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CLASSIFICAÇÃO
LOCAL DA BIOTRANSFORMAÇÃO
REAÇÕES DE CONJUGAÇÃO
Inibição
A inibição de enzimas que participam na biotransformação resulta em níveis
elevados do fármaco original, efeitos farmacológicos prolongados e maior incidência
de toxicidade da droga. A competição entre dois ou mais fármacos pelo local ativo
da mesma enzima pode diminuir o metabolismo de um desses agentes,
dependendo das concentrações relativas de cada substrato e de suas afinidades
pela enzima. A inibição da CYP2D6 pela quinidina é um exemplo clinicamente
significativo de inibição competitiva. A cimetidina e o cetoconazol inibem o
metabolismo oxidante da droga por formarem um complexo muito forte com o ferro
hêmico do citocromo P450. No caso dos antibióticos macrolídios, como a
critromicina e a troleandomicina, um metabolismo desses compostos é a forma que
se liga ao heme. Inativadores suicidas das enzimas do citocromo P450 resultam na
destruição do heme.
O cecobarbital e os esteróides sintéticos, como a noretindrona e o etinil estradiol
são exemplos de inativadores suicidas. Um mecanismo comum de inibição de
algumas das enzimas da fase II é a depleção dos co-fatores necessários.
Polimorfismos genéticos
As diferenças genéticas na capacidade das pessoas em metabolizar um fármaco,
através de determinada via, são reconhecidamente responsáveis pelas grandes
diferenças interindividuais na biotransformação observada numa população. As dife-
renças fenotípicas na quantidade da droga excretada através de uma via
polimorficamente controlada levam à classificação dos indivíduos como
metabolizadores excelentes (rápidos) ou ruins (lentos). Em muitos casos, o
metabolismo deficiente de um fármaco através de uma via polimórfica associa-se a
uma grande incidência de efeitos adversos na população com metabolismo lento.
Todas as principais deficiências na atividade metabolizadora de fármacos são
herdadas como traços autossômicos recessivos.
O primeiro polimorfismo genético associado à biotransformação de fármacos foi
descrito há mais de 30 anos para a N-acetilação da isoniazida. A procainamida,
hidralazina, dapsona e cafeína são outras drogas com metabolismo significativo
através de uma via de N-acetilação polimórfica. Hoje em dia, a evidência bioquímica
e molecular sustenta níveis diminuídos de proteína funcional nos fígados de
acetiladores lentos como resultado de alterações de tradução genética.
A incidência do fenótipo acetilador lento gira em torno de 50% em brancos e
negros americanos, 60 a 70% cm pessoas do norte da Europa e apenas 5 a 10%
nos indivíduos de origem asiática. Estudos epidemiológicos preliminares sugeriram
uma associação entre o fenótipo acetilador lento e a incidência de câncer da bexiga
e outra entre o fenótipo acetilador rápido e a incidência de câncer colorretal.
Os polimorfismos genéticos mais comuns associados ao metabolismo oxidante
de drogas são da debrisoquina e da mefenitoína. A deficiência na atividade da
debrisoquina hidroxilase em um subgrupo da população reflete uma ou mais
mutações no gene da CYP2I)6, o que faz com que as proteínas da CYP2D6 fiquem
truncadas ou tenham sua atividade enzimática alterada.
O fenótipo de seu estado de metabolismo pela CYP2D6 pode ser determinado
mediante administração de uma única dose de debrisoquina e medição da razão
urinária entre a droga inalterada e a 4-hidroxidebrisoquina. Estudos de fenotipagem
da CYP2D6 de larga escala indicam uma incidência de 5 a 10% do fenótipo
metabolizador lento em pessoas brancas a uma incidência de aproximadamente 1%
em asiáticos. Hoje em dia, o fenótipo CYP2D6 pode ser corretamente previsto em
95% da população com uma única amostra de sangue e procedimentos de
genotipagem.
Atualmente sabe-se que números crescentes de agentes cardiovasculares,
agentes psieoativos e derivados da morfina são substratos da CYP2D6. O
metabolismo deficiente da encainida, da flecainida, do metoprolol e da perfenazina
em metabolizadores lentos da debrisoquina associa-se a uma grande incidência de
efeitos adversos. As associações entre o fenótipo CYP2D6, metabolizador rápido e
a incidência de cânceres do pulmão e da bexiga continuam controvertidas.
Também foi descrito um polimorfismo genético para a hidroxilação estéreo-
seletiva da S-mefenitoína na posição 4’. Os metabolizadores lentos da S-
mefenitoína 4’-hidroxilação constituem 3 a 5% da população branca e 20% dos
asiáticos, O omeprazol e outros inibidores da bomba de próton são substratos desta
enzima do citocromo P450. A principal alteração responsável pelo fenótipo metaboli-
zador lento da S-mefenitoína é a mutação em um único par de bases na CYP2CI9,
a qual cria um local de emenda aberrante e introduz um códon de parada
prematuro, levando à tradução de uma proteína CYP2C19 truncada e inativa.
Doença
A alteração da função hepática normal em pacientes com hepatite, hepatopatia
alcoólica, infiltração gordurosa do fígado, cirrose biliar e hepatocarcinomas podem
levar a alterações na biotransformação hepática dos fármacos. O grau no qual a
atividade da monooxigenase do citocromo P450 e a eliminação hepática são
diminuídos dependerá da gravidade da lesão do fígado. A redução na
biotransformação hepática da tolbutamida, do diazepam e da morfina em pacientes
com disfunção do fígado associou-se a respostas farmacológicas exageradas.
As diminuições no fluxo sanguíneo do fígado resultantes da insuficiência cardíaca
ou do bloqueio ~3-adrenérgico também podem afetar a velocidade da
biotransformação hepática. O metabolismo das drogas com grande percentagem de
excreção hepática é limitado pelo fluxo sanguíneo para o fígado. No caso destes
fármacos, a diminuição do fluxo sanguíneo hepático resultaria em queda da taxa de
biotransformação e da depuração do fármaco original e, portanto, em um efeito
prolongado.
A lidocaína, o propranolol, o verapamil e a amitriptilina são exemplos de fármacos
com alta percentagem de excreção cuja eliminação pode ser modificada por
alterações no fluxo sanguíneo do fígado.
Idade e Sexo
É possível detectar as enzimas funcionantes do citocromo P450 relativamente
cedo no desenvolvimento fetal, embora as taxas dc metabolismo oxidante sejam
menores do que naqueles em que isto é constatado depois do nascimento. A
importância das enzimas de eitocromo P450 nas reações de biotransformação fetais
não foi caracterizada.
Todavia, a presença de um citocromo P450 especial, CYP3A7, que se expressa
exclusivamente no feto sustenta a participação da família CYP3A nas
biotransformações fetais. A glicuronidação, a sulfatação, a conjugação com o
glutation e a hidrólise do epóxido também têm pouca atividade no feto. Os recém-
nascidos conseguem catalisar de maneira eficiente muitas reações de
biotransformação da fase 1, embora a taxa destas seja geralmente mais lenta do
que a dos adultos. Uma acentuada deficiência na glicuronidação da bilirrubina na
época do nascimento contribui para a hiperbilirrubinemia em recém-nascidos.
Os sistemas enzimáticos da fase 1 e da fase II começam a amadurecer
gradativamente depois das primeiras duas semanas de vida, embora o padrão do
desenvolvimento seja variável para as diferentes enzimas.
De maneira geral, as diminuições na massa, na atividade enzimática e no fluxo
sanguíneo do fígado relacionadas com a idade determinam queda da capacidade
metabólica global do órgão no idoso.
As reduções na biotransformação de drogas com alta percentagem de excreção
hepática no idoso são previstas a partir da diminuição do fluxo sanguíneo hepático,
embora a grande variação interindividual nas alterações relacionadas com a doença
e a idade na função do órgão dificulte generalizações.
As diminuições na biotransformação hepática relacionadas com a idade
associam-se principalmente ao sistema da monooxiogenase do citocromo P450,
enquanto as vias metabólicas alteradas não parecem ser muito afetadas pela idade.
Relatos clínicos de menor oxidação de estrogênios e henzodiazepínicos em
mulheres sugerem que variações, dependentes do sexo, nas biotransformações,
também podem ser importantes na resposta farmacológica e tóxica de certas
drogas. Atualmente é prematuro fazer generalizações sobre as diferenças sexo-
específicas no metabolismo de drogas.
EXCREÇÃO HEPÁTICA
Depuração
Onde ASC é a área total sob a curva que descreve a concentração do fármaco na
circulação sistêmica em função do tempo (de O ao infinito).
Exemplos: A depuração plasmática para a cefaloxina é descrita como 4,3 ml/min -
1
/kg-1, sendo 91% do fármaco excretados inalterados na urina. A depuração total do
organismo de um homem de 70 kg pelo plasma seria de 300 ml/min, respondendo a
depuração renal por 91% desta eliminação. Em outras palavras, o rim é capaz de
excretar a cefaloxina a uma taxa tal que cerca de 273 ml de plasma seriam
liberados da droga por minuto.
Como se admite que a depuração permanece constante em um paciente estável,
a taxa total de eliminação da cefaloxina dependerá da concentração da droga no
plasma. O propranolol é depurado a uma taxa de 1 2 ml/min -1/kg-1 (ou 840 ml/min
em um homem de 70 kg), quase exclusivamente pelo fígado. Assim, o fígado
consegue remover a quantidade da droga contida em 840 ml de plasma a cada
minuto.
Um dos valores mais altos de depuração plasmática é o do labetalol — 1.750
ml/min; este valor excede a velocidade do fluxo plasmático (e sanguíneo) do fígado,
o principal órgão de eliminação dessa droga. No entanto, como o labetalol entra
rapidamente nas hemácias (C//C,) = 1,8), a quantidade do fármaco oferecida ao
órgão excretor é consideravelmente maior do que a suspeita a partir da medição de
sua concentração no plasma. A relação entre a depuração plasmática e sanguínea
no estado de equilíbrio estável é dada pela equação:
Depuração hepática
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS