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Caatinga

PROGRAMAS DE EXTENSÃO RURAL

Faculdade da Terra de Brasília


Curso de Agronomia – 6º Período
Disciplina: Sociologia e Extensão Rural
Professor: Tiago Vinícius

Alunos:
Cláudio Augusto R. da Silva – Mat. 082007914
Lourenço Salbego – Mat. 082008241
Caatinga
É uma cobertura vegetal genuinamente brasileira que
cobre uma área de 844.453 km², equivalente a 9,92%
do território brasileiro. No interior dessa imensa
região se encontram os Estados do Maranhão, Piauí,
Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Alagoas, Sergipe e a porção norte de Minas Gerais.
Tem uma fisionomia de deserto, com
índices pluviométricos muito baixos,
em torno de 500 a 700 mm anuais.
Em certas regiões do Ceará pode chegar
a apenas 200 mm nos anos secos.
A temperatura se situa entre 24ºC e 26ºC e varia
pouco durante o ano. Além dessas condições climáticas
rigorosas, a região das caatingas está submetida a
ventos fortes e secos, que contribuem para a aridez da
paisagem nos meses de seca. O mês do período seco é
agosto e a temperatura do solo chega a 60ºC.
As plantas da caatinga possuem adaptações ao
clima, tais como folhas transformadas em espinhos,
cutículas altamente impermeáveis, caules suculentos.
Todas essas adaptações lhes conferem um aspecto
característico denominado xeromorfismo, do grego
xeros (seco) e morphos (forma, aspecto).
No Assentamento Caatinga Grande, em São João
do Seridó-RN, a água retirada do subsolo, a uma
profundidade de 22 metros, é salobra e imprópria
para o consumo. O açude mais próximo fica a 5 km.
Na década de 90 uma máquina dessalinizadora foi
instalada na comunidade. Porém, só a partir de
2006 é que os assentados passaram a capitanear
um sistema de reutilização dos resíduos da água
dessalinizada. E a vida começou a melhorar.
O dessalinizador instalado em São José do Seridó-RN é o
ponto de partida de um complexo produtivo. O equipamento
visa garantir a saúde dos assentados com água própria para
consumo humano e, ainda, ajudar a ampliar a renda com os
complexos de produção paralelos.
“A qualidade é garantida, pois a porosidade
da membrana do dessalinizador não permite
nem a passagem dos vírus, que são corpos
muito pequenos”, explica o engenheiro
agrônomo Everaldo Rocha Porto, pesquisador
da Embrapa Semi-árido.
O processo de dessalinização deixa 30% da água em
condições ideais para o consumo. O restante, uma
solução com alta concentração de sal, é impróprio para
o ser humano. Esse resíduo, que antes era deixado no
meio ambiente, é agora aproveitado:
Na criação de tilápias

São peixes nativos da América do Sul e da África, que


têm grande capacidade de sobrevivência e adaptação em
espaços pequenos e com baixa oxigenação. Por isso, foram
os primeiros peixes a serem criados em cativeiro pelos
egípcios, há quatro mil anos. Atualmente, essa é uma
das espécies mais criadas em cativeiros no mundo.
O assentamento conta com dois tanques de tilápias,
onde foram colocados 1,4 mil alevinos. São seis meses
até que os peixes fiquem prontos para o abate.
Durante a Semana Santa de
2007, os assentados venderam
as suas primeiras tilápias. Foram
comercializados 777 quilos do
peixe em São José do Seridó e
em outros municípios vizinhos ao
assentamento. Em média, cada
quilo saiu a R$ 4, o que resultou
em mais de R$ 3 mil.
O dinheiro obtido com a venda do peixe é dividido em
três partes: 25% são repartidos igualmente entre as três
famílias de assentados que trabalham no projeto; outra
quota de 25% é fracionada entre as três associações
existentes no assentamento, uma de pais, uma de mães
e outra de jovens. Os 50% restantes são depositados
numa conta bancária. O valor economizado é utilizado
na manutenção do projeto.
Para agregar valor à venda do peixe, os assentados
recebem orientações sobre como retirar o filé de tilápia,
fabricar lingüiça e inclusive hambúrguer.
Tudo isso, além de aprender a utilizar o óleo,
as vísceras e o couro na produção de sabão,
adubo orgânico e artesanato.
A água fertilizada pelas tilápias é retirada após
a despesca e reutilizada na irrigação de uma
horta. Atualmente, 10 mulheres trabalham ali na
produção de hortaliças.
Os tomates, beringelas, couves e salsas cultivados
nos canteiros enriquecem a alimentação dos
assentados, além de gerar boa renda.
O treinamento é realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) é responsável
por um curso de higiene e qualidade no processamento e
conservação do pescado, ministrado aos assentados.
A instalação do dessalinizador em comunidades
rurais faz parte do Programa Água Doce,
desenvolvido pelo Governo Federal e coordenado
pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA)
Na irrigação da erva-sal

A planta (Atriplex nummularia), nativa da Índia, tem


capacidade de se desenvolver retirando o sal de soluções
salobras. Posteriormente, a erva-sal ainda é usada na
fabricação de feno, que serve para alimentar a criação
de ovinos e caprinos.
A área cultivada é de sete mil metros
quadrados e abriga 864 pés da planta que
pode ser podada de quatro em quatro meses.
A primeira delas, em 2007, rendeu 2,3 quilos
por pé. As folhas foram processadas na
picotadeira e secadas ao sol. O feno obtido foi
misturado a um pouco de capim e servido ao
rebanho de cabras e ovelhas. O novo alimento
ainda não está servindo a todo o gado bovino
porque os animais precisam passar por uma
fase de adaptação.
A erva-sal tem em sua constituição até 18%
de proteína. “O capim-elefante, um dos mais
usados na região para alimentar o gado, tem
cerca de 10%”, compara Baltazar Gomes de
Oliveira, técnico agrícola do Incra.
Cícero Martins da Costa, fez o teste durante dois meses com
um touro pequeno: “Depois de 60 dias, o ‘toureco’ estava
com 235 quilos, 65 a mais do que quando é alimentado
com o concentrado de proteínas, vitaminas e sais minerais
normalmente utilizado”, conta, empolgado.
O reaproveitamento ainda diminuiu o gasto com a mão-de-obra.
“Antes, gastávamos R$ 700 por ano para desocupar os tanques
que recebiam a solução salobra resultante da dessalinização”,
contabiliza Seu Quirino, presidente da Associação de Pais do
assentamento.“Além disso, o cultivo da planta indiana é bastante
econômico. Em um ano, só precisou de duas adubações”.
Os recursos da APAM propiciam educação formal e um
futuro melhor para os jovens e crianças do assentamento
que conta com creche, escola de primeira à quarta série e
atendimento médico-odontológico.
A estrutura educacional inclui uma sala equipada com
computadores e impressora para o curso de informática e um
miniauditório para a realização de palestras e reuniões.
Os moradores também contam com um espaço de uso
coletivo, que abriga a biblioteca rural Arca das Letras
(um programa do MDA), sala para aulas de alfabetização
de jovens e adultos.
A principal fonte de renda das famílias tem sido a criação
de bovinos, ovinos e caprinos para a produção de leite.
De janeiro a maio, período chuvoso no Semi-árido, o rebanho do
assentamento chega a produzir 1,3 mil litros de leite por dia.
Mantendo a tradição seridoense, as mulheres do assentamento
também têm talento para bordar. O resultado são belas redes,
toalhas de banho e mesa, lençóis, fronhas, roupas de bebê, entre
outros artigos coloridos com bordados delicados em motivos
florais ou infantis.
Pelos cálculos de Cláudia Araújo Góis, 25 anos, uma
bordadeira ganha em média R$ 150 por mês. As peças são
vendidas para lojistas da região do Seridó e já foram levadas
até para a Europa.
“Uma toalha de mesa feita por nós foi vendida em São Paulo
para uma apresentadora de TV. Ela mostrou na televisão
e disse que tinha sido feito na região de Caicó”, conta,
orgulhosa, Eva Toscano de Araújo, 45 anos, outra bordadeira
do assentamento.
“A seca fez eu desertar da minha terra
mas felizmente Deus agora se alembrou
de mandar chuva pro meu sertão sofredor
sertão das muié séria, dos home trabaiadô.”
A volta da Asa Branca
Luiz Gonzaga / Zé Dantas
Fotos
Acervo MDA

Bibliografia
Portal Brasil Escola
Disponível em:
http://www.brasilescola.com/brasil/caatinga.htm
Acesso em 9/11/09

Portal Ambiente Brasil


Disponível em:
http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./natural/index.html&conteudo=./natural/biomas/caatinga.html
Acesso em 9/11/09

Revista Terra da Gente


MDA – Outubro/2009
Disponível em:
http://www.mda.gov.br/portal/index/show/index/cod/1816/codInterno/14571#
Acesso em 10/11/09

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