há sangue contaminado


a) 1: 2n; 2: 2n; 3: 2n. d) 1: 2n; 2: 1n; 3: 1n
em circulação no Brasil. Em 1997, a Fundação Hemocentro de Pernambu-
b) 1: 1n; 2: 2n; 3: 3n. e) 1: 1n; 2: 2n; 3: 2n
co (HEMOPE), descobriu que um lote de plasma recebido de 13 estados
c) 1: 1n; 2: 1n; 3: 1n.
brasileiros para a produção de albumina estava contaminado."
Época, maio de 1999. 32) (UFJF/97) A adaptação não é um recurso que o organismo cria na hora
São listados alguns procedimentos utilizados com o objetivo de evitar a da necessidade para contornar alguns problemas. As adaptações são
transfusão de sangue contaminado. Todas as afirmativas estão corretas, modificações impressas a uma espécie em consequência de mutações, o
exceto: que resulta em indivíduos mais aptos às condições de vida no seu ambien-
a) Descarte do sangue de doadores infectados pelo Treponema pallidum. te. Estas adaptações podem ser morfológicas e fisiológicas.
b) Descarte do sangue de portadores do vírus da hepatite. Entre as adaptações morfológicas temos a camuflagem e mimetismo, de
c) Descarte do sangue de portadores da cisticercose. que são exemplos, respectivamente:
d) Descarte de doadores que têm um grande número de parceiros sexuais, a) Cauda longa e preênsil dos símios; a cor branca dos ursos polares;
evitando a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis. b) mariposa com asas abertas lembram uma cara de coruja; asas do
e) Descarte do sangue de doadores infectados pelo Trypanosoma cruzi. morcego;

Biologia 80 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
c) insetos imitando folhas de árvores; a cor extravagante da falsa cobra- 40) (PUC-MG/99-JULHO) A calvície na espécie humana é determinada por
coral; um gene autossômico C, que tem sua expressão influenciada pelo sexo.
d) peixes anádromos; plantas xerófitas; Esse caráter é dominante nos homens e recessivo nas mulheres, como
e) língua longa do tamanduá; corpo fusiforme dos cetáceos. mostra a tabela abaixo:
FENÓTIPO
GENÓTIPO
33) (U.F.UBERLÂNDIA) De acordo com as evidências de caráter embrioló- Homens Mulheres
gico e paleontológico aceitas atualmente, a linha evolutiva, ocorrida no CC Calvo Calva
decurso da evolução, estabelece que:
Cc Calvo Normal
a) aves e mamíferos evoluíram de linhagens de répteis.
b) os peixes descendem de anfíbios primitivos. cc Normal Normal
c) os dinossauros foram ancestrais dos peixes pulmonados. Em uma população, em equilíbrio de Hardy-Weimberg, onde 81% dos
d) os primeiros mamíferos a surgir foram os carnívoros. homens não apresentam genótipo capaz de torná-los calvos, qual a fre-
e) o homem surgiu no planeta antes da extinção dos dinossauros. quência esperada de mulheres cujo genótipo pode torná-las calvas?
a) 1% b) 8,5% c) 19% d) 42% e) 81%
34) (PUC-SP) Considerando que um operário almoçou feijão, arroz, ovo
frito, alface e banana, podemos dizer que a digestão química começou: 41) (FUVEST-SP) Uma célula somática que tem quatro cromossomos, ao
a) na boca e terminou no intestino delgado. se dividir, apresenta na metáfase:
b) no estômago e terminou no intestino grosso. a) quatro cromossomos distintos, cada um com uma cromátide.
c) no intestino delgado e terminou no grosso. b) quatro cromossomos distintos, cada um com duas cromátides.
d) no estômago e terminou no intestino delgado. c) quatro cromossomos pareados dois a dois, cada um com duas cromáti-
e) na boca e terminou no intestino grosso. des.
d) quatro cromossomos pareados dois a dois, cada um com uma cromáti-
35) (UFV-98) Sabe-se que os hormônios vegetais são substâncias orgâni- de.
cas, simples ou complexas; que atuam em baixíssimas concentrações; que e) dois cromossomos, cada um com duas cromátides.
estimulam, inibem ou modificam, de algum modo, processos fisiológicos
específicos; e que atuam à distância, ou não, do seu local de síntese. 42) (UFBA) A caracterização do vírus como ser vivo está relacionada com
Associe a segunda coluna de acordo com a primeira e assinale a opção a capacidade de:
que contém a sequência CORRETA: a) sobreviver em meios de culturas artificiais mantidos em laboratório.
I - auxina ( ) divisão e crescimento celular b) realizar a síntese de proteínas, utilizando seus próprios ribossomos.
II - giberelina ( ) amadurecimento de frutos c) reproduzir-se e sofrer modificações em suas características hereditárias.
III - ácido abscísico ( ) estímulo à germinação de sementes d) apresentar, simultaneamente, moléculas de DNA e RNA em sua organi-
IV - etileno ( ) alongamento de caule e tropismos zação.
V - citocinina ( ) inibição da germinação de sementes e) fabricar seu próprio alimento, quando em vida livre, e armazená-lo, para
a) V, II, III, IV, I. d) II, V, I, IV, III. uso, quando cristalizado.
b) V, IV, II, I, III. e) II, I, IV, V, III.
c) V, IV, III, I, II. 43) (UFC-2000) Considere o quadro abaixo.
Doença Parasita Profilaxia
36) (UFRS) Charles Darwin estruturou sua teoria da evolução baseado na 1 Leishmania brasiliensis Combate ao inseto vetor
ideia de que, na competição pela vida, sobreviveriam os mais aptos. Esse
processo denomina-se: Malária 2 Combate ao inseto vetor
a) deriva genética. d) migração diferencial. Doença de Chagas Trypanosoma cruzi 3
b) seleção natural. e) mutação. Assinale a alternativa que contém os itens que completam corretamente o
c) miscigenação racial. quadro acima, substituindo, respectivamente, os números 1, 2 e 3.
a) Leishmaniose tegumentar - Plasmodium vivax - Combate ao inseto
37) (UFF-RJ) O colesterol é um componente constante em lipídios do vetor.
grupo: b) Leishmaniose visceral – Plasmodium malariae - Combate ao caramujo
a) dos triglicerídeos. d) dos lipídios complexos nitrogenados. vetor.
b) da lecitina e da mielina. e) dos esteróides. c) Calazar - Plasmodium vivax - Combate aos roedores.
c) das ceras. d) Leishmaniose tegumentar – Plasmodium falciparum - Combate aos
roedores.
38) (UFMG) A célula de uma planta aquática que necessite manter sua e) Calazar – Plasmodium malariae – Combate ao inseto vetor.
concentração de íons Na+ mais elevada que a do meio circundante utiliza-
rá, normalmente, o processo de: 44) (UFF-99) O heredograma mostra a incidência de uma anomalia genéti-
a) difusão. d) pinocitose. ca em um grupo familiar.
b) fagocitose. e) transporte ativo.
c) osmose.

39) (MACKENZIE-2000) Recentemente, alguns cientistas têm sugerido que


será possível, no futuro, clonar órgãos isolados com finalidade de trans-
plante. A respeito dessa técnica, considere as seguintes afirmações: Após a análise deste heredograma, pode-se afirmar:
I – Qualquer célula somática nucleada poderia fornecer o núcleo porque a) todos os indivíduos normais são homozigotos recessivos.
possui todos os genes presentes em uma determinada espécie. b) a anomalia é condicionada por um gene recessivo.
II – Parte dos genes está sob a forma de DNA inativo, ou seja, heterocro- c) a anomalia ocorre apenas em homozigotos dominantes.
matina. d) todos os indivíduos normais são homozigotos dominantes.
III – Um dos grandes desafios é conseguir que os genes necessários à e) todos os indivíduos normais são homozigotos dominantes ou heterozigo-
formação de um órgão se transformem em eucromatina. tos.
Assinale: 45) (UERJ) A camada de queratina da pele representa um grande fator de
a) se todas as afirmativas forem incorretas. proteção para o homem. Entre as alternativas abaixo, aquela que justifica
b) se somente as afirmativas I e II forem corretas. esta afirmativa é:
c) se somente a afirmativa I for correta. a) A camada de queratina filtra totalmente a radiação ultravioleta.
d) se todas as afirmativas forem corretas. b) A camada de queratina do epitélio intestinal impede a fixação de parasi-
e) se somente as afirmativas II e III forem corretas. tas.

Biologia 81 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
c) A camada de queratina atua como primeira barreira na pele, evitando a ___________________________________
perda excessiva de água.
d) A camada de queratina situada profundamente na pele facilita o trans- ___________________________________
porte de água através da sudorese. ___________________________________
46) (CESGRANRIO-RJ) A Dentinogenesis imperfecta é uma doença here- ___________________________________
ditária dominante em relação à condição normal. Assinale a alternativa que ___________________________________
apresenta a probabilidade de uma criança nascer com a doença, conside-
rando que, entre os quatro avós, apenas um era doente e homozigoto: _______________________________________________________
a) 0. b) 50%. c) 100%. d) 25%. e) 75%.
_______________________________________________________
47) (PUC-SP) Uma mulher com síndrome de Turner é cromatina negativa e _______________________________________________________
daltônica. Sabe-se que é filha de um casal cujo pai é daltônico e a mãe
normal, homozigótica para a visão das cores. O responsável pelo gameta _______________________________________________________
cromossomicamente anormal foi: _______________________________________________________
a) o pai, pois ele é daltônico e lhe deu o cromossomo X.
b) a mãe, pois ela é normal e homozigótica. _______________________________________________________
c) o pai, pois ele lhe deu o cromossomo Y.
_______________________________________________________
d) a mãe, pois ela lhe deu o cromossomo X.
e) o pai ou a mãe, pois ambos apresentam no gameta o cromosso X. _______________________________________________________

48) (UFOP/JULHO-99) A técnica conhecida como do DNA recombinante, _______________________________________________________


ou engenharia genética, fundamenta-se no conhecimento sobre os genes. _______________________________________________________
Essa técnica permite, entre várias aplicações, que o gene responsável pela
síntese de insulina seja isolado das células do organismo que a produz e _______________________________________________________
inserido num plasmídeo (pequeno segmento circular de DNA de bactéria). _______________________________________________________
Esse plasmídeo com gene estranho pode ser reinserido na bactéria, que
passa, então, a produzir insulina. (Adaptado de Ciência Hoje, 42) _______________________________________________________
Assinale a opção CORRETA:
a) A base nitrogenada mais frequente nos genes é a uracila.
_______________________________________________________
b) O plasmídeo da bactéria localiza-se no núcleo. _______________________________________________________
c) Os genes são a base para a síntese do RNA-mensageiro.
d) Os genes dividem-se por ação dos ribossomos. _______________________________________________________
e) Os genes não podem ser transferidos de uma espécie para outra. _______________________________________________________
49) (UFPA) O ovo terrestre foi uma "grande invenção" dos vertebrados _______________________________________________________
que, assim, puderam conquistar o ambiente terrestre. Essa conquista
_______________________________________________________
ocorreu pela primeira vez com:
a) aves. _______________________________________________________
b) répteis.
c) anfíbios. _______________________________________________________
d) peixes. _______________________________________________________
e) mamíferos.
_______________________________________________________
50) (UNIRIO-RJ) Na Amazônia, as tartarugas, além de terem seus filhotes _______________________________________________________
comidos pelas cobras, também podem ser vítimas das sanguessugas, que
se fixam na sua pele (geralmente nas patas) para sugar-lhes o sangue. _______________________________________________________
Neste caso, os tipos de relações ecológicas entre as cobras e as tartaru-
gas, de um lado, e entre as sanguessugas e as tartarugas, de outro, são
_______________________________________________________
respectivamente chamados de: _______________________________________________________
a) predatismo e parasitismo.
b) comensalismo e predatismo. _______________________________________________________
c) parasitismo e simbiose. _______________________________________________________
d) simbiose e comensalismo.
e) predatismo e simbiose. _______________________________________________________

Fonte: http://www.cynara.com.br/vesti.htm
_______________________________________________________
_______________________________________________________
RESPOSTAS _______________________________________________________

01. B 11. D 21. C 31. C 41. B _______________________________________________________


02. D 12. C 22. C 32. C 42. C _______________________________________________________
03. A 13. D 23. D 33. A 43. A
04. D 14. C 24. D 34. A 44. A _______________________________________________________
05. E 15. C 25. C 35. B 45. C _______________________________________________________
06. E 16. C 26. B 36. B 46. B
07. B 17. B 27. D 37. E 47. B _______________________________________________________
08. E 18. A 28. C 38. E 48. C
_______________________________________________________
09. A 19. B 29. E 39. D 49. B
10. D 20. E 30. D 40. A 50. A _______________________________________________________
_______________________________________________________

Biologia 82 A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
Exame Nacional do Ensino Médio

ENEM
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
E REDAÇÃO

VOLUME 3

LÍNGUA PORTUGUESA, LITERATURA, LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS), ARTES, EDUCAÇÃO FÍSICA


E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
• Estudo do texto: as sequências discursivas e os gêneros textuais no sistema de comunicação e informação – modos de organização da
composição textual; atividades de produção escrita e de leitura de textos gerados nas diferentes esferas sociais – públicas e privadas................01
• Estudo das práticas corporais: a linguagem corporal como integradora social e formadora de identidade – performance corporal e identidades
juvenis; possibilidades de vivência crítica e emancipada do lazer; mitos e verdades sobre os corpos masculino e feminino na sociedade atual;
exercício físico e saúde; o corpo e a expressão artística e cultural; o corpo no mundo dos símbolos e como produção da cultura; práticas
corporais e autonomia; condicionamentos e esforços físicos; o esporte; a dança; as lutas; os jogos; as brincadeiras.............................................66
• Produção e recepção de textos artísticos: interpretação e representação do mundo para o fortalecimento dos processos de identidade e
cidadania – Artes Visuais: estrutura morfológica, sintática, o contexto da obra artística, o contexto da comunidade. Teatro: estrutura morfológica,
sintática, o contexto da obra artística, o contexto da comunidade, as fontes de criação. Música: estrutura morfológica, sintática, o contexto da
obra artística, o contexto da comunidade, as fontes de criação. Dança: estrutura morfológica, sintática, o contexto da obra artística, o contexto
da comunidade, as fontes de criação. Conteúdos estruturantes das linguagens artísticas (Artes Visuais, Dança, Música, Teatro), elaborados a
partir de suas estruturas morfológicas e sintáticas; inclusão, diversidade e multiculturalidade: a valorização da pluralidade expressada nas
produções estéticas e artísticas das minorias sociais e dos portadores de necessidades especiais educacionais.................................................187
• Estudo do texto literário: relações entre produção literária e processo social, concepções artísticas, procedimentos de construção e recepção
de textos – produção literária e processo social; processos de formação literária e de formação nacional; produção de textos literários, sua
recepção e a constituição do patrimônio literário nacional; relações entre a dialética cosmopolitismo/localismo e a produção literária nacional;
elementos de continuidade e ruptura entre os diversos momentos da literatura brasileira; associações entre concepções artísticas e
procedimentos de construção do texto literário em seus gêneros (épico/narrativo, lírico e dramático) e formas diversas; articulações entre os
recursos expressivos e estruturais do texto literário e o processo social relacionado ao momento de sua produção; representação literária:
natureza, função, organização e estrutura do texto literário; relações entre literatura, outras artes e outros saberes............................................136
• Estudo dos aspectos linguísticos em diferentes textos: recursos expressivos da língua, procedimentos de construção e recepção de textos –
organização da macroestrutura semântica e a articulação entre ideias e proposições (relações lógico-semânticas)..............................................26
• Estudo do texto argumentativo, seus gêneros e recursos linguísticos: argumentação: tipo, gêneros e usos em língua portuguesa – formas
de apresentação de diferentes pontos de vista; organização e progressão textual; papéis sociais e comunicativos dos interlocutores, relação
entre usos e propósitos comunicativos, função sócio comunicativa do gênero, aspectos da dimensão espaço-temporal em que se produz o
texto ......................... ..............................................................................................................................................................................................22
• Estudo dos aspectos linguísticos da língua portuguesa: usos da língua: norma culta e variação linguística – uso dos recursos linguísticos
em relação ao contexto em que o texto é constituído: elementos de referência pessoal, temporal, espacial, registro linguístico, grau de
formalidade, seleção lexical, tempos e modos verbais; uso dos recursos linguísticos em processo de coesão textual: elementos de articulação
das sequências dos textos ou a construção da microestrutura do texto ....... ........................................................................................................01
• Estudo dos gêneros digitais: tecnologia da comunicação e informação: impacto e função social – o texto literário típico da cultura de massa:
o suporte textual em gêneros digitais; a caracterização dos interlocutores na comunicação tecnológica; os recursos linguísticos e os gêneros
digitais; a função social das novas tecnologias............. .......................................................................................................................................124

1 ENEM - VOL.3

Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos

A PRESENTE APOSTILA NÃO ESTÁ VINCULADA A EMPRESA ORGANIZADORA DO CONCURSO


PÚBLICO A QUE SE DESTINA, ASSIM COMO SUA AQUISIÇÃO NÃO GARANTE A INSCRIÇÃO DO
CANDIDATO OU MESMO O SEU INGRESSO NA CARREIRA PÚBLICA.

O CONTEÚDO DESTA APOSTILA ALMEJA ENGLOBAR AS EXIGENCIAS DO EDITAL, PORÉM, ISSO


NÃO IMPEDE QUE SE UTILIZE O MANUSEIO DE LIVROS, SITES, JORNAIS, REVISTAS, ENTRE OUTROS
MEIOS QUE AMPLIEM OS CONHECIMENTOS DO CANDIDATO, PARA SUA MELHOR PREPARAÇÃO.

ATUALIZAÇÕES LEGISLATIVAS, QUE NÃO TENHAM SIDO COLOCADAS À DISPOSIÇÃO ATÉ A


DATA DA ELABORAÇÃO DA APOSTILA, PODERÃO SER ENCONTRADAS GRATUITAMENTE NO SITE DA
APOSTILAS OPÇÃO, OU NOS SITES GOVERNAMENTAIS.

INFORMAMOS QUE NÃO SÃO DE NOSSA RESPONSABILIDADE AS ALTERAÇÕES E RETIFICAÇÕES


NOS EDITAIS DOS CONCURSOS, ASSIM COMO A DISTRIBUIÇÃO GRATUITA DO MATERIAL RETIFICADO,
NA VERSÃO IMPRESSA, TENDO EM VISTA QUE NOSSAS APOSTILAS SÃO ELABORADAS DE ACORDO
COM O EDITAL INICIAL. QUANDO ISSO OCORRER, INSERIMOS EM NOSSO SITE,
www.apostilasopcao.com.br, NO LINK “ERRATAS”, A MATÉRIA ALTERADA, E DISPONIBILIZAMOS
GRATUITAMENTE O CONTEÚDO ALTERADO NA VERSÃO VIRTUAL PARA NOSSOS CLIENTES.

CASO HAJA ALGUMA DÚVIDA QUANTO AO CONTEÚDO DESTA APOSTILA, O ADQUIRENTE


DESTA DEVE ACESSAR O SITE www.apostilasopcao.com.br, E ENVIAR SUA DÚVIDA, A QUAL SERÁ
RESPONDIDA O MAIS BREVE POSSÍVEL, ASSIM COMO PARA CONSULTAR ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS
E POSSÍVEIS ERRATAS.

TAMBÉM FICAM À DISPOSIÇÃO DO ADQUIRENTE DESTA APOSTILA O TELEFONE (11) 2856-6066,


DENTRO DO HORÁRIO COMERCIAL, PARA EVENTUAIS CONSULTAS.

EVENTUAIS RECLAMAÇÕES DEVERÃO SER ENCAMINHADAS POR ESCRITO, RESPEITANDO OS


PRAZOS ESTITUÍDOS NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.

É PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTA APOSTILA, DE ACORDO COM O


ARTIGO 184 DO CÓDIGO PENAL.

APOSTILAS OPÇÃO

A Opção Certa Para a Sua Realização


Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
O domínio do idioma português seguiu a expansão do reino para o sul,
até o Algarve, no século XIII. Os sucessos estimularam as oposições
religiosas e os portugueses passaram a evitar a língua árabe. Não poden-
do volver ao esquecido latim, aceitaram a fala barbarizada da gente mais
humilde. Os literatos compuseram uma língua de compromisso, o galaico-
português, ao lançar mão dos recursos encontrados no português e no
galego. Tal foi a língua dos trovadores, que se ilustraram na corte do
• ESTUDO DO TEXTO: AS SEQUÊNCIAS DISCURSIVAS E OS
castelo de Guimarães e até nos mosteiros.
GÊNEROS TEXTUAIS NO SISTEMA DE COMUNICAÇÃO E IN-
FORMAÇÃO – MODOS DE ORGANIZAÇÃO DA COMPOSIÇÃO O galaico-português enxameia de formas e palavras de uma língua e
TEXTUAL; ATIVIDADES DE PRODUÇÃO ESCRITA E DE LEITU- da outra, mas apresenta traços da influência franco-provençal, não possui
RA DE TEXTOS GERADOS NAS DIFERENTES ESFERAS SOCI- proparoxítonos e utiliza o sufixo -udo como desinência do particípio na
AIS – PÚBLICAS E PRIVADAS. segunda conjugação: acendudo, atrevudo, bevudo, conhoçudo, creçudo,
estendudo, vendudo etc. Com o advento da dinastia de Avis (1385), a
• ESTUDO DOS ASPECTOS LINGUÍSTICOS DA LÍNGUA POR- língua portuguesa começou a afirmar sua fisionomia própria e em breve
TUGUESA: USOS DA LÍNGUA: NORMA CULTA E VARIAÇÃO tornava-se língua nacional.
LINGUÍSTICA – USO DOS RECURSOS LINGUÍSTICOS EM RE-
LAÇÃO AO CONTEXTO EM QUE O TEXTO É CONSTITUÍDO: O francês antigo, bem como o provençal antigo, comparados com o
ELEMENTOS DE REFERÊNCIA PESSOAL, TEMPORAL, ESPA- francês e o provençal falados hoje, são outras línguas. Isso não ocorre com
o português antigo. Este representa uma fase envelhecida do idioma, sem
CIAL, REGISTRO LINGUÍSTICO, GRAU DE FORMALIDADE, contudo ser outro. Velho em algumas formas, arcaico em muitas palavras,
SELEÇÃO LEXICAL, TEMPOS E MODOS VERBAIS; USO DOS obsoleto na preferência de certas expressões (e diverso na pronúncia,
RECURSOS LINGUÍSTICOS EM PROCESSO DE COESÃO TEX- provavelmente), o português dos primeiros tempos é sempre inteligível,
TUAL: ELEMENTOS DE ARTICULAÇÃO DAS SEQUÊNCIAS pois a gramática é a mesma.
DOS TEXTOS OU A CONSTRUÇÃO DA MICROESTRUTURA DO
Como língua comum, o português formou-se inicialmente em torno de
TEXTO.
Coimbra e mais tarde ao redor de Lisboa, conquistada aos mouros por
Afonso Henriques, primeiro rei português, e depois capital da nação, centro
A língua que Olavo Bilac chamou de "última flor do Lácio, inculta e be-
irradiador do padrão linguístico. Na história da língua, distinguem-se dois
la" é uma das que alcançaram maior difusão geográfica em todo o mundo,
períodos principais: (1) o arcaico, desde as origens, no século XII, ao
pois é falada nos cinco continentes. Ademais, o português é culturalmente
século XV; (2) e o moderno, do século XVI em diante. Uma outra classifi-
significativo sobretudo por sua literatura, na qual se mostra um instrumento
cação considera os períodos clássico (séculos XVI e XVII) e o pós-clássico
de alta eficiência da criação estética em poesia e prosa.
(XVIII em diante).
O português é uma língua neolatina ou românica. Pertencente ao gru-
A disciplina gramatical teve início no período clássico, quando se ela-
po itálico da grande família do indo-europeu, derivou-se da principal língua
borou a primeira gramática da língua, de Fernão de Oliveira, publicada em
itálica, o latim. É falada em Portugal, no Brasil, em Angola, Moçambique,
1536. Também se verificou nesse período a consolidação da língua literá-
Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, assim como em encra-
ria, de acentuada influência do latim clássico e cujo melhor exemplo é o
ves de colonização portuguesa na Ásia (Macau, Goa, Damão e Malaca) e
poema épico de Camões Os lusíadas (1572), obra-prima de presença
da Oceania (Timor). A mistura com línguas nativas, na África, produziu
indelével nas fases que se seguiram. Não obstante a vigência de uma
uma série de dialetos, ditos crioulos.
norma central lisboeta, o português de Portugal apresenta falares regionais
no norte (trasmontano, interamnense, beirão), no centro (estremenho) e no
sul (alentejano e algarvio).
Histórico
No Brasil, o português foi implantado no século XVI, com os traços ar-
O português nasceu da evolução do latim vulgar levado pelos legioná- caicos que se conservavam na linguagem popular da metrópole. Graças à
rios romanos para a península ibérica, transformada em província do imigração constante, no período colonial, o português moderno prevaleceu.
Império Romano em 197 a.C. César fundou, entre outras cidades, Pax Na atualidade, fala-se em todo o Brasil uma língua que, sem se opor à de
Julia (cujo primeiro nome se transformaria em Beja) e criou na Lusitânia um Portugal, dela se distingue por peculiaridades de vocabulário, os "brasilei-
dos baluartes da latinização do país. Estrabão observou que os turdetanos, rismos", e toma como padrão a norma culta das cidades principais, o Rio
na Bética, haviam esquecido a língua materna, e expressavam-se em de Janeiro sobretudo.
latim. Essa língua radicou-se na península, até que, no século V, se deu a
invasão dos bárbaros, e com ela se intensificou a corrupção da linguagem. Gramática histórica
Com a presença dos árabes, no século VIII a decadência do latim a- Na evolução do latim ibérico para o português, observam-se certos fa-
centuou-se, intensificada pelo fato de terem os invasores uma brilhante tos que deram à língua atual sua fisionomia.
civilização própria. Os próprios cristãos arabizaram-se e João, bispo de
No capítulo da fonologia, as vogais, de modo geral, mantiveram-se, a
Sevilha, traduziu a Bíblia para o árabe. O latim reduziu-se a alguns falares
não ser o i-breve, que evolveu para ê, e o u-breve, que se transformou em
vernáculos e quase desapareceu das Espanhas, como havia de suceder
ô. As consoantes iniciais mantiveram-se. As geminadas (com exceção de
no norte da África. Chegou a chamar-se "aljamia" o linguajar latino e era
rr) simplificaram-se. As intervocálicas fortes abrandaram-se. Muitas das
como se se dissesse "o bárbaro", o estrangeiro, em oposição à "aravia", a
brandas intervocálicas desapareceram. Os grupos de consoantes + l, se
língua árabe.
iniciais, passaram a ch, como: plorare > chorar, flamma > chama. Se
A península contava ainda com outras línguas românicas importantes: intervocálicos, deram em lh, como: triblu > trilho, vetlu > velho. As consoan-
o castelhano (ou espanhol) e o catalão. A região que vai do Minho ao tes finais oclusivas frequentemente se vocalizam no interior dos vocábulos:
Douro, campo de batalha frequente entre cristãos e muçulmanos, era ora em i-reduzido: recepta > receita, regno > reino, octo > oito; ora em u-
pouco povoada e, para consolidar sua posse, D. Afonso VI de Castela, em reduzido: absente > ausente, alteru > outro, octo > oito. Todos esses
torno de 1095, separou da monarquia leonesa o Condado Portucalense, metaplasmos dão uma fisionomia particular ao português.
que de direito ia do Minho ao Tejo mas, de fato, do Minho até o Mondego,
A lexiologia portuguesa de origem latina era paupérrima. Os lexicógra-
e foi concedido ao conde Henrique de Borgonha. O nome provinha-lhe da
fos não registram mais de cinco mil palavras que tenham vindo do latim por
cidade de Portucale, à margem direita do Douro -- na verdade, a cidade do
tradição oral. O ulterior enriquecimento é obra cultural do século XIV,
Porto, correspondendo a Cale a atual Vila Nova de Gaia, à margem es-
sobretudo do período clássico. Entretanto, todo o vocabulário denotativo é
querda. É bastante provável que antes de a região tornar-se reino inde-
latino, excetuando-se uma ou outra palavra. Exemplos: cada (grego katá, já
pendente, no século VII, o "romanço lusitânico" aí falado já constituísse
romanizada), fulano (árabe fulan, acrescentada por intermédio do caste-
uma nova língua, o "protoportuguês".
lhano).

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 1 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Naturalmente a expansão geográfica do povo lusitano ensejou a ane- que as pedras de uma construção. Mas não se podem fazer transposições
xação de um riquíssimo vocabulário, colhido nas cinco partes do mundo. de uma língua para outra sem se obedecer a precauções. Em primeiro
Mas é notável a plasticidade que a língua demonstrou de aportuguesamen- lugar, há, em cada língua, um número considerável de palavras auxiliares,
to, de sorte que, sem estudo, ninguém pode saber a extração dos termos que não correspondem a quaisquer ideias: surgem como instrumentos ou
que emprega. Fato curioso é a eliminação constante, ao longo dos séculos, peças necessárias ao encadeamento das palavras-ideias, e nem sempre
das palavras árabes, muitas das quais são, no entanto, utilíssimas. encontram correspondentes em outras línguas. Além disso, há certos
torneios particulares, e até sui generis, que decorrem de velhos hábitos
A morfologia portuguesa simplificou-se muito. Desapareceram os ca- adquiridos. Tudo isso constitui os chamados idiotismos.
sos e, portanto, as declinações, a não ser nos pronomes pessoais. O
neutro singular passou a ser masculino e admitiu outro plural (lignum > Palavras como homem, chove, azul ou bem correspondem a noções
lenho, lenhos); o neutro plural passou a feminino singular, admitindo tam- claras, a ideias que povoam o mundo interior de quem fala. Mas é, ele ou
bém outro plural (ligna > lenha, lenhas). O caso latino que persistiu no que não encontram nenhuma correspondência ideativa. O verbo ser, em
português em geral foi o acusativo (por isso chamado caso lexicogênico), seu emprego mais corrente, apenas relaciona um nome a outro, provido
com perda do m final no singular. As desinências de graus deixaram de este do toque nocional, variável ao infinito, que falta ao verbo (Um homem
usar-se como tais; e as que hoje se ouvem, quando latinas, devem-se aos é bom ou mau, alto ou baixo, inteligente ou estúpido); ele pode referir-se a
eruditos nas escolas. qualquer ente do gênero masculino (homem, leão, muro); que, seja prono-
me, seja conjunção, não contém em si nenhuma noção precisa. No primei-
Os verbos latinos, repartidos por quatro conjugações, esquematiza- ro caso, toma emprestado o valor de seu antecedente (a mulher, ou o
ram-se em três: os da terceira conjugação latina passaram para a segunda homem, ou o carro que eu vi), no segundo é mera palavra de ligação
(míttere > meter), ou para a quarta (-míttere >-mitir). Houve grande vacila- (Peço-te que venhas). No latim não há o pronome ele, nem a integrante
ção, no português antigo, sobre a conjugação que haveria de prevalecer: que. No russo, não se usa correntemente o verbo ser.
correger > corrigir, caer > cair etc. No português criou-se um futuro do
subjuntivo, como no castelhano e no galego, proveniente do futuro perfeito O curioso, porém, é que as palavras não ideativas, as chamadas deno-
do indicativo latino. Surgiu no português, como no galego, um infinitivo tativas, são as principais em cada língua, porque características de cada
variável. Caducaram vários particípios, e formas nominais do verbo. uma. São criações gramaticais. Quando não encontram versão em outras
línguas, constituem idiotismos (do grego idiótes, "particular", "privado"). As
A sintaxiologia registra menor maleabilidade do português, em conse- palavras ideativas, pelo contrário, se não acham paralelo em outra, facil-
quência do grande desgaste das flexões. Mas os princípios fundamentais mente se podem introduzir. Basta que a ideia se comunique, e se divulgue.
da concordância e da regência continuam os mesmos (naturalmente não Palavras ideativas criam-se à vontade, ou se importam. Às vezes surgem
pode haver concordâncias de casos, pois que os casos desapareceram). sem necessidade alguma, por moda, por contágio. Quando as ideias
desaparecem, também elas podem sair de circulação. Tudo é contingente.
Mas nas palavras denotativas não é possível mexer.
Gramática portuguesa
Talvez os principais idiotismos do português se possam resumir do se-
A fonologia muito equilibrada, circunstância que a aproxima do francês guinte modo:
e do italiano, é uma das principais características do português.
(1) A existência de cinco pronomes neutros para o singular: isto, isso,
A língua tem 13 vogais, oito orais -- u, ô, ó, á, a, é, ê, i -- e cinco nasais aquilo, tudo, o. Tais palavras referem-se às coisas, e podem combinar-se
-- ~u, õ, ã, ~e, ~i -- sendo que, em algumas regiões, ouvem-se outras. ainda em: tudo isto, tudo isso, tudo aquilo, tudo o. No castelhano também
Carece de fonemas aspirados ou africados. Possui três pares de consoan- existem outras tantas palavras neutras: esto, eso, aquello, ello, lo. Trata-se,
tes fricativas -- f/v, ç/z, x/j (exemplos: fé/vó, sá/zé, xá/jó); três pares de pois, de uma particularidade ibérica.
consoantes oclusivas: p/b, t/d, k/g (exemplos: pé/bom, tá/dó, que/giz); e
três consoantes nasais -- m, n, ñ (exemplos: tomo, anão, manhã). A con- (2) O português constrói orações nominais (isto é, as de sujeito e pre-
soante lateral l pode ser usada como lh, a exemplo dos casos lado e olho, dicativo, que exprimem estado ou qualidade) com três verbos distintos: ser,
enquanto a consoante vibrante r pode ser dobrada: rã, urra (e esse r gemi- estar, ficar, conforme se define o ser-sujeito em caráter definitivo, provisó-
nado pode ser substituído por um gargarizado, mais áspero do que o r- rio (ou recente), ou num momento em que ele muda de aspecto: Frederico
grasseyé parisiense). é forte; Frederico está forte; Frederico fica forte. Nenhuma outra grande
língua da Europa faz isso tão natural e agilmente.
Outra particularidade da língua portuguesa é o fato de o acento tônico,
no caso de vocábulos polissilábicos, poder cair em qualquer das três (3) O infinitivo variável, flexionando-se pessoalmente, é um dos mais
últimas sílabas. Também é característica a existência de palavras átonas, profundos traços do português. Assim sendo, essa forma verbal concorre
que se arrimam nas outras por meio de próclise ou de ênclise. Os ditongos, com o subjuntivo, e o indicativo, principalmente nas orações subordinadas.
orais e nasais, são sempre decrescentes, isto é, terminam nas vogais Entretanto, pode alternar até com o imperativo. Peço-te passares por lá (=
reduzidas u ou i, exceto quando se situam depois de k ou g, e começam Peço-te que passes por lá). Creio estarmos preparados (= Creio que esta-
por u reduzido. Conta ainda o português alguns tritongos, que podem ser mos preparados). Passar bem! (= Passe bem!). O uso do infinitivo variável
parcialmente nasais. Ocorrem sempre depois de k, ou de g, e começam foi mais extenso no português antigo e é mesmo mais notável na língua
por u reduzido. Ditongos outros, crescentes, podem surgir na linguagem popular do que no português literário moderno. É, hoje, um maravilhoso
descuidada, ou em certos artifícios de linguagem poética. recurso de clareza, ou de ênfase, a que é lícito recorrer mesmo quando a
gramática postula o contrário.
A lexicologia da língua portuguesa é das mais ricas que existem, mas
não apresenta aspectos especialmente singulares. É predominantemente Se não tivesse empregado o infinitivo variável, Camões teria escrito
latina, mais pela importância do que pelo número de vocábulos latinos que uma frase ambígua naquele célebre passo: "Ó Netuno, lhe disse, não te
abriga. espantes / de Baco nos teus reinos receberes" (Os lusíadas, VI, 15). Com
que ufania exclama ele, diante do estrangeiro: "Vai ver-lhe a frota, as
A sintaxiologia da língua portuguesa revela um analitismo que decorre armas, e a maneira / do fundido metal, que tudo rende, / e folgarás de
do amplo desenvolvimento de suas perífrases. Predomina, na construção, veres a polícia (= civilização) / portuguesa na paz, e na milícia" (Ib., VII,
a ordem direta, em que o sujeito antecede o verbo e o complemento ou 72).
complementos. A voz ativa predomina sobre a voz passiva, e as orações
sem sujeito -- ou as de sujeito indefinido -- na maioria das ocasiões não Repare-se em como o segundo infinitivo, variável, torna a frase mais
têm o sujeito gramatical usado no francês ou nas línguas germânicas, isto leve, e o pensamento mais evidente, na seguinte passagem de Alencar:
é, o on, o man, o one. "Nem por isso os outros deixaram de continuar o seu giro, e as estações de
seguirem o seu curso regular" (Correr da pena). O infinitivo variável existe
Idiotismos também no galego, e surgiu em dialetos ibéricos e itálicos.
As palavras apresentam-se ao espírito como os elementos materiais, (4) O predicativo preposicionado, isto é, introduzido por preposição, é
por assim dizer, da linguagem interior. Materializam as ideias e são como uma das tendências que se têm acentuado no português. Embora se diga

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 2 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Afonso é considerado um talento, parece perfeitamente natural dizer Afon- nho-de-ferro, combóio, chulipa. E os brasileiros: estrada de ferro, trem,
so é tido por talento, ou ainda Afonso é tido em muito. Se um português diz dormente. "Carril" tem as preferências lusitanas; os brasileiros dizem
naturalmente ele me chamou amigo, um brasileiro preferiria recorrer à "trilho". De qualquer maneira, o vocabulário ideativo é contingente e pode
preposição: Ele me chamou de amigo. Alguns puristas chegaram a censu- renovar-se completamente sem que a língua se abale.
rar de viciosa esta última construção, sem reparar que o mesmo se tem
feito com outros verbos sinônimos: "D. José cognominava de renegado o Quanto à morfologia, nenhuma observação a fazer. Usam-se no Brasil,
fugitivo sócio" (Camilo Castelo Branco, Amor de salvação); "Está averban- absolutamente, as mesmas desinências, e nada se permite de especial. Os
do de suspeita ou falazes tão ligeiras e infundadas ilações" (Latino Coelho, prefixos e sufixos são fundamentalmente os mesmos.
Camões). Na sintaxe, o ponto nevrálgico é a questão da colocação dos prono-
(5) Um idiotismo funcional é o aspecto iterativo que modernamente se mes pessoais átonos. É que, embora átonas, tais partículas são muito mais
tem dado ao presente perfeito do indicativo. Enquanto nas outras línguas ponderáveis no Brasil do que em Portugal. Assim sendo, os brasileiros as
esse tempo evolveu naturalmente para o passado, em português não colocam onde lhes parecem que soam melhor. Em Portugal, sendo por
exprime simples passado, senão passado reiterado. "Tenho reclamado" demais tênues, elas correriam o risco de não ser percebidas se não se
não significa "reclamei", como em outras línguas, mas "reclamei, reclamei, sujeitassem a posições rígidas, onde o ouvido já as espere. Alencar escre-
reclamei e ainda estou no propósito de reclamar". veu em Iracema: "A rola, que marisca na areia, se afasta-se o companhei-
ro, adeja inquieta de ramo em ramo", para evitar o ciciar de um "se se
(6) O infinitivo preposicionado em substituição do gerúndio é também afasta" (çi çi afáxta) ou para não bisar numa sílaba que lhe oferecia um
traço do português, e também moderno. É sabido que as línguas români- "sibilo desagradável".
cas criaram para o infinitivo a possibilidade de o ligarem com uma preposi-
ção e, assim, tornaram supérfluas várias formas nominais do verbo latino, Ora, tal não acontece aos portugueses, que ali proferem um monossí-
como supinos, particípios, gerundivo e mesmo as formas gerundiais distin- labo (çiç afáxta). Sem se dar inteiramente consciência do fato, os brasilei-
tas do ablativo. O português estendeu essa possibilidade até o gerúndio ros desenvolveram hábitos de sínclise pronominal que nunca foram defini-
ablativo, de modo que se pode dizer "está a chover", em lugar do primitivo tivamente estabelecidos em Portugal e que estão sujeitos à moda e a
"está chovendo". No Brasil, prefere-se o gerúndio, de uso generalizado. gostos particulares. Os demais preceitos sintáticos acatam-se nos dois
principais países de língua portuguesa.
(7) O emprego de "estar com" na acepção de "ter" é muito da índole
portuguesa. Podemos perfeitamente dizer "tenho sede, tenho sono, tenho a Dialetologia portuguesa
chave". Também nos é lícito expressar-nos "estou sequioso, estou sono- Em 1901, José Leite de Vasconcelos doutorou-se na Universidade de
lento". Mas o mais natural será: "Estou com sede, estou com sono, estou Paris com uma tese retumbante intitulada Esquisse d'une dialectologie
com a chave." portugaise (Esboço de dialetologia portuguesa) e apontou no território da
(8) O analitismo português, já assinalado, pode ainda ser lembrado metrópole diversos dialetos: o interamnense e o transmontano, ao norte; o
como um dos traços idiomáticos mais marcantes da língua. De um modo beirão e o estremenho, ao centro; o alentejano e o algarvio, ao sul. Mas
geral, as línguas românicas evolveram do sintetismo latino para um decidi- não se podem aceitar a existência desses dialetos, como os italianos ou os
do analitismo. Mas talvez nenhuma chegou a tão grande desenvolvimento alemães, pois em quase nada se distinguem. Constitui um esforço de
nesse terreno como o português. Enquanto o alemão (no ramo germânico) eruditismo o poder diferençá-los, tal a extraordinária unidade de expressão
conservou e estimulou o gosto pela palavra composta, o português fez o característica do mundo português.
contrário. Se a expressão perifrástica é desgraciosa e comprida, não se lhe O mesmo autor reconhece a existência de dialetos insulares, nos Aço-
pode negar, em geral, a clareza de significação. Uma palavra como apud res e na Madeira, e aponta vários dialetos de ultramar, entre os quais o
não consegue ser tão expressiva como as suas traduções dicionarizadas: "brasileiro". Decide-o a priori, dizendo: "Se eu chamo dialeto, por exemplo,
"junto de", "ao pé de", "perto de", "diante de", "ao lado de", "na presença o português de Trás-os-Montes, com mais forte razão devo dar esse nome
de", "em companhia de", "em casa de", "à vista de", "segundo", "conforme", ao português do Brasil, ou 'brasileiro'..." Mas acontece que, se o Brasil for
"em relação a", "no tempo de". Experimente-se traduzir o alemão bei, ou o tratado com o mesmo interesse que ele demonstrou com respeito a Portu-
inglês by. As perífrases verbais do português são, na verdade, uma cons- gal, verifica-se que não há dialeto que se possa intitular "brasileiro": haverá
trução infernal para o estrangeiro, mas emprestam grande sutileza à ex- muitos dialetos brasileiros, tão insignificantes no fundo quanto os de Portu-
pressão. gal. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
Português no Brasil
A língua que se fala no Brasil, ainda que transpareçam traços caracte- INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
rísticos locais, é em essência, como já se mostrou, a mesma que se pratica
em Portugal, pois que se compendia na mesma gramática.
Os concursos apresentam questões interpretativas que têm por finali-
Foneticamente, assinale-se que no Brasil não se criou fonema novo. dade a identificação de um leitor autônomo. Portanto, o candidato deve
(No espanhol da Argentina, uma expressão como calle mayor se pronuncia compreender os níveis estruturais da língua por meio da lógica, além de
aproximadamente como "káje ma'jor", fazendo-se ouvir o som de j, inexis- necessitar de um bom léxico internalizado.
tente em terras de Castela.) Certos fonemas conhecidos no tupi-guarani
não conseguiram subsistir nos vocábulos brasileiros dessa fonte. Mas é As frases produzem significados diferentes de acordo com o contexto
certo que portugueses e brasileiros, conquanto não pratiquem sistemas em que estão inseridas. Torna-se, assim, necessário sempre fazer um
fonéticos diversos, têm hábitos por vezes diferentes. confronto entre todas as partes que compõem o texto.
Quanto à lexiologia, deve-se notar que não se gerou no Brasil nenhum
Além disso, é fundamental apreender as informações apresentadas
denotativo: determinativos, pronomes, preposições, conjunções etc. são os
por trás do texto e as inferências a que ele remete. Este procedimento
mesmos nos dois países. O vocabulário ideativo, no entanto, enseja gran-
justifica-se por um texto ser sempre produto de uma postura ideológica do
des reparos, ou porque as palavras correspondam a ideias não-correntes
autor diante de uma temática qualquer.
em Portugal, ou porque se tenha dado sentido novo a certas palavras, ou
porque se introduziram outras sem necessidade. Nas últimas linhas de Os
Denotação e Conotação
Maias, onde Eça de Queirós diz: "Então, para apanhar o americano, os
Sabe-se que não há associação necessária entre significante (expres-
dois amigos romperam a correr desesperadamente pela rampa de Santos",
são gráfica, palavra) e significado, por esta ligação representar uma con-
é possível que um escritor brasileiro escrevesse: "Então, para pegar o
venção. É baseado neste conceito de signo linguístico (significante +
bonde, os dois amigos começaram a correr desesperadamente pela ladeira
significado) que se constroem as noções de denotação e conotação.
de Santos."
Muitas das invenções carreiam nomenclatura nova, quase nunca coin- O sentido denotativo das palavras é aquele encontrado nos dicioná-
cidente, de um e de outro lado do Atlântico. Dizem os portugueses: cami- rios, o chamado sentido verdadeiro, real. Já o uso conotativo das palavras

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 3 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
é a atribuição de um sentido figurado, fantasioso e que, para sua compre- aparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam a entender o que se
ensão, depende do contexto. Sendo assim, estabelece-se, numa determi- perguntou e o que se pediu;
nada construção frasal, uma nova relação entre significante e significado. 11. Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a mais
exata ou a mais completa;
Os textos literários exploram bastante as construções de base conota- 12. Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamento de
tiva, numa tentativa de extrapolar o espaço do texto e provocar reações lógica objetiva;
diferenciadas em seus leitores. 13. Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais;
14. Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela resposta,
Ainda com base no signo linguístico, encontra-se o conceito de polis- mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto;
semia (que tem muitas significações). Algumas palavras, dependendo do 15. Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denuncia a
contexto, assumem múltiplos significados, como, por exemplo, a palavra resposta;
ponto: ponto de ônibus, ponto de vista, ponto final, ponto de cruz ... Neste 16. Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo autor,
caso, não se está atribuindo um sentido fantasioso à palavra ponto, e sim definindo o tema e a mensagem;
ampliando sua significação através de expressões que lhe completem e 17. O autor defende ideias e você deve percebê-las;
esclareçam o sentido. 18. Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são importan-
tíssimos na interpretação do texto.
Como Ler e Entender Bem um Texto Ex.: Ele morreu de fome.
Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: a informativa e de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na realização
de reconhecimento e a interpretativa. A primeira deve ser feita de maneira do fato (= morte de "ele").
cautelosa por ser o primeiro contato com o novo texto. Desta leitura, extra- Ex.: Ele morreu faminto.
em-se informações sobre o conteúdo abordado e prepara-se o próximo faminto: predicativo do sujeito, é o estado em que "ele" se encontrava
nível de leitura. Durante a interpretação propriamente dita, cabe destacar quando morreu.;
palavras-chave, passagens importantes, bem como usar uma palavra para 19. As orações coordenadas não têm oração principal, apenas as idei-
resumir a ideia central de cada parágrafo. Este tipo de procedimento aguça as estão coordenadas entre si;
a memória visual, favorecendo o entendimento. 20. Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior clareza
de expressão, aumentando-lhe ou determinando-lhe o significado. Eraldo
Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação seja subjeti- Cunegundes
va, há limites. A preocupação deve ser a captação da essência do texto, a
fim de responder às interpretações que a banca considerou como pertinen- ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
tes. TEXTO NARRATIVO
• As personagens: São as pessoas, ou seres, viventes ou não, for-
No caso de textos literários, é preciso conhecer a ligação daquele texto ças naturais ou fatores ambientais, que desempenham papel no desenrolar
com outras formas de cultura, outros textos e manifestações de arte da dos fatos.
época em que o autor viveu. Se não houver esta visão global dos momen-
tos literários e dos escritores, a interpretação pode ficar comprometida. Toda narrativa tem um protagonista que é a figura central, o herói ou
Aqui não se podem dispensar as dicas que aparecem na referência biblio- heroína, personagem principal da história.
gráfica da fonte e na identificação do autor.
O personagem, pessoa ou objeto, que se opõe aos designos do prota-
A última fase da interpretação concentra-se nas perguntas e opções gonista, chama-se antagonista, e é com ele que a personagem principal
de resposta. Aqui são fundamentais marcações de palavras como não, contracena em primeiro plano.
exceto, errada, respectivamente etc. que fazem diferença na escolha
adequada. Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se com o conceito do As personagens secundárias, que são chamadas também de compar-
"mais adequado", isto é, o que responde melhor ao questionamento pro- sas, são os figurantes de influencia menor, indireta, não decisiva na narra-
posto. Por isso, uma resposta pode estar certa para responder à pergunta, ção.
mas não ser a adotada como gabarito pela banca examinadora por haver
uma outra alternativa mais completa. O narrador que está a contar a história também é uma personagem,
pode ser o protagonista ou uma das outras personagens de menor impor-
Ainda cabe ressaltar que algumas questões apresentam um fragmento tância, ou ainda uma pessoa estranha à história.
do texto transcrito para ser a base de análise. Nunca deixe de retornar ao
texto, mesmo que aparentemente pareça ser perda de tempo. A descon- Podemos ainda, dizer que existem dois tipos fundamentais de perso-
textualização de palavras ou frases, certas vezes, são também um recurso nagem: as planas: que são definidas por um traço característico, elas não
para instaurar a dúvida no candidato. Leia a frase anterior e a posterior alteram seu comportamento durante o desenrolar dos acontecimentos e
para ter ideia do sentido global proposto pelo autor, desta maneira a res- tendem à caricatura; as redondas: são mais complexas tendo uma dimen-
posta será mais consciente e segura. são psicológica, muitas vezes, o leitor fica surpreso com as suas reações
Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpretação de perante os acontecimentos.
texto. Para isso, devemos observar o seguinte:
• Sequência dos fatos (enredo): Enredo é a sequência dos fatos,
01. Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto; a trama dos acontecimentos e das ações dos personagens. No enredo
02. Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura, vá podemos distinguir, com maior ou menor nitidez, três ou quatro estágios
até o fim, ininterruptamente; progressivos: a exposição (nem sempre ocorre), a complicação, o climax, o
03. Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo monos desenlace ou desfecho.
umas três vezes ou mais;
04. Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas; Na exposição o narrador situa a história quanto à época, o ambiente,
05. Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar; as personagens e certas circunstâncias. Nem sempre esse estágio ocorre,
06. Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor; na maioria das vezes, principalmente nos textos literários mais recentes, a
07. Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor com- história começa a ser narrada no meio dos acontecimentos (“in média”), ou
preensão; seja, no estágio da complicação quando ocorre e conflito, choque de
08. Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do texto cor- interesses entre as personagens.
respondente;
09. Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão; O clímax é o ápice da história, quando ocorre o estágio de maior ten-
10. Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de ...), não, correta, são do conflito entre as personagens centrais, desencadeando o desfecho,
incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; palavras que ou seja, a conclusão da história com a resolução dos conflitos.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 4 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
• Os fatos: São os acontecimentos de que as personagens partici- Exemplo:
pam. Da natureza dos acontecimentos apresentados decorre o “Os trabalhadores passavam para os partidos, conversando
gênero do texto. Por exemplo o relato de um acontecimento cotidi- alto. Quando me viram, sem chapéu, de pijama, por aqueles
ano constitui uma crônica, o relato de um drama social é um ro- lugares, deram-me bons-dias desconfiados. Talvez pensas-
mance social, e assim por diante. Em toda narrativa há um fato sem que estivesse doido. Como poderia andar um homem
central, que estabelece o caráter do texto, e há os fatos secundá- àquela hora , sem fazer nada de cabeça no tempo, um branco
rios, relacionados ao principal. de pés no chão como eles? Só sendo doido mesmo”.
• Espaço: Os acontecimentos narrados acontecem em diversos lu- (José Lins do Rego)
gares, ou mesmo em um só lugar. O texto narrativo precisa conter
informações sobre o espaço, onde os fatos acontecem. Muitas ve- TEXTO DESCRITIVO
zes, principalmente nos textos literários, essas informações são Descrever é fazer uma representação verbal dos aspectos mais carac-
extensas, fazendo aparecer textos descritivos no interior dos tex- terísticos de um objeto, de uma pessoa, paisagem, ser e etc.
tos narrativo.
• Tempo: Os fatos que compõem a narrativa desenvolvem-se num As perspectivas que o observador tem do objeto são muito importan-
determinado tempo, que consiste na identificação do momento, tes, tanto na descrição literária quanto na descrição técnica. É esta atitude
dia, mês, ano ou época em que ocorre o fato. A temporalidade sa- que vai determinar a ordem na enumeração dos traços característicos para
lienta as relações passado/presente/futuro do texto, essas rela- que o leitor possa combinar suas impressões isoladas formando uma
ções podem ser linear, isto é, seguindo a ordem cronológica dos imagem unificada.
fatos, ou sofre inversões, quando o narrador nos diz que antes de
um fato que aconteceu depois. Uma boa descrição vai apresentando o objeto progressivamente, vari-
ando as partes focalizadas e associando-as ou interligando-as pouco a
O tempo pode ser cronológico ou psicológico. O cronológico é o tempo pouco.
material em que se desenrola à ação, isto é, aquele que é medido pela
natureza ou pelo relógio. O psicológico não é mensurável pelos padrões Podemos encontrar distinções entre uma descrição literária e outra
fixos, porque é aquele que ocorre no interior da personagem, depende da técnica. Passaremos a falar um pouco sobre cada uma delas:
sua percepção da realidade, da duração de um dado acontecimento no seu • Descrição Literária: A finalidade maior da descrição literária é
espírito. transmitir a impressão que a coisa vista desperta em nossa mente
através do sentidos. Daí decorrem dois tipos de descrição: a sub-
• Narrador: observador e personagem: O narrador, como já dis- jetiva, que reflete o estado de espírito do observador, suas prefe-
semos, é a personagem que está a contar a história. A posição em rências, assim ele descreve o que quer e o que pensa ver e não o
que se coloca o narrador para contar a história constitui o foco, o que vê realmente; já a objetiva traduz a realidade do mundo obje-
aspecto ou o ponto de vista da narrativa, e ele pode ser caracteri- tivo, fenomênico, ela é exata e dimensional.
zado por : • Descrição de Personagem: É utilizada para caracterização das
- visão “por detrás” : o narrador conhece tudo o que diz respeito personagens, pela acumulação de traços físicos e psicológicos,
às personagens e à história, tendo uma visão panorâmica dos a- pela enumeração de seus hábitos, gestos, aptidões e tempera-
contecimentos e a narração é feita em 3a pessoa. mento, com a finalidade de situar personagens no contexto cultu-
- visão “com”: o narrador é personagem e ocupa o centro da nar- ral, social e econômico .
rativa que é feito em 1a pessoa. • Descrição de Paisagem: Neste tipo de descrição, geralmente o
- visão “de fora”: o narrador descreve e narra apenas o que vê, observador abrange de uma só vez a globalidade do panorama,
aquilo que é observável exteriormente no comportamento da per- para depois aos poucos, em ordem de proximidade, abranger as
sonagem, sem ter acesso a sua interioridade, neste caso o narra- partes mais típicas desse todo.
dor é um observador e a narrativa é feita em 3a pessoa. • Descrição do Ambiente: Ela dá os detalhes dos interiores, dos
• Foco narrativo: Todo texto narrativo necessariamente tem de a- ambientes em que ocorrem as ações, tentando dar ao leitor uma
presentar um foco narrativo, isto é, o ponto de vista através do visualização das suas particularidades, de seus traços distintivos e
qual a história está sendo contada. Como já vimos, a narração é típicos.
feita em 1a pessoa ou 3a pessoa. • Descrição da Cena: Trata-se de uma descrição movimentada,
que se desenvolve progressivamente no tempo. É a descrição de
Formas de apresentação da fala das personagens um incêndio, de uma briga, de um naufrágio.
Como já sabemos, nas histórias, as personagens agem e falam. Há • Descrição Técnica: Ela apresenta muitas das características ge-
três maneiras de comunicar as falas das personagens. rais da literatura, com a distinção de que nela se utiliza um voca-
bulário mais preciso, salientando-se com exatidão os pormenores.
• Discurso Direto: É a representação da fala das personagens a- É predominantemente denotativa tendo como objetivo esclarecer
través do diálogo. convencendo. Pode aplicar-se a objetos, a aparelhos ou meca-
Exemplo: nismos, a fenômenos, a fatos, a lugares, a eventos e etc.
“Zé Lins continuou: carnaval é festa do povo. O povo é dono da
verdade. Vem a polícia e começa a falar em ordem pública. No carna- TEXTO DISSERTATIVO
val a cidade é do povo e de ninguém mais”. Dissertar significa discutir, expor, interpretar ideias. A dissertação
No discurso direto é frequente o uso dos verbo de locução ou descen- consta de uma série de juízos a respeito de um determinado assunto ou
di: dizer, falar, acrescentar, responder, perguntar, mandar, replicar e etc.; e questão, e pressupõe um exame critico do assunto sobre o qual se vai
de travessões. Porém, quando as falas das personagens são curtas ou escrever com clareza, coerência e objetividade.
rápidas os verbos de locução podem ser omitidos.
A dissertação pode ser argumentativa - na qual o autor tenta persuadir
• Discurso Indireto: Consiste em o narrador transmitir, com suas o leitor a respeito dos seus pontos de vista ou simplesmente, ter como
próprias palavras, o pensamento ou a fala das personagens. E- finalidade dar a conhecer ou explicar certo modo de ver qualquer questão.
xemplo:
“Zé Lins levantou um brinde: lembrou os dias triste e passa- A linguagem usada é a referencial, centrada na mensagem, enfatizan-
dos, os meus primeiros passos em liberdade, a fraternidade do o contexto.
que nos reunia naquele momento, a minha literatura e os me-
Quanto à forma, ela pode ser tripartida em:
nos sombrios por vir”.
• Introdução: Em poucas linhas coloca ao leitor os dados funda-
mentais do assunto que está tratando. É a enunciação direta e ob-
• Discurso Indireto Livre: Ocorre quando a fala da personagem se
jetiva da definição do ponto de vista do autor.
mistura à fala do narrador, ou seja, ao fluxo normal da narração.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 5 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
• Desenvolvimento: Constitui o corpo do texto, onde as ideias co- propósito de executar a interação do meio e cultura de cada indivíduo. As
locadas na introdução serão definidas com os dados mais relevan- relações intertextuais são de grande valia para fazer de um texto uma
tes. Todo desenvolvimento deve estruturar-se em blocos de ideias alusão à outros textos, isto proporciona que a imersão que os argumentos
articuladas entre si, de forma que a sucessão deles resulte num dão tornem esta produção altamente evocativa.
conjunto coerente e unitário que se encaixa na introdução e de-
sencadeia a conclusão. A paráfrase é também outro recurso bastante utilizado para trazer a
• Conclusão: É o fenômeno do texto, marcado pela síntese da ideia um texto um aspecto dinâmico e com intento. Juntamente com a paródia, a
central. Na conclusão o autor reforça sua opinião, retomando a in- paráfrase utiliza-se de textos já escritos, por alguém, e que tornam-se algo
trodução e os fatos resumidos do desenvolvimento do texto. Para espetacularmente incrível. A diferença é que muitas vezes a paráfrase não
haver maior entendimento dos procedimentos que podem ocorrer possui a necessidade de persuadir as pessoas com a repetição de argu-
em um dissertação, cabe fazermos a distinção entre fatos, hipóte- mentos, e sim de esquematizar novas formas de textos, sendo estes
se e opinião. diferentes. A criação de um texto requer bem mais do que simplesmente a
- Fato: É o acontecimento ou coisa cuja veracidade e reconhecida; junção de palavras a uma frase, requer algo mais que isto. É necessário ter
é a obra ou ação que realmente se praticou. na escolha das palavras e do vocabulário o cuidado de se requisitá-las,
- Hipótese: É a suposição feita acerca de uma coisa possível ou bem como para se adotá-las. Um texto não é totalmente auto-explicativo,
não, e de que se tiram diversas conclusões; é uma afirmação so- daí vem a necessidade de que o leitor tenha um emassado em seu históri-
bre o desconhecido, feita com base no que já é conhecido. co uma relação interdiscursiva e intertextual.
- Opinião: Opinar é julgar ou inserir expressões de aprovação ou
desaprovação pessoal diante de acontecimentos, pessoas e obje- As metáforas, metomínias, onomatopeias ou figuras de linguagem, en-
tos descritos, é um parecer particular, um sentimento que se tem a tram em ação inseridos num texto como um conjunto de estratégias capa-
respeito de algo. zes de contribuir para os efeitos persuasivos dele. A ironia também é muito
utilizada para causar este efeito, umas de suas características salientes, é
que a ironia dá ênfase à gozação, além de desvalorizar ideias, valores da
O TEXTO ARGUMENTATIVO oposição, tudo isto em forma de piada.
Baseado em Adilson Citelli
A linguagem é capaz de criar e representar realidades, sendo caracte- Uma das últimas, porém não menos importantes, formas de persuadir
rizada pela identificação de um elemento de constituição de sentidos. Os através de argumentos, é a Alusão ("Ler não é apenas reconhecer o dito,
discursos verbais podem ser formados de várias maneiras, para dissertar mais também o não-dito"). Nela, o escritor trabalha com valores, ideias ou
ou argumentar, descrever ou narrar, colocamos em práticas um conjunto conceitos pré estabelecidos, sem porém com objetivos de forma clara e
de referências codificadas há muito tempo e dadas como estruturadoras do concisa. O que acontece é a formação de um ambiente poético e sugerível,
tipo de texto solicitado. capaz de evocar nos leitores algo, digamos, uma sensação...
Texto Base: CITELLI, Adilson; “O Texto Argumentativo” São Paulo SP, Editora.
Para se persuadir por meio de muitos recursos da língua é necessário Scipione, 1994 - 6ª edição.
que um texto possua um caráter argumentativo/descritivo. A construção de
um ponto de vista de alguma pessoa sobre algo, varia de acordo com a GÊNEROS TEXTUAIS
sua análise e esta dar-se-á a partir do momento em que a compreensão do
conteúdo, ou daquilo que fora tratado seja concretado. A formação discur- Gêneros textuais são tipos específicos de textos de qualquer natureza,
siva é responsável pelo emassamento do conteúdo que se deseja transmi- literários ou não. Modalidades discursivas constituem as estruturas e as
tir, ou persuadir, e nele teremos a formação do ponto de vista do sujeito, funções sociais (narrativas, dissertativas, argumentativas, procedimentais e
suas análises das coisas e suas opiniões. Nelas, as opiniões o que faze- exortativas), utilizadas como formas de organizar a linguagem. Dessa
mos é soltar concepções que tendem a ser orientadas no meio em que o forma, podem ser considerados exemplos de gêneros textuais: anúncios,
indivíduo viva. Vemos que o sujeito lança suas opiniões com o simples e convites, atas, avisos, programas de auditórios, bulas, cartas, comédias,
decisivo intuito de persuadir e fazer suas explanações renderem o conven- contos de fadas, convênios, crônicas, editoriais, ementas, ensaios, entre-
cimento do ponto de vista de algo/alguém. vistas, circulares, contratos, decretos, discursos políticos
Na escrita, o que fazemos é buscar intenções de sermos entendidos e A diferença entre Gênero Textual e Tipologia Textual é, no meu en-
desejamos estabelecer um contato verbal com os ouvintes e leitores, e tender, importante para direcionar o trabalho do professor de língua na
todas as frases ou palavras articuladas produzem significações dotadas de leitura, compreensão e produção de textos1. O que pretendemos neste
intencionalidade, criando assim unidades textuais ou discursivas. Dentro pequeno ensaio é apresentar algumas considerações sobre Gênero Tex-
deste contexto da escrita, temos que levar em conta que a coerência é de tual e Tipologia Textual, usando, para isso, as considerações feitas por
relevada importância para a produção textual, pois nela se dará uma Marcuschi (2002) e Travaglia (2002), que faz apontamentos questionáveis
sequência das ideias e da progressão de argumentos a serem explanadas. para o termo Tipologia Textual. No final, apresento minhas considerações
Sendo a argumentação o procedimento que tornará a tese aceitável, a a respeito de minha escolha pelo gênero ou pela tipologia.
apresentação de argumentos atingirá os seus interlocutores em seus
objetivos; isto se dará através do convencimento da persuasão. Os meca- Convém afirmar que acredito que o trabalho com a leitura, compreen-
nismos da coesão e da coerência serão então responsáveis pela unidade são e a produção escrita em Língua Materna deve ter como meta primordi-
da formação textual. al o desenvolvimento no aluno de habilidades que façam com que ele
Dentro dos mecanismos coesivos, podem realizar-se em contextos tenha capacidade de usar um número sempre maior de recursos da língua
verbais mais amplos, como por jogos de elipses, por força semântica, por para produzir efeitos de sentido de forma adequada a cada situação espe-
recorrências lexicais, por estratégias de substituição de enunciados. cífica de interação humana.

Um mecanismo mais fácil de fazer a comunicação entre as pessoas é Luiz Antônio Marcuschi (UFPE) defende o trabalho com textos na es-
a linguagem, quando ela é em forma da escrita e após a leitura, (o que cola a partir da abordagem do Gênero Textual Marcuschi não demonstra
ocorre agora), podemos dizer que há de ter alguém que transmita algo, e favorabilidade ao trabalho com a Tipologia Textual, uma vez que, para
outro que o receba. Nesta brincadeira é que entra a formação de argumen- ele, o trabalho fica limitado, trazendo para o ensino alguns problemas, uma
tos com o intuito de persuadir para se qualificar a comunicação; nisto, vez que não é possível, por exemplo, ensinar narrativa em geral, porque,
estes argumentos explanados serão o germe de futuras tentativas da embora possamos classificar vários textos como sendo narrativos, eles se
comunicação ser objetiva e dotada de intencionalidade, (ver Linguagem e concretizam em formas diferentes – gêneros – que possuem diferenças
Persuasão). específicas.

Sabe-se que a leitura e escrita, ou seja, ler e escrever; não tem em Por outro lado, autores como Luiz Carlos Travaglia (UFUberlândia/MG)
sua unidade a mono característica da dominação do idioma/língua, e sim o defendem o trabalho com a Tipologia Textual. Para o autor, sendo os

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 6 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
textos de diferentes tipos, eles se instauram devido à existência de diferen- Gênero Textual é definido pelo autor como uma noção vaga para os
tes modos de interação ou interlocução. O trabalho com o texto e com os textos materializados encontrados no dia-a-dia e que apresentam caracte-
diferentes tipos de texto é fundamental para o desenvolvimento da compe- rísticas sócio-comunicativas definidas pelos conteúdos, propriedades
tência comunicativa. De acordo com as ideias do autor, cada tipo de texto é funcionais, estilo e composição característica.
apropriado para um tipo de interação específica. Deixar o aluno restrito a
apenas alguns tipos de texto é fazer com que ele só tenha recursos para Travaglia define Tipologia Textual como aquilo que pode instaurar um
atuar comunicativamente em alguns casos, tornando-se incapaz, ou pouco modo de interação, uma maneira de interlocução, segundo perspectivas
capaz, em outros. Certamente, o professor teria que fazer uma espécie de que podem variar. Essas perspectivas podem, segundo o autor, estar
levantamento de quais tipos seriam mais necessários para os alunos, para, ligadas ao produtor do texto em relação ao objeto do dizer quanto ao
a partir daí, iniciar o trabalho com esses tipos mais necessários. fazer/acontecer, ou conhecer/saber, e quanto à inserção destes no tempo
e/ou no espaço. Pode ser possível a perspectiva do produtor do texto dada
Marcuschi afirma que os livros didáticos trazem, de maneira equivoca- pela imagem que o mesmo faz do receptor como alguém que concorda ou
da, o termo tipo de texto. Na verdade, para ele, não se trata de tipo de não com o que ele diz. Surge, assim, o discurso da transformação, quando
texto, mas de gênero de texto. O autor diz que não é correto afirmar que a o produtor vê o receptor como alguém que não concorda com ele. Se o
carta pessoal, por exemplo, é um tipo de texto como fazem os livros. Ele produtor vir o receptor como alguém que concorda com ele, surge o discur-
atesta que a carta pessoal é um Gênero Textual. so da cumplicidade. Tem-se ainda, na opinião de Travaglia, uma perspecti-
va em que o produtor do texto faz uma antecipação no dizer. Da mesma
O autor diz que em todos os gêneros os tipos se realizam, ocorrendo, forma, é possível encontrar a perspectiva dada pela atitude comunicativa
muitas das vezes, o mesmo gênero sendo realizado em dois ou mais tipos. de comprometimento ou não. Resumindo, cada uma das perspectivas
Ele apresenta uma carta pessoal3 como exemplo, e comenta que ela pode apresentadas pelo autor gerará um tipo de texto. Assim, a primeira pers-
apresentar as tipologias descrição, injunção, exposição, narração e argu- pectiva faz surgir os tipos descrição, dissertação, injunção e narração. A
mentação. Ele chama essa miscelânea de tipos presentes em um gênero segunda perspectiva faz com que surja o tipo argumentativo stricto
de heterogeneidade tipológica. sensu6 e não argumentativo stricto sensu. A perspectiva da antecipação
faz surgir o tipo preditivo. A do comprometimento dá origem a textos do
Travaglia (2002) fala em conjugação tipológica. Para ele, dificilmente mundo comentado (comprometimento) e do mundo narrado (não com-
são encontrados tipos puros. Realmente é raro um tipo puro. Num texto prometimento) (Weirinch, 1968). Os textos do mundo narrado seriam
como a bula de remédio, por exemplo, que para Fávero & Koch (1987) é enquadrados, de maneira geral, no tipo narração. Já os do mundo comen-
um texto injuntivo, tem-se a presença de várias tipologias, como a descri- tado ficariam no tipo dissertação.
ção, a injunção e a predição4. Travaglia afirma que um texto se define
como de um tipo por uma questão de dominância, em função do tipo de Travaglia diz que o Gênero Textual se caracteriza por exercer uma
interlocução que se pretende estabelecer e que se estabelece, e não em função social específica. Para ele, estas funções sociais são pressentidas
função do espaço ocupado por um tipo na constituição desse texto. e vivenciadas pelos usuários. Isso equivale dizer que, intuitivamente,
sabemos que gênero usar em momentos específicos de interação, de
Quando acontece o fenômeno de um texto ter aspecto de um gênero acordo com a função social dele. Quando vamos escrever um e-mail,
mas ter sido construído em outro, Marcuschi dá o nome de intertextuali- sabemos que ele pode apresentar características que farão com que ele
dade intergêneros. Ele explica dizendo que isso acontece porque ocorreu “funcione” de maneira diferente. Assim, escrever um e-mail para um amigo
no texto a configuração de uma estrutura intergêneros de natureza alta- não é o mesmo que escrever um e-mail para uma universidade, pedindo
mente híbrida, sendo que um gênero assume a função de outro. informações sobre um concurso público, por exemplo.

Travaglia não fala de intertextualidade intergêneros, mas fala de um Observamos que Travaglia dá ao gênero uma função social. Parece
intercâmbio de tipos. Explicando, ele afirma que um tipo pode ser usado que ele diferencia Tipologia Textual de GêneroTextual a partir dessa
no lugar de outro tipo, criando determinados efeitos de sentido impossíveis, “qualidade” que o gênero possui. Mas todo texto, independente de seu
na opinião do autor, com outro dado tipo. Para exemplificar, ele fala de gênero ou tipo, não exerce uma função social qualquer?
descrições e comentários dissertativos feitos por meio da narração.
Marcuschi apresenta alguns exemplos de gêneros, mas não ressalta
Resumindo esse ponto, Marcuschi traz a seguinte configuração teóri- sua função social. Os exemplos que ele traz são telefonema, sermão,
ca: romance, bilhete, aula expositiva, reunião de condomínio, etc.
intertextualidade intergêneros = um gênero com a função de outro
heterogeneidade tipológica = um gênero com a presença de vários tipos Já Travaglia, não só traz alguns exemplos de gêneros como mostra o
Travaglia mostra o seguinte: que, na sua opinião, seria a função social básica comum a cada um: aviso,
conjugação tipológica = um texto apresenta vários tipos comunicado, edital, informação, informe, citação (todos com a função
intercâmbio de tipos = um tipo usado no lugar de outro social de dar conhecimento de algo a alguém). Certamente a carta e o e-
mail entrariam nessa lista, levando em consideração que o aviso pode ser
Aspecto interessante a se observar é que Marcuschi afirma que os gê- dado sob a forma de uma carta, e-mail ou ofício. Ele continua exemplifi-
neros não são entidades naturais, mas artefatos culturais construídos cando apresentando a petição, o memorial, o requerimento, o abaixo
historicamente pelo ser humano. Um gênero, para ele, pode não ter uma assinado (com a função social de pedir, solicitar). Continuo colocando a
determinada propriedade e ainda continuar sendo aquele gênero. Para carta, o e-mail e o ofício aqui. Nota promissória, termo de compromisso e
exemplificar, o autor fala, mais uma vez, da carta pessoal. Mesmo que o voto são exemplos com a função de prometer. Para mim o voto não teria
autor da carta não tenha assinado o nome no final, ela continuará sendo essa função de prometer. Mas a função de confirmar a promessa de dar o
carta, graças as suas propriedades necessárias e suficientes5.Ele diz, voto a alguém. Quando alguém vota, não promete nada, confirma a pro-
ainda, que uma publicidade pode ter o formato de um poema ou de uma messa de votar que pode ter sido feita a um candidato.
lista de produtos em oferta. O que importa é que esteja fazendo divulgação
de produtos, estimulando a compra por parte de clientes ou usuários Ele apresenta outros exemplos, mas por questão de espaço não colo-
daquele produto. carei todos. É bom notar que os exemplos dados por ele, mesmo os que
Para Marcuschi, Tipologia Textual é um termo que deve ser usado não foram mostrados aqui, apresentam função social formal, rígida. Ele
para designar uma espécie de sequência teoricamente definida pela natu- não apresenta exemplos de gêneros que tenham uma função social menos
reza linguística de sua composição. Em geral, os tipos textuais abrangem rígida, como o bilhete.
as categorias narração, argumentação, exposição, descrição e injunção
(Swales, 1990; Adam, 1990; Bronckart, 1999).Segundo ele, o termo Tipo- Uma discussão vista em Travaglia e não encontrada em Marcuschi7 é
logia Textual é usado para designar uma espécie de sequência teorica- a de Espécie. Para ele, Espécie se define e se caracteriza por aspectos
mente definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos formais de estrutura e de superfície linguística e/ou aspectos de conteúdo.
lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas) (p. 22). Ele exemplifica Espécie dizendo que existem duas pertencentes ao tipo

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 7 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
narrativo: a história e a não-história. Ainda do tipo narrativo, ele apresenta compreensão de textos. Travaglia não faz abordagens específicas ligadas
as Espécies narrativa em prosa e narrativa em verso. No tipo descritivo ele à questão do ensino no seu tratamento à Tipologia Textual.
mostra as Espécies distintas objetiva x subjetiva, estática x dinâmica e
comentadora x narradora. Mudando para gênero, ele apresenta a corres- O que Travaglia mostra é uma extrema preferência pelo uso da Tipo-
pondência com as Espécies carta, telegrama, bilhete, ofício, etc. No gêne- logia Textual, independente de estar ligada ao ensino. Sua abordagem
ro romance, ele mostra as Espécies romance histórico, regionalista, fan- parece ser mais taxionômica. Ele chega a afirmar que são os tipos que
tástico, de ficção científica, policial, erótico, etc. Não sei até que ponto a entram na composição da grande maioria dos textos. Para ele, a questão
Espécie daria conta de todos os Gêneros Textuais existentes. Será que é dos elementos tipológicos e suas implicações com o ensino/aprendizagem
possível especificar todas elas? Talvez seja difícil até mesmo porque não é merece maiores discussões.
fácil dizer quantos e quais são os gêneros textuais existentes.
Marcuschi diz que não acredita na existência de Gêneros Textuaisi-
Se em Travaglia nota-se uma discussão teórica não percebida em deais para o ensino de língua. Ele afirma que é possível a identificação de
Marcuschi, o oposto também acontece. Este autor discute o conceito de gêneros com dificuldades progressivas, do nível menos formal ao mais
Domínio Discursivo. Ele diz que os domínios discursivos são as grandes formal, do mais privado ao mais público e assim por diante. Os gêneros
esferas da atividade humana em que os textos circulam (p. 24). Segundo devem passar por um processo de progressão, conforme sugerem Sch-
informa, esses domínios não seriam nem textos nem discursos, mas dari- neuwly & Dolz (2004).
am origem a discursos muito específicos. Constituiriam práticas discursivas
dentro das quais seria possível a identificação de um conjunto de gêneros Travaglia, como afirmei, não faz considerações sobre o trabalho com a
que às vezes lhes são próprios como práticas ou rotinas comunicativas Tipologia Textual e o ensino. Acredito que um trabalho com a tipologia
institucionalizadas. Como exemplo, ele fala do discurso jornalístico, discur- teria que, no mínimo, levar em conta a questão de com quais tipos de texto
so jurídico e discurso religioso. Cada uma dessas atividades, jornalística, deve-se trabalhar na escola, a quais será dada maior atenção e com quais
jurídica e religiosa, não abrange gêneros em particular, mas origina vários será feito um trabalho mais detido. Acho que a escolha pelo tipo, caso seja
deles. considerada a ideia de Travaglia, deve levar em conta uma série de fato-
res, porém dois são mais pertinentes:
Travaglia até fala do discurso jurídico e religioso, mas não como Mar- a) O trabalho com os tipos deveria preparar o aluno para a composi-
cuschi. Ele cita esses discursos quando discute o que é para ele tipologia ção de quaisquer outros textos (não sei ao certo se isso é possível.
de discurso. Assim, ele fala dos discursos citados mostrando que as tipolo- Pode ser que o trabalho apenas com o tipo narrativo não dê ao a-
gias de discurso usarão critérios ligados às condições de produção dos luno o preparo ideal para lidar com o tipo dissertativo, e vice-versa.
discursos e às diversas formações discursivas em que podem estar inseri- Um aluno que pára de estudar na 5ª série e não volta mais à escola
dos (Koch & Fávero, 1987, p. 3). Citando Koch & Fávero, o autor fala que teria convivido muito mais com o tipo narrativo, sendo esse o mais
uma tipologia de discurso usaria critérios ligados à referência (institucional trabalhado nessa série. Será que ele estaria preparado para produ-
(discurso político, religioso, jurídico), ideológica (discurso petista, de direita, zir, quando necessário, outros tipos textuais? Ao lidar somente com
de esquerda, cristão, etc), a domínios de saber (discurso médico, linguísti- o tipo narrativo, por exemplo, o aluno, de certa forma, não deixa de
co, filosófico, etc), à inter-relação entre elementos da exterioridade (discur- trabalhar com os outros tipos?);
so autoritário, polêmico, lúdico)). Marcuschi não faz alusão a uma tipologia b) A utilização prática que o aluno fará de cada tipo em sua vida.
do discurso.
Acho que vale a pena dizer que sou favorável ao trabalho com o Gê-
Semelhante opinião entre os dois autores citados é notada quando fa- nero Textual na escola, embora saiba que todo gênero realiza necessari-
lam que texto e discurso não devem ser encarados como iguais. Marcus- amente uma ou mais sequências tipológicas e que todos os tipos inserem-
chi considera o textocomo uma entidade concreta realizada materialmente se em algum gênero textual.
e corporificada em algum Gênero Textual[grifo meu] (p. 24). Discurso
para ele é aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma instân- Até recentemente, o ensino de produção de textos (ou de redação) era
cia discursiva. O discurso se realiza nos textos (p. 24). Travaglia considera feito como um procedimento único e global, como se todos os tipos de
o discursocomo a própria atividade comunicativa, a própria atividade texto fossem iguais e não apresentassem determinadas dificuldades e, por
produtora de sentidos para a interação comunicativa, regulada por uma isso, não exigissem aprendizagens específicas. A fórmula de ensino de
exterioridade sócio-histórica-ideológica (p. 03). Texto é o resultado dessa redação, ainda hoje muito praticada nas escolas brasileiras – que consiste
atividade comunicativa. O texto, para ele, é visto como fundamentalmente na trilogia narração, descrição e dissertação – tem por
base uma concepção voltada essencialmente para duas finalidades: a
uma unidade linguística concreta que é tomada pelos usuários da lín-
formação de escritores literários (caso o aluno se aprimore nas duas pri-
gua em uma situação de interação comunicativa específica, como uma
meiras modalidades textuais) ou a formação de cientistas (caso da terceira
unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa reco-
modalidade) (Antunes, 2004). Além disso, essa concepção guarda em si
nhecível e reconhecida, independentemente de sua extensão (p. 03).
uma visão equivocada de que narrar e descrever seriam ações mais “fá-
ceis” do que dissertar, ou mais adequadas à faixa etária, razão pela qual
Travaglia afirma que distingue texto de discurso levando em conta que esta última tenha sido reservada às séries terminais - tanto no ensino
sua preocupação é com a tipologia de textos, e não de discursos. Marcus- fundamental quanto no ensino médio.
chi afirma que a definição que traz de texto e discurso é muito mais opera-
cional do que formal. O ensino-aprendizagem de leitura, compreensão e produção de texto
Travaglia faz uma “tipologização” dos termos Gênero Textual, Tipolo- pela perspectiva dos gêneros reposiciona o verdadeiro papel do professor
gia Textual e Espécie. Ele chama esses elementos de Tipelementos. de Língua Materna hoje, não mais visto aqui como um especialista em
Justifica a escolha pelo termo por considerar que os elementos tipológicos textos literários ou científicos, distantes da realidade e da prática textual do
(Gênero Textual, Tipologia Textual e Espécie) são básicos na constru- aluno, mas como um especialista nas diferentes modalidades textuais,
ção das tipologias e talvez dos textos, numa espécie de analogia com os orais e escritas, de uso social. Assim, o espaço da sala de aula é transfor-
elementos químicos que compõem as substâncias encontradas na nature- mado numa verdadeira oficina de textos de ação social, o que é viabilizado
za. e concretizado pela adoção de algumas estratégias, como enviar uma carta
para um aluno de outra classe, fazer um cartão e ofertar a alguém, enviar
Para concluir, acredito que vale a pena considerar que as discussões uma carta de solicitação a um secretário da prefeitura, realizar uma entre-
feitas por Marcuschi, em defesa da abordagem textual a partir dos Gêne- vista, etc. Essas atividades, além de diversificar e concretizar os leitores
ros Textuais, estão diretamente ligadas ao ensino. Ele afirma que o traba- das produções (que agora deixam de ser apenas “leitores visuais”), permi-
lho com o gênero é uma grande oportunidade de se lidar com a língua em tem também a participação direta de todos os alunos e eventualmente de
seus mais diversos usos autênticos no dia-a-dia. Cita o PCN, dizendo que pessoas que fazem parte de suas relações familiares e sociais. A avaliação
ele apresenta a ideia básica de que um maior conhecimento do funciona- dessas produções abandona os critérios quase que exclusivamente literá-
mento dos Gêneros Textuais é importante para a produção e para a rios ou gramaticais e desloca seu foco para outro ponto: o bom texto não é

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 8 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
aquele que apresenta, ou só apresenta, características literárias, mas O Conto
aquele que é adequado à situação comunicacional para a qual foi produzi-
do, ou seja, se a escolha do gênero, se a estrutura, o conteúdo, o estilo e o É um relato em prosa de fatos fictícios. Consta de três momentos per-
nível de língua estão adequados ao interlocutor e podem cumprir a finali- feitamente diferenciados: começa apresentando um estado inicial de
dade do texto. equilíbrio; segue com a intervenção de uma força, com a aparição de um
conflito, que dá lugar a uma série de episódios; encerra com a resolução
Acredito que abordando os gêneros a escola estaria dando ao aluno a desse conflito que permite, no estágio final, a recuperação do equilíbrio
oportunidade de se apropriar devidamente de diferentes Gêneros Textuais perdido.
socialmente utilizados, sabendo movimentar-se no dia-a-dia da interação Todo conto tem ações centrais, núcleos narrativos, que estabelecem
humana, percebendo que o exercício da linguagem será o lugar da sua entre si uma relação causal. Entre estas ações, aparecem elementos de
constituição como sujeito. A atividade com a língua, assim, favoreceria o recheio (secundários ou catalíticos), cuja função é manter o suspense.
exercício da interação humana, da participação social dentro de uma Tanto os núcleos como as ações secundárias colocam em cena persona-
sociedade letrada. gens que as cumprem em um determinado lugar e tempo. Para a apresen-
1 - Penso que quando o professor não opta pelo trabalho com o gêne- tação das características destes personagens, assim como para as indica-
ro ou com o tipo ele acaba não tendo uma maneira muito clara pa- ções de lugar e tempo, apela-se a recursos descritivos.
ra selecionar os textos com os quais trabalhará. Um recurso de uso frequente nos contos é a introdução do diálogo das
2 - Outra discussão poderia ser feita se se optasse por tratar um pou- personagens, apresentado com os sinais gráficos correspondentes (os
co a diferença entre Gênero Textual e Gênero Discursivo. travessões, para indicar a mudança de interlocutor).
3 - Travaglia (2002) diz que uma carta pode ser exclusivamente des-
A observação da coerência temporal permite ver se o autor mantém a
critiva, ou dissertativa, ou injuntiva, ou narrativa, ou argumentativa.
linha temporal ou prefere surpreender o leitor com rupturas de tempo na
Acho meio difícil alguém conseguir escrever um texto, caracteriza-
apresentação dos acontecimentos (saltos ao passado ou avanços ao
do como carta, apenas com descrições, ou apenas com injunções.
futuro).
Por outro lado, meio que contrariando o que acabara de afirmar,
ele diz desconhecer um gênero necessariamente descritivo. A demarcação do tempo aparece, geralmente, no parágrafo inicial. Os
4 - Termo usado pelas autoras citadas para os textos que fazem pre- contos tradicionais apresentam fórmulas características de introdução de
visão, como o boletim meteorológico e o horóscopo. temporalidade difusa: "Era uma vez...", "Certa vez...".
5 - Necessárias para a carta, e suficientes para que o texto seja uma Os tempos verbais desempenham um papel importante na construção
carta. e na interpretação dos contos. Os pretéritos imperfeito e o perfeito predo-
6 - Segundo Travaglia (1991), texto argumentativo stricto sensu é o minam na narração, enquanto que o tempo presente aparece nas descri-
que faz argumentação explícita. ções e nos diálogos.
7 - Pelo menos nos textos aos quais tive acesso. Sílvio Ribeiro da Sil- O pretérito imperfeito apresenta a ação em processo, cuja incidência
va chega ao momento da narração: "Rosário olhava timidamente seu preten-
dente, enquanto sua mãe, da sala, fazia comentários banais sobre a histó-
TIPOLOGIA TEXTUAL ria familiar." O perfeito, ao contrário, apresenta as ações concluídas no
passado: "De repente, chegou o pai com suas botas sujas de barro, olhou
sua filha, depois o pretendente, e, sem dizer nada, entrou furioso na sala".
A todo o momento nos deparamos com vários textos, sejam eles
verbais e não verbais. Em todos há a presença do discurso, isto é, a ideia A apresentação das personagens ajusta-se à estratégia da definibili-
intrínseca, a essência daquilo que está sendo transmitido entre os dade: são introduzidas mediante uma construção nominal iniciada por um
interlocutores. artigo indefinido (ou elemento equivalente), que depois é substituído pelo
definido, por um nome, um pronome, etc.: "Uma mulher muito bonita entrou
Esses interlocutores são as peças principais em um diálogo ou em um apressadamente na sala de embarque e olhou à volta, procurando alguém
texto escrito, pois nunca escrevemos para nós mesmos, nem mesmo impacientemente. A mulher parecia ter fugido de um filme romântico dos
falamos sozinhos. anos 40."
É de fundamental importância sabermos classificar os textos dos quais O narrador é uma figura criada pelo autor para apresentar os fatos que
travamos convivência no nosso dia a dia. Para isso, precisamos saber que constituem o relato, é a voz que conta o que está acontecendo. Esta voz
existem tipos textuais e gêneros textuais. pode ser de uma personagem, ou de uma testemunha que conta os fatos
na primeira pessoa ou, também, pode ser a voz de uma terceira pessoa
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um fato presenciado que não intervém nem como ator nem como testemunha.
ou ocorrido conosco, expomos nossa opinião sobre determinado assunto,
Além disso, o narrador pode adotar diferentes posições, diferentespon-
ou descrevemos algum lugar pelo qual visitamos, e ainda, fazemos um
tos de vista: pode conhecer somente o que está acontecendo, isto é, o que
retrato verbal sobre alguém que acabamos de conhecer ou ver.
as personagens estão fazendo ou, ao contrário, saber de tudo: o que
É exatamente nestas situações corriqueiras que classificamos os fazem, pensam, sentem as personagens, o que lhes aconteceu e o que
nossos textos naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição e lhes acontecerá. Estes narradores que sabem tudo são chamados onisci-
Dissertação. entes.
Para melhor exemplificarmos o que foi dito, tomamos como exemplo A Novela
um Editorial, no qual o autor expõe seu ponto de vista sobre determinado
É semelhante ao conto, mas tem mais personagens, maior número de
assunto, uma descrição de um ambiente e um texto literário escrito em
complicações, passagens mais extensas com descrições e diálogos. As
prosa.
personagens adquirem uma definição mais acabada, e as ações secundá-
Em se tratando de gêneros textuais, a situação não é diferente, pois se rias podem chegar a adquirir tal relevância, de modo que terminam por
conceituam como gêneros textuais as diversas situações converter-se, em alguns textos, em unidades narrativas independentes.
sociocomunciativas que participam da nossa vida em sociedade. Como
A Obra Teatral
exemplo, temos: uma receita culinária, um e-mail, uma reportagem, uma
monografia, e assim por diante. Respectivamente, tais textos classificar-se- Os textos literários que conhecemos como obras de teatro (dramas,
iam como: instrucional, correspondência pessoal (em meio eletrônico), tragédias, comédias, etc.) vão tecendo diferentes histórias, vão desenvol-
texto do ramo jornalístico e, por último, um texto de cunho científico. vendo diversos conflitos, mediante a interação linguística das personagens,
quer dizer, através das conversações que têm lugar entre os participantes
Mas como toda escrita perfaz-se de uma técnica para compô-la, é
nas situações comunicativas registradas no mundo de ficção construído
extremamente importante que saibamos a maneira correta de produzir esta
pelo texto. Nas obras teatrais, não existe um narrador que conta os fatos,
gama de textos. À medida que a praticamos, vamos nos aperfeiçoando
mas um leitor que vai conhecendo-os através dos diálogos e/ ou monólo-
mais e mais na sua performance estrutural. Por Vânia Duarte
gos das personagens.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 9 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Devido à trama conversacional destes textos, torna-se possível encon- TEXTOS JORNALÍSTICOS
trar neles vestígios de oralidade (que se manifestam na linguagem espon-
tânea das personagens, através de numerosas interjeições, de alterações Os textos denominados de textos jornalísticos, em função de seu por-
da sintaxe normal, de digressões, de repetições, de dêiticos de lugar e tador (jornais, periódicos, revistas), mostram um claro predomínio da
tempo. Os sinais de interrogação, exclamação e sinais auxiliares servem função informativa da linguagem: trazem os fatos mais relevantes no
para moldar as propostas e as réplicas e, ao mesmo tempo, estabelecem momento em que acontecem. Esta adesão ao presente, esta primazia da
os turnos de palavras. atualidade, condena-os a uma vida efêmera. Propõem-se a difundir as
novidades produzidas em diferentes partes do mundo, sobre os mais
As obras de teatro atingem toda sua potencialidade através da repre- variados temas.
sentação cênica: elas são construídas para serem representadas. O diretor
e os atores orientam sua interpretação. De acordo com este propósito, são agrupados em diferentes seções:
Estes textos são organizados em atos, que estabelecem a progressão informação nacional, informação internacional, informação local, socieda-
temática: desenvolvem uma unidade informativa relevante para cada de, economia, cultura, esportes, espetáculos e entretenimentos.
contato apresentado. Cada ato contém, por sua vez, diferentes cenas, A ordem de apresentação dessas seções, assim como a extensão e o
determinadas pelas entradas e saídas das personagens e/ou por diferentes tratamento dado aos textos que incluem, são indicadores importantes tanto
quadros, que correspondem a mudanças de cenografias. da ideologia como da posição adotada pela publicação sobre o tema
Nas obras teatrais são incluídos textos de trama descritiva: são as abordado.
chamadas notações cênicas, através das quais o autor dá indicações aos
Os textos jornalísticos apresentam diferentes seções. As mais comuns
atores sobre a entonação e a gestualidade e caracteriza as diferentes
são as notícias, os artigos de opinião, as entrevistas, as reportagens, as
cenografias que considera pertinentes para o desenvolvimento da ação.
crônicas, as resenhas de espetáculos.
Estas notações apresentam com frequência orações unimembres e/ou
bimembres de predicado não verbal. A publicidade é um componente constante dos jornais e revistas, à
medida que permite o financiamento de suas edições. Mas os textos publi-
O Poema
citários aparecem não só nos periódicos como também em outros meios
Texto literário, geralmente escrito em verso, com uma distribuição es- amplamente conhecidos como os cartazes, folhetos, etc.; por isso, nos
pacial muito particular: as linhas curtas e os agrupamentos em estrofe dão referiremos a eles em outro momento.
relevância aos espaços em branco; então, o texto emerge da página com
Em geral, aceita-se que os textos jornalísticos, em qualquer uma de
uma silhueta especial que nos prepara para sermos introduzidos nos
suas seções, devem cumprir certos requisitos de apresentação, entre os
misteriosos labirintos da linguagem figurada. Pede uma leitura em voz alta,
quais destacamos: uma tipografia perfeitamente legível, uma diagramação
para captar o ritmo dos versos, e promove uma tarefa de abordagem que
cuidada, fotografias adequadas que sirvam para complementar a informa-
pretende extrair a significação dos recursos estilísticos empregados pelo
ção linguística, inclusão de gráficos ilustrativos que fundamentam as expli-
poeta, quer seja para expressar seus sentimentos, suas emoções, sua
cações do texto.
versão da realidade, ou para criar atmosferas de mistério de surrealismo,
relatar epopeias (como nos romances tradicionais), ou, ainda, para apre- É pertinente observar como os textos jornalísticos distribuem-se na
sentar ensinamentos morais (como nas fábulas). publicação para melhor conhecer a ideologia da mesma. Fun-
O ritmo - este movimento regular e medido - que recorre ao valorsono- damentalmente, a primeira página, as páginas ímpares e o extremo superi-
ro das palavras e às pausas para dar musicalidade ao poema, éparte or das folhas dos jornais trazem as informações que se quer destacar. Esta
essencial do verso: o verso é uma unidade rítmica constituídapor uma série localização antecipa ao leitor a importância que a publicação deu ao conte-
métrica de sílabas fônicas. A distribuição dos acentosdas palavras que údo desses textos.
compõem os versos tem uma importância capitalpara o ritmo: a musicali- O corpo da letra dos títulos também é um indicador a considerar sobre
dade depende desta distribuição. a posição adotada pela redação.
Lembramos que, para medir o verso, devemos atender unicamente à
distância sonora das sílabas. As sílabas fônicas apresentam algumas A Notícia
diferenças das sílabas ortográficas. Estas diferenças constituem as cha- Transmite uma nova informação sobre acontecimentos, objetos ou
madas licenças poéticas: a diérese, que permite separar os ditongos em pessoas.
suas sílabas; a sinérese, que une em uma sílaba duas vogais que não
constituem um ditongo; a sinalefa, que une em uma só sílaba a sílaba final As notícias apresentam-se como unidades informativas completas, que
de uma palavra terminada em vogal, com a inicial de outra que inicie com contêm todos os dados necessários para que o leitor compreenda a infor-
vogal ou h; o hiato, que anula a possibilidade da sinalefa. Os acentos mação, sem necessidade ou de recorrer a textos anteriores (por exemplo,
finais também incidem no levantamento das sílabas do verso. Se a última não é necessário ter lido os jornais do dia anterior para interpretá-la), ou de
palavra é paroxítona, não se altera o número de sílabas; se é oxítona, ligá-la a outros textos contidos na mesma publicação ou em publicações
soma-se uma sílaba; se é proparoxítona, diminui-se uma. similares.
A rima é uma característica distintiva, mas não obrigatória dosversos, É comum que este texto use a técnica da pirâmide invertida: começa
pois existem versos sem rima (os versos brancos ou soltos deuso frequen- pelo fato mais importante para finalizar com os detalhes. Consta de três
te na poesia moderna). A rima consiste na coincidênciatotal ou parcial dos partes claramente diferenciadas: o título, a introdução e o desenvolvimento.
últimos fonemas do verso. Existem dois tipos derimas: a consoante (coinci- O título cumpre uma dupla função - sintetizar o tema central e atrair a
dência total de vogais e consoante a partir daúltima vogal acentuada) e a atenção do leitor. Os manuais de estilo dos jornais (por exemplo: do Jornal
assonante (coincidência unicamente dasvogais a partir da última vogal El País, 1991) sugerem geralmente que os títulos não excedam treze
acentuada). A métrica mais frequentedos versos vai desde duas até de- palavras. A introdução contém o principal da informação, sem chegar a ser
zesseis sílabas. Os versosmonossílabos não existem, já que, pelo acento, um resumo de todo o texto. No desenvolvimento, incluem-se os detalhes
são consideradosdissílabos. que não aparecem na introdução.
As estrofes agrupam versos de igual medida e de duas medidas dife- A notícia é redigida na terceira pessoa. O redator deve manter-se à
rentes combinadas regularmente. Estes agrupamentos vinculam-se à margem do que conta, razão pela qual não é permitido o emprego da
progressão temática do texto: com frequência, desenvolvem uma unidade primeira pessoa do singular nem do plural. Isso implica que, além de omitir
informativa vinculada ao tema central. o eu ou o nós, também não deve recorrer aos possessivos (por exemplo,
Os trabalhos dentro do paradigma e do sintagma, através dos meca- não se referirá à Argentina ou a Buenos Aires com expressões tais como
nismos de substituição e de combinação, respectivamente, culminam com nosso país ou minha cidade).
a criação de metáforas, símbolos, configurações sugestionadoras de
vocábulos, metonímias, jogo de significados, associações livres e outros Esse texto se caracteriza por sua exigência de objetividade e veraci-
recursos estilísticos que dão ambiguidade ao poema. dade: somente apresenta os dados. Quando o jornalista não consegue
comprovar de forma fidedigna os dados apresentados, costuma recorrer a

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 10 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
certas fórmulas para salvar sua responsabilidade: parece, não está descar- A Reportagem
tado que. Quando o redator menciona o que foi dito por alguma fonte,
recorre ao discurso direto, como, por exemplo: É uma variedade do texto jornalístico de trama conversacional que,
para informar sobre determinado tema, recorre ao testemunho de uma
O ministro afirmou: "O tema dos aposentados será tratado na Câmara figura-chave para o conhecimento deste tópico.
dos Deputados durante a próxima semana.
A conversação desenvolve-se entre um jornalista que representa a pu-
O estilo que corresponde a este tipo de texto é o formal. blicação e um personagem cuja atividade suscita ou merece despertar a
Nesse tipo de texto, são empregados, principalmente, orações atenção dos leitores.
enunciativas, breves, que respeitam a ordem sintática canônica. Apesar A reportagem inclui uma sumária apresentação do entrevistado, reali-
das notícias preferencialmente utilizarem os verbos na voz ativa, também é zada com recursos descritivos, e, imediatamente, desenvolve o diálogo. As
frequente o uso da voz passiva: Os delinquentes foramperseguidos pela perguntas são breves e concisas, à medida que estão orientadas para
polícia; e das formas impessoais: A perseguição aosdelinquentes foi feita divulgar as opiniões e ideias do entrevistado e não as do entrevistador.
por um patrulheiro.
A progressão temática das notícias gira em tomo das perguntas o A Entrevista
quê? quem? como? quando? por quê e para quê?. Da mesma forma que reportagem, configura-se preferentemente medi-
O Artigo de Opinião ante uma trama conversacional, mas combina com frequência este tecido
com fios argumentativos e descritivos. Admite, então, uma maior liberdade,
Contém comentários, avaliações, expectativas sobre um tema da atua- uma vez que não se ajusta estritamente à fórmula pergunta-resposta, mas
lidade que, por sua transcendência, no plano nacional ou internacional, já é detém-se em comentários e descrições sobre o entrevistado e transcreve
considerado, ou merece ser, objeto de debate. somente alguns fragmentos do diálogo, indicando com travessões a mu-
Nessa categoria, incluem-se os editoriais, artigos de análise ou pes- dança de interlocutor. É permitido apresentar uma introdução extensa com
quisa e as colunas que levam o nome de seu autor. Os editoriais expres- os aspectos mais significativos da conversação mantida, e as perguntas
sam a posição adotada pelo jornal ou revista em concordância com sua podem ser acompanhadas de comentários, confirmações ou refutações
ideologia, enquanto que os artigos assinados e as colunas transmitem as sobre as declarações do entrevistado.
opiniões de seus redatores, o que pode nos levar a encontrar, muitas
vezes, opiniões divergentes e até antagônicas em uma mesma página. Por tratar-se de um texto jornalístico, a entrevista deve necessa-
riamente incluir um tema atual, ou com incidência na atualidade, embora a
Embora estes textos possam ter distintas superestruturas, em geral se conversação possa derivar para outros temas, o que ocasiona que muitas
organizam seguindo uma linha argumentativa que se inicia com a identifi- destas entrevistas se ajustem a uma progressão temática linear ou a temas
cação do tema em questão, acompanhado de seus antecedentes e alcan- derivados.
ce, e que segue com uma tomada de posição, isto é, com a formulação de
uma tese; depois, apresentam-se os diferentes argumentos de forma a Como ocorre em qualquer texto de trama conversacional, não existe
justificar esta tese; para encerrar, faz-se uma reafirmação da posição uma garantia de diálogo verdadeiro; uma vez que se pode respeitar a vez
adotada no início do texto. de quem fala, a progressão temática não se ajusta ao jogo argumentativo
de propostas e de réplicas.
A efetividade do texto tem relação direta não só com a pertinência dos
argumentos expostos como também com as estratégias discursivas usadas TEXTOS DE INFORMAÇÃO CIENTÍFICA
para persuadir o leitor. Entre estas estratégias, podemos encontrar as
Esta categoria inclui textos cujos conteúdos provêm do campo das ci-
seguintes: as acusações claras aos oponentes, as ironias, as insinuações,
ências em geral. Os referentes dos textos que vamos desenvolver situam-
as digressões, as apelações à sensibilidade ou, ao contrário, a tomada de
se tanto nas Ciências Sociais como nas Ciências Naturais.
distância através do uso das construções impessoais, para dar objetividade
e consenso à análise realizada; a retenção em recursos descritivos - deta- Apesar das diferenças existentes entre os métodos de pesquisa destas
lhados e precisos, ou em relatos em que as diferentes etapas de pesquisa ciências, os textos têm algumas características que são comuns a todas
estão bem especificadas com uma minuciosa enumeração das fontes da suas variedades: neles predominam, como em todos os textos informati-
informação. Todos eles são recursos que servem para fundamentar os vos, as orações enunciativas de estrutura bimembre e prefere-se a ordem
argumentos usados na validade da tese. sintática canônica (sujeito-verbo-predicado).
A progressão temática ocorre geralmente através de um esquema de Incluem frases claras, em que não há ambiguidade sintática ou semân-
temas derivados. Cada argumento pode encerrar um tópico com seus tica, e levam em consideração o significado mais conhecido, mais difundido
respectivos comentários. das palavras.
Estes artigos, em virtude de sua intencionalidade informativa, apresen-
O vocabulário é preciso. Geralmente, estes textos não incluem vocá-
tam uma preeminência de orações enunciativas, embora também incluam,
bulos a que possam ser atribuídos um multiplicidade de significados, isto é,
com frequência, orações dubitativas e exortativas devido à sua trama
evitam os termos polissêmicos e, quando isso não é possível, estabelecem
argumentativa. As primeiras servem para relativizar os alcances e o valor
mediante definições operatórias o significado que deve ser atribuído ao
da informação de base, o assunto em questão; as últimas, para convencer
termo polissêmico nesse contexto.
o leitor a aceitar suas premissas como verdadeiras. No decorrer destes
artigos, opta-se por orações complexas que incluem proposições causais A Definição
para as fundamentações, consecutivas para dar ênfase aos efeitos, con-
cessivas e condicionais. Expande o significado de um termo mediante uma trama descritiva,
que determina de forma clara e precisa as características genéricas e
Para interpretar estes textos, é indispensável captar a postura diferenciais do objeto ao qual se refere. Essa descrição contém uma confi-
ideológica do autor, identificar os interesses a que serve e precisar sob que guração de elementos que se relacionam semanticamente com o termo a
circunstâncias e com que propósito foi organizada a informação exposta. definir através de um processo de sinonímia.
Para cumprir os requisitos desta abordagem, necessitaremos utilizar
estratégias tais como a referência exofórica, a integração crítica dos dados Recordemos a definição clássica de "homem", porque é o exemplo por
do texto com os recolhidos em outras fontes e a leitura atenta das excelência da definição lógica, uma das construções mais generalizadas
entrelinhas a fim de converter em explícito o que está implícito. dentro deste tipo de texto: O homem é um animal racional. A expansão do
termo "homem" - "animal racional" - apresenta o gênero a que pertence,
Embora todo texto exija para sua interpretação o uso das estratégias
"animal", e a diferença específica, "racional": a racionalidade é o traço que
mencionadas, é necessário recorrer a elas quando estivermos frente a um
nos permite diferenciar a espécie humana dentro do gênero animal.
texto de trama argumentativa, através do qual o autor procura que o leitor
aceite ou avalie cenas, ideias ou crenças como verdadeiras ou falsas, Usualmente, as definições incluídas nos dicionários, seus portadores
cenas e opiniões como positivas ou negativas. mais qualificados, apresentam os traços essenciais daqueles a que se
referem: Fiscis (do lat. piscis). s.p.m. Astron. Duodécimo e último signo ou

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 11 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
parte do Zodíaco, de 30° de amplitude, que o Sol percorre aparentemente tatar o que acontece. Por exemplo, se se deseja saber em que condições
antes de terminar o inverno. uma planta de determinada espécie cresce mais rapidamente, pode-se
colocar suas sementes em diferentes recipientes sob diferentes condições
Como podemos observar nessa definição extraída do Dicionário de La de luminosidade; em diferentes lugares, areia,terra, água; com diferentes
Real Academia Espa1ioJa (RAE, 1982), o significado de um tema base ou fertilizantes orgânicos, químicos etc., para observar e precisar em que
introdução desenvolve-se através de uma descrição quecontém seus circunstâncias obtém-se um melhor crescimento.
traços mais relevantes, expressa, com frequência, atravésde orações
unimembres, constituídos por construções endocêntricas(em nosso exem- A macroestrutura desses relatos contém, primordialmente, duas cate-
plo temos uma construção endocêntrica substantiva -o núcleo é um subs- gorias: uma corresponde às condições em que o experimento se realiza,
tantivo rodeado de modificadores "duodécimo e último signo ou parte do isto é, ao registro da situação de experimentação; a outra, ao processo
Zodíaco, de 30° de amplitude..."), queincorporam maior informação medi- observado.
ante proposições subordinadasadjetivas: "que o Sol percorre aparentemen-
te antes de terminar oinverno". Nesses textos, então, são utilizadas com frequência orações que co-
meçam com se (condicionais) e com quando (condicional temporal):
As definições contêm, também, informações complementares relacio-
nadas, por exemplo, com a ciência ou com a disciplina em cujo léxico se Se coloco a semente em um composto de areia, terra preta, húmus, a
inclui o termo a definir (Piscis: Astron.); a origem etimológica do vocábulo planta crescerá mais rápido.
("do lat. piscis"); a sua classificação gramatical (s.p.m.), etc. Quando rego as plantas duas vezes ao dia, os talos começam a
Essas informações complementares contêm frequentemente mostrar manchas marrons devido ao excesso de umidade.
abreviaturas, cujo significado aparece nas primeiras páginas do Dicionário: Estes relatos adotam uma trama descritiva de processo. A variável
Lat., Latim; Astron., Astronomia; s.p.m., substantivo próprio masculino, etc. tempo aparece através de numerais ordinais: Em uma primeira etapa,é
O tema-base (introdução) e sua expansão descritiva - categorias bási- possível observar... em uma segunda etapa, aparecem os primeirosbrotos
cas da estrutura da definição - distribuem-se espacialmente em blocos, nos ...; de advérbios ou de locuções adverbiais: Jogo, antes de,depois de, no
quais diferentes informações costumam ser codificadas através de tipogra- mesmo momento que, etc., dado que a variável temporal é um componente
fias diferentes (negrito para o vocabulário a definir; itálico para as etimolo- essencial de todo processo. O texto enfatiza os aspectos descritivos,
gias, etc.). Os diversos significados aparecem demarcados em bloco apresenta as características dos elementos, os traços distintivos de cada
mediante barras paralelas e /ou números. uma das etapas do processo.

Prorrogar (Do Jat. prorrogare) V.t.d. l. Continuar, dilatar, estenderuma O relato pode estar redigido de forma impessoal: coloca-se,colocado
coisa por um período determinado. 112. Ampliar, prolongar 113. Fazer em um recipiente ... Jogo se observa/foi observado que, etc., ou na primei-
continuar em exercício; adiar o término de. ra pessoa do singular, coloco/coloquei em um recipiente... Jogo obser-
vo/observei que ... etc., ou do plural: colocamos em umrecipiente... Jogo
A Nota de Enciclopédia observamos que... etc. O uso do impessoal enfatiza a distância existente
entre o experimentador e o experimento, enquanto que a primeira pessoa,
Apresenta, como a definição, um tema-base e uma expansão de trama do plural e do singular enfatiza o compromisso de ambos.
descritiva; porém, diferencia-se da definição pela organização e pela
amplitude desta expansão. A Monografia
A progressão temática mais comum nas notas de enciclopédia é a de Este tipo de texto privilegia a análise e a crítica; a informação sobre um
temas derivados: os comentários que se referem ao tema-base constituem- determinado tema é recolhida em diferentes fontes.
se, por sua vez, em temas de distintos parágrafos demarcados por subtítu-
los. Por exemplo, no tema República Argentina, podemos encontrar os Os textos monográficos não necessariamente devem ser realizados
temas derivados: traços geológicos, relevo, clima, hidrografia, biogeografia, com base em consultas bibliográficas, uma vez que é possível terem como
população, cidades, economia, comunicação, transportes, cultura, etc. fonte, por exemplo, o testemunho dos protagonistas dos fatos, testemu-
nhos qualificados ou de especialistas no tema.
Estes textos empregam, com frequência, esquemas taxionômicos, nos
quais os elementos se agrupam em classes inclusivas e incluídas. Por As monografias exigem uma seleção rigorosa e uma organização coe-
exemplo: descreve-se "mamífero" como membro da classe dos vertebra- rente dos dados recolhidos. A seleção e organização dos dados servem
dos; depois, são apresentados os traços distintivos de suas diversas varie- como indicador do propósito que orientou o trabalho. Se pretendemos, por
dades: terrestres e aquáticos. exemplo, mostrar que as fontes consultadas nos permitem sustentar que
os aspectos positivos da gestão governamental de um determinado perso-
Uma vez que nestas notas há predomínio da função informativa da lin- nagem histórico têm maior relevância e valor do que os aspectos negati-
guagem, a expansão é construída sobre a base da descrição científica, que vos, teremos de apresentar e de categorizar os dados obtidos de tal forma
responde às exigências de concisão e de precisão. que esta valorização fique explícita.
As características inerentes aos objetos apresentados aparecem atra- Nas monografias, é indispensável determinar, no primeiro parágrafo, o
vés de adjetivos descritivos - peixe de cor amarelada escura, com manchas tema a ser tratado, para abrir espaço à cooperação ativa do leitor que,
pretas no dorso, e parte inferior prateada, cabeça quase cônica, olhos conjugando seus conhecimentos prévios e seus propósitos de leitura, fará
muito juntos, boca oblíqua e duas aletas dorsais - que ampliam a base as primeiras antecipações sobre a informação que espera encontrar e
informativa dos substantivos e, como é possível observar em nosso exem- formulará as hipóteses que guiarão sua leitura. Uma vez determinado o
plo, agregam qualidades próprias daquilo a que se referem. tema, estes textos transcrevem, mediante o uso da técnica de resumo, o
que cada uma das fontes consultadas sustenta sobre o tema, as quais
O uso do presente marca a temporalidade da descrição, em cujo teci- estarão listadas nas referências bibliográficas, de acordo com as normas
do predominam os verbos estáticos - apresentar, mostrar, ter, etc. - e os de que regem a apresentação da bibliografia.
ligação - ser, estar, parecer, etc.
O trabalho intertextual (incorporação de textos de outros no tecido do
O Relato de Experimentos texto que estamos elaborando) manifesta-se nas monografias através de
Contém a descrição detalhada de um projeto que consiste em construções de discurso direto ou de discurso indireto.
manipular o ambiente para obter uma nova informação, ou seja, são textos Nas primeiras, incorpora-se o enunciado de outro autor, sem modifica-
que descrevem experimentos. ções, tal como foi produzido. Ricardo Ortiz declara: "O processo da eco-
O ponto de partida destes experimentos é algo que se deseja saber, nomia dirigida conduziu a uma centralização na Capital Federal de toda
mas que não se pode encontrar observando as coisas tais como estão; é tramitação referente ao comércio exterior'] Os dois pontos que prenunciam
necessário, então, estabelecer algumas condições, criar certas situações a palavra de outro, as aspas que servem para demarcá-la, os traços que
para concluir a observação e extrair conclusões. Muda-se algo para cons- incluem o nome do autor do texto citado, 'o processo da economia dirigida -

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 12 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
declara Ricardo Ortiz - conduziu auma centralização...') são alguns dos um avião. Existem numerosas variedades de textos instrucionais: além de
sinais que distinguem frequentemente o discurso direto. receitas e manuais, estão os regulamentos, estatutos, contratos, instru-
ções, etc. Mas todos eles, independente de sua complexidade, comparti-
Quando se recorre ao discurso indireto, relata-se o que foi dito por ou- lham da função apelativa, à medida que prescrevem ações e empregam a
tro, em vez de transcrever textualmente, com a inclusão de elementos trama descritiva para representar o processo a ser seguido na tarefa em-
subordinadores e dependendo do caso - as conseguintes modificações, preendida.
pronomes pessoais, tempos verbais, advérbios, sinais de pontuação, sinais
auxiliares, etc. A construção de muitos destes textos ajusta-se a modelos convencio-
nais cunhados institucionalmente. Por exemplo, em nossa comunidade,
Discurso direto: ‘Ás raízes de meu pensamento – afirmou Echeverría - estão amplamente difundidos os modelos de regulamentos de co-
nutrem-se do liberalismo’ propriedade; então, qualquer pessoa que se encarrega da redação de um
Discurso indireto: 'Écheverría afirmou que as raízes de seu texto deste tipo recorre ao modelo e somente altera os dados de identifica-
pensamento nutriam -se do liberalismo' ção para introduzir, se necessário, algumas modificações parciais nos
direitos e deveres das partes envolvidas.
Os textos monográficos recorrem, com frequência, aos verbos discendi
(dizer, expressar, declarar, afirmar, opinar, etc.), tanto para introduzir os Em nosso cotidiano, deparamo-nos constantemente com textos instru-
enunciados das fontes como para incorporar os comentários e opiniões do cionais, que nos ajudam a usar corretamente tanto um processador de
emissor. alimentos como um computador; a fazer uma comida saborosa, ou a seguir
uma dieta para emagrecer. A habilidade alcançada no domínio destes
Se o propósito da monografia é somente organizar os dados que o au- textos incide diretamente em nossa atividade concreta. Seu emprego
tor recolheu sobre o tema de acordo com um determinado critério de frequente e sua utilidade imediata justificam o trabalho escolar de aborda-
classificação explícito (por exemplo, organizar os dados em tomo do tipo gem e de produção de algumas de suas variedades, como as receitas e as
de fonte consultada), sua efetividade dependerá da coerência existente instruções.
entre os dados apresentados e o princípio de classificação adotado.
As Receitas e as Instruções
Se a monografia pretende justificar uma opinião ou validar uma hipóte-
se, sua efetividade, então, dependerá da confiabilidade e veracidade das Referimo-nos às receitas culinárias e aos textos que trazem instruções
fontes consultadas, da consistência lógica dos argumentos e da coerência para organizar um jogo, realizar um experimento, construir um artefato,
estabelecida entre os fatos e a conclusão. fabricar um móvel, consertar um objeto, etc.
Estes textos podem ajustar-se a diferentes esquemas lógicos do tipo Estes textos têm duas partes que se distinguem geralmente a partir da
problema /solução, premissas /conclusão, causas / efeitos. especialização: uma, contém listas de elementos a serem utilizados (lista
de ingredientes das receitas, materiais que são manipulados no experimen-
Os conectores lógicos oracionais e extra-oracionais são marcas lin- to, ferramentas para consertar algo, diferentes partes de um aparelho,
guísticas relevantes para analisar as distintas relações que se estabelecem etc.), a outra, desenvolve as instruções.
entre os dados e para avaliar sua coerência.
As listas, que são similares em sua construção às que usamos habitu-
A Biografia almente para fazer as compras, apresentam substantivos concretos acom-
É uma narração feita por alguém acerca da vida de outra(s) pessoa(s). panhados de numerais (cardinais, partitivos e múltiplos).
Quando o autor conta sua própria vida, considera-se uma autobiografia. As instruções configuram-se, habitualmente, com orações bimembres,
Estes textos são empregados com frequência na escola, para apresen- com verbos no modo imperativo (misture a farinha com o fermento), ou
tar ou a vida ou algumas etapas decisivas da existência de personagens orações unimembres formadas por construções com o verbo no infinitivo
cuja ação foi qualificada como relevante na história. (misturar a farinha com o açúcar).

Os dados biográficos ordenam-se, em geral, cronologicamente, e, da- Tanto os verbos nos modos imperativo, subjuntivo e indicativo como as
do que a temporalidade é uma variável essencial do tecido das biografias, construções com formas nominais gerúndio, particípio, infinitivo aparecem
em sua construção, predominam recursos linguísticos que asseguram a acompanhados por advérbios palavras ou por locuções adverbiais que
conectividade temporal: advérbios, construções de valor semântico adver- expressam o modo como devem ser realizadas determinadas ações (sepa-
bial (Seus cinco primeiros anos transcorreram na tranquila segurança de re cuidadosamente as claras das gemas, ou separe com muito cuidado as
sua cidade natal Depois, mudou-se com a famíliapara La Prata), proposi- claras das gemas). Os propósitos dessas ações aparecem estruturados
ções temporais (Quando se introduzia obsessivamente nos tortuosos visando a um objetivo (mexa lentamente para diluir o conteúdo do pacote
caminhos da novela, seus estudos de física ajudavam-no a reinstalar-se na em água fria), ou com valor temporal final (bata o creme com as claras até
realidade), etc. que fique numa consistência espessa). Nestes textos inclui-se, com fre-
quência, o tempo do receptor através do uso do dêixis de lugar e de tempo:
A veracidade que exigem os textos de informação científica manifesta- Aqui, deve acrescentar uma gema. Agora, poderá mexer novamente. Neste
se nas biografias através das citações textuais das fontes dos dados momento, terá que correr rapidamente até o lado oposto da cancha. Aqui
apresentados, enquanto a ótica do autor é expressa na seleção e no modo pode intervir outro membro da equipe.
de apresentação destes dados. Pode-se empregar a técnica de acumula-
ção simples de dados organizados cronologicamente, ou cada um destes TEXTOS EPISTOLARES
dados pode aparecer acompanhado pelas valorações do autor, de acordo Os textos epistolares procuram estabelecer uma comunicação por es-
com a importância que a eles atribui. crito com um destinatário ausente, identificado no texto através do cabeça-
Atualmente, há grande difusão das chamadas "biografias não - lho. Pode tratar-se de um indivíduo (um amigo, um parente, o gerente de
autorizadas" de personagens da política, ou do mundo da Arte. Uma carac- uma empresa, o diretor de um colégio), ou de um conjunto de indivíduos
terística que parece ser comum nestas biografias é a intencionalidade de designados de forma coletiva (conselho editorial, junta diretora).
revelar a personagem através de uma profusa acumulação de aspectos Estes textos reconhecem como portador este pedaço de papel que, de
negativos, especialmente aqueles que se relacionam a defeitos ou a vícios forma metonímica, denomina-se carta, convite ou solicitação, dependendo
altamente reprovados pela opinião pública. das características contidas no texto.
TEXTOS INSTRUCIONAIS Apresentam uma estrutura que se reflete claramente em sua organiza-
Estes textos dão orientações precisas para a realização das mais di- ção espacial, cujos componentes são os seguintes: cabeçalho, que estabe-
versas atividades, como jogar, preparar uma comida, cuidar de plantas ou lece o lugar e o tempo da produção, os dados do destinatário e a forma de
animais domésticos, usar um aparelho eletrônico, consertar um carro, etc. tratamento empregada para estabelecer o contato: o corpo, parte do texto
Dentro desta categoria, encontramos desde as mais simples receitas em que se desenvolve a mensagem, e a despedida, que inclui a saudação
culinárias até os complexos manuais de instrução para montar o motor de e a assinatura, através da qual se introduz o autor no texto. O grau de

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 13 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
familiaridade existente entre emissor e destinatário é o princípio que orienta A argumentação destas solicitações institucionalizaram-se de tal ma-
a escolha do estilo: se o texto é dirigido a um familiar ou a um amigo, opta- neira que aparece contida nas instruções de formulários de emprego, de
se por um estilo informal; caso contrário, se o destinatário é desconhecido solicitação de bolsas de estudo, etc.
ou ocupa o nível superior em uma relação assimétrica (empregador em
Texto extraído de: ESCOLA, LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS, Ana Maria
relação ao empregado, diretor em relação ao aluno, etc.), impõe-se o estilo Kaufman, Artes Médicas, Porto Alegre, RS.
formal.
A Carta
As cartas podem ser construídas com diferentes tramas (narrativa e VARIAÇÃO (LINGUÍSTICA)
argumentativa), em tomo das diferentes funções da linguagem (informativa, Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
expressiva e apelativa).
A variação de uma língua é o modo pelo qual ela se diferencia,
Referimo-nos aqui, em particular, às cartas familiares e amistosas, isto sistemática e coerentemente, de acordo com o
é, aqueles escritos através dos quais o autor conta a um parente ou a um contextohistórico,geográficoesócio-cultural no qual os falantes dessa língua
amigo eventos particulares de sua vida. Estas cartas contêm acontecimen- se manifestam verbalmente.
tos, sentimentos, emoções, experimentados por um emissor que percebe o
receptor como ‘cúmplice’, ou seja, como um destinatário comprometido Conceito
afetivamente nessa situação de comunicação e, portanto, capaz de extrair Variedade é um conceito maior do que estilo de prosa ou estilo de
a dimensão expressiva da mensagem. linguagem. Alguns escritores de sociolinguística usam o termo leto,
aparentemente um processo de criação de palavras para termos
Uma vez que se trata de um diálogo à distância com um receptor co- específicos, são exemplos dessas variações:
nhecido, opta-se por um estilo espontâneo e informal, que deixa transpare-
cer marcas da oraljdade: frases inconclusas, nas quais as reticências Dialetos (variação diatópica), isto é, variações faladas
habilitam múltiplas interpretações do receptor na tentativa de concluí-las; porcomunidadesgeograficamente definidas.
perguntas que procuram suas respostas nos destinatários; perguntas que Idiomaé um termo intermediário na distinção dialeto-linguagem e é
encerram em si suas próprias respostas (perguntas retóricas); pontos de usado para se referir ao sistema comunicativo estudado (que poderia ser
exclamação que expressam a ênfase que o emissor dá a determinadas chamado tanto de um dialeto ou uma linguagem) quando sua condição em
expressões que refletem suas alegrias, suas preocupações, suas dúvidas. relação a esta distinção é irrelevante (sendo, portanto, um sinônimo
para linguagemnum sentido mais geral);
Estes textos reúnem em si as diferentes classes de orações. As enun-
ciativas, que aparecem nos fragmentos informativos, alternam-se com as Socioletos, isto é, variações faladas por comunidades socialmente
dubitativas, desiderativas, interrogativas, exclamativas, para manifestar a definidas
subjetividade do autor. Esta subjetividade determina também o uso de Linguagem padrão ou norma padrão, padronizada em função da
diminutivos e aumentativos, a presença frequente de adjetivos qualificati- comunicação pública e da educação
vos, a ambiguidade lexical e sintática, as repetições, as interjeições. Idioletos, isto é, uma variação particular a uma certa pessoa
A Solicitação Registros (ou diátipos), isto é, o vocabulário especializado e/ou
agramáticade certas atividades ou profissões
É dirigida a um receptor que, nessa situação comunicativa estabeleci-
da pela carta, está revestido de autoridade à medida que possui algo ou Etnoletos, para um grupo étnico
tem a possibilidade de outorgar algo que é considerado valioso pelo emis- Ecoletos, um idioleto adotado por uma casa
sor: um emprego, uma vaga em uma escola, etc. Variações como dialetos, idioletos e socioletos podem ser distinguidos
Esta assimetria entre autor e leitor um que pede e outro que pode ce- não apenas por seu vocabulário, mas também por diferenças na gramática,
der ou não ao pedido, — obriga o primeiro a optar por um estilo formal, que nafonologia e naversificação. Por exemplo, o sotaque de palavras tonais
recorre ao uso de fórmulas de cortesia já estabelecidas convencionalmente nas línguas escandinavas tem forma diferente em muitos dialetos. Um
para a abertura e encerramento (atenciosamente ..com votos de estima e outro exemplo é como palavras estrangeiras em diferentes socioletos
consideração . . . / despeço-me de vós respeitosamente . ../ Saúdo-vos variam em seu grau de adaptação à fonologia básica da linguagem.
com o maior respeito), e às frases feitas com que se iniciam e encerram-se Certos registros profissionais, como o chamado legalês, mostram uma
estes textos (Dirijo-me a vós a fim de solicitar-lhe que ... O abaixo- variação na gramática da linguagem padrão. Por exemplo, jornalistas ou
assinado, Antônio Gonzalez, D.NJ. 32.107 232, dirigi-se ao Senhor Diretor advogadosinglesesfrequentemente usam modos gramaticais, como omodo
do Instituto Politécnico a fim de solicitar-lhe...) subjuntivo, que não são mais usados com frequência por outros falantes.
Muitos registros são simplesmente um conjunto especializado de termos
As solicitações podem ser redigidas na primeira ou terceira pessoa do (veja jargão).
singular. As que são redigidas na primeira pessoa introduzem o emissor
através da assinatura, enquanto que as redigidas na terceira pessoa identi- É uma questão de definição se gíria e calão podem ser considerados
ficam-no no corpo do texto (O abaixo assinado, Juan Antonio Pérez, dirige- como incluídos no conceito de variação ou de estilo
se a...). Espécies de variação
A progressão temática dá-se através de dois núcleos informativos: o Variação histórica
primeiro determina o que o solicitante pretende; o segundo, as condições Acontece ao longo de um determinado período de tempo, pode ser
que reúne para alcançar aquilo que pretende. Estes núcleos, demarcados identificada ao se comparar dois estados de uma língua Portuguêsa. O
por frases feitas de abertura e encerramento, podem aparecer invertidos processo de mudança é gradual: uma variante inicialmente utilizada por um
em algumas solicitações, quando o solicitante quer enfatizar suas condi- grupo restrito de falantes passa a ser adotada por indivíduos
ções; por isso, as situa em um lugar preferencial para dar maior força à sua socioeconomicamente mais expressivos. A forma antiga permanece ainda
apelação. entre as gerações mais velhas, período em que as duas variantes
convivem; porém com o tempo a nova variante torna-se normal na fala, e
Essas solicitações, embora cumpram uma função apelativa, mostram finalmente consagra-se pelo uso na modalidade escrita. As mudanças
um amplo predomínio das orações enunciativas complexas, com inclusão podem ser de grafia ou de significado.
tanto de proposições causais, consecutivas e condicionais, que permitem
desenvolver fundamentações, condicionamentos e efeitos a alcançar, Variação geográfica
como de construções de infinitivo ou de gerúndio: para alcançar essa
Trata das diferentes formas de pronúncia, vocabulário e estrutura
posição, o solicitante lhe apresenta os seguintes antecedentes... (o infiniti-
sintática entre regiões. Dentro de uma comunidade mais ampla, formam-
vo salienta os fins a que se persegue), ou alcançando a posição de... (o
se comunidades linguísticasmenores em torno de centros polarizadores ,
gerúndio enfatiza os antecedentes que legitimam o pedido).
política e economia, que acabam por definir os padrões linguísticos

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 14 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
utilizados na região de diferentes lugares de sua influência e as diferenças Simplificação da concordância: as menina/as meninas.
linguísticas entre as regiões são graduais, nem sempre coincidindo.
Ausência de concordância verbal quando o sujeito vem depois do ver-
Variação social bo: “Chegou” duas moças.
Agrupa alguns fatores de diversidade:o nível sócio-econômico, Uso do pronome pessoal tônico em função de objeto (e não só de su-
determinado pelo meio social onde vive um indivíduo; o grau de educação; jeito): Nós pegamos “ele” na hora.
a idade e o gênero. A variação social não compromete a compreensão
entre indivíduos, como poderia acontecer na variação regional; o uso de Assimilação do “ndo” em “no”( falano/falando) ou do “mb” em “m” (ta-
certas variantes pode indicar qual o nível sócio-econômico de uma pessoa, mém/também).
e há a possibilidade de alguém oriundo de um grupo menos favorecido Desnasalização das vogais postônicas: home/homem.
atingir o padrão de maior prestígio.
Redução do “e” ou “o” átonos: ovu/ovo; bebi/bebe.
Variação estilística
Redução do “r” do infinitivo ou de substantivos em “or”: amá/amar; a-
Considera um mesmo indivíduo em diferentes circunstâncias de mô/amor.
comunicação: se está em um ambiente familiar, profissional, o grau de
intimidade, o tipo de assunto tratado e quem são os receptores. Sem levar Simplificação da conjugação verbal: eu amo, você ama, nós ama, eles
em conta as graduações intermediárias, é possível identificar dois limites ama.
extremos de estilo: o informal, quando há um mínimo de reflexão do Variações regionais: os sotaques
indivíduo sobre as normas linguísticas, utilizado nas conversações
imediatas do cotidiano; e o formal, em que o grau de reflexão é máximo, Se você fizer um levantamento dos nomes que as pessoas usam para
utilizado em conversações que não são do dia-a-dia e cujo conteúdo é a palavra "diabo", talvez se surpreenda. Muita gente não gosta de falar tal
mais elaborado e complexo. Não se deve confundir o estilo formal e palavra, pois acreditam que há o perigo de evocá-lo, isto é, de que o de-
informal com língua escritae falada, pois os dois estilos ocorrem em ambas mônio apareça. Alguns desses nomes aparecem em o "Grande Sertão:
as formas de comunicação. Veredas", Guimarães Rosa, que traz uma linguagem muito característica
do sertão centro-oeste do Brasil:
As diferentes modalidades de variação linguística não existem
isoladamente, havendo um inter-relacionamento entre elas: uma variante Demo, Demônio, Que-Diga, Capiroto, Satanazim, Diabo, Cujo, Tinho-
geográfica pode ser vista como uma variante social, considerando-se a so, Maligno, Tal, Arrenegado, Cão, Cramunhão, O Indivíduo, O Galhardo,
migração entre regiões do país. Observa-se que o meio rural, por ser O pé-de-pato, O Sujo, O Homem, O Tisnado, O Coxo, O Temba, O Azara-
menos influenciado pelas mudanças da sociedade, preserva variantes pe, O Coisa-ruim, O Mafarro, O Pé-preto, O Canho, O Duba-dubá, O
antigas. O conhecimento do padrão de prestígio pode ser fator de Rapaz, O Tristonho, O Não-sei-que-diga, O Que-nunca-se-ri, O sem grace-
mobilidade social para um indivíduo pertencente a uma classe menos jos, Pai do Mal, Terdeiro, Quem que não existe, O Solto-Ele, O Ele, Carfa-
favorecida no, Rabudo.
Bibliografia Drummond de Andrade, grande escritor brasileiro, que elabora seu tex-
to a partir de uma variação linguística relacionada ao vocabulário usado em
CAMACHO, R. (1988). A variação linguística. In: Subsídios à proposta uma determinada época no Brasil.
curricular de Língua Portuguesa para o 1º e 2º graus. Secretaria da
Educação do Estado de São Paulo, p. 29-41. Antigamente
O modo de falar do brasileiro "Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas
mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras,
Alfredina Nery em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio."

Toda língua possui variações linguísticas. Elas podem ser entendidas Como escreveríamos o texto acima em um português de hoje, do sé-
por meio de sua história no tempo (variação histórica) e no espaço (varia- culo 21? Toda língua muda com o tempo. Basta lembrarmos que do latim,
ção regional). As variações linguísticas podem ser compreendidas a partir já transformado, veio o português, que, por sua vez, hoje é muito diferente
de três diferentes fenômenos. daquele que era usado na época medieval.

1) Em sociedades complexas convivem variedades linguísticas diferen- Língua e status


tes, usadas por diferentes grupos sociais, com diferentes acessos à educa- Nem todas as variações linguísticas têm o mesmo prestígio social no
ção formal; note que as diferenças tendem a ser maiores na língua falada Brasil. Basta lembrar de algumas variações usadas por pessoas de deter-
que nalíngua escrita; minadas classes sociais ou regiões, para perceber que há preconceito em
2) Pessoas de mesmo grupo social expressam-se com falas diferentes relação a elas.
de acordo com as diferentes situações de uso, sejam situações formais, Veja este texto de Patativa do Assaré, um grande poeta popular nor-
informais ou de outro tipo; destino, que fala do assunto:
3) Há falares específicos para grupos específicos, como profissionais
de uma mesma área (médicos, policiais, profissionais de informática, O Poeta da Roça
metalúrgicos, alfaiates, por exemplo), jovens, grupos marginalizados e Sou fio das mata, canto da mão grossa,
outros. São as gírias e jargões. Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Assim, além do português padrão, há outras variedades de usos da Só fumo cigarro de paia de mío.
língua cujos traços mais comuns podem ser evidenciados abaixo.
Uso de “r” pelo “l” em final de sílaba e nos grupos consonantais: pran- Sou poeta das brenha, não faço o papé
ta/planta; broco/bloco. De argun menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Alternância de “lh” e “i”: muié/mulher; véio/velho. Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Tendência a tornar paroxítonas as palavras proparoxítonas: ar- Apenas eu sei o meu nome assiná.
ve/árvore; figo/fígado. Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
Redução dos ditongos: caxa/caixa; pexe/peixe. E o fio do pobre não pode estudá.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 15 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Meu verso rastero, singelo e sem graça, Precisando um pouco mais, um texto, ou discurso, é um objeto materi-
Não entra na praça, no rico salão, alizado numa dada língua natural, produzido numa situação concreta e
Meu verso só entra no campo e na roça pressupondo os participantes locutor e alocutário, fabricado pelo locutor
Nas pobre paioça, da serra ao sertão. através de uma seleção feita sobre tudo o que é dizível por esse locutor,
(...) numa determinada situação, a um determinado alocutário1.

Você acredita que a forma de falar e de escrever comprometeu a emo- Assim, materialidade linguística, isto é, a língua natural em uso, os có-
ção transmitida por essa poesia? Patativa do Assaré era analfabeto (sua digos simbólicos, os processos cognitivos e as pressuposições do locutor
filha é quem escrevia o que ele ditava), mas sua obra atravessou o oceano sobre o saber que ele e o alocutário partilham acerca do mundo são ingre-
e se tornou conhecida mesmo na Europa. dientes indispensáveis ao objeto texto.

Leia agora, um poema de um intelectual e poeta brasileiro, Oswald de Podemos assim dizer que existe um sistema de regras interiorizadas
Andrade, que, já em 1922, enfatizou a busca por uma "língua brasileira". por todos os membros de uma comunidade linguística. Este sistema de
regras de base constitui a competência textual dos sujeitos, competência
Vício na fala essa que uma gramática do texto se propõe modelizar.
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió Uma tal gramática fornece, dentro de um quadro formal, determinadas
Para pior pió regras para a boa formação textual. Destas regras podemos fazer derivar
Para telha dizem teia certos julgamentos de coerência textual.
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados. Quanto ao julgamento, efetuado pelos professores, sobre a coerência
nos textos dos seus alunos, os trabalhos de investigação concluem que as
Uma certa tradição cultural nega a existência de determinadas varie- intervenções do professor a nível de incorreções detectadas na estrutura
dades linguísticas dentro do país, o que acaba por rejeitar algumas mani- da frase são precisamente localizadas e assinaladas com marcas conven-
festações linguísticas por considerá-las deficiências do usuário. Nesse cionais; são designadas com recurso a expressões técnicas (construção,
sentido, vários mitos são construídos, a partir do preconceito linguístico. conjugação) e fornecem pretexto para pôr em prática exercícios de corre-
ção, tendo em conta uma eliminação duradoura das incorreções observa-
das.
COESÃO E COERÊNCIA
Pelo contrário, as intervenções dos professores no quadro das incorre-
Diogo Maria De Matos Polónio ções a nível da estrutura do texto, permite-nos concluir que essas incorre-
Introdução ções não são designadas através de vocabulário técnico, traduzindo, na
Este trabalho foi realizado no âmbito do Seminário Pedagógico sobre maior parte das vezes, uma impressão global da leitura (incompreensível;
Pragmática Linguística e Os Novos Programas de Língua Portuguesa, sob não quer dizer nada).
orientação da Professora-Doutora Ana Cristina Macário Lopes, que decor-
reu na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Para além disso, verificam-se práticas de correção algo brutais (refa-
zer; reformular) sendo, poucas vezes, acompanhadas de exercícios de
Procurou-se, no referido seminário, refletir, de uma forma geral, sobre recuperação.
a incidência das teorias da Pragmática Linguística nos programas oficiais
de Língua Portuguesa, tendo em vista um esclarecimento teórico sobre Esta situação é pedagogicamente penosa, uma vez que se o professor
determinados conceitos necessários a um ensino qualitativamente mais desconhece um determinado quadro normativo, encontra-se reduzido a
válido e, simultaneamente, uma vertente prática pedagógica que tem fazer respeitar uma ordem sobre a qual não tem nenhum controle.
necessariamente presente a aplicação destes conhecimentos na situação
real da sala de aula. Antes de passarmos à apresentação e ao estudo dos quatro princípios
de coerência textual, há que esclarecer a problemática criada pela dicoto-
Nesse sentido, este trabalho pretende apresentar sugestões de aplica- mia coerência/coesão que se encontra diretamente relacionada com a
ção na prática docente quotidiana das teorias da pragmática linguística no dicotomia coerência macro-estrutural/coerência micro-estrutural.
campo da coerência textual, tendo em conta as conclusões avançadas no
referido seminário. Mira Mateus considera pertinente a existência de uma diferenciação
entre coerência textual e coesão textual.
Será, no entanto, necessário reter que esta pequena reflexão aqui a-
presentada encerra em si uma minúscula partícula de conhecimento no Assim, segundo esta autora, coesão textual diz respeito aos processos
vastíssimo universo que é, hoje em dia, a teoria da pragmática linguística e linguísticos que permitem revelar a inter-dependência semântica existente
que, se pelo menos vier a instigar um ponto de partida para novas refle- entre sequências textuais:
xões no sentido de auxiliar o docente no ensino da língua materna, já terá Ex.: Entrei na livraria mas não comprei nenhum livro.
cumprido honestamente o seu papel.
Para a mesma autora, coerência textual diz respeito aos processos
Coesão e Coerência Textual mentais de apropriação do real que permitem inter-relacionar sequências
Qualquer falante sabe que a comunicação verbal não se faz geralmen- textuais:
te através de palavras isoladas, desligadas umas das outras e do contexto Ex.: Se esse animal respira por pulmões, não é peixe.
em que são produzidas. Ou seja, uma qualquer sequência de palavras não
constitui forçosamente uma frase. Pensamos, no entanto, que esta distinção se faz apenas por razões de
sistematização e de estruturação de trabalho, já que Mira Mateus não
Para que uma sequência de morfemas seja admitida como frase, tor- hesita em agrupar coesão e coerência como características de uma só
na-se necessário que respeite uma certa ordem combinatória, ou seja, é propriedade indispensável para que qualquer manifestação linguística se
preciso que essa sequência seja construída tendo em conta o sistema da transforme num texto: a conetividade2.
língua.
Para Charolles não é pertinente, do ponto de vista técnico, estabelecer
Tal como um qualquer conjunto de palavras não forma uma frase, uma distinção entre coesão e coerência textuais, uma vez que se torna
também um qualquer conjunto de frases não forma, forçosamente, um difícil separar as regras que orientam a formação textual das regras que
texto. orientam a formação do discurso.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 16 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Além disso, para este autor, as regras que orientam a micro coerência Os alunos parecem dominar bem esta regra. No entanto, os problemas
são as mesmas que orientam a macro coerência textual. Efetivamente, aparecem quando o nome que se repete é imediatamente vizinho daquele
quando se elabora um resumo de um texto obedece-se às mesmas regras que o precede.
de coerência que foram usadas para a construção do texto original. Ex.: A Margarida comprou um vestido. O vestido é colorido e muito e-
legante.
Assim, para Charolles, microestrutura textual diz respeito às relações
de coerência que se estabelecem entre as frases de uma sequência textu- Neste caso, o problema resolve-se com a aplicação de deíticos contex-
al, enquanto que macroestrutura textual diz respeito às relações de coe- tuais.
rência existentes entre as várias sequências textuais. Por exemplo: Ex.: A Margarida comprou um vestido. Ele é colorido e muito elegante.
Sequência 1: O António partiu para Lisboa. Ele deixou o escritório mais
cedo para apanhar o comboio das quatro horas. Pode também resolver-se a situação virtualmente utilizando a elipse.
Sequência 2: Em Lisboa, o António irá encontrar-se com amigos.Vai Ex.: A Margarida comprou um vestido. É colorido e muito elegante. Ou
trabalhar com eles num projeto de uma nova companhia de teatro. ainda:
A Margarida comprou um vestido que é colorido e muito elegante.
Como microestruturas temos a sequência 1 ou a sequência 2, enquan-
to que o conjunto das duas sequências forma uma macroestrutura. c)-Substituições Lexicais: o uso de expressões definidas e de deíticos
contextuais é muitas vezes acompanhado de substituições lexicais. Este
Vamos agora abordar os princípios de coerência textual3: processo evita as repetições de lexemas, permitindo uma retoma do ele-
1. Princípio da Recorrência4: para que um texto seja coerente, torna- mento linguístico.
se necessário que comporte, no seu desenvolvimento linear, elementos de Ex.: Deu-se um crime, em Lisboa, ontem à noite: estrangularam uma
recorrência restrita. senhora. Este assassinato é odioso.
Para assegurar essa recorrência a língua dispõe de vários recursos:
- pronominalizações, Também neste caso, surgem algumas regras que se torna necessário
- expressões definidas5, respeitar. Por exemplo, o termo mais genérico não pode preceder o seu
- substituições lexicais, representante mais específico.
- retomas de inferências. Ex.: O piloto alemão venceu ontem o grande prêmio da Alemanha. S-
chumacher festejou euforicamente junto da sua equipa.
Todos estes recursos permitem juntar uma frase ou uma sequência a
Se se inverterem os substantivos, a relação entre os elementos lin-
uma outra que se encontre próxima em termos de estrutura de texto,
guísticos torna-se mais clara, favorecendo a coerência textual. Assim,
retomando num elemento de uma sequência um elemento presente numa
Schumacher, como termo mais específico, deveria preceder o piloto ale-
sequência anterior:
mão.
a)-Pronominalizações: a utilização de um pronome torna possível a re-
petição, à distância, de um sintagma ou até de uma frase inteira. No entanto, a substituição de um lexema acompanhado por um deter-
O caso mais frequente é o da anáfora, em que o referente antecipa o minante, pode não ser suficiente para estabelecer uma coerência restrita.
pronome. Atentemos no seguinte exemplo:
Ex.: Uma senhora foi assassinada ontem. Ela foi encontrada estrangu-
lada no seu quarto. Picasso morreu há alguns anos. O autor da "Sagração da Primavera"
doou toda a sua coleção particular ao Museu de Barcelona.
No caso mais raro da catáfora, o pronome antecipa o seu referente.
Ex.: Deixe-me confessar-lhe isto: este crime impressionou-me. Ou ain- A presença do determinante definido não é suficiente para considerar
da: Não me importo de o confessar: este crime impressionou-me. que Picasso e o autor da referida peça sejam a mesma pessoa, uma vez
que sabemos que não foi Picasso mas Stravinski que compôs a referida
Teremos, no entanto, que ter cuidado com a utilização da catáfora, pa- peça.
ra nos precavermos de enunciados como este:
Ele sabe muito bem que o João não vai estar de acordo com o Antó- Neste caso, mais do que o conhecimento normativo teórico, ou lexico-
nio. enciclopédico, são importantes o conhecimento e as convicções dos parti-
cipantes no ato de comunicação, sendo assim impossível traçar uma
Num enunciado como este, não há qualquer possibilidade de identifi- fronteira entre a semântica e a pragmática.
car ele com António. Assim, existe apenas uma possibilidade de interpreta-
ção: ele dirá respeito a um sujeito que não será nem o João nem o António, Há também que ter em conta que a substituição lexical se pode efetuar
mas que fará parte do conhecimento simultâneo do emissor e do receptor. por
- Sinonímia-seleção de expressões linguísticas que tenham a maior
Para que tal aconteça, torna-se necessário reformular esse enunciado: parte dos traços semânticos idêntica: A criança caiu. O miúdo
O António sabe muito bem que o João não vai estar de acordo com e- nunca mais aprende a cair!
le. - Antonímia-seleção de expressões linguísticas que tenham a maior
parte dos traços semânticos oposta: Disseste a verdade? Isso
As situações de ambiguidade referencial são frequentes nos textos dos cheira-me a mentira!
alunos. - Hiperonímia-a primeira expressão mantém com a segunda uma
Ex.: O Pedro e o meu irmão banhavam-se num rio. relação classe-elemento: Gosto imenso de marisco. Então lagosta,
Um homem estava também a banhar-se. adoro!
Como ele sabia nadar, ensinou-o. - Hiponímia- a primeira expressão mantém com a segunda uma re-
lação elemento-classe: O gato arranhou-te? O que esperavas de
Neste enunciado, mesmo sem haver uma ruptura na continuidade se- um felino?
quencial, existem disfunções que introduzem zonas de incerteza no texto:
ele sabia nadar(quem?), d)-Retomas de Inferências: neste caso, a relação é feita com base em
ele ensinou-o (quem?; a quem?) conteúdos semânticos não manifestados, ao contrário do que se passava
com os processos de recorrência anteriormente tratados.
b)-Expressões Definidas: tal como as pronominalizações, as expres-
sões definidas permitem relembrar nominalmente ou virtualmente um Vejamos:
elemento de uma frase numa outra frase ou até numa outra sequência P - A Maria comeu a bolacha?
textual. R1 - Não, ela deixou-a cair no chão.
Ex.: O meu tio tem dois gatos. Todos os dias caminhamos no jardim. R2 - Não, ela comeu um morango.
Os gatos vão sempre conosco. R3 - Não, ela despenteou-se.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 17 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
As sequências P+R1 e P+R2 parecem, desde logo, mais coerentes do O texto será coerente desde que reconheçamos, na ordenação das
que a sequência P+R3. suas sequências, uma ordenação de causa-consequência entre os estados
de coisas descritos.
No entanto, todas as sequências são asseguradas pela repetição do Ex.: Houve seca porque não choveu. (e não Houve seca porque cho-
pronome na 3ª pessoa. veu).
Podemos afirmar, neste caso, que a repetição do pronome não é sufi-
Teremos ainda que ter em conta que a ordem de percepção dos esta-
ciente para garantir coerência a uma sequência textual.
dos de coisas descritos pode condicionar a ordem linear das sequências
Assim, a diferença de avaliação que fazemos ao analisar as várias hi- textuais.
póteses de respostas que vimos anteriormente sustenta-se no fato de R1 e Ex.: A praça era enorme. No meio, havia uma coluna; à volta, árvores
R2 retomarem inferências presentes em P: e canteiros com flores.
- aconteceu alguma coisa à bolacha da Maria,
- a Maria comeu qualquer coisa. Neste caso, notamos que a percepção se dirige do geral para o parti-
cular.
Já R3 não retoma nenhuma inferência potencialmente dedutível de P. 3.Princípio da Não- Contradição: para que um texto seja coerente, tor-
na-se necessário que o seu desenvolvimento não introduza nenhum ele-
Conclui-se, então, que a retoma de inferências ou de pressuposições mento semântico que contradiga um conteúdo apresentado ou pressuposto
garante uma fortificação da coerência textual. por uma ocorrência anterior ou dedutível por inferência.

Quando analisamos certos exercícios de prolongamento de texto (con- Ou seja, este princípio estipula simplesmente que é inadmissível que
tinuar a estruturação de um texto a partir de um início dado) os alunos são uma mesma proposição seja conjuntamente verdadeira e não verdadeira.
levados a veicular certas informações pressupostas pelos professores.
Vamos, seguidamente, preocupar-nos, sobretudo, com o caso das
Por exemplo, quando se apresenta um início de um texto do tipo: Três contradições inferenciais e pressuposicionais6.
crianças passeiam num bosque. Elas brincam aos detetives. Que vão eles
fazer? Existe contradição inferencial quando a partir de uma proposição po-
demos deduzir uma outra que contradiz um conteúdo semântico apresen-
A interrogação final permite-nos pressupor que as crianças vão real- tado ou dedutível.
mente fazer qualquer coisa. Ex.: A minha tia é viúva. O seu marido coleciona relógios de bolso.

Um aluno que ignore isso e que narre que os pássaros cantavam en- As inferências que autorizam viúva não só não são retomadas na se-
quanto as folhas eram levadas pelo vento, será punido por ter apresentado gunda frase, como são perfeitamente contraditas por essa mesma frase.
uma narração incoerente, tendo em conta a questão apresentada.
O efeito da incoerência resulta de incompatibilidades semânticas pro-
No entanto, um professor terá que ter em conta que essas inferências fundas às quais temos de acrescentar algumas considerações temporais,
ou essas pressuposições se relacionam mais com o conhecimento do uma vez que, como se pode ver, basta remeter o verbo colecionar para o
mundo do que com os elementos linguísticos propriamente ditos. pretérito para suprimir as contradições.

Assim, as dificuldades que os alunos apresentam neste tipo de exercí- As contradições pressuposicionais são em tudo comparáveis às infe-
cios, estão muitas vezes relacionadas com um conhecimento de um mundo renciais, com a exceção de que no caso das pressuposicionais é um
ao qual eles não tiveram acesso. Por exemplo, será difícil a um aluno conteúdo pressuposto que se encontra contradito.
recriar o quotidiano de um multimilionário,senhor de um grande império Ex.: O Júlio ignora que a sua mulher o engana. A sua esposa é-lhe
industrial, que vive numa luxuosa vila. perfeitamente fiel.

2.Princípio da Progressão: para que um texto seja coerente, torna-se Na segunda frase, afirma-se a inegável fidelidade da mulher de Júlio,
necessário que o seu desenvolvimento se faça acompanhar de uma infor- enquanto a primeira pressupõe o inverso.
mação semântica constantemente renovada.
É frequente, nestes casos, que o emissor recupere a contradição pre-
Este segundo princípio completa o primeiro, uma vez que estipula que sente com a ajuda de conectores do tipo mas, entretanto, contudo, no
um texto, para ser coerente, não se deve contentar com uma repetição entanto, todavia, que assinalam que o emissor se apercebe dessa contra-
constante da própria matéria. dição, assume-a, anula-a e toma partido dela.
Ex.: O João detesta viajar. No entanto, está entusiasmado com a parti-
Alguns textos dos alunos contrariam esta regra. Por exemplo: O ferrei- da para Itália, uma vez que sempre sonhou visitar Florença.
ro estava vestido com umas calças pretas, um chapéu claro e uma vesti-
menta preta. Tinha ao pé de si uma bigorna e batia com força na bigorna. 4.Princípio da Relação: para que um texto seja coerente, torna-se ne-
Todos os gestos que fazia consistiam em bater com o martelo na bigorna. cessário que denote, no seu mundo de representação, fatos que se apre-
A bigorna onde batia com o martelo era achatada em cima e pontiaguda sentem diretamente relacionados.
em baixo e batia com o martelo na bigorna.
Ou seja, este princípio enuncia que para uma sequência ser admitida
Se tivermos em conta apenas o princípio da recorrência, este texto não como coerente7, terá de apresentar ações, estados ou eventos que sejam
será incoerente, será até coerente demais. congruentes com o tipo de mundo representado nesse texto.
No entanto, segundo o princípio da progressão, a produção de um tex- Assim, se tivermos em conta as três frases seguintes
to coerente pressupõe que se realize um equilíbrio cuidado entre continui- 1 - A Silvia foi estudar.
dade temática e progressão semântica. 2 - A Silvia vai fazer um exame.
3 - O circuito de Adelaide agradou aos pilotos de Fórmula 1.
Torna-se assim necessário dominar, simultaneamente, estes dois prin-
cípios (recorrência e progressão) uma vez que a abordagem da informação A sequência formada por 1+2 surge-nos, desde logo, como sendo
não se pode processar de qualquer maneira. mais congruente do que as sequências 1+3 ou 2+3.
Assim, um texto será coerente se a ordem linear das sequências a- Nos discursos naturais, as relações de relevância factual são, na maior
companhar a ordenação temporal dos fatos descritos. parte dos casos, manifestadas por conectores que as explicitam semanti-
Ex.: Cheguei, vi e venci.(e não Vi, venci e cheguei). camente.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 18 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Ex.: A Silvia foi estudar porque vai fazer um exame. Ou também: A Sil- A coerência é também resultante da adequação do que se diz ao con-
via vai fazer um exame portanto foi estudar. texto extra verbal, ou seja, àquilo o que o texto faz referência, que precisa
A impossibilidade de ligar duas frases por meio de conectores constitui ser conhecido pelo receptor.
um bom teste para descobrir uma incongruência.
Ex.: A Silvia foi estudar logo o circuito de Adelaide agradou aos pilotos Ao ler uma frase como "No verão passado, quando estivemos na capi-
de Fórmula 1. tal do Ceará Fortaleza, não pudemos aproveitar a praia, pois o frio era
tanto que chegou a nevar", percebemos que ela é incoerente em decorrên-
O conhecimento destes princípios de coerência, por parte dos profes- cia da incompatibilidade entre um conhecimento prévio que temos da
sores, permite uma nova apreciação dos textos produzidos pelos alunos, realizada com o que se relata. Sabemos que, considerando uma realidade
garantindo uma melhor correção dos seus trabalhos, evitando encontrar "normal", em Fortaleza não neva (ainda mais no verão!).
incoerências em textos perfeitamente coerentes, bem como permite a
dinamização de estratégias de correção. Claro que, inserido numa narrativa ficcional fantástica, o exemplo aci-
ma poderia fazer sentido, dando coerência ao texto - nesse caso, o contex-
Teremos que ter em conta que para um leitor que nada saiba de cen-
to seria a "anormalidade" e prevaleceria a coerência interna da narrativa.
trais termonucleares nada lhe parecerá mais incoerente do que um tratado
técnico sobre centrais termonucleares.
No caso de apresentar uma inadequação entre o que informa e a rea-
No entanto, os leitores quase nunca consideram os textos incoerentes. lidade "normal" pré-conhecida, para guardar a coerência o texto deve
Pelo contrário, os receptores dão ao emissor o crédito da coerência, admi- apresentar elementos linguísticos instruindo o receptor acerca dessa
tindo que o emissor terá razões para apresentar os textos daquela manei- anormalidade.
ra.
Uma afirmação como "Foi um verdadeiro milagre! O menino caiu do
Assim, o leitor vai esforçar-se na procura de um fio condutor de pen- décimo andar e não sofreu nenhum arranhão." é coerente, na medida que
samento que conduza a uma estrutura coerente. a frase inicial ("Foi um verdadeiro milagre") instrui o leitor para a anormali-
dade do fato narrado.
Tudo isto para dizer que deve existir nos nossos sistemas de pensa-
mento e de linguagem uma espécie de princípio de coerência verbal (com- 2. Coesão:
parável com o princípio de cooperação de Grice8 estipulando que, seja A redação deve primar, como se sabe, pela clareza, objetividade, coe-
qual for o discurso, ele deve apresentar forçosamente uma coerência rência e coesão. E a coesão, como o próprio nome diz (coeso significa
própria, uma vez que é concebido por um espírito que não é incoerente por ligado), é a propriedade que os elementos textuais têm de estar interliga-
si mesmo. dos. De um fazer referência ao outro. Do sentido de um depender da
relação com o outro. Preste atenção a este texto, observando como as
É justamente tendo isto em conta que devemos ler, avaliar e corrigir os palavras se comunicam, como dependem uma das outras.
textos dos nossos alunos.
SÃO PAULO: OITO PESSOAS MORREM EM QUEDA DE AVIÃO
Anotações: Das Agências
1- M. H. Mira Mateus, Gramática da Língua Portuguesa, Ed. Cami-
nho, 19923, p.134; Cinco passageiros de uma mesma família, de Maringá, dois tripulantes
M. H. Mira Mateus, op. cit., pp.134-148; e uma mulher que viu o avião cair morreram
3- "Méta-regles de cohérence", segundo Charolles, Introduction aux
problèmes de la cohérence des textes, in Langue Française, 1978; Oito pessoas morreram (cinco passageiros de uma mesma família e
4- "Méta-regle de répétition", segundo Charolles (op. cit.); dois tripulantes, além de uma mulher que teve ataque cardíaco) na queda
5- "Les déficitivisations et les référentiations déictiques contextuel- de um avião (1) bimotor Aero Commander, da empresa J. Caetano, da
les", segundo Charolles (op. cit.); cidade de Maringá (PR). O avião (1) prefixo PTI-EE caiu sobre quatro
6- Charolles aponta igualmente as contradições enunciativas. No en- sobrados da Rua Andaquara, no bairro de Jardim Marajoara, Zona Sul de
tanto, vamos debruçar-nos apenas sobre as contradições inferen- São Paulo, por volta das 21h40 de sábado. O impacto (2) ainda atingiu
ciais e pressuposicionais, uma vez que foi sobre este tipo de con- mais três residências.
tradições que efetuamos exercícios em situação de prática peda-
gógica. Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos,
7- Charolles refere inclusivamente a existência de uma "relation de que foi candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições (leia reporta-
congruence" entre o que é enunciado na sequência textual e o gem nesta página); o piloto (1) José Traspadini (4), de 64 anos; o co-piloto
mundo a que essa sequência faz referência; (1) Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38; o sogro de Name Júnior (4),
8- Para um esclarecimento sobre este princípio, ver O. Ducrot, Dire Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Márcio Rocha Ribeiro
et ne pas dire, Paris, Herman, 1972 e também D. Gordon e G. La- Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6),
koff, Postulates de conservation, Langages nº 30, Paris, Didier- João Izidoro de Andrade (7), de 53 anos.
Larousse, 1973.
Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8) como um dos maiores
1. Coerência: compradores de cabeças de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era
Produzimos textos porque pretendemos informar, divertir, explicar, um dos sócios do Frigorífico Naviraí, empresa proprietária do bimotor (1).
convencer, discordar, ordenar, ou seja, o texto é uma unidade de significa- Isidoro Andrade (7) havia alugado o avião (1) Rockwell Aero Commander
do produzida sempre com uma determinada intenção. Assim como a frase 691, prefixo PTI-EE, para (7) vir a São Paulo assistir ao velório do filho (7)
não é uma simples sucessão de palavras, o texto também não é uma Sérgio Ricardo de Andrade (8), de 32 anos, que (8) morreu ao reagir a um
simples sucessão de frases, mas um todo organizado capaz de estabele- assalto e ser baleado na noite de sexta-feira.
cer contato com nossos interlocutores, influindo sobre eles. Quando isso
ocorre, temos um texto em que há coerência. O avião (1) deixou Maringá às 7 horas de sábado e pousou no aero-
porto de Congonhas às 8h27. Na volta, o bimotor (1) decolou para Maringá
A coerência é resultante da não-contradição entre os diversos seg- às 21h20 e, minutos depois, caiu na altura do número 375 da Rua Anda-
mentos textuais que devem estar encadeados logicamente. Cada segmen- quara, uma espécie de vila fechada, próxima à avenida Nossa Senhora do
to textual é pressuposto do segmento seguinte, que por sua vez será Sabará, uma das avenidas mais movimentadas da Zona Sul de São Paulo.
pressuposto para o que lhe estender, formando assim uma cadeia em que Ainda não se conhece as causas do acidente (2). O avião (1) não tinha
todos eles estejam concatenados harmonicamente. Quando há quebra caixa preta e a torre de controle também não tem informações. O laudo
nessa concatenação, ou quando um segmento atual está em contradição técnico demora no mínimo 60 dias para ser concluído.
com um anterior, perde-se a coerência textual.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 19 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Segundo testemunhas, o bimotor (1) já estava em chamas antes de Ribeiro (e o marido de Gabriela...). No último parágrafo, o pronome pessoal
cair em cima de quatro casas (9). Três pessoas (10) que estavam nas elas retoma as três pessoas que estavam nas casas atingidas pelo avião:
casas (9) atingidas pelo avião (1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram Elas (10) não sofreram ferimentos graves.
ferimentos graves. (10) Apenas escoriações e queimaduras. Elídia Fiorezzi,
de 62 anos, Natan Fiorezzi, de 6, e Josana Fiorezzi foram socorridos no Epítetos: são palavras ou grupos de palavras que, ao mesmo tempo
Pronto Socorro de Santa Cecília. que se referem a um elemento do texto, qualificam-no. Essa qualificação
pode ser conhecida ou não pelo leitor. Caso não seja, deve ser introduzida
Vejamos, por exemplo, o elemento (1), referente ao avião envolvido no de modo que fique fácil a sua relação com o elemento qualificado.
acidente. Ele foi retomado nove vezes durante o texto. Isso é necessário à
clareza e à compreensão do texto. A memória do leitor deve ser reavivada Exemplos:
a cada instante. Se, por exemplo, o avião fosse citado uma vez no primeiro a) (...) foram elogiadas pelo por Fernando Henrique Cardoso. O pre-
parágrafo e fosse retomado somente uma vez, no último, talvez a clareza sidente, que voltou há dois dias de Cuba, entregou-lhes um certifi-
da matéria fosse comprometida. cado... (o epíteto presidente retoma Fernando Henrique Cardoso;
poder-se-ia usar, como exemplo, sociólogo);
E como retomar os elementos do texto? Podemos enumerar alguns b) Edson Arantes de Nascimento gostou do desempenho do Brasil.
mecanismos: Para o ex-Ministro dos Esportes, a seleção... (o epíteto ex-Ministro
dos Esportes retoma Edson Arantes do Nascimento; poder-se-iam,
a) REPETIÇÃO: o elemento (1) foi repetido diversas vezes durante o por exemplo, usar as formas jogador do século, número um do
texto. Pode perceber que a palavra avião foi bastante usada, principalmen- mundo, etc.
te por ele ter sido o veículo envolvido no acidente, que é a notícia propria-
mente dita. A repetição é um dos principais elementos de coesão do texto Sinônimos ou quase sinônimos: palavras com o mesmo sentido (ou
jornalístico fatual, que, por sua natureza, deve dispensar a releitura por muito parecido) dos elementos a serem retomados. Exemplo: O prédio foi
parte do receptor (o leitor, no caso). A repetição pode ser considerada a demolido às 15h. Muitos curiosos se aglomeraram ao redor do edifício,
mais explícita ferramenta de coesão. Na dissertação cobrada pelos vesti- para conferir o espetáculo (edifício retoma prédio. Ambos são sinônimos).
bulares, obviamente deve ser usada com parcimônia, uma vez que um
número elevado de repetições pode levar o leitor à exaustão. Nomes deverbais: são derivados de verbos e retomam a ação ex-
pressa por eles. Servem, ainda, como um resumo dos argumentos já
b) REPETIÇÃO PARCIAL: na retomada de nomes de pessoas, a repe- utilizados. Exemplos: Uma fila de centenas de veículos paralisou o trânsito
tição parcial é o mais comum mecanismo coesivo do texto jornalístico. da Avenida Higienópolis, como sinal de protesto contra o aumentos dos
Costuma-se, uma vez citado o nome completo de um entrevistado - ou da impostos. A paralisação foi a maneira encontrada... (paralisação, que
vítima de um acidente, como se observa com o elemento (7), na última deriva de paralisar, retoma a ação de centenas de veículos de paralisar o
linha do segundo parágrafo e na primeira linha do terceiro -, repetir somen- trânsito da Avenida Higienópolis). O impacto (2) ainda atingiu mais três
te o(s) seu(s) sobrenome(s). Quando os nomes em questão são de cele- residências (o nome impacto retoma e resume o acidente de avião noticia-
bridades (políticos, artistas, escritores, etc.), é de praxe, durante o texto, do na matéria-exemplo)
utilizar a nominalização por meio da qual são conhecidas pelo público.
Exemplos: Nedson (para o prefeito de Londrina, Nedson Micheletti); Farage Elementos classificadores e categorizadores: referem-se a um ele-
(para o candidato à prefeitura de Londrina em 2000 Farage Khouri); etc. mento (palavra ou grupo de palavras) já mencionado ou não por meio de
Nomes femininos costumam ser retomados pelo primeiro nome, a não ser uma classe ou categoria a que esse elemento pertença: Uma fila de cente-
nos casos em que o sobrenomes sejam, no contexto da matéria, mais nas de veículos paralisou o trânsito da Avenida Higienópolis. O protesto foi
relevantes e as identifiquem com mais propriedade. a maneira encontrada... (protesto retoma toda a ideia anterior - da paralisa-
ção -, categorizando-a como um protesto); Quatro cães foram encontrados
c) ELIPSE: é a omissão de um termo que pode ser facilmente deduzi- ao lado do corpo. Ao se aproximarem, os peritos enfrentaram a reação dos
do pelo contexto da matéria. Veja-se o seguinte exemplo: Estavam no animais (animais retoma cães, indicando uma das possíveis classificações
avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, que foi candida- que se podem atribuir a eles).
to a prefeito de Maringá nas últimas eleições; o piloto (1) José Traspadini
(4), de 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38. Advérbios: palavras que exprimem circunstâncias, principalmente as
Perceba que não foi necessário repetir-se a palavra avião logo após as de lugar: Em São Paulo, não houve problemas. Lá, os operários não aderi-
palavras piloto e co-piloto. Numa matéria que trata de um acidente de ram... (o advérbio de lugar lá retoma São Paulo). Exemplos de advérbios
avião, obviamente o piloto será de aviões; o leitor não poderia pensar que que comumente funcionam como elementos referenciais, isto é, como
se tratasse de um piloto de automóveis, por exemplo. No último parágrafo elementos que se referem a outros do texto: aí, aqui, ali, onde, lá, etc.
ocorre outro exemplo de elipse: Três pessoas (10) que estavam nas casas
(9) atingidas pelo avião (1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram ferimen- Observação: É mais frequente a referência a elementos já citados no
tos graves. (10) Apenas escoriações e queimaduras. Note que o (10) em texto. Porém, é muito comum a utilização de palavras e expressões que se
negrito, antes de Apenas, é uma omissão de um elemento já citado: Três refiram a elementos que ainda serão utilizados. Exemplo: Izidoro Andrade
pessoas. Na verdade, foi omitido, ainda, o verbo: (As três pessoas sofre- (7) é conhecido na região (8) como um dos maiores compradores de
ram) Apenas escoriações e queimaduras. cabeças de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era um dos sócios
do Frigorífico Naviraí, empresa proprietária do bimotor (1). A palavra região
d) SUBSTITUIÇÕES: uma das mais ricas maneiras de se retomar um serve como elemento classificador de Sul (A palavra Sul indica uma região
elemento já citado ou de se referir a outro que ainda vai ser mencionado é do país), que só é citada na linha seguinte.
a substituição, que é o mecanismo pelo qual se usa uma palavra (ou grupo
de palavras) no lugar de outra palavra (ou grupo de palavras). Confira os Conexão:
principais elementos de substituição: Além da constante referência entre palavras do texto, observa-se na
coesão a propriedade de unir termos e orações por meio de conectivos,
Pronomes: a função gramatical do pronome é justamente substituir ou que são representados, na Gramática, por inúmeras palavras e expres-
acompanhar um nome. Ele pode, ainda, retomar toda uma frase ou toda a sões. A escolha errada desses conectivos pode ocasionar a deturpação do
ideia contida em um parágrafo ou no texto todo. Na matéria-exemplo, são sentido do texto. Abaixo, uma lista dos principais elementos conectivos,
nítidos alguns casos de substituição pronominal: o sogro de Name Júnior agrupados pelo sentido. Baseamo-nos no autor Othon Moacyr Garcia
(4), Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Márcio Rocha (Comunicação em Prosa Moderna).
Ribeiro Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela
Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de mais nada, antes
(6), João Izidoro de Andrade (7), de 53 anos. O pronome possessivo seus
de tudo, em princípio, primeiramente, acima de tudo, precipuamente,
retoma Name Júnior (os filhos de Name Júnior...); o pronome pessoal ela,
principalmente, primordialmente, sobretudo, a priori (itálico), a posteriori
contraído com a preposição de na forma dela, retoma Gabriela Gimenes
(itálico).

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 20 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Tempo (frequência, duração, ordem, sucessão, anterioridade, posteri- Um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto é a verificação
oridade): então, enfim, logo, logo depois, imediatamente, logo após, a de que ele pode dizer coisas que parece não estar dizendo: além das
princípio, no momento em que, pouco antes, pouco depois, anteriormente, informações explicitamente enunciadas, existem outras que ficam suben-
posteriormente, em seguida, afinal, por fim, finalmente agora atualmente, tendidas ou pressupostas. Para realizar uma leitura eficiente, o leitor deve
hoje, frequentemente, constantemente às vezes, eventualmente, por captar tanto os dados explícitos quanto os implícitos.
vezes, ocasionalmente, sempre, raramente, não raro, ao mesmo tempo,
simultaneamente, nesse ínterim, nesse meio tempo, nesse hiato, enquanto, Leitor perspicaz é aquele que consegue ler nas entrelinhas. Caso con-
quando, antes que, depois que, logo que, sempre que, assim que, desde trário, ele pode passar por cima de significados importantes e decisivos ou
que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, já, mal, nem bem. — o que é pior — pode concordar com coisas que rejeitaria se as perce-
besse.
Semelhança, comparação, conformidade: igualmente, da mesma
forma, assim também, do mesmo modo, similarmente, semelhantemente, Não é preciso dizer que alguns tipos de texto exploram, com malícia e
analogamente, por analogia, de maneira idêntica, de conformidade com, de com intenções falaciosas, esses aspectos subentendidos e pressupostos.
acordo com, segundo, conforme, sob o mesmo ponto de vista, tal qual,
tanto quanto, como, assim como, como se, bem como. Que são pressupostos? São aquelas ideias não expressas de maneira
explícita, mas que o leitor pode perceber a partir de certas palavras ou
Condição, hipótese: se, caso, eventualmente. expressões contidas na frase.

Adição, continuação: além disso, demais, ademais, outrossim, ainda Assim, quando se diz “O tempo continua chuvoso”, comunica-se de
mais, ainda cima, por outro lado, também, e, nem, não só ... mas também, maneira explícita que no momento da fala o tempo é de chuva, mas, ao
não só... como também, não apenas ... como também, não só ... bem mesmo tempo, o verbo “continuar” deixa perceber a informação implícita de
como, com, ou (quando não for excludente). que antes o tempo já estava chuvoso.

Dúvida: talvez provavelmente, possivelmente, quiçá, quem sabe, é Na frase “Pedro deixou de fumar” diz-se explicitamente que, no mo-
provável, não é certo, se é que. mento da fala, Pedro não fuma. O verbo “deixar”, todavia, transmite a
informação implícita de que Pedro fumava antes.
Certeza, ênfase: decerto, por certo, certamente, indubitavelmente, in-
questionavelmente, sem dúvida, inegavelmente, com toda a certeza. A informação explícita pode ser questionada pelo ouvinte, que pode ou
não concordar com ela. Os pressupostos, no entanto, têm que ser verda-
Surpresa, imprevisto: inesperadamente, inopinadamente, de súbito, deiros ou pelo menos admitidos como verdadeiros, porque é a partir deles
subitamente, de repente, imprevistamente, surpreendentemente. que se constróem as informações explícitas. Se o pressuposto é falso, a
informação explícita não tem cabimento. No exemplo acima, se Pedro não
Ilustração, esclarecimento: por exemplo, só para ilustrar, só para e- fumava antes, não tem cabimento afirmar que ele deixou de fumar.
xemplificar, isto é, quer dizer, em outras palavras, ou por outra, a saber, ou
seja, aliás. Na leitura e interpretação de um texto, é muito importante detectar os
pressupostos, pois seu uso é um dos recursos argumentativos utilizados
Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a fim de, com o propó- com vistas a levar o ouvinte ou o leitor a aceitar o que está sendo comuni-
sito de, com a finalidade de, com o intuito de, para que, a fim de que, para. cado. Ao introduzir uma ideia sob a forma de pressuposto, o falante trans-
forma o ou vinte em cúmplice, urna vez que essa ideia não é posta em
Lugar, proximidade, distância: perto de, próximo a ou de, junto a ou discussão e todos os argumentos subsequentes só contribuem para con-
de, dentro, fora, mais adiante, aqui, além, acolá, lá, ali, este, esta, isto, esse, firmá -la.
essa, isso, aquele, aquela, aquilo, ante, a.
Por isso pode-se dizer que o pressuposto aprisiona o ouvinte ao sis-
Resumo, recapitulação, conclusão: em suma, em síntese, em conclu- tema de pensamento montado pelo falante.
são, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa maneira, desse
modo, logo, pois (entre vírgulas), dessarte, destarte, assim sendo. A demonstração disso pode ser encontrada em muitas dessas “verda-
des” incontestáveis postas como base de muitas alegações do discurso
Causa e consequência. Explicação: por consequência, por conseguin- político.
te, como resultado, por isso, por causa de, em virtude de, assim, de fato, com
efeito, tão (tanto, tamanho) ... que, porque, porquanto, pois, já que, uma vez Tomemos como exemplo a seguinte frase:
que, visto que, como (= porque), portanto, logo, que (= porque), de tal sorte Ë preciso construir mísseis nucleares para defender o Ocidente de um
que, de tal forma que, haja vista. ataque soviético.

Contraste, oposição, restrição, ressalva: pelo contrário, em contraste O conteúdo explícito afirma:
com, salvo, exceto, menos, mas, contudo, todavia, entretanto, no entanto, — a necessidade da construção de mísseis,
embora, apesar de, ainda que, mesmo que, posto que, posto, conquanto, se — com a finalidade de defesa contra o ataque soviético.
bem que, por mais que, por menos que, só que, ao passo que.
O pressuposto, isto é, o dado que não se põe em discussão é: os so-
Ideias alternativas: Ou, ou... ou, quer... quer, ora... ora. viéticos pretendem atacar o Ocidente.
Níveis De Significado Dos Textos:
Significado Implícito E Explícito Os argumentos contra o que foi informado explicitamente nessa frase
Observe a seguinte frase: podem ser:
Fiz faculdade, mas aprendi algumas coisas. — os mísseis não são eficientes para conter o ataque soviético;
— uma guerra de mísseis vai destruir o mundo inteiro e não apenas os
Nela, o falante transmite duas informações de maneira explícita: soviéticos;
que ele frequentou um curso superior; — a negociação com os soviéticos é o único meio de dissuadi-los de
que ele aprendeu algumas coisas. um ataque ao Ocidente.

Ao ligar essas duas informações com um “mas” comunica também de Como se pode notar, os argumentos são contrários ao que está dito
modo implícito sua critica ao sistema de ensino superior, pois a frase passa explicitamente, mas todos eles confirmam o pressuposto, isto é, todos os
a transmitir a ideia de que nas faculdades não se aprende nada. argumentos aceitam que os soviéticos pretendem atacar o Ocidente.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 21 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
A aceitação do pressuposto é o que permite levar à frente o debate. Se prontamente, alegando não ter falado em favoritismo e que isso era dedu-
o ouvinte disser que os soviéticos não têm intenção nenhuma de atacar o ção de quem ouvira o seu discurso.
Ocidente, estará negando o pressuposto lançado pelo falante e então a
possibilidade de diálogo fica comprometida irreparavelmente. Qualquer Na verdade, ele não falou em favoritismo mas deu a entender, deixou
argumento entre os citados não teria nenhuma razão de ser. Isso quer subentendido para não se comprometer com o que disse. Fez a denúncia
dizer que, com pressupostos distintos, não é possível o diálogo ou não tem sem denunciar explicitamente. A frase sugere, mas não diz.
ele sentido algum. Pode-se contornar esse problema tornando os pressu-
postos afirmações explícitas, que então podem ser discutidas. A distinção entre pressupostos e subentendidos em certos casos é
bastante sutil. Não vamos aqui ocupar-nos dessas sutilezas, mas explorar
Os pressupostos são marcados, nas frases, por meio de vários indica- esses conceitos como instrumentos úteis para uma compreensão mais
dores linguísticos, como, por exemplo: eficiente do texto.

a) certos advérbios
Os resultados da pesquisa ainda não chegaram até nós.
• ESTUDO DO TEXTO ARGUMENTATIVO, SEUS GÊNEROS E
Pressuposto: Os resultados já deviam ter chegado.
ou RECURSOS LINGUÍSTICOS: ARGUMENTAÇÃO: TIPO, GÊNE-
Os resultados vão chegar mais tarde. ROS E USOS EM LÍNGUA PORTUGUESA – FORMAS DE A-
PRESENTAÇÃO DE DIFERENTES PONTOS DE VISTA; ORGA-
b) certos verbos NIZAÇÃO E PROGRESSÃO TEXTUAL; PAPÉIS SOCIAIS E
O caso do contrabando tornou-se público. COMUNICATIVOS DOS INTERLOCUTORES, RELAÇÃO ENTRE
Pressuposto: O caso não era público antes. USOS E PROPÓSITOS COMUNICATIVOS, FUNÇÃO SÓCIO
COMUNICATIVA DO GÊNERO, ASPECTOS DA DIMENSÃO
c) as orações adjetivas ESPAÇO-TEMPORAL EM QUE SE PRODUZ O TEXTO.
Os candidatos a prefeito, que só querem defender seus interesses,
não pensam no povo.
Resenha Critica de Articulação do Texto
Pressuposto: Todos os candidatos a prefeito têm interesses individu- Amanda Alves Martins
ais. Mas a mesma frase poderia ser redigida assim: Resenha Crítica do livro A Articulação do Texto, da autora Elisa Gui-
Os candidatos a prefeito que só querem defender seus interesses não marães
pensam no povo.
No livro de Elisa Guimarães, A Articulação do Texto, a autora procura
No caso, o pressuposto seria outro: Nem todos os candidatos a prefei- esclarecer as dúvidas referentes à formação e à compreensão de um texto
to têm interesses individuais. e do seu contexto.

No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é restritiva. As Formado por unidades coordenadas, ou seja, interligadas entre si, o
explicativas pressupõem que o que elas expressam refere-se a todos os texto constitui, portanto, uma unidade comunicativa para os membros de
elementos de um dado conjunto; as restritivas, que o que elas dizem uma comunidade; nele, existe um conjunto de fatores indispensáveis para
concerne a parte dos elementos de um dado conjunto. a sua construção, como “as intenções do falante (emissor), o jogo de
imagens conceituais, mentais que o emissor e destinatário execu-
d) os adjetivos tam.”(Manuel P. Ribeiro, 2004, p.397). Somado à isso, um texto não pode
Os partidos radicais acabarão com a democracia no Brasil. existir de forma única e sozinha, pois depende dos outros tanto sintatica-
mente quanto semanticamente para que haja um entendimento e uma
Pressuposto: Existem partidos radicais no Brasil. compreensão deste. Dentro de um texto, as partes que o formam se inte-
gram e se explicam de forma recíproca.
Os subentendidos
Os subentendidos são as insinuações escondidas por trás de uma a- Completando o processo de formação de um texto, a autora nos escla-
firmação. Quando um transeunte com o cigarro na mão pergunta: Você tem rece que a economia de linguagem facilita a compreensão dele, sendo
fogo?, acharia muito estranho se você dissesse: Tenho e não lhe acendes- indispensável uma ligação entre as partes, mesmo havendo um corte de
se o cigarro. Na verdade, por trás da pergunta subentende-se: Acenda-me trechos considerados não essenciais.
o cigarro por favor.
Quando o tema é a “situação comunicativa” (p.7), a autora nos escla-
O subentendido difere do pressuposto num aspecto importante: o rece a relação texto X contexto, onde um é essencial para esclarecermos o
pressuposto é um dado posto como indiscutível para o falante e para o outro, utilizando-se de palavras que recebem diferentes significados con-
ouvinte, não é para ser contestado; o subentendido é de responsabilidade forme são inseridas em um determinado contexto; nos levando ao enten-
do ouvinte, pois o falante, ao subentender, esconde-se por trás do sentido dimento de que não podemos considerar isoladamente os seus conceitos e
literal das palavras e pode dizer que não estava querendo dizer o que o sim analisá-los de acordo com o contexto semântico ao qual está inserida.
ouvinte depreendeu.
Segundo Elisa Guimarães, o sentido da palavra texto estende-se a
O subentendido, muitas vezes, serve para o falante proteger-se diante uma enorme vastidão, podendo designar “um enunciado qualquer, oral ou
de uma informação que quer transmitir para o ouvinte sem se comprometer escrito, longo ou breve, antigo ou moderno” (p.14) e ao contrário do que
com ela. muitos podem pensar, um texto pode ser caracterizado como um fragmen-
to, uma frase, um verbo ect e não apenas na reunião destes com mais
Para entender esse processo de descomprometimento que ocorre com
algumas outras formas de enunciação; procurando sempre uma objetivida-
a manipulação dos subentendidos, imaginemos a seguinte situação: um
de para que a sua compreensão seja feita de forma fácil e clara.
funcionário público do partido de oposição lamenta, diante dos colegas
reunidos em assembleia, que um colega de seção, do partido do governo, Esta economia textual facilita no caminho de transmissão entre o e-
além de ter sido agraciado com uma promoção, conseguiu um empréstimo nunciador e o receptor do texto que procura condensar as informações
muito favorável do banco estadual, ao passo que ele, com mais tempo de recebidas a fim de se deter ao “núcleo informativo” (p.17), este sim, pri-
serviço, continuava no mesmo posto e não conseguia o empréstimo solici- mordial a qualquer informação.
tado muito antes que o referido colega.
A autora também apresenta diversas formas de classificação do dis-
Mais tarde, tendo sido acusado de estar denunciando favoritismo do curso e do texto, porém, detenhamo-nos na divisão de texto informativo e
governo para com os seus adeptos, o funcionário reclamante defende-se de um texto literário ou ficcional.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 22 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Analisando um texto, é possível percebermos que a repetição de um Um fato importante dentro do livro A Articulação do Texto, é o valor a-
nome/lexema, nos induz à lembrar de fatos já abordados, estimula a nossa tribuído às estruturas integrantes do texto, como o título, o parágrafo, as
biblioteca mental e a informa da importância de tal nome, que dentro de um inter e intrapartes, o início e o fim e também, as superestruturas.
contexto qualquer, ou seja que não fosse de um texto informacional, seria
apenas caracterizado como uma redundância desnecessária. Essa repeti- O título funciona como estratégica de articulação do texto podendo de-
ção é normalmente dada através de sinônimos ou “sinônimos perfeitos” sempenhar papéis que resumam os seus pontos primordiais, como tam-
(p.30) que permitem a permutação destes nomes durante o texto sem que bém, podem ser desvendados no decorrer da leitura do texto.
o sentido original e desejado seja modificado.
Os parágrafos esquematizam o raciocínio do escritos, como enuncia
Esta relação semântica presente nos textos ocorre devido às interpre- Othon Moacir Garcia:
tações feitas da realidade pelo interlocutor, que utiliza a chamada “semân- “O parágrafo facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar con-
tica referencial” (p.31) para causar esta busca mental no receptor através venientemente as ideias principais da sua composição, permitindo ao leitor
de palavras semanticamente semelhantes à que fora enunciada, porém, acompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estágios”.
existe ainda o que a autora denominou de “inexistência de sinônimo perfei-
to” (p.30) que são sinônimos porém quando posto em substituição um ao É bom relembrar, que dentro do parágrafo encontraremos o chamado
outro não geram uma coerência adequada ao entendimento. tópico frasal, que resumirá a principal ideia do parágrafo no qual esta
inserido; e também encontraremos, segundo a autora, dez diferentes tipos
Nesta relação de substituição por sinônimos, devemos ter cautela de parágrafo, cada qual com um ponto de vista específico.
quando formos usar os “hiperônimos” (p.32), ou até mesmo a “hiponímia”
(p.32) onde substitui-se a parte pelo todo, pois neste emaranhado de No que diz respeito ao tópico Inicio e fim, Elisa Guimarães preferiu a-
substituições pode-se causar desajustes e o resultado final não fazer com bordá-los de forma mútua já que um é consequência ou decorrência do
que a imagem mental do leitor seja ativada de forma corretamente, e outra outro; ficando a organização da narrativa com uma forma de estrutura
assimilação, errônea, pode ser utilizada. clássica e seguindo uma linha sequencial já esperada pelo leitor, onde o
início alimenta a esperança de como virá a ser o texto, enquanto que o fim
Seguindo ainda neste linear das substituições, existem ainda as “no- exercer uma função de dar um destaque maior ao fechamento do texto, o
minações” e a “elipse”, onde na primeira, o sentido inicialmente expresso que também, alimenta a imaginação tanto do leito, quanto do próprio autor.
por um verbo é substituído por um nome, ou seja, um substantivo; e,
enquanto na segunda, ou seja, na elipse, o substituto é nulo e marcado No geral, o que diz respeito ao livro A Articulação do Texto de Elisa
pela flexão verbal; como podemos perceber no seguinte exemplo retirado Guimarães, ele nos trás um grande número de informações e novos con-
do livro de Elisa Guimarães: ceitos em relação à produção e compreensão textual, no entanto, essa
“Louve-se nos mineiros, em primeiro lugar, a sua presença suave. Mil grande leva de informações muitas vezes se tornam confusas e acabam
deles não causam o incômodo de dez cearenses. por desprenderem-se uma das outras, quebrando a linearidade de todo o
texto e dificultando o entendimento teórico.
__Não grita, ___ não empurram< ___ não seguram o braço da gente,
___ não impõem suas opiniões. Para os importunos inventaram eles uma A REFERENCIAÇÃO / OS REFERENTES / COERÊNCIA E COESÃO
palavra maravilhosamente definidora e que traduz bem a sua antipatia para A fala e também o texto escrito constituem-se não apenas numa se-
essa casta de gente (...)” (Rachel de Queiroz. Mineiros. In: Cem crônicas quência de palavras ou de frases. A sucessão de coisas ditas ou escritas
escolhidas. Rio de Janeiros, José Olympio, 1958, p.82). forma uma cadeia que vai muito além da simples sequencialidade: há um
entrelaçamento significativo que aproxima as partes formadoras do texto
Porém é preciso especificar que para que haja a elipse o termo elíptico falado ou escrito. Os mecanismos linguísticos que estabelecem a conecti-
deve estar perfeitamente claro no contexto. Este conceito e os demais já vidade e a retomada e garantem a coesão são os referentes textuais.
ditos anteriormente são primordiais para a compreensão e produção textu- Cada uma das coisas ditas estabelece relações de sentido e significado
al, uma vez que contribuem para a economia de linguagem, fator de gran- tanto com os elementos que a antecedem como com os que a sucedem,
de valor para tais feitos. construindo uma cadeia textual significativa. Essa coesão, que dá unidade
ao texto, vai sendo construída e se evidencia pelo emprego de diferentes
Ao abordar os conceitos de coesão e coerência, a autora procura pri- procedimentos, tanto no campo do léxico, como no da gramática. (Não
meiramente retomar a noção de que a construção do texto é feita através esqueçamos que, num texto, não existem ou não deveriam existir elemen-
de “referentes linguísticos” (p.38) que geram um conjunto de frases que tos dispensáveis. Os elementos constitutivos vão construindo o texto, e são
irão constituir uma “microestrutura do texto” (p.38) que se articula com a as articulações entre vocábulos, entre as partes de uma oração, entre as
estrutura semântica geral. Porém, a dificuldade de se separar a coesão da orações e entre os parágrafos que determinam a referenciação, os conta-
coerência está no fato daquela está inserida nesta, formando uma linha de tos e conexões e estabelecem sentido ao todo.)
raciocínio de fácil compreensão, no entanto, quando ocorre uma incoerên-
cia textual, decorrente da incompatibilidade e não exatidão do que foi Atenção especial concentram os procedimentos que garantem ao texto
escrito, o leitor também é capaz de entender devido a sua fácil compreen- coesão e coerência. São esses procedimentos que desenvolvem a dinâ-
são apesar da má articulação do texto. mica articuladora e garantem a progressão textual.
A coesão é a manifestação linguística da coerência e se realiza nas
A coerência de um texto não é dada apenas pela boa interligação en- relações entre elementos sucessivos (artigos, pronomes adjetivos, adjeti-
tre as suas frases, mas também porque entre estas existe a influência da vos em relação aos substantivos; formas verbais em relação aos sujeitos;
coerência textual, o que nos ajuda a concluir que a coesão, na verdade, é tempos verbais nas relações espaço-temporais constitutivas do texto etc.),
efeito da coerência. Como observamos em Nova Gramática Aplicada da na organização de períodos, de parágrafos, das partes do todo, como
Língua Portuguesa de Manoel P. Ribeiro (2004, 14ed): formadoras de uma cadeia de sentido capaz de apresentar e desenvolver
um tema ou as unidades de um texto. Construída com os mecanismos
A coesão e a coerência trazem a característica de promover a inter- gramaticais e lexicais, confere unidade formal ao texto.
relação semântica entre os elementos do discurso, respondendo pelo que 1. Considere-se, inicialmente, a coesão apoiada no léxico. Ela pode
chamamos de conectividade textual. “A coerência diz respeito ao nexo dar-se pela reiteração, pela substituição e pela associação.
entre os conceitos; e a coesão, à expressão desse nexo no plano linguísti- É garantida como emprego de:
co” (VAL, Maria das Graças Costa. Redação e textualidade, 1991, p.7) enlaces semânticos de frases por meio da repetição. A mensagem-
tema do texto apoiada na conexão de elementos léxicos sucessivos
No capítulo que diz respeito às noções de estrutura, Elisa Guimarães, pode dar-se por simples iteração (repetição). Cabe, nesse caso, fa-
busca ressaltar o nível sintático representado pelas coordenações e subor- zer-se a diferenciação entre a simples redundância resultado da po-
dinações que fixam relações de “equivalência” ou “hierarquia” respectiva- breza de vocabulário e o emprego de repetições como recurso esti-
mente. lístico, com intenção articulatória. Ex.: “As contas do patrão eram di-

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 23 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ferentes, arranjadas a tinta e contra o vaqueiro, mas Fabiano sabia A ligação lógica das ideias
que elas estavam erradas e o patrão queria enganá-lo.Enganava.” Uma das características do texto é a organização sequencial dos ele-
Vidas secas, p. 143); mentos linguísticos que o compõem, isto é, as relações de sentido que se
substituição léxica, que se dá tanto pelo emprego de sinônimos estabelecem entre as frases e os parágrafos que compõem um texto,
como de palavras quase sinônimas. Considerem-se aqui além das fazendo com que a interpretação de um elemento linguístico qualquer seja
palavras sinônimas, aquelas resultantes de famílias ideológicas e do dependente da de outro(s). Os principais fatores que determinam esse
campo associativo, como, por exemplo, esvoaçar, revoar, voar; encadeamento lógico são: a articulação, a referência, a substituição voca-
hipônimos (relações de um termo específico com um termo de sen- bular e a elipse.
tido geral, ex.: gato, felino) e hiperônimos (relações de um termo de
sentido mais amplo com outros de sentido mais específico, ex.: feli- ARTICULAÇÃO
no, gato); Os articuladores (também chamados nexos ou conectores) são con-
nominalizações (quando um fato, uma ocorrência, aparece em for- junções, advérbios e preposições responsáveis pela ligação entre si dos
ma de verbo e, mais adiante, reaparece como substantivo, ex.: con- fatos denotados num texto, Eles exprimem os diferentes tipos de interde-
sertar, o conserto; viajar, a viagem). É preciso distinguir-se entre pendência de sentido das frases no processo de sequencialização textual.
nominalização estrita e. generalizações (ex.: o cão < o animal) e As ideias ou proposições podem se relacionar indicando causa, conse-
especificações (ex.: planta > árvore > palmeira); quência, finalidade, etc.
substitutos universais (ex.:João trabalha muito. Também o faço. O
verbo fazer em substituição ao verbo trabalhar); Ingressei na Faculdade a fim de ascender socialmente.
enunciados que estabelecem a recapitulação da ideia global. Ingressei na Faculdade porque pretendo ser biólogo.
Ex.:O curral deserto, o chiqueiro das cabras arruinado e também Ingressei na Faculdade depois de ter-me casado.
deserto, a casa do vaqueiro fechada, tudo anunciava abandono
(Vidas Secas, p.11). Esse enunciado é chamado de anáfora con- É possível observar que os articuladores relacionam os argumentos di-
ceptual. Todo um enunciado anterior e a ideia global que ele refere ferentemente. Podemos, inclusive, agrupá-los, conforme a relação que
são retomados por outro enunciado que os resume e/ou interpreta. estabelecem.
Com esse recurso, evitam-se as repetições e faz-se o discurso a-
vançar, mantendo-se sua unidade. Relações de:
2. A coesão apoiada na gramática dá-se no uso de: adição: os conectores articula sequencialmente frases cujos conteú-
certos pronomes (pessoais, adjetivos ou substantivos). Destacam- dos se adicionam a favor de uma mesma conclusão: e, também, não
se aqui os pronomes pessoais de terceira pessoa, empregados co- só...como também, tanto...como, além de, além disso, ainda, nem.
mo substitutos de elementos anteriormente presentes no texto, dife-
rentemente dos pronomes de 1ª e 2ª pessoa que se referem à pes- Na maioria dos casos, as frases somadas não são permutáveis, isto é,
soa que fala e com quem esta fala. a ordem em que ocorrem os fatos descritos deve ser respeitada.
certos advérbios e expressões adverbiais;
artigos; Ele entrou, dirigiu-se à escrivaninha e sentou-se.
conjunções; alternância: os conteúdos alternativos das frases são articulados por
numerais; conectores como ou, ora...ora, seja...seja. O articulador ou pode expres-
elipses. A elipse se justifica quando, ao remeter a um enunciado sar inclusão ou exclusão.
anterior, a palavra elidida é facilmente identificável (Ex.: O jovem re-
colheu-se cedo. ... Sabia que ia necessitar de todas as suas forças. Ele não sabe se conclui o curso ou abandona a Faculdade.
O termo o jovem deixa de ser repetido e, assim, estabelece a rela- Oposição: os conectores articulam sequencialmente frases cujos con-
ção entre as duas orações.). É a própria ausência do termo que teúdos se opõem. São articuladores de oposição: mas, porém, todavia,
marca a inter-relação. A identificação pode dar-se com o próprio e- entretanto, no entanto, não obstante, embora, apesar de (que), ainda
nunciado, como no exemplo anterior, ou com elementos extraver- que, se bem que, mesmo que, etc.
bais, exteriores ao enunciado. Vejam-se os avisos em lugares públi-
cos (ex.: Perigo!) e as frases exclamativas, que remetem a uma situ- O candidato foi aprovado, mas não fez a matrícula.
ação não-verbal. Nesse caso, a articulação se dá entre texto e con- condicionalidade: essa relação é expressa pela combinação de duas
texto (extratextual); proposições: uma introduzida pelo articulador se ou caso e outra por então
as concordâncias; (consequente), que pode vir implícito. Estabelece-se uma relação entre o
a correlação entre os tempos verbais. antecedente e o consequente, isto é, sendo o antecedente verdadeiro ou
possível, o consequente também o será.
Os dêiticos exercem, por excelência, essa função de progressão tex-
tual, dada sua característica: são elementos que não significam, apenas Na relação de condicionalidade, estabelece-se, muitas vezes, uma
indicam, remetem aos componentes da situação comunicativa. Já os condição hipotética, isto é,, cria-se na proposição introduzida pelo articula-
componentes concentram em si a significação. Referem os participantes do dor se/caso uma hipótese que condicionará o que será dito na proposição
ato de comunicação, o momento e o lugar da enunciação. seguinte. Em geral, a proposição situa-se num tempo futuro.
Elisa Guimarães ensina a respeito dos dêiticos:
Os pronomes pessoais e as desinências verbais indicam os participan- Caso tenha férias, (então) viajarei para Buenos Aires.
tes do ato do discurso. Os pronomes demonstrativos, certas locuções Causalidade: é expressa pela combinação de duas proposições, uma
prepositivas e adverbiais, bem como os advérbios de tempo, referenciam o das quais encerra a causa que acarreta a consequência expressa na outra.
momento da enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterioridade ou Tal relação pode ser veiculada de diferentes formas:
posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste momento (presente); ulti- Passei no vestibular porque estudei muito
mamente, recentemente, ontem, há alguns dias, antes de (pretérito); de visto que
agora em diante, no próximo ano, depois de (futuro). já que
uma vez que
Maria da Graça Costa Val lembra que “esses recursos expressam re- _________________ _____________________
lações não só entre os elementos no interior de uma frase, mas também consequência causa
entre frases e sequências de frases dentro de um texto”.
Estudei tanto que passei no vestibular.
Não só a coesão explícita possibilita a compreensão de um texto. Mui- Estudei muito por isso passei no vestibular
tas vezes a comunicação se faz por meio de uma coesão implícita, apoia- _________________ ____________________
da no conhecimento mútuo anterior que os participantes do processo causa consequência
comunicativo têm da língua.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 24 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Como estudei passei no vestibular A análise de expressões referenciais é fundamental na interpretação
Por ter estudado muito passei no vestibular do discurso. A identificação de expressões correferentes é importante em
___________________ ___________________ diversas aplicações de Processamento da Linguagem Natural. Expressões
causa consequência referenciais podem ser usadas para introduzir entidades em um discurso
Finalidade: uma das proposições do período explicita o(s) meio(s) pa- ou podem fazer referência a entidades já mencionadas,podendo fazer uso
ra se atingir determinado fim expresso na outra. Os articuladores principais de redução lexical.
são: para, afim de, para que.

Utilizo o automóvel a fim de facilitar minha vida. Interpretar e produzir textos de qualidade são tarefas muito importan-
Conformidade: essa relação expressa-se por meio de duas proposi- tes na formação do aluno. Para realizá-las de modo satisfatório, é essenci-
ções, em que se mostra a conformidade de conteúdo de uma delas em al saber identificar e utilizar os operadores sequenciais e argumentativos
relação a algo afirmado na outra. do discurso. A linguagem é um ato intencional, o indivíduo faz escolhas
quando se pronuncia oralmente ou quando escreve. Para dar suporte a
O aluno realizou a prova conforme o professor solicitara. essas escolhas, de modo a fazer com que suas opiniões sejam aceitas ou
segundo respeitadas, é fundamental lançar mão dos operadores que estabelecem
consoante ligações (espécies de costuras) entre os diferentes elementos do discurso.
como
de acordo com a solicitação...
MODOS DE ORGANIZAÇÃO DO TEXTO
Temporalidade: é a relação por meio da qual se localizam no tempo
ações, eventos ou estados de coisas do mundo real, expressas por meio Oliveira, (2003:41) fazendo alusão a Charaudeau (1992) observa:
de duas proposições.
Quando Os modos de organização do discurso ( o narrativo, o descritivo, o
Mal argumentativo e o enunciativo) são maneiras de estruturar o texto, visan-
Logo que terminei o colégio, matriculei-me aqui. do a uma função típica de cada um: a função do narrativo é contar ou
Assim que relatar, a do descritivo, descrever; a do argumentativo, argumentar, ou
Depois que seja, explicar uma verdade numa visão racionalizante para influenciar o
No momento em que interlocutor; e a do enunciativo é gerir os outros três. Este tem pois uma
Nem bem função metadiscursiva – Charaudeau ( 1992:642-646).
Oliveira.Helênio (2004), discutindo conceitos básicos em análise
Concomitância de fatos: Enquanto todos se divertiam, ele estudava do discurso, com base nos dois grandes critérios de classificação de
com afinco. textos ( o intratextual-estrutural, o que se encontra no texto; e o extratex-
Existe aqui uma simultaneidade entre os fatos descritos em cada tual– sensível a situação comunicativa), propõe a nomenclatura “modos
uma das proposições. de organização do texto”, acrescentando a listagem de Charaudeau
b) um tempo progressivo: (1992) outros dois modos de organização: o expositivo e o injuntivo.
À proporção que os alunos terminavam a prova, iam se retirando.
bar enchia de frequentadores à medida que a noite caía.
Omodo de organização do texto narrativo é construído pela su-
Conclusão: um enunciado introduzido por articuladores como portan- cessão, desenvolvimento de ações que formam o arcabouço de uma
to, logo, pois, então, por conseguinte, estabelece uma conclusão em história (no sentido estrito) – processos, sequências, tempo em andamen-
relação a algo dito no enunciado anterior: to.
O Modo Descritivo tem como funcionamento identificar, distinguir,
Assistiu a todas as aulas e realizou com êxito todos os exercícios. Por- qualificar pessoa ou objeto, os ‘seres do mundo’ (a quem Oliveira, Helê-
tanto tem condições de se sair bem na prova. nio (2004 mimeo) denomina “objeto da descrição” ). Na descrição confec-
cionamos uma espécie de retrato através de palavras. Tempo estático.
É importante salientar que os articuladores conclusivos não se limitam
a articular frases. Eles podem articular parágrafos, capítulos. Discorrendo sobre o texto descritivo, Oliveira, Helênio (mimeo) destaca
importantes fatores que normalmente não são levados em consideração
Comparação: é estabelecida por articuladores: tanto (tão)...como, quando se aborda o M.O.D. descritivo:
tanto (tal)...como, tão ...quanto, mais ....(do) que, menos ....(do) que,
assim como. · A existência de textos iminentemente descritivos: A descrição de um
Ele é tão competente quanto Alberto. tipo de rocha, da anatomia de uma espécie animal, do sistema pronominal
de dada língua etc.
Explicação ou justificativa: os articuladores do tipo pois, que, por-
que introduzem uma justificativa ou explicação a algo já anteriormente · O ponto de vista e o ângulo do observador afetando na seleção dos
referido. atributos do objeto descrito – limitações físicas, intelectuais etc.
· O caráter infinito dos possíveis “objetos de descrição”, bem como os
Não se preocupe que eu voltarei diversos sentidos empregados na observação do objeto descrito (+ ou –
pois sensorial)
porque
Progressão temática: é a soma das unidades temática. Toda disser-
As pausas tação bem construída deve expor progressão temática. Eis a inteligente
Os articuladores são, muitas vezes, substituídos por “pausas” (marca- maneira de trazer densidade sobre o tema proposto.
das por dois pontos, vírgula, ponto final na escrita). Que podem assinalar Parágrafo
tipos de relações diferentes.
Os textos em prosa, sejam eles narrativos, descritivos ou dissertativos,
Compramos tudo pela manhã: à tarde pretendemos viajar. (causalida-
são estruturados geralmente em unidades menores, os parágrafos, identifi-
de)
cados por um ligeiro afastamento de sua primeira linha em relação à mar-
Não fique triste. As coisas se resolverão. (justificativa)
gem esquerda da folha. Possuem extensão variada: há parágrafos longos
Ela estava bastante tranquila eu tinha os nervos à flor da pele. ( oposi-
e parágrafos curtos. O que vai determinar sua extensão é a unidade temá-
ção)
tica, já que cada ideia exposta no texto deve corresponder a um parágrafo.
Não estive presente à cerimônia. Não posso descrevê-la. (conclusão)
http://www.seaac.com.br/

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 25 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
"O parágrafo é uma unidade de composição, constituída por um ou mais Socorro!
de um período em que desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a Que calor!
que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo senti-
do e logicamente decorrentes dela." [GARCIA, Othon M. Comunicação em Oração
prosa moderna. 7.ed. Rio de Janeiro: FGV, 1978, p. 203.]
Oração é a frase que apresenta verbo ou locução verbal.
Essa definição não se aplica a todo o tipo de parágrafo: trata-se de um A fanfarra desfilou na avenida.
modelo - denominado parágrafo-padrão - que, por ser cultivado por bons As festas juninas estão chegando.
escritores modernos, o aluno poderá (e até deverá) imitar:
Muito comum nos textos de natureza dissertativa, que trabalham com Período
ideias e exigem maior rigor e objetividade na composição, o parágrafo-
padrão apresente a seguinte estrutura: Período é a frase estruturada em oração ou orações.
a) introdução - também denominada tópico frasal, é constituída de uma O período pode ser:
ou duas frases curtas, que expressam, de maneira sintética, a ideia princi-
pal do parágrafo, definindo seu objetivo; - simples - aquele constituído por uma só oração (oração absoluta).
b) desenvolvimento - corresponde a uma ampliação do tópico frasal, Fui à livraria ontem.
com apresentação de ideias secundárias que o fundamentam ou esclare- - composto - quando constituído por mais de uma oração.
cem; Fui à livraria ontem e comprei um livro.

c) conclusão - nem sempre presente, especialmente nos parágrafos


mais curtos e simples, a conclusão retoma a ideia central, levando em REESCRITURA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO
consideração os diversos aspectos selecionados no desenvolvimento.
Eder Sabino Carlos
Nas dissertações, os parágrafos são estruturados a partir de uma ideia
Retextualização de diferentes gêneros e níveis de formalidade.
que normalmente é apresentada em sua introdução, desenvolvida e refor-
çada por uma conclusão. Este ítem será abordado como um tema só, pois a separação deles
está meio complicada, pois a substituição de palavras ou de trechos tem
Os Parágrafos na Dissertação Escolar
tudo a ver com a retextualização
As dissertações escolares, normalmente, costumam ser estruturadas
Reescrituração de textos
em quatro ou cinco parágrafos (um parágrafo para a introdução, dois ou
três para o desenvolvimento e um para a conclusão). Figuras de estilo, figuras ou Desvios de linguagem são nomes dados a
alguns processos que priorizam a palavra ou o todo para tornar o texto
É claro que essa divisão não é absoluta. Dependendo do tema proposto
mais rico e expressivo ou buscar um novo significado, possibilitando uma
e da abordagem que se dê a ele, ela poderá sofrer variações. Mas é fun-
reescritura correta de textos.
damental que você perceba o seguinte: a divisão de um texto em parágra-
fos (cada um correspondendo a uma determinada ideia que nele se desen- Podem ser:
volve) tem a função de facilitar, para quem escreve, a estruturação coeren-
te do texto e de possibilitar, a quem lê, uma melhor compreensão do texto Figuras de palavras
em sua totalidade. As figuras de palavra consistem no emprego de um termo com sentido
Parágrafo Narrativo diferente daquele convencionalmente empregado, a fim de se conseguir
um efeito mais expressivo na comunicação.
Nas narrações, a ideia central do parágrafo é um incidente, isto é, um
episódio curto. São figuras de palavras:

Nos parágrafos narrativos, há o predomínio dos verbos de ação que se Comparação:


referem a personagens, além de indicações de circunstâncias relativas ao Ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois e-
fato: onde ele ocorreu, quando ocorreu, por que ocorreu, etc. lementos que se identificam, ligados por conectivos comparativos explícitos
O que falamos acima aplica-se ao parágrafo narrativo propriamente dito, – feito, assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual, que nem – e alguns
ou seja, aquele que relata um fato (lembrando que podemos ter, em um verbos – parecer, assemelhar-se e outros.
texto narrativo, parágrafos descritivos e dissertativos). Exemplos: “Amou daquela vez como se fosse máquina. / Beijou sua
Nas narrações existem também parágrafos que servem para reproduzir mulher como se fosse lógico.” (Chico Buarque);
as falas dos personagens. No caso do discurso direto (em geral antecedido “As solteironas, os longos vestidos negros fechados no pescoço, ne-
por dois-pontos e introduzido por travessão), cada fala de um personagem gros xales nos ombros, pareciam aves noturnas paradas…” (Jorge Ama-
deve corresponder a um parágrafo para que essa fala não se confunda do).
com a do narrador ou com a de outro personagem.
Metáfora:
Parágrafo Descritivo
Ocorre metáfora quando um termo substitui outro através de uma rela-
A ideia central do parágrafo descritivo é um quadro, ou seja, um frag- ção de semelhança resultante da subjetividade de quem a cria. A metáfora
mento daquilo que está sendo descrito (uma pessoa, uma paisagem, um também pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o
ambiente, etc.), visto sob determinada perspectiva, num determinado conectivo não está expresso, mas subentendido.
momento. Alterado esse quadro, teremos novo parágrafo.
Exemplo: “Supondo o espírito humano uma vasta concha, o meu fim,
O parágrafo descritivo vai apresentar as mesmas características da Sr. Soares, é ver se posso extrair pérolas, que é a razão.” (Machado de
descrição: predomínio de verbos de ligação, emprego de adjetivos que Assis).
caracterizam o que está sendo descrito, ocorrência de orações justapostas
ou coordenadas. Metonímia:
Ocorre metonímia quando há substituição de uma palavra por outra,
Frase
havendo entre ambas algum grau de semelhança, relação, proximidade de
sentido ou implicação mútua. Tal substituição fundamenta-se numa relação
Frase é um conjunto de palavras que têm sentido completo.
objetiva, real, realizando-se de inúmeros modos:
O tempo está nublado.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 26 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
- o continente pelo conteúdo e vice-versa: Antes de sair, tomamos um do não são o soprano e o contralto que lutam pelo tenor, em presença do
cálice (o conteúdo de um cálice) de licor. mesmo baixo e dos mesmos comprimários. Há coros numerosos, muitos
- a causa pelo efeito e vice-versa: “E assim o operário ia / Com suor e bailados, e a orquestra é excelente…” (Machado de Assis).
com cimento (com trabalho) / Erguendo uma casa aqui / Adiante um apar- Figuras de sintaxe ou de construção:
tamento.” (Vinicius de Moraes). As figuras de sintaxe ou de construção dizem respeito a desvios em
- o lugar de origem ou de produção pelo produto: Comprei uma garrafa relação à concordância entre os termos da oração, sua ordem, possíveis
do legítimo porto (o vinho da cidade do Porto). repetições ou omissões.
- o autor pela obra: Ela parecia ler Jorge Amado (a obra de Jorge A- Elas podem ser construídas por:
mado). a) omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
- o abstrato pelo concreto e vice-versa: Não devemos contar com o b) repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
seu coração (sentimento, sensibilidade).
c) inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;
- o símbolo pela coisa simbolizada: A coroa (o poder) foi disputada pe-
los revolucionários. d) ruptura: anacoluto;
- a matéria pelo produto e vice-versa: Lento, o bronze (o sino) soa. e) concordância ideológica: silepse.
- o inventor pelo invento: Edson (a energia elétrica) ilumina o mundo. Portanto, são figuras de construção ou sintaxe:
- a coisa pelo lugar: Vou à Prefeitura (ao edifício da Prefeitura). Assíndeto:
- o instrumento pela pessoa que o utiliza: Ele é um bom garfo (guloso, Ocorre assíndeto quando orações ou palavras deveriam vir ligadas por
glutão). conjunções coordenativas, aparecem justapostas ou separadas por vírgu-
las.
Sinédoque:
Exigem do leitor atenção maior no exame de cada fato, por exigência
Ocorre sinédoque quando há substituição de um termo por outro, ha- das pausas rítmicas (vírgulas).
vendo ampliação ou redução do sentido usual da palavra numa relação
quantitativa. Encontramos sinédoque nos seguintes casos: Exemplo: “Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a
pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se.” (Machado
- o todo pela parte e vice-versa: “A cidade inteira (o povo) viu assom- de Assis).
brada, de queixo caído, o pistoleiro sumir de ladrão, fugindo nos cascos
(parte das patas) de seu cavalo.” (J. Cândido de Carvalho) Elipse:
- o singular pelo plural e vice-versa: O paulista (todos os paulistas) é Ocorre elipse quando omitimos um termo ou oração que facilmente
tímido; o carioca (todos os cariocas), atrevido. podemos identificar ou subentender no contexto. Pode ocorrer na supres-
são de pronomes, conjunções, preposições ou verbos. É um poderoso
- o indivíduo pela espécie (nome próprio pelo nome comum): Para os recurso de concisão e dinamismo.
artistas ele foi um mecenas (protetor).
Exemplo: “Veio sem pinturas, em vestido leve, sandálias coloridas.” (e-
Catacrese: lipse do pronome ela (Ela veio) e da preposição de (de sandálias…).
A catacrese é um tipo de especial de metáfora, “é uma espécie de me- Zeugma:
táfora desgastada, em que já não se sente nenhum vestígio de inovação,
de criação individual e pitoresca. É a metáfora tornada hábito linguístico, já Ocorre zeugma quando um termo já expresso na frase é suprimido, fi-
fora do âmbito estilístico.” (Othon M. Garcia). cando subentendida sua repetição.
São exemplos de catacrese: folhas de livro / pele de tomate / dente de Exemplo: “Foi saqueada a vida, e assassinados os partidários dos Fe-
alho / montar em burro / céu da boca / cabeça de prego / mão de direção / lipes.” (Zeugma do verbo: “e foram assassinados…”) (Camilo Castelo
ventre da terra / asa da xícara / sacar dinheiro no banco. Branco).
Sinestesia: Anáfora:
A sinestesia consiste na fusão de sensações diferentes numa mesma Ocorre anáfora quando há repetição intencional de palavras no início
expressão. Essas sensações podem ser físicas (gustação, audição, visão, de um período, frase ou verso.
olfato e tato) ou psicológicas (subjetivas). Exemplo: “Depois o areal extenso… / Depois o oceano de pó… / De-
Exemplo: “A minha primeira recordação é um muro velho, no quintal de pois no horizonte imenso / Desertos… desertos só…” (Castro Alves).
uma casa indefinível. Tinha várias feridas no reboco e veludo de musgo. Pleonasmo:
Milagrosa aquela mancha verde [sensação visual] e úmida, macia [sensa- Ocorre pleonasmo quando há repetição da mesma ideia, isto é, redun-
ções táteis], quase irreal.” (Augusto Meyer) dância de significado.
Antonomásia: a) Pleonasmo literário:
Ocorre antonomásia quando designamos uma pessoa por uma quali- É o uso de palavras redundantes para reforçar uma ideia, tanto do
dade, característica ou fato que a distingue. ponto de vista semântico quanto do ponto de vista sintático. Usado como
Na linguagem coloquial, antonomásia é o mesmo que apelido, alcunha um recurso estilístico, enriquece a expressão, dando ênfase à mensagem.
ou cognome, cuja origem é um aposto (descritivo, especificativo etc.) do Exemplo: “Iam vinte anos desde aquele dia / Quando com os olhos eu
nome próprio. quis ver de perto / Quando em visão com os da saudade via.” (Alberto de
Exemplos: “E ao rabi simples (Cristo), que a igualdade prega, / Rasga Oliveira).
e enlameia a túnica inconsútil; (Raimundo Correia). / Pelé (= Edson Arantes “Morrerás morte vil na mão de um forte.” (Gonçalves Dias)
do Nascimento) / O Cisne de Mântua (= Virgílio) / O poeta dos escravos (=
“Ó mar salgado, quando do teu sal / São lágrimas de Portugal” (Fer-
Castro Alves) / O Dante Negro (= Cruz e Souza) / O Corso (= Napoleão)
nando Pessoa).
Alegoria:
b) Pleonasmo vicioso:
A alegoria é uma acumulação de metáforas referindo-se ao mesmo ob-
jeto; é uma figura poética que consiste em expressar uma situação global É o desdobramento de ideias que já estavam implícitas em palavras
por meio de outra que a evoque e intensifique o seu significado. Na alego- anteriormente expressas. Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois
ria, todas as palavras estão transladadas para um plano que não lhes é não têm valor de reforço de uma ideia, sendo apenas fruto do descobri-
comum e oferecem dois sentidos completos e perfeitos – um referencial e mento do sentido real das palavras.
outro metafórico. Exemplos: subir para cima / entrar para dentro / repetir de novo / ouvir
Exemplo: “A vida é uma ópera, é uma grande ópera. O tenor e o barí- com os ouvidos / hemorragia de sangue / monopólio exclusivo / breve
tono lutam pelo soprano, em presença do baixo e dos comprimários, quan- alocução / principal protagonista.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 27 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Polissíndeto: Figuras de pensamento:
Ocorre polissíndeto quando há repetição enfática de uma conjunção As figuras de pensamento são recursos de linguagem que se referem
coordenativa mais vezes do que exige a norma gramatical (geralmente a ao significado das palavras, ao seu aspecto semântico.
conjunção e). É um recurso que sugere movimentos ininterruptos ou verti-
ginosos. São figuras de pensamento:

Exemplo: “Vão chegando as burguesinhas pobres, / e as criadas das Antítese:


burguesinhas ricas / e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redonde- Ocorre antítese quando há aproximação de palavras ou expressões de
za.” (Manuel Bandeira). sentidos opostos.
Anástrofe: Exemplo: “Amigos ou inimigos estão, amiúde, em posições trocadas.
Ocorre anástrofe quando há uma simples inversão de palavras vizi- Uns nos querem mal, e fazem-nos bem. Outros nos almejam o bem, e nos
nhas (determinante/determinado). trazem o mal.” (Rui Barbosa).
Exemplo: “Tão leve estou (estou tão leve) que nem sombra tenho.” Apóstrofe:
(Mário Quintana). Ocorre apóstrofe quando há invocação de uma pessoa ou algo, real ou
Hipérbato: imaginário, que pode estar presente ou ausente. Corresponde ao vocativo
na análise sintática e é utilizada para dar ênfase à expressão.
Ocorre hipérbato quando há uma inversão completa de membros da
frase. Exemplo: “Deus! ó Deus! onde estás, que não respondes?” (Castro Al-
ves).
Exemplo: “Passeiam à tarde, as belas na Avenida. ” (As belas passei-
am na Avenida à tarde.) (Carlos Drummond de Andrade). Paradoxo:
Sínquise: Ocorre paradoxo não apenas na aproximação de palavras de sentido
oposto, mas também na de ideias que se contradizem referindo-se ao
Ocorre sínquise quando há uma inversão violenta de distantes partes mesmo termo. É uma verdade enunciada com aparência de mentira.
da frase. É um hipérbato exagerado. Oxímoro (ou oximoron) é outra designação para paradoxo.
Exemplo: “A grita se alevanta ao Céu, da gente. ” (A grita da gente se Exemplo: “Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e não
alevanta ao Céu ) (Camões). se sente; / É um contentamento descontente; / É dor que desatina sem
Hipálage: doer;” (Camões)

Ocorre hipálage quando há inversão da posição do adjetivo: uma qua- Eufemismo:


lidade que pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase. Ocorre eufemismo quando uma palavra ou expressão é empregada
Exemplo: “… as lojas loquazes dos barbeiros.” (as lojas dos barbeiros para atenuar uma verdade tida como penosa, desagradável ou chocante.
loquazes.) (Eça de Queiros). Exemplo: “E pela paz derradeira (morte) que enfim vai nos redimir
Anacoluto: Deus lhe pague”. (Chico Buarque).

Ocorre anacoluto quando há interrupção do plano sintático com que se Gradação:


inicia a frase, alterando-lhe a sequência lógica. A construção do período Ocorre gradação quando há uma sequência de palavras que intensifi-
deixa um ou mais termos – que não apresentam função sintática definida – cam uma mesma ideia.
desprendidos dos demais, geralmente depois de uma pausa sensível.
Exemplo: “Aqui… além… mais longe por onde eu movo o passo.”
Exemplo: “Essas empregadas de hoje, não se pode confiar nelas.” (Al- (Castro Alves).
cântara Machado).
Hipérbole:
Silepse:
Ocorre hipérbole quando há exagero de uma ideia, a fim de proporcio-
Ocorre silepse quando a concordância não é feita com as palavras, nar uma imagem emocionante e de impacto.
mas com a ideia a elas associada.
Exemplo: “Rios te correrão dos olhos, se chorares!” (Olavo Bilac).
a) Silepse de gênero:
Ironia:
Ocorre quando há discordância entre os gêneros gramaticais (feminino
ou masculino). Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, pela contradição
de termos, sugere-se o contrário do que as palavras ou orações parecem
Exemplo: “Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito.” (Guimarães exprimir. A intenção é depreciativa ou sarcástica.
Rosa).
Exemplo: “Moça linda, bem tratada, / três séculos de família, / burra
b) Silepse de número: como uma porta: / um amor.” (Mário de Andrade).
Ocorre quando há discordância envolvendo o número gramatical (sin- Prosopopeia:
gular ou plural).
Ocorre prosopopeia (ou animização ou personificação) quando se atri-
Exemplo: Corria gente de todos lados, e gritavam.” (Mário Barreto). bui movimento, ação, fala, sentimento, enfim, caracteres próprios de seres
c) Silepse de pessoa: animados a seres inanimados ou imaginários.

Ocorre quando há discordância entre o sujeito expresso e a pessoa Também a atribuição de características humanas a seres animados
verbal: o sujeito que fala ou escreve se inclui no sujeito enunciado. constitui prosopopeia o que é comum nas fábulas e nos apólogos, como
este exemplo de Mário de Quintana: “O peixinho (…) silencioso e levemen-
Exemplo: “Na noite seguinte estávamos reunidas algumas pessoas.” te melancólico…”
(Machado de Assis).
Exemplos: “… os rios vão carregando as queixas do caminho.” (Raul
Bopp)
Um frio inteligente (…) percorria o jardim…” (Clarice Lispector)

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 28 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Perífrase: atitudes típicas de estrangeiros, por eles dificilmente atingirem alta fluência
no dialeto padrão da língua.
Ocorre perífrase quando se cria um torneio de palavras para expressar
algum objeto, acidente geográfico ou situação que não se quer nomear. Em nível pragmático, o barbarismo normalmente é indesejável porque
os receptores da mensagem frequentemente conhecem o termo em ques-
Exemplo: “Cidade maravilhosa / Cheia de encantos mil / Cidade mara- tão na língua nativa de sua comunidade linguística, mas nem sempre
vilhosa / Coração do meu Brasil.” (André Filho). conhecem o termo correspondente na língua ou dialeto estrangeiro à
Até este ponto retirei informações do site PCI cursos comunidade com a qual ele está familiarizado. Em nível político, um barba-
rismo também pode ser interpretado como uma ofensa cultural por alguns
Vícios de Linguagem receptores que se encontram ideologicamente inclinados a repudiar certos
Ambiguidade tipos de influência sobre suas culturas. Pode-se assim concluir que o
conceito de barbarismo é relativo ao receptor da mensagem.
Ambiguidade é a possibilidade de uma mensagem ter dois sentidos.
Ela geralmente é provocada pela má organização das palavras na frase. A Em alguns contextos, até mesmo uma palavra da própria língua do re-
ambiguidade é um caso especial de polissemia, a possibilidade de uma ceptor poderia ser considerada como um barbarismo. Tal é o caso de um
palavra apresentar vários sentidos em um contexto. cultismo (ex: “abdômen”) quando presente em uma mensagem a um
receptor que não o entende (por exemplo, um indivíduo não escolarizado,
Ex: que poderia compreender melhor os sinônimos “barriga”, “pança” ou “bu-
cho”).
“Onde está a vaca da sua avó?” (Que vaca? A avó ou a vaca criada
pela avó?) Cacofonia
“Onde está a cachorra da sua mãe?” (Que cachorra? A mãe ou a ca- A cacofonia é um som desagradável ou obsceno formado pela união
dela criada pela mãe?) das sílabas de palavras contíguas. Por isso temos que cuidar quando
falamos sobre algo para não ofendermos a pessoa que ouve. São exem-
“Este líder dirigiu bem sua nação”(“Sua”? Nação da 2ª ou 3ª pessoa (o
plos desse fato:
líder)?).
“Ele beijou a boca dela.”
Obs 1: O pronome possessivo “seu(ua)(s)” gera muita confusão por ser
geralmente associado ao receptor da mensagem. “Bata com um mamão para mim, por favor.”
Obs 2: A preposição “como” também gera confusão com o verbo “co- “Deixe ir-me já, pois estou atrasado.”
mer” na 1ª pessoa do singular.
“Não tem nada de errado a cerca dela“
A ambiguidade normalmente é indesejável na comunicação unidirecio-
nal, em particular na escrita, pois nem sempre é possível contactar o “Vou-me já que está pingando. Vai chover!”
emissor da mensagem para questioná-lo sobre sua intenção comunicativa “Instrumento para socar alho.”
original e assim obter a interpretação correta da mensagem.
“Daqui vai, se for dai.”
Barbarismo
Não são cacofonia:
Barbarismo, peregrinismo, idiotismo ou estrangeirismo (para
os latinos qualquer estrangeiro era bárbaro) é o uso de palavra, expressão “Eu amo ela demais !!!”
ou construção estrangeira no lugar de equivalente vernácula. “Eu vi ela.”
De acordo com a língua de origem, os estrangeirismos recebem dife- “você veja”
rentes nomes:
Como cacofonias são muitas vezes cômicas, elas são algumas vezes
galicismo ou francesismo, quando provenientes do francês (de Gália, usadas de propósito em certas piadas, trocadilhos e “pegadinhas”.
antigo nome da França);
Plebeísmo
anglicismo, quando do inglês;
O plebeísmo normalmente utiliza palavras de baixo calão, gírias e
castelhanismo, quando vindos do espanhol; termos considerados informais.
Ex: Exemplos:
Mais penso, mais fico inteligente (galicismo; o mais adequado seria “Ele era um tremendo mané!”
“quanto maispenso, (tanto) mais fico inteligente”);
“Tô ferrado!”
Comeu um roast-beef (anglicismo; o mais adequado seria “comeu
um rosbife“); “Tá ligado nas quebradas, meu chapa?”
Havia links para sua página (anglicismo; o mais adequado seria “Ha- “Esse bagulho é ‘radicaaaal’!!! Tá ligado mano?”
via ligações(ou vínculos) para sua página”.
‘Vô piálá’mais tarde ‘ !!! Se ligou maluko ?
Eles têm serviço de delivery. (anglicismo; o mais adequado seria “Eles
têm serviço de entrega”). Por questões de etiqueta, convém evitar o uso de plebeísmos em con-
textos sociais que requeiram maior formalismo no tratamento comunicativo.
Premiê apresenta prioridades da Presidência lusa da UE (galicismo, o
mais adequado seria Primeiro-ministro) Prolixidade

Nesta receita gastronômica usaremos Blueberries e Grapefruits. (an- É a exposição fastidiosa e inútil de palavras ou argumentos e à sua
glicismo, o mais adequado seria Mirtilo e Toranja) superabundância. É o excesso de palavras para exprimir poucas ideias. Ao
texto prolixo falta objetividade, o qual quase sempre compromete a clareza
Convocamos para a Reunião do Conselho de DA’s (plural da sigla e cansa o leitor.
de Diretório Acadêmico). (anglicismo, e mesmo nesta língua não se u-
sa apóstrofo ‘s’ para pluralizar; o mais adequado seria DD.AA. ou DAs.) A prevenção à prolixidade requer que se tenha atenção à concisão e
precisão da mensagem. Concisão é a qualidade de dizer o máximo possí-
Há quem considere barbarismo também divergências de pronúncia, vel com o mínimo de palavras. Precisão é a qualidade de utilizar a palavra
grafia, morfologia, etc., tais como “adevogado” ou “eu sabo“, pois seriam certa para dizer exatamente o que se quer.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 29 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Pleonasmo vicioso Uma colisão pode ser remediada com a reestruturação sintática da fra-
O pleonasmo é uma figura de linguagem. Quando consiste numa re- se que a contém ou com a substituição de alguns termos ou expressões
dundância inútil e desnecessária de significado em uma sentença, é consi- por outras similares ou sinônimas.
derado um vício de linguagem. A esse tipo de pleonasmo chama-
mos pleonasmo vicioso.
Ex: Intertextualidade
“Ele vai ser o protagonista principal da peça”. (Um protagonista é, Grosso modo, pode-se definir a intertextualidade como sendo um
necessariamente, a personagem principal) "diálogo" entre textos. Esse diálogo pressupõe um universo cultural muito
“Meninos, entrem já para dentro!” (O verbo “entrar” já exprime ideia amplo e complexo, pois implica a identificação e o reconhecimento de
de ir para dentro) remissões a obras ou a trechos mais ou menos conhecidos. Dependendo
“Estou subindo para cima.” (O verbo “subir” já exprime ideia de ir para da situação, a intertextualidade tem funções diferentes que dependem dos
cima) textos/ contextos em que ela é inserida.
“Não deixe de comparecer pessoalmente.” (É impossível comparecer Evidentemente, o fenômeno da intertextualidade está ligado ao
a algum lugar de outra forma que não pessoalmente) "conhecimento do mundo", que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao
“Meio-ambiente” – o meio em que vivemos = o ambiente em que vive- produtor e ao receptor de textos.
mos. O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento,não se
Não é pleonasmo: restringindo única e exclusivamente a textos literários.
“As palavras são de baixo calão“. Palavras podem ser de baixo ou de Na pintura tem-se, por exemplo, o quadro do pintor barroco italiano
alto calão. Caravaggio e a fotografia da americana Cindy Sherman, na qual quem
O pleonasmo nem sempre é um vício de linguagem, mesmo para os posa é ela mesma. O quadro de Caravaggio foi pintado no final do século
exemplos supra citados, a depender do contexto. Em certos contextos, ele XVI, já o trabalho fotográfico de Cindy Sherman foi produzido quase
é um recurso que pode ser útil para se fornecer ênfase a determinado quatrocentos anos mais tarde. Na foto, Sherman cria o mesmo ambiente e
aspecto da mensagem. a mesma atmosfera sensual da pintura, reunindo um conjunto de
Especialmente em contextos literários, musicais e retóricos, um pleo- elementos: a coroa de flores na cabeça, o contraste entre claro e escuro, a
nasmo bem colocado pode causar uma reação notável nos receptores sensualidade do ombro nu etc. A foto de Sherman é uma recriação do
(como a geração de uma frase de efeito ou mesmo o humor proposital). A quadro de Caravaggio e, portanto, é um tipo de intertextualidade na
maestria no uso do pleonasmo para que ele atinja o efeito desejado no pintura.
receptor depende fortemente do desenvolvimento da capacidade de inter- Na publicidade, por exemplo, em um dos anúncios do Bom Bril, o ator
pretação textual do emissor. Na dúvida, é melhor que seja evitado para não se veste e se posiciona como se fosse a Mona Lisa de Leonardo da Vinci e
se incorrer acidentalmente em um uso vicioso. cujo slogan era " Mon Bijou deixa sua roupa uma perfeita obra-prima".
Solecismo Esse enunciado sugere ao leitor que o produto anunciado deixa a roupa
Solecismo é uma inadequação na estrutura sintática da frase com re- bem macia e mais perfumada, ou seja, uma verdadeira obra-prima (se
lação à gramática normativa do idioma. Há três tipos de solecismo: referindo ao quadro de Da Vinci). Nesse caso pode-se dizer que a
intertextualidade assume a função de não só persuadir o leitor como
De concordância:
também de difundir a cultura, uma vez que se trata de uma relação com a
“Fazem três anos que não vou ao médico.” (Faz três anos que não vou arte (pintura, escultura, literatura etc).
ao médico.)
Tipos de intertextualidade
“Aluga-se salas nesse edifício.” (Alugam-se salas nesse edifício.)
De regência: Pode-se destacar sete tipos de intertextualidade:
“Ontem eu assisti um filme de época.” (Ontem eu assisti a um filme de  Epígrafe - constitui uma escrita introdutória a outra.
época.)
 Citação - é uma transcrição do texto alheio, marcada por aspas.
De colocação:
“Me empresta um lápis, por favor.” (Empresta-me um lápis, por favor.)  Paródia - é uma forma de apropriação que, em lugar de
endossar o modelo retomado, rompe com ele, sutil ou abertamente. Ela
“Me parece que ela ficou contente.” (Parece-me que ela ficou conten-
perverte o texto anterior, visando à ironia,ou à crítica.
te.)
“Eu não respondi-lhe nada do que perguntou.” (Eu não lhe respondi  Pastiche - uma recorrência a um gênero.
nada do que perguntou.)
 Tradução - a tradução está no campo da intertextualidade
Eco porque implica recriação de um texto.
O Eco vem a ser a própria rima que ocorre quando há na frase ter-
minações iguais ou semelhantes, provocando dissonância.  Referência e alusão
“Falar em desenvolvimento é pensar em alimento, saúde e educa- Exemplo
ção.”
Para ampliar essa discussão, vale trazer um exemplo de
“O aluno repetente mente alegremente.” intertextualidade na literatura. Às vezes, a superposição de um texto sobre
O presidente tinha dor de dente constantemente. outro pode provocar uma certa atualização ou modernização do primeiro
Colisão texto. Nota-se isso no livroMensagem, de Fernando Pessoa, que retoma,
por exemplo, com seu poema “O Monstrengo” o episódio do Gigante
O uso de uma mesma vogal ou consoante em várias palavras é deno- Adamastor de Os Lusíadas de Camões. Ocorre como que um diálogo entre
minado aliteração. Aliterações são preciosos recursos estilísticos quando os dois textos. Em alguns casos, aproxima-se da paródia (canto paralelo),
usados com a intenção de se atingir efeito literário ou para atrair a atenção como o poema “Madrigal Melancólico” de Manuel Bandeira, do livro Ritmo
do receptor. Entretanto, quando seus usos não são intencionais ou quando Dissoluto, que seguramente serviu de inspiração e assim se refletiu no
causam um efeito estilístico ruim ao receptor da mensagem, a aliteração seguinte poema:
torna-se um vício de linguagem e recebe nesse contexto o nome
de colisão. Exemplos: ASSIM COMO BANDEIRA
O que amo em ti
“Eram comunidades camponesas com cultivos coletivos.” não são esses olhos doces
“O papa Paulo VI pediu a paz.” delicados

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 30 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
nem esse riso de anjo adolescente.
Que são pressupostos? São aquelas ideias não expressas de maneira
O que amo em ti explícita, mas que o leitor pode perceber a partir de certas palavras ou
não é só essa pele acetinada expressões contidas na frase.
sempre pronta para a carícia renovada
nem esse seio róseo e atrevido Assim, quando se diz “O tempo continua chuvoso”, comunica-se de
a desenhar-se sob o tecido. maneira explícita que no momento da fala o tempo é de chuva, mas, ao
mesmo tempo, o verbo “continuar” deixa perceber a informação implícita de
O que amo em ti que antes o tempo já estava chuvoso.
não é essa pressa louca
de viver cada vão momento Na frase “Pedro deixou de fumar” diz-se explicitamente que, no mo-
nem a falta de memória para a dor. mento da fala, Pedro não fuma. O verbo “deixar”, todavia, transmite a
informação implícita de que Pedro fumava antes.
O que amo em ti
não é apenas essa voz leve A informação explícita pode ser questionada pelo ouvinte, que pode ou
que me envolve e me consome não concordar com ela. Os pressupostos, no entanto, têm que ser verda-
nem o que deseja todo homem deiros ou pelo menos admitidos como verdadeiros, porque é a partir deles
flor definida e definitiva que se constroem as informações explícitas. Se o pressuposto é falso, a
a abrir-se como boca ou ferida informação explícita não tem cabimento. No exemplo acima, se Pedro não
nem mesmo essa juventude assim perdida. fumava antes, não tem cabimento afirmar que ele deixou de fumar.

O que amo em ti Na leitura e interpretação de um texto, é muito importante detectar os


enigmática e solidária: pressupostos, pois seu uso é um dos recursos argumentativos utilizados
É a Vida! com vistas a levar o ouvinte ou o leitor a aceitar o que está sendo comuni-
(Geraldo Chacon, Meu Caderno de Poesia, Flâmula, 2004, p.37) cado. Ao introduzir uma ideia sob a forma de pressuposto, o falante trans-
forma o ou vinte em cúmplice, urna vez que essa ideia não é posta em
discussão e todos os argumentos subsequentes só contribuem para con-
MADRIGAL MELANCÓLICO firmá-la.
O que eu adoro em ti Por isso pode-se dizer que o pressuposto aprisiona o ouvinte ao sis-
não é a tua beleza. tema de pensamento montado pelo falante.
A beleza, é em nós que ela existe.
A beleza é um conceito. A demonstração disso pode ser encontrada em muitas dessas “verda-
E a beleza é triste. des” incontestáveis postas como base de muitas alegações do discurso
Não é triste em si, político.
mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.
Tomemos como exemplo a seguinte frase:
(...) Ë preciso construir mísseis nucleares para defender o Ocidente de um
ataque soviético.
O que eu adoro em tua natureza,
não é o profundo instinto maternal O conteúdo explícito afirma:
em teu flanco aberto como uma ferida. — a necessidade da construção de mísseis,
nem a tua pureza. Nem a tua impureza. — com a finalidade de defesa contra o ataque soviético.
O que eu adoro em ti – lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida. (Manuel Bandeira, Estrela da Vida O pressuposto, isto é, o dado que não se põe em discussão é: os so-
Inteira, José Olympio, 1980, p.83) Poderia haver formas mais simples viéticos pretendem atacar o Ocidente.
de aprender esse conteúdo.
Os argumentos contra o que foi informado explicitamente nessa frase
podem ser:
Significado Implícito e Explícito — os mísseis não são eficientes para conter o ataque soviético;
Observe a seguinte frase: — uma guerra de mísseis vai destruir o mundo inteiro e não apenas
Fiz faculdade, mas aprendi algumas coisas. os soviéticos;
Nela, o falante transmite duas informações de maneira explícita: — a negociação com os soviéticos é o único meio de dissuadi-los de
a) que ele frequentou um curso superior; um ataque ao Ocidente.
b) que ele aprendeu algumas coisas.
Como se pode notar, os argumentos são contrários ao que está dito
Ao ligar essas duas informações com um “mas” comunica também de explicitamente, mas todos eles confirmam o pressuposto, isto é, todos os
modo implícito sua critica ao sistema de ensino superior, pois a frase passa argumentos aceitam que os soviéticos pretendem atacar o Ocidente.
a transmitir a ideia de que nas faculdades não se aprende nada.
A aceitação do pressuposto é o que permite levar à frente o debate. Se
Um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto é a verificação o ouvinte disser que os soviéticos não têm intenção nenhuma de atacar o
de que ele pode dizer coisas que parece não estar dizendo: além das Ocidente, estará negando o pressuposto lançado pelo falante e então a
informações explicitamente enunciadas, existem outras que ficam suben- possibilidade de diálogo fica comprometida irreparavelmente. Qualquer
tendidas ou pressupostas. Para realizar uma leitura eficiente, o leitor deve argumento entre os citados não teria nenhuma razão de ser. Isso quer
captar tanto os dados explícitos quanto os implícitos. dizer que, com pressupostos distintos, não é possível o diálogo ou não tem
ele sentido algum. Pode-se contornar esse problema tornando os pressu-
Leitor perspicaz é aquele que consegue ler nas entrelinhas. Caso con- postos afirmações explícitas, que então podem ser discutidas.
trário, ele pode passar por cima de significados importantes e decisivos ou
— o que é pior — pode concordar com coisas que rejeitaria se as perce- Os pressupostos são marcados, nas frases, por meio de vários indica-
besse. dores linguísticos, como, por exemplo:
Não é preciso dizer que alguns tipos de texto exploram, com malícia e a) certos advérbios
com intenções falaciosas, esses aspectos subentendidos e pressupostos. Os resultados da pesquisa ainda não chegaram até nós.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 31 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Pressuposto: Os resultados já deviam ter chegado. Assim, na aula de língua estrangeira moderna será possível fazer dis-
ou cussões orais sobre sua compreensão, bem como produzir textos orais,
Os resultados vão chegar mais tarde. escritos e/ou visuais a partir do texto lido, integrando todas as práticas
discursivas neste processo.
b) certos verbos
O caso do contrabando tornou-se público. Significante versus Significado
Pressuposto: O caso não era público antes. Para entender esse par de conceitos, devemos levar em conta que o
signo linguístico é constituído por duas partes distintas, embora uma não
c) as orações adjetivas exista separada da outra.
Os candidatos a prefeito, que só querem defender seus interesses, Esse signo divide-se numa parte perceptível, constituída de sons, que
não pensam no povo. podem ser representados por letras, e numa parte inteligível, constituída de
um conceito.
Pressuposto: Todos os candidatos a prefeito têm interesses individu- A parte perceptível do signo denomina-se significante ou plano de ex-
ais. Mas a mesma frase poderia ser redigida assim: pressão; a parte inteligível, o conceito, denomina-se significado ou plano
de conteúdo.
Os candidatos a prefeito que só querem defender seus interesses não
Quando ouvimos, por exemplo, árvore, percebemos uma combinação
pensam no povo.
de sons (o significante) que associamos imediatamente a um conceito (o
No caso, o pressuposto seria outro: Nem todos os candidatos a pre- significado).
feito têm interesses individuais.
Polissemia
No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é restritiva. As Numa língua qualquer, é muito comum ocorrer que um plano de ex-
explicativas pressupõem que o que elas expressam refere-se a todos os pressão (um significante) seja suporte para mais de um plano de conteúdo
elementos de um dado conjunto; as restritivas, que o que elas dizem (significado), ou seja, que um mesmo termo tenha vários significados.
concerne a parte dos elementos de um dado conjunto. Tomemos, por exemplo, na nossa língua, o signo linha: a esse signifi-
cante se associam vários significados, que os dicionários registram.
d) os adjetivos
Os partidos radicais acabarão com a democracia no Brasil. Com efeito, linha pode evocar os conceitos de:
Pressuposto: Existem partidos radicais no Brasil. a) material próprio para costurar ou bordar tecidos;
b) os vários atacantes de um time de futebol;
Os subentendidos
c) os trilhos de um trem ou bonde;
Os subentendidos são as insinuações escondidas por trás de uma a-
d) uma certa conduta de um indivíduo, postura; e outros significados.
firmação. Quando um transeunte com o cigarro na mão pergunta: Você tem
Quando um único significante remete a vários significados, dizemos
fogo?, acharia muito estranho se você dissesse: Tenho e não lhe acendes-
que ocorre a polissemia.
se o cigarro. Na verdade, por trás da pergunta subentende-se: Acenda-me
o cigarro por favor.
Significação contextual
O subentendido difere do pressuposto num aspecto importante: o Acabamos de dizer que é muito comum um único significante evocar
pressuposto é um dado posto como indiscutível para o falante e para o vários significados e que, nesse caso, ocorre a polissemia. Mas isso não
ouvinte, não é para ser contestado; o subentendido é de responsabilidade chega a constituir problema para a clareza e objetividade da comunicação
do ouvinte, pois o falante, ao subentender, esconde-se por trás do sentido porque a polissemia, em geral, fica neutralizada pelo contexto.
literal das palavras e pode dizer que não estava querendo dizer o que o
Por contexto, entendemos uma unidade linguística de âmbito maior, na
ouvinte depreendeu.
qual se insere outra unidade de âmbito menor. Dessa forma, a palavra
O subentendido, muitas vezes, serve para o falante proteger-se diante (unidade menor) se insere no contexto da frase (unidade maior); a frase se
de uma informação que quer transmitir para o ouvinte sem se comprometer insere no contexto do período; o período se insere no contexto do parágra-
com ela. fo e assim por diante.

Para entender esse processo de descomprometimento que ocorre com Uma vez inserida no contexto, a palavra perde o seu caráter po-
a manipulação dos subentendidos, imaginemos a seguinte situação: um lissêmico, isto é, deixa de admitir vários significados e ganha um sig-
funcionário público do partido de oposição lamenta, diante dos colegas nificado especifico no contexto. É o significado definido pelo contexto que
reunidos em assembleia, que um colega de seção, do partido do governo, se denomina significado contextual.
além de ter sido agraciado com uma promoção, conseguiu um empréstimo
Inserindo a palavra linha, de que acabamos de falar, num contexto, ela
muito favorável do banco estadual, ao passo que ele, com mais tempo de
assumirá um significado apenas e por isso deixará de ser polissêmica.
serviço, continuava no mesmo posto e não conseguia o empréstimo solici-
Observem-se os exemplos:
tado muito antes que o referido colega.
a) A costureira, de tão velha, não conseguia mais enfiar a linha na
Mais tarde, tendo sido acusado de estar denunciando favoritismo do agulha (linha = material para costurar).
governo para com os seus adeptos, o funcionário reclamante defende-se b) O técnico deslocou o jogador da linha para a defesa (linha = con-
prontamente, alegando não ter falado em favoritismo e que isso era dedu- junto de atacantes de um time de futebol).
ção de quem ouvira o seu discurso. c) As linhas do bonde foram cobertas pelo asfalto (linha trilho).
d) O conferencista, apesar da agressividade da plateia, não perdeu a
Na verdade, ele não falou em favoritismo mas deu a entender, deixou linha (linha postura).
subentendido para não se comprometer com o que disse. Fez a denúncia Para a compreensão de um texto, a depreensão do significado contex-
sem denunciar explicitamente. A frase sugere, mas não diz. tual é um dado bastante importante, sobretudo quando se trata de um texto
de caráter literário. Como se sabe, no discurso literário, é bastante comum
A distinção entre pressupostos e subentendidos em certos casos é
explorar as múltiplas possibilidades de significado de uma palavra. Mas,
bastante sutil. Não vamos aqui ocupar-nos dessas sutilezas, mas explorar
num texto, tudo deve ser amarrado e coerente. A coerência do texto permi-
esses conceitos como instrumentos úteis para uma compreensão mais
te que se capte o sentido que as palavras assumem no contexto.
eficiente do texto.
Denotação versus Conotação
Inferência
A relação existente entre o plano da expressão e o plano de conteúdo
A inferência é um processo cognitivo relevante nesta abordagem de
configura aquilo que chamamos de denotação. Desse modo, significado
leitura discursiva, porque o processo inferencial possibilita construir novos
denotativo é aquele conceito que um certo significante evoca no receptor.
conhecimentos, a partir daqueles existentes na memória do leitor, os quais
Em outras palavras, é o conceito ao qual nos remete um certo significante.
são ativados e relacionados às informações materializadas no texto.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 32 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Os dicionários descrevem geralmente os vários conceitos que as pala- As duas primeiras estrofes falam das propriedades físicas da água
vras denotam: quando alguém procura no dicionário o significado de uma (ausência de cor, cheiro e sabor, em estado de pureza; propriedade de
palavra, está querendo saber o que é que ela denota ou que tipo de signifi- dissolver ácidos, bases e sais, ponto de congelamento e fervura), falam
cado está investido num certo significante. O dicionário nos diz que: também de sua utilidade (mover máquinas, servir de solvente). À primeira
— bocteriose denota doenças causadas por bactérias. vista, temos a impressão de que a palavra “água” tem um valor denotativo
— báculo denota um bastão, um cajado que os bispos usam em e que o poeta está fazendo uma exposição, que ficaria melhor num com-
cerimônias religiosas. pêndio científico, sobre as propriedades e funções de uma substância. No
— fosco denota insucesso, mau êxito. entanto, na terceira estrofe, o tom muda: um ritmo lento e majestoso substi-
tui o ritmo quase prosaico das duas primeiras estrofes; as consoantes não-
Um termo ou uma palavra, além do seu significado denotativo, pode vir momentâneas, que admitem uma pronúncia mais alongada (f/v, s/z, m, n, l,
acrescido de outros significados paralelos, pode vir carregado de impres- r), predominam; os vocábulos selecionados parecem, à primeira vista, mais
sões, valores afetivos, negativos e positivos. Assim, sobre o signo linguísti- sugestivos e carregados de uma carga emocional mais intensa.
co, dotado de um plano de expressão e um plano de conteúdo, pode-se
construir outro plano de conteúdo constituído de valores sociais, de im- Comecemos a análise por essa estrofe. O termo “cálida” significa
pressões ou reações psíquicas que um signo desperta. Esses valores quente, ardente, fogosa. Verão, grafado com maiúscula, não denota ape-
sobrepostos ao signo constituem aquilo que denominamos de sentido nas a estação do ano, mas evoca o calor e, por associação, a vida. Isso
conotativo e esse acréscimo de um novo conteúdo constitui a conotação. sugere o tempo dos jogos do amor. Luar é o clima dos enamorados. E
Assim, “cair do cavalo” tem um sentido denotativo: “sofrer uma queda de definido como de uma brancura intensa (pureza), pois “de camélia” reforça
um cavalo”, A essa expressão, acrescenta-se outro conteúdo, e “cair do “branco”. Ao mesmo tempo, um clima arrebatador, pois gomoso significa
cavalo” passa a conotar “dar-se mal”, “sofrer uma decepção”. viscoso, é o que prende, cativa e seduz. Os dois primeiros versos sugerem
o amor e, portanto, a vida. O terceiro verso introduz a ideia da morte, da
Em síntese, toda palavra possui um significado denotativo, já que em podridão, da frieza. Ofélia, cujo cadáver aparece boiando, evoca Ofélia,
toda palavra se pressupõem reciprocamente dois planos: personagem da tragédia Hamlet de Shakespeare. Esta amava Hamlet e,
enlouquecida de dor porque o próprio amado matara seu pai, morreu
Plano de conteúdo (significado) afogada. A evocação de uma personagem da tragédia clássica introduz no
Plano de expressão (significante) poema todos os conflitos que perpassam a tragédia, cujos personagens
são dilacerados por sentimentos contraditórios. No quarto verso, aparece o
Sobreposto ao significado denotativo implanta-se o significado conota- termo “nenúfar”, planta aquática da família das ninfáceas. Essa palavra traz
tivo, que consiste num novo plano de conteúdo investido no signo como um à mente as ninfas, divindades gregas dos rios e dos bosques, que eram
todo. mulheres bonitas e formosas. É um signo evocador da juventude, da
beleza e, também, da vida.
Duas palavras podem ter a mesma denotação e conotação com-
pletamente diversa, e essa propriedade pode servir para deixar clara a No meio de um conjunto de signos que sugerem a vida, introduz-se a
diferença entre essas duas dimensões do signo linguístico que estamos morte; no interior da brancura de camélia do luar, insere-se a putrefação (o
tentando explicar. Citemos, por exemplo, as palavras docente, professor e cadáver). A água é lugar da vida (é onde crescem os nenúfares); é também
instrutor, que denotam praticamente a mesma coisa: alguém que instrui lugar de seu contraditório, a morte (é onde boia o cadáver). Estamos no
alguém; as três palavras são, entretanto, carregadas de conteúdos conota- plano do mito, pois todo mito reúne elementos semânticos contrários entre
tivos diversos, sobretudo no que diz respeito ao prestígio e ao grau de si. A água ganha a dimensão do mito.
respeitabilidade que cada um desperta. Assim também policial e meganha
têm a mesma denotação e conotações francamente distintas. A nitidez dos recursos poéticos da terceira estrofe obriga-nos a reler as
duas primeiras, para perceber o significado global do poema, que, até
O sentido conotativo varia de cultura para cultura, de classe social pa- agora, se apresenta como dois blocos de significação sem aparente rela-
ra classe social, de época para época. A palavra filósofo entre os gregos ção entre si.
tinha uma carga conotativa muito mais prestigiosa que entre nós. Saber
depreender a força conotativa das palavras em cada tipo de cultura é Há uma leitura denotativa da realidade, que pode ser descrita em suas
indispensável para usá-las bem. Imagine-se, num restaurante, o freguês propriedades e funções. No entanto, as rimas presentes nas duas primei-
chamar o garçom e devolver a carne alegando que ela está fedendo. Se ras estrofes sugerem que a mesma realidade pode ter outra leitura. Há um
disser cheirando mal em vez defedendo, mantém a denotação e evita o plano de análise racional que distingue (“Congela a zero graus centesi-
impacto conotativo grosseiro do verbo feder. mais/E ferve a 100º) e um plano do entendimento mítico que apreende
simultaneamente as contraditoriedades. Há uma visão da realidade sem os
TEXTO COMENTADO cheiros, os gostos e as cores, e outra com cores intensas e sensações
táteis muito vivas. Aquela está vinculada ao mundo do trabalho (“move os
Lição sobre a água êmbolos”), e esta, ao dos sentimentos. Aquela dissolve quase tudo, esta
Este líquido é água. não dissolve, mas funde os elementos conservando suas propriedades. O
Quando pura plano do mito invade a realidade. A substituição do ritmo e a predominân-
é inodora, insípida e incolor. cia das consoante não-momentâneas recriam, no plano da expressão, a
Reduzida a vapor, ideia de invasão do mito que flui pelo interior da realidade.
5 sob tensão e a alta temperatura,
move os êmbolos das máquinas, que, por isso, Água tem no poema sentido conotado: significa a realidade que a ci-
se denominam máquinas de vapor. ência e os negócios veem como um espaço em que tudo está separado e
Ë um bom dissolvente. catalogado; significa também a dimensão do mito, onde estão os sentimen-
Embora com exceções mas de um modo geral, tos contraditórios, que movem o homem. A análise da ciência ou dos
10 dissolve tudo bem, ácidos, bases e sais. interesses econômicos é sempre parcial, sempre incompleta, pois não leva
Congela a zero graus centesimais em conta a contraditoriedade humana, expressa pelo mito. Este explica
e ferve a 100, quando a pressão normal. melhor a realidade, pois exprime suas contradições. No mito a morte é a
Foi nesse líquido que numa noite cálida de Verão, contraface da vida; a podridão, da pureza; o frio, do calor...
sob um luar gomoso e branco de camélia,
15 apareceu a boiar o cadáver de Ofélia
com um nenúfar na mão, RECURSOS EXPRESSIVOS
O autor de um texto pode recorrer a determinados processos, ou ma-
GEDEÂO, Antônio. Poesias completas (1955- neiras, para tornar esse texto mais expressivo ou vivo.
-1957). Lisboa. Portugália, 1972. p. 244-5.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 33 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Assim, os recursos expressivos ou figuras de estilo são maneiras de Hora – letras: 4: fonemas: 3
escrever (ou falar), usadas para dar mais elegância, beleza, expressividade Aquela – letras: 6: fonemas: 5
e correção aos textos. Guerra – letras: 6: fonemas: 4
Fixo – letras: 4: fonemas: 5
PERSONIFICAÇÃO – Consiste na atribuição de características huma- Hoje – 4 letras e 3 fonemas
nas a animais, coisas ou ideias. Canto – 5 letras e 4 fonemas
Ex: As ondas desenrolaram os seus braços ao longo da praia. Tempo – 5 letras e 4 fonemas
Campo – 5 letras e 4 fonemas
Ex: A chuva espreitou lá do céu mas recolheu-se arrependida. Chuva – 5 letras e 4 fonemas

COMPARAÇÃO – Consiste em estabelecer uma relação de semelhan- LETRA - é a representação gráfica, a representação escrita, de um
ça por meio de uma palavra ou de uma expressão comparativa (várias determinado som.
palavras): ”como, mais do que, menos do que, maior que, tão”; ou através
de verbos que também sirvam para comparar: “parecer, lembrar, seguir…”. CLASSIFICAÇÃO DOS FONEMAS
Ex: A velha estava tão fria como um pedaço de mármore.
Ex: A cidade, adormecida, parecia um cemitério sem fim. VOGAIS
a, e, i, o, u
ENUMERAÇÃO – Consiste em apresentar vários elementos da mesma
natureza (género), separadas por vírgulas.
SEMIVOGAIS
Ex: Aquela montra está cheia de doces: pastéis de nata, bolos de ar-
Só há duas semivogais: i e u, quando se incorporam à vogal numa
roz, feijão, amêndoa, queques, cornucópias, jesuítas…
mesma sílaba da palavra, formando um ditongo ou tritongo. Exs.: cai-ça-ra,
te-sou-ro, Pa-ra-guai.
ADJETIVAÇÃO – Quando utilizamos vários adjectivos para caracteri-
zar alguma coisa ou pessoa. CONSOANTES
Ex: As nuvens eram escuras, espessas e traiçoeiras.
Ex: A rapariga tinha um rosto redondo, belo e simpático.
b, c, d, f, g, h, j, l, m, n, p, q, r, s, t, v, x, z

REPETIÇÃO – Quando uma palavra ou palavras são repetidas de for- ENCONTROS VOCÁLICOS
ma intencional pelo autor, para lhes atribuir mais força, ou significado, ou A sequência de duas ou três vogais em uma palavra, damos o nome de
por qualquer outra intenção, tendo em atenção os objetivos pretendidos encontro vocálico.
pelo autor no texto. Ex.: cooperativa
Ex: Ulisses caminhava, caminhava, caminhava… Três são os encontros vocálicos: ditongo, tritongo, hiato
Ex: E a chuva miudinha caía, caía, caía, qual suave canção de emba-
lar. DITONGO
http://storjorge.blogspot.com.br/ É a combinação de uma vogal + uma semivogal ou vice-versa.
Dividem-se em:
O estudo do ritmo, entoação e intensidade de um discurso chama- - orais: pai, fui
se prosódia. Existe também a prosódia musical, visto que a música tam- - nasais: mãe, bem, pão
bém é considerada uma linguagem. Em poesia, o estudo do ritmo chama- - decrescentes: (vogal + semivogal) – meu, riu, dói
se métrica. - crescentes: (semivogal + vogal) – pátria, vácuo
Uma das grandes diferenças, entre a Língua Portuguesa e as demais
TRITONGO (semivogal + vogal + semivogal)
línguas de matriz latina, está na sonoridade.
Ex.:Pa-ra-guai, U-ru-guai, Ja-ce-guai, sa-guão, quão, iguais, mínguam
A Língua Portuguesa é, das línguas de matriz latina, a mais sonora. A
sonoridade da Língua Portuguesa agrada os ouvidos, capazes de apreciá- HIATO
la como arte. Ê o encontro de duas vogais que se pronunciam separadamente, em du-
as diferentes emissões de voz.
Ex.: fa-ís-ca, sa-ú-de, do-er, a-or-ta, po-di-a, ci-ú-me, po-ei-ra, cru-el, ju-í-
zo
FONÉTICA E FONOLOGIA
SÍLABA
Em sentido mais elementar, a Fonética é o estudo dos sons ou dos fo- Dá-se o nome de sílaba ao fonema ou grupo de fonemas pronunciados
nemas, entendendo-se por fonemas os sons emitidos pela voz humana, os numa só emissão de voz.
quais caracterizam a oposição entre os vocábulos. Quanto ao número de sílabas, o vocábulo classifica-se em:
• Monossílabo - possui uma só sílaba: pá, mel, fé, sol.
Ex.: em pato e bato é o som inicial das consoantes p- e b- que opõe en- • Dissílabo - possui duas sílabas: ca-sa, me-sa, pom-bo.
tre si as duas palavras. Tal som recebe a denominação de FONEMA. • Trissílabo - possui três sílabas: Cam-pi-nas, ci-da-de, a-tle-ta.
• Polissílabo - possui mais de três sílabas: es-co-la-ri-da-de, hos-pi-
Quando proferimos a palavra aflito, por exemplo, emitimos três sílabas e
ta-li-da-de.
seis fonemas: a-fli-to. Percebemos que numa sílaba pode haver um ou mais
fonemas.
TONICIDADE
No sistema fonética do português do Brasil há, aproximadamente, 33 fo-
Nas palavras com mais de uma sílaba, sempre existe uma sílaba que se
nemas.
pronuncia com mais força do que as outras: é a sílaba tônica.
É importante não confundir letra com fonema. Fonema é som, letra é o
Exs.: em lá-gri-ma, a sílaba tônica é lá; em ca-der-no, der; em A-ma-pá,
sinal gráfico que representa o som.
pá.
Vejamos alguns exemplos:
Considerando-se a posição da sílaba tônica, classificam-se as palavras
Manhã – 5 letras e quatro fonemas: m / a / nh / ã
em:
Táxi – 4 letras e 5 fonemas: t / a / k / s / i
• Oxítonas - quando a tônica é a última sílaba: Pa-ra-ná, sa-bor, do-
Corre – letras: 5: fonemas: 4
mi-nó.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 34 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
• Paroxítonas - quando a tônica é a penúltima sílaba: már-tir, ca-rá- ORTOGRAFIA OFICIAL
ter, a-má-vel, qua-dro.
• Proparoxítonas - quando a tônica é a antepenúltima sílaba: ú-mi- As dificuldades para a ortografia devem-se ao fato de que há fonemas
do, cá-li-ce, ' sô-fre-go, pês-se-go, lá-gri-ma. que podem ser representados por mais de uma letra, o que não é feito de
modo arbitrário, mas fundamentado na história da língua.
ENCONTROS CONSONANTAIS
É a sequência de dois ou mais fonemas consonânticos num vocábulo. Eis algumas observações úteis:
Ex.: atleta, brado, creme, digno etc.
DISTINÇÃO ENTRE J E G
1. Escrevem-se com J:
DÍGRAFOS
a) As palavras de origem árabe, africana ou ameríndia: canjica. cafajeste,
São duas letras que representam um só fonema, sendo uma grafia com-
canjerê, pajé, etc.
posta para um som simples.
b) As palavras derivadas de outras que já têm j: laranjal (laranja), enrije-
cer, (rijo), anjinho (anjo), granjear (granja), etc.
Há os seguintes dígrafos:
1) Os terminados em h, representados pelos grupos ch, lh, nh. c) As formas dos verbos que têm o infinitivo em JAR. despejar: despejei,
Exs.: chave, malha, ninho. despeje; arranjar: arranjei, arranje; viajar: viajei, viajeis.
2) Os constituídos de letras dobradas, representados pelos grupos rr e d) O final AJE: laje, traje, ultraje, etc.
ss. e) Algumas formas dos verbos terminados em GER e GIR, os quais
Exs. : carro, pássaro. mudam o G em J antes de A e O: reger: rejo, reja; dirigir: dirijo, dirija.
3) Os grupos gu, qu, sc, sç, xc, xs.
Exs.: guerra, quilo, nascer, cresça, exceto, exsurgir. 2. Escrevem-se com G:
4) As vogais nasais em que a nasalidade é indicada por m ou n, encer- a) O final dos substantivos AGEM, IGEM, UGEM: coragem, vertigem,
rando a sílaba em uma palavra. ferrugem, etc.
Exs.: pom-ba, cam-po, on-de, can-to, man-to. b) Exceções: pajem, lambujem. Os finais: ÁGIO, ÉGIO, ÓGIO e ÍGIO:
estágio, egrégio, relógio refúgio, prodígio, etc.
NOTAÇÕES LÉXICAS c) Os verbos em GER e GIR: fugir, mugir, fingir.
São certos sinais gráficos que se juntam às letras, geralmente para lhes
dar um valor fonético especial e permitir a correta pronúncia das palavras. DISTINÇÃO ENTRE S E Z
1. Escrevem-se com S:
São os seguintes: a) O sufixo OSO: cremoso (creme + oso), leitoso, vaidoso, etc.
1) o acento agudo – indica vogal tônica aberta: pé, avó, lágrimas; b) O sufixo ÊS e a forma feminina ESA, formadores dos adjetivos pátrios
2) o acento circunflexo – indica vogal tônica fechada: avô, mês, ânco- ou que indicam profissão, título honorífico, posição social, etc.: portu-
ra; guês – portuguesa, camponês – camponesa, marquês – marquesa,
3) o acento grave – sinal indicador de crase: ir à cidade; burguês – burguesa, montês, pedrês, princesa, etc.
4) o til – indica vogal nasal: lã, ímã; c) O sufixo ISA. sacerdotisa, poetisa, diaconisa, etc.
5) a cedilha – dá ao c o som de ss: moça, laço, açude; d) Os finais ASE, ESE, ISE e OSE, na grande maioria se o vocábulo for
6) o apóstrofo – indica supressão de vogal: mãe-d’água, pau-d’alho; erudito ou de aplicação científica, não haverá dúvida, hipótese, exege-
7) o hífen – une palavras, prefixos, etc.: arcos-íris, peço-lhe, ex-aluno. se análise, trombose, etc.
e) As palavras nas quais o S aparece depois de ditongos: coisa, Neusa,
causa.
Ortoépia e Prosódia f) O sufixo ISAR dos verbos referentes a substantivos cujo radical termi-
na em S: pesquisar (pesquisa), analisar (análise), avisar (aviso), etc.
g) Quando for possível a correlação ND - NS: escandir: escansão; pre-
Aortoépiatratadapronúnciacorretadaspala- tender: pretensão; repreender: repreensão, etc.
vras.Quandoaspalavrassãopronunciadasincorretamente,comete-
secacoépia. 2. Escrevem-se em Z.
Écomumencontrarmoserrosdeortoépianalinguagempopu- a) O sufixo IZAR, de origem grega, nos verbos e nas palavras que têm o
oépianalinguagempopu- mesmo radical. Civilizar: civilização, civilizado; organizar: organização,
lar,maisdescuidadaecomtendêncianaturalparaasimplificação. organizado; realizar: realização, realizado, etc.
b) Os sufixos EZ e EZA formadores de substantivos abstratos derivados
de adjetivos limpidez (limpo), pobreza (pobre), rigidez (rijo), etc.
Podemoscitarcomoexemplosdecacoépia:
c) Os derivados em -ZAL, -ZEIRO, -ZINHO e –ZITO: cafezal, cinzeiro,
-“guspe”emvezdecuspe. chapeuzinho, cãozito, etc.
-“adevogado”emvezdeadvogado.
-“estrupo”emvezdeestupro. DISTINÇÃO ENTRE X E CH:
-“cardeneta”emvezdecaderneta. 1. Escrevem-se com X
a) Os vocábulos em que o X é o precedido de ditongo: faixa, caixote,
-“peneu”emvezdepneu.
feixe, etc.
-“abóbra”emvezdeabóbora. c) Maioria das palavras iniciadas por ME: mexerico, mexer, mexerica, etc.
-“prostar”emvezdeprostrar. d) EXCEÇÃO: recauchutar (mais seus derivados) e caucho (espécie de
árvore que produz o látex).
e) Observação: palavras como "enchente, encharcar, enchiqueirar,
Aprosódiatratadacorretaacentuaçãotônicadaspala- enchapelar, enchumaçar", embora se iniciem pela sílaba "en", são gra-
tônicadaspala- fadas com "ch", porque são palavras formadas por prefixação, ou seja,
vras.Cometererrodeprosódiaétransformarumapalavraparoxítonaemoxítona, pelo prefixo en + o radical de palavras que tenham o ch (enchente, en-
ouumaproparoxítonaemparoxítonaetc. cher e seus derivados: prefixo en + radical de cheio; encharcar: en +
-“rúbrica”emvezderubrica. radical de charco; enchiqueirar: en + radical de chiqueiro; enchapelar:
-“sútil”emvezdesutil. en + radical de chapéu; enchumaçar: en + radical de chumaço).
-“côndor”emvezdecondor.
2. Escrevem-se com CH:
Por Marina Cabral a) charque, chiste, chicória, chimarrão, ficha, cochicho, cochichar, estre-
buchar, fantoche, flecha, inchar, pechincha, pechinchar, penacho, sal-

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 35 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
sicha, broche, arrocho, apetrecho, bochecha, brecha, chuchu, cachim- SECÇÃO (ou SEÇÃO) significa parte de um todo, subdivisão:
bo, comichão, chope, chute, debochar, fachada, fechar, linchar, mochi- Lemos a noticia na SECÇÃO (ou SEÇÃO) de esportes.
la, piche, pichar, tchau. Compramos os presentes na SECÇÃO (ou SEÇÃO) de brinquedos.
b) Existem vários casos de palavras homófonas, isto é, palavras que
possuem a mesma pronúncia, mas a grafia diferente. Nelas, a grafia HÁ / A
se distingue pelo contraste entre o x e o ch. Na indicação de tempo, emprega-se:
Exemplos: HÁ para indicar tempo passado (equivale a faz):
• brocha (pequeno prego) HÁ dois meses que ele não aparece.
• broxa (pincel para caiação de paredes) Ele chegou da Europa HÁ um ano.
• chá (planta para preparo de bebida) A para indicar tempo futuro:
• xá (título do antigo soberano do Irã) Daqui A dois meses ele aparecerá.
• chalé (casa campestre de estilo suíço) Ela voltará daqui A um ano.
• xale (cobertura para os ombros)
• chácara (propriedade rural) FORMAS VARIANTES
• xácara (narrativa popular em versos) Existem palavras que apresentam duas grafias. Nesse caso, qualquer
• cheque (ordem de pagamento) uma delas é considerada correta. Eis alguns exemplos.
• xeque (jogada do xadrez) aluguel ou aluguer hem? ou hein?
• cocho (vasilha para alimentar animais) alpartaca, alpercata ou alpargata imundície ou imundícia
• coxo (capenga, imperfeito) amídala ou amígdala infarto ou enfarte
assobiar ou assoviar laje ou lajem
DISTINÇÃO ENTRE S, SS, Ç E C assobio ou assovio lantejoula ou lentejoula
Observe o quadro das correlações: azaléa ou azaleia nenê ou nenen
Correlações Exemplos bêbado ou bêbedo nhambu, inhambu ou nambu
t-c ato - ação; infrator - infração; Marte - marcial bílis ou bile quatorze ou catorze
ter-tenção abster - abstenção; ater - atenção; conter - contenção, deter -
detenção; reter - retenção
cãibra ou cãimbra surripiar ou surrupiar
rg - rs aspergir - aspersão; imergir - imersão; submergir - submersão; carroçaria ou carroceria taramela ou tramela
rt - rs inverter - inversão; divertir - diversão chimpanzé ou chipanzé relampejar, relampear, relampeguear
pel - puls impelir - impulsão; expelir - expulsão; repelir - repulsão debulhar ou desbulhar ou relampar
corr - curs correr - curso - cursivo - discurso; excursão - incursão
sent - sens sentir - senso, sensível, consenso fleugma ou fleuma porcentagem ou percentagem
ced - cess ceder - cessão - conceder - concessão; interceder - intercessão.
exceder - excessivo (exceto exceção)
gred - gress agredir - agressão - agressivo; progredir - progressão - progresso -
progressivo EMPREGO DE MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS
prim - press imprimir - impressão; oprimir - opressão; reprimir - repressão.
tir - ssão admitir - admissão; discutir - discussão, permitir - permissão. Escrevem-se com letra inicial maiúscula:
(re)percutir - (re)percussão
1) a primeira palavra de período ou citação.
Diz um provérbio árabe: "A agulha veste os outros e vive nua."
PALAVRAS COM CERTAS DIFICULDADES No início dos versos que não abrem período é facultativo o uso da
letra maiúscula.
ONDE-AONDE 2) substantivos próprios (antropônimos, alcunhas, topônimos, nomes
Emprega-se AONDE com os verbos que dão ideia de movimento. Equi- sagrados, mitológicos, astronômicos): José, Tiradentes, Brasil,
vale sempre a PARA ONDE. Amazônia, Campinas, Deus, Maria Santíssima, Tupã, Minerva, Via-
AONDE você vai? Láctea, Marte, Cruzeiro do Sul, etc.
AONDE nos leva com tal rapidez? O deus pagão, os deuses pagãos, a deusa Juno.
3) nomes de épocas históricas, datas e fatos importantes, festas
Naturalmente, com os verbos que não dão ideia de “movimento” empre- religiosas: Idade Média, Renascença, Centenário da Independência
ga-se ONDE do Brasil, a Páscoa, o Natal, o Dia das Mães, etc.
ONDE estão os livros? 4) nomes de altos cargos e dignidades: Papa, Presidente da República,
Não sei ONDE te encontrar. etc.
5) nomes de altos conceitos religiosos ou políticos: Igreja, Nação,
MAU - MAL Estado, Pátria, União, República, etc.
MAU é adjetivo (seu antônimo é bom). 6) nomes de ruas, praças, edifícios, estabelecimentos, agremiações,
Escolheu um MAU momento. órgãos públicos, etc.:
Era um MAU aluno. Rua do 0uvidor, Praça da Paz, Academia Brasileira de Letras, Banco
MAL pode ser: do Brasil, Teatro Municipal, Colégio Santista, etc.
a) advérbio de modo (antônimo de bem). 7) nomes de artes, ciências, títulos de produções artísticas, literárias e
Ele se comportou MAL. científicas, títulos de jornais e revistas: Medicina, Arquitetura, Os
Seu argumento está MAL estruturado Lusíadas, 0 Guarani, Dicionário Geográfico Brasileiro, Correio da
b) conjunção temporal (equivale a assim que). Manhã, Manchete, etc.
MAL chegou, saiu 8) expressões de tratamento: Vossa Excelência, Sr. Presidente,
c) substantivo: Excelentíssimo Senhor Ministro, Senhor Diretor, etc.
O MAL não tem remédio, 9) nomes dos pontos cardeais, quando designam regiões: Os povos do
Ela foi atacada por um MAL incurável. Oriente, o falar do Norte.
Mas: Corri o país de norte a sul. O Sol nasce a leste.
CESÃO/SESSÃO/SECÇÃO/SEÇÃO 10) nomes comuns, quando personificados ou individuados: o Amor, o
CESSÃO significa o ato de ceder. Ódio, a Morte, o Jabuti (nas fábulas), etc.
Ele fez a CESSÃO dos seus direitos autorais.
A CESSÃO do terreno para a construção do estádio agradou a todos os Escrevem-se com letra inicial minúscula:
torcedores. 1) nomes de meses, de festas pagãs ou populares, nomes gentílicos,
nomes próprios tornados comuns: maia, bacanais, carnaval,
SESSÃO é o intervalo de tempo que dura uma reunião: ingleses, ave-maria, um havana, etc.
Assistimos a uma SESSÃO de cinema. 2) os nomes a que se referem os itens 4 e 5 acima, quando
Reuniram-se em SESSÃO extraordinária. empregados em sentido geral:

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 36 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
São Pedro foi o primeiro papa. Todos amam sua pátria. semicírculo
3) nomes comuns antepostos a nomes próprios geográficos: o rio semideus
Amazonas, a baía de Guanabara, o pico da Neblina, etc. seminovo
4) palavras, depois de dois pontos, não se tratando de citação direta: ultramoderno
"Qual deles: o hortelão ou o advogado?" (Machado de Assis) Atenção: com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen. Exemplos: vice-
"Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso, rei, vice-almirante etc.
mirra." (Manuel Bandeira)
4. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo
USO DO HÍFEN elemento começa por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras. Exem-
plos:
Algumas regras do uso do hífen foram alteradas pelo novo Acordo. antirrábico
Mas, como se trata ainda de matéria controvertida em muitos aspectos, antirracismo
para facilitar a compreensão dos leitores, apresentamos um resumo das antirreligioso
regras que orientam o uso do hífen com os prefixos mais comuns, assim antirrugas
como as novas orientações estabelecidas pelo Acordo. antissocial
biorritmo
As observações a seguir referem-se ao uso do hífen em palavras for- contrarregra
madas por prefixos ou por elementos que podem funcionar como prefixos, contrassenso
como: aero, agro, além, ante, anti, aquém, arqui, auto, circum, co, contra, cosseno
eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, infra, inter, intra, macro, micro, infrassom
mini, multi, neo, pan, pluri, proto, pós, pré, pró, pseudo, retro, semi, sobre, microssistema
sub, super, supra, tele, ultra, vice etc. minissaia
multissecular
1. Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por neorrealismo
h. neossimbolista
Exemplos: semirreta
anti-higiênico ultrarresistente.
anti-histórico ultrassom
co-herdeiro
macro-história 5. Quando o prefi xo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo
mini-hotel elemento começar pela mesma vogal.
proto-história Exemplos:
sobre-humano anti-ibérico
super-homem anti-imperialista
ultra-humano anti-infl acionário
Exceção: subumano (nesse caso, a palavra humano perde o h). anti-infl amatório
auto-observação
2. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da contra-almirante
vogal com que se inicia o segundo elemento. contra-atacar
Exemplos: contra-ataque
aeroespacial micro-ondas
agroindustrial micro-ônibus
anteontem semi-internato
antiaéreo semi-interno
antieducativo
autoaprendizagem 6. Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segun-
autoescola do elemento começar pela mesma consoante.
autoestrada Exemplos:
autoinstrução hiper-requintado
coautor inter-racial
coedição inter-regional
extraescolar sub-bibliotecário
infraestrutura super-racista
plurianual super-reacionário
semiaberto super-resistente
semianalfabeto super-romântico
semiesférico
semiopaco Atenção:
Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, • Nos demais casos não se usa o hífen.
mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, coobrigação, coordenar, Exemplos: hipermercado, intermunicipal, superinteressante, su-
cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc. perproteção.
• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra inici-
3. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo ada por r: sub-região, sub-raça etc.
elemento começa por consoante diferente de r ou s. Exemplos: • Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra
anteprojeto iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano etc.
antipedagógico
autopeça 7. Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o
autoproteção segundo elemento começar por vogal. Exemplos:
coprodução hiperacidez
geopolítica hiperativo
microcomputador interescolar
pseudoprofessor interestadual

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 37 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
interestelar A queixa de muitos estudantes e usuários da língua escrita é que, de-
interestudantil pois de internalizada uma regra, é difícil “desaprendê-la”. Então, cabe aqui
superamigo uma dica: quando se tiver uma dúvida sobre a escrita de alguma palavra, o
superaquecimento ideal é consultar o Novo Acordo (tenha um sempre em fácil acesso) ou, na
supereconômico melhor das hipóteses, use um sinônimo para referir-se a tal palavra.
superexigente
superinteressante Mostraremos nessa série de artigos o Novo Acordo de uma maneira
superotimismo descomplicada, apontando como é que fica estabelecido de hoje em diante
a Ortografia Oficial do Português falado no Brasil.
8. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se
sempre o hífen. Exemplos: Alfabeto
além-mar A influência do inglês no nosso idioma agora é oficial. Há muito tempo
além-túmulo as letras “k”, “w” e “y” faziam parte do nosso idioma, isto não é nenhuma
aquém-mar novidade. Elas já apareciam em unidades de medidas, nomes próprios e
ex-aluno palavras importadas do idioma inglês, como:
ex-diretor km – quilômetro,
ex-hospedeiro kg – quilograma
ex-prefeito Show, Shakespeare, Byron, Newton, dentre outros.
ex-presidente
pós-graduação Trema
pré-história Não se usa mais o trema em palavras do português. Quem digita muito
pré-vestibular textos científicos no computador sabe o quanto dava trabalho escrever
pró-europeu linguística, frequência. Ele só vai permanecer em nomes próprios e seus
recém-casado derivados, de origem estrangeira. Por exemplo, Gisele Bundchen não vai
recém-nascido deixar de usar o trema em seu nome, pois é de origem alemã. (neste caso,
sem-terra o “u” lê-se “i”)

9. Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, QUANTO À POSIÇÃO DA SÍLABA TÔNICA
guaçu e mirim. Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu. 1. Acentuam-se as oxítonas terminadas em “A”, “E”, “O”, seguidas ou
não de “S”, inclusive as formas verbais quando seguidas de “LO(s)” ou
10. Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasio- “LA(s)”. Também recebem acento as oxítonas terminadas em ditongos
nalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas abertos, como “ÉI”, “ÉU”, “ÓI”, seguidos ou não de “S”
encadeamentos vocabulares. Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São
Paulo. Ex.
Chá Mês nós
11. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a no- Gás Sapé cipó
ção de composição. Exemplos:
girassol Dará Café avós
madressilva Pará Vocês compôs
mandachuva vatapá pontapés só
paraquedas Aliás português robô
paraquedista
pontapé dá-lo vê-lo avó
recuperá-los Conhecê-los pô-los
12. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra guardá-la Fé compô-los
ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na
réis (moeda) Véu dói
linha seguinte. Exemplos:
Na cidade, conta-se que ele foi viajar. méis céu mói
O diretor recebeu os ex-alunos. pastéis Chapéus anzóis
ninguém parabéns Jerusalém
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Resumindo:
ORTOGRAFIA OFICIAL
Por Paula Perin dos Santos Só não acentuamos oxítonas terminadas em “I” ou “U”, a não ser que
seja um caso de hiato. Por exemplo: as palavras “baú”, “aí”, “Esaú” e “atraí-
O Novo Acordo Ortográfico visa simplificar as regras ortográficas da lo” são acentuadas porque as semivogais “i” e “u” estão tônicas nestas
Língua Portuguesa e aumentar o prestígio social da língua no cenário palavras.
internacional. Sua implementação no Brasil segue os seguintes parâme-
tros: 2009 – vigência ainda não obrigatória, 2010 a 2012 – adaptação 2. Acentuamos as palavras paroxítonas quando terminadas em:
completa dos livros didáticos às novas regras; e a partir de 2013 – vigência
obrigatória em todo o território nacional. Cabe lembrar que esse “Novo • L – afável, fácil, cônsul, desejável, ágil, incrível.
Acordo Ortográfico” já se encontrava assinado desde 1990 por oito países • N – pólen, abdômen, sêmen, abdômen.
que falam a língua portuguesa, inclusive pelo Brasil, mas só agora é que • R – câncer, caráter, néctar, repórter.
teve sua implementação. • X– tórax, látex, ônix, fênix.
• PS – fórceps, Quéops, bíceps.
É equívoco afirmar que este acordo visa uniformizar a língua, já que • Ã(S) – ímã, órfãs, ímãs, Bálcãs.
uma língua não existe apenas em função de sua ortografia. Vale lembrar • ÃO(S) – órgão, bênção, sótão, órfão.
que a ortografia é apenas um aspecto superficial da escrita da língua, e • I(S) – júri, táxi, lápis, grátis, oásis, miosótis.
que as diferenças entre o Português falado nos diversos países lusófonos
• ON(S) – náilon, próton, elétrons, cânon.
subsistirão em questões referentes à pronúncia, vocabulário e gramática.
Uma língua muda em função de seus falantes e do tempo, não por meio de • UM(S) – álbum, fórum, médium, álbuns.
Leis ou Acordos. • US – ânus, bônus, vírus, Vênus.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 38 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Também acentuamos as paroxítonas terminadas em ditongos crescen- 5- saúde: sa-ú-de cruel: cru-el
tes (semivogal+vogal): rainha: ra-i-nha enjoo: en-jo-o
Névoa, infância, tênue, calvície, série, polícia, residência, férias, lírio.
Não se separam as letras que representam um tritongo.
3. Todas as proparoxítonas são acentuadas. 6- Paraguai: Pa-ra-guai
Ex. México, música, mágico, lâmpada, pálido, pálido, sândalo, crisân- saguão: sa-guão
temo, público, pároco, proparoxítona.
Consoante não seguida de vogal, no interior da palavra, fica na sílaba
QUANTO À CLASSIFICAÇÃO DOS ENCONTROS VOCÁLICOS que a antecede.
4. Acentuamos as vogais “I” e “U” dos hiatos, quando: 7- torna: tor-na núpcias: núp-cias
• Formarem sílabas sozinhos ou com “S” técnica: téc-ni-ca submeter: sub-me-ter
Ex. Ju-í-zo, Lu-ís, ca-fe-í-na, ra-í-zes, sa-í-da, e-go-ís-ta. absoluto: ab-so-lu-to perspicaz: pers-pi-caz

IMPORTANTE Consoante não seguida de vogal, no início da palavra, junta-se à síla-


Por que não acentuamos “ba-i-nha”, “fei-u-ra”, “ru-im”, “ca-ir”, “Ra-ul”, ba que a segue
se todos são “i” e “u” tônicas, portanto hiatos? 8- pneumático: pneu-má-ti-co
gnomo: gno-mo
Porque o “i” tônico de “bainha” vem seguido de NH. O “u” e o “i” tônicos psicologia: psi-co-lo-gia
de “ruim”, “cair” e “Raul” formam sílabas com “m”, “r” e “l” respectivamente.
Essas consoantes já soam forte por natureza, tornando naturalmente a No grupo BL, às vezes cada consoante é pronunciada separadamente,
sílaba “tônica”, sem precisar de acento que reforce isso. mantendo sua autonomia fonética. Nesse caso, tais consoantes ficam em
sílabas separadas.
5. Trema 9- sublingual: sub-lin-gual
Não se usa mais o trema em palavras da língua portuguesa. Ele só vai sublinhar: sub-li-nhar
permanecer em nomes próprios e seus derivados, de origem estrangeira, sublocar: sub-lo-car
como Bündchen, Müller, mülleriano (neste caso, o “u” lê-se “i”)
Preste atenção nas seguintes palavras:
6. Acento Diferencial trei-no so-cie-da-de
O acento diferencial permanece nas palavras: gai-o-la ba-lei-a
pôde (passado), pode (presente) des-mai-a-do im-bui-a
pôr (verbo), por (preposição) ra-diou-vin-te ca-o-lho
Nas formas verbais, cuja finalidade é determinar se a 3ª pessoa do te-a-tro co-e-lho
verbo está no singular ou plural: du-e-lo ví-a-mos
SINGULAR PLURAL a-mné-sia gno-mo
co-lhei-ta quei-jo
Ele tem Eles têm pneu-mo-ni-a fe-é-ri-co
Ele vem Eles vêm dig-no e-nig-ma
e-clip-se Is-ra-el
Essa regra se aplica a todos os verbos derivados de “ter” e “vir”, como:
mag-nó-lia
conter, manter, intervir, deter, sobrevir, reter, etc.

SINAIS DE PONTUAÇÃO
DIVISÃO SILÁBICA
Pontuação é o conjunto de sinais gráficos que indica na escrita as
Não se separam as letras que formam os dígrafos CH, NH, LH, QU, pausas da linguagem oral.
GU.
1- chave: cha-ve PONTO
aquele: a-que-le O ponto é empregado em geral para indicar o final de uma frase decla-
palha: pa-lha rativa. Ao término de um texto, o ponto é conhecido como final. Nos casos
manhã: ma-nhã comuns ele é chamado de simples.
guizo: gui-zo
Também é usado nas abreviaturas: Sr. (Senhor), d.C. (depois de Cris-
Não se separam as letras dos encontros consonantais que apresentam to), a.C. (antes de Cristo), E.V. (Érico Veríssimo).
a seguinte formação: consoante + L ou consoante + R
2- emblema: em-ble-ma abraço: a-bra-ço PONTO DE INTERROGAÇÃO
reclamar: re-cla-mar recrutar: re-cru-tar É usado para indicar pergunta direta.
flagelo: fla-ge-lo drama: dra-ma Onde está seu irmão?
globo: glo-bo fraco: fra-co
implicar: im-pli-car agrado: a-gra-do Às vezes, pode combinar-se com o ponto de exclamação.
atleta: a-tle-ta atraso: a-tra-so A mim ?! Que ideia!
prato: pra-to
PONTO DE EXCLAMAÇÃO
Separam-se as letras dos dígrafos RR, SS, SC, SÇ, XC. É usado depois das interjeições, locuções ou frases exclamativas.
3- correr: cor-rer desçam: des-çam Céus! Que injustiça! Oh! Meus amores! Que bela vitória!
passar: pas-sar exceto: ex-ce-to Ó jovens! Lutemos!
fascinar: fas-ci-nar
VÍRGULA
Não se separam as letras que representam um ditongo. A vírgula deve ser empregada toda vez que houver uma pequena pau-
4- mistério: mis-té-rio herdeiro: her-dei-ro sa na fala. Emprega-se a vírgula:
cárie: cá-rie • Nas datas e nos endereços:
São Paulo, 17 de setembro de 1989.
Separam-se as letras que representam um hiato. Largo do Paissandu, 128.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 39 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
• No vocativo e no aposto: • Indicar citações textuais de outra autoria.
Meninos, prestem atenção! "A bomba não tem endereço certo." (G. Meireles)
Termópilas, o meu amigo, é escritor. • Para indicar palavras ou expressões alheias ao idioma em que se
• Nos termos independentes entre si: expressa o autor: estrangeirismo, gírias, arcaismo, formas populares:
O cinema, o teatro, a praia e a música são as suas diversões. Há quem goste de “jazz-band”.
• Com certas expressões explicativas como: isto é, por exemplo. Neste Não achei nada "legal" aquela aula de inglês.
caso é usado o duplo emprego da vírgula: • Para enfatizar palavras ou expressões:
Ontem teve início a maior festa da minha cidade, isto é, a festa da pa- Apesar de todo esforço, achei-a “irreconhecível" naquela noite.
droeira. • Títulos de obras literárias ou artísticas, jornais, revistas, etc.
• Após alguns adjuntos adverbiais: "Fogo Morto" é uma obra-prima do regionalismo brasileiro.
No dia seguinte, viajamos para o litoral. • Em casos de ironia:
• Com certas conjunções. Neste caso também é usado o duplo emprego A "inteligência" dela me sensibiliza profundamente.
da vírgula: Veja como ele é “educado" - cuspiu no chão.
Isso, entretanto, não foi suficiente para agradar o diretor.
• Após a primeira parte de um provérbio. PARÊNTESES
O que os olhos não vêem, o coração não sente. Empregamos os parênteses:
• Em alguns casos de termos oclusos: • Nas indicações bibliográficas.
Eu gostava de maçã, de pêra e de abacate. "Sede assim qualquer coisa.
serena, isenta, fiel".
RETICÊNCIAS (Meireles, Cecília, "Flor de Poemas").
• São usadas para indicar suspensão ou interrupção do pensamento.
Não me disseste que era teu pai que ... • Nas indicações cênicas dos textos teatrais:
• Para realçar uma palavra ou expressão. "Mãos ao alto! (João automaticamente levanta as mãos, com os olhos
Hoje em dia, mulher casa com "pão" e passa fome... fora das órbitas. Amália se volta)".
• Para indicar ironia, malícia ou qualquer outro sentimento. (G. Figueiredo)
Aqui jaz minha mulher. Agora ela repousa, e eu também...
• Quando se intercala num texto uma ideia ou indicação acessória:
PONTO E VÍRGULA "E a jovem (ela tem dezenove anos) poderia mordê-Io, morrendo de
• Separar orações coordenadas de certa extensão ou que mantém fome."
alguma simetria entre si. (C. Lispector)
"Depois, lracema quebrou a flecha homicida; deu a haste ao desco- • Para isolar orações intercaladas:
nhecido, guardando consigo a ponta farpada. " "Estou certo que eu (se lhe ponho
• Para separar orações coordenadas já marcadas por vírgula ou no seu Minha mão na testa alçada)
interior. Sou eu para ela."
Eu, apressadamente, queria chamar Socorro; o motorista, porém, (M. Bandeira)
mais calmo, resolveu o problema sozinho.
COLCHETES [ ]
DOIS PONTOS Os colchetes são muito empregados na linguagem científica.
• Enunciar a fala dos personagens:
Ele retrucou: Não vês por onde pisas? ASTERISCO
• Para indicar uma citação alheia: O asterisco é muito empregado para chamar a atenção do leitor para
Ouvia-se, no meio da confusão, a voz da central de informações de alguma nota (observação).
passageiros do voo das nove: “queiram dirigir-se ao portão de embar-
que". BARRA
• Para explicar ou desenvolver melhor uma palavra ou expressão anteri- A barra é muito empregada nas abreviações das datas e em algumas
or: abreviaturas.
Desastre em Roma: dois trens colidiram frontalmente.
• Enumeração após os apostos:
Como três tipos de alimento: vegetais, carnes e amido. CRASE

TRAVESSÃO Crase é a fusão da preposição A com outro A.


Marca, nos diálogos, a mudança de interlocutor, ou serve para isolar Fomos a a feira ontem = Fomos à feira ontem.
palavras ou frases
– "Quais são os símbolos da pátria? EMPREGO DA CRASE
– Que pátria? • em locuções adverbiais:
– Da nossa pátria, ora bolas!" (P. M Campos). à vezes, às pressas, à toa...
– "Mesmo com o tempo revoltoso - chovia, parava, chovia, parava outra • em locuções prepositivas:
vez. em frente à, à procura de...
– a claridade devia ser suficiente p'ra mulher ter avistado mais alguma • em locuções conjuntivas:
coisa". (M. Palmério). à medida que, à proporção que...
• Usa-se para separar orações do tipo: • pronomes demonstrativos: aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo, a,
– Avante!- Gritou o general. as
– A lua foi alcançada, afinal - cantava o poeta. Fui ontem àquele restaurante.
Falamos apenas àquelas pessoas que estavam no salão:
Usa-se também para ligar palavras ou grupo de palavras que formam Refiro-me àquilo e não a isto.
uma cadeia de frase:
• A estrada de ferro Santos – Jundiaí. A CRASE É FACULTATIVA
• A ponte Rio – Niterói. • diante de pronomes possessivos femininos:
• A linha aérea São Paulo – Porto Alegre. Entreguei o livro a(à) sua secretária .
• diante de substantivos próprios femininos:
ASPAS Dei o livro à(a) Sônia.
São usadas para:

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 40 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
CASOS ESPECIAIS DO USO DA CRASE • quando um A (sem o S de plural) preceder um nome plural:
• Antes dos nomes de localidades, quando tais nomes admitirem o Não falo a pessoas estranhas.
artigo A: Jamais vamos a festas.
Viajaremos à Colômbia.
(Observe: A Colômbia é bela - Venho da Colômbia)
• Nem todos os nomes de localidades aceitam o artigo: Curitiba, Brasília, SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
Fortaleza, Goiás, Ilhéus, Pelotas, Porto Alegre, São Paulo, Madri, Ve-
neza, etc. Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Viajaremos a Curitiba. Sinônimo
Sinônimo é o nome que se dá à palavra que tenha significado idêntico
(Observe: Curitiba é uma bela cidade - Venho de Curitiba). ou muito semelhante à outra. Exemplos: carro e automóvel, cão e
• Haverá crase se o substantivo vier acompanhado de adjunto que o cachorro.
modifique. O conhecimento e o uso dos sinônimos é importante para que se evitem
Ela se referiu à saudosa Lisboa. repetições desnecessárias na construção de textos, evitando que se
Vou à Curitiba dos meus sonhos. tornem enfadonhos.
• Antes de numeral, seguido da palavra "hora", mesmo subentendida:
Eufemismo
Às 8 e 15 o despertador soou.
Alguns sinônimos são também utilizados para minimizar o impacto,
• Antes de substantivo, quando se puder subentender as palavras normalmente negativo, de algumas palavras (figura de linguagem
“moda” ou "maneira": conhecida como eufemismo).
Aos domingos, trajava-se à inglesa. Exemplos:
Cortavam-se os cabelos à Príncipe Danilo. • gordo - obeso
• Antes da palavra casa, se estiver determinada: • morrer - falecer
Referia-se à Casa Gebara.
• Não há crase quando a palavra "casa" se refere ao próprio lar. Sinônimos Perfeitos e Imperfeitos
Os sinônimos podem ser perfeitos ou imperfeitos.
Não tive tempo de ir a casa apanhar os papéis. (Venho de casa). Sinônimos Perfeitos
• Antes da palavra "terra", se esta não for antônima de bordo. Se o significado é idêntico.
Voltou à terra onde nascera. Exemplos:
Chegamos à terra dos nossos ancestrais. • avaro – avarento,
Mas: • léxico – vocabulário,
Os marinheiros vieram a terra. • falecer – morrer,
O comandante desceu a terra. • escarradeira – cuspideira,
• Se a preposição ATÉ vier seguida de palavra feminina que aceite o • língua – idioma
artigo, poderá ou não ocorrer a crase, indiferentemente: • catorze - quatorze
Vou até a (á ) chácara.
Cheguei até a(à) muralha Sinônimos Imperfeitos
Se os signIficados são próximos, porém não idênticos.
• A QUE - À QUE Exemplos: córrego – riacho, belo – formoso
Se, com antecedente masculino ocorrer AO QUE, com o feminino
ocorrerá crase: Antônimo
Houve um palpite anterior ao que você deu. Antônimo é o nome que se dá à palavra que tenha significado contrário
Houve uma sugestão anterior à que você deu. (também oposto ou inverso) à outra.
Se, com antecedente masculino, ocorrer A QUE, com o feminino não O emprego de antônimos na construção de frases pode ser um recurso
ocorrerá crase. estilístico que confere ao trecho empregado uma forma mais erudita ou que
chame atenção do leitor ou do ouvinte.
Não gostei do filme a que você se referia.
Palavra Antônimo
Não gostei da peça a que você se referia.
aberto fechado
O mesmo fenômeno de crase (preposição A) - pronome demonstrativo
A que ocorre antes do QUE (pronome relativo), pode ocorrer antes do alto baixo
de: bem mal
Meu palpite é igual ao de todos bom mau
Minha opinião é igual à de todos. bonito feio
demais de menos
NÃO OCORRE CRASE
doce salgado
• antes de nomes masculinos:
forte fraco
Andei a pé.
gordo magro
Andamos a cavalo.
• antes de verbos: salgado insosso
Ela começa a chorar. amor ódio
Cheguei a escrever um poema. seco molhado
• em expressões formadas por palavras repetidas: grosso fino
Estamos cara a cara. duro mole
• antes de pronomes de tratamento, exceto senhora, senhorita e dona: doce amargo
Dirigiu-se a V. Sa com aspereza. grande pequeno
Escrevi a Vossa Excelência. soberba humildade
Dirigiu-se gentilmente à senhora. louvar censurar

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 41 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
bendizer maldizer acento. inflexão tônica - assento. dispositivo para sentar-se
cartola. chapéu alto - quartola. pequena pipa
ativo inativo
comprimento. extensão - cumprimento. saudação
simpático antipático coro (cantores) - couro (pele de animal)
progredir regredir deferimento. concessão - diferimento. adiamento
rápido lento delatar. denunciar - dilatar. retardar, estender
descrição. representação - discrição. reserva
sair entrar descriminar. inocentar - discriminar. distinguir
sozinho acompanhado despensa. compartimento - dispensa. desobriga
concórdia discórdia destratar. insultar - distratar. desfazer(contrato)
emergir. vir à tona - imergir. mergulhar
pesado leve
eminência. altura, excelência - iminência. proximidade de ocorrência
quente frio emitir. lançar fora de si - imitir. fazer entrar
presente ausente enfestar. dobrar ao meio - infestar. assolar
escuro claro enformar. meter em fôrma - informar. avisar
entender. compreender - intender. exercer vigilância
inveja admiração lenimento. suavizante - linimento. medicamento para fricções
migrar. mudar de um local para outro - emigrar. deixar um país para
Homógrafo morar em outro - imigrar. entrar num país vindo de outro
Homógrafos são palavras iguais ou parecidas na escrita e diferentes na peão. que anda a pé - pião. espécie de brinquedo
pronúncia. recrear. divertir - recriar. criar de novo
Exemplos se. pronome átono, conjugação - si. espécie de brinquedo
• rego (subst.) e rego (verbo); vadear. passar o vau - vadiar. passar vida ociosa
• colher (verbo) e colher (subst.); venoso. relativo a veias - vinoso. que produz vinho
• jogo (subst.) e jogo (verbo); vez. ocasião, momento - vês. verbo ver na 2ª pessoa do singular
• Sede: lugar e Sede: avidez;
DENOTAÇAO E CONOTAÇAO
• Seca: pôr a secar e Seca: falta de água. A denotação é a propriedade que possui uma palavra de limitar-se a
Homófono seu próprio conceito, de trazer apenas o seu significado primitivo, original.
Palavras homófonas são palavras de pronúncias iguais. Existem dois
tipos de palavras homófonas, que são: A conotação é a propriedade que possui uma palavra de ampliar-se
• Homófonas heterográficas no seu campo semântico, dentro de um contexto, podendo causar várias
• Homófonas homográficas interpretações.

Homófonas heterográficas Observe os exemplos


Como o nome já diz, são palavras homófonas (iguais na pronúncia), Denotação
mas heterográficas (diferentes na escrita). As estrelas do céu. Vesti-me de verde. O fogo do isqueiro.
Exemplos
cozer / coser; Conotação
cozido / cosido; As estrelas do cinema.
censo / senso O jardim vestiu-se de flores
consertar / concertar O fogo da paixão
conselho / concelho
paço / passo SENTIDO PRÓPRIO E SENTIDO FIGURADO
noz / nós
hera / era
As palavras podem ser empregadas no sentido próprio ou no sentido
ouve / houve
figurado:
voz / vós
Construí um muro de pedra - sentido próprio
cem / sem
Maria tem um coração de pedra – sentido figurado.
acento / assento
A água pingava lentamente – sentido próprio.
Homófonas homográficas
SEMÂNTICA
Como o nome já diz, são palavras homófonas (iguais na pronúncia), e
(do grego semantiké, i. é, téchne semantiké ‘arte da significação’)
homográficas (iguais na escrita).
Exemplos
A semântica estudo o sentido das palavras, expressões, frases e uni-
Ele janta (verbo) / A janta está pronta (substantivo); No caso, janta é
dades maiores da comunicação verbal, os significados que lhe são atribuí-
inexistente na língua portuguesa por enquanto, já que deriva do
dos. Ao considerarmos o significado de determinada palavra, levamos em
substantivo jantar, e está classificado como neologismo.
conta sua história, sua estrutura (radical, prefixos, sufixos que participam
Eu passeio pela rua (verbo) / O passeio que fizemos foi bonito
da sua forma) e, por fim, do contexto em que se apresenta.
(substantivo).
Quando analisamos o sentido das palavras na redação oficial, ressal-
Parônimo
tam como fundamentais a história da palavra e, obviamente, os contextos
Parônimo é uma palavra que apresenta sentido diferente e forma
em que elas ocorrem.
semelhante a outra, que provoca, com alguma frequência, confusão. Essas
palavras apresentam grafia e pronúncia parecida, mas com significados
A história da palavra, em sentido amplo, vem a ser a respectiva origem
diferentes.
e as alterações sofridas no correr do tempo, ou seja, a maneira como
O parônimos pode ser também palavras homófonas, ou seja, a
evoluiu desde um sentido original para um sentido mais abrangente ou
pronúncia de palavras parônimas pode ser a mesma.Palavras parônimas
mais específico. Em sentido restrito, diz respeito à tradição no uso de
são aquelas que têm grafia e pronúncia parecida.
determinado vocábulo ou expressão.
Exemplos
Veja alguns exemplos de palavras parônimas:
São esses dois aspectos que devem ser considerados na escolha des-
acender. verbo - ascender. subir
te ou daquele vocábulo.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 42 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Sendo a clareza um dos requisitos fundamentais de todo texto oficial, houver incerteza, consulte a lista adiante, algum dicionário ou manual de
deve-se atentar para a tradição no emprego de determinada expressão ortografia.
com determinado sentido. O emprego de expressões ditas "de uso consa-
grado" confere uniformidade e transparência ao sentido do texto. Mas isto Já o termo paronímia designa o fenômeno que ocorre com palavras
não quer dizer que os textos oficiais devam limitar-se à repetição de cha- semelhantes (mas não idênticas) quanto à grafia ou à pronúncia. É fonte
vões e clichês. de muitas dúvidas, como entre descrição (‘ato de descrever’) e discrição
(‘qualidade do que é discreto’), retificar (‘corrigir’) e ratificar (confirmar).
Verifique sempre o contexto em que as palavras estão sendo utiliza-
Como não interessa aqui aprofundar a discussão teórica da matéria,
das. Certifique-se de que não há repetições desnecessárias ou redundân-
restringimo-nos a uma lista de palavras que costumam suscitar dúvidas de
cias. Procure sinônimos ou termos mais precisos para as palavras repeti-
grafia ou sentido. Procuramos incluir palavras que com mais frequência
das; mas se sua substituição for comprometer o sentido do texto, tornando-
provocam dúvidas na elaboração de textos oficiais, com o cuidado de
o ambíguo ou menos claro, não hesite em deixar o texto como está.
agregá-las em pares ou pequenos grupos formais.
É importante lembrar que o idioma está em constante mutação. A pró- • Absolver: inocentar, relevar da culpa imputada: O júri absolveu o
pria evolução dos costumes, das ideias, das ciências, da política, enfim da réu.
vida social em geral, impõe a criação de novas palavras e formas de dizer. • Absorver: embeber em si, esgotar: O solo absorveu lentamente a
Na definição de Serafim da Silva Neto, a língua: água da chuva.
"(...) é um produto social, é uma atividade do espírito humano. Não é, • Acender: atear (fogo), inflamar.
assim, independente da vontade do homem, porque o homem não é uma • Ascender: subir, elevar-se.
folha seca ao sabor dos ventos veementes de uma fatalidade desconheci- • Acento: sinal gráfico; inflexão vocal: Vocábulo sem acento.
da e cega. Não está obrigada a prosseguir na sua trajetória, de acordo com • Assento: banco, cadeira: Tomar assento num cargo.
leis determinadas, porque as línguas seguem o destino dos que as falam, • Acerca de: sobre, a respeito de: No discurso, o Presidente falou
são o que delas fazem as sociedades que as empregam." acerca de seus planos.
• A cerca de: a uma distância aproximada de: O anexo fica a cerca
Assim, continuamente, novas palavras são criadas (os neologismos)
de trinta metros do prédio principal. Estamos a cerca de um mês
como produto da dinâmica social, e incorporados ao idioma inúmeros
ou (ano) das eleições.
vocábulos de origem estrangeira (os estrangeirismos), que vêm para
• Há cerca de: faz aproximadamente (tanto tempo): Há cerca de um
designar ou exprimir realidades não contempladas no repertório anterior da
ano, tratamos de caso idêntico; existem aproximadamente: Há
língua portuguesa.
cerca de mil títulos no catálogo.
A redação oficial não pode alhear-se dessas transformações, nem in- • Acidente: acontecimento casual; desastre: A derrota foi um aci-
corporá-las acriticamente. Quanto às novidades vocabulares, elas devem dente na sua vidaprofissional. O súbito temporal provocou terrível
sempre ser usadas com critério, evitando-se aquelas que podem ser subs- acidente no parque.
tituídas por vocábulos já de uso consolidado sem prejuízo do sentido que • Incidente: episódio; que incide, que ocorre: O incidente da demis-
se lhes quer dar. são já foi superado.
• Adotar: escolher, preferir; assumir; pôr em prática.
De outro lado, não se concebe que, em nome de suposto purismo, a • Dotar: dar em doação, beneficiar.
linguagem das comunicações oficiais fique imune às criações vocabulares • Afim: que apresenta afinidade, semelhança, relação (de parentes-
ou a empréstimos de outras línguas. A rapidez do desenvolvimento tecno- co): Se o assunto era afim, por que não foi tratado no mesmo pa-
lógico, por exemplo, impõe a criação de inúmeros novos conceitos e ter- rágrafo?
mos, ditando de certa forma a velocidade com que a língua deve incorporá- • A fim de: para, com a finalidade de, com o fito de: O projeto foi
los. O importante é usar o estrangeirismo de forma consciente, buscar o encaminhado com quinze dias de antecedência a fim de permitir a
equivalente português quando houver, ou conformar a palavra estrangeira necessária reflexão sobre sua pertinência.
ao espírito da língua portuguesa. • Alto: de grande extensão vertical; elevado, grande.
O problema do abuso de estrangeirismos inúteis ou empregados em • Auto: ato público, registro escrito de um ato, peça processual.
contextos em que não cabem, é em geral causado ou pelo desconheci- • Aleatório: casual, fortuito, acidental.
mento da riqueza vocabular de nossa língua, ou pela incorporação acrítica • Alheatório: que alheia, alienante, que desvia ou perturba.
do estrangeirismo. • Amoral: desprovido de moral, sem senso de moral.
• Imoral: contrário à moral, aos bons costumes, devasso, indecente.
Homônimos e Parônimos • Ante (preposição): diante de, perante: Ante tal situação, não teve
Muitas vezes temos dúvidas no uso de vocábulos distintos provocadas alternativa.
pela semelhança ou mesmo pela igualdade de pronúncia ou de grafia entre • Ante- (prefixo): expressa anterioridade: antepor, antever, antepro-
eles. É o caso dos fenômenos designados como homonímia e paronímia. jeto ante-diluviano.
A homonímia é a designação geral para os casos em que palavras de • Anti- (prefixo): expressa contrariedade; contra: anticientífico, anti-
sentidos diferentes têm a mesma grafia (os homônimos homógrafos) ou a biótico, anti-higiênico, anti-Marx.
mesma pronúncia (os homônimos homófonos). • Ao encontro de: para junto de; favorável a: Foi ao encontro dos
colegas. O projeto salarial veio ao encontro dos anseios dos traba-
Os homógrafos podem coincidir ou não na pronúncia, como nos e- lhadores.
xemplos: quarto (aposento) e quarto (ordinal), manga (fruta) e manga (de • De encontro a: contra; em prejuízo de: O carro foi de encontro a
camisa), em que temos pronúncia idêntica; e apelo (pedido) e apelo (com e um muro. O governo não apoiou a medida, pois vinha de encontro
aberto, 1a pess. do sing do pres. do ind. do verbo apelar), consolo (alívio) e aos interesses dos menores.
consolo (com o aberto, 1a pess. do sing. do pres. do ind. do verbo conso- • Ao invés de: ao contrário de: Ao invés de demitir dez funcionários,
lar), com pronúncia diferente. a empresa contratou mais vinte. (Inaceitável o cruzamento *ao em
vez de.)
Os homógrafos de idêntica pronúncia diferenciam-se pelo contexto em • Em vez de: em lugar de: Em vez de demitir dez funcionário, a em-
que são empregados. Não há dúvida, por exemplo, quanto ao emprego da presa demitiu vinte.
palavra são nos três sentidos: a) verbo ser, 3a pess. do pl. do pres., b) • A par: informado, ao corrente, ciente: O Ministro está a par (var.:
saudável e c) santo. ao par) do assunto; ao lado, junto; além de.
Palavras de grafia diferente e de pronúncia igual (homófonos) geram • Ao par: de acordo com a convenção legal: Fez a troca de mil dóla-
dúvidas ortográficas. Caso, por exemplo, de acento/assento, coser/cozer, res ao par.
dos prefixos ante-/anti-, etc. Aqui o contexto não é suficiente para resolver • Aparte: interrupção, comentário à margem: O deputado concedeu
o problema, pois sabemos o sentido, a dúvida é de letra(s). sempre que ao colega um aparte em seu pronunciamento.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 43 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
• À parte: em separado, isoladamente, de lado: O anexo ao projeto • Conserto: reparo, remendo, restauração (cp. consertar): Certos
foi encaminhado por expediente à parte. problemas crônicos aparentemente não têm conserto.
• Apreçar: avaliar, pôr preço: O perito apreçou irrisoriamente o imóvel. • Conje(c)tura: suspeita, hipótese, opinião.
• Apressar: dar pressa a, acelerar: Se o andamento das obras não • Conjuntura: acontecimento, situação, ocasião, circunstância.
for apressado, não será cumprido o cronograma. • Contravenção: transgressão ou infração a normas estabelecidas.
• Área: superfície delimitada, região. • Contraversão: versão contrária, inversão.
• Ária: canto, melodia. • Coser: costurar, ligar, unir.
• Aresto: acórdão, caso jurídico julgado: Neste caso, o aresto é ir- • Cozer: cozinhar, preparar.
recorrível. • Costear: navegar junto à costa, contornar. A fragata costeou inú-
• Arresto: apreensão judicial, embargo: Os bens do traficante preso meras praias do litoral baiano antes de partir para alto-mar.
foram todos arrestados. • Custear: pagar o custo de, prover, subsidiar. Qual a empresa dis-
• Arrochar: apertar com arrocho, apertar muito. posta a custear tal projeto?
• Arroxar: ou arroxear, roxear: tornar roxo. • Custar: valer, necessitar, ser penoso. Quanto custa o projeto?
• Ás: exímio em sua atividade; carta do baralho. Custa-me crer que funcionará.
• Az (p. us.): esquadrão, ala do exército. • Deferir: consentir, atender, despachar favoravelmente, conceder.
• Atuar: agir, pôr em ação; pressionar. • Diferir: ser diferente, discordar; adiar, retardar, dilatar.
• Autuar: lavrar um auto; processar. • Degradar: deteriorar, desgastar, diminuir, rebaixar.
• Auferir: obter, receber: Auferir lucros, vantagens. • Degredar: impor pena de degredo, desterrar, banir.
• Aferir: avaliar, cotejar, medir, conferir: Aferir valores, resultados. • Delatar (delação): denunciar, revelar crime ou delito, acusar: Os
• Augurar: prognosticar, prever, auspiciar: O Presidente augurou traficantes foram delatados por membro de quadrilha rival.
sucesso ao seu par americano. • Dilatar (dilação): alargar, estender; adiar, diferir: A dilação do pra-
• Agourar: pressagiar, predizer (geralmente no mau sentido): Os zo de entrega das declarações depende de decisão do Diretor da
técnicos agouram desastre na colheita. Receita Federal.
• Avocar: atribuir-se, chamar: Avocou a si competências de outrem. • Derrogar: revogar parcialmente (uma lei), anular.
• Evocar: lembrar, invocar: Evocou no discurso o começo de sua • Derrocar: destruir, arrasar, desmoronar.
carreira. • Descrição: ato de descrever, representação, definição.
• Invocar: pedir (a ajuda de); chamar; proferir: Ao final do discurso, • Discrição: discernimento, reserva, prudência, recato.
invocou a ajuda de Deus. • Descriminar: absolver de crime, tirar a culpa de.
• Caçar: perseguir, procurar, apanhar (geralmente animais). • Discriminar: diferençar, separar, discernir.
• Cassar: tornar nulo ou sem efeito, suspender, invalidar. • Despensa: local em que se guardam mantimentos, depósito de
• Carear: atrair, ganhar, granjear. provisões.
• Cariar: criar cárie. • Dispensa: licença ou permissão para deixar de fazer algo a que
• Carrear: conduzir em carro, carregar. se estava obrigado; demissão.
• Casual: fortuito, aleatório, ocasional. • Despercebido: que não se notou, para o que não se atentou: A-
• Causal: causativo, relativo a causa. pesar de sua importância, o projeto passou despercebido.
• Cavaleiro: que anda a cavalo, cavalariano. • Desapercebido: desprevenido, desacautelado: Embarcou para a
• Cavalheiro: indivíduo distinto, gentil, nobre. missão na Amazônia totalmente desapercebido dos desafios que
• Censo: alistamento, recenseamento, contagem. lhe aguardavam.
• Senso: entendimento, juízo, tino. • Dessecar: secar bem, enxugar, tornar seco.
• Cerrar: fechar, encerrar, unir, juntar. • Dissecar: analisar minuciosamente, dividir anatomicamente.
• Serrar: cortar com serra, separar, dividir. • Destratar: insultar, maltratar com palavras.
• Cessão: ato de ceder: A cessão do local pelo município tornou • Distratar: desfazer um trato, anular.
possível a realização da obra. • Distensão: ato ou efeito de distender, torção violenta dos ligamen-
• Seção: setor, subdivisão de um todo, repartição, divisão: Em qual tos de uma articulação.
seção do ministério ele trabalha? • Distinção: elegância, nobreza, boa educação: Todos devem por-
• Sessão: espaço de tempo que dura uma reunião, um congresso; tar-se com distinção.
reunião; espaço de tempo durante o qual se realiza uma tarefa: A • Dissensão: desavença, diferença de opiniões ou interesses: A
próxima sessão legislativa será iniciada em 1o de agosto. dissensão sobre a matéria impossibilitou o acordo.
• Chá: planta, infusão. • Elidir: suprimir, eliminar.
• Xá: antigo soberano persa. • Ilidir: contestar, refutar, desmentir.
• Cheque: ordem de pagamento à vista. • Emenda: correção de falta ou defeito, regeneração, remendo: ao
• Xeque: dirigente árabe; lance de xadrez; (fig.) perigo (pôr em xe- torná-lo mais claro e objetivo, a emenda melhorou o projeto.
que). • Ementa: apontamento, súmula de decisão judicial ou do objeto de
• Círio: vela de cera. uma lei. Procuro uma lei cuja ementa é"dispõe sobre a proprieda-
• Sírio: da Síria. de industrial".
• Cível: relativo à jurisdição dos tribunais civis. • Emergir: vir à tona, manifestar-se.
• Civil: relativo ao cidadão; cortês, polido (daí civilidade); não militar • Imergir: mergulhar, afundar submergir), entrar.
nem, eclesiástico. • Emigrar: deixar o país para residir em outro.
• Colidir: trombar, chocar; contrariar: A nova proposta colide fron- • Imigrar: entrar em país estrangeiro para nele viver.
talmente com o entendimento havido. • Eminente (eminência): alto, elevado, sublime.
• Coligir: colecionar, reunir, juntar: As leis foram coligidas pelo Mi- • Iminente (iminência): que está prestes a acontecer, pendente,
nistério da Justiça. próximo.
• Comprimento: medida, tamanho, extensão, altura. • Emitir (emissão): produzir, expedir, publicar.
• Cumprimento: ato de cumprir, execução completa; saudação. • Imitir (imissão): fazer entrar, introduzir, investir.
• Concelho: circunscrição administrativa ou município (em Portu- • Empoçar: reter em poço ou poça, formar poça.
gal). • Empossar: dar posse a, tomar posse, apoderar-se.
• Conselho: aviso, parecer, órgão colegiado. • Encrostar: criar crosta.
• Concerto: acerto, combinação, composição, harmonização (cp. • Incrustar: cobrir de crosta, adornar, revestir, prender-se, arraigar-
concertar): O concerto das nações... O concerto de Guarnieri... se.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 44 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
• Entender: compreender, perceber, deduzir. • Mandado: garantia constitucional para proteger direito individual
• Intender: (p. us): exercer vigilância, superintender. líquido e certo; ato de mandar; ordem escrita expedida por autori-
• Enumerar: numerar, enunciar, narrar, arrolar. dade judicial ou administrativa: um mandado de segurança, man-
• Inúmero: inumerável, sem conta, sem número. dado de prisão.
• Espectador: aquele que assiste qualquer ato ou espetáculo, tes- • Mandato: autorização que alguém confere a outrem para praticar
temunha. atos em seu nome; procuração; delegação: o mandato de um de-
• Expectador: que tem expectativa, que espera. putado, senador, do Presidente.
• Esperto: inteligente, vivo, ativo. • Mandante: que manda; aquele que outorga um mandato.
• Experto: perito, especialista. • Mandatário: aquele que recebe um mandato, executor de manda-
• Espiar: espreitar, observar secretamente, olhar. to, representante, procurador.
• Expiar: cumprir pena, pagar, purgar. • Mandatório: obrigatório.
• Estada: ato de estar, permanência: Nossa estada em São Paulo • Obcecação: ato ou efeito de obcecar, teimosia, cegueira.
foi muito agradável. • Obsessão: impertinência, perseguição, ideia fixa.
• Estadia: prazo para carga e descarga de navio ancorado em por- • Ordinal: numeral que indica ordem ou série (primeiro, segundo,
to: O "Rio de Janeiro" foi autorizado a uma estadia de três dias. milésimo, etc.).
• Estância: lugar onde se está, morada, recinto. • Ordinário: comum, frequente, trivial, vulgar.
• Instância: solicitação, pedido, rogo; foro, jurisdição, juízo. • Original: com caráter próprio; inicial, primordial.
• Estrato: cada camada das rochas estratificadas. • Originário: que provém de, oriundo; inicial, primitivo.
• Extrato: coisa que se extraiu de outra; pagamento, resumo, cópia; • Paço: palácio real ou imperial; a corte.
perfume. • Passo: ato de avançar ou recuar um pé para andar; caminho, eta-
• Flagrante: ardente, acalorado; diz-se do ato que a pessoa é sur- pa.
preendida a praticar (flagrante delito). • Pleito: questão em juízo, demanda, litígio, discussão: O pleito por
• Fragrante: que tem fragrância ou perfume; cheiroso. mais escolas na região foi muito bem formulado.
• Florescente: que floresce, próspero, viçoso. • Preito: sujeição, respeito, homenagem: Os alunos renderam preito
• Fluorescente: que tem a propriedade da fluorescência. ao antigo reitor.
• Folhar: produzir folhas, ornar com folhagem, revestir lâminas. • Preceder: ir ou estar adiante de, anteceder, adiantar-se.
• Folhear: percorrer as folhas de um livro, compulsar, consultar. • Proceder: originar-se, derivar, provir; levar a efeito, executar.
• Incerto: não certo, indeterminado, duvidoso, variável. • Pós- (prefixo): posterior a, que sucede, atrás de, após: pós-
• Inserto: introduzido, incluído, inserido. moderno, pós-operatório.
• Incipiente: iniciante, principiante. • Pré- (prefixo): anterior a, que precede, à frente de, antes de: pré-
• Insipiente: ignorante, insensato. modernista, pré-primário.
• Incontinente: imoderado, que não se contém, descontrolado. • Pró (advérbio): em favor de, em defesa de. A maioria manifestou-
se contra, mas dei meu parecer pró.
• Incontinenti: imediatamente, sem demora, logo, sem interrupção.
• Preeminente: que ocupa lugar elevado, nobre, distinto.
• Induzir: causar, sugerir, aconselhar, levar a: O réu declarou que
havia sido induzido a cometer o delito. • Proeminente: alto, saliente, que se alteia acima do que o circun-
da.
• Aduzir: expor, apresentar: A defesa, então, aduziu novas provas.
• Preposição: ato de prepor, preferência; palavra invariável que liga
• Inflação: ato ou efeito de inflar; emissão exagerada de moeda,
constituintes da frase.
aumento persistente de preços.
• Proposição: ato de propor, proposta; máxima, sentença; afirmati-
• Infração: ato ou efeito de infringir ou violar uma norma.
va, asserção.
• Infligir: cominar, aplicar (pena, castigo, repreensão, derrota): O ju-
• Presar: capturar, agarrar, apresar.
iz infligiu pesada pena ao réu.
• Prezar: respeitar, estimar muito, acatar.
• Infringir: transgredir, violar, desrespeitar (lei, regulamento, etc.)
(cp. infração): A condenação decorreu de ter ele infringido um sem • Prescrever: fixar limites, ordenar de modo explícito, determinar;
número de artigos do Código Penal. ficar sem efeito, anular-se: O prazo para entrada do processo
prescreveu há dois meses.
• Inquerir: apertar (a carga de animais), encilhar.
• Proscrever: abolir, extinguir, proibir, terminar; desterrar. O uso de
• Inquirir: procurar informações sobre, indagar, investigar, interro-
várias substâncias psicotrópicas foi proscrito por recente portaria
gar.
do Ministro.
• Intercessão: ato de interceder.
• Prever: ver antecipadamente, profetizar; calcular: A assessoria
• Interse(c)ção: ação de se(c)cionar, cortar; ponto em que se en-
previu acertadamente o desfecho do caso.
contram duas linhas ou superfícies.
• Prover: providenciar, dotar, abastecer, nomear para cargo: O che-
• Inter- (prefixo): entre; preposição latina usada em locuções: inter
fe do departamento de pessoal proveu os cargos vacantes.
alia (entre outros), inter pares (entre iguais).
• Provir: originar-se, proceder; resultar: A dúvida provém (Os erros
• Intra- (prefixo): interior, dentro de.
provêm) da falta de leitura.
• Judicial: que tem origem no Poder Judiciário ou que perante ele
• Prolatar: proferir sentença, promulgar.
se realiza.
• Protelar: adiar, prorrogar.
• Judiciário: relativo ao direito processual ou à organização da Jus-
• Ratificar: validar, confirmar, comprovar.
tiça.
• Retificar: corrigir, emendar, alterar: A diretoria ratificou a decisão
• Liberação: ato de liberar, quitação de dívida ou obrigação.
após o texto ter sido retificado em suas passagens ambíguas.
• Libertação: ato de libertar ou libertar-se.
• Recrear: proporcionar recreio, divertir, alegrar.
• Lista: relação, catálogo; var. pop. de listra.
• Recriar: criar de novo.
• Listra: risca de cor diferente num tecido (var. pop. de lista).
• Reincidir: tornar a incidir, recair, repetir.
• Locador: que dá de aluguel, senhorio, arrendador.
• Rescindir: dissolver, invalidar, romper, desfazer: Como ele reinci-
• Locatário: alugador, inquilino: O locador reajustou o aluguel sem
diu no erro, o contrato de trabalho foi rescindido.
a concordância do locatário.
• Remição: ato de remir, resgate, quitação.
• Lustre: brilho, glória, fama; abajur.
• Remissão: ato de remitir, intermissão, intervalo; perdão, expiação.
• Lustro: quinquênio; polimento.
• Repressão: ato de reprimir, contenção, impedimento, proibição.
• Magistrado: juiz, desembargador, ministro.
• Repreensão: ato de repreender, enérgica admoestação, censura,
• Magistral: relativo a mestre (latim: magister); perfeito, completo;
advertência.
exemplar.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 45 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
• Ruço: grisalho, desbotado. Exemplos: pedra, flor, casa.
• Russo: referente à Rússia, nascido naquele país; língua falada na
Rússia. Palavras derivadas: são palavras formadas a partir de outros radicais.
• Sanção: confirmação, aprovação; pena imposta pela lei ou por Exemplos: pedreiro, floricultura, casebre.
contrato para punir sua infração.
• Sansão: nome de personagem bíblico; certo tipo de guindaste. No português, os principais processos para formar palavras novas são
• Sedento: que tem sede; sequioso (var. p. us.: sedente). dois: derivação ecomposição.
• Cedente: que cede, que dá.
• Sobrescritar: endereçar, destinar, dirigir. Derivação
É a formação de palavras a partir da anexação de afixos à palavra
• Subscritar: assinar, subscrever.
primitiva.
• Sortir: variar, combinar, misturar.
Exemplos: inútil = prefixo in + radical útil.
• Surtir: causar, originar, produzir (efeito). O processo de derivação pode ser prefixal, sufixal, parassintético, re-
• Subentender: perceber o que não estava claramente exposto; gressivo e impróprio.
supor.
• Subintender: exercer função de subintendente, dirigir. Derivação Prefixal
• Subtender: estender por baixo. Faz-se pela anexação de prefixo à palavra primitiva.
• Sustar: interromper, suspender; parar, interromper-se (sustar-se). Exemplos: desfazer, refazer.
• Suster: sustentar, manter; fazer parar, deter.
• Tacha: pequeno prego; mancha, defeito, pecha. Derivação Sufixal
• Taxa: espécie de tributo, tarifa. Faz-se pela anexação de sufixo à palavra primitiva.
• Tachar: censurar, qualificar, acoimar: tachar alguém (tachá-lo) de Exemplos: alegremente, carinhoso.
subversivo. Os sufixos são divididos em nominais, verbais e adverbiais.
• Taxar: fixar a taxa de; regular, regrar: taxar mercadorias. Sufixos nominais são os que derivam substantivos e adjetivos;
• Tapar: fechar, cobrir, abafar. Sufixos verbais são os que derivam verbos;
• Tampar: pôr tampa em. Sufixo adverbial é o que deriva advérbio, esse existe apenas um: -
• Tenção: intenção, plano (deriv.: tencionar); assunto, tema. mente
• Tensão: estado de tenso, rigidez (deriv.: tensionar); diferencial e-
létrico. Derivação Parassintética
• Tráfego: trânsito de veículos, percurso, transporte. Faz-se pela anexação simultânea de prefixo e sufixo à palavra primiti-
va.
• Tráfico: negócio ilícito, comércio, negociação.
Exemplos: desalmado, entristecer.
• Trás: atrás, detrás, em seguida, após (cf. em locuções: de trás,
A derivação parassintética só acontece quando os dois morfemas (pre-
por trás).
fixo e sufixo) se unem ao radical simultaneamente. Note que na palavrade-
• Traz: 3a pessoa do singular do presente do indicativo do verbo salmadohouve parassíntese. É fácil perceber, pois não existe a palavra-
trazer. desalma, da qual teria vindo desalmado, da mesma forma não existe a
• Vestiário: guarda-roupa; local em que se trocam roupas. palavraalmado, da qual também teria vindodesalmado.Portanto, ocorreu
• Vestuário: as roupas que se vestem, traje. anexação de prefixo e sufixo ao mesmo tempo.
• Vultoso: de grande vulto, volumoso.
• Vultuoso (p. us.): atacado de vultuosidade (congestão da face). Derivação Regressiva
Faz-se pela redução da palavra primitiva.
Exemplos: trabalho (trabalhar), choro (chorar).
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS. O processo de derivação regressiva produz os substantivos deverbais,
esses são substantivos derivados a partir de verbos.
As palavras, em Língua Portuguesa, podem ser decompostas em vários
elementos chamados elementos mórficos ou elementos de estrutura das Derivação Imprópria
palavras. Forma-se quando uma palavra muda de classe gramatical sem que a
Exs.: forma da primitiva seja alterada.
cinzeiro = cinza + eiro Exemplos: O infeliz faltou ao serviço hoje. (adjetivo torna-se substanti-
endoidecer = en + doido + ecer vo).
predizer = pre + dizer Não aceito um não como resposta. (advérbio torna-se substantivo, o
artigo um substantiva o advérbio).
Os principais elementos móficos são :
RADICAL Composição
É o elemento mórfico em que está a ideia principal da palavra. O processo de composição forma palavras através da junção de dois
Exs.: amarelecer = amarelo + ecer ou mais radicais.
enterrar = en + terra + ar Exemplos: guarda-roupa, pombo-correio.
pronome = pro + nome
Há dois tipos de composição: aglutinação e justaposição.
PREFIXO
É o elemento mórfico que vem antes do radical. Composição por Aglutinação
Exs.: anti - herói in - feliz Ocorre quando um dos radicais, ao se unirem, sofre alterações.
Exemplos: planalto (plano + alto), embora (em + boa + hora).
SUFIXO
Composição por Justaposição
É o elemento mórfico que vem depois do radical.
Ocorre quando os radicais, ao se unirem, não sofrem alterações.
Exs.: med - onho cear – ense
Exemplos: pé-de-galinha, passatempo, cachorro-quente, girassol.
FORMAÇÃO DAS PALAVRAS Outros processos
Hibridismo
Palavras primitivas: são palavras que servem como base para a for-
Ocorre quando os elementos que formam a palavra são de idiomas di-
mação de outra e que não foram formadas a partir de outro radical da
ferentes.
língua.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 46 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Exemplos: automóvel (auto= grego, móvel= latim), televisão (tele= b) DERIVADO: quando provem de outra palavra da língua portuguesa:
grego, visão=latim). florista, pedreiro, ferreiro, casebre, jornaleiro.
c) SIMPLES: quando é formado por um só radical: água, pé, couve, ódio,
Onomatopeia tempo, sol.
Acontece nas palavras que simbolizam a reprodução de determinados d) COMPOSTO: quando é formado por mais de um radical: água-de-
sons. colônia, pé-de-moleque, couve-flor, amor-perfeito, girassol.
Exemplos: tique-taque, zunzum.
COLETIVOS
Redução ou Abreviação Coletivo é o substantivo que, mesmo sendo singular, designa um gru-
Esse processo se manifesta quando uma palavra é muito longa, pois po de seres da mesma espécie.
forma novas palavras a partir da redução ou abreviação de palavras já Veja alguns coletivos que merecem destaque:
existentes. alavão - de ovelhas leiteiras
Exem- alcateia - de lobos
plos: pornô (pornográfico), moto (motocicleta), pneu (pneumático). álbum - de fotografias, de selos
antologia - de trechos literários escolhidos
Neologismo armada - de navios de guerra
É a criação de novas palavras para atender às necessidades dos fa- armento - de gado grande (búfalo, elefantes, etc)
lantes em contextos específicos. arquipélago - de ilhas
Veja os neologismos num trecho do poema Amar, de Carlos Drum- assembleia - de parlamentares, de membros de associações
mond de Andrade: atilho - de espigas de milho
atlas - de cartas geográficas, de mapas
Que pode uma criatura senão, banca - de examinadores
senão entre criaturas, amar? bandeira - de garimpeiros, de exploradores de minérios
amar e esquecer, bando - de aves, de pessoal em geral
amar e malamar, cabido - de cônegos
amar, desamar, amar? cacho - de uvas, de bananas
sempre, e até de olhos vidrados, amar? cáfila - de camelos
Por Marina Cabral cambada - de ladrões, de caranguejos, de chaves
cancioneiro - de poemas, de canções
caravana - de viajantes
EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO, cardume - de peixes
ADJETIVO, NUMERAL, PRONOME, VERBO, ADVÉRBIO, PRE- clero - de sacerdotes
POSIÇÃO, CONJUNÇÃO (CLASSIFICAÇÃO E SENTIDO QUE colmeia - de abelhas
IMPRIMEM ÀS RELAÇÕES ENTRE AS ORAÇÕES). concílio - de bispos
conclave - de cardeais em reunião para eleger o papa
congregação - de professores, de religiosos
SUBSTANTIVOS congresso - de parlamentares, de cientistas
conselho - de ministros
Substantivo é a palavra variável em gênero, número e grau, que dá consistório - de cardeais sob a presidência do papa
nome aos seres em geral. constelação - de estrelas
São, portanto, substantivos. corja - de vadios
a) os nomes de coisas, pessoas, animais e lugares: livro, cadeira, cachorra, elenco - de artistas
Valéria, Talita, Humberto, Paris, Roma, Descalvado. enxame - de abelhas
b) os nomes de ações, estados ou qualidades, tomados como seres: traba- enxoval - de roupas
lho, corrida, tristeza beleza altura. esquadra - de navios de guerra
esquadrilha - de aviões
CLASSIFICAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS falange - de soldados, de anjos
a) COMUM - quando designa genericamente qualquer elemento da espé- farândola - de maltrapilhos
cie: rio, cidade, pais, menino, aluno fato - de cabras
b) PRÓPRIO - quando designa especificamente um determinado elemento. fauna - de animais de uma região
Os substantivos próprios são sempre grafados com inicial maiúscula: To- feixe - de lenha, de raios luminosos
cantins, Porto Alegre, Brasil, Martini, Nair. flora - de vegetais de uma região
c) CONCRETO - quando designa os seres de existência real ou não, frota - de navios mercantes, de táxis, de ônibus
propriamente ditos, tais como: coisas, pessoas, animais, lugares, etc. Ve- girândola - de fogos de artifício
rifique que é sempre possível visualizar em nossa mente o substantivo horda - de invasores, de selvagens, de bárbaros
concreto, mesmo que ele não possua existência real: casa, cadeira, ca- junta - de bois, médicos, de examinadores
neta, fada, bruxa, saci. júri - de jurados
d) ABSTRATO - quando designa as coisas que não existem por si, isto é, legião - de anjos, de soldados, de demônios
só existem em nossa consciência, como fruto de uma abstração, sendo, malta - de desordeiros
pois, impossível visualizá-lo como um ser. Os substantivos abstratos vão, manada - de bois, de elefantes
portanto, designar ações, estados ou qualidades, tomados como seres: matilha - de cães de caça
trabalho, corrida, estudo, altura, largura, beleza. ninhada - de pintos
Os substantivos abstratos, via de regra, são derivados de verbos ou ad- nuvem - de gafanhotos, de fumaça
jetivos panapaná - de borboletas
trabalhar - trabalho pelotão - de soldados
correr - corrida penca - de bananas, de chaves
alto - altura pinacoteca - de pinturas
belo - beleza plantel - de animais de raça, de atletas
quadrilha - de ladrões, de bandidos
FORMAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS ramalhete - de flores
a) PRIMITIVO: quando não provém de outra palavra existente na língua réstia - de alhos, de cebolas
portuguesa: flor, pedra, ferro, casa, jornal. récua - de animais de carga

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 47 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
romanceiro - de poesias populares Muitos substantivos com esta terminação apresentam mais de uma for-
resma - de papel ma de plural: aldeão, aldeãos ou aldeães; charlatão, charlatões ou charla-
revoada - de pássaros tães; ermitão, ermitãos ou ermitães; tabelião, tabeliões ou tabeliães, etc.
súcia - de pessoas desonestas
vara - de porcos 3. Os substantivos terminados em M mudam o M para NS. armazém,
vocabulário - de palavras armazéns; harém, haréns; jejum, jejuns.
4. Aos substantivos terminados em R, Z e N acrescenta-se-lhes ES: lar,
FLEXÃO DOS SUBSTANTIVOS lares; xadrez, xadrezes; abdômen, abdomens (ou abdômenes); hífen, hí-
Como já assinalamos, os substantivos variam de gênero, número e fens (ou hífenes).
grau. Obs: caráter, caracteres; Lúcifer, Lúciferes; cânon, cânones.
Gênero 5. Os substantivos terminados em AL, EL, OL e UL o l por is: animal, ani-
Em Português, o substantivo pode ser do gênero masculino ou femini- mais; papel, papéis; anzol, anzóis; paul, pauis.
no: o lápis, o caderno, a borracha, a caneta. Obs.: mal, males; real (moeda), reais; cônsul, cônsules.
Podemos classificar os substantivos em: 6. Os substantivos paroxítonos terminados em IL fazem o plural em: fóssil,
a) SUBSTANTIVOS BIFORMES, são os que apresentam duas formas, fósseis; réptil, répteis.
uma para o masculino, outra para o feminino: Os substantivos oxítonos terminados em IL mudam o l para S: barril, bar-
aluno/aluna homem/mulher ris; fuzil, fuzis; projétil, projéteis.
menino /menina carneiro/ovelha 7. Os substantivos terminados em S são invariáveis, quando paroxítonos: o
Quando a mudança de gênero não é marcada pela desinência, mas pires, os pires; o lápis, os lápis. Quando oxítonas ou monossílabos tôni-
pela alteração do radical, o substantivo denomina-se heterônimo: cos, junta-se-lhes ES, retira-se o acento gráfico, português, portugueses;
padrinho/madrinha bode/cabra burguês, burgueses; mês, meses; ás, ases.
cavaleiro/amazona pai/mãe São invariáveis: o cais, os cais; o xis, os xis. São invariáveis, também, os
substantivos terminados em X com valor de KS: o tórax, os tórax; o ônix,
b) SUBSTANTIVOS UNIFORMES: são os que apresentam uma única os ônix.
forma, tanto para o masculino como para o feminino. Subdividem-se 8. Os diminutivos em ZINHO e ZITO fazem o plural flexionando-se o subs-
em: tantivo primitivo e o sufixo, suprimindo-se, porém, o S do substantivo
1. Substantivos epicenos: são substantivos uniformes, que designam primitivo: coração, coraçõezinhos; papelzinho, papeizinhos; cãozinho,
animais: onça, jacaré, tigre, borboleta, foca. cãezitos.
Caso se queira fazer a distinção entre o masculino e o feminino, de-
Substantivos só usados no plural
vemos acrescentar as palavras macho ou fêmea: onça macho, jacaré
afazeres anais
fêmea
arredores belas-artes
2. Substantivos comuns de dois gêneros: são substantivos uniformes que
cãs condolências
designam pessoas. Neste caso, a diferença de gênero é feita pelo arti-
confins exéquias
go, ou outro determinante qualquer: o artista, a artista, o estudante, a
férias fezes
estudante, este dentista.
núpcias óculos
3. Substantivos sobrecomuns: são substantivos uniformes que designam
olheiras pêsames
pessoas. Neste caso, a diferença de gênero não é especificada por ar-
viveres copas, espadas, ouros e paus (naipes)
tigos ou outros determinantes, que serão invariáveis: a criança, o côn-
juge, a pessoa, a criatura. Plural dos Nomes Compostos
Caso se queira especificar o gênero, procede-se assim:
1. Somente o último elemento varia:
uma criança do sexo masculino / o cônjuge do sexo feminino.
a) nos compostos grafados sem hífen: aguardente, aguardentes; clara-
boia, claraboias; malmequer, malmequeres; vaivém, vaivéns;
AIguns substantivos que apresentam problema quanto ao Gênero:
São masculinos São femininos
b) nos compostos com os prefixos grão, grã e bel: grão-mestre, grão-
o anátema o grama (unidade de peso) a abusão a derme mestres; grã-cruz, grã-cruzes; bel-prazer, bel-prazeres;
o telefonema o dó (pena, compaixão) a aluvião a omoplata c) nos compostos de verbo ou palavra invariável seguida de substanti-
o teorema o ágape a análise a usucapião vo ou adjetivo: beija-flor, beija-flores; quebra-sol, quebra-sóis; guar-
o trema o caudal a cal a bacanal
o edema o champanha a cataplasma a líbido da-comida, guarda-comidas; vice-reitor, vice-reitores; sempre-viva,
o eclipse o alvará a dinamite a sentinela sempre-vivas. Nos compostos de palavras repetidas mela-mela, me-
o lança-perfume o formicida a comichão a hélice la-melas; recoreco, recorecos; tique-tique, tique-tiques)
o fibroma o guaraná a aguardente
o estratagema o plasma
o proclama o clã
2. Somente o primeiro elemento é flexionado:
a) nos compostos ligados por preposição: copo-de-leite, copos-de-leite;
Mudança de Gênero com mudança de sentido pinho-de-riga, pinhos-de-riga; pé-de-meia, pés-de-meia; burro-sem-
rabo, burros-sem-rabo;
Alguns substantivos, quando mudam de gênero, mudam de sentido.
b) nos compostos de dois substantivos, o segundo indicando finalidade
Veja alguns exemplos:
o cabeça (o chefe, o líder) a cabeça (parte do corpo) ou limitando a significação do primeiro: pombo-correio, pombos-
o capital (dinheiro, bens) a capital (cidade principal) correio; navio-escola, navios-escola; peixe-espada, peixes-espada;
o rádio (aparelho receptor) a rádio (estação transmissora) banana-maçã, bananas-maçã.
o moral (ânimo) a moral (parte da Filosofia, conclusão) A tendência moderna é de pluralizar os dois elementos: pombos-
o lotação (veículo) a lotação (capacidade) correios, homens-rãs, navios-escolas, etc.
o lente (o professor) a lente (vidro de aumento)
3. Ambos os elementos são flexionados:
Plural dos Nomes Simples a) nos compostos de substantivo + substantivo: couve-flor, couves-
1. Aos substantivos terminados em vogal ou ditongo acrescenta-se S: casa, flores; redator-chefe, redatores-chefes; carta-compromisso, cartas-
casas; pai, pais; imã, imãs; mãe, mães. compromissos.
2. Os substantivos terminados em ÃO formam o plural em: b) nos compostos de substantivo + adjetivo (ou vice-versa): amor-
a) ÕES (a maioria deles e todos os aumentativos): balcão, balcões; cora- perfeito, amores-perfeitos; gentil-homem, gentis-homens; cara-
ção, corações; grandalhão, grandalhões. pálida, caras-pálidas.
b) ÃES (um pequeno número): cão, cães; capitão, capitães; guardião,
guardiães. São invariáveis:
c) ÃOS (todos os paroxítonos e um pequeno número de oxítonos): cristão, a) os compostos de verbo + advérbio: o fala-pouco, os fala-pouco; o pi-
cristãos; irmão, irmãos; órfão, órfãos; sótão, sótãos. sa-mansinho, os pisa-mansinho; o cola-tudo, os cola-tudo;

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 48 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
b) as expressões substantivas: o chove-não-molha, os chove-não- ADJETIVOS
molha; o não-bebe-nem-desocupa-o-copo, os não-bebe-nem-
desocupa-o-copo; FLEXÃO DOS ADJETIVOS
c) os compostos de verbos antônimos: o leva-e-traz, os leva-e-traz; o
Gênero
perde-ganha, os perde-ganha.
Quanto ao gênero, o adjetivo pode ser:
Obs: Alguns compostos admitem mais de um plural, como é o caso
a) Uniforme: quando apresenta uma única forma para os dois gêne-
por exemplo, de: fruta-pão, fruta-pães ou frutas-pães; guarda-
ros: homem inteligente - mulher inteligente; homem simples - mu-
marinha, guarda-marinhas ou guardas-marinhas; padre-nosso, pa-
lher simples; aluno feliz - aluna feliz.
dres-nossos ou padre-nossos; salvo-conduto, salvos-condutos ou
b) Biforme: quando apresenta duas formas: uma para o masculino, ou-
salvo-condutos; xeque-mate, xeques-mates ou xeques-mate.
tra para o feminino: homem simpático / mulher simpática / homem
Adjetivos Compostos alto / mulher alta / aluno estudioso / aluna estudiosa
Nos adjetivos compostos, apenas o último elemento se flexiona.
Ex.:histórico-geográfico, histórico-geográficos; latino-americanos, latino- Observação: no que se refere ao gênero, a flexão dos adjetivos é se-
americanos; cívico-militar, cívico-militares. melhante a dos substantivos.
1) Os adjetivos compostos referentes a cores são invariáveis, quando o
segundo elemento é um substantivo: lentes verde-garrafa, tecidos Número
amarelo-ouro, paredes azul-piscina. a) Adjetivo simples
2) No adjetivo composto surdo-mudo, os dois elementos variam: sur- Os adjetivos simples formam o plural da mesma maneira que os
dos-mudos > surdas-mudas. substantivos simples:
3) O composto azul-marinho é invariável: gravatas azul-marinho. pessoa honesta pessoas honestas
regra fácil regras fáceis
Graus do substantivo homem feliz homens felizes
Dois são os graus do substantivo - o aumentativo e o diminutivo, os quais Observação: os substantivos empregados como adjetivos ficam
podem ser: sintéticos ou analíticos. invariáveis:
blusa vinho blusas vinho
Analítico camisa rosa camisas rosa
Utiliza-se um adjetivo que indique o aumento ou a diminuição do tama- b) Adjetivos compostos
nho: boca pequena, prédio imenso, livro grande. Como regra geral, nos adjetivos compostos somente o último ele-
mento varia, tanto em gênero quanto em número:
acordos sócio-político-econômico acordos sócio-político-econômicos
Sintético causa sócio-político-econômica causas sócio-político-econômicas
Constrói-se com o auxílio de sufixos nominais aqui apresentados. acordo luso-franco-brasileiro acordo luso-franco-brasileiros
lente côncavo-convexa lentes côncavo-convexas
Principais sufixos aumentativos camisa verde-clara camisas verde-claras
sapato marrom-escuro sapatos marrom-escuros
AÇA, AÇO, ALHÃO, ANZIL, ÃO, ARÉU, ARRA, ARRÃO, ASTRO, ÁZIO, Observações:
ORRA, AZ, UÇA. Ex.: A barcaça, ricaço, grandalhão, corpanzil, caldeirão, 1) Se o último elemento for substantivo, o adjetivo composto fica invariável:
povaréu, bocarra, homenzarrão, poetastro, copázio, cabeçorra, lobaz, dentu- camisa verde-abacate camisas verde-abacate
ça. sapato marrom-café sapatos marrom-café
blusa amarelo-ouro blusas amarelo-ouro
Principais Sufixos Diminutivos 2) Os adjetivos compostos azul-marinho e azul-celeste ficam invariáveis:
blusa azul-marinho blusas azul-marinho
ACHO, CHULO, EBRE, ECO, EJO, ELA, ETE, ETO, ICO, TIM, ZINHO, camisa azul-celeste camisas azul-celeste
ISCO, ITO, OLA, OTE, UCHO, ULO, ÚNCULO, ULA, USCO. Exs.: lobacho, 3) No adjetivo composto (como já vimos) surdo-mudo, ambos os elementos
montículo, casebre, livresco, arejo, viela, vagonete, poemeto, burrico, flautim, variam:
pratinho, florzinha, chuvisco, rapazito, bandeirola, saiote, papelucho, glóbulo, menino surdo-mudo meninos surdos-mudos
homúncula, apícula, velhusco. menina surda-muda meninas surdas-mudas

Observações: Graus do Adjetivo


• Alguns aumentativos e diminutivos, em determinados contextos, adqui- As variações de intensidade significativa dos adjetivos podem ser ex-
rem valor pejorativo: medicastro, poetastro, velhusco, mulherzinha, etc. pressas em dois graus:
Outros associam o valor aumentativo ao coletivo: povaréu, fogaréu, - o comparativo
etc. - o superlativo
• É usual o emprego dos sufixos diminutivos dando às palavras valor a-
fetivo: Joãozinho, amorzinho, etc. Comparativo
• Há casos em que o sufixo aumentativo ou diminutivo é meramente Ao compararmos a qualidade de um ser com a de outro, ou com uma
formal, pois não dão à palavra nenhum daqueles dois sentidos: cartaz, outra qualidade que o próprio ser possui, podemos concluir que ela é igual,
ferrão, papelão, cartão, folhinha, etc. superior ou inferior. Daí os três tipos de comparativo:
• Muitos adjetivos flexionam-se para indicar os graus aumentativo e di- - Comparativo de igualdade:
minutivo, quase sempre de maneira afetiva: bonitinho, grandinho, bon- O espelho é tão valioso como (ou quanto) o vitral.
zinho, pequenito. Pedro é tão saudável como (ou quanto) inteligente.
- Comparativo de superioridade:
Apresentamos alguns substantivos heterônimos ou desconexos. Em lu- O aço é mais resistente que (ou do que) o ferro.
gar de indicarem o gênero pela flexão ou pelo artigo, apresentam radicais Este automóvel é mais confortável que (ou do que) econômico.
diferentes para designar o sexo: - Comparativo de inferioridade:
bode - cabra genro - nora A prata é menos valiosa que (ou do que) o ouro.
burro - besta padre - madre Este automóvel é menos econômico que (ou do que) confortável.
carneiro - ovelha padrasto - madrasta
cão - cadela padrinho - madrinha Ao expressarmos uma qualidade no seu mais elevado grau de intensi-
cavalheiro - dama pai - mãe dade, usamos o superlativo, que pode ser absoluto ou relativo:
compadre - comadre veado - cerva - Superlativo absoluto
frade - freira zangão - abelha Neste caso não comparamos a qualidade com a de outro ser:
frei – soror etc. Esta cidade é poluidíssima.
Esta cidade é muito poluída.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 49 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
- Superlativo relativo Filipinas - filipino Finlândia - finlandês
Consideramos o elevado grau de uma qualidade, relacionando-a a Florianópolis - florianopolitano Formosa - formosano
outros seres: Fortaleza - fortalezense Foz do lguaçu - iguaçuense
Este rio é o mais poluído de todos. Gabão - gabonês Galiza - galego
Este rio é o menos poluído de todos. Genebra - genebrino Gibraltar - gibraltarino
Goiânia - goianense Granada - granadino
Observe que o superlativo absoluto pode ser sintético ou analítico: Groenlândia - groenlandês Guatemala - guatemalteco
- Analítico: expresso com o auxílio de um advérbio de intensidade - Guiné - guinéu, guineense Haiti - haitiano
muito trabalhador, excessivamente frágil, etc. Himalaia - himalaico Honduras - hondurenho
- Sintético: expresso por uma só palavra (adjetivo + sufixo) – anti- Hungria - húngaro, magiar Ilhéus - ilheense
quíssimo: cristianíssimo, sapientíssimo, etc. Iraque - iraquiano Jerusalém - hierosolimita
João Pessoa - pessoense Juiz de Fora - juiz-forense
Os adjetivos: bom, mau, grande e pequeno possuem, para o compara- La Paz - pacense, pacenho Lima - limenho
tivo e o superlativo, as seguintes formas especiais: Macapá - macapaense Macau - macaense
NORMAL COM. SUP. SUPERLATIVO Maceió - maceioense Madagáscar - malgaxe
ABSOLUTORELATIVO Madri - madrileno Manaus - manauense
bom melhor ótimo Marajó - marajoara Minho - minhoto
melhor Moçambique - moçambicano Mônaco - monegasco
mau pior péssimo Montevidéu - montevideano Natal - natalense
pior Normândia - normando Nova lguaçu - iguaçuano
grande maior máximo Pequim - pequinês Pisa - pisano
maior Porto - portuense Póvoa do Varzim - poveiro
pequeno menor mínimo Quito - quitenho Rio de Janeiro (Est.) - fluminense
menor Santiago - santiaguense Rio de Janeiro (cid.) - carioca
São Paulo (Est.) - paulista Rio Grande do Norte - potiguar
Eis, para consulta, alguns superlativos absolutos sintéticos: São Paulo (cid.) - paulistano Salvador – salvadorenho, soteropolitano
acre - acérrimo ágil - agílimo Terra do Fogo - fueguino Toledo - toledano
agradável - agradabilíssimo agudo - acutíssimo Três Corações - tricordiano Rio Grande do Sul - gaúcho
amargo - amaríssimo amável - amabilíssimo Tripoli - tripolitano Varsóvia - varsoviano
amigo - amicíssimo antigo - antiquíssimo Veneza - veneziano Vitória - vitoriense
áspero - aspérrimo atroz - atrocíssimo
audaz - audacíssimo benéfico - beneficentíssimo Locuções Adjetivas
benévolo - benevolentíssimo capaz - capacíssimo As expressões de valor adjetivo, formadas de preposições mais subs-
célebre - celebérrimo cristão - cristianíssimo tantivos, chamam-se LOCUÇÕES ADJETIVAS. Estas, geralmente, podem
cruel - crudelíssimo doce - dulcíssimo ser substituídas por um adjetivo correspondente.
eficaz - eficacíssimo feroz - ferocíssimo
fiel - fidelíssimo frágil - fragilíssimo PRONOMES
frio - frigidíssimo humilde - humílimo (humildíssimo)
incrível - incredibilíssimo inimigo - inimicíssimo Pronome é a palavra variável em gênero, número e pessoa, que re-
íntegro - integérrimo jovem - juveníssimo presenta ou acompanha o substantivo, indicando-o como pessoa do dis-
livre - libérrimo magnífico - magnificentíssimo curso. Quando o pronome representa o substantivo, dizemos tratar-se de
magro - macérrimo maléfico - maleficentíssimo pronome substantivo.
manso - mansuetíssimo miúdo - minutíssimo • Ele chegou. (ele)
negro - nigérrimo (negríssimo) nobre - nobilíssimo • Convidei-o. (o)
pessoal - personalíssimo pobre - paupérrimo (pobríssimo)
possível - possibilíssimo preguiçoso - pigérrimo Quando o pronome vem determinando o substantivo, restringindo a ex-
próspero - prospérrimo provável - probabilíssimo tensão de seu significado, dizemos tratar-se de pronome adjetivo.
público - publicíssimo pudico - pudicíssimo • Esta casa é antiga. (esta)
sábio - sapientíssimo sagrado - sacratíssimo • Meu livro é antigo. (meu)
salubre - salubérrimo sensível - sensibilíssimo
simples – simplicíssimo tenro - tenerissimo Classificação dos Pronomes
terrível - terribilíssimo tétrico - tetérrimo Há, em Português, seis espécies de pronomes:
velho - vetérrimo visível - visibilíssimo • pessoais: eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas e as formas oblíquas
voraz - voracíssimo vulnerável - vuInerabilíssimo de tratamento:
• possessivos: meu, teu, seu, nosso, vosso, seu e flexões;
Adjetivos Gentílicos e Pátrios • demonstrativos: este, esse, aquele e flexões; isto, isso, aquilo;
Argélia – argelino Bagdá - bagdali • relativos: o qual, cujo, quanto e flexões; que, quem, onde;
Bizâncio - bizantino Bogotá - bogotano • indefinidos: algum, nenhum, todo, outro, muito, certo, pouco, vá-
Bóston - bostoniano Braga - bracarense rios, tanto quanto, qualquer e flexões; alguém, ninguém, tudo, ou-
Bragança - bragantino Brasília - brasiliense trem, nada, cada, algo.
Bucareste - bucarestino, - Buenos Aires - portenho, buenairense • interrogativos: que, quem, qual, quanto, empregados em frases in-
bucarestense Campos - campista terrogativas.
Cairo - cairota Caracas - caraquenho
Canaã - cananeu Ceilão - cingalês PRONOMES PESSOAIS
Catalunha - catalão Chipre - cipriota Pronomes pessoais são aqueles que representam as pessoas do dis-
Chicago - chicaguense Córdova - cordovês curso:
Coimbra - coimbrão, conim- Creta - cretense 1ª pessoa: quem fala, o emissor.
bricense Cuiabá - cuiabano Eu sai (eu)
Córsega - corso EI Salvador - salvadorenho Nós saímos (nós)
Croácia - croata Espírito Santo - espírito-santense, Convidaram-me (me)
Egito - egípcio capixaba Convidaram-nos (nós)
Equador - equatoriano Évora - eborense

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 50 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
2ª pessoa: com quem se fala, o receptor. Há, no entanto, um caso em que se empregam as formas retas EU e
Tu saíste (tu) TU mesmo precedidas por preposição: quando essas formas funcionam
Vós saístes (vós) como sujeito de um verbo no infinitivo.
Convidaram-te (te) Deram o livro para EU ler (ler: sujeito)
Convidaram-vos (vós) Deram o livro para TU leres (leres: sujeito)

3ª pessoa: de que ou de quem se fala, o referente. Verifique que, neste caso, o emprego das formas retas EU e TU é o-
Ele saiu (ele) brigatório, na medida em que tais pronomes exercem a função sintática de
Eles sairam (eles) sujeito.
Convidei-o (o) 5. Os pronomes oblíquos SE, SI, CONSIGO devem ser empregados
Convidei-os (os) somente como reflexivos. Considera-se errada qualquer construção
em que os referidos pronomes não sejam reflexivos:
Os pronomes pessoais são os seguintes: Querida, gosto muito de SI. (errado)
NÚMERO PESSOA CASO RETO CASO OBLÍQUO Preciso muito falar CONSIGO. (errado)
singular 1ª eu me, mim, comigo Querida, gosto muito de você. (certo)
2ª tu te, ti, contigo Preciso muito falar com você. (certo)
3ª ele, ela se, si, consigo, o, a, lhe
plural 1ª nós nós, conosco
2ª vós vós, convosco Observe que nos exemplos que seguem não há erro algum, pois os
3ª eles, elas se, si, consigo, os, as, lhes pronomes SE, SI, CONSIGO, foram empregados como reflexivos:
Ele feriu-se
Cada um faça por si mesmo a redação
PRONOMES DE TRATAMENTO O professor trouxe as provas consigo
Na categoria dos pronomes pessoais, incluem-se os pronomes de tra-
tamento. Referem-se à pessoa a quem se fala, embora a concordância 6. Os pronomes oblíquos CONOSCO e CONVOSCO são utilizados
deva ser feita com a terceira pessoa. Convém notar que, exceção feita a normalmente em sua forma sintética. Caso haja palavra de reforço, tais
você, esses pronomes são empregados no tratamento cerimonioso. pronomes devem ser substituídos pela forma analítica:
Queriam falar conosco = Queriam falar com nós dois
Veja, a seguir, alguns desses pronomes: Queriam conversar convosco = Queriam conversar com vós próprios.
PRONOME ABREV. EMPREGO
Vossa Alteza V. A. príncipes, duques
Vossa Eminência V .Ema cardeais 7. Os pronomes oblíquos podem aparecer combinados entre si. As
Vossa Excelência V.Exa altas autoridades em geral Vossa combinações possíveis são as seguintes:
Magnificência V. Mag a reitores de universidades me+o=mo me + os = mos
Vossa Reverendíssima V. Revma sacerdotes em geral te+o=to te + os = tos
Vossa Santidade V.S. papas lhe+o=lho lhe + os = lhos
Vossa Senhoria V.Sa funcionários graduados nos + o = no-lo nos + os = no-los
Vossa Majestade V.M. reis, imperadores vos + o = vo-lo vos + os = vo-los
lhes + o = lho lhes + os = lhos
São também pronomes de tratamento: o senhor, a senhora, você, vo-
cês. A combinação também é possível com os pronomes oblíquos femini-
nos a, as.
EMPREGO DOS PRONOMES PESSOAIS me+a=ma me + as = mas
1. Os pronomes pessoais do caso reto (EU, TU, ELE/ELA, NÓS, VÓS, te+a=ta te + as = tas
ELES/ELAS) devem ser empregados na função sintática de sujeito. - Você pagou o livro ao livreiro?
Considera-se errado seu emprego como complemento: - Sim, paguei-LHO.
Convidaram ELE para a festa (errado)
Receberam NÓS com atenção (errado) Verifique que a forma combinada LHO resulta da fusão de LHE (que
EU cheguei atrasado (certo) representa o livreiro) com O (que representa o livro).
ELE compareceu à festa (certo)
2. Na função de complemento, usam-se os pronomes oblíquos e não os 8. As formas oblíquas O, A, OS, AS são sempre empregadas como
pronomes retos: complemento de verbos transitivos diretos, ao passo que as formas
Convidei ELE (errado) LHE, LHES são empregadas como complemento de verbos transitivos
Chamaram NÓS (errado) indiretos:
Convidei-o. (certo) O menino convidou-a. (V.T.D )
Chamaram-NOS. (certo) O filho obedece-lhe. (V.T. l )
3. Os pronomes retos (exceto EU e TU), quando antecipados de preposi-
ção, passam a funcionar como oblíquos. Neste caso, considera-se Consideram-se erradas construções em que o pronome O (e flexões)
correto seu emprego como complemento: aparece como complemento de verbos transitivos indiretos, assim como as
Informaram a ELE os reais motivos. construções em que o nome LHE (LHES) aparece como complemento de
Emprestaram a NÓS os livros. verbos transitivos diretos:
Eles gostam muito de NÓS. Eu lhe vi ontem. (errado)
4. As formas EU e TU só podem funcionar como sujeito. Considera-se Nunca o obedeci. (errado)
errado seu emprego como complemento: Eu o vi ontem. (certo)
Nunca houve desentendimento entre eu e tu. (errado) Nunca lhe obedeci. (certo)
Nunca houve desentendimento entre mim e ti. (certo)
9. Há pouquíssimos casos em que o pronome oblíquo pode funcionar
Como regra prática, podemos propor o seguinte: quando precedidas como sujeito. Isto ocorre com os verbos: deixar, fazer, ouvir, mandar,
de preposição, não se usam as formas retas EU e TU, mas as formas sentir, ver, seguidos de infinitivo. O nome oblíquo será sujeito desse in-
oblíquas MIM e TI: finitivo:
Ninguém irá sem EU. (errado) Deixei-o sair.
Nunca houve discussões entre EU e TU. (errado) Vi-o chegar.
Ninguém irá sem MIM. (certo) Sofia deixou-se estar à janela.
Nunca houve discussões entre MIM e TI. (certo)

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 51 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
É fácil perceber a função do sujeito dos pronomes oblíquos, desenvol- 1. Quando o verbo estiver precedido de pronomes relativos, indefinidos,
vendo as orações reduzidas de infinitivo: interrogativos e conjunções.
Deixei-o sair = Deixei que ele saísse. As crianças que me serviram durante anos eram bichos.
10. Não se considera errada a repetição de pronomes oblíquos: Tudo me parecia que ia ser comida de avião.
A mim, ninguém me engana. Quem lhe ensinou esses modos?
A ti tocou-te a máquina mercante. Quem os ouvia, não os amou.
Que lhes importa a eles a recompensa?
Nesses casos, a repetição do pronome oblíquo não constitui pleonas- Emília tinha quatorze anos quando a vi pela primeira vez.
mo vicioso e sim ênfase. 2. Nas orações optativas (que exprimem desejo):
Papai do céu o abençoe.
11. Muitas vezes os pronomes oblíquos equivalem a pronomes possessi- A terra lhes seja leve.
vo, exercendo função sintática de adjunto adnominal: 3. Com o gerúndio precedido da preposição EM:
Roubaram-me o livro = Roubaram meu livro. Em se animando, começa a contagiar-nos.
Não escutei-lhe os conselhos = Não escutei os seus conselhos. Bromil era o suco em se tratando de combater a tosse.
4. Com advérbios pronunciados juntamente com o verbo, sem que haja
12. As formas plurais NÓS e VÓS podem ser empregadas para represen- pausa entre eles.
tar uma única pessoa (singular), adquirindo valor cerimonioso ou de Aquela voz sempre lhe comunicava vida nova.
modéstia: Antes, falava-se tão-somente na aguardente da terra.
Nós - disse o prefeito - procuramos resolver o problema das enchen-
tes. Mesóclise
Vós sois minha salvação, meu Deus! Usa-se o pronome no interior das formas verbais do futuro do presente
e do futuro do pretérito do indicativo, desde que estes verbos não estejam
13. Os pronomes de tratamento devem vir precedidos de VOSSA, quando precedidos de palavras que reclamem a próclise.
nos dirigimos à pessoa representada pelo pronome, e por SUA, quan- Lembrar-me-ei de alguns belos dias em Paris.
do falamos dessa pessoa: Dir-se-ia vir do oco da terra.
Ao encontrar o governador, perguntou-lhe:
Vossa Excelência já aprovou os projetos? Mas:
Sua Excelência, o governador, deverá estar presente na inauguração. Não me lembrarei de alguns belos dias em Paris.
Jamais se diria vir do oco da terra.
14. VOCÊ e os demais pronomes de tratamento (VOSSA MAJESTADE, Com essas formas verbais a ênclise é inadmissível:
VOSSA ALTEZA) embora se refiram à pessoa com quem falamos (2ª Lembrarei-me (!?)
pessoa, portanto), do ponto de vista gramatical, comportam-se como Diria-se (!?)
pronomes de terceira pessoa:
Você trouxe seus documentos?
Vossa Excelência não precisa incomodar-se com seus problemas.
O Pronome Átono nas Locuções Verbais
1. Auxiliar + infinitivo ou gerúndio - o pronome pode vir proclítico ou
enclítico ao auxiliar, ou depois do verbo principal.
COLOCAÇÃO DE PRONOMES Podemos contar-lhe o ocorrido.
Em relação ao verbo, os pronomes átonos (ME, TE, SE, LHE, O, A, Podemos-lhe contar o ocorrido.
NÓS, VÓS, LHES, OS, AS) podem ocupar três posições: Não lhes podemos contar o ocorrido.
1. Antes do verbo - próclise O menino foi-se descontraindo.
Eu te observo há dias. O menino foi descontraindo-se.
2. Depois do verbo - ênclise O menino não se foi descontraindo.
Observo-te há dias. 2. Auxiliar + particípio passado - o pronome deve vir enclítico ou proclítico
3. No interior do verbo - mesóclise ao auxiliar, mas nunca enclítico ao particípio.
Observar-te-ei sempre. "Outro mérito do positivismo em relação a mim foi ter-me levado a
Descartes ."
Ênclise Tenho-me levantado cedo.
Na linguagem culta, a colocação que pode ser considerada normal é a Não me tenho levantado cedo.
ênclise: o pronome depois do verbo, funcionando como seu complemento
direto ou indireto. O uso do pronome átono solto entre o auxiliar e o infinitivo, ou entre o
O pai esperava-o na estação agitada. auxiliar e o gerúndio, já está generalizado, mesmo na linguagem culta.
Expliquei-lhe o motivo das férias. Outro aspecto evidente, sobretudo na linguagem coloquial e popular, é o
da colocação do pronome no início da oração, o que se deve evitar na
Ainda na linguagem culta, em escritos formais e de estilo cuidadoso, a linguagem escrita.
ênclise é a colocação recomendada nos seguintes casos:
1. Quando o verbo iniciar a oração: PRONOMES POSSESSIVOS
Voltei-me em seguida para o céu límpido. Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribu-
2. Quando o verbo iniciar a oração principal precedida de pausa: indo-lhes a posse de alguma coisa.
Como eu achasse muito breve, explicou-se.
3. Com o imperativo afirmativo: Quando digo, por exemplo, “meu livro”, a palavra “meu” informa que o
Companheiros, escutai-me. livro pertence a 1ª pessoa (eu)
4. Com o infinitivo impessoal: Eis as formas dos pronomes possessivos:
A menina não entendera que engorda-las seria apressar-lhes um 1ª pessoa singular: MEU, MINHA, MEUS, MINHAS.
destino na mesa. 2ª pessoa singular: TEU, TUA, TEUS, TUAS.
5. Com o gerúndio, não precedido da preposição EM: 3ª pessoa singular: SEU, SUA, SEUS, SUAS.
E saltou, chamando-me pelo nome, conversou comigo. 1ª pessoa plural: NOSSO, NOSSA, NOSSOS, NOSSAS.
6. Com o verbo que inicia a coordenada assindética. 2ª pessoa plural: VOSSO, VOSSA, VOSSOS, VOSSAS.
A velha amiga trouxe um lenço, pediu-me uma pequena moeda de 3ª pessoa plural: SEU, SUA, SEUS, SUAS.
meio franco.
Os possessivos SEU(S), SUA(S) tanto podem referir-se à 3ª pessoa
Próclise (seu pai = o pai dele), como à 2ª pessoa do discurso (seu pai = o pai de
Na linguagem culta, a próclise é recomendada: você).

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 52 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Por isso, toda vez que os ditos possessivos derem margem a ambigui- Nesta semana não choveu.
dade, devem ser substituídos pelas expressões dele(s), dela(s). Neste mês a inflação foi maior.
Ex.:Você bem sabe que eu não sigo a opinião dele. Este ano será bom para nós.
A opinião dela era que Camilo devia tornar à casa deles. Este século terminará breve.
Eles batizaram com o nome delas as águas deste rio. f) Para indicar aquilo de que estamos tratando:
Este assunto já foi discutido ontem.
Os possessivos devem ser usados com critério. Substituí-los pelos Tudo isto que estou dizendo já é velho.
pronomes oblíquos comunica á frase desenvoltura e elegância. g) Para indicar aquilo que vamos mencionar:
Crispim Soares beijou-lhes as mãos agradecido (em vez de: beijou as Só posso lhe dizer isto: nada somos.
suas mãos). Os tipos de artigo são estes: definidos e indefinidos.
Não me respeitava a adolescência. 2. ESSE (e variações) e ISSO usam-se:
A repulsa estampava-se-lhe nos músculos da face. a) Para indicar o que está próximo ou junto da 2ª pessoa (aquela com
O vento vindo do mar acariciava-lhe os cabelos. quem se fala):
Esse documento que tens na mão é teu?
Além da ideia de posse, podem ainda os pronomes exprimir: Isso que carregas pesa 5 kg.
1. Cálculo aproximado, estimativa: b) Para indicar o que está na 2ª pessoa ou que a abrange fisicamente:
Ele poderá ter seus quarenta e cinco anos Esse teu coração me traiu.
2. Familiaridade ou ironia, aludindo-se á personagem de uma história Essa alma traz inúmeros pecados.
O nosso homem não se deu por vencido. Quantos vivem nesse pais?
Chama-se Falcão o meu homem c) Para indicar o que se encontra distante de nós, ou aquilo de que
3. O mesmo que os indefinidos certo, algum desejamos distância:
Eu cá tenho minhas dúvidas O povo já não confia nesses políticos.
Cornélio teve suas horas amargas Não quero mais pensar nisso.
4. Afetividade, cortesia d) Para indicar aquilo que já foi mencionado pela 2ª pessoa:
Como vai, meu menino? Nessa tua pergunta muita matreirice se esconde.
Não os culpo, minha boa senhora, não os culpo O que você quer dizer com isso?
e) Para indicar tempo passado, não muito próximo do momento em que
No plural usam-se os possessivos substantivados no sentido de paren- falamos:
tes de família. Um dia desses estive em Porto Alegre.
É assim que um moço deve zelar o nome dos seus? Comi naquele restaurante dia desses.
Podem os possessivos ser modificados por um advérbio de intensida- f) Para indicar aquilo que já mencionamos:
de. Fugir aos problemas? Isso não é do meu feitio.
Levaria a mão ao colar de pérolas, com aquele gesto tão seu, quando Ainda hei de conseguir o que desejo, e esse dia não está muito distan-
não sabia o que dizer. te.
3. AQUELE (e variações) e AQUILO usam-se:
PRONOMES DEMONSTRATIVOS a) Para indicar o que está longe das duas primeiras pessoas e refere-se
á 3ª.
São aqueles que determinam, no tempo ou no espaço, a posição da
Aquele documento que lá está é teu?
coisa designada em relação à pessoa gramatical.
Aquilo que eles carregam pesa 5 kg.
b) Para indicar tempo passado mais ou menos distante.
Quando digo “este livro”, estou afirmando que o livro se encontra perto
Naquele instante estava preocupado.
de mim a pessoa que fala. Por outro lado, “esse livro” indica que o livro
Daquele instante em diante modifiquei-me.
está longe da pessoa que fala e próximo da que ouve; “aquele livro” indica
Usamos, ainda, aquela semana, aquele mês, aquele ano, aquele
que o livro está longe de ambas as pessoas.
século, para exprimir que o tempo já decorreu.
4. Quando se faz referência a duas pessoas ou coisas já mencionadas,
Os pronomes demonstrativos são estes: usa-se este (ou variações) para a última pessoa ou coisa e aquele (ou
ESTE (e variações), isto = 1ª pessoa variações) para a primeira:
ESSE (e variações), isso = 2ª pessoa Ao conversar com lsabel e Luís, notei que este se encontrava nervoso
AQUELE (e variações), próprio (e variações) e aquela tranquila.
MESMO (e variações), próprio (e variações) 5. Os pronomes demonstrativos, quando regidos pela preposição DE,
SEMELHANTE (e variação), tal (e variação) pospostos a substantivos, usam-se apenas no plural:
Você teria coragem de proferir um palavrão desses, Rose?
Emprego dos Demonstrativos Com um frio destes não se pode sair de casa.
1. ESTE (e variações) e ISTO usam-se: Nunca vi uma coisa daquelas.
a) Para indicar o que está próximo ou junto da 1ª pessoa (aquela que 6. MESMO e PRÓPRIO variam em gênero e número quando têm caráter
fala). reforçativo:
Este documento que tenho nas mãos não é meu. Zilma mesma (ou própria) costura seus vestidos.
Isto que carregamos pesa 5 kg. Luís e Luísa mesmos (ou próprios) arrumam suas camas.
b) Para indicar o que está em nós ou o que nos abrange fisicamente: 7. O (e variações) é pronome demonstrativo quando equivale a AQUILO,
Este coração não pode me trair. ISSO ou AQUELE (e variações).
Esta alma não traz pecados. Nem tudo (aquilo) que reluz é ouro.
Tudo se fez por este país.. O (aquele) que tem muitos vícios tem muitos mestres.
c) Para indicar o momento em que falamos: Das meninas, Jeni a (aquela) que mais sobressaiu nos exames.
Neste instante estou tranquilo. A sorte é mulher e bem o (isso) demonstra de fato, ela não ama os
Deste minuto em diante vou modificar-me. homens superiores.
d) Para indicar tempo vindouro ou mesmo passado, mas próximo do 8. NISTO, em início de frase, significa ENTÃO, no mesmo instante:
momento em que falamos: A menina ia cair, nisto, o pai a segurou
Esta noite (= a noite vindoura) vou a um baile. 9. Tal é pronome demonstrativo quando tomado na acepção DE ESTE,
Esta noite (= a noite que passou) não dormi bem. ISTO, ESSE, ISSO, AQUELE, AQUILO.
Um dia destes estive em Porto Alegre. Tal era a situação do país.
e) Para indicar que o período de tempo é mais ou menos extenso e no Não disse tal.
qual se inclui o momento em que falamos: Tal não pôde comparecer.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 53 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Pronome adjetivo quando acompanha substantivo ou pronome (atitu- PRONOMES INTERROGATIVOS
des tais merecem cadeia, esses tais merecem cadeia), quando acompanha Aparecem em frases interrogativas. Como os indefinidos, referem-se
QUE, formando a expressão que tal? (? que lhe parece?) em frases como de modo impreciso à 3ª pessoa do discurso.
Que tal minha filha? Que tais minhas filhas? e quando correlativo DE QUAL Exemplos:
ou OUTRO TAL: Que há?
Suas manias eram tais quais as minhas. Que dia é hoje?
A mãe era tal quais as filhas. Reagir contra quê?
Os filhos são tais qual o pai. Por que motivo não veio?
Tal pai, tal filho. Quem foi?
É pronome substantivo em frases como: Qual será?
Não encontrarei tal (= tal coisa). Quantos vêm?
Não creio em tal (= tal coisa) Quantas irmãs tens?

PRONOMES RELATIVOS
Veja este exemplo:
VERBO
Armando comprou a casa QUE lhe convinha.
A palavra que representa o nome casa, relacionando-se com o termo CONCEITO
casa é um pronome relativo. “As palavras em destaque no texto abaixo exprimem ações, situando-
PRONOMES RELATIVOS são palavras que representam nomes já re- as no tempo.
feridos, com os quais estão relacionados. Daí denominarem-se relativos. Queixei-me de baratas. Uma senhora ouviu-me a queixa. Deu-me a
A palavra que o pronome relativo representa chama-se antecedente. receita de como matá-las. Que misturasse em partes iguais açúcar, farinha
No exemplo dado, o antecedente é casa. e gesso. A farinha e o açúcar as atrairiam, o gesso esturricaria dentro elas.
Outros exemplos de pronomes relativos: Assim fiz. Morreram.”
Sejamos gratos a Deus, a quem tudo devemos. (Clarice Lispector)
O lugar onde paramos era deserto.
Traga tudo quanto lhe pertence. Essas palavras são verbos. O verbo também pode exprimir:
Leve tantos ingressos quantos quiser. a) Estado:
Posso saber o motivo por que (ou pelo qual) desistiu do concurso? Não sou alegre nem sou triste.
Sou poeta.
Eis o quadro dos pronomes relativos: b) Mudança de estado:
VARIÁVEIS INVARIÁVEIS Meu avô foi buscar ouro.
Masculino Feminino Mas o ouro virou terra.
o qual a qual quem c) Fenômeno:
os quais as quais Chove. O céu dorme.
cujo cujos cuja cujas que
quanto quanta quantas onde VERBO é a palavra variável que exprime ação, estado, mudança de
quantos estado e fenômeno, situando-se no tempo.

Observações: FLEXÕES
1. O pronome relativo QUEM só se aplica a pessoas, tem antecedente, O verbo é a classe de palavras que apresenta o maior número de fle-
vem sempre antecedido de preposição, e equivale a O QUAL. xões na língua portuguesa. Graças a isso, uma forma verbal pode trazer
O médico de quem falo é meu conterrâneo. em si diversas informações. A forma CANTÁVAMOS, por exemplo, indica:
2. Os pronomes CUJO, CUJA significam do qual, da qual, e precedem • a ação de cantar.
sempre um substantivo sem artigo. • a pessoa gramatical que pratica essa ação (nós).
Qual será o animal cujo nome a autora não quis revelar? • o número gramatical (plural).
3. QUANTO(s) e QUANTA(s) são pronomes relativos quando precedidos • o tempo em que tal ação ocorreu (pretérito).
de um dos pronomes indefinidos tudo, tanto(s), tanta(s), todos, todas. • o modo como é encarada a ação: um fato realmente acontecido no
Tenho tudo quanto quero. passado (indicativo).
Leve tantos quantos precisar. • que o sujeito pratica a ação (voz ativa).
Nenhum ovo, de todos quantos levei, se quebrou.
4. ONDE, como pronome relativo, tem sempre antecedente e equivale a Portanto, o verbo flexiona-se em número, pessoa, modo, tempo e voz.
EM QUE. 1. NÚMERO: o verbo admite singular e plural:
A casa onde (= em que) moro foi de meu avô. O menino olhou para o animal com olhos alegres. (singular).
Os meninos olharam para o animal com olhos alegres. (plural).
2. PESSOA: servem de sujeito ao verbo as três pessoas gramaticais:
PRONOMES INDEFINIDOS 1ª pessoa: aquela que fala. Pode ser
Estes pronomes se referem à 3ª pessoa do discurso, designando-a de a) do singular - corresponde ao pronome pessoal EU. Ex.: Eu adormeço.
modo vago, impreciso, indeterminado. b) do plural - corresponde ao pronome pessoal NÓS. Ex.: Nós adorme-
1. São pronomes indefinidos substantivos: ALGO, ALGUÉM, FULANO, cemos.
SICRANO, BELTRANO, NADA, NINGUÉM, OUTREM, QUEM, TUDO 2ª pessoa: aquela que ouve. Pode ser
Exemplos: a) do singular - corresponde ao pronome pessoal TU. Ex.:Tu adormeces.
Algo o incomoda? b) do plural - corresponde ao pronome pessoal VÓS. Ex.:Vós adorme-
Acreditam em tudo o que fulano diz ou sicrano escreve. ceis.
Não faças a outrem o que não queres que te façam. 3ª pessoa: aquela de quem se fala. Pode ser
Quem avisa amigo é. a) do singular - corresponde aos pronomes pessoais ELE, ELA. Ex.: Ela
Encontrei quem me pode ajudar. adormece.
Ele gosta de quem o elogia. b) do plural - corresponde aos pronomes pessoas ELES, ELAS. Ex.: Eles
2. São pronomes indefinidos adjetivos: CADA, CERTO, CERTOS, CER- adormecem.
TA CERTAS. 3. MODO: é a propriedade que tem o verbo de indicar a atitude do falante
Cada povo tem seus costumes. em relação ao fato que comunica. Há três modos em português.
Certas pessoas exercem várias profissões. a) indicativo: a atitude do falante é de certeza diante do fato.
Certo dia apareceu em casa um repórter famoso. A cachorra Baleia corria na frente.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 54 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
b) subjuntivo: a atitude do falante é de dúvida diante do fato. QUANTO À EXISTÊNCIA OU NÃO DO SUJEITO
Talvez a cachorra Baleia corra na frente . 1. Pessoais: são aqueles que se referem a qualquer sujeito implícito ou
c) imperativo: o fato é enunciado como uma ordem, um conselho, um explícito. Quase todos os verbos são pessoais.
pedido O Nino apareceu na porta.
Corra na frente, Baleia. 2. Impessoais: são aqueles que não se referem a qualquer sujeito implíci-
4. TEMPO: é a propriedade que tem o verbo de localizar o fato no tempo, to ou explícito. São utilizados sempre na 3ª pessoa. São impessoais:
em relação ao momento em que se fala. Os três tempos básicos são: a) verbos que indicam fenômenos meteorológicos: chover, nevar, ventar,
a) presente: a ação ocorre no momento em que se fala: etc.
Fecho os olhos, agito a cabeça. Garoava na madrugada roxa.
b) pretérito (passado): a ação transcorreu num momento anterior àquele b) HAVER, no sentido de existir, ocorrer, acontecer:
em que se fala: Houve um espetáculo ontem.
Fechei os olhos, agitei a cabeça. Há alunos na sala.
c) futuro: a ação poderá ocorrer após o momento em que se fala: Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Anica com seus olhos
Fecharei os olhos, agitarei a cabeça. claros.
O pretérito e o futuro admitem subdivisões, o que não ocorre com o c) FAZER, indicando tempo decorrido ou fenômeno meteorológico.
presente. Fazia dois anos que eu estava casado.
Faz muito frio nesta região?
Veja o esquema dos tempos simples em português:
Presente (falo)
INDICATIVO Pretérito perfeito ( falei)
O VERBO HAVER (empregado impessoalmente)
O verbo haver é impessoal - sendo, portanto, usado invariavelmente
Imperfeito (falava)
na 3ª pessoa do singular - quando significa:
Mais- que-perfeito (falara)
1) EXISTIR
Futuro do presente (falarei)
Há pessoas que nos querem bem.
do pretérito (falaria)
Criaturas infalíveis nunca houve nem haverá.
Presente (fale)
Brigavam à toa, sem que houvesse motivos sérios.
Livros, havia-os de sobra; o que faltava eram leitores.
SUBJUNTIVO Pretérito imperfeito (falasse)
2) ACONTECER, SUCEDER
Futuro (falar)
Houve casos difíceis na minha profissão de médico.
Não haja desavenças entre vós.
Há ainda três formas que não exprimem exatamente o tempo em que
Naquele presídio havia frequentes rebeliões de presos.
se dá o fato expresso. São as formas nominais, que completam o esquema
3) DECORRER, FAZER, com referência ao tempo passado:
dos tempos simples.
Há meses que não o vejo.
Infinitivo impessoal (falar)
Haverá nove dias que ele nos visitou.
Pessoal (falar eu, falares tu, etc.)
Havia já duas semanas que Marcos não trabalhava.
FORMAS NOMINAIS Gerúndio (falando)
O fato aconteceu há cerca de oito meses.
Particípio (falado)
Quando pode ser substituído por FAZIA, o verbo HAVER concorda no
5. VOZ: o sujeito do verbo pode ser:
pretérito imperfeito, e não no presente:
a) agente do fato expresso.
Havia (e não HÁ) meses que a escola estava fechada.
O carroceiro disse um palavrão.
Morávamos ali havia (e não HÁ) dois anos.
(sujeito agente)
Ela conseguira emprego havia (e não HÁ) pouco tempo.
O verbo está na voz ativa.
Havia (e não HÁ) muito tempo que a policia o procurava.
b) paciente do fato expresso:
4) REALIZAR-SE
Um palavrão foi dito pelo carroceiro.
Houve festas e jogos.
(sujeito paciente)
Se não chovesse, teria havido outros espetáculos.
O verbo está na voz passiva.
Todas as noites havia ensaios das escolas de samba.
c) agente e paciente do fato expresso:
5) Ser possível, existir possibilidade ou motivo (em frases negativas e
O carroceiro machucou-se.
seguido de infinitivo):
(sujeito agente e paciente)
Em pontos de ciência não há transigir.
O verbo está na voz reflexiva.
Não há contê-lo, então, no ímpeto.
6. FORMAS RIZOTÔNICAS E ARRIZOTÔNICAS: dá-se o nome de
Não havia descrer na sinceridade de ambos.
rizotônica à forma verbal cujo acento tônico está no radical.
Mas olha, Tomásia, que não há fiar nestas afeiçõezinhas.
Falo - Estudam.
E não houve convencê-lo do contrário.
Dá-se o nome de arrizotônica à forma verbal cujo acento tônico está
Não havia por que ficar ali a recriminar-se.
fora do radical.
Falamos - Estudarei. Como impessoal o verbo HAVER forma ainda a locução adverbial de
7. CLASSIFICACÃO DOS VERBOS: os verbos classificam-se em: há muito (= desde muito tempo, há muito tempo):
a) regulares - são aqueles que possuem as desinências normais de sua De há muito que esta árvore não dá frutos.
conjugação e cuja flexão não provoca alterações no radical: canto - De há muito não o vejo.
cantei - cantarei – cantava - cantasse.
b) irregulares - são aqueles cuja flexão provoca alterações no radical ou O verbo HAVER transmite a sua impessoalidade aos verbos que com
nas desinências: faço - fiz - farei - fizesse. ele formam locução, os quais, por isso, permanecem invariáveis na 3ª
c) defectivos - são aqueles que não apresentam conjugação completa, pessoa do singular:
como por exemplo, os verbos falir, abolir e os verbos que indicam fe- Vai haver eleições em outubro.
nômenos naturais, como CHOVER, TROVEJAR, etc. Começou a haver reclamações.
d) abundantes - são aqueles que possuem mais de uma forma com o Não pode haver umas sem as outras.
mesmo valor. Geralmente, essa característica ocorre no particípio: ma- Parecia haver mais curiosos do que interessados.
tado - morto - enxugado - enxuto. Mas haveria outros defeitos, devia haver outros.
e) anômalos - são aqueles que incluem mais de um radical em sua con-
A expressão correta é HAJA VISTA, e não HAJA VISTO. Pode ser
jugação.
construída de três modos:
verbo ser: sou - fui
Hajam vista os livros desse autor.
verbo ir: vou - ia
Haja vista os livros desse autor.
Haja vista aos livros desse autor.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 55 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
CONVERSÃO DA VOZ ATIVA NA PASSIVA Um fato presente: nesse caso, o futuro do pretérito indica polidez e às
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o vezes, ironia.
sentido da frase. - Daria para fazer silêncio?!
Exemplo:
Gutenberg inventou a imprensa. (voz ativa) Modo Subjuntivo
A imprensa foi inventada por Gutenberg. (voz passiva) a) Presente
Emprega-se o presente do subjuntivo para mostrar:
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o sujeito da ati- - um fato presente, mas duvidoso, incerto.
va passará a agente da passiva e o verbo assumirá a forma passiva, Talvez eles estudem... não sei.
conservando o mesmo tempo. - um desejo, uma vontade:
Que eles estudem, este é o desejo dos pais e dos professores.
Outros exemplos: b) Pretérito Imperfeito
Os calores intensos provocam as chuvas. Emprega-se o pretérito imperfeito do subjuntivo para indicar uma
As chuvas são provocadas pelos calores intensos. hipótese, uma condição.
Eu o acompanharei. Se eu estudasse, a história seria outra.
Ele será acompanhado por mim. Nós combinamos que se chovesse não haveria jogo.
Todos te louvariam. e) Pretérito Perfeito
Serias louvado por todos. Emprega-se o pretérito perfeito composto do subjuntivo para apontar
Prejudicaram-me. um fato passado, mas incerto, hipotético, duvidoso (que são, afinal, as
Fui prejudicado. características do modo subjuntivo).
Condenar-te-iam. Que tenha estudado bastante é o que espero.
Serias condenado. d) Pretérito Mais-Que-Perfeito - Emprega-se o pretérito mais-que-perfeito
do subjuntivo para indicar um fato passado em relação a outro fato
EMPREGO DOS TEMPOS VERBAIS passado, sempre de acordo com as regras típicas do modo subjuntivo:
a) Presente Se não tivéssemos saído da sala, teríamos terminado a prova tranqui-
Emprega-se o presente do indicativo para assinalar: lamente.
- um fato que ocorre no momento em que se fala. e) Futuro
Eles estudam silenciosamente. Emprega-se o futuro do subjuntivo para indicar um fato futuro já con-
Eles estão estudando silenciosamente. cluído em relação a outro fato futuro.
- uma ação habitual. Quando eu voltar, saberei o que fazer.
Corra todas as manhãs.
- uma verdade universal (ou tida como tal): VERBOS AUXILIARES
O homem é mortal. INDICATIVO
A mulher ama ou odeia, não há outra alternativa. SER ESTAR TER HAVER
- fatos já passados. Usa-se o presente em lugar do pretérito para dar PRESENTE
maior realce à narrativa. sou estou tenho hei
Em 1748, Montesquieu publica a obra "O Espírito das Leis". és estás tens hás
É o chamado presente histórico ou narrativo. é está tem há
- fatos futuros não muito distantes, ou mesmo incertos: somos estamos temos havemos
Amanhã vou à escola. sois estais tendes haveis
Qualquer dia eu te telefono. são estão têm hão
b) Pretérito Imperfeito PRETÉRITO PERFEITO
Emprega-se o pretérito imperfeito do indicativo para designar: era estava tinha havia
- um fato passado contínuo, habitual, permanente: eras estavas tinhas havias
Ele andava à toa. era estava tinha havia
Nós vendíamos sempre fiado. éramos estávamos tínhamos havíamos
éreis estáveis tínheis havíes
- um fato passado, mas de incerta localização no tempo. É o que ocorre
eram estavam tinham haviam
por exemplo, no inicio das fábulas, lendas, histórias infantis.
PRETÉRITO PERFEITO SIMPLES
Era uma vez... fui estive tive houve
- um fato presente em relação a outro fato passado. foste estiveste tiveste houveste
Eu lia quando ele chegou. foi esteve teve houve
c) Pretérito Perfeito fomos estivemos tivemos houvemos
Emprega-se o pretérito perfeito do indicativo para referir um fato já fostes estivestes tivestes houvestes
ocorrido, concluído. foram estiveram tiveram houveram
Estudei a noite inteira. PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO
Usa-se a forma composta para indicar uma ação que se prolonga até o tenho sido tenho estado tenho tido tenho havido
momento presente. tens sido tens estado tens tido tens havido
Tenho estudado todas as noites. tem sido tem estado tem tido tem havido
d) Pretérito mais-que-perfeito temos sido temos estado temos tido temos havido
Chama-se mais-que-perfeito porque indica uma ação passada em tendes sido tendes estado tendes tido tendes havido
relação a outro fato passado (ou seja, é o passado do passado): têm sido têm estado têm tido têm havido
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO SIMPLES
A bola já ultrapassara a linha quando o jogador a alcançou.
fora estivera tivera houvera
e) Futuro do Presente
foras estiveras tiveras houveras
Emprega-se o futuro do presente do indicativo para apontar um fato fora estivera tivera houvera
futuro em relação ao momento em que se fala. fôramos estivéramos tivéramos houvéramos
Irei à escola. fôreis estivéreis tivéreis houvéreis
f) Futuro do Pretérito foram estiveram tiveram houveram
Emprega-se o futuro do pretérito do indicativo para assinalar: PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO
- um fato futuro, em relação a outro fato passado. tinha, tinhas, tinha, tínhamos, tínheis, tinham (+sido, estado, tido , havido)
- Eu jogaria se não tivesse chovido. FUTURO DO PRESENTE SIMPLES
- um fato futuro, mas duvidoso, incerto. serei estarei terei haverei
- Seria realmente agradável ter de sair? serás estarás terás haverá

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 56 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
será estará terá haverá PARTICÍPIO
seremos estaremos teremos haveremos sido estado tido havido
sereis estareis tereis havereis
serão estarão terão haverão CONJUGAÇÕES VERBAIS
FUTURO DO PRESENTE COMPOSTO INDICATIVO
terei, terás, terá, teremos, tereis, terão, (+sido, estado, tido, havido) PRESENTE
FUTURO DO canto vendo parto
PRETÉRITO cantas vendes partes
SIMPLES canta vende parte
seria estaria teria haveria cantamos vendemos partimos
serias estarias terias haverias cantais vendeis partis
seria estaria teria haveria cantam vendem partem
seríamos estaríamos teríamos haveríamos PRETÉRITO IMPERFEITO
serieis estaríeis teríeis haveríeis cantava vendia partia
seriam estariam teriam haveriam cantavas vendias partias
FUTURO DO PRETÉRITO COMPOSTO cantava vendia partia
teria, terias, teria, teríamos, teríeis, teriam (+ sido, estado, tido, havido) cantávamos vendíamos partíamos
PRESENTE SUBJUNTIVO cantáveis vendíeis partíeis
seja esteja tenha haja cantavam vendiam partiam
sejas estejas tenhas hajas PRETÉRITO PERFEITO SIMPLES
seja esteja tenha haja cantei vendi parti
sejamos estejamos tenhamos hajamos cantaste vendeste partiste
sejais estejais tenhais hajais cantou vendeu partiu
sejam estejam tenham hajam cantamos vendemos partimos
PRETÉRITO IMPERFEITO SIMPLES cantastes vendestes partistes
fosse estivesse tivesse houvesse cantaram venderam partiram
fosses estivesses tivesses houvesses PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO
fosse estivesse tivesse houvesse tenho, tens, tem, temos, tendes, têm (+ cantado, vendido, partido)
fôssemos estivéssemos tivéssemos houvéssemos PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO SIMPLES
fôsseis estivésseis tivésseis houvésseis cantara vendera partira
fossem estivessem tivessem houvessem cantaras venderas partiras
PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO cantara vendera partira
tenha, tenhas, tenha, tenhamos, tenhais, tenham (+ sido, estado, tido, havido) cantáramos vendêramos partíramos
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO cantáreis vendêreis partíreis
tivesse, tivesses, tivesses, tivéssemos, tivésseis, tivessem ( + sido, estado, cantaram venderam partiram
tido, havido) PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO
FUTURO SIMPLES tinha, tinhas, tinha, tínhamos, tínheis, tinham (+ cantando, vendido, partido)
se eu for se eu estiver se eu tiver se eu houver Obs.: Também se conjugam com o auxiliar haver.
se tu fores se tu estiveres se tu tiveres se tu houveres FUTURO DO PRESENTE SIMPLES
se ele for se ele estiver se ele tiver se ele houver cantarei venderei partirei
se nós formos se nós estiver- se nós tivermos se nós houver- cantarás venderás partirás
mos mos cantará venderá partirá
se vós fordes se vós estiver- se vós tiverdes se vós houver- cantaremos venderemos partiremos
des des
cantareis vendereis partireis
se eles forem se eles estive- se eles tiverem se eles houve-
cantarão venderão partirão
rem rem
FUTURO DO PRESENTE COMPOSTO
FUTURO COMPOSTO
terei, terás, terá, teremos, tereis, terão (+ cantado, vendido, partido)
tiver, tiveres, tiver, tivermos, tiverdes, tiverem (+sido, estado, tido, havido)
Obs.: Também se conjugam com o auxiliar haver.
AFIRMATIVO IMPERATIVO
FUTURO DO PRETÉRITO SIMPLES
sê tu está tu tem tu há tu
cantaria venderia partiria
seja você esteja você tenha você haja você
cantarias venderias partirias
sejamos nós estejamos nós tenhamos nós hajamos nós
cantaria venderia partiria
sede vós estai vós tende vós havei vós
cantaríamos venderíamos partiríamos
sejam vocês estejam vocês tenham vocês hajam vocês
cantaríeis venderíeis partiríeis
NEGATIVO
cantariam venderiam partiriam
não sejas tu não estejas tu não tenhas tu não hajas tu
FUTURO DO PRETÉRITO COMPOSTO
não seja você não esteja você não tenha você não haja você
teria, terias, teria, teríamos, teríeis, teriam (+ cantado, vendido, partido)
não sejamos nós não estejamos não tenhamos não hajamos
FUTURO DO PRETÉRITO COMPOSTO
nós nós nós
teria, terias, teria, teríamos, teríeis, teriam, (+ cantado, vendido, partido)
não sejais vós não estejais vós não tenhais vós não hajais vós
Obs.: também se conjugam com o auxiliar haver.
não sejam vocês não estejam não tenham não hajam vocês
PRESENTE SUBJUNTIVO
vocês vocês
cante venda parta
IMPESSOAL INFINITIVO
cantes vendas partas
ser estar ter haver
cante venda parta
IMPESSOAL COMPOSTO
cantemos vendamos partamos
Ter sido ter estado ter tido ter havido
canteis vendais partais
PESSOAL
cantem vendam partam
ser estar ter haver
PRETÉRITO IMPERFEITO
seres estares teres haveres
cantasse vendesse partisse
ser estar ter haver
cantasses vendesses partisses
sermos estarmos termos havermos
cantasse vendesse partisse
serdes estardes terdes haverdes
cantássemos vendêssemos partíssemos
serem estarem terem haverem
cantásseis vendêsseis partísseis
SIMPLES GERÚNDIO
cantassem vendessem partissem
sendo estando tendo havendo
PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO
COMPOSTO
tenha, tenhas, tenha, tenhamos, tenhais, tenham (+ cantado, vendido, parti-
tendo sido tendo estado tendo tido tendo havido
do)Obs.: também se conjugam com o auxiliar haver.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 57 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
FUTURO SIMPLES verbo principal:
cantar vender partir
cantares venderes partires terei cantado terei vendido terei partido
cantar vender partir terás cantado terás vendido terás, partido
cantarmos vendermos partimos terá cantado terá vendido terá partido
cantardes venderdes partirdes teremos cantado teremos vendido teremos partido
cantarem venderem partirem tereis cantado tereis vendido tereis , partido
FUTURO COMPOSTO terão cantado terão vendido terão partido
tiver, tiveres, tiver, tivermos, tiverdes, tiverem (+ cantado, vendido, partido)
4) FUTURO DO PRETÉRITO COMPOSTO. Formado do FUTURO DO
AFIRMATIVO IMPERATIVO
PRETÉRITO SIMPLES do verbo ter (ou haver) com o PARTICÍPIO do
canta vende parte
verbo principal:
cante venda parta
cantemos vendamos partamos teria cantado teria vendido teria partido
cantai vendei parti terias cantado terias vendido terias partido
cantem vendam partam teria cantado teria vendido teria partido
NEGATIVO teríamos cantado teríamos vendido teríamos partido
não cantes não vendas não partas teríeis cantado teríeis vendido teríeis partido
não cante não venda não parta teriam cantado teriam vendido teriam partido
não cantemos não vendamos não partamos
não canteis não vendais não partais MODO SUBJUNTIVO
não cantem não vendam não partam 1) PRETÉRITO PERFEITO. Formado do PRESENTE DO SUBJUNTIVO
do verbo ter (ou haver) com o PARTICÍPIO do verbo principal:
INFINITIVO IMPESSOAL SIMPLES tenha cantado tenha vendido tenha
PRESENTE tenhas cantado tenhas vendido tenhas partido
cantar vender partir tenha cantado tenha vendido tenha partido
INFINITIVO PESSOAL SIMPLES - PRESENTE FLEXIONADO tenhamos cantado tenhamos vendido tenhamos partido
cantar vender partir tenhais cantado tenhais vendido tenhais partido
cantares venderes partires tenham cantado vendido tenham partido
cantar vender partir
cantarmos vendermos partirmos 2) PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO. Formado do IMPERFEITO DO
cantardes venderdes partirdes SUBJUNTIVO do verbo ter (ou haver) com o PARTICÍPIO do verbo
cantarem venderem partirem principal:
INFINITIVO IMPESSOAL COMPOSTO - PRETÉRITO IMPESSOAL
tivesse cantado tivesse vendido tivesse partido
ter (ou haver), cantado, vendido, partido tivesses cantado tivesses vendido tivesses partido
INFINITIVO PESSOAL COMPOSTO - PRETÉRITO PESSOAL tivesse cantado tivesse vendido tivesse partido
ter, teres, ter, termos, terdes, terem (+ cantado, vendido, partido) tivéssemos cantado tivéssemos vendido tivéssemos partido
GERÚNDIO SIMPLES - PRESENTE tivésseis cantado tivésseis vendido tivésseis partido
cantando vendendo partindo tivessem cantado tivessem vendido tivessem partido
GERÚNDIO COMPOSTO - PRETÉRITO
tendo (ou havendo), cantado, vendido, partido 3) FUTURO COMPOSTO. Formado do FUTURO SIMPLES DO SUBJUN-
PARTICÍPIO TIVO do verbo ter (ou haver) com o PARTICÍPIO do verbo principal:
cantado vendido partido
tiver cantado tiver vendido tiver partido
tiveres cantado tiveres vendido tiveres partido
Formação dos tempos compostos tiver cantado tiver vendido tiver partido
Com os verbos ter ou haver tivermos cantado tivermos vendido tivermos partido
tiverdes cantado tiverdes vendido tiverdes partido
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
tiverem cantado tiverem vendido tiverem partido
Entre os tempos compostos da voz ativa merecem realce particular
aqueles que são constituídos de formas do verbo ter (ou, mais raramente, FORMAS NOMINAIS
haver) com o particípio do verbo que se quer conjugar, porque é costume
incluí-los nos próprios paradigmas de conjugação: 1) INFINITIVO IMPESSOAL COMPOSTO (PRETÉRITO IMPESSOAL).
Formado do INFINITIVO IMPESSOAL do verbo ter (ou haver) com o
PARTICÍPIO do verbo principal:
MODO INDICATIVO
ter cantado ter vendido ter partido
1) PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO. Formado do PRESENTE DO
INDICATIVO do verbo ter com o PARTICÍPIO do verbo principal: 2) INFINITIVO PESSOAL COMPOSTO (OU PRETÉRITO PESSOAL).
Formado do INFINITIVO PESSOAL do verbo ter (ou haver) com o
tenho cantado tenho vendido tenho partido PARTICÍPIO do verbo principal:
tens cantado tens vendido tens partido
tem cantado tem vendido tem partido ter cantado ter vendido ter partido
temos cantado temos vendido temos partido teres cantado teres vendido teres partido
tendes cantado tendes vendido tendes partido ter cantado ter vendido ter partido
têm cantado têm vendido têm partido termos cantado termos vendido termos partido
terdes cantado terdes vendido terdes partido
2) PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO. Formado do IMPER- terem cantado terem vendido terem partido
FEITO DO INDICATIVO do verbo ter. (ou haver) com o PARTICÍPIO do
verbo principal: 3) GERÚNDIO COMPOSTO (PRETÉRITO). Formado do GERÚNDIO do
verbo ter (ou haver) com o PARTICÍPIO do verbo principal:
tinha cantado tinha vendido tinha partido
tinhas cantado tinhas vendido tinhas .partido tendo cantado tendo vendido tendo partido
tinha cantado tinha vendido tinha partido
tínhamos cantado tínhamos vendido tínhamos partido Fonte: Nova Gramática do Português Contemporâneo, Celso Cunha e
tínheis cantado tínheis vendido tínheis partido Lindley Cintra, Editora Nova Fronteira, 2ª edição, 29ª impressão.
tinham cantado tinham vendido tinham partido
VERBOS IRREGULARES
3) FUTURO DO PRESENTE COMPOSTO. Formado do FUTURO DO DAR
PRESENTE SIMPLES do verbo ter (ou haver) com o PARTICÍPIO do Presente do indicativo dou, dás, dá, damos, dais, dão
Pretérito perfeito dei, deste, deu, demos, destes, deram

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 58 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Pretérito mais-que-perfeito dera, deras, dera, déramos, déreis, deram CRER
Presente do subjuntivo dê, dês, dê, demos, deis, dêem Presente do indicativo creio, crês, crê, cremos, credes, crêem
Imperfeito do subjuntivo desse, desses, desse, déssemos, désseis, dessem Presente do subjuntivo creia, creias, creia, creiamos, creiais, creiam
Futuro do subjuntivo der, deres, der, dermos, derdes, derem Imperativo afirmativo crê, creia, creiamos, crede, creiam
Conjugam-se como crer, ler e descrer
MOBILIAR
Presente do indicativo mobilio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais, mobiliam DIZER
Presente do subjuntivo mobilie, mobilies, mobílie, mobiliemos, mobilieis, mobiliem Presente do indicativo digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, dizem
Imperativo mobília, mobilie, mobiliemos, mobiliai, mobiliem Pretérito perfeito disse, disseste, disse, dissemos, dissestes, disseram
Pretérito mais-que-perfeito dissera, disseras, dissera, disséramos, dissé-
AGUAR reis, disseram
Presente do indicativo águo, águas, água, aguamos, aguais, águam Futuro do presente direi, dirás, dirá, diremos, direis, dirão
Pretérito perfeito aguei, aguaste, aguou, aguamos, aguastes, aguaram Futuro do pretérito diria, dirias, diria, diríamos, diríeis, diriam
Presente do subjuntivo águe, agues, ague, aguemos, agueis, águem Presente do subjuntivo diga, digas, diga, digamos, digais, digam
Pretérito imperfeito dissesse, dissesses, dissesse, disséssemos, dissésseis,
MAGOAR dissesse
Presente do indicativo magoo, magoas, magoa, magoamos, magoais, magoam Futuro disser, disseres, disser, dissermos, disserdes, disserem
Pretérito perfeito magoei, magoaste, magoou, magoamos, magoastes, Particípio dito
magoaram Conjugam-se como dizer, bendizer, desdizer, predizer, maldizer
Presente do subjuntivo magoe, magoes, magoe, magoemos, magoeis, magoem
Conjugam-se como magoar, abençoar, abotoar, caçoar, voar e perdoar FAZER
Presente do indicativo faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem
APIEDAR-SE Pretérito perfeito fiz, fizeste, fez, fizemos fizestes, fizeram
Presente do indicativo: apiado-me, apiadas-te, apiada-se, apiedamo-nos, apiedais- Pretérito mais-que-perfeito fizera, fizeras, fizera, fizéramos, fizéreis, fizeram
vos, apiadam-se Futuro do presente farei, farás, fará, faremos, fareis, farão
Presente do subjuntivo apiade-me, apiades-te, apiade-se, apiedemo-nos, apiedei- Futuro do pretérito faria, farias, faria, faríamos, faríeis, fariam
vos, apiedem-se Imperativo afirmativo faze, faça, façamos, fazei, façam
Nas formas rizotônicas, o E do radical é substituído por A Presente do subjuntivo faça, faças, faça, façamos, façais, façam
Imperfeito do subjuntivo fizesse, fizesses, fizesse, fizéssemos, fizésseis,
MOSCAR fizessem
Presente do indicativo musco, muscas, musca, moscamos, moscais, muscam Futuro do subjuntivo fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem
Presente do subjuntivo musque, musques, musque, mosquemos, mosqueis, mus- Conjugam-se como fazer, desfazer, refazer satisfazer
quem
Nas formas rizotônicas, o O do radical é substituído por U PERDER
Presente do indicativo perco, perdes, perde, perdemos, perdeis, perdem
RESFOLEGAR Presente do subjuntivo perca, percas, perca, percamos, percais. percam
Presente do indicativo resfolgo, resfolgas, resfolga, resfolegamos, resfolegais, Imperativo afirmativo perde, perca, percamos, perdei, percam
resfolgam
Presente do subjuntivo resfolgue, resfolgues, resfolgue, resfoleguemos, resfolegueis, PODER
resfolguem Presente do Indicativo posso, podes, pode, podemos, podeis, podem
Nas formas rizotônicas, o E do radical desaparece Pretérito Imperfeito podia, podias, podia, podíamos, podíeis, podiam
Pretérito perfeito pude, pudeste, pôde, pudemos, pudestes, puderam
NOMEAR Pretérito mais-que-perfeito pudera, puderas, pudera, pudéramos, pudéreis,
Presente da indicativo nomeio, nomeias, nomeia, nomeamos, nomeais, nomeiam puderam
Pretérito imperfeito nomeava, nomeavas, nomeava, nomeávamos, nomeáveis, Presente do subjuntivo possa, possas, possa, possamos, possais, possam
nomeavam Pretérito imperfeito pudesse, pudesses, pudesse, pudéssemos, pudésseis,
Pretérito perfeito nomeei, nomeaste, nomeou, nomeamos, nomeastes, pudessem
nomearam Futuro puder, puderes, puder, pudermos, puderdes, puderem
Presente do subjuntivo nomeie, nomeies, nomeie, nomeemos, nomeeis, nomeiem Infinitivo pessoal pode, poderes, poder, podermos, poderdes, poderem
Imperativo afirmativo nomeia, nomeie, nomeemos, nomeai, nomeiem Gerúndio podendo
Conjugam-se como nomear, cear, hastear, peritear, recear, passear Particípio podido
O verbo PODER não se apresenta conjugado nem no imperativo afirmativo nem no
COPIAR imperativo negativo
Presente do indicativo copio, copias, copia, copiamos, copiais, copiam
Pretérito imperfeito copiei, copiaste, copiou, copiamos, copiastes, copiaram PROVER
Pretérito mais-que-perfeito copiara, copiaras, copiara, copiáramos, copiá- Presente do indicativo provejo, provês, provê, provemos, provedes, provêem
reis, copiaram Pretérito imperfeito provia, provias, provia, províamos, províeis, proviam
Presente do subjuntivo copie, copies, copie, copiemos, copieis, copiem Pretérito perfeito provi, proveste, proveu, provemos, provestes, proveram
Imperativo afirmativo copia, copie, copiemos, copiai, copiem Pretérito mais-que-perfeito provera, proveras, provera, provêramos, provê-
reis, proveram
ODIAR Futuro do presente proverei, proverás, proverá, proveremos, provereis, proverão
Presente do indicativo odeio, odeias, odeia, odiamos, odiais, odeiam Futuro do pretérito proveria, proverias, proveria, proveríamos, proveríeis,
Pretérito imperfeito odiava, odiavas, odiava, odiávamos, odiáveis, odiavam proveriam
Pretérito perfeito odiei, odiaste, odiou, odiamos, odiastes, odiaram Imperativo provê, proveja, provejamos, provede, provejam
Pretérito mais-que-perfeito odiara, odiaras, odiara, odiáramos, odiáreis, Presente do subjuntivo proveja, provejas, proveja, provejamos, provejais. provejam
odiaram Pretérito imperfeito provesse, provesses, provesse, provêssemos, provêsseis,
Presente do subjuntivo odeie, odeies, odeie, odiemos, odieis, odeiem provessem
Conjugam-se como odiar, mediar, remediar, incendiar, ansiar Futuro prover, proveres, prover, provermos, proverdes, proverem
Gerúndio provendo
CABER Particípio provido
Presente do indicativo caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, cabem
Pretérito perfeito coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes, couberam QUERER
Pretérito mais-que-perfeito coubera, couberas, coubera, coubéramos, Presente do indicativo quero, queres, quer, queremos, quereis, querem
coubéreis, couberam Pretérito perfeito quis, quiseste, quis, quisemos, quisestes, quiseram
Presente do subjuntivo caiba, caibas, caiba, caibamos, caibais, caibam Pretérito mais-que-perfeito quisera, quiseras, quisera, quiséramos, quisé-
Imperfeito do subjuntivo coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, coubésseis, reis, quiseram
coubessem Presente do subjuntivo queira, queiras, queira, queiramos, queirais, queiram
Futuro do subjuntivo couber, couberes, couber, coubermos, couberdes, coube- Pretérito imperfeito quisesse, quisesses, quisesse, quiséssemos quisésseis,
rem quisessem
O verbo CABER não se apresenta conjugado nem no imperativo afirmativo nem no Futuro quiser, quiseres, quiser, quisermos, quiserdes, quiserem
imperativo negativo

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 59 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
REQUERER Pretérito mais-que-perfeito abolira, aboliras, abolira, abolíramos, abolíreis,
Presente do indicativo requeiro, requeres, requer, requeremos, requereis. reque- aboliram
rem Futuro do presente abolirei, abolirás, abolirá, aboliremos, abolireis, abolirão
Pretérito perfeito requeri, requereste, requereu, requeremos, requereste, Futuro do pretérito aboliria, abolirias, aboliria, aboliríamos, aboliríeis, aboliriam
requereram Presente do subjuntivo não há
Pretérito mais-que-perfeito requerera, requereras, requerera, requerera- Presente imperfeito abolisse, abolisses, abolisse, abolíssemos, abolísseis,
mos, requerereis, requereram abolissem
Futuro do presente requererei, requererás requererá, requereremos, requere- Futuro abolir, abolires, abolir, abolirmos, abolirdes, abolirem
reis, requererão Imperativo afirmativo abole, aboli
Futuro do pretérito requereria, requererias, requereria, requereríamos, requere- Imperativo negativo não há
ríeis, requereriam Infinitivo pessoal abolir, abolires, abolir, abolirmos, abolirdes, abolirem
Imperativo requere, requeira, requeiramos, requerer, requeiram Infinitivo impessoal abolir
Presente do subjuntivo requeira, requeiras, requeira, requeiramos, requeirais, Gerúndio abolindo
requeiram Particípio abolido
Pretérito Imperfeito requeresse, requeresses, requeresse, requerêssemos, O verbo ABOLIR é conjugado só nas formas em que depois do L do radical há E ou
requerêsseis, requeressem, I.
Futuro requerer, requereres, requerer, requerermos, requererdes,
requerem AGREDIR
Gerúndio requerendo Presente do indicativo agrido, agrides, agride, agredimos, agredis, agridem
Particípio requerido Presente do subjuntivo agrida, agridas, agrida, agridamos, agridais, agridam
O verbo REQUERER não se conjuga como querer. Imperativo agride, agrida, agridamos, agredi, agridam
Nas formas rizotônicas, o verbo AGREDIR apresenta o E do radical substituído por I.
REAVER
Presente do indicativo reavemos, reaveis COBRIR
Pretérito perfeito reouve, reouveste, reouve, reouvemos, reouvestes, reouve- Presente do indicativo cubro, cobres, cobre, cobrimos, cobris, cobrem
ram Presente do subjuntivo cubra, cubras, cubra, cubramos, cubrais, cubram
Pretérito mais-que-perfeito reouvera, reouveras, reouvera, reouvéramos, reouvéreis, Imperativo cobre, cubra, cubramos, cobri, cubram
reouveram Particípio coberto
Pretérito imperf. do subjuntivo reouvesse, reouvesses, reouvesse, reouvéssemos, reou- Conjugam-se como COBRIR, dormir, tossir, descobrir, engolir
vésseis, reouvessem
Futuro reouver, reouveres, reouver, reouvermos, reouverdes, FALIR
reouverem Presente do indicativo falimos, falis
O verbo REAVER conjuga-se como haver, mas só nas formas em que esse apre- Pretérito imperfeito falia, falias, falia, falíamos, falíeis, faliam
senta a letra v Pretérito mais-que-perfeito falira, faliras, falira, falíramos, falireis, faliram
Pretérito perfeito fali, faliste, faliu, falimos, falistes, faliram
SABER
Futuro do presente falirei, falirás, falirá, faliremos, falireis, falirão
Presente do indicativo sei, sabes, sabe, sabemos, sabeis, sabem
Futuro do pretérito faliria, falirias, faliria, faliríamos, faliríeis, faliriam
Pretérito perfeito soube, soubeste, soube, soubemos, soubestes, souberam
Presente do subjuntivo não há
Pretérito mais-que-perfeito soubera, souberas, soubera, soubéramos,
Pretérito imperfeito falisse, falisses, falisse, falíssemos, falísseis, falissem
soubéreis, souberam
Futuro falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem
Pretérito imperfeito sabia, sabias, sabia, sabíamos, sabíeis, sabiam
Imperativo afirmativo fali (vós)
Presente do subjuntivo soubesse, soubesses, soubesse, soubéssemos, soubésseis,
Imperativo negativo não há
soubessem
Infinitivo pessoal falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem
Futuro souber, souberes, souber, soubermos, souberdes, soube-
Gerúndio falindo
rem
Particípio falido
VALER
Presente do indicativo valho, vales, vale, valemos, valeis, valem FERIR
Presente do subjuntivo valha, valhas, valha, valhamos, valhais, valham Presente do indicativo firo, feres, fere, ferimos, feris, ferem
Imperativo afirmativo vale, valha, valhamos, valei, valham Presente do subjuntivo fira, firas, fira, firamos, firais, firam
Conjugam-se como FERIR: competir, vestir, inserir e seus derivados.
TRAZER
Presente do indicativo trago, trazes, traz, trazemos, trazeis, trazem MENTIR
Pretérito imperfeito trazia, trazias, trazia, trazíamos, trazíeis, traziam Presente do indicativo minto, mentes, mente, mentimos, mentis, mentem
Pretérito perfeito trouxe, trouxeste, trouxe, trouxemos, trouxestes, trouxeram Presente do subjuntivo minta, mintas, minta, mintamos, mintais, mintam
Pretérito mais-que-perfeito trouxera, trouxeras, trouxera, trouxéramos, Imperativo mente, minta, mintamos, menti, mintam
trouxéreis, trouxeram Conjugam-se como MENTIR: sentir, cerzir, competir, consentir, pressentir.
Futuro do presente trarei, trarás, trará, traremos, trareis, trarão
Futuro do pretérito traria, trarias, traria, traríamos, traríeis, trariam FUGIR
Imperativo traze, traga, tragamos, trazei, tragam Presente do indicativo fujo, foges, foge, fugimos, fugis, fogem
Presente do subjuntivo traga, tragas, traga, tragamos, tragais, tragam Imperativo foge, fuja, fujamos, fugi, fujam
Pretérito imperfeito trouxesse, trouxesses, trouxesse, trouxéssemos, trouxés- Presente do subjuntivo fuja, fujas, fuja, fujamos, fujais, fujam
seis, trouxessem
Futuro trouxer, trouxeres, trouxer, trouxermos, trouxerdes, trouxe- IR
rem Presente do indicativo vou, vais, vai, vamos, ides, vão
Infinitivo pessoal trazer, trazeres, trazer, trazermos, trazerdes, trazerem Pretérito imperfeito ia, ias, ia, íamos, íeis, iam
Gerúndio trazendo Pretérito perfeito fui, foste, foi, fomos, fostes, foram
Particípio trazido Pretérito mais-que-perfeito fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram
Futuro do presente irei, irás, irá, iremos, ireis, irão
VER Futuro do pretérito iria, irias, iria, iríamos, iríeis, iriam
Presente do indicativo vejo, vês, vê, vemos, vedes, vêem Imperativo afirmativo vai, vá, vamos, ide, vão
Pretérito perfeito vi, viste, viu, vimos, vistes, viram Imperativo negativo não vão, não vá, não vamos, não vades, não vão
Pretérito mais-que-perfeito vira, viras, vira, viramos, vireis, viram Presente do subjuntivo vá, vás, vá, vamos, vades, vão
Imperativo afirmativo vê, veja, vejamos, vede vós, vejam vocês Pretérito imperfeito fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem
Presente do subjuntivo veja, vejas, veja, vejamos, vejais, vejam Futuro for, fores, for, formos, fordes, forem
Pretérito imperfeito visse, visses, visse, víssemos, vísseis, vissem Infinitivo pessoal ir, ires, ir, irmos, irdes, irem
Futuro vir, vires, vir, virmos, virdes, virem Gerúndio indo
Particípio visto Particípio ido
ABOLIR
OUVIR
Presente do indicativo aboles, abole abolimos, abolis, abolem
Presente do indicativo ouço, ouves, ouve, ouvimos, ouvis, ouvem
Pretérito imperfeito abolia, abolias, abolia, abolíamos, abolíeis, aboliam
Presente do subjuntivo ouça, ouças, ouça, ouçamos, ouçais, ouçam
Pretérito perfeito aboli, aboliste, aboliu, abolimos, abolistes, aboliram

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 60 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Imperativo ouve, ouça, ouçamos, ouvi, ouçam Há Muitas Locuções Adverbiais
Particípio ouvido 1) DE LUGAR: à esquerda, à direita, à tona, à distância, à frente, à entra-
da, à saída, ao lado, ao fundo, ao longo, de fora, de lado, etc.
PEDIR
2) TEMPO: em breve, nunca mais, hoje em dia, de tarde, à tarde, à noite,
Presente do indicativo peço, pedes, pede, pedimos, pedis, pedem
Pretérito perfeito pedi, pediste, pediu, pedimos, pedistes, pediram às ave-marias, ao entardecer, de manhã, de noite, por ora, por fim, de
Presente do subjuntivo peça, peças, peça, peçamos, peçais, peçam repente, de vez em quando, de longe em longe, etc.
Imperativo pede, peça, peçamos, pedi, peçam 3) MODO: à vontade, à toa, ao léu, ao acaso, a contento, a esmo, de
Conjugam-se como pedir: medir, despedir, impedir, expedir bom grado, de cor, de mansinho, de chofre, a rigor, de preferência, em
geral, a cada passo, às avessas, ao invés, às claras, a pique, a olhos
POLIR vistos, de propósito, de súbito, por um triz, etc.
Presente do indicativo pulo, pules, pule, polimos, polis, pulem 4) MEIO OU INSTRUMENTO: a pau, a pé, a cavalo, a martelo, a máqui-
Presente do subjuntivo pula, pulas, pula, pulamos, pulais, pulam
na, a tinta, a paulada, a mão, a facadas, a picareta, etc.
Imperativo pule, pula, pulamos, poli, pulam
5) AFIRMAÇÃO: na verdade, de fato, de certo, etc.
REMIR 6) NEGAÇAO: de modo algum, de modo nenhum, em hipótese alguma,
Presente do indicativo redimo, redimes, redime, redimimos, redimis, redimem etc.
Presente do subjuntivo redima, redimas, redima, redimamos, redimais, redimam 7) DÚVIDA: por certo, quem sabe, com certeza, etc.

RIR Advérbios Interrogativos


Presente do indicativo rio, ris, ri, rimos, rides, riem Onde?, aonde?, donde?, quando?, porque?, como?
Pretérito imperfeito ria, rias, ria, riamos, ríeis, riam
Pretérito perfeito ri, riste, riu, rimos, ristes, riram
Pretérito mais-que-perfeito rira, riras, rira, ríramos, rireis, riram Palavras Denotativas
Futuro do presente rirei, rirás, rirá, riremos, rireis, rirão Certas palavras, por não se poderem enquadrar entre os advérbios, te-
Futuro do pretérito riria, ririas, riria, riríamos, riríeis, ririam rão classificação à parte. São palavras que denotam exclusão, inclusão,
Imperativo afirmativo ri, ria, riamos, ride, riam situação, designação, realce, retificação, afetividade, etc.
Presente do subjuntivo ria, rias, ria, riamos, riais, riam 1) DE EXCLUSÃO - só, salvo, apenas, senão, etc.
Pretérito imperfeito risse, risses, risse, ríssemos, rísseis, rissem 2) DE INCLUSÃO - também, até, mesmo, inclusive, etc.
Futuro rir, rires, rir, rirmos, rirdes, rirem 3) DE SITUAÇÃO - mas, então, agora, afinal, etc.
Infinitivo pessoal rir, rires, rir, rirmos, rirdes, rirem
4) DE DESIGNAÇÃO - eis.
Gerúndio rindo
Particípio rido 5) DE RETIFICAÇÃO - aliás, isto é, ou melhor, ou antes, etc.
Conjuga-se como rir: sorrir 6) DE REALCE - cá, lá, sã, é que, ainda, mas, etc.
Você lá sabe o que está dizendo, homem...
VIR Mas que olhos lindos!
Presente do indicativo venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm Veja só que maravilha!
Pretérito imperfeito vinha, vinhas, vinha, vínhamos, vínheis, vinham
Pretérito perfeito vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram
Pretérito mais-que-perfeito viera, vieras, viera, viéramos, viéreis, vieram NUMERAL
Futuro do presente virei, virás, virá, viremos, vireis, virão
Futuro do pretérito viria, virias, viria, viríamos, viríeis, viriam Numeral é a palavra que indica quantidade, ordem, múltiplo ou fração.
Imperativo afirmativo vem, venha, venhamos, vinde, venham O numeral classifica-se em:
Presente do subjuntivo venha, venhas, venha, venhamos, venhais, venham
- cardinal - quando indica quantidade.
Pretérito imperfeito viesse, viesses, viesse, viéssemos, viésseis, viessem
Futuro vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem - ordinal - quando indica ordem.
Infinitivo pessoal vir, vires, vir, virmos, virdes, virem - multiplicativo - quando indica multiplicação.
Gerúndio vindo - fracionário - quando indica fracionamento.
Particípio vindo Exemplos:
Conjugam-se como vir: intervir, advir, convir, provir, sobrevir Silvia comprou dois livros.
Antônio marcou o primeiro gol.
SUMIR Na semana seguinte, o anel custará o dobro do preço.
Presente do indicativo sumo, somes, some, sumimos, sumis, somem
O galinheiro ocupava um quarto da quintal.
Presente do subjuntivo suma, sumas, suma, sumamos, sumais, sumam
Imperativo some, suma, sumamos, sumi, sumam
Conjugam-se como SUMIR: subir, acudir, bulir, escapulir, fugir, consumir, cuspir QUADRO BÁSICO DOS NUMERAIS
Algarismos Numerais
ADVÉRBIO Roma- Arábi- Cardinais Ordinais Multiplica- Fracionários
nos cos tivos
I 1 um primeiro simples -
Advérbio é a palavra que modifica a verbo, o adjetivo ou o próprio ad- II 2 dois segundo duplo meio
vérbio, exprimindo uma circunstância. dobro
III 3 três terceiro tríplice terço
Os advérbios dividem-se em:
IV 4 quatro quarto quádruplo quarto
1) LUGAR: aqui, cá, lá, acolá, ali, aí, aquém, além, algures, alhures,
nenhures, atrás, fora, dentro, perto, longe, adiante, diante, onde, avan- V 5 cinco quinto quíntuplo quinto
te, através, defronte, aonde, etc. VI 6 seis sexto sêxtuplo sexto
2) TEMPO: hoje, amanhã, depois, antes, agora, anteontem, sempre, VII 7 sete sétimo sétuplo sétimo
nunca, já, cedo, logo, tarde, ora, afinal, outrora, então, amiúde, breve, VIII 8 oito oitavo óctuplo oitavo
brevemente, entrementes, raramente, imediatamente, etc. IX 9 nove nono nônuplo nono
3) MODO: bem, mal, assim, depressa, devagar, como, debalde, pior, X 10 dez décimo décuplo décimo
melhor, suavemente, tenazmente, comumente, etc. XI 11 onze décimo onze avos
4) ITENSIDADE: muito, pouco, assaz, mais, menos, tão, bastante, dema- primeiro
siado, meio, completamente, profundamente, quanto, quão, tanto, XII 12 doze décimo doze avos
bem, mal, quase, apenas, etc. segundo
5) AFIRMAÇÃO: sim, deveras, certamente, realmente, efefivamente, etc. XIII 13 treze décimo treze avos
6) NEGAÇÃO: não. terceiro
7) DÚVIDA: talvez, acaso, porventura, possivelmente, quiçá, decerto, XIV 14 quatorze décimo quatorze
provavelmente, etc. quarto avos

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 61 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
XV 15 quinze décimo quinze avos ARTIGO
quinto
XVI 16 dezesseis décimo dezesseis
sexto avos Artigo é uma palavra que antepomos aos substantivos para determiná-
XVII 17 dezessete décimo dezessete los. Indica-lhes, ao mesmo tempo, o gênero e o número.
sétimo avos
XVIII 18 dezoito décimo dezoito avos Dividem-se em
oitavo • definidos: O, A, OS, AS
XIX 19 dezenove décimo nono dezenove • indefinidos: UM, UMA, UNS, UMAS.
avos Os definidos determinam os substantivos de modo preciso, particular.
Viajei com o médico. (Um médico referido, conhecido, determinado).
XX 20 vinte vigésimo vinte avos
XXX 30 trinta trigésimo trinta avos
Os indefinidos determinam os substantivos de modo vago, impreciso,
XL 40 quarenta quadragé- quarenta
geral.
simo avos
Viajei com um médico. (Um médico não referido, desconhecido, inde-
L 50 cinquenta quinquagé- cinquenta terminado).
simo avos
LX 60 sessenta sexagésimo sessenta lsoladamente, os artigos são palavras de todo vazias de sentido.
avos
LXX 70 setenta septuagési- setenta avos
mo CONJUNÇÃO
LXXX 80 oitenta octogésimo oitenta avos
XC 90 noventa nonagésimo noventa Conjunção é a palavra que une duas ou mais orações.
avos
C 100 cem centésimo centésimo Coniunções Coordenativas
CC 200 duzentos ducentésimo ducentésimo 1) ADITIVAS: e, nem, também, mas, também, etc.
CCC 300 trezentos trecentésimo trecentésimo 2) ADVERSATIVAS: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, senão, no
CD 400 quatrocen- quadringen- quadringen- entanto, etc.
tos tésimo tésimo 3) ALTERNATIVAS: ou, ou.., ou, ora... ora, já... já, quer, quer, etc.
D 500 quinhen- quingenté- quingenté- 4) CONCLUSIVAS. logo, pois, portanto, por conseguinte, por consequência.
tos simo simo 5) EXPLICATIVAS: isto é, por exemplo, a saber, que, porque, pois, etc.
DC 600 seiscentos sexcentési- sexcentési-
mo mo Conjunções Subordinativas
DCC 700 setecen- septingenté- septingenté- 1) CONDICIONAIS: se, caso, salvo se, contanto que, uma vez que, etc.
tos simo simo 2) CAUSAIS: porque, já que, visto que, que, pois, porquanto, etc.
DCCC 800 oitocentos octingenté- octingenté- 3) COMPARATIVAS: como, assim como, tal qual, tal como, mais que, etc.
simo simo 4) CONFORMATIVAS: segundo, conforme, consoante, como, etc.
CM 900 novecen- nongentési- nongentési- 5) CONCESSIVAS: embora, ainda que, mesmo que, posto que, se bem que,
tos mo mo etc.
M 1000 mil milésimo milésimo 6) INTEGRANTES: que, se, etc.
7) FINAIS: para que, a fim de que, que, etc.
Emprego do Numeral 8) CONSECUTIVAS: tal... qual, tão... que, tamanho... que, de sorte que, de
forma que, de modo que, etc.
Na sucessão de papas, reis, príncipes, anos, séculos, capítulos, etc.
9) PROPORCIONAIS: à proporção que, à medida que, quanto... tanto mais,
empregam-se de 1 a 10 os ordinais.
etc.
João Paulo I I (segundo) ano lll (ano terceiro)
10) TEMPORAIS: quando, enquanto, logo que, depois que, etc.
Luis X (décimo) ano I (primeiro)
Pio lX (nono) século lV (quarto)
VALOR LÓGICO E SINTÁTICO DAS CONJUNÇÕES
De 11 em diante, empregam-se os cardinais:
Leão Xlll (treze) ano Xl (onze) Examinemos estes exemplos:
Pio Xll (doze) século XVI (dezesseis) 1º) Tristeza e alegria não moram juntas.
Luis XV (quinze) capitulo XX (vinte) 2º) Os livros ensinam e divertem.
3º) Saímos de casa quando amanhecia.
Se o numeral aparece antes, é lido como ordinal.
XX Salão do Automóvel (vigésimo) No primeiro exemplo, a palavra E liga duas palavras da mesma oração: é
VI Festival da Canção (sexto) uma conjunção.
lV Bienal do Livro (quarta)
XVI capítulo da telenovela (décimo sexto) No segundo a terceiro exemplos, as palavras E e QUANDO estão ligan-
do orações: são também conjunções.
Quando se trata do primeiro dia do mês, deve-se dar preferência ao
emprego do ordinal. Conjunção é uma palavra invariável que liga orações ou palavras da
Hoje é primeiro de setembro mesma oração.
Não é aconselhável iniciar período com algarismos
16 anos tinha Patrícia = Dezesseis anos tinha Patrícia No 2º exemplo, a conjunção liga as orações sem fazer que uma dependa
da outra, sem que a segunda complete o sentido da primeira: por isso, a
A título de brevidade, usamos constantemente os cardinais pelos ordi- conjunção Eé coordenativa.
nais. Ex.: casa vinte e um (= a vigésima primeira casa), página trinta e dois
(= a trigésima segunda página). Os cardinais um e dois não variam nesse No 3º exemplo, a conjunção liga duas orações que se completam uma à
caso porque está subentendida a palavra número. Casa número vinte e outra e faz com que a segunda dependa da primeira: por isso, a conjunção
um, página número trinta e dois. Por isso, deve-se dizer e escrever tam- QUANDOé subordinativa.
bém: a folha vinte e um, a folha trinta e dois. Na linguagem forense, vemos
o numeral flexionado: a folhas vinte e uma a folhas trinta e duas. As conjunções, portanto, dividem-se em coordenativas e subordinativas.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 62 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
CONJUNÇÕES COORDENATIVAS Os pedestres se cruzavam pelas ruas que nem formigas apressadas.
As conjunções coordenativas podem ser: Nada nos anima tanto como (ou quanto) um elogio sincero.
1) Aditivas, que dão ideia de adição, acrescentamento: e, nem, mas Os governantes realizam menos do que prometem.
também, mas ainda, senão também, como também, bem como. 3) Concessivas: embora, conquanto, que, ainda que, mesmo que, ainda
O agricultor colheu o trigo e o vendeu. quando, mesmo quando, posto que, por mais que, por muito que, por
Não aprovo nem permitirei essas coisas. menos que, se bem que, em que (pese), nem que, dado que, sem que
Os livros não só instruem mas também divertem. (= embora não).
As abelhas não apenas produzem mel e cera mas ainda polinizam Célia vestia-se bem, embora fosse pobre.
as flores. A vida tem um sentido, por mais absurda que possa parecer.
2) Adversativas, que exprimem oposição, contraste, ressalva, com- Beba, nem que seja um pouco.
pensação: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, sendo, ao Dez minutos que fossem, para mim, seria muito tempo.
passo que, antes (= pelo contrário), no entanto, não obstante, a- Fez tudo direito, sem que eu lhe ensinasse.
pesar disso, em todo caso. Em que pese à autoridade deste cientista, não podemos aceitar suas
Querem ter dinheiro, mas não trabalham. afirmações.
Ela não era bonita, contudo cativava pela simpatia. Não sei dirigir, e, dado que soubesse, não dirigiria de noite.
Não vemos a planta crescer, no entanto, ela cresce. 4) Condicionais: se, caso, contanto que, desde que, salvo se, sem que
A culpa não a atribuo a vós, senão a ele. (= se não), a não ser que, a menos que, dado que.
O professor não proíbe, antes estimula as perguntas em aula. Ficaremos sentidos, se você não vier.
O exército do rei parecia invencível, não obstante, foi derrotado. Comprarei o quadro, desde que não seja caro.
Você já sabe bastante, porém deve estudar mais. Não sairás daqui sem que antes me confesses tudo.
Eu sou pobre, ao passo que ele é rico. "Eleutério decidiu logo dormir repimpadamente sobre a areia, a menos
Hoje não atendo, em todo caso, entre. que os mosquitos se opusessem."
3) Alternativas, que exprimem alternativa, alternância ou, ou ... ou, (Ferreira de Castro)
ora ... ora, já ... já, quer ... quer, etc. 5) Conformativas: como, conforme, segundo, consoante. As coisas não
Os sequestradores deviam render-se ou seriam mortos. são como (ou conforme) dizem.
Ou você estuda ou arruma um emprego. "Digo essas coisas por alto, segundo as ouvi narrar."
Ora triste, ora alegre, a vida segue o seu ritmo. (Machado de Assis)
Quer reagisse, quer se calasse, sempre acabava apanhando. 6) Consecutivas: que (precedido dos termos intensivos tal, tão, tanto,
"Já chora, já se ri, já se enfurece." tamanho, às vezes subentendidos), de sorte que, de modo que, de
(Luís de Camões) forma que, de maneira que, sem que, que (não).
4) Conclusivas, que iniciam uma conclusão: logo, portanto, por con- Minha mão tremia tanto que mal podia escrever.
seguinte, pois (posposto ao verbo), por isso. Falou com uma calma que todos ficaram atônitos.
As árvores balançam, logo está ventando. Ontem estive doente, de sorte que (ou de modo que) não saí.
Você é o proprietário do carro, portanto é o responsável. Não podem ver um cachorro na rua sem que o persigam.
O mal é irremediável; deves, pois, conformar-te. Não podem ver um brinquedo que não o queiram comprar.
5) Explicativas, que precedem uma explicação, um motivo: que, 7) Finais: para que, a fim de que, que (= para que).
porque, porquanto, pois (anteposto ao verbo). Afastou-se depressa para que não o víssemos.
Não solte balões, que (ou porque, ou pois, ou porquanto) podem Falei-lhe com bons termos, a fim de que não se ofendesse.
causar incêndios. Fiz-lhe sinal que se calasse.
Choveu durante a noite, porque as ruas estão molhadas. 8) Proporcionais: à proporção que, à medida que, ao passo que, quanto
Observação: A conjunção A pode apresentar-se com sentido adversa- mais... (tanto mais), quanto mais... (tanto menos), quanto menos...
tivo: (tanto mais), quanto mais... (mais), (tanto)... quanto.
Sofrem duras privações a [= mas] não se queixam. À medida que se vive, mais se aprende.
"Quis dizer mais alguma coisa a não pôde." À proporção que subíamos, o ar ia ficando mais leve.
(Jorge Amado) Quanto mais as cidades crescem, mais problemas vão tendo.
Os soldados respondiam, à medida que eram chamados.
Conjunções subordinativas Observação:
As conjunções subordinativas ligam duas orações, subordinando uma São incorretas as locuções proporcionais à medida em que, na medida
à outra. Com exceção das integrantes, essas conjunções iniciam orações que e na medida em que. A forma correta é à medida que:
que traduzem circunstâncias (causa, comparação, concessão, condição ou "À medida que os anos passam, as minhas possibilidades diminuem."
hipótese, conformidade, consequência, finalidade, proporção, tempo). (Maria José de Queirós)
Abrangem as seguintes classes: 9) Temporais: quando, enquanto, logo que, mal (= logo que), sempre
1) Causais: porque, que, pois, como, porquanto, visto que, visto como, já que, assim que, desde que, antes que, depois que, até que, agora que,
que, uma vez que, desde que. etc.
O tambor soa porque é oco. (porque é oco: causa; o tambor soa: Venha quando você quiser.
efeito). Não fale enquanto come.
Como estivesse de luto, não nos recebeu. Ela me reconheceu, mal lhe dirigi a palavra.
Desde que é impossível, não insistirei. Desde que o mundo existe, sempre houve guerras.
2) Comparativas: como, (tal) qual, tal a qual, assim como, (tal) como, Agora que o tempo esquentou, podemos ir à praia.
(tão ou tanto) como, (mais) que ou do que, (menos) que ou do que, "Ninguém o arredava dali, até que eu voltasse." (Carlos Povina Caval-
(tanto) quanto, que nem, feito (= como, do mesmo modo que), o mes- cânti)
mo que (= como). 10) Integrantes: que, se.
Ele era arrastado pela vida como uma folha pelo vento. Sabemos que a vida é breve.
O exército avançava pela planície qual uma serpente imensa. Veja se falta alguma coisa.
"Os cães, tal qual os homens, podem participar das três categorias." Observação:
(Paulo Mendes Campos) Em frases como Sairás sem que te vejam, Morreu sem que ninguém o
"Sou o mesmo que um cisco em minha própria casa." chorasse, consideramos sem que conjunção subordinativa modal. A NGB,
(Antônio Olavo Pereira) porém, não consigna esta espécie de conjunção.
"E pia tal a qual a caça procurada."
(Amadeu de Queirós) Locuções conjuntivas: no entanto, visto que, desde que, se bem
"Por que ficou me olhando assim feito boba?" que, por mais que, ainda quando, à medida que, logo que, a rim de que,
(Carlos Drummond de Andrade) etc.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 63 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Muitas conjunções não têm classificação única, imutável, devendo, LOCUÇÃO INTERJETIVA é a conjunto de palavras que têm o mesmo
portanto, ser classificadas de acordo com o sentido que apresentam no valor de uma interjeição.
contexto. Assim, a conjunção que pode ser: Minha Nossa Senhora! Puxa vida! Deus me livre! Raios te partam!
1) Aditiva (= e): Meu Deus! Que maravilha! Ora bolas! Ai de mim!
Esfrega que esfrega, mas a nódoa não sai.
A nós que não a eles, compete fazê-lo. SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
2) Explicativa (= pois, porque):
Apressemo-nos, que chove.
FRASE
3) Integrante:
Frase é um conjunto de palavras que têm sentido completo.
Diga-lhe que não irei.
O tempo está nublado.
4) Consecutiva:
Socorro!
Tanto se esforçou que conseguiu vencer.
Que calor!
Não vão a uma festa que não voltem cansados.
Onde estavas, que não te vi?
5) Comparativa (= do que, como): ORAÇÃO
A luz é mais veloz que o som. Oração é a frase que apresenta verbo ou locução verbal.
Ficou vermelho que nem brasa. A fanfarra desfilou na avenida.
6) Concessiva (= embora, ainda que): As festas juninas estão chegando.
Alguns minutos que fossem, ainda assim seria muito tempo.
Beba, um pouco que seja. PERÍODO
7) Temporal (= depois que, logo que): Período é a frase estruturada em oração ou orações.
Chegados que fomos, dirigimo-nos ao hotel. O período pode ser:
8) Final (= pare que): • simples - aquele constituído por uma só oração (oração absoluta).
Vendo-me à janela, fez sinal que descesse. Fui à livraria ontem.
9) Causal (= porque, visto que): • composto - quando constituído por mais de uma oração.
"Velho que sou, apenas conheço as flores do meu tempo." (Vival- Fui à livraria ontem e comprei um livro.
do Coaraci)
A locução conjuntiva sem que, pode ser, conforme a frase: TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO
1) Concessiva: Nós lhe dávamos roupa a comida, sem que ele pe- São dois os termos essenciais da oração:
disse. (sem que = embora não)
2) Condicional: Ninguém será bom cientista, sem que estude muito. SUJEITO
(sem que = se não,caso não) Sujeito é o ser ou termo sobre o qual se diz alguma coisa.
3) Consecutiva: Não vão a uma festa sem que voltem cansados. Os bandeirantes capturavam os índios. (sujeito = bandeirantes)
(sem que = que não) O sujeito pode ser :
4) Modal: Sairás sem que te vejam. (sem que = de modo que não) - simples: quando tem um só núcleo
As rosas têm espinhos. (sujeito: as rosas;
Conjunção é a palavra que une duas ou mais orações. núcleo: rosas)
- composto: quando tem mais de um núcleo
PREPOSIÇÃO O burro e o cavalo saíram em disparada.
(suj: o burro e o cavalo; núcleo burro, cavalo)
Preposições são palavras que estabelecem um vínculo entre dois ter- - oculto: ou elíptico ou implícito na desinência verbal
mos de uma oração. O primeiro, um subordinante ou antecedente, e o Chegaste com certo atraso. (suj.: oculto: tu)
segundo, um subordinado ou consequente. - indeterminado: quando não se indica o agente da ação verbal
Exemplos: Come-se bem naquele restaurante.
Chegaram a Porto Alegre. - Inexistente: quando a oração não tem sujeito
Discorda de você. Choveu ontem.
Fui até a esquina. Há plantas venenosas.
Casa de Paulo.
PREDICADO
Preposições Essenciais e Acidentais Predicado é o termo da oração que declara alguma coisa do sujeito.
As preposições essenciais são: A, ANTE, APÓS, ATÉ, COM, CON- O predicado classifica-se em:
TRA, DE, DESDE, EM, ENTRE, PARA, PERANTE, POR, SEM, SOB, 1. Nominal: é aquele que se constitui de verbo de ligação mais
SOBRE e ATRÁS. predicativo do sujeito.
Certas palavras ora aparecem como preposições, ora pertencem a ou- Nosso colega está doente.
tras classes, sendo chamadas, por isso, de preposições acidentais: afora, Principais verbos de ligação: SER, ESTAR, PARECER,
conforme, consoante, durante, exceto, fora, mediante, não obstante, salvo, PERMANECER, etc.
segundo, senão, tirante, visto, etc. Predicativo do sujeito é o termo que ajuda o verbo de ligação a
comunicar estado ou qualidade do sujeito.
Nosso colega está doente.
INTERJEIÇÃO
A moça permaneceu sentada.
2. Predicado verbal é aquele que se constitui de verbo intransitivo ou
Interjeição é a palavra que comunica emoção. As interjeições podem
transitivo.
ser:
O avião sobrevoou a praia.
- alegria: ahl oh! oba! eh!
Verbo intransitivo é aquele que não necessita de complemento.
- animação: coragem! avante! eia!
O sabiá voou alto.
- admiração: puxa! ih! oh! nossa!
Verbo transitivo é aquele que necessita de complemento.
- aplauso: bravo! viva! bis!
• Transitivo direto: é o verbo que necessita de complemento sem auxílio
- desejo: tomara! oxalá!
de proposição.
- dor: aí! ui!
Minha equipe venceu a partida.
- silêncio: psiu! silêncio!
• Transitivo indireto: é o verbo que necessita de complemento com
- suspensão: alto! basta!
auxílio de preposição.
Ele precisa de um esparadrapo.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 64 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
• Transitivo direto e indireto (bitransitivo) é o verbo que necessita ao 4. VOCATIVO
mesmo tempo de complemento sem auxílio de preposição e de Vocativo é o termo (nome, título, apelido) usado para chamar ou
complemento com auxilio de preposição. interpelar alguém ou alguma coisa.
Damos uma simples colaboração a vocês. Tem compaixão de nós, ó Cristo.
3. Predicado verbo nominal: é aquele que se constitui de verbo Professor, o sinal tocou.
intransitivo mais predicativo do sujeito ou de verbo transitivo mais Rapazes, a prova é na próxima semana.
predicativo do sujeito.
Os rapazes voltaram vitoriosos. PERÍODO COMPOSTO - PERÍODO SIMPLES
• Predicativo do sujeito: é o termo que, no predicado verbo-nominal,
ajuda o verbo intransitivo a comunicar estado ou qualidade do sujeito. No período simples há apenas uma oração, a qual se diz absoluta.
Ele morreu rico. Fui ao cinema.
• Predicativo do objeto é o termo que, que no predicado verbo-nominal, O pássaro voou.
ajuda o verbo transitivo a comunicar estado ou qualidade do objeto
direto ou indireto.
Elegemos o nosso candidato vereador. PERÍODO COMPOSTO
No período composto há mais de uma oração.
TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO (Não sabem) (que nos calores do verão a terra dorme) (e os homens
Chama-se termos integrantes da oração os que completam a folgam.)
significação transitiva dos verbos e dos nomes. São indispensáveis à
Período composto por coordenação
compreensão do enunciado.
Apresenta orações independentes.
1. OBJETO DIRETO (Fui à cidade), (comprei alguns remédios) (e voltei cedo.)
Objeto direto é o termo da oração que completa o sentido do verbo
transitivo direto. Ex.: Mamãe comprouPEIXE. Período composto por subordinação
Apresenta orações dependentes.
2. OBJETO INDIRETO (É bom) (que você estude.)
Objeto indireto é o termo da oração que completa o sentido do verbo
transitivo indireto. Período composto por coordenação e subordinação
As crianças precisam deCARINHO. Apresenta tanto orações dependentes como independentes. Este
período é também conhecido como misto.
3. COMPLEMENTO NOMINAL (Ele disse) (que viria logo,) (mas não pôde.)
Complemento nominal é o termo da oração que completa o sentido de
um nome com auxílio de preposição. Esse nome pode ser representado ORAÇÃO COORDENADA
por um substantivo, por um adjetivo ou por um advérbio. Oração coordenada é aquela que é independente.
Toda criança tem amor aos pais. - AMOR (substantivo) As orações coordenadas podem ser:
O menino estava cheio de vontade. - CHEIO (adjetivo)
- Sindética:
Nós agíamos favoravelmente às discussões. - FAVORAVELMENTE
Aquela que é independente e é introduzida por uma conjunção
(advérbio).
coordenativa.
Viajo amanhã, mas volto logo.
4. AGENTE DA PASSIVA
Agente da passiva é o termo da oração que pratica a ação do verbo na - Assindética:
voz passiva. Aquela que é independente e aparece separada por uma vírgula ou
A mãe é amadaPELO FILHO. ponto e vírgula.
O cantor foi aplaudidoPELA MULTIDÃO. Chegou, olhou, partiu.
Os melhores alunos foram premiadosPELA DIREÇÃO. A oração coordenada sindética pode ser:

TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO 1. ADITIVA:


TERMOS ACESSÓRIOS são os que desempenham na oração uma Expressa adição, sequência de pensamento. (e, nem = e não), mas,
função secundária, limitando o sentido dos substantivos ou exprimindo também:
alguma circunstância. Ele falava E EU FICAVA OUVINDO.
São termos acessórios da oração: Meus atiradores nem fumam NEM BEBEM.
1. ADJUNTO ADNOMINAL A doença vem a cavalo E VOLTA A PÉ.
Adjunto adnominal é o termo que caracteriza ou determina os
substantivos. Pode ser expresso: 2. ADVERSATIVA:
• pelos adjetivos: água fresca, Ligam orações, dando-lhes uma ideia de compensação ou de
• pelos artigos: o mundo, as ruas contraste (mas, porém, contudo, todavia, entretanto, senão, no entanto,
• pelos pronomes adjetivos: nosso tio, muitas coisas etc).
• pelos numerais: três garotos; sexto ano A espada vence MAS NÃO CONVENCE.
• pelas locuções adjetivas: casa do rei; homem sem escrúpulos O tambor faz um grande barulho, MAS É VAZIO POR DENTRO.
Apressou-se, CONTUDO NÃO CHEGOU A TEMPO.
2. ADJUNTO ADVERBIAL 3. ALTERNATIVAS:
Adjunto adverbial é o termo que exprime uma circunstância (de tempo, Ligam palavras ou orações de sentido separado, uma excluindo a
lugar, modo etc.), modificando o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio. outra (ou, ou...ou, já...já, ora...ora, quer...quer, etc).
Cheguei cedo. Mudou o natal OU MUDEI EU?
José reside em São Paulo. “OU SE CALÇA A LUVA e não se põe o anel,
OU SE PÕE O ANEL e não se calça a luva!”
3. APOSTO (C. Meireles)
Aposto é uma palavra ou expressão que explica ou esclarece,
desenvolve ou resume outro termo da oração. 4. CONCLUSIVAS:
Dr. João, cirurgião-dentista, Ligam uma oração a outra que exprime conclusão (LOGO, POIS,
Rapaz impulsivo, Mário não se conteve. PORTANTO, POR CONSEGUINTE, POR ISTO, ASSIM, DE MODO QUE,
O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado. etc).

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 65 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Ele está mal de notas; LOGO, SERÁ REPROVADO. ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
Vives mentindo; LOGO, NÃO MERECES FÉ. Oração subordinada adjetiva é aquela que tem o valor e a função de
um adjetivo.
5. EXPLICATIVAS: Há dois tipos de orações subordinadas adjetivas:
Ligam a uma oração, geralmente com o verbo no imperativo, outro que
a explica, dando um motivo (pois, porque, portanto, que, etc.) 1) EXPLICATIVAS:
Alegra-te, POIS A QUI ESTOU. Não mintas, PORQUE É PIOR. Explicam ou esclarecem, à maneira de aposto, o termo antecedente,
Anda depressa, QUE A PROVA É ÀS 8 HORAS. atribuindo-lhe uma qualidade que lhe é inerente ou acrescentando-lhe uma
informação.
ORAÇÃO INTERCALADA OU INTERFERENTE Deus, QUE É NOSSO PAI, nos salvará.
É aquela que vem entre os termos de uma outra oração. Ele, QUE NASCEU RICO, acabou na miséria.
O réu, DISSERAM OS JORNAIS, foi absolvido.
2) RESTRITIVAS:
A oração intercalada ou interferente aparece com os verbos: Restringem ou limitam a significação do termo antecedente, sendo
CONTINUAR, DIZER, EXCLAMAR, FALAR etc. indispensáveis ao sentido da frase:
Pedra QUE ROLA não cria limo.
ORAÇÃO PRINCIPAL As pessoas A QUE A GENTE SE DIRIGE sorriem.
Oração principal é a mais importante do período e não é introduzida Ele, QUE SEMPRE NOS INCENTIVOU, não está mais aqui.
por um conectivo.
ELES DISSERAM que voltarão logo. ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS
ELE AFIRMOU que não virá. Oração subordinada adverbial é aquela que tem o valor e a função de
PEDI que tivessem calma. (= Pedi calma) um advérbio.

ORAÇÃO SUBORDINADA As orações subordinadas adverbiais classificam-se em:


Oração subordinada é a oração dependente que normalmente é 1) CAUSAIS: exprimem causa, motivo, razão:
introduzida por um conectivo subordinativo. Note que a oração principal Desprezam-me, POR ISSO QUE SOU POBRE.
nem sempre é a primeira do período. O tambor soa PORQUE É OCO.
Quando ele voltar, eu saio de férias.
Oração principal: EU SAIO DE FÉRIAS 2) COMPARATIVAS: representam o segundo termo de uma
Oração subordinada: QUANDO ELE VOLTAR comparação.
O som é menos veloz QUE A LUZ.
Parou perplexo COMO SE ESPERASSE UM GUIA.
ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA
Oração subordinada substantiva é aquela que tem o valor e a função
3) CONCESSIVAS: exprimem um fato que se concede, que se admite:
de um substantivo.
POR MAIS QUE GRITASSE, não me ouviram.
Por terem as funções do substantivo, as orações subordinadas
Os louvores, PEQUENOS QUE SEJAM, são ouvidos com agrado.
substantivas classificam-se em:
CHOVESSE OU FIZESSE SOL, o Major não faltava.
1) SUBJETIVA (sujeito) 4) CONDICIONAIS: exprimem condição, hipótese:
Convém que você estude mais. SE O CONHECESSES, não o condenarias.
Importa que saibas isso bem. . Que diria o pai SE SOUBESSE DISSO?
É necessário que você colabore. (SUA COLABORAÇÃO) é
necessária. 5) CONFORMATIVAS: exprimem acordo ou conformidade de um fato
com outro:
2) OBJETIVA DIRETA (objeto direto) Fiz tudo COMO ME DISSERAM.
Desejo QUE VENHAM TODOS. Vim hoje, CONFORME LHE PROMETI.
Pergunto QUEM ESTÁ AI.
6) CONSECUTIVAS: exprimem uma consequência, um resultado:
3) OBJETIVA INDIRETA (objeto indireto) A fumaça era tanta QUE EU MAL PODIA ABRIR OS OLHOS.
Aconselho-o A QUE TRABALHE MAIS. Bebia QUE ERA UMA LÁSTIMA!
Tudo dependerá DE QUE SEJAS CONSTANTE. Tenho medo disso QUE ME PÉLO!
Daremos o prêmio A QUEM O MERECER.
7) FINAIS: exprimem finalidade, objeto:
4) COMPLETIVA NOMINAL Fiz-lhe sinal QUE SE CALASSE.
Complemento nominal. Aproximei-me A FIM DE QUE ME OUVISSE MELHOR.
Ser grato A QUEM TE ENSINA.
Sou favorável A QUE O PRENDAM. 8) PROPORCIONAIS: denotam proporcionalidade:
À MEDIDA QUE SE VIVE, mais se aprende.
QUANTO MAIOR FOR A ALTURA, maior será o tombo.
5) PREDICATIVA (predicativo)
Seu receio era QUE CHOVESSE. = Seu receio era (A CHUVA)
9) TEMPORAIS: indicam o tempo em que se realiza o fato expresso na
Minha esperança era QUE ELE DESISTISSE.
oração principal:
Não sou QUEM VOCÊ PENSA.
ENQUANTO FOI RICO todos o procuravam.
QUANDO OS TIRANOS CAEM, os povos se levantam.
6) APOSITIVAS (servem de aposto)
Só desejo uma coisa: QUE VIVAM FELIZES = (A SUA FELICIDADE) 10) MODAIS: exprimem modo, maneira:
Só lhe peço isto: HONRE O NOSSO NOME. Entrou na sala SEM QUE NOS CUMPRIMENTASSE.
Aqui viverás em paz, SEM QUE NINGUÉM TE INCOMODE.
7) AGENTE DA PASSIVA
O quadro foi comprado POR QUEM O FEZ = (PELO SEU AUTOR) ORAÇÕES REDUZIDAS
A obra foi apreciada POR QUANTOS A VIRAM. Oração reduzida é aquela que tem o verbo numa das formas nominais:
gerúndio, infinitivo e particípio.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 66 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Exemplos: O combustível custava barato.
• Penso ESTAR PREPARADO = Penso QUE ESTOU Você leu confuso.
PREPARADO. Ela jura falso.
• Dizem TER ESTADO LÁ = Dizem QUE ESTIVERAM LÁ.
• FAZENDO ASSIM, conseguirás = SE FIZERES ASSIM, 16) CARO, BASTANTE, LONGE, se advérbios, não variam, se adjetivos,
conseguirás. sofrem variação normalmente.
• É bom FICARMOS ATENTOS. = É bom QUE FIQUEMOS Esses pneus custam caro.
ATENTOS. Conversei bastante com eles.
• AO SABER DISSO, entristeceu-se = QUANDO SOUBE DISSO, Conversei com bastantes pessoas.
entristeceu-se. Estas crianças moram longe.
• É interesse ESTUDARES MAIS.= É interessante QUE ESTUDES Conheci longes terras.
MAIS.
• SAINDO DAQUI, procure-me. = QUANDO SAIR DAQUI, procure- CONCORDÂNCIA VERBAL
me. CASOS GERAIS
1) O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa.
CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL O menino chegou. Os meninos chegaram.
2) Sujeito representado por nome coletivo deixa o verbo no singular.
CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL O pessoal ainda não chegou.
Concordância é o processo sintático no qual uma palavra determinante A turma não gostou disso.
se adapta a uma palavra determinada, por meio de suas flexões. Um bando de pássaros pousou na árvore.
3) Se o núcleo do sujeito é um nome terminado em S, o verbo só irá ao
Principais Casos de Concordância Nominal plural se tal núcleo vier acompanhado de artigo no plural.
1) O artigo, o adjetivo, o pronome relativo e o numeral concordam em Os Estados Unidos são um grande país.
gênero e número com o substantivo. Os Lusíadas imortalizaram Camões.
As primeiras alunas da classe foram passear no zoológico. Os Alpes vivem cobertos de neve.
2) O adjetivo ligado a substantivos do mesmo gênero e número vão Em qualquer outra circunstância, o verbo ficará no singular.
normalmente para o plural. Flores já não leva acento.
Pai e filho estudiosos ganharam o prêmio. O Amazonas deságua no Atlântico.
3) O adjetivo ligado a substantivos de gêneros e número diferentes vai Campos foi a primeira cidade na América do Sul a ter luz elétrica.
para o masculino plural. 4) Coletivos primitivos (indicam uma parte do todo) seguidos de nome
Alunos e alunas estudiosos ganharam vários prêmios. no plural deixam o verbo no singular ou levam-no ao plural, indife-
4) O adjetivo posposto concorda em gênero com o substantivo mais rentemente.
próximo: A maioria das crianças recebeu, (ou receberam) prêmios.
Trouxe livros e revista especializada. A maior parte dos brasileiros votou (ou votaram).
5) O adjetivo anteposto pode concordar com o substantivo mais próxi- 5) O verbo transitivo direto ao lado do pronome SE concorda com o
mo. sujeito paciente.
Dedico esta música à querida tia e sobrinhos. Vende-se um apartamento.
6) O adjetivo que funciona como predicativo do sujeito concorda com o Vendem-se alguns apartamentos.
sujeito. 6) O pronome SE como símbolo de indeterminação do sujeito leva o
Meus amigos estão atrapalhados. verbo para a 3ª pessoa do singular.
7) O pronome de tratamento que funciona como sujeito pede o predica- Precisa-se de funcionários.
tivo no gênero da pessoa a quem se refere. 7) A expressão UM E OUTRO pede o substantivo que a acompanha no
Sua excelência, o Governador, foi compreensivo. singular e o verbo no singular ou no plural.
8) Os substantivos acompanhados de numerais precedidos de artigo Um e outro texto me satisfaz. (ou satisfazem)
vão para o singular ou para o plural. 8) A expressão UM DOS QUE pede o verbo no singular ou no plural.
Já estudei o primeiro e o segundo livro (livros). Ele é um dos autores que viajou (viajaram) para o Sul.
9) Os substantivos acompanhados de numerais em que o primeiro vier 9) A expressão MAIS DE UM pede o verbo no singular.
precedido de artigo e o segundo não vão para o plural. Mais de um jurado fez justiça à minha música.
Já estudei o primeiro e segundo livros. 10) As palavras: TUDO, NADA, ALGUÉM, ALGO, NINGUÉM, quando
10) O substantivo anteposto aos numerais vai para o plural. empregadas como sujeito e derem ideia de síntese, pedem o verbo
Já li os capítulos primeiro e segundo do novo livro. no singular.
11) As palavras: MESMO, PRÓPRIO e SÓ concordam com o nome a As casas, as fábricas, as ruas, tudo parecia poluição.
que se referem. 11) Os verbos DAR, BATER e SOAR, indicando hora, acompanham o
Ela mesma veio até aqui. sujeito.
Eles chegaram sós. Deu uma hora.
Eles próprios escreveram. Deram três horas.
12) A palavra OBRIGADO concorda com o nome a que se refere. Bateram cinco horas.
Muito obrigado. (masculino singular) Naquele relógio já soaram duas horas.
Muito obrigada. (feminino singular). 12) A partícula expletiva ou de realce É QUE é invariável e o verbo da
13) A palavra MEIO concorda com o substantivo quando é adjetivo e fica frase em que é empregada concorda normalmente com o sujeito.
invariável quando é advérbio. Ela é que faz as bolas.
Quero meio quilo de café. Eu é que escrevo os programas.
Minha mãe está meio exausta. 13) O verbo concorda com o pronome antecedente quando o sujeito é
É meio-dia e meia. (hora) um pronome relativo.
14) As palavras ANEXO, INCLUSO e JUNTO concordam com o subs- Ele, que chegou atrasado, fez a melhor prova.
tantivo a que se referem. Fui eu que fiz a lição
Trouxe anexas as fotografias que você me pediu. Quando a LIÇÃO é pronome relativo, há várias construções possí-
A expressão em anexo é invariável. veis.
Trouxe em anexo estas fotos. • que: Fui eu que fiz a lição.
15) Os adjetivos ALTO, BARATO, CONFUSO, FALSO, etc, que substi- • quem: Fui eu quem fez a lição.
tuem advérbios em MENTE, permanecem invariáveis. • o que: Fui eu o que fez a lição.
Vocês falaram alto demais.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 67 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
14) Verbos impessoais - como não possuem sujeito, deixam o verbo na 4. PERDOAR - transitivo direto e indireto.
terceira pessoa do singular. Acompanhados de auxiliar, transmitem a Já perdoei aos meus inimigos as ofensas.
este sua impessoalidade.
Chove a cântaros. Ventou muito ontem. 5. PREFERIR - (= gostar mais de) transitivo direto e indireto
Deve haver muitas pessoas na fila. Pode haver brigas e discussões. Prefiro Comunicação à Matemática.

6. INFORMAR - transitivo direto e indireto.


CONCORDÂNCIA DOS VERBOS SER E PARECER Informei-lhe o problema.
1) Nos predicados nominais, com o sujeito representado por um dos
pronomes TUDO, NADA, ISTO, ISSO, AQUILO, os verbos SER e PA- 7. ASSISTIR - morar, residir:
RECER concordam com o predicativo. Assisto em Porto Alegre.
Tudo são esperanças. • amparar, socorrer, objeto direto
Aquilo parecem ilusões. O médico assistiu o doente.
Aquilo é ilusão. • PRESENCIAR, ESTAR PRESENTE - objeto direto
Assistimos a um belo espetáculo.
2) Nas orações iniciadas por pronomes interrogativos, o verbo SER • SER-LHE PERMITIDO - objeto indireto
concorda sempre com o nome ou pronome que vier depois. Assiste-lhe o direito.
Que são florestas equatoriais?
Quem eram aqueles homens? 8. ATENDER - dar atenção
Atendi ao pedido do aluno.
3) Nas indicações de horas, datas, distâncias, a concordância se fará • CONSIDERAR, ACOLHER COM ATENÇÃO - objeto direto
com a expressão numérica. Atenderam o freguês com simpatia.
São oito horas.
9. QUERER - desejar, querer, possuir - objeto direto
Hoje são 19 de setembro.
A moça queria um vestido novo.
De Botafogo ao Leblon são oito quilômetros.
• GOSTAR DE, ESTIMAR, PREZAR - objeto indireto
O professor queria muito a seus alunos.
4) Com o predicado nominal indicando suficiência ou falta, o verbo SER
fica no singular. 10. VISAR - almejar, desejar - objeto indireto
Três batalhões é muito pouco. Todos visamos a um futuro melhor.
Trinta milhões de dólares é muito dinheiro. • APONTAR, MIRAR - objeto direto
O artilheiro visou a meta quando fez o gol.
5) Quando o sujeito é pessoa, o verbo SER fica no singular. • pör o sinal de visto - objeto direto
Maria era as flores da casa. O gerente visou todos os cheques que entraram naquele dia.
O homem é cinzas.
11. OBEDECER e DESOBEDECER - constrói-se com objeto indireto
6) Quando o sujeito é constituído de verbos no infinitivo, o verbo SER Devemos obedecer aos superiores.
concorda com o predicativo. Desobedeceram às leis do trânsito.
Dançar e cantar é a sua atividade.
Estudar e trabalhar são as minhas atividades. 12. MORAR, RESIDIR, SITUAR-SE, ESTABELECER-SE
• exigem na sua regência a preposição EM
7) Quando o sujeito ou o predicativo for pronome pessoal, o verbo SER O armazém está situado na Farrapos.
concorda com o pronome. Ele estabeleceu-se na Avenida São João.
A ciência, mestres, sois vós.
Em minha turma, o líder sou eu. 13. PROCEDER - no sentido de "ter fundamento" é intransitivo.
Essas tuas justificativas não procedem.
8) Quando o verbo PARECER estiver seguido de outro verbo no infinitivo, • no sentido de originar-se, descender, derivar, proceder, constrói-se
apenas um deles deve ser flexionado. com a preposição DE.
Os meninos parecem gostar dos brinquedos. Algumas palavras da Língua Portuguesa procedem do tupi-guarani
Os meninos parece gostarem dos brinquedos. • no sentido de dar início, realizar, é construído com a preposição A.
O secretário procedeu à leitura da carta.
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL 14. ESQUECER E LEMBRAR
• quando não forem pronominais, constrói-se com objeto direto:
Regência é o processo sintático no qual um termo depende gramati- Esqueci o nome desta aluna.
calmente do outro. Lembrei o recado, assim que o vi.
A regência nominal trata dos complementos dos nomes (substantivos • quando forem pronominais, constrói-se com objeto indireto:
e adjetivos). Esqueceram-se da reunião de hoje.
Exemplos: Lembrei-me da sua fisionomia.
- acesso: A = aproximação - AMOR: A, DE, PARA, PARA COM
EM = promoção - aversão: A, EM, PARA, POR 15. Verbos que exigem objeto direto para coisa e indireto para pessoa.
PARA = passagem • perdoar - Perdoei as ofensas aos inimigos.
A regência verbal trata dos complementos do verbo. • pagar - Pago o 13° aos professores.
• dar - Daremos esmolas ao pobre.
ALGUNS VERBOS E SUA REGÊNCIA CORRETA • emprestar - Emprestei dinheiro ao colega.
1. ASPIRAR - atrair para os pulmões (transitivo direto) • ensinar - Ensino a tabuada aos alunos.
• pretender (transitivo indireto) • agradecer - Agradeço as graças a Deus.
No sítio, aspiro o ar puro da montanha. • pedir - Pedi um favor ao colega.
Nossa equipe aspira ao troféu de campeã.
16. IMPLICAR - no sentido de acarretar, resultar, exige objeto direto:
2. OBEDECER - transitivo indireto
O amor implica renúncia.
Devemos obedecer aos sinais de trânsito.
• no sentido de antipatizar, ter má vontade, constrói-se com a preposi-
3. PAGAR - transitivo direto e indireto ção COM:
Já paguei um jantar a você. O professor implicava com os alunos

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 68 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
• no sentido de envolver-se, comprometer-se, constrói-se com a prepo- MESÓCLISE
sição EM: Usada quando o verbo estiver no futuro do presente (vai acontecer –
Implicou-se na briga e saiu ferido amarei, amarás, …) ou no futuro do pretérito (ia acontecer mas não acon-
teceu – amaria, amarias, …)
17. IR - quando indica tempo definido, determinado, requer a preposição
A: - Convidar-me-ão para a festa.
Ele foi a São Paulo para resolver negócios. - Convidar-me-iam para a festa.
quando indica tempo indefinido, indeterminado, requer PARA: Se houver uma palavra atrativa, a próclise será obrigatória.
Depois de aposentado, irá definitivamente para o Mato Grosso.
- Não (palavra atrativa) me convidarão para a festa.
18. CUSTAR - Empregado com o sentido de ser difícil, não tem pessoa ÊNCLISE
como sujeito:
Ênclise de verbo no futuro e particípio está sempre errada.
O sujeito será sempre "a coisa difícil", e ele só poderá aparecer na 3ª
pessoa do singular, acompanhada do pronome oblíquo. Quem sente - Tornarei-me……. (errada)
dificuldade, será objeto indireto. - Tinha entregado-nos……….(errada)
Custou-me confiar nele novamente. Ênclise de verbo no infinitivo está sempre certa.
Custar-te-á aceitá-la como nora.
- Entregar-lhe (correta)
Colocação Pronominal (próclise, mesóclise, ênclise) - Não posso recebê-lo. (correta)
Outros casos:
Por Cristiana Gomes
- Com o verbo no início da frase: Entregaram-me as camisas.
É o estudo da colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o,
a, lhe, nos, vos, os, as, lhes) em relação ao verbo. - Com o verbo no imperativo afirmativo: Alunos, comportem-se.
Os pronomes átonos podem ocupar 3 posições: antes do verbo (pró- - Com o verbo no gerúndio: Saiu deixando-nos por instantes.
clise), no meio do verbo (mesóclise) e depois do verbo (ênclise). - Com o verbo no infinitivo impessoal: Convém contar-lhe tudo.
Esses pronomes se unem aos verbos porque são “fracos” na pronún- OBS: se o gerúndio vier precedido de preposição ou de palavra atrati-
cia. va, ocorrerá a próclise:
PRÓCLISE - Em se tratando de cinema, prefiro o suspense.
Usamos a próclise nos seguintes casos: - Saiu do escritório, não nos revelando os motivos.
(1) Com palavras ou expressões negativas: não, nunca, jamais, nada, COLOCAÇÃO PRONOMINAL NAS LOCUÇÕES VERBAIS
ninguém, nem, de modo algum. Locuções verbais são formadas por um verbo auxiliar + infinitivo, ge-
- Nada me perturba. rúndio ou particípio.
- Ninguém se mexeu. AUX + PARTICÍPIO: o pronome deve ficar depois do verbo auxiliar. Se
- De modo algum me afastarei daqui. houver palavra atrativa, o pronome deverá ficar antes do verbo auxiliar.
- Ela nem se importou com meus problemas. - Havia-lhe contado a verdade.
(2) Com conjunções subordinativas: quando, se, porque, que, confor- - Não (palavra atrativa) lhe havia contado a verdade.
me, embora, logo, que. AUX + GERÚNDIO OU INFINITIVO: se não houver palavra atrativa, o
- Quando se trata de comida, ele é um “expert”. pronome oblíquo virá depois do verbo auxiliar ou do verbo principal.
- É necessário que a deixe na escola. Infinitivo
- Fazia a lista de convidados, conforme me lembrava dos amigos sin- - Quero-lhe dizer o que aconteceu.
ceros. - Quero dizer-lhe o que aconteceu.
(3) Advérbios Gerúndio
- Aqui se tem paz. - Ia-lhe dizendo o que aconteceu.
- Sempre me dediquei aos estudos. - Ia dizendo-lhe o que aconteceu.
- Talvez o veja na escola. Se houver palavra atrativa, o pronome oblíquo virá antes do verbo au-
OBS: Se houver vírgula depois do advérbio, este (o advérbio) deixa de xiliar ou depois do verbo principal.
atrair o pronome. Infinitivo
- Aqui, trabalha-se. - Não lhe quero dizer o que aconteceu.
(4) Pronomes relativos, demonstrativos e indefinidos. - Não quero dizer-lhe o que aconteceu.
- Alguém me ligou? (indefinido) Gerúndio
- A pessoa que me ligou era minha amiga. (relativo) - Não lhe ia dizendo a verdade.
- Isso me traz muita felicidade. (demonstrativo) - Não ia dizendo-lhe a verdade.
(5) Em frases interrogativas.
Figuras de Linguagem
- Quanto me cobrará pela tradução?
(6) Em frases exclamativas ou optativas (que exprimem desejo). Figuras sonoras
- Deus o abençoe! Aliteração
- Macacos me mordam!
repetição de sons consonantais (consoantes).
- Deus te abençoe, meu filho!
(7) Com verbo no gerúndio antecedido de preposição EM. Cruz e Souza é o melhor exemplo deste recurso. Uma das característi-
cas marcantes do Simbolismo, assim como a sinestesia.
- Em se plantando tudo dá.
- Em se tratando de beleza, ele é campeão. Ex: "(...) Vozes veladas, veludosas vozes, / Volúpias dos violões, vo-
zes veladas / Vagam nos velhos vórtices velozes / Dos ventos, vivas, vãs,
(8) Com formas verbais proparoxítonas vulcanizadas." (fragmento de Violões que choram. Cruz e Souza)
- Nós o censurávamos.
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 69 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Assonância Ex: "Não sopra o vento; não gemem as vagas; não murmuram os rios."
repetição dos mesmos sons vocálicos. Polissíndeto
Ex:(A, O) - "Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do repetição de conectivos na ligação entre elementos da frase ou do pe-
litoral." (Caetano Veloso) ríodo.
(E, O) - "O que o vago e incóngnito desejo de ser eu mesmo de meu ser Ex: O menino resmunga, e chora, e esperneia, e grita, e maltrata. "E
me deu." (Fernando Pessoa) sob as ondas ritmadas / e sob as nuvens e os ventos / e sob as pontes e
Paranomásia sob o sarcasmo / e sob a gosma e o vômito (...)" (Carlos Drummond de
o emprego de palavras parônimas (sons parecidos). Andrade)
Ex: "Com tais premissas ele sem dúvida leva-nos às primícias" (Padre Anacoluto
Antonio Vieira) termo solto na frase, quebrando a estruturação lógica. Normalmente,
Onomatopeia inicia-se uma determinada construção sintática e depois se opta por outra.
criação de uma palavra para imitar um som Eu, parece-me que vou desmaiar. / Minha vida, tudo não passa de al-
guns anos sem importância (sujeito sem predicado) / Quem ama o feio,
Ex: A língua do nhem "Havia uma velhinha / Que andava aborrecida / bonito lhe parece (alteraram-se as relações entre termos da oração)
Pois dava a sua vida / Para falar com alguém. / E estava sempre em casa /
A boa velhinha, / Resmungando sozinha: / Nhem-nhem-nhem-nhem- Anáfora
nhem..." (Cecília Meireles) repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases.
Linguagem figurada Ex: "Olha a voz que me resta / Olha a veia que salta / Olha a gota que
falta / Pro desfecho que falta / Por favor." (Chico Buarque)
Elipse
Obs.: repetição em final de versos ou frases é epístrofe; repetição no
omissão de um termo ou expressão facilmente subentendida. Casos
início e no fim será símploce. Classificações propostas por Rocha Lima.
mais comuns:
Silepse
a) pronome sujeito, gerando sujeito oculto ou implícito: iremos depois,
compraríeis a casa? é a concordância com a ideia, e não com a palavra escrita. Existem
b) substantivo - a catedral, no lugar de a igreja catedral; Maracanã, no ligar três tipos:
de o estádio Maracanã a) de gênero (masc x fem): São Paulo continua poluída (= a cidade de
c) preposição - estar bêbado, a camisa rota, as calças rasgadas, no lugar São Paulo). V. Sª é lisonjeiro
de: estar bêbado, com a camisa rota, com as calças rasgadas. b) de número (sing x pl): Os Sertões contra a Guerra de Canudos (= o
d) conjunção - espero você me entenda, no lugar de: espero que você me livro de Euclides da Cunha). O casal não veio, estavam ocupados.
entenda.
e) verbo - queria mais ao filho que à filha, no lugar de: queria mais o filho c) de pessoa: Os brasileiros somos otimistas (3ª pess - os brasileiros,
que queria à filha. Em especial o verbo dizer em diálogos - E o rapaz: - Não mas quem fala ou escreve também participa do processo verbal)
sei de nada !, em vez de E o rapaz disse: Antecipação
Zeugma antecipação de termo ou expressão, como recurso enfático. Pode ge-
omissão (elipse) de um termo que já apareceu antes. Se for verbo, po- rar anacoluto.
de necessitar adaptações de número e pessoa verbais. Utilizada, sobretu- Ex.: Joana creio que veio aqui hoje.
do, nas or. comparativas. Ex: Alguns estudam, outros não, por: alguns O tempo parece que vai piorar
estudam, outros não estudam. / "O meu pai era paulista / Meu avô, per-
Obs.: Celso Cunha denomina-a prolepse.
nambucano / O meu bisavô, mineiro / Meu tataravô, baiano." (Chico Buar-
que) - omissão de era Figuras de palavras ou tropos
Hipérbato (Para Bechara alterações semânticas)
alteração ou inversão da ordem direta dos termos na oração, ou das Metáfora
orações no período. São determinadas por ênfase e podem até gerar emprego de palavras fora do seu sentido normal, por analogia. É um
anacolutos. tipo de comparação implícita, sem termo comparativo.
Ex: Morreu o presidente, por: O presidente morreu. Ex: A Amazônia é o pulmão do mundo. Encontrei a chave do proble-
Obs1.: Bechara denomina esta figura antecipação. ma. / "Veja bem, nosso caso / É uma porta entreaberta." (Luís Gonzaga
Junior)
Obs2.: Se a inversão for violenta, comprometendo o sentido drastica-
mente, Rocha Lima e Celso Cunha denominam-na sínquise Obs1.: Rocha Lima define como modalidades de metáfora: personifi-
cação (animismo), hipérbole, símbolo e sinestesia. ? Personificação -
Obs3.: RL considera anástrofe um tipo de hipérbato
atribuição de ações, qualidades e sentimentos humanos a seres inanima-
Anástrofe dos. (A lua sorri aos enamorados) ? Símbolo - nome de um ser ou coisa
anteposição, em expressões nominais, do termo regido de preposição concreta assumindo valor convencional, abstrato. (balança = justiça, D.
ao termo regente. Quixote = idealismo, cão = fidelidade, além do simbolismo universal das
Ex: "Da morte o manto lutuoso vos cobre a todos.", por: O manto lutu- cores)
oso da morte vos cobre a todos. Obs2.: esta figura foi muito utilizada pelos simbolistas
Obs.: para Rocha Lima é um tipo de hipérbato Catacrese
Pleonasmo
uso impróprio de uma palavra ou expressão, por esquecimento ou na
repetição de um termo já expresso, com objetivo de enfatizar a ideia. ausência de termo específico.
Ex: Vi com meus próprios olhos. "E rir meu riso e derramar meu pranto
Ex.: Espalhar dinheiro (espalhar = separar palha) / "Distrai-se um deles
/ Ao seu pesar ou seu contentamento." (Vinicius de Moraes), Ao pobre não
a enterrar o dedo no tornozelo inchado." - O verbo enterrar era usado
lhe devo (OI pleonástico)
primitivamente para significar apenas colocar na terra.
Obs.: pleonasmo vicioso ou grosseiro - decorre da ignorância, perden-
do o caráter enfático (hemorragia de sangue, descer para baixo) Obs1.: Modernamente, casos como pé de meia e boca de forno são
considerados metáforas viciadas. Perderam valor estilístico e se formaram
Assíndeto
graças à semelhança de forma existente entre seres.
ausência de conectivos de ligação, assim atribui maior rapidez ao tex-
to. Ocorre muito nas or. coordenadas. Obs2.: Para Rocha Lima, é um tipo de metáfora

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 70 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Metonímia Ex: "A lua, (...) Pedia a cada estrela fria / Um brilho de aluguel ..."
substituição de um nome por outro em virtude de haver entre eles as- (Jõao Bosco / Aldir Blanc)
sociação de significado. Obs.: Para Rocha Lima, é uma modalidade de metáfora.
Ex: Ler Jorge Amado (autor pela obra - livro) / Ir ao barbeiro (o possui-
dor pelo possuído, ou vice-versa - barbearia) / Bebi dois copos de leite
DISCURSO DIRETO. DISCURSO INDIRETO. DISCURSO INDIRETO LIVRE
(continente pelo conteúdo - leite) / Ser o Cristo da turma. (indivíduo pala
classe - culpado) / Completou dez primaveras (parte pelo todo - anos) / O Celso Cunha
brasileiro é malandro (sing. pelo plural - brasileiros) / Brilham os cristais
(matéria pela obra - copos). ENUNCIAÇÃO E REPRODUÇÃO DE ENUNCIAÇÕES
Comparando as seguintes frases:
Antonomásia, perífrase “A vida é luta constante”
substituição de um nome de pessoa ou lugar por outro ou por uma ex- “Dizem os homens experientes que a vida é luta constante”
pressão que facilmente o identifique. Fusão entre nome e seu aposto.
Ex: O mestre = Jesus Cristo, A cidade luz = Paris, O rei das selvas = o Notamos que, em ambas, é emitido um mesmo conceito sobre a vida..
leão, Escritor Maldito = Lima Barreto
Mas, enquanto o autor da primeira frase enuncia tal conceito como
Obs.: Rocha Lima considera como uma variação da metonímia tendo sido por ele próprio formulado, o autor da segunda o reproduz como
Sinestesia tendo sido formulado por outrem.
interpenetração sensorial, fundindo-se dois sentidos ou mais (olfato,
visão, audição, gustação e tato). Estruturas de reprodução de enunciações
Para dar-nos a conhecer os pensamentos e as palavras de persona-
Ex.: "Mais claro e fino do que as finas pratas / O som da tua voz delici-
gens reais ou fictícias, os locutores e os escritores dispõiem de três moldes
ava ... / Na dolência velada das sonatas / Como um perfume a tudo perfu-
linguísticos diversos, conhecidos pelos nomes de: discurso direto, discurso
mava. / Era um som feito luz, eram volatas / Em lânguida espiral que
indireto e discurso indireto livre.
iluminava / Brancas sonoridades de cascatas ... / Tanta harmonia melanco-
lizava." (Cruz e Souza)
Discurso direto
Obs.: Para Rocha Lima, representa uma modalidade de metáfora Examinando este passo do conto Guaxinim do banhado, de Mário de
Anadiplose Andrade:
é a repetição de palavra ou expressão de fim de um membro de frase “O Guaxinim está inquieto, mexe dum lado pra outro. Eis que suspira
no começo de outro membro de frase. lá na língua dele - “Chente! que vida dura esta de guaxinim do banhado!...”
Ex: "Todo pranto é um comentário. Um comentário que amargamente Verificamos que o narrado, após introduzir o personagem, o guaxinim,
condena os motivos dados." deixou-o expressar-se “Lá na língua dele”, reproduzindo-lhe a fala tal
Figuras de pensamento como ele a teria organizado e emitido.
Antítese
A essa forma de expressão, em que o personagem é chamado a apre-
aproximação de termos ou frases que se opõem pelo sentido.
sentar as suas próprias palavras, denominamos discurso direto.
Ex: "Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios"
(Vinicius de Moraes) Observação
Obs.: Paradoxo - ideias contraditórias num só pensamento, proposição No exemplo anterior, distinguimos claramente o narrador, do locutor, o
de Rocha Lima ("dor que desatina sem doer" Camões) guaxinim.
Eufemismo
Mas o narrador e locutor podem confundir-se em casos como o das
consiste em "suavizar" alguma ideia desagradável narrativas memorialistas feitas na primeira pessoa. Assim, na fala de
Ex: Ele enriqueceu por meios ilícitos. (roubou), Você não foi feliz nos Riobaldo, o personagem-narrador do romance de Grande Sertão: Veredas,
exames. (foi reprovado) de Guimarães Rosa.
Obs.: Rocha Lima propõe uma variação chamada litote - afirma-se algo “Assaz o senhor sabe: a gente quer passar um rio a nado, e passa;
pela negação do contrário. (Ele não vê, em lugar de Ele é cego; Não sou mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais embaixo, bem diverso
moço, em vez de Sou velho). Para Bechara, alteração semântica. do que em primeiro se pensou. Viver nem não é muito perigoso?”

Ou, também, nestes versos de Augusto Meyer, em que o autor, lirica-


Hipérbole mente identificado com a natureza de sua terra, ouve na voz do Minuano o
exagero de uma ideia com finalidade expressiva convite que, na verdade, quem lhe faz é a sua própria alma:
Ex: Estou morrendo de sede (com muita sede), Ela é louca pelos filhos “Ouço o meu grito gritar na voz do vento:
(gosta muito dos filhos) - Mano Poeta, se enganche na minha garupa!”
Obs.: Para Rocha Lima, é uma das modalidades de metáfora. Características do discurso direto
Ironia 1. No plano formal, um enunciado em discurso direto é marcado, ge-
utilização de termo com sentido oposto ao original, obtendo-se, assim, ralmente, pela presença de verbos do tipo dizer, afirmar, ponderar,
valor irônico. sugerir, perguntar, indagar ou expressões sinônimas, que podem
introduzi-lo, arrematá-lo ou nele se inserir:
Obs.: Rocha Lima designa como antífrase
“E Alexandre abriu a torneira:
Ex: O ministro foi sutil como uma jamanta. - Meu pai, homem de boa família, possuía fortuna grossa, como não
Gradação ignoram.” (Graciliano Ramos)
apresentação de ideias em progressão ascendente (clímax) ou des- “Felizmente, ninguém tinha morrido - diziam em redor.” (Cecília
cendente (anticlímax) Meirelles)
“Os que não têm filhos são órfãos às avessas”, escreveu Macha-
Ex: "Nada fazes, nada tramas, nada pensas que eu não saiba, que eu do de Assis, creio que no Memorial de Aires. (A.F. Schmidt)
não veja, que eu não conheça perfeitamente." Quando falta um desses verbos dicendi, cabe ao contexto e a re-
Prosopopeia, personificação, animismo cursos gráficos - tais como os dois pontos, as aspas, o travessão e
é a atribuição de qualidades e sentimentos humanos a seres irracio- a mudança de linha - a função de indicar a fala do personagem. É
nais e inanimados. o que observamos neste passo:

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 71 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
“Ao aviso da criada, a família tinha chegado à janela. Não avista- b) Discurso direto: verbo enunciado no presente:
ram o menino: “- O major é um filósofo, disse ele com malícia.” (Lima Barreto)
- Joãozinho! Discurso indireto: verbo enunciado no imperfeito:
Nada. Será que ele voou mesmo?” “Disse ele com malícia que o major era um filósofo.”
2. No plano expressivo, a força da narração em discurso direto pro- c) Discurso direto: verbo enunciado no pretérito perfeito:
vém essencialmente de sua capacidade de atualizar o episódio, “- Caubi voltou, disse o guerreiro Tabajara.”(José de Alencar)
fazendo emergir da situação o personagem, tornando-o vivo para Discurso indireto: verbo enunciado no pretérito mais-que-perfeito:
o ouvinte, à maneira de uma cena teatral, em que o narrador de- “O guerreiro Tabajara disse que Caubi tinha voltado.”
sempenha a mera função de indicador das falas. d) Discurso direto: verbo enunciado no futuro do presente:
Daí ser esta forma de relatar preferencialmente adotada nos atos diá- “- Virão buscar V muito cedo? - perguntei.”(A.F. Schmidt)
rios de comunicação e nos estilos literários narrativos em que os autores Discurso indireto: verbo enunciado no futuro do pretérito:
pretendem representar diante dos que os lêem “a comédia humana, com a “Perguntei se viriam buscar V. muito cedo”
maior naturalidade possível”. (E. Zola) e) Discurso direto: verbo no modo imperativo:
“- Segue a dança! , gritaram em volta. (A. Azevedo)
Discurso indireto Discurso indireto: verbo no modo subjuntivo:
1. Tomemos como exemplo esta frase de Machado de Assis: “Gritaram em volta que seguisse a dança.”
“Elisiário confessou que estava com sono.” f) Discurso direto: enunciado justaposto:
Ao contrário do que observamos nos enunciados em discurso dire- “O dia vai ficar triste, disse Caubi.”
to, o narrador incorpora aqui, ao seu próprio falar, uma informação Discurso indireto: enunciado subordinado, geralmente introduzido
do personagem (Elisiário), contentando-se em transmitir ao leitor o pela integrante que:
seu conteúdo, sem nenhum respeito à forma linguística que teria “Disse Caubi que o dia ia ficar triste.”
sido realmente empregada. g) Discurso direto:: enunciado em forma interrogativa direta:
Este processo de reproduzir enunciados chama-se discurso indire- “Pergunto - É verdade que a Aldinha do Juca está uma moça en-
to. cantadora?” (Guimarães Rosa)
2. Também, neste caso, narrador e personagem podem confundir-se Discurso indireto: enunciado em forma interrogativa indireta:
num só: “Pergunto se é verdade que a Aldinha do Juca está uma moça en-
“Engrosso a voz e afirmo que sou estudante.” (Graciliano Ramos) cantadora.”
h) Discurso direto: pronome demonstrativo de 1ª pessoa (este, esta,
Características do discurso indireto isto) ou de 2ª pessoa (esse, essa, isso).
1. No plano formal verifica-se que, introduzidas também por um ver- “Isto vai depressa, disse Lopo Alves.”(Machado de Assis)
bo declarativo (dizer, afirmar, ponderar, confessar, responder, etc), Discurso indireto: pronome demonstrativo de 3ª pessoa (aquele,
as falas dos personagens se contêm, no entanto, numa oração aquela, aquilo).
subordinada substantiva, de regra desenvolvida: “Lopo Alves disse que aquilo ia depressa.”
“O padre Lopes confessou que não imaginara a existência de tan- i) Discurso direto: advérbio de lugar aqui:
tos doudos no mundo e menos ainda o inexplicável de alguns ca- “E depois de torcer nas mãos a bolsa, meteu-a de novo na gaveta,
sos.” concluindo:
Nestas orações, como vimos, pode ocorrer a elipse da conjunção - Aqui, não está o que procuro.”(Afonso Arinos)
integrante: Discurso indireto: advérbio de lugar ali:
“Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, pelo cálcu- “E depois de torcer nas mãos a bolsa, meteu-a de novo na gaveta,
lo aproximado do tempo, pois estava sem relógio e mesmo se o ti- concluindo que ali não estava o que procurava.”
vesse não poderia consultá-la à fraca luz da masmorra, imaginava
podiam ser onze horas.”(Lima Barreto) Discurso indireto livre
A conjunçào integrante falta, naturalmente, quando, numa cons- Na moderna literatura narrativa, tem sido amplamente utilizado um ter-
trução em discurso indireto, a subordinada substantiva assume a ceiro processo de reprodução de enunciados, resultante da conciliação dos
forma reduzida.: dois anteriormente descritos. É o chamado discurso indireto livre, forma de
“Um dos vizinhos disse-lhe serem as autoridades do Cachoei- expressão que, ao invés de apresentar o personagem em sua voz própria
ro.”(Graça Aranha) (discurso direto), ou de informar objetivamente o leitor sobre o que ele teria
2. No plano expressivo assinala-se, em primeiro lugar, que o empre- dito (discurso indireto), aproxima narrador e personagem, dando-nos a
go do discurso indireto pressupõe um tipo de relato de caráter impressão de que passam a falar em uníssono.
predominantemente informativo e intelectivo, sem a feição teatral e
Comparem-se estes exemplos:
atualizadora do discurso direto. O narrador passa a subordinar a si
“Que vontade de voar lhe veio agora! Correu outra vez com a respira-
o personagem, com retirar-lhe a forma própria da expressão. Mas
ção presa. Já nem podia mais. Estava desanimado. Que pena! Houve um
não se conclua daí que o discurso indireto seja uma construção
momento em que esteve quase... quase!
estilística pobre. É, na verdade, do emprego sabiamente dosado
Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. Entretanto, qual-
de um e de outro tipo de discurso que os bons escritores extraem
quer urubu... que raiva... “ (Ana Maria Machado)
da narrativa os mais variados efeitos artísticos, em consonância
“D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário. Para que es-
com intenções expressivas que só a análise em profundidade de
tar catando defeitos no próximo? Eram todos irmãos. Irmãos.” (Graciliano
uma dada obra pode revelar.
Ramos)
“O matuto sentiu uma frialdade mortuária percorrendo-o ao longo da
Transposição do discurso direto para o indireto
espinha.
Do confronto destas duas frases:
Era uma urutu, a terrível urutu do sertão, para a qual a mezinha do-
“- Guardo tudo o que meu neto escreve - dizia ela.” (A.F. Schmidt)
méstica nem a dos campos possuíam salvação.
“Ela dizia que guardava tudo o que o seu neto escrevia.”
Perdido... completamente perdido...”
Verifica-se que, ao passar-se de um tipo de relato para outro, certos
( H. de C. Ramos)
elementos do enunciado se modificam, por acomodação ao novo molde
sintático.
Características do discurso indireto livre
a) Discurso direto enunciado 1ª ou 2ª pessoa.
Do exame dos enunciados em itálico comprova-se que o discurso indi-
Exemplo: “-Devia bastar, disse ela; eu não me atrevo a pedir
reto livre conserva toda a afetividade e a expressividade próprios do dis-
mais.”(M. de Assis)
curso direto, ao mesmo tempo que mantém as transposições de pronomes,
Discurso indireto: enunciado em 3ª pessoa:
verbos e advérbios típicos do discurso indireto. É, por conseguinte, um
“Ela disse que deveria bastar, que ela não se atrevia a pedir
processo de reprodução de enunciados que combina as características dos
mais”
dois anteriormente descritos.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 72 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
1. No plano formal, verifica-se que o emprego do discurso indireto li- descrições objetivas. Ela é usada também nos manuais técnicos, fichas
vre “pressupõe duas condições: a absoluta liberdade sintática do informativas, instruções para a instalação e funcionamento de aparelhos,
escritor (fator gramatical) e a sua completa adesão à vida do per- explicações a respeito de aparelhos. Caracteriza o discurso científico, o
sonagem (fator estético) “ (Nicola Vita In: Cultura Neolatina). jornalístico e a correspondência comercial.
Observe-se que essa absoluta liberdade sintática do escritor pode
levar o leitor desatento a confundir as palavras ou manifestações FUNÇÃO EMOTIVA — põe ênfase no emissor. A linguagem e subjetiva
dos locutores com a simples narração. Daí que, para a apreensão e expressa diretamente emoções, atitudes, sensações, reflexões pessoais, a
da fala do personagem nos trechos em discurso indireto livre, ga- carga emocional. Na Literatura, essa função predomina na poesia, prosa
nhe em importância o papel do contexto, pois que a passagem do poética, depoimentos, autobiografias e memórias, diários íntimos. Linguisti-
que seja relato por parte do narrador a enunciado real do locutor é, camente é representada por interjeições, adjetivos, exclamações, reticências,
muitas vezes, extremamente sutil, tal como nos mostra o seguinte agressão verbal (insultos, termos de calão).
passo de Machado de Assis: Pertencem também à função emotiva as canções populares amorosas,
“Quincas Borba calou-se de exausto, e sentou-se ofegante. Rubi- as novelas e qualquer expressão artística que deixe transparecer o estado
ão acudiu, levando-lhe água e pedindo que se deitasse para des- emocional do emissor.
cansar; mas o enfermo após alguns minutos, respondeu que não
era nada. Perdera o costume de fazer discursos é o que era.” FUNÇÃO CONATIVA — é dirigida ao receptor buscando mobilizar sua
2. No plano expressivo, devem ser realçados alguns valores desta atenção, produzindo um apelo. A linguagem apresenta caráter persuasivo,
construção híbrida: sedutor, procura aproximar-se do receptor (ouvinte, espectador, leitor), con-
a) Evitando, por um lado, o acúmulo de quês, ocorrente no discurso vencer, mudar seu comportamento. Pode ser volitiva, revelando assim uma
indireto, e, por outro lado, os cortes das oposições dialogadas pe- vontade ou é imperativa, que é a característica fundamental da propaganda.
culiares ao discurso direto, o discurso indireto livre permite uma Exemplos:
narrativa mais fluente, de ritmo e tom mais artisticamente elabora-
dos; FUNÇÃO FÁTICA — sua característica principal é a de preparar a co-
b) O elo psíquico que se estabelece entre o narrador e personagem municação, facilitando-a, dando eficiência no processo comunicativo. Apre-
neste molde frásico torna-o o preferido dos escritores memorialis- senta excesso de reticências, desejo de compreensão. Ela mantém a cone-
tas, em suas páginas de monólogo interior; xão entre os falantes.
c) Finalmente, cumpre ressaltar que o discurso indireto livre nem
sempre aparece isolado em meio da narração. Sua “riqueza ex- FUNÇÃO POÉTICA — pode ocorrer num texto em prosa ou em verso,
pressiva aumenta quando ele se relaciona, dentro do mesmo pa- ou ainda na fotografia, na música, no cinema, na pintura, enfim em qualquer
rágrafo, com os discursos direto e indireto puro”, pois o emprego modalidade discursiva que apresente uma maneira especial de elaborar o
conjunto faz que para o enunciado confluam, “numa soma total, as código. Ela valoriza a comunicação pela forma da mensagem, ela se preocu-
características de três estilos diferentes entre si”. pa com a estética do texto. A linguagem é criativa, afetiva, recorre a figuras,
(Celso Cunha in Gramática da Língua Portuguesa, 2ª edição, MEC-FENAME.) ornatos, apresenta ritmo, sonoridade. Na Literatura, essa função não se
manifesta apenas na poesia, devemos considerar a prosa poética em suas
FUNÇÕES DA LINGUAGEM várias manifestações. Exemplo:
As funções da linguagem têm como objetivo essencial apontar o dire-
cionamento da mensagem para um ou mais elementos do circuito da FUNÇÃO METALINGUÍSTICA — é centrada no código visando sua tra-
comunicação. O funcionamento da mensagem ocorre tendo em vista a dução. A elaboração do discurso é de suma importância, seja ele linguistico
finalidade de transmitir. (a escrita ou a oralidade) ou extralinguístico (música, pintura, gestualidades
Apresenta, portanto, funções da linguagem qualquer produção discur- etc.). É a mensagem que fala de sua própria produção discursiva. A lingua-
siva, linguística (oral ou escrita) ou extralinguística (propaganda, fotografia, gem fala sobre a própria linguagem, como nos textos explicativos, nas defini-
música, pintura, cinema etc.). ções. Ela é encontrada nos dicionários, nas enciclopédias, gramáticas, livros
Quando vamos elaborar uma redação, necessitamos estar conscientes didáticos.
de que estamos escrevendo para alguém.
A redação (literária ou escolar] sempre apresenta alguém que escreve,
que envia a MENSAGEM, o EMISSOR, para alguém que a lê, o RECEP-
PROVA SIMULADA I
TOR. O elemento que passa a emissão para a recepção é o CANAL, que é
um suporte tísico (no caso da redação é o papel). Qualquer problema com Nota
o canal impedirá que a mensagem chegue ao receptor; neste caso, não As questões aqui transcritas foram extraídas de provas
haverá comunicação, mas um ruído”, um obstáculo a ela. Os fatos, os anteriores dos mais variados concursos, obedecendo o
objetos ou imagens, juízos ou raciocínios que o emissor utiliza (no nosso programa oficial.
caso, a língua portuguesa) constitui o CÓDIGO. O papel do código é de
suma importância, pois emissor e receptor devem possuir pleno conheci- Atenção: As questões de números 1 a 10 referem-se ao texto que se-
mento do código utilizado para que a comunicação se realize, senão a gue.
comunicação será apenas parcial ou nula. Um código comum, uma men- No coração do progresso
sagem deverá abranger um CONTEXTO ou REFERENTE. Há séculos a civilização ocidental vem correndo atrás de tudo o que
classifica como progresso. Essa palavra mágica aplica-se tanto à inven-
FUNÇÃO REFERENCIAL — a mais usada no dia-a-dia. Ela separa dois ção do aeroplano ou à descoberta do DNA como à promoção do papai no
níveis de linguagem, denotativo e conotativo. A linguagem conotativa ou novo emprego. “Estou fazendo progressos”, diz a titia, quando enfim acerta
“linguagem figurada” empresta sua significação para dois campos diversos, a mão numa velha receita. Mas quero chegar logo ao ponto, e convidar o
uma espécie de transferência de significado. Por exemplo: pé da cadeira” leitor a refletir sobre o sentido dessa palavra, que sempre pareceu abrir
refere-se à semelhança entre o signo pé (campo orgânico do ser humano] e o todas as portas para uma vida melhor.
traço que compõe a sustentação da cadeira (campo dos objetos]. Assim, a Quando, muitos anos atrás, num daqueles documentários de cinema,
linguagem “figura” o objeto que sustenta a cadeira, com base na similaridade via-se uma floresta sendo derrubada para dar lugar a algum empreendi-
do pé humano e essa relação se dá entre signos. A linguagem denotativa ou mento, ninguém tinha dúvida em dizer ou pensar: é o progresso. Uma
“linguagem legível” relaciona e aproxima mais diretamente o termo e o objeto. represa monumental era progresso. Cada novo produto químico era um
O pé do ser humano seria signo denotativo. progresso. As coisas não mudaram tanto: continuamos a usar indiscrimi-
A função referencial evidencia o assunto, o objeto, os fatos. É a lingua- nadamente a palavrinha mágica. Mas não deixaram de mudar um pouco:
gem da comunicação. Refere-se a um contexto, ou seja, a uma informação desde que a Ecologia saiu das academias, divulgou-se, popularizou-se e
sem se envolver com quem a produziu ou de quem a recebeu. É meramente tornou-se, efetivamente, um conjunto de iniciativas em favor da preserva-
informativa; não se preocupa com o estilo. É a linguagem das redações ção ambiental e da melhoria das condições da vida em nosso pequenino
escolares, principalmente das dissertações, das narrações não fictícias e das planeta.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 73 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Para isso, foi preciso determinar muito bem o sentido de progresso. 5. As normas de concordância verbal estão plenamente respeitadas na
Do ponto de vista material, considera-se ganho humano apenas aquilo que frase:
concorre para equilibrar a ação transformadora do homem sobre a nature- (A) Já faz muitos séculos que se vêm atribuindo à palavra progresso
za e a integridade da vida natural. Desenvolvimento, sim, mas sustentá- algumas conotações mágicas.
vel: o adjetivo exprime uma condição, para cercear as iniciativas predató- (B) Deve-se ao fato de usamos muitas palavras sem conhecer seu
rias. Cada novidade tecnológica há de ser investigada quanto a seus sentido real muitos equívocos ideológicos.
efeitos sobre o homem e o meio em que vive. Cada intervenção na nature- (C) Muitas coisas a que associamos o sentido de progresso não chega a
za há de adequar-se a um planejamento que considere a qualidade e a representarem, de fato, qualquer avanço significativo.
extensão dos efeitos. (D) Se muitas novidades tecnológicas houvesse de ser investigadas a
Em suma: já está ocorrendo, há algum tempo, uma avaliação ética e fundo, veríamos que são irrelevantes para a melhoria da vida.
política de todas as formas de progresso que afetam nossa relação com o (E) Começam pelas preocupações com nossa casa, com nossa rua,
mundo e, portanto, a qualidade da nossa vida. Não é pouco, mas ainda com nossa cidade a tarefa de zelarmos por uma boa qualidade da
não é suficiente. Aos cientistas, aos administradores, aos empresários, aos vida.
industriais e a todos nós – cidadãos comuns – cabe a tarefa cotidiana de
zelarmos por nossas ações que inflectem sobre qualquer aspecto da 6. Está correto o emprego de ambas as expressões sublinhadas na
qualidade de vida. A tarefa começa em nossa casa, em nossa cozinha e frase:
banheiro, em nosso quintal e jardim – e se estende à preocupação com a (A) De tudo aquilo que classificamos como progresso costumamos
rua, com o bairro, com a cidade. atribuir o sentido de um tipo de ganho ao qual não queremos abrir
“Meu coração não é maior do que o mundo”, dizia o poeta. Mas um mão.
mundo que merece a atenção do nosso coração e da nossa inteligência é, (B) É preferível deixar intacta a mata selvagem do que destruí-la em
certamente, melhor do que este em que estamos vivendo. nome de um benefício em que quase ninguém desfrutará.
Não custa interrogar, a cada vez que alguém diz progresso, o sentido (C) A titia, cuja a mão enfim acertou numa velha receita, não hesitou em
preciso – talvez oculto - da palavra mágica empregada. (Alaor Adauto de ver como progresso a operação à qual foi bem sucedida.
Mello) (D) A precisão da qual se pretende identificar o sentido de uma palavra
depende muito do valor de contexto a que lhe atribuímos.
1. Centraliza-se, no texto, uma concepção de progresso, segundo a (E) As inovações tecnológicas de cujo benefício todos se aproveitam
qual este deve ser representam, efetivamente, o avanço a que se costuma chamar pro-
(A) equacionado como uma forma de equilíbrio entre as atividades gresso.
humanas e o respeito ao mundo natural.
(B) identificado como aprimoramento tecnológico que resulte em ativi- 7. Considere as seguintes afirmações, relativas a aspectos da constru-
dade economicamente viável. ção ou da expressividade do texto:
(C) caracterizado como uma atividade que redunde em maiores lucros I. No contexto do segundo parágrafo, a forma plural não mudaram
para todos os indivíduos de uma comunidade. tanto atende à concordância com academias.
(D) definido como um atributo da natureza que induz os homens a II. No contexto do terceiro parágrafo, a expressão há de adequar-se
aproveitarem apenas o que é oferecido em sua forma natural. exprime um dever imperioso, uma necessidade premente.
(E) aceito como um processo civilizatório que implique melhor distribui- III. A expressão Em suma, tal como empregada no quarto parágrafo,
ção de renda entre todos os agentes dos setores produtivos. anuncia a abertura de uma linha de argumentação ainda inexplorada
no texto.
2. Considere as seguintes afirmações: Está correto APENAS o que se afirma em
I. A banalização do uso da palavra progresso é uma consequência do (A) I.
fato de que a Ecologia deixou de ser um assunto acadêmico. (B)) II.
II. A expressão desenvolvimento sustentável pressupõe que haja (C) III.
formas de desenvolvimento nocivas e predatórias. (D) I e II.
III. Entende o autor do texto que a magia da palavra progresso advém (E) II e III.
do uso consciente e responsável que a maioria das pessoas vem fa-
zendo dela. 8. A palavra progresso frequenta todas as bocas, todas pronunciam a
Em relação ao texto está correto APENAS que se afirma em palavra progresso, todas atribuem a essa palavra sentidos mágicos
(A) I. (B) II. que elevam essa palavra ao patamar dos nomes miraculosos.
(C) III. (D) I e II. (E) II e III. Evitam-se as repetições viciosas da frase acima substituindo-se os
elementos sublinhados, na ordem dada, por:
3. Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente uma frase do (A)) a pronunciam - lhe atribuem - a elevam
texto em: (B) a pronunciam - atribuem-na - elevam-na
(A) Mas quero chegar logo ao ponto = devo me antecipar a qualquer (C) lhe pronunciam - lhe atribuem - elevam-lhe
conclusão. (D) a ela pronunciam - a ela atribuem - lhe elevam
(B) continuamos a usar indiscriminadamente a palavrinha mágica = (E) pronunciam-na - atribuem-na - a elevam
seguimos chamando de mágico tudo o que julgamos sem preconcei- 9. Está clara e correta a redação da seguinte frase:
to. (A) Caso não se determine bem o sentido da palavra progresso, pois
(C) para cercear as iniciativas predatórias = para ir ao encontro das que é usada indiscriminadamente, ainda assim se faria necessário
ações voluntariosas. que reflitamos sobre seu verdadeiro sentido.
(D) ações que inflectem sobre qualquer aspecto da qualidade da vida = (B) Ao dizer o poeta que seu coração não é maior do que o mundo,
práticas alheias ao que diz respeito às condições de vida. devemos nos inspirar para que se estabeleça entre este e o nosso
(E) há de adequar-se a um planejamento = deve ir ao encontro do que coração os compromissos que se reflitam numa vida melhor.
está planificado. (C) Nada é desprezível no espaço do mundo, que não mereça nossa
atenção quanto ao fato de que sejamos responsáveis por sua melho-
4. Cada intervenção na natureza há de adequar-se a um planejamento ria, seja o nosso quintal, nossa rua, enfim, onde se esteja.
pelo qual se garanta que a qualidade da vida seja preservada. (D)) Todo desenvolvimento definido como sustentável exige, para fazer
Os tempos e os modos verbais da frase acima continuarão correta- jus a esse adjetivo, cuidados especiais com o meio ambiente, para
mente articulados caso se substituam as formas sublinhadas, na or- que não venham a ser nocivos seus efeitos imediatos ou futuros.
dem em que surgem, por (E) Tem muita ciência que, se saísse das limitações acadêmicas, acaba-
(A) houve - garantiria – é (B) haveria - garantiu - teria sido riam por se revelarem mais úteis e mais populares, em vista da Eco-
(C) haveria - garantisse – fosse (D)haverá - garantisse - e logia, cujas consequências se sente mesmo no âmbito da vida práti-
(E) havia - garantiu - é ca.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 74 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
10. Está inteiramente correta a pontuação do seguinte período: (B) dos gastos de combustível e das horas de trabalho desperdiçadas
(A) Toda vez que é pronunciada, a palavra progresso, parece abrir a em engarrafamentos.
porta para um mundo, mágico de prosperidade garantida. (C) da distância a ser percorrida entre as cidades de São Paulo e São
(B)) Por mínimas que pareçam, há providências inadiáveis, ações apa- Carlos.
rentemente irrisórias, cuja execução cotidiana é, no entanto, impor- (D) da quantidade de carros existentes entre a capital de São Paulo e
tantíssima. São Carlos.
(C) O prestígio da palavra progresso, deve-se em grande parte ao modo (E) do número de usuários de automóveis particulares da cidade de São
irrefletido, com que usamos e abusamos, dessa palavrinha mágica. Paulo.
(D) Ainda que traga muitos benefícios, a construção de enormes repre-
sas, costuma trazer também uma série de consequências ambien- 14. A quantidade de carros parados nos engarrafamentos, em razão das
tais que, nem sempre, foram avaliadas. manifestações na cidade de São Paulo nos últimos três anos, é e-
(E) Não há dúvida, de que o autor do texto aderiu a teses ambientalistas quiparada, no texto,
segundo as quais, o conceito de progresso está sujeito a uma per- (A) a R$ 3,3 milhões.
manente avaliação. (B) ao total de usuários da cidade de São Carlos.
(C) ao total de usuários da cidade de São Paulo.
Leia o texto a seguir para responder às questões de números 11 a 24. (D) ao total de combustível economizado.
De um lado estão os prejuízos e a restrição de direitos causados pelos (E) a uma distância de 231 km.
protestos que param as ruas de São Paulo. De outro está o direito à livre
manifestação, assegurado pela Carta de 1988. Como não há fórmula 15. No terceiro parágrafo, a respeito do poder da Justiça em coibir os
perfeita de arbitrar esse choque entre garantias democráticas fundamen- protestos abusivos, o texto assume um posicionamento de
tais, cabe lançar mão de medidas pontuais – e sobretudo de bom senso. (A) indiferença, porque diz que a decisão não cabe à Justiça.
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) estima em R$ 3 mi- (B) entusiasmo, porque acredita que o órgão já tem poder para impedir
lhões o custo para a população dos protestos ocorridos nos últimos três protestos abusivos.
anos na capital paulista. O cálculo leva em conta o combustível consumido (C) decepção, porque não vê nenhum exemplo concreto do órgão para
e as horas perdidas de trabalho durante os engarrafamentos causados por impedir protestos em horários de pico.
protestos. Os carros enfileirados por conta de manifestações nesses três (D) confiança, porque acredita que, no futuro, será uma forma bem-
anos praticamente cobririam os 231 km que separam São Paulo de São sucedida de desestimular protestos abusivos.
Carlos. (E) satisfação, porque cita casos em que a Justiça já teve êxito em
A Justiça é o meio mais promissor, em longo prazo, para desestimular impedir protestos em horários inconvenientes e em avenidas movi-
os protestos abusivos que param o trânsito nos horários mais inconvenien- mentadas.
tes e acarretam variados transtornos a milhões de pessoas. É adequada a
atitude da CET de enviar sistematicamente ao Ministério Público relatórios 16. De acordo com o texto, a atitude da Companhia de Engenharia de
com os prejuízos causados em cada manifestação feita fora de horários e Tráfego de enviar periodicamente relatórios sobre os prejuízos cau-
locais sugeridos pela agência ou sem comunicação prévia. sados em cada manifestação é
Com base num documento da CET, por exemplo, a Procuradoria acio- (A) pertinente. (B) indiferente.
nou um líder de sindicato, o qual foi condenado em primeira instância a (C) irrelevante. (D) onerosa. (E) inofensiva.
pagar R$ 3,3 milhões aos cofres públicos, a título de reparação. O direito à
livre manifestação está previsto na Constituição. No entanto, tal direito não 17. No quarto parágrafo, o fato de a Procuradoria condenar um líder
anula a responsabilização civil e criminal em caso de danos provocados sindical
pelos protestos. (A) é ilegal e fere os preceitos da Carta de 1998.
O poder público deveria definir, de preferência em negociação com as (B) deve ser comemorada, ainda que viole a Constituição.
categorias que costumam realizar protestos na capital, horários e locais (C) é legal, porque o direito à livre manifestação não isenta o manifes-
vedados às passeatas. Práticas corriqueiras, como a paralisia de avenidas tante da responsabilidade pelos danos causados.
essenciais para o tráfego na capital nos horários de maior fluxo, deveriam (D) é nula, porque, segundo o direito à livre manifestação, o acusado
ser abolidas. poderá entrar com recurso.
(Folha de S.Paulo, 29.09.07. Adaptado) (E) é inédita, porque, pela primeira vez, apesar dos direitos assegura-
dos, um manifestante será punido.
11. De acordo com o texto, é correto afirmar que
(A) a Companhia de Engenharia de Tráfego não sabe mensurar o custo 18. Dentre as soluções apontadas, no último parágrafo, para resolver o
dos protestos ocorridos nos últimos anos. conflito, destaca-se
(B) os prejuízos da ordem de R$ 3 milhões em razão dos engarrafamen- (A) multa a líderes sindicais.
tos já foram pagos pelos manifestantes. (B) fiscalização mais rígida por parte da Companhia de Engenharia de
(C) os protestos de rua fazem parte de uma sociedade democrática e Tráfego.
são permitidos pela Carta de 1988. (C) o fim dos protestos em qualquer via pública.
(D) após a multa, os líderes de sindicato resolveram organizar protestos (D) fixar horários e locais proibidos para os protestos de rua.
de rua em horários e locais predeterminados. (E) negociar com diferentes categorias para que não façam mais mani-
(E) o Ministério Público envia com frequência estudos sobre os custos festações.
das manifestações feitas de forma abusiva.
19. No trecho – É adequada a atitude da CET de enviar relatórios –,
12. No primeiro parágrafo, afirma-se que não há fórmula perfeita para substituindo-se o termo atitude por comportamentos, obtém-se, de
solucionar o conflito entre manifestantes e os prejuízos causados ao acordo com as regras gramaticais, a seguinte frase:
restante da população. A saída estaria principalmente na (A) É adequada comportamentos da CET de enviar relatórios.
(A) sensatez. (B) É adequado comportamentos da CET de enviar relatórios.
(B) Carta de 1998. (C) São adequado os comportamentos da CET de enviar relatórios.
(C) Justiça. (D) São adequadas os comportamentos da CET de enviar relatórios.
(D) Companhia de Engenharia de Tráfego. (E) São adequados os comportamentos da CET de enviar relatórios.
(E) na adoção de medidas amplas e profundas.
20. No trecho – No entanto, tal direito não anula a responsabilização civil
13. De acordo com o segundo parágrafo do texto, os protestos que e criminal em caso de danos provocados pelos protestos –, a locu-
param as ruas de São Paulo representam um custo para a popula- ção conjuntiva no entanto indica uma relação de
ção da cidade. O cálculo desses custos é feito a partir (A) causa e efeito. (B) oposição.
(A) das multas aplicadas pela Companhia de Engenharia de Tráfego (C) comparação. (D) condição. (E) explicação.
(CET).
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 75 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
21. “Não há fórmula perfeita de arbitrar esse choque.” Nessa frase, a (D) Faz quase dois séculos que se fundara escolas de direito e medicina
palavra arbitrar é um sinônimo de no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não se resolvera os enguiços
(A) julgar. (B) almejar. entre diplomas e carreiras.
(C) condenar. (D) corroborar. (E) descriminar. (E) Faz quase dois séculos que se fundaram escolas de direito e medicina
no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não se resolveram os engui-
22. No trecho – A Justiça é o meio mais promissor para desestimular os ços entre diplomas e carreiras.
protestos abusivos – a preposição para estabelece entre os termos
uma relação de 26. Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, de
(A) tempo. (B) posse. acordo com a norma culta, as frases: O monopólio só é bom para aqueles
(C) causa. (D)origem. (E) finalidade. que ____________. / Nos dias de hoje, nem 20% advogam, e apenas 1%
____________. / Em sua maioria, os advogados sempre ____________.
23. Na frase – O poder público deveria definir horários e locais –, substi-
(A) o retêem / obtem sucesso / se apropriaram os postos de destaque na
tuindo-se o verbo definir por obedecer, obtém-se, segundo as regras
política e no mundo dos negócios
de regência verbal, a seguinte frase:
(B) o retém / obtém sucesso / se apropriaram aos postos de destaque na
(A) O poder público deveria obedecer para horários e locais.
política e no mundo dos negócios
(B) O poder público deveria obedecer a horários e locais.
(C) o retém / obtêem sucesso / se apropriaram os postos de destaque na
(C) O poder público deveria obedecer horários e locais.
política e no mundo dos negócios
(D) O poder público deveria obedecer com horários e locais.
(D) o retêm / obtém sucesso / sempre se apropriaram de postos de desta-
(E) O poder público deveria obedecer os horários e locais.
que na política e no mundo dos negócios
24. Transpondo para a voz passiva a frase – A Procuradoria acionou um (E) o retem / obtêem sucesso / se apropriaram de postos de destaque na
líder de sindicato – obtém-se: política e no mundo dos negócios
(A) Um líder de sindicato foi acionado pela Procuradoria.
(B) Acionaram um líder de sindicato pela Procuradoria. 27. Assinale a alternativa em que se repete o tipo de oração introduzida
(C) Acionaram-se um líder de sindicato pela Procuradoria. pela conjunção se, empregado na frase – Questionamos também se uma
(D) Um líder de sindicato será acionado pela Procuradoria. corporação profissional deve ter carta-branca para determinar a dificuldade
(E) A Procuradoria foi acionada por um líder de sindicato. das provas, ...
(A) A sociedade não chega a saber se os advogados são muito corporati-
Leia o texto para responder às questões de números 25 a 34 vos.
(B) Se os advogados aprendem pouco, a culpa é da fragilidade do ensino
Diploma e monopólio básico.
Faz quase dois séculos que foram fundadas escolas de direito e medi- (C) O advogado afirma que se trata de uma questão secundária.
cina no Brasil. É embaraçoso verificar que ainda não foram resolvidos os (D) É um curso no qual se exercita lógica rigorosa.
enguiços entre diplomas e carreiras. Falta-nos descobrir que a concorrên- (E) No curso de direito, lê-se bastante.
cia (sob um bom marco regulatório) promove o interesse da sociedade e
que o monopólio só é bom para quem o detém. Não fora essa ignorância, 28. Assinale a alternativa em que se admite a concordância verbal tanto no
como explicar a avalanche de leis que protegem monopólios espúrios para singular como no plural como em: A maioria dos advogados ocupam pos-
o exercício profissional? tos de destaque na política e no mundo dos negócios.
(A) Como o direito, a medicina é uma carreira estritamente profissional.
Desde a criação dos primeiros cursos de direito, os graduados apenas (B) Os Estados Unidos e a Alemanha não oferecem cursos de administra-
ocasionalmente exercem a profissão. Em sua maioria, sempre ocuparam ção em nível de bacharelado.
postos de destaque na política e no mundo dos negócios. Nos dias de hoje, (C) Metade dos cursos superiores carecem de boa qualificação.
nem 20% advogam. (D) As melhores universidades do país abastecem o mercado de trabalho
com bons profissionais.
Mas continua havendo boas razões para estudar direito, pois esse é (E) A abertura de novos cursos tem de ser controlada por órgãos oficiais.
um curso no qual se exercita lógica rigorosa, se lê e se escreve bastante.
Torna os graduados mais cultos e socialmente mais produtivos do que se 29. Assinale a alternativa que apresenta correta correlação de tempo
não houvessem feito o curso. Se aprendem pouco, paciência, a culpa é verbal entre as orações.
mais da fragilidade do ensino básico do que das faculdades. Diante dessa (A) Se os advogados demonstrarem um mínimo de conhecimento, poderi-
polivalência do curso de direito, os exames da OAB são uma solução am defender bem seus clientes.
brilhante. Aqueles que defenderão clientes nos tribunais devem demonstrar (B) Embora tivessem cursado uma faculdade, não se desenvolveram
nessa prova um mínimo de conhecimento. Mas, como os cursos são intelectualmente.
também úteis para quem não fez o exame da Ordem ou não foi bem suce- (C) É possível que os novos cursos passam a ter fiscalização mais severa.
dido na prova, abrir ou fechar cursos de “formação geral” é assunto do (D) Se não fosse tanto desconhecimento, o desempenho poderá ser me-
MEC, não da OAB. A interferência das corporações não passa de uma lhor.
prática monopolista e ilegal em outros ramos da economia. Questionamos (E) Seria desejável que os enguiços entre diplomas e carreiras se resolvem
também se uma corporação profissional deve ter carta-branca para deter- brevemente.
minar a dificuldade das provas, pois essa é também uma forma de limitar a
concorrência – mas trata-se aí de uma questão secundária. (...) 30. A substituição das expressões em destaque por um pronome pessoal
(Veja, 07.03.2007. Adaptado) está correta, nas duas frases, de acordo com a norma culta, em:
(A) I. A concorrência promove o interesse da sociedade. / A concorrência
25. Assinale a alternativa que reescreve, com correção gramatical, as promove-o. II. Aqueles que defenderão clientes. / Aqueles que lhes defen-
frases: Faz quase dois séculos que foram fundadas escolas de direito e derão.
medicina no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não foram resolvi- (B) I. O governo fundou escolas de direito e de medicina. / O governo
dos os enguiços entre diplomas e carreiras. fundou elas. II. Os graduados apenas ocasionalmente
(A) Faz quase dois séculos que se fundou escolas de direito e medicina no exercem a profissão. / Os graduados apenas ocasionalmente exercem-la.
Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não se resolveu os enguiços (C) I. Torna os graduados mais cultos. / Torna-os mais cultos. II. É preciso
entre diplomas e carreiras. mencionar os cursos de administração. / É preciso mencionar-lhes.
(B) Faz quase dois séculos que se fundava escolas de direito e medicina (D) I. Os advogados devem demonstrar muitos conhecimentos. Os advo-
no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não se resolveram os engui- gados devem demonstrá-los. II. As associações mostram à sociedade o
ços entre diplomas e carreiras. seu papel. / As associações mostram-lhe o seu papel.
(C) Faz quase dois séculos que se fundaria escolas de direito e medicina (E) I. As leis protegem os monopólios espúrios. / As leis protegem-os. II. As
no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não se resolveu os enguiços corporações deviam fiscalizar a prática profissional. / As corporações
entre diplomas e carreiras. deviam fiscalizá-la.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 76 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
31. Assinale a alternativa em que as palavras em destaque exercem, colocará em íntima conexão com o Direito. Nesta visão, os valores morais
respectivamente, a mesma função sintática das expressões assinaladas dariam o balizamento do agir e a Ética seria assim a moral em realização,
em: Os graduados apenas ocasionalmente exercem a profissão. pelo reconhecimento do outro como ser de direito, especialmente de digni-
(A) Se aprendem pouco, a culpa é da fragilidade do ensino básico. dade. Como se vê, a compreensão do fenômeno Ética não mais surgiria
(B) A interferência das corporações não passa de uma prática monopolista. metodologicamente dos resultados de uma descrição ou reflexão, mas sim,
(C) Abrir e fechar cursos de “formação geral” é assunto do MEC. objetivamente, de um agir, de um comportamento consequencial, capaz de
(D) O estudante de direito exercita preferencialmente uma lógica rigorosa. tornar possível e correta a convivência. (Adaptado do site Doutrina Jus
(E) Boas razões existirão sempre para o advogado buscar conhecimento. Navigandi)

32. Assinale a alternativa que reescreve a frase de acordo com a norma 35. As diferentes acepções de Ética devem-se, conforme se depreende da
culta. leitura do texto,
(A) Os graduados apenas ocasionalmente exercem a profissão. / Os gra- (A) aos usos informais que o senso comum faz desse termo.
duados apenas ocasionalmente se dedicam (B) às considerações sobre a etimologia dessa palavra.
a profissão. (C) aos métodos com que as ciências sociais a analisam.
(B) Os advogados devem demonstrar nessa prova um mínimo de conheci- (D) às íntimas conexões que ela mantém com o Direito.
mento. / Os advogados devem primar nessa prova por um mínimo de (E) às perspectivas em que é considerada pelos acadêmicos.
conhecimento.
(C) Ele não fez o exame da OAB. / Ele não procedeu o exame da OAB. 36. A concepção de ética atribuída a Adolfo Sanchez Vasquez é retomada
(D) As corporações deviam promover o interesse da sociedade. / As corpo- na seguinte expressão do texto:
rações deviam almejar do interesse da sociedade. (A) núcleo especulativo e reflexivo.
(E) Essa é uma forma de limitar a concorrência. / Essa é uma forma de (B) objeto descritível de uma Ciência.
restringir à concorrência. (C) explicação dos fatos morais.
(D) parte da Filosofia.
33. Assinale a alternativa em que o período formado com as frases I, II e III (E) comportamento consequencial
estabelece as relações de condição entre I e II e de adição entre I e III.
I. O advogado é aprovado na OAB. 37. No texto, a terceira acepção da palavra ética deve ser entendida como
II. O advogado raciocina com lógica. aquela em que se considera, sobretudo,
III. O advogado defende o cliente no tribunal. (A) o valor desejável da ação humana.
(A) Se o advogado raciocinar com lógica, ele será aprovado na OAB e (B) o fundamento filosófico da moral.
defenderá o cliente no tribunal com sucesso. (C) o rigor do método de análise.
(B) O advogado defenderá o cliente no tribunal com sucesso, mas terá de (D) a lucidez de quem investiga o fato moral.
raciocinar com lógica e ser aprovado na OAB. (E) o rigoroso legado da jurisprudência.
(C) Como raciocinou com lógica, o advogado será aprovado na OAB e
defenderá o cliente no tribunal com sucesso. 38. Dá-se uma íntima conexão entre a Ética e o Direito quando ambos
(D) O advogado defenderá o cliente no tribunal com sucesso porque racio- revelam, em relação aos valores morais da conduta, uma preocupação
cinou com lógica e foi aprovado na OAB. (A) filosófica.
(E) Uma vez que o advogado raciocinou com lógica e foi aprovado na OAB, (B) descritiva.
ele poderá defender o cliente no tribunal com sucesso. (C) prescritiva.
(D) contestatária.
34. Na frase – Se aprendem pouco, paciência, a culpa é mais da fragilida- (E) tradicionalista.
de do ensino básico do que das faculdades. – a palavra paciência vem
entre vírgulas para, no contexto, 39. Considerando-se o contexto do último parágrafo, o elemento sublinha-
(A) garantir a atenção do leitor. do pode ser corretamente substituído pelo que está entre parênteses, sem
(B) separar o sujeito do predicado. prejuízo para o sentido, no seguinte caso:
(C) intercalar uma reflexão do autor. (A) (...) a colocará em íntima conexão com o Direito. (inclusão)
(D) corrigir uma afirmação indevida. (B) (...) os valores morais dariam o balizamento do agir (...) (arremate)
(E) retificar a ordem dos termos. (C) (...) qualificação do comportamento do homem como ser em situação.
(provisório)
Atenção: As questões de números 35 a 42 referem-se ao texto abaixo. (D) (...) nem tampouco como fenômeno especulativo. (nem, ainda)
(E) (...) de um agir, de um comportamento consequencial... (concessivo)
Sobre Ética
A palavra Ética é empregada nos meios acadêmicos em três acepções. 40. As normas de concordância estão plenamente observadas na frase:
Numa, faz-se referência a teorias que têm como objeto de estudo o com- (A) Costumam-se especular, nos meios acadêmicos, em torno de três
portamento moral, ou seja, como entende Adolfo Sanchez Vasquez, “a acepções de Ética.
teoria que pretende explicar a natureza, fundamentos e condições da (B) As referências que se faz à natureza da ética consideram-na, com
moral, relacionando-a com necessidades sociais humanas.” Teríamos, muita frequência, associada aos valores morais.
assim, nessa acepção, o entendimento de que o fenômeno moral pode ser (C) Não coubessem aos juristas aproximar-se da ética, as leis deixariam de
estudado racional e cientificamente por uma disciplina que se propõe a ter a dignidade humana como balizamento.
descrever as normas morais ou mesmo, com o auxílio de outras ciências, (D) Não derivam das teorias, mas das práticas humanas, o efetivo valor de
ser capaz de explicar valorações comportamentais. que se impregna a conduta dos indivíduos.
(E) Convém aos filósofos e juristas, quaisquer que sejam as circunstâncias,
Um segundo emprego dessa palavra é considerá-la uma categoria filosófi- atentar para a observância dos valores éticos.
ca e mesmo parte da Filosofia, da qual se constituiria em núcleo especula-
tivo e reflexivo sobre a complexa fenomenologia da moral na convivência 41. Está clara, correta e coerente a redação do seguinte comentário sobre
humana. A Ética, como parte da Filosofia, teria por objeto refletir sobre os o texto:
fundamentos da moral na busca de explicação dos fatos morais. (A) Dentre as três acepções de Ética que se menciona no texto, uma
apenas diz respeito à uma área em que conflui com o Direito.
Numa terceira acepção, a Ética já não é entendida como objeto descritível (B) O balizamento da conduta humana é uma atividade em que, cada um
de uma Ciência, tampouco como fenômeno especulativo. Trata-se agora em seu campo, se empenham o jurista e o filósofo.
da conduta esperada pela aplicação de regras morais no comportamento (C) Costuma ocorrer muitas vezes não ser fácil distinguir Ética ou Moral,
social, o que se pode resumir como qualificação do comportamento do haja vista que tanto uma quanto outra pretendem ajuizar à situação do
homem como ser em situação. É esse caráter normativo de Ética que a homem.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 77 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
(D) Ainda que se torne por consenso um valor do comportamento humano, 46. Na frase A distinção entre ambos tem alguns corolários relevantes, o
a Ética varia conforme a perspectiva de atribuição do mesmo. sentido da expressão sublinhada está corretamente traduzido em:
(E) Os saberes humanos aplicados, do conhecimento da Ética, costumam (A) significativos desdobramentos dela.
apresentar divergências de enfoques, em que pese a metodologia usada. (B) determinados antecedentes dela.
(C) reconhecidos fatores que a causam.
42. Transpondo-se para a voz passiva a frase Nesta visão, os valores (D) consequentes aspectos que a relativizam.
morais dariam o balizamento do agir, a forma verbal resultante deverá ser: (E) valores comuns que ela propicia.
(A) seria dado.
(B) teriam dado. 47. Está correta a articulação entre os tempos e os modos verbais na frase:
(C) seriam dados. (A) Se o moralizador vier a respeitar o padrão moral que ele impusera, já
(D) teriam sido dados. não podia ser considerado um hipócrita.
(E) fora dado. (B) Os moralizadores sempre haveriam de desrespeitar os valores morais
que eles imporão aos outros.
Atenção: As questões de números 43 a 48 referem-se ao texto abaixo. (C) A pior barbárie terá sido aquela em que o rigor dos hipócritas servisse
O homem moral e o moralizador de controle dos demais cidadãos.
Depois de um bom século de psicologia e psiquiatria dinâmicas, esta- (D) Desde que haja a imposição forçada de um padrão moral, caracteriza-
mos certos disto: o moralizador e o homem moral são figuras diferentes, se va-se um ato típico do moralizador.
não opostas. O homem moral se impõe padrões de conduta e tenta respei- (E) Não é justo que os hipócritas sempre venham a impor padrões morais
tá-los; o moralizador quer impor ferozmente aos outros os padrões que ele que eles próprios não respeitam.
não consegue respeitar.
A distinção entre ambos tem alguns corolários relevantes. 48. Está correto o emprego de ambos os elementos sublinhados na frase:
Primeiro, o moralizador é um homem moral falido: se soubesse respei- (A) O moralizador está carregado de imperfeições de que ele não costuma
tar o padrão moral que ele impõe, ele não precisaria punir suas imperfei- acusar em si mesmo.
ções nos outros. Segundo, é possível e compreensível que um homem (B) Um homem moral empenha-se numa conduta cujo o padrão moral ele
moral tenha um espírito missionário: ele pode agir para levar os outros a não costuma impingir na dos outros.
adotar um padrão parecido com o seu. Mas a imposição forçada de um (C) Os pecados aos quais insiste reincidir o moralizador são os mesmos
padrão moral não é nunca o ato de um homem moral, é sempre o ato de em que ele acusa seus semelhantes.
um moralizador. Em geral, as sociedades em que as normas morais ga- (D) Respeitar um padrão moral das ações é uma qualidade da qual não
nham força de lei (os Estados confessionais, por exemplo) não são regra- abrem mão os homens a quem não se pode acusar de hipócritas.
das por uma moral comum, nem pelas aspirações de poucos e escolhidos (E) Quando um moralizador julga os outros segundo um padrão moral de
homens exemplares,mas por moralizadores que tentam remir suas próprias cujo ele próprio não respeita, demonstra toda a hipocrisia em que é capaz.
falhas
morais pela brutalidade do controle que eles exercem sobre os outros. Atenção: As questões de números 49 a 54 referem-se ao texto abaixo.
A pior barbárie do mundo é isto: um mundo em que todos pagam pelos Fim de feira
pecados de hipócritas que não se aguentam. (Contardo Calligaris, Folha Quando os feirantes já se dispõem a desarmar as barracas, começam
de S. Paulo, 20/03/2008) a chegar os que querem pagar pouco pelo que restou nas bancadas, ou
mesmo nada, pelo que ameaça estragar. Chegam com suas sacolas
43. Atente para as afirmações abaixo.
cheias de esperança. Alguns não perdem tempo e passam a recolher o
I. Diferentemente do homem moral, o homem moralizador não se preocupa
que está pelo chão: um mamãozinho amolecido, umas folhas de couve
com os padrões morais de conduta.
amarelas,a metade de um abacaxi, que serviu de chamariz para os fregue-
II. Pelo fato de impor a si mesmo um rígido padrão de conduta, o homem
ses compradores. Há uns que se aventuram até mesmo nas cercanias da
moral acaba por impô-lo à conduta alheia.
barraca de pescados, onde pode haver alguma suspeita sardinha oculta
III. O moralizador, hipocritamente, age como se de fato respeitasse os
entre jornais, ou uma ponta de cação obviamente desprezada.
padrões de conduta que ele cobra dos outros.
Há feirantes que facilitam o trabalho dessas pessoas: oferecem-lhes o
Em relação ao texto, é correto o que se afirma APENAS em
que, de qualquer modo, eles iriam jogar fora.
(A) I.
Mas outros parecem ciumentos do teimoso aproveitamento dos refu-
(B) II.
gos, e chegam a recolhê-los para não os verem coletados. Agem para
(C) III.
salvaguardar não o lucro possível, mas o princípio mesmo do comércio.
(D) I e II.
Parecem temer que a fome seja debelada sem que alguém pague por isso.
(E) II e III.
E não admitem ser acusados de egoístas: somos comerciantes, não assis-
44. No contexto do primeiro parágrafo, a afirmação de que já decorreu um tentes sociais, alegam.
bom século de psicologia e psiquiatria dinâmicas indica um fator determi- Finda a feira, esvaziada a rua, chega o caminhão da limpeza e os fun-
nante para que cionários da prefeitura varrem e lavam tudo, entre risos e gritos. O trânsito
(A) concluamos que o homem moderno já não dispõe de rigorosos padrões é liberado, os carros atravancam a rua e, não fosse o persistente cheiro de
morais para avaliar sua conduta. peixe, a ninguém ocorreria que ali houve uma feira, frequentada por tão
(B) consideremos cada vez mais difícil a discriminação entre o homem diversas espécies de seres humanos. (Joel Rubinato, inédito)
moral e o homem moralizador.
(C) reconheçamos como bastante remota a possibilidade de se caracterizar 49. Nas frases parecem ciumentos do teimoso aproveitamento dos refugos
um homem moralizador. e não admitem ser acusados de egoístas, o narrador do texto
(D) identifiquemos divergências profundas entre o comportamento de um (A) mostra-se imparcial diante de atitudes opostas dos feirantes.
homem moral e o de um moralizador. (B) revela uma perspectiva crítica diante da atitude de certos feirantes.
(E) divisemos as contradições internas que costumam ocorrer nas atitudes (C) demonstra não reconhecer qualquer proveito nesse tipo de coleta.
tomadas pelo homem moral. (D) assume-se como um cronista a quem não cabe emitir julgamentos.
(E) insinua sua indignação contra o lucro excessivo dos feirantes.
45. O autor do texto refere-se aos Estados confessionais para exemplificar
uma sociedade na qual 50. Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente o sentido de um
(A) normas morais não têm qualquer peso na conduta dos cidadãos. segmento do texto em:
(B) hipócritas exercem rigoroso controle sobre a conduta de todos. (A) serviu de chamariz respondeu ao chamado.
(C) a fé religiosa é decisiva para o respeito aos valores de uma moral (B) alguma suspeita sardinha possivelmente uma sardinha.
comum. (C) teimoso aproveitamento = persistente utilização.
(D) a situação de barbárie impede a formulação de qualquer regra moral. (D) o princípio mesmo do comércio = preâmbulo da operação comercial.
(E) eventuais falhas de conduta são atribuídas à fraqueza das leis. (E) Agem para salvaguardar = relutam em admitir.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 78 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
51. Atente para as afirmações abaixo. Ao mesmo tempo que se observa na mídia um grande número de ma-
I. Os riscos do consumo de uma sardinha suspeita ou da ponta de um térias atinentes às Cortes de Justiça, às reformas na legislação e aos
cação que foi desprezada justificam o emprego de se aventuram, no pri- direitos legais do cidadão, verifica-se o desconhecimento de muitos jorna-
meiro parágrafo. listas ao lidar com tais temas.
II. O emprego de alegam, no segundo parágrafo, deixa entrever que o O campo jurídico é tão complexo como alguns outros assuntos enfo-
autor não compactua com a justificativa dos feirantes. cados em segmentos especializados, como a economia, a informática ou a
III. No último parágrafo, o autor faz ver que o fim da feira traz a superação medicina, campos que também possuem linguagens próprias. Ao embre-
de tudo o que determina a existência de diversas espécies de seres huma- nhar-se no intrincado mundo jurídico, o jornalista arrisca-se a cometer uma
nos. série de incorreções e imprecisões linguísticas e técnicas na forma como
Em relação ao texto, é correto o que se afirma APENAS em as notícias são veiculadas. Uma das razões para esse risco é lembrada por
(A) I. Leão Serva:
(B) II. Um procedimento essencial ao jornalismo, que necessariamente
(C) III. induz à incompreensão dos fatos que narra, é a redução das notícias
(D) I e II. a paradigmas que lhes são alheios, mas que permitem um certo nível
(E) II e III. imediato de compreensão pelo autor ou por aquele que ele supõe ser
o seu leitor. Por conta desse procedimento, noticiários confusos
52. Está INCORRETA a seguinte afirmação sobre um recurso de constru- aparecerão simplificados para o leitor, reduzindo, consequentemente,
ção do texto: no contexto do sua capacidade real de compreensão da totalidade do significado da
(A) primeiro parágrafo, a forma ou mesmo nada faz subentender a expres- notícia.
são verbal querem pagar. (Adaptado de Tomás Eon Barreiros e Sergio Paulo França de Almeida.
(B) primeiro parágrafo, a expressão fregueses compradores faz subenten- http://jus2.uol.com.br.doutrina/texto.asp?id=1006)
der a existência de “fregueses” que não compram nada.
(C) segundo parágrafo, a expressão de qualquer modo está empregada 55. Uma das razões para a dificuldade de se veicularem notícias atinentes
com o sentido de de toda maneira. ao campo jurídico está
(D) segundo parágrafo, a expressão para salvaguardar está empregada (A) na improbidade de jornalistas que se dispõem a pontificar em assuntos
com o sentido de a fim de resguardar. que lhes são inteiramente alheios.
(E) terceiro parágrafo, a expressão não fosse tem sentido equivalente ao (B) na inexistência de técnicas de comunicação adequadas à abordagem
de mesmo não sendo. de temas que exigem conhecimento especializado.
(C) no baixo interesse que os temas desse campo do conhecimento cos-
53. O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se no plural para tumam despertar no público leigo.
preencher de modo correto a lacuna da frase: (D) na problemática tradução da linguagem do mundo da Justiça para uma
(A) Frutas e verduras, mesmo quando desprezadas, não ...... (deixar) de linguagem que o leigo venha a compreender.
as recolher quem não pode pagar pelas boas e bonitas. (E) no frequente equívoco de considerar um assunto eminentemente
(B) ......-se (dever) aos ruidosos funcionários da limpeza pública a provi- técnico como questão de interesse público.
dência que fará esquecer que ali funcionou uma feira.
(C) Não ...... (aludir) aos feirantes mais generosos, que oferecem as 56. Considere as seguintes afirmações:
sobras de seus produtos, a observação do autor sobre o egoísmo humano. I. A expressão buscar conhecimento complementar sugere, no contexto do
(D) A pouca gente ...... (deixar) de sensibilizar os penosos detalhes da 2o parágrafo, a necessidade de atribuir aos juristas mais eminentes a
coleta, a que o narrador deu ênfase em seu texto. tarefa de divulgar notícias do mundo jurídico.
(E) Não ...... (caber) aos leitores, por força do texto, criticar o lucro razoável II. No segmento que também possuem linguagens próprias (parágrafo 3o),
de alguns feirantes, mas sim, a inaceitável impiedade de outros. a palavra sublinhada assinala que a imprensa dispõe, como outros campos
da mídia, de uma linguagem específica.
54. A supressão da vírgula altera o sentido da seguinte frase: III. Na expressão ao embrenhar-se no intrincado mundo jurídico (parágrafo
(A) Fica-se indignado com os feirantes, que não compreendem a carência 3o), os dois termos sublinhados dão ênfase ao risco de desnorteio que
dos mais pobres. oferece uma matéria específica ao jornalista que pretende simplificá-la.
(B) No texto, ocorre uma descrição o mais fiel possível da tradicional coleta Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em
de um fim de feira. (A) I.
(C) A todo momento, dá-se o triste espetáculo de pobreza centralizado (B) II.
nessa narrativa. (C) III.
(D) Certamente, o leitor não deixará de observar a preocupação do autor (D) I e II.
em distinguir os diferentes caracteres humanos. (E) II e III.
(E) Em qualquer lugar onde ocorra uma feira, ocorrerá também a humilde
coleta de que trata a crônica. 57. O trecho citado de Leão Serva ressalta o fato de que
(A) a profissão de jornalista leva o homem de imprensa a se familiarizar
Instruções: Para responder às questões de números 55 a 64, con- com paradigmas que norteiam outros campos de atuação.
sidere o texto a seguir. (B) a investigação de assuntos muito específicos faz com que o jornalista
Jornalismo e universo jurídico descure dos paradigmas de seu próprio campo de atuação.
É frequente, na grande mídia, a divulgação de informações ligadas a (C) os jornalistas são levados à incompreensão de muitos fatos quando se
temas jurídicos, muitas vezes essenciais para a conscientização do cida- limitam aos paradigmas próprios do universo desses fatos.
dão a respeito de seus direitos. Para esse gênero de informação alcançar (D) a inobservância dos paradigmas da imprensa leva muitos jornalistas a
adequadamente o público leitor leigo, não versado nos temas jurídicos, o simplificarem excessivamente a complexidade da matéria de que tratam.
papel do jornalista se torna indispensável, pois cabe a ele transformarin- (E) as características do jornalismo levam muitos profissionais da imprensa
formações originadas de meios especializados em notícia assimilável pelo a submeter uma matéria específica a paradigmas de outra área.
leitor.
Para que consiga atingir o grande público, ao elaborar uma notícia ou 58. Ainda no trecho de Leão Serva, a expressão Por conta desse procedi-
reportagem ligada a temas jurídicos, o jornalista precisa buscar conheci- mento pode ser substituída, sem prejuízo para a correção e o sentido da
mento complementar. Não se trata de uma tarefa fácil, visto que a compre- passagem, por:
ensão do universo jurídico exige conhecimento especializado. A todo (A) Tendo por alvitre o mesmo procedimento.
instante veem-se nos meios de comunicação informações sobre fatos (B) No influxo de tal procedimento.
complexos relacionados ao mundo da Justiça: reforma processual, controle (C) Em que pese a esse procedimento.
externo do Judiciário, julgamento de crimes de improbidade administrativa, (D) Conquanto seja considerado o procedimento.
súmula vinculante, entre tantos outros. (E) A par deste procedimento.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 79 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
59. As normas de concordância verbal estão plenamente atendidas na (E) Leão Serva não hesitou em identificar um procedimento habitual do
frase: jornalismo, a “redução das notícias”, como tendo sido o responsável por
(A) Cabe aos jornalistas transformar informações especializadas em notí- equívocos que vierem a tolher a compreensão da matéria.
cias assimiláveis pelo grande público.
(B) Restam-lhes traduzir assuntos especializados em palavras que os 65) Indique o período cuja redação está inteiramente clara e correta.
leigos possam compreender já à primeira leitura. a) Resultou frustrada a nossa expectativa de adquirir bons livros, já que,
(C) Exigem-se dos jornalistas que mostrem competência e flexibilidade na na tão decantada liquidação daquela grande livraria, só havia títulos inex-
passagem de uma linguagem para outra. pressivos.
(D) Não são fáceis de traduzir em palavras simples um universo linguístico b) Os incentivos fiscais constituem uma questão complicada, pois se-
tão especializado como o de certas áreas técnicas. gundo alguns, a iniciativa privada recebe benefícios onde a contrapartida
(E) Sempre haverá de ocorrer deslizes, ao se transpor para a linguagem do em criação de empregos é insuficiente.
dia-a-dia o vocabulário de um campo técnico. c) Naquele editorial da revista não ficou claro a posição do mesmo, seja
porque o editorialista de fato não o desejasse, ou então porque a redação
60. Ao mesmo tempo que se observa na mídia um grande número de dele não o permitiu.
matérias atinentes às Cortes de Justiça, às reformas na legislação (...) d) Com o fim do rodízio no trânsito, espera-se que ele aumente, voltando
NÃO se mantém o emprego de às, no segmento acima, caso se substitua a terem problemas de congestionamento justamente quando todos saem
atinentes por ou voltam para casa.
(A) alusivas. (B) concernentes.
(C) referentes. (D) relativas. (E) pautadas. 66) Indique a sequência que preenche corretamente as lacunas:
1. Ainda _____ pouco exultava, o que agora chora.
61. Traduz-se de modo claro, coerente e correto uma ideia do texto em: 2. Conversarei contigo daqui ___ pouco, disse-lhe.
(A) A complexidade do universo jurídico é de tal ordem, tendo em vista a 3. Diz-se que os milionários portugueses, ____ muitos residentes no Brasil,
alta especialização de seu vocabulário, razão pela qual um jornalista vê-se sentem saudades de Portugal.
em apuros ao traduzir-lhe. 4. O sábio francês Adhémar, que viveu _____ mais de cem anos, formulou
(B) Não apenas o campo jurídico: também outras áreas, como a economia a teoria dos Períodos Glaciários.
ou a medicina, onde se dispõem de termos específicos, suscitam sérios a) há - há - há – há b)há - a - há - há
desafios à linguagem jornalística. c) a - há - há – há d)há -a - a - há
(C) Há matérias especializadas que exigem dos jornalistas uma formação
complementar, para que possam traduzir com fidelidade os paradigmas 67) Marque o conjunto de palavras que preenche as lacunas do texto,
dessas áreas. com correção gramatical e adequação à modalidade padrão da língua:
(D) Sem mais nem porque, alguns jornalistas passam a considerar-se "Como profissional de comunicação, com alguma experiência em seu uso
aptos na abordagem de assuntos especializados, daí advindo de que na política, tenho dificuldade em compreender o que pretendem os candi-
muitas de suas matérias desvirtuam a especificidade original. datos. Enganar-nos? Creio que é isso. Não ________ basta nada
(E) Em sua citação, Leão Serva propõe que a incompreensibilidade de ________. Dizem ________. Uns, ________, de fato, nada têm a propor
muitas matérias jurídicas na imprensa deve-se ao procedimento redutor ou oferecer. Outros, ________ sabem falar." (S. Farhat)
que leva um jornalista a incapacitar-se para aprender a totalidade da a) lhes - terem a dizer - mal - porquê - mal
notícia. b) lhes - ter a dizer - mal - porque - mal
c) nos - termos a dizer - mau - porque - mal
62. Transpondo-se para a voz passiva o segmento Para esse gênero de d) lhos - ter a dizerem - mau - porquê - mau
informação alcançar adequadamente o público leitor leigo, a forma verbal
resultante será 68) A alternativa em que a pontuação está CORRETA é:
(A) tenha alcançado. (B) fosse alcançado. a) O padrão culto do idioma, além de ser uma espécie de marca de
(C) tenha sido alcançado. (D) ser alcançado. (E) vier a alcançar. identidade, constitui recurso imprescindível para uma boa argumentação.
Ou seja: em situações em que a norma culta se impõe, transgressões
63. Atente para as seguintes afirmações: podem desqualificar o conteúdo exposto e até mesmo desacreditar o autor.
I. Haverá alteração de sentido caso se suprimam as vírgulas do segmento b) O padrão culto do idioma - além de ser uma espécie de marca de
Um procedimento essencial ao jornalismo, que necessariamente induz à identidade -, constitui recurso, imprescindível, para uma boa argumenta-
incompreensão dos fatos que narra, é a redução das notícias (...). ção. Ou seja: em situações, em que a norma culta se impõe, transgressões
II. Ainda que opcional, seria desejável a colocação de uma vírgula depois podem desqualificar o conteúdo exposto e até mesmo desacreditar o autor.
da expressão Ao mesmo tempo, na abertura do 3o parágrafo. c) O padrão culto do idioma, além de ser uma espécie de marca de
III. Na frase Não se trata de uma tarefa fácil, visto que a compreensão do identidade, constitui recurso imprescindível para uma boa argumentação,
universo jurídico exige conhecimento especializado, pode-se, sem prejuízo ou seja, em situações em que a norma culta, se impõe transgressões,
para o sentido, substituir o segmento sublinhado por fácil: a compreen- podem desqualificar o conteúdo exposto e até mesmo desacreditar o autor.
são. d) O padrão culto do idioma, além de ser uma espécie de marca de
Está correto o que se afirma em identidade constitui recurso imprescindível para uma boa argumentação;
(A) I, II e III. (B) I e III, somente. ou seja: em situações em que a norma culta se impõe, transgressões
(C) I e II, somente. (D) II e III, somente. (E) I, somente. podem desqualificar o conteúdo exposto e, até mesmo, desacreditar o
autor...
64. A flexão dos verbos e a correlação entre seus tempos e modos estão
plenamente adequadas em: 69) Assinale a única alternativa em que a expressão "porque" deve vir
(A) Seria preciso que certos jornalistas conviessem em aprofundar seus separada:
conhecimentos na área jurídica, para que não seguissem incorrendo em a) Em breve compreenderás porque tanta luta por um motivo tão simples.
equívocos de informação. b) Não compareci à reunião porque estava viajando.
(B) Se um jornalista decidir pautar-se pela correção das informações e se c) Se o Brasil precisa do trabalho de todos é porque precisamos de um
dispor a buscar conhecimento complementar, terá prestado inestimável nacionalismo produtivo.
serviço ao público leitor. d) Ainda não se descobriu o porquê de tantos desentendimentos.
(C) Todo equívoco que sobrevir à precária informação sobre um assunto
jurídico constituiria um desserviço aos que desejarem esclarecer-se pelo 70) Assinale a opção correta quanto à pontuação:
noticiário da imprensa. a) De tempos em tempos práticas criadas para reduzir a degradação do
(D) As imprecisões técnicas que costumam marcar notícias sobre o mundo meio ambiente, ganham notoriedade especial.
jurídico deveriam-se ao fato de que muitos jornalistas não se deteram b) De tempos em tempos, práticas criadas para reduzir a degradação do
suficientemente na especificidade da matéria. meio ambiente ganham notoriedade especial.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 80 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
c) De tempos em tempos práticas, criadas para reduzir a degradação do 77. Assinale a frase correta quanto ao emprego do gênero dos substanti-
meio ambiente ganham notoriedade especial. vos.
d) De tempos em tempos práticas criadas, para reduzir a degradação do (A) A perda das esperanças provocou uma profunda dó na personagem.
meio ambiente ganham notoriedade especial (B) O advogado não deu o ênfase necessário às milhares de solicitações.
(C) Ele vestiu o pijama e sentou-se para beber uma champanha gelada.
Considere o texto para responder às questões de números 71 a 76. (D) O omelete e o couve foram acompanhados por doses do melhor a-
O antibafômetro guardente.
O Conselho Regional de Farmácia autuou uma drogaria da (E) O beliche não coube na quitinete recém-comprada pelos estudantes.
capital gaúcha que anunciava a venda de um remédio aparentemente
capaz de mascarar os efeitos do álcool e enganar o bafômetro. Cartazes 78. Considere as frases:
no interior da farmácia faziam a propaganda do medicamento. Originalmen- Esta escada tem degrau irregular.
te destinado a pacientes de alcoolismo crônico, ele não produz os efeitos O troféu vem adornado com ouro.
anunciados. O dono da farmácia deverá responder ainda a um processo Elas estão corretamente escritas no plural na alternativa:
por incitar os consumidores a beber e dirigir, crime previsto no Código (A) Estas escadas têm degraus irregulares. Os troféus vêm adornados com
Penal. (Revista Época, 06.10.2008. Adaptado) ouro.
(B) Estas escadas têm degrais irregulares. Os troféis vêm adornados com
71. Em – Cartazes no interior da farmácia faziam a propaganda do medi- ouro.
camento – o verbo em destaque está conjugado no (C) Estas escadas tem degraus irregulares. Os troféus vem adornados com
(A) pretérito perfeito, pois apresenta um fato inesperado e incomum, ocor- ouro.
rido uma única vez. (D) Estas escadas tem degrais irregulares. Os troféis vem adornados com
(B) pretérito imperfeito, pois se refere a um fato que era habitual no passa- ouro.
do. (E) Estas escadas têm degrais irregulares. Os troféus vem adornados com
(C) pretérito mais-que-perfeito, pois indica fatos que aconteceram repenti- ouro.
namente num passado remoto.
(D) imperfeito do subjuntivo, pois apresenta um fato provável, mas depen- 79. Assinale a alternativa correta quanto ao emprego do gênero e do
dente de algumas circunstâncias. número das palavras.
(E) futuro do pretérito, pois se refere a um fato de futuro incerto e duvidoso. (A) Os portas-retratos estavam espalhados sobre o baú.
(B) Toalhas laranja deverão recobrir as mesas usadas na próxima conven-
72. Considere os trechos: ção.
... de um remédioaparentementecapaz de mascarar os efeitos do álcool... (C) A empresa escolheu os uniformes na cor azul-marinha.
... por incitar os consumidores a beber e dirigir, crime previsto no Código (D) Os assaltantes, munidos de pés-de-cabras, invadiram o banco.
Penal. (E) As folhas de sulfite para a impressão dos convites eram bege.
Os termos em destaque expressam, respectivamente, as circunstâncias de
(A) afirmação e meio. (B) afirmação e lugar. 80. Indique a alternativa cujas palavras preenchem, correta e respectiva-
(C) modo e lugar. (D) modo e meio. (E)intensidade e modo. mente, as frases a seguir:
............................o motorista chegou, já havia uma série de tarefas para ele
73. Assinale a alternativa em que os termos em destaque, na frase a realizar.
seguir, estão corretamente substituídos pelo pronome. Aquele que .......................... é caráter não progride na carreira profissional.
O dono da farmácia deverá sofrer um processopor incitar os consumido- Como ele se saiu ...............................na prova prática, não conseguiu a
resa beber. colocação esperada.
(A) sofrê-lo ... incitá-los (B) sofrê-lo ... incitar-lhes (A) Mau ... mau ... mal (B) Mau ... mal ... mau
(C) sofrer-lo ... incitar-los (D) sofrer-lhe ... incitá-los (C) Mal ... mau ... mau (D) Mal ... mau ... mal
(E) sofrer-lhe ... incitar-lhes (E) Mal ... mal ... mau

74. Em – ... um remédio aparentemente capaz de mascarar os efeitos do 81. Indique a alternativa que completa a frase a seguir, respectivamente,
álcool... – os termos em destaque constituem umalocução adjetiva. com as circunstâncias de intensidade e de modo.
Indique a alternativa cuja frase também apresenta uma locução desse tipo. Após o telefonema, o motorista partiu..................
(A) A família viajou de avião à Argentina. (A) às 18 h com o veículo. (B) rapidamente ao meio-dia.
(B) A energia produzida pela força dos ventos é chamada de eólica. (C) bastante alerta. (D) apressadamente com o caminhão.
(C) Ele resolveu de imediato todas as questões pendentes. (E) agora calmamente.
(D) A secretária gosta de chantili em seu café.
(E) No fórum, as salas estavam cheias de gente. 82. A alternativa em que o termo em destaque exerce a função de substan-
tivo é:
75. No texto, as palavras gaúchae alcoolismopossuem hiato. (A) Respondeu à pergunta com um sorriso amarelo.
Indique a alternativa em que as duas palavras também possuem esse (B) Estava pálida, e seu rosto apresentava tons amarelos.
encontro vocálico. (C) As cortinas amarelascombinavam com o ambiente.
(A) Quadrado e caatinga. (D) Marque com um traço amareloas ruas do mapa.
(B) Guaraná e leopardo. (E) Os amarelosde Van Gogh tornaram suas telas famosas.
(C) Toalha e saguão.
(D) Violeta e teatro. 83. Considere as frases e as observações sobre elas:
(E) Moeda e guindaste. Marcelo, que trabalha em nosso departamento, declara-se um solteirão
convicto.
76. Em – ... destinado a pacientesde alcoolismo... – o substantivo em O avô disse à neta: Você é minha princesinha!
destaque é comum de dois gêneros. Para dona Salete, todos da vizinhança pertencem à gentalha.
Assinale a alternativa que apresenta dois substantivos que também são I. Nos termos em destaque, o emprego do aumentativo e do diminutivo
comuns de dois gêneros. expressa a ideia de tamanho.
(A) Mártir e monstro. II. Você é um pronome pessoal do caso reto.
(B) Carrasco e sósia. III. Todos classifica-se como pronome indefinido, pois se refere aos seres
(C) Xereta e intérprete. de maneira vaga e imprecisa.
(D) Criatura e piloto. IV. Em – ... que trabalha em nosso departamento... – o pronome em desta-
(E) Ídolo e cônjuge. que é relativo e se refere a Marcelo.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 81 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
É correto o que se afirma em 90. Assinale a alternativa cujos verbos preenchem, correta e respectiva-
(A) I e III, apenas. (B) II e III, apenas. mente, a recomendação a seguir, afixada em seção
(C) III e IV, apenas. (D) I, II e IV, apenas. (E) I, II, III e IV. de determinado fórum.
Prezados Senhores
84. Assinale a alternativa cujos verbos preenchem, correta e respectiva- Nós temos ...................a situações constrangedoras por conta do uso
mente, as frases a seguir. indevido do celular.
Se o motor do veículo .................a temperatura alta, leve-o à oficina mecâ- Se os senhores não se .....................a agir com educação e respeitar o
nica. outro, desligando o aparelho quando necessário, a Direção .......................
Quando você .......................o motorista, informe-lhe os novos endereços tomando medidas drásticas.
do Tribunal de Justiça. Contamos com a colaboração de todos!
(A) manter ... ver (A) chego ... predispuserem ... interverá
(B) manter ... vir (B) chego ... predisporem ... intervirá
(C) manter ... viu (C) chegado ... predisporem ... interverá
(D) mantiver ... ver (D) chegado ... predispuserem ... intervirá
(E) mantiver ... vir (E) chegado ... predisporem ... intervirá

85. Considere as frases: Um arriscado esporte nacional


I. Recomendou que era para mim esperá-lo à porta do cinema. 01 Os leigos sempre se medicaram por conta própria, já que de
II. Entre mim e a sua família sempre houve entrosamento. 02 médico e louco todos temos um pouco, mas esse problema jamais
III. Estes relatórios devem ser conferidos por mim e por vocês. 03 adquiriu contornos tão preocupantes no Brasil como atualmente.
O emprego do pronome mim está correto em 04 Qualquer farmácia conta hoje com um arsenal de armas de
(A) III, apenas. 05 guerra para combater doenças de fazer inveja à própria indústria
(B) I e II, apenas. 06 de material bélico nacional. Cerca de 40% das vendas realizadas
(C) I e III, apenas. 07 pelas farmácias nas metrópoles brasileiras destinam-se a pessoas
(D) II e III, apenas. 08 que se automedicam. A indústria farmacêutica de menor porte e
(E) I, II e III. 09 importância retira 80% de seu faturamento da venda ''livre'' de
10 seus produtos, isto é, das vendas realizadas sem receita médica.
Leia o texto para responder às questões de números 86 e 87. 11 Diante desse quadro, o médico tem o dever de alertar a
Nova lei torna airbag frontal obrigatório 12 população para os perigos ocultos em cada remédio, sem que
O projeto de lei que torna o airbag frontalpara motorista e passageiro 13 necessariamente faça junto com essas advertências uma sugestão
itemde segurança obrigatório em carros, camionetes e picapes, aprovado 14 para que os entusiastas da automedicação passem a gastar mais
pela Câmara no mês passado, foi sancionado pelo presidente da Repúbli- 15 em consultas médicas. Acredito que a maioria das pessoas se
ca e publicado ontemno “Diário Oficial” da União. 16 automedica por sugestão de amigos, leitura, fascinação pelo
A estimativa é que hoje de 15% a 25% dos veículos vendidos no país 17 mundo maravilhoso das drogas ''novas'' ou simplesmente para
tenham o airbag, índice que é menor entre os populares (5%). (Folha de 18 tentar manter a juventude. Qualquer que seja a causa, os
S.Paulo, 20.03.2009) 19 resultados podem ser danosos.
20 É comum, por exemplo, que um simples resfriado ou uma
86. Entre os termos em destaque no texto, os que exercem a função de 21 gripe banal leve um brasileiro a ingerir doses insuficientes ou
adjetivo são 22 inadequadas de antibióticos fortíssimos, reservados para
(A) frontal, passado e Oficial. 23 infecções graves e com indicação precisa. Quem age assim está
(B) frontal, item e passado. 24 ensinando bactérias a se tornarem resistentes a antibióticos. Um
(C) Oficial, ontem e índice. 25 dia, quando realmente precisar de remédio, este não funcionará.
(D) Oficial, item e passado. 26 E quem não conhece aquele tipo de gripado que chega a uma
(E) item, ontem e índice. 27 farmácia e pede ao rapaz do balcão que lhe aplique uma
28 ''bomba'' na veia, para cortar a gripe pela raiz? Com isso, poderá
87. Supondo-se que um cidadão resolva escrever ao presidente da Repú- 29 receber na corrente sanguínea soluções de glicose, cálcio,
blica para elogiá-lo pela sanção desse projeto, esse 30 vitamina C, produtos aromáticos - tudo sem saber dos riscos que
cidadão deve se dirigir ao presidente tratando-o por 31 corre pela entrada súbita destes produtos na sua circulação.
(A) Vossa Senhoria. Dr. Geraldo Medeiros - Veja - 1995
(B) Vossa Excelência.
(C) Vossa Magnificência. 91 Sobre o título dado ao texto - um arriscado esporte nacional -, a única
(D) Vossa Reverendíssima. afirmação correta é:
(E) Vossa Eminência. A) mostra que a automedicação é tratada como um esporte sem riscos;
B) indica quais são os riscos enfrentados por aqueles que se automedi-
88. Um dos pronomes de tratamento com que as pessoas devem se dirigir cam;
a juízes de direito é Vossa Meritíssima. C) denuncia que a atividade esportiva favorece a automedicação;
Em sua composição, o pronome Meritíssimaé um D) condena a pouca seriedade daqueles que consomem remédio por
(A) adjetivo empregado em seu comparativo de superioridade. conta própria;
(B) adjetivo empregado no superlativo relativo. E) assinala que o principal motivo da automedicação é a tentativa de
(C) adjetivo empregado no superlativo absoluto. manter-se a juventude.
(D) substantivo empregado no grau aumentativo sintético.
(E) substantivo empregado no grau aumentativo analítico. 92 Os leigos sempre se medicaram por conta própria,... Esta frase inicial
do texto só NÃO equivale semanticamente a:
89) Considerando-se o significado com que foi empregada a palavra A) Os leigos, por conta própria, sempre se medicaram;
MESMO no trecho "Mesmo depois de pronto, o barco de esporte e lazer B) Por conta própria os leigos sempre se medicaram;
continua a gerar trabalho em marinas", pode-se afirmar que ela foi empre- C) Os leigos se medicaram sempre por conta própria;
gada com idêntico significado na frase: D) Sempre se medicaram os leigos por conta própria;
a) Um passeio de barco é agradável, mesmo com tempo chuvoso. E) Sempre os leigos, por conta própria, se medicaram.
b) A Receita Federal mesma é que vetou a diminuição da carga tributária.
c) Mesmo que o mar esteja agitado, o esportista não deixa de sair com 93 O motivo que levou o Dr. Geraldo Medeiros a abordar o tema da
seu barco. automedicação, segundo o que declara no primeiro parágrafo do texto, foi:
d) Apenas um barco chegou ao mesmo local onde estivera antes. A) a tradição que sempre tiveram os brasileiros de automedicar-se;

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 82 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
B) os lucros imensos obtidos pela indústria farmacêutica com a venda Cada vez mais hortas instaladas perto da capital estão abrindo suas
''livre'' de remédios; portas aos visitantes. O proprietário, José Frade, lucra com a venda direta.
C) a maior gravidade atingida hoje pelo hábito brasileiro da automedica- O consumidor, por sua vez, garante a qualidade do que está comendo.
ção;
D) a preocupação com o elevado número de óbitos decorrente da auto- Na Europa, isso é muito comum. Desde a Idade Média, durante a épo-
medicação; ca da colheita, as plantações dos vilarejos vizinhos às cidades se transfor-
E) aumentar o lucro dos médicos, incentivando as consultas. mam em verdadeiras feiras livres. Por aqui, a onda está apenas começan-
do. Num raio de cem quilômetros da capital já existem pelo menos nove
94 Um grupo de vocábulos do texto possui componentes sublinhados sítios e chácaras que trabalham nesse sistema.
cuja significação é indicada a seguir; o único item em que essa indicação 101. Considere as seguintes afirmações:
está ERRADA é: I. Muitos consumidores das cercanias de São Paulo passaram a
A) bélico - guerra; cultivar hortas domésticas, em que podem colher verduras não
B) metrópoles - cidade; contaminadas.
C) antibióticos - vida; II. Um hábito da Idade Média inspirou várias famílias que, morando
D) glicose - açúcar; nas cercanias da Serra da Cantareira, resolveram fazer das hor-
E) cálcio - osso. tas comunitárias autênticas feiras livres
III. A venda de hortaliças diretamente do produtor para o consumi-
95 O item em que o segmento sublinhado tem forma equivalente corre- dor traz, para aquele, vantagens financeiras e, para este, a ga-
tamente indicada é: rantia de produtos mais saudáveis.
A) ...já que de médico e louco todos temos um pouco. - uma vez que; Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em
B) ...vendas realizadas pelas farmácias... - entre as; (A) I.
C) ...sem que necessariamente faça junto com essas advertências... - (B) II.
embora; (C) III.
D) ...para que os entusiastas da automedicação... - afim; (D) I e II.
E) Quem age assim está ensinando bactérias... - mal. (E) II e III.

96 ...jamais adquiriu contornos tão preocupantes no Brasil como atual- 102. São grandes as vantagens que ....., da compra direta de hortaliças
mente; ...sem que necessariamente faça junto com essas advertências...; (ou dos ...... , em geral); sabem disso aqueles que já se ...... e pen-
...quando realmente precisar de remédio...; os advérbios sublinhados saram nos males dos agrotóxicos.
indicam, respectivamente: Completam corretamente as lacunas do período acima:
A) tempo, modo, afirmação; (A) adviriam - hortifrutigranjeiros - detiveram
B) tempo, modo, tempo; (B) adveriam - hortifrutigranjeiros - detiveram
C) tempo, tempo, tempo; (C) adviriam - hortisfrutisgranjeiros - deteram
D) modo, tempo, modo; (D) adveriam - hortisfrutisgranjeiros - deteram
E) modo, modo, afirmação. (E) adviriam - hortifrutigranjeiros - deteram

97 O item em que o par de palavras NÃO está acentuado em função da 103. A frase corretamente construída é:
mesma regra ortográfica é: (A) Alface, rúcula, pepino e outros legumes espalham-se, aos
A) própria / advertências; dezessete hectares na Chácara do Frade.
B) farmácia / bactérias; (B) As pessoas preferem os legumes de cujo risco de agrotóxi-
C) indústria / cálcio; cos seja evitado.
D) importância / raízes; (C) Foi na Idade Média onde começou a surgir a venda direta do
E) remédio / circunstância. plantio ao consumidor.
(D) Os agrotóxicos, com que estão contaminados os legumes
98 Palavra que NÃO pertence ao mesmo campo semântico das demais nos supermercados, são evitados pelo produtor José Frade.
é: (E) Comprar hortaliças do próprio produtor é uma providência de
A) arsenal; B)armas; C)guerra; D)combater; E)inveja. que muitas pessoas já começaram a se habituar.

99 Termo sublinhado que exerce função diferente dos demais é: 104. Transpondo para a voz passiva a frase "Estão abrindo suas portas
A) ...venda de seus produtos...; aos visitantes", a forma verbal resultante será ..... .
B) ...dever de alertar...; (A) serão abertas
C) ...sugestão de amigos...; (B) são abertas
D) ...fascinação pelo mundo...; (C) têm sido abertas
E) ...fazer inveja à indústria..... (D) têm aberto
(E) estão sendo abertas
100 Ao indicar as prováveis razões pelas quais os brasileiros se autome-
dicam, o Dr. Geraldo Medeiros utiliza um argumento baseado em opinião e 105. Na Chácara do Frade, as pessoas olham os canteiros e percorrem
não numa certeza; o segmento que comprova essa afirmação é: os canteiros informando-se sobre o que está plantado nos canteiros.
A) É comum...(l.20); Eliminam-se as repetições viciosas da frase acima substituindo-se
B) Acredito...(l.15); corretamente os termos sublinhados por:
C) ...por exemplo...(l.20); (A) percorrem eles - lhes está plantado
D) Com isso...(l.28); (B) os percorrem - neles está plantado
E) Qualquer que...(l.18). (C) percorrem-lhes - neles está plantado
(D) os percorrem - está plantado-lhes
As questões de números 101 a 105 referem-se ao texto que segue. (E) percorrem-lhes - lhes está plantado

Várias famílias percorrem dez ou mais quilômetros com destino à Ser- As questões de números 106 e 107 referem-se ao texto que segue.
ra da Cantareira, mais precisamente à Chácara do Frade, com seus de- É grave o quadro anual do ensino superior. A greve de professores pa-
zessete hectares tomados por alface, rúcula, pepino, cenoura e dezenas ralisa boa parte das universidades federais. As universidades públicas
de outras hortaliças. As pessoas caminham entre os canteiros, trocam estão amargando uma espécie de êxodo de seus melhores profissionais.
informações sobre o plantio, escolhem o que comprar e levam produtos Têm cada vez menos condições de competir com os salários pagos pelas
fresquinhos, jamais "batizados" por agrotóxicos. instituições privadas.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 83 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
106. Indique o período que resume, de forma clara e exata, as informa- (C) falsa hipótese, que a argumentação do autor demolirá.
ções do texto, e que não apresenta incorreção gramatical alguma. (D) previsão feita pelo autor, a partir de observações feitas nas
(A) Devido a pagarem mal os professores, estão havendo greves grandes e nas pequenas cidades.
nas universidades federais, em que os melhores profissionais (E) opinião do autor, para quem a velhice é mais opressiva nas
procuram as instituições privadas. cidadezinhas que nas metrópoles.
(B) Os professores do ensino superior oficial estão fazendo gre-
ve, ou mesmo êxodo para as particulares, já que seus salá- 109. Considere as seguintes afirmações:
rios não são competitivos. I. Também nas roupas dos velhinhos interioranos as marcas do
(C) Como os salários que pagam estão cada vez mais baixos, as tempo parecem mais antigas.
universidades públicas estão sofrendo greves e o êxodo de II. Na cidade grande, a velhice parece indiferente à agitação ge-
seus melhores professores. ral.
(D) As universidades particulares atraem os professores das ofi- III. O autor interpreta de modo simbólico o gesto que fazem os
ciais, em virtude dos salários que pagam, e que chegam a velhinhos nos cruzamentos.
provocarem greves. Em relação ao texto, está carreta o que se afirma SOMENTE em
(E) Há êxodo ou greve dos professores das universidades fede- (A) I.
rais para as particulares, onde os salários as tornam muito (B) II.
mais competitivas. (C) III.
(D) I e III.
107. Indique o período cuja pontuação está inteiramente correta. (E) II e III.
(A) Há muito, vêm caindo os salários dos professores das uni-
versidades públicas, estes desanimados fazem greve ou, as 110. Indique a afirmação INCORRETA em relação ao texto.
trocam pelas instituições privadas. (A) Roupas, canivetes, árvores e campanário são aqui utilizados
(B) Há muito vêm caindo os salários, dos professores das uni- como marcas da velhice.
versidades públicas estes desanimados, fazem greve ou as (B) O autor julga que, nas cidadezinhas interioranas, a vida é
trocam, pelas instituições privadas. bem mais longa que nos grandes centros.
(C) Há muito, vêm caindo, os salários dos professores das uni- (C) Hábitos como o de picar fumo de corda denotam relações
versidades públicas; estes desanimados fazem greve, ou as com o tempo que já não existem nas metrópoles.
trocam pelas instituições privadas. (D) O que um velhinho da cidade grande parece suplicar é que
(D) Há muito vêm caindo os salários dos professores das univer- lhe seja concedido um ritmo de vida compatível com sua ida-
sidades públicas; estes, desanimados, fazem greve ou as de.
trocam pelas instituições privadas. (E) O autor sugere que, nas cidadezinhas interioranas, a velhice
(E) Há muito vêm caindo, os salários dos professores, das uni- parece harmonizar-se com a própria natureza.
versidades públicas; estes, desanimados, fazem greve, ou:
as trocam pelas instituições privadas. 111. O sentido do último parágrafo do texto deve ser assim entendido.
(A) Do jeito que as coisas estão, os velhos parecem não ter
As questões de números 108 a 112 referem-se ao texto que segue. qualquer importância.
(B) Tudo leva a crer que os velhos serão cada vez mais escas-
Os velhos das cidadezinhas do interior parecem muito mais plenamen- sos, dado o atropelo da vida moderna.
te velhos que os das metrópoles. Não se trata da idade real de uns e (C) O prestígio do que é novo é tão grande que já ninguém repa-
outros, que pode até ser e mesma, mas dos tempos distintos que eles ra na existência dos velhos.
parecem habitar Na agitação dos grandes centros, até mesmo a velhice (D) A velhice nas cidadezinhas do interior é tão harmoniosa que
parece ainda estar integrada na correria, os velhos guardam alguma ansie- um dia ninguém mais sentirá o próprio envelhecimento.
dade no olhar, nos modos, na lentidão aflita de quem se sente fora do (E) No ritmo em que as coisas vão, a própria velhice talvez não
compasso. Na calmaria das cidades pequeninas, é como se a velhice de venha a ter tempo para tomar consciência de si mesma.
cada um reafirmasse a que vem das montanhas e dos horizontes, velhice
quase eterna, pousada no tempo. 112. Indique a alternativa em que se traduz corretamente o sentido de
uma expressão do texto, considerado o contexto
Vejam-se as roupas dos velhinhos interioranos: aquele chapéu de fel- (A) "parecem muito mais plenamente velhos" = dão a impressão
tro manchado, aquelas largas calças de brim cáqui incontavelmente lava- de se ressentirem mais dos males da velhice.
das. aquele puído dos punhos de camisas já sem cor  tudo combina (B) "guardam alguma ansiedade no olhar = seus olhos revelam
admiravelmente com a enorme jaqueira do quintal, com a generosa figueira poucas expectativas.
da praça, com as teias no campanário da igreja. E os hábitos? Pica-se o (C) "fora do compasso" = num distinto andamento.
fumo de corda, lentamente, com um canivete herdado do século passado, (D) "a conversa mole se desenrola" = a explanação é detalhada.
enquanto a conversa mole se desenrola sem pressa e sem destino. (E) "amiúda o que pode o próprio passo" = deve desacelerar su-
Na cidade grande. há um quadro que se repete mil vezes ao dia, e que as passadas.
talvez já diga tudo: o velhinho, no cruzamento perigoso, decide-se, enfim, a
atravessar a avenida, e o faz com aflição, um braço estendido em sinal de As questões de números 113 a 125 referem-se ao texto que segue.
pare aos motoristas apressados, enquanto amiúda o que pode o próprio No início do século XX a afeição pelo campo era uma característica
passo. Parece suplicar ao tempo que diminua seu ritmo, que lhe dê a comum a muitos ingleses. Já no final do século XVIII, dera origem ao
oportunidade de contemplar mais demoradamente os ponteiros invisíveis sentimento de saudade de casa tão característico dos viajantes ingleses no
dos dias passados, e de sondar com calma, nas nuvens mais altas, o exterior, como William Beckford, no leito de seu quarto de hotel português,
sentido de sua própria história. em 1787, "assediado a noite toda por ideias rurais da Inglaterra." À medida
Há, pois, velhices e velhices  até que chegue o dia em que ninguém que as fábricas se multiplicavam, a nostalgia do morador da cidade refletia-
mais tenha tempo para de fato envelhecer. Celso de Oliveira se em seu pequeno jardim, nos animais de estimação, nas férias passadas
na Escócia, ou no Distrito dos Lagos, no gosto pelas flores silvestres e a
observação de pássaros, e no sonho com um chalé de fim de semana no
108. A frase "Os velhos das cidadezinhas do interior parecem muito mais campo. Hoje em dia, ela pode ser observada na popularidade que se
plenamente velhos que os das metrópoles" constitui uma conserva daqueles autores conscientemente "rurais" que, do século XVII
(A) impressão que o autor sustenta ao longo do texto, por meio ao XX, sustentaram o mito de uma arcádia campestre.
de comparações.
(B) impressão passageira, que o autor relativiza ao longo do tex- Em alguns ingleses, no historiador G.M. Trevelyan, por exemplo, o
to. amor pela natureza selvagem foi muito além desses anseios vagamente

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 84 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
rurais. Lamentava, em um dos seus textos mais eloquentes, de 1931, a (C) maneira de evidenciar a árdua tarefa dos que acreditavam na
destruição da Inglaterra rural e proclamava a importância do cenário da força da agricultura para o progresso da civilização.
natureza para a vida espiritual do homem. Sustentava que até o final do (D) confirmação de que terras incultas são entraves que, há sé-
século XVIII as obras do homem apenas se somavam às belezas da natu- culos, subtraem ao homem o direito de progredir.
reza; depois, dizia, tinha sido rápida a deterioração. A beleza não mais era (E) comprovação de que, há poucos séculos, o cultivo da terra
produzida pelas circunstâncias econômicas comuns e só restava, como era entendido como sinônimo de civilização.
esperança, a conservação do que ainda não fora destruído. Defendia que
as terras adquiridas pelo Patrimônio Nacional, a maioria completamente 117. Assinale a afirmação INCORRETA.
inculta, deveriam ser mantidas assim. (A) Infere-se do texto que as palavras do Gênesis foram entendi-
das por muitos como estímulo a derrubar matas, lavrar o so-
Há apenas poucos séculos, a mera ideia de resistir à agricultura, ao lo, eliminar predadores, matar insetos nocivos, arrancar pa-
invés de estimulá-la, pareceria ininteligível. Como teria progredido a civili- rasitas, drenar pântanos.
zação sem a limpeza das florestas, o cultivo do solo e a conversão da (B) O paralelo estabelecido entre o cultivo da terra e o cozimento
paisagem agreste em terra colonizada pelo homem? A tarefa do homem, dos alimentos é feito para se pôr em evidência a ação do
nas palavras do Gênesis, era "encher a terra e submetê-la". A agricultura homem sobre a natureza.
estava para a terra como o cozimento para a carne crua. Convertia nature- (C) O texto mostra que o amor pela natureza selvagem está na
za em cultura. Terra não cultivada significava homens incultos. E quando base da relação que se estabelece entre cultivo da terra e ci-
os ingleses seiscentistas mudaram-se para Massachusetts, parte de sua vilização.
argumentação em defesa da ocupação dos territórios indígenas foi que (D) O texto mostra que o amor à natureza selvagem, considera-
aqueles que por si mesmos não submetiam e cultivavam a terra não tinham do como barbárie, permitiu que certos povos se dessem o di-
direito de impedir que outros o fizessem. reito de apoderar-se dela.
(E) O Gênesis foi citado no texto porque o crédito dado às pala-
113. Ao mencionar, no primeiro parágrafo do texto, a inclinação dos vras bíblicas explicaria o desejo humano de transformar a na-
ingleses pelo espaço rural, o autor tureza selvagem pensando no bem-estar do homem.
(A) busca enfatizar o que ocorre no século XX, em que a afeição
pelo campo lhe parece ser realmente mais genuína. 118. Assinale a alternativa que apresenta ERRO de concordância.
(B) a caracteriza em diferentes momentos históricos, tomando (A) Não que os esteja considerando inválido, mas o professor
como referência distintas situações em que ela se manifesta. gostaria de conhecer os estudos de que se retirou os dados
(C) cita costumes do povo inglês destruídos pela aceleração do mencionados no texto.
crescimento das fábricas, causa de sua impossibilidade de (B) Segundo alguns teóricos, deve ser evitada, o mais possível,
volta periódica ao campo. a agricultura em regiões de floresta; são áreas tidas como
(D) refere autores que procuraram conscientemente manter sua adequadas à preservação de espécies em vias de extinção.
popularidade explorando temas "rurais" para mostrar como (C) Existem com certeza, ainda hoje, pessoas que defendem o
se criou o mito de um paraíso campestre. cultivo incondicional da terra, assim como deve haver muitos
(E) particulariza o espaço estrangeiro visitado pelos ingleses - que condenam qualquer alteração da paisagem natural, por
Portugal - para esclarecer o que os indivíduos buscavam e menor que seja.
não podia ser encontrado na sua pátria. (D) Nem sempre são suficientes dados estatisticamente compro-
vados para que as pessoas se convençam da necessidade
114. Leia com atenção as afirmações abaixo sobre o segundo parágrafo
de repensarem suas convicções, trate-se de assuntos polê-
do texto.
micos ou não.
I. Em confronto com o primeiro parágrafo, o autor apresenta
(E) Faz séculos que filósofos discutem as relações ideais entre
um outro matiz da relação do espírito inglês com o espaço ru-
os homens e a natureza, questão que nem sempre lhes pa-
ral.
rece passível de consenso.
II. O autor assinala os pontos mais relevantes referidos por
G.M. Trevelyan para comprovar a ideia universalmente aceita 119. Assinale a alternativa que NÃO apresenta erro algum de concordân-
de que o contato com a natureza é importante para o espírito. cia.
III. O historiador inglês revela pessimismo, a cujos fundamentos (A) Já há muito tempo tinha sido feito por importante estudioso
ele não faz nenhuma referência no texto. previsões pessimistas quanto ao destino das áreas rurais na
São corretas: Inglaterra, mas muitos não as consideraram.
(A) I, somente. (B)III, somente. (B) Às vazes não basta alguns comentários sobre a importância
(C) I e III, somente. (D)II e III, somente. (E)I, II e III. do cenário da natureza para a vida espiritual do homem no
sentido de que se tentem evitar mais prejuízos ao meio am-
115. As indagações presentes no terceiro parágrafo representam, no
biente.
texto,
(C) Certos argumentos de G.M. Trevelyan tornaram vulnerável
(A) pontos relevantes sobre os quais a humanidade ainda não
certas visões acerca do modo como deveriam ser tratadas
refletiu.
terras incultas.
(B) perguntas que historiadores faziam, ás pessoas para con-
(D) Segundo o que se diz no texto, os ingleses havia de terem se
vence-las da importância do culto a natureza
preocupado com a legitimação de sua tarefa de ocupação
(C) os pontos mais discutidos quando se falava do progresso na
dos territórios indígenas.
Inglaterra, terra da afeição pelo campo.
(E) Quaisquer que sejam os rumos das cidades contemporâ-
(D) questões possivelmente levantadas pelos que procurassem
neas, sempre haverá os que lamentarão a perda da vida em
entender a razão de muitas pessoas não considerarem a a-
contato direto com a natureza.
gricultura um bem em si.
(E) aspectos importantes sobre a relação entre a natureza e o 120. Assinale a alternativa em que há regência INCORRETA.
homem, úteis como argumentos a favor da ideia defendida (A) O empenho com que G.M. Trevelyan dedicou-se à sua causa
por Trevelyan. foi reconhecido por outros, principalmente pelo autor do tex-
to.
116. No último parágrafo do texto, o comentário sobre os ingleses seis-
(B) A crise em que passa a civilização contemporânea é visível
centistas foi feito como
em muitos aspectos, inclusive na relação do homem com a
(A) denúncia dos falsos argumentos utilizados por aqueles que
natureza selvagem.
ocupam territórios indígenas
(C) O homem sempre esteve disposto a dialogar com a natureza,
(B) exemplo do caráter pioneiro dos ingleses na tarefa de coloni-
mas esse diálogo nem sempre se deu segundo os mesmos
zação do território americano.
interesses ao longo dos séculos.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 85 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
(D) Muitos consideram ofensivo à natureza considerá-la como (C) Assim que chegou o tempo de a atividade humana começar
algo à disposição das necessidades humanas. a degradar as belezas naturais, iniciou-se a luta pela conser-
(E) Acompanhar a relação do ser humano com o campo através vação da natureza ainda não deteriorada pelo homem, à pro-
dos séculos propicia ao estudioso observar situações de que porção que, durante séculos, a atividade humana comple-
o homem nem sempre pode orgulhar-se. mentou as belezas naturais.
(D) Iniciou-se a luta pela conservação da natureza ainda não de-
121. Assinale a alternativa em que há ERRO de flexão verbal e/ou nomi- teriorada pelo homem, embora a atividade humana tivesse,
nal durante séculos, complementado as belezas naturais, quan-
(A) Receemos pelo futuro, dizem alguns especialistas, pois, afir- do chegou o tempo de degradá-las.
mam eles, se os cidadãos não detiverem a deterioração am- (E) Apesar de, durante séculos, a atividade humana ter comple-
biental, a humanidade corre sérios riscos. mentado as belezas naturais, chegou o tempo em que ela
(B) Crêem certos estudiosos que convém estudar profunda e se- começou a degradá-las, por isso iniciou-se a luta pela con-
riamente o progresso da civilização quando ele implica des- servação da natureza ainda não deteriorada pelo homem.
truir o que a natureza levou milhões de anos para sedimen-
tar. 125. As frases abaixo, tiradas do texto, apresentam alterações em sua
(C) Quando, na década de 30, o historiador inglês interviu na pontuação original. Assinale a alternativa em que a alteração acarre-
discussão sobre o tratamento dispensado às terras adquiri- tou frase pontuada de maneira INCORRETA.
das pelo Patrimônio Nacional, muitos não contiveram seu de- (A) Hoje em dia ela pode ser observada na popularidade, que se
sagrado. conserva daqueles autores conscientemente "rurais" que do
(D) Dizem alguns observadores que, quando as pessoas virem o século XVII ao XX, sustentaram o mito de uma arcádia cam-
que resta da natureza sem as marcas predatórias do homem, pestre.
elas próprias buscarão frear as atividades consideradas ne- (B) Em alguns ingleses  no historiador G.M. Trevelyan, por
gativas para o meio ambiente. exemplo , o amor pela natureza selvagem foi muito além
(E) Elementos da natureza são verdadeiros artesãos de obras- desses anseios vagamente rurais.
primas; se os homens as desfizerem, estarão cometendo (C) Sustentava que, até o final do século XVIII, as obras do ho-
crime contra a humanidade. mem apenas se somavam às belezas da natureza; depois,
dizia, tinha sido rápida a deterioração.
122. No segundo período do primeiro parágrafo, a forma verbal "dera" (D) A beleza não mais era produzida pelas circunstâncias eco-
pode ser substituída pela forma correspondente nômicas comuns e só restava como esperança a conserva-
(A) haveria dado. ção do que ainda não fora destruído.
(B) havia dado. (E) E quando os ingleses seiscentistas mudaram-se para Mas-
(C) teria dado. sachusetts, parte de sua argumentação em defesa da ocu-
(D) havia sido dado. pação dos territórios indígenas foi que aqueles que, por si
(E) tinha sido dado. mesmos, não submetiam e cultivavam a terra não tinham di-
reito de impedir que outros o fizessem.
123. Do século XVII ao XXX circulou na Europa, com bastante intensida-
de, o mito de uma arcádia campestre. Muitos escritores ingleses 126. A cesta de bens inclui, nesse caso, apenas os alimentos mínimos
sustentaram também esse mito durante séculos; os textos desses necessários para que a pessoa permaneça viva, de acordo com os pa-
autores ingleses são até hoje bastante populares. drões da Organização Mundial da Saúde.
Reescrevendo-se o segundo período e substituindo-se os termos A redação desse período do texto deve ser aprimorada, pois
grifados acima por pronomes correspondentes, obtém-se correta- I. a expressão nesse caso tem sentido obscuro, já que o contexto do último
mente: parágrafo não permite saber de que caso se trata.
(A) Muitos escritores ingleses, os quais textos são até hoje bas- II. a expressão de acordo com os padrões da Organização Mundial da
tante populares, o sustentaram também durante séculos. Saúde tem dupla leitura, pois tanto pode se referir a permaneça viva quan-
(B) Muitos escritores ingleses, cujos textos são até hoje bastante to a alimentos mínimos necessários.
populares, sustentaram-lhe também durante séculos. III. A proximidade entre termos inclui e apenas gera uma contradição que
(C) Muitos escritores ingleses, cujos os textos são até hoje bas- prejudica o sentido da frase.
tante populares, sustentaram-no também durante séculos. É correto SOMENTE o que se afirma em
(D) Muitos escritores ingleses, cujos textos são até hoje bastante (A) I.
populares, sustentaram-no também durante séculos. (B)) II.
(E) Muitos escritores ingleses, que os textos deles são até hoje (C) III.
bastante populares, sustentaram-lhe também durante sécu- (D) I e II.
los. (E) II e III.

124. Leia com atenção as frases que se seguem. 127. Estão corretos o emprego e a flexão dos verbos na seguinte frase:
I. Iniciou-se a luta pela conservação da natureza ainda não de- (A) Quando eles virem a receber o suficiente para a aquisição desses bens
teriorada pelo homem. e serviços, situar-se-ão acima da linha de pobreza.
II. Durante séculos a atividade humana complementou as bele- (B) Quem se provém apenas do estritamente necessário para não morrer
zas naturais. de fome inclui-se na chamada linha de indigência.
III. Chegou o tempo em que a atividade humana começou a de- (C) Se alguém se contrapor a esse método de quantificação dos pobres, os
gradar as belezas naturais. acadêmicos refutarão demonstrando o rigor de seus critérios.
Assinale a alternativa em que as frases acima estão em correta re- (D)) Caso tal metodologia não conviesse aos acadêmicos, eles tê-la-iam
lação lógica, de acordo com o texto. abandonado e substituído por outra.
(A) Chegou o tempo em que a atividade humana começou a de- (E) Os acadêmicos há muito comporam uma cesta de bens e serviços em
gradar as belezas naturais, mesmo tendo acontecido de, an- cujo valor monetário se baseiam para fixar a linha de pobreza.
tes, complementá-las, logo que se iniciou a luta pela conser-
vação da natureza ainda não deteriorada pelo homem. 128. Pode-se, corretamente, e sem prejuízo para o sentido do contexto,
(B) Iniciou-se a luta pela conservação da natureza ainda não de- substituir o elemento sublinhado na frase
teriorada pelo homem, quando ocorreu o tempo de a ativida- (A) Para que a discussão possa ser feita em bases mais sólidas por desde
de humana começar a degradar as belezas naturais, visto que.
que, durante séculos, a atividade humana complementou as (B) Embora suficientes para conversas informais sobre o assunto por uma
belezas naturais. vez.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 86 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
(C) A cesta de bens inclui, nesse caso, apenas os alimentos necessários corrupção existente no sistema de distribuição e vendas de produtos
para que a pessoa permaneça viva por mesmo assim. piratas ou contrabandeados. Em contrapartida, os argumentos de que o
(D) A maioria diria que os pobres são aqueles que ganham mal por os comércio ilegal pode fomentar a violência e o crime organizado costumam,
mesmos. segundo a enquete, contribuir para que os brasileiros deixem de comprar
(E)) Ou seja, teoricamente, quem está abaixo da linha de indigência não produtos piratas. (Rafael Rosas, Valor Online, 10.11.2008. Adaptado)
conseguiria sequer sobreviver por vale dizer.
131. De acordo com o texto,
129. Justificam-se inteiramente ambas as ocorrências do sinal de crase (A) estima-se um crescimento do impacto da pirataria sobre a economia
em: brasileira.
(A)) Os que têm pleno acesso àquilo que oferece a cesta de bens e servi- (B) o governo brasileiro adotou medidas mais eficazes no combate à
ços devem considerar-se à margem da pobreza. pirataria em 2008.
(B) Quem atribui um valor monetário à essa cesta de bens e serviços está- (C) o aumento da violência em 2008 está diretamente ligado ao aumento
se habilitando à definir uma linha de pobreza. da pirataria.
(C) Não falta, à maioria das pessoas, uma definição de pobreza; o que falta (D) o impacto da pirataria na arrecadação de 2007 foi inferior ao que se
à uma boa definição é o rigor de um bom critério. esperava.
(D) Há quem recrimine à cultura da subsistência, imputando-lhe à respon- (E) o prejuízo da pirataria sobre as finanças públicas excedeu ao impacto
sabilidade pelo mascaramento da real situação de miséria de muitos brasi- no setor privado.
leiros.
(E) Os que têm proventos inferiores à quantia necessária para a aquisição 132. Conforme o texto, pode-se inferir que os brasileiros tendem a se
dessa cesta deixam de atender à todas as suas necessidades básicas. convencer do caráter negativo da pirataria
(A) quando se apela para seu senso de ética e justiça.
130. Estão corretamente grafadas todas as palavras da frase: (B) ao refletirem sobre seu impacto na economia.
(A) Não devem prevalescer nossas intuições ou percepções mais imedia- (C) ao se sentirem ameaçados por suas ramificações.
tas, mas apenas os critérios mais objetivos, quando se trata de formular (D) quando se sentem explorados por vendedores corruptos.
alguma precisa definição. (E) pois entendem que os danos ao governo afetam a população.
(B)) A todos os que apenas subsistem, como é o caso de quem vive da
mendicância, negam-se os direitos da cidadania, ao passo que para uns 133. Observe o trecho do segundo parágrafo: – Discutíamos em 2007 R$
poucos reservam-se todos os privilégios. 40 bilhões da CPMF. Só essa perda significa metade
(C) Não se constitue uma sociedade verdadeiramente democrática en- do que se estimava para a CPMF em 2008. ......................é um número
quanto não venham a incluir-se nela aqueles que, já a séculos, vivem mais muito grande. – A conjunção adequada para estabelecer a relação entre as
do sistema de favor que de um trabalho digno. ideias das frases é:
(D) Os que alferem lucros excessivos na exploração do trabalho alheio (A) Contudo (B) Portanto
também devem ser responsabilizados pelo contingente de infelizes que (C) Todavia (D) Conforme (E) Embora
estão abaixo da linha de pobreza.
(E) Deve-se à inépsia ou à má fé de sucessivos governos, que descuraram 134. No trecho do último parágrafo – Em contrapartida, os argumentos de
a implementação de medidas de caráter social, o fato de que continua que o comércio ilegal pode fomentar a violência e o crime organizado
crescendo o número de pobres e indigentes em nosso país. costumam, segundo a enquete, contribuir para que os brasileiros deixem
de comprar produtos piratas.
Leia o texto e responda às questões de números 131 a 140 – o verbo fomentar tem sentido equivalente a
As vendas de produtos piratas no Brasil em 2007 significaram uma (A) aferir. (B) delatar.
perda de R$ 18,6 bilhões em impostos nos 12 meses encerrados em (C) arrefecer. (D) defraudar. (E) fustigar.
setembro de 2008, levando-se em conta apenas sete setores da indústria
nacional. As estimativas são da pesquisa “O impacto da pirataria no setor 135. No penúltimo parágrafo – Além disso, a pesquisa salienta que houve
de consumo no Brasil”, divulgada pela Associação Nacional para Garantia também uma mudança de rumo nos hábitos da população, principalmente
dos Direitos Intelectuais (Angardi) e pelo Conselho Empresarial Brasil - de baixa renda, que consumiu menos produtos piratas. – a expressão em
Estados Unidos. destaque pode ser substituída, sem alterar o sentido do trecho, por
(A) inversão de valores. (B) troca de papéis.
“Discutíamos em 2007 R$ 40 bilhões da CPMF. Só essa perda signifi- (C) retratação pública. (D) nova orientação.
ca metade do que se estimava para a CPMF em 2008. É um número muito (E) revolução dogmática.
grande”, frisou Solange Mata Machado, representante no Brasil do Conse-
lho Empresarial Brasil - Estados Unidos. 136. Atendo-se apenas às regras de regência verbal e/ou nominal, a ex-
pressão em destaque no trecho – Em termos da demanda, Solange explica
Além da menor arrecadação de impostos, há também a perda de re- que o público não é sensível às perdas de arrecadação, aos prejuízos da
ceita da indústria, que chegou a R$ 62,4 bilhões considerando apenas os indústria ou ao potencial de corrupção existente no sistema de distribuição
setores de tênis, roupas e brinquedos. Quando entram na conta relógios, e vendas de produtos piratas ou contrabandeados. – pode ser corretamen-
perfumes e cosméticos, jogos eletrônicos e peças para motos, as perdas te substituída, sem alteração do restante da estrutura da frase, por
podem ter atingido R$ 93,1 bilhões. (A) despreza. (B) desconsidera.
(C) é alienado. (D) é indiferente. (E) é desinteressado.
A despeito da significativa perda de arrecadação e do prejuízo estima-
do para a indústria, a estimativa é de que em 2008 o consumo de produtos 137. Assinale a frase correta quanto ao emprego do acento indicador de
piratas nas três categorias pesquisadas (tênis, roupas e brinquedos) seja crase.
de R$ 15,609 bilhões, contra R$ 25,175 bilhões no ano anterior. (A) O título atribuído à esta pesquisa foi “O impacto da pirataria no setor de
consumo no Brasil”.
Para Solange, isso é reflexo direto da ação do governo contra a pirata- (B) As vendas de produtos piratas equivaleram à uma perda de R$ 18,6
ria e o contrabando. Em 2008, segundo a enquete, foramapreendidos mais bilhões em impostos.
de R$ 1 bilhão em mercadorias, recorde na história do país. Além disso, a (C) A pesquisa vincula-se à Associação Nacional para Garantia dos Direi-
pesquisa salienta que houve também uma mudança de rumo nos hábitos tos Intelectuais (Angardi).
da população, principalmente de baixa renda, que consumiu menos produ- (D) As somas se elevam à aproximadamente R$ 93 bilhões se considerar-
tos piratas. mos outros setores da indústria.
(E) Alguns argumentos tendem à funcionar mais que outros para dissuadir
Em termos da demanda, Solange explica que o público não é sensível os brasileiros da compra de produtos piratas.
às perdas de arrecadação, aos prejuízos da indústria ouao potencial de

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 87 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
138. Considerando as regras de concordância na voz passiva, assinale a 142. Entende-se por nepotismo a
frase correta. (A) investidura de cidadãos comuns em cargos públicos por meio de con-
(A) Divulgou-se, recentemente, a análise de alguns números relacionados curso.
ao impacto da pirataria no Brasil. (B) aprovação de parentes e amigos em concurso público sem favoreci-
(B) Uma perda de R$ 18,6 bilhões em impostos foram causados pelas mento.
vendas de produtos piratas no Brasil. (C) eliminação de parentes e amigos de empregos e de concursos públi-
(C) Também deve ser levado em conta, além da menor arrecadação de cos.
impostos, a perda de receita da indústria. (D) realização de concurso público para os cidadãos tornarem-se servido-
(D) Se for considerado apenas os setores de tênis, roupas e brinquedos, a res.
perda da indústria chega a R$ 62,4 bilhões. (E) obtenção de emprego público por meio da indicação de parentes.
(E) Consumiu-se menos produtos piratas em 2008.
143. Quando se trata de nepotismo, a população parece
139. Assinale a frase em que o pronome está posicionado corretamente. (A) aceitar na vida pessoal o que condena no âmbito da vida pública.
(A) Muitos não preocupam-se com a pirataria no Brasil. (B) rejeitar para a vida pessoal qualquer forma de favorecimento.
(B) A verdade é que tornou-se um hábito para muitos. (C) ser coerente, pois condena para a vida pessoal o que condena para a
(C) Ainda espera-se reduzir a pirataria no Brasil. pública.
(D) O governo tem mostrado-se atento ao problema. (D) acreditar que a ajuda pessoal deva ser coibida, mas não na vida públi-
(E) Naturalmente, a pirataria tornou-se comum nas classes populares. ca.
(E) aprovar plenamente essa prática, seja na vida pessoal seja na pública.
140. Observe a pontuação nas frases:
I. As vendas de produtos piratas no Brasil, em 2007, significaram uma 144. De acordo com o autor, pode-se até compreender que 32% dos
perda de R$ 18,6 bilhões em impostos nos 12 meses encerrados em servidores avaliem a prática como permissível. Isso quer dizer que ele
setembro de 2008. (A) acredita que o nepotismo é uma forma legítima nas práticas sociais de
II. A estimativa é de que, em 2008, o consumo de produtos piratas nestas um país.
categorias, seja de R$ 15,609 bilhões. (B) entende por que os servidores aceitam o nepotismo, mas não concorda
III. Além disso, a pesquisa salienta que houve também, uma mudança de com essa prática.
rumo nos hábitos da população. (C) justifica a opção dos servidores pelo nepotismo, declarando-a adequa-
A pontuação está correta apenas em da e honesta.
(A) I. (D) condena os servidores que se valem do nepotismo, embora o utilizasse
(B) II. em seu benefício.
(C) III. (E) define o nepotismo como uma prática necessária à organização de uma
(D) I e II. sociedade.
(E) II e III.
145. Para o autor, a popularidade do nepotismo entre cidadãos comuns é
Vícios tolerados bem mais inquietante. Portanto, tal situação
Ficam longe de animadores os resultados de uma pesquisa de opinião (A) é apreendida com indiferença por ele.
sobre ética realizada pela Universidade de Brasília entrecidadãos de todo o (B) aplaca a sua ansiedade.
país e também com servidores públicos de sete unidades federativas. Só (C) lhe traz certo desassossego.
59% dos entrevistados na população geral disseram ser éticos; 26% decla- (D) leva-o à ignorância dos fatos.
raram que não, e outros 13%, às vezes. Entre servidores públicos, variam (E) sublima seu sentimento de impotência.
as cifras, mas não o panorama: 51% “éticos”, 19% “não-éticos” e 22%, às
vezes. Pode-se argumentar, com razão, que o conceito comum sobre ética 146. O título – Vícios tolerados – pode ser entendido, quanto à ética, como
é vago, quase vazio. Um terço dos que já ouviram falar disso alegam não uma ................ , segundo o ponto de vista expresso pelo autor.
saber do que se trata. Segundo as informações textuais, o espaço da frase deve ser preenchido
Abstrações à parte, a consulta abrangeu também situações muito pre- com
sentes, como o nepotismo. No plano sociológico, pode-seaté compreender (A) necessidade para a civilidade do país
que 32% dos servidores avaliem a prática como permissível. Afinal, são (B) rotina moralmente adequada
seus maiores beneficiários: 37% obtiveram o emprego público por indica- (C) mudança comportamental aceitável
ção de parentes, políticos ou amigos, e menos da metade por concurso (D) transformação social inevitável
(44%). (E) permissividade social indesejável
Bem mais inquietante é a popularidade do nepotismo entre cidadãos
comuns. Metade dos ouvidos afirmou que contrataria parentes para um 147. O sinônimo do termo chancelar, em destaque no 3.º parágrafo, é
cargo público, se tivessem oportunidade. A população parece inclinar-se (A) evitar. (B) aprovar.
por chancelar, na esfera privada, oque condena na vida pública. (C) recusar. (D) engrandecer. (E) superar.
Essa contradição é uma das marcas da vida nacional – e provavel-
mente se verifica, em graus variados, em outros países. Para responder às questões de números 148 e 149, considere a informa-
Cabe à lei o papel de conter as inclinações pessoais. Deixadas à von- ção que inicia o último parágrafo: Essa contradição é uma das marcas da
tade, elas corroem a possibilidade de uma nação percorrer o longo cami- vida nacional...
nho civilizatório. (Folha de S.Paulo, 06.11.2008)
148. A expressão Essa contradição diz respeito
141. De acordo com o autor, os resultados da pesquisa sobre ética não são (A) ao comportamento dos cidadãos comuns.
animadores porque (B) às formas de atuação dos servidores públicos.
(A) os valores éticos têm atingido os cidadãos comuns e não os servidores (C) à falta de lei para inibir as inclinações pessoais.
públicos. (D) à impossibilidade de uma nação se civilizar.
(B) poucos não sabem o que seja ética, e muitos a têm nas suas práticas (E) ao descaso da população com a vida pública.
cotidianas.
(C) há uma quantidade significativa de cidadãos que não se atêm aos 149. O antônimo de contradição é
valores éticos. (A) incoerência.
(D) a quantidade de cidadãos éticos é bem menor do que a de cidadãos (B) desacordo.
não-éticos. (C) contestação.
(E) o sentido do conceito é muito comum, porque falta a sua devida divul- (D) consenso.
gação. (E) autenticidade.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 88 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
150. O pronome elas, em destaque no último parágrafo do texto, refere-se 159. Marque onde há apenas um vocábulo erradamente escrito:
às a() abóboda ; idôneo ; mantegueira ; eu quiz
(A) pessoas comuns. b() viço ; sócio-econômico ; pexote ; hidravião
(B) leis. c() hilariedade ; caçoar ; alforje ; apasiguar
(C) marcas da vida nacional. d() alizar ; aterrizar ; óbulo ; teribintina
(D) inclinações pessoais. e() chale ; umedescer ; páteo ; obceno
(E) nações.
160. Identifique onde não ocorre a crase:
151. Ache o verbo que está erradamente conjugado no presente do a() Não agrade às girafas com comida, diz o cartaz.
subjuntivo: b() Isso não atende às exigências da firma.
a ( ) requera ; requeras ; requera ; requeiramos ; requeirais ; requeram c() Sempre obedeço à sinalização.
b ( ) saúde ; saúdes ; saúde ; saudemos ; saudeis ; saúdem d() Só visamos à alegria.
c ( ) dê ; dês ; dê ; demos ; deis ; dêem e() Comuniquei à diretoria a minha decisão.
d ( ) pula ; pulas ; pula ; pulamos ; pulais ; pulam
e ( ) frija ; frijas ; frija ; frijamos ; frijais ; frijam 161. Assinale onde não ocorre a concordância nominal:
a() As salas ficarão tão cheias quanto possível.
152. Assinale a alternativa falsa: b() Tenho bastante dúvidas.
a ( ) o presente do subjuntivo, o imperativo afirmativo e o imperativo c() Eles leram o primeiro e segundo volumes.
negativo são tempos derivados do presente do indicativo; d() Um e outro candidato virá.
b ( ) os verbos progredir e regredir são conjugados pelo modelo agredir; e() Não leu nem um nem outro livro policiais.
c ( ) o verbo prover segue ver em todos os tempos;
d ( ) a 3.ª pessoa do singular do verbo aguar, no presente do subjuntivo é 162. Marque onde o termo em destaque está erradamente emprega-
: águe ou agúe; do:
e ( ) os verbos prever e rever seguem o modelo ver. a ( ) Elas ficaram todas machucadas.
b ( ) Fiquei quite com a mensalidade.
153. Marque o verbo que na 2ª pessoa do singular, do presente do c ( ) Os policiais estão alerta.
indicativo, muda para "e" o "i" que apresenta na penúltima síla- d ( ) As cartas foram entregues em mãos.
ba? e ( ) Neste ano, não terei férias nenhumas.
a ( ) imprimir
b ( ) exprimir 163. Analise sintaticamente o termo em destaque:
c ( ) tingir "A marcha alegre se espalhou na avenida..."
d ( ) frigir a ( ) predicado
e ( ) erigir b ( ) agente da passiva
c ( ) objeto direto
154. Indique onde há erro: d ( ) adjunto adverbial
a() os puros-sangues simílimos e ( ) adjunto adnominal
b() os navios-escola utílimos
c() os guardas-mores agílimos 164. Marque onde o termo em destaque não representa a função
d() as águas-vivas aspérrimas sintática ao lado:
e() as oitavas-de-final antiquíssimas a ( ) João acordou doente. (predicado verbo-nominal)
b ( ) Mataram os meus dois gatos. (adjuntos adnominais)
155. Marque a alternativa verdadeira: c ( ) Eis a encomenda que Maria enviou. (adjunto adverbial)
a ( ) o plural de mau-caráter é maus-caráteres; d ( ) Vendem-se livros velhos. (sujeito)
b ( ) chamam-se epicenos os substantivos que têm um só gênero grama- e ( ) A ideia de José foi exposta por mim a Rosa. (objeto indireto)
tical para designar pessoas de ambos os sexos;
c ( ) todos os substantivos terminados em -ão formam o feminino mudan- 165. Ache a afirmativa falsa:
do o final em -ã ou -ona; a ( ) usam-se os parênteses nas indicações bibliográficas;
d ( ) os substantivos terminados em -a sempre são femininos; b ( ) usam-se as reticências para marcar, nos diálogos, a mudança de
e ( ) são comuns de dois gêneros todos os substantivos ou adjetivos interlocutor;
substantivados terminados em -ista. c ( ) usa-se o ponto-e-vírgula para separar orações coordenadas assin-
déticas de maior extensão;
156. Identifique onde há erro de regência verbal: d ( ) usa-se a vírgula para separar uma conjunção colocada no meio da
a() Não faça nada que seja contrário dos bons princípios. oração;
b() Esse produto é nocivo à saúde. e ( ) usa-se o travessão para isolar palavras ou frases, destacando-as.
c() Este livro é preferível àquele.
d() Ele era suspeito de ter roubado a loja. 166. Identifique o termo acessório da oração:
e() Ele mostrou-se insensível a meus apelos. a() adjunto adverbial
b() objeto indireto
157. Abaixo, há uma frase onde a regência nominal não foi obedeci- c() sujeito
da. Ache-a: d() predicado
a ( ) Éramos assíduos às festas da escola. e() agente da passiva
b ( ) Os diretores estavam ausentes à reunião.
c ( ) O jogador deu um empurrão ao árbitro. 167. Qual a afirmativa falsa sobre orações coordenadas?
d ( ) Nossa casa ficava rente do rio. a ( ) as coordenadas quando separadas por vírgula, se ligam pelo sentido
e ( ) A entrega é feita no domicílio. geral do período;
b ( ) uma oração coordenada muitas vezes é sujeito ou complemento de
158. Marque a afirmativa incorreta sobre o uso da vírgula: outra;
a() usa-se a vírgula para separar o adjunto adverbial anteposto; c ( ) as coordenadas sindéticas subdividem-se de acordo com o sentido e
b() a vírgula muitas vezes pode substituir a conjunção e; com as conjunções que as ligam;
c() a vírgula é obrigatória quando o objeto pleonástico for representado d ( ) as coordenadas conclusivas encerram a dedução ou conclusão de
por pronome oblíquo tônico; um raciocínio;
d ( ) a presença da vírgula não implica pausa na fala; e ( ) no período composto por coordenação, as orações são independen-
e ( ) nunca se deve usar a vírgula entre o sujeito e o verbo. tes entre si quanto ao relacionamento sintático.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 89 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
168. Identifique a afirmativa verdadeira: c ( ) Muito me indignou sua indiferença e pouco caso.
a ( ) as orações subordinadas ou são adjetivas ou adverbiais; d ( ) Qual de nós sabem a direção a tomar?
b ( ) a preposição que introduz uma oração subordinada nunca pode ser e ( ) Cada uma delas trouxeram sua colaboração.
omitida;
c ( ) duas orações subordinadas podem estar coordenadas entre si; 177. Indique a alternativa correta quanto ao emprego do pronome:
d ( ) uma oração se denomina principal porque vem primeiro que as a() O diretor conversou com nós dois.
outras; b() Vou consigo ao teatro hoje à noite.
e ( ) o período composto por subordinação só pode ter duas orações. c() Esta pesquisa é para mim fazer até o final da semana.
d() Nada de sério houve entre eu e você.
169. Enumere a segunda coluna de acordo com a abreviatura da e() Informa a todos que Vossa Santidade está doente.
forma de tratamento adequada:
178. Classifique corretamente os encontros vocálicos das palavras
( 1 ) V.Ex.ª Rev.ma ( ) reitor de universidade
abaixo:
( 2 ) V.Mag.ª ( ) papa
irmão ; saúde ; queijo ; Paraguai
( 3 ) V.Em.ª ( ) bispo e arcebispo
a ( ) ditongo ; ditongo ; tritongo ; tritongo
( 4 ) V.S. ( ) cardeal
b ( ) ditongo ; hiato ; ditongo ; tritongo
a() 1;4;3;2 d()4;2;3;1
c ( ) hiato ; ditongo ; tritongo ; ditongo
b() 2;4;1;3 e()2;4;3;1 c()3;4;2;1
d ( ) ditongo ; hiato ; tritongo ; tritongo
e ( ) hiato ; hiato ; ditongo ; ditongo
170. Onde o pronome está erradamente empregado?
a() fez + o = fê - lo 179. Ache a afirmativa falsa:
b() diríamos = di - lo - íamos a() num encontro consonantal, cada letra representa um fonema;
c() pondes + o = ponde - lo b() na palavra "creme" há um encontro consonantal;
d() tem + o = tem - no c() dígrafo e encontro consonantal são a mesma coisa;
e() diríeis + o = diríei – lo d() os dígrafos podem representar consoantes ou vogais;
e() nem sempre ocorre a separação nos encontros consonantais.
171. Que nome se dá ao termo que determina ou indetermina o
substantivo a que se refere? 180. Qual a palavra abaixo cuja formação não se deu por derivação
a ( ) advérbio prefixal?
b ( ) adjetivo a ( ) antebraço
c ( ) substantivo próprio b ( ) infeliz
d ( ) artigo c ( ) renascer
e ( ) pronome d ( ) somente
e ( ) repor
172. Marque a classificação possível dos substantivos abaixo:
Europa - ferro - livraria - ramalhete 181. Qual o significado do radical "cefalo" da palavra "cefaleia"?
a ( ) concreto - primitivo - derivado - coletivo a() cavalo
b ( ) abstrato - coletivo - derivado - coletivo b() cabeça
c ( ) comum - próprio - coletivo - primitivo c() célula
d ( ) coletivo - abstrato - próprio - concreto d() sofrimento
e ( ) primitivo - próprio - comum - abstrato e() origem
173. Indique a classificação incorreta do advérbio ou locução adver- 182. Encontre o vocábulo erradamente separado em sílabas:
bial em destaque: a() pneu - má - ti - co b ( ) ap - to
a ( ) Não havia ninguém por perto. (lugar) c() coi - sas d ( ) a – ve – ri – guou
b ( ) O filme, sem dúvida, será um sucesso. (afirmação) e() egíp – cios
c ( ) Ela caminhou depressa para o quintal. (intensidade)
d ( ) Ele chegará mais tarde. (tempo) 183. Indique o termo erradamente classificado:
e ( ) Ela nunca saía aos sábados. (negação) O belo viajante saiu rapidamente.
a ( ) O = artigo definido, masculino, singular.
174. Complete a frase com o adjetivo adequado: b ( ) belo = adjetivo uniforme, singular.
O que tem a forma de elipse é ________ . c ( ) viajante = substantivo simples, comum, derivado, concreto, masculi-
a ( ) elipsal no singular.
b ( ) elipsilar d ( ) saiu = verbo irregular, na 3.ª pessoa do singular do pretérito perfeito
c ( ) elipsilal do indicativo.
d ( ) elipérico e ( ) rapidamente = advérbio de modo.
e ( ) elíptico
184. Ache onde o modo da forma verbal em destaque está incorreto:
175. Na frase: "Toda a escola poderá comparecer à festa.", é verda- a() Não saia da sala! (imperativo)
deiro dizer que: b() Espero que ele venha à reunião. (subjuntivo)
a ( ) o uso ou não do artigo, antes de "escola" é indiferente com relação c() Quem lhe deu essa notícia? (indicativo)
ao sentido da frase; d() Diga-nos a sua opinião. (subjuntivo)
b ( ) o artigo que aparece na frase é indefinido; e() Gostaria que ele ficasse aqui. (indicativo)
c ( ) o artigo que aparece antes de "escola" poderia ser substituído por
um outro, indiferentemente; 185. Marque a alternativa onde o verbo em destaque não se encontra
d ( ) a frase só ficará correta quando for iniciada pelo artigo da frase; no tempo e modo indicados ao lado:
e ( ) o artigo dá sentido de totalidade à frase. (= A escola inteira poderá a ( ) Se ele souber a verdade, ficará furioso. (futuro do subjuntivo)
comparecer à festa.) b ( ) Não sejamos otimistas. (imperativo negativo)
c ( ) Espero que dessa atitude não advenha nenhuma desgraça. (presen-
176. Assinale a única alternativa em que a concordância está feita te do subjuntivo)
segundo a norma culta: d ( ) Tenho falado muito desse assunto. (gerúndio)
a ( ) Tu e teu irmão devem partir amanhã. e ( ) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram. (pretérito
b ( ) Um de vocês deverão ficar sem vaga. mais-que-perfeito do indicativo)

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 90 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
186. Marque a afirmativa falsa: ções e tomando decisões e trocando ideias e falando, falando. Ou marcan-
a ( ) o infinitivo é impessoal quando não se refere a nenhum sujeito; do encontros. Ou discutindo seriamente os destinos da nação. Tecnôma-
b ( ) os tempos compostos são formados pelos verbos auxiliares e o des do século XXI. Gente pobre e gente rica. Celulares pululando Brasil
particípio do verbo principal; afora, mundo afora.
c ( ) o verbo pôr e derivados pertencem à segunda conjugação; Mas não se fica por aí, como quem tivesse um relógio de pulso e o fato
d ( ) o modo indicativo expressa ordem, advertência ou pedido; de saber as horas o satisfizesse. Comunicação é outra história. Há pesso-
e ( ) "entregado" é o particípio regular do verbo "entregar". as com dois celulares. Um para os contatos profissionais, outro para falar
com a família e os amigos.
187. Indique o erro: Conheço chefe de empresa que dá de presente ao funcionário de con-
a() enxame é o coletivo de peixes. fiança um celular para contato exclusivo. E o celular, linha direta com o
b() alma é o substantivo concreto. dever, pode tocar música animada em pleno domingo à tarde.
c() viuvez é substantivo abstrato. E há os que carregam três celulares, pessoas importantíssimas, o dia
d() país é substantivo comum. inteiro procuradas por todos. Um ilustre comentador de TV declarou, faz
e() pianista é substantivo sobrecomum. alguns meses, sem nenhum pudor, que possui três! Três oportunidades de
ouvir e ser ouvido. Conversas nacionais, internacionais e siderais.
188. Ache o único substantivo feminino: Haverá alguém com quatro celulares? Não duvido. Um celular para fa-
a ( ) guaraná d ( ) teorema lar com os de sempre. Outro para falar com os novos.
b ( ) cal e ( ) trema c ( )telefonema Outro para falar com os estranhos. Outro para falar com pouquíssimos
seletos, seres privilegiados...
189. Indique onde há erro no grau dos adjetivos em destaque: E cinco? Cinco celulares, um para cada dia da semana laboral. O celu-
a() Ele revelou-se um ótimo ator. (superlativo absoluto irregular) lar da segunda, para marcar reuniões. O da terça, para cancelá-las. O da
b() Ele é tão inseguro quanto o irmão. (comparativo de igualdade). quarta, para discussões. O da quinta, para reconciliações. O da sexta, para
c() Dizia-se o melhor de todos. (superlativo absoluto regular) planejar a semana que vem.
d() Pedro é bastante rápido. (superlativo absoluto analítico) Quem dá mais?! No meio da multidão, um homem levanta os braços,
e() Ela é a menos esperta do grupo. (superlativo relativo de inferiorida- grita, alega ter seis celulares. Com um deles, o mais sofisticado, mantém
de) longas conversas com o próprio Deus, ligação caríssima, mas vale a pena.
Para que lançar mão da oração gratuita se é possível ter certeza de que o
190. Ache a palavra erradamente grafada: Interlocutor está realmente nos ouvindo e respondendo?
a() esculpir ; borburinho Tenho um celular só, modelo simples, instrumento necessário na Idade
b() regresso ; louça Mídia. Mas se alguém quiser me dar de presente um segundo bichinho
c() ameixa ; agachar desses... Obrigado, um já é demais.
d() sujeito ; magistral
e() obsceno ; mansidão 196. Um traço característico da crônica lida é:
A) temática atual
191. Quem se intromete faz uma ... B) prosa poética
a() intromição d ( ) intromissão C) estrofação regular
b() intromisção e ( ) intromicção D) método indutivo
c() intromisão E) exposição imparcial

192. Ache a palavra que foi incorretamente grafada sem hífen: 197. Pode-se afirmar que o autor do texto:
a() autopeça d ( ) subdiretor A) almeja ter mais de um celular
b() contragolpe e ( ) ultramar B) apóia quem opta por ter vários celulares
c() contrasenso C) acha que pessoas superiores têm mais de um celular
D) satiriza os excessos praticados pelos usuários de
193. Encontre a palavra que não tem relação com as outras: celular
a() livreco d ( ) florzinha E) compreende que tudo deve ser feito para facilitar a
b() lugarejo e ( ) mulherona comunicação
c() saleta
198. “Tecnômades do século XXI.”
194. Marque onde o termo em destaque não é um artigo: “Tecnômades” é um(a):
a() Os alunos compraram o livro. A) palavra inglesa
b() Eu li a revista e a deixei sobre a mesa. B) neologismo
c() Ela pegou uns jornais e os entregou ao dono. C) galicismo
d() Nós recebemos o dinheiro que estava no banco. D) termo corrente na informática
e() O dono da festa falou calorosamente. E) vocábulo latino

195. Qual o pronome de tratamento adequado a um sacerdote? 199. “Telefone celular deixou de ser novidade. Deixou de ser luxo.
a() Vossa Santidade Deixou de ser sonho.”
b() Vossa Magnificência No trecho acima destacado há:
c() Vossa Eminência A) duas orações absolutas
d() Vossa Reverendíssima B) três orações coordenadas sindéticas
e() Vossa Excelência Reverendíssima C) duas orações sem paralelismo semântico
D) um período composto por coordenação
A MULTIPLICAÇÃO DOS CELULARES E) três períodos sintaticamente paralelos
Gabriel Perissé
Telefone celular deixou de ser novidade. Deixou de ser luxo. Deixou de 200. “Um ilustre comentador de TV declarou...”
ser sonho. Virou objeto corriqueiro, que vive de boca em boca, de orelha A palavra comentador é formada por:
em orelha. Tornou-se artigo de primeira necessidade, instrumento de A) prefixação
trabalho imprescindível e barato, espaço social concentrado na palma da B) composição
mão. C) sufixação
Normal (talvez apenas comum...) ver todo tipo de gente andando pelas D) aglutinação
ruas e falando com o além... Ou com alguém. Todos recebendo informa- E) redução

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 91 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
TEXTO 1 E) “Para entendermos a problemática da região, é preciso que deixemos
Nordeste: mito e realidade de lado as aparências”.
De modo geral, quase todos os problemas do Nordeste são atribuídos
às adversidades climáticas, à ausência ou à escassez das chuvas. É 203. De acordo com o texto, a justificativa maior para os problemas sociais
comum ouvirmos dizer que as secas assolam, maltratam os nordestinos. e econômicos do Nordeste encontra-se:
Mas será que é isso mesmo o que acontece? Ou será que é só isso mes- A) nas secas que regularmente castigam a região e provocam a morte das
mo? lavouras.
B) nas muitas adversidades climáticas que acontecem periodicamente.
Não se podem negar os graves efeitos sociais e econômicos causados C) nas inegáveis vantagens econômicas e políticas que a seca traz para
pela seca. Quando ela ocorre, o sertanejo observa, impotente, sua lavoura alguns setores.
morrer, seu gado minguar, os pequenos rios secarem, ocasião em que sua D) nos meios de comunicação que somente se manifestam durante as
“tragédia” é exibida para todo o Brasil e até mesmo para outros países calamidades.
pelos meios de comunicação. E) na rede fluvial da região, que é pequena e não atende à demanda da
agropecuária.
Os poderes públicos, então, se manifestam anunciando, nos mesmos
órgãos de imprensa, medidas que serão tomadas para combater a seca, 204. Observe: “A cada nova catástrofe, a cada nova ‘calamidade pública’
projetos que serão executados a médio e longo prazos e a liberação de esse procedimento se repete”. A repetição do segmento sublinhado ex-
verbas que serão destinadas à distribuição de alimentos, água, remédios pressa uma função textual de:
etc. A) correção. B) contraste.
C) paráfrase. D) ênfase. E) reformulação.
A cada nova catástrofe, a cada nova “calamidade pública” esse proce-
dimento se repete. Mas essas medidas não solucionam o problema. Na 205. Os usos formais da língua ditam certas normas para a concordância
próxima seca prolongada, tudo será igual ou pior, dependendo da sua entre o verbo e o sujeito. Identifique a alternativa que está de acordo com
intensidade e duração. essas normas.
A) Qual das grandes secas do Nordeste não deixaram grandes marcas de
Acontece que os fenômenos naturais – que ocorrem independente- destruição?
mente da vontade dos homens – não justificam todo o peso que lhes é B) Cada um dos grandes rios do Nordeste poderiam suprir a escassez de
atribuído. A seca existe, sim. A pobreza no Nordeste, também. No entanto, água necessária à lavoura.
não é possível estabelecer uma relação direta entre seca e pobreza. C) Nenhuma das grandes secas do Nordeste pode ser apontada como a
causa principal de suas dificuldades econômicas.
Os problemas do Nordeste não se resumem à seca, fator tão divulga- D) Além da falta de chuva, foi constatado vários tipos de problemas no
do e explorado, graças ao interesse de uma minoria preocupada apenas Nordeste.
em tirar proveito de uma situação “aparentemente” criada pela natureza. E) O resultado das últimas grandes secas deixaram grandes prejuízos
sociais e econômicos.
Para entendermos a problemática da região, é preciso que deixemos
de lado as aparências e investiguemos as reais causas que produziram e 206. Leia o trecho seguinte: “O Nordeste, em decorrência das estiagens
produzem um Nordeste tão pobre, tão maltratado e com tantas injustiças e prolongadas a que tem sido submetido, apresenta grandes problemas
desigualdades sociais. econômicos e sociais.”
Observe o emprego da preposição antes do pronome relativo – que se
Ao colocarmos a seca como sua causa principal, estaremos deixando deve à regência do verbo. Na mesma perspectiva, analise os enunciados
de lado as inegáveis vantagens econômicas e políticas que ela traz para seguintes e assinale aquele que também está correto quanto às normas da
alguns setores e estaremos reduzindo à mera fatalidade climática o subde- regência verbal.
senvolvimento e a opressão. A) O Nordeste, apesar das estiagens prolongadas de que têm sido atribu-
ídas, apresenta grandes projetos de superação.
A seca apenas acentua uma situação de injustiça historicamente cria- B) O Nordeste, apesar das secas – das quais têm resultado grandes
da. problemas econômicos – crê nas possibilidades de superação.
(Yná Andrighetti. Nordeste: mito e realidade. São Paulo: Moderna, 1998, pp. 7-10.) C) O Nordeste, por causa das secas – a cujas soluções não se pode
abrir mão – ainda sofre sérias discriminações.
201. Considerando as ideias expressas no Texto 1, podemos reconhecer D) O Nordeste, por causa das secas – as quais a imprensa tem feito
que se trata: referências constantes – espera por melhores soluções.
A) de uma narrativa em que se conta a história das secas do Nordeste, E) O Nordeste, por causa das políticas assistenciais – as quais não po-
com seus cenários e personagens. demos confiar – viveu grandes problemas.
B) de uma descrição das condições climáticas do Nordeste e dos efeitos
sociais e econômicos causados pelas secas prolongadas. 207. Observe a colocação pronominal no seguinte fragmento: “Não se
C) de uma reflexão pela qual se põe em dúvida a explicação que costuma pode negar os graves efeitos sociais e econômicos causados pela seca.” O
ser dada para os problemas do Nordeste. uso do pronome também estaria correto na alternativa:
D) de uma exposição didática, para apresentar as principais medidas que A) Não poderiam-se negar os graves efeitos sociais e econômicos causa-
serão tomadas pelo Governo para combater a seca. dos pela seca.
E) de um texto para orientação dos projetos que serão executados, a B) Poderiam-se negar os graves efeitos sociais e econômicos causados
médio e longo prazos, em favor do Nordeste. pela seca.
C) Tinham podido-se negar os graves efeitos sociais e econômicos causa-
202. Pela compreensão global do texto, pode-se perceber que a argumen- dos pela seca.
tação do autor, a certa altura do texto, assume uma direção contrária. D) Ninguém poderia negar-se a reconhecer os efeitos econômicos causa-
Isso fica evidente na alternativa: dos pela seca.
A) “De modo geral, quase todos os problemas do Nordeste são atribuídos E) Os graves efeitos sociais e econômicos causados pela seca, um dia,
às adversidades climáticas, à ausência ou à escassez das chuvas”. poderão-se negar.
B) “A cada nova catástrofe, a cada nova ‘calamidade pública’ esse proce-
dimento se repete.” 208. O texto fala em: “inegáveis vantagens”. O prefixo que aparece na
C) “Na próxima seca prolongada, tudo será igual ou pior, dependendo da palavra sublinhada tem o mesmo sentido daqueles que aparecem em:
sua intensidade e duração”. A) inefável; inapto; incremento.
D) “A seca existe, sim. A pobreza no Nordeste, também. No entanto, não é B) inábil; injetável; ineficaz. C) inflamável, imberbe, incrustado.
possível estabelecer uma relação direta entre seca e pobreza”. D) ímprobo, inalação, inglório. E) indubitável, inepto, incruento.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 92 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
209. O verbo, no seguinte trecho, está na voz passiva: Muitos problemas 212. Outro título que confirmaria a totalidade do Texto 2 seria:
do Nordeste foram provocados pelos interesses de uma minoria corrupta. A) A homogeneidade dos dialetos regionais brasileiros.
Caso o autor tivesse optado pela voz ativa, deveria escrever: B) O estranhamento do falar brasileiro considerado “inferior”, “feio”, “pior”.
A) Os interesses de uma minoria corrupta provocam muitos problemas do C) Uma única norma linguística num território de dimensões continentais.
Nordeste. D) Frustradas as pressões a favor da uniformidade do português falado no
B) Os interesses de uma minoria corrupta provocavam muitos problemas Brasil.
do Nordeste. E) A expansão linguística no período da colonização portuguesa.
C) Os interesses de uma minoria corrupta provocaram muitos problemas
do Nordeste. 213. De acordo com o Texto 2, podemos afirmar que as línguas:
D) Os interesses de uma minoria corrupta provocariam muitos problemas A) são autônomas em relação às influências de outras línguas.
do Nordeste. B) devem objetivar a homogeneidade, para não serem discriminadas.
E) Os interesses de uma minoria corrupta provocarão muitos problemas do C) estão expostas a fatores históricos que repercutem sobre elas.
Nordeste. D) tendem a ser “piores”, ou “mais feias” em decorrência de suas varia-
ções.
210. Pelo título do texto – Nordeste: mito e realidade – já se pode inferir E) se faladas num território de dimensões continentais, sofrem risco de
que o tema será tratado numa perspectiva: extinção.
A) monolítica. B) hipotética.
C) unilateral. D) lúdica. E) divergente. 214. Releia o início do texto: “A TV e o rádio bem que forçam, o preconcei-
to regional não dá folga, mas a variedade de sotaques no Brasil está longe
TEXTO 2 de correr risco de extinção. Quem garante são os especialistas em lingua-
gem”. Na verdade, o que é que os especialistas em linguagem garantem?
Sotaques da resistência 1) Existem preconceitos regionais em atuação.
A TV e o rádio bem que forçam, o preconceito regional não dá folga, mas a 2) A TV e o rádio têm sido fortes aliados.
variedade de sotaques no Brasil está longe de correr risco de extinção. 3) A variedade de sotaques não vai acabar.
Quem garante são os especialistas em linguagem. O falar brasileiro sofre, 4) A TV e o rádio reforçam os preconceitos.
é verdade, a pressão imposta pelas normas prestigiadas do idioma, de Está(ão) correta(s):
caráter conservador e uniforme. A expansão dos meios de comunicação de A) 1 apenas
massa, sabe-se, atua a favor de uma unidade linguística, com programas B) 3 apenas
de TV (algumas novelas, por exemplo), que suprimem as nuances autênti- C) 2 e 3 apenas
cas dos falantes e compõem “personagens regionais”, com um modo de D) 1, 2 e 4 apenas
falar que pretende ser “típico” mas acaba por ser irreal. E) 1, 2, 3 e 4

Os linguistas avaliam, no entanto, que nem a força da mídia nem o prestí- 215. Pode-se reconhecer um sentido de causalidade no seguinte fragmen-
gio do padrão idiomático têm sido capazes de conter a diversidade do falar to:
brasileiro. Apesar de reforçar preconceitos e distorcer dialetos regionais, a A) “a variedade de sotaques no Brasil está longe de correr risco de extin-
mídia não chega a produzir uma homogeneidade nos falares nacionais. ção”.
B) “Mas até que ponto resiste essa unidade linguística brasileira?”
Falar uma única língua num território de dimensões continentais faz parte C) “Falar uma única língua num território de dimensões continentais faz
do imaginário de nossa identidade nacional. Mas até que ponto resiste parte do imaginário de nossa identidade nacional”.
essa unidade linguística brasileira? É certo que o português falado no D) “Herdeiros de uma sociedade estratificada, como a portuguesa, tería-
Norte seja compreendido no Sudeste, mas a diversidade de sotaques mos herdado também o juízo de valor sobre a linguagem”.
mostra que, se falamos o mesmo idioma, nós o falamos diferentemente. E) “a diversidade de sotaques mostra que, se falamos o mesmo idioma,
nós o falamos diferentemente”.
De onde vêm essas diferenças? Historicamente, as variações de pronún-
cia, entonação e ritmo observadas no Brasil espelham a expansão hetero- 216. Observe a pontuação do trecho: “Tupi-guarani, iorubá, banto, caste-
gênea do português desde a colonização do país. Tupi-guarani, iorubá, lhano, holandês, francês, árabe, italiano, inglês são alguns dos idiomas que
banto, castelhano, holandês, francês, árabe, italiano, inglês são alguns dos influenciaram a variação existente no português daqui”. As vírgulas desse
idiomas que influenciaram a variação existente no português daqui. Herdei- trecho devem-se ao fato de que se trata:
ros de uma sociedade estratificada, como a portuguesa, teríamos herdado A) de uma explicação. B) de uma paráfrase.
também o juízo de valor sobre a linguagem. Muitas maneiras de falar C) de uma reformulação. D) de uma enumeração.
seriam estigmatizadas ou discriminadas por denunciar procedência social e E) de uma justificativa.
nível cultural do falante.
217. No fragmento seguinte: “Apesar de reforçar preconceitos e distorcer
É assim que, muitas vezes, o falar alheio causa estranhamento ou é consi- dialetos regionais, a mídia não chega a produzir uma homogeneidade nos
derado “inferior”, “feio”, “pior”. falares nacionais”, a locução sublinhada expressa um sentido de:
A) concessão. B) conclusão.
Na verdade, muita pesquisa precisa ser feita antes que se possa dizer algo C) causalidade. D) finalidade. E) condição.
de definitivo sobre os diferentes falares do Brasil.
(Isadora Marques. Revista Língua Portuguesa. Junho de 2007, pp. 22-28. 218. A propósito da concordância verbo-nominal no seguinte trecho:
Adaptado). “Grande parte das diferenças linguísticas do português que conhecemos foi
deixada pelos colonizadores”, podemos afirmar que também seria correto
211. O tema desenvolvido no Texto 2 gira em torno da seguinte questão: dizer:
A) A língua que se fala no Brasil, dada a sua heterogeneidade, corre risco 1) Grande parte das diferenças linguísticas do português que conhecemos
de extinção. foram deixada pelos colonizadores.
B) O prestígio do padrão idiomático brasileiro tem sido cada vez mais 2) Grande parte das diferenças linguísticas do português que conhecemos
atuante. foram deixadas pelos colonizadores.
C) As dimensões continentais de nosso território afetam nossa identidade 3) Grande parte das diferenças linguísticas do português que conhecemos
nacional. foi deixadas pelos colonizador.
D) A diversidade do falar brasileiro é, por muitas razões, uma realidade
inabalável. Está(ão) correta(s):
E) A mídia tem um grande papel na manutenção do padrão idiomático de A) 1, 2, 3 B) 1 apenas C) 2 apenas D) 3 apenas E) 1 e 2 apenas
prestígio.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 93 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
219. Observe a concordância do verbo ‘haver’ em: Há muitas maneiras de
falar que são estigmatizadas ou discriminadas. De acordo com as regras
da normapadrão, o verbo haver adota uma concordância especial. Identifi-
INGLÊS
que, dentre as alternativas abaixo, aquela que está correta, de acordo com ARTIGOS
tais regras.
A) Segundo a história, no período da colonização, haviam muitas línguas Tal como em português, em inglês existe o artigo definido (the) e o ar-
em contato. tigo indefinido (a / an). Usam-se nos seguintes casos:
B) Devido à pluralidade linguística da colônia, houveram muitos choques
culturais entre os falantes. Countable nouns* Mass nouns**
C) Devem haver choques culturais entre os falantes desde que haja dife- Singular Definido The pen The music
renças em contato. Indefinido A pen Music
D) Se houvessem menos diferenças culturais, o português seria hoje mais Plural Definido The pens --------
homogêneo. Indefinido Pens --------
E) Em algumas comunidades, as diferenças linguísticas haviam sido incor-
poradas aos padrões gerais. * Countable nouns - Substantivos que se podem contar e que têm
plural, por exemplo, bag / bags.
220. Do ponto de vista da sintaxe do português, está bem formado o se- ** Mass nouns - Substantivos de grande quantidade ou que não têm
guinte enunciado: plural, por exemplo, homework, butter.
A) A variedade de sotaques brasileiros estão longe de correr risco de
extinção. A é usado antes de palavras que começam com o som de uma conso-
B) A força de tantos meios sociais não conseguiu conter a diversidade do ante e an antes de palavras que começam com o som de uma vogal. Por
falar brasileiro. exemplo, a telephone, an elephant.
C) De onde veio tantas diferenças linguísticas?
D) A mídia não chega à produzir uma homogeneidade nos falares nacio- O artigo definido the nunca muda de forma, ou seja, é invariável em
nais. gênero e número. Corresponde a o, a, os, as.
E) As variações de pronúncia e entonação espelha a heterogeneidade do
português. Singular Plural
The boy the boys
RESPOSTAS The girl the girls

01. A 11. C 21. A 31. E 41. B Omite-se o artigo definido diante de nomes próprio:
02. B 12. A 22. E 32. B 42. A John is in Rio.
03. E 13. B 23. B 33. A 43. C Mary speaks Spanish.
04. C 14. E 24. A 34. C 44. D
05. A 15. D 25. E 35. E 45. B Exceções:
06. E 16. A 26. D 36. B 46. A
The United States.
07. B 17. C 27. A 37. A 47. E
08. A 18. D 28. C 38. C 48. D The Soviet Union.
09. D 19. E 29. B 39. D 49. B The Amazon (o rio e a região)
10. B 20. B 30. D 40. E 50. C The Argentine (mas: Argentina)

51. D 61. C 71. B 81. C 91. D Não se emprega the com substantivos abstratos, considerados em
52. E 62. D 72. C 82. E 92. D sentido geral:
53. D 63. B 73. A 83. C 93. C Honesaty is the best policy.
54. A 64. A 74. B 84. E 94. E Gold is more valuable than silver.
55. D 65. A 75. D 85. D 95. A
56. C 66. B 76. C 86. A 96. A
Omite-se the antes de adjetivos e pronomes possessivos.
57. E 67. B 77. E 87. B 97. D
58. B 68. A 78. A 88. C 98. E It is my pen.
59. A 69. A 79. B 89. A 99. C That pen is mine.
60. E 70. B 80. D 90. D 100. B
Os artigos indefinidos são: a, an. Diante de palavras iniciadas com
101. C 111. E 121. C 131. B 141. C som vocálico, usa-se an.
102. A 112. C 122. B 132. C 142. E
103. D 113. B 123. D 133. B 143. A Diante de palavras iniciadas com som consonantal, usa-se a.
104. E 114. A 124. E 134. E 144. B A woman an egg
105. B 115. D 125. A 135. D 145. C A month an umbrella
106. C 116. E 126. B 136. D 146. E
107. D 117. C 127. D 137. C 147. B
108. A 118. A 128. E 138. A 148. A SUBSTANTIVOS – FORMAÇÃO DO PLURAL
109. D 119. E 129. A 139. E 149. D
110. B 120. B 130. B 140. A 150. D 1) Forma-se o plural da maioria dos substantivos em Inglês, pelo acrés-
cimo de –s ao singular.
151. A 161. B 171. D 181. B 191. D Singular Plural
152. C 162. D 172. A 182. E 192. C Pen pens
153. D 163. D 173. C 183. B 193. E Chair chairs
154. B 164. C 174. E 184. D 194. B
155. E 165. B 175. E 185. D 195. C
Car cars
156. A 166. A 176. C 186. D 196. A 2) No entanto, existem grupos de palavras que têm formas irregulares no
157. A 167. B 177. A 187. A 197. D plural.
158. C 168. C 178. B 188. B 198. B Às terminadas em s, x, z, ch e sh acrescenta-se es.
159. B 169. B 179. C 189. C 199. E Mutch – mutches
160. A 170. E 180. D 190. A 200. C Box – boxes

Nas palavras terminadas em y precedido de consoante, substitui-se o


y por i e acrescenta-se es.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 94 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Baby – babies POSIÇÃO
Canary – canaries Existem três posições principais para adjetivos, embora a regra geral
seja o adjetivo preceder o substantivo.
Às palavras que terminam em – o - precedido de consoante, acrescen-
ta-se –es. Posição Descrição Exemplo
Echo – echoes
Tomato – tomatoes Antes de um substantivo Atributivo The careful student
Como complemento do The student is worried
Certas palavras terminadas em –f ou –fe, geralmente mudam esta ter- Predicativo
sujeito ou objecto I consider him special
minação para –ves. Atributivo colocado
Wife – wives Segue imediatamente o That is something inter-
após o substantivo
Hoof – hooves substantivo esting
(post-positive)
Alguma palavras têm formas excepcionais no plural.
(1) Muitos adjetivos podem ser colocados em posições atributivas ou
Tooth – teech
predicativas, p. ex: careful.
Foot – feet
(2) Alguns são só atributivos, p. ex: I felt utter astonishment.
Mouse – mice
(3) Alguns são só predicativos, p. ex: The boys are asleep.
Louse – lice
(4) Poucos são só atributivos colocados após o substantivo e são
Ox – oxen, oxes
usados em situações muito específicas, p. ex: the president elect.
Man – men
Child – children
COMPARAÇÃO
Brother-in-law – brothers-in-law
São possíveis três tipos de comparação: ao mesmo grau; a um grau
superior; a um grau inferior.
Palavras que por seu sentido são “incontáveis”, como líquido, gás, pó,
Ao mesmo grau - comparativo de i-
etc. não admitem terminação no plural. John is as tired as Jill
gualdade
Gas sugar cake
A um grau superior - comparativo de
Water soap toof Jill is more tired than John
superioridade ou superlativo relativo de
Coffee hair beer Jill is the most tired person
superioridade
Tea money rain
A um grau inferior - comparativo de in-
Jill is less tired than John
ferioridade ou superlativo relativo de
Com estes substantivos não se empregam os artigos indefinidos, ou Jill is the least tired person
inferioridade
números. Usam-se, ao invés, as expressões:
Some, a little, a lot, etc.
As comparações podem ser formadas adicionando -er, -est ao final de
um adjetivo, ou utilizando more / less than ou the most / the least.
GÉNERO
Em geral, os substantivos em inglês não identificam géneros. Por e- Normal Comparativo Superlativo
xemplo, book não é uma palavra masculina nem feminina. Alguns substan- Tall Taller Tallest
tivos definem géneros quando são palavras que se usam para referir Beautiful More beautiful Most beautiful
especificamente homens e mulheres, ou machos e fêmeas:
Adjetivos com formas irregulares:
Masculino Feminino
Actor Actress Normal Comparativo Superlativo
Monk Nun Good Better Best
Hero Heroine Bad Worse Worst
Boy Girl Farther Farthest
Dog Bitch Far
Further Furthest

O CASO GENITIVO GRAUS - REGRAS DE FORMAÇÃO


A formação comparativa e superlativa de um adjetivo normalmente
O caso genitivo (de posse) é representado por um apóstrofo e s (‘s) ou dependem do número de sílabas que o adjetivo normal tem.
apenas pelo apóstrofo. Número de sílabas Normal Comparativo Superlativo
O carro de João – John’s car. 1 Old Older Oldest
O livro de Carlos – Charles’ book. 2 Careful More careful Most careful
Happier Happiest
Nas relações coisa/coisa não se emprega ‘s. Utiliza-se a preposição of. 2 (acabado em -y) Happy
More happy Most happy
The door of the house. Narrower Narrowest
The foot of the bed. 2 (acabado em -ow) Narrow
More narrow Most narrow
Simpler Simplest
2 (acabado em -le) Simple
ADJETIVOS More simple Most simple
Cleverer Cleverest
2 (acabado em -er) Clever
Os adjetivos são formados de várias maneiras e não é possível prever, More clever Most clever
pela sua estrutura, que palavras são adjetivos. No entanto, os seguintes Maturer Maturest
2 (acabado em -ure) Mature
sufixos são, em geral, indicativos de um adjetivo: More mature Most mature
Sufixo Exemplos 3 Wonderful More wonderful Most wonderful
-y Happy Unhappier Unhappiest
3 (começado em -un) Unhappy
-less Careless More unhappy Most unhappy
-ish Greenish (1) A maior parte das formas terminadas em -er e -est podem também
-ous Famous ser formadas da outra forma, i.e. The more young / younger you are, the
-able Comfortable more happy / happier you are. No entanto, cada adjetivo tem uma forma
-al Comical que é habitualmente mais usada.
-ic Scientific Fonte: http://www.universal.pt/dicol/GramIN/GIn65.htm
-ful Careful
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 95 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
PRONOMES Definidos:
Who is your favourite singer?
Tipos Exemplos What is your favourite song?
Pessoal I, we
Reflexivo Myself, himself Não Definidos:
Possessivo My, yours Which is your favourite singer? (Elvis Presley or Frank Sinatra?)
Recíproco Each other, one another Which is your favourite song?
Relativo Who, which, that
Interrogativo Who, which, that Which é utilizado quando há uma escolha limitada de respostas.
Demonstrativo This, these, that, those
Indefinido - (positivo) All, both, every PRONOMES INDEFINIDOS
Indefinido - (negativo) None, neither
Countable nouns* Mass nouns**
PRONOMES PESSOAIS Pessoais Impessoais
Everyone
Everything All
Sujeito Objeto / Complemento Everybody
1.ª pessoa Someone
Something Some
Singular I Me Somebody
Plural We Us Singular Anyone
Anything Any
2.ª pessoa Anybody
Singular You You No one
Nothing
Plural You You Nobody None
None
3.ª pessoa None
Singular masculino He Him All / both All / both All
Singular feminino She Her Plural Some Some Some
Singular neutro It It None None None
Plural They Them
* Countable nouns - Substantivos (ou pronomes) que se podem contar e
PRONOMES DETERMINANTES POSSESSIVOS que têm plural, por exemplo, Bag / Bags.
** Mass nouns - Substantivos (ou pronomes) de grande quantidade ou
Pessoa Pronomes Determinantes que não têm plural, por exemplo, tea, homework, butter.
Primeira Mine My
Segunda Yours Your PRONOMES REFLEXOS
Singular Terceira masculina His His 1.ª pessoa
Terceira feminina Hers Her Singular Myself
Terceira neutra -------- Its Plural Ourselves
Primeira Ours Our 2.ª pessoa
Plural Segunda Yours Your Singular Yourself
Terceira Theirs Their Plural Yourselves
3.ª pessoa
(1) Existem também as formas arcaicas thy / thine: Thy will be done, Singular masculino Himself
Thine is the Kingdom, que não são utilizadas em inglês corrente mas que Singular feminino Herself
se encontram no inglês antigo e bíblico. Singular neutro Itself
Plural Themselves
(2) Quando o sexo de uma pessoa não está especificado pode utilizar-
se his juntamente com her: A student has to maximise his / her chances. NUMERAIS
Muitas vezes este tipo de frase usa-se no plural para evitar uma estrutura
estilisticamente feia: Students must maximise their chances. Números Cardinal Ordinal - multiplicativo* Fracionário
1 One First
PRONOMES DETERMINANTES DEMONSTRATIVOS 2 Two Second / double A or one half
3 Three Third / triple A or one third
Referência Singular Plural 4 Four Fourth / quadruple Fourth
1.ª, 2.ª pessoas This These 5 Five Fifth / quintuple Fifth
3.ª pessoa That Those 6 Six Sixth / sextuple Sixth
7 Seven Seventh / septuple Seventh
PRONOMES INTERROGATIVOS E RELATIVOS 8 Eight Eighth / octuple Eighth
9 Nine Ninth Ninth
Definidos Não Defini- 10 Ten Tenth Tenth
dos 11 Eleven Eleventh Eleventh
Pessoais Impessoais Pessoais Impes- 12 Twelve Twelfth Twelfth
soais 13 Thirteen Thirteenth Thirteenth
Sujeito Who, that Which, that Who Which 14 Fourteen Fourteenth Fourteenth
Complemento Whom, that Which, that Whom Which 15 Fifteen Fifteenth Fifteenth
Genitivo Whose 16 Sixteen Sixteenth Sixteenth
17 Seventeen Seventeenth Seventeenth
O whom é característico do inglês formal e a maior parte dos fa- 18 Eighteen Eighteenth Eighteenth
lantes nativos da língua tende a utilizar o who, excepto em situações 19 Nineteen Nineteenth Nineteenth
muito formais. 20 Twenty Twentieth Twentieth
21 Twenty-one Twenty-first Twenty-first
Pronomes interrogativos
Estes têm a mesma estrutura de wh- que os pronomes relativos mas * Estas formas só são normalmente utilizadas até octuple.
são utilizados de forma diferente.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 96 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Ordinal - multi- • "Someday" = algum dia (Advérbio)
Números Cardinal Fraccionário Ex: He'll fall in love someday. (Ele irá se apaixonar algum dia.)
plicativo •
• "Somehow" = de alguma maneira (Advérbio)
30 Thirty Thirtieth Thirtieth
• We'll find the solution for this problem somehow. (Nós acharemos
40 Fourty Fortieth Fortieth a solução para este problema de alguma maneira.)
• "Somewhere" = em algum lugar (Advérbio)
50 Fifty Fiftieth Fiftieth • It's got to be somewhere! (Tem que estar em algum lugar!)
60 Sixty Sixtieth Sixtieth • "Any" = nenhum (Advérbio)
• It didn't make any difference. (Não fez diferença nenhuma.)
70 Seventy Seventieth Seventieth • "Anyhow / anyway" = de qualquer maneira (Advérbio)
80 Eighty Eightieth Eightieth • They told them not to do it, but they did it anyhow. (Eles os alerta-
ram para não fazerem aquilo, mas eles o fizeram de qualquer ma-
90 Ninety Ninetieth Ninetieth neira.)
• "Anywhere" = em qualquer lugar (Advérbio)
A / one hun-
100 A / one hundred A / one hundredth • He can be anywhere. (Ele pode estar em qualquer lugar.)
dredth
• "Nothing" = de nenhuma maneira, nada parecido (Advérbio)
200 Two hundred Two hundredth Two hundredth • His ideas are nothing like mine, but I love him anyway. (As ideias
Three hun- dele não são nem um pouco parecidas com as minhas, porém eu
300 Three hundred Three hundredth o amo de qualquer maneira.)
dredth
• "Nowdays" = hoje em dia (Advérbio)
400 Four hundred Four hundredth Four hundredth
• I'm old and nowadays all I want is peace. (Estou velho e a única
500 Five hundred Five hundredth Five hundredth coisa que quero hoje em dia é paz.)
• "Nowhere" = de lugar nenhum (Advérbio)
600 Six hundred Six hundredth Six hundredth • It seemed to come from nowhere, until we discovered its wisdom.
Seven hun- (Parecia não ter vindo de lugar nenhum, até conhecermos sua sa-
700 Seven hundred Seven hundredth bedoria.)
dredth
• "All" = tudo (Advérbio)
800 Eight hundred Eight hundredth Eight hundredth
• He's got it all! (Ele tem tudo / é demais!)
900 Nine hundred Nine hundredth Nine hundredth • "Most" = mais (Advérbio)
• Which is the most fascinating, to love or to be loved? (O que é
A / one thou- A / one thou-
1000 A / one thousandth mais fascinante, amar ou ser amado?)
sand sandth
• "No" = não (Advérbio)
10.000 Ten thousand Ten thousandth Ten thousandth • Would you like another piece of pie? No, thank you. (Você gostaria
A / one hundred A / one hundred A / one hundred thou- de um outro pedaço de torta? Não, obrigado.)
100.000 "Before" = antes (Advérbio)
thousand thousandth sandth •
• Haven't we met before? (Nós já não nos encontramos antes?)
1.000.000 A / one million A / one millionth A / one millionth
• "After" = depois (Advérbio)
1.000.000 • I arrived an hour after they did. (Eu cheguei uma hora depois que
A / one billion* A / one billionth A / one billionth
.000 eles chegaram.)
• "Too" = muito, além do necessário, conveniente (Advérbio)
PREPOSIÇÕES • These shoes are too big for me. (Estes sapatos são muito grandes
para mim.)
MONOSSILÁBICAS • "So" = tão (Advérbio)
As At But By • He was so nervous that he couldn't speak. (Ele estava tão nervoso
Down For From In que não conseguia falar.)
Like Near Of Off • "Neither" = nem (Advérbio)
On Out Past Per • I don't speak German. Neither do I. (Eu não falo alemão. Nem eu.)
Round Through To Up • "Enough" = suficiente (Advérbio)
With • Are you confortable enough? (Você está confortável o suficiente?)
• "Still" = ainda (Advérbio)
POLISSILÁBICAS • Are they still here? (Eles ainda estão aqui?)
• "Yet" = ainda (Advérbio)
About Above Across After • We haven't done much about it yet, but we will. (Nós não fizemos
Against Along Among Around muito a respeito disso ainda, mas faremos.)
Before Behind Below Beneath • "Since" = desde (Advérbio)
Beside Between Beyond During • I saw her last year, but I haven't seen her since. (Eu a vi no ano
Except Inside Into Onto passado, mas não a vi desde então.)
Opposite Outside Over Throughout
• "When" = quando (Advérbio)
Toward(s) Under Underneath Until
• When are they coming? (Quando eles virão?)
Upon Within Without
VERBOS
ADVÉRBIOS
Auxiliares
Advérbio é uma palavra ou grupo de palavras que descreve ou qualifi-
O que são os tais dos verbos auxiliares? Eles são a base da língua in-
ca um verbo, um adjetivo, um outro advérbio ou uma sentença.
glesa. Todos os outros milhares de verbos giram em torno deles.
Exemplos:
Vocês sabiam que não é possível fazer uma oração negativa ou inter-
• "little" = menos que, não passa de (Advérbio)
rogativa sem usar um deles? Vejam 'do', por exemplo, cuja função é colo-
• Ex: That story is little more than gossip. (Esta história não passa car o verbo principal no presente (falar no tempo presente):
de fofoca.)

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 97 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Eu não gosto de fumar: Do
I do not like smoking. 1. 'do' é usado em frases negativas para colocar o verbo principal no
Do you like smoking? presente:
Se vocês estiverem dominando os auxiliares, o restante é fácil. Se ne- • I don't want this - Não quero isto.
cessário, é só ir ao dicionário e procurar qualquer outro verbo existente na • I don't think it is important - Não acho que é importante.
língua para construir em cima deles. • I don't go out on Mondays - Não saio nas segundas.
Todos os tempos verbais nascem deles. • I don't take sugar in my coffee - Não uso açúcar no café.
• I don't smoke or drink - Não fumo nem bebo.
TO BE Obs.: usamos 'do' porque não podemos dizer ' I want not, I think not
etc, pois só podemos colocar a partícula 'not' depois de verbos auxilia-
Present form of the verb to be res.
The affirmative 2. 'do' é usado também em frases interrogativas:
I am eu sou, eu estou • Do you smoke? - Você fuma?
You are você é, está • Do you want this?
He is ele é, está. • Do you think it is important?
She is ela é, está • Do you go out on Mondays?
It is ele é, ela é, está - para objetos • Do you take sugar in your coffee?
We are nós somos, estamos • Do you smoke or drink?
You are vocês são, estão 3. com 'he', 'she' e 'it' acrescentamos 'es' ao 'do':
They are eles, elas são, estão • She doesn't want this.
• Does he think it is important?
The negative
• 'Do' não aparece em frases afirmativas, mas note o seguinte:
I am not - I'm not
You are not - you're not, you aren't • They like meat.
He is not - he's not, he isn't • He likeS meat
She is not - she's not, she isn't • She likeS meat
It is not - it's not, it isn't • It likeS meat
We are not - we're not, we aren't
You are not - you're not, you aren't CAN
They are not - they're not they aren't
Can 'poder' físico e 'poder' mental; ou ainda permissão informal.
The interrogative
Am I? Poder físico:
Are you? I can walk - Posso andar;
Is he? Poder mental:
Is she? I can speak English - Sei falar inglês;
Is it? Permissão informal:
Are we? Can I come in? - Posso entrar?
Are you?
Are they? Nas negativas podemos usar can para sugerir proibição:
You can not go in there - Você não pode entrar aí.
Past form of the verb to be
The affirmative COULD
I was - eu estava, eu era
You were Could é geralmente usado como o passado de can:
He was • I couldn't go there - Não pude ir lá.
She was
• Could you give me your name? - Poderia me dar seu nome?
It was
• I could swim when I was 10 - Eu sabia nadar quando eu tinha 10
We were
anos.
You were
They were
DID
The negative
O passado simples
I was not - I wasn't
Nas frases afirmativas usamos a segunda coluna da lista de verbos:
You were not - you weren't
I went to the cinema last night (Fui ao cinema ontem à noite).
He was not - he wasn't
She was not - she wasn't A negativa é formada por didn't + a primeira coluna:
It was not - it wasn't I didn't go to the cinema by myself last night (Não fui ao cinema sozi-
We were not - we weren't nho ontem à noite).
You were not - we weren't
They were not - they weren't A interrogativa:
Did you go to the theatre last night? (Você foi ao teatro ontem à noite?)
The interrogative
O passado simples é sempre usado com uma referência de tempo: on-
Was I?
tem, hoje pela manhã, ano passado etc.
Were you?
Was he?
Was she? WILL
Was it?
Were we? 1. Se você estiver conversando com alguém e durante essa conversa
Were you? você decide fazer algo, então você deve usar will para expressar essa
Were they? decisão, uma decisão no momento da fala: Ok, ok. I will go with her
(Tudo bem, eu irei com ela).

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação 98 A Opção Certa Para a Sua Realização
Apostila Digital Licenciada para Lais Ferreira Duarte - ferreiralais095@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
2. Usamos will para falarmos sobre fatos definitivos no futuro: I will turn Alguns autores citam might como se ele afastasse ainda mais a possi-
39 next June (Farei 39 anos em junho). bilidade de algo se realizar:
3. Will também é usado para fazer ameaças ou enfatizar uma posição: I I might go, I really don't know (Talvez, talvez eu vá, realmente não sei).
will not let you use such methods (Não permitirei que você use tais mé-
todos). Ought to
4. Usamos will para oferecer: I'll post those letter for you (Colocarei estas • Ought to é mais forte que should: I do think you ought to speak to
cartas no correio para você). your mother about this.
5. Will é usado com if e when: If you study hard, you will pass (Se você • Realmente acho que você deveria falar com sua mãe sobre isso.
estudar bastante, você passará).
When I arrive, I will have a cold shower (Quando eu chegar, vou tomar Must (modal verb neg short form mustn't)
um banho frio). 1. Must na afirmativa expressa obrigação, geralmente pessoal: I must
finish this work in three days' time (Tenho que terminar este traba-
WOULD lho em três dias).
2. Na negativa must expressa proibição:
Would é o passado de will, e serve-nos da seguinte forma: se no por- You mustn't smoke in here (Você não deve fumar aqui - não é
tuguês temos 'gostaria', 'andaria', 'amaria' etc, isto é, sempre que tivermos permitido).
o sufixo 'ia' depois do 'r', temos 'would' em inglês, assim: I would like to go
there = I'd like to Fonte: http://www.casadoalan.com/Had.html

Você também pode gostar