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FENÔMENOS DE TRANSPORTE I

AULA No. 1
TEMA 1: Fundamentos dos Fenômenos de Transporte. Balanço
de quantidade de movimento. Equações de mudança.
(Características gerais da disciplina. Eq. geral de transporte molecular.
Propriedades de transporte).

DESENVOLVIMENTO:

• Relações dos Fenômenos de Transporte com as disciplinas de


Operações Unitárias e outras

As disciplinas dos Fenômenos de Transporte constituem o fundamento


cientista de muitas disciplinas do curso de Engenharia Química. Em primeiro
lugar das disciplinas de Operações Unitárias:

Operações Unitárias 1: trata sobre o estudo e cálculo de diferentes


sistemas de escoamento, isto é, por tubulações (redes hidráulicas) e dos
sistemas de separações mecânicas, tais como filtração, sedimentação e
outros.

Operações Unitárias 2, aborda o cálculo e a avaliação dos aparelhos da


Indústria Química onde ocorrem processos de transferência de calor, tais
como trocadores de calor, condensadores e aparelhos de evaporação.

Operações Unitárias 3 e 4, tratam sobre o cálculo e avaliação de diversos


processos de transferência de massa de duas o mais substancias, que
podem estar numa mesma fase ou em diferentes fases (G-L; L-L, Fluido-S); por
exemplo, em operações de: absorção, destilação, extração líquida e
lixiviação, umidificação, troca iônica, secagem e outras.

Também serve de fundamento às disciplinas de Reatores Químicos,


Química Ambiental, Tratamento de Águas e Residuais, Termodinâmica
Aplicada e Modelação Matemática.

Portanto, os Fenômenos de Transporte abrangem, fundamentalmente, os


processos e aspectos relacionados com as velocidades de transporte de
quantidade de movimento, de calor e massa em diferentes sistemas de
fluxo.

A presente disciplina Fenômenos de Transporte I aborda os aspectos


relacionados com as velocidades de transporte de quantidade de
movimento. Para seu desenvolvimento, a mesma se apóia nos conteúdos
1
estudados em disciplinas básicas tais como: Física, Matemática e Química,
entre outras.

• Tipos de mecanismos de transferência


Os principais mecanismos de transferência de quantidade de movimento, calor
ou massa podem ser de dois tipos:

1. Molecular
2. Turbulento

O transporte molecular se caracteriza pelo movimento individual das


moléculas, enquanto que o turbulento é o resultado do movimento de
grandes grupos de moléculas.

1.2 Transporte molecular. Equação geral que o descreve

A equação geral de transporte molecular pode ser obtida partindo de um


modelo gasoso simples. Este modelo gasoso é postulado pela teoria cinética
simplificada dos gases ideais.
A equação resultante, derivada deste modelo gasoso, aplica-se também
para descrever o transporte molecular em líquidos e sólidos. Essa
equação se expressa como uma relação matemática linear da forma
FLUXO – GRADIENTE:

1  d 
 líquido =  l  c   −  (1.2.1)
6  d y 
onde:
 líquido - é a densidade de fluxo líquido da propriedade (em uma
direção dada).
d
- é a gradiente da concentração da propriedade na direção y.
dy
1
 l  c - é uma constante de proporcionalidade, sendo l o percurso
6
livre médio das moléculas do modelo gasoso entre duas colisões, e c
a velocidade média das moléculas, entre duas colisões.

Do ponto de vista físico,  líquido é a velocidade de transferência da


propriedade (a densidade de fluxo da propriedade que se transfere), e
d
é a intensidade da força motriz (força impulsora)
dy

De acordo com a eq. (1.2.1), a propriedade se transporta de um estado inicial


(ponto da maior concentração da propriedade) para um estado final

2
(ponto da menor concentração). O sinal (-) é para que a magnitude da
densidade de fluxo,  líquido , seja positiva, já que por definição matemática
d
o gradiente é negativo.
dy

Na Engenharia Química, no campo das operações unitárias, a propriedade que


se transporta pode ser: quantidade de movimento, energia calorífica, ou
massa. Assim, a eq. (1.2.1) pode dar lugar a três expressões básicas
(Fig. 1.2.1):

Lei do Fick (Transporte molecular de massa (Difusão):


 d CA 
N A = DAB  −  (1.2.2)
 dy 

Lei do Fourier (Transporte molecular de calor (Condução):


 dT 
q = k  −  (1.2.3)
 d y

Lei do Newton da viscosidade (Transporte molecular de quantidade de


movimento: regime laminar de fluxo):

 d vZ 
 yz =   −  (1.2,4)
 d y 

3
Equação geral de
Ecuación general de transporte
transporte molecular
molecular
1  d 
 =  l  c   − 
6  dy
.....(1)
(1.1)

 dC   d (  Cp  T)   d (  v) 
NA = DAB   − A  q =    −  yz =    − 
 dy   dy   d y 
.....(
(1.2)2) .....(
(1.3)3 ) .....( 5)
(1.5)
Ley de Fick (Transporte molecular de ((Transporte
Transporte molecular
molecular
(Transporte molecular calor) dedequantidade
cantidad dede
(Transporte molecular
de masa) movimiento)
movimento)
de massa)
Difusión
Difusão

 d T  d v
q = k   −   yz =    − 
 dy  d y
.....( 4)
(1.4) .....( 6)
(1.6)

Ley de Fourier Ley de Newton


Conducción
(Condução) Régimen laminar de
Regime laminar de
flujo
(fluxo)

Fig. 1.2.1 Expressões básicas do transporte molecular de quantidade de


movimento, calor e massa.

1
Nestas equações, a constante de proporcionalidade l c dá lugar às propriedades
6
de transporte:

2
DAB – difusividade, m
s
2
 - difusividade térmica, m
s
2
 - viscosidade cinemática, m
s
1 2
 l.c = DAB =  =  <> m (1.2.5)
6 s

4
Para o transporte de quantidade de movimento:
kg m Pa  s
 =   v (concentração de quantidade de movimento), . =
m3 s m
2
m kg m kg
 =  yz (densidade de fluxo de quantidade de movimento), = = Pa
s m s.m m.s 2
3

para sistemas de  constante:


  =  (1.2.6)
onde:  - viscosidade dinâmica, Pa  s

1.3) Propriedades de Transporte. Métodos para sua estimação


É conhecido que o cálculo ou estimativa das propriedades de transporte depende
do estado físico da substância. A viscosidade e as outras propriedades de
transporte (condutividade térmica e difusividade) podem ser determinadas pelos
métodos gerais seguintes (ver Fig. 1.3.1):

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Equações semi-empíricas
derivadas da teoria cinética
dos gases, as quais se corrigem
mediante os parâmetros de
Lennard-Jones para o caso de
gases reais.

Equações e gráficos derivados


Gases e do principio dos estados
misturas correspondentes (variáveis
gasosas reduzidas; Tr, Pr)

Tabelas, nomogramas e
correlações gráficas.

Métodos de Via experimental


estimativa das
propriedades
de transporte.
Equações semi- empíricas
baseadas na teoria da
velocidade de Eyring

Equações empíricas,
Líquidos nomogramas; correlações
gráficas e tabelas.

Via experimental

Correlações gráficas; tabelas


Sólidos
tabelas
Via experimental

Fig. 1.3.1 Métodos de estimação de propriedades de transporte

1.3.2) Determinação da viscosidade em gases


Equações semi-empíricas derivadas da teoria cinética dos gases. Correção
pelos parâmetros do Lennard – Jones:

 - diâmetro de colisão, e 1 - função integral de colisão.

6
Para gases monoatômicos e poliatômicos (puros):

M T
 = 2,6693  10 −6  , ( Pa  s) ... (1.3.2.1)
 2  1
onde: M - massa molecular, (kg/kmol)
T - temperatura, K.
 - diâmetro de colisão, Å
1 - função integral de colisão para  (adimensional), que se determina por lãs
seguintes equações:

− 0 ,474
  K'.T     K'.T  
1 = 1,610  . , para 0 ,3       2 ,0 ... (1.3.2.2)
      
  K'.T     K'.T  
1 = 1,306 − 0 ,085   , para 2 ,0       4 ,2 ... (1.3.2.3)
     
− 0 ,1525
  K'.T     K'.T  
1 = 1,1809   , para 4,2       100 ...(1.3.2.4)
     

Onde  é a energia de atração máxima entre duas moléculas e K’ é a


constante do Boltzman

De acordo com a equação (1.3.2.1):

A viscosidade (µ) em gases aumenta com a temperatura, e é


Para mesclas binárias de gases não polares:
independente da pressão para valores de pressão inferiores
aos das condições críticas.
Para magnitudes de pressão iguais ou superiores às das
condições críticas, a viscosidade pode diminuir ou aumentar
com a pressão, a uma mesma temperatura, como se observa
na Fig. (1.3.2.1).

Para misturas de gases não polares, a viscosidade pode estimar-se


mediante a equação do Wilke:

n xi  ( )i
 mes =  n ... (1.3.2.5)
i =1
 x 
j =1
j ij

onde: ij – é um parâmetro que se determina pela seguinte equação:


2
 1  Mi 
−1 / 2
   1 / 2  M 1 / 4 
ij =   1+ 1 +  i    i   ... (1.3.2.6)
 8  M j       M  
  j  j 

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Uyehara e Watson têm proposto um gráfico que dá uma visão global da
dependência da viscosidade reduzida de gases com a pressão e a temperatura
reduzidas, (Fig. 4.1.1), sendo:

Fig. 1.3.2.1 Viscosidade reduzida, () em função da temperatura reduzida, Tr, e da


pressão reduzida, Pr.


r = é a viscosidade reduzida ... (1.3.2.7)
C
onde  C - é a viscosidade crítica , expressa em micropoises.
A viscosidade crítica pode ser estimada com a seguinte expressão empírica:

8
 C = 61,6 (MTC)1/2 (VC ) −2 / 3 ... (1.3.2.8)

onde VC é o volume molar crítico, em (cm3/g-mol); TC em K e M em (kg/kmol.)

Para líquidos puros e suas misturas


Geralmente existem tabelas, gráficas e nomogramas, que permitem determinar
valores de viscosidade () de líquidos.

Para as misturas homogêneas de vários componentes os valores


resultantes de mist podem estimar-se mediante expressões que estão em função
das propriedades dos componentes puros e da concentração (expressa como fração
molar), por exemplo:

log mist = x1 log 1 + x2 log 2 + ...... ... (1.3.2.9)

Para misturas binarias de líquidos miscível, Kendall-Monroe tem proposto a


expressão:
mist = (x1 11/3 + x2 21/3)3 ... (1.3.2.10)

Para suspensões sólido – líquido


Nas suspensões é freqüente a necessidade de determinar suas viscosidades s. As
expressões que se utilizam se expressam em função da fração volume, s, da fase
sólida, e das propriedades do meio líquido:
s = 1 (1 + 2,5 s) ... (1.3.2.11)

Esta expressão (1.3.2.11) é válida para suspensões relativamente diluídas


(s  10 %). Para valores maiores de s, se pode aplicar a eq. (1.3.2.12):

s = 1 0,59/(0,77 - s)2 (Para s até 30 %) ... (1.3.2.12)

e a equação de Hatschek (1.3.2.12) , para 0,5  s  0,9:

s = 1 1/(1 - s1/3) ... (1.3.2.13)

onde: 1 é a viscosidade do meio líquido puro e s é a concentração volume da fase


sólida (adimensional).

Para suspensões mais concentradas, as viscosidades se determinam por via


experimental.

Exemplo Ilustrativo (para um gás puro):


-Determinar a viscosidade do cloro (Cl2) a 30ºC (gás diatômico).

Os parâmetros do Lennard – Jones são:

-Pela Tabela A.2 do Anexo do livro de Garcell, para o Cl2:

M = 70,91 kg/kmol
 = 4,115 Å (diâmetro de colisão)

9
 
  = 357 ,0 K
 K'

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