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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 028.

842/2017-0

GRUPO I – CLASSE VII – PLENÁRIO


TC 028.842/2017-0.
Natureza: Representação.
Entidade: Gerência Executiva do Instituto Nacional do Seguro
Social em Teresina – PI.
Representante: Mutual Serviços de Limpeza em Prédios e
Domicílios Ltda. (CNPJ 10.659.927/0001-91).
Representação legal:
_João Ulisses de Britto Azêdo (3446/OAB-PI), entre outros,
representando a Servfaz Serviços de Mão de Obra Ltda.;
_Otávio de Castro Melo Neto (1224/OAB-PI), entre outros,
representando a Mutual Serviços de Limpeza em Prédios e
Domicílios Ltda.

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO COM PEDIDO DE CAUTELAR


SUSPENSIVA. CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE LIMPEZA
E CONSERVAÇÃO. OITIVA PRÉVIA. DILIGÊNCIA.
DESCLASSIFICAÇÃO DE LICITANTE POR FALHAS (NÃO
ESPECIFICADAS PELO PREGOEIRO) NA PROPOSTA DE
PREÇOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS DE DANO AO ERÁRIO.
PERIGO NA DEMORA REVERSO. CONHECIMENTO PELO
ACÓRDÃO 3.773/2018-PLENÁRIO. INDEFERIMENTO DA
CAUTELAR SUSPENSIVA. AUDIÊNCIA. ARGUMENTOS
INSUFICIENTES PARA AFASTAR OS INDÍCIOS DE
IRREGULARIDADE NO CERTAME. INDÍCIOS DE
DIRECIONAMENTO NA LICITAÇÃO. REJEIÇÃO DAS
RAZÕES DE JUSTIFICATIVA. MULTA. INABILITAÇÃO
TEMPORÁRIA. DETERMINAÇÃO. CIÊNCIA.
MONITORAMENTO.

RELATÓRIO

Trata-se de representação, com pedido de cautelar suspensiva, formulada pela Mutual


Serviços de Limpeza em Prédios e Domicílios Ltda. sobre os indícios de irregularidade no Pregão
Eletrônico nº 1/2017 promovido pela Gerência Executiva do Instituto Nacional do Seguro Social em
Teresina – PI com vistas à subsequente contratação de serviços de limpeza, conservação e
higienização, além do fornecimento de materiais, sob o valor estimado de R$ 3.588.090,12.
2. Após a análise final do feito, o auditor federal da Selog lançou o seu parecer à Peça 53,
com a anuência dos dirigentes da unidade técnica (Peças 54 e 55), nos seguintes termos:
“(...) HISTÓRICO
2. A referida empresa acusa o pregoeiro de ter desclassificado indevidamente sua proposta
de preços, sob o argumento de inconsistência na planilha de custos, não identificada mesmo após
solicitação, bem como pelo fato de ter julgado recurso por ela interposto, em abuso de poder, visto
que seria de competência da autoridade superior.
3. Em instrução pretérita (peça 34), a Unidade Técnica (à época, Secex/PI) entendeu que
a desclassificação da representante ocorreu afronta aos ditames legais, mormente o disposto no art.
43, § 3º, da Lei 8.666/1993, no art. 26, § 3º, do Decreto 5.450/2005, e no subitem 10.7.1 do edital do
certame, e os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Entretanto, não restou configurado
abuso de poder, pois cabe ao pregoeiro, nos termos do art. 11, inciso VII, do Decreto 5.450/2005

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‘receber, examinar e decidir os recursos, encaminhando à autoridade competente quando mantiver a


sua decisão’.
4. Com efeito, o Acórdão 3.773/2018 – TCU – 2ª Câmara (peça 37), Relator Ministro-
Substituto André Luís de Carvalho, foi prolatado nos seguintes termos (grifos nossos):
‘9.1. conhecer da presente representação, por atender aos requisitos de admissibilidade
previstos nos arts. 235 e 237, VII, do RITCU e no art. 113, § 1º, da Lei n.º 8.666, de 1993,
prosseguindo com o presente feito para o devido saneamento dos autos;
9.2. indeferir o requerimento de cautelar suspensiva formulado pela ora representante;
9.3. determinar que a unidade técnica adote as seguintes medidas:
9.3.1. promova, nos termos do art. 250, IV, do RITCU, a audiência de José Rodrigues
Martins Filho, como pregoeiro, e de Ney Ferraz Júnior, como autoridade superior, durante a
condução do Pregão Eletrônico 1/2017 (Processo 35226.001375/2017-83), para que, no prazo de 15
(quinze) dias contados da ciência deste Acórdão, apresentem as suas razões de justificativa sobre a
indevida desclassificação da Mutual Serviços de Limpeza em Prédios e Domicílios Ltda., sob o
pretexto de inconsistências nas planilhas de custos e de formação de preços, sem ter especificado,
contudo, as aludidas inconsistências e sem conceder, ainda, o tempo suficiente para a devida
correção, infringindo por analogia, assim, o art. 43, § 3º, da Lei n.º 8.666, de 1993, o art. 26, § 3º, do
Decreto n.º 5.450, de 2005, e o art. 29-A, § 2º, da então vigente IN MPOG n.º 2, de 2008, além de
ofender os princípios da máxima competitividade no certame, da razoabilidade na desclassificação
das propostas e da busca da proposta mais vantajosa para a administração pública;
9.3.2. envie a cópia do presente Acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que o
fundamenta, aos Srs. José Rodrigues Martins Filho e Ney Ferraz Júnior, para o efetivo cumprimento
do item 9.3.1 deste Acórdão’.
5. Em cumprimento ao citado decisum, a audiência do Sr. José Rodrigues Martins Filho,
CPF 218.551.103-34, deu-se por intermédio do Ofício 814/2018-TCU/Secex-PI, de 13/6/2018 (peça
44), cuja ciência de recebimento se encontra na peça 47.
6. A audiência do Sr. Ney Ferraz Junior, CPF 623.427.383-15, deu-se por intermédio do
Ofício 815/2018-TCU/Secex-PI, de 13/6/2018 (peça 43), cuja ciência de recebimento se encontra na
peça 51.
EXAME TÉCNICO
Audiência do Sr. José Rodrigues Martins Filho, pregoeiro
Razões de justificativa (peça 46)
Argumentação
7. Informa que a empresa Mutual Serviços de Limpeza em Prédios e Domicílios Ltda. teve
sua proposta recusada com base no subitem 10.7.1 do Edital, mas não de forma sumária, uma vez
que, tendo apresentado sua planilha de custo e formação de preços em desacordo com as exigências
editalícias, na forma do mesmo subitem já citado, o responsável lançou mão da prerrogativa de
solicitar a devida correção do documento supracitado.
8. Alega que o pedido de correção de falhas e inconsistências no preenchimento da
planilha de custo e formação de preços é uma prerrogativa do Pregoeiro, e deve-se ao próprio texto
do subitem 10.7.1 do edital, que tem o seguinte teor:
‘10.7.1. No caso de alguma falha ou inconsistência no preenchimento das planilhas, o
pregoeiro poderá solicitar ao licitante, por mensagem enviada pelo sistema, que complemente, refaça
ou efetue a correção necessária, desde que não haja majoração do preço ofertado, no prazo
estabelecido na própria mensagem, sob pena de desclassificação da proposta’.
9. Assevera que poderia ter recusado a proposta da empresa recorrente de forma sumária,
mas não o fez, estipulando um prazo de trinta minutos para que fossem feitas as correções
necessárias, através de mensagem encaminhada via sistema (peça 26, p. 7). Também não deve se
considerar exíguo o prazo de trinta minutos, tendo em vista que o prazo estipulado no subitem 10.5 do
edital, para adaptação da proposta e da planilha de custo e formação de preços ao melhor lance

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ofertado foi fixado em sessenta minutos.


10. Não tendo a representante corrigido as falhas e inconsistências, a proposta foi
recusada com a seguinte justificativa, posta em campo próprio do sistema: ‘Proposta recusada, na
forma do subitem 10.7.1 do Edital, por ocasião da planilha de custo e formação de preços reenviada
não ter tido suas inconsistências corrigidas, uma vez que foi anexada a mesma proposta/planilha
enviada anteriormente’.
11. Para recusa da proposta, foi observado que, na elaboração de sua planilha de custos e
formação de preços, a representante cotou erroneamente os custos de transporte no valor de R$ 3,00
para os municípios de Parnaíba, Floriano e Picos, quando deveria ter cotado, respectivamente,
R$ 1,80, R$ 2,50 e R$ 3,30, tarifas estas fixadas através de decretos, contrariando, assim,
instrumentos legais dos respectivos municípios, o que, segundo o subitem 10.8.3 do edital, caracteriza
motivo suficiente para a desclassificação da proposta.
12. Além do citado erro, considerado sanável pelo responsável, aduz que a empresa
incorreu em um erro gravíssimo, ao omitir o profissional Limpador de Vidros (Jauzeiro) na sua
proposta, categoria que, diferente do Servente de Áreas Institucionais, tem 20% de acréscimo em seu
salário a título de adicional de insalubridade.
13. Tal omissão fere insanavelmente o princípio da vinculação ao instrumento
convocatório, uma vez que altera o objeto da licitação, pois a Gerência Executiva de Teresina possui
uma área de fachada envidraçada com exposição a risco de 3.980 m², com produtividade mínima de
110 m², devidamente informada, por unidade, na planilha que compõe o subitem 7.1 do Termo de
Referência, Anexo I do edital.
14. Ademais, alega que o Termo de Referência, em seu item 19 e subitem 19.3.2, informa o
seguinte:
‘19. DA DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS E FREQUÊNCIA
(...) 19.3.2. SEMESTRALMENTE, UMA VEZ
a) limpar fachadas envidraçadas (face externa), em conformidade com as normas de
segurança do trabalho, aplicando-lhes produtos antiembaçantes’.
15. Caso tivesse aceitado a proposta da representante da forma que foi apresentada,
questiona a possibilidade de o gestor/fiscal do contrato exigir a limpeza dos 3.980 m² de fachadas
envidraçadas com exposição a risco da empresa contratada.
16. Argumenta que não procede a alegação de que a recusa da proposta estava
desacompanhada da especificação das inconsistências verificadas, o que teria impedido a recorrente
de corrigir os possíveis erros sob a justificativa de que não sabia do que se tratava, pois, em
obediência aos princípios da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo, as
desclassificações têm que ter justificativas e baseadas nas cláusulas editalícias, como assim o foram
todas as aplicadas no certame em questão.
17. Se o edital, mais precisamente em seu item 7 e no Anexo B do Termo de Referência,
orienta o licitante a elaborar sua proposta e a preencher sua planilha de custos e formação de preços
com base na legislação pertinente, não caberia ao responsável incrementar, com detalhes, tais
informações aos licitantes, sob pena de ferir os princípios da isonomia, da igualdade e da
impessoalidade.
18. Ademais, outras duas empresas foram desclassificadas, também por inconsistências no
preenchimento de suas planilhas de custos e formação de preços, e a nenhuma foi dado o privilégio de
detalhamento das inconsistências; inclusive, às que o solicitaram através de mensagens enviadas via
sistema, foi informado o seguinte por este Pregoeiro: ‘As inconsistências no preenchimento da
planilha de custo e formação de preços deverão ser verificadas no que exige o Edital e seus anexos e
a legislação pertinente, não cabendo ao pregoeiro, portanto, orientar os licitantes na elaboração de
documentos solicitados’.
19. Ressalta que a empresa declarada vencedora também apresentou inconsistência no
preenchimento de suas planilhas de custo e formação de preços, e a esta, também, foram dados

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somente trinta minutos para proceder a devida correção e, também, não foi dado o privilégio de
detalhamento das inconsistências. Só que, no caso desta, a inconsistência foi detectada, corrigida e a
planilha de custos e formação de preços enviada em tempo hábil.
20. Por fim, o não provimento do recurso administrativo interposto pela empresa
recorrente deveu-se ao fato de a mesma não ter apresentado fato novo que pudesse pôr em dúvida,
pelo menos, a correção dos atos praticados por este Pregoeiro, que os considera inapeláveis, para
recusar sua proposta.
Análise
21. Da leitura do subitem 10.7.1 do edital, percebe-se que o mesmo versa sobra a
possibilidade de o pregoeiro solicitar ao licitante que refaça ou corrija sua planilha de custos, em
casos de falhas ou inconsistências. Tal subitem, por si só, não está apto a embasar a desclassificação
da proposta de um licitante, que deve ser feita de maneira motivada, por força do item 10.7 do edital
(peça 1, p. 63).
22. Os motivos para desclassificação de proposta estão elencados no item 10.8 do edital, a
saber (peça 1, p. 63-64):
‘10.8. Será desclassificada a proposta que:
I - contiver vícios ou ilegalidades;
II - não apresentar as especificações técnicas exigidas pelo Termo de Referência;
III - apresentar preços finais superiores ao valor máximo estabelecido pelo INSS,
conforme constante do Anexo I - Termo de Referência;
IV - apresentar preços que sejam manifestamente inexequíveis;
V - apresentar preço baseado em outras propostas, inclusive com o oferecimento de
redução sobre a de menor valor;
VI - apresentar qualquer oferta de vantagem não prevista neste Edital, bem como preço ou
vantagem baseada nas ofertas dos demais licitantes;
VII - apresentar valores irrisórios ou de valor zero, incompatíveis com os preços de
mercado acrescidos dos respectivos encargos, exceto quando se referirem a materiais e instalações de
propriedade do licitante, para os quais ele renuncie à parcela ou à totalidade da remuneração;
VIII - não vier a comprovar sua exequibilidade, em especial em relação ao preço e à
produtividade apresentada’.
23. É patente o fato de que o pregoeiro não forneceu, por mensagem no Portal de
Compras Governamentais durante o certame, a motivação adequada para desclassificar a proposta
da representante. Ressalte-se que tal fato também ocorreu, de maneira idêntica, em relação a outras
duas empresas, a saber, D&L Serviços de Apoio Administrativo Ltda. e Global Serviços & Comércio
Ltda. (peça 26, p. 4). Ademais, ao não mencionar o motivo da inconsistência da planilha de custo e
formação de preços, o pregoeiro forçaria os licitantes a revisarem cada aspecto da planilha, que é de
considerável complexidade. O prazo mencionado pelo responsável no subitem 10.5 do edital (peça 1,
p. 61) refere-se à adequação de valores em relação ao lance vencedor.
24. Portanto, ao consignar apenas metade do tempo previsto no subitem 10.5 para que
licitantes efetuassem uma revisão integral da planilha em busca de eventuais erros, o pregoeiro feriu o
princípio da razoabilidade, bem como os princípios da máxima competitividade no certame, e da
busca da proposta mais vantajosa para a administração pública, tendo em vista que não proporcionou
subsídios suficientes para que os licitantes pudessem corrigir inconsistências e permanecer no
certame.
25. A alegação de que poderia ter recusado a proposta da empresa recorrente de forma
sumária não merece prosperar, tendo em vista que o art. 29-A, § 2º, da então vigente IN MPOG 2, de
2008 estatui que ‘Erros no preenchimento da Planilha não são motivo suficiente para a
desclassificação da proposta, quando a Planilha puder ser ajustada sem a necessidade de majoração
do preço ofertado, e desde que se comprove que este é suficiente para arcar com todos os custos da
contratação’.

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26. Portanto, ainda que o pedido de correção de falhas e inconsistências no


preenchimento da planilha de custo e formação de preços seja uma prerrogativa do pregoeiro, de
acordo com o art. 43,§ 3º, da Lei n.º 8.666, de 1993, e o art. 26, § 3º, do Decreto n.º 5.450, de 2005,
também se pode considerar que é um poder-dever, tendo em vista que o pregoeiro deve procurar
estimular a competitividade, em busca da seleção da proposta mais vantajosa para a administração,
princípio constante no art. 3º da Lei 8666/1993, de observância obrigatória pelo administrador
público.
27. Em relação aos motivos apresentados pelo responsável para a desclassificação da
proposta da representante (inconsistência nos valores cotados para o transporte urbano nas cidades
de Parnaíba, Floriano e Picos, assim como a não inclusão de Limpador de Vidros), cabe ressaltar que
foram informados à representante somente após sua desclassificação, em momento impróprio para
tal, qual seja, quando da aceitação da intenção do recurso da licitante (peça 26, p. 5), fato que
reforça a irregularidade do procedimento por parte do pregoeiro.
28. Ademais, percebe-se que tais inconsistências poderiam ter sido sanadas pela
representante, caso tivesse ciência antes da desclassificação. O subitem 10.8.3 do edital, invocado
pelo responsável, não se aplica ao caso, tendo em vista que versa sobre inexequibilidade.
29. Verifica-se que a situação se mostra agravada no tocante à alegada ausência de
previsão de profissional limpador de vidros (Jauzeiro) na proposta da representante. Entende-se, no
caso, que o erro partiu do órgão licitante, pois não há menção a tal profissional no edital, que deveria
definir adequadamente seu o objeto, de acordo com o que prescreve art. 9º, inciso I, do Decreto
5.450/2005.
30. Ainda que tenha havido menção à área de fachada envidraçada da Gerência Executiva
de Teresina, bem como à necessidade de limpeza semestral da mesma no Termo de Referência, como
argumenta o responsável, neste mesmo documento também há a seguinte previsão (grifos nossos):
‘12.3. Os empregados da empresa CONTRATADA (serventes e encarregados) alocados
para a prestação dos serviços deverão ser devidamente habilitados, selecionados e rigorosamente
preparados, a qual ficará, para todos os efeitos legais e administrativos, responsável perante o
CONTRATANTE e terceiros, pelos atos e omissões por eles praticados no desempenho de suas
funções.
12.4. O número estimado de serventes será de 113 e o de encarregados será de 01 em
razão das áreas e frequência dos serviços’.
31. No mesmo sentido, o modelo de planilha de custos e formação de preços constante do
Anexo ‘B’ do Termo de Referência (peça 21, p. 182) apresenta campos apenas para as categorias de
Encarregado de Servente e Servente.
32. Portanto, o próprio instrumento convocatório estipula que apenas Encarregados de
Serventes e Serventes seriam necessários. Nesse sentido, ao desclassificar a representante (e outros
licitantes) com base na ausência do profissional Limpador de vidros, sem fornecer oportunidade
efetiva para a licitante ‘corrigir’ sua proposta quanto a este ponto, a despeito de não haver tal
exigência em edital, houve falha grave por parte do pregoeiro e desrespeito ao princípio de
vinculação ao instrumento convocatório.
33. Em relação à alegação de que a recusa da proposta estava desacompanhada da
especificação das inconsistências verificadas, o responsável apresenta argumentação em termos
vagos, baseado na premissa de que a o licitante deveria estar a par das regras do edital e que não
caberia ao pregoeiro orientar os licitantes na elaboração dos documentos exigidos.
34. Não se trata de orientação na elaboração dos documentos, que é função do edital do
certame. O pregoeiro deve examinar a aceitabilidade da proposta de menor valor e decidir
motivadamente, de acordo com o subitem 10.7 do edital. Ademais o subitem 10.7.1 estabelece que o
pregoeiro poderá solicitar que o licitante ‘complemente, refaça ou efetue a correção necessária’ (grifo
nosso), desde que não haja majoração da proposta. Portanto, cabe ao pregoeiro informar ao licitante
o que é necessário para a adequação da proposta, sob pena de tornar letra morta o subitem 10.7.1 do

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edital, pois parte-se do pressuposto que o licitante entrega sua proposta com a convicção de que a
mesma está em concordância com o edital. No caso concreto, ao informar que a planilha da
representante está em desacordo com a edital, sem dar a devida motivação, o pregoeiro mitiga a
chance de a licitante corrigir eventuais inconsistências e continuar no certame.
35. Ademais, consta dos autos que o Sr. Ney Ferraz Júnior, autoridade superior, quando do
julgamento da proposta da empresa representante, encaminhou mensagem eletrônica ao responsável
no seguinte teor (peça 22, p. 108):
‘Prezado José Filho, Na condição e qualidade de Autoridade Superior que irá homologar
os atos do pregoeiro, me sinto na obrigação de prestar informações necessários após analise da
documentação da proposta anexada no Pregão Eletrônico. Inicialmente informo que existem erros
sanáveis e insanáveis. Dentre os insanáveis, detectei que na planilha não consta o LIMPADOR DE
VIDROS, pois apesar de o salário normativo da categoria ser igual ao de servente, o dele tem um
acréscimo de 20% de insalubridade. Detectei também a NÃO INCLUSÃO da figura do
ENCARREGADO nas planilhas dos outros municípios, já que este só consta na de Teresina. Urge
ressaltar que no caso supra mencionado da proposta em analise, não caberia sequer correção, pois
não houve falha no preenchimento e, sim, OMISSÃO, desobedecendo o que se exige a ALÍNEA B do
subitem 10.6 do EDITAL, com força de lei. Mesmo assim, concluo, pedindo que faça IMEDIATA
solicitação de CORREÇÃO, na forma do subitem 10.7.1’.
36. Percebe-se que a autoridade superior informou ao pregoeiro, de maneira detalhada,
as inconsistências que o mesmo visualizava na proposta da empresa representante antes de o
pregoeiro ter entrado em contato, via sistema, com a representante. Portanto, entende-se que o
pregoeiro, em atenção ao que foi consignado pela autoridade superior do certame, deveria ter
procedido da mesma maneira com a representante.
37. O fato de que outras duas empresas tiveram tratamento semelhante por parte do
pregoeiro e não lograram sanar as eventuais inconsistências em suas propostas vem a realçar a
lesividade da conduta do pregoeiro em relação à competitividade do certame.
38. No que tange à empresa vencedora, o fato de ter logrado sanar as inconsistências
ainda que sem a indicação das mesmas pelo pregoeiro não tem o condão de, por si só, emprestar ares
de legalidade à conduta narrada. Além disso, essa ‘prontidão’ da empresa será melhor abordada mais
adiante.
39. Em vista do exposto, entende-se que as razões de justificativa apresentadas pelo Sr.
José Rodrigues Martins Filho devem ser rejeitadas.
Audiência do Sr. Ney Ferraz Júnior, autoridade superior
Razões de justificativa (peça 50)
40. Pondera que não há que se falar em indevida desclassificação da empresa Mutual
Serviços de Limpeza em Prédios e Domicílios Ltda., uma vez que a atuação do pregoeiro responsável
pela condução do procedimento licitatório, na modalidade pregão eletrônico, se deu de forma isenta e
em conformidade com os dispositivos legais que regulamentam a matéria.
41. Afirma que, da leitura dos artigos 43, §3º da Lei 8.666/93 e art. 26, §3º do Decreto
5.450/2005 percebe-se que, na verdade, há uma faculdade ao pregoeiro - ou pessoa responsável pela
condução do procedimento licitatório - de promover diligências destinadas a esclarecer a instrução
do procedimento ou sanar erros ou falhas que, porventura, ocorram.
42. Trata-se, portanto, conforme expressa disposição legal, de outorga, por lei, de atuação
discricionária, conforme juízo de conveniência e oportunidade, ao servidor público responsável pela
prática do ato administrativo - o pregoeiro. Ademais, conforme previsão constante no próprio edital
licitatório, que é lei entre as partes envolvidas, o pregoeiro poderia, de plano, desclassificar a
representante do certame; no entanto, conforme declaração constante nos autos, mediante juízo de
conveniência e oportunidade, concedeu prazo para correções necessárias.
43. Os atos do pregoeiro estavam vinculados ao edital, que foi elaborado por outra área
do órgão, cabendo-lhe conduzir o certame conforme as regras lá estabelecidas, desde que,

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obviamente, não houvesse afronta direta à legislação vigente.


44. Em relação à legalidade da licitação questionada e seu consequente contrato
administrativo, registra-se que todo o procedimento foi objeto de processo de apuração de
irregularidade perante a Corregedoria Regional do INSS em Recife, tendo sido instaurado o devido
procedimento por provocação da empresa, ora representante, Mutual Serviços de Limpeza em Prédios
e Domicílios Ltda.
45. O processo administrativo de apuração perante a Corregedoria do INSS restou
improcedente, uma vez que todos os atos questionados pela representante foram convalidados por
autoridade superior, qual seja, o Superintendente Regional Nordeste, tendo a chancela de vários
órgãos superiores de controle interno do INSS, a exemplo da Divisão de Orçamento, Finanças e
Logística, conforme se depreende da leitura dos documentos em anexo (peça 50, p. 11- 135).
46. Ressalta também que tais decisões que mantiveram a existência do referido contrato
administrativo estão em consonância com o interesse público, uma vez que sequer houve danos ao
erário ou prejuízo à boa administração da instituição, no que diz respeito à não interrupção do bom
andamento da máquina pública, cabendo destacar, inclusive, que o preço da adjudicação está dentro
dos ditames previstos no edital.
47. Ponderou que a invalidação de tal contratação poderia ocasionar fatalmente prejuízo
inestimável à população, uma vez que todas as unidades administrativas do INSS/PI, incluindo suas
APS (Agências da Previdência Social) existentes em todo o território estadual, ficariam sem serviços
de manutenção e limpeza, imprescindíveis para o bom funcionamento da máquina pública.
48. Destaca a delimitação da atuação dos participantes no procedimento licitatório. Nesse
quesito, na sistemática instituída pelo Pregão, a competência de decidir foi conferida especificamente
ao pregoeiro. Não há, então, um partilhar do processo decisório e, portanto, não há, em regra, a
responsabilização solidária, como ocorre no certame convencional. O pregoeiro coordena os
trabalhos da equipe de apoio, mas decide sozinho e responde pelos seus próprios atos. Nesse sentido,
o art. 3º da Lei 10.520/2002 estabelece que:
‘Art. 3º A fase preparatória do pregão observará o seguinte:
I - a autoridade competente justificará a necessidade de contratação e definirá o objeto do
certame, as exigências de habilitação, os critérios de aceitação das propostas, as sanções por
inadimplemento e as cláusulas do contrato, inclusive com fixação dos prazos para fornecimento;
II - a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e clara, vedadas especificações
que, por excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, limitem a competição;
III - dos autos do procedimento constarão a justificativa das definições referidas no inciso
I deste artigo e os indispensáveis elementos técnicos sobre os quais estiverem apoiados, bem como o
orçamento, elaborado pelo órgão ou entidade promotora da licitação, dos bens ou serviços a serem
licitados; e
IV - a autoridade competente designará, dentre os servidores do órgão ou entidade
promotora da licitação, o pregoeiro e respectiva equipe de apoio, cuja atribuição inclui, dentre
outras, o recebimento das propostas e lances, a análise de sua aceitabilidade e sua classificação, bem
como a habilitação e a adjudicação do objeto do certame ao licitante vencedor’ (grifou).
49. Por sua vez, o art. 9º do Anexo I do Decreto 3.555/2000, que regulamenta a Lei
10.520/2002, assim dispõe:
‘Art. 9º As atribuições do pregoeiro incluem:
I - o credenciamento dos interessados;
II - o recebimento dos envelopes das propostas de preços e da documentação de
habilitação;
III - a abertura dos envelopes das propostas de preços, o seu exame e a classificação dos
proponentes;
IV - a condução dos procedimentos relativos aos lances e à escolha da proposta ou do
lance de menor preço;

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V - a adjudicação da proposta de menor preço;


VI - a elaboração de ata;
VII - a condução dos trabalhos da equipe de apoio;
VIII - o recebimento, o exame e a decisão sobre recursos; e
IX - o encaminhamento do processo devidamente instruído, após a adjudicação, à
autoridade superior, visando a homologação e a contratação’.
50. Assevera que responsabilidade pela condução do pregão recai sobre o pregoeiro, que
tem a tarefa de classificar/desclassificar as propostas, habilitar o licitante a ser contratado e
adjudicar-lhe o objeto da licitação. Nesse sentido, caso seja mantida a decisão que declarou a
atuação irregular do pregoeiro em relação ao modo como ele exerceu sua atribuição, em virtude da
ausência de má-fé e inexistência de prejuízo efetivo ao erário público, seria desarrazoada que tal
condenação fosse estendida à figura da autoridade superior, uma vez que não participou,
efetivamente, da tomada de decisão que está sendo questionada.
51. Ademais, o princípio da boa-fé pode ser aplicado perfeitamente no âmbito do direito
administrativo. Tal aplicação deve ocorrer sem qualquer restrição, haja vista as múltiplas relações
que o Estado mantém com os cidadãos.
52. Não há, portanto, qualquer questionamento quanto à aplicação do princípio da boa-fé
na Administração Pública, com utilização irrestrita nas relações jurídicas estabelecidas entre o Poder
Público e os particulares, considerando-se ainda que, a maior fonte do Direito Público, a
Constituição Federal, reconhece o valor da boa-fé, pautada na confiança. Independentemente do
assento constitucional que é dado ao princípio da boa-fé, pondera que a Lei 9.784/1999 deu
expressão, no plano infraconstitucional e no tocante ao direito administrativo, ao princípio da boa-fé.
53. Salienta que o Contrato 35/2012, inicialmente firmado com a empresa Mutual Serviços
de Limpeza em Prédios e Domicílios, Ltda., após as sucessivas prorrogações realizadas, teve seu
prazo final em 9/9/2017, tudo em conformidade ao que dispõe o art. 57, inciso II, da Lei 8.666/93.
54. Assim, considerando o prazo de vigência inicial em 10/9/2012, após a duração ter sido
prorrogada no limite máximo legal de sessenta meses, tem-se sua vigência encerrada em definitivo em
09/09/2017. No caso concreto, ainda que a Administração quisesse prorrogar, não poderia, já que
atingira o limite máximo para tanto.
55. Frisa que a situação prevista no art. 57, § 4º, da Lei 8.666/93, permitindo a
prorrogação por mais doze meses, além dos sessenta meses, dá-se apenas em caráter excepcional,
devidamente justificado e mediante autorização da autoridade superior, por meio de instauração de
procedimento administrativo próprio, iniciado e concluído antes do término dos sessenta meses,
obedecendo todos os critérios legais.
56. Por fim, requer ‘a total improcedência da denúncia em todos os seus termos’. Caso o
TCU entenda de forma diversa, requer que seja considerada a ausência de má-fé e inexistência de
prejuízo efetivo ao erário público, de forma a isentar a responsabilidade da autoridade superior, uma
vez que a condenação por arrastamento seria desarrazoada, visto que não participou, efetivamente,
da tomada de decisão de desclassificação da representante.
Análise
57. No que tange à parte em que o responsável busca justificar a conduta do pregoeiro
(itens 40 a 43 desta instrução) entende-se que também se aplica a análise das razões de justificativa
do pregoeiro, anteriormente realizada por esta Unidade Técnica (itens 21 a 39 desta instrução), tendo
em vista que se baseiam em argumentos semelhantes.
58. Em relação ao argumento de que a legalidade da licitação foi analisada em processo
administrativo instaurado pela Corregedoria Regional do INSS em Recife, que considerou a denúncia
improcedente, cabe ressaltar que se trata de um objeto distinto dos presentes autos.
59. O Despacho INSS/CORREC/Nº 089/2017 (peça 50, p. 92) consigna o seguinte:
‘1. Cuida-se o presente processo de denúncia contra o Gerente Executivo em Teresina/PI,
Ney Ferraz Júnior, formulada pela empresa MUTUAL SERVIÇOS EM PRÉDIOS E DOMICÍLIOS

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 028.842/2017-0

LTDA, CNPJ 10.659.927/0001-91, na pessoa do Sr. OTÁVIO DE CASTRO MELO NETO, Diretor
Executivo.
2. Em síntese, relata o denunciante que o servidor Ney Ferraz Júnior agiu com ‘excesso de
poder’ ao continuar na função de Gerente Executivo mesmo após a sua portaria de nomeação ter sido
tornada sem efeito e sustenta ainda que o referido servidor saltou a obrigação de julgar recursos
quando da homologação Pregão Eletrônico n° 01/2017 nos autos do processo 35226.001375/2017-83
em defesa da empresa SERVFAZ SERVIÇOS DE MÁO DE OBRA LTDA. Para sustentar a denúncia
juntou aos autos cópia do BSL/GEXTER/PI/INSS n° 35 de 02/09/2016’.
60. Ainda que haja a identidade entre o autor da inicial dos presentes autos e o autor da
Denúncia perante a Corregedoria Regional do INSS em Recife e haja menção ao Pregão 1/2017, a
motivação é diversa, pois alega que o responsável continuou na função de Gerente Executivo após sua
nomeação ter sido tornada sem efeito, fato que não está em análise nos presentes autos.
61. No que tange ao eventual prejuízo à administração advindo de eventual invalidação do
certame por este Tribunal, cabe ressaltar que tal fato não consta da audiência, porém será
considerado na proposta de encaminhamento, uma vez que esta Corte atua na defesa do interesse
público.
62. Em relação à alegação de que, no Pregão, não há, em regra, a responsabilização
solidária da autoridade superior, tal argumento não deve prosperar. A jurisprudência desta Corte de
Cortas é firme no sentido de que a autoridade homologadora é responsável solidariamente pelos
vícios identificados nos procedimentos licitatórios, exceto se forem vícios ocultos, dificilmente
perceptíveis. A homologação caracteriza-se como um ato de controle praticado pela autoridade
competente, que não pode ser tido como meramente formal ou chancelatório (v.g. Acórdão
1.018/2015-TCU-Plenário, Relator Ministro Vital do Rêgo, Acórdão 1.526/2016-TCU-Plenário,
Relator Ministro Augusto Nardes, Acórdão 2.318/2017-TCU-Plenário, Relator Ministro-Substituto
Marcos Bemquerer).
63. No caso em tela, os vícios apontados pelo Tribunal eram facilmente perceptíveis, tendo
em vista que o responsável enviou mensagens eletrônicas ao pregoeiro do certame durante o
julgamento das propostas, uma delas transcrita no item 35 desta instrução, algo que não é usual na
praxe do Pregão Eletrônico.
64. Ademais, quando da prolação da decisão da autoridade superior em relação aos
recursos interpostos pelos licitantes, o responsável manteve a decisão do pregoeiro integralmente
‘máxime pela fundamentação expendida, porquanto a considerado afinada com o Edital’, adotando
expressamente a motivação do pregoeiro como sua (peça 30).
65. No que tange à boa-fé, cabe ressaltar que a mesma não é aplicada ‘sem qualquer
restrição’ como alega o responsável. A boa-fé, no âmbito dos processos do TCU, não decorre de
presunção legal geral ou mera alegação. Deve estar corroborada em contexto fático e de condutas
propícias ao reconhecimento dessa condição em favor dos responsáveis (v.g. Acórdão 2.742/2019-
TCU-2ª Câmara, Relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer, Acórdão 4.667/2017-TCU-1ª
Câmara, Relator Ministro Bruno Dantas, Acórdão 8.928/2015-TCU-2ª Câmara, Relator Ministro-
Substituto Marcos Bemquerer, Acórdão 1.895/2014-TCU-2ª Câmara, Relatora Ministra Ana Arraes).
No caso em tela, entende-se que não há elementos propícios ao reconhecimento da boa-fé do
responsável.
66. Em relação ao Contrato 35/2012, firmado com a empresa Mutual Serviços de Limpeza
em Prédios e Domicílios, Ltda., e suas prorrogações, cabe ressaltar que tal fato não consta da
audiência do responsável e já foi analisado por esta Unidade Técnica em instrução pretérita (peça 34,
itens 27 a 32).
67. Por fim, quanto à alegação de que o responsável não deveria ser responsabilizado,
pois não participou, efetivamente, da tomada de decisão de desclassificação da representante, tal
argumento não deve prosperar. Como relatado anteriormente nesta instrução (item 35), o responsável
encaminhou mensagem ao pregoeiro solicitando que este concedesse ao representante a oportunidade

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 028.842/2017-0

de correção de inconsistências verificadas na proposta. Tal oportunidade não foi concedida em sua
plenitude, tendo em vista que o pregoeiro não informou quais aspectos deveriam ter sido corrigidos.
68. Ademais, como autoridade superior, o responsável tem a incumbência de decidir
recursos contra atos do pregoeiro, quando este mantiver sua decisão, de acordo com o Art. 8º, inciso
IV do Decreto 5.450/2004, fato que ocorreu no presente caso. Ao homologar atos irregulares por
parte do pregoeiro, a autoridade superior torna-se responsável solidariamente pelos atos, como já
consignado no item 62 desta instrução.
69. Em vista do exposto, entende-se que as razões de justificativa apresentadas pelo Sr.
Ney Ferraz Júnior devem ser rejeitadas.
Manifestação da empresa Mutual Serviços em Prédios e Domicílios Ltda. (peça 52)
70. Registre-se que, mesmo sem ser instada para tal e tampouco reconhecida como parte
interessada no presente processo, a empresa representante apresentou petição com o intuito de contra
argumentar as razões de justificativa trazidas pelos Senhores José Rodrigues Martins Filho e Ney
Ferraz Júnior.
71. Tendo em vista a audiência ter caráter personalíssimo, podendo gerar repercussões
negativas para o responsável, esta Unidade Técnica entende que, em consonância com os princípios
do contraditório e da ampla defesa, não cabe manifestação de particular que não seja o responsável,
mormente para agravar a situação do mesmo.
72. Portanto, esta Unidade Técnica desconsiderou o documento de peça 52 em relação à
audiência dos responsáveis.
Do contrato decorrente do Pregão 1/2017
73. No que tange ao valor da contratação, cujo valor negociado de R$ 3.519.627,12 foi
menor que o valor da proposta da representante (R$ 3.519.996,00) e abaixo do valor estimado
(R$ 3.588.090,12), entende-se que não houve prejuízo financeiro para a Administração.
74. Entretanto, há indícios de que a conduta dos Senhores José Rodrigues Martins Filho e
Ney Ferraz Júnior tenha favorecido a empresa Servfaz Serviços de Mão de Obra Ltda.
75. O primeiro aspecto levantado por esta Unidade Técnica é que as planilhas de custos
das empresas D&L Serviços de Apoio Administrativo Ltda., Mutual Serviços de Limpeza em Prédio e
Domicílios Ltda. e Global Serviços e Comércio Ltda. seguiram o modelo previsto no Anexo ‘B’ do
Termo de Referência (peça 21, p. 182), já que continham apenas os campos relativos ao Encarregado
de Servente e Servente.
76. Apenas a empresa Servfaz Serviços de Mão de Obra Ltda. apresentou a categoria de
Limpador de Vidros (Jauzeiro) em sua planilha (peça 22, p. 167), em desacordo com o modelo do
edital.
77. Apesar de não haver a previsão de Limpador de Vidros (Juazeiro) no edital do Pregão
1/2017, a ausência dessa categoria foi apontada pelo pregoeiro como ‘erro gravíssimo’ no
preenchimento das três empresas desclassificadas (peça 29, p. 4), o que beneficiou a empresa que
viria a ser a vencedora do certame.
78. O segundo aspecto, que é ainda mais grave, diz respeito à mensagem eletrônica
enviada pela autoridade competente ao pregoeiro do certame, quando da análise de proposta da
empresa Servfaz. Foi consignado o seguinte:
‘Prezado José Filho,
Na condição e qualidade de Autoridade Superior que irá homologar os atos do pregoeiro,
me sinto na obrigação de prestar informações necessárias após análise da documentação da proposta
anexada no Pregão Eletrônico, sobre a proposta da SERVFAZ-SERVIÇOS E MÃO DE OBRA LTDA,
CNPJ N. 10.013.974/0001-63.
Inicialmente informo que existe UM erro sanável. Considero de certa forma nem que seja
erro, mas importante prevenir para futuros julgamentos em órgãos superiores e próximos certames,
servindo de exemplo e padrão a ser seguido. Detectei que a empresa em sua planilha D, já se
encontram os municípios incluídos, mas estão de certa forma ocultos. Acredito que seja no momento

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 028.842/2017-0

de conversão para PDF, solicitando assim essa atenção nessa e nas demais.
Importante frisar que seria interessante, fazer constar a menção à Convenção Coletiva de
Trabalho na Carta Proposta, pondo o número do registro no MTE, data do registro, número da
solicitação e número do processo, incluindo as informações do CCT.
Urge ressaltar que pode parecer exagero por minha parte, solicitar tais inserções das
informações, mas tudo isso é somente buscando maior lisura e transparência do procedimento
licitatório.
Mesmo assim, concluo, pedindo que faça IMEDIATA solicitação de CORREÇÃO, na
forma do subitem 10.7.1’.
79. Como relatado anteriormente nesta instrução, tal situação é incomum na praxe do
Pregão Eletrônico. Ademais, especialmente no que tange à ‘menção à Convenção Coletiva de
Trabalho na Carta Proposta, pondo o número do registro no MTE, data do registro, número da
solicitação e número do processo, incluindo as informações do CCT’, entende-se que a autoridade
superior estava exigindo itens não constantes no edital, pois o mesmo, em seu subitem 7.1.3.1, estatui
que ‘Quando da apresentação da proposta, deverá ser indicado o acordo ou convenção coletiva que
rege a categoria profissional vinculada à execução do serviço’.
80. Ressalte-se que, de acordo com o Portal Compras Governamentais, a empresa Servfaz,
na primeira vez que foi instada a apresentar a proposta, enviou os seguintes arquivos:

81. Percebe-se que a empresa Servfaz havia enviado ‘o acordo ou convenção coletiva que
rege a categoria profissional vinculada à execução do serviço’, por intermédio do arquivo ‘CCT
2017’; entretanto, em pesquisa ao processo administrativo (peça 22, p. 162 até peça 23, p. 29)
percebe-se que este documento não foi acostado aos autos pelo órgão.
82. Após a mensagem eletrônica da autoridade superior, o pregoeiro, via sistema, enviou a
seguinte mensagem (peça 26, p. 8):
‘Para SERVFAZ SERVICOS DE MAO DE OBRA LTDA - Devido a inconsistências no
preenchimento da planilha, na forma do subitem 10.7.1 do Edital, solicitamos que essa empresa efetue
as correções necessárias, sem que haja majoração do valor ofertado, e a re-envie no prazo máximo de
30 minutos, contados a partir do horário de envio da mensagem de convocação emitida pelo sistema,
sob pena de recusa da proposta’.
83. Ressalte-se que o teor da mensagem é o mesmo que foi enviado anteriormente para as
empresas D&L Serviços de Apoio Administrativo Ltda., Mutual Serviços de Limpeza em Prédio e
Domicílios Ltda. e Global Serviços e Comércio Ltda.
84. Ademais, há menção a correções na planilha e não na Carta Proposta, como constou
da mensagem eletrônica enviada pela autoridade competente ao pregoeiro. Entretanto, a empresa
enviou dois arquivos corrigidos, quais sejam:

85. Cabe, inclusive, trazer a comparação visual entre excertos das duas versões da Carta
Proposta. A página final documento enviado pela primeira vez era a seguinte:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 028.842/2017-0

86. Entretanto, após ser instada pelo pregoeiro a corrigir a planilha via mensagem no
sistema, a empresa Servfaz enviou nova Carta Proposta, cuja página final é a seguinte:

87. Da comparação do teor dos dois documentos, percebe-se que as alterações foram
exatamente as que constavam da mensagem eletrônica mencionada no item 78 desta instrução.
88. Esta Unidade Técnica entende que este fato é outro forte indício de que pode ter
havido favorecimento, por intermédio de algum tipo de comunicação fora do sistema Compras
Governamentais entre os responsáveis e a licitante vencedora. Ademais, ao enviar para a empresa
vencedora, via sistema, o mesmo teor das mensagens que foram previamente encaminhadas para as
empresas desclassificadas, mesmo sem aparente necessidade, os responsáveis poderiam emprestar
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 028.842/2017-0

ares de legalidade e isonomia a tal conduta, assim como foi alegado pelo Sr. José Rodrigues Martins
Filho em suas razões de justificativa, no item 19 desta instrução.
89. Ressalte-se que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso
Extraordinário (RE) 68.006-MG, se manifestou no sentido de que ‘indícios vários e coincidentes são
prova’, e o TCU não discrepa desse entendimento (v.g. Acórdão 2.143/2007, Relator Ministro Aroldo
Cedraz e Acórdão 2.735/2010-TCU-Plenário, Relator Ministro Benjamin Zymler).
90. Não obstante a proposta de rejeição das razões de justificativa apresentadas pelos
Senhores José Rodrigues Martins Filho e Ney Ferraz Júnior, e a consequente a aplicação de multa,
com fulcro no art. 58, II, da Lei 8.443/1992, esta Unidade Técnica entende que se tratam de infrações
graves, e o art. 60 da Lei 8.443/1992 também é aplicável neste caso. O citado diploma legislativo
prevê o seguinte:
‘Art. 60. Sem prejuízo das sanções previstas na seção anterior e das penalidades
administrativas, aplicáveis pelas autoridades competentes, por irregularidades constatadas pelo
Tribunal de Contas da União, sempre que este, por maioria absoluta de seus membros, considerar
grave a infração cometida, o responsável ficará inabilitado, por um período que variará de cinco a
oito anos, para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração
Pública’.
91. Cabe ressaltar que as infrações a serem consideradas graves são as mesmas que
foram objeto da audiência reproduzida no item 4 desta instrução. Os fatos narrados nos itens 74 a 89
servem apenas como suporte fático para tal entendimento, inserindo a gravidade da conduta
previamente inquinada no contexto do Pregão 1/2017 e explicitando suas consequências, como a falta
de tratamento isonômico aos licitantes desclassificados e favorecimento ao licitante vencedor.
92. Ademais, em atenção ao Memorando Circular 33/2014-Segecex, esta Unidade Técnica
incorpora a esta instrução a Matriz de Responsabilização realizada em instrução pretérita (peça 34,
p. 12), mantendo-a inalterada, tendo em vista a rejeição integral das razões de justificativa dos
responsáveis.
93. No que tange à manutenção do contrato firmado em decorrência do Pregão 1/2017,
cabe ressaltar que a exigência de profissional Limpador de Vidros (Jauzeiro), quando do julgamento
da proposta dos licitantes do Pregão 1/2017, sem a correspondente previsão no edital do certame
feriu o princípio da vinculação ao instrumento convocatório, insculpido no art. 5º do Decreto
5.450/2005, bem como denotou a caracterização inadequada do objeto, em afronta ao art. 9º, inciso I,
do mesmo normativo.
94. Entretanto, levando-se em conta o que foi consignado no item 73 desta instrução e
tendo em vista que uma decisão no sentido de anular o contrato firmado com a empresa Servfaz
Serviços de Mão de Obra Ltda. poderia trazer prejuízos para o órgão, como, por exemplo, a
interrupção do serviço e/ou uma contratação emergencial, entende-se que deve ser determinada a não
prorrogação do contrato decorrente do Pregão 1/2017.
CONCLUSÃO
95. A presente representação deve ser considerada, no mérito, parcialmente procedente.
96. Devem ser rejeitadas as razões de justificativa apresentadas pelos Senhores José
Rodrigues Martins Filho e Ney Ferraz Júnior. Por conseguinte, deve ser proposta a aplicação de
multa aos responsáveis, com fulcro no art. 58, II, da Lei 8.443/1992.
97. As infrações cometidas devem ser consideradas graves, com fulcro no art. 60 da Lei
8.443/1992.
98. Deve ser determinada a não prorrogação do contrato firmado com a empresa Servfaz
Serviços de Mão de Obra Ltda. vencedora do Pregão 1/2017.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
99. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
a) conhecer da presente representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade
previstos nos arts. 235 e 237, inciso VII do Regimento Interno deste Tribunal, c/c art. 113, § 1º, da Lei

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 028.842/2017-0

8.666/1993 e no art. 103, § 1º, da Resolução – TCU 259/2014 e, no mérito, considerá-la parcialmente
procedente;
b) rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelos Senhores José Rodrigues Martins
Filho, CPF 218.551.103-34 e Ney Ferraz Júnior, CPF 623.427.383-15;
c) aplicar aos Senhores José Rodrigues Martins Filho, CPF 218.551.103-34, Pregoeiro do
Pregão Eletrônico 1/2017 e Ney Ferraz Júnior, CPF 623.427.383-15, Gerente Executivo do INSS
(autoridade superior) quando da realização do Pregão Eletrônico 1/2017, individualmente, a multa
prevista no art. 58, II, da Lei 8.443/1992, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar das
notificações, para que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento
Interno/TCU), o recolhimento das dívidas ao Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a
data do acórdão que vier a ser proferido até a data dos efetivos recolhimentos, se forem pagas após o
vencimento, na forma da legislação em vigor;
d) autorizar o desconto das dívidas na remuneração dos servidores, observado o disposto
no art. 46 da Lei 8.112/1990;
e) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança
judicial das dívidas caso não atendidas as notificações e não seja possível o desconto determinado;
f) inabilitar, com fundamento no art. 60 da Lei 8.443/1992, José Rodrigues Martins Filho,
CPF 218.551.103-34 e Ney Ferraz Júnior, CPF 623.427.383-15, para o exercício de cargo em
comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública Federal, tendo em vista a
gravidade das infrações cometidas pelos mesmos;
g) determinar ao Instituto Nacional do Seguro Social/INSS - Gerência Executiva em
Teresina – PI, com fulcro no art. 250, inciso II, do RI/TCU, que se abstenha de prorrogar o contrato
decorrente do Pregão Eletrônico 1/2017, tendo em vista que a exigência de profissional Limpador de
Vidros (Jauzeiro) quando do julgamento das propostas dos licitantes do Pregão 1/2017, sem a
correspondente previsão no edital do certame, feriu o princípio da vinculação ao instrumento
convocatório, insculpido no art. 5º do Decreto 5.450/2005, bem como denotou a caracterização
inadequada do objeto, em afronta ao art. 9º, inciso I, do mesmo normativo.
h) dar ciência do acórdão que vier a ser proferido ao representante e ao Instituto Nacional
do Seguro Social/INSS - Gerência Executiva em Teresina – PI, destacando que o relatório e o voto que
fundamentam a deliberação ora encaminhada podem ser acessados por meio do endereço eletrônico
www.tcu.gov.br/acordaos e que, caso tenham interesse, o Tribunal pode encaminhar-lhes cópia desses
documentos sem quaisquer custos”.

É o Relatório.

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PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO

Trata-se de representação, com pedido de cautelar suspensiva, formulada pela Mutual


Serviços de Limpeza em Prédios e Domicílios Ltda. sobre os indícios de irregularidade no Pregão
Eletrônico nº 1/2017 promovido pela Gerência Executiva do Instituto Nacional do Seguro Social em
Teresina – PI com vistas à subsequente contratação de serviços de limpeza, conservação e
higienização, além do fornecimento de materiais, sob o valor estimado de R$ 3.588.090,12.
2. Por intermédio do Acórdão 3.773/2018, o Plenário do TCU já conheceu da presente
representação, mas indeferiu o pedido de cautelar suspensiva, sem prejuízo de determinar a
audiência de José Rodrigues Martins Filho, como pregoeiro, e de Ney Ferraz Júnior, como
autoridade superior do certame, para apresentarem as suas razões de justificativa em face da
indevida desclassificação da Mutual Serviços de Limpeza em Prédios e Domicílios Ltda.
sob o pretexto de inconsistências nas planilhas de custos e de formação de preços, sem ter
especificado, contudo, as aludidas inconsistências e sem conceder, ainda, o tempo
suficiente para a devida correção, tendo infringido por analogia, assim, o art. 43, § 3º, da
Lei nº 8.666, de 1993, o art. 26, § 3º, do Decreto nº 5.450, de 2005, e o art. 29-A, § 2º, da
então vigente Instrução Normativa MPOG nº 2, de 2008, além de ofender os princípios da
máxima competitividade no certame, da razoabilidade na desclassificação das propostas e
da busca da proposta mais vantajosa para a administração pública.
3. No mérito, após a regular notificação, o Sr. José Rodrigues Martins Filho apresentou as
suas justificativas (Peça 46), alegando, em síntese, que: (a) não teria sumariamente
recusado a proposta da ora representante e teria, sim, usado da prerrogativa para solicitar a
devida correção, em sintonia com o item 10.7.1 do edital do pregão; (b) o tempo de 30
minutos para a correção teria sido razoável, já que o item 10.5 do edital previa o tempo de
60 minutos para a adaptação da proposta ao melhor lance ofertado; (c) a desclassificação
teria sido baseada em cláusula do edital e, assim, não caberia ao pregoeiro orientar a
licitante na correção da sua proposta, sob pena de ferir a isonomia, a igualdade e a
impessoalidade; (d) outras licitantes também teriam apresentado as propostas de preço
inconsistentes, aí incluída a vencedora do certame, e a nenhuma delas teria sido dado o
privilégio do detalhamento das respectivas falhas; e (e) o não provimento do recurso
interposto pela ora representante teria decorrido da ausência de fato novo.
4. Por seu turno, o Sr. Ney Ferraz Júnior também apresentou as suas justificativas (Peça 50),
alegando, em suma, que: (a) o pregoeiro teria usado da discricionariedade para promover as
diligências necessárias e sanar as falhas verificadas nas propostas, tendo concedido o prazo
para as correções, em consonância com o edital do certame elaborado por outro
departamento no INSS; (b) todo o procedimento licitatório teria sido objeto de apuração
pela Corregedoria Regional do INSS em Recife – PE, em face da então provocação da ora
representante, tendo a denúncia sido considerada improcedente, e, assim, os atos do então
gerente executivo do INSS em Teresina – PI teriam sido convalidados; (c) a manutenção do
atual contrato estaria em consonância com o interesse público, já que não subsistiria o
eventual dano ou prejuízo à administração pública; (d) o pregoeiro deteria a exclusiva
competência para decidir o pregão, não subsistindo, assim, a responsabilidade solidária da
autoridade superior; e (e) não teria ocorrido a suposta má-fé e, por isso, seria desarrazoada
a extensão da eventual condenação do pregoeiro à autoridade superior, já que não teria
participado da ora questionada tomada de decisão.
5. De todo modo, após a análise final do feito, a Selog propôs a aplicação individual da multa
prevista no art. 58, II, da Lei nº 8.443, de 1992, em desfavor de José Rodrigues Martins
Filho e Ney Ferraz Júnior, com o subsequente desconto das dívidas na remuneração dos
aludidos servidores, além da inabilitação temporária de ambos os responsáveis para o

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 028.842/2017-0

exercício de função pública na administração federal, ante o favorecimento à empresa


contratada, tendo a unidade técnica proposto, ainda, o envio de determinação para a
entidade se abster de prorrogar o subsequente contrato público.
6. Incorporo o parecer da unidade técnica a estas razões de decidir.
7. As razões de justificativa apresentadas pelo então pregoeiro não merecem acolhida, até
porque não diferiram das suas manifestações pretéritas no sentido de não lhe caber
promover o detalhamento das falhas identificadas na planilha de custos e formação de
preços da ora representante e das demais licitantes desclassificadas, já que as falhas
deveriam ser verificadas pela própria interessada, durante o tempo de 30 minutos
concedido, em confronto com as exigências do edital e da legislação aplicável, pois não
caberia ao pregoeiro orientar a devida correção das aludidas falhas, sob pena de,
supostamente, ferir a isonomia, a igualdade e a impessoalidade no certame.
8. Ocorre, todavia, que não se tratou, aí, da suposta negativa para evitar o indevido tratamento
privilegiado à licitante, mas da evidente falta de providências para promover a necessária
diligência saneadora sobre a referida lacuna de informações, já que, por erro grosseiro, o
pregoeiro deixou de ponderar as suas decisões pela busca da proposta mais vantajosa para a
administração pública e, assim, deixou de respeitar o princípio da razoabilidade com vistas
a evitar a desnecessária e inadequada desclassificação das licitantes, nos termos do
princípio da máxima competitividade no certame, em sintonia com a jurisprudência do
TCU, tendo o Acórdão 3.773/2018 sido proferido pela 2ª Câmara do TCU em caso
semelhante, por exemplo, no seguinte sentido:
“(...) 9. Ocorre que a clara indicação das possíveis inconsistências não feriria os aludidos
princípios suscitados pelo pregoeiro, ao passo que a falta dessa clara indicação tende a
impedir a efetiva correção da correspondente proposta, contribuindo para a inobservância
dos princípios da máxima competitividade no certame e da busca da proposta mais
vantajosa para a administração pública.
10. Bem se sabe que a pronta desclassificação de licitantes, em virtude da apresentação de
planilhas de custos e de formação de preços, com alguns itens faltantes ou com valores formalmente
inadequados, sem lhes oportunizar a prévia chance de retificar as falhas apontadas, tem sido
reprimida pela jurisprudência do TCU (v.g.: Acórdãos 1.179/2008, 2.371/2009, 187/2014, 2.546/2015
e 830/2018, do Plenário).
11. A jurisprudência do TCU tem caminhado no sentido de que a subsistência de erros
materiais ou de omissões nas planilhas de custos e de preços não deve imediatamente resultar na
desclassificação das respectivas propostas, devendo a administração pública realizar as necessárias
diligências junto às licitantes para a devida correção das falhas, desde que, obviamente, isso não
altere o valor global proposto, cabendo à licitante suportar, ainda, o eventual ônus decorrente do seu
erro, no caso de a administração considerar exequível a proposta apresentada, em sintonia com o art.
29-A, § 2º, da então vigente IN MPOG nº 2, de 2008, quando aduzia que:
‘Art. 29-A (...) § 2º Erros no preenchimento da Planilha não são motivo suficiente para a
desclassificação da proposta, quando a Planilha puder ser ajustada sem a necessidade de majoração
do preço ofertado, e desde que se comprove que este é suficiente para arcar com todos os custos da
contratação’.
12. Por esse prisma, o pregoeiro deveria ter informado os itens com erro na planilha de
custos e os itens descumpridos do edital, sem discorrer, contudo, sobre a forma como esses erros
deveriam ser corrigidos, em consonância com o art. 43, § 3º, da Lei n.º 8.666, de 1993, e o art. 26,
§ 3º, do Decreto n.º 5.450, de 2005.
13. Bem se vê, então, que, apesar da suposta oportunidade formal para a então licitante
corrigir a sua proposta de preço, o pregoeiro não teria proporcionado a efetiva oportunidade material
para essa correção, devendo-se salientar, nesse ponto, que a decisão final do pregoeiro teria sido
influenciada, de certa forma, pela manifestação da autoridade superior (Peça 29, p. 4-6), ao

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considerar a omissão sobre o profissional limpador de vidros como falha insanável, em face de essa
categoria, diferentemente do servente, contar com 20% de acréscimo no salário a título de
insalubridade” (grifou-se).
9. Não por acaso, a Selog assinalou que, estranhamente, os motivos para a desclassificação da
então proposta da ora representante (inconsistência nos valores cotados para o transporte
urbano nas cidades de Parnaíba, Floriano e Picos, além da não inclusão do profissional
como limpador de vidros) teriam sido informados somente após a aludida desclassificação
da proposta e em momento impróprio, já que isso foi feito por ocasião da aceitação da
correspondente intenção do recurso (Peça 26, p. 5), reforçando as evidências de
irregularidade no procedimento, até porque o item 10.8.3 do edital teria sido usado como
fundamento para essa decisão, mas não se aplicaria a esse caso, pois versaria sobre a
eventual inexequibilidade da proposta, e não sobre a aludida correção de erro material.
10. Não fosse o bastante, a suposta falta do limpador de vidros teria decorrido de falha da
própria administração pública, já que o edital do certame não faria nenhuma menção a esse
profissional, destacando, nesse ponto, que, apesar de discorrer sobre a área de fachada
envidraçada na referida gerência executiva, além da necessária limpeza semestral, o termo
de referência não exigiria o aludido profissional, trazendo apenas a seguinte previsão:
“(...) 12.3. Os empregados da empresa CONTRATADA (serventes e encarregados)
alocados para a prestação dos serviços deverão ser devidamente habilitados, selecionados e
rigorosamente preparados, a qual ficará, para todos os efeitos legais e administrativos, responsável
perante o CONTRATANTE e terceiros, pelos atos e omissões por eles praticados no desempenho de
suas funções.
12.4. O número estimado de serventes será de 113 e o de encarregados será de 01 em
razão das áreas e frequência dos serviços” (grifou-se).

11. Por essa linha, o modelo de planilha de custos e formação de preços anunciado no Anexo B
do termo de referência (Peça 21, p. 182) apresentava os campos apenas para as categorias
de “Encarregado de Servente” e de “Servente”, de tal sorte que, como o próprio
instrumento convocatório estipularia apenas a necessidade de serventes e encarregados, a
ora representante e as outras licitantes não poderiam ter sido desclassificadas pela ausência
do suposto limpador de vidros, sem permitir, ainda, a efetiva oportunidade para o ajuste das
propostas, lembrando que o item 10.7.1 do edital autorizava o pregoeiro a solicitar que as
licitantes complementassem, refizessem ou efetuassem a necessária correção, sem
majoração da proposta, para passar a ser considerada no certame.
12. Para piorar toda a estranha situação, como então autoridade superior, o Sr. Ney Ferraz
Júnior teria informado ao pregoeiro, detalhadamente, as supostas inconsistências
visualizadas nas propostas de preço (Peça 21, p. 5), salientando que, a partir dessa inusitada
manifestação, ele teria influenciado a subsequente decisão do pregoeiro, até porque o então
gerente executivo teria apontado a referida omissão do suposto limpador de vidros como
falha insanável.
13. A atuação do Sr. Ney Ferraz Júnior teria sido, assim, decisiva para o direcionamento no
certame, já que ele indeferiu os recursos administrativos interpostos pelas licitantes
desclassificadas, aí incluído o então recurso da ora representante, destacando, neste ponto,
que, ao homologar o indigitado certame, a autoridade superior passou a responder
solidariamente pelas irregularidades perpetradas pelo pregoeiro, já que não teria ocorrido o
eventual vício oculto, em plena consonância com jurisprudência do TCU (v.g.: Acórdãos
1.018/2015, 1.526/2016 e 2.318/2018, do Plenário).
14. Mostra-se adequada, pois, a proposta da unidade técnica para a aplicação da multa legal aos
aludidos responsáveis, até porque as referidas falhas seriam facilmente perceptíveis,
configurando o suscitado erro grosseiro, em face da grave infração à norma legal

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orçamentário-financeira, tendo a Selog destacado, ainda, as fortes evidências de a aludida


irregularidade ter sido praticada em favorecimento à empresa posteriormente contratada
(Servfaz), diante das seguintes circunstâncias:
(a) apenas a Servfaz apresentou a categoria de limpador de vidros na sua planilha de preços,
em desacordo, no entanto, com o modelo do edital (Peça 21, p. 182), ao passo que as
licitantes desclassificadas (D&L, Mutual e Global) teriam seguido o modelo previsto no
Anexo B do termo de referência, com os campos inerentes às categorias funcionais de
servente e de encarregado de servente (Peça 22, p. 68-167);
(b) a ausência do limpador de vidros foi apontada pelo pregoeiro como “erro gravíssimo” para
fundamentar a desclassificação das aludidas licitantes, apesar da não previsão no edital,
tendo beneficiado, com isso, a Servfaz, por ter sido a única licitante indicadora desse
profissional (Peça 29, p. 4);
(c) a incomum comunicação da autoridade superior sobre a proposta da Servfaz sugeriu ao
pregoeiro “fazer constar a menção à Convenção Coletiva de Trabalho na Carta Proposta,
pondo o número do registro no MTE, data do registro, número da solicitação e número do
processo, incluindo as informações do CCT” (Peça 29, p. 5), a despeito de essas
informações não terem sido exigidas pelo item 7.1.3.1 do edital, ao estabelecer que,
“quando da apresentação da proposta, deverá ser indicado o acordo ou convenção coletiva
que rege a categoria profissional vinculada à execução do serviço”;
(d) a Servfaz teria enviado, junto com a sua proposta de preço, pelo portal do Comprasnet a
convenção coletiva regedora da categoria profissional vinculada à execução do aludido
serviço, por intermédio do arquivo “CCT 2017”, mas esse documento não teria sido
acostado pela entidade ao respectivo processo administrativo (Peça 22, p. 162, até Peça 23,
p. 29); e
(e) a Servfaz teria enviado não apenas a sua planilha de preços corrigida, mas também a nova
carta proposta, após a mensagem do pregoeiro, no mesmo teor das mensagens enviadas às
demais licitantes com as referidas inconsistências na planilha de preço, tendo incluído
exatamente os mesmos dados indicados na aludida mensagem da autoridade superior sobre
a referida convenção coletiva de trabalho.
15. Bem se vê, então, que as evidências de favorecimento não se limitaram à estranha
eliminação de licitantes, pois compreenderiam, ainda, esses robustos indícios de
comunicação entre os responsáveis pelo certame e a empresa declarada vencedora, por fora
do sistema Comprasnet, com o subjacente intuito de ajustar a sua proposta comercial às
condições exigidas pelo edital, destacando que, ao enviar a mensagem via sistema à
Servfaz, com o mesmo teor das mensagens encaminhadas às três licitantes desclassificadas
e sem especificar as falhas verificadas nas respectivas propostas, os gestores responsáveis
teriam tentado assegurar a aparente legalidade da conduta então adotada para, em
conformidade com a orientação dada na comunicação do Sr. Ney Ferraz Júnior, “prevenir
para futuros julgamentos em órgãos superiores e próximos certames, servindo de exemplo
e padrão a ser seguido” (Peça 29, p. 5), tendo o suposto tratamento isonômico sido
posteriormente usado, contudo, pelos responsáveis como justificativa para a indigitada
desclassificação das demais licitantes em prol da vitória da Servfaz no certame.
16. Por tudo isso, entendo que o TCU deve aplicar a multa prevista no art. 58, II, da Lei
nº 8.443, de 1992, em desfavor de José Rodrigues Martins Filho e Ney Ferraz Júnior, além
de inabilitá-los para o exercício de função pública pelo período de 5 (cinco) anos na
administração federal, diante da gravidade da infração cometida e da evidente ofensa à
norma legal orçamentário-financeira, ante a evidente inocorrência da prescrição punitiva do
TCU nos termos do Acórdão 1.441/2016-Plenário, sem prejuízo de determinar que a
administração pública se abstenha de prorrogar o contrato público decorrente desse Pregão

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Eletrônico nº 1/2017, devendo promover a pronta abertura de nova licitação para a


subsequente substituição do aludido contrato público.

Ante o exposto, pugno pela prolação do Acórdão ora submetido a este Colegiado.

TCU, Sala das Sessões, em 26 de junho de 2019.

Ministro-Substituto ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO


Relator

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ACÓRDÃO Nº 1487/2019 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 028.842/2017-0.
2. Grupo I – Classe VII – Assunto: Representação.
3. Representante: Mutual Serviços de Limpeza em Prédios e Domicílios Ltda. (CNPJ
10.659.927/0001-91).
4. Entidade: Gerência Executiva do Instituto Nacional do Seguro Social em Teresina – PI.
5. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
8. Representação legal:
8.1. João Ulisses de Britto Azêdo (3446/OAB-PI), entre outros, representando a Servfaz Serviços de
Mão de Obra Ltda.
8.2. Otávio de Castro Melo Neto (1224/OAB-PI), entre outros, representando a Mutual Serviços de
Limpeza em Prédios e Domicílios Ltda.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação, com pedido de cautelar
suspensiva, formulada pela Mutual Serviços de Limpeza em Prédios e Domicílios Ltda. sobre os
indícios de irregularidade no Pregão Eletrônico nº 1/2017 promovido pela Gerência Executiva do
Instituto Nacional do Seguro Social em Teresina – PI com vistas à subsequente contratação de serviços
de limpeza, conservação e higienização, além do fornecimento de materiais, sob o valor estimado de
R$ 3.588.090,12;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do
Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. considerar procedente, no mérito, a presente representação (já conhecida pelo Acórdão
3.773/2018-TCU-Plenário);
9.2. rejeitar as razões de justificativa apresentadas por José Rodrigues Martins Filho e por
Ney Ferraz Júnior para lhes aplicar, individualmente, a multa prevista no art. 58, II, da Lei nº 8.443, de
1992, sob o valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias,
contados da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento das referidas dividas
ao Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente na forma da legislação em vigor;
9.3. autorizar, caso requerido, nos termos do art. 26 da Lei nº 8.443, de 1992, e do art. 217
do RITCU, o parcelamento das dívidas fixadas por este Acórdão em até 36 (trinta e seis) parcelas
mensais e sucessivas, sobre as quais incidirão a atualização monetária e os correspondentes acréscimos
legais, esclarecendo aos responsáveis que a falta de pagamento de qualquer parcela importará no
vencimento antecipado do saldo devedor, sem prejuízo das demais medidas legais;
9.4. autorizar o desconto das dívidas sobre a remuneração dos servidores, nos termos do
art. 28 da Lei nº 8.443, de 1992, e do art. 46 da Lei nº 8.112, de 1990;
9.5. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas fixadas por este Acórdão, nos
termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443, de 1992, diante do não atendimento às notificações e da
eventual impossibilidade do desconto nas remunerações dos servidores-responsáveis;
9.6. considerar, preliminarmente, graves as infrações cometidas por José Rodrigues
Martins Filho e por Ney Ferraz Júnior, nos termos do art. 60 da Lei nº 8.443, de 1992, e do art. 270,
§ 1º, do RITCU;
9.7. inabilitar os Srs. José Rodrigues Martins Filho e Ney Ferraz Júnior, pelo período de
5 (cinco) anos, para o exercício de cargo em comissão e de função de confiança no âmbito da
administração federal, nos termos do art. 60 da Lei nº 8.443, de 1992, e do art. 270 do RITCU;

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9.8. determinar, nos termos do art. 43, I, da Lei nº 8.443, de 1992, e do art. 250, II, do
RITCU, que a Gerência Executiva do INSS em Teresina – PI adotes as seguintes medidas:
9.8.1. abstenha-se de prorrogar o contrato público decorrente do Pregão Eletrônico
nº 1/2017, em face das irregularidades apontadas nestes autos e, especialmente, da indevida
desclassificação das demais licitantes sob o inadequado pretexto de inconsistências nas planilhas de
custos e de formação de preços, sem a efetiva especificação dessas supostas inconsistências e sem a
devida concessão de tempo suficiente para a devida correção das falhas sanáveis, infringindo por
analogia, assim, o art. 43, § 3º, da Lei nº 8.666, de 1993, o art. 26, § 3º, do Decreto nº 5.450, de 2005, e
o art. 29-A, § 2º, da então vigente IN MPOG nº 2, de 2008, além de ofender os princípios
administrativos da máxima competitividade no certame, da razoabilidade na desclassificação das
propostas e da busca da proposta mais vantajosa para a administração pública, ao exigir, ainda, o
suscitado profissional como limpador de vidros sem a correspondente previsão no edital do certame,
ferindo, com isso, o princípio da vinculação ao instrumento convocatório;
9.8.2. promova o lançamento do novo processo de licitação, no prazo de 60 (sessenta) dias
contados da ciência desta deliberação, com vistas a resultar na subsequente contratação dos itens de
serviço em substituição ao referido contrato público decorrente do malsinado Pregão Eletrônico
nº 1/2017, devendo informar o TCU, no prazo de 3 (três) dias úteis após o superveniente lançamento
do correspondente edital, sobre o andamento desse novo processo de licitação para o consequente
acompanhamento pela unidade técnica; e
9.8.3. apresente ao TCU, no mesmo prazo de 60 (sessenta) dias contados da ciência desta
deliberação, todos os elementos probatórios sobre a economicidade do atual contrato público
decorrente do indigitado Pregão Eletrônico nº 1/2017, devendo apresentar o correspondente memorial
de cálculo sobre a economicidade de todos os itens de custos, com as subjacentes pesquisas de preço
no mercado, entre outros elementos probatórios necessários;
9.9. determinar que a unidade técnica adote as seguintes medidas:
9.9.1. envie a cópia deste Acórdão, acompanhado do Relatório e da Proposta de
Deliberação que o fundamenta, aos seguintes destinatários:
9.9.1.1. à Controladoria-Geral da União, para ciência e adoção das providências
determinadas pelo item 9.7 deste Acórdão;
9.9.1.2. à Procuradoria da República no Estado do Piauí, para ciência e adoção das
providências judiciais cabíveis em face das evidências de fraude à licitação ante o direcionamento no
resultado do Pregão Eletrônico nº 1/2017;
9.9.1.3. à administração nacional do Instituto Nacional do Seguro Social, para ciência e
adoção das reprimendas administrativo-funcionais cabíveis em face das evidências de fraude à
licitação ante o direcionamento no resultado do Pregão Eletrônico nº 1/2017 pelos aludidos servidores-
responsáveis;
9.9.1.4. à Gerência Executiva do Instituto Nacional do Seguro Social em Teresina – PI,
para ciência e efetivo cumprimento ao item 9.7 deste Acórdão; e
9.9.2. promova o monitoramento das determinações prolatadas pelo item 9.7 deste
Acórdão, devendo, aí, se manifestar conclusivamente sobre a necessidade, ou não, de promover o
aprofundamento da apuração sobre a eventual participação em conluio, ou não, da correspondente
empresa vencedora do certame no aludido direcionamento do resultado no Pregão Eletrônico nº
1/2017, para a subsequente aplicação, ou não, da sanção prevista no art. 46 da Lei nº 8.443, de 1992, já
que, até o presente momento, a unidade técnica não teria analisado essa situação, nem instado a
vencedora do certame a se pronunciar especificamente sobre essa eventual irregularidade.

10. Ata n° 23/2019 – Plenário.


11. Data da Sessão: 26/6/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1487-23/19-P.

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13. Especificação do quórum:


13.1. Ministros presentes: José Mucio Monteiro (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro e
Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministro-Substituto presente: André Luís de Carvalho (Relator).

(Assinado Eletronicamente) (Assinado Eletronicamente)


JOSÉ MUCIO MONTEIRO ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO
Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)
CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA
Procuradora-Geral

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