. Passagem da Carta de Kant a Herz, explicando a questão a ser resolvida em vista
da solução do problema do conhecimento: “Em minha dissertação me contentei em explicar a natureza das representações intelectuais de modo apenas negativo, isto é, em afirmar que elas não eram modificações da alma provocadas pelo objeto. No entanto, deixei passar em silêncio a questão ulterior sobre como pode ser possível uma representação se referir a um objeto sem ser de forma alguma afetada por ele […]. Por que meios são essas [representações intelectuais] dadas a nós, se não pelo modo como elas nos afetam? E se essas representações intelectuais dependem da nossa atividade interna, de onde vem a concordância que se supõe elas têm com os objetos – objetos que todavia não podem ser produzidos por meio delas? […] Quanto a como meu entendimento pode formar por si mesmo conceitos de coisas completamente a priori, conceitos com os quais as coisas devem necessariamente concordar, e quanto a como meu entendimento pode formular princípios verdadeiros acerca da possibilidade de tais conceitos, princípios com os quais a experiência deve estar em plena concordância e que, no entanto, são independentes da experiência – essa questão, de como a faculdade do entendimento alcança essa conformidade com as próprias coisas, permanece ainda em um estado de obscuridade” (Ak., 10:130–131).