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§ 1o Na mesma pena incorre quem promover, por qualquer meio, com o fim de obter
vantagem econômica, a saída de estrangeiro do territ ório nacional para ingressar ilegalmente
em país estrangeiro.
§ 2o A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um ter ço) se:
§ 3o A pena prevista para o crime será aplicada sem prejuízo das correspondentes às
infrações conexas.
Considerações iniciais
Tanto é assim que os mais diversos países punem criminalmente o ato de promover
migração ilegal. A Lei de Estrangeiros de Portugal , por exemplo, pune “Quem favorecer ou
facilitar, por qualquer forma, a entrada ou o trânsito ilegais de cidad ão estrangeiro
em territ ório nacional” com pris ão de até três anos (art. 183º). A lei italiana também contempla
figura criminosa que pune com reclusão de um a cinco anos aquele que pratica conduta
dirigida a promover a entrada de estrangeiro no territ ório italiano violando as disposições
do Texto Único sobre Imigração (art. 12).
Objetividade jurídica
São também objetos jurídicos deste crime, ainda que mediatos, a segurança nacional e
a manutenção da ordem interna, pois a entrada ilegal de estrangeiros em território brasileiro
impede que os órgãos de imigração tomem conhecimento de quem está penetrando no país e
a que título (o art. 12 da Lei nº 13.445/17 estabelece cinco espécies de vistos, que por sua vez
são divididos em subespécies, cada uma concedida de acordo com a finalidade para o
ingresso e a permanência do estrangeiro no Brasil).
Por fim, como a figura criminosa pune também a promoção de entrada ilegal de
brasileiro em território estrangeiro e a saída ilegal de estrangeiro para outro país, é possível
dizer que se tutela a manutenção da regular relação entre o Brasil e outros países.
Sujeitos
O crime é comum, razão por que pode ser cometido por qualquer pessoa. Note-se, no
entanto, que o migrante ilegal não comete o crime, pois o tipo pune promover a migração de
terceiro, com intuito de obter vantagem econômica. Isso decorre dos princípios e diretrizes da
política migratória brasileira, dentre os quais está a não criminalização da migração (art. 3º,
inciso III, da Lei nº 13.445/17).
O sujeito passivo é o Estado, que deixa de exercer o direito de controle sobre o trânsito
de estrangeiros no país.
Conduta
Consiste a conduta típica em promover, por qualquer meio, com o fim de obter
vantagem econ ômica, a entrada ilegal de estrangeiro em território nacional ou de brasileiro
em país estrangeiro.
E são naturalizados:
O tipo pune a entrada ilegal de estrangeiro em territ ório nacional. O que se entende, no
entanto, para os efeitos desta infração penal, como território nacional ?
O conceito de território nacional para fins penais é extraído do art. 5º do Código Penal.
Nessa esteira, entende-se como território nacional a soma do espa ço físico (ou geográfico)
com o espaço jurídico (espaço físico por ficção, por equipara ção, por extensão ou território
flutuante).
Aqui ousamos uma crítica: a nosso ver, teria feito melhor o legislador se, no lugar de
punir a promoção da entrada ilegal de brasileiro em país estrangeiro (caput), punisse
a saídailegal de brasileiro do territ ório nacional para ingressar em país estrangeiro. Isso no
mínimo tornaria a apuração mais simplificada, pois se o tipo condiciona a caracterização do
crime à entrada em outro país, há de se demonstrar o efetivo ingresso, providência que pode
depender da colaboração de autoridades internacionais. Uma vez que fosse punida a saída,
isso seria dispensável.
O § 1º contém uma forma equiparada ao caput, consistente em promover, por qualquer
meio, com o fim de obter vantagem econ ômica, a saída de estrangeiro do território nacional
para ingressar ilegalmente em país estrangeiro.
Voluntariedade
Consumação e tentativa
O § 3º estabelece que a pena prevista para o crime será aplicada sem prejuízo das
correspondentes às infrações conexas. Isso significa que eventuais infrações penais
cometidas no mesmo contexto da promoção de migração ilegal serão punidas em concurso,
sem que seja poss ível aplicar o princípio da consunção. Dessa forma, se, por exemplo, a
entrada ilegal no território nacional – ou a saída dele – se der por meio da falsificação de
documentos, o agente responde pelo art. 232-A em concurso material com o crime contra a fé
pública.
Ação penal