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V WORKSPOT- INTERNATIONAL WORKSHOP ON POWER TRANSFORMERS

BELÉM, PA – 15 A 18 DE ABRIL DE 2008

Estudo de Caso da Modelagem de Transformadores do Sistema Furnas usando


Bases Ortonormais

Bruno C. Reginato1 Gustavo H. C. Oliveira1* Angélica C. O. Rocha2


Guilherme S. Luz3 Antonio R. F. Freire4
1
PPGEPS/CCET - Pontifícia Universidade Católica do Paraná
Curitiba / PR / Brasil
2
CEMIG – Companhia Energética de Minas Gerais
Belo Horizonte / MG / Brasil
3
FURNAS
Rio de Janeiro / RJ / Brasil
4
CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco

SUMÁRIO
A obtenção de modelos que permitem representar os transformadores em uma larga faixa de
freqüência de forma viável e com precisão vem recebendo bastante atenção nas últimas décadas
e diversas abordagens têm sido apresentadas na literatura. A motivação para tanto é a
constatação de que diversas falhas de origem dielétrica desses equipamentos podem estar
relacionadas com transitórios elétricos de alta freqüência decorrentes de manobras no sistema de
transmissão. A força-tarefa do CIGRE A2/C4-03, que trata da análise dos transitórios gerados
no sistema de potência que interagem com o transformador, concluiu em seus estudos que as
tensões obtidas nos terminais do transformador em análise são extremamente influenciadas por
sua representação e que, por isso, ela precisa ser adequada à faixa de freqüência dos fenômenos
analisados. Esta representação depende, portanto de um modelo dinâmico tão preciso quanto
possível e cuja obtenção exigirá um procedimento de cálculo confiável a partir de medições
realizadas, seja pelo fabricante durante o processo de compra do transformador, ou pela própria
concessionária. O presente trabalho aborda o problema da identificação de transformadores de
potência através da utilização de modelos com bases de funções ortonormais e apresenta uma
aplicação do método através de um estudo de caso em transformadores do sistema FURNAS.
Uma revisão da metodologia, a descrição detalhada do problema abordado e resultados de
simulação da utilização do método são apresentados.

PALAVRAS CHAVE
Transformadores de Potência, Interação Sistema-Transformador, Transitórios do Sistema
Elétrico, Identificação de Sistemas, Bases de Funções Ortonormais Generalizadas.

*Autor para correspondência : Gustavo H. C. Oliveira, email : gustavo.oliveira@pucpr.br


INTRODUÇÃO

A determinação de modelos dinâmicos de componentes do sistema elétrico, como


transformadores de potência, vem recebendo bastante atenção nas últimas décadas e diversas
abordagens têm sido apresentadas na literatura (1) (2) (3) (4) (5).

A modelagem destes equipamentos se faz necessária para o aprimoramento das simulações de


transitórios elétricos caracterizados por diferentes faixas de freqüência e que envolvam a
interação desses equipamentos com os demais componentes do sistema elétrico. Estatísticas de
desempenho de transformadores têm apresentado um número significativo de falhas de causa
desconhecida que podem estar potencialmente relacionadas às tensões transitórias originadas
pela interação dos transformadores com os outros componentes do sistema elétrico durante
manobras ou outras ocorrências no sistema elétrico. O estudo dessa interação requer, na maioria
dos casos, a realização de simulações de transitórios cuja confiabilidade dos resultados depende
diretamente da modelagem do transformador. Um exemplo típico é o estudo dos transitórios
rápidos (VFT) gerados quando de manobras e curtos–circuitos em subestações blindadas a SF6
e que atingem os transformadores. O impacto dessas sobretensões, de frentes muito rápidas, irá
depender da resposta desses equipamentos a altas freqüências e sua determinação implica na
obtenção de modelos apropriados a essa condição.

As referências (20,21,22,23) apresentam os resultados e conclusões obtidas até então pela Força
Tarefa JWG A2/C4-03 do Cigré Brasil entitulada “Interação Elétrica Transitória entre
Transformadores e o Sistema de Potência“, onde análise de transitórios decorrentes da interação
dos transformadores com os demais componentes do sistema vem sendo realizada. Dessa forma,
é de grande interesse para o aprimoramento desta análise a obtenção de modelos que
representem de forma adequada os transformadores em diferentes faixas de freqüência.

A modelagem de transformadores, assim como de outros componentes do sistema elétrico, pode


ser feita analisando as características físicas destes equipamentos, abordagem freqüentemente
utilizada por fabricantes. Este procedimento, conhecido por abordagem caixa branca, é realizado
com modelos baseados na física ou first principles models. Os modelos são, em geral, descritos
em termos de equações diferenciais que representam o equipamento e cuja solução pode ser
obtida analiticamente ou via simulação por computador, por exemplo, através de pacotes como
MATLAB ou ATP/EMTP. Esta metodologia é, muitas vezes, difícil de ser colocada em prática,
tendo em vista que detalhes construtivos dos equipamentos para determinação dos coeficientes
que caracterizam as propriedades do componente não estão disponíveis ou são, muitas vezes, de
conhecimento exclusivo dos fabricantes.

Os métodos denominados genericamente de identificação de sistemas (6), ou abordagem caixa


preta, são aqueles onde a modelagem é realizada a partir de dados experimentais, seja no
domínio do tempo ou da freqüência, que caracterizam o comportamento dinâmico do sistema.
Neste contexto, uma estrutura de modelo dinâmico que vem sendo aplicada com bons resultados
é a denominada Bases de Funções Ortonormais (OBF – Orthonormal Basis Functions) (7).
Veja, por exemplo, os trabalhos (7) (8) (9) (10) (11).

Especificamente no contexto de transformadores de potência, em (12) a utilização de modelos


formados por bases de funções ortonormais foi proposta, e, posteriormente em (13), tal
metodologia foi aprimorada utilizando GOBF. Esta abordagem permite aproximar processos
estáveis causais e, apesar de ser conhecida no contexto de controle de processos e
servomecanismos, sua aplicação no âmbito de sistemas de potência apresentou um caráter
inovador. Através da estrutura OBF, o modelo final obtido pode ser descrito usando a
representação em espaço de estados, facilitando sua incorporação em pacotes computacionais do
setor elétrico. Mostrou-se, em (12), a boa aproximação entre a resposta em freqüência do
modelo e do componente, onde as bases de Kautz, definidas através de pólos complexos,
mostraram-se apropriadas para equipamentos cuja resposta em freqüência apresenta picos de
ressonância. Verificou-se também que o método vector fitting pode ser visto como uma
realização do modelo baseada em funções não ortonormais. Em (14), analisou-se a utilização da
base de funções denominada Bases de Funções Ortonormais Generalizadas – Generalized
Orthonormal Basis Functions GOBF (9) – no contexto da modelagem de equipamentos do
sistema elétrico de potência. Esta classe de bases apresenta como principal característica o fato
de poder ser definida por mais de uma dinâmica ou pólo. Isto faz com que a realização do
modelo em espaço de estados possua ordem reduzida em relação aos casos citados
anteriormente, melhorando a aproximação do modelo e facilitando sua implementação em
ambiente computacional.

O presente artigo está estruturado conforme descrito a seguir. Na próxima Seção, Na próxima
Seção, o problema abordado e sua relevância para o setor elétrico são descritos. Na sequência, a
metodologia de identificação, isto é, os principais aspectos relacionados com a modelagem de
sistemas lineares usando bases de funções ortonormais generalizadas são abordados. Após isso,
a descrição dos transformadores do sistema FURNAS utilizados nos estudos de caso é
apresentada. Os resultados da aplicação do método, na identificação, são apresentados na
sequência. Os resultados utilizam dados no domínio do tempo (compatível com o impulso
atmosférico do ensaio dielétrico normalizado) e dados preliminares no domínio da frequência.
Finalmente, o artigo é concluído.

DESCRIÇÃO E RELEVÂNCIA DO PROBLEMA

Durante anos foram utilizados programas para simulação de transitõrios eletromagnéticos para
calcular sobretensões nos sistemas e para gerar os dados necessários para uma coordenação de
isolamento otimizada, com base nos valores máximos dessas sobretensões. Estes estudos
definem os níveis de isolamento necessários, que são então incluídos nas especificações
técnicas. Os transformadores são submetidos aos ensaios dielétricos em laboratório, com formas
de onda padronizadas, para comprovar o atendimento às especificações.

Nos últimos anos, ocorreram algumas falhas de transformadores importantes no sistema de


tranmissão brasileiro. Em alguns casos, não foi obtido um diagnóstico claro, mas as evidências
apontam para as operações de manobra como causa mais provável. A análise dessas ocorrências
motivou o desenvolvimento de simulações de transitórios eletromagnéticos com o objetivo de
quantificar não apenas a amplitude, mas principalmente a faixas de freqüências típicas das
tensões transitórias de alta freqüência nos terminais dos transformadores. Essas tensões são
geradas, por exemplo, nas manobras de energização de transformadores em vazio, em
subestações de diferentes configurações e níveis de tensão. Na referência [1] são apresentados
casos de falhas em algumas das principais empresas de geração e transmissão brasileiras.

As análises já realizadas no âmbito do JWG A2/C4-03 permitem concluir que os valores


máximos das sobretensões, embora muito importantes, não são apenas os únicos fatores de risco
para o transformador. Também devem ser levados em conta os efeitos do espectro de
freqüências da onda de tensão transitória resultante da excitação oscilatória envolvendo a
interação de cada equipamento com o sistema. Algumas excitações oscilatórias, mesmo de baixa
amplitude, podem ocorrer em freqüências que interajam com uma parte dos enrolamentos dos
transformadores, com uma amplificação local devido a ressonância, causando solicitações mais
elevadas que as aplicadas nos ensaios dielétricos em laboratório. Como os transformadores são
constantemente expostos aos eventos transitórios tais como descargas atmosféricas, operações
de manobra, curtos-circuitos, etc., as ressonâncias em pontos singulares do enrolamento podem
solicitar continuamente o seu isolamento levando a uma falha.

Nas simulações realizadas para vários arranjos de subestações em diferentes níveis de tensão,
frequentemente utilizados no Brasil, indicaram a importância da modelagem do transformador
para reproduzir o seu comportamento numa faixa de freqüências relativamente ampla.
METODOLOGIA DE IDENTIFICAÇÃO

Nesta seção, a modelagem de sistemas dinâmicos usando bases de funções ortonormais é


apresentada. Têm-se, como foco principal, os sistemas dinâmicos lineares em tempo discreto,
isto é, aqueles cujos sinais de entrada e saída estão em função da variável independente k (onde
k é um número inteiro) e cuja ferramenta de análise é a Transformada Z. O objetivo é descrever
a aplicabilidade do método na modelagem de componentes de sistemas de potência.
Assim sendo, um sistema causal e linear pode ser caracterizado por uma função de transferência
Y ( z ) = H ( z )U ( z ) (1)
ou por sua resposta ao impulso, isto é:

y (k ) = ∑ h(k − i )u(i )
i =0
(2)

onde u(k) e y(k) são, respectivamente, os sinais de entrada e saída do sistema, h(k) é a resposta
ao impulso do sistema. Portanto H(z) é a Transformada Z de h(k). Uma vez que H(z) é estável,
tem-se que h(k) possui memória finita e, portanto, pertence ao espaço de funções Lebesque.
Logo, este sinal pode ser representado pela seguinte série de funções:

h( k ) = ∑ c φ (k )
i =0
i i (3)

Nesta equação, {φi(k): i=1,...} é uma base de funções ortonormais e ci são os coeficientes da
parametrização em séries do sinal h(k). Substituindo a equação (3) na (2), e definindo li(k) como
sendo a convolução de φi(k) com u(k) e Φi(z) como sendo a Transformada Z de φi(k), tem-se que
li(k) é a saída n-ésima função da base {Φi(z): i=1,...} quando a entrada é u(k). Com esta
representação, a saída do modelo (1), truncando a série em n elementos, é dada por:
∞ n
y (k ) = ∑ c l (k ) ≈ ∑ c l (k )
i =1
i i
i =1
i i (4)

ou
n
H (z ) ≈ ∑ c Φ (z)
i =1
i i (5)

As equações (1) e (5) são ilustradas pela Figura 1.


Várias bases de funções podem ser utilizadas no desenvolvimento em séries da resposta ao
impulso h(k). Um exemplo são as Generalized Orthonormal Basis Functions – GOBF (9). A
utilização de bases ortonormais com pólos fixos, em relação a bases não ortonormais de mesma
estrutura (por exemplo, a utilizada no vector fitting) apresenta vantagens tais como: melhora o
condicionamento numérico do problema de estimação paramétrica, permite a análise do erro de
estimação, apresenta independência entre os parâmetros para uma larga gama de sinais de
excitação. A representação de sistemas através de bases de funções ortonormais apresenta
características importantes no contexto de identificação de sistemas, tais como: reduz (ou
elimina) a polarização dos parâmetros devido a dinâmicas não modeladas no modelo nominal,
permite alterar a complexidade do modelo on-line com um mínimo de perturbação nos
parâmetros, melhora a previsão do modelo devido a estrutura output error, pois evita-se a
realimentação dos erros de previsão, não necessita do conhecimento do número de termos
passados relevantes dos sinais de entrada/saída do sistema (e.g., seleção de estrutura em
modelos ARMAX); apresenta robustez a estimativas pouco precisas do atraso de transporte.
Figura 1 - Estrutura do modelo usando bases de funções ortonormais.

Uma questão relevante na definição das bases ortonormais com pólos fixos é a seleção do tipo e
da quantidade de pólos distintos presentes na base. Este não é um ponto crítico no procedimento
de identificação, no entanto, uma escolha adequada pode levar a uma convergência mais rápida
da série (um modelo com poucos parâmetros). Neste sentido, diversos trabalhos sobre seleção
de pólos já foram apresentados na literatura, entre (12) (14) (15). Apesar de aumentar a
complexidade do problema de seleção do(s) pólos(s), quanto maior a informação a priori
disponível sobre o processo incorporada na base, maior a flexibilidade na caracterização da
resposta em freqüência do sistema. Aliada à escolha dos pólos, o número de funções de base
também é importante para uma boa representação do sistema. Há um compromisso entre o
número de funções de base e a seleção dos pólos das funções: quanto melhor(es) alocado(s)
for(em) o(s) pólo(s), melhor será a convergência dos termos da série, e menos funções na base
serão necessárias para a adequada representação do sistema e vice-versa.

DESCRIÇÃO DOS TRANSFORMADORES

O setor de 345kV da subestação Tijuco Preto tem um arranjo em disjuntor e meio com
barramentos de 700m, dez entradas de linhas de transmissão, quatro bancos de
autotransformadores e quatro ilhas de bancos de capacitores em derivação. Cada
autotransformador de 765/345/20kV – 500MVA está localizado a cerca de 190m dos dois
disjutores que podem ser utilizados para a sua manobra. A seguir, o modelo de dois fabricantes
destes transformadores, neste trabalho denominados de BBC e ZTR, serão analisados.

RESULTADOS DE IDENTIFICAÇÃO

A seguir, alguns resultados de modelagem do equipamento através de dados no domínio do


tempo são apresentados. Ressalta-se que, para fins de processamento em computador, os sinais
e sistemas foram amostrados com período de 0,5 microssegundos. Os dois equipamentos
descritos na seção anterior serão utilizados como plataforma de testes. Para todos os casos aqui
apresentados, a localização dos pólos foi feita utilizando uma combinação de dois algoritmos: o
algoritmo evolutivo conhecido como Particle Swarm Optimization (PSO) (16), que executou
uma busca global dos possíveis pólos dentro do círculo unitário (exploration, isto é, a
investigação de áreas novas no espaço de busca) e o método de programação não-linear clássico
(17) (18) (19) que procurou o ponto de mínimo no vale previamente apontado pelo PSO
(exploitation, isto é, capacidade de chegar ao mínimo global rapidamente).

Os dados de entrada e saída no domínio do tempo são comuns em testes de curto circuito em
transformadores. Portanto, serão utilizados como base da identificação no domínio do tempo. A
forma de onda 1,2/50µs, compatível com o impulso atmosférico do ensaio dielétrico
normalizado, aplicada no primário do transformador é apresentada na Figura 2. A resposta em
termos de corrente, também no primário dos transformadores, pode ser visualizada nas Figuras
3 e 5. Portanto, o objetivo é obter uma representação da admitância do transformador.

6
x 10 Onda de Entrada
2

1.8

1.6

1.4

1.2
Tensão (V)

0.8

0.6

0.4

0.2

0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (s) -4
x 10

Figura 2 – Tensão no primário do transformador

O primeiro passo na identificação de sistemas com modelos GOBF é a definição dos pólos e da
quantidade de elementos da base. Para o Transformador BBC, é utilizada uma base de funções
formada com funções internas com 9 pólos distintos, sendo 4 pares de pólos complexos
conjugados e 1 pólo real, totalizando um sistema de 9ª ordem (não há repetição de bases). O
MSE do procedimento de estimação de parâmetros do modelo identificação foi 1,48×10-8. A
Figura contém a resposta de corrente do sistema real e do modelo identificado para a situação
onde a curva apresentada na Figura 2 é aplicada no primário do transformador BBC.

4
x 10 Resposta no Tempo do Trafo BBC

Sistema
Modelo Identificado
3

2
Corrente (A)

-1

-2

0 0.5 1 1.5
Tempo (s) -4
x 10

Figura 3 – Corrente no primário do transformador BBC: sistema e modelo identificado

O procedimento de validação é realizado através da curva de resposta em frequência. A


comparação entre a curva de resposta em freqüência do sistema e a obtida através do modelo
calculado é apresentada na Figura 4. Pode-se observar que o erro entre a curva de resposta em
frequência do modelo está bem próxima da curva do sistema real, validando assim o modelo
identificado.
6
Resposta em Freqüência do Trafo BBC
10
Sistema
Modelo Identificado
5
10

4
10

Magnetude (abs) 10
3

2
10

1
10

0
10
0 1 2 3 4 5 6
10 10 10 10 10 10 10
Freqüência (Hz)

Figura 4 - Resposta em freqüência (impedância) do sistema BBC e do respectivo modelo


identificado

Para o Transformador ZTR, é utilizada uma base de funções formada com funções internas com
7 pólos distintos, sendo 3 pares de pólos complexos conjugados e 1 pólo real, totalizando um
sistema de 7ª ordem (não há repetição de bases). O MSE do procedimento de estimação de
parâmetros do modelo identificação foi 9,32. Apesar de elevado (quando comparado ao caso
BBC), tal índice de desempenho ainda é muito baixo, visto que a amplitude dos sinais em
questão estão na ordem de dezenas de kiloampéres. Melhores aproximações na etapa de
estimação podem ser obtidas, porém comprometem a aproximação do modelo como um todo se
consideramos a etapa de validação. A Figura 5 contém a aproximação do modelo obtido,
usando como entrada do sistema a mesma onda da Figura 2.

O procedimento de validação é realizado através da curva de resposta em frequência. A Figura 6


contém uma comparação entre a resposta em frequência do sistema e do modelo obtido.
Verifica-se que, também no domínio da freqüência, o modelo apresenta uma aproximação
satisfatória.

4
x 10 Resposta no Tempo do Trafo ZTR
3
Sistema
2.5
Modelo Identificado
2

1.5

1
Corrente (A)

0.5

-0.5

-1

-1.5

-2

-2.5
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
Tempo (s) -5
x 10

Figura 5 - Corrente no primário do transformador ZTR: sistema e modelo identificado


Resposta em Freqüência do Trafo ZTR

Sistema
6 Modelo Identificado
10

5
10

Magnetude (abs)
4
10

3
10

2
10

1
10

0 1 2 3 4 5 6
10 10 10 10 10 10 10
Freqüência (Hz)

Figura 6 - Resposta em freqüência (impedância) do sistema ZTR e do respectivo modelo


identificado

Vale ressaltar que ambas as identificações apresentadas neste trabalho foram feitas no domínio
do tempo, e que, devido à alta performance obtida nas identificações, a resposta em freqüência
dos modelos ficaram bem próximas dos seus respectivos sistemas. No entanto, a identificação
(obtenção dos modelos) também pode ser feita diretamente no domínio da freqüência. Para
tanto, a seleção a priori de pólos do modelos está em estudo.

CONCLUSÕES

Este trabalho apresentou um estudo de aplicação de modelos com estrutura formada por bases
de funções ortonormais na representação de transformadores de potência. Para tanto, uma
contextualização e motivação para o problema foram revistos, juntamente com uma breve
apresentação da metodologia utilizada. Dois estudos de caso foram apresentados, baseados em
transformadores reais do sistema Furnas. A identificação foi realizada com dados no domínio do
tempo. Mostrou-se que a resposta do modelo de admitância reproduziu adequadamente a
resposta de corrente no primário dos transformadores para uma entrada em tensão compatível
com o impulso atmosférico do ensaio dielétrico normalizado. A resposta em frequência do
modelo também se mostrou próxima da resposta em frequência real do sistema validando os
resultados obtidos.

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