DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum
PROCESSO CIVIL de jurisdição, com base em fundamento a respeito do
qual não se tenha dado às partes oportunidade de se
Art. 1o O processo civil será ordenado, manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual
disciplinado e interpretado conforme os valores e deva decidir de ofício.
as normas fundamentais estabelecidos
na Constituição da República Federativa do Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do
Brasil, observando-se as disposições deste Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas
Código. as decisões, sob pena de nulidade.
Art. 2o O processo começa por iniciativa da Parágrafo único. Nos casos de segredo de
parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as justiça, pode ser autorizada a presença somente das
exceções previstas em lei. partes, de seus advogados, de defensores públicos ou
do Ministério Público.
Art. 3o Não se excluirá da apreciação
jurisdicional ameaça ou lesão a direito. Art. 12. Os juízes e os tribunais deverão obedecer
à ordem cronológica de conclusão para proferir
§ 1o É permitida a arbitragem, na forma da sentença ou acórdão.
lei.
Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão,
§ 2o O Estado promoverá, sempre que preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão
possível, a solução consensual dos conflitos. para proferir sentença ou acórdão. (Redação
dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)
§ 3o A conciliação, a mediação e outros
métodos de solução consensual de conflitos § 1o A lista de processos aptos a julgamento
deverão ser estimulados por juízes, advogados, deverá estar permanentemente à disposição para
defensores públicos e membros do Ministério consulta pública em cartório e na rede mundial de
Público, inclusive no curso do processo judicial. computadores.
III - o julgamento de recursos repetitivos ou Art. 15. Na ausência de normas que regulem
de incidente de resolução de demandas processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as
repetitivas; disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva
e subsidiariamente.
IV - as decisões proferidas com base
nos arts. 485 e 932; LIVRO II
DA JURISDIÇÃO E DA AÇÃO
VII - as preferências legais e as metas
estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça;
Art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e
VIII - os processos criminais, nos órgãos pelos tribunais em todo o território nacional, conforme
jurisdicionais que tenham competência penal; as disposições deste Código.
IX - a causa que exija urgência no Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter
julgamento, assim reconhecida por decisão interesse e legitimidade.
fundamentada.
Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em
o
§ 3 Após elaboração de lista própria, nome próprio, salvo quando autorizado pelo
respeitar-se-á a ordem cronológica das ordenamento jurídico.
conclusões entre as preferências legais.
Parágrafo único. Havendo substituição
o
§ 4 Após a inclusão do processo na lista de processual, o substituído poderá intervir como
que trata o § 1o, o requerimento formulado pela assistente litisconsorcial.
parte não altera a ordem cronológica para a
decisão, exceto quando implicar a reabertura da Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à
instrução ou a conversão do julgamento em declaração:
diligência.
I - da existência, da inexistência ou do modo de
o
§ 5 Decidido o requerimento previsto no § ser de uma relação jurídica;
4o, o processo retornará à mesma posição em
que anteriormente se encontrava na lista. II - da autenticidade ou da falsidade de
documento.
§ 6o Ocupará o primeiro lugar na lista
prevista no § 1o ou, conforme o caso, no § 3o, o Art. 20. É admissível a ação meramente
processo que: declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do
direito.
I - tiver sua sentença ou acórdão anulado,
salvo quando houver necessidade de realização TÍTULO II
de diligência ou de complementação da instrução;
DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL E DA
II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
inciso II.
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL
DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira
Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas processar e julgar as ações em que:
normas processuais brasileiras, ressalvadas as
disposições específicas previstas em tratados,
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade,
convenções ou acordos internacionais de que o
estiver domiciliado no Brasil;
Brasil seja parte.
I - de alimentos, quando:
Seção I
a) o credor tiver domicílio ou residência no
Brasil; Disposições Gerais
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais Art. 26. A cooperação jurídica internacional será
como posse ou propriedade de bens, recebimento regida por tratado de que o Brasil faz parte e observará:
de renda ou obtenção de benefícios econômicos;
I - o respeito às garantias do devido processo
II - decorrentes de relações de consumo, legal no Estado requerente;
quando o consumidor tiver domicílio ou residência
no Brasil; II - a igualdade de tratamento entre nacionais e
estrangeiros, residentes ou não no Brasil, em relação ao
III - em que as partes, expressa ou acesso à justiça e à tramitação dos processos,
tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. assegurando-se assistência judiciária aos necessitados;
Art. 23. Compete à autoridade judiciária III - a publicidade processual, exceto nas
brasileira, com exclusão de qualquer outra: hipóteses de sigilo previstas na legislação brasileira ou
na do Estado requerente;
I - conhecer de ações relativas a imóveis
situados no Brasil; IV - a existência de autoridade central para
recepção e transmissão dos pedidos de cooperação;
II - em matéria de sucessão hereditária,
proceder à confirmação de testamento particular V - a espontaneidade na transmissão de
e ao inventário e à partilha de bens situados no informações a autoridades estrangeiras.
Brasil, ainda que o autor da herança seja de
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora § 1o Na ausência de tratado, a cooperação jurídica
do território nacional; internacional poderá realizar-se com base em
reciprocidade, manifestada por via diplomática.
III - em divórcio, separação judicial ou
dissolução de união estável, proceder à partilha § 2o Não se exigirá a reciprocidade referida no §
de bens situados no Brasil, ainda que o titular o
1 para homologação de sentença estrangeira.
seja de nacionalidade estrangeira ou tenha
domicílio fora do território nacional. § 3o Na cooperação jurídica internacional não será
admitida a prática de atos que contrariem ou que
Art. 24. A ação proposta perante tribunal produzam resultados incompatíveis com as normas
estrangeiro não induz litispendência e não obsta a fundamentais que regem o Estado brasileiro.
que a autoridade judiciária brasileira conheça da
mesma causa e das que lhe são conexas, § 4o O Ministério da Justiça exercerá as funções
ressalvadas as disposições em contrário de de autoridade central na ausência de designação
tratados internacionais e acordos bilaterais em específica.
vigor no Brasil.
Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá
Parágrafo único. A pendência de causa por objeto:
perante a jurisdição brasileira não impede a
homologação de sentença judicial estrangeira
I - citação, intimação e notificação judicial e
quando exigida para produzir efeitos no Brasil.
extrajudicial;
Art. 45. Tramitando o processo perante § 2o A ação possessória imobiliária será proposta
outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo no foro de situação da coisa, cujo juízo tem
federal competente se nele intervier a União, suas competência absoluta.
empresas públicas, entidades autárquicas e
fundações, ou conselho de fiscalização de Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança,
atividade profissional, na qualidade de parte ou no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a
de terceiro interveniente, exceto as ações: arrecadação, o cumprimento de disposições de última
vontade, a impugnação ou anulação de partilha
I - de recuperação judicial, falência, extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for
insolvência civil e acidente de trabalho; réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
§ 2o Na hipótese do § 1o, o juiz, ao não III - não havendo bens imóveis, o foro do local de
admitir a cumulação de pedidos em razão da qualquer dos bens do espólio.
incompetência para apreciar qualquer deles, não
examinará o mérito daquele em que exista Art. 49. A ação em que o ausente for réu será
interesse da União, de suas entidades proposta no foro de seu último domicílio, também
autárquicas ou de suas empresas públicas. competente para a arrecadação, o inventário, a partilha
e o cumprimento de disposições testamentárias.
§ 3o O juízo federal restituirá os autos ao
juízo estadual sem suscitar conflito se o ente Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será
federal cuja presença ensejou a remessa for proposta no foro de domicílio de seu representante ou
excluído do processo. assistente.
Art. 46. A ação fundada em direito pessoal Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu
ou em direito real sobre bens móveis será para as causas em que seja autora a União.
proposta, em regra, no foro de domicílio do réu.
Parágrafo único. Se a União for a demandada, a
§ 1o Tendo mais de um domicílio, o réu será ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor,
demandado no foro de qualquer deles. no de ocorrência do ato ou fato que originou a
demanda, no de situação da coisa ou no Distrito
Federal.
Art. 52. É competente o foro de domicílio Seção II
do réu para as causas em que seja autor Estado
ou o Distrito Federal. Da Modificação da Competência
III - do lugar:
Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou
mais ações quando houver identidade quanto às partes
a) onde está a sede, para a ação em que e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais
for ré pessoa jurídica; amplo, abrange o das demais.
b) onde se acha agência ou sucursal, Art. 57. Quando houver continência e a ação
quanto às obrigações que a pessoa jurídica continente tiver sido proposta anteriormente, no
contraiu; processo relativo à ação contida será proferida sentença
sem resolução de mérito, caso contrário, as ações serão
c) onde exerce suas atividades, para a ação necessariamente reunidas.
em que for ré sociedade ou associação sem
personalidade jurídica; Art. 58. A reunião das ações propostas em
separado far-se-á no juízo prevento, onde serão
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, decididas simultaneamente.
para a ação em que se lhe exigir o cumprimento;
Art. 59. O registro ou a distribuição da petição
e) de residência do idoso, para a causa que inicial torna prevento o juízo.
verse sobre direito previsto no respectivo
estatuto; Art. 60. Se o imóvel se achar situado em mais de
um Estado, comarca, seção ou subseção judiciária, a
f) da sede da serventia notarial ou de competência territorial do juízo prevento estender-se-á
registro, para a ação de reparação de dano por sobre a totalidade do imóvel.
ato praticado em razão do ofício;
Art. 61. A ação acessória será proposta no juízo
IV - do lugar do ato ou fato para a ação: competente para a ação principal.
CAPÍTULO I
Parágrafo único. A falta de consentimento,
quando necessário e não suprido pelo juiz, invalida o
DA CAPACIDADE PROCESSUAL processo.
Art. 70. Toda pessoa que se encontre no Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e
exercício de seus direitos tem capacidade para passivamente:
estar em juízo.
I - a União, pela Advocacia-Geral da União,
Art. 71. O incapaz será representado ou diretamente ou mediante órgão vinculado;
assistido por seus pais, por tutor ou por curador,
na forma da lei. II - o Estado e o Distrito Federal, por seus
procuradores;
Art. 72. O juiz nomeará curador especial
ao: III - o Município, por seu prefeito ou procurador;
DOS DEVERES DAS PARTES E DE SEUS § 6o Aos advogados públicos ou privados e aos
PROCURADORES membros da Defensoria Pública e do Ministério Público
não se aplica o disposto nos §§ 2o a 5o, devendo
Seção I eventual responsabilidade disciplinar ser apurada pelo
respectivo órgão de classe ou corregedoria, ao qual o
juiz oficiará.
Dos Deveres
IV - mínimo de três e máximo de cinco por § 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os
cento sobre o valor da condenação ou do proveito honorários fixados anteriormente levando em conta o
econômico obtido acima de 20.000 (vinte mil) trabalho adicional realizado em grau recursal,
salários-mínimos até 100.000 (cem mil) salários- observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2 o a 6o,
mínimos; sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação
de honorários devidos ao advogado do vencedor,
V - mínimo de um e máximo de três por ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§
cento sobre o valor da condenação ou do proveito 2o e 3o para a fase de conhecimento.
econômico obtido acima de 100.000 (cem mil)
salários-mínimos. § 12. Os honorários referidos no § 11 são
cumuláveis com multas e outras sanções processuais,
§ 4o Em qualquer das hipóteses do § 3o: inclusive as previstas no art. 77.