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FACULDADE ASSIS GURGACZ - FAG

RICARDO PAGANIN

ESTUDO DE CASO: LEVANTAMENTO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS


APARENTES EXISTENTES EM UMA UNIVERSIDADE DE CASCAVEL - PR

CASCAVEL - PR
2014
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FACULDADE ASSIS GURGACZ - FAG

RICARDO PAGANIN

ESTUDO DE CASO: LEVANTAMENTO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS


APARENTES EXISTENTES EM UMA UNIVERSIDADE DE CASCAVEL - PR

Trabalho apresentado na disciplina de Trabalho


de Conclusão de Curso II, do Curso de
Engenharia Civil, da Faculdade Assis Gurgacz
- FAG, como requisito parcial para obtenção
do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientadora: Ms. Eng. Civil Débora Felten

CASCAVEL - PR
2014
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DEDICATÓRIA

“Tudo que está no plano da realidade já foi sonho um dia”


Leonardo da Vinci.

Dedico este trabalho a todos que me apoiaram durante esse trajeto ao longo do curso,
aos meus pais, minha família, colegas de trabalho, professores e amigos.
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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, pela força e perseverança nesta caminha ao longo do

curso, por ter chegado a mais uma etapa concluída.

Aos meus pais Romildo e Marlene, irmãos Rodrigo e Renato que me deram apoio para

que eu buscasse meus objetivos, a minhas tias Marisete e Emilia, enfim a toda minha família

que de uma forma ou outra contribuíram para conclusão desta etapa.

Aos professores e coordenares que de alguma forma contribuíram com minha busca do

conhecimento, tendo paciência em ensinar o máximo possível aos seus alunos. Um

agradecimento especial à professora, coordenadora e minha orientadora Eng. Débora Felten,

que durante este trabalho me aconselhou e da melhor forma contribuiu para conclusão deste

trabalho.

Aos meus amigos, colegas de turma que contribuíram ao longo de toda a caminhada

da graduação, onde a convivência contribui em grande parte para formação do profissional,

como sabemos o conhecimento deve ser compartilhado durante este processo de formação.

Meus agradecimentos aos colegas de trabalho que me acompanharam e sempre

incentivando a continuidade e conclusão desta caminhada, em especial ao amigo Jerson e a

Jaqueline e José Antônio que contribuíram e tornaram a realização deste sonho possível.
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RESUMO

Nos últimos anos as ocorrências de manifestações patológicas em construções tiveram um


aumento significativo, tendo em vista a multiplicação de empreendimentos, agravada pela
falta de mão de obra qualificada. Durante ou após o término das obras várias falhas
construtivas são visíveis, prejudicando assim a utilização e a aparência da obra,
desvalorizando-a. Portanto é de grande importância que estas falhas construtivas sejam
levantadas e corrigidas, levando em consideração a recuperação de a patologia ser
economicamente viável e tecnicamente exequível, para tanto se necessita caracterizar as
causas dos problemas e definir a melhor forma de resolvê-los. O objetivo foi fazer um
levantamento das patologias aparentes existentes em um edifício de uma universidade, tendo
por base a identificação do problema, causa e recuperação da patologia, buscando a melhor
solução a ser adotada como método corretivo. Foram levantadas in loco as patologias
aparentes manifestadas em um prédio de três pavimentos destinado a salas de aula, em uma
universidade localizada na cidade de Cascavel – PR, juntamente com verificações
bibliográficas e especificações técnicas. O resultado deste trabalho foi encontrar as causas de
tais manifestações patológicas sendo assim possível comparar fatos, manutenções já
realizadas e sugerir soluções para tais problemas encontrados. Através do levantamento pode-
se identificar que em 96% das unidades vistoriadas há descolamento do revestimento
cerâmico, sendo também constatado que em 82% das unidades há manifestação de problemas
com infiltração, as fissuras em lajes são recorrentes em 57% das unidades visitadas, em
sequência foram identificadas fissuras nas paredes em 43% das unidades e eflorescência em
41%, ainda levantou-se os custos dos materiais necessários para execução dos processos de
restauração das patologias relacionadas à infiltração nas paredes.

Palavras-chave: Patologia; Causas; Recuperação.


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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Lei da Evolução de Custos....................................................................................... 16


Figura 2 - Origens dos Problemas Patológicos. ........................................................................ 17
Figura 3 - Origens dos Problemas Patológicos. ........................................................................ 17
Figura 4 - Edifício objeto da análise. ........................................................................................ 27
Figura 5 - Planta do pavimento tipo. ........................................................................................ 28
Figura 6 – Fissura na laje.......................................................................................................... 34
Figura 7 - Fissura devido deficiência de armadura. ................................................................. 35
Figura 8 - Fissura por retração do concreto. ............................................................................. 35
Figura 9 – Trinca na face inferior da laje. ................................................................................ 36
Figura 10 – Fissura por flexão. ................................................................................................. 36
Figura 11 – Correção de fissuras e trincas. ............................................................................... 37
Figura 12 – Fissuras e trincas em paredes. ............................................................................... 38
Figura 13 - Fissura decorrente dilatação térmica horizontal. ................................................... 39
Figura 14 – Fissura de movimentação térmica. ........................................................................ 40
Figura 15 – Fissura horizontal na parede. ................................................................................ 41
Figura 16 – Fissura por sobrecarga e deformação. ................................................................... 41
Figura 17 – Fissura diagonal na parede. ................................................................................... 42
Figura 18 – Infiltração na parede inferior da janela. ................................................................ 44
Figura 19 – Peitoris das janelas. ............................................................................................... 45
Figura 20 – Modelo de pingadeira. ........................................................................................... 46
Figura 21 – Marquise e infiltração. .......................................................................................... 46
Figura 22 – Manchas de infiltração marrom-avermelhadas. .................................................... 47
Figura 23 – Descolamento do revestimento. ............................................................................ 49
Figura 24 – Exemplo de assentamento do revestimento. ......................................................... 50
Figura 25 – Método de limpeza. ............................................................................................... 50
Figura 26 – Eflorescência na laje. ............................................................................................ 52
Figura 27 – Eflorescência. ........................................................................................................ 53
Figura 28 - Distribuição das manifestações patológicas: 3° pavimento. .................................. 54
Figura 29 – Fissura na laje acompanhada de infiltração. ......................................................... 57
Figura 30 – Trinca no parapeito da escada. .............................................................................. 59
Figura 31 – Fissuras com tonalidade marrom-avermelhada. .................................................... 61
8

Figura 32 - Distribuição das manifestações patológicas: 2° pavimento. .................................. 62


Figura 33 – Fissura por expansão da alvenaria. ....................................................................... 65
Figura 34 – Fissura horizontal na parede. ................................................................................ 65
Figura 35 – Infiltração no forro de gesso. ................................................................................ 66
Figura 36 – Eflorescência. ........................................................................................................ 67
Figura 37 - Distribuição das manifestações patológicas: 1° pavimento. .................................. 68
Figura 38 – Número de recorrência das patologias. ................................................................. 69
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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Natureza Química das Eflorescências ...................................................................... 22


Tabela 2: Tabela para levantamento dos problemas patológicos. ............................................ 30
Tabela 3 - Síntese das manisfestações patológicas registrasdas. .............................................. 32
Tabela 4 – Formulário de patologias: Fissura e trincas de lajes. .............................................. 33
Tabela 5 – Formulário de patologias: Fissuras e trincas em paredes. ...................................... 37
Tabela 6 – Formulário de patologias: Infiltração. .................................................................... 43
Tabela 7 - Formulário de patologias: Descolamento do revestimento cerâmico. .................... 48
Tabela 8 - Formulário de patologias: Eflorescência. ................................................................ 51
Tabela 9 - Síntese das manisfestações patológicas registrasdas. .............................................. 55
Tabela 10 - Formulário de patologias: Fissura e trincas de lajes.............................................. 55
Tabela 11 - Formulário de patologias: Fissura e trincas de paredes. ........................................ 57
Tabela 12 - Formulário de patologias: Infiltração. ................................................................... 59
Tabela 13 - Síntese das manisfestações patológicas registrasdas. ............................................ 63
Tabela 14 - Formulário de patologias: Fissura e trincas de lajes.............................................. 63
Tabela 15 – Custos dos insumos para reparo. .......................................................................... 71
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 12
1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................... 13
1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 13
1.1.2 Objetivos Específicos ...................................................................................................... 13
1.3 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA ....................................................................... 14
1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA .................................................................................. 14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 15
2.1 PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................................. 15
2.1.1 O Problema ..................................................................................................................... 15
2.1.2 Patologias: Origens ......................................................................................................... 16
2.1.3 Patologias Advindas de Projeto ...................................................................................... 18
2.1.4 Patologias Advindas de Execução .................................................................................. 19
2.1.5 Patologias Advindas do Material Utilizado .................................................................... 20
2.1.6 Patologias Advindas da Utilização.................................................................................. 21
2.2 TIPOS DE PATOLOGIAS ............................................................................................. 22
2.2.1 Eflorescência ................................................................................................................... 22
2.2.2 Bolor................................................................................................................................ 24
2.2.3 Descolamento do Revestimento ...................................................................................... 24
2.2.4 Fissuras e Trincas ............................................................................................................ 25
3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 26
3.1 CARACTERIZAÇÕES DA AMOSTRA ....................................................................... 26
3.2 COLETA DE DADOS .................................................................................................... 30
3.2.1 Visita ao Local ................................................................................................................ 31
3.3 ANÁLISES DOS DADOS.............................................................................................. 31
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................. 32
4.1 ANÁLISE E LEVANTAMENTO DOS DADOS .......................................................... 32
4.1.1 Visita ao Local: 3° Pavimento ........................................................................................ 32
4.1.2 Visita ao Local: 2° Pavimento ........................................................................................ 54
4.1.3 Visita ao Local: 1° Pavimento ........................................................................................ 63
4.2 TRATAMENTO DOS DADOS ..................................................................................... 69
4.3 ORÇAMENTO ............................................................................................................... 70
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 72


6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .......................................................... 74
RFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 75
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1 INTRODUÇÃO

Tornou-se frequente o surgimento de falhas construtivas em edificações. O acelerado


crescimento da construção civil no Brasil, nos últimos anos, tem criado um bom momento
para construtoras, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) o setor da construção civil cresceu 1,9% no quarto trimestre de 2013 enquanto o
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi de 2,3 %, mas a estimativa de crescimento
para 2014 devido a mais investimentos em infraestrutura é de 2,8% de acordo com a
Fundação Getúlio Vargas (CBIC, 2013). Sendo assim em virtude da grande demanda do
mercado não há tempo para qualificação da mão de obra, isso culminado com prazos para
execução de obras cada vez mais curtos resultam na má execução dos serviços da construção
civil.
As falhas construtivas chamadas de patologias em construções podem ser
interpretadas como o baixo, ou o fim, do desempenho de uma estrutura em relação à
estabilidade, estética, uso e principalmente a durabilidade das construções para os fins a que
se destinam (SOUZA & RIPPER, 1998).
Para Souza (2008), o conhecimento dos problemas patológicos em edificações é
indispensável a todos os trabalhadores da construção civil, começando desde o operário até o
engenheiro ou arquiteto. Assim quando se conhece a problemática torna-se mais fácil a
identificação de erros e as chances de cometê-los podem ser reduzidas drasticamente.
Os consumidores do mercado da construção civil estão mais exigentes, visto que o
acesso à informação está cada vez mais amplo no país, eles conhecem seus direitos e sabem
reivindicá-los. Sendo assim, uma grande parte das reclamações dos usuários é referente ao
surgimento de manifestações patológicas, sendo elas causadas por cuidados ignorados, erros
na execução, erros de projeto e até mesmo má utilização do imóvel (RACHID, 2011).
Contudo percebe-se a importância de um estudo aprofundado do assunto, pois a
busca da qualidade nas construções é muito grande e deve ser incentivada, visto que estes
problemas podem ser evitados ou corrigidos quando se identifica a causa, buscando-se sempre
a forma mais viável tecnicamente e economicamente.
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1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Levantar as patologias aparentes existentes em um edifício de três pavimentos de


uma Universidade localizada na cidade de Cascavel – PR.

1.1.2 Objetivos Específicos

- Identificar as principais manifestações patológicas aparentes;


- Levantar as causas das patologias encontradas;
- Indicar o método de recuperação das falhas;
- Estimar o valor dos custos dos materiais necessários para a recuperação de uma
patologia mais recorrente.

1.2 JUSTIFICATIVA

As patologias em construções têm sido um grande problema nos últimos tempos,


vindo a ser muito frequente seu aparecimento. A mão de obra desqualificada, a falta de
manutenção e o próprio passar do tempo são fatores que contribuem para o aparecimento
destas situações.
Por estes problemas se tornarem aparentes, eles causam desconforto do usuário,
propiciando prejuízos financeiros, desgaste da imagem da construtora e, até mesmo problemas
mais sérios que possam levar a estrutura à ruína, felizmente muitas destas patologias podem
ser identificadas e corrigidas.
A identificação dos problemas patológicos do edifício a ser analisado é muito
importante, visto que há um grande fluxo de acadêmicos, pois o local é destinado a salas de
aula, atualmente a universidade em questão tem mais de 9 (nove) mil acadêmicos. Logo a
14

aparência das salas de aula, dos corredores, enfim do bloco em si é muito importante, bem
como a segurança destes ambientes.
Com este trabalho busca-se levantar as patologias aparentes ocorrentes na edificação
causadores de impactos de insegurança e desconforto ao ser humano, investigando as causas
da ocorrência do problema e também as formas de corrigir estas patologias.

1.3 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA

Quais são as principais patologias aparentes existentes em um edifício da


Universidade X, como surgiram e qual o melhor método corretivo?

1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa foi limitada ao levantamento das patologias existentes em um único bloco


de uma universidade localizada em Cascavel – Paraná, destinado a salas de aulas, com uma
área aproximada de 10.600 m², contando com três pavimentos.
Limita-se à pesquisa o levantamento das patologias aparentes causadoras de impacto
estético e insegurança ao ser humano. Restringe-se à pesquisa a localização da patologia,
identificação das causas e indicação do método corretivo mais viável. Limita-se a estimativa
do valor dos materiais necessário para correção de uma patologia.
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

2.1.1 O Problema

Patologia é um termo muito utilizado desde tempos atrás, origina-se no termo grego
páthos, que significa doença, e logos que corresponde a estudo. Logo, patologia significa o
estudo das doenças, sendo que, inicialmente, este termo era utilizado na literatura de
medicina, tendo como finalidade a identificação de anomalias causadas por doenças no corpo
humano. Tendo em vista a proximidade entre o surgimento de doenças no corpo humano e
defeitos nas construções, o termo patologia passou a ser usado na área de engenharia civil.
A ocorrência de patologias nas edificações é mais comum do que se imagina, podem
estar presentes em várias etapas e elementos da construção, podendo se manifestar durante e
depois da efetiva construção e localizar-se na fundação, pilares, vigas, lajes, cobertura,
alvenaria, pintura, revestimentos argamassados, etc.
Segundo Souza & Ripper (1998) excluindo catástrofes naturais, que são muitas vezes
imprevisíveis, os problemas patológicos em construções tem origem nas diversas fases do
processo que se denomina construção civil, sendo estes, divididos nos grupos de concepção,
construção e utilização. No processo construtivo, casos de imperícia, irresponsabilidade na
utilização de materiais fora das especificações técnicas justificando razões econômicas, além
de falhas involuntárias inevitáveis, provocam o desempenho insatisfatório a que se destina a
edificação.
Para Helene (1992) a grande preocupação com os problemas patológicos em
edificações é que estas podem evoluir constantemente para problemas mais sérios que possam
levar ao colapso da estrutura. Sendo assim, a intervenção com métodos corretivos quanto
antes executados, tornam a edificação mais durável, efetiva e consequentemente mais barata.
Tendo uma relação entre o custo, pode-se demostrar a Lei de Evolução de Custos,
desenvolvida por Sitter, conforme Figura 1:
16

Figura 1 - Lei da Evolução de Custos.


Fonte: SITTER, 1984 apud HELENE, 1992.

A fase de manutenção preventiva corresponde aos processos de identificação, reparo,


reforço e proteção de estruturas que deixaram de desempenhar suas funções a que foram
projetadas e apresentam evidentes manifestações patológicas. Para esta ação, pode-se associar
um custo relativo de 125 vezes superior ao custo das medidas que poderiam e deveriam ser
adotadas nas fases anteriores, tendo o mesmo resultado de durabilidade da estrutura
(HELENE, 1992).

2.1.2 Patologias: Origens

Sabe-se que a construção é dividida em vários processos que podem ser definidos
como: projeto, execução, emprego de matérias e utilização da edificação. Para que o produto
final, a ser entregue ao usuário, tenha sua eficiência esperada. Todos estes processos devem
ser realizados com maior perícia possível, de modo a minimizar e controlar o surgimento de
manifestações patológicas.
De acordo com Grunau (1981) apud Helene (1992) as falhas em projetos
correspondem a 40 % das origens de patologias de edificações, tendo como segunda maior
causadora de patologias, as falhas de execução que contribui com 28%, seguido pela
aplicação de materiais com 18%. A má utilização da edificação é causa de 10% das patologias
e a falta de planejamento da construção causa 4 %, conforme descrito na Figura 2.
17

Figura 2 - Origens dos Problemas Patológicos.


Fonte: GRUNAU, 1981 apud HELENE, 1992 – adaptado.

Os dados referente a causa de manifestações patológicas também foram levantados por


Fiess et al. (2004) apud Freire (2010), tendo como maior causador de patologias em
construções a execução contribuindo com 50 %; as falhas de projeto causam 35 % das
patologias, o uso de matérias corresponde a 13 % das causas ao passo que o uso/manutenção
corresponde a 2%, conforme mostra a Figura 3.

Figura 3 - Origens dos Problemas Patológicos.


Fonte: FIESS et al., 2004 apud FREIRE, 2008 – adaptado.

Percebe-se assim, na comparação entre os dois levantamentos que desde a


consideração feita por Grunau (1981), a área de execução de construção tem se destacado
18

como principal fator contribuinte para o surgimento de patologias em edificações (FREIRE,


2008).

2.1.3 Patologias Advindas de Projeto

Para Helene (1992) muitas vezes, as falhas oriundas na concepção do projeto, são
responsáveis por um grande encarecimento da construção, além de tornar o processo
construtivo mais lento. Podendo-se citar algumas falhas:
- Elementos estruturais mal distribuídos, fazendo com que esforços não previstos
sejam criados;
- Deficiência de cálculo da estrutura ou na avaliação da resistência do solo;
- Inobservância da compatibilização dos projetos;
- Especificações de materiais inadequadas ou muitas vezes inexistentes;
- Detalhamentos restritos ou errados;
- Erros de dimensionamento.
Cánovas (1988) apud Freire (2008) lembra que, quando surge uma patologia em uma
edificação, esta pode ter uma correlação entre o projeto e a execução, porém nem sempre que
se tem um projeto de grande qualidade se pode garantir uma execução isenta de falhas. As
falhas na execução sempre existirão, mas, podem ser minimizadas visto que se tenha um bom
projeto e uma fiscalização adequada.
Segundo Souza & Ripper (1998) destaca que muitas patologias que surgem durante o
processo de utilização da edificação são originárias de um anteprojeto falho, contudo a
realização de um projeto final inadequado tende a resultar em mais sérios problemas
construtivos.
De acordo com Silva (2010) as resoluções e métodos empregados devem constar nos
desenhos, ou anexadas de forma clara a memoriais descritivos ou especificações, de modo a
garantir o cumprimento da obra de forma precisa. Reitera-se a importância de que os projetos
contenham informações detalhadas, finalizadas e consolidadas, baseadas nas normas vigentes
de modo a garantir a segurança.
19

2.1.4 Patologias Advindas de Execução

Para Freire (2008) a indústria da construção civil se difere dos outros segmentos, pois
os métodos construtivos variam de acordo a edificação a ser executada, pois há influência da
disponibilidade de materiais, da morfologia do solo e de edificações vizinhas, ou seja, por
mais que hajam projetos parecidos a forma de execução terá suas peculiaridades.
Segundo Souza & Ripper (1998) o processo lógico que antecede o início da execução
da edificação é a finalização do projeto, a primeira etapa para o início da execução de uma
edificação é o planejamento, neste devem ser levantados em consideração os seguintes
fatores: a programação das atividades, a locação da mão de obra, o layout do canteiro de obra,
assim como a previsão de compra dos materiais. Embora ideal esta sequência lógica
geralmente não é obedecida; há adaptações de projetos. Intervenções que modificam
grandemente as etapas construtivas são feitas durante o processo de execução, contudo muitas
adaptações são feitas com a justificativa de simplificar o método construtivo, mas, estas
acabam por contribuir para a ocorrência de erros construtivos.
As intervenções durante o processo construtivo, ligada a especificidade de cada
projeto contribui muito para o surgimento posterior de patologias em edificações. Logo, está
inclusa neste processo, a colaboração da mão de obra, afinal tais adaptações exigem
treinamentos específicos, é fato que a grande maioria de colaborados da construção civil tem
baixa escolaridade e que, o básico conhecimento que possuem para desempenhar a sua função
foi muitas vezes lhes passado no próprio canteiro de obras ou obtiveram tal conhecimento
com herança. A má qualificação da mão de obra é um dos fatores que influenciam muitos no
surgimento de patologias em construções.
Segundo Souza & Ripper (1998) existem alguns fatores que influenciam o surgimento
de erros construtivos os quais podem ser de diversas naturezas, pode-se citar alguns como:
- Falta de condições de trabalho (cuidado e motivação);
- Não capacitação profissional da mão de obra;
- Fragilidade do controle de qualidade e fiscalização da obra;
- Má qualidade dos materiais e componentes;
- Irresponsabilidade técnica.
Dentre algumas patologias de fácil observação em obras habitacionais, pode-se citar
de exemplo casos como falta de prumo, esquadro e alimentos dos elementos estruturais com a
alvenaria, desnivelamento de pisos, falta de caimento correto, execução de assentamentos
20

muito espessos. Alguns outros erros de execução não são percebidos facilmente e são
observados após algum tempo de uso como é o caso de instalações elétricas e hidráulicas.
Os problemas advindos da execução poderiam ser menos frequentes se houvesse uma
fiscalização mais eficaz, sendo que a fiscalização se mostra muitas vezes deficiente podendo-
se atribuir tal situação a falta de comando de equipe, tanto do mestre de obra, quanto do
engenheiro, conjugado muitas vezes pela falta de qualificação profissional. Uma vez que o
engenheiro possui um conhecimento muito técnico, possuindo outras atribuições além do
acompanhamento da obra, muitas vezes não consegue acompanhar todos os trabalhos
desenvolvidos, podendo ocasionar sérias falhas no processo construtivo (FREIRE, 2008).
Segundo Vieira (2008), várias empresas com o intuito de diminuir o tempo da
execução da edificação - tornando-se mais atraentes para execução de obras - diminuíram o
tempo de execução de estruturas, o intervalo entre o escoramento e o início da execução da
alvenaria, dentre outros, porém com um controle tecnológico maior.

2.1.5 Patologias Advindas do Material Utilizado

Os materiais utilizados nas construções podem influenciar grandemente no surgimento


de problemas patológicos em edificações, resultado das mais diversas intervenções durante o
processo. Piancastelli (2005) apud Freire (2008) indica que, muitas vezes, construtoras
utilizam materiais de baixa qualidade a fim de gerar economia no orçamento da obra, ou ainda
fazer aplicação incorreta de materiais, muitas vezes pelo fato de não ter conhecimentos
técnico a respeito do produto. O autor ainda justifica que a utilização de materiais “similares”
aqueles estabelecidos em projeto influenciam muito no surgimento de patologias, pois estes
podem não apresentar o desempenho esperado a que se destinam.
Comumente se observa em canteiros de obra o descaso com o recebimento dos
materiais, conferência e armazenamentos dos materiais. A continuidade de condutas geradas
pela má estocagem de materiais pode comprometer o bom desempenho do material na ocasião
de sua utilização, abrindo assim, caminho para o surgimento de patologias na edificação
(FREIRE, 2008).
Para Silva (2010), o mercado constantemente vem se adaptando as novas necessidades
da construção, criando novos produtos que prometem facilitar e agilizar o processo
construtivo. Muitas vezes estes novos produtos não são eficientemente testados e avaliados
21

deixando assim seu desempenho a desejar. O autor ainda defende a importância do emprego
de um sistema de fiscalização dos materiais da construção civil que amplifique o controle
sobre o processo de aquisição, escolha, recepção, armazenamento e aplicação dos mesmos.

2.1.6 Patologias Advindas da Utilização

Segundo Souza & Ripper (1998) mesmo após a execução adequada dos processos de
concepção e de construção a edificação ainda pode vir a apresentar patologias quer elas
originadas da utilização incorreta ou da falta de um processo de manutenção da mesma. Sendo
assim o próprio usuário pode ser um gerador de problemas patológicos, muitas vezes
causados por sua ignorância ou até mesmo desatenção a recomendações de manutenção.
Ainda segundo os autores citados acima, a utilização inadequada da edificação é um
grande causador de problemas patológicos, este tipo pode ser evitado informando ao usuário
sobre a limitação da obra, suas peculiaridades e possibilidades, como:
- Edificações em alvenaria estrutural, informar o usuário sobre as restrições a
demolição;
- Pontes a importância da sinalização da capacidade de carga.
Para Andrade (1997) é imprescindível, ao longo da vida útil da edificação, ações de
reparo e manutenção, porém muitos empresários tratam tal assunto com pequena importância,
para muitos a responsabilidade da construtora termina no ato da ocupação do imóvel. Sendo
assim planos de manutenção e prevenção não são tomados por pessoas qualificadas, são
deixados a cargo do próprio usuário que por muitas é omisso e desleixado com tal situação.
De acordo com apontamentos feitos por Machado (2003), existem construtoras que
elaboram um manual de utilização da edificação, incluindo manutenções periódicas, lista de
materiais utilizados na construção e uma relação de fornecedores e empresas aptas a executar
serviços de manutenção. Este procedimento está ganhando cada vez mais adeptos, da mesma
forma que os próprios usuários sentem-se seguros e mais confiantes nos processos
desempenhados pela empresa.
Souza & Ripper (1998) levantam alguns exemplos de patologias geradas pela falta de
manutenção nas edificações, sendo que tais procedimentos de manutenção periódica podem
evitar imensos problemas e em casos extremos até mesmo a ruína da edificação. Ações
simples de limpeza e impermeabilização de marquises, lajes de cobertura, piscinas elevadas,
22

processos estes que se não forem obedecidos podem causar sérios problemas com infiltração,
culminando na deterioração da estrutura podendo levá-la a ruína.

2.2 TIPOS DE PATOLOGIAS

2.2.1 Eflorescência

Segundo Uemoto (1985) apud Peres (2001), o processo de eflorescência é resultado da


reação química de sais depositados na superfície do material. Geralmente não causa grandes
danos, porém, em alguns casos, seu processo de degradação pode ser profundo. Ocorrem
modificações visuais que podem ser mais realçadas pelo contraste entre a pigmentação da
base em que há o deposito salino, por exemplo, a formação de uma eflorescência branca em
um bloco cerâmico.
Em relação à composição química destes sais podem-se citar os sais de metais
alcalinos (sódio e potássio) e os sais de alcalinos – terrosos (cálcio e magnésio), os quais
podem ser solúveis ou parcialmente solúveis em água. Pela ação da água seja ela advinda da
infiltração da água da chuva ou do solo estes materiais reagem e a solução formada por eles
migra para a superfície e por evaporação, forma um depósito salino. Podem ser citados os sais
mais comuns em eflorescências, sua solubilidade em água e a fonte provável de seu
surgimento conforme Tabela 1:

Tabela 1: Natureza Química das Eflorescências


Fórmula Solubilidade em Fonte Provável
Composição Química
Química Água
Carbonatação da cal
lixiviada da
argamassa ou
Carbonato de Cálcio CaCO3 Pouco Solúvel
concreto e argamassa
de cal não
carbonatada
Carbonatação da cal
lixiviada da
Carbonato de Magnésio MgCO3 Pouco Solúvel
argamassa de cal não
carbonatada
23

Tabela 1 (continuação): Natureza Química das Eflorescências


Carbonatação de
hidróxidos alcalinos
Carbonato de Potássio k2CO3 Muito Solúvel
de cimentos de
elevado teor de álcalis
Carbonatação de
hidróxidos alcalinos
Carbonato de Sódio NaCO3 Muito Solúvel
de cimentos de
elevado teor de álcalis
Cal liberada na
Hidróxido de Cálcio Ca(OH)2 Solúvel
hidratação do cimento
Sulfato de Cálcio Hidratação do sulfato
CaSO4.2H2O Parcialmente Solúvel
Dihidratado de cálcio do tijolo
Tijolo, água de
Sufato de Magnésio MgSO4 Solúvel
amassamento
Tijolo, água de
Sulfato de Cálcio CaSO4 Parcialmente Solúvel
amassamento
Reação tijole-
Sulfato de Potássio k2SO4 Muito Solúvel cimento, agregados,
água de amassamento
Reação tijolo-
Sulfato de Sódio Na2SO4 Muito Solúvel
cimento, agregados
Cloreto de Cálcio CaCl2 Muito Solúvel Água de amassamento
Cloreto de Magnéso MgCl2 Muito Solúvel Água de amassamento
Solo adubado ou
Nitrato de Potássio KNO3 Muito Solúvel
contaminado
Solo adubado ou
Nitrato de Sódio NaNO3 Muito Solúvel
contaminado
Solo adubado ou
Nitrato de Amônio NH4HO3 Muito Solúvel
contaminado
(Fonte: UEMOTO, 1985 apud PERES, 2001 – adaptado).

Souza (2008) destaca que para este tipo de patologia se manifestar são necessários três
fatores que devem agir em conjunto, sendo eles: o teor de sais solúveis nos materiais, a
presença de água e a pressão hidrostática. Existem também fatorem externos que contribuem
para o surgimento das eflorescências: aumento da temperatura que acelera o processo de
evaporação e a solubilização dos sais, porosidade dos materiais construtivos favorecendo a
migração da solução para a superfície e, a quantidade de sais solúveis.
24

2.2.2 Bolor

Souza (2008) cita que é comum o surgimento deste tipo de patologia em edificações
nas regiões tropicais, podendo ser considerado como um problema de grande influência
estética, tornando sua recuperação onerosa economicamente onde muitas vezes se torna
necessário que o revestimento atado seja refeito inteiramente.
Para Peres (2001) as condições ambientais afetam consideravelmente o
desenvolvimento de fungos, organismos responsáveis pelo surgimento de bolores. Constata-se
que dentre os fatores principais que influenciam no desenvolvimento dos fungos a umidade é
de grande importância, sendo que a umidade pode se apresentar tanto no material em que o
fungo se desenvolve ou no ambiente em que a umidade do ar gira em torno de 75%.
Os fungos se desenvolvem principalmente nas superfícies de revestimentos
decompondo os materiais presentes na superfície de revestimento, estes materiais podem ser
tanto os próprios componentes do revestimento quanto materiais orgânicos presentes em sua
composição. Os focos de surgimento do emboloramento são de fácil percepção visto que na
maioria das vezes, deixam grandes manchas escuras devido à proliferação dos fungos.
Os bolores podem ser prevenidos logo na fase de projeto, visto que se aconselha
manter os ambientes com ventilação e insolação adequadas, ou até mesmo a adição de
fungicida em revestimentos sujeitos a grande exposição a umidade e pouca ventilação
(ALUCCI et al, 1985 apud PERES, 2001).

2.2.3 Descolamento do Revestimento

O descolamento do revestimento pode ter várias origens que para Ioschimoto (1994)
apud Terra (2001) podem ser relacionados com a:
- Trabalhabilidade da estrutura;
- Deficiência do material empregado;
- Falta de aderência com a superfície de aplicação;
- Ações de intemperes e agentes agressivos;
- Expansão ou empolamento da argamassa.
25

Segundo Peres (2001) as pinturas podem também sofrer com o processo de


descolamento, sendo suas principais causas relacionadas a perda de aderência da película,
pulverulência e descolamentos com posterior perda da aderência além da escamação da
película.

2.2.4 Fissuras e Trincas

Estas manifestações patológicas são, comumente, pequenas aberturas que podem


surgir nas edificações, tanto nos revestimentos quanto na própria estrutura. Em geral as
fissuras são classificadas como aberturas de até 0,5 mm e trincas as aberturas que ficam entre
0,5 a 1,5 mm (PERES, 2001).
As fissuras e trincas podem ter várias origens e podem ser classificados como as mais
frequentes patologias em edificações de concreto, segundo Terra (2001) são manifestações
patológicas que merecem grande atenção, devido três fatores:
- Aviso de um possível colapso da estrutura;
- Comprometimento do desempenho da edificação (estanqueidade, acústica, térmica,
etc);
- Constrangimento psicológico instituído sobre os usuários da edificação.
Para Peres (2001) de modo geral as fissuras e trincas ocorrem por diversos motivos,
dentre eles destacam-se como as principais causas:
- Fissuras e trincas decorrentes do recalque (acomodação das estruturas de fundação,
do solo, aterro, etc.);
- Fissuras e trincas decorrentes da retração (podendo se manifestar tanto nos
revestimentos quanto nas estruturas de concreto);
- Fissuras e trincas decorrentes da movimentação da estrutura (remoção do
cimbramento antes do recomendado, etc.);
- Fissuras e trincas decorrentes da amarração (amarração dos cantos das paredes de
alvenaria, encontro entre elementos estruturais e as paredes de alvenaria, etc.);
- Fissuras e trincas decorrentes de sobrecargas não previstas e impactos acidentais.
- Fissuras e trincas decorrentes da não utilização de vergas.
26

3 METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho foi uma adaptação da metodologia aplicada por
Coelho (2013) na investigação de problemas patológicos em alvenaria estrutural.
Quanto à abordagem, a pesquisa desenvolvida foi do tipo qualitativa e descritiva. É
qualitativa, pois foi fundamentada em fatos, observações, dentre outros, que não podem ser
reduzidos à quantificação de variáveis. Ela foi do tipo descritiva, visto que tende a
correlacionar conceitos e teorias gerenciais. No caso deste trabalho, a pesquisa buscou
levantar visualmente as manifestações patológicas na edificação (qualitativa), assim como
relacioná-las com as causas de seu surgimento e métodos de correção, com base em normas e
livros (descritiva).
Em relação aos objetivos, a pesquisa foi do tipo explicativa, pois procurou identificar
as patologias que surgiram na edificação em análise, bem como os métodos corretivos viáveis.
Quanto aos procedimentos, a pesquisa foi caracterizada como um estudo de caso, que
pretende relacionar vários aspectos de um mesmo fenômeno.
Os problemas patológicos presentes no edifício da Universidade X foram levantados
através da coleta de dados com vistoria no local, captura de imagens, medição da área afetada
e a tabulação de dados.

3.1 CARACTERIZAÇÕES DA AMOSTRA

O bloco 2 (dois), assim chamado é uma construção com uma estrutura de concreto
armado e alvenaria convencional, tem o formato de um losango, conforme é apresentado na
Figura 4. A edificação é destinada basicamente para sala de aula, onde vários cursos
oferecidos pela instituição realizam as aulas, possuindo uma área construída de
aproximadamente 10.600 m². No primeiro e segundo pavimento ainda funciona um colégio
para aulas do ensino fundamental, médio e preparatório para o vestibular.
A divisão de salas não é idêntica para os três pavimentos, estes são divididos da
seguinte forma:
- No primeiro pavimento (térreo) funcionam 06 (seis) salas de aula, 02 (dois) laboratórios de
informática, 01 (uma) livraria, 01 (uma) sala de vídeo, 02 (duas) salas de recreação, 01 (um)
27

laboratório de fotografia, 01 (uma) secretaria acadêmica, 01 (uma) sala para professores, 01


(uma) lanchonete, 01 (um) estúdio de televisão universitária, 01 (um) auditório com
capacidade para 150 (cento e cinquenta) pessoas, 01 (um) banheiro masculino, 01 (um)
banheiro feminino e 02 (dois) banheiros unissex para deficientes e 02 (dois) depósito para
materiais de limpeza.
- No segundo pavimento funcionam 20 (vinte) salas de aula, 02 (dois) banheiros masculinos,
02 (dois) banheiros femininos, 02 (dois) banheiros unissex para deficientes, sendo os
banheiros divididos em duas extremidades do edifício.
- No terceiro pavimento funcionam 23 (vinte e três) salas de aula, 02 (dois) banheiros
masculinos, 02 (dois) banheiros femininos, 02 (dois) banheiros unissex para deficientes,
sendo os banheiros divididos em duas extremidades do edifício.
Pode-se verificar na Figura 4 do edifício que foi analisado, tendo também a
possibilidade de visualização da orientação solar.

Figura 4 - Edifício objeto da análise: Bloco 2.


Fonte: Google Maps, acesso em 14/04/2014.

Assim nesta divisão apresenta-se na Figura 5 um escopo geral do projeto de planta


baixa para o edifício do 2° e 3° terceiro pavimento.
28

Figura 5 - Planta do pavimento tipo.


Fonte: Autor, 2014.

Na Figura 6 está exposto um escopo geral do projeto do 1° pavimento, ou seja, o


pavimento térreo.
29

Figura 6 - Planta do pavimento térreo.


Fonte: Autor, 2014.

A edificação tem uma idade de uso em torno de 08 (oito) anos, e conforme relato da
empresa responsável pela construção da edificação, a estrutura vem sendo reparada
constantemente, estes reparos são coordenados de acordo com a necessidade de reparação dos
danos (patologias) que surgem culminados com a disponibilidade de mão de obra para
execução dos serviços de reparo e/ou recuperação.
O edifício em que foi feito o levantamento de dados está situado ao cerca de 700
metros de altitude em relação ao nível do mar. Com velocidade do vento aproximada em 50
m/s de acordo com a NBR 6123 sobre Forças devido ao Vento em Edificações (ABNT,
1988).
30

3.2 COLETA DE DADOS

A coleta foi realizada por meio do levantamento de dados na edificação citada por
meio da visita ao local. O objetivo foi realizar um levantamento das patologias aparentes que
surgiram decorrentes do uso da edificação e de problemas construtivos.
Foram feitos registros fotográficos para mapeamento das manifestações patológicas
identificadas, além de um croqui das patologias identificadas nas salas de aula para análise
dos dados coletados. Para coleta de dados foi utilizada a Tabela 2.

Tabela 2: Tabela para levantamento dos problemas patológicos.


FORMULÁRIO PARA LEVANTAMENTO DOS PROBLEMAS PATOLOGICOS
Dados da Obra Analisada
Obra Analisada: Universidade X – Bloco 2
Definição da Obra: Edifício executado em alvenaria convencional
Nº de salas:
Área total da Obra: 10.600 m²
Vistoria do Local
Problema Patológico:
Local da
1- Patologia:
Problema
2- Externo/
Interno?

Gravidade do
3- Problema:
Anamnese do caso
1- Recorda-se de algum fato que esteja ligado ao aparecimento do Problema?

Ocorrem episódios de reaparecimento dos sintomas ou do agravamento dos


2-
mesmos?

As alterações ocorridas nas condições climáticas mudam as características


3-
dos problemas?

4- Existe o mesmo sintoma em outros locais?

Considerações:
Fotos Do Problema Patológico
Fonte: COELHO, 2013 - adaptado.
31

3.2.1 Visita ao Local

Foram feitos levantamentos visuais das patologias visto que todas as salas de aula
foram visitadas e devidamente investigadas, bem como a região externa do bloco. Foram
tomados registros fotográficos a fim de facilitar na visualização das patologias, foi realizada a
medição das áreas afetadas, bem como um check list de todas as patologias encontradas e a
frequência de sua ocorrência. A visita ao local foi realizada entre setembro e outubro de 2014.

3.3 ANÁLISES DOS DADOS

Através dos resultados obtidos, as patologias foram relacionadas com as possíveis


causas, e a tabulação da frequência com que estas se manifestam.
Foram propostos métodos corretivos de acordo com o tipo de patologia encontrada e
os custos relacionados ao material para execução. Para a escolha da patologia a ser recuperada
e orçada foi levada em consideração o impacto estético e a maior recorrência da mesma.
Para o método de reparo das patologias foi levado em consideração materiais de
ampla abrangência de mercado, a fim de otimizar o método de reparo para várias regiões.
Para o levantamento da área afetada pela patologia recuperada e orçada foi levado em
consideração que a altura dos peitoris das janelas é de 1,35 m, cada lateral da edificação tem
comprimento de 45 m e as salas que se localizam voltadas para área central tem comprimento
de 11 m. Para o levantamento do custo dos materiais levou-se em consideração a tabela do
Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI).
32

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 ANÁLISE E LEVANTAMENTO DOS DADOS

De acordo com a metodologia proposta no item 3, foi realizada uma visita ao local
para constatação das manifestações patológicas, assim como seu mapeamento no escopo do
edifício, foram feitos registros fotográficos para ilustrar as demandas patológicas.
Para melhor entendimento foram separados inicialmente os levantamentos de acordo
com os pavimentos da edificação, conforme itens a seguir:

4.1.1 Visita ao Local: 3° Pavimento

Iniciou-se a vistoria pelo 3° pavimento, sendo de extrema importância ainda que tenha
sido somente visual, onde foram levantadas as diversas manifestações patológicas existentes
em várias locais da edificação.
Assim a Tabela 3 apresenta as patologias localizadas no edifício e o número de
frequência com que se manifesta.

Tabela 3 - Síntese das manisfestações patológicas registrasdas: 3° Pavimento.


3° Pavimento
Tipo de Patologia Frequência Ambiente Observações
Foram identificados
vários tipos de fissuras,
Fissuras 21 salas e no corredor Laje que em sua maioria
derivam da dilatação
térmica.
Foram identificadas
Fissuras 17 salas e no corredor Parede fissuras semelhantes em
vários locais.
A princípio a
manifestação patológica
23 salas, corredor, de maior ocorrência e
Infiltração Parede e laje
banheiros e escadas maior dano estético com
possíveis danos
estruturais.
33

Tabela 3 (continuação) - Síntese das manisfestações patológicas registrasdas: 3° Pavimento.


A cerâmica foi instalada
Descolamento do 23 salas, corredor,
Piso possivelmente fora dos
Piso cerâmico banheiros e escadas
padrões.
Manifestação de
Eflorescência 12 salas e corredor Laje eflorescência em
conjunto com fissuras.
Manifestação de
eflorescência ao longo
06 banheiros e
Eflorescência Parede do revestimento
marquises das janelas
cerâmico de pastilhas
existentes.
Fonte: Autor, 2014.

Com o levantamento e a inspeção no local foi identificada uma grande quantidade de


manifestações patológicas, após a síntese apresentada na Tabela 3, tem-se então a aplicação
do formulário de levantamento dos problemas patológicos, conforme proposto no item 3. O
formulário foi preenchido e aplicado para as patologias de maior ocorrência que são
especificados a seguir:
Em relação a fissuras e trincas em lajes para o 3° pavimento foi aplicado o
formulário apresentado na Tabela 4.

Tabela 4 – Formulário de patologias: Fissura e trincas de lajes.


FORMULÁRIO PARA LEVANTAMENTO DOS PROBLEMAS PATOLOGICOS
Dados da Obra Analisada
Obra Analisada: Universidade X – Bloco 2
Definição da Obra: Edifício executado em alvenaria convencional
Nº de salas: 21 salas e corredor
Área total da Obra: 10.600 m²
Vistoria do Local: Vistoria realizada entre os dias 22/09/2014 a 04/10/2014

Problema Patológico: Fissura e trinca.


Local da
1- Patologia: Laje
Problema
2- Externo/
Interno? Interno

Gravidade do
3- Problema: Mínimo
Anamnese do caso
34

Tabela 4 (continuação) – Formulário de patologias: Fissura e trincas de lajes.


1- Recorda-se de algum fato que esteja ligado ao aparecimento do Problema?
A princípio nenhum fato foi ligado ao problema patológico que foi identificado, sendo a
sua manifestação tratada como sendo normal.

Ocorrem episódios de reaparecimento dos sintomas ou do agravamento dos


2-
mesmos?
Este tipo de patologia não foi tratado ou recuperado ao longo do tempo de utilização da
edificação.
As alterações ocorridas nas condições climáticas mudam as características
3-
dos problemas?
Não, o clima não influenciou no surgimento destas patologias.

4- Existe o mesmo sintoma em outros locais?


Estas fissuras e trincas se manifestam em quase toda a extensão deste pavimento,
possivelmente por este ser o pavimento de cobertura.

Fotos Do Problema Patológico: Figura 6 e 9.


Fonte: Autor, 2014.

Figura 6 – Fissura na laje.


Fonte: Autor, 2014.
35

A fissura apresentada na Figura 6 representa uma patologia muito comum que ocorre
em 09 (nove) salas da edificação neste pavimento, é classificada como fissura, pois a abertura
não supera 0,5 mm. A provável causa desta patologia pode ser a falta de armadura para
combater esforços de momentos fletores na parte superior da laje, conforme relata Souza &
Ripper (1998), assim as características indicam um erro de projeto na deficiência da
especificação da utilização deste tipo de armadura para combater o surgimento das fissuras.
Na Figura 7 pode-se verificar o tipo de fissura analisada por Souza & Ripper (1998) para que
chegassem à conclusão citada.

Figura 7 - Fissura devido deficiência de armadura.


Fonte: Souza & Ripper, 1998.

Além deste tipo de fissura apresentado na Figura 6, em diversas salas e inclusive nos
corredores há ocorrências de fissuras que podem ser devido à retração do concreto. Sendo que
a retração do concreto é um movimento natural, neste caso o processo de execução e cura da
peça estrutural deve ser feito seguindo todas as recomendações técnicas para evitar o
surgimento deste tipo de fissura. Caso o comportamento de retração do concreto não seja
levado em consideração tanto no projeto quanto na execução, as possibilidades do
desenvolvimento de patologias conforme pode ser observado na Figura 9 são frequentes. A
Figura 8 representa uma laje com fissuras devido à retração do concreto.

Figura 8 - Fissura por retração do concreto.


Fonte: Souza & Ripper, 1998.
36

Figura 9 – Trinca na face inferior da laje.


Fonte: Autor, 2014.

A trinca assim classificada, pois sua espessura supera 0,5 mm é comum em 21 (vinte e
uma) salas da edificação neste pavimento, são fissuras e trincas que possuem duas possíveis
causas, uma já mencionada anteriormente como o caso de retração do concreto ou fissuras e
trincas causadas pela falta de armadura que combatam momentos fletores positivos na laje,
possivelmente por uma deficiência de projeto, conforme exemplifica a Figura 10.

Figura 10 – Fissura por flexão.


Fonte: Souza & Ripper, 1998.

Ao término do levantamento deste tipo de patologia e conclusão das possíveis causas


pode-se apresentar a seguinte estatística: Em 21 (vinte e uma) salas de aula ocorrem
problemas de fissuras e trincas na laje. Após a análise e classificação as características destas
37

patologias indicam que essas fissuras e trincas não apresentam risco de ruína da estrutura,
porém definitivamente podem causar desconforto aos usuários da edificação com a sensação
de insegurança e propiciar o surgimento de outras patologias como será explanado no item
sobre infiltração. Para reparação deste tipo de fissura deve-se aguardar a estabilização do
problema e após isso, promover a abertura da espessura em formato “V” e a aplicação de um
mástique de poliuretano, sua aplicação pode ser observada na Figura 11.

Figura 11 – Correção de fissuras e trincas.


Fonte: Manual Técnico: Recuperação de Estruturas - VEDACIT, 2014.

Tratando-se de fissura e trincas em paredes a Tabela 5 apresenta o questionário


aplicado em relação ao 3° pavimento da edificação.

Tabela 5 – Formulário de patologias: Fissuras e trincas em paredes.


FORMULÁRIO PARA LEVANTAMENTO DOS PROBLEMAS PATOLOGICOS
Dados da Obra Analisada
Obra Analisada: Universidade X – Bloco 2
Definição da Obra: Edifício executado em alvenaria convencional
Nº de salas: 17 salas e corredor
Área total da Obra: 10.600 m²
Vistoria do Local: Vistoria realizada entre os dias 22/09/2014 a 04/10/2014
Problema Patológico: Fissura e trinca.
Local da
1- Patologia: Paredes
Problema
2- Externo/
Interno? Interno/Externo

Gravidade do
3- Problema: Mínimo
Anamnese do caso
1- Recorda-se de algum fato que esteja ligado ao aparecimento do Problema?
Algumas fissuras vêm da manutenção na rede elétrica feita, onde algumas paredes foram
rasgadas para o embutimento dos condutos elétricos. Fora esta suposição não houve
processos que representaram grandes alterações.
38

Tabela 5 (continuação) – Formulário de patologias: Fissuras e trincas em paredes.


Ocorrem episódios de reaparecimento dos sintomas ou do agravamento dos
2-
mesmos?
As fissuras nas paredes geralmente reaparecem, porém não se agravam.
As alterações ocorridas nas condições climáticas mudam as características
3-
dos problemas?
Não, o clima não influenciou no surgimento destas patologias.
4- Existe o mesmo sintoma em outros locais?
Estas fissuras e trincas se manifestam em várias salas de aula.
Fotos Do Problema Patológico: Figura 12, 13 15 e 17.
Fonte: Autor, 2014.

Figura 12 – Fissuras e trincas em paredes.


Fonte: Autor, 2014.

Em relação às fissuras identificadas nas paredes conforme levantamento demonstrado


na Tabela 6, este tipo de manifestação patológica é encontrado em um número expressivo de
salas de aula, porém com a inspeção foi identificado que houve uma reparação recente neste
tipo de patologia além da manutenção da rede elétrica, contudo ainda pode-se observar o
surgimento desta manifestação patológica em 17 (dezessete) salas e no corredor.
O que se observa na Figura 12 se repete em 07 (sete) salas de aula, onde a fissura
percorre exatamente o caminho do rasgo feito na parede para reparos na rede elétrica, este
tipo de fissura não apresenta nenhum risco estrutural, porém desfavorece o local
39

esteticamente. A causa do surgimento desta patologia deu-se devido ao método utilizado para
reconstrução da parede após a instalação do condutor, conclui-se então que o problema surgiu
devido um erro de execução. Para recuperação desta fissura pode-se utilizar uma fita de
poliéster TNT, então a fissura se necessário deve ser regularizada e limpa então deve ser
coberta totalmente pela fita e sobre a fita deve-se aplicar uma pintura com tinta acrílica, após
a secagem da tinta deve-se aplicar uma camada de regularização de massa acrílica (Manual
Técnico: Recuperação de Estruturas - VEDACIT, 2014).
A Figura 13 representa um tipo de fissura que também se manifestou nas salas de aula
estando presente em 04 (quatro) delas, a espessura deste tipo de patologia não supera 1,0 mm,
podendo assim também em alguns casos ser classificadas como trincas.

Figura 13 - Fissura decorrente dilatação térmica horizontal.


Fonte: Autor, 2014.

Por este pavimento ser de cobertura a dilatação térmica da laje é muito comum, o
abaulamento e o surgimento desta fissura é o resultado da diferença de temperatura externa e
interna, esta diferença de temperatura gera tensões de cisalhamento e tração na parede de
40

alvenaria que resultam neste processo de fissuração, esse esquema é representado na Figura
13 abaixo.

Figura 14 – Fissura de movimentação térmica.


Fonte: THOMAZ, 1989.

A fissura apresentada na Figura 14 tem como método mais barato de recuperação a


própria prevenção, assim indica-se que em lajes de cobertura alguns cuidados sejam tomados
a fim de amenizar os efeitos térmicos nestes elementos, conforme cita Thomaz (1989):
- Execução de um isolamento térmico eficaz sobre a laje;
- Elevar o caimento do telhado;
- Executar ventilação cruzadas a fim de possibilitar as trocas térmicas de ar;
- Pintar, se possível, o telhado da cor branca a fim de melhorar a reflexão do calor.
Os cuidados elencados acima previnem o surgimento destas patologias, porém não
eliminam por definitivo a possibilidade de sua manifestação. De acordo com o exposto o
aparecimento desta fissura pode ser atribuído a um erro de projeto devido à falta de medidas
preventivas e pode ser classificada com um grau de risco mínimo, a indicação de recuperação
é a mesma indicada para a Figura 11.
Entre as fissuras em paredes foram identificadas ainda fissuras horizontais, esta
manifestação patológica está presente em 12 (doze) salas de aula, a Figura 15 apresenta o
registro fotográfico desta manifestação.
41

Figura 15 – Fissura horizontal na parede.


Fonte: Autor, 2014.

Esse tipo de patologia foi classificada como fissura em algumas salas e trinta em
outras, a espessura máxima encontrada não superou 1,0 mm, a fissura tinha uma altura que
variava de 70 a 80 cm de altura em relação ao piso, este tipo de manifestação patológica tem
duas possíveis causas, a primeira refere-se possibilidade de sobrecarga na parede e a segunda
hipótese refere-se à deformação excessiva dos componentes estruturais conforme se observa
na Figura 16.

Figura 16 – Fissura por sobrecarga e deformação.


Fonte: THOMAZ, 1989.
42

Na Figura 16 a primeira imagem refere-se a um tipo de fissura causado pela


sobrecarga distribuída horizontalmente na parede, ocorrendo pela ruptura por compressão dos
componentes da alvenaria ou até da argamassa utilizada. O grau de risco desta fissura é
classificado como leve, inicialmente a fissura deve ser monitorada e após a estabilização da
mesma ela deve ser reparada conforme indicado para a fissura anterior. A segunda imagem
exemplifica uma fissura causada pela deformação excessiva da estrutura, o processo de reparo
é o mesmo que o referido anteriormente. Reitera-se a necessidade de monitoramento destas
fissuras para controle e verificação da estabilidade da estrutura.
O quarto tipo de fissura mais recorrente nas salas de aula são classificadas como
fissuras e trincas, pois sua espessura varia até 1,0 mm, configura-se em uma fissura diagonal
que é recorrente em 09 (nove) salas de aula, sendo exemplificada pela Figura 17.

Figura 17 – Fissura diagonal na parede.


Fonte: Autor, 2014.

Esse tipo de manifestação patológica não se repetiu nos demais pavimentos com isso
atribui-se esta manifestação a problemas relacionados a retrações na estrutura ou deformações
excessivas nos elementos estruturais, classificou-se como uma patologia de risco leve e
atribui-se o problema a erro de projeto. Inicialmente a patologia deve ser acompanhada para
43

que se verifique sua estabilização, assim que a fissura se estabilize indica-se a execução do
mesmo método indicado anteriormente.
Outra manifestação patológica muito recorrente neste pavimento da edificação são os
problemas com infiltração, geralmente acontecem por erros na execução e falhas no projeto.
Também é importante destacar que manifestações como as fissuras apresentadas
anteriormente contribuem para que haja a ocorrência desta patologia. A Tabela 6 é
apresentado o formulário aplicado.

Tabela 6 – Formulário de patologias: Infiltração.


FORMULÁRIO PARA LEVANTAMENTO DOS PROBLEMAS PATOLOGICOS
Dados da Obra Analisada
Obra Analisada: Universidade X – Bloco 2
Definição da Obra: Edifício executado em alvenaria convencional
Nº de salas: 23
Área total da Obra: 10.600 m²
Vistoria do Local: Vistoria realizada entre os dias 22/09/2014 a 04/10/2014

Problema Patológico: Infiltração


Local da
1- Patologia: Parede e Laje
Problema
2- Externo/
Interno? Interno/Externo

Gravidade do
3- Problema: Mínimo/Regular
Anamnese do caso
1- Recorda-se de algum fato que esteja ligado ao aparecimento do Problema?
Na cobertura do edifício há muitos problemas de vedação, a cobertura que é feita com
zinco tem muitos ponto de fragilidade que permitem que a água da chuva passe. No
revestimento cerâmico há problemas com fissuras e descolamento do mesmo.

Ocorrem episódios de reaparecimento dos sintomas ou do agravamento dos


2-
mesmos?
Sim, após os reparos na cobertura, ainda houveram pontos que a infiltração continuou,
no revestimento cerâmico das pastilhas externas foi feito uma vedação com silicone em
alguns pontos, porém ainda há problemas com a infiltração.

As alterações ocorridas nas condições climáticas mudam as características


3-
dos problemas?
Não, o clima não influenciou no surgimento destas patologias, exceto em períodos de
seca que a infiltração não se manifesta.
44

Tabela 6 (continuação) – Formulário de patologias: Infiltração.


4- Existe o mesmo sintoma em outros locais?
Essa manifestação patológica ocorre em todas as salas deste pavimento, inclusive no
corredor.

Fotos Do Problema Patológico: Figura 18, 19, 21 e 22.


Fonte: Autor, 2014.

Figura 18 – Infiltração na parede inferior da janela.


Fonte: Autor, 2014.

O processo de infiltração é uma patologia, ou seja, um problema que ocorre em


diversas edificações, o problema é de fácil percepção e prejudica extremamente o aspecto
estético da edificação, no pavimento em análise o problema ocorre em todas as 23 (vinte e
três) salas, no corredor, banheiros e escadas. O que se observa na Figura 18 é o resultado da
manifestação desta patologia, com a infiltração e percolação da água da chuva o revestimento
das paredes descola, deixando este aspecto.
Nas paredes das salas de aula não há passagem de tubulações hidráulicas, assim o
problema não tem origem de vazamentos, logo a água que causa esta manifestação patológica
45

é derivada da chuva e infiltra-se na parede principalmente pelo surgimento de fissuras na área


externa nas juntas de assentamento do revestimento cerâmico de pastilhas. Outra origem da
infiltração também se relaciona ao fato de que nas janelas não foram utilizadas pingadeiras,
dispositivo que evita com que a água acumule escorra junto à parede. Observa-se na Figura 19
o estado de grande parte o revestimento cerâmico nos peitoris das janelas.

Figura 19 – Peitoris das janelas.


Fonte: Autor, 2014.

Constatou-se que em várias salas de aulas o revestimento cerâmico do peitoril


encontrava-se conforme apresentado na primeira imagem da Figura 19, assim a água da chuva
consegue infiltrar pela parede e causando os danos conforme apresentado na Figura 18.
Observou-se ainda que conforme registro da segunda imagem da Figura 19 a água permanece
acumulada no peitoril da janela, este registro foi realizado após o término de uma pequena
precipitação chuvosa, demonstrou-se assim que o desnível do peitoril foi executado de forma
invertida, pois a água não deve ficar acumulada neste local. Esse acúmulo associado com o
processo de descolamento do revestimento possibilita a infiltração da água da chuva o que
proporciona os problemas demonstrados anteriormente.
Para resolução deste problema patológico indicou-se a recuperação e cobrimento das
juntas de assentamento do revestimento cerâmico externo juntamente com a aplicação de
impermeabilizante para evitar a infiltração. Observou-se que a instalação de pingadeiras
poderia evitar grande parte do problema, a Figura 20 mostra um modelo de pingadeira que
poderia e deveria ser instalado.
46

Figura 20 – Modelo de pingadeira.


Fonte: Autor, 2014.

Com a instalação da pingadeira conforme exemplificado na Figura 20 a linha d’água


passaria a escorrer não mais pela parede, com isso a chance que essa água infiltre-se nas
pequenas fissuras do revestimento cerâmico seriam reduzidas.
Além do problema da inclinação inadequada dos peitoris das janelas esse problema
ainda ocorre em outras partes da edificação conforme Figura 21.

Figura 21 – Marquise e infiltração.


Fonte: Autor, 2014.

Em algumas partes do edifício existem projeções da estrutura que forma uma espécie
de marquise, estas são dispostas conforme consta no croqui da Figura 5, o problema
47

registrado é semelhando ao presente nos peitoris das janelas em virtude da inversão da


inclinação, se observa na esquadria da primeira imagem da Figura 21 sinais de que a água da
chuva escorre pelas pastilhas do revestimento cerâmico chegando a esquadria, isso
culminando com o fato de que a esquadria não é vedada corretamente, a água acumula-se
tanto externamente no peitoril da janela quanto internamente conforme verifica-se na da
segunda imagem desta mesma figura. Com esse processo é inevitável que ocorra o
descolamento da pintura juntamente com o revestimento argamassado.
Para solução deste problema também se indica a instalação de uma pingadeira na
borda da marquise, a fim de evitar com que a água percorra este caminho, porém é necessário
observar que o processo de instalação de pingadeiras é muito oneroso.
Outro processo de infiltração ocorre em alguns pontos da laje deste pavimento, este
tipo de manifestação patológica foi classificado com risco regular, pois se torna um pouco
mais preocupante, foram registrados 12 (doze) pontos com manchas de infiltração na laje nas
salas de aulas e no corredor, conforme registro da Figura 22.

Figura 22 – Manchas de infiltração marrom-avermelhadas.


Fonte: Autor, 2014.
48

A Figura 22 apresenta algumas fissuras na laje acompanhadas de uma mancha


característica de infiltração, a classificação do grau de risco regular se dá pelo fato da mancha
apresentar um tom marrom-avermelhado, esse tom é característico de um processo de
oxidação da armadura da laje, podendo o elemento estrutural perder pontualmente o
desempenho para o que foi projetado. Contudo através da inspeção visual apenas não se pôde
definir o grau e a extensão do problema, sabe-se que se a oxidação for superior a 10% da área
da bitola da armadura tem-se uma perda considerável da resistência, podendo levar a estrutura
a níveis críticos de comprometimento.
A situação relatada conceitua-se como um erro de manutenção, pois se sabe que a água
que provocou essa infiltração é oriunda da falta de manutenção do telhado, o qual possibilita o
surgimento de goteiras que culminaram nestas manifestações patológicas. Neste caso o
processo de reparo inicia-se na extinção da infiltração vinda do telhado, após isso se deve
descascar a laje até a armadura para verificar o comprometimento da mesma e constatação ou
não da necessidade de reforço estrutural.
Ainda neste pavimento da edificação foi identificado em todas as salas de aulas que o
revestimento cerâmico encontra-se solto em vários pontos, pois ao fazer o teste de batida
notou-se que o som produzido tem característica de que o preenchimento da argamassa esteja
oco, assim foi feito o formulário de patologias conforme apresentado na Tabela 7.

Tabela 7 - Formulário de patologias: Descolamento do revestimento cerâmico.


FORMULÁRIO PARA LEVANTAMENTO DOS PROBLEMAS PATOLOGICOS
Dados da Obra Analisada
Obra Analisada: Universidade X – Bloco 2
Definição da Obra: Edifício executado em alvenaria convencional
Nº de salas: 23, corredores e sanitários
Área total da Obra: 10.600 m²
Vistoria do Local: Vistoria realizada entre os dias 22/09/2014 a 04/10/2014

Problema Patológico: Descolamento do Revestimento Cerâmico


Local da
1- Patologia: Piso, parede, corrimão e rodapé.
Problema
2- Externo/
Interno? Interno/Externo

Gravidade do
3- Problema: Mínimo
Anamnese do caso
49

Tabela 7 (continuação) - Formulário de patologias: Descolamento do revestimento cerâmico.


1- Recorda-se de algum fato que esteja ligado ao aparecimento do Problema?
Inicialmente não, porém podem-se verificar questões quanto à infiltração.

Ocorrem episódios de reaparecimento dos sintomas ou do agravamento dos


2-
mesmos?
Sim, após algumas reparações ainda nota-se que o problema persiste.

As alterações ocorridas nas condições climáticas mudam as características


3-
dos problemas?
Não, o clima não influenciou no surgimento destas patologias.

4- Existe o mesmo sintoma em outros locais?


Essa manifestação patológica ocorre em todas as salas deste pavimento, inclusive no
corredor, paredes revestidas com pastilhas e corrimão.

Fotos Do Problema Patológico


Fonte: Autor, 2014.

A manifestação patológica encontrada resulta da falta de distribuição regular da


argamassa de assentamento no substrato de suporte (contrapiso), este processo fragiliza a
aderência do revestimento e em conjunto com a infiltração inicia um processo de deterioração
da argamassa de assentamento causando assim o descolamento do mesmo. Observa-se esse
processo na Figura 23.

Figura 23 – Descolamento do revestimento.


Fonte: Autor, 2014.
50

Nota-se na Figura 23 na primeira imagem que a argamassa de assentamento foi


aplicada de forma pontual em desacordo com as recomendações técnicas, na segunda imagem
o rodapé descolou mostrando ainda que não há praticamente nada de argamassa colante. O
surgimento de pequenas fissuras nas juntas de assentamento proporciona com que a água
utilizada em abundância para a limpeza das salas infiltre-se no contrapiso culminando na
deterioração da argamassa de assentamento. O processo de assentamento da cerâmica deve ser
feito conforme demostra a Figura 24.

Figura 24 – Exemplo de assentamento do revestimento.


Fonte: Autor, 2014.

Nota-se que no exemplo representado na Figura 24 a argamassa de assentamento é


espalhada uniformemente no suporte para que a aderência entre o revestimento cerâmico-
argamassa-suporte seja otimizada. Juntamente com o processo de assentamento inadequado o
método de limpeza utilizado proporciona a infiltração em fissuras que aparecem nas juntas de
assentamento, o processo de limpeza é observado na Figura 25.

Figura 25 – Método de limpeza.


Fonte: Autor, 2014.
51

O método de limpeza observado na Figura 25 mostra que o processo é feito com


abundância de água favorecendo a infiltração. Assim essa patologia é classificada como um
erro de execução e utilização, ainda podendo ser atribuído um grau de risco mínimo. Para o
reparo desta patologia deve-se retirar a cerâmica colocada e fazer a reaplicação da mesma da
forma correta, contudo esse processo torna-se muito oneroso e inviável, assim o método de
reparo resume-se na reinstalação das peças cerâmicas que se soltarem definitivamente.
A eflorescência, próxima patologia que foi identificada é classificada com grau de
risco mínimo, pois não evidência perda da resistência estrutural. Assim seu levantamento foi
efetuado através do formulário de patologias da Tabela 8.

Tabela 8 - Formulário de patologias: Eflorescência.


FORMULÁRIO PARA LEVANTAMENTO DOS PROBLEMAS PATOLOGICOS
Dados da Obra Analisada
Obra Analisada: Universidade X – Bloco 2
Definição da Obra: Edifício executado em alvenaria convencional
Nº de salas: 12 salas e sanitários.
Área total da Obra: 10.600 m²
Vistoria do Local: Vistoria realizada entre os dias 22/09/2014 a 04/10/2014

Problema Patológico: Eflorescência


Local da
1- Patologia: Paredes/Revestimento
Problema
2- Externo/
Interno? Interno/Externo

Gravidade do
3- Problema: Mínimo
Anamnese do caso
1- Recorda-se de algum fato que esteja ligado ao aparecimento do Problema?
Não.

Ocorrem episódios de reaparecimento dos sintomas ou do agravamento dos


2-
mesmos?
Sim.

As alterações ocorridas nas condições climáticas mudam as características


3-
dos problemas?
Não.
52

Tabela 8 (continuação) - Formulário de patologias: Eflorescência.


4- Existe o mesmo sintoma em outros locais?
Sim.

Fotos Do Problema Patológico: Figura 26 e 27.


Fonte: Autor, 2014.

Figura 26 – Eflorescência na laje.


Fonte: Autor, 2014.

A manifestação da eflorescência foi identificada nas lajes conforme Figura 26,


juntamente com fissura, o risco desta patologia é mínimo, porém esta manifestação requer um
pouco de atenção, pois o processo que gera essa patologia depende da umidade, e umidade
proporciona com que outras patologias mais agravantes se manifestem como a corrosão da
armadura da laje.
Além da manifestação da eflorescência na laje, esta manifestação foi encontrada nos
revestimentos cerâmicos e nas paredes, como demostra a Figura 27.
53

Figura 27 – Eflorescência.
Fonte: Autor, 2014.

Nota-se que a eflorescência deixa uma marca muito grande nas peças construtivas,
causando um grande efeito negativo na estética da edificação. Definiu-se que a manifestação
desta patologia é atribuída a um erro de execução, materiais e de projeto. O reparo da
eflorescência é simples, os locais onde há sua manifestação devem ser lavados com uma
solução de ácido clorídrico a 10% e água abundante, provavelmente ela reaparecerá até que
todos os sais presentes nos locais tenham sido eliminados, assim o processo de limpeza deve
ser repetido.
Pelos motivos relatados anteriormente o método de reparo mais indicado é a
prevenção através da utilização de materiais que possua baixo teor de sais para a reação que
origina esta patologia, na execução deve-se procurar umedecer o suporte para a colocação do
revestimento evitando assim a reação que possa ocorrer principalmente em dias muito
quentes, além de procurar utilizar meios de evitarem-se infiltrações.
As manifestações patológicas citadas até este momento referem-se ao terceiro
pavimento, os locais e sua distribuição no pavimento são apresentados na Figura 28.
54

Figura 28 - Distribuição das manifestações patológicas: 3° pavimento.


Fonte: Autor, 2014.

Observa-se que as patologias de maior frequência são as infiltrações e o descolamento


do revestimento, estes problemas são muito recorrentes e principalmente a infiltração é
precursora de outras manifestações patológicas de acordo com a análise feita.

4.1.2 Visita ao Local: 2° Pavimento

As patologias levantadas no 2° pavimento são semelhantes àquelas identificadas no


3° pavimento, a Tabela 9 apresenta um resumo das manifestações patológicas identificadas.
55

Tabela 9 - Síntese das manisfestações patológicas registrasdas.


2° Pavimento
Tipo de Patologia Frequência Ambiente Observações
Foram identificados
vários tipos de
Fissuras 14 salas Laje fissuras, que em sua
maioria derivam da
dilatação térmica.
Foram identificadas
Fissuras 07 salas e escadas Paredes fissuras semelhantes
em vários locais.
A manifestação
patológica de maior
17 salas, banheiros e ocorrência e maior
Infiltração Paredes e lajes
escadas dano estético com
possíveis danos
estruturais.
A cerâmica foi
Descolamento do 20 salas, corredor, instalada
Piso
Piso cerâmico banheiros e escadas possivelmente fora
dos padrões.
Manifestação de
eflorescência ao
04 salas de aula,
longo do
Eflorescência banheiros e marquises Parede e lajes
revestimento
das janelas
cerâmico de pastilhas
existente.
Fonte: Autor, 2014.

Nota-se que as patologias que foram levantadas no 2° pavimento são muito


semelhantes às levantadas no 3° pavimento. Inicialmente foi aplicado o questionário para
proposto para o levantamento das manifestações patológicas, assim em relação às fissuras
encontradas nas lajes obteve-se a Tabela 10.

Tabela 10 - Formulário de patologias: Fissura e trincas de lajes.


FORMULÁRIO PARA LEVANTAMENTO DOS PROBLEMAS PATOLOGICOS
Dados da Obra Analisada
Obra Analisada: Universidade X – Bloco 2
Definição da Obra: Edifício executado em alvenaria convencional
Nº de salas: 14
Área total da Obra: 10.600 m²
Vistoria do Local: Vistoria realizada entre os dias 22/09/2014 a 04/10/2014

Problema Patológico: Fissura e trinca.


56

Tabela 10 (continuação) - Formulário de patologias: Fissura e trincas de lajes.


Local da
1- Patologia: Lajes
Problema
2- Externo/
Interno? Interno

Gravidade do
3- Problema: Mínimo
Anamnese do caso
1- Recorda-se de algum fato que esteja ligado ao aparecimento do Problema?
A princípio nenhum fato foi ligado ao problema patológico que foi identificado, sendo a
sua manifestação tratada como sendo normal.
Ocorrem episódios de reaparecimento dos sintomas ou do agravamento dos
2-
mesmos?
Este tipo de patologia não foi tratado ou recuperado ao longo do tempo de utilização da
edificação.
As alterações ocorridas nas condições climáticas mudam as características
3-
dos problemas?
Não, o clima não influenciou no surgimento destas patologias.

4- Existe o mesmo sintoma em outros locais?


Estas fissuras e trincas se manifestam em quase toda a extensão deste pavimento.

Fotos Do Problema Patológico: Figura 29.


Fonte: Autor, 2014.

As trincas levantadas nas lajes deste pavimento assemelham-se as apresentadas na


Figura 10, portanto o diagnóstico é o mesmo, esse tipo de patologia aparece principalmente
pela falta ou deficiência da armadura que combata momentos fletores positivos, esse
problema é classificado com grau de risco mínimo, porém requer um acompanhamento. Com
o acompanhamento destas trincas, poderá ser verificado se a espessura vem aumentando e
assim definir se há um comprometimento com a durabilidade da estrutura, essa patologia se
dá por um erro de projeto ou um erro de execução. É apresentado na Figura 29 o registro
fotográfico desta patologia.
57

Figura 29 – Fissura na laje acompanhada de infiltração.


Fonte: Autor, 2014.

Observa-se que além da fissura, estão presentes ainda sinais de infiltração, este
processo de infiltração ocorre, pois no 3° pavimento o piso cerâmico encontra-se em vários
pontos com sinais de descolamento, o descolamento em conjunto com o método de limpeza
faz com que a água infiltre na laje, causando este efeito no pavimento inferior, com a
infiltração a armadura da laje está sujeita a corrosão.
As fissuras em paredes também foram encontradas na vistoria realizada, o tipo mais
recorrente de fissura nas paredes foi encontrado em 06 (seis) salas de aula, implica em uma
fissura horizontal com altura média de 1 m e espessura de até 1 mm, apresenta os mesmo
sintomas apresentado no pavimento anterior que foi exemplificado na Figura 16, o formulário
para o levantamento desta patologia é apresentado na Tabela 11.

Tabela 11 - Formulário de patologias: Fissura e trincas de paredes.


FORMULÁRIO PARA LEVANTAMENTO DOS PROBLEMAS PATOLOGICOS
Dados da Obra Analisada
Obra Analisada: Universidade X – Bloco 2
Definição da Obra: Edifício executado em alvenaria convencional
58

Tabela 11 (continuação) - Formulário de patologias: Fissura e trincas de paredes.


Nº de salas: 6 e escadas
Área total da Obra: 10.600 m²
Vistoria do Local: Vistoria realizada entre os dias 22/09/2014 a 04/10/2014

Problema Patológico: Fissura e trinca.


Local da
1- Patologia: Paredes
Problema
2- Externo/
Interno? Interno

3- Gravidade do
Problema: Mínimo/Regular
Anamnese do caso
1- Recorda-se de algum fato que esteja ligado ao aparecimento do Problema?
A princípio nenhum fato foi ligado ao problema patológico que foi identificado, sendo a
sua manifestação tratada como sendo normal.
Ocorrem episódios de reaparecimento dos sintomas ou do agravamento dos
2-
mesmos?
Este tipo de patologia não foi tratado ou recuperado ao longo do tempo de utilização da
edificação.
As alterações ocorridas nas condições climáticas mudam as características
3-
dos problemas?
Não, o clima não influenciou no surgimento destas patologias.

4- Existe o mesmo sintoma em outros locais?


Estas fissuras e trincas se manifestam em quase toda a extensão deste pavimento.

Fotos Do Problema Patológico: Figura 30.


Fonte: Autor, 2014.

Além da fissura na parede das salas de aula, ainda identificou-se fissuras nas escadas,
essas trincas assim classificadas, pois tem espessura de até 1,5 mm, manifestaram-se no
encontro da alvenaria com o elemento estrutural. Essa patologia manifestou-se pela
deformação das vigas neste caso, essa deformação não necessariamente pode levar a ruína da
estrutura, mas a trinca deve ser monitorada a fim de verificar a continuidade ou não da
deformação, pois a continuidade da deformação da estrutura é um indicativo de que a mesma
esteja vinda a colapsar. A trinca identificada pode ser observada na Figura 30.
59

Figura 30 – Trinca no parapeito da escada.


Fonte: Autor, 2014.

A trinca no encontro das vigas de sustentação da escada com a alvenaria também se


repetem nos três pavimentos da edificação e o diagnóstico é o mesmo, esta manifestação
patológica é classificada como regular, pois requer atenção. O erro pode ser atribuído à falta
de planejamento do projeto que não previu tal deformação. A reparação desta patologia é a
mesma para as identificadas anteriormente pela deformação excessiva da estrutura,
inicialmente deve-se continuar com o monitoramento da trinca afim de que no momento que
esta se estabilizar providenciar o processo alargamento da espessura da trinca em formato “V”
e o preenchimento com argamassa elástica de mástique de poliuretano.
No 2° pavimento desta edificação ainda foram identificados outros tipos de
manifestações patológicas em relação à infiltração, para isso o formulário foi aplicado,
conforme Tabela 12.

Tabela 12 - Formulário de patologias: Infiltração.


FORMULÁRIO PARA LEVANTAMENTO DOS PROBLEMAS PATOLOGICOS
Dados da Obra Analisada
Obra Analisada: Universidade X – Bloco 2
Definição da Obra: Edifício executado em alvenaria convencional
Nº de salas: 17 salas e corredor
Área total da Obra: 10.600 m²
Vistoria do Local: Vistoria realizada entre os dias 22/09/2014 a 04/10/2014

Problema Patológico: Infiltração


60

Tabela 12 (continuação) - Formulário de patologias: Infiltração.


Local da
1- Patologia: Parede e Laje
Problema
2- Externo/
Interno? Interno/Externo

Gravidade do
3- Problema: Mínimo/Regular
Anamnese do caso
1- Recorda-se de algum fato que esteja ligado ao aparecimento do Problema?
Na cobertura do edifício há muitos problemas de vedação, a cobertura que é feita com
zinco tem muitos ponto de fragilidade que permitem que a água da chuva passe. No
revestimento cerâmico há problemas com fissuras e descolamento do mesmo.

Ocorrem episódios de reaparecimento dos sintomas ou do agravamento dos


2-
mesmos?
Sim, após os reparos na cobertura, ainda houveram pontos que a infiltração continuou,
no revestimento cerâmico das pastilhas externas foi feito uma vedação com silicone em
alguns pontos, porém ainda há problemas com a infiltração.

As alterações ocorridas nas condições climáticas mudam as características


3-
dos problemas?
Não, o clima não influenciou no surgimento destas patologias, exceto em períodos de
seca que a infiltração não se manifesta.

4- Existe o mesmo sintoma em outros locais?


Essa manifestação patológica ocorre em todas as salas deste pavimento, inclusive no
corredor.

Fotos Do Problema Patológico: Figura 31.


Fonte: Autor, 2014.

As infiltrações identificadas no 2° pavimento tem uma extensão menor em relação


àquelas presentes no 3° pavimento, porém a recorrência permanece grande, o surgimento
desta patologia foi atribuído à mesma falta da instalação de pingadeiras capazes de evitar o
acúmulo de água nos peitoris das janelas e minimizar a percolação da água nas paredes.
A manifestação patológica por infiltração diferencia-se em relação ao pavimento
anterior naquelas presentes na laje, neste pavimento foram identificados 11 (onze) pontos de
manchas por infiltração nas lajes ao longo dos corredores e salas de aula, este processo é
semelhante ao apresentado na Figura 29, sendo os problemas de risco regular devido à
possibilidade de corrosão da armadura, assim a diferença desta manifestação patológica em
relação ao 3° pavimento está na origem da água que gera a patologia, a primeira deriva de
61

problemas na estanqueidade da cobertura da edificação e a outra deriva do método de limpeza


utilizado em conjunto com o surgimento de fissuras nos rejuntes do revestimento cerâmico
que permitem a infiltração da água.
Nas escadas foi identificado o surgimento de fissuras que em conjunto com a
infiltração devido ao método de limpeza e a própria umidade da área externa pode estar
gerando um processo de corrosão das armaduras da estrutura conforme registro da Figura 31.

Figura 31 – Fissuras com tonalidade marrom-avermelhada.


Fonte: Autor, 2014.

A Figura 31 registra uma fissura identificada no patamar da escada além da fissura o


tom marrom-avermelhado sugere que a armadura possa estar sofrendo um processo de
corrosão que pode comprometer seu desempenho. O processo de reparo é o mesmo sugerido
para a mesma patologia identificada no 3° pavimento.
A patologia referente ao desolamento do revestimento cerâmico e a eflorescência
identificada no 2° pavimento tem os mesmos precedentes daquelas identificadas no 3°
62

pavimento, sendo assim a aplicação do questionário foi dispensada. O método de reparação e


tratamento destas patologias são os mesmos já citados anteriormente.
Assim a Figura 32 apresenta a distribuição das patologias identificadas no 2°
pavimento da edificação.

Figura 32 - Distribuição das manifestações patológicas: 2° pavimento.


Fonte: Autor, 2014.

Observa-se que a quantidade de manifestações patológicas identificadas no 2°


pavimento da edificação é muito grande, mesmo que ainda ocorra uma leve diminuição do
número de salas atingidas. Além disso, pode-se verificar que há muita semelhança entre as
patologias identificadas no 3° pavimento em comparação àquelas levantadas no 2° pavimento.
63

4.1.3 Visita ao Local: 1° Pavimento

Identificou no 1° pavimento uma diminuição das patologias de infiltrações e aquelas


relacionadas à umidade, a extensão destas patologias foi muito menor em alguns aspectos em
relação aos levantados nos pavimentos anteriores, assim na Tabela 13 é apresentada a síntese
das manifestações patológicas levantadas.

Tabela 13 - Síntese das manisfestações patológicas registrasdas.


1° Pavimento
Tipo de Patologia Frequência Ambiente Observações
Foram identificados
vários tipos de
Fissuras 07 salas Laje fissuras, que em sua
maioria derivam da
dilatação térmica.
Foram identificadas
Fissuras 04 salas e escadas Paredes
fissuras semelhantes.
A manifestação
patológica de maior
08 salas, banheiros, ocorrência e maior
Infiltração Paredes e lajes
escadas e auditório dano estético com
possíveis danos
estruturais.
A cerâmica foi
Descolamento do 20 salas, corredor e instalada
Piso
Piso cerâmico banheiros possivelmente fora
dos padrões.
Manifestação no
04 salas de aula,
revestimento
Eflorescência banheiros, auditório e Parede
cerâmico de pastilha
marquises das janelas
e na pintura.
Fonte: Autor, 2014.

Em relação às manifestações patológicas identificadas aplicou-se o questionário para o


surgimento de fissuras nas lajes, conforme Tabela 14.

Tabela 14 - Formulário de patologias: Fissura e trincas de lajes.


FORMULÁRIO PARA LEVANTAMENTO DOS PROBLEMAS PATOLOGICOS
Dados da Obra Analisada
Obra Analisada: Universidade X – Bloco 2
Definição da Obra: Edifício executado em alvenaria convencional
64

Tabela 14 (continuação) - Formulário de patologias: Fissura e trincas de lajes.


Nº de salas: 07
Área total da Obra: 10.600 m²
Vistoria do Local: Vistoria realizada entre os dias 22/09/2014 a 04/10/2014

Problema Patológico: Fissura e trinca.


Local da
1- Patologia: Lajes
Problema
2- Externo/
Interno? Interno

Gravidade do
3- Problema: Mínimo
Anamnese do caso
1- Recorda-se de algum fato que esteja ligado ao aparecimento do Problema?
A princípio nenhum fato foi ligado ao problema patológico que foi identificado, sendo a sua
manifestação tratada como sendo normal.
Ocorrem episódios de reaparecimento dos sintomas ou do agravamento dos
2-
mesmos?
Este tipo de patologia não foi tratado ou recuperado ao longo do tempo de utilização da
edificação.
As alterações ocorridas nas condições climáticas mudam as características dos
3-
problemas?
Não, o clima não influenciou no surgimento destas patologias.
4- Existe o mesmo sintoma em outros locais?
Sim, porém não em todas as salas de aulas.
Fotos Do Problema Patológico: Figura 34, 35 e 36.
Fonte: Autor, 2014.

As fissuras e trincas nas lajes identificadas no 1° pavimento tem a mesma


configuração daquelas apresentadas anteriormente na Figura 10, atribuindo assim ao
surgimento deste problema a falta de armadura que combata momentos fletores positivos,
podendo seu uma falha de projeto ou uma falha de execução.
Em relação a fissuras em paredes foi identificada sua manifestação em 04 (quatro)
salas de aula sendo que o processo de formação de fissuras tem outra possível causa. As
fissuras identificadas nestas salas são horizontais na parede com altura próxima a 50 cm e
espessura até 1,0 mm, além da possibilidade apresentada na Figura 16 onde sugere que o
surgimento desta patologia seja consequência da deformação da estrutura ou sobrecarga, o
aparecimento desta no pavimento térreo pode ainda ser atribuído ao processo de ascendência
da umidade do solo, conforme exemplificado na Figura 33.
65

Figura 33 – Fissura por expansão da alvenaria.


Fonte: DUARTE, 1998 apud MAGALHÃES 2004.

O tipo de fissura apresentado na Figura 33 é típico de pavimentos térreos onde ocorreu


a falta ou a deficiência da impermeabilização das vigas de baldrame. Essa patologia se
manifesta, pois os materiais constituintes da parede absorvem a umidade ascendente do solo, e
ao absorver esta umidade os tijolos, blocos ou a argamassa podem sofrer expansão causando
assim a fissura, o registro fotográfico é apresentado na Figura 34.

Figura 34 – Fissura horizontal na parede.


Fonte: Autor, 2014.
66

Em relação ao tratamento e recuperação desta patologia pode-se considerá-lo muito


oneroso para a edificação, visto que o problema somente será resolvido se a
impermeabilização da viga baldrame for feita corretamente o que necessitará de um retrabalho
muito grande. Assim inicialmente recomenda-se que seja feito o tratamento da fissura de
acordo com o especificado para Figura 12, se o problema reaparecer ou ainda em conjunto
com eflorescência é muito provável que a causa seja a umidade, então se deve fazer uma
análise do custo para providenciar a impermeabilização do local afetado. O grau de risco desta
patologia ainda é classificado como mínimo e o problema pode ser atribuído a três fatores
distintos: falha no projeto, falha na execução e falha dos materiais utilizados.
As manifestações patológicas referentes à infiltração foram identificadas em 08 (oito)
salas de aula, estas localizadas na parede dos peitoris das janelas, este problema já foi
identificado nos pavimentos anteriores e atribuiu-se sua manifestação à falta da instalação de
pingadeiras em conjunto com surgimento de fissuras nos rejuntes do revestimento cerâmico
de pastilhas utilizado na área externa.
Nos banheiros do 2° e do 1° pavimento e no auditório ocorrem manifestações
patológicas devido à infiltração no forro. O forro é de gesso e com o tempo ocorre um
processo de desplacamento deste gesso, esse processo causa um grande impacto estético aos
usuários da edificação. Observa-se na Figura 35 este processo de manifestação patológica.

Figura 35 – Infiltração no forro de gesso.


Fonte: Autor, 2014.
67

No auditório este processo é atribuído ao método de limpeza utilizado no pavimento


superior, onde a água infiltra-se pelo revestimento cerâmico que por sua vez apresenta
fissuras e descolamento. Nos banheiros o processo de desplacamento do gesso pode ocorrer
devido à infiltração pelo método de limpeza utilizado no pavimento superior ou devido
vazamento nas instalações hidráulicas.
Para a recuperação desta patologia indica-se que o revestimento cerâmico do
pavimento superior seja reposto adequadamente com a utilização de argamassa
impermeabilizante ou a recomposição das juntas de assentamento com argamassa
impermeabilizante. Já em relação aos banheiros devem-se verificar inicialmente as condições
das instalações hidráulicas para a reparação.
Esta patologia é classificada com um grau de risco mínimo e atribuída a um erro de
projeto, execução e utilização da edificação.
A identificação do descolamento do revestimento cerâmico estende-se igualmente ao
1° pavimento, suas causas e sua reparação tem o mesmo parecer da manifestação identificada
no 2° e 3° pavimentos, ainda assim o problema foi identificado em toda a extensão do
pavimento vistoriado.
A manifestação da eflorescência é mais evidente neste pavimento principalmente nas
paredes, o que reforça a hipótese que as fissuras horizontais nas paredes apresentadas
anteriormente sejam referentes à ascendência da umidade, em 04 (quatro) salas foi
identificada a manifestação desta patologia, nos sanitários e no auditório, conforme registro
na Figura 36.

Figura 36 – Eflorescência.
Fonte: Autor, 2014.
68

Observa-se que a formação de sais na superfície da parede provoca o descolamento da


pintura, necessitando assim para o reparo a remoção de toda a pintura na área afetada, a
lavagem com a solução de ácido clorídrico a 10% e água abundante e o retrabalho para
pintura novamente.
Para o levantamento das patologias no 1° pavimento não foram visitadas a livraria e a
lanchonete, pois são espaços sublocados bem como os estúdios de TV nestes espaços a
vistoria tornou-se inviável, assim finalizado o levantamento é apresentado na Figura 37 o
croqui do 1° pavimento com a localização das patologias identificadas.

Figura 37 - Distribuição das manifestações patológicas: 1° pavimento.


Fonte: Autor, 2014.
69

4.2 TRATAMENTO DOS DADOS

A partir dos levantamentos realizados das manifestações patológicas existentes na


edificação pode-se realizar a tabulação dos dados para verificar a manifestação patológica de
maior recorrência. Para tabulação destes dados foram levadas as seguintes questões em
consideração:
- Cada sala de aula representa 01 (uma) unidade;
- O corredor representa 01 (uma) unidade para cada pavimento;
- Cada conjunto de 03 (três) sanitários, masculino, feminino e de deficientes representa
uma unidade para cada pavimento;
- O auditório representa 01 (uma) unidade;
- Cada escada representa 01 (uma) unidade para cada pavimento;
- As marquises de projeções nas janelas das salas de aula representam 01 (uma)
unidade para cada pavimento.
Com as considerações tomadas conforme descrição acima se adotou para a edificação
um número de 76 unidades, assim é apresentado na Figura 38 o gráfico que numera a
recorrências das patologias levantadas.

Figura 38 – Número de recorrência das patologias.


Fonte: Autor, 2014.
70

Com estes resultados obtidos observa-se que 96% das unidades estão com problemas
em relação ao descolamento do revestimento cerâmico causado pela má execução dos
serviços de colocação das lajotas de granito, porém esta patologia não representa um grande
risco para a estrutura tão pouco apresenta grande impacto estético. Mas 82% das unidades
apresentam problemas relacionados à infiltração, uma pequena parte deste grupo apresenta
este problema devido ao descolamento da cerâmica do pavimento superior juntamente com o
método de limpeza utilizado, entretanto a grande maioria das unidades afetadas pela
infiltração tem como origem do problema a falta de instalação de pingadeiras nas janelas, um
procedimento simples que poderia evitar muitos transtornos, visto que a infiltração gera um
grande impacto estético na edificação.

4.3 ORÇAMENTO

Para orçar os custos dos materiais necessários para reparação das patologias, tomou-se
para fins deste item a patologia que mais ocorre e que gera maior impacto estético que são
decorrentes do processo de infiltração de água nas paredes dos peitoris das janelas.
Sabendo que o processo de infiltração na parede a reparação desta patologia inicia-se
no processo de impermeabilização das juntas de assentamento das pastilhas do revestimento
externo esse processo deve ser acompanhado com uma recuperação das fissuras que
possivelmente afetam este revestimento.
Após esta reparação e impermeabilização do rejuntamento das pastilhas do
revestimento cerâmico externo, será necessário nas áreas atingidas pela patologia nas salas de
aula, que seja feita a raspagem do reboco afetado, após deve-se aguardar ou propiciar a
secagem da mesma. Após a secagem o ideal é a aplicação de um produto impermeabilizante e
após isso uma pintura hidrofugante.
Assim com este processo de recuperação mencionado podem-se quantificar os custos
dos insumos necessários para o tratamento e recuperação da patologia visto que ela está
presente em 82% das unidades vistoriadas. A Tabela 15 apresenta uma estimativa do custo
dos insumos necessários para recuperação desta patologia, baseados na tabela do Sistema
Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAP), este sistema tem
gestão compartilhada entre a Caixa Econômica Federal e o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), considerando o mês de coleta 07/2014 para o Estado do Paraná.
71

Tabela 15 – Custos dos insumos para reparo.


Área de Valor
Item Rendimento Total
Aplicação (m²) Unitário
00000151 - Impermeabilizante Incolor SIKA R$
Silicone 05 (l/m²) 0,2 915,3 16,36 R$ 2.994,86
00000141 - Impermeabilizante Flexível a R$
Base de Elastômeros (Kg/m²) 0,32 750,5 9,40 R$ 2.257,50
R$
00007304 - Tinta Epoxi (0,09 l/m²) 0,09 750,5 47,51 R$ 3.209,06
Total R$ 8.461,43
Fonte: Autor, 2014.

Observa-se que o custo dos insumos para o reparo de uma só patologia identificada
tem um valor razoável, assim reforçando que o projeto, execução e planejamento das
edificações devem ser muito priorizados, visando à vida útil da edificação e minorando as
possibilidades de surgimento de manifestações patológicas e consequentemente os custos para
o tratamento e reparo.
72

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com esta pesquisa pode-se verificar que a grande quantidade de patologias existentes
na edificação possui grau de risco mínimo, em alguns casos as manifestações patológicas
foram classificadas com grau de risco moderado, essa posição reitera que em sua maioria as
patologias em um primeiro momento causam maior impacto estético em desfavor da
edificação e influenciam para o sentimento de insegurança dos usuários da edificação, mas
não causam grandes danos estruturais na edificação.
De acordo com o levantamento realizado constatou-se que em 96% das unidades
vistoriadas há descolamento do revestimento cerâmico, sendo também constatado que em
82% das unidades há problemas com infiltração, foi identificado ainda que as fissuras em
lajes são recorrentes em 57% das unidades visitadas, em sequência foram identificadas
fissuras nas paredes em 43% das unidades e eflorescência em 41%.
Ainda assim, com o levantamento realizado pode-se afirmar que estas manifestações
patológicas podem com o passar o tempo e a falta de tratamento proporcionar sim danos
estruturais que podem comprometer o desempenho da estrutura, como exemplo, pode-se citar
a corrosão das armaduras devido à infiltração, logo todas estas manifestação patológicas
identificadas devem ser tratadas e reparadas para que sejam evitados danos maiores.
Constatou-se que o descolamento do revestimento cerâmico deu-se devido a um erro
de execução, processo esse que deveria ter sido corrigido pelo responsável técnico pela
edificação no momento em que estava sendo executado, o gasto com a argamassa de
assentamento seria maior, contudo um serviço executado corretamente tem mínimas
possibilidades de gerar preocupação e transtornos posteriormente aos proprietários e usuários
da edificação.
Conclui-se ainda em relação aos problemas causados pelas infiltrações que a simples
adoção de uma pingadeira reduziria em grande parte esse processo, sendo essa a segunda
patologia de maior recorrência e a patologia que gera maior impacto estético negativo à
edificação. Pode-se notar que o custo de reparo desta patologia é razoável e poderia ser
dispensado com a adoção de um simples meio de proteção.
Ainda assim é possível verificar que o processo de reparo das patologias necessita de
tempo, espaço e mão de obra qualificada, como o edifício em análise é utilizado para
realização de aulas e praticamente fica em funcionamento todo o ano o processo de reparo vai
causar grande desconforto aos usuários da edificação, logo a estratégia operacional que deve
73

ser adotada para todas as edificações é a prevenção, pois o problema somente irá se
manifestar se a prevenção falhar.
Pode-se ainda constatar que a inspeção visual é um processo simples, porem que
fornece muitas informações que possibilitam verificar o estado de conservação e a
identificação de manifestações patológicas, para que estas sejam tratadas evitando-se assim
maiores danos à edificação e maiores transtornos aos usuários.
Com o que foi exposto e verificado é possível definir que a pesquisa atingiu os
objetivos propostos, pois a pesquisa possibilitou o levantamento das manifestações
patológicas no edifício à identificação das patologias com maior recorrência e levantamento
de custo dos insumos indicados para reparação da patologia de maior impacto estético.
74

6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Para trabalhos futuros sugerem-se alguns temas que se destacaram durante a realização
deste, como:
- Levantamento dos custos totais para reparação das patologias deste mesmo bloco;
- Como o complexo acadêmico é composto por mais edifícios, é possível fazer um
levantamento das patologias dos outros blocos;
- Após o levantamento das manifestações patológicas dos demais edifícios do
complexo acadêmico e também seus custos, é possível comparar os dados encontrados em
relação ao tempo e utilização da edificação.
75

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