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Tratamento do Diabetes Gestacional (DG)

As estratégias de tratamento incluem monitoramento diário de glicemia, uma dieta


saudável, exercícios físicos e observação do bebê. Se a glicemia estiver muito elevada,
será necessário utilizar medicamentos.

Dieta

A terapia nutricional é a primeira opção de tratamento para a maioria das gestantes


com diabetes gestacional (12,13). Essa terapia evita o ganho excessivo de peso pelas
gestantes, além de gerar menor taxa de macrossomia fetal e de complicações perinatais
(12,14). As recomendações gerais dietéticas para gestação devem ser seguidas nas
mulheres com DG. Recomenda-se que o ganho de peso durante a gestação seja de 7 a
16 kg, dependendo do peso da gestante antes da gravidez.

Peródos de jejum de mais de 4 a 5 horas devem ser evitados, pela tendência à formação
de corpos cetônicos, que passam a barreira placentária e são prejudiciais ao feto. As
prescrições de dieta devem ser individualizadas e modificadas na evolução da gravidez.
Adoçantes artificiais não calóricos (aspartame, a sacarina, acesulfame-K e neotame)
podem ser utilizados com moderação)

Exercício físico

Atividades físicas poderão ser mantidas durante a gravidez, porém com intensidade
moderada, desde que não existam contra-indicações obstétricas. A prática de exercícios
na gestação tem como benefício a redução da glicemia, a redução do ganho excessivo
de peso materno e a diminuição da incidência de macrossomia fetal.

Contra indicações à prática de exercícios físicos durante a gravidez:

-Ruptura membrana
-Trabalho parto pré-termo
-Crescimento fetal restrito
-Doença hipertensiva gestação
-Desnutrição ou distúrbio alimentar
-Gestação múltipla
-Retinopatia proliferativa

As pacientes que realizavam exercícios previamente à gestação podem continuar ativas.


Recomenda-se realizar 15 a 30 minutos de atividade diária, em cicloergômetro, ou
caminhadas em 50% da capacidade aeróbica da paciente. Deve ser realizada a
monitorização da atividade fetal e, idealmente, da glicemia capilar antes e após a
atividade. Exercícios não devem ser realizados se a movimentação fetal for menor que
dez vezes em 24 h e se a glicemia capilar estiver abaixo de 60 mg/dL ou acima de 250
mg/dL (21).

Controle glicêmico

A monitorização domiciliar é recomendada, devendo ser realizada de 3 a 7 vezes por


dia, pré e pós-prandiais. Caso não seja possível essa monitorização, pode ser feito com
uma glicemia de jejum e duas pós-prandiais semanais, medidas em laboratório. Se após
duas semanas de dieta os níveis glicêmicos permanecerem elevados: jejum maior ou
igual a 105 mg/dL e 2 horas pós-prandial maior ou igual a 130 mg/dL, recomenda-se
iniciar tratamento.

Medicamentos

-​Metformina: é um antidiabético oral da classe das biguanidas


-​Glibenclamida: é uma sulfonilureia de segunda geração usada no tratamento do
diabetes mellitus tipo 2, severa.
-​Acarbose: é um fármaco utilizado pela medicina como redutor da glicemia,
hipoglicemiante. Bloqueia a absorção de amido e carboidratos grandes pela glicosidase
alfa. É uma biotecnologia obtida através de filtrados de fungos, do grupo actinomicetos.
-​Insulina: é um hormônio de extrema importância para o organismo.

A insulinoterapia é o tratamento padrão do diabetes gestacional devido às comprovadas


eficácia e segurança. O tratamento com insulina é iniciado nas gestantes que não
atingem as metas de controle glicêmico com dieta ou apresentam falha do tratamento
com medicação oral ou apresentam fatores preditores de falha com esses, como
glicemia de jejum > 140 mg/dL ou glicemia de 2h > 200 mg/dL no TTG 75 g. A dose e o
tipo de insulina utilizada dependem do padrão da hiperglicemia. o predomínio da
hiperglicemia de jejum ou pré-prandial indica insulina de longa ação, como a NPH; o
predomínio da hiperglicemia pós-prandial indica insulina de ação rápida. A dose
sugerida é de 1,5 U/10 g carboidratos no café da manhã e de 1 U/10 g carboidrato no
almoço e no jantar ou, alternativamente, de 0,6 a 1,0 U/kg/dia, com aumentos
progressivos até se alcançar o controle preconizado em relação à glicemia capilar.
Algumas gestantes podem necessitar de doses de até 2 U/kg/dia, especialmente quando
a gravidez está próxima do termo ou se são mulheres obesas. A sugestão é administrar
50%-60% da dose diária como insulina NPH e 40%-50% como insulina rápida. Nas
hiperglicemias pré e pós-prandiais, sugere-se esquema de tratamento intensivo com
quatro doses diárias de insulina, já que houve melhor controle glicêmico e menor
morbidade neonatal do que nas gestantes com esquema de apenas duas doses diárias.

As insulinas humanas (NPH e regular) são as preferidas por serem menos imunogênicas,
além de terem eficácia e segurança comprovadas. Entre as insulinas rápidas, a lispro e a
asparte foram semelhantes à insulina regular, tanto no controle glicêmico quanto na
formação de anticorpos. Meta-análise recente mostrou que os análogos de rápida e
longa ação não foram superiores às insulinas convencionais no controle glicêmico e na
taxa de hipoglicemia em gestantes com diabetes melito.

As insulinas glargina, detemir e glulisina não foram avaliadas por ensaios clínicos
randomizados em gestantes. O estudo ex-vivo de placentas a termo, retiradas de
gestações sem intercorrências, demonstrou ausência de transferência placentária da
insulina glargina; entretanto, é necessária cautela ao extrapolar esses dados para
gestações de primeiro trimestre e para gestantes diabéticas.

Parto

As gestantes com ótimo controle metabólico e que não apresentem antecedentes


obstétricos de morte perinatal, macrossomia, ou complicações associadas, como
hipertensão, podem aguardar a evolução espontânea para o parto. O diabetes
gestacional não é indicação para cesariana, e a via do parto é uma decisão obstétrica. Se
for programada a interrupção da gestação antes de 39 semanas, é necessário realizar
amniocentese e avaliação da maturidade pulmonar fetal com dosagem de
fosfatidilglicerol e avaliação da relação entre lecitina e esfingomielina.

No parto programado, a gestante deve permanecer em jejum, a insulina NPH suspensa,


e uma solução de glicose a 5 ou 10% deve ser administrada, com controle horário da
glicemia capilar, se necessário, administrar insulina de ação rápida. As necessidades de
insulina diminuem no trabalho de parto devido ao período de jejum e ao aumento da
utilização de glicose. Quando o parto for de início espontâneo e a insulina diária já tiver
sido administrada, recomenda-se a manutenção de um acesso venoso com infusão
contínua de solução de glicose. Durante o trabalho de parto, a glicemia deve ser
mantida em níveis próximos ao normal (70 a 120 mg/dL). Pode-se utilizar a infusão
contínua de insulina endovenosa com baixas doses (1 a 2 unidades/hora) ou com
injeções subcutâneas de insulina de ação rápida conforme a glicemia. Recomenda-se a
presença de neonatologista na sala de parto.
Pós-parto

Observar os níveis de glicemia nos primeiros dias após o parto. Orientar a manutenção
de uma dieta saudável. A maior parte das mulheres não mais requer o uso de insulina. O
aleitamento natural deve ser estimulado e, caso ocorra hiperglicemia durante esse
período, o tratamento tradicional é com insulina. Vários estudos demonstraram que a
metformina passa em quantidades muito pequenas para o leite, podendo ser mantida
em mulheres que a utilizaram na gestação. A glibenclamida também não passa para o
leite.

A tolerância à glicose deverá ser reavaliada a partir de 6 semanas após o parto com
glicemia de jejumou com o teste oral com 75 g de glicose (TOTG), dependendo da
gravidade do quadro metabólico apresentado na gravidez. O uso de metformina pode
ser recomendado para evitar ou postergar o aparecimento de diabete clínico, que é
muito frequente em mulheres que tiveram DG.

Bibliografia
http://www.diabetes.org.br/ebook/component/k2/item/59-tratamento-do-diabetes-ge
stacional-e-da-gestante-com-diabetes

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302011000700002

https://pt.wikipedia.org/wiki/Metformina

https://pt.wikipedia.org/wiki/Glibenclamida

https://pt.wikipedia.org/wiki/Acarbose

http://www.sodetox.com.br/o-que-e-insulina-qual-sua-funcao/

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