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Lei nº 6.

538, de 22 de junho de 1978

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Serviços Postais: Legislação

LEI Nº 6.538, DE 22 DE JUNHO DE 1978

Dispõe sobre os Serviços Postais.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA.

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

DISPOSIÇÃO PRELIMINAR

Art. 1º - Esta Lei regula os direitos e obrigações concernentes ao serviço postal


e ao serviço de telegrama em todo o território do País, incluídos as águas
territoriais e o espaço aéreo, assim como nos lugares em que princípios e
convenções internacionais lhes reconheçam extraterritorialidade.

Parágrafo único - O serviço postal e o serviço de telegrama internacionais são


regidos também pelas convenções e acordos internacionais ratificados ou
aprovados pelo Brasil.

TÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 2º - O serviço postal e o serviço de telegrama são explorados pela União,


através de empresa pública vinculada ao Ministério das Comunicações.

§ 1º - Compreende-se no objeto da empresa exploradora dos serviços:

a) planejar, implantar e explorar o serviço postal e o serviço de telegrama;


b) explorar atividades correlatas;
c) promover a formação e o treinamento de pessoal sério ao desempenho de
suas atribuições;
d) exercer outras atividades afins, autorizadas pelo Ministério das
Comunicações.
§ 2º - A empresa exploradora dos serviços, mediante autorização do Poder
Executivo, pode constituir subsidiárias para a prestação de serviços
compreendidos no seu objeto.

§ 3º - A empresa exploradora dos serviços, atendendo a conveniências


técnicas e econômicas, e sem prejuízo de suas atribuições e responsabilidades,
pode celebrar contratos e convênios objetivando assegurar a prestação dos
serviços, mediante autorização do Ministério das Comunicações.

§ 4º - Os recursos da empresa exploradora dos serviços são constituídos:

a) da receita proveniente da prestação dos serviços;


b) da venda de bens compreendidos no seu objeto;
c) dos rendimentos decorrentes da participação societária em outras
empresas;
d) do produto de operações de créditos;
e) de dotações orçamentárias;
f) de valores provenientes de outras fontes.

§ 5º - A empresa exploradora dos serviços tem sede no Distrito Federal.

§ 6º - A empresa exploradora dos serviços pode promover desapropriações de


bens ou direitos, mediante ato declamatório de sua utilidade pública, pela
autoridade federal.

§ 7º - O Poder Executivo regulamentará a exploração de outros serviços


compreendidos no objeto da empresa exploradora que vierem a ser criados.

Art. 3º - A empresa exploradora é obrigada a assegurar a continuidade dos


serviços, observados os índices de confiabilidade, qualidade, eficiência e outros
requisitos fixados pelo Ministério das Comunicações .

Art. 4º - É reconhecido a todos o direito de haver a prestação do serviço postal


e do serviço de telegrama, observadas as disposições legais e regulamentares.

Art. 5º - O sigilo da correspondência é inviolável. Parágrafo único - A ninguém


é permitido intervir no serviço postal ou no serviço de telegrama, salvo nos
casos e na forma previstos em lei.

Art. 6º - As pessoas encarregadas do serviço postal ou do serviço de telegrama


são obrigadas a manter segredo profissional sobre a existência de
correspondência e do conteúdo de mensagem de que tenham conhecimento
em razão de suas funções.
Parágrafo único - Não se considera violação do segredo profissional,
indispensável à manutenção do sigilo de correspondência a divulgação do

nome do destinatário de objeto postal ou de


telegrama que não tenha podido ser entregue por erro ou insuficiência de
endereço.

TÍTULO II

DO SERVIÇO POSTAL

Art. 7º - Constitui serviço postal o recebimento, expedição, transporte e


entrega de objetos de correspondência, valores e encomendas, conforme
definido em regulamento.

§ 1º - São objetos de correspondência:

a) carta;
b) cartão-postal;
c) impresso;
d) cecograma;
e) pequena-encomenda.

§ 2º - Constitui serviço postal relativo a valores:

a) remessa de dinheiro através de carta com valor declarado;


b) remessa de ordem de pagamento por meio de vale-postal;
c) recebimento de tributos, prestações, contribuições e obrigações pagáveis à
vista, por via postal.

§ 3º - Constitui serviço postal relativo a encomendas a remessa e entrega de


objetos, com ou sem valor mercantil, por via postal.

Art. 8º - São atividades correlatas ao serviço postal:

I - venda de selos, peças filatélicas, cupões resposta internacionais, impressos


e papéis para correspondência;

II - venda de publicações divulgando regulamentos, normas, tarifas, listas de


código de endereçamento e outros assuntos referentes ao serviço postal.

III - exploração de publicidade comercial em objetos correspondência.

Parágrafo único - A inserção de propaganda e a comercialização de publicidade


nos formulários de uso no serviço postal, bem como nas listas de código de
endereçamento postal, e privativa da empresa exploradora do serviço postal.
Art. 9º - São exploradas pela União, em regime de
monopólio, as seguintes atividades postais:

I - recebimento, transporte e entrega, no território nacional, e a expedição,


para o exterior, de carta e cartão-postal;

II - recebimento, transporte e entrega, no território nacional, e a expedição,


para o exterior, de correspondência agrupada:

III - fabricação, emissão de selos e de outras fórmulas de franqueamento


postal.

§ 1º - Dependem de prévia e expressa autorização da empresa exploradora do


serviço postal;

a) venda de selos e outras fórmulas de franqueamento postal;


b) fabricação, importação e utilização de máquinas de franquear
correspondência, bem como de matrizes para estampagem de selo ou carimbo
postal.

§ 2º - Não se incluem no regime de monopólio:

a) transporte de carta ou cartão-postal, efetuado entre dependências da


mesma pessoa jurídica, em negócios de sua economia, por meios próprios,
sem intermediação comercial;
b) transporte e entrega de carta e cartão-postal; executados eventualmente e
sem fins lucrativos, na forma definida em regulamento.

Art. 10º - Não constitui violação de sigilo da correspondência postal a abertura


de carta:

I - endereçada a homônimo, no mesmo endereço;

II - que apresente indícios de conter objeto sujeito a pagamento de tributos;

III - que apresente indícios de conter valor não declarado, objeto ou


substância de expedição, uso ou entrega proibidos;

IV - que deva ser inutilizada, na forma prevista em regulamento, em virtude


de impossibilidade de sua entrega e restituição. Parágrafo único - Nos casos
dos incisos II e III a abertura será feita obrigatoriamente na presença do
remetente ou do destinatário.

Art. 11º - Os objetos postais pertencem ao remetente até a sua entrega a


quem de direito.
§ 1° - Quando a entrega não tenha sido possível em
virtude de erro ou insuficiência de endereço, o objeto permanecerá à
disposição do destinatário, na forma definida em regulamento.

§ 2º - Quando nem a entrega, nem a restituição tenham sido possíveis, o


objeto será inutilizado, conforme disposto em regulamento.

§ 3º - Os impressos sem registro, cuja entrega não tenha sido possível, serão
inutilizados, na forma prevista em regulamento.

Art. 12º - O regulamento disporá sobre as condições de aceitação,


encaminhamento e entrega dos objetos postais, compreendendo, entre outras,
código de endereçamento, formato, limites de peso, valor e dimensões,
acondicionamento, franqueamento e registro.

§ l.º - Todo objeto postal deve conter, em caracteres latinos e algarismos


arábicos e no sentido de sua maior dimensão, o nome do destinatário e seu
endereço completo.

§ 2º - Sem prejuízo do disposto neste artigo, podem ser usados caracteres e


algarismos do idioma do país de destino.

Art. 13º - Não é aceito nem entregue:

I - objeto com peso, dimensões, volume, formato, endereçamento,


franqueamento ou acondicionamento em desacordo com as normas
regulamentares ou com as previstas em convenções e acordos internacionais
aprovados pelo Brasil;

II - substância explosiva, deteriorável, fétida, corrosiva ou facilmente


inflamável, cujo transporte constitua perigo ou possa danificar outro objeto;

III - cocaína, ópio, morfina, demais estupefacientes e outras substâncias de


uso proibido;

IV - objeto com endereço, dizeres ou desenho injuriosos, Ameaçadores,


ofensivos a moral ou ainda contrários a ordem pública ou aos interesses do
País;

V - animal vivo, exceto os admitidos em convenção internacional ratificada


pelo Brasil;

VI - planta viva;

VII - animal morto;


VIII - objeto cujas indicações de endereçamento não
permitam assegurar a correta entrega ao destinatário;

IX - objeto cuja circulação no País, exportação ou importação, estejam


proibidos por ato de autoridade competente.

§ 1º - A infringência a qualquer dos dispositivos de que trata este artigo


acarretará a apreensão ou retenção do objeto, conforme disposto em
regulamento, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.

§ 2º - O remetente de qualquer objeto postal é responsável, perante a


empresa exploradora do serviço postal, pela danificação produzida em outro
objeto em virtude de inobservância de dispositivos legais e regulamentares,
desde que não tenha havido erro ou negligência da empresa exploradora do
serviço postal ou do transporte.

Art. 14º - O objeto postal, além de outras distinções que venham a ser
estabelecidas em regulamento, se classifica:

I - quanto ao âmbito:

a) nacional -postado no território brasileiro e a ele destinado.


b) internacional - quando em seu curso intervier unidade postal fora da
jurisdição nacional.

II - quanto à postagem:

a) simples - quando postado em condições ordinárias,


b) qualificado - quando sujeito a condição especial de tratamento, quer por
solicitação do remetente, quer por exigência de dispositivo regulamentar.

III - quanto ao local de entrega:

a) de entrega interna - quando deva ser procurado e entregue em unidade de


atendimento da empresa exploradora.
b) de entrega externa - quando deva ser entregue no endereço indicado pelo
remetente.

Art. 15º - A empresa exploradora do serviço postal é obrigada a manter, em


suas unidades de atendimento, à disposição dos usuários, a lista dos códigos
de endereçamento postal.

§ 1º - A edição de listas dos códigos de endereçamento postal é da


competência exclusiva da empresa exploradora do serviço postal, que pode
contratá-la com terceiros, bem como autorizar sua reprodução total ou parcial.
§ 2º - A edição ou reprodução total ou parcial da lista
de endereçamento postal fora das condições regulamentares, sem expressa
autorização da empresa exploradora do serviço postal, sujeita quem a efetue à
busca e apreensão, dos exemplares e documentos a eles pertinentes, além da
indenização correspondente ao valor da publicidade neles inserta.

§ 3º - É facultada a edição de lista de endereçamento postal sem finalidade


comercial e de distribuição gratuita, conforme disposto em regulamento.

Art. 16º - Compete à empresa exploradora do serviço postal definir o tema ou


motivo dos selos postais, e programar sua emissão, conservadas as
disposições do regulamento.

Art. 17º - A empresa exploradora ao serviço postal responde, na forma


prevista em regulamento, pela perda ou danificação de objeto postal,
devidamente registrado, salvo nos casos de:

I - força maior;

II - confisco ou destruição por autoridade competente;

III - não reclamação nos prazos previstos em regulamento.

Art. 18º - A condução de malas postais é obrigatória em veículos, embarcações


e aeronaves em todas as empresas de transporte, ressalvados os motivos de
segurança, sempre que solicitada por autoridade competente, mediante justa
remuneração, na forma da lei.

§ 1º - O transporte de mala postal tem prioridade logo após o passageiro e


respectiva bagagem.

§ 2º - No transporte de malas postais e malotes de correspondência agrupada,


não incide o imposto sobre Transporte Rodoviário.

Art. 19º - Para embarque e desembarque de malas postais, coleta e entrega


de objetos postais, é permitido o estacionamento de viatura próximo às
unidades postais e caixas de coleta, bem como nas plataformas de embarque e
desembarque e terminais de carga, nas condições estabelecidas em
regulamento.

Art. 20º - Nos edifícios residenciais, com mais de um pavimento e que não
disponham de portaria, é obrigatória a instalação de caixas individuais para
depósito de objetos de correspondência.
Art. 21º - Nos estabelecimentos bancários,
hospitalares e de ensino, empresas industriais e comerciais, escritórios,
repartições públicas, associações e outros edifícios não residenciais de
ocupação coletivo, deve ser instalado, obrigatoriamente, no recinto de entrada,
em pavimento térreo, local destinado ao recebimento de objetos de
correspondência.

Art. 22º - Os responsáveis pelos edifícios, sejam os administradores, os


gerentes, os porteiros, zeladores ou empregados são credenciados a receber
objetos de correspondência endereçados a qualquer de suas unidades,
respondendo pelo seu extravio ou violação.

Art. 23º - As autoridades competentes farão constar dos códigos de obras


disposições referentes às condições previstas nos artigos 20 e 21 para entrega
de objetos de correspondência, como condição de "habite-se".

Art. 24º - Na construção de terminais rodoviários, ferroviários, marítimos e


aéreos, a empresa exploradora do serviço postal deve ser consultada quanto à
reserva de área para embarque, desembarque e triagem de malas postais.

TÍTULO III

DO SERVIÇO DE TELEGRAMA

Art. 25º - Constitui serviço de telegrama o recebimento, transmissão e entrega


de mensagens escritas, conforme definido em regulamento.

Art. 26º - São atividades correlatas ao serviço de telegrama:

I - venda de publicações divulgando regulamentos, normas, tarifas, e outros


assuntos referentes ao serviço de telegrama;

II - exploração de publicidade comercial em formulários de telegrama.

Parágrafo único - A inserção de propaganda e a comercialização de publicidade


nos formulários de uso no serviço de telegrama é privativa da empresa
exploradora do serviço de telegrama.

Art. 27º - O serviço público de telegrama é explorado pela União em regime de


monopólio.

Art. 28º - Não constitui violação do sigilo de correspondência o conhecimento


do texto de telegrama endereçado a homônimo, no mesmo endereço.

Art. 29º - Não é aceito nem entregue telegrama que:


I - seja anônimo;

II - contenha dizeres injuriosos, ameaçadores, ofensivos à moral, ou ainda,


contrários à ordem pública e aos interesses do País;

III - possa contribuir para a perpetração de crime ou contravenção ou


embaraçar ação da justiça ou da administração;

IV - contenha notícia alarmante, reconhecidamente falsa;

V - Esteja em desacordo com disposições legais ou convenções e acordos


internacionais ratificados ou aprovados pelo Brasil.

§ 1º - Não se considera anônimo o telegrama transmitido sem assinatura, por


permissão regulamentar.

§ 2º - Podem ser exigidas identificação e assinatura do expedidor do


telegrama, não se responsabilizando, em qualquer caso, a empresa expedidora
pelo conteúdo da mensagem.

§ 3º - O telegrama que, por infração de dispositivo legal, não deva ser


transmitido ou entregue será considerado apreendido.

§ 4º - O telegrama que, por indício de infração de dispositivo legal, ou por


mandado judicial, deva ser entregue depois de satisfeitos formalidades
exigíveis será considerado retido.

§ 5º - Quando o telegrama não puder ser entregue, o ato será comunicado ao


expedidor.

Art. 30º - O telegrama, além de outras categorias que venham a ser


estabelecidas em regulamento, se classifica:

I - Quanto ao âmbito:

a) nacional - expedido no território brasileiro e a ele destinado;


b) internacional - quando, em seu curso, intervier estação fora da jurisdição
nacional

II - Quanto a linguagem:

a) corrente - texto compreensível pelo sentido que apresenta;


b) cifrada - texto redigido em linguagem codificada, com chave previamente
registrada.
III - Quanto à apresentação:

a) simples - que deva ter curso e entrega sem condições especiais de


tratamento;
b) urgente - que deva ter prioridade de transmissão e entrega, quer a pedido
do expedidor, quer por exigência de dispositivo regulamentar.

IV - Quanto à entrega:

a) de entrega interna - quando deve ser procurado e entregue em unidade de


atendimento da empresa exploradora do serviço;
b) de entrega externa - quando deva ser entregue no endereço indicado pelo
expedidor.

§ 1º - Na redação de telegrama em linguagem corrente podem ser utilizados,


além do português, os idiomas especificados quando deva ser procurado e
entregue em unidade de atendimento da empresa exploradora do serviço;

§ 2º - Para expedição de telegrama em linguagem cifrada, salvo nos casos


previstos em regulamento, e obrigatória a indicação do código, previamente
registrado, utilizado na sua redação, podendo seu trafego ser suspenso pelo
Ministro das Comunicações, quando o interesse público o exigir.

§ 3º - A empresa exploradora do serviço de telegrama responde pelos atrasos


ocorridos na transmissão ou entrega de telegrama, nas condições definidas em
regulamento.

Art. 31º - Para a constituição da rede de transmissão de telegrama, é


assegurada à empresa exploradora do serviço de telegrama, a utilização dos
meios de telecomunicações das empresas exploradoras de serviços públicos de
telecomunicações, bem como suas conexões internacionais, mediante justa
remuneração.

TÍTULO IV

DA REMUNERAÇÃO DOS SERVIÇOS

Art. 32º - O serviço postal e o serviço de telegrama são remunerados através


de tarifas, de preços, além de prêmios "ad valorem" com relação ao primeiro,
aprovados pelo Ministério das Comunicações.

Art. 33º - Na fixação das tarifas, preços e prêmios "ad valorem", são levados
em consideração natureza, âmbito, tratamento e demais condições de
prestação dos serviços.
§ 1º - As tarifas e os preços devem proporcionar:

a) cobertura dos custos operacionais;


b) expansão e melhoramento dos serviços.

§ 2º - Os prêmios "ad valorem" são fixados em função do valor declarado nos


objetos postais.

Art. 34º - É vedada a concessão de isenção ou redução subjetiva das tarifas,


preços e prêmios "ad valorem", ressalvados os casos de calamidade pública e
os previstos nos atos internacionais devidamente ratificados, na forma do
disposto em regulamento

Art. 35º - A empresa exploradora do serviço postal aplicará a pena de multa,


em valor não superior a 2 (dois) valores padrão de referência, na forma
prevista em regulamento, a quem omitir a declaração de valor de objeto postal
sujeito a esta exigência.

TÍTULO V

DOS CRIMES CONTRA O SERVIÇO POSTAL

E O SERVIÇO DE TELEGRAMA FALSIFICAÇÃO DE SELO,

FÓRMULA DE FRANQUEAMENTO OU VALE POSTAL.

Art. 36º - Falsificar, fabricando ou adulterando, selo, outra fórmula de


franqueamento ou vale-postal: Pena: reclusão, até oito anos, e pagamento de
cinco a quinze dias-multa.

USO DE SELO,

FÓRMULA DE FRANQUEAMENTO OU

VALE-POSTAL FALSIFICADOS.

Parágrafo único - Incorre nas mesmas penas quem importa ou exporta,


adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece, utiliza ou restitui à
circulação, selo, outra fórmula de franqueamento ou vale-postal falsificados.

SUPRESSÃO DE SINAIS DE UTILIZAÇÃO

Art. 37º - Suprimir, em selo, outra fórmula de franqueamento ou vale- postal,


quando legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis; carimbo ou
sinal indicativo de sua utilização: Pena: reclusão, até
quatro anos, e pagamento de cinco a quinze dias-multa.

FORMA ASSIMILADA

§ 1º - Incorre nas mesmas penas quem usa, vende, fornece ou guarda, depois
de alterado, selo, outra fórmula de franqueamento ou vale-postal.

§ 2º - Quem usa ou restitui a circulação, embora recebido de boa fé, selo,


outra fórmula de franqueamento ou vale-postal, depois de conhecer a falsidade
ou alteração, incorre na pena de detenção, de três meses a um ano, ou
pagamento de três a dez dias-multa.

APETRECHOS DE FALSIFICAÇAO DE SELO,

FÓRMULA DE FRANQUEAMENTO OU VALE-POSTAL

Art. 38º - Fabricar, adquirir, fornecer, ainda que gratuitamente, possuir,


guardar, ou colocar em circulação objeto especialmente destinado à falsificação
de selo, outra fórmula de franqueamento ou vale-postal. Pena: reclusão, até
três anos, e pagamento de cinco a quinze dias-multa.

REPRODUÇÃO E ADULTERAÇÃO DE PEÇA FILATÉLICA

Art. 39º - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica de valor para coleção,
salvo quando a reprodução ou a alteração estiver visivelmente anotada na face
ou no verso do selo ou peça: Pena: detenção, até dois anos, e pagamento de
três a dez dias-multa.

FORMA ASSIMILADA

Parágrafo único - Incorre nas mesmas penas, quem, para fins de comércio, faz
uso de selo ou peça filatélica de valor para coleção, ilegalmente reproduzidos
ou alterados.

VIOLAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA

Art. 40º - Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada


dirigida a outrem: Pena: detenção, até seis meses, ou pagamento não
excedente a vinte dias-multa.

SONEGAÇÃO OU DESTRUIÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA.


§ 1º - Incorre nas mesmas penas quem se apossa
indevidamente de correspondência alheia, embora não fechada, para sonegá-la
ou destruí-la, no todo ou em parte.

AUMENTO DE PENA

§ 2º - As penas aumentam-se da metade se há dano para outrem.

QUEBRA DO SEGREDO PROFISSIONAL

Art. 41º - Violar segredo profissional, indispensável à manutenção do sigilo da


correspondência mediante:

I - divulgação de nomes de pessoas que mantenham, entre si,


correspondência;

II - divulgação, no todo ou em parte, de assunto ou texto de correspondência


de que, em razão ao oficio, se tenha conhecimento;

III - revelação do nome de assinante de caixa postal ou o número desta,


quando houver pedido em contrario do usuário;

IV - revelação do modo pelo qual ou do local especial em que qualquer pessoa


recebe correspondência ; Pena: detenção de três meses a um ano, ou
pagamento não excedente a cinqüenta dias-multa.

VIOLAÇÃO DO PRIVILÉGIO POSTAL DA UNIÃO

Art. 42º - Coletar, transportar, transmitir ou distribuir, sem observância das


condições legais, objetos de qualquer natureza sujeitos ao monopólio da União,
ainda que pagas as tarifas postais ou de telegramas. Pena: detenção, até dois
meses, ou pagamento não excedente a dez dias-multa.

FORMA ASSIMILADA

Parágrafo único - Incorre nas mesmas penas quem promova ou facilite o


contra bando postal ou pratique qualquer ato que importe em violação do
monopólio exercido pela União sobre os serviços postais e de telegramas.

AGRAVAÇÃO DE PENA

Art. 43º - Os crimes contra o serviço postal, ou serviço de telegrama quando


praticados por pessoa prevalecendo-se do cargo, ou em abuso da função, terão
pena agravada.
PESSOA JURÍDICA

Art. 44º - Sempre que ficar caracterizada a vinculação de pessoa jurídica em


crimes contra o serviço postal ou serviço de telegrama, a responsabilidade
penal incidirá também sobre o dirigente da empresa que, de qualquer modo
tenha contribuído para a pratica do crime.

REPRESENTAÇÃO

Art. 45º - A autoridade administrativa, a partir da data em que tiver ciência da


prática de crime relacionado com o serviço postal ou com o serviço de
telegrama, é obrigada a representar, no prazo de 10 (dez) dias, ao Ministério
Público Federal contra o autor ou autores do ilícito penal, sob pena de
responsabilidade.

PROVAS DOCUMENTAIS E PERICIAIS

Art. 46º - O Ministério das Comunicações colaborará com a entidade policial,


fornecendo provas que forem colhidas em inquéritos ou processos
administrativos e, quando possível, indicando servidor para efetuar perícias e
acompanhar os agentes policiais em suas diligências.

TÍTULO VI

DAS DEFINIÇÕES

Art. 47º - Para os efeitos desta Lei, são adotadas as seguintes definições:

CARTA - objeto de correspondência, com ou sem envoltório, sob a forma de


comunicação escrita, de natureza administrativa social, comercial, ou qualquer
outra, que contenha informação de interesse específico do destinatário.

CARTÃO-POSTAL - objeto de correspondência, de material consistente, sem


envoltório, contendo mensagem e endereço.

CECOGRAMA - objeto de correspondência impresso em relevo, para uso dos


cegos. Considera-se também cecograma o material impresso para uso dos
cegos.

CÓDIGO DE ENDEREÇAMENTO POSTAL - conjunto de números, ou letras e


números, gerados segundo determinada lógica, que identifiquem um local.

CORRESPONDÊNCIA - toda comunicação de pessoa a pessoa, por meio de


carta, através da via postal, ou por telegrama.
CORRESPONDÊNCIA AGRUPADA - reunião, em
volume, de objetos da mesma ou de diversas naturezas, quando, pelo menos
um deles, for sujeito ao monopólio postal, remetidos a pessoas jurídicas de
direito público ou privado e/ou suas agências, filiais ou representantes.

CUPÃO-RESPOSTA INTERNACIONAL - título ou documento de valor postal


permutável em todo país membro da União Postal Universal por um ou mais
selos postais, destinados a permitir ao expedidor pagar para seu
correspondente no estrangeiro o franqueamento de uma carta para resposta.

ENCOMENDA - objeto com ou sem valor mercantil, para encaminhamento por


via postal.

ESTAÇÃO - um ou vários transmissores ou receptores, ou um conjunto de


transmissores e receptores, incluindo os equipamentos acessórios necessários,
para assegurar um serviço de telecomunicação em determinado local.

FÓRMULA DE FRANQUEAMENTO - representação material de pagamento de


prestação de um serviço postal.

FRANQUEAMENTO POSTAL - pagamento de tarifa e, quando for o caso, do


prêmio, relativos a objeto postal. diz-se também da representação da tarifa.

IMPRESSO - reprodução obtida sobre material de uso corrente na imprensa,


editado em vários exemplares idênticos.

OBJETO POSTAL - qualquer objeto de correspondência, valor ou encomenda


encaminhado por via postal.

PEQUENA ENCOMENDA - objeto de correspondência, com ou sem valor


mercantil, com peso limitado, remetido sem fins comerciais.

PREÇO - remuneração das atividades conotadas ao serviço postal ou ao serviço


de telegrama.

PRÊMIO - importância fixada percentualmente sobre o valor declarado dos


objetos postais, a ser paga pelos usuários de determinados serviços para
cobertura de riscos.

REGISTRO - forma de postagem qualificada, na qual o objeto é confiado ao


serviço postal contra emissão de certificado.

SELO - estampilha postal, adesiva ou fixa, bem com a estampa produzida por
meio de máquina de franquear correspondência, destinadas a comprovar o
pagamento da prestação de um serviço postal.
TARIFA - valor, fixado em base unitária, pelo qual se determina a importância
a ser paga pelo usuário do serviço postal ou do serviço de telegramas.

TELEGRAMA - mensagem transmitida por sinalização elétrica ou radioelétrica,


ou qualquer outra forma equivalente, a ser convertida em comunicação escrita,
para entrega ao destinatário.

VALE-POSTAL - título emitido por uma unidade postal à vista de um depósito


de quantia para pagamento na mesma ou em outra unidade postal. Parágrafo
único - São adotadas, no que couber, para os efeitos desta Lei, as definições
estabelecidas em convenções e acordos internacionais.

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 48º - O Poder Executivo baixará os decretos regulamentares decorrentes


desta Lei em prazo não superior a 1 (um) ano, a contar da data de sua
publicação, permanecendo em vigor as disposições constantes dos atuais e que
não tenham sido, explícita ou implicitamente, revogados ou derrogados.

Art. 49º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as
disposições em contrário.

Brasília, em 22 de junho de 1978; 157º da Independência e 90º da República.

ERNESTO GEISEL

Armando Falcão

Euclides Quandt de Oliveira

D.O.U. 23/06/1978

LEI Nº 8.078, de 11 de setembro de 1990

CÓDIGO DE PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR

Dispõe sobre a Proteção do Consumidor e dá outras Providências.

TÍTULO I

Dos Direitos do Consumidor

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Art. 1º - O presente Código estabelece normas de proteção e defesa do


consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos artigos 5,
inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e Art. 48 de suas
Disposições Transitórias.

Art. 2º - Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza


produto ou serviço como destinatário final.

Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda


que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

Art. 3º - Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,


nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.

§ 1º - Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

§ 2º - Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo,


mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de
crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

CAPÍTULO II

Da Política Nacional de Relações de Consumo

Art. 4º - A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o


atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade,
saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da
sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de
consumo, atendidos os seguintes princípios:

I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;

II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:

a) por iniciativa direta;

b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;

c) pela presença do Estado no mercado de consumo;

d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade,


segurança, durabilidade e desempenho;

III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e


compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de
desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios
nos quais se funda a ordem econômica (Art. 170, da Constituição Federal),
sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e
fornecedores;

IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus


direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;

V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de


qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos
alternativos de solução de conflitos de consumo;

VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado


de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos
e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que
possam causar prejuízos aos consumidores;

VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;

VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.

Art. 5º - Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo,


contará o Poder Público com os seguintes instrumentos, entre outros:

I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor


carente;

II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito


do Ministério Público;

III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de


consumidores vítimas de infrações penais de consumo;

IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas


para a solução de litígios de consumo;

V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de


Defesa do Consumidor.

§ 1º - (Vetado).

§ 2º - (Vetado).

CAPÍTULO III

Dos Direitos Básicos do Consumidor

Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:


I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por
práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou
nocivos;

II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e


serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços,


com especificação correta de quantidade, características, composição,
qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais


coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou
impostas no fornecimento de produtos e serviços;

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações


desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as
tornem excessivamente onerosas;

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,


individuais, coletivos e difusos;

VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com vistas à prevenção


ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos,
assegurada a proteção jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus


da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiência;

IX - (Vetado).

X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.

Art. 7º - Os direitos previstos neste Código não excluem outros decorrentes de


tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da
legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades
administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais
do direito, analogia, costumes e eqüidade.

Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão


solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.

CAPÍTULO IV
Da Qualidade de Produtos e Serviços, da Prevenção e da Reparação dos Danos

SEÇÃO I

Da Proteção à Saúde e Segurança

Art. 8º - Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não


acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os
considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição,
obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações
necessárias e adequadas a seu respeito.

Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe


prestar os informações a que se refere este artigo, através de impressos
apropriados que devam acompanhar o produto.

Art. 9º - O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou


perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e
adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da
adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.

Art. 10 - O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou


serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou
periculosidade à saúde ou segurança.

§ 1º - O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua


introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que
apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades
competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários.

§ 2º - Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão


veiculados na imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do
produto ou serviço.

§ 3º - Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou


serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito.

Art. 11 - (Vetado).

SEÇÃO II

Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço

Art. 12 - O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o


importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de
projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação,
apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

§ 1º - O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele


legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:

I - sua apresentação;

II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III - a época em que foi colocada em circulação.

§ 2º - O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor


qualidade ter sido colocado no mercado.

§ 3º - O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será


responsabilizado quando provar:

I - que não colocou o produto no mercado;

II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;

III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Art. 13 - O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo


anterior, quando:

I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser


identificados;

II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor,


construtor ou importador;

III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.

Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá


exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua
participação na causação do evento danoso.

Art. 14 - O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência


de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua fruição e riscos.

§ 1º - O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o


consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;

II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III - a época em que foi fornecido.

§ 2º - O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.

§ 3º - O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:

I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

§ 4º - A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada


mediante a verificação de culpa.

Art. 15 - (Vetado).

Art. 16 - (Vetado).

Art. 17 - Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as


vítimas do evento.

SEÇÃO III

Da Responsabilidade Por Vício do Produto e do Serviço

Art. 18 - Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis


respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os
tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes
diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem
publicitária, respeitadas os variações decorrentes de sua natureza, podendo o
consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

§ 1º - Não sendo o vício sanado no prazo máximo de 30 (trinta) dias, pode o


consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas


condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem


prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.


§ 2º - Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo
previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a 7 (sete) nem
superior a 180 (cento e oitenta) dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de
prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação
expressa do consumidor.

§ 3º - O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1º deste


artigo, sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes
viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto,
diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.

§ 4º - Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1º deste


artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição
por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou
restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos
incisos II e III do § 1º deste artigo.

§ 5º - No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável


perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado
claramente seu produtor.

§ 6º - São impróprios ao uso e consumo:

I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;

II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados,


corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda,
aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação,
distribuição ou apresentação;

III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a


que se destinam.

Art. 19 - Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade


do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza,
seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da
embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor
exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - o abatimento proporcional do preço;

II - complementação do peso ou medida;

III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo,


sem os aludidos vícios;

IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem


prejuízo de eventuais perdas e danos.
§ 1º - Aplica-se a este artigo o disposto no § 4º do artigo anterior.

§ 2º - O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a


medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões
oficiais.

Art. 20 - O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os


tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por
aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou
mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua
escolha:

I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem


prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

§ 1º - A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente


capacitados, por conta e risco do fornecedor.

§ 2º - São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins


que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as
normas regulamentares de prestabilidade.

Art. 21 - No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de


qualquer produto considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de
empregar componentes de reposição originais adequados e novos, ou que
mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes
últimos, autorização em contrário do consumidor.

Art. 22 - Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias,


permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos
essenciais, contínuos.

Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das


obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a
cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste Código.

Art. 23 - A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por


inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade.

Art. 24 - A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de


termo expresso, vedada a exoneração contratual do fornecedor.
Art. 25 - É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite,
exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas Seções
anteriores.

§ 1º - Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos


responderão solidariamente pela reparação prevista nesta e nas Seções
anteriores.

§ 2º - Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto


ou serviço, são responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou
importador e o que realizou a incorporação.

SEÇÃO IV

Da Decadência e da Prescrição

Art. 26 - O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação


caduca em:

I - 30 (trinta) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto não


duráveis;

II - 90 (noventa) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto


duráveis.

§ 1º - Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do


produto ou do término da execução dos serviços.

§ 2º - Obstam a decadência:

I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o


fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que
deve ser transmitida de forma inequívoca;

II - (Vetado).

III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.

§ 3º - Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento


em que ficar evidenciado o defeito.

Art. 27 - Prescreve em 5 (cinco) anos a pretensão à reparação pelos danos


causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste
Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e
de sua autoria.

Parágrafo único. (Vetado).


SEÇÃO V

Da Desconsideração da Personalidade Jurídica

Art. 28 - O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade


quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de
poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato
social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência,
estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica
provocados por má administração.

§ 1º - (Vetado).

§ 2º - As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades


controladas são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes
deste Código.

§ 3º - As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas


obrigações decorrentes deste Código.

§ 4º - As sociedades coligadas só responderão por culpa.

§ 5º - Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua


personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
causados aos consumidores.

CAPÍTULO V

Das Práticas Comerciais

SEÇÃO I

Das Disposições Gerais

Art. 29 - Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos


consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas
nele previstas.

SEÇÃO II

Da Oferta

Art. 30 - Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada


por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços
oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se
utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
Art. 31 - A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar
informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa
sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço,
garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os
riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.

Art. 32 - Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de


componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou
importação do produto.

Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser


mantida por período razoável de tempo, na forma da lei.

Art. 33 - Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve


constar o nome do fabricante e endereço na embalagem, publicidade e em
todos os impressos utilizados na transação comercial.

Art. 34 - O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável


pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos.

Art. 35 - Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à


oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e
à sua livre escolha:

I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta,


apresentação ou publicidade;

II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;

III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente


antecipada, monetariamente atualizada, e perdas e danos.

SEÇÃO III

Da Publicidade

Art. 36 - A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil
e imediatamente, a identifique como tal.

Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços,


manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados
fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.

Art. 37 - É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.

§ 1º - É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de


caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo,
mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da
natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e
quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.

§ 2º - É abusiva, dentre outras, a publicidade discriminatória de qualquer


natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se
aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita
valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar
de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.

§ 3º - Para os efeitos deste Código, a publicidade é enganosa por omissão


quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço.

§ 4º - (Vetado).

Art. 38 - O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou


comunicação publicitária cabe a quem as patrocina.

SEÇÃO IV

Das Práticas Abusivas

Art. 39 - É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras


práticas abusivas:

I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de


outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;

II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de


suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e
costumes;

III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer


produto, ou fornecer qualquer serviço;

IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista


sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus
produtos ou serviços;

V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;

VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização


expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores
entre as partes;

VII - repassar informação depreciativa referente a ato praticado pelo


consumidor no exercício de seus direitos;

VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em


desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se
Normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial - CONMETRO;

IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem


se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de
intermediação regulados em leis especiais:

X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços.

XI - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente


estabelecido.

XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar


a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério.

Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues


ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras
grátis, inexistindo obrigação de pagamento.

Art. 40 - O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor


orçamento prévio discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e
equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as
datas de início e término dos serviços.

§ 1º - Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo


de 10 (dez) dias, contados de seu recebimento pelo consumidor.

§ 2º - Uma vez aprovado pelo consumidor o orçamento obriga os contraentes


e somente pode ser alterado mediante livre negociação das partes.

§ 3º - O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos


decorrentes da contratação de serviços de terceiros, não previstos no
orçamento prévio.

Art. 41 - No caso de fornecimento de produtos ou de serviços sujeitos ao


regime de controle ou de tabelamento de preços, os fornecedores deverão
respeitar os limites oficiais sob pena de, não o fazendo, responderem pela
restituição da quantia recebida em excesso, monetariamente atualizada,
podendo o consumidor exigir, à sua escolha, o desfazimento do negócio, sem
prejuízo de outras sanções cabíveis.

SEÇÃO V

Da Cobrança de Dívidas

Art. 42 - Na cobrança de débitos o consumidor inadimplente não será exposto


a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.

Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à


repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso,
acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano
justificável.

SEÇÃO VI

Dos Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores

Art. 43 - O consumidor, sem prejuízo do disposto no Art. 86, terá acesso às


informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de
consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes.

§ 1º - Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros,


verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter
informações negativas referentes a período superior a 5 (cinco) anos.

§ 2º - A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo


deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por
ele.

§ 3º - O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e


cadastros, poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo
de 5 (cinco) dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários das
informações incorretas.

§ 4º - Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços


de proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades de caráter
público.

§ 5º - Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor,


não serão fornecidas, pelos respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito,
quaisquer informações que possam impedir ou dificultar novo acesso ao crédito
junto aos fornecedores.

Art. 44 - Os órgãos públicos de defesa do consumidor manterão cadastros


atualizados de reclamações fundamentadas contra fornecedores de produtos e
serviços, devendo divulgá-los pública e anualmente. A divulgação indicará se a
reclamação foi atendida ou não pelo fornecedor.

§ 1º - É facultado o acesso às informações lá constantes para orientação e


consulta por qualquer interessado.

§ 2º - Aplicam-se a este artigo, no que couber, as mesmas regras enunciadas


no artigo anterior e as do parágrafo único do Art. 22 deste Código.
Art. 45 - (Vetado).

CAPÍTULO VI

Da Proteção Contratual

SEÇÃO I

Disposições Gerais

Art. 46 - Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os


consumidores se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento
prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de
modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.

Art. 47 - As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais


favorável ao consumidor.

Art. 48 - As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos


e pré-contratos relativos às relações de consumo, vinculam o fornecedor,
ensejando inclusive execução específica, nos termos do Art. 84 e parágrafos.

Art. 49 - O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 (sete) dias a


contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço,
sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora
do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.

Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento


previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título,
durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente
atualizados.

Art. 50 - A garantia contratual é complementar a legal e será conferida


mediante termo escrito.

Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e


esclarecer, de maneira adequada, em que consiste a mesma garantia, bem
como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo
do consumidor, devendo ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo
fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de
instalação e uso de produto em linguagem didática, com ilustrações.

SEÇÃO II

Das Cláusulas Abusivas

Art. 51 - São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais


relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por
vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou
disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o
consumidor-pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações
justificáveis;

II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos


casos previstos neste Código;

III - transfiram responsabilidades a terceiros;

IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o


consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé
ou a eqüidade;

V - (Vetado).

VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;

VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;

VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico


pelo consumidor;

IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora


obrigando o consumidor;

X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de


maneira unilateral;

XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que


igual direito seja conferido ao consumidor;

XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua


obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;

XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a


qualidade do contrato, após sua celebração;

XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;

XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;

XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias


necessárias.

§ 1º - Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:


I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;

II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do


contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou o equilíbrio contratual;

III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a


natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras
circunstâncias peculiares ao caso.

§ 2º - A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato,


exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer
ônus excessivo a qualquer das partes.

§ 3º - (Vetado).

§ 4º - É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente


requerer ao Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada
a nulidade de cláusula contratual que contrarie o disposto neste Código ou de
qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das
partes.

Art. 52 - No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de


crédito ou concessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá,
entre outros requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre:

I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;

II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros;

III - acréscimos legalmente previstos;

IV - número e periodicidade das prestações;

V - soma total a pagar, com e sem financiamento.

§ 1º - As multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigações no seu


termo não poderão ser superiores a dois por cento do valor da prestação.

§ 2º - É assegurada ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou


parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos.

§ 3º - (Vetado).

Art. 53 - Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante


pagamento em prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia,
consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda
total das prestações pagas em benefício do credor que, em razão do
inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto
alienado.

§ 1º - (Vetado).

§ 2º - Nos contratos do sistema de consórcio de produtos duráveis, a


compensação ou a restituição das parcelas quitadas, na forma deste artigo,
terá descontada, além da vantagem econômica auferida com a fruição, os
prejuízos que o desistente ou inadimplente causar ao grupo.

§ 3º - Os contratos de que trata o caput deste artigo serão expressos em


moeda corrente nacional.

SEÇÃO III

Dos Contratos de Adesão

Art. 54 - Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas


pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor
de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar
substancialmente seu conteúdo.

§ 1º - A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão


do contrato.

§ 2º - Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que


alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no §
2º do artigo anterior.

§ 3º - Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com


caracteres ostensivos e legíveis, de modo a facilitar sua compreensão pelo
consumidor.

§ 4º - As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão


ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.

§ 5º - (Vetado).

CAPÍTULO VII

Das Sanções Administrativas

Art. 55 - A União, os Estados e o Distrito Federal, em caráter concorrente e nas


suas respectivas áreas de atuação administrativa, baixarão normas relativas à
produção, industrialização, distribuição e consumo de produtos e serviços.

§ 1º - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios fiscalizarão e


controlarão a produção, industrialização, distribuição, a publicidade de
produtos e serviços e o mercado de consumo, no interesse da preservação da
vida, da saúde, da segurança, da informação e do bem-estar do consumidor,
baixando as normas que se fizerem necessárias.

§ 2º - (Vetado).

§ 3º - Os órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais com


atribuições para fiscalizar e controlar o mercado de consumo manterão
comissões permanentes para elaboração, revisão e atualização das normas
referidas no § 1º, sendo obrigatória a participação dos consumidores e
fornecedores.

§ 4º - Os órgãos oficiais poderão expedir notificações aos fornecedores para


que, sob pena de desobediência, prestem informações sobre questões de
interesse do consumidor, resguardado o segredo industrial.

Art. 56 - As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas,


conforme o caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de
natureza civil, penal e das definidas em normas específicas:

I - multa;

II - apreensão do produto;

III - inutilização do produto;

IV - cassação do registro do produto junto ao órgão competente;

V - proibição de fabricação do produto;

VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço;

VII - suspensão temporária de atividade;

VIII - revogação de concessão ou permissão de uso;

IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade;

X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade;

XI - intervenção administrativa;

XII - imposição de contrapropaganda.

Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo serão aplicadas pela


autoridade administrativa, no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas
cumulativamente, inclusive por medida cautelar antecedente ou incidente de
procedimento administrativo.
Art. 57 - A pena de multa, graduada de acordo com a gravidade da infração, a
vantagem auferida e a condição econômica do fornecedor, será aplicada
mediante procedimento administrativo, revertendo para o Fundo de que trata a
Lei Nº 7.347, de 24 de julho de 1985, os valores cabíveis à União, ou para os
Fundos estaduais ou municipais de proteção ao consumidor nos demais casos.

Parágrafo único. A multa será em montante não inferior a duzentas e não


superior a três milhões de vezes o valor da Unidade Fiscal de Referência -
UFIR, ou índice equivalente que venha a substituí-lo.

Art. 58 - As penas de apreensão, de inutilização de produtos, de proibição de


fabricação de produtos, de suspensão do fornecimento de produto ou serviço,
de cassação do registro do produto e revogação da concessão ou permissão de
uso serão aplicadas pela administração, mediante procedimento
administrativo, assegurada ampla defesa, quando forem constatados vícios de
quantidade ou de qualidade por inadequação ou insegurança do produto ou
serviço.

Art. 59 - As penas de cassação de alvará de licença, de interdição e de


suspensão temporária da atividade, bem como a de intervenção administrativa
serão aplicadas mediante procedimento administrativo, assegurada ampla
defesa, quando o fornecedor reincidir na prática das infrações de maior
gravidade previstas neste Código e na legislação de consumo.

§ 1º - A pena de cassação da concessão será aplicada à concessionária de


serviço público quando violar obrigação legal ou contratual.

§ 2º - A pena de intervenção administrativa será aplicada sempre que as


circunstâncias de fato desaconselharem a cassação de licença, a interdição ou
suspensão da atividade.

§ 3º - Pendendo ação judicial na qual se discuta a imposição de penalidade


administrativa, não haverá reincidência até o trânsito em julgado da sentença.

Art. 60 - A imposição de contrapropaganda será cominada quando o


fornecedor incorrer na prática de publicidade enganosa ou abusiva, nos termos
do Art. 36 e seus parágrafos, sempre às expensas do infrator.

§ 1º - A contrapropaganda será divulgada pelo responsável da mesma forma,


freqüência e dimensão e, preferencialmente no mesmo veículo, local, espaço e
horário, de forma capaz de desfazer o malefício da publicidade enganosa ou
abusiva.

§ 2º - (Vetado).

§ 3º - (Vetado).
TÍTULO II

Das Infrações Penais

Art. 61 - Constituem crimes contra as relações de consumo previstas neste


Código, sem prejuízo do disposto no Código Penal e leis especiais, as condutas
tipificadas nos artigos seguintes.

Art. 62 - (Vetado).

Art. 63 - Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou


periculosidade de produtos, nas embalagens, nos invólucros, recipientes ou
publicidade:

Pena - Detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.

§ 1º - Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante


recomendações escritas ostensivas, sobre a periculosidade do serviço a ser
prestado.

§ 2º - Se o crime é culposo:

Pena - Detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa.

Art. 64 - Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores a


nocividade ou periculosidade de produtos cujo conhecimento seja posterior à
sua colocação no mercado:

Pena - Detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.

Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de retirar do


mercado, imediatamente quando determinado pela autoridade competente, os
produtos nocivos ou perigosos, na forma deste artigo.

Art. 65 - Executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando


determinação de autoridade competente:

Pena - Detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.

Parágrafo único. As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
correspondentes à lesão corporal e à morte.

Art. 66 - Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante


sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança,
desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços:

Pena - Detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa.


§ 1º - Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta.

§ 2º - Se o crime é culposo:

Pena - Detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa.

Art. 67 - Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser


enganosa ou abusiva:

Pena - Detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa.

Parágrafo único. (Vetado).

Art. 68 - Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz
de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua
saúde ou segurança:

Pena - Detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.

Parágrafo único. (Vetado).

Art. 69 - Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base
à publicidade:

Pena - Detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa.

Art. 70 - Empregar, na reparação de produtos, peças ou componentes de


reposição usados, sem autorização do consumidor:

Pena - Detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa.

Art. 71 - Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento


físico ou moral, afirmações falsas, incorretas ou enganosas ou de qualquer
outro procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo
ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer:

Pena - Detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa.

Art. 72 - Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às informações que


sobre ele constem em cadastros, banco de dados, fichas e registros:

Pena - Detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano ou multa.

Art. 73 - Deixar de corrigir imediatamente informação sobre consumidor


constante de cadastro, banco de dados, fichas ou registros que sabe ou
deveria saber ser inexata:
Pena - Detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa.

Art. 74 - Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia


adequadamente preenchido e com especificação clara de seu conteúdo:

Pena - Detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa.

Art. 75 - Quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes referidos neste


código incide nas penas a esses cominadas na medida de sua culpabilidade,
bem como o diretor, administrador ou gerente da pessoa jurídica que
promover, permitir ou por qualquer modo aprovar o fornecimento, oferta,
exposição à venda ou manutenção em depósito de produtos ou a oferta e
prestação de serviços nas condições por ele proibidas.

Art. 76 - São circunstâncias agravantes dos crimes tipificados neste Código:

I - serem cometidos em época de grave crise econômica ou por ocasião de


calamidade;

II - ocasionarem grave dano individual ou coletivo;

III - dissimular-se a natureza ilícita do procedimento;

IV - quando cometidos:

a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição econômico social seja
manifestamente superior à da vítima;

b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de 18 (dezoito) ou maior


de 60 (sessenta) anos ou de pessoas portadoras de deficiência mental,
interditadas ou não;

V - serem praticados em operações que envolvam alimentos, medicamentos ou


quaisquer outros produtos ou serviços essenciais.

Art. 77 - A pena pecuniária prevista nesta Secção será fixada em dias multa,
correspondente ao mínimo e ao máximo de dias de duração da pena privativa
da liberdade cominada ao crime. Na individualização desta multa, o juiz
observará o disposto no Art. 60, § 1º, do Código Penal.

Art. 78 - Além das penas privativas de liberdade e de multa, podem ser


impostas, cumulativa ou alternadamente, observado o disposto nos artigos 44
a 47, do Código Penal:

I - a interdição temporária de direitos;

II - a publicação em órgãos de comunicação de grande circulação ou audiência,


às expensas do condenado, de notícia sobre os fatos e a condenação;
III - a prestação de serviços à comunidade.

Art. 79 - O valor da fiança, nas infrações de que trata este Código, será fixado
pelo juiz, ou pela autoridade que presidir o inquérito, entre 100 (cem) e
200.000 (duzentas mil) vezes o valor do Bônus do Tesouro Nacional - BTN, ou
índice equivalente que venha substituí-lo.

Parágrafo único. Se assim recomendar a situação econômica do indiciado ou


réu, a fiança poderá ser:

a) reduzida até a metade de seu valor mínimo;

b) aumentada pelo juiz até 20 (vinte) vezes.

Art. 80 - No processo penal atinente aos crimes previstos neste Código, bem
como a outros crimes e contravenções que envolvam relações de consumo,
poderão intervir, como assistentes do Ministério Público, os legitimados
indicados no Art. 82, incisos III e IV, aos quais também é facultado propôr
ação penal subsidiária, se a denúncia não for oferecida no prazo legal.

TÍTULO III

Da Defesa do Consumidor em Juízo

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Art. 81 - A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas


poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.

Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:

I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste Código,


os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;

II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste


Código, os transindividuais de natureza indivisível de que seja titular grupo,
categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por
uma relação jurídica base;

III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os


decorrentes de origem comum.

Art. 82 - Para os fins do Art. 81, parágrafo único, são legitimados


concorrentemente:
I - o Ministério Público;

II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;

III - as entidades e órgãos da administração pública, direta ou indireta, ainda


que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos
interesses e direitos protegidos por este Código;

IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que


incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos
protegidos por este Código, dispensada a autorização assemblear.

§ 1º - O requisito da pré-constituição pode ser dispensado pelo juiz, nas ações


previstas no Art. 91 e seguintes, quando haja manifesto interesse social
evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do
bem jurídico a ser protegido.

§ 2º - (Vetado).

§ 3º - (Vetado).

Art. 83 - Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este Código são
admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e
efetiva tutela.

Parágrafo único. (Vetado).

Art. 84 - Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer


ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará
providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do
adimplemento.

§ 1º - A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível


se por elas optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do
resultado prático correspondente.

§ 2º - A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa (Art.


287 do CPC).

§ 3º - Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio


de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente
ou após justificação prévia, citado o réu.

§ 4º - O juiz poderá, na hipótese do § 3º ou na sentença, impôr multa diária


ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível
com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.
§ 5º - Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático
equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias, tais como busca
e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento de obra,
impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial.

Art. 85 - (Vetado).

Art. 86 - (Vetado).

Art. 87 - Nas ações coletivas de que trata este Código não haverá
adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras
despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em
honorários de advogados, custas e despesas processuais.

Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os


diretores responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente
condenados em honorários advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo
da responsabilidade por perdas e danos.

Art. 88 - Na hipótese do Art. 13, parágrafo único, deste Código, a ação de


regresso poderá ser ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade
de prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a denunciação da lide.

Art. 89 - (Vetado).

Art. 90 - Aplicam-se as ações previstas neste Título as normas do Código de


Processo Civil e da Lei Nº 7.347, de 24 de julho de 1985, inclusive no que
respeita ao inquérito civil, naquilo que não contrariar suas disposições.

Art. 91 - Os legitimados de que trata o Art. 82 poderão propor, em nome


próprio e no interesse das vítimas ou seus sucessores, ação civil coletiva de
responsabilidade pelos danos individualmente sofridos, de acordo com o
disposto nos artigos seguintes.

Art. 92 - O Ministério Público, se não ajuizar a ação, atuará sempre como fiscal
da lei.

Parágrafo único. (Vetado).

Art. 93 - Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a


causa a justiça local:

I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito


local;

II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de


âmbito nacional ou regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil
nos casos de competência concorrente.
Art. 94 - Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que
os interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem prejuízo
de ampla divulgação pelos meios de comunicação social por parte dos órgãos
de defesa do consumidor.

Art. 95 - Em caso de procedência do pedido, a condenação será genérica,


fixando a responsabilidade do réu pelos danos causados.

Art. 96 - (Vetado).

Art. 97 - A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela


vítima e seus sucessores, assim como pelos legitimados de que trata o Art. 82.

Parágrafo único. (Vetado).

Art. 98 - A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados


de que trata o Art. 82, abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram
sido fixadas em sentença de liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de outras
execuções.

§ 1º - A execução coletiva far-se-á com base em certidão das sentenças de


liquidação, da qual deverá constar a ocorrência ou não do trânsito em julgado.

§ 2º - É competente para a execução o juízo:

I - da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no caso de execução


individual;

II - da ação condenatória, quando coletiva a execução.

Art. 99 - Em caso de concurso de créditos decorrentes de condenação prevista


na Lei Nº 7.347, de 24 de julho de 1985, e de indenizações pelos prejuízos
individuais resultantes do mesmo evento danoso, estas terão preferência no
pagamento.

Parágrafo único. Para efeito do disposto neste artigo, a destinação da


importância recolhida ao Fundo criado pela Lei Nº 7.347, de 24 de julho de
1985, ficará sustada enquanto pendentes de decisão de segundo grau as ações
de indenização pelos danos individuais, salvo na hipótese de o patrimônio do
devedor ser manifestamente suficiente para responder pela integralidade das
dívidas.

Art. 100 - Decorrido o prazo de 1 (um) ano sem habilitação de interessados


em número compatível com a gravidade do dano, poderão os legitimados do
Art. 82 promover a liquidação e execução da indenização devida.

Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá para o Fundo


criado pela Lei Nº 7.347, de 24 de julho de 1985.

CAPÍTULO III

Das Ações de Responsabilidade do Fornecedor de Produtos e Serviços

Art. 101 - Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e


serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste Título, serão
observadas as seguintes normas:

I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor;

II - o réu que houver contratado seguro de responsabilidade poderá chamar ao


processo o segurador, vedada a integração do contraditório pelo Instituto de
Resseguros do Brasil. Nesta hipótese, a sentença que julgar procedente o
pedido condenará o réu nos termos do Art. 80 do Código de Processo Civil. Se
o réu houver sido declarado falido, o síndico será intimado a informar a
existência de seguro de responsabilidade facultando-se, em caso afirmativo, o
ajuizamento de ação de indenização diretamente contra o segurador, vedada a
denunciação da lide ao Instituto de Resseguros do Brasil e dispensado o
litisconsórcio obrigatório com este.

Art. 102 - Os legitimados a agir na forma deste Código poderão propor ação
visando compelir o Poder Público competente a proibir, em todo o território
nacional, a produção, divulgação, distribuição ou venda, ou a determinar
alteração na composição, estrutura, fórmula ou acondicionamento de produto,
cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou perigoso à saúde pública e à
incolumidade pessoal.

§ 1º - (Vetado).

§ 2º - (Vetado).

CAPÍTULO IV

Da Coisa Julgada

Art. 103 - Nas ações coletivas de que trata este Código, a sentença fará coisa
julgada:

I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência


de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação,
com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova, na hipótese do inciso I
do parágrafo único do Art. 81 ;

II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo


improcedência por insuficiência de provas, nos termos do inciso anterior,
quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do parágrafo único do Art. 81
;

III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar


todas as vítimas e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo
único do Art. 81.

§ 1º - Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II não prejudicarão


interesses e direitos individuais dos integrantes da coletividade, do grupo,
categoria ou classe.

§ 2º - Na hipótese prevista no inciso III, em caso de improcedência do pedido,


os interessados que não tiverem intervindo no processo como litisconsortes
poderão propor ação de indenização a título individual.

§ 3º - Os efeitos da coisa julgada de que cuida o Art. 16, combinado com o


Art. 13 da Lei Nº 7.347, de 24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de
indenização por danos pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na
forma prevista neste Código, mas, se procedente o pedido, beneficiarão as
vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à liquidação e à execução,
nos termos dos artigos 96 a 99.

§ 4º - Aplica-se o disposto no parágrafo anterior à sentença penal


condenatória.

Art. 104 - As ações coletivas, previstas nos incisos I e II do parágrafo único do


Art. 81, não induzem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos
da coisa julgada erga omnes ou ultra partes a quem aludem os incisos II e III
do artigo anterior não beneficiarão os autores das ações individuais, se não for
requerida sua suspensão no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da ciência nos
autos do ajuizamento da ação coletiva.

TÍTULO IV

Do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor

Art. 105 - Integram o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor - SNDC, os


órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais e as entidades
privadas de defesa do consumidor.

Art. 106 - O Departamento Nacional de Defesa do Consumidor, da Secretaria


Nacional de Direito Econômico - MJ, ou órgão federal que venha substituí-lo, é
organismo de coordenação da política do Sistema Nacional de Defesa do
Consumidor, cabendo-lhe:

I - planejar, elaborar, propor, coordenar e executar a política nacional de


proteção ao consumidor;

II - receber, analisar, avaliar e encaminhar consultas, denúncias ou sugestões


apresentadas por entidades representativas ou pessoas jurídicas de direito
público ou privado;

III - prestar aos consumidores orientação permanente sobre suas direitos e


garantias;

IV - informar, conscientizar e motivar o consumidor através dos diferentes


meios de comunicação;

V - solicitar à polícia judiciária a instauração de inquérito policial para a


apreciação de delito contra os consumidores, nos termos da legislação vigente;

VI - representar ao Ministério Público competente para fins de adoção de


medidas processuais no âmbito de suas atribuições;

VII - levar ao conhecimento dos órgãos competentes as infrações de ordem


administrativa que violarem os interesses difusos, coletivos, ou individuais dos
consumidores;

VIII - solicitar o concurso de órgãos e entidades da União, Estados, do Distrito


Federal e Municípios, bem como auxiliar a fiscalização de preços,
abastecimento, quantidade e segurança de bens e serviços;

IX - incentivar, inclusive com recursos financeiros e outros programas


especiais, a formação de entidades de defesa do consumidor pela população e
pelos órgãos públicos estaduais e municipais;

X - (Vetado).

XI - (Vetado).

XII - (Vetado).

XIII - desenvolver outras atividades compatíveis com suas finalidades.

Parágrafo único. Para a consecução de seus objetivos, o Departamento


Nacional de Defesa do consumidor poderá solicitar o concurso de órgãos e
entidades de notória especialização técnico-científica.

TÍTULO V

Da Convenção Coletiva de Consumo

Art. 107 - As entidades civis de consumidores e as associações de


fornecedores ou sindicatos de categoria econômica podem regular, por
convenção escrita, relações de consumo que tenham por objeto estabelecer
condições relativas ao preço, à qualidade, à quantidade, à garantia e
características de produtos e serviços, bem como à reclamação e composição
do conflito de consumo.

§ 1º - A convenção tornar-se-á obrigatória a partir do registro do instrumento


no cartório de títulos e documentos.

§ 2º - A convenção somente obrigará os filiados às entidades signatárias.

§ 3º - Não se exime de cumprir a convenção o fornecedor que se desligar da


entidade em data posterior ao registro do instrumento.

Art. 108 - (Vetado).

TÍTULO VI

Disposições Finais

Art. 109 - (Vetado).

Art. 110 - Acrescente-se o seguinte inciso IV ao Art. 1º da Lei Nº 7.347, de 24


de julho de 1985:

"IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo."

Art. 111 - O inciso II do Art. 5º da Lei Nº 7.347, de 24 de julho de 1985, passa


a ter a seguinte redação:

"II - inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente,


ao consumidor, ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico ou a qualquer outro interesse difuso ou coletivo."

Art. 112 - O § 3º. do Art. 5º, da Lei Nº 7.347, de 24 de julho de 1985, passa a
ter a seguinte redação:

"§ 3º - Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação


legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade
ativa."

Art. 113 - Acrescente-se os seguintes parágrafos 4, 5 e 6 ao Art. 5º da Lei Nº


7.347, de 24 de julho de 1985:

"§ 4º - O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo Juiz, quando


haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do
dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.

§ 5º - Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da


União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de
que cuida esta Lei.
§ 6º - Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados
compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante
cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial."

Art. 114 - O Art. 15 da Lei Nº 7.347, de 24 de julho de 1985, passa a ter e


seguinte redação:

"Art. 15 - Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em julgado da sentença


condenatória, sem que a associação autora lhe promova a execução, deverá
fazê-lo o Ministério Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados."

Art. 115 - Suprima-se o caput do Art. 17 da Lei Nº 7.347, de 24 de julho de


1985, passando o parágrafo único a constituir o caput, com a seguinte
redação:

"Art. 17 - Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores


responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente condenados em
honorários advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da
responsabilidade por perdas e danos."

Art. 116 - Dê-se a seguinte redação ao Art. 18, da Lei Nº 7.347, de 24 de julho
de 1985:

"Art. 18 - Nas ações de que trata esta Lei, não haverá adiantamento de custas,
emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem
condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de
advogado, custas e despesas processuais."

Art. 117 - Acrescente-se à Lei Nº 7.347, de 24 de julho de 1985, o seguinte


dispositivo, renumerando-se os seguintes:

"Art. 21 - Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e


individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III da Lei Nº 8.078, de
11 de setembro de 1990, que instituiu o Código de defesa do consumidor."

Art. 118 - Este Código entrará em vigor dentro de 180 (cento e oitenta) dias a
contar de sua publicação.

Art. 119 - Revogam-se as disposições em contrário.

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