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Análise e Criação

de Poesia
Universidade do Estado do Rio de Janeiro- UERJ
Instituto de Letras- ILE
Setor de Teoria da Literatura
Materiais para ensino de literatura- 2019.1 Turma 2
Alunas: Alice Araújo da Silva e Ana Emanueli Lopes
“Como toda obra de arte, o poema tem uma unidade, fruto de
características que lhe são próprias. Ao analisar um poema, é possível
isolar alguns de seus aspectos, num procedimento didático, artificial e
provisório. Nunca se pode perder de vista a unidade do texto a ser
recuperada no momento da interpretação, quando o poema terá sua
unidade orgânica restabelecida.”

Versos, Sons e Ritmos- Norma Goldstein


“Cabe ao leitor ler, reler, analisar e interpretar. Ao analisar, é mais simples
começar pelos aspectos mais palpáveis do poema, aqueles que saltam aos olhos -
ou aos ouvidos. A seguir, é preciso estabelecer relações entre os diversos aspectos
do texto para tentar interpretá-lo. Não há "receitas" para analisar e interpretar
textos, nem isto seria possível, dado o caráter particular e específico de cada
criação de arte. O próprio texto deve sugerir ao estudioso quais as linhas de seu
trabalho. Mas, de certo modo, é possível pensar-se em "técnicas" de análise que
seriam uma espécie de auxiliar para o trabalho com texto.”

Versos, Sons e Ritmos- Norma Goldstein


“Como "tecido de palavras" o poema pode sugerir múltiplos
sentidos, dependendo de como se perceba o entrelaçamento dos fios
que o organizam. Ou seja: geralmente, ele permite mais de uma
interpretação. Dada a plurissignificação inerente ao poema, a soma
das várias interpretações seria o ideal.”

Versos, Sons e Ritmos- Norma Goldstein


Justificativa do Corpus
Durante o curso aprendemos, em diferentes textos, que a literatura deve ser algo que
instigue a curiosidade do aluno e que lhe dê prazer, não deve ser apenas uma matéria pela
qual ele passa e precisa se esforçar para obter pontos. Resolvemos escolher uma autora
fora do que conhecemos como cânone para mostrar que existem outros modos de escrever
e pensar o mundo e que não são apenas as construções de Machado ou José de Alencar que
merecem ser estudadas. Também pensamos em que essa pessoa fosse mulher e negra para
reafirmar as grandes discussões que temos na atualidade e mostrar que ela merece seu
lugar de destaque, como todos os outros, e que suas obras podem e devem ser estudadas e
analisadas. Pensamos também que talvez esse seria um modo de despertar a curiosidade do
aluno pela leitura.
Metodologia do trabalho

Escolhemos a poeta brasileira Miriam Alves e o poema principal


será o Pedra no cachimbo e a iremos aplicar a interpretação textual
e alguns aspectos que envolvem a própria estrutura do poema. Para
tanto dividimos a proposta de aula em 3 partes.
1ª. Apresentação da autora e dos poemas
● Aqui imaginamos que seria relevante apresentar um pouco da história
da autora Miriam Alves e sua trajetória nesse mundo literário. Após
situar nossos alunos pretendemos trazer alguns exemplos de poemas
escritos por ela e por fim apresentar aquele que será o corpus da
abordagem.
Miriam Alves é uma poeta, dramaturga e
prosadora brasileira, nascida em São Paulo, em 1952.
Publicou os livros de poemas Momentos de Busca
(1983), Estrelas nos Dedos (1985), a peça Terramara
(1988), em coautoria com Arnaldo Xavier e Cuti, o livro
de ensaios Brasilafro autorrevelado (2010) e a coletânea
de contos Mulher Mat(r)iz (2011). Integrou o
movimento Quilombhoje Literatura de 1980 a 1989, e
foi escritora visitante na Universidade do Novo México,
na Escola de Português de Middelbury College em
2010, nos Estados Unidos, e participou de debates sobre
a literatura afrobrasileira e feminina nas Universidades
do Texas, na Universidade do Tennessee e na
Universidade de Illinois.
2ª. Leitura Individual e Separação em grupos para discussão

● Primeiro apresenta-se uma breve teoria sobre estrutura de poema.

● Proporcionar um momento para que o aluno leia individualmente o texto e


assim solicitamos que ele marque suas primeiras impressões.

● Separação em grupos para a discussão onde eles chegariam a um consenso de


interpretação e assim dividiriam suas primeiras impressões com a turma.
3º. Montagem do projeto
● Terminada essa leitura compartilhada pensamos em levar a teoria do que é o
poema segundo o que se dizem alguns fragmentos do livro Versos, sons e
ritmos de Norma Goldstein e seria papel do professor criar essa parte de
modo que ficasse mais didática para o aluno.
● Por fim a sugestão é que os alunos produzam diferentes tipos de poesias, mas
que tivessem em comum o fato de conversarem com a temática social que
eles vivem e dialogassem com sua realidade.
A pedra quando chega é demo-crática
Pedra no acerta brancos negros pobre e ricos
cachimbo Mas os poderes públicos só se
sensibilizam
A pedra quando chega acerta
quando a pedra no cachimbo acerta
acerta bem no meio dos meus sonhos
a vidraça das coberturas dos jardins
bem nos olhos da esperança
à beira-mar
e cega
E ameaça transbordar
a pedra quando chega
somando todas as lágrimas de verdes
é fumaça em cachimbos improvisados olhos
é cinco segundos de noia eufórica aos das piscinas de sonhos
fúria em descontrole senhoriais.
Referências:
http://www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/348-miriam-alves

http://files.letrasunip2010.webnode.com.br/200000007-cb601cbb90/Livro%20Ve
rsos,sons%20e%20ritmos.pdf

http://revistamododeusar.blogspot.com/2014/01/miriam-alves.html

http://www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/24-textos-das-autoras/985-miriam-alv
es-pedra-no-cachimbo

https://docs.google.com/document/d/1fd1HZNs2cYG_v5tH5S8t_Qhx0-vc2Keuv
ql8irQQcFo/edit

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