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EDUCACAO DE JOVENS EF ADULTOS E A DIVERSIDADE LINC AS RELACOES ENTRE A FALA E A ESCRITA Malu Alves de Souza! UNIFEG (Centro Universitrio da Fundagto Educacional Guaxupé) RESUMO Este artigo aborda a Educago de Jovens e Adullos configurada na expectativa de um espago diversificado de conhecimento, cultura e pratica de refle- xao. Busca repensar a fungao social da Educacao de Jovens ¢ Adultos e suas especifi- cidades. Analisa as questGes que envolvem a fala e a aquisiggo da linguagem escrita na prética pedagégica, durante 0 processo de alfabetizagao, Palavras-chaves Educagiio de Jovens ¢ Adultos — Conhecimento Prévio — Fungao Social da F: Variagao Lingiifstica — Aquisigao da Linguagem Escrita ABSTRACT This article deals with the Education of Youngsters and Adults configured in the expectation of a diversified space of knowledge, culture and practice of reflec- tion, It searches for rethinking the social function that involves the speaking and the acquisition of the written language in the pedagogical practice, during the process of illiteracy. Key-words Education of Youngsters and Adults — Previous Knowledge tion — Linguistic Variation — Written Language Acquisition 'Psicétoga pela Pontificia Universidade Catética de Campinas (Puccamp) e Mestre em Psicologia da Educagio pela Pontificia Universidade Catéliea dle So Paulo (Puc-SP), Professora do Unifeg. Coorde- naddora Pedagdgica do Projeto Nacional da Mfabeticacao Soliddria. Em 1990, no Ano Intemacional da Alfabetizagio, a Unesco realizou a Conferéncia Mundial de Educagéo para Todos e 0 Brasil, juntamente com mais de 150 pafses, comprometeu-se com o rompimento do paradigma do mfnimo de educa- gio para o maximo da populagio, encarando o desafio da educagio para todos, por toda a vida. A partir daf, o trabalho pela erradicaco do analfabetismo absoluto vem apresentando resultados significatives no pats, porém © enfoque para o combate a0 analfabetismo funcional continua diretamente relacionado ao acesso e & permanéncia de jovens e adultos na escola. Para reverter este quadro & preciso refletir sobre a dimensio socioeco- némica ¢ 0 cardter humano que a situacao apresenta. O problema social ¢ econémico mantém 0 ciclo da pobreza analfabeta, principal ingrediente da exploragao do traba- tho infantil ¢ escravo, enquanto o cardter humano faz com que geragdes de jovens & adultos sejam privadas do direito fundamental de expresstio, comunicagao e transfor- macao de sua histéria pessoal e comunitaria, Esse desafio somente teri resultados positives quando houver investi- mento na quali de professores e na adequacio do curriculo & diversidade sociocultural dos alunos, deixando para trés 0 contexto da educagdo compensalsria ¢ assistencialista. Nao € possfvel mais se pensar em transformagiio social por etapas. O investimento na educagao de criancas, por exemplo, s6 tem sentido se houver igual investimento na educago de jovens e adultos, uma vez que o desenvolvimento hu- mano passa necessariamente pela educago, para que seja garantido 0 acesso da crianga a escola, do joven ao emprego ¢ do adulto a renda. A Educagdo de Jovens e Adultos esté no centro do debate sobre a exclu- sao social ¢ a desmoralizagao do ensino, pois mais que uma questao de escassez educacional, insuficiéneia ou inexisténcia de escolaridade, o analfabetismo é um fendmeno de exclusao social e de marginalizago econdmica, de compulsGrio afasta- mento politico ¢ de privagao dos beneficios sociais, dos dircitos civis e da falta de acesso as varias formas de expressao da cultura E preciso banir a idéia de EJA como um trabalho emergencial, como se 08 resultados do processo educativo pudessem ser imediatistas. Dessa forma, criam-se 0s projetos provisdrios, transparecendo o conceito de que qualquer pessoa é capaz. de desempenhar a funcdo de educador de adultos, como se nao necessitasse de formacao, especificidade e atualizagio. E preciso climinar esse cardter nio-pro onal que desqualifica este educador, pois a educac4o concebida como processo requer prepara- Gio, execucdo e avaliagzo. AJA nao pode mais se limitar a reproduzir o que se faz no ensino re~ gular, realizando meras transposigdes de modelos por ele ulilizados, sem a devida alengao as especificidades da populagdo jovem e adulta, Repetir para os adultos uma versio comprimida dos contetidos da escola destinada a criangas e adolescentes 6 um engano, Deve ser seguido um caminho que leve em conta as experiéncias do homem adulto, que valorize e reconhega seus conhecimentos implicitos

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