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Escrevo este artigo com o objetivo de dar uma resposta ao artigo compilado,
publicado no site do CACP - Centro Apologético Cristão de Pesquisas em
04/11/2013, com o título “O que diz a Bíblia sobre o batismo de bebês?” Gostaria
de expor resumidamente a interpretação bíblica sobre o assunto, defendida por
algumas denominações cristãs evangélicas reformadas, históricas e sérias que
adotam o batismo de bebês, filhos de crentes evangélicos.
Ora, nem todos os cristãos evangélicos brasileiros são batistas ou pentecostais (que
são contra o batismo infantil), e é fato que cada denominação tem suas diferenças
doutrinárias (que não afetam a essência do Cristianismo) e até alguns usos e
costumes específicos, de acordo com a interpretação e o entendimento das
Escrituras Sagradas de cada uma. Normal. Entendo que a prática do batismo infantil
é uma dessas diferenças doutrinárias, e não uma “heresia” que deve ser combatida
pela apologética cristã. Os principais agentes da Reforma Protestante do século XVI
(iniciada em 1517), como Lutero, Calvino e Zuínglio não eram contra o batismo
infantil, muito pelo contrário. A aversão pelo batismo de bebês começou,
especificamente, com os anabatistas, a chamada “ala radical” da Reforma
Protestante, que surgiu por volta de 1525.
Se você não quiser concordar, tudo bem. Nenhum cristão legítimo deixará de entrar
no Céu por conta disso. Mas não deixe de conhecer o outro lado. O que quero
demonstrar é que essa doutrina não foi uma ideia copiada da igreja católica romana,
como alguns pensam, e que a mesma possui, sim, muita fundamentação bíblica e
teológica. Vejamos:
Assim como as crianças faziam parte da Igreja na dispensação judaica, devem elas
fazer parte da Igreja na dispensação cristã. No Novo Testamento são recebidas na
Igreja pelo Batismo, que substituiu a circuncisão (Cl 2:11-12). Na dispensação da
Lei, a criança que não fosse circuncidada, era eliminada do povo de Deus (Gn
17:14). Entendemos que o crente, na dispensação do Novo Testamento, que não
apresenta seus filhos para o Batismo, está quebrando a aliança com Deus e comete
pecado.
Deus sempre tem tido um povo Seu através dos séculos. Adão, Sete, Noé e Abraão
foram os primeiros destacados representantes do povo de Deus. O povo escolhido,
em todos os tempos, constitui a Igreja visível aqui no mundo. E sempre que Deus
fazia um pacto com um dos representantes do Seu povo, incluía nele os filhos dos
fiéis. O mais importante dos pactos que Deus fez na antiguidade foi, sem dúvida,
aquele firmado com Abraão, o grande pai de todos os que creem. E as criancinhas
têm um lugar proeminente nesse pacto.
Abraão tinha 99 anos quando foi circuncidado (Gn 17:24) e isto em sinal da sua
justificação pela fé, já comprovada antes da sua circuncisão (Rm 4:11). Ismael tinha
13 anos quando foi submetido ao rito da circuncisão (Gn 17:25). Isaque tinha apenas
oito dias de idade (Gn 21:40). Para que uma pessoa se tornasse membro da
congregação do povo de Deus naquele tempo, era preciso que fosse circuncidada.
As mulheres, as filhas, as esposas e todas as crianças do sexo feminino,
acompanhavam os pais, os irmãos e os esposos e eram por eles representados.
Todos faziam parte do povo de Deus (não confundir com salvos).
Ficou bem claro que, desde os tempos antigos, Deus determinou que as crianças,
filhas de pais crentes, fizessem parte da Sua Igreja visível aqui no mundo. Está,
portanto, claramente, estabelecida a origem divina da inclusão dos pequeninos na
Igreja de Deus. Em Efésios 2:11-16, encontramos uma declaração categórica de que
nós, os gentios (não judeus), fomos também incluídos na aliança da promessa feita
aos da circuncisão:
Mas, as crianças creem? Os textos bíblicos que falam da fé como pré-requisito para
receber o Batismo, não se referem às crianças. A prova é que Marcos (16:16),
depois de citar as palavras de Cristo “quem crer e for batizado será salvo”,
registra também, “quem, porém, não crê, será condenado”. Ora, se as crianças
não são capazes de crer e, por isso, não podem ser batizadas, elas estão
condenadas. No entanto, Jesus afirmou: “... das tais é o reino de Deus”, e sem
qualquer referência à fé.
O Novo Testamento registra o Batismo de cinco famílias inteiras (At 10:23-24 e 48;
16:15-33; 18:8 e 1Co 1:16). Será que nessas famílias não havia crianças? Muito
improvável. Orígenes, um teólogo da Igreja Primitiva, ensinou que os Apóstolos
batizavam crianças. Há, inclusive, escritos da época onde se discutia se o Batismo
não deveria, também, ser feito ao oitavo dia de vida da criança, como, em geral, era
na circuncisão.
Outra objeção dos batistas ao Batismo infantil é que alguns que não são e nunca
serão salvos são batizados. Ora, é impossível, quer nas igrejas Batistas,
Pentecostais ou Reformadas, batizar somente pessoas salvas. Porque os segredos
do coração são desconhecido para nós. Só Deus sabe quem realmente é salvo.
Qualquer igreja pode batizar adultos que meramente fizeram uma profissão
(confissão) de fé e arrependimento. E isso não é novidade. No Antigo Testamento
vemos que incrédulos, como Ismael, que não tinha nenhuma parte no pacto (Gn
17:18-19), foi circuncidado por Abraão; e Isaque circuncidou Esaú, mesmo após
saber que este era réprobo (Gn 25:23-24).