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de Moçambique
www.canal.co.mz Maputo, quarta-feira, 5 de Junho de 2019
60 Meticais Director: Fernando Veloso | Ano 13 - N.º 869 | Nº 515 Semanário

Ministro da Defesa beneficiou de parte


do dinheiro das dívidas ocultas

Lavandaria
“M’tumuke” Bruno Tandane e Teófilo Nhangumele fizeram a lavagem de parte do
dinheiro das dívidas ocultas em apartamentos, numa operação que também
beneficiou o actual ministro da Defesa, Atanásio Salvador M’tumuke. Estão
listados quatro apartamentos no condomínio “Golden Park”, na cidade da Matola,
e que foram intermediados por uma empresa turca da área imobiliária, a “ATA
Construções”, mas o vendedor real era Atanásio Salvador M’tumuke.

Uma das casas de Tipo 4 (prédio n.o 55, 4.o andar, “flat” 10) foi
vendida a Bruno Tandane por 500.000 dólares, mas continuou em
nome da “ATA Construções”. O outro apartamento, que também
custou 500.000 dólares (prédio n.o 55, 4o andar, “flat” 9), foi
posteriormente vendido a metade do preço, numa clara operação
de lavagem de dinheiro. Teófilo Nhangumele também comprou
dois apartamentos na mesma operação e no mesmo
condomínio. São as casas n.o 6 e n.o 48. As duas estão
orçadas em 1,5 milhão de dólares.

Grande Entrevista com o comandante João de Abreu

Houve pressão para Rogério


Manuel descolar Pág. 5, 14 e 15

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2 Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019

Destaques

Salvador M’tumuke na rota de lavagem


de dinheiro das dívidas ocultas

D
ois arguidos do A relação de entre
caso das dívidas M’tumuke e os turcos
ocultas, nomea-
damente Bruno Atanásio Salvador
Evans Tandane Langa, de M’tumuke, ministro da Defe-
41 anos de idade, amigo de sa, tem relação de proteccção
Ndambi Guebuza, e Teófi- e negócios com os turcos afec-
lo Pedro Nhangumele, de tos a Fetulah Gullen, os tais
quem que se diz que levou o de quem Erdogan veio exigir
projecto ao círculo presiden- as suas cabeças quando este-
cial, branquearam parte do ve em Maputo, uma proposta
dinheiro das dívidas ocultas que o Governo moçambicano
através de compra de imó- recusou, porque esses empre-
veis que adquiriam em Mo- sários turcos têm ligações pro-
çambique, e o pagamento era fundas com membros de topo
feito no exterior e, a seguir, do Governo. O cidadão turco
vendiam os imóveis a quase de nome Murat Kurt, que re-
metade do preço da aquisi- presentou Salvador M’tumuke
ção, para terem o dinheiro nessas operações, é um dos
em Moçambique. Um dos Atanásio Salvador M’tumuke tem relação de proteccção e negócios com os turcos afectos a Fetulah Gullen sócios da Associação Willow,
mecanismos de lavagem de proprietária da escola inter-
dinheiro passou por Salva- nacional privada “Willow”, a
dor M’tumuke, ministro da llage”, prédio n.o 55, 4.o andar, Por sua vez, Teófilo Nhan- escola privada mais cara do
Defesa, umas das principais “flat” 10, ao preço de 500.000 gumele também adquiriu da Ensino Secundário e do ensi-
vozes de comando na Admi- dólares norte-americanos, e o “ATA Construções Limitada” no privado em Moçambique.
nistração de Filipe Nyusi. Na apartamento continua regis- dois apartamentos localizados Juntamente com Murat Kurt,
altura dessas operações, Sal- tado em nome da vendedora. na cidade da Matola, no con- são donos da “Willow”: Hasan
vador M’tumuke era apenas Seguidamente, Bruno Tan- domínio “Garden Park Villa- Toprak (dono dum arranha-
uma alta patente do Exército. dane adquiriu um apartamento ge” e “Golden Park Premium”. -céus que está a ser construí-
de Tipo 4 localizado no mesmo O primeiro está regista- do na Av. Julius Nyerere),
Na operação de lavagem condomínio” Garden Park Vi- do com número 48, e custou Mansur Abdul Waly, Ibrahim
de dinheiro, Anatásio Salva- llage”, prédio n.o 55, 4.o andar 650 mil dólares. O segun- Uye, Ahmet Uysal, Murat
dor M’tumuke não aparece “flat” 9, ao preço de 500.000 do com o número 6, custou Kurt, Hakan Alaettin Yalcin
directamente, mas uma em- dólares norte-americanos. 900 mil dólares. Também e Abdullah Zafer Soyertas.
presa de imobiliária ligada a Para o pagamento dos dois Teófilo Pedro Nhangumele propriedades de Mutumuke. Salvador M’tumuke, minis-
ele é quem realizou as opera- apartamentos no condomínio Para o caso do segundo tro da Defesa, foi nomeado
ções, e as casas vendidas são “Garden Park Village”, pré- apartamento por exemplo, se- um dos presidentes honorários
efectivamente propriedade de dio n.o 55, Bruno Tandane gundo documentos consulta- da Escola “Willow” e tem um
Atanásio M’tumuke, segundo ordenou, em 28 de Março de do pelo de Moçambique apartamento no mesmo con-
um longo documento a que 2014, uma transferência no , Nhangumele efectuou os se- domínio onde vendeu a Bruno
o de Moçambique teve valor de um milhão de dó- guintes pagamentos: após o e Nhangumele. Esses mesmos
acesso. A empresa chama-se lares, a partir da sua conta acordo houve e envio de sinal turcos são sócios de M’tumuke
“ATA Construções Limitada” domiciliada no “Firts Gulf no valor de 300 mil dólares e na “Dinema Investimen-
e é detida pelos turcos perse- Bank” para a conta da “ATA o saldo efectuado nos seguin- tos”, uma empresa criada em
guidos pelo regime de Receip Construções” na Turquia, tes moldes: No dia 30 de Ou- 2014 para a vender cimento.
Erdogan, pois são afectos a Fe- no banco “Kuveyt Turk Ka- tubro de 2013 pagou 300 mil
tulah Gullen, um clérigo espiri- tilim Bankasi”. A empresa dólares e no dia 30 de Junho Dois pesos e duas medidas
tual turco exilado nos Estados só vendeu os apartamentos, 2014 pagou os restantes 300
Unidos, que desafia o autorita- mas pertencem a Salvador mil dólares. Os pagamentos Há arguidos presos no caso
rismo do presidente da Turquia. M’tumuke, segundo do- Bruno Tandane foram feitos a partir da sua das dívidas ocultas com o ar-
Em Moçambique, esses turcos cumentos em nossa posse. conta bancária domiciliada gumento de conivência na la-
fizeram alianças com Salvador Posteriormente, em 16 de Ja- O apartamento foi vendido a no First Gulf Bank em Abu vagem de dinheiro, mesmo que
M’tumuke, com quem jun- neiro de 2017, Bruno Tandane Elsa Mário Bila Guilamba. Dhabi para a conta do ven- se tenha provado que os bens
tos, têm negócios em troca de vendeu o apartamento do pré- Como se pode ver, trata-se dedor, domiciliada no banco não regressaram à sua esfera
proteccção e oportunidades. dio n.o 55, 4.o andar, “flat” 9 de uma operação típica de la- Kuveyt Turk Katilim Banka- ou que não tenham simulado
Mas voltemos às casas. Bru- ao preço global de 25 milhões vagem de dinheiro. O preço si, mas titulada pela Merdil negócio. São casos menos gra-
no Tandane adquiriu da “ATA de meticais, pagos em dólares da revenda é quase a metade Tkstil Ie Ve Ticaret San. O ve que os do ministro Salava-
Construções Limitada” um e em meticais. Em dólares, foi do preço da aquisição, pois o de Moçambique sabe dor M’tumuke, que ficou com
apartamento de Tipo 4, locali- paga a quantia de 230.000 dó- objectivo era ter aqui em Mo- que Teófilo estava a vender o o imóvel ainda em nome do
zado na cidade da Matola, no lares. Em meticais, a quantia çambique o dinheiro que estava apartamento de 900 mil dóla-
condomínio “Garden Park Vi- foi de 8 milhões de meticais. nos Emiratos Árabes Unidos. res a um valor muito baixo. (Continua na página 4)
Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019 Publicidade 3
4 Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019

Destaques
(Continuação da página 2)

Ficha Técnica
DIRECTOR EDITORIAL
Fernando Veloso | canalmoz.fveloso@gmail.com
Cel: (+258) 82 8405012

EDITOR EXECUTIVO
Matias Guente | mtsgnt@gmail.com | Cel: 823053185

CONSELHO EDITORIAL: Director, Editor, Sub-Editores, Chefe da


Redacção, Sub-Chefe da Redacção e Editores sectoriais.

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Afonso dos Santos

DELEGAÇÃO DA BEIRA PROVÍNCIA DE SOFALA

Adelino Timóteo (Delegado) | adelinotimoteo@gmail.com


Cel: +258 82 8642810

José Jeco | Cel: 82 2452320 | josejeco@gmail.com

FOTOGRAFIA
Lucas Meneses

REVISÃO
A.S.
vendedor, na transacção que interesse pela mesma. Sidónio Leão, em Maputo e na Ponta
fez com Bruno Tandane, por Sitoe devolveu o referido di- do Ouro, e disse aos procurado-
PAGINAÇÃO E MAQUETIZAÇÃO exemplo. O empreiteiro Sidó- nheiro, porque não estava in- res que estava disponível para
Anselmo Joaquim | Cel: 84 2679410 | a.joaquim.m@gmail.com nio Sitoe recebeu dinheiro das teressado em vender essa casa. esclarecer qualquer situação,
dívidas ocultas no valor de 63,3 Mas, quando o assunto chegou porque era do seu interesse que
CANALHA: AJM milhões de meticais, valor mui- à Procuradoria-Geral da Repú- o assunto ficasse esclarecido.
to abaixo daquele que foi rece- blica, Ângela Leão, chamada Outro dado relevante é que
PUBLICIDADE bido por Salvador M’tumuke. em contraditório, negou que as referidas casas foram alu-
Orlando Mulambo | 82 59 49 345 | 84 26 67 545 Mas Sidónio Sitoe vendeu as tenha feito com Sidónio Si- gadas a terceiros, e quem re-
orlandomulambo@gmail.com | canalipdfs@gmail.com
suas casas na Ponta do Ouro e toe negócios de tal natureza. cebe o dinheiro das rendas é
na cidade de Maputo à família Quando foi comunicado a família Leão, como nova
ASSINATURAS
Simião Chambule | 84 21 96 773 | chambulesimiao@gmail.com
Leão, mais concretamente a a Sidónio Sitoe que Ângela proprietária dos imóveis.
Ângela Leão. Os pagamentos Leão, em contraditório, negou No caso do imóvel situado no
DISTRIBUIÇÃO E EXPANSÃO (REVENDEDORES / AGENTES) foram feitos pela empresa “M que tivesse feito negócios com Bairro Triunfo, Ângela Leão até
Orlando Mulambo | 82 59 49 345 | 84 26 67 545 Moçambique Construções”, ele, este exigiu que fosse fei- contribuiu com os restantes mo-
orlandomulambo@gmail.com | canalipdfs@gmail.com uma empresa formalmente ta acareação entre os três, ou radores para a pavimentação da
Luís Inguane | 84 81 59 337 | 82 38 74 060 detida por Fabião Mabunda, seja, ele próprio, Ângela Leão rua, logo que adquiriu o imóvel,
que serve como testa-de-ferro e Fabião Mabunda, de modo questionando-se a razão da ma-
CONTABILIDADE da família Leão, tanto mais a que Ângela Leão negasse à nutenção da situação de reclu-
Aníbal Chitchango | Cel: 82 5539900 ou 84 3007842 | chitchango@ que era a partir das contas sua frente, e onde seriam apre- são de Sidónio Sitoe, visto que
yahoo.com.br
dessa empresa que eram orde- sentadas todas as transferên- o seu caso é igual ao de Neuza
nados os vários pagamentos. cias e toda a documentação. Matos, que vendeu uma casa
PROPRIEDADE
CANAL i, Lda * Bairro Central, Av. Maguiguana, n.º 1049 | Casa n.º
Essa empresa recebia dinhei- Mesmo assim, Sidónio Sitoe a Renato Matusse e foi paga
65000 R/C | canalipdfs@gmail.com * Maputo * Moçambique ros directamente das empre- apresentou outros papéis a pro- com o dinheiro das dívidas. É
Cell: 82 36 72 025 | 84 31 35 998 sas ligadas à “Privinvest”. var que o dinheiro que recebe- muito menos grave que o caso
Numa das ocasiões, Ângela ra era efectivamente da venda de Salvador M’tumuke, que
REGISTO: 001/GABINFO-DEC/2006 Leão enviou dinheiro a Sidónio das casas. Sidónio Sitoe mos- nem sequer foi chamado à Pro-
Sitoe de uma casa em que ele trou aos investigadores todas curadoria-Geral da República.
IMPRESSÃO: Lowveld Media - Mpumalanga
estava a morar, como sinal de as casas que vendeu à família de Moçambique
Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019 5

Destaques
Grande Entrevista com o comandante João de Abreu

“Houve pressão para autorizar o


voo de Rogério Manuel”

N
o parque de estacio- não tem nenhuma Faculdade nem
namento a céu aberto de Engenharia Aeronáutica. Então,
que se estende por a pergunta seria: como é que estas
detrás do Instituto de pessoas hoje estão a trabalhar? São
Aviação Civil de Moçambique, ali capacitados, são formados até que
ao lado das oficinas das Linhas se transformem em inspectores, e
Aéreas de Moçambique, há um o processo de formação não é um
pequeno Jeep modesto, de cores processo de um ano nem dois, é de
rústicas, a estacionar. Transpira quatro, cinco anos. A mesma coisa
um excesso de descrição e modés- que os juristas. Eles, quando saem
tia. Chama a atenção porque a da universidade, são juristas, poderão
chapa de matrícula é de 1997, mas seguir para a advocacia, dependendo
em estado impecável. De lá, desce do ramo. E àqueles juristas que vêm
um homem já de idade, de cabelos para aqui, nós damos formação sobre
e barba branca, com um casaco de a chamada “international legal advi-
“motard” de cabedal. Um homem sers”. Então eles vão junto da ICAO
simples demais para a importân- serem formados. Essas pessoas vão
cia que tem. Cumprimenta todos, e recebem formação necessária
incluindo um servente que está ali para depois poderem, com alguma
a apanhar as folhas que caem da autoridade, identidade e idoneida-
figueira que dá sombra ao parque de, exercerem, poderem interpretar
onde está estacionado o Jeep “vin- toda a documentação da ICAO.
tage”. Chama-se João de Abreu. O
seu ar calmo e fala pausada denun- Canal – Sei que existe uma Es-
cia que sabe muito. A sua simplici- cola Nacional de Aviação. Onde é
dade desmistifica a ideia de que que a escola entra nesse processo
a aviação é para a elite. Há uma de formação?
explicação: está na aviação desde João de Abreu, presidente do Instituto da Aviação Civil de Moçambique
1973. Daqui a mais quatro anos, João de Abreu – Devo dizer que
completará meio século dedicado à a Escola Nacional de Aviação, apesar
aviação. É o presidente do Instituto do falamos de mecânicos, falamos recção de Segurança de Voo. Depois portante que é a área de formação. de controlada pelo IACM, não depen-
da Aviação Civil de Moçambique, dos despachantes das operações, temos uma outra área, que é a Direc- Estas pessoas todas precisam de ser de da Autoridade Ddaa Aviação Ci-
o órgão regulador e fiscalizador da dos controladores do tráfego aéreo, ção de Infraestrutura de Navegação, formadas, senão não teriam a quali- vil, ela depende do cumprimento de
indústria aeronáutica nacional. O e também das assistentes de bordo que é a aquela que lida com cartogra- dade exigida pela ICAO. Temos o requisitos, ela é autónoma e respon-
de Moçambique foi bater- como também as empresas que as- fia, com os aeroportos, com o geo- Departamento Legal, e finalmente de directamente ao órgão superior.
-lhe à porta, para saber da saúde sistem o “handling”, os aviões na físico, geodísio, espacial, inclusive a Direcção do Transporte Aéreo.
do sector, após o monopólio da placa. Portanto esse papel, essa res- aquilo que diz respeito aos controla- A Direcção do Transporte Aéreo é Canal – E qual é o tipo de con-
LAM, os desafios que a moder- ponsabilidade, incluindo os bombei- dores de tráfego aéreo, os aeroportos, responsável pela captação do trans- trolo que a Autoridade exerce so-
nização impõe e, claro, alguns as- ros que actuam dentro da esfera da como é que se constrói um aeroporto, porte aéreo para o país, tais como os bre a escola?
suntos melindrosos do momento: a aviação, somos nós que certificamos. como é que se certifica, quais são as acordos bilaterais, os acordos são
desinteligência com a nova gestão responsabilidades, o que é necessário feitos com Estados, o Estado mo- João de Abreu – Exerce nos
da LAM, a abertura do merca- Canal – Como é que o IACM para ter um aeroporto operacional. çambicano depois designa a com- sílabos, nos preceitos e nos requi-
do, o controverso acidente aéreo está dividido? panhia ou as companhias nacionais. sitos. Neste momento, a escola não
que vitimou Rogério Manuel e o Canal – Sempre ouvimos falar Aí, é que há, então, a captação des- está certificada para formar pilotos.
heliporto do pomposo edifício do João de Abreu – A Autoridade das regras e procedimentos inter- tas companhias todas que estamos Portanto, enquanto ela não for cer-
Banco de Moçambique, que ele de Aviação Civil em Moçambique nacionais. Como é que esses proce- a ver hoje a começarem a aparecer, tificada como uma ATO (Aviation
próprio se recusou a certificar, e está dividida em áreas nucleares. São dimentos são cumpridos no nosso a liberalização do espaço aéreo, as Training Organization), ela não
que está encerrado. Uma a uma, o áreas que têm a responsabilidade, país? políticas económicas de transporte poderá exercer essa actividade.
comandante Abreu respondeu às que respondem às convenções que aéreo, a adesão ao “Satam”, que é o
nossas perguntas, como apresenta- Moçambique ractificou. A mais im- João de Abreu – Estava a falar mercado único de transporte aéreo Canal – Mas então, neste mo-
mos, a seguir, no formato clássico portante de todas é a Convenção de da Direcção de Infraestrutura de em África, e ao Tratado de Abuja. mento, o que é que a Escola faz?
de pergunta-resposta. Chicago, representada pela ICAO, Navegação. Todas as regras do ar, Ou, se calhar, essa pergunta não
onde temos a Direcção de Segurança portanto o Anexo 2 e o Documento Canal – Falou aqui da formação. seria para si.
Canal de Moçambique (Canal) de Voo, que é uma área técnica. Den- 4444, são tratadas ali. Devo dizer Estou a olhar para o Departamen-
– O que faz o IACM, e quais são os tro da Direcção de Segurança de Voo que as recomendações do ICAO, to Jurídico, que tem de lidar es- João de Abreu – Essa pergunta
seus ramos de actuação? temos o Departamento de Airworthe- que são chamadas célebres anexos tritamente com matérias especia- devia fazer à directora da Escola e
ness, que trata assuntos de engenha- e documentos que são muitos fala- lizadas. As nossas Faculdades de não a mim, porque eu sou o órgão
João de Abreu – O IACM foi ria mecânica, motores, fuselagem, dos, eles, quando chegam ao país, Direito são generalistas, e não me regulador.
transformado numa Autoridade electrotecnia, computorização dos para ter força legal no país, são parece haver cadeiras de Aviação Canal – O que levou à mudança
Reguladora da Aviação Civil em aviões. Temos a área das operações, transformados em MOZ CAR, que Civil nas universidades. Onde é que do nome Instituto para Autorida-
Moçambique, portanto o nosso pa- que é aquela que lida essencialmente é “Mozambique Regulation of Civil vão buscar as pessoas que traba- de?
pel principal é de regulamentação, com os pilotos e aplica as normas em Aviation” e, depois, MOZ CAT, que lham no Departamento Jurídico?
certificação e licenciamento na área relação aos requisitos da ICAO nesta são os procedimentos. Então, a par- João de Abreu – Tem toda a ra- João de Abreu – O Instituto era
de transporte aéreo em todas as matéria. E, depois, temos a área a que tir daí, publicado no Boletim da Re- zão. É aí onde entra o Departamento apenas um regulador, não tinha em
vertentes; quer a vertente humana, chamamos PELE, que é a certificação pública, passa a ter um poder legal. de Formação. Ninguém que está hoje
quando falamos dos pilotos, quan- e emissão de licenças. Isto, só na Di- Temos também uma área muito im- aqui. Que eu saiba, Moçambique (Continua nas páginas centrais)
6 Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019

Editorial

Uma questão de
racionalidade
N
a quarta-feira da semana passada, o presidente da Renamo, vidas subtraídas na equação dos que têm o poder de fogo, ou seja, os
Ossufo Momade, convocou os órgãos de comunicação social dois beligerantes.
para, a partir da Gorongosa, e em teleconferência, manifestar Em 2018, tivemos eleições autárquicas que, para já, podem ficar
a preocupação daquele partido em relação ao recenseamento registadas como as mais porcas de sempre, em que a fraude eleitoral
eleitoral, que terminou na quinta-feira, 30 de Maio. foi a regra, com situações impensáveis como falsificação “oficial” de
Disse Ossufo Momade, na ocasião: “Perante um recenseamento editais e uma colaboração dos tribunais distritais, que teve amparo, a
eleitoral coberto por graves problemas que põem em causa eleições nível central, no Conselho Constitucional. Até em Marromeu, numa
justas, livres e transparentes, a Renamo exige a prorrogação do recen- eleição repetida, com menos dez mesas, o Secretariado Técnico de
seamento eleitoral, sem, no entanto, pôr em causa o dia da votação, Administração Eleitoral não foi capaz de organizar uma eleição sé-
para ser mais abrangente e inclusivo”. Na mesma intervenção Ossufo ria, isenta de fraude. Todas as reclamações foram ridicularizadas, e os
Momade acusou o STAE de, propositadamente e estrategicamente, ter queixosos foram infantilizados.
criado problemas no recenseamento nas zonas de grande influência da Agora vamos para uma eleição igual à que criou a crise política que
oposição. se está a tentar solucionar, e, como sinal de total descompromisso com
De resto, não é uma constatação nova. O recenseamento que ter- a seriedade, é que todo um recenseamento eleitoral é viciado, ao ponto
minou na quinta-feira da semana passada tem todos os condimentos não só de se negar o direito constitucional de eleger, a vários eleitores
necessários para ser a maior fraude de que há memória em termos de nas províncias do Norte e do Centro do país, mas também chegámos
registo eleitoral. E culpar-se o ciclone “Idai” e o ciclone “Kenneth” ou ao ponto de inverter os números eleitorais, em que as províncias do
qualquer outro factor não passa de um expediente dilatório para justi- Sul de Moçambique passam a ser os maiores círculos eleitorais, contra
ficar tudo quanto aconteceu no recenseamento eleitoral. Ainda não há todo o tipo de racionalidade. Manipular o recenseamento eleitoral a
números oficiais de quantos eleitores foram registados. Mas certamen- esses níveis é de todo inadmissível. É o Secretariado Técnico de Ad-
te que é muito abaixo dos cinquenta por cento. ministração Eleitoral um passar um certificado de estupidez colectiva
Ora, na noite de domingo, a Presidência da República publicou um a todos os moçambicanos.
comunicado de imprensa a anunciar grandes êxitos alcançados numa Ora, mesmo assim, as duas partes que se reuniram no último domin-
cimeira que se realizou em Chimoio, entre o Presidente da República, go não abordaram estas matérias, mas vêm a terreiro dizer que estão
Filipe Nyusi, e o presidente da Renamo, Ossufo Momade. interessadas na paz definitiva. A questão é: qual paz e que se funda em
No comunicado, pode-se ler o seguinte: “Foi reajustado o cronogra- quê? E, aqui, a Direcção da Renamo tem de vir a público dizer de que
ma, definindo prazos para o início do processo de desarmamento, des- lado está, porque, assim como estão as coisas, a Renamo está a dar
mobilização e reintegração no mês de Junho, o regresso e a reintegra- indicações de que não pode e não deve ser levada a sério. É estranho
ção dos homens armados da Renamo para o mês de Julho, e o período que a Renamo tenha aceitado emitir um comunicado conjunto que não
para a assinatura do Acordo de Cessação Definitiva das Hostilidades exprime a necessidade da prorrogação do recenseamento eleitoral, que
Militares, precedida do processo de desarmamento, desmobilização e devia ser, neste momento, a sua maior preocupação.
reintegração e a assinatura de um Acordo de Paz Definitiva, até prin- E se há qualquer entendimento que contorne a seriedade no processo
cípios de Agosto de 2019, sem prejuízo da continuidade do diálogo, eleitoral, então nada se estará a fazer. Como está disposta a situação, a
como medida de reforço de confiança entre as partes. O Presidente da verdade é que o anunciado “Acordo de Cessação Definitiva das Hostilida-
República e o presidente da Renamo acordaram em iniciar a prepara- des Militares” precedido do processo de desarmamento, desmobilização
ção duma conferência internacional para a mobilização de fundos para e reintegração e a assinatura de um “Acordo”, como está escrito no comu-
a implementação da reintegração”. nicado, já se pode adivinhar que será um nado-morto. Mais do que nado-
Isto quer dizer que, na reunião, acordou-se que as partes deverão -morto, será apenas um documento para a viabilização das eleições e nada
assinar um novo acordo de paz no próximo mês de Agosto. mais do que isso. E as eleições realizar-se-ão, e a Renamo vai perdê-las,
No encontro não foi abordada a questão mais importante de todas, porque o STAE já assim decidiu com base no recenseamento. A seguir,
que é o recenseamento eleitoral. Pode parecer um pouco fora do con- a Renamo vai queixar-se aos tribunais, e o Conselho Constitucional, que
texto nomear o recenseamento como a questão mais importante do também não mudou, vai validar os resultados. O máximo que a Renamo
diferendo que opõe a Renamo e o Governo, mas o facto é que, neste terá nisto tudo é um ou dois desses espantalhos administrativos a que se
momento, o recenseamento é efectivamente o que mais interessa. E vai chamar “governador provincial”. Um ou dois que serão generosamente
a explicação reside no seguinte: a crise política que degenerou em atribuídos pelo STAE para acalmar a Renamo. E a Renamo, infelizmen-
guerra civil, ainda que a semântica oficial lhe queira dar nomes mais te, vai caindo nessa conversa e está mais preocupada com o processo de
simpáticos, foi a má gestão do processo eleitoral, que teve o seu pon- desarmamento, desmobilização e reintegração, que não passa de um expe-
to máximo na fraude eleitoral em que, no fim, não havia editais para diente de acomodação e distribuição de tachos. O problema real é a fraude
comprovar que ganhou ou quem perdeu as eleições. Foi também a má eleitoral, e parece que a Renamo não está interessada nessa matéria. Em
gestão das reclamações, que, aliás, foram ridicularizadas, que tornou Outubro, voltaremos às mesmas lamentações. Onde reside a racionalidade
o país num barril de pólvora, cuja factura foi um rasto de destruição e dos dirigentes da Renamo? de Moçambique
Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019 Publicidade 7
8 Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019

Opinião

Povo quer justiça


Por Edwin Hounnou

J
ulião João Cumbane, assassinos e bandidos. Trans- propostas de investimentos para os Estados Unidos por-
professor universitário formou as instituições que, exigia que cinco por cento que só assim saberemos o que
e membro da primeira por vocação, deveriam defen- de acções fossem reservados cada um deles levou e todo
linha do G40, antigo der o povo, em organizações para si, sabíamos, para o gáu- o roteiro será esclarecido.
acérrimo defensor das de criminosos para burlar e dio da desmedida ambição. O povo não está à A justiça americana não
artimanhas e excessos do ex- delinquir o Estado. Todo o Que criou uma legião de in- irá codificar o nome de nin-
-chefe de estado Armando mundo sabe que, no nosso telectuais esfomeados – G40 espera de qualquer guém. Lá a procuradoria não
Guebuza, a quem ele chama país, a corrupção é acarinhada – para lhe cantar, ao ouvido, arrependimento anda a reboque do poder exe-
seu “pai e ídolo”, escreveu- e os grandes corruptos são to- que “vós sois o filho mais cutivo. É algo sério. O povo
-lhe uma carta aberta espi- mados como heróis da pátria. querido do maravilhoso povo
ou de pedido de quer justiça. Não pode pagar
nhosa e cheia de fel. Durante A única informação que da pérola do Índico”, toda a desculpas do “pai pelo prato que não comeu.
os 10 anos em que Guebuza não sabíamos era se o “pai gente sabia, pois os seus ra- e ídolo” de Julião Que paguem eles que rou-
esteve no poder, Julião Cum- e ídolo” de Julião Cumbane pazes cantavam a bom som baram e não o povo. O povo
bane era um dos seus mais estivesse ligado à insurgência para que todos lhe prestas- Cumbane. Quer não roubou nada de ninguém.
ferrenhos defensores e não que está a devorar a província sem vassalagem. Que quem a prisão efectiva O povo não é ganancioso
poupava esforços para dene- de Cabo Delgado. Agradece- não fosse da Frelimo estava nem aldrabou sem que for.
grir quem ousasse falar a ver- mos bastante por esta reve- tramado e para que todos se e condenação Podem, até, leiloar aqueles
dade sobre a sua governação. lação. Não sabíamos que o recordassem, instituíram uma exemplar de todos barquitos que estão a apo-
A “descoberta” de Julião dinheiro do calote, a que nos canção para o efeito. Que o drecer no Porto de Pesca de
não acrescenta nenhum valor obrigam a pagar com o nosso “pai e ídolo “ de Julião Cum-
os implicados no Maputo ou oferecê-los aos
ao que, faz muito tempo, ví- suor, está sendo usado para bane tivesse promovido a calote. parentes do “gang” das dí-
nhamos denunciando de que, financiar actividades terroris- corrupção como prática cor- vidas inconstitucionais para
com Guebuza no poder, o país tas. Pensávamos que o dinhei- rente na administração pú- com eles se divertirem. É
entrou num beco sem saída. ro do calote era para propor- blica, isso era do domínio de bom que saibam que o povo
Os factos não nos deixaram cionar boa vida às crianças, toda a gente – velhos, velhas, não se deixou impressionar
mentir – Guebuza fez capo- construir mansões, condomí- jovens e até de crianças. Até Na verdade, a pobreza não com aqueles prisões espec-
tar o país. Tão cedo tudo co- nios de luxo, pôr os meninos os serviços secretos – Serviço foi combatida, no reinado taculosas que visam diver-
meçou a cheirar mal. O povo a brincarem com viaturas de de Informação e Segurança do “pai e ídolo” de Julião tir o povo e chamar a aten-
ficou definhando e sufocado grande cilindrada, casas de do Estado – foram envolvi- Cumbane, ela aprofundou- ção dos americanos de que
devido à ambição desmedida praia e contas, invejavelmen- dos na gatunagem pelo “pai -se cada vez mais. Muitas aqui também se faz justiça.
pelo dinheiro fácil de cerca de te, recheadas no estrangeiro. e ídolo” de Julião Cumbane. famílias ficaram cada vez O nosso Moçambique só
duas centenas de gatunos. O Que o “pai e ídolo” de Ju- Que o “pai e ídolo” de Ju- mais pobres. O exérci- será exaltado com a prisão,
povo ficou empobrecido cada lião Cumbane estivesse a lião Cumbane tivesse metido to dos pobres aumentou. julgamento e condenação de
vez mais até à medula. Todos conduzir o país ao abismo, os seus filhos, civis e sem O povo não está à espera todos que beneficiaram das
ficámos de tanga e sem pão. que não gostava de dialogar qualquer formação militar, na de qualquer arrependimento dívidas ilegais que nos joga-
Hoje, somos conhecidos, com o “inimigo”, todos sa- compra de armamentos para ou de pedido de desculpas do ram na pobreza abjecta. O res-
em todo o mundo, como um bíamos muito bem. Por isso, que, também, ganhassem “pai e ídolo” de Julião Cum- to que dizem não conta por-
país de caloteiros onde a cor- fez ressurgir a guerra que o chorudas comissões na bola- bane. Quer a prisão efectiva que não vale. Prosas bonitas
rupção se pratica à luz do saudoso arcebispo da Beira, da das dívidas inconstitucio- e condenação exemplar de não pagam dívidas. Ainda há
dia e, por isso, Moçambique Dom Jaime Gonçalves, cha- nais, era um segredo aberto todos os implicados no calo- quem acredite em gente sem
é contornado por potenciais mou como sendo “a guerra jogado na praça. Que o enfa- te. Sabemos que os tribunais moral nem princípios. Não
investidores. Ninguém deseja da Frelimo”, não tínhamos donho discurso da luta contra judiciais e a Procuradoria- pedimos que nos peçam des-
colocar o seu dinheiro onde a qualquer sombra de dúvidas. a pobreza não passava de uma -Geral da República estão culpas nem que se mostrem
maior parte dos titulares do Que o “ pai e ídolo” de Julião anedota mal contada para engolidos pelo poder políti- arrependidos. O lugar de um
poder público é, abertamen- Cumbane estivesse a gover- adormecer o povo enquanto co, não julgar com isenção criminoso é na cadeia e não
te, corrupta e sem moral pú- nar o país olhando apenas ele ia ficando podre de dóla- e imparcialidade, desejamos na praça ou numa sala clima-
blica. Guebuza virou o nosso para os seus interesses pes- res, nós sempre denunciámos que o “pai e ídolo” de Julião tizada a dar aulas de moral.
país nem coutada de ladrões, soais e do grupo, em todas as de que se tratava de uma farsa. Cumbane e seu grupo sigam de Moçambique
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Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019 Publicidade 9

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
AUTORIDADE TRIBUTÁRIA DE MOÇAMBIQUE
DIRECÇÃO GERAL DE IMPOSTOS

AVISO
REGULARIZAÇÃO DOS PAGAMENTOS EFECTUADOS NAS CONTAS
DAS RECEBEDORIAS DE FAZENDA

Caros Contribuintes,
Com vista a garantir a regularização dos pagamentos de impostos e outros
encargos tributários efectuados por meio de transferências ou depósitos
bancários, previstos no nº 1 do artigo 146 da Lei nº 2/2006, de 22 de Março, que
aprova a Lei do Ordenamento Jurídico Tributário, avisa-se a todos os contribuintes
que usam aqueles mecanismos, para no prazo de 30 dias, contados a partir
da data da publicação do presente aviso a apresentarem, na recebedoria de
fazenda da área fiscal a qual estão adstritos, os comprovativos dos pagamentos
efectuados.
Os contribuintes que não apresentarem os comprovativos dos pagamentos
acima aludidos são considerados faltosos e incorrem nas penalidades previstas
no n.º 1 do artigo 26º do Decreto nº 46/2002, de 26 de Dezembro, que aprova
o Regime Geral das Infracções Tributárias.

Maputo, 28 de Maio de 2019


O Director Geral
Ilegível

“O Funcionário e o Contribuinte, Agentes na Modernização dos Processos Tributários”


Av. 25 de Setembro, Prédio nº1235, 3º andar, Telefone 21344200, Cidade de Maputo
10 Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019

Opinião

Da “Polícia Política” ao
SERNIC – Aspectos Centrais
Por Hamilton S. S. De Carvalho

“Políticos (…) não gostam de um povo que interprete. Gostam de um povo que
obedeça, que leia pouco, interprete pouco, que olhe apenas em uma única
direção. Nada de novo debaixo do sol!” Pe. Leonardo Lucian Dall Osto.

I.
Bom dia, caros leitores! ção), vigiar os indivíduos e certas ção (intelligence) relevante sobre policiais, desde polícia secreta, ou advertir que o SERNIC não
Inicio a redação do pre- actividades perigosas para o Es- a segurança externa e interna do polícia aduaneira ou migratória, se limita apenas a esclarecer
sente artigo começando tado-nação, procurar evitar a prá- Estado representativo com a mo- polícia fiscal, polícia marítima crimes. Ao SERNIC impõe-se
por manifestar a minha tica de crimes e, quando pratica- derna ressalva de que os mesmos ou de transportes que até então o dever, fora das suas funções
homenagem à Sua Excelência o dos, procurar descobrir e prender serviços não estão autorizados encontravam-se desestruturada gerais e dentro das suas funções
Presidente da República Demo- os responsáveis, entregando-os por império das leis a interro- e que por esta razão passariam específicas e nos termos do arti-
crática de Angola, João Louren- sempre à Justiça dos Tribunais. gar, ameaçar ou prender ou tor- a ser tuteladas pelo Ministério go 8 e 7, de prevenção criminal.
ço, revendo-me nas palavras da A diferença entre a política ad- turar os indivíduos suspeitos da do Interior ao abrigo da Lei n.º E isto é sério: é necessário que
família Jonas Savimbi – antigo ministrativa – aqui se integrando prática de qualquer tipo-legal 5/79, de 26 de Maio, refletindo o Estado Regulador e de Segu-
líder da UNITA, portanto, pela a PRM, Polícia Maritima, Polícia de crime grave como o terroris- deste modo os anseios fundacio- rança invista numa SERNIC
sua sensibilidade e espírito re- Aduaneira, etc., e – a polícia de mo, por exemplo. Portanto, no nais da primeira Nova República forte e coesa para investigar os
conciliador, por finalmente ter investigação criminal (PIC) ou caso de se identificar crimes de e da revisão da primeira Consti- crimes organizados que assolam
resolvido entregar os restos mor- polícia judiciária (PJ) – assenta natureza idêntica, estes serviços tuição de 1975 à luz da Lei n.º a região norte do país. E, penso
tais daquele importante comba- no facto de a primeira destinar- que, não são correcionais, devem 11/78, de 15 de Agosto que re- que os serviços de informações,
tente político da história angola- -se a manter o ordem e tranqui- efectuar diligências no sentido de viu a Constituição tendo vindo se forem competentes, podem
na, dezassete anos depois da sua lidade públicas, podendo aplicar transferir os casos identificados a ser consolidada com a revisão ter e têm um peso considerável
morte em combate, na comuna multas aos autores de transgres- para a Polícia de Investigação constitucional de 1990 e 2004. na condução da política externa,
do Lucusse, Município do Moxi- sões, enquanto a segunda tem Criminal ou Polícia Judiciária e V. Foi a partir desta profunda da política de defesa e da políti-
co. Com ele, saúdo o seu execu- por visão, missão e objectivo(s) para a jurisdição dos Tribunais reforma legislativa que foi criado ca de segurança interna do País.
tivo por este acto de grande cora- evitar a prática de crimes e des- Comuns que detém competên- finalmente, mais recentemente, É necessário que as estruturas
gem e amabilidade. Curioso, mas cobrir os seus autores, ou os sus- cia específica nesta matéria. o SERNIC ao abrigo da Lei n.º de segurança e defesa funcio-
enquanto em Angola as notícias peitos de o serem, entregando- IV. Quanto a constituição do 2/2017, de 9 de janeiro. Do seu nem articuladamente. Existe um
tem vindo a melhorar, em Mo- -os ao Ministério Público para sistema de segurança pública juramento, lê-se do artigo 41º da direito fundamental consagrado
çambique vivemos o “drama po- serem acusados e julgados em moçambicana, em cronologia, Lei que cria o SERNIC: “eu (…) no Direito internacional e na
lítico” com a nova força política Tribunal competente. Portan- em maio de 1975, por força do juro por minha honra respeitar Constituição a ser violado, o
FRELIMO vs. PODEMOS a dar to, só nas ditaduras existe, além Decreto 54/75, foi criado o corpo a Constituição da República e chamado Direito à Vida (direito
grandes passos na arena política destas duas formas de polícia, de polícia da Primeira República demais leis, cumprir fielmente o real) que é anterior e superior
e a ganhar alguma visibilidade uma terceira designadamente, de Moçambique, composto na meu dever, dedicando todas as aos direitos daí derivados (ad-
contrariamente à nova Coligação polícia política de que foi exem- sua esmagadora maioria por po- minhas energias à investigação quiridos). Portanto, em matéria
RENAMO e ao MDM. Um cená- plo no passado, a famosa PIDE. lícias nacionais, recém-formados criminal, à defesa da pátria e da de direitos, não cabe só o direito
rio político muito parecido com III. Ora, a polícia política em Nashingweya – centro de for- soberania nacional e manter es- à Mahindra e a altos cargos de
o que se vive em Portugal com a (e os Tribunais Políticos) que mação político-militar de Tanzâ- trito segredo profissional no de- direção. Perceba! Mesmo saben-
“destruturação do PSD” e a for- à princípio não tem lugar num nia e os poucos que pertenciam sempenho das minhas funções.” do que políticos (…) não gos-
mação da ALIANÇA de Pedro moderno Estado democrático de a Polícia de Segurança Pública Ora, a par do dever de defender a tam de um povo que interprete,
Santana Lopes. Será interessan- direito, será então àquela que Portuguesa (PSP). Aliás, com a Pátria contra qualquer ameaça ou devo dizer: a regra de ouro exige
te, pois, ver nos próximos pleitos vigia os oposicionistas, os re- devida permissão, uma das pes- agressão – cidadania militar ou que só tenha direito à Mahindra
eleitorais o resultado que alcan- prime, os ameaça de prisão e os soas que miliciou o Estado da cívica – está o dever de obedecer quem souber garantir em primei-
çarão estas novas forças políticas. prende, interroga, os tortura para Machava no dia 25 de Junho de à Constituição e às leis em vigor ro plano a segurança das pessoas
Para já emitem duas mensagens lhes arrancar a confissão, e os 1975, na noite da proclamação – cidadania Jurídica. Aliás, vol- e dos seus bens, o Direito à Vida
claras: descontentamento face responsabiliza pelos chamados da independência, foi a minha vidos dois anos da sua existência, e outros direitos fundamentais.
à disciplina partidária ou algo «crimes políticos». Apesar dos própria mãe Camarada Fátima sua Excelência, o Primeiro-Mi- É para isso que precisamos de
não vai bem. No primeiro caso, seus resquícios, pelo menos em Serra (a quem deixo uma públi- nistro, Carlos Agostinho do Ro- Estado representativo. Chega
é absolutamente compreensível matéria de tortura psicológica, ca homenagem) que até então sário, veio a Casa do Povo exi- de Mahindras e Mahindras! Te-
que alguém se oponha à certos devo dizer que nos tempos ho- acabava de regressar de Nashin- gir ao SERNIC flexibilidade na mos dezenas de Moçambicanos
padrões e opte pela liberdade (re- diernos, em sociedades exempla- gweya com a sua locomotiva. resolução de crimes, destacando a morrerem no Norte do País.
gra de Galileu ou de More); no res, onde reside uma verdadeira Com a proclamação total e com- entre os principais desafios: rap- Saiam dos Gabinetes. Movimen-
segundo caso, pode existir duas cultura democrática, parte dessa pleta da independência do País, tos e homicídios. Relembrando tem-se. Agitem-se. Nesta ma-
alas, portanto, duas forças con- actividade foi banida ou tende a foi aprovado o Decreto n.º 25/75 os seus exatos termos: “o Sernic téria, confesso, sinto saudades
trapostas num só partido (regra ser banida, apesar de existir ain- de 18 de outubro, que transfor- deve ser capaz de esclarecer com do El Comandante Samora Ma-
do dualismo ou divisionismo). da quem pense, erroneamente, ma a Polícia Judiciária em Po- celeridade, qualidade investiga- chel. E quanto aos recentes pro-
II. E quanto à Polícia? Bem, que a mesma foi transferida para lícia de Investigação Criminal, tiva e processual, todos os cri- nunciamentos do Ministro das
tenho entendido que a Polícia de os serviços de informação – no abreviadamente designada, PIC. mes que ocorrem na nossa socie- Finanças, MALEIANE – Mas
uma República democrática é um nosso caso seria o SISE, noutros Esta polícia ficou integrada na dade”, – disse Carlos Agostinho claro que era “difícil” a socieda-
serviço público absolutamente padrões do mundo o SIS, CIA, estrutura orgânica do Ministé- do Rosário, destacando também de associar receitas de Gás aos
imparcial, sem filiação partidária M15 ou ainda ao M16, casos de rio do Interior – como unidade os crimes de branqueamento de credores. Até quando teremos de
que tem por funções defender o Portugal, EUA, Grã-Bretanha de comando policial integrada, capitais, tráfico de drogas, caça andar sempre a chicotear o dia-
princípio da legalidade vigente respectivamente – cuja missão é centralizada – cujas actividades furtiva, corrupção e terrorismo. bo? Olhem, outubro está à vista.
na norma das normas (Constitui- recolher e tratar toda a informa- desenvolvidas pelas agências VI. Ora, convém clarificar de Moçambique
Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019 Publicidade 11

COMUNICADO
Apresentação dos resultados sócio-ambientais da Vale Moçambique
referente ao ano de 2018

A Justiça Ambiental, JA!, tem solicitado informação de interesse público à Vale Moçambique, sobretudo no que diz respeito ao desempenho am-
biental desta multinacional, mas nunca obteve uma resposta positiva e não há no domínio público informação su�iciente sobre esta matéria.

Aliás, em Fevereiro do presente ano a JA!, com base na Lei do Direito à Informação e respectivo Regulamento, solicitou relatórios detalhados de
monitoria ambiental da VALE MOÇAMBIQUE que revelam o desempenho ambiental da empresa no período de 2013 a 2018. A Vale recusou for-
necer esta informação alegando que a mesma não está abrangida pela Lei do Direito à Informação, o que é no mínimo um absurdo, considerando
que o artigo 3 da Lei do Direito à Informação determina que a mesma “aplica-se aos órgãos e instituições do Estado, da Administração directa e
indirecta, bem como às entidades privadas, que ao abrigo da lei ou contrato, realizem actividade de interesse público ou que, na sua actividade bene-
�iciem de recursos públicos de qualquer proveniência e tenham em seu poder informação de interesse público.”

É por essa razão que a JA! rea�irma a sua total repulsa pelo modelo de desenvolvimento que visa a geração de lucro e a acumulação de capital,
concentrado num punhado de gente que não se identi�ica com as preocupações dos milhares de moçambicanos expostos às consequências irre-
versíveis dos impactos da actividade mineira no Distrito de Moatize, na província de Tete.

A realização de uma reunião pública sobre a prestação ambiental da Vale Moçambique nos termos concebido, não responde às preocupações e
pedidos de informação que desde 2009 a Justiça Ambiental tem estado a solicitar, sem sucesso. Há mais de 8 anos de actividade da mineradora
que se veri�ica que os impactos negativos desta actividade mineira superam largamente a lista dos impactos positivos propalados pela companhia.
Na página de internet (website) da companhia veri�icam-se 4 pilares sobre os quais �irmam as acções de gestão ambiental da empresa, a destacar:
(1)Preservação da Fauna e Flora, (2) gestão de recursos hídricos, (3) gestão de resíduos e (4) monitoria do ar.

No que concerne à preservação da Fauna e da Flora, a Vale Moçambique refere-se a reposição das espécies nativas e a formação em técnicas de
cultivo e tratamento de árvores. No entanto, dentro das comunidades afectadas pela actividade mineira em questão, as pessoas vivem sobre solos
impróprios para a prática de agricultura e para o plantio de árvores sem acesso a insumos apropriados. Uma das grandes reclamações da comu-
nidade reassentada é a baixa capacidade produtiva da terra que lhes foi atribuída. Mas, estranhamente, estes programas são apresentados como
a solução mágica para a recuperação de espécies nativas em solo inadequado para o efeito, sem contar que o tempo médio de crescimento e ama-
durecimento de uma árvore poderá durar de 1 a 7 anos e não são avançadas alternativas para suprir as necessidades ambientais ao longo deste
período de espera. Importa destacar que após 8 anos do processo de reassentamento as espécies nativas, continuam sem ter sido recuperadas
dentro do espaço onde a comunidade vive.
Outrossim, mencionam a gestão de recursos hídricos em uma actividade que exige o desperdício de elevadas quantidades de água dos principais
rios de Tete (Rio Zambeze, Rio Revubué e Rio Moatize) que abastecem as actividades da mina. Estes referem-se ao reaproveitamento de 80% da
água utilizada nas plantas de operações, porém, não se referem as medidas de prevenção e contaminação das águas super�iciais e subterrâneas
que devido ao bombeamento deixa grandes volumes de rochas expostas a processos de oxidação e com alto potencial de formação de drenagem
ácida. Além de que, os a�luentes dos principais rios já se encontram secos desde que a actividade mineira tomou espaço na província de Tete, o
desvio dos cursos dos rios não é referenciado pela Vale Moçambique, que é uma situação real em Moatize, principalmente nas áreas próximas da
mina e na comunidade de Ntchenga.

Relativamente à gestão de resíduos, está escrito que estes são tratados de forma ambientalmente sustentável, entretanto não são referenciadas
as técnicas e metodologias de tratamento de rejeitos e de depósito de estéril, que estão entre os impactos ambientais mais signi�icativos da in-
dústria mineradora. Em Novembro de 2018, a JA! denunciou na sua página de facebook o depósito de recipientes, aparentemente contendo óleo
para as máquinas, que foram depositados num curso de água em Moatize, mais concretamente no Bairro 25 de Setembro. Estes recipientes foram
rapidamente removidos do local quando a empresa apercebeu-se do barulho que foi feito em volta do assunto, porém não recebemos nenhuma
explicação para estes recipientes terem sido depositados naquele local de forma irresponsável, inconsciente e nada sustentável, contrariando o
argumento segundo o qual, os seus trabalhadores e as comunidades estão consciencializados sobre o seu papel na gestão de resíduos. Para além
disso, o contacto destes recipientes com a água, de certeza contaminou este espaço. Porém, como a Vale Moçambique, deliberadamente, recusa-se
a fornecer informação relativa às suas actividades e nem sequer veio a público esclarecer como pretendia retratar-se deste grave crime contra o
ambiente.

No que concerne a monitoria do ar, a Vale refere que adopta uma tecnologia de ponta de controlo de emissões de partículas respeitando os requi-
sitos legais, entretanto chamamos atenção de que nem sempre a legalização de um acto, signi�ica que este esteja correcto. Portanto, é inconcebível
que as centenas de famílias que vivem nas proximidades da mina Moatize II, sejam submetidas a inalação de poeiras diariamente sem que isto
afecte a sua saúde e a sua qualidade de vida. A tecnologia de ponta não é condição única para perceber que estamos perante uma grave violação
dos direitos humanos naquele local. Para não falarmos dos constantes ruídos e vibrações do terreno em volta da mina em consequência das fre-
quentes explosões durante as actividades da mesma.

Portanto, urge a divulgação detalhada dos impactos da actividade mineira da Vale Moçambique sobre o ambiente e sobre as condições de vida das
comunidades afectadas e a responsabilização por quaiquer danos resultantes dessa actividade mineira.

Justiça Ambiental
Av. Kamba Simango No184- Maputo Tel/fax. (+258) 21496668; Cell: 82 3061275 Email: jamoz2010@gmail.com
12 Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019

Nacional
Quando o assalto ao Estado ultrapassa todos os limites

No Instituto Nacional de Petróleos


serve-se café comprado por 4,5
milhões de meticais
preendimentos” pedir para ver
o café de 4,5 milhões. Como
era de esperar, esse café não
existe. Mas há uma versão
que nos foi contada por um
funcionário de nome Pedro,
que nos atendeu. A versão sai
dos produtos do café, para
dispersar os quatro milhões
e meio de meticais. Diz que
também inclui produtos de
limpeza. Mas tal não corres-
ponde à verdade, porque, no
anúncio em questão, o Ins-
tituto Nacional de Petróleo
adjudica os serviços de lim-
peza à “Perfect Clean, Lda.”,
no valor de 2.330.640,00 de
meticais, por isso não ficou
claro por que razão o forne-
cedor de café também está
alegadamente a fornecer pro-
dutos de limpeza, que, na
verdade, é um outro lote, gan-
ho por uma outra empresa.
Rmangue.rom@gmail.com
eginaldo Mangue que se expressaram nas redes Para entender pode haver requisições de café A “Sucessos Empreendi-
sociais. Para entender como a ascender a quatro milhões de mentos, Lda.” é uma socieda-
é que funciona um café que como é que meticais. A explicação é meio de unipessoal criada em Abril

N
uma altura em que custa 4,5 milhões de meticais, funciona um café esfarrapada. Ei-la: segundo a 2016, tendo como único só-
se multiplicam os o de Moçambique des- de 4.5 milhões de responsável da UGEA do Ins- cio Joaquim Bernardo Cossa.
discursos oficiais locou-se, na passada quarta- tituto Nacional de Petróleo, No Boletim da República em
de racionalização -feira, ao Instituto Nacional meticais, o Canal este montante é anual, inclui que consta a sua publicação
da despesa pública em função de Petróleo, onde conversou de Moçambique o abastecimento do armazém oficial, está indicado que a
da crise económica, o Institu- com a responsável da Uni- se deslocou na do Zimpeto e é executado se- sociedade tem como objecto
to Nacional de Petróleo está dade Gestora Executora de gundo as requisições mensais. social serviços nas áreas de
a dar aos seus funcionários Aquisições (UGEA), que não passada quarta- “A análise e avaliação do limpeza geral em edifícios,
“café e biscoitos” comprados quis ser citada, alegadamente feira, ao Instituto valor de contratação foi esti- outras actividades de limpeza
por quatro milhões e meio de porque quem responde pelo Nacional de mado com base no consumo em edifícios e equipamentos
meticais. A empresa publicou tal café de quatro milhões é dos anos anteriores, em vir- industriais, plantação e ma-
um anúncio de adjudicação, Carlos Zacarias, o presidente Petróleo, onde tude da extrapolação do valor nutenção de jardins, execução
no dia 24 de Maio do ano em do Conselho da Administra- conversou com total e das quantidades pre- de fotocópias, preparação de
curso, para o fornecimento de ção daquela instituição, su- a responsável da tendidas. Após a avaliação, o documentos, outras activida-
“produtos de café” pela em- bordinada ao Ministério dos júri recomenda a adjudicação des de apoio administrativo,
presa denominada “Sucessos Recursos Minerais e Energia. UGEA que não do objecto de contratação ao imobiliária e venda e distribui-
Empreendimentos”, no valor A responsável da UGEA quis ser citada. concorrente ‘Sucessos Em- ção de gás, fornecimento de
de quatro milhões e quinhen- – que nem o nome completo preendimento, Lda.’, no valor electrodomésticos, “catering”,
tos mil meticais. É mais uma nos quis dizer, tendo-se iden- estimado de 4500.000 meti- comércio de bens alimentares,
roubalheira dessas que flo- tificado apenas com o único cais”, lê-se num documento serviço de transporte colec-
rescem sem qualquer tipo de nome de Albertina – não quis a que o de Moçambique tivo e particular, consultoria
pudor e responsabilização na falar, mas deixou o repór- Além da “Sucessos Em- teve acesso. e manutenção de edifícios. É
Unidade Gestora Executora ter do de Moçambique preendimentos”, concor- Ainda segundo a UGEA, essa empresa a quem o Ins-
de Aquisições do Estado. ver os documentos do anún- reram as empresas “Po- o fornecimento de pro- tituto Nacional de Petróleo
cio de concurso, destinado livalente, Lda.”, “BCJ dutos de café inclui bola- paga quatro milhões em nome
O facto está a gerar uma apenas para concorrentes África Serviços, Lda.” e chas, refrigerantes, água de um suposto café, que tam-
onda de contestação e indig- nacionais, com o número “Mohamed & Companhia”. e produtos de limpeza. bém é produto de limpeza.
nação de muitos cidadãos, 39A001841/CP/04/2019. Perguntámos como é que Fomos à “Sucessos Em- de Moçambique
Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019 13

Nacional

EUA pedem à África do Sul para


reter Manuel Chang enquanto
preparam recurso

A
Embaixada dos
Estado Unidos da
América solicitou
formalmente ao
Governo sul-africano a não
extradição de Manuel Chang
(ex-ministro das Finanças e
deputado do partido Freli-
mo) para Moçambique, vis-
to que os EUA pediram uma
revisão legal da decisão do
ministro da Justiça da Áfri-
ca do Sul, que, como se sabe,
decidiu dar provimento ao
pedido de Moçambique em
detrimento do pedido dos
EUA, embora este pedido
tenha sido o primeiro a dar
entrada. Não está claro se tal
revisão equivale a um recur-
so com efeitos suspensivos.
Isto acontece dias depois de
uma delegação do Governo
dos Estados Unidos da Amé-
rica ter chegado à África do
Sul onde se ia inteirar de
perto da questão de Manuel
Chang.
Manuel Chang é acusado de montar um esquema de fraude e lavagem de dinheiro de 2 biliões de dólares norte-americanos
O jornal sul-africano “Dai-
ly Maverick” cita Robert -se, porque tudo quanto sabe para Moçambique, com base ram cidadãos dos EUA e rou-
Mearkle, porta-voz da Em- até aqui “é o que vem sendo na sentença do tribunal de baram ao Governo de Moçam-
baixada, a dizer que a lei noticiado pela imprensa”. Kempton Park, que decidiu bique mais de 700 milhões de
norte-americana permite que Recorde-se que Manuel que Chang era extraditável dólares norte-americanos.”
Chang, que enfrenta grandes Chang foi preso no Aeroporto
Reagindo à para os dois países. Reagindo Na quinta-feira, o porta-voz
acusações de fraude nos EUA Internacional “O. R. Tambo” decisão do à decisão do Governo sul-afri- da Embaixada dos EUA na
e em Moçambique, seja julga- em 30 de Dezembro do ano Governo sul- cano, os EUA manifestaram África do Sul disse: “Pedi-
do primeiro nos EUA e depois passado, em cumprimento “grande desapontamento” mos formalmente ao Governo
em Moçambique. Mas a lei de a um mandado da Interpol
africano, os EUA com a decisão do ministro e da África do Sul, por via di-
Moçambique não permite a solicitado pelos EUA. Mas, manifestaram acrescentaram que Pretória plomática, que não extradite
extradição dos seus cidadãos. mais tarde, o Governo mo- “grande havia recebido o seu pedido Chang para Moçambique,
Entretanto, o novo ministro çambicano também pediu à de extradição antes de Mo- enquanto os Estados Unidos
sul-africano da Justiça e Ser- África do Sul a extradição
desapontamento” çambique. “Manuel Chang é buscam a reconsideração da
viços Correcionais, Ronald de Manuel Chang, numa tra- com a decisão acusado de montar um esque- decisão do ministro da Justiça
Lamola, que substituiu, na se- palhada que foi interpretada do ministro e ma de fraude e lavagem de di- em 21 de Maio através de me-
mana passada, Michael Masu- como sendo a tentativa do Es- nheiro de 2 biliões de dólares canismos legais relevantes.
tha disse, em entrevista à “Voz tado moçambicano de liber-
acrescentaram norte-americanos, que tirou Também notamos que a lei de
da América”, que ainda não tar Chang. Esta perspectiva que Pretória proveito do sistema finan- extradição dos EUA permite
tem informação sobre a deci- ganha mais força quando se havia recebido ceiro dos EUA e defraudou que Chang enfrente a Justiça
são de extradição de Manuel sabe que não foi quebrada a os investidores dos EUA.” em ambos os países, primeiro
Chang e espera ser informado imunidade de Manuel Chang.
o seu pedido de “Instamos o Governo da nos Estados Unidos, depois
em breve sobre o ponto da O ministro da Justiça da extradição antes África do Sul a enviar o Sr. em Moçambique. A lei mo-
situação dos casos principais África do Sul, Michael Masu- de Moçambique. Chang para os Estados Uni- çambicana não oferece a mes-
que estão no seu Ministério e tha, anunciou, a 21 de Maio, dos, para ser julgado por esses ma disposição”. (Redacção)
só depois poderá pronunciar- que Chang seria extraditado supostos crimes, que vitima- de Moçambique
14 Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019

Centrais
(Continuação da(Continuação
página 5) da página anterior)

si as recomendações, os requisitos só para o exterior, mas abrimos espa- serviço de bombeiros adequados. aqui no Bairro “25 de Junho”, e ti- Canal – Por que é que se con-
da ICAO, que é ser uma Autori- ço essencialmente para o empresaria- Temos os aeroportos internacionais nha também algumas habitações sidera um heliporto crítico?
dade. O Instituto de Aviação Civil do nacional, para poderem ter área previstos no país, que vão ser cer- que invadiram o perímetro, e é pre-
representa o Estado moçambicano de trabalho. Isto é como no terreno, tificados, dois já estão, em Nacala, ciso removê-las. Neste momento, já João de Abreu – Isto é um porme-
perante a ICAO, por isso depende eu posso ter cem ou duzentos hec- Beira e Maputo. Falta apenas certi- está a cumprir e, com bom agrado, nor técnico. Como pode verificar, a
do ministro dos Transportes, que tares, mas, se eu não for lavrar, não ficar o Aeroporto da Beira. Infeliz- nós vemos a entrada dos aviões da Av. Samora Machel é um corredor de
tutela o Instituto de Aviação Civil. vou produzir. Portanto nós damos as mente, com o que aconteceu agora, quarta geração da tecnologia, como vento por excelência e tem um gran-
Não é um órgão do Ministério. É ferramentas, mas o empresariado tem o trabalho é maior. Depois temos os os “Triplo 7”, os “dreamliners”, os de vão por ali assim. As operações,
um órgão independente, com a sua que agarrar nelas, essencialmente pontos de entrada, que estão dentro “Airbus 330”. Já estão a operar, e os ali, têm de ser feitas num sentido.
autonomia administrativa, financeira aquilo que tenho vindo a falar, o de- de aeródromos de uma determinada operadores já operam com confiança. As operações não podem vir do lado
e patrimonial. De facto, havia uma senvolvimento da aviação do terceiro classe. Os pontos de entrada regio- do Conselho Municipal para aterrar,
lacuna muito grande, porque, não nível. O país tem 400 aeródromos, nais são aqueles que estão dentro Canal – Era de esperar que, nem podem vir do lado do cais para
sendo Autoridade, as competências pistas de aterragem que já funciona- dos acordos que o país tem na região com a abertura do espaço aéreo, aterrar. Quando eu digo “cais”, estou
que são requeridas pela ICAO não ram. Neste momento, é preciso voltar no alinhamento com a SADC e que o mercado nacional florescesse a dizer vindo da Av. 25 de Setembro,
estavam inseridas. Foi preciso alterar a activar este segmento. Aviação civil estão publicados no Boletim da Re- ainda mais. Como regulador, sen- da ponte para cá, nem podem vir do
a lei, a Lei 5/2016, em que se faz o não é apenas o segmento da Parte pública. Depois temos os aeroportos te isso? O que dizem os números? lado nascente, quer dizer, vindo dali
alinhamento dos preceitos que Mo- 121, que é o transporte aéreo, que é que também são pontos de entrada onde era o antigo “Continental”, tem
çambique ractificou na Convenção passageiros, Maputo-Beira, Nampu- para voos “charter”. Os pontos de João de Abreu – Com a liberali- de vir apenas do lado da Catembe
do Chicago. Hoje, efectivamente, já la-Lichinga, não! Tem muito mais. entrada regionais são aqueles que zação do espaço aéreo, o número de para a cidade. Tem ali a praça, que
é uma Autoridade da Aviação Civil Tem a parte de aero-agrícola, tem a permitem voos regulares como Tete, passageiros, de voos e de frequência permitirá fazer a aproximação. É
de Moçambique. Portanto, a IACM parte do serviço aéreo, trabalhos aé- como Nampula e Pemba, e os países aumentou. Pode não ser visível, ou crítico na sua operação, porque os
é Autoridade da Aviação Civil em reos, tem a parte de ambulâncias aé- da SADC. Os restantes aeroportos que não traga resultados imediatos ventos ali ensarilham-se, em termos
Moçambique. Tem competências reas, tem a parte da aviação do tercei- que não referi são pontos de entra- para as pessoas. Mas a verdade é aeronáuticos. Tem um obstáculo
acrescidas e responsabilidades acres- ro nível, que deve ir até aos distritos. da para voos de tipo “charter”. Eu que aumentou muito. Antigamente, que pode pôr em perigo a seguran-
cidas, de poder regular, de poder re- Esse mercado ainda está dormente. posso vir de um país da Ásia e ater- tínhamos dois voos de cargueiros ça, e, neste momento, está interdito.
ter, de poder manter, alterar e traçar A sociedade só está concentrada no rar naquele aeroporto, mas não voo por semana, hoje temos sete voos por
novas políticas e os regulamentos transporte aéreo de grande porte, mas regular. É a única diferença que há. semana. Dantes, tínhamos um voo Canal – Os acidentes aéreos
para o bom desempenho no cum- não, a rentabilidade da aviação, para para Johannesburg, da LAM, e outro são raros. Mas, recentemente,
primento da segurança área no país, se chamar aviação num todo, não é Canal – E aeródromos? da SAA. Hoje, temos seis voos por tivemos o registo de um aciden-
nivelado com o resto do mundo. apenas esse segmento que conta, é dia. A nossa grande satisfação é que o te aqui, que vitimou o ex-pre-
tudo o resto, é eu chegar a ver, ama- João de Abreu – Aeródromos, utente tem mais escolha. É esta direc- sidente do CTA. Houve muita
Canal – Essa alteração impli- nhã, um campo de arroz onde estão temos vários, O país tem 400. Por ção que seguimos, respondendo até especulação à volta disso. Pergun-
cou alguma ginástica em termos a pulverizar para matar as pragas, e exemplo, o aeródromo de Vilanku- às políticas traçadas pelo Governo e to-lhe: o que aconteceu realmente?
de recursos humanos e materiais? ver um avião-ambulância a descolar lo, mas este ano já é um aeroporto. pelo Plano Quinquenal do Governo
para ir socorrer, que é para o doente, Mas, por exemplo, Massinga, Fu- e pelo Plano Económico e Social. João de Abreu – Temos um
João de Abreu – O grande de- não vir misturado com outros pas- nhalouro. Alguns estão fechados reporte preliminar publicado,
safio foi a regulamentação. E não sageiros. Amanhã tenho de montar por falta de informação e porque Canal – O Banco de Moçam- mas continua a investigação. O
estou a falar de regulamentação para antenas, não preciso de ir à África do não cumprem os requisitos. Bilene, bique construiu no topo do seu cidadão praticava uma acção hu-
o exercício dos outros. Regulamen- Sul alugar um avião ou helicóptero, Angoche, Angónia, por aí adiante, edifício um heliporto e, segundo manitária. Descolou-se do Bilene
tação para dentro de casa, criação de tê-los cá dentro. Tenho de ir a Chi- eles existem, mas carecem que as informações que nós tivemos, para trazer um jovem que tinha
instrumentos que estão previstos no buto, tenho uma companhia que faça autoridades locais os desenvolvam, esse heliporto não cumpre com
elemento crítico Número 5 da ICAO. esse segmento. Isto é que é aviação. para que cumpram os requisitos. as regras de “compliance”. O que
Portanto, tudo isto, ter pessoal qua- E é assim que acontece no mundo. está a acontecer?
lificado, ter pessoal certificado, etc., Canal – Disse que esses 400 já
foi um grande exercício para poder Canal: Temos em Moçambique estiveram operacionais. João de Abreu – O heliporto do
ter em número certo e correcto para serviço aéreo de ambulância? Banco de Moçambique, nós acom-
a demanda do nosso mercado. Nós, João de Abreu – Sim. Já tivemos. panhámos desde a raiz. Mas, em de-
hoje, contamos com um corpo de João de Abreu – Não. Ainda não terminado momento, o construtor en-
seis ou sete engenheiros, cada um temos. Há intenções para isso. Já ti- Canal – Recentemente, numa tendeu, ou porque estava no projecto,
na sua área. O Gabinete Jurídico, vemos. Chamava-se Serviço Médico intervenção, o comandante João e nós recomendámos que não devia
de que eu falei, tem seis ou sete ju- Aéreo. de Abreu disse que, apesar de ter ser assim, mas, quando chegámos lá
ristas, uns a trabalhar no transporte tido o certificado com o Nível 4, o para a última inspecção, verificámos
aéreo, outros a trabalharem na área Canal – Em que ano tivemos? Aeroporto de Maputo ainda ti- um obstáculo, e, para certificar aquele
da segurança do voo, outros a tra- nha algumas inconformidades. heliporto, que é um heliporto crítico,
balharem dentro do cumprimento e João de Abreu: Logo após a Quais são essas inconformida- aquele obstáculo não podia estar ali.
alinhamento das normas do nosso Independência tivemos esse servi- des, ou já foram ultrapassadas?
regulamento interno “versus” aqui- ço. Até tinham avião próprio, que
lo que são os requisitos da ICAO. era uma Airline 206. O doutor Paz João de Abreu – Na altura, ti-
fazia esses trabalhos todos. Já ti- nha uma inconformidade estrutu-
Canal – Quantos operadores aé- vemos. Foi até aos anos 80. Por ral, que foi ultrapassada, que não é
reos estão licenciados para operar razões sobre as quais eu não posso apenas da gestão do Aeroporto. Era
em Moçambique e quantos desses responder, terminaram as operações. aquilo a que nós chamamos “strip”.
estão operacionais?
Canal – Falemos dos aeroportos. Canal – O que é isso?
João de Abreu – Temos à vol- Quais são as categorias de aeroportos
ta de dezoito. Quando falamos de que temos aqui em Moçambique? João de Abreu – O “strip” é da
operadores aéreos, eu entendo de linha do “center line” da pista até à
nacionais. Estou a falar de nacionais. João de Abreu – Temos aeroportos vedação. Tem de haver um espaço
Estrangeiros, são muito mais. Os es- internacionais que são aqueles que livre e visível de 150 metros, para,
trangeiros são todos esses que está a fazem os segmentos intercontinen- no caso de a aeronave se despistar,
ver agora, a “South Africa Airways”, tais, portanto, pela sua estrutura, pela não bater em nenhum obstáculo.
a TAAG, a TAP, a “Kenya”, a “Qa- sua dimensão e para ser um aeropor- E havia um local que não cumpria
tar”, e, neste ano mesmo, em Janeiro, to internacional tem de ter uma série isso. Os “Aeroportos de Moçambi-
assinámos com catorze países que, de requisitos, uma pista com mais de que” estão a trabalhar, ou estiveram
se o entenderem, poderão começar dois mil metros ou dois mil e qui- a trabalhar, com a Electricidade de
a operar em Moçambique no ICAO nhentos metros, ter uma capacidade Moçambique, que tinha um poste
18. Portanto, nós abrimos espaço não de hospitais à volta, ter hotéis, ter um de iluminação e um transformador
Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019 15

Centrais

sofrido um acidente, e o seu voo João de Abreu – VFR quer di- uma desorientação espacial e caiu. da Parte 121, designação que damos de Maputo para a Beira, por hora
descola, antes do pôr-do-sol, do zer que o piloto tem experiência Bateu numa duna. Até este momento, aos transportadores aéreos. Tivemos de voo. E nós interferimos naquilo
Bilene e voa até Maputo. Aconte- de muitos anos de vida, já voou é erro de piloto. Agora, vamos ver a a “Solenta Moçambique”, que é ca- que seria exagero. Mas o preço do
ce que ele, por razões que não co- muito, demonstrou ser capaz e que investigação que está a decorrer, e ca- pital social da “Solenta” da África do bilhete no país está liberalizado. Não
nhecemos, ele tenta voltar para o lhe permite fazer um voo circuns- berá mais tarde às autoridades com- Sul. Tivemos a “Fast Jat”, que é um há um padrão. E a concorrência é
Bilene, mas o Sol já se tinha pos- tancial. Por exemplo, eu descolo petentes, se acharem que houve aqui capital social inglês e sul-africano, ti- boa por isto. Nós assistimos que há
to, e ele não tinha qualificações de Inhambane antes do pôr-do-sol. alguma matéria criminal, ou não. vemos a “Helicópteros Capital”, uma companhias que cobram Maputo/
de voo por instrumentos, que Mas, quando o Sol se põe, eu de- série de companhias que estão ai, Pemba a 32.000, e há outra que cobra
é um requisito por excelência. veria aterrar no Xai-Xai. Mas há Canal – Pode dizer-nos qual é incluindo a “CR Aviation”. São em- 14.000,00 meticais. É bom, porque
pilotos a quem se pode dizer OK, capacidade nacional, em termos presas concorrenciais na Parte 121. o passageiro pode escolher aquilo
Canal – O que é a qualifica- tem experiência, pode seguir, e vai de resposta aos acidentes aéreos? Nunca houve uma reacção por parte que melhor lhe convém. Os preços
ção de voo por instrumentos? aterrar em Maputo ainda à noi- de nenhuma entidade. Agora, o que não estão fixados por uma postura.
te. Só que no país não existe essa João de Abreu – Moçambique, se invocava ali é que nós teríamos Há um mínimo. Interferimos nesse
João de Abreu – Não estava qua- norma. Ou voa por instrumentos como vê, embora não sejam muitos feito uma certificação não correcta, mínimo porque pode interferir na
lificado para isso, nem o helicóptero à noite ou acima de 15.000 pés de nacionais, dos pilotos e aeronaves saltando pontos, para beneficiar a segurança do avião. Nós questio-
estava qualificado para voo por ins- altitude, ou não há voo. Por exem- certificadas no país, mas tem havido “Ethiopian Moçambique”. A “Ethio- namos como é você opera Maputo/
trumentos. É o mesmo que pegar plo, quando as nuvens estão baixas, alguns acidentes de aeronaves certi- pian Moçambique” levou dois anos Beira por 100,00 meticais, onde é
num carro que não tenha luzes à fren- não há voo especial, Moçambique ficadas na África do Sul com pilotos desde que entrou no mercado até ser que vai buscar dinheiro para com-
te e querer operar de noite. Estou a dar não adoptou o VFR especial. Mas sul-africanos. Temos estado a respon- certificada. Então, cumpriu todos os prar peças, combustíveis, se o pre-
um exemplo só para as pessoas en- descola, e cinco minutos depois da der, temos aqui um quadro de pes- preceitos e ela requereu a Parte 121 e ço não cobre. Quando interfere na
tenderem. Depois de muitas pressões descolagem ele sofre um acidente. soas formadas para investigadores de a Parte 135 e foi licenciada para voos segurança do voo, nós interferimos.
e de algumas persistências, a Autori- acidentes, um deles é o engenheiro regulares e voos não regulares. Por-
dade aeroportuária tentou conceder- Canal – Mesmo que ele tenha Matsimbe. É um técnico qualificadís- tanto ela entrou no concurso, há dois Canal – Um dos objetivos estra-
-lhe a permissão de executar o voo, exercido pressões, alguém tem de simo nesta área, ele é um investiga- anos, das rotas e registou-se como tégicos do regulador é fazer com
mas sob a responsabilidade do piloto. ser responsabilizado, porque au- dor de acidentes. O que é de esperar empresa nacional. A “Ethiopian que a aviação civil sirva o interes-
Logicamente que não há responsabi- torizou o que não devia autorizar. é que não tenhamos acidentes, mas Airlines” é uma empresa estrangei- se dos distritos e dos mais pobres.
lidade do piloto, há responsabilidade, temos estas equipas preparadas. Vou ra, mas a “Ethiopian Moçambique” Como é que se pretende alcançar
de facto, das autoridades que, naque- João de Abreu – O que importa, dar um exemplo: o Zimbabwe, até tem os mesmos direitos e regalias esse objectivo?
le momento, actuaram, mas aplica- aqui, perceber, essa parte anterior da hoje, ainda não fechou o acidente de que tem uma empresa nacional.
ram um princípio de VFR especial. autorização é uma matéria da inves- Machipanda [que vitimou os gesto- João de Abreu – Para alcançar-
tigação que está a decorrer, o por- res da “Cornelder”], não sabemos as Canal – Não é o medo de con- mos esse objetivo, contamos com o
Canal: O que é isso de VFR es- quê que foi autorizado a descolar. A razões, ou talvez pela complexidade, corrência que precipitou essa si- empresariado nacional. É dar con-
pecial? outra parte, que é o nosso trabalho, por isso iremos ao Zimbabwe com tuação? dições e incentivos para que nós
porque a investigação de acidentes, uma equipa para ir perceber porquê possamos advogar a favor, prova-
segundo a ICAO, no Anexo 13, nós o acidente ainda não está fechado. João de Abreu – Eu penso que velmente na redução de taxas. Hoje,
não buscamos culpados, nós vamos Nós já fechámos uma série deles. aí foi talvez uma precipitação. Tal- os operadores aéreos já não pagam
buscar as causas, para que amanhã Mas o acidente é como se fosse uma vez não tinham todas as ferramentas o IVA, porque interviemos junto da
não aconteça igual ao que aconteceu. bola de neve, o acidente não aconte- e pegaram a planta pela rama e não Autoridade Tributária. E houve uma
Verificámos igualmente que o piloto, ce quando ocorre, o acidente começa foram ver o historial atrás. Tudo diminuição de muitas taxas na im-
logo que perdeu o contacto visual das atrás, com pequenas falhas. São so- isto que estou a dizer, temos a fun- portação de aviões. Paga-se um valor
luzes, entrou num cone escuro e teve matórios de erros. É como se fosse damentação clara. Se houve uma mínimo para o transporte de passa-
um queijo suíço, tem muitos buracos, empresa em que se exigiu mais os geiros. Esse é um dos incentivos.
até que encontra um buraco grande preceitos como deve ser da ICAO,
e passa. O que nós fazemos com os foi a “Ethiopian Moçambique”. É Canal – Um dos desafios ac-
nossos técnicos na área de seguran- uma empresa de identidade nacional, tuais para instituições seculares
ça é efectivamente criar barreiras não exporta dinheiros para fora. Até o como a Autoridade é a moderni-
para que se detectem esses proble- fisco foi fazer verificação das contas. zação. Como é que a Autoridade
mas, por isso é que nós damos mui- Não é uma empresa que tenha sido se está a preparar ou a integrar-se?
ta ênfase à prevenção de acidentes. mal certificada. Está provado que
não é. Nós estamos tranquilos. Agora João de Abreu – Nós já esta-
Canal – A LAM submeteu uma só poderemos entender que qualquer mos a dois terços. Trabalhamos
petição ao Governo e à Assembleia concorrência, qualquer abertura, numa indústria de tecnologia de
da República a pedir que o IACM responde um bocadinho àquele fe- ponta e não poderíamos ficar para
revogasse a licença da “Ethiopian nómeno que acontece na Física, es- trás. Até em assuntos administrati-
Airlines”. Quais são os funda- pecialmente na parte eléctrica. Quan- vos. As nossas contabilidades são
mentos evocados e, na vossa aná- do temos um interruptor desligado, tratadas em sistemas operativos
lise, terão alguma legitimidade? quando se liga, dá faísca. Chama-se BHC, temos sistemas de exames
a isso fenómeno de impedância. A electrónicos, temos sistema de li-
João de Abreu – Recebemos concorrência assusta, mas não estou cenciamento, temos o easy race”.
uma carta dos sindicatos das Linhas aqui para dar lições. A única coisa Já estamos lá. E temos um servidor
Aéreas de Moçambique, onde evo- que devo dizer é que hoje o mundo em que fazemos o “host” na nossa
cavam catorze pontos. Compareceu funciona com parcerias. Por isso há irmã, que é a Autoridade das Te-
aqui um grupo de vinte trabalhado- alianças. Penso que esse assunto foi lecomunicações, que é o INCM,
res, que vieram fazer a entrega do mal colocado e não tinham razões onde, pela demanda do trabalho
ofício. Tivemos a ocasião de expli- de o colocar da maneira como foi. ou do volume que nós temos, ten-
car porquê nenhuma companhia no do uma congénere aqui próximo,
país, ou nenhuma empresa inicia Canal – A Autoridade interfere nós estamos a fazer uma nego-
sem estar juridicamente e legalmen- em aspectos como a construção do ciação com o Centro de Maluana,
te constituída. Só depois de estar preço de um bilhete de uma opera- para usar. Hoje, temos um sistema
constituída, publicada em Boletim dora? de controlo operativo e de certifi-
da República, é que nós poderemos cação já modernizados. Nós temos
iniciar um processo de licenciamento João de Abreu – A Autoridade acordos directos com os fabri-
e certificação. Logicamente que esta interfere, sim, naquilo que é um pre- cantes dos aviões. Quando vamos
empresa que é alvo hoje desta maté- ço de hora/voo. Quais são os custos fazer uma inspecção, já sabemos
ria não foi a primeira. Como disse, operacionais? Nós sabemos que um e exigimos aos operadores para
temos dezoito companhias no país avião leva pilotos, combustível, etc. que tenham tecnologia de ponta.
e, destas, houve várias no segmento Quanto é que custa, se o avião sair de Moçambique
16 Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019

Nacional

Nyusi encontrou-se com Ossufo


Momade e não falaram do fiasco
do recenseamento eleitoral
N
a passada quarta- de confiança entre as partes.
-feira, o presiden- O Presidente da Repúbli-
te da Renamo, ca e o presidente da Renamo
Ossufo Momade, acordaram em iniciar a pre-
convocou a imprensa para paração duma conferência
denunciar que os problemas internacional para a mobili-
do recenseamento eleitoral zação de fundos para a im-
estão a ser causados pro- plementação da reintegração.
positadamente, para dar “O Presidente da Repú-
vantagens ao partido Freli- blica, Filipe Jacinto Nyusi,
mo, e acusou o Secretariado e o Presidente da Renamo,
Técnico da Administração Ossufo Momade, exortam
Eleitoral de estar por detrás a todos os moçambicanos e
da tramóia e exigiu a demis- a comunidade internacional
são do director do STAE, a observar a calma, pois os
Felisberto Naife. A Renamo passos dados e o seu ritmo
exigiu a prorrogação do re- só podem justificar o inte-
censeamento eleitoral. resse colectivo prevalecente,
que é o de alcançar uma paz
Acontece que no último do- definitiva e duradoura, pelo
mingo, Ossufo Momade en- que se exige o apoio de to-
controu-se com Filipe Jacinto dos”, lê-se no documento.
Nyusi na cidade de Chimoio,
na província de Manica, e, Esperança e optimismo
juntos, abordaram as questões
militares e – segundo o comu- O embaixador da Suíça
nicado de imprensa conjunto Filipe Jacinto Nyusi e Ossufo Momade constataram que há condições para o desfecho e presidente do Grupo de
distribuído no final do encon- do processo de desarmamento, desmobilização e reintegração Contacto reagiu com “es-
tro – em nenhum ponto discu- perança e optimismo” ao
tiram a questão do recensea- cho do processo de desar- que chegou o momento de comunicado conjunto emi-
mento eleitoral que deixou mamento, desmobilização e cessação definitiva de hos- tido pela Presidência da
milhares de potenciais elei- reintegração, considerando tilidades militares e, conse- República e pela Renamo.
tores de fora, principalmente a evolução do processo de quentemente, da assinatura “Após dois anos e meio de
nos chamados centros de in- descentralização e os passos de um Acordo de Paz e do negociações, recebemos com
fluência da oposição, concre- dados pela Comissão de As- início imediato da reinte- muita satisfação a notícia de
tamente, o Centro e o Norte. suntos Militares, com asses- gração dos homens armados que os meses de Junho e Ju-
O comunicado da Presi- soria de peritos estrangeiros. da Renamo na sociedade. lho de 2019 serão dedicados
dência refere que a reunião O comunicado não abor- Foi reajustado o cronogra- ao processo de desmobili-
realizada em Chimoio tinha da a desinteligência entre as ma, definindo prazos para o zação, desmilitarização e
como objectivo avaliar o grau partes sobre os homens da início do processo de desar- reintegração e a um acordo
de execução das decisões re- Renamo a serem integrados, mamento, desmobilização e de cessar-fogo definitivo, e
sultantes das reuniões ante- visto que a Frelimo está a reintegração no mês de Ju- Agosto de 2019 dará início
riores, realizadas em 27 de rejeitar a lista dos efectivos nho, o regresso e a reintegra- à assinatura de um Acordo
Fevereiro e em 7 de Março de que a Renamo está a apre- ção dos homens armados da para a paz definitiva. Isto é
2019, na cidade de Maputo. sentar para a integração. Fi- Mirko Manzoni Renamo para o mês de Julho, um testemunho do poder do
A reunião de Chimoio defi- lipe Nyusi disse, em entre- e o período para a assinatura diálogo e do compromisso
niu o roteiro para os próximos vista ao de Moçambique do Acordo de Cessação Defi- de ambas as partes em alcan-
dias, no contexto do diálogo , que a Renamo quer integrar nitiva das Hostilidades Mili- çar o objetivo final de paz.”
para alcançar a paz definiti- gente que está na cidade de tares, precedida do processo Mirko Manzoni afirmou
va, tendo em conta o tempo Maputo, em detrimento dos de desarmamento, desmo- que há ainda muito trabalho a
limitado que nos separa das homens que estão nas matas. nas acolher os indicados. bilização e reintegração e a ser feito nas próximas sema-
eleições de 15 de Outubro. A Renamo respondeu dizen- Este ponto também não assinatura de um Acordo de nas e meses e, em nome do
Segundo o comunicado, do que esse assunto era da consta no comunicado. No Paz Definitiva, até princípios Grupo de Contacto, reafirmou
Filipe Jacinto Nyusi e Ossu- exclusiva responsabilidade comunicado consta que, du- de Agosto de 2019, sem pre- o compromisso de apoiar
fo Momade constataram que da própria Renamo e que o rante o encontro, ambas as juízo da continuidade do diá- o processo. (Redacção)
há condições para o desfe- papel do Governo era ape- partes foram unânimes em logo, como medida de reforço de Moçambique
Canalha
Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019 17

Nacional

Suplemento humorístico de Moçambique


Para os americanos verem

Que nada. É para


convencer aos americanos
que Chang pode vir a
Moçambiue. Espero que
os americanos não
caiam nessa.

Ti Gi to, os tip os
pre nderam o Zucula
ontem. Pela
segunda vez!

AJM/2019
18 Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019

Nacional
Recenseamento eleitoral

Renamo volta a exigir prorrogação


do prazo
E pede afastamento do director por estar a preparar fraude.

A ndré Mulungo
andremulungo4@gmail.com

T
erminou, na pas-
sada quinta-feira,
o recenseamento
eleitoral para as
eleições de 15 de Outubro
e, pelos números tornados
públicos, não será alcança-
da a meta traçada de ins-
crever 7.341.738 potenciais
eleitores. Dados divulgados
até 26 de Maio dão conta da
inscrição de 5.380.161 po-
tenciais eleitores.

A Renamo quer, por


isso, que o recenseamen-
to seja prorrogado, para
que possam ser inscritos
mais potenciais eleitores.
“Perante um recenseamen- A Renamo quer que o recenseamento seja prorrogado, para que possam ser inscritos mais potenciais eleitores
to eleitoral coberto por gra-
ves problemas que põem em dos “Mobiles ID” colocados mento eleitoral condicionado ção para se recensearem, le-
causa eleições justas, livres e nessas províncias, quando a listas pré-elaboradas pelos vadas a cabo pelos secretários
transparentes, a Renamo exi- os potenciais eleitores são agentes do poder, como for- de órgãos do poder, em coni-
ge a prorrogação do recensea- identificados como sendo ma de impedir os membros vência com os membros das
mento eleitoral, sem, no en- membros da Renamo; falta da Renamo de se recensea- brigadas; inércia e silêncio
tanto, pôr em causa o dia da de painéis solares em muitas rem; falta de boletins para cúmplice do STAE e da CNE.
votação, para ser mais abran- brigadas de recenseamento emissão de cartões de eleitor, Perante o silêncio do Go-
gente e inclusivo”, disse, em eleitoral; recepção tardia das que são emitidos três a qua- verno e do partido Frelimo,
teleconferência, o presidente fontes de energia alternati- tro dias depois e entregues a Renamo acusa a Frelimo de
da Renamo, Ossufo Momade. vas; redução premeditada de aos secretários dos Grupos pretender perpetuar-se no po-
A Renamo exige tam- brigadas de recenseamento Dinamizadores para faze- der de forma ilícita e ilegítima.
bém a colocação de meios eleitoral, sobretudo nas zo- rem a entrega aos cidadãos. Ossufo Momade Sobre a avaria dos equi-
para o funcionamento nas centro e norte, por estas Segundo a Renamo, a fal- pamentos, a Renamo diz
efectivo dos postos de re- zonas serem de grande in- ta de boletins “impede aos que o Governo usou o erário
censeamento eleitoral. fluência da Renamo; recen- membros do partido Renamo público para comprar equi-
A Renamo pede ajuda à seamento eleitoral fraudu- receberem os seus cartões, pamentos obsoletos, razão
comunidade internacional lento de menores de idade, pois são contemplados ape- pela qual se registam avarias
para se evitar o que diz serem com maior incidência nas nas os membros da Freli- A Renamo constantes dos “Mobilies
“situações que minam o Esta- províncias de Gaza e Tete; mo”. A Renamo colocou [no exige também ID”, o que constitui burla
do de Direito democrático”. promoção criminosa de du- dia 29 de Maio] a seguinte ao Estado moçambicano, e
Durante o recenseamento, pla inscrição de funcionários questão: “Os cidadãos que a colocação de exige a responsabilização
que terminou na quinta-feira públicos, sobretudo profes- vão recensear-se amanhã, dia meios para o do director-geral do STAE.
da semana passada, 30 de sores e enfermeiros, através 30 de Maio de 2019, quando funcionamento “Em face destas evidências,
Maio, a Renamo identificou de manipulação e chanta- receberão os seus cartões?”. a Renamo insta a Procurado-
várias irregularidades, no- gem, alegadamente para Fala também sobre a falta efectivo dos ria-Geral da República para
meadamente: início tardio, a manterem os seus empregos; de transporte para as brigadas postos de accionar os mecanismos ne-
Renamo diz que foi delibera- intromissão ilegal e abusi- móveis, com o único objecti- recenseamento cessários de modo a respon-
do, com maior incidência nas va de secretários de Grupos vo de recensear poucos elei- sabilizar o Governo da Fre-
províncias do Centro e do Dinamizadores, em conivên- tores, sobretudo nas zonas de eleitoral. limo, a Comissão Nacional
Norte do país, zonas de forte cia com o STAE, acto que grande influência da Renamo; de Eleições e o STAE”, dis-
influência da Renamo; cons- impede a inscrição de po- cobranças ilícitas aos poten- se o presidente da Renamo.
tantes avarias programadas tenciais eleitores; recensea- ciais eleitores, como condi- de Moçambique
Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019 19

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Adelino Muchanga
reconduzido no cargo
de presidente do
Tribunal Supremo
Filipe Nyusi considerou a hipótese de
Adelino Muchanga substituir Hermenegil-
do Gamito no Conselho Constitucional.

O
Presidente da selho Constitucional, quando
República, Filipe choveram críticas pelo facto
Nyusi, através de de este órgão ter aprovado
Despacho Presi- os resultados da fraude elei-
dencial, reconduziu Adeli- toral, que foi mais visível
no Manuel Muchanga no nas eleições autárquicas.
cargo de presidente do Tri- Sobre a decisão de manter
bunal Supremo. Muchanga, o Conselho Supe-
rior da Magistratura Judicial
A decisão do Presidente foi ouvido, na quinta-feira da
da República foi tomada no semana passada, no Bilene, e
uso das competências que concordou que Adelino Mu-
lhe são conferidas pelo n.o 3 changa fosse reconduzido.
do Artigo 225 da Constitui- Adelino Muchanga está
ção da República, ouvido o no Tribunal Supremo des-
Conselho Superior da Magis- de 2014, quando substi-
tratura Judicial, na sequên- tuiu Ozias Pondja, que
cia de ter decorrido o prazo se encontrava doente.
legalmente estabelecido no Desde que ocupa o car-
n.o 1 do Artigo 53 da Lei n.o go no Tribunal Supremo,
24/2007, de 20 de Agosto. Adelino Muchanga nunca
O de Moçambique apareceu em grandes paran-
sabe que Filipe Nyusi queria gonas, tendo apenas esta-
nomear Adelino Muchanga do envolvido na trapalhada
para o Conselho Constitucio- da tentativa de resgate de
nal, uma vez que o actual pre- Manuel Chang, coordena-
sidente, Hermenegildo Ga- da pela Procuradoria-Geral
mito, chegou a considerar a da República. (Redacção)
hipótese de abandonar o Con- de Moçambique
20 Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019

Nacional

Faltam dois milhões de dólares para


a reconstrução após os ciclones

Nos próximos seis meses, várias pessoas poderão estar a braços com problemas alimentares, incluindo desnutrição crónica

Jjosejeco@gmail.com
osé Jeco 800.000 mil hectares de áreas
agrícolas ficaram submersos.
apontou a agricultura, indústria
e comércio, turismo, trans-
da Beira propôs a criação de
um mecanismo para atribui-
O Governo diz que, nos portes, energia e edifícios da ção de créditos bonificados e

O
Governo Moçam- próximos seis meses, várias Saúde e da Educação como simplificados para as pessoas
bicano e o Con- pessoas poderão estar a braços os sectores que merecerão pobres, para facilitar a re-
selho Autárquico com problemas alimentares, destaque no financiamento. construção de suas habitações
da Cidade da Bei- incluindo desnutrição crónica. “Temos de reparar nos secto- e, desta vez, casas resisten-
ra anunciaram, na tarde do “Saudamos a pronta inter- res-chave e que devem merecer tes às intempéries naturais.
passado sábado, no fim da venção dos parceiros interna- atenção, para não quebrar ou Daviz Simango considera
conferência internacional dos cionais no apoio às vítimas abrandar o ritmo do desenvol- que a banca deve ser um dos
doadores, na cidade da Beira, dos ciclones ‘Idai’ e ‘Kenneth’, vimento. Os sectores dos trans- factores importantes para a
que foram angariados junto que, em curto espaço de tempo, portes e das comunicações são reconstrução da cidade, fa-
dos parceiros internacionais fustigaram as sete províncias considerados como os mais cilitando o acesso ao crédito
cerca de 1,2 mil milhões de dó- das regiões centro e norte do afectados, com quase 90% das para pequenas e médias em-
lares norte-americanos, o que
Daviz Simango
país. Saudamos ainda os par- suas infra-estruturas danificadas presas que sofreram grandes
equivale a um terço do valor ceiros na materialização de considera que a pela acção do ciclone, seguido perdas com o ciclone “Idai”.
necessário para a reconstru- ideias para que a conferência banca deve ser do sector produtivo, indústria “É preciso que a ban-
ção das zonas afectadas pelos internacional dos doadores se e comércio, saúde e educação. ca repare nesse pormenor
ciclones “Idai” e “Kenneth”.
um dos factores
tornasse uma realidade. Os Por isso, apelamos aqui aos nos- de crédito bonificado, pois
fundos necessários são maio- importantes para sos gestores para que usem os nem todos têm capacidade
Segundo o relatório do res, mas, com um terço conse- a reconstrução fundos devidamente, para me- de ter valores suficientes
PDNA, para a reconstrução guido, podemos dizer que es- recermos de novo confiança dos para a reconstrução das suas
das zonas afectadas pelos ci-
da cidade.
tamos num bom passo”, disse. doadores, que hoje se prontifi- casas. Eu penso e defendo
clones “Idai” e “Kenneth” é “É preciso dar priorida- caram para nos ajudar”, disse. que é necessário haver fa-
necessário necessário um total de aos sectores produtivos O plano de reconstrução pre- cilidade de crédito para os
de 3,2 mil milhões de dólares. da indústria e comércio para vê um conjunto de cerca de cem carenciados e para as pe-
Durante o encontro o Pre- incentivar o desenvolvimen- to entrou e quanto foi gasto. projectos socio-económicos. quenas e médias empresas,
sidente da República, Filipe to nas zonas afectadas pe- com taxas de juros baixas
Nyusi, disse que muitas infra- los ciclones”, acrescentou. Fundos devem reflectir-se Daviz Simango pretende para facilitar a reconstrução
-estruturas públicas e infra- Nyusi afirmou que é neces- em projectos concretos crédito bonificado para da urbe em curto e médio
-estruturas privadas ficaram sário haver um canal único reconstrução da Beira tempo”, disse, criticando a
danificadas, principalmente para a canalização dos finan- O director executivo do Ga- insensibilidade da banca,
na área de transporte e co- ciamentos, pois, segundo disse, binete de Reconstrução Pós- Por outro lado, o presiden- na maior parte dos casos.
municações, e um total de permitirá que se saiba quan- -Ciclones “Idai” e “Kenneth” te do Conselho Autárquico de Moçambique
Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019 21

Nacional
Aborto inseguro no país

Treze em cada cem mulheres morrem


por ano depois de consumirem raízes
amargas e outras substâncias
Csauteclaudio@gmail.com
láudio Saúte

T
reze em cada cem
mulheres que rea-
lizam aborto inse-
guro morrem, por
ano, em Moçambique, de-
pois de consumirem raízes
amargas, café misturado
com sal ou limão, detergen-
te, vinagre, tinta de cane-
ta vermelha, “Coca-Cola”
misturada com sal, parace-
tamol, cabeça de palito de
fósforo.

Segundo um estudo sobre


as “barreiras e facilitado-
res no acesso aos serviços
de aborto seguro”, realizado
pela organização não-go-
vernamental “IPAS Saúde
e Acesso Direito”, apre-
sentado, na passada sexta-
-feira, em Maputo, o aborto
inseguro no país continua a
ser uma das principais cau-
sas de mortalidade materna.
Ivania Barrata, do IPAS,
que centrou a pesquisa nas
províncias mais populosas do
país (Zambézia e Nampula),
disse ao de Moçambique um tema fácil falar do abor- “Se a mulher deseja que vai gais para implementar a nova
que as causas do aborto in- to seguro, mas é necessário.” fazer aborto, independente- legislação sobre o aborto.
seguro são várias, e as ra- mente das circunstâncias que Cerca de 25 milhões de
parigas, não tendo conheci- Aborto seguro não é abordámos anteriormente, a abortos inseguros ocorrem
mento da existência de uma promoção
Dados de mulher vai procurar realizar em cada ano, causando 8%
legislação sobre o aborto, Moçambique aborto. Então, para que esta das mortes maternas em todo
acabam por optar por abor- Ivania Barrata afirmou: “O indicam que as mulher não vá realizar abor- o mundo. Dados de Moçam-
tos inseguros na comunidade. aborto é legal e há opções to inseguro, abriu-se essa bique indicam que as com-
Ivania Barrata disse que do aborto seguro nas uni-
complicações excepção na lei, para ade- plicações relacionadas com
o estudo apresentado trou- dades sanitárias. É preciso relacionadas rir a estes serviços de uma o aborto representam 11% a
xe resultados surpreenden- levar este tema às comuni- com o aborto forma segura. Esta lei foi 18% das mortes maternas hos-
tes e que as raparigas ao ní- dades. É preciso sensibilizar aprovada em 2014”, disse. pitalares entre as adolescentes
vel das comunidades usam e explicar às pessoas que
representam Em Dezembro de 2014, Mo- no país. A prevalência de con-
muito raízes amargas, café não estamos a promover os 11% a 18% das çambique aprovou legislação tracepção em Moçambique é
com sal e outras substâncias. abortos, promovemos sim mortes maternas que permite o aborto induzido baixa, com quase um quarto
“Se as raparigas, as mu- o planeamento familiar”. até 12 semanas de gravidez, das mulheres em idade repro-
lheres dentro das comunida- Explicou que, numa situa-
hospitalares entre até 16 semanas em caso de in- dutiva (15-49) anos com uma
des, tiverem o conhecimento ção em que o planeamento as adolescentes cesto e violação, 24 semanas necessidade não satisfeita de
da existência do aborto se- familiar falhou e a gravidez no país. em caso de anomalia fetais. contracepção, resultando em
guro, os números de óbitos é indesejada, ou em caso de e em qualquer momento para muitas gravidezes indesejadas.
por abortos inseguros pode incesto ou de violação, não se salvar a vida da mulher grá- O evento esteve subordina-
vir a baixar. Como disse, o pode deixar que esta rapariga vida. Em Setembro de 2017, do ao tema “Mortalidade ma-
aborto representa tabus em ou mulher, mesmo sem que- o Ministério da Saúde apro- terna no contexto do inseguro”.
muitas comunidades. Não é rer, continue com a gravidez. vou directrizes clínicas e le- de Moçambique
22 Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019

Nacional
Diz o UNICEF

Muitas crianças em Moçambique


estão privadas do seu direito à
sobrevivência e à saúde

O
Fundo das Na- tecção das crianças que es-
ções Unidas para tão ao cuidado das famílias
Infância (UNI- alargadas, mas que ainda
CEF) apela aos não foram reunificadas aos
governantes e às organiza- seus pais, e assegurar que o
ções não-governamentais menor número de crianças
em Moçambique para in- que ainda não estão acompa-
tensificarem os seus esfor- nhadas por qualquer família
ços com vista a conferir estejam em cuidados interi-
um crescimento saudável nos, nos centros de trânsi-
e desenvolvimento máxi- to”, afirma o UNICEF, que
mo do potencial de cada também está a trabalhar para
criança, uma vez que mui- evitar a separação, princi-
tas crianças estão privadas palmente durante as trans-
dos seus direitos básicos à ferências entre os centros de
sobrevivência e à saúde. acomodação e realojamento,
à medida que esse processo
“Em cada ano, cerca de de transferência se intensi-
97.000 crianças menores de ficou nas últimas semanas.
cinco anos de idade mor- O UNICEF diz que as
rem, maioritariamente por- crianças sofreram terrivel-
que crescem num ambiente tal – é responsável por 13% protector e conducente ao mente com os dois ciclones
precário”, disse o represen- de todos os casos de mortali- O UNICEF diz seu desenvolvimento”, disse. e com as inundações no cen-
tante do UNICEF, Marco- dade infantil. Outras crian- O UNICEF diz que, pas- tro de Moçambique. Desde
luigi Corsi, na celebração ças morrem porque não são que as crianças sada a fase de resgate, sal- o início da emergência, o
da Quinzena da Criança [1 alimentadas adequadamen- sofreram vamento de vidas e realo- UNICEF e os seus parcei-
de Junho (Dia Internacional te, porque não são vacina- terrivelmente jamento após os ciclones ros mantiveram esforços
da Criança) a 16 de Junho das, ou porque não são pro- “Idai” e “Kenneth”, que contínuos e intensivos para
(Dia da Criança Africana)]. tegidas contra a violência, com os dois assolaram as zonas centro e assegurar que as crianças
Segundo Marcoluigi Cor- a negligência, o abuso e a ciclones e com norte do país, está a trabalhar mais vulneráveis – aque-
si, só a diarreia – causada exploração. ”Não podemos as inundações lado a lado com os parceiros las não acompanhadas por
muitas vezes por fontes de aceitar isto. Temos de criar dirigidos pelo Governo para quaisquer membros da fa-
água desprotegidas, elimi- um ambiente positivo para no centro de a contínua reunificação de mília ou separadas dos seus
nação imprópria dos excre- as crianças, num sentido Moçambique. crianças desacompanhadas pais – fossem adequadamen-
mentos e práticas precárias holístico, que significa um e separadas. “Estamos a tra- te protegidas. (Redacção)
de higiene pessoal e ambien- ambiente que seja saudável, balhar para garantir a pro- de Moçambique

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Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019 Publicidade 23
24 Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019

Nacional
“Lizha Só Festas”
Um evento para crianças que terminou em tragédia
Rmangue.rom@gmail.com
eginaldo Mangue Organizadores do evento
afirmam que só venderam
creveu, citando a Lei de Promo-
ção e Protecção dos Direitos da
cerca de 8.400 bilhetes Criança, que, à partida, a maior
responsabilidade recai sobre os

E
ra só para ser um dia de A “Lizha Só Festas”, represen- empresários, que apenas olham
alegria para as crian- tada pela advogada Iveth Mafun- para o dinheiro, sem observarem
ças, no dia que se come- dza, diz que no espaço do “Aqua os aspectos sociais e morais que
morava o Dia Interna- Park”, com cinco hectares, pis- colocam em risco o desejado cres-
cional da Criança, mas o evento cinas e outros locais de diversão, cimento harmonioso da criança.
terminou em tragédia, causando podiam lá estar 15.000 pessoas, “No que se refere à necessidade
a morte de cinco pessoas, duas contudo a “Lizha Só Festas” urgente de o Ministério Público
das quais são menores de idade, apenas vendeu 8.400 ingressos. iniciar o competente procedi-
e nove feridos. A situação, consi- “A informação que tivemos mento criminal, sem que tenha
derada como catastrófica, no di- era de que a superlotação era de de necessariamente esperar pelo
zer de Lizha James, artista musi- 15.000 pessoas. Nós imprimi- resultado de qualquer comis-
cal que faz parte da organização mos 8.000 bilhetes. Esses 8.000 são de inquérito que se possa,
de eventos, ainda divide opiniões bilhetes esgotaram. Houve im- para tal, constituir. Ribeiro Cuna
na hora de dividir as respon- pressão de mais 300 ou 400 bi- ensina-nos que a titularidade do
sabilidades. Por ora, decorem lhetes, que eram vendidos à porta, exercício da acção penal pelo Mi-
investigações policiais que vi- pelo que o número não chegou a nistério Público, a par da direc-
sam apurar as causas reais do 8.500”, disse Iveth Mafundza. ção da instrução preparatória, é a
incidente. Mas, para já, os pais Sobre se alguém tem informa- consagração de um dos princípios
também têm muita responsabili- ção diversa e quer contrapor, afir- fundamentais do processo penal”,
dade, por terem levado menores mou: “Nós não sabemos de onde escreveu Elísio Sousa e acres-
para um local superlotado e que, é que vem essa informação. Não centou que cada uma das pessoas
às vezes, pouco tem de festa para estamos a isentar-nos de nenhuma que perdeu a vida, ou que ficou
crianças. responsabilidade, não estamos a ferida, ou os que perderam algum
fugir, mas os nossos dados, aqui- começaram a ser evacuadas. Bang critica Daniel David e familiar (por desaparecimento),
Segundo relatos da Polícia da lo que nós temos é isto. Ficamos Sobre as consequências do can- Jeremias Langa devido à enchente excessiva, ou
República de Moçambique da ci- chateados quando aparecem celamento do segundo dia do even- os bens perdidos (telemóveis, bol-
dade de Maputo, o incidente do informações que contrapõem to, a “Lizha Só Festas” diz que vai Adelson Mourinho, mais co- sas, etc.), deve ser solidariamente
“Aqua Park” teve origem na queda aquilo que é a nossa verdade”. anunciar com publicidade a dizer nhecido como Bang, chamado ressarcida com as devidas indem-
de pessoas no portão de saída e na Na óptica da Organização, não onde é que as pessoas podem de- a intervir na conferência de im- nizações necessárias por danos
vala que fica junto à estrada, onde é possível dizer o que terá acon- volver os bilhetes e recuperar o prensa, mostrou-se muito des- patrimoniais e não patrimoniais.
umas pessoas caíram por cima das tecido, porque está a ser feita dinheiro. Sobre os danos causados, contente com os gestores de um Elísio de Sousa considera que a
outras, causando nove feridos, uma investigação, e há hipóte- a advogada diz que existe o seguro canal de televisão privado, que, vida de uma pessoa não tem preço.
que foram socorridos no Hospital ses, suposições, mas não se sabe, interno, mas não sabe se há um se- num dos seus serviços noticio- “Face ao teor de uma mensa-
Central de Maputo. Outras pessoas ao certo, o que terá acontecido. guro específico sobre o que aconte- sos, difundiu imagens que nada gem posta a circular que dava
desmaiaram. “Infelizmente, cinco “A Polícia está a fazer efectiva- ceu. “No hospital foram eventual- têm a ver com o local da tragédia. conta de que as pessoas morreram
das vítimas acabaram por perder a mente um trabalho. Há quem diga mente nove pessoas, onde cinco “Quero falar da falta de respeito fora do recinto, cumpre esclarecer
vida, das quais quatro são do sexo que houve enchentes na porta. Há perderam a vida. Das cinco pes- do senhor Daniel David e Jeremias que, em termos jurídicos, o ‘local
feminino e uma do sexo masculi- relatos de que houve um aciden- soas que perderam a vida, a ‘Lizha Langa, que estão a fazer contra a do evento’ não se limita apenas
no, sendo três adultos, de 75, 60 e te na rua, e as pessoas estavam a Só Festas’ já entrou em contacto nossa marca e a nossa empresa. à zona ‘intramuros’, mas a pai-
45 anos de idade, dois menores, de sair, havia tráfego de dentro para com três famílias e dá assistência”. O senhor Daniel David e Jere- sagem circundante igualmente
idades de 7 e 12 anos”, disse Leo- fora. Era uma situação não só de mias Langa não são donos deste faz parte do local do evento, pela
nel Muchina, porta-voz da Coman- carros, mas também de pessoas. Lizha James chora país. Este país é de todos nós. Eles teoria da causalidade (nexo de
do da Polícia da Cidade de Maputo, Esse acidente, que eventualmente publicaram ontem [domingo] causalidade adequada). Ensina-
que acrescentou que, dos feridos, aconteceu, condicionou. É preciso Chorando, falando durante uma imagens que não são do local do -nos, sobre este aspecto, Eduardo
um ficou internado, e três que que tenhamos serenidade de dei- conferência de imprensa, na se- evento. Andam atrás de coisas Correia que, para que uma acção
haviam desmaiado, ficaram rea- xarmos instituições competentes gunda-feira, a artista musical Li- para fazer confusão. E digo que eu, se possa dizer causa de um resul-
nimados pela equipas de socorro. para tirar as conclusões”, afirmou. zha James disse que estava muito Bang, vou abrir uma empresa de tado, é pois mister que em abs-
Leonel Muchina disse tam- sentida com a situação. “Eu não ‘mídia’ para os enfrentar. A ‘Lizha tracto seja adequada a produzi-lo.
bém que a avaliação preliminar Organização do evento diz que estou a dormir. A ‘Lizha Só Fes- Só Festas’, está claro que é o pro- É preciso que esta seja uma con-
das causas da tragédia aponta a segurança estava devidamente tas’ é uma empresa que só quer blema para o ‘Mozkids’. A STV sequência normal típica daquela.”
que há indícios que mostram organizada alegrar as crianças e mais nada. acabou, não é o que as pessoas Elísio de Sousa prossegue:
que as vítimas morreram por Eu não queria que isto aconteces- pensam. Estou extremamente cha- “Ora, a causalidade implica que,
asfixia e que o Comando da Po- Sobre a segurança, a advoga- se. Desde o início, ambulância, teado com esta perseguição”, disse. neste caso, dever-se á averiguar
lícia da Cidade de Maputo, em da da empresa “Lizha Só Festas” Polícia, estavam lá. Às famílias se as mesmas pessoas estavam no
coordenação com o Conselho disse que estava tudo devidamente que perderam os seus entes que- Criminalista Elísio de Sousa diz lado de fora de passagem (neste
Autárquico de Maputo e a “Li- organizado, uma vez que existia ridos, sinto muito. Quero muito que há motivo para responsabi- caso não imputável), ou estavam
zha Só Festas”, decidiram can- segurança pública e segurança participar em todas as cerimónias lização criminal do lado de fora, mas que saíam ou
celar o espectáculo que estava privada. Na segurança priva- fúnebres. Existem algumas pes- se dirigiam ao interior (neste caso,
marcado para domingo, 2 de da, estavam envolvidas sessenta soas de que nós ainda não temos O criminalista Elísio de Sou- imputável). A título de exemplo,
Junho, para dar lugar aos traba- pessoas. Na segurança pública, os contactos que eu gostaria que sa disse que os organizadores vejam-se as normas do Direito
lhos de investigação que visam por motivo de “segredo de Es- se aproximassem, que é para nós do evento “Lizha Só Festas” de- Laboral onde se determina que,
apurar as causas do incidente. tado”, não foi possível apurar darmos assistência. Já me aproxi- vem responder criminalmente mesmo quando a pessoa se encon-
Leonel Muchina disse também quantos homens foram enviados. mei a uma família que uma mãe e pelo sucedido e que o Ministé- tre fora do trabalho, bastando que
que estiveram no evento cerca de Iveth Mafundza disse que, na uma filha iam ao meu evento. Há rio Público deve abrir imedia- esteja a caminho ou no regresso da
20.000 pessoas, num local com saída, estavam disponíveis qua- mais de quatro anos, mas, desta tamente um processo-crime. jornada laboral, no caso de algum
capacidade para receber cerca de tro portões, que tinham cerca de vez, elas não voltaram para casa. Num longo texto, publicado na incidente pelo caminho igualmen-
15.000 pessoas, facto que pode 4,5 metros cada, e três portões A família, por acaso, é muito com- sua páfina pessoal da rede social te se reputa de acidente laboral”.
ter concorrido para a tragédia. estavam abertos, e as pessoas preensíva”, disse Lizha James. Facebook, Elísio de Sousa es- de Moçambique
Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019 25

Nacional

Autoridade Tributária prepara implementação do Regime


Excepcional de Regularização das dívidas tributárias

E ugénio da Camara
eugeniodacamara@yahoo.com.br
esta benesse que é concedida pelo
Governo é o de serem executados,
porque o processo de execução por

A
Autoridade Tributá- parte da administração tributária
ria de Moçambique continuará a correr normalmente,
diz que está a prepa- e esses contribuintes estão em ris-
rar-se para realizar, co iminente de serem executados.”
a partir do próximo mês de Ju- A Autoridade Tributária, entidade
nho, um processo de alívio fiscal responsável pela implementação do
para contribuintes em situação regime excepcional, explica tam-
irregular, no âmbito da aprova- bém que esta lei vem conceder o
ção do Regime Excepcional de perdão sobre impostos nacionais e
Regularização de Dívidas Tribu- impostos autárquicos. “Não só os
tárias, aprovado recentemente impostos nacionais serão beneficia-
pela Assembleia da República de dos, mas também os impostos que se
Moçambique. circunscrevem às autarquias, o que
significa que, a nível nacional, está
O facto foi revelado ao tudo preparado para receber este
de Moçambique, na sema- regime excepcional”, disse Arlindo
na passada, por Arlindo da Costa Rosário e explicou que os impostos
Rosário, director do Contencioso tração tributária possa lançar mão postos, porque parece que aqui há A Autoridade Tributária acres- nacionais são aqueles que vigoram
Tributário na Autoridade Tributária. da sua máquina coerciva”, disse. um ruído sobre uma ideia de que a centa: “Numa situação em que o em todo o país. “Sendo eu moçam-
Arlindo Rosário disse que a A primeira experiência de imple- administração tributaria vai perdoar contribuinte tinha de pagar 10 e bicano, estando eu em Maputo ou
decisão da aprovação do regime mentação do regime excepcional de os impostos. Os impostos não são não efectuou o pagamento, pode ser estando na província de Cabo Del-
fiscal foi tomada pelo Gover- regularização de dívidas foi em 2011. perdoados, porque a lei diz que o instaurado um processo de infrac- gado, vou pagar o mesmo imposto,
no sob proposta da Autoridade A Autoridade Tributária afirma crédito da administração tributária ção e ser-lhe aplicada uma multa por exemplo, o IRPS, IRPC e o IVA,
Tributária e surge pelo facto de que está a trabalhar na divulgação é, em princípio, indisponível. En- de 15, e então já tem qdeue pagar enquanto os impostos autárquicos
se ter registado o crescimento da lei, para permitir que os contri- tão o que nós vamos perdoar são 25. Isso é que, de certa forma, de- são aqueles que se circunscrevem a
do número de contribuintes em buintes que sejam elegíveis possam as multas, os juros e demais acrés- sincentiva os contribuintes para o uma autarquia. Por exemplo, tería-
situação de conflito com a lei. planificar, sob o ponto de vista fi- cimos legais que incidem sobre pagamento das suas obrigações, mos o Imposto Predial Autárquico,
Sobre as razões que levam mui- nanceiro, as suas actividades obri- os impostos, mas este perdão vai mas a aplicação da multa é de lei”. que é o imposto que eu pago sobre
tos contribuintes a não honrarem gacionais. Há também um trabalho acontecer na condição de estes su- Mas o Governo considera que o o imóvel que se localiza na autar-
os seus compromissos junto do interno da Autoridade Tributária jeitos passivos que são devedores pagamento inicial do imposto por quia em que eu resido, e depois
Estado, Arlindo Rosário expli- de divulgação do conteúdo da lei pagarem o imposto, ou seja, me- parte dos contribuintes pode não ter também, por exemplo, o Impos-
cou que um dos factores pode e de preparação dos recursos hu- diante o pagamento do imposto ser- sido feito dentro do prazo por causa to Pessoal Autárquico”, explicou.
ser a actual situação económico- manos para acolherem melhor os -lhes-ão perdoados todos os outros da situação económico-financeira Sobre os mecanismos de ade-
-financeira que o país atravessa, contribuintes que se manifestarem encargos inerentes ao imposto.” que as empresas estão a enfrentar, são a este regime, Arlindo Rosário
desde há algum tempo até agora. dispostos a realizar o pagamento. Em relação aos montantes das dí- e isso poderá ter impelido os contri- disse que a adesão a este regime
“Tendo em consideração estes as- Segundo o director do Conten- vidas, Arlindo Rosário diz, sobre o buintes para faltarem ao pagamento. é voluntária e, querendo, o con-
pectos de incumprimentos por parte cioso Tributário na Autoridade Tri- período até 31 de Dezembro 2018: O director Arlindo Rosário disse tribuinte deve primeiro solicitar,
dos contribuintes, houve uma ini- butária, serão abrangidos por esta “Nós tínhamos como saldo de dívi- que o período de vigência da lei é junto da unidade da cobrança onde
ciativa por parte da Autoridade Tri- medida todos os contribuintes que da tributária cerca de 46 mil milhões de doze meses a partir da data da se encontra domiciliado, o ponto
butária junto do Governo, no senti- são devedores dos impostos cuja de meticais, dos quais tínhamos sua publicação. “Dentro deste pe- da situação fiscal, ou seja, saber
do de conceder aos contribuintes a falta de pagamento tenha sido ve- parte correspondente ao imposto, ríodo de doze meses, os contribuin- da sua divida e requerer poste-
regularização da sua situação fiscal rificada até 2018, “quer sejam pes- de cerca de 22.400 mil milhões e o tes devem aderir massivamente.” riormente a adesão a este regime.
atribuindo-lhes um alívio da sua soas colectivas ou singulares, desde remanescente corresponde a multas, A Autoridade Tributária consi- O requerimento é feito ao minis-
situação fiscal dos encargos que de- que as dívidas tenham sido contraí- juros e outros encargos. É preciso dera que seria uma pena que não tro das Finanças e é entregue à sua
rivam do pagamento do imposto.” das até 31 de Dezembro de 2018”. dizer que estamos a falar de saldo houvesse adesão massiva a esta unidade de cobrança onde se en-
Arlindo Rosário disse que, com O director Arlindo do Rosário até 31 de Dezembro de 2018, e hoje iniciativa por parte dos contribuin- contra domiciliado ou ao Conselho
esta ideia, a Autoridade Tributária afirmou também: “Quem é devedor estamos a 22 de Maio de 2019. Os tes. A Autoridade Tributária diz Autárquico, tratando-se de imposto
pretende que os contribuintes pos- sabe, de antemão, aquilo que deve. juros contam-se diariamente, e pode também que tem estado a receber autárquico. Além disso, os impos-
sam continuar a operar e a manter os Portanto, ao divulgar o conteúdo da ser que o saldo da dívida também alguns pedidos de contribuintes em tos que são abrangidos por este
seus postos de trabalho ao mesmo lei, estaremos a dizer aos devedores tenha aumentado. Mas nós espera- situação de devedores interessados regime podem ser pagos em pres-
tempo que honram os seus compro- que se aproximem da Autoridade mos arrecadar cerca de 22.400 mil em regularizar a sua situação, mes- tações, querendo o contribuinte,
missos tributários, pois esta medida Tributária para regularizar a sua si- milhões de meticais contra um per- mo antes da entrada em vigor da lei, ou não tendo disponibilidade, den-
também vai permitir um alívio dos tuação fiscal. Contudo há situações dão de 23.614 mil milhões e alguma o que mostra uma certa aceitação e tro do período da vigência da lei.
contribuintes e a continuação do de- de contribuintes que desconhecem coisa”, disse o director Arlindo Ro- um desejo dos contribuintes de ve- “Temos empresas e singulares
senvolvimento económico do país. a sua situação fiscal. Neste caso sário ao de Moçambique. rem resolvida a sua situação fiscal. como devedores de imposto. Em
Arlindo da Costa Rosário diz que aconselhamos a que se aproximem Arlindo Rosário insiste no facto Arlindo Rosário considera que termos de ganhos, o primeiro ganho
é preciso notar que esta medida irá dos seus domicílios fiscais, para de que esta lei vem conceder o per- seria uma pena os contribuintes seria a recuperação, em curto espa-
permitir que, num curto espaço de saberem qual é a sua situação e dão de encargos que oneram o im- não aderirem a este regime porque ço de tempo, da receita que pode-
tempo, seja feita a recuperação da também para conhecerem o con- posto, porque, quando o contribuin- se trata de um regime temporá- ria estar perdida, e, por outro lado,
receita por parte da administração teúdo da lei e saberem como fazer te não paga o imposto, existem juros rio. “E não se sabe quando é que talvez o maior ganho seria passar
tributária, que, por força da prescri- uso ou o gozo deste benefício.” que incorrem sobre o pagamento. o Governo voltará a lançar mão, estes contribuintes que são tidos
ção, poderia ver frustrados os seus Arlindo do Rosário esclarece “Se eu tinha de pagar 10 de impos- uma vez mais, deste regime. Não como incumpridores para o lado
créditos. “Além de que a recupera- que esta lei vem conceder o per- to, e deixei de pagar, de cumprir as são regimes frequentes. Se tiver legal da lei. E passando estes con-
ção desta receita será feita sem cus- dão das dívidas tributárias. “Mas minhas obrigações no prazo em que memória, em 2011 tivemos o pri- tribuintes à situação de cumprido-
tos administrativos, porque haverá quando falamos do perdão das devia, já não irei pagar 10, poderei meiro, e, decorridos oito anos, vol- res, eu julgo que é um ganho maior
um pagamento voluntário por parte dívidas tributárias, não estamos a vir a pagar até 12, ou 13, ou 14, e tamos a ter este. O risco para estes que se pode tirar deste benefício.”
do contribuinte sem que a adminis- dizer que vão ser perdoados os im- por aí em diante, que são os juros.” contribuintes que não aderirem a de Moçambique
26 Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019

Desporto

Eleição do novo elenco no Ciclismo causa


barulho e promessas de impugnação
Csauteclaudio@gmail.com
láudio Saúte “Não podemos brincar
ao desporto”
– Cláudia Simbine

J
oão Paulo, presidente
da Associação Provin- A directora nacional adjun-
cial de Ciclismo em ta do desporto, Cláudia Lan-
Sofala foi excluído de ga, disse que o desporto toca
concorrer para o car- com toda uma sociedade, com
go de presidente da Federa- todo um povo moçambicano,
ção Moçambicana de Ciclis- e não se pode brincar com ele.
mo em virtude de a sua lista “Queremos aqui alertar,
se ter apresentado com três tanto o Ciclismo como Des-
vogais em falta. Indignado, porto Motorizado, que o di-
diz que não lhe comunica- rigente não pode dirigir-se a
ram para suprir as irregula- si mesmo. Há dirigentes que
ridades e que tomou conhe- são atletas ao mesmo tem-
cimento das irregulares no po. Isso é conflito e contra
momento da sua exclusão a Lei de Probidade”, disse.
como candidato. João Paulo Acrescentou que, quando a
diz que está a preparar uma exposição do candidato excluí-
exposição a ser submetida mo, para estar em conformi- porque o normal é convidar.” mas que acabou não sendo do chegar à Direcção Nacional
ao Ministério da Juventude dade com a Lei do Desporto, Explicou que as Associações usado para esta eleição, pois do Desporto, vai pronunciar-se.
e Desportos e ao Conselho no que diz respeito ao regu- emitem uma credencial interna entenderam que não ia de “Antes da Lei de Probidade,
Nacional do Desporto, em lamento eleitoral, onde quem e emitem um pedido de cre- acordo com os Estatutos, mas as pessoas devem ter consciên-
que contesta os resultados vota são as Associações Pro- dencial à Direcção Provincial sim com a Lei de Desporto.” cia. Não podem estar a dirigir-se
que declararam Dalilo Calú vinciais, e não o que aconteceu. da Juventude e Desportos, em a si mesmas, a não ser que seja
como vencedor. “Não me deixaram con- que constam os nomes dos “Estamos à espera da a sua fábrica, empresa. Aí, sim,
correr porque, na minha lista, delegados, representantes ou verdade” pode fazer as coisas para si.”
“Estou a concluir a expo- faltavam três vogais. Em ne- presidente de cada Associa- – Ricardo Portugal, Questionada sobre a pos-
sição. A qualquer momento, nhum momento fui notificado ção que representa a mesma. presidente do Conselho sibilidade de se anular os re-
vou submeter junto da Direc- para resolver este assunto.” “Fui o primeiro candidato Nacional do Desporto sultados das eleições, Cláudia
ção Nacional do Desporto, João Paulo lembrou que, de- a submeter a candidatura, em Simbine respondeu: “Nós não
no Ministério da Juventude pois de abertura da Assembleia, Janeiro de 2019, e as eleições O presidente do Conselho anulamos nada sem que sejam
e Desportos e ao Conselho assinou-se a acta da reunião estavam marcadas para 23 de Nacional do Desporto, Ricar- colocadas provas das irregu-
Nacional de Desporto, para anterior. De seguida, houve Março. Por causa do ciclone do Portugal, disse que está à laridades. Há procedimentos.
que as próximas assem- apresentação dos membros de ‘Idai’, foi adiada para 27 de espera da verdade dos factos Nem o Ministério da Juventude
bleias possam estar alerta- júri e da Comissão de Eleições. Abril. Esta questão é que me ocorridos no dia das eleições. e Desportos anula eleições. O
das sobre as artimanhas e Disse que os Estatutos da deixa indignado, pois nem “Eu soube disso através que nós podemos fazer é faci-
evitar transtornos, que só Federação Moçambicana de Comissão de Verificação foi dos órgãos de comunica- litar para que isso aconteça. Se
prejudicam o desenvolvi- Ciclismo já estão ultrapas- criada para auxiliar os can- ção social, que houve uma houver necessidade, temos o
mento do desporto nacional.” sados e não estão de acordo didatos em caso de uma ir- Assembleia-Geral. Estamos Gabinete Jurídico para poder se
Acrescentou que a Asso- com a Lei do Desporto em regularidade, apenas fiquei a aqui como Conselho Nacio- pronunciar sobre a legalidade
ciação Provincial de Ciclismo vigor no país. Sendo assim, saber no dia da suposta elei- nal do Desporto. Ainda não do processo. Não estamos para
de Sofala saiu indignada da é preciso rever os Estatutos. ção. Até à data da eleição, só recebemos nenhuma car- favorecer quem quer que seja,
Assembleia-Geral e propõe a “Não convidaram o Conse- havia uma proposta de regu- ta. Enquanto não receber- estamos para trabalhar com
revisão dos Estatutos da Fede- lho Nacional do Desporto para lamento eleitoral, que deveria mos, esperamos pela verda- todos de igual maneira”, disse.
ração Moçambicana de Ciclis- esta Assembleia. Algo estranho, ser aprovado no mesmo dia, de”, disse Ricardo Portugal. de Moçambique

para voltarmos a dinamizar a


Academia de Xadrez da Matola vai modalidade na província de
Maputo, e vamos continuar
a trabalhar em estreita cola-
reabrir depois de obras de restauro boração com a Associação
Provincial da Xadrez, para
votarmos a reerguer-nos e

A
Academia de Xa- A Academia, depois da zistas, uma vez que funcio- mia de Xadrez da Mato- fazer sentir o título que os-
drez da Matola vai reabilitação, estará a seguir nava num condomínio e não la, Emerson Langa, dis- tentamos de sermos a melhor
reabrir no dia 25 de todos os padrões internacio- permitia, neste caso, acesso se que, neste momento, Academia em África. A Aca-
Junho, no Conselho nais para a prática da moda- a mais crianças, devido ao ri- está-se reabilitar a nova sede. demia terá padrões interna-
Autárquico da Matola, depois lidade no país. Este desejo foi gor no sistema de segurança. “Agora encontrámos um cionais”, disse. (Redacção)
das obras de restauração. a pedido dos pais, dos xadre- O director da Acade- espaço mais abrangente, de Moçambique
Canal de Moçambique | quarta-feira, 5 de Junho de 2019 27

Cultura

Agenda cultural e social


Vivências
Programação para o Sarau cultural, às 17h30, Campo do Maxaquene.
Por: Ventura Mazula período de 5 a 11 de no “Deal – Espaço Criati-
Junho vo”. 9 de Junho
“Karaoke nigth”, às (domingo)

A Voz TEATRO

6 de Junho
19h00, no “Kardápio Ka-
seiro”.
“Dia do CD”, às 10h00,
no “Beergarden”.
“Qual é a maneira”, se-
Nada tão belo como a Voz! (quinta-feira) 7 de Junho gunda edição, às 15h00,
Exibição da peça “Até (sexta-feira) no “Beergarden”.
É palavra, som, grito
um dia a casa cai”, às Músicas com meloma-
Quando soa é ouvida, cantada e dançada
18h00, na Fundação Fer- níacos, às 18h00, na Fun- PALESTRAS,
Quando soa é confundida e silenciada nando Leite Couto. dação Fernando Leite Cou- SEMINÁRIOS,
Apresentação da peça to. REUNIÕES
Nada tão lindo como a Voz! “Moustique”, às 19h00, Roberto Chitsodzo, no
Voz incómoda que perturba a desordem no Centro Cultural Fran- “Mavie’s Bar”. 8 de Junho
Voz activa que luta e defende os sem voz co-Moçambicano. “Karaoke”, com Filpão (sábado)
Voz mansa que educa, informa, pacifica e encan- Exibição da peça “Mji- Marques, às 18h00, no Aulas de Francês, quin-
ta ba, a boneca guerreira”, “Uptown Café”. ta sessão, às 8h00, no
às 10h00, no Bairro do Noite de “karaoke”, com Centro Cultural Franco-
É fala que transmite sentimentos Hulene. Edy Mokhamba, às 19h00, -Moçambicano.
É clamor que abala e irrita no “La Vida”. Palestra sobre como
É poder que inspira e impõe EXPOSIÇÕES Terceira eliminatória do tornar-se criador de “full
É súplica que produz resposta “Moz Slam”, às 17h00, no stack”, às 8h00, na Uni-
5 de Junho Café-Bar “Gil Vicente”. versidade São Tomás.
É linda quando sai serena para o bem e justo (quarta-feira) Banda “Hodi”, às 22h30, Sessão sobre desenvol-
Inauguração da exposi- no Café-Bar “Gil Vicente”. vimento pessoal e profis-
É impertinente quando sai violenta para o mal
ção “O profundo do meu Inauguração do “Guite’s” sional, às 8h00, no Bairro
É perena quando sai equilibrada e dócil
ser”, às 18h00, na Funda- (ex-“Macarena”), às 8h00, de Txumene, na Matola.
É vibrante e inteligente quando sai da alma e do ção Fernando Leite Couto. na Vila de Marracuene. Simpósio distrital, às
coração Patente a exposição Concurso de dança, às 9h00, na Escola Secun-
“Raízes de sal”, no Cen- 22h30, no “Karas Klub”. dária da Matola.
Voz encolarizada não constroi tro Cultural Franco-Mo- Sessão de “Gin e Tóni-
Voz silenciada não morre çambicano. ca”, às 12h00, no Hotel OUTRAS
Voz profética não desaparece Cardoso. ACTIVIDADES
Voz da verdade não perece 7 de Junho (sexta-feira) “Leasure and Jazz”, às
Inauguração da exposi- 18h00, no “Bela Vida”, 7 de Junho
Quão linda é a Voz! ção “Arte 21”, às 18h00, Matola-Rio. (sexta-feira)
no Instituto Camões, em “Happy Hour”, às 16h00, Competição de criado-
Maputo. no “Adje’s Bar”. res de “software“ “Ha-
Exposição individual “Massive atack”, às ck4Moz,” às 10h00, no
“Regastá-los-emos e ou- 15h00, no Restaurante, Centro de Conferência da
tras”, às 18h00, no Nú- Bar e “Lounge” “Vin”, no “Tmcel”.
cleo de Arte. Zimpeto.
Exposição “(Re)cons- 8 de Junho
truções”, às 9h00, no 8 de Junho (sábado)
“16Neto”. (sábado) Festa do Dia de Portu-
“Le Chic”, às 20h00, no gal, às 12h00, na Escola
ENTRETENIMENTO Restaurante e Bar “Uni- Portuguesa.
que”. Safari no Parque Na-
5 de Junho “Wake me up”, às 19h00, cional Kruger, durante
(quarta-feira) no Restaurante do Clube todo o dia. Preço por pes-
Naval. soa: 250 dólares. Partida:
“Jay Argh Lotus”, às “Gin Wold Day”, às 5h00, com “pick up”.
19h00, no “16 Neto”. 14h00, no “Catembe Ga- “Basquetebol Solidá-
lery Hotel”. rio”, às 17h00, na Escola
6 de Junho “Castle Lite Unlocks ft. Americana.
(quinta-feira) Nasty C”, às 00h00, no de Moçambique
Publicidade
de Moçambique
www.canal.co.mz quarta-feira, 5 de Junho de 2019

Sede: Bairro Central, Av. Maguiguana, n.º 1049 | Casa n.º 65000 R/C | canal.i.canalmoz@gmail.com

Salomão Muchanga apresenta


partido “Nova Democracia”

S
alomão Muchanga, ficar a tolerância e resgatar o
ex-presidente do Par- Moçambique independente,
lamento Juvenil, apre- onde a diversidade não nos
sentou, na terça-feira, assuste e a unidade não seja
em Maputo, um novo partido chavão, na mesma medida em
político que deverá concor- que dialogamos com o mundo
rer já nas próximas eleições. como uma aldeia global, um
Chama-se “Nova Democra- Moçambique onde todos têm a
cia”. mesma oportunidade de sonhar
e de acreditar no seu potencial
No acto de apresentação, sem ter de se conformar com
disse que o novo partido vem o espírito desmoralizante de
preencher um vazio de direc- dirigentes que lhes imputam
ção que existe, quer na oposi- responsabilidade pelo insu-
ção, quer no partido no poder. cesso colectivo. Queremos se-
“Moçambique queixa-se da mear esperança não apenas no
crise de uma liderança ser- país, mas nos moçambicanos”.
vidora, séria, que resguarde Sobre se não corre o risco
soberanamente a vontade do de ser apenas mais um par-
povo, o bem-estar económico tido da oposição, Salomão
e social e a paz. É neste es- Muchanga declarou: “Preten-
copo de promover o progres- demos matar a cultura de per-
so e a justiça social dentro dedor, acreditando que pode-
de um conceito mais amplo mos colher experiência antes
“A Nova Democracia é o movimento. O partido é Moçambique” - Salomão Muchanga
da liberdade que emerge a de uma vitória maior. Quere-
‘Nova Democracia’”, disse. mos plantar o compromisso
O novo partido, cujo primei- tudante, do professor, do polí- comodismo instalada pela elite no qual estamos todos conta- com resultados, edificando
ro objectivo é ter assentos par- cia, do desportista, da artista, predadora do Estado, na lógica minados pela carência de um um Estado que democratize
lamentares, diz que o seu com- do agricultor, do jornalista, do de um sistema corrompido em projecto de Estado”, afirmou. e autonomize as instituições,
bate é a favor do jovem com comerciante, do profissional todos os seus pilares democráti- Sobre o seu projecto, disse: para que a acção política seja
sonhos, da mulher batalhadora, de saúde, enfim, do cidadão. cos onde se instalou o ‘softwa- “Queremos construir a digni- descentralizada”. (Redacção)
do funcionário público, do es- “É contra a cultura política de re’ do ‘curriculum’ reprodutivo dade dos moçambicanos, edi- de Moçambique
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