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Algumas notas sobre a nocao de colonial tardio no Rio de Janeiro: um ensaio sobre a economia colonial Joao Fragoso" Abstract Resumo “Tas essay cents ath te app Este ensaio tata aplicaslo da ofthe roton of clonal td to moo de clits rs 0 Fo delat he ie diene Teta, a pseagom do seco 1 the only nietaerth caeury. 2. XY para © Xk periodo em auc peviod dusing which the cy was ida terse converico na prince camened i he pcs ———_al Paea Merean! do trio Sul {heSouth Albne Wik tiobjectre Can ceva, 0 tomo ana a5 inmind.theteanabesshechanges axa ere on seus UCR. heoccunedbetweenChesereteenh ——ocomlse na formas de acum Sd rinetenth caus nthe forma iguea call eno pel da ite accumulating sonia wea The Seance da cidade fst aio indies a probe of the Fotias-ckave: Cala ete co ‘economic elle of he oy mera Bode leno Keywords Clonal cramer ok wekodehnam, Ai deste artigo surgiu das conversas com Manolo Florentino, quan- do comecamos a pensar em preparar a quarta edicéo do Arcaismo como Projeto'. Neste momento, deparamo-nos com alguns problemas normais, quando se trata de revisar um livro com mais de nove anos, portanto, um pré= adolescente. Poristo mesmo, tratava-se de problemas normais, porém chatos: © livro ganhara personalidade prépria e as veres parecia rebelde, contudo, com algumas idéias antigas. Uma das maneiras que encontramos para con- tornar tais dificuldades foi a divisdo de tarefas. Eu reveria algumas partes do livro e outras seriam feitas pelo meu compadre. Uma das idéias que surgiram no momento em que estavamos, em um. ‘Tra. Dr.do Deparamento de Hstéin da Unveridace Fceral do Rode ane FRAGOSO, loo & FLORENTINC, Mansia. O Arcam como Preto mercado Alinco, socedode ‘wre cote meant no Kia de lane, £1790 «1840, (5 ed] Ed Dado, 1998, seminario academico, no Convento da Arrébida (no alto de um pe- rnhasco e longe de Lisboa), fo: a de colonial tardio. Isto €, a economia do Rio de Janeiro, entre 1790 e 1830, nao seria a mesma de 1600 nem a de 1870, apesar de, em todos estes periodos, prevalecer a escravidso. Portanto, tal idéia parte de algo singelo Obvio, a socie~ dade escravista do Rio possu uma Histéria, enela se vetficam nio sé permanéncias, mas também, mudancas. Como fiquel responsive por escrever sobte os séculos XVII e XVIII (menos Alrica € 0 trafico atlar tico de escravos), dai este ensaio, Ele nio visa esgotar aqueles secu~ fos, mas tio somente sublinhar algumas mudancas processadas na ‘economia colonial e na de sua elite, no periodo considerado. Desde J queto deixar claro que tal nocio sera mais bem desenvolvida quando 2 ediczo do livro estiver pronita, ou melhor, quando eu e Manolo sentarmos para melhor esmiucé-Ia. Por conseguinte, as possiveis “bo- bagens” abaixo sio de minha inter responsabilidade, Na verdade, apresento apenas algumas quest6es para, quem sabe, se discuti ‘principio, 0 uso do temo tardio, na verdade, se insere numa ttadicao historiogratica para caracterizar os tiltimos tempos de um determinado periodo histGrico/sistema social e econémico (depen- dendo do tipo de abordagem que se adote) e, simultaneamente, © inicio de um novo periodo/sistema. Por exemplo, a expressao ‘feuda- lismo tardio’, para a Europa do século XVI, serviria para definir uma época marcad2 pelo final do feudalismo € 0 inicio da modema soci- edade européia (crescimento da urbanizacao, dos grupos mercantis, formacao de uma ‘economia mundo’ que, tendo poreixo a Europa se baseatia em rotas comerciais que se estenderiam da América 8 Asia}? Em outras palavras, aquele termo compreenderia uma epoca - a falta de uma melhor expressao - de ‘transicao’. Para a historiografia sobre 0 Brasil, as coisas néo seriam muito diferentes, apesar de suas nuancas. Em um texto, hoje clissico, 0 renomado historiador Daur ‘Alden usa a nocdo de ‘colonial tardio’ para caracterizar as titimas décadas da economia colonial brasileira sob efetivo dominio potu- ués?, Para este autor, tal expressao ajudaria a explicar 0 comporta~ mento da sociedade e da economia coloniais entre 1750- 1808. O periodo comecatia com o boom do our, seu ponto mais alto, segui do pelo declinio da producto aurifera e, depois, seria marcado pelo retomo, em giande estilo, da forma tradicional da riqueza colonial, isto 6, a agricultura de exportacdo. Este renascimento ou ressurgi- er por cxenplo KREDTE fete Feudatims Teds y Copal Mera 38 of, Bed: Ed Chica 1985 + ALDEN, Daun Eola, fe BETHELL ese (eis) Hist de Ames Lai VOL3, faxceone Edtorl Cia, 1996 (sdicio em ngs de 1784), 9p:506-558. O uso dest fexpresio para marct 2 ins décadis ca presenca porgesa no Bail pode ser amb eorado em out autores cone SCHWARTZ Start" Plics ad ihe roth of peaany inate Colonial Bac: RUSSELWOOD, AR. rom Cofory © Nain. Baltmore: Jos opilins Univesity Ress 1975,pp. 135-154, mento agricola, por seu tumo, ndo sé seria marcado pela recuperacio de antigos produtos, como 0 acticar e 0 tabaco, mas também pelo crescimento de novas culturas de exportacdo, como 0 café e 0 anil, sendo tais movimentos acompanhados por mudancas politicas € so- Giais, como as reformas pombalinas.J4 o témino de tal perfodo se daria com a chegads da Corte portuguesa ao Brasil e, portanto, pelas transformacoes por ela representadas: fim do pacto colonial, 0 novo estatito politico do Brasil dentro do impeério luso, etc: Emprego a nocio de colonial tardio de uma maneita um pou- co diferente. Antes de mais nada, o meu ponto de parida € a expe- ritrcia econdmica e social do Rio de Janeiro e do Sudeste-Sul brasi leiros, entre finals do setecentos e as primeiras decadas do seculo seguinte; sto ndo quer dizer, € claro, que ela no possa ser aplicada a outras regiées da América portuguesa. Ao mesmo tempo, entendo por colorial tardio uma época nao tanto de recuperacao econémica’, ‘mas, principalmente, como um perfodo de consolidacao de novas formas ou prdticas de acumulacao na economia colonial escravista do Sudeste-Sul, sendo estas novas praticas coincidentes com o dominio do capital mercantile, logo, com a hegemonia de uma nova elite econdmi- a ma tegido analsada. Tal elite seria formada pela comunidade de comerciantes de grosso trato,residentes na praca do Rio de Janeiro, Por conseguinte, utilizo a nogo de colonial tardio, no so- mente como 0 resukado das idas e vindas de conjunturas econd as, particularmente agricolas e do ouro, mas sim como produto de mudancas econémicas e sociais, processadas na vida de uma socie- dade e economia dominadas pela escravidéo, por uma hierarguia so- cial excludente e que sobreviveria até finais do oitocentos. Na verda- de, emprego tal expressio para marcar um determinado periodo da longa Hist6ria da sociedade brasileira, sob a hegemonia das relacoes sociais de producio escravista - para usar um conceito um tanto fora de moda, Por seu tumo, a época compreendida por aquilo que chamo de economia colonial tardia, além da presenca de uma nova elite econémica, seria caracterizada também por outros fendmencs. Entre eles, a consolidacao de redes de comércio, tanto no intetior do Su- deste/Sul coloniais como no império portugues (a exernplo das roias angolanas de escravos e das ligacées com Goa), tendo como centro o Rio de Janeiro. Em outras palavras, no periodo analisado, a cidade do Rio de ALDEN, 0.Op. ct A neede de respecte ou de ressupimento apical, 3 panied 1750, pessepde ums aiso ‘rea naerodo 1 650-1750, paraumzexcente cic a estas cosas verSAPPAIO, Aniinle Cluch de. Hleeaquaacio soc eesatéias de dasse a producto da exctasto na ‘aptana do Rio desanero fe 1630 1750] Ee de Quafcacio Ge Doutrac,areer- {ado ae Progeama de fe Gradunco em Histia da Unversdade Faden Ruranerse: Nr, 1999 oto ns)

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