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Governador

Cid Ferreira Gomes

Vice Governador
Domingos Gomes de Aguiar Filho

Secretária da Educação
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

Secretário Adjunto
Maurício Holanda Maia

Secretário Executivo
Antônio Idilvan de Lima Alencar

Assessora Institucional do Gabinete da Seduc


Cristiane Carvalho Holanda

Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC


Andréa Araújo Rocha
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

INDICE

CAPITULO 1: ORIGEM E FORMAÇÃO DAS ROCHAS................................02

CAPITULO 2: ROCHAS IGNEAS OU MAGMÁTICAS...................................04

CAPITULO 3 PETROLOGIA SEDIMENTAR..................................................21

CAPITULO 4: ROCHAS METAMORFICAS....................................................40

BIBLIOGRAFIA:...............................................................................................48

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CAPITULO 1: ORIGEM E FORMAÇÃO DAS ROCHAS

Magma: Corresponde ao estado de fusão dos constituintes formadores da terra e,


principalmente, formadores da crosta (SiO2; Al2O3; FeO; MgO; CaO; Na2O; K2O).

Rocha: É um agregado natural de um ou mais minerais, ou vidro vulcânico, ou ainda


matéria orgânica, e que faz parte importante da crosta sólida da terra.

RESFRIAMENTO + CONSOLIDAÇÃO

MAGMA ROCHA ÍGNEA

Pela origem da terra, as rochas ígneas teriam sido as premerias a se formarem. Após a
sua formação, as rochas ígneas passaram a sofrer a ação físico-química e biológica dos
agentes atmosféricos, o que leva a instabilização de seus minerais e a formação do solo
residual. A este processo, denominamos de intemperismo.

INTEMPERISMO

ROCHA ÍGNEA SOLO RESIDUAL

O solo residual formado fica sujeito à ação de fluxo da água, do ar, do gelo, do
impacto dos grãos e começa a sofrer erosão. O grão solto passa a ser transportado, através de
um agente transportador, e deposita-se em regiões baixas e planas, passando a ser denominado
de sedimento.

EROSÃO + TRANSPORTE + DEPOSIÇÃO

SOLO RESIDUAL SEDIMENTO

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O sedimento formado pode ser levado a grandes profundidades por situações tais
como a choque de placas, de forma que fica sujeito a ação de altas temperaturas e pressão.
Neste caso, o sedimento passa a sofrer o processo de litificação, tornando-se uma rocha
sedimentar.

LITIFICAÇÃO

SEDIMENTO ROCHA SEDIMENTAR

Caso haja a continuidade do choque de placas (subsidência) a rocha sedimentar ou


ígnea poderá atingir profundidades de 5 a 20 km, onde as temperaturas e pressões provocam
mudanças mineralógicas que são denominadas de metamorfismo. As rochas resultantes da
ação destes processos são denominadas de rochas metamórficas.

METAMORFISMO

ROCHA SEDIMENTAR ROCHA METAMÓRFICA

Tendo continuidade o aumento de profundidade, a rocha atingirá temperaturas e


pressões tais que podem provocar a sua fusão total ou parcial, formando novamente o
magma.
FUSÃO

ROCHA METAMÓRFICA MAGMA

Resumo: A formação das rochas se dá por resfriamento do magma, consolidação de depósitos


sedimentares e metamorfismo.

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CAPITULO 2: ROCHAS IGNEAS OU MAGMÁTICAS

Rochas ígneas (ou magmáticas) são aquelas originadas através do resfriamento e


consolidação direta de uma massa em fusão, denominada de magma, o qual é gerado em
regiões profundas da Terra, sob condições de temperatura e pressão elevadas.
Dada a sua origem, a natureza das rochas ígneas depende em grande parte da
composição química dos magmas a partir dos quais foram formadas.
Os magmas são constituídos essencialmente por silício, alumínio, ferro magnésio,
cálcio, sódio e potássio combinados, formando moléculas minerais mais ou manos
dissociadas. Além destes constituintes, os magmas contêm ainda outros, em proporção
relativamente diminuta, incluindo água e outros constituintes voláteis (flúor, cloro, boro,
fósforo, arsênio, etc.).
Quando um magma se resfria, cada mineral cristaliza, à medida que alcança o seu
ponto de supersaturação. Alguns minerais existentes na massa fluida cristalizam mais
precocemente do que os outros e, assim, na maioria das rochas ígneas, pode ser determinada
uma ordem mais ou menos definida de cristalização dos vários constituintes minerais. Em
geral, os minerais escuros e os que contêm as menores quantidades de sílica são os que
cristalizam em primeiro lugar; os minerais ricos em sílica são os últimos.
O fracionamento do magma pela cristalização decorre das diferentes temperaturas de
cristalização dos minerais. Com o progresso da cristalização, existe tendência à manutenção
do equilíbrio entre as fases sólidas e líquidas. Quando a temperatura baixa, os cristais
precoces reagem com o líquido e mudam de composição.
Esta reação pode ser progressiva, produzindo uma sucessão de soluções sólidas homogêneas.
No caso dos feldspatos plagioclásicos, os cristais precoces são os mais ricos em Ca. Quando a
reação continua e a temperatura cai os cristais tornam-se progressivamente mais sódicos. As
alterações desta natureza constituem uma série de reação contínua de Bowen (Fig. 1.1).
Certos minerais ferromagnesianos, quando o resfriamento e a reação continuam,
transformam-se, a temperaturas definidas, em outros minerais, com estrutura cristalina
diferente. Estas mudanças abruptas constituem uma série de reação descontínua de Bowen
(Fig. 1.1).

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Quando a reação entre cristais e líquido se completa, os minerais da rocha final não
são os precoces, mas os últimos que se formaram. Mas se a reação não for completa, devido à
rapidez de resfriamento ou outras razões, os cristais precoces de ambas as reações podem
persistir como componentes da rocha final. É por isto que se observam feldspatos zonados e
cristais de um mineral ferromagnesiano envolvidos por camadas de outro.
Figura 2.1: Diagrama de Bowen.

2.1 Condições de formação das rochas ígneas


Quanto às condições de formação das rochas ígneas, elas podem ser subdivididas em
intrusivas e extrusivas (ou efusivas, ou vulcânicas). As intrusivas, por sua vez, são
subdivididas em dois grupos: as intrusivas de grandes tamanhos e profundidade, denominadas
de plutônicas, e as intrusões menores, situadas mais próximas da superfície, chamadas de
hipoabissais.

 Rochas plutônicas: São aquelas consolidadas em regiões profundas na crosta (vários


quilômetros abaixo da superfície terrestre), sob condições de altas P e T. O
resfriamento do magma é relativamente lento, as reações entre fase sólida e líquida são
favorecidas, com tendência a desenvolvimento de cristais maiores e diferenciação
acentuada dentro da câmara magmática. Portanto, as rochas ígneas originadas em

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regiões profundas da crosta, possuem textura grossa e seus constituintes minerais


podem ser reconhecidos e diferenciados, usualmente, a olho nu.

 Rochas hipoabissais: São as rochas formadas em profundidades menores da crosta,


ou seja, mais próximas da superfície, resultando da consolidação de magma que
penetra em fraturas e cavidades das rochas encaixantes. Apresentam características
intermediárias entre as rochas plutônicas e as extrusivas.

 Rochas extrusivas (ou vulcânicas ou efusivas): Formam-se pelo resfriamento e


solidificação de material magmático (lava) que extravasou à superfície da Terra,
resfriando-se e solidificando-se rapidamente, sob condições relativamente baixas de P
e T. Sob essas condições, as partículas minerais ainda não solidificadas têm
oportunidade reduzida para crescer, resultando numa rocha de granulação fina. Em
algumas situações o resfriamento é tão rápido que se torna impossível a separação de
qualquer mineral, originando vidro vulcânico.

A) Stock
B) Batólito
C) Lacólito
D) Batólito (magma)
E) Dique
F) Soleira (sill)
G) Conduto vulcânico
H) Edifício vulcânico
I) Lava vulcânica
J) Cone de cinzas
K) Neck

Fig. 2.2- Bloco diagrama mostrando as relações estruturais de vários corpos ígneos
intrusivos e extrusivos, e as rochas
encaixantes.

Fig. 2.3 – Representação de um Stock.


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2.2. Forma de ocorrência das rochas ígneas


As rochas ígneas apresentam determinadas formas de ocorrência, merecendo destaque:
 Formas extrusivas:
a) Derrame: quando o magma é pouco viscoso, grandes volumes de lava altamente fluida,
subsilicosa e escura, extravasam à superfície da Terra através de longas e profundas fissuras,
originando corpos tabulares extensos (derrames) que acompanham a superfície do terreno
(p.e. derrames basálticos da Bacia do Paraná). O vulcanismo que origina estes derrames é
denominado vulcanismo do tipo fissural (Fig. 2.4A);

b) Vulcanismo do tipo central (erupção central): volumes menores de lava extravasadas de


um conduto central constroem cones (edifícios) vulcânicos de dois tipos:
• Vulcões em escudo: edifícios com flanco suave, resultantes de extrusão periódica de lavas
fluidas, subsilicosas (vulcões havaianos - Fig. 2.4B);
• Estrato-vulcões: cones com flancos mais abruptos, resultantes da sucessão de extrusões de
lavas mais viscosas (ricas em sílica) e extrusões explosivas de materiais piroclásticos (cinzas,
lapili). Constituem evidências de vulcanismo desse tipo os riolitos de Castro, no Paraná, e de
Campo Alegre, em Santa Catarina, com idade de 450 Ma (Fig. 2.4C).
• Estromboliano: o cone vulcânico é formado essencialmente por material piroclástico, em
conseqüência de emissões explosivas devidas à maior viscosidade das lavas. O declive das
encostas atinge cerca de 40o e a altura oscila em torno de 300 metros (Fig. 2.4D).

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Figura 2.4 – Principais tipos de vulcões: (A) fissural, (B) havaiano, (C) estrato vulcão,
(D) estromboliano.

 Formas intrusivas:

Quando o magma consolida-se no interior da crosta são originadas rochas ígneas


denominadas intrusivas, cuja forma dependerá da estrutura geológica e da natureza das rochas
encaixantes. Se o magma, ao penetrar na crosta, acompanhar as orientações das rochas
encaixantes (foliação e xistosidade das rochas metamórficas, acamamento das rochas
sedimentares), a forma originada será concordante. Em caso contrário, quando o magma
rompe as orientações das encaixantes, obedecendo principalmente as estruturas rúpteis como
falhas e fraturas, originam-se as formas discordantes. Estas são mais freqüentes nas porções
superiores da crosta, onde os materiais têm comportamento mais rígido (rúptil):
a) Formas concordantes

• Soleira (ou sill): corpos extensos e pouco espessos, de forma tabular (magma subsilicoso
pouco viscoso) (Fig. 2.3, 2.5 e 2.6);
• Lacólito: corpos intrusivos lenticulares plano-convexos, formando-se cúpula na capa
(magma enriquecido em sílica, mais viscoso) (Fig. 2.2 e 2.6);
• Lopólito: corpos lenticulares de grandes dimensões, côncavo-convexos, deprimidos na parte
central (encaixados em sinclinais) (Fig. 2.6);
• Facólito: corpos lenticulares convexo-côncavos, alçados na parte central (encaixados em
anticlinais).

b) Formas discordantes

• Dique: corpos tabulares extensos de possança variável (cm até km) preenchendo fraturas
formadas por esforços distensivos; existem grupos de diques radiais (disposição radial em
relação a um centro), anelares (concêntricos) e em enxames (paralelos) (Fig. 2.2, 2.6 e 2.7);
• Chaminé (neck): formas cilíndricas verticais (diâmetro de metros a pouco mais de 1 km),
correspondendo à exumação, pela erosão, de antigos condutos vulcânicos (Fig. 2.2 e 2.8);
• Apófise: formas ramificadas irregulares derivadas de corpos maiores (lacólitos, batólitos);

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• Batólito: grande massa contínua de rocha magmática muito antiga, cortando


discordantemente as rochas encaixantes, apresentando mais de 100 km2 de superfície (Fig.
2.2 e 2.3);
• Stock: menor que o batólito (menos de 100 km2 de superfície) (Fig 2.3).

Fig. 2.5 – Foto mostrando soleiras e diques alimentadores das mesmas.

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Fig. 2.5 A – Representação esquemática tridimensional de corpos ígneos concordantes e


discordantes.

Fig.2.6 - Corpos ígneos intrusivos: Soleira, Lacólito e Dique.

Fig. 2.7 – Dique aflorado por denudação. Fig. 2.8- Neck vulcânico.

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2.3. Estrutura das rochas ígneas

O arranjo geométrico dos componentes maiores constitui a estrutura das rochas. As


principais estruturas presentes nas rochas ígneas são:
a) Vesículas: são vazios provocados pela expansão e aprisionamento de gases. Apresentam
formas esféricas, elípticas, cilíndricas ou irregulares, e ocorrem em rochas vulcânicas;
b) Amídalas: vesículas preenchidas com minerais secundários (calcita, zeólitas, quartzo,
opala, calcedônia);
c) Estrutura fluidal: arranjo paralelo linear ou planar dos minerais precoces devido ao
escorrimento da lava em solidificação;
d) Zoneamento (ou variações de granulação e composição): nos contatos ou bordas dos
corpos magmáticos, onde o resfriamento é mais rápido, podem desenvolver-se zonas de
granulação mais fina;
próximo ao teto do plúton (corpo intrusivo) concentram-se gases e fluidos finais mais leves,
pouco viscosos, que dão origem a texturas grossas, pegmatóides, e tipos rochosos
enriquecidos em minerais contendo elementos voláteis (turmalina, topázio, fluorita);
e) Diáclases: fraturas originadas pela diminuição de volume em consequência do
resfriamento, solidificação e alívio de carga.

Fig. 2.9– Basalto vesicular. Fig. 2.10– Basalto amidaloidal.

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Fig. 2.11 – Riolito com estrutura fluidal. Fig. 2.12 – Basalto diaclasado.

2.4 Texturas das rochas ígneas


A textura refere-se ao grau de cristalização, ao tamanho dos grânulos (ou granulação)
e às relações geométricas entre os constituintes de uma rocha. Tais aspectos são controlados
pela velocidade e ordem de cristalização, o que depende da temperatura inicial, velocidade de
resfriamento, composição, conteúdo em gás, viscosidade, pressão, lançando muita luz sobre
as condições de formação das rochas ígneas.

 Quanto ao grau de cristalização as rochas ígneas podem ser classificadas em:

a) Holocristalinas: compostas inteiramente de cristais (p.e. granito);


b) Holohialinas: compostas inteiramente de vidro (p.e. obsidiana);
c) Hipocristalinas ou mesocristalinas: contêm tanto vidro como cristais (p.e. basalto).

 Quanto à granulação, as rochas ígneas podem ser classificadas em:

a) Afaníticas: quando a maior parte dos constituintes é tão pequena que não pode ser visíveis
e caracterizados a olho nu;
b) Faneríticas: quando é possível individualizar a maior parte dos constituintes a olho nu.
São subdivididas em:
b.1) fina: diâmetro da maior parte dos cristais menor que 1 mm;
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b.2) média: diâmetros entre 1 e 5 mm;


b.3) grossa: diâmetros entre 5 mm e 3 cm;
b.4) muito grossa: diâmetros acima de 3 cm;

 Quanto às relações geométricas entre os constituintes das rochas ígneas, os cristais


podem ser:

a) Euédricos (ou idiomórficos ou automórficos): quando os cristais apresentam formas


características, completamente limitadas por faces;
b) Subédricos (ou hipidiomóficos): cristais apenas parcialmente limitados por faces;
c) Anédricos (ou alotriomórficos ou xenomórficos): cristais desprovidos de faces.

 Quanto ao tamanho relativo dos cristais constituintes de uma rocha ígnea, a textura
pode ser:
a) Equigranular: quando os minerais da rocha ígnea possuem aproximadamente o mesmo
tamanho;
b) Inequigranular: quando ocorrem diferenças pronunciadas no tamanho dos minerais que
formam a rocha. Neste caso, grandes cristais (pórfiros ou fenocristais) acham-se envolvidos
por uma matriz de granulação fina, refletindo, em alguns casos, mudanças abruptas de
temperatura durante a cristalização. Quando a rocha é inequigranular a mesma apresenta
textura porfirítica.
c) Textura gráfica ou micrografia: intercrescimentos de quartzo e feldspato alcalino, por
cristalização simultânea ou substituição; o quartzo é comumente cuneiforme, assemelhando-
se a inscrições rúnicas;
d) Textura ofítica: ripas de plagioclásio são parcial ou totalmente envolvidas por cristais
maiores (normalmente de piroxênio); comum em gabros, diabásios e basaltos;
d.1) Textura subofítica: as ripas de plagioclásio são maiores que os cristais de piroxênio, e
são só parcialmente envolvidas por estes;
d.2) Textura hialofítica: o vidro substitui o piroxênio na textura ofítica;

 As relações geométricas permitem interpretar a ordem de cristalização:

a) Quando um mineral está envolvido por outro, o mineral envolvente é o mais jovem;

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b) Os cristais precoces tendem a ser mais euédricos que o tardios;


c) Quando cristais grandes e pequenos coexistem, os grandes começaram a desenvolver-se
primeiro.

2.5 Classificação das rochas ígneas

As características principais que permitem classificar as rochas ígneas são:


a) Composição química (e minerais constituintes), que reflete a composição do magma
original e suas transformações, em determinados ambientes tectônicos;
b) Textura ou granulação, que reflete principalmente as condições de formação das rochas,
mas também os estádios de consolidação do magma.
Outras formas de classificação referem-se ao teor em sílica, índice de cor das rochas
ígneas. O teor de sílica reflete a quantidade total de sílica (SiO2) presente na rocha ígnea,
tanto na forma de quartzo (sílica livre), quanto combinado com outros elementos químicos,
formando silicatos diversos. De uma forma geral, a quantidade total de sílica nas rochas
ígneas varia de 30 a 80%.

 Quanto ao teor em sílica as rochas ígneas podem ser:

a) Ácidas: mais de 65% de SiO2; apresentam quartzo (mais de 10%) e feldspatos, os


feldspatóides estão ausentes (granitos);
b) Intermediárias: 52% < SiO2 < 65%; apresentam feldspatos (plagioclásio andesina),
podem apresentar feldspatóides, quartzo em pequena quantidade (dioritos, sienitos);
c) Básicas: 45% < SiO2 < 52%; Plagioclásio (labradorita e bitownita) e piroxênio (hiperstênio
e augita), quartzo ausente (gabros, basaltos);
d) Ultrabásicas: menos de 45% de SiO2; apresentam olivina e piroxênio. Os feldspatos e o
quartzo estão ausentes ou são raros (dunitos e piroxenitos).
A cor é também um critério de classificação, visto que os minerais ferromagnesianos
(biotita, piroxênios, anfibólios, olivinas), denominados máficos, são usualmente escuros e
mais densos, e caracterizam as rochas básicas e ultrabásicas. Já os minerais geralmente
desprovidos de ferro e magnésio, denominados félsicos (quartzo, feldspatos, feldspatóides,
moscovita) são claros e leves, e caracterizam as rochas ácidas. Na classificação de Shand,
calcada no volume de minerais escuros, distinguem-se as seguintes classes:

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a) Rochas leucocráticas: menos de 30% de máficos;


b) Rochas mesocráticas: 30% a 60% de máficos;
c) Rochas melanocráticas: 60% a 90% de máficos;
d) Rochas hipermelanocráticas: mais de 90% de máficos.

 Classificações mineralógicas

O conteúdo mineralógico reflete a composição e história evolutiva do magma, e é uma


base fundamental de classificação.
Entre os minerais dominantes da rocha, identificam-se:
a) Minerais essenciais: sua presença é indispensável para se atribuir o nome de uma rocha
(p.e. quartzo no granito, nefelina ou outro feldspatóide no fonólito);
b) Minerais acessórios: aparecem em menor quantidade, e são eventuais (não são
indispensáveis); podem ser classificados em acessórios característicos (mais de 5% da
rocha) ou acessórios secundários (menos de 5%).
Como já foi visto anteriormente, a presença ou ausência de quartzo, feldspatos e
feldspatóides refletem a quantidade de sílica, e pode ser utilizada como critério de
classificação em rocha ácida, intermediária, básica e ultrabásica.
A proporção entre feldspatos alcalinos (ortoclásio, microclínio, albita) e cálcicos
(anortita) é outro importante critério de classificação. Um procedimento comum é o ensaio de
coloração seletiva dos feldspatos, no qual a amostra de rocha polida é inicialmente tratada
com ácido fluorídrico (que reage com os feldspatos e o quartzo) e posteriormente com solução
de cobalto-nitrito de sódio (os feldspatos cálcico produzem película branca, os alcalinos
amarela e o quartzo incolor).

2.6 Principais rochas ígneas

a) Granito

O granito é uma rocha de coloração clara, composta essencialmente de quartzo e


feldspato, com pequenas quantidades de outros minerais, principalmente mica (moscovita
e/ou biotita) e anfibólio (em geral hornblenda). Podem ser encontrados ainda, disseminados
na rocha, minerais acessórios como magnetita, ilmenita, apatita, zircão, esfênio, topázio,

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fluorita, granada, etc. A coloração clara dos granitos (acinzentada, rósea, avermelhada,
esverdeada ou amarelada) é determinada pela cor do feldspato.
Os granitos são classificados em quatro tipos, de acordo com o teor relativo de feldspatos:
a) granito alcalino; b) granito normal; c) adamelito; d) granodiorito. A cada um desses
tipos plutônicos correspondem rochas hipoabissais e efusivas de composição mineral similar,
porém de textura diferente. No granito normal, mais de 66% do conteúdo dos feldspatos é
formado de feldspato alcalino, e menos de 34%, de plagioclásio, geralmente oligoclásio. Com
o aumento do teor de plagioclásio, o granito normal passa a adamelito e a granodiorito.
Quando o teor de feldspato alcalino predomina e o plagioclásio desaparece, o granito normal
passa a granito alcalino. Neste caso, os minerais máficos também mudam, sendo substituídos
por variedades alcalinas.

b) Riolito

O riolito corresponde à forma efusiva do granito, porém ocorre igualmente na forma de


diques e plugs vulcânicos. O magma que dá origem ao riolito é altamente viscoso, originando
depósitos de lavas muito espessos em relação à extensão do derrame. Sua ocorrência
restringe-se, freqüentemente, à chaminé vulcânica. Contêm os mesmos minerais do granito
disseminados numa matriz vítrea ou criptocristalina, onde podem ocorrer fenocristais de
quartzo, feldspato, hornblenda ou mica. De maneira geral, os riolitos possuem granulação que
varia de fina a muito fina. Sua coloração é clara, esbranquiçada, cinzenta, esverdeada,
avermelhada ou castanha. A cor pode ser uniforme ou apresentar-se com faixas de tonalidades
diversas, devido a diferenças texturais entre as várias camadas. Geralmente apresentam
vesículas ou amídalas. O púmice ou pedra-pomes constitui uma variedade de riolito altamente
vesicular. A textura fluidal é comum nos riolitos, sendo algumas vezes muito evidente devido
a diferenças de granulação e coloração.

c) Granodiorito

O granodiorito forma intrusões plutônicas similares às do granito, diferenciando-se deste


na composição dos feldspatos. Nos granodioritos, os plagioclásios (oligoclásio até andesina)
predominam sobre os feldspatos alcalinos. O teor destes últimos não deve ultrapassar um
terço do total dos minerais feldspáticos. Quando o teor de plagioclásio é máximo no

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granodiorito, este recebe o nome de tonalito. Os equivalentes hipabissal e efusivo do


granodiorito são representados pelo microgranodiorito e pelo dacito, respectivamente.

d) Pegmatitos

Os pegmatitos são rochas de granulação muito grossa, consideradas, pela maioria dos
geólogos, como produtos finais de uma seqüência de eventos que ocorrem durante o
resfriamento e diferenciação de um magma ácido a subácido. Com o progresso da
cristalização de um magma granítico ou sienitico, os elementos mais raros concentram-se no
líquido residual, formado pela água e produtos voláteis. Neste liquido residual concentram-se
elementos mais leves (boro, lítio e berilo, entre outros), como também elementos mais
pesados (wolfrâmio, estanho, nióbio, tântalo etc.), cujos átomos são, respectivamente, muito
pequenos ou muito grandes para serem incorporados na estrutura cristalina dos principais
minerais formadores de rocha, Os pegmatitos formam depósitos de grande interesse
econômico e constituem a fonte de numerosos minerais raros, como turmalina, berilo e
topázio, entre muitos outros.

e) Aplito

Os aplitos são rochas eqüigranulares de granulação fina, que ocorrem como veios e diques
no interior dos corpos plutônicos e encaixantes. Embora possam derivar de diversos magmas,
ocorrem mais intimamente ligados aos magmas graníticos. Originam-se no estágio final da
evolução magmática de uma rocha plutônica. A composição mineralógica é ligeiramente mais
ácida do que a da rocha magmática, a que estão associadas. Os aplitogranitos são formados
essencialmente de feldspatos alcalinos, quartzo e, eventualmente, pequenas quantidades de
moscovita, turmalina, fluorita, topázio etc.

f) Sienitos

Os sienitos são rochas ígneas intermediárias, de composição semelhante à do granito,


porém sem ou com muito pouco quartzo. São rochas leucocráticas de coloração branca, cinza,
rosa ou vermelha, e de granulação variando de média a grosseira e textura holocristalina. A
forma hipabissal é representada por diques e sills de microssienito de granulação média e

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textura holocristalina, ocasionalmente porfirítica. O equivalente efusivo, denominado


traquito, é finamente granulado e de textura hialocristalina. Esta rocha é constituída
principalmente de feldspato alcalino e/ou plagioclásio sódico (albita ou oligoclásio),
associados com minerais escuros, freqüentemente biotita, hornblenda e piroxênio. O
monzonito é um sienito em que o teor de feldspato alcalino é aproximadamente igual ao
conteúdo de plagioclásio.

g) Dioritos

Os dioritos constituem rochas intermediárias formadas essencialmente por plagioclásio


(oligoclásio ou andesina) com um ou mais minerais máficos, como biotita, hornblenda, augita
ou hiperstênio. Juntamente com plagioclásio pode ocorrer feldspato alcalino até um terço do
conteúdo feldspático. O quartzo pode atingir até 10% no quartzodiorito. Entre os minerais
acessórios mais comuns ocorrem pequenos cristais de esfênio, magnetita, ilmenita e apatita.
A forma plutônica, conhecida pela designação de diorito, possui textura holocristalina,
eqüigranular e granulação grossa, embora às vezes exiba textura porfirítica, com fenocristais
de feldspatos ou hornblenda. Os minerais máficos são responsáveis pela coloração escura e
pelo caráter mesocrático da rocha.
A forma hipabissal, também mesocrática, possui textura holocristalina e granulação
média, sendo frequentemente porfirítica, com fenocristais de feldspato (hornblenda ou augita).
É conhecida pela designação de microdiorito, diferindo do diorito pela sua granulação mais
fina.
A forma efusiva correspondente ao diorito é denominada andesito. Trata-se de uma rocha
de textura hialocristalina, de granulação fina, em parte vítrea, muitas vezes porfirítica,
contendo fenocristais de plagioclásio (oligoclásio/andesina), hornblenda, augita ou placas de
biotita.

h) Gabro

É uma rocha ígnea cujo teor de sílica varia entre 45 e 55%. Compõe-se principalmente de:
plagioclásio (geralmente labradorita), piroxênio (augita e/ou hiperstênio) e freqüentemente
olivina. O quartzo pode estar ausente ou presente em pequenas quantidades como mineral

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acessório, ao lado de hornblenda, biotita, magnetita e ilmenita. A família dos gabros é


representada por formas intrusivas (plutônicas ou hipoabissais) e formas efusivas.
A forma plutônica holocristalina, eqüigranular de granulação grossa, recebe ó nome de
gabro. Além de formar stocks, o gabro ocorre em diques, sills e, mais raramente, em lopólito.
A textura ofítica é comum, enquanto que a porfirítica é rara. Apresenta coloração acinzentada,
variando do cinza-claro ao cinza-escuro, ou preta, com eventual tonalidade azulada ou
esverdeada (melanocrática). Com a diminuição ou o aumento de
minerais escuros, o gabro passa, aos poucos, a anortosito ou peridotito, respectivamente.
Quando o gabro contém sílica livre na forma de quartzo (no máximo até 10%), a rocha recebe
o nome de quartzo-gabro.
Quando a composição mineralógica é formada por mais de 90% de plagioclásios
(oligoclásio, andesina até bitownita), a rocha é referida como anortosito. Esta é leucocrática
de coloração variando do cinza ao branco. Entre os minerais acessórios citam-se piroxênio,
olivina e óxidos de ferro. O anortosito possui textura granular. Ás vezes apresenta
acamamento similar ao apresentado pelo gabro.

i) Diabásio

O diabásio é uma rocha escura (melanocrática), podendo apresentar, porém, coloração


cinzenta ou esverdeada e às vezes mosqueada de preto e branco. Mineralogicamente apresenta
composição similar à do gabro, isto é, constituído de plagioclásio (labradorita), augita e
óxidos de ferro. Alguns diabásios podem conter
quartzo (quartzo-diabásio), hornblenda ou biotita. O quartzo-diabásio é o equivalente
hipabissal do quartzogabro.
Os diabásios apresentam granulação média com textura ofítica e eventualmente
porfirítica. Os ocasionais fenocristais podem ser de olivina (olivina-diabásio) e/ou piroxênio
ou plagioclásio. Em alguns diabásios são encontradas vesículas e amídalas geralmente
preenchidas com minerais secundários.

j) Basalto

Os basaltos representam os equivalentes efusivos dos gabros e diabásios. Constituem as


rochas efusivas mais freqüentemente encontradas na parte superior da crosta terrestre: formam

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o fundo dos oceanos e ocorrem nos continentes, originando extensos planaltos basálticos. No
Brasil, ocorrem extensivamente nas bacias do Paraná e do Parnaíba. A quantidade de lavas
basálticas supera em muito o conjunto de todos os outros tipos de lavas.
O basalto, normalmente, constitui uma rocha melanocrática, densa, finamente granulada,
holocristalina ou hialocristalina. Ás vezes se apresenta porfirítica, com fenocristais tabulares
branco-cinzentos de plagioclásio, lustrosos de piroxênio ou esverdeados e com brilho vítreo,
de olivina. A massa fundamental consiste em plagioclásio (geralmente labradorita), piroxênio,
olivina e magnetita, além de diversos minerais acessórios.

k) Peridotito

O peridotito é uma rocha ígnea ultramáfica composta de olivina, piroxênio e/ou


hornblenda, sem ou com pouco feldspato, onde o mineral essencial é a olivina, ocorrendo, às
vezes como acessórios a cromita e a granada. A designação dunito refere-se à rocha formada
exclusivamente de olivina.
A coloração do peridotito varia de verde fosco a preto, e a do dunito de verde-clara até
escura, com manchas amareladas a castanhas.
O peridotito possui textura granular (média a grosseira). A textura poiquilítica ocorre
freqüentemente, enquanto que a porfirítica é muito rara. Ocorre em diques, sills e pequenos
stocks.

l) Piroxenito

O piroxenito é constituído predominantemente por clinopiroxênios ou ortopiroxênios.


Entre os minerais associados podem ocorrer: olivina, hornblenda, óxidos de ferro, cromita ou
biotita. Os feldspatos podem aparecer em pequenas quantidades ou estão ausentes. É uma
rocha de coloração verde, verde-escura até preta. A textura é granular (média a grosseira).
Ocorre na forma de pequenas intrusões (stocks ou diques) e como camadas individuais
dentro de seqüências diferenciadas do gabro.
As rochas ultramáficas (peridotitos, piroxenitos), via de regra, são de origem plutônica
profunda. Aquelas que se formaram na superfície foram extrudidas juntamente com magmas
basálticos.

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Fig. 2.13 – Diagrama para comparação visual de percentagem.

CAPITULO 3: PETROLOGIA SEDIMENTAR

3.1 Rochas sedimentares

Rochas sedimentares são aquelas originadas a partir da remoção, acumulação e


consolidação dos produtos resultantes da decomposição ou fragmentação de quaisquer rochas
preexistente, através dos agentes intempéricos, bem como da deposição de qualquer material
proveniente da atividade orgânica (animal ou vegetal) ou precipitação de soluções químicas.
Elas representam a ação dos processos geológicos naturais através dos tempos, e seu
estudo permite reconstituir os eventos da história geológica da Terra como, por exemplo,
determinar quais foram as condições paleoambientais, paleoclimáticas ou paleogeográficas
em que se deu a deposição das diversas seqüências de sedimentos.

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 Gênese

Para a formação das rochas sedimentares, geralmente são necessárias quatro etapas:
destruição das rochas preexistentes; transporte dos produtos resultantes dessa destruição;
deposição desses produtos numa bacia de sedimentação; transformação dos sedimentos soltos
em rocha compacta (diagênese).
a) Destruição das rochas preexistentes: essa destruição será efetuada através da ação
conjunta do intemperismo e da erosão;
b) Transporte dos produtos originados pelo intemperismo: os produtos originados pela
fragmentação e decomposição intempérica das rochas (fragmentos de rochas ou minerais e
compostos solúveis), bem como fragmentos de organismos mortos ou produtos de origem
orgânica, serão transportados pelos agentes externos como a água, o vento, as geleiras e a
gravidade;
c) Sedimentação: as partículas que foram transportadas mecanicamente sofrerão decantação e
serão acumuladas quando a velocidade do agente transportador diminuir, originando,
inicialmente, os depósitos sedimentares inconsolidados. Os compostos solúveis, transportados
em solução, sofrerão precipitação química, como conseqüência direta de alterações físico-
químicas do meio, ou indiretamente, através da atividade de organismos;
d) Diagênese: conjunto de processos que atuam após a deposição das partículas,
transformando-as em agregados naturais, denominados rochas sedimentares. Durante a
diagênese os principais processos que atual são a compactação e a cimentação.
d.1) Compactação: é a consolidação provocada pela pressão das camadas superiores,
ocasionando uma diminuição dos espaços vazios nos sedimentos.
d.2) Cimentação: é a percolação de soluções nos interstícios dos fragmentos e deposição da
substância que estava dissolvida, aglutinando (cimentando) as partículas. Nem sempre o
material cimentante provém da própria rocha. Os principais materiais cimentantes são:
carbonatos, sílica, óxido de ferro (limonita) e argila.
O material clástico procede diretamente do transporte dos produtos sólidos do
intemperismo das rochas preexistentes. Nas bacias de sedimentação, os depósitos químicos
formam-se pela evaporação ou precipitação dos sais solúveis provenientes da alteração
química das rochas da área-fonte. Os sedimentos orgânicos, por sua vez, derivam direta ou
indiretamente das atividades vitais dos animais ou plantas. Geneticamente, as rochas
sedimentares podem ser: residuais, detríticas, químicas ou orgânicas. Os sedimentos

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apresentam-se, inicialmente, como rochas incoerentes que se consolidam com o tempo, pela
ação de material cimentante.

3.2 Texturas sedimentares

A textura depende do tamanho, forma e arranjo das partículas que compõem um


sedimento. O exame da textura permite indicar se um sedimento é de granulação fina ou
grosseira e se os grãos são angulares, arredondados, polidos ou foscos. Através da análise da
textura podem-se obter informações a respeito das várias etapas da sedimentação. O tamanho
do grão relaciona-se com a energia ambiental e com o meio de transporte.
Nas rochas sedimentares são consideradas as texturas clásticas e as não clásticas,
sendo aquelas características dos sedimentos detríticos e as últimas, dos depósitos químicos.

 Texturas clásticas

Nestas texturas destacam-se os grânulos e a matriz. O tamanho da partícula é fundamental


para a classificação dos depósitos clásticos. Por exemplo, um arenito é constituído
predominantemente por fragmentos do tamanho dos grãos de areia (0,062 até 2 mm), ao passo
que um conglomerado é formado por partículas maiores.
A análise da distribuição da granulação de uma rocha sedimentar constitui um critério de
avaliação da capacidade e efetividade do transporte. A seleção dos tamanhos reflete as
condições de transporte, bem como certas particularidades ambientais. Fluidos
hidrodinamicamente normais (água corrente, ondas ou ventos) originam depósitos bem
selecionados. Fluidos mais densos ou viscosos (corridas de lama ou correntes de turbidez)
formam depósitos de maior irregularidade textural no que diz respeito à distribuição do
tamanho dos grãos.
A dimensão das partículas constitui igualmente um critério para avaliar a distância do
transporte ou a energia ambiental. As rochas mais grosseiras indicam geralmente maior
proximidade da área-fonte, enquanto que as mais finas sugerem maior distância. Dependendo
da quantidade de abrasão, os fragmentos de rochas e as partículas minerais podem ser
arredondados, subarredondados, subangulares ou angulares. Os sedimentos derivados da ação

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glacial ou da ação direta da gravidade são, via de regra, angulares, enquanto que as partículas
movidas pela água ou ventos se apresentam mais arredondadas.
A morfoscopia (arredondamento, esfericidade e textura superficial) é empregada
juntamente com outros caracteres de textura na descrição das rochas sedimentares, bem como
no estudo dos agentes geológicos e dos processos operantes no ambiente de sedimentação. Os
dados morfoscópicos constituem informações complementares que, isoladamente, não
resolvem os problemas genéticos das rochas sedimentares. Entretanto, quando utilizados em
conjunto com outros elementos texturais, estruturais e
estratigráficos, permitem melhor compreensão do ambiente de sedimentação e dos processos
operantes na área-fonte.

O grau arredondamento é função da agudeza das arestas e cantos da partícula,


independendo de sua forma. Indica a maior ou menor distância de transporte, e o rigor do
transporte. A forma mais simples e rápida de se determinar o grau de arredondamento de uma
partícula é através de comparação visual (Fig.3.1).

Fig. 3.1 – Grau de arredondamento de partículas

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O grau de esfericidade indica quanto a forma de uma partícula aproxima-se de uma esfera. A
comparação visual é a forma mais simples e rápida para a determinação desta grandeza (Fig.
3.2). O grau de esfericidade pode ser expresso pela seguinte fórmula:

Fig. 3.2 - Classes de arredondamento: a) muito angulosa; b) angulosa; c) sub-angulosa;


d) sub-arredondada; e) arredondada; f) bem arredondada. Adaptado de Powers (1953) e
Shepard (1973).

O grau de seleção de um sedimento refere-se a maior ou menor concentração de vários


tamanhos de partículas. A seleção constitui uma importante característica textural, pois pode
fornecer informações a respeito do transporte e do ambiente de sedimentação.
Um sedimento bem selecionado é formado predominantemente por um tamanho de
grão e indica um transporte considerável. Um sedimento pobremente selecionado compreende
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vários tamanhos de partículas e indica um transporte rápido e de pequena duração por fluidos
densos (corrida de lama). A ação glacial é igualmente incapaz de selecionar os diferentes
materiais, depositando simultaneamente partículas grosseiras e finas.

Tabela 3.1 - Escala granulométrica de Wentworth

 Texturas não clásticas

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As texturas não clásticas são características dos sedimentos químicos e diferem


notavelmente daquelas das rochas sedimentares clásticas. Assemelham-se, até certo ponto, às
texturas das rochas ígneas e metamórficas.
As texturas cristalinas são referidas de acordo com o tamanho dos cristais:
a) Macrocristalinas (acima de 0,75 mm);
b) Mesocristalinas (de 0,2 a 0,75 mm);
c) Microcristalinas (de 0,01 a 0,2 mm);
d) Criptocristalinas (abaixo de 0,01 mm).
Uma rocha sedimentar possui textura oolítica quando é constituída, em grande parte,
por oólitos. Estes são formas esféricas ou subesféricas, com diâmetro variando de 0,25 a 2
mm, de natureza acrescionária. Quando estas formas esféricas ou subesféricas possuem
diâmetro superior a 2 mm, são denominadas pisólitos e a textura é pisolítica.

3.3 Estruturas sedimentares

As estruturas sedimentares constituem os aspectos principais da organização interna da


rocha sedimentar. Dizem respeito às relações mútuas das suas partículas constituintes, sendo
melhor visualizadas em afloramentos do que em amostras de mão. As estruturas auxiliam, de
certo modo, a interpretação do ambiente de sedimentação. Muitas delas permitem determinar
o sentido das paleocorrentes, enquanto que outras possibilitam sugerir quais teriam sido as
condições paleoclimáticas da época de deposição.
As estruturas podem ser classificadas segundo vários critérios. Podemos tomar como
critério seu tamanho ou o tempo de sua formação, relacionando-as com as rochas que as
contêm ou, ainda, segundo sua origem. De acordo com o tamanho podemos considerá-las
como grandes, se são só visíveis no campo, ou pequenas, se visíveis em uma amostra. As
menores estruturas, que requerem a utilização de instrumentos ópticos para seu estudo, são
chamadas de microestruturas.
Quanto ao tempo em que foram formadas, elas podem ser singenéticas ou primárias
e epigenéticas ou secundárias. As primeiras são formadas durante a deposição ou pouco
tempo após a deposição do sedimento. As epigenéticas são formadas muito depois da
sedimentação.
Chama-se interface a superfície sobre a qual está se processando a sedimentação. Uma
rocha sedimentar possui, portanto, muitas interfaces que correspondem ás diversas fases em

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que esteve exposta antes de ser recoberta por camadas sucessivas de sedimentos. Muitas das
estruturas singenéticas formam-se sobre as interfaces de deposição.
A situação de tais estruturas em relação aos corpos litológicos pode ser interna ou
externa, segundo se localizem dentro da unidade litológica ou entre as unidades litológicas.
Finalmente, quanto á origem, elas podem ser classificadas em físicas, químicas ou orgânicas.

3.3 1 Classificação das estruturas sedimentares

 Estruturas sedimentares primárias (singenéticas)

a.1) Estratificação - um dos aspectos mais característicos das rochas sedimentares é sua
deposição em estratos ou camadas, umas sobre as outras. A estratificação é salientada pelas
diferenças de composição, textura, dureza, coesão ou cor, dispostas em faixas
aproximadamente paralelas. Algumas camadas não apresentam estratificação nítida. Ela pode
estar oculta e vir a ser realçada pelo intemperismo ou percebida pelo exame com raios X.
Outras vezes a estratificação está completamente ausente (estrutura maciça).

a.2) Estratificação cruzada - Consiste na disposição de estratos em ângulos diversos em


relação a um plano horizontal ou à inclinação original da rocha. É uma estrutura comum nas
rochas sedimentares, principalmente nas de granulação arenosa. Permite determinar, com
grande precisão, o sentido das paleocorrentes, isto é, a direção de transporte nos mares, rios e
desertos. A estratificação cruzada caracteriza muitas formações depositadas em ambiente
subaquático (por exemplo, Arenito Furnas) ou eólico (por exemplo, Arenito Botucatu) (Fig.
3.4).

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Fig.3.3 – Estratificação plano paralela em arenito.

Fig. 3.4 - Estratificação cruzada com indicação da direção da corrente.

a.3) Estrutura gradacional - Na estrutura gradacional verifica-se, numa mesma camada, uma
mudança progressiva da granulação do sedimento, de sorte que o tamanho do grão diminui de
baixo para cima até aumentar abruptamente na camada seguinte. Esta, por sua vez, apresenta a
mesma característica em relação à que se segue (Fig.3.5 e 3.6).
a.4) Imbricação - Nos depósitos rudáceos, com freqüência os seixos apresentarem
imbricação, isto é, orientarem-se com o eixo longo inclinando no sentido de onde vem a

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corrente. O estudo estatístico da imbricação permite determinar o sentido do transporte (Fig.


3.7).
a.5) Marcas ondulares - As marcas ondulares são produzidas por correntes (fluxos) de água
ou ar. Encontram-se principalmente em sedimentos arenosos e menos freqüentemente em
siltitos. Existem diversas formas de marcas ondulares, que estão condicionadas a vários
fatores, como velocidade das correntes, movimentos das ondas, suprimento e granulação dos
sedimentos e profundidade da água. Prestam-se para determinação da direção da corrente.
Podem ser simétricas (geralmente causadas por oscilação), ou assimétricas (correntes).

Fig. 3.5 - Estrutura gradacional. Fig. 3.6 - Estrutura gradacional.

Fig. 3.7 - Estrutura imbricada com indicação da direção da corrente.

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Fig. 3.8 – Fotografia e desenhos esquemáticos de marcas de onda.

a.6) Gretas de contração - As gretas de contração são abundantes em algumas seqüências


geológicas, como, por exemplo, nos siltitos da Formação Teresina. São freqüentes nos
depósitos síltico-argilosos e nos calcários e praticamente ausentes nos sedimentos arenosos. A
origem das gretas está ligada à perda de água pelo sedimento, o que ocasiona sua contração.
Elas são limitadas por polígonos irregulares (Fig. 3.9).

Fig. 3.9 – Fotografia e desenho esquemático de gretas de contração.

 Estruturas secundárias (epigenéticas)

b.1) Estruturas Deformacionais - Entre as estruturas deformacionais encontram-se as de


recalque, de carga ou aquelas desenvolvidas nos escorregamentos (camadas dobradas,
contorcidas, convolutas, falhadas e brechas). As camadas com estratificação contorcida ou
convoluta são, portanto, formadas por compressão durante os escorregamentos, ou pela ação
de sobrecarga ou recalque no sedimento.
Outras estruturas desenvolvem-se por tensão, como, por exemplo, a fragmentação, o
estiramento e o falhamento dos estratos.
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b.2) Diques clásticos - são corpos tabulares de material clástico, que cortam
discordantemente as camadas. Geralmente são constituídos de arenito. Como exemplo pode-
se citar os diques de arenito (Arenito Botucatu) cortando os basaltos do Grupo São Bento. A
areia, neste caso, veio de baixo para cima, tendo sido empurrada (injetada) através de
diáclases do basalto. Esses arenitos normalmente estão silicificados.

c) Estruturas Químicas - As estruturas deste tipo são freqüentes praticamente em toda


seqüência paleozóica do Brasil, onde ocorrem sob os mais diversos aspectos. De modo geral,
são consideradas epigenéticas ou secundárias, desenvolvidas, portanto, após a sedimentação.
Entre elas podem ser citados os nódulos e as concreções.

c.1) Nódulos - Os nódulos ocorrem em grandes quantidades em vários horizontes dos


folhelhos carbonosos e pirobetuminosos da Formação lrati. São irregulares e de tamanho
variado, sendo os mais comuns de 2 a 10 mm. Geralmente ocorrem paralelos à estratificação.
Os nódulos da Formação lrati são constituídos de sílex (Fig. 3.10).
c.2) Concreções - Diferem dos nódulos pelo seu tamanho (dimensões maiores) e pela
presença de estrutura interna. Suas formas são variadas, sendo mais comuns as esferoidais,
embora ocorram com relativa freqüência formas discóides. Os tamanhos também variam,
tendo sido observadas concreções na Formação lrati com até 50 a 60 cm de diâmetro. A
maioria das concreções possui estrutura interna concêntrica (Fig. 3.11).

Fig. 3.10 – Nódulo silicoso. Fig. 3,11 – Concreção de calcita com estrutura concêntrica

d) Estruturas de origem orgânica


Entre as estruturas de origem orgânica citam-se: perfurações por animais, pegadas, pistas,
coprólitos, várias modalidades de fósseis, bioturbações (estratificação irregular).

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3.4 Classificações das rochas sedimentares

As rochas sedimentares são classificadas em três grupos fundamentais: clásticas ou


detríticas, químicas e orgânicas ou organógenas.

 Rochas sedimentares detríticas

As rochas sedimentares detríticas ou clásticas são formadas por fragmentos de minerais


e/ou rochas, provenientes da fragmentação e decomposição de rochas preexistentes. De
acordo com os intervalos granulométricos, são divididas em três grupos: rudáceas
(grosseiras), arenosas e síltico/argilosas.

a.1) Rochas sedimentares rudáceas - As rochas sedimentares constituídas por fragmentos


grosseiros, de tamanho maior do que areia (>2mm), isto é, compostos de seixos ou blocos, são
referidas como rochas rudáceas. Nela os constituintes grosseiros são denominados
fenoclastos. De acordo com o grau de arredondamento destes, os depósitos rudáceos
subdividem-se em:
a.1.1) Brechas - rocha sedimentar rudácea com predomínio de fragmentos angulosos. Nas
brechas, o transporte foi pequeno ou praticamente inexistente. As acumulações de cascalho
residual nas vertentes ou os depósitos de talus no sopé dos terrenos íngremes, quando
litificados, constituem as brechas sedimentares, caracterizadas pela angulosidade dos
fragmentos constituintes. Os depósitos de cascalho residual ou de talus são característicos de
clima semi-árido, das regiões desérticas ou polares. As brechas também podem ser formadas
nos movimentos de massa causados pelos desmoronamentos subaéreos ou escorregamentos
subaquáticos em ambiente lacustre ou fluvial.
a.1.2) Conglomerados - rocha sedimentar rudácea com predominância de fenoclastos
subarredondados a arredondados. No conglomerado, os fenoclastos sofreram um transporte
subaquático apreciável. Consequentemente, os fragmentos encontram-se mais ou menos
desgastados e arredondados. Os conglomerados, via de regra, compõem-se de seixos mais
resistentes, capazes de se oporem aos impactos do transporte torrencial, ao longo dos rios, ou
à ação das ondas junto às costas. A ação das geleiras também origina depósitos rudáceos
contendo desde os fragmentos clásticos finos até matacões com mais de 1 m de diâmetro. São

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os depósitos característicos do avanço (morena basal, frontal ou lateral) e do recuo


(diamictitos) das geleiras.

a.2) Rochas sedimentares arenáceas - As rochas arenáceas são constituídas principalmente


por material clástico de tamanho "areia", entre 0,062 e 2 mm. Sua composição é variada, indo
desde os arenitos limpos (compostos de areia quartzosa) até
os impuros (wacke), nos quais a areia se encontra misturada com silte e argila. Os arenitos
limpos são, em geral, bem selecionados, podendo conter pequena quantidade de argila. Por
outro lado, os arenitos impuros, via de regra, são menos selecionados e constituem misturas
de material detrítico, muitas vezes de natureza heterogênea, envolvidos numa matriz de silte e
argila.
Os arenitos são formados em numerosos ambientes de sedimentação: marinho,
lacustre, praial,vestuarino, fluvial, eólico e periglacial. Quando, durante o transporte, as areias
são bem lavadas evselecionadas pelas correntes, formam-se arenitos limpos.

a.2.1) Arenitos - possuem coloração variada: geralmente são amarelados, avermelhados,


cinzentos,vcastanhos ou brancos. A granulação média constitui textura comum. Via de regra,
são bemvselecionados e apresentam-se bem estratificados, muitas vezes com estratificação
cruzada, marcasvde ondulação, concreções ou fósseis. O quartzo constitui o mineral principal,
podendo ocorrer,vigualmente, feldspato, mica ou outros minerais. Os grãos podem estar
cimentados por uma matriz argilosa ou por sílica, calcita ou óxido de ferro.
a.2.2) Arcósios - possuem granulação que varia de média a grosseira. São de coloração
branca, cinzenta,vrosada ou avermelhada. Sua textura mostra abundantes grãos angulares a
subangulares. Alguns sevapresentam estratificados. Contêm quartzo com 25 a 50% de
feldspato, além de biotita ou moscovita,ventre outros minerais. Os arcósios originaram-se da
desintegração dos granitos e gnaisse-granitos evforam depositados durante períodos de clima
semi-árido.
a.2.3) Grauvaca - Constitui uma rocha de coloração cinza até cinza-escura, formada por
grãos angulares. Apresenta com freqüência estrutura gradacional. Os grãos grosseiros
consistem em quartzo, feldspato e fragmentos de rocha. A matriz é muito fina.
a.3) Rochas sedimentares lutáceas (síltico/argilosas) - Entre as rochas sedimentares, os
depósitos lutáceos são os mais abundantes. Do ponto de vista granulométrico, constituem as
rochas clásticas mais finas, compostas de partículas de tamanho "silte" e

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"argila". Entre os produtos de alteração do intemperismo que ocorrem nos sedimentos finos
encontram-se o caulim, a montmorillonita, bem como bauxita e limonita. Entre os resíduos
inalterados do intemperismo aparecem grãos de quartzo, feldspato e mica. No ambiente são
formados minerais autigênicos, como calcita, calcedônia e pirita, entre outros. Alguns
depósitos são relativamente ricos em remanescentes orgânicos, os quais podem apresentar-se
na forma de: lama carbonosa, carapaças calcificas ou aragoníticas
de foraminíferos e estruturas silicosas (opala) das diatomáceas, dos radiolários e nas espículas
das esponjas.
a.3.1) Siltitos - os siltitos são rochas clásticas finas, com pelo menos 50% de partículas de
silte (0,004 a 0,062 mm). Apresentam-se, em geral, finamente estratificados, porém os
fenômenos de bioturbação podem obscurecer ou destruir a estratificação. Sua coloração pode
ser cinza, negra, castanha ou amarela. Devido à sua granulação fina, os minerais são
dificilmente percebidos. A mica pode estar presente em alguns estratos. É comum, nos
siltitos, a presença de nódulos, concreções ou fósseis.
3a.3.2) Argilitos e folhelhos - são rochas clásticas de granulação muito fina, formadas de
partículas menores do que 0,004 mm de diâmetro. Os folhelhos apresentam-se finamente
laminados, enquanto ue os argilitos mostram um aspecto maciço. Essas rochas consistem
numa mistura de minerais argilosos com grãos de quartzo, feldspato e mica. A coloração é
variável, branca, cinzenta, amarelada, avermelhada ou preta. Os folhelhos pretos são ricos em
material carbonoso ou betuminoso, e neles também é comum a ocorrência de pirita e gipso.
No Brasil, os folhelhos pirobetuminosos da Formação lrati representam uma reserva
considerável de combustíveis minerais.

 Rochas sedimentares químicas

As rochas sedimentares de origem química representam os produtos solúveis do


intemperismo, que foram transportados em solução e depositados diretamente nas bacias de
sedimentação, por processos físico-químicos tais como evaporação, precipitação, alterações
de pH, etc. A precipitação de soluções origina rochas de granulação muito fina. A evaporação
e a precipitação, via de regra, ocorrem em condições desfavoráveis ao bom desenvolvimento
de cristais. As rochas sedimentares químicas classificam-se em: silicosas, carbonatadas,
ferruginosas e evaporíticas (cloretos, sulfatos, carbonatos, boratos).

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a.1) Rochas silicosas - O sílex constitui um depósito de sílica finamente cristalizada ou


criptocristalina. Ocorre freqüentemente em nódulos ou concreções em rochas calcárias ou
dentro de outras formações. A origem da maioria das ocorrências de sílex é, sem dúvida, a
substituição de carbonato de cálcio por sílica.

a.2) Rochas carbonatadas - A precipitação química direta do calcário e do dolomito é


relativamente restrita. Parece que a maior parte dessas rochas esteve durante algum tempo
relacionada com atividades orgânicas. Em bacias fechadas e de alta salinidade depositam-se
os carbonatos, como, por exemplo, o calcário oolítico ou pisolítico. O enriquecimento ulterior
dos calcários em magnésio deve-se a reações de substituição posteriores à deposição.

a.3) Rochas ferruginosas - O ferro é o quarto elemento mais abundante na crosta terrestre e
muitas rochas sedimentares terrígenas contêm substancial quantidade de óxidos e silicatos de
ferro. Os sedimentos ferruginosos podem apresentar-se sob a forma de quatro tipos principais
de minerais: óxidos ou hidróxidos (goethita, hematita e magnetita), carbonatos (siderita),
silicatos (chamosita, greenalita, glauconita, estilpnomelano) e sulfetos (pirita e marcassita).
Mais de uma variedade de minerais podem ocorrer dentro de um único depósito, podendo
estar repetidas na sequência estratigráfica ou mostrar mudanças laterais de um tipo para outro.

a.4) Depósitos evaporíticos - os evaporitos são depósitos salinos formados principalmente a


partir da evaporação da água do mar em salinas marinhas, lagunas e mares reliquiares. As
condições mais propícias para sua formação são encontradas em locais com limitada
circulação de água e clima seco, onde a evaporação é maior que a precipitação.
Os depósitos sedimentares assim formados, denominados evaporitos, constituem cerca
de 3% do total das rochas sedimentares. A água do mar contém aproximadamente 34,5
gramas por litro de sais dissolvidos. Esses compostos dissolvidos vão ser precipitados na
ordem aproximadamente inversa da solubilidade dos sais a serem formados.
Quando a água normal do mar é concentrada por evaporação a aproximadamente 3,35
vezes a salinidade original (a 30°C), a gipsita (CaSO4.2 H2O) começa a se precipitar. A halita
(NaCl), que é um sal muito mais solúvel, inicia sua precipitação quando a água atinge cerca
de 1/10 do volume original. Os minerais menos solúveis são os primeiros a ser precipitados,
formando-se então os vários tipos de evaporitos. São formados principalmente depósitos de
carbonato, sulfatos, cloretos, boratos e fluoretos.

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 Rochas sedimentares orgânicas

As rochas sedimentares orgânicas originam-se direta ou indiretamente das atividades dos


organismos animais ou vegetais. Eles acumulam-se principalmente nos ambientes marinhos,
podendo, contudo, ocorrer igualmente em bacias terrestres de água doce. Classificam-se em:
calcárias, silicosas, fosfáticas e carbonosas.

a.1) Calcários - os calcários são rochas sedimentares que contêm mais de 50% de carbonato
de cálcio.
As impurezas incluem quartzo, argila, óxido de ferro e fragmentos de rochas, entre
outros materiais. Os vários tipos de calcários são classificados tendo por base a textura ou
qualquer outra propriedade significativa; por exemplo: calcário cristalino, calcário
microcristalino, calcário oolítico, calcário fossilífero, coquina etc. A coloração é variável:
branca, cinzenta, creme, amarelada, avermelhada, castanha ou preta. A textura pode variar de
granulação muito fina até grosseira, de aspecto sacaróide. Freqüentemente há estratificação,
bem como numerosos fósseis. O calcário é formado
essencialmente por calcita. A sílica está presente em forma de sílex finamente cristalizado,
formando estratos ou massas nodulares. O quartzo, silte ou argila ocorrem em quantidades
variáveis.

a.2) Silicosas - são rochas sedimentares formadas por restos ou fragmentos de organismos que
apresentam esqueleto ou carapaça silicosa. Como exemplos citam-se os diatomitos, formados
por carapaças de diatomáceas; espongólitos ou espongiolitos, formados pelo acúmulo de
espículas silicosas de esponjas;

a.3) Fosfáticas - os fosfatos sedimentares ocorrem em muitos folhelhos marinhos e em


depósitos continentais. A forma mais comum de fosfato sedimentar é o colofânio, que é uma
substância fosfatada criptocristalina. O cimento fosfático (quase todo criptocristalino) ocorre
em outras rochas fosfáticas ou rochas compostas de outros tipos de partículas. As partículas
fosfáticas apresentam-se como oólitos, pelotas (não fecais), pelotas fecais, materiais
bioclásticos e clásticos fosfáticos.

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a.4) Rochas sedimentares carbonosas - são rochas ricas em carvão, divididas em dois
grupos principais: 1) grupo húmico (série do carvão) e 2) grupo sapropelítico (rochas
oleígenas). O carvão é uma rocha sedimentar formada integralmente por processos
bioquímicos. Ele é originado por acumulação de detritos vegetais, sob condições anaeróbicas,
em regiões pantanosas. Os principais tipos de rochas carbonosas da série do carvão são: turfa,
linhito, hulha e antracito.

a.4.1) Turfa - é um sedimento de origem vegetal que se encontra nas formações sedimentares
de idade recente e continua em formação nos dias atuais. As turfas são sempre formadas de
plantas herbáceas (principalmente musgos e ciperáceas), mas também, às vezes, são
constituídas predominantemente de plantas lenhosas arborescentes, como acontece nos
pântanos da costa oriental dos Estados Unidos. As propriedades físicas e químicas das turfas
são muito variáveis. A densidade em geral é muito baixa (em torno de 1 g/cm3), e o teor em
carbono total varia entre 55% e 65% do peso seco. O teor de umidade varia de 65% a 90%. O
poder calorífico é baixo, sendo de
3.000 a 5.000 calorias/grama em estado seco.

a.4.2) Linhito - o linhito é um “carvão” acastanhado, encontrado em formações cenozóicas ou


mesozóicas. É formado de restos vegetais variados em que os fragmentos lenhosos
representam um papel importante. Distinguem-se das turfas pelo teor de celulose muito maior
nas turfas. A densidade do linhito situa-se entre 1,1 e 1,3 g/cm3. O teor de carbono total varia
entre 65% e 75% e o de água, entre 10% a 30%. O poder calorífico do linhito situa-se entre
4.000 a 6.000 calorias/grama.

a.4.3) Hulha - A hulha constitui o carvão negro encontrado em sedimentos do Paleozóico e


do Mesozóico Inferior. Ela é formada também por restos vegetais, cujas estruturas são
observáveis ao microscópio em pequenas partes em meio a um fundo desprovido de estruturas
reconhecíveis. A densidade da hulha é da ordem de 1,2 a 1,5 g/cm3. Seu teor em carbono total
varia de 75% a 90% com teores variáveis de matéria mineral. O conteúdo de água é da ordem
de 2% a 7%. No Brasil, a hulha é encontrada nos Estados sulinos, abrangendo principalmente
Rio Grande do Sul e Santa Catarina,
embora pequenas quantidades ocorram também no Paraná e em São Paulo. O poder calorífico
dos carvões brasileiros é da ordem de soco a 6800 calorias/grama.

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a.4.4) Antracito - Normalmente, a hulha e o antracito formam, em conjunto, o que é


conhecido sob o nome de carvão mineral. O antracito é um carvão com densidade entre 1,4
a1,7 g/cm3, com aspecto vítreo, de fratura brilhante e conchoidal, e com 90% a 93% de
carbono. Este carvão é pobre em voláteis e de poder calorífico superior a 8.000
calorias/grama. São raras as ocorrências de antracito no Brasil e provem em geral da
destilação da hulha do sul do país, devido a intrusões de diques e sills de diabásio.
Tabela 3.1 - Classificação das rochas sedimentares

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CAPITULO 4. ROCHAS METAMÓRFICAS

As rochas estudadas nos tópicos anteriores originaram-se, por diferentes processos, em


equilíbrio com as condições de pressão e temperatura reinantes durante sua formação. Estas
rochas, independente de sua origem e composição, podem ser submetidas a novas condições
ambientais (P, T), diferentes daquelas em que foram originadas. Em consequência dessas
novas condições de P e T e da ação de soluções químicas, ocorre uma série de reações entre
os minerais dessa rocha, além de recristalização, etc., que culminam com a formação de um
novo agregado mineral (nova rocha), em equilíbrio com as novas condições ambientais. Este
processo de transformação de uma rocha em outra é chamado de metamorfismo, e a rocha
resultante é denominada rochas metamórficas.
Portanto, rocha metamórfica é aquela que sofreu mudanças na sua constituição mineral
e na textura, em consequência de importantes transformações nos ambientes físico e químico
do interior da crosta, devido a altas temperaturas, grandes pressões e reações provocadas por
soluções quimicamente ativas.
Na maioria dos casos, o metamorfismo consiste numa recristalização parcial ou
completa da rocha, com formação de novas estruturas. Noutros casos, as mudanças são mais
profundas, formando-se novas estruturas, texturas e novos minerais. Em condições extremas,
a rocha metamórfica pode ser praticamente idêntica a uma rocha ígnea.

4.1 Ambiente metamórfico

Os processos metamórficos têm lugar no interior da crosta terrestre, onde as rochas


sólidas podem sofrer importantes transformações mineralógicas, devido a altas temperaturas,
a elevadas pressões e à ação de fluidos quimicamente ativos.

4.2 Agentes do metamorfismo

 Temperatura

Os principais agentes do metamorfismo são as altas temperaturas, grandes pressões e


ambiente químico reinante em grandes profundidades da crosta terrestre. Quando uma rocha é
submetida a mudanças por um ou mais de um desses fatores, sobrevêm perturbações no

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equilíbrio físico e químico de sua associação mineral. O estabelecimento de novo equilíbrio


resulta no metamorfismo da rocha. Através deste, os constituintes minerais são transformados
em outros mais estáveis sob as novas condições.
A temperatura constitui, provavelmente, um dos fatores mais importantes nos processos
metamórficos. Abaixo de 200° C, as reações são muito lentas; acima de 800 a 1.000° C, a
rocha funde.
Desse modo, o metamorfismo tem lugar entre as temperaturas de 200 e 1.000° C.
O calor pode ser fornecido pelo aumento natural de temperatura com a profundidade (grau
geotérmico) ou por câmaras magmáticas adjacentes às áreas de metamorfismo.

 Pressão

Quanto à pressão, dois tipos devem ser considerados. O primeiro deve-se ao próprio peso
do material sobrejacente, o qual, naturalmente, aumenta com a profundidade. A maioria das
rochas metamórficas forma-se a menos de 20 km de profundidade, isto é, a menos de 6.000
atmosferas de pressão. A ação do peso do material sobrejacente constitui a pressão uniforme
ou litostática.
O segundo tipo de pressão, denominado pressão dirigida (stress), deve-se aos esforços
tectônicos relacionados aos movimentos da crosta terrestre.

 Fluidos quimicamente ativos

Os fluidos desempenham papel importante no metamorfismo. As reações químicas só


podem ocorrer mediante solubilização parcial ou completa do mineral original, com formação
de nova espécie adaptada às novas condições físicas e químicas reinantes no ambiente de
metamorfismo.
O veículo das transformações químicas é a matéria liquida ou volátil que ocupa as fissuras
e todas as porosidades e interstícios das rochas. A água é, sem dúvida, o constituinte mais
importante, juntamente com outros produtos derivados das câmaras magmáticas. A presença
de fluidos nos poros das rochas determina a velocidade e a natureza do processo metamórfico.
Em grandes profundidades as ações da temperatura e da pressão acentuam a atividade das
soluções, produzindo metamorfismo por recristalização ou adição de material, com
desenvolvimento de novas estruturas.

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4.3 Texturas e estruturas metamórficas

As texturas das rochas metamórficas dependem da forma, do modo de crescimento e


arranjo mútuo dos seus minerais, enquanto as estruturas dependem das interrelações das
várias texturas dentro da rocha.
Para a designação de texturas metamórficas utiliza-se o termo blasto, como prefixo ou
como sufixo, para distingui-las das rochas ígneas.

 Textura cristaloblástica - relaciona-se principalmente com a recristalização da rocha.


Assim, ela pode ser idioblástica, quando os cristais apresentam faces bem
desenvolvidas, ou xenoblástica, quando não possuem faces definidas.
 Textura granoblástica – quando na rocha metamórfica predominam minerais
granulares eqüidimensionais. É a textura típica de quartzitos, mármores, granulitos,
etc.
 Textura porfiroblástica - é definida pela existência de cristais de grande tamanho
(porfiroblastos) disseminados numa matriz de granulação sensivelmente mais fina.
 Textura lepidoblástica - quando na rocha metamórfica predominam minerais
lamelares (filossilicatos) intercrescidos e homogeneamente orientados. Ocorre em
filitos, xistos, etc.
 Textura nematoblástica - predomínio de minerais aciculares (geralmente anfibólios)
homogeneamente orientados, como nos anfibolitos.
 Textura gnáissica ou granolepidoblástica - ocorre em rochas metamórficas com
bandas claras e escuras alternadas, como no gnaisse. As bandas claras, constituídas
principalmente de quartzo e feldspato, possuem textura granoblástica. Já as bandas
escuras, constituídas principalmente por biotita e hornblenda, possuem textura
lepidoblástica. A combinação desses dois tipos de textura é chamada gnáissica ou
granolepidoblástica, como no gnaisse.

 Estrutura xistosa - quando a rocha metamórfica apresenta camadas ou leitos em


faixas orientadas, formadas por minerais lamelares, prismáticos e aciculares (micas,
talco, clorita, anfibólio), facilmente cliváveis. Estes minerais, sob ação da pressão

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dirigida, dispõem-se em camadas de aspecto folheado, como nos xistos, filitos e


ardósia.
 Estrutura granulosa - deve-se à predominância de minerais eqüidimensionais
(quartzo, feldspato, calcita, etc.), sem orientação preferencial (mármores, quartzitos).
 Estrutura gnáissica ou granuloxistosa - é uma estrutura mista devido à alternância
de bandas xistosas e granulosas, às quais são diferentes tanto na composição mineral
quanto na textura (p.e. gnaisses).

4.4 Tipos de metamorfismo

De acordo com o ambiente e a predominância dos diferentes agentes de


metamorfismo, podem-se ter os seguintes tipos principais de metamorfismo: metamorfismo
de contato, metamorfismo dinâmico (cataclástico) e metamorfismo regional.

a) Metamorfismo de contato - Ocorre no contato entre grandes massas ígneas intrusivas e


rochas encaixantes, geralmente sedimentares. Há uma acentuada ação do calor sobre a rocha
encaixante (sedimentar) que, em consequência, recristaliza-se, exibindo novos minerais. O
amplo gradiente de temperatura, decrescente do contato intrusivo em direção à encaixante não
afetada pelo calor, origina uma auréola de rochas
metamórficas ao redor do corpo intrusivo, ou seja, o metamorfismo é mais intenso na zona de
contato entre o magma e a rocha encaixante, diminuindo com a distância do corpo ígneo. Os
derrames de lavas produzem ação de cozimento na parte superficial das rochas subjacentes.
Por exemplo, o Arenito Botucatu encontra-se cozido no contato com o derrame de lavas
basálticas da Bacia do Paraná.

b) Metamorfismo dinâmico - Ocorre ao longo de planos de falhas, em ambiente de


profundidade moderada, sob condições de alta pressão e baixa temperatura, onde as rochas
sofrem deslocamentos devidos aos poderosos movimentos da crosta. As tensões devidas às
pressões direcionais constituem os principais fatores que causam o fraturamento e a
fragmentação mecânica das rochas (cataclase), reduzindo-as, frequentemente, a pó (milonito).
Geralmente, no metamorfismo dinâmico ou cataclástico, não se formam novos
minerais, exceto ao longo dos planos de intenso cisalhamento, onde o atrito gera calor
suficiente para produzir transformações minerais de maior ou menor intensidade.

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c) Metamorfismo regional - É o metamorfismo que se processa em grandes profundidades


da crosta abrangendo grandes extensões, ao contrário dos metamorfismos de contato e
dinâmico que se restringem a áreas relativamente pequenas. Formam grande parte dos
escudos cristalinos.
O processo desenvolve-se numa faixa de temperatura de 200oC a 1.000o C e pressões
de até 10.000 Bars. Relaciona-se aos movimentos da crosta terrestre. Parte da pressão
envolvida no processo resulta de esforços direcionais (pressão dirigida).
A ação conjugada da temperatura e da pressão resultantes dos movimentos tectônicos
dá origem ao metamorfismo dinamotermal, característico das regiões dobradas dos grandes
cinturões orogênicos, onde se formam os xistos e gnaisses.

4.5 Principais rochas metamórficas

Ardósia - originada pela atuação de metamorfismo regional incipiente ou de baixo grau,


sobre rochas sedimentares síltico/argilosas. Possuem granulação fina e colorações
acinzentadas, esverdeada, azulada ou castanha. A ardósia apresenta pequeno grau de
recristalização e uma clivagem marcante, característica numa direção. Os planos de clivagem,
frequentemente, não coincidem com a estratificação original da rocha. Os fósseis, quando
presentes, encontram-se deformados.
Geralmente são encontradas nas ardósias pequenas palhetas de mica e lascas de
clorita, juntamente com quartzo, e quantidades menores de outros minerais. Porfiroblastos de
pirita são comuns.

Filito - os filitos formam-se sob condições de baixo grau de metamorfismo, porém mais
intensas do que aquelas que dão origem às ardósias. Possuem granulação fina ou média e
coloração geralmente acinzentada ou esverdeada, com brilho prateado (acetinado). São
compostos essencialmente de clorita e/ou moscovita. Com o aparecimento de finas camadas
quartzo-feldspáticas, os filitos passam gradualmente a xistos (micaxistos).
A xistosidade encontra-se bem desenvolvida devido à orientação paralela das pequenas placas
minerais. Frequentemente ocorrem pequenas dobras ou corrugações.

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Quartzito - os arenitos transformam-se em quartzitos tanto pelo metamorfismo de contato


como pelo regional. São encontrados em associações com outras rochas sedimentares e
metamórficas, como filitos, xistos e mármores.
Os quartzitos possuem, geralmente, coloração branca ou acinzentada, sendo a textura
granoblástica comum. A granulação varia de fina a grosseira. De um modo geral, apresentam-
se maciços. Durante o metamorfismo, certas estruturas sedimentares primárias, como
estratificação ou camadas gradacionais, podem ser preservadas.
Compõem-se essencialmente de grãos de quartzo intercrescidos. Pequenas quantidades
de feldspato ou mica são evidentes. O Itabirito é uma variedade de quartzito com grande
quantidade de hematita. Apresenta-se lamelar, com camadas alternadas de quartzo e hematita.
No Pré-Cambriano brasileiro são numerosas as ocorrências de quartzitos em muitas linhas de
serra (Espinhaço, MG; Jacobina, BA; Bocaina, PR, entre outras).

Mármores - os mármores derivam dos metamorfismos regional e de contato em rochas


calcárias. Encontram-se associados a quartzitos, filitos e muitos tipos de xisto. A granulação
varia de média a grosseira, tendendo a equigranular, muitas vezes de aspecto
sacaróide. As estruturas sedimentares originais podem ser preservadas. Contudo, geralmente
se apresentam maciços, embora, muitas vezes, mostrem acamamento ou faixas que
comumente correspondem às antigas estruturas primárias.
Nos terrenos que sofreram baixo grau de metamorfismo, os fósseis podem ser
abundantes; porém, com o incremento da recristalização, eles são destruídos. A xistosidade ou
clivagem é rara nos mármores puros.
Os mármores possuem cor branca, amarelada, vermelha, rosa, preta e esverdeada,
entre outras. A coloração pode ser uniforme ou distribuída em faixas de diferentes
tonalidades. São compostos essencialmente de calcita e/ou dolomita. Se a rocha original
continha areia, silte ou argila, o mármore resultante pode conter flogopita, diopsídio,
tremolita, grossulária, olivina e serpentina, entre muitos outros minerais. Estes conferem ao
mármore o aspecto atrativo e decorativo devido às inúmeras variações de coloração e
tonalidade.

Xistos - resultam de um grau pouco mais elevado de metamorfismo do que o dos filitos. São
formados a maiores temperaturas, a partir de diversos tipos de rochas originais, sedimentares
ou ígneas. Caracterizam-se pelo arranjo paralelo dos constituintes minerais e pela esfoliação

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pronunciada. Diferenciam-se dos filitos pela textura mais grosseira e pela tendência a
apresentar clivagem ondulada. As placas dos minerais micáceos mostram nítido alinhamento
ao longo da superfície de xistosidade. Os xistos das regiões intensamente deformadas
apresentam várias direções de xistosidade, sendo que a mais nítida delas se relaciona ao
último episódio de metamorfismo regional.
A clorita-xisto possui, geralmente, coloração esverdeada, às vezes acinzentada. Trata-
se de uma rocha de granulação fina a média, com xistosidade bem desenvolvida. A clorita
constitui o mineral essencial. Ocasionalmente, ocorrem porfiroblastos de albita.
O sericita-xisto e o moscovita-xisto constituem tipos de rochas de coloração cinzenta
ou esbranquiçada, de granulação fina, média ou grosseira. Ambos apresentam xistosidade
bem desenvolvida. O mineral dominante é a mica branca. Quando ela se apresenta finamente
granulada, denomina-se sericita, e a rocha, sericita-xisto. Quando a mica é mais grosseira, a
rocha é conhecida como moscovita-xisto.
A biotita-xisto é uma rocha de granulação fina, média e grosseira, geralmente de
coloração castanha ou preta. A xistosidade, bem desenvolvida, é o resultante da orientação
paralela ou subparalela das palhetas de mica. A biotita constitui o mineral predominante,
sendo facilmente reconhecida pelo seu aspecto característico. A clorita, a moscovita, o
quartzo e o feldspato podem ocorrer em proporções variáveis. O biotita-xisto origina-se de
sedimentos argilosos (pelíticos) metamorfisados, constituindo rochas comuns na maioria dos
terrenos cristalinos.

Gnaisses - formam-se sob condições de temperaturas e pressões bastante elevadas. Originam-


se nas regiões mais quentes do metamorfismo regional. Trata-se de rochas de granulação
variando de média a grosseira, de aspecto bandado, com os componentes minerais segregados
em bandas escuras e claras. As bandas consistem em alternâncias de minerais xistosos
(moscovita, biotita, hornblenda e, ocasionalmente, piroxênio) e minerais granulosos (quartzo
e feldspato). Além dos minerais mencionados, podem ocorrer quaisquer minerais de
metamorfismo elevado.
Em graus mais elevados de metamorfismo, a rocha encontra-se próxima ao ponto de
fusão. Nessas condições, podem recristalizar-se livremente e produzir as texturas
características dos gnaisses.
Os gnaisses ocorrem associados com migmatitos e granitos nas regiões centrais dos
cinturões metamórficos. Muitos corpos gnáissicos são atravessados por veios graníticos ou

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pegmatíticos. O augengnaisse contém grandes porfiroblastos lenticulares de feldspato ou de


agregados de feldspato e quartzo.

Migmatitos - são rochas mistas constituídas por um componente antigo (hospedeiro),


geralmente xisto ou gnaisse, e um componente granítico. Este forma camadas, bolsões ou
veios, ou então se encontra distribuído uniformemente nas rochas como porfiroblastos de
feldspato ou agrupamentos de feldspato e quartzo (granitização).
Se a granitização é muito intensa, a rocha pode assemelhar-se a um granito em sua
composição, porém as estruturas originais, como camadas, dobras etc., podem ainda ser
percebidas (estruturasfantasma).
Os quartzitos, anfibolitos e rochas calcárias resistem à granitização e formam massas
isoladas no interior do migmatito. Os veios ptigmáticos constituem prova de que a rocha,
durante o processo metamórfico, possuía certa plasticidade.
O componente xistoso ou gnáissico dos migmatitos possui coloração escura, enquanto
que a parte granítica é de cor esbranquiçada, rosada ou cinzenta. Os migmatitos apresentam
granulação média a grosseira, possuem xistosidade e textura gnáissica.
A porção escura dos migmatitos é formada por minerais próprios dos xistos e gnaisses.
A parte clara é composta essencialmente por feldspatos alcalinos e quartzo.

Granulitos - constituem rochas de composição variável. São considerados como derivados de


metamorfismo de rochas quartzo-feldspáticas. Possuem coloração clara, com xenoblastos de
feldspatos e grãos de quartzo. Contêm, não raro, abundantes cristais de piroxênio e granada.
Apresentam textura típica de gnaisse granuloso, com estrutura em faixas devido ao
alongamento dos grãos de quartzo e à alternância de minerais de composição diferente
(leptinito). A composição química dos granulitos é semelhante à dos granitos ou dos arenitos
feldspáticos.
Originam-se do metamorfismo de alto grau em rochas sedimentares (arcósios, arenitos
feldspáticos e folhelhos) ou rochas ígneas (granitos e gabros com intercalações sedimentares).

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REFERNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

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