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Estabilizantes

ESTABILIZANTES
Carragena
A carragena é um hidrocolóide ex-
traído de algas marinhas das espécies
Gigartina, Hypnea, Eucheuma, Clon-
drus e Iridaea. É utilizada em diversas
aplicações na indústria alimentícia como
Estabilizantes são aditivos alimentares espessante, gelificante, agente de sus-
que asseguram as características físicas de pensão e estabilizante, tanto em sistemas
aquosos como em sistemas lácteos.
emulsões e suspensões, sendo usualmente A carragena é um ingrediente mul-
aplicados em conservas, doces, sobremesas, tifuncional e se comporta de maneira
diferente na água e no leite. Na água, se
lacticínios, sopas, caldos concentrados, apresenta tipicamente como um hidro-
colóide com propriedades espessantes
panificação, massas, alimentos processados, e gelificantes. No leite, possui a proprie-
biscoitos, sorvetes, achocolatados e sucos. dade de reagir com as proteínas e prover
funções estabilizantes.
A carragena possui a habilidade ex-
Definição e funções aquecimento, ou no armazenamento. clusiva de formar uma ampla variedade
Elementos de crescimento são utilizados de texturas de gel a temperatura ambien-
Os estabilizantes mantêm as pro- para dar uma textura esponjosa aos te: gel firme ou elástico; transparente ou
priedades físicas dos alimentos, man- bolos e outros produtos semelhantes e turvo; forte ou débil; termo-reversível ou
tendo a homogeneidade dos produtos e incluem o bicarbonato de sódio, o ácido estável ao calor; alta ou baixa temperatu-
impedindo a separação dos diferentes tartárico e o fermento em pó (uma ra de fusão/gelificação. Pode ser utilizado
ingredientes que compõem sua fórmula. mistura de bicarbonato de sódio e ácido também como agente de suspensão,
Freqüentemente são mono e digliceríde- pirofosfórico). retenção de água, gelificação, emulsifi-
os, produzidos a partir de óleos vegetais, cação e estabilização em outras diversas
como a lecitina de soja. Tipos de Estabilizantes aplicações industriais.
Os estabilizantes possuem muitas Os principais agentes estabilizantes A carragena é obtida de diversos
funções nos alimentos. São subs- incluem os alginatos; agar-agar; ácido gêneros e espécies de algas marinhas
tâncias que também facilitam a dis- meta-tartárico; fosfatos dissódico ou da classe Rodophyta. O conteúdo de
solução, aumentam a viscosidade de potássio; fumarato de estearila e carragena nas algas varia de 30% a 60%
dos ingredientes, ajudam a evitar a sódio; glutaconato de cálcio; gomas do peso seco, dependendo da espécie da
formação de cristais que afetariam (adragante, arábica, caraia, éster, guar, alga e das condições marinhas, tais como
a textura (melhorando a mesma) e jataí ou alfarroba, xantana); hidróxido luminosidade, nutrientes, temperatura e
mantêm a aparência homogênea do de cálcio; alguns emulsificantes, como oxigenação da água. Algas de diferentes
produto. A grande maioria é formada as lecitinas (fosfolipídios, fosfatídeos e espécies e fontes produzem carragenas
por polissacarídeos ou, ainda, por pro- fosfoteínas), mono e diglicerídeos de de diferentes tipos: kappa, iota e lambda.
teínas. A formação e estabilização de ácido graxos comestíveis, monoestea- Algumas espécies de algas podem produ-
espuma, em vários produtos, também rato de sorbitana e monopalmitato de zir carragenas de composição mista, como
é um efeito deste aditivo. sorbitana; alguns polifosfatos, como o kappa/iota, kappa/lambda ou iota/lambda.
Dificilmente são utilizados domesti- hexametafosfato de sódio, metafosfatos As espécies produtoras de carragena
camente, sendo mais requisitados para a de sódio ou potássio, pirofosfatos de tipo kappa são a Hypnea Musciformis,
produção industrial de sorvetes, iogurtes sódio ou potássio, e tripolifosfatos de a Gigartina Stellata, a Eucheuma Cot-
e chocolates. sódio ou potássio; polisorbato 80, 65, tonii, a Chondrus Crispus e a Iridaea.
Os estabilizantes são geralmente 60, 40 e 20 (associados a mono e digli- As espécies produtoras de carragena
carboidratos grandes. Eles formam cerídeos); sulfato de cálcio; tartarato de tipo iota são a Gigartina e a Eucheuma
uma estrutura capaz de manter juntas sódio; triestearato de sorbitana; BHA; Spinosum. As espécies produtoras de
substâncias menores nos alimentos, e caseína, caseinato de potássio. carragena tipo lambda são, em geral, o
formando um produto mais estável. Os estabilizantes mais utilizados na gênero Gigartina.
Este é o maior grupo de aditivos, mui- indústria alimentícia incluem a carrage- A carragena está localizada na parede
tos dos quais são substâncias naturais. na, os alginatos, a caseína, a goma guar, das células e na matriz intracelular dos
Alteram ou controlam a consistência de a goma Jataí, a goma xantana, e a carbo- tecidos das algas. É um polissacarídeo
um produto durante o resfriamento ou ximetil celulose sódica (CMC). de alto peso molecular, contendo de

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15% a 40% de éster sulfato formado por suspensão de partículas, controle de prima para produção de alginato, que
unidades alteradas de D-galactose e fluidez e retenção de água. é um componente da parede celular de
3-6-anidro-galactose, unidas por ligações Em produtos lácteos, é utilizada em tais organismos, formando um complexo
α-1,3 e β-1,4-glucosídica. A posição e o sorvetes, achocolatados, flans, pudins, insolúvel de ácido algínico e seus sais de
número de grupos éster sulfato, assim creme de leite, iogurtes, sobremesas cálcio, magnésio e de metais alcalinos em
como o conteúdo de 3,6-anidro-galactose cremosas, queijos, sobremesas em pó e várias proporções.
determinam as diferenças primárias leite de coco. As algas marrons crescem em todas
entre os tipos de carragena kappa, iota e Em doces e confeitos, sua aplicação as regiões de águas frias do mundo, nos
lambda. Níveis mais altos de éster sulfato inclui sobremesas tipo gelatina, geléias, hemisférios Norte e Sul. Da mesma for-
implicam em menor força de gelificação doces em pasta, confeitos e merengues. ma que ocorre com as plantas e árvores
e baixa temperatura de solubilização. A Nos produtos cárneos, a carragena terrestres, existe uma enorme variedade
carragena tipo kappa contém de 25% a é aplicada em presunto, mortadela, de espécies que variam em tamanho, for-
30% de éster sulfato e de 28% a 35% de hambúrguer, patês, aves e carnes ma, porcentagem e qualidade do alginato
3,6-anidro-galactose. A carragena tipo processadas. que produzem.
iota contem de 28% a 35% de éster sulfato Nas bebidas, é aplicada para clarifica- As espécies dos gêneros Lessonia
e de 25% a 30% de 3,6-anidro-galactose. ção e refinação de sucos, cervejas, vinhos (Nigrescens, Flavicans, Trabeculata),
A carragena tipo lambda contém de 32% e vinagres, achocolatados, xaropes, suco Macrocystis Pyrifera, Durvillea Antár-
a 39% de éster sulfato e não contém de frutas em pó e diet shakes. tica, Laminaria (Digitata, Saccharina
3,6-anidro-galactose. A Figura abaixo Em panificação é utilizada para e Cloustoni), Ascophyllum, Fucus, etc.,
apresenta a estrutura das carragenas cobertura de bolos, recheio de tortas e são adequadas para uso comercial. Cor-
tipo kappa, iota e lambda. massas de pão. respondem a organismos de grandes
A carragena é utilizada, também, em tamanhos, conhecidas também como
ESTRUTURA DAS
molhos para salada, sopas em pó, mostar- Macroalgas ou Kelp, alcançando de 1 a
CARRAGENAS TIPO KAPPA,
IOTA E LAMBDA da, molhos brancos e molhos para massas. 2,5 metros de comprimento (espécies
dos gêneros Lessonia, Laminaria, etc.)
Alginatos e algumas de até 8 metros ou mais, do gê-
Em 1883, o químico inglês E. C. nero Macrocystis. Estas algas marinhas,
C. Stanford, através da digestão de de natureza sub-antártica (temperatura
folhas de determinadas algas marrons da água entre 13ºC e 20ºC), vivem e
com carbonato sódico, obteve uma massa crescem constantemente na zona costeira
Carragena tipo Kappa gelatinosa, que evaporada, apresentava inter e subcorrente (entre e abaixo do
aspecto semelhante ao da goma traga- nível das mares, respectivamente), até
canto. Esta nova substância foi chamada 20 ou 30 metros de profundidade. São
de algina, derivado de alga. Este termo organismos fotossintéticos que, contudo,
foi usado em princípio para designar a não catalogados como plantas reais e têm
substância in situ na planta; enquanto altas taxas de crescimento e de renovação
Carragena tipo Iota que aos produtos industriais obtidos anual, tornando-se um recurso natural
posteriormente foram dados outros renovável de grande importância.
usos: ácido algínico, alginatos solúveis, Os alginatos disponíveis no mercado
compostos algínicos em geral. são comercializados, na maioria, em
A produção comercial de alginatos forma de sais hidrossolúveis, livres de
teve início em 1929 e, em 1934, teve início celulose, branqueados e purificados,
Carragena tipo Lambda a produção em escala limitada na Grã incluindo-se entre eles o ácido algínico
Bretanha e, mais tarde, durante a Segun- E400, o alginato de sódio E401, o alginato
As aplicações das carragena estão da Guerra Mundial, surgiu a indústria de de potássio E402, o alginato de amônio
concentradas na indústria alimentícia alginatos na Noruega, França e Japão. E403, o alginato de cálcio E404, e o algi-
e podem ser divididas em sistemas A variedade de compostos algínicos nato de propileno glicol E405. Também se
lácteos, aquosos e bebidas. Entretanto, disponíveis atualmente é o resultado produzem compostos combinados, como
existem atualmente outras aplicações de um intensivo trabalho de pesquisa, o alginato de amônio-cálcio, e o alginato
para uma grande variedade de aplicações desenvolvimento, marketing e serviços, de sódio-cálcio. Alguns destes compostos,
industriais. A carragena possui diversas durante cerca de 30 anos nos principais principalmente o ácido algínico e seus sais
funções de acordo com sua aplicação: países produtores. de sódio, cálcio e potássio, se apresentam
gelificação, espessamento, estabilização As algas marrons da família das em três qualidades diferentes, determi-
de emulsões, estabilização de proteínas, feofíceas constituem a principal matéria- nadas pelos processos de purificação e

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branqueamento que sofrem os produtos com algumas exceções, a regra geral é reduz a proporção de hidratação, reque-
durante sua produção. Estas qualidades que os compostos com elevado grau de rendo maior tempo de mistura. Os sais
correspondem a qualidade alimentícia, polimerização são menos estáveis do que de cátion monovalentes (como o NaCI)
produtos completamente livres de celu- aqueles com baixo grau de polimerização. possuem efeito similar em concentrações
lose, de coloração branca ou ligeiramente O ácido algínico é o menos estável próximas de 0,5%. O melhor é agregar
amarela; qualidade farmacêutica, produ- dos produtos; materiais com alto grau de todas as substâncias após o alginato ser
tos brancos, totalmente livres de celulose; polimerização em que as longas cadeias hidratado e dissolvido.
e qualidade técnica, produtos usualmente podem ser degradados em unidades me- A presença de pequenas quantidades
livres de celulose, com cores variáveis do nores, em poucos meses em temperatura de cátions polivalentes inibe a hidratação
branco, ao amarelo e ao marrom. ambiente. No entanto, os compostos de dos alginatos e proporções elevadas dos
A importância dos alginatos como cadeia curta são estáveis. mesmos causam sua precipitação. O
insumo para as indústrias alimentícia, Apesar das diferenças mencionadas alginato sódico resulta da difícil disso-
farmacêutica e química, é devido as suas de qualidade para estabilidade, todo lução em águas rígidas e leite, devido ao
propriedades hidrocolóides, ou seja, composto algínico comercial deve ser fato de ambas conterem íons de cálcio;
sua capacidade de hidratar-se em água armazenado em local fresco, a tem- estes devem ser primeiro seqüestrados
quente ou fria para formar soluções peratura de 25ºC ou menos, pois a com um agente complexante, como o
viscosas, dispersões ou géis. Os alginatos elevação da mesma pode causar signi- hexametafosfato de sódio ou o ácido etli-
são únicos quanto as suas propriedades ficativa despolimerização, afetando as lenodiaminotetracético (EDTA).
espessantes, estabilizantes, gelificantes e propriedades comercialmente úteis, como Em geral, os alginatos são insolúveis
formadoras de películas, resultando em viscosidade e força dos géis. A área de ar- em solventes miscíveis com água, tais
uma ampla gama de aplicações, conforme mazenamento também deve possuir um como álcoois e cetonas. As soluções aquo-
apresentado no Quadro 1. meio de controle da umidade ambiente, a sas (1%) da maioria dos alginatos toleram
fim de que os produtos não excedam seu a adição de 10% a 20% de tais solventes;
QUADRO 1 - APLICAÇÕES conteúdo usual de umidade (10% a 13%), contudo, proporções maiores impedem
ALIMENTÍCIAS DOS ALGINATOS o que aumenta a despolimerização. uma correta hidratação das moléculas.
PROPRIEDADES APLICAÇÕES Os alginatos têm suas propriedades A viscosidade é a principal proprieda-
Espessante,
sucos de frutas,
afetadas tanto por fatores físicos como de das soluções de alginato e, junto com a
estabilizante ou químicos. A quantidade de alginatos sua reatividade frente ao cálcio, gera as
molhos, cremes,
propriedades de
suspensão em:
cerveja. dissolvidos em água é limitada pela na- características únicas desses compostos
tureza física das soluções, mais do que como espessantes, estabilizantes, gelifi-
alimentos para
Propriedades animais, gelatinas, pela solubilidade do composto em si. Para cantes, etc.
gelificantes em: enchimento de aumentar a concentração de alginatos, a Nas concentrações utilizadas na maio-
azeitonas. solução passa do estado de líquido viscoso ria das aplicações, as soluções de alginato
fabricação de a uma pasta espessa, ponto no qual se possuem comportamento pseudoplástico;
Propriedades de queijos, sorvetes,
torna muito difícil dispersar os alginatos a viscosidade decresce ao aumentar o
controle em: coberturas de
frutas. restantes. grau de cizalhamento (por agitação ou
A solubilização dos compostos de algi- bombeamento). Esse efeito é reversível,
O grau de polimerização (GP) de um nato é afetada tanto pelo tamanho como exceto a níveis de cizalhamento muito
alginato é a medida de peso molecular pela forma das partículas. Usualmente, é elevados, sendo mais marcante nas solu-
médio de suas moléculas, e corresponde preferível um material refinado e bruto, ções de alginatos de alto peso molecular
ao número de unidades de ácido urônico cujas partículas são mais fáceis de dis- e nas de alginato sódico que contêm íons
na cadeia polimérica. A viscosidade das persar e suspender, embora possua baixa de cálcio. Algumas destas soluções podem
soluções de alginato se relaciona dire- velocidade de hidratação. As partículas apresentar, inclusive, um comportamento
tamente com o grau de polimerização e finas se dissolvem mais rapidamente, tixotrópico, no qual a viscosidade varia
o peso molecular, enquanto que a perda porém existe maior risco de aglomeração; com o tempo a uma velocidade de agitação
de viscosidade das mesmas - produzida esse efeito pode ser diminuído diluindo-se constante.
normalmente durante o armazenamento o alginato na presença de outro pó, como Esta propriedade das soluções de
- é a medida da extensão do processo de o açúcar, por exemplo. alginatos podem ser muito variáveis e
depolimerização do alginato. A solubilização destes produtos em estão relacionadas ao:
Comercialmente se produzem algina- água é difícil, se realizada na presença • Peso molecular: quanto maior o peso
tos (principalmente alginato de sódio) de de compostos que competem com as mo- molecular do alginato, mais viscosas
baixa, media e alta viscosidade (soluções léculas de alginato pela água necessária são suas soluções. O peso molecular
aquosas de 1%), que apresentam peque- para sua hidratação. Assim, a presença dos compostos de alginatos (grau de
nas diferenças quanto a estabilidade: de açúcares, amido ou proteínas na água polimerização) pode ser controlado

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variando as condições de extração e Um efeito oposto é obtido ao agre- facilitam a organização das caséinas em
fabricação. Geralmente, são disponíveis gar nas soluções de alginato íons de micelas. A natureza e a estrutura das mi-
produtos com grau de polimerização metais polivalentes, sendo o cálcio par- celas de caseína têm sido extensivamente
entre 100 e 1.000 unidades, que origi- ticularmente importante; a viscosidade estudadas, mas sua exata estrutura
nam viscosidades entre 10 e 1.000 mPa aumenta ao aumentar a concentração ainda permanece em debate. A maioria
(soluções de 1%). dos mesmos, processo que é acom- dos modelos propostos enquadra-se em
• Concentração: os alginatos comerciais panhado de mudanças tixotrópicas uma de três categorias gerais: (1) modelo
podem ser obtidos em diferentes graus núcleo-córtex, baseado originalmente
de viscosidade - alta, média e baixa - o Caseína em estudos da solubilidade da caseína
que pode ser controlado variando as A caseína pode ser definida como em soluções com Ca2+, (2) modelo das
concentrações empregadas dentro de uma proteína micelar precipitada por sub-micelas, baseado na influência do
um intervalo mais ou menos estreito. acidificação do leite desnatado a pH 4,6 e tratamento com uréia e oxalato sobre
• pH: a viscosidade das soluções de al- a temperatura de 20°C, sendo classificada a ruptura das micelas de caseína, e (3)
ginato de sódio é quase independente como fosfoproteína, devido à presença modelo de estrutura interna, baseado
de pH no intervalo entre 5 e 10, apre- de fósforo. A caseína tem atividade nas propriedades de cada componente
sentando valor ligeiramente maior de anfipática por possuir regiões hidrofó- isoladamente, causando ou direcionando
neutralidade (pH 6-8), devido a efeitos bicas e hidrofílicas. A conformação das a formação da estrutura interna das
repulsivos dos grupos carboxila car- moléculas expõe consideravelmente os micelas de caseína.
regados negativamente, que mantém resíduos hidrofóbicos, o que resulta em O leite de vaca contém quatro tipos
entendidas as cadeias de polímeros e forte associação entre as caseínas e as de caseína, αs1, αs2, β e κ-caseína, na
incrementam sua capacidade de união torna insolúveis em água. proporção 4:1:4:1, as quais são consti-
de moléculas de água. Abaixo de pH A caseína possui seqüências fosforila- tuídas por 199, 207, 209 e 169 resíduos
4,5, a viscosidade tende a aumentar das através das quais pode interagir com de aminoácidos, com pesos moleculares
pela diminuição da solubilidade do fosfato de cálcio, o que a torna capaz de de 23, 25, 24 e 19 kDa, respectivamente.
ácido algínico livre, o qual precipita na seqüestrar fosfato de cálcio, formando A cadeia polipeptídica da caseína
forma de gel a um pH de 3 a 3,5. minúsculos agrupamentos de íons cir- αs1 está formada por duas regiões
• Temperatura: As soluções de algina- cundados por uma camada de proteína. hidrofóbicas separadas por uma zona
tos se comportam da mesma forma Além da função nutricional, a caseína é polar. Todos os grupos fosfatos, menos
que outros fluidos na dependência da o meio pelo qual grande quantidade de um, estão no segmento polar 45-89 e
viscosidade com a temperatura, ou cálcio pode passar pelo epitélio mamário 17 resíduos de prolina se distribuem
seja, de acordo com determinado in- sem provocar problemas de calcificação. nos segmentos hidrofóbicos. Portanto,
tervalo, a viscosidade de tais soluções Esta função impõe limites à seqüência esta proteína pode ser considerada
decresce aproximadamente 2,5% para primária da proteína, influenciando sua como uma cadeia polipeptídica frouxa
cada grau de aumento da temperatu- conformação em solução e sua organiza- e flexível. A caseína αs1 precipita com
ra. O processo é reversível, podendo ção com o fosfato de cálcio. níveis de cálcio muito baixos. A caseí-
a solução voltar a sua viscosidade O termo micela tem sido usado para na αs2 possui uma estrutura bipolar com
inicial por esfriamento. Contudo, se as designar a mistura complexa de proteínas cargas negativas concentradas perto da
soluções de alginatos se mantiverem a dispersas do leite na forma de partículas extremidade N-terminal e positivas na
temperaturas elevadas (50ºC) durante coloidais aproximadamente esféricas. porção C-terminal. É mais sensível à
períodos prolongados, a viscosidade Cerca de 80% a 90% de toda caseína precipitação pelo Ca2+ que a caseína αs1.
decresce irreversivelmente devido está nessa forma. Micelas de caseína são A κ-caseína é uma fosfoproteína sensí-
a um processo de despolimerização; agregadas relativamente grandes desta vel ao Ca2+, possuindo cinco serinas fos-
esse comportamento deve ser levado proteína, possuindo aproximadamente foriladas e 35 resíduos de prolina. É uma
em conta durante o armazenamento 7% de fosfato de cálcio e pequenas quan- proteína anfipática com uma região hidro-
dos produtos obtidos industrialmente. tidades de citrato. Uma micela típica tem fílica na porção N-terminal e uma região
• Força iônica: a viscosidade das soluções raio de 100 nm e massa de 109 Da, con- C-terminal hidrofóbica com carga quase
de alginato de sódio decresce leve- tendo aproximadamente 800 núcleos de zero. Nos sítios de ligação com o cálcio,
mente com a adição de sais de cátions fosfato de cálcio por micela. Cada núcleo os resíduos de serina-fosfato têm carga
monovalentes. Como é freqüente com tem 61 kDa de massa e 2,4 nm de raio. A -2 na ausência de cálcio. Uma caracte-
outros polieletrólitos, o polímero em so- principal força de formação das micelas rística da β-caseína é sua dependência da
lução tende a contrair-se ao aumentar em solução aquosa é o efeito hidrofóbico, temperatura, formando grandes políme-
a força iônica da mesma. Esse efeito assim, todos os fatores que promovem ros a 20ºC, mas não a 4ºC. A adsorção de
é máximo em concentrações salinas interações hidrofóbicas, como aumento β-caseína aos núcleos de fosfato de cálcio
próximas de 0,1 N. da temperatura e adição de alguns sais, limita o crescimento desses. A β-caseína

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ligada ao núcleo de fosfato de cálcio atua glicomacropeptídeo, ou mais apropria- têm três vezes mais probabilidade de ser
como uma ponte de ligação a outras damente, caseínomacropeptídeo. No instáveis do que leites de vacas no início
caseínas. Por ser mais fosforilada que a segundo estágio, as micelas se agregam ou meio da lactação. O fator responsável
κ-caseína, a β-caseína é mais sensível a devido à perda da repulsão estérica da por este efeito é o aumento no pH do leite,
altas concentrações de sais de cálcio, em- κ-caseína. devido à maior permeabilidade do epitélio
bora seja menos sensível a precipitação Leites mastíticos apresentam gran- mamário a pequenas partículas e íons.
com cálcio do que as caseínas α. de quantidade de células somáticas. A adição de etanol a uma solução
Diferentemente das outras caseínas, Os lisossomos dessas células contêm aquosa diminui a constante dielétrica
a κ-caseína é uma glicoproteína e possui enzimas proteolíticas, dentre as quais a do solvente, favorecendo as interações
apenas um grupo fosfoserina, sendo, catepsina D, que pode produzir para-κ- eletrostáticas.
portanto, estável na presença de íons de caseína e caseínomacropeptídeo a partir A adição de etanol ao leite induz
cálcio e assumindo importante papel na de κ-caseína e, em altas concentrações, várias alterações nas micelas de caseí-
estabilidade da micela de caseína. pode coagular o leite. na: (1) colapso da região C-terminal proe-
O fosfato de cálcio atua como um Microrganismos psicrotróficos, ao se minente da κ-caseína, levando à redução
agente cementante, mas se não houver multiplicarem no leite armazenado em da repulsão estérica intermicelar e do
κ-caseína, a agregação continuará até à baixas temperaturas, produzem enzimas potencial hidrodinâmico das micelas; (2)
formação de um gel ou de um precipitado. proteolíticas termoestáveis, a maioria das o pKa dos resíduos de glutamato e aspar-
A κ-caseína se localiza na superfície da quais tem ação sobre a κ-caseína, resul- tato é aumentado, enquanto os resíduos
micela, com a zona hidrofóbica da molé- tando na desestabilização das micelas e alcalinos lisina, arginina e histidina não
cula ligada à micela, enquanto a porção coagulação do leite. são afetados, o que leva à diminuição da
hidrofílica forma uma capa de filamentos A 4ºC ou 5ºC, a interação hidrofóbica carga negativa na superfície das micelas;
altamente hidratados que se projetam na fica fraca e parte das caseínas, em espe- (3) redução na solubilidade do cálcio e do
fase aquosa. Os filamentos de κ-caseína cial, a β-caseína inicia a dissociação das fosfato associado às micelas de caseína.
são os responsáveis pela estabilidade micelas. A hidratação aumenta, já que O colapso da camada de κ-caseína, a
estérica das micelas de caseína. Estudos as cadeias de β-caseína projetam-se da redução na carga micelar e a precipita-
recentes demonstraram que o peptídeo superfície micelar e uma pequena parte ção do fosfato de cálcio colaboram para
N-terminal da κ-caseína apresenta uma do fosfato de cálcio se dissolve. Estas a redução da estabilidade micelar da
irregular estrutura helicoidal que pode trocas são responsáveis pela ligeira desin- κ-caseína. Estudos demonstraram que
contribuir para a estabilidade da caseína. tegração das micelas. A 0ºC a agregação um polimorfismo na expressão do gene
A estabilidade da micela de caseína micelar é difícil de acontecer. Em altas da κ-caseína afeta a estabilidade do leite
depende da presença da κ-caseína na sua temperaturas a quantidade de fosfato ao etanol. Leite obtido de vacas que apre-
superfície, a qual se constitui na fração de cálcio associado às micelas aumenta sentam predominância na expressão do
hidrofílica da caseína, que reage com a e ocorre dissociação da κ-caseína, dimi- alelo B do gene da κ-caseína em relação
água e impede a agregação das micelas. nuindo a estabilidade. ao alelo A precipitou frente a concentra-
A estabilidade estérica gerada pela re- Micelas de caseína de maior tamanho ções de etanol significativamente maiores
lativamente esparsa camada externa de são menos resistentes ao aquecimento do que as requeridas para precipitar leite
κ-caseína em forma de escova é o fator que micelas de menor diâmetro, devido de vacas com expressão similar para os
estabilizante mais importante. ao menor conteúdo de κ-caseína, o que as alelos A e B.
A hidrólise emzimática da κ-caseína, torna mais susceptíveis ao Ca2+. O maior O aumento da força iônica ou a forte
temperatura, pH, excesso de Ca2+ e grau de glicosilação da κ-caseína nas ligação de íons específicos a grupos
adição de etanol estão entre os principais micelas de maior tamanho em relação às carregados da proteína pode diminuir
fatores que afetam a estabilidade coloidal micelas menores também favorece a for- a repulsão eletrostática e favorecer a
das micelas de caseína. mação do complexo κ-caseína - β-caseína. auto-associação das proteínas. O excesso
A hidrólise enzimática da κ-caseína A acidificação reduz a carga e a hi- de Ca2+ é comparável ao salting out,
reduz a estabilização estérica das micelas, dratação das proteínas. As ligações que ou seja, quando ocorre excesso de sais
bem como a repulsão eletrostática inter- mantêm as micelas de caseína juntas diminui a solubilidade das proteínas
micelar, resultando na coagulação do leite. são mais fracas e escassas a pH 5,2 ou em água. O excesso de sais domina as
Em um primeiro estágio, a quimosina 5,3. A pH inferior, com o aumento da cargas do solvente (água), diminuindo,
cliva a ligação entre os aminoácidos 105 atração eletrostática entre as moléculas conseqüentemente, o número de cargas
(fenilalanina) e 106 (metionina) da cadeia de caseína, as micelas mantêm-se mais disponíveis para se ligarem ao soluto
peptídica da κ-caseína, eliminando sua fortementejuntas; a pH superior uma (proteína). Desta forma, aumenta a
capacidade estabilizante e gerando como quantidade crescente de fosfato de cálcio interação soluto/soluto, ocorrendo à
produtos uma porção hidrofóbica, para- coloidal faz o mesmo. precipitação das proteínas.
κ-caseína, e uma hidrofílica chamada Leite mastítico e do final da lactação A concentração de citrato afeta o con-

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teúdo de cálcio solúvel e a estabilidade bem como sua estabilidade em ampla A goma xantana é bastante utiliza-
do leite. O citrato seqüestra o cálcio faixa de temperatura e de pH, mesmo da como estabilizante para alimentos,
iônico, reduzindo o cálcio disponível para na presença de sais. como cremes, sucos artificiais, molhos
unir-se com a caseína e estabilizando as A goma xantana é altamente estável para saladas, carne, frango ou peixe,
micelas, evitando sua agregação. em ampla faixa de pH, sendo afetada assim como para xaropes e coberturas
apenas com valores de pH >11 e < 2,5. para sorvetes e sobremesas. Ainda
Goma xantana Essa estabilidade depende da concen- apresenta compatibilidade com a maio-
A goma xantana é um polissacarí- tração: quanto maior a concentração, ria dos colóides usados em alimentos,
deo sintetizado por uma bactéria fito- maior a estabilidade da solução. incluindo o amido, fato que a torna ideal
patogênica do gênero Xanthomonas, A goma xantana é também estável para a preparação de pães e outros
tem extrema importância comercial. em ampla faixa de temperatura (10ºC a produtos para panificação.
Esse polímero tem sido o mais utilizado 90ºC) e a viscosidade é pouco afetada na Um estudo realizado sobre o papel
em alimentos, no Brasil e no mundo. presença de sais. Após a esterilização dos hidrocolóides na cremosidade de
Foi aprovado pelo FDA (Food and (120ºC/30 min) de produtos alimentí- emulsões óleo em água mostra que a
Drug Administration) em 1969, sendo cios contendo diferentes gomas, ape- presença de goma xantana em concen-
aplicado a inúmeros produtos em di- nas 10% da viscosidade é perdida em trações muito baixas (< 0,075%) aumen-
ferentes segmentos industriais, entre produtos que contêm a goma xantana, ta a cremosidade desse tipo de emulsão.
eles, alimentos, fármacos, cosméticos, redução inferior a observada nos pro- A goma xantana é usada na agri-
químico e petroquímico, o que se deve dutos que contêm outros hidrocolóides, cultura em suspensões, como agente
principalmente a suas propriedades como a goma guar, alginato e carboxi- estabilizante para herbicidas, pestici-
reológicas, que permitem a formação metilcelulose. das, fertilizantes e fungicidas.
de soluções viscosas a baixas concen- Uma importante propriedade da A alta viscosidade das soluções e a
trações (0,05-1,0%), e estabilidade em solução de goma xantana é a interação solubilidade em água do biopolímero
ampla faixa de pH e temperatura. com galactomananas, tais como gomas têm assegurado importantes aplicações
O processo de produção da goma locusta e guar. A adição de alguma para a goma xantana na indústria de
consiste nas etapas de obtenção do dessas galactomananas numa solução petróleo, onde é habitualmente usada
pré-inóculo, inóculo, fermentação, pas- de goma xantana a temperatura am- em processo de perfurações para recu-
teurização, remoção das células, preci- biente causa sinergismo, aumentando peração de óleo.
pitação, separação e secagem da goma. a viscosidade. A goma xantana é, assim como
O crescimento dos microorganismos e a A goma xantana tem sido usada muitas gomas (exceto o amido), não
produção da goma xantana são influen- em uma extensa variedade de ali- digerível em humanos, e serve para
ciados por fatores, tais como o tipo de mentos, por apresentar importantes baixar o conteúdo calórico de alimentos
reator, o modo de operação (batelada propriedades, como: espessante de e melhorar sua passagem através do
ou contínuo), composição do meio, e as soluções aquosas, agente dispersante, trato gastrintestinal. O valor calórico
condições da cultura (temperatura, pH estabilizadora de emulsões e suspen- da goma xantana é aproximadamente
e concentração de oxigênio dissolvido). sões, estabilizadora da temperatura 0,6 kcal/g.
Devido à grande aplicação da goma do meio, propriedades reológicas e
xantana e ao seu amplo mercado mun- pseudoplásticas e compatibilidade Goma Guar
dial, várias pesquisas vêm sendo feitas com ingredientes alimentícios. Quando A goma guar é retirada do endos-
para otimizar a produção através da utilizada em baixas concentrações, gera perma do feijão do tipo guar: Cya-
seleção de novas linhagens, da adequa- estabilidade na estocagem, capacidade mopsis. Sua principal propriedade é a
ção das condições ótimas de cresci- de resistência à água e apelo estético. capacidade de se hidratar rapidamente
mento celular, produção, recuperação A goma xantana foi liberada pela em água fria e atingir alta viscosidade.
e purificação desse polissacarídeo. FDA (Food and Drug Administration) É usada como espessante de sopas,
A goma xantana é um polissaca- em 1969, permitindo o uso da goma alimentos pobres em calorias e para
rídeo de elevado interesse industrial, xantana na produção de alimentos FDA. aumentar o poder geleificante de ou-
principalmente para as indústrias de O Comitê de Peritos das Organiza- tros espessantes.
alimentos, farmacêuticas e de petróleo. ções das Nações Unidas para Alimenta- É cultivado nos Estados Unidos, na
O interesse deve-se às suas proprieda- ção e Agricultura/Organização Mundial Índia e no Paquistão. O resíduo de sua
des físico-químicas, que superam todas da Saúde (FAO/WHO, 1990) declarou semente , depois de extraída a goma,
as dos outros polissacarídeos dispo- a aceitabilidade de ingestão diária da é bastante valioso para a utilização em
níveis no mercado. Dentre estas pro- goma xantana (ADI). Além disso, mui- rações animais.
priedades destacam-se a sua elevada tos outros países têm aprovado a goma Além dessas vantagens, a goma
viscosidade em baixas concentrações, xantana para diversos usos alimentares. guar é de baixo custo além de ser um

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Estabilizantes
QUADRO 2 - ESTABILIZANTES PERMITIDOS QUADRO 2 - ESTABILIZANTES PERMITIDOS
QUADRO 2 - ESTABILIZANTES PERMITIDOS SEGUNDO AS BPF
SEGUNDO AS BFP SEGUNDO AS BFP
Número Número
ADITIVO FUNÇÃO/NOME ESTABILIZANTES ADITIVO FUNÇÃO/NOME ESTABILIZANTES
INS INS
- Caseinato de sódio [425] Goma Konjac
- Gelatina 440 Pectina, pectina amidada
170(i) Carbonato de cálcio 460(i) Celulose microcristalina
263 Acetato de cálcio 461 Metilcelulose
322 Lecitinas 463 Hidroxipropilcelulose
331(i) Citrato monossódico 465 Metiletilcelulose
331(ii) Citrato dissódico 466 Carboximetilcelulose sódica
331(iii) Citrato de sódio, citrato tri-sódico 470 Sais de ácidos graxos (de Ca, Na, K e NH4)
332(ii) Citrato de potássio, citrato tri-potássico Mono e diglicerídios de ácidos graxos, ésteres de
471
mono e diglicerídios com ácidos graxos.
333 Citrato de cálcio, citrato tri-cálcico
Ésteres de ácido acético e ácidos graxos com
400 Ácido algínico 472a glicerol, ésteres de ácido acético e mono e
401 Alginato de sódio diglicerídios
402 Alginato de potássio Ésteres de ácido lático e ácidos graxos com
472b glicerol, ésteres de ácido lático e mono e
403 Alginato de amônio diglicerídios
404 Alginato de cálcio Ésteres de ácido cítrico e ácidos graxos com
406 Agar 472c glicerol, ésteres de ácido cítrico e mono e
Carragena (inclui os sais de sódio, amônio, diglicerídios
407 Ésteres de ácido tartárico e ácidos graxos com
potássio e Furcelarana)
472d glicerol, ésteres de ácido tartárico e mono e
410 Goma jataí, alfarroba
diglicerídios.
412 Goma guar
Ésteres de ácidos tartárico, acético e ácidos
413 Goma adragante 472f
graxos com glicerol
414 Goma arábica, goma acácia 500(ii) Bicarbonato de sódio, carbonato ácido de sódio
415 Goma xantana 501(i) Carbonato de potássio
416 Goma caraia 509 Cloreto de cálcio
418 Goma gelana 965 Maltitol e xarope de maltitol
421 Manitol 1200 Polidextrose

bom espessante e estabilizante. Sua de carragena e para diminuir a dureza e substância que torna possível a manuten-
formação é constituída por moléculas a temperatura de fusão do gel. ção de uma dispersão uniforme de duas
de manose e galactose na proporção de ou mais substâncias imiscíveis em um
2:1. Se dissolve em água fria e geleifica Carboximetil alimento. Pode-se dizer que o estabilizan-
quando em contato com borato. celulose sódica te favorece e mantém as características
A goma pode ser empregada em A CMC surge a partir de celulose e físicas das emulsões suspensões.
bebidas como estabilizantes, ou ainda, monocloroacetato de sódio. Além de ser Os estabilizantes, como todos os adi-
em sorvetes, pudins e coberturas para aquassolúvel, suas soluções apresentam tivos, devem ser declarados, formando
saladas, como espessante. viscosidade em elevadas faixas de valor parte da lista de ingredientes de cada
do pH. Funcionam em grande escala, produto. Nessa declaração deve constar,
Goma jataí como estabilizantes em sorvetes propor- entre outras informações, a função princi-
A goma jataí é proveniente do feijão cionando boa textura e corpo com boas pal ou fundamental do aditivo no alimento
de alfarroba, característico da região do propriedades de fusão. Em alimentos e seu nome completo, ou seu número de
Mediterrâneo. dietéticos são empregados como “agentes registro local.
É formada por manoses e galactoses de corpo”. Os aditivos autorizados como BPF
na proporção de 4:1. Sua aplicação tem a encontram-se no “Regulamento técnico
finalidade de melhorar a textura de certos Os estabilizantes sobre aditivos utilizados segundo as boas
alimentos como bolos e biscoitos, espes- e a legislação práticas de fabricação e suas funções”
sar coberturas para saladas, melhorar Segundo a legislação brasileira, por- contido na Resolução nº 386 - ANVS/
características de congelamento e fusão taria Nº 540, de 27 de outubro de 1997, MS, de 5 de agosto de 1999, conforme
de sorvetes, na palatabilidade dos géis do Ministério da Saúde, estabilizante é a apresentado no Quadro 2.

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