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Resenha do O fazedor de discípulos

Autor: Danilo Figueira


Já no primeiro capítulo entendemos uma missão que foi dada por Deus
que é fazer discípulos. O autor diz não só em missão, mas em uma ordem
concreta que está em Mateus 28 - “Ide, portanto, e fazei discípulos de todas as
nações…”

Jesus cumpriu sua missão com a formação e preparo dos doze discípulos.
É claro, que o que foi feito por Jesus, foi um trabalho com grande vínculo, onde
Ele pode passar seus ensinamentos de perto, mas também toda sua vida, seu
dia-a-dia.

O autor diz: “sem vínculos entre as pessoas e sem o alvo da frutificação,


a igreja estará mais próxima da religiosidade fria de Roma do que da
espiritualidade contagiante de Jerusalém.” Isso me deixou pensando, ao olhar
para fora, vemos igrejas formando grupos de amigos ou clubes de encontros
sociais. Quantos vão a igreja hoje como um compromisso de domingo ou por
não ter mais nada pra fazer e ficam no fundo da igreja sem prestar atenção ao
que está acontecendo ou pelos corredores da igreja batendo papo com uns e
outros. Não há discípulo nisso. Há uma grande perda de tempo. E me levou a
pensar. Não estariam essas pessoas sem um líder, um discipulador que pudesse
estar de perto acompanhando essas pessoas? Realmente, não tem como
discipular sem ter vínculo.

Uma parte importante para o sucesso do líder com seus discípulos é na


conquista da autoridade. E, para conquistar a autoridade é necessário confiança.
Isso leva um tempo. Isso se constrói com convívio, relacionamento, intimidade.
Claro, estou falando de autoridade saudável, não de autoridade imposta,
autoridade do medo. Pudemos ver pelo que foi descrito pelo autor, que Jesus
também passou por isso. No início, os discípulos tinham dúvidas, não conheciam
seu líder. Com o tempo, as coisas foram mudando, a confiança foi se
estabelecendo e automaticamente a autoridade foi construída. O relato de Danilo
Figueira sobre sua pouca idade e tendo que construir uma autoridade, nos
mostra bem como é o caminho.

Me lembro de um caso recente, de um pastor que não estava conseguindo


conquistar a autoridade na igreja e que ao voltar do concílio disse a igreja: “vocês
vão ter que me engolir”. Em um outro episódio, ele quis impor que todos
respeitassem um outro líder, que havia acabado de chegar. Ele disse: “quem
rejeita o filho, também rejeita o pai”, usando a palavra para benefício próprio sem
se esforçar para conquistar seus discípulos.

Temos que ter a consciência de que somos servidores de Cristo e


servidos pelos discípulos. “O verdadeiro líder espiritual quer ser ponte, e não
destino, na vida de seus discípulos. Seu propósito é serví-los, e não se servir
deles”.
O líder/discipulador tem uma grande responsabilidade que é de mostrar a
vontade de Deus sobre a vida de seus filhos e não de substituir Deus na vida de
seus discípulos.

Jesus é o centro de tudo. E para transmitir isso é necessário


conhecimento da palavra. Jesus é a palavra viva. O autor relata que um jovem
ao final de uma de suas palavras pede a ele que ore para que tenha o mesmo
conhecimento. Vemos muito isso no nosso meio. Pessoas que não se dedicam
e queremos ter conhecimento e unção que nunca buscaram. Para que
possamos, como líderes, ensinar aos nossos discípulos, primeiro precisaremos
ser ministrados na palavra. Para que isso aconteça, é necessário tempo,
investimento, intimidade com o nosso líder Jesus.

O líder é o reflexo para os seus liderados. Ele é espelho. Temos que ter
uma postura e fidelidade ao que Cristo nos fornece, pois, se desviarmos dos
princípios bíblicos, nossos discípulos seguirão esse desvio, o que será uma
tragédia. Conheço muitas pessoas que caíram por causa de um modelo errado,
que ao cair, levou consigo grande parte dos discípulos. A coisa é tão séria, que
alguns ficam marcados por toda uma vida e tendo dificuldade de retornar a
confiar em um líder.

Não tem como ter discípulos sem envolvimento. Acho que já falei sobre
isso. Não tem como fazer discípulos a distância, sem acompanhar, sem
conhecer, sem relacionamento e principalmente amor. Concordo com o autor,
que há momentos que a vontade é de abandonar tudo e todos e sair correndo,
porque tem situação e pessoas que são difíceis e isso traz um certo desconforto.
Mas, precisamos aprender a lidar com as situações e o Senhor nos dará
direcionamento para conduzir cada coisa. Achei interessante quando o autor diz
que certa vez, ajudando um discípulo em dificuldade financeira, num certo
momento chorou junto com ele por não ter uma direção, uma palavra. Isso é
envolvimento e essa era a direção.

Ao ler sobre a transferência de unção, fui despertado várias vezes por


várias coisas. Primeiro, por saber que a unção de um homem pode ser
transferido a outro. Quando lemos a Bíblia, achamos que isso é algo incomum,
para poucos, mas pude perceber que o verdadeiro homem de Deus recebe uma
unção e que é transmitida aos seus discípulos. Isso é fantástico. Outra coisa
importante é que as pessoas sempre esperam que aconteça algo extraordinário
e visível, mas nem sempre isso acontece. Muitas vezes podemos receber uma
unção e só ser manifestada num momento futuro e oportuno. Outra coisa que
me chamou atenção, é que Jesus sempre se afastava da multidão para te um
tempo com o Pai. Não temos como ter unção do Pai se não tivermos um tempo
com Ele.

Isso já está dentro da nova mentalidade que será criada durante a


caminhada. Cristo preparou seus discípulos para uma caminhada e eles foram
forjados a terem uma nova mentalidade, fugindo dos traços corrompidos e
recebendo uma nova visão. A transformação da mente faz parte desse processo.
Me chama atenção o fato de que temos que ser firmes como discipulador e fiel
ao projeto de Cristo, não mudando em nada para agradar ninguém. Vemos hoje,
muitas igrejas mudando e até aceitando certas coisas para não perder membros
ou para se manter em alta. O livro relata que Cristo ao fazer discursos duros,
sofreu algumas pernas e nem por isso foi correndo atrás desses discípulos que
não queriam se encaixar ao reino. Não temos que encaixar o reino aos discípulos
e sim os discípulos que tem que se encaixar ao reino.

Tenho convicção que todo esse processo que vimos até aqui, se bem feito
e seguindo as orientações e propósitos que Jesus nos deixou, o crescimento e
multiplicação virá naturalmente. A palavra já diz em João 15:2: “todo ramo que,
estando em mim, não dá fruto, Ele retira; e todo aquele que dá fruto, ele limpa,
para que de mais fruto ainda”. Entendo que o discipulador estando em Cristo e
seguindo suas orientações, dará fruto e passará sempre por limpeza para que
possa dar mais fruto. Essa limpeza, é necessária no nosso dia-a-dia, retirada
das folhas secas, dos galhos quebrados, poda, às vezes até troca de lugar para
que possa ter sobrevida e não morrer onde está. Esse trecho não me levou
somente a parte de multiplicação, mas no cuidado constante que um discipulador
passa para continuar a multiplicação.

A multiplicação é a recompensa de que o discipulador está fazendo a


coisa certa. Mais que multiplicar, dar bons frutos, pois do que adianta você ter
um pé de laranja no seu quintal que só produz laranjas azedas. Ninguém vai
querer o fruto desta árvore. Porém, se no seu quintal tiver um pé de laranja que
produz laranjas doces, todos vão querer o fruto desta árvore, vão querer mudas
para que possa produzir e multiplicar em outro lugar. Assim deve ser os nossos
frutos.

Para tudo isso é importante a cobertura espiritual. O líder tem que cuidar
dos seus liderados e protegê-los na parte espiritual. Ao ler o livro e me deparar
com os dois tipos de líderes, pude entender muita coisa. Entender que para Deus
existe o pastor e o mercenário me faz refletir do porque de tantas vidas
machucadas e desviadas no caminho e sempre com relatos de um “líder” que as
machucou. Precisamos refletir mais sobre isso. Os mercenários não tem
compromisso com seus liderados. A importância de cobrir os discípulos com
oração e até mesmo antecipar algumas coisas que possam acontecer, é uma
prova de amor e cuidado para com eles. Essa aproximação e a conquista da
confiança dos discípulos no seu líder, ajuda muito no crescimento e libertação,
pois a confissão gera alívio, libertação, perdão e cura. O verdadeiro líder não se
põe numa redoma de vidro ou faz a linha intocável, impecável. É necessário que
os discípulos entendam que somos iguais, que somos humanos, que erramos
também, mas que temos a Cristo, experiências, caminhada e confiança no nosso
Deus. Isso gera confiança, credibilidade e uma união inabalável.
Acredito que a maior alegria de um líder é ver seus discípulos gerando.
Já vi muitos líderes querendo apagar a luz de seus discípulos, por não querer
que eles brilhassem mais que o líder. Vejo isso como uma doença, um problema
de vaidade. Cada um de nós daremos os frutos conforme dedicação,
entendimento, entrega, postura, e muitas outras coisas. E isso também, depende
de onde cada um gera seu fruto, e falo de lugar físico mesmo, pois, em cada
lugar iremos gerar frutos em qualidades e quantidades diferentes.

Chego ao final deste livro com a certeza de que não é fácil o trabalho de
liderar um grupo, onde lhe damos com pessoas diferentes, características
diferentes e necessidades diferentes. O líder é sempre observado pela equipe e
sempre esperam mais do líder. Mas também tenho a convicção de que quando
o fruto é gerado, a sensação de missão cumprida e de que estamos no caminho
certo, recompensa toda a caminhada e que com o tempo, com o crescimento
desta equipe, ganhamos aliados, que nos ajudam e nos fortalecem para
prosseguir e continuar a missão de fazer novos discípulos e povoar o Reino de
Deus.

By Adriano Toledo

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