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Cosmologia,

quintessência
e aceleração
do universo

134 REVISTA USP, São Paulo, n.62, p. 134-147, junho/agosto 2004


E
JOSÉ ADEMIR SALES DE LIMA

PRELÚDIO DE UMA
NOVA REVOLUÇÃO CIENTÍFICA?

m 1998, as medidas de distância e velocidade de

afastamento das supernovas mostraram, com

grande precisão, que o universo está se expandindo ace-


leradamente. Esse resultado alterou drasticamente a nos-

sa visão do cosmos, pois, sendo a gravidade uma força


atrativa, a expansão deveria ser desacelerada, conforme se

acreditou durante muitas décadas.

No contexto da teoria da relatividade geral, proposta


por Einstein em 1915, esse fenômeno pode ser explicado

pela existência da chamada quintessência ou energia escu-


JOSÉ ADEMIR SALES
ra, uma componente extra e desconhecida de energia cujo DE LIMA é professor do
IAG-USP e da UFRN.
efeito gravitacional líquido é repulsivo e supera a atração

gravitacional ordinária entre as partes do universo. Isola-


damente, essa descoberta gerou um novo desafio às pró-

prias leis da física, já que a nova componente não é prevista


pelo modelo padrão da física de partículas.

Qual é a natureza da quintessência? Será um campo

cósmico fundamental que existe desde os primórdios do


universo, e que se manifesta no presente apenas devido ao

alto grau de diluição da matéria cósmica? Como serão os

últimos estágios da evolução do universo se a quintessên-


cia for a componente dominante, ou seja, qual o destino do

cosmos na presença dessa componente extra? Qual a razão


do nome “quintessência”? Será essa substância uma ver-

são pós-moderna do quinto elemento (transparente, inalte-


rável e imponderável), que foi essencial para tornar a

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cosmologia grega consistente? Ou será do que a teoria newtoniana. A teoria de
apenas mais uma metamorfose do éter pré- Einstein generalizou a teoria de Newton
relativístico? em diversos aspectos prevendo, por exem-
O presente estágio acelerado do univer- plo, a existência das ondas gravitacionais.
so nos remete a outras perguntas não me- Tal fenômeno, de natureza tipicamente
nos interessantes, por exemplo: sabemos relativística, substitui a noção – errônea –
que o universo se expande, mas desde quan- de ação a distância (presente na teoria de
do está acelerado? Talvez mais importan- Newton) ao estabelecer um limite para a
te: será possível acelerar o universo sem a velocidade de propagação dos distúrbios
presença da quintessência? Em caso afir- gravitacionais. Sendo esse limite dado pela
mativo, qual a teoria que deverá substituir velocidade da luz no vácuo, a gravitação se
a relatividade geral? reconcilia com a visão de um campo físico
Sem dúvida, as questões acima fazem nascida e lapidada pelo eletromagnetismo
parte das indagações mais candentes e pal- de Faraday, Maxwell, Heaviside e Lorentz.
pitantes da ciência contemporânea, e tal É importante ressaltar que a relatividade
como ocorreu na Grécia antiga e durante o geral também explica a origem da força
Renascimento, estas e outras perguntas gravitacional como sendo uma deforma-
relacionadas empurram novamente a astro- ção do contínuo espaço-tempo. Quando os
nomia e a cosmologia para a fronteira do efeitos de curvatura são desprezíveis (cam-
conhecimento científico. po fraco), a dependência da força com o
inverso do quadrado da distância – fenome-
nologicamente adotada por Newton – é

RELATIVIDADE GERAL E
recuperada.
Atualmente, a compreensão fornecida

COSMOLOGIA
pelo paradigma einsteiniano para uma
ampla variedade de fenômenos já pode ser
considerada uma parte essencial da histó-
Desde o seu nascimento na Grécia anti- ria das ciências do século XX, embora
ga (1), as pesquisas em cosmologia foram muitas de suas conseqüências permane-
fundamentais para a formação de uma con- çam desconhecidas, ou não devidamente
cepção científica da natureza. Mesmo na exploradas.
ausência de uma lei de movimento, Eudó- Mesmo durante seu período de consoli-
xio, Aristóteles e Ptolomeu formularam um dação, a relatividade geral foi aplicada com
modelo cosmológico – esférico, finito e enorme sucesso, não apenas ao sistema solar
geocêntrico – que perdurou por mais de (desvio do periélio de Mercúrio e deflexão
quinze séculos. da luz da estrelas no campo do Sol), mas
A “Revolução Astronômica”, iniciada também no problema cosmológico. Os re-
com as contribuições de Copérnico, Kepler sultados no domínio cosmológico foram
e Galileu, chegou ao apogeu com a teoria confirmados com a descoberta da expan-
gravitacional newtoniana, e figura até os são do universo, em 1929, pelo astrônomo
dias de hoje como uma coluna-mestra so- americano Edwin Hubble. O estado de
bre a qual se apóia a nossa visão do mundo expansão cósmica ou recessão das galá-
moderno. Essa afirmação adquire um sig- xias é um fenômeno que havia sido previs-
nificado mais contemporâneo quando con- to alguns anos antes pelo físico-matemáti-
sideramos o desenvolvimento alcançado co russo Alexandr Friedmann através de
pela física gravitacional do século XX. seus modelos de big-bang. Em linhas ge-
1 Os registros indicam que a as-
tronomia nasceu na Babilônia,
A construção da relatividade geral por rais, o que atualmente chamamos de
mas a cosmologia foi um pro- Einstein, baseada na idéia de um espaço- cosmologia moderna é um produto direto
duto da cultura grega. Surgiu
como herdeira da tradição filo- tempo curvo, revelou uma teoria de gravi- da teoria gravitacional de Einstein com as
sófica e matemática estabele- tação mais precisa e dotada de uma feno- observações astronômicas dos grandes te-
cida na Grécia pelos filósofos
pré-socráticos. menologia extraordinariamente mais rica lescópios e, portanto, como os demais ra-

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mos da física moderna, é tipicamente uma K), valores que caracterizam o chamado
disciplina criada pela física do século XX estado singular inicial. Nos estágios subse-
(ver a linha evolutiva na Figura 1). qüentes, o universo se expandiu e esfriou
rapidamente, um efeito que permitiu a for-
mação das galáxias, das estrelas e final-

OS PILARES DO BIG-BANG
mente da própria vida. A fantástica varia-
ção de temperatura ao longo de sua evolu-
ção significa que o universo é um sistema
No modelo cosmológico padrão, o uni- físico ímpar, para o qual os conceitos e téc-
verso em grande escala é homogêneo e nicas matemáticas desenvolvidas nos mais
isotrópico. Essa hipótese é chamada de variados campos da física – de altas ener-
princípio cosmológico, e representa uma gias a baixas temperaturas – podem ser
extensão cósmica do princípio de Copérnico relevantes para estabelecer os detalhes da
(a Terra não ocupa uma posição privile- história cósmica.
giada no espaço). Matematicamente, isso As principais descobertas observacio-
significa que todas as posições e todas as nais que sustentam a cosmologia do big-
direções espaciais no universo são equiva- bang são:
lentes.
Nesse modelo, o cosmos inicia sua evo- 1) A lei de Hubble, a manifestação mais
lução a partir de uma grande explosão (big- direta da expansão universal.
bang) com densidade e temperatura extre- 2) A nucleossíntese cosmológica, que per-
mamente altas (densidade de Planck = ~1094 mitiu determinar a evolução e as abundân-
3 ~
gramas/cm e temperatura de Planck =1032 cias cósmicas dos elementos leves. Esse
processo desempenha um papel crucial
como condição de contorno para entender
Figura 1 os primeiros instantes do big-bang, e tam-
bém limitar os parâmetros físicos dos mo-
delos (as abundâncias observadas dos ele-
mentos mais leves, tais como, hidrogênio,
deutério, hélio e lítio, não são explicáveis
por uma síntese exclusivamente estelar).
3) A radiação cósmica de fundo (RCF) de 2 A pedra da Roseta permitiu a
decifração dos hieróglifos e a
3K, uma verdadeira pedra da Roseta (2) reconstituição da história egíp-
cia. O papel correspondente
para a cosmologia, pois permitiu estabele- na cosmologia é desempenha-
cer as chamadas eras cósmicas, relacionan- do pela radiação cósmica de
fundo de 3K. A descrição do
do tempo com temperatura, e assim deter- passado térmico do universo (e
minando as condições físicas reinantes em da física associada) só foi pos-
sível em 1965, ao se medir a
cada estágio da evolução do universo. temperatura dessa radiação.

A cosmologia moderna foi iniciada por Einstein (1917), ao propor um


modelo de universo estático. Em 1922, Friedmann obteve as soluções
expansionistas, posteriormente denominadas de cosmologias do big-bang
(grande explosão) por Fred Hoyle. Desde a descoberta da expansão do
universo (1929), acreditava-se que o universo se expandia
desaceleradamente, pois a gravidade é uma força atrativa. Em 1998, as
observações de supernovas do tipo Ia mostraram que a expansão está
acelerada. Esse resultado marcou o início da cosmologia contemporânea.

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4) As observações indiretas da matéria es- (prótons e nêutrons) que, juntamente com
cura, uma componente não-luminosa de os elétrons, são responsáveis pela luz das
matéria (de origem primordial) que permeia galáxias (1b), os fótons da radiação cósmi-
o universo em diversas escalas, sendo muito ca de fundo (1y), os neutrinos (1v) e a ma-
mais abundante do que a matéria luminosa téria escura (1M). Este quadro não era ain-
bariônica (ver artigo de Laerte Sodré neste da completamente coerente, pois havia-
dossiê). dois problemas com o chamado modelo
padrão, um teórico e outro observacional.
Uma descrição dinâmica do universo No cenário favorito dos teóricos, o parâ-
exige o conhecimento de pelo menos três metro de densidade total, ou seja, a soma
parâmetros físicos: o parâmetro de Hubble dos parâmetros das quatro componentes,
– H0 – que mede a presente taxa de expan- 1T = 1b+ 1y+1v+1 M, é igual a 1 e, portanto,
são, o parâmetro de desaceleração – q0 – o universo seria espacialmente plano (ver
que mede a variação da taxa de expansão Figura 2). Essa condição foi teoricamente
(se o universo acelera ou desacelera), e o prevista no início dos anos 80, pelos cha-
parâmetro de densidade – 1i – que mede a mados cenários inflacionários (3) (ver arti-
contribuição relativa de cada componente go de Raul Abramo).
do fluido cósmico (i =1,2,3,.etc. denota uma No entanto, diversas observações inde-
componente específica). O valor total do pendentes indicavam 1T= ~ 0.3, um valor bem
3 A inflação foi um breve evento parâmetro de densidade é também uma menor do que a unidade. Esse valor corres-
de expansão acelerada, supos-
tamente provocado por uma
quantidade importante, pois determina se a ponde, basicamente, ao parâmetro de den-
transição de fase que aconte- geometria espacial do universo é fechada, sidade da matéria escura fria, cerca de 10
ceu no universo primitivo. A
ocorrência da inflação é funda- aberta ou plana (ver Figura 3) . vezes maior do que 1b – o parâmetro de
mental para o processo de for- No modelo padrão, o universo é uma densidade da matéria luminosa – e aproxi-
mação de galáxias ter uma
origem causal. mistura de quatro componentes: bárions madamente 5.000 vezes maior do que a con-
tribuição dos fótons e neutrinos.
Figura 2 Existia ainda o problema da idade. As
estruturas mais velhas observadas no uni-
verso, os aglomerados globulares – grupos
com cerca de 105-6 estrelas – apresentavam
uma idade entre 13 e 14 bilhões de anos
(ver artigo de Beatriz Barbuy). Essa idade
é muito maior do que os 9,9 bilhões de anos
calculados pelo modelo com matéria escu-
ra fria e 1T =1. O quadro descrito acima re-
sume a situação até meados da década de 90.
O modelo plano com matéria escura fria (cold
dark matter na literatura inglesa) é um mo-
delo desacelerado, pois tem q0=1/2 (mode-
los com valores positivos de q0 são sempre
desacelerados). A relação 1T = 2qo é sem-
pre válida para modelos do tipo Friedmann,
e como 1T é sempre positivo, isso significa

Descoberta da expansão do universo. Diagrama original de Hubble mostrando que as


galáxias se afastam com uma velocidade proporcional à distância. Um resultado que foi
confirmado para dezenas de milhares de galáxias. A recessão das galáxias foi a primeira
previsão do big-bang observacionalmente verificada.

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que o modelo padrão prevê um universo
desacelerado (qo > 0) e, conseqüentemente,
SUPERNOVAS E ACELERAÇÃO
um baixo valor para a idade do universo.
Em geral, um valor negativo de q0 não era
DO UNIVERSO
sequer considerado como hipótese de tra-
balho pelos teóricos, pois a gravidade é uma Após o trabalho de Hubble, estabele-
força atrativa. ceu-se rapidamente um consenso nas co-
É importante também mencionar que a munidades dos astrônomos e cosmólogos.
constante cosmológica, R, foi introduzida Para se ter mais informações sobre a geo-
por Einstein em 1917 com a finalidade ex- metria do universo e o seu estado de expan-
clusiva de obter um universo estático. Se são seria necessário medir velocidades e
R pode evitar o colapso da matéria sob ação distâncias de objetos cada vez mais afasta-
de sua própria gravidade, tal como ocorre dos, de preferência, situados nos confins
na solução estática, também será capaz de do universo. O objetivo central era medir o
acelerar um universo em expansão. Contu- parâmetro q0. Medidas de velocidades são
do, após a descoberta da recessão das galá- relativamente simples e de grande preci-
xias, o criador renegou a criatura. Em 1931, são, pois são baseadas no chamado efeito
Einstein considerou que a introdução da Doppler. Para um universo em expansão,
constante cosmológica foi o grande equí- tal efeito se traduz no desvio para o verme-
4 Teorias fundamentais da física
voco de sua vida acadêmica, classificando- lho das linhas espectrais dos objetos dis- geralmente não apresentam
a não apenas como uma hipótese desneces- tantes. Esse desvio espectral é quantificado parâmetros livres, e represen-
tam o máximo do ideal teórico
sária, mas que também afetava a própria pelo parâmetro de redshift z, que represen- a ser atingido num determina-
beleza da relatividade geral; uma teoria sem ta um tipo de medida ótica da velocidade do campo. Uma única previ-
são malsucedida é suficiente
parâmetros livres (4). de afastamento. para eliminar tais teorias.
Fazendo um contraponto com a visão
de Einstein, os cosmólogos, que não tinham
um motivo observacional convincente para Figura 3
desprezar a constante cosmológica, conti-
nuaram com a mente aberta, tratando R
como uma possibilidade teórica. O primei-
ro deles foi Georges Lemaître, ainda na
década de 30, que associou a contribuição
da constante cosmológica com uma possí-
vel solução para o problema da idade. Uma
vez libertado, o gênio – R – não queria voltar
para a garrafa! Como um resultado dessa
prática, a comunidade científica vem assis-
tindo, desde o início dos anos 30, a um
verdadeiro festival de morte e ressurreição
da constante cosmológica, a última delas
provocada pelas recentes observações de
supernovas.

Toda porção esférica do universo pode ser vista como uma bola cujo raio R(t) é uma função
do tempo. O volume cresce com o cubo do raio e a temperatura diminui com o seu inverso:
o universo se expande e esfria. A geometria espacial do universo é definida pelo parâmetro de
densidade total 1T. A geometria do universo é esférica, plana ou aberta se 1T for,
respectivamente, maior, igual ou menor do que 1.

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Por outro lado, medidas de distância em Um gigantesco esforço foi canalizado
cosmologia envolvem o conhecimento de pelos astrônomos, ao longo de várias déca-
duas quantidades físicas da luz emitida das, visando estabelecer os melhores indi-
pelos objetos – L e F – chamadas de cadores de distância, conhecidos na litera-
luminosidade absoluta e luminosidade re- tura como velas-padrão. Embora as galá-
lativa (ou fluxo de energia), respectivamen- xias fossem os candidatos naturais, a deter-
te. Em termos dessas quantidades, a distân- minação de sua luminosidade absoluta L
cia de luminosidade é empiricamente defi- (com a precisão necessária) envolve mui-
nida como DL = (L/4/F)1/2. A luminosidade tas dificuldades, já que galáxias são entida-
absoluta, L, é a quantidade total de energia des compostas, formadas por uma infini-
que o objeto emite por segundo, enquanto dade de estrelas. Portanto, a grande solu-
F é a quantidade de energia coletada por ção para esse problema seria identificar
unidade de área e de tempo no espelho (ou objetos simples que brilhassem tanto quanto
no detector) do telescópio, ou seja, o fluxo as galáxias, e que tivessem a sua lumino-
de energia recebido. A segunda é facilmen- sidade L definida com boa precisão. No
te mensurável, mas a primeira precisa ser início dos anos 90 começou a ficar claro
estimada, o que é geralmente feito através que para seguir adiante era preciso apelar
de uma propriedade física do objeto. A para o brilho extremo das supernovas.
curva experimental procurada pelos obser- A supernova é uma gigantesca explo-
vadores é DL (z). são que representa a destruição termonu-

Figura 4

Distância em função redshift z para os dados de supernovas (adaptado de Perlmutter et al.).


A parte colorida é um zoom do pequeno retângulo na parte superior. As regiões amarela e lilás
representam os possíveis universos acelerados e desacelerados. As linhas verde (SCDM) e azul
(OCDM) são as previsões teóricas dos modelos de Friedmann. SCDM e OCDM significam modelo
padrão (plano) e modelo aberto com matéria escura fria. A linha vermelha é um modelo acelerado
com constante cosmológica. Mesmo visualmente os dados favorecem o modelo acelerado.

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clear de uma estrela. Essa explosão lança Por que o intervalo de três semanas entre
energia no espaço em quantidades extraor- as duas imagens? Pelo fato de a explosão
dinárias. O brilho total de uma supernova é de uma supernova do tipo Ia chegar ao seu
de cerca de 10 bilhões de estrelas iguais ao brilho máximo aproximadamente nesse
nosso Sol, e, portanto, rivaliza com o bri- período, após o qual a intensidade decresce
lho de uma galáxia inteira e com uma van- rapidamente e a supernova distante se tor-
tagem adicional: sendo um único corpo, na invisível.
sua luminosidade absoluta pode ser (e tem No final do mês as duas imagens são
sido) determinada com grande precisão. superpostas. Qualquer ponto luminoso adi-
Existia, contudo, uma dificuldade ine- cional é um bom candidato a supernova,
rente ao uso das supernovas como velas- um evento que deve ser altamente provável
padrão. A freqüência desse tipo de explo- de acontecer, pois agora se observam cerca
são numa galáxia é de cerca de um evento de 100.000 galáxias simultaneamente. Uma
em média a cada 50 anos. Tínhamos por- vez identificado o ponto luminoso adicio-
tanto um grande dilema: precisávamos das nal aponta-se imediatamente o telescópio
supernovas, mas essas velas eram raras e espacial Hubble para a supernova e deter-
aleatórias! Em termos práticos, seria um mina-se a sua luminosidade absoluta L, o
absurdo completo alguém pedir tempo de
telescópio para observar futuras explosões
de supernovas!
Figura 5
Duas equipes independentes de astrô-
nomos, envolvendo diversas universidades
em vários continentes, resolveram esse
problema quase simultaneamente, estabe-
lecendo o que podemos chamar de um ver-
dadeiro experimento astronômico (para
diferenciar da observação passiva). Os dois
grupos, liderados, respectivamente, por
Brian Schmidt (High Z Supernova Search
Team) e Saul Perlmutter (Supernova
Cosmology Project), adotaram a seguinte
metodologia na caça das supernovas. No
lugar de se observar uma única galáxia com
um grande telescópio, faziam-se duas ima-
gens consecutivas da mesma região do céu
(separadas por um intervalo de três sema-
nas), envolvendo cerca de 1.000 galáxias
em diferentes distâncias. Repetindo a mes-
ma estratégia para 100 regiões distintas
teremos no total cerca de 100.000 galáxias
observadas.

Diagrama no espaço (1R , 1M). Os contornos representam as análises realizadas pelos dois
grupos. Os valores dos parâmetros se encontram na região acelerada (branca), com um
elevado nível de confiança estatística. A faixa transversal azul são os dados da radiação cósmica
de fundo obtidos pelos experimentos do Boomerang e Maxima em 2001. Esses experimentos
foram os primeiros na história da cosmologia a fixar 1T = 1. Note que os resultados de
supernovas e da RCF são ortogonais (um fato referido como concordância cósmica!).

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que permite calcular a distância. Natural- sidade e do redshift z. Para um modelo
mente, a disponibilidade quase sincroniza- com constante cosmológica R, por exem-
da dos grandes telescópios em terra com o plo, temos:
telescópio espacial Hubble é uma boa me-
dida da dimensão e da responsabilidade DL (z) = cH0–1 P (1R , 1M , z)
subjacente aos projetos envolvendo as ob-
servações de supernovas. onde c = 3.1010 cm/s é a velocidade da luz.
Essa verdadeira engenharia astronô- Como a distância de luminosidade e o pa-
mica permitiu (até o ano de 1997) a iden- râmetro z são medidos, no lugar de traçar
tificação de mais de uma centena de um gráfico de DL como uma função de z
supernovas (Figura 4). As medidas das para valores fixos de 1Re 1M (Figura 4), é
distâncias e velocidades desses objetos – mais conveniente (e pedagógico) estudar o
com a precisão necessária – estenderam espaço dos parâmetros (1R, 1M), ou seja,
o chamado diagrama de Hubble-Sandage construir o gráfico de 1R como uma função
para distâncias e velocidades inima- de 1M para os valores observados de DL e z
gináveis até meados da década de 90. Os (Figura 5). É importante também enfatizar
dados apresentados na Figura 4 podem que a expressão exata para DL(z), tal como
também ser analisados de uma forma al- escrita acima, também está de acordo com
ternativa que também é bastante a lei de Hubble para pequenos valores do
ilustrativa (ver Figura 5). A distância de redshift. De fato, no limite de baixos
luminosidade, D L (z), pode ser expressa redshifts (z = v/c << 1), a expressão de D L
como um produto do inverso do parâme- (z) se torna bastante simples:
tro de Hubble H 0 por uma função P que
depende dos diversos parâmetros de den- DL (z) = cH0–1 z = H0–1 v

reproduzindo a expressão da lei de Hubble


Figura 6 (ver Figura 2). Isso significa que o parâme-
tro de Hubble também pode ser medido a
partir das observações de supernovas, pe-
los dados de baixos redshifts, para os quais
a velocidade é proporcional à distância.
Os resultados das observações de su-
pernovas foram complementados por mui-
tos experimentos independentes, dentre os
quais: as medidas das anisotropias da radia-
ção de 3K e seu espectro angular de potên-
cia; os dados de raios-X dos aglomerados
de galáxias; estimativas mais precisas da
idade de aglomerados globulares (as mais
antigas estruturas observadas no universo);
estatística de lentes gravitacionais, além dos
dados provenientes da distribuição de ma-

Árvore genealógica da quintessência. As supernovas (SNe) do tipo Ia fornecem a evidência


mais direta da expansão acelerada (q0 < 0). Os dados da Radiação Cósmica de Fundo (RCF)
implicam que o universo é plano (1T = 1). Por subtração da matéria escura temos 1Q = 0,7
(70% do universo é quintessência!). Modelos com expansão acelerada resolvem facilmente o
problema da idade do universo.

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téria e sua estrutura de larga escala (ver para o seu lugar natural (o centro da Terra),
Figura 6). contudo, a Lua mesmo parecendo pesada
Esse conjunto de observações implica não cai. Provavelmente, isso explica a ori-
também que o universo atual é basicamen- gem da quintessência como substância for-
te formado por bárions (elementos pesa- madora dos corpos celestes e, como tal, não
dos), fótons, neutrinos, matéria escura, além precisaria cair.
da “substância” extra que acelera o univer- À luz do renascimento científico e da
so. Sendo esse último o quinto e o mais revolução newtoniana, podemos afirmar
abundante dos componentes básicos (cer- que a quintessência surgiu para resolver um
ca de 70% da energia e da matéria do uni- problema de aceleração, um conceito –
verso), o que justifica sua denominação de desconhecido pelos gregos – que permiti-
quintessência – nome anteriormente con- ria sustentar a Lua e os demais corpos ce-
sagrado pela tradição grega pré-socrática. lestes em suas órbitas.
Embora os dados de supernovas tenham Como foi visto, as observações de super-
sido originalmente analisados no contexto novas combinadas com outros resultados
dos modelos com constante cosmológica independentes estão indicando (com gran-
(energia do vácuo), atualmente existem de precisão) que o universo se expande ace-
vários candidatos a quintessência conviven- leradamente. Portanto, é fundamental com-
do na literatura; todos compatíveis com os preender como a quintessência (ou energia
dados existentes até o presente. Portanto, escura) pode acelerar o universo e, princi-
mesmo considerando que o problema da palmente, no contexto da relatividade ge-
multiplicidade de candidatos não foi ainda ral, qual deve ser o seu atributo básico.
resolvido pelo confronto direto com os
dados obtidos até o presente, muitas ques-
tões estão sendo investigadas. A mais im-
portante delas, sem sombra de dúvidas, é
Figura 7A
saber qual a natureza da quintessência, pois
sua abundância cósmica – caso esta com-
ponente exista – já está determinada (70%
de todo o conteúdo cósmico).

COMO ACELERAR O UNIVERSO?


A idéia de quintessência – quinto ele-
mento – como um tipo especial de matéria
preenchendo o cosmos foi originalmente
introduzida pelos gregos. Na cosmologia
aristotélica, por exemplo, o universo seria
finito, estático e formado por cinco elemen-
tos primordiais: água, ar, terra, fogo e quin-
tessência. O quinto elemento seria uma
substância diferente das outras; transparen-
te, inalterável e imponderável; uma maté-
ria-prima que formaria a Lua, os planetas
(diferentes da Terra), o Sol e as estrelas. A
quintessência era um elemento essencial A gravidade da matéria normal (densidade positiva) é
para tornar o modelo cosmológico grego
consistente. Na visão filosófica dos gre-
sempre atrativa e portanto provoca desaceleração, ou
gos, os elementos pesados deveriam cair seja, o parâmetro q0 > 0 (curva côncava para baixo).

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Primeiro vamos entender como é possí- dade. Portanto, para se ter um parâmetro de
vel acelerar o universo. Em grande escala, desaceleração negativo (modelo acelera-
o universo é espacialmente homogêneo e do), é preciso que exista uma componente
isotrópico, sendo modelado por um fluido com pressão suficientemente negativa, de
perfeito (na realidade uma mistura de flui- forma tal que a soma lM + lQ + 3pQ seja
dos) com densidade total de matéria-ener- menor do que zero.
gia l e uma pressão p. Matematicamente, o Segue das considerações acima uma
universo será acelerado ou desacelerado se conclusão inevitável: no contexto da rela-
a curva descrevendo o fator de escala como tividade geral só é possível acelerar o uni-
uma função do tempo for côncava ou con- verso se existir uma componente extra com
vexa, respectivamente (ver Figuras 7A e pressão suficientemente negativa.
7B). Esse comportamento depende apenas A pressão da quintessência deve satis-
do sinal da soma l + 3p. No modelo sem fazer a desigualdade pQ < – (lM + lQ)/3 .
quintessência essa soma é sempre positiva, Nesse caso, como mostrado na Figura 7B,
o que implica uma curva côncava (Figura a curva do fator de escala se torna convexa.
7A). Nesses modelos (dominados por ma- Embora considerando que essa nova
téria escura fria), temos l > 0 e a pressão componente modifica a visão tradicional
total é praticamente nula. De fato, a maté- do universo, o desconhecimento de sua na-
ria escura se comporta como um fluido sem tureza, ou equivalentemente, a inexistên-
pressão, e devido ao alto grau de diluição cia de um candidato natural oriundo, por
do universo a pressão positiva oriunda das exemplo, da física de partículas, tem pro-
outras componentes (bárions, fótons e vocado um intenso debate e estimulado
neutrinos) também é desprezível. Isso ex- muitas especulações. Pelo menos cinco
plica por que os modelos da classe de candidatos foram propostos na literatura
Friedmann são todos desacelerados, inde- recente:
pendente do valor do parâmetro de densi-
1) constante cosmológica – R;

Figura 7B 2) campos escalares (R, V(q));


3) modelos com decaimento do vácuo – R(t);
4) matéria – X (px = tlx , t< 0);
5) gás de Chaplygin.

A lista acima não é exaustiva o sufici-


ente para incluir todos os candidatos possí-
veis como se poderia pensar à primeira vista.
A propriedade comum desses candidatos é
ter pressão negativa, e como essa é a con-
dição básica para um universo acelerado,
existem várias outras possibilidades, oca-
sionalmente, discutidas na literatura.
A constante cosmológica R – o candi-
dato tradicional – é o mais simples do pon-
to de vista matemático (por ser constante!).
É uma proposta de quintessência espacial-
mente uniforme e independente do tempo,
interpretada como um fluido relativístico
Uma quintessência com pressão negativa pode inverter obedecendo a equação de estado, p6 = <l6.
o sinal da aceleração. Sua densidade de massa Em teoria quântica de campos, R descreve
a energia de ponto-zero de todas as partícu-
gravitacional efetiva, l +3p, é negativa e provoca las e campos presentes no universo. É um
repulsão cósmica. tipo de energia que se manifesta através de

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vários fenômenos quânticos, tais como o componentes, com a densidade do vácuo
desvio espectral das linhas do átomo de hi- diminuindo ao longo da expansão. Esses
drogênio (lamb shift) e no chamado efeito modelos tentam reconciliar o pequeno va-
Casimir (atração de placas metálicas lor presentemente observado de R com o
descarregadas no vácuo). valor absurdamente alto sugerido pelas teo-
No entanto, existe um problema funda- rias de campo. Nesse sentido, pode-se di-
mental associado com esse candidato, o qual zer que R é pequeno porque o universo é
tem sido usualmente denominado de pro- muito velho. Esses modelos geram entropia,
blema da constante cosmológica. Sendo ocorrendo uma produção de matéria e ener-
breve, é no mínimo surpreendente que o li- gia a expensas da energia do vácuo.
mite cosmológico da densidade de energia O quarto candidato é uma simples
do vácuo difira das expectativas teóricas em parametrização que generaliza a forma tra-
mais de 100 ordens de magnitude (10120). dicional das equações de estado, usualmen-
Este é um problema localizado na interface te utilizadas em cosmologia. O parâmetro
unindo astrofísica, cosmologia e teoria quân- t é negativo para poder acelerar o univer-
tica de campos, e que tem sido considerado so. Finalmente, temos o gás de Chaplygin
por alguns autores como a maior crise da (5), um candidato cuja descrição mais fun-
física moderna. Num certo sentido, pode- damental foi recentemente justificada via
mos dizer que esse problema atua como uma teoria de cordas, embora sua origem pri-
verdadeira espada de Damocles sobre a so- meira tenha sido a teoria de fluidos.
lução de uma constante cosmológica para o Na realidade, mesmo considerando que
presente estado acelerado do universo. Na- estamos atravessando um período extraor-
turalmente, a existência desse problema tem dinário na cosmologia observacional, os
sido um grande estímulo para as pesquisa dados existentes ainda são insuficientes
por candidatos alternativos. para determinar qual o melhor dentre os
O segundo candidato – o campo esca- vários candidatos a energia escura; num
lar q – é o que foi originalmente batizado claro sinal de que observações mais preci-
de quintessência por Paul Steinhardt e co- sas são necessárias para testar as hipóteses
laboradores. Contudo, a denominação ge- e suas previsões básicas. Em particular, isso
nérica de quintessência para qualquer um significa que a determinação de parâme-
dos candidatos acima é apropriada, pois tros cosmológicos continuará a ser a meta
qualquer um deles é o quinto e mais abun- central das investigações no futuro próxi-
dante dos elementos. Como ocorre num mo. O propósito fundamental da pesquisa
sistema massa-mola, cada campo escalar é atual em cosmologia é descobrir a natureza
caracterizado pelo seu potencial V(q). da quintessência. Naturalmente, a situação
Embora não existam muitos exemplos con- é um pouco desconfortável tanto do ponto
cretos de partículas escalares na física, de vista teórico quanto observacional, pois
muitas soluções com pressão efetiva nega- o paradigma emergente é mais complexo
tiva são possíveis nesse caso, dependendo do que o cenário tradicional proporciona-
da forma do potencial. Por questões de do pelo modelo de Einstein – de Sitter. Além
generalidade e uma melhor fundamenta- disso, existe a matéria escura, o que pode
ção matemática, depois da constante induzir alguém a pensar que estamos dian-
cosmológica, o campo escalar tem a prefe- te de mais uma geração de epiciclos,
rência dos teóricos. equantes e deferentes tal como ocorreu no
O terceiro candidato (termo – R(t)) é modelo ptolomaico. Contudo, é bom lem-
baseado na idéia de que a densidade de ener- brar que os status da matéria escura e da 5 S. A. Chaplygin foi um físico-
matemático russo que deu im-
gia do vácuo não precisa permanecer cons- quintessência são bem distintos. Embora a portantes contribuições em
tante, podendo decair continuamente ao matéria escura não tenha também sido de- mecânica de fluidos no início
do século XX. A pressão de um
longo da história cósmica. A variação de R tectada em laboratório, existe uma série de gás do tipo Chaplygin é nega-
com o tempo seria devido à interação do candidatos oriundos da física de partículas tiva. Sua equação de estado é
dada por p = – A/l, onde A é
vácuo (troca de energia) com as outras cuja natureza é bem estabelecida. Atual- um parâmetro positivo.

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mente, vários experimentos visando a sua cional de espaço, tempo e matéria.
detecção em laboratórios terrestres estão Por outro lado, caso a quintessência não
em andamento (ver artigo de Rogério exista, nossa melhor teoria gravitacional
Rosenfeld). sofrerá um golpe fatal, pois aparentemente
A quintessência, junto com a matéria não há outra maneira de acelerar o universo
escura, responde por cerca de 95% do con- no âmbito da relatividade geral. Uma alter-
teúdo total de matéria e energia que preen- nativa que vem sendo examinada na litera-
che o cosmos (os 5% restantes são das ou- tura é que a gravidade possa ser diluída nas
tras três componentes). Diferente da maté- dimensões extras. Esse é o esquema mais
ria escura, que é não relativística e sem promissor oferecido pela atual teoria de
pressão, a quintessência é relativística e tem cordas e de membranas. Um conflito de
pressão negativa. Embora dominante, sua doutrinas será inevitável. Contudo, esse
densidade é extremamente pequena, e a choque não deve ser visto como uma catás-
fraca interação com a matéria ordinária, trofe para a ciência do cosmos, e sim como
provavelmente, tornará impossível sua uma grande oportunidade para os espíritos
identificação em laboratório. criativos.
É realmente um tempo de conflitos e No atual estágio da física, para avan-
dúvidas. No entanto, estamos vivenciando çarmos no entendimento da natureza é pre-
o momento mais excitante do desenvolvi- ciso investir na compreensão do cosmos –
mento da cosmologia, pois, embora pre- o nosso sistema maior –, a última fronteira
servando alguns aspectos da física básica, na busca do conhecimento. Nesse contex-
um novo protagonista invisível, que não to, a natureza da quintessência (ou sua ne-
foi previsto pela física de partículas, pare- gação!) juntamente com outros problemas
ce ter definitivamente tomado a cena. A da cosmologia contemporânea irão desem-
quintessência é responsável por uma gra- penhar um papel extremamente relevante
vidade repulsiva e, potencialmente, pode na construção do novo paradigma que
alterar profundamente a nossa visão tradi- norteará a ciência do século XXI.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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