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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(ÍZA) DA VARA DO

TRABALHO DA COMARCA DE ITAPETININGA – SP

Processo n.º 0010185-68.2019.5.15.0041


Ref.: contestação

SEARA ALIMENTOS LTDA., já qualificada nos autos da reclamação em


epígrafe, neste ato representado em conformidade com seu contrato social e procurações,
por seus advogados e procuradores infra-assinados, nos autos da reclamação trabalhista
movida por ANTONIO DE JESUS FOGACA, vem, respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, apresentar sua CONTESTAÇÃO, pelas razões de fato e de direito a seguir
articuladas.

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Nos termos da Súmula nº 427 do Colendo Tribunal Superior do Trabalho,
desde logo requer a Reclamada que toda e qualquer intimação e/ou notificação efetuadas
nos presentes autos sejam efetivadas exclusivamente em nome da advogada ANA PAULA
FERNANDES LOPES, inscrita na OAB/SP nº 203.606, com escritório na Rua Padre João
Manoel, nº 923, 03º andar, Jardins, São Paulo – SP, CEP 01411 001, sob pena de nulidade.

I. BREVE SÍNTESE DA EXORDIAL

Em apertada síntese, o Reclamante pleiteia: a) responsabilidade subsidiaria da


segunda Reclamada; b) nulidade do pedido de demissão e conversão em dispensa
imotivada; c) pagamento de verbas rescisórias; d) horas extras por labor em período de
sobrejornada; e) horas extras pela supressão do intervalo intrajornada; f) multas dos arts. 467
e 477, § 8 da CLT; g) indenização por danos morais; h) honorários advocatícios; i) justiça
gratuita, entre outros.

Atribui à causa o valor de R$ 212.101,39 (duzentos e doze mil cento e um reais


e trinta e nove centavos).

Nesse enlace, a ora contestante utilizar-se-á das considerações abaixo para


demonstrar, que o Reclamante altera a verdade dos fatos para pleitear verbas sobre as quais
não faz jus. Atente-se:

II. CONSIDERAÇÕES INICIAIS


2.1. DA EVENTUAL REVELIA DA 1ª RECLAMADA

Inicialmente e por extrema cautela a ora Reclamada requer a aplicação dos


artigos 345, inciso I, do Código de Processo Civil, na eventual revelia da primeira
demandada, impondo o Obreiro o ônus da prova dos fatos constitutivos de seu direito,
conforme disposto nos artigos 373, inciso I, do CPC e do artigo 818, da Consolidação das
Leis do Trabalho, sob pena de violação aos incisos II, LIV e LV, do artigo 5º, da CF.

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2.2. DA LIMITAÇÃO TEMPORAL NO TOCANTE À RESPONSABILIDADE
SUBSIDIÁRIA

Pelo principio da eventualidade, e, sendo esta Reclamada condenada de forma


subsidiária no pagamento das parcelas deduzidas na peça vestibular, requer, desde já, seja
responsável apenas pelo período que efetivamente e comprovadamente tenha prestado
serviços em favor desta Reclamada, excluindo-se os demais períodos ante a inexistência de
qualquer relação jurídica.

2.3. IMPUGNAÇÃO AOS DADOS DA INICIAL

Impugna, desde já, todos os dados e valores lançados pelo Reclamante na inicial,
que estiverem em desacordo com os documentos acostados na presente contestação.

Assim, face ao que dispõem os artigos 818, da CLT, e 373, I, do CPC, cabe ao
autor o ônus de comprovar suas alegações, sem o que, deve ser julgada improcedente a
presente reclamação.

De qualquer modo, ad cautelam, cabe ressaltar que em eventuais reflexos


apurados em razão de valores salariais diversos, somente incidem as diferenças, vez que o
salário sempre foi pago corretamente, impondo-se, em caso de condenação, o que não se
espera, que qualquer valor seja apurado em regular liquidação de sentença.

Vale lembrar, outrossim, que todos os valores apresentados pelo Reclamante


representarão sempre o limite máximo e qualquer cálculo, diante dos artigos 2º, 141, 322 e
492, do CPC.

Forçoso ressaltar também, que compete ao Reclamante, nos termos do artigo


787, da CLT, instruir a petição inicial com os documentos indispensáveis para fundamentar
a propositura da ação.
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Assim, se trouxe aos autos documentos impertinentes e descabidos – ou, ainda,
se não os trouxe aos autos - que nada provam a seu favor, os pedidos neles fundados não lhe
podem ser deferidos.

2.4. DA CONSTITUCIONALIDADE DA LEI 13.467/2017

A Lei 13.467/2017 introduziu e alterou na Consolidação das Leis do Trabalho,


diversas disposições, tanto de direito material, quanto processual, sendo esta totalmente
constitucional

Importante destacar que o processo em voga foi ajuizado muito tempo depois
da entrada em vigor da lei 13.467/2017, no dia 11 de novembro de 2017.

Sendo assim, no momento do ajuizamento da ação trabalhista é que o


Reclamante deve avaliar o risco de suas pretensões.

Neste sentido, apesar de o Reclamante requerer que os pleitos sejam julgados


sob a égide das leis anteriores, devido às datas, devem incidir na presente demanda as
alterações legislativas em vigor.

É o que se requer seja reconhecido, extinguindo-se, sem julgamento de mérito, o


pleito relacionado à decretação de inconstitucionalidade da Lei 13467/2017, por não ser de
competência desse D. Juízo, o processamento e julgamento dessa pretensão.

2.5. DA LIMITAÇÃO AOS VALORES, FRAÇÕES, PERCENTUAIS E À


DISTRIBUIÇÃO DA AÇÃO

Desde já, a Reclamada requer, na eventual hipótese de condenação a qualquer


verba requerida, a sua limitação à data do ajuizamento da ação.

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Ainda mais, eventualíssima condenação deve ser adstrita ao valor da causa.

Isso porque a Lei 13.467/17, promovendo a alteração da CLT, no seu artigo


840, § 1º determina a quantificação dos pedidos constantes da petição inicial.

“Art. 840............................................................................................
§ 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que
resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e
com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou
de seu representante.
§ 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que
couber, o disposto no § 1o deste artigo.
§ 3º - Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste
artigo serão julgados extintos sem resolução do mérito.” (NR).

Inclusive, a não quantificação dos pedidos priva a Reclamada de exercer


plenamente seu amplo direito de defesa e possibilita o enriquecimento sem causa do
Reclamante, prática nefasta e que deve ser combatida pelo Judiciário

O parágrafo 3º assegura a extinção dos pedidos que não respeitem o previsto no


parágrafo 1º, portanto, os pedidos não quantificados na presente ação devem ser extintos
sem julgamento de mérito, sob pena de violação de Lei Federal.

Não se pode argumentar que o citado dispositivo legal não se aplica vez que a
ação foi proposta anteriormente a vigência da Lei 13.467/17, pois a Lei Processual no seu
artigo 14 determina a aplicação imediata das normas processuais para as ações em
andamento.

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Art. 14. “A norma processual não retroagirá e será aplicável
imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos
processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a
vigência da norma revogada”.

A aplicação também está consolidada no artigo 6º da Lei de Introdução às


Normas do Direito Brasileiro.

Art. 6º “A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o


ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada”.

E ainda sua aplicação está assegurada pelo artigo 769 da CLT.

Art. 769 – “Nos casos omissos, o direito processual comum será


fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo
em que for incompatível com as normas deste Título”.

Portanto, qualquer valor porventura deferido ao Reclamante deverá ser apurado


em regular fase de liquidação e execução de sentença, sendo certo que OS VALORES,
FRAÇÕES E PERCENTUAIS APONTADOS NA INICIAL SERÃO O LIMITE
MÁXIMO DE TODA E QUALQUER APURAÇÃO, como decorrência do disposto nos
artigos 2º, 128, 293 e 460, do CPC, ressalvada tão somente a incidência de juros de mora e
correção monetária.

III. PRELIMINARMENTE
3.1. ILEGITIMIDADE DE PARTE – CARÊNCIA DE AÇÃO JBS S/A

Preliminarmente, deverá a Reclamada JBS A/A ser excluída do pólo passivo da


presente demanda, vez que JBS S.A é parte ilegítima para atuar no feito, cuja inserção, com
a devida vênia, somente pode ser justificada por inescusável equívoco perpetrado pelo
Reclamante.
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Com feito, a 2ª Reclamada jamais contratou o Reclamante.

Impende salientar que a Reclamada JBS S/A é empresa totalmente diversa da


Reclamada SEARA ALIMENTOS LTDA., real empregadora do Reclamante, possuindo
capital próprio, CNPJ distinto, razão pela qual não pode responder pelas verbas
eventualmente deferidas na presente demanda.

Isto porque eventuais créditos trabalhistas decorrentes do contrato de prestação


de serviços celebrado entre a 1ª e a 2ª Reclamada foi realizado pela SEARA ALIMENTOS
LTDA.

Desta monta não há que se falar em responsabilização da JBS S/A por ausentes
os requisitos previstos do artigo 3.º da CLT.

Ex positis, considerando-se que a Reclamada jamais contratou ou manteve


relação empregatícia com o Autor, o que evidencia a total falta de legitimidade da
Reclamada para responder pela reclamação trabalhista, não devendo ser parte integrante do
pólo passivo, pugna pelo reconhecimento da falta de condição da presente ação, ante a
ilegitimidade passiva "ad causam" e, cosequentmente, julgado o feito EXTINTO SEM
RESOLUÇÃO DE MÉRITO nos termos do art. 485, VI do Código de Processo Civil.

3.2. RETIFICAÇÃO DO PÓLO PASSIVO

Entretanto, caso não entenda Vossa Excelência pela preliminar aduzida no


epíteto acima, pugna a ora contestante pela retificação do pólo passivo desta demanda,
excluindo-se do pólo da ação o nome da empresa JBS S.A. e adequando o cerne com a
qualificação correta da real tomadora de serviços do Reclamante: SEARA ALIMENTOS
LTDA.

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3.3. INÉPCIA DA INICIAL – AUSÊNCIA DE DELIMITAÇÃO DOS PERÍODOS DE
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

Inicialmente, aduz o Reclamante ter sido contratado pela 1ª Reclamada para


prestar serviços como motorista terceirizado para a 2ª Reclamada em diversas unidades.
Alega ter laborado nas seguintes comarcas: Itapetininga, Porangaba, Buri, Piracicaba, Capela
do Alto, Bofete, Sarapuí, Angatuba, Campina do Monte Alegre, Boituva, Guareí, Pereiras,
Cesário Lange, Quadra, Monte Mor, Tiete, Indaiatuba, Torre de Pedra, Tatuí, Cosmópolis,
Pilar do Sul, Botucatu, Conchas, Itapeva, Itupeva, São Miguel Arcanjo, Amparo, Tuiuti,
Artur Nogueira, Mombuca, Santa Rosa de Viterbo, Paulínia, Cosmópolis, Itaí, Monte
Alegre do Sul, Cerquilho, Sertanópolis, Laranjal Paulista, Elias Fausto, Urupês, Rafar,
Socorro, Santo Antônio da Platina, Itatiba e Alambarí.

No entanto, em que pesem as alegações obreiras, cumpre observar que, em que


pese a 1ª Reclamada tenha celebrado contrato de prestação de serviços com a ora
Contestante, não há qualquer prova nos autos, bem como a peticionária não tem como
concluir, se o Autor de fato laborou como motorista nas suas unidades.

Isso porque, ainda que o Autor tenha realizado préstimos de forma terceirizada,
este jamais atuou em caráter de exclusividade para a 2ª Reclamada, a qual o desconhece.

Isso porque o Autor possuía vínculo tão somente com a 1ª Reclamada,


TRANSPORTADORA E CORRETORA DE NEGOCIOS EM AVICULTURA EIRELI,
cuja verdadeira denominação social é FERNANDO ESTEVES PAES ME, devidamente
inscrita no CNPJ sob o número 05.873.124/0001-03.

Ocorre que tal empresa celebrou contrato com prestação de serviços com a 2ª
Reclamada, SEARA ALIMENTOS LTDA., em 29 de março de 2017, conforme contrato
que segue acostado à presente.

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No entanto, a 2ª Reclamada não foi a única a celebrar contrato com a
1ªReclamada, tendo esta prestado serviços para diversas outras tomadoras. Assim, jamais
houve qualquer relação entre o Autor e a 2ª Reclamada.

Inclusive, deixou este de delimitar os períodos nos quais prestou serviços para a
2ªReclamada, bem como deixou de incluir as demais tomadoras de serviço no polo passivo
da demanda.

Ainda, não delimitou os períodos nos quais prestou serviços em cada cidade
mencionada na Exordial, de modo que se torna impossível à 2ª Reclamada identificar
QUEM SEJA O AUTOR.

Deste modo, referido pleito não traz a informações necessárias para que a
Reclamada apresente a sua contestação específica, o que configura evidente inépcia da
inicial, conforme entendimento:

TRT-6 - Recurso Ordinário RO 00001927220165060003 (TRT-6)


Jurisprudência•Data de publicação: 26/03/2018 EMENTA
AUSÊNCIA DE DELIMITAÇÃO NA INICIAL DOS
PERÍODOS LABORADOS EM FAVOR DAS MÚLTIPLAS
TOMADORAS DE SERVIÇO. INÉPCIA CONFIGURADA.
Ausência de observação pelo Reclamante dos preceitos contidos nos
artigos 840 , § 1º , da CLT ; 282 , III e IV, do CPC /73 (atual art.
319 , III e IV , do NCPC ); e 286 do CPC /73 (atual art. 322 do
NCPC ). Inexistente dados necessários à identificação dos fatos,
com a especificação necessária da época da prestação de serviços às
múltiplas tomadoras de serviço. Omissão que não permite a
completa defesa das Rés, nem a apreciação respectiva do Juízo
quanto aos direitos postulados na Reclamação. Recurso Ordinário
ao qual se nega provimento, mantendo a decretação de inépcia.
(Processo: RO - 0000192-72.2016.5.06.0003, Redator: Eneida Melo
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Correia de Araujo, Data de julgamento: 26/03/2018, Segunda
Turma, Data da assinatura: 26/03/2018)

Ou seja, o Reclamante não procedeu à delimitação dos fatos que pudessem


alicerçar os seus pleitos. Reza o art. 330 do NCPC que:

A petição inicial será indeferida quando:


I - for inepta;
§ 1o Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em
que se permite o pedido genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;

Já o art. 485 dispõe que:

O juiz não resolverá o mérito quando:


I - indeferir a petição inicial;

Assim, mostra-se inepto o referido pleito, encontrando subsunção no transcrito


§1º do art. 330.

Deste modo, requer seja acolhida a preliminar argüida, devendo a petição inicial
ser indeferida em relação ao pedido de responsabilidade subsidiária da 2ª Reclamada,
extinguindo-se o feito sem resolução de mérito, com base no art. 485 do NCP.

3.4. DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DA 2ª RECLAMADA – SEARA ALIMENTOS


LTDA.

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Ainda em sede preliminar, deverá a Reclamada SEARA ALIMENTOS LTDA.
ser excluída do pólo passivo da presente demanda vez que é parte ilegítima para atuar no
feito.

Com feito, a ora Reclamada jamais contratou o Reclamante e sequer o conhece,


pois somente firmou contrato de prestação DE SERVIÇOS com a 01ª Reclamada
TRANSPORTADORA E CORRETORA DE NEGOCIOS EM AVICULTURA EIRELI.

Neste compasso, a ora Contestante nunca contratou o reclamante nos moldes


celetistas, bem como sequer sabe se realmente lhe prestou serviços, uma vez que a primeira
Reclamada é empresa prestadora de serviços na área de transporte de frangos.

Portanto, a ora Contestante jamais o assalariou, inclusive não manteve qualquer


relação de subordinação jurídica ou hierárquica, eis que, conforme acima, a Ré firmou
contrato de prestação de serviços com a 01ª Reclamada, encontrando-se ausentes quaisquer
dos requisitos legitimadores da permanência desta Reclamada no pólo passivo da presente
ação.

Por oportuno, reitere-se que a Reclamada não exercia qualquer ingerência sobre
a execução do serviço por ela contratada, tanto é assim, que a mesma não possuía qualquer
conhecimento técnico referente à consecução de serviços de contratados.

Nesse mesmo passo, a ora Contestante somente contratou o serviços


terceirizados, sendo certo que tais eram gerenciados pela 1ª Reclamada.

Portanto, eventuais créditos trabalhistas decorrentes do contrato de trabalho


existente entre o reclamante e a 1ª Reclamada, devem ser suportados exclusivamente por
aquela.

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A ora Reclamada jamais dirigiu a prestação dos serviços, jamais ministrou
qualquer espécie de ordem na acepção estrita da palavra, tampouco remunerou o
reclamante.

Não há que se falar em relação de emprego entre o reclamante e esta


Reclamada, vez que ausentes os requisitos previstos do artigo 3.º da CLT.

“Ex positis”, considerando-se que esta demandada jamais contratou ou manteve


relação empregatícia com o Reclamante, não deve integrar o pólo passivo da presente,
requerendo-se, desde já, sua EXCLUSÃO DO PÓLO PASSIVO da demanda, por
ilegitimidade passiva “ad causam”, devendo o feito ser EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DE
MÉRITO nos termos do art. 485, VI do Código de Processo Civil.

Dessa forma, resta a Reclamada impossibilitada de tecer maiores


esclarecimentos sobre o caso em tela, estando ela cerceada de exercer os “sagrados
princípios constitucionais” de acordo com o que determina o art. 5º, inciso LV da
Constituição Federal, quais sejam, o da ampla defesa e do contraditório, posto que não se
encontra em seu poder qualquer documento relativo o reclamante.

IV. MÉRITO
4.1. DA INEXISTÊNCIA DE RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA

Pretende o Reclamante a decretação da responsabilidade subsidiária da ora


contestante, entretanto, sorte não lhe assiste.

Primeiramente, cumpre dizer que a ausência de prova quanto à prestação de


serviço pelo Reclamante à Reclamada alegadas na inicial, obsta o acolhimento das
pretensões deduzidas em face da contestante.

Deste modo, para que a contestante pudesse ser considerada responsável pelos
eventuais haveres devidos pela primeira ré, o Reclamante teria que comprovar a prestação
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de serviços dos quais se beneficiou a 2ª Reclamada, sob pena de condená-lo levianamente a
responder sobre os débitos deferidos na presente demanda. Desse modo, inevitavelmente
cabe ao Reclamante a comprovação de que prestou serviços para a contestante, nos termos
do artigo 818, da CLT.

E mesmo que assim não fosse importante seria asseverar que inexiste amparo
legal à responsabilidade subsidiária na medida em que não há no ordenamento jurídico
pátrio qualquer norma que obrigue a reclamada a responder subsidiariamente pelos
eventuais haveres trabalhistas do Reclamante, sendo imperioso recorrer, neste contexto, ao
disposto no artigo 5º, inciso II, da Constituição Federal.

Segundo o princípio da legalidade, insculpido no dispositivo constitucional retro


citado, é vedado compelir-se qualquer pessoa ao cumprimento de determinação desprovida
de embasamento legal.

Percebe-se, assim, que na remota hipótese do Reclamante ter prestado serviços


em benefício da contestante, em momento algum a relação jurídica havida entre as partes
teve como objeto o fornecimento de serviços ou mão de obra relacionada à sua atividade-
fim.

Ademais, o Reclamante sequer comprova, e muito menos alega a


impossibilidade da Primeira Reclamada arcar com eventual condenação que vier a ser
imposta nestes autos, não se justificando, assim, também por este motivo, a declaração de
responsabilidade subsidiária das reclamadas.

Assim, não há que se falar em responsabilidade subsidiária da 2ª Reclamada, eis


que esta não possui qualquer culpa por eventual inadimplemento da Primeira Reclamada,
até mesmo porque, de sua parte, sempre respeitou todas as cláusulas contratadas, não
estando especificado no contrato a pessoalidade do reclamante na prestação dos serviços,
bem, como as que dizem respeito aos pagamentos devidos pela execução dos serviços. É o
que basta para o indeferimento do pedido.
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Nesse contexto, reitera sua impugnação acerca do período declinado na
exordial, em que o Reclamante alega lhe ter prestado serviços, na medida em que não
possui em seus registros qualquer informação neste sentido, cabendo ao mesmo a prova de
sua assertiva, nos termos dos artigos 818, da Consolidação das Leis do Trabalho, e 373,
inciso I, do Novo Código de processo Civil. O pedido é improcedente.

Por fim, caso prevaleça o entendimento de que subsiste qualquer


responsabilidade da 2ª Reclamada , o que se admite apenas por amor ao debate, a mesma
deve se limitar aos supostos direitos adquiridos pelo Reclamante no período em que
comprovar a prestação de serviços dos quais se beneficiou a empresa, respeitando, ainda, o
período de existência do contrato firmado entre as reclamadas.

4.1.2. DA DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA.

Havendo condenação da Primeira Reclamada, e extinguindo-se todas as


possibilidades de execução contra o devedor principal, diante da insuficiência de bens para
quitar a dívida, requer, desde logo, que seja decretada a desconsiderada da personalidade
jurídica da Primeira Reclamada para que sejam atingidos os bens de seus sócios e/ou
gestores, e após, tão somente, frustrados esses meios, deve executar-se os bens da
responsável subsidiária, conforme disposto no art. 50 do CC, c/c art. 790, II do CPC.

4.1.3. DA LIMITAÇÃO REFERENTE A LOCAL/PERÍODO INFORMADOS À


INICIAL

Reitera, fundamentação que apresenta somente por argumento, na remota


hipótese deste D. Juízo não entender pela inexistência de responsabilidade subsidiária, que
por questão de ordem, deve o reclamante informar com exatidão local e período em que
alega que referida reclamada subsidiária tenha se beneficiado da força laboral do reclamante,
a fim de possibilitar a ampla defesa da empresa terceira a qual o reclamante pretende
atribuir responsabilidade subsidiária.
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RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. LIMITAÇÃO AO
PERÍODO DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
ENTRE AS DEMANDADAS. A responsabilidade subsidiária do
tomador de serviço está limitada ao período em que o trabalhador
colocou a sua força trabalho em função do tomador de serviços.
(TRT-5 - RecOrd: 00008927020115050029 BA 0000892-
70.2011.5.05.0029, Relator: LUÍZA LOMBA, 2ª. TURMA, Data
de Publicação: DJ 15/09/2014.)

No caso, o reclamante ao fundamentar a responsabilidade subsidiária das


reclamadas, não procedeu à delimitação de local e período, prejudicando ao exame da
exordial e ao princípio da ampla defesa.

Desta forma, eventual condenação de responsabilidade subsidiária a ora


contestante deve ser limitada ao período efetivo de prestação de serviços ou quanto ao
período de duração do contrato de prestação de serviços havido entre as partes.

4.1.4. DA INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO ENTRE AS PARTES DA INEXISTÊNCIA


DE CONTRATO DE TRABALHO

A Reclamada nunca praticou atos ilícitos, ou mesmo teve a intenção de burlar a


legislação trabalhista em vigor, isto porque, frise-se, não existiu, em momento algum, relação
de subordinação entre o reclamante e a ora Demandada, e também não houve pagamentos
por esta de qualquer tipo de verba de natureza salarial o reclamante.

Como é sabido, o contrato de trabalho atende ao princípio do CONTRATO


REALIDADE, tendo as linhas definidas no artigo 3º, consolidado, com suas características
de "não eventualidade", "dependência econômica" e "subordinação".

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Ora Excelência, neste compasso, o reclamante é empregado da 1ª Reclamada,
não podendo a ora Contestante ser responsabilizada de forma subsidiária ou solidária, sendo
que o único contrato de prestação de serviço firmado pela Reclamada Seara Alimentos foi
com a primeira Reclamada, assim, não há em que se falar em subordinação, dependência
econômica, pessoalidade e não eventualidade por parte da Reclamada Contestante.
Destarte, esta contestante não deve ser responsabilizada com os encargos trabalhistas
pleiteados pelo autor.

Destarte, por força do "pactum sunt servanda", esta Contestante não deve ser
responsabilizada com os encargos trabalhistas pleiteados pelo reclamante.

Portanto, resta comprovado que o reclamante jamais fora contratado pela ora
Reclamada, uma vez que as cláusulas supra citadas corroboram com a linha de defesa
apresentada, sendo certo, que conforme fora confessado pelo autor em sua exordial o
mesmo fora admitida pela primeira Reclamada, ficando a mesma responsável pelas pessoas
contratadas, inclusive os seus derivados encargos, dentre eles o trabalhista.

Desta feita, ausente qualquer espécie de relação de emprego pelo reclamante em


favor desta Reclamada, restando assim impugnados e contestados todos os pedidos
elencados na presente ação, bem como completamente desfigurada, toda e qualquer
natureza de vínculo de trabalho entre a Reclamada Contestante e o reclamante.

4.2. DA REGULARIDADE DO PEDIDO DE DEMISSÃO JUNTO À 1ª


RECLAMADA

Em que pese não tenha a ora contestante sido a real empregadora do Autor,
somente pela leitura dos fatos narrados na Exordial é possível concluir pela validade do seu
pedido de demissão junto à 1ª Ré.

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Ainda assim, requer o pagamento de diferenças salariais, bem como todas as
verbas decorrentes de uma dispensa imotivada, e liberação das guias SD-CD para inscrição
no programa do seguro-desemprego e soerguimento dos depósitos fundiários.

No entanto, a Reclamada passará a mostrar, consoante as razões abaixo, que os


pleitos não merecem prosperar. Se não, vejamos:

Segundo documento acostado pelo próprio Autor, o Reclamante pediu


demissão da 1ª Reclamada em 01/10/2018 por livre e espontânea vontade, solicitando
livremente o pedido de demissão, conforme documento colacionado:

Cumpre ressaltar que o Reclamante reconhece o pedido de demissão procedido


perante a 1ªReclamada, não tendo de se falar em coação ou vício de vontade. Em momento
algum o Reclamante alegou ter sido coagido, ou ter tido a sua vontade viciada, de modo que
assume a formalização do seu pedido de demissão.

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O Autor não pode proceder à demissão de forma voluntária e posteriormente
requerer a conversão em dispensa imotivada, trata-se, inclusive, de pedido juridicamente
impossível, conforme entendimento:

TRT-18 - 1744200701218008 GO 01744-2007-012-18-00-8 (TRT-


18) Data de publicação: 12/08/2008 Ementa: RESCISÃO
INDIRETA. NÃO RECONHECIMENTO. Não procede pedido
de reconhecimento de rescisão indireta quando o empregado
somente ajuíza a ação trabalhista visando o reconhecimento da justa
causa do empregador após o contrato já estar extinto, por anterior
pedido de demissão.

Não bastasse isso – o extinto contrato de trabalho e posterior ajuizamento de


nulidade do pedido de demissão por descumprimento contratual – frisa-se que o
Reclamante não noticiou, em qualquer passagem da peça Exordial, a existência de vício de
consentimento, o que basta para que o seu pedido seja julgado improcedente, consoante
julgado a seguir:

TRT-5 - RECURSO ORDINARIO RO 1544008620035050006


BA 0154400-86.2003.5.05.0006 (TRT-5) Data de publicação:
16/12/2006 Ementa: EMPREGADO COM MAIS DE UM ANO
NO EMPREGO. PEDIDO DE DEMISSÃO. INEXISTÊNCIA
DE VÍCIO DE CONSENTIMENTO. VALIDADE. Para que
possa incidir à espécie, em casos que tais, a inteligência do § 2º do
artigo 477 /CLT , necessário que o reclamante prove que o pedido
de demissão foi viciado, e desde o início da ação tenha denunciado
isto, pois, caso contrário, se não demonstra que foi compelido a
fazê-lo, afasta-se, sponte propria, do que o legislador quis lhe
proteger: do vício de consentimento (CCB, 171, II), trazendo à
espécie outra hipótese legal, a do caput do 477 /CLT .

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Além do mais, eventual descumprimento de normas trabalhistas, o que se
admite apenas hipoteticamente, deve ser combatido com os meios legais, como o pedido de
rescisão indireta do contrato de trabalho.

No entanto, o Reclamante, por motivos de foro íntimo, procedeu ao pedido de


demissão, o qual foi devidamente formalizado perante a 1ª Reclamada.

Tendo o Autor dado azo à ruptura contratual por iniciativa própria, certamente
recebeu corretamente o pagamento de seus haveres rescisórios, ante a idoneidade da 1ª
Reclamada.

Deste modo, impugnam-se as alegações da inicial.

Sem que se comprove algum ato ilícito da 1ªReclamada, a presente ação deverá
ser julgada inteiramente improcedente, por falta de um dos requisitos configuradores da
responsabilidade civil, pois não pode este I. Magistrado acolher a pretensão do Reclamante,
fomentando assim a ociosidade e desídia laboral, eis que a RESCISÃO DO CONTRATO
LABORAL OCORREU DE MANEIRA UNILATERAL E DE ACORDO COM ATO
DE VONTADE ESPONTÂNEA DO RECLAMANTE.

Não se perca de vista que compete ao Reclamante comprovar suas alegações,


diante do que estabelecem os artigos 818, da CLT e 373, I, do NCPC. É imprescindível que
o dano (coação) tenha sido causado direta e imediatamente pelo ato ao qual se atribui sua
causa (teoria do dano direto e imediato ao caso concreto).

Dessa forma, restam rechaçadas as pretensões do Obreiro, visto que o


Reclamante JAMAIS SOFREU QUALQUER TIPO DE COAÇÃO POR PARTE DA 1ª
RECLAMADA, não colacionando aos autos qualquer prova que justifique sua pretensão.

19
Portanto, improcedente o pedido de nulidade do pedido de demissão e
pagamento das verbas rescisórias. Assim, por todos os ângulos analisados os pedidos
combatidos devem ser julgados improcedentes.

4.2.1. DAS VERBAS RESCISÓRIAS, ENTREGA DE GUIAS TRCT E CD/SD E


ANOTAÇÃO DA CTPS

Sem prejuízo das preliminares supra-arguidas e em que pese os esforços


despendidos pelo reclamante, suas pretensões não devem ser acolhidas por V. Exa., pois
entre a ora Contestante e o reclamante JAMAIS existiram quaisquer dos elementos
caracterizadores de relação empregatícia (artigos 2º e 3º da CLT), tampouco qualquer
motivo que pudesse dar ensejo ao ajuizamento da presente ação e da postulação através dela
deduzida, razão pela qual jamais poderia a Reclamada vir a ser acionada perante essa Justiça
Especializada e muito menos ensejar o descumprimento/violação de qualquer obrigação de
natureza trabalhista.

Ainda assim pleiteia o reclamante, o pagamento de verbas rescisórias, entrega de


guias para soerguimento do FGTS e Seguro Desemprego, e baixa da CTPS, o que, mais
uma vez é descabido. Não obstante o risco de ser redundante, a segunda reclamada frisa que
não era empregadora do reclamante, o qual foi admitido e remunerado pela primeira
reclamada.

Ressalte-se ainda que, sendo a primeira reclamada empresa idônea certamente


efetuou o pagamento de todas as verbas devidas ao reclamante, não havendo diferenças a
serem saldadas.

Deverá, portanto, ser julgado improcedente o pedido de condenação a


pagamento de aviso prévio, saldo de salário, 13º salário, férias + 1/3 e multa de 40% sobre o
FGTS do rol de pedidos da peça inaugural.

20
Cabe, à segunda reclamada, esclarecer que, ainda que assim não fosse e na
remota hipótese de não entender, o Douto Juízo, pela improcedência dos pedidos de sua
condenação à responsabilidade subsidiária pelos eventuais créditos deferidos ao reclamante,
não poderia ser, a segunda reclamada, responsabilizada pelas obrigações de fazer (entrega de
guias TRCT e CD/SD etc), pois, por não ser empregadora do reclamante, não possui tais
documentos em seu poder, nem tampouco caberia condenação ao pagamento das verbas
rescisórias.

Ressalte-se que, eventual condenação da segunda reclamada à responsabilidade


subsidiária pelos créditos advindos da presente reclamação trabalhista deverá ser limitada
aos direitos adquiridos pelo autor no período em que efetivamente prestou serviços nas suas
dependências, posto que não poderá ser condenada ao pagamento de verbas devidas em
virtude da dispensa do reclamante, de acordo com o entendimento jurisprudencial, in
verbis:

“Responsabilidade subsidiária – Verbas rescisórias. Não se inserem


na responsabilidade subsidiária do tomador de serviços as verbas
rescisórias devidas em virtude do empregador ter exercido o direito
potestativo de resilir o contrato de trabalho. A responsabilidade
subsidiária condiz com o inadimplemento de obrigações trabalhistas
correspondentes a direitos adquiridos pelo empregado no período
em que tenha laborado para o tomador, não alcançando as
reparações advindas de atos independentes do empregador.”
(TRT – 3ª Região, 1ª Turma, RO nº 13846/96, Rel. Cunha Avellar
– DJMG 05.02.97 – p. 6).

Portanto, diante do fato de que a ora contestante jamais manteve qualquer


vínculo com o reclamante, não há que se falar em pagamento de verbas rescisórias e suas
diferenças. Nesta esteira de pensamento, patente que, qualquer pedido de diferenças
salariais deve ser efetuado EXCLUSIVAMENTE pela primeira Reclamada, única

21
responsável pela contratação do reclamante, restando impugnados os pleitos referentes a
esta Contestante.

Improcedente, portanto, o pedido em questão.

4.3. DA MULTA DO ART. 477 E DA INAPLICABILIDADE DO ART. 467, AMBOS


DA CLT

De plano, verifica-se a improcedência do pleito, na medida em que há


controvérsia nos autos, não havendo que se falar, portanto, em tal condenação.

Caso assim não se entenda, reitera-se que o autor nunca foi empregado da
segunda reclamada, razão pela qual reporta-se aos termos da defesa apresentada pela aquela
empresa.

Por se tratar o pagamento das verbas rescisórias no prazo legal de obrigação


exclusiva do empregador, existirá vilipêndio aos arts. 247, 258 e 263 do Código Civil caso a
ora contestante seja responsabilizada no seu pagamento, na medida em que a obrigação de
pagamento das verbas rescisórias no prazo legal é exclusivo da empregadora do reclamante,
e a obrigação de indenizar na omissão da obrigação personalíssima não se transmite a
outrem.

No mais, a responsabilização subsidiária da ora contestante ensejaria ofensa


direta e literal ao art. 5º, XLV da CF, o que desde já se argue:

“XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado (...)”

Assim, vê-se que no nosso ordenamento jurídico vige o princípio da


personificação das penas, impedindo a transmissão de penalidades inclusive no âmbito
trabalhista.

22
Destarte, impossível se manter a condenação da ora contestante em relação a tal
multa, eis que se os preceitos legais/constitucionais não autorizam a extensão das
penalidades, jungidas ao princípio da personificação das penas, prestigiando ainda a
personificação da culpa mesmo em sede de obrigação subsidiária, mantendo apenas sobre o
culpado a respectiva responsabilidade adicional (exegese do art. 279 do Código Civil c/c art.
131 e 133, do CTN).

Veja-se que a jurisprudência tem amparado tal entendimento, contra a extensão


de tais multas ao tomador de serviços:

“TERCEIRIZAÇÃO. TOMADOR DOS SERVIÇOS.


RESPONSABILIDADE. RESTRIÇÃO. MULTAS PREVISTAS
NOS ARTS. 467 E 477 DA CLT. CARÁTER
PERSONALÍSSIMO. IMPOSSIBILIDADE DE
TRANSFERÊNCIA DE RESPONSABILIDADE AO
TOMADOR. Muito embora doutrina e jurisprudência sejam
concordes quanto à responsabilização do tomador pelos serviços
prestados pelo trabalhador a ele vinculado por intermédio de
empresa terceirizada (Súmula 331/TST), não se pode transferir a
responsabilidade pelo pagamento de parcela imposta em caráter
punitivo ao real empregador inadimplente, porquanto
personalíssima a obrigação e, nesta condição, incapaz de afetar
pessoa diversa da infratora. Este é o caso, portanto, das multas
previstas nos arts. 467 e 477 da CLT.” (TRT 12ª Reg., RO 02052-
2006-038-12-001, Ac. 8346/2007, 3ª T., Rel. Lígia M. Teixeira
Gouvêa, publ. TRTSC/DOE 20.06.2007)

Assim, improcede o pedido de responsabilização subsidiária da ora contestante


quanto ao pedido de multa do art. 477 da CLT e aplicação do art. 467 da CLT.

4.4. DAS HORAS EXTRAS – EXCEÇÃO DO ART. 62, I, da CLT


23
Em que pesem os esforços despendidos pelo Reclamante, suas pretensões não
devem ser acolhidas por V. Exa., pois entre a ora Contestante e o reclamante, JAMAIS
existiram quaisquer dos elementos caracterizadores de relação empregatícia (artigos 2º e 3º
da CLT), tampouco qualquer motivo que pudesse dar ensejo ao ajuizamento da presente
ação e da postulação através dela deduzida, razão pela qual jamais poderia a Reclamada vir a
ser acionada perante essa Justiça Especializada e muito menos ensejar o
descumprimento/violação de qualquer obrigação de natureza trabalhista.

Portanto, diante do fato de que a ora contestante jamais manteve qualquer


vínculo com o reclamante, não há que se falar em pagamento de horas extras, assim como
seus reflexos ou integração.

Nesta esteira de pensamento, patente que, qualquer pedido de diferenças


salariais deve ser efetuado EXCLUSIVAMENTE pela primeira Reclamada, única
responsável pela contratação do reclamante, restando impugnados os pleitos referentes a
esta Contestante.

Desta forma, resta impugnada a pretensão em face desta Reclamada, devendo


referido pleito ser julgado improcedente.

Por outro lado, somente pela leitura da narrativa inicial e da CTPS do Autor
coalcionada aos autos, é evidente que a sua pretensão não merece prosperar, pois o mesmo
sempre exerceu atividade externa incompatível com o controle de jornada pela 1ª
Reclamada. A anotação na sua CTPS comprova que o Autor jamais teve a sua jornada de
trabalho fiscalizada, conforme documento de ID 30f2301:

24
Ora Exa., resta nítido que o reclamante estava excetuado do registro de ponto,
conforme previsto no inciso I do artigo 62 da CLT, senão vejamos:

Art. 62. Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo:
I – os empregados que exercem atividade externa incompatível com
a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada
na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de
empregados;

Neste sentido, temos os entendimentos de nossos Tribunais, senão vejamos:

HORAS EXTRAS - TRABALHO EXTERNO - O trabalho externo,


por si só, não atrai a aplicação do artigo 62, I, da CLT . A exceção
prevista no mencionado dispositivo diz respeito à jornada que foge ao
controle da empresa, na medida em que o empregado não labora em
suas dependências, mantendo-se longe da supervisão do horário de
trabalho, tal qual na hipótese dos autos, em que o reclamante exercia

25
a função de coordenador de marketing em constante atividade
externa.
(TRT-03ª R. - RO 697/2010-043-03-00.0 - Rel. Des. Rogerio Valle
Ferreira - DJe 10.06.2011 - p. 255).

ATIVIDADE EXTERNA - HORAS EXTRAS - ART. 62, I, DA


CLT - AUSÊNCIA DE CONTROLE DA JORNADA DE
TRABALHO - HORAS EXTRAS INDEVIDAS - A exceção do art.
62, I, da CLT tem incidência nos casos dos empregados que,
executando serviços externos em razão da natureza das funções, não
se submetem à controle de horário, que importe em impedir o
normal desenvolvimento serviços. A regra geral, no caso, é o não-
recebimento de horas extras, face à ausência de controle. Entretanto,
havendo controle horário - Ainda que indireto - Não se aplica a
exceção prevista no art. 62, I, da CLT . No caso, segundo relato do
próprio autor, a jornada de trabalho não era controlada por parte da
empresa, uma vez que não transmitia determinações expressas, não
fixava roteiros e escalas de trabalho para entregas, o início e o
encerramento da jornada de trabalho não ocorriam necessariamente
no âmbito da empresa, além de o relatório de trabalho ser passado
apenas às quintas-feiras ao coordenador da reunião. Por conseguinte,
diante do contexto delineado, na hipótese, por todos os fatos
somados, tem-se que não havia controle da jornada de trabalho, nem
mesmo indireto e/ou à distância, razão por que é aplicável a exceção
prevista no art. 62, I, da CLT . Recurso Ordinário do reclamante a
que se nega provimento, no aspecto.
(TRT-15ª R. - RO 24300-85.2009.5.15.0028 - (16048/10) - 10ª C. -
Rel. José Antonio Pancotti - DOE 25.03.2010 - p. 268)

Assim, em razão da natureza das suas atividades, bem como em vista da


inexistência de fiscalização, não faz jus o reclamante às horas extras e reflexos pleiteados.
26
Neste sentido, a jurisprudência:

“HORAS EXTRAS. INEXISTÊNCIA. Restando demonstrado nos


autos que o reclamante cumpria sua jornada laboral sem qualquer
tipo de fiscalização por parte da reclamada, tendo liberdade para
estabelecer o seu próprio horário de trabalho, mesmo durante o
período relativo à temporada de verão, não há falar em pagamento de
horas extras.”
(TRT 12ª Reg., RO 004965/1999, Ac. 4377/2000, 1ª T., Rel. Carlos
Alberto Pereira Oliveira, publ. DJ/SC 25.05.2000, p. 92)

“HORAS EXTRAS. INEXISTÊNCIA. A ausência de fiscalização da


jornada e a autonomia conferida ao empregado para a realização das
atividades laborais, condições expressamente admitidas pelo
demandante, afastam o seu direito à percepção de horas extras, ante a
impossibilidade de se conhecer o tempo dedicado, com
exclusividade, ao empregador.”
(TRT 12ª Reg., RO 008988/2001, Ac. 5287/2002, 1ª T., Rel. Gerson
Paulo Taboada Conrado, publ. DJ/SC 21.05.2002, p. 142).

Ora, nota-se que as referidas funções do reclamante DE MOTORISTA


caracterizam em jornada externa, o que, consequentemente, lhe insere na exceção do inciso I
do artigo 62 da CLT, não fazendo jus às horas extras semanais.

Portanto, improcede o pedido de horas extras e reflexos, pois não houve a


sobrejornada alegada.

Por cautela, na remota hipótese de assim não se entender, o que se cogita


somente por afeto ao debate, deverá eventual condenação ater-se às horas excedentes da

27
44ª. semanal, eis que para os demais empregados sempre houve regime de compensação
para restringir-se ao limite legal na semana.

Neste sentido, caberá ao reclamante o ônus de prova do horário de trabalho


alegado na inicial, na forma dos artigos 818 da CLT e 333, I do CPC.

Desta forma, improcede o pleito correspondente às horas extraordinárias


postuladas e respectivos adicionais, vez que não faz jus ao reclamante à percepção das
referidas parcelas como fartamente demonstrado.

4.5. DO INTERVALO INTRAJORNADA

Sem prejuízo das preliminares supra-arguidas e em que pese os esforços


despendidos pelo reclamante, suas pretensões não devem ser acolhidas por V. Exa., pois
entre a ora Contestante e o reclamante, JAMAIS existiram quaisquer dos elementos
caracterizadores de relação empregatícia (artigos 2º e 3º da CLT), tampouco qualquer
motivo que pudesse dar ensejo ao ajuizamento da presente ação e da postulação através dela
deduzida, razão pela qual jamais poderia a Reclamada vir a ser acionada perante essa Justiça
Especializada e muito menos ensejar o descumprimento/violação de qualquer obrigação de
natureza trabalhista.

Portanto, diante do fato de que a ora contestante jamais manteve qualquer


vínculo com o reclamante, não há que se falar em pagamento quanto intervalo intrajornada.
Nesta esteira de pensamento, patente que, qualquer pedido de diferenças salariais deve ser
efetuado EXCLUSIVAMENTE pela primeira Reclamada, única responsável pela
contratação do reclamante, restando impugnados os pleitos referentes a esta Contestante.

Desta forma, resta impugnada a pretensão em face desta Reclamada, devendo


referido pleito ser julgado improcedente.

4.6. DA AUSÊNCIA DE DIREITO AOS DANOS MORAIS


28
Requer o reclamante o pagamento de indenização por supostos danos morais
ele sofridos e supostamente praticados pela primeira reclamada.

O certo é que cabe ao obreiro o ônus constitutivo de provar os supostos danos


experimentados, na forma do art. 818 da CLT e 373, I do CPC, eis que, ao que consta, são
inverídicos os fatos alegados, que desde já se impugnam.

Ademais, cumpre observar, que o reclamante, como confessado na exordial, era


empregado da primeira reclamada.

Em matéria de infortúnio laboral, a culpa está presente quando o empregador


deixa de cumprir com as normas de segurança e medicina do trabalho, o que não é o caso.

Cumpre ainda, salientar, que o ônus da prova, quanto a ocorrência da culpa ou


ao dolo, cabe EXCLUSIVAMENTE o Reclamante, tendo em vista que é fato constitutivo
de seu direito, visto que meras alegações não são suficientes para comprovar tal situação.

Data maxima venia, o caso em tela não se trata de responsabilização objetiva, a


qual decorre exclusivamente da lei ou contrato, mas demanda apuração da culpa da ré.

Notadamente, não há nos autos o menor indício de existência de culpa da


Reclamada, razão pela qual sua condenação ao pagamento de indenização por dano moral
é, no mínimo indevida. Assim, tais alegações do Reclamante não condizem com a realidade.

Ademais, cumpre esclarecer que para a constituição do dever de indenizar por


ilícito extracontratual – isto é, pela violação de um dever genérico de abstenção ou de um
dever jurídico geral –, tem-se por imprescindível a presença cumulativa dos pressupostos
elencados no artigo 186 do Código Civil de 2002, quais sejam, em brevíssima suma: (i) a
existência de uma ação ou omissão juridicamente qualificada, ou seja, que se apresente

29
como ato ilícito; (ii) a ocorrência de um dano moral ou patrimonial; e (iii) o nexo de
causalidade entre o dano e a ação ou omissão.

No caso em tela, constata-se que estão ausentes quaisquer dos itens em


comento, o que acarreta a improcedência do pedido de ressarcimento de danos morais. Isto
porque, qualquer que seja a hipótese, não há como vislumbrar o implemento de ação ou
omissão desta reclamada que possa ser tida como ilícita, mesmo porque, jamais participou
da relação empregatícia havida entre o reclamante e a primeira reclamada.

Outrossim, em nenhum momento restou demonstrado qualquer abalo sofrido


por esta, impugnando a Reclamada veementemente os documentos, visto que não se presta
como meio probatório para o fim aqui pretendido, pois não há no documento sequer
alguma referência às alegações feitas pelo Reclamante, bem como, do teor do mesmo não
prova nenhuma pratica de ato ilícito por parte da reclamada.

Assim, improcede o pedido de responsabilização subsidiária da ora contestante


quanto ao pedido de indenização por danos morais, assim como o próprio pedido de
indenização, por não provados os fatos constitutivos do direito à indenização pretendida.

Caso assim não se entenda, o que se admite por afeto ao debate, desde já se
argui vilipêndio literal ao expressamente disposto nos arts. 247, 258 e 263 do Código Civil, e
ofensa direta e literal ao art. 5º, XLV da CF

Impugnadas as alegações da inicial, cumpria ao reclamante demonstrar o fato


constitutivo a fim de caracterizar o dano alegado, o que não ocorreu. Assim, o pedido da
inicial esbarra na sua total ausência de provas.

Mais uma vez, esclarece que o reclamante nunca foi empregado da ora
contestante, ademais desconhece qualquer situação que levasse o reclamante a sofrer
referidos constrangimentos.

30
Ademais, cumpre destacar que se fazia imprescindível não só a alegação, mas a
demonstração, já na exordial, do implemento efetivo de danos morais, ao menos para que
pudesse a reclamada se insurgir contra o direito que o reclamante pretende ver assegurado,
o que, como bem já se disse, não ocorreu.

Ainda, para o implemento do dano moral e, por via de consequência, o


surgimento do direito à indenização, necessário se faz que a ofensa tenha grandeza e esteja
revestida de importância e gravidade.

Ocorre que, no caso dos autos, inexistiu lesão à qualquer valor e/ou concepção
íntima, de sorte a não ser outra a conclusão alcançada senão a de que se impulsiona o
reclamante pelo atual “modismo” do requerimento de danos morais.

Improcede, desta forma, na totalidade, o pedido deduzido pelo reclamante


referente à condenação da reclamada ao pagamento de indenização equivalente aos danos
morais supostamente implementados.

A responsabilidade civil extracontratual, ou seja, aquela que decorre da prática


de casual ato ilícito, se fundamenta em disposições inseridas nos artigos 186 e 927 do
Código Civil. A valer, in verbis:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem fica obrigado a repará-lo.
(...).”

31
Do exame dos artigos supra transcritos, verifica-se que 03 (três) são os
pressupostos cumulativos para que a responsabilidade civil emergisse, a saber: (i) a
imputação de um dano moral ou patrimonial à pretensa vítima; (ii) a existência de uma ação,
comissiva ou omissiva, qualificada juridicamente; e (iii) o nexo de causalidade entre o dano e
a ação ou omissão casualmente em comento.

Neste caminho, a propósito, ao comentar o artigo 159 do Código Civil de 1916,


ensina o insigne WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO[1]:

“(...) a responsabilidade civil tem como extremos legais: a) a


existência de um dano contra o direito; b) a relação de
causalidade entre esse dano e o fato imputável ao agente; c) a
culpa deste, isto é, que o mesmo tenha obrado com dolo ou
culpa (negligência, imprudência ou imperícia).” (sic)

Decerto, ausentes quaisquer dos elementos acima indicados de todo obstado


estará, desde logo, a constituição do dever de indenizar.

Por todo o exposto, a presente ação deve ser julgada totalmente improcedente.

Contudo, caso assim não entenda esse douto Juízo – o que se admite, à
exclusividade, por amor ao debate – correto afirmar que a fixação das indenizações deverão
atender aos preceitos legais que norteiam a matéria.

Neste particular, ensina ARNALDO MARMITT, ao comentar o artigo 1.539


do Código Civil de 1916:

“A reparação devida por perdas e danos será sempre


proporcional ao grau de incapacidade, ainda que de simples
32
limitação se trate, ou ainda que o mal tenha limitado o poder
de escolha do acidentado, tão somente”. (...)

Compete ao lesado fazer prova de seus rendimentos. Baseado neles é que se


encontrará o montante das perdas e danos a ressarcir. Assim, se a sua capacidade laboral
diminuir de 60%, a indenização obedecerá essa quantificação, e se for impossível definir a
renda, a fixação tomará por base o salário mínimo regional.”

Aliás, se for devida alguma indenização, certamente deverá esse douto Juízo
fixá-la de forma ponderada, evitando, assim, enriquecimento indevido e incentivo ao ócio,
como bem explicita SILVIO RODRIGUES, quando tece comentários ao mencionado
artigo 1.539 (do antigo Código Civil):

“... acredito que o juiz deverá agir com ponderação ao fixar a


indenização em casos tais, admitindo por vezes haver apenas
redução na capacidade laborativa, com o fito de não só
impossibilitar um enriquecimento indevido quando a vítima
possa voltar a trabalhar em outro mister, como também o de
desencorajar um injustificado ócio.”[2]

Também no que tange à indenização por danos morais, na hipótese de eventual


e incrível condenação da ré, deverá o “quantum” indenizatório ser prudentemente
delimitado, com a análise da posição sócio-cultural do ofensor e do ofendido.

Neste diapasão, ressalta ANTONIO LINDHBERGH MONTENEGRO:

“Para avaliar o dano moral haver-se-á de levar em


consideração, em primeiro lugar a posição social e cultural
do ofensor e do ofendido. Para isso, deve-se ter em vista o
‘homo medius’, de sensibilidade ético social normal.”[3]
33
Mas não é só. Eventual indenização por danos morais deverá também pautar-se
nos preceitos legais e jurisprudenciais, hodiernamente aplicáveis à matéria.

Neste sentido, atentando ao reiteradamente acolhido por nosso tribunais,


explica ANTONIO GEOVÁ DOS SANTOS:

“(...). Ainda persiste no Brasil forte tendência para acolher os


critérios estabelecidos no art. 84 do Código Brasileiro de
Telecomunicações para o arbitramento do dano moral.
Apesar de os casos não terem pertinência com aqueles
previstos na legislação que trata das Telecomunicações,
sistematicamente, os Tribunais utilizaram-se do montante
previsto no aludido dispositivo legal que é de cinco a cem
salários mínimos.(...)”. [4] (grifos nossos)

4.6.1. ÔNUS DA PROVA NO DANO MORAL

O ônus da prova em ações de responsabilidade civil segue a regra geral, cabendo


ao reclamante, e somente a este, o ônus de comprovar os fatos constitutivos de seu direito.

E a prova do nexo causal constitui requisito indispensável para que o reclamante


logre êxito em sua demanda, i.e., nada mais é do que a prova do fato constitutivo que
ensejaria seu direito ao recebimento da indenização pleiteada, que deve ser feita pela parte
que o alega, segundo dispõe o inciso I, do artigo 373, do Novo CPC e o artigo 818, da CLT.

No presente caso, o reclamante não fez prova de suas alegações, razão pela qual
a presente ação não merece prosperar.

34
4.6.2. DA FIXAÇÃO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO DOS DANOS MORAL.

Por todo o exposto, a presente ação deve ser julgada totalmente improcedente.
Contudo, caso assim não entenda este Douto Juízo, o que se admite, à
exclusividade, por afeição ao debate, correto afirmar que a fixação de eventual monte
indenizatório deverá atender aos preceitos legais e jurisprudenciais que, hodiernamente,
norteiam a matéria, mormente para que não implique em locupletamento sem causa do
reclamante.

Ademais, ao Julgador compete, quando da fixação do quantum indenizatório,


fazê-lo de forma prudente, de sorte a impedir nasçam e/ou se perpetuem, em nosso
território, decretos condenatórios comuns à entes políticos alienígenas, mediante os quais
faculta e estimula o Estado se beneficie o lesado com eventual violação, galgando situação
econômica melhor do que a detida anteriormente ao hipotético ato ilícito.

Vale dizer: a fim de que não se permita o locupletamento sem causa do lesado
e/ou a bancarrota de eventual ofensor, incumbe aos Magistrados ponderar, à luz das
diretrizes já firmadas pela lei, doutrina e jurisprudência, o bem jurídico casualmente lesado,
a gravidade e as condições em que se implementaram hipotética lesão, a posição social do
ofendido e a capacidade econômica daquele que deverá indenizar.

Diante dos argumentos acima expostos, requer a reclamada a observação de tais


aspectos, na hipótese de condenação da reclamada, restando expressamente impugnados os
valores pretendidos pelo reclamante.

Assim, à luz das diretrizes já firmadas pela lei, doutrina e jurisprudência,


ponderado o bem jurídico casualmente lesado, a gravidade e as condições em que se
implementaram hipotética lesão, a posição social do reclamante e a capacidade econômica
da reclamada, roga-se, alternativamente, em não sendo acolhida quaisquer das passagens
anteriormente desfiadas na presente peça – o que só se cogita apenas para bem argumentar

35
– seja arbitrado o valor a título de danos morais para o montante máximo de 1 (um) salário
contratual do reclamante.

Ainda que se pudesse imaginar a procedência do pedido do reclamante- o que


se admite apenas a título de argumentação - inequívoco deverá ser considerado o critério de
época própria para a correção monetária de eventual montante a ser por ele percebido, a
data da publicação da sentença.

Nesse sentido:

JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA - INCIDÊNCIA -


OBSERVÂNCIA - Os índices de atualização monetária
utilizados para os débitos trabalhistas estão de acordo com o
Decreto-Lei nº 2.322/87, até o dia 31.01.89. A partir de
01.02.89, de conformidade com o art. 6º, V, da Lei nº
7.738/89 E, após 03.03.91 em consonância com a Lei nº
8.177/91, art. 39. Esclareça-se que estes coeficientes somente
atualizam os débitos trabalhistas até o último dia do mês
anterior, ou seja, não incorporam os juros equivalentes à TR
acumulada do mês em curso face a imprevisão do dia da
efetiva quitação do débito executado no mês de vigência, não
se levando em conta a correção do respectivo mês de
referência da verba. Os juros de mora estão calculados após
a correção monetária dos débitos trabalhistas, aplicando-se a
taxa de 0,5% a.m. Simples até 26.02.87 (art. 1.062 e 1.063 do
C.C.), de 1% a.m. Capitalizados de 27.02.87 a 28.02.91
(Dec. Lei nº 2.322/87) e a partir de 01.03.91 à base de 1%
a.m. Simples de forma "pro rata die" (Lei nº 8.177/91), sendo
em todos os casos aplicados em conformidade com o art.
883 da CLT. Essa é a regra geral para os créditos deferidos
no presente caso, exceto em relação ao dano moral, o qual
36
será corrigido a partir da publicação da sentença
condenatória. (TRT-23ª R. - RO 02255.2005.051.23.00-7 -
Rel. Juiz Conv. Paulo Brescovici - J. 13.05.2008) (g.n).

INDENIZAÇÃO - POR DANO MORAL - JUROS E


CORREÇÃO MONETÁRIA - RECURSO ORDINÁRIO
DO RECLAMADO - A correção monetária da indenização
por dano moral deve incidir a partir da data da prolação da
sentença, pois só então constituiu-se o direito pretendido. Os
juros, porém, são devidos a partir do ajuizamento da ação, de
acordo com o art. 883 da CLT. Recurso provido, em parte.
(TRT-15ª R. - RO 1149-2004-043-15-00-4 - (37942/08) - 3ª
C. - Rel. José Pedro de Camargo Rodrigues de Souza - DOE
04.07.2008 - p. 99) (g.n)

Neste sentido, tem-se a Súmula 362, do Colendo Superior Tribunal de Justiça.


A saber:

“A correção monetária do valor da indenização do dano


moral incide desde a data do arbitramento”

Assim, no caso de incrível condenação, somente deverá ser considerada a


correção monetária a partir da data da prolação da sentença, ou, caso não seja este o
entendimento deste MM. Juiz, requer seja considerada a correção monetária a partir do
arbitramento dos danos morais.

4.6.3. DA FIXAÇÃO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO DOS DANOS MORAIS E


PATRIMONIAIS DO LIMITADOR DO ARTIGO 223-G, § 3º DA CLT – LEI
13.467/2017 E MP 808/2017

Por todo o exposto, a presente ação deve ser julgada totalmente improcedente.
37
Contudo, caso assim não entenda esse douto Juízo – o que se admite, à
exclusividade, por amor ao debate – correto afirmar que a fixação da indenização deverá
atender aos preceitos legais que norteiam a matéria.

Inicialmente, reitera-se que o autor não demonstrou a ocorrência do dano


moral.

Todavia, se constatado for o dano sofrido pelo reclamante e o nexo causal com
os atos praticados pela reclamada – o que se admite por argumentação – deverá o quantum
indenizatório ser prudentemente delimitado, com a análise da posição sociocultural do
ofensor e do ofendido.

Frisa-se que a Lei 13.467/2017 inseriu um novo título à CLT sobre o tema Dano
Extrapatrimonial, com alteração dada pela MP 808/2017, nos seguintes termos:

‘“DO DANO EXTRAPATRIMONIAL


Art. 223-A. Aplicam-se à reparação de danos de natureza
extrapatrimonial decorrentes da relação de trabalho apenas
os dispositivos deste Título.

Art. 223-B. Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação


ou omissão que ofenda a esfera moral ou existencial da
pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas do
direito à reparação

Art. 223-C. A etnia, a idade, a nacionalidade, a honra, a


imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, o
gênero, a orientação sexual, a saúde, o lazer e a integridade
física são os bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa
natural.
38
Art. 223-D. A imagem, a marca, o nome, o segredo
empresarial e o sigilo da correspondência são bens
juridicamente tutelados inerentes à pessoa
jurídica.

Art. 223-E. São responsáveis pelo dano extrapatrimonial


todos os que tenham colaborado para a ofensa ao bem
jurídico tutelado, na proporção da ação ou da
omissão.

Art. 223-F. A reparação por danos extrapatrimoniais pode


ser pedida cumulativamente com a indenização por danos
materiais decorrentes do mesmo ato lesivo.

§ 1o Se houver cumulação de pedidos, o juízo, ao proferir a


decisão, discriminará os valores das indenizações a título de
danos patrimoniais e das reparações por danos de natureza
extrapatrimonial.

§ 2o A composição das perdas e danos, assim


compreendidos os lucros cessantes e os danos emergentes,
não interfere na avaliação dos danos
extrapatrimoniais.

Art. 223-G. Ao apreciar o pedido, o juízo


considerará:
I - a natureza do bem jurídico tutelado;
II - a intensidade do sofrimento ou da
humilhação;

39
III - a possibilidade de superação física ou
psicológica;
IV - os reflexos pessoais e sociais da ação ou da
omissão;
V - a extensão e a duração dos efeitos da
ofensa;
VI - as condições em que ocorreu a ofensa ou o prejuízo
moral;
VII - o grau de dolo ou culpa;
VIII - a ocorrência de retratação espontânea;
IX - o esforço efetivo para minimizar a ofensa
X - o perdão, tácito ou expresso;
XI - a situação social e econômica das partes
envolvidas;
XII - o grau de publicidade da ofensa

§ 1º Ao julgar procedente o pedido, o juízo fixará a


reparação a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um dos
seguintes parâmetros, vedada a acumulação: .

I - para ofensa de natureza leve - até três vezes o valor do


limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social;

II - para ofensa de natureza média - até cinco vezes o valor


do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social;

III - para ofensa de natureza grave - até vinte vezes o valor do


limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social; ou
40
IV - para ofensa de natureza gravíssima - até cinquenta vezes
o valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social.

§ 2o Se o ofendido for pessoa jurídica, a indenização será


fixada com observância dos mesmos parâmetros
estabelecidos no § 1o deste artigo, mas em relação ao salário
contratual do ofensor.

§ 3º Na reincidência de quaisquer das partes, o juízo poderá


elevar ao dobro o valor da indenização.

§ 4º Para fins do disposto no § 3º, a reincidência ocorrerá se


ofensa idêntica ocorrer no prazo de até dois anos, contado
do trânsito em julgado da decisão condenatória.

§ 5º Os parâmetros estabelecidos no § 1º não se aplicam aos


danos extrapatrimoniais decorrentes de morte.”

Consoante o período de vacatio legis de 120 dias da sua publicação –


13/07/2017, o início de sua aplicabilidade inicia-se em 11/11/2017, bem como a MP
808/2017 publicada em 14/11/2014 tendo sua aplicabilidade imediata, ou seja, no momento
da entrega da prestação jurisdicional, o douto magistrado deverá observar tais parâmetros,
eis que já em vigor.

Assim, à luz das diretrizes já firmadas pela lei, doutrina e jurisprudência,


ponderado o bem jurídico casualmente lesado, a gravidade e as condições em que se
implementaram hipotética lesão moral, a posição social do reclamante e a capacidade
econômica da reclamada, roga-se, alternativamente, em não sendo acolhida quaisquer das
passagens anteriormente desfiadas na presente peça – o que só se cogita por extremo amor à
41
elucubração – seja arbitrada a remota condenação imposta a título de danos morais no
montante máximo de 1 (um) salário contratual do reclamante, caso assim, não entenda
Vossa Excelência, para fixação de eventual indenização, deverá ser observado o disposto no
artigo 223-G.

De toda forma, caso assim não se entenda limitar a condenação nos moldes
acima, desde já se argui ofensa direta e literal ao princípio da legalidade (art. 5º, II, da
Constituição Federal).

4.6.4. DA AUSÊNCIA DE DOLO OU CULPA - AUSÊNCIA DE


RESPONSABILIDADE CIVIL.

Cumpre à ré destacar não estarem presentes, in casu, os elementos


fundamentais ao surgimento do dever de indenizar. Veja-se:

Preleciona CARLOS ALBERTO BITTAR que:

"...o ser humano, porque dotado de liberdade de escolha e


de discernimento, deve responder por seus atos. A liberdade
e a racionalidade, que compõe a sua essência, trazem-lhe, em
contraponto, a responsabilidade por suas ações ou omissões,
no âmbito do direito, ou seja, a responsabilidade é corolário
da liberdade e da racionalidade."1

Assim, em suas interações na sociedade, alcançando o indivíduo direito de


terceiro ou ferindo valores básicos da coletividade, surge o dever (não só moral) de arcar
com as conseqüências daí decorrentes.

Decerto, sem isto, impossível seria a vida em sociedade.

1
Carlos Alberto Bittar, in Responsabilidade Civil - Doutrina e Jurisprudência, Saraiva, São Paulo, 2ª edição, 1988.
42
Tem-se, então, intróito à teoria da responsabilidade, a qual, por sua vez, se
divide em duas faces distintas, consoante os bens jurídicos ofendidos, quais sejam: a civil e a
penal. Nesta, as ações ou omissões tidas como "crimes” ou "contravenções", sujeitam o
agente a sanções, especialmente de caráter pessoal, cerceadoras de sua liberdade, mescladas,
por vezes, a imposições de cunho patrimonial. Naquela, por outro lado, o agente pode ser
compelido, pelo prejudicado, a reparar o dano causado, restaurando o equilíbrio rompido.

No que se refere à responsabilização civil, ensina MARIA HELENA DINIZ


que "... poderá ser: a) contratual, se provier de falta de cumprimento de obrigações
contratuais ou da mora no adimplemento de qualquer relação obrigacional resultante do ato
negocial; b) extracontratual, se se fundar num ilícito extracontratual, isto é, na violação de
um dever genérico de abstenção ou um dever jurídico geral." 2

Inconteste que as atenções, no caso sub judice, devem se concentrar na


responsabilidade civil extracontratual, figura que tem origem na idéia de desvio de conduta.

Com efeito, das ações que interessam ao direito, algumas estão em


conformidade e outras em desconformidade para com o legalmente preceituado, surgindo,
daí, os atos jurídicos, de um lado, e, de outro, os atos ilícitos.

Em suma, pode-se tomar como ilícitos os atos praticados em desacordo com a


ordem jurídica que violam direito subjetivo individual. Implementados causam danos a
outrem, surgindo ao seu praticante o dever de reparar o prejuízo. Produzem, portanto,
efeitos jurídicos, embora os mesmos não sejam desejados pelo agente, mas impostos pela lei.

A responsabilidade extracontratual, ou seja, aquela que decorre da prática de ato


ilícito, tem fundamento, no direito brasileiro, em disposição inserida no artigo 186 do
Código Civil. In verbis:

2
Maria Helena Diniz, in Curso de Direito Civil Brasileiro, 3° Volume, Saraiva, São Paulo,10ª edição, 1.995, pág.484.
43
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

Do exame do artigo transcrito, verifica-se que vários são os pressupostos para


que a responsabilidade civil emerja. Dentre eles, cabe ressaltar, precipuamente: (i) a
existência de uma ação, comissiva ou omissiva, qualificada juridicamente; (ii) ocorrência de
um dano moral ou patrimonial causado à vítima e (iii) nexo de causalidade entre o dano e a
ação.

Neste caminho, aliás, deparamo-nos com os ensinamentos do insigne


WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO:

“(...), a responsabilidade civil tem como extremos legais: a) a


existência de um dano contra o direito; b) a relação de
causalidade entre esse dano e o fato imputável ao agente; c) a
culpa deste, isto é, que o mesmo tenha obrado com dolo ou
culpa (negligência, imprudência ou imperícia). (...)”3

Ocorre que, analisada a situação fática implementada, atesta-se, à toda prova,


não subsistirem dois dos elementos necessários à constituição do dever de indenizar, já que
em nenhum momento restou provado que da relação de trabalho a ora contestante
contribuiu, com dolo, culpa, ou com culpa grave, para a ocorrência dos traumas noticiados
na peça inaugural. Veja-se, em específico:

Tem-se, portanto, demonstrado que a indenização de direito comum só poderá


ser aceita se houver dolo ou culpa grave do empregador, não havendo que se falar em
responsabilidade objetiva como pretendido pelo reclamante.

3
Washington de Barros Monteiro, in Curso de Direito Civil, 3o. Volume, pág. 126.
44
Necessário, outrossim, o exame do conceito de culpa grave, já que,
naturalmente, de dolo não se cuida.

Nas palavras abalizadas de SILVIO RODRIGUES, a culpa grave é aquela que


"... decorre da imprudência ou negligência grosseira, como a do motorista que dirige sem
estar habilitado, ou daquele que, em excesso de velocidade, atravessa um sinal de trânsito
fechado ...". 4

De outra parte, o constante trabalho exegético da jurisprudência pátria acabou


por imprimir um conteúdo prático ao conceito teórico de culpa grave, estabelecendo
seguros parâmetros para a sua aferição. Confira-se:

“ACIDENTE DO TRABALHO - Falta grave - Conceito.


Para obter êxito na ação indenizatória de direito comum, é
imprescindível que o acidentado prove a falta grave do
empregador. Entende-se por falta grave a em que o patrão
demonstre, pela negligência e omissão de precauções
elementares, despreocupação e menosprezo pela segurança
do empregado, dando causa ao acidente.” (Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo, Apelação Cível nº 43.983-1
- Jaú - Apelante: Geraldo Moreira - Apelada: Irmãos
Franceschi S.A - Agrícola, Industrial e Comercial). (grifos
nossos)

É, portanto, a culpa grave, falta inescusável, caracterizada, consoante pacífica


orientação doutrinária e jurisprudencial, pela previsão absoluta do resultado lesivo, ainda
que não desejado.

4
Silvio Rodrigues, in Direito Civil; vol. 7 - Responsabilidade Civil, 7ª Edição, São Paulo, Saraiva, 1983, pág. 160
45
Ora, não estão presentes no caso sub judice a negligência e/ou imprudência
grosseira, não se notando também, na conduta da ré ou ao preposto da ré, a
despreocupação e o menosprezo pela segurança do reclamante.

Muito pelo contrário!

De fato, desde sua constituição, a ré ultima todas as providências possíveis que


visam resguardar a saúde e a integridade física de seus empregados, principalmente
orientando, treinando e fornecendo àqueles, regular e periodicamente, equipamentos de
proteção individual.

Desta feita, tendo o reclamante desfrutado das melhores condições para o


perfeito e regular exercício de seu labor, não há que se falar tenha a ré agido com culpa, seja
ela, a grosso modo, levíssima, leve ou grave.

Repise-se, por derradeiro: cumpridas as exigências legais e empreendidos todos


os melhores esforços para atender aos requisitos de precaução e segurança do trabalho, não
há que se imputar à ré conduta culposa, em qualquer uma de suas modalidades, pela
ocorrência dos infortúnios alegados na inicial.

De toda forma, o Autor incumbe o ônus de provar a culpa exclusiva da empresa


ré pela ocorrência dos danos alegados em exordial, o que, certamente não alcançará ao fim
da instrução processual.

Neste teor, aliás, tem-se ensinamento do renomado HUMBERTO


THEODORO JUNIOR, in verbis:

"Incumbirá, pois, ao acidentado, o encargo processual da


prova, não só do seu prejuízo, mas principalmente do fato de
que esse prejuízo teve como causa o dolo ou a culpa do
empregador, do seu preposto ou de terceiros (CPC, art. 333,
46
I). Uma vez que esses elementos não se presumem, a falta de
sua prova, ou de qualquer um deles, acarretará a
sucumbência do Autor. Actore non probante absorvitur
reus.”5 (grifos nossos)

Frise-se, a esse respeito, que inexistem nos autos quaisquer documentos que
comprovam, de forma cabal, eventual conduta culposa da ré ou nexo causal entre tal
conduta e o trauma físico do reclamante.

Assim, fácil a percepção de que as pretensões do Autor, mais uma vez, restam
prejudicadas, nada lhe sendo devido, desta forma, a título de indenização por supostos
danos morais/ e pensão.

4.7. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS

Na Justiça do Trabalho, a matéria referente aos honorários advocatícios de


sucumbência passou a ser regida pela lei nº 13467/2017, em seu artigo 791-A, o qual
autorizou o recebimento de honorários de sucumbência por parte do advogado no
percentual de cinco até quinze por cento do proveito econômico obtido ao seu cliente ou
quando não for possível mensurá-lo sobre o valor atualizado da causa, quando da liquidação
da sentença.

Nem se olvide da possibilidade de aplicação da retromencionada lei aos


processos em curso. Desta feita, cumpre mencionar o posicionamento exarado pela 4ª
Turma do Superior Tribunal de Justiça ao julgar o REsp 1.465.535/SP em que ambos os
temas – honorários de sucumbência e direito intertemporal foram apreciados, tendo o
aresto decidido sobre a natureza híbrida dos honorários sucumbenciais, conforme abaixo se
transcreve:

47
“No que tange à fixação de honorários advocatícios
sucumbenciais, ressalte-se que o Novo Código de Processo
Civil previu regras específicas quanto ao instituto, situação
que pode ocasionar, eventualmente, dúvida acerca da
incidência das normas hodiernas nas relações jurídicas
cristalizadas no âmbito do vetusto código.

Frise-se que a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça


já se manifestou a respeito do tema, ao cristalizar a tese de
que o arbitramento dos honorários não configura questão
meramente processual , máxime ante os reflexos imediatos
no direito substantivo da parte e do advogado.

(...) observe-se, portanto, que não obstante a taxionomia


atinente aos honorários advocatícios estar prevista em norma
de direito processual, o instituto enverga verdadeira natureza
híbrida, notadamente ante os reflexos materiais que o
permeiam. Com efeito, a doutrina reconhece que os
honorários advocatícios são instituto de direito processual
material, pois, apesar da previsão em diploma processual,
confere direito subjetivo de crédito ao advogado em face da
parte que deu causa à instauração do processo.

Por fim, o acórdão elegeu, a guisa de conclusão, a sentença como marco


processual a separar a incidência do Código antigo da do Código novo:

“ Observa-se, portanto, que a sentença , como ato processual


que qualifica o nascedouro do direito à percepção dos
honorários advocatícios , deve ser considerada o marco
temporal para aplicação das regras fixadas pelo CPC/15. A
hermenêutica ora propugnada pretende cristalizar a seguinte
48
ideia: se o capítulo acessório da sentença , referente aos
honorários sucumbenciais, foi publicado em consonância
com o CPC/73, serão aplicadas as regras do vetusto diploma
processual até a ocorrência do trânsito em julgado. Por outro
lado, nos casos de sentença proferida a partir do dia
18.03.2016, as normas do novel CPC cingirão a situação
concreta , inclusive, no que tange à fixação dos honorários
recursais”

A aplicação do entendimento do STJ aos processos trabalhistas é possível já que


não pode haver diferença entre processos cíveis e trabalhistas, posto que a discussão é a
mesma, ou seja: quando a lei se aplica.

Além do mais, o parágrafo terceiro do artigo 791- A deixa claro que na hipótese
de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de sucumbência recíproca. Vejamos
seus exatos termos:

§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará


honorários de sucumbência recíproca, vedada a
compensação entre os honorários.

Assim, de acordo com lei 13.467/2017, ora em vigor, os valores requeridos pelo
reclamante em inicial deverão ser todos liquidados e cada parte arcará com a parte que for
sucumbente.

Desta forma, requer a condenação do reclamante ao pagamento de honorários


advocatícios em favor dos patronos da reclamada, no caso de improcedência total desta
reclamatória ou nas verbas em que este for vencido.

Requer, por fim, seja descontado dos eventuais créditos obtidos pelo reclamante
o valor arbitrado a título de honorários sucumbenciais.
49
4.8. BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA E DAS CUSTAS

Pleiteia o reclamante ainda a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita,


porém, sem demonstrar ser merecedora do almejado benefício.

A simples afirmação do alegado estado de pobreza não é suficiente para


caracterizar a exigência da concessão do benefício, sendo indispensável a demonstração nos
autos da insuficiência de recursos alegada.

Note-se que seria simples paro reclamante a comprovação do alegado, ao


apresentar nos autos cópia da declaração do imposto de renda dos 2 últimos anos, o que
permitiria auferir concretamente os bens que ela possuem e a evolução patrimonial e se
estão condizentes com o estado de miserabilidade alegado, o que não o fez.

Com isso, deixou ela de comprovar atender aos requisitos previstos na lei nº
13.467/2017, em seu artigo 790 da CLT, ao contrário disso, o cenário existente sugere o
inverso, pois encontra-se assistida por Advogado particular na presente demanda.

Portanto, a Reclamada impugna o pedido de concessão do beneplácito


almejado, por ser medida de direito, bem como, de forma a ser evitar a banalização do
instituto.

Por consequência, deve o reclamante ser condenado no pagamento das custas e


honorários em razão da sua sucumbência na ação, conforme determina o art. 789, § 1º, da
CLT.

4.9. CORREÇÃO MONETÁRIA

Ainda que se pudesse imaginar a procedência de algum dos pedidos do


reclamante, o que se admite apenas a título de argumentação, deverá ser considerado o
50
disposto na Súmula nº 381, do C. TST. Assim, no caso de incrível condenação, o valor
devido deverá ser corrigido somente a partir do 5º dia útil do mês subsequente ao
trabalhado, consoante o estabelecido no art. 459, § único, da CLT.

4.10. JUROS DE MORA

Mesmo que da presente reclamatória advenha a condenação da Reclamada, o


que se admite somente por afeto ao debate, correto afirmar que sobre tal montante somente
incidirá juros em sua modalidade simples, nos exatos termos da Lei n.º 8.177/91.

4.11. DOS DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS

Em caso de eventual condenação da Reclamada, os encargos previdenciários e


fiscais deverão, venia permissa, ser descontados de eventual montante a ser auferido pelo
reclamante. Deve, portando, ser observado o disposto na Instrução Normativa nº 01/96,
bem como na Súmula nº 368, do C. TST, notadamente no que se refere ao critério de
cálculo do IR e do INSS.

5. REQUERIMENTOS FINAIS

Diante de todo o retro e supra exposto, serve a presente para requerer se digne
Vossa Excelência a:

a) Acolher as preliminares suscitadas e;


b) No mérito, julgar IMPROCEDENTE a presente reclamação.

Em qualquer hipótese, requer seja o reclamante condenada ao pagamento das


custas processuais e demais despesas advindas desta reclamatória.

51
Protesta-se pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos,
principalmente o depoimento pessoal do reclamante sob pena de confissão, bem como a
juntada de novos documentos, oitiva de testemunhas, pericial, expedição de ofícios, além de
outras que se fizerem necessárias.

Por fim, requer que, todas intimações e/ou notificações afetas aos atos
processuais sejam endereçadas à advogada ANA PAULA FERNANDES LOPES, inscrita
na OAB/SP nº 203.606, na Rua Padre João Manoel, 923, 3º andar, CEP. 01411-001,
Cerqueira César, São Paulo/SP e que todas as publicações a serem inseridas no Diário
Oficial, o sejam com remissão expressa ao nome da advogada mencionada.

Nesses termos,
Pede deferimento.
São Paulo, 14 de junho de 2019

Ana Paula Fernandes Lopes Beatriz P. F. C. Drovas


OAB/SP n.º 203.606 OAB/SP n.º 228.836

Claudemir Rodrigues Pinheiro


OAB/SP 379.033

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