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J. J.

BENÍTEZ
O Homem que Sussurrava
aos "Ummitas"

Tradução : Sandra Martha Dolinsky

Editora Planeta
2007

A FERNANDO CALDERÓN E A RAFAEL FARRIOLS. AGORA, ELES SABEM QUE A INTUIÇÃO CAMINHA SEMPRE À
FRENTE DA RAZÃO. E A ANGELINES COLOMA, MINHA QUERIDA "SHERLOCK HOLMES".

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 Uma estranha coincidência


CAPÍTULO 2 "Gente pequena que voava"
CAPÍTULO 3 Nave "ummita" em 1954
CAPÍTULO 4 Em busca da Índia quéchua
CAPÍTULO 5 Outros casos "ummitas"
CAPÍTULO 6 A história do lobo
CAPÍTULO 7 Dona Rogelia, Amores e o cabo Justo
CAPÍTULO 8 "Pardal"
CAPÍTULO 9 Alguns comentários inevitáveis
Tradução das cartas.
1
UMA ESTRANHA COINCIDÊNCIA

Harry Mallard era um homem calmo, sempre sorridente e bem-disposto. Naquela quinta-feira, 26 de janeiro de 1995,
conversei com ele pela última vez. Harry faleceu meses depois. E, naquela derradeira e prazerosa conversa — como não
poderia deixar de ser —, dei um jeito para trazer à baila o velho tema, quase nosso tema. O inglês sorriu e, com certo cansaço
no olhar, anunciou que abandonaria suas investigações. Julguei compreender. Meu cordial amigo dedicara 43 anos ao assunto.
Quarenta e três anos para nada...
Fui apresentado a Harry em 1974. Desde então, ao longo de 21 anos, tive a sorte de ouvir sua história em diversas
oportunidades. Sempre era eu que o procurava e perguntava por aquele singular acontecimento na África do Sul. E Harry,
paciente e carinhoso, repetia o relato, e fazia-o impecavelmente, sem se desviar nem cair em contradição. E, assim, durante
mais de vinte anos... Em outras palavras: não tenho a menor dúvida acerca da história que me disponho a expor e que saiu à
luz em 1979.1 Não é meu costume repetir um mesmo caso em dois livros diferentes. Se o faço, é por uma série de razões que
irei expondo aos poucos e que, tenho certeza, o leitor saberá compreender.
E Harry Mallard, como estava dizendo, contou-me novamente a velha história. A data exata é o único dado que
permaneceu obscuro em sua memória. Pode ter acontecido no verão de 1951 ou talvez no outono-inverno de 1952. Nas últimas
entrevistas, Harry inclinava-se pela segunda.
"Foi em julho desse ano [1952]", insistiu, "que comecei a trabalhar para a companhia Contactor, dedicada à fabricação de
instrumentos e a serviço da British Reostatic.
"Naquela época, morávamos em um lugar chamado Paarl, a coisa de 40 km da Cidade do Cabo. A fazenda em questão,
chamada Lilly Fontein, erguia-se a pouco mais de 5 km de Paarl e muito perto da estrada que leva à montanha de Drakenstein.

1 Ver Tempestad en Bonanza (anteriormente TVE: Ovni).


"Naquele lugar afastado, e naquele tempo, minha esposa tinha problemas para fazer as compras. Não circulavam ônibus
por ali, e o único meio de transporte era meu carro. Infelizmente, eu o utilizava para ir e voltar do trabalho. Então, decidimos
comprar um pequeno carro francês, de segunda mão, ideal para os deslocamentos curtos.
"Eu tinha, então, uns 32 anos e, para falar a verdade, não tínhamos dinheiro sobrando.
"A questão é que permaneci vários dias consertando o tal veículo. No último dia, trabalhei nele até quase as 23h. Mas,
quando quis dar a partida, a bateria não respondeu. Provavelmente estava descarregada. Lavei as mãos e decidi deixar para a
manhã seguinte. Eu estava muito cansado. E assim fiz. Fui deitar e tentei conciliar o sono. Foi impossível. Quinze ou vinte
minutos depois, tornei a me levantar. Não conseguia entender. E decidi tentar a sorte com o carro de minha mulher. Eu o
empurraria até a estrada. Se conseguisse fazê-lo funcionar, eu o levaria até uma meseta existente na montanha. Era uma viagem
de uma hora, mais ou menos; tempo de sobra para carregar a bateria.
"Foi o que fiz. Pulei da cama. Vesti umas calças curtas e fui para fora. A noite estava maravilhosa, com uma lua linda.
Empurrei o carro e, efetivamente, o motor pegou.
"Minha intenção, como já comentei em outras ocasiões, era dirigir até um local situado a pouco mais de 800 m de altitude,
nas proximidades de Groote Drakenstein [hoje, Du Toit's Kloof]. Precisei de mais ou menos meia hora para chegar à meseta
da montanha. A lua iluminava o local, e o pico do Drakenstein projetava uma longa sombra, que ocultava parte da meseta.
"Deviam ser umas 15, aproximadamente, quando fui dar a volta. A bateria havia respondido. Era o momento de voltar para
casa. Foi quando vi o homem. Saiu da área escura da esplanada e me fez sinais para parar o carro. Assim fiz, e perguntei-lhe o
que estava acontecendo. Ele se aproximou da janela do carro e exclamou:
'"Você tem água?' Respondi que não. Então, aparentemente contrariado, replicou: 'Precisamos de água urgentemente'.
"Eu não sabia muito bem o que estava acontecendo, mas, ao notar sua contrariedade, comentei que, do outro lado da trilha,
havia um arroio. 'Se quiser', disse-lhe, 'posso levá-lo.' 'Fica muito longe?', perguntou. 'Mais ou menos a 500
m. É água de montanha, muito boa...'
"O homem aceitou e sentou-se a meu lado. Quase não falamos. Então, levei o veículo para o ponto onde passava o riacho,
muito perto da estrada. Quando parei o carro, percebi um detalhe: nem ele nem eu tínhamos um recipiente para a água.
Quando lhe perguntei, respondeu que não tinha. Tudo aquilo, de fato, era muito estranho. Seu inglês, inclusive, era
estranho. Na África do Sul vive gente de muitas nacionalidades, cada uma com seu sotaque. Pois bem, esse homem falava um
inglês quase artificial.
"Disse-lhe que não se preocupasse: eu tinha uma lata de dois galões e meio.
Serviria.
"Descemos para o arroio pelo lado da ponte e começamos a limpar a lata. Estava suja, com restos de óleo. Revezamos,
utilizando pedras e areia. Concluída a operação de limpeza, enchemos a lata e voltamos para o carro.
"O homem, então, disse que o deixasse onde o havia encontrado. Assim fiz. E, ao chegar à meseta, apontou para um lugar
na sombra: 'Ali, por favor'. Era a área mais escura. Insistiu com a mão, indicando um ponto. Foi quando o vi pela primeira
vez.
"Era um aparelho — o que hoje chamam de óvni — pousado no chão. Eu estava a uns 100 m da estrada. Lembro que
hesitei, e o homem me estimulou a continuar. Chegamos a uns 15 ou 20 m do objeto. Era grande. Calculo que de uns 10 ou 15
m de diâmetro e mais quatro de altura. Via-se luz na parte inferior.
O homem saiu do carro e eu, um tanto temeroso, fiz o mesmo.
"Não podia compreender. Eu não acreditava nessas coisas. O homem, então, andou para o óvni e, com um gesto amistoso,
estimulou-me a segui-lo. Eu estava muito impressionado. Ele insistiu, e eu o segui. Subimos por uma escadinha e fomos parar
em uma espécie de sala circular. Havia luz ali, muita luz, mas não sei onde estavam as lâmpadas. A luz parecia sair das
paredes.
"Era um lugar com um banco corrido sob grandes janelas. Em cima do banco havia um homem deitado. Em frente a ele,
observando-o, descobri mais três indivíduos. Lembro que, pouco antes, havia perguntado ao homem para que precisava de
água. Ele falou de um pequeno acidente. Um dos seus — disse — estava ferido. Por isso precisava da água.
"O homem pediu-me que esperasse. Então, aproximou-se do grupo, deixou a lata e voltou em questão de segundos.
Permaneceu todo o tempo entre mim e seus companheiros. Era evidente que não queria que eu me aproximasse do ferido.
"Quando voltou, perguntei-lhe se precisava de um médico. Eu poderia ir à cidade buscá-lo. Negou. Disse que não tinha
importância. 'Ao penetrar na atmosfera', afirmou, uma das janelas se quebrou.' Por mais que tenha olhado, não vi nada
quebrado. Tudo estava bem. As janelas eram quadradas, de cerca de 90 cm x 60
cm, com os cantos arredondados. O impressionante é que, apesar das janelas, a luz do objeto não era vista de fora.
"O chão era metálico e muito duro, com pequenos nódulos que formavam um padrão. Era preciso ter cuidado, porque
escorregava.
"O homem, então, perguntou se eu tinha interesse em conhecer alguma outra coisa. Disse-lhe que sim. Como engenheiro, eu
sentia curiosidade em saber como funcionava aquela nave, porque aquilo era uma nave. Ele me levou ao centro da sala e
mostrou-me umas alavancas, parecidas com aquelas utilizadas nas antigas cabines ou caixas de sinais das estradas de ferro.
Lembraram-me, também, dos velhos freios de mão dos carros. Nasciam do chão. Formavam duas fileiras, com um total de oito
alavancas de um metro de altura. Por trás, havia uma espécie de mesa.
"Com isso, segundo ele, controlavam o objeto. Perguntei pelos motores, mas, sorrindo, ele disse que não havia. A nave
funcionava com outro sistema.
Mostrou-me as janelas e os assentos. Pareciam assentos duplos, de um material similar ao couro, mas eu não poderia
afirmar. Quando perguntei de onde vinham, o indivíduo apontou para as estrelas que se viam pelas janelas e exclamou: 'Dali'.
Não pude lhe arrancar nem uma única palavra mais sobre isso, e ele mudou de assunto.
"Eu queria saber mais sobre o funcionamento do aparelho e os sistemas de navegação, e ele foi respondendo a minhas
perguntas. Disse que utilizavam um procedimento que vencia a gravidade. Para isso, usavam um fluido (?) muito pesado que
circulava por dentro de um tubo e criava um efeito eletromagnético.
Pensei no mercúrio. Essa espécie de 'ímã líquido' vencia a gravidade e lhes permitia aterrissar e decolar, mas nunca
verticalmente. Controlavam tudo com as alavancas que havia me mostrado. E estranhou que nós, humanos, não conhecêssemos
esse sistema. Insisti nesse detalhe. Aquilo me pareceu muito interessante. Julguei entender que esse fluido, circulando por
dentro do tubo, provocava o mesmo efeito que a eletricidade em um cabo. E aquele homem afirmou que a força da gravidade
era anulada ou controlada (?) quando o fluido atingia a velocidade da luz.
"Falamos de giroscópios. 'Mais além de certo número de revoluções', declarou, 'existe o controle da gravidade.' Depois,
tornou a deixar-me perplexo quando afirmou que aquele aparelho não era controlado por sistemas de navegação.
Faziam-no — disse — a olho, igual a um carro ou um navio no mar.
"Eu continuava observando o indivíduo ferido (?) e perguntei pela segunda vez se precisavam dos serviços de um médico.
O homem foi categórico, uma vez mais: 'Nada de médicos'.
"Minutos depois, muito gentilmente, conduziu-me até a saída, dando-me a entender que a reunião havia terminado.
Despedi-me e desci pela escadinha.
Entrei no carro e afastei-me, indo para casa. Estava desconcertado.
"Nessa mesma noite, comentei com minha mulher, mas sua resposta obrigou-me ao silêncio: 'Você andou sonhando, vá
dormir'. Havia sido um sonho? Minha agitação era tanta que não consegui dormir. Na manhã seguinte, indo para o trabalho,
notei que me faltava a lata.
"Cometi o erro de falar sobre isso no escritório. Ninguém acreditou. No fim, o gerente chamou-me e obrigou-me a guardar
silêncio, afirmando que 'foi só um sonho'. Um sonho? Como era possível que o recordasse com tanta nitidez?
"Voltei ao local onde o óvni havia pousado e descobri quatro marcas. Não tive dúvida: a experiência havia sido real.
Aquelas marcas na terra foram provocadas pelos pés ou trem de aterrissagem que eu havia visto. Eram uns suportes metálicos,
parecendo alumínio, de um cinza prateado. Na base da nave viam-se umas ranhuras escuras, em forma de 'H', com as laterais
curvadas. Ali entravam os pés quando eram recolhidos.
"Anos depois, já na Espanha, tive uma grande surpresa ao ver, na capa de um livro, um óvni com um 'H' no ventre,
exatamente igual ao que eu havia visto na África do Sul. Como era possível? Aquilo me convenceu definitivamente. O que
havia acontecido em 1952 era real...
"Quanto aos homens que vi no interior da nave, pouco mais posso acrescentar.
Todos tinham a mesma altura: por volta de 1,50 ou 1,60m; isto é, um pouco mais baixos que o habitual. Os traços eram
normais. Não houve nada que me chamasse a atenção, com exceção do cabelo, que era idêntico nos cinco. Tinha uma cor de
rato. O único que falou comigo parecia o mais velho. Era um pouco mais corpulento que os outros. Usavam jalecos bege, tipo
de laboratório. Nunca poderei esquecer aqueles 45 minutos."
Quis dar início a este novo livro com a experiência vivida por Harry Mallard porque entendo que foi ele, justamente,
quem me alertou sobre algo que passou quase despercebido para boa parte dos investigadores do fenômeno dos "não
identificados", entre os quais me incluo, naturalmente. Por volta de 1974, o engenheiro inglês, ao contar o singular encontro na
África do Sul, insistiu na estranha coincidência do "H" no ventre da nave. Ele o viu em 1952 e, posteriormente, em 1967,
várias testemunhas afirmaram ter visto algo idêntico nas proximidades de Madri. Harry, então, advertiu-me acerca da singular
coincidência. Tratava-se da mesma nave?2 E aquele aviso ficou em minha memória.

Harry Mallard, engenheiro inglês, protagonista do encontro na África do Sul em 1952. (Cortesia de Mercedes Ayala.)
Montanha de Klein Drakenstein. A flecha indica a trajetória da estrada pela qual o engenheiro subiu com seu carro. (Foto:
Cynthia Hind.)

Esplanada onde o óvni estava pousado. (Foto: Cynthia Hind.)


"Ao pé da montanha, na área de sombra, estava pousado um objeto. O homem convidou-me a segui-lo." (Desenho: F.
Ghot.)

Interior da nave, desenhado pelo engenheiro.

"A nave era sustentada por um trem de aterrissagem acoplado ao interior da base." (Desenho: Harry Mallard.)
"Ao fundo, sobre o banco corrido, distingui um homem deitado. Outros três pareciam atendê-lo. Aquele que me
acompanhava não me permitiu avançar."
(Desenho: F. Ghot.)

Durante anos, porém, foi apenas uma lembrança. Algo vivo e latente, sim, mas escondido, como à espera de não se sabe o
quê. Hoje, julgo entender o significado dessa longa espera...

Mas vamos passo a passo. Meu amigo, o engenheiro em instrumentação, seguiu sua vida. Jamais, que eu saiba, tornou a
viver nada parecido. A experiência, não obstante, marcou-o de uma forma tão profunda que, quase desde aquele inesquecível
1952, dedicou boa parte de seu tempo livre a tentar reconstruir o sistema de propulsão sobre o qual o "homem da montanha"
havia lhe falado.
Suas pesquisas, consultas, tentativas e erros que o levavam de volta ao começo, ocuparam-lhe 43 anos. Eu o vi trabalhar
com todo tipo de hipóteses, e chegou a trocar idéias com eminentes cientistas e especialistas em magnetismo. Em 1990, uma
notícia procedente do Japão encheu-o de esperança. Em janeiro desse ano, os doutores Hayaska e Takeuchi anunciaram que
estavam fazendo experiências com giroscópios antigravidade. Segundo os cientistas nipônicos, quando o giroscópio girava,
tornava-se mais leve conforme aumentava a velocidade de giro. A força da gravidade, em suma, era anulada, tal como havia
anunciado o "estrangeiro" na África do Sul. Logo depois, porém, os cientistas ocidentais rejeitaram o achado, argumentando
que, se fosse verdadeiro, invalidaria a primeira lei de Newton. Em 1995, quando o visitei pela última vez, Harry confessou-
me que estava cansado. Queria esquecer aquele assunto. E assim foi.
Meu amigo Harry Mallard morreu em 27 de outubro de 1996. Hoje, tendo falecido, sinto-me liberado da promessa que lhe
fiz: não revelar sua identidade enquanto ele estivesse vivo. E, com seu falecimento, começaram a acontecer coisas estranhas...
Mas, antes de passar ao relato de alguns desses fatos, será bom fazer um breve parêntese, refrescando a memória do leitor ou,
simplesmente, oferecendo-lhe algumas linhas sobre um assunto que talvez ignore e que constitui uma das chaves deste
trabalho. As novas gerações, de fato, não têm por que estar a par do chamado caso "Ummo", algo que aconteceu na década de
1960. Pois bem, em benefício dos mais novos, permita-me lembrar agora alguns dos traços mais importantes (sempre de meu
ponto de vista, claro ) daquela desconcertante história.
Corria o ano de 1966. De repente, primeiro em Madri, apareceram uns escritos datilografados, recebidos pelo correio por
um reduzido grupo de pessoas. Quem assinava os tais documentos diziam ser extraterrestres e vir de um planeta chamado
"Ummo". Eram escritos aparentemente científicos, que, entre outras questões, descreviam a vida nesse mundo, bem como o
pensamento da referida e suposta raça. No total, quase 180 documentos, com pouco mais de 1500 páginas.
Um material que ultrapassou as fronteiras espanholas e, como era de se esperar, viu-se submetido a intensas polêmicas.
Um dos receptores dessas cartas foi Fernando Sesma, falecido em 1982. Em um dos escritos, recebido em maio de 1967, os
"ummitas" anunciavam-lhe a chegada de várias naves suas à Terra.
Sesma publicou isso no dia 20 de maio no jornal Información, de Alicante.
Poucos dias depois, mais três cidadãos espanhóis recebiam cartas com um conteúdo similar: a aproximação de três
objetos em determinadas regiões da Bolívia, Espanha e Brasil, respectivamente.
A leitura do "anúncio" foi feita em Madri, às 22h do dia 30 de maio de 1967, diante de trinta testemunhas. Entre outras
notícias, os "ummitas" especificavam os pontos aproximados onde se dariam as aparições das naves. O texto era o seguinte:

BOLÍVIA
ÁREA DE ORURO. A descida será verificada em um ponto localizado dentro da área circular que, tendo como centro a
cidade de Oruro, apresentará um raio de cerca de 208km, com uma margem de erro, nesta última medida, de mais ou
menos 4km.

ESPANHA
ÁREA DE MADRI. A descida está prevista dentro de uma área circular que tem como centro as seguintes coordenadas:
Longitude: 3° 45' 20,6" W.
Latitude: 40° 28' 2,2" N.
E um raio de 46 km, com margem de erro de 1,6 km.

BRASIL
ÁREA DO RIO GRANDE DO SUL. Cercanias de Santo Ângelo. A elevada margem de erro nos impede maior
especificação.
Estas previsões acontecerão em 27 de maio...

Depois de lido o comunicado, as trinta testemunhas puseram suas assinaturas correspondentes no verso de uma das
páginas, dando fé da informação que acabavam de receber.
Dois dias depois, ao entardecer de 1o de junho, um objeto voador não identificado foi visto nas proximidades de Madri.
Os informantes afirmam que tinha uma espécie de "H" no ventre. Em 2 de junho, o jornal Informaciones publicava as
fotografias de um óvni sobre San José de Valderas (Madri).
Tratava-se da mesma imagem que Harry Mallard identificaria anos depois, ao cruzar casualmente (?) com o mencionado
livro de Ribera e Farriols.
O trânsito dos "relatórios 'ummitas'" prolongar-se-ia por 27 anos. Em 1993, um dos que assinaram a célebre carta de 30 de
maio de 1967 proclamava-se autor de todos os escritos, bem como das fotos do não menos famoso óvni de San José de
Valderas. José Luis Jordán Pena afirmava publicamente que tudo se devia a um experimento. Tudo, dizia, era falso: as cartas,
os conteúdos, o carimbo "ummita"
que acompanhava cada correspondência e, evidentemente, os testemunhos e as imagens de Valderas. A partir desse
momento, como era de se esperar, a polêmica reacendeu-se. Os detratores do fenômeno óvni — como não poderia deixar de
ser — aproveitaram a circunstância, vomitando todo tipo de impropérios contra os incautos que, segundo eles, se deixaram
enganar.
"Ummo", escreveram, era apenas humo ("fumaça", em espanhol). Pessoalmente, e como a outros pesquisadores que
investiram muito tempo e dinheiro no estudo do "Ummo", as declarações de Jordán Pena encheram-me de ceticismo.
Sabíamos que parte dos relatórios podia ser uma fraude, e sabíamos também que o complexo assunto "ummita" nunca
havia sido investigado profundamente e com o rigor necessário, pelo menos por aqueles que o ridicularizavam. Foi então, a
partir de 1993, que retomei as pesquisas que havia desenvolvido durante vinte anos, que praticamente jamais publiquei. Vinte
anos de viagens, interrogatórios e
provas que demonstravam algo que não coincidia com as declarações do senhor Pena: o caso "Ummo" não era tão simples
quanto se dizia. Havia falsidades, sim, mas também aspectos muito estranhos...
E, durante um tempo, a sugestão de Harry Mallard reapareceu com força em minha memória: aquele "H" na base do óvni
visto na África do Sul e o mesmo símbolo na nave vista em Madri não podia ser uma simples coincidência. Faz muito tempo
que não acredito em coincidências...
2
"GENTE PEQUENA QUE VOAVA"

É curioso. Foi depois da morte de meu amigo Harry Mallard que começaram a acontecer fatos muito pouco comuns e
diretamente relacionados com o fenômeno "Ummo". Tentarei ordená-los e sintetizá-los.
Como já citei, Harry, o engenheiro, morreu em 27 de outubro de 1996. Pois bem, a partir desse dia, "algo" desconhecido
(?) colocou-me em uma direção muito específica. Em 30 de outubro, aterrissei no Chile para dar início a uma investigação que
me deixaria perplexo. Eu não conseguia entender. Em meus arquivos, dezenas de casos esperavam. Por que havia me decidido
pela enigmática carta procedente de Oruro, na Bolívia? E por que nesse momento? O
mais inquietante é que, nessa data, três dias depois do falecimento de Mallard, eu não sabia nada sobre sua morte. Foi
depois, em dezembro de 1996, quando voltei à Espanha, que Mercedes Ayala, esposa de Harry, colocou-me a par. E precisei
de tempo para compreender...
A carta de Oruro era um assunto sempre pendente. Soube dela em 1972, em uma das várias entrevistas com o grupo que
recebera as supostas mensagens "ummitas". Como já mencionei, em 30 de maio de 1967, três desses cidadãos receberam
cartas datilografadas anunciando a iminente chegada à Terra de naves procedentes do não menos suposto planeta "Ummo". Um
dos locais onde um dos objetos devia aparecer era a Bolívia. A mensagem esclarecia que a área em questão tinha como centro
a cidade de Oruro. Pois bem, três dias depois da informação publicada no Informaciones de Madri (óvnis sobre Valderas),
um dos destinatários do citado "anúncio", Enrique Villagrasa, com um reflexo invejável, entrou em contato com o jornal mais
importante da cidade de Oruro, ao sul da Bolívia. Seu objetivo era simples: tentar verificar o que havia sido anunciado pelos
"ummitas". Houve algum caso óvni registrado nessa região entre 31 de maio e 2 de junho? O engenheiro Villagrasa, usando a
lógica, pensou que, se uma dessas naves havia aparecido em Madri, como diziam as cartas, talvez houvesse acontecido o
mesmo nos outros dois pontos indicados pelos "ummitas".
E, em 5 e 9 de junho desse ano de 1967, Enrique enviava comunicados para a Bolívia e para o Brasil, respectivamente.
Quinze dias depois, para surpresa de Villagrasa Novoa e de todos os que tinham conhecimento do caso "Ummo", o diretor do
jornal La Patria, de Oruro, respondia ao engenheiro espanhol afirmando, entre outras questões: "De minha parte, estou em
condições de lhe fornecer uma versão que foi verificada por um de meus redatores, que esteve em Uyuni, mais ou menos a 300
km ao sul de Oruro, para cobrir a informação sobre um roubo de explosivos; nos dias que o senhor indicou, ele trouxe uma
narração verdadeiramente fantástica, que evitei publicar enquanto não contasse com provas realmente convincentes:
identificação adequada das pessoas, autoridades que participaram do fato, provas, fotos etc. etc. Em tais circunstâncias, sua
carta chegou a minhas mãos."
Essas palavras, obviamente, desconcertaram Villagrasa e todos os que leram a carta do senhor Enrique Miralles, diretor
do jornal de Oruro. O que quis dizer com "uma narração verdadeiramente fantástica"? O intrigante e desconhecido
acontecimento parecia ter se dado nos primeiros dias de junho desse ano de 1967. Isto é, mais ou menos na data anunciada
pelos "ummitas". Por mais que tenha examinado a carta, não pude encontrar uma única pista que lançasse um pouco de luz no
caso. Enrique Villagrasa, evidentemente, atendeu escrupulosamente aos pedidos do diretor do La Patria, enviando tudo o que
solicitava para Oruro. Infelizmente, o senhor Miralles não respondeu. E, durante quase trinta anos, ninguém se preocupou em
ressuscitar o misterioso caso de Oruro. Ninguém se propôs a ir à Bolívia para esclarecer o acontecido naquele distante junho
de 1967.
Minhas primeiras diligências, naquela quarta-feira, 30 de outubro de 1996, 29
anos depois do recebimento da carta de Oruro, foram animadoras. Ou melhor, animadoras quase no fim do dia. Em um
primeiro momento, ao tentar estabelecer conexão telefônica com o jornal La Patria, tudo desmoronou: segundo a operadora, o
jornal em questão não existia. Foram segundos decisivos. Se eu houvesse levado em conta a categórica afirmação da
telefonista chilena, ali, naquele momento, teria dado por concluída uma investigação que acabava de começar.

Uma carta histórica no caso "Ummo". Com data de 20 de junho de 1967, o diretor do jornal La Patria, de Oruro, na
Bolívia, disse a Enrique Villagrasa que, nessa região, nos primeiros dias de junho, havia sido registrado um fato não habitual.

O instinto, porém, funcionou. Insisti e, pouco depois, a mulher corrigiu seu erro.
O jornal de Oruro continuava em pé. Horas depois, após não poucas e árduas diligências com os serviços telefônicos do
Chile e da Bolívia, consegui finalmente comunicar-me com Marcelo Miralles, um dos filhos do diretor do jornal de Oruro. Ele
me adiantou algo que considerei uma excelente notícia: seu pai estava vivo. Era muito idoso, mas conservava a mente lúcida.
Pouco depois, tive a sorte de conversar com Enrique Miralles, o autor daquela enigmática carta recebida por Villagrasa. Eu
não quis antecipar os acontecimentos e, simplesmente, disse-lhe que o queria visitar. Embora um pouco intrigado, Miralles
aceitou, cordial e hospitaleiro. E programei a viagem a Oruro para uma semana depois... O dia, de fato, havia sido finalmente
frutífero. Um dos homens-chave naquele enigma estava vivo. E perguntei-me: será que ele se lembra do acontecido em Oruro
em junho de 1967? Será que eu deveria ter perguntado durante aquela primeira conversa telefônica?
Concluídas as investigações no Chile, dirigi-me sem perda de tempo à cidade de La Paz. Nessa oportunidade, Blanca,
minha mulher, e Iván, meu filho e fotógrafo, acompanhavam-me. Eles foram testemunhas de tudo o que vivi e ouvi.
E, às 15h 30 daquela quinta-feira, 7 de novembro de 1996, quase sem descanso, saímos para Oruro pela estrada, a pouco
mais de 200km ao sul de La Paz e a 3709m de altitude acima do nível do mar. O mau tempo e o péssimo estado da estrada
retardaram sensivelmente nossa chegada a Oruro, e a ansiada entrevista com o diretor do La Patria teve que ser adiada. E, à
lógica contrariedade somou-se o chamado "mal das alturas", conseqüência do ar rarefeito. As dificuldades respiratórias, as
"marteladas" na cabeça e os problemas oculares nos acompanhariam durante toda a permanência na Bolívia.
No dia seguinte, finalmente, pude apertar a mão do senhor Miralles. Aquela longa e intensa entrevista aconteceu na sede
do jornal, na rua Camacho. E meu primeiro pensamento, assim que cumprimentei o já familiar autor da carta de Oruro, foi para
meu bom amigo Enrique Villagrasa, o homem que mais havia batalhado para esclarecer aquele turvo assunto. Eu estava ali
graças a sua tenacidade e esforço... Quando mostrei uma cópia de sua própria carta, remetida a Villagrasa em 20 de junho de
1967, o ex-diretor do jornal de Oruro olhou-me perplexo. Convidou-me a sentar e permaneceu em silêncio durante alguns
minutos, envolvido na leitura da carta. Depois, assentindo com a cabeça, começou a falar: "Sim, lembro perfeitamente. Um de
nossos redatores, Lucho Aramayo, foi enviado a Uyuni para cobrir a informação de um roubo de explosivos. Quando voltou,
trouxe outra notícia tão fantástica que me neguei a publicá-la. E, nesse momento — que coincidência! —, chegou a pergunta do
senhor Villagrasa".
Uyuni é uma localidade situada no sudoeste boliviano, a umas seis horas de estrada de Oruro. Enrique Miralles
prosseguiu: "Segundo Aramayo, em uma pequena aldeia dessa região de Uyuni, uma índia havia sido testemunha de um fato
realmente singular. Uns 'homenzinhos' desceram até um dos currais onde guardavam as ovelhas e mataram mais de trinta.
Depois, tornaram a subir naquelas 'cadeiras voadoras' e desapareceram. O acontecimento abalou de tal forma a pequena
comunidade indígena que não hesitaram em se deslocar até Uyuni e denunciar o fato às autoridades. Dias depois, uma
comissão do Exército foi até o local, mas nunca soubemos quais foram as conclusões".
Por mais que tenha interrogado o velho jornalista, não pude descobrir muito mais. A notícia, ao que parece, não foi
publicada e, dado o tempo transcorrido, ele não se lembrava do nome da aldeia em questão, nem da índia. Tratava-se, disso
não tinha dúvida, da área de Uyuni, no planalto. Quanto aos militares que procederam à investigação, o senhor Miralles
reconheceu que jamais haviam tido contato com eles. Interessei-me também pelo redator que levantou a notícia, mas o
resultado foi idêntico: nenhuma pista sobre Luis Aramayo Rivero. Apenas lembrava que era argentino e que havia
desaparecido do cenário jornalístico boliviano havia muitos anos. À primeira vista, a situação não parecia muito promissora.
Eu praticamente não tinha nada. Não sabia o nome da testemunha.
Nem sequer conhecia o lugar onde os fatos haviam ocorrido.
Uyuni é uma região enorme do planalto, com milhares de quilômetros quadrados e centenas de aldeias e casarios dispersos
pela planície.2 O que fazer? Onde procurar? Valia a pena tanto esforço? Se a história relatada por Miralles fosse verdadeira,
que relação guardava com o caso "Ummo"? E "algo" estranho, sutil e poderoso continuou me puxando. Em breve, eu
comprovaria, uma vez mais...

2 O planalto boliviano, situado a mais de 4000 m de altura, cobre mais de 100.000 m2.
Enrique Miralles, o velho jornalista e ex-diretor do jornal de Oruro, na Bolívia.

Marcelo Miralles (esquerda), filho do autor da carta de Oruro, durante uma das entrevistas com J. J. Benítez. À direita,
Enrique Miralles, ex-diretor do La Patria. (Foto: Iván Benítez.)

Apesar das evidentes dificuldades para esclarecer o caso, o instinto (?) reteve-me na cidade de Oruro, em busca de algum
indício. E, durante horas, tranquei-me nos arquivos do La Patria com a esperança de encontrar um nome, uma imagem ou
alguma alusão que confirmasse a singular descida dos "homenzinhos com cadeiras voadoras" em Uyuni. Foi uma busca quase
estéril. O jornal havia sofrido um voraz incêndio e parte de sua história havia desaparecido entre as chamas. Ainda assim,
consegui encontrar a notícia do roubo de explosivos. Uma informação que, por sua vez, forneceu-me a data aproximada do
incidente entre os "anões" e a índia. O roubo aconteceu no domingo, 11 de junho de 1967, e foi publicado na quinta-feira
seguinte, 15 de junho. A notícia dizia literalmente:
Foram subtraídas da estação de Uyuni 22 caixas de dinamite. Afirma-se que os autores são castrocomunistas.
Luis Aramayo Rivero (enviado especial).
Uyuni. Junho, 14 (La Patria,). Foi registrado o roubo de 22 caixas de dinamite da Corporação Mineira da Bolívia nos
depósitos da estação de trem, aqui, no domingo à noite.
Os autores do roubo explodiram os cadeados dos depósitos, onde existem grandes quantidades de explosivos da
Corporação Mineira da Bolívia.
O fato causou alarme na população deste distrito, que faz uma série de conjeturas. Os moradores e trabalhadores da
estrada de ferro disseram ao enviado do La Patria: "Imagine, senhor, se esses explosivos foram roubados por delinqüentes
e eles resolvem dinamitar o povoado".
Por outro lado, afirmou-se que não é a primeira vez que esses roubos ocorrem.
Há dois meses, também subtraíram dos trens 26 caixas de pavios de explosivos, óxido e outros elementos perigosos.
Este enviado entrevistou, na segunda-feira, o capitão Baldivieso Pereira, para saber se existiam detidos relacionados
a esse fato. Ele indicou que o roubo não foi cometido por delinqüentes, mas por castrocomunistas que, presumivelmente,
estariam vinculados aos guerrilheiros...

Segundo Enrique Miralles, quando o "correspondente enviado" chegou a Uyuni para cobrir a informação do roubo de
dinamite, soube também da matança das ovelhas. Indagou, provavelmente entre os próprios militares de Uyuni, e levou a
informação para Oruro. O então diretor do jornal, porém, diante do "fantástico da história", optou por não a publicar, à espera
de novos dados e, talvez, de uma confirmação oficial. Mas, com o passar do tempo, o assunto foi esquecido.
Segundo todos os indícios, o incidente deve ter acontecido pouco antes do roubo dos explosivos, isto é, no fim de maio ou
início de junho (1967). E, uma vez mais, fiquei desconcertado diante da impressionante coincidência. Como explicar o
anúncio da carta "ummita" lida em 30 de maio em Madri diante de trinta pessoas, e o acontecimento das "cadeiras voadoras"
em Uyuni? As surpresas, porém, não acabaram aí...
No sábado, 9 de novembro (1996), obrigado por um compromisso anterior, fui para La Paz, para a Primeira Feira
Internacional do Livro da Bolívia. As investigações em Oruro estavam praticamente "congeladas", e achei que um pequeno
respiro seria mais que salutar. Como já apontei, nesse momento eu não tinha nada, ou quase nada. Não houve jeito de localizar
a identidade da índia, nem o local onde os fatos haviam sido registrados. Refleti sobre a possibilidade de ir para Uyuni e dar
início à busca pela mulher. O bom senso fez-me esperar, e continuaram acontecendo coisas estranhas...
Nessa mesma tarde de sábado, enquanto autografava exemplares de meus livros no stand do Grupo Planeta, aconteceu
outra incrível "coincidência".
Coincidência? Eis o que aconteceu, segundo consta em meu caderno de campo: de repente, surgiram dois homens. O mais
novo segurava um Cavalo de Tróia.
Lembro que estabelecemos uma breve, mas cordial, conversa, na qual, seguindo meu costume, interessei-me pela profissão
da pessoa a quem ia dedicar o livro.
Adolfo Terrazas contou-me que trabalhava na prefeitura da cidade de Oruro.
Oruro? E, obedecendo à intuição, perguntei-lhe sobre o caso da índia e das "cadeiras voadoras". Em um primeiro
momento, ele hesitou. Era lógico. Aquele gentil boliviano era muito novo. Talvez não fosse nascido em 1967. Como poderia
saber de um fato registrado quase trinta anos antes? Adolfo, então, dirigiu-se ao homem mais velho e trocaram algumas frases.
A seguir, o jovem Terrazas assentiu com a cabeça e esclareceu:
— Conhecemos o caso. Aconteceu em uma área rural, em Uyuni...
Devo ter empalidecido.
— Mas, como é possível?
— Meu pai — acrescentou Adolfo — é primo do coronel que comandava o regimento em Uyuni naquela época...
E Hernán Terrazas Céspedes, pai de Adolfo Terrazas, sorriu tão desconcertado quanto eu.
Era inútil racionalizar aquele encontro. La Paz tinha mais de um milhão de habitantes, e eu, justamente nesse momento,
quando me julgava perdido, quando a investigação acabava de entrar em um aparente ponto morto, "tropeçava" (?) com um
homem que sabia do caso e que, ainda por cima, era parente do coronel que conduzira a investigação oficial. Coincidência?
Logicamente, a partir desse sábado, as pesquisas tomaram outro rumo. As conversas com Hernán Terrazas, general do
Exército, foram de grande ajuda. Ele se lembrava do caso da pastora de Uyuni e dos nomes de algumas pessoas que integraram
o grupo que se deslocara até o local dos fatos; fez os interrogatórios e o exame dos animais mortos. Foi assim, como por
mágica, que eu soube do coronel Rogelio Ayala, o homem que ordenara a investigação, e dos demais habitantes de Uyuni que
foram para o planalto: Pablo Ayala, filho do coronel, os então tenentes do Exército Caso e Ampuero, o doutor Sea e Jesús
Pereyra, da prefeitura de Uyuni. Meses depois, após uma paciente e laboriosa busca pelos encarregados, o caso da índia
avançou notavelmente. Tive a sorte de conversar com todos eles, com exceção de Carlos Caso, falecido anos antes. Todos se
lembravam do estranho acontecimento, e todos concordaram em algo: o que aconteceu naquele local afastado, em 1967, foi
real.
Pablo Ayala era estudante de Direito naquela época. Foi o mais novo da expedição (dezoito anos) e, quase com certeza, o
único que fez anotações sobre o acontecimento. Algum tempo depois, organizaria o escrito, conservando, assim, a essência do
singular incidente.
— Meu pai estava no comando do Regimento LOA, da Infantaria, com base em Uyuni. Eu estava de férias quando aqueles
camponeses chegaram...
Pablo Ayala não sabia muito bem em que momento se deram os fatos. Talvez entre março e junho...
— Lembro que eram dois ou três humildes camponeses. Apareceram no destacamento militar. Estavam muito assustados e
indignados. Falavam de "gente pequena" que voava e que havia descido em um vilarejo, ao leste de Uyuni. Aquela "gente
pequena" — diziam — matou o rebanho. Queriam saber quem pagaria pelas perdas. O nível de excitação era tal que meu pai e
os demais militares compreenderam que algo estranho havia acontecido. E, antes de tomar uma decisão, optaram por ir para o
local e verificar as palavras dos camponeses.
A postura dos militares de Uyuni foi tão prudente quanto acertada, mas não pelas razões que hoje podemos imaginar.
Naquele tempo (1967), a Bolívia estava em plena luta contra a guerrilha. Nesse ano, justamente, o Exército acabaria com a
vida de Che Guevara. O envio, portanto, da comissão de Uyuni deveu-se, fundamentalmente, à suspeita de que a morte das
ovelhas havia sido obra de guerrilheiros, como acontecera com o roubo de dinamite na noite do domingo, 11 de junho.
Quanto ao nome do vilarejo ou do povoado mais próximo, meu informante também não soube esclarecer. Não se lembrava.
— Saímos ao amanhecer — prosseguiu Ayala —, em uma caminhonete do Exército. Os camponeses foram nos guiando. Na
época, não havia quase estradas. Tínhamos que seguir as margens dos rios. A viagem me pareceu exaustiva e interminável.
Quando perguntávamos pelo local, sempre respondiam a mesma coisa: "Está muito perto... atrás daquele morrinho". E assim
até as 16h, sempre para o leste...
"O vilarejo era integrado por duas ou três casinhas de palha e adobe, em pleno planalto e a considerável distância da
aldeia mais próxima. Era um lugar desolado, quase no meio do nada. Muito perto dali, corria um riacho de águas claras e
margens formadas por pedrinhas coloridas. Estavam nos esperando. O
vilarejo era formado por algumas famílias. Muito perto dali, erguiam-se uns currais de pedra, e ali haviam colocado as
ovelhas e cordeiros mortos. Contamos mais de trinta. Aquilo deixou-nos perplexos. Os animais tinham muitas mutilações, com
uma série de orifícios, quase perfeitos. Como disse, a morte do rebanho não fazia sentido. Era, e ainda é, o único meio de vida
dessa gente.
Acabar com todo o rebanho não era lógico. Foi quando uma das mulheres contou o que havia acontecido três dias antes."
Nem Pablo Ayala nem o resto da comissão conseguiu lembrar o nome da índia que protagonizou os fatos. Aquele lógico
esquecimento (o que se podia esperar, depois de trinta anos?) manteve-me inquieto durante meses. Os pesquisadores sabem
que o testemunho das pessoas diretamente implicadas em um caso é vital e insubstituível. Por mais sinceridade e boa memória
que tenham as testemunhas de segunda ordem, seus testemunhos, em linhas gerais, são incompletos e, às vezes, errôneos.
Esses, enfim, foram meus temores ao tentar reconstruir o ocorrido naquele distante 1967. Mas o Destino tinha seus planos...
— A mulher só falava quéchua -— acrescentou Pablo Ayala —, e, em sua língua, contou o seguinte: os homens do vilarejo
haviam ido para o trabalho pela manhã, como é habitual. Ela estava cuidando do rebanho. Pois bem, à tarde, em um dos
currais de pedra, notou a presença de dois "homenzinhos". Estavam manipulando uma rede, com a qual haviam coberto o
curral. Eram muito pequenos; deviam medir entre 1,10 e 1,30 m. A mulher gritou para eles, chamando-lhes a atenção.
E os indivíduos, assustados, começaram a recolher a rede. Um deles afastou-se do curral e, ao chegar às proximidades do
riacho, levantou vôo e desapareceu.
Usavam macacões escuros, muito acol-choados, com algo que cobria parte de suas cabeças. Nas costas tinham umas
mochilas (?) presas ao peito por duas correias vermelhas que se cruzavam no centro do tórax. Segundo a índia, os
"homenzinhos" usavam luvas cor de chumbo e botas grandes. A mulher, então, imaginando que estava diante de uns pilantras
comuns, pegou um pau e foi, decidida, para cima do sujeito que ainda estava no chão. Bateu na cabeça dele, provavelmente na
altura do olho, e o derrubou. O indivíduo levantou-se e lançou uma espécie de faca contra a pastora. Era uma arma com ponta
em forma de gancho, com a característica de voltar sempre para as mãos de seu proprietário, algo parecido com um
bumerangue. Segundo a mulher, aquela coisa fez-lhe cortes nos braços e peito, mas de pouca profundidade. Todos nós vimos
os ferimentos. O nó do kepi, com o qual segurava uma criança às costas, foi o que, ao que parece, lhe salvou a vida. A índia
continuou batendo, mas, finalmente, o indivíduo afastou-se para um pequeno morro e fugiu pelos ares, desaparecendo na
mesma direção que seu companheiro.
Quando me interessei pelos ferimentos infligidos ao "homenzinho", nem Ayala nem os outros souberam me informar sobre
a natureza das lesões.
— A índia o feriu na cabeça e até nos mostrou algumas gotas de sangue, derramadas sobre as pedras. Guardamos umas
amostras e as levamos para o hospital de Uyuni, mas, se não estou enganado, nunca foram analisadas. Era um sangue vermelho,
aparentemente igual ao nosso.
Fiquei perplexo. Como era possível que ninguém houvesse se preocupado em analisar as amostras de sangue? A resposta
foi unânime:
— Eram outros tempos. Os laboratórios da Bolívia, em 1967, deixavam muito a desejar. Além do mais, para quê? Depois
de inspecionar o rebanho morto — acrescentou Pablo Ayala —, os militares comprovaram que aquilo não era obra da
guerrilha.
Alfredo Ampuero (hoje general do Exército) ratificou as palavras de seu colega: — As ovelhas tinham uns orifícios de
entre 5 e 7 cm de diâmetro. Eram perfeitos.
Mais ainda, podíamos ver através deles. Aqueles humildes camponeses não tinham com que fazer buracos assim. Por outro
lado, qual era o sentido de matar as ovelhas e os cordeiros para levar somente as entranhas, os olhos, os rins e o fígado? Os
guerrilheiros (e o planalto nunca foi zona de guerrilhas) não agiam assim. Por que acabar com tantos animais para depois
abandoná-los quase intactos? Também não pudemos responsabilizar os índios pela matança. Essa gente gosta mais do rebanho
que de seus filhos. Por que iam acabar com as ovelhas? De fato, esta foi a principal preocupação deles: quem ia pagar pelos
animais? Por isso, andaram durante toda uma noite até chegar a Uyuni.
Infelizmente, apesar do que o coronel Ayala escreveu, confirmando a autenticidade do caso, os índios nunca receberam
uma indenização.
Quando me interessei por sua opinião pessoal, o general Ampuero foi claro também:
— Veja, houve algo que me impressionou muito: a pastora era analfabeta. Só falava quéchua. Ali não havia rádio, jornal
nem televisão. Aquilo era o fim do mundo. Por que uma mulher tão simples ia armar uma história dessas? O que ela disse ter
visto foi real...
O doutor Juan Sea Barrientos foi da mesma opinião, e acrescentou: — Para extrair os órgãos das ovelhas, quem quer que
tenha sido, utilizou conhecimentos especiais. As mutilações de olhos, vísceras etc. não foram obra dos índios, disso tenho
certeza. Além disso, como explicar as marcas das botas e das "cadeiras voadoras" ao lado dos currais?
Segundo o médico e as demais testemunhas com quem conversei, as marcas do calçado eram nítidas. Estavam distribuídas
por dentro e fora dos apriscos de pedra, e especialmente no ponto onde haviam lutado.
— Eram marcas pequenas — prosseguiu o doutor Sea —, com um salto estranho.
Pareciam corresponder a um pé largo. Ali mesmo observamos, também, outras marcas que poderiam corresponder aos
"pés" das "cadeiras voadoras".
Formavam um quadrado. Cada orifício, muito superficial, estava a 40cm um do outro. As marcas em questão (cada
"quadrado") eram separadas por 10 ou 15m.
Esse foi mais um dos capítulos obscuros do caso da índia e da "gente pequena que voava". Os membros da comissão não
chegavam a um acordo: para uns, as "cadeiras voadoras" dispunham de "hélices" ou "ventiladores". Outros, por seu lado, não
lembravam de a pastora ter feito alusão a tais mecanismos. Seja como for, a verdade é que os "homenzinhos" tinham um
sistema de autopropulsão que lhes permitia aterrissar e decolar à vontade. Algo, a propósito, bastante comum no fenômeno
óvni.
— Nessa mesma noite — concluiu Pablo Ayala —, voltamos a Uyuni. Os militares informaram, e aí acabou o assunto.
Duvido muito que tenham feito um relatório oficial. Como já comentei, os militares ficaram tranqüilos: aquilo não havia sido
obra da guerrilha... De minha parte, nunca mais voltei ao local, nem tornei a ver a pastora...
O mesmo aconteceu com os demais integrantes da expedição. Segundo o que consegui apurar, ninguém voltou ao vilarejo
nem soube da sorte daquela gente. E
o caso ficou adormecido durante quase trinta anos.
Evidentemente, não me dei por satisfeito. Eu havia interrogado quase todos os que participaram da investigação em Uyuni,
mas, obviamente, faltava a mais importante: a índia. Continuava viva? E, se assim fosse, onde estava?
Continuaria morando ao leste de Uyuni? Qual era seu nome? Como encontrar a aldeia ou o vilarejo? Por mais que tenha

perguntado, as investigações em La Paz


e Oruro foram estéreis. Como já disse, o planalto boliviano tem mais de 100.000
km2 (um pouco mais que Andaluzia e quase o triplo da superfície da Suíça). Eu podia ir para Uyuni, sim, mas, por onde
começar? Algo estava claro em minha mente e, principalmente, em meu coração: se a pastora continuasse viva, eu a
encontraria...

O coronel Rogelio Ayala (esquerda) e o general Terrazas, outra impressionante "coincidência"em minhas investigações.
(Foto: J. J. Benítez.)
Alfredo Ampuero, hoje general do Exército da Bolívia, testemunha do relato da índia do planalto. (Foto: J. J. Benítez.)

Pablo Ayala, o mais novo da comissão de Uyuni.


(Foto: Blanca de Benítez.)
Desenho de Pablo Ayala, segundo o testemunho da pastora boliviana. O
"homenzinho" apertou a parte superior de uma máquina e recolheu a rede que cobria o curral de pedra.

O doutor Sea. Ele estava em Uyuni quando foram avisados pelos camponeses.
(Foto: J. J. Benítez.
O engenheiro Jesús Pereyra Medina (no centro da foto). "Quando tudo acabou, falamos de novo com os camponeses. Eles
viam essas coisas, as luzes, com freqüência."
3
NAVE "UMMITA" EM 1954

Novembro de 1996 foi desconcertante. Talvez o termo exato seja "prodigioso".


O que mais posso pensar ao lembrar do que aconteceu naquele vôo de Brasília a São Paulo? Agora, à distância, a imagem
de meu bom amigo Harry Mallard ganha uma especialíssima dimensão. Agora tenho certeza: ele teve muito a ver com o novo e
impressionante encontro...
Como já contei em páginas anteriores, poucos dias depois de saírem no jornal as célebres fotografias do óvni de San José
de Valderas, nas proximidades de Madri (2 de junho de 1967), o incansável engenheiro civil Enrique Villagrasa deu início a
uma investigação para tentar descobrir se algum fenômeno estranho havia sido registrado na região de Oruro. E suas
investigações projetaram-se também para o Rio Grande do Sul, no Brasil. Como já disse, na não menos famosa carta "ummita"
de 30 de maio de 1967, os supostos extraterrestres anunciavam a chegada de suas naves nos três locais citados: Madri, Oruro
(Bolívia) e nas cercanias da cidade de Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul (Brasil). Villagrasa, como já disse, recebeu
apenas uma confusa resposta do então diretor do jornal La Patria, de Oruro. Quanto às diligências no Brasil, os resultados
foram também estéreis. Pois bem, durante anos, também investiguei por minha conta, procurando algum indício no Rio Grande
do Sul. Segundo os pesquisadores locais, em 1967, entre março e novembro, foram registradas pelo menos 22
visões de óvnis no Brasil. Dessas, meia dúzia correspondeu ao estado do Rio Grande do Sul. Juarez Jorge Duarte, ufólogo
do Rio Grande do Sul, localizou três datas que se aproximavam do período estabelecido pelos "ummitas": 24 de junho e 5 e 7
de julho, respectivamente. Os locais, porém, não coincidiam com Santo Ângelo.3 Quanto ao "emblema" no ventre das naves (o
célebre "H"), nem rastro. Nenhuma testemunha havia notado nada parecido. E, durante um tempo, comuniquei minhas
inquietudes a alguns amigos brasileiros. Ninguém soube esclarecer nada. Ninguém sabia grande coisa sobre o caso "Ummo".
Uma dessas
3 Em 24 de junho de 1967 foram vistos óvnis em Alegrete. Em 5 e 7 de julho, em Pelotas e Porto Alegre, respectivamente.
pessoas, a quem transmiti informação sobre o caso Valderas, foi Carmen Barreto, representante da Editora Mercuryo. A
paciente e eficiente mulata acabou sabendo de cor o ocorrido na Espanha com os supostos "ummitas". O
fato de passar-lhe essa informação, incluindo o "emblema" em forma de "H", seria providencial.
E chegou o dia 14 de novembro de 1996. Às 11h42, decolamos do aeroporto de Brasília em direção a São Paulo. Blanca,
minha esposa, viajava a meu lado.
Algumas poltronas à frente naquele 737, Carmen Barreto e meu filho Iván.
Lembro que, pouco antes de embarcar, não sei por que razão, havíamos voltado a conversar sobre o caso "Ummo". E
Carmen tinha feito algumas anotações em sua agenda. Quando aterrissamos, sem conseguir disfarçar sua excitação, ainda no
corredor do avião, ela apresentou-me a um alto funcionário do governo do Brasil. Durante o vôo, aquele homem, sentado à
direita de Carmen, não pôde evitar dar uma olhada na agenda dela. Em uma das páginas, Carmen tinha escrito a palavra "ufo",
em referência a nossa recente conversa sobre o óvni de San José de Valderas. Foi assim, ao perceber de relance a palavra
"ufo" no caderno da editora, que Santos decidiu entabular conversa com a jovem.4 E lhe contou uma história singular...
Sua família havia visto um objeto voador não identificado mais de quarenta anos atrás. Foi na cidade de Curitiba, no
estado do Paraná. A nave permaneceu um tempo sobre o bairro em que seus pais moravam. Na parte inferior do objeto
distinguia-se um símbolo: uma espécie de "H" gigantesco.
Carmen, sabedora da história de "Ummo", ficou desconcertada. Como era possível que eu lhe houvesse contado o caso dos
"ummitas" e, pouco depois, uma pessoa cuja família havia visto algo parecido se sentasse a seu lado? Outra coincidência? O
Brasil tem mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados e quase 140 milhões de habitantes...
Rápida como sempre, Carmen solicitou a Santos que desenhasse em sua agenda o símbolo que o óvni exibia no ventre. E o
então procurador atendeu com prazer ao desejo de sua companheira de vôo.

4 Mais-informações sobre o estranho fato em meu livro A 33.000 pies (p. 115 e ss.) Já no aeroporto, Santos concordou em
contar a mesma história que acabara de narrar a Carmen Barreto. Blanca, Iván e eu ficamos perplexos...
— A primeira notícia sobre aquele acontecimento — explicou Santos — foi meu pai quem me deu. O fato deve ter
acontecido em 25 de junho de 1954. Eu não havia nascido...
"Minha família morava na rua Erasto Gaertner, em Curitiba. Eram umas casinhas de madeira, quase parede com parede
com um depósito de armas do Exército; nesse momento, o maior depósito de pólvora do Brasil. Um pouco além havia — e há
— uma base da Força Aérea...
"Deviam ser umas 22h. Meu pai já estava deitado e, de repente, ouviu os gritos de Clara, minha avó: 'Augusto, Augusto,
venha ver isto!'. Meu pai foi rápido para a parte posterior da casa. Minha mãe estava ali também.
"No céu, viram algo estranho. Era um objeto grande, silencioso e desconhecido.
Tinha uma forma muito estranha: era como dois pratos de sopa unidos pelas bordas. Emanava uma grande luminosidade,
que mudava do laranja ao vermelho...
"Minha família ficou muda, contemplando aquilo. O aparelho continuou imóvel durante um bom tempo; entre dez e quinze
minutos. Estava a pouca altura do chão, sobre as árvores, e a curta distância da casa. Mais ou menos sobre a parte de trás do
depósito de pólvora. Talvez a 70 ou 100 m de nossa casa...
"Depois, simplesmente desapareceu. Foi como se houvesse sido desligado...
"Na parte de baixo via-se algo parecido com um 'emblema'. Uma espécie de 'H'
enorme. Na manhã seguinte, muito cedo, dois soldados do Exército foram batendo de porta em porta e interrogaram todos
os moradores a respeito do que haviam visto na noite anterior. Então, alegando que se tratava de um 'assunto de segurança',
advertiram as testemunhas de que deviam guardar silêncio. Proibido falar da nave, e muito menos com a imprensa. Os
militares, obviamente, também haviam visto o óvni."

Santos estava com pressa. Outro vôo o esperava. Antes de nos despedirmos, fiz-lhe uma última pergunta: — Já ouviu falar
de um assunto chamado "Ummo"?
O procurador negou com a cabeça e perguntou:
— "Ummo"? O que é?
O caso da nave "ummita" acima do depósito de pólvora de Curitiba em 1954
encerrava uma segunda parte que eu só conheceria alguns meses depois, quando voltei ao Brasil para conversar de novo
com o procurador Santos. E, quando voltei à Espanha, além de ficar sabendo do falecimento de Harry Mallard,
comecei a ver claramente que algo não se encaixava na suposta montagem "ummita". Foi nessa época, e em face da
informação reunida, que tomei a decisão de bater à porta de José Luis Jordán Pena e tentar esclarecer o cada vez mais
enrolado assunto. Como já mencionei, datada de 8 de abril de 1993, Jordán Pena enviou uma carta de seis páginas a Rafael
Farriols, um dos que haviam recebido cartas supostamente extraterrestres e, com certeza, um dos homens que reuniu mais
informação relacionada a "Ummo". Naquela carta, Jordán proclamava-se autor de tudo no diabólico caso, e afirmava que
havia sido um mito criado por ele em 1966. Ele, dizia, havia sido o responsável pelas centenas de páginas remetidas a
dezenas de cidadãos. Ele havia sido o criador do emblema em forma de "H". Ele idealizara as aparições das naves em Madri,
Oruro (Bolívia) e Rio Grande do Sul (Brasil) entre os últimos dias de maio e os primeiros de junho de 1967. Ele, afirmava,
deixara de redigir os relatórios "ummitas" quando se vira afetado por uma trombose (12 de março de 1988)...

E, durante vários anos, visitei-o em sua casa, em Madri, para perguntar sobre uma infinidade de detalhes. Essas conversas
foram completadas com uma mais que interessante troca de cartas, nas quais Jordán tentava explicar o porquê de sua mentira.
Foi nessas entrevistas e correspondência que percebi que "Ummo"
era muito mais do que Jordán Pena pretendia. Tive especial cuidado em não lhe revelar o que havia descoberto na Bolívia

e no Brasil. E, com esse "ás" na

manga, ouvi durante horas suas duvidosas explicações. Quando perguntava pelo início do "experimento", como ele o
denominava, referia-se sempre aos últimos meses de 1965 ou início de 1966. Nunca antes. E as dúvidas faziam-me
desconfiar: se Jordán Pena havia "inventado" sobre "Ummo" na data que dizia, como explicar as naves com o "H" no ventre
em 1952 e 1954? Jordán nasceu em 13 de janeiro de 1931 em Alicante. Quando os casos da África do Sul e Curitiba foram
registrados, o senhor Pena tinha 21 e 23 anos, respectivamente.

Óvni com o "H" no ventre, observado sobre Curitiba em 25 de junho de 1954.


(Desenho: J. J. Benítez, segundo as indicações de Santos.)

Santos, junto a J. J. Benítez, no aeroporto de São Paulo (Brasil) na manhã de quinta-feira, 14 de novembro de 1996. (Foto:
Blanca de Benítez.) Nessa época, nem sequer imaginava que se veria envolvido em um "experimento" de tal natureza. Para
mim, essa foi uma das chaves. Algo não se encaixava na montagem supostamente orquestrada por Jordán Pena. É muito
provável que, se ele houvesse tido conhecimento do ocorrido na África do Sul, Bolívia e Brasil, as idéias do falsário teriam
sido outras. Naturalmente, e antes de prosseguir com minhas indagações, é preciso deixar claro que duvido da origem
extraterrestre dessas centenas de cartas datilografadas que chegaram às mãos de trinta cidadãos a partir de 1967. Não acredito
nos "ummitas" como os desenham nesses relatórios. Também não acredito em muitas das afirmações de Jordán Pena. Mas,
então, o leitor se perguntará, com razão: por que "Ummo" é mais do que Jordán Pena pretende? Mais além da realidade das
naves com o "H" no ventre, a possível resposta apareceu no Brasil, em uma de minhas investigações.
Como é meu costume, deixei passar um tempo prudente entre a primeira conversa com o procurador Santos e a segunda e
terceira entrevistas. O método, como os pesquisadores sabem, é muito útil para avaliar a veracidade dos testemunhos. Quando
alguém mente ou inventa, uma segunda ou terceira declaração sempre é comprometedora. No caso que me ocupa, a versão do
procurador foi idêntica à registrada naquele inesquecível 14 de novembro de 1996. Percorri o cenário dos fatos, em Curitiba,
e comprovei, entre outras coisas, que o número de testemunhas da nave "ummita" naquela noite de 25 de junho de 1954 foi
superior a meia centena. A maior parte, vizinhos da família Santos, e o resto, militares do depósito de pólvora do bairro de
Bacacheri, onde se erguiam as casas de madeira. O mais importante, porém, não foi a ratificação do acontecido naquele
distante 1954. Para mim, pelo menos, a surpresa foi outra...
Quando o procurador comprovou que minhas investigações eram muito sérias e que estava diante de um homem em quem
podia confiar, tornou a contar-me o que sua família havia visto e um pouco mais: "Foi em 1969 ou 1970. Eu tinha por volta de
quinze anos. Morávamos na mesma casinha de madeira, na rua Gaertner, no local onde meus pais e minha avó observaram o
silencioso objeto com o símbolo na parte inferior...

José Luis Jordán Pena, durante a época do recebimento das cartas "ummitas".
Trabalhou na empresa Agromán como psicólogo e engenheiro, mas, na realidade, não era nem uma coisa nem outra.
Deixou a Agromán em abril de 1987.

"Nessa época", prosseguiu Santos, "minha mãe estava hospitalizada em São Paulo. Tinha um problema de coração, e teve
que ser operada. Meu pai, portanto, estava cuidando da casa. Minhas irmãs e eu o ajudávamos. Clara, minha avó materna,
havia falecido alguns anos antes...
"Eu ocupava um quarto contíguo ao de meu pai. Os demais irmãos dormiam em um terceiro quarto, colado também ao
meu...
"Pois bem, essa noite, pouco depois de nos deitarmos, aconteceu algo que nunca consegui explicar...
"A casa, como já mencionei em outras oportunidades, era de madeira, uma construção típica por ali. A parede que
separava meu quarto do de meu pai, seguindo o costume, não chegava até o teto. Entre os dois quartos ficava uma fresta...
"De repente, no silêncio da noite, notei uma luz. Vinha do dormitório de meu pai. Era uma luminosidade intensa, muito
branca que, evidentemente, não correspondia à iluminação habitual...
"Fiquei quieto, desconcertado. A luz infiltrou-se pela parte superior da parede, pela fresta, e pelo vidro existente no alto
da porta do quarto de meu pai. E vi, surpreso, como inundava a sala contígua também, uma salinha para a qual davam os
quartos e a cozinha.
"Então, ouvi a voz de meu pai. Evidentemente, estava falando sozinho. Ali, em seu dormitório, não havia ninguém. Isso foi
o que pensei naquele momento...
"As palavras — que não consegui decifrar — prolongaram-se durante dois ou três minutos. A seguir, meu pai guardou
silêncio e a luz extinguiu-se...
"Francamente, assustei-me. Instantes depois, percebi os passos de meu pai.
Abandonou o quarto e dirigiu-se à cozinha. Não hesitei. Levantei-me e, intrigado, fui a seu encontro. Meus irmãos
continuavam dormindo. Ao que parece, não ficaram sabendo do que aconteceu...
"A cena que presenciei a seguir, na cozinha, deixou-me mais confuso ainda...
"Para entender, você teria que conhecer meu pai. Augusto era muito reservado e especial. Muito duro. Dificilmente
exteriorizava seus sentimentos. Vou lhe dar um exemplo. Eu só soube que ele era português depois que morreu. Foi quando
descobri que era socialista e que teve que fugir da ditadura de Salazar. Como você pode imaginar, o tema óvni não entrava em
seus parâmetros mentais...
"Sentei-me em frente a ele. Estava pálido... e chorando! Meu pai chorando? O
que havia acontecido em seu quarto?...
"Eu não sabia o que fazer, nem o que dizer. Tudo aquilo era novo para mim.
Efetivamente, 'algo' muito grave ou insólito o havia comovido...
"Esperei. Pouco depois, ainda chorando, contou o que havia acabado de viver no dormitório. Estas foram suas palavras:
'Na escuridão, de repente, aos pés de minha cama, surgiu uma luz... Essa luz cresceu, transformando-se em uma figura humana.
Era um homem alto, de cabelo comprido e amarelo... Usava uma espécie de macacão. E falou comigo, e eu com ele...'.
"Meu pai não quis entrar em detalhes sobre a conversa. Nunca soube por quê.
Quanto a mim, quase uma criança, também não me atrevi a interrogá-lo sobre os detalhes. Agora me arrependo. Meu pai
morreu em 12 de fevereiro de 1979, aos 51 anos de idade. Aquele acontecimento, sem dúvida, teve uma importância especial
para ele...
"Foi então que, na solidão da cozinha, ele me revelou o que havia acontecido na noite de 25 de junho de 1954. Foi quando
eu soube sobre aquela nave com o estranho emblema no ventre...
"Meu pai contou o que você já sabe, e mencionou o desenho que tinha na parte inferior. Lembro que lhe perguntei: 'Um
desenho? Que desenho?'. Ele se levantou. Pegou papel e lápis de cima da geladeira e voltou à mesa. Durante alguns segundos,
permaneceu em silêncio, olhando-me fixamente. Seus olhos estavam em outro lugar...
"Depois, também calado, começou a desenhar. E traçou o sinal em forma de 'H'.
Antes de terminar a figura, tornou a olhar para mim em silêncio, muito intensamente. Eu não entendia nada de nada, e só
consegui dizer: 'Que desenho engraçado!'. Ele baixou a cabeça e acabou de desenhar...
'"Quando isso aconteceu?', perguntei. 'Em 25 de junho', replicou meu pai. 'Quase no dia do meu aniversário', exclamei.
Mas ele me corrigiu: 'Não, você não havia nascido. Sua mãe tinha apenas sua irmã'. Minha irmã, como você sabe, nasceu em
1o de maio de 1954 e eu em 25 de junho do ano seguinte. Isso quer dizer que a visão do objeto acima do depósito de pólvora
tem que ter acontecido em 25 de junho de 1954...
"Dias depois conversei com minha mãe e, efetivamente, ela confirmou o que meu pai havia dito sobre o óvni..."
Base aérea, muito próxima ao local da visão. (Foto: J. J. Benítez.)
Bosque na área do depósito de pólvora sobre o qual a nave "ummita"
permaneceu. (Foto: J. J. Benítez.)

Instalações do Exército do Brasil, contíguas ao depósito de pólvora. (Foto: J. J.


Benítez.)
Óvni, supostamente "ummita", observado por várias testemunhas em 1O de junho de 1967 em San José de Valderas
(Madri). Uma nave "gêmea" à de Curitiba, vista pela família Santos treze anos antes.
Quando julguei oportuno, mostrei a Santos várias cópias das fotografias do óvni de San José de Valderas. Olhou-me em
silêncio e, sem disfarçar sua surpresa, exclamou: "Impressionante! É o mesmo objeto e o mesmo desenho no ventre!
De onde saiu?". Era a primeira vez que o procurador de Curitiba tinha acesso às imagens do célebre óvni de Valderas,
fotografado em 1967. E tornei a levantar umas velhas dúvidas (algumas não tão velhas):
Podemos confiar nos que afirmam que "Ummo" é uma fraude? O caso foi investigado com rigor e com um mínimo de
objetividade? Em face do que já expus, receio que essas afirmações sobre uma possível montagem sejam puro humo...
O que há por trás de "Ummo"? Não é preciso ser muito esperto para deduzir que existe uma conexão, e muito estreita, entre
o objeto visto em 1954 sobre Curitiba e o ser de cabelos amarelos que surgiu da luz quinze ou dezesseis anos depois, na
mesma casa da família Santos. Por que o pai do procurador começou a chorar?
Por que, nesse momento crítico, decidiu contar ao rapaz o que havia visto na noite de 25 de junho de 1954? Por que deu
tanta importância ao "emblema"? O
que foi que o personagem que apareceu no dormitório de Augusto anunciou?
Jordán Pena havia ido para Curitiba para organizar o teatro? Que eu saiba, ele jamais pôs os pés no Brasil...
Teria subornado meia centena de moradores da rua Gaertner para que inventassem a visão sobre a qual só falariam depois
de passados quarenta anos?
Retorcido demais, até mesmo para Jordán Pena...
Teria inventado o célebre "H" em 1954? Nessa época, segundo os documentos que conservo em meus arquivos, as
preocupações prioritárias de Jordán eram sobreviver e combater os inimigos da Igreja católica (em especial, as seitas
protestantes). Teriam que se passar cerca de doze anos para que surgisse o carimbo "ummita", também em forma de "H",
naquelas cartas datilografadas.
Se for assim, se "Ummo" só apareceu "oficialmente" em 1966, como explicar o fato de várias dezenas de brasileiros terem
visto uma dessas naves em 1954?
Efetivamente, alguém está mentindo, e não acho que seja o pessoal de Curitiba...
Como Jordán convenceu os militares brasileiros a fazer parte da fraude de Curitiba e, ainda por cima, a ir de porta em
porta ameaçando as testemunhas do óvni de 25 de junho de 1954? Isso simplesmente não aconteceu porque, até o dia de hoje,
o caso Curitiba permaneceu no mais estrito segredo. Jordán Pena jamais soube dele, como também não soube que os óvnis
voltaram àquela cidade de Curitiba seis meses depois. Assim consta na primeira página do Jornal da Tarde de 17 de
dezembro de 1954. Nesse caso, porém, o "H" no ventre dos objetos não é mencionado. E eu me pergunto: por que seis meses
depois da visão da nave sobre o depósito de pólvora? Essa nova presença óvni em Curitiba teve a ver com a gestação da

criança que nasceria no ano seguinte? (Santos, como o leitor


pode lembrar, nasceu em 25 de junho de 1955.) Foi isso que o ser de cabelos amarelos anunciou ao pai de Santos?

Óvni de grande luminosidade sobre um depósito de pólvora do Exército, no Brasil. A nave foi fotografada na noite de 9 de
dezembro de 1954, ao que parece, no Rio de Janeiro. Nessa mesma época, outros objetos foram vistos nos céus de Curitiba,
Ponta Grossa e Rio Grande do Sul.
4
EM BUSCA DA ÍNDIA QUÉCHUA

Algum dia terei que serenar e trazer à luz a coleção de cadernos de campo em que analiso o fenômeno (?) da coincidência.
Foi um experimento. Durante mil dias, procurei "abrir os olhos" e avaliar minuciosamente por que essas "coisas estranhas"
ocorrem. A surpresa foi grande. Pois bem, um desses mil dias foi a terça-feira, 30 de novembro de 1999. Eu não havia
esquecido o caso da índia quéchua, na região de Uyuni, no planalto boliviano. Todas as minhas investigações, porém, foram
um completo fracasso. Ninguém sabia nada sobre a pastora ou o local onde ocorreram os fatos naquele não menos obscuro
1967.
Mas não me rendi. Aterrissamos de novo em La Paz e prossegui com as indagações. Dessa vez seria diferente, disse a mim
mesmo. Se a mulher ainda estivesse viva, eu a encontraria, nem que tivesse de passar pente fino em todo o planalto.
As investigações não poderiam ter começado pior. O mau tempo havia transformado as estradas em lamaçal. Chegar a
Uyuni significava cerca de nove horas de estrada, no mínimo, e a grande possibilidade de ficar preso por causa do temporal.
Havia outra alternativa: alugar um aviãozinho e vencer a tempestade.
E, como tudo na vida, esta segunda opção tinha vantagens e inconvenientes.
Naturalmente, só prestei atenção às primeiras. Blanca, por outro lado, sempre com os pés no chão, manifestou algumas
dúvidas a respeito da escolha do táxi aéreo. Em primeiro lugar, o alto custo: 1300 dólares por dia. Não era melhor esperar?
E, também, a companhia aérea exigia pagamento em dinheiro.
Somamos o dinheiro e vimos que nossas reservas não eram suficientes. Ainda assim, tentei animá-la a prosseguir.
Encontraríamos o dinheiro. Para isso existem os bancos e os cartões de crédito. Minha mulher guardou silêncio. Ela sabe que
gosto de desafios, embora, naquela oportunidade, a possibilidade de sucesso fosse muito pequena. A princípio, em vista do
alto custo do aviãozinho, eu tinha o prazo de apenas um dia para encontrar a índia. Um único dia? Em um território duas vezes
maior que a Andaluzia? Eu sabia que a busca era quase impossível, mas, movido por essa misteriosa "força" (?) que sempre
me acompanha, ignorei os sensatos conselhos de Blanca e acertamos com a companhia aérea. No dia seguinte, 30 de
novembro, às seis da manhã, o capitão Guillermo Arauco nos levou até o aeroporto e nos apresentou o piloto do Commander
680, o também ex-militar Luis Ortiz. A situação deixou-me perplexo: só um piloto para um vôo de mil quilômetros? Dessa
vez, quem guardou silêncio fui eu. Aumentar as preocupações de Blanca não fazia sentido. Acomodamo-nos, finalmente, no
aviãozinho meio caindo aos pedaços e preparamo-nos para decolar. Eram 7h15.
De repente, com os motores ligados, recebemos ordem de suspender a decolagem. O que estava acontecendo? A torre
esclareceu que o piloto estava com um problema em sua licença de vôo. Era o que faltava! Blanca, no banco de trás, estava
pálida. Julguei adivinhar seus pensamentos: "Vamos deixar a viagem a Uyuni para uma oportunidade melhor". Quinze minutos
depois, ainda não sei como, Luis Ortiz resolveu o problema e decolamos. Foi quando percebi que o duplo comando do
Commander (os relógios e os indicadores estavam presos com fita adesiva) não funcionava. Devo ter empalidecido...
Não fui justo. Ortiz era um excelente piloto. Em hora e meia, sobrevoamos a planície desolada e aterrissamos sem
problemas em pleno campo, a pouco mais de 2 km de Uyuni. O velho aviãozinho gemia a cada salto na improvisada pista de
terra, mas resistiu. Fez uma boa média: 318,6 km/h. Ao descer, o capitão Ortiz advertiu-nos: a decolagem seria às 16 horas.
Dadas as más condições meteorológicas, convinha voltar com claridade para La Paz. Eram 9h. Isso queria dizer que
dispúnhamos de sete horas para encontrar alguma pista. Tentei não ficar nervoso... Blanca e eu trocamos olhares. Onde estava
o veículo que deveria nos levar a Uyuni? Era o que havíamos combinado com a agência...
Poucos segundos depois, à distância, surgiu uma coluna de pó. Estava sendo injusto de novo, censurei-me. Um 4 x 4 parou
diante de nós, e o motorista perguntou por não sei que deputado da cidade de Potosí. Obviamente, tratava-se de um erro, mas o
condutor, fiel à tradicional hospitalidade boliviana, convidou-nos a embarcar e levou-nos até a pequena e calma Uyuni. Outra
vez a "coincidência". Outra oportuna e surpreendente "coincidência"...
Uyuni é um povoado de quase 9 mil almas. Trata-se de um lugar simples, com gente simples e costumes também simples.
Boa parte da população é de origem quéchua. Vivem da agricultura e, há alguns anos, do turismo que busca aventuras e novas
sensações nas grandes salinas, a oeste do povoado.
Precisávamos de um chá de coca. A altura continuava fazendo estragos (Uyuni está a 3.665m acima do nível do mar). Por
onde começar? Não havia tempo a perder. Fui até a prefeitura e apresentei o problema abertamente: "Procuro uma pastora...
ano 1967... uns indivíduos de pequena estatura mataram suas ovelhas...
voavam em algo parecido com cadeiras..." Os funcionários não acreditavam no que estavam ouvindo. Tratava-se de uma
brincadeira ou de um louco? Quando compreenderam que eu estava falando sério e que, aparentemente, não era um
perturbado, todos perguntaram o nome da índia ou do lugar onde se deu tão fantástico acontecimento.
"Isso, justamente, é o que estou procurando." Fim da conversa. Prosseguimos.
Polícia, velhos repórteres do povoado, paróquia, bares, comércios, mercado... O
resultado foi idêntico. Ninguém sabia de nada. Nem uma única pista. O relógio era implacável. Às 11h30, ainda não
tínhamos nada. O padre, Fábio Calizaia, prometeu procurar nas dezenas de vilarejos que cercavam Uyuni. A missão parecia
impossível. Mentalmente, acusei-me de insensato. "Algo", porém, deu-me (?) forças, e arrastei Blanca, rua por rua, quase casa
por casa. "Sabe de uma índia...?" De repente, ao virar uma esquina, descobrimos que nessa terça-feira, 30 de novembro, havia
em Uyuni uma das típicas feiras à qual compareciam muitos camponeses dos povoados próximos. A maioria era nativa
quéchua. E
uma vaga esperança surgiu em meu coração. Negativo. Os índios não sabiam, não respondiam. Muitos deles não falavam
espanhol. Sentei-me na calçada.
Blanca, incansável, continuava perguntando. Admiro essa mulher...
E o Destino (?) pôs diante de mim dois policiais municipais. Eram os responsáveis pela ordem na feira. Olhamo-nos
fugazmente. Pararam e, quase por inércia, levantei-me e perguntei-lhes pela pastora. Um deles, Abdón Alanes, o mais novo,
não sabia do que eu estava falando. O outro, David Siacara, assentiu com a cabeça. Não entendi. O homem dizia que sim, que
se lembrava do acontecimento. Devia ter sido em Ollería, um vilarejo situado a duas horas e meia de Pulacayo, ao nordeste de
Uyuni. Chamei minha mulher, e ambos, atônitos, ouvimos as palavras do providencial policial. Siacara atreveu-se, inclusive, a
pronunciar um nome: Flores. Esse podia ser o sobrenome da índia. O
relógio marcava meio-dia. De novo a "coincidência"?
A partir desse momento, tudo foi vertiginoso. Liguei para várias pessoas que haviam feito parte da expedição militar, que
interrogaram a pastora, e, de fato, eles confirmaram o sobrenome da índia. Com o nome do local não tive tanta sorte. Depois
de 32 anos, não era fácil lembrar. E voltamos ao cartório de registro civil, com a esperança de descobrir a filiação da tal
Flores, de Ollería.
Frustrante: os arquivos de Uyuni começavam em 1973. De volta ao começo. As novas investigações com os índios
quéchua não levaram a parte alguma. O
sobrenome Flores era muito comum no planalto. Havia milhares. Precisávamos de algo mais. Fábio, o padre, aconselhou-
nos a visitar a aldeia de Ubina, ao oriente de Uyuni. Ali, disse, moravam cinco famílias de sobrenome Flores. Eram mineiros.
O tempo devorava-nos. Era preciso tomar uma decisão. Arrisquei.
Iríamos para Ollería. Mas, e o avião? Teodoro Colque, proprietário de uma agência de viagens, forneceu-nos um 4x4.
Blanca alertou-me que Ollería estava a duas horas e meia de Uyuni. Eram 13h. Não havia tempo para ir e voltar. Não
importava. Estava decidido. Se a índia estivesse viva, eu a encontraria. Rubén nos acompanhou. Seria o guia e tradutor.
Consultei o mapa. Não podia acreditar: Ollería nem sequer constava... Rubén só sabia que se tratava de um vilarejo, talvez
duas ou três casas, situado depois de Pulacayo. "Chegando em Pulacayo, perguntamos", afirmou o obstinado guia. Comecei a
tremer. Mas o Destino continuou tecendo e destecendo...
Antes de abandonar Uyuni, Rubén parou o 4 x 4 em um posto de gasolina. Pediu que esperássemos e, simplesmente,
desapareceu. Pouco depois, vimo-lo voltar em companhia de um homem de meia-idade. Tratava-se de Anastasio Centeno,
velho amigo do guia. Aquele homem dizia conhecer o caso da pastora e da "gente pequena que voava". A princípio,
desconfiei. Depois, conforme ia fornecendo informações, fiquei mais tranqüilo. Afirmou que a índia se chamava Fortunata
Flores e que podia residir em Tica Tica ou, talvez, em Tonoja, outros vilarejos espalhados pela planície, supondo,
evidentemente, que não houvesse falecido. De novo a "coincidência"?
Quarenta minutos depois, após subir penosamente por uma trilha de pedra e pó, o 4 x 4 parou em Pulacayo, uma aldeia
quase de brinquedo, formada por humildes casas de pedra e adobe. Pulacayo estava a quase 4.000m de altura e cercado de
colinas suaves, avermelhadas e nuas. Era o nada, no meio do nada. Rubén esperava uma decisão. Qual era nosso destino?
Ollería, Ubina, Tica Tica ou Tonoja? Acendi o enésimo cigarro e tentei pensar o mais rápido possível. Não havia tempo para
visitar as quatro aldeias ou vilarejos. Antes de escolher um dos locais, convinha ter certeza. Perguntaríamos de novo. Em
Pulacayo devia haver alguém que soubesse nos informar do paradeiro de Fortunata Flores. Foi o que fizemos. Rubén reuniu
metade do povoado e, em quéchua, perguntou pelo domicílio da índia. A decepção foi total. Ninguém sabia. Ninguém havia
ouvido falar da tal Flores. Eu suspeitava que os receosos indígenas não estavam dizendo a verdade.
Catorze horas e dez minutos.
O fracasso estava definitivamente instalado em meu coração. Voltaríamos a Uyuni e a La Paz. Talvez tentasse em outra
oportunidade...
De repente, por entre as casinhas, ao longe, surgiu uma mulher segurando a mão de uma menina. Vi as duas se
aproximarem, mas continuei em silêncio. Estava cansado. E o Destino (?) agiu. Uma das habitantes perguntou a ela, em
quéchua, por Fortunata Flores. A recém-chegada observou-nos e, finalmente, também em quéchua, falou de Tonoja. Rubén
interveio, especificando. "Não há dúvida", explicou o guia, "essa mulher mora em Tonoja, a pouco mais de meia hora daqui."
A providencial índia, chamada Vicenta Córdoba, ofereceu-se para nos guiar. Eu estava tão perplexo que não consegui abrir a
boca durante a viagem.
Mas as surpresas não haviam terminado...
Se Pulacayo era o fim do mundo, que posso dizer do vilarejo chamado Tonoja, um pouco mais ao leste? Ali, no meio de
uma planície desértica, na mais absoluta pobreza, encontramos Fortunata Flores, outra índia que, como Vicenta, devia beirar
os cinqüenta anos de idade. Estávamos diante da pastora que atacara o homenzinho em 1967? E, sem poder disfarçar a
emoção, comecei a interrogá-
la. Rubén, ao traduzir, tornou a nos mergulhar na confusão. Fortunata Flores também não sabia do que estávamos falando.
Ela não era a pastora que estávamos procurando com tanto empenho. Insisti, acrescentando novos detalhes sobre a "gente que
voava", sobre as ovelhas mortas e sobre a briga que, supostamente, havia mantido com o indivíduo de pequena estatura.
Fortunata, como nós, continuava espantada. E negou novamente ser a protagonista daquele acontecimento. Definitivamente,
aquilo era um fracasso. Um fracasso de marca maior. E estávamos nisso quando, de repente, Vicenta Córdoba dirigiu-se ao

guia, anunciando que ela sabia sobre essa pastora. Rubén, perplexo, foi

transmitindo as palavras da quéchua: "A mulher que o senhor está procurando chama-se Valentina. Está viva...".

Blanca, esposa de J. J. Benítez (no centro), com a providencial Vicenta Córdoba y Sobeida, filha da índia quéchua, na
aldeia de Pulacayo. (Foto: J. J. Benítez.)

Fortunata Flores, na região de Tonoja. (Foto: J. J. Benítez.)

Em um primeiro momento, neguei-me a aceitar. Haviam sido tantos fracassos e tanto tempo investido que eu não podia
imaginar que as coisas fossem tão aparentemente simples. Pouco depois, porém, conforme Vicenta foi fornecendo
informações, compreendi que havíamos acertado o alvo. Vicenta Córdoba estava a par do acontecido em 1967 porque, entre
outras razões, seu marido era primo do esposo de Valentina Flores. Simplesmente impressionante. Aquilo, sem dúvida, não
podia ser obra do acaso.
Na viagem de volta a Pulacayo, Vicenta explicou que Valentina devia ter por volta de sessenta anos. Segundo as últimas
notícias, estava bem de saúde.
Morava no sul do país, em companhia de seu marido, Gumersindo Torres.
E, ao decolar de Uyuni rumo a La Paz, tentei organizar meus pensamentos.
Como era possível termos localizado a pastora em pouco mais de sete horas?
"Alguém", efetivamente, estava mexendo os pauzinhos desta impressionante história...
Meses depois, quando o Destino (?) julgou conveniente, fomos até o lar de Valentina, em um humilde povoado mineiro do
sul da Bolívia. Por ora, por questões de segurança, omitirei o nome da aldeia.
Valentina é quéchua. Não fala espanhol. Em 1967, quando protagonizou o singular acontecimento, estava com 24 anos de
idade. Agora, no momento da entrevista (março de 2001), deve beirar os 59, mas não tenho certeza. Sua pobreza e ignorância
são tão grandes que, em sua vida, acho, há muito poucas certezas. Valentina é analfabeta. Seus quase sessenta anos foram de
puro trabalho no campo ou com o rebanho. Não sabe de outra coisa. Por isso se surpreende que uns forasteiros cheguem de tão
longe única e exclusivamente para conhecê-la e saber de uma história que aconteceu há 34 anos. Ao que parece, é a primeira
vez que a conta, com exceção do narrado em 1967 à expedição de Uyuni. Apesar do tempo transcorrido, sua memória parece
intacta.
A cada pergunta, responde com clareza e rapidez. Não há dúvida: aquele desagradável acontecimento deixou-a marcada
para sempre...
Os fatos deram-se em um local chamado Sibingani, a certa distância de Opoco, a aldeia mais próxima. Mais ou menos a
um dia de trilha de Uyuni.
— Nesse dia eu estava sozinha. Meu marido era comissionado e, como os outros homens, estava na planície, trabalhando.
Gumersindo Torres, o esposo, assentiu com a cabeça. A história não lhe trazia boas lembranças.
— Foi lá pelas quatro da tarde — prosseguiu Valentina. — Como disse, estava sozinha, com a única companhia de minha
filha Teodosia, de um ano de idade.
Ela estava na manta, em minhas costas.
No momento de estabelecer a data exata, a índia hesitou.
— Deve ter sido por esta época. Talvez na Semana Santa...
Não foi possível precisar o mês, mas sim o ano: 1967. A idade de Teodosia, a filha, foi a chave. Essas apreciações de
Valentina não coincidiam com a versão de Enrique Miralles, o ex-diretor do jornal La Patria de Oruro. Para Miralles, o fato
aconteceu em final de maio ou início de junho desse ano (1967), pouco antes do roubo de explosivos.
— Fui buscar uma lhama e seu filhote. Haviam sumido. Então, reuni as ovelhas e os cordeiros em um lugar e fui em busca
dos animais. Quando voltei, o rebanho não estava lá.
— Quanto tempo gastou na busca da lhama e seu filhote?
— Uma hora e meia, mais ou menos.
— E o que aconteceu?
— Estranhei muito. Então, segui as pegadas do rebanho e cheguei aos currais de pedra, nos morros. Havia um homem
pequeno dentro do curral, de joelhos, com uma ovelha no meio das pernas. O curral estava coberto com algo parecido a uma
rede. Assustei-me. O indivíduo havia matado todos os meus animais...
— Que aparência tinha?
— Era como uma criança...
Valentina sinalizou com a mão. Deduzi entre 1,10m e 1,30m de altura.
— ... Usava uma roupa muito estranha, como um macacão, da cor de seu colete, uma peça única, do pescoço até os pés. As
botas eram cor de café. Deixavam uma pegada, como de uma meia, mas muito apertada. Na cabeça, via-se algo que me
lembrou um capacete, com o rosto de fora. Era de pele muito branca, cabelo louro, olhos azuis e um bigode vermelho e
abundante.
Segundo a pastora, o indivíduo era jovem e "gordinho". Levava uns aparelhos nas costas e também nas laterais, tudo isso
preso com cintos. Um pouco mais além, fora do curral de pedra, Valentina notou também um segundo ser de características
parecidas às do que estava dentro do aprisco.
— Eu peguei uma pedra e atirei naquele que estava no curral. O homenzinho me viu, ficou em pé e assustou-se. Eu
continuei atirando pedras. Então, ele mexeu em outro aparelho que tinha do lado e a rede desapareceu.
Pelo que pude entender, a índia referia-se a uma pequena máquina que estava no chão. O indivíduo, ao que parece, quando
se viu descoberto (?), manipulou algo na parte superior do aparelho e a rede foi recolhida automaticamente.
— Quantas pedras conseguiu jogar e a que distância estava do "homenzinho"?
— Acho que foram três pedras. Pensei que eram ladrões, e fui me aproximando aos poucos. Nesse momento, o segundo
sujeito já havia levantado vôo...
Não foi fácil fazer Valentina descrever os aparelhos que os indivíduos carregavam e que, ao que parece, eram auto-
propulsores. Segundo sua limitada linguagem (sempre em quéchua), aquela "gente pequena" tinha uma espécie de "ventilador"
sobre o capacete. Isso e dois "tubos" que saíam pelas laterais lhes permitiam voar (?).
— Pareciam cadeiras, com os pés — acrescentou a boa mulher.
— Continue...
— Então, aquele homenzinho recolheu suas coisas e, apressadamente, saiu do curral...
— Coisas? — interrompi-a de novo. — Que coisas? —Valentina trocou umas frases com o tradutor. A índia não sabia
como se explicar.
— Uma "coisa" era como a caixa de um aparelho de rádio. O outro era uma sacola com as entranhas das ovelhas...
Tentei não interromper novamente.
— Ele falou comigo, mas eu não entendi. Não era quéchua nem espanhol. Estava tão alterado quanto eu. Oh, meu Deus!
Meus animais!
Ele matou um por um! Fiquei louca. Peguei um pau e fui para cima dele...
Valentina lembrava muito bem o número de ovelhas mortas: 63. Apenas uma se salvara: a que o "homenzinho" segurava
entre as pernas no momento em que fora surpreendido pela pastora. Além dos orifícios, perfeitos, cada animal fora mutilado
de um jeito estranho. Faltavam os olhos, as orelhas, parte da boca, a gordura do ventre e, principalmente, o sangue. A maior
parte dos animais foi encontrada sem sangue.
— Quando cheguei a 2m, bati com todas as minhas forças. O pau, com um ferro na ponta, acertou o rosto dele, e ele
começou a sangrar. O sujeito continuava gritando, mas eu não entendia. Então, ele me atacou com aquela "faca", a mesma que
havia utilizado para matar o rebanho. Tinha uma "corrente" e sempre voltava para sua mão. Fez-me vários cortes no peito e
nos braços. O nó da manta evitou que me matasse. Eu bati nele mais duas vezes. Acho que quebrei seu braço ou o pulso
direitos.
— Por que diz que quebrou seu braço ou seu pulso?
— Porque ficaram pendurados, com sangue. Então, muito nervoso, mexendo nos aparelhos com a mão esquerda, correu
para o alto de um morrinho e saiu voando, como o outro.
O sangue, tão vermelho quanto o nosso, ficou na terra e nas pedras. Dias depois, algumas dessas pedras foram levadas
para Uyuni pelos militares bolivianos.
Nunca se soube se o sangue foi analisado.
No curral de pedra ficaram as 63 ovelhas e cordeiros mortos e dois ou três paus de cerca de 30 cm de comprimento,
utilizados pelo ser para prender a rede na parte superior do aprisco. Segundo Pablo Ayala, que os tivera em suas mãos,
tratava-se de simples galhos de árvores, partidos sem cuidado. Ao que parece, ali ficaram e ali desapareceram.
Horas depois, em vista da catástrofe, a família decidiu levar o assunto ao conhecimento das autoridades. Gregorio
Córdoba, primo do marido de Valentina, foi para Uyuni nessa mesma noite. Depois da inspeção dos militares, as ovelhas
foram entregues ao médico, e este, por sua vez, vendeu-as. A única inspeção mais ou menos séria dos animais foi feita pela tal
comissão procedente de Uyuni. Evidentemente, como era de se esperar, ninguém se responsabilizou pela morte das ovelhas.
Foi a ruína para a família Flores. E Valentina, com seu marido e seus filhos, viu-se na necessidade de emigrar para as minas
de Oruro.
Dali, foram para o sul.
Segundo a índia, poucos dias antes do lamentável encontro com os seres e suas "cadeiras voadoras", os habitantes de
Sibingani foram testemunhas de outros fatos não menos estranhos...
— Os animais — comentou Valentina — estavam muito nervosos. Pulavam e tentavam fugir dos currais. Dois cordeiros
apareceram degolados. Alguns viram uma pessoa pular de dentro de um aprisco. Eu mesma, uma dessas noites, vi um
indivíduo. De repente, ele me jogou uma vasilha de sangue na cara...
Quando voltei para Uyuni, tentei interpretar o que havia acontecido em Sibingani em 1967. Consegui mais ou menos...
Algo estava claro: 34 anos depois, Valentina Flores não sabia o que havia realmente acontecido. Valentina não sabe o que
é um óvni e, muito menos, um extraterrestre (nem precisa). A única coisa que conserva na memória é que os "homenzinhos que
voavam" foram sua ruína. Não lhe falta razão. Para dizer a verdade, como acontece com a índia e sua família, eu também não
entendo a matança dos animais. Se os seres que desceram no planalto eram "não humanos"
e, portanto, teoricamente mais avançados que nós, por que acabar com os precários meios de sobrevivência de humildes
camponeses?
A pergunta conduz, por sua vez, a outra irritante dúvida: eram os "ummitas"? As cartas datilografadas e enviadas a meia
centena de cidadãos falam sempre de amor e fraternidade. Como explicar que os supostos extraterrestres enviem mensagens
tão honoráveis e, ao mesmo tempo, roubem dos mais necessitados?
As cartas "ummitas", se bem me lembro, falam também da aparência dos supostos seres: louros e altos (tipo nórdico).
Embora a data e o lugar quase coincidam com o anunciado na carta de 30 de maio de 1967, em minha opinião, a "gente
pequena que voava" em Sibingani não guarda relação alguma com a descrição física dos "ummitas". Pelo menos, com os seres
vistos na África do Sul e Curitiba. Também existe a possibilidade de tudo ser parte de um intrincado teatro, onde nada é o que
parece...
Seja como for, a verdade é que, no planalto boliviano, em 1967, houve um dramático encontro com seres de outros
mundos. Provavelmente, um dos casos mais puros de que tive notícia em minha longa carreira de pesquisador do fenômeno
óvni. O esforço valeu a pena...
Valentina P. Flores, em Gumersindo Torres, marido de março de 2001. (Foto: Iván Valentina. Ele também não entende
Benítez.)
por que aqueles seres mataram seu
rebanho. (Foto: Iván Benítez.)

Um dos seres cobriu o curral de pedra com uma espécie de rede de plástico.
Sessenta e três ovelhas e cordeiros foram mortos com uma estranha arma.
(Foto: Iván Benítez.)
Segundo as indicações de Valentina, o segundo "homenzinho" correu para um pequeno morro e saiu voando.

Anotações no caderno de campo de J. J. Benítez.

Trinta e quatro anos depois do encontro com os pequenos seres, Valentina Flores não sabe o que realmente aconteceu.
(Foto: Iván Benítez.)

O Destino levou-me, finalmente, à

presença de Valentina Flores, a única

mulher, segundo as notícias que

tenho, que enfrentou um ser do outro

mundo.

(Foto: J. J. Benítez.)

Valentina Flores, em seus quase sessenta anos.


(Foto: Iván Benítez.)
Desenhos de J. J. Benítez, segundo as indicações de Valentina, testemunha principal do caso.

Um dos pequenos seres que voavam, segundo Valentina Flores.


5
OUTROS CASOS "UMMITAS

Evidentemente, os casos de 1952 e 1954 na África do Sul e Curitiba, respectivamente, não foram os únicos em que os tais
"emblemas" em forma de "H" foram vistos e, entre os pesquisadores e também em âmbito popular, associados com "Ummo",
não sei se acertadamente. De meus arquivos constam trinta encontros com naves, ou com seus tripulantes, nos quais o célebre
"H", ou algo parecido, aparece em alguma parte. Vejamos uma seleção de casos antes de prosseguir com o caso "Ummo"
propriamente dito:
Dinamarca, 27 de abril de 1960

A testemunha, cuja identidade não foi revelada, ia de carro pela estrada que iiga as cidades dinamarquesas de Slagelse e
Naestved. Por volta das 3h, quando estava a cerca de 11 km ao sul de Slagelse, teve uma estranha sensação: "Parecia que
alguém estava me vigiando". O tempo estava bom, mas, naquela área, havia um pouco de neblina e uma leve brisa.
Ao deixar o bosque que cerca a casa principal da fazenda Gyldenholm para trás, o condutor viu, a sudoeste, um círculo
branco muito brilhante. "Aproximou-se a grande velocidade e, em questão de três ou quatro segundos, colocou-se em frente ao
carro. Então, luzes e motor foram desligados. Coloquei-me como pude à direita da estrada e estacionei a uns 6 m do objeto.
Tinha a típica forma de 'disco voador': dois pratos de sopa unidos pela parte aberta, com uma faixa luminosa no centro e uma
espécie de 'torrezinha' no alto. No total, uns 9m de comprimento por 6m de altura. A nave era de um verde acinzentado
luminoso, com três clarabóias na 'torre'.

Sinal "ummita" nos trajes dos tripulantes observados na Dinamarca?


(Desenho de J. J. Benítez.)

"Fiquei observando, perplexo, e vi três pés surgindo da parte inferior. O óvni devia estar a uns 3m do chão. Os pés
deslizaram para a terra, mas, antes de a tocarem, surgiu um grande cilindro, também saindo pelo ventre do objeto. No trecho
final do cilindro, vi uma abertura quadrada, como uma porta. Nesse momento, vi quatro pessoas saindo pela abertura. Não tive
medo. Pensei em sair do carro, mas, prudentemente, permaneci lá dentro, observando. Aqueles seres pareciam crianças.
Nenhum media mais de um metro de altura. Avançaram para o carro com movimentos lentos e elegantes, como os
submarinistas sob a água.
Eu estava muito confuso. Os quatro vestiam-se igual: macacões verdes brilhantes. No peito, três faixas escuras verticais; a
do centro, mais comprida..."
Segundo a testemunha, nesse instante, enquanto os pequenos seres se aproximavam do carro, pela porta do cilindro surgiu
um longo e grosso cabo.
Rastejou até o carro e parou a uns 2 m da janela direita.
"O cabo (?) acabava em uma tela quadrada, com uma lente branca, redonda e iluminada. O cabo mantinha a tela a um
metro do chão. Os 'homenzinhos'
cercaram o carro e foram colocando algo estranho, parecido com lanternas, em diferentes pontos do veículo. Os rostos
eram como os nossos, mas um pouco mais achatados. As bocas moviam-se, mas não ouvi som algum, com exceção de um
zumbido, parecido ao dos sistemas de alta voltagem. Depois, voltaram para a nave. Cabo e pés desapareceram, e o objeto
elevou-se a grande velocidade e desapareceu rumo ao sudoeste."

México, verão de 1964

Manuel Garza Rodarte e um amigo estavam caçando nas proximidades de Poza Rica de Hidalgo (estado mexicano de
Veracruz). Por volta das 18h30, quando andavam por um morro, os cães voltaram assustados. Quando ergueram os olhos,
tentando descobrir o que estava acontecendo, viram um disco prateado a uns 80m de distância e a pouca altura do chão. A
visão foi breve: poucos segundos.
Na parte inferior, o objeto tinha uma espécie de "emblema" em forma de "H".
Depois, o óvni afastou-se na horizontal. O "H" era grande e escuro, e destacava-se sobre o prateado do disco. Segundo as
testemunhas, ocupava todo o ventre.

Ilha deAndros (Bahamas), 21 de maio de 1966

Esta informação me foi fornecida inicialmente por meus bons amigos Willy Smith e Virgilio Sánchez-Ocejo,
pesquisadores veteranos.
Tudo começou às 3h na ilha de Andros, uma base norte-americana de rastreamento de mísseis situada a 250km ao leste da
Flórida; um local extremamente secreto naquele tempo. De repente, um dos operadores de radar, cuja identidade não foi
revelada, notou uma estranha luminosidade no céu noturno. Pouco depois, viu muito perto, quase sobre sua cabeça, uma
enorme nave com um símbolo na parte inferior. Era como um "H". O óvni estava imóvel sobre uma pequena plataforma e
projetava um facho de luz cônico sobre um cão.
O operador conseguiu filmar o objeto e também mais dois aparelhos que se aproximaram do local, flutuando em volta do
primeiro. O técnico filmou durante oito minutos. Pouco depois, os militares confiscaram o filme e levaram o cão.
Dois operadores de uma ilha próxima declararam que, a essa hora, entre 3h e 4h,

e durante oito minutos, as telas dos radares "ficaram em branco" e não se registrou nenhuma imagem. Os dois técnicos
foram transferidos para outra base.
Anos depois, por uma dessas singulares "coincidências" (?) da vida, o caso da ilha de Andros acabou chegando ao
conhecimento dos pesquisadores e, finalmente, da opinião pública. Foi em um programa de televisão, na Flórida, quando o
casal Ralph e Judy Blum mostrou algumas fotografias do óvni visto em San José de Valderas (Madri). Essas imagens haviam
sido incluídas em um livro de Blum (Beyond Earth: Man's Contact with UFOs [Além da Terra: o contato do homem com
óvnis], p. 122-3), publicado em 1974. Nessas fotografias, observa-se um objeto com o já familiar "H" no ventre. Pois bem,
como conseqüência desse programa de televisão, o casal recebeu uma ligação. A pessoa, que não quis fornecer seu nome,
solicitou uma entrevista com Ralph Blum. Quando ambos se viram, o desconhecido exclamou: "Vejo que, finalmente,
publicaram minhas imagens!" Blum fê-lo ver que aquelas fotos haviam sido tiradas em 1967
e na Espanha.

Foi quando a pessoa passou a narrar a história que acabo de expor e um pouco mais...
"... Nesse dia, 21 de maio de 1966, tínhamos previsto um grande lançamento.
Ali, na ilha, estavam todos os chefões da Alemanha, Inglaterra etc. Iam assistir a um AZROC, isto é, ao lançamento de um
foguete de um submarino... Eu estava na cúpula por pura coincidência. Sou muito metódico, e gosto de preparar as coisas com
antecedência. Então, fui para o observatório e preparei a câmera... O
local é conhecido como Golden Cay, mas, para nós, naquele tempo, era apenas a 'base número quatro'. Havia sete bases...
Nesse momento, entre 3h e 4h, eu estava ajoelhado, na cúpula, tentando me organizar. Havia luz do luar. A cúpula estava
aberta e eu tentava aproveitar a pouca claridade e a pequena luminosidade das luzes laterais. Mas, de repente, tudo se
iluminou como se fosse dia. Olhei pela cúpula e, perplexo, vi aquela coisa... Estava na horizontal, paralela à cúpula, a uns 9
m, na ponta da plataforma. Lá estava também Squib, nosso mascote. Era um cachorrinho muito desajeitado...
"No início, não vi essas marcas que o senhor me mostrou nas fotografias de Valderas, em Madri. Vi apenas um disco... Pus
o teodolito no manual e preparei-me para os lançamentos das 7h. O teodolito, como sabe, é um instrumento de rastreamento
com uma câmera de 35 mm. Só seguimos mísseis e torpedos... No dia seguinte, repetiram o teste e seguimos o SKIPJACK (o
submarino atômico) durante dezesseis horas. Dezesseis horas sentado, seguindo sua antena!... Tudo se iluminou. Ergui os
olhos, e aquela coisa estava ali, em frente a mim. A plataforma era de cimento branco, mas tudo estava iluminado, inclusive o
interior da cúpula e eu mesmo. Eu não tinha nem idéia do que estava acontecendo... Quando olhei, vi o cão. Estava andando
para a ponta da plataforma. Quando chegou ao fim, ficou paralisado. Não se mexia. Foi quando decidi girar a câmera e
coloquei-a no manual, filmando. No total, rodei uns 106m, dos 150 do filme. Durante oito minutos, o cão continuou imóvel,
sentado.
Subia e descia a língua ao compasso da respiração. Depois, ficou com a língua pendurada... Era muito estranho. O objeto
continuou quieto, como se estivesse pregado no lugar, sem me dar a menor importância. Só o cachorrinho lhe interessava.
Devem ter-me visto. Suas luzes estavam acesas e ouvia-se perfeitamente o zumbido do teodolito funcionando... Então, decidi
chamar a base um. O pessoal de comunicações passou-me para a segurança. Eu lhes disse o que estava vendo, mas
praticamente me mandaram passear. Imagino que me tomaram por um piadista. Eu, então, insisti, e jurei por Deus... Quando
lhes disse que tinha um filme, a coisa mudou. Disseram que subisse de novo à torre e esperasse sua chamada pelos fones.
Então, Rainbow 1 comunicou-se com Rainbow 4 e tornaram a me chamar, anunciando que estavam enviando um helicóptero.
Era para eu ficar com o filme preparado...
"Quando esta última chamada foi registrada, os objetos já não estavam mais lá.
Ao cabo desses oito minutos, de repente, ouvi um zumbido muito intenso. Então, chegaram mais dois objetos, um pouco
menores. Colocaram-se ao lado do grande e desapareceram... Não tive tempo de filmar esses últimos... Squib saiu correndo
pela plataforma, em direção à cúpula, e os três aparelhos desapareceram. Todos tinham a mesma marca na base: um 'H', como
o das fotos de Valderas... Os três eram exatamente iguais. Do primeiro, o que permaneceu quieto, saiu uma espécie de facho
luminoso que foi diretamente para o cão. O
pobre Squib não se mexeu. Lembro que abaixei a câmera e filmei-o também. Era uma luz branca, como a dos faróis de
aterrissagem dos aviões, mas mais forte...
"Às 4h30, chegou o helicóptero. O piloto, um tal de Dave, estava muito irritado por ter que acordar de madrugada. Desceu,
pegou o filme e foi embora. Uma hora depois, às 5h30, chegou um segundo helicóptero. Perguntaram por mim, mandaram-me
embarcar e levaram-me para a base um. Ali, outra surpresa me aguardava: uma reunião com almirantes e chefões da aviação,
algo que estranhei muito, porque Andros era uma base exclusivamente da Marinha... Fizeram-me todo tipo de perguntas e,
finalmente, o chefe da base deu-me uma ordem: 'Esqueça o que viu...'. A ordem seguinte foi que arrumasse minhas coisas. Uma
hora depois, estaria em minha casa... Eu não estava entendendo nada. Fui diretamente à sala de projeções e tentei ver o filme.
Em outras ocasiões, o pessoal que trabalhava naquele departamento havia me mostrado os filmes sem nenhum problema. Pois
bem, dessa vez, não me permitiram nem entrar na sala...
"Voltei a meu posto, na base quatro, e chamei a base seis. Foi assim que soube que o radar da seis também havia parado
de funcionar, como aconteceu ao nosso.
Tudo aconteceu durante a presença dos três objetos. Naturalmente, o lançamento foi suspenso. Três dias depois, chegou o
pessoal da Marinha e levou o cão e todos os animais...

Hidalgo e a ilha de Andros, duas visões óvni com o "H" no ventre, anteriores a 1o de junho de 1967.

Disseram que estavam com doenças perigosas, especialmente as cabras...


Puseram o pobre Squib em uma jaula. Nunca mais o vimos. O cão passou três dias sem querer comer. Eu, junto com o
piloto do helicóptero e os especialistas em radar, bem como o chefe da base, fomos despedidos..."

Madri, 1o de junho de 1967

De novo a "coincidência"? Não acredito. Em abril de 1996, as investigações sobre os supostos "ummitas" levaram-me até
Manuel Rubio, um excelente pintor. Ele viveu a famosa visão de San José de Valderas, mas às 11h15. Essa é a primeira vez
que seu testemunho vem a público (quase quarenta anos depois).
Isso foi o que me contou: "Naquela época, eu trabalhava como projetista na Aeronáutica Industrial S.A., em Quatro Ventos,
muito perto de San José de Valderas. Era uma quinta-feira. Às 11h, seguindo o costume, saí do escritório
para fazer um lanche. Quando voltei, uns quinze minutos depois, vi-o imóvel, a uns 50 m acima do campo de vôo. Como
pode imaginar, fiquei perplexo. Era um objeto redondo, de uns 10 ou 12 m de diâmetro, de cor acinzentada. Estava inclinado,
mostrando o ventre. E assim ficou o tempo todo. Esse ventre, acho, era mais escuro, cor de chumbo, porque ficava na sombra.
Já o perímetro do objeto era brilhante. Na verdade, observei com prazer.
Manuel Rubio, testemunha da presença de um óvni em 1o de junho de 1967, mas às 11h15 e muito perto de San José de
Valderas. (Foto: Blanca Rodríguez.)

"O óvni manteve-se sempre inclinado, a uns 30° no horizonte."


(Foto: Blanca Rodríguez.)

Calculo que devia estar a uns 50 m, aproximadamente, de onde eu estava. Não fazia o menor barulho. Isso me
impressionou. E ali continuou por um longo tempo. No mínimo, quinze minutos. Depois, sempre em silêncio, afastou-se a uma
velocidade incalculável, rumo ao povoado de San José de Valderas. Foi muito rápido. Nenhum equipamento humano poderia
desenvolver uma velocidade daquelas. A base, ou ventre, era lisa. Em momento algum cheguei a ver a parte superior nem o 'H'
que saía nas fotos dos jornais. No dia seguinte, o jornal dizia que um óvni havia sido visto e fotografado nas cercanias do
castelo de Valderas. Em minha opinião, o objeto fotografado e o que eu vi eram quase idênticos. A única coisa que não vi,
como lhe dizia, foi esse estranho símbolo no ventre.

DURACION INMOVIL DEL AVISTAMIENTO 15 Z


Posição do óvni sobre o complexo industrial próximo a Valderas.
(Desenho: Manuel Rubio.)

E alegrei-me porque outros também o teriam visto. Como pode imaginar, quando comentei no escritório, ninguém
acreditou. Nunca soube se outros colegas o haviam visto. Imagino que sim, porque 2 mil pessoas trabalhavam ali. Para dizer a
verdade, tive uma sensação estranha. Enquanto observava o objeto, sentime observado...
"Aquilo, sem a menor dúvida, era algo do outro mundo e inteligentemente manejado."

Cuenca, 1o de junho de 1967

Às 16h, todo o povoado de Huete, na província de Cuenca (Espanha), pôde observar um objeto parecido a um disco, muito
brilhante e silencioso. Parecia alumínio. No dia seguinte, a imprensa de Madri falou de um objeto visto e fotografado em San
José de Valderas. O caso me foi relatado pelo padre dominicano Aureliano de la Fuente, testemunha direta da visão. Segundo
os pesquisadores e jornalistas, o objeto de Valderas foi visto às 20h 20 dessa quinta-feira, 1o de junho de 1967; isto é, umas
quatro horas depois da visão em Huete. O
religioso guardou o assunto em segredo durante 32 anos.

O padre Aureliano, durante um encontro aparentemente casual, na América, com o pesquisador J. J. Benítez.

San José de Valderas, 1o de junho de 1967

As primeiras notícias sobre Emilia Garcia Carrasco saíram em Un caso perfecto (p. 193 e ss.). Nesse livro (publicado em
1969), Emilia falava de um objeto visto às 20h nas proximidades de um dos castelos da colônia de Valderas, a sudoeste de
Madri. Tratava-se, de fato, do célebre 1o de junho, quinta-feira.
Posteriormente, que eu saiba, a mulher foi entrevistada pelo doutor Jiménez del Oso e por Antonio Luis Moyano. Em
fevereiro de 2004, tive a oportunidade de conversar com ela em sua casa. As palavras de Emilia foram praticamente idênticas
às pronunciadas 36 anos antes. A mulher lembrava muito bem o acontecimento daquela tarde: "Eu havia acabado de completar
doze anos. Faço aniversário em 30 de maio... Lembro que estava na escola fazendo ginástica com umas colegas. Eu, naquela
época, estava um pouco gordinha, e, à tarde, aproveitava para fazer exercícios... E, lá pelas oito, quando estava escurecendo,
fui para minha casa, em San José de Valderas. Minhas amigas moravam em Alcorcón, e eu, como sempre, voltava sozinha, a
pé. Então, vi aquela luz, acima dos pinheiros. Estava quieta. Era alaranjada. Não ouvi nenhum ruído... Foi algo estranho.
Como poderia explicar? Eu estava andando, decidida, para minha casa quando, de repente, senti algo estranho. Era como se
alguém estivesse me observando. Então, voltei-me e vi a luz acima do bosque. Fiquei contemplando aquilo durante alguns
minutos. Estava impressionada. O objeto tinha uma 'coisa'
pintada. Parecia uma letra chinesa. Depois, senti medo e saí correndo... Algum tempo depois, apareceu na escola um
homem com um gravador. Elena, a diretora, foi de sala em sala perguntando se alguém havia visto algo estranho. Foi quando
eu contei...".
Ao mostrar-lhe uma das imagens do óvni de Valderas, Emilia assentiu. "É o mesmo, e o mesmo 'H', mas o que eu vi tinha
mais luz." E eu me pergunto: se o óvni de San José de Valderas foi uma montagem, como afirma Jordán, por que se deu ao
trabalho de procurar e conversar com pessoas como Emilia Garcia Carrasco?

San José de Valderas (Madri), 2 de junho de 1967


Tive a sorte de conhecer Paquita Jiménez nos primeiros meses de 2004. O que essa mulher viu na colônia de Valderas
permaneceu inédito durante 37 anos.
Apenas agora, e graças às impressionantes piruetas do Destino, vem a público.
"Foi de madrugada, entre 2h e 3h. Eu estava em casa, em companhia de meus três filhos pequenos. Meu marido estava fora
de Madri. Nós morávamos, então, em San José de Valderas, na rua Redondela. Lembro que estava calor, e saí à

janela. Era um quarto andar. Fátima, uma das meninas, estava doente. Eu estava fazendo hora para dar-lhe o antibiótico. E,
nisso, apoiada na janela, notei uma luz se aproximando pela direita. Chamou-me a atenção. Voava muito baixo.

Conforme foi se aproximando, compreendi que se tratava de algo estranho. Não era um avião, nem nada parecido. Meu
marido é piloto, e estou acostumada com aviões... Situou-se em frente ao prédio e ali permaneceu por um tempo. Era como
uma grande laranja cortada ao meio. Girava sobre si mesmo e emitia uma luz dourada. Vi também outras luzes verdes ou
azuladas. Emitia um som abafado e apagado, como o zumbido de um motor. Quando girava, distinguiam-se umas linhas. Eram
como divisões verticais... Eu olhava para a rua, tentando localizar
alguém que confirmasse o que estava vendo. O lugar, porém, estava deserto. E
continuei observando durante alguns segundos. Devia estar a 50 m, mais ou menos, e a uns 2 m do chão. Pensei que havia
aterrissado, mas não posso afirmar. Só o vi de cima. O tempo todo fiquei acima do objeto. Depois, lentamente, deslocou-se
para a esquerda e desapareceu por trás do edifício. Não senti medo, mas houve um momento em que notei que estava sendo
observada.
Lembro que fiz um gesto instintivo, indo um pouco para trás. Depois, fui deitar-me e não lembrei mais nada. Não consigo
saber o que aconteceu. Por que se apagou de minha mente? Só alguns dias depois, subitamente, aquilo me veio à memória e
contei a meu marido. Algum tempo depois, por outro colega piloto, soubemos do que aconteceu perto do castelo do marquês
de Valderas. Eu vi essas fotografias e posso afirmar que o que vi não era igual. Não vi a parte de baixo e, portanto, não sei se
tinha esse emblema..."
Canadá e Austrália, 23 e 24 de agosto de 1967

Às 4h, Stanley Moxon dirigia seu carro pela estrada 15, nas cercanias de Joyceville, em Ontário (Canadá). Era 23 de
agosto de 1967. De repente, viu um objeto, "grande como uma casa", que surgiu no céu noturno e dirigia-se ao campo. "Era
muito brilhante", afirmou, "com uma luz tão intensa que se fez dia."
A nave aterrissou perto do carro e o jovem Moxon viu três seres saindo. "Fiquei quieto dentro do carro, com as luzes
apagadas, observando muito atento. Jamais havia visto uma coisa igual. A nave e os seres estavam a uns 200m. Eram
pessoas pequenas, de um metro de estatura, aproximadamente. Pareciam brancos, com alguma coisa na cabeça, como
bolhas. Começaram a recolher plantas e terra." Moxon acendeu as luzes para vê-los melhor e, nesse instante, os tripulantes
voltaram para a nave. Pouco depois, o objeto desapareceu. Segundo a testemunha, parecia um prato de sopa virado, sustentado
por três pés. Moxon ouviu apenas um zumbido.
O fato foi denunciado à polícia de Smiths Falls. Quando os agentes chegaram ao local, encontraram áreas queimadas e três
marcas que correspondiam a uma pressão de 50 mil quilos. Moxon foi interrogado pela Força Aérea dos Estados Unidos. Os
militares "recomendaram-lhe" que não falasse do incidente...

No dia seguinte, 24, às 17h, um homem cuja identidade não foi revelada dirigia-se, de moto, à cidade de Melbourne, na
Austrália, a milhares de quilômetros do Canadá. Uma luz azulada envolveu-o quando rodava a 100 km/h. O homem parou a
motocicleta, tirou os óculos e, depois de esfregar os olhos, descobriu, a sua esquerda, um objeto em forma de disco. Estava a
30 m de distância e a pouco mais de um metro acima do chão. Era como dois pratos de sopa unidos pelas bordas, com um
diâmetro aproximado de 10 m. A metade superior era prateada, com uma cúpula. A inferior era escura, com um emblema ou
insígnia no ventre, que não conseguiu decifrar totalmente devido à curvatura da nave. Ele acha que poderia ser um "H". Nesse
momento, passou um carro, mas ele não o conseguiu parar. Quando olhou de novo para o objeto, viu duas figuras, em pé, na
frente do disco. Eram humanos. Usavam trajes muito justos, prateados, que lhes cobriam do pescoço aos tornozelos. Na
cabeça, capacetes que pareciam aquários. Os seres tinham entre 1,50m e 1,60m de altura.
"Olhamo-nos durante um minuto. Depois, decidi dar um passo para eles. Os dois seres fizeram o mesmo. Continuamos
olhando-nos em silêncio, talvez mais um minuto. Então, um deles ergueu a mão e me cumprimentou. Senti tanto medo que pulei
na moto e fugi. Estava a mais de cem milhas por hora quando ouvi um zumbido. Tinha que ser muito forte para eu ter ouvido,
por causa do barulho da moto e do vento. Olhei para trás e vi o objeto de novo. Estava me seguindo a uns 30 m do chão e a
pouco mais de 5m da motocicleta. Estava contornado por uma cor rosada. Compreendi que não poderia fugir, então parei e
tentei encontrar um lugar onde me esconder. A nave estava imóvel. O zumbido havia desaparecido.
Assim permaneceu por meio minuto, mais ou menos. Então, começou a mudar de cor e passou do rosa ao vermelho
brilhante. Depois, saiu disparada, a uma velocidade enorme. Posso afirmar que foi de zero a uns 5 mil quilômetros em um
instante, sem aceleração..."

Galícia (Espanha), 7 de agosto de 1968

Embora essa visão tenha sido registrada na tarde/noite de 7 de agosto, a primeira notícia saiu dia 12 no jornal Amanecer,
das Astúrias. Depois, seria difundida pelo resto da Espanha. Eis aqui um resumo do que foi publicado no jornal: "Um agente
artístico, residente em Barcelona, atualmente nas Astúrias, afirma ter visto um misterioso objeto voador em um trajeto entre as
vilas galegas de Betanzos e Villalba com uma banda musical. Pedro Pablo Barrios disse: 'Aconteceu no dia 7 passado,
justamente quando entramos em um trecho não asfaltado da estrada. Pude ver claramente um objeto cheio de luz começando a
se elevar e girar acima de nosso veículo para pegar a mesma direção que nós'.
"O senhor Barrios diz que quase não contou nada sobre isso, porque tinha certeza de que pouca gente acreditaria. 'Porém,
eu posso ter o mesmo crédito que toda essa gente que afirma ter visto discos voadores em outras partes do mundo.'
"Afirma a testemunha que pôde ver perfeitamente o veículo e, para descrevê-lo, disse que tinha a mesma forma dos discos
voadores dos quais já se falou em diversas ocasiões: 'Pude distinguir', disse, 'perfeitamente um sinal na parte de baixo, muito
parecido com um H maiúsculo. Da lateral, saía uma espécie de antena que entrava e saía no aparelho. Estava cercado por uma
luz muito viva e, depois de alguns segundos, elevou-se e desapareceu'.
"O senhor Barrios afirma, também, que, muito próximo ao local de onde o 'óvni'
saiu, havia um lavrador com um carro de bois, e alguns metros mais além, umas mulheres que, ao ver o artefato voador, se
jogaram ao chão. 'Durante esses quilômetros em que foi voando baixo, muita gente pôde notar sua presença. Digo tudo isso
para que sirva de aval a minha declaração.'"
Trinta e cinco anos depois daquele encontro, Pedro Pablo Barrios concedeu-me uma entrevista, rememorando o
acontecimento. Suas palavras, como no caso das testemunhas anteriores, foram similares às pronunciadas em 1968. Barrios
lembrava-se da nave e, em especial, do "H com três pés", como ele o descreve. O
objeto aproximou-se do carro em duas ocasiões. Em uma das laterais via-se algo parecido com uma antena. Também viu
dois pontos luminosos nas pontas do disco. Durante alguns minutos, parou o carro na beira da estrada, observando o objeto.
Era totalmente silencioso. "Foram momentos terríveis. A sensação foi de impotência. Depois, quando se afastou, outros
veículos pararam e comentaram o que havia visto..."
Quando lhe mostri as fotografias do óvni de Valderas, Pedro Pablo Barrios reconheceu que era o mesmo objeto e a mesma
"marca" ou símbolo no "ventre".
"Não saberia dizer se estava pintado, mas destacava-se claramente".
Depois dessa visão, o senhor Barrios foi também testemunha de outros "acontecimentos" sobre os quais falarei
oportunamente (espero).

San Vicente del Raspeig (Alicante), 27 de maio de 1977

O protagonista principal desta história foi Luis Jiménez Marhuenda, escritor, roteirista, técnico de programação de rádio e
televisão e ex-diretor da rádio Santa Isabel de Fernando Póo e da rádio Ecuatorial Bata. Luis também recebeu as

cartas supostamente "ummitas". Na data indicada (maio de 1977), Jiménez Marhuenda dirigia e apresentava um programa
sobre óvnis e mistérios em geral na Voz de Alicante: "A media voz".
No dia 25 de maio de 1977, Luis recebeu, em sua casa, na rua San Juan, em San Vicente, uma carta com o carimbo dos
Correios de Alicante. Não tinha remetente. Estava escrita a máquina e dizia literalmente:

Pedro Pablo Barrios, em 1968. (Cortesia das famílias Barrios-Montes.)


Treze meses depois do célebre óvni de San José de Valderas, outras testemunhas viram um disco com um "H" na base
quando circulavam pela Galícia. (Caderno de campo de J. J. Benítez.)

Senhor Jiménez: ordenamos que pare de interferir em nossas relações com os habitantes de seu planeta; não sabemos
se o senhor tem consciência do mal que está provocando.
Como prova de nossa presença, nós lhe ofereceremos um sinal luminoso no céu, que poderá ver de sua própria casa à
meia-noite do próximo dia 27 de maio.
Se, posteriormente, não se retratar, seremos obrigados a estudar seu caso.
10.0100.10

Como é natural, o jornalista considerou aquilo uma brincadeira. Tive a sorte de conhecer Luis, e acho que não me engano
quando afirmo que era uma pessoa respeitosa com tudo e com todos. Dificilmente poderia ter magoado alguém, e muito menos
publicamente. Ainda assim, Jiménez Marhuenda examinou seus programas de rádio, tentando descobrir onde havia falhado.
"Algo, talvez, incomodou o anônimo remetente da carta." Efetivamente, Luis não encontrou nada ofensivo. Como única e
remota possibilidade, havia o fato de comentar e difundir o fenômeno dos "não identificados". Como é bem sabido, há mentes
obtusas que, além de negar por negar, resistem quando alguém propõe a realidade extraterrestre. "Lembro que, semanas antes
desse 25 de maio, em uma das transmissões de meu programa, sugeri um novo alerta óvni, como havíamos
feito em novembro de 1975. Terá sido essa idéia que incomodou o anônimo remetente?" Naquela oportunidade, como
insinuava Luis, o programa "A media voz" fez uma experiência de tentativa de contato com óvnis que foi um sucesso
indiscutível. Pois bem, pouco depois de comentar na rádio a possibilidade dessa segunda tentativa de contato com os
tripulantes dos óvnis, Jiménez Marhuenda recebeu a carta.
Seja como for, e embora a tal carta não parecesse autêntica, o jornalista falou sobre o assunto a alguns amigos mais
íntimos. Todos acharam que não custava nada ficar atento nessa noite de 27 de maio, sexta-feira. E assim foi. Um total de onze
pessoas reuniu-se na casa de Jiménez Marhuenda, em San Vicente del Raspeig. Conheço as identidades de todos eles, mas não
julgo oportuno revelá-
las por ora. E, à meia-noite, surgiu no céu um objeto cor de fogo que cruzou o Armamento de leste a oeste.

O óvni, totalmente silencioso, permaneceu à vista das impressionadas testemunhas por quarenta segundos,
aproximadamente. Havia lua e algumas nuvens, que iam de norte a sul. No dia seguinte, o jornal Información de Alicante
informava sobre um estranho objeto visto por várias testemunhas, justamente na área de San Vicente. Uma delas, encarregada
de um posto de gasolina, declarou ter observado uma luz intensa perto do chão. Quando os pesquisadores chegaram à área,
encontraram um círculo de terra queimada, de uns 6m de diâmetro.
Embora não tenham detectado radiatividade na grama e na terra, os dedos de Luis, com os quais havia pego as amostras,
sofreram uma alteração dermatológica parecida a uma queimadura.

Sevilha (Espanha), novembro ou dezembro de 1977

No fim do mês de novembro ou início de dezembro (data não determinada) de 1977, quatro estudantes universitários, cujas
identidades não foram reveladas, viveram a seguinte experiência: à meia-noite, reuniram-se em um local que recebe o nome de
El Gandul, a 10km, aproximadamente, da cidade de Sevilha.
Como tinham por costume (assim faziam desde o verão anterior), os jovens lançaram mão do "tabuleiro" ou brincadeira do
copo, e tentaram estabelecer comunicação com algum tipo de entidade não humana. Segundo Juan Trigo, o pesquisador que
interrogou os universitários pela primeira vez, foi nessa noite que, ao que parece, o contato teve "sucesso" (?). De repente, em
uma das concentrações, notaram um objeto luminoso aproximando-se do grupo e parando a uns 20 m acima de suas cabeças. O
objeto tinha forma de prato invertido, com um desenho ou emblema na parte inferior: uma espécie de "X" (nenhuma das
testemunhas tinha relação com o caso "Ummo"). O óvni dirigiu um forte facho luminoso para eles, enquanto a temperatura
ambiente aumentava. Os quatro estudantes, aterrorizados, voltaram para o carro e trataram de fugir da área.
Devido ao nervosismo, o carro morreu, e as assustadas testemunhas optaram por permanecer dentro do veículo,
observando a nave durante alguns minutos.
Vendo que não se mexia, os rapazes saíram do carro e começaram a interpelar o óvni com gritos.
Os estudantes sevilhanos de medicina, biologia, filosofia e filologia viram um objeto de uns 9m de diâmetro com uma
espécie de "X" na base. No local, existem dólmenes pré-históricos e diversas instalações militares.

O resultado foi negativo: o objeto continuou imóvel no local. Cansados de gritar, recorreram de novo à brincadeira do
copo e perguntaram pela identidade e intenções dos possíveis tripulantes daquela nave. Entre outras, ao que parece, receberam
as seguintes respostas: "... Não tenham medo... Não lhes faremos mal... Nossa origem não é terrestre... Operamos em uma base
próxima... A nave que situamos sobre vocês não está tripulada, mas teleguiada... Nossa estatura é de 30 cm... Temos uma
forma física que não lhes agradaria ver e que, talvez, lhes causasse repugnância... Nosso tempo é diferente do de vocês... Se
quiserem, podem entrar em nosso aparelho e fazer uma viagem com ele... Nós lhes damos todo tipo de garantia física e moral
de que não sofrerão dano algum...".

Sevilha (Espanha), fevereiro de 1978

Este caso foi investigado, na ocasião, por Joaquín Mateo Nogales e Manuel Filpo, de Gerena (Sevilha).
Aconteceu em fevereiro de 1978. Uma das testemunhas — Fernando Peralías Vallejo — era parente de meu bom amigo
Joaquín Mateo. Peralías faleceu em 13
de janeiro de 1997 aos 74 anos de idade. Tanto Joaquín Mateo quanto Manolo Filpo ouviram Fernando em diversas
oportunidades. "Sempre contava a mesma coisa..."
Aconteceu às 10h, quando Peralías Vallejo trabalhava na Dragados e Construcciones, na cidade de Sevilha. Era hora do
café-da-manhã. Peralías estava com outros trabalhadores. Nesse instante, viram um disco iluminado no céu, que se precipitou
para o solo a grande velocidade. De repente, o objeto ficou quieto, a uns 60 ou 80m do chão e a uns 100m do local onde
estavam as surpresas testemunhas. O disco permaneceu imóvel durante alguns segundos.
Depois, subiu na mesma velocidade. Segundo a testemunha, o objeto tinha uma espécie de sinal no ventre: duas letras "V"
unidas pelo vértice, parecido ao famoso "emblema" (?) de "Ummo".
Esse "emblema", que guarda uma certa semelhança com o de El Gandul, lembra-me de outros fatos registrados na cidade
de Roma em anos anteriores. O caso foi investigado pelo prestigioso diplomata Alberto Perego. Eis aqui uma síntese do
acontecido naquele distante 1954 no Vaticano:
"... Até agosto de 1954", escreveu Perego, "quando ouvia histórias de 'discos voadores', achava que eram naves das
grandes potências e compartilhava a opinião dos astrônomos de que qualquer hipótese sobre a possibilidade de vôos
interplanetários era absurda. Durante agosto e setembro de 1954, os jornais italianos publicaram várias notícias sobre 'visitas'
de óvnis à França, incluindo relatos de muitas aterrissagens. Em 17 de setembro, um objeto em forma de charuto surgiu e
permaneceu estacionário durante alguns minutos sobre Roma, e foi visto por milhares de testemunhas. Já em outubro, a 'onda'
havia passado da França para a Itália. Nesse mês, a imprensa italiana publicou não menos de duzentas visões e umas dezenove
aterrissagens por todo o território italiano. E, em 11 de novembro, a United Press disse que houvera quatrocentos informes de
óvnis na Itália durante os oitenta dias anteriores. Em Roma, milhares de testemunhas discutiam sobre o que haviam visto ou
iam até os meios de comunicação com suas histórias, mas os jornais já estavam começando a se entediar e, finalmente, muitas
testemunhas decidiram que era melhor ficar calado. Mas o acontecimento mais impressionante ainda estava por acontecer. Às
13h do dia 30 de outubro, quando estava dirigindo meu carro e passava pela igreja de Santa Maria Maggiore, em Roma, notei
que havia umas cem pessoas olhando para o céu. Parei e olhei, e vi dois pequenos pontos brancos movendo-se em direção sul.
Logo desapareceram, em direções contrárias, e depois estes (ou outros dois) tornaram a aparecer e começaram a se mover
para o norte. Esses objetos me pareceram naves aéreas voando a uns 2 mil metros de altura. O
fenômeno impressionou-me muito, especialmente porque não faziam barulho algum. Era esse, acaso, um novo tipo de
nave? Nesse caso, de onde procediam e por que voavam sobre Roma? No dia seguinte, os jornais romanos publicaram a
notícia (31 de outubro). Agora vou relatar os acontecimentos espetaculares que se deram em 6 e 7 de novembro, e aos quais a
imprensa não fez menção alguma.
Em 6 de novembro, por volta das 10h45, eu estava no distrito Tuscolano, Roma, quando tornei a ver os dois 'pontos
brancos'. Muitas pessoas a minha volta também os haviam visto. Subi na laje de uma fábrica para ter uma visão melhor do céu,
e permaneci ali, com muitas outras pessoas, até as 13h, observando o espetáculo mais surpreendente que jamais havia visto.
Cito minhas anotações: 'Novembro, 6 (1954). Hoje, entre as 11h e as 13h, no céu de Roma, dúzias de veículos aéreos
sobrevoaram a uma altura de 7 a 8 mil metros. Moviam-se em diferentes velocidades, que às vezes pareciam atingir 1200,
1400km/h. Os aparelhos eram vistos como pontos brancos que, às vezes, deixavam um rastro curto também branco. Primeiro,
calculei uns cinqüenta, mas depois compreendi que eram, pelo menos, cem. Às vezes voavam separados, em pares ou em
grupos de três, quatro, sete ou doze. Freqüentemente voavam em formação de quatro, formando o contorno de um diamante, ou
em formação de sete, formando um V.
Às vezes iam em fila ou formando curvas, ou avançavam formando um grande ângulo obtuso. Ao meio-dia, uma formação
de vinte aparelhos apareceu pelo leste, voando para Óstia, e quase imediatamente depois vi outra formação parecida que
vinha da direção oposta, isto é, de Óstia. As duas esquadrilhas, formando um V, voaram uma para a outra, até que os vértices
de seus ângulos se juntaram, formando uma cruz de Santo André perfeita com quarenta naves (dez em cada braço). Isso
aconteceu a uns 8 mil metros acima do distrito Trastevere, Monte Mario de Roma e, posteriormente, na própria Cidade do
Vaticano. A seguir, a cruz inteira fez um giro sobre seu eixo e transformou-se em um X. A formação foi mantida durante um
minuto e depois se quebrou, formando duas
curvas serpeantes que se afastaram em direções opostas. Toda a operação durou cerca de três minutos. Depois, vi uma
grande sombra azulada e compreendi que era outra concentração de objetos, em grupos de quatro, sete e doze. Dessa vez, pude
contá-los melhor: eram mais de cem.
"Eu estava fascinado, mas também com certa angústia, consciente de estar presenciando algo realmente grandioso. Essas
esquadrilhas de naves possuíam claramente uma potência nova e revolucionária, muito superior a nossas naves e armas
convencionais. Mas, a quem pertenciam? Nesse momento, vi descer do céu um material filamentoso, estranho e luminoso,
agora conhecido como 'cabelo de anjo'. Peguei um punhado. Pareciam-se com os filamentos das árvores de Natal, mas mais
finos e muito mais longos. Eram diferentes dos filamentos usados na última guerra pelos bombardeiros norte-americanos para
obstruir o radar inimigo. Não era material prateado, mas de uma substância 'cristalina', que evaporou depois de algumas
horas."

Sevilha, outubro de 1978

Um jovem dessa cidade, cujas iniciais são F.C., voltava para casa depois de levar sua namorada. Eram 23h15. O rapaz
pegou o caminho habitual para La Barqueta, com o rio Guadalquivir a sua esquerda. Quando já havia andado uns dez ou quinze
minutos, notou uma luz, ao que parecia, dentro da água. Depois, viu um objeto grande saindo do rio. No ventre, tinha um
"emblema": algo parecido com um "H". Não sabe como chegou até sua casa. Nessa noite, segundo a família, F.
C., muito alterado, começou a falar em sonhos sobre "Ummo", algo que ninguém compreendia.

Varsóvia (Polônia), 22 de maio de 1979

Às 22h, um cidadão que prefere permanecer no anonimato, a quem chamaremos de W. R., ia de sua casa a um parque
próximo. Sua intenção era tomar um café em um bar em Piastow. A noite era limpa e fresca. W. R. andava rápido quando, de
repente, a curta distância, notou três luzes. Imediatamente, notou que aquelas luzes procediam, na realidade, de um objeto
maior, em forma de disco de hóquei, de uns 3m de diâmetro. O singular objeto flutuava em silêncio a poucos centímetros do
chão, emitindo dois raios de luz pela face superior e um terceiro facho luminoso de uns 15cm pela parte inferior.
Nunca soube por que, mas W. R. seguiu pela trilha, aproximando-se do "disco de hóquei". Ao chegar a 3m, parou. Então,
começou uma estranha "seqüência". Na lateral, surgiram umas figuras geométricas verdes, que emitiam uma luz intermitente:
quadrados, círculos, triângulos e trapézios. Depois, surgiram outras luzes vermelhas na parte superior e um "H" formou-se
nessa superfície. A seguir, o objeto emitiu uma luz branco-azulada e a testemunha sentiu uma intensa sensação de calor, bem
como queimaduras no rosto. Assustado, W. R. deu meia-volta e fugiu do parque.
Na manhã seguinte, quando acordou, sentiu uma forte pressão na cabeça. Dias depois, teve que ser atendido com
queimaduras no rosto e pequenas infecções.
Os médicos não souberam explicar a origem das lesões. W. R., segundo o

pesquisador Krzysztof Piechota, sofreu tal abalo com aquele acontecimento que se negou a tornar a comentar o acontecido.
Quando lhe mostrei as fotos do óvni de San José de Valderas, a testemunha reconheceu o "emblema" que aparece na base da
nave como sendo o mesmo sinal que vira na face superior do objeto que flutuava no parque.
Alicante (Espanha), 26 de abril de 1980

No final de março de 1980, tive a oportunidade de participar de um congresso nacional sobre o caso "Ummo". Do ato,
celebrado no hotel Babieca, próximo à cidade de Alicante, participaram estudiosos e seguidores do polêmico assunto.
Tratava-se da comemoração do trigésimo aniversário da chegada à Terra dos supostos extraterrestres.5 Dezenas de
curiosos e alguns dos mais destacados
5 Segundo as cartas datilografadas, os "ummitas" viriam de um planeta chamado "Ummo", situado a uns catorze anos-luz
de nosso sistema solar. Sua descida à Terra, segundo as cartas, aconteceu em 28 de março de 1950, no Departamento dos
Baixos Alpes, na França. Especificamente, a uns 8 km de La Javie. A partir desse dia, os "ummitas" foram estudando a raça
humana, estendendo -se progressivamente por todos os continentes. Nessas cartas, os "ummitas" descrevem suas peripécias ao
longo desses anos e como decidiram estabelecer contato com determinados cidadãos (os receptores das cartas).
receptores das célebres cartas "ummitas" compareceram. Entre os primeiros (simples interessados no fenômeno "Ummo")
estava uma mulher: Maria Antonia Segura. Meses antes, em sua casa, em Barcelona, Maria Antonia havia formulado um
pedido pouco freqüente. A noite, na solidão de seu quarto, sabendo havia algum tempo dos casos "ummitas", pediu
mentalmente que — se existissem — entrassem em contato com ela. "Não lembro bem se foi durante uma concentração mental
ou enquanto lia uma das cartas. A questão é que fiz o pedido mentalmente. E pedi que respondessem para o pseudônimo MAS
(iniciais de Maria Antonia Segura). Não falou nada disso a ninguém."
Um mês depois do congresso, datada de 26 de abril, meu bom amigo Luis Jiménez Marhuenda recebia outra carta assinada
pelos "ummitas". No total, quase nove páginas. No fim, como despedida, os supostos extraterrestres saudavam vários cidadãos
espanhóis, entre os quais estava uma tal de Maria Antonia Más...
Durante algum tempo, os especialistas em "Ummo" quebraram a cabeça, tentando descobrir quem era aquela mulher.
Ninguém a conhecia. Era a primeira vez que os "ummitas" a mencionavam. E assim teriam permanecido as coisas não fosse
pela oportuna intervenção de José Maria Pilón, jesuíta, também mencionado nessa mesma carta. "Eu estava no hospital
Clínico, acompanhando Maria Antonia. Acho que um tio dela havia feito uma cirurgia. Mencionei o assunto de Más, e ela
ficou lívida. Ouviu uma gravação de Rafael Farriols da carta e empalideceu. Então, contou-me sobre seu pedido de meses
antes. Nunca entendemos. Maria Antonia havia feito o pedido mentalmente..."
Algo parecido aconteceu com Rafael Farriols, um dos cidadãos espanhóis que reuniu mais documentação sobre o mistério
de "Ummo". Assim me contou em diversas oportunidades: "Em agosto de 1996 recebi uma nova carta 'ummita'.
Nela, entre outras coisas, comunicavam-me algo que, num primeiro momento, não consegui entender. Pediam que falasse
em um tom superior a dezessete decibéis... Depois percebi. Em uma carta anterior, os 'ummitas' diziam que eu podia fazer —
de viva voz — quantas perguntas julgasse oportuno. E assim fiz.
Tranquei-me em meu estúdio e sussurrei algumas perguntas. Fiz isso às 2h,

andando em círculos. Como pode imaginar, estava sozinho. Eu pensava nas perguntas e, a seguir, sussurrava-as...".
Pois bem, datada de 26 de agosto (1996), Farriols recebeu a carta que o advertia a elevar o tom de voz acima dos
dezessete decibéis. Como era possível?
Foi nesse congresso nacional sobre "Ummo", em Alicante, que soube de outro caso que me chamou a atenção. A
testemunha principal, cuja identidade não estou autorizado a revelar, contou-me o seguinte: aconteceu em Algeciras, fazia
tempo (não lembrava a data com precisão). Estava em sua casa e, de repente, acabou a energia elétrica. Quando saiu à janela,
comprovou que o apagão era geral, Algeciras inteira estava no escuro. Do outro lado da rua, viu um objeto pousado e, em
frente ao disco, uma criatura pequena que avançava para a casa da testemunha. Um veículo que passou pelo local nesse
instante ficou sem luzes. O
ser usava um uniforme verde com um símbolo no peito. Algo parecido com um "H". Sua cabeça resplandecia. Era como se
usasse um capacete (uma espécie de aquário), mas ele não podia afirmar. Não tinha ou não viu cabelo. Os olhos eram grandes
e alongados, do tamanho de sardinhas. Num primeiro momento, achou que estava de óculos escuros. O "homenzinho", de um
metro, aproximadamente, usava botas altas brancas. Andava como se flutuasse, mas tocava o chão; um movimento parecido ao
dos astronautas no espaço. A testemunha notou, também, um cinto largo com duas luzes vermelhas na parte de trás (na altura
dos rins).
Pareciam luzes-piloto. Na frente, da parte da fivela, saía um facho de luz branca.
A observação prolongou-se por dez ou quinze minutos. Depois, o ser voltou ao aparelho e a cidade voltou ao normal.

Algeciras (Espanha), 20 de dezembro de 1980

Este caso foi descoberto pelo veterano pesquisador Andrés Gómez Serrano.
Limitei-me a conversar com os policiais pela segunda vez. Eis aqui uma síntese do que aconteceu naquele 20 de dezembro
de 1980: "Estávamos de serviço dentro do veículo, estacionado em frente ao colégio nacional Puerta del Mar.
Deviam ser 23h 50. Estávamos ouvindo 'Hora 25', da Ser, quando, de repente, vimos, pela parte superior do pára-brisas,
surgir um objeto circular. Era um disco amarelo brilhante, muito grande. Ia de oeste para leste, em direção a Gibraltar.
Atrás, outros objetos menores, que acabaram se incorporando ao grande. Quando se afastaram, ameaçamos sair do carro,
mas, quando tentamos abrir as portas, aquele disco voltou e colocou-se vertical acima de nós. Era grande e silencioso.
Então, vimos 'aquilo' no ventre: uma espécie de símbolo, que nos lembrou aquilo que há nas alavancas de câmbio dos
carros. Via-se perfeitamente sobre o fundo laranja da base. Por último, para nossa surpresa, tornou a se afastar a grande
velocidade e na mesma direção: para Gibraltar. Minutos depois, o rádio anunciou outras visões de óvnis em La Coruna e em
Córdoba. Às 23h30, um morador de San Fernando, em Cádiz, viu o mesmo que nós havíamos visto às 23h50...".
As testemunhas redigiram um relatório oficial.

Algeciras (Espanha), 24 de dezembro de 1980

Quatro dias depois — às 22h de 24 de dezembro — registrava-se, na periferia da cidade de Algeciras, um segundo caso
óvni. As testemunhas foram três policiais e vários moradores de El Cobre. Gómez Serrano diz sobre aquela ocasião: "O
tempo era bom. Céu limpo, vento oeste e a lua na fase crescente. De repente, verticalmente ao incinerador de El Cobre-
Botafuegos, surgiu um objeto. Estava quieto e não fazia barulho. Na parte inferior — no ventre —, distinguia-se algo
luminoso, em forma de 'H'. Era de um vermelho alaranjado muito intenso.
Muitas pessoas viram, e durante muito tempo: mais de quarenta minutos. Depois, saiu em disparada para Málaga, também
sem ruído. Quando se afastou, deixou um rastro, como os foguetes, mas amarelado, parecido com ouro velho. A 'fumaça', ou o
que quer que fosse, levou mais de vinte minutos para se dissipar".

Vitória (Espanha), 29 de maio de 1983

Este, provavelmente, foi um dos primeiros casos óvni investigados por Iker Jiménez. Iker, então, era uma criança, e
também as testemunhas. Isto foi o que se publicou na ocasião: "No meio da multidão de estudantes que acabavam sua jornada
diária no colégio Marianistas estavam Héctor Arana e Sebastián Izquierdo. Com apenas dez anos de idade, os meninos
moravam no mesmo edifício situado na periferia da cidade; todos os dias voltavam juntos. Naquela tarde, maravilhosa,
andando por entre uns escombros, notaram um ponto luminoso que descia muito próximo às chamadas Campas de Olárizu (nas
proximidades de Vitória).
"Junto ao montículo mais alto, onde há uma grande cruz de pedra, via-se nitidamente um objeto parecido com um ovo,
esbranquiçado, que parecia flutuar, balançando como uma folha morta (distância do óvni: uns 3km).
"Nervosos, os dois estudantes afastaram-se da rota habitual para casa para pegar uma trilha que conduz ao descampado.
Depois de andar uns 100m, perceberam que o óvni ainda continuava no lugar. Cada vez mais baixo e traçando círculos em
volta do montículo. No que parecia ser sua fuselagem, viram um símbolo
pintado de vermelho. 'Era como uma cruz com uma semicircunferência em cada ponta', declarou uma das testemunhas.
"A visão dessa estranha 'letra' causou-lhes muito medo e, juntos, quase tropeçando, desceram pela trilha até chegar ao
edifício onde moravam, na capital de Álava.
"Da cobertura, junto com seus familiares, ainda puderam ver algo parecido 'a uma estrela ou brilho' que desapareceu
repentinamente quando ainda não havia anoitecido."
Teruel (Espanha), julho de 1985

Das visões de óvni com o célebre e já familiar "H" no ventre, talvez uma das mais completas e intrigantes tenha sido a de
julho de 1985 nos céus espanhóis. A qualidade profissional das testemunhas — a tripulação inteira da companhia Ibéria —
não deixa margem a dúvidas. O comandante daquele 727, Carlos Garcia Rodrigo, um piloto experiente, com 16 mil horas de
vôo e cinco anos nas Forças Aéreas, relatou-me assim o encontro: "Era uma manhã maravilhosa. Céu azul, sem uma única
nuvem. Fazíamos uma ponte aérea Barcelona-Madri. Foi o IB-1331. Voávamos relaxados, sem nenhuma preocupação. Altitude
estabelecida: 29 mil pés. E, lá pelas 13h45, sobrevoando Maella (Teruel), à distância e a uns 15° acima da linha visual, surgiu
algo parecido com uma lentilha. Tinha cor de titânio.
"'Aí vem um colega', disse ao subcomandante. E continuamos conversando sem dar maior importância ao fato, embora
atentos, evidentemente, ao suposto avião.
E o 'colega' continuou se aproximando. Ou melhor, nós dele...
"Mas aquilo não era um avião. A 'lentilha' foi tomando uma clara forma esférica.
'Isso não é um avião', comentei de novo. 'Isso deve ser um balão-sonda.' E
começamos a prestar toda nossa atenção. Então, conforme fomos nos aproximando, vimos com clareza que 'aquilo' era
esférico. Totalmente esférico e de uma cor um pouco mais escura que o alumínio. Como disse, parecia titânio.
'"Isso é um balão', insisti. 'Que curioso!'
"E decidi comunicar o fato à torre de controle de Barcelona. Na verdade, era enorme, e podia constituir um risco potencial
para a navegação.
"— Barcelona, vocês têm algo reportado...?
"Demos a posição e a torre de controle de Barcelona respondeu: "— Negativo... Não temos nada.
"'Aquilo' estava muito alto. Calculamos uns 25 mil, 30 mil metros. Dado que estávamos sobrevoando Maella, Barcelona
nos aconselhou a notificar a torre de controle de Madri. E assim fizemos.
"— Negativo — replicou Madri —, não temos nada reportado.
"— O senhor me tem no radar?
"— Afirmativo.
"— E mais alto, a minha frente, capta algo na tela?
"— Não, não tenho nada...
"Era estranho. Madri deveria tê-lo registrado. Meu avião aparecia no radar.
"— Chame os militares — insinuou Madri — para que rastreiem a área...
"Comunicamo-nos, então, com Zaragoza, e os advertimos da presença daquele objeto. Enfim, fomos nos aproximando e
'aquilo' continuou 'crescendo, crescendo'...
"Em minha opinião, estava estacionário, ou quase. Nesse momento parecia uma grande bola metálica. Como pode
imaginar, o ambiente na cabine foi ficando tenso. 'Aquilo' não era normal. E descobrimos que não era um balão-sonda. Não
tinha o típico instrumental que costuma pender desses artefatos. Mas, então, o que era?
"Chamei de novo o controle militar de Calatayud ('Siesta'), mas a resposta também foi negativa. Não tinham nada na tela.
Nisso, outro colega entrou na freqüência: um avião que voava de Valência a Madri. E comunicou: 'Afirmativo.
Nós também o vemos. Há um objeto aí em cima de vocês... Eu o vejo e confirmo que não é um balão-sonda'.
"Impressionante! Aquilo era impressionante!
"Então, decidi chamar os demais tripulantes. Todos passaram pela cabine, confirmando nossas impressões: 'Era uma
esfera..., não tinha asas nem timão..., era enorme..., cor escura...'. No total, nove testemunhas.
"Enorme, sim, umas três ou quatro vezes um Jumbo. E fomos deslizando por baixo daquela 'coisa'. Permanecia quieta,
majestosa. O sol, no zênite (eram 12h, hora solar), iluminava a parte superior da esfera. A inferior, obviamente, parecia mais
escura. E colocamo-nos sob 'aquilo'. Como disse, ficamos impressionados.
O diâmetro era gigantesco. Quando lembro, fico todo arrepiado. Chamamos novamente Madri e os militares. Confirmamos
a posição e anunciamos que estava em nossa vertical. Resposta negativa. O objeto continuava não sendo detectado pelos
radares...
"Foi um espetáculo. Conforme passávamos por baixo, todos o observamos pelas portinholas superiores da cabine. E a
tensão multiplicou-se quando descobrimos aquele sinal na parte inferior da esfera. Já não tínhamos mais dúvidas. 'Aquilo'
era algo anormal. No ventre, por chamá-lo assim, havia uma espécie de 'H', com outro traço vertical no centro. Era preto e
ressaltava com absoluta nitidez.
"— Veja! — gritamos. — Que sinal é esse?
"Reportamo-nos a Madri, e insisti:
"— Agora estamos embaixo. Estão me vendo na tela?
"—Afirmativo — respondeu Madri. — Aparece limpo, mas nada mais.
"Nesse instante, assustei-me. Um campo de energia? Poderia afetar o avião?
Aquela 'coisa' gigantesca, imóvel no céu, tinha que se sustentar de alguma forma...
"Mas não. O instrumental não foi afetado em momento algum. Não tivemos problemas.
"O que podia ser aquele 'H'? Não sei. Talvez umas comportas fechadas. Talvez uma marca ou uma protuberância pintada
de preto. O que estava claro é que era algo artificial e perfeitamente definido. Apesar de essa área estar na sombra, distinguia-
se com absoluta clareza. No início, logicamente, não era visível, devido à curvatura. Depois, quando ficou a uns 80°, ficou
nítido. E lembro que eu disse:
"— Madri, reporto fenômeno óvni. Tome nota. Vou fazer um relatório oficial...
"— Recebido.
"E assim fiz. Uma cópia foi para a companhia Ibéria e outra para a Aviação Civil. Tudo isso, naturalmente, ficou gravado
nas respectivas torres de controle e estações de radar com as quais estabelecemos contato.
"Então, o avião que voava de Valência a Madri interveio de novo, confirmando minhas palavras:
"— Afirmativo. Vemos uma esfera...
"Sim, tratava-se disso: uma esfera metálica. Disso não há dúvida. Se fosse um balão estratosférico, teríamos visto as
típicas deformações nas paredes. Além disso, como disse, 'aquilo' não era elíptico. Era uma esfera perfeita.
"Também ativei o radar do avião, mas, assim como 'Siesta' e Madri, não captou nada. E, quando o deixamos para trás,
apressamo-nos a desenhar o sinal que havíamos visto na base. O resto do vôo foi normal. Segundo meus cálculos, a visão
deve ter durado por volta de sete ou oito minutos. Isto é, durante pouco mais de 100 km. Jamais esquecerei..."
Sevilha (Espanha), 1986

Suponho que não foi casual. Em 1995, deixei o País Vasco e fui para a terra de meu pai: Barbate, na costa de Cádiz. Lá,
construí uma casa e, ainda não sei muito bem por que, no hall resolvi colocar o já familiar símbolo "ummita". A maior parte
das pessoas que foram visitar aquela casa em forma de óvni perguntou, intrigada, o significado daquele "H". Esse foi o caso
de uma das pessoas que me honrou com sua presença na manhã de quinta-feira, 20 de janeiro de 2000. Essa mulher, uma
extraordinária e muito popular cantora, cuja identidade não julgo oportuno revelar, ficou perplexa ao ver o grande "H" de
pedra. Depois, ao longo do almoço, confessou-me o seguinte: "Eu conheço esse sinal. Foi em 1986, em Sevilha. Eu estava em
um bingo com duas primas minhas quando, de repente, entrou um homem de uns cinqüenta anos. Era magro, de barba grisalha,
e usava roupa escura. Andou até nossa mesa e sentou-se a meu lado, a minha esquerda.
Estranhamos o gesto. Havia outras mesas livres e não o conhecíamos. O homem tirou os casacos que estavam a minha
esquerda e ocupou a cadeira a meu lado.
Ficamos perplexas. Então, o homem pegou minha cartela e, sem uma palavra, desenhou um símbolo na parte de trás. O
mesmo que você tem aí, no halll E
escreveu: 'UMMO'. 'O que é isso?', perguntei-lhe. E ele respondeu: 'Você não vai entender'. E começou a desenhar umas
letras embaixo do 'H'. Eram letras que eu não conhecia, mas me lembraram o grego: alfa, ômega etc. Falava estranho.
Parecia estar rouco. Disseme que um dia eu me lembraria dele, e foi embora. Na verdade, não me lembrei do assunto até o
dia de hoje, ao entrar em sua casa e ver esse símbolo, o mesmo que aquele homem desenhou. Por que você o pôs aí? O
que significa? O que tem a ver comigo?"

Voronez (Rússia), setembro de 1989

Em 9 de outubro de 1989, a agência de notícias TASS impressionava o mundo com o seguinte comunicado: "Confirmada
aterrissagem óvni em Voronez. Os cientistas confirmaram que um óvni aterrissou recentemente em um parque da cidade russa
de Voronez. Também identificaram o local e encontraram rastros de alienígenas, que deram um curto passeio pelo parque. Os
alienígenas visitaram o local à noite, pelo menos três vezes. Uma grande bola ou disco foi vista suspensa no ar sobre o parque,
depois aterrissou, abriu-se uma portinhola e uma, duas ou três criaturas similares aos humanos e um pequeno robô saíram. Os
alienígenas mediam uns 3 ou 4 m de altura, mas as cabeças eram muito pequenas, segundo as testemunhas. Andaram perto da
bola ou disco e depois entraram nela. As testemunhas ficaram aterrorizadas durante vários dias...".
Em meus arquivos, foram registradas mais de cem páginas sobre esse célebre caso ocorrido na cidade russa de Voronez, a
pouco mais de 400km a sudeste de Moscou. Na realidade, não foi só uma aterrissagem, como afirma a TASS, mas várias,
denunciadas por várias testemunhas ao longo dos dias 21, 23 e 29 de setembro e 2 de outubro desse ano (1989). A mais
notável aconteceu em 27 de setembro, às 18h30. Segundo as testemunhas, no início viram uma luz rosa que circulou sobre o
parque do sul, nas proximidades do bairro de Levoberezny. Ali, em um ponto de ônibus, havia entre trinta e quarenta adultos.
No parque em questão, uma dezena de crianças brincava. Todos ficaram surpresos diante da presença da luz rosa. O objeto
circulou sobre o local, mostrando-se como uma esfera de uns 10 m de diâmetro. Depois afastou-se, sempre em silêncio. Pouco
depois, viram-no voltar. O objeto, vermelho intenso, parecia procurar um lugar onde aterrissar. Finalmente parou a uns 15m
acima do parque. Na parte inferior do óvni abriu-se uma porta, e as impressionadas testemunhas distinguiram uma silhueta.
Tratava-se de uma figura "humana", envolvida em uma espécie de macacão prateado. Era muito alto. Segundo as testemunhas,
tinha uns 3m.
Parecia não ter pescoço. A "cabeça" era praticamente inexistente, "como um pequeno hemisfério entre os ombros". O ser,
dizem, tinha três "olhos" luminosos (o central se mexia). O nariz era um buraco. No peito, um disco, "parecido com um
emblema". O "homem" (?) olhou a sua volta e acabou desaparecendo. A seguir, a esfera (para outras testemunhas, tinha forma
de ovo ou de banana) desceu lentamente e aterrissou. Para concluir essa manobra, destruiu parcialmente um álamo. Segundo as
testemunhas, o objeto tinha um sinal iluminado, em forma de "H". Ao tocar o chão, a porta abriu-se de novo e por ela saíram
três criaturas de cabeças pontudas, "como cabeças de alfinete". Eram muito altas (entre 3 e 4m), com macacões prateados e
botas cor de bronze. Junto às criaturas estava uma espécie de robô. Um dos seres empurrou o robô, ativando-o. A seguir, todos
eles começaram a andar em volta da nave. Um dos seres emitia um estranho som ("como se fossem ordens"). Do peito, saía um
facho de luz que formava triângulos luminosos no chão ("triângulos" de 30cm x 50cm). Nesse momento, a nave e as criaturas
desapareceram da vista das testemunhas, e reapareceram cinco minutos depois, aproximadamente. Uma das crianças gritou, e
um dos seres olhou para ela com seus olhos luminosos e paralisou-a. Esse ser portava uma espécie de "tubo" de 50cm de
extensão, pendurado em um dos lados. Então, a criatura apontou o "tubo" para outro rapaz e o jovem desapareceu da vista das
testemunhas. Os seres voltaram para o aparelho e a nave subiu e desapareceu. Segundo algumas testemunhas, ficou uma
espécie de "X" no céu. Nesse instante, o jovem "desaparecido" tornou a aparecer.
Na área, ficaram marcas da aterrissagem. Segundo os especialistas, o óvni devia pesar cerca de onze toneladas. Análises
detectaram uma radiatividade mais alta que o normal na área das marcas.

Colômbia, novembro de 1989

Datada de 10 de fevereiro de 1991, recebi uma carta procedente de Cundinamarca (Colômbia). Por ser interessante,
reproduzo-a integralmente:

Caro J. J.
Deve ser muito difícil para o senhor, ou seus colaboradores, tirar, dentre o excesso de comunicações recebidas, algo que
mova seu interesse em razão da possível verdade que possa conter, É óbvio. Encontramo-nos no limite do impossível e todo o
mundo deseja ver além. Afinal de contas, é a única coisa que resta aos homens fazer.
A razão desta carta é um tanto diferente.
Antes de mais nada, quero lhe fazer chegar, com humildade e respeito, um de meus romances, recentemente publicado por
Plaza e Janés. Espero que goste. Foi escrito durante minha longa estadia no Peru (1979-1987), época na qual nos cruzamos nas
planícies de Chilca tentando ver os óvnis do amigo Sixto Paz Wells ou visitando o médico de Ica e sua coleção de petróglifos.
Nessa época, eu não sabia "como" ver o mundo. Estava muito ocupado com os problemas da aviação mundial em meu
cargo de diretor regional para a América do Sul da OACI (Organização de Aviação Civil Internacional), em que, entre outras
coisas, os relatórios de "visões" vindos dos catorze governos da América do Sul tinham como destino final o arquivo das
coisas inúteis. Apenas lógico.
Durante minha longa carreira aeronáutica, controlador de radar, piloto, engenheiro aeronáutico e, finalmente, diplomata da
aviação (o mais difícil), nunca tive a sorte de presenciar fenômenos que não se pudessem explicar. Seus escritos, os de Van
Daniken, Ibrahim e muitos outros chegavam até mim como uma refrescante possibilidade sonhada, mas não realizada. Afinal,
todos temos dentro de nós o sutil desejo de "algo mais".
Evitei propositalmente as irmandades, pois tinha e continuo tendo a certeza de que a busca deve ser feita para dentro.
Além disso, para um indivíduo saído da Universidade do Arde Oklahoma, da Real Escola de Tráfego Aéreo de Bornmouth
(UK), da École Nationalle de Aviação Civil de Toulouse e do MIT
de Massachussets, o negócio dos óvnis era um tanto ridículo, com perdão da expressão. Se o diretor-geral da OACI para a
América Latina falasse de óvnis, a estrutura que sustenta a maior organização aeronáutica do mundo viria abaixo.
Para ilustrar, certa vez, enquanto participava de uma sessão do Comitê Mundial de Aeronavegação em Montreal, sede da
OACI, ocorreu-me comentar com o presidente dessa entidade, um norueguês de olhos cristalinos e mente pragmática, sobre o
problema que representava o armazenamento paulatino, ano após ano, dos volumosos relatórios de visões e nossa
incapacidade de fornecer uma resposta concreta aos muitos governos que os enviavam; algo diferente de: "tomamos
conhecimento do relatório remetido por seu distinto escritório". O
homem lançou-me um olhar iracundo e recomendou que cuidasse de minhas coisas. Já havia problemas demais com o
estabelecimento de normas técnicas para construção de aeronaves, aeroportos, ajudas à navegação e interesses políticos e
financeiros dos Estados, não podíamos nos preocupar com tamanhas bobagens. A verdade é que me senti ridículo. Pensava,
porém, que uma coisa são visões de donas de casa, de motoristas de ônibus ou crianças curiosas, e outra, as informadas por
pilotos de aviões F5, Mirage 2000, especialistas em radar ou comandantes de bordo com milhares de horas de vôo nas costas.
O tempo passou. Quinze anos, para ser mais exato.
Em novembro de 1987, ao atingir a idade que as Nações Unidas, entidade mãe da OACI, chama de "early retirement age",
refugiei-me nos benefícios (excelentes, entre outras coisas) da aposentadoria e dediquei-me à pesquisa, aplicando o raciocínio
técnico adquirido em trinta anos de experiência aeronáutica, fuçando em livros novos e velhos, lendo e relendo autores "bons"
e "ruins" no campo da "Ufologia", chegando a uma conclusão inicial, mas importante: os farsantes são a maioria.
No dia 8 de novembro de 1989, foi ao ar pela tevê Colombiana (canal 9), uma reportagem feita comigo semanas antes, na
qualidade de diretor afastado da OACI, sobre óvnis, dada a aparição, naquela época, na URSS, de alguns desses artefatos e de
seus tripulantes gigantescos, segundo alguns habitantes da taiga siberiana. Foi uma reportagem séria, da qual, além do
subscrito, participaram o diretor do observatório astronômico de Bogotá, o diretor do Instituto Geofísico dos Andes e outras
"personalidades". Minha opinião foi que se tratava de fenômenos sem provas científicas válidas e que sua veracidade era,
como em quase tudo nesse tipo de caso, altamente questionável.
Um dia depois, 9 de novembro, às 19h, algo ou alguém se encarregou de quebrar meu ceticismo em pedaços.
Junto com minha esposa e meus quatro filhos (um médico, um engenheiro eletrônico, um comunicador social e uma menina
no ensino médio), fomos "abordados" enquanto fazíamos, de carro, um trajeto próximo a nossa casa de campo, entre Tabio e
Tenjo, no Departamento de Cundinamarca, a apenas 30 km de Bogotá, por um objeto alongado de dimensões descomunais
(duas ou três vezes um Boeing 747), que não apenas respondeu à intermitência das luzes do carro, mas também parou acima de
nosso carro durante alguns minutos a uma velocidade mínima e silenciosa, e depois virou para o ocidente até se perder em um
pequeno vale das cercanias.
O fenômeno foi observado por alguns camponeses da localidade e uma boa quantidade de turistas da capital.
Envio-lhe um anexo, cópia do relatório que me permiti enviar em caráter confidencial ao ministro da Aviação, um bom
amigo que certamente o manterá em segredo ou lhe dará doce sepultura em um arquivo inexpugnável.
Esta carta não pretende simplesmente transcrever um fato acerca de uma visão igual às centenas que imagino que lhe
enviam. Não é essa minha intenção e espero que o senhor entenda assim. Também não sou um autor em busca de promoção por
meio de alguém consagrado como J. J. Benítez. Tenho renda suficiente para viver com relativo conforto, e o produto de meus
livros é doado regularmente a entidades beneficentes.
O objetivo é o contato com alguém que "conheça". Pela experiência que vivo atualmente, sei que "uma coisa é o que se
escreve, e outra o que se sabe. Não se pode escrever tudo ainda. Apenas se sugerem algumas coisas a ser entendidas por
alguns. Embora a abertura esteja perto, nem tudo pode ser liberado".
Após a visão, minha vida e dos meus mudou. Dentre a grande quantidade de informações recebidas, intriga-me o sinal que
aparece na fotocomposição caseira que lhe envio e que pretendo utilizar como capa de um romance já concluído, "O
sinal".
O emblema apareceu em nossos sonhos e estados meditativos por meses.
Alguém me disse que apareceu em um de seus primeiros livros. Infelizmente, procurei em livrarias de todos os tipos, mas
não o encontrei. Agradeceria, se não tiver objeção e se seu tempo permitir, se me explicasse de que se trata.
Se tudo isso tem alguma importância para o senhor, peço-lhe que mo faça saber.
Os originais de "O sinal" serão entregues em breve à P&J. Porém, se o senhor quiser ler as 242 páginas já escritas antes
que seja publicado, posso enviá-las. A maior parte do que consta ali chegou por "via direta", e tenho grandes dúvidas sobre se
sua publicação seria conveniente.
Bom amigo Benítez, desculpe minha intromissão em seu valioso tempo.
Se quiser confirmar minha identidade, pode fazê-lo por meio da Direção de Aviação Civil em Madri ou diretamente na
Secretary General ICAO. Place de Aviation Civil. Montreal. Canadá.
Receba um abraço afetuoso.
Eng. Rafael de J. Henríquez Theran
Cundinamarca
Colômbia.

RELATO DE ACONTECIMENTOS DO DIA 9 DE NOVEMBRO DE 1989

Hora 19h35

Meus filhos Ariel, estudante de engenharia eletrônica da Universidade de São Tomás, em Bogotá, e Rafael Henríquez,
médico-cirurgião recém-formado na Universidade Mayor de San Marcos, Lima/Peru, junto com meu sobrinho Ricardo
Castillo, entram precipitadamente em minha casa de campo no Km 5 da estrada Tabio-Tenjo, e, visivelmente excitados,
informam-me que, durante a viagem de carro do primeiro povoado citado para ali, haviam avistado um objeto luminoso no
céu, que pareceu segui-los durante um bom trecho, e, posteriormente, trocou sinais luminosos com eles. Segundo a narração
dos jovens, o objeto em questão parecia responder aos sinais emitidos por eles acendendo e apagando repetidamente os faróis
do carro, efetuando uma ação parecida.
Diante de tais informações, fui, em companhia dos já mencionados parentes, e minha esposa Carmen e minha filha
Alexandra, para a área da estrada onde, segundo eles, havia acontecido aquilo.
A noite estava quase totalmente limpa, com exceção de pequenas faixas de nuvens na região norte-oriental. O firmamento
estrelado era facilmente apreciável.

19h50

À altura do quilômetro 2,5, antes de chegar a Tabio, estabeleço contato visual com o que, segundo eles, era o objeto.
Tem intensidade luminosa superior em várias magnitudes aos astros de fundo nessa área do céu.
Após parar por pouco tempo o veículo para uma melhor observação, reinicio a marcha e dirijo na direção do objeto
luminoso.

19h57

A luz se reduz. O objeto parece retroceder para o oriente/norte-oriente. Seguindo a estrada, continuamos em direção ao
foco de luz, que se afasta cada vez mais para o município de Cajicá.

20h

Depois de atravessar Tabio e continuar por 3 ou 4km em direção a Cajicá, perde-se o contato visual. Descemos do carro
e, a pé, fazemos uma exploração visual do céu nessa área. As colinas próximas ao vale do Rio Frio, na área da Puente de la
Virgínia, reduzem a visibilidade e dificultam as observações. Voltamos para o carro e empreendemos o caminho de volta.

20h10

Temos uma visão momentânea da luz no céu. Esta se desvanece atrás das colinas em direção ao sul-sudoeste; em outras
palavras, em direção a Tabio, de onde havíamos vindo anteriormente. Atravessamos Tabio sem ver nada. A iluminação do
povoado impede a visão.

20h 25

Saímos do povoado para o sul em direção a Tenjo. À altura do quilômetro 1,8, os que estão no banco de trás do carro
informam, gritando, que a luz no céu começa a nos seguir. Paro o carro e descemos. A luz pára. Calculo que está a uns 2 ou 3
mil pés de altura acima do nível médio do vale. Sua intensidade luminosa é alta.
Parada, sua estabilidade é absoluta. Ausência total de movimentos.
Não há ruído de motores a explosão ou turbinas nem zumbido de hélices de rotores.

20h32

Após alguns minutos de observação, seguimos nosso caminho para o sul enquanto a luz permanece estática.
À altura do quilômetro 2,8 ou 3, é avistada novamente. Meus familiares afirmam que a luz continua nos seguindo. Depois
de uma difícil manobra, inverto de novo a direção do carro. A luz encontra-se em frente a nós, aproximadamente à mesma
altitude que na ocasião anterior e a uns 2km de distância. Acendo e apago as luzes do veículo. Por sua vez, as luzes do objeto
voador fazem o mesmo.
Descemos todos do veículo. A luz pára de novo.

20h43

Nesse exato instante, passa um avião comercial em direção norte-nordeste (possivelmente um vôo para a costa atlântica do
SID [saída normalizada] para o rádio-farol de Zipaquira). O objeto desliga totalmente sua luz. Quando o avião atravessa sua
posição, a luz reaparece.

20h50
Resolvo dirigir-me ao objeto. Inicio a marcha de novo em direção norte (para Tabio). A luz parece retroceder aos poucos.
Seus deslocamentos são lentos, como os de um aeróstato (dirigível, zepelim etc.).
20h 55

Paramos em uma curva fechada a 1km de Tabio, aproximadamente. A luz pára.


Uso o binóculo. A visão de frente não gera resultados. A luminosidade não permite estabelecer sua forma. Depois, começa
a se mover para nós mantendo sua altura inicial (2 ou 3 mil pés — 800 a 1000m). Chega sobre nossas cabeças e inicia uma
manobra suave para a direita, parecida com uma manobra tipo A (3
graus/s). A observação com binóculos é possível então: superfície inferior cinza-escura, três refletores de alta potência
embutidos na fuselagem (brancos na proa e na popa, vermelho na parte central da fuselagem). Os refletores são móveis e estão
orientados para baixo. Deslocamento silencioso. Não há barulho de motores. Forma aproximada: ovóide alongada. Alguns de
meus familiares notam pequenas janelinhas dos lados (o reduzido campo visual dos binóculos impede-me de observar a nave
inteira). Não se observam bases propulsoras nem superfícies de sustentação aerodinâmica. Não há resíduos gasosos de
combustão visíveis nem radiação térmica de tipo luminoso (escapamento, queimadores posteriores — "afterburners"). Não se
observam, também, luzes de posição nem faróis estroboscópicos nem de anticolisão.
21 h

A aeronave desloca-se lentamente (velocidade estimada — 40 a 60km/h) com direção oeste para as encostas ocidentais da
cordilheira que circunda o vale de Tabio/Tenjo, 1km, aproximadamente, do morro de Huaica. Ao chegar ao que poderia ser o
vale de Subachoche, inicia uma manobra escarpada para o sul, entrando por entre as montanhas e perdendo-se de vista.

Nota:

Além dos cinco integrantes de minha família que presenciaram o evento e, independentemente, fizeram diagramas da nave,

o fenômeno foi observado por


Miguel Jiménez, sua esposa Martha e por uma enfermeira a seu serviço, residentes na vereda de Huaica.
O mesmo casal teve uma visão parecida no dia seguinte, à noite, em meio ao mau tempo reinante.
Embora tenham sido efetuadas vigílias posteriores de várias horas durante as noites dos dias 11, 12, 13, 14 e 15 de
novembro, as visões não se repetiram.

Rafael Henríquez Theran.


Ex-diretor regional da Organização de Aviação Civil Internacional, OACI.

Madri, fevereiro de 1994

Naquela madrugada, entre 1h30 e 2h, Enrique Muro estava na cama, lendo. Fazia frio...
"Lembro que me havia coberto com duas mantas. De repente, sem explicação aparente, comecei a sentir um intenso calor.
Era uma sensação incômoda, quase sufocante. Comecei a transpirar. Aquilo deve ter durado alguns minutos. Então, precisando
de ar fresco, pulei da cama e fui até a janela. Agora, com a perspectiva do tempo, fico horrorizado. Era fevereiro. Eu podia ter
pego uma pneumonia... A questão é que abri a janela e fiquei olhando para o céu. Estava nublado... Segundos depois, eu o vi.
Era um disco acinzentado, com um diâmetro de 20 ou 25m. Passou exatamente vertical a mim, talvez a 10 ou 15m acima do
telhado do edifício. Era impressionante...
"Fiquei absorto, olhando para aquele objeto. Não fazia barulho. Não tinha luzes ou, pelo menos, eu não as vi. Navegava
muito devagar, como se 'dançasse'...
Pude observá-lo tranqüilamente. Vi-o integralmente. E, assim que o vi, descobri aquele 'relevo' na base. Era um enorme
'H'. Pareceu-me um emblema. Talvez fizesse parte da estrutura. Tive a sensação de que se destacava, ressaltando-se do resto.
Era um 'H' com os braços levemente curvados para fora (?). Media por volta de 10m...
"Não soube o que fazer. Ali fiquei, olhando, quase hipnotizado, até que desapareceu pelo telhado do edifício da frente.
Suponho que o tive diante dos olhos durante seis ou sete segundos. Depois, voltei para a cama. Não conseguia acreditar...
Agora tenho certeza: aquela sensação de calor não foi casual. Eu tinha que ver 'aquilo' por alguma razão..."
6
A HISTÓRIA DO LOBO

Como estava dizendo, há outros casos de óvni em que naves ou tripulantes ostentam esse mesmo "emblema", em forma de
"H" ou de "X", ao qual acabo de me referir. Não se trata de descrever todos. Minha intenção, como o leitor deve ter
percebido, é outra. Se o caso "Ummo" foi uma invenção humana, como explicar esses vinte encontros, alguns anteriores a
1967, nos quais as testemunhas dão fé da presença do misterioso "H"? E mais: como é possível que pessoas tão afastadas no
tempo e na geografia possam coincidir nos detalhes?
Em 1960, na Dinamarca, a testemunha que viu os seres descreveu-os exatamente

igual ao que fariam as do Canadá, Austrália e Espanha alguns anos depois: seres de baixa estatura (por volta de um metro),
com trajes verdes, com algo parecido a um "H" no peito, com movimentos lentos (como se flutuassem) e "aquários" ou
capacetes nas cabeças. As testemunhas combinaram isso? É óbvio que não.
Nenhuma delas se conhecia. E o que dizer da sensação de calor experimentada pelos observadores na Polônia e na
Espanha? Coincidência? Como já mencionei em outras oportunidades, não acredito no acaso...
Seres de baixa estatura, "como crianças"? Não foi isso o que a índia quéchua viu no planalto boliviano? Que relação podia
existir entre os "ummitas" e essas criaturas de um metro de altura? Se bem me lembro, as cartas, supostamente extraterrestres,
descrevem os citados "ummitas" como indivíduos altos e louros (de aspecto nórdico). Algo, de fato, não se encaixava nesse
terrível quebra-cabeça...

Reconheço que não foi agradável. Não vou disfarçar. Sabendo o que sabia, e depois de ter reunido tão considerável
bagagem informativa sobre naves e tripulantes com o célebre "H", minhas conversas com José Luis Jordán Pena foram um
suplício. Como já comentei, desde 1993, data em que decidiu apresentar-se como responsável pela fraude "ummita", mantive
muitas entrevistas com Jordán, todas elas em sua casa, em Madri. E insisto: não foi simples, nem agradável. Jordán é um
mentiroso patológico. Em meu caso, pelo menos, não é confortável ver um indivíduo mudando de idéia e modificando os fatos
com o passar dos meses e anos. Essa, definitivamente, foi minha tática: interrogar Jordán Pena sobre os mesmos assuntos, mas
deixando passar quatro ou cinco meses entre uma conversa e outra. Os resultados foram catastróficos (para ele e para tudo o
que afirma, naturalmente). Hoje, dez anos depois do início dessas conversas, estou mais certo que nunca: Jordán mentiu tanto e
a tantos que nada do que possa dizer é confiável. Vou me limitar a expor uma síntese de alguns dos temas tratados com ele,
pessoalmente ou por escrito. Entendo que o leitor deve tirar suas próprias conclusões...

ASSUNTO "ASSUMIR A RESPONSABILIDADE"

Em duas cartas a Rafael Farriols (abril de 1993), Jordán afirma que "Umrao" é um mito criado por ele. Foi um
experimento científico, disse. "Decidi contar minha versão dos fatos, pressionado pela propaganda contrária. Principalmente
na França." Algum tempo depois, Jordán Pena explicou que resolveu assumir a responsabilidade pelas cartas por causa da
seita Edelweis. "Não gostei de uns homossexuais brincarem com meu símbolo" (refere-se ao "H" de "Ummo").
Posteriormente, ofereceu-me uma terceira versão: "Falei sobre 'Ummo' quando o assunto foi desclassificado pelos norte-
americanos." Sem comentários.

ASSUNTO CIA

Num primeiro momento (1993), Jordán afirmou que "a invenção sobre 'Ummo'
foi coisa minha, única e exclusivamente". Meses depois, quando lhe propus que escrevêssemos um livro juntos sobre
"Ummo", Jordán Pena mudou de idéia. Em uma longa carta, dizia-me literalmente: "... Antes de mais nada, reservo-me alguns
pontos que manterei ou não secretos porque envolvem uma instituição dos Estados Unidos... Visto que não tenho certeza de
sobre o que devo manter em segredo, fiz, dia 21 de março de 2000, uma consulta para me certificar das questões
desclassificadas [...] Embora possa parecer que minha postura é a de subordinação de um agente ('queimado' no jargão da
Agência), repito que não sou, nem fui um subordinado da Central Intelligence Agency (CIA). Isto é, um agente dos muitos que
há pelo mundo. Mas, sim: fui mais um colaborador.
Esclareço porque o tempo passou e porque mentir em questão tão delicada é supérfluo e inútil [...] A Agência é como uma
massa amorfa e gigantesca (como um polvo viscoso) onde, analisando suas várias atividades, podemos encontrar partes muito
boas e quase excelentes e outras que fedem tanto que causam horrível repugnância [...] Avaliá-la integralmente é, com certeza,
tarefa impossível. Tanto que nem o falecido William J. Casey, que foi um dos controvertidos diretores da CIA, provavelmente
foi capaz de dominar o complicado emaranhado de um Estado dentro de um Estado como os EUA. Esta afirmação talvez possa
causar estranheza a um observador pouco avisado [...]
Focando nosso assunto: a Agency (existem, ainda, certos organismos quase independentes de Inteligência secreta) não é,
como parece aos leigos fantasiosos, apenas uma central de espionagem externa e interna com departamentos capazes de
analisar a política estrangeira e outros capazes de promover a mudança social (Dpto. de Propaganda), que modifica e
manipula profundamente as atitudes políticas e econômicas do público [...] Mas também (e é importantíssimo) uma seção de
estudos profundos nas áreas de epistemologia, psicologia social, informática, antropologia cultural, redes estruturais,
eletrônica espacial etc. Essas atividades, embora independentes, entrelaçam-se de alguma maneira com as usuais da
Informação e da NASA [...] Essa, repito, é a razão pela qual não sou agente, visto que minha colaboração foi justamente nesta
'área', para a qual não faz sentido ter agentes pagos espalhados pelo mundo. Isso me permite fazer uma crítica áspera ou
rigorosa, com plena liberdade, a determinadas atividades (por exemplo, no caso Pinochet, um pobre doente, sádico e
criminoso) das quais a Agency participou, junto com o deposto presidente federal: Richard Milhous Nixon [...] Se fosse o
contrário, eu confessaria simplesmente, visto que minhas atividades foram interrompidas devido a minha trombose (sou um
paralítico).
Repito: colaborei (como muitos) com a Agência, que forneceu várias dúzias de
milhões de pesetas (não de dólares) ao projeto. E nada mais. Acho que um relato sucinto ou mais extenso deve ser incluído
no livro, salvo se a Instituição se opuser...".

Esta confissão de Jordán (aceitando-se que diz a verdade) (?) não me surpreendeu. Todos que nos interessamos pelo caso
"Ummo" pensamos na hipótese da CIA como um dos possíveis autores ou colaboradores na suposta fraude. Como é
perfeitamente sabido, a Agência Central de Inteligência investiga e reúne informação sobre óvnis desde 1949, contaminando e
mentindo sem parar. Naturalmente, quando tornei a vê-lo, interessei-me pela resposta da CIA ao pedido de Jordán
Pena, feito, segundo ele, em 21 de março de 2000. Jordán respondeu afirmativamente. "A Instituição americana [em
referência à CIA] respondeu-me.
Disse que não há inconveniente. Podemos escrever o livro..." Quando solicitei uma cópia da carta, Jordán negou. Nem
sequer permitiu que a lesse. Existe essa tal carta da CIA? O que está claro é que Jordán Pena estava mentindo, mais uma vez.
Segundo uma carta que está em meu poder, em outubro de 1998, Jordán escrevia a Luis Jiménez Marhuenda anunciando que,
"desde abril de 1997, tenho autorização para divulgar algumas notas que forneçam ampla informação sobre meus trabalhos".
Se Jordán tinha autorização (supõe-se que da CIA) desde 1997, por que me disse que essa permissão chegou em 2000?
E as invenções, mentiras e contradições sucederam-se sem o menor pudor...
"No final de 1965, pus meu projeto em marcha: observar e analisar as reações de um determinado grupo social diante da
hipótese de uma presença extraterrestre.
Assim nasceu 'Ummo'. Foi um experimento de caráter antropológico religioso..."
Jordán, então, decidiu enviar esse "projeto" a dois antropólogos norte-americanos que, segundo ele, rejeitaram a idéia
como algo carente de ética e de especial periculosidade, devido a seu claro conteúdo paranóide. O passo seguinte foi a CIA.
Jordán declarou que entrou em contato com a "Instituição americana", e nesse mesmo ano de 1965 recebeu, em Alicante, a
visita de duas "personalidades acadêmicas norte-americanas: um doutor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts
(especialista em termotecnia) e um doutor engenheiro pela Universidade de Illinois". Quando me interessei pela forma de
"contatar" a CIA, Jordán Pena negou-se a fornecer detalhes. E, logicamente, pergunto-me: era tão simples contatar a
"Instituição", como a define Jordán Pena? Obviamente, surge a dúvida (mais uma): Jordán Pena, em 1965, era um colaborador
ou agente da CIA? Segundo suas próprias palavras, dez anos atrás, em 1956, Jordán fez parte dos serviços de inteligência da
Fé Católica, uma organização da Companhia de Jesus. "Propus-me a estudar as seitas, e para isso colaborei com os jesuítas
em tarefas de espionagem contra a heterodoxia da doutrina verdadeira." Em suma: chovia no molhado...
Dessa novelesca (?) reunião na praia de San Juan, em Alicante, no fim de 1965, com os dois "acadêmicos da CIA",
nasceu, segundo Jordán, o "experimento científico" propriamente dito. A CIA assumiu e subvencionou o projeto fornecendo
homens e meios. "A operação" foi chamada de UWW. Quando perguntei o significado dessa sigla, Jordán deu de ombros. Não
sabia (!). Essa, pelo menos, foi sua resposta...

Naturalmente, perguntei pelo dinheiro fornecido pela CIA. E fiz isso em diversas ocasiões. Devo reconhecer que, nesse
caso, as respostas de Jordán Pena foram sempre as mesmas: "A Instituição arcou com todos os gastos: mais de 70
milhões de pesetas". Em outras palavras, se Jordán disse a verdade (?), esses 70
milhões podiam eqüivaler, naquele tempo (1966), a uns 500 ou 600 milhões de pesetas do ano 2000. "Eu me encarregava
de distribuir o dinheiro", disse Jordán, "umas 500 mil pesetas por mês, conforme as necessidades." Quando perguntei de
quanto era sua remuneração, Jordán Pena sorriu, dando a entender que ele ganhava mais. Evidentemente, em caixa dois... As
contas, obviamente, não apareciam. Se a fraude "ummita" prolongou-se durante 27 anos (entre 1966 e 1993) (?), como
entender que os colaboradores recebiam por volta de meio milhão de pesetas mensais? A esse ritmo, os supostos 70 milhões
teriam se esgotado em pouco mais de um ano, supondo que Pena houvesse "trabalhado"
com dez colaboradores. O problema é que, quando perguntei sobre os colaboradores, o ínclito Jordán também não entrou
em acordo. Em algumas conversas, falou de dois ou três "amigos e colaboradores". Em outras, elevou o número a quinze e,
finalmente, reduziu-o a dez. Como já mencionei, a velha tática de interrogá-lo a cada cinco ou seis meses foi devastadora. Eu
anotava tudo conforme ele falava e repetia muitas perguntas nas entrevistas sucessivas. O
resultado é consistente: mentira atrás de mentira. Quando perguntei aos "colaboradores e amigos" de Jordán Pena sobre o
dinheiro pago mensalmente, todos, sem exceção, negaram indignados. Um deles —Vicente Ortuno —, a quem farei referência
mais adiante, definiu a situação com uma enorme plasticidade: "Jordán Pena faz da mentira um esporte".
"A maior parte desse dinheiro", prosseguiu Jordán, "era destinada à Alemanha.
Talvez 70%." (A situação continuava piorando. Agora, com essa nova informação, os 70 milhões de pesetas ficavam
reduzidos a trinta.) As explicações de Jordán deixaram-me perplexo: "... A Instituição americana utilizou as cartas 'ummitas'
para codificar informação e remetê-la sem perigo a seus agentes infiltrados. Tratava-se apenas de mensagens extraterrestres.
Quem podia imaginar que uma letra ou um sinal de pontuação pudesse esconder uma informação secreta? Assim, os envios
'ummitas' viajaram para a Romênia, França, Alemanha (o verdadeiro objetivo da CIA, segundo Jordán), Itália, Argentina,
Brasil e Chile. Estados Unidos e Portugal foram eliminados do 'experimento'". Quando perguntei por que, Jordán Pena guardou
silêncio. "Estou autorizado a revelar que, nesses anos, os envios (cartas 'ummitas') foram os seguintes: mais de sessenta para a
Romênia; mais de duzentos para a Alemanha; uns dez ou doze para a França e por volta de trinta ou quarenta para a Espanha.
Que eu saiba, apenas as cartas dirigidas a cidadãos espanhóis tornaram-se públicas." (A afirmação foi ratificada, até certo
ponto, por Ignacio Darnaude, um dos grandes estudiosos do caso "Ummo". Segundo Darnaude, entre 1966 e 1994, os
"ummitas" dirigiram 172 documentos a um total de 34 espanhóis, com um volume aproximado de 1148 páginas.) Se Jordán se
ajustasse à verdade (?), a explicação das mensagens cifradas resolveria outra grande dúvida: por que os documentos ou cartas
"ummitas" escritos em outros idiomas que não o castelhano não vieram a público? Infelizmente, as palavras de Jordán Pena
não são confiáveis. Assim que formulou a teoria das mensagens cifradas, em um de seus gestos habituais, voltou atrás,
afirmando que, "durante um tempo, essa foi a resposta mais verossímil. Depois, compreendi que a Instituição estava me
enganando...". Insisti, mas foi inútil. Jordán não tornou a falar sobre os supostos agentes da CIA infiltrados na Alemanha,
Romênia etc. Estava dizendo a verdade? Eu me sinto incapaz de pronunciar-me a respeito. "Não estranhe meu silêncio",
acrescentou. "O experimento continua classificado. Nos anos 1960
atingiu o nível 2. Agora está no 8. Por isso os rumores não morreram..." Jordán estava mentindo de novo. Pouco antes,
havia me "revelado" que o caso "ummita"
já havia sido desclassificado pela CIA. Por isso, segundo ele, decidira-se a falar...

ASSUNTO "COLABORADORES"

Foi na terceira ou quarta tentativa que Jordán Pena, inexplicavelmente (?), forneceu-me uma informação, digamos,
"delicada": os nomes de seus colaboradores na gestação de "Ummo". E digo "inexplicavelmente" porque, também
supostamente, seriam agentes ou colaboradores da "Instituição". Por que Jordán concordou em me fornecer as iniciais desses
sujeitos? Cabe apenas uma suspeita: os nomes são pura invenção. Ou não? Eis aqui um bom exercício para os jovens
pesquisadores. Excelente exercício de investigação, sim, e perigoso...
Em 20 de abril de 2002, Jordán escrevia-me uma carta na qual, entre outras questões, dizia literalmente: "... Vamos por
partes: depois de seu pedido, esforcei-me para manter contato com meus colaboradores, tanto na Espanha quanto em diversos
países. Confesso, desiludido, que fracassei. Explico: com quatro pessoas não consegui entrar em contato porque ignoro seus
domicílios atuais. Soube, com tristeza, que I. F. e A. S. P., espanhóis, faleceram (o segundo faleceu em fevereiro de 1989), e
não tiveram relação alguma com a 'Instituição americana'. De V. O. B., como já lhe informei, apesar de nossa amizade e de ter
colaborado comigo nas duas montagens do óvni, ocultei, como de minha esposa, as delicadas relações com I. A. [a CIA],
"De E. H. posso dizer que foi ou é funcionário da Agência, e não sei seu paradeiro atual. De qualquer maneira, você não
pode entrar em contato com ele.
Pode, porém, citar seu nome abreviado, se desejar. Também lhe digo que suas iniciais são verdadeiras.
"Tive especial interesse em fazer contato com P. S. S., que foi meu colaborador, na Bolívia. Todas as minhas súplicas
para autorizar que revelasse seu nome completo e para me fornecer a documentação que tem sobre o caso 'UWW'
foram inúteis. Nem nas duas conversas que tive para dissuadi-lo, nem pela última carta que lhe enviei, atingi meu
propósito. De qualquer maneira, afirmou-me que seu antigo vínculo com a I. A. [CIA] acabou faz tempo, fato pelo qual
acalento a esperança de que decida, finalmente, colaborar.
"Com M. S., do Brasil, embora seja de nacionalidade espanhola, fracassei. Quer, talvez, desvincular-se desta história
porque lhe parece 'perigosa'. Por quê? Ele sabia perfeitamente que era uma ficção e que os dirigentes do departamento do
Instituto [CIA] respeitam uma decisão que não lhes diz respeito. Não sei, acho que é uma reação paranóide. Embora saiba que
seu nome, e não suas iniciais, será respeitado, devido a seu vínculo com a Instituição, nega-se obstinadamente a fornecer mais
dados. Não acho que 'I. A.' tenha alguma coisa contra, pois, repito, não pense que a antiga operação 'U W W' está classificada
no que diz respeito a 'Ummo', visto que é exclusivamente minha...
"Quanto a E. B. (França), tive mais uma conversa telefônica com ele em 6 de junho de 2001. Também não consegui sua
colaboração. E uma pena, porque tem muita informação que talvez lhe interessasse para sua tarefa exploratória.
"R.A.B., W.G. e R.V. (os dois primeiros da Argentina, embora de nacionalidade estrangeira) também se negam. Não creio,
de qualquer maneira, que lhe possam fornecer dados interessantes..."
Em outro documento escrito, Jordán Pena acrescenta:"... Alerto-o sobre meu antigo colaborador latino-americano E. G. E,
que esteve a meu serviço. É
funcionário da Agência, de modo que é preferível omitir qualquer relação com ele. De Alicia Araújo, falecida, que
trabalhou para a embaixada na Espanha, posso dizer que foi uma excelente colaboradora na Operação 'UWW'... Do resto,
catorze pessoas, reservo-me seus nomes por questões sentimentais: você pode localizá-los e publicar seus nomes..."

ASSUNTO "ORURO"

Foi outro assunto no qual estive a ponto de levantar-me, chamá-lo de mentiroso e dar-lhe com a porta na cara. Mas
contive-me. Tinha que descobrir até onde era capaz de chegar. Jordán falou de um tal de P. S. S., colaborador seu na Bolívia
(em outra carta, define-o como "colaborador argentino deslocado para Oruro"), com quem tramou o que chama de "simulacro
de Oruro". Deixei-o falar, sem mencionar minhas investigações no planalto: "... Para nós (Jordán e a CIA), era importante
organizar um triângulo. E inventei as aterrissagens de Madri, Oruro (Bolívia) e Rio Grande do Sul (Brasil). Dessa forma,
potencializaríamos a crença no fato de que os 'ummitas' haviam aterrissado...".
Pena estava se referindo à célebre descida das três naves "ummitas", anunciada em quatro cartas a outros tantos espanhóis,
em maio de 1967.
"... Tudo foi uma invenção", prosseguiu. "As coordenadas geográficas eu escolhi ao acaso. Depois, com a ajuda de meu
colaborador — P. S. S. —, o plano foi posto em prática, o simulacro de Oruro. P. S. S. organizou outra aterrissagem óvni
parecida com a de San José de Valderas. Para isso, bateu fotos de uma maquete pendurada por uma corda, entre duas árvores,
em plena selva de Oruro.
Meu colaborador bateu uma série de fotos: entre dez e quinze, e levou-as à imprensa local. A propaganda, na Bolívia, era
menos eficaz que na Espanha, e a notícia não foi difundida..."
Não sei se Jordán Pena percebeu minha repugnância. Oruro, como já mencionei na ocasião, é uma cidade localizada no
planalto, a 3.700m acima do nível do mar. Ali não há selva. A mais próxima está a mil quilômetros, no Mato Grosso (ao leste)
ou na Amazônia boliviana, ao norte. Jordán Pena estava inventando, mais uma vez. Também não é verdade que as fotos do
suposto óvni foram apresentadas à imprensa. Ninguém sabia nada a respeito. "Algo assim", contaram-me os jornalistas
bolivianos em Oruro, Uyuni e em La Paz, "não teria passado inadvertido. Naquele tempo, os meios de comunicação davam
grande importância ao assunto dos óvnis..."
Naturalmente, guardei silêncio acerca do dramático encontro da índia quéchua na região de Uyuni nessa mesma época do
chamado "simulacro de Oruro". Se eu houvesse falado, o mais provável é que Jordán Pena, com seu habitual cinismo, o
houvesse atribuído a outra "montagem" da CIA e de seus colaboradores...
E as mentiras continuaram. Meses depois, ao interrogá-lo de novo sobre o "simulacro de Oruro", Jordán perdeu de vista o
que havia afirmado anteriormente e afirmou que "a escolha de Oruro deveu-se não ao acaso, mas à presença de um agente da
Instituição na área. Isso tornava as coisas mais fáceis..."
Em relação à segunda suposta aterrissagem "ummita" (Rio Grande do Sul), Jordán sentiu a armadilha e balbuciou: "... Ali,
a montagem não saiu tão bem...
M. S., meu colaborador, repetiu a operação de Oruro, na selva, mas a notícia mal foi divulgada. Os jornais rejeitaram as
fotos do óvni com o 'H' na base... Eu cuidei das coordenadas. M. S. fez o trabalho e a CIA enviou a notícia à imprensa..."
Quando lhe perguntei em que data a notícia havia sido publicada, Jordán replicou, categórico: "Em 2 de junho". A
comprovação, como o leitor pode supor, foi simples. Nessa data, não foi publicada informação alguma sobre um óvni com o
sinal no ventre. Pelo menos no Brasil. Evidentemente, também não lhe falei do objeto visto em 1954 na cidade de Curitiba.
Jordán, com sua mente distorcida, teria utilizado o fato para continuar mentindo ou inventando. E
é mais que provável que assim suceda quando tiver conhecimento do que estou expondo neste livro. Tempo ao tempo.

ASSUNTO "CARTAS 'UMMITAS'"

Também neste capítulo as contradições, falsidades, invenções e meias verdades foram constantes. "Todos os relatórios e
desenhos são meus. Eu os inventei e desenhei." Quando me interessei pelo número de páginas escritas, Jordán respondeu:
"Impossível precisar. Passaram-se muitos anos. Talvez tenham sido mais de quinhentas." A resposta desconcertou-me.
Então não guardava cópias das cartas? Em uma das primeiras conversas (1993), disse que sim, "evidentemente".
Posteriormente, negou guardar alguma coisa. "A Instituição levou tudo." Aquilo era de enlouquecer. Se Jordán Pena era o
autor material dos escritos "ummitas", como era possível não saber que o número de páginas superava o milhar? "Escrevia
nos fins de semana. Comecei dois ou três meses antes do caso de Aluche."6 Novo erro (?). Se a primeira reunião com os
6 Em 6 de fevereiro de 1966, no bairro madrilense de Aluche, foi registrada, ao que parece, uma aterrissagem óvni na
fazenda chamada El Relajal. O fato aconteceu às 20h. Segundo a imprensa, parte do terreno ficou carbonizado. Várias
testemunhas afirmam ter visto um disco cor de laranja que aterrissou e depois desapareceu a grande velocidade.
agentes da CIA aconteceu, segundo seu próprio testemunho, em final de 1965
em Alicante, como pode ter enviado as cartas "ummitas" antes de o "experimento" ser desenvolvido? (Como os estudiosos
do caso "Ummo" podem lembrar, a não menos célebre aterrissagem de Aluche aconteceu em 6 de fevereiro de 1966.) Em
entrevistas sucessivas, como era de se esperar, as versões mudaram: "Fui o autor de todas as mensagens, com exceção das que
a 'Instituição americana' redigiu. Talvez meia dúzia, não mais...". A CIA participou da redação das cartas "ummitas"? Segundo
Jordán, limitaram-se aos escritos "mais técnicos, em especial os que fazem referência à nanotecnia [miniaturização], Não sei
como o fizeram, mas eles [a CIA] sabiam de meu defeito na visão. Vejo as coisas muito aumentadas. Isso me serviu para
desenhar em alguns relatórios 'ummitas'...". Em uma dessas visitas a sua casa, conversando sobre a miniaturização, Jordán
mostrou-me uma placa de metacrilato dentro da qual conservava um escrito muito pequeno (só decifrável com lupa ou
microscópio) com um texto da Bíblia. "Foi um presente de meus amigos, os norte-americanos..." Algum tempo depois, em uma
das cartas, Jordán escrevia: "Foi em fevereiro de 1971 que recebi o presente que lhe mostrei... Um de meus colaboradores em
Madri foi me visitar e entregou-me um envelope fechado, com o carimbo da 'Instituição americana' [CIA]. Abri-o
cuidadosamente. Continha uma saudação de..., assinado nos Estados Unidos.
Dentro podia-se ler:'... Lembra a grata conversa que tivemos nessa maravilhosa cidade de Alicante (Espanha)? Agora
tenho a satisfação de fornecer-lhe um exemplar da Santa Bíblia, reproduzida de um texto publicado pela World Publishing
Company. Utilizamos uma técnica que chamamos de microimagens fotocrômicas. Como verá pela imagem que mede 1,3 x 1,3
polegada [um quadrado de cerca de 2,294 cm de lado], aproximadamente a medida de um selo postal, pode apreciar, com a
ajuda de um microscópio ocular de alta resolução [sic] que é composto por aproximadamente 3,6 milhões de tipos de letra, o
que representa uma densidade de informação de 330.578 letras/cm2... Compreenderá que foi desclassificada em...'" Verdade?
Nova mentira? Quando lhe pedi que me mostrasse a carta da CIA, silêncio... "Os textos eram fruto de minha imaginação ou das
leituras de revistas e livros científicos. Às vezes, fazia anotações, mas, em linhas gerais, os relatórios surgiam de improviso.
Certa vez, tive problemas: um dos receptores das cartas, o delegado de polícia Dionisio Garrido, em uma daquelas conversas
telefônicas com os 'ummitas',7 perguntou como gravar sem necessidade de elementos móveis. Pegou-me de surpresa. Não
soube o que dizer.
Consultei a CIA e, pouco depois, forneceram-me um relatório sobre o assunto."
Não houve forma de verificar o que Jordán Pena disse. Garrido, o delegado, farto de tanta mentira, negou-se a falar. Em
janeiro de 1995, tentei pela última vez.
Dionisio Garrido continuou se negando a falar sobre "Ummo", e mais ainda sobre Jordán Pena. Pouco depois, faleceu.
"Para as ligações dos 'ummitas'
utilizava um aparelho que a 'Instituição' me forneceu. Desta forma, distorcia a voz... Apenas em uma ocasião solicitei a um
de meus colaboradores que falasse diretamente ao telefone, simulando ser um desses viajantes do espaço" (Jordán referia-se a
Vicente Ortuno).
Quanto à mecânica para enviar as cartas "ummitas" de lugares tão diferentes quanto distantes (Europa, África, Indonésia
etc.), Pena, sorrindo, afirmou que tudo foi minuciosamente orquestrado. "Às vezes, eu mesmo as despachava pelo correio,
aproveitando minhas viagens a trabalho..." Nova falsidade. Nos anos 1960 e 1970, Jordán, como funcionário da empresa
Agromán, não desempenhou nenhuma tarefa que exigisse o deslocamento para além das fronteiras espanholas.
Outra questão era se podia viajar como particular ou por conta da CIA... "Em outras ocasiões", prosseguiu, "eram os
norte-americanos que cuidavam do assunto. Eu entregava as cartas e eles as despachavam pelo correio, onde quer que fosse..."
Estava dizendo a verdade? Sobre esse não menos espinhoso assunto, lembro uma carta que o falecido Luis Jiménez Marhuenda
me remeteu em 5 de maio de 1993, devido à auto-inculpação de Jordán. Luis dizia, entre outras coisas:

... Acho que, depois dos últimos acontecimentos e da reunião celebrada em Barcelona, o assunto que tanto nos
interessa deve ser enfrentado com calma e
7 Durante anos, um grupo de espanhóis, comumente os receptores das cartas "ummitas", foi alvo de uma série de estranhas
ligações telefônicas (em suas casas), nas quais os supostos extraterrestres, com vozes distorcidas, similares às dos asmáticos,
respondiam a perguntas de toda índole, formuladas por esses trinta cidadãos.
objetividade. Antes de mais nada, devemos recapitular alguns fatos, e permito-me pôr tudo por escrito, porque assim o
enviarei a alguns de vocês, e poderão acrescentar ou corrigir o que lhes parecer, mas, enfim, deixo um testemunho de fatos
que devem ser considerados.
Primeiro, a "declaração" de José Luis Jordán. Nós, que vivemos experiências pessoais no caso "Ummo", não podemos
engolir essa declaração, embora a devamos admitir publicamente. Mas, entre nós, que vivemos experiências importantes e
pessoais, engolir isso eqüivaleria a admitir ou que somos bobos ou que somos mentirosos. Demos uma repassada em
algumas experiências pessoais:
Dia 26 de fevereiro de 1983. Juan Domínguez [outro receptor de cartas "ummitas"] liga para mim às 23h30 e me diz:
"percebeu que no próximo mês temos uma ponte com o feriado de San José? O que acha de fazermos uma reunião sobre o
assunto [refere-se a 'Ummo'] aqui, em Madri, nessa data?".
Aceito a idéia. Combinamos pedir a Manolo Álvarez (que em paz descanse) para fazer a reunião no Colégio Mayor San
Agustín. Juan pede-me que prepare um esquema da reunião e que lho mande para que o distribua entre as pessoas
envolvidas com o assunto.
Nessa mesma noite, assim que desligo o telefone, preparo um esquema simples, coloco-o em um envelope e, na manhã
seguinte (dia 27 de fevereiro), ponho-o no correio.
Passam-se os dias e nos reunimos onde estava previsto. E, estando reunidos, recebemos uma carta de "Ummo". Foi
levada em mãos ao padre Álvarez e estava endereçada a Juan Aguirre. Acho que era a carta que estava "censurada"pelo
datilografo. Vinha de Kuala Lumpur, na Indonésia. E, no carimbo, distinguia-se perfeitamente a data em que havia sido
postada: DIA 27
DE FEVEREIRO! José Luis tinha que ser muito rápido para fazer com que, no mesmo dia em que eu mandava a carta a
Juan Domínguez, essa carta fosse postada na Indonésia. Passar toda a noite anterior, desde as 11h30, escrevendo, e
conseguir fazer com que, no dia seguinte, estivesse em um lugar tão afastado...
Para Jordán Pena, a carta postada na Indonésia foi uma simples manobra da CIA.
Ele soube da reunião no Colégio Mayor San Agustín com vários dias de antecedência (não esqueçamos que Juan
Domínguez e Jiménez Marhuenda encarregaram-se de alertar boa parte do chamado "grupo de Madri" ou receptores das
mensagens "ummitas"). Jordán, segundo ele, redigiu a carta, e a CIA cuidou do resto. Ainda assim, como insinuava o querido
Luis Jiménez Marhuenda, a "manobra" tem pontos obscuros. A saber: como explicar a coincidência do dia 27
de fevereiro? Para Jordán Pena, tratou-se apenas de uma coincidência.
Outra pergunta obrigatória. Se Jordán foi o autor das cartas e das ligações "ummitas", por que o fez? Qual era seu
objetivo? As respostas, ao longo de dez anos, também foram contraditórias e tão díspares que, em minha opinião, não
merecem confiança. Estaríamos, mais uma vez, diante de uma história parecida à do pastorzinho e o lobo. As mentiras foram
tantas que, quando ele disse a verdade, quando o lobo chegou, ninguém acreditou...
Eis aqui algumas "explicações" de Jordán Pena, reunidas entre 1993e2003: "Foi em 1963 que se desenvolveu em minha
mente a idéia de estudar as seitas, o masoquismo e a figura do líder. O primeiro projeto foi traçado em fevereiro de
1966 e teria [estimava ingenuamente] um período aproximado de dezesseis meses."

"Eu sabia muito bem que o assunto óvni era uma falácia; isto é, uma enganação ou mentira com que se tenta prejudicar uma
pessoa.
E o que tinham a ver esses supostos "objetivos" com aqueles receptores iniciais das cartas "ummitas"? Conheci muitos
deles e posso afirmar que jamais formaram uma seita, como pretende Jordán Pena. Mais ainda: durante anos, nem sequer se
conheceram pessoalmente. Sabiam uns dos outros pelas mensagens datilografadas. A que figura de líder Jordán se refere?
Masoquismo? Delírio religioso-paranóide? Masoquismo dos grupos? Está claro que essas "explicações" do porquê de
"Ummo" são muito posteriores ao "experimento"
propriamente dito e, de meu ponto de vista, põe muito em dúvida a saúde mental de Jordán...
E, no meio desse pandemônio de mentiras e despropósitos, datada de 27 de março de 2000, chegou-me uma carta de
Jordán oferecendo outra "explicação"
sobre a origem do "experimento". O texto dizia assim: "... Um pouco depois, percebi que meu projeto se tornava muito
difícil, quase impossível, sem ajuda econômica, fato pelo qual escrevi para dois antropólogos, um deles catedrático de
história das religiões nos Estados Unidos, expondo meu projeto. O resultado foi desolador: o primeiro rejeitou a idéia (acho
que indignado) porque a considerava 'pouco' ética. O outro acolheu-a fria, mas gentilmente. (É preciso dizer que meus estudos
se afastavam da antropologia porque não sou licenciado em filosofia e antropologia.) Depois (5 de novembro de 1966) tornou
a escrever-me, dessa vez com uma proposta surpreendente. É que haviam me investigado discretamente por meio da
embaixada dos EUA (informaram-se sobre minha curiosa qualidade de escrever e traçar desenhos em miniatura). E, além
disso, esse homem era um agente ou, pelo menos, colaborador da Central Agency (?) (ignoro suas relações com esse
departamento). A carta (que conservo cuidadosamente) contém anotações que viravam completamente de ponta-cabeça minha
ingênua proposta inicial. Primeiro, respeitava a idéia primitiva de criar uma ficção extraterrestre. E também de duas seitas:
hindu-masoquista e outra chamada Pirophos. Também aprovava minha idéia de desenvolver literariamente uma civilização
novelesca no suposto planeta 'Ummo' (tanto fazia, para eles, quão estrambótico e absurdo fosse meu projeto)... Mas
propunham, para prestar-me ajuda, uma sugestão que me causou grande surpresa. Em troca, eu disporia de ajuda ilimitada. Os
fins (da CIA) eram diametralmente opostos a minhas diretrizes originais. Não se opuseram a meus estudos iniciais, mas
acrescentaram outra condição [o grifo é de Jordán Pena]: precisava fazer um estudo profundo das implicações sociais da
microtecnia, depois derivada à nanotecnia. Convite que me surpreendeu sobremaneira. Por que diabos estavam misturando um
assunto que me parecia totalmente alheio a meu estudo?... Então, tive que mudar radicalmente minhas propostas.
Primeiramente, desses poucos dezesseis meses aos mais de trinta anos que durou o experimento. Tive, ainda, que ampliar
(gratamente) o número de países sobre os quais incidiu a amostra (Espanha, França, Grã-Bretanha, Romênia, a antiga URSS,
Alemanha, Austrália e Argentina. Tive que omitir os EUA)... Tive que dar prioridade à análise da propagação social dos
temas microtécnicos. Digo-lhe isso porque não tem nada a ver com o estudo dos óvnis (falácia muito comum daqueles que,
como você, se dedicam a essa tarefa). Repito: a análise dos supostos Objetos Não Identificados 'cai' relativamente longe
[grifo de Jordán] do experimento 'Ummo'. (O tema óvni serviu-nos de cobertura) e digo 'nos', embora tenha prosseguido quase
sozinho com a análise dessas crenças mentirosas...".
Jordán Pena, vítima de suas próprias mentiras, comete um novo erro ao datar a carta do colaborador ou agente da CIA. Se
a carta, segundo Jordán, foi datada em 5 de novembro de 1966, por que, em outras entrevistas, afirmou que o "experimento
'Ummo'" nasceu dois ou três meses antes da aterrissagem de Aluche? (6 de fevereiro de 1966). Nessa suposta carta de um dos
antropólogos dos Estados Unidos, a CIA, disse Jordán Pena, ofereceu-lhe ajuda econômica ilimitada se mudasse os objetivos
do "experimento". Se for verdade, como ficam os restantes e não menos supostos "objetivos": masoquismo, delírio religioso-
paranóide etc.? E o mais escandaloso: se a CIA fez a tal proposta em novembro de 1966, como explicar que Fernando Sesma
(um dos receptores das cartas "ummitas") recebesse relatórios de "Ummo" nos dias 11,16,18 e 19 de março de 1966? Quem
escreveu as cartas "ummitas" que chegaram às mãos de outros receptores espanhóis ao longo desse ano de 1966? (Sesma,
Campo, Garrido, Regina Sendras, Joaquín Valdés, Sancho, Villagrasa e Alfonso Paso, entre outros). Quanto aos países citados
por Jordán, como já disse anteriormente, nesses primeiros anos 1960 e 1970, apenas na Espanha e Argentina foram detectadas
cartas "ummitas". Do resto, não se sabe de nada...

ASSUNTO "CARIMBO 'UMMITA'"

"Eu fui o criador da palavra 'Ummo' e do símbolo que caracteriza o governo daquele planeta, o famoso 'H'", contou-me
Jordán em muitas entrevistas. "Para isso, inspirei-me em 'humo' [fumaça], um conceito que evocava, foneticamente, 'Ummo'.
Algo vazio e insubstancial... Eu desenhei o emblema, no início com as hastes retas. Depois, o jornalista Antonio San Antonio
curvou esses traços para fora. Não sei por que fez isso... A Agência [CIA] não teve nada a ver com a criação do 'H'. Foi coisa
só minha. Eu forneci o desenho e eles [CIA] me deram o suporte físico, o dispositivo mecânico para imprimir o carimbo.
Esteve em meu poder, em minha casa, até o outono de 2002. Nessa época, quando você se interessou pelo carimbo, a CIA o
levou embora. Não tornei a saber dele...
Inventei-o antes da aterrissagem em Aluche... O que ninguém sabe é que não se trata de um único carimbo 'ummita', mas de
vários. Foi a 'Instituição' que levou a cabo o engenhoso sistema. Explico: cada receptor de cartas tinha associado um carimbo
em particular, diferente dos que constavam das mensagens recebidas por outros receptores. As diferenças são mínimas, mal
perceptíveis com lupa ou microscópio. Cada diferença correspondia a uma seqüência numérica que identificava o receptor em
questão. Por exemplo, o carimbo impresso nas cartas de Ignacio Darnaude era igual a '1010011001'... e assim
sucessivamente..."
Mais uma vez, não há meios de saber se Jordán disse a verdade. Foi ele o criador do "H" "ummita"? Copiou-o? Tornou
suas (1993) as frases de Marius Lleget e Sebastián Fontrodona (1979) quando diziam que "'Ummo' se escreve com H" e "pelo
'Ummo' se sabe onde está a fraude"? (Pista fornecida pelo pesquisador Manuel R. Salazar Serrano) Quem plagiou a quem?
Dado o histórico "delituoso"
de Jordán Pena, inclino-me a acreditar que foi ele que copiou os outros...
Também é coincidência! Quando, em uma das entrevistas, eu me interessei pelo carimbo "ummita", a CIA havia acabado

de levá-lo embora (!). Segundo Jordán


Pena, era lógico: talvez eu houvesse descoberto (pobre de mim!) os códigos secretos da "Instituição"... Meses depois, em
outra conversa, voltando ao assunto do carimbo de "Ummo", Jordán se contradisse: "... Agora está com um guarda-civil. Posso
perguntar se ele o deixaria vê-lo...". Por que se referia a um dispositivo mecânico se, na realidade, segundo suas próprias
palavras, eram vários? Enésima mentira. Em algumas oportunidades, falava de um só carimbo, e em outras, de várias dezenas.
Carimbos que teriam sido manipulados pela CIA para introduzir determinadas "informações cifradas" correspondentes, ao que
parece, a seqüências numéricas. Esses dígitos, sempre segundo Pena, estariam associados a cada receptor de cartas
"ummitas". Francamente, não concedi muito crédito à nova "revelação" de Jordán. Porém, por questão de objetividade,
submeti alguns carimbos originais ao estudo da polícia científica. Se Jordán estava dizendo a verdade (?), os carimbos
recebidos por uma mesma pessoa deveriam ser iguais e, ao mesmo tempo, diferentes dos impressos nas mensagens "ummitas"
que chegaram às mãos dos outros receptores. Em outras palavras: 34
carimbos com quase imperceptíveis "diferenças", no mínimo.

A investigação foi simples. Vários carimbos (estampados em cartas recebidas por um mesmo cidadão espanhol) foram
submetidos às correspondentes ampliações e intensificações de imagens, que permitiram uma completa apreciação dos mais
finos detalhes do desenho.

Caderno de campo de J. J. Benítez, com desenhos de Jordán Pena. Quando perguntei sobre o paradeiro do carimbo
"ummita", Jordán afirmou que a CIA o havia levado embora. Depois modificou a versão, afirmando que estava com um
guarda-civil (referia-se a Manuel Carballal, vulgo "Benito Pazos", que entrevistou Pena fazendo-se passar por guarda-civil).
Em uma terceira versão, confessou-me que o troquei de ferro havia sido levado por Carballal durante essa visita a sua casa.

Após o estudo mesoscópico em diferentes aumentos, procedeu-se à mensuração das imagens em questão e à comparação
entre as amostras. Empregaram-se, também, iluminações episcópica, diascópica, rasante, branca, ultravioleta e infravermelha
de diversos comprimentos de onda. Conclusão: nenhum carimbo era igual ao outro. Em cada perfil existem mais de setenta
"diferenças". Algo lógico, por outro lado, dada a simplicidade do procedimento de impressão.
Jordán continuava inventando. Evidentemente, também não soube jamais dessas indagações policiais. E prosseguiu com
sua loucura: "... Como verá", acrescentou em outra entrevista, "a textura do carimbo muda segundo o destinatário e a data em
que foi remetida... Modificação caleidoscópica que se torna mais nítida quando o tom da cor muda, conforme a nacionalidade
do correspondente: acho que violeta para a Espanha, amarelo para a Austrália etc. Desse modo, é impossível que as diversas
amostras calcográficas distribuídas pelo mundo todo sejam iguais... Como curiosidade, direi que foi segredo para mim, até
que, em 1991, entregaram-me o dispositivo de impressão. Em resumo: a estampa é quase impossível de falsificar para um
agente experiente. É simples diferenciar o original de um simples carimbo de borracha fabricado por qualquer oficina
especializada ..". Mas, então? Primeiro afirmou que os carimbos eram diferentes (cada destinatário tinha o seu). Depois, com
a mesma frieza e cinismo, disse o contrário: "Desse modo, é impossível as amostras serem iguais". E tornou a cair no embuste
quando afirmou que a CIA lhe havia entregue o "dispositivo de impressão". Se cada receptor de cartas tinha um carimbo
específico, com uma "variante" específica em algum ponto do "H" onde estão os demais dispositivos?
Como já mencionei, somente na Espanha foram contabilizados 34 receptores de mensagens "ummitas". Quando falei com o
jornalista Antonio San Antonio, a resposta foi a esperada: "Jordán viaja". Ainda assim, Pena continuou teimando em "sua"
verdade: "Eu sou o criador do emblema. Eu o inventei". Como imaginava, ele não soube esclarecer de onde tirou a inspiração.
Eu, por outro lado, tenho uma teoria a respeito. José Luis Jordán está mentindo, mas, além disso, foi enganado. Tentarei
explicar. A CIA sabia da existência do célebre "H"
nos óvnis desde muito antes da suposta gestação da fraude "ummita" por Jordán.
Como já mencionei, em 1954, os militares do depósito de pólvora de Curitiba, no Brasil, permaneceram por volta de vinte
minutos observando uma enorme nave com o símbolo no "ventre". Militares e civis concordaram na descrição.
Obviamente, se os militares souberam da visão, a CIA não demorou a receber informações. Anos depois, em maio de
1966, militares e serviços de Inteligência receberam a confirmação, graças ao filme de oito minutos feito na base de
rastreamento de mísseis, na ilha de Andros.
Foi a ratificação ideal: três óvnis com o "H" na base imóveis sobre uma instalação militar norte-americana. Em outras
palavras: quando Jordán disse que "inventou" o emblema "ummita", a CIA não apenas tinha conhecimento do "H", como
também dispunha de um filme. Essa circunstância me conduz a outra inevitável questão: pode ter sido a CIA a propor o
carimbo "ummita"? Eles, afinal de contas, tinham as provas sobre a existência de naves "não humanas"
com o "H" na fuselagem. Se a CIA fez parte da fraude, que melhor argumento a favor de supostos viajantes espaciais que
um símbolo tirado da realidade, embora essa "realidade" seja negada sistematicamente. Jordán, segundo esta hipótese, seria
vítima e verdugo ao mesmo tempo. Algo que ele não aceita, naturalmente.
E, em cada entrevista, continuou insistindo obsessivamente: "Eu o desenhei. Eu sou o criador do 'H'. A Instituição apenas
seguiu minhas diretrizes e meus desenhos..." A bem da verdade, faltou pouco para que lhe revelasse o caso de Curitiba, em
1954. Mas guardei silêncio. Até onde podia chegar seu cinismo?
ASSUNTO "DATILÓGRAFO"

Vicente Ortuno, um dos colaboradores de Jordán Pena, disse pouco quando afirmou que "Jordán fazia da mentira um
esporte". Vejamos outros exemplos.
Naquele ano de 1966, além das cartas "ummitas", alguns receptores começaram a receber outras cartas anônimas,
redigidas, ao que parece, pelo "datilógrafo dos 'ummitas"'.8 Este não menos suposto personagem (perito mercantil),
impressionado diante da presença dos extraterrestres, decidiu contar o que estava vendo e, para isso, escolheu os destinatários
a quem ele mesmo escrevia por ordem dos "ummitas". A primeira carta "esclarecedora" (?) chegou em junho de 1966 às mãos
de Sesma, em Madri. A partir daí, outras pessoas receberam cartas também anônimas e com mensagens mais ou menos
parecidas. Nelas, falava dos "ummitas", de sua aparência física (louros e altos), de suas constantes viagens e, evidentemente,
de sua bondade. Quando interroguei lordán sobre o "datilógrafo", estas foram suas respostas: "Não o procure. O datilógrafo
fui eu. Eu escrevi
8 Os "ummitas", segundo os relatórios, tinham uma extrema sensibilidade nas polpas dos dedos. Por isso, contrataram um
ou vários datilógrafos, aos quais ditavam as supostas cartas, mediante pagamento de uma substancial remuneração.
todas as cartas. Por conselho da Instituição estadunidense, pus um anúncio no jornal ABC, oferecendo-me para fazer cópias
em casa. Assim nasceu o imbróglio do falso datilografo. Depois de escritas, eu entregava as cartas a meu contato na Agência
[CIA], e eles as revisavam e as punham no correio. Para a redação dos relatórios 'ummitas' — por conselho dos norte-
americanos —, eu devia utilizar outra máquina de escrever, omitindo acentos e inserindo erros de ortografia.
Desta forma, simulando a lógica ignorância dos extraterrestres, o conteúdo ganhava mais verossimilhança...". Nova
contradição. Se os "ummitas" não podiam escrever a máquina, e se os textos eram datilografados pelo perito mercantil, por
que suprimir o til do "n" ou semear os relatórios de erros de ortografia? Das duas, uma: ou Jordán estava mentindo de novo,
ou a CIA é mais imbecil do que parece... A versão de Jordán Pena sobre o "datilógrafo" apresenta outras falhas graves que, de
meu ponto de vista, invalidam suas afirmações (mais uma vez). A saber: segundo as análises feitas nos escritos do "perito
mercantil", várias dessas cartas anônimas foram datilografadas com a mesma máquina com que os relatórios "ummitas" foram
redigidos. Em segundo lugar: o estilo literário dos dois textos (cartas do "datilógrafo" e dos "ummitas") é diferente. Jordán,
portanto, na opinião dos peritos, não poderia ser o autor das cartas do "datilografo", supondo que houvesse escrito os
relatórios, e vice-versa.
Evidentemente, antes de mim, outros receptores das célebres cartas de "Ummo"
dedicaram seu tempo e dinheiro para tentar esclarecer o não menos suposto anúncio no jornal madrilense ABC. Era
verdade que um perito mercantil havia se anunciado nesse jornal ao longo de 1965? Oferecia-se para fazer trabalhos a
máquina? Enrique Villagrasa e Dionisio Garrido (ambos receptores de mensagens "ummitas") tomaram uma decisão
confidencial, apenas conhecida por eles: "Foi em 1970. Dionisio e eu", contou-me Villagrasa, "quisemos descobrir o que
havia de verdade naquele assunto. O tal datilografo existia? E começamos a investigar no mais absoluto segredo. Ninguém
soube nada a respeito. Garrido e eu percorremos as páginas do ABC e revisamos o ano de 1965..." Enrique Villagrasa
mostrou-me um de seus cadernos. Lá, li trinta anotações, com nomes, telefones e endereços. Por exemplo: "c/ Maurício
Lejendre, 11. É uma senhora que o faz". "É feito por uma senhorita, professora de inglês." "É uma agência de
transportes, e não lembram de ter posto esse anúncio..." "Deste modo", prosseguiu Villagrasa, "chegamos a selecionar três
ou quatro. Pois bem, quando Garrido, como policial, dispôs-se a descobrir a identidade da pessoa que estava por trás de cada
anúncio desses, aconteceu algo imprevisto: Garrido recebeu uma misteriosa ligação telefônica, na qual o avisaram para
suspender a investigação.
Se não o fizesse, se prosseguisse, os 'ummitas' interromperiam as mensagens que estavam enviando. E as pesquisas sobre o
'datilografo' foram interrompidas."
Villagrasa, o engenheiro, não soube explicar a natureza da súbita ligação telefônica. Foi Jordán

Pena? Segundo Villagrasa, o assunto era conhecido apenas por Garrido e por ele mesmo. Foi a CIA? Estavam grampeando
os telefones dos receptores das cartas "ummitas"? Quem foi o responsável por aquela ligação?9

ASSUNTO "ATERRISSAGEM ÓVNI EM ALUCHE"


Como já comentei anteriormente, no domingo, 6 fevereiro de 1966, algo estranho aconteceu no bairro madrilense de
Aluche. Dois dias depois, a imprensa publicava a seguinte notícia: "Deviam ser mais ou menos 20h de ontem, domingo,
quando no bairro de Aluche, muito perto da Casa de Campo, um objeto não identificado, mas que pelas descrições das
testemunhas responde às características dos conhecidos 'discos voadores', aterrissou na fazenda El Relajal e, segundos depois,
empreendeu novamente vôo para perder-se no céu.
"Como vestígio da presença do objeto, fica uma superfície do solo, não muito extensa, quase carbonizada e a afirmação
categórica de algumas testemunhas do fato. Uma das testemunhas não quis fornecer seu nome para evitar publicidade; a outra,
que viu da janela de sua casa a chegada e partida do estranho objeto, é Vicente Ortuno. As descrições concordam em afirmar
que 'um disco alaranjado desceu, pousou em terra e, a seguir, empreendeu vôo a grande velocidade'. Tudo isso às 20h de
ontem, domingo..."
Uma das testemunhas da suposta aterrissagem óvni em Aluche foi, justamente, Jordán Pena. Isso, pelo menos, foi o que
reconheceu.
Quando o interroguei sobre aquele distante acontecimento, Jordán hesitou: "...
Passaram-se muitos anos... Eu fui o inventor de tudo, com a ajuda de mais duas pessoas... Nessa tarde de domingo fomos
ao local e fizemos as marcas. Fizemo-las com um balde de praia... Depois, queimamos a área com uma máquina de solda... A
Instituição americana [a CIA] forneceu-me terra radiativa (areia com uma pequena porcentagem de óxido de tório). Espalhei-a
dentro das marcas e nas proximidades. Nenhum de meus colaboradores jamais soube [Jordán referia-se
9 Segundo Ignacio Darnaude, que reuniu os documentos "ummitas", entre junho de 1966 e março de 1984
foram recebidas cartas do "datilografo" com um total de quase sessenta páginas. Os destinatários foram Sesma, Villagrasa,
Garrido, Alicia Araújo e Aguirre. Enrique Villagrasa foi o maior receptor, com dez cartas.
— se estivesse dizendo a verdade — a Vicente Ortuno e a um de seus cunhados].
Depois, liguei para a imprensa e as testemunhas surgiram... Algumas foram pagas previamente ou condicionadas...". Meses
depois, quando perguntei sobre o mesmo assunto, Jordán Pena desvairou. Já não se lembrava das testemunhas que haviam sido
"compradas", com exceção do engenheiro Ramírez. "Era amigo meu. Esse era seu verdadeiro nome. Foi tudo uma montagem.
Ele recebeu dinheiro..." Jordán estava desvairando ou mentindo.
Ramírez foi uma das testemunhas (?) de outro caso, muito mais repercutido, registrado na tarde de la de junho de 1967, em
San José de Valderas. Ele afirmou ter visto o óvni que foi fotografado em Valderas e descreveu também o "H" que tinha no
ventre. Jordán, quando lhe recordei que havia se enganado de testemunha, empalideceu e mudou de assunto, mentindo pela
enésima vez: "...
Foram os norte-americanos que me forneceram o aparelho para fazer as marcas de aterrissagem de Aluche. Todo o mundo
engoliu". Quando interroguei Vicente Ortuno, um dos cúmplices de Jordán, ele confirmou a primeira versão: a do balde de
praia. "Com isso fizemos os buracos", acrescentou Ortuno. "Eu o ajudei também na redação de algumas cartas 'ummitas', nas
ligações telefônicas e para levar umas fotos tridimensionais (supostamente extraterrestres) até Fernando Sesma. Eram uns
cortes biológicos. Não sei de onde as tirou. Pediu-me que as levasse pessoalmente à casa de Sesma e que as mostrasse a ele,
como enviado dos 'ummitas'. Lembro que Sesma as recebeu como uma criança. Estava maravilhado, e mostrou-as a toda sua
família. Isso foi em janeiro de 1966, pouco antes do caso de Aluche. Eu, então, usava uma longa e espessa barba. Essa foi uma
das razões pelas quais não permiti que me fotografassem junto às marcas de Aluche. Se houvesse permitido, Sesma poderia
reconhecer-me nas reuniões posteriores que aconteciam em La Ballena Alegre." Quem estava mentindo?
Como surgiram as marcas de Aluche? Para alguns pesquisadores, aquele terreno era muito duro para fazer "retângulos" tão
profundos. Salazar Serrano tentou e comprovou que o balde de plástico em questão não servia para tal fim.
Tiveram que amolecer o terreno primeiro (inundá-lo) e utilizar, depois, uma pesada maça de ferro. "Ninguém, em seu juízo
perfeito, teria conseguido marcas tão profundas com um simples balde, e muito menos o 'X' que aparecia no fundo."
Quando perguntei pela autoria da ligação telefônica recebida por Fernando Sesma, na qual lhe anunciavam uma visão
"ummita" em Madri para esse mês de fevereiro de 1966 (a ligação aconteceu no dia 2 de fevereiro), Jordán Pena limitou-se a
guardar silêncio, invocando a enigmática e mais que suspeita desculpa: "Secreto". Sobre essa ligação, Vicente Ortuno não
sabia de nada...
Algo não estava encaixando. Se a visão e a aterrissagem do óvni de Aluche haviam sido outra "invenção" do diabólico
Jordán, por que foi visitado, em sua casa, na rua San Ulán, por um oficial da Força Aérea Espanhola? Essa foi a versão de
Jordán Pena e de Maite, sua mulher, que participou também da conversa com o militar: "Apareceu em casa pouco depois do
incidente de Aluche. Chegou de uniforme. Tirou o quepe e disse que havia me localizado pela imprensa. Queria conhecer
minha versão dos fatos. Eu, então, disse-lhe que podia se tratar de um óvni de origem norte-americana. Comentei, inclusive,
que minhas suspeitas se dirigiam à base de Torrejón. Segundo disse, ele também havia visto o objeto...". Maite, a esposa,
assentiu com a cabeça. "E falou-nos de umas estranhas interferências eletromagnéticas registradas na torre de controle
coincidindo com a aterrissagem de Aluche. Eu estava impressionado. Aquele militar estava me falando de algo que eu havia
inventado. Depois acrescentou: 'Tenha cuidado porque essas coisas podem ser norte-americanas. O senhor é muito novo...'.
Deixou-me um cartão com seu nome e telefone. Plaza, chamava-se... Meses depois, liguei para ele e disseram que era engano.
Não havia nenhum Plaza. Nome e telefone eram falsos. Fui ao Ministério da Aeronáutica e mostrei o cartão em questão.
Ninguém sabia de nada. O militar não existia. Depois, eu soube que outra testemunha de Aluche recebeu a visita do mesmo
militar. Era um indivíduo de baixa estatura, de bigodinho, muito educado." Esta declaração de Jordán aconteceu em 29 de
abril de 1992; um ano antes de se responsabilizar.
E há, ainda, um último "detalhe" que, obviamente, faz com que desconfie da palavra de Jordán Pena. Em 26 de fevereiro
de 1966, como já mencionei, Jordán dirigiu uma longa carta ao pesquisador Eugênio Danyans, relatando-lhe o acontecido em
Aluche.
Nesse texto, fala de "algo" que viu no "ventre" ou área inferior da nave: "... uma linha reta situada entre dois parênteses
abertos para fora". A explicação era acompanhada por vários desenhos do próprio Jordán. Anos depois, ao interrogá-
lo sobre o emblema "ummita", Jordán cometeu outro erro:
Desenho de Jordán Pena.
Objeto visto em Aluche na tarde de 6 de fevereiro de 1966.

"Eu desenhei o emblema, no início com as hastes retas. Depois, o jornalista Antonio San Antonio curvou esses traços para
fora". Algo não encaixava, efetivamente. Segundo declarações de Jordán Pena, seu primeiro contato com San Antonio foi
telefônico e aconteceu quinze meses depois do caso Aluche, na manhã de 1o de junho de 1967, devido ao óvni fotografado em
San José de Valderas (Madri). Se for verdade, por que, na versão fornecida a Danyans, fala de um símbolo com as hastes
externas abertas para fora? Pode ser, evidentemente, que Jordán e San Antonio tenham se conhecido antes. Neste caso, Jordán
Pena continuaria mentindo...

ASSUNTO "CIA E COMPANHIA"

Em outra longa carta (mais de duzentas páginas), Jordán, de repente, fez uma inesperada "confissão" (?): "... Camilo
Alonso Vega era ministro do Interior; havia sido informado, anos antes, pela 'Instituição norte-americana' [CIA] sobre a
reservada operação 'Ummo'. Eu já havia me reunido com ele para informar-lhe detalhadamente sobre nossos projetos. Ele
mostrou respeito pelos planos, mas absteve-se completamente de qualquer intervenção por parte de qualquer agente.
Até que um dia tive uma reunião com ele no ministério. Estava profundamente preocupado com a dimensão sociológica
que o assunto dos 'Rostos de Bélmez'
estava tomando. Havia ultrapassado as fronteiras, a ponto de vários jornais, na Alemanha, Itália, Estados Unidos... se
mostrarem inquietos diante das estranhas notícias que estavam recebendo. Talvez porque estava fazendo uma experiência
sociológica — 'Ummo' —, pediu-me que interviesse na selva dos supremos arcanos de além-túmulo. Não me disse isso assim,
evidentemente. Era muito inteligente para acreditar nas superstições populares que misturavam o divino com o mágico. Mas
mostrava-se inquieto pelas possíveis e imprevisíveis implicações políticas que o acontecimento pudesse acarretar, como um
gigantesco polvo que nos sugasse a todos... Ouviu-me impressionado, entusiasmado por minhas brilhantes explicações. Então,
deu as ordens oportunas para que minha tarefa investigativa fosse considerada oficial. Pôs a minha disposição vários agentes
da Benemérita,10 inclusive associou-me a um membro da Brigada Político-Social. Isso é o que realmente aconteceu. Devo
repudiar, como absurda, a idéia de ter sido o governo espanhol o motor do caso 'Ummo' e eu o agente subordinado ao próprio
Alonso Vega, embora ele, repito, soubesse de minhas atividades...".
Até que ponto as afirmações de Jordán são confiáveis? O governo de Franco foi informado sobre a operação "Ummo"? A
CIA fez isso, como afirma José Luis Jordán Pena? Quando analisamos o acontecido ao longo desses anos, as palavras de
Jordán têm que ser questionadas de novo. Os agentes ou serviços de Inteligência da ditadura estiveram presentes sim, em
várias ocasiões, no desenvolvimento do caso "ummita". Um exemplo é o microfone encontrado na sede da Eridani, uma
sociedade fundada em Madri em 1971 para a investigação do fenômeno óvni e demais temas cosmológicos, da qual faziam
parte, entre outros, alguns dos primeiros receptores de mensagens "ummitas". Foram estes — Villagrasa, Joaquín Martínez e
Jorge Barrenechea — que me forneceram a informação sobre aquele incidente: "Foi em 1972. A Eridani estava, então, na rua
Belén, 15. Alguém ligou e nos alertou sobre a existência de um microfone.
Reunimo-nos previamente, fora da sede, para decidir o que deveríamos fazer no
10 Guarda Civil espanhola. (N. T.)
caso de o tal microfone aparecer. Lá estavam Jordán Pena, que era presidente da Eridani, Aguirre, Barrenechea, Juan
Domínguez, Borraz, Villagrasa, Joaquín Martínez, Paco Mejorada, Dionisio Garrido e Muela. Lá pelas 19h entramos na casa e
começamos uma minuciosa e silenciosa busca. Foi Barrenechea quem o encontrou. Estava colado com fita adesiva em uma
tábua que havia sobre o aquecedor. Ficamos perplexos. Era incrível: alguém estava espionando. Era um microfone pequeno,
do tamanho de uma caixa de fósforos, embutido em um pedaço de plástico transparente. Pesava muito pouco. Garrido, o
policial, examinou-o e guardou-o em uma caixa, para que não nos pudessem ouvir. Então, alguém notou a presença de um
Mercedes preto estacionado muito perto da sede. Jordán Pena saiu correndo, mas o carro arrancou e desapareceu. O
microfone parecia muito tosco e artesanal. Dias depois, depositaram-no na caixa de correio da Eridani, porque, disseram,
o pessoal de 'Ummo' passaria para pegar...".
A questão é que o microfone acabou na casa de Jordán Pena e, suponho, ali continua, em uma gaveta de seu escritório. A
última vez em que o tive em minhas mãos foi em 20 de maio de 2000. Pedi a ele que me permitisse analisá-lo, mas Jordán
negou. "Nunca soubemos quem estava por trás", acrescentou. "A CIA avisou da existência, na Eridani, de uma freqüência
desconhecida. Por isso o encontramos. Quanto ao veículo que permanecia estacionado às portas da Eridani, nem idéia. A
'Instituição' também não soube explicar."
Se Jordán estava dizendo a verdade (?), é evidente que alguém queria saber do que se falava na inofensiva sociedade de
estudos cosmológicos. Se esse "alguém" não era a CIA, em quem podemos pensar? Ocorrem-me apenas duas possibilidades,
medianamente corretas: o ministro do Interior ou o próprio Jordán, por sua conta e risco. Em ambos os casos, Jordán Pena
teria mentido de novo.
Outro incidente do qual, ao que parece, agentes de polícia espanhóis participaram aconteceu em dezembro de 1970, em
plena "atividade" do caso "Ummo". O "protagonista" foi Enrique de Vicente, estudioso dos óvnis e hoje diretor da revista Ano
Cero. Ignacio Darnaude, em sua detalhada recopilação de escritos "ummitas" ( Ummocat), no documento número 415, disse a
respeito: "Segundo asseverações de Enrique de Vicente... em dezembro de 1970 recebeu um envelope anônimo com selos do
distrito do aeroporto de Barajas (Madri), contendo duas fotografias (tamanho 9 x 12), pertencentes a um homem de raça
branca, compleição robusta e estatura elevada, que aparentava por volta de quarenta anos, elegantemente vestido ao estilo
europeu, de mascote [chapéu] ao estilo do cinema de suspense americano... O curioso personagem erguia-se de pé, firme, em
um tipo de barco, quebra-mar ou passeio marítimo, em local costeiro ou fluvial de Portugal ou Brasil, a julgar pelos cartazes,
em português, que aparecem nas imagens... No verso, uma afetuosa mensagem dirigida a De Vicente, por seu persistente
interesse pelo mistério de 'UMMO'... O texto estava assinado por 'Dei-98', o suposto líder dos 'ummitas' na Espanha. A
Enrique de Vicente, excitado pelo inesperado presente, o tempo foi pouco para ligar para metade de Madri, dando conta da
existência das fotografias do 'ummita' 'Dei-98'... Segundo De Vicente, as fotos em questão foram parar em sua pasta e, com ela,
saiu à rua e prosseguiu com seus vários contatos e atividades habituais.
Passadas várias horas, diante de sua surpresa, foi abordado por inspetores da sinistra Brigada Social de Franco, que
rastreavam operações subversivas anti-franquistas; eles o levaram, sem contemplações, à Direção Geral de Segurança, em
Puerta dei Sol, no coração de Madri... Ao chegar, como é norma, entregou a pasta com todo o variado e personalíssimo
conteúdo, inclusive as duas fotos do suposto extraterrestre... Ali foi interrogado durante várias horas acerca de sua hipotética
participação em protestos estudantis. Finalmente, os policiais o puseram em liberdade, com a desculpa de que tudo havia sido
um erro... Ao sair do 'quilômetro zero', os 'cinzentos' devolveram-lhe gentilmente a pasta... Quando Enrique de Vicente
procurou as fotos de 'Dei-98', viu que ambos os retratos haviam desaparecido...".
As fotos do suposto "Dei-98" foram mostradas, antes de serem confiscadas pelos policiais, aos também pesquisadores do
caso "Ummo" Francisco Mejorada e Javier Ruiz Sierra. Ambos deram fé da existência dos retratos.
Até aqui, a versão "oficial". O que não foi dito até agora é que Enrique de Vicente foi vítima de uma brincadeira. O autor
foi Ignacio Darnaude. Assim me confessou: "Eu tinha um tio, Antonio, que era radioamador. Pois bem, quando faziam uma
nova conexão, era costume trocarem fotos ou postais, dando conta dos pormenores da comunicação. Um belo dia, meu tio
Antonio recebeu duas fotografias de um radioamador brasileiro. Peguei os retratos e pensei em fazer uma brincadeira com o
crédulo Enriquito. Escrevi uma saudação no verso das fotos e assinei como 'Dei-98'. Depois, combinei com um amigo de
Madri, e este as colocou no correio, na área de Barajas. O resto você já sabe...".
Sim, eu sabia, e continuo me perguntando: quem alertou os policiais da Direção Geral de Segurança? O telefone de De
Vicente estava grampeado? E, se estava, quem fez a escuta: a CIA ou a polícia de Franco? Foi um dos receptores das cartas
"ummitas", advertido por De Vicente acerca da existência das fotos de "Dei-98", que o levou ao conhecimento de Jordán? Foi
Jordán, por sua vez, que avisou a Polícia ou a CIA?
O imbróglio é de tal magnitude que hoje, inclusive, duvido da segunda parte da história: a detenção de Enrique de Vicente.
Cabe a possibilidade de que tais fotos tenham sido "extraviadas" por De Vicente quando compreendeu ou suspeitou de que
havia sido vítima de uma brincadeira...
Em 20 de novembro de 1988, os serviços de Inteligência espanhóis tornaram a intervir no caso "Ummo", segundo Jordán
Pena. Nesse dia, no hotel Sanvy, em Madri, um grande grupo de estudiosos e seguidores dos "ummitas" foi convocado a
assistir à leitura de uma nova e suposta carta extraterrestre. Antes (primeiros dias desse mês de novembro), vários cidadãos
espanhóis haviam recebido cartas procedentes da Suíça, que, em um péssimo inglês, anunciavam que os "ummitas" estavam
prestes a fazer uma importante revelação sobre o Santo Sudário de Turim. Eu recebi uma daquelas cartas e, francamente,
fiquei desconcertado. Curiosa e suspeitamente, poucos dias antes do recebimento, a Igreja católica deu a conhecer, em uma
entrevista coletiva, o veredicto do carbono 14 sobre a antigüidade do sudário. Em 13 de outubro, o cardeal Ballestrero
anunciava ao mundo que a Sindone, ou Santo Sudário, havia sido confeccionada entre os anos 1260 e 1390. A reação dos
muitos cientistas que não estavam de acordo com o veredicto do C14 não se fez esperar e, logicamente, a polêmica foi
estabelecida. Pois bem, no meio desse tumulto — suspeitamente, como disse —apareceu a suposta carta de "Ummo". E, nessa
tarde de 20 de novembro, perante duzentas pessoas, Rafael Farriols procedeu à abertura da carta "ummita". No envelope lia-
se a seguinte observação: "ANTES DE ABRIR. Para abrir em 20 de novembro de 1988 às 18h 10 diante de toda a
assembléia". No total, quase dez páginas datilografadas com espaço simples. A longa e monótona carta, lida por Luis Jiménez
Marhuenda, deixou-me mais perplexo ainda.
Nela, os "ummitas" afirmavam que o Santo Sudário que hoje conhecemos trata-se, na realidade, de uma cópia feita pela
Igreja Católica. A troca, dizia a carta, foi feita em 1929. Segundo os "ummitas", o sudário foi comprado em segredo pela
Igreja. Tratava-se de um tecido fabricado em Jaffa (Israel) em 1220.
Cosntruíram, também, um molde netálico com a imagem do homem morto e, assim, aplicando o linho ao metal previamente
aquecido, obtiveram a imagem que hoje conhecemos. Da surpresa passei à indignação. Aquilo era uma

brincadeira, e de muito mau gosto. Anos depois, ao interrogar Jordán Pena sobre o conteúdo dessa carta, ele negou tudo:
"Não sei nada sobre essa troca do Santo Sudário. O Cristo de "Ummo" foi sim uma invenção minha. Mas, por outro lado, o
negócio do hotel Sanvy é falso..." Meses depois, quando toquei no assunto de novo, Jordán esqueceu suas declarações
anteriores e afirmou (por escrito): "... O
documento sobre o Santo Sudário de Turim foi redigido por mim, e, ainda, uma parte-chave foi inserida por um agente
espanhol do CESID. Digo-lhe isso porque foi justamente você quem me inspirou a fantasia do relatório sobre o Santo
Sudário. Não há muito espaço nesta carta. Mais adiante, serei mais explícito...".

Em uma nota "E-l", nessa mesma carta, Jordán acrescentava: "Minha relação com o assunto foi circunstancial. Desconfio
que a Administração norte-americana também tinha algum conflito com esta organização internacional. O
caso é que — por iniciativa privada? — um agente conhecido por mim que, anos antes, havia atuado como conexão na
operação UWW, suplicou-me que recebesse um agente do CESID para tratar de um assunto diferente do caso 'Ummo'. Foi,
pois, quase o único contato que tive com esses senhores. O pedido de inserir determinados parágrafos no relatório. Que
deveria ser lido justamente a determinada hora e em um hotel determinado. A coincidência da detenção dos dirigentes dessa
seita surpreendeu a mim mesmo. Desconfio, com bastante certeza, que há uma espécie de hiato entre a leitura pública do
relatório e a operação policial. Mas o assunto está envolto em trevas, tanto para você quanto para mim".
Jordán Pena estava dizendo a verdade? O CESID (antigo Centro Superior de Informação da Defesa) participou da redação
da carta "ummita" sobre o Santo Sudário? Para mim, neste assunto, há apenas uma coisa certa: a suposta revelação sobre o
Santo Sudário é mais falsa que o peru de Bush...

ASSUNTO "ÓVNI EM ALICANTE"

Não pude resistir à tentação. Em uma daquelas incômodas entrevistas, trouxe à baila o caso do óvni visto na noite do 27 de
maio de 1977 em San Vicente del Raspeig, em Alicante. Como se lembrará, dois dias antes, o falecido Luis Jiménez
Marhuenda recebeu uma carta anônima anunciando um "sinal luminoso", visível de sua casa. Luis e mais dez pessoas foram
testemunhas, à meia-noite dessa sexta-feira, 27 de maio, de uma bola de fogo que cruzou o céu em silêncio de leste a oeste.
Quando lembrei o caso, Jordán sorriu, malévolo, e afirmou: "Isso foi um míssil. Foi lançado pelo Exército dos Estados Unidos
da base de Aitana. Eu soube do lançamento com antecedência e enviei a carta ao pobre Luis..." Diante das novas perguntas,
Jordán Pena esclareceu: "Fiquei sabendo do lançamento em uma reunião em Madri, da qual participaram Alicia Araújo, a
Instituição norte-americana e eu... Fazia parte da operação 'Ummo' ou

'UWW'. Soube da data e das características do teste e apressei-me a escrever a carta..."

Era impressionante. A capacidade de Jordán Pena para a mentira não tinha limites. E o mais incrível é que ele mesmo
acabava acreditando em seus próprios embustes. Vejamos. Jordán tornou a mentir ao situar o lançamento do míssil (?) na base
de Aitana. Esse lugar, a noroeste da cidade de Alicante, é um radar militar. Nunca foi uma base de lançamentos. Em segundo
lugar, se houvesse se dado o trabalho de consultar um mapa, Jordán teria compreendido que essa "explicação" era inviável
porque, simplesmente, o óvni foi visto de leste a oeste (Aitana, está ao norte). Em terceiro lugar, segundo minhas
averiguações, nessa data e nas anteriores e posteriores a 27 de maio, não foram registradas manobras militares na área. Por
último, por mais norte-americanos que sejam, em que cabeça cabe disparar um míssil em um núcleo urbano à meia-noite? A
carta existe e eu a vi. Jordán Pena está mentindo. Isso também é inegável. O objeto foi visto por muitas pessoas. Isso é também
verdade. A questão é: quem manipulou o manipulador?

ASSUNTO "SUSSURROS"

O acontecido, naquele verão de 1996, foi, no mínimo, surpreendente. Devo começar esclarecendo que Jordán Pena jamais
pôs os pés na casa de Rafael Farriols, em Argentona (Barcelona). Pois bem, em várias entrevistas em sua casa, em Madri,
Jordán repetiu que "Ummo", como "experimento", acabou em 1989, "mais ou menos coincidindo com a queda do Muro de
Berlim. A Instituição", acrescentou, referindo-se à CIA, "deu por concluído o 'experimento'. Não me pergunte por quê...".
Jordán estava mentindo ou inventando, mais uma vez. Depois de 1989, continuaram aparecendo cartas "ummitas". Foram
obra sua? A questão é que, em 15 de julho de 1996, Rafael Farriols recebeu uma nova carta, supostamente "ummita". Dado seu
especial interesse, e com a autorização de Farriols, reproduzo-a integralmente. Dizia assim:

Ummoalevee
Número de cópias: 3 (Escrita à mão)

Permita-me pôr a mão em seu peito.


Meu nome é OOLEEOO 2, filho de EEWAANII 1. Não tive a honra de dirigir-me a vocês anteriormente, pois estava, até
2,4 anos [na medida de seu tempo] em "Ummo" planeta de que sou originário.
(Eu entendo que faz 2,4 anos que está na Terra).
Fui destinado recentemente a seu belo país com a missão de restabelecer um contato voluntariamente abortado por
imperiosas ordens de meus irmãos, aos quais me encontro voluntariamente submetido. Estão em meu poder todos os
DEEGOO (Suponho que se refere a dados e referências; é uma palavra nova) contendo uma precisa descrição de toda a
história de nossa incorporação (98,4% das vezes passiva) a seu lindo OYAGAA,11 (Entendo que, apenas em 1,6% das
ocasiões, foi uma incorporação ou relação íntima e ativa.) Possuo, também, uma minuciosa definição psicossomatológica de
vocês e de todos seus irmãos que tiveram contato mais ou menos próximo com nossa cultura. Meus irmãos expedicionários
que estiveram em contato com vocês pedem-me que lhes transmita uma emocionada saudação.

11 OYAGAA, em linguagem "ummita", refere-se ao planeta Terra.


Vocês não podem fazer uma idéia nem remotamente aproximada da tristeza que nos toma quando temos que abandonar
missões nas quais afetos e sentimentos estão implicados. Isto se deve à peculiar estrutura de nosso cérebro, no qual, além
de uma evolução do corpo estriado e do tálamo muito superior à de vocês, desenvolveu-se consideravelmente em nossa
espécie o GOOYOODOO (parte do cérebro equivalente ao que vocês denominam Polígono de Willis). Esse sub-
órgão é responsável pelo que seu inteligentíssimo Irmão Miguel Unamuno denominava de "Inteligência Sentinte" e que
seus irmãos neurologistas estão próximos a descobrir em seu planeta. De fato, alguns pedagogos e psicólogos norte-
americanos já começaram a elaborar testes (mais sobre bases empíricas que científicas) que correlacionam inteligência e
sentimentos. Comprovem vocês mesmos mediante simples observação das diferentes espécies animais que compartilham a
existência com vocês.

Para maior inteligência, maior sensibilidade

Mas, além disso (e isso é parcialmente desconhecido em OYAGAA), a sensibilidade retroalimenta a inteligência, não
somente por fornecer mais informações, mas também uma MELHOR informação, situando, assim, os cérebros em um plano
quântico perceptível por BUAWA BIIAEI,12 que instará a uma mutação da espécie por meio de indivíduos específicos,
autênticos 'pioneiros biológicos".

Sr. Rafael: com contida emoção, estudamos seu livro EL HOMBRE, EL COSMO
Y DIOS, que nos pareceu excelente: é louvável e comovente ver um OEMMII13
de OYAGAA lutando com dignidade e empenho em meio às revoltas águas da ignorância imperante. Nossa mão em seu
peito, senhor. Não obstante (e suplicamos que não tome o que se segue como uma crítica), convidamo-lo encarecidamente
a examinar os seguintes documentos: O MANIFESTO
COMUNISTA (Karl Marx e Friedrich Engels) e os cálculos de Gauss e as
12 Espírito coletivo humano ou alma coletiva.
13 Homem.
implicações do chamado plano de Gauss para representar graficamente os chamados por vocês "números complexos".

Conhecíamos, com uma alta certeza, a possibilidade de vitória de seu irmão J.


M. AZNAR nas eleições democráticas do país Espanha. Por isso, meus irmãos os advertiram acerca do risco de certos
investimentos antes da primeira metade do ano atual. Se perguntarem a especialistas investidores, eles dirão o número de
aventuras empresariais fracassadas ou em perigo nos últimos dois anos.
Acreditamos, com alto nível de confiabilidade, que se aproxima um bom momento de investimento, mas isso sabendo
escolher os campos e momentos adequados e deixando-se assessorar por especialistas.

Sr. Farriols: Há um risco, em seu país, de reaparecimento da febre eqüina.


Tome precauções.

Sr. Farriols: queremos saber se quer nos ajudar a reestruturar a AYUYISAA (rede) de seu país. Para isso, seria de
grande ajuda que vocês perguntassem pessoalmente a TODOS os que tiveram um contato razoavelmente alto com a
civilização "UMMO" sobre seu eventual interesse em uma participação no estudo de nossa civilização. Pode, para isso,
usar canal telefônico entre os dias 5 de julho e 28 de agosto de 1996. Pode pedir ajuda a seu irmão PONS.

Sr. Rafael, ponho minha mão em seu peito. Rogo-lhe que transmita nosso respeito a sua YIEE (esposa) e a seus irmãos
próximos.

Ditado por: OOLEEOO 2, filho de EEWAANII 1

Quando Farriols leu a carta, ficou surpreso, pelo menos por dois motivos. Em 24
de julho desse ano (1996) escrevia-me, logicamente alarmado, explicando as razões: "... escrevi um livro que chamo de El
hombre, el cosmos y Dios. Não o publiquei ainda, embora essa seja minha intenção. Tirei poucas cópias do livro, que
distribuí na família, e, há um mês, dei uma cópia a Jorge Barrenechea...

Parece-me inconcebível que digam 'estudamos seu livro'. Como é possível se — praticamente — estava só no
computador?... Além disso, e isso é muito interessante, eu havia 'pisado na bola' em meus comentários sobre o Manifesto
comunista e sobre a impossibilidade de representar graficamente os números complexos, ou imaginários, no plano de Gauss.
Com as advertências 'ummitas', tive que modificar os dois conceitos para aproximá-los da realidade, pois eles estavam com a
razão...".
A segunda causa de estranheza estava em um dos últimos parágrafos da carta "ummita": "Sr. Farriols: Há um risco de
reaparecimento de febre eqüina em seu país. Tome precauções". E Rafael Farriols, com razão, perguntou-se: "Se Jordán fosse
o autor desta carta, como poderia saber que tenho cavalos se jamais esteve em minha casa? Como adivinhou que, em meus
planos, estava a exportação de cavalos para a Alemanha e a Itália e que, obviamente, a febre eqüina teria posto em perigo meu
projeto?". Jordán, segundo disse, "não sabia sobre essa carta".
Meses depois, mudou de opinião: "Não sei quem a redigiu, mas a informação procede da Instituição. Eles dispõem de
meios técnicos para espionar as conversas de Farriols e para entrar em seu computador. Assim souberam sobre o livro e os
cavalos".

Jordán Pena estava dizendo a verdade ou tratava-se de uma nova mentira/fantasia? Um mês depois, em 26 de agosto
(1996), Farriols recebeu uma segunda carta "ummita". Nela, comentada em páginas precedentes, os supostos extraterrestres
pediam-lhe que elevasse o tom da voz acima de dezessete decibéis. Dias antes, como o leitor poderá lembrar, Rafael trancou-
se em seu estúdio e, lá pelas duas horas da madrugada, enquanto andava em círculos, sussurrou aos "ummitas" uma série de
perguntas e reflexões. "Ensaio este monólogo várias vezes ao ano, mas, naquela ocasião, ocorreu-me sussurrar; isto é, sem
utilizar as cordas vocais e confiando na eficácia dos métodos de amplificação deles. Pelo visto, enganei-me, e foi muito
difícil, para eles, gravar o que eu estava dizendo. Mas, repare que, com essa frase, confirmaram que estavam me 'ouvindo',
apesar de obterem uma 'gravação ruim'. Então, cuidado com o que pensa! 'Eles' acessam seus pensamentos quando dispõem de
um artefato adequado situado dentro de uma área circular de 22 m de raio. Essa 'gente' sabe de tudo..."
Quando falei do enigma dos "sussurros", Jordán remeteu-me ao já dito: "Foi a Instituição norte-americana [CIA] que
espionou Farriols". Logicamente, interessei-me pelos detalhes: como fizeram isso? Como era possível vigiar a casa às duas
horas da madrugada de uma noite e de um ano qualquer? "Eles captam a voz", foi a única resposta de Jordán Pena. "Para isso,
dispõem de sistemas eletrônicos muito precisos. Quando falamos, os vidros vibram. Essa vibração (30
mil ciclos por segundo) é recolhida do lado de fora por um receptor." Pelo que estava dizendo, Jordán não conhece a casa
de Farriols e, portanto, não sabe que os vidros do estúdio são, na realidade, placas de metacrilato de 20 mm de espessura. Em
outras palavras: jamais vibrariam com um sussurro... Jordán, ainda, esquecia suas declarações anteriores. Se o "experimento"
havia sido concluído, segundo ele, em 1989, por que espionar esse cidadão barcelonês em 1996? Por essa mesma regra de
três, também os demais receptores de mensagens "ummitas" deveriam ter sido espionados, dia e noite. Isto é, centenas de
pessoas, contando os familiares e amigos que compartilhavam cartas e inquietudes. Não imagino a CIA mantendo um
dispositivo desses, durante trinta anos, para satisfazer as pretensões de um desequilibrado. Naturalmente, quando perguntei
pelo acontecimento protagonizado por Maria Antonia Segura ("MAS") pouco antes do congresso sobre "Ummo" celebrado
em março de 1980 em Alicante, Jordán reconheceu que não sabia do que eu estava falando. E tornei a levantar a grande
questão: se José Luis Jordán estava mentindo, se a CIA não havia espionado Farriols, quem tinha acesso a sussurros e
pensamentos? Quem manipulava o manipulador?
ASSUNTO "SAN JOSÉ DE VALDERAS"

Naturalmente, nesses anos em que interroguei Jordán, não podia esquecer o não menos obscuro caso do óvni visto em San
José de Valderas, nas cercanias de Madri. O fato, como já mencionei, aconteceu às 20h 20 da quinta-feira, 1o de junho de
1967. As testemunhas viram um objeto silencioso, em forma de disco, sobrevoando a área. Alguém, pelo que parece, tirou
fotos. Poucos minutos depois, o óvni afastou-se em direção à Casa de Campo, a oeste de Madri, e foi registrada uma
aterrissagem na colônia de Santa Mônica. No dia seguinte, 2 de junho, o jornal madrilense Informaciones falava da visão,
publicando duas fotografias da nave. Em uma das imagens observa-se o célebre "H" de "Ummo"
na base do objeto.
Eis aqui, em síntese, as versões fornecidas por Jordán em dez anos: — "Eu fabriquei o óvni", esclareceu (?) em minha
primeira entrevista (1993). "Fiz isso com dois pratos de plástico. Dois colaboradores me ajudaram. Não eram da Instituição
norte-americana. Não me pergunte como foi feito. Isso é segredo. Eu teria que solicitar autorização a esses homens."
— "Eu confeccionei a maquete de plástico com a ajuda de um amigo e colaborador. Escolhemos o local por causa do
castelo de Valderas, um lugar muito apropriado (?)."
— "O lugar para pendurar a maquete de plástico foi escolhido por meu colaborador. Foi esse amigo que decidiu, também,
que tipo de filme devia ser utilizado na trucagem (400 ASA)."
— "O filme foi revelado nessa mesma noite de 1o de junho em um laboratório comercial de Madri."
— "Nessa manhã, depois de bater as fotos, revelei o filme em um pequeno laboratório que havia instalado em minha casa."
— "Eu pintei o 'H' em minha casa."
— "O 'H' foi desenhado com fita isolante preta."
— "A maquete de plástico foi pendurada com um fio de náilon, com a ajuda de uma vareta. Meu ajudante segurava a vareta
e eu batia as fotos."
— Jordán declarou a Antonio Luis Moyano (ver Enigmas, abril de 2001) que a maquete foi "suspensa em outra maior".
Jordán desenhou o mecanismo, que consistia de três traves (?), similares ao gol de um campo de futebol. Segundo essa nova
versão, o óvni pendia da trave superior.
— "Não sei onde estão os negativos que não foram publicados nem a maquete de plástico."
— "A maquete do óvni, o filme que sobrou e o aparelho para fabricar as marcas da aterrissagem de Aluche foram levados
pelos norte-americanos [CIA]."
— "Bati um rolo inteiro: 36 imagens da maquete de plástico."
— "Bati dez ou quinze fotografias", declarou em minha última entrevista, em fevereiro de 2004. "Selecionei cinco
negativos e liguei para o jornalista Antonio San Antonio. Escolhi-o porque ele gostava do assunto dos óvnis. A maquete foi
pendurada em uma árvore."

E insisto em algo que já comentei. Se Jordán Pena pintou ou fabricou o "H" que a suposta maquete de plástico exibia, e se
esse símbolo aparece com os lados curvados para fora, como Antonio San Antonio pode ter sido o "inventor" da curvatura?
Segundo Jordán, o citado jornalista recebeu a ligação depois da fraude feita.
Sim, alguém está mentindo como um velhaco...
Por sua vez, a versão de Vicente Ortuno, um dos "colaboradores" que Jordán menciona, também não é definitiva nem
confiável. Explico: por que acreditar em quem colaborou com um mentiroso patológico? Ortuno é menos culpado porque se
limitou a fazer ligações, a servir de mensageiro ou segurar a vareta da qual pendia a maquete de plástico?
"A trucagem de Valderas", contou Ortuno em diferentes conversas, "foi feita alguns dias antes de 1o de junho. Acho,
inclusive, que antes da leitura da carta que anunciava as três aterrissagens em Madri, Oruro e Brasil.
Primeiro de junho de 1968, às 20h 20. Primeiro aniversário da visão óvni em Valderas. Farriols, Villagrasa e outros
interessados no assunto presentes junto ao castelo, "caso a visão se repetisse". De repente, surgiu um carro circulando pela
área. Alguém julgou ter visto Jordán Pena ao volante. Estava acompanhado de uma mulher e uma criança. Na imagem, o carro
suspeito junto ao Morris 1100 de Rafael Farriols. Outros acham que o condutor do carro podia ter sido Vicente Ortuno,
colaborador de Jordán. (Arquivo: Farriols.)

Eu mesmo assinei no verso daquela folha... As fotos foram tiradas uma manhã, por volta das 11h. Eu já trabalhava com
Jordán na Agromán. Comecei em abril de 1967, se bem me lembro... Era um dia de trabalho. Foi ele (Jordán) quem escolheu o
lugar. Àquela hora não havia ninguém por ali... A maquete foi feita com dois pratos de plástico que minha mulher nos
forneceu... Jordán já tinha o 'H' pintado. Imagino que o fez em sua casa. Colocamos uma vareta flexível no capô do carro de
Jordán Pena e ele bateu as fotos... A operação deve ter durado uma hora, mais ou menos. O óvni pendia de um fio. Terminada
a sessão de fotos, dirigimo-nos à casa de Jordán. Lá, em um laboratório muito rudimentar, ele procedeu à revelação das
imagens. Devem ter sido umas dez ou quinze fotos. Era um rolo virgem. Não havia outras fotos nele... Cinco pessoas sabiam
da montagem: Jordán Pena, nossas respectivas esposas, um cunhado de Jordán e eu... Na verdade, eu me senti enganado:
Jordán podia ter me advertido de que pretendia assumir a responsabilidade, nem que fosse apenas por deferência. Fiz muitos
favores a ele durante aqueles anos..."
O óvni, após sobrevoar a área do castelo de Valderas, deslocou-se para o oeste de Madri e fez uma descida ou
aterrissagem na colônia madrilense de Santa Mônica. As testemunhas ratificaram. Dois deles — os irmãos Arribas — afirmam
ter visto um disco pousado no chão e, após recolher alguns homens, partindo a grande velocidade. Quando interroguei Jordán
Pena sobre essas testemunhas de Santa Mônica, a resposta foi sempre a mesma (algo não menos singular em Jordán): "Todos
estão mentindo. Não houve óvni. Eu o inventei...".
E foi nesse local (Santa Mônica) e nessa época (começo de junho de 1967) que entrou em cena um novo elemento neste
caso enrolado: tubos metálicos que, ao que parece, foram encontrados no mesmo local em que o óvni havia aterrissado.
Por mais que tentassem, os pesquisadores e jornalistas da época não foram capazes de encontrar nenhuma dessas peças,
supostamente jogadas pela nave. A única coisa que circulou (e continua circulando) foram duas fotografias dos tubos. A
primeira, na qual se vê um tubo quebrado e duas lâminas com o "H", foi enviada por um tal de "Antonio Pardo" ao
investigador Màrius Lleget, já falecido. A segunda imagem, onde se vê um tubo inteiro, chegou dias depois, pelo correio, a
diversos moradores do citado bairro ou colônia de Santa Mônica.
Junto à foto e um croqui do tubo, com suas dimensões, podia-se ler uma carta na qual ofereciam 18 mil pesetas pela
recuperação de cada peça. Os cilindros em questão deviam ser idênticos ao mostrado na foto. A carta era assinada por um tal
de "Henri Dagousset". Trazia a seguinte nota: "Enviem a correspondência, antes do dia 28 de junho, a Mr. Antoine Nancey.
Correio de Madri." Hoje, existem suspeitas fundamentadas de que "Antonio Pardo" e "Dagousset" são apenas "fantasmas",
criados pela distorcida mente de Jordán Pena. Quando perguntei por esse assunto, ele afirmou que "as lâminas de plástico
foram fornecidas pela Instituição [CIA]". Em outra entrevista, falou de um engenheiro norte-americano, amigo seu, que
trabalhava para a NASA, que foi quem lhe deu o plástico de presente. Em uma terceira conversa, Jordán falou de um
"industrial norte-americano". Para que prosseguir? O que é evidente é que os mencionados tubos metálicos "não existem".
Ninguém chegou a tê-los nas mãos, com exceção
de Jordán. Ele mandou fabricar a peça fotografada na carta de Henri Dagousset, ele foi Dagousset. Ele mesmo quebrou
uma das metades do tubo e a fotografou depois. Foi ele quem remeteu o plástico e um fragmento do tubo a Màrius Lleget,
fazendo-se passar por Antonio Pardo. Essa, pelo menos, é a versão de Jordán...
Apesar das lógicas suspeitas em relação à origem "humana" do fragmento metálico e da lâmina de plástico enviados a
Màrius Lleget, alguns receptores das mensagens "ummitas" quiseram se certificar. Foi Farriols quem fez as diligências
oportunas para que as amostras fossem analisadas no Instituto Nacional de Técnica Aeroespacial "Esteban Terradas" (INTA),
vinculado ao Ministério da Aeronáutica. O general Calvo Rodés, tio de Farriols, era o diretor do instituto.
Calvo Rodés, ainda, estava a par dos óvnis já mencionados e, naturalmente, prestou todo o apoio do INTA para tentar
esclarecer a natureza das peças enviadas pelo tal "Pardo". Os resultados chegaram em 15 de outubro de 1968. O
fragmento metálico, supostamente procedente do tubo, era de níquel, "com uma pureza superior, possivelmente, a 99%".
Quanto à lâmina de plástico, as análises estabeleceram que se tratava de "um polifluoreto de vinilideno com um pigmento de
coloração à base de ferro e cádmio".14 Definitivamente, materiais de grande pureza e pouco comuns em 1967, mas nem por
isso "extraterrestres".
Durante os anos 1980, tive a oportunidade de conversar com os cientistas que haviam participado desse estudo. Todos
confirmaram o que já sabíamos: "A lâmina de plástico era um polifluoreto de vinilideno, um material muito comum.
A cor verde procedia da mistura de dois pigmentos: azul, à base de ferro, e amarelo (cádmio). Quanto ao fragmento
metálico, tudo era também 'comum'. O
metal de base era níquel, com indícios de manganês, ferro, titânio e cobalto, e algumas amostras de silício e alumínio. O
níquel superava 99%, mas, dada a pouca quantidade de amostra, não foi possível comprovar. O que estava realmente claro é
que se tratava de um material de grande pureza..."
A título de curiosidade (nunca foi publicado), o que realmente desconcertou os cientistas foi uma série de estranhas
"coincidências" surgidas no estudo das dimensões do tubo metálico que aparece na fotografia de "Henri Dagousset". Um tubo
supostamente gêmeo ao que (também supostamente) o menino da colônia de Santa Mônica encontrou. Ao examinar as
dimensões do croqui do tubo, os cientistas encontraram o seguinte: a soma de 129,8 mm e 1,8 é igual a 131. Se multiplicarmos
por dois os 24 mm, o resultado é 48. Curioso: 13,1 m era o diâmetro da nave de Valderas e 4,8 a altura dela. Coincidência?
Quando perguntei se as medidas do croqui de "Dagousset" obedeciam a alguma razão em
14 Em diligências posteriores, Rafael Farriols descobriu que a lâmina de plástico era um produto fabricado pela Dupont
de Nemours, nos Estados Unidos, com a marca comercial TEDLAR. O tecido TEDLAR é muito resistente e útil para
aplicações arquitetônicas, decorativas e industriais. Em 1967, era pouco conhecido na Espanha. O TEDLAR é insensível à
umidade e possui excelentes propriedades elétricas, incluindo uma elevada constante dielétrica (o tecido permanece flexível a
36°C). Além da arquitetura, o tecido TEDLAR é utilizado no revestimento de pressões sensíveis, como folha solta para
reforçar plásticos e como filme separador e isolante para cordas e cabos. O TEDLAR pode ser transparente ou colorido (pode
transformar-se, também, em uma fina lâmina de grande consistência). O tecido colorido pode ser fabricado com diferentes
graus de brilho. Esse tecido é apresentado com uma superfície aderente compatível com vários tipos de adesivos ou com
lacre, também com superfícies que não permitem adesão.
particular, Jordán deu de ombros, afirmando que não. "Tudo foi ao acaso", declarou. "Essas dimensões também eu
inventei..." Naturalmente, eu não disse nada a ele sobre a curiosa coincidência...
As imagens do óvni que sobrevoou San José de Valderas, a sudoeste de Madri, deram rapidamente a volta ao mundo. Não
era para menos. As fotografias são espetaculares. Em muito poucas oportunidades, um óvni havia sido captado com tanta
clareza. E, como era de se esperar, surgiu a polêmica. Em 1968, após Farriols comprar os cinco negativos em poder do jornal
Informaciones,15 saiu a público o primeiro relatório sobre as fotos. Alberto Costa Romero de Tejada, engenheiro industrial,
elaborou-o. Dizia assim: "A pedido de Rafael Farriols Calvo, examinei cuidadosamente os negativos que mostram um objeto
voador não identificado sobrevoando o município de San José de Valderas. Prescindindo da pretensão de identificar o objeto,
é evidente que as fotos são autênticas, pelas seguintes razões:
"1. Os negativos foram revelados por mãos não profissionais. A qualidade é muito baixa.
"2. A luminosidade do objeto torna difícil sua diferenciação com o céu, fato pelo qual revelá-los é algo difícil. Isso exclui
a possibilidade de uma sobre-impressão, que ressaltaria acentuadamente as diferenças de luminosidade.
"3. A posição do objeto, particularmente em dois dos negativos estudados, demonstra uma seqüência de disparo muito
rápida, impossível de conseguir com tanta exatidão em uma trucagem.
"4. A uniformidade do grão da emulsão descarta uma exposição dupla, visto que as partes superiores de todas as
fotografias receberam uma quantidade de luz idêntica."
Em agosto de 1972, o pesquisador galego Oscar Rey Brea enfrentou os defensores do caso Valderas, afirmando que as
fotos do óvni eram resultado de uma fraude perfeitamente orquestrada, da qual um fotógrafo havia participado, com uma
câmera com tripé. O óvni, em suma, era uma maquete, na opinião de Rey Brea. Esse relatório contrário às fotos de Valderas,
publicado na revista Stendek, era acompanhado de uma série de comentários que, num primeiro
15 Em 1967, Farriols entrou em contato com o jornalista Antonio San Antonio, do jornal Informaciones, de Madri. A
entrevista foi feita no bar Texas. "San Antonio", explicou Farriols, "mostrou-me os cinco negativos junto com as cópias, em 13
x 18 cm. Pediu-me a 'módica' quantia de 30 mil pesetas. Neguei-me, e a entrevista acabou aí. No dia seguinte, depois de
pensar melhor, pedi a meu primo Ocejo que falasse de novo com San Antonio e que fechasse o negócio. E assim foi." Farriols
nunca soube se as 30 mil pesetas foram parar nos cofres do jornal ou no bolso do repórter...

momento, me confundiram. O senhor Oscar, simplesmente, ridicularizava o caso "Ummo" e o livro que contava sobre as
visões de Aluche, Valderas e Santa Mônica ( Un caso perfecto). No início, não compreendi: mesmo que as fotos fossem
falsas, a visão da nave podia ser real. Por que Rey Brea, um excelente pesquisador, ignorava as muitas testemunhas? Foi o
também pesquisador Manuel Salazar que me colocou no caminho certo: as intenções de Oscar não eram tão limpas quanto
pareciam. Oscar não aceitava o caso "Ummo" como extraterrestre porque tinha certeza de que os óvnis procediam do planeta
Marte... Assim declarou em um livro publicado em 1968 em Barcelona. O senhor Rey Brea, quando lhe perguntavam por que
acreditava nos óvnis,16 respondia literalmente: "Porque, desde 1945, venho estudando a questão... faz tempo que cheguei à
conclusão da absoluta realidade dos ONIs como máquinas extraterrestres...

Foto tirada por Rafael Farriols no bar Texas, durante a entrevista com o jornalista Antonio San Antonio. Os cinco
negativos do óvni fotografado em San José de Valderas foram comprados por 30 mil pesetas.

Em 1952, já estava em condições de prever novas aparições de ONIs que se repetiam em ciclos de 26 meses. Fiz isso
publicamente dois anos antes de Aimée Michel e de qualquer outro pesquisador do assunto...". À pergunta: "tratava-se de
naves extraterrestres?", Rey Brea responde assim: "Naturalmente. PROCEDEM

16 O livro em questão, intitulado Cuando... Extraterrestres en la Tierra?, foi escrito por Benito Franco Vidal (Linosa,
1968).
DE MARTE". Nessa mesma entrevista, datada de 26 de janeiro de 1968, Oscar Rey Brea reconhece que sua curiosidade
pelo fenômeno óvni está satisfeita e que, conseqüentemente, não o estuda mais. "Minto", retifica, "hoje estou estudando sua
possível forma de propulsão." Obviamente, Oscar não estava jogando limpo. Se tinha certeza da origem marciana dos óvnis,
como pesquisar, com um mínimo de imparcialidade, as imagens de uma nave procedente de outro planeta? "Ummo",
conseqüentemente, tinha que ser uma mentira...
Algo parecido aconteceria anos depois com Claude Poher, chefe do Departamento de Sistemas e Projetos Científicos do
Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES) de Toulouse, na França. Em 1976, Farriols entregou-lhe os cinco negativos que
havia comprado do jornalista Antonio San Antonio e Poher os estudou. Em 25 de novembro desse ano, concluiu as análises,
com os seguintes resultados:
— Os negativos não foram manipulados.
— Eram fotografias de um objeto real.
— O dia e a hora em que as fotos foram tiradas coincidiam com a narração dos fatos (extensão das sombras etc.).
— O objeto fotografado estava cuidadosamente elaborado, tanto que, em um estudo posterior (dos negativos), foi muito
difícil determinar seu tamanho real e sua presença.
— Não obstante, o tamanho do objeto não ultrapassava os 30 cm.
— A montagem teve que ser muito inteligente.
— Tratava-se, pois, de fotografias de uma maquete pequena, possivelmente sustentada por um fio (não detectado nos
negativos).
— Conseqüentemente, tudo era falso, inclusive o fenômeno óvni em geral.
Se o relatório de Poher houvesse se limitado ao exposto anteriormente, talvez não houvesse levantado suspeitas. Mas, em
um dos parágrafos, cometeu um deslize: "... o caso 'Ummo' está estreitamente ligado a essas observações e, por conseguinte,
também é derrubado pela base. Mas, assim sendo, dificilmente se pode admitir que quem andou se divertindo, de forma astuta,
com a confecção dos negativos de San José de Valderas tenha podido, da mesma forma, fabricar toda a representação de
'Ummo', que visivelmente pertence a uma ordem

superior quanto à magnitude. Estremece pensar que talvez não se trate de uma simples brincadeira intelectual para irritar
alguns aficionados às histórias de óvnis, mas que possa ser, também, uma brincadeira de adultos muito mais grave, menos
pacífica...".
Quinta tomada conhecida (negativo 24).

E eu me pergunto: por que Poher misturou as análises de negativos fotográficos com um veredicto sobre "Ummo"? Assim
como Rey Brea, Poher ignorou o importante capítulo das testemunhas, e o fez, simplesmente, porque era contra o fenômeno
óvni em geral. "Sua intenção era fulminar o assunto óvni, como fosse e por onde fosse." A explicação me foi dada por Rafael
Farriols. No final de 1976, o proprietário dos negativos de Valderas foi à cidade francesa de Toulouse, atendendo ao chamado
de Poher. Farriols recuperou os cinco negativos e, durante quase três horas, teve que suportar as diatribes de Poher contra os
"discos voadores" (a entrevista foi gravada). "Dei-me conta de que Claude Poher tinha a intenção preconcebida e escusa de
desacreditar o tema óvni, fosse como fosse, por razões íntimas e talvez inconfessáveis. Normas dos altos comandos que
controlavam o Centro Nacional de Estudos Espaciais? A questão é que, durante esse tempo, Poher empenhou-se em provar
que, posto que as fotos eram falsas, 'Ummo' e os óvnis também eram..."
A "brilhante e científica" conclusão do sobrinho do presidente do Senado francês não merece maiores comentários. De
meu ponto de vista, essa estreiteza mental questiona a imparcialidade das análises do CNES (Poher nunca publicou as fotos da
maquete elaborada por ele).
Em dezembro de 1977, a já mencionada publicação barcelo-nesa Stendek (boletim informativo do Centro de Estudos
Interplanetários — CEI), supostamente a linha mais crítica e científica da ufologia espanhola, oferecia a seus leitores, junto
com o relatório de Poher, outro estudo sobre as fotos do óvni de Valderas. Dessa vez, foi assinado por William Spaulding e
Fred Adrian, diretor do Centro de Investigações Ground Saucer Wath," de Phoenix (Arizona), e consultor fotográfico do GSW,
respectivamente. Sob o vistoso e pomposo título de "Análise computadorizada das fotos de San José de Valderas", Spaulding
e Adrian declaravam que as imagens de Valderas eram uma fraude. O
óvni, diziam, era uma maquete pendurada por um fio. E forneciam fotografias digitalizadas nas quais, ao que parece, via-se
o fio. O caso, após a sentença dos gringos, foi definitivamente encerrado, pelo menos para alguns. Outros, por seu lado,
alertados pelos espetaculares escorregões do GSW em estudos de cunho parecido, não ficaram satisfeitos. Poher e Spaulding
contradiziam-se, por exemplo, na questão da luminosidade do objeto e em seu volume, entre outras coisas (o francês defendia
que o óvni era uma maquete e o norte-americano apostava por algo plano e sem espessura, com exceção do "H"). Pois bem,
diante dessa série de anomalias, pus-me em movimento, começando pelo princípio: que tipo de cópia o GSW analisou? As
primeiras consultas a Farriols, depositário dos negativos, foram estéreis. Rafael não havia fornecido nenhuma cópia aos
gringos, nem sabia nada a respeito. E remeteu-me a Ribera, membro do CEI naquela época. A conversa com Antonio Ribera
foi esclarecedora. O GSW nunca trabalhou com os negativos originais, mas com uma cópia da cópia (segunda geração) de uma
das fotos de Valderas. Essa cópia da cópia, em papel, foi enviada a Valência e, dali, aos Estados Unidos. Isso, segundo
Ribera, foi a única coisa que W. Spaulding recebeu e no que fundamentou o "cuidadoso estudo".
Pouco depois, em 28 de março de 1981, Ribera confirmava-me por escrito:"... O
dr. Claude Poher disse, em sua análise dos negativos das fotos de San José de Valderas, que podem ser feitas duas listas:
provas a favor da autenticidade; provas a favor de uma fraude. O resultado, pois, é incerto.
Quanto à análise — por assim dizer — que William Spaulding, do GSW, fez utilizando um escâner para 'lavar'
eletronicamente as fotos marcianas, este senhor apenas utilizou uma cópia ou positivo de segunda geração, o que invalida,
para mim, totalmente sua análise (o suposto fio não pode ser detectado em uma cópia, por causa da difusão luminosa). Não
apenas ignorou as demais fotos da série e os negativos, como também as declarações de testemunhas. Em algumas outras fotos
da série vê-se um objeto com 'corpo', invalidando, assim, sua afirmação de que o óvni era um modelo plano". Evidentemente,
alguém estava mentindo. Os gringos? O "vampiro valenciano"? Ribera? As suspeitas centraram-se nos primeiros (Ribera
morreu com a certeza de que as fotos de Valderas não eram uma trucagem). No fundo, tanto faz quem fosse o mentiroso.
O importante é que, dadas as circunstâncias, o relatório de Spaulding era inválido...
As surpresas, porém, não acabaram por aí. O "achado" seguinte, especialmente interessante, foi obra de Manuel R. Salazar
Serrano. Eis aqui a "descoberta": "Em abril de 1974, sai nas livrarias, nos EUA, o livro Beyond Earth, de Ralph e Judy Blum,
com o subtítulo: 'Men's Contact with UFOs' [O contato dos homens com óvnis], Não se trata de um ufo-livro qualquer, pois
está avalizado pelo prestígio de Blum (o currículo dos Blum também não é pouca coisa: Ralph Blum, californiano, estudou em
Harvard e, depois, na Universidade de Leningrado; ganhou prêmios tão importantes quanto o da Fundação Nacional de
Ciências; Judy Henson, inglesa, graduou-se no Wadhurst College e licenciou-se em Sorbonne. Em 1971, casou-se com Ralph
Blum). Nesse livro, o casal Blum fala da abdução de Pascagoula, a grande bomba depois do caso dos Hill. Em apenas dois
anos, Beyond Earth vende doze edições (isto é, centenas de milhares de exemplares) e, como é lógico, torna-se um clássico na
literatura ufológica. Na Espanha, não foi publicado. Com a morte de Franco e a transição, já temos o suficiente... E, pois, um
desconhecido. Mas o que nos interessa do livro de Blum", prossegue Salazar Serrano em sua exposição, "não são essas
apreciações pessoais minhas, mas o fato de que, entre as 32 páginas de fotos e ilustrações, apresenta dois instantâneos do óvni
de Valderas e uma das marcas de Aluche.
[Essas fotografias, a propósito, não têm nada a ver com o texto. Trata-se de uma

recopilação das 'melhores' imagens ou com pinta de autênticas, feita pelo autor.]
Sob a epígrafe de 'Antonio Ribera & Flying Saucer Review' (para que não tenhamos dúvidas acerca da procedência), os
instantâneos de Valderas são o ponto forte dessa parte. Nada estranho, se lermos as legendas das fotos (embora isso nos cause
certa vergonha). Exemplo [legenda]: 'Em junho de 1967, mais de cinqüenta pessoas viram este óvni, com este incomum
emblema, voando baixo sobre San José de Valderas, Espanha. Aterrissou e deixou profundas marcas'.
Não existe, torno a repetir, nenhuma outra menção no livro a essas fotografias, nem aos casos de Aluche e San José, nem a
'Ummo', nem a Antonio Ribera, nem sequer à Espanha. Nada. As três fotos e suas legendas (informação inventada, em parte),
isso é tudo... Obviamente, o livro de Blum não deve ter passado despercebido para os 'especialistas' do GSW.

Quase consigo imaginá-los olhando repetidamente para as fotos de San José e pensando: 'Como um caso tão espetacular
pôde passar despercebido até hoje?
Um caso do qual existem muitas testemunhas. Um óvni que foi visto (e fotografado, segundo as legendas utilizadas por
Blum) em duas ocasiões. Que deixou, em ambas, marcas, e que, para maior escárnio, está avalizado pela prestigiosa revista
inglesa Flying Saucer Review. E vejo-os colocando em seus 'poderosos' computadores... UMA DAS FOTOS DO LIVRO DE
BLUM!
"Blum, definitivamente, escolheu da revista FSR as duas fotografias de óvnis que lhe pareceram mais espetaculares. Estas,
logicamente, procediam diretamente de Antonio Ribera. Mas o que Blum não podia saber, porque na Flying também não
aparecia, é que uma dessas fotos (a que mostra o óvni de ventre, deixando ver o emblema de 'Ummo') não está completa. Na
realidade, trata-se de uma cópia, da qual se suprimiu a metade esquerda da fotografia. E essa é, justamente, a que foram
escolher no GSW para realizar seus 'estudos' (por isso falam apenas de UM poste, nunca de dois, que são os que realmente
aparecem na fotografia original — negativo 24)... Mas há mais, muito mais:
"1. Os tamanhos do óvni, tanto na foto reproduzida por Blum quanto na que o pessoal do GSW utiliza, são idênticos [!].
Basta pegar um pedaço de papel de seda e uma régua para comprovar... Calque e verifique, Juanjo! É possível que dois
editores diferentes, em dois países diferentes, de dois continentes diferentes, com dois equipamentos de impressão diferentes,
em dois formatos de impressão diferentes, utilizando dois papéis diferentes, usando (em tese) duas fotografias procedentes de
cópias diferentes etc. etc., sejam EXATAS? Calque, Juanjo, calque! É você que não acredita em coincidência...
"2. Na foto de Blum, justamente porque a reprodução é feita em papel ruim e porque não sabemos de onde tirou o
'original', aparece uma linha ou faixa (na parte direita do óvni) que distorce (escurece) a área da fotografia sobre a qual está.
Pois bem, essas 'águas', ou manchas, são observadas também nas fotos do GSW e, ainda, muito mais acentuadas, devido aos
diferentes processos a que foi submetida.
"3. O mesmo podemos dizer da mancha (ou defeito de impressão) em forma de meia-lua (sob o óvni, à direita) que se
vislumbra na reprodução de Blum e que vemos, em todo seu esplendor, na do GSW.
"4. E, caso restasse alguma dúvida quanto às dimensões (insisto que distorcidas por várias causas): se medirmos a
distância do centro do emblema de 'Ummo' à borda superior das fotografias utilizadas (tratando-se de dois pontos,
adimensionais, não pode existir distorção), em ambos os casos obteremos o mesmo: 3,3 cm [!]. Em palavras mais simples, o
óvni está no mesmo lugar nas duas. O que quer dizer que foram utilizadas duas ampliações de tamanho idêntico (o que
requereria, como lhe dizia, uma série interminável de 'coincidências' ou, em termos mais simples, que se tratasse da mesma
foto) [!].
"Corolário: os resultados do tal 'estudo' servem apenas para ser jogados — urgentemente — na lixeira mais próxima..."
Meu bom amigo Manolo Salazar tem razão: nem os estudos de Poher nem os dos gringos são confiáveis. Puro lixo. E,
decidido a livrar-me das dúvidas, solicitei a Rafael Farriols uma cópia de primeira geração, e depositei-a em um centro de
pesquisas que merece respeito e confiança: a Direção Geral da Guarda Civil, em Madri. Em 14 de março de 1995, eu
entregava o jogo de fotos do óvni de Valderas ao então coronel Zamorano, diretor da Delegacia de Investigação e
Criminalística dessa Direção Geral. O coronel sugeriu que uma análise dos negativos originais seria mais interessante e
eficaz. Dito e feito. Farriols aceitou e, pouco depois, levava pessoalmente os cinco valiosos negativos à referida delegacia.17
As imagens do suposto óvni de San José de Valderas permaneceram vários meses nas mãos dos especialistas do
Departamento de Acústica e Imagem.
O relatório, com um total de 66 páginas, foi concluído em 30 de dezembro de 1996. Em 18 de janeiro de 1997, eu o
recebia das mãos do tenente-coronel Francisco Alvarez, responsável pelas análises. As conclusões dos especialistas da
Guarda Civil foram as seguintes:
" 1. Os negativos remetidos e examinados não apresentam indícios de manipulação.
"2. São originais quanto a terem sido obtidos de uma mesma máquina fotográfica, que não é de boa qualidade, nem estava
em bom estado de uso. É
muito provável que, com o rolo sensibilizado e sem rebobinar, a máquina tenha sido aberta, o que gerou velaturas visíveis
nos negativos.
"3. Não há sinais inequívocos de que os negativos examinados são produto de montagem ou qualquer manipulação
fraudulenta. Não obstante, em razão da não concordância na luminosidade entre os negativos e os objetos fotografados, bem
como a aparente iluminação artificial no negativo 19 e imagens anômalas (brilhos e sombras) no negativo 12, não se descarta
a possibilidade de sua elaboração ter sido fraudulenta.
"4. A suposta linha reta, que pode aparecer nas reproduções do negativo no 24, que alguém, maliciosamente, considera ou
define como um elemento sustentador do óvni' e a 'Análise Infográfica de Material Ufológico' interpreta como um 'elemento
radiante não detectável', não é mais que a reprodução de uma rachadura do negativo."

17 Junto com os negativos originais, a Guarda Civil recebeu, também, uma cópia dos relatórios de Poher e do GSW, bem
como um terceiro estudo (AIMU), feito por especialistas em informática.
Quando conheci os resultados, fiquei novamente perplexo. Na imagem estudada pelos norte-americanos (negativo 24) não
há fio! Além de um estudo inválido, o relatório do GSW foi uma manipulação vergonhosa. Diante de minhas dúvidas, os
especialistas em criminalística levaram-me a um dos microscópios e, efetivamente, pude comprovar por mim mesmo o
lamentável estado do filme, sulcado por dezenas de rachaduras (lógica conseqüência do trânsito dos negativos e do passar do
tempo). "Se fosse um fio ou um elemento sustentador", opinaram na Guarda Civil, "a imagem teria sido definida pela reação
dos halógenos do material sensível à luz. A luz rasante, porém, prova que essa linha é apenas uma lesão ou rachadura no
negativo." Em outras palavras: alguém descobriu uma rachadura que simulava um "fio" na parte superior da imagem e nos fez
comungar com moinhos de vento...
Então, se o tal fio não existe, o que podemos pensar? Se as fotos de Valderas foram uma trucagem, como afirmaram Rey
Brea, Poher e Spaulding, entre outros, como a fraude foi levada a cabo? Ou estamos diante de uma nova falsidade de Jordán

Pena? Se analisarmos as versões de Jordán — todas


formuladas a partir de 1993 —, veremos que, na realidade, ao falar de maquetes, o que faz é copiar Poher e o GSW.
Jordán sabia dos "relatórios" de 1975 (ambos, como já disse, foram publicados simultaneamente em dezembro de 1977 por
Stendek, o boletim do CEI). O que Jordán Pena não podia saber em 1993 é que a Guarda Civil estudaria os negativos de
Valderas em 1996 e que não encontraria fio algum. Talvez, se soubesse, a versão da maquete ou da "trave de futebol"
teria sido diferente...
Naturalmente, as fotos do óvni de San José de Valderas podem ter sido manipuladas, mas não como pretende esse bando
de farsantes. Durante anos (praticamente desde final de 1977 até o dia de hoje), alguns indivíduos, supostamente cientistas,
amparando-se nos citados "relatórios" de Poher, e especialmente de William Spaulding, debocharam do caso Valderas, do
tema "ummita" e do fenômeno óvni em geral. Pois bem, à vista desses resultados, pergunto-me de novo: quem tem razão?
Quem era o crédulo? Quem pensa e age como um inquisidor?
Todos suspeitávamos, mas, em honra da verdade, quem levantou a lebre foi Ignacio Darnaude. Todos intuíamos, em maior
ou menor medida: Jordán estava mentindo e se contradizia, como eu já disse até a exaustão. "Fui eu quem escreveu os
relatórios de 'Ummo'", escrevia a Farriols em 8 de abril de 1993.
"Quase todos, até que a doença me impediu de continuar. Os escritos posteriores a minha trombose foram falsificados.
Assim, aquele que aludia ao Santo Sudário ou o da guerra do Golfo levavam um carimbo perfeitamente falsificado. Quem foi?
Com certeza, uma seita hindu. Outros procedem de um amigo de Farriols perfeitamente identificado." A mim, em outras cartas
e entrevistas pessoais, disse o contrário, como mencionei na ocasião ("... o documento sobre o Santo Sudário de Turim foi
redigido por mim... foi justamente você quem me inspirou a fantasia do relatório sobre o Santo Sudário"). Em outra
comunicação posterior (24 de maio de 2000), referindo-se de novo às cartas "ummitas", Jordán escrevia o seguinte: "... Há,
porém, um assunto muito mais grave. A possível tentação de atribuir-me falsamente a autoria dos textos que contêm a
informação de 'Ummo'.
Supondo que falseio conscientemente a realidade. Camuflando-os com outro nome ou simplesmente escrevendo que são
minhas as idéias refletidas no texto...
além da reação irada da Instituição norte-americana. Eu me exporia ao ridículo quando o misterioso autor surgisse,
pedindo-me, talvez, contas pelo evidente plágio". Nessa mesma carta, seis linhas mais adiante, Jordán Pena contradizia-se
pela enésima vez: "... quase todos os episódios, incluindo, evidentemente, a maioria dos temas pseudocientíficos ou
técnico-fabulados, são meus realmente.
E, evidentemente, também foram criados por mim a denominação 'Ummo' e seu símbolo. Pelo contrário, atribuo, por
exemplo, os esquemas de gravação acústica sem órgãos móveis e um diagrama de altímetro nanotécnico realmente a pessoas
da Instituição norte-americana [CIA]".
A relação de mentiras e novas mentiras em cima da última mentira seria interminável. Todos sabíamos ou intuíamos, mas
foi Darnaude quem teve a coragem de pôr isso por escrito pela primeira vez. No documento número 4971
de seu célebre Ummocat (profunda e minuciosa informação sobre qualquer aspecto relacionado a "Ummo"), Ignacio disse
literalmente: "José Luis Jordán Pena escreveu, de próprio punho, o endereço dos destinatários nos envelopes franqueados de
algumas das últimas cartas de 'Ummo' (números 488, 1492, 1551
etc.)? Ignacio Darnaude Rojas-Marcos recebeu de Pena, em abril de 2003, dois
estudos quase gêmeos e um par de disquetes (documento 4970), cujos envelopes são preenchidos a tinta pelo remetente.
Comparando a caligrafia de Jordán nas duas cartas com a do envelope da mensagem de 'Ummo', em inglês, sobre o Santo
Sudário de Turim (documento no 488), enviado de Aarburg (Suíça) em 12
de novembro de 1988, e recebido em Sevilha por Ignacio Darnaude, observa-se uma semelhança entre os dois tipos de
letra. Também existe uma certa semelhança com o endereço postal escrito à mão em outras comunicações de 'Ummo' dirigidas
ainda a Darnaude: uma em italiano, sobre a suposta reunião de ummólogos a ser celebrada na cidade alemã de Essen, com
carimbo de Bethnal Green (Grã-Bretanha) de 5/2/90 (documento no 1492), e a segunda sobre o mesmo assunto expedida em
Ávila em 3 de abril do mesmo ano (documento no 1551). Esta curiosa circunstância lança nova luz sobre o eventual papel de
José Luis na distribuição por correio de determinados documentos 'ummitas'".

Fui além e, após solicitar de Darnaude os citados escritos, submeti-os a um especialista em grafologia e perito judicial
perante a Audiência Nacional e os tribunais da Jurisdição Penal. Semanas depois, chegava um relatório de sete páginas, com
um detalhado estudo das diferentes letras. Dada sua complexidade técnica, não o reproduzirei aqui. Limitar-me-ei a copiar a
conclusão. Dizia assim: "Em vista dos resultados obtidos na análise das reproduções de manuscritos, existentes nos
documentos remetidos, conclui-se o relatório nos seguintes termos: a escrita original da qual procede a reprodução do
envelope com carimbos de 'ARBURG, 1.11.88' foi deformada conscientemente, provavelmente para ocultar seus sinais
peculiares de identificação. Existem fundamentos objetivos para considerar que as escritas, das quais procedem as
reproduções analisadas, foram realizadas por uma única pessoa".
Em outras palavras: Jordán Pena era a pessoa que havia escrito os nomes e endereços dos envelopes "ummitas". Ficava,
pois, provado que estava mentindo.
A essa análise grafológica juntei, posteriormente, outras caligrafias "ummitas"
dirigidas a Luis Jiménez Marhuenda, a Ribera e a mim, com resultados semelhantes: "As diferentes letras são de uma
mesma pessoa". As referidas caligrafias são idênticas, por sua vez, às fornecidas por Darnaude. Em suma: o que já sabíamos
ou suspeitávamos...

ASSUNTO "DESEQUILÍBRIO MENTAL?"

O que o estudo grafológico apontou (patologia ou doença psíquica) também não é uma novidade, pelo menos para quem se
aprofundou um pouco no caso "Ummo" e, principalmente, na mentalidade e no comportamento de Jordán Pena.
Aceitando, como assim parece, que boa parte dos relatórios "ummitas" tenha sido obra desse indivíduo (com ou sem a
ajuda da CIA), o simples exame dos conteúdos das cartas faz suspeitar que estamos diante de um mais que notável
desequilíbrio mental ou, talvez, diante de algo pior. Analisemos alguns desses demolidores conteúdos e as reações de Jordán
naquela época: 1968. As cartas procedentes dos "ummitas" estavam em pleno apogeu. Em algumas delas, os supostos
extraterrestres falam de seu deus e de sua particular "teologia". Jordán Pena, católico até os ossos nessa época, e inquisidor e
perseguidor de outras religiões, não tem piedade alguma e debocha dos sempre sagrados princípios religiosos de seus amigos,
a maioria católica. Não se incomoda de ferir sentimentos e crenças. Quando um desses cidadãos espanhóis — movido pelo
entusiasmo — declara publicamente sua pessoal certeza na existência de "Ummo", Jordán faz brincadeiras com Vicente
Ortuno, divertindo-se com as declarações daquele cidadão, do padre López Guerrero, padre de Mairena do Alcor, em
Sevilha. Em setembro de 1968, o jornal ABC publicava audazes palavras desse sacerdote, reconhecendo que os "ummitas"
eram uma realidade: "... não apenas creio que existem seres extraterrestres", declarou Enrique López Guerrero, "mas tenho
conhecimento pleno de que na Espanha reside uma colônia cuja missão é totalmente benfeitora e pacífica. Esta colônia de
seres extraterrestres habita nosso planeta desde 1950".
O que pode levar uma pessoa a tamanha maquinação? O desequilíbrio mental ou a maldade quimicamente pura?
1973. Em 10 de outubro, outro dos habituais receptores de cartas "ummitas"
recebeu um texto que encheu de angústia os já numerosos envolvidos no caso "Ummo". Essa mensagem, em síntese,
anunciava a possibilidade de uma guerra nuclear (um enfrentamento EUA-URSS como conseqüência de outro conflito árabe-
israelense). Os "ummitas" estavam prestes a abandonar a Terra e, como agradecimento à fé e à ajuda do "grupo espanhol",
comunicavam que dispunham de três refúgios antiatômicos (um deles na Espanha, perto de Piedralaves, Ávila). O tal refúgio,
diziam, estava à disposição dos cidadãos espanhóis e de suas famílias. E aqui surgia um dos aspectos mais diabólicos dessa
comunicação "ummita": "Só se podia salvar um máximo de dezoito famílias, com um número médio de nove beneficiários".
Isto é, 162 lugares. Entre essas pessoas, segundo os "ummitas", não constavam mulheres grávidas, crianças ou idosos, "em
benefício da sobrevivência da espécie". A "mensagem" foi complementada com nove normas, que explicavam como chegar ao
refúgio antiatômico, entre outras questões. A norma dois dizia literalmente: "Esta norma apresenta, indubitavelmente, os
aspectos mais sombrios e irresolúveis. Não podemos, em absoluto, tomar para nós a dura decisão de determinar os nomes dos
beneficiários, as probabilidades de sucesso estão fortemente ligadas, em razão inversa ao número de irmãos que constituem a
expedição. Suspeitamos que isso possa criar, em vocês, lógicas e explicáveis reações fortemente condicionadas por uma
postura egoísta. Não por outra razão, meus irmãos os orientaram, postulando uma ordem de prioridade por questões de
parentesco. Decisões que contrariem esta diretriz (inclusão de noivos para qualquer beneficiário solteiro, inclusão de outros
parentes) serão severamente analisadas pela junta decisória que vocês formam, e mediante voto secreto para evitar situações
violentas.
Também doloroso pode ser definir os nomes dessas dezoito famílias, com um número médio de nove beneficiários. Se
combinassem reduzir esse número, isso não deveria ser interpretado como um aumento da cota de beneficiários (nove) por
família, mas uma média [medida?] tendente a reduzir, no que for possível, o volume da expedição. Repetimos que o número
196 global (162 lugares para vocês) é um limite permissível, que seria aconselhável NÃO ATINGIR".
Não encontro as palavras adequadas para definir tamanho nível de maldade ou de transtorno mental. Embora a maior parte
dos receptores das mensagens "ummitas" tenha acabado por compreender que "aquilo não tinha pé nem cabeça" (se eram
extraterrestres, que sentido fazia um refúgio antiatômico?), durante horas, muitos desses cidadãos viram-se tomados pelo
medo e, principalmente, pela angústia. Se precisavam salvar dezoito famílias, como proceder à escolha? Naquela data (1973),
o número de receptores de mensagens "ummitas" superava os trinta (isto é, mais de trinta famílias). Quanto aos "beneficiários"
(nove por família, no máximo), o que fazer? A quem incluir na lista e a quem deixar de fora? Foram momentos muito difíceis
para todos aqueles que acreditavam cegamente na realidade dos "ummitas". Pouco importa que pudesse se tratar de um
"experimento" ou de uma "brincadeira", seja de Jordán Pena ou da CIA. A questão é que alguém brincou com sentimentos, e de
que forma! "Lembro, como se fosse agora mesmo", dizia-me Farriols, um dos afetados, "o sofrimento que passamos ao ter que
selecionar quem iria para o refúgio e quem não. Descartávamos a avó, os pais, o bebê, os netos? Sim, foram momentos
terríveis... Se a mensagem foi maquinada e redigida por José Luis Jordán Pena, não me parece a conduta de um idiota, mas de
uma pessoa muito má."
1974. Em 5 de março, a imprensa espanhola publicava a seguinte notícia: "Foi detido pela polícia José Luis Jordán Pena,
que, às 11h30 de ontem, fez uma ligação anônima para o 091, ameaçando e insultando a polícia. Inspetores do Departamento
de Ordem Pública comprovaram que, efetivamente, a ligação havia sido feita pelo citado indivíduo, que a princípio negou.
Porém, depois de diversas perguntas dos policiais, incorreu em muitas contradições, cortando, ainda, o fio de seu telefone
para simular uma avaria. Apesar disso, acabou confessando ser o autor da ligação. Foi conduzido à Direção Geral de
Segurança, onde as diligências necessárias são instruídas, passando depois à disposição judicial."
Jordán Pena, de fato, foi detido por seus insultos à polícia. Eram tempos em que militava nos setores mais extremistas da
Igreja católica. Poucos dias antes, como conseqüência de uma homilia, o bispo de Vizcaya, monsenhor Anoveros, foi
"convidado" a permanecer em sua casa até nova ordem. Nesse dia 4 de março, correu o rumor de que o prelado poderia ser
deportado. "Foi quando", conta Jordán, "desesperado, em um ataque inconseqüente de raiva e impotência, deixei-me arrastar
pela síndrome da Esfinge. Peguei o telefone e prorrompi em insultos contra o policial que atendeu..." Dois dias depois de ser
detido, as oportunas interferências de seus amigos, receptores das cartas "ummitas", encabeçados pelo delegado Dionisio
Garrido, conseguiram a libertação de Jordán Pena. Pois bem, como "agradecimento", José Luis Jordán teve a idéia de repetir
uma de suas ligações (fazendo-se passar por um "ummita"), nessa ocasião para o citado delegado Garrido. Nessa conversa,
falou da tetralogia de Fallot, uma deficiência cardíaca que um dos filhos de Garrido (Jordán sabia desse problema desde
tempos atrás), sofria, e o fez acalentar esperanças sobre a cura do rapaz. E
eu me pergunto: quem age desta forma com a pessoa que o ajuda tão generosamente: um demente ou um filho-da-mãe?
1983. Jordán continuava empenhado em fazer seus amigos e conhecidos sofrer, deleitando-se com cartas como a de Kuala
Lumpur, já mencionada, selada em 27
de fevereiro do ano de 1983. "O atual dirigente soviético", reza a carta "ummita"

escrita por Jordán Pena, "persiste em violar os direitos do povo afegão e prepara seus protótipos de vetor por satélite,
com ogiva nuclear dirigida por feixe helicoidal de elétrons sobre feixe de fluxo magnético terrestre. O premier norte-
americano está adiantado com seu programa de arma de fissão-Fusão-Fissão, polivetorial, que permitirá o lançamento de
milhares de ogivas de 0,3 megatons em vôo rasante a uma altura de 4 m acima do nível topográfico, que seriam inacessíveis
para os meios de radiolocalização, que já permitem a detecção de mísseis. Esses vetores de pequena dimensão, dotados de
grande autonomia, se desviariam inclusive de pequenos arbustos e estruturas rochosas reduzidas.

P. Enrique López Guerrero. (Foto: J. J. Benítez.)

A República Popular da China continua desenvolvendo simultaneamente (às) armas nucleares quase obsoletas, uma
superarma de plasma, mas desde novembro de 1982 está tentando resolver um problema de refrigeração do vapor de arsenieto
de cádmio, parado por causa de sua indigência de equipamentos de programação apropriados. O arsenieto de cádmio não é o
composto mais apropriado, e embora seus especialistas suspeitem, persiste, felizmente, nessa linha. Enquanto isso, os horrores
genocidas desta etapa quase começam a igualar-se aos provocados nas décadas de 1940, a partir de 1938, no terceiro Reich,
com o assassinato em massa de milhões de seres desafetos da raça ariana.
A União Soviética empregou Orto 1,2,2, trimetilpropilo metil fósforo hidratofluorado, contra bandos guerrilheiros, um
produto de ação horrorosa no sistema nervoso que causa terríveis convulsões fatais com doses quase infinitesimais infiltradas
no organismo não protegido por sofisticado escafandro.
Isso constitui uma repugnante violação da integridade do ser humano. Os Estados Unidos enviaram, desde Abril do ano
terrestre 1981, 4640 especialistas em tortura policial com destino ao Chile, Guatemala, Turquia, El Salvador, Haiti, Argentina
e Paraguai. Alguns de seus procedimentos técnicos abarcam técnicas como o uso de curarizantes, como um derivado da
tubocurarina que causa horríveis sofrimentos nas infelizes vítimas interrogadas. Diante de suas próprias mães, na Argentina e
em El Salvador, na Guatemala e no Chile, crianças de seis a [?] oito anos de idade são submetidas a sevícias por esses
agentes norte-americanos, que extirpam seus olhinhos e provocam terríveis incisões em seus abdomens até o aparelho
intestinal aflorar. Vocês mesmos mantêm a suas Yies (mulheres) ainda em um estado de semi-escravidão humilhante,
marginalizando-a até extremos inadmissíveis. Enquanto não resolverem esses problemas, a perspectiva sombria de hecatombe
cairá sobre vocês." (Texto integral, inclusive com os erros de ortografia.)
Só um sadomasoquista poderia se divertir com algo assim...
1988. Em 12 de março, Jordán sofre um derrame cerebral e fica com muitas seqüelas (quase paralítico). Sua mente,
porém, continua maquinando. No início de novembro desse ano, vários cidadãos espanhóis, como já referi anteriormente,
receberam cartas supostamente "ummitas", que anunciavam a revelação de uma fraude gigantesca: o Santo Sudário de Turim,
diziam as cartas escritas por Jordán, foi trocado pela Igreja católica em 1929. O que os católicos veneram hoje é apenas uma
cópia...
Os exemplos seriam intermináveis. Trinta anos de fraude e manipulação dão para muito...
Talvez algum dia os médicos especialistas decidam estudar o conteúdo dessas cartas e, principalmente, a mente de seu
autor ou autores. Em minha humilde opinião, a loucura não está longe de muitas delas, a não ser, evidentemente, que se trate de
algo pior: a ação de uns filhos-da-mãe, pois há de tudo nas vinhas do Senhor. Tenho certeza de que o leitor tirará suas
próprias conclusões.
E, para encerrar este nada agradável capítulo, eis aqui uma síntese do pensamento de Jordán Pena sobre "Ummo", que, a
meu entender, diz muito sobre sua saúde mental:
— "Assumo minha responsabilidade moral. Não obstante, quero insistir: não foi minha intenção macular ninguém em seu
senso do ridículo" (declarações de Jordán a B. A. Pazos, pseudônimo de Carballal).
— "Como vêem, a tese é que a paranóia está muito mais difundida do que os psiquiatras pensam. Todos somos paranóicos,
exceto 20% da população (salvam-se alguns cientistas). Como prova, aí estão as superstições dos discos voadores (ufologia),
a astrologia, o espiritismo, a parapsicologia, medicinas alternativas (curandeirismo), guerras de religião e, sem ir muito longe,
a religião de todas as formas" (carta a Farriols).
— "Na época, eu tentava comprovar minha tese de que a paranóia estava mais difundida do que os psiquiatras pensam. De
fato, somos 80% da população os doentes dessa síndrome. É curioso como os paranóicos se acusam, os mesmos que padecem
esse delírio seletivo; a prova é que vemos os católicos imputar aos astrólogos sua própria superstição acerca dos horóscopos.
Os loucos têm razão em imputar a loucura a quem está fora do recinto nosológico" (artigo de Jordán Pena em La Alternativa
Racional).
— "Depois da ruptura com o franquismo, dedico-me, na etapa 1959-1964, a estudar psicologia social. Não me prendem
mais os vínculos que me haviam impelido ao estudo das seitas cristãs. Por isso faço o experimento 'Ummo', para conhecer os
mecanismos de ação das seitas em geral. Escolhi um grupo avançado e inócuo como os 'entusiastas' dos discos voadores, que
se particularizam por seu desprezo intuicionista com a soberba diante das conquistas científicas. Com a idéia de ampliá-lo até
seitas mais corrosivas. O
projeto inicial de 1955 (assim acreditava eu) limitava-se a curtos meses"
(comunicação a J. J. Benítez).
— "... Orgulho-me de definir o homem não como Porcus bipedus, como alguns acreditam toscamente, mas como um saco
imenso de falácias, no qual minhas ingênuas mentiras sofísticas de 'Ummo' dissolvem-se como açúcar no oceano"
(comunicação a J. J. Benítez).
— "De meus anos horríveis de estudante em 1957 posso lamentar que as publicações disso que chamavam de filosofia —
fui educado nos H. H. Maristas — tenham retorcido nossos cérebros como um pano recém-lavado, a ponto de nos obrigar a
venerar Platão, Santo Tomás de Aquino e Kant" (comunicação a J.
J. Benítez).
— "Os que vêem luzes no céu [óvnis], marxistas e religiosos de toda laia: englobo todos como inimigos da ciência
experimental" (carta de Jordán a J. J. Benítez).
— "Sabemos, com certeza, que as pessoas, em geral, são imbecis ou idiotas.
Corria o ano de 1966, em pleno despertar do experimento 'Ummo'. Fazia dois meses que havíamos escavado nos terrenos
de Aluche as marcas de um falso óvni e espalhado areia com uma pequena porcentagem de óxido de tório radiativo. Os
homens impecavelmente vestidos haviam surgido como um gêiser fervilhante no gabinete do governo, liderados por Laureano
López Rodó, e o pessoal da Falange estava sofrendo seu quarto minguante com as mãos ao alto..."
(comunicação a J. J. Benítez).
— "A negação do holocausto nazista é parecido com meu embuste de 'Ummo'"
(comunicação a J. J. Benítez).
— "Não se pode confundir a quase certa existência científica de estruturas biológicas, inclusive dotadas de inteligência,
em astros apagados situados a milhares, até dúzias de anos-luz com esses produtos sonhadores da paranóia sincopada dos
óvnis" (comunicação a J. J. Benítez).
— "Eu, porém, estou em condições de afirmar que, excetuando poucos casos pontuais, não devem outorgar à 'Instituição'
[CIA] nenhuma responsabilidade por perturbá-los, pelo menos na Espanha" (comunicação a J. J. Benítez).
— "Infelizmente, a massa mesantropóide — cerca de 72% da humanidade — é um núcleo disforme de pessoas vazias,
irrecuperável por sua paranóia supersticiosa" (carta a J. J. Benítez).
— "Lembro que, nos círculos de estudo, em 1980, comentando com o seleto grupo de amigos, todas as tardes de sábado,
os relatórios de 'Ummo', eu acabava, por cansaço, acreditando no que eu mesmo havia criado e escrito umas semanas antes"
(comunicação a J. J. Benítez).
— "Os nazistas, se houvessem sobrevivido à conflagração que armaram com sua intuição resplandecente, com certeza
teriam defendido minha ficção de 'Ummo'!"
(comunicação a J. J. Benítez).
— "Repito o que disse Goebbels, ministro nazista da propaganda: 'Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade'. Isso
é o cristianismo e 'Ummo'"
(comunicação a J. J. Benítez).
— "Os paranóicos acham que nós, que criticamos os paranóicos, somos os paranóicos" (comunicação a J. J. Benítez).
— "Enquanto ignorarmos sua etiologia e não a inserirmos em parâmetros e a situarmos como um fantasma etéreo na escala
de valores, não saberemos jamais onde está a fronteira entre a normalidade e o transtorno grave delirante. Os verdadeiros
psiquiatras dão um significado 'seco' à paranóia, como um patrimônio triste da humanidade pouco evoluída: como o cansaço,
os excrementos ou as glândulas mamárias atrofiadas do homem..." (comunicação a J. J. Benítez).
— "A sociedade Eridani foi promovida por mim em 1971 com o propósito de acompanhar atentamente a evolução do caso
'Ummo'" (carta a J. J. Benítez).
— "Embora o convença da falsidade dos viajantes de 'Ummo', se o senhor já acreditava que os óvnis tinham origem
extraterrestre, acho difícil persuadi-lo do contrário" (comunicação a J. J. Benítez).
— "Ninguém pode comprovar o que há de verdade em minhas declarações..."
(carta de Jordán a J. J. Benítez).
— "Ufólogos, católicos, protestantes, muçulmanos e comunistas acreditam, patológica e arrogantemente, que possuem a
verdade absoluta" (comunicação a J.
J. Benítez).
— "Aqueles que arremetem contra os homens da ciência, desprezando-os, tachando-os de 'pouco inteligentes', 'cabeças
quadradas', 'obtusos' apresentando a si mesmos com 'sua verdade', projetam curiosamente suas próprias deficiências.
São paranóicos agudos (delírio ególatra); além disso, apresentam problemas na área de maturidade mental" (comunicação
a J. J. Benítez).
— "A obsessão angustiante de sermos invadidos por extraterrestres, a curiosidade mórbida pelo paranormal é típica da
paranóia" (comunicação a J. J. Benítez).
— "Quando jovem, militei e ocupei um cargo no Conselho Diocesano de Ação Católica em Alicante. O bispo de Orihuela
estimulou-me a fazer um estudo das seitas estranhas (maçonaria, espiritismo, dianética, subud, testemunhas de Jeová etc.).
Minhas leituras de filosofia posteriores transformaram-me em um agnóstico. Acho que a ufologia, a paraciência e a
parapsicologia são falsas, superstições e pseudo-ciências. Seus adeptos são uns paranóicos que só acreditam em erros e
falácias. Os fenômenos paranormais constituem um mito rejeitado pela ciência verdadeira. A derrubada hipótese extraterrestre
foi redescoberta pelos pirados entusiastas de discos voadores, umas tolas vítimas de brincadeiras ou sugestão coletiva. Nos
congressos de ufologia reúne-se o maior conjunto imaginável de paranóicos e loucos de dar nó. As idéias sobre discos
voadores parecem-me uma desprezível e paranóide pseudo-ciência. Quem as propaga são escritores doentes de delírios
paranóides sistematizados" ( Ummocat, número 2660).
— "Lembro-lhes que, para fazer o experimento ['Ummo'], criei um código ético: a) Criar um grupo de pessoas inteligentes.
No máximo, seriam incorporados livremente os entusiastas dos óvnis. b) Impedir, na medida do possível, a difusão excessiva
do mito. (Por contrariar as instruções, neguei a Ribera qualquer documento. Infelizmente, não pude evitar a publicação das
cartas.) c) Fomentar os valores humanos, tal como a amizade mútua, o amor por seus semelhantes e o respeito pelas idéias dos
demais. Defender os direitos da mulher. Enaltecer os representantes da ciência..." (carta a Rafael Farriols).
— "Ficam em pé as gratas horas que passamos enriquecendo nossa cultura, e principalmente a amizade profunda e o
carinho imperecível: valores eternos que são indestrutíveis. Adeus, vocês sabem que minha amizade não lhes faltará jamais"
(carta de Jordán a Farriols).
— "Há, porém, uma coincidência em nossos cérebros fervilhantes: a exaltação mútua muito doce, que transborda como
uma tempestade marinha, muito além dos rochedos: o amor sem limites pelo desconhecido e pelos homens. Mesmo que o
termo 'desconhecido' expresse um significado semântico provavelmente diferente para os dois. Há, finalmente, um último
paralelismo: o desejo compartilhado de prospecção social acima da massa, mas observo com inquietude certa fossa profunda
em nossos respectivos métodos" (comunicação a J. J. Benítez).
— "O receio de que você possa intuir em uma pessoa experiente em falácias e que manipulou habilmente — como eu — a
mentira, como arma eficaz da psicologia social, explica-se perfeitamente" (comunicação de Jordán a J. J. Benítez).
— "Não se preocupe: eles [CIA] respeitam todas as idéias e, evidentemente, as nossas. Claro que têm a obrigação de
proteger seus próprios interesses, entre os quais é lógico que classifiquem certos conceitos e nomes próprios. Aí discordo,
indignado, dos meios. Mas, o que vamos fazer? Talvez sejam regidos por uma moral desconhecida para nós" (carta a J. J.
Benítez).
— "Muitas vezes vocês pensaram: como pagaríamos a esses oemmii [homens] de 'Ummo' a ingente contribuição que nos
estão fazendo com dados sobre sua cultura? Chegou a hora de quase exigir de vocês o preço; nosso preço por essa
contribuição. É um preço alto, difícil de pagar. Desejamos que se cristalize em AMOR. Amor mútuo entre os componentes
desse núcleo" (carta "ummita", supostamente escrita por Jordán Pena, ao chamado "grupo de Madri").
— "JOSE JORDÁN PENA. Chamou nossa atenção este oemii [homem] de Oyaagaa [Terra], pois nos lembrava a grandeza
moral intelectual desse grande oemmii de Terra e Espanha chamado Miguel de Unamuno, sempre se debatendo, atormentado
pela dúvida. Senhor Jordán, o senhor era um oemmii apaixonado pelo estudo de nossa civilização e, no entanto, racionalmente
incrédulo com relação a nossa identidade. Porque o senhor é o único componente desta microrrede que foi fiel a nossa
exortação de não nos dar crédito, embora respeitasse nossa ideologia. Colocamos nossa mão em seu peito. O senhor é o
terceiro em nível de inteligência e o primeiro em nível de positivismo racionalista. Vemos no senhor um dos melhores
especialistas em psicologia que conhecemos na Terra. Mas lute contra sua introversão, esse fechar-se em si mesmo. Busque o
apoio moral de seus irmãos da micro-rede. Ajude-os de seu nível elevado, e eles, em troca, poderão contribuir muito. Não se
atormente com suas torturantes dúvidas. Admiramos seu senso de moralidade intelectual" (carta "ummita", supostamente
escrita por Jordán).
— "Como posso ressarcir minhas vítimas [de 'Ummo'] se não estou arrependido de nada?" (comunicação a J. J. Benítez).
— "Na experiência de 'Ummo', compreendi mais que nunca o pragmatismo norte-americano. Já sei que esta confissão
bastará para tornar-me talvez ainda mais antipático. É a primeira vez que o confesso. Minha admiração ao que os Estados
Unidos representam, sem deixar de ser esquerdista" (carta a J. J. Benítez).
— "Nós, os pacíficos, repudiamos sensatamente a guerra, como repudiamos taxativamente o excremento. É uma função
fisiológica que cheira mal, mas não a negamos... Consideramos, pelo contrário, o pacifismo como uma das religiões mais
irracionais para grande parte de seus seguidores. Com olhar fixo em seu deus 'A Paz', não vêem o sofrimento profundo que
sofreram os massacrados, e consentem que ad calendas Graecas (isto é, nunca) seja reprimida esta mesma violência criminal:
fazendo-se cúmplice dos genocidas..." (comunicação de Jordán Pena a J. J. Benítez).
— "O que acontece na Terra é que, infelizmente, geram-se distorções, e um ser pode ser inteligente e paranóico, pode ser
inteligente e psicopata. Isso é o perigoso, o terrível" (declarações de Jordán Pena ao jornal Informaciones de Madri).
— "Em resumo, tenho uma personalidade um tanto instável e intermitente em meu equilíbrio psíquico" (carta a J. J.
Benítez).
7
DONA ROGELIA, AMORES E O CABO JUSTO

Teria sido uma perda de tempo e de energia. Para Jordán Pena, o fenômeno óvni é uma fantasia, e quem investiga o
assunto, uns falsários e uns paranóicos. Para que informar, portanto, sobre esses casos em que, como mencionei, o célebre "H"
aparece nos trajes dos tripulantes ou na fuselagem das naves? Não fazia sentido. Ele não teria compreendido, nem admitido,
que o emblema em questão é muito anterior ao que ele pretende. Jordán afirma que o "H" de "Ummo" foi criado em 1966. Pois
bem, independente dos casos da África do Sul (1952) e Curitiba (1954), o citado sinal, com leves variações, apresenta-se já
em pleno neolítico. Eu soube dele nos desertos do Saara e nas terras norte-americanas. O
"H" que hoje associamos aos "ummitas" foi gravado nas rochas da Argélia, Líbia, Marrocos, Nigéria e Mauritânia, entre
outros países do norte da África, como parte de um antiqüíssimo sistema de escrita: o berbere. Uma língua que, na opinião de
alguns especialistas, remontaria ao oitavo milênio antes de Cristo.
Isso, obviamente, não quer dizer que esses símbolos da Idade da Pedra tenham o mesmo significado que o "H" visto pelas
testemunhas óvni. Fica claro, porém, que são muito anteriores à suposta "invenção" de Jordán Pena. Outra questão é a
extraordinária semelhança com o símbolo que alguns óvnis exibem em seu "ventre". Os homens do Neolítico teriam visto esse
tipo de nave com esse sinal?
Se viram, pintaram-no ou gravaram nas covas e abrigos rochosos? Pessoalmente, tenho certeza disso. Em abril de 2001,
durante minha primeira visita a Mali, tive a sorte de descobrir algo que, de certo modo, ratificava minha suspeita e que,
naturalmente, arruinava as afirmações de Jordán Pena.
Os iniciados da etnia dogon, quando lhes mostrei algumas fotografias do óvni de San José de Valderas, ficaram surpresos.
Eles conheciam esse tipo de objeto e, principalmente, o sinal da base. Os dogons transmitiram-nos de pais para filhos.
"Elas", referindo-se às naves, "são as arcas em que os nommos, ou deuses, viajam." Fiquei tão perplexo quanto eles. A
história da descida dos nommos, ou "homens-peixe" no coração de Mali remonta ao ano 900 ou 1000 de nossa era, mas não há
muita certeza quanto à cronologia. Seja como for, como é possível que essa etnia perdida no coração da África, quase
analfabeta e vivendo na Idade do Bronze, possa reconhecer o óvni de Valderas e o símbolo em forma de "H"?
Foi justamente nessa época — século IX — que surgiu o alfabeto cirílico, comum entre os povos eslavos do Oriente. A
sétima letra, curiosamente, é o já familiar "H" dos "ummitas".
Embora os especialistas não entrem em acordo, tudo parece indicar que foi Cirilo, o filósofo, apóstolo dos eslavos, que
organizou esse alfabeto, já existente nas terras russas. Pedro, o Grande, simplificou-o em 1708 e transformou-o no alfabeto
civil russo. Em 1917, seria novamente modificado. A questão é: por que esse "H" foi incluído nas remotas línguas dos povos
eslavos orientais? Qual foi sua origem? Naturalmente, Jordán Pena não existia no século IX...
No ano de 1995, em plena investigação do caso "Ummo", meu bom amigo Ramón de Rato Figaredo, excelente conhecedor
da arte antiga, colocou-me a par de curiosos símbolos existentes na cerâmica inglesa.
Tratava-se de marcas utilizadas pelos ceramistas da cidade de Bristol.
Representavam o "H" de "Ummo", mais uma vez. Não hesitei. Fui imediatamente até a prefeitura de Bristol. Ninguém
soube me informar.
Provavelmente remontavam ao século XVIII, mas ninguém conhecia a origem.
As pesquisas seguintes centraram-se nos museus e galerias de arte da cidade de Bristol e de Worcester. Foi nesta última,
graças aos esforços e gentileza da senhora Cook, diretora do museu Dyson Perrins, que encontrei parte da solução.
Os "H" correspondiam à marca "Worcester" (número 4312 (a) da enciclopédia de Godeen), utilizadas entre os anos 1751
e 1765. Presumivelmente, esses artistas ganhavam por peça, e cada pintor tinha sua própria marca para identificar seu
trabalho. Segundo a senhora Cook, as diferentes modalidades de "H" foram tiradas da porcelana oriental. Especialmente da
chinesa. Ficava provado, portanto, que Jordán Pena não era o "inventor" do famoso "H".
Estudo comparativo realizado em 1984 pelo pesquisador Sérgio Óscar Rinaldi.
Na figura 1, o símbolo existente na pedra encontrada às margens do lago Puelo.
Figura 2: San José de Valderas. Figura 3: carimbo utilizado nas cartas "ummitas". Figura 4: símbolo encontrado nas
pinturas rupestres de Talampaya (La Rioja, Argentina).
O enigma, porém, tornou a obscurecer-se. Pesquisando a cerâmica chinesa, descobri, de fato, a existência do "H" que, por
sua vez, pode ter inspirado os britânicos. O símbolo chinês remonta, no mínimo, à dinastia Zhou (1111 a 252
a.C.). Nessa época, o "H" (na horizontal) era o símbolo da "lei suprema"...
Literalmente, significava "REI".
E o que pensar sobre o acontecido na província espanhola de Albacete no início do século XX? Jordán Pena, naquela
época, nem sequer era um projeto...
Foi no verão de 1996 que recebi as primeiras notícias sobre o estranho incidente.
Nos anos 1920, em plena serra de Albacete, foi registrada a descida de um objeto voador não identificado. Foi visto, ao
que parece, por boa parte do povo. Na singular nave, de aspecto discóide, destacava-se um já familiar emblema: um símbolo
em forma de "H". O fato, segundo meus informantes, ocorreu por volta de 1917. Num primeiro momento, hesitei. Haviam se
passado oitenta anos. Se o caso fosse autêntico, como encontrar as testemunhas? O mais provável é que todas estivessem
mortas. E, embora a tarefa de investigação me parecesse complexa, o instinto colocou-me em marcha, mais uma vez. Se a
visão foi verdadeira, eu acabaria encontrando testemunhas. E, em 25 de setembro, quarta-feira, fui para Moropeche, aos pés
de Calar dei Mundo, uma das mais belas e agrestes regiões serranas da Espanha. Ao chegar à localidade de Yeste, parei no
quartel da Guarda Civil. As pesquisas foram estéreis. Ninguém sabia nem se lembrava de nada. Ali não havia informação
alguma sobre o que eu buscava: "Um óvni pousado em Moropeche em 1917?". O comandante observou-me com curiosidade.
Não era todo dia que chegava alguém perguntando por algo tão fora do comum. E, seguindo seu conselho, dirigi os passos para
os arquivos da paróquia e dos tribunais. Novo fracasso. Nessa época (1996), a maior parte dos arquivos havia sido
transferida para Hellín. Antonio Blázquez, juiz de paz e funcionário, como seu pai, no citado tribunal de Yeste, também não
soube informar. "Um óvni em Moropeche? Nem idéia. É estranho. Uma notícia assim teria corrido como rastilho de pólvora.
Quando disse que aconteceu?" A busca por Yeste foi de mal a pior. Como era possível que ninguém soubesse de nada?
Restava apenas uma opção: Moropeche, a 18 km de Yeste. E, às 15h, adentrei a recôndita e silenciosa aldeia. O lugar
parecia perfeito para uma descida óvni.
Afastado, escondido entre gargantas e profundos desfiladeiros e, definitivamente, quase esquecido no meio da serra.
Durante um tempo, como é natural nesse tipo de indagação, tive que me dedicar a vencer a resistência inicial dos habitantes do
povoado. Como o leitor deve ter adivinhado, fazer perguntas sobre o fenômeno dos não identificados não é tarefa simples. As
primeiras reações são quase sempre de desconfiança, especialmente se quem pergunta é alguém desconhecido. "Como disse?
Um o quê...? Um óvni neste povoado? Nem idéia.
Quando? Onde?" Poucas horas depois, após passar pente fino na aldeia, compreendi que algo estava errado naquele caso.
Ninguém sabia de nada. E, mesmo centrando a atenção nos maiores de setenta anos, tudo foi inútil. Todos os anciões — Fidel,
Adelaida, Francisco, Feliciano, Antonio, Vicente e Enrique — negaram repetidamente. Apenas um, Antonio Munoz, de 73
anos, falou de um avião que, ao que parece, havia caído em La Graya, ao sul, nos anos 1920. Isso, pelo menos, era o que seu
pai havia lhe contado. E aí acabou a investigação. Por mais voltas que tenha dado ao assunto — e quem me conhece sabe de
minha tenacidade —, Moropeche foi inútil. Para dizer a verdade, foi um fracasso absoluto. Ao abandonar o povoado, sentime
abatido. Onde estava o erro?
Tratava-se de uma invenção?
No dia seguinte, em uma última tentativa de esclarecer o cada vez mais obscuro assunto da aterrissagem óvni, fui até La
Graya, outro pequeno povoado de Albacete, ao sul de Yeste. E tudo de novo. As conversas com os anciãos do belo local
deram o mesmo resultado: nenhuma informação. Não conseguia acreditar.
Aquilo, definitivamente, parecia uma farsa. Alguém havia inventado o caso óvni e, obviamente, o "H" no ventre. Ou não?
Minha "conversa" com Pedro, de 84
anos, surdo como uma porta, foi surrealista:
— Lembra-se de algum aparelho que caiu por aqui em 1917?
— Um aparelho?
Assenti com a cabeça.
— De televisão? Um aparelho de televisão? Nessa época não havia televisão, amigo...
— Não — gritei —, um aparelho voador...
— Coador? Está procurando um coador de 1917?
Foi suficiente. E, vencido, saí dali. Tinha que voltar para interrogar meus informantes.
Consultando os pesquisadores que haviam me fornecido a informação sobre o objeto que teria descido em Albacete nos
primeiros anos do século XX, comprovei que o caso era mais que fraco. Na realidade, tudo se fundamentava na versão do
parente de uma testemunha, já falecida. Em outras palavras: um testemunho que devia ser aceito com reservas. Quanto ao lugar
— Moropeche — meus informantes hesitaram. E enfrentei um novo dilema: continuava com a investigação ou a esquecia?
Estive tentado a arquivá-la como um caso duvidoso, mais um, mas essa "força" que me guia estimulou-me a prosseguir, apesar
das aparências. E, um mês depois, em outubro daquele inesquecível ano de 1996, adentrei novamente a serra de Albacete,
disposto a dissipar as dúvidas. Meus primeiros passos, nessa oportunidade, dirigiram-se aos tribunais de Hellín.
Segundo as informações recolhidas em Moropeche, todos os documentos daqueles anos haviam sido transferidos para o
Tribunal de Primeira Instância e Instrução número 2, na citada cidade de Hellín. Manuel Ruiz, funcionário desses tribunais,
ouviu minhas explicações com santa paciência. Minha intenção era descobrir se o acontecimento poderia ter sido registrado
em algum documento da época. Concluída a história sobre o suposto óvni aterrissado em Moropeche em 1917, o senhor Ruiz,
sem se alterar, convidou-me a segui-lo. Por um momento, pensei que havia acertado. A realidade foi mais prosaica. O
funcionário conduziu-me diante de uma porta. Empurrou a folha com dificuldade e, mostrando-me a sala, replicou, sarcástico:
"Os arquivos. O que o senhor procura pode estar aí, ou não..." Uma primeira olhada nos "arquivos" de Hellín e sua comarca
afundou-me de novo no desespero. Na sala em questão, amontoavam-se milhares de documentos, manchados pelo tempo e
pelo esquecimento. As caixas e os sacos chegavam praticamente ao teto, e impediam, inclusive, o avanço da porta. A tarefa de
busca, documento por documento, teria me ocupado um ano, no mínimo. Era evidente que eu devia começar por outro lugar...
Moropeche, em plena serra de Albacete. (Foto: J. J. Benítez.)
Dona Adelaida, de 87 anos, domiciliada na rua Eras e nascida em Moropeche, também não resolveu o problema. A mulher
não sabia de que diabos eu estava falando. E, decidido, deixei Hellín para trás e centrei meus esforços na busca de um tal
Alguacil, parente de uma das testemunhas da suposta aterrissagem óvni.
Na realidade, a peça-chave pela qual deveria ter começado a investigação.
Alguns dias depois, surpreendentemente, como quase sempre, conseguia localizar, na província de Jaén, Joaquín Alguacil,
neto de Rogelia Juárez Barba.
A conversa deixou-me perplexo. A visão óvni, segundo Alguacil, não aconteceu em Moropeche, mas em La Graya, a
aldeia localizada ao sul de Yeste que eu havia revirado minuciosamente. Nesse momento, não consegui entender o porquê de
meu erro. Por que havia me dirigido a Moropeche? Repassei as anotações e confirmei o que suspeitava: o nome Moropeche
foi proporcionado por meus informantes. Meses depois, em vista do ocorrido, compreendi. O "erro"
foi providencial. Mas, vamos passo a passo...
Joaquín, efetivamente, confirmou a visão óvni. Como estava dizendo, segundo ele, aconteceu na aldeia de La Graya. Com
relação à data, não soube precisar.
Quando mencionei 1917, deu de ombros...
Impossível saber — explicou. — O acontecimento me foi contado por Sofia, minha mãe, e também por minha avó
Rogelia. Talvez tenha sido nessa data ou talvez depois. Eu era uma criança e, como poderá compreender, não perguntei.
Quem foi testemunha?
Rogelia Juárez, minha avó, e outros vizinhos. Foi no verão. De repente, viram um objeto muito brilhante no céu. Ele
desceu na periferia do povoado e permaneceu ali durante dois dias...
Dois dias?
Foi isso que me contaram. Era um objeto grande, com pés. Tinha a forma de dois pratos unidos pela borda externa.
Minha avó e os outros se aproximaram e comprovaram que era um aparelho metálico, prateado. Então, viram dois seres
andando ao lado do objeto. Eram muito altos. Superavam os 2m. Usavam trajes apertados, muito justos e prateados.
Poderia ter sido um balão?
Nada disso. Minha avó sabia muito bem o que era um balão. Além disso, aqueles seres não tinham boca. Eram louros,
com os olhos grandes e amendoados.
E o que aconteceu?
Ao que parece, nada. O pessoal do povoado ofereceu água e comida a eles, mas não aceitaram. Cada vez que se
aproximavam do objeto, os seres se retiravam. Dois dias depois, o aparelho elevou-se e desapareceu.
Quando mencionei o emblema em forma de "H", Joaquín Alguacil demonstrou sua estranheza. Não se lembrava de nada
sobre esse assunto.
Minha avó e minha mãe nunca falaram desse "H", nem de nada parecido...
Segundo o neto, dona Rogelia faleceu em 1975. Contava 82 anos de idade.
Essa, em síntese, foi a versão de J. Alguacil sobre o acontecido na província de Albacete nos primeiros anos do século
XX. Uma versão que, logicamente, devia ser tomada com certas precauções. O informante não era uma testemunha direta, e
isso, como os pesquisadores de campo sabem muito bem, implica sempre certos riscos. Por exemplo, segundo Alguacil, os
fatos foram registrados na aldeia de dona Rogelia, sua avó. Em La Graya, porém, ninguém se lembrava de nada. Quem estava
enganado? E, mais uma vez, vi-me na necessidade de voltar àquele povoado para interrogar de novo os moradores;
especialmente os maiores de setenta, oitenta anos. Armei-me de paciência e instalei-me em La Graya, procedendo a uma
minuciosa investigação. Visitei os doze bairros que a formam, conversando pessoalmente com os anciãos. Todos me
remeteram ao dito anteriormente: ninguém sabia de nada sobre o óvni. Minhas andanças por Las Torres, Batán, Macalón, Los
Rubios, Marchena, Casas de la Cuesta, El Molino, Casas dei Rio, Churritales e La Ermita foram praticamente estéreis. Mais
ainda: ninguém parecia conhecer Rogelia Juárez Barba. Aquilo me alarmou. Se a avó de Joaquín Alguacil havia nascido em
La Graya, como é que ninguém a conhecia? Não, aquilo não era normal. Liguei de novo para o senhor Alguacil, interessando-
me pelo bairro em que sua avó havia morado. Joaquín não se lembrava. A ronda seguinte por La Graya foi tão decepcionante
quanto as anteriores. Amado dei Valle (81 anos), Dulce (91), Manolo Blázquez (88) ou Gregorio Manas (78), entre outros,
não se lembravam de ninguém que respondesse pelo nome de Rogelia Juárez. E comecei a suspeitar o pior: dona Rogelia não
era de La Graya. Talvez seu neto estivesse equivocado. Mas, se assim fosse, onde procurar?
Para dizer a verdade, nem tudo foi negativo durante minha permanência na linda região de La Graya. Em uma das
conversas, tive a sorte de conhecer Paulo José Gallego, morador de Las Torres. Quando ouviu falar do óvni, sugeriu-me que
perguntasse no povoado de Yetas de Abajo, um pouco mais ao sul. Ali, nos anos 1920, havia sido registrado um incidente que
talvez pudesse explicar a suposta aterrissagem do objeto voador não identificado. E assim fiz. Horas depois, um dos
protagonistas do acontecimento de Yetas confirmava o que José Gallego havia me adiantado: "Aconteceu em 4 de setembro de
1928", explicou-me Verónico Martínez Garcia. "Foi às 16h. Soprava um vento suave do oeste. De repente, o pessoal de Yetas
começou a gritar. No céu, ao longe, apareceu uma coisa redonda, parecida com uma bola de futebol. Foi se aproximando mais
e mais, empurrada pelo vento. Tratava-se de um balão enorme, em forma de vasilha. Para muitos de nós, era a primeira vez
que víamos uma coisa assim. E o 'artefato' precipitou-se sobre um local que chamamos de Majar de Guillén. Lá, ficou
enrascado nas árvores. Dentro dele havia um militar, o capitão Benito Mola. Estava morto. Em suas anotações, dizia que havia
partido de Madri às 9h e que se dirigia a Guadalajara. Teve azar...".
Durante algum tempo, fiquei em dúvida. Era esse o balão caído em Yetas, o "óvni" de que dona Rogelia havia falado? A
informação fornecida pelo neto não guardava relação com isso. E o instinto sugeriu-me que prosseguisse por esse caminho.
Uma coisa era o balão que se precipitou em Yetas de Abajo em 1928, e outra muito diferente a visão de um óvni, pousado em
terra durante dois dias, com vários seres de mais de 2m de altura deambulando a sua volta...
Era evidente que eu precisava aprofundar o assunto. Precisava abrir uma nova frente de investigação. E propus-me a
localizar os parentes mais próximos de Rogelia Juárez Barba. Talvez eles pudessem lançar alguma luz sobre o cada vez mais
retorcido enigma. Mas isso seria algum tempo depois, em minha volta da América e de outras pesquisas pelo Saara.

É uma tática que recomendo aos pesquisadores mais novos: quando uma investigação empaca ou, simplesmente, não
prospera, o melhor é "congelá-la"
durante um tempo (o necessário). Depois, ao retomá-la, tudo muda. Foi o que aconteceu com o caso "1917". Parecia que
cada passo estava minuciosamente programado.
Meses depois, já em 1997, em meu retorno do Chile, Bolívia e Brasil, vi-me surpreendido por uma notícia publicada pela
revista espanhola Enigmas.
"Casualmente", falava do assunto que eu acabava de "congelar". A informação dizia literalmente: "No verão de 1917, os
membros da família Alguacil, temporários que trabalhavam na área de Penascosa (Albacete), observaram, enquanto
trabalhavam no campo, a súbita chegada de um objeto de tamanho considerável em forma de chapéu, do qual saíam quatro
pés'. Joaquina L. viu, ainda, sair do artefato uma dupla de seres de uns 2m de altura, vestindo macacões cinza. Todas as visões
aconteceram em pleno dia. Várias testemunhas afirmam que o óvni tinha um símbolo parecido com uma letra 'H' maiúscula
gravada na fuselagem. Durante três dias, o objeto foi visto nas proximidades, causando o lógico temor entre os habitantes de
uma das mais escarpadas regiões da serra de Albacete. A última visão do estranho 'chapéu voador' aconteceu quando este
desapareceu sem emitir som algum, elevando-se na vertical até perder-se no céu".
Penascosa? Temporários? Joaquina? Aqueles dados não coincidiam com o que eu havia descoberto. E tornei a interrogar
Joaquín Alguacil, neto da única testemunha de que se tinha conhecimento. Quando leu a curta informação, Alguacil negou com
a cabeça, afirmando que alguns detalhes não eram corretos.
Ele não conhecia a data exata. "1917 pode ter sido uma invenção do jornalista."
Quanto ao lugar, Joaquín declarou que suas lembranças inclinavam-se para La Graya, "mas não posso ter certeza".
Evidentemente, o nome de Joaquina L. não tinha nada a ver com Rogelia Juárez Barba, sua avó. Outra invenção do jornalista
ou um truque para camuflar a identidade de dona Rogelia? Seja como for, a verdade é que, diante da dúvida, fui obrigado a
viajar até Penascosa, nas proximidades de Alcaraz (Albacete), e repetir os interrogatórios de Moropeche, Hellín, la Graya
etc. E, de novo ao começo. No fim do dia, o resultado havia sido tão negativo e desa-nimador quanto nas pesquisas anteriores.
Em Penascosa ninguém sabia de nada, pelo menos os mais idosos do local. Guillermo Copete Puentes, de 92 anos de idade, e
Vicente Molina, de 91, os mais velhos do povoado, não se lembravam de nada sobre a referida aterrissagem óvni, e muito
menos sobre os supostos seres de 2m de altura. Com os demais anciãos, mais novos, a sorte foi idêntica. Alguns, com razão,
sugeriram que estendesse as pesquisas a outros povoados, pertencentes a Penascosa. Talvez o fato tenha acontecido em Zorio,
Pesebre, Carboneras, Casa Lana ou Cerro Blanco. E, rendido e, para dizer a verdade, um tanto desmoralizado, optei por dar
um tempo, sentando-me em um dos bares do povoado. Entre os moradores que haviam me ajudado a localizar os idosos estava
um delicioso e carinhoso casal — Rosário e José Luis — recém-chegado a Penascosa. Na conversa, aparentemente por

coincidência (?), acabou surgindo um assunto que me deixou perplexo. José Luis havia sido testemunha e protagonista de
outro caso óvni, acontecido em 1979, que eu vinha investigando desde então. E digo que o fato me surpreendeu porque,
independente da importância do caso em si, se não houvesse acontecido o equívoco (?) que me levou a Moropeche, muito
provavelmente não teria conhecido esse casal.
Em 1996, José Luis e Charo moravam nas ilhas Baleares. Mais uma vez, tudo parecia milimetricamente programado. Mas
aquela não foi a última surpresa...
Prossegui com as indagações, dedicando os dias seguintes às consultas no quartel da Guarda Civil e nos tribunais de
Alcaraz, bem como no arquivo histórico da cidade de Albacete. Penascosa havia tido um quartel da Benemérita naqueles
primeiros anos do século XX. Depois, foi fechado. Hoje, está subordinado ao quartel de Alcaraz.

As indagações em Penascosa (Albacete) também foram estéreis. Os anciãos nao se lembravam do assunto do óvni de
"1917". (Foto: J. J. Benítez.)
O lógico, supondo que a aterrissagem óvni fosse verdade, é que o fato ficasse registrado, seja nos livros da citada
autoridade, na imprensa ou nos arquivos da prefeitura ou do tribunal. As diligências na Guarda Civil foram outro fracasso.
A documentação do desaparecido quartel de Penascosa havia sido destruída ou transferida para o de Alcaraz.
Infelizmente, em conseqüência da guerra civil espanhola, esses arquivos de Alcaraz também foram arruinados. Hoje, não resta
nada daquela época. Assim me foi confirmado pela 203a Comandância de Albacete (tenente-coronel Lázaro Gabaldón) e pela
própria Direção Geral da Guarda Civil (Serviço de Estudos Históricos), em Madri. Também não tive sorte nos tribunais e na
busca na imprensa de 1917. Nenhuma linha sobre o caso. José Luis, por sua vez, desejoso de colaborar com a investigação,
pediu-me que lhe permitisse procurar nos arquivos da prefeitura de Penascosa. Aceitei, naturalmente, e foquei meus esforços
em uma frente que havia ficado temporariamente esquecida: os possíveis parentes de dona Rogelia, única testemunha
conhecida da visão óvni. Como já mencionei, talvez os irmãos, filhos etc. guardassem na memória algum novo detalhe sobre a
aterrissagem. O difícil, obviamente, era encontrá-los. E, após não poucas idas e vindas, acabei localizando Tomás Juárez, em
Hellín, que, por sua vez, colocou-me na pista de Higinio Juárez Barba, sobrinho de dona Rogelia. A conversa com Higinio, de
72
anos, foi decisiva. Além de fornecer-me informação sobre outros parentes de Rogelia Juárez Barba, o bom homem
esclareceu que sua tia era natural de La Algoraya, um casario próximo à aldeia de Fuentes, em Yeste, e não de La Graya, como
afirmava Joaquín Alguacil, o neto. Comecei a suspeitar. Alguacil, quase com certeza, havia se equivocado, confundindo La
Algoraya com La Graya, dois nomes que soam de forma parecida. Quanto ao acontecimento propriamente dito, o sobrinho
lembrava algo, sim, mas de forma confusa. Falou de uns seres muito altos, vistos por uns pastores, mas na área de Tus, outra
belíssima aldeia localizada ao noroeste de Moropeche. Adentrei de novo a serra, à caça e captura de alguém que soubesse me
informar sobre os tais "gigantes". A busca por Los Tejeros, Tus, Los Giles etc. foi infrutífera. Os mais velhos — Vicente
Garcia Rodríguez, de 88 anos, Martina Alarcón, de 101, e Teófila Juárez Blázquez, de 91, entre outros — não sabiam ou,
simplesmente, não se lembravam. Apenas um deles—Teófila -— falou-me de dona Rogelia, confirmando que era oriunda de
La Algoraya, Fuentes. Fui ao local em questão, mas, para minha desolação, havia desaparecido. La Algoraya de Arriba era
apenas uma lembrança. Não me dei por vencido, e retomei as entrevistas com os familiares de dona Rogelia. O seguinte da
lista foi Higinio Juárez Barba, irmão da testemunha. Higinio, de 98 anos, era o único irmão vivo. E o fracasso tornou a apontar
seu dedo para mim. Higinio havia praticamente perdido a memória. Os esforços de Encarna, neta e "tradutora" (o ancião tinha
graves problemas de surdez), não serviram de muito.
Higinio também não sabia do que eu estava falando. Se foi testemunha da aterrissagem óvni, em companhia de sua irmã,
dona Rogelia, nunca saberemos.
E, decepcionado, fui para La Vega de Castrobayona. Ali, segundo minhas notícias, morava uma filha de dona Rogelia:
Felicia Martínez Juárez, de 74 anos de idade. Talvez ela soubesse de alguma coisa...
Felicia ouviu intrigada e, finalmente, confirmou parte da história: ela ainda não havia nascido quando tudo aconteceu...
"Pode ter sido quatro ou cinco anos antes. Talvez em 1924. Meus pais contaram o caso muitas vezes... Rogelia havia
nascido em La Algoraya de Arriba, mas o negócio do disco voador foi em Penascosa. Estavam trabalhando na terra, com
outros. Então, viram aquela 'coisa' e os homens... Minha mãe era parteira e já tinha visto de tudo na vida, mas aquilo foi
diferente. Aquilo não era deste mundo... Com ela estava Domingo Martínez Alarcón, meu pai, e, possivelmente, algum irmão
meu. Talvez Agapito e Antonio... Não lembro bem. Gente de Collado Castellar, La Loma, Prado Largo, da chácara de tia
Juliana e da chácara de El Sordo também viu. Todos eles iam com meus pais até Penascosa. Eram de Fuentes. Sempre iam
juntos para o trabalho..."
Para que negar? A ratificação de Felicia encheu-me de assombro e alegria. A visão foi real, mas, a julgar pelos indícios,
não aconteceu em 1917, mas, provavelmente, anos depois.
Foi nesses dias que chegou a surpresa seguinte. José Luis Alba ligou-me de Penascosa e forneceu-me duas novidades.
Começou pela ruim: na prefeitura não havia informações sobre 1917. Os arquivos começavam em 1923. A boa notícia era a
localização de um ancião de Penascosa que, ao que parece, sabia do óvni aterrissado nas proximidades do referido povoado
de Albacete. Esse homem já morava fazia tempo na capital. Por isso não o consegui localizar durante minhas visitas àquele
povoado. O encontro de meu amigo José Luis com Amores Galera, o ancião em questão, foi também "singular". José Luis
acabava de receber a confirmação da presença desse ancião na cidade de Albacete quando decidiu ir, em companhia de sua
mulher, à mencionada capital. Sua intenção era aproveitar o feriado. E, naquela segunda-feira, 15 de setembro, lá pelas três da
tarde, no meio da multidão, Félix, um amigo de Penascosa que acompanhava o casal, comentou: "Veja quem vem ali!" José
Luis e Rosário ficaram atônitos: era Amores. Coincidência? Duvido...
Dias depois, eu me encontrava com o senhor Galera, nascido em 1913, em Albacete. Apesar de sua idade avançada,
Amores tinha uma excelente memória.
E confirmou o que já havia adiantado a José Luis: "Eu devia ter por volta de dez anos. Era muito pequeno, mas aquilo
ficou gravado... Foi durante a época de ceifa no campo. Entre julho e agosto... No povoado foi um rebuliço. 'Algo' havia
descido na chácara dos 'Ramoncicos', na periferia de Penascosa. Trata-se de um pequeno morro, quase plano, chamado De la
Cruz... Eu não o vi. Não me deixaram. Mas meu pai, Ricardo Galera, e os outros homens do povoado contavam sempre. Foi
um acontecimento... Era uma coisa redonda, muito bonita, com uma luz brilhante e prateada. Ficou ali dois dias e duas noites.
Quem o viu melhor foram os ceifadores. Era um grupo de homens, mulheres e crianças.
Estavam mais ou menos a meio quilômetro do povoado, ao pé do morro de que lhe falo, e a 100 ou 200 m da 'coisa'... A
Guarda Civil também viu. O cabo Justo, de Zapateros, estava lá. Ele e seus homens aproximaram-se um pouco do objeto em
várias oportunidades, mas mantinham-se sempre a uma certa distância... O
objeto tinha quatro pés e uma porta pequena à direita. Por ali os 'homens'
entravam e saíam. Eram altos, com roupas muito estranhas, impróprias para a época. Diziam que não tinham boca e que
cobriam a cabeça com algo parecido a um gorro... Quando as pessoas se aproximavam, eles se retiravam. Entravam na esfera
e desapareciam. Era evidente que não queriam conversa com ninguém.
Quando o pessoal voltava a suas tarefas, os 'gigantes' apareciam de novo e observavam os ceifadores e os boiadeiros.
Meu pai, como lhe dizia, era um deles.
Cuidava do rebanho bravo e viu aquilo muito de perto... Se o povoado tinha duzentos habitantes, com certeza mais da
metade viu. Como lhe disse, foi um acontecimento... Dois dias depois, aquilo se ergueu e foi embora. E dizem que, quando se
elevou, emitiu um som, como de um pneu de bicicleta quando fura...
Na verdade, não causaram mal algum. Tudo foi muito bem preparado. Com certeza desceram para explorar. Quando se
cansaram, foram embora, e tudo ficou em paz...".
Por mais que tenha perguntado, o bondoso Amores não soube explicar. Nunca se perguntou sobre a possível natureza
daquela "coisa", como ele a chamava. E, quando mencionei a palavra extraterrestre, Amores deu de ombros. "Não sei o que
era", afirmou, convicto, "mas também não era mau." Ao entrar em detalhes, o ancião — recordando o que, por sua vez, haviam
lhe contado — declarou que "a 'coisa' (?) era muito bonita e polida. Brilhava como um espelho e tinha apenas uma 'porta' [?]
pequena. Quando se elevou, o objeto deixou uma marca na terra.
Descobriram-na quando passavam com os fardos de cereais..." Insisti no negócio da "marca" e, aos poucos, Amores foi
traçando o desenho. O homem deve ter notado minha surpresa. O desenho era o já familiar "H"... Assim como havia
acontecido com Joaquín Alguacil, o neto de dona Rogelia, Amores também não lembrava se o emblema teria sido visto na
fuselagem. O que sabia muito bem é que o "H" apareceu gravado no morro e que suas hastes deviam superar os 5m de altura.
"Permaneceu ali por um tempo, até que voltaram a passar o arado."
O cabo Justo, de Zapateros, foi outro assunto que me interessou muito. Amores não hesitou. Justo era o comandante, na
época, do quartel da Guarda Civil em Penascosa quando a aterrissagem óvni aconteceu. "Justo foi até lá com vários policiais,
mas, como lhe disse, por prudência, não se aproximaram demais..." Se Amores Galera não estivesse errado em suas
apreciações, a presença da Guarda Civil significava duas coisas importantes: a possibilidade de existir um relatório e,
evidentemente, de precisar a data em que o caso pode ter sido registrado.

Alguns seres muito altos surgiram junto ao objeto que aterrissou em Penascosa no verão de 1924.

E aí começou uma nova e paciente busca; uma árdua investigação que acabou dando seus frutos, e que não teria sido
possível sem a generosa e gentil colaboração da família de Justo Moreno Garcia e do Serviço de Estudos Históricos da
Guarda Civil. Graças a essas pesquisas, foi possível delimitar a data aproximada do encontro com o óvni: verão de 1924. O
cabo Justo chegou ao quartel de Penascosa em6 de janeiro do citado ano de 1924, e permaneceu ali como comandante até 1o
de janeiro de 1931. Nessa data, foi destinado a Pozuelo (segunda companhia). Quanto ao possível relatório, nem sinal. Os
arquivos, como já mencionei, desapareceram. Foi uma pena. No relatório, muito provavelmente, sabendo como a Benemérita é
minuciosa, o cabo Justo devia ter feito um relato detalhado do incidente. Quem sabe... Talvez, algum dia, alguém tenha a sorte
de encontrar esse valioso relatório, supondo que exista.
Anotações e desenho no caderno de campo de J. J. Benítez (caso Penascosa). O
óvni, ao que parece, desceu a 800 ou 1000m a oeste da aldeia, em um morro chamado De la Cruz. As testemunhas mais
próximas estavam em um campo de cereal, a pouco mais de 200m da nave. O cabo lusto e os guardas conseguiram chegar a
50m do óvni.

Naturalmente, de tudo isso, o senhor Jordán Pena não sabe uma única palavra.
Em 1924, que eu saiba, o assunto óvni não era de domínio público. Ninguém falava de naves "não humanas", e muito
menos em Penascosa. Mais ainda: quase oitenta anos depois do "acontecimento", o amigo Amores não sabe o que é um óvni e,
muito menos, o célebre emblema "ummita", nem precisa disso... Em 1924, enfim, Jordán não havia nascido. Como explicar,
então, a presença do "H"
na aldeia de Albacete? Evidentemente, o caso protagonizado pelos ceifadores e pelo povoado de Penascosa não foi o
único, para infelicidade de Jordán. A literatura ufológica reúne outras aterrissagens que também deixaram impressas na terra a
já familiar marca em forma de "H" ou parecida. Lembro, agora mesmo, outros dois casos, na França e na Argentina. O
primeiro aconteceu em 25 de junho de 1971, nas proximidades de Mulhouse. Vários moradores viram óvnis.
Pois bem, apareceu um estranho círculo na área, de uns 6 m de diâmetro, com um "H" no centro. A aterrissagem óvni foi
defendida, entre outros, por Pierre Guérin, descobridor do quarto anel de Saturno. A segunda aterrissagem foi registrada na
Patagônia, em 1997, nas proximidades de Puerto Deseado. Mario Morrillo, especialista em golfinhos, fez-me a seguinte
descrição: "Estava no chão. Era grande. Aproximadamente uns 8m de extensão... Cada linha tinha uns 10cm de espessura. Era
um enorme 'H'. Parecia que alguém havia queimado madeira. Aconteceu pouco depois de outro fato não menos estranho.
Estávamos acampados perto do mar e, certa noite, na solidão da barraca, ouvi passos. Saí duas vezes, mas não havia ninguém
lá. Meus colegas dormiam em suas respectivas barracas. Na segunda ocasião, notei umas luzes à distância. Nunca consegui
entender como fizeram aquelas marcas na terra. Teria algo a ver com os passos que ouvi em volta da barraca ou com as luzes
que se moviam em silêncio no céu?"
A esta altura, suponho que o leitor terá tirado suas próprias conclusões...
8
"PARDAL"

As surpresas na investigação de "Ummo" continuaram e, suponho, continuarão.


Se o caso "Penascosa" foi desconcertante, o que posso pensar do que aconteceu em plena selva amazônica e, justamente,
em junho de 1967? As primeiras informações me foram fornecidas pelo pesquisador Antonio Huneeus, de Nova York. Foi no
ano 2000. Alguém, ao que parece, havia visto um óvni com o célebre "H" no ventre. O fato ocorreu na Bolívia, mas Huneeus
não dispunha de detalhes. Era a segunda visão, supostamente relacionada com os "ummitas", registrada em território
boliviano. Como o leitor pode se lembrar, em final de maio de 1967 alguns receptores das cartas de "Ummo" receberam, pelo
correio, uma mensagem que anunciava a presença de três naves extraterrestres nas proximidades de Madri, Oruro (Bolívia) e
Rio Grande do Sul (Brasil).
E, muito intrigado, pus-me de novo em movimento, iniciando uma intensa busca da testemunha principal. Revirei metade
da Bolívia e, finalmente, em abril de 2001, em um generoso gesto do Destino, tive acesso a M. J. S. C. Esse homem, cuja
identidade não estou autorizado a revelar, ficou tão surpreso quanto eu.
Haviam transcorrido 34 anos desde o incidente! E M.J., advogado, teve a gentileza de enviar-me uma carta, na qual
relatava o acontecido naquele distante junho de 1967 (poucas horas depois da aparição de um óvni em San José de Valderas, a
sudoeste de Madri). A carta dizia literalmente: "... Eu estudei sociologia e também advocacia, longe daqui, em Santa Cruz de
la Sierra e em La Paz; há dois anos, sofri um terrível acidente que me deixou prostrado em uma cama por quase um ano...
então, decidi assumir o trabalho de assessor jurídico da Superintendência Florestal, longe de minha casa em Santa Cruz;
trabalho ingrato, difícil, perigoso e feio, visto que tenho que processar muita gente por cortar o bosque... Faço as vezes de
fiscal... Corria o ano de 1967 (dia 3 de junho).
Havíamos saído para caçar. Navegávamos pelo rio e, à noite, de volta a casa, em um dos 'tornos' [curva] apareceu aquele
objeto. Era muito grande. Estava a uns 700 m de distância e à altura das copas das árvores. Parecia uma caixa de fósforos,
vista pelo lado maior... De longe, dava a impressão de ter uma luz muito intensa, como quando você pisa no freio do carro.
Idêntica à refletida pelos faróis traseiros dos carros. Distinguia-se com nitidez contra a semi-escuridão do horizonte. Então,
gritei para o amigo que controlava o timão: 'Acelere!'. E ele assim fez. Aproximamo-nos do objeto e situamo-nos quase em sua
vertical... Era enorme! Foi descendo lentamente e sobrevoou a selva, dirigindo-se para o interior. Nós encostamos, e perguntei
a meu amigo se queria seguir o objeto. Ele disse que não. Então, pulei para a margem, em companhia do jovem que nos
ajudava na lancha. Lembro que me afundei no lodo quase até a cintura. Por um momento, pensei que a lama me engoliria.
Consegui libertar-me e caminhamos bosque adentro. Eu portava um facão e uma lanterna... Não houve necessidade de ir muito
longe. A uns 70 m, quase rente às árvores, estava aquilo, imenso e em silêncio. Havia perdido a cor vermelha. Agora era preto
fosco e, por baixo, como se fosse pintado, distinguia-se um símbolo. Algo que passou a fazer parte de minha vida: uma
espécie de 'H' de braços grossos e levemente curvados... Ficamos impressionados. O objeto estava pegando água de um
pântano existente ali mesmo. Minha pele e meus cabelos arrepiaram-se, não sei se pela emoção ou por que razão. Foi uma
sensação de 'formigamento' parecido com a que ocorre quando estamos perto dos postes ou das centrais elétricas...
Depois, o silêncio desapareceu e a selva estremeceu, como que golpeada pela chuva. O objeto, então, afastou-se e o
perdemos de vista. Foi como se se 'apagasse'...".
O relato do advogado, como era de se esperar, serviu apenas para estimular minha curiosidade e interesse. Se M. J.
estivesse dizendo a verdade — e não via razão para pensar o contrário —, como explicar a singular coincidência com o visto
e fotografado, nessa mesma data, em Valderas?
Nessa oportunidade, a nova viagem à Bolívia teve que ser adiada. Já se sabe: o homem propõe e Deus dispõe... Um
gravíssimo"percalço" retirou-me de toda atividade no final de julho de 2002.

Um ano depois, fazendo ouvidos moucos às recomendações dos médicos, lancei-me à aventura e encontrei-me com M. J.
em plena selva amazônica. E ali permaneci durante vários dias, estudando a testemunha, interrogando-a e visitando o cenário
dos fatos. Conclusão: M. J. estava dizendo a verdade. M. J.
não sabia nada sobre o caso "Ummo". M. J. jamais havia visto as fotos do óvni de San José de Valderas, até que eu lhas
mostrei. Aquele símbolo, porém, assim como o visto 36 anos antes, ficou gravado a fogo em sua memória e, principalmente,
em seu coração. Eis aqui uma síntese de minhas conversas com o advogado:
Na realidade, M. J. viveu dois encontros com óvnis (provavelmente com a mesma nave). O primeiro aconteceu num
sábado (3 de junho de 1967)...
— Eu tinha dezessete anos e gostava de caçar. Naquele sábado, pegamos a lancha e fomos rio acima, até um local que
chamam de "Tres islas". Éramos três: Samuel Rojas, já falecido, bom amigo e piloto civil. Ele pilotava a lancha, e um
ajudante (não lembro seu nome) era o encarregado pelo transporte e pelos remos.
Fomos à caça de pombas. Pela manhã, permanecemos nos pântanos, atirando com a água até o peito. À tarde, segundo o
costume, fazíamos isso no bosque. No total, pegamos umas 150. E, lá pelas 18 horas, mais ou menos, empreendemos o
caminho de volta. O sol havia se posto, e Samuel, no timão, navegava rio abaixo, com a prudência dos bons navegantes. Como
o senhor deve saber, o grande perigo nesses rios amazônicos são os troncos. E, lá pelas 20h30, nós o vimos a distância.
— Onde estavam?
— Em um local que chamam de "Manutata" ou "Mano de Dios", perto da confluência dos rios Beni e Madre de Dios. Já
havia escurecido, e lembro que se distinguia, ao longe e acima da selva, a suave luminosidade do povoado. Faltava-nos um
torno e meio [uma curva e meia] para chegar a Riberalta. Mais ou menos uns quinze minutos. Até ouvíamos a música. Era
sábado, como lhe disse. Então, nós o vimos a nossa direita. Voava de oeste para leste, muito lentamente. Tinha a forma de uma
caixa de fósforos, vista pelo lado maior. Era vermelho. Então, perguntei a Samuel: "Você viu?". "Sim, vi", respondeu.
"Acelere!", gritei. "É o que estou fazendo", disse meu amigo. E o vermelho vivo foi se tornando laranja intenso, muito intenso.
— A que distância puderam vê-lo?
— Eu diria que a uns 700 m, aproximadamente. Voava a uns 100 m acima da água e sem barulho. Silêncio absoluto.
Continuamos nos aproximando e, quando estávamos a uns 300 m, o objeto sobrevoou a selva e perdeu-se de vista. Fomos até a
margem e perguntei a Samuel se queria acompanhar-me. "Nem que estivesse louco", respondeu. E ficou na lancha. Eu saltei
para a margem e afundei na lama até a cintura. Achei que ia me engolir. Consegui me liberar e nos aventuramos no bosque. O
rapaz, mais inteligente, jogou um remo em cima do barro e assim atingiu a margem, sem problemas...
— Por que razão Samuel Rojas, seu amigo, não desceu?
— Segundo confessou depois, não era a primeira vez que via essas coisas. Era piloto de táxi aéreo e, pelo visto, havia
tido outros encontros. Suponho que sentiu medo. Como ele dizia, "aquilo não lhe cheirava bem". Então andamos pela selva.
O peão, com um facão, abria a trilha. E a uns 70, 90m do rio, paramos. Lá estava de novo! Era enorme! Estava quieto
acima de um pântano não muito grande. O
rapaz ficou feito uma estátua e sua mandíbula enrijeceu. Queria falar, mas não conseguia. Aquilo havia mudado de forma e
de cor! Agora mostrava-se redondo e preto. Era um preto oleoso, meio lustroso... "O que é isso?", exclamou finalmente o
ajudante. "Eu não sei", disse-lhe. E era a pura verdade. Eu não sabia que diabos era aquilo.
— Por que o senhor disse que era enorme?
— Porque era. Segundo meus cálculos, tinha um diâmetro não inferior a uns 100m. Nós estávamos à beira d'água, a poucos
metros do objeto. Via-se perfeitamente, quase à altura das copas das árvores. Era incrível! Aquilo se mantinha imóvel, no ar,
sem barulho... Então, vimos o sinal no ventre. Era prateado, destacando-se contra o preto fosco da base. Era como um
gigantesco "H" com outro braço no centro...
Obviamente, interessei-me pelo símbolo. E o advogado começou a desenhá-lo.
— [...] Esse "H" pegava quase todo o ventre. Não sei se era gravado ou pintado, mas acho que era pintado. Não sei se
dispunha de portas, janelas ou pés. Nós não vimos nada disso. O que nos chamou a atenção foi o tubo de água que parecia
sugar do pântano. Era como um tubo vertical, de uns 20cm de diâmetro, que unia a base do objeto ao centro do pântano. Mas
era um tubo imaginário, porque não se distinguiam paredes. Apenas vimos a água subindo sem barulho. Não caíam gotas.
Aquela situação prolongou-se por um bom tempo; talvez uns oito minutos.
Foi quando sentimos um formigamento e eletricidade nos cabelos. Depois, a água precipitou-se sobre o pântano e ouvimos
o barulho. E o objeto começou a mover-se para o leste e perdeu-se na noite. Nem o rapaz nem eu havíamos visto nada igual
em toda nossa vida. Ele me visitou depois e tornou a me perguntar sobre "aquilo", mas eu não soube o que dizer.
No total, segundo os cálculos de M. J., a visão prolongou-se durante dezoito minutos, aproximadamente. Destes, por volta
de oito a curta distância, no citado pântano.
Quando lhe mostrei algumas fotografias do óvni que foi visto em San José de Valderas na tarde de 1o de junho de 1967, o
advogado não hesitou. Tratava-se de um objeto muito parecido ao que ele havia visto, com uma diferença : o "H" que aparece
no óvni de Valderas é mais fino que o da nave que sugou a água na selva amazônica boliviana.
O segundo encontro com a misteriosa nave "ummita" (?) aconteceu poucos dias depois (provavelmente, naquele mesmo
mês de junho de 1967).
— [...] Passaram-se duas semanas, mais ou menos. Era também um sábado. Ou melhor, na madrugada da sexta-feira para o
sábado. Eu havia saído com os amigos e voltei para casa, em Riberalta, lá pela 1h. Devo esclarecer que não bebo nem uso
drogas. A Lua estava grande, e a noite clara e tranqüila. Subi a escada externa da casa e, de repente, percebi uma sombra no
chão, no meio da rua. Era uma sombra que se mexia, avançando. Chamou minha atenção porque era muito grande. A casa tinha
um longo pórtico que impedia de ver o céu. Então, saí à varanda e descobri que o que ocultava a Lua era um disco preto.
Tratava-se de um objeto com o mesmo símbolo na base...
— Refere-se ao "H"?
— Sim, eu diria que era a mesma máquina que vimos no pântano. Estaria a 100, 150m do chão. Era enorme.
— Mais alguém viu?
— Não, que eu saiba. A rua estava deserta. Foi nesse momento que ouvi os cães do local, uivando. Era impressionante.
Nunca havia ouvido tantos uivos.
Pareciam ter medo. E, nesse instante, enquanto contemplava o objeto, tive a mesma sensação de "formigamento" e de
"eletricidade" na roupa. E, em minha cabeça, soou uma palavra: "Pardal!"...
— "Pardal"?
— Significa "inventor". Era um apelido. Um homem de Tupiza, a cidade em que morei durante minha infância, pôs em
mim. Era mecânico e maquinista. Eu ia a sua oficina e brincava com os tubos, "inventando" todo tipo de mecanismos. Ele me
chamava de "Pardal"... Mas fazia mais de seis anos...
— Alguém o chamava assim em Riberalta?
— Ninguém. Ricaldi, o mecânico, chamava-me de "Pardal". Ninguém mais sabia, nem sequer minha família...
— Ouviu alguma voz?
— Eu diria que soou em minha cabeça: "Pardal!" E repetiu-se duas vezes. Depois, o objeto desapareceu. Quando entrei
em casa, contei para minha mãe, mas ela não ligou.
— Por que disse que era a mesma máquina?
— Porque era gêmea. O símbolo no ventre era prateado também, destacando-se contra o fundo preto fosco.
M. J., como estava dizendo, não sabe o que é "Ummo". Porém, aquele símbolo na base da nave ficou gravado para sempre
em sua memória. M. J. não sabe quem é Jordán Pena, nem jamais viu um relatório "ummita". M. J. nunca soube do incidente
em San José de Valderas, mas viu algo muito parecido e, praticamente, na mesma data, tal como anunciava uma das cartas
"ummitas". E
embora "Manutata" esteja a 800km de Oruro, o que podemos pensar de tamanha coincidência? É casual que as duas
visões, em Madri e em plena selva amazônica, tenham acontecido na mesma data? É coincidência que as testemunhas tenham
visto uma nave com um "H" no ventre? Pessoalmente, não acredito em coincidência, e sim na causalidade. E direi mais: tenho
certeza de que M. J. é outro caso típico de rastreamento (possivelmente desde sua infância).
"Eles" sabiam do apelido e o repetiram anos depois, quando "se deixaram ver" na Amazônia...
Caminho seguido por M. J. na segunda visão. No desenho inferior, o óvni, tal como foi observado na primeira visão, sobre
o rio Madre de Dios, na Amazônia.
(Caderno de campo de J. J. Benítez.)
9
ALGUNS COMENTÁRIOS INEVITÁVEIS

Em vista do exposto ao longo deste trabalho, entendo que alguns comentários são pouco menos que inevitáveis e,
inclusive, obrigatórios. Que cada um os interprete como julgar oportuno.
1.
"Ummo" não é o que dizem. "Ummo" não foi investigado com rigor e seriedade. A maior parte das "investigações" (?), eu
as chamaria incursões, tinha uma intencionalidade torcida, com um ponto de partida claramente do contra. Os contaminadores
profissionais e seus inocentes úteis riram do assunto, sem se incomodar em indagar o mínimo pelo menos. Resultado:
manipulação.
2.
Depois de dez longos anos de sucessivos interrogatórios, Jordán Pena não merece credibilidade. As provas, acho, são
eloqüentes. Nada do que possa afirmar é confiável (nem sequer o que poderia ser verdade). Seus embustes, meias verdades e
desequilíbrio mental são tais que seu papel como criador da fraude é questionável. Para qualquer pesquisador medianamente
objetivo, Jordán Pena seria apenas a ponta do iceberg.
3.
Não estou negando que uma parte do assunto "ummita" seja falsa. Sou o primeiro a afirmar que muitos dos relatórios ou
cartas não são de origem extraterrestre. Esta realidade, porém, não desqualifica todos os documentos. Eis aí outro capítulo
virgem que algum dia deveríamos explorar.
4.
Os militares e a CIA conheciam o emblema "ummita" antes que o "H"
fosse inventado, ou supostamente inventado, por Jordán e seus comparsas. Os casos registrados em 1954 em Curitiba
(Brasil) e em 1964 na ilha de Andros são definitivos. Em 1954, Jordán Pena não imaginava sequer o que aconteceria a partir
de 1966.
5. A presença do sinal de "Ummo" em óvnis e em seus tripulantes não é uma novidade. A etnia dogon, no coração da
África, soube de algo parecido há cerca de mil anos. Esta circunstância, e outras já mencionadas, inclinam-me a pensar que os
"deuses" que desceram em Mali ou na Idade da Pedra poderiam ser os mesmos que hoje singram os céus nessas
impressionantes naves "não humanas".
Vejamos outros exemplos, nos quais essas coincidências são, no mínimo, suspeitas. Pedro Pablo Barrios: o que foi visto
na noite de 7 de agosto de 1968
entre Betanzos e Villalba, no norte da Espanha, e os óvnis vistos nas horas e dias anteriores e posteriores a esse 7 de
agosto fazem-me suspeitar que poderíamos estar diante da mesma civilização ou civilizações extraterrestres. Três dias antes
de Barrios e seus acompanhantes serem testemunhas da nave com o "H" no ventre, outras pessoas viram óvnis na Catalunha,
França, Argentina, Uruguai e ilhas Canárias, apenas para mencionar alguns dos cenários naquela intensa onda de 1968. A
dedução me parece quase óbvia: se essas naves foram vistas nos mesmos dias, é lógico imaginar que podiam ter uma mesma
"origem", por assim dizer. Sendo assim, e se um desses objetos ostentava o referido emblema na "fuselagem", o que podemos
deduzir? "Ummo" (ou o que for) é muito mais do que nos disseram ou do que nos fizeram acreditar. Também suspeito é o que
aconteceu na selva amazônica, no Japão e nos Estados Unidos nos anos 1967,1973 e 1994, respectivamente. No rio Madre de
Dios, como já contei, um objeto de uns 100m de diâmetro, com o célebre "H" na base, ficou, durante um tempo, sugando água
por meio um "tubo" imaginário. Em 1973, aconteceu algo parecido nas cercanias de Tomakomai, na costa de Hokkaido, ao sul
do Japão. A testemunha, Masaki Kudou, contou assim: "Eu era vigia noturno em uma serraria. Era o mês de julho. Estava
patrulhando quando parei o carro e sentei-me frente ao mar. O céu estava estrelado e tudo, aparentemente, tranqüilo. Então,
apareceu uma estrela cadente. Eu achei que fosse. Mas a 'estrela' não era uma estrela. Parou no ar e começou a pulsar. Depois,
foi crescendo até atingir um bom tamanho. E o objeto desceu até situar-se a pouca distância da água. Nesse momento, saiu um
tubo transparente do aparelho, que foi parar no mar. Ouvi um barulho suave. E a água foi sugada..."
Em março de 1994, a senhorita Gloria Domica e seus acompanhantes viram outro objeto discóide que sugava água do
oceano, em frente às costas de Folly Beach, em Charleston. Na base, o objeto tinha uma grande mancha, parecida com um
gigantesco "H". "No momento em que vi aquele enorme objeto sugando água do mar, peguei minha câmera e bati a foto. Um
momento depois, o objeto saiu voando a uma grande velocidade acima de nossas cabeças, balançando nosso iate e criando
ondas perigosas." Poucos dias antes, no mês de fevereiro, um morador de Madri, Enrique Muro, vira um objeto que
sobrevoava a cidade.
Também apresentava o estranho símbolo no ventre.
Em 1977, em novembro-dezembro, quatro estudantes universitários, nas proximidades de Sevilha (Espanha), afirmam ter
visto uma nave com uma espécie de "X" na parte inferior. Pois bem, também em novembro, a quase mil quilômetros, dezenas
de pessoas viram um gigantesco objeto, do qual entravam e saíam outros menores. O fato ocorreu em Pusilibro (Huesca). Uma
das testemunhas conseguiu fotografá-los: E insisto: estaríamos diante dos mesmos seres? A coincidência é suspeita...

E um último exemplo. No verão de 1985, a tripulação de um avião da Ibéria foi testemunha de outro gigantesco aparelho
de forma esférica, com um enorme "H"
na área inferior. O 727, como já mencionei, passou justamente sob a vertical do óvni. Nessa mesma data, foram registradas
visões em Múrcia, Málaga, Casablanca, Algeciras, Chile e Argentina, entre outros lugares. No caso de Málaga, o objeto
respondeu aos sinais luminosos enviados pelas testemunhas.
Em Arica, no norte do Chile, o objeto aterrissou. "Era de grandes dimensões."
Meses depois, em novembro desse mesmo ano, outros óvnis foram vistos e captados nas telas de radar nos céus da
província de Barcelona. Um dos objetos, segundo os cálculos dos radares, atingia 9km de extensão. Possivelmente, um dos
maiores óvnis de que se tem notícia. O objeto foi "visível" nos radares durante pouco mais de um minuto. Depois, desapareceu
misteriosamente.
Estaríamos diante de naves mães ou pertencentes à mesma civilização?
6. Em maio ou junho de 1967 houve óvnis na Espanha e Bolívia, tal como anunciaram os "ummitas" nas cartas enviadas em
maio de 1967 a quatro cidadãos espanhóis. Em outras palavras: o anúncio foi cumprido. A questão é: quem estava por trás das
cartas ou mensagens de "Ummo"? Como é possível que essas cartas anunciassem a chegada ou presença de naves não
humanas, supostamente "ummitas", e esses objetos aparecessem em Valderas e na selva amazônica? Naturalmente, a CIA ou
Jordán Pena não são os responsáveis pela presença dessas naves.
7.
Se os "ummitas" existem, não acho que sejam de aspecto nórdico (altos e louros), como afirmam em seus escritos. A maior
parte dos seres que portava o "H" em seus trajes era de baixa estatura e, em alguns casos, usavam escafandros.
Apenas na segunda parte do caso "Curitiba" surgiu um ser alto e de cabelos amarelos. Quanto ao amor e ao respeito,
pregados sem descanso nos relatórios "ummitas", sinceramente não acredito em uma única palavra. O que aconteceu em Uyuni,
com as ovelhas, faz com que eu duvide das boas intenções dos supostos "ummitas", supondo que "aquela gente baixinha, que
voava", isso fosse.
8.
No caso "Ummo", foram registrados também diversos fatos, digamos, inexplicáveis ou paranormais. Exemplo: o óvni visto
na noite de 27 de maio de 1977 em San Vicente del Raspeig, em Alicante, que foi também anunciado com

vários dias de antecedência. A carta, presumivelmente, tinha uma origem muito humana. O objeto, porém, não foi
explicado. Mais exemplos: o homem que sussurrava aos "ummitas". Quem ouvia as perguntas que Rafael Farriols formulava
na solidão de sua casa? De que maneira foram lidos os pensamentos de Maria Antonia Segura? Por que, depois de uma visão
óvni, o engenheiro Rafael Henríquez e sua família começaram a ver, em sonhos, o emblema de "Ummo"? Eis aqui outras
razões que confirmam o que disse: em "Ummo", há uma parte falsa e outra autêntica.
9.
Embora não consiga compreender a intencionalidade, depois do que foi descoberto, há algo certo (para mim): os
manipuladores do caso "Ummo" foram, por sua vez, manipulados. Os humanos mexeram os fios dos humanos sem saber que
eles eram marionetes dos "NÃO HUMANOS".

Barbate, 30 de março de 2004 (13h).


TRADUÇÃO DAS CARTAS18

CARTA DA PÁGINA 22

Para Steven Salter

Caro Senhor,

Há aproximadamente dezoito meses ouvi no programa de rádio estrangeiro da BBC - "Ciência em Ação" que alguém
estava falando que detectou uma força externa (ILEGÍVEL) produzida por um giroscópio, e que o senhor estaria investigando
esse fenômeno, e agora no Daily Telegraph de 8 de fevereiro vejo novamente que o senhor foi requisitado para comentar a
descoberta similar de dois cientistas japoneses. Hideo Hayaska e Sakae Takeuchi.
Estava pensando se o senhor faria a gentileza de comentar o seguinte: Como eu entendo isso Ação giroscópica é produzida
pela força centrífuga da rotação da massa do Rotor do giroscópio (volante).
Se esse Rotor fosse substituído por um líquido pesado, como mercúrio correndo nas voltas de um tubo espiralado, o efeito
devido à força centrífuga do mercúrio seria, acredito, aproximadamente igual.

CARTA DA PÁGINA 31

Oruro, 20
Junho 1967.

Sr. Eng.
Enrique Villagrasa y Novoa.
Engenheiro de Construções Civis.
Madri 15, Espanha.

18 Na tradução de algumas cartas foi mantida a redação original.


Caro senhor:

Recebi sua carta do dia 8 do corrente, na qual o senhor demonstra seu interesse nas investigações que vêm sendo
realizadas há alguns anos para estabelecer se há vida em outros planetas.
O senhor complementa essas informações com um vaticínio que teriam feito, expressando que, entre os últimos dias de
maio e os primeiros de junho, aterrissariam três cosmonaves. Uma delas a uma distância aproximada de 208km de Oruro. O
senhor afirma que, com relação a Madri, esse vaticínio se cumpriu, que houve centenas de testemunhas e que a notícia e fotos
para informar ao público sobre o acontecimento saíram na edição de 2 de junho do INFORMACIONES de Madri.
Procurei o senhor vice-cônsul da Espanha, Segundo Tejero Vinuesa, velho amigo, e perguntei-lhe se o vice-consulado
possuía os jornais de Madri desse dia.
A resposta foi negativa. Conseqüentemente, peço ao senhor, sr. Villagrasa, que tenha a gentileza de enviar-me um recorte
do INFORMACIONES, publicação na qual, além do relato, saíram as fotos do disco voador.
De minha parte, estou em condições de lhe fornecer uma versão que foi verificada por um de meus redatores, que esteve
em Uvuni, mais ou menos a uns 300km ao sul de Oruro para cobrir um roubo de explosivos. Nos dias que o senhor indicou, ele
trouxe uma narração verdadeiramente fantástica, que evitei publicar enquanto não contasse com provas realmente
convincentes.
Identificação adequada das pessoas, autoridades que intervieram no fato, provas, fotos etc. etc. Em tais circunstâncias, sua
carta chegou a minhas mãos.
Imagino que os detalhes terão muito valor para o senhor; e para nosso representante, contar com o aval da sociedade
madrilense à qual o senhor pertence e que só acredita em fatos que possam ser devidamente comprovados.
Faremos a cobertura jornalística da notícia e obteremos os detalhes mais minuciosos, que, depois de reunidos com
cuidado e classificados devidamente, terei o maior prazer de lhe enviar. Só lhe peço que tenha a gentileza de enviar-me o
recorte solicitado.
Se lhe agradar esta proposta que julgo benéfica para ambos, peço-lhe que mo diga o quanto antes.
Aproveito a oportunidade para cumprimentá-lo e pôr-me a sua disposição, com todas as considerações de minha maior
distinção:

Enrique Miralles B.
Diretor.

CARTA DA PÁGINA 122

"UMMOAELEWE
Idioma: Espanhol
No de cópias: 1
Data: 26-4-1980
Sr. Luis Jiménez Maruhenda
Albacete. Espanha

Não toque esta lâmina com seus dedos.


NÃO COPIAR NEM DIFUNDIR,
só ler para irmãos mais discretos.

Senhor Luis Jiménez Maruhenda: permita-me interceder para que seus irmãos e o senhor nos permitam apoiar nossas mãos
em seus peitos em uma postura simbólica que invoque paz e profundo respeito mútuos. Atrevi-me, senhor, a violar sua
tranqüilidade remetendo-lhe por via postal estas linhas datilografadas que codificam informações acerca do recente encontro
entre irmãos humanos organizado pelo senhor dedicado a "UMMO".
Aceitando um cordial convite formulado pelo senhor, dois irmãos nossos foram de ALBACETE até o imóvel onde seus
irmãos se reuniram para esse evento dedicado a nossa civilização. Não nos era possível solicitar entrada, compreenderá
perfeitamente a gravíssima perturbação e expectativa que isso teria provocado.

de seus irmãos que mencionamos em cartas anteriores, faça chegar a eles nossa saudação, mas estenda-a também a seus
irmãos interessados em nós, que, embora aceitando com diversos níveis de credibilidade nossa existência, merecem especial
lembrança.

Juan José Benítez, Jorge Saltierco, César Sánchez Boltoldrá, Raul Torres Herreros, Juan Antonio Vidal Planells, Fernando
Jiménez del Oso, Antonio Moya Zerpa, Alejandro Vivanco Gómez, Germán de Argumosa, Manuel Pedrajo, José Maria Pilón,
Simón Ferrero, José Amado Pérez, Maria Antonia Más e seus irmãos, cuja lista seria interminável, que demonstraram uma
aproximação intelectual misto de interesse racional e curiosidade, e que não conseguiram uma informação mais completa.
EIEEUEE 7 filho de ERAE 5
Subordinado à YIE NOOA 452 filha de IDUUOA 449 ."

CARTA DA PÁGINA 123

(cópia-6.car) (s. rest.)


(Recebida em 26 de agosto, 1996)
(Data postagem: 20 agosto, 1996)
(Chamartín-Madri)

UMMOAELEWE
IDIOMA ESPANHOL
No DE CÓPIAS: 3

Sr. Rafael Farriols Calvo:


Há alguns dias, o senhor recebeu uma carta ditada por mim a um de seus irmãos de OYAGAA.
Rogamos muito encarecidamente que responda em voz alta, de qualquer lugar de sua linda casa, à pergunta que lhe
formulávamos nessa carta quanto a sua disposição de nos ajudar a reconstituir a AYUUYISAA de OYAGAA. Pode responder
em um volume de voz qualquer superior a 17 db. Mas PRECISAMOS
de sua aquiescência formal. Evidentemente, o senhor pode se negar a nos satisfazer, e isso seria totalmente aceitável
por nós e não afetaria de jeito nenhum o intenso afeto que lhe professamos. O único prejuízo para nós é que teríamos que
recorrer, para isso, a outro irmão do país ESPANHA, cuja sintonia conosco (AYUOOAALAA) não é, por ora, tão intensa
quanto a sua.
Temos submetidos a estudo psicossomático permanente (em seus organismos e em um entorno de raio permanente de
22 m terrestres) seus seguintes irmãos:
CARTA DA PÁGINA 158

MUITO CONFIDENCIAL Madri, 16 de abril de 1993

Queridos Rafael e Carmela:

Foi tanta a publicidade que deram ao caso Ummo que eles romperam todo o contato conosco. É o risco que corremos
devido aos relatórios publicados tão profusamente por Ribera e Aguirre. Agora é tarde. Todas as relações com o Grupo foram
cortadas.
É por isso que decidi contar MINHA versão dos fatos. Pressionado pela propaganda contrária. Principalmente na França.
Um dia, saberemos toda a verdade autêntica sobre o assunto. Por ora, deve saber que todos os relatórios que receber são
falsos, com toda a certeza.
Especialmente os últimos, nos quais envolvem Gorbachov e o ex-presidente Reagan com a paz do mundo. E o que relatava
a Guerra do Golfo. Tenha cuidado com as convocatórias apócrifas, pois falsificaram perfeitamente o carimbo. É de se
lamentar a falsificação, mas é assim.
O melhor é que acredite no caso tal como o contarei na imprensa. É o melhor.
Esquecer, na medida do possível, que houve um caso chamado Ummo tão perfeito que os leitores verão que tudo é falso.
Peço-lhe que não me pergunte mais, pois é o que posso dizer. Peço que leia este relatório confidencial para Barrenechea
A. Jiménez Marhuenda, Lu e o padre Pilón.
Um abraço muito forte. Lamento a dificuldade de expressar-me com a voz.

JOSE LUIS JORDÁN PENA

CARTA DA PÁGINA 161

O P. Diretor
Saúda atenciosamente

JOSE LUIS JORDÁN, e quero dizer-lhe com todo o afeto que sentimos falta de sua presença aqui.
Sentiríamos muito se não se estiversse bem e fosse esta a causa de sua ausência.
Espero que faça um esforço e passe uma tarde por aqui, para fazer projetos.
Desejamos que continue trabalhando para a FÉ CATÓLICA, pois não podemos prescindir de seus serviços.
Saudações de todos

Ramón Sánchez de León, S. J.


expressa-lhe, satisfeito, seu sincero afeto em Jesus Cristo.
Madri, 25 de janeiro de 1958

CARTA DA PÁGINA 162

O P. Diretor
Saúda atenciosamente
seu "desconhecido" amigo José Luis.
Espero que pare de dar uma de importante e algum dia apareça por aqui.
Preferiria que fosse uma segunda ou quarta-feira, quando está aqui alguém que cuida das coisas de estatística em sua
ausência e a quem você poderia instruir no modo de agir. Assim, mesmo que viesse pouco, teria quem fosse executando seus
projetos.
Não me obrigue a avisar a polícia para que o tragam escoltado e algemado.
Já mandamos uma garota à América para atuar em nome da FÉ CATÓLICA e temos grandes planos.
(manuscrito ilegível)

Ramón Sánchez de León, S. J.


expressa-lhe, satisfeito, seu sincero afeto em Jesus Cristo.
Madri, 28 de janeiro de 1959

CARTA DA PÁGINA 172

NOTA SEGUNDA
Um ano UMMO divide-se em 60 dias UMMO. Como cada dia UMMO é fracionado em 600 UIW (umas 600 horas
TERRA), a duração do ano UMMO
eqüivale a 111.312 minutos Terra.
Podemos estimar que UM ANO TERRA eqüivale aproximadamente a 4,72186
— ANOS UMMO. Para utilizar um método mnemo-técnico confiável; quando nos referirmos a um ANO UMMO,
imaginem que eqüivale — (com pouco erro) — a uns DOIS MESES E MEIO DA TERRA.
Dividimos o tempo desde o surgimento da MONOCRACIA em ÉPOCAS de 6000 anos UMMO cada uma. De modo que a
atualidade transcorre no TERCEIRO TEMPO.

NOTA TERCEIRA
A fonte energética daquele tempo era, principalmente, IUMMA (WOLF 424?).
Por iniciativa de IE 456, foi construído um imenso refletor "SOLAR" que se estendia por uma superfície de 1168 km2.
Os refletores estavam construídos no solo parecendo enormes sulcos arados de seção parabólica.
Montados com tijolos ou cerâmica prateada, ocuparam milhares de trabalhadores — forçados (entre os quais estava
UMMOWOA).
A água fluía por uns canos localizados ao longo do eixo focal, e era aquecida pelas radiações infravermelhas de IUMMA
até sua vaporização. Desse modo, podia ser aproveitada, mesmo que com rendimento inferior a 80%, para conversão em
energia mecânica.
(Ver DESENHO)

NOTA QUARTA
Já existiam técnicas rudimentares de gravação sonora.

CARTA DA PÁGINA 173

Um BUUXIIAO (espécie de membrana — MICROFONE) acoplado mecanicamente a um ESPELHO reflete um tênue facho
de luz sobre a fita — DOROO, fabricada com um composto plástico de alta rigidez dielétrica / Isto é, muito isolante, térmica e
eletricamente).
O facho luminoso oscila tranversalmente sobre a fita (que se desloca com velocidade uniforme) em função da freqüência
acústica transferida ao elemento especular.
Previamente, a fita foi carregada eletrostaticamente por meio de um pequeno gerador. A tensão é elevada, embora a carga
real seja de poucos (IUDIIXAA) (poderia eqüivaler a microcoulombs).
Quando o (IBOZOO) (ponto ou "SPOT" LUMINOSO) incide sobre a superfície do DOROO, dá-se o efeito de descarga
eletrostática que vocês conhecem por utilizar atualmente em técnicas XEROGRÁFICAS.
Um dispositivo fixa opticamente a imagem ondulada por meio de carbono pulvoroso com um aditivo aglomerante.
(τǒ┴) é um aquecedor a METANO que fundia a mistura, estabilizando definitivamente a função acústica gravada.
Com este rudimentar sistema que guarda uma distante semelhança com as atuais técnicas de gravação foto-óptica em
"filme" Terra de tipo cinematográfico, foi-nos legado o conjunto cultural da época.

CARTA DA PÁGINA 183

José Luis Jordán Pena


Madri

Esta é a amostra do carimbo original de Ummo. Desculpe por eu reservar-me a autoria de sua confecção. Acho que é mais
um documento para sua análise: sua execução é do Departamento, mas está em minha posse.

Carimbo internacional do logotipo de Ummo

CARTA DA PÁGINA 184

Entre os contados cidadãos da Espanha que conhecem este para vocês pouco esclarecido assunto, vemos em vocês o
humano prudentemente cético com anseios investigativos sem limites. Qualquer hipótese que vocês formulem sobre nós:
pejorativa ou admirativa, há de ser coerente com os argumentos acima expostos: que se sintetizam em convir a não
procedência de nos conceder muito crédito por um lado, e em combinar entre vocês e seus irmãos não fazer muita propaganda.
Pensamos que o senhor poderia agir como prudente moderador de alguns entusiastas irmãos seus da Espanha, fazendo-os
ver a necessidade de se mostrarem reticentes em relação a nós.
Nosso objetivo declarado é, hoje, que vocês sejam depositários de informações sobre os seres de Ummo que algum dia
poderão constatar, sem estas dolorosas e desagradáveis dúvidas. Por isso não podemos evitar o contato com vocês, que seria
a melhor solução para evitar todos os riscos que estamos expondo.
Em contrapartida, tenham paciência e não nos dêem crédito. Achamos que a atitude mais prudente é a do humano que
conserve nossa informação, e exponha, sinceramente, ao mesmo tempo, uma séria crítica a nossa exposição testemunhal,
negando-se, em princípio, sem mais provas, à aceitação de nossas inevitáveis afirmações. Centenas de vezes reiteramos este
conselho em vários idiomas, e canadenses e espanhóis foram os que menos ouvidos nos deram.
Receba, senhor Ignacio, nossas mais cordiais saudações

Primeira carta de UMMO, com carimbo inglês de Londres, de duas páginas de papel fino, branco, recebida em Sevilha por
Ignacio Dernaude Rojas-Marcos em 12 de dezembro de 1972.

CONVITE DA PÁGINA 203


Senhor/a ...................................................
Endereço ...................................................
Povoado ....................................................
fica convidado/a a participar do colóquio que sobre
"O SANTO SUDÁRIO DE TURIM"
acontecerá no

SALÃO SERRANO
HOTEL SANVY
Goya 3 — 28001 MADRI
Fone: (91) 276.0800

No dia 20 de novembro de 1988 às 17h.


Roga-se pontualidade — Não será permitida a entrada após as 17h30

CARTA DA PÁGINA 204

UMMOAELEUEE
Cópias: 237
Nacionalidade
Suíça

Homens de OYAAGA

Deixem que nos apresentemos: Desde o dia 28 de março de 1950, data em que fizemos contato com "Tierre", perto de De
La Javie (França) estamos entre vocês. Sabemos com segurança que essa introdução nos desqualifica automaticamente.
Esqueçam isso e ouçam nossa reclamação.
Uma fraude foi cometida, e queremos denunciá-la a vocês, agora que não temos uma entidade jurídica. Um problema que é
mais lamentável sabendo que alguns membros da hierarquia apostólica romana e a totalidade dos fiéis dessa denominação são
inocentes.
Depois da cópia reportada por Secondo Pia em 1898, o acadêmico Ives Delage descobriu que as marcas de sangue do
SINDON (SUDÁRIO) revela a triste verdade. As marcas ainda sangram depois da cuidadosa lavagem à qual o corpo foi
submetido. O linho também não foi enfaixado (PHAKIAI) como prescrito.
Tem início uma inteligente falsificação na qual aconteceu de alguém pegar um pedaço de linho (tecido com 4 fios
diagonais antigamente) manufaturado em 1220 (Jaffa) e de grandes dimensões, cortado em 4'371. 1'116 m. A marca foi
falsificada usando-se uma efígie em ferro fundido. (Pio X, Bento XV, Pio XI, João XXIII e João Paulo I não tinham
conhecimento do processo. Não sabemos se Pio XII foi avisado por A. Ottaviani). A mudança fraudulenta do linho aconteceu
em 1928. (Turim)

CARTA DA PÁGINA 223

Caro senhor:

Em 1o de junho de 1967 houve um incidente que a imprensa da Espanha e as agências de notícias dos países europeus
divulgaram. Em um local situado nas proximidades do Km 3 da estrada para Boadilla dei Monte (Madri), sob uma placa que
dizia "Propriedade do Patrimônio Nacional", desceu um veículo aéreo de forma circular que os jornais classificaram com a
denominação de "disco voador".
Poucos dias depois, um operário metalúrgico e, posteriormente, uma senhorita residente no povoado de Santa Mônica,
descobriram, respectivamente, cilindros metálicos providos de um disco central, cujas dimensões indicamos para que lhe
sirvam de referência: comprimento do tubo: 129,8mm. Calibre do tubo: 8,3mm.
Diâmetro do disco metálico centralizado: 24mm. As duas cápsulas chegaram a nossas mãos e anexamos a fotografia e
croqui de uma delas.
O aspecto externo é de um cilindro de alumínio polido, com as pontas em forma de ogiva.
Como, segundo nossas referências, foi encontrado por outros moradores da região um número ainda não determinado
desses pequenos cilindros que, sem dúvida, não terão nenhum valor para seus atuais possuidores (afora a indubitável
curiosidade despertada pelo achado), e posto que vocês possuem um estabelecimento legalmente aberto nessa região da
capital da Espanha, suplicamos que exponham este comunicado para conhecimento de seus conhecidos e amigos.
Estamos dispostos a oferecer até 18 mil pesetas por cada cilindro idêntico ao anexo que nos entregar. No caso de a
cápsula estar deteriorada ou fraturada, e desde que o conteúdo interno se encontre em bom estado, estudaríamos com o
possuidor novas condições da oferta.
Em troca de sua gentileza em divulgar esta nota (uma cópia da qual foi remetida também a mais cinco estabelecimentos),
nós lhe oferecemos uma recompensa de 7 mil pesetas por cada cápsula que conseguirmos graças a sua mediação. Em nota à
parte, remeto-lhe o nome de nosso secretário e seu endereço, a quem o senhor deverá dirigir-se urgentemente caso obtenha
notícia fidedigna a esse respeito. Suplico-lhe que se abstenha de entrar em contato conosco se realmente não receber uma
oferta dessa natureza.
Nosso interesse é puramente científico. As cápsulas citadas não contêm nenhum interesse econômico, militar etc. Apenas,
repetimos, genuinamente técnico.
Nossas atividades reduzem-se ao estudo dos chamados óvnis (objetos voadores não identificados), chamados
popularmente por esta nação de "discos voadores".
Se, devido ao tempo transcorrido, as pessoas que tenham localizado as cápsulas as houverem entregado a outras entidades
privadas ou do Estado, suplicamos também uma informação sobre isso.
Esperando suas gentis notícias, saúda-o muito atenciosamente
HENRI DA GOUSSET.

DOCUMENTO DA PÁGINA 253

ANÁLISE POR COMPUTADOR DAS FOTOS DE SAN JOSÉ DE


VALDERAS.

Depois de obter uma cópia de primeira geração desse suposto incidente óvni, nossa equipe de analistas preparou um
negativo de alta resolução que mostrava a imagem de um objeto em forma de disco ou prato, com uma estranha marca na
superfície. A imagem era clara e continha, ainda, aspectos do entorno. Esta informação, junto com o fato de a foto ter sido
tirada à luz do dia, permitiu o processamento por meio da técnica de melhora.

CARTA DA PÁGINA 324

Senhor Jiménez:
Ordenamos que pare de interferir em nossas relações com os habitantes de seu planeta; não sabemos se o senhor tem
consciência do mal que está provocando.
Como prova de nossa presença, nós lhe ofereceremos um sinal luminoso no céu, que poderá ver de sua própria casa à
meia-noite do próximo dia 27 de maio.
Se, posteriormente, não se retratar, seremos obrigados a estudar "seu caso".
10.0100.10

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