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CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO. DO PRINCIPIO DA IGUALDADE | O CONTEUDO JURIDICO | Til. CRITERIOS PARA IDENTIFICAGAO DO DESRESPEITO A ISONOMIA 12, Parece-nos que o reconhecimento das diferenciagdes que nfo podem ser feitas sem quebra da isonomia se divide em trés quests 48). primeira diz com o elemento tomado como fator de de- sigualacko; bb)a segunda reporia-sea cortelagdo logica abstrata existente entre 0 fatorerigido em critério de discrimen ¢ a disparidade es- tabelecida no tratamento juridico diversiticado: ¢) a terceira atina & consondncia desta correlagdo légica com 6 inseresses absorvidos no sistema constitucional e destartejuri- dicizados, Eclarecendo melhor: tem-se que investigar, de um Iado, aqui Jo que € adotado como critério diseriminatsro; de outro lado, cum pre verficar se hé justifiativa raciona, isto é, fundamento i co, para, & vista do trago desigualador acolhido, atribuir 0 espe cifico tratamento juridico construfdo em functo da desigualdade proclamada. Finalmente, impende analisar sea correlago ou fun damento racional abstratamente existence 6, in conereto, afinado 2 (© cONTENDO 1URDIcO 0 PRENCPHO DA UAL DADE com os valores prestigiados no sistema normative constitucional. A dizer: se guarda ou nao harmonia com cles Em suma: importa que exista mais que uma correlagdo 16- sca absirata entre o fator diferencial e a diferenciagao conse- qilente. Exige-se, ainda, haja uma correlagdo légiea conereta, (ou seja, aferida em funcio dos interesses abrigados no dircito Positive constitucional. E isto se traduz na consonancia ou dis- sondncia dela com as finalidades reeonkecidas como valiosas na Constituigo, Sé a conjungdo dos trés aspectos & que permite anise cor- seta do problema. Isto €: 2 hostilidade ao preceito isonémico pode residir em quaisquer deles. Nao basta, pois, reconhecer-se que uma regra de direito & ajustada ao principio da igualdade ‘no que pertine ao primeira aspecto. Cumpre que 0 seja, tam: bém, com relagZo ao segundo e ao terceiro. E claro que a ofen- sa 2 requistos do primero € suficiente para desqualificé-la. O ‘mesmo, eventualmente, sucederd por desatengio a exigéncias dos dlemais, porém quer-se deixar bem explicta « nevessidade de que norma juridica observe cumulativamente aos reelamos prove- nientes de todos os aspectos mencionados para ser inobjetivel em face do principio isonémica. Consideremos, entio, com a necessiria detenga, uma por ‘uma destas questdes em que se dividiu o tema para aclaramento didatico. IV, ISONOMIA E FATOR DE DISCRIMINACAO Sob este segmento, colocaremos em pauta dois requistos, a saber: 8) & lei nfo pode erigir em crtério diferencial um trago to specifica que singularize no presente e defInitvamente, de mo- do absoluto, um sujeito a ser colhide pelo regime peciliar; 'b) 0 traco diferencial adotado, necessariamente i de resdit ra pessoa, coisa ou situacio a ser diseriminada; ou se to.lgum que nfo existe nelas mesmas poder servir de base para assujeité-las a regimes diferentes, Procuremos aclarar estas duas asseredes. Af rmou-se que & lei nfo pode singularizar no presente de modo absoluto, o desti- natirio, ‘Com efeito, igualdade é principio que visa a duplo objet vvo, a saber: de um lado propiciar garantia individual (nfo ¢ sem azo que se acha inscupido em artigo subordinado & rubricacons- titucional “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”) contra pet- seguigdes e, de outro, tolher favoritismos, Ora, ale que, na forme aludida, singularizasse o destinaté-

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