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na edição 07
novembro/dezembro de 2008
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: : Melhores práticas
O Armazém do Futuro
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s armazéns representam aproximadamente 30% dos custos logísticos tes completos e cargas fechadas. Nes-
totais, e a sua participação vem crescendo nos últimos anos. se momento, surge a necessidade de
Na grande maioria dos casos, as operações de movimentação e armazenagem “quebrar” os grandes lotes em lotes
de materiais representam um custo equivalente a 1% a 5% da receita bruta das em- menores, em frações de paletes, em
presas, sendo, portanto, um dos mais importantes custos de uma empresa. caixas e até nas unidades primárias.
Dada a sua relevância pela representatividade em custos e o seu papel em racio- Daí surge a necessidade da criação da
nalizar o processo de abastecimento de linhas produtivas ou em aproximar merca- área de separação de pedidos (ou pi-
dos, é de vital importância entender o papel dos armazéns e as diferentes formas de cking) e a preocupação com a conso-
explorar o seu potencial de adicionar valor à cadeia logística. lidação das cargas em diferentes tipos
de veículos.
A atividade de picking é, atualmen-
Otimização
do uso da te, a de maior representatividade em
mão-de-obra
Menores Aproveitamento custos dentre as operações existentes
custos do espaço cúbico
(figura 2).
55%
Alta Maior
Produtividade Giro dos
Operacional Armazém Estoques
Classe
Mundial
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Nos novos armazéns, mais do que simplesmente guardar materiais, há uma Em armazéns de grande porte, a pro-
preocupação com o fluxo físico de materiais e com as informações. dutividade é dificultada pelo excesso
Os novos armazéns caminham para operações de fluxo contínuo, com cada de movimentação devido a grandes
vez menos estoques, muito próximas das operações de cross-docking, detalhadas distâncias e má visibilidade do fluxo
a seguir. de trabalho. As dificuldades em comu-
A figura 3 ilustra o processo vivido pelos armazéns ao longo dos últimos 30 anos. nicação e supervisão possivelmente
Centro de Centro de podem contrabalançar as economias
Distribuição Serviços obtidas com grandes volumes de pedi-
Armazém
Logísticos
Serviços
do ou por meio de altos níveis de me-
E
S
Montagem de Valor canização. Também importante será
V de Pedidos Agregado
A T (Picking) dimensionar corretamente o formato
R O
C
Montagem do armazém, buscando uma propor-
I E de Pedidos
A A S
T
(Picking) ção adequada entre comprimento
V G O
C (face onde estão localizadas as docas)
E E A
I M
G
E Estocagem e largura do armazém (figura 4).
M
S
TEMPO
1970’s/80’S 1990’s 2000’S
CERTO
Figura 3. Processo vivido pelos armazéns.
As operações de cross-docking
97m
Cross-docking é uma operação de distribuição na qual os produtos são recebidos,
selecionados e encaminhados para outro veículo, e por isso necessita de grande exati-
Opção II 66m
dão quanto ao tempo de entrada e saída de produtos.
Além de eliminar altos custos de manuseio de produtos, o investimento em esto-
ques é substancialmente reduzido pela eliminação de múltiplos locais de estocagem.
Operações de cross-docking levam à redução de até 30% quando comparada com
uma operação convencional, na qual ocorre a formação de estoques.
A operação de cross-docking, embora simples na teoria, é muito difícil de realizar na ERRADO
prática. Algumas condições operacionais precisam ser atendidas:
t PMPDBMEFEFTUJOPEPNBUFSJBMÏDPOIFDJEPOPBUPEPSFDFCJNFOUP
t TFVDMJFOUFFTUÈQSPOUPQBSBSFDFCFSPNBUFSJBMJNFEJBUBNFOUF 66m
t PQSPEVUPFNTVBTEPDBTÏQSÏSPUVMBEP
t OFDFTTJEBEFTEFDPOUSPMFEBRVBMJEBEFQSFDJTBNTFSNÓOJNBT
t QSFGFSFODJBMNFOUFPQFSBÎÍPDPNQBMFUFTDPNQMFUPT
t FYJTUJSFTQBÎPTVöDJFOUFQSØYJNPËTEPDBT
t FOUSFHBTEJTDJQMJOBEBTOPBSNB[ÏN 97m
São bons candidatos a cross-docking operações que envolvam itens sazonais e itens
com altos volumes de venda.
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carga e descarga. Há dois tipos básicos de configurações de docas para cami- adjacentes umas às outras;
nhões: de 90º e de 45ª. A doca de 90º precisa de largura menor e profundidade t PUJNJ[BÎÍPEFFNQJMIBEFJSBT
QPJT
maior do que a doca de 45º. Conseqüentemente, a doca de 90º precisa de menos as viagens de estocagem e retira-
espaço dentro do armazém e de mais espaço fora do mesmo, para a execução da são facilmente combinadas e
das manobras. Quanto maior a largura da doca, maior será o espaço interno do as localizações de estocagem mais
armazém dedicado a cada doca. Por isso, docas de 90º são mais utilizadas do que perto das docas são as localizações
as inclinadas. naturais dos itens de maior giro.
A quantidade de docas, tradicio-
nalmente dimensionadas numa pro-
porção de uma doca a cada mil m2 de
área construída, mudará de forma ra-
dical. Será necessário termos pelo me-
nos uma doca a cada 500 m2 de área
coberta construída.
As docas deverão estar equipadas
com equipamentos para o nivelamen-
to (dock leveler) do armazém com os
caminhões, já que não existe um pa-
drão de altura de veículos. Esses equi-
pamentos proporcionam carga e des-
carga mais rápidas e seguras.
Figura 5. Docas.
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Com um bom sistema WMS, você poderá, por exemplo, praticar o PEPS Conclusão
(primeiro que entra, primeiro que sai), realizar cross-docking, atender pedidos
emergenciais, reduzir stockouts, diminuir sensivelmente o risco de obsoles- O melhor armazém é, sem dúvida
cência, disponibilizar informação de estoques em tempo real etc. alguma, aquele que não existe. Mas,
Para Operadores Logísticos é uma ferramenta essencial. Para os Embarca- apesar dos esforços na integração da
dores, deve ser cuidadosamente avaliada, levando em conta aspectos técni- cadeia de materiais, ECR (Eficient Con-
cos e financeiros. sumer Response), Just-in-time e Quick
Uma vez decidido pela implantação, é necessário tomar um passo ante- Response, a cadeia de materiais nunca
rior: a otimização da infra-estrutura física existente e a revisão dos processos- será tão perfeitamente coordenada
chave. Sem isso, automatizaremos o que está ruim, portanto, teremos muitas a ponto de eliminar as atividades de
dificuldades em obter os benefícios esperados. movimentação e armazenagem por
completo.
O próximo grande desafio dos armazéns Portanto, se os armazéns podem
ser considerados um “mal necessário”,
O avanço da logística reversa deverá se tornar o próximo grande desafio dos precisaremos então saber conviver
profissionais de armazéns. As devoluções, ainda hoje pouco representativas e com eles e extrair o melhor possível,
tratadas com certo descaso, merecerão maior atenção das empresas. seja em desempenho operacional ou
As áreas hoje destinadas ao recebimento, inspeção e triagem dos materiais, em custos.
ainda pouco relevantes, serão redimensionadas para permitir o correto destino Uma visão sistêmica, envolvendo
do material devolvido, seja ele a reestocagem, reaproveitamento de componen- pessoas, processos, tecnologia e infra-
tes, sucateamento etc. estrutura, será imprescindível para
Numa nova realidade, na qual a logística reversa passa a ser representativa alcançarmos um desempenho classe
em valores e volumes, esqueça o FIFO (First In, First Out) e entenda como funcio- mundial nas operações de movimen-
na o FEFO (First Expired, First Out). tação e armazenagem de materiais.