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Aula 8: Ações autônomas de impugnação ....................................................................................

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Introdução ............................................................................................................................. 2
Conteúdo................................................................................................................................ 3
Distinção entre recursos e ações autônomas de impugnação ................................ 3
Mas, e em relação aos recursos processuais penais? ................................................. 3
Portanto, qual seria a principal distinção entre os recursos e as ações
autônomas? ........................................................................................................................ 4
Recursos x ações: naturezas jurídicas distintas ........................................................... 4
Das ações autônomas de impugnação em espécie ................................................... 5
Classificações do habeas corpus .................................................................................... 7
Porém, existem também outras classificações do habeas corpus........................... 8
HC substituto de recursos ordinários ............................................................................ 8
Da revisão criminal .......................................................................................................... 11
Da revisão criminal .......................................................................................................... 13
Outras situações semelhantes ...................................................................................... 14
Mas, existiria então a possibilidade de se reformar a decisão dos jurados? ......... 16
E como determinar a indenização? ............................................................................. 17
Do mandado de segurança em matéria criminal...................................................... 17
Ilegalidade ou abuso de poder...................................................................................... 18
A Lei nº 12.016/2009 ....................................................................................................... 19
Atividade proposta .......................................................................................................... 20
Referências........................................................................................................................... 22
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 22
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 28
Aula 8 ..................................................................................................................................... 28
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 28

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 1


Introdução
A presente aula terá, dentre seus objetivos, o estudo das ações autônomas de
impugnação no Sistema Recursal Penal, como instrumentos de legitimação da
atividade estatal punitiva e de efetivação dos direitos fundamentais e exercício
da democracia.

Objetivo:
1. Diferenciar recursos das ações autônomas de impugnação no processo
penal;
2. Estudar, pontualmente, as ações autônomas de impugnação utilizadas no
processo penal brasileiro: habeas corpus (HC), revisão criminal e mandado de
segurança.

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Conteúdo

Distinção entre recursos e ações autônomas de impugnação


Inicialmente, nos parece de fundamental importância traçarmos a distinção
entre as ações autônomas de impugnação e os recursos do processo penal. No
processo penal brasileiro, três são as ações autônomas de impugnação que
podem ser manejadas:

Habeas corpus;

A revisão criminal;

O mandado de segurança.

O habeas corpus e a revisão criminal se encontram, em nosso CPP, dentro do


título “DOS RECURSOS EM GERAL”, tal fato se constitui em verdadeira atecnia
do legislador, não alterando em nada a natureza jurídica desses dois institutos.

Mas, e em relação aos recursos processuais penais?


Este processo é bem mais extenso, no entanto, podemos listar aqui, apenas
exemplificativamente, os seguintes:

O recurso em sentido estrito;

A apelação;

A carta testemunhável;

O recurso em sentido estrito;

Os embargos de declaração, os embargos infringentes e de nulidade;

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A carta testemunhável;

Portanto, qual seria a principal distinção entre os recursos e as


ações autônomas?
A principal diferença entre os recursos e as ações autônomas de impugnação
consiste no seguinte fato:

Os recursos: se constituem em mero prolongamento da ação principal, isto é,


um mero prosseguimento da relação processual já existente.

As ações autônomas: configuram sempre o exercício de uma nova ação,


dando ensejo à criação de uma diversa relação jurídica processual.

Atenção
Dizendo em outras palavras, podemos afirmar que enquanto nas
ações autônomas constitui-se nova relação jurídico-processual,
nos recursos a ação é a mesma anterior, apenas em uma nova
fase, uma nova etapa.
Podemos acrescentar, ainda, a informação de que os recursos,
necessariamente, tem que ser interpostos antes do trânsito em
julgado da decisão judicial, posto que o trânsito em julgado é
fato impeditivo para os recursos. Já no tocante às ações
autônomas, o trânsito em julgado não obsta sua propositura,
havendo, inclusive, ações autônomas destinadas especificamente
à desconstituição da coisa julgada, como é o caso da revisão
criminal.

Recursos x ações: naturezas jurídicas distintas


Por fim, neste primeiro ponto dessa nossa aula, observamos que a causa de
pedir dos recursos não pode ser a mesma das ações autônomas, posto que

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devem visar a objetivos diferentes, não se valendo do princípio da fungibilidade,
pertinente aos recursos entre si.

Isso se dá, a priori, pela flagrante diferença entre suas naturezas jurídicas, pois
enquanto os recursos são instrumentos processuais destinados ao reexame,
correção ou integração das decisões jurisdicionais, as ações autônomas são
novas ações, bem diversas, portanto, da natureza endoprocessual dos recursos.

Das ações autônomas de impugnação em espécie


O que devemos compreender?

O HABEAS CORPUS
De onde vem a expressão?
A expressão habeas corpus procede de dois vocábulos do latim: “habeas” e
“corpus”. No sentido literal, “tome o corpo”, porque habeas, subjuntivo de
“habeo” (es, habitum, habere) significa ter, possuir, manter, tomar posse e
corpus (corporis), corpo.

O HABEAS CORPUS
Por que surgiu?
Esta expressão nasceu como necessidade de limitação do poder e do arbítrio
estatal e ganhou maior destaque nos períodos do início do liberalismo e na
acentuação das tendências neoliberais. É adotado como norma nos países
civilizados, pois sua ordem significa uma contenção ao autoritarismo.

O HABEAS CORPUS
Quando surgiu?
O habeas corpus tem seu surgimento na Inglaterra, mais especificamente na
Magna Carta de 1215, no Artigo 29, que reconhecia injusta qualquer prisão não
estabelecida de direito ou decretada arbitrariamente. Os ingleses sempre
defenderam a liberdade física porque entendem que até atentados à vida e à

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propriedade são menos sérios para o homem que a menor violência ou coação
à liberdade física do indivíduo.

Apesar da origem antiga, o habeas corpus só se firmou no século XVII. Em


1679, o habeas corpus act estendeu o seu alcance para que abrangesse as
prisões determinadas pelo próprio monarca. Em 1816 é que passou a abranger
todos os casos de constrangimento, mas restritos apenas à liberdade de ir e vir.
Do direito inglês, o habeas corpus passou naturalmente para as colônias da
América do Norte e assim para a ordem jurídica dos Estados Unidos da
América. A Constituição de 1787 a ele se refere no Artigo 1º, seção 9, contudo,
ganhou uma extensão maior, tutelando não apenas liberdades de ir e vir, mas
também outros aspectos da liberdade pessoal. Quer dizer, era para tomar o
corpo do indivíduo e levar ao tribunal o homem e o caso, para que a justiça
pudesse estatuir sobre a questão, velando por ele (pelo indivíduo). A finalidade
era proteger o indivíduo de tratamentos injustos antes do julgamento, bem
como proteger sua liberdade de locomoção. Sendo a liberdade um direito
fundamental da pessoa, o habeas corpus se faz uma medida importante para
sua defesa. Porém, o habeas corpus se limita à proteção da liberdade física de
locomoção, não buscando proteger outras liberdades, que são tuteladas por
mandados de segurança, ação popular etc.

No Brasil, sua adoção veio ainda no império. O Código criminal de 1830 já o


sugeriu, mas somente o Código de Processo Penal de 1832 (Artigo 340) o
instituiu. Não era válido senão contra prisão ou constrangimento ilegais e
apenas podia ser usado em favor de brasileiros. Em 1871, todavia, a lei o
estendeu a estrangeiros. A constituição de 1891 foi a primeira a adotá-lo.

Em face desses termos amplos, juristas como Rui Barbosa sustentaram que o
habeas corpus tinha, no direito brasileiro, amplitude maior que no direito inglês.
Essa extensão seria necessária, uma vez que somente assim se atenderia ao
princípio ubi jus ibi remedium. Do contrário, a maioria dos direitos
fundamentais não teria proteção suficiente e adequada. Tal orientação foi,

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numa certa medida, acolhida pelo Supremo Tribunal Federal. Este, por volta de
1909, firmou jurisprudência no sentido em que deveria conceder-se habeas
corpus para o restabelecimento de qualquer direito que tivesse como
pressuposto a liberdade de locomoção: caberia para garantir a liberdade física e
para garantir a liberdade de movimentos necessária ao exercício de qualquer
direito, desde que certo e incontestável.

A reforma constitucional de 1926 restringiu o habeas corpus e na de 1934, a


instituição do mandado de segurança terminou com a discussão. Ficou definido
que o habeas corpus protegeria apenas a liberdade de locomoção.

Atualmente, o habeas corpus é previsto na Carta Constitucional de 1988, no


Artigo 5º, LXVIII, que dispõe que “Conceder-se-á habeas corpus sempre que
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coerção em sua
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”, e encontra-se
regulado nos Artigos 647 a 667 do Código de Processo Penal. É uma garantia
individual, ou seja, um remédio jurídico destinado a tutelar as liberdades físicas
do indivíduo, a liberdade de ir, ficar e vir.

Classificações do habeas corpus


Portanto, o habeas corpus pode ser classificado em duas diferentes espécies:

O habeas corpus repressivo ou liberatório, que é cabível quando já se


consumou o constrangimento ilegal à liberdade ambulatorial do indivíduo.
Nessa hipótese, se concedida a ordem, deverá ser expedido, nos termos do
Artigo 660, § 1º, do CPP, alvará de soltura determinado o restabelecimento da
liberdade.

O habeas corpus preventivo, que será utilizado quando houver fundado receio
de constrangimento ilegal à liberdade de locomoção. Baseia-se, portanto, na
iminência da violência ou coação ilegal e na possibilidade próxima da restrição
da liberdade individual.

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Atenção
Uma vez concedida a ordem nessa espécie de habeas corpus,
deve ser expedido, nos termos do Artigo 660, § 4º, do CPP, um
salvo conduto, que impeça, pelo fato objeto daquele remédio
constitucional, a segregação do indivíduo.

Porém, existem também outras classificações do habeas corpus


Alguns doutrinadores referem-se também a um terceiro tipo de habeas corpus:

Corpus profilático (ou suspensivo ou trancativo):

Aquele “destinado a suspender atos processuais ou impugnar medidas que


possam importar em prisão futura com aparência de legalidade, porém
intrinsicamente cominada por ilegalidade anterior. Nesta caso, a impugnação
não visa ao constrangimento ilegal à liberdade de locomoção já consumado ou
à ameaça iminente de que ocorra esse constrangimento, mas sim a
potencialidade de que este constrangimento venha a ocorrer”. Nesta categoria
inclui-se, por exemplo, o habeas corpus para trancamento da ação penal ou de
inquérito policial (AVENA, 2011, p. 1225).

As hipóteses de cabimento de habeas corpus estão indicadas nos Artigos 647 e


648 do CPP, sendo nosso dever esclarecer que cada vez mais tem sido
ampliado o espectro de cabimento dessa medida, razão pela qual afirmamos
que a enumeração do citado Artigo 648 do Estatuto Processual Penal é
meramente exemplificativa e não taxativa.

HC substituto de recursos ordinários


Recentemente, no entanto, contrariando o que vinha sendo utilizado pelo
próprio STF, este se manifestou no sentido de impossibilitar a utilização de
habeas corpus como substitutivo de recurso ordinário.

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A Turma, acompanhando recente orientação do STF, decidiu não ser cabível a
impetração de habeas corpus substitutivo de recurso ordinário, o que inviabiliza
a concessão da ordem, de ofício, para os writs já impetrados antes da mudança
do entendimento. A nova orientação deu-se em resposta ao alargamento da
admissibilidade do remédio constitucional em detrimento das vias recursais
próprias constitucionalmente previstas, como é o caso do recurso ordinário em
habeas corpus (Artigos 102, II, "a", e 105, II, "a", da CF). A possibilidade de
impetração de habeas corpus como substitutivo de recurso no processo penal
abarrotou as cortes superiores e passou a inviabilizar os demais
pronunciamentos jurisdicionais. Dessa forma, fez-se necessária a mudança de
orientação para retomar a ordem constitucional, observados os princípios do
devido processo legal, da celeridade e economia processual e da razoável
duração do processo. Assim, não se conheceu do habeas corpus, mas a ordem
foi concedida de ofício para revogar a prisão preventiva por falta de
fundamentação, sendo ainda possível a expedição de novo decreto prisional
fundamentado ou a adoção de outras medidas cautelares previstas no Artigo
319 do CPP. Precedentes citados do STF: HC nº 109.956-PR, DJe, 11 set. 2012;
HC nº 104.045-RJ, DJe, 06 set. 2012; do STJ: HC nº 235.735-MG, DJe, 1º ago.
2012, e HC nº 234.354-SP, DJe, 06 ago. 2012. HC nº 239.550-RJ. Rel. Min.
Laurita Vaz, julgado em 18.09.2012.

De maneira objetiva, poderíamos afirmar que, independentemente das


hipóteses elencadas no CPP, é pressuposto para o cabimento do habeas corpus
a ocorrência de ilegalidade ou abuso de poder, que acarrete violação ao direito
de locomoção de um indivíduo. Devemos entender ilegalidade (falta de amparo
legal) como o gênero do qual o abuso de poder é espécie, sendo que este
último se verificará quando a autoridade, embora competente para a prática do
ato, age com excesso no uso de suas faculdades administrativas ou ultrapassa
os limites de atribuições previstas na lei.

Merece ser por nós destacado que embora a CF/88, em seus Artigos 138,
caput, e 139, I e II, considere inadmissível a impetração de habeas corpus

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durante o estado de sítio, tal vedação se dirige apenas contra o mérito da
decisão do executor da medida, podendo ser impetrado o remédio se a coação
tiver emanado de autoridade incompetente, ou em desacordo com as
formalidades legais.

No que diz respeito à legitimidade ativa para impetração da medida que


estamos estudando, o Artigo 654 do CPP estabelece que “O habeas corpus
poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem
como pelo Ministério Público”.

À vista do que está exposto no imediatamente antes referido dispositivo legal,


devemos distinguir as figuras do impetrante (aquele que requer a concessão da
ordem) e do paciente (aquele que sofre ou está ameaçado de sofrer
constrangimento na sua liberdade de locomoção). A lei, como vimos, autorizou
que paciente e impetrante sejam a mesma pessoa, todavia, quando isto não
ocorrer surgirá o fenômeno da substituição processual, que se verifica quando
alguém vai a juízo, em nome próprio, postular direito alheio.

Assim sendo, podemos notar que qualquer pessoa pode ser impetrante de
habeas corpus, não sendo exigível qualquer outro requisito especial. Em suma:
tanto a pessoa física, nacional ou estrangeira, ainda que sem a plena
capacidade civil, quanto a pessoa jurídica, podem impetrar esse remédio
constitucional.

No que pertine à pessoa jurídica, observamos apenas que não obstante possa
ser ela impetrante de habeas corpus, não poderá ser dessa ação beneficiária,
uma vez que lhe falta liberdade ambulatória.

Ainda em sede de legitimação ativa para impetração ação autônoma que ora
estudamos, fazemos umas últimas observações: (i) o juiz, nessa sua qualidade,
não pode impetrar habeas corpus, a menos que seja ele o paciente, até mesmo
porque sua função não é a de postular. Poderá, porém, o magistrado, quando

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no curso de um processo, para o qual tenha competência, verificando que
alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal, expedir de ofício
ordem de habeas corpus, nos termos do Artigo 654, § 2º, do CPP; (ii) os
delegados de polícia podem impetrar habeas corpus, porém jamais na
qualidade de autoridades, mas sim como simples cidadãos; e (iii) o Ministério
Público, por óbvio, é legitimado ativo, não apenas por força do disposto na
parte final do caput do Artigo 654 do CPP, mas também por força do Artigo 32,
inc. I, da Lei Orgânica do Ministério Público (Lei nº 8.625/93) e, sobretudo,
porque na atual ordem constitucional, o Parquet não representa a sociedade
apenas na persecução penal, mas tem como incumbência mais ampla,
consoante dispõe o Artigo 127, caput, da CF/88, “a defesa da ordem jurídica,
do regime democrático e dos interesses sociais e individuais e indisponíveis”.

No que pertine à legitimidade passiva no habeas corpus, embora o CPP refira-


se a autoridade coatora, prevalece o entendimento de que é possível impetrar-
se habeas corpus contra ato de particular. Deve-se observar que a Constituição
refere-se não somente a "abuso de poder" (que poderia fazer pressupor ato de
autoridade), mas também a "ilegalidade" (qualquer pessoa pode praticar uma
ilegalidade). Exemplo de coação à liberdade de locomoção praticada por
particular seria a retenção de paciente em hospital particular em que se
encontra internado até que seja paga a conta ou a retenção, pelo empregador,
de trabalhador em imóvel rural para pagamento de eventuais dívidas. Em
resumo, qualquer pessoa, autoridade pública ou particular, pode ser
considerada autoridade coatora para efeito de impetração de habeas corpus.

Da revisão criminal
Embora a revisão criminal tenha sido incluída pelo legislador entre as espécies
recursais, induvidoso que esta tem natureza de ação penal constitutiva, de
competência originária dos tribunais, e que tem por finalidade o reexame e a
modificação de decisão condenatória (salvo uma única exceção que veremos
adiante) já transitada em julgado.

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Então, devemos ter em mente o seguinte:

A revisão criminal foi inicialmente inserida no ordenamento jurídico brasileiro


através do Decreto nº 848/1890, tendo sido posteriormente incorporada no
texto constitucional da Carta Magna de 1891.

Em nosso ordenamento jurídico atual, a revisão criminal não se encontra


expressamente prevista na Constituição como garantia individual; no entanto, é
inconteste sua regulamentação no âmbito da Carta da República de 1988 em
relação ao STF (Artigo 102, I, “j”), ao STJ (Artigo 105, I, “e”) e ao TRF (Artigo
108, I, “b”), o que por si só já demonstra a relevância dessa ação na proteção
dos direitos fundamentais do indivíduo, sobretudo quando relacionados à
liberdade e à dignidade humana.

O instituto aqui por nós ora estudado desponta em nosso sistema como
instrumento que vem excepcionar o princípio da intangibilidade da res judicata.
Entre a segurança jurídica representada pela coisa julgada e a justiça das
decisões, optou o legislador pelo valor maior da justiça, permitindo a
mutabilidade (desde que a favor do réu) de decisões passadas em julgado.

Podemos afirmar, pois, que a revisão criminal constitui-se em verdadeiro


remédio destinado a reparar injustiça ou erro judiciário, oferecendo ao
condenado, prejudicado pela falha da decisão, a oportunidade de provocar o
Estado nos casos enumerados em lei, para que o processo já alcançado pela
coisa julgada seja reexaminado por um tribunal, possibilitando sua absolvição, a
melhora em sua situação jurídica ou mesmo a anulação do processo.

O judicium rescindens pode se dar isoladamente ou cumulativamente com o


judicium rescisorium: aquele nulifica o feito e manda o acusado a novo
julgamento (não podendo este ser mais gravoso ao acusado do que o que foi
anulado), enquanto o último autoriza o tribunal a, de plano, exarar a decisão

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absolutória ou condenatória mais benéfica ao réu, em substituição da
rescindida.

Da revisão criminal
Não há, em nosso sistema, revisão criminal pro societate, sendo seu manejo
verdadeira manifestação do princípio do favor rei, e caracterizando-se tal
demanda como verdadeiro resgate do status dignitatis do acusado.

A princípio, a revisão criminal se dirige contra sentenças condenatórias.


Atualmente, prevalece o entendimento no sentido de se admitir tal instituto
contra as sentenças absolutórias impróprias, que são aquelas que impõem
medida de segurança ao inimputável por doença mental, eis que, embora a
medida de segurança não seja uma pena, representa, sem dúvida, uma sanção
ao “absolvido”, gerando, pois, evidente interesse de agir para a propositura de
tal ação. O que não se admite, devemos observar, é o ajuizamento de revisão
criminal contra sentenças absolutórias próprias, com o único fim de se modificar
o fundamento absolutório.

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Atenção
Nos termos do Artigo 621 do Código de Processo Penal, a
revisão criminal é taxativamente admissível nos casos de
sentença condenatória contrária à lei expressa ou à evidência
dos autos, e, ainda, aos em que a referida sentença
condenatória, assentar sua fundamentação para condenar em
prova comprovadamente falsa, e, finalmente, à hipótese de,
após solucionada a ação penal, surgirem novas provas
convincentes da inocência do acusado ou determinantes de uma
diminuição de pena.
Na primeira parte do inciso I do Artigo 621 do CPP, quando o
legislador utilizou a expressão “contrária ao texto expresso da lei
penal” , quis ele, na verdade, dizer que a revisão criminal pode
ser admitida não apenas quando houver uma contrariedade à lei
penal, mas também à processual penal, à Constituição Federal
ou a qualquer ato normativo que tenha sido utilizado como
fundamento da sentença condenatória (por exemplo, portarias
às leis completivas empregadas na aplicação de uma lei penal
em branco etc.).

Outras situações semelhantes


Na hipótese estudada anteriormente, podemos enquadrar também a sentença
penal condenatória que incidir em erro no momento da subsunção dos fatos à
lei penal, isto é, no momento da tipificação legal.

Ainda sob esse mesmo fundamento, podemos admitir a revisão criminal sob o
argumento de nulidade, porquanto sustentar nulidade significa afirmar que a
decisão judicial é contrária ao texto expresso da lei. Assim sendo, nulidades
absolutas também podem ser conhecidas na revisão criminal.

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Na segunda parte do inciso I do Artigo 621 do CPP, temos a revisão criminal
quando a sentença condenatória for “contrária à evidência dos autos”. É
considerada contrária à evidência dos autos a sentença que se apoia em provas
não cabais, vagas, inidôneas, ou que se funda em prova inexistente, ou mesmo
aquela sentença que apresenta flagrante contradição entre sua parte dispositiva
e o material probatório, seja testemunhal, pericial ou documental carreado aos
autos.

Ainda analisando o inciso II do Artigo 621 do estatuto processual penal,


devemos observar que o melhor entendimento é aquele que sustenta o
cabimento da revisão criminal mesmo que a prova falsa não tenha sido o único
embasamento da decisão, mas há evidências de que essa prova falsa contribuiu
para o convencimento do magistrado. Aqui cabe o princípio in dubio pro reo, ou
seja, se o magistrado tivesse conhecimento que a prova analisada era falsa, a
dúvida poderia ficar na mente do julgador, e a decisão poderia ser outra.

Já no inciso II do Artigo 621 do CPP, temos o cabimento da revisão criminal


quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou
documentos comprovadamente falsos. Neste caso, as provas falsas devem ser
de relevância inconteste para a decisão exarada na sentença condenatória, não
cabendo a mera alegação de provas falsas para instaurar a revisão criminal, se
tais provas tiveram influência insignificante para o conteúdo condenatório da
sentença. Se o juiz se arrimou em provas verdadeiras para prolatar a sentença,
não sendo flagrantemente maculado pelo conteúdo das provas falsas, sejam
periciais, documentais ou testemunhais, não há que se falar em revisão
criminal, ainda que nos autos constem provas falsas.

A última hipótese de cabimento de revisão criminal em nosso ordenamento


jurídico se dá com o surgimento de novas provas, que possam modificar, a
favor do condenado, a conclusão do feito, seja autorizando o reconhecimento
da sua inocência, seja autorizando o reconhecimento de circunstância que
possa autorizar diminuição especial da pena.

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A única exigência legal aqui é que se trate de “provas novas”, isto é, não
apenas aquelas surgidas posteriormente, mas todas aquelas que não tiverem
sido objeto de apreciação judicial anterior.

Mas, existiria então a possibilidade de se reformar a decisão dos


jurados?
No que concerne à possibilidade da revisão criminal em relação ao veredicto
dos jurados, trazemos à baila as lições do eminente magistrado André Nicolitt:

“Discutia-se na doutrina a possibilidade de se reformar a decisão dos jurados


em sede de revisão criminal, vez que em razão da soberania dos veredictos, na
apelação o Tribunal só tem o poder de cassação. A questão atualmente é
pacífica. Na revisão criminal, o Tribunal tem amplo poder para reformar a
sentença condenatória, seja para absolver o condenado, diminuir a pena, ou
qualquer outro benefício, pois a soberania dos veredictos é uma garantia do réu
e não pode ser utilizada para obstar outra garantia constitucional em seu
próprio benefício, como no caso a revisão do erro judiciário” (NICOLITT, 2010,
p. 557).

Quanto ao prazo, a lei não estabeleceu nenhum para a propositura de revisão


criminal. Pressuposto lógico de seu cabimento é que tenha ocorrido o trânsito
em julgado da decisão penal condenatória (ou absolutória imprópria).
Conjugando a interpretação do Artigo 622 com a do Artigo 623, ambos do CP,
podemos concluir que a revisão criminal pode ser ajuizada a qualquer tempo,
antes ou após a extinção da pena e, inclusive, após a morte do réu, quando,
então, teremos a denominada “reabilitação de memória”.

Além do pedido de reforma ou nulidade do julgado, é possível a cumulação com


pedido indenizatório pelo erro judiciário alegado e reconhecido pelo tribunal.
Nesse sentido, o Artigo 630, caput, do CPP, dispõe que “O tribunal, se o
interessado o requerer, poderá reconhecer o direito a uma justa indenização
pelos prejuízos sofridos”. Essa indenização, a ser liquidada no juízo cível, será

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de responsabilidade da União, se a condenação tiver sido proferida pela justiça
federal, do Distrito Federal ou de Território, e será de responsabilidade do
Estado-Membro, se prolatada pela respectiva justiça.

E como determinar a indenização?


Alguns doutrinadores referem-se também a um terceiro tipo de habeas corpus:

Observação I
O § 2º do Artigo 630 do CPP determina que a indenização não será devida “ se
o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta imputável ao
próprio impetrante, como a confissão ou a ocultação de prova em seu poder;” e
“se a acusação houver sido meramente privada”.

Observação II
No que pertine à segunda restrição do antes referido dispositivo legal (“se a
acusação houver sido meramente privada”), entendemos, acompanhados da
melhor doutrina, que a mesma não encontra mais sustentação jurídica na
ordem constitucional vigente.

Observação III
“e, nesse sentido, trazemos as sempre valiosas lições de Eugênio Pacelli de
Oilveira: no plano processual, observamos que a restrição contida no §2º, b, do
art. 630, vedação para a ação privada, não sustenta uma análise mínima de seu
conteúdo. Ora, na ação penal privada, embora a iniciativa seja reservada ao
particular, a condenação nem por isso deixará de partir de órgãos do Poder
Público. O erro, apto e suficiente a justificar a indenização, teria sido praticado
pelo Estado, por meio do Poder Judiciário. E é dessa indenização que cuida o
art. 630 do CPP” (OLIVEIRA, 2012. p. 933).

Do mandado de segurança em matéria criminal


Nos termos do Artigo 5º, LXIX, da CF/88, o mandado de segurança é uma ação
de natureza constitucional, de rito sumaríssimo, destinada a proteger direito

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líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

Devemos entender ilegalidade (falta de amparo legal) como o gênero do qual o


abuso de poder é espécie, sendo que este último se verificará quando a
autoridade, embora competente para a prática do ato, age com excesso no uso
de suas faculdades administrativas ou ultrapassa os limites de atribuições
previstas na lei.

É a Lei nº 12.016/2009 que disciplina as hipóteses de cabimento e o


procedimento do remédio constitucional em estudo.

Conforme se infere do próprio texto constitucional, e também da lei específica,


o objeto do mandado de segurança é definido por exclusão, isto é, sua
impetração só é cabível quando o direito a ser protegido não for amparado por
habeas corpus ou habeas data. Assim sendo, será esse remédio utilizável
quando não se destinar a proteger direito de locomoção ou assegurar o direito
ao conhecimento de informações relativas à pessoa, constantes de registros ou
bancos de entidades governamentais ou de caráter público, bem assim à
retificação desses dados.

Ilegalidade ou abuso de poder


De maneira objetiva, poderíamos afirmar que, independentemente das
hipóteses elencadas no CPP, é pressuposto para o cabimento do habeas
corpus a ocorrência de ilegalidade ou abuso de poder, que acarrete violação
ao direito de locomoção de um indivíduo.

A lei exige, ainda, que o mandado de segurança só seja manejado para tutelar
direito líquido e certo, ou seja, aquele apto a ser comprovado de plano, sem a
necessidade de dilação probatória. Sobre esse conceito, leciona Celso Agrícola
Barbi:

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“Como se vê, o conceito de direito líquido e certo é tipicamente processual, pois
atende ao modo de ser de um direito subjetivo no processo: a circunstância de
um determinado direito subjetivo realmente existir não lhe dá a caracterização
de liquidez e certeza; esta só lhe é atribuída se os fatos puderem ser provados
de forma incontestável, certa, no processo. E isto, normalmente, só se dá
quando a prova for documental, pois esta é adequada a uma demonstração
imediata e segura dos fatos” (BARBI, 1998. p. 61-62).

A Lei nº 12.016/2009
De outro bordo, a própria Lei nº 12.016/2009, em seu Artigo 5º, cuidou de
excluir algumas situações de cabimento do mandado de segurança. Senão,
vejamos:

Art. 5o Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:

I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo,


independentemente de caução;
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
III - de decisão judicial transitada em julgado.”

Não podemos olvidar, ainda, que nos termos do verbete nº 266, da súmula do
STF, para que seja cabível p remédio constitucional que ora estudamos é
exigida a produção de efeitos concretos, não sendo admitido mandado de
segurança contra lei em tese.

Parece-nos válido, por derradeiro, exemplificar alguns casos, na prática forense,


em que o mandado de segurança tem sido utilizado em matéria criminal:

a) para garantir que o advogado tenha o direito de vista dos autos do inquérito
policial ou da ação penal;
b) para assegurar a presença do advogado/defensor durante a produção de
alguma prova na fase inquisitorial;

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c) para obstar injustificada quebra de sigilo fiscal, bancário ou de outros dados;
d) para garantir que o advogado/defensor se comunique pessoal e
reservadamente com seu cliente/assistido;
e) para garantir o direito do ofendido de se habilitar como assistente do
Ministério Público, quando houver indeferimento da habilitação, pelo juiz, sem
justificação juridicamente plausível;
f) contra apreensão de objetos sem qualquer relação com o crime;
g) quando se quer obter efeito suspensivo ao recurso apresentado;
h) para garantir o direito de apresentar quesitos em perícia a ser realizada;
i) para garantir o direito de qualquer das partes de juntar prova lícita aos autos;
j) para assegurar o processamento de correição parcial, quando denegada pelo
juiz corrigido;
k) pela acusação, quando o juiz ordena a soltura de um acusado, agindo contra
expressa disposição de lei, já que inviável o habeas corpus quando o Ministério
Público estiver agindo pro societate;
L) para o trancamento de inquérito policial ou de ação penal tendo como
indiciada ou ré uma pessoa jurídica.

Atividade proposta
Leia o caso concreto apresentado abaixo e analise a possibilidade de
utilização de ações autônomas de impugnação contra a decisão
judicial enfocada.

Tício foi julgado e ao final absolvido impropriamente, por sentença passada em


julgado, pelo crime de homicídio qualificado, eis que restou comprovado, por
lado pericial, que o acusado era inimputável ao tempo da conduta que lhe fora
imputada. Durante o cumprimento da medida de segurança que lhe foi
imposta, Tício pretende o ajuizamento de revisão criminal, sob o fundamento
de que a prova que levou o julgador a reconhecer sua autoria naquele delito
era falsa. Tício, todavia, tem dúvida acerca do cabimento do instituto referido,
pois ouvira dizer que revisão criminal só pode ser ajuizada contra sentenças
condenatórias. Analise o cabimento da revisão criminal na hipótese vertente.

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Chave de resposta: Apesar de o Artigo 621 do CPP só admitir a revisão
criminal contra sentenças condenatórias, hoje prevalece o entendimento, quase
que pacífico, acerca da possibilidade desse instituto também nas sentenças
absolutórias impróprias, pois embora o indivíduo não sofra uma condenação em
sentido estrito, a medida de segurança representa-lhe uma sanção que,
inclusive, cerceia sua liberdade.

Neste sentido, confira, a contrario sensu, o seguinte julgado do E. Superior


Tribunal de Justiça:

“RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL PENAL. REVISÃO CRIMINAL. SENTENÇA


ABSOLUTÓRIA. ART. 621. IMPOSSIBILIDADE. ERRÔNEA CAPITULAÇÃO NO
DISPOSITIVO. ERRO MATERIAL. CORREÇÃO A QUALQUER TEMPO.
POSSIBILIDADE.
1. Com efeito o art. 621 do CPP só permite a revisão de sentença condenatória,
sendo, portanto, condição indispensável, para o seu conhecimento, a decisão
definitiva de mérito acolhendo a pretensão condenatória, ou seja, impondo ao
réu a sanção penal correspondente.
2. Tanto a doutrina como a jurisprudência não admitem o conhecimento de
revisão criminal de sentença absolutória, salvo em caso de absolutória com
aplicação de medida de segurança.
3. A questão, tratada como se fora de alteração do fundamento da sentença, é
na verdade de correção de erro material de que se revestiu o decreto, ao
concluir pela aplicação do art. 386, VI, quando toda a fundamentação do
decisum foi no sentido da inexistência de prova da materialidade e da autoria
do crime.
4. O erro material, sempre perceptível primo icto oculi, pode e deve ser
corrigido a qualquer tempo, ainda que tenha havido trânsito em julgado, já que
sua correção não implica em alterar o conteúdo da decisão.
5. Recurso provido para reformar o acórdão da revisão e, em seguida, de ofício,
para conceder habeas corpus, determinando a correção do erro material, na
parte dispositiva da sentença absolutória” (Resp nº 329.346/RS. Rel. Min.

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Quaglia Barbosa. Órgão Julgador: 6ª Turma. Julgamento: 31.05.2005. Data da
Publicação/Fonte: DJ, p. 443, 29 ago. 2005) – grifamos.

Material complementar

Para saber mais sobre o assunto estudado, leia os textos disponíveis


em nossa biblioteca virtual.

Referências
AVENA, Norberto. Processo penal esquematizado. 3. ed. São Paulo:
Método, 2011.
BARBI, Celso Agrícola. Do mandado de segurança. 8. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1998.
BICUDO, Hélio. Direitos humanos e sua proteção. São Paulo: FTD, 1997.
GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antonio Magalhães; SCARANCE
FERNANDES, Antonio. Recursos no processo penal. 4. edi. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2005.
MOSSIN, Heráclito Antônio. Habeas corpus. 8. ed. Barueri-SP: Manole, 2008.
NICOLITT, André. Manual de processo penal. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2010.
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 16. ed. São Paulo:
Atlas, 2012.

Exercícios de fixação
Questão 1

Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado


de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade
ou abuso de poder. Caso o julgamento de uma impetração termine empatado,
o CPP expressamente prevê que:

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a) Declarar-se-á o non liquet e se encaminhará a decisão para o órgão que
consta como substituto legal.

b) Denegar-se-á a ordem, uma vez que cabe ao autor (impetrante)


comprovar os fatos que alega e convencer a maioria da turma julgadora.

c) Proferirá voto decisivo o presidente, caso ainda não tenha participado da


votação.
d) Declarar-se-á o non liquet e se encaminhará a decisão para o órgão
imediatamente superior na hierarquia do Tribunal.
e) Conceder-se-á a ordem, sendo responsável pela lavratura de acórdão o
último a votar favoravelmente.

Questão 2
Habeas corpus impetrado visando o trancamento de inquérito policial,
instaurado por delegado da Polícia Civil, por falta de justa causa, deve ser
processado e julgado.
a) Pelo Tribunal de Justiça.
b) Por juiz de direito.
c) Por representante do Ministério Público.
d) Pelo Secretário de Segurança Pública.

Questão 3
Com relação a habeas corpus e seu processo, assinale a opção correta.
a) A impetração do habeas corpus deve vir acompanhada de comprovante
de pagamento das devidas custas judiciais do seu processamento.
b) O promotor de justiça poderá impetrar habeas corpus caso entenda que
o réu em processo penal esteja sofrendo constrangimento ilegal na sua
liberdade de ir e vir.
c) O pedido de habeas corpus, para ser conhecido e julgado, deve estar
assinado por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB).

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d) Somente é cabível o habeas corpus caso o paciente já esteja sofrendo
violência ou coação em sua liberdade de ir e vir.

Questão 4
No curso de ação penal, o Representante do Ministério Público requereu ao
Juízo Federal pedido de diligência para que fossem obtidas judicialmente
certidões de antecedentes criminais das Justiças Estadual e Federal dos locais
do fato, do nascimento e residência de réu. O juiz indeferiu o pedido, sob
argumento de que, no processo penal de modelo acusatório, o Ministério
Público tem o ônus da prova criminal, daí seu dever de apresentar as
respectivas certidões de antecedentes criminais. Contra essa decisão cabe:
a) Mandado de segurança
b) Apelação
c) Recurso em sentido estrito
d) Carta testemunhável
e) Habeas corpus

Questão 5
Em relação ao mandado de segurança, ao habeas corpus e aos recursos no
processo penal, assinale a opção correta.
a) No âmbito dos juizados especiais criminais, da decisão que rejeitar a
denúncia ou a queixa, caberá, nos moldes das leis processuais gerais,
recurso em sentido estrito.
b) É cabível mandado de segurança contra decisão de magistrado que, em
ação penal de natureza pública, tenha inadmitido assistente de acusação.
c) O recurso de apelação se tornará deserto, não cabendo a sua apreciação
pela instância superior, em face da não apresentação das razões de
apelação no prazo legal.
d) Considere que um réu, processado pela prática de dois crimes, seja
condenado em um deles e, no outro, seja declarada a extinção da
punibilidade. Nessa situação, caberá à acusação apelar em relação à

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condenação e interpor recurso em sentido estrito em relação à extinção
da punibilidade.
e) Admite-se a impetração de habeas corpus para discutir pena de multa,
em face da possibilidade de sua conversão em pena privativa de
liberdade.

Questão 6
Quanto à revisão criminal, é correto afirmar:
a) A revisão será julgada extinta sem julgamento do mérito quando, no
curso da revisão, falecer a pessoa, cuja condenação se requereu fosse
revista.
b) Na ação penal de iniciativa privada, a revisão poderá ser requerida pelo
querelante ou seu procurador legalmente habilitado.
c) A revisão não poderá ser requerida depois da extinção da pena.
d) Não será admissível revisão das decisões do Tribunal do Júri.
e) Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação
da infração, absolver o réu, modificar a pena sem agravá-la ou anular o
processo.

Questão 7
Acerca da revisão criminal, é correto afirmar que:
a) Poderá ser requerida em qualquer tempo, mesmo após a extinção da
pena.
b) Depois de falecido o réu, não se admite revisão criminal.
c) Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá absolver o réu,
modificar a pena ou anular o processo, mas não poderá alterar a
classificação da infração.
d) No caso de ação penal de iniciativa privada, a revisão poderá ser
requerida pelo querelante.
e) Ainda que fundado em novas provas, não será admissível a reiteração do
pedido de revisão criminal.

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Questão 8
Após ser condenado por homicídio culposo, com decisão transitada em julgado,
e ter cumprido integralmente sua pena, Montecchio descobre oficiosamente
fatos que seriam capazes de alterar a convicção judicial, alterando a sentença
proferida e que não fora impugnada no momento oportuno.
À luz dos dados fornecidos, é correto afirmar que:
a) O cabimento da revisão criminal, em caso de nova prova oral, depende
de justificação que tramitará perante o juízo penal de primeiro grau.
b) Cabível a revisão criminal, cuja competência é do juízo que proferiu a
sentença revidenda, que poderá rever a convicção formada com as
novas provas colacionadas.
c) Incabível a revisão criminal, diante da irreversibilidade dos efeitos da
sentença penal condenatória, haja vista que Montecchio já cumpriu a
integralidade da pena.
d) Cabível a revisão criminal, em caso de nova prova oral, desde que
juntada declaração escrita, mediante escritura pública.
e) Incabível a revisão criminal, por falta de interesse-utilidade haja vista
que Montecchio já cumpriu a integralidade da pena.

Questão 9
Assinale a opção correta com referência a questões e processos incidentes.
a) Considera-se questão prejudicial homogênea a exceção da verdade no
crime de calúnia.
b) A medida assecuratória de sequestro tem como finalidade precípua a
garantia de ressarcimento dos danos causados pela infração penal à
vítima, do pagamento das penas pecuniárias e das despesas do
processo, recaindo sobre qualquer bem do réu, móveis ou imóveis.
c) O incidente de falsidade tem por escopo exclusivo o exame de falsidade
material e, qualquer que seja a decisão, não fará coisa julgada em
prejuízo de ulterior processo penal ou civil.
d) Constitui requisito essencial de admissibilidade de incidente de
insanidade mental a dúvida manifesta acerca da integridade mental do

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acusado ou réu, podendo ser instaurado em qualquer fase da persecução
penal, ensejando a suspensão do processo e do prazo prescricional.
e) As questões prejudiciais, controvérsias que se apresentam tanto na fase
investigativa quanto na etapa processual e das quais depende a
existência do crime, demandam solução antecipada.

Questão 10
José, preso preventivamente pela prática do delito de tráfico de entorpecentes,
impetrou habeas corpus em causa própria no Tribunal local. Segundo o Código
de Processo Penal.
a) Se o Tribunal verificar que já cessou a violência ou coação ilegal, julgará
o mérito do pedido da impetração.
b) O pedido somente pode ser conhecido depois de a Defensoria Pública
devidamente arrazoá-lo.
c) Caso o habeas corpus seja concedido em virtude de nulidade do
processo, este não pode ser renovado, em razão da proibição de bis in
idem.
d) Havendo empate na votação, se o presidente não tiver tomado parte na
votação, proferirá voto de desempate, ou, no caso contrário, prevalecerá
a decisão mais favorável ao paciente.
e) O Ministério Público não poderia ter impetrado habeas corpus em favor
de José.

Questão 11
A revisão criminal:
a) Não admite reiteração, ainda que fundada em novas provas.
b) Não se presta a modificar a pena.
c) É aceita no caso de sentença absolutória imprópria.
d) Obriga o recolhimento à prisão para ser requerida.
e) Pode ser requerida em qualquer tempo, mas apenas antes da extinção
da pena.

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Aula 8
Exercícios de fixação
Questão 1 - C
Justificativa: Estabelece o Artigo 664 que recebidas as informações, ou
dispensadas, o habeas corpus será julgado na primeira sessão, podendo,
entretanto, adiar-se o julgamento para a sessão seguinte.
Parágrafo único. A decisão será tomada por maioria de votos. Havendo empate,
se o presidente não tiver tomado parte na votação, proferirá voto de
desempate; no caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao
paciente.

Questão 2 - B
Justificativa: A competência para processar e julgar HC leva em consideração a
autoridade coatora. Uma vez que no caso em questão a autoridade coatora foi
o Delegado, quem julga o HC é o juiz de direito.

Questão 3 - D
Justificativa: Poderá o Promotor de Justiça impetrar o HC, nos termos do que
dispõe o Artigo 654 do CPP.
Artigo 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em
seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público.

Questão 4 - B
Justificativa: Estabelece Pedro Lenza que no caso de haver recusa no
fornecimento de certidões, o remédio utilizado é o mandado de segurança e
não o habeas data, pois na verdade o habeas data serve para assegurar o
conhecimento de informações.

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Questão 5 - C
Justificativa: "O artigo 273 do CPP estabelece que é irrecorrível a decisão que
indefere o pedido de assistência, e a doutrina dispõe que é possível atacar essa
decisão através da via do mandado de segurança, eis que violado direito líquido
e certo da vítima" (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO,
1ª CÂMARA CRIMINAL, MANDADO DE SEGURANÇA nº 0030398-
08.2012.8.19.0000).

Questão 6 - E
Justificativa: De acordo com o disposto no Artigo 626 do CPP: Julgada
procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da infração,
absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo.

Questão 7 - C
Justificativa: Conforme estabelece o Artigo 622 do CPP, A revisão poderá ser
requerida em qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após.

Questão 8 - A
Justificativa: Norberto Avena, em sua obra Processo Penal Esquematizado, São
Paulo: Método, 2009, p. 1154/1155) estabelece que “nesta situação, impõe-se
ao acusado, por meio de seu advogado, requerer, ao juízo de 1º grau, a
realização de audiência de justificação prévia, espécie de ação cautelar criminal
de natureza preparatória, para que sejam realizadas tais provas,
fundamentando esse pedido na circunstância de que pretende ingressar com
revisão criminal".

Questão 9 - C
Justificativa:

Questão 10 - D
Justificativa: Estabelece o Artigo 664, parágrafo único, do CPP que: "A decisão
será tomada por maioria de votos. Havendo empate, se o presidente não tiver

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tomado parte na votação, proferirá voto de desempate; no caso contrário,
prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente“.

Questão 11 - C
Justificativa: Uma vez que no caso de sentença absolutória imprópria há
interferência direta no direito de liberdade do indivíduo.

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 30

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