Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CAICÓ-RN
2015
1
CAICÓ-RN
2015
2
Aprovado em:_____/_____/________
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________
Prof. Dr. João Manoel de Vasconcelos Filho
Orientador
___________________________________________________________________
Profª. Drª. Jeane Medeiros Silva
Examinador
__________________________________________________________________
Prof. Dr. Gleydson Pinheiro Albano
Examinador
4
AGRADECIMENTOS
RESUMO
O presente trabalho se remete à feira livre do município de Caicó, tendo por objetivo
investigar a dinâmica e as transformações socioespaciais pelas quais a mesma vem
passando, e sua resistência às estruturas comerciais modernas, ou seja, os
supermercados. A partir do seu surgimento, a feira livre é o espaço das relações
econômicas, sociais e culturais. Esta atividade comercial teve importante
contribuição para a ocupação do território brasileiro, principalmente na região
Nordeste, onde foi responsável pelos primeiros núcleos populacionais da região. A
princípio as relações econômicas estavam voltadas para a comercialização do gado,
com as famosas feiras de gado. Com o passar dos anos, as feiras foram se
moldando, evoluindo para assumir essa configuração atual. Partindo para o recorte
empírico desta pesquisa, a feira livre do município de Caicó, esta é caracterizada
como espaço de múltiplas relações, que, nos últimos tempos, vêm resistindo e
persistindo no espaço em meio à modernização atual das formas de comércio (os
supermercados) local. Neste contexto, a feira livre se insere no circuito inferior da
economia urbana, por ser uma atividade tradicional, com componentes rústicos e
métodos tradicionais de venda e o intenso uso da mão-de-obra. Apesar dessas
considerações, a feira ainda tem uma importância econômica para a população
caicoense como também para os municípios vizinhos, tornando-se espaço de
comercialização e socialização. Diante das análises feitas, buscamos compreender
as relações existentes nesse espaço, como também a falta de investimentos por
parte da Prefeitura.
ABSTRACT
The present study refers to the street market in Caicó city by having goal was to
investigate the dynamics and the socio-spatial transformations that it has been
suffering and its resistance to modern business structures known as supermarkets.
From its inception, the street market is the space of economic, social and cultural
relations. This commercial activity had important contribution to the occupation of the
Brazilian territory, especially in the Northeastern where it was responsible for the first
settlements in the region. At beginning the economic relations were focused to cattle
trade with the famous cattle markets. Over the years the fairs were molding and
evolving to take this current configuration. Going to the empirical focus of this study,
the street market in Caico city is characterized as a space for multiple relationships
which in recent times have resisting and persisting in a space among the current
modernization of the local forms of trade (the supermarkets). In this context, the free
market is inserted in the lower circuit of the economy urban being a traditional activity
with rustic components and traditional methods of sale and intensive hand labor use.
Despite these considerations the free market still has an economical importance for
the caicoense population as well as to the neighboring counties becoming a
marketing space and socialization space. Based on the analyses made we tried to
understand the relationships that exist in that space as well as the lack of investment
by the City Hall.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE MAPAS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE SIGLAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16
SUPERMERCADOS....................................................................................... 62
....................................................................................................................... 65
3.2 O poder público local e seu papel administrativo em relação á feira livre ...........
....................................................................................................................... 71
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 78
INTRODUÇÃO
E, por último, no terceiro capítulo, "A feira livre de Caicó enquanto um cenário
de resistência as novas estruturas comerciais modernas: os supermercados",
fazemos uma abordagem sobre a globalização e os vetores modernos. Neste caso,
referimo-nos aos supermercados existentes na cidade, como a feira vem persistindo
e resistindo a esse comércio moderno. E, por fim, o papel do poder público local em
relação à feira livre.
20
Daí o porquê de a pecuária ter sido uma atividade determinante para a fixação
da população no Nordeste, fazendo vigorar os primeiros centros de povoamento,
influenciando na formação da economia nordestina. O criatório de gado naquele
período difundia-se para o interior do Nordeste, "inúmeros núcleos estabeleceram ao
longo dos „caminhos de gado‟, o que influenciou a formação de praças de mercado e
das feiras como conhecemos atualmente" (DANTAS, 2007, p. 71), estimulando o
aumento populacional, obtendo um grande êxito em razão da própria formação
socioespacial desse território, do mesmo modo as condições socioeconômicas da
população. O povoamento do Nordeste se deu impulsionado pelos caminhos
descerrados pelo gado, permitindo o surgimento de vilas e povoados. Os currais de
gado foram o firmamento das futuras cidades, instituindo uma ligação direta com o
campo.
No interior do Nordeste, várias cidades se tornaram conhecidas, de acordo
com Lima e Sampaio (2009), devido às suas feiras de gados, no caso de Quixadá e
Baturité/CE, Campina Grande/PB e Feira de Santana/BA, tornando-se centros de
comércio de gado, inserindo essas cidades em um contexto regional.
A feira mantinha um papel importante para o desenvolvimento da cidade,
principalmente para aquelas cidades menores, pois assegurava a comercialização
da produção familiar, composta principalmente por produtos agrícolas, e, muitas
vezes, eram elas, as feiras, o principal local de comércio da população,
estabelecendo uma característica de comércio varejista ao ar livre, transformando-se
em um comércio fixo que se espalhou em direção a áreas centrais das cidades para
sua realização.
Nos Séculos XVI, XVII e XVIII, o Rio Grande do Norte teve sua região
ocupada pelos currais de gado, atividade que era secundária à cana-de-açúcar. Mas
foi a pecuária a principal economia da capitania naquele período. O início do
povoamento do seu interior dar-se no século XVIII, quando as primeiras concessões
de sesmarias prescrevem as primeiras criações de gado na região do Seridó,
estabelecendo uma estrutura fundiária sertaneja devido à valorização econômica da
terra por razão dessa atividade extensiva e a formação do território. A expansão
territorial para o interior faz surgir novos núcleos populacionais, como é o caso da
cidade de Caicó.
Fonte: Elaborado pelos autores com base na malha digital do IBGE, 2010.
26
Entre o século XIX e o início do século XX, a cidade de Caicó intensifica sua
economia através do desenvolvimento da cultura do algodão implantada no Seridó.
Ocorrida uma grande seca entre 1877 e 1879, a cotonicultura foi introduzida no
Seridó, sendo difundida pelo algodão mocó ou simplesmente o algodão Seridó.
Devido à grande seca, a pecuária não surtia mais o efeito para as ambições
1
Tropeiro – Condutor de tropas de animais; condutor de bestas de carga. Disponível em:
<http://www.dicio.com.br>. Acesso em: 05 ago. 2015.
27
capitalistas, passando uma atenção maior ao cultivo do algodão, por esse se inserir
no mercado facilmente.
Mas isso não implicou o fim da criação de gado, criou-se uma relação
paralela, simbiótica com o cultivo do algodão, "a coexistência dessas atividades foi
responsável pela conformação de um sistema em que, [...] a pecuária e o algodão
assumiram um caráter de complementariedade" (MORAIS, 1999, p. 53) de maneira
que o caroço e o restolho serviam de ração para a alimentação do gado.
Posteriormente, a cotonicultura suplantou a pecuária, dando um caráter dinâmico à
cidade a partir dos últimos decênios do século XIX:
2
"Para alguns historiadores, a cidade e a capela nasceram juntas, quando em 1748 foi criada a
Freguesia de Sant'Ana e lançadas as bases da construção da capela [...]" (MORAIS, 1999, p. 40).
3
Era uma nova mentalidade que surgiu a partir de médicos que relacionavam surtos epidêmicos de
algumas doenças aos hábitos da população. Os médicos higienistas tinham o dever de cuidar da
higiene e saúde da população.
28
4
A praça recebeu essa denominação, devido á mesma ser palco para a libertação dos escravos
caicoense, nesse espaço ocorreram às cerimônias de alforria.
29
Caicó, [...] tinha sua economia centrada de início na pecuária bovina, era o
gado que dava o couro, o leite, o queijo, a manteiga, a carne, entre outros
produtos que eram comercializados, não só na cidade, mas em regiões
circunvizinhas (NERY, 2006, p. 18).
públicos.
Na feira, vendiam-se produtos da nossa agricultura como feijão, arroz, milho,
bebidas, fumos, goma de mandioca, assim como também produtos vindos da zona
rural: ovos e queijos de manteiga e coalho. Existia uma grande quantidade de
utensílios domésticos fabricados do barro ou do alumínio, tendo em visto que,
naquela época, século XIX, não existia eletrodomésticos.
Desde o século XIX, a feira se faz presente na configuração espacial urbana
de Caicó. Além de comércio, a feira favorecia vários assuntos entre os compadres e
comadres. As diversas práticas esboçadas por esses indivíduos não faziam da feira
um simples local de compras e vendas de mercadorias, iam mais além, tornou-se
um local distinto de uma série de relações sociais, em que as relações humanas se
manifestavam com mais força e de formas diferenciadas produzidas no cotidiano
urbano da cidade.
No decorrer dos anos seguintes, o Mercado Público da antiga Praça da
Liberdade foi removido para onde é o seu local atual, construído em 23 de fevereiro
de 1918 (Figura 04), entre as avenidas Seridó e Coronel Martiniano, estabelecendo-
se como armazém comercial, mas tinha um aspecto sórdido, devido à
comercialização do gado. "O mercado municipal se constituía de um casarão cheio
de portas ao redor destinadas ao tráfego de consumidores e comerciantes" (NERY,
2006, p. 26). O então mercado foi construído pelo poder público com intuito de
proporcionar melhores condições, configurando uma nova forma de organização
urbana no espaço caicoense.
A cotonicultura foi até o final da década de 1970 (Figura 05), uma importante e
principal fonte geradora de emprego e renda para o município, dando ênfase ao
processo de urbanização da cidade. Caicó alcançou o estado de principal cidade da
região do Seridó nesse período, devido ao dinamismo econômico desenvolvido pela
atividade algodoeira. "O desenvolvimento da cotonicultura, juntamente com a
implantação de políticas públicas [...] veio fortalecer o processo de modernização da
cidade, intensificando a urbanização de Caicó [...]" (ARAÚJO, 2008, p. 165).
Entre a transição dos anos 1970 a 1980, a sua principal base econômica, a
cotonicultura passa por implicações entrando em decadência, afetando de modo
fatal sua estrutura econômica. A cidade de Caicó se (re)estrutura, (re)organiza seu
espaço urbano revertendo sua economia de base agrária para "uma economia
predominantemente urbana, baseada no setor terciário" (MORAIS, 1999, p. 170)
para reduzir os efeitos da crise algodoeira, ocasionando novo dimensionamento de
atividades já existentes e o aparecimento de novas estruturas produtivas,
favorecendo "a rearticulação do território através de novas relações campo-cidade e
cidades-região" (MORAIS, 2005, p. 10).
A instauração de novos serviços desencadeou o desenvolvimento da cidade.
Alguns desses serviços eram exclusivos, existindo somente em Caicó. Edificando a
cidade na condição de centro regional expandindo-se no setor terciário através dos
setores de comércio e prestações de serviços, Caicó ergue e dinamiza novamente a
sua economia, passando por mudanças. "Essas mudanças contracenadas, nos
proscênios caicoenses influenciaram a dinâmica da cidade, rebatendo nas suas
relações e, consequentemente, nas concatenações entretecidas no “universo” da
feira livre" (ARAÚJO, 2006, p. 39), de modo que, levando-se em conta as
modernizações introduzidas no espaço urbano da cidade, a expansão do comércio e
a forte formação de um setor terciário, fez-se com que a feira livre de Caicó
estabelecesse um laço forte com a economia local.
Então, nessa direção, a cidade e a feira livre, historicamente, encontram-se
no rastro da produção econômica. A feira se caracteriza do ponto de vista
econômico, um modelo de vazão da produção agrícola regional, criando uma
interligação entre os demais ramos de atividade comercial, como também elemento
primordial para a vida social: "A feira livre é a síntese das relações econômicas,
sociais e culturais que são estruturadas diariamente nos espaços da cidade"
(MEDEIROS, 2010, p. 16).
Por muitas décadas, a feira livre de Caicó ocupa as adjacências do Mercado
Público, que está situado na Avenida Coronel Martiniano, e do Açougue Municipal
localizado na Avenida Seridó, na área central da cidade, estruturando-se a partir das
ocupações dessas ruas. No dia de sábado, a feira livre se configura como corredor
comercial, por onde movimentam seus frequentadores num ritmo intenso e contínuo
de pessoas e veículos, transitando entre uma feira e outra. Consideramos, nesta
pesquisa, a feira livre localizada próximo ao Açougue Municipal, em vista de essa
33
A feira começa por volta das 04h da manhã, quando chegam os primeiros
feirantes, e se estende até 13h da tarde. Alguns feirantes já têm sua barraca ou
banca fixada no local, cabendo apenas arrumar as mercadorias, outros estendem
lonas ou arrumam caixotes para colocar seus produtos para serem comercializados.
36
Por volta das 05h da manhã, começam a chegar os primeiros fregueses à procura
de comprar os melhores produtos.
Boa parte desses indivíduos chega em jejum e satisfazem sua fome nos
barracos que comercializam produtos voltados à cultura alimentar local. Há tapioca
com ovos, pastel com caldo de cana, café com bolo, pão com queijo de manteiga,
caldo acompanhado com cuscuz e batata doce, mungunzá, entre outros alimentos.
A feira agita todos os sentidos, que são colocados à prova: a visão, pois, de
longe, a feira já chama a atenção por seu cenário multicolor; o tato, para se escolher
pelo toque, apalpação, as melhores frutas, legumes e até a degustação dos
mesmos; o olfato sente-se o "cheiro" peculiar da feira; a audição ouve-se a
sonoridade ecoada pelos feirantes que, de maneira peculiar, divulgam seus produtos
na tentativa de atrair os consumidores.
Na feira, de tudo se vende, desde alimentos produzidos e cultivados na
região, como produtos agrícolas provenientes muitas vezes da zona rural do
município e de outras cidades da redondeza. Uma imagem bem comum é ver os
feirantes debulhando o feijão verde para ser vendido. Como também, é cada vez
mais comum encontrarmos uma multiplicidade de produtos populares
industrializados como calçados, roupas, têxteis em geral, CDs e DVDs piratas.
A distribuição das barracas é aleatória, seus locais são organizados pelos
próprios feirantes, onde elas são enfileiradas uma ao lado da outra. As barracas
demonstram estruturas diferentes, algumas são de madeiras outras com estruturas
improvisadas por caixas de plástico. Em uma barraca se vendem frutas, verduras e
hortaliças, temperos e chás, na barraca vizinha vendem-se carnes, frangos e
pescados, em outra, cereais, queijos, doces, biscoitos e manteigas. Não há uma
setorialização das barracas por tipo de mercadorias vendidas.
Ainda é notável, na feira, a permanência de alguns objetos e produtos que
são verdadeiras rugosidades. A feira "analisada é o resultado de um processo de
acumulação de tempos, em que o espaço se renova ao passo em que conserva
permanências" (FARIA, 2011, p. 80). Exemplo é a forma tradicional mantida de
comercializar os cereais, ensacados em sacos de algodão, vendidos a granel, com
caneco de flandre para regular a porção desejada pelos clientes, como também
barracas com produtos como utensílios domésticos (Figura 07) de alumínio, barro,
flandre e palha, colher de pau, abano para fogão a lenha feito de palha, instrumentos
para atividades rurais como arreios, chicotes, botas, chapéus, etc. Essas
37
Os feirantes da feira livre [...] fazendo uso de sua "lábia comercial" faz da
sua fala um meio de comunicação e por meio de sua criatividade elabora
estratégias de atrair o freguês e de induzi-lo a comprar sua mercadoria,
como a promoção, baixa dos preços, ou anúncio da qualidade do produto.
São atos humanos diretamente ligados ao uso da fala e que remetem a
produção simbólica da própria feira livre [...] (ARAÚJO; CARNEIRO, 2014,
p. 148).
38
5
Lugares opacos estão relacionados à pobreza, a falta de estrutura, uma pequena inclusão na
modernização tecnológica e o desleixo do poder público nessas áreas. Já os luminosos são áreas
nobres da cidade com uma forte veemência tecnológica. "[...] opacidade e luminosidade fazem parte
de uma mesma totalidade, que se revela nos subespaços urbanos, como é o caso de Caicó em sua
formação territorial" (FARIA, 2011, p. 44).
43
VARIÁVEIS
na região do Seridó, que atrai pessoas oriundas de diversas cidades, e isso está
"associado à existência de uma certa infraestrutura urbana diferenciada em termos
regionais, e por oferecer os mais diversos tipos de serviços e comércio" (AZEVEDO,
2014, p. 83).
Fonte: Elaborado pelos autores com base na malha digital do IBGE, 2010.
48
42%
Mais de 30 anos
Mais de 10 anos
58%
Isso exemplifica que a feira, para essa maioria que trabalha há muito tempo,
tornou-se uma atividade de ofício, sendo o principal meio de sobrevivência. Para
muitos, essa atividade se desenvolveu passando de geração a geração (avós, pais,
tios) uma continuidade do negócio familiar que se mantém conservada até os dias
de hoje. Mas também essa atividade surge como uma segunda alternativa, uma
oportunidade para complementar a renda, pois esses encontram na feira um modo
de escapar da pobreza.
A maior parte deles declarou que frequentam somente a feira livre de Caicó e
não exerce outra função a não ser a de feirante, participando semanalmente da feira,
dependendo dela para sobreviver. Entre os produtos comercializados, boa parte é
54
80%
15%
2% 3%
50%
40% Falta de segurança e
fiscalização
30%
Padronização das
20% barracas
10% Infarestrutura
0% (banheiros)
Desorganização
15%
Semanalmente
Quinzenalmente
Ocasionalmente
80%
Escolaridade Consumidor
80%
70%
60%
50%
40%
30% Escolaridade
20% Consumidor
10%
0%
Ensino Ensino Médio Ensino
Fundamental Superior
Completo
A união entre ciência e técnica que, a partir dos anos 70, havia transformado
o território brasileiro revigora-se com os novos e portentosos recursos da
informação, a partir do período da globalização e sob a égide do mercado. E
o mercado, graças exatamente à ciência, à técnica e à informação, torna-se
um mercado global. O território ganha novos conteúdos e impõe novos
comportamentos, graças às enormes possibilidades da produção e,
sobretudo, da circulação de insumos, dos produtos, do dinheiro, das idéias,
e informações, das ordens e dos homens (SANTOS, 2006, p. 52-53).
64
6
Como relatado no primeiro capítulo desse trabalho.
7
O supermercado Serve Bem, atuou na cidade de Caicó por 44 anos, devido a uma pequena crise,
perderam competitividade, rendendo-se a concorrência e fecharam as portas em Agosto de 1999.
67
3.2 O poder público local e seu papel administrativo em relação á feira livre
estabelecimento.
Diante do que foi exposto, percebemos que a feira livre necessita urgente de
uma requalificação, maior atenção por parte do poder público local e uma
fiscalização mais efetiva. Assim cabe ao gestor da Prefeitura Municipal o dever de
estabelecer ações que busquem dar novo vigor e melhores condições para o espaço
da feira livre, tornando o ambiente moderno, adequado para o período atual,
higienizado e atraente para os consumidores. Assim como também políticas de
incentivo aos feirantes. Dessa forma, a feira livre passará a ser uma alternativa de
consumo.
Se até a atualidade a feira vem resistindo e chegou ao atual período, ela deve
à classe de baixa renda que sobrevive dela e usufrui essa atividade para satisfazer
suas necessidades e condições de consumo.
75
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do que foi declarado pelos feirantes, averiguamos que eles protestam
e reivindicam da gestão municipal, que não mantém o espaço da feira limpo e
organizado. É notável a falta de cumprimento de dever por ambos, feirantes e poder
público, uma vez que a ausência de normas/regras para a manutenção e
organização do espaço não é executado pelo poder púbico. Desse modo, deveria
existir um regimento interno, com ações educativas para informar procedimentos
básicos aos feirantes, como capacitá-los para manuseio adequado dos alimentos,
seguindo a legislação sanitária vigente, garantindo um bom funcionamento da feira.
A desobediência a essa legislação e descumprimento dela acarretariam em punição
através de multas. Mas sabemos que os feirantes são pessoas de diferentes culturas
e condutas, e não seria tarefa fácil fazer exigências tão simples em vista do seu
comportamento complexo.
Outra questão é a falta de fiscalização da vigilância sanitária, pois o controle
de qualidade dos produtos é inexistente. Reforçar a atuação de órgãos
fiscalizadores como também fixar lixeiras para a coleta do lixo, e essa coleta e
limpeza serem feitas durante o funcionamento da feira, proporcionaria o ambiente
limpo. Impulsionar a organização entre os feirantes, que deveriam se reunir e
formarem uma associação para defender os interesses em comum. A associação
traria benefícios e reivindicaria melhorias tanto para os feirantes como para o espaço
da feira.
Sabemos da urgência de melhorias na infraestrutura e organização, mas é
importante que se tenha uma sensibilidade para que sejam mantidas as próprias
características físicas e culturais da feira livre, sem descaracterizar sua essência.
Isto é, que se tenha ponderação entre as alterações e os aspectos culturais e
sociais. Que através do projeto de requalificação, a feira livre de Caicó, se torne uma
vitrine que atraia a atenção dos consumidores, e que desfaça a imagem da
desordem e sujeira.
Diante do que foi exposto e analisado, podemos afirmar que a feira livre de
Caicó caracteriza-se por sua persistência mesmo não possuindo a mesma dinâmica
e representatividade do século passado. Ela vem resistindo ao tempo e se
adaptando aos novos conceitos e comportamento da sociedade contemporânea e à
nova diversificação do consumo.
Ela ainda se destaca como relevante espaço de comercialização, sendo a
principal forma de abastecimento para a população local e das cidades vizinhas. É
77
também espaço das relações sociais de encontro, uma polissemia de formas, cores
e cheiros. Assim percebemos que, durante os sábados, no dia da feira, a dinâmica
da área central da cidade se amplia notavelmente, evidenciando-se como espaço de
tradição e resistência.
78
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Marcos Antônio Alves. A feira livre no sertão do Seridó potiguar: dos
territórios construídos aos lugares praticados. MNEME, Caicó, v. 8. n. 21, p. 24-48,
abr./mai. 2006.
CARLOS, Ana Fani Alessandri. A cidade. ed. São Paulo: Contexto, 2009, 98 p.
________. O espaço urbano: novos escritos sobre a cidade. São Paulo: FFLCH,
2007, 123 p.
EZELINO, José. Praça do Mercado. 1870. 1 fotografia, p & b, 10,0 cm x 6,0 cm. In:
ÁLBUM fotográfico de Caicó: ontem e hoje. Caicó, 1994.
________. Feira livre. [S. d.]. 1 fotografia, p & b, 10,0 cm x 6,0 cm. In: ÁLBUM
fotográfico de Caicó: ontem e hoje. Caicó, 1994.
LIMA, Anna Erika Ferreira; SAMPAIO, José Levi Furtado. Aspectos da formação
espacial da feira-livre de Abaiara – Ceará: relações e trocas. XIX ENCONTRO
NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA, 2009, São Paulo. Anais... Universidade
Federal do Ceará, 2009. p. 01-19.