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Sumário

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 2
2. DIVISÃO DO DIREITO CONSTITUCIONAL............................................................................................................ 2
3. ESTADO DE DIREITO ................................................................................................................................................ 2
4. CONSTITUCIONALISMO........................................................................................................................................... 4
5. NORMAS CONSTITUCIONAIS ESTRUTURANTES ............................................................................................... 6
6. SISTEMAS CONSTITUCIONAIS E DIVISÃO DOS PODERES ............................................................................... 7
6.1 FORMAS DE GOVERNO ...................................................................................................................................... 7
6.2 SISTEMAS DE GOVERNO ................................................................................................................................... 7
6.3 FEDERAÇÃO ......................................................................................................................................................... 9
7. LEGISLAÇÃO CITADA ............................................................................................................................................ 12
8. LISTA DE QUESTÕES NÃO COMENTADAS ........................................................................................................ 14

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1. INTRODUÇÃO
Neste primeiro módulo estuda-se o surgimento e inicio do constitucionalismo e a sua aplicação nos
países democráticos, além de compreender a divisão do direito constitucional, com o estudo sobre Estado de
Direito e dos sistemas constitucionais existentes.

2. DIVISÃO DO DIREITO CONSTITUCIONAL


A divisão pode ser trabalhada de dois modos. O primeiro, conhecido como aplicação direta das
normas constitucionais, onde se utilizam critérios clássicos de interpretaçãoque são encontrados em todas
as demais disciplinas do direito. Assim, basta identificar o caso concreto e, a partir dele, buscar uma norma
que se aplique. Ou seja, o texto constitucional pode ser aplicado ao caso concreto, razão pela qual, a
aplicação direta das normas constitucionais trata do Direito Constitucional Material.
Já a análise da compatibilidade vertical trata da relação existente entre o texto constitucional e a
legislação infraconstitucional. Trabalha-se o Direito Constitucional Processual, que auxilia nas questões
referentes ao controle de constitucionalidade.

APLICAÇÃO DIRETA DAS NORMAS ANÁLISE DA COMPATIBILIDADE


CONSTITUCIONAIS VERTICAL
Critérios clássicos de todas as disciplinas Relação texto constitucional x legislação
infraconstitucional
Aplicação caso concreto Auxilia no controle de constitucionalidade
Direito Constitucional Material Direito Constitucional Processual

3. ESTADO DE DIREITO
Em concursos públicos, quando se trata de Estado de Direito, passa-se por três fases do Estado. A
primeira, conhecida como o absolutismo, onde há uma ausência de limites ao exercício do poder, tendo o
Estado como fim em si mesmo. O sistema absolutista pode ser estudado a partir de três vertentes: com a
carta de João Sem-Terra, na Inglaterra, em 1215; com a Declaração de Independência dos Estados
Americanos; e com a história da Europa Ocidental, quando se estuda o constitucionalismo francês, no
momento de transição do sistema feudal para o absolutismo. Neste sistema, os vassalos obedeciam ao senhor
feudal e esta relação de poder do senhor feudal sobre seus serventes estava limitado unicamente a sua
propriedade.
Com o crescimento da população, o espaço nos feudos passou a não comportar toda a população,
começando, assim, a formar vilarejos ao redor dos castelos feudais povoados por pessoas que não tinham

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oportunidades de trabalho nas propriedades feudais e sobreviviam de trabalhos também importantes para a
época, como ferreiros e carpinteiros. Com o passar do tempo e o crescimento desses vilarejos, chamados de
burgos, o número de mão de obra passou a não mais conseguir ser absorvido pelo trabalho necessário. Uma
resultante desse crescimento dos burgos foi o surgimento de crimes pouco conhecidos a época, como furtos.
Assim, surgiu-se a ideia de um sistema com mais poder e mais forte do que um senhor feudal e do que a
soma de todos os senhores feudais.
A partir da necessidade da população, surge a ideia do Estado Absolutista, onde um soberano sem
limites, mais forte que união de todos os senhores feudais da época, protege a civilização contra a barbárie
que cometia crimes devido ao crescimento dos vilarejos e pouco espaço para trabalho – O Estado sou eu. O
grande problema é que o exercício deste poder sem limites tem consequências muito traumáticas e severas
para todas as classes, mas principalmente para a burguesia, que havia enriquecido no período feudal e estava
incomodada com o modo de se exercer o Estado absolutista.
O sistema estava desagradando tanto burguesia como antigos senhores feudais e, justamente por isso,
que surgiram teorias iluministas para limitar o poder soberano. A ideia da limitação do poder é inverter a
lógica que existia até então. Ou seja, invés da supremacia do estado, se prega a supremacia do indivíduo
(democracia e direitos fundamentais), onde o Estado é o meio para que o indivíduo atinja a sua
plenitude.
Assim se formulou, então, o ideal do EstadoLiberal, que divide o poder em três (judiciário,
executivo e legislativo), e que se baseia no discurso democrático, onde a vontade da maioria prevalece
quanto ao poder. É neste momento que há, também, uma maior liberdade individual e igualdade de
direitos. Posto isso, criou-se a possibilidade de cada cidadão, por ser titular de direito, poder exigir este
direito ao Estado, passando a não se exercer mais o poder absoluto e arbitrário por parte deste e dos
governantes.
Uma vez que o poder propriamente dito pertence ao povo, criam-se limites e condutas negativas do
Estado em face de seu povo, como forma de proteção. Essas barreiras são chamadas de direitos de
primeira geração (vida, liberdade, igualdade, propriedade e segurança), conhecidos como direitos liberais e
que estão presentes na CF, no artigo 5º, caput, onde o Estado não pode invadir a esfera individual do
cidadão, a não ser que o povo quebre o pacto social através de conduta inadequada. No momento que há a
quebra do pacto social, o Estado se envolve apenas naquilo que lhe é permitido dentro das regras do sistema.
Já o Estado Social surge em uma época posterior, quando já se percebia que o Estado Liberal não
mais dava conta de resolver os conflitos sociais importantes, uma vez que o problema deixou de ser o limite
ao poder do Estado e passou a ser a diversidade social. Surgem, assim, movimentos sociais importantes
defendendo a necessidade de direitos trabalhistas, previdenciários e de uma solução por parte do
Estado. Este passa, então, a ter a responsabilidade com a sua população. Enquanto que, no Estado Liberal,
era exigida uma postura negativa, o Estado Social requer uma atitude positiva por parte de seus
governantes, inclusive criando políticas públicas focadas em diminuir a disparidade entre os

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particulares.
É neste contexto histórico que surgem os direitos de segunda geração (previdência social,
assistência social, lazer, moradia, salário mínimo) e que dependem da atuação do Estado. Estes direitos
também encontram-se presentes da Constituição Federal, no artigo 6º1, caput, conhecidos como direitos
sociais. A criação de tais direitos surgiu com a ideia de que, para o cidadão frui-los, o Estado deveria agir e
ser proativo.

NA HORA DA PROVA:É importante lembrar que não há substituição de direitos fundamentais,


mas sim que estes coexistem, sendo apenas diferenciados na maneira de exercê-los, frui-los. Ainda,
conforme Ingo Sarlet, apenas com o acesso aos direitos sociais é que teremos qualidade para fruir dos
direitos liberais.

4. CONSTITUCIONALISMO

CONSTITUCIONALISMO

SUPREMACIA DO LIMITES AO
INDIVÍDUO PODER

DEMOCRACIA DIREITOS SEPARAÇÃO DE FEDERAÇÃO


FUNDAMENTAIS PODERES

O Constitucionalismo é o instrumento que limita o poder do Estado, uma vez que é o sistema
resultante dos movimentos sociais que buscavam a limitação deste poder. Independentemente da vertente
escolhida e estudada, a resultante veio a ser o movimento constitucionalista, que, através das Constituições,
cria e estipula os limites e o modo pelo qual o poder e exercido em uma nação.
A principal característica do constitucionalismo é que ele se baseia na afirmação da supremacia do
indivíduo e na limitação do poder dos governantes. Quando se fala em supremacia do indivíduo, se
pressupõe a democracia e os direitos fundamentais. Por outro lado, quando se fala em limitação do poder,
menciona-se a separação dos poderes. Mas no caso da República Federativa do Brasil, se fala também da
formafederativa do Estado.
Constitucionalismo é um discurso vem sendo aplicado desde então em todos os locais das três
1
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.

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vertentes anteriormente estudadas, assim como no Brasil, pois é uma prática discursiva que parte da
democracia, sendo muito potente. A Constituição Federal de 1988 prevê, em seu artigo 1º, parágrafo único,
justamente essa questão da democracia e de como o povo é importante para o seu Estado, sendo aquele o
detentor do real poder.

Art. 1º, p.u: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente,
nos termos desta Constituição.

Deste modo, com este sistema, há a vinculação do Estado a limites que protegem os cidadãos de
um poder que efetivamente necessita de limites (direitos fundamentais). Quando se fala que o poder é do
cidadão e que, além disso, os representantes têm que respeitar o que é essencial a eles como seres humanos,
se está dizendo que, em um Estado Democrático, o indivíduo tem supremacia.
Por outro lado, quando se fala em limites ao poder, está a se utilizar uma prática discursiva que
agrada a todos, pois há a separação dos poderes, em que o governo é dividido em três funções essenciais,
quais sejam, legislativa, executiva e judicial. Três poderes independentes e harmônicos entre si, que têm,
ao lado de sua independência para os tratos de seus assuntos próprios, dever de guardar uma relação
harmônica uns com os outros. Assim, por exemplo, o judiciário não interfere no legislativo, a não ser que
seja extremamente necessário, como quando se trata de legislações inconstitucionais.
Ainda em relação a separação dos poderes, Montesquieu não estabelecia o poder judiciário como de
mesmo grau que os poderes legislativo (Câmara dos Lordes e Câmara Comum) e executivo, servindo, o
judiciário, apenas para julgar casos concretos preferencialmente por sorteio e com jurisdição limitada no
tempo. O escrito por Montesquieu foi utilizado no modelo inglês e grego, não existindo, assim, um poder
judiciário tão protagonista como existe atualmente no sistema brasileiro.
Após a publicação do Livro de Montesquieu, intitulado de O Espírito das Leis, os americanos
começaram a pensar em um texto constitucional diferenciado, que servisse aos interesses de um modelo de
Estado que não era conhecido, que foi chamado de sistema de Estado Federado. Até este momento, não se
conhecia a Federação.
A Federação surge com a Constituição dos Estados Unidos da América, ou seja, Estados que eram
soberanos/independentes e se uniram para formar um todo, conservando sua autonomia e transferindo a
soberania para o todo. Assim, os americanos adaptaram a teoria de Montesquieu para a criação da Federação.
Quando se criou a Federação, o mais importante era manter a coesão do todo; a junção dos Estados.
Tudo que não se queria era que algum Estado Federado deixasse a Federação e, para isso, foi criada a
Suprema Corte Americana, com a previsão de juízes federais vitalícios e nomeados pelo presidente, para
defender a lei e a Constituição contra eventuais desrespeitos e abusos por parte das legislações estaduais.
Os limites de poder, ao molde americano, foram escolhidos para a República Federativa do Brasil,
utilizando o modelo americano de Constituição como espelho. A influência americana não é vista só na
Constituição Brasileira, como também no sistema de diversos países sul-americanos, como Argentina e

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Uruguai. Mas o importante é lembrar que, por terem influência americana, essas constituições também
herdam muito do modelo constitucional francês, uma vez que todas as constituições de países democráticos
advêm do movimento constitucionalista.
Desta forma, os Estados Federados exercem poder, são autônomos, têm suas próprias
Constituições, desde que obedeçam aos limites e escolhas da Federação, seguindo, assim, o modelo
federal, com poder decorrente.

5. NORMAS CONSTITUCIONAIS ESTRUTURANTES

ESSÊNCIA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

DEMOCRACIA FEDERAÇÃO
DIREITOS SEPARAÇÃO DE
FUNDAMENTAIS PODERES

» Existe algum artigo constitucional sobre os assuntos estruturantes?


As cláusulas pétreas, ou seja, o art. 60, §4, da CF, garante:

Art. 60, § 4º: Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.

Conforme a redação do artigo, as cláusulas pétreas protegem a estrutura do texto constitucional,


assim como a essência do modelo de Estado da República Federativa do Brasil. Percebe-se que o artigo diz
que não será objeto de deliberação qualquer proposta que tente abolir qualquer das características essenciais
e estruturantes do texto constitucional, sequer sendo possível levá-la a deliberação do Congresso Nacional.
Neste cenário, quando é elaborada proposta que envolva qualquer das normas constitucionais estruturantes, é
possível que haja atuação do judiciário, com o controle de constitucionalidade preventivo.
» Outra questão interessante é a que diz respeito ao aumento da previsão dos direitos fundamentais no
texto constitucional. Esta questão pode ser levada a deliberação do Congresso Nacional ou não? A maioria
da doutrina acredita que sim. A partir desta convicção, muitos autores constitucionais evitam a nomenclatura
cláusulas pétreas, pois significa que são imutáveis. Entretanto, como se percebe que se pode aumentar o rol
de direitos fundamentais por Emenda, muitos autores chamam as cláusulas pétreas de cláusulas de

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barreiras, devendo ser barrada sempre que a Emenda for prejudicial ao sistema, vindo a prejudicar o
texto constitucional.
A EC 45/2004 veio com a proposta de reformar o judiciário. Nesse contexto, modificou o artigo 5º
da CF, que trata de direitos fundamentais e ainda incluiu um novo direito constitucional no seu inciso
LXXVIII, que trata da razoável duração do processo.

6. SISTEMAS CONSTITUCIONAIS E DIVISÃO DOS PODERES


6.1 FORMAS DE GOVERNO
» República x Monarquia:
A república é a forma de governo que tem como principal característica a eleição periódica do Chefe
de Estado. O artigo 1º da Constituição Federal Brasileira traz este conceito:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.

Já a monarquia é também conhecida como o governo de um só e sofreu, enquanto significado,


grandes alterações durante o desenrolar da história. É um poder vitalício e hereditário. Assim, a não há a
eleição de monarcas, sendo o poder transmitido dentro da família real de pai para filho.
Ainda no Estado Absolutista, a monarquia significava o poder nas mãos do soberano. Contudo,
especialmente a partir dos movimentos iluministas que buscavam limitar o poder até então tido por absoluto,
surgiu um novo modelo monárquico, chamado de monarquia parlamentar, em que o rei reina, mas não
governa.
Essa expressão, monarquia parlamentar, demonstra que a forma de governo monarquia hoje é uma
forma em que o rei representa o Estado na esfera internacional, mas não governa e administra o Estado,
não exercendo poder quanto ao orçamento. Nesta forma, quem executa o orçamento público e exerce a
política interna do país é o Primeiro Ministro. Assim, na monarquia, o rei é a personificação do Estado,
da cultura e da história da população, mas não representa a personificação do poder.

6.2 SISTEMAS DE GOVERNO


» Presidencialismo x Parlamentarismo
O presidencialismo é o sistema de governo com um presidente que é, ao mesmo tempo Chefe de
Governo (administra o Estado e executa o orçamento interno) e Chefe de Estado (representa o país na

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esfera internacional, tendo prerrogativa para assinar tratados), mas com poderes disciplinados e limitados
pela CF e com atuação sujeita ao controle legislativo.
Neste sistema, o presidente é eleito periodicamente e não pode ser destituído, a não ser por um
complexo, político e demorado processo para a perda do mandato (impeachment). Ainda, concentra
considerável parcela de poder e, apesar desta concentração, o presidencialismo é o sistema que mais se
aproxima do princípio da separação estrita dos poderes.
O sistema brasileiro possui uma peculiaridade. Chamado de presidencialismo de coalizão, no
sistema brasileiro não é necessário deapoio parlamentar para governar. Porém, é necessário apoio para
legislar, aprovar inovações legislativas, uma vez que este sistema é baseado em leis, e não em costumes.
Ainda, o sistema brasileiro tem uma característica conhecida como multipartidarismo. O poder
político do parlamento está dividido entre 36 partidos políticos. Deste modo, para conquistar o apoio
parlamentar necessário para legislar e aprovar inovações legislativas, o presidente deve convencer a maioria
do parlamento, devendo fazer coalizões ocasionais com este ou aquele partido político, fazendo ser possível
governar com novas leis.
Em contrapartida, no parlamentarismo o poder executivo é exercido pelo Primeiro Ministro, que
não governa sozinho, mas sim com o apoio do parlamento e sob confiança deste, que o elege e pode
destituí-lo a qualquer momento, por voto da maioria, quando a confiança deixar de existir. Neste sistema,
as funções do poder executivo e do poder legislativo estão muito mais misturadas, uma vez que o Chefe de
Governo não governa sozinho e as decisões devem passar pelo parlamento.
Uma vez que o Primeiro Ministro é o Chefe de Governo, que administra o Estado, o Chefe de
Estado pode ser tanto o rei quanto o presidente, sendo responsável pela política externa do país. Diante do
exposto, não há responsabilidade política do Chefe de Estado, em razão da independência existente entre
os poderes. Por fim, o parlamentarismo possui bipartição do poder legislativo (câmara alta e baixa),
criando-se no interior desse poder, um sistema de contrapeso essencial à autenticidade do sistema
Parlamentar.

PRESIDENCIALISMO PARLAMENTARISMO
Presidente = Chefe de Estado e Chefe de Primeiro Ministro = Chefe de Governo
Governo Rei/Presidente = Chefe de Estado
Presidente governa sozinho Chefe de Governo governa com auxílio do
parlamento
Destituição por meio de impeachment Destituição feita pelo parlamento, quando
há a perda da confiança.
Presidencialismo de coalizão Bipartição do legislativo
Multipartidarismo

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6.3 FEDERAÇÃO
» Estado Unitário x Estado Federado
O Estado Unitário é onde o poder legislativo é desempenhado por apenas um órgão. As leis são
nacionais e destinam-se, em regra, a todo o território ocupado pelo Estado. Ainda, admite-se
descentralização administrativa, mas sempre com subordinação hierárquica a uma autoridade central.
Celso Ribeiro Bastos diz que, até o final do século 18 não se conheceu outro senão o Estado Unitário,
onde existe um único centro irradiador de decisões políticas expressas em lei, podendo haver uma
descentralização administrativa, com criação de órgãos locais ou regionais para auxiliar na administração do
Estado.
Já o Estado Federado, inaugurado pela Constituição dos Estados Unidos da América, é composto
por Estados-membros que integram a Federação, desde que despidos da soberania. Difere do Estado
Unitário essencialmente porque os Estados-membros, na Federação, exercem o poder de editar leis e detêm
autonomia para se auto-organizar. A diferença é muito importante, pois aqui se tem uma coparticipação
de vários Estados que tem autonomia para legislar, desde que de acordo com as regras da Federação, mas
que não detêm soberania. É apenas o todo, a União Federal, que detém soberania.

» Federação x Confederação
Como já estudado, a Federação é quando há a associação de vários Estados-membros que não
possuem soberania, mas que detêm autonomia para legislar dentro de seu território. Estes Estados-
membros respondem ao poder federal do seu todo, da União Federal, que detém a soberania. Conforme Paulo
Bonavides:

“No Estado Federal deparam-se vários Estados que se associam com vistas a uma interação harmônica de
seus destinos. Não possuem esses Estados soberania externa e do ponto de vista da soberania interna se
acham em parte sujeitos a um poder único, que é o poder federal, e em parte conservam sua independência,
movendo-se livremente na esfera da competência constitucional que lhes for atribuída para efeito de auto-
organização”.

Por outro lado, na Confederação, a relação entre os Estados é menos consistente, o que viabiliza a
possibilidade jurídica de secessão, e não há um poder político único, pois os Estados confederados
mantêm as respectivas soberanias. Por isso, a atividade unitária da Confederação projeta-se apenas no
campo internacional, jamais no campo interno.
Um exemplo recente de Confederação, na qual houve desmembramento, é a União Europeia, onde
os Estados possuem a sua soberania. Aqui, nenhum país perde sua soberania, tanto é assim, que é permitida a
sua saída da Confederação, como ocorreu com o Reino Unido.

» Autonomia e participação

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A regra da participação permite aos Estados-membros tomar parte no processo de elaboração da
vontade política da Federação, intervindo com voz ativa nas deliberações de conjunto. Este é um marcante
traço distintivo entre Estado-membro federado e um simples órgão administrativo descentralizado no Estado
Unitário.
Pela regra da autonomia é que se manifesta o caráter estatal das unidades federadas. Elas podem
estatuir uma ordem constitucional própria, estabelecer a competência dos três poderes que habitualmente
integram o Estado e desempenhar uma imensa gama de poderes, prerrogativas e atribuições que estejam de
acordo com a Constituição Federal. Na Constituição Federal brasileira, o artigo 25 2 atribui autonomia para
os Estados terem suas próprias constituições.

» Superioridade do Estado Federal


Aos Estados-membros de uma Federação cabe a prerrogativa de confeccionar as próprias
constituições, exercendo, assim, Poder Constituinte, justamente por deterem a capacidade de auto-
organização. Entretanto, esse poder é decorrente da CF e, por isso, juridicamente limitado. Assim, fica
demonstrada a superioridade do Estado federal sobre os Estados-membros federados, ao menos no
tocante as questões protegidas pelo artigo 60, §4, da CF.

» Participação ativa dos Estados-membros


Para Paulo Bonavides:

“A posição dos Estados-membros no sistema federativo não se cifra apenas no desempenho de sua
autonomia constitucional em matéria legislativa, executiva ou judiciária, senão que cumpre ver ao lado
dessa autonomia aqueles pontos da organização federal em que os Estados federados aparecem por sua vez
tomando parte ativa e indispensável na elaboração e no mecanismo da Constituição Federal”.

O Estado-membro não só desempenha a sua autonomia interna, mas também exerce postura
proativa para a nação. Por este motivo que, cada Estado tem três senadores representantes participando de
forma ativa na legislação federal.
Essa postura ativa decorre do exercício do poder legislativo em âmbito federal, por parte de um
Estado-membro, a partir da participação nas deliberações parlamentares do sistema bicameral. Isto
porque, Estados federados adotam o bicameralismo, também chamado de legislativo dual: com uma câmara
composta por representantes do povo, normalmente eleitos pelo sistema proporcional, e uma câmara

2
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta
Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei,
vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e
microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a
execução de funções públicas de interesse comum.

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composta por representantes dos Estados, normalmente eleitos pelo princípio majoritário.
Atualmente, o sistema bicameral só é possível em duas possibilidades: primeiro, em um sistema
parlamentar, onde não há divisão federativa, mas há um controle interno entre interesses comuns e de
lordes. Segundo, no país presidencialista, desde que seja federado.

» Estado Federal na ordem internacional


Na ordem internacional, o Estado Federal, e somente ele, é soberano. Por assim dizer,
internamente, o Estado Federal tem seus Estados-membros autônomos, mas que perderam a soberania, ou
nunca a exerceram. Uma vez que os Estados-membros são autônomos, mas perderam a soberania ou jamais a
exerceram e, perante o mundo, o Estado Federado atua como um todo, uma unidade composta por vários
Estados.

» Exemplos de artigos da CF que traduzem a ideia de Federação no sistema brasileiro

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os
princípios desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado,
na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez
dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os
princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
(...)

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7. LEGISLAÇÃO CITADA

» Recomenda-se a leitura da EC 45/2004


»Constituição Federal de 1988:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente,
nos termos desta Constituição.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
(...)
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os
meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição.

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios
desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na
forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e
microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e
aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios
estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para mandato de quatro anos, mediante pleito direto
e simultâneo realizado em todo o País;

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II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término
do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Municípios com mais de
duzentos mil eleitores;
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do ano subseqüente ao da eleição;
IV - para a composição das Câmaras Municipais, será observado o limite máximo de:
(...).

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:


(...)
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.

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8. LISTA DE QUESTÕES NÃO COMENTADAS

1. (FCC/DPE-PR/Defensor Público - 2017) Acerca da organização do Estado, considere as assertivas abaixo.


I. A soberania é atributo exclusivo do Estado Federal, restando aos Estados-membros a autonomia, na
forma da descentralização da atividade administrativa e do poder político. A autonomia política dos
Estados-membros compreende o poder de editar suas próprias Constituições, sujeitas a certos limites
impostos pela Constituição Federal.
II. O Estado Unitário é conduzido por uma única entidade política, que centraliza o poder político; o
Estado Federal é composto por mais de um governo, todos autônomos em consonância com a Constituição;
e a Confederação é a união de Estados soberanos com lastro em um tratado internacional.
III. O pacto federativo é indissolúvel. Excepcionalmente, é possível a regulamentação da secessão desde
que atendidos os seguintes requisitos: edição de Lei Complementar específica; consulta direta, através de
plebiscito, aos moradores do Estado; e comprovação de viabilidade financeira e orçamentária da proposta.
IV. A repartição horizontal de competências se dá quando, observada a inexistência de hierarquia e
respeitada a autonomia dos entes federados, outorgam-se competências concorrentes entre a União, os
Estados, o Distrito Federal e Municípios.
V. A aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente
de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde é
considerado princípio constitucional sensível, e seu descumprimento pode ensejar a intervenção federal.

Está correto o que se afirma APENAS em:


a) II e IV.
b) III, IV e V.
c) I, II e V.
d) III e IV.
e) I.

2. (IESES/TJ-PA/Titular de Serviços de Notas e de Registros – 2016) A Federação ou também chamada de


Estado Federal é forma adotada pela República Federativa do Brasil desde a proclamação da República em
1889, e encontram-se fundamentado nas coletividades regionais e políticas autônomas, denominadas
Estados, insere-se neste contexto o Distrito Federal e os municípios, esta é a base do Princípio Federalista.
Assinale a alternativa que demonstra todas as características do princípio anteriormente citado:
a) Descentralização política ou repartição constitucional de competências, repartição constitucional de
rendas, participação da vontade das entidades locais; possibilidade de autoconstituição; autonomia
administrativa; autonomia política.
b) Repartição constitucional de rendas e participação da vontade das entidades locais, repartição

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constitucional de competências, autonomia administrativa.
c) A descentralização política ou repartição constitucional de competências e a autonomia política.
d) Autonomia administrativa e autonomia política.

3. (CESPE/TRE-MT/Técnico Judiciário - 2015) Acerca da organização político-administrativa e da


administração pública, assinale a opção correta.
a) Por uma questão de soberania nacional, a CF veda o acesso a cargos, empregos e funções públicas a
estrangeiros.
b) A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os
estados e o Distrito Federal, entes autônomos, excluídos os municípios, por não possuírem constituição.
c) Segundo a CF, lei complementar federal poderá autorizar os estados-membros a legislarem em matéria
de competência privativa da União.
d) Os princípios explícitos da administração pública previstos na CF não se aplicam às sociedades de
economia mista, em razão da natureza eminentemente empresarial desempenhada por essas entidades.
e) O indivíduo que tenha exclusivamente ocupado, por mais de dez anos, um cargo em comissão no
TRE/MT, caso possua os requisitos de idade e contribuição, tem direito à aposentadoria estatutária.

4. (CESPE/MPOG/Analista em tecnologia da Informação - 2015) Com relação ao sistema político brasileiro


e às relações entre Estado, governo e administração pública, julgue o item seguinte.
São formas de governo a federação, a confederação e o governo único.
Certo Errado

5. (FGV/TJ-SC – 2015) A ordem constitucional de 1988, mantendo a tradição brasileira, seguiu o sistema
federativo. Assim, a existência de uma Constituição Federal denota que:
a) todos os entes federados estão submetidos aos comandos estatuídos pela União, somente podendo
legislar quando autorizados por esta;
b) a união dos entes federados é provisória, podendo ser dissolvida sempre que for o desejo do povo, que
pode ser consultado em plebiscito;
c) todos os entes federados contam com os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, independentes e
harmônicos entre si;
d) existe uma descentralização política entre os entes federados, que exercem as competências ali
previstas;
e) existe uma união indissolúvel entre Estados, Municípios, Territórios e o Distrito Federal.

6. (FCC/SEFAZ-PI/Analista do Tesouro Estadual – 2015) Confederação é um tipo de


a) acordo entre Estados soberanos.

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b) forma de Estado.
c) forma de governo.
d) sistema de governo.
e) regime de governo.

7. (FUNDATEC/PGE-RS/Procurador do Estado – 2015) O movimento do constitucionalismo surgiu


a) no final do século XVIII, com a elaboração das primeiras constituições escritas, com o objetivo de
assegurar direitos e coibir o arbítrio, mediante a separação dos poderes.
b) no início do século XX, com a emergência das constituições sociais, com o objetivo de assegurar a
igualdade social, em face do flagelo da 1ª Guerra Mundial.
c) em meados do século XX, com a emergência do pós-positivismo, com o objetivo de assegurar o
princípio da dignidade humana e a proteção de direitos.
d) no final do século XX, com a emergência das constituições pós-sociais, com o objetivo de reduzir o
alcance do Estado, em nome do princípio da eficiência.
e) no final do século XVII, com a elaboração das primeiras constituições escritas, com o objetivo de
assegurar liberdades e coibir o arbítrio, mediante a cláusula federativa.

8. (FUNCAB/PRF/Agente Administrativo – 2014) O Estado brasileiro assume a forma federal, com


características peculiares que definem seu modelo. Assim, pode-se afirmar que o pacto federativo brasileiro
é:
a) dissolúvel, pois se admite o direito de secessão
b) constituído pela união dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal
c) tratado no texto Constitucional como cláusula pétrea
d) historicamente formado de “fora para dentro"
e) formado em quatro níveis

9. (VUNESP/PGM-SP/Procurador do Município - 2014) Para atingir o bem comum, o Estado se estrutura


para exercer o poder político. Nesse sentido, seguindo o conceito de Forma de Estado, a organização pode ser
a) monarquia ou república.
b) monarquia constitucional ou república.
c) unitário ou federal.
d) democrático ou autocrático.
e) presidencialista ou parlamentarista.

10. (FUNDEP/TJ-MG/Juiz - 2014) Assinale a alternativa que DIFERENCIA o Federalismo do Estado


Unitário.

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a) No Estado Unitário, a administração não é rigorosamente centralizada.
b) No federalismo, os Estados que ingressam na federação continuam inteiramente soberanos, autônomos e
independentes.
c) No federalismo, os Estados que passam a integrar o novo Estado, perdem a soberania no momento em
que ingressam, mas preservam, contudo, uma autonomia política limitada.
d) No federalismo, os Estados que ingressam na instituição do novo Estado, perdem completamente a sua
autonomia política.

GABARITO
1.c 2.a 3.c 4.errado
5.d 6.a 7.a 8.c
9.c 10.c

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