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Os Invasores da

7 Grande Tumba
Ilustrações por so-bin
Aviso Legal:
Obra foi traduzida e revisada de fã para fã. Não venda, ou ganhe dinheiro sobre o traba-
lho de outrem.
Se puderem contribuir com a obra do autor, o faça!

Sobre:
Assim como o anime, a obra tem muitos termos em inglês para diversas armas, itens e
etc...
Tentei deixar isso, mas as vezes tem que generalizar, já que é maçante saber o que era
realmente para ser em inglês, ou não ser.
EX:
-O Ainz se refere a ele como “Magic Caster” e não “Mahou...” alguma coisa.
Porém, algumas ressalvas:
-Alguns sistemas de magias e artes marciais são escritos japonês, alguns eu mantive ro-
majizados, outros ficaram em português.
-Armas e armaduras têm nomes misturados, uns são em inglês, outros em japonês. Por
ser bem difícil de verificar um por um, deixei tudo em inglês;
-Algumas equipes de aventureiros têm nomes em inglês, outras em japonês, neste caso
depende. Umas eu deixei em inglês (pois foram escritas com essa intenção) e outras em
português.

Tentei remover o máximo possível de erros de português e concordância. Mas sou ape-
nas um e com certeza falhas podem acontecer. E claro, não sou especialista na língua
portuguesa para tal nível de proficiência linguística.
Se encontrarem algum erro, sintam-se à vontade para entrarem em contato :)

Créditos e Agradecimentos:
Créditos:
ainzooalgown-br.blogspot.com
Base:
Inglês - skythewood.blogspot.com
Referência de nomes:
Wikia - overlordmaruyama.wikia.com

Atenção: Se baixou este arquivo de outro link que não o oficial do blog. Ou se tem muito
tempo que baixou e deixou guardado, que tal dar uma conferida no blog? Talvez esta seja
uma versão desatualizada :)

Revisão: 3.1 | Versão: 4.8


Sumário
Prólogo........................................................................................................................................................... 5
Capítulo 01: Convite Para a Morte ............................................................................................19
Parte 1 .................................................................................................................................................................................... 20
Parte 2 .................................................................................................................................................................................... 31
Parte 3 .................................................................................................................................................................................... 57
Capítulo 02: Borboleta Presa na Teia de Aranha ..............................................................71
Parte 1 .................................................................................................................................................................................... 72
Parte 2 .................................................................................................................................................................................... 99
Parte 3 ................................................................................................................................................................................. 115
Parte 4 ................................................................................................................................................................................. 133
Capítulo 03: A Grande Tumba ................................................................................................. 147
Parte 1 ................................................................................................................................................................................. 148
Parte 2 ................................................................................................................................................................................. 161
Parte 3 ................................................................................................................................................................................. 188
Interlúdio ................................................................................................................................................. 205
Capítulo 04: Punhados de Esperança ...................................................................................... 211
Parte 1 ................................................................................................................................................................................. 212
Parte 2 ................................................................................................................................................................................. 250
Parte 3 ................................................................................................................................................................................. 259
Parte 4 ................................................................................................................................................................................. 266
Epílogo ...................................................................................................................................................... 282
Posfácio .................................................................................................................................................... 288
Ilustrações ................................................................................................................................................ 291
Glossário .................................................................................................................................................. 311
-Volume 07-
Os Invasores da Grande Tumba

Autor:

Maruyama Kugane
Ilustrador:

so-bin
Prólogo
o Andar inferior da Grande Tumba de Nazarick, no coração do 10º Andar, o

N
ar do Salão do Trono — que estava adornado com 40 bandeiras — estava
cheio de um ardor silencioso.

As filas silenciosas de vassalos curvaram-se profundamente em direção ao


trono para mostrar sua lealdade.

Suas fileiras estavam cheias de formas desumanas. Assim como os Guardiões de Andar,
todos os NPCs que tinham sido feitos a mão pelos 41 Seres Supremos juntamente com os
vassalos diretos dos Guardiões de Andar estavam reunidos neste lugar. Havia facilmente
mais de 200 deles aqui, e esta foi a primeira vez que muitos foram reunidos neste lugar
desde a sua chegada a este novo mundo.

No entanto, havia uma grande diferença entre esta ocasião e a anterior. Os vassalos reu-
nidos aqui não eram os rostos usuais, mas todos eles eram entidades poderosas e de alto
nível. Em média, cada um deles estava acima do nível 80.

Shalltear Bloodfallen — Guardiã do 1º ao 3º Andar — era tipicamente ajudada por suas


Vampire Brides. Hoje, no entanto, ela estava acompanhada pelos seres undeads de mais
alto nível que haviam sido concedidos a ela. Além disso, até Mare — um dos Guardiões
do 6º Andar — havia trazido os dois Dragões que estavam diretamente subordinados a
ele e Aura, eles nunca haviam saído de seu Andar antes. Esses Dragões só poderiam ser
obtidos no gashapons da loja de cash — com uma taxa de drop extremamente baixa — e
eles estavam perto do nível 90.

Entre esses vassalos cuidadosamente selecionados, um grupo estava separado do resto.

Eles eram um grupo de undeads que estavam abaixo das outras entidades presentes. Se
muito, eles estavam no nível 40, sua força numérica estava na casa dos 100 indivíduos.
Eles foram ordenados em fileiras separadas das 200 entidades mencionadas anterior-
mente.

Esses undeads deveriam ter ocupado lugares nos fundos desse domínio sagrado ao se-
rem aqui convocados, atrás das fileiras dos outros vassalos. No entanto, eles foram for-
mados em fileiras, e já as entidades chefes ocuparam posições que estavam ainda mais
próximas do trono — a proximidade do trono sendo uma indicação de status — até que
chegasse aos Guardiões de Andar.

Havia uma explicação perfeitamente razoável para esse tratamento que seria conside-
rado irracional para seres undeads.

Isso porque esses undeads eram as criações pessoais do governante da Grande Tumba
de Nazarick, Ainz Ooal Gown. Eles não podiam ser menosprezados.

Todos os presentes aqui eram subordinados de Ainz, e ninguém duvidaria de sua abso-
luta lealdade à guilda Ainz Ooal Gown. Havia também uma hierarquia clara entre eles.
Naturalmente, os mais bem posicionados eram os NPCs que haviam sido criados pesso-
almente pelos Seres Supremos, e entre eles, os Guardiões de Andar que haviam recebido
pesadas responsabilidades, portanto estavam no ápice daquele grupo.

Atrás dos NPCs estavam os monstros criados naturalmente (POP), ou monstros convo-
cados através do sistema mercenário de YGGDRASIL — os vassalos. Seu status era deter-
minado por seu poder e por seus deveres designados, mas eram todos formados em fi-
leiras, sem levar em conta seus andares de origem.

Nesse caso, onde os undeads criados por Ainz-sama devem ser colocados?

Esta questão perturbou a Supervisora Guardiã, Albedo. Ela não sabia se devia ou não
lhes conceder o mesmo status que os NPCs.

Quando ela perguntou a Ainz, ele riu e declarou que seria bom colocá-los na posição
mais baixa.

A capacidade do Ainz de criar undeads tinha um número limitado de usos em um dia,


mas não havia custo monetário necessário para usá-la. Em comparação, os vassalos de
alto nível que os Guardiões haviam trazido eram seres criados através do sistema mer-
cenário de YGGDRASIL e exigiam gastos em moeda do jogo ou dinheiro real. Os primeiros
poderiam ser criados novamente de graça se fossem destruídos, mas o dinheiro gasto
com o último seria desperdiçado se eles morressem. Portanto, para Ainz, os undeads que
ele criou — mesmo exigindo cadáveres, ainda eram gratuitos — eram mais baratos que
os seres que nasceram através do uso do dinheiro.

É claro que esse era o ponto de vista de Ainz, e não o dos seus leais subordinados. Albedo
foi levada às lágrimas depois de ouvir a decisão de seu mestre magnânimo, mas ela não
pôde responder: “Eu entendo”. Ela agonizou sobre o problema por meio dia, e então fi-
nalmente decidiu romper com a tradição, alinhando os undeads em fileiras, encobrindo
assim o problema.

Sentado no trono, a posição mais alta dentro deste salão, Ainz olhava para os vassalos
— que Albedo tinha gasto tanto esforço em organizar — e falou com eles como se esti-
vesse dando uma revelação. Não, para aqueles que juraram fidelidade a ele, as palavras
de Ainz eram nada menos que a vontade dos deuses manifestada.

♦♦♦

“Para começar, agradeço a todos por suas longas horas de coleta de informações. Sebas,
Solution, trabalharam bem.”

Ainz olhou para baixo sobre as duas pessoas se curvando diante dele e assentiu em sa-
tisfação. No entanto, o problema foi o que veio a seguir. Era muito difícil para um mero
assalariado imitar o comportamento de um governante, e Ainz sentiu-se esmagado pela
pressão. Ele viu seus inúmeros subordinados ante dele. E seus olhos brilhavam com res-
peito e adoração.

Seu estômago supostamente inexistente se contorcia de dor, e seu coração — que deve-
ria estar igualmente ausente — pulsava dentro de seu peito.

No entanto, isso durou apenas um momento. O intenso desejo de fugir deste lugar com
toda a sua força foi suprimido pela supressão emocional que era uma característica es-
pecial de seu corpo.

Ainz finalmente sentiu que poderia desempenhar o papel de um governante apropriado,


e ordenou:

“Vocês dois, venham diante de mim.”

O par convocado subiu como um. Eles se moviam em perfeita harmonia com os degraus
diante do trono, como se tivessem ensaiado isso antes. Então pararam diante de Albedo,
que estava de frente e ao lado de Ainz.

Os dois então se ajoelharam mais uma vez, com movimentos perfeitamente coordena-
dos.

“Levante suas cabeças. Por seu desempenho exemplar, eu lhe concederei uma recom-
pensa.”

Ainz olhou para Sebas.

“Sebas, quando você implorou por misericórdia em nome de Tsuare, eu estendi minha
proteção para pagar uma dívida. Não tem nada a ver com o seu desempenho no trabalho,
então eu lhe concederei o que desejar. Venha, me diga o que você quer.”

Elogiar os subordinados diante de um público estimularia outros a trabalhar mais. Isso


era provavelmente porque os prêmios de departamento e similares eram dados com to-
dos os trabalhadores reunidos. Quando os subordinados trabalhavam com paixão na es-
perança de serem elogiados da mesma forma, isso melhoraria o desempenho da organi-
zação. Assim, Ainz fez uso de sua experiência de trabalho e reuniu muitos de seus subor-
dinados no Salão do Trono exatamente para esse propósito.

No entanto, isso também representava um grande risco. Ainz teve que agir como um
bom mestre diante de seus muitos subordinados, mostrando seu encanto (carisma)
como um governante. Esta era uma tarefa árdua para um mero assalariado. No entanto,
ele era o último membro remanescente na Grande Tumba de Nazarick, então ele teve que
superar este julgamento.

Eu preciso recompensar a lealdade dos NPCs.


Quando essa determinação de ferro cresceu no coração de Ainz, o bigode de Sebas es-
tremeceu.

“Dedicar este corpo para servir-lhe já é minha recomp—”

De fato, eles são realmente subordinados leais. Mas, ao mesmo tempo, isso coloca muita
pressão em mim...

“—Basta. É responsabilidade do mestre recompensar o bom desempenho de seus su-


bordinados. Eu gostaria que você soubesse que, às vezes, a falta de desejo dos subordi-
nados às vezes desagrada um mestre.”

“Sim! Por favor, perdoe seu humilde servo! Sendo esse o caso...”

Sebas fez uma pausa para pensar por alguns segundos e depois disse:

“Eu gostaria de receber roupas e necessidades diárias para o uso de Tsuare, a humana
que o senhor tão graciosamente colocou sob minha responsabilidade, Ainz-sama.”

“...Eu posso lhe dar roupas e acessórios do meu inventário pessoal.”

Em YGGDRASIL, uma vez perdida a chance de adquirir itens de disponibilidade limitada


ou roupas feitas pelo jogador, as chances de poder obtê-las novamente no futuro eram
muito baixas. Portanto, ele havia comprado toda e qualquer roupa que chamava sua aten-
ção sem hesitar. Ainz não foi o único que fez isso — todos os seus amigos tinham as mes-
mas tendências. Não, com toda a probabilidade, qualquer jogador faria isso.

Peroroncino, o membro da guilda que criou Shalltear, tinha algo a dizer sobre esse tipo
de tendência: “É como se fosse pornô que você gosta, basta salvá-lo imediatamente e se
preocupar em usá-lo mais tarde”. Depois disso, ele acrescentou: “Embora, eu não tenha
idéia de em qual pasta eles estão salvos.”

Na verdade, ele estava correto. Ainz tinha comprado uma vasta quantidade de roupas,
tanto masculinas quanto femininas, mas ele só guardou e nunca usou. Desde então, só
serviram para ocupar espaço em seu guarda-roupas, então seria mais sensato fazer uso
delas.

Ainz pensou nas variedades de roupas que havia comprado. As roupas de YGGDRASIL
eram amplamente bem trabalhadas em design, mas deve haver algo adequado para Tsu-
are.

“Não, não há necessidade de incomodá-lo para fazer isso, Ainz-sama. A Tsuare certa-
mente aprecia sua generosidade; mas isso seria pedir demais.”

“Mesmo... tudo bem, então. Porém, quanto às roupas...”


Este foi um problema complicado para Ainz, que nunca havia comprado roupas de mu-
lher antes. E se eles sentissem que ele tinha mau gosto? Ele poderia acabar por torpedear
a opinião coletiva que as damas de Nazarick tinham dele.

“Posso contar com a Narberal para essa tarefa? Eu não poderia incomodar-lhe, o sobe-
rano de Nazarick, com um assunto tão trivial, Ainz-sama.”

Sebas provavelmente não sentiu o desconforto de Ainz, mas sua sugestão tinha sido de
grande ajuda para Ainz.

“...Narberal, você se importaria?”

Ao ouvir a voz de Ainz, um dos NPCs imóveis abaixo dele inclinou a cabeça profunda-
mente.

“Muito bem, Sebas. Eu vou deixar a Narberal lidar com essa tarefa. Além d—”

Ainz sorriu timidamente. Claro, seu rosto não se mexeu; foi apenas implícito.

“Você também pode fazer compras junto com a Tsuare. Considere isso como um encon-
tro.”

Ainz já tinha ouvido falar sobre as coisas entre Sebas e Tsuare da Empregada Chefe.
Mesmo um relacionamento físico ainda não tendo começado, Demiurge havia dito que
era apenas uma questão de tempo.

Falando nisso, por que o Demiurge disse que uma relação física entre o Sebas e a Tsuare
era uma coisa boa? Bem, talvez ele estivesse desejando ao seu colega tudo de melhor em
sua busca pelo amor. Se esse é o caso, então os dois estariam se dando surpreendentemente
bem. O clima no ar era um pouco duro quando estávamos na Capital Real, mas talvez isso
fosse apenas devido às circunstâncias. Ainda assim, isso é um alívio; não é como se eu qui-
sesse vê-los brigando o dia todo...

A razão pela qual os membros da guilda Touch Me e Ulbert estavam em desacordo sur-
giu de uma razão externa à YGGDRASIL. Na verdade, foi por causa do ciúme que Ulbert
tinha pela vida real de Touch Me.

Eu lembro que o relacionamento deles era tenso desde daquela discussão... talvez esse fosse
o começo de tudo.

Ainz sentiu como se estivesse olhando para uma vasta extensão de terreno baldio, e
sentiu que entendia agora. Só então, a voz surpresa de Sebas limpou os pensamentos em
sua mente.

“Realmente posso fazer isso? Então, eu gostaria de ir com a Tsuare.”


—Não é como se eu fosse praticar bullying com esse doce casal porque eu sou solteiro.
[Máscara d a I n v e j a ]
Se eles tivessem um encontro em E-Rantel, então ele apenas colocaria sua Mask of Envy
e os seguiria. Enquanto Ainz pensava em coisas sem sentido como essas, levantou o
queixo, indicando que a outra pessoa ajoelhada deveria falar.

“Está bem. Então, Solution. Fale seus desejos.”

“...Eu gostaria de vários humanos, vivos, se possível. Idealmente, eles seriam seres hu-
manos puros.”

Ainz considerou os humanos que ele tinha capturado. Muitos dos humanos sobreviven-
tes estavam associados a Oito Dedos, o grupo que desagradou Ainz. Segundo os relatórios,
todos os que eram úteis foram torturados e mentalmente quebrados. Além disso, tem
aquelas que ousaram desobedecer a algumas regras, e com isso foram aprisionadas.

Elas não servirão. Pestonya e Nigredo estavam dispostas a desafiar minhas ordens para
protegê-los.

“Eu permito isso. Eu lhe darei vários humanos vivos. No entanto, não posso garantir sua
pureza. Perdoe-me por não poder satisfazer completamente o seu pedido.”

“Por favor não diga isso! Sua serva não merece seres humanos puros em primeiro lugar!
Eu sou eternamente grata por receber humanos vivos!”

Ainz ponderou em Solution, que tinha abaixado a cabeça profundamente, e assentiu de


um jeito que ele acreditava ser mais adequado a um governante.

“...Se assim diz. Obrigado. Então, pode voltar ao seu lugar. A próxima será, Entoma. Ve-
nha diante de mim.”

Quando os dois saíram, Entoma genuflectiu diante de Ainz.

“Agora, Entoma.”

“SiM!”

Ainz não pôde deixar de sorrir amargamente para sua voz truncada.

“Parece que sua voz ainda não se recuperou.”

O Inseto Boca que Entoma usava não ocorreram naturalmente em YGGDRASIL, mas isso
não significa que eles não existissem. Havia vários monstros conjurados através da mo-
eda de YGGDRASIL em seu quarto, e ela poderia usá-los para restaurar sua voz a qualquer
momento. Havia apenas uma razão para ela não ter feito isso — um rancor pessoal.
“SeRá qUe a mInHa vOz lHe dEsAgRaDa? cOrRiGiReI ImEdIaTaMeNtE!”

“De modo nenhum. Sua voz atual não me desagrada.”

“ObRiGaDa, AiNz-sAmA!”

“Bem, você deu muito de si mesmo e até mesmo sacrificou sua voz. Entretanto, seus
esforços não foram suficientes para qualificá-la para uma recompensa. Porém, embora
eu possa não ser capaz de concedê-la algo equivalente como eu fiz para os outros dois,
eu gostaria de ouvir seus desejos.”

Ainz achava que entregar recompensas à toa não era generosidade, mas uma falta de
consideração. Qualquer coisa que estivesse prontamente disponível a qualquer um per-
deria seu valor.

Desse ponto de vista, os esforços de Entoma não atingiram os padrões que Ainz havia
estabelecido para ela ganhar uma recompensa. Dito isto, ela ficou gravemente ferida no
cumprimento do dever e não reconhecer isso que seria lamentável.

Eu acredito que eles chamam isso de Coração Púrpura? Eu não estou muito familiarizado
com as coisas militares. Se ele estivesse aqui, ele poderia ter me ensinado mais sobre isso.

Ainz lembrou de um membro da guilda que era conhecido como um otaku militar.

“EnTãO... AInZ-SaMa. Se a cHaNcE De mAtAr aQuElA DeSgRaÇaDa sUrGiR, pOr fAvOr mE


EnViE. eU DeSeJo ArRaNcAr A VoZ DeLa.”

Ainz sabia que ela estava se referindo a aquela menina suspeita que usava máscara e se
chamava Evileye, e então ele deu seu consentimento.

“Compreendo. Eu chamarei você quando chegar a hora. Você pode retornar agora, En-
toma.”

Ele a observou retornar à sua posição anterior.

“Então, vamos passar para o próximo tópico.”

Naturalmente, ninguém objetou. No entanto, Ainz não conseguiu encontrar felicidade


nesse desenvolvimento.

Eles consideravam Ainz como seu soberano supremo; se ele dissesse que branco se tor-
naria preto e assim por diante todos concordariam. Foi por isso que ficaram em silêncio
e não porque escolheram o curso correto de ação.

Parece que preciso instalar algumas auditorias e outras agências similares.


A primeira coisa que ele deveria criar era um departamento responsável por distribuir
recompensas. O problema era que os NPCs e os vassalos acreditavam que servir a Ainz
era um estado natural das coisas e não exigia qualquer tipo de recompensa. Além disso,
os critérios para ser recompensado eram muito vagos e essencialmente determinados
por Ainz, o que era outro problema.

Se vamos trabalhar como um grupo, eu precisarei estabelecer algumas diretrizes concre-


tas... é tudo minha culpa por deixar a Albedo responsável por tudo e fugir de minhas res-
ponsabilidades, agora tudo isso veio me morder na bunda. Ainda assim, isso está além das
capacidades de uma pessoa normal. Quase nenhuma das minhas experiências de vida foram
aplicáveis até agora.

Ainz (Suzuki Satoru) tinha sido um simples escravo do sistema no passado, e a tensão
da liderança estava lhe dando dores de cabeça. No entanto, ele lutou para controlar isso.
Ele podia se preocupar com essas coisas quando estava sozinho em seu quarto com a
liberdade de rolar em sua cama perfumada.

“Eu decidirei a direção que Nazarick tomará no futuro. Demiurge, venha.”

A mente mais refinada de Nazarick subiu as escadas, tomando seu lugar ao lado de Al-
bedo.

“Supervisora Guardiã de Nazarick, Albedo. O intelecto mais profundo de Nazarick, De-


miurge. Nosso plano original está agora completo pela metade. Eu ordeno que você ex-
plique nosso plano de ação para o futuro. Se alguém tiver alguma sugestão, levantem as
mãos e falar.”

A primeira prioridade de Ainz foi a sobrevivência continua de Nazarick. Não, na pior das
hipóteses — mesmo se ele perdesse o lugar conhecido como Nazarick — teria o bastante
para ele proteger os NPCs, os filhos de seus antigos amigos. Ele poderia criar um abrigo
e usar outros métodos para superar esse problema.

A segunda foi espalhar o nome de Ainz Ooal Gown para o mundo inteiro. Isso porque
Ainz considerou que se seus amigos estivessem neste mundo, eles poderiam vir encon-
trá-lo. Talvez esse objetivo possa ser adiado em termos de prioridade.

A terceira foi fortalecer Nazarick. Talvez ele devesse mudar a prioridade desse também.

De fato, quanto mais ele entendia este mundo, mais ele sentia que Nazarick era uma
fortaleza inexpugnável, portanto a Guilda Ainz Ooal Gown parecia a organização mais
forte para ele. No entanto, alguém já tinha sido capaz de controlar a mente de Shalltear,
embora com o uso de um item World-Class, tal arrogância e orgulho seriam muito peri-
gosos. Em particular, já que os Itens World-Class existiam neste mundo, seria melhor
supor que outras guildas existissem aqui, e poderiam haver emboscadas. Assim, eles ti-
veram que tomar medidas para aumentar a força de Nazarick.
Atualmente, eles recrutaram os Lizardmen e Ainz havia produzido seres undeads, mas
eles precisavam buscar forças mais vorazmente.

Sua quarta prioridade foi reunir informações. Essa tinha sido originalmente sua princi-
pal preocupação, mas desde que já havia sido parcialmente concluída, ele havia diminu-
ído sua prioridade.

Este foi o processo de pensamento de Ainz. No entanto, foi meramente os pensamentos


de Ainz, um assalariado. Pode haver um buraco em algum lugar, ou ele pode não ter ana-
lisado bem as informações antes de usá-las como base.

Por causa disso. Ainz tinha chamado um par de intelectos afiados. Se tudo o que ele pre-
cisava era de sua sabedoria, então tudo o que ele tinha que fazer era discutir o assunto
diretamente com eles. Não havia necessidade de arriscar que todos soubessem que ele
não tinha grande inteligência e fazendo um grande espetáculo para falar sobre esse pro-
blema.

No entanto, isso seria um erro.

Como mestre, ele teve que fazer esse espetáculo para interpretar o papel no qual os
NPCs o imaginavam — embora ele achasse que era mais uma ilusão. Ele teve que desem-
penhar o papel de Ainz Ooal Gown, um ser incomparável e um pensador de profundezas
insondáveis, e fazê-lo em um grande palco.

“Vocês dois explicarão claramente a todos os presentes. Estes são os vassalos de elite
selecionados pelos vários Guardiões. Deixe-os ouvir sobre nossa direção futura e não
deixe de fora nenhum detalhe.”

De fato, Ainz foi forçado a empregar esse estratagema. Foi como dizer a eles para “ex-
plicar aos outros Guardiões” em uma escala maior. Seu plano era usar a desculpa de ex-
plicar a todos para entender o plano, ao mesmo tempo fingir sabia tudo de antemão.

“Então, Demiurge. Você explicará claramente o que sabemos agora para aqueles que não
entendem os detalhes. De qualquer forma, comece contando as ações que Nazarick fez
no Reino.”

“Entendido.”

Demiurge então começou a se dirigir aos NPCs abaixo dele;

Isso era o que Ainz estava esperando. Naquela época, Ainz concordou com isso. Ele
achava que o sábio Demiurge não podia errar, mas depois de pensar mais sobre o assunto,
sentiu que Demiurge acabara por vezes fazendo coisas desnecessárias.

“Do lado do Reino, conseguimos subjugar os membros da liderança de um sindicato cri-


minoso com a ajuda de Mare, Neuronist e Kyouhukou. Tudo o que precisamos fazer a
partir de agora é vagarosamente permear entre eles até que estejamos em posição de
governar o submundo do Reino.”

“...Mm?”

Ainz silenciosamente fez suas dúvidas serem audíveis. Por que eles tiveram que assumir
o sindicato do crime do Reino? Parecia um pouco diferente da explicação simples que ele
ouvira naquela época. Uma hipótese razoável para isso seria obter dinheiro a longo prazo
ou obter informações facilmente.

Enquanto Ainz estava pensando, Demiurge fechou a boca e olhou para trás, olhando
para ele. Dando graças que seu corpo não suava, Ainz perguntou:

“O que há de errado, Demiurge? Algum problema?”

“Não, eu simplesmente pensei ter ouvido o senhor dizer alguma coisa, Ainz-sama.”

“Oh, minhas desculpas. Eu estava simplesmente indicando o meu acordo. Parece que
você me entendeu mal. Tudo bem, continue. Diga a todos o significado de assumir a or-
ganização criminosa do Reino.”

“Sim. Então, senhores. Assumir o sindicato é a base para alcançar o objetivo de Ainz-
sama; isto é, dominar o mundo. Eu confio que ninguém é estúpido o suficiente para não
saber disso.”

Ainz olhou para o rosto de todos. Todos pareciam entender, sem exceção.

Ainz foi o único que não entendeu.

“...Dominação mundial?”

Mas que droga é essa? Quando as coisas acabaram assim?

No entanto, ele não podia perguntar sobre isso.

Este foi o maior exercício do intelecto de Ainz em toda a sua vida. Ele passou vários
segundos refletindo e examinando a si mesmo.

Tinha sido muito inesperado, muito difícil de aceitar. Como as coisas acabaram assim?
Tudo o que ele queria era manter um perfil discreto, evitar fazer inimigos, melhorar sua
reputação e depois encontrar uma maneira de se comunicar com seus amigos do passado
que poderiam estar neste mundo. Aqueles pequenos desejos fofos eram tudo o que ele
queria.

No entanto, agora—
Conquista do mundo?! Como as coisas se descontrolaram dessa maneira?!

Ainz queria muito rejeitar essas palavras, mas ele não teve coragem de fazê-lo.

Não eram apenas os NPCs, mas todos os vassalos que tinham aquele olhar de compre-
ensão em seus rostos, como se as palavras “Mas é claro” estivessem escritas ali. Era evi-
dente em um relance que isso era de conhecimento comum, e que havia sido gravado em
seus corações. Ainz sentiu algo como um vento quente soprando na área ao redor do
trono.

Ainz Ooal Gown era o mais alto governante de Nazarick, um Ser Supremo. Agora que ele
se tornou um objeto de adoração, o que aconteceria se ele pessoalmente destruísse essa
imagem?

Mas até onde ele sabia, ele poderia acabar como um ídolo envolvido em algum escândalo
graças aos paparazzi. Embora seria triste para um ídolo perder fãs e seus números de
vendas diminuírem, Ainz teve a sensação de que um destino mais trágico do que isso
estaria esperando por ele.

Parece que muita coisa foi investida nesse esquema para eu desistir agora...

Ainda assim, quando ele pensou calmamente sobre isso, a dominação do mundo não era
uma má idéia.

Claro que não seria tão simples como nos jogos. Para um plebeu como Ainz, esse plano
de grande escala era muito vago para ele entender. No entanto, ele podia entender que
isso era um meio perfeito para ele construir sua reputação — embora possa acabar sendo
infâmia.

O problema agora era o que seus amigos pensariam se soubessem disso. Nesse ponto,
tudo o que ele podia fazer era pedir desculpas por sua incapacidade de administrar bem
a Nazarick.

Além disso, poderíamos ser capazes de lidar com o inimigo desconhecido que fez lavagem
cerebral em Shalltear. Isso deveria funcionar como uma desculpa, certo? Eles me perdoarão
por isso... certo?

Tendo inventando uma desculpa em seu coração, Ainz acenou com a cabeça para Demi-
urge, que parecia estar esperando por elogios.

“Então... você ainda se lembra.”

“Claro. Eu, Demiurge, gravei todas as palavras que o senhor falou em minha memória,
Ainz-sama.”

“Mesmo... eu disse aquela vez, não é?”


“De fato.”

“...Então, a partir daquele momento que...?”

“De fato.”

“Aquele dia... Entendo. Isso me agrada, Demiurge...”

“Obrigado, Ainz-sama.”

“No entanto, a dominação do mundo é bastante difícil.”

“Certamente, Ainz-sama.”

“Então... o que você acha que devemos fazer?”

Ainz queria elogiar a si mesmo por não tremular a voz.

“Eu proponho que Nazarick deve tomar o seu lugar no palco global, como parte de nossa
linha guia para o futuro. Como as entidades que controlam a Shalltear estão agindo clan-
destinamente, isso pode causar problemas para nós, mesmo que permaneçamos escon-
didos.”

“...De fato.”

Era realmente esse o caso? Ainz achou que seria melhor permanecer escondido. Ele não
tinha idéia de como Demiurge havia chegado a essa conclusão.

“Eu concordo, Ainz-sama. Se nos tornarmos conhecidos para o mundo, podemos lidar
com os problemas de uma maneira franca. Não precisaremos enviar pequenas quantida-
des de pessoal para conduzir investigações secretas.”

“Ah, compreendo.”

A iluminação surgiu de repente em Ainz quando ele ouviu a explicação de Albedo.

A idéia de não ter que procurar uma agulha no palheiro e ser capaz de se mover com a
mesma ousadia que desejava, era muito atraente.

“É por isso que devemos governar o Reino através das sombras e alcançar legitimidade
para Nazarick de várias formas e meios, estou correto? No entanto, não posso concordar
com a idéia de permitir que a terra que Ainz-sama governe torne-se subordinada a qual-
quer outro país.”

Demiurge balançou a cabeça com a pergunta de Albedo.


“Claro, Albedo. Eu não seria capaz de tolerar isso também. Além disso, depois de exami-
nar e contemplar nossas informações sobre o Reino, cheguei à conclusão de que o Reino
— como está agora — não é atraente para nós, exceto por uma pessoa. O mesmo se aplica
a todas as outras nações. Eu sinto que ter a nossa organização trabalhando para qualquer
outro país seria um caminho insensato.”

“E por que isto?”

“Quando devemos servir uma nação, estaremos limitados nas ações que podemos tomar.
Se as pessoas que controlam a Shalltear se tornarem uma organização, e estivermos com-
prometidos com um determinado país, talvez não possamos responder prontamente se
surgirem problemas. Portanto... Ainz-sama.”

Demiurge olhou para Ainz e solenemente entregou sua proposta.

“Proponho que fundemos uma nação conhecida como a Grande Tumba de Nazarick.”
Capítulo 01: Convite Para a Morte
Parte 1

rwintar, a Capital Imperial, fica na região oeste do Império Baharuth. No seu

A
centro situa o Palácio Imperial que era a residência do homem conhecido
como o “Imperador Sangrento” — Jircniv Rune Farlord El-Nix. Era cercada
por universidades, a Academia Imperial de Magia e todos os tipos de edifí-
cios do governo que irradiavam na área circundante, e poderia ser conside-
rado o coração do Império.

Embora sua população fosse menor que a da Capital Real do Reino Re-Estize, era maior
em escopo do que a Capital Real. Além disso, vários anos de reformas significaram que o
Império estava atualmente no meio de sua maior expansão na história, com inovação
ininterrupta e um fluxo constante de recursos e talentos humanos chegando. O antigo
estava sendo demolido para dar lugar a um futuro promissor, e os rostos dos moradores
eram brilhantes.

Ainz e Narberal caminharam pelas ruas movimentadas da cidade.

Em circunstâncias normais, Ainz ficava boquiaberto diante de tudo enquanto cami-


nhava, como um caipira recém-saído da fazenda. Ao mesmo tempo, ele teria ficado pro-
fundamente comovido com o quão diferente este lugar era do Reino.

No entanto, essas emoções estavam quase ausentes em Ainz.

O estado de seu coração se refletia em suas ações e em seus passos conturbados.

O que o governava agora era o sentimento de infelicidade.

Vir para o Império tinha sido parte do plano de Demiurge, e quanto mais ele pensava
sobre isso, mais suas sobrancelhas — ilusórias — se juntavam.

O conceito de “paciência” era completamente desnecessário para Ainz Ooal Gown, o su-
premo governante de Nazarick. Ele não precisava reprimir seus sentimentos de frustra-
ção. A palavra de Ainz era lei, e como líder, tudo o que ele tinha que fazer era falar e assim
o preto se tornaria branco. Por certo, não havia nada que não fosse como ele desejava.

Sendo esse o caso, por que as coisas acabaram assim? Isso porque ele queria rejeitar a
proposta de Demiurge, mas ele não pôde, por várias razões.

O objetivo do plano — demonstrar o poder de Nazarick — era simples o suficiente para


entender, e seus efeitos se mostrariam imediatamente. Dito isso, Ainz não gostava desse
curso de ação, porque achava que isso causaria vergonha nas criações feitas à mão de
seus amigos.
Era bastante desagradável rejeitar um excelente plano baseado apenas em sentimentos
pessoais, e ele não queria que os outros sentissem que ele era uma pessoa sem caridade
em seu papel de líder supremo. Além disso, ele não tinha outras idéias em alternativa.

Objetivando-se com as propostas de alguém com mais nada para substituí-las, era es-
sencialmente comprar a briga de alguém. Não foi o status de Ainz como governante, mas
suas experiências como assalariado que lhe disseram isso.

Ainz começou a murmurar as palavras que ele usou várias vezes para se consolar.

Eu preciso ficar calmo. Eu preciso esfriar minha cabeça. Eu preciso ser racional. Se for
forçado a escolher entre razão e emoção, um superior deve selecionar a razão. O tipo que
age em suas emoções pode colher grandes recompensas se canalizar todas as suas energias
em seu trabalho, mas na maioria das vezes isso nunca acaba bem para elas. Além disso, a—

“—A sorte já foi lançada?”

Ainz não tinha pulmões, mas ele ainda respirou fundo e expirou.

Os cidadãos circundantes olharam perplexos para este guerreiro que de repente estava
sugando e expelindo o ar enquanto caminhava, mas eles não pareciam se importar.

Sua build heroica e imponente muitas vezes atraía os olhares dos transeuntes. Em par-
ticular, era ainda mais comum os outros olharem para ele depois o saudarem como herói.
Portanto, ele não dava atenção aos olhares dos outros, claro, se estivesse fazendo um
show de heroísmo, montando Hamsuke ou alguma outra circunstância especial surgisse,
então seria algo diferente, mas não era o caso agora.

Depois de repetir o ciclo respiratório algumas vezes, apenas um pouco de aborreci-


mento permaneceu dentro dele. Foi quando ele notou Narberal, que estava atrás dele.

“Perdoe-me, parece que andei depressa demais.”

Por Ainz ser um homem, o modo como ele dava grandes passos de armadura era com-
pletamente diferente do modo feminino que Narberal se movia sob seu manto. Depois de
considerar seus atributos físicos, ela provavelmente não estava tendo muita dificuldade,
mas como homem, ele teve que se desculpar por andar à frente enquanto só pensava em
si mesmo.

“Não tem problema, tudo bem.”

“Certo...”

Era essa a resposta dela como uma criada, ou ela realmente não se importava? Ainz não
tinha idéia, então tudo que ele podia fazer era encurtar seu passo enquanto procurava
por algo para falar.
Sentia-se desconfortável com o ar espinhoso que o rodeava agora e atormentou o cére-
bro por alguma forma de mudar o clima. No entanto, ele não conseguia pensar em um
tema adequado.

Os empresários costumavam usar assuntos triviais em um clima assim e com isso iniciar
uma conversa. Discutir esportes também não era uma má idéia, mas isso exigia conheci-
mento prévio sobre qual equipe a outra parte torcia.

Enquanto Ainz ponderava sobre como iniciar a conversa, de repente ele passou “tch”
em seu coração.

Por que eu estou agindo como se estivesse pisando em ovos em torno da Narberal, minha
própria subordinada? Esta é uma rara oportunidade para testar o método de como um
mestre deve falar com um servo. O que deve um governante — ou talvez um ser absoluto
— falar com seus subordinados?

Ainz recordou suas conversas do dia a dia com seus chefes. Essas seriam apropriadas?
Ainz estava confuso. Ele era a autoridade suprema dentro da Grande Tumba de Nazarick,
não o diretor de uma empresa. Estritamente falando, ele estava mais perto do presidente
de uma empresa.

Não, o presidente não é o bastante... o que diria o Rei do Reino ao Gazef Stronoff? Se eu
pudesse usar isso como referência...

Dito isto, não fazia sentido pensar nisso agora. Porém, caminhar em silêncio assim fez o
clima ficar muito sombrio. Ainz decidiu jogar a cautela ao vento e dizer a primeira coisa
que veio à mente.

“...Nabe... o que você acha da minha voz?”

Ainz tocou suas cordas vocais com o dedo indicador — ou, para ser preciso, o lugar onde
suas cordas vocais deveriam estar. Ele usou uma mão manopla para pressionar sua gar-
ganta. Ele não deveria ter sentido nada através do metal, mas havia uma sensação de
esmagamento em vez disso. Havia também uma umidade estranhamente fora do lugar.

“Eu rezo para que o senhor perdoe minha franqueza, mas eu não gosto muito dessa voz.
Não é porque soa estranho, mas porque acho sua voz normal maravilhosa, Momon-sa—
n. Eu entendo que tem razões que o impedem de fazê-lo, mas não posso deixar de desejar
que volte a usar sua voz normal, Momon-san.”

“Entendo. Eu acho que essa voz tem uma qualidade magnética, e soa muito bem... Neu-
ronist selecionou entre cinquenta pessoas, então eu sinto que tem um certo charme que
não pode ser colocado em palavras.”
Ainz de repente lembrou o que sua própria voz soava em uma gravação, e gemeu baixi-
nho. No entanto, seu humor imediatamente se estabilizou novamente.

“Então foi isso? Mas eu prefiro sua voz normal, Momon-san.”

“Obrigado, Nabe. No entanto, agora que penso nisso, não esperava poder fazer uso
disso...”

Não havia como dizer se Ainz estava falando do coração ou apenas tagarelando cortesias.
Enquanto pensava, ele cutucou sua garganta mais uma vez. Ele podia sentir a forma de
vida presa lá — um Inseto Boca — mudando de posição. Talvez fosse incômodo se ele
fosse humano.

Será que eu não sabia disso ou foi adicionado em uma atualização posterior? Eu não posso
dizer com certeza que não saber disso não me incomoda. Não é apenas o meu conhecimento
deste mundo que preciso verificar, mas também o meu próprio conhecimento sobre
YGGDRASIL. Que problemático.

A empresa do jogo queria que os jogadores de YGGDRASIL pudessem aproveitar a sen-


sação de explorar o desconhecido. Eles queriam que seus jogadores jogassem e experi-
mentassem todo tipo de coisa, então os desenvolvedores produziram uma quantidade
impressionante de conteúdo de jogos e incluíram sistemas que puderam ajustar esses
dados.

Assim, o desconhecido estendia-se diante dos jogadores.

Eles não forneceram nenhuma informação sobre o mapa do mundo do jogo, e eles tam-
bém foram imprudentes o suficiente para não fornecer notícias sobre as dungeons do
jogo e coisas como mineração de minério, preparação de alimentos ou a criação de ani-
mais mágicos. Em um mundo como aquele, era preciso investigar e descobrir coisas por
conta própria. Na verdade, mesmo o conhecimento se algum item poderia ou não ser
usado só seria adquirido através de tentativas de erros e acertos por parte do jogador.

Havia sites passo a passo e sites de notícias, mas esses sites hospedavam apenas uma
compilação de informações publicamente conhecidas ou rumores não confiáveis.
YGGDRASIL foi um jogo de explorar o desconhecido. Assim, qualquer informação desco-
berta seria muito valiosa. Não havia mérito em publicar esta informação valiosa para
qualquer estranho ver gratuitamente.

Por fim, só se podia confiar na informação que a guilda de uma pessoa descobrisse ou
em informações trocadas por uma guilda confiável. Todo o resto não passava de coisas
irrelevantes e inutilidades.

Houve até um período em que as pessoas haviam deixado postagens suspeitas em fó-
runs ao juntamente com a frase “Estou deixando minha guilda, então vou revelar todos os
segredos da minha guilda agora”.
Bem... algumas dessas informações foram precisas.

♦♦♦

Houve uma vez uma guilda chamada Three Burning Eyes.

Era uma guilda formada por um dono de um site que administrava um site de informa-
ções de adesão paga, e eles frequentemente praticavam o mau hábito de enviar espiões
para guildas de alto nível para roubar suas informações. No entanto, os desenvolvedores
não consideraram isso um “mau hábito”. Eles concordaram tacitamente que esse era um
meio válido de obter informações. No entanto, isso não foi nada aceito como um apazi-
guante aos grupos que tiveram suas informações roubadas.

Aquelas guildas de alto nível estavam totalmente furiosas, então formaram uma aliança
e atacaram Three Burning Eyes. A aliança posicionou as pessoas nos locais de respawn
dentro dos templos da cidade que continham a base da guilda, e então começaram PKing
membros da guilda. Eles prosseguiram repetidas vezes com o PK assim que renasciam.
Eventualmente, Three Burning Eyes desmoronou e os membros da guilda se espalharam
pelos ventos.

No final, eles publicaram todas as informações deles gratuitamente na web. Aquilo tinha
sido uma lembrança nostálgica.

Bem, não havia espiões em Ainz Ooal Gown... mas se esse incidente não tivesse acontecido,
talvez pudéssemos ter confiança e permitido mais membros.

Esse incidente fez com que Ainz Ooal Gown parasse de recrutar. Com apenas 41 mem-
bros, eles eram os menos populosos entra as guildas bem classificadas.

Talvez tenha havido sites altamente confiáveis nos últimos dias da YGGDRASIL. No en-
tanto, Ainz só tinha visitado esses sites durante a era de ouro de Ainz Ooal Gown, quando
eles estavam em toda a sua glória. Naquela época, havia pouca informação útil nesses
sites.

Meu conhecimento pode ter estagnado lá. Certamente, eu prestei atenção às atualizações
do desenvolvedor... certamente deve haver outros jogadores de YGGDRASIL neste mundo
além de mim mesmo. Eu preciso considerar o perigo de perder para eles em termos de co-
nhecimento.

Depois de trazer a Oito Dedos sob sua bandeira, Ainz aprendeu muito sobre a região ao
redor de Nazarick. Isso incluía uma grande quantidade de informações sobre o Reino e o
Império, que estava sendo bem aproveitado. No entanto, havia pouca informação sobre
o Reino Sacro, a Teocracia e o Conselho Estadual, então ele teria que coletar cuidadosa-
mente informações sobre esses lugares no futuro.
“Que pena, quanto mais penso nisso, mais me preocupo. Eu gostaria de ter algo mais
alegre para pensar.”

Ainz fez uma pausa aqui, e então ele casualmente olhou ao redor.

“Falando nisso, o Império é realmente muito vívido.”

“Mesmo? Parece o mesmo que E-Rantel para mim.”

Depois de ouvir as palavras de Narberal, Ainz olhou aos arredores novamente.

“As ruas estão cheias de vida e os olhos das pessoas estão brilhando. Há uma certa am-
bientação boa no ar, que pertence a pessoas que acreditam que suas vidas vão melhorar.”

“Como esperado de Momon-san!”

Disse Narberal a uma pequena distância atrás dele. No entanto, Ainz se sentiu envergo-
nhado por suas próprias palavras e não respondeu a ela. Isso foi simplesmente uma im-
pressão que ele teve, mas não estava confiante na exatidão de sua avaliação.

Não me diga que eu fui infectado pelo Pandora’s Actor... “ambientação”, eu não posso acre-
ditar que eu pude dizer algo tão pretensioso assim sem ficar envergonhado. Estou pensando
que sou o que, um poeta?!

Na Capital Real, ele precisava agir como um herói até certo ponto, então Ainz havia atu-
ado como um. E parece que ele ainda não tinha saído totalmente do papel.

O rosto sob o elmo fechado ficou vermelho de um leve constrangimento — embora o


rosto de um esqueleto não pudesse corar — e logo Ainz viu a pousada que Fluder havia
dito, estava bem diante de seus olhos.

Essa era a pousada de mais alto nível da Capital Imperial, e mesmo à distância, podia-se
dizer que era mais luxuosa do que a melhor pousada de E-Rantel. Se alguém considerasse
que as pousadas da Capital Real tinham uma longa e distinta história, então essa pousada
da Capital Imperial seria equivalente a um hotel recém-inaugurado e de alto nível, e a
questão de qual pousada era melhor seria decidida apenas por preferência pessoal.

“Tudo bem, não podemos ter certeza sem dar uma olhada, mas acho que estamos no
lugar certo.”

Ainz sentiu brevemente a placa de adamantite pendurada em seu peito, e então se diri-
giu para a entrada da pousada.

Assim como em E-Rantel, a entrada era ladeada por guardas musculosos em armaduras
de couro. Os homens lançaram olhares desconfiados para Momon e Nabe enquanto eles
atravessavam o arco. Então, quando viram um certo item, seus olhos de repente se arre-
galaram.

“É... é a coisa real? Deve ser... dado o seu equipamento, então...”

Ele podia ouvi-los sussurrando um para o outro.

Enquanto Ainz caminhava diante dos guardas tensos e nervosos, eles educadamente
perguntaram a ele em tons firmes:

“Por favor, me perdoe caso isso te ofenda, Aventureiro Adamantite-sama, mas posso,
por favor, ver a prova de sua identidade?”

Ainz tirou a placa e perguntou:

“Esta pousada não acompanha os hóspedes?”

“Sim. Infelizmente, a fim de manter o tom apropriado, o nosso estabelecimento não aco-
moda os hóspedes que não foram previamente apresentados. Mas, claro, o senhor seria
uma exceção, Aventureiro Adamantite-sama.”

Um dos guardas enxugou as mãos nas roupas, curvou-se profundamente e depois cau-
telosamente aceitou a placa de identidade como se fosse algo frágil.

Ele então virou e leu as letras lá escritas.

“Momon... o Negro-sama?”

“De fato.”

“Eu verifiquei e não há dúvidas! Obrigado por nos oferecer a prova da sua classificação
como um Adamantite!”

Assim como antes, o guarda devolveu cuidadosamente a placa a Ainz. As placas que in-
dicavam a classificação de um aventureiro eram feitas do material correspondente ao
ranque, e esse pequeno pedaço de adamantite custava uma boa soma. Claro, Adamantite
era um metal muito duro e não seria amassado ou arranhado apenas por deixá-lo cair no
chão, mas se o perdessem, teriam que pagar uma boa quantia. Por exemplo, um Crane
Parrot — um pássaro parecido com um corvo — poderia roubá-lo enquanto está sendo
devolvido.

Esta não era uma fábula inventada para lembrá-los de ter cuidado ao manusear itens
valiosos. Mas sim um exemplo real do que aconteceu no passado.

Depois que Ainz pegou de volta, os dois guardas pareciam visivelmente aliviados, como
se um peso tivesse sido retirado de seus ombros.
“Então, posso entrar?”

“Claro, Momon-sama. Por favor, permita-me acompanhá-lo ao recepcionista.”

“Entendo. Por favor, me guie.”

O Reino não tinha a prática de dar gorjeta. Mas o mesmo valia no Império?

Ainz pensou em coisas assim enquanto deixava o guarda guiá-los.

Depois de entrar na pousada, passaram por um salão cujo piso parecia ser feito de gran-
des chapas de pedra antes de seguir direto para o recepcionista.

“Eu tenho comigo o aventureiro classificado com Adamantite, Momon-sama e sua com-
panheira.”

O homem de aparência culta sentado no balcão olhou para o guarda. O guarda então se
inclinou reverentemente para Ainz antes de retornar ao seu posto.

“Eu te dou as boas vindas, Momon-sama. Por favor, aceite meus mais sinceros agradeci-
mentos por escolher residir em nosso humilde estabelecimento durante toda a sua es-
tada na Capital Imperial.”

O homem no balcão inclinou-se profundamente para Ainz.

“Tudo bem. Eu vou ficar aqui por uma noite.”

“Muito bem. Então, posso incomodá-lo para assinar nosso registro de convidado?”

Ainz sorriu sob o elmo fechado, depois pegou a caneta e escreveu.

Sua assinatura dizia “Momon” na língua do Reino. Ele havia praticado escrever dezenas
de vezes.

“Muito obrigado. Posso saber que tipo de quarto gostaria?”

Pessoalmente, Ainz não se importava com um quarto barato. No entanto, como de cos-
tume, ele não podia fazer isso.

Eu não posso comer, então um quarto sem refeições seria bom.

Ainz lembrou vários pratos deste mundo.


Havia um suco de fruta de cor verde com uma fragrância doce. Havia algo rosa que pa-
recia ovos mexidos. Havia também pedaços de carne fatiada cobertos com algum tipo de
líquido azul. Todos eles despertaram sua curiosidade, mas ele não podia comê-los.

...Libido, apetite e a necessidade de dormir. Este meu corpo tem muitos benefícios, mas eu
também perdi muitas coisas. Que pena. Ah... se eu ainda tivesse meu corpo de carne, existia
uma grande chance de me perder em meus desejos...

Ainz se imaginou na cama com Albedo, e seu rosto torceu ligeiramente.

Isso porque a imagem mental de um superior cometendo assédio sexual a uma funcio-
nária — ou coisa ainda pior — apareceu em sua mente.

É certo que a Albedo parece me amar... mas este é um sentimento complicado. Se eu não
tivesse feito aquilo no passado... oops!

“Perdoe-me, apenas nos dê um quarto apropriado... a propósito, já que não temos a mo-
eda comum, podemos pagar com moedas do Reino?”

“Claro. A moeda do Reino e a moeda do Império sempre foram permutadas em uma base
um-para-um.”

“Entendo. Então nós aproveitaremos disso.”

“Muito bem, então vamos preparar um quarto adequado para o senhor, Momon-sama.
Posso incomodá-lo para esperar um pouco em nosso bar?”

Ainz olhou para o bar em questão. Era muito espaçoso e emanava uma sensação muito
elegante, parecia que poderia acomodar cerca de 50 pessoas. As cadeiras pareciam muito
confortáveis. Um bardo estava tocando músicas calmas ao fundo.

“A comida e as bebidas são gratuitas, então sinta-se à vontade para relaxar quando qui-
ser.”

Aqueles que pagavam mais recebiam mais regalias que outros. E assim foi em qualquer
outro lugar que Ainz visitara. No entanto, este tipo de serviço não era algo realmente
relevante para Ainz.

“Entendido. Então, vamos, Nabe.”

Ainz levou Nabe ao bar e sentou-se em uma cadeira próxima.

Havia vários outros convidados no salão, os quais pareciam ser aventureiros.


Aventureiros de alto nível receberiam pagamentos maciços apenas por um único traba-
lho, e seus padrões de vida subiriam para corresponder. Viver em uma pousada como
esta dificilmente era um problema para eles.

Isso provavelmente era verdade para qualquer cidade, seja a Capital Real ou E-Rantel.

Ainz verificou se a placa de adamantite em volta do pescoço era visível para os outros.
Permitir que os outros convidados conversassem entre si e construíssem sua reputação
sem ele fazer nada era uma boa idéia.

Ainz sentiu os outros olharem para ele enquanto ele examinava o menu de bebidas di-
ante dele.

Eu não consigo ler isso...

Ele folheou as páginas aleatoriamente. Ele passou pelo cardápio apesar de não ser capaz
de lê-lo, a fim de afastar as suspeitas.

Ainz tinha trazido os óculos de leitura que emprestara a Sebas como precaução, mas não
podia usá-los aqui.

“Sebas... Tsuare, huh.”

Ele se lembrou do rosto de seu subordinado e falou em voz baixa o nome da mulher cujo
aparecera em sua mente.

“Aconteceu alguma coisa com aquela mulher?”

“Ah, não, não é nada importante. Eu estava pensando em como ela se adaptou a tudo
isso.”

Mesmo ele ter confiado Tsuare aos cuidados de Sebas, Ainz havia prometido a ela sua
proteção, e como proprietário de uma empresa, ele era obrigado a prestar atenção ao
bem-estar de seus empregados.

“Eu acho que eles vão ficar bem. Atualmente... a empregada está em confinamento, então
o Sebas-sama está ensinando-a a ser uma empregada adequada. Depois que ela aprender
a etiqueta apropriada, ela aprenderá a cozinhar e a executar outras tarefas. Uma vez que
tenhamos determinado que deveres se adequam a ela, ela será oficialmente designada
para uma posição.”

“Entendo. Muito bem, não deve haver problemas em deixar esse assunto para o Sebas.
Além disso, acho que já é hora de soltarmos aquelas duas do confinamento... A raiva de
Albedo por elas deve ter passado.”

Narberal não respondeu. Tudo o que ela fez foi acenar com a cabeça.
Sentindo uma pausa na conversa, o garçom se aproximou deles.

“Já decidiram o que desejam?”

“Eu gostaria de um macchiato gelado. Nabe?”

“O mesmo para mim.”

“Escolha o que você quer beber. Não tem problema.”

“Não, eu realmente quero a mesma coisa. Ah, mais leite no meu, por favor.”

“Muito bem.”

O garçom inclinou-se profundamente e recuou em silêncio.

Macchiato era uma bebida que Ainz tinha visto nas hospedarias de E-Rantel, e parecia
com café latte. O cheiro lembrava também um latte, mas Ainz também havia visto cafés
latte e comum separados. Aliás, Ainz não tinha idéia do sabor que tinha. Não é preciso
dizer que ele não pode beber. Ele havia tentado, é claro, mas tudo havia vazado pelo
fundo do queixo e ele não conseguira sentir o gosto de nada.

No entanto, ele acabou pedindo de qualquer maneira, porque parecia algo que apenas
estabelecimentos de alta classe venderiam. Ele achava que isso combinava com lugares
como esses.

Quando Ainz enxugou seu suor inexistente, Ainz fez uma pergunta a Narberal de uma
maneira trivial.

“...Nabe, como é o gosto do macchiato?”

Ele perguntou a ela porque sabia que ela havia bebido antes.

Narberal fez uma pausa para pensar. Este era provavelmente o tipo de olhar que alguém
teria em seu rosto se eles estivessem pensando em como explicar o gosto do café para
outra pessoa.

“Como devo colocar isso. É muito parecido com um café shakerato. No entanto, tem
gosto de leite condensado, então não gosto muito disso.”

“...Entendo. Isso parece delicioso.”

Shakerato? Eu nunca ouvi falar de uma bebida como essa antes. Deve ser uma bebida única
para este mundo.
“Eu sinto que é meramente bebível.”

Ainz casualmente respondeu, e então as bebidas chegaram.

“Não se importe comigo, apenas faça a sua parte. Seria estranho se nós dois não tocás-
semos nossas bebidas.”

Ele tinha se acostumado a não remover seu elmo no Reino, e por isso Ainz tinha esque-
cido completamente de tirá-lo quando as bebidas chegassem. A maneira como ele disse
isso de uma maneira tão natural pareceu muito forçado.

“Muito obrigado.”

“Beba, e escute meus planos enquanto o faz. Eu pretendo passar dois dias vendo os pon-
tos turísticos da Capital Imperial. Ouvi dizer que os mercados centrais têm uma grande
variedade de consumíveis, e apenas pesquisá-los já é bem interessante. Além disso, há os
mercados do norte, que parecem conter a maioria das lojas que armazenam itens mági-
cos. Aventureiros vão lá regularmente.”

Essa informação foi fornecida pela Oito Dedos, que agora não passavam de marionetes
para Ainz. Eles também haviam fornecido muitas notícias sobre o submundo, mas Ainz
não tinha a intenção de se envolver em tais assuntos, então ele só havia desnatado essa
informação.

“Vamos para a Guilda dos Aventureiros no terceiro dia. Eu gostaria de encontrar e co-
nhecer os aventureiros do império, mas se isso não for possível, vamos apenas pegar uma
tarefa simples e rápida para espalhar a nossa fama... se tudo correr como planejado, se-
remos capazes de sair dentro de sete dias. Você tem alguma sugestão?”

Narberal — que não havia tocado em sua bebida, mas estava apenas ouvindo em silên-
cio — simplesmente negou com a cabeça.

Parte 2

A Capital Imperial era a cristalização da autoridade do Império, e continha muitos pon-


tos turísticos que fariam a pessoa ficar sem fôlego. Um deles fez quase todos os visitantes
da Capital Imperial exclamarem maravilhados. Tal ponto turístico era — o fato de que
quase todas as ruas eram pavimentadas com bloquete ou pedras.

Essa era uma visão que não se podia ver nos países vizinhos — exceto a Teocracia Slane,
que era ainda mais avançada do que este lugar. É claro que nem todas as cidades do Im-
pério eram assim. Mesmo assim, era uma prova sutil, mas potente, da força e poder do
Império, que impressionou os embaixadores dos países vizinhos.
Principalmente a Avenida Central. Era uma via principal da Capital Imperial e, assim
como outras ruas públicas, o centro era para cavalos e carruagens, enquanto os lados
eram para o tráfego humano.

A diferença era que havia cercas de segurança instaladas ao longo das linhas divisórias
entre as partes para as pessoas e as partes para cavalos e carruagens, a fim de garantir a
segurança dos pedestres. Luzes da rua brotavam dos dois lados da estrada e brilhavam
com uma luz mágica depois do anoitecer. Falando nisso, muitos cavaleiros estavam em
patrulha, atentos à segurança de seus arredores.

Um homem sorridente caminhava casualmente por essa estrada — a mais segura do


Império — cantarolando.

O homem tinha aproximadamente 175 centímetros de altura e parecia ter cerca de 20


anos de idade.

Seu cabelo era loiro e seus olhos eram azuis, já sua pele tinha um bronzeado saudável.
Sua aparência dificilmente era incomum no Império.

Não se podia dizer que ele fosse particularmente bonito, e suas feições eram do tipo que
seriam facilmente misturadas na multidão. No entanto, ele irradiava um carisma sutil. A
fonte desse carisma parecia vir do sorriso vazios, mas com vivacidade em seu rosto, as-
sim como seus gestos confiantes e livres.

A cada passo que dava, o som de elos de corrente tilintava por baixo de sua impecável
roupa de alta qualidade. Um indivíduo atento seria capaz de dizer que era o som de uma
cota de malha.

Ele tinha lâminas nos quadris. Cada uma em torno do comprimento de uma espada curta.
Eles tinham protetor de articulações redondos e totalmente fechados e, embora suas ba-
inhas não fossem de bom gosto, não eram de materiais baratos. Atrás de sua cintura havia
uma maça para ataques de impacto uma adaga pontiaguda para ataques perfurantes.

Carregar uma ou até duas armas era uma coisa perfeitamente razoável neste mundo.
Mas muito poucas pessoas carregariam todas as armas necessárias para executar méto-
dos de ataque por impacto, perfuração e corte.

Qualquer um com vivência o reconheceria por um aventureiro. Qualquer um que fosse


com vivência notaria que não tinha a placa que os aventureiros usavam em volta do pes-
coço, e assim concluiria que ele era um “Trabalhador”.

♦♦♦

Trabalhadores. Eles eram aqueles que se desviaram do caminho de um aventureiro.


A Guilda dos Aventureiros iria investigar e atribuir pedidos aos aventureiros devida-
mente classificados. Em outras palavras, a Guilda iria investigar minuciosamente a legi-
timidade de qualquer pedido de emprego feito a partir deles. Portanto, a Guilda às vezes
rejeitava trabalhos perigosos — coisas que colocariam em risco civis ou que eram de
natureza ilegal. Dependendo das circunstâncias, eles podem até considerar o solicitante
como um inimigo. Por exemplo, a Guilda se oporia se o pedido fosse algo como procurar
ingredientes para os narcóticos.

A Guilda também rejeitaria pedidos que ameaçassem o equilíbrio da natureza. Por


exemplo, a Guilda nunca aceitaria solicitações para matar o predador de uma floresta.
Isso era para evitar a interrupção da ordem natural que manifestaria da morte de uma
criatura assim, como outros monstros deixando a floresta. É claro que, se o monstro dei-
xasse a floresta por conta própria e invadisse terras humanas, isso seria uma questão
totalmente diferente.

Em outras palavras, os aventureiros eram como aliados da justiça.

No entanto, esses ideais de que soariam bem aos ouvidos das massas não era a única
coisa que fazia o mundo girar.

Era muito fácil imaginar que algumas pessoas estavam dispostas a fazer trabalhos peri-
gosos por dinheiro. E então havia aquelas pessoas que simplesmente gostavam de matar
monstros.

Essas pessoas — que não buscavam o brilho da vida do aventureiro, mas que ansiavam
pela escuridão — eram desistentes do trabalho de aventureiro. Eles eram conhecidos
como Trabalhadores, e as pessoas falavam esse nome com zombaria e cautela.

No entanto, não se pode dizer que todos os Trabalhadores eram farinha do mesmo saco.

Por exemplo — se houvesse um menino ferido em uma aldeia e um aventureiro que por
acaso estivesse passando lá conhecesse magia curativa e assim usaria para curar seus
ferimentos de graça, o aventureiro estaria certo ou errado?

A resposta era que ele estaria errado.

As regras da Guilda afirmavam que os aventureiros tinham que cobrar uma taxa fixa por
tal tratamento, e não podiam fornecer cura gratuitamente.

Em circunstâncias normais, a magia de cura era manipulada pelos templos, e um paci-


ente precisaria fazer uma doação antes que os templos lançassem uma magia sobre ele.
Se um aventureiro desconsiderasse esse ponto e fornecesse cura gratuita, ele estaria ne-
gligenciando os negócios dos templos.

Portanto, os templos fizeram um pedido com palavras fortes às Guildas para restringi-
rem tais atividades.
Se alguém não pudesse aceitar essas regras, teria que ser um trabalhador.

Isso pode soar como malícia na parte dos templos, mas foi porque eles poderiam lucrar
com suas magias que os templos poderiam prestar serviço às pessoas sem ter que se
preocupar com interferências externas. Além disso, foram essas doações que pagaram
pela criação e treinamento de sacerdotes, exorcismo dos undead, desenvolvimento de
novas magias de cura. Tudo para que as pessoas tivessem vidas mais seguras e felizes.

Se os aventureiros lançarem magias de cura gratuitamente, os templos podem ser for-


çados a se tornar mais secularistas e abandonar lentamente seus ideais.

Havia dois lados em cada moeda e os Trabalhadores não eram exceção. Drogas baratas
eram feitas porque eles caçavam animais a troco de dinheiro, que por sua vez, melhorava
a vida das pessoas.

♦♦♦

Este homem — Hekkeran Termite — era um Trabalhador, e ele estava sorrindo.

“O que devo comprar?”

Havia inúmeros itens mágicos que ele queria, mas no final sua maior prioridade era o
equipamento defensivo e, havia mais uma coisa. Era um assunto não relacionado, mas
havia algo mais que ele queria.

“Vou reservar o dinheiro para isso... o resto pode ir para itens mágicos para se aventurar.
Hm? Não é o contrário? Eu devo comprar os itens mágicos primeiro e salvar o que sobrou
para isso.”

Hekkeran coçou a cabeça.

Nesse caso—

“Como vanguarda, eu devo aumentar minhas resistências mágicas, então eu acho que é
hora de tirar minhas economias. Não, podemos continuar matando undeads nas Planí-
cies Katze por dinheiro, então, a fim de evitar toxinas de cadáveres, eu deveria comprar
itens mágicos que aumentem minha resistência ao veneno, paralisia e doenças.”

O equipamento mágico era muito caro, em particular o tipo que os aventureiros usavam
em combate. Itens exclusivos poderiam ser tão caros que Hekkeran não poderia sequer
pagar por eles.

De qualquer forma, os itens que Hekkeran queria não eram tão caros, mas ainda custam
tanto quanto os salários medianos de uma pessoa. É claro que ele consideraria cuidado-
samente fazer uma compra tão cara.
Enquanto aguardava ansiosamente suas compras, seus olhos se encontraram com os
dos cavaleiros parados à beira da estrada por um instante, e sua expressão despreocu-
pada imediatamente aumentou.

Uma equipe tagarela de um cavaleiro com armaduras pesadas e um cavaleiro de arma-


dura leve estava parada na esquina da rua, examinando as condições do entorno.

Todos sabiam que os templos dos Quatro Deuses estavam nas vizinhanças, e por isso a
segurança era especialmente rigorosa aqui. Enquanto ele duvidava que eles iriam pren-
der pessoas das ruas, Hekkeran podia sentir seus olhares direcionados para as armas em
sua cintura.

Se fosse um aventureiro as coisas poderiam ser diferentes, mas como um Trabalhador


sem qualquer forma de apoio, ele não queria ir contra os cavaleiros que reforçavam a
segurança do Império.

Os deuses pareciam ter sorrido, porque os cavaleiros comparavam seu rosto a uma lista
de procurados, mas aparentemente não encontraram nada. Assim, ele passou pelo dis-
trito do templo densamente lotado.

Com a consciência culpada agora aliviada, Hekkeran olhou ao longe e viu um prédio de
aparência singular. Ao mesmo tempo, o vento levou o som de aplausos para ele — ele
podia ouvir vozes sedentas de sangue e gritos de guerra no ar.

Esse edifício singular era uma a grande arena que só poderia ser encontrada na Capital
Imperial do Império. Era um ponto turístico muito popular dentro da Capital Imperial.

Não havia necessidade de ir até lá. Ele viu sangue mais do que suficiente no decorrer de
seu trabalho, e não tinha interesse em apostar, certamente alguém poderia dizer que
aquele lugar não o interessava. No entanto, ainda era a maior fonte de entretenimento
para o homem comum na Capital Imperial — os nobres preferiam o teatro. Considerando
que os gritos chegaram até aqui, a arena deveria estar cheia até a borda mais uma vez.

“A multidão parece muito animada; será uma luta final?”

A equipe de Trabalhadores que Hekkeran liderava havia travado uma série de batalhas
contra feras mágicas na arena para fins de trabalho. Se renderem seria um curso de ação
inútil contra feras mágicas, então sim, a derrota significava a morte. É claro que batalhas
contra seres humanos poderiam ser fatais, mas era muito raro atividades assim na arena
não terminassem sem uma única fatalidade. Ou não, quanto mais pessoas morressem,
mais a multidão se animava.

Os espetáculos mais frequentados eram os grandes torneios de luta, onde muitas pes-
soas morreram das mais belas formas.
Hekkeran encolheu os ombros.

Ele não tinha interesse nisso. Sentia vontade de olhar para um campo de batalha enso-
pado de sangue num dia de folga do trabalho. No entanto, ele não afastou totalmente isso
de sua mente, porque os vários eventos dentro da arena podem resultar em excelentes
tópicos de conversação.

Eu não quero entrar na arena novamente, mas pode ser uma boa idéia perguntar aos ou-
tros sobre os detalhes da programação de hoje quando eu voltar.

Depois de tomar nota mental disso, ele continuou andando por uma estrada cheia de
lojas. Logo, ele viu uma placa familiar com as palavras “Pavilhão da Maçã Cantante”.

Aparentemente, um grupo em que todos os bardos usavam instrumentos de madeira de


macieira se uniram para fundar esta taverna. Parecia velho, mas o interior era surpreen-
dentemente robusto e limpo. Não havia lacunas nas paredes para deixar entrar o vento,
e as tábuas do piso estavam polidas. Naturalmente, ficar aqui não era barato, mas tam-
bém não era completamente inacessível. Para Hekkeran e sua horda; não, para todos os
Trabalhadores, esta era sem dúvida a taberna de mais alto nível.

Claro, não poderia ser comparada com os melhores estabelecimentos da Capital Impe-
rial. Mas esses lugares eram mais adequados para aventureiros honestos; porem nem
tanto para os Trabalhadores.

Para começar, as pessoas que contratavam Trabalhadores geralmente tinham empregos


sujos para oferecer. Portanto, seus clientes hesitariam em ter que andar em locais visí-
veis. No entanto, se eles definissem seu ponto de encontro em um local com pouca segu-
rança, esse curso de ação poderia causar problemas inesperados.

Além disso, o fato de muitas outras equipes de Trabalhadores terem usado esse local
como base fez com que a Maçã Cantante fosse popular entre os solicitantes. Isso porque,
ao contrário da Guilda dos Aventureiros, alguém que procurava contratar Trabalhadores
precisava encontrá-los com suas próprias conexões. Portanto, ter os Trabalhadores es-
palhados por todo o lugar era muito problemático para os solicitantes.

Outra razão para os Trabalhadores permanecerem nesta taberna foi porque permane-
cer no mesmo lugar promoveu uma sensação de proximidade entre si, o que reduziria as
chances de pedidos que gerariam batalhas entre os Trabalhadores. Finalmente — e mais
importante — a comida aqui era deliciosa.

Hekkeran pensava no jantar enquanto entrava pela porta. Ele esperava que pudesse ter
seu caldo de carne de porco favorito.

Enquanto ponderava sobre o assunto, a primeira coisa que o cumprimentou não foi o
fato de seus amigos dizerem “oh, você voltou” ou “obrigado por ter se esforçado tanto”.
“—Eu já te disse! Eu não sei!”

“Não, não, se você dizer isso, vai me colocar em uma fria...”

“Eu não sou a guardiã dela, muito menos parente, como eu saberia onde ela foi?”

“Vocês não são companheiros? Eu não posso simplesmente ir embora calmamente por-
que você diz que não sabe. Este é o meu trabalho!”

Um homem e uma mulher estavam olhando um para o outro no meio do primeiro andar
da sala de jantar.

O rosto da mulher era muito familiar para ele.

Seu rosto não tinha o menor traço de gordura e seus olhos eram perversos. As caracte-
rísticas mais atraentes desta mulher eram os seus ouvidos, que eram muito mais longos
do que os das pessoas comuns. Ainda assim, eles tinham apenas metade do tamanho dos
de um Elfos da Floresta. De fato, ela era uma mestiça.

Os Elfos da Floresta eram mais magros que um ser humano e, depois de ver seu corpo,
ficava claro que ela havia herdado aquele traço sanguíneo. Ela era magra da cabeça aos
pés, e seus seios e nádegas não tinham a plenitude de uma mulher. Eles pareciam que
alguém havia soldado chapas de ferro sobre eles, e se alguém olhasse apenas para o
corpo dela, eles poderiam confundi-la com um homem.

Ela usava um conjunto apertado de armadura de couro. O arco e o aljava que ela nor-
malmente carregava não estavam na sua posse. A única arma que ela tinha era a espada
curta na cintura.

Seu nome, Imina. Ela era uma das companheiras de Hekkeran.

No entanto, ele não reconheceu o homem na frente de Imina.

O homem parecia estar se curvando, mas não havia nenhum sinal de desculpas em seus
olhos. Na verdade, havia um olhar que irritou Hekkeran. Ainda assim, pelo menos ele
estava sendo educado, então ele tinha algum cérebro.

Os braços e o peito do homem estavam inchados de músculos, e ele parecia intimidador


apenas parado ali. Pessoas como ele provavelmente não hesitariam em usar a violência,
mas a força bruta era inútil contra Imina.

Isso era porque Imina parecia frágil, mas ela tinha habilidades de primeira classe, e ela
era capaz de abater facilmente um capanga que achava que ele era alguma coisa.

“Isso é o que eu tenho dito a você todo esse tempo!”


Ao ouvir aquela voz irritada e aguda, Hekkeran interrompeu apressadamente.

“O que você está fazendo, Imina?”

Foi só quando ouviu a voz de Hekkeran que Imina o notou e se virou. Então, um olhar
de surpresa apareceu em seu rosto.

Uma ranger com sentidos aguçados como ela mesma ficara tão perdida em suas pala-
vras que não notara a presença de Hekkeran. Isso indicava o quanto ela estava cansada.

“...Quem é você?”

O homem pensou que Hekkeran era um intrometido indesejado e questionou-o em tom


ameaçador. O olhar do homem era aguçado, e ele irradiava uma aura que sugeria que ele
pudesse começar a bater em alguém a qualquer momento. No entanto, Hekkeran fre-
quentemente enfrentou monstros e sobreviveu ao encontro, então tudo o que saiu dele
foi um sorriso irônico.

“...Ele é o nosso líder.”

“Ohhhh, maravilhoso. Você deve ser Hekkeran Termite-san, então. Já ouvi falar de você.”

A expressão do homem mudou imediatamente, tornando-se um sorriso simpático que


encheu Hekkeran com leve repulsa.

Hekkeran não sabia o porquê aquele homem tinha vindo para cá, mas o fato de ter che-
gado a essa taberna — a base de operações do grupo de Hekkeran — significava que era
improvável que ele não soubesse o que Hekkeran fazia para ganhar a vida.

Talvez o seu tom ameaçador de agora tivesse sido planejado para avaliar Hekkeran. Se
Hekkeran tivesse se encolhido, o homem continuaria falando em tom arrogante.

Entre os Trabalhadores e aventureiros, havia pessoas que poderiam matar monstros


sem piscar um olho e, no entanto, recuariam de seres humanos. Pessoas como essas, só
poderiam dar um passo atrás momentaneamente. Se pressionados, eles sacariam suas
armas e poderiam acabar matando a oposição.

Acabamos de nos conhecer e ele já está tentando me assustar para mostrar quem é o chefe...
esse cara... Eu não gosto do tipo dele.

Hekkeran entendeu que essa era uma técnica de negociação. Claro, foi muito óbvia. No
entanto, Hekkeran não gostava de negociações como essas. Ele preferia falar o que pensa
e ir direto ao que interessa.

“...Você está sendo barulhento. Esta é uma taberna. Existem outros convidados ao redor.
Você realmente quer fazer um tumulto aqui?”
Dito isto, quase não havia convidados por perto, e até mesmo o pessoal da taberna tinha
ido embora.

Não era que eles tivessem se escondido, porque brigas como essa eram como aperitivos
para os Trabalhadores. Foi uma simples coincidência que ninguém estava por perto.

Hekkeran olhou para o rosto do homem. O outro homem não podia se segurar ante o
brilho de um guerreiro de mythril. Ele imediatamente se acovardou como se estivesse
diante de uma fera mágica.

“Não, não, não, me desculpe, mas também tenho minhas razões.”

O homem baixou um pouco a voz, mas ainda queria continuar falando. Dada a maneira
como ele ainda estava segurando às suas armas em face do olhar de Hekkeran, ele deve-
ria ser bem versado na aplicação da força — particularmente violência.

Por que um homem assim veio aqui?

Era verdade que Hekkeran estava envolvido em negócios obscuros, mas ele não reco-
nheceu esse homem, nem fez nada para justificar tal atitude. Nem parecia que ele iria
oferecer um emprego.

Desconcertado, Hekkeran decidiu aliviar seu olhar e lhe fez uma pergunta direta.

“...O que está acontecendo?”

“Não é nada. Eu só queria me encontrar com Furt-san, Hekkeran-san.”

Havia apenas uma pessoa em que Hekkeran poderia pensar quando a palavra “Furt”
surgiu.

Hekkeran não sentiu que ela estaria conectada a este homem por meio algum, porque
ela era uma camarada que tinha passado por inúmeras lutas de vida ou morte ao lado de
Hekkeran. Sendo esse o caso, ela deve estar em algum tipo de problema.

“Arche? O que aconteceu com ela?”

“Arche... ah, sim. Nós a conhecemos como Furt-san, quase que eu não consegui me lem-
brar do nome dela por um momento. Mm, acho que é Arche Eeb Rile Furt.”

“E então?! O que você quer com a Arche?”

“Não é nada, eu só quero falar com ela... é um assunto privado, então eu gostaria de per-
guntar quando ela voltará...”
“Como se eu soubesse!”

Hekkeran interrompeu rudemente o outro homem. Tal era a sua brusquidão que o outro
homem estava perto de revirar os olhos em aborrecimento.

“Então, satisfeito?”

“Eu... vocês não me deixam escolha. Eu vou esperar aqui por um tempo...”

“Dá o fora, cara.”

Hekkeran moveu o queixo para a porta, e essa atitude deixou o outro homem olhando
estupidamente.

“Deixe-me deixar isso bem claro. Seu rosto está me irritando e eu não suporto ver sua
cara na minha linha de visão por nem mais um segundo.”

“Esta é uma taberna, eu—”

“Ah, sim. É uma taberna. É também um lugar onde os bêbados costumam iniciar brigas.”

Hekkeran sorriu maldosamente para o homem.

“Não precisa ficar tão tenso, relaxe. Mesmo que você se envolva em uma briga e se ma-
chuque muito, temos um sacerdote que conhece magia de cura. Tudo o que você precisa
fazer é pagar.”

“É melhor você pegar uma boa quantia, ou os templos não ficarão felizes. Eu não quero
os assassinos atrás de mim.”

—Imina acrescentou, com um sorriso malicioso no rosto.

“Bem, nós vamos te dar um desconto especial, então você ficará agradecido, certo?”

“—Sacou?”

“Está me ameaçando garoto—”

As palavras do homem foram cortadas na metade, porque ele viu a expressão no rosto
de Hekkeran mudando rapidamente.

Hekkeran de repente deu um passo à frente, tão perto que o rosto do outro homem en-
cheu sua linha de visão.
“Hah? Ameaçando você? Quem está te ameaçando? As brigas são comuns em uma ta-
verna, não são? Estou te dando um bom conselho e você diz que estou te ameaçando?
Você está procurando por problemas, hein?!”

As veias na testa de Hekkeran estavam grossas. Seu rosto era o de um homem que ex-
perimentara numerosos encontros com a morte.

Assustado com a sua presença, o homem deu um passo para trás soltando um “tch”, não
querendo admitir a derrota. Então se dirigiu para a porta. Ele tentou o seu melhor para
fingir o contrário, mas estava claro para todos que ele tinha se assustado. Quando chegou
à saída, virou-se e cuspiu uma última resposta em Hekkeran e Imina.

“Diga à menina Furt! O prazo está aqui!”

“Ahhh?!”

O rosnado baixo de Hekkeran mandou o homem fugir da estalagem.

Depois que o homem exaltado desapareceu, Hekkeran retomou sua expressão original.
Essa mudança foi tão brusca que foi quase cômica. Na verdade, Imina estava aplaudindo-
o em silêncio.

“Então, o que foi isso tudo?”

“Não faço idéia. Ele só me contou aquilo que te disse.”

“Que pena. Se eu soubesse, pediria a ele que explicasse com mais detalhes.”

Ele agarrou a cabeça em aborrecimento.

“Perguntaremos a Arche quando ela voltar.”

“...Ainda assim, não estou muito ansioso para fincar meu nariz nos negócios dos outros.”

“Mm, tudo bem, eu entendo. Ainda assim, você é o líder, então faça o melhor que puder.”

“Então eu invoco a autoridade da minha liderança e ordeno que você, como uma com-
panheira, pergunte a ela, Imina.”

“Sem essa, eu não quero perguntar a ela também.”

Os dois sorriram amargamente um para o outro.

Ambos os aventureiros e Trabalhadores tinham vários tabus.

A primeira era que eles não podiam vasculhar ou perguntar sobre o passado do outro.
A próxima era que eles deveriam esconder desejos excessivos.

Já que o desejo levou muitas pessoas a se tornarem Trabalhadores, foi inevitável criar
algo assim. No entanto, se abrir demais uns para os outros impedia que o time funcio-
nasse normalmente. Por exemplo, se um colega de equipe reclamava de dinheiro, alguém
confiaria nele quando se tratava de um trabalho que envolvia lidar com uma grande soma
em dinheiro ou manter um segredo que absolutamente não poderia vazar? Alguém ou-
saria dormir no mesmo quarto que alguém que desejasse o sexo oposto todo o tempo?
Todos tinham que contar uns com os outros quando suas vidas estavam em perigo. No
mínimo, cada membro de uma equipe tinha que confiar um no outro.

O fato de Arche ter se metido em problemas como esse era uma enorme falha em sua
confiabilidade. Definitivamente não era algo que pudesse ser desconsiderado com um
simples “Relaxa, relaxa”.

Como pessoas que trabalhavam com um risco muito real de morte, não podiam permitir
que quaisquer fatores de desconforto permanecessem.

Hekkeran coçou a cabeça, sua expressão claramente relutante.

“Não vai dar para evitar. Eu vou perguntar a ela quando voltar.”

“Por favor, faça isso~”

Imina sorriu e acenou, e Hekkeran olhou para ela.

“O que, você está tentando fugir? Você vai perguntar junto comigo.”

“Mas por quê?”

Imina fez beicinho, mas só restou a ela desistir quando viu que o rosto de Hekkeran
estava inalterado.

“Não adianta reclamar. Eu só espero que a situação não seja muito séria.”

“Então, onde ela está agora, afinal?”

“Hm? Ah, ela foi coletar informações sobre os detalhes daquele trabalho.”

“Não seria o Rober e eu que deveríamos fazer isso?”

Depois que Hekkeran e os outros terminaram de derrotar undeads das Planícies Katze,
eles retornaram à Capital Imperial, onde receberam um novo pedido. Os termos do pe-
dido foram muito bons para a equipe, então todos estavam inclinados a aceitá-lo. No en-
tanto, eles precisariam pesquisá-lo primeiro.
Eles haviam concordado previamente que seu melhor orador, Roberdyck, investigaria
os detalhes de seu empregador e as razões pelas quais ele os procurara, enquanto Hek-
keran iria para os escritórios do governo do Império — eliminar os undeads das Planícies
Katze era um negócio nacional — recolher o pagamento por matá-los — e depois ajuda-
ria Roberdyck em suas investigações.

Imina e Arche deveriam ter esperado aqui por mais instruções.

“Além disso, ela disse que queria investigar as condições e a história do nosso objetivo.”

Não é de se admirar.

Hekkeran assentiu. Arche poderia ter abandonado seus estudos na Academia Imperial
de Magia, mas ela ainda mantinha suas conexões. Ninguém conseguia reunir conheci-
mento acadêmico como ela podia. Além disso, ela poderia consultar a Guilda dos Magis-
tas para obter informações.

“Então é por isso que ela saiu correndo com Rober. Afinal, ele também sabe bastante e
tem conexões com os templos. Então, e a sua parte, como fica?”

“Bem, sobre isso...”

Hekkeran sentou-se enquanto falava em voz baixa.

“Eu sei porque eles querem Trabalhadores. Ou melhor, eu sei o porquê você não pode
contratar aventureiros para ir ao lugar em questão. No entanto, o solicitante também
disse que estava procurando outras equipes, isso deve ser verdade.”

“É sério que vamos ter que trabalhar com outras pessoas? Tal lugar pode ser ruínas que
ninguém nunca entrou antes, mas o solicitante tem certeza de que teremos grandes re-
tornos disso?”

“A equipe que eu perguntei — o pessoal de Gringham — também disse isso. A equipe


Heavy Masher parece preparada para aceitar, e precisamos decidir se vamos aceitar até
amanhã.”

Eles só ouviram os detalhes do pedido e ainda não o aceitaram. Mesmo eles tendo até
amanhã para responder, haveria preparações adicionais a serem feitas se eles aceitas-
sem.

“E o conflito que aconteceu agora a pouco, em um momento crucial como este... você
acha que isso está relacionado?”

“Não podemos descartar completamente a possibilidade de que uma das outras equipes
participem disso. No entanto, temos que ouvir a Arche antes de decidir. Pode ser outra
equipe armando algo para nós, aí seria melhor não aceitar. Ou talvez devêssemos aceitar
agora que estamos totalmente preparados para um confronto?”

“Claro que devemos aceitar. Se eles tiverem alguma nesga conosco, nós vamos espancá-
los até que a única coisa que reste sejam eles recolhendo seus dentes do chão. Isso vai
ensiná-los a mexer com a gente.”

“Isso é muito extremo.”

Imina era muito mais intensa do que sua aparência sugeria, mas Hekkeran sentiu que
sua proposta tinha mérito.

Mesmo com outros olhando para eles não causaria mal algum, porém isso poderia pre-
judicar sua reputação no futuro. Considerando que os Trabalhadores estavam com um
pé no submundo, ter uma má fama era algo que precisavam evitar.

Uma luz de determinação encheu seus olhos enquanto ele assentia silenciosamente, e
então o som de ranger de madeira ecoou pela taverna. As formas de duas pessoas entra-
ram pela porta aberta.

“—Voltei.”

“Retornamos.”

A primeira voz pertencia a uma garota e soava como um sussurro. Uma batida depois,
foi seguida por uma voz masculina elegante e pomposa. Com toda a probabilidade, ele
queria evitar afogar as palavras calmas da garota.

A primeira pessoa a entrar foi uma mulher magra, chamá-la de adolescente não seria
um erro incomum.

Ela parecia estar no final da adolescência. Seu cabelo brilhante estava aparado na altura
do ombro, seus olhos e nariz estavam perfeitamente alinhados. Ela não possuía uma be-
leza elegante. No entanto, ela tinha uma qualidade inorgânica, como se fosse uma boneca.

Na mão dela havia um cajado de metal que era tão alto quanto ela. Dizeres pessoais fo-
ram inscritos com inúmeras inscrições que se pareciam com letras e símbolos. Ela usava
um manto solto e comprido. Embaixo, havia várias peças grossas de roupas que davam a
ela um mínimo de defesa. Pode-se dizer de relance que ela era uma magic caster.

O homem usava uma armadura completa — embora sem um elmo — e sobre ela havia
uma túnica costurada com um símbolo sagrado. Ele tinha uma morningstar em sua cin-
tura e um símbolo sagrado que combinava com o seu tabardo pendurado em seu pescoço.
Suas feições faciais eram ásperas e seu cabelo estava repartido. Seu minúsculo bigode
estava aparado bem rente à pele e ele dava aos outros a impressão de estar sempre rela-
xado. Ele parecia ter cerca de 30 anos de idade.

Eles eram outros amigos de Hekkeran, Arche Eeb Rile Furt e Roberdyck Goltron.

“Oh, vocês voltaram.”

Chegaram na hora certa ou errada? Hekkeran dirigiu-se aos dois em tons firmes.

“O que aconteceu com vocês dois?”

Roberdyck falou em um tom que não soava como uma pessoa sênior dirigindo-se a seus
dois juniores. Parte disso foi por causa de seu caráter, mas também porque ele os via
como Trabalhadores iguais a ele mesmo.

“Não... não é nada.”

“Sim... isso mesmo, não é nada.”

Os dois olharam suspeitosamente para Hekkeran e Imina enquanto acenavam com as


mãos.

“Er, de qualquer maneira, não vamos conversar aqui. Vamos ficar lá.”

O rosto de Hekkeran ficou sério e ele parou de brincar. Então, ele apontou para uma
mesa redonda nas profundezas de dentro da sala.

“Antes disso, que tal bebidas... Ei, Imina, onde está o chefe?”

Imina olhou para ele com um rosto que parecia dizer: “Por que você está perguntando
isso agora?”

“...Ele foi às compras. Estou tomando conta no lugar dele.”

“A sério? Então, o que devemos beber? Qualquer coisa que quisermos?”

“—Vou passar.”

“Ah, não me importa de ficar sem.”

“...Fala sério. Então, mm... então vamos começar esta reunião da Foresight.”

Todas as expressões originais não existiam mais. Inclinaram-se ligeiramente, aproxi-


mando os rostos entre si. Eles não podiam evitar, embora não houvesse mais ninguém
por perto; Pode-se dizer que era um hábito profissional.
“Vamos verificar os detalhes da solicitação.”

Depois de garantir que todos os olhos estavam voltados para ele, Hekkeran continuou
falando. Seu tom era muito diferente de antes. Ele estava falando sério quando tinha que
ser sério, assim como um líder de equipe deveria ser.

“Nosso cliente é o Conde Femel, e o pedido é investigar um conjunto de ruínas dentro


das fronteiras do Reino — uma estrutura que parece ser algum tipo de tumba subterrâ-
nea. Serão pagos duzentos adiantados e cento e cinquenta após a conclusão. Incrivel-
mente, o pagamento inicial é maior do que o restante da taxa, e o montante total é muito
grande. Além disso, pode haver um bônus para nós, dependendo dos resultados da in-
vestigação. No entanto, todos os itens mágicos que encontrarmos irão para o Conde. Se-
gundo ele, pagarão aos descobridores metade do valor de mercado por qualquer coisa
que encontrem. Pedras preciosas, obras de arte e assim por diante serão valorizadas e
depois divididas em metade para ele, metade para nós. Além disso, o solicitante também
tem negociado com outros grupos de Trabalhadores ao mesmo tempo e, dependendo das
circunstâncias, podem haver mais de uma equipe nesta expedição — provando o que eu
disse anteriormente.”

Hekkeran compartilhou a notícia que aprendera com Arche e Roberdyck e depois expli-
cou os detalhes.

“A expedição durará no máximo três dias e nosso objetivo é realizar uma investigação
completa das ruínas. O maior problema é que essas ruínas provavelmente estão preen-
chidas com monstros, e nós precisaremos descobrir seus esconderijos e assim por diante.
Em outras palavras, uma ruína cavernosa padrão.”

Cidades abandonadas e afins geralmente eram ninhos para monstros, e assim, quando
os Trabalhadores “investigavam ruínas”, era mais como uma “força de reconhecimento”.

“Ainda assim, o mais importante é que parece uma tumba ainda não descoberta.”

O clima no ar mudou quando esse fato foi mencionado.

200 anos atrás, vários países haviam sido destruídos quando os Deuses Demônios inva-
diram a terra. Não foram apenas os reinos humanos que foram devastados, mas os demi-
humanos e heteromórficos também. Esses reinos arruinados às vezes escondiam tesou-
ros inestimáveis; ou seja, itens mágicos. Descobrir algo assim era, sem dúvida, o sonho
de aventureiros e Trabalhadores.

Portanto, aventureiros e Trabalhadores frequentemente ansiavam por descobrir ruínas


inexploradas. E agora, uma dessas ruínas havia aparecido diante de seus olhos.

Ao ver o brilho nos olhos de seus camaradas, Hekkeran cedeu o papel de orador a seus
dois amigos que retornaram após coletar informações.
“Além disso, o Conde cuidará do transporte para a tumba, bem como de nossas provi-
sões. Bom, é isso aí. Agora, Arche, Roberdyck, conte-nos o que aprenderam.”

“—Primeiro, a posição do Conde Femel no tribunal é precária. Aparentemente, o Impe-


rador Sangrento vem tratando-o com frieza. No entanto, ele não está em dificuldades fi-
nanceiras.”

“Com relação a essa ruína dentro do Reino, Arche e eu fizemos algumas pesquisas, mas
não ouvimos falar de nenhuma ruína na área ou de quaisquer cidades no passado. Já que
é uma tumba, deveria haver alguma informação sobre isso deixada para trás... Franca-
mente falando, eu não tenho idéia do porquê haveria uma tumba lá. A única coisa na área
é um pequeno vilarejo; talvez pudéssemos aprender alguma coisa se perguntássemos
por aí. O que você acha?”

“Não podemos fazer isso. Nos pediram para manter nossos movimentos em segredo. O
solicitante disse que não devíamos eliminar testemunhas, e ele esperava que não preci-
sássemos fazer isso.”

“—Claro, essa região é território controlado pela Coroa. Se agirmos precipitadamente,


estaremos fazendo inimigos da Família Real Vaiself, do Reino.”

O fato de que eles estavam mergulhando em uma ruína em uma nação estrangeira era
praticamente um crime, razão pela qual eles não haviam contratado aventureiros, mas
sim Trabalhadores.

“Em outras palavras, este é mais um trabalho sujo, estou correto?”

“Sim. No entanto, existem alguns problemas delicados.”

“De fato. Os Trabalhadores do Império causando problemas no Reino levarão a todos os


tipos de problemas. Se as coisas forem mal, pode até afetar o próprio Conde.”

“Nesse caso, resta apenas mais um problema.”

“Ou seja, a origem da informação sobre a tumba, estou correto?”

“De fato. Não parece cheirar bem, não importa onde cheire.”

“Este lugar? Não é perto da Grande Floresta de Tob? E se eles encontrarem isso en-
quanto cortam a floresta?”

“—Isso seria estranho. Veja isso.”

Arche abriu um mapa e circulou um determinado local.


“A localização exata não é clara, mas deve ser em torno desta área.”

Seu dedo delicado deslizou sobre a superfície do mapa e, em seguida, bateu duas vezes.

“—E então este é o vilarejo, embora seja muito pequeno, vamos chamá-lo de vilarejo. Eu
não acho que um vilarejo como esse poderia cortar uma floresta.”

“De fato. Um pequeno vilarejo deve ter dificuldade em limpar uma floresta perigosa...
Talvez o Reino tenha autorizado algum empreendimento nacional, mas não há nada por
perto que ofereça quaisquer benefícios em escala nacional nas proximidades, e mais ao
ponto, nenhuma notícia sobre isso vazou.”

Os quatro estavam preocupados. Eles não sabiam se deveriam aceitar essa tarefa.

Como eles não tinham uma Guilda dos Aventureiros para apoiá-los, eles tinham que in-
vestigar o trabalho por conta própria, começando com o histórico de seu empregador e
a localização do trabalho. Depois disso, eles deveriam verificar os detalhes do trabalho
antes que pudessem aceitá-lo. Mesmo depois de tudo isso, eles ainda se deparavam com
problemas várias vezes.

Seus trabalhos eram uma aposta com suas vidas. Nenhum trabalhador poderia fazer o
trabalho sem dizer a si mesmo que por mais que checassem ainda não seria suficiente.
Se eles notassem uma dica de perigo que eles não poderiam lidar, então eles teriam que
recusar o trabalho, não importando quão bons fossem os termos.

“...Eu fiz algumas verificações adicionais sobre pagamento, e quanto ao depósito...”

Hekkeran colocou uma placa de metal na mesa. Se eles rejeitarem o trabalho, eles teriam
que devolvê-la ao cliente. Vários pequenos caracteres foram inscritos em sua superfície.

“—Verifiquei a placa de crédito com o Banco Imperial e é válida. Podemos trocá-la por
dinheiro a qualquer momento.”

Placas de crédito eram uma garantia de pagamento do Banco Imperial que funcionava
como um cheque.

Foram intrinsecamente feitas como uma contramedida contra a falsificação. Suas des-
vantagens incluíam ser tedioso de usar e o fato de que alguém tinha que pagar taxas de
processamento para usá-las, ainda assim era bem vantajoso.

A Guilda dos Aventureiros geralmente lidava com esse tipo de coisa em outros países,
porém, o próprio país garantia isso no Império.

“Isso significa que não é uma armadilha... tudo bem. A verdade é que eu tive a sensação
de que o outro lado estava falando sério desde o momento em que recebi estas placas.”
Se eles estavam planejando montar uma armadilha, então não haveria necessidade de
pagar um depósito tão grande como taxa de contratação — é claro, a oposição poderia
ter feito exatamente isso para pegar as pessoas de surpresa, mas Hekkeran não conhecia
esse nobre e não tinha nenhuma intriga com ele.

“Eu...”

“Pare. Imina, ainda não terminei. Espero que você possa ser um pouco mais flexível em
seu pensamento.”

“Tá, tá, tudo bem. Então me diga uma coisa. Há alguns pontos questionáveis sobre esse
trabalho, como a contratação de várias equipes pelo empregador. Por que isso?”

Imina levantou uma questão interessante. Seria insensato usar mais de uma equipe para
uma tarefa ainda mais com um prazo tão crítico, depois de considerar o tempo necessário
para contatar cada uma delas. Ficou claro que isso desafiava a explicação.

“—Não tenho certeza. Francamente falando, eu não sei o porquê eles estão com tanta
pressa para verificar o lugar. Eu não ouvi falar de nenhuma emergência envolvendo o
Conde ou qualquer pessoa relacionada a ele, ou qualquer cerimônia a ser realizada nos
próximos dias. Se querem uma resposta pessoal da minha parte, talvez ele tenha medo
de alguém do lado do Reino encontrar as ruínas, certo? E talvez contratar várias equipes
foi aumentar as chances de sucesso, não?”

“Diz aí, Hekkeran? Você não perguntou isso ao Gringham?”

“Como se ele fosse me dizer tudo! Apenas perguntar a ele se o nosso cliente o contratou,
fez um grande esforço monetário. Também tive que impedir que nossas informações va-
zassem.”

Hekkeran deu de ombros, indicando que ele estava sem idéias.

“—Há outra possibilidade, que é que alguém está indo contra o Conde.”

“Isso é possível. Se fosse esse o caso, a investigação apressada e a contratação de muita


gente faria sentido. Certo, certo. Aparentemente, algo grande aconteceu no Reino recen-
temente, mas não parece estar diretamente ligado às ruínas perto de E-Rantel...”

“Então, Rober? O que aconteceu?”

“Eu não aprendi muito sobre isso, apenas alguns rumores—”

Disse Roberdyck, e então ele lançou em uma explicação confusa da perturbação na Ca-
pital Real. Coletar mais informações levaria tempo, mas ele não tinha informações confi-
áveis agora.
“Hm~ não parece relacionado, mas também parece que é de alguma forma. De qualquer
forma, o que Arche disse é mais provável. Além disso, Rober também concorda.”

“Supondo que esse seja o caso... considerando o planejamento do cliente de contratar


várias equipes de Trabalhadores e o fato de estarmos trabalhando no território do Reino,
vamos acabar concorrendo com muitos aventureiros do Reino? Se esse é o caso, então
estamos apenas perdendo nosso tempo, não importa quantas informações coletamos
dentro das fronteiras do Império.”

“Também precisamos ser cautelosos com equipes contratadas por outro cliente — em
outras palavras, traidores. Eu não quero acabar sendo esfaqueado nas costas por equipes
“aliadas” quando tivermos terminado nossa tarefa.”

“Traidores ou aventureiros. Se eu tivesse que escolher, talvez os aventureiros pudessem


ser melhores. Pelo menos você pode argumentar com eles e evitar que as coisas saiam
do controle.”

“Afinal, podemos acabar matando uns aos outros se for entre Trabalhadores.”

“—O que você pretende fazer, líder?”

Todos tinham dito o que pensavam. Tudo o que restava agora era tentar descobrir coi-
sas e prever o curso de ação futura.

“Antes de decidir, tenho algo que quero dizer... ou melhor, algo que quero perguntar.
Isso é vital.”

Hekkeran respirou fundo e, ao lado dele, Imina suspirou.

“Arche, um homem estranho estava procurando por você.”

O rosto de Arche estava inicialmente em branco, como um manequim, mas naquele mo-
mento, suas sobrancelhas se contraíram. A julgar pela reação dela, Hekkeran tinha cer-
teza de que ela conhecia aquela pessoa.

“Aquele cara disse alguma coisa no final... o que foi mesmo?”

Hekkeran virou-se para Imina, e ela imediatamente lançou um olhar que dizia: “Que jo-
guete pretende fazer?!” No final, ela percebeu que Hekkeran realmente não se lembrava,
e ela respondeu em um tom cansado:

““Diga à menina Furt! O prazo está aqui!”. Ou algo nesse sentido.”

Todos os olhos estão focados em Arche. Ela fez uma pausa e depois falou em tom de
inerte.
“—Eu lhe devo dinheiro.”

“Você deve a ele?”

Hekkeran exclamou surpreso. Claro, não foi apenas Hekkeran, mas Imina e Roberdyck
ficaram chocados também. O dinheiro que eles fizeram como Trabalhadores era dividido
entre eles, então eles sabiam exatamente quanto cada um de seus colegas ganhava.
Quando pensavam no pagamento que recebiam, era difícil imaginar que ela acabasse de-
vendo dinheiro a alguém.

“Quanto você deve?”

“—Trezentas moedas de ouro.”

Depois de ouvir a resposta de Arche, todos se olharam novamente.

Este foi um montante surpreendente quando se considerou a quantidade de dinheiro


que uma pessoa normal ganhava. Mesmo os Trabalhadores do seu calibre não poderiam
ganhar tanto dinheiro de uma só vez. O pagamento total para este trabalho era de 350
moedas de ouro, mas isso para toda a equipe. Depois de deduzir as despesas necessárias
e transformá-las em um fundo compartilhado usado para comprar itens consumíveis e
outros recursos da equipe, o dinheiro restante seria dividido entre eles. No final, cada
pessoa receberia apenas cerca de 60 moedas de ouro.

Sua equipe estava muito bem classificada entre os Trabalhadores. Se alguém fosse pelo
sistema de classificação dos aventureiros, eles estariam em torno do nível de mythril. No
entanto, mesmo um grupo ao seu nível não poderia fazer tanto dinheiro em um único
pagamento. Como ela acabou devendo tanto dinheiro?

A expressão de Arche ficou sombria. Ela provavelmente sentiu os olhares duvidosos de


todos.

Era natural que ela não quisesse falar disso, mas não tinha escolha senão fazê-lo. Se ela
decidisse interromper a discussão aqui, ser expulsa da equipe seria um resultado perfei-
tamente compreensível.

Talvez ela estivesse preocupada com esse problema, mas no final Arche finalmente falou.

“—Eu mantive silêncio sobre isso todo esse tempo, porque é uma vergonha para a famí-
lia... minha família costumava ser nobre, mas fomos destituídos de nosso status pelo Im-
perador Sangrento.”

♦♦♦

Imperador Sangrento — Jircniv Rune Farlord El-Nix.


Seu epíteto surgiu por ser um imperador cujas mãos estavam manchadas de sangue.

Seu pai — o Imperador anterior, morreu e deixou sua posição vazia. Depois disso, ele
rompeu laços com um dos Cinco Grandes Nobres — em outras palavras, a família da Im-
peratriz viúva — por suspeita de conspirar para assassinar o Imperador. Depois disso,
ele matou seus irmãos um após o outro. Como se tivesse sido pega na tempestade da
morte que varreu a cidade, sua mãe havia morrido de um acidente durante este tempo
também.

Claro, houve oposição a ele. No entanto, o Imperador Sangrento havia assumido o con-
trole dos cavaleiros e suas proezas militares durante seu tempo como o Príncipe Her-
deiro, então a oposição não foi párea para ele. Apoiado com um poder militar esmagador,
ele eliminou os nobres influentes como se estivesse colhendo grãos. No final, tudo o que
restou na superfície, foi um grupo que prometeu lealdade ao Imperador independente-
mente de suas verdadeiras intenções, e assim ele consolidou todo o poder em si mesmo.

No entanto, o Imperador Sangrento não parou por aí. Ele tirou muitos nobres de sua
posição social em prol de eliminar os incompetentes. Em contraste, indivíduos talentosos
poderiam ascender a realeza, mesmo se fossem pessoas comuns, e assim ele construiu a
base de seu poder sobre essa política.

Havia dois pontos sobre tudo isso que impressionava aqueles que testemunharam isso.
A primeira foi a maneira magistral com que ele orquestrou sua depuração dos nobres de
modo a não diminuir o poder do Império, apesar do escopo da purga. A segunda foi que
o Imperador que havia realizado um feito tão incrível antes de completar 15 anos de
idade.

Muitos nobres caíram em tempos difíceis por causa dele. Contudo—

♦♦♦

“—No entanto, meus pais ainda estão vivendo um estilo de vida nobre. Claro, nós não
tínhamos dinheiro para sustentar esse estilo de vida, então eles tiveram que pegar di-
nheiro emprestado de lugares obscuros para pagar as contas.”

Hekkeran, Imina e Roberdyck se entreolharam.

Arche havia escondido bem, mas sua voz ainda estava com um toque de aborrecimento,
descontentamento e raiva.

“—Estou confiante em minhas habilidades mágicas, por favor, deixe-me participar.”


Era o que a pequena garota magra — que segurava um cajado que era mais alto do que
ela — disse a eles. Hekkeran não foi o único que lembrou a maneira estupefata em que
eles a encararam quando ela disse isso, assim como o olhar de choque em seus rostos
quando eles viram o verdadeiro poder da magia de Arche. Todas essas lembranças retor-
naram a suas mentes.

Mais de dois anos se passaram desde aquele dia, e eles passaram por muitas aventuras
juntos. No entanto, mesmo depois de arrecadar uma boa quantia em dinheiro de aventu-
ras repletas de risco de morte, o equipamento do Arche não mudou muito.

Agora, eles finalmente entenderam a razão disso.

“É sério isso? Você quer que nós soquemos um pouco de bom senso neles?”

“Eles precisam ouvir a palavra de Deus. Não, talvez eles precisem sentir o punho de Deus
para acordarem.”

“Talvez as orelhas deles estejam todas entupidas, com certeza fazer um buraco nelas
seria de grande ajuda!”

“—Por favor, espere. As coisas são o que são, por favor, deixe-me falar com eles. Depen-
dendo das circunstâncias, posso ter que levar minhas irmãs comigo.”

“Você tem irmãs?”

Depois de ver Arche acenar com a cabeça, os outros três se entreolharam novamente.
Eles não disseram isso, mas todos sentiram que talvez ela devesse abandonar este em-
prego.

Era verdade que os Trabalhadores ganhavam mais dinheiro do que os aventureiros. Por
sua vez, os riscos que eles assumiram eram muito altos. Todos assumiram empregos de-
pois de garantir que estavam seguros, mas os acidentes que não podiam prever eram
frequentes.

Se algo desse errado, ela poderia acabar morrendo e deixando suas irmãs sem ninguém
para ajudar. No entanto, todos sentiram que seriam intrometidos se dissessem mais al-
guma coisa.

“Certo... então vamos deixar seu problema de lado por enquanto, Arche. Vamos deixar
você lidar com isso sozinha... vamos voltar ao tópico de aceitar ou não esse emprego.”

Depois de dizer isso, Hekkeran olhou friamente para Arche.

“Arche, perdoe a minha franqueza, mas você não terá voz ativa nesta decisão.”
“—Não precisa se desculpar. Está bem. Eu entendo que não posso dar uma resposta
adequada, já que estou em dívida.”

Isso era o que eles chamavam de ser cegado pela ganância.

“—Francamente falando, eu tenho sorte de não ter sido expulsa da equipe.”

“O que você está dizendo? Nós somos os sortudos de ter uma habilidosa magic caster
como você se juntando a nós.”

Essas não foram bajulações vazias. É um fato para todos.

Em particular seu Talento. Aqueles olhos miraculosos dela tinham salvado Hekkeran e
os outros incontáveis vezes.

Se alguém tivesse que nomear o Talento de Arche, talvez chamá-lo de “Olhos que tudo
vêem”, isso poderia ser apropriado.

Aparentemente, todos os magic caster arcanos irradiavam uma aura invisível de magia.
O talento de Arche permitia que ela percebesse essa aura e entendesse qual nível de ma-
gia alguém poderia usar.

A utilidade de poder perceber a força de um oponente não precisa de explicação.

Hekkeran conhecia apenas uma outra pessoa no Império com um talento como o de Ar-
che. Esse seria o maior magic caster do Império — Fluder Paradyne.

Em outras palavras, apenas pelo poder de seus olhos, Arche estava de igual para igual
com o poderoso Fluder.

“Ainda assim, eu não posso acreditar que a Academia Imperial de Magia realmente libe-
raria uma garota tão talentosa.”

“De fato, ela é capaz de usar a magia do meu nível nessa idade. Pelo que sabemos, ela
pode acabar sendo capaz de atingir o sexto nível.

“—Isso provavelmente seria muito difícil. No entanto, apenas sabendo que a possibili-
dade existe, fico muito feliz.”

Depois que o clima esfria novamente, Hekkeran bateu palmas. O som claro e nítido cha-
mou a atenção de todos.

“Então, devemos ou não aceitar este trabalho? Roberdyck.”

“Eu acho que não terá problema.”


“Imina?”

“Não há inconvenientes nisso, né? Além disso, não temos um bom trabalho há muito
tempo.”

Os Trabalhadores não conseguiam emprego com frequência. Mesmo eles matando


undeads nas Planícies Katze há dois dias, isso era um extermínio regularmente progra-
mado, e não era o mesmo que um pedido de um cliente.

“Então...”

“—Se você está preocupado comigo, pode relaxar. Eu tenho outras maneiras de ganhar
dinheiro mesmo sem aceitar esse emprego.”

Os três se entreolharam e então Imina sorriu fracamente.

“Até parece. Pense nisso, esse trabalho é muito bom, e o pagamento é realmente gene-
roso. Certo, Rober?”

“Exatamente. Isto não é para você, mas os tesouros dormem nas ruínas. Não é verdade,
Hekkeran?”

“Você ouviu isso, Arche? A única vergonha é que não podemos nos tornar famosos ao
anunciar a descoberta das ruínas.”

“—Obrigada pessoal.”

Arche se curvou em agradecimento e os três sorriram.

“Agora, venha comigo para resgatar essa placa de crédito por dinheiro, Arche. Quanto a
vocês dois, vou ter que incomodar você para ajudar a preparar nossos equipamentos de
aventura.”

Equipamento de aventura incluía coisas como corda, óleo e itens mágicos. Eles exigiam
uma verificação cuidadosa. O meticuloso Roberdyck e Imina com suas habilidades da
profissão Ladino estavam bem adaptados à tarefa. No entanto, a verdadeira razão era
que Hekkeran não era adequado para fazer essas coisas.

“Agora, vamos nos mexer. Ainda assim... Arche.”

Arche inclinou a cabeça, como se perguntasse “Hm?” Hekkeran falou a questão que es-
tava em sua mente.

“Diga, o pagamento deste trabalho será suficiente para limpar seus débitos?”

“—Vai ficar bem. Se eu pagar esse dinheiro primeiro, poderemos durar mais um tempo.”
“Se não for o suficiente, posso lhe emprestar um pouco.”

“Sim, você pode nos pagar nós próximos trabalhos.”

Eles nunca diriam “Nós pagaremos por você”. Isso era apenas esperado. Os membros do
Foresight eram iguais, afinal.

“—Permita-me recusar. Eu acredito que é hora dos meus pais pagarem suas próprias
dívidas. Tudo o que posso fazer é dar-lhes algum tempo, como um ato de piedade.”

“Como quiser.”

Os quatro se entreolharam e então começaram suas respectivas tarefas.

Parte 3

Este era um bairro residencial de alto padrão na Capital Imperial, cujos terrenos espa-
lhados eram cobertos por mansões antigas, porém robustas e luxuosas. A maioria dos
moradores dessas casas veneráveis, ainda que certamente não decrépitas, eram nobres.

A residência de um nobre era um símbolo de status. Qualquer um que não pudesse su-
portar gastar o dinheiro em sua casa seria o alvo da sociedade nobre.

Coisas como acessórios, joias, roupas, casas e pátios; todos esses itens decorativos eram
ativos militares no campo de batalha conhecido como sociedade nobre. Isso porque esses
itens não eram apenas um sinal de riqueza, mas também da amplitude e profundidade
de suas conexões. Viver em um lar austero era razão suficiente para zombaria. Portanto,
a menos que fossem de inclinação militar e não tivessem interesse em questões políticas,
os nobres lutaram com unhas e dentes para decorar a si mesmos e suas casas. Em outras
palavras, era como uma demonstração de força militar; apenas pessoas com força sufici-
ente poderiam fazer uma coisa dessas.

Se alguém olhasse em volta, notaria algumas coisas.

Este lugar era em uma parte da Capital Imperial com excelente segurança, de fato, era
muito tranquilo. No entanto, havia outro motivo para o silêncio da região circundante
além da segurança. Também foi porque muitas das casas aqui não pareciam que fossem
habitadas.

Na verdade, ninguém morava em muitas dessas mansões. Eram casas vazias, antiga-
mente pertencentes a nobres que haviam sido destituídos de seus títulos pelo Imperador
Sangrento e tiveram que abandoná-los depois que não puderam pagar a manutenção
dessas moradias.
Em meio a esse mar de residências vazias, uma mansão ainda era habitada. No entanto,
as paredes externas não haviam sido mantidas adequadamente, e parece que alguém ha-
via negligenciado o cuidado com a vegetação no pátio.

Os pais de Arche receberam-na com expressões duras na sala de visitas desta mansão.
Seus rostos exibiam atitudes apropriadas a um nobre. Eles estavam vestidos com roupas
superiores.

“Oh, você está de volta, Arche.”

“Você voltou.”

Antes que Arche respondesse, seus olhos notaram o enfeite de vidro na mesa. Era um
copo de vinho primorosamente esculpido e irradiava um ar de classe e elegância.

O rosto de Arche se contorceu, porque ela nunca tinha visto aquele item antes.

“—Isso é...?”

“Oh, isso é do renomado artesão Jean...”

“—Isso não é o que estou perguntando. Nós não tínhamos isso em casa antes, por que
temos agora?”

“Isso é porque eu comprei esta manhã.”

Quando ela ouviu o tom casual de seu pai — como se ele estivesse discutindo o clima de
hoje — o corpo de Arche tremeu.

“—Quanto foi?”

“Oh... eu acredito que foram quinze moedas de ouro. Barato, não?”

A cabeça de Arche se inclinou em desespero. Qualquer um teria feito o mesmo, se a dí-


vida que tivessem de pagar aumentasse novamente depois que eles pagassem parte com
o depósito para o trabalho.

“—Por que você comprou?”

“Como nobres, as pessoas vão rir de nós se não gastarmos dinheiro com essas coisas.”

Seu pai riu com orgulho, e Arche não pôde deixar de encará-lo com hostilidade em seus
olhos.

“—Nós não somos nobres mais.”


Aquelas palavras fizeram o rosto de seu pai endurecer e ficar vermelho.

“Não!”

Seu pai bateu com o punho na mesa com um baque. Felizmente, a mesa da sala de visitas
era grossa o suficiente para que a taça de vinho mal se mexesse. Arche não se importaria
em quebrar, seu pai também não se importaria. Ele teria simplesmente pensado que era
uma despesa de apenas 15 moedas de ouro.

Quando Arche tentou suprimir sua irritação, seu pai continuou vomitando maldições e
saliva.

“Quando aquele maldito idiota morrer, poderemos retomar nosso nobre status imedia-
tamente! Somos nobres que serviram como espinha dorsal do Império por mais de cem
anos! Como ele pode nos expulsar assim? Este é um investimento para quando recupe-
rarmos nosso status! Além disso, essa demonstração de força mostrará a todos que não
vamos ceder a esse idiota!”

Que tolo.

Essa era a opinião de Arche sobre o pai dela enquanto ele bufava em agitação “Aquele
idiota” provavelmente se referia ao Imperador Sangrento, mas certamente ele não se im-
portaria com uma família tão insignificante quanto a de Arche. Nesta altura de suas vidas,
tinha que haver maneiras melhores de mostrar desafio do que isso.

Porém, seu pai era como um sapo no fundo de um poço, que não podia ver nada que não
passassem por cima de sua cabeça.

Arche sacudiu a cabeça cansada.

“Vocês dois, já chega.”

Os tons relaxados de sua mãe provocaram um cessar-fogo temporário entre Arche e seu
pai.

Ela então se levantou e ofereceu a Arche uma pequena garrafa.

“Arche, eu comprei para você este perfume.”

“—Quanto isso custou?”

“Três moedas de ouro.”

“Mesmo... obrigada.”
Um total de dezoito moedas de ouro...

Arche calculou em sua cabeça enquanto ela agradecia a mãe, então cuidadosamente
guardou a garrafa e a pequena quantidade de fluido dentro dela em seu bolso.

Era muito difícil para Arche tratar friamente sua mãe. Isso porque comprar perfume ou
cosméticos era uma compra muito sensata, de um certo ponto de vista.

Ficar bela, frequentar jantares elegantes e chamar a atenção de nobres ricos. A alegria
de uma mulher era se casar, engravidar, ter filhos e criá-los; então isso foi muito apro-
priado do ponto de vista de um nobre. Investir em cosméticos para esse objetivo não
seria um erro.

Mesmo assim, comprar perfume era demais quando a família estava em situação tão
precária. Mais precisamente, 3 moedas de ouro seriam suficientes para uma família ple-
beia viver por um mês.

“—Eu te disse várias vezes, não gaste imprudentemente. Apenas gaste o mínimo neces-
sário para sobreviver.”

“Isso é o que estou tentando dizer a você! Esta é uma despesa necessária!”

Arche olhou cansada para o pai, que estava tão zangado que seu rosto estava coberto de
manchas vermelhas. Eles haviam discutido assim várias vezes no passado e terminaram
inconclusivamente todas as vezes. Foi parcialmente culpa da Arche que as coisas tives-
sem acabado assim. Se ela tivesse colocado o pé na realidade mais cedo, talvez as coisas
não tivessem acabado assim, e ela não teria dado problemas a Foresight.

“—Eu não vou trazer mais dinheiro para vocês. Vou levar minhas irmãs e sair desta casa.”

Seu pai começou a ofegar pesadamente ao ouvir sua voz calma. Pelo menos ele é inteli-
gente o suficiente para saber o que vai acontecer com ele se ninguém trouxer o ganha-
pão para casa. Arche pensou friamente.

“Quem você acha que te criou para que você pudesse viver do jeito que você faz agora?”

“—Eu mais do que paguei essa gentileza a vocês.”

O pronunciamento de Arche foi simples e definitivo. O dinheiro que ela tinha dado a seus
pais era uma quantia considerável. Além disso, esse dinheiro foi ganho através de aven-
turas. Era o dinheiro que deveria ter sido usado para se fortalecer com seus companhei-
ros. Embora fosse verdade que todos estavam livres para gastar seu dinheiro como bem
entendessem, havia um entendimento tácito de que a maior parte deles iria para o forta-
lecimento de si mesmos.
O que os amigos de Arche pensariam quando vissem como ela mal comprava novos
equipamentos?

Não fortalecer seu traje de guerra significava que ela permaneceria fraca para sempre.

No entanto, os membros da Foresight não disseram nada à Arche. Arche sempre fora
grata por esta gentileza da parte deles.

Arche virou um olhar ardente para o pai dela. Sob seu olhar inflexível, seu pai se acovar-
dou e se virou, isso era de se esperar. Arche caminhou a beira da morte inúmeras vezes.
Ela não poderia perder para um nobre tolo.

Arche olhou para o pai mais uma vez, viu que ele não ousava falar novamente, e com
isso saiu da sala.

Ela fechou a porta atrás dela e suspirou. Uma voz gritou para ela, como se estivesse es-
perando por esse momento.

“Jovem Mestra.”

“—O que é, Jimes?”

Era Jimes, o mordomo que os servira fielmente ao longo dos anos. Seu rosto enrugado
estava rígido e nervoso. Arche imediatamente percebeu o motivo disso. Isso porque mui-
tas vezes ele fez essa cara nos anos desde que seu pai tinha sido despojado de seu status
nobre.

“Peço desculpas por ter que falar sobre isso, Jovem Mestra, mas...”

Arche levantou a mão para interrompê-lo. Os dois sentiram que não se tratava de um
assunto que deveria ser discutido no corredor do lado de fora da sala de visitas, então
foram para um lugar mais reservado.

Arche pegou uma bolsa de couro de um bolso oculto e abriu. Várias cores diferentes
brilhavam lá. Os mais numerosos eram os lampejos de prata, seguidos pelos de cobre, e
os menos numerosos eram os de ouro.

“—Isso será o suficiente para te ajudar por agora?”

Jimes pegou a bolsa. Sua expressão tinha suavizado um pouco depois de ver as moedas
dentro.

“Meu salário e o dinheiro para os comerciantes... acredito que será suficiente, Jovem
Mestra.”

“—Ótimo.”
Arche suspirou de alívio. Mesmo assim, isso estava apenas financiando uma dívida.

“—Você não pode impedir o pai de comprar essa coisa?”

“Eu não pude. O vendedor veio com um nobre que ele conhecia. Eu tentei lembrar o
Mestre várias vezes, mas ele ainda...”

“—Entendo.”

Ambos suspiraram.

“—Eu gostaria de fazer uma pergunta. Se demitirmos todos que estamos empregando
agora, quanto precisaremos de indenização por demissão?”

Os olhos de Jimes se arregalaram e ele sorriu tristemente. Não houve choque em sua
expressão facial; um sinal de que ele estava preparado para isso.

“Compreendo. Vou calcular o valor e informá-lo a você, Jovem Mestra.”

“—Por favor faça.”

Só então, o som de passos rápidos atingiu seus ouvidos. Ela sabia quem tinha feito isso
mesmo sem se virar para olhar.

A pequena boca de Arche se suavizou as expressões e, quando ela se virou, viu alguém
correndo. A outra parte não diminuiu a velocidade, simplesmente correu de cabeça nos
braços de Arche.

A pessoa que atacara Arche era uma garota de menos de um metro de altura, com cerca
de 5 anos, e a forma de seus olhos era muito semelhante à de Arche. A garota estufou as
bochechas rosadas, aparentemente muito descontente.

“É tão duuuuro~”

Isso não era uma crítica ao fato de seu peito ser muito plano depois de se jogar no abraço
de Arche.

Sua roupa de aventureiro constituía de muito couro para fornecer excelente força de-
fensiva. A couraça, em particular, era feita de couro endurecido. Certamente a garota
deve ter se sentido como se seu rosto tivesse sido achatado quando ela a atacou de cabeça.

“—Isso dói?”

Arche tocou o rosto da menina e acariciou a cabeça dela.


“Mmm, não mesmo, onee-sama!”

A menina sorriu alegremente e Arche sorriu para a irmã também.

“...Então, eu me despeço.”

O mordomo partiu, não querendo perturbar as duas, e, quando Arche o observou, ela
fez um afago na cabeça da irmã.

“—Urei... correndo no corredor não é...”

Arche engoliu as palavras no meio do caminho. Ela queria dizer que correr pelos corre-
dores não era condizente com uma filha nobre, mas Arche já havia dito ao pai que eles
não eram mais nobres. Nesse caso, que mal fazia para se ela corresse no corredor?

A mão de Arche não parou enquanto pensava, e a garota cujos cabelos haviam se arre-
piados em uma bagunça riu inocentemente. Arche olhou em volta e percebeu que a outra
não estava.

“—Onde está Kuuderika?”

“No quarto dela!”

“—Entendo... há algo que gostaria de lhe dizer. Vamos juntas para o seu quarto.”

“Mm.”

Sua irmãzinha sorriu feliz. Proteger esse sorriso era a sua obrigação. Arche apertou a
pequena mão de sua irmãzinha enquanto aquela emoção poderosa tomava conta de seu
coração.

Arche podia sentir o calor através da mão que era ainda menor que a dela.

“Onee-sama, sua mão é tão dura.”

Arche olhou para a outra mão vazia. Ela havia sido cortada várias vezes durante suas
aventuras, suas mãos agora eram ásperas e duras, não mais a mão de uma nobre. Mas ela
não tinha arrependimentos. Suas mãos eram a prova de que ela tinha sobrevivido com
seus amigos — com a Foresight.

“Mas eu gosto muito mesmo assim!”

As mãos da irmãzinha fecharam em torno das dela e Arche sorriu.

“—Obrigada.”
♦♦♦

O Mercado Norte da Capital Imperial era tão animado e movimentado como sempre. No
entanto, poucos dos cidadãos comuns vieram aqui para comprar coisas, então, ao con-
trário do Mercado Central lotado, podia-se percorrer as barracas livremente sem esbar-
rar em ninguém.

Hekkeran e Roberdyck soltaram a tensão de seus ombros ao verem a visão familiar e


começaram a olhar as vitrines.

Eles estavam relaxados e despreocupados, como se a palavra “cautela” não existisse em


suas mentes. Isso porque não havia batedores de carteira ou ladrões no Mercado Norte
— poderia muito bem ser o lugar mais seguro em toda a Capital Imperial.

“De qualquer forma, o que compraremos, Hekkeran?”

“Itens de cura primeiro. Espero que possamos obter varinhas com 「Cure Light Wounds」
com este nosso orçamento. A julgar pelas circunstâncias, as varinhas com 「Cure Middle
Wounds」 serviriam também... mas compre aquelas que estão com menos de metade da
carga. Ouvi dizer que estamos indo para uma tumba, então podemos usá-las nos undeads.
Depois disso vem o kit básico contra undeads, itens para resistir a veneno e doenças.
Idealmente, poderíamos encontrar alguma maneira de lidar com energia negativa ou
undeads incorpóreos... No entanto, os itens permanentes são muito caros, então os per-
gaminhos com magias relevantes também podem servir. Contudo...”

As varinhas eram itens mágicos infundidos com múltiplas conjurações da mesma magia
e eles eram mais baratos do que os pergaminhos no quesito uso x preço. Portanto, com-
prar varinhas com magias usadas frequentemente, como magia curativa, era mais eco-
nômico do que os pergaminhos.

“Entendo. Pensei que você estava planejando comprar um presente e por isso que você
me pediu para acompanhá-lo, para ouvir minha opinião.”

“Um presente?”

“...Não é nada, Hekkeran. Ponha algum esforço para encontrar algo bom.”

“...Er, mm.”

Quase tudo vendido nesse mercado era lixo.

Na maior parte, o mostruário era simplesmente um monte de itens feitos de chapas finas.
Poucos deles eram bens novos, sendo sincero; todos pareciam bens velhos ou surrados
de segunda mão.
Quase todos os comerciantes aqui pareciam que poderiam lutar, a julgar pelos bíceps
protuberantes. Isso, ou eles estavam vestidos como magic caster que pareciam mais ade-
quados para a batalha do que para barganha.

De relance, eles pareciam guarda-costas, mas a verdade era que eles eram os chefes de
suas respectivas barracas. No entanto, eles eram apenas chefes por hoje. Eles ganharam
a vida como aventureiros ou Trabalhadores. Em outras palavras, eles estavam no mesmo
negócio que Hekkeran e Roberdyck.

O que eles vendiam aqui eram itens que eles haviam usado antes, ou itens que haviam
descoberto durante suas aventuras, mas que os membros do grupo não podiam usar.
Nesse caso, em vez de vendê-los a um revendedor de itens mágicos dedicado ou à Guilda
dos Magistas, seria melhor encontrar os próprios clientes e poupar as despesas de um
intermediário no processo. Essa abordagem oferecia muitos benefícios tanto para o com-
prador quanto para o vendedor. Mesmo depois de contabilizar os custos de pagar a Gui-
lda dos Comerciantes para montar uma barraca, eles ainda poderiam lucrar.

Por essa razão, muitos aventureiros e Trabalhadores como Hekkeran e sua turma
viriam a este lugar para procurar tesouros escondidos. Algumas pessoas até vieram aqui
todos os dias durante a sua estadia na Capital Imperial em busca de um bom negócio.

Essa também foi a razão pela qual havia poucos crimes no Mercado Norte. Quem na
terra tentaria algo com todos estes veteranos em combate por perto?

Os dois andaram pelas barracas por um tempo. Eles não eram desapontados, mas tam-
bém não estavam contentes.

“Não achei nada.”

“Nem eu.”

Todos os itens à venda aqui eram itens que a Hekkeran e os outros não precisavam ou
que não podiam usar. Talvez se os dois fossem aventureiros de baixo nível ou Trabalha-
dores recém-iniciados, eles poderiam vender algo que lhes fosse útil, mas infelizmente,
não havia nada que a dupla — ou mesmo seus colegas — quisessem comprar.

“Que pena, talvez seja mais rápido se formos a uma loja comum.”

“Bem, nós estávamos apenas caçando pechinchas aqui de qualquer maneira, não pode-
mos fazer nada se não conseguirmos encontrar nada. Ah bem, lugares assim é que dá
para poupar algum dinheiro.”

“Poupar, huh... Hekkeran, o que você acha que vai acontecer?”

“Se eu pudesse entender o que você quis dizer com isso, eu poderia ser um magic caster
de alto nível... você quer dizer Arche?”
“Então você finalmente entendeu.”

“Bem, eu cresci mais confiante enquanto falar isso.”

“Então você sabe o que estou tentando dizer?”

“...Você está tentando dizer que esta pode ser nossa última aventura?”

“Por favor, não o expresse de uma maneira tão pouco auspiciosa...”

Roberdyck sorriu amargamente e continuou:

“Ainda assim, não está muito longe da verdade. Arche disse que ela estava levando suas
irmãs para criá-las sozinha. Sendo esse o caso, sair para a aventura novamente será difí-
cil.”

“Sim. Ela fará bom uso de seus talentos ou encontrará algum emprego onde possa ga-
nhar dinheiro sem se aventurar.”

“Encontrar trabalho não será difícil. Ela é magic caster de terceiro nível. Embora eu não
saiba quantas pessoas existem em sua família — quantas irmãs ela tem e coisas assim —
ela deveria ser capaz de sustentar três ou quatro pessoas.”

“Eu também penso assim. É por isso que ela poderia sair e dizer que ela poderia criá-los
sozinha.”

“Nesse caso, somos nós que teremos o problema. Uma vez que Arche-san deixa a nossa
equipe, quem devemos preencher o buraco no grupo?”

“Talvez tenhamos sorte e tropeçarmos em um magic caster arcano de terceiro nível que
alguém deixou à beira da estrada?”

“Por favor, melhor deixar para sonhar na cama... Se fôssemos aventureiros, poderíamos
pedir a Guilda que colocasse um aviso para nós... mas se estamos procurando um por
conta própria, tudo se resume a sorte.”

Os dois se entreolharam e depois suspiraram em uníssono.

Havia momentos em que alguém perderia um amigo, quando um amigo não conseguia
acompanhar o grupo ou quando a força excedia a dos outros membros do grupo. Nestas
situações, um aventureiro ou um Trabalhador deixaria sua equipe. Não era uma situação
rara. Em contrapartida, permanecer na mesma equipe durante toda a carreira seria a
raridade; na maior parte, todos mudariam de equipe duas ou três vezes.

Hekkeran, Roberdyck e Imina eram exemplos vivos disso.


No entanto, mesmo se fosse esse o caso, isso não significava que eles poderiam facil-
mente encontrar um magic caster arcano — e um capaz de lançar magias de terceiro
nível — que também era um Trabalhador sem um time.

“Que tal deixar um magic caster de segundo nível entrar e depois treiná-lo?”

“Esse deveria ser o último recurso. Eu prefiro evitar essa situação se for possível.”

“Caçar-talentos será difícil também. Pessoas que se tornam Trabalhadores geralmente


têm algum tipo de defeito de personalidade, e apenas pegar alguém fora para se juntar a
nós será ruim, pois pode levar a problemas no futuro. Tipo, digamos, pode ser aqueles
doentes por batalhas.”

“...Deste ponto de vista, somos praticamente um milagre.”

“Em última análise, nossa equipe simplesmente faz isso por dinheiro, o que é uma rari-
dade. Bem, Arche se juntou depois de ouvir os rumores sobre nós, então ela é uma exce-
ção.”

“Quando a Arche-san chegou, estávamos pensando em como obter nosso último mem-
bro.”

Roberdyck olhou para longe. Hekkeran percebeu que ele provavelmente tinha uma ex-
pressão semelhante em seu próprio rosto.

“Ainda me lembro do que estava bebendo naquela época... Arche-san veio na hora certa.
Aquilo me fez sentir como os deuses estavam nos dizendo para formar o time.”

“Oh, isso é incrível, minha memória não é muito boa para essas coisas. Então, o que você
estava bebendo naquela época, Rober?”

“Água.”

“Não é o mesmo que você sempre bebe todos os dias...? Você realmente é um abstêmio.
Ainda assim, seria problemático se você bebesse igual a Imina.”

“Fazer o que, eu simplesmente não bebo álcool. Claro, o vício da Imina-san no álcool é
um problema pessoal...”

“Ah, bem, você é do tipo que muda de cor de vermelho, azul e branco assim que o pri-
meiro cole de vinho desce na garganta. Se não fosse pela magia de antídoto, não tenho
idéia de como a primeira vez que você bebeu poderia ser esquecida.”

“Talvez eu não estivesse aqui agora, mas outra pessoa. Pessoas morreram de envenena-
mento por álcool antes.”
Roberdyck deu de ombros e continuou:

“Mas voltando ao assunto. Se a Arche-san sair, o que você pretende fazer? É possível que
você dissolva a equipe?”

“...Se não conseguirmos reunir membros suficientes, então não teremos escolha. Aven-
turar-se com três pessoas é perigoso demais... ou você quer voltar a ser um aventureiro?”

“Eu não quero voltar àqueles dias de implorar aos templos permissão para salvar al-
guém. Eu prefiro me aposentar em vez disso.”

“Aposentadoria, huh... isso pode não ser uma coisa ruim.”

“Tenho uma soma de dinheiro economizada e espero encontrar um emprego onde possa
ajudar os fracos e se tornar uma fonte de força para os outros. Talvez eu pudesse ir a uma
aldeia de fronteira e ser um sacerdote de meio expediente enquanto aro os campos. E
você, Hekkeran?”

“Eu ainda não decidi.”

O canto da boca de Roberdyck se encolheu.

“...Pode não ser bom decidir por conta própria.”

Hekkeran não entendeu o significado das palavras de Roberdyck por um momento. No


final, ele finalmente entendeu o que o outro homem queria dizer, e o rosto de Hekkeran
se contraiu.

“—Por que você!”

“Kuku~”

Ele sorriu maldosamente e:

“Você pensou que eu não tinha notado?”

“Ahhhhhhh~! Não é o que você está pensando, eu não estava escondendo isso de todo
mundo de propósito! Pense nisso, eu simplesmente não consegui encontrar o momento
certo para contar a vocês... então é isso que você quis dizer com o presente...”

“Quem confessou primeiro?”

“Ei, Rober! Olhe aquilo—”


Hekkeran estava apontando para um par de pessoas que estavam inspecionando a mer-
cadoria dentro de uma tenda de luxo.

Um deles era um guerreiro de armadura preta. Uma capa carmesim e um par de great-
swords cruzadas adornavam as costas dele.

“Isso foi uma mudança repentina de assunto... tudo bem, que assim seja. Eu vou pergun-
tar sobre isso mais tarde. Hmm, seu equipamento parece de primeira qualidade; se ele é
tão bom quanto seu equipamento, então ele deve ser um poderoso guerreiro. É alguém
que você conhece que tenha comprado novas armas ou armaduras?”

“Não tenho certeza, mas tenho a sensação de que nunca vi essa pessoa na Capital Impe-
rial antes. Quero dizer, você vê aquela garota ao lado dele? De onde está não deve dar
para ver bem. Eu nunca a vi antes.”

“Sim, o ângulo está ruim, então eu não a vi. Então, entre ela e a Imina-san, quem é mais
bonita?”

“—Para com disso! Como devo responder uma pergunta assim? ...Mas francamente fa-
lando, aquela garota é mais bonita.”

“Imina-san é uma beleza do jeito dela! E é claro, eles dizem que a pessoa amada é a mais
bela entre todas, então se você pensa assim, Hekkeran... Agora entendo, aqueles dois são
viajantes, ou aventureiros de partes estrangeiras. Eles também podem ser uma equipe
que acaba de transferir sua base de operações para a Capital Imperial.”

“Ainda assim, eles estão comprando itens mágicos de uso diário, isso não é estranho?”

A tenda de aparência luxuosa estava enfeitada com todos os tipos de itens mágicos. No
entanto, esses itens não eram do tipo que os aventureiros ou Trabalhadores usariam,
mas, sim, eram itens destinados ao uso diário. Por exemplo, uma caixa que gerava tem-
peraturas frias e mantinha comida fresca, ou um ventilador que poderia criar correntes
de ar para manter as pessoas frescas.

Muitos desses itens foram inovações há 200 anos atrás, feitos por um Minotauro conhe-
cido como o “Sábio Falastrão” ou mesmo como “Sábio Atrevido”.

Aquele guerreiro teve idéias para todos os tipos de dispositivos, mas ele não tinha a
capacidade de fazê-los, e ele não conseguia explicar o porquê esses itens tinham que ter
a aparência ou os princípios que os impulsionavam, daí seu apelido.

No entanto, o próprio homem era um guerreiro absolutamente de primeira linha, que


havia deixado um rastro de contos inacreditáveis atrás dele, como a habilidade de con-
jurar furacões com um golpe de seu machado ou criar terremotos batendo-o no chão,
coisas assim. Além disso, ele se tornou famoso ao elevar o status de raças humanoides de
mera comida para escravos, tudo isso dentro de uma nação Minotauro.
O fato de que os aventureiros — que normalmente viviam em pousadas — realmente se
interessariam por esses itens mágicos de uso diário, pois haviam sido projetados por se-
melhantes, isso era bastante incomum.

“Não é assim tão estranho. A tecnologia mágica do Império é bastante avançada e esses
itens são mais baratos do que em outras nações. Eles provavelmente estão pensando que
valerá a pena levá-los para casa, mesmo que seja necessário um pouco mais de esforço.”

“Ah, entendo. Sim, isso é definitivamente possível.”

“É estranho do nosso ponto de vista, mas se você considerar isso da perspectiva de um


viajante, não é estranho.”

“De fato, sim. A partir desse ângulo, posso entender por que eles estão escolhendo-os
tão a sério.”

O guerreiro blindado parecia estar cuidadosamente mexendo no item mágico. Ele abriu
e fechou as portas do item, pegou e depois virou. Quase se podia ver o suor se formando
na testa do vendedor.

“Nós provavelmente deveríamos comprar nossas coisas com a seriedade dele.”

“Você não está errado.”


Capítulo 02: Borboleta Presa na Teia de Aranha
Parte 1

sol ainda não havia se levantado, mas já havia um bom número de Traba-

O lhadores reunidos no pátio do conde. As últimas pessoas a chegar foram


Hekkeran e os membros da Foresight, para um total de 18 pessoas. Todas
as pessoas reunidas para este trabalho eram Trabalhadores conhecidos
dentro da Capital Imperial.

Cada time mantinha uma distância fixa dos outros, e ao mesmo tempo eles mediam um
ao outro com cautela, então o fato de que todos os olhos fossem para os membros do
Foresight quando chegavam por último foi uma visão bastante intimidadora.

“Ah, existem alguns rostos familiares. Falando nisso, não conhecemos aquele besouro
vaca-loura lá nas Planícies Katze?”

“Estranho, não mencionei na taverna? A equipe de Gringham também foi contratada... o


que, eu não contei a você? Eu tenho a sensação de que eu falei... de qualquer maneira,
como você pode ver, todos os notáveis Trabalhadores do Império estão reunidos sob o
mesmo teto! Um caloroso aplauso para as amplas finanças do nosso cliente!”

“Nós podemos dispensar os aplausos, eu acho. Vamos deixar isso de lado por enquanto;
os que estão lá devem ser os líderes da equipe.”

Todos os presentes foram divididos em suas equipes e, entre eles, um grupo de três
pessoas discutia informações.

“Gringham também está lá, certo. Certo, vou lá dizer oi.”

“...Ah! Ugeh, esse desgraçado está aqui também? Ah! A sério? Então, aquelas Elfas devem
ser... isso é terrível. Morra, seu filho da puta.”

Imina murmurou amargamente para si mesma. Ela poderia estar mantendo a voz baixa,
mas Hekkeran e os outros ainda estavam em pânico enquanto examinavam os arredores
em busca de sinais de hostilidade.

“Imina-san!”

“Eu sei, Rober. Ele é um colega durante este trabalho... mas eu só queria que eu não ti-
vesse que ver o rosto dele.”

“—Eu não gosto dele também.”

“Ah, se você quiser falar sobre se gostamos ou não dele, então eu também o odeio, mas
você precisa prestar atenção com essa sua atitude.”
Um olhar de “você é realmente irritante” veio à cara de Imina. Hekkeran se interpôs entre
ela e Roberdyck, depois sorriu maliciosamente ao encolher os ombros.

“...Ei, eu vou cumprimentá-lo. Não diga coisas chatas como essa. E se eu acabar mos-
trando isso no meu rosto?”

“Dê seu melhor, líder.”

Depois de ouvir Roberdyck animá-lo, Hekkeran deliberadamente franziu o rosto e res-


mungou:

“Esses dois falam como se isso não os preocupasse.”

E então foi até o grupo de três pessoas.

O primeiro a cumprimentar Hekkeran quando ele se aproximou foi um Trabalhador


com uma armadura completa de cor de aço. Devido à estrutura estranha e arredondada
das placas e às curiosas dimensões das ombreiras, ele não se parecia tanto com um ser
humano, mas sim com um besouro de pé sobre duas pernas.

Um chifre grande estava preso no elmo, um sinal de que ele estava deliberadamente
cultivando aquela imagem.

No entanto, o restante da aparência que veio a seguir não foi intencional. As pernas do
homem eram muito curtas, então ele realmente parecia um besouro vaca-loura que uma
criança tinha deliberadamente forçado a ficar em pé sobre as patas traseiras. Uma ma-
neira mais agradável de dizer isso seria dizer que suas pernas curtas e atarracadas esta-
vam firmes no chão, e ele parecia um Dwarf, só que bem alto e era bem adequado para
ser um guerreiro.

“Como eu esperava, seu grupo também veio, Hekkeran.”

“Sim, Gringham. Eu pensei que os termos desta vez não eram tão ruins.”

Hekkeran acenou para as outras duas pessoas. Sua atitude não era digna, mas nenhum
deles parecia infeliz. Isso porque os quatro poderiam ter tido diferentes idades e experi-
ências diferentes, mas eram igualmente qualificados como Trabalhadores.

“Então, os membros do grupo...”

Hekkeran olhou para a equipe de Gringham e contou-os antes de responder:

“Há apenas cinco; o que aconteceu com os outros?”

“Eles estão descansando e aliviando a fadiga. Além disso, eles trabalhavam da mesma
forma que eu, agora precisam consertar ou substituir a panóplia danificada ou destruída.”
Este homem — Gringham — lidera a equipe chamada Heavy Masher, uma grande
equipe de Trabalhadores com 14 membros.

Havia méritos em ter números ao lado. Um deles era a capacidade de abordar um tra-
balho de vários ângulos diferentes, o que dava muitas maneiras de lidar com um trabalho.
Em particular, a capacidade de se recombinar em uma equipe para adaptar as intempe-
res e a qualquer solicitação era uma grande vantagem.

No entanto, essa abordagem também continha deméritos. Um deles era o fato de que o
pagamento era dividido entre o número de pessoas e, portanto, cada indivíduo receberia
menos. A segunda falha foi que decidir que algo levaria muito tempo, resultaria em abor-
dagens lentas.

Depois de somar os prós e contras, o fato de que esse homem poderia agrupar Traba-
lhadores e sua tendência a se separar com base em conflitos de personalidade e, em se-
guida, dar mais um passo para controlá-los perfeitamente era um sinal de sua grande
habilidade como líder.

“Oh~ fazer isso é complicado. Ainda assim... porque você não atua como nosso apoio,
então os amigos que você deixou não vão odiá-lo por ganhar mais dinheiro, que tal?”

“Total tolice. Como um líder em meus plenos direitos, a tarefa cabe a mim para acalmar
os subordinados uma vez que a tarefa seja concluída. Lamentavelmente, nosso bando
deve buscar o melhor resultado possível para nós mesmos.”

“Ei, ei, não seja assim. Só estou dizendo que tudo bem se você falar normalmente com
nós aqui.”

Gringham sorriu fracamente. Hekkeran viu que ele não concordava, e então ele deu de
ombros e se virou para o outro homem.

“Esta é a primeira vez que eu falo cara a cara com você.”

Ele estendeu a mão para o outro homem como uma demonstração de respeito, e esse
homem aceitou. Sua mão era dura e forte.

Seus olhos estreitos piscaram, depois de encarar Hekkeran.

“—Foresight. Eu ouvi falar de vocês.”

Sua voz era tão limpa quanto um sino. Pode-se dizer que se encaixa muito bem em sua
aparência.

“Vocês também, Tenmu.”


Não havia ninguém que não conhecesse esse gênio espadachim, que estava invicto na
arena. A equipe deste homem — Tenmu — era essencialmente uma equipe composta de
um homem, até certo ponto. No entanto, também era por isso que o rosto de Imina se
contorcia de desgosto.

“Fico feliz em poder me unir a um gênio da espada que pode rivalizar com o mais pode-
roso guerreiro do Reino — o grande Gazef Stronoff.”

“Obrigado. No entanto, você não deveria dizer que ele pode rivalizar comigo — Erya
Uzruth?”

“Oh~ palavras ousadas~”

Erya sorriu friamente, um olhar arrogante no rosto. Depois de ver sua expressão, Hek-
keran piscou várias vezes para esconder a emoção que quase revelara.

“Bem, então, estou ansioso para ver sua técnica espadachim em plena exibição nas ruí-
nas.”

“Sim. Você pode deixar isso para mim. Espero que haja um monstro nessas ruínas que
possa me dar um desafio.”

Erya deu um tapinha na arma ao seu lado.

“...Não sabemos que tipo de monstro pode surgir. Por tudo que sabemos, podemos até
encontrar um Dragão!”

“Agora isso seria uma visão assustadora. Talvez um monstro poderoso como um Dragão
possa me desafiar. No entanto, no fim eu sempre venço.”

“É mesmo...”

Hekkeran sorriu, embora só por fora. Ele olhou para ver a reação da última pessoa e
trabalhou para reprimir seus próprios sentimentos.

Ele se lembrava de um boato sobre espadachim solitário, Erya era mais além de aven-
tureiro orichalcum, então talvez a resposta dele não fosse um mero orgulho ocioso. Além
disso, a confiança em suas próprias habilidades era uma coisa boa; gabar-se era muito
importante para os Trabalhadores.

Claro, isso foi enquanto não se cegou por isso.

Os Dragões eram as espécies mais poderosas do mundo.


Eles voaram pelo céu e expulsaram a respiração ruidosa de suas bocas. Suas escamas
eram robustas e seus atributos físicos eram extraordinários. Os Dragões mais velhos po-
diam até usar magia. Eles possuíam um tempo de vida incomparável aos dos seres hu-
manos, e até mesmo um Sábio teria que admitir a derrota à sua sabedoria acumulada.

Devido ao seu poder, as histórias frequentemente os descreviam como inimigos perver-


sos, ou seres que emprestavam uma mão aos heróis. O objetivo da última aventura dos
Treze Heróis foi o Dragão conhecido como “Deus Dragão”. E como dita as lendas, o ad-
versário final de um herói era frequentemente alguém das raças dracônicas.

Era bastante surpreendente como ele podia se comparar a um ser tão poderoso e agir
tão habilmente, mesmo que fosse brincadeira ociosa. Seu tom arrogante soava como se
ele estivesse brincando, mas infelizmente os olhos de Erya estavam sérios. Quão conven-
cido ele realmente era?

Ninguém sabia que tipo de monstros estavam nas ruínas que visitariam. Ele previu que
o estado mental de Erya era muito perigoso e poderia acabar arrastando todos os outros
também. Esse deveria ser o caso.

É melhor eu ficar longe dele.

Se ele quisesse morrer, tudo bem, mas seria problemático se ele viesse pedir ajuda com
isso. Hekkeran sorriu para ele, e tendo tomado essa decisão, ele modificou sua aborda-
gem para Erya; Na visão dele estava claro que seria “usado e depois descartado”.

“Aquelas pessoas ali devem ser os membros da Foresight. Oya...”

Um olhar de desdém e desprezo encheu os olhos de Erya no momento em que viu Imina.

Aparentemente, Erya nasceu na nação religiosa que reverenciava a humanidade como


a maior de todas as raças; a Teocracia Slane. Os cidadãos daquele país geralmente viam
pessoas com ascendência não humana como cidadãos de segunda classe.

Do ponto de vista desse homem, ter uma mestiça como Imina trabalhando de igual para
igual com ele era algo muito perturbador.

Os rumores de sua personalidade são verdadeiros... no entanto, se ele realmente nasceu na


Teocracia, então ele deveria ter um nome de batismo. Há também um boato de que ele
abandonou seu nome de batismo.

Hekkeran resmungou em seu coração, e só para ter certeza, ele murmurou:

“Ei ei, se acalmem meus amigos, tudo bem?”

“Claro. Pela duração deste trabalho, somos todos companheiros. Eu vou trabalhar junto
com vocês.”
“Eu gostaria muito de acreditar nessas palavras.”

Esse homem, Erya, era como uma criança muito forte que se tornara adulto de repente.
Ele enervava os outros facilmente; ou melhor, ele estava mentalmente desequilibrado
em um certo grau. O clima ao seu redor era desagradável para os outros, e mesmo depois
de lembrar disso, Hekkeran não conseguia encontrar a si mesmo para relaxar.

“Oh sim, por favor acredite em mim. Agora, vamos voltar ao tópico anterior. De qualquer
forma, gostaria de transformar o comando geral das expedições em outra pessoa. Desde
que não seja muito preocupante, vou obedecer às instruções de todos os outros membros.
Sinta-se à vontade para me usar como uma vanguarda durante a batalha; Eu vou cortar
todos os inimigos ante de nós com esta espada.”

“Tudo bem, entendido.”

“...Nesse caso, voltarei para minha equipe. Se tiver algo a dizer só me procurar lá.”

Erya fez uma reverência e saiu.

Quando ele viu as mulheres esperando por Erya, o rosto de Hekkeran se torceu por um
momento. No entanto, ele não podia deixar seus sentimentos serem escritos em seu rosto.
Permitir que os outros saibam como ele se sente ocasionalmente pode ser desvantajoso,
alguém poderia julgar que não estava apto a liderar uma equipe.

Ele reprimiu suas emoções e escondeu sua expressão.

Ele se virou, como se tivesse visto algo imundo, e cumprimentou a última pessoa.

“Saudações, honrado ancião. Você está tão saudável quanto sempre.”

“Hoi, Hekkeran. Você parece bem.”

Ele ofegava sempre que falava, porque quase todos os dentes da frente tinham caído.

Ele era Parpatra “Green Leaf” Ogrion.

A fonte de seu apelido era a armadura que ele usava, que lembrava folhas verdes bri-
lhando com o orvalho da manhã. Essa armadura não era feita de metal, mas as escamas
de um Dragão esverdeado. Parpatra e sua equipe obtiveram sucesso na caçada. É claro
que não era um Dragão muito grande, mas mesmo um pequeno Dragão não era um ini-
migo que um Trabalhador comum ou um aventureiro pudesse menosprezar.

Parpatra era um homem velho que estava em seus 80 anos de vida.


Normalmente, as pessoas nesse ramo de trabalho aposentam-se depois dos 45 anos.
Havia também algumas que se aposentariam pouco antes dos 40 anos. Poucas pessoas
permaneceram como aventureiros após a idade de 50 anos. As pessoas que trabalharam
em um trabalho tão cruel onde a morte era um perigo muito real não podiam ignorar os
efeitos da idade murchando seus corpos.

Na verdade, Parpatra era uma exceção, mas sua força havia se deteriorado muito
quando ele estava no auge — aparentemente, antes alcançou o nível orichalcum. Mesmo
assim, Parpatra se recusou a sair da vanguarda.

Parpatra e a maneira como continuava a aventurar-se apesar de sua idade avançada se


tornou um objeto de admiração por muitas pessoas nesse meio.

“Mhm, ainda assim, pode ser perigoso com ele.”

Ainda mais rugas apareceram no rosto já enrugado de Parpatra, e ele baixou a voz, um
gesto do qual Hekkeran aprovou.

“Sim. Se ele quer morrer, esse é o problema dele, mas eu prefiro não ir com ele também.”

“É verdade que ele é muito forte, mas confiança excessiva pode acabar colocando em
perigo seus compatriotas. Ele é extremamente perigoso.”

Gringham parecia estar murmurando algo como “problemático”. Depois de ver a atitude
de Erya, provavelmente todos os Trabalhadores estavam pensando a mesma coisa.

“Na verdade, quão forte ele é? Eu não estive na arena há algum tempo.”

“Você não sabe? Eu estou ciente... o mesmo não valeria para você, ancião?”

“Eu só ouvi falar da destreza dele, mas na verdade não vi com meus próprios olhos. Tal-
vez eu pudesse perguntar aos meus companheiros. No entanto, quando chegarmos a este
ponto, o que vamos usar como referência para a força? Por exemplo, se usássemos o Ga-
zef Stronoff como um ápice, então onde algo que estivéssemos mais familiarizados... di-
gamos assim... os Quatro Cavaleiros Imperiais estão nessa escala?”

“Os Cavaleiros que também são conhecidos como Explosão Pesada, O Intangível, Relâm-
pago e Vendaval Feroz, huh... usá-los como referência apenas complicam as coisas. Os
quatro devem ser inferiores àquele grande homem — ao Capitão Guerreiro do Reino —,
mas os dias de Gazef Stronoff, que se elevam sobre o rebanho comum, são coisa do pas-
sado. Com o passar do tempo, novos guerreiros poderosos surgirão.”

“Então você quer dizer que o Uzruth é um deles, que ele é realmente tão forte? Além
disso, eu nunca vi o poder dos Quatro Cavaleiros de perto... a pessoa mais forte que eu já
vi é provavelmente o líder da Guarda Imperial Platina, que responde diretamente ao pró-
prio Imperador. O talento do homem é algo bem alto... se bem me lembro. Ele está no
mesmo nível dos Quatro Cavaleiros?”

“As entidades mais poderosas que conheço são os Dragonlords do Conselho Estadual. A
humanidade não pode derrotar inimigos como aqueles.”

“Alguns dizem que há cinco deles, outros dizem que há sete... Ah, estamos procurando
uma maneira de avaliar a força de Uzruth. Por favor, limite-se aos espadachins humanos.”

“Dito isso, os espadachins do Conselho Estadual de Argland são quase todos demi-hu-
manos, então nós vamos ter que contá-los também. O mesmo vale para o Senhor Marcial.
Então eu vou citar a senhorita paladina do Reino Sacro Roble, que empunha uma espada
sagrada. Dito isso, ela parece um pouco inadequada em termos de pura esgrima.”

Coletar informações sobre indivíduos poderosos era muito importante para um Traba-
lhador, principalmente quando se tratava de lidar com ofertas de emprego. Isso porque
a presença ou ausência de tais informações geralmente determinava vitória ou derrota.
E claro, ignorando isso, eles eram todos guerreiros, e eles não podiam deixar de querer
saber mais sobre as pessoas que habitavam o mundo das artes marciais com eles.”

Foi o mesmo agora. A conversa começou discutindo a força de Erya, mas a conversa
ficou mais abrangente, e se tornou algo como um encontro de troca de notícias sobre
seres poderosos. Era como um grupo de crianças discutindo sobre quem era mais forte.

“As pessoas da Teocracia Slane tendem a ser de um nível uniformemente alto, mas eu
não tenho ouvido falar de nenhum indivíduo particularmente notável entre eles. Então,
novamente, mesmo se fossem, os magic caster divinos estão fora do escopo desta discus-
são.”

“Ouvi dizer que há uma guerreira na equipe de aventureiro mais bem classificada do
Reino. O que tem ela?”

“Ah, se refere à “grande peito sem peitos”, estou certo? Ela é muito forte. Embora sou-
besse que ela perdeu um duelo com o Capitão Guerreiro.”

“...Ouvi dizer que um aventureiro se dirigiu a ela com esse apelido foi espancado até a
morte. Hahaha, que moça assustadora.”

“Depois de mencionar esses nomes fortes, percebi que não há muitos espadachins puros
e poderosos. Há o Cavaleiro das Trevas da Aliança Cidade-Estado de Karnassus. Depois,
tem um tal Cerabrate, pertence à equipe de aventureiros adamantite chamada Crystal
Tear, ficam no Reino Dragonic. Creio que há um também na equipe chamada Optics. E
por fim no Reino tem... Brain Unglaus.”

A conversa parou aqui pela primeira vez.


“Brain Unglaus? Quem é ele?”

Parpatra dirigiu essa pergunta intrigada em Gringham.

“Você não conhece, reverenciado ancião? Aquele homem é um famoso espadachim do


Reino... e mesmo assim você?”

Hekkeran balançou a cabeça em resposta a essa pergunta. Ele nunca tinha ouvido esse
nome antes.

“Na verdade, todos vocês não sabem...”

Gringham não conseguiu esconder o olhar de decepção em seu rosto. Então, ele falou
em uma voz que não tinha confiança, como se estivesse lendo as memórias do passado:

“Esta é uma questão de anos passados, quando uma vez participei do grande torneio
marcial do Reino. Durante as semifinais, tive o privilégio de medir suas habilidades com
lâminas. Naquela época, minhas habilidades não podiam esperar comparar-se às dele.”

“Está falando sobre o torneio que o Gazef Stronoff ganhou, é esse?”

“De fato. No final, Unglaus encontrou a derrota nas mãos do Stronoff, mas a batalha des-
ses contendores foi realmente um espetáculo para ser visto. Eles eram ambos modelos
de espadachins; como ele desviou aquele flash de luz? E ser capaz de atacar apenas fa-
zendo uma única curva da lâmina sob essas circunstâncias... meus olhos se abriram ao
testemunhar tais visões e muito mais.”

Dado o modo como Gringham estava jorrando de elogios por ele, e o fato de que ele
poderia lutar uniformemente com Gazef Stronoff, o mais poderoso guerreiro das nações
vizinhas, estava claro que sua força deveria ser algo fantástico.

Então foi uma questão que não estavam cientes que o mundo continha expoentes tão
habilidosos. Hekkeran estava cheio de admiração.

“Mhm... então, quem você acha que é mais forte, esse Unglaus ou Uzruth?”

“Uzruth!”

Respondeu Gringham sem demora e:

“Se ele tivesse que lutar com Unglaus no grande torneio marcial, definitivamente seria
ele. Eu testemunhei uma luta dele na arena recentemente, e tenho certeza disso.”

“Então isso significa que ele pode se igualar ao Capitão Guerreiro de vários anos atrás?
Ele é realmente tão forte? Minha nossa.”
Hekkeran exclamou em um momento de excitação, e ele apressadamente baixou o vo-
lume.

“Entendo, Unglaus, então é assim. Parece que vou ter que prestar atenção às notícias do
Reino... tudo bem, vocês já ouviram falar disso? Que há uma terceira equipe de aventu-
reiros no Reino?”

“Ah, claro que sim.”

“Ah, perdoe-me, eu não.”

“Hekkeran... a ignorância porá em perigo a tua equipe.”

“Eu sei disso, mas não tenho dinheiro para coletar informações sobre nossos amigos no
Reino. Eu não posso desperdiçar dinheiro.”

“Hyahyahya, que ousadia! Eu não desgosto dessa coragem!”

“Reverenciado ancião, busco sua opinião sobre um determinado assunto. Tendo ouvido
os rumores da equipe “Escuridão” lá tem um tal de Momon, você não acha que eles são
exagerados demais? Dizem que dois mataram um Basilisco Gigante, sem nenhum tipo de
medida de cura.”

“Uwah, deveria ser apenas um boato.”

Um poderoso inimigo (Basilisco Gigante) não poderia ser derrubado por apenas duas
pessoas, nem mesmo se elas fossem adamantites.

“Você concorda comigo então, Hekkeran? Quanto mais notícias eu recolho, mais duvi-
dosa é a proveniência disso. Chegou até meus ouvidos que, durante o grande tumulto no
Reino, ele assustou um demônio de mais de duzentos de dificuldades em apenas um
único golpe. Para mim, isso pode ser uma invenção inventada pela Guilda dos Aventurei-
ros do Reino para assustar os que estão dentro e sem a nação, e assim eles concederam
a essas pessoas o grau de adamantite.”

“Isso é possível. Afinal, o nascimento de um aventureiro de alto nível é uma ocasião im-
portante. Ainda assim, a Guilda contaria essas mentiras? A Guilda é bastante teimosa so-
bre a maneira como eles fazem as coisas.”

“O Chefe de Guilda de cada cidade lida com as coisas de maneira diferente. O Chefe de
Guilda dos meus dias de aventuras era desonesto. Então eu dei um soco na cara dele!
Hyahyahya! Eu sou um trabalhador agora, graças a isso!”

Parpatra riu alto e com bom humor.


Suas razões para se tornar um aventureiro eram bem conhecidas. Qualquer um no ne-
gócio dentro da Capital Imperial teria ouvido falar disso. Parpatra repetia o incidente
sempre que se sentava para beber.

“Dito isso, sinto que a Guilda não faria algo assim.”

“Então você acha que é verdade?”

“É difícil de acreditar. Mesmo que você o veja nos termos mais generosos, uma dificul-
dade de duzentos... esse número por si só é suspeito; qualquer inimigo que fosse tão po-
deroso não poderia ser derrubado em um único golpe. Eu acho que essa parte foi um
exagero que foi deliberadamente espalhado. Se um demônio de extrema-alta dificuldade
realmente aparecer, eles provavelmente o envolveram com várias equipes e então aí Es-
curidão daria o golpe final.”

“Isso soa mais provável.”

“Bem, se você considerar todos os aventureiros superiores ao ranque de orichalcum po-


dem ser considerados adamantite... então eu poderia acreditar que um guerreiro tão po-
deroso realmente exista. Afinal, o grau de adamantite pode abranger uma gama muito
ampla.”

“Hekkeran e eu somos de uma só mente, mas você acha que é verdade, não é reverente
ancião?”

“Hyahyahya. Eu não considero isso totalmente verdade também.”

“Como dizem, é ver para Crer. Eu gostaria que pudéssemos conhecer o homem pessoal-
mente... Ah, talvez não seja uma boa idéia.”

Assim que os outros dois estavam expressando sua concordância com Hekkeran, eles
ouviram o som de carne batendo em carne, seguido por uma mulher tentando suprimir
o grito de dor.

Todos os Trabalhadores presentes viraram os olhos para o mesmo lugar. Vários deles
já haviam se reduzido a posições prontas para a batalha, acreditando que algo havia
acontecido.

A fonte do grito estava diante de Erya — uma de suas companheiras femininas, que jazia
no chão. A julgar pelas circunstâncias, Erya provavelmente deu um soco nela. A mulher
olhou para o rosto de Erya, que estava contorcido de raiva. Seu próprio rosto estava cheio
de medo enquanto ela implorava pateticamente por perdão.

Hekkeran lutou contra uma onda crescente de náusea, e um pensamento passou pela
sua mente. Ele rapidamente voltou sua atenção para sua companheira — Imina.
Assim como ele imaginou, o rosto dela ficou vazio. Havia um ar perigoso em volta dela,
como se ela fosse lançar um ataque se as coisas fossem mais longe.

Hekkeran apressadamente sinalizou para Roberdyck e Arche que estavam de pé ao lado


dela, dizendo-lhes para segurá-la.

Pessoalmente falando, Hekkeran estava tão zangado quanto Imina. No entanto, ele não
conseguia enfiar o nariz nos problemas de outras equipes. Claro, ele poderia fazer isso se
quisesse. No entanto, se o fizesse, precisaria estar preparado para suportar todas as con-
sequências dessa escolha. Essa foi a razão pela qual as outras equipes simplesmente fran-
ziram as sobrancelhas em desgosto, porém não se intrometeram.

A razão de Imina finalmente superar seu desejo de lutar, e ela cuspiu no chão depois de
direcionar um gesto lascivo em suas costas.

“...A única coisa que ele tem e que é comparável ao Capitão Guerreiro do Reino é a sua
esgrima. Seria maravilhoso se a personalidade dele fosse parecida com a dele também,
mas acho que é pedir demais. Tudo bem, vamos parar por aqui agora.”

“...De fato. Já que o Hekkeran está aqui também, vamos decidir o mais importante.”

“Aquele homem recusou, então quem será o nosso líder?”

Os três ficaram em silêncio.

Havia quatro equipes presentes aqui. Enquanto todos eles possuíam um amplo poder
de luta, sem alguém para coordenar e liderar todos, eles não seriam capazes de tomar
medidas efetivas. Era como ter muitas armas, mas ser incapaz de usá-las todas ao mesmo
tempo.

Ser capaz de fazer uso efetivo de equipes fortes não era uma tarefa fácil, e fazê-lo sem
reclamações de ninguém era ainda mais difícil. Se as instruções resultassem em falha, ou
se os outros achassem que uma delas estava colocando o ganho de sua própria equipe
acima da sua, isso provocaria a ira das outras equipes.

Francamente falando, a posição exigia excelentes habilidades, mas havia mais deméri-
tos do que méritos em a aceitar.

Cada líder de equipe entendia esse ponto, então todos permaneceram em silêncio en-
quanto observavam os rostos um do outro. Cada um deles queria despejar esse fardo na
primeira pessoa que abrisse a boca. Após cerca de um minuto de silêncio, Hekkeran su-
geriu cansadamente:

“Honestamente, precisamos mesmo de um líder geral?”


“Isso é apenas atrasar o inevitável. Vai ser problemático quando os combates começa-
rem.”

“...A minha idéia é que devemos alternar. Dessa forma, o ressentimento não será acumu-
lado. Eu sinto que podemos discutir o assunto com mais profundidade ao alcançar as
ruínas.”

“Ah~”

“Você tem um ponto.”

Ambos aprovaram a sugestão de Gringham.

“Nesse caso, nós vamos na ordem de quando chegarmos lá.”

“Que tal o Uzruth e sua Tenmu?”

“Tudo bem se ignorarmos esse estúpido. Além disso, ele é capaz de liderar.”

“Concordo, reverenciado ancião. Então, como aquele que propôs, meu grupo, Heavy
Masher, assumirá a liderança.”

“Eu estou contando com você, Gringham.”

“Por favor faça isso, meu jovem.”

“Entendido. Dito isto, dificilmente haverá monstros malignos dentro do Império. O pro-
blema está no Reino; uma situação pode surgir quando nos aproximamos da grande flo-
resta.”

“Ahhh~ Se eu soubesse disso, teria revertido o pedido.”

Hekkeran fez uma demonstração de agarrar a cabeça em falso arrependimento, en-


quanto os outros dois sorriram baixinho. Depois disso, eles imediatamente reprimiram
suas expressões faciais e se voltaram para olhar para um homem que caminhava em di-
reção aos Trabalhadores. Os Trabalhadores ao redor já se viraram para encará-lo.

O mordomo do Conde passeava orgulhosamente pelo pátio pouco iluminado pelo céu
que brilhava, com uma pose que convinha a um criado de um conde.

Ele chegou ante os Trabalhadores e fez uma reverência. Ninguém respondeu a isso, mas
ele não se importou; Em vez disso, abrindo a boca e dizendo:

“Está na hora. Meus agradecimentos a todos por aceitarem o pedido de meu Senhor.
Vamos despachar dois charreteiros com você e seis aventureiros como escolta. O obje-
tivo é uma ruína inexplorada dentro do Reino — muito provável que seja uma tumba, a
partir da estrutura dela. A duração da expedição será de três dias, e o bônus será conce-
dido com base no que o meu mestre aprender com isso tudo, então vamos providenciar
mais tarde. Há alguma pergunta?”

O mordomo dissera a mesma coisa que a solicitação de emprego; a única diferença era
provavelmente a presença de aventureiros como guarda-costas.

Eles queriam saber como o Conde aprendera sobre as ruínas, mas os Trabalhadores sa-
biam quais perguntas poderiam ser respondidas e quais perguntas não poderiam. Se o
empregador estivesse disposto a contar, ele teria dito isso ao contratá-los.

Além disso, se esse trabalho fosse realmente tão limpo e honesto, os aventureiros pode-
riam cuidar disso. Como era um trabalho sujo, o empregador precisava ficar quieto e,
portanto, não perguntar seria mais seguro.

“...Nesse caso, eu levarei todos vocês para suas carruagens que aguardam.”

Ninguém se opôs, e todos seguiram atrás dele.

Hekkeran e o resto de Foresight estavam no final do grupo.

“Aquele maldito filho da puta, por que ele ainda não morreu? Que tal isso, quer matá-
lo?”

Imina não podia tolerar Erya, e ela sussurrou seu descontentamento no ouvido de Hek-
keran no momento em que ela estava ao lado dele, a fim de desabafar sua raiva.

Sua voz era muito suave; não havia como dizer se era porque estava totalmente furiosa
ou porque estava tentando se conter. Hekkeran não sabia e só podia esperar que fosse o
último.

“Eu já tinha ouvido antes, mas ele é realmente um homem rude.”

“Ele é absolutamente repugnante.”

Os outros dois responderam baixinho, sem tentar esconder seu descontentamento.

Era natural que o Foresight pensasse assim. Com uma mulher como Imina como com-
panheira, não havia como tolerar as ações de Erya.

Além do próprio Erya, o resto do time era todo feminino, e todas eram Elfas.

Imina e os outros membros da equipe não teriam se revoltado apenas pela cena anterior.
No entanto, havia uma razão pela qual eles tinham a opinião unânime e sem reservas de
que Erya era uma escória.
As Elfas foram minimamente equipadas com equipamentos de fabricação grosseira.
Além disso, seus cabelos curtos expunham suas longas orelhas — características de sua
raça —, que haviam sido cortadas ao meio.

A razão pela qual os membros da equipe de Erya eram assim era porque todas elas eram
escravas da Teocracia Slane.

O sistema anterior de escravidão no Império havia passado por uma grande reforma
sob o imperador anterior. Eles ainda eram escravos no nome, mas a situação deles era
completamente diferente. No entanto, assim como os demi-humanos na arena, as condi-
ções de alguns escravos não foram melhoradas.

As escravas Elfas que Erya carregava pertenciam a esse tipo.

As três nações do Império Baharuth, Reino Re-Estize e Teocracia Slane eram quase to-
das humanas, e discriminavam mais fortemente contra outras raças do que as outras na-
ções vizinhas. Assim, até mesmo espécies humanoides — como Elfos e mestiços — ti-
nham dificuldade em viver nesses países.

Somente os Dwarfs eram uma exceção. A Cordilheira Azerlisiana que ficava entre o
Reino e o Império continha um Reino Dwarf, e devido à relação comercial que o Império
mantinha com os Dwarfs, eles estavam seguros de proteção sob a lei.

“Sinto muito pelas Elfas. No entanto, não devemos tentar salvá-las agora.”

Imina suspirou pesadamente. Ela entendeu esse fato em sua cabeça; mas seu coração
estava simplesmente demorando para aceitar.

“Vamos.”

Imina foi até o líder do grupo depois daquela resposta silenciosa, e os outros aceleraram
o ritmo para não ficar para trás. Então, todos os seus olhos se arregalaram de surpresa.

Havia dois grandes vagões cobertos esperando no lugar onde o mordomo os levara, que
se dirigia para as ruínas. Havia também um grupo de pessoas ajudando a carregar sua
bagagem nas carruagens. Esses deveriam ser os aventureiros que o mordomo mencio-
nou, porque as placas de metal ao redor de seus pescoços cintilavam com uma luz dou-
rada.

No entanto, o que os surpreendeu não foram os aventureiros, mas os cavalos puxando


as carruagens.

“—Sleipnirs...”

Alguém exclamou em surpresa.


Os Sleipnirs de oito pernas eram maiores que um cavalo médio e possuíam excelente
força física, resistência e mobilidade. Algumas pessoas consideravam-nas a criatura ideal
para viagens terrestres.

Naturalmente, eles também tinham um preço surpreendente. A maioria dos nobres não
podia comprar uma montaria que custasse cinco vezes mais que um cavalo de guerra.

No entanto, havia duas carruagens de dois cavalos ante deles, um total de 4 Sleipnirs. O
empregador deles deve ter considerado o risco de perdê-los durante a aventura, e assim
sua determinação foi muito admirável. Ou poderia ser que ele descobrisse tanto tesouro
que só os Sleipnirs poderiam movê-los?

Todo mundo provavelmente estava pensando a mesma coisa. O som de engolir veio de
algum lugar.

“Por favor, usem essas carruagens. Suas rações e outros suprimentos estão dentro do
compartimento do veículo. Além disso, contratamos aventureiros para proteger a carru-
agem e seu acampamento. De acordo com o contrato, eles não podem entrar nas ruínas,
então, por favor, tenha isso em mente.”

Hekkeran percebeu que havia algo que precisava ser resolvido imediatamente, e então
ele deixou seus companheiros e correu para Gringham.

“Perdoe-me, Gringham, eu preciso discutir algo com você.”

“O que te incomoda para que busque meu conselho?”

“Quando se trata de alocar carruagens, você poderia nos separar do Tenmu?”

“―Hm? Ah, entendo. Tuas preocupações são conhecidas por mim; tem medo por aquela
jovem senhorita, hm? Nesse caso, vamos viajar com o Tenmu.”

“Desculpe e obrigado. Você é uma grande ajuda.”

“Não é nada; Neste esforço, somos camaradas. Uma briga mesmo antes de chegar às ru-
ínas seria um assunto espinhoso, e eu também...”

“—Você tem certeza de que ficaremos bem com esses insignificantes aventureiros de
ouro? Eu não quero voltar para um acampamento destruído ou acordar sendo comparti-
lhado por monstros!”

Um grande grito veio com toda a força. Duas pessoas se entreolharam e as tensões su-
biram.
Erya expressou sua insatisfação ao mordomo, mas não fez qualquer tentativa de dimi-
nuir o escândalo de suas palavras. Os aventureiros pararam de mover sua bagagem,
como se o tempo tivesse parado.

Quando alguém olhasse para cima, haveria vários degraus ainda para escalar. Se alguém
pudesse continuar subindo até o topo era algo ainda a ser testemunhado. No entanto,
algumas pessoas continuaram marchando em direção ao seu objetivo, um passo de cada
vez, e tal declaração de Erya foi muito desagradável para essas pessoas. Eles estavam
engajados em uma luta para provar sua força e, uma vez que sua competência fosse ques-
tionada — especialmente se o cliente duvidava de sua capacidade — isso afetaria as ta-
refas futuras que lhes seriam atribuídas. Nesse caso, eles tinham que provar seu valor de
uma maneira simples e rápida.

Este homem, cujas palavras não podiam ser toleradas nem pelos aventureiros nem pe-
los Trabalhadores, não sabia como considerar as coisas do ponto de vista dos outros.
Portanto, ele praticamente ignorou o clima desagradável que causou, e continuou balbu-
ciando para si mesmo.

“Não, eu entendo que eles estão aptos a manusear nossa bagagem, estou simplesmente
preocupado que eles não possam nos ajudar a nos livrar das ameaças.”

Ah, fala sério! Qual o problema desse cara para arruinar o humor das pessoas? Claro, eles
estão aqui para o trabalho, então eles devem ser capazes de suportar um pouco, mas ainda
assim...

Em termos de nível, todas as equipes de Trabalhadores aqui estavam no mesmo nível


dos aventureiros de mythril, o que significava que eram melhores do que esses aventu-
reiros. No entanto, algumas coisas não devem ser ditas em voz alta.

Alguém, qualquer um, dê um soco nele para calar a boca dele.

Vários dos Trabalhadores tinham lampejos malignos em seus olhos, e eles estavam tro-
cando olhares. Hekkeran correu apressadamente para Imina. Não importava o que acon-
tecesse, ele não podia deixar que ela desenhasse sua lâmina.

No entanto, a pessoa que veio parar isso não foi um Trabalhador.

“O senhor deve ser Uzruth-sama, hm? Garanto-lhe que não haverá problemas.”

“...Você está dizendo isso na suposição de que estamos ajudando também? Eu poderia
entender, nesse caso.”

“Não. Isso porque haverá um indivíduo mais forte viajando com vocês — Momon-san.”
Um guerreiro com armadura completa se mostrou dentro de uma das carruagens, como
se em resposta aos tons gelados do mordomo. Ele provavelmente estava envolvido de
levar bagagem para a carruagem.

“Permita-me apresentar-lhe a equipe de aventureiros adamantite, Momon-san da Escu-


ridão e sua companheira de equipe, Nabe. Os dois viajarão com você e defenderão seu
acampamento. Eu confio que você será capaz de aceitar isso, certo?”

O ar mudou novamente. O pináculo dos aventureiros e Trabalhadores — aqueles que


lidavam com esse tipo de trabalho — agora estava diante deles. Nenhum dos Trabalha-
dores poderia falar em face desta prova de força absoluta.

Os aventureiros recuperaram o bom humor ao verem a reação nua e crua dos Trabalha-
dores ao ver este auge de poder e, voltaram ao seu trabalho alegremente. Um homem
que parecia o líder da equipe de aventureiros sorriu e depois falou com o guerreiro ne-
gro:

“Nós vamos fazemos o resto; Momon-san, você se importaria de interagir com os Tra-
balhadores? Sendo você o nosso líder, espero que você discuta nossa postura de segu-
rança com os Trabalhadores.”

“Bem. Se sua equipe concordar, assumirei essa tarefa, apesar da minha falta de habili-
dade. No entanto, acredito que você deve ser o responsável pela segurança. Afinal, estão
em maior número, então seria mais conveniente seguir o seu líder.”

“Ah não! O que você quer dizer com falta de habilidade? Você está sendo muito humilde!
Além disso, como poderíamos desconsiderar o grande Momon-san...”

“—Não, insisto que você seja responsável pela segurança. Então, contarei com você para
nos comandar habilmente. Nabe.”

Momon riu baixinho e depois desceu levemente da cabine. Uma mulher surpreendente-
mente linda seguiu atrás dele.

Quando uma mulher bonita se mostrava, as pessoas às vezes faziam uma comoção de
choque. No entanto, já que sua aparência excedia um certo limite, as pessoas não foram
capazes de evitar. Em face da verdadeira beleza, tudo o que as pessoas podiam fazer era
permitir que seus olhares fossem roubados.

“Hekkeran, é ele...”

“Mm, Rober, estou pensando a mesma coisa também. Nós o vimos antes, no Mercado
Norte. Esse homem é... Momon da Escuridão e sua única companheira. Quando você olha
para a sua forma poderosa, talvez os rumores dele derrotando o Basilisco Gigante não
tenham sido tão exagerados assim.”
“Gigan...! O que você diz realmente é verdade?”

“Foi assim que ouvi. Além disso, ouvi Gringham dizer que ele encarou um demônio de
dificuldade duzentos em um golpe.”

“—Isso não pode ser real, uma dificuldade de duzentos não está no reino da possibili-
dade para um ser humano... pode ser que você tenha ouvido cem, não?”

“Mesmo se fosse cem, já seria incrível. Mas como vou colocar isso... depois de ver suas
palavras e ações, sinto que é a verdade.”

Ele havia notado a personalidade de Momon de sua breve interação com o líder dos
aventureiros classificados como ouro. Ele achava que o homem exalava a dignidade e o
carisma condizentes com um aventureiro de posição adamantite, o que naturalmente
agradava a outros.

“Antes de nos conhecermos... tenho uma pergunta a fazer.”

Sua voz era suave, mas seus tons ricos permitiam que todos sentissem seu espírito he-
roico através de sua armadura azeviche.

“Por que vocês estão indo para as ruínas? Eu sei que foram contratados. Mas vocês não
são como aventureiros, que acham difícil recusar uma solicitação com palavras tão fortes.
Por que vocês, cujas ações não estão vinculadas, escolheram aceitar essa designação? O
que os levou a fazer uma coisa dessas?”

Os Trabalhadores se entreolharam. Eles hesitaram sobre quem deveria responder e, no


final, foi alguém da equipe de Parpatra que falou.

“Por dinheiro, é claro.”

Foi uma resposta perfeita; Não havia melhor razão do que isso. Os Trabalhadores não
hesitaram em saber que resposta deveriam ter dado, e Momon deveria ter esperado uma
resposta tão concreta deles. O fato de ele ainda ter feito a pergunta de qualquer maneira
os deixava perplexo quanto às suas verdadeiras intenções.

Depois de ver os Trabalhadores murmurarem seu acordo, Momon continuou pergun-


tando:

“Ou seja, se o seu cliente lhe pagar muito dinheiro, vale a pena pagar com a sua vida?”

“De fato. Nosso cliente nos ofereceu uma recompensa que nos satisfez. Além disso, pode
haver um prêmio adicional dependendo do que encontrarmos dentro das ruínas. É mi-
nha opinião que tal generosidade garante o risco de nossas vidas.”

Essa resposta veio de Gringham.


“Entendo... então é isso que vocês decidiram? Compreendo. Por favor, me perdoe por
fazer uma pergunta tão inútil.”

“Uma questão tão insignificante não requer desculpas... não permita que isso pese no
teu coração.”

“Hyahyahya, bem, se você terminou de perguntar, posso fazer uma pergunta?”

“Por favor, velho senhor.”

“Quero verificar um boato que ouvi. Eles dizem que sua força é extraordinária; posso
ver se esses rumores são factuais?”

“Entendo, é ver para crer, afinal. Claro que você pode. Eu lhe mostrarei meu poder se
isso significa que você aceitará minha... não, nossa proteção. Então, como devo demons-
trar meu poder?”

“A melhor maneira é desafiar outra pessoa, é claro!”

Todos os olhos se reuniram —

“—E, claro, eu vou ser o único a fazer o desafio, isso mesmo, eu.”

“O quê? Você velho senhor? ...Minhas desculpas, mas eu não estou acostumado a me se-
gurar. Eu não quero machucá-lo, mas não tenho confiança em me conter... você se impor-
taria com isso?”

“Hyahyahyahya! Esse adamantite! Espero que seja um pensamento dado ao fato de que
eu poderia te machucar!”

Uma risada silenciosa veio de baixo do elmo.

“Mas é claro, velho senhor. Esta é a diferença em nossas respectivas forças — eu sou
forte, mais forte que qualquer um de vocês. É por isso que posso suportar o nome de
adamantite.”

Apesar de sua extraordinária arrogância e senso de superioridade, isso não desagradou


aqueles que a viram. Esta deve ser a presença do homem chamado Momon. Sua declara-
ção transbordou de poder persuasivo, além de uma pungência assustadora que poderia
matar incontáveis inimigos.

“...Que incrível.”

“Sim, ele é simplesmente incrível.”


Os murmúrios febris apareciam e desapareciam.

Muitas mulheres adoravam homens fortes. Em termos de respeito, muitos homens fica-
ram fascinados por homens fortes. Eles eram como mariposas fascinados por uma chama,
e para aqueles que viviam em um mundo de sangue e aço, grande poder era a chama em
questão. Eles não podiam se afastar do encanto que os prendia, embora soubessem que
seriam inconvenientes se julgassem mal a distância.

“Hyahyahya! Eu duvido que alguém duvide que você seja classificado com adamantite
agora. Ainda assim, falando nisso, é raro termos uma chance como essa, então eu gostaria
de receber algumas dicas de você. As carruagens aqui vão atrapalhar, então eu poderia
pegar emprestado aquele pedaço vazio de terra, mordomo-dono?”

Depois de receber permissão, Parpatra levou todos ao pátio. Não foram apenas os Tra-
balhadores que o seguiram, mas também os aventureiros e o mordomo.

“Dadas as habilidades do ancião, provavelmente não há como ele fazer isso.”

“—Esse homem parece muito forte.”

“Mm~ ao invés de dizer que ele é forte, seria melhor dizer que a divisão entre eles é um
precipício. Mesmo as duas equipes de aventureiros do Império, classificadas como “ada-
mantite”, dificilmente se qualificariam como super-humanos.”

“Você tem razão nisso. Os membros da Pássaro Fio-Prateado têm vocações muito exóti-
cas, então cada um tem habilidades estranhas, mas suas habilidades gerais ficam abaixo
das pessoas com cargos básicos. E ouvi dizer que os membros do Oito Ondas obtêm força
de seus números e trabalho em equipe.”

Pássaro Fio-Prateado era liderado por um bardo heroico, e todos os seus membros ti-
nham vocações exóticas. Oito Ondas era uma equipe de nove homens. Devido a seu nú-
mero, alguns disseram que sua força ainda não era de nível adamantite, mas outros tam-
bém disseram que, enquanto trabalhassem juntos para se concentrar em um problema,
eles poderiam lidar com problemas que até mesmo outros aventureiros não poderiam
enfrentar.

No entanto, independentemente de essas duas equipes serem qualificadas como as ar-


mas secretas da raça humana, aquelas que poderiam tornar o impossível possível, as en-
tidades mais fortes (adamantite) permaneceram em cheque.

Hekkeran disse coisas assim depois de ouvir seus companheiros de equipe sussurrarem
atrás dele.

Os três não foram os únicos a fazê-lo. Se alguém ouvir com atenção, pode-se ouvir o
resto deles discutindo vários tópicos. A pergunta mais repetida foi quanto tempo o Par-
patra poderia aguentar. Ninguém sentiu que poderia bater em Momon, porque mesmo
depois de um breve tempo juntos, todos reconheceram que a aura em torno de Momon
era o mais adequado para um aventureiro classificado com adamantite.

Hekkeran pensou enquanto caminhava e, nesse momento, alguém chegou ao seu lado.
Depois de ouvir o barulho da armadura de metal, não havia necessidade de perguntar
quem era.

“Gringham, como você acha que a luta deles vai acabar?”

“Embora isso possa perturbar o ancião, não há dúvida de que Momon vencerá. Além
disso, está a questão de quanto tempo o ancião irá suportar. Você não vai ficar na fila
atrás do ancião?

“Até parece, me deixa descansar. E quanto a você?”

“Permita-me recusar humildemente. Testemunhar um guerreiro sobre-humano em


ação é mais do que suficiente para mim. Embora, eu não me oporia a algumas lições sobre
esgrima dele durante o curso de nossa jornada.”

“O mesmo para mim... ah!”

Momon e Parpatra estavam diante um do outro no pátio, mantendo uma distância entre
eles e olhando um para o outro.

Os olhos de Parpatra não eram os de um homem comum. Eles eram os de um soldado


veterano.

A aura ao redor dele endurecera em intenção de matar, como uma agulha, e o ar não
mantinha nenhum vestígio de ser apenas um simples duelo.

Todos os presentes começaram a suar frio, seus corações cheios de desconforto.

“...Ei, isso é muito ruim, não? O velho está falando sério!”

Ao lado dele, Gringham havia voltado ao seu modo original de falar.

“Bem, o adversário dele é um aventureiro adamantite, então ele não tem escolha a não
ser levar a sério. Ainda assim...”

Hekkeran desviou os olhos para o guerreiro negro. Tendo acabado de falar essas pala-
vras, ele imediatamente respirou.

Ele não conseguia sentir nada de Momon.


Seus braços caíram, ele parecia completamente desprotegido, e ele não parecia estar
prestes a lutar contra um duelo de lâminas. Estava tão preparado quanto um adulto
olhando para uma criança segurando uma espada.

“Incrível, ele não está reagindo mesmo diante de uma sede de sangue tão poderosa. Não
há como ele não ter percebido a intenção de matar do oponente. Então é assim que a
suprema perfeição guerreira se parece. Em outras palavras, a suprema perfeição do va-
zio!”

“É isso que eles chamam de sem-coração? Ou o reino das nuvens e da água? Ele está tão
calmo apesar da diferença em suas armas. Ele deve estar extremamente confiante em
suas habilidades... Ah, eu quero me prostrar diante dele em reverência.”

Parpatra estava segurando um item mágico cujo a ponta era feita de uma presa de dra-
gão. Em contraste, Momon tinha um bastão que ele havia pegado emprestado de um dos
aventureiros. Não parecia mágico de forma alguma. Armas mágicas tinham todos os tipos
de efeitos especiais, fio aprimorado, melhorar a capacidade de seus detentores de causar
dano adicional e assim por diante. Neste momento, Parpatra tinha uma vantagem esma-
gadora em termos de armamento.

“Não, provavelmente não é isso. É verdade quando se trata de armas, mas os encanta-
mentos na armadura de Momon-san devem ser mais fortes do que os do velho. Seus ou-
tros itens mágicos também deveriam ter um padrão mais alto. No geral, eu diria que eles
são muito próximos ou, Momon-san tem a vantagem.”

“Não és tu tão precipitado no teu julgamento? Não sabes que os itens mágicos que o
ancião carrega valem mais do que uma panóplia de aventureiro de adamantite? O ancião
completou inúmeros empregos ao longo dos anos. Pode-se dizer que ele era o homem
mais bem pago do Império!”

“Nãonãonão, pera aí, pera aí...”

“Você deve se acalmar...”

Enquanto os dois discutiam, o desejo crescente de batalha levava ao início do duelo.

“Então, devo ir primeiro?”

“Há mais trabalho urgente a ser feito depois disso. Não se esforce muito, venha para
mim de uma maneira mais relaxada, velho senhor... “

Sem deixar Momon terminar, Parpatra instantaneamente entrou em cena com uma su-
avidade, velocidade e poder que um homem de 80 anos não deveria ter possuído. Em
contraste, Momon nem sequer levantou o bastão em sua mão.

“—《Estocada Presa do Dragão》!”


Os olhos de Hekkeran se arregalaram quando viu Parpatra abrir com uma arte marcial
sem a menor hesitação.

A técnica fazia a lança curva de seu cabo, permitindo que ele apunhalar duas vezes, como
uma presa de dragão. Além disso, poderia causar dano elementar em cima disso. Este foi
um desenvolvimento da arte marcial 《Estocada》, sendo uma técnica que Parpatra apa-
rentemente desenvolveu há mais de 40 anos, e tornou-se amplamente conhecida devido
ao seu excelente equilíbrio. Muitos outros guerreiros aprenderam isso até essa data.

E entre as 《Estocada Presa do Dragão》, Parpatra escolheu a 《Presa Perfurante do


Dragão Azul》, com o efeito adicional de causar dano elétrico.

O que é esse velho caduco pensa?! Podemos ter magia de cura por perto, mas ninguém
usaria um movimento como esse em circunstâncias normais!

Um movimento como esse, que poderia infligir dano elétrico no menor esforço, era ideal
para uso contra um oponente blindado. O uso de Parpatra dessa técnica foi um sinal de
quão sério ele estava.

No entanto, Momon facilmente evitou esse golpe, que teria sido a ruína de alguém em
uma armadura. Mesmo em sua armadura de chapas pretas, seus movimentos eram tão
graciosos quanto uma pena. Mais surpreendente foi o fato de que ele não havia saltado,
mas permaneceu no lugar e se esquivou enquanto quase não se movia.

Isso é impossível! Que tipo de destreza e visão de rastreamento de movimento é essa?!

“—《Ventania Veloz》”

Parpatra continuou usando suas artes marciais.

Você foi longe demais, meu velho! Seu cérebro ficou senil também?!

“《Estocada Presa do Dragão》!”

Ele novamente usou o mesmo movimento de antes sobre Momon. Porém, agora vapores
congelantes brancos como neve encobriam a ponta da lança; era a 《Presa Perfurante do
Dragão Branco》.

Uma série de quatro ataques incrivelmente rápidos—

Uma grande comoção surgiu dos espectadores.

Isso era apenas esperado. Afinal de contas, nenhum desses quatro ataques conseguiu
tocar a armadura de Momon.
Parpatra saltou de volta. Sua testa estava coberta de suor; ele não estava exausto de
atacar, mas o esforço mental de empunhar sua lança em solo mortal fora demais para ele.

“Ele é incrível!”

“—Ele é mais forte que o Hekkeran.”

“Mas é claro, Arche. Não me compare a ele. Ele é o que eles chamam de aventureiro de
nível mais alto, o auge de todos. Esse é o poder de um aventureiro adamantite.”

“Agora, acredito que é a minha vez.”

Momon elevou lentamente seu bastão em uma posição intermediária. Em contraste,


Parpatra pegou a lança que ele estava segurando e colocou em seus ombros. Essa não foi
uma postura de luta; era a postura de um homem que perdera a vontade de lutar — que
desistira da batalha.

“Isso foi incrível. Desisto. Minhas habilidades nem conseguem te arranhar, muito menos
acertar em você.”

“...Certo.”

“Oh ...”

Suspiros de admiração se ergueram das pessoas assistindo quando Parpatra anunciou


sua rendição. Foi uma exibição verdadeiramente avassaladora; todos tinham visto com
os próprios olhos uma diferença como a que existe entre crianças e adultos.

A multidão debateu animadamente, discutindo onde que ele aprendera tais esquivas e
assim por diante, compartilhando as emoções dentro de seus corações. Hekkeran não
lhes deu atenção e chamou Gringham com ele enquanto eles iam até Parpatra, que estava
enxugando o suor e conversando com Momon.

“Já terminou, velho senhor?”

O tom de Momon e o ar ao redor dele se tornaram gentis.

“...Não me diga que você está prestes a mostrar seu verdadeiro poder agora?”

“...Hyahyahya, você fala muito severamente com um velhote. Esse foi o meu verdadeiro
poder agora a pouco. O que você viu foi a extensão total de minhas habilidades, Momon-
dono.”

“—Ah, me perdoe. Eu estava sendo rude.”


“Por favor, não se desculpe. Isso também me encheria de vergonha. Além disso, você
não precisa ser tão rígido quando fala comigo, porque nosso valor não é medido em nos-
sos anos, mas em quão habilidosos somos. Ter um homem incomparável de poder como
você se protelar para mim me faz sentir um pouco de coceira.”

“...Entendo, então vou dispensar as formalidades, por mais relutantes que sejam. Dito
isso, não estou muito satisfeito em terminar as coisas aqui. Se tivermos outra chance, eu
gostaria de ser o primeiro a atacar. Agora, ainda tenho que ajudar a transportar a baga-
gem para dentro da carruagem. Vejo você mais tarde.”

“Transportar bagagem é uma tarefa trivial; você poderia entregá-lo para outra pessoa,
certo? Certamente isso não pode ser o seu trabalho.”

“Acho que não. Não importa qual posição eu possa ocupar, ainda devo fazer o trabalho
que me foi designado.”

Com essas palavras, Momon voltou para a carruagem, seguido por aquela linda garota.
As duas pessoas que os encontraram enquanto se dirigiam a Parpatra observaram-nos
partir.

Eles olharam para suas costas poderosas.

“Hyahya, a julgar pelas suas expressões, você parece ter algo que você quer perguntar.”

“—Ancião, o que você achou dessa peleja?”

Seu rosto enrugado se torceu. Parecia um sorriso amargo e, ao mesmo tempo, como ou-
tra coisa.

“Esse homem é muito forte. Não, como um aventureiro adamantite, a força vem com a
presença, mas eu honestamente não esperava que ele fosse tão poderoso. No instante em
que o enfrentei, tive a impressão de que cada golpe que o atingisse seria bloqueado.”

Hekkeran sentia o mesmo. Ele também sentiu que qualquer ataque que ele tivesse lan-
çado teria sido facilmente bloqueado e prontamente combatido pelo homem chamado
Momon. E mesmo que tudo tivesse saído conforme o planejado, ele poderia imaginar
como seus ataques teriam sido desviados por aquela armadura. Parpatra enfrentara-o
de frente, por isso devia ter sentido isso ainda mais intensamente.

“Então, isso... é um aventureiro adamantite.”

“De fato. Esse é um aventureiro adamantite, alguém que pertence a um reino que so-
mente aqueles favorecidos pelos céus podem ousar trilhar. Ah, que beleza incomparável,
um pináculo para o qual não podemos aspirar... digamos, você deve ter ficado feliz apenas
por vislumbrar esse pico, não?”
“De fato! Observando do lado de fora, eu pude ver seus movimentos claramente. Se eu
estivesse enfrentando-o pessoalmente, certamente não teria sido capaz de observar suas
habilidades com tanta calma. Pessoalmente —isso pode te ofender, ancião — eu teria
gostado muito de ver a força de Momon-dono quando ele passou da posição defensiva
para a ofensiva.”

“Isso é impossível. Momon-dono não tinha intenção de me atacar, eu não conseguia sen-
tir nenhum espírito de luta dele. Provavelmente foi como ele disse, ele se esforçou em se
segurar. Ele deve ter sentido que, se tivesse realmente me acertado, poderia facilmente
ter tirado minha vida.”

Se fosse esse o caso, então alguém poderia dizer que o pensamento de Momon era muito
arrogante. Isso porque o velho homem — Parpatra — era um guerreiro habilidoso, mas
Momon o havia desdenhado sem sequer olhar seus movimentos.

No entanto, foi porque ele poderia fazer uma coisa dessas que ele poderia ser chamado
de um aventureiro adamantite.

“Não dá para chorar sobre o leite derramado, a diferença entre a força dele e a minha é
grande demais. No começo, eu também estava infeliz, mas ele acabou pegando a defesa e
evitando todos os meus ataques. O que eu poderia dizer depois disso?”

Era isso que significava ser forte.

Ele havia usado uma arma com a qual ele não estava familiarizado — cujo equilíbrio e
peso eram completamente diferentes do que ele normalmente usava — para mostrar o
quão confiante ele estava. Essa foi a diferença entre os dois.

Parpatra lamentou:

“Ahhh, estou muito cansado, muito cansado...”

Então virou as costas para eles e saiu. Naturalmente, ele estava indo para a carruagem.

Enquanto observava Parpatra sair, Hekkeran ouviu um resmungo quieto.

“Mesmo quando eu era jovem, não pude entrar nesse domínio. Então isso é adamantite...
que pico inatingível...”

As costas de Parpatra se encolheram em seus olhos. Em contraste, as costas de Momon


pareciam enormes e opressivas.

“...Isso é o poder dos pináculos dos aventureiros, um adamantite.”

“Sim. É realmente incrível.”


Ninguém ao redor deles poderia contestar suas palavras impressionadas.

Parte 2

Uma carruagem corria como o vento, sobre as estradas pavimentadas da Capital Impe-
rial de Arwintar.

A fera mágica que puxava a carruagem luxuosa tinha oito pernas — era um Sleipnir. Um
par de guerreiros de aparência hábil ocupava o assento do condutor, enquanto acima da
cabine da carruagem — em um lugar modificado de um suporte de carga — havia quatro
magic caster e guerreiros empunhando arcos, observando atentamente os arredores.

A razão pela qual um destacamento tão excessivo do pessoal de segurança — como uma
formação defensiva móvel — estava viajando tão audaciosamente pelas estradas ficou
imediatamente óbvio quando se viu quem estava na carruagem.

Qualquer um com o mínimo conhecimento acadêmico reconheceria imediatamente o


emblema de três báculos cruzados no lado da carruagem, e de lá eles saberiam a quem
pertencia e quem estava dentro dela. Era por isso que os cavaleiros de guarda na beira
da estrada não pararam a carruagem e os passageiros para interrogá-la.

Havia três homens na carruagem. Todos eles estavam vestidos com longas túnicas e pa-
reciam magic caster.

Todos os três eram indivíduos renomados dentro da sociedade mágica do Império, mas
suas atitudes mostravam diferenças distintas em seu status. Entre eles o mais classifi-
cado era um homem de cabelos brancos.

Assim como Gazef Stronoff era um guerreiro famoso, quando se falava em magic caster,
o nome de ninguém ecoava mais alto pelas nações vizinhas como a deste homem. Esse
velho era o mais poderoso magic caster do Império, o “Tríade” Fluder Paradyne.

Sentados em frente a Fluder estavam seus adeptos discípulos, que podiam usar magia
de quarto nível.

Depois de deixar a Capital Imperial, um ar de silêncio encheu o interior da carruagem.


Como se incapaz de suportar a pressão esmagadora, um de seus discípulos perguntou
nervosamente:

“Mestre, e as ordens de Sua Majestade?”

O silêncio encheu a carruagem mais uma vez, mas apenas por um momento. Fluder res-
pondeu com uma voz calma e inescrutável:
“Esta é a vontade de Sua Majestade e, como seu vassalo, devo investigar. No entanto,
fazê-lo através da magia é perigoso demais. Devemos começar pesquisando os arquivos
e depois conjurar demônios para coletar informações.”

“Então, isso significa que você também não sabe, mestre?”

Fluder fechou os olhos e os abriu alguns segundos depois.

“Infelizmente, estou muito tempo isolado e nunca ouvi falar de um demônio poderoso
chamado Jaldabaoth.”

Um mês atrás, um exército de demônios atacou a capital do Reino. De acordo com as


informações obtidas, seu comandante Jaldabaoth e os demônios que o atendem eram se-
res incompreensíveis e temíveis.

Esse distúrbio demoníaco fez com que o corpo de cavaleiros do Império — que invadiu
o Reino todos os anos — permanecesse parado. Normalmente, era perfeitamente sensato
na guerra atacar um inimigo sitiado.

No entanto, o fato era que havia duas razões principais para o Império fazer guerra ao
Reino.

Um deles era esgotar indiretamente a força do Reino. Em contraste com as forças arma-
das profissionais do Império, o Reino faz recrutamento. Portanto, toda vez que o Império
mobilizava suas tropas, o Reino não teria escolha a não ser mobilizar as massas para
compensar o déficit de qualidade individual de suas tropas. Por essa razão, o Império
havia embarcado em um plano de longo prazo: eles declararam guerra durante a época
da colheita, forçando o Reino a reunir seus camponeses e fazê-los entrar em campo.
Como resultado, os camponeses não tinham a mão-de-obra necessária para uma colheita
adequada, o que, por sua vez, prejudicava a produção agrícola do Reino.

Outra razão para isso foi enfraquecer a força dos nobres dentro do Império. A nação
cobrava um imposto especial de guerra aos nobres que se opunham ao imperador, fa-
zendo com que desembolsassem fundos. Se eles se recusassem a pagar, seriam acusados
de traição e despojados de suas posses. No final, seriam estrangulados até a morte ou
rapidamente decapitados, o fim viria para eles de um jeito ou de outro.

Por estas razões, o Imperador — Jircniv — acreditava que uma vez que o Reino se esgo-
tasse, o Império não precisaria se forçar a ir à guerra. Afinal, os nobres do Império esta-
riam quase todos desdentados.

No entanto, um problema ainda permanecia.

Para onde foi o ímpio Jaldabaoth? Que tipo de ser ele era? Essas eram questões muito
perturbadoras.
Foi por isso que ele ordenou a Fluder, o principal magic caster do Império, que investi-
gasse Jaldabaoth. Pode-se dizer que era apenas esperado.

“Além disso, há a Escuridão de Momon — que derrotou Jaldabaoth — e sua compa-


nheira, a Bela Princesa Nabe. Ambos são bastante interessantes. Ainda há o misterioso
magic caster Ainz Ooal Gown. Esses heróis ocultos finalmente decidiram fazer o movi-
mento deles? Talvez possa haver uma batalha intensa como aquela contra os Deuses De-
mônios de duzentos anos atrás.”

“...Pode haver outra?”

“Nós ainda não sabemos. No entanto, apenas um tolo esperaria começar para só assim
se preparar. Os sábios estão sempre de olho no futuro.”

Eventualmente, a carruagem chegou ao seu destino.

Os jardins alastrados estavam cercados por paredes espessas e imponentes, com torres
de vigilância para vigiar tanto o interior quanto o exterior. Cavaleiros escolhidos a dedo
da 1ª Legião — a elite das oito Legiões de Cavaleiros Imperiais — foram misturados com
vários magic casters em várias equipes de segurança, que estavam encarregadas da vigi-
lância.

Quando alguém olhava para o céu, podia-se até ver membros da guarda do Imperador,
a Guarda Real Aérea, montada em feras voadoras, bem como os magic caster de alto nível
usando magia de vôo enquanto estavam de vigia.

Este lugar era o símbolo do poder do Império, no qual o Imperador anterior havia cana-
lizado a maior parte de seus esforços e energias — o Ministério Imperial da Magia.

A produção de equipamentos mágicos para os cavaleiros, o desenvolvimento de novas


magias, a pesquisa para elevar o padrão de vida através de experimentos mágicos e assim
por diante; tudo isso poderia ser considerado a essência da magia do Império, e eles ocor-
riam aqui. E a pessoa geral encarregada deste lugar — embora o Ministério da Magia não
tivesse um oficial de comando — era Fluder.

A carruagem passou pelos jardins e finalmente parou em uma torre no centro do ter-
reno.

Eles tinham passado por muitos prédios de formas estranhas no caminho até aqui, e
muitas pessoas tinham ido e vindo de cada prédio, mas dificilmente havia qualquer mo-
vimento de pessoas entrando e saindo da torre. No entanto, em contraste, a segurança
em torno desta torre era muito mais rígida do que a dos outros edifícios.

Para começar, os cavaleiros aqui estavam vestidos de maneira diferente. Eles não eram
os mesmos que os cavaleiros da 1ª Legião em outros lugares.
Eles estavam embainhados em trajes de armaduras completas encantadas, carregando
escudos mágicos e com armas mágicas em suas cinturas. Suas capas carmesins — que
foram bordadas com o emblema do Império — também eram itens mágicos, claro como
todo o resto.

Mesmo os encantamentos em seus equipamentos sendo um pouco fracos, os cavaleiros


comuns não podiam usar esses equipamentos, nem mesmo no Império. A coisa mais im-
portante era que os cavaleiros comuns nunca seriam designados para uma instituição
estatal tão vital.

Esses cavaleiros de suprema elite eram parte do guarda-costas do Imperador, a Guarda


Real Terrestre.

Os magic caster alinhados aqui não eram menos impressionantes do que os próprios
cavaleiros. Esses experientes e valiosos magic caster tinham o ar de veteranos grisalhos
ao seu redor.

Além disso, havia quatro Golems de Pedra, cada um com mais de dois metros e meio de
altura, vigiando a entrada. Eles não dormiriam e não descansariam e não comeriam, eter-
namente concentrados em seu dever como guardiões.

A segurança em torno dessa instalação era tão pesada quanto a que defendia o corpo do
imperador, e apenas permitiam-se magic caster de elite cujos níveis estavam no topo do
terceiro nível ou pouquíssimas exceções direcionados para orientação pessoal. Natural-
mente, Fluder e seus dois discípulos tiveram permissão para entrar nessa torre.

Os três levantaram as mãos para reconhecer os cavaleiros e os magic caster que lhes
apontavam armas e entraram no prédio. Depois de caminhar por uma passagem reta, os
três chegaram ao nível superior de uma sala em forma de cadinho. Muitos magic caster
trabalhavam aqui. O mais bem classificado dentre eles correu às pressas para Fluder.

“Houve algum progresso?”

“Nenhum, Mestre.”

Os discípulos engoliram em seco e o pomo-de-adão subiu e desceu lentamente. A res-


posta usual tinha dois significados, bons e ruins.

Fluder simplesmente balançou a cabeça, com uma expressão complexa no rosto, e então
se virou para os 30 discípulos que ele tinha pessoalmente disciplinado — eles eram dis-
cípulos particularmente famosos, conhecidos como os Trinta Escolhidos — e encarou um
deles, que era o supervisor assistente deste prédio.

“Então é isso. Você ainda não conseguiu induzir uma gênese natural?”
“De fato. Nem mesmo um Skeleton, o menor de todos os undeads, apareceu até agora.
Atualmente, estamos colocando cadáveres ao lado, na esperança de induzir a criação de
Zombies.”

“Mhm...”

Fluder acariciou sua longa barba e depois olhou para a visão abaixo dele.
[Esqueletos]
Havia dez Skeleton estranhos lá e estavam lavrando um campo.

Cada Skeleton levantava a enxada e depois os derrubava, de maneira idêntica, estavam


alinhados lado a lado. Se alguém olhasse para eles de lado, suas formas sobrepostas pa-
receriam apenas um único Skeleton.

Esse espetáculo altamente coordenado, que lembrava vagamente uma forma de exercí-
cio em grupo, era a verdadeira identidade do projeto de grande escala que o Império
vinha conduzindo. Em outras palavras, era “Mão de obra Undead”.

Os undeads não precisavam comer, beber ou dormir, e não se cansavam. Em outras pa-
lavras, eles eram os Trabalhadores perfeitos. Com certeza, undeads de baixo nível não
eram inteligentes; eles só podiam ouvir pedidos e não podiam executar tarefas comple-
xas. No entanto, esse problema poderia ser resolvido se alguém estivesse à disposição
para supervisioná-los a cada avanço.

Os méritos de ordenar que os undeads executassem tarefas em um campo de cultivo


excederam suas expectativas. A redução dos custos de mão de obra reduziria os preços
das plantações, expandiria as fazendas e campos, eliminaria o risco de danos causados
por seres humanos e assim por diante. Era realmente um plano de sonho.

Havia outros planos semelhantes, usando monstros conjurados ou Golems, mas depois
de levar todos os fatores em consideração, os undeads ainda eram a opção mais econô-
mica.

No entanto, ainda havia uma razão pela qual um plano aparentemente perfeito não po-
deria ser colocado em prática em larga escala.

Isso porque as pessoas se opunham a isso — em particular, as facções lideradas pelos


sacerdotes. Eles acreditavam que criar undeads, criaturas da morte que odiavam a vida,
era um ato que manchava a alma.

Houve também problemas de uma perspectiva religiosa.

Eles usaram os cadáveres de criminosos para fazer undeads, mas o ponto de vista reli-
gioso era que o pecado de um criminoso era pago com a execução de sua sentença. Indo
mais longe seria uma forma de blasfêmia, e convencê-los do contrário seria uma tarefa
muito difícil.
Talvez eles pudessem conversar com eles se o país estivesse enfrentando uma desespe-
rada escassez de alimentos e muitas pessoas estivessem morrendo de fome. No entanto,
os estoques de alimentos do Império eram amplos e não tinham problemas com mão de
obra.

Por estas razões, o clero se opôs a esse plano.

Em última análise, a verdadeira razão para esse plano era aumentar seu poder militar.
Com os undeads para lidar com a produção, eles poderiam desviar seus recursos huma-
nos para outros lugares, aumentando potencialmente a quantidade de talentos para o
corpo de cavaleiros e outros campos.

Além disso, quando o trabalho de undeads se popularizasse, pessoas ficariam preocu-


padas que os Trabalhadores humanos fossem despedidos. Além disso, os undeads não
escutariam a humanidade para sempre, e grandes quantidades de undeads poderiam
perturbar o equilíbrio entre a vida e a morte e levar à gênese espontânea de undeads
mais poderosos. Não foram apenas os sacerdotes, mas quem soube deste plano ficou in-
quieto com isso.

A razão para a existência desta instalação era abordar cada uma dessas preocupações e
encontrar uma solução para elas.

“Você ainda não encontrou o motivo subjacente?”

“Não, mestre. Minhas mais profundas desculpas, Mestre.”

Por que os undeads surgiram sozinhos? Explorar essa razão fundamental teria uma in-
fluência decisiva no futuro.

Havia um lugar que estava perpetuamente envolto em uma névoa leve que só se erguia
quando o Reino e o Império batalharam. Aquele lugar era uma terra amaldiçoada, conhe-
cida como as Planícies Katze. Undeads apareciam lá a uma velocidade assustadoramente
[ D r a g õ e s Es q u e l ét i c o s ]
alta, até mesmo os Skeletal Dragons — alguns dos seres undeads mais poderosos — que
eram imunes à magia.

Mesmo que o Império quisesse conquistar a região em torno de E-Rantel no futuro, eles
não queriam ter terras de desova nos seus domínios. Assim, descobrir o processo pelo
qual o undeads surgissem seria definitivamente uma ajuda. Talvez eles possam até en-
contrar uma maneira de evitar que os undeads voltem a desovar.

“Certo, eu entendo.”

O supervisor assistente curvou-se, grato por ter sido poupado de uma repreensão. Flu-
der passou por ele, entrando em um grande círculo ao redor da sala em forma de cadinho.
Quando Fluder chegou à porta do outro lado, havia mais discípulos atrás dele.

Os cavaleiros que guardavam a porta a empurraram e o grupo passou por ela. Atrás da
porta havia uma passagem como se acabara de ser feita, mas estava muito mais fria do
que o exterior e não havia ninguém por perto. O cheiro de poeira pairava no ar, e a luz
estava perdendo sua batalha com a escuridão adentro.

Eles caminharam ao longo do corredor preenchido com atmosfera cheia de medo, e logo
chegaram a uma escada em espiral que se estendia para baixo.

Eles passaram por muitas portas no processo, e não gastaram muito tempo indo pela
escada em espiral; eles provavelmente estavam apenas cinco andares abaixo do solo.
Mesmo assim, o ar estava pesado, como se estivessem em um lugar mais profundo.

Isto não foi porque eles estavam no subsolo. A melhor prova disso era que todos — in-
cluindo Fluder — tinham uma expressão rígida em seus rostos.

Quando chegaram ao fundo — uma sala vazia — todos tinham uma expressão sombria
em seus rostos. Estavam visivelmente tensos, talvez até prontos para a batalha.

Os olhos de todos estavam fixos na única porta pesada da sala. Aquela porta estava cheia
de uma sensação de opressão agourenta, e parecia separar este mundo do que estava
além. Para evitar sua destruição ou fácil abertura, a porta foi reforçada com várias cama-
das de proteção física e mágica. Esta era uma porta que não permitia escapatória.

Além disso, as muitas portas resistentes por onde passaram no caminho para cá falavam
do perigo por trás dessa última porta. Se a ameaça por detrás dessa porta se agitasse,
aquelas paredes em forma de porta poderiam ganhar algum tempo; em outras palavras,
eles eram efetivamente um selo.

Fluder emitiu um aviso para seu discípulo com uma voz tensa.

“Você não deve ser descuidado.”

Era uma declaração simples e concisa, mas isso tornava tudo ainda mais assustador.

Os magic casters que o acompanhavam assentiram profundamente, como um só. Fluder


dava-lhes o mesmo aviso toda vez que vinham para cá, mas, como sabiam o que se es-
condia por trás daquela porta, suas expressões nunca haviam afrouxado uma vez.

Isso porque o undead derradeiro estava atrás daquela porta. Se fosse permitido escapar
desse lugar, provocaria uma tragédia de proporções sem precedentes na Capital Imperial.

Várias pessoas começaram a lançar magias de proteção. Essas magias não apenas de-
fenderam contra ameaças físicas, mas também incluíram magias que protegiam a mente.
Depois de lhes dar tempo suficiente para se prepararem, Fluder olhou para os rostos de
seus discípulos e viu que eles estavam cheios de determinação.

Ele assentiu e depois pronunciou a palavra-chave que desfaria o selo.

As portas pesadas foram destruídas e, pelo poder da magia, se abriram lentamente.

O ar frio que saiu da sala escura fez com que vários de seus discípulos estremeceram,
como se estivessem nus em uma noite de inverno. Mesmo com itens mágicos que lhes
permitiam se adaptar ao ambiente, o ódio pelos vivos que emanavam das profundezas
da sala era o suficiente para arrepiar suas almas.

O som de alguém engolindo parecia particularmente ressonante aqui.

“Vamos.”

Depois de ouvir as palavras de Fluder, seus discípulos criaram várias luzes mágicas para
dispersar a escuridão da sala. No entanto, por alguma razão, parecia que a escuridão era
mais espessa e pesada, a luz parecia querer fugir.

Liderado por Fluder, o grupo entrou na sala que estava cheia do odor da morte.

Era uma sala pequena, então as lanternas mágicas logo iluminaram os limites mais in-
ternos da sala.

Ali estava um gigantesco pilar que alcançava o teto. Este pilar semelhante a uma lápide
certamente atraiu a atenção. Mas o que realmente chamou a atenção foi a entidade que
foi crucificada com correntes grossas e pesadas.

Cada elo das correntes que o prendera era muito mais grosso que o polegar de um ho-
mem crescido, tornando-o completamente imóvel. As correntes estavam presas ao chão
rochoso da sala. Além disso, seus braços e pernas estavam presos com gigantescas bolas
de ferro.

Nenhuma entidade poderia sequer mover um dedo nessas condições. Este método ex-
cessivamente rigoroso de prisão só mostrava quão cautelosos eles eram dessa entidade.
Portanto, sempre que alguém do grupo olhava para as grossas correntes, eles ainda se
sentiam desconfortáveis. Eles temiam que essa criatura facilmente quebrasse as corren-
tes e recuperasse sua liberdade.

Do lado de fora, parecia um cavaleiro de armadura preta. No entanto, havia uma enorme
diferença entre ele e um homem totalmente blindado.

A primeira coisa que chamou a atenção foi a sua estrutura maciça. Mesmo uma estima-
tiva casual de sua altura a colocaria acima de 2 metros de altura.
Além disso, havia sua armadura completa e grossa. A armadura estava coberta de rami-
ficações que parecia vasos sanguíneos, e cravejada de espinhos de aparência brutal. Um
par de chifres de aparência demoníaca brotava de seu elmo, e expôs o rosto, que era um
rosto humano podre. Dois pontos vermelhos de luz brilhavam nas órbitas vazias, forma-
das pelo ódio pelos vivos e pelo anseio pelo massacre.

Não era um ser vivo, mas um dos mortos. Caso contrário, não poderia irradiar um ódio
tão intenso pelos vivos.

“Death... Knight.”

Um dos discípulos, que veio aqui pela primeira vez, falou o nome da lendária criatura
undead. Como era um ser de lendas, não era particularmente bem conhecido.
[Cavaleiro d a M o r t e ]
Os pontos vermelhos de luz dentro dos olhos do Death Knight se moveram, avaliando
todos os magic caster como se estivesse lambendo-os com o olhar. Não; eles não pode-
riam ver nenhum movimento de dentro daquelas massas dançantes de luz. No entanto,
o terror arrepiante fez com que sentissem que o Death Knight estava olhando direta-
mente para suas almas.

As pessoas que vieram para cá eram todas pessoas poderosas pelos seus próprios es-
forços, cada uma capaz de conjurar magias de terceiro nível no mínimo. No entanto, nem
eles conseguiram impedir o trepidar de seus dentes.

Apesar de suas magias para proteger suas mentes, eles não podiam parar o medo que
vinha de dentro deles. No entanto, a razão pela qual eles se uniram e não fugiram prova-
velmente foi por causa de suas proteções mágicas.

“—Seja forte. Os fracos de vontade perecerão.”

Depois de emitir seu aviso, Fluder se aproximou do Death Knight. O Death Knight reagiu
a ele; irradiava intenção assassina e começou a flexionar seus membros.

As correntes gemeram quando o Death Knight lutou e puxou suas amarras, e seu corpo
estremeceu.

Fluder estendeu a mão diretamente para o Death Knight.

Seu encantamento reverberou pela sala escura, iluminada pela luz mágica. Esta foi uma
versão modificada do 「Summon Undead 6th Tier」, uma magia original escrita por Flu-
der.

“—「Obey」.”

A magia tomou efeito — as palavras calmas de Fluder fluíram e encheram a sala.


No entanto, os olhos do Death Knight ainda estavam cheios de ódio pelos vivos. Todos
aqui sabiam que a magia havia falhado.

“...Então eu ainda não consigo controlar, mesmo agora?”

Havia uma sugestão de arrependimento na voz de Fluder. Isso porque ele tentou con-
trolar essa criatura undead nos últimos cinco anos, sem sucesso.

♦♦♦

Eles descobriram esse monstro naquele lugar conhecido por ser assombrado pelos
undeads, as Planícies Katze.

O esquadrão de cavaleiros imperiais que havia encontrado esse monstro nunca tinha
visto isso antes, mas eles estavam sob ordens, então eles atacaram de acordo com o pro-
cedimento padrão. Vários segundos depois, eles perceberam como tinham sido impru-
dentes e tolos. Os rostos daqueles cavaleiros imperiais, conhecidos por todos por sua
habilidade e bravura, estavam cheios de medo e desespero.

Eles tinham sido total e unilateralmente oprimidos — sua oposição foi forte demais.

Depois que seu inimigo ceifou incontáveis cavaleiros como a passagem de um violento
vendaval, eles finalmente perceberam que não havia nada que pudessem fazer contra ele
e começaram a recuar.

Claro, eles não poderiam simplesmente deixar um monstro assim, especialmente depois
de testemunharem pessoalmente os cavaleiros assassinados se tornarem seres undeads,
servindo o monstro como lacaios. Claramente, quanto mais tempo eles dessem seu opo-
nente, pior a situação se tornaria.

Após intenso debate entre a liderança do Império, eles decidiram abrir com o seu trunfo;
a força de combate mais poderosa do Império, o que significava que eles mobilizariam
Fluder e seus discípulos.

E assim, o Death Knight foi capturado e aprisionado aqui, o que significava que a batalha
terminara com Fluder e companhia vitoriosos. No entanto, a razão pela qual Fluder e os
outros venceram foi simplesmente porque o Death Knight não tinha como voar. Eles lan-
çaram um ataque de área consecutivamente, não foi diferente do bombardeio de utili-
zando tapete voador — uma barragem repetida de 「Fireballs」 do ar, o que retardou
os movimentos do Death Knight, e no final Fluder, que havia ficado hipnotizado por seu
poder esmagador e capturou-o intacto.

Atualmente, Fluder aprisionou-o aqui e passou por inúmeras magias, incontáveis itens
mágicos e inúmeros meios — pesquisando através de todos os meios que poderiam con-
trolar um undead para assim, controlar o Death Knight.
♦♦♦

“Que pena... se eu pudesse controlar esse monstro, eu seria capaz de superar os magic
casters e me tornar o maior magic caster.”

Se ele conseguisse, seria muito superior a necromante dos Treze Heróis, Rigrit Bers Cau-
rau.

Na verdade, Fluder não estava particularmente interessado em força. Sua verdadeira


ambição estava em investigar o abismo. Este foi apenas um passo ao longo dessa estrada.

Seus discípulos não entenderam isso, e então começaram a consolação fora de hora...

“Mestre, o senhor há muito excedeu essa aventureira.”

“Exatamente. Os Treze Heróis são seres do passado; não há como eles vencerem o nosso
Mestre, que está no auge da magia moderna.”

“Eu também sinto que o Mestre há muito superou os Treze Heróis. No entanto, se o Mes-
tre pudesse assumir o controle do Death Knight, o Império teria uma fonte de poder in-
crível.”

“Muitas vezes é dito que um indivíduo não pode derrotar um grupo, mas isso é apenas
porque o indivíduo é muito fraco. Aquele Death Knight é o indivíduo mais poderoso do
mundo.”

Fluder estava de pé à frente do grupo, então nenhum deles o viu sorrir amargamente
para si mesmo. Apenas os olhos cheios de ódio do Death Knight viram isso.

“Ainda assim, se até mesmo o Mestre não pode assumir o controle... então, quão pode-
roso é esse Death Knight, afinal?”

“Isso... quem sabe? Teoricamente falando, deveria ser controlável. O que não estamos
percebendo? Alguém tem alguma idéia?”

A resposta do grupo para isso foi o silêncio.

Um undead podia ser controlado através da magia, e um dos Treze Heróis tinha feito
exatamente isso. O poder de Fluder era tal que ele podia controlar seres undeads de um
nível muito alto. Talvez ele pudesse até assumir o controle do Death Knight diante de
seus olhos.

No entanto, isso era simplesmente na teoria. Controlar um undead com magia envolvia
mecanismos mais complexos. Fundamentalmente falando, controlar ou destruir os unde-
ads era o domínio dos sacerdotes, que usavam o poder emprestado dos deuses. Os magic
caster usavam o poder arcano para emular o poder divino, portanto, várias discrepâncias
eram apenas esperadas.

“...Não é minha intenção insultá-lo, Mestre, mas...”

Um de seus discípulos começou cautelosamente com isso, e Fluder pediu que continu-
asse falando.

“Poderia ser que o senhor simplesmente não é forte o suficiente, Mestre? Se magia do
sétimo nível existir, então talvez o Death Knight possa requerer magia de conjuração
undead de tal nível seria necessário para comandá-lo...”

“Essa é uma boa observação.”

“Ouvi dizer que a Guilda dos Aventureiros geralmente resume os dados de vários mons-
tros e os converte em uma classificação de dificuldade. Talvez essa linha de pensamento
vale a pena perseguir?”

“Eu ouvi que esses valores são muito grosseiros e são essencialmente sem sentido de-
vido a mudanças no corpo e na idade.”

—Disse outro discípulo.

“Ainda assim, além de monstros desconhecidos, não há métricas mais fáceis de entender.
Afinal, esses valores são baseados no feedback de combate de aventureiros e outras for-
mas de dados; pode não ser completamente impreciso.”

“Indo pelo que você disse, você ainda não pode usá-lo em um monstro lendário como o
Death Knight.”

“Ah sim, Mestre. Aquele tomo secreto que registra todos os tipos de monstros menciona
esse monstro em particular?”

“Não...”

Disse Fluder enquanto acariciava a barba e continuou:

“Talvez a versão completa do Eryuentiu possa, mas as únicas cópias que circulam no
mundo exterior não estão completas.”

Um de seus discípulos parecia ter uma pergunta, que ele dirigiu a um discípulo ao lado.
Mesmo sua voz sendo muito suave, a sala, que era a personificação do silêncio, fizeram
assim suas palavras parecer surpreendentemente altas.

“O que é o Eryuentiu?”
“Não é o nome de uma cidade?”

“Eu sei disso, mas soa muito estranho.”

“Hm... eu olhei para cima uma vez. Eu acho que é uma palavra de uma língua antiga que
significa: A Grande Árvore no Coração do Mundo.”

Fluder bateu no chão com seu cajado, como um aviso para seus discípulos conversando.
Este era um lugar perigoso que encarcerava um monstro de classe lendária. O descuido
era estritamente proibido.

Seus discípulos ouviram a advertência, e o mestre da câmara (silêncio) a governou mais


uma vez, além dos sons do Death Knight lutando contra suas correntes na tentativa de
quebrá-las.

“Que pena. Não há mais necessidade de ficarmos aqui. Vamos.”

“Sim.”

Depois de ouvir o coro de respostas aliviadas, Fluder se afastou do Death Knight com
grandes passos.

♦♦♦

Mesmo alguém como Fluder não conseguia manter o mesmo ritmo deixando a sala que
tinha atravessado antes. Seus passos aceleraram quando ele sentiu o olhar cruel do Death
Knight queimando em suas costas. Nesse aspecto, seus discípulos eram os mesmos que
ele.

Quando Fluder atravessou a escuridão, ele se lembrou da palavra que seus discípulos
tinham mencionado agora.

Eryuentiu.

Era a capital do reino fundada pelos Oito Reis da Ganância e também sua única cidade
sobrevivente. Ao mesmo tempo, era também uma cidade defendida por 30 guardiões da
cidade equipados com armas e armaduras mágicas que superavam a razão convencional.

Foi dito que havia itens mágicos deixados para trás pelos Oito Reis da Ganância lá, e com
eles, ele certamente seria capaz de melhorar muito suas próprias habilidades mágicas.
Assim Fluder pensava. Esses itens incríveis nunca haviam caído nas mãos de ninguém, e
apenas os Treze Heróis tiveram permissão para levar vários pedaços.

Uma chama negra cintilou no coração de Fluder.


Os Treze Heróis; heróis do passado. O poder de Fluder deveria ter sido o equivalente
deles, mas só eles tinham recebido essa permissão, nem mesmo ele conseguiu. O que eles
tinham que ele não?

Fluder tentou apagar o fogo bruxuleante em seu coração, pensando em outras coisas
para se tranquilizar. Sua posição atual e todas as coisas que ele havia construído não
eram menores do que os Treze Heróis haviam feito. Não, entre os magic caster do Impé-
rio, o status de Fluder era maior até do que os Treze Heróis.

No entanto, uma vez que o fogo negro — a chama da inveja — brilhou, não poderia ser
facilmente extinta, porque o que ele invejava não era o seu poder, seu conhecimento ou
suas habilidades, mas sim o fato de que eles tinham obtido uma chance para perscrutar
o abismo da magia.

Fluder era um magic caster da mais alta ordem; ninguém contestaria isso. As únicas
pessoas que poderiam se comparar a ele eram os Treze Heróis do passado. No entanto,
ele não podia controlar o Death Knight, e dos dez níveis de magia que diziam existir —
embora a confiabilidade dessa informação fosse um pouco baixa — ele só podia usar ma-
gias do 6º nível.

Esta situação era um lembrete gritante de que ele estava longe do abismo da magia.

Fluder era velho.

Entre as artes sábias que ele aprendeu como magic caster espiritual, havia um certo
ramo conhecido como as artes proibidas. Ele usara essa magia proibida para impedir seu
envelhecimento. Claro, dado o nível de magia que Fluder dominou, usar essa magia era
muito difícil. No final, ele mal conseguiu lançá-la com um ritual mágico normal.

No entanto, uma vez que isso era uma distorção do impossível ao possível, ele havia sido
distorcido. A magia que deveria ter garantido a imortalidade se perfeitamente fundido,
ao invés disso, apenas permitia a Fluder experimentar, muito ligeiramente, a passagem
do tempo devagar.

Ele ainda podia lidar com isso agora. No entanto, a distorção aumentaria e, eventual-
mente, era uma fraqueza.

De fato. Fluder morreria antes que ele pudesse olhar para o abismo da magia.

Talvez se um antecessor qualificado o tivesse guiado, ele poderia ter alcançado sua po-
sição atual mais cedo. No entanto, não havia ninguém à sua frente, então tudo o que ele
podia fazer era abrir caminho.

Fluder olhou com indiferença para os discípulos ao seu redor.


Ele olhou em volta para as pessoas que caminhavam ao longo da trilha que Fluder havia
aberto.

Era combustível para o fogo de seu ciúme, que ardia ainda mais ferozmente.

Ele... como a pessoa mais experiente no presente, quantos anos se passou desde que ele
tinha o nível de seus discípulos? Não, não havia necessidade de pensar nisso; ele certa-
mente era muito mais velho que seus discípulos. Dado a este fato, a diferença era grande
sem ninguém para guiá-lo, sem que ninguém para lhe mostrar o caminho.

Por que ele não tem um mestre próprio?

Fluder tentou pensar em uma direção diferente para mascarar as queixas que costu-
mava ter.

♦♦♦

—Ficará tudo bem, certo? Ele entraria para a história como um precursor. Cada magic
caster daria graças ao Fluder pelos resultados que ele havia deixado para trás, que foram
derivados da trilha que havia aberto. Essas pupilas são meu tesouro; desde que qualquer
uma delas alcance uma altura maior do que eu, isso também abrangerá meus desejos—

♦♦♦

Fluder pensou em uma de suas discípulas enquanto se consolava. Aquela discípula há


muito havia partido de seu lado.

Que nível essa garota poderia ter alcançado?

“—Arche Eeb Rile Furt.”

Ela era uma excelente garota. Ela dominou o segundo nível de magia ainda jovem, e até
começou seus primeiros passos no terceiro. Se ela continuasse treinando, ela poderia
muito bem ter conseguido alcançar o domínio de Fluder. Mas, infelizmente, no final, ela
abandonou seus estudos por algum motivo...

Fluder ficou totalmente desapontado naquela época. Tudo o que podia pensar era que
ela tinha sido terrivelmente tola.

“Que pena.”

Talvez ela tenha sido a que escapou.

Onde estava aquela garota agora?

Fluder pensou.
Talvez eu pudesse tentar encontrá-la. Se ela pode usar magia do terceiro nível, talvez eu
possa lhe dar uma boa posição.

Dito isto, ainda havia coisas que tinham que ser feitas.

Fluder incitou a palavra de comando e abriu a pesada porta.

Depois disso, ele saiu da sala e respirou fundo várias vezes com seus discípulos. Isso
porque o ar da sala do Death Knigh estava denso com o fedor, e parecia que faltava ar em
seus pulmões.

“Mestre!”

Uma voz baixa e grossa chamou-o. Ali estava um de seus discípulos adeptos, que tam-
bém era um famoso aventureiro masculino. Devido à amplitude de sua experiência, ele
foi o segundo no comando das forças de segurança do Ministério da Magia.

“...O que aconteceu? Uma emergência?”

“Não, não é uma emergência. Dois aventureiros em posição de adamantite desejam uma
audiência com o senhor, Mestre.”

Fluder olhou para o homem com suspeita.

Ele não tinha arranjado uma reunião com ninguém. Fluder era o magic caster mais alto
do Império. Ele tinha muito trabalho a fazer, e então ele precisava conduzir sua própria
pesquisa sobre magias, além disso; ele simplesmente não tinha tempo livre. Ele não podia
simplesmente receber quando alguém disse que queria conhecê-lo. No Império, apenas
o Imperador podia vê-lo sem marcar uma consulta com antecedência.

Dito isto, ele não poderia sumariamente rejeitar o pedido. Aventureiros adamantite
eram heróis. Eles eram indivíduos, porém não ao ponto que poderiam simplesmente ig-
norá-los. O mesmo se aplica até mesmo alguém como Fluder. Às vezes, ele os pedia para
ajudá-lo a encontrar objetos exóticos, então ele não podia simplesmente ignorá-los.

“Eles são da Pássaro Fio-Prateado? Ou os Oito Ondas?”

Ele falou os nomes das duas equipes de aventureiros do Império.

No entanto, seu discípulo balançou a cabeça.

“Não. Eles são um duo chamando a si mesmos de Escuridão. Eles até providenciaram
placas de adamantite para provar sua identidade.”

“O que você disse?”


O nome da equipe de aventureiros autointitulada Escuridão, era bem conhecido em todo
o Reino. Mesmo com apenas dois membros, eles realizaram muitas ações heroicas. Apa-
rentemente, eles haviam recentemente desafiado Jaldabaoth, que causou estragos na Ca-
pital Real, e vencido contra ele.

Por que pessoas assim gostariam de vê-lo? Várias questões apareceram em seu coração,
mas mais do que isso, ele queria discutir o conhecimento mágico com a Bela Princesa
Nabe, que aparentemente é uma magic caster de alto nível. Ele imediatamente lançou
suas dúvidas para o fundo de sua mente.

No entanto, ele era o servo do imperador, afinal de contas, e ele se lembrava de que seu
senhor Jircniv queria vê-los.

Ele traria o assunto após a reunião. Fluder deu ordens aos seus discípulos como ele pen-
sava.

“Mostre-lhes o caminho. Vou me arrumar e os atenderei imediatamente.”

Parte 3

“Ah! Eu não esperava que realmente fossem ruínas! Impressionante. Mesmo eu achando
que provavelmente não seria mentira, dado o pagamento considerável, não posso acre-
ditar que exista realmente uma ruína inexplorada no meio de uma planície de grama
como essa. Realmente surpreendente, não é?”

Quando ouviram Hekkeran perguntar isso, seus camaradas responderam com seu
acordo.

Aparentemente, isso era uma tumba de algum tipo, mas quando eles realmente viram,
parecia estar afundada na própria terra — como se algo tivesse pressionado, como uma
depressão terrestre.

Uma possível razão pela qual ruínas como essas não haviam sido exploradas era porque
a terra ao redor era grama, tanto quanto os olhos podiam ver, sem remanescentes de
cidades antigas próximas para chamar a atenção dos aventureiros. Além disso, pequenos
montes de terra estavam espalhados no entorno, como estrelas no céu, por isso, mesmo
que houvesse ruínas enterradas em um deles, eles não teriam visto. A construção central
projetava-se um pouco, mas só se podia vê-lo depois de subir a uma grande colina como
esta.

Parte da parede de terra ao redor das ruínas desmoronara, expondo parte das paredes,
que era como as ruínas haviam sido descobertas. Essa foi a opinião compartilhada das
várias equipes.
“Nenhuma dúvida sobre isso. Na verdade, estou bastante empolgado com isso. Afinal,
ruínas inexploradas podem conter tesouros surpreendentes.”

“Isso é um pouco difícil de dizer, mas considerando que não houve nenhum problema
para a área ao redor das ruínas, está bem claro que não há monstros perigosos por dentro.
Mais do que isso, estou mais desconfortável com o nosso cliente, por ter realmente espe-
cificado um local tão bom para um acampamento.”

O acampamento estava situado nas planícies. Pode-se dizer que foi uma localização ideal.

Uma vez que estava cercada por morros dispersos, que bloqueavam a linha de visão,
eles não precisavam se preocupar em ser vistos de longe. Tudo o que tinham que fazer
era estar atento à luz de seus fogos e tochas, e seria muito difícil para os outros detectá-
los.

E por causa disso — ele estava com medo.

“Como nosso cliente sabia sobre esse lugar?”

A resposta mais provável era que o cliente tinha procurado por um local ideal para um
acampamento por aqui por algum motivo. Isso explicaria muita coisa.

Mas se fosse esse o caso, levantaria mais questões por sua vez. Por exemplo, por que o
cliente pensou em tê-los acampados em um local tão isolado, e por que um nobre impe-
rial entraria no território do Reino?

“—Eu ouvi uma vez que havia uma organização criminosa massiva no Reino, chamada
Oito Dedos, se eu não estiver errado. Dizem que a organização fez muitas coisas más.”

“Ouvi dizer que eles até contrabandearam para o Império. Alguns de meus amigos la-
drões reclamaram que eles eram realmente influentes no Reino, então investigá-los cau-
saria muitos problemas.”

Imina pressionou o cabelo encrespado pelo vento e falou depois que Arche terminou.
Roberdyck falou em voz baixa, como se estivesse cuspindo no chão:

“Eu ouvi sobre as drogas deles. Quando usado corretamente, os medicamentos podem
ser muito úteis. Mas essas pessoas transformam remédios em narcóticos, para os quais
vendem e usam para prejudicar os fracos. Acho isso muito desagradável.”

Que ele levantou a voz ligeiramente, não conseguiu evitar. Afinal, Roberdyck havia se
tornado um Trabalhador para ajudar os fracos.
“Já falamos o bastante sobre toda essa fantasia ociosa que não tem nada a ver com o
trabalho. De acordo com a pesquisa de Arche, nosso cliente não está fazendo nada duvi-
doso, mas pode ser a experiência de um expurgo, não?”

“—Talvez eu não tenha investigado o suficiente, ou estava muito bem escondido.”

Disse Arche calmamente. No entanto, Hekkeran não prestou atenção e olhou para os
outros em busca de confirmação.

“Bem, acho que todos entenderam.”

“Claro. Não mencione isso na frente das outras equipes. Afinal de contas, os Trabalha-
dores às vezes recebem pedidos da Oito Dedos para contrabando. Não vamos dar um tiro
em nossos próprios pés se houver a chance de qualquer outra equipe estar envolvida
com esse grupo. Pelo menos até terminarmos este serviço.”

“Ainda assim, não há como dizer quantas lágrimas das pessoas entraram em nosso pa-
gamento e o quão sujo é.”

“—Mesmo que o dinheiro esteja sujo, um pagamento ainda é um pagamento e dá para


sobreviver com ele.”

Roberdyck olhou para Arche, depois inspirou e expirou profundamente para se acalmar.

“—Minhas desculpas, eu estava sendo rude.”

“Tudo bem, eu quase disse algo rude eu mesmo. Por favor me perdoe.”

“—Por favor, não se preocupe com isso, porque você não disse nada de mais. Eu só que-
ria que você soubesse como eu pensei na situação. Eu não estou procurando plenitude
espiritual, mas satisfação material. No entanto...”

Arche levantou a mão rapidamente, para indicar que ainda não terminara, e continuou:

“—Eu tenho feito o meu melhor para evitar fazer coisas que prejudiquem meus compa-
nheiros, porque eu vi muitas pessoas que se destruíram em busca de seus desejos.”

“Eu acredito em você, Arche.”

Arche assentiu e ninguém disse nada para ela. A mensagem foi passada mesmo sem falar.
Todos discutiram entre si várias vezes no passado e desde então construíram uma rela-
ção de confiança mútua.

“Então, o que vocês acham? Eu sinto que a tumba pode ser governada por algum tipo de
entidade.”
Os olhos de Hekkeran estudaram cuidadosamente a grama cortada. Além disso, as está-
tuas de deuses e anjos, posicionadas em todo o lugar, eram muito bem esculpidas, ao
ponto de deixarem os espectadores ofegantes. Era evidente em um relance que alguém
cuidava da manutenção.

Em contraste, as árvores em todos os lugares ao redor do cemitério estavam torcidas e


caídas, criando uma atmosfera sombria. Não havia ordem no modo como as lápides es-
tavam arrumadas, levantadas do chão como os dentes tortos de alguma bruxa feia. Eles
se sentiram muito deslocados em contraste com as porções limpas.

Alguém estava encarregado deste lugar. No entanto, esse alguém não era uma pessoa
normal, essa foi a conjectura assustadora que subia da boca de seus estômagos.

A fim de banir o frio que o percorria, Hekkeran voltou sua atenção para a enorme cons-
trução. No norte, sul, leste e oeste havia um pequeno mausoléu, e no centro havia um
magnífico mausoléu. Oito altas estátuas de guerreiros foram posicionadas ao redor do
grande mausoléu. Eles irradiavam um sentimento opressivo, como se estivessem decidi-
das a eliminar todas as ameaças e malfeitores que se aproximassem do mausoléu.

“A vegetação no cemitério foi bem aparada. Não há nem mesmo um traço de ervas da-
ninhas aqui, então alguém deve estar cuidando bem disso. Mas que tipo de pessoa são
eles?”

De fato, cada time — exceto a Tenmu — sentiu que algo estava errado quando eles pes-
quisaram os registros sobre o trabalho.

Olhando em volta para o lugar em si, o que viram foram planícies e mais planícies. Foi
singularmente inadequado para construir uma tumba.

Para começar, era preciso considerar o fator de conveniência. Construir uma tumba tão
luxuosa em um lugar tão deserto não fazia nenhum sentido; era muito inconveniente.

Seria compreensível se isso não fosse para honrar os mortos, mas para servir como um
memorial para as gerações futuras. Afinal de contas, as pessoas às vezes construíam mo-
numentos em lugares onde grandes feitos ocorriam.

No entanto, nesse caso, o fato de que essa grande realização não tivesse sido transmitida
na história parecia totalmente antinatural. Todas as equipes haviam compartilhado as
informações que haviam coletado, mas não havia dados relevantes entre elas, o que in-
dicava que essa ruína poderia ter sido apagada da história.

Tudo parecia altamente irregular.

Houve uma sensação bizarra, como algo preso em sua garganta, e isso fez ele franzir as
sobrancelhas.
“Ainda assim, pode haver um grande incidente dependendo de quem pode estar nas ru-
ínas. Você já verificou isso?”

“...Eu só espero que não sejam pessoas inocentes.”

“—Os cérebros das várias equipes juntam suas cabeças agora e disseram que a Guilda
não sabe nada sobre ruínas nesta área. Também está longe dos vilarejos vizinhos, por
isso não é provável que haja plebeus por aí. Se houver alguém aqui, eles serão invasores
ilegais — o tipo que não pode mostrar seus rostos em público — ou monstros. Como não
há vestígios de pegadas saindo das ruínas, o que descobrimos foi que as criaturas lá den-
tro não precisam comer nem beber, ou o interior das ruínas é autossustentável. No en-
tanto, uma vez que sabemos pouco sobre isso, estamos limitados a estereótipos para
mais elaboração de teorias, o que pode levar a que o nosso pensamento seja limitado. Foi
neste ponto que deixamos nossa consideração pelas ruínas.”

Uma vez que as pessoas descobrissem um conjunto de ruínas, as notícias sobre isso se-
riam disseminadas para várias organizações governamentais através da Guilda dos
Aventureiros, e as primeiras pessoas a descobrir teriam direitos de investigação por um
período limitado. Sob esse arranjo, aquelas pessoas que descobriram ruínas que antes
eram desconhecidas da nação ou da Guilda dos Aventureiros tinham permissão implícita
para matar qualquer posse ilegal ocupando as ruínas.

A esse respeito, eles adotariam uma política de “matá-los por suspeita”.

Talvez essa fosse uma política muito brutal, mas os humanos eram criaturas fracas neste
mundo. Portanto, seres de procedência desconhecida que ocupam território à margem
de terras humanas seriam muito problemáticos.

O fato foi que, aproximadamente 20 anos atrás, havia um grupo chamado Zurrernorn
que ocupou um conjunto de ruínas, realizou experimentos assustadores e causou um
grande desastre. Uma cidade inteira foi destruída enquanto todos se sentaram e assisti-
ram devido à falta de informação.

Por isso a Guilda fez essa regra para evitar que o mesmo tipo de erro acontecesse nova-
mente.

“Ah, em circunstâncias normais, provavelmente seriam os undeads. Se os undeads real-


mente tomarem conta dessas ruínas, precisaremos limpá-las e consagrar o lugar para
dispersar a energia negativa, senão será ruim, o que acham?”

“É como você disse, seria muito ruim. Deixar o undeads só vai levar ao aparecimento de
undeads mais poderosos. É por isso que undeads poderosos frequentemente aparecem
em lugares como ruínas e assim por diante.”

“Isso pouparia muitos problemas se fossem apenas Golems cuidando das ruínas sob or-
dens de seus antigos senhores. Então, o que você pretende fazer depois disso?”
“—Acho que Hekkeran deveria comparecer à reunião no meu lugar.”

“Não se preocupe, os outros líderes da equipe também não participaram, correto? Isso
é chamado de fazer uso total dos recursos, mm.”

Hekkeran piscou para Arche e ela suspirou alto de propósito.

“—Em qualquer caso, todas as equipes se moverão depois de escurecer. Nós entraremos
de quatro direções ao mesmo tempo e nos encontraremos no mausoléu central.”

“Entendo, porque seremos vistos mais facilmente se entrarmos no dia.”

“—Correto.”

O terreno circundante estava aberto e não havia sinais de observadores ou viajantes.


Assim, entrar diretamente também era uma opção válida, mas eles precisavam estar
atentos a situações inesperadas. Incrivelmente, era um pouco mais seguro se movimen-
tar no escuro.

Além disso, eles ainda poderiam aprender algo se continuassem observando as ruínas,
embora tivessem até o anoitecer. Este trabalho estava sob restrições de tempo, mas não
faria mal algum gastar algum tempo aqui. Isso foi provavelmente o que as pessoas esper-
tas pensaram.

Talvez eles realmente quisessem continuar observando o local por mais alguns dias.

“Ainda assim, não podemos investigar com segurança com 「Invisibility」?”

“Eu também pensei nisso. No entanto, como uma situação problemática pode surgir, se-
ria melhor participar de uma vez, pelo menos poderíamos aprender alguma coisa.”

Magias de invisibilidade não eram perfeitas; havia muitas maneiras de ver através delas.
Se os Trabalhadores se aproximassem com magia e fossem vistos por alguém — pelas
sentinelas da tumba — isso aumentaria o nível de alerta, e eles poderiam não conseguir
entrar nos próximos dias.

Para evitar isso, eles optaram por um plano onde todos iriam juntos.

Hekkeran entendeu esse ponto e assentiu. Embora ainda houvesse alguns furos no
plano, esse era o melhor equilíbrio que eles poderiam encontrar entre risco e eficácia.

“Nesse caso, vamos descansar por agora?”

“—Sim, Escuridão e Screaming Whip estarão encarregados da segurança; mas por pre-
caução e para manter todos em alerta, as várias equipes designarão sentinelas para ficar
de olho nas coisas. Estamos indo em ordem de chegada à propriedade do Conde e tro-
cando a cada duas horas.”

“Entendo, então seremos os últimos.”

“—Sim, vai demorar um pouco até chegar a nossa vez.”

Dizendo isso, Arche fez um carinho no pescoço e trabalhou nos ombros dela.

“Obrigado por seu árduo trabalho.”

Arche assentiu para Roberdyck.

“—Estou tão cansada. Passamos tanto tempo porque aquele idiota queria apenas inva-
dir as ruínas. Levamos muito tempo para convencê-lo. Esse homem não sabe o signifi-
cado do trabalho em equipe.”

“...Ah, aquele gênio da espada...”

“Apenas chame-o de Maldito—Filho—da—Puta.”

Hekkeran sorriu para Imina — cuja intenção assassina estava saindo — e tentou mudar
de assunto.

“Nesse caso, voltarei ao acampamento para esperar lentamente a nossa vez.”

“Eu aprovo. Eu não acho que vai chover por um tempo, mas é melhor nos prepararmos
apenas no caso. Imina-san, é a sua vez, por favor, tente não parecer tão assustadora.”

“Bem. Ahhhh~ isso só me irrita! Eu quero esfaqueá-lo até a morte. Vou montar minha
barraca longe deles.”

“Contanto que você fique dentro dos acampamentos designados, tudo bem.”

Não era realmente ideal, mas era muito melhor do que montar uma tenda nas proximi-
dades e depois entrar em uma briga.

Os quatro deram as costas às ruínas e abandonaram as planícies.

“—Ainda assim, quanto mais penso nisso, mais estranho parece. Não admira que o
Conde tenha feito um pedido como esse.”

O grupo se virou quando ouviram a voz de Arche e a viram encarando as ruínas.

“Eu não posso dizer a idade ou a história dessas ruínas. É como se eles aparecessem de
repente nesta era. Parece fora de lugar. Essas esculturas parecem com as esculturas na
região antes que os Deuses Demônios invadissem essa área, mas essas esculturas tinham
um sabor oriental para elas. E tem essas lápides em forma de cruz... não, eu ainda não
entendi.”

Enquanto ouvia a dissertação acadêmica de Arche, Hekkeran teve que reprimir o sorriso
malicioso em seu rosto e ele mal conseguiu esconder a emoção em seu coração.

“Então você está dizendo que podemos encontrar algum tesouro muito interessante lá,
então?”

“Sim, tenho certeza de que haverá algum tesouro incrível lá.”

“...Ou isso, ou alguns undeads muito assustadores.”

“—Uwah~ que assustador~”

“—Isso é uma imitação horrível, Hekkeran. Não parece comigo. E você está tentando
copiar minha voz também, isso é nojento.”

“Sim, desculpe por isso.”

“Ainda assim... estou ansioso por isso.”

“Oh sim. Por que essa tumba existe e quem foi enterrado aqui? Isso desperta minha cu-
riosidade.”

“Isso é verdade. Explorar o desconhecido sempre me deixa um pouco nervosa.”

“—E dinheiro. Espero que haja muitos tesouros.”

Hekkeran olhou para os rostos sorridentes de seus companheiros e a satisfação encheu


seu coração. Mesmo que todos aqui tenham feito trabalhos sujos por dinheiro, não foi
realmente de livre vontade. Na verdade, todos aqui preferiam o trabalho de aventureiro.

Não havia como dizer se Arche seria capaz de continuar a se aventurar com eles assim
que ela tivesse que começar a sustentar suas irmãs. Uma vez que Arche deixasse a equipe,
pode demorar um pouco para encontrar o próximo membro, e mesmo que encontrassem
um, eles teriam que aceitar trabalhos mais fáceis antes de se misturarem à equipe.

Talvez esse trabalho, como o último com seus membros atuais, fosse a melhor escolha.

No futuro... talvez possamos fazer trabalhos de aventureiros... como aventureiros, não, se-
ria bom se pudéssemos ir explorar o desconhecido juntos.

Hekkeran olhou para os céus, para o vasto céu sem limites.


♦♦♦

Enquanto o pôr do sol lentamente cobria o mundo, os Trabalhadores saíam de suas ten-
das baixas escondidas habilmente. Como os encarregados de realizar operações clandes-
tinas, era hora de eles trabalharem.

Os aventureiros já haviam preparado uma refeição para eles.

Começaram acendendo vários tijolos brancos de combustível sólido e depois acrescen-


taram carvão a eles. Como haviam lançado 「Darkness」 no fogo de antemão, não havia
iluminação que de outra forma iluminaria o ambiente. 「Darkness」 apenas eliminava
a luz; não extinguia as chamas. Então, eles ferveram a água de uma bolsa de água infinita
sobre a chama escura, mas vigorosa.

Eles despejaram a água fervida em tigelas de madeira, e as rações de viagem perderam


a forma, e um cheiro perfumado de sopa passou. Isso, junto com o pão duro, era o que
todos geralmente comiam.

Depois disso, dependia de preferência pessoal.

As tigelas estavam cheias de sopa amarelada — do tipo que os Trabalhadores gostavam,


feita para fornecer nutrição e para ser armazenada por um longo tempo. Algumas pes-
soas adicionavam fatias finas de carne seca à sopa, alguns temperos polvilhados, e outras
simplesmente a consumiam sem mais condimentos.

O jantar acabou naquelas tigelas de sopa. Quando se considerava a quantidade de ativi-


dade que eles logo realizariam, parecia uma pouca quantidade.

No entanto, comer demais afetaria seu próximo trabalho. Ao mesmo tempo, não comer
o suficiente também era perigoso, porque não havia como saber quando eles poderiam
comer de novo.

O fornecimento de barras de racionamento de emergência também era limitado, porque


transportar muitas dificultaria o movimento. Um acordo teve que ser feito nesta área.

Entregavam as tigelas vazias aos aventureiros e depois os Trabalhadores carregaram


suas malas pré-embaladas.

Sob o olhar atento dos aventureiros, os Trabalhadores partiram ao mesmo tempo. Os


aventureiros guardariam esse acampamento e não os seguiriam até as ruínas.

Para começar, eles circularam ao redor da base da colina e depois se dispersaram em


torno das ruínas. Eles já haviam providenciado para lançar um sinalizador no céu se fos-
sem atacados nesse estágio.
Muitas pessoas usavam armadura completa, cujo volume e barulho pesados não pare-
ciam adequados para operações secretas, mas isso estava apenas dentro das restrições
do pensamento normal. Para aqueles que poderiam usar magia para violar o senso co-
mum, era uma questão trivial.

Primeiro, eles lançam 「Silence」. Essa magia sufocava todos os sons a uma certa dis-
tância, seja o barulho de placas de blindagem ou o de correr pelo chão.

Depois disso seria a vez do 「Invisibility」. Essa magia tornava difícil para os observa-
dores detectá-los a olho nu.

Por segurança, eles tinham um ranger no ar com 「Invisibility」, 「Fly」 e 「Hawk Eye」
lançados sobre ele para manter um olho em seus arredores. Ele estava equipado com
flechas especiais imbuídas de um efeito de paralisia para lidar com qualquer situação
súbita que pudesse se desenvolver.

O grupo chegou ao seu destino sob essa dupla camada de proteção.

Chegou a hora do evento principal.

Seu plano era subir a encosta, depois cair nas ruínas vários metros abaixo. Então, eles
procuravam a porção da superfície e depois se encontravam no mausoléu central. Tudo
isso tinha que ser feito enquanto as magias de 「Invisibility」 ainda estavam em vigor.

Dito isso, todos tiveram que se mover em sincronia para evitar que as pessoas saíssem
do combinado. No entanto, já era tarde da noite e todos estavam invisíveis, por isso seria
muito difícil verificar a localização um do outro.

No entanto, eles já haviam levado em consideração esse problema.

Estranhos bastões, cada um com cerca de 30 centímetros de comprimento, apareceram


de repente no chão. Os bastões flutuavam no ar como se alguém os estivesse segurando
e, depois de dobrados, eles brilhavam vagamente.

Esses bastões especiais — bastões de luz — podiam ser dobrados, sobre os quais as
soluções alquímicas internas se combinariam e emitiriam luz. A razão pela qual eles fo-
ram jogados no chão foi porque 「Invisibility」 também afetava tudo o que o usuário
estava carregando. Para manter um item visível, ele precisava ser removido da pessoa
em questão.

A luz balançava para a frente e para trás algumas vezes, e então os bastões quebrados
serviram ao seu propósito. Eles então derramaram solução alquímica brilhante no chão
e a cobriram com terra.

Desta forma, eles aprenderam que as coisas estavam indo bem para os Trabalhadores
em todos os lugares, e que eles estavam esperando pela próxima etapa do plano.
Mesmo eles não podendo ver um ao outro devido à distância, quatro cordas foram si-
multaneamente baixadas para a superfície da Grande Tumba de Nazarick. Esta era uma
corda de escalada, e tinha nós amarrados em intervalos regulares ao longo de seu com-
primento.

As extremidades da corda estavam amarradas a chapeletas de ferro fincadas na rocha,


e rangiam enquanto balançavam.

Se alguém presente pudesse ver através da invisibilidade, seria capaz de ver um grupo
de pessoas descendo as cordas.

Isso não era nada mesmo para alguém como Arche, que tinha se concentrado em afiar
suas proezas mágicas sobre seu corpo físico e não aprendera muito sobre habilidades
atléticas. Ou melhor, seria melhor dizer que tanto Trabalhadores quanto aventureiros
precisavam de nada menos que muito treinamento físico.

O treinamento e os nós foram bem aproveitados, pois cada Trabalhador desceu sem
problemas, aterrissando dentro do terreno da tumba.

O primeiro destino de cada equipe de infiltração foi um dos quatro mausoléus menores
em cada direção.

Agora que a duração efetiva de 「Invisibility」 acabou, todos voltaram a ser vistos.
Cada equipe correu em direção ao seu respectivo mausoléu.

Eles estavam agachados, escondendo-se com lápides, árvores ou estátuas, correndo


pelo cemitério escuro. Durante esse tempo, a magia 「Silence」 ainda estava em vigor,
então eles não fizeram nenhum barulho, e até mesmo os guerreiros em plena armadura
correram com toda a força enquanto procuravam abrigo. Seus movimentos eram rápidos
e fluídos, como sombras correndo pela terra.

♦♦♦

O líder da Heavy Masher, Gringham, aproximou-se lentamente do mausoléu e seus olhos


se arregalaram.

Isso porque o mausoléu era mais grandioso do que ele imaginara.

Embora fosse um dos menores mausoléus, isso era apenas em comparação com o
enorme mausoléu central. Olhando mais de perto, a estrutura era tão impressionante que
sua incrível grandiosidade deixou a respiração presa na garganta.

As paredes de pedra branca brilhavam como se tivessem sido planeadas. Muitos anos
deveriam ter passado desde que foram construídas, mas não havia vestígios de intempe-
rismo ou manchas do vento e da chuva.
Uma enorme porta de aço estava no alto de um lance de três degraus feitos uma única
placa de pedra. A porta em si estava polida e sem ferrugem e brilhava com uma luz escura
e metálica.

Só de ver essa estrutura foi o suficiente para dizer-lhes como ela foi bem mantida.

—Em outras palavras, a tumba estava definitivamente ocupada.

Quando Gringham chegou a essa conclusão, o seu companheiro ladino — obviamente


com níveis na profissão Ladino — deu um passo à frente e começou a inspecionar os
degraus.

Gringham viu seu companheiro gesticular — por causa da magia 「Silence」 — para
afastar-se dele, e assim ele recuou lentamente. Isso foi para evitar ser pego em uma ar-
madilha de efeito de área.

O ladino checou com muito cuidado. Era um pouco frustrante, mas não poderiam fazer
nada para evitar.

Aparentemente, as almas das pessoas residiam em seus corpos, e quando o corpo come-
çava a decair, a alma seria convocada para o lado dos deuses. Foi por isso que os mortos
eram enterrados nos cemitérios imediatamente — no abraço da terra —, mas isso era
diferente para certos nobres e para os que estavam no poder.

Se alguém enterrasse o corpo imediatamente, verificar a decadência do corpo exigiria


uma exumação do túmulo. Portanto, a fim de verificar pessoalmente a decadência do fa-
lecido, essas pessoas poderosas não seriam enterradas imediatamente após a morte, mas
deixadas expostas por um tempo. No entanto, ninguém escolheria colocar seus cadáveres
em suas próprias casas.

Em vez disso, eles optariam por ter seus corpos armazenados nos mausoléus dos cemi-
térios. O cadáver seria colocado lá por um período de tempo, e uma vez que a decadência
começasse, os sacerdotes dariam testemunho do fato de que a alma tinha, de fato, partido
do corpo para estar com os deuses.

Os corpos em questão seriam colocados dentro de um espaço comum dentro do mauso-


léu. Haveria várias placas de pedra dentro de um amplo espaço aberto e os cadáveres
estariam dispostos nas placas. A visão de cadáveres podres dispostos em fila deveria ser
uma visão horrível, mas dentro do quadro de referência deste mundo, era uma visão ex-
tremamente normal.

No entanto, se alguém fosse tão rico e poderoso como um Grande Nobre, as coisas se-
riam mais uma vez ligeiramente diferentes. Eles não usariam um mausoléu comunal, mas
uma tumba ancestral. As pessoas acreditavam que estes eram lugares de descanso tem-
porário para os poderosos permanecerem antes de serem convocados diante dos espíri-
tos de sua família, e assim poder possuir um mausoléu de família era um símbolo de po-
der.

Não era de todo incomum decorar mausoléus com móveis ou joias. Em outras palavras,
os mausoléus eram essencialmente tesouros para os ladrões. Portanto, esses lugares
eram tipicamente fortificados com armadilhas letais e semelhantes para afastar intrusos.

Portanto, um mausoléu tão magnífico certamente deve ser atado com armadilhas ainda
mais perigosas.

Depois de verificar os passos, o ladino começou a inspecionar a porta e, de repente, os


sons ao redor voltaram ao normal.

A duração do 「Silence」 expirou, talvez na hora certa. O ladino se aproximou silenci-


osamente da porta e começou a checar novamente. No final, ele colocou algo como uma
xícara contra a porta e tentou ouvir o que estava além dela.

Depois de alguns segundos, o ladino virou-se para Gringham e companhia e balançou a


cabeça.

Em outras palavras: “Não tem nada”.

O ladino ficou bastante surpreso e inclinou o pescoço várias vezes.

A porta nem estava trancada, o que desafiava a compreensão, mas como o ladino não
encontrara nada, seria a vez da vanguarda agir.

Gringham se adiantou e estendeu a mão para empurrar a porta que o ladino já havia
lubrificado. O guerreiro atrás dele levantou o escudo.

Com um empurrão forte, a pesada porta começou a se mover. Talvez fosse o óleo, ou
porque as pessoas encarregadas deste lugar tinham sido muito meticulosas em seu tra-
balho, mas a porta se abriu suavemente apesar de seu enorme peso.

O guerreiro que estava de pé se moveu entre a porta recém-aberta e Gringham, segu-


rando seu escudo para frente, de modo que Gringham não seria atingido por um ataque
ou armadilha.

Nenhuma flecha ou coisa parecida voou para ele. A porta de metal estava agora comple-
tamente aberta e uma escuridão vazia apareceu diante dos membros da Heavy Masher.

“「Continual Light」.”
O cajado que o magic caster arcano segurava brilhou com luz mágica. Através de sua
iluminação variável e controlável, eles tinham uma visão clara do interior do mausoléu.
O magic caster incitou outra magia e a arma do guerreiro brilhou também.

As fontes gêmeas de luz iluminavam o que parecia ser uma câmara pertencente a um
membro da realeza.

No meio da sala estava o que parecia um altar religioso, sobre o qual foi colocado um
sarcófago de pedra branca. O referido sarcófago tinha mais de 2,5 metros de compri-
mento e foi encravado com padrões delicados. Nos quatro cantos da sala havia estátuas
brancas de guerreiros de armadura e carregando espadas e escudos.

E também—

“—Hm, alguém sabe alguma coisa sobre esse emblema?”

“Não, eu nunca vi nada assim antes.”

Uma bandeira pendurada na parede. Tinha uma estranha crista costurada em fio de
ouro. O ladino e o magic caster conheciam a maior parte da heráldica usada pelas nações
vizinhas, de modo que, se não se lembrassem desse brasão em particular, provavelmente
não pertencia à realeza do Reino.

“Poderia ser um emblema dos nobres antes da fundação do Reino?”

“Você quer dizer que isso é uma relíquia de mais de dois séculos atrás?”

Muitos países foram destruídos pelos Deuses Demônios há 200 anos, e por isso havia
surpreendentemente poucas nações por aqui cuja história durou mais de 200 anos. O
Reino, o Reino Sacro, o Conselho Estadual e o Império foram todos fundados nos últimos
200 anos.

“Se esse é realmente o caso, então de que exatamente é feita essa bandeira, para perma-
necer na mesma forma bonita apesar de sua idade?”

“Talvez alguém tenha usado magia de preservação, ou alguém usou magia para conser-
tar as partes envelhecidas.”

“Está certo. Diga, líder, você não precisa mais falar daquele jeito estranho. Nós somos os
únicos aqui agora.”

“Umu...”

As sobrancelhas de Gringham se inclinaram para um ângulo perigoso, e então o rosto


dele imediatamente abriu um sorriso.
“Ahhhhh, que droga, cê diz isso que significa aquilo, me sinto mais idiota que burro
manco.”

“Obrigado por seu árduo trabalho. Ainda assim, ele está certo; quando é só nós, você
pode falar normalmente.”

“Não, eu não posso! Falar rigidamente e formalmente como isso me faz soar mais como
um grande Trabalhador. E além disso, mudar a maneira como eu falo aqui e ali é um pé
no saco, então eu sempre falo assim no trabalho. Esse é um dos meus princípios; você
sabe disso, não sabe?”

Gringham respondeu aos sorrisos amargos de seus companheiros com um sorriso irô-
nico.

Gringham tinha sido originalmente o terceiro filho de um fazendeiro no Reino.

Se os agricultores dividissem seus campos de maneira uniforme entre todos e cada um


de seus filhos ao longo das gerações, então os campos encolheriam, o que, por sua vez,
faria com que o rendimento das colheitas diminuísse até que a linhagem familiar termi-
nasse. Portanto, como dizia o ditado, “dividir os campos” tornou-se sinônimo de “lou-
cura”. Por causa disso, os campos de uma família de agricultores geralmente iam para o
filho mais velho, enquanto o segundo filho podia escolher ajudar nas tarefas domésticas
e nos campos, mas o terceiro filho não passava de um desperdício de espaço. Por isso,
eles geralmente preferem deixar suas casas e ganhar a vida na cidade.

Era verdade que Gringham era abençoado com habilidades físicas excepcionais e ami-
gos, com os quais ele tinha feito um nome para si mesmo. No entanto, ele tinha sido ori-
ginalmente um fazendeiro, e ele era um seguro de segunda categoria para garantir que a
linhagem familiar continuasse assim, então ele não tinha educação. Ele não sabia ler nem
escrever e não entendia de etiqueta.

Era verdade que os Trabalhadores precisavam de força para concluir seus trabalhos, e
não de educação. No entanto, haveria problemas se ele, como seu líder, fosse ignorante.

Ele fez o seu melhor para estudar, mas sua mente não era tão capaz quanto seu corpo, e
ele acabou fracassando. Mesmo assim, a razão pela qual ele não havia sido removido de
sua posição de líder era porque seus camaradas aprovavam seu desempenho, deixando
de lado as habilidades acadêmicas. Para não desgraçar esses amigos, Gringham escolhera
falar de uma forma estranha.

Isso permitiria que seus clientes se sentissem: “Ele está advertindo sua equipe, então não
há nada de estranho nele falando de uma maneira engraçada”.

O fato era que as pessoas riam dele por falar dessa maneira. No entanto, foi muito me-
lhor do que deixar os outros dizerem: “Uma equipe liderada por um fazendeiro sem noção
não é grande coisa.”
“Muito bem, nós demoramos bastante. Vamos embora, senhores.”

Ninguém se opôs à declaração de Gringham, e assim eles continuaram em frente.

À sua frente estava o ladino, que cuidadosamente entrou no mausoléu e revistou o inte-
rior.

Os outros membros da equipe colocaram fortes barras de ferro nas aberturas da porta.
Dessa forma, não importava que tipo de armadilhas elas gerassem, a porta não fechava
completamente. Depois disso, eles meio que fecharam as portas para evitar que a luz es-
capasse do interior. Enquanto o ladino inspecionava cuidadosamente o interior do mau-
soléu, Gringham e os outros observavam atentamente o que os rodeava, esforçando-se
para não perder nada. Enquanto era necessário, eles ainda faziam luz mágica. Alguém
pode ter visto eles.

Quando Gringham se agachou para observar os arredores, o ladino já havia chegado ao


fundo, no local da bandeira. Depois de examinar cuidadosamente a bandeira, ele se deci-
diu a tocá-la e, no instante em que o fez, imediatamente se afastou dela.

“Tudo bem por agora, pessoal, podem vir.”

O ladino olhou para trás e, depois de ver que Gringham e companhia tinham entrado no
mausoléu, ele apontou para a bandeira.

“...Isso deve valer algumas peças; foi tecido de fios de metal precioso.”

“O queeeeeê?! Fios de metais preciosos? Eles estão loucos para pendurar uma coisa des-
sas aqui?”

Todos exclamavam de surpresa. Então, eles correram para a base da bandeira e se re-
vezaram para sentir isso. A sensação fria era, sem dúvida, de metal.

Pela maneira como brilhava, o ladino provavelmente estava certo. Uma bandeira desse
tamanho deveria ser muito pesada, e depois de calcular seu valor artístico, concluíram
que valeria uma fortuna.

“Parece que a aposta do nosso cliente valeu a pena. Embora ele ainda não tenha feito o
pagamento para nós... não, para as nossas quatro equipes, certamente deve haver muito
tesouro em um lugar como este.”

“Levaremos isso conosco?”

Gringham respondeu ao ladrão:


“Seria muito volumoso e mais pesado. Nós colecionaremos isto depois. Alguém dis-
corda?”

“Não, carregar isso realmente nos atrasaria. Além disso, eu procurei neste lugar; não há
armadilhas aqui ou portas secretas.”

“...Então, eu deixarei para ti.”

Gringham acenou com a cabeça para o magic caster arcano e seu colega lançou uma ma-
gia em resposta.

“「Detect Magic」— não consigo perceber nenhum mecanismo mágico por aí, a menos
que eles estejam imunes a magias de detecção.”

“...Então não há mais nada para inspecionar. Vamos continuar com a nossa principal di-
retriz.”

Os olhos de todos foram para o sarcófago no centro da sala.

O ladino passou muito tempo inspecionando e julgou que não havia armadilhas.

Gringham e o guerreiro acenaram um para o outro e então abriram a tampa do sarcó-


fago. A tampa era enorme, e eles pensaram que seria igualmente pesado, mas era muito
mais leve do que esperavam. Os dois puseram as costas para empurrá-lo e quase perde-
ram o equilíbrio.

Depois de abrir a tampa do sarcófago, o conteúdo refletia a luz e emitia um brilho ofus-
cante e cintilante.

Havia ornamentos e joias de ouro e prata e várias pedras preciosas. Havia mais de 100
moedas de ouro dentro do sarcófago de relance.

Mesmo esperando algo assim quando viu a bandeira, Gringham não pôde deixar de sor-
rir quando viu tudo isso. O ladino examinou cuidadosamente o interior, depois enfiou a
mão no sarcófago e tirou um pedaço de tesouro reluzente — um colar de ouro.

Era uma maravilha de artesanato de tirar o fôlego. Num relance, o colar de ouro parecia
um colar comum, mas as correntes eram esculpidas com requintadas inscrições.

“...Vale pelo menos cem moedas de ouro. Você pode conseguir cento e cinquenta por isso,
não importa onde você a venda.”

Todos reagiram de forma diferente quando ouviram os resultados da avaliação do la-


dino. Alguns deles assobiaram, alguns sorriam tão amplamente que não conseguiam fe-
char a boca. O que todos eles tinham em comum era que seus olhos estavam cheios das
chamas do prazer e do desejo.
“Nós já organizamos para obter metade disso, então, no mínimo, já fizemos cinquenta
moedas. Dez por pessoa. Que pontuação!”

“Parece que... essas ruínas podem acabar sendo realmente uma mina de tesouros.”

“Maravilhoso! Isso é simplesmente incrível!”

“Exatamente, mas deixar todo esse tesouro aqui é muito desperdício. Devemos fazer
bom uso disso.”

Quando ele disse isso, o magic caster alcançou a pilha de tesouros e tirou um anel com
um rubi enorme, que ele beijou.

“É enorme.”

O sacerdote alcançou o sarcófago e puxou um punhado de moedas de ouro, que ele va-
garosamente deixou escapar entre os dedos.

As moedas tiniam umas contra as outras com um som claro e nítido.

“Eu nunca vi moedas de ouro como essas antes. De qual país elas vieram?”

O ladino cortou uma das moedas com uma faca e disse com uma voz cheia de emoção:

“Essas moedas de ouro são realmente de alta qualidade. Eles têm o dobro do peso da
moeda padrão de negociação e você provavelmente poderia obter ainda mais apenas
pelo valor artístico delas.”

“Isso realmente é... ku... kukuku...”

O grupo não conseguiu se controlar e começou a rir baixinho. Apenas a parte deles desse
tesouro seria uma soma surpreendente.

“Muito obrigado aos deuses pela sua boa sorte de antemão. Vamos levar este tesouro
conosco e descobrir o verdadeiro tesouro. Se nos demorarmos, não teremos uma parte
disso.”

“—Tudo certo!”

As palavras de Gringham foram recebidas com uma aprovação impetuosa. Suas vozes
estavam cheias de emoção e paixão.
Parte 4

Eles estavam no mausoléu central. Era cercada por estátuas de gigantescos guerreiros
e cavaleiros que pareciam estar protegendo seu suserano. Elas eram tão realistas que
pareciam que poderiam se mover a qualquer momento. Hekkeran estava escondido ao
pé de uma das estátuas, observando atentamente um dos quatro mausoléus menores.

Depois de algum tempo, Hekkeran notou cinco pessoas correndo em alta velocidade de
um dos mausoléus. Ele continuou se escondendo, inspecionando as pessoas correndo por
qualquer anormalidade, e também se alguém estava observando-as. Depois disso, depois
de confirmar que as pessoas estavam correndo, Hekkeran finalmente respirou aliviado.

Ele se inclinou atrás da estátua e deu um sinal. Gringham — que estava correndo à frente
de seu grupo — percebeu e correu em direção a Hekkeran.

“Gringham, por que você demorou tanto?”

“Minhas sinceras desculpas; parece que te fiz esperar.”

“Bem, não é como se estivéssemos definido um horário de reunião, então tudo bem.
Além disso, vamos para um lugar diferente e decidir o que faremos a seguir.”

Hekkeran abaixou sua postura, liderando o caminho enquanto mantinha um olho em


seus arredores.

Pouco depois de começarem a se mover, Gringham perguntou:

“Uma pergunta, se eu puder; A tua equipe descobriu tesouros?”

Depois de ouvir a excitação mal disfarçada na voz de Gringham, Hekkeran lembrou o


modo como seu próprio time havia sido e sorriu para ele com satisfação.

“Oh sim, nós fizemos. Ficamos todos sorrisos. O ancião disse o mesmo.”

“Então essa também foi a sua experiência? Realmente, nos saímos bem nesta tumba.”

“De fato, devemos agradecer devidamente qualquer peixe grande que está enterrado
aqui.”

“Mm. Dito isso, depois de descobrir tanto tesouro, talvez tenhamos que nos preparar
para a possibilidade de que a tumba principal seja estéril.”

“Não, estou disposto a apostar que haverá mais tesouros.”

“Em tuas palavras... quanto você ousa apostar?”


“Não é ruim. Não só posso encontrar mais na tumba, mas também posso fazer uma bela
soma assim como você, maravilhoso. No entanto, o problema é que você e eu podemos
apostar na mesma coisa.”

Nenhum dos dois gargalhou, simplesmente sorriram amplamente.

“Indubitavelmente. Falando nisso, este que vos fala tem uma pergunta a fazer de ti; o
que é isso?”

Ante os olhos de Gringham eram uma estátua enorme, que tinha algo que parecia uma
placa de pedra solitária aos seus pés.

“Você quer dizer aquilo?”

Hekkeran contou os resultados de suas investigações enquanto continuavam andando.


As outras três equipes viram os caracteres na placa, mas ninguém entendia. Ele tinha a
fraca esperança de que Gringham pudesse entender o sentido.

“Parece ser uma placa de pedra com símbolos que se parecem com a linguagem inscrita
nela.”

“Você diz que a palavra “parecem” em um sentido vago...?”

“Ninguém entende essa linguagem. Não é do Reino nem da língua do Império, nem pa-
rece ser uma das línguas antigas daqui. Pode até não ser uma linguagem humana. No
entanto, entendemos o número dois e zero.”

“Um número? Logicamente falando, essa deveria ser a data em que o mausoléu foi cons-
truído. Mas, nesse caso, seria um número muito pequeno.”

“Arche disse que pode ser um enigma ligado a essas ruínas... ah, em qualquer caso, ape-
nas tenha isso em mente.”

“Certamente, eu certamente o farei.”

Depois de passar a enorme estátua, subiram um longo e suave declive de escadas que
pareciam ser feitas do mesmo material que o sarcófago de pedra, e a entrada do mauso-
léu central se estendeu diante deles.

“É o fedor dos mortos.”

“Sim, você está certo. É um cheiro comum nas Planícies Katze.”

Hekkeran expressou sua concordância com o murmúrio de Gringham.


Embora não fosse tão nauseante quanto o cheiro vil de decadência, o fraco fedor exclu-
sivo de undeads dos cemitérios pairava no ar frio.

Havia undeads presente em uma tumba tão bem guardada?

O grupo se preparou quando entraram no mausoléu. Diante deles havia um grande salão.
Inúmeras mortuárias de pedra se alinhavam em cada lado do corredor, e em frente a elas
havia uma escada que descia. A porta que levava ao andar de baixo estava escancarada.
Uma rajada estranhamente gelada de ar frio fluiu por trás dele.

“Por aqui.”

Liderado por Hekkeran, o grupo de Gringham desceu as escadas.

Uma abóbada funerária estava ao pé da escada, com um conjunto de portas à frente.


Parecia ser a única nos arredores.

Mesmo sendo mais apertado que o salão acima — o mausoléu — era largo bastante. Os
companheiros de Hekkeran da Foresight, a Tenmu de Erya e o grupo de Parpatra esta-
vam todos aqui.

“Então, o que faremos a seguir? O plano original era se dividir aqui e investigar o interior,
mas depois de inspecionar os mausoléus, você tem outras idéias?”

Depois de dizer isso, Hekkeran olhou para todos os outros.

Não parecia que alguém queria propor algo novo. Era desejo, ou apenas um simples tru-
que da luz? Ele não podia ter certeza do que aquele brilho nos olhos de todos. Seus rostos
estavam cheios de excitação enquanto desejavam correr para as profundezas da tumba.

“Nesse caso, tenho uma sugestão. Vamos circundar o exterior em círculo para verificar
se há portas escondidas.”

O líder da equipe poderia ter falado, mas os membros da equipe não pareciam felizes
com isso.

Afinal, todos eles tinham visto os prêmios reluzentes agora a pouco. Mesmo que essa
opinião viesse de seu veterano líder, era muito difícil para eles concordarem com isso.
Certamente, eles devem ter imaginado o tesouro fugindo diante de seus olhos.

“Que tal isso? Verificamos a superfície, mas não podemos dizer que verificamos muito
bem. Pode haver outras rotas escondidas embaixo dos mausoléus, não acha? Além disso,
não checamos o cemitério, não é mesmo?”

“Eu acredito que o ancião reverenciado está tentando dizer é que de acordo com as can-
ções dos bardos sobre as grandes ruínas — isto é, as Ruínas de Sasashal — havia uma
passagem segura perto da entrada que poderia levar todos diretamente para o coração
da área.”

“Ah, Gringham. Já verificamos, mas infelizmente não há portas secretas nesta sala.”

“Precisamente. Estamos dispostos a fazer um para o time, então, em troca, esperamos


que você nos dê uma parte dos tesouros que encontrar nesse nível. Que tal cerca de dez
por cento de cada time? Além disso, se você encontrar outro nível abaixo, podemos pedir
o direito de entrar e procurar primeiro?”

“Não tenho objeções a essa proposta.”

O primeiro a responder foi Gringham. Pouco depois disso, Hekkeran também expressou
seu acordo.

“Tudo bem, parece que ninguém faz objeções! A propósito, e você, Uzruth?”

“Pessoalmente, eu me oponho muito, mas são apenas dez por cento, dificilmente será
um prejuízo.”

O velho riu alegremente da resposta farpada de Erya. Foi Erya quem ficou descontente
por ter suas palavras ácidas completamente desconsideradas.

“Ah, velho senhor. Nesse caso, temos uma solicitação para você. Encontramos uma
enorme bandeira tecida de fios de metal precioso no mausoléu que investigamos. Nós
não a trouxemos porque era muito grande. Podemos nos incomodar para nos ajudar a
trazê-la?”

“Eu concordo com a opinião de Hekkeran. Embora isso me envergonhe, eu ficaria feliz
se você pudesse nos ajudar a recuperar a nossa também.”

“Já que é assim, nós vamos deixar a nossa para você também.”

Erya apontou o queixo para uma das Elfas, e a garota magra sacudiu um grande pedaço
de pano que estava carregando nas costas e o colocou no chão.

“Entendido. Há mais alguma coisa que você queira deixar para trás ou que você queira
que nós levemos?”

Ninguém respondeu à pergunta de Parpatra.

“Bem! Então, vamos seguir a sugestão agora e investigar a superfície. Você também pre-
cisa ser cuidadoso. No entanto, se você encontrar algum valor, fique à vontade para
deixá-lo para nós.”
“Haha, ancião. De bom grado vamos deixar os monstros para ti, mas, infelizmente, não
deixaremos uma única moeda de tesouro para trás.”

O grupo riu e então Hekkeran perguntou a todos:

“Então, vamos nos mover?”

O grupo aceitou essa sugestão imediatamente, e assim eles saíram. Seus olhos brilhavam
com desejo e expectativa enquanto davam seu primeiro passo para as ruínas desconhe-
cidas — a tumba subterrânea.

Depois de abrir a porta da sala, uma passagem conduzia diretamente para as profunde-
zas. Talvez devessem ter esperado isso, mas a passagem era muito limpa.

Esta era uma passagem de pedra sem mofo ou ervar daninhas crescendo nela. Havia
alcovas em ambos os lados, cada uma preenchida com objetos do tamanho de humanos
envoltos em mortalhas funerárias. Não havia nenhum fedor que fosse exclusivo dos ca-
dáveres. Havia apenas o ar frio e claro, assim como um cheiro parecido com o dos mortos.

Havia luzes brancas espaçadas ao longo do teto em intervalos regulares, mas devido à
grande distância entre elas, ainda havia muitos cantos sombrios ao longo da passagem.
Embora isso não afetasse sua movimentação, a luz fraca da lâmpada fazia com que se
perguntassem se haviam perdido alguma coisa. Mover-se sem preparar a iluminação pa-
recia bastante perigoso.

“Rober, há uma reação undead desse corpo?”

“Não, absolutamente nada.”

“—Sério?”

Arche respondeu, e então caminhou até um cadáver embrulhado, cortando a mortalha


aberta com um punhal. Depois de ver suas ações, dois dos homens do grupo se adianta-
ram para ajudar a expor o cadáver embaixo das mortalhas.

“A julgar pela altura e pelo físico, é mais provável que seja humano. Um homem crescido.”

“Ele não está vestindo roupas, então não podemos dizer de que época as ruínas vieram.”

“Ainda assim, essas ruínas são realmente um mistério. Não podemos dizer a sua idade a
partir de sua arquitetura ou estilos de enterro. Pelo que sabemos, essas ruínas podem
ser de mais de seiscentos anos atrás.”

“—Se esse fosse realmente o caso, então isso seria um achado histórico.”
Talvez esse tópico possa ter sido interessante para um acadêmico, mas eles estavam
aqui para trabalhar.

Enquanto Hekkeran e Gringham olhavam friamente para eles, os três rapidamente


acrescentaram: “A data de construção e fundo dessas ruínas ainda é um mistério, afinal
de contas.”

“Entendido. Podemos seguir em frente agora? Eu quero matar monstros.”

O indignado Erya expressou sua concordância com Hekkeran e Gringham, e o grupo


continuou avançando novamente. No entanto, eles pararam novamente depois de dar
alguns passos.

Todos sacaram suas armas, preparando-se para o combate.

O som de ossos batendo veio à frente deles.

Eles podiam ver criaturas undeads correndo na direção deles à frente sob a iluminação
das luzes do teto.

Quando a distância entre eles diminuiu e eles viram o que estavam enfrentando, uma
comoção surgiu dos Trabalhadores chocados, como se tivessem visto algo que não ousa-
vam acreditar.

“Oh, que isso, só pode estar de sacanagem comigo...”

“Ei, ei, sério...?”

“Eh? Esses são realmente Skeletons?”

No momento em que alguém mencionou os nomes desses monstros, suas risadas explo-
diram incontrolavelmente para encher toda a passagem.

“Ei ei ei ei! Não importa como você olhe, Skeletons não serão suficientes, certo? Tem
todos nós aqui!”

Monstros do tipo Skeletons não variam muito na aparência e, às vezes, podem não ser
capazes de distingui-los rapidamente.

No entanto, a julgar pela impressão que deram, os Trabalhadores estavam certos de que
estes eram apenas Skeletons comuns.

“Se isso é para ser um grupo de reconhecimento, então eles deveriam enviar monstros
mais fortes — eu mereço mais! Ninguém está encarregado dessas ruínas, ou a oposição
não pode avaliar nossa força, ou elas são estúpidas o suficiente para não descobrir os
intrusos ainda!”
A risada de todos continuou.

“Não, os Skeletons são muito rebuscados. Pelo que sabemos, os tesouros dessas ruínas
estão apenas nos mausoléus acima.”

“Isso seria terrível.”

Skeletons eram muito fracos em comparação com esses Trabalhadores, que eram com-
paráveis aos aventureiros de mythril. Além disso, eles eram em menor número do que os
Trabalhadores, então eles não tinham idéia do que a oposição estava pensando.

Diante dos seis Skeletons bloqueando o caminho, todos se entreolharam, sem saber
quem deveria ir primeiro.

“Não conte comigo.”

Erya declarou claramente sua opinião, e todos puderam entender como ele se sentia.

“Então eu irei.”

Depois disso, Gringham deu um passo à frente.

Não havia como dizer o que estava passando pelas cabeças vazias dos Skeletons. Eles
achavam que o guerreiro solitário havia sido expulso de seu grupo? Ou alguma outra
coisa?

Os Skeletons atacaram imediatamente e então—

Seu machado e escudo se quebraram facilmente em pedaços.

Levou apenas o espaço de alguns segundos. Não, na verdade, tinha sido ainda menos
que isso.

Depois de quebrar os seis Skeletons e trilhar seus restos sob os pés, Gringham suspirou
cansado. Não foi porque ele tinha sido desgastado pela batalha, mas porque ele estava
muito desapontado com o fato de que depois de chegar a estas ruínas inexploradas que
eram o sonho de um Trabalhador, a primeira batalha que era para adicionar cor e sabor
a esta aventura se transformou a ser contra Skeletons, o mais fraco dos undeads. Ele
achou muito triste.

“Patético, afinal de contas, Skeletons são apenas Skeletons. Dito isso, não seja descui-
dado. Considere que undeads mais poderosos podem aparecer e avançar enquanto per-
manecem alertas!”
Todos os lábios se apertaram quando ouviram as palavras de Gringham. Eles avançaram,
mais profundamente nas ruínas, seus corações cheios de expectativa pela montanha do
tesouro que os aguardava.

♦♦♦

“Que pena, eles se foram.”

“Eles todos se foram. Eles podem ser Trabalhadores, mas nós dividimos o pão com eles,
e eles são nossos companheiros para este trabalho. Espero que eles voltem em segu-
rança... o que você acha, Momon-san?”

“—Que todos eles vão morrer?”

Ainz respondeu em tom sombrio, e o líder dos aventureiros que o interrogaram conge-
lou.

Merda. Eu disse o que estava no meu coração...

“Er, não, o que eu quis dizer é que deveríamos estar mentalmente preparados para esse
resultado. Este lugar é desconhecido, e não há como dizer que perigos estão esperando
por eles dentro. Ser muito otimista é prejudicial.”

“Entendo, então é isso que você quis dizer... obrigado pela sua preocupação.”

...Eu pensei que estava sendo muito frio, isso realmente funcionou? Eu me sinto muito bem
com isso.

O líder provavelmente estava balançando a cabeça sem parar porque aquelas palavras
eram ditas por um homem de ranque adamantite, então ele estava cegamente pensando
no melhor dele.

Parece que os esforços de Ainz — ele tinha sido tão amigável e acessível quanto possível
durante a sua jornada a Nazarick — deram frutos, dada a sua atitude favorável em rela-
ção a ele.

“Então, de acordo com o plano, vou descansar primeiro.”

Ainz se dirigiu para a sua — naturalmente, ele compartilhou com Narberal — tenda. Já
que ficava a alguma distância das outras tendas, ele sabia que algumas pessoas estavam
espalhando rumores de que era porque ele não queria certos... sons fossem ouvidos por
outros. Na verdade, o líder dos aventureiros havia lhe dito isso agora mesmo.

Comparado com os Trabalhadores, o líder parecia querer se aproximar de Momon, que


era um companheiro aventureiro, e foi por isso que ele contou o que tinha ouvido dos
Trabalhadores.
Ainz e Narberal entraram juntos na tenda e a fecharam, em seguida, apenas no caso, eles
verificaram do lado de fora. Ninguém parecia estar prestando atenção a eles; na verdade,
eles pareciam estar deliberadamente tentando não olhar para Ainz.

“...Mesmo as pessoas chamando isso de ninho de amor, eu acho que estava certo em não
negar isso imediatamente. Dessa forma, eles não suspeitarão do porquê de montarmos
nossa tenta tão longe, e eles não vão prestar atenção indevida a nós ou chegar perto deste
lugar.”

Ele poderia ter perdido algumas coisas, mas ganhou muito mais em troca.

Ainz tirou o elmo, expondo seu rosto esquelético.

“Agora, Nabe... não, Narberal, voltarei a Nazarick. Eu pretendo que o Pandora’s Actor
assuma meu lugar; se alguma coisa acontecer antes disso, pense em uma maneira inteli-
gente de lidar com isso.”

“Entendido, Ainz-sama.”

“Mm. Se alguma coisa acontecer, entre em contato imediatamente. Eu vou deixar isso
para você.”

Ainz dispensou sua armadura e espadas magicamente criadas. O peso do elmo em suas
mãos também desapareceu.

Ele não se sentia cansado, mas depois de ser libertado das amarras da armadura com-
pleta, ele não pôde deixar de suspirar contente. Ele girou os ombros — que não doíam —
como um remanescente de sua personalidade humana.

“...Que alívio.”

Ele sentiu que os restos de seus sentimentos humanos eram um impedimento para ele.

Se ele pudesse lidar calmamente com todos os seus problemas, talvez suas atuais cir-
cunstâncias fossem diferentes. Mas se ele não tivesse os restos de sua humanidade com
ele, ele ainda apreciaria a Grande Tumba Subterrânea de Nazarick? Talvez seus pensa-
mentos como o ser humano Suzuki Satoru e suas boas lembranças de seus amigos desa-
pareceriam junto.

Ainz sorriu amargamente quando conjurava uma magia. Não havia parte de sua mente
que ainda ponderasse a questão de sua humanidade. Ainz não foi um grande homem que
pudesse lidar com dois ou três problemas ao mesmo tempo e o que ele deveria fazer
sobre eles. Ele deveria estar se concentrando na tarefa e descartando todo o resto.
A magia que ele lançou foi 「Greater Teleportation」.

Por estar usando o Anel, Ainz contornou a barreira posicionada sobre Nazarick e chegou
imediatamente à câmara antes do Salão do Trono.

“Bem-vindo ao lar, Ainz-sama.”

Logo depois disso, uma voz feminina melodiosa o cumprimentou.

“Eu voltei, Albedo.”

A mulher profundamente curvada levantou a cabeça e um sorriso como uma flor desa-
brochando espalhada por suas feições arrebatadoras.

Uhhhh...

Quando ele viu o olhar de adoração amorosa em seus olhos, Ainz sentiu um comichão
em todo o corpo e queria rolar no chão. No entanto, ele não poderia agir de uma maneira
que não se encaixasse em Ainz Ooal Gown, soberano da Grande Tumba de Nazarick.

A fim de suprimir as emoções fracas e persistentes dentro de si mesmo, Ainz delibera-


damente tossiu, algo que seu corpo esquelético não exigia.

“Se tudo está seguindo de acordo com o planejado, os invasores devem chegar em breve.
Não, talvez eles já tenham chegado. Os preparativos boas-vindas foram feitos?”

“Estão perfeitos. Tenho certeza de que poderemos entreter nossos convidados.”

“Mesmo... Albedo, estou ansioso para a recepção que você preparou.”

Ainz entrou no coração de Nazarick; o Salão do Trono. Albedo estava um passo atrás
dele, mas logo se recuperou. Ainz havia dado a Albedo uma ordem sobre os invasores
desta vez. Ele havia expressado o desejo de observar o desempenho das defesas que ela
havia erigido sob condições de batalha ao vivo.

No passado, seus amigos decidiram onde os monstros do POP iriam aparecer em Naza-
rick e onde posicionar os monstros. Os arranjos de seus amigos eram perfeitos. Mas
agora que a situação havia mudado, não havia garantia de que talvez não houvesse uma
maneira melhor.

Nesse caso, pode-se dizer que a reavaliação dos arranjos de segurança era uma necessi-
dade urgente. Portanto, ele queria aproveitar esta oportunidade para observá-lo por si
mesmo.
“...Os intrusos são muito fracos, então obviamente será impossível usá-los para verificar
todos os sistemas. Ainda assim, espero que aprendamos algo com essa operação.”

“Entendido. Eu garanto que vou satisfazer suas expectativas, Ainz-sama.”

“Muito bom. Além disso, como você sabe, borrifar gás venenoso no inimigo antes da in-
vestida dos undeads, e outras armadilhas que utilizem moedas devem ser vigorosamente
evitadas. Espero que você fique com as armadilhas que envolvem os monstros POP. Fi-
cará tudo bem assim?”

Ainz assentiu quando viu o sorriso de Albedo.

“Então eu vou ficar aqui e aproveitar o show. Certo, onde estão os outros Guardiões de
Andar?

“Ordenei que todos se reunissem ao seu retorno. Eles entrarão quando chegarem. Isso
é aceitável?”

“Eu permito isso. Afinal, é mais divertido quando mais pessoas estão reunidas.”

Quando Ainz lentamente se sentou no trono, vários objetos semelhantes a monitores de


televisão apareceram diante dele. Os monitores mostraram cenas de dentro de Nazarick;
ou em outras palavras, as cenas que Albedo — que estava controlando — queria que Ainz
visse.

Este deveria ter sido o resultado dos ajustes de Albedo na rede de defesa, mas Ainz não
tinha certeza do que havia sido alterado.

...Para que esse exercício de treinamento seja frutífero, preciso aprender algo com essas
imagens. Caso contrário, as coisas irão mal quando o exercício estiver concluído e trocar-
mos opiniões.

Ainz era o governante supremo de Nazarick. Tal homem altamente colocado não pode-
ria alegar ignorância dos sistemas defensivos para seus próprios subordinados.

“Então, apenas no caso, eu gostaria de confirmar que Ariadne não vai ativar, correto?”

Ele abriu o console de controle e viu que tudo estava bem, mas ele ainda não pôde deixar
de perguntar.

“Acho que não. No entanto, tenho uma pergunta para o senhor, Ainz-sama. Se os intru-
sos bloquearem a entrada, Ariadne irá ativar?”

Ainz lembrou-se das P&R que ele havia visto antes em YGGDRASIL. Ou não, isso foi ex-
plicado em um patch?
“Eu não penso assim... eu lembro que não deveria... creio eu.”

Tinha sido assim em YGGDRASIL, mas ninguém podia garantir que ainda seria assim
neste mundo. Além disso, eles não podiam ter certeza se o sistema Ariadne existia.

“Então, e se houvesse algum tipo de manipulação feita pelo homem? O que aconteceria?”

“Pode não ser ativado, mas depois de pensar nas perdas que teremos, se preferir, prefiro
não correr esse risco.”

O sistema Ariadne.

Este foi um dos mecanismos de verificação envolvidos no sistema de criação de bases


da YGGDRASIL.

A maneira mais simples de construir uma fortaleza inexpugnável era simplesmente blo-
quear todas as entradas para que ninguém pudesse entrar. Para uma grande tumba como
Nazarick, bastaria enterrá-la no subsolo. No entanto, isso era intolerável do ponto de
vista da jogabilidade.

O sistema Ariadne foi usado para monitorá-los, a fim de impedir que os jogadores cons-
truíssem uma base como essa, que era difícil de invadir.

As especificações do sistema exigiam que houvesse um caminho contínuo desde a en-


trada até o coração da dungeon. Além disso, o sistema Ariadne também mediria a distân-
cia percorrida dentro da dungeon, o número de portas pelas quais passariam e muitas
outras categorias, todas com detalhes precisos.

Uma vez que uma dungeon que violasse esses requisitos fosse enviada para a YGGDRA-
SIL, uma penalidade seria cobrada e uma grande quantidade de fundos seria deduzida
dos cofres da guilda.

Para Nazarick, os Andares 5 e 6 tinham resolvido todos esses problemas — isso, e a


ajuda de uma grande quantidade de itens em dinheiro os ajudou a sustentar uma dun-
geon tão grande.

Um dos monitores que Ainz controlava mostrava uma imagem dos Trabalhadores.

“Cheh! Tudo bem, eles finalmente entraram. Eu estava ficando cansado de esperar.”

Ainz ficou profundamente descontente ao ver essas vidas baixas entrarem na fortaleza
que ele construíra com seus companheiros, manchando-a com seus pés imundos. Por-
tanto, a onda de emoção dentro dele excedeu o ponto de corte, e ele imediatamente se
acalmou. Mesmo assim, não conseguia esconder completamente as chamas de seu agra-
vamento.
“Albedo, nenhum deles escapará intacto, entendeu?”

“Mas é claro. Por favor, aproveite o destino que acontecerá a esses ladrões tolos que
ousarem profanar o santuário dos Seres Supremos. Também... eu acredito que o senhor
disse anteriormente que queria que ratos de laboratório testassem sua esgrima. Que lote
deveremos usar?”

“Hmm, isso mesmo. Eu já briguei com o velho antes, eu pratiquei com aquele homem na
estrada, e esse time não é adequado para a prática. Por processo de eliminação, tem que
ser eles.”

Ainz mudou o monitor para que Albedo pudesse ver e apontou para um grupo de pes-
soas.
Capítulo 03: A Grande Tumba
Parte 1

equipe de Trabalhadores liderada por Parpatra “Green Leaf” Ogrion despe-

A
diu-se dos outros — que eram movidos por antecipação e desejo — e depois
olhou para o exterior das escadas que levavam à entrada do mausoléu cen-
tral.

Nada se mexeu sob seus olhos enquanto eles os varriam pelo cemitério silencioso. As
únicas coisas eram silêncio, escuridão e luz das estrelas. Quando Parpatra deu um passo
em direção às escadas, seus companheiros disseram:

“Vovô, você não acha que isso é uma pena? Deveríamos ter deixado as outras equipes
procurarem no cemitério, não?”

“Você está certo. Todos os times... bem, sem contar aquele time merda, os outros têm
mais ou menos as mesmas habilidades. Qualquer coisa que possamos fazer, Heavy Mas-
her ou Foresight também podem fazer.”

“Nesse caso...”

Parpatra interrompeu seu companheiro no meio de suas palavras e disse:

“Mas temos prioridade na busca de bens amanhã, por isso não estamos perdendo nada.
Além disso, até lá já teremos terminado a investigação de superfície, se forem azarados,
o último time pode não ser capaz de encontrar nada, e eles podem até ser colocados para
proteger o acampamento base.”

“Entendo...”

“Além disso, entrar primeiro em um conjunto misterioso de ruínas é perigoso demais.


Eles são como canários de mineradores para nós, mesmo esperando que eles voltem vi-
vos.”

Parpatra se virou, com uma expressão fria nos olhos. Os Trabalhadores que haviam in-
vadido as ruínas haviam desaparecido na direção em que ele estava olhando.

Havia um indício de desdém em seu rosto, completamente diferente do velho benigno


que foi chamado de “vovô” por outros. No entanto, seus companheiros de equipe o co-
nheciam bem e não ficaram alarmados.

Parpatra tinha uma personalidade muito meticulosa. Ele era um homem que pensava
várias vezes o mesmo assunto, do tipo que tocava uma ponte de pedra para testá-la antes
de atravessar. Foi por isso que ele foi capaz de se aventurar na vanguarda por tanto
tempo e ainda matar um dragão. Por outro lado, sua personalidade excessivamente ar-
rogante significava que ele perdera várias chances de ganho. No entanto, ele nunca per-
dera nenhum de seus companheiros, e todos os membros de sua equipe confiavam nele.

Para qualquer pessoa, nada era mais valioso do que a vida de alguém. Mesmo assim, não
puderam deixar de invejar o tesouro que escorregara por entre os dedos.

“Podemos ter perdido a chance de descobrir itens mágicos incríveis! O que há de errado
em apostar nossas vidas nisso?”

“Você tem um ponto. No entanto, olhe para este cemitério limpo e arrumado. Alguém
está claramente arrumando tudo, o que significa que monstros vão sair para nos receber.
Não é melhor deixar os outros verem que tipo de monstros existem? Pessoalmente, eu
realmente não gostei desse trabalho porque havia muitos fatores incertos.”

Depois de ouvir Parpatra resmungar, os membros de sua equipe perguntaram leve-


mente:

“Mas você ainda aceitou, não é mesmo?”

“Claro. Isso porque as outras equipes também aceitaram. Senti que poderíamos fugir
enquanto eles se sacrificaram por nós.”

O grupo desceu as escadas e chegou ao chão.

“É por isso que você escolheu investigar a superfície? Então você poderia correr assim
que os ouvisse gritar?”

“Essa é uma das razões, e o fato é que minha maneira de pensar foi um pouco arriscada...
Assim como você disse agora, podemos acabar perdendo por causa disso. Estaremos
mais seguros se pudermos coletar mais informações, mas o fato é que não sei se isso é
realmente uma grande vantagem. Se estiver errado, peço desculpas a todos por isso.”

“Não se preocupe, vovô. Sempre confiamos em você, porque na maioria das vezes, suas
escolhas sempre estiveram certas.”

“Além disso, mesmo que acabemos perdendo por aqui, tudo o que precisamos fazer é
nos esforçar e encontrar outro emprego com um bom pagamento. Você já disse isso antes,
não vovô? Enquanto você viver, há sempre uma chance, então não há necessidade de se
forçar a correr riscos.”

“Pois é, aqueles foram bons dias. Nós éramos todos jovens naquela época.”

“Ora, mas você ainda não é jovem?”

“Hah, não é muito convincente quando você diz que eu sou jovem, vovô.”
O grupo deu um sorriso irônico um para o outro enquanto se dirigiam para o pequeno
mausoléu.

“Enfim, eu deveria ter discutido isso com você primeiro, mas acabei tomando a decisão
em seu nome. Me desculpe por isso.”

“Bem, era o que dava para fazer na hora. Além disso, você é o líder da equipe que esco-
lhemos, vovô. Quando nosso líder de confiança toma uma decisão, todos ficamos felizes
em obedecer.”

“...Você estava todo deprimido lá atrás, por que você está sorrindo agora? Certo, tudo
bem. Vamos nos apressar e verificar, e se sobrar tempo, veremos se o Momon-dono pode
me dar algumas dicas. É uma chance rara, então talvez você possa fazer com que ele lhe
ensine uma coisa ou duas.”

“Mm, aquela luta ficou esculpida em nossos olhos, vovô. Aquele é um aventureiro ada-
mantite de verdade.”

“...Há muitos tipos de aventureiros classificados com adamantite. Oito Ondas do Império,
francamente falando, não são realmente classificadas como adamantite. Momon-dono é
um verdadeiro aventureiro classificado com adamantite. Ele está em um nível que eu não
posso esperar alcançar.”

“Vovô...”

“Hyahyahya, não se preocupe. Quando eu estava no meu auge, eu poderia ter ficado com
ciúmes, mas agora sou apenas um velho enrugado. Não é como se eu estivesse chocado
ou algo assim. Além disso, tenho visto vários aventureiros com classificação de adaman-
tite no meu tempo, mas o Momon-dono é único mesmo dentre eles. Com sua presença,
ele é como um adamantite entre os adamantites.”

“Mesmo?”

“Oh sim, e é por isso que estou lhe dizendo para pegar algumas dicas dele. Depois que
eu morrer, ganhar experiência será útil se vocês quiserem continuar a se aventurar.”

“Como você poderia morrer, vovô? Eu nem consigo imaginar você se aposentando.”

“Exatamente. Você é forte e saudável, então viver tanto quanto o Fluder-san não deveria
ser problema, certo vovô?”

“Hyahyahya, não, não, nem mesmo eu poderia fazer algo assim. Aquele homem é uma
esquisitice.”

“Que equipe maravilhosa você tem.”


De repente, a voz baixa de uma mulher chegou até eles.

As únicas mulheres entre os membros desta expedição foram as duas senhoritas da Fo-
resight de Hekkeran e as três escravas Elfas da Tenmu de Erya. No entanto, a voz não
pertencia a nenhuma delas.

O grupo imediatamente levantou suas armas e se virou.

Quando eles observaram as escadas que acabavam de descer, viram um grupo de mu-
lheres em uniformes de empregada de pé na entrada do mausoléu. Havia cinco delas no
total.

Cada uma delas era inacreditavelmente bela, mas ao mesmo tempo as tornava especial-
mente anormais.

O estranho era que cada uma delas estava vestida com uma roupa que se assemelhava
a um uniforme de empregada, mas eram diferentes das roupas que Parpatra já vira antes;
Elas brilhavam com um brilho de armadura.

“Você... quem é você? Eu não vi você chegan... oh, então realmente havia uma passagem
escondida.”

“Mulheres? Elas são lindas o suficiente para rivalizar com a Bela Princesa Nabe, da Es-
curidão... elas claramente não são pessoas comuns.”

“Elas não parecem hostis, mas... elas não podem ser pessoas que foram contratadas além
de nós mesmos.”

“O que devemos fazer, vovô?”

Seus companheiros não ousaram ser descuidados. Eles observaram as garotas de perto
enquanto se faziam perguntas.

A melhor opção seria negociar com elas, mas parece que elas não seriam capazes de
concluir isso amigavelmente.

“Nossos números são mais ou menos iguais... então devemos ser capazes de lidar com
isso, certo?”

A força de seus oponentes deve ser a mesma que a deles, ou um pouco maior.

Elas não atacaram enquanto os Trabalhadores estavam reunidos, a fim de pegá-los to-
dos de uma só vez. Isso implicava que elas não tinham poder de luta nem armadilhas
para lidar com tantas pessoas ao mesmo tempo. Ao mesmo tempo, elas escolheram apa-
recer e se mostrar e iniciar a conversa; isso implicava que elas estavam confiantes em
derrotar o grupo de Parpatra.

Seu corpo envelhecido dificilmente suava muito, mas naquele momento, Parpatra sen-
tiu a mão segurando sua lança fria e úmida.

“Ainda assim, empregadas em uma tumba... realmente me faz questionar o gosto de


quem fez isso.”

No momento seguinte, o amigo que jogara aquela piada casual estava subitamente co-
berto de suor frio, com o rosto pálido e trêmulo.

Parpatra achou que a temperatura à sua volta despencara por um momento. No entanto,
os arrepios que cobriam seu corpo não eram ilusórios.

Mesmo com apenas a luz da lua para iluminá-los, ele podia ver claramente o olhar as-
sassino nos olhos das empregadas perfeitamente alinhadas. Parecia que seus olhos esta-
vam brilhando.

“VaMoS mAtAr ElEs.”

“...Tem que morrer.”

“Nós não podemos simplesmente matá-los normalmente. Precisamos tornar o sofri-


mento deles lendário.”

Um intenso desejo por sangue agitou em torno das empregadas. Sua raiva era tal que
parecia que o próprio ar estava se entortando.

“Tudo bem, tudo bem.”

A empregada de aparência mais madura disse batendo suas mãos, e continuou:

“Nosso mestre nos ordenou que não deixássemos nenhum deles ileso, então mataría-
mos eles de qualquer maneira. No entanto, estou muito satisfeita por ver todas tão moti-
vadas.”

Houve um barulho, um som de metal que parecia vir das escadas que haviam sido cor-
tadas de uma chapa de pedra. O som vinha dos saltos altos de metal que as empregadas
usavam.

Abalado, Parpatra e companhia recuaram.


Dada a sua falta de armas, a oposição deles deveria ser de magic caster. Nesse caso, per-
mitir que elas tomassem o terreno elevado e lutar neste espaço que favorecia as armas
com longo alcance não era uma estratégia inteligente.

Para Parpatra e os outros, a tática ideal para eles era encurtar a distância entre eles e a
oposição. O contrário seria a vantagem das empregadas. No entanto, por que essas em-
pregadas desceram as escadas? Elas estavam planejando voar para o céu com 「Fly」 se
alguma coisa acontecesse?

Os rostos inexpressivos das empregadas eram como uma máscara, e seus movimentos
eram tão reais quanto um soberano enquanto desciam lentamente as escadas. Parpatra
e seu grupo estavam perdidos em como responder, mas ainda assim, eles se abrigaram
atrás de seus escudos e discutiram o que fazer e quais táticas usar.

*Clang!*

Um som particularmente estridente soou pelo ar. As empregadas pararam no meio dos
degraus.

“Tudo bem, vamos começar com uma auto-apresentação. Eu... me perdoe... Quem vos
fala é a líder assistente das Sete Irmãs — Pleiades —, Yuri Alpha. Mesmos nos conhe-
cendo a poucos minutos, foi um prazer conhecê-lo. Então, voltando ao tópico principal,
se lutássemos diretamente seria mais rápido, porém, nós não podemos nos mover por
certas razões. É uma pena.”

O vento carregou uma risada adorável para eles e era semelhante a um harmonioso sino.

Os sorrisos dessas donzelas belíssimas transbordavam de um encanto que instantane-


amente capturava os corações de qualquer um que olhasse para elas.

Sendo um ex-aventureiro e atualmente um Trabalhador, Parpatra tinha visto todo o tipo


de coisas ao longo dos anos. Entre elas estavam monstros sobrenaturalmente sedutores
como fadas e assim por diante. No entanto, mesmo ele nunca tinha visto tais moças bo-
nitas antes, cujas feições calmas pareciam enlouquecer sua própria alma.

No entanto, suas palavras desdenhosas transbordaram com uma sensação de superio-


ridade, e abaixo do fino verniz de suas feições calmas estava a arrogância que pertencia
a algo esmagadoramente poderoso. Para esses homens, que tinham andado de mãos da-
das com a morte e que tinham muito orgulho de suas habilidades, tanto desprezo era
totalmente intolerável. Até os fez querer mostrar às empregadas exatamente quem elas
estavam desprezando.

No entanto, eles haviam testemunhado várias evidências indiretas que sugeriam que
essas empregadas eram incrivelmente poderosas, em contraste com suas adoráveis apa-
rências. Seus rostos ainda estavam cheios de terror pela intenção assassina que sentiram
neste momento, e não podiam fugir completamente da batalha.
A melhor opção pode ser correr e deixar os aventureiros — especialmente o Momon —
participarem da luta.

“Então, permita-me apresentar seus oponentes.”

Yuri bateu palmas e o cemitério tremeu, como se em resposta ao som ecoante.

“Venham, Old Guarders de Nazarick.”

“O quê!?”

Parpatra exclamou em choque.

A terra atrás dele se abriu e vários esqueletos apareceram.

Um ataque de pinça? Não...

Olhando para cima, viu que as empregadas ainda eram hostis, mas não tinham vontade
de lutar. Talvez elas estivessem em um modo de espectadoras. Embora não pudessem
ser descuidados, parecia que as empregadas fariam isso; elas não quiseram atacar ime-
diatamente.

Parpatra chegou à conclusão de que os únicos inimigos em seu caminho eram os Skele-
tons atrás deles, e então ele começou a avaliar o novo lote de inimigos.

Skeletons eram dificilmente oponentes poderosos. Dada a força de Parpatra e seu grupo,
eles poderiam dar conta de algumas centenas deles sem problemas. Sendo esse o caso,
os Skeletons que emergiram da terra — oito deles no total — não eram páreo para eles.

No entanto, havia um problema.

Os companheiros de Parpatra engoliram em uníssono e, inconscientemente, recuaram


um passo.

Esses Skeletons pareciam diferentes dos Skeletons comuns, e o equipamento deles tam-
bém era diferente.

Eles estavam vestidos com couraças grossas, como as que a guarda real de um país usa-
ria. Seus escudos estavam enfeitados com um grifo, e eles empunhavam todos os tipos
de armas, além de arcos longos compostos nas costas. Além disso, todo esse equipamento
emanava uma luz característica de itens mágico.

Skeletons equipados com equipamento mágico não podiam ser esqueletos comuns.

“O que são aqueles?”


“Você também não sabe, vovô? Eu não tenho muita certeza... mas eu acho que eles po-
dem ser uma ramificação de Guerreiros Skeletons.”

“Uma ramificação, hein? Eles não se parecem com Guerreiros Skeletons Vermelhos...”

Adversários que nunca haviam encontrado antes eram sempre inquietantes, especial-
mente inimigos equipados com itens mágicos que possuíam efeitos especiais.

“—Esses números devem ser suficientes para lidar com os senhores. Por favor, faça o
seu melhor e mostre-nos até onde vocês podem correr.”

“Estamos honrados por você ter enviado undeads poderosos contra nós. Contudo...”

Parpatra ponderou calmamente o assunto.

Não importa de onde olhasse, elas não poderiam ter muitos undeads equipados com
tantos itens mágicos. Então, elas provavelmente estavam usando suas forças mais fortes
contra eles logo de cara.

Caso contrário, elas não teriam deixado entrar nas ruínas; elas teriam lidado com eles
há muito tempo.

“Então esses são os lutadores mais fortes das ruínas, então? Você acha que eles são o
suficiente para nos impedir?”

Olhando para cima, Parpatra viu que Yuri parecia abalada por sua pergunta, seu olhar
estava vagando.

Acertei em cheio! Entendo. Então elas já colocaram uma armadilha durante a nossa con-
versa...

A maneira mais sábia de usar suas melhores tropas era neutralizar cada grupo de inva-
sores aos poucos. É claro, depois de considerar que elas podem não ser capazes de igua-
lar sua oposição, pode ser mais inteligente concentrar suas forças onde um grupo de pes-
soas que sairia após completar suas explorações, principalmente se eles estivessem fisi-
camente e mentalmente cansados; em outras palavras, descansando na entrada.

E assim, eles aprenderam parte do objetivo de seus oponentes a partir disso. Quando a
empregada disse, “mostre-nos até onde vocês podem correr”, elas estavam tentando con-
vencê-los a fugir, para que tivessem uma chance de atacá-los por trás. Do ponto de vista
das empregadas, eles estariam envolvidos em várias batalhas, então iriam querer mini-
mizar qualquer desgaste de suas forças.

Portanto, havia apenas uma coisa que eles tinham que fazer.
“Então tudo o que precisamos fazer é derrotar esses Skeletons e sair desse cerco, estou
errado?”

Eles deveriam derrotar os Old Guarders de Nazarick para o bem das outras equipes além
de sua própria.

As outras equipes podem ser rivais, mas por serem iguais eram como companheiros.
Além disso, se elas quisessem que eles fugissem, então ficar de pé e lutar correria um
risco menor de cair em uma armadilha. E é claro que isso era apenas no caso, mas ele
estava pensando em pedir a Momon para lutar se a oposição deles fosse muito forte. No
entanto, eles deveriam lutar agora, mesmo que houvesse risco.

“Então eu estraguei o plano e agora nós somos os canários... ah, que droga. Tudo bem, o
que você acha disso tudo?”

“Dado o quão bem esses undeads estão equipados, não posso imaginar que poderia ha-
ver mais deles.”

“Esta é uma rota pela qual os invasores teriam que passar, então estacionar suas melho-
res tropas aqui seria a melhor tática. Sendo esse o caso, devem haver apenas esses Skele-
tons deste tipo. E já que a oposição supostamente deveria ter uma inteligência melhor a
nossa, eles provavelmente não seriam burros o suficiente para dividir suas forças.”

“...Não, acho que deveria haver mais alguns nas ruínas. No entanto, os que restam são
provavelmente undeads de baixo nível.”

“Vovô... nós devemos fugir. Isso não é bom. Na verdade, é muito ruim.”

“Já estamos cercados, não há escapatória para nós! Mesmo se tentarmos voar para longe,
eles nos derrubarão com arcos! Aguentem firmes rapazes! Não há como sobrevivermos,
se não os derrotando!”

A resposta ao grito de Parpatra foi uma voz resignada e surpresa.

“Bem, isso também é um meio válido de superá-los. Vamos torcer por vocês, então va-
mos começar.”

E com isso, os Old Guarders de Nazarick começaram a marchar.

♦♦♦

Yuri e as outras tinham olhares preocupados em seus rostos enquanto continuavam a


“torcer” por eles.

Elas tinham sido duramente pressionadas para esconder sua consternação desde o co-
meço.
E pensar que eles realmente seriam...

“Ahhh, isso é ruim ~su.”

“...Não pensei que seria assim.”

“Cocytus-sama ficará chocado.”

“Se IsSo CoNtInUaR... NãO rEsTarÁ nAdA pArA eU fAzEr.”

Yuri e as outras observaram um martelo levantado e descendo.

“Oh, isso parece muito ruim, ele vai morrer ~su.”

Assim que Lupusregina murmurou para si mesma, o homem em questão recebeu um


golpe no peito e caiu no chão.

O som de raspagem de metal e um objeto pesado em colapso de alguma forma conseguiu


encher o ar apesar da intensa batalha.

A primeira vítima foi um guerreiro humano, mas o Old Guarders de Nazarick, segurando
um martelo eletricamente carregado, não pareceu particularmente excitado com isso, em
vez disso, procurou outro alvo.

“Sacerdote-san, se você não o curar, ele vai morrer ~su.”

“...Não faz sentido. Morreu instantaneamente e a linha de batalha caiu com ele.”

Yuri murmurou preocupada para si mesma, enquanto Shizu balançou a cabeça como
resposta.

Dois dos Old Guarders de Nazarick que o guerreiro estivera segurando agora estavam
liberados, então um deles foi lidar com o sacerdote, enquanto outro planejava dar a volta
para atacar a retaguarda. O sacerdote já estava ocupado com dois deles, e agora com ou-
tro para aumentar seu fardo, ele não tinha mais tempo ou energia para lançar magias. Ele
estava com as mãos ocupadas tentando se defender de ataques selvagens de três dire-
ções ao mesmo tempo.

Parpatra era o único que parecia estar dando alguma resistência durante a luta, mas ele
tinha que lidar com três inimigos de uma só vez e não tinha a liberdade de ajudar seus
companheiros.

“O poder de fogo do ladino não é suficiente. Será que eles têm algum trunfo?”
O ladino lutando para proteger o magic caster arcano agora tinha mais um inimigo para
enfrentar. Agora ele tinha dois. A arma leve e ágil do ladino não tinha poder contra seus
inimigos — os Old Guarders de Nazarick não podiam ser mortos em um golpe e usavam
uma armadura resistente. O ladino mal conseguiu evitar seus ataques com movimentos
ágeis, mas havia uma grande diferença entre os undeads incansáveis e os seres humanos
que poderiam ficar fatigados.

“Ele está olhando para nós como se estivesse prestes a chorar ~su.”

“Quer acenar para ele?”

“Eu AcHo qUe aCeNaR nÃo mAcHuCa.”

“Certo ~su.”

Lupusregina sorriu docemente e acenou para o homem.

“...Acertaram ele.”

“É tudo culpa de Lupu por distraí-lo.”

“Ueeehhhh~ Minha culpa ~su?”

“...Mm, sua culpa. Mas podemos torcer por eles ainda... Yay.”

“Sim, eu espero que eles possam aguentar mais um pouco.”

As empregadas assentiram com as palavras de Yuri.


[Guarda V e l h a ]
Os Old Guarders de Nazarick mantiveram a liderança durante toda a batalha com a
equipe de Parpatra. Neste ponto, esta batalha unilateral poderia ser descrita como resis-
tência fútil. Mesmo Yuri e as outras não podiam deixar de sentir pena deles.

A princípio, elas até riram e disseram: “Vocês não estavam confiantes em si mesmos antes
do início da batalha?”, Mas depois perderam todo o interesse e começaram a bocejar, e
agora estavam torcendo por Parpatra e os outros.

“Uwah, a disparidade de forças é tão grande que não consigo pensar em nada para dizer.”

“...Não tem trunfos?”

“Eu acho que a magia que ele conjurou era para ser.”

“Terceiro nível?”
“Não, isso é muito fraco para uma arma secreta. Embora, usar um monstro conjurado
como escudo de carne foi uma boa idéia.”

“De fato. Enquanto puderem impedir que os ataques se conectassem, eles poderão se
reorganizar.”

“No eNtAnTo, UsAr mAgIa dE VôO DePoIs dIsSo fOi sImPlEsMeNtE EsTúPiDo. EsSe vE-
lHoTe eNrUgAdO NãO DiSsE AlGo aSsIm?”

“Eu não sei se ele estava planejando fugir ou usar magia lá do alto...”

“...Ele se tornou um alvo primário.”

O magic caster arcano entrou em colapso depois de receber um golpe mortal. Se alguém
pudesse lançar uma magia de cura nele ou aplicar uma poção, ele poderia ter voltado à
luta, mas ninguém tinha energia para isso. No final, tudo o que puderam fazer foi deixar
o ladino impedindo o inimigo de acabar com ele.

“Mas por que eles pensaram que existiam apenas esses Old Guarders?”

Isso foi realmente um mistério.

Teriam eles inconscientemente imaginado o cenário indo a seu favor? Isso não significa
que eles eram estúpidos. Talvez os humanos pensassem assim quando não queriam pa-
recer desesperados; seus instintos de sobrevivência se transformaram em seus limites
para aumentar sua coragem.

“Além disso, eles nem teriam muitas esperanças.”

“Sim, não importa como olhe para isso.”

“E Se eLeS EsTiVerem GaNhAnDo tEmPo pArA Os oUtRoS LaDrÕeS VoLtArEm?”

Todas olharam para Entoma.

“Como se eles voltassem!”

“...Nem precisa falar.”

“É impossível, não? É impossível que eles voltem em segurança da Grande Tumba de


Nazarick.”

Houve um grito de dor insuportável, seguido pelo som de algo em colapso. As Emprega-
das de Batalha voltaram-se a olhar para a fonte do som e depois falaram tristemente.

“Ah, O lAdInO cAiU tAmBéM.”


“O resultado da batalha foi decidido.”

“Como eu disse, talvez devêssemos ter escutado eles implorar por misericórdia nos de-
graus...”

“Mas eles estavam tão confiantes naquela hora! É claro que eu queria saber se eles ti-
nham algum plano em mente.”

O cheiro forte de sangue fresco flutuou para as empregadas, veio do corpo do ladino.

“ChEiRa TãO bEm...”

“Você não pode fazer isso!”

Yuri repreendeu Entoma.

Seu mestre havia emitido uma ordem para recuperar todos os que estavam incapacita-
dos, quer estivessem vivos ou mortos. Naturalmente, elas não poderiam apresentar um
corpo mastigado por insetos ao seu mestre. Seria terrivelmente rude.

“CaRnE fReScA...”

“Perguntaremos ao Ainz-sama se você puder comer mais tarde. Lide com isso por en-
quanto.”

“Mas isso não é bom, né? O plano original era ver se poderíamos lidar com pessoas em
fuga, não?”

“Parece que sim. É por isso que eles colocaram undeads muito fortes perto das paredes.”

“CoCyTuS-SaMa dEvE TeR PrEvIsTo qUe nÓs iRíAmOs aLcAnÇá-lOs fAcIlMeNtE, mAs...”

“...Não esperava que eles lutassem assim.”

“Bem, isso é o que acontece quando você não entende a força do seu oponente. Certo,
vamos curar os que ainda estão respirando e mandá-los para a sala de tortura. Quanto
aos mortos... nós reportaremos ao Ainz-sama.”

E assim, Parpatra e a equipe de Trabalhadores que ele liderou desapareceram naquela


noite.
Parte 2

“Empurre-os de volta!”

O grito furioso de Gringham soou através da abóbada funerária que foi preenchida com
o fedor de mofo e cadáveres apodrecendo.

A sala tinha 20 metros de comprimento de cada lado e o teto tinha pelo menos 5 metros
de altura. Esta sala, iluminada pela luz que o magic caster conjurou e havia tochas caídas
no chão, estava cheia de pessoas.

Gringham e os membros do Heavy Masher foram forçados para o canto da sala. O resto
da abóbada foi inundado com enormes quantidades de undeads fracos, como Zombies e
Skeletons.

Havia tantos que contá-los seria um exercício de inutilidade.

Gringham e o guerreiro que carregava o escudo impediram a inundação da morte, for-


mando uma defesa para impedir que os undeads chegassem a retaguarda.

Um Zombie bateu na armadura completa de Gringham com ambas as mãos. Mesmo os


Zombies sendo relativamente mais fortes que os seres humanos normais, eles ainda não
eram suficientes fortes para fazer um arranhão na armadura de aço. As mãos frágeis e
apodrecidas se desfaziam ao contato, deixando pedaços pútridos de carne apodrecida
grudados na armadura completa.

O mesmo valia para os Skeletons. As armas enferrujadas que eles seguravam não pode-
riam prejudicar uma armadura completa e encantada.

Claro, eles tiveram um pouco de sorte. Mas chamar de sorte seria injusto com suas pre-
cauções, pois isso foi graças à magia protetora.

Gringham manuseou o machado na mão, mas toda vez que ele derrubava um, outro ser
undead corria para preencher a lacuna. Eles se aproximavam cada vez mais, como se qui-
sessem esmagar Gringham e os outros até a morte.

“Droga! Há muitos!”

O guerreiro portando o escudo ao lado de Gringham grunhiu de dor. Seu escudo cobria
todo o seu corpo, então ele não havia tomado nenhum ataque, mas o escudo em questão
estava coberto de fluidos sujos e fétidos.

Ele esmagou os crânios de Zombies e Skeletons com sua maça, mas não conseguiu re-
sistir à pressão do inimigo e foi lentamente forçado a recuar.
“De onde vieram todos esses inimigos?!”

A pergunta do guerreiro era muito razoável.

Depois que o grupo de Gringham se separou dos outros na encruzilhada, eles pesquisa-
ram várias salas. Infelizmente, nenhum dos cômodos que eles procuraram continha ri-
queza como nos mausoléus, mas haviam encontrado vários itens valiosos. Eles continu-
aram explorando lentamente dessa maneira. Então, eles entraram na sala e começaram
a procurar, porém, de repente, a porta se abriu e uma enorme horda de undeads invadiu
a sala do nada.

Zombies e Skeletons dificilmente eram inimigos fortes. No entanto, seus números eram
uma ameaça própria.

Uma vez que fossem arrastados para baixo ou pressionados, eles não seriam capazes de
se mover mesmo se não morressem. Nesse ponto, a horda de undeads atacaria as reta-
guardas.

As retaguardas de trás provavelmente não cairiam facilmente, mas os números que en-
frentavam os deixavam desconfortáveis.

Se as coisas acontecessem assim, um golpe de azar poderia levar à desintegração das


linhas de batalha. Tendo chegado a essa conclusão, Gringham decidiu usar o poder que
ele queria conservar.

“Precisamos terminar isso agora mesmo! Eu coloco minha confiança em ti!”

As retaguardas — que haviam apenas atirado pedras até agora — fizeram o movimento.

Normalmente, undeads como este não eram um problema para Gringham e o resto de
Heavy Masher. No entanto, essa também foi a razão pela qual as retaguardas escolheram
esperar e conservar sua força. Uma vez que a retaguarda fizesse um movimento, eliminar
undeads como estes seria tão fácil quanto derrubar de um cepo.

“Meu senhor, ó Deus da Terra! Peço-te que expurgue o que é impuro!”

O sacerdote apertou seu símbolo sacro e seu grito assumiu a forma de poder. Um senti-
mento frio e limpo surgiu através da sepultura que tinha sido preenchida com ar impuro
em uma onda de força divina que era mais potente do que o habitual. O sacerdote usou
sua habilidade para purgar os undeads.

No despertar dessa onda, o undead mais próximo do sacerdote desmoronou em cinzas


e poeira.

Quando havia uma grande diferença entre os respectivos níveis de potência de ambos
os lados, a habilidade de purgar undeads poderia destruí-los diretamente. No entanto,
destruir muitos undeads de uma só vez era extremamente difícil, e o usuário de tal habi-
lidade precisava de um certo grau de poder.

No final, esse único movimento se desintegrou em mais de 20 undeads.

“Eu vou desintegrar você! 「Fireball」!”

O magic caster arcano lançou sua 「Fireball」, que voou para o fundo da horda de unde-
ads, então detonou. Em um único e feroz instante de fogo, as vidas falsas de todos os
Zombies e Skeletons dentro da área de efeito da magia foram consumidos e queimados,
deixando nada além de cinzas e fumaça.

“Ainda não terminei! 「Fireball」!”

“Meu senhor, ó Deus da Terra! Peço-te que expurgue o que é impuro!”

As retaguardas lançaram mais uma rodada de ataques de efeito de área e o número de


undeads diminuiu drasticamente.

“Avancem!”

“Certo!”

O guerreiro deixou de lado seu escudo, segurando sua maça em ambas as mãos, e junto
com Gringham, eles atacaram a horda de undeads. Teria sido fácil para os magic caster
eliminá-los, mas Gringham havia escolhido uma investida mesmo assim, porque a ver-
dade era que ele queria conservar mana deles. Em particular, a capacidade do sacerdote
de purgar undeads tinha um número limitado de usos. Sua profissão o tornava particu-
larmente hábil em lidar com os undeads, e era sem dúvida sua arma secreta nessa tumba.

Gringham atacou a horda de undeads, seu machado se movia. Fluidos pegajosos escor-
riam — talvez ele tivesse jorrado, se os monstros tivessem corações pulsantes — das
partes do corpo que voam. O odor das feridas abertas e cortadas nos cadáveres era nau-
seante, mas não era insuportável.

Ou melhor, pode-se dizer que os narizes deles estavam entorpecidos.

Gringham e o guerreiro trabalharam juntos, atacando, atacando e cortando inúmeras


vezes. Eles não pensaram em defesa.

Eles poderiam fazer tal ataque por causa da ajuda mágica e da armadura robusta que os
protegia, além do fato de que eles estavam enfrentando undeads tão fracos.

De vez em quando, algo golpeava a cabeça de Gringham, mas sua armadura absorvia o
impacto, e ele mal sentia algo em seu pescoço. Mesmo quando seu peito e barriga foram
atingidos, ele mal sentiu os golpes.
Afinal, seus inimigos eram os mais fracos dos undeads, não era nada de mais. O único
perigo agora era a tática de atacar em ondas; uma vez que as fileiras inimigas tivessem
diminuído até esse ponto, a luta seria muito mais fácil. O guerreiro continuou balançando
a arma e gritou:

“Todos os undeads que conhecemos são pequenas criaturas insignificante, mas há mui-
tos deles nesta tumba!”

“Não há garantia de que undeads mais fortes não apareçam! Embora, se houver undeads
mais fortes, não tenho idéia do porquê eles ainda não apareceram!”

A pessoa que o respondeu foi o sacerdote, que estava observando a batalha pela reta-
guarda enquanto pegava o escudo do guerreiro.

“...Não, talvez os undeads são convocados por algum meio. Pode ter sido algum tipo de
ritual ou através de um item.”

O estranho era que os cadáveres desapareceram depois de um certo tempo, de modo


que o chão não era acarpetado em corpos, deixando-os sem lugar para amontoar. Essa
parte parecia com as conjurações de monstros que desapareciam depois de serem mor-
tos, por isso essa linha de pensamento passou por eles.

“Alguns utensílios conjuram undeads fracos... Eu sinceramente rejeito essa idéia! Eu


temo imaginar esta tumba completamente inundada de Zombies!”

Gringham respondeu quando ele derrubava vários corpos esqueléticos como árvores e
depois examinou o interior da sala. Haviam poucos undeads, menos do que o número de
dedos nas duas mãos. Não parecia que um novo lote chegaria pela porta, e a batalha ter-
minaria em breve.

Enquanto ele pensava, uma sensação de arrepiar os deixou paralisados até as solas dos
pés.

Seu senso de perigo ordenou que ele fugisse imediatamente, mas ele não podia fazer
isso agora. Mesmo assim—

“Tenham cuidado! Tem algo vindo—”

O ladino parecia tê-lo percebido tão bem quanto gritava.

No entanto, já era tarde demais. De repente, o piso originalmente robusto de repente


ficou fraco. Uma sensação flutuante os envolveu. Um momento depois, seus corpos dese-
quilibrados foram jogados pesadamente no chão.
Seus companheiros gritaram de dor. No entanto, Gringham derramou sua força para
agarrar o machado que ele não havia soltado nem mesmo durante a queda. Quando seu
pesado corpo esmagou os esqueletos que haviam caído com ele, ele se levantou.

“Destruam o inimigo!”

Os undeads também haviam sido danificados pela queda — em particular, os Skeletons


eram fracos contra ataques de impacto e, portanto, sofriam muito dano — então com-
batê-los estava muito mais fácil do que antes.

Depois de eliminar os undeads dentro da sala, Gringham finalmente teve o luxo de olhar
em volta da sala.

Eles provavelmente estavam no fundo de um poço abaixo de uma armadilha mágica que
fez o chão sumir. Olhando para cima, o teto parecia muito longe. De relance, parecia que
tinha 12 metros de altura. Porém, 3 metros acima do chão havia uma porta fechada. E
mais 3 metros acima — um total de seis metros acima do solo —uma porta aberta, aquela
através da qual Gringham e os outros haviam originalmente entrado na sala. Pode-se di-
zer que eles caíram a uma altura de aproximadamente dois andares.

A forma geral desta sala era como uma pirâmide quadrada. O chão da sala descia em
direção a um centro, e devido à inclinação íngreme, podia-se acabar rolando para o fundo
da sala — o centro — se não fosse cuidadoso. Na verdade, um dos seus camaradas tinha
rolado até lá e ficou preso no fundo. Ele quase foi enterrado vivo pelos Zombies em queda.

Era difícil acreditar que eles mal haviam se machucado ao cair em um lugar como este.

O estranho era que havia quatro estruturas semelhantes a túneis em cada parede na
marca de três metros, no mesmo nível da porta fechada, um total de 16.

“Parece uma sala usada para afogamento. Eu aposto que eles vão derramar água daque-
las coisas semelhantes a túneis lá em cima. Eu vou passar isso, se você não se importa.
No pior dos casos serão Slimes ou similares.”

“Concordo. Vamos dar uma olhada nessa porta, se não tiver problemas usaremos para
sair.”

Escalar dois andares de uma parede praticamente lisa era bastante difícil. No máximo,
apenas o ladino poderia fazê-lo; pessoas como Gringham em sua armadura completa te-
riam muita dificuldade. Em contraste, essa porta desconhecida pode não ser segura, mas
chegar parecia muito mais fácil.

Quando discutiam como subir, cabeças surgiram quase simultaneamente dos dezesseis
[Bombardeiros
túneis. Eram cadáveres tão inchados que pareciam prestes a explodir — Plague
d a p e s t e ]
Bombers.
Seus corpos estavam inchados da energia negativa acumulada dentro deles, e explodi-
ram quando mortos. Suas explosões ao morrer prejudicaram os vivos e curaram os unde-
ads ao mesmo tempo, tornando-os undeads muito problemáticos.

Os undeads parecidos com bolas de carne saltaram pelo ar. Os corpos dos Plague Bom-
bers atingiram o chão e emitiram um som nauseante. O problema foi o que aconteceu
depois disso. Seus corpos redondos não ficaram inclinados no chão, mas rolavam como
pedregulhos, na direção de Gringham e dos outros.

“Tenham cuidado! Desviem!”

“Eu sou o intelectual do grupo, não me diga o que fazer!”

Todos — incluindo o magic caster que estava quase chorando — mal conseguiram evi-
tar o ataque, e então os undeads rolaram para o centro da pirâmide invertida. A próxima
onda de Plague Bombers já havia mostrado seus rostos feios, o que deixou Gringham e
os outros saberem que naquele momento sobreviveram apenas a primeira onda. Ao
mesmo tempo, eles também adivinharam o que aconteceria depois disso.

“Corram!!! Esta sala vai ser inundada com eles!”

Se eles fossem dragados até o centro da sala pelos impactos intensos dos undeads, eles
certamente seriam esmagados até a morte. Mesmo se eles não fossem esmagados, eles
seriam imobilizados, e então eles morreriam das repetidas explosões de energia negativa
dos outros undeads e sendo achatados por seus companheiros.

“Que armadilha desprezível! Alguém, por favor, me dê um impulso aqui!”

“Como se eu pudesse! Você caindo lá está acabado!”

Mesmo que alguém conseguisse escapar de um ataque, no momento em que perdesse o


equilíbrio, não seria capaz de evitar o próximo ataque. Ninguém ousou impulsionar mais
ninguém nessas circunstâncias.

“Então eu vou usar magia!”

“Não use 「Fly」! Você não é forte o suficiente para nos puxar!”

“Não, uwah! Essa foi por pouco! Vou usar 「Web Ladder」!”

“Isso deve funcionar! Por favor, ancore-a na porta mais próxima! Gringham, cubra-o!”

“—Não! Pare com isso! Presisamo fugir pela porta do segundo andar, lá que entramo!
Aquela porta alí é perigosa!”
Seu companheiro não questionou a base para essas palavras, mas eles confiaram em
Gringham.

“「Web Ladder」!”

A magia entrou em vigor e uma teia de aranha subiu a parede até chegar ao segundo
andar.

Esta teia de aranha magicamente criada tinha uma aderência única a ela. Quando al-
guém não queria deixar ir, seria adesivo, mas quando alguém queria se mover, não seria
impedido, tornando-a muito adequado como uma escada.

Gringham e os outros estavam preocupados, mas no final conseguiram subir a escada


em fila indiana.

Gringham finalmente alcançou a porta que estava aberta durante todo esse tempo e es-
tudou cuidadosamente a passagem através dela. Se eles fossem atingidos e derrubados
agora, eles certamente encontrariam um destino horrível.

Ele suspirou de alívio. Parece que o que ele temia — undeads acima dos túneis — não
havia acontecido.

Depois que ele teve certeza disso, ele pulou em cima dos túneis e depois puxou seus
companheiros.

“Estamos salvos! Ser esmagado até a morte por undeads é uma das formas mais horrí-
veis de morrer!”

“...Essas ruínas são projetadas de maneira maliciosa. Eu torci meu tornozelo quando ca-
ímos, espero que você possa me curar.”

“Eu acho que a explosão de energia negativa atingiu meus dedos! Isso foi assustador
como o inferno!”

“Eu mal consegui evitar por sorte. É pedir demais para um magic caster para evitar ata-
ques.”

Seus companheiros ofegavam, trocando reclamações e xingamentos entre respirações.

“Diga, Gringham, por que quer que evitemos aquela porta? Eu pensei que aquela porta
seria a escolha certa. Eles não colocam sempre a rota certa no lugar mais perigoso?”

“Foi apenas um palpite que tive... pegue uma arma que você não precisa e ataque aquela
porta.”
Gringham havia voltado ao modo habitual de falar agora que estava exausto. Depois de
ouvir sua resposta, o ladino sacou imediatamente um punhal e o jogou na porta. A adaga
voou em linha reta e atingiu em cheio — ou, quase isso, quando estava prestes a fazer,
parte da porta se esticou e se transformou em um tentáculo, que desviou a adaga voadora.
[Imitador d e P o r t a ]
“Isso é um... Door Imitator! Não, dada a cor desse tentáculo, provavelmente é um Door
Imitator Undead. Esse tipo de inimigo captura seu inimigo com fluidos corporais pegajo-
sos e, em seguida, golpeia usando seus tentáculos.”

“Cheh! Uma armadilha dupla, isso é muito malvado. Ainda assim, você é incrível, você
realmente viu através dessa coisa.”

“Foi apenas um palpite. Não, estritamente falando, eu apenas considerei o desconhecido.


Além disso, considere o local que a porta está; ela levara muitas explosões de energia
negativa. Porém, explosões de energia negativa provavelmente não causariam muito
dano a uma porta inanimada, eu tinha a sensação de que eles colocariam algo engraçado
lá. Então, vamos nos mover—”

Neste ponto, Gringham calou a boca. Isso porque o ladino que continuava observando
tinha um dedo nos lábios e inclinava a cabeça para escutar.

Gringham também levantou as orelhas. Ele podia ouvir uma batida rítmica do som no
chão.

Todos olharam para a fonte do som — em direção à passagem.

“Isso... deverá ser o inimigo, é isso? Eles não podem nos dar um descanso?”

“Sim, há apenas um deles, e eles não estão tentando ser furtivos, ou no mínimo não con-
seguiram. Espero que seja o último...”

Todos levantaram suas armas, e o guerreiro na frente ergueu o escudo que seu colega
lhe dera, escondendo metade de seu corpo atrás dele. O magic caster apontou a ponta
brilhante de seu cajado na passagem à frente, onde o som estava vindo, pronto para lan-
çar uma magia a qualquer momento. O sacerdote ergueu seu símbolo sagrado e o ladino
apontou seu arco na direção do ruído.

O som de *tak* ficou mais alto, e a outra parte finalmente se mostrou.

Ele usava um manto — embora bastante envelhecido, que cobria um corpo mais magro
do que o de uma mulher ou um adolescente. Segurava um cajado retorcido em uma das
mãos — provavelmente a fonte do som do crepitante.

Seu rosto esquelético estava coberto por uma fina camada de pele podre e havia uma
inteligência malévola em seus olhos. A energia negativa envolvia seu corpo como névoa.
Este era um magic caster undead. Seu nome era—

“—Um Elder Lich!”

O magic caster gritou, foi o primeiro a assumir sua identidade.

De fato. Depois que um magic caster perverso morria e o corpo seria infundido com
energia negativa, ele daria origem a um monstro maligno como este.

No momento em que Gringham e os outros ouviram que era um Elder Lich, eles imedi-
atamente mudaram de formação. Ninguém estava em linha reta com mais ninguém, e
cada um deles mantinha distância um do outro, para se defender contra magias de efeito
de área.
[Liches Anciões]
Elder Liches eram oponentes bastante poderosos. Para os aventureiros, os classificados
como platina não seriam capazes de derrotar um facilmente, mas as equipes classificadas
como mythril teriam certeza de fazê-lo. Se Gringham e os outros desconsiderassem o
cansaço, seriam capazes de vencê-lo. Além disso, eles tiveram a sorte de ter um membro
da equipe que era excepcionalmente poderoso contra os undeads, o que era uma grande
ajuda para a equipe.

Além disso, os Elder Liches eram difíceis de lidar à distância, mas, dada a distância atual,
as condições de batalha eram muito favoráveis para eles.

“Aquele é o mestre desta tumba?!”

Essa foi a conclusão de Gringham. Elder Liches eram controladores. Às vezes, eles con-
trolavam hordas de undeads e, dependendo das circunstâncias, podiam até fazer acordos
com os vivos.

Bons exemplos disso eram o capitão do navio fantasma que navegava através da neblina
das Planícies Katze, ou do Elder Lich que ficou famoso por governar uma cidade, histórias
assim não eram particularmente raras.

Portanto, não era de todo incomum que um Elder Lich fosse o mestre dessa tumba.

“Nós atingimos o final? Isso é um golpe de sorte!”

“O trabalho não nos pediu para matar o mestre da tumba!”

“Nós vamos mostrar a ele o poder da Heavy Masher!”

“Comtemplem a proteção divina dos deuses!”

Seus outros colegas estavam gritando. Eles estavam fazendo isso para banir o medo que
sentiam quando enfrentavam um poderoso inimigo como um Elder Lich.
“Magias defensivas—”

Assim que Gringham estava prestes a começar a chamar ordens de batalha para seus
companheiros, uma sensação estranha surgiu dentro dele. Ele imediatamente encontrou
o motivo para esse sentimento. Era o inimigo poderoso diante deles, o Elder Lich.

“...Qual o problema?”

“Ele não parece querer... nos atacar?”

O Elder Lich estava claramente olhando para Gringham, mas não havia feito nada. Não
havia levantado seu cajado e nem começara a incitar encantamentos. Ele simplesmente
os assistia em silêncio.

Gringham e os outros foram duramente pressionados para esconder sua confusão. Isso
porque eles achavam que iriam combater o ataque, mas não ousaram dar o primeiro
passo.

Era verdade que os undeads tinham hostilidade em relação aos vivos. No entanto, tam-
bém era verdade que certos undeads inteligentes estavam dispostos a negociar com a
humanidade. Mesmo eles provavelmente começando de um ponto em simples, se eles
abrissem as negociações primeiro, às vezes o undead pediria um cessar-fogo, e alguém
poderia ganhar itens mágicos feitos com técnicas perdidas há muito tempo.

A coisa mais importante era que, evitar o combate era o curso ideal de ação quando se
enfrentava um inimigo poderoso como um Elder Lich. Talvez ele tenha aparecido porque
estava cansado de não conseguir eliminar o grupo com suas armadilhas, mas também
porque conhecia sua força e queria negociar pacificamente.

Depois de considerar essas possibilidades, atacar primeiro seria muito imprudente. Isso
seria essencialmente abandonar toda possibilidade de negociação. Este era o coração do
poder do inimigo. Seria muito arriscado mergulhar na batalha sem garantir que houvesse
uma maneira de recuar.

Gringham e o resto do grupo observaram os rostos um do outro e verificaram que todos


estavam pensando a mesma coisa.

Era seu trabalho como líder, falar pelo resto deles.

“Perdoe meu desrespeito, mas você parece ser o mestre desta tumba. Nós—”

O Elder Lich virou o rosto horrível para Gringham e depois pousou um dedo esguio nos
lábios.

Em outras palavras — Silêncio.


Embora tal gesto fosse muito inadequado para um Elder Lich, eles não eram corajosos
— não, eles não eram suicidas o suficiente para dizer a essa poderosa entidade tal coisa.

Gringham obedientemente calou a boca. Então, ele ouviu um som novamente da passa-
gem silenciosa, e ele imediatamente duvidou de seus ouvidos.

Ele ouvira esse som antes, algo como um *tak tak tak tak tak* ecoava. E havia muitos
deles—

Gringham e seu grupo trocaram olhares novamente. Eles não queriam acreditar na res-
posta que o som lhes dizia.

E então — todos gritaram de uma só vez.

“O que é isso?! Quem disse que o Elder Lich era o mestre desta tumba?!”

“Eu sinto Muito! Fui eu!”

“Você está de sacanagem comigo?! Isto é ridículo!”

“Ei ei ei ei ei, nós não podemos ganhar assim!”

“Até a proteção divina tem seus limites!”

Mais Elder Liches apareceram atrás do original; seis deles, na verdade.

Havia agora sete desses poderosos magic caster undeads.

Claro, sendo todas entidades do mesmo tipo, eles atacariam da mesma maneira. Em ou-
tras palavras, se eles tivessem uma maneira de negar todos os ataques que o inimigo
poderia reunir, derrotar sete deles não seria um problema.

O problema agora era que eles não tinham tal maneira.

Em face de tais probabilidades absolutamente impossíveis, o grupo de Gringham perdeu


sua vontade de lutar.

“Agora, vamos começar.”

Quando o Elder Lich falou, nenhum vestígio de negociação tinha naquele tom frio, sete
cajados ergueram-se no ar. Ao mesmo tempo, Gringham gritou:

“Bater em Retirada!!”
Todos na equipe corriam com toda a força, como se esperassem por essa palavra. Eles
correram na direção oposta dos Elder Liches. Claro, eles mal tiveram o luxo de contem-
plar o que estava à frente deles; tudo o que eles conseguiam pensar era fugir do poder de
fogo excessivo do cajado do Elder Lich e comprar alguma chance de sobrevivência.

À sua frente estava o ladino. Depois disso estava Gringham, o magic caster, o sacerdote
e o guerreiro.

Eles correram sem parar, sem hesitar.

Eles chegaram a um canto. Estes eram lugares onde eles deveriam estar em guarda con-
tra armadilhas ou monstros, mas como estavam sendo pressionados, eles não tinham
tempo livre para checar com cuidado. Nada importava agora; tudo o que eles podiam
fazer era fugir.

Havia duas portas esculpidas em pedra em ambos os lados da passagem, mas depois de
considerar que poderiam ser becos sem saída, ninguém foi corajoso o suficiente para en-
trar.

Os membros blindados fizeram um som cacofônico de metal se chocando enquanto cor-


riam, o que ecoava ao longo da passagem. O som pode atrair monstros, mas ninguém
tinha tempo ou energia para conjurar 「Silence」.

Eles correram e correram e correram um pouco mais.

Eles moveram as pernas, sem se importar com todo o resto. Virando cantos e correndo
loucamente fez com que perdessem o senso de direção, e eles não tinham mais idéia de
onde estavam agora. Se possível, eles gostariam de voltar à entrada, mas ninguém tinha
energia para considerar isso.

“—Eles ainda estão atrás de nós!”

Gringham gritou enquanto corria. O guerreiro no fim do grupo respondeu:

“Eles ainda estão lá! Eles estão correndo atrás de nós!”

“Droga!”

“Por que diabos eles estão correndo! Por que eles não estão voando?”

“Se eles voassem, nós seriamos atacados sem parar, idiota!”

“Vamos nos esconder em alguma sala pequena e discutir isso...”

O magic caster ofegou. Ele era o membro fisicamente mais fraco do grupo, e parecia que
ele entraria em colapso a qualquer momento.
Gringham decidiu que isso não funcionaria. A resistência do mago estava perto de aca-
bar.

Monstros undeads como o Elder Liches não se cansariam. Se isso continuasse, eles se-
riam encurralados em um canto, e uma vez que a resistência se acabasse, tudo o que os
aguardava seria morrer lentamente.

“Como pode haver tantos Elder Liches aqui...”

Tal coisa era impossível se alguém fosse pelo bom senso.

“Não me diga que o mestre desta tumba é mais poderoso que um Elder Lich!”

Essa foi a única resposta que eles puderam pensar. No entanto, havia realmente um ser
undead tão poderoso? Gringham estava perdido por uma resposta.

“Droga! Esta maldita tumba!”

O guerreiro correndo no final da matilha amaldiçoou entre respirações ofegantes.

Um círculo mágico brilhante flutuou no chão naquele exato momento. O círculo mágico
era muito grande, grande o suficiente para abranger Gringham e sua equipe dentro de
sua extensão.

“O que—”

Não havia como dizer a quem pertencia, mas ele ouviu algo que soou como um grito—

♦♦♦

—Houve uma sensação de flutuação, diferente de quando eles haviam caído agora.

A visão de Gringham estava cheia de escuridão. Os sons de trituração e esmagamento


vieram de debaixo de seus pés, e ele sentiu seu corpo afundar lentamente. Foi como cair
em um pântano. Ele entrou em pânico por um momento, mas esse lugar como um pân-
tano não era muito profundo, e ele parou de afundar depois que chegou à sua cintura.

Nesse mundo silencioso da escuridão, Gringham gritou desconfortável, como uma cri-
ança que perdeu seus pais:

“...Tem alguém aí?”

“—Estou aqui, Gringham.”


Ele imediatamente recebeu uma resposta de um companheiro — o ladino. Além disso,
ele não estava longe. Provavelmente estava na mesma distância que os separara en-
quanto eles estavam correndo.

“...Os outros estão aqui?”

Não houve resposta. Ele adivinhara; não havia luz aqui, então o mago e o guerreiro não
estavam presentes. Ele teve sorte o suficiente para que o ladrão estivesse aqui.

“Parece que somos os únicos dois por aí.”

“De fato, é como... cheh! Sim você está certo.”

Ele ficou no lugar, estudando o clima no ar ao redor dele. A escuridão se estendia infini-
tamente ao redor dele, enchendo-o com o medo de não saber onde a escuridão terminava
e onde ele começava.

Nada parecia estar se movendo—

“Precisa de luz?”

“Seria muito bom.”

Isso quebraria o silêncio? Isso provocaria uma armadilha? Apesar das inúmeras dúvidas
que enchiam seu coração, era um fato lamentável que os olhos humanos não pudessem
ver através da escuridão. A luz era indispensável.

“Certo então, aguente um pouco.”

A voz do ladino parecia estar se movendo na escuridão. E então, houve uma fonte de luz.

A primeira coisa que viu foi o ladino, segurando um bastão de luz na mão. Então, ele viu
a luz refletida de inúmeras superfícies menores. Isso o fez pensar no tesouro brilhante
que ele havia visto no mausoléu.

No entanto — não era.

Gringham lutou contra o desejo de gritar, enquanto o rosto do ladino se enrugava.

Eles viram inúmeras reflexos. Os reflexos eram dos insetos que preenchiam cada centí-
metro da sala; o que os humanos chamavam de baratas. Os menores eram apenas do
tamanho da ponta do dedo mindinho, enquanto os maiores tinham mais de um metro de
comprimento. A sala estava cheia de baratas de todas as formas e tamanhos, e elas se
moviam umas sobre as outras.
Então, a sensação de esmagamento sob seus pés foi causada por esmagamento de bara-
tas. O pensamento de estar submerso até a cintura em baratas era muito mais repug-
nante.

A sala era muito larga, então a luz do bastão luminoso não alcançava as paredes. Dado o
raio de iluminação efetivo do bastão luminoso era de cerca de 15 metros, pode-se estimar
o tamanho da sala de lá. Ele olhou para o teto e viu incontáveis baratas refletidas no bri-
lho.

“Isso... o que é esse lugar?”

O ladino falou como se estivesse sem fôlego, e Gringham podia entender como se sentia.
Ele deve ter tido a sensação de que, se ele emitisse um som, todas essas baratas começa-
riam a se mover.

“O que aconteceu aqui?”

“...Isso é um buraco?”

Enquanto o ladino olhava nos arredores com medo, Gringham pensou na última coisa
que tinha visto antes que seu mundo fosse engolido pela escuridão — o círculo mágico
que havia flutuado sob seus pés — e então ele disse ao ladino:

“Temo que não. Eu não acho que este é um buraco comum, nós devemos ter sido atingi-
dos por algum tipo de magia...”

“Pensar que haveria uma armadilha de teletransporte... ou foi uma magia do Elder Lich?”

Magias de teletransporte existiam; por exemplo, a magia de 3º nível 「Dimensional


Move」. No entanto, essa magia só funcionava no próprio conjurador. A habilidade de
teletransportar os outros e várias pessoas de uma só vez era uma de—

“—Eu acho que era magia de quinto ou sexto nível que poderia teletransportar várias
pessoas ao mesmo tempo, correto?”

“Sim... eu lembro que deveria ser algo assim.”

“Será que a nossa oposição é realmente assim...”

Eles sabiam que pouquíssimas pessoas poderiam usar magia do 5º nível. No entanto,
Gringham poderia aceitar essa hipótese. Se um ser poderoso como esse existisse, então
a coexistência pacífica de vários Elder Liches era fácil de explicar. Isso porque certamente
seria brincadeira de criança para uma entidade tão poderosa governar ou comandar o
Elder Liches.
Um calafrio tomou conta do coração de Gringham quando ele percebeu o perigo desta
tumba. Ao mesmo tempo, sentiu um intenso ressentimento em relação ao Conde que lhe
oferecera esse emprego. É claro que foram Gringham e os outros que haviam aceitado o
trabalho, e eles sabiam que haveria riscos, e ainda assim eles tinham suas vidas arruma-
das como fichas na mesa de cartas. Talvez o fato de que ele estivesse procurando um
bode expiatório não poderia ser ignorado.

No entanto, o Conde deveria saber algo sobre esse lugar. Caso contrário, ele não teria
oferecido um pagamento tão alto e reunido tantos Trabalhadores e oferecido o trabalho
para investigar esta tumba.

“Então, ele não quis compartilhar essa informação? Filho da puta... vamos sair daqui!
Essas ruínas... não são um lugar que deveríamos ter chegado perto.”

“Ah, entendi. Então, Gringham, eu vou primeiro e você pode me seguir.”

Parece que o ladino ainda não havia percebido. Felizmente para sua oposição, ele não
tinha.

Esse era o fato de que essas baratas não estavam se movendo.

Gringham calculou a massa de baratas à sua frente.

Suas antenas estavam se contorcendo levemente, de modo que provavelmente ainda


não estavam mortas, mas ficaram paradas. Um ar misterioso de pavor encheu a área.

“—Não, os senhores não vão a lugar nenhum.”

De repente, a voz de uma terceira pessoa apareceu.

“Quem é esse?!”

Gringham e o ladino olhavam freneticamente ao redor, mas não conseguiam sentir nin-
guém se mexendo.

“Oh, me perdoe. Por ordem de Ainz-sama, ganhei domínio sobre este lugar. Meu nome
é Kyouhukou. Senhores, é um prazer conhecê-los.”

Seus olhos foram para a fonte do som, onde eles viram uma visão bizarra. Algo estava
abrindo o caminho através da pilha de baratas como se fosse emergir de baixo.

Suas armas brancas não conseguiram chegar tão longe. O ladino silenciosamente sacou
seu arco, enquanto Gringham planejava retirar seu estilingue — mas isso era apenas para
mostrar. Se a batalha começasse, ele poderia atravessar esse mar de baratas até a cintura
e atacar seu inimigo com seu machado.
Logo, eles viram que a entidade que havia atravessado as baratas era, na verdade, outra
barata.

No entanto, essa barata parecia diferente de suas baratas ao redor dela. Tinha apenas
30 centímetros de altura, mas estava ereta sobre duas pernas.

Estava envolto em uma capa vermelha de aspecto grandioso, adornada com fios de ouro,
e usava uma minúscula coroa de ouro reluzente na cabeça. Suas patas dianteiras segura-
vam um cetro branco puro com uma pedra preciosa.

O mais estranho era que estava olhando diretamente para Gringham e o ladino, apesar
de estar de pé. Um inseto olharia naturalmente para cima se estivesse em pé sobre duas
pernas, mas o ser diante de seus olhos era diferente.

Fora isso, não era muito diferente das outras baratas. Não, apenas isso já era uma grande
diferença.

Gringham trocou olhares com o ladino e concordaram que Gringham negociaria com a
oposição. Depois de verificar que o ladino havia preparado o arco e a flecha, Gringham
perguntou a Kyouhukou:

“Quem é Você?”

“Umu. Parece que você não ouviu a minha introdução agora. Devo declarar meu nome
mais uma vez?”

“Não, não é isso que eu quis dizer...”

Na metade, Gringham percebeu que não fez a pergunta correta e se corrigiu:

“...Tudo bem, eu vou direto ao ponto; você gostaria de fazer uma negociação com a
gente?”

“Oh, uma negociação. Eu sou muito grato aos dois e estou muito feliz em negociar.”

Havia algo de estranho naquelas palavras — por que era tão grato aos dois? Isso inco-
modou Gringham, mas dadas as circunstâncias esmagadoramente desfavoráveis diante
dele, ele não podia fazer a outra parte uma pergunta assim.

“...Gostaríamos de... gostaríamos de pedir-lhe para nos permitir sair com segurança
desta sala.”

“Entendo, é natural que pense assim. No entanto, mesmo que os dois cavalheiros consi-
gam sair desta sala, sua localização atual é dentro do Segundo Andar da Grande Tumba
de Nazarick. Cabe a mim mencionar que voltar à superfície será muito difícil.”
O Segundo Andar—

Aquelas palavras fizeram os olhos de Gringham se arregalarem.

“Passamos pelo mausoléu na superfície, descemos um lance de escadas e passamos por


uma porta — era o primeiro andar?”

“Muitos o considerariam como tal, não?”

“Não, eu estava simplesmente confirmando isso.”

“Haha, bem, dado que os cavalheiros foram teleportados para cá do Primeiro Andar. Sua
confusão atual é justificada.”

De alguma forma, Kyouhukou estava assentindo. Gringham sentiu como se tivesse sido
esfaqueado por gelo quando o viu.

Este foi um terror nascido de suas suspeitas sendo provadas corretamente.

Em outras palavras, embora ele não soubesse como eles haviam feito isso, sua oposição
usava magia de teletransporte como uma armadilha. Que tipo de magia era, e que tipo de
tecnologia mágica eles usaram? Ele sabia como isso era chocante, apesar de não ser um
magic caster.

“...Certamente, espero que você possa nos dizer como deixar essa tumba, mas não me
atrevo a pedir tanto. Só nos permitir sair desta sala será o suficiente.”

“Hmhm.”

“Nós... estamos dispostos a dar-lhe tudo o que deseja.”

“Entendo...”

Kyouhukou acenou com a cabeça profundamente, e parecia estar mergulhado em pen-


samentos.

Por um breve momento, o interior da sala ficou em silêncio mortal. No final, Kyouhukou
parecia ter decidido. Ele assentiu e disse:

“O que eu desejo já está ao meu alcance. Os termos que os senhores propõem... não me
satisfazem.”

Gringham estava prestes a abrir a boca, mas Kyouhukou levantou uma pata dianteira
para detê-lo e depois disse:
“Antes disso, parece que não entendeu o motivo da minha gratidão para com os senho-
res. Então, permita-me explicar. Na verdade, meus familiares se cansaram de comer um
ao outro. Assim, agradeço por se disporem a ser seus alimentos.”

“Ah!”

O ladino soltou uma flecha imediatamente ao ouvir isso.

A flecha assobiou no ar, mas a capa carmesim de Kyouhukou a pegou, a fazendo cair
impotente.

Então a sala começou a se contorcer.

Incontáveis barulhos ruidosos ecoaram pela sala, e isso se tornou uma torrente de som.

Então — um tsunami pairou sobre eles.

Era um fluxo agitado de escuridão.

“Lamentavelmente, há apenas dois, mas mesmo assim, espero que satisfaçam a barriga
dos meus familiares.”

A onda da maré viva engoliu Gringham e o ladino. Parecia ser devorado pelo oceano.

Quando Gringham afundou no redemoinho negro, ele golpeou freneticamente as bara-


tas que haviam penetrado nas aberturas de sua armadura.

Armas eram inúteis contra um enxame de minúsculos insetos, e Gringham não conhecia
nenhuma arte marcial que pudesse atacar uma área. Nesse caso, bater com as mãos seria
mais rápido. Portanto, ele já havia deixado de lado sua arma e não sabia para onde tinha
ido.

Ele lutou e tentou agitar os braços, mas as incontáveis baratas que pesavam sobre ele já
haviam tomado sua liberdade de movimento. Suas ações eram como um homem se afo-
gando, agitando os braços. Tudo o que Gringham pôde ouvir foi o farfalhar de incontáveis
baratas.

A voz de seu companheiro ladino era abafada pelo farfalhar e ele não conseguiu ouvi-lo.

Não, só fazia sentido que ele não pudesse ouvir a voz do ladino. Isso porque a boca, a
garganta e o estômago do ladino estavam cheias de baratas e ele não conseguia vocalizar.

A dor arrepiante encheu o corpo de Gringham da cabeça aos pés. Era a dor das baratas
que haviam se infiltrado através das aberturas de sua armadura e estavam mastigando
sua carne.
“Pare—”

Gringham queria gritar, mas as baratas entrando em sua boca bloquearam tudo. Ele ten-
tou freneticamente cuspir as baratas, mas toda vez que ele abria a boca, outra barata se
contorcia pelos lábios e depois rastejava pela boca.

Baratas minúsculas pareciam ter se enterrado em seus ouvidos. O farfalhar ficou mais
alto, e suas orelhas estavam coçando insuportavelmente.

Inúmeras baratas subiam e desciam pelo rosto, mordendo em todos os lugares. A dor
cobria suas pálpebras. No entanto, ele não conseguia abrir os olhos. Ele podia imaginar
o que aconteceria com seus olhos se ele fizesse isso.

Gringham entendeu que tipo de destino o esperava. Ele seria comido vivo por baratas.

“Eu não quero isso!”

Ele gritou em voz alta, e as baratas prontamente fluíram para sua boca. Elas se contor-
ciam por toda parte e então se enterravam nas profundezas de sua garganta. Então, ele
sentiu algo deslizar pela garganta até o estômago. A sensação de uma barata viva se de-
batendo em suas tripas o fez querer vomitar.

Gringham lutou desesperadamente mais uma vez.


Ele não suportaria morrer assim.

Ele queria que seus dois irmãos mais velhos olhassem para ele com olhos diferentes.
Este era o propósito único e motivador que o motivara e lhe permitira alcançar sua posi-
ção atual.

Gringham economizara o suficiente para poder passar seus dias em lazer, mesmo sem
se aventurar novamente, e, com sua reputação, podia casar-se facilmente com uma mu-
lher bonita, como as que não se podia encontrar numa aldeia. Seja em termos de força ou
riqueza, ele era muito superior aos seus irmãos mais velhos, que o expulsaram da casa.
Ele deveria ter sido um vencedor na vida.

Ele não queria morrer em um lugar como este.

“Abbbooooaahhhhhh! Quero voltar vivo!”

—Ele Gritou enquanto cuspia baratas mastigadas.

“...Nossa, mas ainda pode suportar. Então, tenho o lugar certo para o senhor.”

Os gritos de Gringham desapareceram no vórtice negro alguns segundos depois.

♦♦♦

Seus olhos abriram de repente.

Um teto apareceu. O referido teto era feito de chapas de pedra, e havia um objeto que
emitia luz branca. Ele não sabia como chegara ali, mas quando pensou em olhar ao redor,
percebeu que sua cabeça não podia se mexer. Não, não era apenas a cabeça dele. Seus
braços, pernas, cintura e peito estavam presos por alguma coisa e imobilizados.

Essas circunstâncias incompreensíveis provocaram terror dentro dele. Ele queria gritar,
mas algo estava preso em sua boca. Ele não podia falar e não conseguia fechar a boca.

Tudo o que ele podia fazer era mover os olhos. Ele tentou freneticamente ver o que es-
tava acontecendo ao seu redor, e então uma voz se dirigiu a ele.

“Aran~ então você está acordado ❤.”

Essa voz estava truncada. Era difícil determinar se pertencia a uma mulher ou um ho-
mem.

Um monstro horrível entrou em seu campo de visão imobilizado, aparecendo diante


dele.
Aquela coisa tinha um corpo humano, mas sua cabeça era um objeto bizarro que parecia
um polvo deformado. Ele arrastou seis tentáculos longos que se moviam para as coxas.

Sua pele era da cor branca e turva de um cadáver afogado. Seu corpo estava inchado
como o já mencionado corpo afogado, com algumas faixas de couro preto para substituir
a roupa. Aquelas tiras apertavam sua pele, parecendo apenas como barbante de açou-
gueiro usado para amarrar cortes de carne, e era inacreditavelmente horrendo. Talvez
eles estivessem encantando uma mulher bonita, mas em um monstro arrepiante como
esse, era menos sedutor do que um estômago revirado.

As mãos do monstro brotaram quatro dedos delgados cada, com membranas entre eles.
Cada um deles tinham unhas compridas, cada uma com lindos esmaltes aplicados, e eram
ainda adornadas com estranhas artes de manicure.

Este ser bizarro olhava para ele com olhos nublados e sem pupila.

“Ufufufu~ Você dormiu bem?”

“Hahhh... hahhh...”

Sua respiração estava pesada sob os ataques psicológicos duplos de medo e choque. O
monstro acariciou sua bochecha com um gesto gentil, como uma mãe consolando uma
criança.

A sensação estranhamente fria enviou um arrepio em todo o seu corpo.

Teria sido perfeito se emitisse um forte cheiro de sangue ou podridão. No entanto, em


vez disso, irradiava uma fragrância floral. Isso só serviu para aumentar seu senso de ter-
ror.

“Ara~ não há necessidade de encolher de medo.”

A linha de visão da criatura mudou-se para sua virilha, e a sensação do ar contra sua
pele o fez finalmente perceber que estava nu.

“Mmm~ eu deveria te perguntar o seu nome?”

O monstro colocou a mão no que parecia ser sua bochecha e inclinou a cabeça. Certa-
mente teria sido um gesto delicioso se uma mulher tivesse feito isso, mas em vez disso
era uma criatura de cabeça de polvo que parecia um cadáver afogado. Tudo o que ele
sentiu foi nojo e medo.

“...”
Ele só conseguia mover os olhos, e o monstro riu dele. Sua boca estava coberta por seus
tentáculos e sua expressão não parecia ter mudado. No entanto, ele ainda podia dizer que
estava rindo, porque seus olhos frios, vítreos e de mármore estavam estreitados.

“Ufufufu~ você não quer me dizer? Você é tão tímido e adorável.”

A mão do monstro deslizou sobre seu peito, como se estivesse tracejando letras, mas
tudo o que ele sentiu foi pânico, como se seu coração pudesse ser arrancado a qualquer
momento.

“Deixe-me — dizer-lhe — meu — nome ❤.”

A criatura disse, em uma voz sacarina embora truncada que soava como se estivesse
acrescentando corações ao final de cada frase que dizia.

“Eu sou Neuronist, o Oficial Especial de Coleta de Inteligência da Grande Tumba de Na-
zarick. No entanto, todos também me chamam de Torturador ❤.”

Os longos tentáculos se moveram, expondo a boca redonda em sua base. A boca estava
afiada com uma fileira de dentes afiados e um tubo fino e reluzente que parecia uma lín-
gua serpenteada, como um canudo.

“Depois, eu vou usar isso para te chupar todinho até secar~”

Chupar todinho até secar!?

Ele estava com tanto medo que tentou contorcer seu corpo, mas estava firmemente
amarrado.

“Tudo bem, as coisas são assim. Nós pegamos você.”

De fato, suas últimas lembranças eram do ladino e Gringham correndo à frente dele e
desaparecendo. Depois disso, ele não se lembrava de nada até então.

“Você sabe onde você está, não é?”

Neuronist riu e, em seguida, continuou:

“Esta é a Grande Tumba de Nazarick, sabe. O Reino do único membro dos 41 Seres Su-
premos que ficaram para trás, Momo— não, Ainz-sama. É o lugar mais honrado do
mundo.”

“Hainz-hana?”
“De fato, Ainz-sama.”

Neuronist entendeu suas palavras mal pronunciadas enquanto sua mão vagava por sua
pele.

“Ele é um dos 41 Seres Supremos e o líder que uma vez coordenou os outros Seres Su-
premos. E ele também é um homem muito, muito charmoso. Qualquer um que o veja
gostaria de prometer sua maior lealdade a ele. Quanto a mim, se eu tivesse a sorte de ser
chamado para a cama de Ainz-sama, eu ficaria feliz em oferecer a ele minha virgindade
❤.”

A maneira como este monstro torcia timidamente seu corpo não podia ser considerada
adorável, mas abominável.

“Mmmm~ eu vou te dizer uma coisa.”

O monstro começou a traçar letras em seu peito, como uma menina no meio de sua pri-
meira paixão:

“A última vez que o Ainz-sama me visitou, ele estava olhando para o meu corpo. Seu
olhar era como de uma fera máscula selecionando sua presa. Depois disso, ele pareceu
envergonhado e depois desviou os olhos. Isso fez meu coração disparar e minha espinha
arrepiar~”

Neste ponto, a criatura parou de se mover e trouxe seu rosto para cima, olhando em
seus olhos. Ele tentou desesperadamente se distanciar daquele rosto assustador, mas seu
corpo não podia se mover.

“Aquela pirralha da Shalltear e aquela aberração feia que é a Albedo parecem estar gos-
tando das atenções de Ainz-sama, mas não importa como você pense nisso, eu sou mais
atraente do que elas. Você não acha?”

“Ahh. Heh euh henso isho habem”

Que tipo de destino cairia se ele ousasse discordar disso? O medo disso fez com que ele
concordasse.

Neuronist estreitou os olhos em deleite e bateu palmas e olhou para o ar. Parecia um
zelote rezando para o céu.

“Fufufu~ você é gentil. Ou você está apenas dizendo a verdade? Ainda assim, por alguma
razão, Ainz-sama nunca me chamou... ahhh, Ainz-sama... sua atitude estoica é tão atra-
ente...❤”

O monstro ficou tão comovido que estremeceu, e isso o fez parecer um verme segmen-
tado rastejando.
“...Ah, eu fiquei toda arrepiada. Ara~ perdoe-me, só eu tenho falado todo esse tempo.”

Por favor esqueça tudo sobre mim.

Neuronist ignorou sua própria oração mental e continuou:

“Deixe-me dizer-lhe qual será o seu destino. Você sabe o que é um coral, não sabe?”

Ele revirou os olhos com a pergunta repentina. Depois de ver sua reação confusa, Neu-
ronist pareceu achar que não sabia e começou a explicar.

“Eles são um coro que cantam hinos e salmos, louvando o amor e a glória de Deus. Eu
quero que você se junte ao coral, junto com seus amigos.”

Se isso fosse tudo, então não seria nada de mais. Mas ele não estava muito confiante em
sua voz, ele não estava completamente surdo. No entanto, o objetivo desse monstro era
realmente tão simples? Ele não conseguia esconder o desconforto dentro dele, e ele olhou
para Neuronist com o canto dos olhos.

“Oh sim~ É um coral~ Mesmo um idiota como você que não jurou tudo ao Ainz-sama
pode fazer uma oferenda a Ele se você levantar sua voz e cantar. Nós vamos ter o seu
canto em uníssono ser o nosso objetivo. Ahhh~ meu corpo se arrepiou novamente. Esta
será a música gospel que eu, Neuronist, oferecerei ao Ainz-sama.”

Uma cor esfumaçada encheu aqueles olhos nojentos. Talvez o monstro estivesse ani-
mado com a idéia. Seus dedos estreitos e delgados se contorciam como vermes.

“Fufufufu~ Bem. Vou apresentá-lo às pessoas que o ajudarão a cantar em harmonia.”

Eles provavelmente estavam esperando em um canto da sala, mas várias pessoas apa-
receram de repente em seu campo de visão.

Assim que ele viu aquelas pessoas, ele momentaneamente esqueceu de respirar, porque
ele sabia que elas eram criaturas do mal com um mero relance.

Eles usavam aventais de couro preto apertados. Seus corpos eram quase tão brancos
como cor de creme. Abaixo dessa pele estavam — se é que sangue pode ser roxo — vasos
sanguíneos arroxeados.

Suas cabeças estavam cobertas de máscaras de couro preto sem costura. Não havia
como dizer como eles podiam ver ou até mesmo respirar. Seus braços também eram
muito longos. Cada um deles tinha cerca de dois metros de altura, mas os braços esten-
diam-se abaixo dos joelhos.

Os cintos na cintura continham inúmeras ferramentas de trabalho.


Havia quatro dessas criaturas vis.

“—Eles são os Torturers. Essas crianças vão ajudá-lo a cantar com uma voz doce ❤.”

Ele tinha um mau pressentimento sobre isso. De repente, ele percebeu o que significava
“cantar”, e ele freneticamente torceu o corpo em uma tentativa de escapar, mas seu corpo
ainda não conseguia se mover.

“É inútil~ Sua força não conseguirá quebrá-las. Esses meninos vão usar magia de cura
em você, para que você possa praticar o conteúdo do seu coração. Eu sou muito gentil,
não sou?”

Neuronist disse com uma voz sutil de maldade.

“Nho hahfa hisho!”

“Hmm, o que está errado? Você quer que eu pare?”

Neuronist fez essa pergunta enquanto ele gritava com lágrimas brotando em seus olhos.
Então, balançou levemente seus seis tentáculos.

“Ouça bem, não tem problema~ Nós, as criações dos Seres Supremos, temos valor em
existir porque aquela grande pessoa escolheu ficar para trás. Servir essa grande pessoa
é o nosso motivo de existência. Como poderíamos ter pena de pequenos ladrões miserá-
veis como você, que marcaram com sujeira na casa do nobre Supremo com seus pezinhos
imundos? Você realmente acha que eu ficaria com pena de você?”

“Ah, herdão!”

“Sim. Você está certo. O arrependimento é muito importante.”

Neuronist pegou uma haste fina de algum lugar. Em sua ponta havia uma seção de cinco
milímetros de comprimento coberta de espinhos.

“Vamos começar com isso.”

Ele não tinha idéia do que era, mas o Neuronist estava muito feliz em explicar.

“Ouvi dizer que meu criador foi afligido por uma doença chamada Cálculo Renal. Para
mostrar meu respeito por ele, começaremos com isso. Acontece que você é tão pequeno,
então imagino que será fácil.”

“Nho hahfa hishoo!!”


Ele lamentou quando percebeu o que iria acontecer com ele, e o Neuronist aproximou
seu rosto do dele.

“Nós vamos ficar juntos por muito tempo. Se você vai chorar e fazer tanto barulho, não
vai acabar bem para você, sabia?”

Parte 3

Cada equipe havia tomado uma rota diferente na encruzilhada, e entre eles, Erya Uzruth
simplesmente avançara em frente, supondo que haveria um forte inimigo esperando por
ele nas profundezas da tumba.

Ele encontrou portas de pedra e inúmeras curvas ao longo do caminho, e pegou cada
uma ao acaso, andando silenciosamente pela tumba. Seu caminho era pacífico, o que o
entediava. Eles nem tinham encontrado armadilhas, muito menos monstros.

Talvez eu tenha escolhido o caminho errado.

Assim que Erya pensou isso, ele estalou sua língua.

“Apresse-se aí, sua lesma!”

Erya latiu para a Elfa andando 10 metros à frente dele quando ela estava prestes a parar.
A escrava Elfa estremeceu por apenas um segundo antes de andar cansadamente. Ela
andava continuamente desde que haviam entrado na tumba, e não lhe permitiram dimi-
nuir o ritmo.

Felizmente, nada havia acontecido até agora, mas se houvesse armadilhas, ela poderia
muito bem ter morrido.

A maneira como ele estava usando suas escravas não era tão diferente quanto ter um
canário em uma mina. A equipe de Erya era composta por ele mesmo e três escravas Elfas
com habilidades diferentes, sendo uma ranger, uma sacerdotisa e uma druida. Dar tal
ordem a alguém como ela, que possuía habilidades insubstituíveis de examina, era um
desperdício.

No entanto, ele tinha suas razões.

Simplificando, ele estava cansado da Elfa na frente dele.

Certamente, alguém ficaria chocado quando ouvissem essa resposta. Seu choque não
seria uma questão de ética, mas de economia.
Os escravos da Teocracia Slane não eram baratos. Isso era particularmente verdadeiro
para os Elfos, cuja aparência e habilidade faziam seu preço subir. Na maioria dos casos,
os Elfos eram mercadorias incrivelmente caras, e não algo que um cidadão comum pu-
desse pagar.

Entre eles, aquelas Elfas com habilidades especiais custam tanto quanto uma arma má-
gica encantada com efeitos especiais. Mesmo alguém como Erya não podia simplesmente
comprar um porque queria.

No entanto, a renda da Tenmu era monopolizada por Erya, e assim, enquanto um traba-
lho fosse bem-sucedido, ele poderia recuperar o dinheiro rapidamente. Portanto, uma
vez que ele se cansasse de uma escrava, ele não se importou particularmente se ela mor-
resse.

Eu vou comprar uma com seios maiores da próxima vez.

Pensou Erya, enquanto olhava para as costas cansadas da Elfa.

Apertar seus peitos enquanto ela gritar de dor deve ser divertido.

Como esse trabalho era um esforço cooperativo com outras equipes, ele não se deitou
com as Elfas por vários dias. É verdade que ninguém diria nada, mesmo que tivesse dor-
mido com elas, mas o ciúme provocaria descontentamento. Isso não era vantajoso e,
como Trabalhador, Erya sabia pelo menos isso.

Portanto, sua luxúria reprimida levou Erya a esses pensamentos.

“Ou talvez, da próxima vez, eu peço para acharem uma bem puta.”

Um dos membros da Foresight apareceu na mente de Erya, a mestiça que estivera


olhando para Erya.

Aquela puta é realmente desagradável.

Ela também possuía um ar de feminilidade nela, mas Erya sentiu que o desgosto da ga-
rota por ele era compreensível. As mulheres muitas vezes não entendiam a libido dos
homens, e as meninas daquela idade deveriam ter algum desejo de pureza. No entanto,
formas de vida que eram inferiores aos seres humanos não mereciam olhar para a hu-
manidade com uma expressão como essa.

Só de pensar nisso encheu os belos traços de Erya com raiva.

“Eu quero bater na cara puta dela, bater nela até que ela não consiga mais resistir...”

As escravas Elfas eram física e mentalmente quebradas antes de serem entregues aos
seus mestres, garantindo que eles não pudessem resistir.
Mas se ele fizesse um movimento para cima daquela mestiça, ela certamente lutaria
como uma fera ensandecida. Não era difícil para Erya quebrar e conquistá-la. No entanto,
ele também se machucaria, e Erya não estava confiante em sua capacidade de subjugar
uma presa viva. Enquanto ele se perdia imaginando como seria socar Imina no rosto vá-
rias vezes, ele ficou um segundo atrasado ao notar que a Elfa na frente dele havia parado
de se mover.

“Por que você parou? Continue.”

“Aiieee... ah, eu ouvi um som.”

“Um som?”

Erya franziu as sobrancelhas quando a Elfa arranjou coragem para responder. Ele se
concentrou em ouvir. O ambiente estava silencioso, tão quieto, de fato, que fazia seus
ouvidos doerem.

“...Eu não ouço nada.”

Normalmente, ele simplesmente teria dado um soco na cara dela, mas os Elfos tinham
uma audição mais aguçada que os seres humanos. Pode ser que ela tenha ouvido algo
que Erya não tinha ouvido. Para verificar isso, ele perguntou às duas pessoas ao lado
dele:

“E você, ouviu algo?”

“Sim, eu posso ouvir alguma coisa.”

“Isso... parece metal batendo contra metal.”

“...Mesmo.”

Não havia como o som de metal colidindo com metal pudesse ocorrer naturalmente.

Nesse caso, deve certamente ter sido feito por alguém. Em outras palavras, esta pode
ser a primeira luta desde a entrada na tumba. Enquanto pensava nisso, o coração de Erya
se encheu de emoção.

“Vamos verificar a origem desse som.”

“Si... sim.”

Ele deixou a escrava Elfa andar à frente dele, e eles viajaram na direção do barulho.
Logo, Erya ouviu o som de metal também. Foi o som de uma intensa colisão entre um
objeto e outro, acompanhado por rugidos e gritos barulhentos.

“É o som de outro time lutando? Eu não acho que cruzamos o caminho deles quando
seguimos em frente, mas parece que nos deparamos com outra equipe.”

Foi apenas uma alegria passageira, e Erya suspirou desanimado.

“Oh bem, esqueça. Podemos ser capazes de apoiá-los e matar alguns monstros.”

Erya continuou em direção à fonte dos sons, mas começou a sentir-se estranho. Isso não
soava como uma batalha. Parecia mais—

Quando ele virou a esquina, suas dúvidas foram respondidas.

Depois de virar a esquina, ele viu uma sala ampla e espaçosa diante de seus olhos. Era
grande o suficiente para que várias dezenas de pessoas pudessem correr dentro dela.
Havia dez Lizardmen em uma armadura primorosamente construída dentro desta sala.
Todos eles usavam colares que tinham correntes quebradas presas a eles, e as pontas
balançavam no ar.

Eles estavam balançando suas espadas dentro da sala. Cada poderoso ataque foi desvi-
ado por um aparato sem hesitação. Cenas como essa se repetiam por toda a sala. Poderia
ter parecido uma batalha intensa, mas Erya imediatamente viu que eles estavam trei-
nando.

Quando Erya e as outras entraram na sala, os Lizardmen pararam de balançar suas es-
padas, o que indicava que seu palpite estava correto.

Além dos Lizardmen, havia um sujeito gigantesco com um enorme escudo de torre e
usando uma armadura de placa preta com traços de vasos sanguíneos, e mais uma pessoa
— ou melhor, mais uma criatura.

Era uma fera mágica enorme, com uma camada de pêlo prateado e um par de olhos de
aparência inteligente.

“Então, você veio finalmente, intruso-dono.”

Feras mágicas falantes eram frequentemente adversários difíceis. As feras mágicas


eram geralmente do tipo que atacavam, impulsionando seus corpos poderosos, mas al-
gumas feras mágicas inteligentes também podiam usar magia.

Erya era um gênio na esgrima, mas suas habilidades mágicas não eram excepcionais. Ele
canalizava sua força em seu interior, fortalecia sua alma e se preparava para resistir à
magia hostil quando perguntou:
“E você é?”

Não havia necessidade de se preocupar. Como estava aqui esperando por ele, isso im-
plicava que era o guardião dessas ruínas. A questão agora era quão poderoso este guar-
dião era.

Pelo que parece, pode até ser o supervisor dessas ruínas. Nesse caso, matar esta fera
mágica seria uma grande conquista. Em outras palavras, sua equipe seria a mais desta-
cada de todos os outros Trabalhadores. Tenmu era uma equipe de um homem composta
pelo próprio Erya, o que significaria que Erya era o mais forte de todos os Trabalhadores.
A sorte também era uma habilidade importante para os Trabalhadores.

“Alguém designou este aqui para enfrentar-te e realizar vários testes ao mesmo tempo...
mas dado a tua força, temo que é um pouco insuficiente.”

Desapontamento e frustração surgiram em seu coração.

A primeira era porque a fera mágica era simplesmente uma sentinela, e a última porque
o havia desprezado.

“Você já está me desprezando sem nem mesmo cruzar as lâminas comigo? Ei!”

“S-Sim.”

A Elfa estremeceu quando seu mestre se dirigiu a ela. Fazendo isso, enchia Erya com
satisfação. Esse era o tipo de atitude a que ele tinha direito. Apesar de ter sido apenas
alguns dias, ele teve que passar um tempo em torno de Momon, uma classe claramente
superior de ser, e isso o desagradou profundamente. Isso aliviou um pouco o aborreci-
mento.

“Que tipo de criatura é essa?”

“Eu... sinto muito, sinto muito. Eu... não ouvi falar de uma fera mágica como essa antes.”

“Cheh, você é inútil.”

Ele bateu no rosto “inútil” da Elfa com o cabo de sua espada.

A Elfa desabou no chão, protegendo o rosto enquanto pedia desculpas freneticamente,


mas Erya não lhe deu atenção; Em vez disso, ele examinou o corpo da fera mágica.

A fera mágica era bem grande; combatê-la de frente seria muito desfavorável. No en-
tanto, as feras mágicas eram geralmente muito grandes, e Erya havia matado várias feras
mágicas como esta até então. Não havia necessidade de ter medo ou o que fosse de uma
fera mágica que ele não tinha visto antes.
Claro, ele tinha que ser cauteloso, mas se ele fosse muito cauteloso e encolhesse de seu
inimigo, então ele seria um covarde.

“Eu tenho uma pergunta; o que faz você pensar que pode me vencer?”

“Bem, é óbvio de relance que você é muito fraco...”

O rosto de Erya se contorceu e ele apertou mais sua espada.

“...Parece que seus olhos não conseguem ver nada. Que tal eu ajudá-lo a tirar esses olhos
inúteis da sua cabeça?”

“Eu te peço que poupe este aqui. Muito bem, meu mestre ordenou que este aqui te mate
aqui... então vamos começar imediatamente.”

Pareceu extremamente casual. Isso irritou Erya ainda mais.

Ele queria dispensar as brincadeiras e começar a mover sua espada, mas se ele se zan-
gasse e cortasse uma fera mágica que estava levando as coisas mais facilmente, ele aca-
baria se sentindo como se alguém tivesse tirado proveito. Portanto, ele engoliu sua raiva
e bufou.

“Vamos fazer isso, fera.”

“Falando nisso, por que você demora? Essas Elfas também não vão se preparar?”

“Não há necessidade. Você deveria estar com aqueles Lizardmen...”

“Ah, eles não estão envolvidos nisso. Os Lizardmen atrás deste aqui são apenas para
assistir a luta. Não se preocupe com eles.”

“Então você está jogando fora sua única chance de vitória por nada? Que coragem.”

“Este aqui agradece pelo teu louvor.”

Provocar isso não funcionou. Talvez essa fera mágica até pode falar, mas não é muito in-
teligente.

Enquanto Erya ponderava isso, os bigodes da criatura tremeram quando se dirigia a ele:

“Dito isto, este aqui deve matar-te sem misericórdia, por isso este aqui deseja que me
ataque com toda a tua força. Afinal, como este aqui já disse antes, este também é um teste
para este aqui.”

“Um teste? Para um mero cão de guarda?”


“Mm~ um teste para ver se a habilidade de guerreiro deste aqui melhorou. Tudo bem,
vamos começar. Este aqui não atacará as Elfas atrás de ti, mas somente a tua pessoa.”

“Faça o que você quiser.”

“Este aqui é conhecido como Hamsuke! Lembre-se do nome daquele que reivindica a
tua vida na tua viagem para o próximo mundo! Diga seu nome também!”

“...Infelizmente, uma mera fera como você não merece saber meu nome.”

“Então este aqui é alguém te apagará a minha memória como um tolo sem nome!”

O corpo massivo foi impulsionado para ele em um instante.

Não havia como ele ter imaginado um corpo tão grande se movendo tão rápido. Um
guerreiro menos talentoso poderia ter sido abalado pela imensa pressão sobre ele e teria
sido incapaz de evitar ser golpeado por aquele corpo enorme, recebendo assim feridas
severas.

Eu não sou como aqueles capangas.

Erya esperou até Hamsuke se aproximar e depois deslizar para o lado, sem mover as
pernas.

Este foi o efeito de 《Shukuchi Aprimorado》, uma versão melhorada da arte marcial
《Shukuchi》.

O 《Shukuchi》 básico era uma arte marcial que só podia ser usada para encurtar a
distância do inimigo, mas o 《Shukuchi Aprimorado》 podia ser usado para se mover
livremente em todas as direções. Deslizar sem mover as pernas era assustador, mas
muito prático.

Grandes movimentos ao desviar faria o corpo ficar desestabilizado. Mas alguém poderia
evitar isso com 《Shukuchi Aprimorado》; em outras palavras, pode-se converter uma
defesa em um ataque, mantendo um centro de gravidade estável.

“Yeeart!”

Ele balançou a espada—

“—Guuwaaargh!”

Mas o corpo de Hamsuke alcançou-o, quebrando o golpe de Erya e o enviando voando.

Muito duro.
O que parecia um pêlo macio era tão duro quanto metal; para Erya, era como ser atin-
gido por uma bola de demolição. O impacto apagou sua mente por um momento.

Quando ele caiu fortemente no chão, ele subconscientemente confirmou que ele ainda
podia se mover.

Mesmo ele estando machucado e contundido, ele não tinha ossos quebrados e assim por
diante. Ele ainda poderia lutar.

No entanto, os fatos de que ele estava rolando no chão e que ele tinha recebido um ata-
que do inimigo, quase o fez ficar furioso. No entanto, Erya, o guerreiro, repreendeu a si
mesmo; agora não era a hora de pensar nisso.

Quando Erya se levantava, ele já havia se apoderado da posição de Hamsuke, e dessa


vez ele apontou a espada para frente, apoiando sua espada para receber a investida do
oponente.

Um líquido escorregadio escorreu de seu nariz. Ele limpou com uma mão e, como espe-
rado, era sangue.

“Seu merda...”

Hamsuke olhava Erya se levantar com olhos calmos. A palavra “observar” descreveria
melhor a expressão em seu rosto.

Aqueles não eram os olhos de uma fera selvagem que diziam: “Posso comer isso? Posso
vencer isso?”, mas os olhos de um guerreiro, tentando determinar as melhores táticas de
seu breve confronto agora.

Você está me usando como obstáculo para o crescimento de uma fera mágica como um
guerreiro?!

Enquanto isso o aborrecia, a sequência de eventos agora o forçou a reconhecer que seu
oponente não era um mero animal. O ataque agora tinha sido uma reação instantânea ao
perceber que Erya havia circulado em torno de si mesmo, com um pulo e o atingido em
cheio. Mesmo o ataque em si não sendo tão forte, o fato de poder responder imediata-
mente foi certamente devido ao treinamento.

“Entendo... então, se este aqui continuar lutando em um ritmo lento como esse, eu de-
veria ser capaz de vencer... Ah, eu te peço para não dar atenção. Este aqui nunca viu um
ser humano que pudesse superar este aqui.”

“Se você quer tagarelar, que tal esperar até depois de ver isso, hein? Ao contrário de
uma mera fera, os guerreiros podem usar artes marciais!”
Ele achava que poderia ganhar facilmente, por isso não os usara. No entanto, ele não
tinha mais o luxo da arrogância.

“Artes marciais! 《Impulso de Habilidade》! 《Aumentar Impulso de Habilidade》!”

Essas artes marciais eram seu orgulho e alegria. 《Aumentar Impulso de Habilidade》,
em particular, foi uma arte marcial que alguém do nível de Erya nunca deveria ter apren-
dido.

Mas eu aprendi, então sou um gênio! Eu realmente sou muito forte!

Ele balançou a espada na mão. A lâmina era leve e seus movimentos eram suaves. A
espada moveu quando ele pensou isso.

Erya sorriu timidamente. Agora seria sua vez de brilhar.

“Umu~ este aqui lembra que se deve manter uma distância quando não se pode medir
a força de um oponente, é isso? Mas este aqui também deve enfrentar a batalha como um
guerreiro... Infelizmente este aqui não pode fazer nada quanto a isso.”

Hamsuke usou duas pernas para andar, passo a passo, até os olhos de Erya.

“Este aqui quer lutar de perto; Queres aceder o pedido deste aqui?”

“Não me despreze, besta.”

No momento em que entrou em seu raio de ataque, Erya moveu a espada para seu ini-
migo.

Hamsuke usou suas garras afiadas para afastar os ataques de espadas que haviam sido
feitos com a ajuda dos aprimoramentos físicos. Não, ele tentou se defender, mas não con-
seguiu. A lâmina havia passado por cima do braço. No entanto, a força do golpe foi dissi-
pada, e não pôde romper a pele dura e cortar os músculos por baixo.

Erya não puxou a espada de volta, mas a empurrou para os olhos de Hamsuke. Algumas
feras mágicas tinham uma película protetora em seus olhos que poderia repelir lâminas
insuficientemente afiadas, e alguns guerreiros poderiam usar ki ou uma aura para des-
viar os ataques de um amador. No entanto, Hamsuke não parece ter tais habilidades de-
fensivas.

Portanto, Hamsuke não deixaria o ataque de Erya atingi-lo.

O corpo de Hamsuke girou e, à medida que escapava da lâmina, o rabo rasgou o ar e


atingiu Erya.

Erya bloqueou o golpe com sua espada. Um impacto inacreditável entorpeceu seu braço.
“Gwaargh!”

O corpo de Hamsuke mais uma vez se tornou um borrão giratório em seu campo de
visão. Isso significava que o mesmo ataque viria novamente.

Erya deu um pulo para trás. Ele havia medido bruscamente o comprimento da cauda;
depois que a cauda passasse, ele usaria 《Shukuchi Aprimorado》 para atacar de volta o
inimigo.

Assim que estava prestes a passar por seus olhos, a cauda parou de repente.

“Hnggg!”

Foi uma finta. Hamsuke usou essa abertura para recuperar o equilíbrio e puxou a cauda
ao mesmo tempo. Erya franziu a testa, tendo perdido a chance de encurtar a distância
com Hamsuke.

Os movimentos da cauda eram completamente diferentes dos do corpo. Não era a cauda
de um rato, mas uma cauda como serpente como a de uma quimera; poderia se mover de
forma independente.

“Então a cauda pode se mover livremente — não é?”

Erya alterou as informações sobre Hamsuke em sua cabeça enquanto corria para o seu
amplexo. Hamsuke estava esperando por isso e respondeu ao ataque.

Lâmina e garra cruzaram, e o sangue fresco voando pelo ar veio de Erya.

Hamsuke poderia atacar com as duas garras e, assim, ele poderia atacar com mais fre-
quência do que Erya, que tinha apenas uma espada.

Combate próximo não era favorável a ele.

Seus atributos corporais poderiam ter sido melhorados, mas Hamsuke ainda era supe-
rior. Nesse caso—

Ele usou 《Shukuchi Aprimorado》 para se retirar.

“Umu...”

Já que Hamsuke não seguiu. Erya ergueu a espada e depois desceu com força.

“《Corte do Vazio》!”

Seu golpe rasgou o ar em Hamsuke.


Hamsuke cobriu o rosto e se preparou, e sua pele desviou o golpe de corte.

Como havia percorrido uma longa distância, seu potencial de dano também diminuíra,
e seria muito difícil causar um golpe mortal. No entanto—

“Então você não pode bloquear isso, pode? Essa é a diferença entre um homem e uma
mera fera.”

“Que dor de cabeça é essa...”

Ele continuou usando 《Corte do Vazio》, mas a pele de Hamsuke era muito dura, então
romper sua proteção certamente seria muito difícil. Foi por isso que ele teve que conti-
nuar usando as artes marciais em seu rosto, que deveria ser o menos protegido.

Hamsuke permaneceu no lugar, cobrindo o rosto com as patas dianteiras. Ele falou atra-
vés dos pequenos espaços entre os dedos.

“Espere!”

“Implorando por misericórdia? Um animal é um animal, afinal de contas.”

“Este aqui não fala com você. Este aqui fala com o que está dentro da boca desde aqui...
ahhh, que dor!”

Ele não entendeu nada.

Bem, obviamente, humanos não seriam capazes de entender o que as feras estão dizendo...
Melhor fazer minha investida agora!

“Ahhhh, que chato! Este aqui irá a ti!”

“Venha.”

Hamsuke não tinha ataques à distância, então suas opções eram limitadas. Provavel-
mente tentaria se apressar, mas isso serviria bem aos propósitos de Erya.

Era difícil para o 《Corte do Vazio》 golpear mortalmente, então ele teria que derrotá-
lo com um ataque direto. Quando Hamsuke correu, ele fez isso como uma fera, mostrando
seu rosto, e durante esse tempo, Erya podia usar uma arte marcial que era mais potente
que 《Corte do Vazio》 para parar seus movimentos. Depois disso, tudo o que ele preci-
saria fazer era continuar atacando seu rosto e a vitória estava garantida.

Assim como Erya sorria com crueldade, certo de sua vitória, a cauda de Hamsuke de
repente se contraiu. Então—
“Abbbahhhhh!”

A cauda se moveu como um chicote, atingindo o ombro de Erya com uma velocidade
sobrenatural.

Sua ombreira amassou para dentro com um grito de metal se entortando amassando
carne. O som de ossos quebrando crepitava em seu corpo e a agonia inundou seu cérebro
como um choque elétrico.

Erya cambaleou para trás, com tanta dor que ele estava babando.

A cauda maciça e serpentina se contorceu atrás de Hamsuke. Ficou estranhamente longa.

“Este aqui estava dizendo que a cauda deste era muito forte. Foi por isso que este aqui
queria acabar com isso em combates corpo-a-corpo.”

Isso era ruim.

Erya engoliu um grito.

Se seu inimigo o atacasse nessas condições, sua derrota era certa.

“Você! Sua idiota! O que você está pensando! Use sua magia! Me cure! Me cure com sua
magia! Apresse-se e me ajude com sua magia, escravas desgraçadas!”

Depois de ouvir a ordem de seu mestre, uma das Elfas lançou apressadamente uma ma-
gia sobre ele.

A dor no ombro desapareceu instantaneamente.

“Isto não é suficiente! Conjurei magias de fortalecimento em mim!”

Magias para melhorar as habilidades físicas, magias para afiar brevemente a lâmina,
magias para endurecer a pele, magias para melhorar os sentidos... Hamsuke simples-
mente observou em silêncio enquanto incontáveis magias de aprimoramento voavam
pelo ar.

Depois de ser polido por várias magias, o sorriso arrogante voltou ao rosto de Erya.

Uma imensa força percorria o corpo de Erya.

Ele nunca perdeu depois de ser fortalecido por tantas magias. Sempre foi assim, inde-
pendentemente da força de seus inimigos.
Ele moveu sua lâmina, o ar zumbiu. A lâmina se moveu mais rápido que o normal. Desta
vez, ele estava certo de que ele estava em pé de igualdade com o seu adversário; talvez
até mais rápido que ele.

“Humanos e feras sempre foram separados pela diferença em seus atributos físicos! Eu
compensei essa diferença agora!”

“Este aqui originalmente pretendia levar tudo de você de uma vez, então isso era de se
esperar, não? Em vez disso, se você pode lutar em termos agora, isso agradaria a este
aqui.”

“Besteira!”

Erya avançou. Ele planejou usar o poder que cobria sua forma para esmagar seu opo-
nente em um único golpe e impedir que a criatura faça mais disparates. Usaria o
《Shukuchi Aprimorado》 para se aproximar e o 《Corte do Vazio》 para suprimir seu
oponente.

“Toma essa!”

Com um grito poderoso, ele balançou a espada com toda a força. Se a pele da criatura
fosse grossa, então ele simplesmente teria que balançar mais forte para cortá-la.

Sua lâmina, se movendo com toda sua força—

“《Golpe Cortante》!”

Um ataque cortante de cima dele conectou com seus braços.

Algo girou no ar, depois aterrissou pesadamente no chão. Ele ouviu o som estridente de
metal e um som como um saco molhado caindo no chão.

Erya não conseguia entender.

Seus braços, que ainda estavam segurando sua espada agora, haviam desaparecido.
Mesmo quando o sangue jorrou dos tocos cortados no tempo com o batimento cardíaco,
ele não pôde aceitar a realidade.

Agonia correu dos braços dele. A certa distância, seus braços caíram no chão, ainda se-
gurando a espada.

Só depois de ver esse fato, Erya finalmente percebeu o que acabara de acontecer.

Ele tropeçou para trás de Hamsuke e gritou:

“MEUS BRAÇOS, MEUS BRAAAAAAÇOOOOS! CURE... CURE-ME, RÁPIDO! ME CURE!”


As Elfas não se mexeram.

A alegria silenciosa do atormentado iluminava seus olhos tristes.

“Maravilhoso! Um sucesso retumbante! Este aqui pode usar artes marciais! Agora Mi-
lorde certamente fará um elogio a este aqui!”

“HIIIIIIEEEEE!”

Erya gritava com voz rouca.

Neste mundo onde criaturas mais fortes que a humanidade vagavam nas sombras, aven-
turas significavam que a dor era uma companhia constante.

Erya experimentou muitos tipos de dor. Ele havia sido atingido por raios, queimado com
fogo, congelado pelo frio, seus ossos haviam sido quebrados, ele havia sido espancado,
golpeado e cortado, mas apesar de tudo, ele nunca havia perdido sua arma. Isso foi ape-
nas senso comum; neste mundo, soltar a arma indiretamente equivalia à morte. Não, ele
estava confiante de que, enquanto segurasse a espada na mão, poderia superar qualquer
dificuldade.

E neste momento, sua autoconfiança foi destruída.

Esta foi a primeira vez em sua vida que Erya recebeu um grande golpe.

“MEUS BRAÇOS! RÁPIDO!”

Sangue fresco continuava a pulverizar, e seu corpo começou a ficar frio das feridas seu
corpo ficava mais pesado.

Quando ouviram os gritos de Erya, As Elfas eram todos sorrisos.

Enquanto Erya estava perplexo ao descrever as emoções explodindo em seu coração,


uma voz com uma pitada de gentileza alcançou seus ouvidos.

“Meus agradecimentos a ti! Este aqui não se deleita em atormentar os outros, assim te
enviarei imediatamente.”

Houve um *whoosh*.

Um momento depois, algo atingiu o rosto de Erya. A dor era tal que ele até esqueceu
seus braços, como se todo o seu ser tivesse sido destruído.

Essa foi a última explosão de agonia que Erya experimentou em sua vida.
♦♦♦

O cadáver com metade do rosto amassado caiu no chão com um baque oco.

Hamsuke assentiu e recuou. Se estivesse ao lado do cadáver, provavelmente não ousa-


riam aproximar-se do corpo do homem. As Elfas pareciam com magic caster, mas elas
poderiam atacar Hamsuke com espadas como este homem. Hamsuke não queria impedi-
las de fazer isso.

“Tudo bem, vocês não vêm para este aqui...?”

Depois de deixar o cadáver, Hamsuke começou a falar, mas suas palavras se apagaram.
Isso porque as Elfas estavam rindo enquanto chutavam o corpo do guerreiro que deveria
ter sido seu aliado.

“Mas por quê? É assim que Elfas tratam um falecido?”

Tentou articular suas palavras, mas o sentimento estava completamente errado. Isso
porque havia uma expressão de deleite nos olhos escuros e tristes. Não importava como
olhasse, não poderia ser outra coisa senão malícia.

“...Oh, que dor de cabeça.”

Hamsuke usara as técnicas que estava aperfeiçoando até hoje sobre o intruso, a fim de
mostrar os frutos de seu treinamento. Só tinha lutado por esse motivo, mas atacar um
adversário não hostil realmente conta como mostrando os resultados de seu treina-
mento? Hamsuke esperava que eles o desafiassem, no mínimo.

“Aparentemente, tudo o que uma pessoa precisa fazer é dar uma provocação verbal...
mas que tipo de provocação devo usar? Este aqui não entende... não pode evitar; Vou
esperar Milorde entrar em contato comigo. Oh, sim...”

Ele se virou para os Lizardmen que estavam avaliando seu desempenho.

“Zaryusu-dono, como foi? Este aqui passou no rito de passagem?”

“Sim, você fez muito bem. Você definitivamente usou uma arte marcial agora a pouco.”

O Lizardman que o orientara em técnicas de guerreiro assentiu e Hamsuke sorriu am-


plamente.

“Que maravilha! Serão aulas de armadura depois disso?

“Sim. Começaremos com armaduras leves e, depois, lentamente, ficaremos aumentando


a carga.”
Hamsuke não tinha conseguido usar armadura até agora, porque usar armadura dei-
xava-a completamente desconfortável e não podia se mover livremente. O movimento
normal e a corrida eram bons, mas uma vez que entrasse em batalha, perdia o equilíbrio
quando balançava a cauda, e não conseguia atingir com precisão o alvo com a cauda. Por-
tanto, eles haviam ordenado os Lizardmen como tutores e treinadores.

“Este Hamsuke aqui se tornará mais forte por causa de Milorde, por isso Milorde irá
olhar para este aqui com olhos diferentes! Mas por quanto tempo mais esta prática antes
que esta possa contar como um guerreiro de verdade? Hamsuke será um guerreiro!”

“Bem ... eu diria que você poderia ser um guerreiro em um, talvez mais dois meses, Ham-
suke-san.”

“...Ainda falta tanto!”

“Eu sinto que já está indo muito rápido, Hamsuke. Pessoas normais levam um ano antes
de aprender artes marciais. Desse ponto de vista, você evoluiu muito rápido.”

Acrescentou Zenberu, o Lizardman ao lado de Zaryusu.

“É mesmo!?”

“De fato. Você lutou batalhas ao vivo e foi curado por suas feridas, então reforçado com
magia de apoio e feito para lutar contra inimigos mais fortes que você em batalhas mor-
tais. Depois desse regime infernal, você fez muito progresso.”

O corpo de Hamsuke tremeu. Os dois Lizardmen também tremeram. Todos eles recor-
daram o treinamento que receberam.

“...Eu oro para que nossa próxima sessão de treinamento não chame a palavra “morte”
para a mente deste aqui.”

“Pessoalmente, acho que você se fortalece mais facilmente quando luta à beira da vida
e da morte... isso é apenas uma opinião pessoal. Além disso, seria um pouco de vergonha
se nosso marido recém-casado perdesse a vida em treinamento.”

“Ohhh! De fato, tu és casado, não és?”

“Sim. Isso porque ela parece estar grávida.”

“É assim que um excelente guerreiro faz, ele tem boa precisão. Quantos tiros foram ne-
cessários, dois, três, talvez?”

Zaryusu deu um soco no ombro de Zenberu.

“Chega de conversa fiada, vamos começar a treinar. O que devemos fazer com as Elfas?”
“Ah, vamos deixá-las lá por enquanto.”

As Elfas que estavam chutando e batendo no cadáver, caíram em uma posição sentada
no chão, como marionetes cujas as cordas haviam sido cortadas. Hamsuke não podia sen-
tir vontade de lutar contra elas. Portanto, Hamsuke decidiu que, a menos que seu mestre
desse a ordem, ou que elas tentassem fugir, até a segunda ordem elas seriam deixadas
em paz.
Interlúdio
ouve uma ligeira mudança no movimento no ar diante de seu nariz, isso

H
[Soberano Dragão d e P l a t i n a ]
acordou um Dragão cujo pseudônimo era Platinum Dragonlord — Tsain-
dorcus=Vaision — de seu sono leve.

O que encheu sua consciência desperta foi a emoção de surpresa. Não teria
sido um exagero chamá-lo de choque.

As habilidades sensoriais afiadas dos Dragões excediam em muito as da humanidade.


Mesmo que seus inimigos se escondessem ou tentassem enganá-los com ilusões, os Dra-
gões poderiam imediatamente sentir seus oponentes de longe, mesmo quando estives-
sem dormindo.

Como um Dragonlord, seus sentidos eram mais agudos que os do Dragões comum.
Sendo esse o caso, qualquer um que pudesse chegar tão perto dele deve possuir habili-
dades incríveis.

Mesmo um ser longevo como ele só conhecia alguns seres com tais habilidades. Primeiro
foram seus companheiros Dragonlords. Então, um dos Treze Heróis que não estava mais
neste mundo, o assassino Ijaniya. E então, havia—

Ao sentir a pessoa que sua mente estava esboçando, Tsaindorcus=Vaision — Tsa, abre-
viado — levantou o canto da boca e abriu os olhos devagar.

Aos olhos de um dragão, a noite mais escura seria o dia mais brilhante.

Diante da presença que ele sentira, havia uma velha mulher humana orgulhosamente
de pé, com a mão na cintura. Ela evitou seus sentidos aguçados e chegou até aqui — o
sorriso de um brincalhão se espalhou por seu rosto enrugado pela idade.

“Faz algum tempo.”

Tsa não respondeu, simplesmente considerou a velha senhora.

Sua cabeça de cabelo branco mostrou quanto tempo ela viveu. No entanto, seu rosto
transbordava com uma vibração infantil em seu rosto que não correspondia aos seus
anos.

A idade poderia tê-la deixado magra e fraca, mas não mudara seu coração.

Tsa comparou como ela estava agora a como ela estava em suas memórias. As sobran-
celhas da velha senhora se levantaram, em um ângulo perigoso.

“O que é? Não pode sequer dar uma saudação a um velho amigo? Minha nossa, e pensar
que até os Dragões poderiam ficar senis.”

Tsa mostrou suas presas e riu amavelmente.


“Me perdoe. Vendo uma velha amiga me emocionou tanto que estremeci, então não
pude falar por um momento.”

Era difícil acreditar que uma voz tão gentil pudesse vir de um ser tão massivo. Em con-
traste, a resposta da velha senhora era exatamente como Tsa esperava, cheia de sar-
casmo.

“Velha amiga? Eu fui velha amiga daquela armadura vazia ali... toda surrada, como deve
ser.”

No passado, Tsa tinha viajado com a velha senhora e seu grupo controlando uma arma-
dura vazia como um substituto para si mesmo. Portanto, quando sua verdadeira identi-
dade surgiu, seus companheiros ficaram furiosos por serem enganados. O ressentimento
do passado ainda não tinha morrido, e ela ainda estava fazendo escarnio para ele até hoje.

Por um lado, ele esperava que ela esquecesse isso nem que fosse por um tempo. Por
outro lado, ele sentia que ser capaz de brincar com uma velha amiga como esta era uma
coisa alegre.

Sua conversa habitual trouxe um sorriso ao rosto de Tsa, e então notou o dedo da velha
senhora.

“Hm? O anel parece ter desaparecido. Onde é que puseste? Lembro-me de que ninguém
deveria poder tirar nada de você... mas esse é um poderoso item mágico além do domínio
da humanidade. Espero que não tenha chegado às mãos de elementos perigosos; parti-
cularmente, a Escritura Preta da Teocracia Slane.”

“Tentando mudar o tópico, né? Ainda assim, seus olhos estão afiados; são seus sentidos
de avareza dracônica entrando em vigor... oh bem, tudo bem. Eu dei para um jovem. Não
se preocupe com isso.”

Esse item não era algo que pudesse ser simplesmente doado.

Era um item mágico feito através do uso de Magia Selvagem. O poder da magia hoje
estava poluído e distorcido, portanto, fazer outro item desse tipo era muito difícil. Como
um dos poucos raros praticantes de Magia Selvagem, queria muito perguntar aonde exa-
tamente o anel tinha ido.

No entanto, confiava implicitamente nos seus amigos.

“Justo agora. Bem, desde que você decidiu desistir, eu duvido que você tenha errado...
certo, eu ouvi que você foi uma aventureira uma vez, estou certo? Você está aqui a negó-
cios?”
“Claro que não. Eu vim procurar um amigo para me divertir. Eu já me aposentei e não
sou mais aventureira. Não peça a uma velhinha como eu que trabalhe tanto; Eu entreguei
meus deveres daquela Bebê Chorona.”

“Aquela Bebê Chorona?”

Tsa pensou por um tempo e depois um lampejo de inspiração apareceu.

“...Você quer dizer ela?”

“Sim, a pequena Invern.”

“Ah~”

Tsa parecia perplexo.

“Você é provavelmente a única que pode chamá-la de pequena.”

“Sério? Você é ainda mais qualificado para chamá-la de pequena. Tenho a mesma idade
que aquela garota, mas você é muito mais velho do que isso, não é?”

“Isso é verdade... ainda assim, não posso acreditar que a garota estaria disposta a ser
uma aventureira. Que tipo de esquema você usou?”

“Hmph. Aquela Bebê Chorona continuou e não parou, então eu disse: “Se eu puder vencer
você, então você vai ter que me ouvir”, e então eu dei uma surra nela!”

A velha senhora riu “kakaka”. Sua risada parecia vir do fundo do seu coração.

“...Eu acho que você é a única humana que pode vencer aquela garota.”

Tsa soou como se tivesse suado frio e sacudiu a cabeça. Ao mesmo tempo, lembrou outro
de seus velhos amigos — um que lutou com os Deuses Demônios ao seu lado, que haviam
realizado grandes feitos na batalha contra o Deus Demônio Vermin.

“Bem, eu tive amigos me ajudando. Além disso, se você conhece os undeads, você sabe
como vencer os undeads. Se você não conseguir derrotar o poder da Terra, ainda poderá
explorar afinidades e compatibilidades elementares para transformar a tabela a seu fa-
vor. A Bebê Chorona é muito forte, mas outros são mais fortes que ela. Por exemplo, você
poderia facilmente vencer ela. Se você não se limitasse, seria o ser mais poderoso deste
mundo.”

O olhar da velha senhora mudou para o traje de armadura de platina. A velha senhora
imaginou que ela teria recebido uma resposta casual, mas a voz de Tsa era grave.
“Eu não sei sobre isso. O poder que polui o mundo pode ter começado a se mover mais
uma vez.”

Havia um buraco no ombro direito da armadura, como se tivesse sido perfurada por
uma lança.

“...Os tremores de cem anos estão chegando? Eles não estão do lado deste mundo como
o Líder foi?”

“...Poderia ser apenas um encontro infeliz, mas eu sinto que a Vampira que encontrei
era de natureza maligna. Falando nisso, enquanto eu imaginei que já era hora, não sei se
é boa sorte ou ruim que realmente me colocou em contato com alguém que poderia ve-
rificar o outro lado.”

“Escolha o lado da moeda que você preferir. Ah, sim, eu já mencionei isso antes, mas por
que não pedir ajuda aos outros Dragonlords?”

“A resposta ainda é a mesma; é muito difícil. Afinal, são os que não lutaram na guerra
[Soberano Dragão C e l e s t i a l ]
com os Oito Reis da Ganância. Por exemplo, eu sinto o Heavenly Dragonlord — que só
[Soberano D r a g ã o d a Escuridão Profunda]
sabe voar no céu — ou o Deep Darkness Dragonlord — que se esconde naquela caverna
subterrânea fazendo quem sabe o que — possivelmente não vão nos ajudar.”
[S ob er ano Dr agão B r i l h a n t e ]
“Justo agora. Não há outros como o Brightness Dragonlord? Dragonlords que tiveram
filhos com a humanidade? Tente conversar com eles; quem sabe, as coisas podem dar
certo?”

“...Possivelmente. Mas, pessoalmente, sinto que seria melhor acordar aquela que dorme
nos níveis mais baixos da cidade, que flutua no mar em busca de ajuda. Você teria melho-
res chances de sucesso.”

“Ela aguarda na terra dos sonhos, não é? Se tivéssemos preservado todo o conhecimento
do Líder, as coisas não seriam tão problemáticas. Ele morreu muito jovem.”

“Não podemos fazer nada agora. Ele... matou um companheiro — Um Jogador — com
quem ele passou sua jornada, e as coisas ficaram assim. Eu posso entender porque ele
recusou a ressurreição. Rigrit, você também ficou chocada, não foi?”

A velha senhora olhou para o longe e assentiu lentamente com uma expressão de dor
no rosto.

“Sim, sim... é verdade ... você está certo.”

“Rigrit, peço desculpas por perguntar isso a você, mesmo que você não seja mais uma
aventureira, mas posso pedir um favor a você?”
“O que seria? Eu tenho uma boa idéia, mas eu quero ouvir isso de você.”

Os olhos de Tsa foram para uma espada. A espada não parecia adequada para cortar,
mas o fio era afiado além do comparável. Era de um padrão que a magia moderna não
poderia fazer.

Esta espada — uma das oito grandes armas que os Oito Reis da Ganância deixaram para
trás — foi a razão pela qual Tsa não pôde deixar este lugar.

“Eu tenho feito isso até agora e espero que você possa me ajudar. Eu gostaria que você
coletasse informações sobre itens mágicos que podem rivalizar com aquela espada ali...
que possa rivalizar com Armas de Guilda. Ou talvez, itens especiais de YGGDRASIL como
a armadura reforçada que a Gota Vermelha — aqueles aventureiros adamantite do Reino
— possuem.”
Capítulo 04: Punhados de Esperança
Parte 1

al era a ferocidade do ataque que se assemelhava a uma inundação de uma

T
represa quebrada.

O inimigo era apenas uma massa de undeads fracos. Eles não eram nada
para a Foresight ter medo. No entanto, o que só poderia ser descrito como
um ataque em ondas não mostrava sinais de parar tão cedo.

Hekkeran limpou o suor do rosto depois de bater no décimo grupo de adversários desde
o início da batalha, um par de Ghasts.

Embora ele quisesse descansar, não havia tempo para isso. Ele engoliu um pouco de
água de uma bolsa na cintura e sinalizou uma retirada enquanto acalmava a respiração.
No entanto, ou melhor, como esperado, o inimigo não tinha intenção de dar-lhes tempo
para descansar.

Um grupo composto de três Guerreiros Skeletons, cada um segurando escudos redon-


dos e um par de Skeletons Magos com báculos na mão, saltaram de uma passagem lateral.

“Conserve sua mana!”

“Entendido.”

“—Entendido alto e claro.”

Numa situação como essa, em que poderiam ser surpreendidos a qualquer momento, a
magia — que poderia facilmente lidar com qualquer situação — era um trunfo que eles
não podiam usar casualmente. Por causa disso, eles haviam conservado o máximo de
mana possível.

Dito isto, várias de suas habilidades com usos limitados por dia já haviam sido esgotadas.
Este foi o resultado de ser inundado pela grande quantidade de armadilhas e undeads.

Havia Arqueiros Skeletons alinhados atrás de janelas gradeadas e fora do alcance das
espadas. Era difícil derrubá-los, já que os Skeletons eram resistentes a ataques penetran-
tes, mas Roberdyck era capaz de expurgar undeads.

Ele também era capaz de erradicar os undeads que jogavam frascos de gás venenoso
neles.

Quando os monstros conhecidos como Floor Imitator grudavam suas vítimas ao chão,
undeads voadores atacavam. Roberdyck os destruía um após o outro com sua habilidade
de expurgar undeads.
Ele também exorcizou uma equipe mista de vários undeads que poderiam causar efeitos
negativos como veneno, doença e maldição.

Como resultado, Roberdyck só tinha alguns usos de suas habilidades. Por outro lado,
eles conseguiram conservar outras habilidades, bem como mana. A única batalha difícil
tinha sido algo parecido com um Golem de Carne que tinha sido misturado com batalhão
de Zombies.

“Atenção! Múltiplos passos vindo de trás!”

“Reação undead detectada! Há seis deles!”

Quando Imina gritou sua advertência — seguida imediatamente por Roberdyck — as


tensões aumentaram. A razão pela qual os cinco Skeletons à sua frente ainda não tinham
lançado um ataque era provavelmente porque eles estavam esperando por uma chance
de executar um ataque de pinça.

Hekkeran considerou seu próximo passo.

Várias opções apareceram em uma lista em sua mente. Primeiro, eles poderiam fazer
um ataque preventivo contra os inimigos na frente deles e derrubá-los. Ou eles poderiam
lançar um ataque supremo contra os inimigos na frente deles, depois virar para atacar
seus perseguidores. Esse plano exigiria boas habilidades de observação para determinar
a força das tropas na frente e atrás, para só então se encarregar do grupo mais fraco pri-
meiro. Eles também podem usar a magia para impedir um lado e aproveitar a oportuni-
dade para romper o outro.

Eram todos métodos eficazes, mas nenhum deles poderia reverter a situação. Em um
momento de inspiração, Hekkeran decidiu confiar em seus instintos.

“Hekkeran! O que devemos fazer?”

“Retornar! Há um caminho na lateral! Recuem para lá!”

No instante em que sua voz soou, Imina, que era a retaguarda, começou a correr. Arche
e Roberdyck a seguiram. Hekkeran estava um passo atrás deles.

O fato de Imina estar correndo significava que não era uma distância impossível. Seus
outros companheiros de equipe estavam correndo com todas as suas forças, e então Hek-
keran correu o mais rápido que pôde. É claro, o inimigo não os deixaria escapar facil-
mente; eles ouviram os passos de vários undeads perseguindo-os implacavelmente.

“Provem isso!”

Hekkeran pegou um saco de cola alquímica e jogou-o para trás.


O fluido alquímico espirrou e espalhou-se pelo chão.

Os resultados foram imediatos; o som de passos parou instantaneamente.

Undeads inteligentes poderiam ter feito um desvio, mas tal pensamento era impossível
para undeads mais simples. Além disso, os Skeletons não tinham força muscular e, assim,
seria muito difícil se libertar uma vez que estavam presos.

“Mais reações undeads! Quatro na direita!”

“É uma parede!”

“Não, é uma ilusão!”

Quatro Ghouls fizeram uma investida através da parede. Embora fossem undeads ma-
gricelas que eram pouco mais que pele e ossos, eles ainda eram uma visão assustadora
ao atacar com suas garras esticadas e amareladas. Dito isto, não havia ninguém nessa
equipe que se assustasse com tal ataque.

“Não me subestime!”

Aparentemente não afetada pela emboscada, Imina imediatamente desembainhou sua


espada curta e a moveu no pescoço de um Ghoul. Um líquido de aparência suja escorria
no lugar de sangue e a criatura caiu. Ao lado dela, Roberdyck moveu sua maça com toda
a força e esmagou o crânio de outro Ghoul.

Julgando que era seguro deixar os dois sozinhos, Hekkeran voltou sua atenção para a
retaguarda. Eles ainda estavam sendo perseguidos. Ele deveria jogar outro saco de cola
só para garantir?

Assim como Hekkeran estava prestes a lançar um, a forma de um undead aterrorizante
apareceu à vista.

“Elder Lich!”

Ao mesmo tempo, ele notou um raio crepitando no dedo do Elder Lich. Hekkeran estava
familiarizado com a magia em questão.

「Lightning」 produzia uma linha reta de eletricidade penetrante e só havia uma ma-
neira de evitá-la.

“—Empurre os Ghouls!”

Nem Imina nem Roberdyck entendiam o porquê Hekkeran dava esse comando, mas
obedeciam sem hesitação.
Um raio branco relampejou pelo corredor assim que os quatro empurraram os Ghouls
pela parede ilusória.

O ar crepitava e Hekkeran sentiu um círculo mágico se ativar sob seus pés. No momento
seguinte, eles foram envolvidos em uma luz azul pálida inevitável, e a paisagem diante
deles mudou.

“Seja cuidadoso! Fique alerta!...?”

Embora os Ghouls tivessem desaparecido e os arredores fossem diferentes, eles ainda


estavam no limite da batalha. Mesmo assim, depois de uma ocorrência tão inesperada,
não foi surpresa que eles ficaram estupefatos por alguns instantes.

Hekkeran balançou a cabeça, recuperando o foco. A coisa mais básica que ele tinha que
fazer — embora aprender sobre sua situação atual também fosse importante — era ga-
rantir a segurança de seus companheiros.

Imina, Arche e Roberdyck.

Todos os outros membros da Foresight mantiveram sua formação quando o círculo má-
gico foi ativado, e ninguém estava faltando.

Depois de confirmarem que todos estavam sãos e salvos, os quatro continuaram obser-
vando os arredores.

Este lugar era um corredor largo, mal iluminado e com um teto alto. Até um gigante
podia andar livremente por aqui. As chamas bruxuleantes das tochas distantes propor-
cionavam uma iluminação instável e, à sua luz, as longas sombras pareciam dançar. Ao
longo do túnel e à frente deles havia algum tipo de portão de treliça, como um rastrilho.
Raios de luz branca e mágica brilhavam através das aberturas de sua superfície. Atrás
deles, o caminho se estendia na escuridão e, ao longo do caminho, várias portas se
abrindo para o corredor podiam ser vistas, iluminadas por tochas.

Com todos permanecendo quietos, apenas o crepitar das tochas podia ser ouvido.

De qualquer forma, eles não pareciam estar em perigo de serem atacados imediata-
mente. Depois que perceberam isso, a tensão diminuiu.

“Embora eu não saiba onde este lugar é, ele tem uma atmosfera completamente dife-
rente do que vimos até agora.”

O estilo deste lugar era completamente diferente da tumba que eles tinham acabado de
deixar. De fato, sinais de civilização podem ser vistos aqui. Os membros da Foresight exa-
minavam o ambiente ao redor e, enquanto tentavam entender onde ficava esse lugar, só
a atitude de Arche era diferente das demais.
“—Este lugar é...”

Percebendo profundamente o significado por trás das palavras, Hekkeran perguntou a


Arche:

“Você sabe? Ou talvez tenha uma pista?”

“—Eu sei de um lugar semelhante. A grande arena do Império.”

“Ah... de fato, você está certa.”

Roberdyck grunhiu de acordo. Embora Hekkeran e Imina não tenham dito nada, eles
também compartilhavam a opinião de Roberdyck.

Quando o Foresight fez sua estreia na arena, eles passaram por um lugar parecido com
este quando estavam indo da sala de espera para a arena.

“Isso significa que a arena deve estar por trás disso.”

Roberdyck apontou para o portão de treliça.

“Esse deve ser o caso... então ser teleportado para este lugar significa que... esse lutar é
o que estou pensando?”

Eles deveriam lutar em uma arena. Embora não soubessem quem ou o que poderia estar
esperando por eles.

“—É perigoso. Teletransporte de longa distância é considerado magia de quinto nível.


Ser capaz de usar esse tipo de magia como uma armadilha era algo que só ouvi em lendas.
Este lugar deve ter sido construído por alguém com habilidade inimaginável em magia.
Não é favorável aceitarmos o convite do adversário. Sugiro que prossigamos na direção
oposta.”

“Mas, se aceitarmos o convite do adversário, você não acha que pode haver um caminho
para a sobrevivência? Rejeitar não nos levaria para o oposto disso?”

“Ambos os lados parecem perigosos. Rober, o que você acha?”

“Resta algo a fazer quanto aos dois argumentos. Mas tenho algumas dúvidas sobre o que
a Arche-san disse. Isso é realmente uma armadilha colocada pela pessoa que atualmente
mora aqui? Será que eles estão apenas usando algo criado por um terceiro desconhecido?”

Eles se entreolharam e expiraram em uníssono. Não havia sentido em ficar aqui e dis-
cutir o assunto mais adiante. Eles não tinham informações suficientes e suas opiniões
não combinavam, mas precisavam tomar uma decisão agora.
“—O que Rober disse faz sentido. Quem sabe, talvez tenha sido feito há quinhentos anos.”

“Ah. As técnicas mágicas eram mais avançadas no passado.”

“Você está se referindo aos seres que dominaram o continente e cujo país se despedaçou
quase imediatamente, dos quais apenas a capital permanece hoje?”

“—Os Oito Reis da Ganância. Eles são considerados aqueles que espalham a existência
da magia através deste mundo. Se isso é uma relíquia daquela época, então talvez...”

“...Entendo. Então sou a favor de dar o fora dessa arena. De qualquer forma, desde que
fomos trazidos para cá por uma armadilha, eles não nos permitiram escapar.”

Em resposta à declaração de Roberdyck, todos concordaram, reuniram sua determina-


ção e começaram a se mover.

Quando se aproximaram do portão, ele subiu com velocidade impressionante, como se


estivesse esperando por eles todo esse tempo. A primeira coisa que viram quando entra-
ram na arena foram filas e mais filas de assentos na plateia ao redor da arena.

A arena não era menos impressionante que a do Império. Na verdade, pode ter sido
ainda mais, dado que estava coberta de lanternas encantadas com 「Continual Light」,
que iluminava tão intensamente o terreno como se fosse o dia.

Todos da Foresight ficaram surpresos, especialmente quando vislumbraram o público


acima deles.

Isso porque sentados ali havia inumeráveis figuras de barro, os bonecos conhecidos
como Golems.

Golems eram criaturas inorgânicas criadas através de meios mágicos, que cumpriam
obedientemente os comandos de seu mestre assim que as recebiam. Sem a necessidade
de comida ou sono, e imunes à fadiga e até à devastação do tempo, eles eram guardados
como guardiões e mão de obra. Além disso, como a produção exigia tempo, esforço e
custo consideráveis, até mesmo os mais fracos custavam um preço formidável.

Mesmo Hekkeran e os outros, que eram bem pagos, achariam difícil comprar um Golem.

Eles eram construções valiosas, e essa arena parecia estar transbordando deles.

Para Hekkeran, falava de quão rica era a pessoa que possuía essa arena, e também de
quão solitária se sentia.

Eles olharam brevemente para o rosto um do outro, como se já tivessem vindo aqui
muitas vezes antes, e então caminharam silenciosamente em direção ao centro da arena.
“Saímos da tumba?”

Em resposta à voz de Imina, eles ergueram os olhos e viram o céu noturno. A iluminação
ao redor era forte e eclipsava a luz das estrelas, mas, mesmo assim, não havia dúvida de
que esta arena estava aberta para o céu noturno.

“Nós fomos teletransportados para fora?”

“—Então, poderíamos usar magia de vôo para escapar—”

“TOOOOOH!”

Uma figura pulou da sacada da área VIP, no mesmo ritmo da voz que havia interrompido
as palavras de Arche.

A figura deu uma cambalhota no ar quando descia de uma altura que parecia mais ou
menos equivalente a um prédio de seis andares, fazendo as pessoas pensarem se poderia
ter asas quando aterrissou graciosamente no chão. Não havia magia no trabalho lá, ape-
nas pura capacidade física. Mesmo Imina, a ladina, teve sua respiração levada pela per-
feição do movimento.

A figura que havia absorvido o impacto com uma mera flexão dos joelhos sorriu brilhan-
temente.

Diante deles estava um jovem Elfo Negro.

As longas orelhas que emergiram dentre os fios dourados e sedosos de seu cabelo se
contraíram levemente, e ele sorriu tão brilhantemente quanto o sol.

Ele estava completamente vestido com uma armadura de couro firme e justa, feita de
escamas de Dragão de cores pretas e vermelho carmesins, sobre as quais ele usava um
colete branco bordado com fios dourados. Havia um emblema costurado no peito da ja-
queta.

Vendo seus olhos heterocrômicos, Imina soltou um suspiro de surpresa.

“—Ah!”

“—Os adversários chegaram!”

O garoto falou com o objeto que ele segurava, parecia uma vareta, suas palavras ampli-
ficadas ressoaram por toda a arena.

A arena tremeu e estremeceu com a voz exclamada e alegre do menino.


Olhando em volta, parecia que os Golems que permaneceram imóveis até então estavam
pisando no chão para fazer barulho.

“Os desafiantes são quatro tolos imprudentes que invadiram a Grande Tumba de Naza-
rick! E, de frente para eles, está o mestre da Grande Tumba de Nazarick, o Supremo Rei
da Morte, Ainz! Ooal! Gown-sama!”

O rastrilho do lado oposto da arena subiu ao mesmo tempo em que a voz do Elfo Negro
soou. Da escuridão do caminho, um ser entrou na luz. Em uma palavra, era algo esquelé-
tico.

A luminosidade carmesim cintilava dentro das cavidades oculares do crânio branco.

Estava equipado com uma vestimenta que parecia um vestido e, como não havia mús-
culos em que o roupão estivesse preso na cintura, parecia incrivelmente magro. A julgar
pelo fato de não conter armas, era provavelmente um tipo de magic caster.

“Ooh! E acompanhando-o, a Supervisora Guardiã, Albedo!”

Os membros da Foresight prenderam a respiração quando viram a mulher que seguia


atrás como uma criada.

Ela era uma visão inigualável que superou até mesmo a Bela Princesa da Escuridão
(Nabe). Sua beleza nunca poderia ser alcançada por seres humanos, e dois chifres saiam
de cada lado da parietal e se curvavam suavemente de ambos os lados ao chegar na testa.
Na cintura dela havia um par de asas negras. Eles pareciam tão realistas que não pode-
riam ter sido criados artificialmente.

A arena tremeu, como se quisesse saudar a estreia desses dois novos participantes, an-
tes de se transformar em aplausos estrondosos. Foi uma recepção condizente com a che-
gada de um Rei.

As duas pessoas se aproximaram do Foresight em meio aos aplausos estrondosos dos


Golems ao redor.

“—Sinto muito...”

Resmungou Arche, e continuou:

“—Acabamos assim por minha causa.”

O que se seguiria provavelmente seria a batalha mais cansativa que Foresight jamais
enfrentara. Com toda a probabilidade, um ou mais deles morreriam. Arche provavel-
mente achava que eles haviam mergulhado em uma situação tão terrível por causa de si
mesma. Sem sua dívida, talvez eles não tivessem aceitado essa tarefa para investigar uma
tumba que eles obviamente não conheciam o suficiente.
Contudo—

“Ei ei, que bobagem que essa garota está balbuciando?”

“De fato. Foi a decisão de todos de ir a este trabalho. Não teve nada a ver com você. Você
não acha que teríamos feito isso mesmo se você não tivesse dito nada?”

“É assim que é, então não há necessidade de se preocupar.”

Hekkeran e Roberdyck sorriram enquanto falavam, e Imina deu um afago na cabeça de


Arche.

“Bem, então, embora não haja nenhum ponto planejando agora, nós ainda deveríamos
ter uma discussão. Arche, você consegue identificar essa criatura undead?”

“—Parece ser inteligente, talvez seja do tipo Skeleton de alto nível?”

O Skeleton em questão, Ainz, acenou com a mão diante deles. O movimento parecia
como se estivesse limpando alguma coisa.

Os sons desapareceram. Em um instante, os movimentos dos Golems pararam e o silên-


cio quase doloroso retornou. Hekkeran curvou-se educadamente para Ainz, que estava
se virando lentamente para encará-los.

“Primeiramente eu gostaria de me desculpar, Ainz Ooal... dono.”

“...É Ainz Ooal Gown.”

“Me desculpe. Ainz Ooal Gown-dono.”

Ainz parou e levantou o queixo, como se estivesse esperando por um inferior para con-
tinuar.

“Desejamos pedir desculpas por entrar na sua tumba sem permissão. Se puder achar em
seu coração que nos perdoe, teremos o prazer de pagar a compensação apropriada para
expiar nossas transgressões.”

O tempo passou em silêncio. Então Ainz suspirou. Claro, como um undead, Ainz não ti-
nha necessidade de respirar. No entanto, ele fez isso para transmitir sua mensagem.

“É assim que você resolve as coisas de onde vem? Depois que alguém come em sua casa
e deixa resíduos atrás dos quais brotam vermes, você realmente lhe mostraria mais mi-
sericórdia do que uma morte rápida?”

“Humanos não são vermes!”


“Não vejo diferença. Pelo menos são para mim. Ou não, talvez os seres humanos sejam
ainda mais baixos que eles. Se uma larva nascer, a culpa é da mosca. Você, no entanto, é
diferente. Você não foi arrastado contra a sua vontade, nem tem qualquer razão particu-
larmente convincente para vir aqui, mas você atacou esta Tumba que poderia ter pessoas
vivendo nela, com a intenção de saquear seus tesouros, puramente para satisfazer sua
ganância sem valor!”

Ainz riu.

“Ah, não leve isso ao coração. Eu não estou te culpando. É natural que o forte roube do
fraco. Eu fiz isso sozinho e não me considero uma exceção a essa regra. Foi precisamente
porque poderia haver alguém mais forte do que eu que eu estava em guarda... Agora, o
tempo para brincadeiras ociosas acabou. De acordo com o princípio do forte subjugar os
fracos, eu reivindicarei uma coisa de você.”

“Não, na verdade, há uma boa raza—”

“Silêncio!”

Ainz declarou em uma voz que não permitia nenhuma interrupção, e completou:

“Não me aborreça com suas mentiras! Então, você pagará pelo seu erro tolo com a sua
vida.”

“E se tivéssemos permissão?”

Ainz congelou. Aparentemente, isso havia chegado até ele.

Hekkeran ficou surpreso que uma única sentença pudesse ter tido um efeito tão grande,
mas é claro que ele não demonstrou isso em seu rosto. Quando tudo parecia perdido, um
raio de esperança brilhou na escuridão. Claramente, ele teve que aproveitá-lo.

“...Absurdo.”

Era uma voz mansa e delicada, quase à beira de desaparecer.

“Totalmente absurdo, não é nada além de um blefe. O que você ganha me irritando?”

Seu desconforto estava se espalhando, e até o Elfo Negro ao lado dele estava começando
a parecer desconfortável. Quando ele se virou para olhar para a última pessoa, arrepios
percorreram todo o corpo de Hekkeran.

A beleza por trás deles ainda estava sorrindo. Mas ela irradiava uma intenção assassina
que contorcia a testa de Hekkeran com o suor.
“E se fosse verdade?”

“...Não... não... deve ser um blefe. Absolutamente impossível. Vocês todos deveriam ser
oferendas dançando na palma da minha mão...”

Ainz balançou a cabeça e olhou fixamente para Hekkeran com um olhar que parecia
atravessar ele.

“Mas... no entanto... eu... sim, isso mesmo, apenas no caso, eu vou te ouvir... quem lhe deu
essa permissão?”

“Você não conhece ele?”

“Ele...?”

“Ele não disse como se chamava, mas ele era um monstro muito grande.”

Hekkeran pensou desesperadamente onde isso tudo chegaria, onde ele poderia escapar
do perigo.

Era uma pergunta que apenas uma pessoa paralisada pela indecisão perguntaria, por-
que apenas perguntando se a pessoa poderia saber o que era verdadeiro ou falso.

É como se ele fosse humano.

Pensou Hekkeran. Esta não foi a reação de um monstro, mas de um covarde. Esta foi
uma boa chance.

“Diga-me como ele era.”

“...Ele era muito, muito grande...”

“Muito, muito grande...”

Quando Ainz desceu em outra rodada de introspecção, Hekkeran refletiu que eles ha-
viam evitado o perigo mais uma vez, e respiraram aliviados. Ele gesticulou para seus co-
legas com pequenos movimentos de seus dedos, dizendo-lhes para encontrar uma rota
de fuga. Ainz não agia sem confirmar a verdade ou falsidade das palavras de Hekkeran.
Isso foi o tempo todo que eles tiveram que pensar em como sair daqui.

“O que ele te falou?”

Quem sabe, alguém pode ter usado uma magia de charme ou dominação ou alguma outra
habilidade especial...

“Antes disso, espero que você possa garantir nossa segurança.”


“O quê? ...Se você de fato obteve a permissão de um de meus amigos, então sua segu-
rança está garantida. Não tenha medo.”

Uma nova palavra — amigo.

Hekkeran analisou as informações que acabara de obter. Dos acontecimentos da nego-


ciação, ele havia aprendido que Ainz Ooal Gown tinha amigos, com os quais ele não estava
em contato.

O segredo do truque era expor as informações que sua marca queria e forçá-lo a cometer
um erro.

“...Bem? Por que tão quieto? Então me deixe ouvir o que a pessoa que você conheceu
disse a você.”

Ele tinha feito isso em todas as alternativas para o sucesso no blefe. Agora ele tinha que
fazer isso de novo. Suas palmas suavam profusamente.

“Ele disse para dar seus cumprimentos a Ainz na Grande Tumba de Nazarick.”

“...Ainz?”

Sua inquietação parou de repente. Hekkeran notou, e uma expressão de “fodeu” se es-
palhou pelo rosto dele.

“...Ele disse, para dar seus cumprimentos a Ainz?”

Hekkeran se fortaleceu. Afinal de contas, as palavras faladas não poderiam ser retoma-
das.

“...Sim.”

“Kuhahahahaha!”

Ainz riu quando ouviu a resposta de Hekkeran. Isso não foi uma risada feliz. Foi uma
risada que poderia ser melhor descrita como vulcânica.

“Hah... bem, perdemos tanto tempo por isso. Embora, na verdade, quando você pensa
com calma, certamente haveria buracos nessa história.”

Os movimentos de Ainz pararam e ele se virou para olhar para Hekkeran. Os fogos car-
mesins brilhando em suas órbitas oculares ficaram escuros, consumidos pelas trevas que
os rodeava e reduzindo suas pupilas a pontos de luz vermelha. Hekkeran e os outros de-
ram um passo para trás, como se a mera linha de visão de Ainz estivesse exercendo pres-
são física sobre eles.
Dentro daquele brilho estava a mais pura raiva.

“VOCÊS, LIXOOOOOOOS! VOCÊS SE ATREVEM! VOCÊS SE ATREVEM A TRAZER SUA


IMUNDICEEE! ESSAS BOTAS IMUNDAS EM NAZARICK, QUE EU, QUE NÓS, MEUS AMIGOS
E EU, CRIAMOS!?”

Tão intensa foi sua fúria que Ainz ficou impressionado sem palavras. Suas omoplatas se
moviam como se ele estivesse respirando profundamente, e ele continuou.

“E VOCÊ! VOCÊ SE ATREVE A USAR O MEU NOME, E FALAR EM NOME DOS MEUS QUE-
RIDOS AMIGOS! VOCÊ OUSA USÁ-LO PARA ME ENGANAR! SEU MERDA! VOCÊ ACHA QUE
ISSO PODE SER PERDOADO?!”

Ainz estava gritando furiosamente.

Não teria sido uma surpresa se sua raiva tivesse durado para sempre. No entanto, seu
rancor de repente desapareceu, e ele voltou a sua calma habitual.

Foi uma mudança repentina, como se a emoção tivesse sido simplesmente desligada. A
mudança abrupta foi suficiente para fazer Hekkeran e sua equipe, que estavam enfren-
tando Ainz, pensar que algo estava errado.

“...Embora isso me deixou com bastante raiva, a falha não é sua. Claro que você contaria
uma mentira ultrajante para preservar suas vidas. Para falar a verdade, ainda estou
muito bravo... acho que ainda sou muito obstinado. Albedo. Aura. E todos os Guardiões
que podem ouvir minha voz, todos, cubram suas orelhas!”

A beleza absoluta e o Elfo Negro ouviam atentamente. O Elfo Negro enfiou os dedos nos
ouvidos, enquanto a beldade cobria delicadamente os ouvidos com as mãos. Isto foi, sem
dúvida, para mostrar que eles não iriam ouvir o que ele diria.

“Desde o início, eu me opus a esse plano de convidar ladrões imundos para a minha
Grande Tumba de Nazarick. Mas dito isso, eu entendo que este foi o melhor método, por
isso aceitei.”

Ainz olhou para trás e balançou a cabeça arrependido.

“Bom, isso é tudo. Meu monólogo acabou. Como uma misericórdia final, eu queria te
conceder a morte de um guerreiro, mas agora mudei de idéia. Agora vou me livrar de
você como os ladrões do jeito que merecem.”

Enquanto conversava como se fosse problema de outra pessoa, Ainz abriu o manto.

Naturalmente, havia ossos abaixo. Um orbe vermelho escuro flutuava sob suas costelas,
emanando uma sensação de medo. Ele não tinha nada além de suas calças e caneleiras...
Não, havia mais um item. Havia um colar de couro em volta do pescoço, com uma cor-
rente quebrada até a metade.

“Ohhhhh!”

Um som estranho veio de cima deles.

Olhando para cima, eles puderam ver a parte superior do corpo de uma menina de ca-
belos prateados inclinada para fora da área VIP. Ela foi imediatamente puxada de volta
por uma mão com luva azul.

“...Que droga ela pensa que está fazendo?”

“Eu vou repreendê-la mais tarde.”

Quando conseguiram recuperar os sentidos e focalizá-los de volta em Ainz, ele havia


produzido uma espada preta de lâmina única e um escudo preto redondo do nada.

“Então, do meu lado estou pronto. Vamos começar.”

Ele abriu um pouco os pés — era uma postura de luta.

“Albedo e Aura, vocês podem parar de cobrir os ouvidos.”

As duas pessoas abordadas reagiram imediatamente e retornaram as mãos para os la-


dos.

“Estou de mau humor agora. Pensar que encontraria companheiros assim. Então eu vou
brincar com eles sem matá-los, e deixarei a disposição para você. Agora vamos começar.”

Enquanto Hekkeran encarava Ainz, equipado com espada e escudo, o primeiro pensa-
mento de Hekkeran foi que seu oponente não era um guerreiro ou um espadachim. Se
pressionado, ele diria que ele era como um monstro, do tipo que usaria suas excelentes
habilidades físicas para dominar seu oponente.

Tanto a postura quanto pose pareciam de um amador. Mas ele irradiava uma forte pres-
são, parecendo maior que a vida.

Para um ser assim, o movimento temível que poderiam fazer seria simplesmente atacar.

“Não virão? Então, permita-me.”

Ainz correu assim acabou de falar.

Sua velocidade era assustadora, reduzindo a distância entre ele e seus inimigos em um
instante.
Ele seguiu com um grande golpe para baixo de cima.

O ataque teve aberturas por toda parte, mas teve grande poder destrutivo. Nas mãos de
um poderoso ser com incrível habilidade física, era um golpe de espada que poderia ma-
tar qualquer coisa que atingisse.

—Receber isso seria muito perigoso.

Hekkeran chegou a essa conclusão em um instante, quando sentiu a lâmina de alta ve-
locidade descendo sobre ele. Um bloqueio duro transformaria isso em uma disputa de
poder, e ele sabia que ficaria sobrecarregado se colocasse sua força contra Ainz.

Sendo esse o caso, havia apenas uma opção—

A espada de Ainz desceu no chão, o eco persistente e a vibração de aço contra o aço se
desvanecendo no ar.

—Defletir o golpe e guiando para longe do corpo dele.

Normalmente, quem atacasse seria desequilibrado depois de ter o golpe defletido, e isso
seria uma grande chance para um contra-ataque. Mas Ainz nem sequer se moveu. Era
como se ele soubesse que determinada sequência de eventos iria acontecer, e ele havia
redefinido sua postura para sua posição original.

Hekkeran percebeu que havia cometido um grande erro.

Nada de bom! Eu o subestimei! Mas a única coisa que posso fazer é lutar!

Ele apontou para a cabeça de Ainz. Ele usou uma arte marcial—

“《Golpe das Lâminas Gêmeas》!”

As duas espadas traçaram arcos reluzentes no ar enquanto corriam em direção à cabeça


de Ainz. Normalmente, as armas de impacto seriam mais eficazes contra um inimigo do
tipo Skeleton como Ainz, mas Hekkeran era mais adepto de armas cortantes, e não tão
proficiente com armas de impacto.

Seu principal objetivo era tentar infligir alguns danos em Ainz. Ele infligiu tantos ata-
ques quanto pôde contra Ainz, não se importando se eles acertassem ou errassem, na
esperança de que pelo menos um deles conseguisse atravessá-lo e acertar.

As espadas gêmeas dispararam na direção da cabeça do oponente.

Uma pessoa comum seria praticamente indefensável.


Um oponente de primeira classe poderia causar um arranhão.

Então qual deles esse monstro era?

“Hnh!”

Ainz interpôs seu escudo no caminho das espadas. Pessoas normais não teriam sido ca-
pazes de realizá-lo, mas com força física e velocidade esmagadoras, foi possível.

“—「Magic Arrow」!”

“「Lesser Dexterity」!”

Quando o escudo bloqueou os dois ataques, a magia de Arche enviou um raio branco
para Ainz. Ao mesmo tempo, enquanto o som de metal ainda batia no ar, Roberdyck lan-
çou uma magia para aumentar a agilidade de Hekkeran.

“Brincadeira de criança.”

Ainz nem se incomodou em olhar para Arche. O míssil de luz cintilou e desapareceu da
existência antes mesmo de tocar Ainz. Uma expressão chocada apareceu no rosto de Ar-
che.

“Imunidade a magia? Mas como?”

“Hmph!”

Em resposta, Ainz balançou o escudo no rosto de Hekkeran.

Um golpe de escudo, é isso!

Os fundamentos amplamente conhecidos das habilidades de luta ressoaram em sua ca-


beça. Hekkeran decidiu transformar esse perigo em uma oportunidade e fez seu movi-
mento. Ele apontou para a barriga, argumentando que a maior parte do escudo criaria
um ponto cego na defesa.

No entanto, Ainz facilmente deslizou sua lâmina com a espada preta.

—Ele viu através disso!

Seus olhos se fixaram em um escudo, estava tão perto que parecia uma parede diante
de seus dentes, e Hekkeram mal conseguiu escapar do golpe — e então uma caneleira
veio por baixo e o chutou.

Um chute normal não era nada para se ter medo. No entanto, através de sua breve troca
de golpes de agora, ele estava plenamente consciente de que devido à incrível força de
Ainz — apesar de não ter músculos —, qualquer ataque que ele fizesse poderia matá-lo
de uma só vez. Recebendo um mero golpe poderia resultar em uma ferida mortal.

Hekkeran freneticamente rolou para longe. Sem o apoio de Roberdyck, isso seria impos-
sível. O vácuo na passagem do chute cortou vários de seus cabelos, e um calafrio percor-
reu sua espinha.

“Por aqui!”

Imina lançou duas flechas de seu arco. Por ela gritar, não foi um ataque furtivo, e Ainz
casualmente evitou.

As flechas passaram por ele, errando o alvo.

Para começar, as flechas não eram eficazes em monstros do tipo Skeleton como Ainz.
Ela esperava que ele não se importasse em evitá-los e casualmente recebesse os acertos,
mas parecia que isso não ia acontecer. As flechas que ela havia soltado haviam pontas
achatadas, como uma pá; elas eram flechas mágicas especialmente projetadas que cau-
sariam dano de impacto. Se não tivessem sido evitados, deveriam ter sido capazes de
efetivamente danificar até mesmo os adversários tipo Skeleton.

Pelo menos, era assim que deveria acontecer, mas mesmo que não fosse o caso, não ha-
via nada a lamentar. Hekkeran aproveitou a oportunidade para se levantar e aumentar
ligeiramente a distância entre ele e Ainz. O grito de Imina também foi dar a Hekkeran a
chance de se levantar.

“《Golpe das Lâminas Gêmeas》!”

“Hah!”

Os dois cortes foram facilmente desviados pela espada única. O choque da deflexão en-
viou tremores através das mãos de Hekkeran.

Que cara problemático, é isso que acontece quando você dá treinamento de guerreiro a
um monstro com habilidades sobre-humanas? Quão forte é ele?

O preço de usar repetidamente seus movimentos de morte-instantânea era o rápido es-


gotamento da resistência mental. Seu cérebro parecia estar gritando de cansaço, então
Hekkeran decidiu recuar.

Claro, Ainz não permitiria isso.

“Como se eu fosse deixar você escapar!”

Ainz fez sua investida. Isso era de se esperar — recuar era mais lento do que avançar.
Assim quando ele estava prestes a alcançar Hekkeran, algo assobiou pelo ar, voando
diretamente para a lateral de seu rosto.

Uma flecha de alta velocidade veio de trás das costas de Hekkeran — escondida por seu
corpo. Uma pessoa normal não teria sido capaz de evitá-la. No entanto, contra Ainz com
seus reflexos sobre-humanos, ainda não era o suficiente.

“—「Flash」!”

“「Lesser Strength」!”

Um clarão brilhante de luz estourou na frente de Ainz. Se ele resistiu ou não, a magia
iria cegá-lo por um momento, mas parecia inútil contra Ainz. Tudo o que fez foi irritá-lo.

“Interferências de intrometidos!”

Ainz clicou sua língua inexistente em Hekkeran, que havia fechado a lacuna graças a sua
força e destreza aumentadas.

“—「Reinforce Armor」!”

“「Anti-Evil Protection」!”

As magias de apoio de Arche e Roberdyck haviam solidificado a defesa de Hekkeran.

Tendo evitado o ataque de Hekkeran e desviado suas espadas, Ainz estava prestes a res-
ponder mais uma vez quando outra flecha voou em seu rosto.

“...Hmph!”

A facilidade casual com que Ainz escapou da flecha simplesmente virando o rosto era
condizente com o soberano da Tumba e com um guerreiro monstruoso.

Hekkeran usou a breve abertura feita pelo fogo de cobertura para se afastar, e o suor
percorria seu corpo do breve, mas intenso combate.

Ele já sabia disso, mas Ainz Ooal Gown era muito forte.

Os seres humanos não podiam esperar combinar suas habilidades físicas. Pior ainda, ele
tinha a técnica para fazer pleno uso de sua força e velocidade sobre-humana. Suas habi-
lidades de observação podiam ver através das fintas. Ele tinha a noção exata de cada
membro da Foresight. Combinado com sua resistência à magia, espada e escudo encan-
tados que ele carregava; ele era tudo que um guerreiro desejava ser.

Mas havia uma razão pela qual eles poderiam estar cara-a-cara com um homem assim.
Para ser justo, ele tinha sido duramente pressionado para se manter firme. Se ele tivesse
interpretado mal o ângulo da espada e não conseguisse aparar, suas espadas teriam sido
arruinadas e ele provavelmente teria sofrido uma ferida fatal. Um pequeno erro em esti-
mar a velocidade da espada negra teria resultado em ele ser cortado ao meio. O fato de
que todos os seus movimentos foram bem executados não fôra mera questão de sorte.

No entanto, havia uma razão ainda mais importante além disso.

Essa razão era o trabalho em equipe.

Foi precisamente porque eles tinham caminhado à beira da vida e da morte juntos, e
estavam intimamente conscientes do que cada um dos outros estava pensando, que eles
poderiam se mover e agir como uma coletividade.

Foi assim que o grupo Foresight pôde enfrentar o indivíduo mais poderoso, Ainz Ooal
Gown.

Um leve sorriso levantou o canto da boca de Hekkeran.

Até agora, Ainz estava intocado. Certamente, ele era muito forte. Mas ele não era inven-
cível.

Com essa convicção em seu coração, ele balançou suas espadas gêmeas.

O golpe de espada de Hekkeran, o mais rápido que seu corpo aperfeiçoado poderia pro-
duzir, foi desviado pelo escudo preto redondo. A flecha voando foi interditada pela es-
pada negra. Arche e Roberdyck usaram essa abertura para aperfeiçoar ainda mais o
corpo de Hekkeran.

Já que Ainz tinha estalado sua língua, a hostilidade em relação ao grupo estava enfra-
quecendo rapidamente.

Depois de considerar se deveria ou não pressionar o ataque, Hekkeran decidiu recuar e


acalmar sua respiração frenética. Os undeads como Ainz não se cansariam, não importa
quanto tempo ou o quanto ele lutasse, mas humanos como Hekkeran e os outros ficariam
exaustos. Prolongar a batalha era uma má idéia. Ele tinha que descansar sempre que ti-
vesse a chance.

“Então... como eu pensei, eu ainda não consegui dar um golpe decisivo. Eu pensei que
tinha a vantagem em força, habilidades e conhecimento sobre o que você poderia fazer,
mas quando estou realmente envolvido em batalha, ainda fico com dificuldades... Por
exemplo, por que eu ainda não abati ninguém?”

Ainz encolheu os ombros em aborrecimento. Hekkeran, que assistia do lado oposto de


Ainz, não se sentiu particularmente irritado com seu tom paternalista.
Na verdade, esse era o poder do trabalho em equipe. Hekkeran sorriu como se tivesse
sido elogiado.

No meio de tudo isso, a beleza que estivera em silêncio até agora finalmente falou.

“—Ainz-sama. Talvez o senhor deva terminar essa charada aqui?”

“O quê?”

“Perdoe a minha grosseria, mas acho difícil acreditar que o senhor permitiria a liber-
dade contínua para esses bandidos a esta altura, esses ladrões que ousaram usar o nome
dos Seres Supremos para enganá-lo. Talvez seja a hora da misericórdia, a que lhes con-
cederia um fim?”

“Ei, Albedo. Se você falar com o Ainz-sama assim...”

“—Tudo bem, Aura. Essa é uma boa opinião.”

Ainz balançou a cabeça.

“E isso é suficiente. Eu ganhei experiência suficiente desta batalha.”

“Realmente maravilhoso eu não esperava nada menos do supremo que me governa.”

“Hah, mesmo. Bem, isso é certamente motivo de comemoração. Embora eu saiba que
você está me divertindo, o elogio de um guerreiro cujas habilidades excedem as minhas
ainda é agradável para mim.”

“Eu não sonharia em enganá-lo com falsos elogios essas palavras vieram do fundo do
meu coração.”

“Mesmo? Então obrigado. Cocytus pode me avaliar mais tarde, e eu ainda preciso ouvir
suas opiniões sobre sessões de treinamento futuras como essa.”

Ainz assentiu com a cabeça várias vezes, parecendo muito satisfeito consigo mesmo, e
então se voltou para Foresight.

O ar entre eles havia mudado, e Hekkeran tinha um mau pressentimento sobre isso.

Seus instintos que o levaram a muitas situações de vida e morte gritavam para ele: há
um grande perigo aqui.

“Agora, já tive o bastante desta brincadeira com espadas. É hora de um tipo diferente de
entretenimento.”
Ainz deixou de lado a espada e o escudo que estava segurando, e eles desapareceram
antes de atingirem o chão.

“O quê?!”

Descartar as armas era o sinal universal de desistir da luta. No entanto, a atitude de Ainz
não mostrava nem mesmo o menor indício de derrota, ou que ele estava em uma situação
em que se renderia.

Este não foi um gesto de rendição.

Incapaz de descobrir o que Ainz estava pensando, Hekkeran estava cheio de confusão.

“...O quê?”

Com isso, Ainz sorriu. Ou melhor, ele parecia sorrir.

Ele lentamente abriu os braços. Era uma ação que se assemelhava a um anjo estendendo
a mão para os fiéis, ou uma mãe acolhendo seu filho em seu abraço; um gesto amoroso
para uma amada.

“Você não entendeu? Então deixe-me colocar em termos que você possa entender.”

—Ainz riu e completou:

“Eu vou brincar com vocês, então façam o seu melhor, humanos.”

O clima mudou—

Ele havia abandonado sua arma e seu escudo. Isso deveria significar que ele estava en-
fraquecido. Mas Hekkeran tinha a sensação de que o Ainz ante dele agora era mais pode-
roso do que antes. De fato, parecia que seu corpo crescera fisicamente em tamanho di-
ante de seus olhos, tão opressiva era sua presença.

Um ser que ficava mais forte ao abandonar a espada.

Quando se pensava nisso, restavam apenas duas respostas. Uma seria que ele era um
daqueles monges guerreiros que afiavam seus corpos em armas vivas. Mas se fosse esse
o caso, seu estilo de luta anterior — o modo como ele escapava dos ataques — não pare-
cia polido o suficiente para que ele fosse um deles.

Então, a alternativa—

“—Ele é um magic caster!?”

Esse grito veio de Arche, que chegou à mesma conclusão que Hekkeran.
Era isso. Esta era a questão em mãos. O ser diante deles, Ainz Ooal Gown — ele era um
magic caster?

Era compreensível que eles não tivessem considerado isso antes. Quem poderia imagi-
nar que qualquer magic caster poderia ter lutado em igualdade com Hekkeran, o lutador
mais forte do grupo e um guerreiro veterano?

Os magic caster — especialmente os magic caster arcanos — tinham corpos mais fracos
que guerreiros. Afinal, se alguém tivesse tempo de treinar um corpo, seria fácil gastar
esse tempo aprendendo magia. Como tal, magic caster que poderiam lutar a par com os
guerreiros eram inexistentes.

Isso era simples senso comum.

No entanto, havia um ser que poderia mudar esse paradigma. Quem poderia imaginar
que tal ser estaria na frente deles?

Por essa razão, a voz de Arche trazia a esperança de que não era verdade, e o desejo de
que sua hipótese fosse rejeitada. Porque se fosse verdade, isso significaria que Ainz es-
tava muito mais confiante em suas habilidades como um magic caster do que ele era
como um guerreiro. O que isso significava, ninguém precisava dizer em voz alta.

Mesmo conjurar algumas magias poderia melhorar muito o desempenho da batalha.


Como Hekkeran demonstrou, várias magias de aprimoramento fizeram uma diferença
dramática. Mas se esse fosse o caso—

“Você finalmente percebeu isso? Quão tolo você é. Bem, é natural esperar esse nível de
inteligência de vermes miseráveis, que rastreiam sua sujeira em mim — não, meu amigo
e Nazarick.”

No entanto, enquanto Arche estivesse por perto, Hekkeran e os outros poderiam negar
isso.

“Arche! Esse cara é um magic caster?!”

“Não! Estou certa disso! Pelo menos, ele não é um magic caster arcano!”

“Hm? E o que isso quer dizer?”

“—Não consigo sentir nenhum poder mágico do seu corpo.”

“Ahhh. Então você estava usando magia de adivinhação. Que grosseria.”


Ainz mostrou Hekkeran e companhia suas mãos. Como se poderia esperar de um
undead, não havia nada além de ossos. Ele abriu os dedos para mostrar que cada um
deles, em ambas as mãos, estava usando um anel.

“Uma vez que eu remover este anel, você entenderá. Também emprestei aos meus su-
bordinados.”

Dizendo isso, Ainz removeu um anel em sua mão direita. E então—

“Ugeeeehhhh!”

Foi o som do vômito. Um líquido pegajoso salpicava o chão da arena, e um fedor azedo
e rançoso pairava em torno de Foresight.

“O que você fez?!”

Imina olhou para Ainz, e correu para ajudar Arche. Ainz parecia um pouco desconfortá-
vel, mas ainda respondeu em um tom descontente.

“Mas que droga é essa que a garota está fazendo? Há um limite para o quão grosseira
você pode ser, vomitando quando vê o rosto de alguém.”

“—Pe-pessoal, corram!”

Arche gritava e lágrimas escorriam do canto dos olhos.

“Esse cara é um mons—ueeehhhh!”

Incapaz de suportar isso, Arche vomitou novamente. Naquele momento, Hekkeran en-
tendeu o porquê ela vomitara.

Ainz não tinha feito nada para ela. Em vez disso, ela tinha sido incapaz de suportar a
combinação de terror e estresse causada por ver o enorme poder mágico que cercava
Ainz, e então ela vomitou.

E isso significava—

“—Nós não podemos vencê-lo! Sua força está em um nível totalmente diferente! Até a
palavra monstro não consegue descrevê-lo!”

Arche começou a chorar quando as lágrimas rolaram por suas bochechas.

“Não... Nem pensar. Impossível— “

Imina abraçou Arche com força ao peito. A garota sacudia violentamente a cabeça como
se tivesse enlouquecido.
“Acalme-a! Roberdyck!”

“Sim! 「Lion's Heart」!”

Sob a influência da magia de Roberdyck, Arche conseguiu se recuperar do pânico que a


dominara. Como um cervo recém-nascido, ela se ergueu instável sobre as pernas trêmu-
las, usando seu cajado como uma muleta.

“—Pessoal, temos que fugir agora! Isso não é um ser que os seres humanos podem ven-
cer! É um monstro inacreditável!”

“...Entendido, Arche!”

“Sim, eu percebi. Quando ele removeu o anel, o mundo inteiro pareceu mudar. Eu senti
isso, meu corpo inteiro ficou arrepiado.”

“Sim. Poderoso quase não seria suficiente para descrever este monstro.”

O nível de alerta dos três estava além do céu. Eles olharam para Ainz com os nervos
ainda mais apertados do que antes. Deles era uma expressão que entendia que até
mesmo a perda de vigilância de um instante significaria a morte deles.

“Parece que eles não nos deixarão correr.”

“No momento em que mostramos nossas costas, morremos. Embora eu tenha a sensa-
ção de que apenas desviar nossos olhos pode resultar no mesmo.”

“Precisamos ganhar tempo ou não conseguiremos.”

“...Não virão?”

Claro, Hekkeran não seria atraído por Ainz, que estava preguiçosamente arranhando
seu crânio com um dedo longo. O poder de luta do inimigo excedia largamente o de qual-
quer ser que já existiu. Isso significava que eles só podiam contar com uma coisa.

Esse foi o momento em que Ainz começou a lançar uma magia — um magic caster era
mais vulnerável quando recitava um encantamento. Se ele pudesse conjurar uma magia
sem incitá-la, então tudo acabaria para eles, mas mesmo assim, essa era uma pequena
possibilidade, um fio de esperança.

Como se sacasse um arco, Hekkeran reuniu força dentro de si.

“Então, aqui vou eu. 「Touch of Undeath」.”

“Que tipo de magia é essa? Arche!”


“—Eu não sei! Eu nunca ouvi falar disso antes!”

O nevoeiro negro que cobria a mão direita de Ainz era uma magia desconhecida que os
colocou em guarda. Hekkeran ficou tenso, pronto para se esquivar a qualquer momento.
Seus companheiros atrás dele também estavam cautelosos com um ataque de área de
efeito e começaram a se afastar.

De repente, Ainz começou a caminhar em direção a eles.

Os olhos de Hekkeran se arregalaram. Ele tinha aberturas por todo o seu avanço ama-
dorístico. Estes não eram os movimentos de um guerreiro habilidoso. Hekkeran sabia
que Ainz estava tentando atraí-los para uma armadilha, mas ele não conseguia ler as in-
tenções de Ainz.

Ele está tentando usar magia para algo... é um tipo de curto alcance? Ou um tipo defen-
sivo?

Hekkeran estava familiarizado com as magias mais famosas, mas Hekkeran não tinha a
profissão de Mago, e ele não conseguia entender as intenções de Ainz.

“Fique longe!”

O grito de raiva de Imina perfurou o ar, assim como as flechas que ela atirou em Ainz.

Usando uma técnica especial, ela havia lançado três flechas ao mesmo tempo, mas Ainz
habilmente as derrubou do céu com uma mão ossuda.

“...Você está no caminho.”

Era uma voz baixa, mas fria.

A chama vermelha nas órbitas vazias dos olhos piscou, mas foi apenas Hekkeran, que
estava na frente estudando cada movimento de Ainz, que percebeu isso.

Assim que o mau pressentimento aconteceu, a forma de Ainz desapareceu.

Hekkeran se virou, confiando em seus instintos. Em seus olhos, ele viu os rostos choca-
dos de seus companheiros. No entanto, não houve tempo para explicar. Especialmente
para a Imina. Ainz estava de pé atrás de Imina, lentamente encostando sua mão direita
para ela.

Imina! Ela não percebeu! Eu preciso gritar — não, coisas inúteis como essas não vão aju-
dar!
Quando ele usou uma arte marcial para se mover na velocidade máxima em direção a
Imina, uma pontada de confusão percorreu Hekkeran.

Era sensato proteger a Imina?

Comparado a Arche e Roberdyck, que podiam usar magias de apoio para melhorar as
pessoas, a utilidade e a importância de Imina eram relativamente baixas. A melhor ma-
neira de aumentar sua taxa de sobrevivência era descartar os obstáculos nos pés deles.
Contudo—

Droga!

Esta era a coisa errada para um líder fazer. Mesmo que isso fosse quase equivalente a
trair seus companheiros, Hekkeran não diminuiu a velocidade de seus passos. Emoção
anulou a razão neste assunto.

Ele queria salvar Imina. Apenas isso.

De repente, uma imagem de Imina deitada em sua cama apareceu em sua mente. Ele
sorriu amargamente para si mesmo, porque em uma situação de vida ou morte, tudo o
que ele conseguia pensar era seu corpo sem curvas.

Mesmo assim, ele colocou ainda mais poder em seus pés.

Essa era a força de um homem que queria proteger sua mulher.

“Sai daí!”

A investida súbita de Hekkeran criou confusão e, assim, ele chegou a tempo. Antes de
Ainz poder tocá-la, ele já tinha tirado Imina do caminho.

Ainz estava decidindo qual deveria ser sua prioridade — reduzindo sua dor, a pequena
voz choramingando em sua cabeça estava dizendo — o homem que apareceu na frente
dele, ou a mulher que fugiu.

“Ei! Sou eu, idiota!”

Ele seguiu seu grito com uma arte marcial.

Primeiro, ele usou 《Romper Limite》. Haveria um preço a pagar, mas aumentava a
quantidade de artes marciais que ele poderia usar ao mesmo tempo. Em seguida foi a
técnica que fez seu corpo sentir como se algo estivesse sendo quebrado dentro dele,
《Suprimir Dor》. Depois disso foi 《Impulso Físico》 e um 《Golpe das Lâminas Gê-
meas》 feitos sob a influência de 《Punho de Ferro》.

Seu ataque mais grandioso nasceu disso.


Suas espadas gêmeas brilhavam.

Hekkeran estava contando com o fato de que Ainz estaria acostumado a seus ataques de
espada de sua luta anterior, então a súbita mudança de velocidade confundiria seus sen-
tidos e tornaria mais difícil escapar. Foi o prenúncio de um golpe que acabaria com a
batalha em um único golpe.

Ainz não reagiu a isso.

Eu matei ele!

Assim que ele imaginou suas espadas cortando o crânio indefeso, a sensação que subiu
por suas mãos definitivamente não era a sensação de corte de aço no osso.

Ele é imune a dano cortante?

Ele teve experiências semelhantes durante suas aventuras como Trabalhador.

Ele é imune a ataques cortantes e perfurantes? Que tipo de monstro ele é?!

Quando Hekkeran tentou recuar em pânico, sentiu uma sensação gelada envolvendo sua
testa. Era a mão de Ainz. Hekkeran sentiu como se tivesse sido preso, querendo escapar
ainda incapaz de se mover.

“Hekkeran!”

“Imina! Ele é imune a cortes!”

Hekkeran tentou aliviar a dor intensa e relatar o que havia aprendido a seus colegas.
Enquanto ele era agarrado pela cabeça, sentiu seu corpo inteiro sendo levantado. Em-
bora ele martelasse as costas de suas espadas no braço de Ainz, o aperto em sua cabeça
não mostrava sinais de afrouxamento.

“Errado. Perfuração, corte ou impacto — nenhum dos ataques fracos que você pode fa-
zer pode me dar um arranhão.”

“...Isso... O quê? Que merda é essa, que tipo de joguete está fazendo? Isso não é justo!”

“Ele está mentindo! Imina, se isso fosse verdade, não haveria razão para lutar. Ele deve
ter algum tipo de fraqueza!”

“—Eu não vou cair nessa!”

“É realmente triste quando você não pode acreditar na verdade que está bem na sua
frente. Eu teria imaginado que teria percebido da batalha corpo-a-corpo, e da conversa
que tivemos, que você não era nada além de úteis cobaias de teste. Será que essa pequena
escaramuça nos deu a esperança de que você poderia realmente ganhar aqui? Considere
aquele pequeno sonho de ser minha misericórdia para com você no inferno que está por
vir.”

“Que tipo de misericórdia é essa? Seu pedaço de merda, seu maldito desgraçado, solte
Hekkeran!”

A flecha chegou ao mesmo tempo que sua voz. No entanto, Ainz simplesmente perma-
neceu imóvel e a dor na testa de Hekkeran continuou inabalável.

“Você quer mesmo fazer isso? Você pode acertar esse homem.”

A dor na testa encheu Hekkeran de medo, o medo de que a qualquer momento sua ca-
beça pudesse ser esmagada pela mão que a segurava. Embora ele lutou, Ainz não moveu
um milímetro. Era como atacar um bloco de aço — a única coisa que Hekkeran conseguiu,
foi ferir a si mesmo.

“Isso doeu? Não se preocupe. Eu não vou te matar assim. Um ladrão miserável como
você não merece essa misericórdia — em vez disso, paralisia.”

Seu corpo estava congelado. Não, não estava congelado, estava paralisado.

“Hmm, se tudo que eu fizesse fosse causar paralisia, então talvez 「Touch of Undeath」
fosse um pouco exagerado.”

Hekkeran ouviu as palavras, mas não as entendeu.

A corda do arco de Imina sibilou quando ela enviava um fluxo contínuo de projéteis a
curta distância, mas a única resposta foi o riso silencioso.

“Então, até onde você pode... não, por favor, lute o quanto quiser. Isso só vai aprofundar
seu desespero.”

Fujam.

A boca de Hekkeran não se moveria para fazer os sons que ele queria.

Este era um adversário que eles não poderiam simplesmente fugir apenas correndo.
Mas lutar seria uma atitude ainda mais tola. Isto foi especialmente verdadeiro, dado que
uma vez que a vanguarda fosse derrubada, a linha de batalha entraria em colapso.

“Então, quem será o próximo? Claro, todos vocês podem vir de uma só vez, mas isso
seria muito chato, não?”

♦♦♦
Imina se virou para olhar para Hekkeran, que estava deitado no chão do coliseu.

Ele não estava morto, mas parecia que sim. Não havia como salvá-lo das garras do mons-
tro que desafiava a lógica conhecido como Ainz Ooal Gown. Mas mesmo assim—

“—Seu idiota! Apenas pelo bom senso, você deveria ter me abandonado! Seu babaca!”

Ela estava brava.

“Idiota, idiota, idiota, idiota, idiota! Seu idiota!”

“...Dirigir ofensas a um homem que tão galantemente se arriscou para proteger seus
companheiros só vai me perturbar, sabia...”

Foi uma declaração que mostrava uma completa falta de compreensão dos sentimentos
de Imina. Mas como já foi dito, seu oponente era um monstro; tentar fazê-lo entender as
emoções humanas seria impossível.

“Eu já sei disso! Eu não sou uma líder tão boa!”

Ela respirou fundo.

“Mas ainda! Você ainda é um idiota! Fazendo as coisas por emoção!”

“...O quê?”

Não fique confusa...

Imina pensou para si mesma. Ela estava tentando reprimir os sentimentos de uma mu-
lher que queria salvar seu homem.

Ela teve que abandonar Hekkeran e suprimir esse sentimento. Ela tinha que contar ao
mundo exterior sobre essas ruínas, sobre o temível monstro que a habitara, e depen-
dendo de como as coisas acontecessem, elas poderiam até mesmo precisar reunir uma
força punitiva para lidar com isso.

—Deuses Demônios...

200 anos atrás, o rei demoníaco que devastou o continente deve ter sido uma criatura
assim.

Parecia que o mundo em que ela vivia fora tocado por mitos e lendas. É claro que não
poderia ser assim, mas uma parte dela, no fundo do coração, insistia que aquilo era ape-
nas um sonho.
Lendas, né? Soa tão bizarro quando você coloca dessa maneira. São heróis que deveriam
estar lutando contra um monstro assim—

Inspiração a atingiu em um flash.

Era isso. Aqueles que lutaram contra os Deuses Demônios eram os Treze Heróis — eles
eram heróis. Então, o único que poderia lutar contra Ainz também era um herói.

“Traga o Hekkeran de volta! Se não voltarmos no horário estipulado, as pessoas mais


fortes do mundo irão forçar a entrada nessa tumba! Se pudermos voltar ilesos, você pode
nos usar para negociar!”

“O que é isso, mais mentiras?”

Ainz suspirou, um som silencioso “haah”. O suor escorria na testa de Imina. Era genuíno.

“Não, eu não estou mentindo.”

“—Albedo. Existe alguém que possa ser considerado forte na superfície?”

“Não há ninguém, eu acredito que ela está apenas jorrando mentiras sem sentido.”

“Não é mentira!”

A garota atrás de Imina estava gritando.

“O aventureiro adamantite Momon da Escuridão está lá! Ele é o maior guerreiro de to-
dos! Ele é mais forte que você!”

Pela primeira vez, Albedo pareceu perturbada. Ela olhou para Ainz, com pânico escrito
em seu rosto, e abaixou a cabeça para ele.

“M-minhas desculpas! Existe tal ser! P-por favor, me perdoe!”

“Mmm... ah, sim, eu nem percebi, Albedo. Momon da Escuridão, hmm. A propósito, ele
é... esqueça, não é importante. Ele não pode me derrotar.”

Ele estava agindo como um rei demoníaco até agora, mas a maneira como ele estava
abaixando seus ombros sugeria que ele estava escondendo alguma coisa. Exatamente o
que ele estava escondendo, ninguém sabia.

“Momon é forte! Mais forte que você!”

“...Não, esses são dificilmente motivos para negociação, desista.”

Ainz acenou com a mão preguiçosamente para descartar o assunto.


“Então, devemos começar?”

O tempo de conversa fiada acabou.

“Arche! Corra!”

Roberdyck gritou e Imina concordou.

“Sim, corra!”

“Olhe para cima! Esta é provavelmente a parte externa! Se você voar, há uma chance de
você escapar! Corra, mesmo que seja só você! Vamos tentar comprar um tempo, um mi-
nuto, não, dez segundos!”

“Agora essa é uma idéia interessante. Aura, abra a saída. Eu vou conceder essa chance.”

“Entendido!”

Ainz apontou na direção em que Roberdyck e os outros haviam entrado. Aura saltou, a
parte de baixo de seus sapatos brilhou e seu corpo desapareceu.

“Aura foi abrir o portão. Vá em frente e fuja. Abandone seus companheiros. Quem
mesmo que queria correr?”

Ainz estendeu a mão. Seu rosto esquelético não podia exibir nenhuma expressão, mas,
pelo seu gesto, estava claro o suficiente. Se ele tivesse carne, estaria torcido em um sor-
riso maligno. Teria sido um sorriso que ansiosamente antecipava esses companheiros
caindo em lutas internas.

Era verdade que os Trabalhadores eram diferentes dos aventureiros; eles formavam
grupos baseados no poder do dinheiro e em relacionamentos úteis, e em uma situação
como essa, as chances de pensar em si mesmo era uma realidade. No entanto, a prospec-
tiva aqui foi diferente.

“Arche, corra agora!”

“Sim, corra!”

Imina sorriu e continuou:

“Você ainda tem suas irmãs, esqueceu? Então nos deixe e vá. Isso é o que você deveria
estar fazendo!”

“—Como eu poderia? Isso obviamente é tudo minha culpa!”


Vendo que Ainz não tinha a intenção de pressionar o ataque imediatamente, Roberdyck
caminhou até Arche, e então retirou uma pequena bolsa de couro de algum lugar perto
de seu coração para ela se segurar.

“Vai ficar bem. Vamos bater nesse monstro, Ainz, e depois a seguiremos.”

“Isso mesmo. Quando isso acontecer, você pagará as bebidas.”

Imina também tirou uma pequena bolsa e entregou para ela segurar.

“Então vá. Use o dinheiro que deixei na pousada como quiser.”

“O meu também.”

“...—Eu vou acreditar nisso. Então, eu vou primeiro.”

Claro, nenhum dos três realmente acreditava nisso.

Derrotar o ser chamado Ainz, cujo poder estava muito além de sua imaginação, era algo
que eles nem poderiam esperar fazer. Arche sabia que esta era sua despedida final, e ela
estava sufocando as lágrimas enquanto lançava sua magia.

“Existem monstros no céu que ainda podem te pegar, mesmo se você correr...”

“—「Fly」!”

Ignorando o aviso de Ainz, a magia de Arche entrou em vigor. Ela olhou para seus com-
panheiros uma última vez, e então voou para o ar sem dizer nada.

“...Ah, é assim. Bem, é mais rápido e menos cansativo do que correr.”

Disse Ainz de maneira casual, e completou em seguida:

“No entanto, é notável que vocês tenham decidido lutar um pelo outro. Eu pensei que
veria suas personalidades nojentas.”

“Você nunca entenderia. É porque somos companheiros.”

“Isso é verdade. Morrer para proteger um camarada não é uma coisa ruim—”

Um lampejo de inspiração atingiu Imina.

“—Os companheiros que falou eram seus amigos?”

“Muuu!”
“Seus camaradas devem ter sido indivíduos excepcionais, não? Então, nosso relaciona-
mento é tão próximo quanto o deles e o seu.”

“Está certa.”

A atmosfera maligna desapareceu como se nunca tivesse existido, e Ainz continuou em


um tom calmo.

“Não há amor maior do que este: dar a vida pelos amigos — assim foi escrito no Evan-
gelho de Marcos.”

“...Tudo bem se morrermos. No entanto, por causa do vínculo que compartilhamos, que
você mesmo e seus companheiros excepcionais compartilharam, por favor, deixe-a ir.

“Mm...”

Ainz hesitou por alguns segundos e depois sacudiu a cabeça.

“Não haverá misericórdia para ladrões como você. Tudo o que aguarda é sofrimento
acima sofrimento e mais sofrimento, seguido pela morte. Mas por causa das vidas que
você está disposto a jogar fora por seu companheiro, eu farei uma exceção para aquela
garota. Shalltear.”

Ainz descuidadamente deu as costas para os dois e chamou alguém na área VIP. Não
havia chance dele se machucar, e isso se mostrou em sua atitude.

Não, essa era a realidade disso. Não haviam ataques que eles pudessem usar para causar
algum dano. Pensar que sim, era mera fantasia depois de entender a verdade das coisas.
Os dois não tinham nenhum método que pudesse ferir o monstro chamado Ainz. Por
causa disso, eles poderiam calmamente virar a cabeça para trás. No mínimo, eles tiveram
que comprar tempo para Arche fugir.

Embora eles não tivessem trunfos para usar, eles ainda tinham que fazer isso. Imina e
Roberdyck trocaram olhares e assentiram.

Por outro lado, a voz de uma garota veio da área VIP em resposta à voz de Ainz.

Ela era uma garota humana com cabelos que brilhavam como platina. Embora os dois
estivessem cheios de raiva, não podiam deixar de ser cativados por essa beleza, os olhos
foram atraídos pela beleza.

De repente. A garota bonita mudou sua linha de visão para olhar para os dois. Seus olhos
eram um carmesim extasiante. Imina sentiu como se estivessem apertando seu coração.
Da mesma forma para Roberdyck, ele estava tendo problemas para respirar com a pres-
são esmagadora em seu peito.
Mesmo depois que os olhos da garota os deixaram, Imina e Roberdyck ainda se sentiam
um pouco prejudicados.

“Shalltear, ensine a essa criança o significado do terror. Ensine-lhe o abismo entre o raio
de esperança de fuga ao qual ela se apega e a realidade inescapável que aguarda todos os
que ousam invadir a Grande Tumba de Nazarick. Depois disso, não lhe cause dor, mas
mate-a com a mais profunda e sincera misericórdia.”

“Entendido, Ainz-sama ~arinsu.”

A garota — Shalltear — sorriu para Ainz. No entanto, quando Imina viu aquele sorriso
de lado, um arrepio percorreu sua espinha. Seu instinto lhe dizia que aquilo era um mons-
tro envolto em uma pele muito bonita.

“Aproveite a caça.”

“Essa é a minha intenção ~arinsu.”

Shalltear inclinou-se profundamente para Ainz antes de sair. Cada passo que ela deu
estava mais perto de terminar a vida de Arche, mas mesmo que Imina soubesse em sua
mente, não havia nada que pudessem fazer sobre isso. Imina e Roberdyck foram incapa-
zes de se mover.

Shalltear passou por eles sem nenhum sinal de que ela os notou, sem lhes dar a menor
atenção. Talvez a Foresight pudesse fechar a distância entre eles e Shalltear imediata-
mente se eles corressem atrás dela, mas ela parecia muito distante.

“O que é isso? Ainda não vem? Se vocês têm tempo para conversar, vocês têm tempo
para lutar... Quão inesperadamente honrado de vocês.”

Ele não estava desprezando-a. Seu sentimento era genuíno. Em resposta a isso, o espí-
rito de luta de Imina se recuperou um pouco.

“Espere! Uma pergunta, por favor! O que está acontecendo, onde está a misericórdia
nisso?”

“Um sacerdote... então, eu direi a você. Em Nazarick, uma morte sem mais sofrimento é
uma grande misericórdia.”

O silêncio desceu sobre eles. Eles não falariam mais com palavras, mas com armas.

“Vamos, Rober!”

“Sim! Ohhhhhhh!”
Com um grito de guerra não característico, Roberdyck tacou a maça no rosto de Ainz.
Foi um golpe feito com todas as suas forças. Foi precisamente porque ele pensou que
Ainz não iria evitá-lo que ele colocou todas as suas forças no golpe.

Embora Ainz tenha recebido o golpe de força total no rosto, ele não reagiu com a dor
como esperado. Roberdyck seguiu seu ataque, estendendo a mão nua.

“「Middle Cure Wounds」!”

A magia de cura foi direcionada a Ainz. Quando expostos a magia do tipo cura, os unde-
ads sofreriam dano. No entanto, como a magia de ataque Arche lançado anteriormente,
desapareceu inutilmente contra uma parede invisível.

“Ahhhhh!”

Imina tensionou a corda do arco enquanto gritava. Então ela soltou. Embora Roberdyck
estivesse ao lado de Ainz, ela não era ruim o suficiente para realmente acertá-lo. Em vez
disso, nesse intervalo, não havia como ela errar.

No entanto, as flechas atingiram Ainz e caíram no chão sem causar qualquer dano.

Ainz desapareceu.

Foi a mesma tática de antes.

“Teletransporte!”

“Não é bem assim.”

Como esperado, a voz veio de trás.

“Eu—”

Antes que Roberdyck pudesse terminar, a mão de Ainz pousou suavemente no ombro
de Imina. Não houve hostilidade nesse gesto.

No entanto, teve um efeito revelador. Toda a força em seu corpo desapareceu e ela caiu
no chão. Embora sua mente estivesse totalmente funcional e consciente, seu corpo pare-
cia uma poça de lodo imóvel e insensível.

“O que você fez com ela?”

Roberdyck fez sua pergunta com uma voz trêmula, enquanto seus olhos iam da imina
desmoronada para Ainz, que estava ao lado dela.

“Isso é para se surpreender? Não é nada especial.”


Ainz começou a explicar de maneira a quebrar o espírito de Roberdyck.

“Foi quase o mesmo que antes. Depois da conjuração do 「Silent Time Stop」, eu me
movi para cá e conjurei a mesma magia que usei naquele homem, 「Touch of Undeath」.
E então, eu acabei de tocá-la.”

O ar entre eles congelou em silêncio. O som de Roberdyck engolindo foi excepcional-


mente alto em comparação.

“...Você parou o tempo...”

“Ah, sim. Contramedidas para anti-paragem do tempo são muito importantes, não sa-
bia? Você precisará usar quando atingir o nível setenta. Ah, bem, você vai morrer aqui,
então no seu caso, é basicamente curiosidade acadêmica.”

Roberdyck rangeu os dentes.

Ele estava mentindo. Se ele pudesse dizer isso. Se ao menos ele pudesse negar tudo o
que esse monstro — esse deus — estava dizendo. Seria melhor se ele caísse de joelhos e
apertasse as orelhas para não escutar as palavras.

Ele entendeu que Ainz era muito poderoso.

No entanto, mesmo com isso considerado, parar o tempo e afins era algo que não deve-
ria existir neste mundo.

A marcha do tempo era um fluxo que não podia ser dominado ou controlado pela hu-
manidade. O que ele poderia fazer contra um inimigo que era capaz de tal façanha? Cortar
uma floresta inteira com uma única espada seria um objetivo mais fácil em comparação.

Ainz Ooal Gown. Ele era um ser que a raça humana nunca poderia derrotar. Ele era um
homem que estava no reino das divindades.

Ele segurou sua maça com as duas mãos—

—E ele sentiu um leve toque em seu ombro.

“Ah...”

O corpo de Roberdyck parou de se mover. Ele não precisava procurar saber quem havia
feito aquilo. Era Ainz Ooal Gown — aquele ser divino que podia controlar o fluxo do
tempo — que deveria estar de pé diante dele. Quando ele desapareceu de seu campo de
visão?
O frio fluindo nele fez com que ele se sentisse como se tivesse se transformado em uma
escultura de gelo. Assim, qualquer sentimento e liberdade foram retirados de seu corpo.

“—Foi inútil, não foi?”

Então falou a voz gentil que não trazia nenhum traço de inimizade para Roberdyck. A
maça caiu através dos dedos nervosos no chão—

Então, Ainz murmurou enquanto olhava para Roberdyck que perdera toda a vontade de
lutar.

“Bem, isso foi um desperdício de esforço. Eu achei que eu poderia ter realmente suado.”

—Foi completamente inútil. Todas as táticas e truques que ele tentou não puderam cau-
sar o menor dano a Ainz. Completamente derrotado, Roberdyck olhou para os pés de
Ainz e calmamente fez uma pergunta a ele.

“Eu tenho algo para perguntar. O que eu me tornarei depois disso?”

“Mm? É porque você é um magic caster divino e acha que não vai acabar no mesmo
estado que os outros dois?”

Com isso como uma premissa, Ainz começou sua explicação.

“Bem, vamos começar com esses dois. Aura, leve-os para a Grande Caverna. Gashoku-
kochuuou diz que está ficando sem ninhos.”

As orelhas do Elfo Negro se contorceram e seus olhos se arregalaram.

“Ai-Ainz-sama! Mare! Eu posso mandar o Mare ir em vez disso, né? Faça ele ir lá em vez
disso!”

“Oh, hm. Por mim, tudo bem.”

“Entendido! Vou deixar isso com o Mare então!”

“Quanto a isso, peço desculpas. Não haverá um destino gentil reservado para eles.
Quanto a você — a subordinada que enviei é também uma magic caster divina, mas o
deus em quem ela acredita é completamente diferente dos deuses que você cultua.
Quando se trata disso, não tenho idéia do que são os Quatro Grandes Deuses que você
cultua. Como tal, preciso confirmar os detalhes sobre eles. Como seus subordinados, você
tem nomes para eles, mas sejam eles os Quatro Deuses ou os Seis Deuses, esses nomes
são pouco mais que títulos de profissões, como o Deus do Fogo, o Deus da Terra, é isso?”

“Eu, eu não sei sobre isso.”


“Entendo... então eles não são seres superiores que possuem um poder misterioso, eles
não são nada além de grandes homens do passado que foram deificados—”

“—Impossível!”

“Bem, ouça. Essa é apenas minha teoria. Mas se esse fosse o caso, se você emprestasse o
poder dos deuses para trabalhar sua magia, pessoas mortas poderiam fornecê-lo a você?
Ou melhor, quais são os deuses? Eles ainda existem? Você está realmente usando o poder
dos deuses?”

“...O que você está tentando dizer?”

“...Você já viu os deuses?”

“Os deuses estão sempre ao meu lado!”

“Isso quer dizer que você nunca os viu diretamente, certo?”

“Não! Quando usamos nossas magias, sentimos a presença de um ser poderoso. Esse é
o nosso deus!”

“...E quem declarou que essa presença era um deus? O próprio deus? Ou alguma outra
pessoa usando esse poder?”

Roberdyck recordou os debates teológicos em que participou. Não havia uma resposta
clara para as perguntas de Ainz. Até hoje, os sacerdotes ainda debatiam calorosamente
se essa era a prova da existência dos deuses.

Assim que Roberdyck estava prestes a falar, Ainz o interrompeu.

“...Bem, supondo que esses seres superdimensionais — que generosamente denomina-


mos deuses para nossos propósitos — existam, eu me pergunto se isso significa que eles
eram originalmente entidades incolores. Simplificando, eles são massas de poder. Por-
que extrair poder de cores diferentes muda as coisas... bem, eles existem em um mundo
com leis mágicas, eu só queria alguém para conversar com alguém sobre isso. Seria en-
graçado se realmente existissem deuses.”

“...”

“Me desculpe. Acabei saindo do tópico. O poder do deus em que você acredita. Acho que
não poderemos aprender... então você quer participar de uma experiência humana?”

“...Uma experiência humana?”

“Isso mesmo. Por exemplo, quando alteramos suas memórias para que o deus em que
você acredita seja outra pessoa, o que acontecerá depois disso?”
Esse ser é maluco.

Esse foi o pensamento mais profundo e honesto de Roberdyck sobre a situação.

Não, ele é undead. Não existem estranhezas para coisas assim.

Ainz deu um passo para trás, olhando com profundo interesse para Roberdyck. Esse
olhar era o modo como um estudioso examinava um animal de laboratório, e isso fazia
Roberdyck querer vomitar.

“Por que, por que você quer fazer isso?”

“Para provar que deus existe... eh, eu não vou me incomodar em continuar com essa
piada. Na verdade, quero ficar mais forte ao entender a natureza desse poder. E se esses
seres que você chama de deuses realmente existem, eu quero saber se eles têm emoções
ou pensamentos. Eu quero confirmar isso. Quanto a mim, nunca pensei em mim mesmo
como um ser escolhido. Na verdade, existem muitos outros assim.”

Roberdyck não tinha idéia do que Ainz estava falando.

“Portanto, expandir os preparativos militares é essencial. Claro, pode ser que não exis-
tam inimigos, ou se eles existem, nenhum deles é tão forte quanto nós. No entanto, você
não acha que o líder de uma organização não deveria ser negligente? Afinal, se descan-
sarmos sobre nossos louros, provavelmente teremos nossos pés cortados debaixo de nós
quando menos esperamos. Confirmar a existência de deuses é parte disso.”

Ainz deu de ombros quando terminou seus dizeres.

Parte 2

Arche ofegava pesadamente.

Seu corpo tremia toda vez que a grama sussurrava ao vento. Como um pequeno animal,
ela olhava com medo em todas as direções.

Ela estava cercada por floresta, e havia poucos lugares aqui onde a luz pudesse chegar.
As copas espalhando da vegetação densamente presente bloquearam qualquer ilumina-
ção do céu, e assim não havia quase nada a ser visto na superfície.

Embora esse ambiente normalmente fosse difícil para um ser humano navegar, em vez
de iluminação, Arche usou a magia 「Dark Vision」, que fez com que seus arredores pa-
recessem tão brilhantes quanto o dia.
No entanto, mesmo com essa magia, ela ainda precisava de muita concentração para
discernir manchas de grama nas quais as pessoas poderiam se esconder, troncos de ár-
vores que poderiam esconder os inimigos atrás e ouvir os galhos rangendo com o vento.

Por ser uma magic caster arcana, Arche não podia contar com sua própria força física
para livrar-se de quaisquer monstros se eles saltassem sobre ela e a imobilizassem. Nor-
malmente, ela teria ajuda de seus amigos, mas agora não havia ninguém para apoiá-la,
ninguém para cobri-la e ninguém para curá-la.

Em outras palavras, tudo que ela podia fazer era ficar alerta para os inimigos que esta-
vam tentando se aproximar e manter distância e fugir. Ela estava nervosa porque estava
ciente disso, e isso enfraqueceu sua força mental até mais do que o normal.

Seu plano original era usar a magia 「Fly」 para fugir dela, já que ela estava do lado de
fora. Mas uma vez que ela voava acima das árvores, ela viu uma enorme forma negra no
céu que parecia estar procurando por algo, então ela abandonou esse plano.

Uma vez que ela detectou a presença do morcego gigante, ela não conseguiu encontrar
meios para tentar transformar isso em uma competição de velocidade. Isso porque, em-
bora a Invisibilidade pudesse enganar os sentidos visuais, não poderia enganar os órgãos
sensoriais especiais de um morcego.

Depois de verificar que seu entorno estava seguro, Arche levantou vôo mais uma vez, a
passo de caracol.

Ela estava procedendo o mais lentamente possível com o 「Fly」 porque queria obser-
var o ambiente ao redor. Se ela fosse a toda velocidade, ela não seria capaz de reagir
rápido o suficiente, mesmo se estivesse em alerta e visse uma ameaça, e isso significaria
que ela estaria pulando na boca de qualquer monstro que a perseguisse. Para evitar isso,
ela deliberadamente diminuiu a velocidade.

Finalmente, Arche sentiu a camada de energia mágica ao seu redor ficando cada vez
mais fina. A duração do 「Fly」 estava prestes a acabar.

Ela desceu lentamente para o chão.

A questão agora era o que ela deveria fazer. Conjurar 「Fly」 novamente não seria um
problema. Ela podia sentir que ela tinha mana suficiente para isso. No entanto, 「Dark
Vision」 também era crucial, e ela também queria reservar mana suficiente para usar
magias defensivas em caso de combate.

A magia de 3º nível 「Fly」 era uma das magias de nível mais alto que Arche sabia usar.
Isso também significava que era uma das magias que mais drenavam ela. Se possível, ela
queria evitar usá-lo.
Ignorando as circunstâncias presentes, ela não sabia quanto tempo levaria para sair
desta floresta sem o uso de magias que aumentariam sua fadiga. E sem a capacidade de
voar, ela não podia nem confirmar sua localização atual.

No caminho para cá, Arche ocasionalmente subira acima da cobertura da floresta e


usava a grande árvore ao lado do coliseu como uma marcação. Quando ela usou 「Fly」
para fugir, ela perdeu seu senso de direção. Se ela permanecesse na floresta, não conse-
guiria ver a grande árvore e tampouco seria capaz de subir em árvores.

“—Onde posso descansar...”

Arche murmurou para si mesma.

Certamente, se ela restaurasse sua mana durante o sono, ela poderia usar 「Fly」 com
mais frequência, e o movimento sob o sol seria mais seguro. Isto era particularmente
verdadeiro para a floresta, onde os monstros tendiam a ser noturnos.

Pode ser melhor para ela se aconchegar em algum lugar e esperar pelo amanhecer, em
vez de se forçar a continuar na floresta escura.

No entanto, Arche não tinha idéia de onde estavam os locais seguros.

Se Imina estivesse aqui, ela provavelmente saberia. E se Roberdyck ou Hekkeran esti-


vessem por perto, ela poderia ficar tranquila mesmo em áreas perigosas. No entanto,
seus companheiros confiáveis não estavam com ela.

“—Imina, Roberdyck...”

Arche se encolheu ao lado de uma enorme árvore e pensou em seus companheiros.

“—Mentirosos.”

Não houve nenhuma palavra deles depois de tanto tempo.

Como esperado, eles não conseguiram escapar.

Não, isso era algo que ela sabia desde o começo. Não havia como vencer a entidade ridi-
culamente poderosa conhecida como Ainz. Mesmo assim, ela era uma tola por se agarrar
à fraca esperança de vê-los novamente?

Arche sentou-se no chão, apoiou as costas na grande árvore e fechou os olhos. Ela sabia
que era perigoso.

Ainda assim, ela queria fechar os olhos.

Quando a lembrança dos três veio à mente, ela fechou as pálpebras.


A sensação gelada da casca rugosa contra a cabeça dela era muito confortável. Foi só
depois de ter descansado por um tempo que percebeu o quanto estava cansada. Seu es-
tresse se transformou em exaustão emocional, e isso aumentou sem parar.

“—Haaaaa...”

Ela deixou a cabeça descansar contra a árvore.

E então ela abriu os olhos.

「Dark Vision」 pintava o mundo da noite em cores vivas e brilhantes, mas ela não tinha
explicação para o que viu em seu campo de visão.

Alguém estava observando Arche.

Era como nada que Arche já tivesse visto antes, e seus olhos pareciam paralisados com
a visão da linda garota.

Ela estava vestida com um vestido de baile de veludo macio tingido no mais escuro tom
de preto, uma roupa que parecia completamente inadequada para o ambiente atual. Sua
pele estava pálida como cera. Uma única mão acariciava seu longo cabelo platinado, que
parecia prestes a roçar o rosto de Arche.

Embora ela fosse uma filha nobre, Arche nunca tinha visto uma garota tão bonita antes.
Se ela aparecesse em uma dança formal, os homens se reuniriam como mariposas em
chamas, puramente por desejo de sua beleza. Suas pupilas vermelhas irradiavam um
charme irresistível que parecia atrair a alma de Arche para elas.

Mas Arche imediatamente voltou a seus sentidos. Não havia como alguém assim estar
em um lugar como este. Especialmente alguém com em pé horizontalmente na arvore,
como um desafio à gravidade.

Era óbvio que esta era uma perseguidora enviado por Ainz. Ainda assim, não era com-
pletamente impossível que ela fosse residente na floresta por um longo tempo.

“Te peguei ~arinsu.”

Suas esperanças fugazes tinham sido totalmente frustradas.

“—Uma perseguidora.”

Arche saltou para criar uma brecha, apontando o cajado para a garota. A moça parecia
desinteressada em Arche e desceu docemente o tronco da árvore até o chão.

“Anda logo, comece a correr ~arinsu.”


“—Se eu derrotar você aqui, posso fugir com mais segurança.”

Mesmo quando ela disse isso, Arche sorriu amargamente em seu coração. Não havia
como ela conseguir vencer qualquer perseguidor enviado por Ainz, um ser que existia
fora dos limites do bom senso.

Sabendo disso, a razão pela qual ela disse isso foi para avaliar a reação da outra parte.

“Então, por favor tente, eu quero brincar com você por um tempo ~arinsu.”

Sua atitude dizia que ela entendia completamente a diferença de poder entre as duas. O
que significava que, se ela lutasse contra Arche, não seria nada mais do que brincar com
ela.

“—「Fly」!”

Arche conjurou a magia e começou a fugir. Não havia o vôo vagaroso e lento que ela
demonstrara antes. Em um movimento rápido, ela estava no alto, cobrindo o rosto com
os braços enquanto atravessava a cobertura da floresta e subia no ar.

Sob o céu noturno, Arche olhou em volta mais uma vez. Ela estava em guarda para o
monstro parecido com morcego que ela havia visto antes. No entanto, parecia que estava
em nenhum lugar ao redor. E assim, tudo o que restou foi fugir.

“Sim, sim, continue assim, continue assim ~arinsu!”

A bela voz chamou Arche, que estava desesperadamente tentando fugir. Seu coração
deu um pulo. Lançando olhares frenéticos ao redor, Arche tentou ver de onde estava
vindo.

Era de frente e acima dela.

Quando ela tinha — a garota de antes estava lá.

“—「Lightning」!”

Relâmpagos branco-azulados saltaram da ponta de seu cajado e se enraizaram durante


a noite. Este era a magia de ataque mais forte de Arche. Mesmo perfurando a garota, o
sorriso não desapareceu de seu rosto.

Arche tinha certeza disso. Este era um ser a par com Ainz, o que significava que não
havia como Arche conseguir derrotá-la. A garota falou alegremente com Arche, que es-
tava ansiosa para fugir.

“Venham, minhas crianças 「Summon Household」.”


Um enorme par de asas se estendeu por trás das costas da garota. Eram como um mor-
cego em forma, mas muito maiores. Um morcego enorme saiu de trás dela, como se ti-
vesse separado de seu corpo. E, claro, nenhum morcego com brilhantes olhos vermelhos
poderia ser um mero animal.

A moça sorria ao lado do morcego gigante, cujas asas batiam com firmeza no ar. Foi um
sorriso que congelou o corpo de Arche como gelo, um sorriso que não parecia pertencer
a alguém da idade dela.

“Ara~ Continue a fugir ~arinsu.”

♦♦♦

Arche fugiu.

Tudo o que ela poderia fazer era fugir.

Ela voou para a floresta para despistar seu perseguidor, e os ramos pinicavam seu corpo
enquanto ela fugia.

Desde que ela abandonou seus companheiros para escapar, isso significava que ela tinha
que sair daqui, não importava o que tivesse que fazer. Em sua mente, ela faria qualquer
coisa para que isso acontecesse.

E depois de um vôo sabe-se lá de quanto tempo, Arche ficou com um olhar desesperado
no rosto.

Era uma parede.

Uma parede invisível estava na frente dela.

O mundo ficava além dela, mas o corpo de Arche foi bloqueado por aquela parede. Arche
estava agora a 200 metros acima do nível do solo e a parede invisível alcançara esse nível.

“—Isto é—”

Arche murmurou para si mesma enquanto o desespero penetrava em seu coração. Ela
voou e sentiu o entorno com as mãos. Mas... tudo que ela tateava era uma parede.

Não importava para onde ela voasse, suas mãos lhe diziam que havia algo duro em seu
caminho.

“—O que é isso?!”

“Uma parede, claro ~arinsu.”


Era uma resposta para seus murmúrios autodirigidos. Arche se virou, com uma idéia de
quem estava atrás dela.

Era como ela esperava. A garota de mais cedo. Mas agora ela tinha um trio de morcegos
gigantes como escolta.

“Embora pareça que você tenha a impressão errada ~arinsu. Este é o Sexto Andar da
Grande Tumba de Nazarick. Quer dizer, você está no subsolo.”

“...Este?”

Arche apontou para o mundo. O céu, as estrelas, o vento suavemente soprando, a flo-
resta que se estendia até onde os olhos podiam ver. Embora ela não achasse que esse
lugar pudesse estar sob a terra, quando se tratava dessas pessoas, até mesmo isso pode-
ria ser uma possibilidade.

“Os 41 Seres Supremos, nossos criadores mais majestosos, já dominaram este lugar.
Tudo isso fora criado por eles e nem nós entendemos tudo ~arinsu.”

“—Eles criaram um mundo? Isso os faria ser como de deuses...”

“Exatamente ~arinsu. Para nós, eles são seres no mesmo nível dos deuses. Esses deuses
tinham o Ainz-sama como seu líder ~arinsu.”

Arche olhou em volta.

Ela aceitou. Como esperado, depois de ver tudo isso, a única coisa que ela poderia fazer
era aceitar essa verdade.

Não havia como ela voltar com vida.

“Então, não vai fugir ~arinsu?”

“—Isso seria minimamente possível?”

“Claro que não. Para começar, nunca houve intenção alguma de permitir que você esca-
passe ~arinsu.”

“—Entendo.”

Arche segurou seu cajado firmemente com as duas mãos e atacou a garota. Ela não podia
mais usar magias desde que ela estava sem mana. No entanto, mesmo nessa situação de-
sesperadora, ela ainda tinha que tentar o seu melhor até o último momento. Este era o
dever de Arche, o único membro sobrevivente da Foresight.
“Isso, isso, você fez o seu melhor ~arinsu.”

A resposta da garota à acusação totalmente determinada de Arche foi pouco mais do


que uma despedida entediada.

“Então, sua triste tentativa de fuga termina aqui... embora seja uma vergonha que eu não
conseguisse ver você desmoronar em lágrimas ~arinsu.”

A garota facilmente pegou o cajado com uma das mãos e puxou-a para si. Arche ficou
desequilibrada e caiu nos braços da garota. As duas acabaram se abraçando no ar.

Nessa posição, a garota enterrou o rosto no pescoço de Arche. Embora tentasse lutar, a
garota que grudava nela como cola não parecia se mexer. Ela exalava um vapor quente
no pescoço e o corpo de Arche estremeceu.

“...Mm, o cheiro de suor ~arinsu...”

Não ser capaz de manter o corpo limpo era parte integrante da vida da Trabalhadora
Arche. Isso era verdade para todos os Trabalhadores, aventureiros, viajantes e qualquer
um que passasse algum tempo se movendo mundo afora. Mesmo se eles se sujassem, a
resposta apropriada seria “e daí?”

No entanto, ela ainda se sentia profundamente envergonhada por ter sido dito por uma
garota que era mais jovem e mais bonita do que ela.

O rosto da garota deixou o pescoço de Arche. Uma sensação de repulsa varreu Arche
enquanto ela olhava naqueles olhos vermelhos. Dentro daqueles olhos ardia uma luxúria
pelo corpo feminino, manchado com o mesmo desejo carnal que os homens possuíam
pelas mulheres.

“Fique à vontade. Você vai morrer sem sentir qualquer sofrimento. Seja grato ao Ainz-
sama por sua misericórdia ~arinsu.”

“——!”

Arche queria responder, mas tudo o que ela sentiu foi surpresa — surpresa pelo fato de
seu corpo ter sido imobilizado. Era como se aquelas pupilas carmesins tivessem roubado
sua alma.

Por fim, Arche percebeu a verdadeira identidade da garota. Ela não era humana — ela
era uma Vampira.

“E agora....”

O rosto da garota se aproximou do de Arche, sua língua passou pelos lábios e lambeu
levemente as bochechas de Arche.
“...Salgado ~arinsu”

A garota riu, e o desespero engoliu a alma de Arche.

Isso só fez a garota rir mais.

O som de lábios se abrindo foi ouvido. O vermelho de suas íris se espalhou para engolir
seus respectivos globos oculares.

Com um som de estalo, ela abriu a boca. O que outrora fora imaculado, dentes brancos
perolados agora eram objetos pontiagudos que faziam as pessoas pensarem em seringas
médicas, em várias fileiras como as de um tubarão. Sua voz lasciva era atada com tons
indecentes e uma baba clara escorria dos cantos de sua boca.

E então, o terror envolveu Arche completamente.

“AhAhAhAhAhA!”

A mente de Arche perdeu a consciência diante do monstro risonho que cheirava a san-
gue.

A última coisa que passou pela sua mente foram os rostos de suas duas irmãs esperando
por ela.

“Ooooooh? Já desmaiou? ...Então não há necessidade de nocauteá-la com magia. Você


pode abraçar a morte em seus sonhos ~arinsu.”

Parte 3

Depois de entregar os intrusos a seus subordinados, Ainz ativou o monitor no Salão do


Trono e examinou os dados de Nazarick. A figura que mais o preocupava — seus fundos
restantes — só havia abaixado ligeiramente. Isso foi porque eles dificilmente ativaram
qualquer armadilha de dinheiro. Assim, pode ser considerado como um exercício de trei-
namento muito bem-sucedido.

Ainz se virou para Albedo — que estava nervosamente aguardando a opinião de Ainz —
e sorriu amplamente — embora um rosto esquelético não pudesse mostrar nenhuma
expressão — antes de elogiá-la:

“Excelente trabalho. Enquanto os intrusos foram todos fracos, eles eram bastante habi-
lidosos entre os humanos deste mundo. Além disso, você os eliminou com quase nenhum
gasto. Parece que posso confiar a tarefa de defesa futura a você.”
“Obrigada pelo seu elogio.”

Albedo pareceu visivelmente aliviada quando inclinou a cabeça em sinal de gratidão.

“Então, Ainz-sama, há algum problema com o tempo?”

“Está bem. Eu perguntei o Pandora’s Actor; no momento acham que os Trabalhadores


estão dentro do estipulado, decidiram esperar um dia ou até que haja alguma mudança
nas ruínas.”

Depois de ver que nenhum dos Trabalhadores havia retornado ao amanhecer, os aven-
tureiros haviam entrado em pânico, mas Momon — Pandora’s Actor — sugeriu que es-
perassem mais um dia para ver. Eles já haviam providenciado que deixassem o acampa-
mento e observassem de longe, em caso de emergência, a palavra de um aventureiro de
posição adamantite carregava mais peso do que seus planos anteriores.

“Então, posso ocupar um pouco do seu precioso tempo? Na verdade, tenho uma per-
gunta a fazer, Ainz-sama.”

“O que é, Albedo? Um momento por favor... Certo, pode dizer.”

Ainz se virou depois de fazer uma verificação final em Hamsuke e os Lizardmen através
do monitor.

“Qual é sua pergunta?”

“—Sim.”

Ela olhou em volta antes de falar e:

“Isso diz respeito ao que aqueles idiotas disseram antes; Quão alto está a procura pelos
Seres Supremos em sua lista de prioridades, Ainz-sama?”

“No topo. Contanto que não coloque a Grande Tumba de Nazarick em perigo, será nossa
prioridade mais alta.”

Ainz respondeu sem demora.

“Compreendo. Então, eu tenho uma proposta, que o senhor me permita montar uma
unidade sob meu comando que irá procurar os Seres Supremos.”

“O que você quer dizer?”

O tom de Ainz inconscientemente ficou rígido, porque ele percebeu o lado escuro que
espreitava dentro de seu coração.
Até essa data, ele teve várias oportunidades de procurar ativamente por seus amigos.
No entanto, ele continuava adiando este plano porque sempre dizia “Não tinha mão de
obra” ou “Não tenha informação suficiente”.

Isso porque ele estava com medo de vasculhar todos os cantos do mundo e não encon-
trar nada, então ele não poderia tomar essa decisão. Em vez de trabalhar arduamente
apenas para confirmar que estava sozinho, tornar-se um monstro famoso era algo que
dava uma esperança maior.

“Sim. As mentiras que os idiotas contavam agora eram de um grau muito baixo e foram
instantaneamente vistas. No entanto, podemos encontrar informações no futuro cuja ve-
racidade não pode ser facilmente determinada. Portanto, gostaria de formar uma equipe
para verificar a confiabilidade dessas informações e, ao mesmo tempo, investigar o pa-
radeiro dos Seres Supremos. Depois de investigar em detalhes, posso relatar os resulta-
dos para o senhor, Ainz-sama.”

Ainz acariciou o queixo com uma mão ossuda.

“Faz sentido...”

Ele murmurou para si mesmo. Pensou em sua conversa com os Trabalhadores, e o que
ele sentiu não foi raiva, mas vazio. A oscilação entre a esperança e o desespero era real-
mente uma coisa de cortar o coração. Deixando de lado seu próprio sentimentalismo,
parece que, como líder do grupo, era hora de decidir avançar, mesmo que fosse apenas
por um pequeno passo.

“Você não precisa fazer tudo sozinha, Albedo. Espero que você possa continuar admi-
nistrando bem Nazarick. Se você pretende coletar informações indo para fora... Mare ou
a Aura não seriam escolhas melhores? Ouvi dizer que há Elfos Negros no mundo exterior.”

“Exatamente como diz. No entanto, há um fator que me deixa desconfortável; “perda de


controle”. Por exemplo, se ela pegasse o rastro de Peroroncino-sama, Shalltear certa-
mente abandonaria tudo e faria o que quisesse. Da mesma forma, se a Aura e Mare sou-
berem de Bukubukuchagama-sama, não há como dizer o que a Aura e Mare farão.”

“Entendo...”

Ainz sorriu amargamente enquanto pensava em Shalltear e completou:

“De fato, eu sinto que é uma possibilidade.”

“Para evitar isso, sinto que uma equipe que é diretamente leal a mim seria mais apro-
priado.”

“...Então você não entrara em modo berserker quando souber sobre o Tabula-san?”
“Por favor, relaxe. Como a Supervisora Guardiã de Nazarick, não o farei sob nenhuma
circunstância. Eu prometo.”

“Entendo...”

Quando se tratava de Albedo, uma pessoa sábia que era a mais habilidosa na adminis-
tração interna de Nazarick, as chances de ela sair do controle devido a suas emoções de-
veriam ser muito baixas. Embora ela ficasse meio desequilibrada de vez em quando,
nunca houvera problemas com a fuga de Nazarick enquanto Ainz se fora, e ela era digna
de confiança.

“Pessoalmente, eu sinto que o Demiurge também seria aceitável, mas ele tem muitos
outros deveres a serem abrangidos. Fazer com que ele tenha a pesada tarefa de coletar
informações sobre os outros Seres Supremos, além daquelas tarefas, seria um tanto tra-
balhoso.”

“O que você disse também faz sentido. Então, que tal despachar o Pandora’s Actor?”

“Eu estava prestes a mencionar isso. Se possível, eu gostaria de pedir que o senhor me
designasse o Pandora’s Actor como meu ajudante, Ainz-sama.”

“Entendo. Ter duas das pessoas mais inteligentes de Nazarick trabalhando juntas redu-
zirá as chances de erros em comparação a apenas uma pessoa, mas... ele ainda tem suas
funções na Tesouraria. Eu vou emprestar para você quando a necessidade surgir.”

“Obrigada, Ainz-sama. Posso fazer vários outros pedidos?”

Ainz levantou o queixo, indicando que ela deveria continuar.

“Eu gostaria que meus subordinados para a equipe de busca do Ser Supremo fossem
poderosos.”

“Claro, eu vou lhe atribuir um grupo dos vassalos de nível mais alto.”

“Obrigada, Ainz-sama. Além disso, acho que seria muito útil se o senhor pudesse doar
[Tenente Morto-Vivo]
um Undead Lieutenant feito a mão pelo senhor.”

“Isso, eu não posso aprovar. De fato, os Undeads Lieutenant que posso fazer são de nível
noventa, mas—”

Em vez de NPCs mercenários, uma das habilidades de Ainz permitia que ele usasse pon-
[Overlord S á b i o ] [Tânatos
tos de experiência para criar seres undeads — um Overlord Wiseman ou um Grim
o Ceifador C r u e l ]
Reaper Thanatos. Como ele só podia ter um de cada vez, eles eram muito poderosos. No
entanto, este mundo não era como YGGDRASIL, onde grandes quantidades de pontos de
experiência eram fáceis de encontrar, e assim ele queria evitar habilidades que consu-
missem pontos de experiência.

“Sim, vou passar isso. Albedo, você estará no comando da equipe, seu ajudante será o
Pandora’s Actor, e os outros membros da equipe serão monstros.”

“Entendido. Há também mais uma coisa; Eu gostaria de manter este grupo em segredo
e não deixar que os outros Guardiões saibam disso.”

“Por que isso? Não será melhor ter a ajuda dos Guardiões?”

“Não. Se as notícias vazarem de forma descuidada, os Guardiões ou outras criações dos


Seres Supremos poderão pedir-nos que os levemos para confirmar visualmente as apa-
rições. Nesse caso, eles podem acabar caindo em uma armadilha se tal notícia for uma
isca. Minhas habilidades são orientadas para a defesa, então eu poderia ser capaz de es-
capar sozinha, mas seria mais difícil se eu tivesse que proteger os outros também.”

“Isso faz sentido. Muito bem, Albedo. Vamos proceder como você achar melhor.”

“Obrigada, Ainz-sama!”

Albedo curvou-se profundamente em agradecimento e seus longos cabelos caíram co-


brindo seu rosto.

“Tudo bem. Então, vou deixar isso para você.”

“Por favor, não se preocupe, Ainz-sama! A unidade secreta que executa o seu desejo mais
importante não o desapontará.”

Ainz ficou intrigado. O fraseado da resposta dela pareceu um pouco estranho.

Esqueça, tudo bem.

“Então, vamos selecionar seus subordinados. Eu não tocarei nos vassalos já atribuídos
aos vários Andares, mas sim em novos. Quantos monstros de nível acima do oitenta você
precisa?”

“Vamos começar com quinze.”

“Quinze? Isso é um pouco demais...”

Na metade, Ainz balançou a cabeça. Procurar por seus antigos amigos era uma tarefa
importante; ele não deveria estar considerando a despesa.

“Não, tudo bem. Compreendo.”


“Há outra coisa que gostaria de perguntar; posso ter autoridade de comando sobre Ru-
bedo?”

“Negado.”

Ainz respondeu instantaneamente.

Rubedo era o indivíduo mais poderoso de Nazarick. Puramente em termos de combate


corpo-a-corpo, ela era mais forte que Sebas, Cocytus e Albedo. Com toda a probabilidade,
até mesmo um Ainz totalmente equipado não poderia vencê-la, e até Shalltear seria con-
siderada fraca em comparação a ela.

As únicas pessoas que podem vencê-la são as do 8º Andar, e elas precisariam usar item
World-Class. Não importa o quão forte ela seja, ela provavelmente não seria capaz de
lutar com um deles de igual para igual, mas...

“Embora o experimento de ativação tenha sido um sucesso, não pretendo mobilizá-la


agora. Desejo te perguntar; por que você precisa de tanto poder de luta?”

“Me envergonha de dizer isso, mas o senhor estaria disposto a ouvir, Ainz-sama?”

“Continue.”

“Como essa é uma chance rara de fazer isso, eu queria reunir o time mais forte possível.”

“Hahahaha—!”

O desejo de Albedo pode ter soado como o de uma criança, mas Ainz entendeu tudo, e
ele não pôde deixar de rir. A emoção foi prontamente reprimida, mas ondas de alegria
permaneceram em seu rastro.

“Ainz-sama!”

Ao ver o olhar aflito no rosto de Albedo, Ainz sorriu para ela — embora seu rosto não se
movesse — e respondeu:

“Desculpe, desculpe. Não, hm, isso é bem interessante. Então é isso. Nesse caso, uma vez
que ela é sua irmã, eu vou passar a autoridade de comando para você.”

“O senhor realmente vai permitir isso?”

“Claro; vá montar seu time dos sonhos. Por tudo que sabemos, podemos precisar usar o
poder dessa equipe no futuro.”

“Muito obrigada, Ainz-sama!”


Albedo curvou-se profundamente, e assim ele não pôde ver o rosto dela, mas Ainz ima-
ginou que ela estaria sorrindo benignamente como sempre, e então ele voltou sua aten-
ção para os monitores mais uma vez. Só então, alguém entrou no Salão do Trono; era
Entoma. Ela caminhou até o Trono, então genuflectiu diante dele e inclinou a cabeça.

“—Com licença.”

“O que é, Entoma?”

A voz de Albedo soou muito firme. Entoma respondeu com um “—Sim” e continuou res-
pondendo mantendo a mesma posição.

“—Aura-sama e Mare-sama estão prestes a sair, e eu vim relatar.”

“Então é isso... levante a cabeça.”

Entoma respondeu com um grampeado “—Sim” mais uma vez e depois olhou para cima.

“Ainda há tempo, eu irei pessoalmente. Comunicar com magia é muito chato. Entoma,
perdoe-me, mas avise os dois.”

“—Entendido.”

Entoma levantou-se e foi embora. Albedo observou-a enquanto ela se afastava, depois
se inclinou para Ainz e perguntou:

“...Ainz-sama, o senhor não está descontente? Eles deveriam ter enviado uma empre-
gada diferente de Entoma. Eu vou repreendê-los mais tarde.”

“...Por que você diz isso?”

“Não, eu simplesmente senti que não deveriam ter deixado o senhor ouvir a voz rude
daquela humana, Ainz-sama—”

“Oh, eu não me importo. Na verdade, foi minha sugestão que Entoma pegasse a vo—
Espere! Entoma!”

“—Sim! Algum problema?”

Entoma estava prestes a voltar apressadamente quando Ainz estendeu a mão para im-
pedi-la, indicando que ela deveria respondê-lo a partir de sua localização atual.

“O que aconteceu com as outras partes? Foram bem utilizadas?”


[Demônio Chapeu d e S e d a ]
“—Sim. A cabeça foi para um S i l k Hat Demon. Os braços foram compartilhados entre
[ M o r t o Briguento]
os Deadman Struggles. Demiurge-sama pegou a pele. As outras partes foram divididas
para as crianças de Grant. Eu acredito que não houve desperdício.”

“Mesmo? Excelente. O dever de um caçador é fazer bom uso de cada parte de sua morte.
Se todos os caçadores fizessem isso, isso seria chamado caça sustentável.”

“És realmente... muito gentil. Como esperado do Supremo, o senhor mostra bondade até
mesmo para pequenos ladrões imundos. Certamente todos em Nazarick iriam derramar
uma lágrima se ouvissem o que acabou de dizer, Ainz-sama.”

A voz de Albedo tremia de emoção enquanto falava. Os olhos de Entoma estavam cheios
de um respeito que transcendia a normalidade.

“...Uhun. Ah, tudo bem... isso é apenas minha opinião pessoal, não é para forçá-la a ser
como eu. Embora, eu ainda... sinta que fazer pleno uso disso é apenas cortesia comum.”

“—Entendido, tenho certeza que os outros farão bom uso deles também!”

Quando ele viu as duas se curvando profundamente diante dele, Ainz teve a sensação de
que havia perdido alguma coisa em algum lugar, e tudo o que ele pôde responder foi
“Uhun”.

Parte 4

O Ministério da Magia tinha várias salas de reunião e quartos de hóspedes. Fluder estava
indo para o quarto de hóspedes mais luxuosamente mobiliado de todos. Era uma sala
que só era usada para visitas do imperador ou de outras pessoas de alta classe.

Fluder ficou ao lado da porta do quarto e checou sua aparência.

Seu manto era requintado e adequado para ser usado nas galas noturnas organizadas
pelo Imperador, enquanto o esguicho de colônia em sua gola e mangas irradiava uma
fragrância animadora.

Fluder não tinha interesse em política ou interações sociais. Em vez disso, ele esperava
poder concentrar todos os seus esforços na pesquisa de magia, por isso achava todos os
outros assuntos irritantes. No entanto, ele sabia que não podia ignorar completamente
tais problemas.

Ele não queria ferir a dignidade do Império aparecendo despenteado.

Muito bem, tudo bem.


Depois de se assegurar de que suas roupas estavam em um estado imaculado, ele bateu
na porta e entrou.

Havia dois aventureiros na luxuosa sala. Um deles era um guerreiro, vestido com arma-
dura preta como o Death Knight de antes. E então, a outra era uma linda mulher que era
tão graciosa que chegou a hipnotizar Fluder por um momento.

Então eles são Momon da Escuridão e a Bela Princesa Nabe?

“Perdoe-me por manter os dois esperando.”

Quando Fluder silenciosamente fechou a porta, de repente ele teve uma sensação estra-
nha.

“...Indefinível...”

Ele permaneceu na porta, olhando para a beleza de cair o queixo.

...Não consigo ver?

Os olhos de Fluder deveriam ter visto uma imagem sobreposta a ela. No entanto, ele não
podia ver agora, o que o deixou sem palavras por causa do choque e da perplexidade.

O Talento de nascença de Fluder era a capacidade de ver as auras ao redor de magic


caster arcanos e, portanto, os níveis de magias que eles poderiam usar.

No entanto, o talento de Fluder não conseguia sentir as auras ao seu redor, apesar de
ouvir que a Bela Princesa Nabe da Escuridão era uma magic caster arcana.

Proteção contra adivinhações?

Essa era a única possibilidade, mas isso, por sua vez, levantou novas questões. Por que
ela se protegia contra adivinhações? Aventureiros normais não erigiriam tais defesas.
Isso porque o uso de sua força em tais assuntos era muito problemático e poucas situa-
ções surgiam onde era necessário estar constantemente ciente de tais coisas. Além disso,
não tirar a proteção de adivinhações quando encontrá-los era bastante rude.

Bem, eu mesmo usei uma habilidade de detecção, o que foi um pouco indelicado também...
mas por que ela tem que esconder seu poder?

O Talento de Fluder era bem conhecido, e talvez ela tenha feito isso para se proteger,
mas ele ainda não sabia o motivo.

Ao ver Fluder congelado no lugar, seus convidados um tanto surpresos perguntaram:


“Algo importante?”

“Ohh, por favor, perdoe minha grosseria.”

Fluder sentou-se diante de Momon, mas ele não pôde deixar de espreitar Nabe.

“Ah, entendo. Vamos começar então.”

Começar o quê? Antes que Fluder pudesse perguntar, Momon tomou a iniciativa e disse:

“...Nabe, é hora de você tirar o seu anel.”

“Entendido.”

Nabe retirou o anel. Naquele momento—

♦♦♦

Parecia que uma explosão havia explodido em seu rosto.

Um grito de “O QUÊ—?!” Escapou de sua garganta.

O corpo de Nabe irradiava uma onda de poder forte o bastante para agitar o mundo.

Seu corpo não estava sendo realmente assaltado por uma onda de pressão excessiva.
Esta foi uma onda de força que só alguém com os Talentos de Fluder podia ver.

Fluder se enrolou em uma bola e tremeu, como um homem açoitado por ventos gelados.

“Im...possível...”

Não era possível, não poderia ser possível. Não havia jeito — de jeito nenhum havia
alguém mais poderoso que ele.

Mas ele não podia rejeitá-la, porque a cena diante dele era realidade. Sua habilidade
nunca o havia traído antes — seu poder era muito superior ao dele. Essa era a verdade
pura e inegável.

“Sétimo... não, não me diga, esse fluxo de poder é... a prova do oitavo nível...?”

Se assim fosse, então seria o material das lendas.

Fluder não podia mais falar, porque a magia do 5º Nível era o domínio dos heróis. E o 6º
Nível que Fluder alcançou pertencia ao desconhecido. E agora, alguém que facilmente
subira um degrau subitamente aparecera diante de seus olhos.
Uma mulher de idade e beleza impares.

Será que a aparência não corresponde à idade dela?

Quando Fluder tremeu em choque, ele notou Momon removendo uma de suas manoplas
pretas, e então ele removeu um dos anéis que ele usava.

“—!”

Naquele instante, o mundo foi transformado em luz e Fluder sentiu sua consciência fugir.

Ele não conseguia entender o que acabara de acontecer diante de seus olhos. Mesmo
Fluder, que viveu mais de 200 anos, mesmo esse homem que poderia usar os níveis mais
altos de magia que a humanidade poderia alcançar, não pôde compreender essa reali-
dade.

“Isso... isso... isso é... isso é inacreditável.”

Líquido quente correu pelas bochechas de Fluder. No entanto, ele não tinha a presença
de espírito ou a compostura para limpá-lo. O imenso choque dominou sua mente.

Quem poderia imaginar isso? Que o Guerreiro Negro das canções e da história era na
verdade um magic caster arcano e alguém que ocupava uma altura tão grande que Fluder
não podia esperar alcançar a sola de seus pés?

“Se esse é o oitavo nível... então este é o nono... não... isso realmente é... oh, deuses...”

O esmagador poder que emanava do Guerreiro Negro Momon excedia em muito o de


Nabe, que se sentava ao seu lado. Desde que ele havia superado Nabe, uma magic caster
com nível equivalente à do 8º nível, então exatamente que alturas de magia esse Momon
poderia alcançar?

A alma de Fluder respondeu à pergunta que apareceu no canto de sua mente.

♦♦♦

—O décimo nível. Era um zênite absoluto cuja existência era conhecida, mas que nunca
havia sido verificada. E agora, um homem que veio daquele domínio exaltado apareceu
diante de seus olhos.

♦♦♦

Fluder levantou-se, depois se ajoelhou diante de Momon, com lágrimas escorrendo de


seus olhos.
“...No passado, eu acreditava em uma divindade menor que governava a magia. No en-
tanto, se Vossa Onipotência não é esse Deus, então eu prontamente renunciarei a minha
fé. Isso é porque o verdadeiro deus se dignou a aparecer diante de mim.”

Fluder se curvou com todas as suas forças, colando a cabeça no chão. Havia dor, mas a
alegria incontrolável em seu coração significava que a dor perdeu todo o significado para
ele.

“Eu sei que isso é extremamente rude, mas eu imploro um favor, sobre minhas mãos e
joelhos! Por favor, me conceda seus ensinamentos! Desejo vislumbrar o abismo da ma-
gia! Eu te imploro! Eu te imploro!”

“—E que tipo de preço você está disposto a pagar por isso?”

Aquela voz era tão fria quanto um iceberg. Isso seria um consenso em todos; ainda assim,
para os ouvidos de Fluder, era uma voz doce e agradável que deixava seu coração agitado.
Claro, ele sabia do veneno escondido dentro dessas palavras. Ainda assim — e daí?

Fluder não hesitou nem por um momento. Ele estava disposto a pagar o preço. Ele es-
tava disposto a entregar sua alma.

“Tudo! Sim, prometo tudo o que tenho! Óh Senhor do Abismo! O Ser insondável!”

“...Muito bem. Se você estiver disposto a me dar tudo, então meu conhecimento será seu.
Eu concederei seu desejo.”

“Ohhh! Ohhhhh!”

Fluder enterrou a testa no chão enquanto derramara lágrimas de alegria. Seu coração,
congelado e duro de ciúmes, havia derretido. Depois de esperar mais de 200 anos, ele
finalmente obteve a chance de cumprir o desejo que ele havia mantido por tanto tempo.

Fluder — totalmente excitado — manteve a testa tocada no chão enquanto se arrastava


até os pés de Momon e beijava suas botas. Ele planejara originalmente lambê-los. No en-
tanto, a parte calma de sua mente preocupava-se com o fato de que seu mestre e deus
ficaria revoltado com ele, e por isso ele se contentou com essa cortesia.

“Isso é o suficiente, eu entendo sua lealdade.”

“Ohhh! Obrigado! Meu Mestre!”

“Agora, vejamos a sua primeira encomenda. Entregue sacrifícios vivos à minha forta-
leza—”

♦♦♦
“Velhote! Velhote! O que há de errado, velhote?”

Perdido em pensamentos, Fluder apareceu quando ouviu alguém chamando por ele.

Fluder piscou algumas vezes, depois lembrou-se de onde estava e assentiu para a pessoa
que o chamara.

“Perdoe-me, Majestade. Eu estava pensando em alguma coisa.”

Diante de Fluder era a única pessoa que poderia chamá-lo de “velhote”. Essa pessoa era
o Imperador do Império Baharuth, Jircniv Rune Farlord El-Nix.

Normalmente, haveria apenas algumas pessoas nesta sala, mas agora, havia muitas pes-
soas reunidas aqui. Havia o Imperador Jircniv e quatro guarda-costas. Lá estava Fluder
Paradyne, o mais alto mestre de magia do Império. Depois, havia 10 ministros leais e
capazes, cujas habilidades poderiam efetivamente apoiar seu imperador excepcional-
mente inteligente. Além disso, uma das pessoas saudadas como as mais fortes do Império
— “Relâmpago” Baziwood Peshmel dos Quatro Cavaleiros Imperiais — estava presente.

Todos estavam sentados onde queriam, e estavam discutindo a direção que o Império
tomaria desde agora. As folhas de papel espalhadas por toda parte testemunhavam a in-
tensidade de seu debate. Um deles até gritou rouco.

O jovem Imperador falou algo para Fluder, algo que ele nunca teria dito a ninguém mais.

“Não, não se preocupe com isso. Afinal, eu fiz você se preocupar com muitas coisas. Você
está se dando bem em anos, então eu gostaria de deixar você se divertir com eles. Infe-
lizmente, há muitas coisas que devo incomodá-lo, então, por favor, me perdoe.”

“Agradeço a Vossa Majestade por sua preocupação. No entanto, eu sou um servo fiel de
Vossa Majestade. Por favor, peça-me o que desejar.”

Depois de ser reconhecido por seu serviço, Fluder acenou com a cabeça ligeiramente.

Eu criei um bom menino.

Esses pensamentos passaram pela mente de Fluder quando ele olhou para o jovem bo-
nito.

Fluder começou a trabalhar para o Império há cerca de seis gerações.

Sua relação com o imperador naquela época — o sexto Imperador antes de Jircniv —
tinha sido muito ruim. No entanto, Fluder era um habilidoso magic caster que podia con-
jurar magias de alto escalão, então depois de entrar no serviço público, ele logo alcançou
o meio dos escalões superiores dos magos da corte.
Por esta razão, Fluder tornou-se mais próximo do quinto Imperador antes de Jircniv.
Depois de se tornar o Chefe da Côrte de Magia ele começou a ensinar o quarto Imperador
antes de Jircniv sobre magia.

Desde que o terceiro Imperador antes de Jircniv subiu ao trono, ele assumiu o papel de
ensinar o imperador sobre todo tipo de conhecimento e teve considerável influência na
implementação de políticas.

E agora, havia o atual imperador — seu amado garoto.

Nenhum dos imperadores que ele havia servido através das gerações foi incompetente.
Os céus pareciam ter sorrido para cada um deles; todos eles eram garotos talentosos e
inteligentes — exceto o sexto Imperador antes que Jircniv, que já era velho na época. E
entre todos eles, o atual Imperador possuía inteligência para superar todos eles. Ele po-
deria ter começado a estabelecer as bases para isso desde duas gerações atrás, mas o fato
de que ele poderia se instituir com sucesso como um autocrata foi graças à sua excelente
competência.

Fluder gostava profundamente de Jircniv Rune Farlord El-Nix.

Fluder lhe ensinara como se fosse seu próprio filho. Ele tinha certeza de que o Impera-
dor também o amava e respeitava como um segundo pai.

Mesmo assim—

♦♦♦

Fluder poderia descartar um homem que amava como seu próprio filho.

Eu quero ver o abismo da magia, Jir. Eu deixarei de lado qualquer coisa sem hesitação. Até
um rapaz querido como você.

♦♦♦

“Então, Vossa Majestade, decidimos parar completamente a ofensiva contra o Reino, não
é?”

“De fato. Isso porque investigar o demônio Jaldabaoth é mais importante. Velhote, você
aprendeu alguma coisa?”

“Lamento dizer que, apesar das minhas investigações, ainda não encontrei nenhuma in-
formação, Vossa Majestade.”

De fato, tudo foi organizado de antemão.

“Paradyne-sama. O senhor não pode usar magia para investigar?”


Fluder virou-se para o homem que se dirigira a ele, fingiu cuidadosamente uma expres-
são e depois olhou friamente para ele.

“De fato, a magia é potencialmente capaz de realizar o impossível. Isso é—”

“—Me perdoe, velhote. Uma vez que você começa a falar sobre esse tipo de coisa, você
tende a divagar o dia todo. Por favor, dispensem isso por enquanto.”

“Eu entendo, Vossa Majestade.”

Respondeu Fluder com um olhar um tanto infeliz em seu rosto. Então, ele começou a
falar novamente em um tom pedagógico:

“Existem maneiras de resistir à investigação mágica. Por exemplo, esta sala é à prova de
som; todos vocês deveriam saber disso. Da mesma forma, impedir a magia da adivinha-
ção também é simples o suficiente para realizar.”

“...Entendo. Em outras palavras, existem maneiras de resistir, então é muito difícil.”

“Precisamente. No entanto, você teria sorte em escapar com uma magia fracassada. Os
magic caster de alto nível podem até preparar contra-ataques contra esse tipo de magia;
se as coisas correrem mal, elas podem matar diretamente o adivinho que está conjurando
tais magias.”

Que utilidade minha lamentável compreensão da magia seria para o Supremo... ninguém
é mais adequado a ser chamado de Supremo. Preciso demonstrar minha utilidade o mais
rápido possível—

Várias pessoas tinham o olhar enojado em seus rostos quando souberam que seu adver-
sário poderia instantaneamente matar pessoas com um contra-ataque, mas Fluder es-
tava totalmente desinteressado.

“Então, de acordo com suas palavras.”

Disse um dos ministros enquanto pegava uma folha de papel:

“O fato de conseguir detectar a base deste magic caster Ainz Ooal Gown com uma magia
não significa que suas habilidades estão abaixo da sua, Paradyne-sama?”

“Ingênuo!”

Fluder esforçou-se para não sorrir amargamente enquanto continuava em tom áspero,
para melhor impressionar as profundezas de seu aborrecimento com o outro grupo.
“Você é muito ingênuo. Isso foi só depois que eu testemunhei ele salvando o Vilarejo
Carne... não, eu notei que ele tinha apenas protegido o Vilarejo Carne e, em seguida, rea-
lizou a vigilância mágica da área, que foi como eu notei as ruínas. Como eu não tinha
lembrança das ruínas que estavam lá, continuei minha observação, que foi como eu notei
um magic caster que parecia com Ainz Ooal Gown entrando nessas ruínas. Você deve se
lembrar que eu o descobri inteiramente por acaso, senão você estará convidando um de-
sastre para sua própria cabeça!”

Parte disso era a verdade. Só um idiota levaria um ser tão bom de ânimo leve. Não, ele
também tinha sido tão tolo; a ignorância era uma coisa verdadeiramente trágica.

Fluder riu baixinho do tolo do passado. Naquela época, ele realmente tinha sido igno-
rante.

“Me perdoe.”

Fluder acenou com a mão para aceitar o pedido de desculpas do homem.

“Oh, isso mesmo, velhote. E os Trabalhadores que você enviou para a casa dele?”

“Um dos espiões que os seguia enviou um relatório via 「Message」. Parece que estão
todos mortos.”

Jircniv contou os dias em seus dedos e então seus olhos se arregalaram um pouco. Ele
ouvira dizer que as pessoas que haviam sido enviadas eram Trabalhadores bastante ca-
pazes. O fato de que tal poder de luta tinha sido aniquilado em um dia ou menos foi bas-
tante surpreendente.

Escusado será dizer que Fluder não ficou surpreso. Ele sentiu que tal resultado era ine-
vitável. No entanto, o olhar em seu rosto era de descrença.

“...Mesmo? Dito isto, a informação mágica sozinha não é completamente confiável.


Quanto tempo até os aventureiros retornarem?”

“Eles decidiram recuar imediatamente, pois ninguém voltou vivo, mas parece que levará
quatro dias para voltarem.”

“Esperar que os aventureiros que retornaram nos forneçam mais informações... Isso
será em pelo menos cinco dias. Até lá, nossas mãos estão amarradas.”

「Message」 era uma maneira muito pouco confiável de transmitir informações. Isso
porque ficou menos claro quanto maior a distância entre eles. Além disso, havia outra
razão pela qual o Império não confiava em métodos como 「Message」.

O exemplo mais famoso foi a tragédia de Gatenbarg.


Cerca de 300 anos atrás, esse país havia criado uma rede 「Message」 entre suas cida-
des para aumentar a velocidade de transferência de informações. Era uma nação huma-
noide governada por magic caster. Devido à sua excessiva confiança no 「Message」,
caiu no caos depois de receber apenas três relatórios falsos. As cidades guerrearam umas
contra as outras e, além disso, foram atacadas por monstros e demi-humanos, e assim o
país pereceu.

Além disso, os bardos também cantaram músicas sobre maridos que assassinaram suas
esposas depois de serem informados da traição, apenas para descobrir depois que eram
notícias falsas o tempo todo.

Como resultado, poucas pessoas confiaram em 「Message」 para passar informações.


Pelo contrário, aqueles que depositaram muita fé nesta magia foram tratados como idi-
otas. Jircniv era um deles. Ele fez uso de 「Message」. No entanto, ele corroborou com
inteligência de outras fontes; ele nunca confiaria apenas em magia.

“Ainda assim, esse homem era um idiota. Se ele tivesse contratado Trabalhadores de E-
Rantel, as coisas teriam se encaixado melhor no nosso plano. Claro, é precisamente por-
que ele é incompetente que ele estava dançando na palma da minha mão, mas ser muito
inútil também é problemático. Ele deveria ser melhor isca, pelo menos.”

“É como Sua Majestade diz.”

♦♦♦

Jircniv franziu as sobrancelhas ao ouvir Fluder concordar com ele.

Fluder havia proposto um plano há vários dias, que ele aceitara. Esse plano tinha dois
objetivos.

O primeiro foi apreender a personalidade de Ainz Ooal Gown.

De acordo com as investigações de Fluder, a reação de Ainz Ooal Gown foi não deixar a
tumba por vários dias, então eles determinaram que a tumba era sua base. Assim, eles
despacharam os Trabalhadores para lá, para observar como Ainz Ooal Gown reagiria.

Será que ele trataria as pessoas que invadissem seu lar gentilmente ou montariam re-
sistência rígida?

No final, os Trabalhadores foram massacrados até o final e, a partir daí, aprenderam


sobre parte de seu caráter.

O outro objetivo era arruinar o relacionamento do Reino com Ainz Ooal Gown. Teria
sido melhor contratar Trabalhadores em E-Rantel, mas infelizmente as coisas não ti-
nham corrido tão bem.
Parece que ele não era tão burro assim.

Tudo o que o Conde ouvira era que essas eram ruínas desconhecidas. Havia sido um
risco suficiente para um nobre do Império invadir ruínas no território do Reino, e con-
tratar Trabalhadores do Reino exigiria ainda mais coragem. Era difícil culpá-lo por usar
os Trabalhadores do Império.

No entanto, isso significaria que eles não poderiam estragar a relação entre E-Rantel —
ou talvez o Reino Re-Estize — e Ainz Ooal Gown. Portanto, a fim de alcançar seu segundo
objetivo, eles tiveram que enviar informações sobre essa tumba desconhecida para a Gui-
lda dos Aventureiros do Reino.

“A chegada de Momon no Império chegou às nossas mãos.”

“De fato. Agora, ele dirá à Guilda sobre as ruínas desconhecidas e como os Trabalhado-
res foram todos eliminados. Dessa forma, o Reino saberá que o Império quer revistar
essas ruínas e montará uma investigação oficial por conta própria.”

Foi para alcançar esse objetivo que eles forçaram o envolvimento da Guilda dos Aven-
tureiros nisso. Claro, eles não o fizeram no nome do imperador. Eles simplesmente espa-
lharam alguns rumores pelos espiões para encorajar tal ocorrência.

Este incidente teve que ser tratado como um nobre tolo correndo solto. Dessa forma,
mesmo que o envolvimento do Império fosse revelado, a hostilidade de Ainz Ooal Gown
seria direcionada ao Conde que foi manipulado, e Jircniv poderia construir um relacio-
namento amigável com ele.

“Naturalmente, os aventureiros do Reino invadirão o covil de Ainz Ooal Gown, que res-
ponde a intrusões com força letal. Que tipo de resposta um poderoso magic caster fará
contra o Reino? E o que o Reino fará quando for atacado? Eu espero ansiosamente por
isso.”

Jircniv riu. Então, apenas no caso, ele perguntou:

“Eu já conheço o poder do Ainz Ooal Gown. Já que ele pode facilmente eliminar equipes
de Trabalhadores. Este assunto deve ser cuidadosamente tratado e cuidado, a cabeça de
um nobre tolo é um bom preço.”

“Mas é claro. Nós nos esforçamos muito para lidar com isso, e somente as pessoas aqui
sabem a verdade.”

“Ótimo. Mas apenas no caso — o que foi isso?”

Um tremor interrompeu as palavras de Jircniv. As janelas da sala e os móveis sacudiram.


No entanto, não parecia ser um terremoto. Era mais como um grande tremor causado
por alguma entidade massiva caindo no chão.
“O que aconteceu? Apresse-se e confira — o que é esse tumulto?! O que está aconte-
cendo!”

Os lamentos que Jircniv ouviu não foram apenas de dentro da sala, mas também do lado
de fora. As paredes desta sala eram grossas e resistentes. Nesse caso, quão alto estavam
as pessoas do lado de fora gritando? O que provocou esse grito — o som menos esperado
para esse lugar?

Um de seus vassalos olhou para o pátio de onde os gritos vieram e depois de examinar
a situação, seu rosto ficou pálido quando ele respondeu à pergunta de Jircniv.

“Vossa Majestade! Um Dragão! Um Dragão pousou no pátio!”

Por um breve momento, uma onda de estupefação passou pela sala. Ninguém poderia
analisar imediatamente o significado dessa frase. Não, eles não conseguiam entender.
Todos sabiam que ele não poderia estar mentindo, mas todos correram para a janela para
testemunhar com seus próprios olhos.

Eles praticamente abriram as pesadas cortinas. Depois de ver o que havia por trás deles,
a cena do lado de fora da janela de vidro translúcido — a de um Dragão no meio do pátio
— cada um deles estava sem palavras e boquiaberto com as bocas abertas.

“Por que... por que há um Dragão lá? De onde veio aquele Dragão?”

“Negócios Estrangeiros! Qual camponês montador de Dragão estava programado para


invadir o pátio hoje?”

“Eu não sei nada sobre isso!”

“Você viu os Dragões do Conselho Estadual antes? Isso poderia ser um Dragão deles?”

“...Esse Dragão não corresponde à descrição que me foi dada. O diplomata que me disse
que deveria ser confiável.”

“Tudo isso não é importante; Certamente o maior problema é deixar a oposição forçar
seu caminho para o Palácio Imperial, não? Sua Majestade está aqui; o que a Guarda Real
Aérea está fazendo!”

Os Dragões possuíam corpos poderosos embainhados em grossas escamas, suas expec-


tativas de vida excediam amplamente as da humanidade, eles tinham todo tipo de habi-
lidades especiais e magia, e eles eram os seres mais poderosos do mundo. É claro que a
força dos Dragões variava entre os indivíduos, e havia histórias ocasionais de um aven-
tureiro derrotando um Dragão. Mas ao longo do curso da história, também houve cidades
devastadas por um Dragão raivoso, e às vezes até países inteiros. Uma cidade em um país
do sul havia sido destruída por um Dragão há cerca de 20 anos, e ainda estava fresca na
memória das pessoas.

O fato de que tal ser apareceu no meio do Palácio Imperial foi uma situação grave.

Até mesmo Jircniv prendeu a respiração enquanto examinava a situação. Nesse mo-
mento, ele viu duas pessoas descerem das costas do Dragão.

Ele apertou os olhos e viu que eram duas crianças cuja pele estava bronzeada pelo sol.

“Aqueles devem ser Elfos Negros.”

Fluder afirmou calmamente as espécies desses dois.

“Paradyne-sama! De onde veio esse Dragão! E quem são essas duas pessoas?”

“Bem, eu não reconheço esse Dragão...”

O Dragão no pátio estava cercado de cavaleiros, para não falar das duas pessoas que
haviam acabado de pousar nele. Aqueles cavaleiros eram o orgulho do Império, mas ele
não conseguia colocar sua fé neles quando estavam diante de um Dragão. Essa era a raça
dos seres mais fortes.

Um homem saiu do meio dos cavaleiros, um homem que carregava um escudo em cada
mão.

“Ei, ei, ele vai lá fora? Não podemos evitar... Mas perdê-lo assim seria uma lástima.”

A pessoa que deu um passo em frente foi um dos Quatro Cavaleiros Imperiais, “O Intan-
gível” Nazami Enec.

Ele foi um dos mais importantes guerreiros do Reino, o mais adepto dos Quatro Cava-
leiros em batalhas defensivas. Este guerreiro pode resistir a muitos ataques de energia,
mas ele parecia muito insignificante quando comparado a um dragão. Todos puderam
apenas concordar com a previsão do “Relâmpago” Baziwood Peshmel sobre o destino de
seu colega.

“Vossa Majestade, por favor, se abrigue!”

“Onde podemos correr? Diga-me onde podemos encontrar segurança?”

Jircniv bufou ante a sugestão do ministro que havia caído em si.

“Mas!”
“—Eu entendo o que você quer dizer. Mas se abandonarmos o palácio imperial e fugir-
mos, nos tornaremos alvo de piadas. O mesmo se aplica mesmo que nosso adversário
seja um Dragão. Embora não pareça um Dragão do Conselho Estatual, se nosso inimigo
fez isso sabendo sabia que eu não fugiria... eles dizem que os Dragões são muito inteli-
gentes; parece que conhece muito bem a situação política do Império.”

Jircniv poderia aplicar pressão aos nobres porque ele tinha o poder militar dos cavalei-
ros como apoio. Se o Imperador e seus cavaleiros deixassem o Palácio Imperial e fugis-
sem porque um Dragão aparecesse lá, eles certamente fariam pouco caso do poder mili-
tar do Imperador e se revoltariam. Ele não achava que perderia para qualquer grupo de
desajustados que pudessem juntar, mas enfraqueceria severamente o Império.

Lutar ou fugir, ainda assim perderemos. Que movimento problemático. De onde veio esse
Dragão?

Logo, mais e mais pessoas se reuniram no pátio. Havia 40 guardas imperiais cercando o
Dragão e os dois Elfos Negros, além de 60 cavaleiros. Além disso, magic caster arcanos e
divinos espalhados entre eles.

“Cento e vinte pessoas não serão suficientes para lidar isso. Eu acho que eu deveria ir
também, Vossa Majestade.”

Jircniv franziu ligeiramente a sobrancelha. Fluder era o trunfo do Império. Ele não tinha
certeza de usar esse trunfo contra um poderoso ser como o Dragão, se isso faria algum
sentido. No entanto, ele estava confiante de que Fluder poderia escapar mesmo depois
de ser pressionado em apuros, e essa confiança interrompeu sua hesitação.

Jircniv não sabia a verdade.

Ele não sabia que a oferta de Fluder para ir adiante era para evitar que Jircniv pedisse a
ele que recuasse com magia de teletransporte.

“Eu vou contar com você, velhote. Além disso, você poderia pedir ao O Intangível para
se acalmar?”

“Entendido. No entanto, essas pessoas são insondáveis. Eu sinto que eles são incrivel-
mente fortes; por favor prepare-se para fugir, Vossa Majestade.”

Com isso, Fluder abriu a janela. Ele pulou para fora e voou para o céu com uma magia
de vôo.

♦♦♦

“Er, todos podem me ouvir? Somos subordinados de Ainz Ooal Gown-sama, e meu nome
é Aura Bella Fiora!”
♦♦♦

Só então, uma voz incrivelmente alta ecoou pelos arredores.

♦♦♦

“O imperador desta nação mandou um bando de capangas rudes para a Grande Tumba
de Nazarick, onde o Ainz-sama fica! Ainz-sama está muito infeliz. Então, se você não se
desculpar, desintegraremos este país!”

♦♦♦

O rosto de Jircniv se torceu. Quem havia contado isso e como? Como ele seguiu as pistas
para descobrir a verdade?

Ele olhou ao redor da sala. Todos olhavam em choque para o Imperador. As pessoas que
entenderam as dúvidas no coração de Jircniv balançaram a cabeça.

♦♦♦

“Para começar, vamos matar todas as pessoas aqui! Mare!”

♦♦♦

A Elfa Negra — de vestes femininas — enfiou seu cajado na superfície do pátio. Naquele
momento, foi como se um terremoto localizado tivesse ocorrido no pátio. E foi “assim
como suspeitavam” pois, Jircniv não sentia a terra mover-se. No entanto, o chão ainda se
abre ao redor do Dragão e dos Elfos Negros, fendas que se abrem em padrões mais com-
plexos que a teia de uma aranha.

Os cavaleiros, a Guarda Imperial, os magic casters — exceto Fluder, todos foram engoli-
dos pela terra.

Os Elfos Negros pareciam ter habilmente excluído eles e seus aliados do raio efetivo do
ataque. Ela ficou lá despreocupadamente, e uma vez que ela puxou o bastão, o chão se
apressou a se recompor, exatamente como quando o terremoto ocorreu. No entanto,
desde que se juntou muito rapidamente, o chão inchou, seguindo o padrão anterior de
teia de aranha, e se tornou um pequeno outeiro.

Os cavaleiros que haviam se reunido no pátio agora tinham desaparecido sem deixar
vestígios. O fim veio em um instante.

♦♦♦
“Tudo certo~ nós matamos todos eles. Agora, para todos os humanos nesta cidade... er,
eu não sei quem é o Imperador, então não importa! Se o Imperador não aparecer agora,
destruiremos esta cidade! Imperador-san, por favor, saia agora!”

♦♦♦

“Vossa... Vossa Majestade.”

O Ministro-Chefe estava tremendo, com o rosto mortalmente pálido enquanto conduzia


Jircniv para a frente.

“...Então eles montaram um Dragão aqui porque nós pisamos na cauda do Dragão lá?”

Jircniv lutou para reprimir o tremor em sua voz. O ser supremo no Império, o Imperador
que detinha todo o poder em suas mãos, não podia demonstrar medo diante de seus sú-
ditos.

“Ainz Ooal Gown... que conduta máscula... não, agora não é hora de pensar sobre esse
tipo de coisa.”

Jircniv gritou da janela:

“Eu sou o Imperador, Jircniv Rune Farlord El-Nix! Eu quero falar com você! Se não inco-
modar, eu vos convido para entrar no palácio!”

Ele se virou para o Ministro-Chefe:

“Prepare a melhor recepção para eles! Agora mesmo!”

Os ministros saíram correndo da sala, e os olhos de Jircniv foram de suas costas para os
Elfos Negros, que estavam olhando para ele.

“...Eu os subestimei. Se esses são apenas subordinados... não me digam que eu não posso
lidar com essas pessoas... Ainda assim, não vou voltar atrás agora. Se eles querem discu-
tir... então vamos lutar uma guerra de palavras. Ainz Ooal Gown, veja como eu quebro
suas ambições!”
Epílogo
ntão, aqui estão as cem moedas de ouro, como prometido, e aqui está o re-

E cibo.”

Ele olhou para o conteúdo da bolsa, então assentiu em satisfação. O pai de


Arche assinou o pergaminho entregue a ele sem um momento de hesitação.
Finalmente, ele colocou o selo de sua família nele. A natureza praticada desses movimen-
tos provou que ele os fizera várias vezes antes.

“Isso vai ficar bem?”

O homem olhou para o pergaminho e depois assentiu. Se Hekkeran e Imina estivessem


aqui, teriam aparência de nojo absoluto em seus rostos. Este homem foi quem foi para a
estalagem onde Foresight ficou antes.

Ele examinou o pergaminho que lhe havia sido entregue várias vezes, certificou-se de
que tudo estava em ordem e que a tinta secara, assim, enrolou-a e enfiou-a na caixa do
pergaminho.

“Confirmei que não há problemas.”

Então, o homem indicou a bolsa diante do pai de Arche.

“Não prefere ter certeza?”

“Ahhh, uma moeda mais ou menos não é grande coisa.”

“Jura?”

O homem respondeu ao pai de Arche enquanto ele balançava a cabeça grandemente.

Claro, ele havia verificado isso antes, e o valor total estava lá. No entanto, uma família
cujas fortunas haviam caído o suficiente para pedir dinheiro emprestado para sobreviver
não podia aceitar nem mesmo uma única moeda de ouro como garantia. Não, talvez essa
família estivesse condenada quando alguém como ele se tornasse seu herdeiro.

Para o homem, no entanto, nada disso era importante desde que o pai fosse um bom
cliente.

“Então, o cronograma de juros e reembolso será o mesmo de antes, não?”

O chefe da casa respondeu à sua pergunta com o mesmo magnânimo — certo de seu
status superior — aceno de cabeça.

O homem assentiu em reconhecimento.

“...Ah, sim, sua filha está bem?”


“Hm?”

O homem lembrou que essa família tinha três filhas e acrescentou:

“Eu me refiro a Arche-san.”

“Oh, Arche. Ela está ganhando dinheiro.”

“...Certo.”

E o que você está fazendo enquanto sua filha está ganhando dinheiro?

O homem escondeu o olhar de desdém em seus olhos quando o pensamento passou por
sua mente.

Ele não podia deixar de ter pena da menina por ter tal pai.

Afinal, o homem não era um monstro.

Era simplesmente que a coisa mais importante era que o principal e o interesse tinham
que ser pagos, e que eles tinham que continuar tomando dinheiro emprestado dele. Ele
não tinha intenção de interferir nas famílias de outras pessoas.

“Ela traz algumas moedas de volta e ela se deixa levar.”

Ao ouvir a resposta infeliz do pai, o homem franziu as sobrancelhas. Seria problemático


se acontecesse alguma coisa complicada que atrapalhasse sua capacidade de pagamento.
Além disso, o interesse dessa família fez dele uma fortuna, então ele gostaria muito de
continuar fazendo negócios com eles. Portanto, ele decidiu tentar perguntar sobre algo
que ele normalmente não teria se incomodado.

“Aconteceu alguma coisa?”

“Não, nada disso. Apenas uma filha esquecendo quanto cuidado ela recebeu desde que
era criança e indo contra seu pai.”

“Isso é bom...”

“Honestamente! Eu preciso dar a ela uma boa bronca! Ela precisa saber a atitude que
um nobre deveria ter!”

O homem nunca falaria o que estava em seu coração. No entanto, ele tinha uma coisa a
dizer.

“Deve ser difícil.”


“Exatamente. Realmente, essa filha estúpida...”

O homem não tinha especificado a quem ele estava se referindo, e assim o pai havia
assumido que o homem estava falando sobre suas próprias dificuldades e murmurou
para si mesmo.

Uma centena de moedas de ouro era uma soma enorme. No entanto, dadas as circuns-
tâncias usuais, o pai provavelmente gastaria tudo imediatamente, e então ele olharia
para o homem novamente. No entanto, o homem decidiu que seria melhor não lhe em-
prestar mais até que essa quantia fosse paga.

Enquanto pensava nisso, o homem examinou o interior da sala.

Aos olhos do homem, a sala estava cheia de móveis requintados. No mínimo, ele seria
capaz de recuperar o montante principal. E se vender a mobília não fosse suficiente para
levantar o dinheiro necessário—

O homem olhou para baixo para esconder a emoção que subia em seus olhos.

“Você se rebaixou muito filha, uma filha da família Furt não deveria estar fazendo um
trabalho sujo como esse. Ela trabalha com plebeus, que são, sem dúvida, de caráter duvi-
doso.”

“...Mesmo?”

O homem recordou os dois rostos que viu no bar enquanto respondia. Não havia como
saber como ele interpretara a inflexão daquela resposta, mas o pai continuou explicando,
como se quisesse desculpar-se.

“Oh, eu não estou dizendo que todos os plebeus são assim. Eu quero dizer o tipo que
saem em aventuras.”

“Possivelmente.”

“Você não acha? Eles provavelmente foram os que fizeram minha filha se revoltar co-
migo. Eu preciso encontrar uma chance de dar a ela uma boa conversa. Honestamente,
uma filha deveria estar ouvindo seu pai. Na verdade, ela se atreveu a discutir comigo,
quem ela pensa que é?”

O homem olhou para o pai furioso, depois se levantou da cadeira.

“...Então, eu tenho outros lugares para ir, então eu vou me despedir. Lembre-se de pagar
a tempo.”

♦♦♦
“Quando a onee-sama vai voltar?”

“Ela vai voltar logo!”

Havia duas meninas no quarto. Eles se sentaram na cama como se fosse uma cadeira, e
as duas meninas sentadas lado a lado pareciam idênticas.

Os rostos pálidos estavam levemente rosados, lembrando a imagem dos anjos. Dado que
eles pareciam muito semelhantes à sua irmã mais velha, era muito fácil imaginar como
eles ficariam quando crescessem.

Ambas estavam vestidas da mesma maneira, em vestidos brancos imaculados feitos de


uma peça única de tecido, puros, e um par de pernas esbeltas e pálidas chutava o ar sob
suas saias.

“Mesmo?”

“Mesmo!”

“Jura?”

“Você vai ver.”

“Quando a onee-sama voltar, nós vamos mudar de casa, né?”

“Claro!”

As duas ficaram muito felizes. Elas não haviam pensado seriamente sobre o que a mu-
dança de casa implicava, apenas que a irmã mais velha que elas mais amavam não as
deixaria mais. Isso as fez muito felizes.

Sua irmã mais velha — Arche — frequentemente saía. Eles não sabiam o que sua irmã
mais velha fazia, mas ambas sabiam que sua irmã mais velha estava fazendo algo muito
importante. Portanto, elas decidiram não ser desobedientes, mas não puderam deixar de
querer brincar com sua gentil irmã.

De fato. As duas gostavam de Arche mais do que qualquer outra coisa.

Elas gostavam de sua gentil irmã, sua sábia irmã que as tratava muito bem.

“Por que ela não voltou ainda~?”

“Por que ela ainda não voltou~?”

“Estou ansiosa, Kuuderika.”


“Mmm, muito muito, Ureirika.”

“Eu quero que a onee-chan leia uma história~”

“Eu quero que a onee-chan durma comigo~”

“Kuuderika, você é tão esperta~”

“Ureirika, você é esperta também~”

Depois disso, as duas se entreolharam e depois sorriram da mesma maneira feliz, antes
de rir de uma maneira adorável, como o tilintar dos sinos de prata.

“Então, Kuuderika pode dormir com a onee-sama também.”

“Mm, Ureirika pode dormir com a onee-chan também.”

Então, as duas riram. Elas imaginaram os tempos felizes que logo estariam sobre elas—
Posfácio
Sete meses se passaram desde que o Volume 06 foi publicado. Já faz muito tempo, eu
sou Maruyama.

Quando este volume for publicado, será no final de agosto, quando o verão estiver no
auge. Quando eu, Maruyama, era jovem, sentia o calor retroceder quando chegava o mês
de setembro, mas hoje em dia é diferente, ainda está quente em meados de setembro.

Essas são apenas minhas lembranças de quando eu era jovem, seria estranho se nada
tivesse mudado.

Graças à camada extra de roupas que eu uso — vulgo gordura — se comparado com
pessoas normais, eu mais uma vez afirmo que, EU Odeio O Verão.

Eu gasto a maior parte do meu tempo em um quarto com ar condicionado a fim de res-
friar os computadores, mas ainda sinto quando viajo para minha empresa. O cheiro do
meu suor as vezes se mistura com o perfuma; isso é terrível. Isso é o quão quente é. Será
que as pessoas que viram o obi(帯) em torno do livro gritaram “Fuwah!” em espanto?
Eles podem pensar que foi uma ilusão causada pelo calor do verão ou algo assim.

No entanto, esta é a verdade! Até mesmo eu gritei “Isso é de verdade!” enquanto o pro-
jeto progredia.

Overlord ganhará um anime!!

Eu trabalharei duro para produzir um bom trabalho; por favor, deem uma olhada
quando sair!

Agora, vou suprimir minha dor de estômago ao expressar minha gratidão.

Desta vez, é uma honra para a história das lightnovels ter o So-bin-sama fornecendo
suas ilustrações inacreditáveis em meus livros.

Você realmente fez o seu melhor. É assim que eu me sinto, e tenho certeza de que os
leitores também são gratos! Vamos comer juntos da próxima vez! Para o Chord Design
Studio-sama, muito obrigado por fazer um ótimo design, assim como sempre fizeram.
Para o revisor Ohaku-sama, obrigado por suas dicas.

Além disso, graças a editora, F-da-sama, que corrigiu firmemente o indiferente eu e re-
comendou Kyouhoku para as ilustrações sem hesitação. Por favor, não se esforce muito
e trabalhe com mais moderação.

Muito obrigado a todos que ajudaram na produção do Overlord. Além disso, obrigado
por tudo que você fez, Honey. E finalmente, obrigado queridos leitores por adquirirem o
meu livro!

Maruyama Kugane
Ilustrações
Glossário
Glossário
-Magias, Habilidades & Passivas- Dungeon:O termo é usado em jogos de RPG para designar
Tradução livre de seus nomes cavernas ou labirintos repletos de monstros, armadilhas
e tesouros. Uma Dungeon normalmente é composta por
Anti-Evil Protection: ...............................Proteção Anti-Mal. salas e corredores que as conectam, podendo haver tam-
Continual Light: ................................................. Luz Continua. bém passagens secretas. Com etimologia na palavra fran-
Cure Light Wounds: .......................... Cura Leve de Feridas. cesa donjon. Substantivo significando calabouço ou mas-
Cure Middle Wounds: ....................Cura Média de Feridas. morra.
Dark Vision: ...................................................Visão no Escuro. Gashapons:Um tipo de máquina de venda automática
Darkness: .................................................................. Escuridão. muito popular no Japão que oferecem, em troca de uma
Detect Magic: .................................................. Detectar Magia. ficha, diversos tipos de quinquilharias.
Dimensional Move: .................... Movimento Dimensional. Macchiato:Também conhecido como expresso macchiato,
Fireball: ................................................................ Bola de Fogo. é um café com leite típico da Itália, consistindo num café
Flash: ................................................................................... Flash. expresso misturado com uma pequena quantidade de
Fly: ........................................................................................ Voar. leite quente com espuma. Macchiato (maʔˈkja(ː)to) signi-
Greater Teleportation: ................... Maior Teletransporte. fica “manchado” em italiano, aludindo à mancha de leite,
Hawk Eye: ......................................................... Olho de Falcão. no caso do caffè macchiato.
Invisibility:......................................................... Invisibilidade. Morningstar:Estrela d'alva ou estrela da manhã (mor-
Lesser Dexterity: .........................................Menor Destreza. ningstar em inglês e morgenstern em alemão) é uma arma
Lesser Strength: .............................. Menor Fortalecimento. medieval cuja característica principal é a protuberância
Lightning: ............................................................... Relâmpago. esférica com espinhos, pregos ou cravos de ferro em uma
Lion's Heart: ................................................. Coração de Leão. das extremidades, que justamente assemelha-se a uma es-
Magic Arrow: .................................................... Flecha Mágica. trela ou ponto de luz.
Message: .................................................................. Mensagem. Respawn:Vem do termo inglês “desovar”, mas significa
Obey: ............................................................................. Obedeça. simplesmente “nascer novamente” ou “reaparecimento”
Reinforce Armor: .................................. Reforçar Armadura. quando relacionado a jogos.
Silence: ........................................................................... Silêncio. Shakerato:Um shakerato é uma bebida italiana prepa-
Silent Time Stop: ................... Parada de Tempo Silencioso. rada com expresso e cubos de gelo. É popular e de fácil
Summon Household: ............................ Invocar Familiares. obtenção na Itália.
Summon Undead 6th Tier: .... Invocar Morto de 6º Nível.
Touch of Undeath: .............................Toque de Morto-Vivo.
Web Ladder: .................................................... Escada de Teia. -Nomes-
Brightness Dragonlord: Soberano Dragão Brilhante. Os
-Itens- kanjis de seu nome abaixo do furigana são de 七 彩
Tradução livre & Curiosidades (Nanasai), significa “sete cores”.
Deep Darkness Dragonlord:Soberano Dragão da Escu-
Mask of Envy: ............................................ Máscara de Inveja. ridão Profunda. Os kanjis de seu nome abaixo do furigana
são de 常闇(Tokoyami), significa “escuridão eterna”.
Heavenly Dragonlord:Soberano Dragão Celestial. Os
-Termos & Terminologias- kanjis de seu nome abaixo do furigana são de 聖 天
(Shouten), significa “céu sagrado”.
Berserker:Expressão ficar berserk, significa ficar vio-
Platinum Dragonlord:Soberano Dragão de Platina. Os
lento, enlouquecido, incontrolável. Na mitologia nórdica,
kanjis de seu nome abaixo do furigana são de 白 金
foram guerreiros nórdicos ferozes, que estão relacionado
(Shirogane), significa “platina”.
a um culto específico ao deus Odin. Eles despertavam em
uma fúria incontrolável antes de qualquer batalha.
Build:Configuração dos atributos de um personagem nos
jogos eletrônicos conhecidos como RPG, onde cada perso- -Raças & Monstros-
nagem tem características distintas e onde cada mudança
afeta o comportamento do personagem no jogo podendo, Brain Eater:Devorador de Cérebro – tem uma forte liga-
assim, uma build fazer total diferença tornando cada per- ção com os Devorador de Mentes/Illithids.
sonagem único no jogo. Crane Parrot: ................................................... Papagaio Grua.
Coração Púrpura:Ou Coração Púrpuro é uma condecora- Deadman Struggles: .................................. Morto Briguento.
ção militar dos Estados Unidos, outorgada em nome do Death Knight:.......................................... Cavaleiro da Morte.
Presidente a todos os integrantes das Forças Armadas que Door Imitator: ........................................... Imitador de Porta.
sejam feridos ou mortos durante o serviço militar, desde Elder Lich: .............................................................. Lich Ancião.
5 de abril de 1917. Floor Imitator: .......................................... Imitador de Porta.
Drop:Itens deixados por monstros após serem mortos em Ghast:...................... Aparentemente um subtipo de Ghouls.
jogos, o termo também vale para a taxa com qual os itens Ghoul:Espécie de forma humanoide que se alimenta de
veios em sorteios, lootboxes. carne humana.
Grim Reaper Thanatos: ............ Tânatos, O Ceifador Cuel.
Old Guarders: .................................................... Guarda Velha.
Overlord Wiseman: ..................................... Overlord Sábio.
Plague Bombers: ............................ Bombardeiros da Peste.
Silk Hat Demon: ......................... Demônio Chapéu de seda.
Skeletal Dragon:.................................. Dragões Esquelético.
Skeleton: .................................................................... Esqueleto.
Sleipnir:Na mitologia nórdica, é a montaria mágica de
Odin. O lendário Corcel Negro de 8 patas era o cavalo mais
veloz do mundo, cavalgando em terra, no mar e no ar. Seu
nome significa suave ou aquele que plana no ar. Ele tam-
bém é associado com as palavras esguio e escorregadio.
Undead Lieutenant: ............................ Tenente Morto-Vivo.

-Honoríficos & Tratamentos-


Chan:ちゃん - O sufixo “chan” é um termo carinhoso
usado geralmente para crianças ou pessoas que temos
muita intimidade. O “chan” é usado após o nome inteiro
ou abreviado.
Dono:殿 | どの - O sufixo “dono” vem da palavra “tono”,
que significa “senhor”. Seria semelhante ao termo “meu
senhor”. Na época dos samurais, costuma-se denotar um
grande respeito ao interlocutor
Onee:Uma maneira informal de falar irmã mais velha, e se
junto com o sufixo “chan”, denota uma forma carinhosa.
Sama:様 | さま- O sufixo “Sama” é uma versão mais res-
peitosa e formal de “san”. A traduções mais próxima do
termo “sama” para o português seria “Vossa Senhoria”.
Não é conhecido como Japão, não é importante referir-se
a pessoas importantes ou a alguém que não admira e é
muito importante, não império antigo era muito usado
para se referir como rainhas.
San:さん - O sufixo “San” é um honorífico que pode ser
usado em praticamente todas as situações, independente
do sexo da pessoa. Normalmente é usado para pessoas
que temos pouca ou nenhuma intimidade. Também usado
quando a pessoa considera o interlocutor como um de
igual hierarquia.
Notas de Tradução:
Shukuchi. Em japonês a arte marcial 縮地 pode ser lida como “Método da Terra Enco-
lhida”. Mas raramente traduzem esse nome, meio que se popularizou como Shukuchi.

Filosofia. “É isso que eles chamam de sem-coração? Ou o reino das nuvens e da água? Ele
está tão calmo apesar da diferença em suas armas. Ele deve estar extremamente confiante
em suas habilidades... Ah, eu quero me prostrar diante dele em reverência.”
Ambos são termos da filosofia budista: Sem-Coração se refere à falta de pensamentos
obstrutivos, enquanto Nuvens e Água se referem a mover-se e fluir livremente.
O próximo passo para Ainz Ooal Gown é para o Império Baharuth. Conec-
tado a isso, os “sacrifícios” são reunidos na Grande Tumba.

É impossível escapar do pesadelo chamado de Nazarick?

Os invasores poderiam encontrar o caminho para retornarem com vida?

ISBN: 978-4047298095

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