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Delação

de empreiteiro da OAS está parada há cinco


meses com Raquel Dodge
Léo Pinheiro, que incriminou Lula no tríplex, atribui crimes a autoridades com foro
especial

3.jul.2019 às 11h47

Reynaldo Turollo Jr.

BRASÍLIA Assinado em dezembro de 2018 com a PGR (Procuradoria-Geral da


República), o acordo de delação premiada do ex-presidente da construtora OAS
Léo Pinheiro (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/04/1877330-leo-pinheiro-diz-que-lula-pediu-para-ele-destruir-
provas-de-propina.shtml) ainda não foi enviado ao Supremo Tribunal Federal para ser

homologado (validado).

A homologação é necessária para que os relatos de supostos crimes possam


robustecer inquéritos e processos em andamento e possibilitem a abertura de
novas investigações.

O acordo está parado para análise no gabinete da procuradora-geral da


República, Raquel Dodge, há pelo menos cinco meses, contados a partir do fim
das oitivas do empreiteiro. Pinheiro prestou depoimentos à Polícia Federal em
janeiro e início de fevereiro deste ano.

Diante da aparente inércia da PGR, a defesa de Léo Pinheiro, que está preso no
Paraná desde 2016, peticionou ao ministro do STF Edson Fachin, relator da
Lava Jato na corte, alertando sobre o caso. A PGR está analisando o material
entregue após a assinatura do acordo, considerado muito extenso.

Pessoas que conhecem os trâmites sob a ótica do Ministério Público dizem,


contudo, que a fase mais demorada é a da negociação até a assinatura do
acordo, e não a de envio para a homologação.

A percepção de demora no procedimento tem levado críticos de Dodge a


aventar a possibilidade de que o “timing” tenha a ver com o processo de
sucessão na PGR, pois Léo Pinheiro citou integrantes do Poder Judiciário em
sua delação.

 
O mandato da procuradora-geral termina em setembro e, apesar de não ter
disputado a eleição interna em junho, Dodge é cotada para ser
(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/procuradores-criticam-tentativa-de-novo-mandato-de-dodge-sem-lista-

triplice.shtml)reconduzida (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/procuradores-criticam-tentativa-de-novo-

mandato-de-dodge-sem-lista-triplice.shtml). A indicação de um nome cabe ao presidente Jair

Bolsonaro (PSL), e sua efetivação depende de aprovação do Senado.

Procurada, a PGR informou que não comenta acordos de delação protegidos


por sigilo. A defesa de Léo Pinheiro também não quis se manifestar.

As tratativas para o acordo começaram com os procuradores de Curitiba em


2016, como mostrou reportagem da Folha (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/lava-jato-
desconfiou-de-empreiteiro-pivo-da-prisao-de-lula-indicam-mensagens.shtml) em parceria com o site The

Intercept Brasil no último domingo (30).

Léo Pinheiro foi o empreiteiro que incriminou o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/entenda-o-julgamento-sobre-prisao-de-lula-que-sera-adiado-pelo-
supremo.shtml) no processo do tríplex de Guarujá (SP), pelo qual o petista foi

condenado à prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Lula está


preso desde abril do ano passado.

O depoimento do ex-presidente da OAS foi decisivo porque permitiu ao então


juiz Sergio Moro conectar o apartamento ao esquema de corrupção na
Petrobras.

Mensagens trocadas por procuradores da Lava Jato


(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/lava-jato-desconfiou-de-empreiteiro-pivo-da-prisao-de-lula-indicam-

mensagens.shtml) pelo aplicativo Telegram indicam que, no início das conversas com

os advogados, eles viam com ressalvas a delação do empreiteiro.


“Sobre o Lula eles não queriam trazer nem o apt. Guaruja”, escreveu, em agosto
de 2016, o promotor Sérgio Bruno Cabral Fernandes a outros integrantes da
equipe que negociava com os advogados. “Diziam q não tinha crime.”

Léo Pinheiro só apresentou a versão que incriminou Lula por corrupção em


abril de 2017, mais de um ano depois do início das negociações, quando foi
interrogado por Moro no processo do tríplex e disse que a reforma do imóvel
era parte dos acertos que fizera com o PT para garantir contratos da OAS com a
Petrobras.

As tratativas para a delação tiveram vários percalços. Em meio a vazamentos do


teor dos relatos para a imprensa, as negociações do acordo ficaram paralisadas.
Só foram retomadas pelos procuradores de Curitiba e pela PGR em março de
2017, quando o processo do tríplex se aproximava do fim e Léo Pinheiro se
preparava para ser interrogado por Moro.

A delação de Léo Pinheiro foi negociada com a PGR e depende de homologação


do Supremo porque atribui crimes a autoridades com foro especial.

Conforme a Folha noticiou no final de janeiro, um dos citados com foro é o


atual corregedor nacional de Justiça (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/01/ex-presidente-da-oas-
aponta-propina-a-atual-corregedor-de-justica.shtml), o ministro do STJ (Superior Tribunal de

Justiça) Humberto Martins —que negou irregularidades.

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ENDEREÇO DA PÁGINA
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/07/delacao-de-empreiteiro-da-oas-
esta-parada-ha-cinco-meses-com-raquel-dodge.shtml

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