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FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CAMPINAS
2006
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CAMPINAS
2006
© by Ester de Oliveira Prado Souza, 2006.
04-0489-BFE
A todos os meus amigos que
muito contribuíram para realização
deste memorial.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus,
Ao meu esposo e amigo Carlos, pela paciência, pelo carinho e amor e por nunca me
A Gezi, minha amiga, pelo apoio, carinho e contribuição na realização deste memorial.
Apresentação....................................................................................................................6
4. Sendo professora.......................................................................................................16
6. Conclusão..................................................................................................................23
Referências Bibliográficas..............................................................................................24
APRESENTAÇÃO
Este memorial vem comentar alguns dos meios que um indivíduo, num processo de
alfabetização, possa desenvolver sua aprendizagem como ser consciente, atuante,
transformador e participativo dento da sociedade e que esta ocorra de maneira afetiva,
criativa e responsável.
Nesse sentido, o papel do professor é essencial na formação desse processo, pois é
através do que ele estabelece com seus alunos que irá proporcionar reflexões, promovendo
compreensão de que são pessoas capazes de se expressar, questionar e participar do
processo histórico de sua vida e da sociedade.
Para o professor também é necessário continuar se atualizando, buscando sempre
inovações, possibilitando ajuda no processo de crescimento do conhecimento de seus
alunos.
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ALFABETIZACÃO COMO MEIO DE TRANSFORMACÃO SOCIAL
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fixaram residência, pois minha mãe sonhava que suas filhas estudassem para que tivessem
uma boa profissão e as condições econômicas melhorassem.
No bairro em que fomos morar não havia escola e a creche que tinha era somente para
os filhos de quem tinha uma condição econômica melhor, onde acabei ficando de fora, mas
meus olhos brilhavam quando passava em frente da casa que funcionava a creche e
às vezes ficava olhando no portão, olhando, ouvindo e até imaginando as coisas que
aconteciam lá dentro.
Nessa época minha mãe não trabalhava e todos os dias ela contava histórias,
como contos de fadas, causos que seus antepassados contavam, as engraçadas, tristes,
histórias da Bíblia. Nós já sabíamos as histórias de cor e quando mamãe fazia alguma
alteração, nós intervíamos, lembrando-a de que faltava “aquela fala”, ou, “não havia
acontecido isso da outra vez”. Também cantava muitas músicas.
Essas histórias eram contadas todos os dias antes de dormir, então comecei a ter
vontade de ler livros, de estar na escola e de ajudar meus pais.
Em 1980 termina de ser construída a escola no bairro em que morava, então é feita a
minha matricula e começo a estudar, iniciando assim o meu processo de alfabetização.
Meu pai conta que me perguntou no primeiro dia de aula sobre a profissão que
escolheria quando crescesse e respondi com convicção: professora.
Mas minha alfabetização não ocorreu muito fácil, pois meus pais pouco sabiam se
comunicar através da escrita. A professora que lecionava em minha sala era gestante e era
uma gestação de risco, sendo assim, ela precisou afastar-se e por minha sala passaram
muitos professores, por este motivo, não consigo recordar-me da professora que tive na
primeira série. Me lembro da escola, da diretora, dos amiguinhos de sala e lógico, da
cartilha “Caminho Suave”, que era usada na sala de aula e que eu a admirava, porém, pouco
me ajudou em minha alfabetização.A cartilha hierarquizava o conhecimento,
desconsiderava as variações lingüísticas e valorizava apenas a língua padrão, esta sendo de
domínio da classe mais favorecida. Suas atividades levavam os alunos| a um aprendizado
sem significado e acabava desconsiderando a variedade lingüística que o povo brasileiro
possui, dessa forma a língua ficava descontextualizada do processo de construção do
conhecimento.pois segundo o PCN de Língua Portuguesa (2001, p.23)
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“Um projeto educativo comprometido
com a democratização social e cultural
atribui à escola a função e a
responsabilidade de garantir a todos os seus
alunos o acesso aos saberes lingüísticos
necessários para o exercício da cidadania,
direito inalienável de todos”. ( PCN de
Língua Portuguesa 2001, p.23)
O método usado na alfabetização dessa época era o modelo tradicional que tinha o
professor como centro de todo o processo, transmissor e detentor dos conhecimentos e
informações. Os exercícios eram de fixação, memorização e repetição, as atividades
iniciadas na primeira série, visavam o treino motor, em que eram preenchidas várias folhas
do caderno com riscos, bolinhas, tracinhos, etc, que acabavam deixando os alunos cansados
e em algumas vezes acabava desestimulando. O aluno era considerado uma “sacola vazia”,
onde eram depositados os conteúdos necessários através dos exercícios de repetição e
memorização, o aluno receptor e o professor autoritário e detentor do conhecimento, não
havendo afetividade entre ambos. O ensino era todo fragmentado, pois se acreditava no
domínio dos códigos da escrita, na silabação e nas respostas corretas dos questionários, não
viam a alfabetização como um método onde pudesse haver a compreensão como uso de
transformação dentro da sociedade. Os alunos ficavam quietos, pois se houvesse conversa
na sala de aula, o castigo viria, servindo de “gozação” e brincadeiras de mau gosto fora da
sala de aula, que acabavam muitas vezes em brigas entre os próprios alunos. Não existia a
troca de idéias ou trabalhos em grupo, pois o ensino era todo sistematizado, desprezando o
conhecimento que trazia de casa, da comunidade onde vivia, das relações e experiências
vividas com a família e com os amigos. Não havia diálogo entre professor e aluno.
Falávamos somente quando éramos questionados, caso contrário deveria reinar o silêncio.
Estávamos sendo preparados apenas para um trabalho no qual visava o controle dos nossos
corpos e mente. Assim afirma Aranha, que a escola tradicional.
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o que nos levaria a indagar se tanto controle poderia ainda
tornar viável a passagem do governo para a disciplina...”
(ARANHA 1989, p.161),
Por este motivo aprendi apenas a decodificar os códigos da escrita na primeira série,
memorizei as lições da cartilha. Não interpretava os textos e nem os compreendia, como
também não escrevia. Portanto não fazia o uso social da escrita. Azenha afirma isto quando
diz que “as condutas escritas de um aprendiz não são um mero resultado daquilo que o
professor ensina. Existe um processo de construção deste conhecimento que nem sempre
coincide com o que está sendo ensinado”.(AZENHA 1998 ,p.43)
Pois se sabe que nesse ensino tradicional não se leva em conta a construção do
conhecimento e a função social que ele irá representar na vida do educando dentro da
sociedade. Assim continua afirmando Azenha,
Fui alfabetizada na segunda série, pois a professora lia bastante para nós,
trabalhando com textos diversificados, incentivando as produções escritas de textos
coletivos e individuais, concedendo oportunidades para que falássemos sobre o que
pensávamos e nos levava muitas vezes a certas reflexões, respeitando nossos limites. Para
Leite,
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Essa professora se preocupava com nossa participação na sociedade. Preparava suas
aulas preocupando-se com o futuro de seus alunos e buscava compreender que a
alfabetização é um processo que conduz a compreensão, a construção do conhecimento e
sua função social, visando não apenas a memorização ou a decodificação dos códigos da
escrita, mas o que irá transformar na vida do aluno. Segundo Leite,
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2. Brincando de ensinar e aprender
Quando estava cursando a quinta série, mudou para perto de nós uma vizinha que tinha
seus filhos que já haviam estudado e doou vários livros para nós, eu adorei, pois na minha
casa não havia quase livros, todos os dias me deliciava lendo as histórias dos livros embaixo
de um pé de limão que ficava no fundo do quintal. Nessa época comecei a brincar de
escolinha com a filha de uma outra vizinha, que tinha apenas seis anos. Brincávamos de
encontrar letras, de adivinhas, como encontrar letras e palavras nas embalagens, quem não
encontrasse “pagava mico” (andar agachado, pular de um pé só, dançar uma música, fazer
uma mímica, etc..). A brincadeira da amarelinha, era modificada, ora brincávamos com
números, ora colocávamos letras, nome de pessoas, de histórias, de músicas e quem errava
precisava contar um pedaço da história, ou cantar a música, etc... Nossas brincadeiras eram
muito divertidas. Assim, assinala Leite,
Certo dia minha vizinha começou a escrever e ler, então passamos a ler tudo juntas,
às vezes brincávamos de quem conseguia ler mais rápido. Fiquei muito feliz e pude
aprender junto, brincando. Hoje reconheço que participei da alfabetização daquela criança,
que teve a oportunidade de construir seu conhecimento sem opressão, dor ou medo, mas de
maneira participativa e lúdica. Também construí meu próprio conhecimento num processo
enriquecedor. Segundo Leite,
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também é concreto, social, histórico e cultural” .( LEITE 2001,
p..320)
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3. Em busca do sonho: ser professora
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4. Sendo professora
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desenvolvidas, num movimento dialético envolvendo a relação-
reflexão”.( LEITE,2001,p.39)
Em nossa escola a diretora percebeu que era necessário proporcionar uma união
entre nós professores e que não existia o melhor, mas sim os melhores. Propôs então, que
trocássemos nossas experiências, conversássemos sobre nossos alunos, utilizando-se de
dinâmicas nas reuniões que aconteciam à noite. Sob essa perspectiva, nossa equipe de
trabalho começou a trocar idéias, a se dialogarem, conversar sobre os problemas que
aconteciam dentro e fora da escola, pelos erros e acertos que aconteciam dentro da sala de
aula.
Nosso trabalho tornou-se mais criativo, participativo e prazeroso e levou-nos a um
processo de conscientização do nosso papel para com nossos alunos e dentro da sociedade,
transformando nossas relações e possibilitando um crescimento em nossa pratica educativa.
Nossa experiência se afirma no pensamento de Leite quando diz que,
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criança. É importante ressaltar que a criança aprende com mais facilidade quando o
conteúdo a ser trabalhado faz parte do seu cotidiano tornando-se um elemento facilitador do
processo ensino-aprendizagem, desenvolvendo a sensibilidade, provocando reações de
entusiasmo e prendendo sua atenção.
O trabalho com música possibilita o aluno de compreender com mais facilidade a
função social da escrita, pois está lidando com o todo e não apenas com palavras ou frases
desconectadas.
Em minhas aulas procuro proporcionar situações que sejam significativas para as
crianças, respeitando seus conhecimentos, sua cultura, procurando relacionar com o
processo de leitura e escrita, tendo em vista sua função social.
Busco levar também novos interesses e novos conhecimentos, para que conheçam e haja
enriquecimento em suas aprendizagens. As crianças desde que nascem, tem contato com o
mundo letrado e é preciso que elas percebam a importância e a funcionalidade da escrita em
suas vidas. Para tanto apresento diversos gêneros de texto para que desde cedo ela possa
fazer uso da leitura, da escrita e da oralidade, produzindo momentos prazerosos.
Procuro apresentar dinâmicas de aula, as quais o aluno contribua com seus interesses,
questionamentos, críticas, se reportando à realidade, propondo vivências em grupos,
considerando o pensamento do aluno e sua atuação.
Segundo Leite,
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“Cabe à escola ensinar o aluno a utilizar a linguagem oral
nas diversas situações comunicativas, especialmente nas mais
formais: planejamento e realização de entrevistas, debates,
seminários, diálogos com autoridades, dramatizações, etc. Trata-
se de propor situações didáticas nas quais essas atividades façam
sentido de fato, pois seria descabido“treinar” o uso de escuta, em
contextos mais formais, dificilmente ocorrerá se a escola não
tomar para si a tarefa de promovê-la”.( PCN, Língua
Portuguesa,2001,p.32)
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5. AS EXPECTATIVAS DENTRO DA UNIVERSIDADE
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trocas de experiência entre os profissionais da educação, procurando valorizar aquilo
que o aluno já sabe dando oportunidades para que expressem através da linguagem oral,
gestual, da escrita e das representações cartográficas. Procurando trazer para as aulas
diversificados tipos de textos, valorizando o diálogo e a interação com os colegas, pois
atualmente vivemos em uma realidade social que não basta saber ler e escrever, mas
saber responder às exigências de leitura e de escrita que a sociedade faz continuamente,
segundo Soares,
Também noto que as nossas crianças já vêm para a escola sabendo “ler”, pois
possuem contato com o mundo letrado. Ao dar livros de literatura infantil para que
leiam, fazem a leitura mediante as figuras e vão criando seus textos, muitas vezes, a
“leitura” até coincide com o que realmente está escrito. Isso acontece não somente com
as crianças, mas também com os adultos ditos “analfabetos”. Soares continua afirmando
que,
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aceitando tudo que é imposto pelas autoridades, que muitas vezes nem sabem o que
realmente se passa dentro do ambiente escolar, sendo assim passei a reconhecer e
valorizar mais meu papel dentro da sociedade, visando mais a participação e a
criticidade buscando também a solução de problemas que surgem dentro da escola. Para
tanto a universidade me proporcionou bases teóricas para que pudesse delinear meus
objetivos como cidadã, levando em consideração os projetos que puderam ser traçados
ao longo do curso.
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6. Conclusão
Escrever este texto não foi nada fácil, pois sabe-se que os professores pouco
escrevem por serem fruto de um processo mecânico de alfabetização, a sobrecarga de
trabalho, pelo fato do profissional da educação ser desvalorizado financeiramente e pelo
fato de estarmos inseridos em um sistema que não lhe interessa o papel de cidadãos
críticos e atuantes capazes de transformar a sociedade.
Também pelo pouco tempo que tive para escrever este memorial, pois como mãe
de um bebê de apenas seis meses e trabalhando em dois períodos, as poucas
oportunidades que tive procurei escrever. Nesse pouco tempo, minhas reflexões se
voltam para a importância que o professor têm dentro de sua sala de aula, partindo do
pressuposto de
possibilitar ao aluno a sua criticidade, oralidade e atuação dentro da sociedade. Essa
sociedade que visa à competitividade, a alienação e adestramento do indivíduo como
também a seletividade nesse mundo globalizado.
Portanto é necessário que o aluno esteja preparado para enfrentar os desafios
impostos pela sociedade, sabendo expressar de maneira que possa transformar-se e
transformar o mundo que o rodeia de maneira que possa refletir sobre seu papel não
como ser dominado, que aceita tudo que vem imposto, mas como ser pensante e ativo
que é.
O professor também precisa fiscalizar-se para que não caia diante das pressões
que lhe são impostas, mas procurar se impor, observando as intenções que vêm muitas
vezes “mascaradas” pelas ideologias da classe dominante,visando somente o bem estar
dos mesmos e seu crescimento enriquecedor, esquecendo-se que fazemos parte desta
sociedade e que também participamos de sua construção, transformação e de sua
história.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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