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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE SÃO PAULO
FORO CENTRAL CÍVEL
1ª VARA DE FALÊNCIAS E RECUPERAÇÕES JUDICIAIS
Praça João Mendes s/nº, Sala 1805, Centro - CEP 01501-900, Fone: (11)
2171-6505, São Paulo-SP - E-mail: sp1falencias@tjsp.jus.br
Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1057756-77.2019.8.26.0100 e código 73DEEE8.
DECISÃO

Processo Digital nº: 1057756-77.2019.8.26.0100


Classe - Assunto Recuperação Judicial - Concurso de Credores
Requerente: Odebrecht S.a. e outros
Tipo Completo da Parte Nome da Parte Passiva Principal << Informação indisponível >>
Passiva Principal <<

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JOAO DE OLIVEIRA RODRIGUES FILHO, liberado nos autos em 18/06/2019 às 07:28 .
Informação indisponível
>>:

Juiz(a) de Direito: Dr(a). JOAO DE OLIVEIRA RODRIGUES FILHO

Vistos.

KIEPPE PARTICIPAÇÕES E ADMINISTRAÇÃO LTDA., CNPJ


04.215.837/0001-09, ODBINV S/A, CNPJ 15.105.588/0001-15, ODEBRECHT S/A, CNPJ
05.144.757/0001-72, OSP INVESTIMENTOS S/A, CNPJ 22.606.673/0001-22, ODEBRECHT
SERVIÇOS E PARTICIPAÇÕES S/A, CNPJ 10.904.193/0001-69, ATVOS AGROINDUSTRIAL
INVESTIMENTOS S/A, CNPJ 11.218.273/0001-23, OPI S/A, CNPJ 17.337.615/0001-00,
ODEBRECHT PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS S/A, CNPJ 07.668.258/0001-00, ODB
INTERNACIONAL CORPORATION, registrada sob n.º 138020 B, ODEBRECHT FINANCE
LIMITED, registrada sob n.º 181323, ODEBRECHT ENERGIA INVESTIMENTOS S/A, CNPJ
20.541.146/0001-51, ODEBRECHT ENERGIA S/A, CNPJ 13.079.757/0001-64, ODEBRECHT
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ENERGIA PARTICIPAÇÕES S/A, CNPJ 19.790.376/0001-75, ODEBRECHT ENERGIA DO
BRASIL S/A, CNPJ 13.439.547/0001-30, ODEBRECHT PARTICIPAÇÕES E ENGENHARIA
S/A, CNPJ 17.851.495/0001-65, EDIFÍCIO ODEBRECHT RJ S/A, CNPJ 19.432.176/0001-40,
ODEBRECHT PROPERTIES INVESTIMENTOS S/A, CNPJ 21.264.618/0001-39, ODEBRECHT
PROPERTIES PARCERIAS S/A, CNPJ 16.584.908/0001-20, OP CENTRO ADMINISTRATIVO

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JOAO DE OLIVEIRA RODRIGUES FILHO, liberado nos autos em 18/06/2019 às 07:28 .
S/A, CNPJ 19.128.923/0001-51, OP GESTÃO DE PROPRIEDADES S/A, CNPJ
20.620.396/0001-87, MECTRON – ENGENHARIA, INDÚSTRIA E COMÉRCIO S/A, CNPJ N.º
65.481.012/0001-20 requereram a recuperação judicial em 17/06/2019.

Houve distribuição desta recuperação judicial por dependência à


recuperação judicial de autos nº 1050977-09.2019.8.26.0100, sob a justificativa das sociedades
empresárias de ambos os pedidos integrarem o mesmo grupo econômico, além da inexorável
interligação dos rumos que um processo de reestruturação e soerguimento de uma parte do grupo
terá no processo das demais.

Postulam a concessão de tutela de urgência para manutenção das


participações societárias atualmente existentes entre as componentes do grupo em negócios
operacionais não sujeitos à recuperação judicial e que foram dadas em garantia através de contrato
de alienação fiduciária para diversos credores, com fulcro na parte final do parágrafo 3º do art. 49
da Lei 11.101/2005, por entenderem que se tratam de ativos fundamentais à reestruturação
econômico-financeira do grupo como um todo.

É O BREVE RELATO.

FUNDAMENTO E DECIDO.

Aceito a distribuição por dependência efetuada. De fato, preceitua


o paragrafo 8º do art. 6º da Lei 11.101/2005, assim vernaculamente posto:

§ 8º A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial previne a


jurisdição para qualquer outro pedido de recuperação judicial ou de falência,
relativo ao mesmo devedor.
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Na leitura dos documentos juntados nestes autos bem como na
recuperação judicial que tramita nesta vara especializada sob os autos de nº
1050977-09.2019.8.26.0100, inegável reconhecer a intensa interdependência entre as sociedades
empresárias que compõem o grupo societário em tela, através das inúmeras garantias e operações
intercompany existentes entre elas, de maneira que o rumo deste processo de recuperação judicial

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JOAO DE OLIVEIRA RODRIGUES FILHO, liberado nos autos em 18/06/2019 às 07:28 .
certamente terá influência direta e imediata na recuperação judicial do grupo Atvos e vice-versa.

A título exemplificativo, a sociedade empresária ODEBRECHT


S/A, CNPJ 05.144.757/0001-72 é garantidora de 88% da dívida financeira das recuperandas do
grupo Atvos, segundo dados apurados pela administradora judicial que lá atua.

Sem prejuízo de outros elementos, expressivos valores oriundos de


operações intercompany, num total até agora apurado de aproximadamente R$ 6.000.000.000,00
são devidos entre as postulantes à recuperação judicial e o grupo Atvos, todos pertencentes ao
Grupo Odebrecht.

Não bastassem os vultosos valores, a atuação coordenada e em rede


do grupo, através de intensas participações societárias a envolver até mesmo outras sociedades não
sujeitas à recuperação judicial, se mostrará imprescindível à construção do processo de
soerguimento do grupo como um todo, cujas estratégias refletirão direta e indiretamente em ambos
os processos de reestruturação que correm neste Juízo.

Logo, a tramitação concomitante de ambos os processos de


recuperação judicial numa mesma vara judicial e sob a condução do mesmo Juízo evitará o risco de
prolação de decisões conflitantes e permitirá uma melhor coordenação entre as estratégias de
soerguimento do grupo como um todo, com a possibilidade de menor onerosidade às sociedades
empresárias pela possibilidade de aproveitamento de atos materiais, ainda que em feitos diversos,
além de possibilitar mais facilidade e maior transparência na colheita de informações aos credores,
justamente pela intensa carga de interdependência existente entre as atividades empresariais.

Pelo exposto, aceito a competência determinada pela propositura


deste feito em dependência aos autos nº 1050977-09.2019.8.26.0100.

No mais, os documentos juntados aos autos comprovam que as


requerentes preenchem os requisitos legais para requerimento da recuperação judicial, conforme
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art. 48 da Lei nº 11.101/05. A petição inicial foi adequadamente instruída, nos exatos termos
exigidos pelo art. 51 da Lei nº 11.101/05. Em síntese, o pedido está em termos para ter o seu
processamento deferido, já que presentes os requisitos legais (artigos 47, 48 e 51 da Lei
11.101/2005), verificando-se a possibilidade de superação da “crise econômico-financeira” das
devedora.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JOAO DE OLIVEIRA RODRIGUES FILHO, liberado nos autos em 18/06/2019 às 07:28 .
Assim, pelo exposto, nos termos do art. 52 da Lei 11.101/2005,
DEFIRO o processamento da recuperação judicial das empresas KIEPPE PARTICIPAÇÕES E
ADMINISTRAÇÃO LTDA., CNPJ 04.215.837/0001-09, ODBINV S/A, CNPJ
15.105.588/0001-15, ODEBRECHT S/A, CNPJ 05.144.757/0001-72, OSP INVESTIMENTOS
S/A, CNPJ 22.606.673/0001-22, ODEBRECHT SERVIÇOS E PARTICIPAÇÕES S/A, CNPJ
10.904.193/0001-69, ATVOS AGROINDUSTRIAL INVESTIMENTOS S/A, CNPJ
11.218.273/0001-23, OPI S/A, CNPJ 17.337.615/0001-00, ODEBRECHT PARTICIPAÇÕES E
INVESTIMENTOS S/A, CNPJ 07.668.258/0001-00, ODB INTERNACIONAL CORPORATION,
registrada sob n.º 138020 B, ODEBRECHT FINANCE LIMITED, registrada sob n.º 181323,
ODEBRECHT ENERGIA INVESTIMENTOS S/A, CNPJ 20.541.146/0001-51, ODEBRECHT
ENERGIA S/A, CNPJ 13.079.757/0001-64, ODEBRECHT ENERGIA PARTICIPAÇÕES S/A,
CNPJ 19.790.376/0001-75, ODEBRECHT ENERGIA DO BRASIL S/A, CNPJ
13.439.547/0001-30, ODEBRECHT PARTICIPAÇÕES E ENGENHARIA S/A, CNPJ
17.851.495/0001-65, EDIFÍCIO ODEBRECHT RJ S/A, CNPJ 19.432.176/0001-40, ODEBRECHT
PROPERTIES INVESTIMENTOS S/A, CNPJ 21.264.618/0001-39, ODEBRECHT PROPERTIES
PARCERIAS S/A, CNPJ 16.584.908/0001-20, OP CENTRO ADMINISTRATIVO S/A, CNPJ
19.128.923/0001-51, OP GESTÃO DE PROPRIEDADES S/A, CNPJ 20.620.396/0001-87,
MECTRON – ENGENHARIA, INDÚSTRIA E COMÉRCIO S/A, CNPJ N.º 65.481.012/0001-20.

Portanto:

1) Como administrador judicial (art. 52, I, e art. 64) nomeio


ALVAREZ & MARSAL., CNPJ n. 07.016.138/0001-28, representada por Eduardo Barbosa de
Seixas, CPF 025.864.457-59, com endereço na Rua Surubim, 577, 9º andar, Brooklin Novo, CEP
04571-050, São Paulo, SP, para os fins do art. 22, I e II, que, em 48 horas, juntará nestes autos
digitais o termo de compromisso devidamente subscrito, pena de substituição (arts. 33 e 34), nos
termos do art. 21, parágrafo único, da Lei 11.101/05, ficando autorizada a intimação via e-mail
institucional.
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Pelas mesmas razões expostas para a aceitação da competência
determinada pela distribuição deste feito por dependência aos autos de nº
1050977-09.2019.8.26.0100, é de se reconhecer salutar que este Juízo seja auxiliado pelo mesmo
profissional já nomeado.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JOAO DE OLIVEIRA RODRIGUES FILHO, liberado nos autos em 18/06/2019 às 07:28 .
Acrescento, ainda, que a nomeação ora realizada será menos
onerosa ao grupo em recuperação judicial, em nível de remuneração a ser paga ao auxiliar do Juízo
e proporcionará trâmite parelho entre os feitos, através do controle de prazos e atos a serem
praticados no procedimento, além de permitir que um mesmo profissional atue de maneira
harmônica em ambos os processos, na fiscalização das atividades das recuperandas e na busca da
transparência das informações imprescindíveis ao exercício da titularidade do direito dos credores
de avaliação da viabilidade econômica do plano e das atividades objeto de soerguimento.

1.1) Deve o administrador judicial informar o juízo a situação da


empresa em 10 dias, para fins do art. 22, II, “a” (primeira parte) e “c”, da Lei n. 11.101/05.

1.2) Caso seja necessário a contratação de auxiliares (contador,


advogados etc.) deverá apresentar o contrato, no prazo de 10 dias.

1.3) Caberá ao administrador judicial fiscalizar a regularidade do


processo e o cumprimento dos prazos pela recuperanda.

1.4) No mesmo prazo assinalado no item 1.1, deverá o


administrador judicial apresentar sua proposta de honorários.

1.5) Quanto aos relatórios mensais, que não se confundem com o


relatório determinado no item 1.1, supra, deverá o administrador judicial protocolar o primeiro
relatório como incidente à recuperação judicial, evitando sua juntada nos autos principais, sendo
que os relatórios mensais subsequentes deverão ser, sempre, direcionados ao incidente já
instaurado.

2) Nos termos do art. 52, II, da Lei 11.101/2005, determino a


“dispensa da apresentação de certidões negativas para que os devedores exerçam suas atividades,
exceto para contratação com o Poder Público ou para recebimento de benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios”, no caso, a devedora, observando-se o art. 69 da LRF, ou seja, que o nome
empresarial seja seguido da expressão “em Recuperação Judicial”, com a ressalva de dispensa de
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apresentação de CND e de certidão negativa de recuperação judicial para participação em licitações
perante quaisquer órgãos do Poder Público, nos exatos termos do quanto decidido no AREsp
309.867, não sendo dispensada, contudo, a comprovação de habilitação técnica e econômica
necessária para o cumprimento de eventual contrato administrativo.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JOAO DE OLIVEIRA RODRIGUES FILHO, liberado nos autos em 18/06/2019 às 07:28 .
2.1) Em relação às Juntas Comerciais da(s) respectiva(s) sede(s)
da(s) recuperanda(s), deverá(ão) ela(s) providenciar a competente comunicação ao(s) aludido(s)
órgão(s), na qual conste, além da alteração do nome com a expressão “em Recuperação Judicial”, a
data do deferimento do processamento e os dados do administrador judicial nomeado,
comprovando, nos autos, o encaminhamento da comunicação no prazo de 15 dias.

3) Determino, nos termos do art. 52, III, da Lei 11.101/2005, “a


suspensão de todas as ações ou execuções contra os devedores”, na forma do art. 6º da LRF,
devendo permanecer “os respectivos autos no juízo onde se processam, ressalvadas as ações
previstas nos §§ 1º, 2º e 7º do art. 6º dessa Lei e as relativas a créditos excetuados na forma dos §§
3º e 4º do art. 49 dessa mesma Lei”, providenciando a devedora as comunicações competentes
(art. 52, § 3º).

A ressalva acerca da continuidade da tramitação das ações acima


elencadas, entretanto, não autoriza a prática de atos de excussão de bens da recuperanda sem o
crivo deste Juízo sobre a apreciação da questão atinente à essencialidade de bem eventualmente
objeto de litígio entre a recuperanda e seu credor. Explico.

De acordo com a jurisprudência do Colendo STJ, a competência


para declaração da essencialidade de bem da recuperanda, seja de sua esfera patrimonial, seja de
bens de propriedade alheia mas insertos na cadeia de produção da atividade, é do Juízo no qual se
processa a recuperação judicial. A título elucidativo, cito os seguintes julgados:

AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. DEFERIMENTO DE


RECUPERAÇÃO JUDICIAL. MEDIDAS CONSTRITIVAS IMPOSTAS AO PATRIMÔNIO DA
RECUPERANDA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL,
INDEPENDENTEMENTE DO DECURSO DO PRAZO DE 180 (CENTO E OITENTA) DIAS
PREVISTO NO ART. 6º, § 4º, DA LEI N. 11.101/05. ART. 49, § 3º, DA LEI N.
11.101/2005. BENS ESSENCIAIS ÀS ATIVIDADES ECONÔMICO-PRODUTIVAS.
PERMANÊNCIA COM A EMPRESA RECUPERANDA.COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. AGRAVO IMPROVIDO.
1. A despeito de o art. 6º, § 4º, da Lei n. 11.101/05 assegurar o direito de os credores
prosseguirem com seus pleitos individuais passado o prazo de 180 (cento e oitenta) dias
da data em que deferido o processamento da recuperação judicial, a jurisprudência desta
Corte tem mitigado sua aplicação, tendo em vista tal determinação se mostrar de difícil
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conciliação com o escopo maior de implementação do plano de recuperação da empresa.
Precedentes.
2. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no CC 143.802/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, SEGUNDA
SEÇÃO, julgado em 13/04/2016, DJe 19/04/2016)

AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO


JUDICIAL. BUSCA E APREENSÃO. CONTRATO DE COMPRA E VENDA COM RESERVA
DE DOMÍNIO. BENS DE CAPITAL ESSENCIAIS À ATIVIDADE EMPRESARIAL.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JOAO DE OLIVEIRA RODRIGUES FILHO, liberado nos autos em 18/06/2019 às 07:28 .
EXCEPCIONAL E TRANSITÓRIA SUBMISSÃO AOS EFEITOS DA RECUPERAÇÃO
JUDICIAL. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO.
1. Via de regra, o credor titular da posição de proprietário fiduciário ou detentor de reserva
de domínio de bens móveis ou imóveis não se sujeita aos efeitos da recuperação judicial (Lei
11.101/2005, art. 49, § 3º).
2. No caso dos autos, porém, o Juízo da Recuperação Judicial informa que o objeto da busca
e apreensão em trâmite no Juízo Comum "são bens essenciais às atividades da Recuperanda".
3. Nos moldes da jurisprudência da eg. Segunda Seção desta Corte, demonstrado que o
objeto do litígio envolve bens de capital essenciais à atividade empresarial, afasta-se a
exceção contida no § 3º do art. 49 da Lei 11.101/2005, prevalecendo a exceção da exceção
constante da parte final do mesmo dispositivo legal.
4. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no RCD no CC 134.655/AL, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 14/10/2015, DJe 03/11/2015)

DIREITO EMPRESARIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. CRÉDITO DE HONORÁRIOS


ADVOCATÍCIOS POSTERIOR AO PEDIDO. NÃO SUJEIÇÃO AO PLANO DE
RECUPERAÇÃO E A SEUS EFEITOS. PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO NO JUÍZO
COMUM. RESSALVA QUANTO A ATOS DE ALIENAÇÃO OU CONSTRIÇÃO
PATRIMONIAL. COMPETÊNCIA DO JUÍZO UNIVERSAL. PRINCÍPIO DA
PRESERVAÇÃO DA EMPRESA.
1. Os créditos constituídos depois de ter o devedor ingressado com o pedido de recuperação
judicial estão excluídos do plano e de seus efeitos (art. 49, caput, da Lei n. 11.101/2005). Isso
porque, "se assim não fosse, o devedor não conseguiria mais acesso nenhum a crédito
comercial ou bancário, inviabilizando-se o objetivo da recuperação" (COELHO, Fábio
Ulhoa. Comentários à lei de falências e de recuperação de empresas. 8. ed. São Paulo:
Saraiva, 2011, p.191).
2. Nesse diapasão, devem-se privilegiar os trabalhadores e os investidores que, durante a
crise econômico-financeira, assumiram os riscos e proveram a recuperanda, viabilizando a
continuidade de sua atividade empresarial, sempre tendo em mente que a notícia da crise
acarreta inadvertidamente a retração do mercado para a sociedade em declínio.
3. Todavia, tal raciocínio deve ser aplicado apenas a credores que efetivamente contribuíram
para o soerguimento da empresa recuperanda no período posterior ao pedido de recuperação
judicial - notadamente os credores negociais, fornecedores e trabalhadores. Não é o caso,
por exemplo, de credores de honorários advocatícios de sucumbência, que são resultantes de
processos nos quais a empresa em recuperação ficou vencida. A bem da verdade, são créditos
oriundos de trabalhos prestados em desfavor da empresa, os quais, muito embora de
elevadíssima virtude, não se equiparam - ao menos para o propósito de soerguimento
empresarial - a credores negociais ou trabalhistas.
4. Com efeito, embora o crédito de honorários advocatícios sucumbenciais surgido
posteriormente ao pedido de recuperação não possa integrar o plano, pois vulnera a
literalidade da Lei n.11.101/2005, há de ser usado o mesmo raciocínio que guia o art. 49, §
3º, da Lei n. 11.101/2005, segundo o qual mesmo os credores cujos créditos não se sujeitam
ao plano de recuperação não podem expropriar bens essenciais à atividade empresarial, na
mesma linha do que entendia a jurisprudência quanto ao crédito fiscal, antes do advento da
Lei n. 13.043/2014.
5. Assim, tal crédito não se sujeita ao plano de recuperação e as execuções prosseguem, mas
o juízo universal deve exercer o controle sobre atos de constrição ou expropriação
patrimonial, aquilatando a essencialidade do bem à atividade empresarial.
6. Recurso especial parcialmente provido.
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(REsp 1298670/MS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado
em 21/05/2015, DJe 26/06/2015)

Todavia, mesmo com a determinação do stay period e a


jurisprudência consolidada do STJ sobre a competência do Juízo da recuperação judicial para
deliberar sobre a essencialidade dos bens de propriedade ou posse da recuperanda, a realidade tem

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demonstrado a existência de diversos atos de constrição patrimonial contra a devedora emanados
de Juízos diversos, por provocação de credores sujeitos ou não à recuperação judicial.

Essa situação, além de ocasionar um imenso número de conflitos


de competência desnecessários diante do entendimento já consolidado do STJ, compromete o fluxo
de caixa e as atividades operacionais da atividade em recuperação, em razão da paralisia que se
impõe sobre o bem no caso concreto, impedindo sua utilização justamente no momento de maior
necessidade da recuperanda, além de tumultuar o ambiente de negociação buscado pela Lei
11.101/2005, que se faz presente durante o processamento da recuperação judicial.

A boa-fé objetiva nas relações de ordem privada, consistente na


verificação de eticidade da parte através de suas condutas, já presente em nosso ordenamento desde
o advento da Constituição Federal de 1988 e mais especificada com o Código Civil de 2002,
ganhou reforço para sua incidência no âmbito do processo civil, diante de sua previsão expressa no
art. 5º ao lado da obrigação de cooperação processual pelas partes, elencada no art. 6º, todos do
CPC.

Diante de tais premissas, inegável que a pretensão de qualquer


credor, sujeito ou não à recuperação judicial, inerente à excussão de bens componentes da esfera
patrimonial da recuperanda ou inseridos em sua cadeia de produção, para fins de exercício de
direitos, necessita de prévio pronunciamento do Juízo da recuperação judicial sobre sua
essencialidade, levando-se em consideração as particularidades da operação empresarial e o
contexto fático apresentado nos autos.

Assim, seja pela previsão contida no art. 49, caput e parágrafo 3º in


fine, seja pela obrigação ex vi legis contida no art. 6º, caput, todos da Lei 11.101/2005, qualquer ato
de credor, sujeito ou não à recuperação judicial, que busque pagamento fora dos termos da
recuperação judicial ou excussão de bens essenciais à atividade, respectivamente, através de
medidas adotadas em esfera administrativa ou Juízos diversos que não o recuperacional, sem prévia
discussão sobre a essencialidade do bem com vistas ao soerguimento da atividade, estará violando
fls. 4608

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determinação legal e judicial, em absoluta contrariedade aos postulados da boa-fé e da cooperação
processual, de modo a ser possível tal conduta ser enquadrada como ato atentatório à dignidade da
justiça, conforme previsão do inciso IV do art. 77 do CPC, analisadas as particularidades de cada
caso e o elemento subjetivo do credor diante das circunstância de fato e de direito da espécie.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JOAO DE OLIVEIRA RODRIGUES FILHO, liberado nos autos em 18/06/2019 às 07:28 .
Diante do exposto, nos termos do parágrafo 1º do art. 77 do CPC,
ficam todos os credores, sujeitos ou não à recuperação judicial, advertidos da necessidade de
discussão sobre a essencialidade ou não de bem ou direito inserido na esfera patrimonial ou da
cadeia de produção do grupo em recuperação judicial neste Juízo recuperacional, recomendando-se
a abstenção da busca de atos de constrição de bens e direitos contra a recuperanda, em Juízos
diversos ou em via administrativa, sem a prévia deliberação sobre a essencialidade, pela
possibilidade de aplicação da sanção contida no parágrafo 2º do aludido artigo de lei, consistente
em imposição de multa de até 20% do valor da causa, sem prejuízo de outras sanções cabíveis nas
esfera processual, civil e criminal.

3.1) Reconheço como bem essencial ao soerguimento da atividade


do grupo as ações Braskem, ações Ocyan e ações Atvos detidas pelo grupo postulante à
recuperação judicial, durante o stay period, uma vez que se tratam de ativos com alto potencial de
negociação no mercado, de modo a permitir que as operações financeiras e as atividades
operacionais consigam subsistir através de eventual aporte de capital com a negociação de tais
ativos.

Há muito os credores vêm exigindo como garantias para aporte de


valores a entrega de ações das mais variadas sociedades componentes do grupo por intermédio do
instituto da propriedade fiduciária. De mais a mais, é pública e notória a intenção do grupo em
promover a venda de participações acionárias em sociedades não sujeitas ao pedido de recuperação
judicial, v.g. ações Braskem, justamente para possibilitar a obtenção de valores voltados ao
pagamento de credores e reestruturação das operações empresariais exercidas.

Sem dúvida que, em uma análise perfunctória dos fatos, a retenção


das ações oneradas por propriedade fiduciária na esfera de posse do grupo postulante a recuperação
judicial permitirá se chegar numa solução mais sólida de soerguimento da atividade, até mesmo
pela maior tranquilidade de construção do plano de recuperação judicial durante o stay period, sem
prejuízo de um ambiente de diálogo com os credores antes da AGC.
fls. 4609

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De outro lado, a concessão da tutela de urgência pretendida não
impõe qualquer perigo de irreversibilidade aos credores detentores da propriedade fiduciária das
ações oneradas, já que, através da divisão equilibrada de ônus existente no âmbito do processo de
recuperação judicial, credores e devedor devem ceder temporariamente em diversos de seus
direitos materiais e processuais, durante o stay period, justamente para que a solução de superação

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JOAO DE OLIVEIRA RODRIGUES FILHO, liberado nos autos em 18/06/2019 às 07:28 .
da crise econômico-financeira da recuperanda possa ser construída num ambiente de harmonia, em
atendimento à manutenção dos benefícios sociais da empresa sobre a qual se busca o soerguimento.
Mas, em momento algum, haverá a subtração dos direitos dos credores em exercitar seu direito de
garantia, o qual apenas ficará postergado para período posterior àquele previsto no art. 6º, § 4º, da
Lei 11.101/2005, se o caso.

Não admitir a retenção das ações oneradas por parte das sociedades
componentes do grupo em recuperação judicial pode comprometer o processo de recuperação
judicial, de modo a permitir a subsunção de tais bens no conceito previsto na parte final do
parágrafo 3º do art. 49 da Lei 11.101/2005, medida que melhor se coaduna com a ontologia do
instituto da recuperação judicial, para a preservação dos benefícios sociais e econômicos da
atividade, através da superação do dualismo pendular na hermenêutica do sistema jurídico de
insolvência brasileiro, tese proposta por Daniel Carnio Costa1 e recentemente reconhecida pelo
Colendo STJ no julgamento do REsp 1.337.989-SP em 08.05.2018, verbis:

Agora, pela teoria da superação do dualismo pendular, há consenso, na doutrina e


no direito comparado, no sentido de que a interpretação das regras da
recuperação judicial deve prestigiar a preservação dos benefícios sociais e
econômicos que decorrem da manutenção da atividade empresarial saudável, e
não os interesses de credores ou devedores, sendo que, diante das várias
interpretações possíveis, deve-se acolher aquela que buscar conferir maior ênfase
à finalidade do instituto da recuperação judicial

No aludido recurso especial, numa análise da ratio essendi da


norma e do vetor interpretativo de seus institutos e termos, o Ministro Luis Felipe Salomão assim
consignou em seu voto:

Tal dispositivo encarta o princípio da preservação da atividade empresarial,


servindo como parâmetro a guiar a operacionalidade da recuperação judicial, que
objetiva o saneamento do colapso econômico-financeiro e patrimonial da unidade
produtiva economicamente viável, evitando-se a configuração de grau de
insolvência irreversível e, inexoravelmente, prejudicial aos trabalhadores,
investidores, fornecedores, às instituições de crédito e ao Estado que deixará de
1COSTA, Daniel Carnio, Comentários Completos à Lei de Recuperação de Empresas e Falências. Volume I.
Disposições Comuns às Recuperações Judiciais e às Falências. Curitiba. Juruá. 2015. Páginas 33-35
fls. 4610

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recolher tributos garantidores da satisfação das necessidades públicas. Ou seja, o
instituto da recuperação judicial tem por escopo a reorganização administrativa e
financeira da empresa em crise, a fim de garantir a manutenção da fonte
produtora, os empregos dos trabalhadores e os interesses dos credores, ensejando,
assim, a concretização do mandamento constitucional voltado à realização da
função social da empresa

Nessa ordem de ideias, a hermenêutica conferida à Lei 11.101/2005, no tocante à

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JOAO DE OLIVEIRA RODRIGUES FILHO, liberado nos autos em 18/06/2019 às 07:28 .
recuperação judicial, deve sempre se manter fiel aos propósitos do diploma, isto
é, nenhuma interpretação pode ser aceita se dela resultar circunstância que, além
de não fomentar, na verdade, inviabilize a superação da crise empresarial, com
consequências perniciosas ao objetivo de preservação da empresa
economicamente viável, à manutenção da fonte produtora e dos postos de
trabalho, além de não atender a nenhum interesse legítimo dos credores, sob pena
de tornar inviável toda e qualquer recuperação, sepultando o instituto.

Ressalvados valorosos posicionamentos em contrário, há de se ter


uma interpretação extensiva do conceito de bem de capital essencial à manutenção da atividade,
justamente para que as ações oneradas estejam nele insertas, diante da imprescindibilidade da sua
manutenção na esfera de disponibilidade das recuperandas, como instrumento para construção da
solução econômica do soerguimento das atividades e superação de sua crise econômico-financeira.

Diante do exposto, concedo as tutelas de urgência requeridas nos


itens (ii) e (iii) dos pedidos formulados na petição inicial, devendo a recuperanda promover as
comunicações necessárias, valendo a presente decisão como ofício.

4) Determino, nos termos do art. 52, IV, da Lei 11.101/2005, à


devedora a “apresentação de contas demonstrativas mensais enquanto perdurar a recuperação
judicial, sob pena de destituição de seus administradores”, sendo que o primeiro demonstrativo
mensal deverá ser protocolado como incidente à recuperação judicial, ao passo que não deverão ser
juntados nos autos principais, sendo que os demonstrativos mensais subsequentes deverão ser,
sempre, direcionados ao incidente já instaurado.

5) Deverá a recuperanda providenciar a expedição de comunicação,


por carta, às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que a devedora tiver
estabelecimentos e filiais (LRF, art. 52, V), na qual deverá constar o conteúdo desta decisão ou
cópia desta, providenciando, outrossim, o seu encaminhamento.

6) O prazo para habilitações ou divergências aos créditos


relacionados (pela devedora) é de 15 (quinze) dias a contar da publicação do respectivo edital
fls. 4611

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(LRF, art. 7º, § 1º).

Considerando que a recuperanda apresentou minuta da relação de


credores elencada na inicial, nos moldes do artigo 41 da Lei n. 11.101/05 deverá a minuta da
relação de credores ser entregue, no formato word, para a serventia complementar a referida minuta

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com os termos desta decisão, bem com intimar a recuperanda, por telefone ou e-mail institucional,
certificando-se nos autos, para que proceda ao recolhimento do valor das despesas de publicação do
edital no Diário Oficial Eletrônico do Tribunal de Justiça de São Paulo, de acordo com o número
de caracteres, no prazo de 24 horas, sob pena de revogação.

Dessa maneira, expeça-se o edital a que se refere o art. 52, § 1º, da


Lei 11.101/2005, onde, para conhecimento de todos os interessados, deverá constar, também, o
passivo fiscal, com advertência dos prazos dos arts. 7º, § 1º e 55 da LREF.

Deverá(ão) também a(s) recuperanda(s) providenciar a publicação


do edital em jornal de grande circulação no prazo de 05 dias.

7) Eventuais habilitações ou divergências quanto aos créditos


relacionados pela devedora (art. 7º, § 1º), que são dirigidas ao administrador judicial, deverão ser
digitalizadas e encaminhadas diretamente ao administrador judicial, SOMENTE através do e-mail
aj_odb@alvarezandmarsal.com, criado especificamente para este fim e informado no edital a ser
publicado, conforme item 6, supra.

Observo, neste tópico, em especial quanto aos créditos trabalhistas,


que para eventual divergência ou habilitação é necessário que exista sentença trabalhista líquida e
exigível (com trânsito em julgado), competindo ao MM. Juiz do Trabalho eventual fixação do valor
a ser reservado.

7.1) Deverá o administrador judicial, quando da apresentação da


relação prevista no art. 7º, § 2º, da Lei 11.101/2005, também providenciar à serventia judicial,
minuta do respectivo edital, em mídia e em formato de texto, para sua regular publicação na
Imprensa Oficial. Segundo observações constante no item 8 desta decisão, o administrador judicial
deverá apurar lista individualizada de credores de cada uma das sociedades componentes do grupo
em recuperação judicial, tendo em vista o litisconsórcio ativo presente nesta demanda.
fls. 4612

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8) O plano de recuperação judicial deve ser apresentado no prazo
de 60 dias, na forma do art. 53, sob pena de convolação da recuperação judicial em falência.

Com a apresentação do plano, expeça-se o edital contendo o aviso


do art. 53, parágrafo único, da Lei n. 11.101/05, com prazo de 30 dias para as objeções, devendo a

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recuperanda providenciar, no ato da apresentação do plano, a minuta do edital, inclusive em meio
eletrônico, bem como o recolhimento das custas para publicação.

8.1) Diante do ajuizamento de recuperação judicial em


litisconsórcio ativo ou comumente conhecido como consolidação processual, faço as seguintes
considerações.

A consolidação substancial se verifica quando as empresas do


grupo econômico se apresentam como um bloco único de atuação e são vistas pelo mercado como
uma unidade para fins de responsabilidade patrimonial, observando-se um liame de
interdependência entre as componentes do grupo, por diversos fatores comerciais e jurídicos. A
consolidação substancial e a desconsideração da personalidade jurídica são, na verdade, duas
facetas de uma mesma moeda ou são ligadas por uma via de mão dupla.

Isso porque em situações de abuso da personalidade jurídica (art.


50 do CC) ou até mesmo de dificuldade de ressarcimento de uma parte ou de um determinado
interesse, respectivamente, tidos por vulneráveis pelo ordenamento jurídico (CDC, Lei 9.605/98), a
desconsideração da personalidade jurídica pode ser utilizada como instrumento de ressarcimento ao
impor responsabilidade patrimonial secundária para alguém que possua algum liame com o
devedor originário.

Já para o caso de consolidação substancial, temos essa situação


numa via inversa, na qual a devedora, diante de situações que ensejam liame com as outras
componentes do grupo, ajuíza a recuperação judicial com o escopo de impor aos credores uma
situação única e em bloco.

Este Juízo já fixou requisitos para análise da existência de eventual


consolidação substancial em diversos outros casos, quais sejam:

a) interconexão das empresas do grupo econômico;


b) existência de garantias cruzadas entre as empresas do grupo econômico;
fls. 4613

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c) confusão de patrimônio e de responsabilidade entre as empresas do grupo
econômico;
d) atuação conjunta das empresas integrantes do grupo econômico no mercado;
e) existência de coincidência de diretores;
f) existência de coincidência de composição societária;
g) relação de controle e/ou dependência entre as empresas integrantes do grupo
econômico;
h) existência de desvio de ativos através de empresas integrantes do grupo

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econômico.

Além da presença desses requisitos objetivos, exige-se, para


autorização da consolidação substancial, que os benefícios sociais e econômicos da recuperação
judicial processada em consolidação substancial justifiquem a sua aplicação. Vale dizer, sua
aplicação deve ser fundamental para que se consiga manter os benefícios econômicos e sociais que
decorrem da preservação da atividade empresarial (empregos, riquezas, produtos, serviços, tributos
etc.), em detrimento do interesse particular de credores e devedores. Esse raciocínio de ponderação
de valores está, aliás, na base da teoria da divisão equilibrada de ônus na recuperação judicial.

Entretanto, não se pode negar que a consolidação substancial


possui um viés de caráter econômico na recuperação judicial, por funcionar como estratégia
operacional e financeira destinada ao soerguimento da atividade do grupo. E tal situação deve ser
devidamente discriminada no plano de recuperação judicial a ser apresentado em momento
oportuno, para que os credores tenham as informações necessárias à escorreita manifestação de
vontade no exercício de sua titularidade de deliberação sobre a viabilidade econômica do plano e
da atividade objeto de soerguimento.

Isso porque ao Poder Judiciário, segundo jurisprudência


consolidada do Colendo STJ, somente compete o controle de legalidade do plano de recuperação
judicial e dos estritos termos do procedimento recuperacional, não podendo se imiscuir nos
aspectos econômicos da empresa objeto de recuperação judicial. Cito os seguintes precedentes:

RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. ASSEMBLEIA GERAL DE


CREDORES. APROVAÇÃO DO PLANO. CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS.
CONCESSÃO DE PRAZOS E DESCONTOS. POSSIBILIDADE.
1. Recuperação judicial requerida em 4/4/2011. Recurso especial interposto em 31/7/2015.
2. O propósito recursal é verificar se o plano de recuperação judicial apresentado pelas
recorrentes - aprovado pela assembleia geral de credores e homologado pelo juízo de
primeiro grau - apresenta ilegalidade passível de ensejar a decretação de sua nulidade e,
consequentemente, autorizar a convolação do processo de soerguimento em falência.
3. O plano de recuperação judicial, aprovado em assembleia pela vontade dos credores nos
termos exigidos pela legislação de regência, possui índole marcadamente contratual. Como
corolário, ao juízo competente não é dado imiscuir-se nas especificidades do conteúdo
econômico do acordo estipulado entre devedor e credores.
fls. 4614

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4. Para a validade das deliberações tomadas em assembleia acerca do plano de soerguimento
apresentado, o que se exige é que todas as classes de credores aprovem a proposta enviada,
observados os quóruns fixados nos incisos do art. 45 da LFRE.
5. A concessão de prazos e descontos para pagamento dos créditos novados insere-se dentre
as tratativas negociais passíveis de deliberação pelo devedor e pelos credores quando da
discussão assemblear sobre o plano de recuperação apresentado, respeitado o disposto no
art. 54 da LFRE quanto aos créditos trabalhistas.
6. Cuidando-se de hipótese em que houve a aprovação do plano pela assembleia de credores
e não tendo sido apontadas, no acórdão recorrido, quaisquer ilegalidades decorrentes da

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inobservância de disposições específicas da LFRE (sobretudo quanto às regras dos arts. 45 e
54), deve ser acolhida a pretensão recursal das empresas recuperandas.
7. Recurso especial provido.
(REsp 1631762/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
19/06/2018, DJe 25/06/2018)

RECURSO ESPECIAL. INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DO CPC/1973. RECUPERAÇÃO


JUDICIAL. IMPROCEDÊNCIA DA ALEGAÇÃO DE NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. EDITAL DE INTIMAÇÃO. IRREGULARIDADE FORMAL.
INEXISTÊNCIA. INTIMAÇÃO DE ADVOGADO. DESNECESSIDADE. CREDOR
FIDUCIÁRIO. RENÚNCIA. PLANO DE RECUPERAÇÃO. RECONHECIMENTO DA
VIABILIDADE ECONÔMICA.
1. Não procede a arguição de ofensa aos arts. 131 e 535, II, do CPC quando o Tribunal a
quo se pronuncia, de forma motivada e suficiente, sobre os pontos relevantes e necessários ao
deslinde da controvérsia.
2. Somente se pronuncia a nulidade do ato com a demonstração de efetivo prejuízo, o que não
ocorre quando descumprido o prazo exigido para a realização de primeira convocação nem
sequer instalada.
3. As deliberações a serem tomadas pela assembleia de credores restringem-se a decisões nas
esferas negocial e patrimonial, envolvendo, pois, os destinos da empresa em recuperação.
Inexiste ato judicial específico que exija a participação do advogado de qualquer dos
credores, razão pela qual é desnecessário constar do edital intimação dirigida aos advogados
constituídos.
4. É possível ao credor fiduciário renunciar aos efeitos privilegiados que seu crédito lhe
garante por força de legislação específica. Essa renúncia somente diz respeito ao próprio
credor renunciante, pois o ato prejudica a garantia a que tem direito, sendo desnecessária a
prévia anuência de todos os outros credores quirografários.
5. As decisões da assembleia de credores representam o veredito final a respeito dos destinos
do plano de recuperação. Ao Judiciário é possível, sem adentrar a análise da viabilidade
econômica, promover o controle de legalidade dos atos do plano sem que isso signifique
restringir a soberania da assembleia geral de credores.
6. Não constatada nenhuma ilegalidade evidente, meras alegações voltadas à alteração do
entendimento do Tribunal de origem quanto à viabilidade econômica do plano de
recuperação da empresa não são suficientes para reformar a homologação deferida.
7. Recurso especial conhecido e desprovido.
(REsp 1513260/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA,
julgado em 05/05/2016, DJe 10/05/2016)

Tendo em vista que a consolidação substancial não é vedada pelo


ordenamento jurídico e sua utilização decorre de aspectos econômicos da atuação em grupo e
precisa respeitar os benefícios sociais e econômicos da empresa, deverão as recuperandas
descreverem de maneira pormenorizada as razões pelas quais optaram pela adoção de tal estratégia
em seu plano, com necessária observância dos critérios já estabelecidos por este Juízo para a
regularidade de aplicação do instituto.
fls. 4615

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9) Caso ainda não tenha sido publicada a lista de credores pelo
administrador judicial, a legitimidade para apresentar tal objeção será daqueles que já constam do
edital das devedora e que tenham postulado a habilitação de crédito.

10) Publicada a relação de credores apresentada pelo administrador

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judicial (art. 7º, § 2º), devidamente individualizada para cada uma das sociedades litisconsortes,
eventuais impugnações (art. 8º) e/ou habilitações retardatárias deverão ser interpostas pelo
peticionamento eletrônico inicial, por dependência ao processo principal, nos termos do
Comunicado n.º 219/2018, e não deverão ser juntados nos autos principais (art. 8º, parágrafo
único).

Observo, neste tópico, que: (i) serão consideradas habilitações


retardatárias aquelas que deixaram de observar o prazo legal previsto no art. 7º, § 1º, da Lei n.
11.101/05, as quais serão recebidas como impugnação e processadas na forma dos arts. 13 a 15 (da
LRF), e estarão sujeitas ao recolhimento de custas, nos termos do art. 10, caput e § 5º, da Lei
11.101/05 e da Lei Estadual n. 15.760/15, que alterou o disposto no § 8º do art. 4º da Lei da
Estadual n. 11.608/03; (ii) as impugnações que não observarem o prazo previsto no artigo 8º da Lei
n. 11.101/05 também estarão sujeitas ao recolhimento de custas; e, (iii) caso as impugnações sejam
apresentadas pela própria recuperanda deverão ser recolhidas as taxas para intimação postal do
impugnado, fazendo constar em sua peça inicial o endereço completo do impugnado (logradouro,
número (inclusive nº bloco e do apartamento, se houver), bairro, CEP, cidade e estado), além do
recolhimento das custas, caso não observado o prazo previsto no artigo 8º da Lei n. 11.101/05.

10.1) Relativamente aos créditos trabalhistas referentes às


condenações em ações que tiveram curso pela Justiça do Trabalho com trânsito em julgado,
representados por certidões emitidas pelo juízo laboral, deverão ser encaminhadas diretamente ao
administrador judicial, através do e-mail referido no item 7. O administrador judicial deverá, nos
termos do art. 6º, §2º, da Lei n. 11.101/05, providenciar a inclusão no Quadro Geral de Credores
depois de conferir os cálculos da condenação, adequando-a aos termos determinados pela Lei n.
11.101/05. O valor apurado pelo administrador judicial deverá ser informado nos autos da
recuperação judicial para ciência aos interessados e, além disso, o credor deverá ser comunicado da
inclusão de seu crédito por carta enviada diretamente pelo administrador judicial. Caso o credor
trabalhista discorde do valor incluído pelo administrador judicial, deverá ajuizar impugnação de
crédito, em incidente próprio, nos termos do item 10.
fls. 4616

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE SÃO PAULO
FORO CENTRAL CÍVEL
1ª VARA DE FALÊNCIAS E RECUPERAÇÕES JUDICIAIS
Praça João Mendes s/nº, Sala 1805, Centro - CEP 01501-900, Fone: (11)
2171-6505, São Paulo-SP - E-mail: sp1falencias@tjsp.jus.br
Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1057756-77.2019.8.26.0100 e código 73DEEE8.
Oficie-se à Corregedoria do Tribunal Superior do Trabalho,
informando que os juízos trabalhistas deverão encaminhar as certidões de condenação trabalhista
diretamente ao administrador judicial, utilizando-se do endereço de e-mail referido no item 7, a fim
de se otimizar o procedimento de inclusão do crédito no quadro geral de credores.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JOAO DE OLIVEIRA RODRIGUES FILHO, liberado nos autos em 18/06/2019 às 07:28 .
Caso as certidões trabalhistas sejam encaminhadas ao presente
juízo, deverá a serventia providenciar sua entrega ao administrador judicial para as providências do
item 10.1.

11) Fica(m) advertida(s) a(s) recuperanda(s) que o descumprimento


dos seus ônus processuais poderá ensejar a convolação desta recuperação judicial em falência (art.
73, Lei 11.101/2005 c.c. o arts. 5º e 6º do CPC).

12) Fica advertido o administrador judicial que o descumprimento


dos seus ônus processuais e determinações judiciais poderão acarretar, conforme o caso, sua
substituição ou destituição, sem prejuízo de procedimento administrativo voltado ao seu
descadastramento perante o Tribunal de Justiça de São Paulo.

13) Em relação à forma de contagem dos prazos, informo que será


observado o teor da decisão proferida recentemente (abril/2018) pelo STJ no REsp 1699528,
segundo o qual todos os prazos estabelecidos pela Lei nº. 11.101/05 devem ser contados em dias
corridos, não se aplicando ao microssistema da insolvência empresarial as disposições relativas a
esse tema no Código de Processo Civil de 2015. Nesse sentido, todos prazos da Lei 11.101/2005,
inclusive os recursais, por se tratar de microssistema próprio e da legislação de insolvência possuir
natureza bifronte, serão contados em dias corridos, assim como os prazos de apresentação do plano
e de proteção do stay period.

14) Intimem-se, inclusive o Ministério Público.

Intime-se.

São Paulo, 17 de junho de 2019.

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,


CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

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