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FACULDADE PAULO VI

Disciplina: Apocalipse
Professor: Dr. Romeu Izidorio
Nome: Renan Ferreira Cabral RGM: 2011814
Atividade: Análise dos capítulos12 e 13 do Apocalipse
Data: 29/10/18

ANÁLISE DOS CAPÍTULOS 12 E 13 DO APOCALIPSE

O Apocalipse como um compilado de cartas, num número de sete,


acompanha e mostra a realidade das comunidades cristãs do final do I século,
comunidades essas que enfrentavam o problema das perseguições, sobretudo os
cristãos de origem judaica e depois os da dispersão. Carregado de símbolos,
personagens, significados que remetem à época do final de um período estão
presentes o capítulo 12 e 13.
De modo particular à liturgia faz bastante uso do capítulo 12, usados mais em
festas ou solenidades em que se comemora um dogma ou uma memória particular
de Maria. Contudo, o autor do Apocalipse não tinha essa intenção, que
hodiernamente seja assim interpreta, é plausível, quando olha-se para Maria como a
figura e o símbolo da fidelidade e torna-se por assim a imagem mais fácil de
compreender da Igreja.
O Apocalipse que trabalha com muitos sinais, já no inicio do capítulo traz a
mulher como um sinal, ou seja, não há uma mulher de fato, apenas um sinal que
quer representar alguma coisa. Essa mulher vestida de sol, tem a lua debaixo dos
pés e sobre a cabeça uma cora de doze estrelas, ela gritava como uma mulher cheia
de dores pronta para dar à luz. Para o autor do Apocalipse, segundo Bortolini (1994),
essa mulher são as comunidades que em algum tempo de grandes tribulações, se
mantêm firmes na profecia, e resistindo dão a luz ao projeto de Deus na história.
Se ela aparece no céu, é uma figura que vem da parte de Deus, e Deus a
protege de todos os lados. Ela tem uma vestimenta diferente, está vestida do sol e
está adornada de estrelas, todas essas figuras são do céu, ou seja, Deus a envolve
completamente, de todos os lados. Ela é o esplendor de Deus, por isso vestida do
Sol, figura maior que traz o símbolo de Deus. Ela tem a lua e o sol em si, em suas
características, portanto ela é o sinal do envolvimento continuo de Deus, sempre, dia
a noite.
Seu atormento para dar a luz, e seu esforço para esse momento, representa o
esforço das comunidades em continuamente serem firmes ao projeto de Deus
mediante a profecia e a resistência.
O texto traz o segundo sinal: um dragão. Ele é grande, dotado de sete
cabeças e dez chifres, ele torna-se o sinal maior da oposição da profecia. É o sinal
da mentira e de uma sociedade injusta, mostra uma violência. Ele pretende ocupar o
lugar de Deus, pois quer dominar o mundo inteiro. Mas ele tem um ponto de
fraqueza, pois o número dez para o Apocalipse represente uma imperfeição, e ele
têm dez chifres, ao passo que Cristo, o cordeiro, tem sete chifres, ou seja, ele detém
o poder. O dragão quer devorar a mulher, a injustiça quer devorar a resistência. O
fruto da mulher, que é o desejo do dragão, o qual ele quer devorar, mas Deus aliado
fiel da comunidade não permite. Ela foge para o deserto, recorda-se agora o tempo
que o povo de Deus foi para o êxodo, ali se constrói um projeto, uma sociedade
justa. São comunidades perseguidas, mas firmes no propósito de Deus, pois Ele
mesmo se mantém fiel.
Nesse embate, entre o dragão e Deus, é enviado um sinal forte para
combater o dragão, a própria presença de Deus. Na morada de Deus não há lugar
para mentira, para as obras de Satã, portanto, aparece a figura de Miguel – que
representa a pergunta “Quem é como Deus?” – a identidade de Deus que está em
luta contra o mal e sua personificação. A identidade do mal aparece ligada a
serpente, outro personagem antigo, lá do Gn 3, quando seduz a criatura de Deus ao
mal. Contudo, o mal, a figura do Satã foi derrotado na luta no céu, e expulso à terra,
lugar de vida das comunidades, por isso outro sinal da perseguição aos que se
põem a caminhar com Deus.
Há um novo êxodo estabelecido no meio do povo de Deus, lugar esse que o
mal tentará atacar, mas esse trecho recorda a passagem do mar vermelho, em que
os hebreus saem do Egito rumo à terra prometida, pois vão receber atrás de si o
vomito do dragão que vem como um rio. Temos a expressão “um tempo, dois
tempos e meio tempo” (cf. Ap. 12, 14) que são exatamente três anos e meio, período
esse simbólico, representando as tribulações e enfrentamento como uma
resistência. É preciso profetizar a permanecer fiel até o fim, pois o dragão ficou em
pé, na praia, outro símbolo que mostra o mal de pé, na praia do império romano,
com acesso e comunicação pelo mar mediterrâneo, lugar mais próximo da sede do
império.
Assim o capítulo 13 introduz o pai da mentira, aquele que vai desunir, ou
tentar fazer divisões nas comunidades, assim a mentira que gera morte para as
comunidades e o povo de Deus está à solta, os impérios tornam-se símbolos desses
projetos de mentira, ou seja, nesse capítulo aparece a figura da besta. Essa besta
pertence aos símbolos de animais do Apocalipse. Ela é filha do pai da mentira, pois
se encarna no meio do povo. Se o império romano tornou-se o mais poderoso e
temível dos impérios, o autor do apocalipse usa essa ideia e essa figura para unir
outros impérios e mostra como eles permanecem nos pensamentos, pois a besta
parecia com uma pantera – símbolo do império persa – tinha pés de urso: símbolos
do império medo – e com boca de leão: símbolo do império babilônico. Aqui o
número três apresenta totalidade, são três as características, esse império o maior, é
totalitário, síntese de toda crueldade, mas ele mata como jamais se viu.
A besta torna-se um símbolo que todos devem adorar, por isso as pessoas
serão marcadas com esse sinal – referência clara à época dos imperadores do
império romano – ela persegue e mata os profetas que fazem da sua vida obra
segundo Deus, mas um resto, um pequeno povo, permanece fiel e não aderem a
besta.

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