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Bolsonaro diz que sua proposta para policiais

na reforma não foi aceita pela categoria


O presidente fez o comentário durante coquetel da Embaixada
dos Estados Unidos, em Brasília, para celebrar o aniversário
de 243 anos de independência americana

Julia Lindner e Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo


03 de julho de 2019 | 21h23
BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro admitiu que sugeriu mudanças para a aposentadoria de
policiais que servem a União no texto da reforma da Previdência, em processo de apreciação na
Câmara, mas disse que a proposta não foi acatada. “Eu fiz uma excelente proposta, não aceitaram.
Agora vai para o voto”, lamentou ao ser questionado pelo Estadão/Broadcast sobre se teria feito
alguma orientação sobre o assunto, como informado por líderes da Câmara. Bolsonaro
completou dizendo que “o problema é que ninguém quer perder nada” e voltou a afirmar que “todos
têm que dar sua contribuição”.
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O presidente fez o comentário durante coquetel da Embaixada dos Estados Unidos, em Brasília,
para celebrar o aniversário de 243 anos de independência americana. Depois, confrontando com a
informação de que o acordo que contemplava os policiais foi derrubado, ele respondeu que “na
Previdência todo mundo vai ter que contribuir”.
Mais cedo, líderes anunciaram que tinham fechado um acordo. A proposta permitia que a categoria
conseguisse se aposentar com idade mínima de 53 anos (homem) e 52 anos (mulher). Na transição,
eles também teriam o direito ao último salário da carreira (integralidade) e reajustes iguais aos da
ativa (paridade) desde que cumprissem um pedágio de 100% sobre o tempo que faltasse para
trabalhar. Ou seja, se faltarem dois anos, o agente teria que trabalhar mais quatro anos.
A proposta original, enviada pelo governo em fevereiro, cria uma idade mínima de 55 anos para a
aposentadoria da categoria, com 30 anos de contribuição. As exigências foram mantidas na terceira
versão do parecer do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), lida na última terça-feira, 2, na
Comissão Especial que analisa a proposta na Câmara.
Hoje, não há idade mínima para policiais federais se aposentarem, e sim apenas uma exigência de
30 anos de contribuição, se homem, e 25 anos, se mulher.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o acordo fracassou. “Uma
concessão a policiais poderia gerar efeito cascata”, disse Maia, após reunião com Moreira e o
presidente da comissão especial , Marcelo Ramos (PL-AM). “Bolsonaro deve ter ligado para
parlamentares. É legítimo que o presidente ache que um bom acordo é melhor que um confronto”,
avaliou Maia.
Para Francisco Assis de Araújo Neto, que representa a Federação Nacional dos Policiais Federais
(FENAPEF), a nova regra era pior para os policiais. “Não houve acordo, é fake news. Só
promessas. Na hora de honrar, nada”, disse Ele criticou a postura da equipe econômica de não
honrar o que foi prometido pelo presidente. “Ele foi eleito com a bandeira da segurança”, afirmou.
(Colaboraram Adriana Fernandes, Eduardo Rodrigues, Fabrício de Castro e Camila Turtelli)

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