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PROPOSTAS PARA O GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE LÂMPADAS

FLUORESCENTES

PROPOSES FOR THE MANAGEMENT OF RESIDUES OF FLUORESCENTS BULBS

Roberto Naime e Ana Cristina Garcia


1
Doutor em Engenharia Ambiental. Docente do Departamento de Engenharia Civil - FENG – PUCRS e Curso de Engenharia Industrial, Instituto
de Ciências Exatas e Tecnológicas, ICET/FEEVALE. Endereço para Correspondência: Curso de Engenharia Industrial, Instituto de Ciências
Exatas e Tecnológicas, Centro Universitário FEEVALE. Rodovia RS 239, nº 2755, CEP 93352 000 – Novo Hamburgo, RS. E-mail:
rnaime@feevale.br
2
Mestre em Engenharia Ambiental. Docente do Curso de Engenharia Industrial, ICET/FEEVALE. E mail anagarcia@feevale.br

Resumo
_________________________________________________________________________________
As lâmpadas de mercúrio de baixa pressão, também conhecidas como lâmpadas fluorescentes,
constituem-se objetos de consumo de extrema utilidade e elevada capacidade de produzir impactos
ambientais. O vapor de mercúrio pode contaminar a atmosfera, sendo inalado por usuários
desinformados, ou pode produzir a contaminação de solos e águas pelo metal pesado mercúrio. Os
grandes usuários industriais e comerciais, instados pela legislação ambiental e por práticas de
normatização e qualificação, já dispõe de políticas próprias eficientes de gerenciamento dos resíduos
de lâmpadas fluorescentes. O objetivo deste trabalho é a discussão do gerenciamento de resíduos de
lâmpadas nos pequenos usuários. Porque embora sendo o volume menor de usuários, representam
hoje os riscos maiores. Por estarem espalhados e por não serem assistidos por uma política eficiente
de informação e de gestão deste tipo de resíduo. Pelos mesmos motivos, associa-se a este grupo, as
pequenas e médias indústrias e o comércio, disseminados pelo país. A base da proposta parte do
princípio de que os importadores são poucas empresas, de grande capacidade econômica, capazes
de sustentar a formação de um cadastro de comercialização autorizada e gerenciar um sistema de
recebimento de lâmpadas usadas na aquisição de lâmpadas novas. Este sistema poderá evoluir no
futuro para um banco de dados de usuários residenciais em apoio ao sistema de gerenciamento de
resíduos de lâmpadas fluorescentes, gerenciado pela ABILUX.
Palavras-chave: Resíduos; Perigos ao meio ambiente; Racionalização de recursos.

Abstract
_________________________________________________________________________________
The bulbs of mercury of low pressure, all kneed as fluorescents bulbs, are very useful and have higher
capacity to produce environmental impacts. The steam of mercury can contaminate the atmosphere,
and can be aspired or can produce contamination of water and soils. The biggest industrial and
commercial users have policies to management the residues of the fluorescent bulbs. The object of
this work is to discuss the management of the residues of fluorescent bulbs for the little users. The
little users present the major risks. Because they are widespread and don’t have any efficient policy of
information and management of the residues. By the same, little industry and commercial activity have
the problem. The base of the proposition is that importation enterprises are little and have economic
capacity for to maintenance a cadastre of authorized commercials of fluorescent bulbs, and then to
management a system of reception of used bulbs when people acquired new bulbs. This system cans
evolutes in the future for a residential user’s data banking, that auxiliate the management of residues
of fluorescent bulbs by the ABILUX.
Keywords: Waste products; Dangers on the environment; Rationalization of Resources.

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Naime, R. e Garcia, A.C.

Introdução As lâmpadas fluorescentes no Brasil


são provenientes de importadores associados
A poluição do meio-ambiente,
da ABILUX (Associação Brasileira da Indústria
decorrente de um rápido crescimento
de Iluminação) ou independentes. Entre os
econômico associado à exploração dos
associados estão Dynacom, Fujilux, General
recursos naturais, vem aumentando cada vez
Electric, Osram, Philips, Sadokin e Sylvania2.
mais.
Embora a maior parte dos usuários de
As estratégias de sustentabilidade
lâmpadas fluorescentes tubulares sejam dos
ambiental buscam compatibilizar as
setores industrial e de serviços, o foco deste
intervenções antrópicas com as características
artigo são os usuários residenciais, porque
dos meios físico, biológico e sócio-econômico,
embora sendo o volume menor de usuários,
minimizando os impactos ambientais.
representam hoje os riscos maiores por
estarem espalhados e por não serem
A própria Constituição Federal em seu
assistidos por uma política eficiente de
artigo 174 prevê que o Estado seja o regulador
informação e de gestão deste tipo de resíduo.
das atividades econômicas, promovendo o
A este grupo associam-se as pequenas e
desenvolvimento equilibrado entre produção e
médias indústrias e comércio disseminados
conservação ambiental1.
pelo país, e pelos mesmos motivos.
As lâmpadas fluorescentes são um
Os grandes usuários industriais e
resíduo das sociedades industriais que
comerciais, instados pela legislação ambiental
merecem uma abordagem própria quanto ao
e por práticas de normatização e qualificação,
gerenciamento.
já dispõem de políticas próprias eficientes de
gerenciamento dos resíduos de lâmpadas
A presença de Mercúrio gera
fluorescentes.
contaminação nos meios físico, biológico e
antrópico, em diversos níveis.
As lâmpadas contendo Mercúrio tem
eficiência luminosa de 3 a 6 vezes superior às
A questão das lâmpadas fluorescentes
outras lâmpadas e possuem vida útil de 4 a 15
tem singularidades muito próprias. As
vezes mais longa. Devido a estes fatores,
empresas, instadas por legislação ambiental
segundo a ABILUX, contribuem para a
rigorosa tem se adequado rapidamente, e
minimização da geração de resíduos e para a
atualmente depositam temporariamente as
redução do consumo de recursos naturais. No
lâmpadas, remetendo as mesmas para
entanto, tem alto potencial poluidor e
empresas habilitadas a realizar reciclagens.
necessitam de políticas eficientes de
gerenciamento de resíduos.
Já o uso residencial não tem qualquer
política pública voltada para a questão do
A vida útil de uma lâmpada de
gerenciamento e por desconhecimento ou
Mercúrio é de 3 a 5 anos, com um tempo de
desinformação, a população prossegue
operação de aproximadamente 20.000 horas.
quebrando as lâmpadas sem quaisquer
As lâmpadas fluorescentes funcionam
cuidados, ou misturando as lâmpadas com os
segundo o princípio de descarga de mercúrio
demais resíduos não-inertes. Este
de baixa pressão em uma quantidade mínima
procedimento é inadequado, pois acaba
de Mercúrio em estado líquido. Os elétrons se
tornando resíduos perigosos todos os demais
chocam com os átomos de Mercúrio, liberando
itens constituintes do descarte, devido à
uma radiação que é convertida em luz visível,
contaminação de todos.
pelo revestimento de pó fluorescente que
recobre o bulbo internamente2.
Por isso, este trabalho propõe uma
série de alternativas de gerenciamento,
Mais especificamente, a lâmpada
visando contribuir na formulação de uma
fluorescente é uma fonte de descarga elétrica.
política nacional eficiente no setor.
A corrente elétrica provoca uma descarga no
gás do interior do tubo, levando os elétrons do
Revisão bibliográfica
gás a colidir com os átomos de Mercúrio.
A lâmpada fluorescente, inventada em Assim, a energia ultravioleta, gerada
1938, cujo nome técnico é lâmpada de pelo vapor de mercúrio em um gás inerte à
mercúrio de baixa pressão, é responsável por baixa pressão, ativa uma camada de material
70% da luz artificial hoje presente no mundo. fluorescente, constituída por fósforo, colocada

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Gerenciamento de resíduos

na parede interna do tubo de vidro, que meios físico, biológico e antrópico. No entanto,
converte a radiação ultravioleta em luz visível. ao ser rompida, vai inicialmente liberar vapor
de mercúrio que será inalado por quem
Uma lâmpada fluorescente é manuseia o resíduo. Neste caso, a
composta por um tubo selado de vidro, contaminação do organismo ocorre através
preenchido com gás argônio à baixa pressão e dos pulmões. Quando uma lâmpada é
vapor de mercúrio, também à baixa pressão. quebrada, o Mercúrio existente em seu interior
O interior do tubo é revestido por uma poeira (aproximadamente 20 mg) se libera sob a
fosforosa constituída por vários elementos, forma de vapor. O período de tempo do
destacando-se Alumínio, Antimônio, Cádmio, processo varia em função da temperatura,
Bário, Chumbo, Cromo, Manganês, Níquel e podendo atingir semanas.
Mercúrio, dentre outros3.
Quando lançadas sobre o solo, os
A questão de destinação das resíduos das lâmpadas, contaminam o solo e
lâmpadas fluorescentes ainda não foi as águas, atingindo as cadeias alimentares.
regulamentada pelo CONAMA (Conselho
Nacional de Meio-Ambiente). Devido às O impacto gerado sobre o meio-
peculiaridades dos resíduos, as lâmpadas ambiente decorrente de uma única lâmpada
fluorescentes deverão ter regulamentação poderia ser considerado desprezível. No
própria. A legislação do Estado do Rio Grande entanto, o descarte anual de cerca de 50
do Sul já proíbe o descarte comercial de milhões de lâmpadas, apenas no Brasil
resíduos que contenham metais pesados representa um sério problema.
(incluindo baterias de celular) junto ao lixo
doméstico. A principal via de intoxicação dos
seres humanos, quando a contaminação
A dimensão real que deve ser atinge a cadeia alimentar, ocorre através do
abordada, é que legislação e normas não consumo de peixes contaminados. O
operam eficientemente se não forem fenômeno ficou evidente após os estudos
precedidas de estudos práticos para tornarem desenvolvidos desde 1955, quando foi
operacionais as regras. O presente trabalho registrado o acidente ecológico de Minamata
propõe uma discussão de como tornar no Japão. Neste, alguns milhares de pessoas
factíveis políticas de preservação ambiental ingeriram peixes contaminados com Mercúrio
envolvendo lâmpadas fluorescentes, sem no e desenvolveram doenças neurológicas
entanto recair num cipoal burocrático de graves, com seqüelas por várias gerações,
custos inviáveis. como danos irreversíveis no organismo e
doenças teratogênicas.
Desenvolvimento
Deve ser destacado que as lâmpadas
A ênfase da abordagem são os não constituem a única fonte de mercúrio.
usuários residenciais e as pequenas e médias Indústrias metalúrgicas, de tintas, de cloro, e
atividades industrial e comercial, onde de plástico (PVC), entre outras, utilizam
geralmente não existem normatizações Mercúrio e diversos outros metais em suas
internas ou demandas de adequação à linhas de produção e podem ser fontes de
legislação ambiental que sejam eficazes, por contaminação e impactos ambientais, se os
desinformação ou ausência de fiscalização. efluentes líquidos não forem corretamente
Também são comentadas práticas das tratados e os resíduos sólidos adequadamente
questões vinculadas ao gerenciamento destes dispostos.
resíduos.
O Mercúrio é um metal que não ocorre
No Brasil já existem empresas como a de forma natural em nenhum organismo. E
Apliquim (Paulínea, SP) Mega Reciclagem não desempenha qualquer função nutricional
(Curitiba, PR), Brasil Recicle (Indaial, SC) e ou bioquímica em animais ou plantas. Sua
Sílex que atuam na reciclagem de lâmpadas presença apenas gera impacto na sanidade
fluorescentes. dos seres vivos, com uma série de disfunções
metabólicas encontradas em compêndios
Impactos Ambientais causados pelas ecotoxicológicos4.
Lâmpadas Fluorescentes
Formas usuais de destinação final para
Enquanto estiver intacta, a lâmpada lâmpadas fluorescentes Reciclagem
não oferece qualquer risco ambiental aos

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A reciclagem implica a separação dos A maior parte das lâmpadas de uso


diferentes componentes da lâmpada: o vidro, o residencial no Brasil são descartadas no lixo
Mercúrio e o Alumínio. Os elementos comum. Resulta disto que são enviadas para
constituintes das lâmpadas devem ser depósitos em aterros ou mesmo lixões,
mantidos separados para seu quando propiciam elevada contaminação
reaproveitamento. A alternativa de reciclagem ambiental pela falta de cuidados sanitários dos
com a recuperação do mercúrio é a melhor lixões.
solução para as lâmpadas fluorescentes, pois
já existem tecnologias comprovadamente Nos aterros, onde são instaladas
eficientes para recuperação do Mercúrio. mantas de impermeabilização de fundo e
efetuados controles sanitários e adequados
As principais empresas de reciclagem monitoramentos ambientais, os efeitos da
encontram-se nos Estados Unidos, enquanto mistura das lâmpadas ficam restritos às
os principais fabricantes se encontram na contaminações que o mercúrio causa nos
Suécia e Alemanha. demais resíduos.

A reciclagem envolve duas fases: Discussão de propostas para um sistema


esmagamento e destilação de Mercúrio. O de gerenciamento de resíduos de lâmpadas
esmagamento permite que os diversos fluorescentes
constituintes da lâmpada possam ser
separados por peneiramento, separação Conforme já discutido, o grande
eletrostática e ciclonagem, em 6 classes: problema para o gerenciamento ambiental
terminais de alumínio, pinos de latão, adequado das lâmpadas fluorescentes é o
componentes ferro-metálicos, vidro, poeira consumo residencial. Os consumidores
fosforosa rica em Mercúrio e isolamentos industriais e comerciais, em sua maioria,
baquelíticos. Na fase de destilação é premidos pelas demandas da legislação
recuperado o Mercúrio contido na poeira ambiental, e dos programas de normatização
fosforosa. A recuperação é obtida pelo e qualificação, tem buscado resolver
processo de reportagem, onde o material é adequadamente esta questão, estocando as
aquecido até a vaporização do mercúrio lâmpadas, armazenando adequadamente e
(temperaturas acima do ponto de ebulição do remetendo e pagando aos recicladores. Desta
mercúrio, de 357o C). O material vaporizado é forma não ocorrem quaisquer impactos
condensado e coletado em decantadores. ambientais decorrentes da composição das
Emissões fugidias de mercúrio podem ser lâmpadas.
evitadas operando em pressões negativas.
Já os consumidores residenciais,
São reutilizados o vidro, o Alumínio e desconhecem os impactos produzidos pelas
o Mercúrio. lâmpadas e tampouco são informados das
possibilidades de reciclagem, desconhecendo
Incineração as empresas recicladoras e os custos da
reciclagem.
A incineração é um procedimento
aplicado para destinação final de resíduos, Discutir propostas para estimular as
contemplado pela Lei Estadual 9.921/93 e ações de reciclagem pode parecer pretensioso
regulamentada pelo Decreto 38.356/985,6. ou de difícil execução. Mas é necessário fixar
metas para caminhar em direção a elas,
Considerando a periculosidade do lembrando o velho ditado do estóico Sêneca,
Mercúrio, a utilização de incineradores para tutor do imperador romano Marco Aurélio, de
destinação de resíduos com geração de que não existem bons ventos para quem não
energia dependerá de processos que sabe a que porto se dirige.
garantam a preservação ambiental dentro do
procedimento. A idéia é que a campanha avance em
direção a uma meta que estimule a entrega da
Nos processos mais avançados de lâmpada usada na compra de uma nova. O
tratamento de gases nas plantas de gerenciamento global do sistema deveria ficar
incineração, o mercúrio é parcialmente sob a coordenação da ABILUX.
removido e incorporado às cinzas e escórias.
A rede de distribuição formada por
Disposição em aterros supermercados, ferragens e lojas, sempre que
vendesse uma lâmpada, exigiria como

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Gerenciamento de resíduos

contrapartida a entrega de uma lâmpada Mas sem dúvida alguma ação precisa
fluorescente usada, que em tese seria a ser iniciada, para que num médio espaço de
lâmpada que está sendo substituída. tempo apresente resultados positivos.

Inicialmente seria realizado um E não seria necessário que se


cadastro, junto aos fabricantes, que ao esperasse apenas legislação específica ou
contrário dos consumidores, são poucos e regras do CONAMA. Os próprios fabricantes,
com capacidade econômica para sustentar a porque são poucos, e porque são empresas
iniciativa, mesmo com o repasse dos custos de grande porte, com capacidade econômica,
aos produtos, que no caso é o mal menor. poderiam buscar uma auto-regulamentação,
favorecendo a melhoria da qualidade
Assim facilitariam a tarefas ambiental e da qualidade de vida de todos.
posteriores. Este cadastro junto aos
fabricantes criaria um sistema de Evidentemente tais proposições
comercialização autorizado. devem ser tomadas apenas como sugestões
para uma agenda positiva, que contribua para
A partir deste cadastro de uma tomada de posição por parte dos
comercialização autorizada, a ABILUX poderia responsáveis públicos e privados pela questão
montar um cadastro nacional de consumidores das lâmpadas fluorescentes.
de lâmpadas fluorescentes residenciais.
Estas sugestões podem e devem
Com os modernos sistemas de passar por ampla discussão de todos os
informática, este cadastro digitalizado poderia setores interessados, podendo ser agregadas
ser acessado pelos sistemas dos novas idéias e mesmo ser totalmente
supermercados e lojas autorizadas à substituída a proposta por mecanismos de
comercialização de lâmpadas. melhor viabilidade e visibilidade.

A partir destes procedimentos, seria Então serão atingidos todos os


incluído o preço da reciclagem ao valor da objetivos do presente trabalho, sustentando
lâmpada nova, com o fabricante repassando o uma proposta inovadora que contribua para as
valor ao reciclador de sua preferência, discussões visando a solução do problema.
juntamente com a lâmpada recebida pelo
comercializador e remetida ao fabricante, que Conclusões
posteriormente enviaria ao reciclador,
juntamente com o valor de reciclagem já As lâmpadas de mercúrio de baixa
recolhido no preço de venda da lâmpada nova. pressão, também conhecidas como lâmpadas
fluorescentes são artefatos de uso variado,
Caso o usuário não entregue a doméstico, comercial ou industrial. São de
lâmpada usada, ou no caso de novas extrema utilidade na vida moderna, sendo
lâmpadas, o usuário ficaria obrigado a recolher cada vez mais estimulada pelo baixo consumo
previamente um valor como multa pela não de energia que apresentam.
entrega da lâmpada usada, ou ação de
educação ambiental, para que passe a No entanto, estas lâmpadas possuem
armazenar e trocar suas lâmpadas alta capacidade de impactar os meios físico,
fluorescentes usadas, auxiliando no manejo biológico e antrópico, com vapor de mercúrio
ambiental do produto. na atmosfera, ou contaminação de solos e
aqüíferos pelo metal pesado.
Este sistema aparentemente complexo
é muito simples. Apenas justificativas de má Os grandes consumidores,
vontade em solucionar a questão podem criar responsáveis pela maior parte da utilização de
empecilhos para o começo de sua lâmpadas fluorescentes, caminham em
operacionalização. direção a um adequado gerenciamento destes
resíduos, quando a lâmpada cessa seu tempo
Evidentemente que não se imagina de vida útil.
que o sistema possa ser criado e
operacionalizado adequadamente em curto Isto porque grandes empresas e
espaço de tempo, pois o tamanho do mercado instituições são cada vez mais influenciadas
brasileiro, a extensão geográfica, a por legislações ambientais restritivas e
diversidade cultural e os fatores econômicos preservacionistas e incluem práticas
precisam ser considerados.

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adequadas de manejo em seus programas de reciclagem, que opera como uma ação
normatização e qualificação. educativa que estimule a troca de lâmpadas
no futuro e que também reverta para um fundo
O mesmo não ocorre com os de preservação ambiental que a própria
pequenos usuários, domésticos ou mesmo ABILUX opere, subsidiando suas demais
comerciais e industriais, que por ações.
desconhecimento ou desinformação não tem
práticas ambientalmente sustentáveis. Referências

São apresentadas várias idéias a 1. Brasil. Constituição da República Federativa


serem implementadas para um incremento do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal; 1998.
real na qualificação do gerenciamento dos
resíduos de lâmpadas fluorescentes. 2. Associação Brasileira da Indústria da
Iluminação ABILUX. [Acesso em 10 julho
Na medida em que os importadores 2003]. Disponível em http://www.abilux.com.br
são um reduzido número de empresas, com
suporte econômico capaz de subsidiar uma 3. Mercury Recovery Technology. Site MRT.
adequada estrutura administrativa, torna-se [Acesso em 12 de março de 2000]. Disponível
relativamente fácil a montagem de um em http://www.mrtsystem.com/tc.htm.
cadastro de comercializadores.
4. Larini L. Toxicologia. São Paulo: Manole;
A partir desta base pode ser 1997.
gerenciado um sistema que torne obrigatória a
entrega das lâmpadas usadas na aquisição de 5. Lei no 9291. Dispõe sobre a gestão de
novas, sendo o custo da reciclagem incluído resíduos sólidos nos termos do § 3º do artigo
no preço da lâmpada nova e gerenciado pelo 247 da Constituição do Estado do Rio Grande
fornecedor de lâmpadas. do Sul. Porto Alegre: Diário Oficial do Rio
Grande do Sul (27 de junho de 1993).
Na aquisição de lâmpadas sem
entrega das usadas, o consumidor arca com o 6. Decreto no 38356/98. Regulamenta a Lei
ônus de uma multa de pequeno valor, que Estadual 9291/93 e dispõe sobre a gestão de
pode ser revertida para fundos de preservação resíduos sólidos. Porto Alegre: Diário Oficial
ambiental, ou na compra de uma primeira do Rio Grande do Sul (2 de abril de 1998).
lâmpada, arca com um valor inicial de custo de

Recebido em 18/10/2004
Aprovado em 22/11/2004

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