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Ortodontia Preventiva e Interceptora: Mito ou Realidade

Article  in  Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial · November 1999

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5 authors, including:

Renata Rodrigues de Almeida Pedrin Daniela Gamba Garib


Universidade do Sagrado Coração University of São Paulo
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Tópico Especial

Ortodontia Preventiva e Interceptora:


Mito ou Realidade?
Preventive and Interceptive Orthodontic Treatment:
Myth or Reality?

RESUMO riências clínicas relacionadas ao trata-


Este trabalho visou discutir os aspec- mento precoce das más oclusões4,6,11,13,22,
30,32,35,37
tos concernentes ao tratamento precoce têm divulgado as vantagens e des-
das más oclusões, para nortear as atitu- vantagens da abordagem preventiva e
des do odontólogo diante de irregulari- interceptora, buscando alcançar uma res-
Renato Daniela
dades desenvolvidas durante a dentadu- posta para a questão acima.
Rodrigues Gamba Garib ra decídua e mista. Para tanto, foram ex- As pretensões do tratamento precoce
de Almeida
postas as vantagens e desvantagens da parecem claras, incluindo a eliminação
ortodontia preventiva e interceptora, as- dos fatores etiológicos da má oclusão, e
sim como os casos que devem, os que po- a prevenção da progressão das desarmo-
dem e os que não devem ser tratados pre- nias esqueléticas, dentárias e funcionais.
cocemente. Obtendo-se um ambiente dentofacial
mais favorável, guiando a irrupção
INTRODUÇÃO dentária para posições normais nos arcos,
José Fernando Márcio Qual é a época ideal para se iniciar o e reduzindo as discrepâncias esqueléticas
Castanha Rodrigues tratamento das más oclusões? por meio do redirecionamento do cresci-
Henriques de Almeida
Após aproximadamente um século de mento facial, pode-se minimizar ou até
desenvolvimento e evolução da Ortodon- mesmo eliminar a necessidade de trata-
tia enquanto ciência, passando pela di- mentos complexos durante a dentadura
fusão mundial dos procedimentos de Or- permanente.
topedia Facial, chegamos às vésperas do Este artigo objetiva discutir o trata-
3º Milênio sem um consenso unânime a mento ortodôntico precoce, com vistas a
respeito desta questão. fundamentar as atitudes profissionais
Renata Assunto em pauta na literatura con- com relação à época de tratamento das
Rodrigues
de Almeida temporânea, pesquisas, opiniões e expe- más oclusões.

Renato Rodrigues de Almeida A


Daniela Gamba Garib B
C
José Fernando Castanha Henriques
Márcio Rodrigues de Almeida D
Renata Rodrigues de Almeida E

A
Unitermos: Professor Assistente Dr. da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru – USP, Professor
Ortodontia; Má- responsável pela disciplina de ortodontia e coordenador do curso de Especialização em Ortodontia da Faculdade
de Odontologia de Lins – UNIMEP e Professor Associado da Universidade da Cidade de São Paulo - UNICID.
oclusão; Dentadura B
Aluna de pós-graduação, ao nível de Mestrado, da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru - USP.
decídua; Dentadura C
Professor Titular e coordenador do curso de Doutorado da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia
mista; Tratamento de Bauru – USP.
precoce; Ortodontia D
Especialista, Mestre e Doutorando em Ortodontia, pela Faculdade de Odontologia de Bauru – USP e Professor
preventiva e de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Lins – UNIMEP ao nível de Graduação e Especialização.
E
interceptora; Época de Aluna de pós-graduação, ao nível de Mestrado, da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru
tratamento. – USP, Especialista em Radiologia pela Faculdade de Odontologia de Bauru – USP e Professora da Disciplina de
Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Lins – UNIMEP.

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VANTAGENS DO TRATAMENTO periores e inferiores, respectivamente, tos casos, a correção ortopédica dos
PRECOCE para possibilitar a normalização da re- maxilares exige uma contenção, ou pelo
- Simplifica ou elimina a necessida- lação interarcos e do trespasse horizon- menos um monitoramento longitudinal
de de tratamento corretivo na den- tal e vertical entre os incisivos. Obvia- até o final do crescimento37.
tadura permanente mente, a intervenção ortopédica preco-
A essência do tratamento precoce, ce, corrigindo a origem do problema, ou - Redução do custo biológico: o de-
indiscutivelmente, consiste no aprovei- seja, a relação ântero-posterior altera- senvolvimento de reabsorções ra-
tamento do crescimento dos pacientes da entre maxila e mandíbula, restrin- diculares e de problemas perio-
jovens para favorecer a correção das de- girá a necessidade de extrações dontais
formidades dentoesqueléticas. Na den- dentárias6. O tratamento ortodôntico realizado
tadura permanente, a pequena ou au- Ademais, o controle de espaço du- na dentadura permanente, em uma só
sente quantidade de crescimento resi- rante o período de transição ou denta- fase, apresenta um custo biológico mai-
dual, limitam as opções de tratamento. dura mista, com a manutenção e a re- or quando exige maiores quantidades
Segundo MOYERS, RIOLO 18, os cuperação de espaço para os dentes per- de movimentação dentária e um maior
ortodontistas devem evitar tratamen- manentes em irrupção, encerra funda- tempo de tratamento corretivo. Estes
tos prolongados e complexos, como mental importância na prevenção de fatores estão intimamente relacionados
ocorria no passado, quando não podi- extrações futuras. com a ocorrência de reabsorções radi-
am melhorar as discrepâncias esquelé- culares. Além disso, os movimentos or-
ticas severas em crianças, e realizavam - Redução da necessidade de cirur- todônticos compensatórios, tendem a
a correção da má oclusão apenas na gia ortognática transportar os dentes para além dos li-
dentadura permanente completa, por Muitas discrepâncias esqueléticas mites do osso alveolar, aumentando as
meio de compensações ou camuflagem severas, como o prognatismo mandibu- chances de ocorrer fenestrações ósseas
ortodôntica. Os autores enfatizaram lar e a face excessivamente longa, de- e recessões gengivais.
que, nos dias atuais, considera-se mais formidades de difícil manipulação or-
lógico e de bom senso, realizar o trata- topédica, têm na cirurgia ortognática - Diminuição da vulnerabilidade dos
mento em duas etapas. Durante a pri- a única opção de tratamento satisfató- incisivos superiores a fraturas e
meira fase, controla-se o crescimento do rio. Por outro lado, a abordagem orto- traumas
esqueleto facial, melhorando a pédica em casos de Classe II, Classe III A protrusão dos incisivos supe-
morfologia geral, para que o por deficiência maxilar e de atresias riores, na má oclusão de Classe II, 1ª
posicionamento dentário seja facilita- esqueléticas da maxila, pode descartar divisão, mantida durante toda a infân-
do na segunda fase do tratamento (me- a necessidade de cirurgia corretiva, fin- cia, aumenta as chances de ocorrer
cânica corretiva). da a fase de crescimento6. As vantagens traumas e fraturas destes dentes em
A abordagem ortopédica precoce são indiscutíveis, não apenas devido a acidentes e quedas35.
atenua a complexidade da correção aspectos financeiros e relacionados aos
ortodôntica das más oclusões, uma vez riscos da própria cirurgia, mas também - Maior cooperação do paciente
que na dentadura permanente, a boa ao aspecto emocional dos pacientes. Na decisão da época mais oportu-
relação entre as bases apicais, maxila Atravessar a árdua fase da adolescên- na para o início do tratamento, a co-
e mandíbula, favorecerá o correto cia apresentando uma severa deformi- laboração do paciente na infância ou
posicionamento dentário e a estética dade facial, a espera da maturidade na adolescência, constitui um fator de
facial resultante6, 11. Além disso, se a se- esquelética para se realizar a cirurgia importância. Muitos autores citam que
gunda fase do tratamento ortodôntico ortognática, implica em incômodos psi- pacientes mais jovens são mais coo-
for necessária, consumirá um menor pe- cológicos para o jovem32. peradores e atenciosos com o trata-
ríodo de tempo, devido à limitada quan- mento ortodôntico que a maioria dos
tidade de movimentação dentária - Aumento da estabilidade da corre- adolescentes, principalmente em rela-
requerida. ção morfológica ção ao uso de aparelhos extrabu-
As alterações morfológicas conse- cais5,6,18,32,37.
- Redução do número de casos qüentes à correção precoce, provêm em
com extrações de dentes per- grande parte, do próprio potencial de - Benefícios psicológicos
manentes crescimento e desenvolvimento da cri- A estética facial possui implicações
Na dentadura permanente, o trata- ança, o que possui uma conotação am- significantes na socialização do ser hu-
mento compensatório de discrepâncias bígua em termos de estabilidade. Ao mano. A percepção de beleza influen-
sagitais entre as bases apicais, como a mesmo tempo em que favorece a adap- cia o desenvolvimento psicológico des-
Classe II e III esqueléticas, muitas ve- tabilidade e uma maior manutenção de a infância até a fase adulta. Pesqui-
zes exige a extração de pré-molares su- dos resultados conseguidos6, em mui- sas revelaram que crianças aos 6 anos

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de idade já incutiram valores culturais - Prolongamento do período cronoló- toda má oclusão tardiamente (na den-
de atratividade física. Aos 8 anos, seus gico de tratamento tadura permanente) ignora as poten-
critérios de atratividade se equiparam De acordo com MOYERS; RIOLO18, cialidades biológicas inerentes ao pro-
ao do adulto. Crianças mais belas são contabiliza-se o tempo de tratamento cesso de crescimento e desenvolvimen-
mais sociáveis, mais aceitas por seus pelo número de horas gastos na cadei- to do ser humano. Equiparamos a
iguais, e ainda consideradas mais in- ra do dentista, e não pelo período cro- odontologia à medicina, a medida que
teligentes, o que contribui enormemen- nológico do início ao término do trata- valorizamos a atitude médica ao tra-
te para o desenvolvimento da auto-es- mento. Portanto, a ortodontia realiza- tar uma doença antes que ela se agra-
tima32. da em duas fases dispende menos ho- ve e comprometa, reversível ou irre-
Baseando-se nestes preceitos, vis- ras clínicas, e um maior “período do ca- versivelmente, a saúde do paciente.
lumbra-se o valor do tratamento preco- lendário”. Portanto, louvamos a filosofia de tra-
ce contribuindo para a auto-imagem da No entanto é notório que, durante tamento precoce, quando bem indica-
criança em desenvolvimento. um tratamento prolongado, a coope- da, pelos incontestáveis benefícios
ração do paciente decresce, o que exi- funcional, estético e psicológico pro-
DESVANTAGENS DO TRATA- ge do profissional a racionalização e porcionados à criança em desenvolvi-
MENTO PRECOCE o bom senso para se intervir precoce- mento, como veremos a seguir.
- Dificuldades em prever o rumo do mente.
processo de crescimento e desenvol- CASOS QUE DEVEM SER TRATA-
vimento craniofacial Conclui-se que para cada tipo de má DOS PRECOCEMENTE
O tratamento precoce requer do oclusão, e em cada caso individualmen- - Perda precoce de dentes decíduos
ortodontista uma previsão da morfolo- te, há que se avaliar a relação custo-be- (Manutenção e recuperação de
gia futura na dentadura permanente, nefício da intervenção precoce, a fim de espaço)
a partir da avaliação da dentadura se decidir a época mais oportuna para o Na Ortodontia, a preocupação com
decídua ou mista11,30. Esta tarefa com- início do tratamento. O diagnóstico de a perda precoce de dentes decíduos
plexa, necessita do conhecimento so- inconvenientes estéticos e funcionais as- se fundamenta na perda de espaço
bre o crescimento e desenvolvimento da sociados à má oclusão, aliado a uma vi- que pode ocorrer no arco dentário,
face e da dentição, assim como da são futura de como a irregularidade vai com a inclinação dos dentes adjacen-
pluralidade de eventos, genéticos e evoluir para a dentadura permanente, tes em direção ao espaço originado.
ambientais, que interferem em todo conduzem o profissional a optar pelo tra- Deste modo, o sucessor permanente,
este processo. Desta forma, a dúvida tamento precoce quando suas vanta- sem espaço disponível, desvia sua
quanto ao rumo do desenvolvimento gens superam as desvantagens. trajetória de irrupção, irrompendo
craniofacial, assim com a carência de O pensamento simplista de tratar fora do arco dentário, por vestibular
conhecimentos, podem inibir o profis-
sional de intervir precocemente.

- Menor domínio da manipulação or-


topédica dentofacial, quando compa-
rado à biomecânica da movimenta-
ção dentária
As tradicionais aparelhagens com
bráquetes, utilizados na dentadura per- FIGURA 1- Perda de espaço proveniente FIGURA 2- A insuficiência de espaço para
manente durante a mecânica corretiva, da inclinação mesial do primeiro molar in- irrupção do segundo pré-molar foi ocasio-
ferior. nada pela inclinação mesial do primeiro
permitem o controle tridimensional da molar e pela inclinação distal do primeiro
movimentação dentária. O conheci- pré-molar, após a perda precoce do se-
gundo molar decíduo.
mento da biomecânica apoia-se em con-
ceitos exatos da física, e portanto, os
profissionais possuem um grande do-
mínio do tratamento com estes dispo-
sitivos. Por outro lado, os efeitos dos
aparelhos ortopédicos, principalmente
os funcionais, baseiam-se essencial-
mente na resposta biológica do pacien-
te, o que não demonstra a mesma exa- FIGURA 3 e 4 - As radiografias panorâmicas evidenciam a perda de espaço para cani-
tidão matemática. nos e pré-molares, tanto no arco superior quanto no inferior.

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ou lingual, ou ainda permanece
impactado (FIG. 1, 2, 3 e 4). Com a má
oclusão instalada, principalmente no
arco inferior, não resta outra opção de
tratamento senão a extração de pré-
molares associado à mecânica orto-
dôntica, para, respectivamente, pro-
porcionar o espaço necessário e A B

posicionar os dentes corretamente no FIGURA 5A, B - Mantenedor de espaço fixo, tipo banda-alça, indicado para perda pre-
coce de um único dente decíduo na região posterior do arco.
arco dentário.
Diante da perda precoce de dentes
decíduos e no intento de evitar o es-
tabelecimento da má oclusão, deve-se
recorrer aos mantenedores de espaço,
pois impedem a migração dos dentes
adjacentes para o espaço futuramen-
te ocupado pelo sucessor permanen-
te. Há diversos tipos de mantenedo-
res, removíveis ou fixos, funcionais e
não funcionais (FIG. 5, 6, 7, 8 e 9), se- A B
lecionados de acordo com a coopera- FIGURA 6A, B - Mantenedor de espaço fixo, denominado arco lingual de Nance, indica-
ção do paciente, o número de dentes do para perdas múltiplas na região posterior do arco inferior.
ausentes, e a região do arco dentário.
Os mantenedores funcionais apresen-
tam dentes de acrílico, o que acrescenta
vantagens estéticas a este tipo de apa-
relho, muito utilizado em perdas múl-
tiplas de dentes decíduos, principal-
mente na região anterior (FIG. 7, 8 e
9). Deve-se salientar que a perda pre-
coce de incisivos decíduos, em condi-
ções normais, não causa perda de es-
paço, mas exige, do mesmo modo, o
uso de mantenedores de espaço (fun-
cionais) para evitar hábitos de inter-
posição de língua e restabelecer a dic-
ção e a estética da criança, garantin-
do seu bem-estar psicológico (FIG. 7,
8 e 9).
No entanto, após algum tempo da
extração precoce dos dentes decíduos,
quando constata-se a ocorrência de A C
perda de espaço (FIG. 10A e 11A), os
mantenedores perdem sua função e os
aparelhos mais indicados nestes casos
passam a ser os recuperadores de es-
paço. Estes aparelhos, que também po-
dem ser removíveis ou fixos,
verticalizam os dentes adjacentes, de-
volvendo o espaço no arco dentário
para o dente permanente, antes de sua B D
irrupção (FIG. 10 e 11). O aparelho re-
FIGURA 7A, B - Perda precoce dos incisivos centrais superiores decíduos; C, D:
movível com a mola de Benac (FIG. Restabelecimento da estética por meio de um mantenedor de espaço funcional re-
10B) mostra-se eficiente apenas an- movível.

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tes da irrupção dos segundos molares
permanentes, os quais dificultam so-
bremaneira a recuperação de espaço.

- Hábitos Bucais
Os hábitos bucais deletérios alte-
ram as funções exercidas pela muscu-
A B
latura peri e intrabucal, contribuindo
negativamente para o desenvolvimen-
to normal da oclusão26. Destacam-se
em importância e freqüência, os hábi-
tos persistentes de sucção de dedo e
chupeta (FIG. 12 e 13), o pressiona-
mento lingual atípico (FIG. 14) e a res-
piração bucal (FIG. 15).
C D Todos estes hábitos constituem fa-
FIGURA 8A,B,C,D - Mantenedor de espaço fixo funcional. tores etiológicos das más oclusões,
uma vez que ocasionam um desequi-
líbrio entre as forças musculares que
atuam sobre os arcos dentários. É cer-
to que nem todas as crianças com há-
bitos bucais deletérios desenvolvem
más oclusões, porém inúmeros estudos
comprovaram o grande vínculo cau-
sa-efeito existente entre estes dois fa-
A B
tores25, 27. Na presença do hábito, o de-
senvolvimento de alterações morfoló-
gicas dependerá de sua freqüência,
intensidade e duração (Tríade de
Graber), assim como da predisposição
individual relacionada ao padrão de
crescimento facial de cada criança 1
(FIG. 16).
C D Desta maneira, evidencia-se a ne-
FIGURA 9A,B,C,D - O dente de acrílico, associado ao expansor fixo tipo arco palatino, cessidade de intervenção precoce do
funciona como mantenedor de espaço funcional.
hábito, numa ação conjunta do den-
tista com o otorrinolaringologista, o
fonoaudiólogo e o psicólogo, para a
remoção dos fatores etiológicos (hábi-
tos) e correção das irregularidades mor-
fológicas causadas. Neste contexto de
abordagem multidisciplinar, o
otorrinolaringologista trata as obstru-
A B ções das vias aéreas superiores, o or-
todontista, o odontopediatra ou o clí-
nico geral restabelecem a morfologia
dentoesquelética alterada, e posterior-
mente, o fonoaudiólogo realiza a ree-
ducação da função muscular, garan-
tindo, assim, a estabilidade do trata-
mento precoce. Nas mãos do odontó-
C D
logo fica ainda a responsabilidade de
FIGURA 10A, B,C,D - Recuperador de espaço removível com mola de Benac para
identificar o hábito e encaminhar o pa-
verticalização dos primeiros molares permanentes. ciente para os demais profissionais.

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Particularmente nos casos de respiração
bucal, o diagnóstico deve ser baseado
em sinais morfológicos clínicos e
radiográficos, como a síndrome da face
longa (FIG. 15), a presença de amígda-
las hipertróficas (FIG. 17) e a obstrução
da nasofaringe pela adenóide (FIG. 18),
A B condições que ditam a necessidade de
avaliação por um especialista, o otorri-
nolaringologista.
A persistência dos hábitos bucais de-
letérios durante todo o processo de cres-
cimento e desenvolvimento da criança,
agrava paulatinamente os desequilíbri-
os estruturais e funcionais do sistema
estomatognático, dificultando sobre-
C D
maneira tanto o tratamento da má
FIGURA 11A,B,C,D - Recuperador de espaço fixo, com mola de secção aberta comprimi- oclusão quanto da função neuromus-
da entre os bráquetes colados nos dentes vizinhos ao espaço a ser ampliado.
cular alterada, em idades mais tardias.
As más oclusões mais comuns, con-
seqüentes aos hábitos bucais deletéri-
os, incluem a mordida aberta anterior
(FIG. 13, 14 e 19), a atresia maxilar
com mordida cruzada posterior (FIG.
20), a protrusão maxilar e a retrusão
mandibular, a vestibuloversão dos in-
B
cisivos superiores com ou sem
diastemas generalizados na região
anterior (FIG. 12 e 14), a linguover-
são dos incisivos inferiores (nos hábi-
tos de sucção digital), e a sobressaliên-
cia excessiva (FIG. 12).

- Mordida Aberta Anterior


A C A mordida aberta anterior pode ser
definida como a presença de um tres-
FIGURA 12A,B,C - O hábito de sucção de polegar e a má oclusão conseqüente com a
vestibuloversão dos incisivos superiores.

FIGURA 13A,B- O hábito de sucção de


chupeta ocasionando a mordida aberta
B anterior.

FIGURA 14 - Mordida aberta anterior cau-


A sada pelo hábito de interposição lingual.

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A B

FIGURA 15A,B - A síndrome da face longa associada à respiração bucal.

A B C
FIGURA 16- Padrões faciais: A- Dolicofacial: a altura facial predomina sobre a largura, e o padrão de crescimento predominantemen-
te vertical, neste paciente, o torna mais susceptível às más oclusões na presença dos hábitos bucais deletérios, quando comparado
aos padrões meso e braquifaciais; B- Mesofacial: observa-se um equilíbrio entre a largura e a altura faciais; C- Braquifacial: a largura
da face apresenta-se maior que a altura;

FIGURA 17- Amígdalas palatinas hiper-


tróficas: A- Aspecto radiográfico; B- As-
A pecto clínico.

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A B C

FIGURA 18 - Exame cefalométrico da nasofaringe: A- Nasofaringe com largura normal; B- Presença da adenóide obstruindo parcial-
mente a nasofaringe; C- Obstrução completa da nasofaringe pela adenóide.

A B C

D E F

FIGURA 19 - Interceptação da mordida aberta anterior: A- Vista intrabucal da mordida aberta anterior; B, C- Instalação da placa com
grade palatina; D- Após 7 meses de tratamento, a melhora no quadro morfológico; E, F- Na dentadura permanente, a presença de
trespasse vertical positivo e relação molar normal descartaram a necessidade de tratamento corretivo.

passe vertical negativo entre os dentes to dentoalveolar nas mesmas propor- correção da mordida aberta, principal-
anteriores superiores e inferiores1,3. Seu ções, ocasiona a mordida aberta ante- mente quando já estiverem instalados
principal fator etiológico inclui obstá- rior esquelética18. hábitos secundários, como a interpo-
culos mecânicos da irrupção dentária e A interceptação da mordida aberta sição lingual e/ou labial, e o paciente
do desenvolvimento alveolar vertical, anterior dentária ou dentoalveolar realizar a respiração bucal. Nestes ca-
como os hábitos de sucção e deve ser realizada, preferencialmente, sos, a má oclusão deve ser intercepta-
interposição lingual, que determinam antes da irrupção dos incisivos perma- da adequadamente, evitando o seu
a mordida aberta anterior dentária ou nentes, época em que a remoção do agravamento.
dentoalveolar. Em menor freqüência, hábito de sucção poderá redundar na Para tanto, o clínico geral, o odon-
podem advir ainda de uma discrepân- auto-correção desta má oclusão, sem, topediatra ou o ortodontista, após
cia esquelética vertical, onde o padrão no entanto, causar prejuízos psicoló- identificar os hábitos bucais envolvi-
de crescimento excessivamente vertical, gicos à criança. Porém, o abandono do dos na etiologia da mordida aberta,
não acompanhado pelo desenvolvimen- hábito nem sempre implicará na auto- deverá corrigir a morfologia oclusal

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A B C

FIGURA 20 - Mordida cruzada posterior


unilateral funcional e o tratamento empre-
gando-se a expansão lenta com a placa
D E removível com parafuso.

alterada, e posteriormente encaminhar ou a cirurgia ortognática, constituem as métrica, pois visualiza-se uma mordi-
o paciente para um tratamento fonoau- únicas alternativas para o fechamento da de topo bilateralmente, responsável
diológico, que normalizará a função, as- da mordida, apresentando uma menor pela instabilidade oclusal e pelo desvio
segurando a estabilidade da correção estabilidade quando comparadas à in- funcional da mandíbula para uma po-
precoce. tervenção precoce. sição mais estável (MIH). Com o desvio
O aparelho de eleição para a corre- lateral da mandíbula, os côndilos não
ção precoce da mordida aberta anterior - Mordida Cruzada Posterior ficam concentricamente posicionados
é a placa com grade palatina, removível A mordida cruzada posterior, nas respectivas fossas articulares, exi-
ou fixa, que não exerce força alguma má oclusão caracterizada por uma gindo um funcionamento assimétrico
sobre as estruturas dentárias, funcio- deficiência nas dimensões transver- da musculatura mastigatória23. Este
nando apenas como um obstáculo me- sas do arco dentário superior, desenvol- diagnóstico aclara a necessidade de tra-
cânico que impede a sucção de dedo ou ve-se precocemente, principalmente em tamento precoce das mordidas cruza-
chupeta, e mantém a língua retruída, decorrência de hábitos bucais deletéri- das, pois a persistência do desvio fun-
não permitindo sua interposição durante os, e não se auto-corrige durante o cres- cional, além de poder ocasionar dores
a fala e a deglutição (FIG. 19). Deste cimento15, mesmo diante do abandono musculares, culmina, após a fase de
modo, permite que os incisivos continu- do hábito. crescimento, numa assimetria estrutu-
em a irromper até alcançarem uma rela- A mordida cruzada posterior uni- ral, cujo tratamento torna-se bem mais
ção de trespasse vertical adequado1,3. lateral funcional (MCPUF) constitui o complexo15.
Como a grade palatina age passivamen- padrão mais freqüente, encontrada em SILVA FILHO, VALLADARES NETO,
te, o tratamento conta com o próprio aproximadamente 90% dos casos23. O ALMEIDA23 preconizam a intervenção
crescimento facial, e removido os fato- paciente com MCPUF apresenta um precoce nas mordidas cruzadas poste-
res etiológicos, garante-se a estabilida- desvio lateral da mandíbula, o que de- riores, valendo-se das seguintes justi-
de da correção da má oclusão. A expe- termina diferenças no aspecto intra- ficativas:
riência clínica nos assegura a asserção bucal quando em máxima intercuspi- 1) Aproveita a maior bioplasticidade
de que o tratamento precoce das mordi- dação habitual (MIH) e quando em re- óssea da criança, obtendo-se respostas
das abertas anteriores apresenta um óti- lação cêntrica (RC). Em MIH, observa- mais favoráveis com mecânicas mais
mo prognóstico. se a mordida cruzada posterior unila- simplificadas;
Na dentadura permanente, não é teral, com a linha média inferior des- 2) Redireciona os germes dos dentes
mais possível a correção da mordida viada para o lado alterado e conse- permanentes para uma posição normal
aberta com o emprego da placa com gra- qüentemente, uma relação molar sem interferir na odontogênese;
de palatina, uma vez que o potencial de assimétrica entre o lado normal e o 3) Proporciona um melhor relaciona-
crescimento e desenvolvimento vertical lado da mordida cruzada (FIG. 20A, B mento entre as bases ósseas apicais, em
dentoalveolar apresenta-se muito redu- e C). No entanto, ao posicionar a man- casos de mordida cruzada posterior
zido. Nesta fase, a mecânica corretiva díbula em RC, nota-se que a deficiên- esquelética;
com o uso de elásticos intermaxilares, cia transversa do arco superior é si- 4) Elimina as posições desfavoráveis

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A B C

D E F

G H I

FIGURA 21 - Mordida cruzada posterior bilateral e o tratamento empregando-se a


J expansão lenta com o aparelho fixo bihélice.

da articulação temporomandibular, es- versas do arco dentário superior, em- tibulolingual anormal entre os incisi-
tabelecendo uma relação simétrica da pregando aparelhos expansores que vos superiores e inferiores, onde os pri-
posição do côndilo na fossa articular; liberam forças laterais e promovem a meiros apresentam-se posicionados
5) Proporciona uma trajetória de inclinação vestibular dos dentes pos- por lingual em relação aos últimos
fechamento mandibular normal, sem teriores, a abertura da sutura palatina (FIG. 22 e 23). Esta relação de trespas-
desvios da relação cêntrica; mediana, ou ambas. De um modo ge- se negativo espelha alterações den-
6) Contribui para uma auto-ima- ral, os aparelhos de expansão lenta toalveolares ou esqueléticas21. A mor-
gem mais favorável da criança, nos ca- produzem essencialmente o efeito or- dida cruzada anterior dentoalveolar
sos com comprometimento estético. todôntico (FIG. 20 e 21), enquanto os origina-se quando os incisivos supe-
Portanto, a correção das mordidas aparelhos de expansão rápida causam riores apresentam-se retroinclinados
cruzadas posteriores deve ser realiza- maior efeito ortopédico23. e/ou os incisivos inferiores inclinados
da em idades precoces, assim que di- para vestibular, em pacientes com pa-
agnosticada, contanto que a criança - Mordida Cruzada Anterior drão basal de Classe I. A mordida cru-
possua maturidade suficiente para re- Dentoalveolar zada anterior esquelética, presente
ceber o tratamento. O tratamento con- A mordida cruzada anterior carac- nos pacientes com padrão basal de
siste no aumento das dimensões trans- teriza-se por um relacionamento ves- Classe III , advém do retrognatismo

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A B C

D E F

FIGURA 22 - Mordida cruzada anterior dentoalveolar: A, B, C- Mordida cruzada ante-


rior envolvendo os incisivos centrais superiores, que apresentavam-se inclinados para
lingual; D- Instalação da placa removível com mola dupla; E, F, G- Ao final do tratamen-
G to, o estabelecimento do trespasse horizontal positivo.

A B C
FIGURA 23 - Mordida cruzada anterior dentoalveolar envolvendo um único dente, e o tratamento empregando-se um aparelho fixo
com mola simples.

maxilar, do prognatismo mandibular, gando-se a placa removível ou o arco Ressalta-se ainda que a anquilose
ou de ambos29. palatino com molas digitais, que exer- dos dentes decíduos, a irrupção ectó-
Parece coerente a indicação de cem forças sobre a superfície lingual pica dos primeiros molares permanen-
tratamento precoce nestes casos, dos incisivos superiores, inclinando- tes, e a presença de odontomas ou de
uma vez que as mordidas cruzadas os para vestibular (FIG. 22 e 23). An- dentes supranumerários que interfe-
anteriores podem causar desgastes tes da correção, o profissional deve rem na irrupção dos dentes permanen-
da face vestibular dos dentes supe- certificar-se que existe espaço sufici- tes, também constituem casos que de-
riores envolvidos, recessões gengi- ente no arco dentário para reposicio- vem ser tratados precocemente.
vais nos incisivos inferiores, e ain- nar os dentes em mordida cruzada,
da podem alterar o crescimento nor- assim como da presença de sobremor- CASOS QUE PODEM SER
mal dos maxilares no sentido dida adequada para a estabilidade da TRATADOS PRECOCEMENTE
ântero-posterior, causando princi- correção. - Discrepância Dente-Osso Negativa
palmente um hipodesenvolvimento A mordida cruzada anterior esque- Denomina-se discrepância dente-
maxilar15. lética será discutida mais adiante, pois osso negativa a anormalidade em
A mordida cruzada anterior den- constitui característica integrante das que as dimensões do arco dentário
toalveolar deve ser corrigida empre- más oclusões de Classe III. são insuficientes para o alinhamen-

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to de todos os dentes permanentes.
O apinhamento dentário, uma das
má oclusões mais comuns, expressa
clinicamente a diferença negativa
entre o espaço disponível no períme-
tro do arco alveolar e o somatório da
dimensão mesiodistal de todos os
dentes permanentes por mesial dos
primeiros molares.
Na dentadura permanente comple-
ta, o apinhamento dentário pode ser tra-
tado, mediante uma mecânica corretiva,
com a expansão dos arcos dentários, com
desgastes interproximais nos dentes per-
manentes, ou por meio de extrações
dentárias. A última opção requer um A B
longo período de tratamento e conten-
ção, devido à grande quantidade de mo-
vimentação dentária realizada.
No entanto, os profissionais podem
interceptar os problemas relacionados
à falta de espaço para os dentes per-
manentes, durante o desenvolvimen-
to da oclusão. No início da dentadura
mista, com a esfoliação dos incisivos C D
decíduos e irrupção dos incisivos per-
manentes, aproximadamente 50% das
crianças desenvolvem o apinhamento
primário24. O desafio do profissional
nesta fase consiste em identificar os
casos com deficiências de espaço ver-
dadeiras, que necessitam de
interceptação, daqueles casos em que
o apinhamento possui caráter tempo- E F
rário e faz parte do desenvolvimento
normal da oclusão21,24.
Os incisivos laterais inferiores po-
dem irromper suavemente deslocados
para lingual ou rotados, mas acomo-
dam-se no arco dentário à medida que
se processam os mecanismos de com-
pensação da oclusão, principalmente
o aumento da distância intercaninos. G H
Deste modo, discrepâncias pequenas,
de 2 a 3 milímetros, corrigem-se espon-
taneamente e não merecem interven- ceptor, o programa de extrações seri- odos estratégicos, os dentes perma-
ção profissional21,24. adas, que permite-nos direcionar a ir- nentes podem irromper e alinharem-
Os casos com discrepâncias maio- rupção dos dentes permanentes para se no arco dentário espontaneamen-
res podem ser tratados precocemen- posições mais favoráveis no arco den- te, sem a aplicação de forças19 (FIG.
te, mas exigem um rico conhecimen- tário, evitando o estabelecimento de 24). Muitos casos, mesmo subseqüen-
to acerca dos eventos biológicos que uma má oclusão mais grave. Por meio temente às extrações seriadas, reque-
ocorrem durante todo o processo de de extrações programadas de dentes rem o tratamento com aparelhos fixos
crescimento e desenvolvimento da decíduos e permanentes, selecionados na dentadura permanente, para fe-
oclusão. Destaca-se no arsenal inter- em determinada sequência e em perí- char espaços remanescentes, corrigir a

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- Classe II Esquelética
A má oclusão de Classe II esquelé-
tica caracteriza-se por uma posição
distal do arco inferior em relação ao
superior, resultante de um deficiente
relacionamento ântero-posterior entre
as bases apicais. Esta discrepância es-
quelética reflete as seguintes altera-
ções estruturais: a deficiência ou re-
trognatismo mandibular, o prognatis-
mo maxilar, ou uma associação de
ambas16,20. O componente vertical, re-
presentado pela altura facial ântero-
inferior, pode encontrar-se aumenta-
do ou diminuído, evidenciando ou
I J mascarando a desarmonia sagital, res-
pectivamente16.
Diante de uma discrepância esque-
lética, o tratamento mais coerente e ide-
al resume-se na modificação do cresci-
mento das estruturas ósseas envolvi-
das, ou seja, busca-se a correção do
fator primário que está determinando
a má oclusão. Deste modo, os apare-
L M lhos ortopédicos devem ser empregados
durante a fase de crescimento no in-
tuito de reduzir ou eliminar o proble-
ma esquelético, para que em uma se-
gunda fase do tratamento, na denta-
dura permanente, a mecânica correti-
va realize apenas pequenos movimen-
tos dentários, alcançando-se uma oclu-
são favorável e uma estética facial agra-
N O
dável.
Na realidade, a primeira fase do
FIGURA 24A-O - Programa de extração seriada: a extração dos caninos decíduos du-
rante o primeiro período transitório da dentadura mista concedeu espaço para o alinha- tratamento, essencialmente ortopédi-
mento dos quatro incisivos, tanto no arco superior quanto no inferior; a extração dos ca, não deve ser realizada muito pre-
primeiros molares inferiores decíduos acelerou a irrupção dos pré-molares sucessores,
permitindo que fossem extraídos antes da irrupção dos caninos; os caninos permanen-
cocemente, pois até o jovem alcançar
tes irromperam alinhados no arco dentário, e o tratamento com aparelho fixo foi a maturidade esquelética, a continui-
implementado apenas para realizar o ajuste final da oclusão.
dade do crescimento dentro dos pa-
drões originais ocasionará grandes re-
cidivas morfológicas. As opiniões dos
autores são diversificadas quanto à
época mais adequada para o tratamen-
to ortopédico da Classe II7,16,18,20,34. Em
subremordida e as angulações dentá- quelas periodontais determinadas pelo geral, advoga-se que o tratamento da
rias. Na realidade, o tratamento preco- mau posicionamento dentário, como as Classe II suave ou moderada deve ser
ce das discrepâncias dente-osso nega- recessões gengivais; e na maior estabi- postergado para a fase tardia ou se-
tiva não substitui o tratamento corre- lidade dos casos tratados. Segundo gundo período transitório da dentadu-
tivo. As vantagens de um programa de DALE5, parece lógico que se a formação ra mista. Desta maneira, imediata-
extrações seriadas consistem sim na radicular dos dentes permanentes já se mente após o tratamento ortopédico
simplificação do tratamento corretivo; completar numa posição mais favorá- segue-se a mecânica com aparelhos fi-
no favorecimento da estética, desde vel, o tratamento apresentará estabili- xos, quando todos os dentes perma-
uma idade precoce; na redução das se- dade superior. nentes apresentarem-se irrompidos na

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A B

C D E

F G

H I

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e desenvolvimento vertical dentoal-
veolar; 2) Muitas vezes, esta fase
coincide com o período de maior ace-
leração na velocidade de crescimen-
to corporal e facial, ou seja, a por-
ção ascendente e o pico da curva de
crescimento da adolescência; 3) O
J L tratamento ortopédico-ortodôntico,
principalmente nas meninas, se com-
pletará aproximadamente no final
do período de crescimento, garantin-
do a estabilidade dos resultados ob-
tidos.
PROFFIT 20 ; VAN DER LINDEN,
BOERSMA34; McNAMARA16 defendem
o início do tratamento mais preco-
cemente apenas em casos de discre-
pâncias muito graves, com relação
de Classe II completa entre os arcos
dentários e grandes desequilíbrios
funcionais.
A seleção do aparelho ortopédico
M N mais adequado depende do diagnós-
tico estrutural individual, realizado
por meio da análise facial, do exa-
me clínico, dos modelos de gesso, e
complementado pela avaliação cefa-
lométrica.
Os aparelhos extrabucais são in-
dicados nos casos de protrusão ma-
xilar, pois a força por eles geradas,
influencia a atividade nas suturas
O P
da face média, restringindo o deslo-
camento anterior da maxila duran-
te o período de tratamento. Como a
mandíbula continua a crescer nor-
malmente, a relação de Classe II cor-
rige-se gradualmente8,16,20 (FIG. 25).
Na interceptação da deficiência
mandibular, componente mais comum
nas más oclusões de Classe II16, utili-
Q R
za-se os aparelhos ortopédicos funcio-
FIGURA 25A, B, C, D, E - Má oclusão de Classe II com prognatismo maxilar e mordida nais, como o Ativador, o Bionator, ou
aberta anterior; F, G - Instalação do AEB conjugado com grade palatina para
interceptação da má oclusão; H, I, J, L - Ao término da 1ª fase do tratamento, obser- o regulador funcional de Fränkel, que
va-se uma melhora na estética facial assim como na relação sagital interarcos; M, N, apresentam a característica comum de
O, P, Q, R - A 2ª fase do tratamento com aparelhos fixos permitiu a obtenção de uma
oclusão estável. manter a mandíbula em uma posição
protruída, normalizando a função da
musculatura intra e extrabucal 7,9,16
cavidade bucal, não obstante os apa- transitório da dentadura mista (FIG. 26). A possibilidade destes
relhos ortopédicos sejam mantidos alicerça-se em três justificativas im- aparelhos estimularem o crescimento
como contenção durante esta segun- portantes16,18,20,34: 1) Constitui um pe- mandibular constitui assunto contro-
da fase do tratamento. ríodo ativo de irrupção dentária, po- verso e muito discutido na literatura
A indicação do tratamento orto- dendo o profissional tirar proveito atual. Aceita-se que os efeitos esquelé-
pédico durante o segundo período do grande potencial de crescimento ticos e dentoalveolares, ocasionados

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tanto na mandíbula como também na
maxila pelos aparelhos ortopédicos fun-
cionais, contribuam conjuntamente para
a correção da má oclusão de Classe II36.
Ressalta-se ainda que, não só a época de
tratamento, mas também o padrão de
crescimento facial desempenha um impor-
tante papel no êxito do tratamento. O
padrão braqui e mesofacial apresentam
melhores resultados que o padrão
dolicofacial.
Indica-se a associação dos aparelhos
funcionais com forças extrabucais no tra-
A B
tamento da Classe II, em pacientes que
apresentam tanto uma protrusão maxi-
lar e/ou uma protrusão do arco dentário
superior, como um retrognatismo mandi-
bular9.
Alguns profissionais podem questio-
nar as vantagens do tratamento
interceptor da má oclusão de Classe II,
C D uma vez que muitos casos exigem a
mecanoterapia com aparelhos fixos na
dentadura permanente de qualquer for-
ma. A maior estética e estabilidade a lon-
go-prazo, assim como a redução do nú-
mero de extrações, a simplificação da
movimentação ortodôntica exigida e a
menor necessidade de cirurgias
ortognáticas, nos casos tratados ortope-
E F
dicamente, fundamentam a opção de tra-
tamento precoce.

- Falsa Classe III


A má oclusão denominada falsa
Classe III caracteriza-se pela presença
de uma relação de topo entre os incisi-
vos superiores e inferiores, que provo-
ca o deslizamento da mandíbula para
anterior, determinando uma mordida
cruzada anterior funcional15. Desta
maneira, em máxima intercuspidação
habitual (MIH), o paciente apresenta
uma relação dentária de classe III com
G H mordida cruzada anterior, enquanto

FIGURA 26 - Classe II, 1ª divisão com no-


tável deficiência mandibular e o tratamen-
to ortopédico funcional empregando-se
I J o aparelho Bionator.

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A B C

D E

F G

FIGURA 27 - Falsa Classe III caracteriza-


da pelo desvio anterior da mandíbula de
RC (G) para MIH (D, E, F). O aparelho
progênico (H, I) mantém a mandíbula em
uma posição retruída por meio do arco ves-
tibular de Eschler. (continua na próxima
H I página).

que, em relação cêntrica, evidencia-se cional durante todo o período de cres- tempo, um correto posicionamento
uma relação interarcos de classe I, com cimento e desenvolvimento pode im- dos côndilos, normalizando a postu-
relação de topo entre os incisivos su- primir alterações estruturais perma- ra mandibular (FIG. 27). Bimler de-
periores e inferiores (FIG. 27). nentes, uma vez que inibe o cresci- senvolveu este aparelho para a cor-
A inclinação dos incisivos supe- mento anterior da maxila e consolida reção da Classe III incipiente, consis-
riores para lingual e/ou dos incisivos o deslocamento anterior da mandíbu- tindo numa placa de acrílico com um
inferiores para vestibular são as prin- la devido à adaptação condilar. arco vestibular, apresentado pela pri-
cipais responsáveis pela interferência O aparelho de Eschler é indicado meira vez por Eschler2,31. Trata-se de um
oclusal que levam o paciente a ocluir no tratamento precoce da pseudoclas- arco vestibular que mantém contato
com a mandíbula projetada para an- se III, pois possibilita a correção das com os incisivos inferiores, impedin-
terior. A persistência deste desvio fun- inclinações dentárias, e ao mesmo do a protrusão mandibular, e quando

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J L M

N O P
FIGURA 27 - (Continuação) Após o tratamento, observa-se a melhora no perfil facial (J, L, M) e o estabelecimento de uma oclusão
estável (N, O, P).

ativado, ainda inclina os incisivos põe-se pelo prognatismo mandibular, mais indicada nestes casos12,14, 16,20,28
para lingual. Se os incisivos superio- retrognatismo maxilar ou uma asso- (FIG. 28). Os efeitos deste tratamen-
res apresentam-se inclinados para lin- ciação de ambos29. O crescimento man- to incluem o avanço anterior da ma-
gual, pode-se utilizar as molas digitais dibular, grandemente controlado por xila, a protrusão do arco dentário su-
para vestibularizá-los. fatores genéticos, pouco pode ser al- perior, e a rotação mandibular para
O efeito ortodôntico do uso desse terado por meio de aparelhos ortopé- baixo e para trás, imprimindo altera-
aparelho resume-se na inclinação lin- dicos, o que conduz ao pobre prognós- ções positivas na estética facial e na
gual dos incisivos inferiores e inclina- tico de tratamento precoce da Classe relação sagital entre os arcos dentá-
ção vestibular dos incisivos superiores. III determinada essencialmente pelo rios12,28. Quanto menor a idade, mais
Os efeitos esqueléticos demonstram prognatismo mandibular. Felizmente, efetivo os resultados desta interven-
um reposicionamento mandibular (de o componente esquelético maxilar res- ção ortopédica para a retrusão maxi-
MIH para RC), com diminuição do ân- ponde melhor aos fatores extrínsecos lar12.
gulo SNB; e o deslocamento anterior como a aplicação de forças ortopédi- Após a correção ortopédica, a con-
do ponto A, devido à liberação do cres- cas12,14, 16,20,28. tenção (uso norturno da máscara de
cimento maxilar após a correção da Neste contexto, ressalta-se o im- protração, da mentoneira, do apare-
mordida cruzada anterior2. A normali- prescindível valor de um diagnóstico lho de Fränkel para Classe III, ou do
zação precoce do trespasse horizontal exato, associando-se a análise clíni- aparelho progênico) e o acompanha-
entre os incisivos possibilita que a face ca do perfil facial com a interpreta- mento clínico são imprescindíveis para
continue a crescer normalmente, sus- ção das grandezas cefalométricas, no a manutenção dos resultados obtidos.
tentando os resultados da correção intento de distinguir os componentes Os pais devem estar cientes de que a
precoce. esqueléticos principais que delineiam resposta individual, neste tipo de má
a má oclusão de Classe III. Quando oclusão, não nos permite garantir que
- Classe III por Deficiência evidencia-se uma retrusão maxilar, o tratamentos futuros serão desneces-
Maxilar tratamento precoce deve ser indica- sários. No entanto, sem dúvida alguma,
Inúmeros estudos sobre as carac- do. A expansão rápida da maxila, jun- a intervenção precoce, no mínimo, ame-
terísticas morfológicas da Classe III tamente com o uso de máscaras de niza a complexidade da má oclusão
apontam que esta má oclusão com- protração maxilar, constitui a terapia estabelecida na dentadura permanente.

Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial - v.4, n.6, p.87-108 - nov./dez. - 1999 104
CASOS QUE NÃO DEVEM SER
TRATADOS PRECOCEMENTE
E IRREGULARIDADES TEM-
PORÁRIAS
Finalmente, deve ficar claro que,
em alguns casos, tratamentos pre-
coces não são necessários ou apro-
A B priados. O bom senso profissional
deve excluir casos em que a
ortodontia preventiva e intercepto-
ra apenas aumentaria o tempo e o
custo do tratamento, desgastando
o paciente, em troca de um benefí-
cio mínimo. MOYERS 17 contra-in-
dica a intervenção precoce quando
não existe segurança de que os re-
C D sultados serão mantidos; quando
um melhor resultado pode ser con-
seguido, com menor esforço, numa
outra época; ou quando a imaturi-
dade da criança torna o tratamento
impraticável.

- Fase do “Patinho Feio”


Na dentadura mista, o diastema
E F interincisivos centrais e a inclina-
ção distal das coroas dos incisivos
laterais permanentes, no arco su-
perior, são condições transitórias,
pertencentes ao quadro de desenvol-
vimento normal da oclusão 10. Com
a irrupção dos caninos superiores
permanentes, durante o segundo pe-
ríodo transitório da dentadura mis-
ta, fecha-se o diastema e normali-
za-se a angulação dos incisivos la-
terais (FIG. 29 e 30). Portanto, a
intervenção precoce, nesse caso,
além de desnecessária, pode ocasio-
nar a reabsorção radicular dos inci-
G H sivos laterais, quando são pressio-
nadas contra o folículo
pericoronário dos caninos perma-
nentes em processo de irrupção.
Como toda regra apresenta suas ex-
ceções, o diastema interincisivos cen-
trais pode ser fechado precocemente
quando um ou ambos os incisivos la-
terais superiores permanecem retidos
I J por falta de espaço 10. Neste caso, o
movimento mesial dos incisivos cen-
trais proporciona espaço e possibilita
FIGURA 28A - J - Tratamento precoce da Classe III por deficiência maxilar
empregando-se a expansão rápida da maxila seguida pela protração maxilar
a irrupção espontânea dos incisivos la-
com a máscara facial. terais.

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A B C

D E F

FIGURA 29 - A, B, C) fase do patinho feio caracterizada pela inclinação distal dos incisivos laterais superiores devido ao posiciona-
mento dos germes dos caninos permanentes em irrupção; D, E, F) com a irrupção dos caninos permanentes no arco dentário, a
inclinação dos incisivos normaliza-se e os diastemas fecham-se.

FIGURA 30 - Esquema representativo dos


processos de desenvolvimento ocorridos
durante a fase do patinho feio.

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- Classe III por prognatismo Portanto, em casos mais severos, dentária, alcança-se uma melhora na
mandibular a correção do prognatismo mandibu- estética facial por meio da retração dos
A Classe III caracterizada por um lar deve ser postergada para a fase incisivos superiores e inferiores, me-
prognatismo mandibular apresenta final da adolescência, quando a mai- diante a mecânica corretiva com ex-
um pobre prognóstico de tratamento or parte do crescimento já se mani- trações de quatro primeiros pré-mola-
precoce. O emprego da mentoneira al- festou. A mecanoterapia com apare- res. Desta maneira, contra-indica-se a
tera o vetor de crescimento mandibu- lhos fixos associada à cirurgia abordagem precoce nestes casos.
lar, diminuindo a expressão horizon- ortognática constituem a forma de
tal do mento às custas do aumento tratamento mais adequada para es- CONCLUSÕES
da altura facial ântero-inferior 16,20 . tes casos, principalmente sob o pon- A presente discussão sobre o tra-
Além disso, seus efeitos se limitam ao to de vista estético e funcional. tamento precoce confirma a citação
período de tratamento, sem altera- de CHARLES TWEED 33, nos idos de
ções definitivas no padrão de cresci- - Classe II com Severa Defici- 1960, de que “o conhecimento irá, gra-
mento mandibular. ência Mandibular dualmente, substituir a mecânica se-
Aliado ao limitado controle que A má oclusão de Classe II esque- vera, e em um futuro muito próximo,
os aparelhos podem exercer sobre o lética, com marcante deficiência man- a grande maioria dos tratamentos or-
crescimento mandibular, o fato da dibular, não apresenta bom prognós- todônticos será executada durante o
má oclusão de Classe III agravar-se tico de tratamento precoce. Estes ca- período da dentição mista, do cresci-
ao longo do crescimento 29, compro- sos demonstram resultados mais sa- mento e desenvolvimento craniofa-
mete ainda mais os resultados de tisfatórios, principalmente em rela- cial, antes da difícil idade da adoles-
um tratamento precoce. O surto de ção à estética, quando tratados cirur- cência”.
crescimento puberal, dado ao au- gicamente. A abordagem preventiva e inter-
mento da velocidade de crescimen- ceptora das más oclusões tem de-
to mandibular, pode condenar o - Classe I com Biprotrusão monstrado vantagens indiscutíveis, e
êxito de uma intervenção ortodôn- Nos pacientes que apresentam má apenas o comodismo ou o desconhe-
tica prévia. oclusão de Classe I com biprotrusão cimento são capazes de ignorá-la.

Abstract
This article aimed to discuss the preventive and interceptive treatment Uniterms: Orthodontics; Malocclusion;
aspects related to malocclusions early advantages and disadvantages were Primary dentition; Mixed dentition;
treatment, for guiding the dentist actions shown, as long as the cases that should, Early treatment; Preventive and
concerning the primary and mixed that may and that shouldn’t be early interceptive treatment; Treatment
dentition irregularities. Thus the treated. time.

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