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POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO

PC-SP
Agente Policial
A apostila preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial com
base no Edital anterior, para que o aluno antecipe seus estudos.

OT137-2017
DADOS DA OBRA

Título da obra: Polícia Civil do Estado de São Paulo

Cargo: Agente Policial

Atualizado até 11/2017

(Baseado no Edital de Abertura de Inscrições)

• Língua Portuguesa
• Noções de Direito
• Noções de Criminologia
• Noções de Lógica
• Noções de Informática

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Produção Editorial/Revisão
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Camila Lopes
Suelen Domenica Pereira

Capa
Joel Ferreira dos Santos

Editoração Eletrônica
Marlene Moreno

Gerente de Projetos
Bruno Fernandes
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa

1.1.- Leitura e interpretação de diversos tipos de textos (literários e não literários)..................................................................... 01


1.2. - Sinônimos e antônimos.............................................................................................................................................................................. 07
1.3. - Pontuação........................................................................................................................................................................................................ 14
1.4. - Classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, artigo, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção:
emprego e sentido que imprimem às relações que estabelecem........................................................................................................ 17
1.5. - Concordância verbal e nominal............................................................................................................................................................... 50
1.6. - Colocação pronominal................................................................................................................................................................................ 62
1.7. - Crase................................................................................................................................................................................................................... 65

Noções de Direito

2. Noções de Direito................................................................................................................................................................................................ 01
2.1. Constituição Federal: artigos 1.º a 14, 37, 41 e 144...................................................................................................................... 01
2.2. Direitos Humanos – conceito e evolução histórica....................................................................................................................... 52
2.2.1. Estado Democrático de Direito.......................................................................................................................................................... 52
2.2.2. Direitos Humanos e Cidadania........................................................................................................................................................... 52
2.3. Direito Penal:...................................................................................................................................................................................................... 63
2.3.1. Crime doloso e crime culposo............................................................................................................................................................ 63
2.3.2. Crime consumado e crime tentado.................................................................................................................................................. 67
2.3.3. Desistência voluntária, arrependimento eficaz e arrependimento posterior................................................................... 68
2.3.4. Dos Crimes contra a Vida – artigos 121 a 128............................................................................................................................. 69
2.3.5. Das Lesões Corporais – artigo 129................................................................................................................................................... 71
2.3.6. Dos Crimes contra o Patrimônio – artigos 155 a 180............................................................................................................... 72
2.3.7. Dos Crimes Praticados por Funcionário Público contra a Administração em Geral – artigos 312 a 327............. 82
2.4. Legislação:........................................................................................................................................................................................................... 86
2.4.1. Lei n.º 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro).......................................................................................................................... 86
2.4.2. Lei Orgânica da Polícia do Estado de São Paulo (Lei Complementar n.º 207 de 05.01.1979, Lei Complementar
n.º 922/02 e Lei Complementar n.º 1.151/11).......................................................................................................................................132
2.4.3. Lei Federal n.º 12.527 de 18.11.2011 (Lei de Acesso à Informação) e Decreto Estadual n.º 58.052 de
16.05.2012............................................................................................................................................................................................................160

Noções de Criminologia

3. Noções de Criminologia.................................................................................................................................................................................... 01
3.1. Criminologia: conceito, método, objeto e finalidades. ............................................................................................................... 01
3.2. Evolução histórica, teorias e escolas criminológicas..................................................................................................................... 09
3.3. Fatores condicionantes e desencadeantes da criminalidade..................................................................................................... 25
3.4. Vitimologia.................................................................................................................................................................................................... 43
3.5. Prevenção do delito................................................................................................................................................................................... 49
SUMÁRIO

Noções de Lógica

5.1. Razão e proporção........................................................................................................................................................................................... 01


5.2. Grandezas proporcionais............................................................................................................................................................................... 05
5.3. Porcentagem...................................................................................................................................................................................................... 10
5.4. Regra de três simples...................................................................................................................................................................................... 14
5.5. Teoria dos conjuntos....................................................................................................................................................................................... 19
5.6. Problemas com raciocínio lógico, compatíveis com o nível fundamental completo............................................................ 25

Noções de Informática

6.1. MS-Windows 7: instalação e configuração, conceito de pastas, arquivos e atalhos, área de trabalho, manipulação de
arquivos e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjunto de aplicativos......................................01
6.2. MS-Office 2010............................................................................................................................................................................................................09
6.2.1. MS-Word 2010: estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, parágrafos, fontes,
marcadores simbólicos e numéricos, impressão, controle de quebras, numeração de páginas e inserção de objetos..09
6.2.2. MS-Excel 2010: definição, barra de ferramentas, estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas, colu-
nas, pastas, elaboração de tabelas, uso de fórmulas, inserção de objetos e classificação de dados.......................................34
6.2.3. Correio Eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arquivos......................59
6.2.4. Internet: Conceito, provedores, navegação na Internet, links, sites, buscas, vírus................................................................68
LÍNGUA PORTUGUESA

1.1.- Leitura e interpretação de diversos tipos de textos (literários e não literários)..................................................................... 01


1.2. - Sinônimos e antônimos.............................................................................................................................................................................. 07
1.3. - Pontuação........................................................................................................................................................................................................ 14
1.4. - Classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, artigo, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção:
emprego e sentido que imprimem às relações que estabelecem........................................................................................................ 17
1.5. - Concordância verbal e nominal............................................................................................................................................................... 50
1.6. - Colocação pronominal................................................................................................................................................................................ 62
1.7. - Crase................................................................................................................................................................................................................... 65
LÍNGUA PORTUGUESA

- A linguagem não literária é objetiva, denotativa, preo-


cupa-se em transmitir o conteúdo, utiliza a palavra em seu
1.- LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS sentido próprio, utilitário, sem preocupação artística. Ge-
TIPOS DE TEXTOS (LITERÁRIOS E NÃO ralmente, recorre à ordem direta (sujeito, verbo, comple-
LITERÁRIOS) mentos).

Leia com atenção os textos a seguir e compare as lin-


guagens utilizadas neles.
Sabemos que a “matéria-prima” da literatura são as pa-
lavras. No entanto, é necessário fazer uma distinção entre a Texto A
linguagem literária e a linguagem não literária, isto é, aque- Amor (ô). [Do lat. amore.] S. m. 1. Sentimento que pre-
la que não caracteriza a literatura. dispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma
Embora um médico faça suas prescrições em determi- coisa: amor ao próximo; amor ao patrimônio artístico de
nado idioma, as palavras utilizadas por ele não podem ser sua terra. 2. Sentimento de dedicação absoluta de um ser
consideradas literárias porque se tratam de um vocabulário a outro ser ou a uma coisa; devoção, culto; adoração: amor
especializado e de um contexto de uso específico. Ago- à Pátria; amor a uma causa. 3. Inclinação ditada por laços
ra, quando analisamos a literatura, vemos que o escritor
de família: amor filial; amor conjugal. 4. Inclinação forte por
dispensa um cuidado diferente com a linguagem escrita,
pessoa de outro sexo, geralmente de caráter sexual, mas
e que os leitores dispensam uma atenção diferenciada ao
que apresenta grande variedade e comportamentos e rea-
que foi produzido.
ções.
Outra diferença importante é com relação ao trata-
mento do conteúdo: ao passo que, nos textos não literários Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Novo Dicionário
( jornalísticos, científicos, históricos, etc.) as palavras servem da Língua Portuguesa, Nova Fronteira.
para veicular uma série de informações, o texto literário
funciona de maneira a chamar a atenção para a própria Texto B
língua (FARACO & MOURA, 1999) no sentido de explorar Amor é fogo que arde sem se ver;
vários aspectos como a sonoridade, a estrutura sintática e É ferida que dói e não se sente;
o sentido das palavras. É um contentamento descontente;
Veja abaixo alguns exemplos de expressões na lingua- é dor que desatina sem doer.
gem não literária ou “corriqueira” e um exemplo de uso da Luís de Camões. Lírica, Cultrix.
mesma expressão, porém, de acordo com alguns escritores,
na linguagem literária: Você deve ter notado que os textos tratam do mesmo
assunto, porém os autores utilizam linguagens diferentes.
Linguagem não literária: No texto A, o autor preocupou-se em definir “amor”,
1- Anoitece. usando uma linguagem objetiva, científica, sem preocupa-
2- Teus cabelos loiros brilham. ção artística.
3- Uma nuvem cobriu parte do céu. ... No texto B, o autor trata do mesmo assunto, mas com
preocupação literária, artística. De fato, o poeta entra no
Linguagem literária: campo subjetivo, com sua maneira própria de se expres-
1- A mão da noite embrulha os horizontes. (Alvarenga sar, utiliza comparações (compara amor com fogo, ferida,
Peixoto) contentamento e dor) e serve-se ainda de contrastes que
2- Os clarins de ouro dos teus cabelos cantam na luz! acabam dando graça e força expressiva ao poema (con-
(Mário Quintana) tentamento descontente, dor sem doer, ferida que não se
3- um sujo de nuvem emporcalhou o luar em sua nas- sente, fogo que não se vê).
cença. (José Cândido de Carvalho)
Questões
Como distinguir, na prática, a linguagem literária da
não literária?
1-) Leia o trecho do poema abaixo.
- A linguagem literária é conotativa, utiliza figuras (pa-
lavras de sentido figurado), em que as palavras adquirem
sentidos mais amplos do que geralmente possuem. O Poeta da Roça
- Na linguagem literária há uma preocupação com a Sou fio das mata, cantô da mão grosa
escolha e a disposição das palavras, que acabam dando Trabaio na roça, de inverno e de estio
vida e beleza a um texto. A minha chupana é tapada de barro
- Na linguagem literária é muito importante a maneira Só fumo cigarro de paia de mio.
original de apresentar o tema escolhido. Patativa do Assaré

A respeito dele, é possível afirmar que

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LÍNGUA PORTUGUESA

(A) não pode ser considerado literário, visto que a lin- TEXTO II
guagem aí utilizada não está adequada à norma culta for-
mal. A cana-de-açúcar
(B) não pode ser considerado literário, pois nele não
se percebe a preservação do patrimônio cultural brasileiro. Originária da Ásia, a cana-de-açúcar foi introduzida no
(C) não é um texto consagrado pela crítica literária. Brasil pelos colonizadores portugueses no século XVI. A re-
(D) trata-se de um texto literário, porque, no processo gião que durante séculos foi a grande produtora de cana-
criativo da Literatura, o trabalho com a linguagem pode de-açúcar no Brasil é a Zona da Mata nordestina, onde os
aparecer de várias formas: cômica, lúdica, erótica, popular férteis solos de massapé, além da menor distância em re-
etc lação ao mercado europeu, propiciaram condições favorá-
(E) a pobreza vocabular – palavras erradas – não permi- veis a esse cultivo. Atualmente, o maior produtor nacional
te que o consideremos um texto literário. de cana-de-açúcar é São Paulo, seguido de Pernambuco,
Alagoas, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Além de produzir
Leia os fragmentos abaixo para responder às questões o açúcar, que em parte é exportado e em parte abastece o
que seguem: mercado interno, a cana serve também para a produção de
álcool, importante nos dias atuais como fonte de energia
TEXTO I e de bebidas. A imensa expansão dos canaviais no Brasil,
O açúcar especialmente em São Paulo, está ligada ao uso do álcool
O branco açúcar que adoçará meu café como combustível.
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim 2-) Para que um texto seja literário:
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. a) basta somente a correção gramatical; isto é, a ex-
Vejo-o puro pressão verbal segundo as leis lógicas ou naturais.
e afável ao paladar b) deve prescindir daquilo que não tenha correspon-
como beijo de moça, água dência na realidade palpável e externa.
na pele, flor c) deve fugir do inexato, daquilo que confunda a capa-
que se dissolve na boca. Mas este açúcar cidade de compreensão do leitor.
não foi feito por mim. d) deve assemelhar-se a uma ação de desnudamento.
Este açúcar veio O escritor revela, ao escrever, o mundo, e, em especial, re-
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, vela o Homem aos outros homens.
dono da mercearia.
e) deve revelar diretamente as coisas do mundo: senti-
Este açúcar veio
mentos, ideias, ações.
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
3-) Ainda com relação ao textos I e II, assinale a opção
e tampouco o fez o dono da usina.
incorreta
Este açúcar era cana
a) No texto I, em lugar de apenas informar sobre o real,
e veio dos canaviais extensos
ou de produzi-lo, a expressão literária é utilizada principal-
que não nascem por acaso
mente como um meio de refletir e recriar a realidade.
no regaço do vale.
Em lugares distantes, onde não há hospital b) No texto II, de expressão não literária, o autor infor-
nem escola, ma o leitor sobre a origem da cana-de-açúcar, os lugares
homens que não sabem ler e morrem de fome onde é produzida, como teve início seu cultivo no Brasil,
aos 27 anos etc.
plantaram e colheram a cana c) O texto I parte de uma palavra do domínio comum –
que viraria açúcar. açúcar – e vai ampliando seu potencial significativo, explo-
Em usinas escuras, rando recursos formais para estabelecer um paralelo entre
homens de vida amarga o açúcar – branco, doce, puro – e a vida do trabalhador que
e dura o produz – dura, amarga, triste.
produziram este açúcar d) No texto I, a expressão literária desconstrói hábitos
branco e puro de linguagem, baseando sua recriação no aproveitamento
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema. de novas formas de dizer.
e) O texto II não é literário porque, diferentemente do
Fonte: “O açúcar” (Ferreira Gullar. Toda poesia. Rio de literário, parte de um aspecto da realidade, e não da ima-
Janeiro, Civilização Brasileira, 1980, pp.227-228) ginação.

Gabarito

1-) D

2
LÍNGUA PORTUGUESA

2-) D – Esta alternativa está correta, pois ela remete ao Condições básicas para interpretar
caráter reflexivo do autor de um texto literário, ao passo
em que ele revela às pessoas o “seu mundo” de maneira Fazem-se necessários:
peculiar. a) Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros
literários, estrutura do texto), leitura e prática;
3-) E – o texto I também fala da realidade, mas com um b) Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
cunho diferente do texto II. No primeiro há uma colocação texto) e semântico;
diferenciada por parte do autor em que o objetivo não é Observação – na semântica (significado das palavras)
unicamente passar informação, existem outros “motivado- incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e cono-
res” por trás desta escrita. tação, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
gem, entre outros.
É muito comum, entre os candidatos a um cargo pú- c) Capacidade de observação e de síntese e
blico, a preocupação com a interpretação de textos. Isso d) Capacidade de raciocínio.
acontece porque lhes faltam informações específicas a
respeito desta tarefa constante em provas relacionadas a
Interpretar X compreender
concursos públicos.
Por isso, vão aqui alguns detalhes que poderão aju-
Interpretar significa
dar no momento de responder às questões relacionadas
a textos. - explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
- Através do texto, infere-se que...
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- - É possível deduzir que...
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de - O autor permite concluir que...
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
e decodificar ).
Compreender significa
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. - intelecção, entendimento, atenção ao que realmente
Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz está escrito.
ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando con- - o texto diz que...
dições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. - é sugerido pelo autor que...
A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
o relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma ção...
frase for retirada de seu contexto original e analisada se- - o narrador afirma...
paradamente, poderá ter um significado diferente daquele
inicial. Erros de interpretação

Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência
rências diretas ou indiretas a outros autores através de ci- de erros de interpretação. Os mais frequentes são:
tações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto.
a) Extrapolação (viagem)
Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia que não estão no texto, quer por conhecimento prévio do
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, tema quer pela imaginação.
ou fundamentações, as argumentações, ou explicações,
que levem ao esclarecimento das questões apresentadas
b) Redução
na prova.
É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a
um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de
Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a:
ideias, o que pode ser insuficiente para o total do entendi-
1. Identificar – é reconhecer os elementos fundamen- mento do tema desenvolvido.
tais de uma argumentação, de um processo, de uma época
(neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais c) Contradição
definem o tempo). Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do can-
2. Comparar – é descobrir as relações de semelhança didato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, conse-
ou de diferenças entre as situações do texto. quentemente, errando a questão.
3. Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado
com uma realidade, opinando a respeito. Observação - Muitos pensam que há a ótica do escritor
4. Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secun- e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova
dárias em um só parágrafo. de concurso, o que deve ser levado em consideração é o
5. Parafrasear – é reescrever o texto com outras pala- que o autor diz e nada mais.
vras.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que - Falante não pode negar que tenha querido transmitir
relacionam palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre a informação expressa pelo pressuposto, mas pode negar
si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de que tenha desejado transmitir a informação expressa pelo
um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um pro- subentendido.
nome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se - Negação da informação não nega o pressuposto.
vai dizer e o que já foi dito. - Pressuposto não verdadeiro – informação explícita ab-
surda.
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia - Principais marcadores de pressupostos: a) adjetivos; b)
-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e verbos; c) advérbios; d) orações adjetivas; e) conjunções.
do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do
verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode esquecer QUESTÕES
também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante- (Agente Estadual de Trânsito – DETRAN - SP – Vu-
cedente. nesp/2013)
Os pronomes relativos são muito importantes na in-
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de O uso da bicicleta no Brasil
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
A utilização da bicicleta como meio de locomoção no
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância,
Brasil ainda conta com poucos adeptos, em comparação
a saber:
com países como Holanda e Inglaterra, por exemplo, nos
quais a bicicleta é um dos principais veículos nas ruas. Ape-
que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, sar disso, cada vez mais pessoas começam a acreditar que
mas depende das condições da frase. a bicicleta é, numa comparação entre todos os meios de
qual (neutro) idem ao anterior. transporte, um dos que oferecem mais vantagens.
quem (pessoa) A bicicleta já pode ser comparada a carros, motocicletas
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois e a outros veículos que, por lei, devem andar na via e jamais
o objeto possuído. na calçada. Bicicletas, triciclos e outras variações são todos
como (modo) considerados veículos, com direito de circulação pelas ruas e
onde (lugar) prioridade sobre os automotores.
quando (tempo) Alguns dos motivos pelos quais as pessoas aderem à
quanto (montante) bicicleta no dia a dia são: a valorização da sustentabilidade,
pois as bikes não emitem gases nocivos ao ambiente, não
Exemplo: consomem petróleo e produzem muito menos sucata de
Falou tudo QUANTO queria (correto) metais, plásticos e borracha; a diminuição dos congestiona-
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria mentos por excesso de veículos motorizados, que atingem
aparecer o demonstrativo O ). principalmente as grandes cidades; o favorecimento da saú-
Dicas para melhorar a interpretação de textos de, pois pedalar é um exercício físico muito bom; e a econo-
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do mia no combustível, na manutenção, no seguro e, claro, nos
assunto; impostos.
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa No Brasil, está sendo implantado o sistema de compar-
a leitura; tilhamento de bicicletas. Em Porto Alegre, por exemplo, o
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto BikePOA é um projeto de sustentabilidade da Prefeitura, em
pelo menos duas vezes; parceria com o sistema de Bicicletas SAMBA, com quase um
- Inferir; ano de operação. Depois de Rio de Janeiro, São Paulo, San-
tos, Sorocaba e outras cidades espalhadas pelo país aderi-
- Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
rem a esse sistema, mais duas capitais já estão com o projeto
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do
pronto em 2013: Recife e Goiânia. A ideia do compartilha-
autor;
mento é semelhante em todas as cidades. Em Porto Alegre,
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor os usuários devem fazer um cadastro pelo site. O valor do
compreensão; passe mensal é R$10 e o do passe diário, R$5, podendo-se
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de utilizar o sistema durante todo o dia, das 6h às 22h, nas duas
cada questão; modalidades. Em todas as cidades que já aderiram ao pro-
- O autor defende ideias e você deve percebê-las; jeto, as bicicletas estão espalhadas em pontos estratégicos.
A cultura do uso da bicicleta como meio de locomo-
Segundo Fiorin: ção não está consolidada em nossa sociedade. Muitos ain-
-Pressupostos – informações implícitas decorrentes ne- da não sabem que a bicicleta já é considerada um meio de
cessariamente de palavras ou expressões contidas na frase. transporte, ou desconhecem as leis que abrangem a bike.
- Subentendidos – insinuações não marcadas clara- Na confusão de um trânsito caótico numa cidade grande,
mente na linguagem. carros, motocicletas, ônibus e, agora, bicicletas, misturam-
- Pressupostos – verdadeiros ou admitidos como tal. se, causando, muitas vezes, discussões e acidentes que po-
- Subentendidos – de responsabilidade do ouvinte. deriam ser evitados.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ainda são comuns os acidentes que atingem ciclistas. Dirigir pode ser uma experiência arriscada e emocio-
A verdade é que, quando expostos nas vias públicas, eles nante. Para muitos de nós, os carros são a extensão de
estão totalmente vulneráveis em cima de suas bicicletas. nossa personalidade e podem ser o bem mais valioso que
Por isso é tão importante usar capacete e outros itens de possuímos. Dirigir pode ser a expressão de liberdade para
segurança. A maior parte dos motoristas de carros, ônibus, alguns, mas também é uma atividade que tende a aumen-
motocicletas e caminhões desconhece as leis que abran- tar os níveis de estresse, mesmo que não tenhamos cons-
gem os direitos dos ciclistas. Mas muitos ciclistas também ciência disso no momento.
ignoram seus direitos e deveres. Alguém que resolve in- Dirigir é também uma atividade comunitária. Uma vez
tegrar a bike ao seu estilo de vida e usá-la como meio de que entra no trânsito, você se junta a uma comunidade
locomoção precisa compreender que deverá gastar com de outros motoristas, todos com seus objetivos, medos e
alguns apetrechos necessários para poder trafegar. De habilidades ao volante. Os psicólogos Leon James e Diane
acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, as bicicletas Nahl dizem que um dos fatores da ira de trânsito é a ten-
devem, obrigatoriamente, ser equipadas com campainha, dência de nos concentrarmos em nós mesmos, descartan-
sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, do o aspecto comunitário do ato de dirigir.
além de espelho retrovisor do lado esquerdo.
Como perito do Congresso em Psicologia do Trânsito,
(Bárbara Moreira, http://www.eusoufamecos.net.
o Dr. James acredita que a causa principal da ira de trânsi-
Adaptado)
to não são os congestionamentos ou mais motoristas nas
01. De acordo com o texto, o uso da bicicleta como ruas, e sim como nossa cultura visualiza a direção agressiva.
meio de locomoção nas metrópoles brasileiras As crianças aprendem que as regras normais em relação
(A) decresce em comparação com Holanda e Inglaterra ao comportamento e à civilidade não se aplicam quando
devido à falta de regulamentação. dirigimos um carro. Elas podem ver seus pais envolvidos
(B) vem se intensificando paulatinamente e tem sido em comportamentos de disputa ao volante, mudando de
incentivado em várias cidades. faixa continuamente ou dirigindo em alta velocidade, sem-
(C) tornou-se, rapidamente, um hábito cultivado pela pre com pressa para chegar ao destino.
maioria dos moradores. Para complicar as coisas, por vários anos psicólogos
(D) é uma alternativa dispendiosa em comparação com sugeriam que o melhor meio para aliviar a raiva era des-
os demais meios de transporte. carregar a frustração. Estudos mostram, no entanto, que a
(E) tem sido rejeitado por consistir em uma atividade descarga de frustrações não ajuda a aliviar a raiva. Em uma
arriscada e pouco salutar. situação de ira de trânsito, a descarga de frustrações pode
transformar um incidente em uma violenta briga.
02. A partir da leitura, é correto concluir que um dos Com isso em mente, não é surpresa que brigas vio-
objetivos centrais do texto é lentas aconteçam algumas vezes. A maioria das pessoas
(A) informar o leitor sobre alguns direitos e deveres do está predisposta a apresentar um comportamento irracio-
ciclista. nal quando dirige. Dr. James vai ainda além e afirma que a
(B) convencer o leitor de que circular em uma bicicleta maior parte das pessoas fica emocionalmente incapacitada
é mais seguro do que dirigir um carro. quando dirige. O que deve ser feito, dizem os psicólogos,
(C) mostrar que não há legislação acerca do uso da bi- é estar ciente de seu estado emocional e fazer as escolhas
cicleta no Brasil. corretas, mesmo quando estiver tentado a agir só com a
(D) explicar de que maneira o uso da bicicleta como emoção.
meio de locomoção se consolidou no Brasil. (Jonathan Strickland. Disponível em: http://carros.hsw.
(E) defender que, quando circular na calçada, o ciclista uol.com.br/furia-no-transito1 .htm. Acesso em: 01.08.2013.
deve dar prioridade ao pedestre.
Adaptado)
(Oficial Estadual de Trânsito - DETRAN-SP - Vunesp
2013) Leia o texto para responder às questões de 3 a 5 3-) Tomando por base as informações contidas no tex-
to, é correto afirmar que
Propensão à ira de trânsito (A) os comportamentos de disputa ao volante aconte-
cem à medida que os motoristas se envolvem em decisões
Dirigir um carro é estressante, além de inerentemente conscientes.
perigoso. Mesmo que o indivíduo seja o motorista mais se- (B) segundo psicólogos, as brigas no trânsito são cau-
guro do mundo, existem muitas variáveis de risco no trân- sadas pela constante preocupação dos motoristas com o
sito, como clima, acidentes de trânsito e obras nas ruas. E aspecto comunitário do ato de dirigir.
com relação a todas as outras pessoas nas ruas? Algumas (C) para Dr. James, o grande número de carros nas ruas
não são apenas maus motoristas, sem condições de dirigir, é o principal motivo que provoca, nos motoristas, uma di-
mas também se engajam num comportamento de risco – reção agressiva.
algumas até agem especificamente para irritar o outro mo- (D) o ato de dirigir um carro envolve uma série de ex-
torista ou impedir que este chegue onde precisa. periências e atividades não só individuais como também
Essa é a evolução de pensamento que alguém poderá sociais.
ter antes de passar para a ira de trânsito de fato, levando (E) dirigir mal pode estar associado à falta de controle
um motorista a tomar decisões irracionais. das emoções positivas por parte dos motoristas.

5
LÍNGUA PORTUGUESA

4. A ira de trânsito III. A ficção científica extrapola os limites da realidade,


A) aprimora uma atitude de reconhecimento de regras. mas baseia-se naquilo que, pelo menos em teoria, acredi-
(B) implica tomada de decisões sem racionalidade. ta-se que seja possível.
(C) conduz a um comportamento coerente. Está correto o que se afirma APENAS em
(D) resulta do comportamento essencialmente comu- (A) III.
nitário dos motoristas. (B) I e II.
(E) decorre de imperícia na condução de um veículo. (C) I e III.
(D) II e III.
5. De acordo com o perito Dr. James, (E) II.
(A) os congestionamentos representam o principal fa-
tor para a ira no trânsito. 7-) Sem prejuízo para o sentido original e a correção
(B) a cultura dos motoristas é fator determinante para gramatical, o termo sonhar, em ... a sociedade se permite
o aumento de suas frustrações. sonhar seus piores problemas... (2o parágrafo), pode ser
(C) o motorista, ao dirigir, deve ser individualista em substituído por:
suas ações, a fim de expressar sua liberdade e garantir que (A) descansar.
outros motoristas não o irritem. (B) desprezar.
(D) a principal causa da direção agressiva é o desco- (C) esquecer.
nhecimento das regras de trânsito. (D) fugir.
(E) o comportamento dos pais ao dirigirem com ira (E) imaginar.
contradiz o aprendizado das crianças em relação às regras
de civilidade. (TRF 3ª região/2014) Atenção: Para responder às ques-
tões de números 8 a 10 considere o texto abaixo.
(TRF 3ª região/2014) Para responder às questões de Texto I
números 6 e 7 considere o texto abaixo. O canto das sereias é uma imagem que remonta às
Toda ficção científica, de Metrópolis ao Senhor dos mais luminosas fontes da mitologia e da literatura gregas.
anéis, baseia-se, essencialmente, no que está acontecen- As versões da fábula variam, mas o sentido geral da trama
do no mundo no momento em que o filme foi feito. Não é comum.
no futuro ou numa galáxia distante, muitos e muitos anos
As sereias eram criaturas sobre-humanas. Ninfas de
atrás, mas agora mesmo, no presente, simbolizado em pro-
extraordinária beleza, viviam sozinhas numa ilha do Medi-
jeções que nos confortam e tranquilizam ao nos oferecer
terrâneo, mas tinham o dom de chamar a si os navegantes,
uma adequada distância de tempo e espaço.
graças ao irresistível poder de sedução do seu canto. Atraí-
Na ficção científica, a sociedade se permite sonhar seus
dos por aquela melodia divina, os navios batiam nos recifes
piores problemas: desumanização, superpopulação, totali-
submersos da beira-mar e naufragavam. As sereias então
tarismo, loucura, fome, epidemias. Não se imita a realida-
devoravam impiedosamente os tripulantes.
de, mas imagina-se, sonha-se, cria-se outra realidade onde
Doce o caminho, amargo o fim. Como escapar com
possamos colocar e resolver no plano da imaginação tudo
o que nos incomoda no cotidiano. O elemento essencial vida do canto das sereias? A literatura grega registra duas
para guiar a lógica interna do gênero, cuja quebra implica soluções vitoriosas. Uma delas foi a saída encontrada por
o fim da magia, é a ciência. Por isso, tecnologia é essen- Orfeu, o incomparável gênio da música e da poesia.
cial ao gênero. Parte do poder desse tipo de magia cine- Quando a embarcação na qual ele navegava entrou
matográfica está em concretizar, diante dos nossos olhos, inadvertidamente no raio de ação das sereias, ele conse-
objetos possíveis, mas inexistentes: carros voadores, robôs guiu impedir a tripulação de perder a cabeça tocando uma
inteligentes. Como parte dessas coisas imaginadas acaba música ainda mais sublime do que aquela que vinha da
se tornando realidade, o gênero reforça a sensação de que ilha. O navio atravessou incólume a zona de perigo.
estamos vendo na tela projeções das nossas possibilidades A outra solução foi a de Ulisses. Sua principal arma
coletivas futuras. para vencer as sereias foi o reconhecimento franco e cora-
(Adaptado de: BAHIANA, Ana Maria. Como ver um fil- joso da sua fraqueza e da sua falibilidade − a aceitação dos
me. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012. formato ebook.) seus inescapáveis limites humanos.
Ulisses sabia que ele e seus homens não teriam firmeza
6-) Considere: para resistir ao apelo das sereias. Por isso, no momento
I. Segundo o texto, na ficção científica abordam-se, em que a embarcação se aproximou da ilha, mandou que
com distanciamento de tempo e espaço, questões con- todos os tripulantes tapassem os ouvidos com cera e orde-
troversas e moralmente incômodas da sociedade atual, de nou que o amarrassem ao mastro central do navio. O sur-
modo que a solução oferecida pela fantasia possa ser apli- preendente é que Ulisses não tapou com cera os próprios
cada para resolver os problemas da realidade. ouvidos − ele quis ouvir. Quando chegou a hora, Ulisses
II. Parte do poder de convencimento da ficção cientí- foi seduzido pelas sereias e fez de tudo para convencer os
fica deriva do fato de serem apresentados ao espectador tripulantes a deixarem-no livre para ir juntar-se a elas. Seus
objetos imaginários que, embora não existam na vida real, subordinados, contudo, cumpriram fielmente a ordem de
estão, de algum modo, conectados à realidade. não soltá-lo até que estivessem longe da zona de perigo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Orfeu escapou das sereias como divindade; Ulisses, - Antônimos


como mortal. Ao se aproximar das sereias, a escolha diante São palavras de significação oposta: ordem - anarquia;
do herói era clara: a falsa promessa de gratificação ime- soberba - humildade; louvar - censurar; mal - bem.
diata, de um lado, e o bem permanente do seu projeto de Observação: A antonímia pode originar-se de um pre-
vida − prosseguir viagem, retornar a Ítaca, reconquistar fixo de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer;
Penélope −, do outro. A verdadeira vitória de Ulisses foi simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e
contra ele mesmo. Foi contra a fraqueza, o oportunismo discórdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista
suicida e a surdez delirante que ele soube reconhecer em e anticomunista; simétrico e assimétrico.
sua própria alma.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Auto-engano. São O que são Homônimos e Parônimos:
Paulo, Cia. das Letras, 1997. Formato eBOOK) - Homônimos
a) Homógrafos: são palavras iguais na escrita e diferen-
8-) Há no texto tes na pronúncia:
(A) comparação entre os meios que Orfeu e Ulisses rego (subst.) e rego (verbo);
usam para enfrentar o desafio que se apresenta a eles. colher (verbo) e colher (subst.);
(B) rivalidade entre o mortal Ulisses e o divino Orfeu,
jogo (subst.) e jogo (verbo);
cujo talento musical causava inveja ao primeiro.
denúncia (subst.) e denuncia (verbo);
(C) juízo de valor a respeito das atitudes das sereias em
providência (subst.) e providencia (verbo).
relação aos navegantes e elogio à astúcia de Orfeu.
(D) crítica à forma pouco original com que Orfeu deci-
de enganar as sereias e elogio à astúcia de Ulisses. b) Homófonos: são palavras iguais na pronúncia e di-
(E) censura à atitude arriscada de Ulisses, cuja ousadia ferentes na escrita:
quase lhe custou seu projeto de vida. acender (atear) e ascender (subir);
concertar (harmonizar) e consertar (reparar);
9-) Depreende-se do texto que as sereias atingiam cela (compartimento) e sela (arreio);
seus objetivos por meio de censo (recenseamento) e senso ( juízo);
(A) intolerância. paço (palácio) e passo (andar).
(B) dissimulação.
(C) lisura. c) Homógrafos e homófonos simultaneamente: São
(D) observação. palavras iguais na escrita e na pronúncia:
(E) condescendência. caminho (subst.) e caminho (verbo);
cedo (verbo) e cedo (adv.);
10-) O navio atravessou incólume a zona de perigo. (4o livre (adj.) e livre (verbo).
parágrafo). Mantém-se o sentido original do texto substi-
tuindo-se o elemento grifado por - Parônimos
(A) insolente. São palavras parecidas na escrita e na pronúncia: coro
(B) inatingível. e couro; cesta e sesta; eminente e iminente; osso e ouço;
(C) intacto. sede e cede; comprimento e cumprimento; tetânico e titâ-
(D) inativo. nico; autuar e atuar;
(E) impalpável. degradar e degredar; infligir e infringir; deferir e diferir;
suar e soar.
GABARITO
1- B 2-A 3-D 4-B 5-E Questões sobre Significação das Palavras
6- D 7-E 8-A 9-B 10-C
01. Assinale a alternativa que preenche corretamente
as lacunas da frase abaixo:
2. - SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS Da mesma forma que os italianos e japoneses _________
para o Brasil no século passado, hoje os brasileiros ________
para a Europa e para o Japão, à busca de uma vida melhor;
internamente, __________ para o Sul, pelo mesmo motivo.
- Sinônimos a) imigraram - emigram - migram
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto b) migraram - imigram - emigram
- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abo- c) emigraram - migram - imigram.
lir. d) emigraram - imigram - migram.
Observação: A contribuição greco-latina é responsável e) imigraram - migram – emigram
pela existência de numerosos pares de sinônimos: adversá-
rio e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e he- Agente de Apoio – Microinformática – VUNESP – 2013
miciclo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio - Leia o texto para responder às questões de números 02
e diálogo; transformação e metamorfose; oposição e an- e 03.
títese.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Alunos de colégio fazem robôs com sucata eletrônica 05. Leia as frases abaixo:
1 - Assisti ao ________ do balé Bolshoi;
Você comprou um smartphone e acha que aquele seu 2 - Daqui ______ pouco vão dizer que ______ vida em Mar-
celular antigo é imprestável? Não se engane: o que é lixo te.
para alguns pode ser matéria-prima para outros. O CMID 3 - As _________ da câmara são verdadeiros programas
– Centro Marista de Inclusão Digital –, que funciona junto de humor.
ao Colégio Marista de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, 4 - ___________ dias que não falo com Alfredo.
ensina os alunos do colégio a fazer robôs a partir de lixo
eletrônico. Escolha a alternativa que oferece a sequência correta de
Os alunos da turma avançada de robótica, por exem- vocábulos para as lacunas existentes:
plo, constroem carros com sensores de movimento que a) concerto – há – a – cessões – há;
respondem à aproximação das pessoas. A fonte de energia b) conserto – a – há – sessões – há;
vem de baterias de celular. “Tirando alguns sensores, que c) concerto – a – há – seções – a;
precisamos comprar, é tudo reciclagem”, comentou o ins- d) concerto – a – há – sessões – há;
trutor de robótica do CMID, Leandro Schneider. Esses alu- e) conserto – há – a – sessões – a .
nos também aprendem a consertar computadores antigos.
“O nosso projeto só funciona por causa do lixo eletrônico. 06. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
Se tivéssemos que comprar tudo, não seria viável”, com- NESP – 2013-adap.). Considere o seguinte trecho para res-
pletou. ponder à questão.
Em uma época em que celebridades do mundo digital
fazem campanha a favor do ensino de programação nas Adolescentes vivendo em famílias que não lhes transmi-
escolas, é inspirador o relato de Dionatan Gabriel, aluno da tiram valores sociais altruísticos, formação moral e não lhes
turma avançada de robótica do CMID que, aos 16 anos, já impuseram limites de disciplina.
sabe qual será sua profissão. “Quero ser programador. No
início das aulas, eu achava meio chato, mas depois fui me O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse tre-
interessando”, disse. cho, é:
(Giordano Tronco, www.techtudo.com.br, 07.07.2013. A) de desprendimento. B) de responsabilidade.
Adaptado) C) de abnegação. D) de amor.
E) de egoísmo.
02. A palavra em destaque no trecho –“Tirando alguns
sensores, que precisamos comprar, é tudo reciclagem”... – 07. Assinale o único exemplo cuja lacuna deve ser
pode ser substituída, sem alteração do sentido da mensa- preenchida com a primeira alternativa da série dada nos pa-
gem, pela seguinte expressão: rênteses:
A) Pelo menos B) A contar de A) Estou aqui _______ de ajudar os flagelados das en-
C) Em substituição a D) Com exceção de chentes. (afim- a fim).
E) No que se refere a B) A bandeira está ________. (arreada - arriada).
C) Serão punidos os que ________ o regulamento. (inflin-
03. Assinale a alternativa que apresenta um antônimo girem - infringirem).
para o termo destacado em – …“No início das aulas, eu D) São sempre valiosos os ________ dos mais velhos.
achava meio chato, mas depois fui me interessando”, disse. (concelhos - conselhos).
A) Estimulante. B) Cansativo. E) Moro ________ cem metros da praça principal. (a cerca
C) Irritante. D) Confuso. de - acerca de).
E) Improdutivo.
08. Assinale a alternativa correta, considerando que à
04. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU- direita de cada palavra há um sinônimo.
NESP – 2013). Analise as afirmações a seguir. a) emergir = vir à tona; imergir = mergulhar
I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país)
por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituí- c) delatar = expandir; dilatar = denunciar
do, sem alteração do sentido do texto, por “faz”. d) deferir = diferenciar; diferir = conceder
II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação
reescrita da seguinte forma – Todo preso aspira à liberta-
ção. 09. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013).
III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma dife- Leia o texto a seguir.
rente aqui no presídio devido ao bom comportamento. –
pode-se substituir a expressão em destaque por “em razão Temos o poder da escolha
do”, sem alterar o sentido do texto.
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, Os consumidores são assediados pelo marketing a todo
está correto o que se afirma em momento para comprarem além do que necessitam, mas
A) I, II e III. B) III, apenas. somente eles podem decidir o que vão ou não comprar.
C) I e III, apenas. D) I, apenas. É como se abrissem em nós uma “caixa de necessidades”,
E) I e II, apenas. mas só nós temos o poder da escolha.

8
LÍNGUA PORTUGUESA

Cada vez mais precisamos do consumo consciente. 4-) I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está
Será que paramos para pensar de onde vem o produto que preso por homicídio. – o termo em destaque pode ser
estamos consumindo e se os valores da empresa são os substituído, sem alteração do sentido do texto, por “faz”.
mesmos em que acreditamos? A competitividade entre as = correta
empresas exige que elas evoluam para serem opções para II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser
o consumidor. Nos anos 60, saber fabricar qualquer coisa reescrita da seguinte forma – Todo preso aspira à liberta-
era o suficiente para ter uma empresa. Nos anos 70, era ção. = correta
preciso saber fazer com qualidade e altos índices de pro-
III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma dife-
dução. Já no ano 2000, a preocupação era fazer melhor ou
diferente da concorrência e as empresas passaram a atuar rente aqui no presídio devido ao bom comportamento. –
com responsabilidade socioambiental. pode-se substituir a expressão em destaque por “em razão
O consumidor tem de aprender a dizer não quando a do”, sem alterar o sentido do texto. = correta
sua relação com a empresa não for boa. Se não for boa,
deve comprar o produto em outro lugar. Os cidadãos não 5-) 1 - Assisti ao concerto do balé Bolshoi;
têm ideia do poder que possuem. 2 - Daqui a pouco vão dizer que há (= existe)
É importante, ainda, entender nossa relação com a em- vida em Marte.
presa ou produto que vamos eleger. Temos uma expectati- 3 – As sessões da câmara são verdadeiros pro-
va, um envolvimento e aceitação e a preferência dependerá gramas de humor.
das ações que aprovamos ou não nas empresas, pois po- 4- Há dias que não falo com Alfredo. (=
demos mudar de ideia. tempo passado)
Há muito a ser feito. Uma pesquisa mostrou que 55,4%
das pessoas acreditam no consumo consciente, mas essas
6-) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes
mesmas pessoas admitem que já compraram produto pira-
transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e
ta. Temos de refletir sobre isso para mudar nossas atitudes.
(Jornal da Tarde 24.04.2007. Adaptado) não lhes impuseram limites de disciplina.
O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse
No trecho – Temos uma expectativa, um envolvimen- trecho, é de egoísmo
to e aceitação... –, a palavra destacada apresenta sentido Altruísmo é um tipo de comportamento encontrado
contrário de nos seres humanos e outros seres vivos, em que as ações
A) vontade. B) apreciação. de um indivíduo beneficiam outros. É sinônimo de filan-
C) avaliação. D) rejeição. tropia. No sentido comum do termo, é muitas vezes per-
E) indiferença. cebida, também, como sinônimo de solidariedade. Esse
conceito opõe-se, portanto, ao egoísmo, que são as incli-
10. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013). nações específica e exclusivamente individuais (pessoais ou
Na frase – Os consumidores são assediados pelo marke- coletivas).
ting... –, a palavra destacada pode ser substituída, sem alte-
ração de sentido, por:
7-) A) Estou aqui a fim de de ajudar os flagela-
A) perseguidos. B) ameaçados.
C) acompanhados. D) gerados. dos das enchentes. (afim = O adjetivo “afim” é empregado
E) preparados. para indicar que uma coisa tem afinidade com a outra. Há
pessoas que têm temperamentos afins, ou seja, parecidos)
GABARITO B) A bandeira está arriada . (arrear = colocar
arreio no cavalo)
01. A 02. D 03. A 04. A 05. D C) Serão punidos os que infringirem o regulamen-
06. E 07. E 08. A 09. D 10. A to. (inflingirem = aplicarem a pena)
D) São sempre valiosos os conselhos dos mais ve-
COMENTÁRIOS lhos; (concelhos= Porção territorial ou parte administrativa
de um distrito).
1-) Da mesma forma que os italianos e japoneses E) Moro a cerca de cem metros da praça principal.
imigraram para o Brasil no século passado, hoje os bra- (acerca de = Acerca de é sinônimo de “a respeito de”.).
sileiros emigram para a Europa e para o Japão, à busca
de uma vida melhor; internamente, migram para o
Sul, pelo mesmo motivo. 8-) b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país)
= significados invertidos
2-) “Com exceção de alguns sensores, que precisamos c) delatar = expandir; dilatar = denunciar = signifi-
comprar, é tudo reciclagem”... cados invertidos
d) deferir = diferenciar; diferir = conceder = signifi-
3-) antônimo para o termo destacado : “No início das au- cados invertidos
las, eu achava meio chato, mas depois fui me interessando” e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação =
“No início das aulas, eu achava meio estimulante, mas significados invertidos
depois fui me interessando”

9
LÍNGUA PORTUGUESA

9-) Temos uma expectativa, um envolvimento e acei- - Conotação: verifica-se quando utilizamos a palavra
tação... –, a palavra destacada apresenta sentido contrário com o seu significado secundário, com o sentido amplo
de rejeição. (ou simbólico); usada de modo criativo, figurado, numa lin-
guagem rica e expressiva. Veja este exemplo:
10-) Os consumidores são assediados pelo marketing... Seria aconselhável cortar as asas deste menino, antes
–, a palavra destacada pode ser substituída, sem alteração que seja tarde demais.
de sentido, por perseguidos. Já neste caso o termo (asas) é empregado de forma
figurada, fazendo alusão à ideia de restrição e/ou controle
de ações; disciplina, limitação de conduta e comportamen-
to.
3. - SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS Questões sobre Denotação e Conotação
PALAVRAS
01. (Agente de Apoio – Microinformática – VUNESP –
2013). Uma frase empregada – exclusivamente – com sen-
tido figurado é:
Na língua portuguesa, uma PALAVRA (do latim parabo- A) Não é o tipo de companhia que se quer para tomar
la, que por sua vez deriva do grego parabolé) pode ser de- um vinho ou ir ao cinema.
finida como sendo um conjunto de letras ou sons de uma B) No início de maio, Buffett convidou um sujeito cha-
língua, juntamente com a ideia associada a este conjunto. mado Doug Kass para participar de um dos painéis que
compuseram a reunião anual de investidores de sua em-
Sentido Próprio e Figurado das Palavras presa, a Berkshire Hathaway.
C) Buffett queria entender o porquê.
Pela própria definição acima destacada podemos per- D) Questiona.
ceber que a palavra é composta por duas partes, uma delas E) Coloca o dedo na ferida.
relacionada a sua forma escrita e os seus sons (denominada
significante) e a outra relacionada ao que ela (palavra) ex- 02. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013).
pressa, ao conceito que ela traz (denominada significado). Assinale a alternativa que apresenta palavra empregada no
sentido figurado.
Em relação ao seu SIGNIFICADO as palavras subdivi-
A)...somente eles podem decidir o que vão ou não
dem-se assim:
comprar.
- Sentido Próprio - é o sentido literal, ou seja, o sentido
B) Há consumidores que gastam rios de dinheiro com
comum que costumamos dar a uma palavra.
supérfluos.
- Sentido Figurado - é o sentido “simbólico”, “figura-
C)… deve comprar o produto em outro lugar.
do”, que podemos dar a uma palavra.
D)… de onde vem o produto que estamos consumin-
Vamos analisar a palavra cobra utilizada em diferentes do…
contextos: E) Temos de refletir sobre isso para mudar nossas ati-
1. A cobra picou o menino. (cobra = tipo de réptil pe- tudes.
çonhento)
2. A sogra dele é uma cobra. (cobra = pessoa desagra- 03. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
dável, que adota condutas pouco apreciáveis) NESP – 2013). Leia o texto a seguir.
3. O cara é cobra em Física! (cobra = pessoa que co-
nhece muito sobre alguma coisa, “expert”) “Xadrez que liberta”: estratégia, concentração e ree-
No item 1 aplica-se o termo cobra em seu sentido co- ducação
mum (ou literal); nos itens 2 e 3 o termo cobra é aplicado
em sentido figurado. João Carlos de Souza Luiz cumpre pena há três anos e
Podemos então concluir que um mesmo significante dois meses por assalto. Fransley Lapavani Silva está há sete
(parte concreta) pode ter vários significados (conceitos). anos preso por homicídio. Os dois têm 30 anos. Além dos
muros, grades, cadeados e detectores de metal, eles têm
Denotação e Conotação outros pontos em comum: tabuleiros e peças de xadrez.
O jogo, que eles aprenderam na cadeia, além de uma
- Denotação: verifica-se quando utilizamos a palavra válvula de escape para as horas de tédio, tornou-se uma
com o seu significado primitivo e original, com o sentido metáfora para o que pretendem fazer quando estiverem
do dicionário; usada de modo automatizado; linguagem em liberdade.
comum. Veja este exemplo: Cortaram as asas da ave “Quando você vai jogar uma partida de xadrez, tem
para que não voasse mais. que pensar duas, três vezes antes. Se você movimenta uma
Aqui a palavra em destaque é utilizada em seu sentido peça errada, pode perder uma peça de muito valor ou to-
próprio, comum, usual, literal. mar um xeque-mate, instantaneamente. Se eu for para a
rua e movimentar a peça errada, eu posso perder uma peça
MINHA DICA - Procure associar Denotação com Dicio- muito importante na minha vida, como eu perdi três anos
nário: trata-se de definição literal, quando o termo é utili- na cadeia. Mas, na rua, o problema maior é tomar o xeque
zado em seu sentido dicionarístico. -mate”, afirma João Carlos.

10
LÍNGUA PORTUGUESA

O xadrez faz parte da rotina de cerca de dois mil inter- RIO DE JANEIRO – Durante entrevista na Festa Literá-
nos em 22 unidades prisionais do Espírito Santo. É o proje- ria Internacional de Paraty deste ano, o cantor Gilberto Gil
to “Xadrez que liberta”. Duas vezes por semana, os presos criticou as arquibancadas dos estádios brasileiros em jogos
podem praticar a atividade sob a orientação de servidores da Copa das Confederações.
da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus). Na próxima sex- Poderia ter dito o mesmo sobre a plateia da Tenda dos
ta-feira, será realizado o primeiro torneio fora dos presídios Autores, para a qual ele e mais de 40 outros se apresen-
desde que o projeto foi implantado. Vinte e oito internos taram. A audiência do evento literário lembra muito a dos
de 14 unidades participam da disputa, inclusive João Carlos eventos Fifa: classe média alta.
e Fransley, que diz que a vitória não é o mais importante. Na Flip, como nas Copas por aqui, pobre só aparece
“Só de chegar até aqui já estou muito feliz, porque eu “como prestador de serviço”, para citar uma participante de
não esperava. A vitória não é tudo. Eu espero alcançar ou- um protesto em Paraty, anteontem.
tras coisas devido ao xadrez, como ser olhado com outros Como lembrou outro dos convidados da festa literária,
olhos, como estou sendo olhado de forma diferente aqui o mexicano Juan Pablo Villalobos, esse cenário é “um espe-
no presídio devido ao bom comportamento”. lho do que é o Brasil”.
Segundo a coordenadora do projeto, Francyany Cân- (Marco Aurélio Canônico, Na Flip, como na Copa. Fo-
lha de S.Paulo, 08.07.2013. Adaptado)
dido Venturin, o “Xadrez que liberta” tem provocado boas
mudanças no comportamento dos presos. “Tem surtido um
O termo espelho está empregado em sentido
efeito positivo por eles se tornarem uma referência positiva
A) figurado, significando qualidade.
dentro da unidade, já que cumprem melhor as regras, res-
B) próprio, significando modelo.
peitam o próximo e pensam melhor nas suas ações, refle- C) figurado, significando advertência.
tem antes de tomar uma atitude”. D) próprio, significando símbolo.
Embora a Sejus não monitore os egressos que ganham E) figurado, significando reflexo.
a liberdade, para saber se mantêm o hábito do xadrez, João
Carlos já faz planos. “Eu incentivo não só os colegas, mas 05. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
também minha família. Sou casado e tenho três filhos. Já NESP – 2013). Leia o texto a seguir.
passei para a minha família: xadrez, quando eu sair para a
rua, todo mundo vai ter que aprender porque vai rolar até Violência epidêmica
o torneio familiar”.
“Medidas de promoção de educação e que possibili- A violência urbana é uma enfermidade contagiosa. Em-
tem que o egresso saia melhor do que entrou são mui- bora possa acometer indivíduos vulneráveis em todas as
to importantes. Nós não temos pena de morte ou prisão classes sociais, é nos bairros pobres que ela adquire carac-
perpétua no Brasil. O preso tem data para entrar e data terísticas epidêmicas.
para sair, então ele tem que sair sem retornar para o crime”, A prevalência varia de um país para outro e entre as
analisa o presidente do Conselho Estadual de Direitos Hu- cidades de um mesmo país, mas, como regra, começa nos
manos, Bruno Alves de Souza Toledo. grandes centros urbanos e se dissemina pelo interior.
(Disponível em: www.inapbrasil.com.br/en/noticias/ As estratégias que as sociedades adotam para com-
xadrez-que-liberta-estrategia-concentracao-e-reeduca- bater a violência variam muito e a prevenção das causas
cao/6/noticias. Acesso em: 18.08.2012. Adaptado) evoluiu muito pouco no decorrer do século 20, ao contrário
dos avanços ocorridos no campo das infecções, câncer, dia-
Considerando o contexto em que as seguintes frases betes e outras enfermidades.
foram produzidas, assinale a alternativa em que há empre- A agressividade impulsiva é consequência de pertur-
go figurado das palavras. bações nos mecanismos biológicos de controle emocional.
A) O xadrez faz parte da rotina de cerca de dois mil Tendências agressivas surgem em indivíduos com dificul-
dades adaptativas que os tornam despreparados para lidar
internos em 22 unidades prisionais do Espírito Santo.
com as frustrações de seus desejos.
B) Além dos muros, grades, cadeados e detectores de
A violência é uma doença. Os mais vulneráveis são os
metal, eles têm outros pontos em comum...
que tiveram a personalidade formada num ambiente des-
C) Nós não temos pena de morte ou prisão perpétua
favorável ao desenvolvimento psicológico pleno.
no Brasil. A revisão de estudos científicos permite identificar três
D) “Mas, na rua, o problema maior é tomar o xeque fatores principais na formação das personalidades com
-mate”, afirma João Carlos. maior inclinação ao comportamento violento:
E) Já passei para a minha família: xadrez, quando eu 1) Crianças que apanharam, foram vítimas de abusos,
sair para a rua, todo mundo vai ter que aprender... humilhadas ou desprezadas nos primeiros anos de vida.
2) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes
04. (Agente de Promotoria – Assessoria – VUNESP – transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e
2013). Leia o texto a seguir. não lhes impuseram limites de disciplina.
3) Associação com grupos de jovens portadores de
Na FLIP, como na Copa comportamento antissocial.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Na periferia das cidades brasileiras vivem milhões de 07. (Analista em C&T Júnior – Administração – VUNESP
crianças que se enquadram nessas três condições de ris- – 2013). Leia o texto a seguir.
co. Associados à falta de acesso aos recursos materiais, à O humor deve visar à crítica, não à graça, ensinou Chi-
desigualdade social, esses fatores de risco criam o caldo co Anysio, o humorista popular. E disse isso quando lhe
de cultura que alimenta a violência crescente nas cidades. solicitaram considerar o estado atual do riso brasileiro. Nos
Na falta de outra alternativa, damos à criminalidade a últimos anos de vida, o escritor contribuía para o cômi-
resposta do aprisionamento. Porém, seu efeito é passagei- co apenas em sua porção de ator, impedido pela televisão
ro: o criminoso fica impedido de delinquir apenas enquan- brasileira de produzir textos. E o que ele dizia sobre a risa-
to estiver preso. Ao sair, estará mais pobre, terá rompido da ajuda a entender a acomodação de muitos humoristas
laços familiares e sociais e dificilmente encontrará quem contemporâneos. Porque, quando eles humilham aqueles
lhe dê emprego. Ao mesmo tempo, na prisão, terá criado julgados inferiores, os pobres, os analfabetos, os negros,
novas amizades e conexões mais sólidas com o mundo do os nordestinos, todos os oprimidos que parece fácil espezi-
crime. nhar, não funcionam bem como humoristas. O humor deve
Construir cadeias custa caro; administrá-las, mais ain- ser o oposto disto, uma restauração do que é justo, para a
da. Obrigados a optar por uma repressão policial mais ati- qual desancar aqueles em condições piores do que as suas
va, aumentaremos o número de prisioneiros. As cadeias não vale. Rimos, isso sim, do superior, do arrogante, daque-
continuarão superlotadas. le que rouba nosso lugar social.
Seria mais sensato investir em educação, para prevenir O curioso é perceber como o Brasil de muito tempo
a criminalidade e tratar os que ingressaram nela. atrás sabia disso, e o ensinava por meio de uma imprensa
Na verdade, não existe solução mágica a curto prazo. ocupada em ferir a brutal desigualdade entre os seres e
Precisamos de uma divisão de renda menos brutal, motivar as classes. Ao percorrer o extenso volume da História da
os policiais a executar sua função com dignidade, criar leis Caricatura Brasileira (Gala Edições), compreendemos que
que acabem com a impunidade dos criminosos bem-su- tal humor primitivo não praticava um rosário de ofensas
cedidos e construir cadeias novas para substituir as velhas. pessoais. Naqueles dias, humor parecia ser apenas, e ne-
Enquanto não aprendermos a educar e oferecer medi- cessariamente, a virulência em relação aos modos opres-
das preventivas para que os pais evitem ter filhos que não sivos do poder.
serão capazes de criar, cabe a nós a responsabilidade de A amplitude dessa obra é inédita. Saem da obscurida-
integrá-los na sociedade por meio da educação formal de de os nomes que sucederam ao mais aclamado dos artistas
bom nível, das práticas esportivas e da oportunidade de a produzir arte naquele Brasil, Angelo Agostini. Corcundas
desenvolvimento artístico. magros, corcundas gordos, corcovas com cabeça de burro,
(Drauzio Varella. In Folha de S.Paulo, 9 mar.2002. Adap- todos esses seres compostos em aspecto polimórfico, com
tado) expressivo valor gráfico, eram os responsáveis por ilustrar
a subserviência a estender-se pela Corte Imperial. Contra a
Assinale a alternativa em cuja frase foi empregada pa- escravidão, o comodismo dos bem--postos e dos covardes
lavra ou expressão com sentido figurado. imperialistas, esses artistas operavam seu espírito crítico
A) Tendências agressivas surgem em indivíduos com em jornais de todos os cantos do País.
dificuldades adaptativas ...(4.º parágrafo) (Carta Capital.13.02.2013. Adaptado)
B) A revisão de estudos científicos permite identificar
três fatores principais na formação das personalidades com Na frase –… compreendemos que tal humor primitivo
maior inclinação ao comportamento violento... (6.º pará- não praticava um rosário de ofensas pessoais. –, observa-se
grafo) emprego de expressão com sentido figurado, o que ocorre
C) As estratégias que as sociedades adotam para com- também em:
bater a violência variam... (3.º parágrafo) A) O livro sobre a história da caricatura estabelece mar-
D) ...esses fatores de risco criam o caldo de cultura que cos inaugurais em relação a essa arte.
alimenta a violência crescente nas cidades. (10.º parágrafo) B) O trabalho do caricaturista pareceu tão importante
E) Os mais vulneráveis são os que tiveram a personali- a seus contemporâneos que recebeu o nome de “nova in-
dade formada num ambiente desfavorável ao desenvolvi- venção artística.”
mento psicológico pleno. (5.º parágrafo) C) Manoel de Araújo Porto-Alegre foi o primeiro pro-
fissional dessa arte e o primeiro a produzir caricaturas no
06. O item em que o termo sublinhado está emprega- Brasil.
do no sentido denotativo é: D) O jornal alternativo em 1834 zunia às orelhas de to-
A) “Além dos ganhos econômicos, a nova realidade dos e atacava esta ou aquela personagem da Corte.
rendeu frutos políticos.” E) O livro sobre a arte caricatural respeita cronologica-
B) “...com percentuais capazes de causar inveja ao pre- mente os acontecimentos da história brasileira, suas temá-
sidente.” ticas políticas e sociais.
C) “Os genéricos estão abrindo as portas do merca-
do...” 08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças
D) “...a indústria disparou gordos investimentos.” Públicas – VUNESP – 2013). Leia o texto a seguir.
E) “Colheu uma revelação surpreendente:...”

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LÍNGUA PORTUGUESA

Tomadas e oboés A) incompreendidos, que são obrigados a trabalhar


além do expediente.
“O do meio, com heliponto, tá vendo?”, diz o taxista, B) desvalorizados, que não são devidamente reconhe-
apontando o enorme prédio espelhado, do outro lado da cidos.
marginal: “A parte elétrica, inteirinha, meu cunhado que C) indispensáveis, que consideram realizar um trabalho
fez”. Ficamos admirando o edifício parcialmente iluminado de grande importância.
ao cair da tarde e penso menos no tamanho da empreitada D) metódicos, que gerenciam com rigidez a vida cor-
do que em nossa variegada humanidade: uns se dedicam porativa.
à escrita, outros a instalações elétricas, lembro- -me do E) flexíveis, que sabem valorizar os momentos de ócio.
meu tio Augusto, que vive de tocar oboé. “Fio, disjuntor,
tomada, tudo!”, insiste o motorista, com tanto orgulho que GABARITO
chega a contaminar-me.
Pergunto quantas tomadas ele acha que tem, no pré- 01. E 02. B 03. D 04. E 05. D
dio todo. Há quem ria desse tipo de indagação. Meu taxis- 06. B 07. D 08. C
ta, não. É um homem sério, eu também, fazemos as contas:
uns dez escritórios por andar, cada um com umas seis salas, COMENTÁRIOS
vezes 30 andares. “Cada sala tem o quê? Duas tomadas?”
“Cê tá louco! Muito mais! Hoje em dia, com computa- 1-) Coloca o dedo na ferida.
dor, essas coisas? Depois eu pergunto pro meu cunhado, Frase empregada para dizer que acerta o ponto fraco,
mas pode botar aí pra uma média de seis tomadas/sala.” onde dói.
Ok: 10 x 6 x 6 x 30 = 10.800. Dez mil e oitocentas to-
madas! 2-) Há consumidores que gastam rios de dinheiro com
Há 30, 40 anos, uma hora dessas, a maior parte das supérfluos.
tomadas já estaria dormindo o sono dos justos, mas a jul- Exagero, hipérbole.
gar pelo número de janelas acesas, enquanto volto para
casa, lentamente, pela marginal, centenas de trabalhado- 3-) Mas, na rua, o problema maior é tomar o xeque
-mate”, afirma João Carlos.
res suam a camisa, ali no prédio: criam logotipos, calculam
É o lance que põe fim à partida, acaba com a liberdade,
custos para o escoamento da soja, negociam minério de
no caso.
ferro. Talvez até, quem sabe, deitado num sofá, um homem
escute em seu iPod as notas de um oboé.
4-) O termo espelho está empregado em sentido figu-
Alegra-me pensar nesse sujeito de olhos fechados, ou-
rado, significando reflexo do que é o país.
vindo música. Bom saber que, na correria geral, em meio a
tantos profissionais que acreditam estar diretamente en-
5-) criam o caldo de cultura que alimenta a violência
volvidos no movimento de rotação da Terra, esse aí reser-
crescente nas cidades. (10.º parágrafo)
vou-se cinco minutos de contemplação. Criam o ambiente, as situações que alimentam, forta-
Está tarde, contudo. Algo não fecha: por que segue no lecem a violência.
escritório, esse homem? Por que não voltou para a mulher
e os filhos, não foi para o chope ou o cinema? O homem 6-) com percentuais capazes de causar inveja ao pre-
no sofá, entendo agora, está ainda mais afundado do que sidente.
os outros. O momento oboé era apenas uma pausa para Sentido denotativo = empregado com o sentido real
repor as energias, logo mais voltará à sua mesa e a seus da palavra
logotipos, à soja ou ao minério de ferro.
“Onze mil, cento e cinquenta”, diz o taxista, me mos- 7-) O jornal alternativo em 1834 zunia às orelhas de
trando o celular. Não entendo. “É o SMS do meu cunhado: todos e atacava esta ou aquela personagem da Corte.
11.150 tomadas.” Zunir: Produzir som forte e áspero. Empregado no
Olho o prédio mais uma vez, admirado com a insta- sentido de “gritar” aos leitores as notícias.
lação elétrica e nossa heteróclita humanidade, enquanto
seguimos, feito cágados, pela marginal. 8-) indispensáveis, que consideram realizar um traba-
(Antonio Prata, Folha de S.Paulo, 06.03.2013. Adapta- lho de grande importância.
do) Comparando-se ao movimento de rotação, que acon-
tece sem a intervenção de quaisquer trabalhadores, “im-
No trecho do sexto parágrafo – Bom saber que, na cor- portantes” ou não.
reria geral, em meio a tantos profissionais que acreditam
estar diretamente envolvidos no movimento de rotação
da Terra, esse aí reservou-se cinco minutos de contempla-
ção. –, o segmento em destaque expressa, de modo figura-
do, um sentido equivalente ao da expressão: profissionais
que acreditam ser

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LÍNGUA PORTUGUESA

2- Depois de interjeições ou vocativos


4. - PONTUAÇÃO - Ai! Que susto!
- João! Há quanto tempo!

Ponto de Interrogação
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
servem para compor a coesão e a coerência textual, além de “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos vedo)
as principais funções dos sinais de pontuação conhecidos
pelo uso da língua portuguesa. Reticências
1- Indica que palavras foram suprimidas.
Ponto - Comprei lápis, canetas, cadernos...
1- Indica o término do discurso ou de parte dele.
- Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em 2- Indica interrupção violenta da frase.
que se encontra. “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
- Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite.
- Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava. 3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida
- Este mal... pega doutor?
2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr.
4- Indica que o sentido vai além do que foi dito
Ponto e Vírgula ( ; ) - Deixa, depois, o coração falar...
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
importância. Vírgula
- “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo
pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; Não se usa vírgula
os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA) *separando termos que, do ponto de vista sintático, li-
gam-se diretamente entre si:
2- Separa partes de frases que já estão separadas por - entre sujeito e predicado.
vírgulas. Todos os alunos da sala foram advertidos.
- Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, monta- Sujeito predicado
nhas, frio e cobertor.
- entre o verbo e seus objetos.
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de mo- O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
tivos, decreto de lei, etc. V.T.D.I. O.D. O.I.
- Ir ao supermercado;
- Pegar as crianças na escola; Usa-se a vírgula:
- Caminhada na praia; - Para marcar intercalação:
- Reunião com amigos. a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun-
dância, vem caindo de preço.
Dois pontos b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
1- Antes de uma citação produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
- Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto: c) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias
não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem
2- Antes de um aposto abrir mão dos lucros altos.
- Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à
tarde e calor à noite. - Para marcar inversão:
a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fecha-
- Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo das.
a rotina de sempre. b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
4- Em frases de estilo direto c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
Maria perguntou: maio de 1982.
- Por que você não toma uma decisão?
- Para separar entre si elementos coordenados (dispos-
Ponto de Exclamação tos em enumeração):
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
susto, súplica, etc. A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.
- Sim! Claro que eu quero me casar com você!

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Para marcar elipse (omissão) do verbo: C) Duas explicações do treinamento para consultores
Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco. iniciantes receberam destaque; o conceito de PPD e a cons-
- Para isolar: trução de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das
- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira, metas de vendas associadas aos dois temas.
possui um trânsito caótico. D) Duas explicações do treinamento para consultores
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. iniciantes, receberam destaque: o conceito de PPD e a cons-
trução de tabelas Price, mas, por outro lado, faltou falar das
Fontes: metas de vendas associadas aos dois temas.
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/ E) Duas explicações, do treinamento para consultores
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula. iniciantes, receberam destaque; o conceito de PPD e a cons-
htm trução de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das
metas, de vendas associadas aos dois temas.
Questões sobre Pontuação
04.(Escrevente TJ SP – Vunesp 2012). Assinale a alterna-
01. (Agente Policial – Vunesp – 2013). Assinale a alterna-
tiva em que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp
tiva em que a pontuação está corretamente empregada, de
de junho de 2012, está correto quanto à regência nominal e
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em- à pontuação.
bora, experimentasse, a sensação de violar uma intimidade, (A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapida-
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo mente, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exemplo,
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, em- do que em outros.
bora experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, (B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapida-
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo mente seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!,
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em- do que em outros.
bora experimentasse a sensação de violar uma intimidade, (C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam rapida-
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo mente seu espaço, na carreira científica, ainda que o avanço
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um exemplo,
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, do que em outros.
embora experimentasse a sensação de violar uma intimida- (D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida-
de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar mente seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço
algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. seja mais notável em alguns países – o Brasil é um exemplo
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em- – do que em outros.
bora, experimentasse a sensação de violar uma intimidade, (E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamen-
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar te, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja
algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. mais notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do
02. Assinale a opção em que está corretamente indicada que em outros.
a ordem dos sinais de pontuação que devem preencher as 05. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.). As-
lacunas da frase abaixo: sinale a alternativa em que a frase mantém-se correta após
“Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas o acréscimo das vírgulas.
devem ser consideradas ____ uma é a contribuição teórica que
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na
o trabalho oferece ___ a outra é o valor prático que possa ter.
pulseira instruções para que envie, uma mensagem eletrô-
A) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula
nica ao grupo ou acione o código na internet.
B) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula;
(B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde
C) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
D) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula; o código foi acionado.
E) ponto e vírgula, vírgula, vírgula. (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastra-
dos, recebem automaticamente, uma mensagem dizendo
03. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013). Os que a criança foi encontrada.
sinais de pontuação estão empregados corretamente em: (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega pri-
A) Duas explicações, do treinamento para consultores meiro às, areias do Guarujá.
iniciantes receberam destaque, o conceito de PPD e a cons- (E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o te-
trução de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar das lefone de quem a encontrou e informar um ponto de refe-
metas de vendas associadas aos dois temas. rência
B) Duas explicações do treinamento para consultores
iniciantes receberam destaque: o conceito de PPD e a cons-
trução de tabelas Price; mas, por outro lado, faltou falar das
metas de vendas associadas aos dois temas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

06. Assinale a série de sinais cujo emprego corresponde, (E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em-
na mesma ordem, aos parênteses indicados no texto: bora , (X) experimentasse a sensação de violar uma intimidade,
“Pergunta-se ( ) qual é a ideia principal desse pará- procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar
grafo ( ) A chegada de reforços ( ) a condecoração ( ) o algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
escândalo da opinião pública ou a renúncia do presidente ( )
Se é a chegada de reforços ( ) que relação há ( ) ou mostrou 2-) Quando se trata de trabalho científico , duas coisas de-
seu autor haver ( ) entre esse fato e os restantes ( )”. vem ser consideradas : uma é a contribuição teórica que o
A) vírgula, vírgula, interrogação, interrogação, interroga- trabalho oferece ; a outra é o valor prático que possa ter.
ção, vírgula, vírgula, vírgula, ponto final
B) dois pontos, interrogação, vírgula, vírgula, interroga- vírgula, dois pontos, ponto e vírgula
ção, vírgula, travessão, travessão, interrogação
C) travessão, interrogação, vírgula, vírgula, ponto final, 3-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inadequadas
travessão, travessão, ponto final, ponto final A) Duas explicações , (X) do treinamento para consulto-
D) dois pontos, interrogação, vírgula, ponto final, traves- res iniciantes receberam destaque , (X) o conceito de PPD e a
são, vírgula, vírgula, vírgula, interrogação construção de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar das
E) dois pontos, ponto final, vírgula, vírgula, interrogação, metas de vendas associadas aos dois temas.
vírgula, vírgula, travessão, interrogação C) Duas explicações do treinamento para consultores ini-
ciantes receberam destaque ; (X) o conceito de PPD e a cons-
07. (SRF) Das redações abaixo, assinale a que não está trução de tabelas Price , (X) mas por outro lado, faltou falar das
pontuada corretamente: metas de vendas associadas aos dois temas.
A) Os candidatos, em fila, aguardavam ansiosos o resul- D) Duas explicações do treinamento para consultores ini-
tado do concurso. ciantes , (X) receberam destaque: o conceito de PPD e a cons-
B) Em fila, os candidatos, aguardavam, ansiosos, o resul- trução de tabelas Price , (X) mas, por outro lado, faltou falar das
tado do concurso. metas de vendas associadas aos dois temas.
E) Duas explicações , (X) do treinamento para consultores
C) Ansiosos, os candidatos aguardavam, em fila, o resul-
iniciantes , (X) receberam destaque ; (X) o conceito de PPD e a
tado do concurso.
construção de tabelas Price , (X) mas por outro lado, faltou falar
D) Os candidatos ansiosos aguardavam o resultado do
das metas , (X) de vendas associadas aos dois temas.
concurso, em fila.
E) Os candidatos aguardavam ansiosos, em fila, o resul-
4-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inadequadas
tado do concurso.
(A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam , (X) rapi-
damente , (X) seu espaço na carreira científica (, ) ainda que o
08. A frase em que deveria haver uma vírgula é: avanço seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exem-
A) Comi uma fruta pela manhã e outra à tarde. plo, do que em outros.
B) Eu usei um vestido vermelho na festa e minha irmã (B) Não há dúvida de que , (X) as mulheres , (X) ampliam
usou um vestido azul. rapidamente seu espaço na carreira científica ; (X) ainda que o
C) Ela tem lábios e nariz vermelhos. avanço seja mais notável , (X) em alguns países, o Brasil é um
D) Não limparam a sala nem a cozinha. exemplo ! (X) , do que em outros.
(C) Não há dúvida de que as mulheres , (X) ampliam rapi-
GABARITO damente seu espaço , (X) na carreira científica , (X) ainda que
o avanço seja mais notável, em alguns países : (X) o Brasil é um
01. C 02. C 03. B 04. D 05. E exemplo, do que em outros.
06. B 07. B 08. B (E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamen-
RESOLUÇÃO te , (X) seu espaço na carreira científica, ainda que , (X) o avanço
seja mais notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do
1- Assinalei com um (X) as pontuações inadequadas que em outros.
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e,
embora, (X) experimentasse , (X) a sensação de violar uma 5-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inadequa-
intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando en- das
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la , (X) verá na
dona. pulseira instruções para que envie , (X) uma mensagem eletrô-
(B) Diante , (X) da testemunha o homem abriu a bolsa nica ao grupo ou acione o código na internet.
e, embora experimentasse a sensação , (X) de violar uma (B) Um geolocalizador também , (X) avisará , (X) os pais de
intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando en- onde o código foi acionado.
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados
dona. , (X) recebem ( , ) automaticamente, uma mensagem dizendo
(D) Diante da testemunha, o homem , (X) abriu a bolsa e, que a criança foi encontrada.
embora experimentasse a sensação de violar uma intimida- (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha , (X) chega
de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encon- primeiro às , (X) areias do Guarujá.
trar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.

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LÍNGUA PORTUGUESA

6-) Pergunta-se ( : ) qual é a ideia principal desse pará- Adjetivo Pátrio Composto
grafo
( ? ) A chegada de reforços ( , ) a condecoração ( , ) o Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro
escândalo da opinião pública ou a renúncia do presidente (? elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudi-
) Se é a chegada de reforços ( , ) que relação há ( - ) ou mos- ta. Observe alguns exemplos:
trou seu autor haver ( - ) entre esse fato e os restantes ( ? ) África afro- / Cultura afro-americana
Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto
7-) Em fila, os candidatos , (X) aguardavam, ansiosos, o -inglesas
resultado do concurso. América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
8-) Eu usei um vestido vermelho na festa , e minha irmã China sino- / Acordos sino-japoneses
usou um vestido azul. Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Há situações em que é possível usar a vírgula antes do Europa euro- / Negociações euro-americanas
“e”. Isso ocorre quando a conjunção aditiva coordena ora- França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
ções de sujeitos diferentes nas quais a leitura fluente pode Grécia greco- / Filmes greco-romanos
ser prejudicada pela ausência da pontuação. Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros
5. - CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO,
ADJETIVO, NUMERAL, PRONOME, VERBO, Flexão dos adjetivos
ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO E CONJUNÇÃO:
O adjetivo varia em gênero, número e grau.
EMPREGO E SENTIDO QUE IMPRIMEM
ÀS RELAÇÕES QUE ESTABELECEM Gênero dos Adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se


Adjetivo referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos
substantivos, classificam-se em:
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou ca- Biformes - têm duas formas, sendo uma para o mascu-
racterística do ser e se relaciona com o substantivo. lino e outra para o feminino. Por exemplo: ativo e ativa, mau
Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, perce- e má, judeu e judia.
bemos que, além de expressar uma qualidade, ela pode ser Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no fe-
colocada ao lado de um substantivo: homem bondoso, moça minino somente o último elemento. Por exemplo: o moço
bondosa, pessoa bondosa. norte-americano, a moça norte-americana.
Já com a palavra bondade, embora expresse uma quali- Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
dade, não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: homem
bondade, moça bondade, pessoa bondade. Bondade, portan- Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino
to, não é adjetivo, mas substantivo. como para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no femini-
Morfossintaxe do Adjetivo no. Por exemplo: conflito político-social e desavença político-social.

O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função Número dos Adjetivos


dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando Plural dos adjetivos simples
como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito
ou do objeto). Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acor-
do com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos
Adjetivo Pátrio (ou gentílico) substantivos simples. Por exemplo: mau e maus, feliz e feli-
zes, ruim e ruins boa e boas
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Ob- Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça
serve alguns deles: função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra
Estados e cidades brasileiros: que estiver qualificando um elemento for, originalmente, um
Alagoas alagoano substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a pa-
Amapá amapaense lavra cinza é originalmente um substantivo; porém, se estiver
Aracaju aracajuano ou aracajuense qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará,
Amazonas amazonense ou baré então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.
Belo Horizonte belo-horizontino Veja outros exemplos:
Brasília brasiliense Motos vinho (mas: motos verdes)
Cabo Frio cabo-friense Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Campinas campineiro ou campinense Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivo Composto Observe que:


a) As formas menor e pior são comparativos de superiorida-
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- de, pois equivalem a mais pequeno e mais mau, respectivamente.
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas (me-
o último elemento concorda com o substantivo a que se lhor, pior, maior e menor), porém, em comparações feitas entre
refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se usar as for-
um dos elementos que formam o adjetivo composto seja mas analíticas mais bom, mais mau,mais grande e mais pequeno.
um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará Por exemplo:
invariável. Por exemplo: a palavra rosa é originalmente um
substantivo, porém, se estiver qualificando um elemento, Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois elementos.
funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra por Pedro é mais grande que pequeno - comparação de duas
hífen, formará um adjetivo composto; como é um substan- qualidades de um mesmo elemento.
tivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará invariável.
Por exemplo: Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Inferioridade
Camisas rosa-claro. Sou menos passivo (do) que tolerante.
Ternos rosa-claro. Superlativo
Olhos verde-claros.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar. O superlativo expressa qualidades num grau muito elevado
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. ou em grau máximo. O grau superlativo pode ser absoluto ou
relativo e apresenta as seguintes modalidades:
Obs.: - Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual- Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de um
quer adjetivo composto iniciado por cor-de-... são sempre ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apresenta-se
invariáveis. nas formas:
- Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de palavras
têm os dois elementos flexionados. que dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo: O secre-
tário é muito inteligente.
Grau do Adjetivo Sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo de
sufixos. Por exemplo: O secretário é inteligentíssimo.
Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a inten-
sidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: o Observe alguns superlativos sintéticos:
comparativo e o superlativo. benéfico beneficentíssimo
bom boníssimo ou ótimo
Comparativo comum comuníssimo
cruel crudelíssimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri- difícil dificílimo
buída a dois ou mais seres ou duas ou mais característi- doce dulcíssimo
cas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de fácil facílimo
igualdade, de superioridade ou de inferioridade. Observe os fiel fidelíssimo
exemplos abaixo:
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de um ser
No comparativo de igualdade, o segundo termo da é intensificada em relação a um conjunto de seres. Essa relação
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou pode ser:
quão. De Superioridade: Clara é a mais bela da sala.
De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala.
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Superio-
ridade Analítico Note bem:
No comparativo de superioridade analítico, entre os 1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio dos
dois substantivos comparados, um tem qualidade superior. advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, etc., antepos-
A forma é analítica porque pedimos auxílio a “mais...do que” tos ao adjetivo.
ou “mais...que”. 2) O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob duas
formas : uma erudita, de origem latina, outra popular, de origem
O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Supe- vernácula. A forma erudita é constituída pelo radical do adjetivo
rioridade Sintético latino + um dos sufixos -íssimo, -imo ou érrimo. Por exemplo:
fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A forma popular é constituída
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de su- do radical do adjetivo português + o sufixo -íssimo: pobríssimo,
perioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São eles: agilíssimo.
bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, gran- 3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, precariíssimo,
de/maior, baixo/inferior. necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, as formas serís-
simo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o desagradável hiato i-í.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Advérbio de negação : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum,


de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum
O advérbio, assim como muitas outras palavras existen- de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, provavel-
tes na Língua Portuguesa, advém de outras línguas. Assim mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe
sendo, tal qual o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a ideia de de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto, efe-
proximidade, contiguidade. Essa proximidade faz referência tivamente, certo, decididamente, realmente, deveras, indubi-
ao processo verbal, no sentido de caracterizá-lo, ou seja, in- tavelmente (=sem dúvida).
dicando as circunstâncias em que esse processo se desen- de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, so-
volve. mente, simplesmente, só, unicamente
O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no senti- de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, também
do de caracterizar os processos expressos por ele. Contudo, de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente
ele não é modificador exclusivo desta classe (verbos), pois de designação: Eis
também modifica o adjetivo e até outro advérbio. Seguem de interrogação: onde? (lugar), como? (modo), quando?
alguns exemplos: (tempo), por quê? (causa), quanto? (preço e intensidade), para
Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto, quê? (finalidade)
você está até bem informado. Locução adverbial
Temos o advérbio “distantemente” que modifica o adje-
tivo alheio, representando uma qualidade, característica. É reunião de duas ou mais palavras com valor de advér-
bio. Exemplo:
O artista canta muito mal. Carlos saiu às pressas. (indicando modo)
Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifica Maria saiu à tarde. (indicando tempo)
outro advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos
pudemos verificar que se tratava de somente uma palavra Há locuções adverbiais que possuem advérbios corres-
funcionando como advérbio. No entanto, ele pode estar de- pondentes. Exemplo: Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu
marcado por mais de uma palavra, que mesmo assim não apressadamente.
deixará de ocupar tal função. Temos aí o que chamamos de Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de modo
locução adverbial, representada por algumas expressões, são flexionados, sendo que os demais são todos invariáveis.
tais como: às vezes, sem dúvida, frente a frente, de modo al- A única flexão propriamente dita que existe na categoria dos
gum, entre outras. advérbios é a de grau:
Dependendo das circunstâncias expressas pelos advér- Superlativo: aumenta a intensidade. Exemplos: longe
bios, eles se classificam em distintas categorias, uma vez ex- - longíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente -
pressas por: inconstitucionalissimamente, etc.;
de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pressas, Diminutivo: diminui a intensidade. Exemplos: perto -
às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos pou- pertinho, pouco - pouquinho, devagar - devagarinho.
cos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a
frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior parte dos
que terminam em -”mente”: calmamente, tristemente, pro- Artigo
positadamente, pacientemente, amorosamente, docemente,
escandalosamente, bondosamente, generosamente Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo,
de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em indica se ele está sendo empregado de maneira definida ou
excesso, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto, indefinida. Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o
quão, tanto, que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de gênero e o número dos substantivos.
todo, de muito, por completo.
de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora, Classificação dos Artigos
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, do-
ravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim, Artigos Definidos: determinam os substantivos de ma-
afinal, breve, constantemente, entrementes, imediatamente, neira precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal.
primeiramente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes, Artigos Indefinidos: determinam os substantivos de
à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em quando, maneira vaga: um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu matei
de quando em quando, a qualquer momento, de tempos em um animal.
tempos, em breve, hoje em dia
de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, Combinação dos Artigos
atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abai-
xo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, aden- É muito presente a combinação dos artigos definidos
tro, afora, alhures, nenhures, aquém, embaixo, externamente, e indefinidos com preposições. Veja a forma assumida por
a distância, à distancia de, de longe, de perto, em cima, à di- essas combinações:
reita, à esquerda, ao lado, em volta

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LÍNGUA PORTUGUESA

Preposições Artigos - Não se deve usar artigo antes das palavras casa ( no
o, os sentido de lar, moradia) e terra ( no sentido de chão firme), a
a ao, aos menos que venham especificadas.
de do, dos Eles estavam em casa.
em no, nos Eles estavam na casa dos amigos.
por (per) pelo, pelos Os marinheiros permaneceram em terra.
a, as um, uns uma, umas Os marinheiros permanecem na terra dos anões.
à, às - -
da, das dum, duns duma, dumas - Não se emprega artigo antes dos pronomes de trata-
na, nas num, nuns numa, numas mento, com exceção de senhor(a), senhorita e dona: Vossa
pela, pelas - - excelência resolverá os problemas de Sua Senhoria.

- As formas à e às indicam a fusão da preposição a com o - Não se une com preposição o artigo que faz parte do
artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhecida nome de revistas, jornais, obras literárias: Li a notícia em O
por crase. Estado de S. Paulo.
Morfossintaxe
Constatemos as circunstâncias
em que os artigos se manifestam Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas re-
lações com o substantivo. Assim, nas orações da língua por-
- Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do nu- tuguesa, o artigo exerce a função de adjunto adnominal do
meral “ambos”: Ambos os garotos decidiram participar das olim- substantivo a que se refere. Tal função independe da função
píadas. exercida pelo substantivo:
A existência é uma poesia.
- Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso do Uma existência é a poesia.
artigo, outros não: São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia...

- Quando indicado no singular, o artigo definido pode in-


Conjunção
dicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações
- No caso de nomes próprios personativos, denotando a
ou dois termos semelhantes de uma mesma oração. Por
ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso do ar-
exemplo:
tigo: O Pedro é o xodó da família.
A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as
- No caso de os nomes próprios personativos estarem no amiguinhas.
plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias, os Incas,
Os Astecas... Deste exemplo podem ser retiradas três informações:
1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu as
- Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) amiguinhas
para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (o artigo),
o pronome assume a noção de qualquer. Cada informação está estruturada em torno de um ver-
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) bo: segurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três orações:
Toda classe possui alunos interessados e desinteressados. 1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e
(qualquer classe) mostrou 3ª oração: quando viu as amiguinhas.
A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e a
- Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é facul- terceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”. As
tativo: palavras “e” e “quando” ligam, portanto, orações.
Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo. Observe: Gosto de natação e de futebol.
Nessa frase as expressões de natação, de futebol são
- A utilização do artigo indefinido pode indicar uma ideia partes ou termos de uma mesma oração. Logo, a palavra “e”
de aproximação numérica: O máximo que ele deve ter é uns está ligando termos de uma mesma oração.
vinte anos.
Morfossintaxe da Conjunção
- O artigo também é usado para substantivar palavras
oriundas de outras classes gramaticais: Não sei o porquê de As conjunções, a exemplo das preposições, não exercem
tudo isso. propriamente uma função sintática: são conectivos.
Classificação
- Nunca deve ser usado artigo depois do pronome relativo - Conjunções Coordenativas
cujo (e flexões). - Conjunções Subordinativas
Este é o homem cujo amigo desapareceu.
Este é o autor cuja obra conheço.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Conjunções coordenativas - FINAIS


Expressam ideia de finalidade, objetivo.
Dividem-se em: Todos trabalham para que possam sobreviver.
- ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma. Ex. Gosto Principais conjunções finais: para que, a fim de que, por-
de cantar e de dançar. que (=para que),
Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas tam-
bém, não só...como também. - PROPORCIONAIS
Principais conjunções proporcionais: à medida que,
- ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de opo- quanto mais, ao passo que, à proporção que.
sição, de compensação. Ex. Estudei, mas não entendi nada. À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha.
Principais conjunções adversativas: mas, porém, contudo,
todavia, no entanto, entretanto. - TEMPORAIS
Principais conjunções temporais: quando, enquanto,
- ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância. logo que.
Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho. Quando eu sair, vou passar na locadora.
Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora, Diferença entre orações causais e explicativas
quer...quer, já...já.
- CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às orações. Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais
Ex. Estudei muito, por isso mereço passar. (OSA) e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos depa-
Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois (de- ramos com a dúvida de como distinguir uma oração causal
pois do verbo), portanto, por conseguinte, assim. de uma explicativa. Veja os exemplos:
1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser
- EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex. É atropelado”:
melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá fora. a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificativa
Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (an- ou uma explicação do fato expresso na oração anterior.
tes do verbo), porquanto. b) As orações são coordenadas e, por isso, independen-
tes uma da outra. Neste caso, há uma pausa entre as orações
Conjunções subordinativas que vêm marcadas por vírgula.
Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado.
- CAUSAIS Outra dica é, quando a oração que antecede a OC (Ora-
Principais conjunções causais: porque, visto que, já que, ção Coordenada) vier com verbo no modo imperativo, ela
uma vez que, como (= porque). será explicativa.
Ele não fez o trabalho porque não tem livro. Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo impe-
rativo)
- COMPARATIVAS
Principais conjunções comparativas: que, do que, tão... 2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra ci-
como, mais...do que, menos...do que. dade porque não havia cemitério no local.”
Ela fala mais que um papagaio. a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordina-
da (parte destacada) mostra a causa da ação expressa pelo
- CONCESSIVAS verbo da oração principal. Outra forma de reconhecê-la é
Principais conjunções concessivas: embora, ainda que, colocá-la no início do período, introduzida pela conjunção
mesmo que, apesar de, se bem que. como - o que não ocorre com a CS Explicativa.
Indicam uma concessão, admitem uma contradição, um Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar
fato inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”. os mortos em outra cidade.
Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente
estar cansada) dependentes uma da outra.
Apesar de ter chovido fui ao cinema.
Interjeição
- CONFORMATIVAS
Principais conjunções conformativas: como, segundo, Interjeição é a palavra invariável que exprime emoções,
conforme, consoante sensações, estados de espírito, ou que procura agir sobre o
Cada um colhe conforme semeia. interlocutor, levando-o a adotar certo comportamento sem
Expressam uma ideia de acordo, concordância, confor- que, para isso, seja necessário fazer uso de estruturas lin-
midade. guísticas mais elaboradas. Observe o exemplo:
Droga! Preste atenção quando eu estou falando!
- CONSECUTIVAS
Expressam uma ideia de consequência. No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo.
Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”, “tan- Toda sua raiva se traduz numa palavra: Droga! Ele poderia
to”, “tão”, “tamanho”). ter dito: - Estou com muita raiva de você! Mas usou simples-
Falou tanto que ficou rouco. mente uma palavra. Ele empregou a interjeição Droga!

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LÍNGUA PORTUGUESA

As sentenças da língua costumam se organizar de forma Classificação das Interjeições


lógica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e os
distribui em posições adequadas a cada um deles. As inter- Comumente, as interjeições expressam sentido de:
jeições, por outro lado, são uma espécie de “palavra-frase”, - Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!,
ou seja, há uma ideia expressa por uma palavra (ou um con- Atenção!, Olha!, Alerta!
junto de palavras - locução interjetiva) que poderia ser colo- - Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô!
cada em termos de uma sentença. Veja os exemplos: - Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva!
Bravo! Bis! - Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah!
bravo e bis: interjeição = sentença (sugestão): “Foi mui- - Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Eia!,
to bom! Repitam!” Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca!
Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé... ai: interjeição = sentença - Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!,
(sugestão): “Isso está doendo!” ou “Estou com dor!” Boa!
A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em que - Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã!
não há uma ideia organizada de maneira lógica, como são as - Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!,
sentenças da língua, mas sim a manifestação de um suspiro, Safa!, Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora!
um estado da alma decorrente de uma situação particular, - Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá!
um momento ou um contexto específico. Exemplos: - Desculpa: Perdão!
Ah, como eu queria voltar a ser criança! - Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!,
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição Oh!, Eh!
Hum! Esse pudim estava maravilhoso! - Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!,
hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição Epa!, Ora!
- Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!,
O significado das interjeições está vinculado à maneira Quê!, Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?,
como elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que Cruz!, Putz!
- Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!,
dita o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto
Raios!, Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora!
de enunciação. Exemplos:
- Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade!
Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão
- Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!,
na rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te cha-
Adeus!, Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-me,
mando! Ei, espere!”
Deus!
Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão
- Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio!
em um hospital; significado da interjeição (sugestão): “Por
- Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh!
favor, faça silêncio!”
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio! Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto
puxa: interjeição; tom da fala: euforia é, não sofrem variação em gênero, número e grau como os
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte! nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e
puxa: interjeição; tom da fala: decepção voz como os verbos. No entanto, em uso específico, algu-
mas interjeições sofrem variação em grau. Deve-se ter claro,
As interjeições cumprem, normalmente, duas funções: neste caso, que não se trata de um processo natural dessa
1) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria, classe de palavra, mas tão só uma variação que a linguagem
tristeza, dor, etc. afetiva permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
Você faz o que no Brasil?
Eu? Eu negocio com madeiras. Locução Interjetiva
Ah, deve ser muito interessante.
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma ex-
2) Sintetizar uma frase apelativa pressão com sentido de interjeição. Por exemplo : Ora bolas!
Cuidado! Saia da minha frente. Quem me dera! Virgem Maria! Meu Deus! Ó de casa!
Ai de mim! Valha-me Deus! Graças a Deus! Alto lá!
As interjeições podem ser formadas por: Muito bem!
- simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô.
- palavras: Oba!, Olá!, Claro! Observações:
- grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!, - As interjeições são como frases resumidas, sintéticas.
Ora bolas! Por exemplo: Ué! = Eu não esperava por essa!, Perdão! = Pe-
ço-lhe que me desculpe.
A ideia expressa pela interjeição depende muitas vezes
da entonação com que é pronunciada; por isso, pode ocorrer - Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o
que uma interjeição tenha mais de um sentido. Por exemplo: seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes
Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contrarie- gramaticais podem aparecer como interjeições.
dade) Viva! Basta! (Verbos)
Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria) Fora! Francamente! (Advérbios)

22
LÍNGUA PORTUGUESA

- A interjeição pode ser considerada uma “palavra-frase” Classificação dos Numerais


porque sozinha pode constituir uma mensagem. Ex.: Socor-
ro!, Ajudem-me!, Silêncio!, Fique quieto! Cardinais: indicam contagem, medida. É o número bási-
co: um, dois, cem mil, etc.
- Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imita- Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série
tivas, que exprimem ruídos e vozes. Ex.: Pum! Miau! Bumba! dada: primeiro, segundo, centésimo, etc.
Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc. Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a divi-
- Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com a são dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.
sua homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria, triste- Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos
za, etc. Faz-se uma pausa depois do” oh!” exclamativo e não seres, indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada:
a fazemos depois do “ó” vocativo. dobro, triplo, quíntuplo, etc.
“Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac) Leitura dos Numerais

- Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas de Separando os números em centenas, de trás para frente,
palavras de outras classes, podem aparecer flexionadas no di- obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no
minutivo ou no superlativo: Calminha! Adeusinho! Obrigadinho! início, também de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos
usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela conjunção “e”.
Interjeições, leitura e produção de textos 1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e
vinte e seis.
Usadas com muita frequência na língua falada informal, 45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.
quando empregadas na língua escrita, as interjeições costumam
conferir-lhe certo tom inconfundível de coloquialidade. Além Flexão dos numerais
disso, elas podem muitas vezes indicar traços pessoais do falan-
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
te - como a escassez de vocabulário, o temperamento agressivo
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzen-
ou dócil, até mesmo a origem geográfica. É nos textos narrati-
tas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas,
vos - particularmente nos diálogos - que comumente se faz uso
etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número:
das interjeições com o objetivo de caracterizar personagens e,
milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais são invariáveis.
também, graças à sua natureza sintética, agilizar as falas. Natu-
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
reza sintética e conteúdo mais emocional do que racional fazem
primeiro segundo milésimo
das interjeições presença constante nos textos publicitários.
primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
Fonte: primeiras segundas milésimas
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89.php
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam
Numeral em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e conse-
guiram o triplo de produção.
Numeral é a palavra que indica os seres em termos nu- Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais fle-
méricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa xionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas do
em determinada sequência. medicamento.
Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco. Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e nú-
[quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”] mero. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas ter-
ças partes
Eu quero café duplo, e você? Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dú-
...[duplo: numeral = atributo numérico de “café”] zia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos
A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor! numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sentido.
...[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequência É o que ocorre em frases como:
de “fila”] “Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que O time está arriscado por ter caído na segundona. (= se-
os números indicam em relação aos seres. Assim, quando gunda divisão de futebol)
a expressão é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se
trata de numerais, mas sim de algarismos. Emprego dos Numerais
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala- *Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes
vras consideradas numerais porque denotam quantidade, em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo
proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década, dú- e a partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois
zia, par, ambos(as), novena. do substantivo:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são larga-
mente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância da solidariedade. Ambos agora participam das atividades
comunitárias de seu bairro.
Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo ou noningentésimo
- nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

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LÍNGUA PORTUGUESA

Preposição Preposição + Pronomes


De + ele(s) = dele(s)
Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar De + ela(s) = dela(s)
termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normal- De + este(s) = deste(s)
mente há uma subordinação do segundo termo em relação De + esta(s) = desta(s)
ao primeiro. As preposições são muito importantes na es- De + esse(s) = desse(s)
trutura da língua, pois estabelecem a coesão textual e pos- De + essa(s) = dessa(s)
suem valores semânticos indispensáveis para a compreen- De + aquele(s) = daquele(s)
são do texto. De + aquela(s) = daquela(s)
De + isto = disto
Tipos de Preposição De + isso = disso
De + aquilo = daquilo
1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusi- De + aqui = daqui
vamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, De + aí = daí
contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, De + ali = dali
atrás de, dentro de, para com. De + outro = doutro(s)
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes De + outra = doutra(s)
gramaticais que podem atuar como preposições: como, du- Em + este(s) = neste(s)
rante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto. Em + esta(s) = nesta(s)
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valen- Em + esse(s) = nesse(s)
do como uma preposição, sendo que a última palavra é uma Em + aquele(s) = naquele(s)
delas: abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito Em + aquela(s) = naquela(s)
de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao Em + isto = nisto
redor de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por Em + isso = nisso
cima de, por trás de. Em + aquilo = naquilo
A + aquele(s) = àquele(s)
A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto A + aquela(s) = àquela(s)
pode unir-se a outras palavras e assim estabelecer concor- A + aquilo = àquilo
dância em gênero ou em número. Ex: por + o = pelo por
+ a = pela. Dicas sobre preposição
Vale ressaltar que essa concordância não é característica
da preposição, mas das palavras às quais ela se une. 1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome
Esse processo de junção de uma preposição com outra pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a” seja
palavra pode se dar a partir de dois processos: um artigo, virá precedendo um substantivo. Ele servirá para
determiná-lo como um substantivo singular e feminino.
1. Combinação: A preposição não sofre alteração. A dona da casa não quis nos atender.
preposição a + artigos definidos o, os Como posso fazer a Joana concordar comigo?
a + o = ao
preposição a + advérbio onde - Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
a + onde = aonde termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
2. Contração: Quando a preposição sofre alteração. Cheguei a sua casa ontem pela manhã.
Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para procu-
Preposição + Artigos rar um tratamento adequado.
De + o(s) = do(s)
De + a(s) = da(s) - Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
De + um = dum lugar e/ou a função de um substantivo.
De + uns = duns Temos Maria como parte da família. / Nós a temos como
De + uma = duma parte da família
De + umas = dumas Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. /
Em + o(s) = no(s) Creio que a conhecemos melhor que ninguém.
Em + a(s) = na(s)
Em + um = num 2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio
Em + uma = numa das preposições:
Em + uns = nuns Destino = Irei para casa.
Em + umas = numas Modo = Chegou em casa aos gritos.
A + à(s) = à(s) Lugar = Vou ficar em casa;
Por + o = pelo(s) Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência.
Por + a = pela(s) Tempo = A prova vai começar em dois minutos.
Causa = Ela faleceu de derrame cerebral.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o tra- Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nossa
tamento. escola neste ano.
Instrumento = Escreveu a lápis. [nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância
Posse = Não posso doar as roupas da mamãe. adequada]
Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom. [neste: pronome que determina “ano” = concordância
Companhia = Estarei com ele amanhã. adequada]
Matéria = Farei um cartão de papel reciclado. [ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor-
Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco. dância inadequada]
Origem = Nós somos do Nordeste, e você? Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume. demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista. Pronomes Pessoais

Fonte: São aqueles que substituem os substantivos, indicando


http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/ diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve
assume os pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”,
Pronome “vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se dirige e
“ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à pessoa ou
Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou às pessoas de quem fala.
a ele se refere, ou que acompanha o nome, qualificando-o Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun-
de alguma forma. ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto ou
do caso oblíquo.
A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos! Pronome Reto
[substituição do nome]
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na senten-
A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita! ça, exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito.
[referência ao nome] Nós lhe ofertamos flores.

Essa moça morava nos meus sonhos! Os pronomes retos apresentam flexão de número, gêne-
[qualificação do nome] ro (apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a prin-
cipal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa
Grande parte dos pronomes não possuem significados forma, o quadro dos pronomes retos é assim configurado:
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro
de um contexto, o qual nos permite recuperar a referência - 1ª pessoa do singular: eu
exata daquilo que está sendo colocado por meio dos pro- - 2ª pessoa do singular: tu
nomes no ato da comunicação. Com exceção dos prono- - 3ª pessoa do singular: ele, ela
mes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes têm - 1ª pessoa do plural: nós
por função principal apontar para as pessoas do discurso ou - 2ª pessoa do plural: vós
a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação no tempo - 3ª pessoa do plural: eles, elas
ou no espaço. Em virtude dessa característica, os pronomes
apresentam uma forma específica para cada pessoa do dis- Atenção: esses pronomes não costumam ser usados
curso. como complementos verbais na língua-padrão. Frases como
“Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas
[minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala] na língua formal escrita ou falada. Na língua formal, devem
ser usados os pronomes oblíquos correspondentes: “Vi-o na
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-me até aqui”.
[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se fala]
Obs.: frequentemente observamos a omissão do pronome
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias for-
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem se fala] mas verbais marcam, através de suas desinências, as pessoas do
verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos boa viagem. (Nós)
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em número Pronome Oblíquo
(singular ou plural). Assim, espera-se que a referência atra-
vés do pronome seja coerente em termos de gênero e nú- Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sen-
mero (fenômeno da concordância) com o seu objeto, mes- tença, exerce a função de complemento verbal (objeto dire-
mo quando este se apresenta ausente no enunciado. to ou indireto) ou complemento nominal.
Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante do Pronome Oblíquo Tônico
pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função diversa
que eles desempenham na oração: pronome reto marca o sujeito Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos
da oração; pronome oblíquo marca o complemento da oração. por preposições, em geral as preposições a, para, de e com.
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com a Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função de
acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos. objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica forte.
O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim con-
Pronome Oblíquo Átono figurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não - 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica - 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
fraca: Ele me deu um presente. - 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim con- - 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
figurado: - 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas
- 1ª pessoa do singular (eu): me
- 2ª pessoa do singular (tu): te Observe que as únicas formas próprias do pronome tô-
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As
- 1ª pessoa do plural (nós): nos demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.
- 2ª pessoa do plural (vós): vos - As preposições essenciais introduzem sempre prono-
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da lín-
Observações: gua formal, os pronomes costumam ser usados desta forma:
O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se apre- Não há mais nada entre mim e ti.
senta na forma contraída, ou seja, houve a união entre o Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por acompa- Não há nenhuma acusação contra mim.
nhar diretamente uma preposição, o pronome “lhe” exerce Não vá sem mim.
sempre a função de objeto indireto na oração.
Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos Atenção: Há construções em que a preposição, apesar
diretos como objetos indiretos. de surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma
Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo
objetos diretos. pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pronome,
Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combi- deverá ser do caso reto.
nar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
como mo, mos , ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no Não vá sem eu mandar.
-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Observe
o uso dessas formas nos exemplos que seguem: - A combinação da preposição “com” e alguns pronomes
- Trouxeste o pacote? originou as formas especiais comigo, contigo, consigo, conos-
- Sim, entreguei-to ainda há pouco. co e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos frequente-
- Não contaram a novidade a vocês? mente exercem a função de adjunto adverbial de companhia.
- Não, no-la contaram. Ele carregava o documento consigo.

No português do Brasil, essas combinações não são - As formas “conosco” e “convosco” são substituídas por
usadas; até mesmo na língua literária atual, seu emprego é “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são re-
muito raro. forçados por palavras como outros, mesmos, próprios, todos,
ambos ou algum numeral.
Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas Você terá de viajar com nós todos.
especiais depois de certas terminações verbais. Quando o Estávamos com vós outros quando chegaram as más no-
verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome assume a forma tícias.
lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a terminação verbal é Ele disse que iria com nós três.
suprimida. Por exemplo:
fiz + o = fi-lo Pronome Reflexivo
fazeis + o = fazei-lo
dizer + a = dizê-la São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito
Quando o verbo termina em som nasal, o pronome as- da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação ex-
sume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo: pressa pelo verbo.
viram + o: viram-no O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado:
repõe + os = repõe-nos - 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.
retém + a: retém-na Eu não me vanglorio disso.
tem + as = tem-nas Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- 2ª pessoa do singular (tu): te, ti.


Assim tu te prejudicas.
Conhece a ti mesmo.

- 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo.


Guilherme já se preparou.
Ela deu a si um presente.
Antônio conversou consigo mesmo.

- 1ª pessoa do plural (nós): nos.


Lavamo-nos no rio.

- 2ª pessoa do plural (vós): vos.


Vós vos beneficiastes com a esta conquista.

- 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.


Eles se conheceram.
Elas deram a si um dia de folga.

A Segunda Pessoa Indireta

A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se quando utilizamos pronomes que, apesar de indicarem nosso interlo-
cutor (portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pessoa. É o caso dos chamados pronomes de tratamento, que
podem ser observados no quadro seguinte:

Pronomes de Tratamento

Vossa Alteza V. A. príncipes, duques


Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais
Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos
Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e oficiais-generais
Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores de universidades
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
Vossa Santidade V. S. Papa
Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento cerimonioso
Vossa Onipotência V. O. Deus

Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no
tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento familiar. Você e vocês são largamente empregados no português
do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito à
linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.

Observações:
a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes de tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em relação
à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.

*Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.

- Os pronomes de tratamento representam uma forma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao tratarmos
um deputado por Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos endereçando à excelência que esse deputado supostamente
tem para poder ocupar o cargo que ocupa.

- 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3ª
pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar na
3ª pessoa.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou Pronomes Demonstrativos


nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do
texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Assim, Os pronomes demonstrativos são utilizados para expli-
por exemplo, se começamos a chamar alguém de “você”, citar a posição de uma certa palavra em relação a outras ou
não poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ain- ao contexto. Essa relação pode ocorrer em termos de espa-
da, verbo na terceira pessoa. ço, no tempo ou discurso.
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos No espaço:
teus cabelos. (errado) Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus carro está perto da pessoa que fala.
cabelos. (correto) Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos carro está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da
teus cabelos. (correto) pessoa que fala.
Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que o
Pronomes Possessivos carro está afastado da pessoa que fala e daquela com quem
falo.
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
(possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coi- Atenção: em situações de fala direta (tanto ao vivo
sa possuída). quanto por meio de correspondência, que é uma modalida-
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do sin- de escrita de fala), são particularmente importantes o este e
gular) o esse - o primeiro localiza os seres em relação ao emissor; o
segundo, em relação ao destinatário. Trocá-los pode causar
NÚMERO PESSOA PRONOME ambiguidade.
singular primeira meu(s), minha(s) Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar
singular segunda teu(s), tua(s) informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da univer-
singular terceira seu(s), sua(s) sidade destinatária).
plural primeira nosso(s), nossa(s) Reafirmamos a disposição desta universidade em partici-
plural segunda vosso(s), vossa(s) par no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade
plural terceira seu(s), sua(s) que envia a mensagem).
No tempo:
Note que: A forma do possessivo depende da pessoa Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se
gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam refere ao ano presente.
com o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribui- Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se re-
ção naquele momento difícil. fere a um passado próximo.
Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele
Observações: está se referindo a um passado distante.
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar
da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, seu - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
José. invariáveis, observe:
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam pos- la(s).
se. Podem ter outros empregos, como: Invariáveis: isto, isso, aquilo.
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 - Também aparecem como pronomes demonstrativos:
anos. - o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e pu-
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem lá derem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
seus defeitos, mas eu gosto muito dela. Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela
3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, que te indiquei.)
o pronome possessivo fica na 3ª pessoa: Vossa Excelência
trouxe sua mensagem? - mesmo(s), mesma(s): Estas são as mesmas pessoas que
o procuraram ontem.
4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo
concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e ano- - próprio(s), própria(s): Os próprios alunos resolveram o
tações. problema.

5- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblí- - semelhante(s): Não compre semelhante livro.
quos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe os
passos. (= Vou seguir seus passos.) - tal, tais: Tal era a solução para o problema.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Note que: Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos,


- Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em ora pronomes indefinidos adjetivos:
construções redundantes, com finalidade expressiva, para algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos),
salientar algum termo anterior. Por exemplo: Manuela, essa demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, ne-
é que dera em cheio casando com o José Afonso. Desfrutar das nhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, quais-
belezas brasileiras, isso é que é sorte! quer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), tanta(s),
todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias.
- O pronome demonstrativo neutro ou pode represen- Menos palavras e mais ações.
tar um termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso em Alguns se contentam pouco.
que aparece, geralmente, como objeto direto, predicativo ou
aposto: O casamento seria um desastre. Todos o pressentiam. Os pronomes indefinidos podem ser divididos em variá-
veis e invariáveis. Observe:
- Para evitar a repetição de um verbo anteriormente ex- Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário,
presso, é comum empregar-se, em tais casos, o verbo fazer, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca,
chamado, então, verbo vicário (= que substitui, que faz as vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, ne-
vezes de): Ninguém teve coragem de falar antes que ela o nhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos,
fizesse. algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, ou-
tras, quantas.
- Em frases como a seguinte, este se refere à pessoa Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, algo,
mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em pri- cada.
meiro lugar: O referido deputado e o Dr. Alcides eram amigos
íntimos; aquele casado, solteiro este. [ou então: este solteiro, São locuções pronominais indefinidas: cada qual, cada
aquele casado] um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que), seja
quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= certo), tal
e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
- O pronome demonstrativo tal pode ter conotação irô-
Cada um escolheu o vinho desejado.
nica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
Indefinidos Sistemáticos
- Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em
com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta,
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos, per-
disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no
cebemos que existem alguns grupos que criam oposição de
= naquilo)
sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm sentido afir-
mativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm sentido negativo;
Pronomes Indefinidos todo/tudo, que indicam uma totalidade afirmativa, e nenhum/
nada, que indicam uma totalidade negativa; alguém/ninguém,
São palavras que se referem à terceira pessoa do dis- que se referem à pessoa, e algo/nada, que se referem à coisa;
curso, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando certo, que particulariza, e qualquer, que generaliza.
quantidade indeterminada. Essas oposições de sentido são muito importantes na
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas
-plantadas. vezes dependem a solidez e a consistência dos argumentos
expostos. Observe nas frases seguintes a força que os prono-
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa mes indefinidos destacados imprimem às afirmações de que
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma fazem parte:
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu- Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
mano que seguramente existe, mas cuja identidade é desco- prático.
nhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em: Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são pes-
soas quaisquer.
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu-
gar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. Pronomes Relativos
São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, nin-
guém, outrem, quem, tudo. São aqueles que representam nomes já mencionados
Algo o incomoda? anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem as
Quem avisa amigo é. orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de um
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser grupo racial sobre outros.
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade (afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). = oração subordinada adjetiva).
Cada povo tem seus costumes. O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e
Certas pessoas exercem várias profissões. introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra “siste-
ma” é antecedente do pronome relativo que.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O antecedente do pronome relativo pode ser o prono- - “Onde”, como pronome relativo, sempre possui ante-
me demonstrativo o, a, os, as. cedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa
Não sei o que você está querendo dizer. onde morava foi assaltada.
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem ex-
presso. - Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou
Quem casa, quer casa. em que.
Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
Observe: no exterior.
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, - Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa-
quantas. lavras:
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde. - como (= pelo qual): Não me parece correto o modo
como você agiu semana passada.
Note que: - quando (= em que): Bons eram os tempos quando po-
- O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, díamos jogar videogame.
sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser substi-
tuído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu ante- - Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
cedente for um substantivo. numa só frase.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual) O futebol é um esporte.
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a O povo gosta muito deste esporte.
qual) O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
quais) - Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de gen-
quais) te que conversava, (que) ria, (que) fumava.

- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente Pronomes Interrogativos


pronomes relativos: por isso, são utilizados didaticamente
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que São usados na formulação de perguntas, sejam elas
podem ter várias classificações) são pronomes relativos. To- diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
dos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por referem- -se à 3ª pessoa do discurso de modo
motivo de clareza ou depois de determinadas preposições: impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual variações), quanto (e variações).
me deixou encantado. (O uso de “que”, neste caso, geraria Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço.
ambiguidade.) Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas dú- preferes.
vidas? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.) Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quan-
- O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e tos passageiros desembarcaram.
se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou
de ser poeta, que era a sua vocação natural. Sobre os pronomes

- O pronome “cujo” não concorda com o seu antece- O pronome pessoal é do caso reto quando tem função
dente, mas com o consequente. Equivale a do qual, da qual, de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo
dos quais, das quais. quando desempenha função de complemento. Vamos en-
Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas. tender, primeiramente, como o pronome pessoal surge na
(antecedente) (consequente) frase e que função exerce. Observe as orações:
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
- “Quanto” é pronome relativo quando tem por antece- 2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
dente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo: lhe ajudar.
Emprestei tantos quantos foram necessários.
(antecedente) Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele”
Ele fez tudo quanto havia falado. exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
(antecedente) reto. Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe”
exercendo função de complemento, e, consequentemente,
- O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre é do caso oblíquo.
precedido de preposição. Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso,
É um professor a quem muito devemos. o pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para
(preposição) a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se
devia ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Importante: Em observação à segunda oração, o em- O substantivo Barcelona designa apenas um ser da es-
prego do pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do ver- pécie cidade. Esse substantivo é próprio. Substantivo Pró-
bo intransitivo “ajudar” porque o pronome oblíquo pode prio: é aquele que designa os seres de uma mesma espécie
estar antes, depois ou entre locução verbal, caso o verbo de forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
principal (no caso “ajudar”) esteja no infinitivo ou gerúndio.
Eu desejo lhe perguntar algo. 2 - Substantivos Concretos e Abstratos
Eu estou perguntando-lhe algo.
LÂMPADA MALA
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, di- Os substantivos lâmpada e mala designam seres com
ferentemente dos segundos que são sempre precedidos de existência própria, que são independentes de outros seres.
preposição. São substantivos concretos.
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu
estava fazendo. Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o existe, independentemente de outros seres.
que eu estava fazendo.
Obs.: os substantivos concretos designam seres do
Substantivo mundo real e do mundo imaginário.
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Subs- Brasília, etc.
tantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, as quais Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantasma,
denominam os seres. Além de objetos, pessoas e fenôme- etc.
nos, os substantivos também nomeiam:
-lugares: Alemanha, Porto Alegre... Observe agora:
-sentimentos: raiva, amor... Beleza exposta
-estados: alegria, tristeza... Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual.
-qualidades: honestidade, sinceridade...
-ações: corrida, pescaria... O substantivo beleza designa uma qualidade.

Morfossintaxe do substantivo Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que


dependem de outros para se manifestar ou existir.
Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser
geral exerce funções diretamente relacionadas com o ver- observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa ou
bo: atua como núcleo do sujeito, dos complementos verbais coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser para se
(objeto direto ou indireto) e do agente da passiva. Pode ain- manifestar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo abs-
da funcionar como núcleo do complemento nominal ou do trato.
aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do objeto ou Os substantivos abstratos designam estados, qualida-
como núcleo do vocativo. Também encontramos substan- des, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser
tivos como núcleos de adjuntos adnominais e de adjuntos abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (estado),
adverbiais - quando essas funções são desempenhadas por rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento).
grupos de palavras.
3 - Substantivos Coletivos
Classificação dos Substantivos
Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra
1- Substantivos Comuns e Próprios abelha, mais outra abelha.
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
Observe a definição: s.f. 1: Povoação maior que vila, com Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
muitas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Bra-
sil, toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne-
cidade (em oposição aos bairros). cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
mais outra abelha...
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural.
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada ci- No terceiro caso, empregou-se um substantivo no sin-
dade. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo gular (enxame) para designar um conjunto de seres da mes-
comum. ma espécie (abelhas).
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino, ho- Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mes-
mem, mulher, país, cachorro. mo estando no singular, designa um conjunto de seres da
Estamos voando para Barcelona. mesma espécie.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivo coletivo Conjunto de: Formação dos Substantivos


assembleia pessoas reunidas
alcateia lobos Substantivos Simples e Compostos
acervo livros
antologia trechos literários selecionados Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
arquipélago ilhas terra.
banda músicos O substantivo chuva é formado por um único elemento
bando desordeiros ou malfeitores ou radical. É um substantivo simples.
banca examinadores
batalhão soldados Substantivo Simples: é aquele formado por um único
cardume peixes elemento.
caravana viajantes peregrinos Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja
cacho frutas agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois ele-
cáfila camelos mentos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
cancioneiro canções, poesias líricas Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou
colmeia abelhas mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo.
chusma gente, pessoas
concílio bispos Substantivos Primitivos e Derivados
congresso parlamentares, cientistas.
elenco atores de uma peça ou filme Meu limão meu limoeiro,
esquadra navios de guerra meu pé de jacarandá...
enxoval roupas
falange soldados, anjos O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de
fauna animais de uma região nenhum outro dentro de língua portuguesa.
feixe lenha, capim
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de ne-
flora vegetais de uma região
nhuma outra palavra da própria língua portuguesa. O subs-
frota navios mercantes, ônibus
tantivo limoeiro é derivado, pois se originou a partir da pa-
girândola fogos de artifício
lavra limão.
horda bandidos, invasores
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de outra
junta médicos, bois, credores, examinadores
palavra.
júri jurados
legião soldados, anjos, demônios
Flexão dos substantivos
leva presos, recrutas
malta malfeitores ou desordeiros
manada búfalos, bois, elefantes, O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável
matilha cães de raça quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por exem-
molho chaves, verduras plo, pode sofrer variações para indicar:
multidão pessoas em geral Plural: meninos Feminino: menina
ninhada pintos Aumentativo: meninão Diminutivo: menininho
nuvem insetos (gafanhotos, mosquitos, etc.)
penca bananas, chaves Flexão de Gênero
pinacoteca pinturas, quadros
quadrilha ladrões, bandidos Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar
ramalhete flores sexo real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, há dois
rebanho ovelhas gêneros: masculino e feminino. Pertencem ao gênero mascu-
récua bestas de carga, cavalgadura lino os substantivos que podem vir precedidos dos artigos o,
repertório peças teatrais, obras musicais os, um, uns. Veja estes títulos de filmes:
réstia alhos ou cebolas O velho e o mar
romanceiro poesias narrativas Um Natal inesquecível
revoada pássaros Os reis da praia
sínodo párocos
talha lenha Pertencem ao gênero feminino os substantivos que po-
tropa muares, soldados dem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
turma estudantes, trabalhadores A história sem fim
vara porcos Uma cidade sem passado
As tartarugas ninjas

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LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes

Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar nomes Epicenos:


de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está relacio- Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
nado ao sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, uma
para o masculino e outra para o feminino. Observe: gato – Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso
gata, homem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma
para indicar o masculino e o feminino.
Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
uma única forma, que serve tanto para o masculino quanto para designar os dois sexos. Esses substantivos são chama-
para o feminino. Classificam-se em: dos de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver a
necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras ma-
- Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos: a co- cho e fêmea.
bra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea. A cobra macho picou o marinheiro.
- Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas: A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo,
o indivíduo. Sobrecomuns:
- Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pes- Entregue as crianças à natureza.
soas por meio do artigo: o colega e a colega, o doente e a
doente, o artista e a artista. A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo mas-
culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem o
Saiba que: Substantivos de origem grega terminados artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o sexo
em ema ou oma, são masculinos: o fonema, o poema, o siste- dos seres a que se refere a palavra. Veja:
ma, o sintoma, o teorema. A criança chorona chamava-se João.
- Existem certos substantivos que, variando de gênero, A criança chorona chamava-se Maria.
variam em seu significado: o rádio (aparelho receptor) e a rá-
dio (estação emissora) o capital (dinheiro) e a capital (cidade) Outros substantivos sobrecomuns:
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes criatura.
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
- Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno - Marcela faleceu
aluna.
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao Comuns de Dois Gêneros:
masculino: freguês - freguesa Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de
três formas: Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma vez
- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã que a palavra motorista é um substantivo uniforme.
-troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona A distinção de gênero pode ser feita através da análise
Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão - do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substantivo:
sultana o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem -
uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter francês
- Substantivos terminados em -or: - repórter francesa
- acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora - A palavra personagem é usada indistintamente nos
- troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz dois gêneros.
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada pre-
- Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: cônsul ferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens os
- consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque - du- personagens dos contos de carochinha.
quesa / conde - condessa / profeta - profetisa b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino:
O problema está nas mulheres de mais idade, que não acei-
- Substantivos que formam o feminino trocando o -e tam a personagem.
final por -a: elefante - elefanta - Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
fotográfico Ana Belmonte.
- Substantivos que têm radicais diferentes no masculino Observe o gênero dos substantivos seguintes:
e no feminino: bode – cabra / boi - vaca
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó
- Substantivos que formam o feminino de maneira es- (pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o ma-
pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores: racajá, o clã, o hosana, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano,
czar – czarina réu - ré o proclama, o pernoite, o púbis.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a Plural dos Substantivos Simples


cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido, a
cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa). - Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
- São geralmente masculinos os substantivos de origem ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon
grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilograma, o - cânones.
plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o telefonema, o - Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em
estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o eczema, o ede- “ns”: homem - homens.
ma, o magma, o estigma, o axioma, o tracoma, o hematoma.
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc. pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.

Gênero dos Nomes de Cidades Atenção: O plural de caráter é caracteres.

Com raras exceções, nomes de cidades são femininos. - Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
A histórica Ouro Preto. se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara-
A dinâmica São Paulo. col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul e
A acolhedora Porto Alegre. cônsules.
Uma Londres imensa e triste.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre. - Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
duas maneiras:
Gênero e Significação - Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
Muitos substantivos têm uma significação no masculino
e outra no feminino. Observe: o baliza (soldado que, que à Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas
frente da tropa, indica os movimentos que se deve realizar em maneiras: répteis ou reptis (pouco usada).
conjunto; o que vai à frente de um bloco carnavalesco, mane-
jando um bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca - Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
um limite ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça duas maneiras:
(parte do corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a - Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a capital - Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariá-
(cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma (cabeleira), o veis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), a coral (cobra
venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na administração - Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural de
da crisma e de outros sacramentos), a crisma (sacramento da três maneiras.
confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de curar), o estepe - substituindo o -ão por -ões: ação - ações
(pneu sobressalente), a estepe (vasta planície de vegetação), o - substituindo o -ão por -ães: cão - cães
guia (pessoa que guia outras), a guia (documento, pena gran- - substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
de das asas das aves), o grama (unidade de peso), a grama
(relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa (recipiente, setor - Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o
de pagamentos), o lente (professor), a lente (vidro de aumen- látex - os látex.
to), o moral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes, Plural dos Substantivos Compostos
ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte),
o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria-fu- -A formação do plural dos substantivos compostos de-
maça (locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a pala pende da forma como são grafados, do tipo de palavras que
(parte anterior do boné ou quepe, anteparo), o rádio (apare- formam o composto e da relação que estabelecem entre si.
lho receptor), a rádio (estação emissora), o voga (remador), a Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se como
voga (moda, popularidade). os substantivos simples: aguardente/aguardentes, giras-
sol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malmequeres.
Flexão de Número do Substantivo O plural dos substantivos compostos cujos elementos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
Em português, há dois números gramaticais: o singular, discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:
que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica do - Flexionam-se os dois elementos, quando formados de:
plural é o “s” final. substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Flexiona-se somente o segundo elemento, quando Plural dos Nomes Próprios Personativos
formados de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sem-
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e pre que a terminação preste-se à flexão.
alto- -falantes Os Napoleões também são derrotados.
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos As Raquéis e Esteres.

- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando Plural dos Substantivos Estrangeiros


formados de:
substantivo + preposição clara + substantivo = água- Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es-
de-colônia e águas-de-colônia critos como na língua original, acrescentando-se “s” (exceto
substantivo + preposição oculta + substantivo = cava- quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz.
lo-vapor e cavalos-vapor
substantivo + substantivo que funciona como determi- Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acor-
nante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os
do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, os ré-
-relógio - bombas-relógio, notícia-bomba - notícias-bomba, quiens.
homem-rã - homens-rã, peixe-espada - peixes-espada. Observe o exemplo:
Este jogador faz gols toda vez que joga.
- Permanecem invariáveis, quando formados de: O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa- Plural com Mudança de Timbre
ca-rolhas
Certos substantivos formam o plural com mudança de
- Casos Especiais
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato fo-
o louva-a-deus e os louva-a-deus
nético chamado metafonia (plural metafônico).
o bem-te-vi e os bem-te-vis
Singular Plural
o bem-me-quer e os bem-me-queres
corpo (ô) corpos (ó)
o joão-ninguém e os joões-ninguém.
esforço esforços
fogo fogos
Plural das Palavras Substantivadas
forno fornos
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras fosso fossos
classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam, imposto impostos
no plural, as flexões próprias dos substantivos. olho olhos
Pese bem os prós e os contras. osso (ô) ossos (ó)
O aluno errou na prova dos noves. ovo ovos
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos. poço poços
Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou “z” porto portos
não variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos posto postos
seis e alguns dez. tijolo tijolos
Plural dos Diminutivos
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos,
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final e esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
acrescenta-se o sufixo diminutivo. Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
pãe(s) + zinhos = pãezinhos molho (ó) = feixe (molho de lenha).
animai(s) + zinhos = animaizinhos
botõe(s) + zinhos = botõezinhos Particularidades sobre o Número dos Substantivos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
farói(s) + zinhos = faroizinhos - Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
tren(s) + zinhos = trenzinhos norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
colhere(s) + zinhas = colherezinhas - Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
flore(s) + zinhas = florezinhas as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
mão(s) + zinhas = mãozinhas - Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do sin-
papéi(s) + zinhos = papeizinhos gular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade, bom
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas nome) e honras (homenagem, títulos).
funi(s) + zinhos = funizinhos - Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas com
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos sentido de plural:
pai(s) + zinhos = paizinhos Aqui morreu muito negro.
pé(s) + zinhos = pezinhos Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
pé(s) + zitos = pezitos improvisadas.

36
LÍNGUA PORTUGUESA

Flexão de Grau do Substantivo Formas Rizotônicas e Arrizotônicas

Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura
variações de tamanho dos seres. Classifica-se em: dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce-
- Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento
normal. Por exemplo: casa tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, nutro, por
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai
do ser. Classifica-se em: no radical, mas sim na terminação verbal: opinei, aprenderão,
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjeti- nutriríamos.
vo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indica- Classificação dos Verbos
dor de aumento. Por exemplo: casarão.
- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho Classificam-se em:
do ser. Pode ser: - Regulares: são aqueles que possuem as desinências
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca al-
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena. terações no radical: canto cantei cantarei cantava
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indica- cantasse.
dor de diminuição. Por exemplo: casinha. - Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações
no radical ou nas desinências: faço fiz farei fizesse.
Verbo - Defectivos: são aqueles que não apresentam conju-
gação completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais
Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pes- e pessoais:
soa, número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros * Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Nor-
processos: ação (correr); estado (ficar); fenômeno (chover); malmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
principais verbos impessoais são:
ocorrência (nascer); desejo (querer).
** haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-
O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os
se ou fazer (em orações temporais).
seus possíveis significados. Observe que palavras como cor-
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
rida, chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
alguns verbos mencionados acima; não apresentam, porém,
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
todas as possibilidades de flexão que esses verbos possuem.
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz)
Estrutura das Formas Verbais ** fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode Era primavera quando a conheci.
apresentar os seguintes elementos: Estava frio naquele dia.
** Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza
- Radical: é a parte invariável, que expressa o significa- são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhe-
do essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. cer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci
(radical fal-) mal- -humorado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sen-
- Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica tido figurado. Qualquer verbo impessoal, empregado em
a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal.
São três as conjugações: 1ª - Vogal Temática - A - (falar), Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
2ª - Vogal Temática - E - (vender), 3ª - Vogal Temática - I - Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
(partir). Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
- Desinência modo-temporal: é o elemento que desig-
na o tempo e o modo do verbo. Por exemplo: ** São impessoais, ainda:
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.) 1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando
falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.) tempo: Já passa das seis.
- Desinência número-pessoal: é o elemento que desig- 2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição de,
na a pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular indicando suficiência: Basta de tolices. Chega de blasfêmias.
ou plural): 3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está bem,
falamos (indica a 1ª pessoa do plural.) Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem referên-
falavam (indica a 3ª pessoa do plural.) cia a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda, nesse
caso, classificar o sujeito como hipotético, tornando-se, tais
Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados verbos, então, pessoais.
(compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois 4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de
a forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar “ser possível”. Por exemplo:
de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas Não deu para chegar mais cedo.
formas do verbo: põe, pões, põem, etc. Dá para me arrumar uns trocados?

37
LÍNGUA PORTUGUESA

* Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
A fruta amadureceu.
As frutas amadureceram.

Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada: Teu irmão amadureceu
bastante.

Entre os unipessoais estão os verbos que significam vozes de animais; eis alguns: bramar: tigre, bramir: crocodilo, cacarejar:
galinha, coaxar: sapo, cricrilar: grilo

Os principais verbos unipessoais são:


1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário, etc.):
Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos bastante.)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)

2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de fumar.)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláudia. (Sujeito: que não vejo Cláudia)
Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.

* Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
- verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que
provavelmente causaria problemas de interpretação em certos contextos.
- verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do indicativo computo, computas, computa - formas de
sonoridade considerada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de
formas verbais repudiadas por alguns gramáticos: exemplo disso é o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento e
a popularização da informática, tem sido conjugado em todos os tempos, modos e pessoas.

- Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma
ocorrer no particípio, em que, além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas
(particípio irregular). Observe:

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Anexar Anexado Anexo
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Matar Matado Morto
Morrer Morrido Morto
Pegar Pegado Pego
Soltar Soltado Solto

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir, Pôr, Ser, Saber (vou, vais,
ides, fui, foste, pus, pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal,
quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar as moscas.
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora do debate.


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Os noivos foram cumprimentados por todos os presentes.


(verbo auxiliar) (verbo principal no particípio)

Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pretérito Imp. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imperf. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

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LÍNGUA PORTUGUESA

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Pret.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


haja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

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LÍNGUA PORTUGUESA

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Preté.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
Tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


Tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mesma
pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no próprio
sentido do verbo (reflexivos essenciais). Veja:
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abs-
ter-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já está
implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mesma,
pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante do
verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia reflexiva
expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem

- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto represen-
tado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em geral, os
verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados, formando
o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: Maria se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo:
Maria penteou-me.

Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
- Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente pronomi-
nais, são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito,
exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me (objeto direto) - 1ª pessoa do singular

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LÍNGUA PORTUGUESA

Modos Verbais Quando o particípio exprime somente estado, sem ne-


nhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo de adjetivo (adjetivo verbal). Por exemplo: Ela foi a aluna es-
verbo na expressão de um fato. Em Português, existem três colhida para representar a escola.
modos:
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu sem- Tempos Verbais
pre estudo.
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Tal- Tomando-se como referência o momento em que se
vez eu estude amanhã. fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estuda tempos. Veja:
agora, menino.
1. Tempos do Indicativo
Formas Nominais
- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste co-
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda for- légio.
mas que podem exercer funções de nomes (substantivo,
adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas no- - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num
minais. Observe: momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
- Infinitivo Impessoal: exprime a significação do verbo terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de
substantivo. Por exemplo: - Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num
Viver é lutar. (= vida é luta) momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado:
É indispensável combater a corrupção. (= combate à) Ele estudou as lições ontem à noite.

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente - Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato


(forma simples) ou no passado (forma composta). Por exem- ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já tinha es-
plo: tudado as lições quando os amigos chegaram. (forma com-
É preciso ler este livro. posta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram.
Era preciso ter lido este livro. (forma simples).

- Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três - Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocor-
pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não rer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do im- estudará as lições amanhã.
pessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu) - Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocor-
1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós) rer posteriormente a um determinado fato passado: Se eu
2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós) tivesse dinheiro, viajaria nas férias.
3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles)
Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma 2. Tempos do Subjuntivo
boa colocação.
- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no mo-
- Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo mento atual: É conveniente que estudes para o exame.
ou advérbio. Por exemplo: - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de ad- posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse
vérbio) o jogo.
Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função de ad- Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas cons-
jetivo) truções em que se expressa a ideia de condição ou desejo.
Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeo-
Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em nato.
curso; na forma composta, uma ação concluída. Por exem-
plo: - Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocor-
Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro. rer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele
Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro. vier à loja, levará as encomendas.
Obs.: o futuro do presente é também usado em frases
- Particípio: quando não é empregado na formação dos que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele
tempos compostos, o particípio indica geralmente o resul- vier à loja, levará as encomendas.
tado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero,
número e grau. Por exemplo:
Terminados os exames, os candidatos saíram.

42
LÍNGUA PORTUGUESA

Presente do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª/2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

43
LÍNGUA PORTUGUESA

Futuro do Pretérito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do indi-
cativo pela desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).

1ª conjug. 2ª conjug. 3ª conju. Des. temporal Des.temporal Desinên. pessoal


1ª conj. 2ª/3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número e
pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-
se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa
correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM PartiREM R EM

44
LÍNGUA PORTUGUESA

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa
do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo


Que eu cante ---
Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido ou
conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

45
LÍNGUA PORTUGUESA

Questões sobre Verbo A) puder.


B) poderia.
01. (AGENTE POLÍCIA - VUNESP 2013) Considere o tre- C) pôde.
cho a seguir. D) poderá.
É comum que objetos ___________ esquecidos em locais E) pudesse.
públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as
pessoas _____________ a atenção voltada para seus pertences, 06. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013) Assinale a alter-
conservando-os junto ao corpo. nativa em que todos os verbos estão empregados de acordo
Assinale a alternativa que preenche, correta e respecti- com a norma- -padrão.
vamente, as lacunas do texto. (A) Enviaram o texto, para que o revíssemos antes da im-
(A) sejam … mantesse pressão definitiva.
(B) sejam … mantivessem (B) Não haverá prova do crime se o réu se manter em
(C) sejam … mantém silêncio.
(D) seja … mantivessem (C) Vão pagar horas-extras aos que se disporem a traba-
(E) seja … mantêm lhar no feriado.
(D) Ficarão surpresos quando o verem com a toga...
02. (MGS - TÉCNICO CONTÁBIL – IBFC/2017-adaptada) (E) Se você quer a promoção, é necessário que a requera
Em “Assim, muitos casais têm quatro, seis, dez filhos”, a seu superior.
nota--se que o acento do verbo em destaque deve-se a uma
exigência de concordância. Assinale a alternativa correta em 07. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL VUNESP 2013-adap.) As-
relação ao emprego desse mesmo verbo. sinale a alternativa que substitui, corretamente e sem alterar
a) No Brasil, a sociedade têm várias questões. o sentido da frase, a expressão destacada em – Se a criança
b) O jovem têm um grande desafio pela frente. se perder, quem encontrá-la verá na pulseira instruções para
c) As pessoas tem muitos planos. que envie uma mensagem eletrônica ao grupo ou acione o
d) A mentira tem perna curta. código na internet.
(A) Caso a criança se havia perdido…
03. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013-adap.) Sem querer (B) Caso a criança perdeu…
estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas (C) Caso a criança se perca…
interações sociais terminam, 99% das vezes, diante da per- (D) Caso a criança estivera perdida…
gunta “débito ou crédito?”. (E) Caso a criança se perda…
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de
(A) considerar ao acaso, sem premeditação. 08. (AGENTE DE APOIO OPERACIONAL – VUNESP – 2013-
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela. adap.). Assinale a alternativa em que o verbo destacado está
(C) adotar como referência de qualidade. no tempo futuro.
(D) julgar de acordo com normas legais. A) Os consumidores são assediados pelo marketing …
(E) classificar segundo ideias preconcebidas. B) … somente eles podem decidir se irão ou não comprar.
C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessida-
04. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013) Assinale a alter- des”…
nativa contendo a frase do texto na qual a expressão verbal D) … de onde vem o produto…?
destacada exprime possibilidade. E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas…
(A) ... o cientista Theodor Nelson sonhava com um sis-
tema capaz de disponibilizar um grande número de obras 09. (AGERBA - TÉCNICO EM REGULAÇÃO – IBFC/2017-a-
literárias... daptada)
(B) Funcionando como um imenso sistema de informa- A flexão de alguns verbos, sobretudo os irregulares, pode
ção e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme causar confusão. O verbo “quis”, presente em “Minha mãe
arquivo virtual. sempre quis viajar” é um exemplo típico. Nesse sentido, assi-
(C) Isso acarreta uma textualidade que funciona por as- nale a alternativa em que se indica INCORRETAMENTE a sua
sociação, e não mais por sequências fixas previamente esta- flexão.
belecidas. a) queres – Presente do Indicativo.
(D) Desde o surgimento da ideia de hipertexto, esse con- b) queria – Futuro do Pretérito do Indicativo.
ceito está ligado a uma nova concepção de textualidade... c) quisera – Pretérito mais-que-perfeito do Indicativo.
(E) Criou, então, o “Xanadu”, um projeto para disponibi- d) queira – Presente do Subjuntivo.
lizar toda a literatura do mundo... e) quisesse – Pretérito Imperfeito do Subjuntivo.
10. (AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA PENITENCIÁRIA
05.(POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO – VUNESP – 2013-adap.). Leia as frases a seguir.
SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) No trecho: “O I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de madei-
crescimento econômico, se associado à ampliação do empre- ra no animal.
go, PODE melhorar o quadro aqui sumariamente descrito.”, se II. Existiam muitos ferimentos no boi.
passarmos o verbo destacado para o futuro do pretérito do III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida mo-
indicativo, teremos a forma: vimentada.

46
LÍNGUA PORTUGUESA

Substituindo-se o verbo Haver pelo verbo Existir e este 7-)


pelo verbo Haver, nas frases, têm-se, respectivamente: Caso a criança se perca…(perda = substantivo: Houve uma
A) Existia – Haviam – Existiam grande perda salarial...)
B) Existiam – Havia – Existiam
C) Existiam – Haviam – Existiam 8-)
D) Existiam – Havia – Existia A) Os consumidores são assediados pelo marketing = pre-
E) Existia – Havia – Existia sente
C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessida-
GABARITO des”… = pretérito do Subjuntivo
D) … de onde vem o produto…? = presente
01. B 02. D 03. E 04. B 05. B E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas… = pre-
06. A 07. C 08. B 09. B 10. D térito perfeito

RESOLUÇÃO 9-)
Vamos aos itens:
1-) a) queres – Presente do Indicativo = eu quero, tu queres -
É comum que objetos sejam esquecidos em locais correta.
públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se b) queria – Futuro do Pretérito do Indicativo = eu quereria,
as pessoas mantivessem a atenção voltada para seus per- tu quererias, ele quereria - incorreta.
tences, conservando-os junto ao corpo. c) quisera – Pretérito mais-que-perfeito do Indicativo = eu
quisera, ele quisera – correta.
2-) d) queira – Presente do Subjuntivo = que eu queira, que tu
Analisemos: queiras, que ele queira - correta
a) No Brasil, a sociedade têm várias questões. = a socie- e) quisesse – Pretérito Imperfeito do Subjuntivo = se eu qui-
sesse, se tu quisesses, se ele quisesse – correta.
dade tem (verbo no singular)
RESPOSTA: B
b) O jovem têm um grande desafio pela frente. = o jo-
vem tem (verbo no singular)
10-)
c) As pessoas tem muitos planos. = as pessoas têm (ver-
I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de madei-
bo no plural)
ra no animal.
d) A mentira tem perna curta. = correta
II. Existiam muitos ferimentos no boi.
RESPOSTA: D
III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida mo-
vimentada.
3-) Haver – sentido de existir= invariável, impessoal;
Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se existir = variável. Portanto, temos:
de um ser cujas interações sociais terminam, 99% das vezes, I – Existiam onze pessoas...
diante da pergunta “débito ou crédito?”. II – Havia muitos ferimentos...
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de III – Existia muita gente...
classificar segundo ideias preconcebidas.
Vozes do Verbo
4-)
(B) Funcionando como um imenso sistema de informa- Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo para
ção e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme ar- indicar se o sujeito gramatical é agente ou paciente da ação. São
quivo virtual. = verbo no futuro do pretérito três as vozes verbais:
- Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação
5-) expressa pelo verbo. Por exemplo:
Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do Ele fez o trabalho.
Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós pode- sujeito agente ação objeto (paciente)
ríamos, vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração é
crescimento econômico (singular), portanto, terceira pessoa - Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a ação
do singular (ele) = poderia. expressa pelo verbo. Por exemplo:
O trabalho foi feito por ele.
6-) sujeito paciente ação agente da passiva
(B) Não haverá prova do crime se o réu se mantiver em
silêncio. - Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agente e
(C) Vão pagar horas-extras aos que se dispuserem a tra- paciente, isto é, pratica e recebe a ação. Por exemplo:
balhar no feriado. O menino feriu-se.
(D) Ficarão surpresos quando o virem com a toga...
(E) Se você quiser a promoção, é necessário que a re- Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com a
queira a seu superior. noção de reciprocidade: Os lutadores feriram-se. (um ao outro)

47
LÍNGUA PORTUGUESA

Formação da Voz Passiva Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva

A voz passiva pode ser formada por dois processos: ana- Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substan-
lítico e sintético. cialmente o sentido da frase.
1- Voz Passiva Analítica Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa)
Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particípio Sujeito da Ativa objeto Direto
do verbo principal. Por exemplo:
A escola será pintada. A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Passiva)
O trabalho é feito por ele. Sujeito da Passiva Agente da Passiva

Obs.: o agente da passiva geralmente é acompanhado Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o
da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a sujeito da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo as-
preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados. sumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo. Observe
- Pode acontecer ainda que o agente da passiva não es- mais exemplos:
teja explícito na frase: A exposição será aberta amanhã. - Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transformação mestres.
das frases seguintes:
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo) - Eu o acompanharei.
O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indi- Ele será acompanhado por mim.
cativo)
Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: Prejudi-
O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo) caram-me. / Fui prejudicado.

c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) Saiba que:


O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) - Aos verbos que não são ativos nem passivos ou reflexi-
vos, são chamados neutros.
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume O vinho é bom.
o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. Aqui chove muito.
Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio) - Há formas passivas com sentido ativo:
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) É chegada a hora. (= Chegou a hora.)
Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nascido.)
Obs.: é menos frequente a construção da voz passiva És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou)
analítica com outros verbos que podem eventualmente fun-
cionar como auxiliares. Por exemplo: A moça ficou marcada - Inversamente, usamos formas ativas com sentido passivo:
pela doença. Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas)
Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado)
2- Voz Passiva Sintética
- Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido ci-
A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com rúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o sujeito
o verbo na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE. é paciente.
Por exemplo: Chamo-me Luís.
Abriram-se as inscrições para o concurso. Batizei-me na Igreja do Carmo.
Destruiu-se o velho prédio da escola. Operou-se de hérnia.
Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva Vacinaram-se contra a gripe.
sintética.
Curiosidade: A palavra passivo possui a mesma raiz lati- Fonte:
na de paixão (latim passio, passionis) e ambas se relacionam http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php
com o significado sofrimento, padecimento. Daí vem o signi-
ficado de voz passiva como sendo a voz que expressa a ação
sofrida pelo sujeito. Na voz passiva temos dois elementos
que nem sempre aparecem: SUJEITO PACIENTE e AGENTE
DA PASSIVA.

48
LÍNGUA PORTUGUESA

Questões sobre Vozes dos Verbos a) se constituiu.


b) chegou a ser constituído.
01. (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ADMI- c) teria chegado a constituir.
NISTRAÇÃO – AOCP/2010) Em “Os dados foram divulgados d) chega a se constituir.
ontem pelo Instituto Sou da Paz.”, a expressão destacada é e) chegaria a ser constituído.
(A) adjunto adnominal.
(B) sujeito paciente. 07. (METRÔ/SP – TÉCNICO SISTEMAS METROVIÁRIOS
(C) objeto indireto. CIVIL – FCC/2014 - ADAPTADA) ...’sertanejo’ indicava indistin-
(D) complemento nominal. tamente as músicas produzidas no interior do país...
(E) agente da passiva. Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
verbal resultante será:
02. (FCC-COPERGÁS – AUXILIAR TÉCNICO ADMINIS- (A) vinham indicadas.
TRATIVO - 2011) Um dia um tufão furibundo abateu-o pela (B) era indicado.
raiz. Transpondo- -se a frase acima para a voz passiva, (C) eram indicadas.
a forma verbal resultante será: (D) tinha indicado.
(A) era abatido. (E) foi indicada.
(B) fora abatido.
(C) abatera-se. 08. (GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO –
(D) foi abatido. PROCON – AGENTE ADMINISTRATIVO – CEPERJ/2012 -
(E) tinha abatido adaptada) Um exemplo de construção na voz passiva está
em:
03. (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) (A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos”
... valores e princípios que sejam percebidos pela socie- (B) “o consumidor pode solicitar a devolução do dinhei-
dade como tais. ro”
(C) “enviar o brinquedo por sedex”
Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo pas-
(D) “A empresa também é obrigada pelo Código de De-
sará a ser, corretamente,
fesa do Consumidor”
(A) perceba.
(E) “A empresa fez campanha para recolher”
(B) foi percebido.
(C) tenham percebido.
09. (METRÔ/SP –SECRETÁRIA PLENO – FCC/2010) Trans-
(D) devam perceber.
pondo-se para a voz passiva a construção Mais tarde vim a
(E) estava percebendo.
entender a tradução completa, a forma verbal resultante será:
(A) veio a ser entendida.
04. (TJ/RJ – TÉCNICO DE ATIVIDADE JUDICIÁRIA SEM (B) teria entendido.
ESPECIALIDADE – FCC/2012) As ruas estavam ocupadas (C) fora entendida.
pela multidão... (D) terá sido entendida.
A forma verbal resultante da transposição da frase aci- (E) tê-la-ia entendido.
ma para a voz ativa é:
(A) ocupava-se. 10. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIONAL
(B) ocupavam. PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011 - ADAPTA-
(C) ocupou. DA)
(D) ocupa. ... ele empreende, de maneira quase clandestina, a série
(E) ocupava. Mulheres.
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
05. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) verbal resultante será:
A frase que NÃO admite transposição para a voz passiva (A) foi empreendida.
está em: (B) são empreendidos.
(A) Quando Rodolfo surgiu... (C) foi empreendido.
(B) ... adquiriu as impressoras... (D) é empreendida.
(C) ... e sustentar, às vezes, família numerosa. (E) são empreendidas.
(D) ... acolheu-o como patrono.
(E) ... que montou [...] a primeira grande folhetaria do GABARITO
Recife ...
01. E 02. D 03. A 04. E 05. A
06. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 06. B 07. C 08. D 09. A 10. D
FCC/2010) O engajamento moral e político não chegou a
constituir um deslocamento da atenção intelectual de Said ...
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a for-
ma verbal resultante é:

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LÍNGUA PORTUGUESA

RESOLUÇÃO
6. - CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
1-)
No enunciado temos uma oração com a voz passiva do
verbo. Transformando-a em ativa, teremos: “O Instituto Sou
da Paz divulgou dados”. Nessa, “Instituto Sou da Paz” funciona Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos
como sujeito da oração, ou seja, na passiva sua função é a de referindo à relação de dependência estabelecida entre um
agente da passiva. O sujeito paciente é “os dados”. termo e outro mediante um contexto oracional. Desta feita,
os agentes principais desse processo são representados pelo
2-) sujeito, que no caso funciona como subordinante; e o verbo,
Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. = Ele o qual desempenha a função de subordinado.
foi abatido... Dessa forma, temos que a concordância verbal caracte-
riza-se pela adaptação do verbo, tendo em vista os quesitos
3-) “número e pessoa” em relação ao sujeito. Exemplificando,
... valores e princípios que sejam percebidos pela socieda- temos: O aluno chegou atrasado. Temos que o verbo apre-
de como tais = dois verbos na voz passiva, então teremos um senta-se na terceira pessoa do singular, pois faz referência a
na ativa: que a sociedade perceba os valores e princípios... um sujeito, assim também expresso (ele). Como poderíamos
também dizer: os alunos chegaram atrasados.
4-)
As ruas estavam ocupadas pela multidão = dois verbos na Casos referentes a sujeito simples
passiva, um verbo na ativa:
A multidão ocupava as ruas. 1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com o
núcleo em número e pessoa: O aluno chegou atrasado.
5-)
B = as impressoras foram adquiridas... 2) Nos casos referentes a sujeito representado por subs-
C = família numerosa é sustentada... tantivo coletivo, o verbo permanece na terceira pessoa do
D – foi acolhido como patrono... singular: A multidão, apavorada, saiu aos gritos.
E – a primeira grande folhetaria do Recife foi montada... Observação:
- No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto
6-) adnominal no plural, o verbo permanecerá no singular ou
O engajamento moral e político não chegou a consti- poderá ir para o plural:
tuir um deslocamento da atenção intelectual de Said = dois Uma multidão de pessoas saiu aos gritos.
verbos na voz ativa, mas com presença de preposição e, um Uma multidão de pessoas saíram aos gritos.
deles, no infinitivo, então o verbo auxiliar “ser” ficará no in-
finitivo (na voz passiva) e o verbo principal (constituir) ficará 3) Quando o sujeito é representado por expressões par-
no particípio: Um deslocamento da atenção intelectual de titivas, representadas por “a maioria de, a maior parte de, a
Said não chegou a ser constituído pelo engajamento... metade de, uma porção de” entre outras, o verbo tanto pode
concordar com o núcleo dessas expressões quanto com o
7-) substantivo que a segue: A maioria dos alunos resolveu ficar.
’sertanejo’ indicava indistintamente as músicas produzidas A maioria dos alunos resolveram ficar.
no interior do país.
As músicas produzidas no país eram indicadas pelo serta- 4) No caso de o sujeito ser representado por expressões
nejo, indistintamente. aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o ver-
bo concorda com o substantivo determinado por elas: Cerca
8-) de mil candidatos se inscreveram no concurso.
(A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos” = voz ativa
(B) “o consumidor pode solicitar a devolução do dinheiro” 5) Em casos em que o sujeito é representado pela ex-
= voz ativa pressão “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais
(C) “enviar o brinquedo por sedex” = voz ativa de um candidato se inscreveu no concurso de piadas.
(D) “A empresa também é obrigada pelo Código de Defesa Observação:
do Consumidor” = voz passiva - No caso da referida expressão aparecer repetida ou
(E) “A empresa fez campanha para recolher” = voz ativa associada a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo,
necessariamente, deverá permanecer no plural:
9-) Mais de um aluno, mais de um professor contribuíram na
Mais tarde vim a entender a tradução completa... campanha de doação de alimentos.
A tradução completa veio a ser entendida por mim. Mais de um formando se abraçaram durante as solenida-
des de formatura.
10-) ele empreende, de maneira quase clandestina, a sé-
rie Mulheres. 6) Quando o sujeito for composto da expressão “um dos
A série de mulheres é empreendida por ele, de maneira que”, o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi um dos
quase clandestina. que atuaram na Copa América.

50
LÍNGUA PORTUGUESA

7) Em casos relativos à concordância com locuções pro- Casos referentes a sujeito composto
nominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário 1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas
nos atermos a duas questões básicas: gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estan-
- No caso de o primeiro pronome estar expresso no plu- do relacionado a dois pressupostos básicos:
ral, o verbo poderá com ele concordar, como poderá tam- - Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as
bém concordar com o pronome pessoal: Alguns de nós o demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio.
receberemos. / Alguns de nós o receberão. - Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar
- Quando o primeiro pronome da locução estiver ex- na 2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. Tu e ele são pri-
presso no singular, o verbo permanecerá, também, no sin- mos.
gular: Algum de nós o receberá.
2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer ante-
8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo pro- posto ao verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus dois
nome “quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do filhos compareceram ao evento.
singular ou poderá concordar com o antecedente desse pro-
nome: Fomos nós quem contou toda a verdade para ela. / 3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao ver-
Fomos nós quem contamos toda a verdade para ela. bo, este poderá concordar com o núcleo mais próximo ou
permanecer no plural: Compareceram ao evento o pai e seus
9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela dois filhos. Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos.
palavra “que”, o verbo deverá concordar com o termo que
antecede essa palavra: Nesta empresa somos nós que toma- 4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com
mos as decisões. / Em casa sou eu que decido tudo. mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular:
Meu esposo e grande companheiro merece toda a felicidade
10) No caso de o sujeito aparecer representado por ex- do mundo.
pressões que indicam porcentagens, o verbo concordará
com o numeral ou com o substantivo a que se refere essa 5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinô-
porcentagem: 50% dos funcionários aprovaram a decisão nimas ou ordenado por elementos em gradação, o verbo
da diretoria. / 50% do eleitorado apoiou a decisão. poderá permanecer no singular ou ir para o plural: Minha
vitória, minha conquista, minha premiação são frutos de meu
Observações: esforço. / Minha vitória, minha conquista, minha premiação é
- Caso o verbo apareça anteposto à expressão de por- fruto de meu esforço.
centagem, esse deverá concordar com o numeral: Aprova-
ram a decisão da diretoria 50% dos funcionários. Concordância nominal é o ajuste que fazemos aos de-
- Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no sin- mais termos da oração para que concordem em gênero e
gular: 1% dos funcionários não aprovou a decisão da diretoria. número com o substantivo. Teremos que alterar, portanto,
- Em casos em que o numeral estiver acompanhado de o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso,
determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os temos também o verbo, que se flexionará à sua maneira.
50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria. Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome
concordam em gênero e número com o substantivo.
11) Nos casos em que o sujeito estiver representado por - A pequena criança é uma gracinha.
pronomes de tratamento, o verbo deverá ser empregado na - O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
terceira pessoa do singular ou do plural: Vossas Majesta-
des gostaram das homenagens. Vossa Majestade agradeceu Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à re-
o convite. gra geral mostrada acima.
a) Um adjetivo após vários substantivos
12) Casos relativos a sujeito representado por substan- - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o
tivo próprio no plural se encontram relacionados a alguns plural ou concorda com o substantivo mais próximo.
aspectos que os determinam: - Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do ver- - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
bo ser, este permanece no singular, contanto que o predica-
tivo também esteja no singular: Memórias póstumas de Brás - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural
Cubas é uma criação de Machado de Assis. masculino ou concorda com o substantivo mais próximo.
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo tam- - Ela tem pai e mãe louros.
bém permanece no plural: Os Estados Unidos são uma po- - Ela tem pai e mãe loura.
tência mundial.
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoria-
ele nem aparece, o verbo permanece no singular: Estados mente para o plural.
Unidos é uma potência mundial. - O homem e o menino estavam perdidos.
- O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.

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LÍNGUA PORTUGUESA

b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos j) Menos, alerta


- Adjetivo anteposto normalmente concorda com o - Em todas as ocasiões são invariáveis.
mais próximo. Preciso de menos comida para perder peso.
Comi delicioso almoço e sobremesa. Estamos alerta para com suas chamadas.
Provei deliciosa fruta e suco.
k) Tal Qual
- Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: - “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda
concorda com o mais próximo ou vai para o plural. com o consequente.
Estavam feridos o pai e os filhos. As garotas são vaidosas tais qual a tia.
Estava ferido o pai e os filhos. Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.
c) Um substantivo e mais de um adjetivo l) Possível
- antecede todos os adjetivos com um artigo.
- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “me-
Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
lhor” ou “pior”, acompanha o artigo que precede as expres-
sões.
- coloca o substantivo no plural.
Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola. A mais possível das alternativas é a que você expôs.
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empre-
d) Pronomes de tratamento sa.
- sempre concordam com a 3ª pessoa. As piores situações possíveis são encontradas nas favelas
Vossa Santidade esteve no Brasil. da cidade.

e) Anexo, incluso, próprio, obrigado m) Meio


- Concordam com o substantivo a que se referem. - Como advérbio: invariável.
As cartas estão anexas. Estou meio (um pouco) insegura.
A bebida está inclusa.
Precisamos de nomes próprios. - Como numeral: segue a regra geral.
Obrigado, disse o rapaz. Comi meia (metade) laranja pela manhã.

f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a) n) Só


- Após essas expressões o substantivo fica sempre no - apenas, somente (advérbio): invariável.
singular e o adjetivo no plural. Só consegui comprar uma passagem.
Renato advogou um e outro caso fáceis.
Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe. - sozinho (adjetivo): variável.
Estiveram sós durante horas.
g) É bom, é necessário, é proibido
- Essas expressões não variam se o sujeito não vier pre- Fonte:
cedido de artigo ou outro determinante. http://www.brasilescola.com/gramatica/concordancia-
Canja é bom. / A canja é boa. verbal.htm
É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entra-
Questões sobre Concordância Nominal e Verbal
da é proibida.
h) Muito, pouco, caro
01.(TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A con-
- Como adjetivos: seguem a regra geral.
Comi muitas frutas durante a viagem. cordância verbal e nominal está inteiramente correta na fra-
Pouco arroz é suficiente para mim. se:
Os sapatos estavam caros. (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
que determinam as escolhas dos governantes, para conferir
- Como advérbios: são invariáveis. legitimidade a suas decisões.
Comi muito durante a viagem. (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem
Pouco lutei, por isso perdi a batalha. ser embasados na percepção dos valores e princípios que
Comprei caro os sapatos. regem a prática política.
(C) Eleições livres e diretas é garantia de um verdadeiro
i) Mesmo, bastante regime democrático, em que se respeita tanto as liberdades
- Como advérbios: invariáveis individuais quanto as coletivas.
Preciso mesmo da sua ajuda. (D) As instituições fundamentais de um regime demo-
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego. crático não pode estar subordinado às ordens indiscrimina-
das de um único poder central.
- Como pronomes: seguem a regra geral. (E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados
Seus argumentos foram bastantes para me convencer. para o momento eleitoral, que expõem as diferentes opi-
Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou. niões existentes na sociedade.

52
LÍNGUA PORTUGUESA

02. (Agente Técnico – FCC – 2013). As normas de concor- (C) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou
dância verbal e nominal estão inteiramente respeitadas em: até agora uma maneira adequada para que os insumos bá-
A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa lei- sicos sejam quantificado.
tura, que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimora- (D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
mento intelectual, estão na capacidade de criação do autor, trou até agora uma maneira adequada para que os insumos
mediante palavras, sua matéria-prima. básicos seja quantificado.
B) Obras que se considera clássicas na literatura sempre (E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
delineia novos caminhos, pois é capaz de encantar o leitor trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem
ao ultrapassar os limites da época em que vivem seus auto- os insumos básicos.
res, gênios no domínio das palavras, sua matéria-prima.
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhe 05. (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINISTRATIVO
permitem criar todo um mundo de ficção, em que persona- - VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as frases do texto:
gens se transformam em seres vivos a acompanhar os leito- I. Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota negati-
res, numa verdadeira interação com a realidade. va...
D) As possibilidades de comunicação entre autor e leitor II. ... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior classifi-
somente se realiza plenamente caso haja afinidade de ideias cação do continente americano (2,0)...
entre ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o crescimen- Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases I e
to intelectual deste último e o prazer da leitura. II, a concordância segue as mesmas regras, na ordem dos
E) Consta, na literatura mundial, obras-primas que cons- exemplos, em:
titui leitura obrigatória e se tornam referências por seu con- (A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o próxi-
teúdo que ultrapassa os limites de tempo e de época. mo ano. Será que alguém tem opinião diferente da maioria?
(B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas juninas.
03. (Escrevente TJ-SP – Vunesp/2012) Leia o texto para Vêm pessoas de muito longe para brincar de quadrilha.
responder à questão. (C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. Quase
_________dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não todos quiseram ficar até o nascer do sol na praia.
está claro até onde pode realmente chegar uma política ba- (D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, mas
seada em melhorar a eficiência sem preços adequados para também existem umas que não merecem nossa atenção.
o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a terra. É (E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam.
verdade que mesmo que a ameaça dos preços do carbono e
da água em si ___________diferença, as companhias não po- 06. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
dem suportar ter de pagar, de repente, digamos, 40 dólares Os folheteiros vivem em feiras, mercados, praças e locais de
por tonelada de carbono, sem qualquer preparação. Portan- peregrinação.
to, elas começam a usar preços- -sombra. Ainda assim, O verbo da frase acima NÃO pode ser mantido no plural
ninguém encontrou até agora uma maneira de quantificar caso o segmento grifado seja substituído por:
adequadamente os insumos básicos. E sem eles a maioria das (A) Há folheteiros que
políticas de crescimento verde sempre ___________ a segunda (B) A maior parte dos folheteiros
opção. (C) O folheteiro e sua família
(Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado) (D) O grosso dos folheteiros
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, (E) Cada um dos folheteiros
as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e respec- 07. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
tivamente, com: Todas as formas verbais estão corretamente flexionadas em:
(A) Restam… faça… será (A) Enquanto não se disporem a considerar o cordel sem
(B) Resta… faz… será preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir dessas
(C) Restam… faz... serão criações poéticas tão originais.
(D) Restam… façam… serão (B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status atri-
(E) Resta… fazem… será buído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje nas
melhores universidades do país.
04 (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) Assinale a alterna- (C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que
tiva em que o trecho a situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles
– Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma ma- mesmos requizessem o respeito que faziam por merecer.
neira de quantificar adequadamente os insumos básicos.– (D) Se não proveem do preconceito, a desvalorização e
está corretamente reescrito, de acordo com a norma-padrão a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode ser
da língua portuguesa. resultado do puro e simples desconhecimento.
(A) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou (E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu que os proble-
até agora uma maneira adequada de se quantificar os insu- mas dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta de
mos básicos. representatividade.
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
trou até agora uma maneira adequada de os insumos bási-
cos ser quantificados.

53
LÍNGUA PORTUGUESA

08. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) RESOLUÇÃO


Observam-se corretamente as regras de concordância ver-
bal e nominal em: 1-) Fiz os acertos entre parênteses:
a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofistica- que determinam as escolhas dos governantes, para conferir
das às mais humildes, são cada vez mais comuns nos dias legitimidade a suas decisões.
de hoje. (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem
b) A importância de intelectuais como Edward Said e (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos valores e
Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões princípios que regem a prática política.
polêmicas de seu tempo, não estão apenas nos livros que (C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver-
escreveram. dadeiro regime democrático, em que se respeita (respeitam)
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre tanto as liberdades individuais quanto as coletivas.
árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto sofri- (D) As instituições fundamentais de um regime democrá-
mento, estejam próximos de serem resolvidos ou pelo me- tico não pode (podem) estar subordinado (subordinadas) às
nos de terem alguma trégua. ordens indiscriminadas de um único poder central.
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a ver- (E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) voltados
dade, ainda que conscientes de que esta é até certo ponto (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (expõe) as
relativa, costumam encontrar muito mais detratores que ad- diferentes opiniões existentes na sociedade.
miradores.
e) No final do século XX já não se via muitos intelectuais 2-)
e escritores como Edward Said, que não apenas era notícia A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa leitu-
pelos livros que publicavam como pelas posições que cora- ra, que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimoramento
josamente assumiam. intelectual, estão na capacidade de criação do autor, mediante
palavras, sua matéria-prima. = correta
B) Obras que se consideram clássicas na literatura sempre
09. (TRF - 2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
delineiam novos caminhos, pois são capazes de encantar o
O verbo que, dadas as alterações entre parênteses propos-
leitor ao ultrapassarem os limites da época em que vivem seus
tas para o segmento grifado, deverá ser colocado no plural,
autores, gênios no domínio das palavras, sua matéria-prima.
está em:
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhes
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas)
permite criar todo um mundo de ficção, em que personagens
(B) O que não se sabe... (ninguém nas regiões do pla-
se transformam em seres vivos a acompanhar os leitores,
neta)
numa verdadeira interação com a realidade.
(C) O consumo mundial não dá sinal de trégua... (O D) As possibilidades de comunicação entre autor e lei-
consumo mundial de barris de petróleo) tor somente se realizam plenamente caso haja afinidade de
(D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se ideias entre ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o cres-
no custo da matéria-prima... (Constantes aumentos) cimento intelectual deste último e o prazer da leitura.
(E) o tema das mudanças climáticas pressiona os esfor- E) Constam, na literatura mundial, obras-primas que
ços mundiais... (a preocupação em torno das mudanças cli- constituem leitura obrigatória e se tornam referências por seu
máticas) conteúdo que ultrapassa os limites de tempo e de época.
10. (CETESB/SP – ESCRITURÁRIO - VUNESP/2013) Assi- 3-) _Restam___dúvidas
nale a alternativa em que a concordância das formas verbais mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da água
destacadas está de acordo com a norma-padrão da língua. em si __faça __diferença
(A) Fazem dez anos que deixei de trabalhar em higieni- a maioria das políticas de crescimento verde sempre ____
zação subterrânea. será_____ a segunda opção.
(B) Ainda existe muitas pessoas que discriminam os tra- Em “a maioria de”, a concordância pode ser dupla: tanto
balhadores da área de limpeza. no plural quanto no singular. Nas alternativas não há “restam/
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos ris- faça/serão”, portanto a A é que apresenta as opções adequa-
cos de se contrair alguma doença. das.
(D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era
sete da manhã, eu já estava fazendo meu serviço. 4-)
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, (A) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
começou a adotar medidas mais rigorosas para a proteção trou até agora uma maneira adequada de se quantificar os
de seus funcionários. insumos básicos.
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
GABARITO trou até agora uma maneira adequada de os insumos básicos
serem quantificados.
01. A 02. A 03. A 04. E 05. A (C) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
06. E 07. |B 08. D 09. D 10. C trou até agora uma maneira adequada para que os insumos
básicos sejam quantificados.

54
LÍNGUA PORTUGUESA

(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- e) No final do século XX já não se via (viam) muitos intelec-
trou até agora uma maneira adequada para que os insumos tuais e escritores como Edward Said, que não apenas era (eram)
básicos sejam quantificados. notícia pelos livros que publicavam como pelas posições que
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- corajosamente assumiam.
trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem os
insumos básicos. = correta 9-)
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) =
5-) Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos “há” permaneceria no singular
aos itens: (B) O que não se sabe ... (ninguém nas regiões do planeta)
(A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém tem = “sabe” permaneceria no singular
(singular) (C) O consumo mundial não dá sinal de trégua ... (O con-
(B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural) sumo mundial de barris de petróleo) = “dá” permaneceria no
(C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quiseram singular
(plural) (D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se no
(D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem umas custo da matéria-prima... Constantes aumentos) = “reflete”
(plural) passaria para “refletem-se”
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas as (E) o tema das mudanças climáticas pressiona os esforços
formas estão no plural) mundiais... (a preocupação em torno das mudanças climáti-
cas) = “pressiona” permaneceria no singular
6-)
A - Há folheteiros que vivem (concorda com o objeto “fo- 10-) Fiz as correções:
lheterios”) (A) Fazem dez anos = faz (sentido de tempo = singular)
B – A maior parte dos folheteiros vivem/vive (opcional) (B) Ainda existe muitas pessoas = existem
C – O folheteiro e sua família vivem (sujeito composto) (C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos riscos
D – O grosso dos folheteiros vive/vivem (opcional) (D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era sete
E – Cada um dos folheteiros vive = somente no singular da manhã = eram
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, co-
7-) Coloquei entre parênteses a forma verbal correta: meçou = começaram
(A) Enquanto não se disporem (dispuserem) a considerar o
cordel sem preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir
dessas criações poéticas tão originais.
(B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status atri- 7. - REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
buído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje nas
melhores universidades do país.
(C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que a si-
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação
tuação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles mesmos
que ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus comple-
requizessem (requeressem) o respeito que faziam por merecer.
(D) Se não proveem (provêm) do preconceito, a desvalori- mentos. Ocupa-se em estabelecer relações entre as palavras,
zação e a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode criando frases não ambíguas, que expressem efetivamente o
(podem) ser resultado do puro e simples desconhecimento. sentido desejado, que sejam corretas e claras.
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu (entreviu) que os
problemas dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta Regência Verbal
de representatividade.
Termo Regente: VERBO
8-) Fiz as correções entre parênteses:
a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como en- A regência verbal estuda a relação que se estabelece en-
tre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofisticadas às tre os verbos e os termos que os complementam (objetos
mais humildes, são (é) cada vez mais comuns (comum) nos dias diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos ad-
de hoje. verbiais).
b) A importância de intelectuais como Edward Said e Tony O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nos-
Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões polêmicas sa capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de
de seu tempo, não estão (está) apenas nos livros que escreve- conhecermos as diversas significações que um verbo pode
ram. assumir com a simples mudança ou retirada de uma prepo-
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre ára- sição. Observe:
bes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto sofrimento, A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, con-
estejam (esteja) próximos (próximo) de serem (ser) resolvidos tentar.
(resolvido) ou pelo menos de terem (ter) alguma trégua. A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar agra-
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a verda- do ou prazer”, satisfazer.
de, ainda que conscientes de que esta é até certo ponto relativa, Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
costumam encontrar muito mais detratores que admiradores. “agradar a alguém”.

55
LÍNGUA PORTUGUESA

Saiba que: Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente


O conhecimento do uso adequado das preposições é como o verbo amar:
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência verbal Amo aquele rapaz. / Amo-o.
(e também nominal). As preposições são capazes de modi- Amo aquela moça. / Amo-a.
ficar completamente o sentido do que se está sendo dito. Amam aquele rapaz. / Amam-no.
Veja os exemplos: Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô. Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses ver-
bos para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se- adnominais).
gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
oração “Cheguei no metrô”, popularmente usada a fim de Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira)
indicar o lugar a que se vai, possui, no padrão culto da lín-
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor)
gua, sentido diferente. Aliás, é muito comum existirem di-
vergências entre a regência coloquial, cotidiana de alguns
Verbos Transitivos Indiretos
verbos, e a regência culta.
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos
de acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, Os verbos transitivos indiretos são complementados
não é um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem
diferentes formas em frases distintas. uma preposição para o estabelecimento da relação de re-
gência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de terceira
Verbos Intransitivos pessoa que podem atuar como objetos indiretos são o “lhe”,
o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam os prono-
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É mes o, os, a, as como complementos de verbos transitivos
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos indiretos. Com os objetos indiretos que não representam
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los. pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos de terceira
pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes.
- Chegar, Ir Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver- - Consistir - Tem complemento introduzido pela prepo-
biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para sição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos
indicar destino ou direção são: a, para. iguais para todos.
Fui ao teatro.
Adjunto Adverbial de Lugar - Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complemen-
tos introduzidos pela preposição “a”:
Ricardo foi para a Espanha. Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
Adjunto Adverbial de Lugar Eles desobedeceram às leis do trânsito.
- Comparecer - Responder - Tem complemento introduzido pela pre-
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a
em ou a. quem” ou “ao que” se responde.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o úl-
Respondi ao meu patrão.
timo jogo.
Respondemos às perguntas.
Respondeu-lhe à altura.
Verbos Transitivos Diretos

Os verbos transitivos diretos são complementados por Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição quando exprime aquilo a que se responde, admite voz pas-
para o estabelecimento da relação de regência. Ao empregar siva analítica. Veja:
esses verbos, devemos lembrar que os pronomes oblíquos O questionário foi respondido corretamente.
o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes po- Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.
dem assumir as formas lo, los, la, las (após formas verbais
terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após formas - Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e lhes são, tos introduzidos pela preposição “com”.
quando complementos verbais, objetos indiretos. Antipatizo com aquela apresentadora.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abandonar, Simpatizo com os que condenam os políticos que gover-
abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, nam para uma minoria privilegiada.
adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar,
condenar, conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, es-
timar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger,
respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.

56
LÍNGUA PORTUGUESA

Verbos Transitivos Diretos e Indiretos Saiba que:


- A construção “pedir para”, muito comum na lingua-
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompa- gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua
nhados de um objeto direto e um indireto. Merecem desta- culta. No entanto, é considerada correta quando a palavra
que, nesse grupo: Agradecer, Perdoar e Pagar. São verbos licença estiver subentendida.
que apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
indireto relacionado a pessoas. Veja os exemplos: Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
Agradeço aos ouvintes a audiência. uma oração subordinada adverbial final reduzida de infiniti-
Objeto Indireto Objeto Direto vo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).

Paguei o débito ao cobrador. - A construção “dizer para”, também muito usada po-
Objeto Direto Objeto Indireto pularmente, é igualmente considerada incorreta.

- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito Preferir


com particular cuidado. Observe: Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indi-
reto introduzido pela preposição “a”. Por Exemplo:
Agradeci o presente. / Agradeci-o. Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. Prefiro trem a ônibus.
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado
Paguei minhas contas. / Paguei-as. sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil ve-
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes. zes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefi-
xo existente no próprio verbo (pre).
Informar
Mudança de Transitividade X Mudança de Significa-
- Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
do
indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitivi-
Informe os novos preços aos clientes.
dade, apresentam mudança de significado. O conhecimento
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
das diferentes regências desses verbos é um recurso linguís-
preços)
tico muito importante, pois além de permitir a correta inter-
- Na utilização de pronomes como complementos, veja
pretação de passagens escritas, oferece possibilidades ex-
as construções:
pressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais, estão:
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
AGRADAR
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou so- - Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
bre eles) nhos, acariciar.
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada
Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para quando o revê.
os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir. Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. /
Cláudia não perde oportunidade de agradá-lo.
Comparar
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as - Agradar é transitivo indireto no sentido de causar
preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento in-
indireto. troduzido pela preposição “a”.
Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma O cantor não agradou aos presentes.
criança. O cantor não lhes agradou.

Pedir ASPIRAR
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na - Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar
forma de oração subordinada substantiva) e indireto de pes- (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
soa.
- Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
Pedi-lhe favores. como ambição: Aspirávamos a melhores condições de vida.
Objeto Indireto Objeto Direto (Aspirávamos a elas)

Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva pessoa, mas coisa, não se usam as formas pronominais áto-
Objetiva Direta nas “lhe” e “lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela
(s)”. Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
Aspiravam a ela)

57
LÍNGUA PORTUGUESA

ASSISTIR IMPLICAR
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar - Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
assistência a, auxiliar. Por exemplo: a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. implicavam um firme propósito.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los. b) Ter como consequência, trazer como consequência,
acarretar, provocar: Liberdade de escolha implica amadureci-
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- mento político de um povo.
ciar, estar presente, caber, pertencer. Exemplos:
Assistimos ao documentário. - Como transitivo direto e indireto, significa comprome-
Não assisti às últimas sessões. ter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões eco-
Essa lei assiste ao inquilino. nômicas.

Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é tran-
intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de sitivo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa quem não trabalhasse arduamente.
conturbada cidade.
PROCEDER
CHAMAR - Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
- Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, so- cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se, agir.
licitar a atenção ou a presença de. Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado de ad-
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá cha- junto adverbial de modo.
má-la. As afirmações da testemunha procediam, não havia
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. como refutá-las.
Você procede muito mal.
- Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apre-
sentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo-
preposicionado ou não.
sição” de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido
A torcida chamou o jogador mercenário.
pela preposição “a”) é transitivo indireto.
A torcida chamou ao jogador mercenário.
O avião procede de Maceió.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
Procedeu-se aos exames.
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
O delegado procederá ao inquérito.
CUSTAR
QUERER
- Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: - Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
Frutas e verduras não deveriam custar muito. vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo Queremos um país melhor.
ou transitivo indireto.
Muito custa viver tão longe da família. - Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
Verbo Oração Subordinada Substantiva estimar, amar.
Subjetiva Quero muito aos meus amigos.
Intransitivo Reduzida de Infinitivo Ele quer bem à linda menina.
Despede-se o filho que muito lhe quer.
Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela
atitude. VISAR
Objeto Oração Subordinada Substantiva - Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar,
Subjetiva fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
Indireto Reduzida de Infinitivo O homem visou o alvo.
O gerente não quis visar o cheque.
Obs.: a Gramática Normativa condena as construções
que atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por - No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como
pessoa. Observe: objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
Custei para entender o problema. O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Forma correta: Custou-me entender o problema. Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
público.

58
LÍNGUA PORTUGUESA

ESQUECER – LEMBRAR
- Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)

No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto, tran-
sitivos indiretos:
- Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alteração
de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto bra-
sileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
- Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
- Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)

O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma
coisa).

SIMPATIZAR
Transitivo indireto e exige a preposição “com”: Não simpatizei com os jurados.

NAMORAR
É transitivo direto, ou seja, não admite preposição: Maria namora João.

Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”.

OBEDECER
É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com a preposição “a” (obedecer a): Devemos obedecer aos pais.
Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usado na voz passiva: A fila não foi obedecida.

VER
É transitivo direto, ou seja, não exige preposição: Ele viu o filme.

Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome.
Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que vá-
rios nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa,
nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes correspondentes:
todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:

Obedecer a algo/ a alguém.


Obediente a algo/ a alguém.

Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atenta-
mente e procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.

59
LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; para-
lelamente a; relativa a; relativamente a.

Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php

Questões sobre Regência Nominal e Verbal

01. (Administrador – FCC – 2013-adap.).


... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras ciências ...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está empregado em:
A) ...astros que ficam tão distantes ...
B) ...que a astronomia é uma das ciências ...
C) ...que nos proporcionou um espírito ...
D) ...cuja importância ninguém ignora ...
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro ...

02.(Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013-adap.).


... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos filhos do sueco.
O verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de complementos que o grifado acima está empregado em:
A) ...que existe uma coisa chamada exército...
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra?
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia...
D) Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro...
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.

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LÍNGUA PORTUGUESA

03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.). 06. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assinale
... constava simplesmente de uma vareta quebrada em a alternativa correta quanto à regência dos termos em des-
partes desiguais... taque.
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que (A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a res-
o grifado acima está empregado em: ponsabilidade pelo problema.
A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a (B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter
extremos de sutileza. se perdido.
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado (C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho de
nos troncos mais robustos. um índio na porta do prédio.
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados deso- (D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se
rientam, não raro, quem... perdido de sua família.
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho (E) A família toda se organizou para realizar a procura
na serra de Tunuí... à garotinha.
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o
gentio, mestre e colaborador... 07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013). Assinale a
alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacu-
04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.). nas do texto, de acordo com as regras de regência.
... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem cor-
o da frase acima se encontra em: poral e a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
A) A palavra direito, em português, vem de directum, do A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que a
verbo latino dirigere... mídia pode exercer sobre os jovens.
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das A) dos … na
sociedades... B) nos … entre a
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado C) aos … para a
pela justiça. D) sobre os … pela
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspira- E) pelos … sob a
ções da justiça...
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sen- 08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças
timento de justiça. Públicas – VUNESP – 2013). Considerando a norma-padrão
da língua, assinale a alternativa em que os trechos desta-
05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2012) Assinale a alterna- cados estão corretos quanto à regência, verbal ou nominal.
tiva em que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais de
de junho de 2012, está correto quanto à regência nominal e dez mil tomadas.
à pontuação. B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapida- um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
mente, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de
seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exemplo, criar logotipos e negociar.
do que em outros. D) O taxista levou o autor a indagar no número de to-
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapida- madas do edifício.
mente seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor repa-
seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!, rasse a um prédio na marginal.
do que em outros.
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam rapida- 09. (Assistente de Informática II – VUNESP – 2013). As-
mente seu espaço, na carreira científica, ainda que o avanço sinale a alternativa que substitui a expressão destacada na
seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um exemplo, frase, conforme as regras de regência da norma-padrão da
do que em outros. língua e sem alteração de sentido.
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida- Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de
mente seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço direitos dos trabalhadores domésticos.
seja mais notável em alguns países – o Brasil é um exemplo A) da
– do que em outros. B) na
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamen- C) pela
te, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja D) sob a
mais notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do E) sobre a
que em outros.
GABARITO

01. D 02. D 03. A 04. A 05. D


06. A 07. C 08. A 09. C

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LÍNGUA PORTUGUESA

RESOLUÇÃO 6-)
(B) A menina tinha o receio de levar uma bronca por ter
1-) ... a que ponto a astronomia facilitou a obra das ou- se perdido.
tras ciências ... (C) A garota tinha apenas a lembrança do desenho de
Facilitar – verbo transitivo direto um índio na porta do prédio.
A) ...astros que ficam tão distantes ... = verbo de ligação (D) A menina não tinha orgulho do fato de ter se perdi-
B) ...que a astronomia é uma das ciências ... = verbo de do de sua família.
ligação (E) A família toda se organizou para realizar a procura
C) ...que nos proporcionou um espírito ... = verbo transi- pela garotinha.
tivo direto e indireto
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro = 7-) Os estudos aos quais a pesquisadora se reportou
verbo transitivo indireto já assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem
corporal e a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
2-) ... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito A pesquisa faz um alerta para a influência negativa
nos filhos do sueco. que a mídia pode exercer sobre os jovens.
Pedir = verbo transitivo direto e indireto
A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... = tran- 8-)
sitivo direto B) O autor fez conjecturas sobre a possibilidade de haver
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? =verbo de um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
ligação C) Centenas de trabalhadores estão empenhados em
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia... criar logotipos e negociar.
=verbo intransitivo D) O taxista levou o autor a indagar sobre o número de
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevi- tomadas do edifício.
mento. =transitivo direto E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor repa-
rasse em um prédio na marginal.
3-) ... constava simplesmente de uma vareta quebrada
em partes desiguais... 9-) Muitas organizações lutaram pela igualdade de
Constar = verbo intransitivo direitos dos trabalhadores domésticos.
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado
nos troncos mais robustos. =ligação
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados deso-
rientam, não raro, quem... =transitivo direto 8. - COLOCAÇÃO PRONOMINAL
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho
na serra de Tunuí... = transitivo direto
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o Colocação Pronominal
gentio, mestre e colaborador...=transitivo direto
A colocação pronominal é a posição que os pronomes
4-) ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao
Lidar = transitivo indireto verbo a que se referem. São pronomes oblíquos átonos: me,
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das te, se, o, os, a, as, lhe, lhes, nos e vos.
sociedades... =transitivo direto O pronome oblíquo átono pode assumir três posições
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado na oração em relação ao verbo:
pela justiça. =ligação 1. próclise: pronome antes do verbo
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspira- 2. ênclise: pronome depois do verbo
ções da justiça... =transitivo direto e indireto 3. mesóclise: pronome no meio do verbo
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sen-
timento de justiça. =transitivo direto Próclise

5-) A correção do item deve respeitar as regras de pon- A próclise é aplicada antes do verbo quando temos:
tuação também. Assinalei apenas os desvios quanto à regên- - Palavras com sentido negativo:
cia (pontuação encontra-se em tópico específico) Nada me faz querer sair dessa cama.
(A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam, Não se trata de nenhuma novidade.
(B) Não há dúvida de que (erros quanto à pon-
tuação) - Advérbios:
(C) Não há dúvida de que as mulheres, (erros quanto Nesta casa se fala alemão.
à pontuação) Naquele dia me falaram que a professora não veio.
(E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida-
mente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço - Pronomes relativos:
seja mais notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje.
do que em outros. Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Pronomes indefinidos: Questões sobre Pronome


Quem me disse isso?
Todos se comoveram durante o discurso de despedida. 01. (ESCREVENTE TJ SP – VUNESP/2012).
Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não
- Pronomes demonstrativos: está claro até onde pode realmente chegar uma política ba-
Isso me deixa muito feliz! seada em melhorar a eficiência sem preços adequados para
Aquilo me incentivou a mudar de atitude! o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a terra.
É verdade que mesmo que a ameaça dos preços do carbono
- Preposição seguida de gerúndio: e da água faça em si diferença, as companhias não podem
Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais suportar ter de pagar, de repente, digamos, 40 dólares por
indicado à pesquisa escolar. tonelada de carbono, sem qualquer preparação. Portanto,
elas começam a usar preços-sombra. Ainda assim, ninguém
- Conjunção subordinativa: encontrou até agora uma maneira de quantificar adequada-
Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram. mente os insumos básicos. E sem eles a maioria das políticas
de crescimento verde sempre será a segunda opção.
Ênclise (Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado)

A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta Os pronomes “elas” e “eles”, em destaque no texto, refe-
não aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos áto- rem-se, respectivamente, a
nos. A ênclise vai acontecer quando: (A) dúvidas e preços.
- O verbo estiver no imperativo afirmativo: (B) dúvidas e insumos básicos.
Amem-se uns aos outros. (C) companhias e insumos básicos.
Sigam-me e não terão derrotas. (D) companhias e preços do carbono e da água.
(E) políticas de crescimento e preços adequados.
- O verbo iniciar a oração:
Diga-lhe que está tudo bem. 02. (AGENTE DE APOIO ADMINISTRATIVO – FCC – 2013-
Chamaram-me para ser sócio. adap.). Fazendo-se as alterações necessárias, o trecho grifa-
do está corretamente substituído por um pronome em:
- O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da pre- A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-lo
posição “a”: B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-
Naquele instante os dois passaram a odiar-se. lhes desalentado
Passaram a cumprimentar-se mutuamente. C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de
conhecê-lo?
- O verbo estiver no gerúndio: D) ...não parecia ser um importante industrial... − não
Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de despreo- parecia ser-lhe
cupada. E) incomodaram o general... − incomodaram-no
Despediu-se, beijando-me a face.
03.(AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – FCC – 2013-
- Houver vírgula ou pausa antes do verbo: adap.). A substituição do elemento grifado pelo pronome
Se passar no concurso em outra cidade, mudo-me no correspondente, com os necessários ajustes, foi realizada de
mesmo instante. modo INCORRETO em:
Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas. A) mostrando o rio= mostrando-o.
B) como escolher sítio= como escolhê-lo.
Mesóclise C) transpor [...] as matas espessas= transpor-lhes.
D) Às estreitas veredas[...] nada acrescentariam = nada
A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado lhes acrescentariam.
no futuro do presente ou no futuro do pretérito: E) viu uma dessas marcas= viu uma delas.
A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela
se realizará) 04. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VUNESP – 2013). Assi-
Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma pro- nale a alternativa em que o pronome destacado está posi-
posta a você) cionado de acordo com a norma-padrão da língua.
(A) Ela não lembrava-se do caminho de volta.
(B) A menina tinha distanciado-se muito da família.
(C) A garota disse que perdeu-se dos pais.
(D) O pai alegrou-se ao encontrar a filha.
(E) Ninguém comprometeu-se a ajudar a criança.

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LÍNGUA PORTUGUESA

05. (ESCREVENTE TJ SP – VUNESP 2011). Assinale a al- (A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
ternativa cujo emprego do pronome está em conformidade (B) devoravam-lhe − impedi-las − convencer-lhes
com a norma padrão da língua. (C) devoravam-no − impedi-las − convencer-lhes
(A) Não autorizam-nos a ler os comentários sigilosos. (D) devoravam-nos − impedir-lhe − convencê-los
(B) Nos falaram que a diplomacia americana está aba- (E) devoravam-lhes − impedi-la − convencê-los
lada.
(C) Ninguém o informou sobre o caso WikiLeaks. 10. (AGENTE DE VIGILÂNCIA E RECEPÇÃo – VUNESP –
(D) Conformado, se rendeu às punições. 2013- adap.). No trecho, – Em ambos os casos, as câmeras
(E) Todos querem que combata-se a corrupção. dos estabelecimentos felizmente comprovam os aconteci-
mentos, e testemunhas vão ajudar a polícia na investigação.
06. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL - VUNESP - 2013). Assi- – de acordo com a norma-padrão, os pronomes que substi-
nale a alternativa correta quanto à colocação pronominal, de tuem, corretamente, os termos em destaque são:
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. A) os comprovam … ajudá-la.
(A) Para que se evite perder objetos, recomenda-se que B) os comprovam …ajudar-la.
eles sejam sempre trazidos junto ao corpo. C) os comprovam … ajudar-lhe.
(B) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situação D) lhes comprovam … ajudar-lhe.
de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida. E) lhes comprovam … ajudá-la.
(C) Nos sentimos impotentes quando não conseguimos
restituir um objeto à pessoa que o perdeu. GABARITO
(D) O homem se indignou quando propuseram-lhe que
abrisse a bolsa que encontrara. 01. C 02. E 03. C 04. D 05. C
(E) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma ten- 06. A 07. C 08. E 09. A 10. A
dência natural das pessoas em devolvê-los a seus donos.
RESOLUÇÃO
07. (AGENTE DE APOIO OPERACIONAL – VUNESP –
2013).
1-)
Há pessoas que, mesmo sem condições, compram produ-
Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro,
tos______ não necessitam e______ tendo de pagar tudo______
não está claro até onde pode realmente chegar uma políti-
prazo.
ca baseada em melhorar a eficiência sem preços adequados
Assinale a alternativa que preenche as lacunas, correta
para o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a
e respectivamente, considerando a norma culta da língua.
terra. É verdade que mesmo que a ameaça dos preços do
A) a que … acaba … à
carbono e da água faça em si diferença, as companhias não
B) com que … acabam … à
C) de que … acabam … a podem suportar ter de pagar, de repente, digamos, 40 dó-
D) em que … acaba … a lares por tonelada de carbono, sem qualquer preparação.
E) dos quais … acaba … à Portanto, elas começam a usar preços-sombra. Ainda assim,
ninguém encontrou até agora uma maneira de quantificar
08. (AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO – VUNESP adequadamente os insumos básicos. E sem eles a maioria
– 2013-adap.). Assinale a alternativa que substitui, correta e das políticas de crescimento verde sempre será a segunda
respectivamente, as lacunas do trecho. opção.
______alguns anos, num programa de televisão, uma jo-
vem fazia referência______ violência______ o brasileiro estava 2-)
sujeito de forma cômica. A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-los
A) Fazem... a ... de que B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-os
B) Faz ...a ... que desalentado
C) Fazem ...à ... com que C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de
D) Faz ...à ... que conhecê-las ?
E) Faz ...à ... a que D) ...não parecia ser um importante industrial... − não
parecia sê-lo
09. (TRF 3ª REGIÃO- TÉCNICO JUDICIÁRIO - /2014)
As sereias então devoravam impiedosamente os tripu- 3-)
lantes. transpor [...] as matas espessas= transpô-las
... ele conseguiu impedir a tripulação de perder a cabe-
ça... 4-)
... e fez de tudo para convencer os tripulantes... (A) Ela não se lembrava do caminho de volta.
(B) A menina tinha se distanciado muito da família.
Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos gri- (C) A garota disse que se perdeu dos pais.
fados acima foram corretamente substituídos por um pro- (E) Ninguém se comprometeu a ajudar a criança
nome, na ordem dada, em:

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LÍNGUA PORTUGUESA

5-)
(A) Não nos autorizam a ler os comentários sigilosos. 9. - CRASE
(B) Falaram-nos que a diplomacia americana está aba-
lada.
(D) Conformado, rendeu-se às punições.
(E) Todos querem que se combata a corrupção. A palavra crase é de origem grega e significa “fusão”, “mis-
tura”. Na língua portuguesa, é o nome que se dá à “junção” de
6-) duas vogais idênticas. É de grande importância a crase da pre-
posição “a” com o artigo feminino “a” (s), com o “a” inicial dos
(B) O passageiro ao lado jamais se imaginou na situação
pronomes aquele(s), aquela (s), aquilo e com o “a” do relativo
de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida.
a qual (as quais). Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para
(C) Sentimo-nos impotentes quando não conseguimos
indicar a crase. O uso apropriado do acento grave depende da
restituir um objeto à pessoa que o perdeu. compreensão da fusão das duas vogais. É fundamental tam-
(D) O homem indignou-se quando lhe propuseram que bém, para o entendimento da crase, dominar a regência dos
abrisse a bolsa que encontrara. verbos e nomes que exigem a preposição “a”. Aprender a usar
(E) Em se tratando de objetos encontrados, há uma ten- a crase, portanto, consiste em aprender a verificar a ocorrên-
dência natural das pessoas em devolvê-los a seus donos. cia simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome.
Observe:
7-) Vou a + a igreja.
Há pessoas que, mesmo sem condições, compram pro- Vou à igreja.
dutos de que não necessitam e acabam tendo de
pagar tudo a prazo. No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição “a”,
exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do arti-
8-) go “a” que está determinando o substantivo feminino igreja.
Faz alguns anos, num programa de televisão, uma jo- Quando ocorre esse encontro das duas vogais e elas se unem,
vem fazia referência à violência a que o brasileiro estava a união delas é indicada pelo acento grave. Observe os outros
sujeito de forma cômica. exemplos:
Conheço a aluna.
Faz, no sentido de tempo passado = sempre no singular
Refiro-me à aluna.
9-)
No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhe-
devoravam - verbo terminado em “m” = pronome oblí- cer algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não
quo no/na (fizeram-na, colocaram-no) pode ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indi-
impedir - verbo transitivo direto = pede objeto direto; reto (referir--se a algo ou a alguém) e exige a preposição “a”.
“lhe” é para objeto indireto Portanto, a crase é possível, desde que o termo seguinte seja
convencer - verbo transitivo direto = pede objeto direto; feminino e admita o artigo feminino “a” ou um dos pronomes
“lhe” é para objeto indireto já especificados.
(A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
Casos em que a crase NÃO ocorre:
10-)
– Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimentos - diante de substantivos masculinos:
felizmente comprovam os acontecimentos, e testemunhas Andamos a cavalo.
vão ajudar a polícia na investigação. Fomos a pé.
felizmente os comprovam ... ajudá-la Passou a camisa a ferro.
(advérbio) Fazer o exercício a lápis.
Compramos os móveis a prazo.

- diante de verbos no infinitivo:


A criança começou a falar.
Ela não tem nada a dizer.
Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos
exemplos acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase.

- diante da maioria dos pronomes e das expressões de


tratamento, com exceção das formas senhora, senhorita
e dona:
Diga a ela que não estarei em casa amanhã.
Entreguei a todos os documentos necessários.
Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem.
Peço a Vossa Senhoria que aguarde alguns minutos.

65
LÍNGUA PORTUGUESA

Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes podem ser identificados pelo método: troque a palavra femi-
nina por uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao, ocorrerá crase. Por exemplo:
Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo indivíduo.)
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao senhor.)
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio Cláudio para sair mais cedo.)

- diante de numerais cardinais:


Chegou a duzentos o número de feridos.
Daqui a uma semana começa o campeonato.

Casos em que a crase SEMPRE ocorre:

- diante de palavras femininas:


Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega.
Sempre vamos à praia no verão.
Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores.
Sou grata à população.
Fumar é prejudicial à saúde.
Este aparelho é posterior à invenção do telefone.

- diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de” (mesmo que a expressão moda de fique subentendida):
O jogador fez um gol à (moda de) Pelé.
Usava sapatos à (moda de) Luís XV.
Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho.
O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro.

- na indicação de horas:
Acordei às sete horas da manhã.
Elas chegaram às dez horas.
Foram dormir à meia-noite.

- em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de que participam palavras femininas. Por exemplo:
à tarde às ocultas às pressas à medida que
à noite às claras às escondidas à força
à vontade à beça à larga à escuta
às avessas à revelia à exceção de à imitação de
à esquerda às turras às vezes à chave
à direita à procura à deriva à toa
à luz à sombra de à frente de à proporção que
à semelhança de às ordens à beira de

Crase diante de Nomes de Lugar

Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do artigo “a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que
diante deles haverá crase, desde que o termo regente exija a preposição “a”. Para saber se um nome de lugar admite ou não
a anteposição do artigo feminino “a”, deve-se substituir o termo regente por um verbo que peça a preposição “de” ou “em”.
A ocorrência da contração “da” ou “na” prova que esse nome de lugar aceita o artigo e, por isso, haverá crase. Por exemplo:
Vou à França. (Vim da [de+a] França. Estou na [em+a] França.)
Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto Alegre.)

*- Dica da Zê!: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou A volto DE, crase PRA QUÊ?”
Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
Vou à praia. = Volto da praia.

- ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado, ocorrerá crase. Veja:


Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
Irei à Salvador de Jorge Amado.

66
LÍNGUA PORTUGUESA

Crase diante dos Pronomes Demonstrativos A Palavra Distância

Aquele (s), Aquela (s), Aquilo Se a palavra distância estiver especificada, determinada,
a crase deve ocorrer. Por exemplo: Sua casa fica à distância
Haverá crase diante desses pronomes sempre que o ter- de 100km daqui. (A palavra está determinada)
mo regente exigir a preposição “a”. Por exemplo: Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A
Refiro-me a + aquele atentado. palavra está especificada.)
Preposição Pronome
Refiro-me àquele atentado. Se a palavra distância não estiver especificada, a crase
não pode ocorrer. Por exemplo:
O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo Os militares ficaram a distância.
indireto referir (referir-se a algo ou alguém) e exige prepo- Gostava de fotografar a distância.
sição, portanto, ocorre a crase. Observe este outro exemplo: Ensinou a distância.
Aluguei aquela casa. Dizem que aquele médico cura a distância.
Reconheci o menino a distância.
O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não
exige preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. Veja Observação: por motivo de clareza, para evitar ambigui-
outros exemplos: dade, pode-se usar a crase. Veja:
Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho. Gostava de fotografar à distância.
Quero agradecer àqueles que me socorreram. Ensinou à distância.
Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai. Dizem que aquele médico cura à distância.
Não obedecerei àquele sujeito.
Assisti àquele filme três vezes. Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA
Espero aquele rapaz.
Fiz aquilo que você disse. - diante de nomes próprios femininos:
Comprei aquela caneta. Observação: é facultativo o uso da crase diante de no-
mes próprios femininos porque é facultativo o uso do artigo.
Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais Observe:
Paula é muito bonita. Laura é minha amiga.
A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga.
e as quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses
pronomes exigir a preposição “a”, haverá crase. É possível Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo
detectar a ocorrência da crase nesses casos utilizando a feminino diante de nomes próprios femininos, então pode-
substituição do termo regido feminino por um termo regido mos escrever as frases abaixo das seguintes formas:
masculino. Por exemplo: Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a Roberto.
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade. Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao Ro-
O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade. berto.
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a - diante de pronome possessivo feminino:
crase. Veja outros exemplos: Observação: é facultativo o uso da crase diante de pro-
São normas às quais todos os alunos devem obedecer. nomes possessivos femininos porque é facultativo o uso do
Esta foi a conclusão à qual ele chegou. artigo. Observe:
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está esperando
responder nenhuma das questões. por você.
A sessão à qual assisti estava vazia. A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está espe-
rando por você.
Crase com o Pronome Demonstrativo “a” Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de
pronomes possessivos femininos, então podemos escrever
A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo as frases abaixo das seguintes formas:
“a” também pode ser detectada através da substituição do Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.
termo regente feminino por um termo regido masculino. Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.
Veja:
Minha revolta é ligada à do meu país. - depois da preposição até:
Meu luto é ligado ao do meu país. Fui até a praia. ou Fui até à praia.
As orações são semelhantes às de antes. Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à por-
Os exemplos são semelhantes aos de antes. ta.
Suas perguntas são superiores às dele. A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A
Seus argumentos são superiores aos dele. palestra vai até às cinco horas da tarde.
Sua blusa é idêntica à de minha colega.
Seu casaco é idêntico ao de minha colega.

67
LÍNGUA PORTUGUESA

Questões sobre Crase 05. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-


NESP – 2013).
01.( Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) No Brasil, as discus- O Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP)
sões sobre drogas parecem limitar-se ______aspectos jurídicos também desenvolve atividades lúdicas de apoio______ resso-
ou policiais. É como se suas únicas consequências estivessem cialização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará--lo
em legalismos, tecnicalidades e estatísticas criminais. Raro ler para o retorno______ sociedade. Dessa forma, quando em li-
____respeito envolvendo questões de saúde pública como pro- berdade, ele estará capacitado______ ter uma profissão e uma
gramas de esclarecimento e prevenção, de tratamento para vida digna.
dependentes e de reintegração desses____ vida. Quantos de (Disponível em: www.metropolitana.com.br/blog/
nós sabemos o nome de um médico ou clínica ____quem ten- qual_e_a_importancia_da_ressocializacao_de_presos. Acesso
tar encaminhar um drogado da nossa própria família? em: 18.08.2012. Adaptado)
(Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Paulo,
17.09.2012. Adaptado) Assinale a alternativa que preenche, correta e respecti-
As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e vamente, as lacunas do texto, de acordo com a norma-pa-
respectivamente, com: drão da língua portuguesa.
(A) aos … à … a … a A) à … à … à
(B) aos … a … à … a B) a … a … à
(C) a … a … à … à C) a … à … à
(D) à … à … à … à D) à … à ... a
(E) a … a … a … a E) a … à … a

02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013).Leia 06. O Ministro informou que iria resistir _____ pressões
o texto a seguir. contrárias _____ modificações relativas _____ aquisição da casa
Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, cor- própria.
reu ______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira a) às - àquelas _ à
causa do procedimento de Camilo. Vimos que ______ carto- b) as - aquelas - a
mante restituiu--lhe ______ confiança, e que o rapaz repreen- c) às àquelas - a
deu-a por ter feito o que fez. d) às - aquelas - à
(Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. e) as - àquelas - à
Rio de Janeiro: Globo, 1997, p. 6)
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na 07. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
ordem dada: NESP – 2013-adap) O acento indicativo de crase está corre-
A) à – a – a tamente empregado em:
B) a – a – à A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas
C) à – a – à com as dificuldades para lidar com as frustrações de seus
D) à – à – a desejos.
E) a – à – à B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações
nos mecanismos biológicos de controle emocional.
03 “Nesta oportunidade, volto ___ referir-me ___ proble- C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade.
mas já expostos ___ V. Sª ___ alguns dias”. D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade
a) à - àqueles - a - há alimentam a violência crescente nas cidades.
b) a - àqueles - a - há E) Um ambiente desfavorável à formação da personali-
c) a - aqueles - à - a dade atinge os mais vulneráveis.
d) à - àqueles - a - a
e) a - aqueles - à - há 08. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013).
O sinal indicativo de crase está correto em:
04.(Agente Técnico – FCC – 2013-adap.) Claro que não A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na
me estou referindo a essa vulgar comunicação festiva e área de biotecnologia.
efervescente. B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar à
O vocábulo a deverá receber o sinal indicativo de crase educação dos filhos.
se o segmento grifado for substituído por: C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as
A) leitura apressada e sem profundidade. instalações do prédio.
B) cada um de nós neste formigueiro. D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer de-
C) exemplo de obras publicadas recentemente. talhe que envolva a segurança das pessoas.
D) uma comunicação festiva e virtual. E) É função da política é dedicar-se à todo problema que
E) respeito de autores reconhecidos pelo público. comprometa o bem-estar do cidadão.

68
LÍNGUA PORTUGUESA

09. (Agente Educacional – VUNESP – 2013). Assinale a - Apoio a ? Regência nominal pede preposição;
alternativa em que a sequência da frase a seguir traz o uso - retorno a? regência nominal pede preposição;
correto do acento indicativo de crase, de acordo com a nor- - antes de verbo no infinitivo não há crase.
ma-padrão da língua portuguesa.
6-) O Ministro informou que iria resistir _às__ pressões
Um bom conhecimento de matemática é indispensável contrárias àquelas_ modificações relativas __à_ aquisição da
A) à todo e qualquer estudante. casa própria.
B) à estudantes de nível superior. - resistir a? regência verbal pede preposição;
C) à quem pretende carreiras no campo de exatas. - contrária a? regência nominal pede preposição;
D) à construção do saber nas mais diversas áreas. - relativas a? regência nominal pede preposição.
E) à uma boa formação profissional.
7-)
GABARITO A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas
com as dificuldades para lidar com as frustrações de seus
01. B 02. A 03. B 04. A 05. D desejos. (antes de verbo no infinitivo não há crase)
06. A 07. E 08. B 09. D B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações nos
mecanismos biológicos de controle emocional. (se o “a”
RESOLUÇÃO está no singular e antecede palavra no plural, não há crase)
C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade.
1-) limitar-se _aos _aspectos jurídicos ou policiais. (artigo indefinido)
Raro ler __a__respeito (antes de palavra masculina D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade
não há crase) alimentam a violência crescente nas cidades. (palavra mas-
de reintegração desses_à_ vida. (reintegrar a + a vida culina)
= à) E) Um ambiente desfavorável à formação da personali-
o nome de um médico ou clínica __a_quem tentar en- dade atinge os mais vulneráveis. = correta (regência nomi-
caminhar um drogado da nossa própria família? (antes de nal: desfavorável a?)
pronome indefinido/relativo)
8-)
2-) correu _à (= para a ) cartomante para consultá-la so- A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na
bre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos área de biotecnologia. (artigo indefinido)
que _a__cartomante (objeto direto)restituiu-lhe ___a___ con- B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar
fiança (objeto direto), e que o rapaz repreendeu-a por ter à educação dos filhos. = correta (regência verbal: dedicar a )
feito o que fez. C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as
instalações do prédio. (verbo no infinitivo)
3-) “Nesta oportunidade, volto _a_ referir-me àqueles__ D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer
problemas já expostos a _ V. Sª _há_ alguns dias”. detalhe que envolva a segurança das pessoas. (pronome
- a referir = antes de verbo no infinito não há crase; indefinido)
- quem faz referência, faz referência A algo ou A alguém E) É função da política é dedicar-se à todo problema que
( a regência do verbo pede preposição) comprometa o bem-estar do cidadão. (pronome indefinido)
- antes de pronome de tratamento não há crase (exce-
ção à senhora, que admite artigo); 9-) Um bom conhecimento de matemática é indispensá-
- há no sentido de tempo passado. vel à construção do saber nas mais diversas áreas.
A) à todo e qualquer estudante. (pronome indefinido)
4-) Claro que não me estou referindo à leitura apressada B) à estudantes de nível superior. (“a” no singular antes
e sem profundidade. de palavra no plural)
a cada um de nós neste formigueiro. (antes de pronome C) à quem pretende carreiras no campo de exatas. (pro-
indefinido) nome indefinido/relativo)
a exemplo de obras publicadas recentemente. (palavra E) à uma boa formação profissional. (artigo indefinido)
masculina)
a uma comunicação festiva e virtual. (artigo indefinido)
a respeito de autores reconhecidos pelo público. (pa-
lavra masculina)

5-) O Instituto Nacional de Administração Prisional


(INAP) também desenvolve atividades lúdicas de apoio___à__
ressocialização do indivíduo preso, com o objetivo de prepa-
rá--lo para o retorno___à__ sociedade. Dessa forma, quando
em liberdade, ele estará capacitado__a___ ter uma profissão
e uma vida digna.

69
LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES

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70
NOÇÕES DE DIREITO

2. Noções de Direito................................................................................................................................................................................................ 01
2.1. Constituição Federal: artigos 1.º a 14, 37, 41 e 144...................................................................................................................... 01
2.2. Direitos Humanos – conceito e evolução histórica....................................................................................................................... 52
2.2.1. Estado Democrático de Direito.......................................................................................................................................................... 52
2.2.2. Direitos Humanos e Cidadania........................................................................................................................................................... 52
2.3. Direito Penal:...................................................................................................................................................................................................... 63
2.3.1. Crime doloso e crime culposo............................................................................................................................................................ 63
2.3.2. Crime consumado e crime tentado.................................................................................................................................................. 67
2.3.3. Desistência voluntária, arrependimento eficaz e arrependimento posterior................................................................... 68
2.3.4. Dos Crimes contra a Vida – artigos 121 a 128............................................................................................................................. 69
2.3.5. Das Lesões Corporais – artigo 129................................................................................................................................................... 71
2.3.6. Dos Crimes contra o Patrimônio – artigos 155 a 180............................................................................................................... 72
2.3.7. Dos Crimes Praticados por Funcionário Público contra a Administração em Geral – artigos 312 a 327............. 82
2.4. Legislação:........................................................................................................................................................................................................... 86
2.4.1. Lei n.º 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro).......................................................................................................................... 86
2.4.2. Lei Orgânica da Polícia do Estado de São Paulo (Lei Complementar n.º 207 de 05.01.1979, Lei Complementar
n.º 922/02 e Lei Complementar n.º 1.151/11).......................................................................................................................................132
2.4.3. Lei Federal n.º 12.527 de 18.11.2011 (Lei de Acesso à Informação) e Decreto Estadual n.º 58.052 de
16.05.2012............................................................................................................................................................................................................160
NOÇÕES DE DIREITO

ficam os meios. Portanto, se um príncipe pretende con-


2.1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL: quistar e manter o poder, os meios que empregue serão
ARTIGOS 1.º A 14, 37, 41 E 144. sempre tidos como honrosos, e elogiados por todos, pois
o vulgo atenta sempre para as aparências e os resultados”.
A concepção de soberania inerente ao monarca se
Princípios fundamentais quebrou numa fase posterior, notadamente com a ascen-
são do ideário iluminista. Com efeito, passou-se a enxergar
1) Fundamentos da República a soberania como um poder que repousa no povo. Logo, a
O título I da Constituição Federal trata dos princípios autoridade absoluta da qual emana o poder é o povo e a
fundamentais do Estado brasileiro e começa, em seu arti- legitimidade do exercício do poder no Estado emana deste
go 1º, trabalhando com os fundamentos da República Fe- povo.
derativa brasileira, ou seja, com as bases estruturantes do Com efeito, no Estado Democrático se garante a sobe-
Estado nacional. rania popular, que pode ser conceituada como “a qualidade
Neste sentido, disciplina: máxima do poder extraída da soma dos atributos de cada
membro da sociedade estatal, encarregado de escolher os
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela seus representantes no governo por meio do sufrágio uni-
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Fe- versal e do voto direto, secreto e igualitário”3.
deral, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem Neste sentido, liga-se diretamente ao parágrafo úni-
como fundamentos: co do artigo 1º, CF, que prevê que “todo o poder emana
I - a soberania; do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos
II - a cidadania; ou diretamente, nos termos desta Constituição”. O povo é
III - a dignidade da pessoa humana; soberano em suas decisões e as autoridades eleitas que
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; decidem em nome dele, representando-o, devem estar
V - o pluralismo político. devidamente legitimadas para tanto, o que acontece pelo
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exercício do sufrágio universal.
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, Por seu turno, a soberania nacional é princípio geral da
nos termos desta Constituição. atividade econômica (artigo 170, I, CF), restando demons-
trado que não somente é guia da atuação política do Esta-
Vale estudar o significado e a abrangência de cada qual do, mas também de sua atuação econômica. Neste senti-
destes fundamentos. do, deve-se preservar e incentivar a indústria e a economia
nacionais.
1.1) Soberania
Soberania significa o poder supremo que cada nação 1.2) Cidadania
possui de se autogovernar e se autodeterminar. Este con- Quando se afirma no caput do artigo 1º que a Repú-
ceito surgiu no Estado Moderno, com a ascensão do ab- blica Federativa do Brasil é um Estado Democrático de Di-
solutismo, colocando o reina posição de soberano. Sendo reito, remete-se à ideia de que o Brasil adota a democracia
assim, poderia governar como bem entendesse, pois seu como regime político.
poder era exclusivo, inabalável, ilimitado, atemporal e divi- Historicamente, nota-se que por volta de 800 a.C. as
no, ou seja, absoluto. comunidades de aldeias começaram a ceder lugar para
Neste sentido, Thomas Hobbes1, na obra Leviatã, de- unidades políticas maiores, surgindo as chamadas cidades-
fende que quando os homens abrem mão do estado na- -estado ou polis, como Tebas, Esparta e Atenas. Inicialmen-
tural, deixa de predominar a lei do mais forte, mas para a te eram monarquias, transformaram-se em oligarquias e,
consolidação deste tipo de sociedade é necessária a pre- por volta dos séculos V e VI a.C., tornaram-se democracias.
sença de uma autoridade à qual todos os membros devem Com efeito, as origens da chamada democracia se encon-
render o suficiente da sua liberdade natural, permitindo tram na Grécia antiga, sendo permitida a participação dire-
que esta autoridade possa assegurar a paz interna e a de- ta daqueles poucos que eram considerados cidadãos, por
fesa comum. Este soberano, que à época da escrita da obra meio da discussão na polis.
de Hobbes se consolidava no monarca, deveria ser o Levia- Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime po-
tã, uma autoridade inquestionável. lítico em que o poder de tomar decisões políticas está com
No mesmo direcionamento se encontra a obra de Ma- os cidadãos, de forma direta (quando um cidadão se reúne
quiavel2, que rejeitou a concepção de um soberano que com os demais e, juntos, eles tomam a decisão política) ou
deveria ser justo e ético para com o seu povo, desde que indireta (quando ao cidadão é dado o poder de eleger um
sempre tivesse em vista a finalidade primordial de manter representante).
o Estado íntegro: “na conduta dos homens, especialmente Portanto, o conceito de democracia está diretamente
dos príncipes, contra a qual não há recurso, os fins justi- ligado ao de cidadania, notadamente porque apenas quem
1 MALMESBURY, Thomas Hobbes de. Leviatã. Tradução de possui cidadania está apto a participar das decisões políti-
João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. [s.c]: [s.n.], 1861. cas a serem tomadas pelo Estado.
2 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro Nassetti. 3 BULOS, Uadi Lammêngo. Constituição federal anotada.
São Paulo: Martin Claret, 2007, p. 111. São Paulo: Saraiva, 2000.

1
NOÇÕES DE DIREITO

Cidadão é o nacional, isto é, aquele que possui o vín- conquista da humanidade, razão pela qual auferiram pro-
culo político-jurídico da nacionalidade com o Estado, que teção especial consistente em indenização por dano moral
goza de direitos políticos, ou seja, que pode votar e ser decorrente de sua violação”5.
votado (sufrágio universal). Para Reale6, a evolução histórica demonstra o domínio
Destacam-se os seguintes conceitos correlatos: de um valor sobre o outro, ou seja, a existência de uma
a) Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político que liga ordem gradativa entre os valores; mas existem os valores
um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele fundamentais e os secundários, sendo que o valor fonte
passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim é o da pessoa humana. Nesse sentido, são os dizeres de
de direitos e obrigações. Reale7: “partimos dessa ideia, a nosso ver básica, de que a
b) Povo: conjunto de pessoas que compõem o Estado, pessoa humana é o valor-fonte de todos os valores. O ho-
unidas pelo vínculo da nacionalidade. mem, como ser natural biopsíquico, é apenas um indivíduo
c) População: conjunto de pessoas residentes no Esta- entre outros indivíduos, um ente animal entre os demais
do, nacionais ou não. da mesma espécie. O homem, considerado na sua obje-
Depreende-se que a cidadania é um atributo conferido tividade espiritual, enquanto ser que só realiza no sentido
aos nacionais titulares de direitos políticos, permitindo a de seu dever ser, é o que chamamos de pessoa. Só o ho-
consolidação do sistema democrático. mem possui a dignidade originária de ser enquanto deve
ser, pondo-se essencialmente como razão determinante do
1.3) Dignidade da pessoa humana processo histórico”.
A dignidade da pessoa humana é o valor-base de inter- Quando a Constituição Federal assegura a dignidade
pretação de qualquer sistema jurídico, internacional ou na- da pessoa humana como um dos fundamentos da Repúbli-
cional, que possa se considerar compatível com os valores ca, faz emergir uma nova concepção de proteção de cada
éticos, notadamente da moral, da justiça e da democracia. membro do seu povo. Tal ideologia de forte fulcro huma-
Pensar em dignidade da pessoa humana significa, acima de nista guia a afirmação de todos os direitos fundamentais
tudo, colocar a pessoa humana como centro e norte para e confere a eles posição hierárquica superior às normas
qualquer processo de interpretação jurídico, seja na elabo- organizacionais do Estado, de modo que é o Estado que
ração da norma, seja na sua aplicação. está para o povo, devendo garantir a dignidade de seus
Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou membros, e não o inverso.
plena, é possível conceituar dignidade da pessoa humana
como o principal valor do ordenamento ético e, por con- 1.4) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
sequência, jurídico que pretende colocar a pessoa humana Quando o constituinte coloca os valores sociais do tra-
como um sujeito pleno de direitos e obrigações na or- balho em paridade com a livre iniciativa fica clara a percep-
dem internacional e nacional, cujo desrespeito acarreta a ção de necessário equilíbrio entre estas duas concepções.
própria exclusão de sua personalidade. De um lado, é necessário garantir direitos aos trabalhado-
Aponta Barroso4: “o princípio da dignidade da pessoa res, notadamente consolidados nos direitos sociais enume-
humana identifica um espaço de integridade moral a ser rados no artigo 7º da Constituição; por outro lado, estes
assegurado a todas as pessoas por sua só existência no direitos não devem ser óbice ao exercício da livre iniciativa,
mundo. É um respeito à criação, independente da crença mas sim vetores que reforcem o exercício desta liberdade
que se professe quanto à sua origem. A dignidade rela- dentro dos limites da justiça social, evitando o predomínio
ciona-se tanto com a liberdade e valores do espírito como do mais forte sobre o mais fraco.
com as condições materiais de subsistência”. Por livre iniciativa entenda-se a liberdade de iniciar
O Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, do a exploração de atividades econômicas no território bra-
Tribunal Superior do Trabalho, trouxe interessante conceito sileiro, coibindo-se práticas de truste (ex.: monopólio). O
numa das decisões que relatou: “a dignidade consiste na constituinte não tem a intenção de impedir a livre inicia-
percepção intrínseca de cada ser humano a respeito dos tiva, até mesmo porque o Estado nacional necessita dela
direitos e obrigações, de modo a assegurar, sob o foco de para crescer economicamente e adequar sua estrutura ao
condições existenciais mínimas, a participação saudável e atendimento crescente das necessidades de todos os que
ativa nos destinos escolhidos, sem que isso importe des- nele vivem. Sem crescimento econômico, nem ao menos é
tilação dos valores soberanos da democracia e das liber- possível garantir os direitos econômicos, sociais e culturais
dades individuais. O processo de valorização do indivíduo afirmados na Constituição Federal como direitos funda-
articula a promoção de escolhas, posturas e sonhos, sem mentais.
olvidar que o espectro de abrangência das liberdades in-
5 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso de Re-
dividuais encontra limitação em outros direitos fundamen-
vista n. 259300-59.2007.5.02.0202. Relator: Alberto Luiz Bresciani
tais, tais como a honra, a vida privada, a intimidade, a ima- de Fontan Pereira. Brasília, 05 de setembro de 2012j1. Disponível em:
gem. Sobreleva registrar que essas garantias, associadas ao www.tst.gov.br. Acesso em: 17 nov. 2012.
princípio da dignidade da pessoa humana, subsistem como 6 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: Sa-
4 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da raiva, 2002, p. 228.
Constituição. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 382. 7 Ibid., p. 220.

2
NOÇÕES DE DIREITO

No entanto, a exploração da livre iniciativa deve se dar 3) Objetivos fundamentais


de maneira racional, tendo em vista os direitos inerentes O constituinte trabalha no artigo 3º da Constituição
aos trabalhadores, no que se consolida a expressão “valo- Federal com os objetivos da República Federativa do Brasil,
res sociais do trabalho”. A pessoa que trabalha para aquele nos seguintes termos:
que explora a livre iniciativa deve ter a sua dignidade res-
peitada em todas as suas dimensões, não somente no que Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República
tange aos direitos sociais, mas em relação a todos os direi- Federativa do Brasil:
tos fundamentais afirmados pelo constituinte. I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
A questão resta melhor delimitada no título VI do texto II - garantir o desenvolvimento nacional; 
constitucional, que aborda a ordem econômica e financei- III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
ra: “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização
desigualdades sociais e regionais;
do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de ori-
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
da justiça social, observados os seguintes princípios [...]”. gem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de dis-
Nota-se no caput a repetição do fundamento republicano criminação.
dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
Por sua vez, são princípios instrumentais para a efeti- 3.1) Construir uma sociedade livre, justa e solidária
vação deste fundamento, conforme previsão do artigo 1º e O inciso I do artigo 3º merece destaque ao trazer a
do artigo 170, ambos da Constituição, o princípio da livre expressão “livre, justa e solidária”, que corresponde à tríade
concorrência (artigo 170, IV, CF), o princípio da busca do liberdade, igualdade e fraternidade. Esta tríade consolida
pleno emprego (artigo 170, VIII, CF) e o princípio do tra- as três dimensões de direitos humanos: a primeira dimen-
tamento favorecido para as empresas de pequeno porte são, voltada à pessoa como indivíduo, refere-se aos direitos
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede civis e políticos; a segunda dimensão, focada na promoção
e administração no País (artigo 170, IX, CF). Ainda, assegu- da igualdade material, remete aos direitos econômicos, so-
rando a livre iniciativa no exercício de atividades econômi- ciais e culturais; e a terceira dimensão se concentra numa
cas, o parágrafo único do artigo 170 prevê: “é assegurado perspectiva difusa e coletiva dos direitos fundamentais.
a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, Sendo assim, a República brasileira pretende garantir a
independentemente de autorização de órgãos públicos, preservação de direitos fundamentais inatos à pessoa hu-
salvo nos casos previstos em lei”. mana em todas as suas dimensões, indissociáveis e inter-
conectadas. Daí o texto constitucional guardar espaço de
1.5) Pluralismo político
destaque para cada uma destas perspectivas.
A expressão pluralismo remete ao reconhecimento da
multiplicidade de ideologias culturais, religiosas, econômi-
cas e sociais no âmbito de uma nação. Quando se fala em 3.2) Garantir o desenvolvimento nacional
pluralismo político, afirma-se que mais do que incorporar Para que o governo possa prover todas as condições
esta multiplicidade de ideologias cabe ao Estado nacional necessárias à implementação de todos os direitos funda-
fornecer espaço para a manifestação política delas. mentais da pessoa humana mostra-se essencial que o país
Sendo assim, pluralismo político significa não só res- se desenvolva, cresça economicamente, de modo que cada
peitar a multiplicidade de opiniões e ideias, mas acima de indivíduo passe a ter condições de perseguir suas metas.
tudo garantir a existência dela, permitindo que os vários
grupos que compõem os mais diversos setores sociais pos- 3.3) Erradicar a pobreza e a marginalização e redu-
sam se fazer ouvir mediante a liberdade de expressão, ma- zir as desigualdades sociais e regionais
nifestação e opinião, bem como possam exigir do Estado Garantir o desenvolvimento econômico não basta para
substrato para se fazerem subsistir na sociedade. a construção de uma sociedade justa e solidária. É necessá-
Pluralismo político vai além do pluripartidarismo ou rio ir além e nunca perder de vista a perspectiva da igual-
multipartidarismo, que é apenas uma de suas consequên- dade material. Logo, a injeção econômica deve permitir o
cias e garante que mesmo os partidos menores e com pou- investimento nos setores menos favorecidos, diminuindo
cos representantes sejam ouvidos na tomada de decisões as desigualdades sociais e regionais e paulatinamente er-
políticas, porque abrange uma verdadeira concepção de
radicando a pobreza.
multiculturalidade no âmbito interno.
O impacto econômico deste objetivo fundamental é
2) Separação dos Poderes tão relevante que o artigo 170 da Constituição prevê em
A separação de Poderes é inerente ao modelo do Es- seu inciso VII a “redução das desigualdades regionais e so-
tado Democrático de Direito, impedindo a monopolização ciais” como um princípio que deve reger a atividade econô-
do poder e, por conseguinte, a tirania e a opressão. Resta mica. A menção deste princípio implica em afirmar que as
garantida no artigo 2º da Constituição Federal com o se- políticas públicas econômico-financeiras deverão se guiar
guinte teor: pela busca da redução das desigualdades, fornecendo in-
centivos específicos para a exploração da atividade econô-
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmôni- mica em zonas economicamente marginalizadas.
cos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

3
NOÇÕES DE DIREITO

3.4) Promover o bem de todos, sem preconceitos de dial. Na verdade, o próprio compromisso de respeito aos
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas direitos humanos traduz a limitação das ações estatais, que
de discriminação sempre devem se guiar por eles. Logo, o Brasil é um país in-
Ainda no ideário de justiça social, coloca-se o princípio dependente, que não responde a nenhum outro, mas que
da igualdade como objetivo a ser alcançado pela República como qualquer outro possui um dever para com a huma-
brasileira. Sendo assim, a república deve promover o prin- nidade e os direitos inatos a cada um de seus membros.
cípio da igualdade e consolidar o bem comum. Em verda-
de, a promoção do bem comum pressupõe a prevalência 4.2) Prevalência dos direitos humanos
do princípio da igualdade. O Estado existe para o homem e não o inverso. Portan-
Sobre o bem de todos, isto é, o bem comum, o filósofo to, toda normativa existe para a sua proteção como pessoa
Jacques Maritain8 ressaltou que o fim da sociedade é o seu humana e o Estado tem o dever de servir a este fim de pre-
bem comum, mas esse bem comum é o das pessoas huma- servação. A única forma de fazer isso é adotando a pessoa
nas, que compõem a sociedade. Com base neste ideário, humana como valor-fonte de todo o ordenamento, o que
somente é possível com a compreensão de que os direitos
apontou as características essenciais do bem comum: re-
humanos possuem uma posição prioritária no ordenamen-
distribuição, pela qual o bem comum deve ser redistribuído
to jurídico-constitucional.
às pessoas e colaborar para o desenvolvimento delas; res-
Conceituar direitos humanos é uma tarefa complicada,
peito à autoridade na sociedade, pois a autoridade é ne- mas, em síntese, pode-se afirmar que direitos humanos são
cessária para conduzir a comunidade de pessoas humanas aqueles inerentes ao homem enquanto condição para sua
para o bem comum; moralidade, que constitui a retidão de dignidade que usualmente são descritos em documentos
vida, sendo a justiça e a retidão moral elementos essenciais internacionais para que sejam mais seguramente garanti-
do bem comum. dos. A conquista de direitos da pessoa humana é, na verda-
de, uma busca da dignidade da pessoa humana.
4) Princípios de relações internacionais (artigo 4º)
O último artigo do título I trabalha com os princípios 4.3) Autodeterminação dos povos
que regem as relações internacionais da República brasi- A premissa dos direitos políticos é a autodeterminação
leira: dos povos. Neste sentido, embora cada Estado tenha obri-
gações de direito internacional que deve respeitar para a
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas adequada consecução dos fins da comunidade internacio-
relações internacionais pelos seguintes princípios:  nal, também tem o direito de se autodeterminar, sendo que
I - independência nacional; tal autodeterminação é feita pelo seu povo.
II - prevalência dos direitos humanos; Se autodeterminar significa garantir a liberdade do
III - autodeterminação dos povos; povo na tomada das decisões políticas, logo, o direito à
IV - não-intervenção; autodeterminação pressupõe a exclusão do colonialismo.
V - igualdade entre os Estados; Não se aceita a ideia de que um Estado domine o outro,
VI - defesa da paz; tirando a sua autodeterminação.
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 4.4) Não-intervenção
IX - cooperação entre os povos para o progresso da hu- Por não-intervenção entenda-se que o Estado brasilei-
manidade; ro irá respeitar a soberania dos demais Estados nacionais.
X - concessão de asilo político. Sendo assim, adotará práticas diplomáticas e respeitará as
decisões políticas tomadas no âmbito de cada Estado, eis
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil bus-
que são paritários na ordem internacional.
cará a integração econômica, política, social e cultural dos
povos da América Latina, visando à formação de uma comu-
4.5) Igualdade entre os Estados
nidade latino-americana de nações. Por este princípio se reconhece uma posição de pari-
dade, ou seja, de igualdade hierárquica, na ordem interna-
De maneira geral, percebe-se na Constituição Federal a cional entre todos os Estados. Em razão disso, cada Estado
compreensão de que a soberania do Estado nacional bra- possuirá direito de voz e voto na tomada de decisões polí-
sileiro não permite a sobreposição em relação à soberania ticas na ordem internacional em cada organização da qual
dos demais Estados, bem como de que é necessário respei- faça parte e deverá ter sua opinião respeitada.
tar determinadas práticas inerentes ao direito internacional
dos direitos humanos. 4.6) Defesa da paz
O direito à paz vai muito além do direito de viver num
4.1) Independência nacional mundo sem guerras, atingindo o direito de ter paz social,
A formação de uma comunidade internacional não sig- de ver seus direitos respeitados em sociedade. Os direitos
nifica a eliminação da soberania dos países, mas apenas e liberdades garantidos internacionalmente não podem
uma relativização, limitando as atitudes por ele tomadas ser destruídos com fundamento nas normas que surgiram
em prol da preservação do bem comum e da paz mun- para protegê-los, o que seria controverso. Em termos de
8 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natural. relações internacionais, depreende-se que deve ser sempre
3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967, p. 20-22. priorizada a solução amistosa de conflitos.

4
NOÇÕES DE DIREITO

4.7) Solução pacífica dos conflitos A cooperação internacional deve ser especialmente
Decorrendo da defesa da paz, este princípio remete econômica e técnica, a fim de conseguir progressivamente
à necessidade de diplomacia nas relações internacionais. a plena efetividade dos direitos humanos fundamentais in-
Caso surjam conflitos entre Estados nacionais, estes deve- ternacionalmente reconhecidos.
rão ser dirimidos de forma amistosa. Os países devem colaborar uns com os outros, o que é
Negociação diplomática, serviços amistosos, bons ofí- possível mediante a integração no âmbito de organizações
cios, mediação, sistema de consultas, conciliação e inqué- internacionais específicas, regionais ou globais.
rito são os meios diplomáticos de solução de controvérsias Em relação a este princípio, o artigo 4º se aprofunda
internacionais, não havendo hierarquia entre eles. Somente em seu parágrafo único, destacando a importância da coo-
o inquérito é um procedimento preliminar e facultativo à peração brasileira no âmbito regional: “A República Fede-
apuração da materialidade dos fatos, podendo servir de rativa do Brasil buscará a integração econômica, política,
base para qualquer meio de solução de conflito9. Concei- social e cultural dos povos da América Latina, visando à for-
tua Neves10: mação de uma comunidade latino-americana de nações”.
- “Negociação diplomática é a forma de autocompo- Neste sentido, o papel desempenhado no MERCOSUL.
sição em que os Estados oponentes buscam resolver suas
divergências de forma direta, por via diplomática”; 4.10) Concessão de asilo político
- “Serviços amistosos é um meio de solução pacífica de Direito de asilo é o direito de buscar abrigo em outro
conflito, sem aspecto oficial, em que o governo designa um país quando naquele do qual for nacional estiver sofren-
diplomada para sua conclusão”; do alguma perseguição. Tal perseguição não pode ter mo-
- “Bons ofícios constituem o meio diplomático de so- tivos legítimos, como a prática de crimes comuns ou de
lução pacífica de controvérsia internacional, em que um atos atentatórios aos princípios das Nações Unidas, o que
subverteria a própria finalidade desta proteção. Em suma,
Estado, uma organização internacional ou até mesmo um
o que se pretende com o direito de asilo é evitar a con-
chefe de Estado apresenta-se como moderador entre os
solidação de ameaças a direitos humanos de uma pessoa
litigantes”;
por parte daqueles que deveriam protegê-los – isto é, os
- “Mediação define-se como instituto por meio do qual
governantes e os entes sociais como um todo –, e não pro-
uma terceira pessoa estranha à contenda, mas aceita pelos
teger pessoas que justamente cometeram tais violações.
litigantes, de forma voluntária ou em razão de estipulação
“Sendo direito humano da pessoa refugiada, é obriga-
anterior, toma conhecimento da divergência e dos argu-
ção do Estado asilante conceder o asilo. Entretanto, preva-
mentos sustentados pelas partes, e propõe uma solução
lece o entendimento que o Estado não tem esta obrigação,
pacífica sujeita à aceitação destas”;
nem de fundamentar a recusa. A segunda parte deste ar-
- “Sistema de Consultas constitui-se em meio diplomá- tigo permite a interpretação no sentido de que é o Estado
tico de solução de litígios em que os Estados ou organiza- asilante que subjetivamente enquadra o refugiado como
ções internacionais sujeitam-se, sem qualquer interferência asilado político ou criminoso comum”11.
pessoal externa, a encontros periódicos com o objetivo de
compor suas divergências”. Direitos e garantias fundamentais
4.8) Repúdio ao terrorismo e ao racismo O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos
Terrorismo é o uso de violência através de ataques lo- e Garantias fundamentais”, gênero que abrange as seguin-
calizados a elementos ou instalações de um governo ou tes espécies de direitos fundamentais: direitos individuais e
da população civil, de modo a incutir medo, terror, e assim coletivos (art. 5º, CF), direitos sociais (genericamente pre-
obter efeitos psicológicos que ultrapassem largamente o vistos no art. 6º, CF), direitos da nacionalidade (artigos 12 e
círculo das vítimas, incluindo, antes, o resto da população 13, CF) e direitos políticos (artigos 14 a 17, CF).
do território. Em termos comparativos à clássica divisão tridimen-
Racismo é a prática de atos discriminatórios baseados sional dos direitos humanos, os direitos individuais (maior
em diferenças étnico-raciais, que podem consistirem vio- parte do artigo 5º, CF), os direitos da nacionalidade e os
lência física ou psicológica direcionada a uma pessoa ou a direitos políticos se encaixam na primeira dimensão (direi-
um grupo de pessoas pela simples questão biológica her- tos civis e políticos); os direitos sociais se enquadram na se-
dada por sua raça ou etnia. gunda dimensão (direitos econômicos, sociais e culturais) e
Sendo o Brasil um país que prega o pacifismo e que é os direitos coletivos na terceira dimensão. Contudo, a enu-
assumidamente pluralista, ambas práticas são considera- meração de direitos humanos na Constituição vai além dos
das vis e devem ser repudiadas pelo Estado nacional. direitos que expressamente constam no título II do texto
constitucional.
4.9) Cooperação entre os povos para o progresso Os direitos fundamentais possuem as seguintes carac-
da humanidade terísticas principais:
9 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público & 11 SANTOS FILHO, Oswaldo de Souza. Comentários aos arti-
Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009, p. 123. gos XIII e XIV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declara-
10 Ibid., p. 123-126. ção Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 83.

5
NOÇÕES DE DIREITO

a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem Atenção para o fato de o constituinte chamar os remé-
antecedentes históricos relevantes e, através dos tempos, dios constitucionais de garantias, e todas as suas fórmulas
adquirem novas perspectivas. Nesta característica se en- de direitos e garantias propriamente ditas apenas de di-
quadra a noção de dimensões de direitos. reitos.
b) Universalidade: os direitos fundamentais perten-
cem a todos, tanto que apesar da expressão restritiva do Direitos e deveres individuais e coletivos
caput do artigo 5º aos brasileiros e estrangeiros residentes
no país tem se entendido pela extensão destes direitos, na O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deveres
perspectiva de prevalência dos direitos humanos. individuais e coletivos”. Da própria nomenclatura do capí-
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não tulo já se extrai que a proteção vai além dos direitos do
possuem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são in- indivíduo e também abrange direitos da coletividade. A
transferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do maior parte dos direitos enumerados no artigo 5º do texto
comércio, o que evidencia uma limitação do princípio da constitucional é de direitos individuais, mas são incluídos
autonomia privada. alguns direitos coletivos e mesmo remédios constitucionais
d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não po- próprios para a tutela destes direitos coletivos (ex.: manda-
dem ser renunciados pelo seu titular devido à fundamenta- do de segurança coletivo).
lidade material destes direitos para a dignidade da pessoa
humana. 1) Brasileiros e estrangeiros
e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção
deixar de ser observados por disposições infraconstitucio- conferida pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamen-
nais ou por atos das autoridades públicas, sob pena de nu- te, “aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”.
lidades. No entanto, tal restrição é apenas aparente e tem sido in-
f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem terpretada no sentido de que os direitos estarão protegi-
um único conjunto de direitos porque não podem ser ana- dos com relação a todas as pessoas nos limites da sobera-
lisados de maneira isolada, separada. nia do país.
g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não
Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode in-
se perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são
gressar com habeas corpus ou mandado de segurança, ou
sempre exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela
então intentar ação reivindicatória com relação a imóvel
falta de uso (prescrição).
seu localizado no Brasil (ainda que não resida no país).
h) Relatividade: os direitos fundamentais não po-
Somente alguns direitos não são estendidos a todas as
dem ser utilizados como um escudo para práticas ilícitas
pessoas. A exemplo, o direito de intentar ação popular exi-
ou como argumento para afastamento ou diminuição da
ge a condição de cidadão, que só é possuída por nacionais
responsabilidade por atos ilícitos, assim estes direitos não
titulares de direitos políticos.
são ilimitados e encontram seus limites nos demais direitos
igualmente consagrados como humanos.
2) Relação direitos-deveres
Vale destacar que a Constituição vai além da proteção O capítulo em estudo é denominado “direitos e garan-
dos direitos e estabelece garantias em prol da preservação tias deveres e coletivos”, remetendo à necessária relação
destes, bem como remédios constitucionais a serem utili- direitos-deveres entre os titulares dos direitos fundamen-
zados caso estes direitos e garantias não sejam preserva- tais. Acima de tudo, o que se deve ter em vista é a premissa
dos. Neste sentido, dividem-se em direitos e garantias as reconhecida nos direitos fundamentais de que não há di-
previsões do artigo 5º: os direitos são as disposições de- reito que seja absoluto, correspondendo-se para cada di-
claratórias e as garantias são as disposições assecuratórias. reito um dever. Logo, o exercício de direitos fundamentais é
O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo limitado pelo igual direito de mesmo exercício por parte de
o direito e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX: “é livre outrem, não sendo nunca absolutos, mas sempre relativos.
a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de Explica Canotilho13 quanto aos direitos fundamentais:
comunicação, independentemente de censura ou licença” “a ideia de deveres fundamentais é suscetível de ser enten-
– o direito é o de liberdade de expressão e a garantia é a dida como o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como
vedação de censura ou exigência de licença. Em outros ca- ao titular de um direito fundamental corresponde um de-
sos, o legislador traz o direito num dispositivo e a garantia ver por parte de um outro titular, poder-se-ia dizer que o
em outro: a liberdade de locomoção, direito, é colocada particular está vinculado aos direitos fundamentais como
no artigo 5º, XV, ao passo que o dever de relaxamento da destinatário de um dever fundamental. Neste sentido, um
prisão ilegal de ofício pelo juiz, garantia, se encontra no direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia um
artigo 5º, LXV12. dever correspondente”. Com efeito, a um direito funda-
Em caso de ineficácia da garantia, implicando em vio- mental conferido à pessoa corresponde o dever de respeito
lação de direito, cabe a utilização dos remédios constitu- ao arcabouço de direitos conferidos às outras pessoas.
cionais.
12 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em telecon- 13 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional
ferência. e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998, p. 479.

6
NOÇÕES DE DIREITO

3) Direitos e garantias em espécie No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que
Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu não bastava igualar todos os homens em direitos e deveres
caput: para torná-los iguais, pois nem todos possuem as mesmas
condições de exercer estes direitos e deveres. Logo, não
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem é suficiente garantir um direito à igualdade formal, mas
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- é preciso buscar progressivamente a igualdade material.
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade No sentido de igualdade material que aparece o direito à
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à igualdade num segundo momento, pretendendo-se do Es-
propriedade, nos termos seguintes [...]. tado, tanto no momento de legislar quanto no de aplicar e
executar a lei, uma postura de promoção de políticas go-
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um vernamentais voltadas a grupos vulneráveis.
dos principais (senão o principal) artigos da Constituição Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notá-
Federal, consagra o princípio da igualdade e delimita as veis: o de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação
cinco esferas de direitos individuais e coletivos que mere- uniforme da lei a todas as pessoas que vivem em socieda-
cem proteção, isto é, vida, liberdade, igualdade, segurança de; e o de igualdade material, correspondendo à necessi-
e propriedade. Os incisos deste artigos delimitam vários dade de discriminações positivas com relação a grupos vul-
direitos e garantias que se enquadram em alguma destas neráveis da sociedade, em contraponto à igualdade formal.
esferas de proteção, podendo se falar em duas esferas es-
pecíficas que ganham também destaque no texto consti- Ações afirmativas
tucional, quais sejam, direitos de acesso à justiça e direitos Neste sentido, desponta a temática das ações
constitucionais-penais. afirmativas,que são políticas públicas ou programas priva-
dos criados temporariamente e desenvolvidos com a fina-
- Direito à igualdade lidade de reduzir as desigualdades decorrentes de discri-
Abrangência minações ou de uma hipossuficiência econômica ou física,
Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o por meio da concessão de algum tipo de vantagem com-
constituinte afirmou por duas vezes o princípio da igual- pensatória de tais condições.
dade: Quem é contra as ações afirmativas argumenta que,
em uma sociedade pluralista, a condição de membro de
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem um grupo específico não pode ser usada como critério de
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- inclusão ou exclusão de benefícios. Ademais, afirma-se que
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade elas desprivilegiam o critério republicano do mérito (se-
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à gundo o qual o indivíduo deve alcançar determinado cargo
propriedade, nos termos seguintes [...]. público pela sua capacidade e esforço, e não por pertencer
a determinada categoria); fomentariam o racismo e o ódio;
Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro bem como ferem o princípio da isonomia por causar uma
inciso: discriminação reversa.
Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas
Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direi- defende que elas representam o ideal de justiça
tos e obrigações, nos termos desta Constituição. compensatória (o objetivo é compensar injustiças passadas,
dívidas históricas, como uma compensação aos negros por
Este inciso é especificamente voltado à necessidade de tê-los feito escravos, p. ex.); representam o ideal de justiça
igualdade de gênero, afirmando que não deve haver ne- distributiva (a preocupação, aqui, é com o presente. Busca-
nhuma distinção sexo feminino e o masculino, de modo -se uma concretização do princípio da igualdade material);
que o homem e a mulher possuem os mesmos direitos e bem como promovem a diversidade.
obrigações. Neste sentido, as discriminações legais asseguram
Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito a verdadeira igualdade, por exemplo, com as ações afir-
mais do que a igualdade de gêneros, envolve uma pers- mativas, a proteção especial ao trabalho da mulher e do
pectiva mais ampla. menor, as garantias aos portadores de deficiência, entre
O direito à igualdade é um dos direitos norteadores outras medidas que atribuam a pessoas com diferentes
de interpretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro condições, iguais possibilidades, protegendo e respeitando
enfoque que foi dado a este direito foi o de direito civil, suas diferenças14. Tem predominado em doutrina e juris-
enquadrando-o na primeira dimensão, no sentido de que a prudência, inclusive no Supremo Tribunal Federal, que as
todas as pessoas deveriam ser garantidos os mesmos direi- ações afirmativas são válidas.
tos e deveres. Trata-se de um aspecto relacionado à igual-
dade enquanto liberdade, tirando o homem do arbítrio dos
14 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos artigos I e
demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria se II. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal
falando na igualdade perante a lei. dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 08.

7
NOÇÕES DE DIREITO

- Direito à vida Pena - reclusão, de dois a oito anos.


Abrangência § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote- presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico
ção do direito à vida. A vida humana é o centro gravitacio- ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto
nal em torno do qual orbitam todos os direitos da pessoa em lei ou não resultante de medida legal.
humana, possuindo reflexos jurídicos, políticos, econômi- § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas,
cos, morais e religiosos. Daí existir uma dificuldade em con- quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na
ceituar o vocábulo vida. Logo, tudo aquilo que uma pessoa pena de detenção de um a quatro anos.
possui deixa de ter valor ou sentido se ela perde a vida. § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
Sendo assim, a vida é o bem principal de qualquer pessoa, gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
é o primeiro valor moral inerente a todos os seres huma- resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
nos15. § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de I - se o crime é cometido por agente público;
nascer/permanecer vivo, o que envolve questões como II – se o crime é cometido contra criança, gestante, por-
pena de morte, eutanásia, pesquisas com células-tronco e tador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta)
aborto; quanto o direito de viver com dignidade, o que anos; 
engloba o respeito à integridade física, psíquica e moral, III - se o crime é cometido mediante sequestro.
incluindo neste aspecto a vedação da tortura, bem como § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função
a garantia de recursos que permitam viver a vida com dig- ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo
nidade. dobro do prazo da pena aplicada.
Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de
nos incisos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de graça ou anistia.
um dos direitos mais discutidos em termos jurisprudenciais § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo
e sociológicos. É no direito à vida que se encaixam polêmi-
a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em
cas discussões como: aborto de anencéfalo, pesquisa com
regime fechado.
células tronco, pena de morte, eutanásia, etc.
- Direito à liberdade
Vedação à tortura
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro-
De forma expressa no texto constitucional destaca-se
teção do direito à liberdade, delimitada em alguns incisos
a vedação da tortura, corolário do direito à vida, conforme
que o seguem.
previsão no inciso III do artigo 5º:
Liberdade e legalidade
Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem
a tratamento desumano ou degradante. Prevê o artigo 5º, II, CF:

A tortura é um dos piores meios de tratamento de- Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar
sumano, expressamente vedada em âmbito internacional, de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
como visto no tópico anterior. No Brasil, além da disciplina
constitucional, a Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997 define O princípio da legalidade se encontra delimitado neste
os crimes de tortura e dá outras providências, destacando- inciso, prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a fazer
-se o artigo 1º: ou deixar de fazer alguma coisa a não ser que a lei assim
determine. Assim, salvo situações previstas em lei, a pessoa
Art. 1º Constitui crime de tortura: tem liberdade para agir como considerar conveniente.
I - constranger alguém com emprego de violência ou Portanto, o princípio da legalidade possui estrita rela-
grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: ção com o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo à
a) com o fim de obter informação, declaração ou confis- pessoa é lícito. Somente é vedado o que a lei expressamen-
são da vítima ou de terceira pessoa; te estabelecer como proibido. A pessoa pode fazer tudo o
b) para provocar ação ou omissão de natureza crimi- que quiser, como regra, ou seja, agir de qualquer maneira
nosa; que a lei não proíba.
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autori- Liberdade de pensamento e de expressão
dade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso O artigo 5º, IV, CF prevê:
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
pessoal ou medida de caráter preventivo. Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamen-
to, sendo vedado o anonimato.
15 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio Zambitte.
Comentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comen-
tários à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: For- Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de
tium, 2008, p. 15. pensamento e da liberdade de expressão.

8
NOÇÕES DE DIREITO

Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé
Afinal, “o ser humano, através dos processos internos de como bem entender dentro dos limites da lei. Não há uma
reflexão, formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada crença ou religião que seja proibida, garantindo-se que a
mais do que a opinião de seu emitente. Assim, a regra profissão desta fé possa se realizar em locais próprios.
constitucional, ao consagrar a livre manifestação do pensa- Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos
mento, imprime a existência jurídica ao chamado direito de distintos, porém intrinsecamente relacionados de liberda-
opinião”16. Em outras palavras, primeiro existe o direito de des: a liberdade de crença; a liberdade de culto; e a liberda-
ter uma opinião, depois o de expressá-la. de de organização religiosa.
No mais, surge como corolário do direito à liberdade Consoante o magistério de José Afonso da Silva17, entra
de pensamento e de expressão o direito à escusa por con- na liberdade de crença a liberdade de escolha da religião,
vicção filosófica ou política: a liberdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade
(ou o direito) de mudar de religião, além da liberdade de
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por não aderir a religião alguma, assim como a liberdade de
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou descrença, a liberdade de ser ateu e de exprimir o agnos-
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação ticismo, apenas excluída a liberdade de embaraçar o livre
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação al- exercício de qualquer religião, de qualquer crença. A liber-
ternativa, fixada em lei. dade de culto consiste na liberdade de orar e de praticar
os atos próprios das manifestações exteriores em casa ou
Trata-se de instrumento para a consecução do direito em público, bem como a de recebimento de contribuições
assegurado na Constituição Federal – não basta permitir para tanto. Por fim, a liberdade de organização religiosa
que se pense diferente, é preciso respeitar tal posiciona- refere-se à possibilidade de estabelecimento e organização
mento. de igrejas e suas relações com o Estado.
Com efeito, este direito de liberdade de expressão é Como decorrência do direito à liberdade religiosa, as-
limitado. Um destes limites é o anonimato, que consiste na segurando o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF:
garantia de atribuir a cada manifestação uma autoria cer-
ta e determinada, permitindo eventuais responsabilizações Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a pres-
por manifestações que contrariem a lei. tação de assistência religiosa nas entidades civis e mili-
Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF: tares de internação coletiva.
Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade inte-
O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos
lectual, artística, científica e de comunicação, indepen-
prisionais civis e militares, mas também a hospitais.
dentemente de censura ou licença.
Ainda, surge como corolário do direito à liberdade reli-
giosa o direito à escusa por convicção religiosa:
Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expres-
são, referente de forma específica a atividades intelectuais,
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por
artísticas, científicas e de comunicação. Dispensa-se, com
relação a estas, a exigência de licença para a manifestação motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou po-
do pensamento, bem como veda-se a censura prévia. lítica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impe- a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alterna-
dir a divulgação e o acesso a informações como modo de tiva, fixada em lei.
controle do poder. A censura somente é cabível quando
necessária ao interesse público numa ordem democrática, Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por
por exemplo, censurar a publicação de um conteúdo de exemplo, a todos os homens maiores de 18 anos o alis-
exploração sexual infanto-juvenil é adequado. tamento militar, não cabe se escusar, a não ser que tenha
O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à in- fundado motivo em crença religiosa ou convicção filosó-
denização (artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapar- fica/política, caso em que será obrigado a cumprir uma
tida para aquele que teve algum direito seu violado (no- prestação alternativa, isto é, uma outra atividade que não
tadamente inerentes à privacidade ou à personalidade) contrarie tais preceitos.
em decorrência dos excessos no exercício da liberdade de
expressão. Liberdade de informação
O direito de acesso à informação também se liga a uma
Liberdade de crença/religiosa dimensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o ar-
Dispõe o artigo 5º, VI, CF: tigo 5º, XIV, CF:

Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciên- Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à in-
cia e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos formação e resguardado o sigilo da fonte, quando neces-
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção sário ao exercício profissional.
aos locais de culto e a suas liturgias.
16 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. 17 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional
Curso de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

9
NOÇÕES DE DIREITO

Trata-se da liberdade de informação, consistente na Dentro do espectro do direito de petição se insere, por
liberdade de procurar e receber informações e ideias por exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar
quaisquer meios, independente de fronteiras, sem interfe- cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de-
rência. núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez
A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públi-
passo que a liberdade de expressão tem uma caracterís- cos em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que
tica ativa, de forma que juntas formam os aspectos ativo gera confusões conceituais no sentido do direito de obter
e passivo da exteriorização da liberdade de pensamento: certidões ser dissociado do direito de petição.
não basta poder manifestar o seu próprio pensamento, é Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX,
preciso que ele seja ouvido e, para tanto, há necessidade CF:
de se garantir o acesso ao pensamento manifestado para
a sociedade. Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicida-
Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de de dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou
todos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a o interesse social o exigirem.
respeito de fatos que sejam de seu interesse, notadamente
pelos meios de comunicação imparciais e não monopoli- Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas
zados (artigo 220, CF). No entanto, nem sempre é possível o será quando a intimidade merecer preservação (ex: pro-
que a imprensa divulgue com quem obteve a informação cesso criminal de estupro ou causas de família em geral) ou
divulgada, sem o que a segurança desta poderia ficar pre- quando o interesse social exigir (ex: investigações que pos-
judicada e a informação inevitavelmente não chegaria ao sam ser comprometidas pela publicidade). A publicidade é
público. instrumento para a efetivação da liberdade de informação.
Especificadamente quanto à liberdade de informação
no âmbito do Poder Público, merecem destaque algumas Liberdade de locomoção
previsões. Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no ar-
Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF: tigo 5º, XV, CF:

Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território
órgãos públicos informações de seu interesse particular, nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra- termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus
zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas bens.
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e
do Estado. A liberdade de locomoção é um aspecto básico do di-
reito à liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o
A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 território do país em tempos de paz (em tempos de guerra
regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do é possível limitar tal liberdade em prol da segurança). A
art. 5º, CF, também conhecida como Lei do Acesso à Infor- liberdade de sair do país não significa que existe um direito
mação. de ingressar em qualquer outro país, pois caberá à ele, no
Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF: exercício de sua soberania, controlar tal entrada.
Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liber-
Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, indepen- dade. Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser pre-
dentemente do pagamento de taxas: sa nos casos autorizados pela própria Constituição Fede-
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa ral. A despeito da normativa específica de natureza penal,
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; reforça-se a impossibilidade de se restringir a liberdade de
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, locomoção pela prisão civil por dívida.
para defesa de direitos e esclarecimento de situações de in- Prevê o artigo 5º, LXVII, CF:
teresse pessoal.
Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívi-
Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cum- da, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário
pre observar que o direito de petição deve resultar em uma e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário
manifestação do Estado, normalmente dirimindo (resol- infiel.
vendo) uma questão proposta, em um verdadeiro exercí-
cio contínuo de delimitação dos direitos e obrigações que Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo
regulam a vida social e, desta maneira, quando “dificulta a Tribunal Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel,
apreciação de um pedido que um cidadão quer apresen- qualquer que seja a modalidade do depósito”. Por isso, a
tar” (muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça); única exceção à regra da prisão por dívida do ordenamento
“demora para responder aos pedidos formulados” (admi- é a que se refere à obrigação alimentícia.
nistrativa e, principalmente, judicialmente) ou “impõe res-
trições e/ou condições para a formulação de petição”, traz Liberdade de trabalho
a chamada insegurança jurídica, que traz desesperança e O direito à liberdade também é mencionado no artigo
faz proliferar as desigualdades e as injustiças. 5º, XIII, CF:

10
NOÇÕES DE DIREITO

Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer tra- Neste sentido, associações são organizações resultan-
balho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações tes da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou
profissionais que a lei estabelecer. sem personalidade jurídica, para a realização de um objeti-
vo comum; já cooperativas são uma forma específica de as-
O livre exercício profissional é garantido, respeitados sociação, pois visam a obtenção de vantagens comuns em
os limites legais. Por exemplo, não pode exercer a profissão suas atividades econômicas.
de advogado aquele que não se formou em Direito e não Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF:
foi aprovado no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil;
não pode exercer a medicina aquele que não fez faculdade Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser compul-
de medicina reconhecida pelo MEC e obteve o cadastro no soriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por
Conselho Regional de Medicina. decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em
julgado.
Liberdade de reunião
Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF: O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja,
a associação deixará de existir para sempre. Obviamente, é
Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamen- preciso o trânsito em julgado da decisão judicial que assim
te, sem armas, em locais abertos ao público, independen- determine, pois antes disso sempre há possibilidade de re-
temente de autorização, desde que não frustrem outra verter a decisão e permitir que a associação continue em
reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sen- funcionamento. Contudo, a decisão judicial pode suspender
do apenas exigido prévio aviso à autoridade competente. atividades até que o trânsito em julgado ocorra, ou seja, no
curso de um processo judicial.
Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com de- Em destaque, a legitimidade representativa da associa-
mais na defesa de uma causa, apenas possuindo o dever ção quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF:
de informar tal reunião. Tal dever remonta-se a questões de
segurança coletiva. Imagine uma grande reunião de pes- Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando ex-
soas por uma causa, a exemplo da Parada Gay, que chega pressamente autorizadas, têm legitimidade para represen-
a aglomerar milhões de pessoas em algumas capitais: seria
tar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o prévio aviso do
poder público para que ele organize o policiamento e a as-
Trata-se de caso de legitimidade processual extraordi-
sistência médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas
nária, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de
que tenham algum mal-estar no local. Outro limite é o uso
outra(s) pessoa(s) porque a lei assim autoriza.
de armas, totalmente vedado, assim como de substâncias
A liberdade de associação envolve não somente o direi-
ilícitas (Ex: embora a Marcha da Maconha tenha sido auto-
rizada pelo Supremo Tribunal Federal, vedou-se que nela to de criar associações e de fazer parte delas, mas também
tal substância ilícita fosse utilizada). o de não associar-se e o de deixar a associação, conforme
artigo 5º, XX, CF:
Liberdade de associação
No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º, Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a as-
XVII, CF: sociar-se ou a permanecer associado.

Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação - Direitos à privacidade e à personalidade
para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
Abrangência
A liberdade de associação difere-se da de reunião por Prevê o artigo 5º, X, CF:
sua perenidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é
exercida de forma sazonal, eventual, a liberdade de asso- Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida
ciação implica na formação de um grupo organizado que privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
se mantém por um período de tempo considerável, dotado direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente
de estrutura e organização próprias. de sua violação.
Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são asso-
ciações ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem armas O legislador opta por trazer correlacionados no mesmo
e o ideal de realizar sua própria justiça paralelamente à es- dispositivo legal os direitos à privacidade e à personalidade.
tatal. Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimida-
O texto constitucional se estende na regulamentação de, ao abordar a proteção da vida privada – que, em resu-
da liberdade de associação. mo, é a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio
O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza: e de círculos de amigos –, Silva18 entende que “o segredo
da vida privada é condição de expansão da personalidade”,
Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na for- mas não caracteriza os direitos de personalidade em si.
ma da lei, a de cooperativas independem de autorização, 18 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional
sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento. positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

11
NOÇÕES DE DIREITO

A união da intimidade e da vida privada forma a pri- Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se
vacidade, sendo que a primeira se localiza em esfera mais necessário o registro. Por ser instrumento que serve como
estrita. É possível ilustrar a vida social como se fosse um pressuposto ao exercício de direitos fundamentais, asse-
grande círculo no qual há um menor, o da vida privada, e gura-se a sua gratuidade aos que não tiverem condição de
dentro deste um ainda mais restrito e impenetrável, o da com ele arcar.
intimidade. Com efeito, pela “Teoria das Esferas” (ou “Teoria Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
dos Círculos Concêntricos”), importada do direito alemão,
quanto mais próxima do indivíduo, maior a proteção a ser Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconheci-
conferida à esfera (as esferas são representadas pela intimi- damente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nas-
dade, pela vida privada, e pela publicidade). cimento; b) a certidão de óbito.
“O direito à honra distancia-se levemente dos dois an-
teriores, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa
O reconhecimento do marco inicial e do marco final
tem de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fa-
zem os outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabi- da personalidade jurídica pelo registro é direito individual,
lidade no meio social. O direito à imagem também pos- não dependendo de condições financeiras. Evidente, seria
sui duas conotações, podendo ser entendido em sentido absurdo cobrar de uma pessoa sem condições a elabora-
objetivo, com relação à reprodução gráfica da pessoa, por ção de documentos para que ela seja reconhecida como
meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido viva ou morta, o que apenas incentivaria a indigência dos
subjetivo, significando o conjunto de qualidades cultivadas menos favorecidos.
pela pessoa e reconhecidas como suas pelo grupo social”19.
Direito à indenização e direito de resposta
Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspon- Com vistas à proteção do direito à privacidade, do di-
dência reito à personalidade e do direito à imagem, asseguram-se
Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a invio- dois instrumentos, o direito à indenização e o direito de
labilidade do domicílio e o sigilo das correspondências e resposta, conforme as necessidades do caso concreto.
comunicações. Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:
Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê:
Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta,
Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo,
proporcional ao agravo, além da indenização por dano ma-
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo-
terial, moral ou à imagem.
rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
“A manifestação do pensamento é livre e garantida
O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode em nível constitucional, não aludindo a censura prévia em
nele entrar sem o consentimento do morador, a não ser diversões e espetáculos públicos. Os abusos porventura
EM QUALQUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o ocorridos no exercício indevido da manifestação do pensa-
morador foi flagrado na prática de crime e fugiu para seu mento são passíveis de exame e apreciação pelo Poder Ju-
domicílio) ou desastre (incêndio, enchente, terremoto...) ou diciário com a consequente responsabilidade civil e penal
para prestar socorro (morador teve ataque do coração, está de seus autores, decorrentes inclusive de publicações inju-
sufocado, desmaiado...), e SOMENTE DURANTE O DIA por riosas na imprensa, que deve exercer vigilância e controle
determinação judicial. da matéria que divulga”20.
Quanto ao sigilo de correspondência e das comunica- O direito de resposta é o direito que uma pessoa tem
ções, prevê o artigo 5º, XII, CF: de se defender de críticas públicas no mesmo meio em
que foram publicadas garantida exatamente a mesma
Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência repercussão. Mesmo quando for garantido o direito de
e das comunicações telegráficas, de dados e das comunica- resposta não é possível reverter plenamente os danos
ções telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, causados pela manifestação ilícita de pensamento,
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
razão pela qual a pessoa inda fará jus à indenização.
investigação criminal ou instrução processual penal.
A manifestação ilícita do pensamento geralmente cau-
O sigilo de correspondência e das comunicações está sa um dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que
melhor regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996. pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econô-
mico e não econômico.
Personalidade jurídica e gratuidade de registro Dano material  é aquele que atinge o patrimônio
Quando se fala em reconhecimento como pessoa pe- (material ou imaterial) da vítima, podendo ser mensurado
rante a lei desdobra-se uma esfera bastante específica dos financeiramente e indenizado.
direitos de personalidade, consistente na personalidade ju- “Dano moral direto consiste na lesão a um interesse
rídica. Basicamente, consiste no direito de ser reconhecido que visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapa-
como pessoa perante a lei. trimonial contido nos direitos da personalidade (como a
19 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito cons- 20 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26.
titucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.

12
NOÇÕES DE DIREITO

vida, a integridade corporal, a liberdade, a honra, o decoro, - Direito à propriedade


a intimidade, os sentimentos afetivos, a própria imagem) O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote-
ou nos atributos da pessoa (como o nome, a capacidade, o ção do direito à propriedade, tanto material quanto intelec-
estado de família)”21. tual, delimitada em alguns incisos que o seguem.
Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Có-
digo Civil: Função social da propriedade material
O artigo 5º, XXII, CF estabelece:
Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à
administração da justiça ou à manutenção da ordem públi- Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de proprie-
ca, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a dade.
publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma
pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem pre- A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o
principal fator limitador deste direito:
juízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra,
a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins
Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua fun-
comerciais.
ção social.
- Direito à segurança A propriedade, segundo Silva23, “[...] não pode mais ser
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro- considerada como um direito individual nem como institui-
teção do direito à segurança. Na qualidade de direito in- ção do direito privado. [...] embora prevista entre os direitos
dividual liga-se à segurança do indivíduo como um todo, individuais, ela não mais poderá ser considerada puro di-
desde sua integridade física e mental, até a própria segu- reito individual, relativizando-se seu conceito e significado,
rança jurídica. especialmente porque os princípios da ordem econômica
No sentido aqui estudado, o direito à segurança pes- são preordenados à vista da realização de seu fim: assegu-
soal é o direito de viver sem medo, protegido pela soli- rar a todos existência digna, conforme os ditames da jus-
dariedade e liberto de agressões, logo, é uma maneira de tiça social. Se é assim, então a propriedade privada, que,
garantir o direito à vida. ademais, tem que atender a sua função social, fica vincula-
Nesta linha, para Silva22, “efetivamente, esse conjunto da à consecução daquele princípio”.
de direitos aparelha situações, proibições, limitações e pro- Com efeito, a proteção da propriedade privada está li-
cedimentos destinados a assegurar o exercício e o gozo de mitada ao atendimento de sua função social, sendo este o
algum direito individual fundamental (intimidade, liberda- requisito que a correlaciona com a proteção da dignidade
de pessoal ou a incolumidade física ou moral)”. da pessoa humana. A propriedade de bens e valores em
Especificamente no que tange à segurança jurídica, geral é um direito assegurado na Constituição Federal e,
tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: como todos os outros, se encontra limitado pelos demais
princípios conforme melhor se atenda à dignidade do ser
Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito ad- humano.
quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. A Constituição Federal delimita o que se entende por
função social:
Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroativida-
de da lei. Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urba-
Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do no, executada pelo Poder Público municipal, conforme dire-
trizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
Direito Brasileiro:
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
bem-estar de seus habitantes.
Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e
geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido
Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câ-
e a coisa julgada. mara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado mil habitantes, é o instrumento básico da política de desen-
segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. volvimento e de expansão urbana.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que
o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua
aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou função social quando atende às exigências fundamentais de
condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. ordenação da cidade expressas no plano diretor24.
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão
judicial de que já não caiba recurso. 23 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional
positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
21 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabilidad civil. 24 Instrumento básico de um processo de planejamento mu-
Buenos Aires: Astrea, 1982. nicipal para a implantação da política de desenvolvimento urbano,
22 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional norteando a ação dos agentes públicos e privados (Lei n. 10.257/2001
positivo... Op. Cit., p. 437. - Estatuto da cidade).

13
NOÇÕES DE DIREITO

Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a No que tange à desapropriação por necessidade ou
propriedade rural atende, simultaneamente, segundo crité- utilidade pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF:
rios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes
requisitos: Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento
I - aproveitamento racional e adequado; para desapropriação por necessidade ou utilidade pública,
II - utilização adequada dos recursos naturais disponí- ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização
veis e preservação do meio ambiente; em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constitui-
III - observância das disposições que regulam as rela- ção.
ções de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprie- Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF:
tários e dos trabalhadores.
Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urba-
Desapropriação nos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
No caso de desrespeito à função social da proprieda-
de cabe até mesmo desapropriação do bem, de modo que Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF:
pode-se depreender do texto constitucional duas possibili-
dades de desapropriação: por desrespeito à função social e Artigo 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel
por necessidade ou utilidade pública. como de interesse social, para fins de reforma agrária, auto-
A Constituição Federal prevê a possibilidade de desa- riza a União a propor a ação de desapropriação.
propriação por desatendimento à função social:
Artigo 184, §3º, CF. Cabe à lei complementar estabelecer
Artigo 182, § 4º, CF. É facultado ao Poder Público mu- procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o
nicipal, mediante lei específica para área incluída no plano processo judicial de desapropriação.
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do
solo urbano não edificado, subutilizado ou não utiliza- A desapropriação por utilidade ou necessidade pública
do, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, deve se dar mediante prévia e justa indenização em dinhei-
sucessivamente, de: ro. O Decreto-lei nº 3.365/1941 a disciplina, delimitando
I - parcelamento ou edificação compulsórios; o procedimento e conceituando utilidade pública, em seu
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial ur- artigo 5º:
bana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos Artigo 5º, Decreto-lei n. 3.365/1941. Consideram-se ca-
da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo sos de utilidade pública:
Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em a) a segurança nacional;
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real b) a defesa do Estado;
da indenização e os juros legais25. c) o socorro público em caso de calamidade;
d) a salubridade pública;
Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por in- e) a criação e melhoramento de centros de população,
teresse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural seu abastecimento regular de meios de subsistência;
que não esteja cumprindo sua função social, mediante f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas
prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, minerais, das águas e da energia hidráulica;
com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração,
prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua casas de saúde, clínicas, estações de clima e fontes medici-
emissão, e cuja utilização será definida em lei26. nais;
h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos;
Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou
serão indenizadas em dinheiro. logradouros públicos; a execução de planos de urbanização;
o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua
melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a cons-
25 Nota-se que antes de se promover a desapropriação de
imóvel urbano por desatendimento à função social é necessário tomar trução ou ampliação de distritos industriais;
duas providências, sucessivas: primeiro, o parcelamento ou edificação j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;
compulsórios; depois, o estabelecimento de imposto sobre a pro- k) a preservação e conservação dos monumentos históri-
priedade predial e territorial urbana progressivo no tempo. Se ambas cos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos
medidas restarem ineficazes, parte-se para a desapropriação por de- ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes
satendimento à função social. e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e,
26 A desapropriação em decorrência do desatendimento da ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente do-
função social é indenizada, mas não da mesma maneira que a desa-
tados pela natureza;
propriação por necessidade ou utilidade pública, já que na primeira
há violação do ordenamento constitucional pelo proprietário, mas na
l) a preservação e a conservação adequada de arquivos,
segunda não. Por isso, indeniza-se em títulos da dívida agrária, que na documentos e outros bens moveis de valor histórico ou ar-
prática não são tão valorizados quanto o dinheiro. tístico;

14
NOÇÕES DE DIREITO

m) a construção de edifícios públicos, monumentos co- I - a pequena e média propriedade rural, assim definida
memorativos e cemitérios; em lei, desde que seu proprietário não possua outra;
n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pou- II - a propriedade produtiva.
so para aeronaves; Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à
o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natu- propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento
reza científica, artística ou literária; dos requisitos relativos a sua função social.
p) os demais casos previstos por leis especiais.
Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo
Um grande problema que faz com que processos que 187:
tenham a desapropriação por objeto se estendam é a in-
devida valorização do imóvel pelo Poder Público, que ge- Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e exe-
ralmente pretende pagar valor muito abaixo do devido, ne- cutada na forma da lei, com a participação efetiva do setor
cessitando o Judiciário intervir em prol da correta avaliação. de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais,
Outra questão reside na chamada tredestinação, pela bem como dos setores de comercialização, de armazena-
qual há a destinação de um bem expropriado (desapropria- mento e de transportes, levando em conta, especialmente:
ção) a finalidade diversa da que se planejou inicialmente. I - os instrumentos creditícios e fiscais;
A tredestinação pode ser lícita ou ilícita. Será ilícita quan- II - os preços compatíveis com os custos de produção e a
do resultante de desvio do propósito original; e será líci- garantia de comercialização;
ta quando a Administração Pública dê ao bem finalidade III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;
diversa, porém preservando a razão do interesse público. IV - a assistência técnica e extensão rural;
V - o seguro agrícola;
Política agrária e reforma agrária VI - o cooperativismo;
Enquanto desdobramento do direito à propriedade VII - a eletrificação rural e irrigação;
imóvel e da função social desta propriedade, tem-se ainda VIII - a habitação para o trabalhador rural.
§ 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades
o artigo 5º, XXVI, CF:
agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais.
§ 2º Serão compatibilizadas as ações de política agrícola
Artigo 5º, XXVI, CF. A pequena propriedade rural, as-
e de reforma agrária.
sim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não
será objeto de penhora para pagamento de débitos decor-
As terras devolutas e públicas serão destinadas confor-
rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os
me a política agrícola e o plano nacional de reforma agrá-
meios de financiar o seu desenvolvimento.
ria (artigo 188, caput, CF). Neste sentido, “a alienação ou a
concessão, a qualquer título, de terras públicas com área
Assim, se uma pessoa é mais humilde e tem uma pe- superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física
quena propriedade será assegurado que permaneça com ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de
ela e a torne mais produtiva. prévia aprovação do Congresso Nacional”, salvo no caso de
A preservação da pequena propriedade em detrimento alienações ou concessões de terras públicas para fins de
dos grandes latifúndios improdutivos é uma das diretrizes- reforma agrária (artigo 188, §§ 1º e 2º, CF).
-guias da regulamentação da política agrária brasileira, que Os que forem favorecidos pela reforma agrária (ho-
tem como principal escopo a realização da reforma agrária. mens, mulheres, ambos, qualquer estado civil) não pode-
Parte da questão financeira atinente à reforma agrária rão negociar seus títulos pelo prazo de 10 anos (artigo 189,
se encontra prevista no artigo 184, §§ 4º e 5º, CF: CF).
Consta, ainda, que “a lei regulará e limitará a aquisição
Artigo 184, §4º, CF. O orçamento fixará anualmente ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física
o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que depen-
montante de recursos para atender ao programa de reforma derão de autorização do Congresso Nacional” (artigo 190,
agrária no exercício. CF).

Artigo 184, §5º, CF. São isentas de impostos federais, es- Usucapião
taduais e municipais as operações de transferência de imó- Usucapião é o modo originário de aquisição da pro-
veis desapropriados para fins de reforma agrária. priedade que decorre da posse prolongada por um lon-
go tempo, preenchidos outros requisitos legais. Em outras
Como a finalidade da reforma agrária é transformar palavras, usucapião é uma situação em que alguém tem a
terras improdutivas e grandes propriedades em atinentes à posse de um bem por um tempo longo, sem ser incomo-
função social, alguns imóveis rurais não podem ser abran- dado, a ponto de se tornar proprietário.
gidos pela reforma agrária: A Constituição regulamenta o acesso à propriedade
mediante posse prolongada no tempo – usucapião – em
Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para casos específicos, denominados usucapião especial urbana
fins de reforma agrária: e usucapião especial rural.

15
NOÇÕES DE DIREITO

O artigo 183 da Constituição regulamenta a usucapião Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja
especial urbana: pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os
seguintes requisitos específicos:
Art. 183, CF. Aquele que possuir como sua área urbana a) Imóvel rural
de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que
anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para estabelece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da
sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, Terra). É possível usucapir áreas menores que o módulo
desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural? Tem prevalecido o entendimento de que pode, mas
rural. é assunto muito controverso.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05
serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, de outubro de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se
independentemente do estado civil. a área é de até 25 hectares sim, pois já havia tal possibili-
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo dade antes da CF/88. Se área for maior (entre 25 ha e 50
possuidor mais de uma vez. ha) não.
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve mo-
usucapião. rar na área rural.
e) Nenhum outro imóvel.
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado
pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os a área produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro
seguintes requisitos específicos: labore”. Dependerá do caso concreto.
a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da locali-
zação, área urbana é a que está dentro do perímetro urba- Uso temporário
no. Pela teoria da destinação, mais importante que a locali- No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao di-
zação é a sua utilização. Ex.: se tem fins agrícolas/pecuários reito de propriedade que não possui o caráter definitivo
e estiver dentro do perímetro urbana, o imóvel é rural. Para da desapropriação, mas é temporária, conforme artigo 5º,
fins de usucapião a maioria diz que prevalece a teoria da
XXV, CF:
localização.
b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse
Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo públi-
maior isolar área de 250m² e ingressar com a ação? A juris-
co, a autoridade competente poderá usar de propriedade
prudência é pacífica que a posse desde o início deve ficar
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior,
restrita a 250m². Predomina também que o terreno deve
se houver dano.
ter 250m², não a área construída (a área de um sobrado,
por exemplo, pode ser maior que a de um terreno).
Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação
c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição
Federal de 1988 que criou esta modalidade. E se antes de perigo, o poder público pode se utilizar dela (ex: mon-
de 05 de outubro de 1988 uma pessoa tivesse há 4 anos tar uma base para capturar um fugitivo), pois o interesse
dentro do limite da usucapião urbana? Predominou que da coletividade é maior que o do indivíduo proprietário.
só corria o prazo a partir da criação do instituto, não só
porque antes não existia e o prazo não podia correr, como Direito sucessório
também não se poderia prejudicar o proprietário. O direito sucessório aparece como uma faceta do di-
d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse, reito à propriedade, encontrando disciplina constitucional
é preciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família, no artigo 5º, XXX e XXXI, CF:
ao longo de todo o prazo (não só no início ou no final).
Logo, não cabe acessio temporis por cessão da posse. Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança;
e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no
Brasil. O usucapiente não prova isso, apenas alega. Se al- Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estran-
guém não quiser a usucapião, prova o contrário. Este re- geiros situados no País será regulada pela lei brasileira em
quisito é verificado no momento em que completa 5 anos. benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que
Em relação à previsão da usucapião especial rural, des- não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.
taca-se o artigo 191, CF:
O direito à herança envolve o direito de receber – seja
Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imó- devido a uma previsão legal, seja por testamento – bens
vel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos inin- de uma pessoa que faleceu. Assim, o patrimônio passa
terruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não para outra pessoa, conforme a vontade do falecido e/ou
superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu a lei determine. A Constituição estabelece uma disciplina
trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adqui- específica para bens de estrangeiros situados no Brasil, as-
rir-lhe-á a propriedade. segurando que eles sejam repassados ao cônjuge e filhos
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiri- brasileiros nos termos da lei mais benéfica (do Brasil ou do
dos por usucapião. país estrangeiro).

16
NOÇÕES DE DIREITO

Direito do consumidor a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os


Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF: direitos autorais, isto é, “os direitos de autor e os que lhes
são conexos”.
Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da O artigo 7° do referido diploma considera como obras
lei, a defesa do consumidor. intelectuais que merecem a proteção do direito do autor
os textos de obras de natureza literária, artística ou científi-
O direito do consumidor liga-se ao direito à proprieda-
ca; as conferências, sermões e obras semelhantes; as obras
de a partir do momento em que garante à pessoa que irá
adquirir bens e serviços que estes sejam entregues e pres- cinematográficas e televisivas; as composições musicais;
tados da forma adequada, impedindo que o fornecedor se fotografias; ilustrações; programas de computador; coletâ-
enriqueça ilicitamente, se aproveite de maneira indevida da neas e enciclopédias; entre outras.
posição menos favorável e de vulnerabilidade técnica do Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis,
consumidor. inalienáveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o di-
O Direito do Consumidor pode ser considerado um reito de reivindicar a autoria da obra, ter seu nome divul-
ramo recente do Direito. No Brasil, a legislação que o re- gado na utilização desta, assegurar a integridade desta ou
gulamentou foi promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº modificá-la e retirá-la de circulação se esta passar a afron-
8.078, de 11 de setembro de 1990, conforme determinado tar sua honra ou imagem.
pela Constituição Federal de 1988, que também estabele-
Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos ar-
ceu no artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais
tigos 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos
Transitórias:
contados do primeiro ano seguinte à sua morte ou do
Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento falecimento do último coautor, ou contados do primeiro
e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará có- ano seguinte à divulgação da obra se esta for de natureza
digo de defesa do consumidor. audiovisual ou fotográfica. Estes, por sua vez, abrangem,
basicamente, o direito de dispor sobre a reprodução, edi-
A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi ção, adaptação, tradução, utilização, inclusão em bases de
um grande passo para a proteção da pessoa nas relações dados ou qualquer outra modalidade de utilização; sendo
de consumo que estabeleça, respeitando-se a condição de que estas modalidades de utilização podem se dar a título
hipossuficiente técnico daquele que adquire um bem ou oneroso ou gratuito.
faz uso de determinado serviço, enquanto consumidor.
“Os direitos autorais, também conhecidos como copyri-
ght (direito de cópia), são considerados bens móveis, po-
Propriedade intelectual
Além da propriedade material, o constituinte protege dendo ser alienados, doados, cedidos ou locados. Ressalte-
também a propriedade intelectual, notadamente no artigo -se que a permissão a terceiros de utilização de criações
5º, XXVII, XXVIII e XXIX, CF: artísticas é direito do autor. [...] A proteção constitucional
abrange o plágio e a contrafação. Enquanto que o primei-
Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito ex- ro caracteriza-se pela difusão de obra criada ou produzida
clusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas por terceiros, como se fosse própria, a segunda configura
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; a reprodução de obra alheia sem a necessária permissão
do autor”27.
Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras
- Direitos de acesso à justiça
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, in-
A formação de um conceito sistemático de acesso à
clusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento eco- justiça se dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apon-
nômico das obras que criarem ou de que participarem aos taram três ondas de acesso, isto é, três posicionamentos
criadores, aos intérpretes e às respectivas representações básicos para a realização efetiva de tal acesso. Tais ondas
sindicais e associativas; foram percebidas paulatinamente com a evolução do Di-
reito moderno conforme implementadas as bases da onda
Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de in- anterior, quer dizer, ficou evidente aos autores a emergên-
ventos industriais privilégio temporário para sua utiliza- cia de uma nova onda quando superada a afirmação das
ção, bem como proteção às criações industriais, à proprie- premissas da onda anterior, restando parcialmente imple-
dade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos mentada (visto que até hoje enfrentam-se obstáculos ao
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvi- pleno atendimento em todas as ondas).
mento tecnológico e econômico do País.
27 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais:
Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da Repú-
que deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto blica Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas,
sob o patrimonial. No âmbito infraconstitucional brasileiro, 1997.

17
NOÇÕES DE DIREITO

Primeiro, Cappelletti e Garth28 entendem que surgiu O constituinte, ciente de que não basta garantir o aces-
uma onda de concessão de assistência judiciária aos po- so ao Poder Judiciário, sendo também necessária a efeti-
bres, partindo-se da prestação sem interesse de remunera- vidade processual, incluiu pela Emenda Constitucional nº
ção por parte dos advogados e, ao final, levando à criação 45/2004 o inciso LXXVIII ao artigo 5º da Constituição:
de um aparato estrutural para a prestação da assistência
pelo Estado. Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e ad-
Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Gar- ministrativo, são assegurados a razoável duração do pro-
th29, veio a onda de superação do problema na representa- cesso e os meios que garantam a celeridade de sua trami-
ção dos interesses difusos, saindo da concepção tradicional tação.
de processo como algo restrito a apenas duas partes indi-  
vidualizadas e ocasionando o surgimento de novas institui- Com o tempo se percebeu que não bastava garantir
ções, como o Ministério Público. o acesso à justiça se este não fosse célere e eficaz. Não
Finalmente, Cappelletti e Garth30 apontam uma terceira significa que se deve acelerar o processo em detrimento
onda consistente no surgimento de uma concepção mais de direitos e garantias assegurados em lei, mas sim que é
ampla de acesso à justiça, considerando o conjunto de ins- preciso proporcionar um trâmite que dure nem mais e nem
tituições, mecanismos, pessoas e procedimentos utilizados: menos que o necessário para a efetiva realização da justiça
“[...] esse enfoque encoraja a exploração de uma ampla no caso concreto.
variedade de reformas, incluindo alterações nas formas de
procedimento, mudanças na estrutura dos tribunais ou a - Direitos constitucionais-penais
criação de novos tribunais, o uso de pessoas leigas ou pa-
raprofissionais, tanto como juízes quanto como defensores, Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de ex-
modificações no direito substantivo destinadas a evitar li- ceção
tígios ou facilitar sua solução e a utilização de mecanismos Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona:
privados ou informais de solução dos litígios. Esse enfoque,
em suma, não receia inovações radicais e compreensivas, Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem sen-
tenciado senão pela autoridade competente”, consolida o
que vão muito além da esfera de representação judicial”.
princípio do juiz natural que assegura a toda pessoa o direito
Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos
de conhecer previamente daquele que a julgará no processo
aspectos podem ser destacados: de um lado, deve criar-se
em que seja parte, revestindo tal juízo em jurisdição com-
o Poder Judiciário e se disponibilizar meios para que todas
petente para a matéria específica do caso antes mesmo do
as pessoas possam buscá-lo; de outro lado, não basta ga-
fato ocorrer.
rantir meios de acesso se estes forem insuficientes, já que
para que exista o verdadeiro acesso à justiça é necessário
Por sua vez, um desdobramento deste princípio encon-
que se aplique o direito material de maneira justa e célere. tra-se no artigo 5º, XXXVII, CF:
Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça,
prevê a Constituição em seu artigo 5º, XXXV: Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de
exceção.
Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente
criado para uma situação pretérita, bem como não reco-
O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o princí- nhecido como legítimo pela Constituição do país.
pio de Direito Processual Público subjetivo, também cunha-
do como Princípio da Ação, em que a Constituição garante Tribunal do júri
a necessária tutela estatal aos conflitos ocorrentes na vida A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o
em sociedade. Sempre que uma controvérsia for levada ao artigo 5º, XXXVIII, CF:
Poder Judiciário, preenchidos os requisitos de admissibili-
dade, ela será resolvida, independentemente de haver ou Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri,
não previsão específica a respeito na legislação. com a organização que lhe der a lei, assegurados:
Também se liga à primeira onda de acesso à justiça, a) a plenitude de defesa;
no que tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos b) o sigilo das votações;
favorecidos economicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF: c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurí- contra a vida.
dica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiên-
cia de recursos. O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que
28 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. julgam os seus pares. Entende-se ser direito fundamental
Tradução Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris o de ser julgado por seus iguais, membros da sociedade e
Editor, 1998, p. 31-32. não magistrados, no caso de determinados crimes que por
29 Ibid., p. 49-52 sua natureza possuem fortes fatores de influência emocio-
30 Ibid., p. 67-73 nal.

18
NOÇÕES DE DIREITO

Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao
a defesa técnica e deve ser mais ampla que a denominada princípio da igualdade numa concepção ampla, razão pela
ampla defesa assegurada em todos os procedimentos judi- qual práticas discriminatórias não podem ser aceitas. No
ciais e administrativos. entanto, o constituinte entendeu por bem prever tratamen-
Sigilo das votações envolve a realização de votações to específico a certas práticas criminosas.
secretas, preservando a liberdade de voto dos que com- Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF:
põem o conselho que irá julgar o ato praticado.
A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contu- Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime
do, a soberania dos veredictos veda a alteração das deci- inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão,
sões dos jurados, não a recorribilidade dos julgamentos do nos termos da lei.
Tribunal do Júri para que seja procedido novo julgamento
uma vez cassada a decisão recorrida, haja vista preservar A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes
o ordenamento jurídico pelo princípio do duplo grau de resultantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles
não cabe fiança (pagamento de valor para deixar a prisão
jurisdição.
provisória) e não se aplica o instituto da prescrição (perda
Por fim, a competência para julgamento é dos crimes
de pretensão de se processar/punir uma pessoa pelo de-
dolosos (em que há intenção ou ao menos se assume o
curso do tempo).
risco de produção do resultado) contra a vida, que são: ho- Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF:
micídio, aborto, induzimento, instigação ou auxílio a sui-
cídio e infanticídio. Sua competência não é absoluta e é Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafian-
mitigada, por vezes, pela própria Constituição (artigos 29, çáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
X / 102, I, b) e c) / 105, I, a) / 108, I). tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
Anterioridade e irretroatividade da lei respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo
O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza: evitá-los, se omitirem.

Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes
o defina, nem pena sem prévia cominação legal. termos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e
extingue totalmente a punibilidade, a graça e o indulto
É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena apenas extinguem a punibilidade, podendo ser parciais; a
sine praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio anistia, em regra, atinge crimes políticos, a graça e o in-
da legalidade (ou reserva legal), na medida em que não há dulto, crimes comuns; a anistia pode ser concedida pelo
crime sem lei que o defina, nem pena sem prévia comina- Poder Legislativo, a graça e o indulto são de competência
ção legal, e o princípio da anterioridade, posto que não há exclusiva do Presidente da República; a anistia pode ser
crime sem lei anterior que o defina. concedida antes da sentença final ou depois da condena-
Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem- ção irrecorrível, a graça e o indulto pressupõem o trânsito
-se o artigo 5º, XL, CF: em julgado da sentença condenatória; graça e o indulto
apenas extinguem a punibilidade, persistindo os efeitos do
Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para crime, apagados na anistia; graça é em regra individual e
beneficiar o réu. solicitada, enquanto o indulto é coletivo e espontâneo.
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar
que o artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra
O dispositivo consolida outra faceta do princípio da
crimes de tortura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos
anterioridade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha
(previstos na Lei nº 8.072 de 25 de julho de 1990). Além
definido um fato como crime e dado certo tratamento pe-
disso, são crimes que não aceitam fiança.
nal a este fato (ex.: pena de detenção ou reclusão, tempo Ainda, prevê o artigo 5º, XLIV, CF:
de pena, etc.) antes que ele ocorra; por outro lado, se vier
uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de crimes ou Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e im-
que confira tratamento mais benéfico (diminuindo a pena prescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
ou alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio da ir-
retroatividade da lei penal in pejus quanto o da retroativi- Por fim, dispõe a CF sobre a possibilidade de extradi-
dade da lei penal mais benéfica. ção de brasileiro naturalizado caso esteja envolvido com
tráfico ilícito de entorpecentes:
Menções específicas a crimes
O artigo 5º, XLI, CF estabelece: Artigo 5º, LI, CF. Nenhum brasileiro será extraditado,
salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado
Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento
atentatória dos direitos e liberdades fundamentais. em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na for-
ma da lei.

19
NOÇÕES DE DIREITO

Personalidade da pena A distinção do estabelecimento conforme a natureza


A personalidade da pena encontra respaldo no artigo do delito visa impedir que a prisão se torne uma faculdade
5º, XLV, CF: do crime. Infelizmente, o Estado não possui aparato sufi-
ciente para cumprir tal diretiva, diferenciando, no máximo,
Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa o nível de segurança das prisões. Quanto à idade, desta-
do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a cam-se as Fundações Casas, para cumprimento de medida
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, es- por menores infratores. Quanto ao sexo, prisões costumam
tendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite ser exclusivamente para homens ou para mulheres.
do valor do patrimônio transferido. Também se denota o respeito à individualização da
pena nesta faceta pelo artigo 5º, L, CF:
O princípio da personalidade encerra o comando de o
crime ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas con-
turno, a única pessoa passível de sofrer a sanção. Seria fla- dições para que possam permanecer com seus filhos duran-
grante a injustiça se fosse possível alguém responder pelos te o período de amamentação.
atos ilícitos de outrem: caso contrário, a reação, ao invés de
restringir-se ao malfeitor, alcançaria inocentes. Contudo, se Preserva-se a individualização da pena porque é toma-
uma pessoa deixou patrimônio e faleceu, este patrimônio da a condição peculiar da presa que possui filho no perío-
responderá pelas repercussões financeiras do ilícito. do de amamentação, mas também se preserva a dignidade
da criança, não a afastando do seio materno de maneira
Individualização da pena precária e impedindo a formação de vínculo pela amamen-
A individualização da pena tem por finalidade concre- tação.
tizar o princípio de que a responsabilização penal é sempre
pessoal, devendo assim ser aplicada conforme as peculia- Vedação de determinadas penas
ridades do agente. O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de
A primeira menção à individualização da pena se en- penas, consoante ao artigo 5º, XLVII, CF:
contra no artigo 5º, XLVI, CF:
Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da
termos do art. 84, XIX;
pena e adotará, entre outras, as seguintes:
b) de caráter perpétuo;
a) privação ou restrição da liberdade;
c) de trabalhos forçados;
b) perda de bens;
d) de banimento;
c) multa;
e) cruéis.
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos. Em resumo, o inciso consolida o princípio da humani-
dade, pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar
Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que
ser individualizada nos planos legislativo, judiciário e exe- lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados”31 .
cutório, evitando-se a padronização a sanção penal. A in- Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o
dividualização da pena significa adaptar a pena ao conde- constituinte não estabeleceu uma total vedação, autorizan-
nado, consideradas as características do agente e do delito. do-a nos casos de guerra declarada. Obviamente, deve-se
A pena privativa de liberdade é aquela que restringe, respeitar o princípio da anterioridade da lei, ou seja, a le-
com maior ou menor intensidade, a liberdade do condena- gislação deve prever a pena de morte ao fato antes dele ser
do, consistente em permanecer em algum estabelecimento praticado. No ordenamento brasileiro, este papel é cumpri-
prisional, por um determinado tempo. do pelo Código Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.001/1969),
A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição que prevê a pena de morte a ser executada por fuzilamento
do patrimônio do indivíduo delituoso. nos casos tipificados em seu Livro II, que aborda os crimes
A prestação social alternativa corresponde às penas militares em tempo de guerra.
restritivas de direitos, autônomas e substitutivas das penas Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quais-
privativas de liberdade, estabelecidas no artigo 44 do Có- quer circunstâncias as penas de caráter perpétuo, de traba-
digo Penal. lhos forçados, de banimento e cruéis.
Por seu turno, a individualização da pena deve também No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar
se fazer presente na fase de sua execução, conforme se de- que o trabalho obrigatório não é considerado um trata-
preende do artigo 5º, XLVIII, CF: mento contrário à dignidade do recluso, embora o trabalho
forçado o seja. O trabalho é obrigatório, dentro das condi-
Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabe- ções do apenado, não podendo ser cruel ou menosprezar
lecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a capacidade física e intelectual do condenado; como o
a idade e o sexo do apenado. 31 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 16.
ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1.

20
NOÇÕES DE DIREITO

trabalho não existe independente da educação, cabe in- Vedação de provas ilícitas
centivar o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o Conforme o artigo 5º, LVI, CF:
trabalho deve se aproximar da realidade do mundo exter-
no, será remunerado; além disso, condições de dignidade e Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as pro-
segurança do trabalhador, como descanso semanal e equi- vas obtidas por meios ilícitos.
pamentos de proteção, deverão ser respeitados.
Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao arti-
Respeito à integridade do preso go 157 do CPP, são as obtidas em violação a normas cons-
Prevê o artigo 5º, XLIX, CF: titucionais ou legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra
de direito material, constitucional ou legal, no momento
Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito da sua obtenção. São vedadas porque não se pode aceitar
à integridade física e moral. o descumprimento do ordenamento para fazê-lo cumprir:
seria paradoxal.
Obviamente, o desrespeito à integridade física e mo-
ral do preso é uma violação do princípio da dignidade da Presunção de inocência
pessoa humana. Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII:
Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade
estão mencionados no próprio artigo 5º da Constituição Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado
Federal. Em primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura e até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
de tratamentos desumanos e degradantes (artigo 5º, III,
CF), o que vale na execução da pena. Consolida-se o princípio da presunção de inocência,
No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF: pelo qual uma pessoa não é culpada até que, em definitivo,
o Judiciário assim decida, respeitados todos os princípios e
Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será garantias constitucionais.
submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
previstas em lei. Ação penal privada subsidiária da pública
Nos termos do artigo 5º, LIX, CF:
Se uma pessoa possui identificação civil, não há por-
que fazer identificação criminal, colhendo digitais, fotos,
Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos cri-
etc. Pensa-se que seria uma situação constrangedora des-
mes de ação pública, se esta não for intentada no prazo
necessária ao suspeito, sendo assim, violaria a integridade
legal.
moral.

Devido processo legal, contraditório e ampla defesa A chamada ação penal privada subsidiária da pública
Estabelece o artigo 5º, LIV, CF: encontra respaldo constitucional, assegurando que a omis-
são do poder público na atividade de persecução criminal
Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou não será ignorada, fornecendo-se instrumento para que o
de seus bens sem o devido processo legal. interessado a proponha.

Pelo princípio do devido processo legal a legislação Prisão e liberdade


deve ser respeitada quando o Estado pretender punir al- O constituinte confere espaço bastante extenso no ar-
guém judicialmente. Logo, o procedimento deve ser livre tigo 5º em relação ao tratamento da prisão, notadamente
de vícios e seguir estritamente a legislação vigente, sob por se tratar de ato que vai contra o direito à liberdade.
pena de nulidade processual. Obviamente, a prisão não é vedada em todos os casos, por-
Surgem como corolário do devido processo legal o que práticas atentatórias a direitos fundamentais implicam
contraditório e a ampla defesa, pois somente um procedi- na tipificação penal, autorizando a restrição da liberdade
mento que os garanta estará livre dos vícios. Neste sentido, daquele que assim agiu.
o artigo 5º, LV, CF: No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se:

Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla-
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o grante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a autoridade judiciária competente, salvo nos casos de trans-
ela inerentes. gressão militar ou crime propriamente militar, definidos em
lei.
O devido processo legal possui a faceta formal, pela
qual se deve seguir o adequado procedimento na aplica- Logo, a prisão somente se dará em caso de flagran-
ção da lei e, sendo assim, respeitar o contraditório e a am- te delito (necessariamente antes do trânsito em julgado),
pla defesa. Não obstante, o devido processo legal tem sua ou em caráter temporário, provisório ou definitivo (as duas
faceta material que consiste na tomada de decisões justas, primeiras independente do trânsito em julgado, preenchi-
que respeitem os parâmetros da razoabilidade e da pro- dos requisitos legais e a última pela irreversibilidade da
porcionalidade. condenação).

21
NOÇÕES DE DIREITO

Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação 4) Direitos fundamentais implícitos


ao juiz e à família ou pessoa indicada pelo preso: Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Fe-
deral:
Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o lo-
cal onde se encontre serão comunicados imediatamente ao Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta
juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
indicada. dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacio-
nais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Não obstante, o preso deverá ser informado de todos
os seus direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo Daí se depreende que os direitos ou garantias podem
entrar em contato com sua família e com um advogado, estar expressos ou implícitos no texto constitucional. Sen-
conforme artigo 5º, LXIII, CF: do assim, o rol enumerado nos incisos do artigo 5º é ape-
nas exemplificativo, não taxativo.
Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus di-
reitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe 5) Tratados internacionais incorporados ao ordena-
assegurada a assistência da família e de advogado. mento interno
Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garan-
Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF: tias podem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados
internacionais em que a República Federativa do Brasil
Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação seja parte”.
dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório Para o tratado internacional ingressar no ordenamen-
policial. to jurídico brasileiro deve ser observado um procedimento
complexo, que exige o cumprimento de quatro fases: a ne-
Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata gociação (bilateral ou multilateral, com posterior assinatura
do depoimento do interrogatório são assinados pelas au- do Presidente da República), submissão do tratado assina-
toridades envolvidas nas práticas destes atos procedimen- do ao Congresso Nacional (que dará referendo por meio
tais. do decreto legislativo), ratificação do tratado (confirmação
Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para da obrigação perante a comunidade internacional) e a pro-
que a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento, mulgação e publicação do tratado pelo Poder Executivo32.
tanto que assim prevê o artigo 5º, LXV, CF: Notadamente, quando o constituinte menciona os tratados
internacionais no §2º do artigo 5º refere-se àqueles que
Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente tenham por fulcro ampliar o rol de direitos do artigo 5º, ou
relaxada pela autoridade judiciária. seja, tratado internacional de direitos humanos.
O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originá-
Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previ- ria na Constituição Federal, conferindo o caráter de prima-
são do artigo 5º, LXVI, CF: zia dos direitos humanos, desde logo consagrando o prin-
cípio da primazia dos direitos humanos, como reconhecido
Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou pela doutrina e jurisprudência majoritários na época. “O
nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, princípio da primazia dos direitos humanos nas relações
com ou sem fiança. internacionais implica em que o Brasil deve incorporar os
tratados quanto ao tema ao ordenamento interno brasilei-
Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido ro e respeitá-los. Implica, também em que as normas vol-
ao princípio da presunção de inocência, entende-se que tadas à proteção da dignidade em caráter universal devem
ela não deve ser mantida presa quando não preencher os ser aplicadas no Brasil em caráter prioritário em relação a
requisitos legais para prisão preventiva ou temporária. outras normas”33.
Regra geral, os tratados internacionais comuns ingres-
Indenização por erro judiciário sam com força de lei ordinária no ordenamento jurídico
A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciá- brasileiro porque somente existe previsão constitucional
rio encontra-se no artigo 5º, LXXV, CF: quanto à possibilidade da equiparação às emendas consti-
tucionais se o tratado abranger matéria de direitos huma-
Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado nos. Antes da emenda alterou o quadro quanto aos trata-
por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do dos de direitos humanos, era o que acontecia, mas isso não
tempo fixado na sentença. significa que tais direitos eram menos importantes devido
ao princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos
Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação implícitos.
e julgamento de um processo criminal, resultando em con- 32 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos Fundamentais e
denação de alguém inocente. Neste caso, o Estado inde- Prisão Civil. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2008.
nizará. Ele também indenizará uma pessoa que ficar presa 33 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacio-
além do tempo que foi condenada a cumprir. nal Público e Privado. Salvador: JusPodivm, 2009.

22
NOÇÕES DE DIREITO

Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucio- Resume Mello35: “a Conferência das Nações Unidas so-
nal nº 45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Consti- bre a criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida
tuição Federal, de modo que os tratados internacionais de em Roma, em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é perma-
direitos humanos foram equiparados às emendas consti- nente. Tem sede em Haia. A corte tem personalidade inter-
tucionais, desde que houvesse a aprovação do tratado em nacional. Ela julga: a) crime de genocídio; b) crime contra
cada Casa do Congresso Nacional e obtivesse a votação em a humanidade; c) crime de guerra; d) crime de agressão.
dois turnos e com três quintos dos votos dos respectivos Para o crime de genocídio usa a definição da convenção
membros: de 1948. Como crimes contra a humanidade são citados:
assassinato, escravidão, prisão violando as normas inter-
Art. 5º, § 3º, CF. Os tratados e convenções interna- nacionais, violação tortura, apartheid, escravidão sexual,
cionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em prostituição forçada, esterilização, etc. São crimes de guer-
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três ra: homicídio internacional, destruição de bens não justifi-
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalen- cada pela guerra, deportação, forçar um prisioneiro a servir
tes às emendas constitucionais.  nas forças inimigas, etc.”.

Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados Direitos sociais


de direitos humanos que ingressarem no ordenamento ju- A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no
rídico brasileiro, versando sobre matéria de direitos huma- capítulo II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria
nos, irão passar por um processo de aprovação semelhante normas programáticas e que necessitam de uma postura
ao da emenda constitucional. interventiva estatal em prol da implementação.
Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à Os direitos assegurados nesta categoria encontram
possibilidade de considerar como hierarquicamente cons- menção genérica no artigo 6º, CF:
titucional os tratados internacionais de direitos humanos
que ingressaram no ordenamento jurídico brasileiro ante- Artigo 6º, CF. Art. 6º São direitos sociais a educação, a
riormente ao advento da referida emenda. Tal discussão se saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transpor-
deu com relação à prisão civil do depositário infiel, prevista te, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção
como legal na Constituição e ilegal no Pacto de São José à maternidade e à infância, a assistência aos desampa-
rados, na forma desta Constituição. 
da Costa Rica (tratado de direitos humanos aprovado antes
da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal Federal
Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado
firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de
Social de Direito. Em suma, são elencados os direitos huma-
direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição
nos de 2ª dimensão, notadamente conhecidos como direi-
que paralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não
tos econômicos, sociais e culturais. Em resumo, os direitos
revogaria a Constituição no ponto controverso).
sociais envolvem prestações positivas do Estado (diferente
dos de liberdade, que referem-se à postura de abstenção
6) Tribunal Penal Internacional
estatal), ou seja, políticas estatais que visem consolidar o
Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º: princípio da igualdade não apenas formalmente, mas ma-
terialmente (tratando os desiguais de maneira desigual).
Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de Por seu turno, embora no capítulo específico do Título
Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifes- II que aborda os direitos sociais não se perceba uma intensa
tado adesão. regulamentação destes, à exceção dos direitos trabalhistas,
  o Título VIII da Constituição Federal, que aborda a ordem
O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi social, se concentra em trazer normativas mais detalhadas
promulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de se- a respeitos de direitos indicados como sociais.
tembro de 2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em
Roma, no dia 17 de julho de 1998, regendo a competência 1) Igualdade material e efetivação dos direitos so-
e o funcionamento deste Tribunal voltado às pessoas res- ciais
ponsáveis por crimes de maior gravidade com repercussão Independentemente da categoria de direitos que este-
internacional (artigo 1º, ETPI). ja sendo abordada, a igualdade nunca deve aparecer num
“Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja ju- sentido meramente formal, mas necessariamente material.
risdição é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional Significa que discriminações indevidas são proibidas, mas
compete o processo e julgamento de violações contra indi- existem certas distinções que não só devem ser aceitas,
víduos; e, distintamente dos Tribunais de crimes de guerra como também se mostram essenciais.
da Iugoslávia e de Ruanda, criados para analisarem crimes No que tange aos direitos sociais percebe-se que a
cometidos durante esses conflitos, sua jurisdição não está igualdade material assume grande relevância. Afinal, esta
restrita a uma situação específica”34. categoria de direitos pressupõe uma postura ativa do Es-
tado em prol da efetivação. Nem todos podem arcar com
34 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público & 35 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Inter-
Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. nacional Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

23
NOÇÕES DE DIREITO

suas despesas de saúde, educação, cultura, alimentação e Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do
moradia, assim como nem todos se encontram na posição possível, embora viável, não pode servir de muleta para
de explorador da mão-de-obra, sendo a grande maioria da que o Estado não arque com obrigações básicas. Neste
população de explorados. Estas pessoas estão numa clara viés, geralmente, quando invocada a cláusula é afastada,
posição de desigualdade e caberá ao Estado cuidar para entendendo o Poder Judiciário que não cabe ao Estado se
que progressivamente atinjam uma posição de igualdade eximir de garantir direitos sociais com o simples argumen-
real, já que não é por conta desta posição desfavorável que to de que não há orçamento específico para isso – ele de-
se pode afirmar que são menos dignos, menos titulares de veria ter reservado parcela suficiente de suas finanças para
direitos fundamentais. atender esta demanda.
Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial,
alcançada pelo Estado em prol da consolidação da igual- que tem por fulcro limitar a discricionariedade político-ad-
dade material. Sendo assim, o Estado buscará o crescente ministrativa e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas a
aperfeiçoamento da oferta de serviços públicos com quali- serem seguidas, sob pena de caber a intervenção do Poder
dade para que todos os nacionais tenham garantidos seus Judiciário em prol de sua efetivação.
direitos fundamentais de segunda dimensão da maneira
mais plena possível. 3) Princípio da proibição do retrocesso
Há se ressaltar também que o Estado não possui ape- Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que
nas um papel direto na promoção dos direitos econômicos, uma conquista garantida na Constituição Federal sofra um
sociais e culturais, mas também um indireto, quando por retrocesso, de modo que um direito social garantido não
meio de sua gestão permite que os indivíduos adquiram pode deixar de o ser.
condições para sustentarem suas necessidades pertencen- Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso
tes a esta categoria de direitos. deve ser tomada com reservas, até mesmo porque segun-
do entendimento predominante as normas do artigo 7º,
2) Reserva do possível e mínimo existencial CF não são cláusula pétrea, sendo assim passíveis de alte-
Os direitos sociais serão concretizados gradualmente, ração. Se for alterada normativa sobre direito trabalhista
notadamente porque estão previstos em normas progra-
assegurado no referido dispositivo, não sendo o prejuízo
máticas e porque a implementação deles gera um ônus
evidente, entende-se válida (por exemplo, houve alteração
para o Estado. Diferentemente dos direitos individuais, que
do prazo prescricional diferenciado para os trabalhadores
dependem de uma postura de abstenção estatal, os direi-
agrícolas). O que, em hipótese alguma, pode ser aceito é
tos sociais precisam que o Estado assuma um papel ativo
um retrocesso evidente, seja excluindo uma categoria de
em prol da efetivação destes.
direitos (ex.: abolir o Sistema Único de Saúde), seja dimi-
A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma
nuindo sensivelmente a abrangência da proteção (ex.: ex-
Constituição, a despeito de um instante bem-intencionado
cluindo o ensino médio gratuito).
de palavras promovido pelo constituinte, pode levar à ne-
gativa, paradoxal – e, portanto, inadmissível – consequên- Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso:
cia de uma Carta Magna cujas finalidades não condigam se uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direito
com seus próprios prescritos, fato que deslegitima o Poder social, ela se torna vinculante e é impossível ao legislador
Público como determinador de que particulares respeitem alterar a Constituição para retirar este avanço? Por um lado,
os direitos fundamentais, já que sequer eles próprios, os a proibição do retrocesso merece ser tomada em conceito
administradores, conseguem cumprir o que consta de seu amplo, abrangendo inclusive decisões judiciais; por outro
Estatuto Máximo36. lado, a decisão judicial não tem por fulcro alterar a norma,
Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar o que somente é feito pelo legislador, e ele teria o direito
a cláusula da reserva do possível como argumento para a de prever que aquela decisão judicial não está incorporada
não implementação de determinado direito social – seja na proibição do retrocesso. A questão é polêmica e não há
pela absoluta ausência de recursos (reserva do possível fá- entendimento dominante.
tica), seja pela ausência de previsão orçamentária nos ter-
mos do artigo 167, CF (reserva do possível jurídica). 4) Direito individual do trabalho
O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que O artigo 7º da Constituição enumera os direitos indi-
os direitos sociais “não pode converter-se em promessa viduais dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos
constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Públi- individuais tipicamente trabalhistas, mas que não excluem
co, fraudando justas expectativas nele depositadas pela co- os demais direitos fundamentais (ex.: honra é um direito no
letividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento espaço de trabalho, sob pena de se incidir em prática de
de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de assédio moral).
infidelidade governamental ao que determina a própria Lei
Fundamental do Estado”37. Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra
36 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possível e mí-
despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de
nimo existencial: a pretensão de eficácia da norma constitucional em lei complementar, que preverá indenização compensatória,
face da realidade. Curitiba: Juruá, 2012, p. 56-57. dentre outros direitos.
37 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO.

24
NOÇÕES DE DIREITO

Significa que a demissão, se não for motivada por justa Cada trabalhador, dentro de sua categoria de empre-
causa, assegura ao trabalhador direitos como indenização go, seja ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário,
compensatória, entre outros, a serem arcados pelo empre- construtor civil, enfermeiro, recebe um salário base, chama-
gador. do de Piso Salarial, que é sua garantia de recebimento den-
tro de seu grau profissional. O Valor do Piso Salarial é esta-
Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de de- belecido em conformidade com a data base da categoria,
semprego involuntário. por isso ele é definido em conformidade com um acordo,
ou ainda com um entendimento entre patrão e trabalhador.
Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida
do empregador, o trabalhador que fique involuntariamente Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o
desempregado – entendendo-se por desemprego invo- disposto em convenção ou acordo coletivo.
luntário o que tenha origem num acordo de cessação do
contrato de trabalho – tem direito ao seguro-desemprego, O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão
a ser arcado pela previdência social, que tem o caráter de redução implique num prejuízo maior, por exemplo, demis-
são em massa durante uma crise, situações que devem ser
assistência financeira temporária.
negociadas em convenção ou acordo coletivo.
Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de ser-
Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior
viço.
ao mínimo, para os que percebem remuneração variável.
Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para pro- O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores,
teger o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é mesmo daqueles que recebem remuneração variável (ex.:
constituído de contas vinculadas, abertas em nome de baseada em comissões por venda e metas);
cada trabalhador, quando o empregador efetua o primeiro
depósito. O saldo da conta vinculada é formado pelos de- Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na
pósitos mensais efetivados pelo empregador, equivalentes remuneração integral ou no valor da aposentadoria.
a 8,0% do salário pago ao empregado, acrescido de atua-
lização monetária e juros. Com o FGTS, o trabalhador tem Também conhecido como gratificação natalina, foi ins-
a oportunidade de formar um patrimônio, que pode ser tituída no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o tra-
sacado em momentos especiais, como o da aquisição da balhador receba o correspondente a 1/12 (um doze avos)
casa própria ou da aposentadoria e em situações de dificul- da remuneração por mês trabalhado, ou seja, consiste no
dades, que podem ocorrer com a demissão sem justa causa pagamento de um salário extra ao trabalhador e ao apo-
ou em caso de algumas doenças graves. sentado no final de cada ano.

Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacio- Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno
nalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades superior à do diurno.
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimenta-
ção, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, trans- O adicional noturno é devido para o trabalho exercido
porte e previdência social, com reajustes periódicos que durante a noite, de modo que cada hora noturna sofre a re-
lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincula- dução de 7 minutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acrés-
ção para qualquer fim. cimo de 12,5% sobre o valor da hora diurna. Considera-se
T noturno, nas atividades urbanas, o trabalho realizado entre
rata-se de uma visível norma programática da Cons- as 22:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; nas
atividades rurais, é considerado noturno o trabalho execu-
tituição que tem por pretensão um salário mínimo que
tado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas
atenda a todas as necessidades básicas de uma pessoa e
do dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00
de sua família. Em pesquisa que tomou por parâmetro o
horas do dia seguinte.
preceito constitucional, detectou-se que “o salário mínimo
do trabalhador brasileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47 Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei,
em abril para que ele suprisse suas necessidades básicas e constituindo crime sua retenção dolosa.
da família, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, 07,
pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Quanto ao possível crime de retenção de salário, não
Socioeconômicos (Dieese)”38. há no Código Penal brasileiro uma norma que determina a
ação de retenção de salário como crime. Apesar do artigo
Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e 7º, X, CF dizer que é crime a retenção dolosa de salário,
à complexidade do trabalho. o dispositivo é norma de eficácia limitada, pois depende
de lei ordinária, ainda mais porque qualquer norma penal
38 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario-mini- incriminadora é regida pela legalidade estrita (artigo 5º,
mo-deveria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril XXXIX, CF).

25
NOÇÕES DE DIREITO

Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resul- O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 ho-
tados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, ras para os turnos ininterruptos de revezamento, expres-
participação na gestão da empresa, conforme definido em samente ressalvando a hipótese de negociação coletiva,
lei. objetivou prestigiar a atuação da entidade sindical. Entre-
tanto, a jurisprudência evoluiu para uma interpretação res-
A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é tritiva de seu teor, tendo como parâmetro o fato de que
conhecida também por Programa de Participação nos Re- o trabalho em turnos ininterruptos é por demais desgas-
sultados (PPR), está prevista na Consolidação das Leis do tante, penoso, além de trazer malefícios de ordem fisio-
Trabalho (CLT) desde a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro lógica para o trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito
de 2000. Ela funciona como um bônus, que é ofertado pelo psicossocial já que dificulta o convívio em sociedade e com
empregador e negociado com uma comissão de trabalha- a própria família.
dores da empresa. A CLT não obriga o empregador a forne-
cer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado. Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, pre-
ferencialmente aos domingos.
Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do
dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei. O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e
quatro) horas consecutivas, devendo ser concedido prefe-
Salário-família é o benefício pago na proporção do rencialmente aos domingos, sendo garantido a todo traba-
respectivo número de filhos ou equiparados de qualquer lhador urbano, rural ou doméstico. Havendo necessidade
condição até a idade de quatorze anos ou inválido de qual- de trabalho aos domingos, desde que previamente auto-
quer idade, independente de carência e desde que o salá- rizados pelo Ministério do Trabalho, aos trabalhadores é
rio-de-contribuição seja inferior ou igual ao limite máximo assegurado pelo menos um dia de repouso semanal re-
permitido. De acordo com a Portaria Interministerial MPS/ munerado coincidente com um domingo a cada período,
MF nº 19, de 10/01/2014, valor do salário-família será de dependendo da atividade (artigo 67, CLT).
R$ 35,00, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido,
Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas
para quem ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador que
com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal.
receber de R$ 682,51 até R$ 1.025,81, o valor do salário-
-família por filho de até 14 anos de idade ou inválido de
O salário das férias deve ser superior em pelo menos
qualquer idade será de R$ 24,66.
um terço ao valor da remuneração normal, com todos os
adicionais e benefícios aos quais o trabalhador tem direi-
Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não su-
to. A cada doze meses de trabalho – denominado período
perior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
aquisitivo – o empregado terá direito a trinta dias corridos
facultada a compensação de horários e a redução da jorna- de férias, se não tiver faltado injustificadamente mais de
da, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias das férias
serão diminuídos de acordo com o número de faltas).
Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraor-
dinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo
normal. do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte
dias.
A legislação trabalhista vigente estabelece que a du-
ração normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de O salário da trabalhadora em licença é chamado de
8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, salário-maternidade, é pago pelo empregador e por ele
no máximo. Todavia, poderá a jornada diária de trabalho descontado dos recolhimentos habituais devidos à Previ-
dos empregados maiores ser acrescida de horas suple- dência Social. A trabalhadora pode sair de licença a partir
mentares, em número não excedentes a duas, no máximo, do último mês de gestação, sendo que o período de licen-
para efeito de serviço extraordinário, mediante acordo in- ça é de 120 dias. A Constituição também garante que, do
dividual, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença momento em que se confirma a gravidez até cinco meses
normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade im- após o parto, a mulher não pode ser demitida.
periosa, poderá ser prorrogada além do limite legalmente
permitido. A remuneração do serviço extraordinário, des- Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fi-
de a promulgação da Constituição Federal, deverá cons- xados em lei.
tar, obrigatoriamente, do acordo, convenção ou sentença
normativa, e será, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade
superior à da hora normal. para estar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a
mãe nos processos pós-operatórios.
Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o traba-
lho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da
salvo negociação coletiva. mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei.

26
NOÇÕES DE DIREITO

Embora as mulheres sejam maioria na população de O adicional de periculosidade é um valor devido ao


10 anos ou mais de idade, elas são minoria na população empregado exposto a atividades perigosas. São conside-
ocupada, mas estão em maioria entre os desocupados. radas atividades ou operações perigosas, aquelas que, por
Acrescenta-se ainda, que elas são maioria também na po- sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco
pulação não economicamente ativa. Além disso, ainda há acentuado em virtude de exposição permanente do tra-
relevante diferença salarial entre homens e mulheres, sen- balhador a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; e a
do que os homens recebem mais porque os empregadores roubos ou outras espécies de violência física nas atividades
entendem que eles necessitam de um salário maior para profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. O valor
manter a família. Tais disparidades colocam em evidência do adicional de periculosidade será o salário do empre-
que o mercado de trabalho da mulher deve ser protegido gado acrescido de 30%, sem os acréscimos resultantes de
de forma especial. gratificações, prêmios ou participações nos lucros da em-
presa.
Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tem- O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem enten-
po de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos dimento unânime sobre a possibilidade de cumulação des-
da lei. tes adicionais.

Nas relações de emprego, quando uma das partes de- Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria.
seja rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por
prazo indeterminado, deverá, antecipadamente, notificar A aposentadoria é um benefício garantido a todo tra-
à outra parte, através do aviso prévio. O aviso prévio tem balhador brasileiro que pode ser usufruído por aquele que
por finalidade evitar a surpresa na ruptura do contrato de tenha contribuído ao Instituto Nacional de Seguridade
trabalho, possibilitando ao empregador o preenchimento Social (INSS) pelos prazos estipulados nas regras da Previ-
do cargo vago e ao empregado uma nova colocação no dência Social e tenha atingido as idades mínimas previstas.
mercado de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser Aliás, o direito à previdência social é considerado um direi-
trabalhado ou indenizado. to social no próprio artigo 6º, CF.
Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e
trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segu-
dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de ida-
rança.
de em creches e pré-escolas.
Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias
do trabalho salubre. Fiorillo39 destaca que o equilíbrio do
com mais de 16 anos tem a obrigação de oferecer um es-
meio ambiente do trabalho está sedimentado na salubri-
dade e na ausência de agentes que possam comprometer paço físico para que as mães deixem o filho de 0 a 6 meses,
a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores. enquanto elas trabalham. Caso não ofereçam esse espaço
aos bebês, a empresa é obrigada a dar auxílio-creche a mu-
Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as lher para que ela pague uma creche para o bebê de até 6
atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da meses. O valor desse auxílio será determinado conforme
lei. negociação coletiva na empresa (acordo da categoria ou
convenção). A empresa que tiver menos de 30 funcionárias
Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, mo- registradas não tem obrigação de conceder o benefício. É
lesto, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que facultativo (ela pode oferecer ou não). Existe a possibilida-
não é perigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção de de o benefício ser estendido até os 6 anos de idade e
e vigilância acima do comum. Ainda não há na legislação incluir o trabalhador homem. A duração do auxílio-creche
específica previsão sobre o adicional de penosidade. e o valor envolvido variarão conforme negociação coletiva
São consideradas atividades ou operações insalubres na empresa.
as que se desenvolvem excesso de limites de tolerância
para: ruído contínuo ou intermitente, ruídos de impacto, Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e
exposição ao calor e ao frio, radiações, certos agentes quí- acordos coletivos de trabalho.
micos e biológicos, vibrações, umidade, etc. O exercício de
trabalho em condições de insalubridade assegura ao traba- Neste dispositivo se funda o direito coletivo do tra-
lhador a percepção de adicional, incidente sobre o salário balho, que encontra regulamentação constitucional nos
base do empregado (súmula 228 do TST), ou previsão mais artigo 8º a 11 da Constituição. Pelas convenções e acor-
benéfica em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalen- dos coletivos, entidades representativas da categoria dos
te a 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau trabalhadores entram em negociação com as empresas na
máximo; 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau defesa dos interesses da classe, assegurando o respeito aos
médio; 10% (dez por cento), para insalubridade de grau direitos sociais;
mínimo.
39 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Am- Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação,
biental brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 21. na forma da lei.

27
NOÇÕES DE DIREITO

Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários,
homem, que pode ser feita, notadamente, qualificando o de exercício de funções e de critério de admissão por motivo
profissional para exercer trabalhos que não possam ser de- de sexo, idade, cor ou estado civil.
sempenhados por uma máquina (ex.: se criada uma máqui-
na que substitui o trabalhador, deve ser ele qualificado para Há uma tendência de se remunerar melhor homens
que possa operá-la). brancos na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo
patente a diferença remuneratória para com pessoas de
Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de tra- diferente etnia, faixa etária ou sexo. Esta distinção atenta
balho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização contra o princípio da igualdade e não é aceita pelo consti-
a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa. tuinte, sendo possível inclusive invocar a equiparação sala-
rial judicialmente.
Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tratar
do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a defi- Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discrimina-
nição de doenças e acidentes do trabalho. Não se trata de ção no tocante a salário e critérios de admissão do trabalha-
legislação específica sobre o tema, mas sim de uma norma dor portador de deficiência.
que dispõe sobre as modalidades de benefícios da previ-
dência social. Referida Lei, em seu artigo 19 da preceitua A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas li-
que acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do mitações, possui condições de ingressar no mercado de
trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do traba- trabalho e não pode ser preterida meramente por conta de
lho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional sua deficiência.
que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho. Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre traba-
Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contri- lho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
buição com natureza de tributo que as empresas pagam respectivos.
para custear benefícios do INSS oriundos de acidente de
trabalho ou doença ocupacional, cobrindo a aposentadoria Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igual-
mente relevantes e contribuem todos para a sociedade,
especial. A alíquota normal é de um, dois ou três por cen-
não cabendo a desvalorização de um trabalho apenas por
to sobre a remuneração do empregado, mas as empresas
se enquadrar numa ou outra categoria.
que expõem os trabalhadores a agentes nocivos químicos,
físicos e biológicos precisam pagar adicionais diferencia-
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno,
dos. Assim, quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas
perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qual-
atualmente o Ministério da Previdência Social pode alterar
quer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na
a alíquota se a empresa investir na segurança do trabalho. condição de aprendiz, a partir de quatorze anos.
Neste sentido, nada impede que a empresa seja res-
ponsabilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabele-
o trabalhador. Na atualidade entende-se que a possibili- cendo-se uma idade mínima para trabalho e proibindo-se
dade de cumulação do benefício previdenciário, assim o trabalho em condições desfavoráveis.
compreendido como prestação garantida pelo Estado ao
trabalhador acidentado (responsabilidade objetiva) com Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o tra-
a indenização devida pelo empregador em caso de culpa balhador com vínculo empregatício permanente e o tra-
(responsabilidade subjetiva), é pacífica, estando ampla- balhador avulso.
mente difundida na jurisprudência do Tribunal Superior do
Trabalho; Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias em-
presas, mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores
Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultan- de mão-de-obra, possuindo os mesmos direitos que um
tes das relações de trabalho, com prazo prescricional de trabalhador com vínculo empregatício permanente.
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como
limite de dois anos após a extinção do contrato de tra- PEC das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único
balho. do artigo 7º:

Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à cate-
jurisdicional para assegurar direitos violados. Sendo assim, goria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos
há um período de tempo que o empregado tem para re- nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI,
querer seu direito na Justiça do Trabalho. A prescrição tra- XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições
balhista é sempre de 2 (dois) anos a partir do término do estabelecidas em lei e observada a simplificação do cum-
contrato de trabalho, atingindo as parcelas relativas aos 5 primento das obrigações tributárias, principais e acessórias,
(cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) anos durante a decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os
vigência do contrato de trabalho. previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como
a sua integração à previdência social. 

28
NOÇÕES DE DIREITO

5) Direito coletivo do trabalho A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre
Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos o exercício do direito de greve, define as atividades essen-
dos trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalha- ciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis da
dores, coletivamente ou no interesse de uma coletivida- comunidade, e dá outras providências. Enquanto não for
de, quais sejam: associação profissional ou sindical, greve, disciplinado o direito de greve dos servidores públicos, esta
substituição processual, participação e representação clas- é a legislação que se aplica, segundo o STF.
sista40. O direito de participação é previsto no artigo 10, CF:
A liberdade de associação profissional ou sindical tem
escopo no artigo 8º, CF: Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos trabalha-
dores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos
Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindi- em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam
cal, observado o seguinte: objeto de discussão e deliberação.
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão Por fim, aborda-se o direito de representação classista
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a no artigo 11, CF:
intervenção na organização sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos empre-
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria gados, é assegurada a eleição de um representante destes
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento
será definida pelos trabalhadores ou empregadores interes- direto com os empregadores.
sados, não podendo ser inferior à área de um Município;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes- Nacionalidade
ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que
questões judiciais ou administrativas; vem a ser corolário dos direitos políticos, já que somente um
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em nacional pode adquirir direitos políticos.
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga
se tratando de categoria profissional, será descontada em
um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele
folha, para custeio do sistema confederativo da representa-
passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim
ção sindical respectiva, independentemente da contribuição
de direitos e obrigações.
prevista em lei;
Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
não é a mesma coisa que população. População é o conjun-
filiado a sindicato;
to de pessoas residentes no país – inclui o povo, os estran-
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
geiros residentes no país e os apátridas.
negociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo- 1) Nacionalidade como direito humano fundamental
tado nas organizações sindicais; Os direitos humanos internacionais são completamente
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicali- contrários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o in-
zado a partir do registro da candidatura a cargo de direção divíduo que não possui o vínculo da nacionalidade com ne-
ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, nhum Estado. Logo, a nacionalidade é um direito da pessoa
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta humana, o qual não pode ser privado de forma arbitrária.
grave nos termos da lei. Não há privação arbitrária quando respeitados os critérios
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se legais previstos no texto constitucional no que tange à perda
à organização de sindicatos rurais e de colônias de pes- da nacionalidade. Em outras palavras, o constituinte brasilei-
cadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. ro não admite a figura do apátrida.
Contudo, é exatamente por ser um direito que a nacio-
O direito de greve, por seu turno, está previsto no ar- nalidade não pode ser uma obrigação, garantindo-se à pes-
tigo 9º, CF: soa o direito de deixar de ser nacional de um país e passar a
sê-lo de outro, mudando de nacionalidade, por um processo
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos conhecido como naturalização.
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em
sobre os interesses que devam por meio dele defender. seu artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma naciona-
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais lidade. II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua na-
e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis cionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade”.
da comunidade. A Convenção Americana sobre Direitos Humanos apro-
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às funda-se em meios para garantir que toda pessoa tenha
penas da lei. uma nacionalidade desde o seu nascimento ao adotar o cri-
tério do jus solis, explicitando que ao menos a pessoa terá a
40 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema- nacionalidade do território onde nasceu, quando não tiver
tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. direito a outra nacionalidade por previsões legais diversas.

29
NOÇÕES DE DIREITO

“Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa em território do país independentemente da nacionalidade


humana. Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um dos pais; e ius sanguinis, direito de sangue, que não depen-
indivíduo não pode ficar ao mero capricho de um governo, de do local de nascimento mas sim da descendência de um
de um governante, de um poder despótico, de decisões nacional do país (critério comum em países que tiveram
unilaterais, concebidas sem regras prévias, sem o contra- êxodo de imigrantes).
ditório, a defesa, que são princípios fundamentais de todo O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce
sistema jurídico que se pretenda democrático. A questão no território brasileiro – critério do ius soli, ainda que fi-
não pode ser tratada com relativismos, uma vez que é mui- lho de pais estrangeiros, desde que não sejam estrangeiros
to séria”41. que estejam a serviço de seu país ou de organismo inter-
Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e in- nacional (o que geraria um conflito de normas). Contudo,
ternacional a previsão do direito de asilo, consistente no também é possível ser brasileiro nato ainda que não se te-
direito de buscar abrigo em outro país quando naquele do nha nascido no território brasileiro.
qual for nacional estiver sofrendo alguma perseguição. Tal No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato
perseguição não pode ter motivos legítimos, como a práti- também pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais
ca de crimes comuns ou de atos atentatórios aos princípios estiver a serviço do Brasil, é considerado brasileiro nato,
das Nações Unidas, o que subverteria a própria finalidade mesmo que nasça em outro país. Se qualquer dos pais não
desta proteção. Em suma, o que se pretende com o direi- estiverem a serviço do Brasil e a pessoa nascer no exte-
to de asilo é evitar a consolidação de ameaças a direitos rior é exigido que o nascido do exterior venha ao território
humanos de uma pessoa por parte daqueles que deve- brasileiro e aqui resida ou que tenha sido registrado em
riam protegê-los – isto é, os governantes e os entes sociais repartição competente, caso em que poderá, aos 18 anos,
como um todo –, e não proteger pessoas que justamente manifestar-se sobre desejar permanecer com a nacionali-
cometeram tais violações. dade brasileira ou não.

2) Naturalidade e naturalização b) Brasileiros naturalizados


O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem
são os nacionais brasileiros, dividindo-os em duas catego- Art. 12, CF. São brasileiros: [...]
rias: natos e naturalizados. Percebe-se que naturalidade é II - naturalizados:
diferente de nacionalidade – naturalidade é apenas o local a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalida-
de nascimento, nacionalidade é um efetivo vínculo com o de brasileira, exigidas aos originários de países de língua
Estado. portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto
Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira e idoneidade moral;
tanto por ter nascido no território brasileiro quanto por b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, resi-
voluntariamente se naturalizar como brasileiro, como se dentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze
percebe no teor do artigo 12, CF. O estrangeiro, num con- anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que
ceito tomado à base de exclusão, é todo aquele que não é requeiram a nacionalidade brasileira.
nacional brasileiro.
A naturalização deve ser voluntária e expressa.
a) Brasileiros natos O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a
Art. 12, CF. São brasileiros: questão da naturalização em mais detalhes, prevendo no
I - natos: artigo 112:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a con-
a serviço de seu país; cessão da naturalização:
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço II - ser registrado como permanente no Brasil;
da República Federativa do Brasil; III - residência contínua no território nacional, pelo
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores
mãe brasileira, desde que sejam registrados em reparti- ao pedido de naturalização;
ção brasileira competente ou venham a residir na Repú- IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as
blica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, condições do naturalizando;
depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade bra- V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à
sileira. manutenção própria e da família;
VI - bom procedimento;
Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação
atribuição da nacionalidade primária – nacional nato –, no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja comi-
notadamente: ius soli, direito de solo, o nacional nascido nada pena mínima de prisão, abstratamente considerada,
41 VALVERDE, Thiago Pellegrini. Comentários aos artigos XV e
superior a 1 (um) ano; e
XVI. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Univer- VIII - boa saúde.
sal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 87-88.

30
NOÇÕES DE DIREITO

Destaque vai para o requisito da residência contínua. Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasi-
Em regra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos leiro naturalizado como membro do Conselho da Repúbli-
contínuos, conforme o inciso III do referido artigo 112. No ca (artigos 89 e 90, CF); impossibilidade de ser proprietário
entanto, por previsão constitucional do artigo 12, II, “a”, se de empresa jornalística, de radiodifusão sonora e imagens,
o estrangeiro foi originário de país com língua portuguesa salvo se já naturalizado há 10 anos (artigo 222, CF); possi-
o prazo de residência contínua é reduzido para 1 ano. Daí bilidade de extradição do brasileiro naturalizado que tenha
se afirmar que o constituinte estabeleceu a naturalização praticado crime comum antes da naturalização ou, depois
ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização extraordiná- dela, crime de tráfico de drogas (artigo 5º, LI, CF).
ria no artigo 12, II, “a”.
Outra diferença sensível é que à naturalização ordinária 3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses
se aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, segun- Nos termos do artigo 12, § 1º, CF:
do o qual “a satisfação das condições previstas nesta Lei
não assegura ao estrangeiro direito à naturalização”. Logo, Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência
na naturalização ordinária não há direito subjetivo à na- permanente no País, se houver reciprocidade em favor de
turalização, mesmo que preenchidos todos os requisitos. brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao bra-
Trata-se de ato discricionário do Ministério da Justiça. O sileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.
mesmo não vale para a naturalização extraordinária, quan-
do há direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o
Judiciário para fazê-lo valer42. mesmo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado
de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República
c) Tratamento diferenciado Federativa do Brasil e a República Portuguesa, assinado em
A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou 22 de abril de 2000 (Decreto nº 3.927/2001).
naturalizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste As vantagens conferidas são: igualdade de direitos ci-
sentido, o artigo 12, § 2º, CF: vis, não sendo considerado um estrangeiro; gozo de direi-
tos políticos se residir há 3 anos no país, autorizando-se
Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distin-
o alistamento eleitoral. No caso de exercício dos direitos
ção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos ca-
políticos nestes moldes, os direitos desta natureza ficam
sos previstos nesta Constituição.
suspensos no outro país, ou seja, não exerce simultanea-
mente direitos políticos nos dois países.
Percebe-se que a Constituição simultaneamente esta-
belece a não distinção e se reserva ao direito de estabele-
4) Perda da nacionalidade
cer as hipóteses de distinção.
Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacio-
Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram
enumeradas no parágrafo seguinte. nalidade do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença ju-
Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato dicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
os cargos: II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; lei estrangeira;
III - de Presidente do Senado Federal; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangei-
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; ra, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como con-
V - da carreira diplomática; dição para permanência em seu território ou para o exercício
VI - de oficial das Forças Armadas; de direitos civis.
VII - de Ministro de Estado da Defesa.
A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818,
A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no de 18 de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e
exercício da presidência da República ou de cargo que pos- a reaquisição da nacionalidade, e a perda dos direitos po-
sa levar a esta posição provisoriamente deve ser natural do líticos. No processo deve ser respeitado o contraditório e
país (ausente o Presidente da República, seu vice-presiden- a iniciativa de propositura é do Procurador da República.
te desempenha o cargo; ausente este assume o Presiden- No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo,
te da Câmara; também este ausente, em seguida, exerce percebe-se a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea
o cargo o Presidente do Senado; e, por fim, o Presidente “a” aceita-se que a pessoa tenha nacionalidade brasileira
do Supremo pode assumir a presidência na ausência dos e outra se ao seu nascimento tiver adquirido simultanea-
anteriores – e como o Presidente do Supremo é escolhido mente a nacionalidade do Brasil e outro país; na alínea “b”
num critério de revezamento nenhum membro pode ser é reconhecida a mesma situação se a aquisição da nacio-
naturalizado); ou a de que o cargo ocupado possui forte nalidade do outro país for uma exigência para continuar
impacto em termos de representação do país ou de segu- lá permanecendo ou exercendo seus direitos civis, pois se
rança nacional. assim não o fosse o brasileiro seria forçado a optar por uma
42 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em telecon- nacionalidade e, provavelmente, se ver privado da naciona-
ferência. lidade brasileira.

31
NOÇÕES DE DIREITO

5) Deportação, expulsão e entrega c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de


A deportação representa a devolução compulsória de um tratado de extradição entre dois países ter sido cele-
um estrangeiro que tenha entrado ou esteja de forma ir- brado após a ocorrência do crime não impede a extradição.
regular no território nacional, estando prevista na Lei nº d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos):
6.815/1980, em seus artigos 57 e 58. Neste caso, não hou- Se o crime for apenado por qualquer das penas vedadas
ve prática de qualquer ato nocivo ao Brasil, havendo, pois, pelo artigo 5º, XLVII da CF, a extradição não será autoriza-
mera irregularidade de visto. da, salvo se houver a comutação da pena, transformação
A expulsão é a retirada “à força” do território brasi- para uma pena aceita no Brasil.
leiro de um estrangeiro que tenha praticado atos tipifica-
dos no artigo 65 e seu parágrafo único, ambos da Lei nº 7) Idioma e símbolos
6.815/1980: Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oficial da
República Federativa do Brasil.
Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o es- § 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a
trangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a seguran- bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
ça nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
moralidade pública e a economia popular, ou cujo proce- poderão ter símbolos próprios.
dimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses na-
cionais. Idioma é a língua falada pela população, que confere
Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o es- caráter diferenciado em relação à população do resto do
trangeiro que: mundo. Sendo assim, é manifestação social e cultural de
a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou per- uma nação.
manência no Brasil; Os símbolos, por sua vez, representam a imagem da
b) havendo entrado no território nacional com infração nação e permitem o seu reconhecimento nacional e inter-
à lei, dele não se retirar no prazo que lhe for determinado nacionalmente.
para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação; Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a pre-
c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou visão é feito dentro do capítulo do texto constitucional que
d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei aborda o tema.
para estrangeiro.
Direitos políticos
A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um Como mencionado, a nacionalidade é corolário dos di-
nacional a um tribunal internacional do qual o próprio país reitos políticos, já que somente um nacional pode adquirir
faz parte. É o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil en- direitos políticos. No entanto, nem todo nacional é titular
tregasse um brasileiro para julgamento pelo Tribunal Penal de direitos políticos. Os nacionais que são titulares de direi-
Internacional (competência reconhecida na própria Consti- tos políticos são denominados cidadãos. Significa afirmar
tuição no artigo 5º, §4º). que nem todo nacional brasileiro é um cidadão brasileiro,
mas somente aquele que for titular do direito de sufrágio
6) Extradição universal.
A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão
e da entrega. Extradição é um ato de cooperação interna- 1) Sufrágio universal
cional que consiste na entrega de uma pessoa, acusada ou A primeira parte do artigo 14, CF, prevê que “a sobera-
condenada por um ou mais crimes, ao país que a reclama. nia popular será exercida pelo sufrágio universal [...]”.
O Brasil, sob hipótese alguma, extraditará brasileiros natos Sufrágio universal é a soma de duas capacidades elei-
mas quanto aos naturalizados assim permite caso tenham torais, a capacidade ativa – votar e exercer a democracia
praticado crimes comuns (exceto crimes políticos e/ou de direta – e a capacidade passiva – ser eleito como represen-
opinião) antes da naturalização, ou, mesmo depois da na- tante no modelo da democracia indireta. Ou ainda, sufrá-
turalização, em caso de envolvimento com o tráfico ilícito gio universal é o direito de todos cidadãos de votar e ser
de entorpecentes (artigo 5º, LI e LII, CF). votado. O voto, que é o ato pelo qual se exercita o sufrágio,
Aplicam-se os seguintes princípios à extradição: deverá ser direto e secreto.
a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangei- Para ter capacidade passiva é necessário ter a ativa,
ro só pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime mas não apenas isso, há requisitos adicionais. Sendo assim,
objeto do pedido de extradição. O importante é que o ex- nem toda pessoa que tem capacidade ativa tem também
traditado só seja submetido às penas relativas aos crimes capacidade passiva, embora toda pessoa que tenha capaci-
que foram objeto do pedido de extradição. dade passiva tenha necessariamente a ativa.
b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado
deve ser punível no Estado requerente e no Brasil. Logo, 2) Democracia direta e indireta
além do fato ser típico em ambos os países, deve ser puní- Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo su-
vel em ambos (se houve prescrição em algum dos países, p. frágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
ex., não pode ocorrer a extradição). para todos, e, nos termos da lei, mediante:

32
NOÇÕES DE DIREITO

I - plebiscito; Quanto aos conscritos, são aqueles que estão prestan-


II - referendo; do serviço militar obrigatório, pois são necessárias tropas
III - iniciativa popular. disponíveis para os dias da eleição.

A democracia brasileira adota a modalidade semidire- 4) Elegibilidade


ta, porque possibilita a participação popular direta no po- O artigo 14, §§ 3º e 4º, CF, descrevem as condições de
der por intermédio de processos como o plebiscito, o refe- elegibilidade, ou seja, os requisitos que devem ser preen-
rendo e a iniciativa popular. Como são hipóteses restritas, chidos para que uma pessoa seja eleita, no exercício de sua
pode-se afirmar que a democracia indireta é predominan- capacidade passiva do sufrágio universal.
temente adotada no Brasil, por meio do sufrágio univer-
sal e do voto direto e secreto com igual valor para todos. Artigo 14, § 3º, CF. São condições de elegibilidade, na
Quanto ao voto direto e secreto, trata-se do instrumento forma da lei:
para o exercício da capacidade ativa do sufrágio universal. I - a nacionalidade brasileira;
Por seu turno, o que diferencia o plebiscito do refe- II - o pleno exercício dos direitos políticos;
rendo é o momento da consulta à população: no plebis- III - o alistamento eleitoral;
cito, primeiro se consulta a população e depois se toma a IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
decisão política; no referendo, primeiro se toma a decisão V - a filiação partidária;
política e depois se consulta a população. Embora os dois VI - a idade mínima de:
partam do Congresso Nacional, o plebiscito é convocado, a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente
ao passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV, CF), am- da República e Senador;
bos por meio de decreto legislativo. O que os assemelha é b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de
que os dois são “formas de consulta ao povo para que de- Estado e do Distrito Federal;
libere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
constitucional, legislativa ou administrativa”43. Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
Na iniciativa popular confere-se à população o poder d) dezoito anos para Vereador.
de apresentar projeto de lei à Câmara dos Deputados,
Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os
mediante assinatura de 1% do eleitorado nacional, distri-
analfabetos.
buído por 5 Estados no mínimo, com não menos de 0,3%
dos eleitores de cada um deles. Em complemento, prevê o
Dos incisos I a III denotam-se requisitos correlatos à
artigo 61, §2°, CF:
nacionalidade e à titularidade de direitos políticos. Logo,
para ser eleito é preciso ser cidadão.
Art. 61, § 2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida
O domicílio eleitoral é o local onde a pessoa se alista
pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei como eleitor e, em regra, é no município onde reside, mas
subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacio- pode não o ser caso analisados aspectos como o vínculo
nal, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não me- de afeto com o local (ex.: Presidente Dilma vota em Porto
nos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. Alegre – RS, embora resida em Brasília – DF). Sendo assim,
para se candidatar a cargo no município, deve ter domi-
3) Obrigatoriedade do alistamento eleitoral e do cílio eleitoral nele; para se candidatar a cargo no estado,
voto deve ter domicílio eleitoral em um de seus municípios; para
O alistamento eleitoral e o voto para os maiores de de- se candidatar a cargo nacional, deve ter domicílio eleitoral
zoito anos são, em regra, obrigatórios. Há facultatividade em uma das unidades federadas do país. Aceita-se a trans-
para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os ferência do domicílio eleitoral ao menos 1 ano antes das
maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. eleições.
A filiação partidária implica no lançamento da candi-
Artigo 14, § 1º, CF. O alistamento eleitoral e o voto são: datura por um partido político, não se aceitando a filiação
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; avulsa.
II - facultativos para: Finalmente, o §3º do artigo 14, CF, coloca o requisi-
a) os analfabetos; to etário, com faixa etária mínima para o desempenho de
b) os maiores de setenta anos; cada uma das funções, a qual deve ser auferida na data da
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. posse.

No mais, esta obrigatoriedade se aplica aos nacionais 5) Inelegibilidade


brasileiros, já que, nos termos do artigo 14, §2º, CF: Atender às condições de elegibilidade é necessário
para poder ser eleito, mas não basta. Além disso, é preciso
Artigo 14, §2º, CF. Não podem alistar-se como eleitores não se enquadrar em nenhuma das hipóteses de inelegi-
os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obri- bilidade.
gatório, os conscritos. A inelegibilidade pode ser absoluta ou relativa. Na
43 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema- absoluta, são atingidos todos os cargos; nas relativas, são
tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. atingidos determinados cargos.

33
NOÇÕES DE DIREITO

Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os quem os tenha substituído ao final do mandato, a não ser
analfabetos. que seja já titular de mandato eletivo e candidato à reelei-
ção.
O artigo 14, §4º, CF traz duas hipóteses de inelegibili-
dade, que são absolutas, atingem todos os cargos. Para ser Artigo 14, §8º, CF. O militar alistável é elegível,
elegível é preciso ser alfabetizado (os analfabetos têm a atendidas as seguintes condições:
faculdade de votar, mas não podem ser votados) e é preci- I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afas-
so possuir a capacidade eleitoral ativa – poder votar (inalis- tar-se da atividade;
táveis são aqueles que não podem tirar o título de eleitor, II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado
portanto, não podem votar, notadamente: os estrangeiros pela autoridade superior e, se eleito, passará automatica-
e os conscritos durante o serviço militar obrigatório). mente, no ato da diplomação, para a inatividade.

Artigo 14, §5º, CF. O Presidente da República, os São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos,
Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos os militares que não podem se alistar ou os que podem,
e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mas não preenchem as condições do §8º do artigo 14, CF,
mandatos poderão ser reeleitos para um único período sub- ou seja, se não se afastar da atividade caso trabalhe há me-
sequente. nos de 10 anos, se não for agregado pela autoridade supe-
rior (suspenso do exercício das funções por sua autoridade
Descreve-se no dispositivo uma hipótese de inelegibili- sem prejuízo de remuneração) caso trabalhe há mais de
dade relativa. Se um Chefe do Poder Executivo de qualquer 10 anos (sendo que a eleição passa à condição de inativo).
das esferas for substituído por seu vice no curso do man-
dato, este vice somente poderá ser eleito para um período Artigo 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá ou-
subsequente. tros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a
Ex.: Governador renuncia ao mandato no início do seu fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade
último ano de governo para concorrer ao Senado Federal e para exercício de mandato considerada vida pregressa do
é substituído pelo seu vice-governador. Se este se candida- candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições con-
tar e for eleito, não poderá ao final deste mandato se ree- tra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício
leger. Isto é, se o mandato o candidato renuncia no início de função, cargo ou emprego na administração direta ou
indireta.
de 2010 o seu mandato de 2007-2010, assumindo o vice
em 2010, poderá este se candidatar para o mandato 2011-
O rol constitucional de inelegibilidades dos parágrafos
2014, mas caso seja eleito não poderá se reeleger para o
do artigo 14 não é taxativo, pois lei complementar pode
mandato 2015-2018 no mesmo cargo. Foi o que aconteceu
estabelecer outros casos, tanto de inelegibilidades absolu-
com o ex-governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia,
tas como de inelegibilidades relativas. Neste sentido, a Lei
que assumiu em 2010 no lugar de Aécio Neves o governo Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, estabelece
do Estado de Minas Gerais e foi eleito governador entre casos de inelegibilidade, prazos de cessação, e determina
2011 e 2014, mas não pode se candidatar à reeleição, con- outras providências. Esta lei foi alterada por aquela que fi-
correndo por isso a uma vaga no Senado Federal. cou conhecida como Lei da Ficha Limpa, Lei Complementar
nº 135, de 04 de junho de 2010, principalmente em seu
Artigo 14, §6º, CF. Para concorrerem a outros cargos, artigo 1º, que segue.
o Presidente da República, os Governadores de Estado e do
Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respecti- Art. 1º, Lei Complementar nº 64/1990. São inelegíveis:
vos mandatos até seis meses antes do pleito. I - para qualquer cargo:
a) os inalistáveis e os analfabetos;
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer car- b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias
gos, os chefes do Executivo que não renunciarem aos seus Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Munici-
mandatos até seis meses antes do pleito eleitoral, antes das pais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infrin-
eleições. Ex.: Se a eleição aconteceu em 05/10/2014, neces- gência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Consti-
sário que tivesse renunciado até 04/04/2014. tuição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de
mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos
Artigo 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de ju- Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se rea-
risdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos lizarem durante o período remanescente do mandato para o
ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presiden- qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao término
te da República, de Governador de Estado ou Território, do da legislatura;
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído d) os que tenham contra sua pessoa representação jul-
dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular gada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada
de mandato eletivo e candidato à reeleição. em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de
apuração de abuso do poder econômico ou político, para a
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o se- como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;
gundo grau ou por adoção, dos Chefes do Executivo ou de (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)

34
NOÇÕES DE DIREITO

e) os que forem condenados, em decisão transitada em j) os que forem condenados, em decisão transitada em
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral,
condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por
o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha
Lei Complementar nº 135, de 2010) ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas
1. contra a economia popular, a fé pública, a administra- eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diplo-
ção pública e o patrimônio público; (Incluído pela Lei Com- ma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; (Incluído
plementar nº 135, de 2010) pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o k) o Presidente da República, o Governador de Estado e
mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falên- do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Na-
cia; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) cional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa,
3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) desde o oferecimento de representação ou petição capaz de
4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de autorizar a abertura de processo por infringência a dispositi-
liberdade; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) vo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei
5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Muni-
condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exer- cípio, para as eleições que se realizarem durante o período
cício de função pública; (Incluído pela Lei Complementar nº remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8
135, de 2010) (oito) anos subsequentes ao término da legislatura; (Incluído
6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
(Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) l) os que forem condenados à suspensão dos direitos
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida
tortura, terrorismo e hediondos; por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade
8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído administrativa que importe lesão ao patrimônio público e
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em
9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o
Complementar nº 135, de 2010) cumprimento da pena; (Incluído pela Lei Complementar nº
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou 135, de 2010)
bando; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por
f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou decisão sancionatória do órgão profissional competente, em
com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Redação decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8
dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010) (oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar nº
cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade in- 135, de 2010)
sanável que configure ato doloso de improbidade adminis- n) os que forem condenados, em decisão transitada em
trativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão
se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judi- de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou
ciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos de união estável para evitar caracterização de inelegibilida-
seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se de, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer
o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a a fraude; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de manda- o) os que forem demitidos do serviço público em decor-
tários que houverem agido nessa condição; (Redação dada rência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido
h) os detentores de cargo na administração pública di- suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei
reta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a ter- Complementar nº 135, de 2010)
ceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas res-
condenados em decisão transitada em julgado ou proferida ponsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão
por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual concor- transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da
rem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão,
realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela observando-se o procedimento previsto no art. 22; (Incluído
Lei Complementar nº 135, de 2010) pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento q) os magistrados e os membros do Ministério Público
ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de pro- que forem aposentados compulsoriamente por decisão san-
cesso de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, cionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que
nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva decretação, car- tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na
go ou função de direção, administração ou representação, pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo
enquanto não forem exonerados de qualquer responsabili- de 8 (oito) anos; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de
dade; 2010)

35
NOÇÕES DE DIREITO

II - para Presidente e Vice-Presidente da República: h) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das fun-
a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente ções, tenham exercido cargo de Presidente, Diretor ou Supe-
de seus cargos e funções: rintendente de sociedades com objetivos exclusivos de ope-
1. os Ministros de Estado: rações financeiras e façam publicamente apelo à poupança
2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e e ao crédito, inclusive através de cooperativas e da empresa
militar, da Presidência da República; ou estabelecimentos que gozem, sob qualquer forma, de
3. o chefe do órgão de assessoramento de informações vantagens asseguradas pelo poder público, salvo se decor-
da Presidência da República; rentes de contratos que obedeçam a cláusulas uniformes;
4. o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas; i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito,
5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da hajam exercido cargo ou função de direção, administração
República; ou representação em pessoa jurídica ou em empresa que
6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e mantenha contrato de execução de obras, de prestação de
da Aeronáutica; serviços ou de fornecimento de bens com órgão do Poder
7. os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica; Público ou sob seu controle, salvo no caso de contrato que
8. os Magistrados; obedeça a cláusulas uniformes;
9. os Presidentes, Diretores e Superintendentes de autar- j) os que, membros do Ministério Público, não se tenham
quias, empresas públicas, sociedades de economia mista e afastado das suas funções até 6 (seis) meses anteriores ao
fundações públicas e as mantidas pelo poder público; pleito;
10. os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de I) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos
Territórios; órgãos ou entidades da Administração direta ou indireta
11. os Interventores Federais; da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e
12. os Secretários de Estado; dos Territórios, inclusive das fundações mantidas pelo Poder
13. os Prefeitos Municipais; Público, não se afastarem até 3 (três) meses anteriores ao
14. os membros do Tribunal de Contas da União, dos pleito, garantido o direito à percepção dos seus vencimentos
Estados e do Distrito Federal; integrais;
15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal; III - para Governador e Vice-Governador de Estado e do
16. os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os Distrito Federal;
Secretários Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-
e as pessoas que ocupem cargos equivalentes; -Presidente da República especificados na alínea a do inciso
b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores II deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se
à eleição, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e em tratar de repartição pública, associação ou empresas que
qualquer dos poderes da União, cargo ou função, de nomea- operem no território do Estado ou do Distrito Federal, obser-
ção pelo Presidente da República, sujeito à aprovação prévia vados os mesmos prazos;
do Senado Federal; b) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente
c) (Vetado); de seus cargos ou funções:
d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tiverem 1. os chefes dos Gabinetes Civil e Militar do Governador
competência ou interesse, direta, indireta ou eventual, no do Estado ou do Distrito Federal;
lançamento, arrecadação ou fiscalização de impostos, taxas 2. os comandantes do Distrito Naval, Região Militar e
e contribuições de caráter obrigatório, inclusive parafiscais, Zona Aérea;
ou para aplicar multas relacionadas com essas atividades; 3. os diretores de órgãos estaduais ou sociedades de as-
e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tenham sistência aos Municípios;
exercido cargo ou função de direção, administração ou re- 4. os secretários da administração municipal ou mem-
presentação nas empresas de que tratam os arts. 3° e 5° da bros de órgãos congêneres;
Lei n° 4.137, de 10 de setembro de 1962, quando, pelo âm- IV - para Prefeito e Vice-Prefeito:
bito e natureza de suas atividades, possam tais empresas a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações,
influir na economia nacional; os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente
f) os que, detendo o controle de empresas ou grupo de da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do
empresas que atuem no Brasil, nas condições monopolísti- Distrito Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses para
cas previstas no parágrafo único do art. 5° da lei citada na a desincompatibilização;
alínea anterior, não apresentarem à Justiça Eleitoral, até 6 b) os membros do Ministério Público e Defensoria Públi-
(seis) meses antes do pleito, a prova de que fizeram cessar o ca em exercício na Comarca, nos 4 (quatro) meses anteriores
abuso apurado, do poder econômico, ou de que transferiram, ao pleito, sem prejuízo dos vencimentos integrais;
por força regular, o controle de referidas empresas ou grupo c) as autoridades policiais, civis ou militares, com exercí-
de empresas; cio no Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito;
g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses ante- V - para o Senado Federal:
riores ao pleito, ocupado cargo ou função de direção, ad- a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-
ministração ou representação em entidades representativas -Presidente da República especificados na alínea a do in-
de classe, mantidas, total ou parcialmente, por contribuições ciso II deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando
impostas pelo poder Público ou com recursos arrecadados e se tratar de repartição pública, associação ou empresa que
repassados pela Previdência Social; opere no território do Estado, observados os mesmos prazos;

36
NOÇÕES DE DIREITO

b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis I - cancelamento da naturalização por sentença transi-
para os cargos de Governador e Vice-Governador, nas mes- tada em julgado;
mas condições estabelecidas, observados os mesmos prazos; II - incapacidade civil absoluta;
VI - para a Câmara dos Deputados, Assembleia Legisla- III - condenação criminal transitada em julgado, en-
tiva e Câmara Legislativa, no que lhes for aplicável, por iden- quanto durarem seus efeitos;
tidade de situações, os inelegíveis para o Senado Federal, IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
nas mesmas condições estabelecidas, observados os mesmos prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
prazos; V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37,
VII - para a Câmara Municipal: § 4º.
a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações,
os inelegíveis para o Senado Federal e para a Câmara dos O inciso I refere-se ao cancelamento da naturalização,
Deputados, observado o prazo de 6 (seis) meses para a de- o que faz com que a pessoa deixe de ser nacional e, por-
sincompatibilização; tanto, deixe de ser titular de direitos políticos.
b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos de O inciso II trata da incapacidade civil absoluta, ou seja,
Prefeito e Vice-Prefeito, observado o prazo de 6 (seis) meses da interdição da pessoa para a prática de atos da vida civil,
para a desincompatibilização . entre os quais obviamente se enquadra o sufrágio univer-
§ 1° Para concorrência a outros cargos, o Presidente da sal.
República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal O inciso III refere-se a um dos possíveis efeitos da con-
e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos denação criminal, que é a suspensão de direitos políticos.
até 6 (seis) meses antes do pleito. O inciso IV trata da recusa em cumprir a obrigação mi-
§ 2° O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o litar ou a prestação substitutiva imposta em caso de escusa
Vice-Prefeito poderão candidatar-se a outros cargos, moral ou religiosa.
O inciso V se refere à ação de improbidade administra-
preservando os seus mandatos respectivos, desde que,
tiva, que tramita para apurar a prática dos atos de improbi-
nos últimos 6 (seis) meses anteriores ao pleito, não tenham
dade administrativa, na qual uma das penas aplicáveis é a
sucedido ou substituído o titular.
suspensão dos direitos políticos.
§ 3° São inelegíveis, no território de jurisdição do titular,
Os direitos políticos somente são perdidos em dois
o cônjuge e os parentes, consanguíneos ou afins, até o
casos, quais sejam cancelamento de naturalização por
segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
sentença transitada em julgado (o indivíduo naturalizado
de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, volta à condição de estrangeiro) e perda da nacionalidade
de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos brasileira em virtude da aquisição de outra (brasileiro se
6 (seis) meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de naturaliza em outro país e assim deixa de ser considera-
mandato eletivo e candidato à reeleição. do um cidadão brasileiro, perdendo direitos políticos). Nos
§ 4º A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I demais casos, há suspensão. Nota-se que não há perda de
deste artigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles direitos políticos pela prática de atos atentatórios contra a
definidos em lei como de menor potencial ofensivo, Administração Pública por parte do servidor, mas apenas
nem aos crimes de ação penal privada. (Incluído pela Lei suspensão.
Complementar nº 135, de 2010) A cassação de direitos políticos, consistente na retirada
§ 5º A renúncia para atender à desincompatibilização dos direitos políticos por ato unilateral do poder público,
com vistas a candidatura a cargo eletivo ou para assunção sem observância dos princípios elencados no artigo 5º, LV,
de mandato não gerará a inelegibilidade prevista na CF (ampla defesa e contraditório), é um procedimento que
alínea k, a menos que a Justiça Eleitoral reconheça fraude só existe nos governos ditatoriais e que é absolutamente
ao disposto nesta Lei Complementar. (Incluído pela Lei vedado pelo texto constitucional.
Complementar nº 135, de 2010).
8) Anterioridade anual da lei eleitoral
6) Impugnação de mandato
Encerrando a disciplina, o artigo 14, CF, aborda a im- Art. 16, CF. A lei que alterar o processo eleitoral entrará
pugnação de mandato. em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à elei-
ção que ocorra até um ano da data de sua vigência. 
Artigo 14, § 10, CF. O mandato eletivo poderá ser im-
pugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias É necessário que a lei eleitoral entre em vigor pelo
contados da diplomação, instruída a ação com provas de menos 1 ano antes da próxima eleição, sob pena de não se
abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. aplicar a ela, mas somente ao próximo pleito.

Artigo 14, § 11, CF. A ação de impugnação de mandato Administração Pública: disposições gerais; servido-
tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na res públicos
forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
1) Princípios da Administração Pública
7) Perda e suspensão de direitos políticos Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permi-
Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos, tem que ele consolide o bem comum e garanta a preser-
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: vação dos interesses da coletividade, se encontram exte-

37
NOÇÕES DE DIREITO

riorizados em princípios e regras. Estes, por sua vez, são pelo qual o alvo a ser alcançado pela administração públi-
estabelecidos na Constituição Federal e em legislações in- ca é somente o interesse público. Com efeito, o interesse
fraconstitucionais, a exemplo das que serão estudadas nes- particular não pode influenciar no tratamento das pessoas,
te tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° 8.112/90 já que deve-se buscar somente a preservação do interesse
e Lei n° 8.429/92. coletivo.
Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no c) Princípio da moralidade: A posição deste princí-
setor público partem da Constituição Federal, que estabe- pio no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de
lece alguns princípios fundamentais para a ética no setor uma espécie de moralidade administrativa, intimamente
público. Em outras palavras, é o texto constitucional do ar- relacionada ao poder público. A administração pública não
tigo 37, especialmente o caput, que permite a compreen- atua como um particular, de modo que enquanto o des-
são de boa parte do conteúdo das leis específicas, porque cumprimento dos preceitos morais por parte deste parti-
possui um caráter amplo ao preconizar os princípios fun- cular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento
damentais da administração pública. Estabelece a Consti- jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento
tuição Federal: imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio
da moralidade deve se fazer presente não só para com os
Artigo 37, CF. A administração pública direta e indireta
administrados, mas também no âmbito interno. Está indis-
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
sociavelmente ligado à noção de bom administrador, que
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legali-
não somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos
dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
princípios éticos regentes da função administrativa. TODO
também, ao seguinte: [...]
ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS
São princípios da administração pública, nesta ordem: IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois princípios
Legalidade anteriores.
Impessoalidade d) Princípio da publicidade: A administração pública
Moralidade é obrigada a manter transparência em relação a todos seus
Publicidade atos e a todas informações armazenadas nos seus ban-
Eficiência cos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras for- a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão
mam o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que
Administração Pública. É de fundamental importância um todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de
olhar atento ao significado de cada um destes princípios, servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se ne-
posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas gar indevidamente a fornecer informações ao administrado
no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, caracteriza ato de improbidade administrativa.
tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho44 No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que
e Spitzcovsky45: o princípio da publicidade seja deturpado em propaganda
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legali- político-eleitoral:
dade significa a permissão de fazer tudo o que a lei não
proíbe. Contudo, como a administração pública representa Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas,
os interesses da coletividade, ela se sujeita a uma relação obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
de subordinação, pela qual só poderá fazer o que a lei ex- caráter educativo, informativo ou de orientação social,
pressamente determina (assim, na esfera estatal, é preciso dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
lei anterior editando a matéria para que seja preservado o caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servido-
princípio da legalidade). A origem deste princípio está na res públicos.
criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio
Estado deve respeitar as leis que dita.
Somente pela publicidade os indivíduos controlarão
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes-
a legalidade e a eficiência dos atos administrativos. Os
ses que representa, a administração pública está proibida
instrumentos para proteção são o direito de petição e as
de promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar
certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e - resi-
alguém de forma diferente dos demais, privilegiando ou
prejudicando. Segundo este princípio, a administração pú- dualmente - do mandado de segurança. Neste viés, ainda,
blica deve tratar igualmente todos aqueles que se encon- prevê o artigo 37, CF em seu §3º: 
trem na mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou
igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalida- Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de par-
de no que tange à contratação de serviços. O princípio da ticipação do usuário na administração pública direta e
impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade, indireta, regulando especialmente:
I -  as reclamações relativas à prestação dos serviços
44 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de
45 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e
Paulo: Método, 2011. interna, da qualidade dos serviços;

38
NOÇÕES DE DIREITO

II -  o acesso dos usuários a registros administrativos e com relação aos atos administrativos vinculados; todavia,
a informações sobre atos de governo, observado o disposto diverge quanto à referida necessidade quanto aos atos dis-
no art. 5º, X e XXXIII; cricionários.
III -  a disciplina da representação contra o exercício ne- Meirelles47 entende que o ato discricionário, editado
gligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na admi- sob os limites da Lei, confere ao administrador uma mar-
nistração pública. gem de liberdade para fazer um juízo de conveniência e
oportunidade, não sendo necessária a motivação. No en-
e) Princípio da eficiência: A administração pública tanto, se houver tal fundamentação, o ato deverá condi-
deve manter o ampliar a qualidade de seus serviços com cionar-se a esta, em razão da necessidade de observância
controle de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pes- da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento
soas (o concurso público seleciona os mais qualificados ao majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato
exercício do cargo), ao manter tais pessoas em seus cargos discricionário, é necessária a motivação para que se saiba
(pois é possível exonerar um servidor público por ineficiên- qual o caminho adotado pelo administrador. Gasparini48,
cia) e ao controlar gastos (limitando o teto de remunera- com respaldo no art. 50 da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive
ção), por exemplo. O núcleo deste princípio é a procura a superação de tais discussões doutrinárias, pois o referido
por produtividade e economicidade. Alcança os serviços artigo exige a motivação para todos os atos nele elenca-
públicos e os serviços administrativos internos, se referindo dos, compreendendo entre estes, tanto os atos discricioná-
diretamente à conduta dos agentes. rios quanto os vinculados.
Além destes cinco princípios administrativo-constitu-
cionais diretamente selecionados pelo constituinte, podem 2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos ser-
ser apontados como princípios de natureza ética relaciona- vidores
dos à função pública a probidade e a motivação: O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os prin-
a) Princípio da probidade:  um princípio constitucio- cípios da administração pública estudados no tópico ante-
nal incluído dentro dos princípios específicos da licitação, rior, aos quais estão sujeitos servidores de quaisquer dos
é o dever de todo o administrador público, o dever de ho- Poderes em qualquer das esferas federativas, e, em seus
nestidade e fidelidade com o Estado, com a população, no incisos, regras mínimas sobre o serviço público:
desempenho de suas funções. Possui contornos mais defi-
nidos do que a moralidade. Diógenes Gasparini46 alerta que Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas
alguns autores tratam veem como distintos os princípios são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisi-
da moralidade e da probidade administrativa, mas não há  tos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na
características que permitam tratar os mesmos como pro- forma da lei.
cedimentos distintos, sendo no máximo possível afirmar
que a probidade administrativa é um aspecto particular da Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº
moralidade administrativa. 8.112/1990, que prevê:
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao
administrador de motivar todos os atos que edita, gerais Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para
ou de efeitos concretos. É considerado, entre os demais investidura em cargo público:
princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a I - a nacionalidade brasileira;
motivação não há o devido processo legal, uma vez que a II - o gozo dos direitos políticos;
fundamentação surge como meio interpretativo da decisão III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do
meio de viabilização do controle da legalidade dos atos da cargo;
Administração. V - a idade mínima de dezoito anos;
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicá- VI - aptidão física e mental.
vel ao caso concreto e relacionar os fatos que concreta- § 1º As atribuições do cargo podem justificar a
mente levaram à aplicação daquele dispositivo legal. Todos exigência de outros requisitos estabelecidos em lei. [...]
os atos administrativos devem ser motivados para que o § 3º As universidades e instituições de pesquisa
Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo científica e tecnológica federais poderão prover seus
quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros,
ser observados os motivos dos atos administrativos. de acordo com as normas e os procedimentos desta Lei.
Em relação à necessidade de motivação dos atos ad-
ministrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº
único comportamento possível) e dos atos discricionários 8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no arti-
(aqueles que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta go 207 da Constituição, permitindo que estrangeiros as-
um ou mais comportamentos possíveis, de acordo com um sumam cargos no ramo da pesquisa, ciência e tecnologia.
juízo de conveniência e oportunidade), a doutrina é unís- 47 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro.
sona na determinação da obrigatoriedade de motivação São Paulo: Malheiros, 1993.
46 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São 48 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2004. Paulo: Saraiva, 2004.

39
NOÇÕES DE DIREITO

Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego pú- Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabiliza-
blico depende de aprovação prévia em concurso público ção daquele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingres-
de provas ou de provas e títulos, de acordo com a na- so no serviço público, que em regra se dá por concurso de
tureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma provas ou de provas e títulos.
prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração. Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas ex-
clusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e
Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990: os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores
de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de di-
carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de reção, chefia e assessoramento.
prévia habilitação em concurso público de provas ou de pro-
vas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo Observa-se o seguinte quadro comparativo49:
de sua validade.
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso Função de Confiança Cargo em Comissão
e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante pro-
moção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do Qualquer pessoa, obser-
Exercidas exclusivamente
sistema de carreira na Administração Pública Federal e seus vado o percentual mínimo
por servidores ocupantes
regulamentos. reservado ao servidor de
de cargo efetivo.
carreira.
No concurso de provas o candidato é avaliado ape- Com concurso público, já
nas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos que somente pode exercê- Sem concurso público, res-
concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua -la o servidor de cargo salvado o percentual míni-
atividade profissional também é considerado. Cargo em efetivo, mas a função em mo reservado ao servidor
comissão é o cargo de confiança, que não exige concurso si não prescindível de con- de carreira.
público, sendo exceção à regra geral. curso público.
É atribuído posto (lugar)
Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso públi-
num dos quadros da
co será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual Somente são conferidas
Administração Pública,
período. atribuições e responsabili-
conferida atribuições e
dade
responsabilidade àquele
Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável pre-
visto no edital de convocação, aquele aprovado em concur- que irá ocupá-lo
so público de provas ou de provas e títulos será convocado Destinam-se apenas às Destinam-se apenas às
com prioridade sobre novos concursados para assumir car- atribuições de direção, atribuições de direção,
go ou emprego, na carreira. chefia e assessoramento chefia e assessoramento
De livre nomeação e exo-
Prevê o artigo 12 da Lei nº 8.112/1990: neração no que se refere à De livre nomeação e exo-
função e não em relação ao neração
Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá cargo efetivo.
validade de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma
única vez, por igual período. Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o
§1º O prazo de validade do concurso e as condições de direito à livre associação sindical.
sua realização serão fixados em edital, que será publicado
no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande A liberdade de associação é garantida aos servidores
circulação. públicos tal como é garantida a todos na condição de di-
§ 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver reito individual e de direito social.
candidato aprovado em concurso anterior com prazo de
validade não expirado. Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos
termos e nos limites definidos em lei específica.
O edital delimita questões como valor da taxa de ins-
crição, casos de isenção, número de vagas e prazo de vali- O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores
dade. Havendo candidatos aprovados na vigência do prazo públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar
do concurso, ele deve ser chamado para assumir eventual pela preservação da sociedade quando exercê-lo. Enquan-
vaga e não ser realizado novo concurso. to não for elaborada uma legislação específica para os fun-
Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê: cionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral de gre-
ve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89
Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos in- (Mandado de Injunção nº 20).
cisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da 49 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/
autoridade responsável, nos termos da lei. quadro-comparativo-funcao-de-confianca.html

40
NOÇÕES DE DIREITO

Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos car- emprego ou função pública, ressalvados os cargos acu-
gos e empregos públicos para as pessoas portadoras de muláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e
deficiência e definirá os critérios de sua admissão. os cargos em comissão declarados em lei de livre nomea-
ção e exoneração.
Neste sentido, o §2º do artigo 5º da Lei nº 8.112/1990:
Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos ar-
Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de de- tigos 40 e 41:
ficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso
público para provimento de cargo cujas atribuições sejam Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo
compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para exercício de cargo público, com valor fixado em lei.
tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das
vagas oferecidas no concurso.
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabele-
Prossegue o artigo 37, CF:
cidas em lei.
Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contra- § 1º A remuneração do servidor investido em função
tação por tempo determinado para atender a necessidade ou cargo em comissão será paga na forma prevista no art.
temporária de excepcional interesse público. 62.
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de
A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Cons- órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a
tituição, definindo a natureza da relação estabelecida en- remuneração de acordo com o estabelecido no § 1º do art.
tre o servidor contratado e a Administração Pública, para 93.
atender à “necessidade temporária de excepcional interes- § 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das
se público”. vantagens de caráter permanente, é irredutível.
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de rela- § 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para
ção que comporta dependência jurídica do servidor peran- cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo
te o Estado, duas opções se ofereciam: ou a relação seria Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as
trabalhista, agindo o Estado iure gestionis, sem usar das vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou
prerrogativas de Poder Público, ou institucional, estatutária, ao local de trabalho.
preponderando o ius imperii do Estado. Melhor dizendo: § 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior
o sistema preconizado pela Carta Política de 1988 é o do ao salário mínimo.
contrato, que tanto pode ser trabalhista (inserindo-se na
esfera do Direito Privado) quanto administrativo (situando- Ainda, o artigo 37 da Constituição:
-se no campo do Direito Público). [...] Uma solução inter-
mediária não deixa, entretanto, de ser legítima. Pode-se, Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos
com certeza, abonar um sistema híbrido, eclético, no qual ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da
coexistam normas trabalhistas e estatutárias, pondo-se em administração direta, autárquica e fundacional, dos
contiguidade os vínculos privado e administrativo, no sen-
membros de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
tido de atender às exigências do Estado moderno, que pro-
dos, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores
cura alcançar os seus objetivos com a mesma eficácia dos
de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os
empreendimentos não-governamentais”50.
proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, per-
Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores públi- cebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens
cos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão
poderão ser fixados ou alterados por lei específica, ob- exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros
servada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada re- do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
visão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e
de índices. no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no
âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Es-
Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos taduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o
ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutí- subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, li-
veis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo mitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário,
Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea aplicável este limite aos membros do Ministério Público,
de proventos de aposentadoria decorrentes do art. aos Procuradores e aos Defensores Públicos.
40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo,
50 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de servido-
Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder
res para atender a necessidade temporária de excepcional inte- Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superio-
resse público. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ res aos pagos pelo Poder Executivo.
revista/Rev_39/Artigos/Art_Gustavo.htm>. Acesso em: 23 dez. 2014.

41
NOÇÕES DE DIREITO

Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42: disposto no inciso XI: a)  a de dois cargos de professor;
b)   a de um cargo de professor com outro, técnico ou
Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá per- científico; c)  a de dois cargos ou empregos privativos
ceber, mensalmente, a título de remuneração, importância de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.
superior à soma dos valores percebidos como remuneração,
em espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos Po- Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se
deres, pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso a empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal. Parágra- empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
fo único. Excluem-se do teto de remuneração as vantagens subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indire-
previstas nos incisos II a VII do art. 61. tamente, pelo poder público.

Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem apro- Segundo Carvalho Filho51, “o fundamento da proibição
fundamentos sobre o mencionado inciso XI: é impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que
o servidor não execute qualquer delas com a necessária efi-
Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efei- ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons-
to dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em
caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório
detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota-
previstas em lei.
-se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em
consequência, se a acumulação só encerra a percepção de
Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso
XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao vencimentos por uma das fontes, não incide a regra cons-
Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às titucional proibitiva”.
respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite úni- A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a ques-
co, o subsídio mensal dos Desembargadores do respec- tão:
tivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e
vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Artigo 118, Lei nº 8.112/1990.  Ressalvados os casos pre-
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o vistos na Constituição, é vedada a acumulação remunera-
disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Esta- da de cargos públicos.
duais e Distritais e dos Vereadores. § 1o  A proibição de acumular estende-se a cargos,
empregos e funções em autarquias, fundações públicas,
Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equi- empresas públicas, sociedades de economia mista da
paração salarial: União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e
dos Municípios.
Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equipara- § 2o   A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica
ção de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de condicionada à comprovação da compatibilidade de ho-
remuneração de pessoal do serviço público. rários.
§ 3o  Considera-se acumulação proibida a percepção
Os padrões de vencimentos são fixados por conselho de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com
de política de administração e remuneração de pessoal, proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que
integrado por servidores designados pelos respectivos decorram essas remunerações forem acumuláveis na
Poderes (artigo 39, caput e § 1º), sem qualquer garantia atividade.
constitucional de tratamento igualitário aos cargos que se
mostrem similares. Art.  119, Lei nº 8.112/1990.   O servidor não poderá
exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso
Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebi-
previsto no parágrafo único do art. 9o, nem ser remunerado
dos por servidor público não serão computados nem acu-
pela participação em órgão de deliberação coletiva. 
mulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores.
Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica
à remuneração devida pela participação em conselhos de
A preocupação do constituinte, ao implantar tal pre-
administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de
ceito, foi de que não eclodisse no sistema remuneratório
economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como
dos servidores, ou seja, evitar que se utilize uma vantagem
quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou
como base de cálculo de um outro benefício. Dessa forma,
qualquer gratificação que venha a ser concedida ao servi- indiretamente, detenha participação no capital social, obser-
dor só pode ter como base de cálculo o próprio vencimen- vado o que, a respeito, dispuser legislação específica.
to básico. É inaceitável que se leve em consideração outra
vantagem até então percebida. Art.  120, Lei nº 8.112/1990.   O servidor vinculado ao
regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efeti-
Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remune- vos, quando investido em cargo de provimento em comissão,
rada de cargos públicos, exceto, quando houver com- ficará afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipóte-
patibilidade de horários, observado em qualquer caso o 51 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

42
NOÇÕES DE DIREITO

se em que houver compatibilidade de horário e local com o Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislati-
exercício de um deles, declarada pelas autoridades máximas va, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades
dos órgãos ou entidades envolvidos. mencionadas no inciso anterior, assim como a participação
de qualquer delas em empresa privada.
“Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da
acumulação de cargos e funções públicas, regulamentam, Órgãos da administração indireta somente podem
no âmbito do serviço público federal a vedação genérica ser criados por lei específica e a criação de subsidiárias
constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da destes dependem de autorização legislativa (o Estado cria
República. De fato, a acumulação ilícita de cargos públicos e controla diretamente determinada empresa pública ou
constitui uma das infrações mais comuns praticadas por sociedade de economia mista, e estas, por sua vez, passam
servidores públicos, o que se constata observando o eleva- a gerir uma nova empresa, denominada subsidiária.
do número de processos administrativos instaurados com Ex.: Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos um
esse objeto. O sistema adotado pela Lei nº 8.112/90 é rela- parêntese para observar que quase todos os autores
tivamente brando, quando cotejado com outros estatutos que abordam o assunto afirmam categoricamente que, a
de alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso despeito da referência no texto constitucional a ‘subsidiárias
nessa ilicitude diversas oportunidades para regularizar sua das entidades mencionadas no inciso anterior’, somente
situação e escapar da pena de demissão. Também prevê a empresas públicas e sociedades de economia mista podem
lei em comentário, um processo administrativo simplifica- ter subsidiárias, pois a relação de controle que existe
do (processo disciplinar de rito sumário) para a apuração entre a pessoa jurídica matriz e a subsidiária seria própria
dessa infração – art. 133” 52. de pessoas com estrutura empresarial, e inadequada a
autarquias e fundações públicas. OUSAMOS DISCORDAR.
Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e Parece-nos que, se o legislador de um ente federado
seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de com- pretendesse, por exemplo, autorizar a criação de uma
petência e jurisdição, precedência sobre os demais setores subsidiária de uma fundação pública, NÃO haveria base
administrativos, na forma da lei. constitucional para considerar inválida sua autorização”54.
Ainda sobre a questão do funcionamento da adminis-
Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da
tração indireta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
nos §§ 8º e 9º do artigo 37, CF:
atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas
por servidores de carreiras específicas, terão recursos prio-
Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamen-
ritários para a realização de suas atividades e atuarão
tária e financeira dos órgãos e entidades da administração
de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de
direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato,
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou con-
a ser firmado entre seus administradores e o poder público,
vênio.
que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho
“O Estado tem como finalidade essencial a garantia para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
do bem-estar de seus cidadãos, seja através dos serviços I -  o prazo de duração do contrato;
públicos que disponibiliza, seja através de investimentos II -  os controles e critérios de avaliação de desempenho,
na área social (educação, saúde, segurança pública). Para direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
atingir esses objetivos primários, deve desenvolver uma III -  a remuneração do pessoal.
atividade financeira, com o intuito de obter recursos indis-
pensáveis às necessidades cuja satisfação se comprometeu Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às
quando estabeleceu o “pacto” constitucional de 1988. [...] empresas públicas e às sociedades de economia mista
A importância da Administração Tributária foi reconheci- e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos
da expressamente pelo constituinte que acrescentou, no Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para paga-
artigo 37 da Carta Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a mento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
sua precedência e de seus servidores sobre os demais se-
tores da Administração Pública, dentro de suas áreas de Continua o artigo 37, CF:
competência”53.
Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados
Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica pode- na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão
rá ser criada autarquia e autorizada a instituição de contratados mediante processo de licitação pública que
empresa pública, de sociedade de economia mista e de assegure igualdade de condições a todos os concorrentes,
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
definir as áreas de sua atuação. mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
52 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores
Públicos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos. técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumpri-
com.br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013. mento das obrigações.
53 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_tribu- 54 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo Descom-
taria_sao_paulo.htm plicado. São Paulo: GEN, 2014.

43
NOÇÕES DE DIREITO

A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre
o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui nor- o conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego
mas para licitações e contratos da Administração Pública do Poder Executivo federal e impedimentos posteriores ao
e dá outras providências. Licitação nada mais é que o con- exercício do cargo ou emprego; e revoga dispositivos da
junto de procedimentos administrativos (administrativos Lei nº 9.986, de 18 de julho de 2000, e das Medidas Provi-
porque parte da administração pública) para as compras sórias nºs 2.216-37, de 31 de agosto de 2001, e 2.225-45,
ou serviços contratados pelos governos Federal, Estadual de 4 de setembro de 2001.
ou Municipal, ou seja todos os entes federativos. De forma Neste sentido, conforme seu artigo 1º:
mais simples, podemos dizer que o governo deve comprar
e contratar serviços seguindo regras de lei, assim a licita- Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configu-
ção é um processo formal onde há a competição entre os ram conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou
interessados. emprego no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos
e restrições a ocupantes de cargo ou emprego que tenham
Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de pres- acesso a informações privilegiadas, os impedimentos poste-
crição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor riores ao exercício do cargo ou emprego e as competências
ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as res- para fiscalização, avaliação e prevenção de conflitos de inte-
pectivas ações de ressarcimento. resses regulam-se pelo disposto nesta Lei.

A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encon- 3) Atos de improbidade administrativa
tra disciplina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990: A Lei n° 8.429/1992 trata da improbidade administra-
tiva, que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinôni-
Art. 142, Lei nº 8.112/1990.  A ação disciplinar pres- mo de desonestidade administrativa. A improbidade é uma
creverá: lesão ao princípio da moralidade, que deve ser respeita-
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com do estritamente pelo servidor público. O agente ímprobo
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e sempre será um violador do princípio da moralidade, pelo
destituição de cargo em comissão; qual “a Administração Pública deve agir com boa-fé, since-
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; ridade, probidade, lhaneza, lealdade e ética”55.
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência. A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada
§ 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data em devido ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes
que o fato se tornou conhecido. do serviço público que se intensificavam com a ineficácia
§ 2o   Os prazos de prescrição previstos na lei penal do diploma então vigente, o Decreto-Lei nº 3240/41. De-
aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também correu, assim, da necessidade de acabar com os atos aten-
como crime. tatórios à moralidade administrativa e causadores de pre-
§ 3o  A abertura de sindicância ou a instauração de juízo ao erário público ou ensejadores de enriquecimento
processo disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão ilícito, infelizmente tão comuns no Brasil.
final proferida por autoridade competente. Com o advento da Lei nº 8.429/1992, os agentes públi-
§ 4o   Interrompido o curso da prescrição, o prazo cos passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos
começará a correr a partir do dia em que cessar a atos de improbidade administrativa descritos nos artigos
interrupção. 9º, 10 e 11, ficando sujeitos às penas do art. 12. A exis-
tência de esferas distintas de responsabilidade (civil, penal
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do e administrativa) impede falar-se em bis in idem, já que,
direito de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5 ontologicamente, não se trata de punições idênticas, em-
anos para as infrações mais graves, 2 para as de gravidade bora baseadas no mesmo fato, mas de responsabilização
intermediária (pena de suspensão) e 180 dias para as me- em esferas distintas do Direito.
nos graves (pena de advertência), contados da data em que Destaca-se um conceito mais amplo de agente públi-
o fato se tornou conhecido pela administração pública. Se co previsto pela lei nº 8.429/1992 em seus artigos 1º e 2º
a infração disciplinar for crime, valerão os prazos prescri- porque o agente público pode ser ou não um servidor pú-
cionais do direito penal, mais longos, logo, menos favorá- blico. Ele poderá estar vinculado a qualquer instituição ou
veis ao servidor. Interrupção da prescrição significa parar a órgão que desempenhe diretamente o interesse do Estado.
contagem do prazo para que, retornando, comece do zero. Assim, estão incluídos todos os integrantes da administra-
Da abertura da sindicância ou processo administrativo dis- ção direta, indireta e fundacional, conforme o preâmbulo
ciplinar até a decisão final proferida por autoridade com- da legislação. Pode até mesmo ser uma entidade privada
petente não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo que desempenhe tais fins, desde que a verba de criação
começa a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais ou custeio tenha sido ou seja pública em mais de 50%
propor ação disciplinar. do patrimônio ou receita anual. Caso a verba pública que
tenha auxiliado uma entidade privada a qual o Estado não
Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as tenha concorrido para criação ou custeio, também have-
restrições ao ocupante de cargo ou emprego da adminis- rá sujeição às penalidades da lei. Em caso de custeio/cria-
tração direta e indireta que possibilite o acesso a informa- 55 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema-
ções privilegiadas. tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

44
NOÇÕES DE DIREITO

ção pelo Estado que seja inferior a 50% do patrimônio ou consolidou a tese de que é indispensável a existência de
receita anual, a legislação ainda se aplica. Entretanto, nes- dolo nas condutas descritas nos artigos 9º e 11 e ao menos
tes dois casos, a sanção patrimonial se limitará ao que o de culpa nas hipóteses do artigo 10, nas quais o dano ao
ilícito repercutiu sobre a contribuição dos cofres públicos. erário precisa ser comprovado. De acordo com o ministro
Significa que se o prejuízo causado for maior que a efetiva Castro Meira, a conduta culposa ocorre quando o agente
contribuição por parte do poder público, o ressarcimento não pretende atingir o resultado danoso, mas atua com ne-
terá que ser buscado por outra via que não a ação de im- gligência, imprudência ou imperícia (REsp n° 1.127.143)”59.
probidade administrativa. Para Carvalho Filho60, não há inconstitucionalidade na mo-
A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de dalidade culposa, lembrando que é possível dosar a pena
improbidade administrativa em três categorias: conforme o agente aja com dolo ou culpa.
a) Ato de improbidade administrativa que importe O ponto central é lembrar que neste artigo não se exi-
enriquecimento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992) ge que o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevi-
O grupo mais grave de atos de improbidade adminis- das, basta o dano ao erário. Se tiver recebido vantagem
trativa se caracteriza pelos elementos: enriquecimento + indevida, incide no artigo anterior. Exceto pela não per-
ilícito + resultante de uma vantagem patrimonial indevi- cepção da vantagem indevida, os tipos exemplificados se
da + em razão do exercício de cargo, mandato, emprego, aproximam muito dos previstos nos incisos do art. 9°.
função ou outra atividade nas entidades do artigo 1° da c) Ato de Improbidade Administrativa Decorrentes
Lei nº 8.429/1992. de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Fi-
O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não nanceiro ou Tributário (Incluído pela Lei Complementar nº
se opõe que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos
157, de 2016)
ditames morais, notadamente no desempenho de função
Uma das alterações recentes à disciplina do ISS visou
de interesse estatal.
evitar a continuidade da guerra fiscal entre os municípios,
Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimo-
fixando-se a alíquota mínima em 2%.
nial ilícita. Contudo, é dispensável que efetivamente tenha
Com efeito, os municípios não poderão fixar dentro de
ocorrido dano aos cofres públicos (por exemplo, quando
um policial recebe propina pratica ato de improbidade ad- sua competência constitucional alíquotas inferiores a 2%
ministrativa, mas não atinge diretamente os cofres públi- para atrair e fomentar investimentos novos (incentivo fis-
cos). cal), prejudicando os municípios vizinhos.
Como fica difícil imaginar que alguém possa se enri- Em razão disso, tipifica-se como ato de improbidade
quecer ilicitamente por negligência, imprudência ou im- administrativa a eventual concessão do benefício abaixo da
perícia, todas as condutas configuram atos dolosos (com alíquota mínima.
intenção). Não cabe prática por omissão.56 d) Ato de improbidade administrativa que atente
b) Ato de improbidade administrativa que importe contra os princípios da administração pública (artigo
lesão ao erário (artigo 10, Lei nº 8.429/1992) 11, Lei nº 8.429/1992)
O grupo intermediário de atos de improbidade admi- Nos termos do artigo 11 da Lei nº 8.429/1992, “cons-
nistrativa se caracteriza pelos elementos: causar dano ao titui ato de improbidade administrativa que atenta contra
erário ou aos cofres públicos + gerando perda patrimo- os princípios da administração pública qualquer ação ou
nial ou dilapidação do patrimônio público. Assim como omissão que viole os deveres de honestidade, imparciali-
o artigo anterior, o caput descreve a fórmula genérica e dade, legalidade, e lealdade às instituições [...]”. O grupo
os incisos algumas atitudes específicas que exemplificam mais ameno de atos de improbidade administrativa se
o seu conteúdo57. caracteriza pela simples violação a princípios da admi-
Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies: nistração pública, ou seja, aplica-se a qualquer atitude do
desvio, que é o direcionamento indevido; apropriação, que sujeito ativo que viole os ditames éticos do serviço público.
é a transferência indevida para a própria propriedade; mal- Isto é, o legislador pretende a preservação dos princípios
baratamento, que significa desperdício; e dilapidação, que gerais da administração pública61.
se refere a destruição58. O objeto de tutela são os princípios constitucionais.
O objeto da tutela é a preservação do patrimônio pú- Basta a vulneração em si dos princípios, sendo dispensáveis
blico, em todos seus bens e valores. O pressuposto exigível o enriquecimento ilícito e o dano ao erário. Somente é pos-
é a ocorrência de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos.
sível a prática de algum destes atos com dolo (intenção),
Este artigo admite expressamente a variante culpo-
embora caiba a prática por ação ou omissão.
sa, o que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no
REsp n° 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da inconsti- 59 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade admi-
tucionalidade do artigo. Contudo, “a jurisprudência do STJ nistrativa: desonestidade na gestão dos recursos públicos. Disponí-
vel em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.
56 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São area=398&tmp.texto=103422>. Acesso em: 26 mar. 2013.
Paulo: Método, 2011. 60 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
57 Ibid. ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
58 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- 61 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. Paulo: Método, 2011.

45
NOÇÕES DE DIREITO

Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalidade Carvalho Filho63 tece considerações a respeito de algu-
para não permitir a caracterização de abuso de poder, dian- mas das sanções:
te do conteúdo aberto do dispositivo. Na verdade, trata- - Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre
-se de tipo subsidiário, ou seja, que se aplica quando o ato os bens acrescidos após a prática do ato de improbidade.
de improbidade administrativa não tiver gerado obtenção Se alcançasse anteriores, ocorreria confisco, o que restaria
de vantagem sem escora constitucional. Além disso, o acréscimo deve
Com efeito, os atos de improbidade administrativa não derivar de origem ilícita”.
são crimes de responsabilidade. Trata-se de punição na - Ressarcimento integral do dano: há quem entenda
esfera cível, não criminal. Por isso, caso o ato configure que engloba dano moral. Cabe acréscimo de correção mo-
simultaneamente um ato de improbidade administrativa netária e juros de mora.
desta lei e um crime previsto na legislação penal, o que - Perda de função pública: “se o agente é titular de
é comum no caso do artigo 9°, responderá o agente por mandato, a perda se processa pelo instrumento de cassa-
ambos, nas duas esferas. ção. Sendo servidor estatutário, sujeitar-se-á à demissão
do serviço público. Havendo contrato de trabalho (servido-
Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte res trabalhistas e temporários), a perda da função pública
forma: inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito pas- se consubstancia pela rescisão do contrato com culpa do
sivo) e daqueles que podem praticar os atos de improbida- empregado. No caso de exercer apenas uma função públi-
de administrativa (sujeito ativo); ainda, aborda a reparação ca, fora de tais situações, a perda se dará pela revogação
do dano ao lesionado e o ressarcimento ao patrimônio pú- da designação”. Lembra-se que determinadas autoridades
blico; após, traz a tipologia dos atos de improbidade ad- se sujeitam a procedimento especial para perda da função
ministrativa, isto é, enumera condutas de tal natureza; se- pública, ponto em que não se aplica a Lei de Improbidade
guindo-se à definição das sanções aplicáveis; e, finalmente, Administrativa.
descreve os procedimentos administrativo e judicial. - Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo,
No caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente ob- mas flexibilidade dentro deste limite, podendo os julga-
tém um enriquecimento ilícito (vantagem econômica inde- dos nesta margem optar pela mais adequada. Há ainda
vida) e pode ainda causar dano ao erário, por isso, deverá variabilidade na base de cálculo, conforme o tipo de ato
não só reparar eventual dano causado mas também colo- de improbidade (a base será o valor do enriquecimento ou
car nos cofres públicos tudo o que adquiriu indevidamente. o valor do dano ou o valor da remuneração do agente). A
Ou seja, poderá pagar somente o que enriqueceu indevida- natureza da multa é de sanção civil, não possuindo caráter
mente ou este valor acrescido do valor do prejuízo causado indenizatório, mas punitivo.
aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou deixou de - Proibição de receber benefícios: não se incluem as
ganhar). No caso do artigo 10, não haverá enriquecimento imunidades genéricas e o agente punido deve ser ao me-
ilícito, mas sempre existirá dano ao erário, o qual será re- nos sócio majoritário da instituição vitimada.
parado (eventualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito, - Proibição de contratar: o agente punido não pode
devendo o valor adquirido ser tomado pelo Estado). Na hi- participar de processos licitatórios.
pótese do artigo 10-A, não se denota nem enriquecimento
ilícito e nem dano ao erário, pois no máximo a prática de 4) Responsabilidade civil do Estado e de seus ser-
guerra fiscal pode gerar. Já no artigo 11, o máximo que vidores
pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido ressarci- O instituto da responsabilidade civil é parte integran-
mento. Além disso, em todos os casos há perda da função te do direito obrigacional, uma vez que a principal conse-
pública. Nas três categorias, são estabelecidas sanções de quência da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera
suspensão dos direitos políticos, multa e vedação de con- para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamen-
tratação ou percepção de vantagem, graduadas conforme to de indenização que se refere às perdas e danos. Afinal,
a gravidade do ato. É o que se depreende da leitura do quem pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano
artigo 12 da Lei nº 8.929/1992 como §4º do artigo 37, CF, deve suportar as consequências jurídicas decorrentes, res-
que prevê: “Os atos de improbidade administrativa im- taurando-se o equilíbrio social.64
portarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, po-
função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressar- dendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os
cimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, limites da herança, embora existam reflexos na ação que
sem prejuízo da ação penal cabível”. apure a responsabilidade civil conforme o resultado na es-
A única sanção que se encontra prevista na Lei nº fera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de
8.429/1992 mas não na Constituição Federal é a de mul- autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que
ta. (art. 37, §4°, CF). Não há nenhuma inconstitucionalidade uma absolvição por falta de provas não o faz).
disto, pois nada impediria que o legislador infraconstitu- A responsabilidade civil do Estado acompanha o racio-
cional ampliasse a relação mínima de penalidades da Cons- cínio de que a principal consequência da prática de um ato
tituição, pois esta não limitou tal possibilidade e porque a ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o
lei é o instrumento adequado para tanto62. 63 Ibid.
62 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- 64 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9.
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

46
NOÇÕES DE DIREITO

dano, mediante o pagamento de indenização que se refere É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola os
às perdas e danos. Todos os cidadãos se sujeitam às re- direitos humanos, porque o Estado é uma ficção formada
gras da responsabilidade civil, tanto podendo buscar o res- por um grupo de pessoas que desempenham as atividades
sarcimento do dano que sofreu quanto respondendo por estatais diversas. Assim, viola direitos humanos não o Estado
aqueles danos que causar. Da mesma forma, o Estado tem em si, mas o agente que o representa, fazendo com que o
o dever de indenizar os membros da sociedade pelos danos próprio Estado seja responsabilizado por isso civilmente,
que seus agentes causem durante a prestação do serviço, pagando pela indenização (reparação dos danos materiais
inclusive se tais danos caracterizarem uma violação aos di- e morais). Sem prejuízo, com relação a eles, caberá ação de
reitos humanos reconhecidos. regresso se agiram com dolo ou culpa.
Trata-se de responsabilidade extracontratual porque Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:
não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de
elementos genéricos pré-determinados, que perpassam Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito públi-
pela leitura concomitante do Código Civil (artigos 186, 187 co e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa quali-
e 927) com a Constituição Federal (artigo 37, §6°).
dade, causarem a terceiros, assegurado o direito de re-
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil
gresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
se encontram no art. 186 do Código Civil:
Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurí-
Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão vo- dica autônoma entre o Estado e o agente público que cau-
luntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar sou o dano no desempenho de suas funções. Nesta rela-
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ção, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá
ilícito. ao Estado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao
qual foi anteriormente condenado a reparar. Direito de re-
Este é o artigo central do instituto da responsabilidade gresso é justamente o direito de acionar o causador direto
civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima,
(agir como não se deve ou deixar de agir como se deve), considerada a existência de uma relação obrigacional que
culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma se forma entre a vítima e a instituição que o agente com-
violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo cau- põe.
sal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e o dano Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen-
causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo agente, que te causar aos membros da sociedade, mas se este agen-
pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econô- te agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do
mico e não econômico). que foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar
1) Dano - somente é indenizável o dano certo, especial condutas incompatíveis com o comportamento ético dele
e anormal. Certo é o dano real, existente. Especial é o dano esperado.65
específico, individualizado, que atinge determinada ou de- A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro-
terminadas pessoas. Anormal é o dano que ultrapassa os cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado
problemas comuns da vida em sociedade (por exemplo, in- contraditório e ampla defesa. Trata-se de responsabilida-
felizmente os assaltos são comuns e o Estado não responde de civil subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou omis-
por todo assalto que ocorra, a não ser que na circunstância são com culpa do servidor que gere dano ao erário (Ad-
específica possuía o dever de impedir o assalto, como no ministração) ou a terceiro (administrado), o servidor terá o
caso de uma viatura presente no local - muito embora o dever de indenizar.
Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos
direito à segurança pessoal seja um direito humano reco-
violadores de direitos humanos se sujeitam à responsabi-
nhecido).
lidade penal e à responsabilidade administrativa, todas
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe den-
autônomas uma com relação à outra e à já mencionada
tro da administração pública, tenha ingressado ou não por
responsabilidade civil. Neste sentido, o artigo 125 da Lei
concurso, possua cargo, emprego ou função. Envolve os nº 8.112/90:
agentes políticos, os servidores públicos em geral (funcio-
nários, empregados ou temporários) e os particulares em Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais
colaboração (por exemplo, jurado ou mesário). e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes
3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta entre si.
qualidade - é preciso que o agente esteja lançando mão
das prerrogativas do cargo, não agindo como um particular. No caso da responsabilidade civil, o Estado é direta-
Sem estes três requisitos, não será possível acionar o mente acionado e responde pelos atos de seus servido-
Estado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por res que violem direitos humanos, cabendo eventualmente
mais relevante que tenha sido a esfera de direitos atingida. ação de regresso contra ele. Contudo, nos casos da res-
Assim, não é qualquer dano que permite a responsabiliza- ponsabilidade penal e da responsabilidade administrativa
ção civil do Estado, mas somente aquele que é causado por aciona-se o agente público que praticou o ato.
um agente público no exercício de suas funções e que ex- 65 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São
ceda as expectativas do lesado quanto à atuação do Estado. Paulo: Método, 2011.

47
NOÇÕES DE DIREITO

São inúmeros os exemplos de crimes que podem ser I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou
praticados pelo agente público no exercício de sua função distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
que violam direitos humanos. A título de exemplo, pecula- II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
to, consistente em apropriação ou desvio de dinheiro pú- cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela
blico (art. 312, CP), que viola o bem comum e o interesse sua remuneração;
da coletividade; concussão, que é a exigência de vantagem III - investido no mandato de Vereador, havendo compa-
indevida (art. 316, CP), expondo a vítima a uma situação de tibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo,
constrangimento e medo que viola diretamente sua digni- emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo
dade; tortura, a mais cruel forma de tratamento humano, eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a
cuja pena é agravada quando praticada por funcionário norma do inciso anterior;
público (art. 1º, §4º, I, Lei nº 9.455/97); etc. IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
Quanto à responsabilidade administrativa, menciona- exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
-se, a título de exemplo, as penalidades cabíveis descritas contado para todos os efeitos legais, exceto para promo-
no art. 127 da Lei nº 8.112/90, que serão aplicadas pelo ção por merecimento;
funcionário que violar a ética do serviço público, como ad- V - para efeito de benefício previdenciário, no caso
vertência, suspensão e demissão. de afastamento, os valores serão determinados como se no
Evidencia-se a independência entre as esferas civil, pe- exercício estivesse.
nal e administrativa no que tange à responsabilização do
agente público que cometa ato ilícito. 6) Regime de remuneração e previdência dos servi-
Tomadas as exigências de características dos danos aci- dores públicos
ma colacionadas, notadamente a anormalidade, considera- Regulamenta-se o regime de remuneração e previdên-
-se que para o Estado ser responsabilizado por um dano, cia dos servidores públicos nos artigo 39 e 40 da Consti-
ele deve exceder expectativas cotidianas, isto é, não cabe tuição Federal:
exigir do Estado uma excepcional vigilância da sociedade
e a plena cobertura de todas as fatalidades que possam Artigo 39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
acontecer em território nacional. Municípios instituirão conselho de política de administra-
Diante de tal premissa, entende-se que a responsa- ção e remuneração de pessoal, integrado por servidores
bilidade civil do Estado será objetiva apenas no caso de designados pelos respectivos Poderes. (Redação dada pela
ações, mas subjetiva no caso de omissões. Em outras pa- Emenda Constitucional nº 19, de 1998 e aplicação suspensa
lavras, verifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas con- pela ADIN nº 2.135-4, destacando-se a redação anterior: “A
dições de não ter se omitido, isto é, ter deixado de agir União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios institui-
quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarretando em rão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e
prejuízo dentro de sua previsibilidade. planos de carreira para os servidores da administração pú-
São casos nos quais se reconheceu a responsabilida- blica direta, das autarquias e das fundações públicas”).
de omissiva do Estado: morte de filho menor em creche § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
municipal, buracos não sinalizados na via pública, tentativa componentes do sistema remuneratório observará:
de assalto a usuário do metrô resultando em morte, danos I -  a natureza, o grau de responsabilidade e a complexi-
provocados por enchentes e escoamento de águas pluviais dade dos cargos componentes de cada carreira;
quando o Estado sabia da problemática e não tomou pro- II -  os requisitos para a investidura;
vidência para evitá-las, morte de detento em prisão, incên- III -  as peculiaridades dos cargos.
dio em casa de shows fiscalizada com negligência, etc. § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
Logo, não é sempre que o Estado será responsabili- escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento
zado. Há excludentes da responsabilidade estatal, nota- dos servidores públicos, constituindo-se a participação
damente: a) caso fortuito (fato de terceiro) ou força maior nos cursos um dos requisitos para a promoção na carreira,
(fato da natureza) fora dos alcances da previsibilidade do facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos
dano; b) culpa exclusiva da vítima. entre os entes federados.
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo
5) Exercício de mandato eletivo por servidores pú- público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII,
blicos XV,XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a
A questão do exercício de mandato eletivo pelo servi- lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão
dor público encontra previsão constitucional em seu artigo quando a natureza do cargo o exigir.
38, que notadamente estabelece quais tipos de mandatos § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato
geram incompatibilidade ao serviço público e regulamenta eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais
a questão remuneratória: e Municipais serão remunerados exclusivamente por
subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de
Artigo 38, CF.  Ao servidor público da administração qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de
direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato representação ou outra espécie remuneratória, obedecido,
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.

48
NOÇÕES DE DIREITO

§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos § 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios dife-
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e renciados para a concessão de aposentadoria aos abran-
a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, gidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos
em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI. termos definidos em leis complementares, os casos de ser-
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário vidores:
publicarão anualmente os valores do subsídio e da I -  portadores de deficiência;
remuneração dos cargos e empregos públicos. II -  que exerçam atividades de risco;
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal III -  cujas atividades sejam exercidas sob condições es-
e dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
orçamentários provenientes da economia com despesas § 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribuição
correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no §
aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade 1º, III, a, para o professor que comprove exclusivamente
e produtividade, treinamento e desenvolvimento, tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
modernização, reaparelhamento e racionalização do serviço
educação infantil e no ensino fundamental e médio.
público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos car-
produtividade.
gos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados
a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do
em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
regime de previdência previsto neste artigo.
Artigo 40, CF.  Aos servidores titulares de cargos efetivos § 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, pensão por morte, que será igual:
incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor fa-
de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante lecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios
contribuição do respectivo ente público, dos servidores do regime geral de previdência social de que trata o art. 201,
ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este
que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto limite, caso aposentado à data do óbito; ou
neste artigo. II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite
previdência de que trata este artigo serão aposentados, máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na previdência social de que trata o art. 201, acrescido de se-
forma dos §§ 3º e 17: tenta por cento da parcela excedente a este limite, caso em
I - por invalidez permanente, sendo os proventos pro- atividade na data do óbito.
porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, confor-
grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei; me critérios estabelecidos em lei.
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao § 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou mu-
tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou nicipal será contado para efeito de aposentadoria e o
aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei tempo de serviço correspondente para efeito de dispo-
complementar; nibilidade.
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo míni- § 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
mo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e contagem de tempo de contribuição fictício.
cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentado- § 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma
ria, observadas as seguintes condições:
total dos proventos de inatividade, inclusive quando de-
a)   sessenta anos de idade e trinta e cinco de
correntes da acumulação de cargos ou empregos públicos,
contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade
bem como de outras atividades sujeitas a contribuição para
e trinta de contribuição, se mulher;
o regime geral de previdência social, e ao montante resul-
b)  sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses-
senta anos de idade, se mulher, com proventos propor- tante da adição de proventos de inatividade com remunera-
cionais ao tempo de contribuição. ção de cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo
§ 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera-
por ocasião de sua concessão, não poderão exceder a ção, e de cargo eletivo.
remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em § 12. Além do disposto neste artigo, o regime de
que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência previdência dos servidores públicos titulares de cargo
para a concessão da pensão. efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, fixados para o regime geral de previdência social.
por ocasião da sua concessão, serão consideradas as § 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo
remunerações utilizadas como base para as contribuições em comissão declarado em lei de livre nomeação e exone-
do servidor aos regimes de previdência de que tratam este ração bem como de outro cargo temporário ou de emprego
artigo e o art. 201, na forma da lei. público, aplica-se o regime geral de previdência social.

49
NOÇÕES DE DIREITO

§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os II -  mediante processo administrativo em que lhe
Municípios, desde que instituam regime de previdência seja assegurada ampla defesa;
complementar para os seus respectivos servidores III -  mediante procedimento de avaliação periódica
titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada
aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime ampla defesa.
de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do
para os benefícios do regime geral de previdência social servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupan-
de que trata o art. 201. te da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem
§ 15. O regime de previdência complementar de que direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto
trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo em disponibilidade com remuneração proporcional ao tem-
Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus po de serviço.
parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade,
fechadas de previdência complementar, de natureza o servidor estável ficará em disponibilidade, com remune-
pública, que oferecerão aos respectivos participantes planos ração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado
de benefícios somente na modalidade de contribuição aproveitamento em outro cargo.
definida. § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade,
§ 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por co-
o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor missão instituída para essa finalidade.
que tiver ingressado no serviço público até a data da
publicação do ato de instituição do correspondente regime Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o ser-
de previdência complementar. vidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará su-
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados jeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro)
para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão ob-
devidamente atualizados, na forma da lei. jeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de os seguinte fatores:
aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que I - assiduidade;
trata este artigo que superem o limite máximo estabeleci- II - disciplina;
III - capacidade de iniciativa;
do para os benefícios do regime geral de previdência social
IV - produtividade;
de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido
V - responsabilidade.
para os servidores titulares de cargos efetivos.
§ 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha
estágio probatório, será submetida à homologação da
completado as exigências para aposentadoria voluntária
autoridade competente a avaliação do desempenho do
estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em
servidor, realizada por comissão constituída para essa
atividade fará jus a um abono de permanência equivalente finalidade, de acordo com o que dispuser a lei ou o
ao valor da sua contribuição previdenciária até completar regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo
as exigências para aposentadoria compulsória contidas no da continuidade de apuração dos fatores enumerados nos
§ 1º, II. incisos I a V do caput deste artigo.
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório
próprio de previdência social para os servidores titula- será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo
res de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gesto- anteriormente ocupado, observado o disposto no parágrafo
ra do respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o único do art. 29.
disposto no art. 142, § 3º, X. § 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções
incidirá apenas sobre as parcelas de proventos de apo- de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade
sentadoria e de pensão que superem o dobro do limite de lotação, e somente poderá ser cedido a outro órgão
máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de ou entidade para ocupar cargos de Natureza Especial,
previdência social de que trata o art. 201 desta Constituição, cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção e
quando o beneficiário, na forma da lei, for portador de doen- Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou
ça incapacitante. equivalentes.
§ 4º Ao servidor em estágio probatório somente
7) Estágio probatório e perda do cargo poderão ser concedidas as licenças e os afastamentos
Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem
ser lido em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990: assim afastamento para participar de curso de formação
decorrente de aprovação em concurso para outro cargo na
Artigo 41, CF.  São estáveis após três anos de efetivo Administração Pública Federal.
exercício os servidores nomeados para cargo de provi- § 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as
mento efetivo em virtude de concurso público. licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o,
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: 86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso
I -  em virtude de sentença judicial transitada em jul- de formação, e será retomado a partir do término do
gado; impedimento.

50
NOÇÕES DE DIREITO

O estágio probatório pode ser definido como um lapso do”. Com isso, isto é, ao colocar a segurança pública antes
de tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor serão de tudo como um dever do Estado, e só depois como um
avaliadas de acordo com critérios de assiduidade, discipli- direito do todos, denota o compromisso dos agentes esta-
na, capacidade de iniciativa, produtividade e responsabili- tais em prevenir a desordem, e, consequencialmente, evitar
dade. O servidor não aprovado no estágio probatório será a justiça por próprias mãos.
exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anterior- Neste prumo, no art. 144, caput, da Constituição Fede-
mente ocupado. Não existe vedação para um servidor em ral, se afirma que “a segurança pública, dever do Estado,
estágio probatório exercer quaisquer cargos de provimen- direito e responsabilidade de todos, é exercida para a pre-
to em comissão ou funções de direção, chefia ou assesso- servação da ordem pública e da incolumidade das pessoas
ramento no órgão ou entidade de lotação.
e do patrimônio [...]”. Conforme enumera o próprio artigo
Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disci-
144, CF em seus incisos, os órgãos responsáveis pela ga-
plina do estágio probatório mudou, notadamente aumen-
tando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista que a rantia da segurança pública, compondo sua estrutura, são:
norma constitucional prevalece sobre a lei federal, mesmo polícia federal; polícia rodoviária federal; polícia ferroviária
que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir o dispos- federal; polícias civis; e polícias militares e corpos de bom-
to no artigo 41 da Constituição Federal. beiros militares.
Uma vez adquirida a aprovação no estágio probató- Os parágrafos do artigo 144 regulamentam cada um
rio, o servidor público somente poderá ser exonerado nos destes órgãos que devem garantir a segurança pública,
casos do §1º do artigo 40 da Constituição Federal, notada- com suas respectivas competências:
mente: em virtude de sentença judicial transitada em jul-
gado; mediante processo administrativo em que lhe seja Artigo 144, § 1º, CF. A polícia federal, instituída por lei
assegurada ampla defesa; ou mediante procedimento como órgão permanente, organizado e mantido pela União
de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei e estruturado em carreira, destina-se a:
complementar, assegurada ampla defesa (sendo esta lei I - apurar infrações penais contra a ordem política e so-
complementar ainda inexistente no âmbito federal. cial ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União
ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, as-
8) Militares dos estados, do Distrito Federal e dos sim como outras infrações cuja prática tenha repercussão
territórios interestadual ou internacional e exija repressão uniforme,
Prevê o artigo 42, CF:
segundo se dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e
Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de
Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da
hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Dis- ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas
trito Federal e dos Territórios. áreas de competência;
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuá-
Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, ria e de fronteiras;
as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia ju-
§§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as diciária da União.
matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos
oficiais conferidas pelos respectivos governadores. Artigo 144, § 2º, CF. A polícia rodoviária federal, órgão
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do permanente, organizado e mantido pela União e estruturado
Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento
em lei específica do respectivo ente estatal. ostensivo das rodovias federais.

Segurança pública Artigo 144, § 3º, CF. A polícia ferroviária federal, ór-
gão permanente, organizado e mantido pela União e estru-
A segurança tem um duplo aspecto na Constituição Fe- turado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulha-
deral, a saber, o aspecto de direito e garantia individual e
mento ostensivo das ferrovias federais. 
coletivo, por estar prevista no caput, do artigo 5º, da Cons-
tituição Federal (ao lado do direito à vida, da liberdade, da
igualdade, e da propriedade), bem como o aspecto de di- Artigo 144, § 4º, CF. Às polícias civis, dirigidas por de-
reito social, por estar prevista no artigo 6º, da Constituição legados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a com-
Federal. A segurança do caput, do artigo 5º, CF, todavia, se petência da União, as funções de polícia judiciária e a apu-
refere à “segurança jurídica”. Já a segurança do artigo 6º, ração de infrações penais, exceto as militares.
CF, se refere à “segurança pública”, a qual encontra discipli-
namento no artigo 144, da Constituição da República. Artigo 144, § 1º, CF. Às polícias militares cabem a po-
Ademais, enquanto a Lei Fundamental pátria preceitua lícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos
que a educação e a saúde são “direitos de todos e dever de bombeiros militares, além das atribuições definidas em
do Estado”, fala, por outro lado, que a segurança pública, lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
antes mesmo de ser direito de todos, é um “dever do Esta-

51
NOÇÕES DE DIREITO

Artigo 144, § 6º, CF. As polícias militares e corpos de C) Essencialidade. No plano formal, isto é, da maneira
bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exérci- como estão topicamente dispostos na Lei Fundamental pá-
to, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Go- tria, os direitos humanos vêm antes mesmo da organização
vernadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios”. do Estado. Vêm logo nos primeiros artigos dispostos na CF.
Sendo que, nos termos do artigo 42, CF, “os membros das Já no plano material, sem os direitos humanos a vida
Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, institui- não se completa em sua inteireza. Não tem vida sem di-
ções organizadas com base na hierarquia e disciplina, são reitos.
militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territó- Com isso, se pode dizer que os direitos humanos são
rios. § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito essenciais tanto sob prisma formal, como sob análise ma-
Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, terial;
as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, D) Irrenunciabilidade. Diferentemente dos direitos sub-
§§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as jetivos em geral (que se pode renunciar), os direitos huma-
matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos nos não são renunciáveis, ou seja, mesmo a autorização do
oficiais conferidas pelos respectivos governadores. § 2º Aos seu titular não justifica a sua violação;
pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e E) Inalienabilidade. São os direitos humanos inaliená-
dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do veis, porque não permitem a desinvestidura por parte de
respectivo ente estatal. seu titular, não podendo ser cedidos gratuita ou onerosa-
mente a outrem. São, assim, inegociáveis;
Artigo 144, § 7º, CF. A lei disciplinará a organização F) Inexauribilidade. Os direitos humanos são inexaurí-
e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança veis, inesgotáveis. Não há ordem cronológica. A maior pro-
pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades. va disso é o segundo parágrafo, do art. 5º, da Constituição,
segundo o qual os direitos e garantias na Lei Fundamental
Artigo 144, § 8º, CF. Os Municípios poderão constituir previstos não excluem outros decorrentes do regime e dos
guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, princípios por ela adotados, ou dos tratados em que a Re-
serviços e instalações, conforme dispuser a lei. pública Federativa do Brasil seja parte;
G) Imprescritibilidade. Os direitos humanos são impres-
Artigo 144, § 9º, CF. A remuneração dos servidores po- critíveis, isto é, podem ser reivindicados a qualquer mo-
liciais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será mento, desde que reconhecidamente direitos humanos.
fixada na forma do § 4º do art. 39. 
2 Evolução dos direitos humanos. São as seguintes
Artigo 144, § 10, CF. A segurança viária, exercida para a as fases evolutivas dos direitos humanos:
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas A) Direitos humanos na antiguidade. Esta fase ocorreu
e do seu patrimônio nas vias públicas:  entre a antiguidade e o final do século XVIII. O Estado He-
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de breu seria a primeira experiência de direitos humanos, já
trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que asse- que, neste, o Estado sofria limitações de poder por dogmas
gurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e  religiosos. Era o chamado “Estado Teocrático”.
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal Esta fase também pode ser observada na Grécia, em
e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades execu- Roma, e na Inglaterra.
tivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na Na Inglaterra, aliás, vários documentos importantes
forma da lei. podem ser observados: o “Rules of Law” (deslocou-se a so-
berania do Monarca para Parlamento); a “Magna Carta”, de
1215; o “Habeas Corpus Act”, de 1679; e o “Bill of Rights”, de
1689. Todos estes documentos foram embriões do Estado
2.2. DIREITOS HUMANOS – CONCEITO E Constitucional Moderno.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA. Dando prosseguimento, são algumas características
2.2.1. ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. desta fase os primeiros conjuntos de princípios que garan-
2.2.2. DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA. tem a existência de direitos perante o monarca, limitando
o seu poder; as Constituições consuetudinárias (ainda não
havia Constituições escritas); a ausência de supremacia da
Constituição; e a ideia de supremacia do parlamento;
1 Noções características dos direitos humanos. São B) Fase liberal dos direitos humanos. Esta etapa começa
características dos direitos humanos: no final do século XVIII, com as Revoluções liberais France-
A) Historicidade. Os direitos humanos são históricos, por- sas e Norte americanas, sob influência de Locke, Montes-
que constituídos pela convivência coletiva edificada ao longo quieu e Rousseau.
dos tempos; A Constituição dos Estados Unidos da América, de
B) Universalidade. Os direitos humanos são universais, 1787, é considerada por muitos a primeira Constituição
porque pertencem ao universo de todas as pessoas, ou seja, escrita do mundo. Logo em seguida, tem-se o advento
significa dizer que basta a condição de ser pessoa/humano da Constituição Francesa de 1791 (que durou apenas dois
para que se possa invocá-los no plano interno e no plano anos, logo sendo substituída por duas Constituições em
internacional ( judiciário interno e internacional); 1793, uma “Jacobina”, e outra “Girondina”).

52
NOÇÕES DE DIREITO

Com efeito, são algumas características desta fase clás- Ademais, por intermédio de Ronald Dworkin, nesta
sica dos direitos humanos a ideia de supremacia formal da etapa se reconhece o caráter normativo dos princípios, ou
Constituição; a necessidade de Constituições escritas para seja, “norma” passa a ser gênero, do qual são espécies as
que esta possua tal supremacia; a defesa da rigidez cons- “regras” e os “princípios”. Robert Alexy também trabalhou
titucional (isto é, a existência de um processo mais dificul- bem essa ideia.
toso para modificação do seu Texto); o primeiro caso de Como características desta etapa pode-se elencar
controle de constitucionalidade (no caso “Marbury vs. Ma- a normatividade da Constituição (isto é, a Constituição
dison”, em 1803, nos EUA); a ideia de separação de poderes como norma obrigatória, vinculante); a superioridade da
e garantias de direitos; a ideia de uma Constituição como Constituição (a qual deve ser suprema, escrita e rígida); a
documento essencialmente jurídico, e, portanto, vinculador centralidade da Constituição (através da chamada “consti-
dos entes da Administração Pública. tucionalização do direito”); a eficácia horizontal dos direi-
Ademais, nessa fase clássica surge a primeira dimen- tos humanos (de forma que os direitos humanos também
são/geração de direitos humanos, ligados ao valor “liber- valham para as relações entre particulares); o princípio da
dade”. Tais direitos são conhecidos como direitos civis e po- interpretação conforme Constituição (segundo o qual, toda
líticos, e possuem caráter negativo, isto é, exigem absten- interpretação jurídica é uma interpretação constitucional);
ção do Estado, muito mais que uma atuação positiva. São a maior abertura da interpretação constitucional (o juiz se
direitos eminentemente individuais oponíveis ao Estado. utiliza da subsunção para as regras, e da ponderação para
Neste período, ainda, surge o Estado de Direito (ou Es- os casos envolvendo princípios); e o fortalecimento do Po-
tado Liberal), no qual se preconiza a ideia de império da der Judiciário (que se torna principal protagonista do con-
lei. Trata-se de um Estado-Abstencionsta (que não se in- trole constitucional).
tromete nos direitos individuais). Como consequência do Ademais, nesta fase dos direitos humanos surge o su-
Estado de Direito, tem-se a concretização, na Inglaterra, cessor do Estado Social, a saber, o Estado Democrático de
das “rules of law” (governo das leis em substituição ao go- Direito, no qual se consagram institutos que permitem a
verno dos homens), que começaram na etapa anterior dos participação do povo na vida política do Estado, e que se
direitos humanos; na Prússia, do “Rechtsstaat”, com uma preocupam com o aspecto material e com a efetividade
ideia formal de poder; e do o “État Legal”, na França, com dos direitos fundamentais.
o estabelecimento de normas por legisladores eleitos de- Como documento de suma importância desta fase, aos
mocraticamente. 10 de Dezembro de 1948 a Assembleia Geral das Nações
Neste período, a interpretação do Direito era vista Unidas proclamou a Declaração Universal dos Direitos Hu-
como atividade mecânica dos juízes. Tanto que Montes- manos. Tal Declaração ganhou uma importância extraordi-
quieu diz que o “juiz é a mera boca da lei”; nária, contudo não obriga juridicamente que todos os Es-
C) Fase social dos direitos humanos. Surgida após o tados a respeitem e, devido a isso, a partir do momento em
fim da Primeira Grande Guerra Mundial, e tendo durado que foi promulgada, foi necessário a preparação de inúme-
até o fim da Segunda Guerra, esta fase social dos direitos ros documentos que especificassem os direitos presentes
humanos marca a superação da ideia de eficácia de um na Declaração. Foi nesse contexto que, no período entre
Estado não-interventor, sobretudo em considerando as ne- 1945-1966 nasceram vários documentos.
cessidades que passava a população assolada pelo primei- Assim, a junção da Declaração Universal dos Direitos
ro conflito de caráter mundial. A ideia de Estado mínimo, Humanos, bem como os dois pactos efetuados em 1966,
portanto, ficou incompatível com o momento de carência a saber, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos
social, e, principalmente, com o temor do socialismo que e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e
despontava no leste europeu com as primeiras políticas as- Culturais, constituem a Carta Internacional dos Direitos do
sistencialistas. Homem.
Esta fase deu ensejo ao Estado Social, adepto da polí-
tica do bem-estar (“welfare-state”) dos indivíduos por ele 3 Conceito sintetizado de direitos humanos. Da
tutelados em áreas como educação, segurança, saúde, as- soma das explicações contidas nos tópicos anteriores, se
sistência aos desamparados e previdência social. pode dizer que os direitos humanos, proteções jurídicas ne-
Nesta etapa, surge a segunda geração/dimensão de cessárias à concretização da dignidade da pessoa humana,
direitos humanos, ligada ao valor “igualdade”. Tratam-se de são históricos, universais, essenciais, irrenunciáveis, inalie-
direitos sociais, econômicos e culturais, notadamente de náveis, inexauríveis, e imprescritíveis.
caráter positivo;
D) Fase contemporânea dos direitos humanos. Surge 4 Estado Democrático de Direito. O art. 1º, caput, CF
com fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e consagra prevê que a união indissolúvel dos membros da federação
o “pós-positivismo” (ou nova etapa do positivismo, para brasileira constitui-se um “Estado Democrático de Direito”
quem não concordar com a expressão “pós-positivismo”) (a expressão “Estado Democrático” também é utilizada no
através da reaproximação entre direito e moral. preâmbulo constitucional), Estado este que representa o
Nesta fase, ainda, tem-se o advento da terceira dimen- resultado de uma revolução histórica.
são/geração de direitos humanos, ligada ao valor “frater- Isto porque, há se atentar para a diferença entre “Esta-
nidade” (nesta dimensão, se pode encontrar o direito ao do de Direito”, “Estado Social”, e “Estado Democrático de
meio-ambiente, à autodeterminação dos povos, ao desen- Direito” (veja-se, pois, que “Estado de Direito” e “Estado
volvimento social, ao progresso, à propriedade sobre o pa- Democrático de Direito” não significam a mesma coisa. É
trimônio comum da humanidade etc.). fundamental ter muito cuidado com isso).

53
NOÇÕES DE DIREITO

O “Estado de Direito” surge em 1789, após a Revolução mas de se estabelecer o que é “indigno”, e, por consequên-
Francesa, como reação ao arbítrio do Estado Absoluto. Tal cia, o que é “digno”. Terceiro, porque se relaciona a impor-
Estado buscava, basicamente, implodir os direitos de mo- tância crescente da dignidade à compreensão normativa
narcas em nome de uma supremacia ainda do parlamento, da Constituição, cujo primado fundamental é defender a
bem como proteger os cidadãos dos arbítrios cometidos ausência de uma norma constitucional que “fale mais alto”
pelo Estado absolutista. Uma maneira de ofertar proteção que as outras. É dizer: ao consagrar a dignidade humana
foi dividindo o Estado em três Poderes fundamentais, con- no bojo de uma Constituição, se lhe atribui os valores de
forme Aristóteles e, mais tarde, Mostesquieu: o Poder Exe- segurança jurídica e humanização aos que se submetem
cutivo (ou Administrativo), o Poder Legislativo, e o Poder à Lei Fundamental, mas, por outro lado, se lhe retira qual-
Judiciário. quer privilégio quando do encontro de diferentes normas
À faceta política do “Estado de Direito” dá-se o nome constitucionais.
de “Estado Liberal”. Já á faceta econômica do “Estado de A importância da dignidade como “princípio funda-
Direito” dá-se o nome de “Liberalismo Econômico”. mental” (ou como sobreprincípio), pois, reside na maneira
O “Estado Social”, por sua vez, surge ao fim da Primeira como ela se acopla às outras regras, princípios e valores
Guerra Mundial, como decorrência da falência da ideia de integrantes de todo o ordenamento jurídico, e na forma
liberalismo econômico, haja vista as necessidades popula- como se deve acoplar os argumentos regrativos, principio-
cionais em decorrência da catástrofe ocasionada por um lógicos e valorativos para derrubá-la num caso concreto.
primeiro conflito de proporções mundiais. Logo, a força da dignidade não está na sua positivação (afi-
Por fim, o “Estado Democrático de Direito” surge após nal, a força de todas as normas é a mesma, isto é, sem qual-
o fim da Segunda Guerra, objetivando reaproximar o direi- quer hierarquia), mas no modo como se a usa para inter-
to da moral. Um “Estado Democrático” é sinônimo de Esta- pretar o direito. Daí sua importância ímpar: funcionar como
do respeitador da igualdade, da liberdade, e da dignidade denominador comum de toda espécie normativa.
da pessoa humana.
Mas, por falar em Estado “Democrático”, o que significa 7 Gerações/dimensões de direitos humanos. Tanto
“democracia”? Não significa apenas o exercício dos direitos a expressão “geração” como a expressão “dimensão” po-
políticos, isto é, o direito de votar e ser votado. Significa dem ser utilizadas sinonimamente. Prefere-se, contudo, a
muito mais do que isso. Em sentido amplo, “democracia” expressão “dimensão”, pois “geração” pressupõe um mo-
significa viver em um Estado no qual são permitidas opor- mento que sucede ao outro, e, em se tratando de direitos
tunidades a todos, no qual a transparência política impera, fundamentais, não há essa sucessão de fenômenos, mas
no qual programas sociais são elaborados para minimizar sim uma sobreposição de fenômenos, tal como ocorrem
as mazelas dos menos favorecidos etc. com as dimensões. Assim, o fato da terceira dimensão es-
tar plenamente vigente em alguns países, p. ex., não obsta
5 Cidadania. É o direito de ter direitos. O indivíduo, que a segunda dimensão continue sendo buscada nestes
por meio da cidadania, pode contrair direitos e obrigações. países. Em Cuba, p. ex., os direitos de segunda dimensão,
Ademais, o cidadão, para efeitos técnicos, é aquele que ligados à igualdade, estão bastante desenvolvidos, apesar
titulariza direitos políticos. de viver o país num cristalino atraso quanto aos direitos de
primeira dimensão, ligados à liberdade.
6 Dignidade da pessoa humana. A dignidade hu- Independentemente da expressão que se utilize (o que
mana é o elemento mais forte que a Constituição Federal importa é entender sua essência), originariamente havia
consagra a um ser humano, apesar de independer desta três dimensões de direitos humanos, as quais foram intro-
consagração constitucional para que o ser humano tenha o duzidas no ordenamento brasileiro por Paulo Bonavides,
direito à existência digna. que acrescentou a estas uma quarta e quinta dimensões.
Consiste a dignidade numa série de fatores que, ne- Veja-se que Paulo Bonavides apenas introduziu e de-
cessariamente, devem ser observados para que o homem senvolveu tal classificação no Brasil. Sua criação propria-
tenha condições de sobrevivência. Não é à toa que a dig- mente dita se deu pelo polonês Karel Vazak, jurista tcheco,
nidade da pessoa humana tem “status” de sobreprincípio em 1979, em conferência realizada em Estrasburgo, inspi-
constitucional (ou “valor supremo”, como preferem alguns), rado nos ideais da Revolução Francesa, a saber, liberdade,
isto é, está acima até mesmo dos princípios. igualdade, e fraternidade.
Como se não bastasse, em que pese o extremo respeito Isto posto, feita esta consideração preliminar, há se se-
pelo posicionamento que pende pelo caráter absoluto da guir pela classificação de Paulo Bonavides, indubitavelmen-
dignidade humana, aquele que entende ser o sobreprincí- te a mais arraigada no constitucionalismo pátrio:
pio relativizável é o que merece prosperar. Primeiro, porque A) Primeira geração/dimensão de direitos humanos. Li-
a simples possibilidade de confronto entre as dignidades gados ao valor “liberdade”, os direitos de primeira geração/
dos sujeitos “X” e “Y”, por si só, já as relativiza. Segundo, dimensão são os direitos civis e políticos, que, dentro da
porque o conceito de dignidade humana apresentou varia- classificação de Jellinek, correspondem aos direitos de de-
ções ao longo dos tempos, não sendo possível identificar fesa, essencialmente negativos. Ademais, são direitos pre-
uma dignidade homogênea: entre morrer queimado como dominantemente individuais (ex.: liberdade de crença);
herege e suportar a fome e a falta de saneamento básico B) Segunda geração/dimensão de direitos humanos. Li-
dos nichos de obscurantismo social há muitas outras for- gados ao valor “igualdade”, os direitos de segunda dimen-

54
NOÇÕES DE DIREITO

são/geração são os direitos sociais, econômicos e culturais, O documento que constitui o marco mais significati-
que, dentro da classificação de Jellinek, são os direitos vo para a formação de uma concepção contemporânea de
prestacionais, essencialmente positivos. Também são pre- direitos humanos é a Declaração Universal de Direitos Hu-
dominantemente individuais, apesar do inevitável reflexo manos de 1948, refletindo a chamada internacionalização
coletivo que produzem (ex.: o direito ao trabalho); dos direitos humanos. Enfim, pela primeira vez foi ela-
C) Terceira geração/dimensão de direitos humanos. borado um documento de abrangência internacional que
Ligados ao valor “fraternidade”, Paulo Bonavides elenca reconhecesse expressamente todos os direitos inerentes á
como alguns dos direitos de terceira dimensão/geração o humanidade, sem os quais ela é tolhida de sua dignidade.
direito ao desenvolvimento/progresso, o direito ao meio am- O antecedente histórico deste documento foi, notadamen-
biente, o direito à autodeterminação dos povos, o direito de te, a 2ª Guerra Mundial, com seus regimes totalitários fas-
comunicação, o direito de propriedade sobre o patrimônio cistas, como o nazismo.
comum da humanidade, dentre outros. Tratam-se de direi- Foi constituído um órgão após a 2ª Guerra Mundial vi-
sando impedir incidentes futuros semelhantes e garantir a
tos predominantemente transindividuais, ou seja, alguns
paz mundial, o qual foi o responsável por redigir a Declara-
são coletivos, outros são difusos;
ção de 1948. Em 26 de junho de 1945 foi assinada a carta
D) Quarta geração/dimensão de direitos humanos. Li- de Organização das Nações Unidas (ONU), que tem por
gados ao valor “pluralidade”, Paulo Bonavides coloca den- fundamento o princípio da igualdade soberana de todos os
tro da quarta geração/dimensão de direitos fundamental- estados que buscassem a paz, possuindo uma Assembleia
mente humanos a democracia, a informação e o pluralismo. Geral, um Conselho de Segurança, uma Secretaria, em Con-
Tratam-se de direitos predominantemente coletivos; selho Econômico e Social, um Conselho de Mandatos e um
E) Quinta geração/dimensão de direitos humanos. Na Tribunal Internacional de Justiça.
quinta dimensão/geração de direitos humanos estaria o No dia 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral
direito à paz, como uma finalidade a ser alcançada. Em ou- das Nações Unidas elaborou a Declaração Universal dos
tros tempos, Paulo Bonavides colocou o direito à paz na Direitos Humanos. Moraes67 lembra que a Declaração de
terceira geração/dimensão de direitos fundamentalmente 1948 foi a mais importante conquista no âmbito dos direi-
humanos, embora recentemente o tenha colocado numa tos humanos fundamentais em nível internacional, muito
dimensão/geração autônoma que aqui se estuda. De toda embora o instrumento adotado tenha sido uma resolução,
forma, não é pacífico, hoje, sobre estar a paz, de fato, na não constituindo seus dispositivos obrigações jurídicas dos
quinta dimensão/geração de direitos humanos. Estados que a compõem. Em outras palavras, a Declaração
em si não possui conteúdo coativo em relação aos Estados-
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMA- -partes, mas seus princípios se refletem em outros tratados
NOS internacionais que o possuem.
O fato é que desse documento se originaram muitos
Os graves eventos que ocorreram durante a guerra ba- outros, nos âmbitos nacional e internacional, sendo que
seados no ideário positivista, notadamente o extermínio de dois deles praticamente repetem e pormenorizam o seu
milhões de civis, numa ideologia antissemita positivada na conteúdo, quais sejam: o Pacto Internacional dos Direitos
Constituição alemã que autorizava tais atos, fez com que Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Eco-
este arcabouço teórico caísse por terra. Passou a ser ne- nômicos, Sociais e Culturais. No âmbito regional, entre ou-
cessário o resgate do conteúdo moral no Direito, deixando tros, a Convenção Interamericana de Direitos Humanos. No
âmbito nacional, destacam-se as positivações nos textos
claro que existem direitos inerentes ao homem que não
das Constituições Federais. Afinal, como explica Lafer68, a
podem ser violados. afirmação do jusnaturalismo moderno de um direito racio-
No passado, tal tarefa era desempenhada pelo chama- nal, universalmente válido, gerou implicações relevantes na
do direito natural, que se contrapõe ao direito positivo, teoria constitucional e influenciou o processo de codifica-
localizado no tempo e no espaço: tem como pressuposto a ção a partir de então.
ideia de imutabilidade de certos princípios, que escapam à
história, e a universalidade destes princípios transcendem Adotada e proclamada pela Resolução n° 217 A (III) da 
a geografia. A estes princípios, que são dados e não pos- Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro
tos por convenção, os homens têm acesso através da razão de 1948
comum a todos (todo homem é racional), e são estes prin- Preâmbulo
cípios que permitem qualificar as condutas humanas como O preâmbulo é um elemento comum em textos cons-
boas ou más, qualificação esta que promove uma contínua titucionais. Em relação ao preâmbulo constitucional, Jorge
vinculação entre norma e valor e, portanto, entre Direito e Miranda69 define: “[...] proclamação mais ou menos sole-
Moral.66 ne, mais ou menos significante, anteposta ao articulado
Entretanto, as normas de direito natural não eram de-
claradas expressamente em nenhum documento, além do 67 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais:
teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da Repú-
que geralmente apareciam vinculadas a conceitos religio-
blica Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas,
sos. Nisto se diferenciam das normas de direitos humanos, 1997.
que refletem a concepção contemporânea de direito na- 68 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um
tural. diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das
66 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um Letras, 2009.
diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das 69 MIRANDA, Jorge (Coord.). Estudos sobre a constituição.
Letras, 2009. Lisboa: Petrony, 1978.

55
NOÇÕES DE DIREITO

constitucional, não é componente necessário de qualquer Depois de duas grandes guerras a humanidade conse-
Constituição, mas tão somente um elemento natural de guiu perceber o quanto era prejudicial não manter relações
Constituições feitas em momentos de ruptura histórica ou amistosas entre as nações, de forma que o ideal de paz
de grande transformação político-social”. Do conceito do ganhou uma nova força.
autor é possível extrair elementos para definir o que re- Considerando que os povos das Nações Unidas reafir-
presentam os preâmbulos em documentos internacionais: maram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamen-
proclamação dotada de certa solenidade e significância tais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igual-
que antecede o texto do documento internacional e, em- dade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidi-
bora não seja um elemento necessário a ele, merece ser ram promover o progresso social e melhores condições de
vida em uma liberdade mais ampla,
considerada porque reflete o contexto de ruptura histórica
Considerando que os Estados-Membros se compromete-
e de transformação político-social que levou à elaboração
ram a desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o
do documento como um todo. No caso da Declaração de
respeito universal aos direitos humanos e liberdades funda-
1948 ficam evidentes os antecedentes históricos inerentes mentais e a observância desses direitos e liberdades,
às Guerras Mundiais. Considerando que uma compreensão comum desses di-
Considerando que o reconhecimento da dignidade ine- reitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno
rente a todos os membros da família humana e de seus di- cumprimento desse compromisso,
reitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da Todos os países que fazem parte da Organização das
justiça e da paz no mundo, Nações Unidas, tanto os 51 membros fundadores quanto
O princípio da dignidade da pessoa humana, pelo qual os que ingressaram posteriormente (basicamente, todos
todos os seres humanos são dotados da mesma dignidade demais países do mundo), totalizando 193, assumiram o
e para que ela seja preservada é preciso que os direitos compromisso de cumprir a Carta da ONU, documento que
inerentes à pessoa humana sejam garantidos, já aparece no a fundou e que traz os princípios condutores da ação da
preâmbulo constitucional, sendo guia de todo documento. organização.
Denota-se, ainda, a característica da inalienabilidade
dos direitos humanos, pela qual os direitos humanos não A Assembleia  Geral proclama
possuem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são in- A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos
transferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e to-
das as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada
comércio, o que evidencia uma limitação do princípio da
órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declara-
autonomia privada.
ção, se esforce, através do ensino e da educação, por promo-
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos di-
ver o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção
reitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultraja- de medidas progressivas de caráter nacional e internacio-
ram a consciência da Humanidade e que o advento de um nal, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observân-
mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, cia universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios
de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob
necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do sua jurisdição.
homem comum, A Assembleia Geral é o principal órgão deliberativo das
A humanidade nunca irá esquecer das imagens vistas Nações Unidas, no qual há representatividade de todos os
quando da abertura dos campos de concentração nazis- membros e por onde passam inúmeros tratados interna-
tas, nos quais os cadáveres esqueléticos do que não eram cionais.
considerados seres humanos perante aquele regime polí-
tico se amontoavam. Aquelas pessoas não eram conside- Artigo I
radas iguais às demais por possuírem alguma caracterís- Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignida-
tica, crença ou aparência que o Estado não apoiava. Daí a de e direitos. São dotadas de razão  e consciência e devem
importância de se atentar para os antecedentes históricos agir em relação umas às outras com espírito de fraterni-
e compreender a igualdade de todos os homens, indepen- dade.
O primeiro artigo da Declaração é altamente represen-
dentemente de qualquer fator.
tativo, trazendo diversos conceitos chaves de todo o do-
Considerando essencial que os direitos humanos sejam
cumento:
protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não
a) Princípios da universalidade, presente na palavra
seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tira- todos, que se repete no documento inteiro, pelo qual os
nia e a opressão, direitos humanos pertencem a todos e por isso se encon-
Por todo o mundo se espalharam, notadamente du- tram ligados a um sistema global (ONU), o que impede o
rante a Segunda Guerra Mundial, regimes totalitários alta- retrocesso.
mente opressivos, não só por parte das Potências do Eixo Na primeira parte do artigo estatui-se que não basta a
(Alemanha, Itália, Japão), mas também no lado dos Aliados igualdade formal perante a lei, mas é preciso realizar esta
(Rússia e o regime de Stálin). igualdade de forma a ser possível que todo homem atinja
Considerando essencial promover o desenvolvimento de um grau satisfatório de dignidade. Neste sentido, as dis-
relações amistosas entre as nações, criminações legais asseguram a verdadeira igualdade, por

56
NOÇÕES DE DIREITO

exemplo, com as ações afirmativas, a proteção especial ao Artigo II


trabalho da mulher e do menor, as garantias aos porta- Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as
dores de deficiência, entre outras medidas que atribuam liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de
a pessoas com diferentes condições, iguais possibilidades, qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua,  religião,
protegendo e respeitando suas diferenças.70 opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou
b) Princípio da dignidade da pessoa humana: a dig- social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 
nidade é um atributo da pessoa humana, segundo o qual Reforça-se o princípio da igualdade, bem como o da
ela merece todo o respeito por parte dos Estados e dos dignidade da pessoa humana, de forma que todos seres
demais indivíduos, independentemente de qualquer fator humanos são iguais independentemente de qualquer con-
como aparência, religião, sexualidade, condição financeira. dição, possuindo os mesmos direitos visando a preserva-
Todo ser humano é digno e, por isso, possui direitos que ção de sua dignidade.
visam garantir tal dignidade. O dispositivo traz um aspecto da igualdade que impe-
c) Dimensões de direitos humanos: tradicionalmente, de a distinção entre pessoas pela condição do país ou terri-
os direitos humanos dividem-se em três dimensões, cada tório a que pertença, o que é importante sob o aspecto de
qual representativa de um momento histórico no qual se proteção dos refugiados, prisioneiros de guerra, pessoas
evidenciou a necessidade de garantir direitos de certa ca- perseguidas politicamente, nacionais de Estados que não
tegoria. A primeira dimensão, presente na expressão livres, cumpram os preceitos das Nações Unidas. Não obstante, a
refere-se aos direitos civis e políticos, os quais garantem a discriminação não é proibida apenas quanto a indivíduos,
liberdade do homem no sentido de não ingerência estatal mas também quanto a grupos humanos, sejam formados
e de participação nas decisões políticas, evidenciados his- por classe social, etnia ou opinião em comum73.
toricamente com as Revoluções Americana e Francesa. A “A Declaração reconhece a capacidade de gozo in-
segunda dimensão, presente na expressão iguais, refere-se distinto dos direitos e liberdades assegurados a todos os
aos direitos econômicos, sociais e culturais, os quais garan- homens, e não apenas a alguns setores ou atores sociais.
tem a igualdade material entre os cidadãos exigindo pres- Garantir a capacidade de gozo, no entanto, não é sufi-
tações positivas estatais nesta direção, por exemplo, asse- ciente para que este realmente se efetive. É fundamental
gurando direitos trabalhistas e de saúde, possuindo como aos ordenamentos jurídicos próprios dos Estados viabi-
antecedente histórico a Revolução Industrial. A terceira di- lizar os meios idôneos a proporcionar tal gozo, a fim de
mensão, presente na expressão fraternidade, refere-se ao que se perfectibilize, faticamente, esta garantia. Isto se dá
necessário olhar sobre o mundo como um lugar de todos, não somente com a igualdade material diante da lei, mas
no qual cada qual deve reconhecer no outro seu semelhan- também, e principalmente, através do reconhecimento e
te, digno de direitos, olhar este que também se lança para respeito das desigualdades naturais entre os homens, as
as gerações futuras, por exemplo, com a preservação do quais devem ser resguardadas pela ordem jurídica, pois é
meio ambiente e a garantia da paz social, sendo o marco somente assim que será possível propiciar a aludida capa-
histórico justamente as Guerras Mundiais.71 Assim, desde cidade de gozo a todos”74.
logo a Declaração estabelece seus parâmetros fundamen-
tais, com esteio na Declaração dos Direitos do Homem e Artigo III
do Cidadão de 1789 e na Constituição Francesa de 1791, Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à seguran-
quais sejam igualdade, liberdade e fraternidade. Embora ça pessoal.
os direitos de 1ª, 2ª e 3ª dimensão, que se baseiam nesta Segundo Lenza75, “abrange tanto o direito de não ser
tríade, tenham surgido de forma paulatina, devem ser con- morto, privado da vida, portanto, direito de continuar vivo,
siderados em conjunto proporcionando a plena realização como também o direito de ter uma vida digna”. Na pri-
do homem72. meira esfera, enquadram-se questões como pena de mor-
Na primeira parte do artigo estatui-se que não basta a te, aborto, pesquisas com células-tronco, eutanásia, entre
igualdade formal perante a lei, mas é preciso realizar esta outras polêmicas. Na segunda esfera, notam-se desdo-
igualdade de forma a ser possível que todo homem atinja bramentos como a proibição de tratamentos indignos, a
um grau satisfatório de dignidade. p. 8 exemplo da tortura, dos trabalhos forçados, etc.
Neste sentido, as discriminações legais asseguram A vida humana é o centro gravitacional no qual orbi-
a verdadeira igualdade, por exemplo, com as ações afir- tam todos os direitos da pessoa humana, possuindo refle-
mativas, a proteção especial ao trabalho da mulher e do xos jurídicos, políticos, econômicos, morais e religiosos.
menor, as garantias aos portadores de deficiência, entre Daí existir uma dificuldade em conceituar o vocábulo vida.
outras medidas que atribuam a pessoas com diferentes Logo, tudo aquilo que uma pessoa possui deixa de ter valor
condições, iguais possibilidades, protegendo e respeitando ou sentido se ela perde a vida. Sendo assim, a vida é o bem
suas diferenças. p. 8 principal de qualquer pessoa, é o primeiro valor moral de
70 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni- 73 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni-
versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
71 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução Celso La- 74 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni-
fer. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
72 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni- 75 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema-
versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

57
NOÇÕES DE DIREITO

todos os seres humanos. Trata-se de um direito que pode Artigo VI


ser visto em 4 aspectos, quais sejam: a) direito de nascer; b) Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares,
direito de permanecer vivo; c) direito de ter uma vida digna reconhecida como pessoa perante a lei.
quanto à subsistência e; d) direito de não ser privado da “Afinal, se o Direito existe em função da pessoa huma-
vida através da pena de morte76. na, será ela sempre sujeito de direitos e de obrigações. Ne-
Por sua vez, o direito à liberdade é posto como consec- gar-lhe a personalidade, a aptidão para exercer direitos e
tário do direito à vida, pois ela depende da liberdade para o contrair obrigações, equivale a não reconhecer sua própria
desenvolvimento intelectual e moral. Assim, “[...] liberdade existência. [...] O reconhecimento da personalidade jurídi-
é assim a faculdade de escolher o próprio caminho, sendo ca é imprescindível à plena realização da pessoa humana.
um valor inerente à dignidade do ser, uma vez que decorre Trata-se de garantir a cada um, em todos os lugares, a pos-
da inteligência e da volição, duas características da pessoa sibilidade de desenvolvimento livre e isonômico”80.
humana”77. O sistema de proteção de direitos humanos estabeleci-
O direito à segurança pessoal é o direito de viver sem do no âmbito da Organização das Nações Unidas é global,
medo, protegido pela solidariedade e liberto de agressões, razão pela qual não cabe o seu desrespeito em qualquer
logo, é uma maneira de garantir o direito à vida78. localidade do mundo. Por isso, um estrangeiro que visite
outro país não pode ter seus direitos humanos violados,
Artigo IV independentemente da Constituição daquele país nada
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a es- prever a respeito dos direitos dos estrangeiros. A pessoa
cravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as humana não perde tal caráter apenas por sair do território
suas formas.  de seu país. Em outras palavras, denota-se uma das facetas
“O trabalho escravo não se confunde com o trabalho do princípio da universalidade.
servil. A escravidão é a propriedade plena de um homem
sobre o outro. Consiste na utilização, em proveito próprio, Artigo  VII
do trabalho alheio. Os escravos eram considerados seres Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qual-
humanos sem personalidade, mérito ou valor. A servidão, quer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a
por seu turno, é uma alienação relativa da liberdade de igual proteção contra qualquer discriminação que viole a
trabalho através de um pacto de prestação de serviços ou presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal dis-
de uma ligação absoluta do trabalhador à terra, já que a criminação.
servidão era uma instituição típica das sociedades feudais. Um dos desdobramentos do princípio da igualdade
A servidão, representava a espinha dorsal do feudalismo. refere-se à igualdade perante à lei. Toda lei é dotada de
O servo pagava ao senhor feudal uma taxa altíssima pela caráter genérico e abstrato que evidencia não aplicar-se a
utilização do solo, que superava a metade da colheita”79. uma pessoa determinada, mas sim a todas as pessoas que
A abolição da escravidão foi uma luta histórica em venham a se encontrar na situação por ela descrita. Não
todo o globo. Seria totalmente incoerente quanto aos prin- significa que a legislação não possa estabelecer, em abstra-
cípios da liberdade, da igualdade e da dignidade se admitir to, regras especiais para um grupo de pessoas desfavoreci-
que um ser humano pudesse ser submetido ao outro, ser do socialmente, direcionando ações afirmativas, por exem-
tratado como coisa. O ser humano não possui valor finan- plo, aos deficientes, às mulheres, aos pobres - no entanto,
ceiro e nem serve ao domínio de outro, razão pela qual a todas estas ações devem respeitar a proporcionalidade e a
escravidão não pode ser aceita. razoabilidade (princípio da igualdade material).

Artigo V Artigo VIII


Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais
ou castigo cruel, desumano ou degradante. competentes remédio efetivo para os atos que violem os di-
Tortura é a imposição de dor física ou psicológica por reitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela cons-
crueldade, intimidação, punição, para obtenção de uma tituição ou pela lei.
confissão, informação ou simplesmente por prazer da pes- Não basta afirmar direitos, é preciso conferir meios
soa que tortura. A tortura é uma espécie de tratamento para garanti-los. Ciente disto, a Declaração traz aos Esta-
ou castigo cruel, desumano ou degradante. A Convenção dos-partes o dever de estabelecer em suas legislações in-
das Nações Unidas contra a Tortura e Outros Tratamentos ternas instrumentos para proteção dos direitos humanos.
ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (Resolução n° Geralmente, nos textos constitucionais são estabelecidos
39/46 da Assembleia Geral das Nações Unidas) foi estabe- os direitos fundamentais e os instrumentos para protegê-
lecida em 10 de dezembro de 1984 e ratificada pelo Brasil -los, por exemplo, o habeas corpus serve à proteção do di-
em 28 de setembro de 1989. reito à liberdade de locomoção.
76 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni-
versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. Artigo IX
77 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni- Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. Prisão e detenção são formas de impedir que a pessoa
78 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni- saia de um estabelecimento sob tutela estatal, privando-a
versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. de sua liberdade de locomoção. Exílio é a expulsão ou mu-
79 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni- 80 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni-
versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

58
NOÇÕES DE DIREITO

dança forçada de uma pessoa do país, sendo assim tam- para ao final do processo conduzir a culpabilidade do in-
bém uma forma de privar a pessoa de sua liberdade de divíduo admitindo-se a aplicação das penas previamente
locomoção em um determinado território. Nenhuma des- cominadas. Entretanto, a presunção de inocência não afas-
tas práticas é permitida de forma arbitrária, ou seja, sem o ta a possibilidade de medidas cautelares como as prisões
respeito aos requisitos previstos em lei. provisórias, busca e apreensão, quebra de sigilo como me-
Não significa que em alguns casos não seja aceita a pri- didas de caráter excepcional cujos requisitos autorizadores
vação de liberdade, notadamente quando o indivíduo tiver devem estar previstos em lei”82.
praticado um ato que comprometa a segurança ou outro 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou
direito fundamental de outra pessoa. omissão que, no momento, não constituíam delito perante
o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta
Artigo X pena mais forte do que aquela que, no momento da prática,
Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma au- era aplicável ao ato delituoso.
diência justa e pública por parte de um tribunal independen- Evidencia-se o princípio da irretroatividade da lei penal
te e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do in pejus (para piorar a situação do acusado) pelo qual uma
fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.
lei penal elaborada posteriormente não pode se aplicar a
“De acordo com a ordem que promana do preceito
atos praticados no passado - nem para um ato que não era
acima reproduzido, as pessoas têm a faculdade de exigir
considerado crime passar a ser, nem para que a pena de um
um pronunciamento do Poder Judiciário, acerca de seus
direitos e deveres postos em litígio ou do fundamento de ato que era considerado crime seja aumentada. Evidencia
acusação criminal, realizado sob o amparo dos princípios não só o respeito à liberdade, mas também - e principal-
da isonomia, do devido processo legal, da publicidade dos mente - à segurança jurídica.
atos processuais, da ampla defesa e do contraditório e da
imparcialidade do juiz”81. Artigo XII
Em outras palavras não é possível juízo ou tribunal de Ninguém será sujeito a interferências na sua vida pri-
exceção, ou seja, um juízo especialmente delegado para o vada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência,
julgamento do caso daquela pessoa. O juízo deve ser esco- nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem di-
lhido imparcialmente, de acordo com as regras de organi- reito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.
zação judiciária que valem para todos. Não obstante, o juí- A proteção aos direitos à privacidade e à personalidade
zo deve ser independente, isto é, poder julgar independen- se enquadra na primeira dimensão de direitos fundamen-
temente de pressões externas para que o julgamento se dê tais no que tange à proteção à liberdade. Enfim, o exercício
num ou noutro sentido. O juízo também deve ser imparcial, da liberdade lega-se também às limitações a este exercício:
não possuindo amizade ou inimizade em graus relevantes de que adianta ser plenamente livre se a liberdade de um
para com o acusado. Afinal, o direito à liberdade é consa- interfere na liberdade - e nos direitos inerentes a esta liber-
grado e para que alguém possa ser privado dela por uma dade - do outro.
condenação criminal é preciso que esta se dê dentro dos “O direito à intimidade representa relevante manifes-
trâmites legais, sem violar direitos humanos do acusado. tação dos direitos da personalidade e qualifica-se como
expressiva prerrogativa de ordem jurídica que consiste em
Artigo XI reconhecer, em favor da pessoa, a existência de um espaço
1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o di- indevassável destinado a protegê-la contra indevidas inter-
reito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade ferências de terceiros na esfera de sua vida privada”83.
tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento pú- O artigo também abrange a proteção ao domicílio, lo-
blico no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garan- cal no qual a pessoa deseja manter sua privacidade e pode
tias necessárias à sua defesa.
desenvolver sua personalidade; e à correspondência, en-
O princípio da presunção de inocência ou não culpa-
viada ao seu lar unicamente para sua leitura e não de ter-
bilidade liga-se ao direito à liberdade. Antes que ocorra a
ceiros, preservando-se sua privacidade.
condenação criminal transitada em julgado, isto é, proces-
sada até o último recurso interposto pelo acusado, este
deve ser tido como inocente. Durante o processo penal, Artigo XIII
o acusado terá direito ao contraditório e à ampla defesa, 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e
bem como aos meios e recursos inerentes a estas garan- residência dentro das fronteiras de cada Estado.
tias, e caso seja condenado ao final poderá ser considerado Não há limitações ao direito de locomoção dentro do
culpado. A razão é que o estado de inocência é inerente ao próprio Estado, nem ao direito de residir. Vale lembrar que
ser humano até que ele viole direito alheio, caso em que a legislação interna pode estabelecer casos em que tal di-
merecerá sanção. reito seja relativizado, por exemplo, obrigando um funcio-
“Através desse princípio verifica-se a necessidade de o nário público a residir no município em que está sediado
Estado comprovar a culpabilidade do indivíduo presumido ou impedindo o ingresso numa área de interesse estatal.
inocente. Está diretamente relacionado à questão da pro- 82 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni-
va no processo penal que deve ser validamente produzida versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
81 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni- 83 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito cons-
versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. titucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

59
NOÇÕES DE DIREITO

São exceções à liberdade de locomoção: decisão judi- formalizada conforme a lei, com a finalidade de construir
cial que imponha pena privativa de liberdade ou limitação família. A principal finalidade do casamento é estabele-
da liberdade, normas administrativas de controle de vias e cer a comunhão plena de vida, impulsionada pelo amor e
veículos, limitações para estrangeiros em certas regiões ou afeição existente entre o casal e baseada na igualdade de
áreas de segurança nacional e qualquer situação em que direitos e deveres dos cônjuges e na mútua assistência.85
o direito à liberdade deva ceder aos interesses públicos84. Não é aceitável o casamento que se estabeleça à força
2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, para algum dos nubentes, sendo exigido o livre e pleno
inclusive o próprio, e a este regressar. consentimento de ambos. Não obstante, é coerente que a
A nacionalidade é um direito humano, assim como a li- lei traga limitações como a idade, pois o casamento é uma
berdade de locomoção. Destaca-se que o artigo não men- instituição séria, base da família, e somente a maturidade
ciona o direito de entrar em qualquer país, mas sim o de pode permitir compreender tal importância.
deixá-lo.
Artigo XVII
Artigo XIV 1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em so-
1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de ciedade com outros.
procurar e de gozar asilo em outros países.  2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua pro-
2. Este direito não pode ser invocado em caso de per- priedade.
seguição legitimamente motivada por crimes de direito co- “Toda pessoa [...] tem direito à propriedade, podendo
mum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das o ordenamento jurídico estabelecer suas modalidades de
Nações Unidas. aquisição, perda, uso e limites. O direito de propriedade,
O direito de asilo serve para proteger uma pessoa per- constitucionalmente assegurado, garante que dela nin-
seguida por suas opiniões políticas, situação racial, con- guém poderá ser privado arbitrariamente [...]”86. O direito
vicções religiosas ou outro motivo político em seu país de à propriedade se insere na primeira dimensão de direitos
origem, permitindo que ela requeira perante a autoridade humanos, garantindo que cada qual tenha bens materiais
de outro Estado proteção. Claro, não se protege aquele que justamente adquiridos, respeitada a função social.
praticou um crime comum em seu país e fugiu para outro,
caso em que deverá ser extraditado para responder pelo Artigo XVIII
crime praticado.
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento,
consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mu-
Artigo XV
dar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 
religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacio-
pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou
nalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.
em particular.
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um
Silva87 aponta que a liberdade de pensamento, que
indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele pas-
se a integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim de também pode ser chamada de liberdade de opinião, é con-
direitos e obrigações. Não é aceita a figura do apátrida ou siderada pela doutrina como a liberdade primária, eis que
heimatlos, o indivíduo que não possui nenhuma naciona- é ponto de partida de todas as outras, e deve ser entendida
lidade. como a liberdade da pessoa adotar determinada atitude
É possível mudar de nacionalidade nas situações intelectual ou não, de tomar a opinião pública que crê ver-
previstas em lei, naturalizando-se como nacional de outro dadeira. Tal opinião pública se refere a diversos aspectos,
Estado que não aquele do qual originalmente era nacional. entre eles religião e crença.
Geralmente, a permanência no território do pais por um A liberdade de religião atrela-se à liberdade de cons-
longo período de tempo dá direito à naturalização, abrindo ciência e à liberdade de pensamento, mas o inverso não
mão da nacionalidade anterior para incorporar a nova. ocorre, porque é possível existir liberdade de pensamento
e consciência desvinculada de cunho religioso. Aliás, a li-
Artigo XVI berdade de consciência também concretiza a liberdade de
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer ter ou não ter religião, ter ou não ter opinião político-parti-
restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de dária ou qualquer outra manifestação positiva ou negativa
contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais da consciência88.
direitos em relação ao casamento, sua duração e sua disso-
lução.  85 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 6. ed.
São Paulo: Saraiva, 2009. v. 6.
2. O casamento não será válido senão com o livre e ple-
86 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais:
no consentimento dos nubentes.
teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da Repú-
O casamento, como todas as instituições sociais, varia blica Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas,
com o tempo e os povos, que evoluem e adquirem novas 1997.
culturas. Há quem o defina como um ato, outros como um 87 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional
contato. Basicamente, casamento é a união, devidamente positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
84 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni- 88 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni-
versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

60
NOÇÕES DE DIREITO

No que tange à exteriorização da liberdade de religião, por seu representante eleito), nos termos que este artigo
ou seja, à liberdade de expressão religiosa, não é devida da Declaração prevê. A principal classificação das demo-
nenhuma perseguição, assim como é garantido o direito de cracias é a que distingue a direta da indireta - a) direta,
praticá-la em grupo ou individualmente. também chamada de pura, na qual o cidadão expressa sua
vontade por voto direto e individual em casa questão re-
Artigo XIX levante; b) indireta, também chamada representativa, em
Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expres- que os cidadãos exercem individualmente o direito de voto
são; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter para escolher representante(s) e aquele(s) que for(em) mais
opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e escolhido(s) representa(m) todos os eleitores.
ideias por quaisquer meios e independentemente de fron- Não obstante, se introduz a dimensão do Estado So-
teiras. cial, de forma que ao cidadão é garantida a prestação de
Silva89 entende que a liberdade de expressão pode ser serviços públicos. Isto se insere na segunda dimensão de
vista sob diversos enfoques, como o da liberdade de comu- direitos humanos, referentes aos direitos econômicos, so-
nicação, ou liberdade de informação, que consiste em um ciais e culturais - sem os quais não se consolida a igualdade
material.
conjunto de direitos, formas, processos e veículos que via-
bilizam a coordenação livre da criação, expressão e difusão
Artigo XXII
da informação e do pensamento. Contudo, o a manifesta-
Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à
ção do pensamento não pode ocorrer de forma ilimitada, segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela
devendo se pautar na verdade e no respeito dos direitos à cooperação internacional e de acordo com a organização e
honra, à intimidade e à imagem dos demais membros da recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e
sociedade. culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvol-
vimento da sua personalidade.
Artigo XX Direitos econômicos, sociais e culturais compõem a
1. Toda pessoa tem direito à  liberdade de reunião e as- segunda dimensão de direitos fundamentais. O Pacto in-
sociação pacíficas.  ternacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de
O direito de reunião pode ser exercido independente- 1966 é o documento que especifica e descreve tais direi-
mente de autorização estatal, mas deve se dar de maneira tos. de uma maneira geral, são direitos que não dependem
pacífica, por exemplo, sem utilização de armas. puramente do indivíduo para a implementação, exigindo
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma as- prestações positivas estatais, geralmente externadas por
sociação. políticas públicas (escolhas políticas a respeito de áreas
Por sua vez, “a liberdade de associação para fins lícitos, que necessitam de investimento maior ou menos para pro-
vedada a de caráter paramilitar, é plena. Portanto, ninguém porcionar um bom índice de desenvolvimento social, dimi-
poderá ser compelido a associar-se e, uma vez associado, nuindo desigualdades). Entre outros direitos, envolvem o
será livre, também, para decidir se permanece associado trabalho, a educação, a saúde, a alimentação, a moradia, o
ou não”90. lazer, etc. Como são inúmeras as áreas que necessitam de
investimento estatal, naturalmente o atendimento a estes
Artigo XXI direitos se dá de maneira gradual.
1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo
de seu país, diretamente ou por intermédio de representan- Artigo XXIII
tes livremente escolhidos.  1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha
2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à
proteção contra o desemprego.
público do seu país. 
2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a
3. A vontade do povo será a base  da autoridade do go-
igual remuneração por igual trabalho.
verno; esta vontade será expressa em eleições periódicas e
3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remu-
legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou proces- neração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à
so equivalente que assegure a liberdade de voto. sua família, uma existência compatível com a dignidade hu-
Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime de mana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios
governo em que o poder de tomar decisões políticas está de proteção social. 
com os cidadãos, de forma direta (quando um cidadão se 4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles
reúne com os demais e, juntos, eles tomam a decisão po- ingressar para proteção de seus interesses.
lítica) ou indireta (quando ao cidadão é dado o poder de O trabalho é um instrumento fundamental para asse-
eleger um representante). Uma democracia pode existir gurar a todos uma existência digna: de um lado por pro-
num sistema presidencialista ou parlamentarista, republi- porcionar a remuneração com a qual a pessoa adquirirá
cano ou monárquico - somente importa que seja dado aos bens materiais para sua subsistência, de outro por gerar
cidadãos o poder de tomar decisões políticas (por si só ou por si só o sentimento de importância para a sociedade por
89 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional parte daquele que faz algo útil nela. No entanto, a geração
positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. de empregos não se dá automaticamente, cabendo aos
90 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema- Estados desenvolverem políticas econômicas para diminuir
tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. os índices de desemprego o máximo possível.

61
NOÇÕES DE DIREITO

A remuneração é a retribuição financeira pelo trabalho Fala-se em segurança no sentido de segurança pública,
realizado. Nesta esfera também é necessário o respeito ao de dever do Estado de preservar a ordem pública e a inco-
princípio da igualdade, por não ser justo que uma pessoa lumidade das pessoas e do patrimônio público e privado92.
que desempenhe as mesmas funções que a outra receba Neste conceito enquadra-se a seguridade social, na qual o
menos por um fator externo, característico dela, como sexo Estado, custeado pela coletividade e pelos cofres públicos,
ou raça. No âmbito do serviço público é mais fácil con- garante a manutenção financeira dos que por algum moti-
trolar tal aspecto, mas são inúmeras as empresas privadas vo não possuem condição de trabalhar.
que pagam menor salário a mulheres e que não chegam a 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e
ser levadas à justiça por isso. Não obstante, a remuneração assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou
deve ser suficiente para proporcionar uma existência dig- fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
na, com o necessário para manter assegurados ao menos A proteção da maternidade tem sentido porque sem
minimamente todos os direitos humanos previstos na De- isto o mundo não continua. É preciso que as crianças se-
claração. jam protegidas com atenção especial para que se tornem
Os sindicatos são bastante comuns na seara trabalhista adultos capazes de proporcionar uma melhora no planeta.
e, como visto, a todos é garantida a liberdade de associa-
ção, não podendo ninguém ser impedido ou forçado a in- Artigo XXVI
gressar ou sair de um sindicato. 1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será
gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais.
Artigo XXIV A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-
Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a -profissional será acessível a todos, bem como a instrução
limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas superior, esta baseada no mérito.
remuneradas. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desen-
Por mais que o trabalho seja um direito humano, nem volvimento da personalidade humana e do fortalecimento
somente dele é feita a vida de uma pessoa. Desta forma, do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fun-
assegura-se horários livres para que a pessoa desfrute de damentais. A instrução promoverá a compreensão, a tole-
momentos de lazer e descanso, bem como impede-se a rância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou
fixação de uma jornada de trabalho muito exaustiva. São religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em
medidas que asseguram isto a previsão de descanso se- prol da manutenção da paz. 
manal remunerado, a limitação do horário de trabalho, a 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gêne-
concessão de férias remuneradas anuais, entre outras. ro de instrução que será ministrada a seus filhos.
Quanto aos artigos XXIII e XXIV, tem-se que é forneci- O direito à educação deve ser garantido obrigatoria-
do “[...] um conjunto mínimo de direitos dos trabalhadores. mente e gratuitamente, no mínimo, até o ensino funda-
De forma geral, os dispositivos em comento versam sobre mental. O acesso a cursos técnicos não são obrigatórios,
o direito ao trabalho, principal meio de sobrevivência dos mas devem ser disponibilizados. Como o ensino superior é
indivíduos que ‘vendem’ força de trabalho em troca de uma mais caro, o Estado deve criar sistemas de seleção para o
remuneração justa. Ademais, estabelecem a liberdade do ingresso conforme o mérito dos candidatos (vestibulares).
cidadão de escolher o trabalho e, uma vez obtido o empre- Nota-se que o conceito de educação é muito mais
go, o direito de nele encontrar condições justas, tanto no abrangente que a mera alfabetização, envolvendo conteú-
tocante à remuneração, como no que diz respeito ao limite dos voltados à formação da pessoa humana.
de horas trabalhadas e períodos de repouso (disposição
constante do artigo XXIV da Declaração). Garantem ainda o Artigo XXVII
direito dos trabalhadores de se unirem em associação, com 1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da
o objetivo de defesa de seus interesses”91. vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar
do processo científico e de seus benefícios. 
Artigo XXV 2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses mo-
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de rais e materiais decorrentes de qualquer produção científica,
assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive ali- literária ou artística da qual seja autor.
mentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os servi- Os conflitos que se dão entre a liberdade e a proprie-
ços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de dade intelectual se evidenciam, principalmente, sob o as-
desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros ca- pecto da liberdade de expressão, na esfera específica da
sos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle.     liberdade de comunicação ou informação, que, nos dizeres
O ideal é que todas as pessoas possuam um padrão de Silva93, “compreende a liberdade de informar e a liberda-
de vida suficiente para garantir sua dignidade em todas as de de ser informado”. Sob o enfoque do direito à liberdade
esferas: alimentação, vestuário, moradia, saúde, etc. Bem se e do direito de acesso à cultura, seria livre a divulgação de
sabe que é um objetivo constante do Estado Democrático toda e qualquer informação e o acesso aos dados disponí-
de Direito proporcionar que pessoas cheguem o mais pró- 92 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema-
ximo possível - e cada vez mais - desta circunstância. tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
91 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni- 93 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional
versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

62
NOÇÕES DE DIREITO

veis, independentemente da fonte ou da autoria. De outro Artigo XXX


lado, há o direito de propriedade intelectual, o qual possui Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser
um caráter dualista: moral, que nunca prescreve porque o interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado,
autor de uma obra nunca deixará de ser considerado como grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou
tal, e patrimonial, que prescreve, perdendo o autor o direito praticar qualquer ato destinado à destruição  de quaisquer
de explorar benefícios econômicos de sua obra94. Cada vez dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.
mais esta dualidade entre direitos se encontra em conflito, “A colidência entre os direitos afirmados na Declaração
uma vez que a evolução tecnológica trouxe meios para a é natural. Busca-se com o presente artigo evitar que, no
cópia em massa de conteúdos protegidos pela proprieda- eventual choque entre duas normas garantistas, os sujeitos
de intelectual. nela mencionados se valham de uma interpretação tenden-
te a infirmar qualquer das disposições da Declaração ao
Artigo XVIII argumento de que estão respeitando um direito em detri-
Toda pessoa tem direito a uma ordem social e interna- mento de outro”97.
cional em que os direitos e  liberdades estabelecidos na pre- Nenhum direito humano é ilimitado: se o fossem, seria
sente Declaração possam ser plenamente realizados. impossível garantir um sistema no qual todas as pessoas
Como já destacado, o sistema de proteção dos direitos tivessem tais direitos plenamente respeitados, afinal, estes
humanos tem caráter global e cada Estado que assumiu necessariamente colidiriam com os direitos das outras pes-
compromisso perante a ONU ao integrá-la deve garantir o soas, os quais teriam que ser violados. Este é um dos senti-
respeito a estes direitos no âmbito de seu território. Com dos do princípio da relatividade dos direitos humanos - os
isso, a pessoa estará numa ordem social e internacional na direitos humanos não podem ser utilizados como um es-
qual seus direitos humanos sejam assegurados, preservan- cudo para práticas ilícitas ou como argumento para afasta-
do-se sua dignidade. Em outras palavras, “devidamente mento ou diminuição da responsabilidade por atos ilícitos,
emparelhadas, portanto, a ordem social e a ordem inter- assim os direitos humanos não são ilimitados e encontram
nacional se manifestam, a seu modo, como as duas faces seus limites nos demais direitos igualmente consagrados
das instituições humanitárias, tanto estatais quanto parti- como humanos. Isto vale tanto para os indivíduos, numa
culares, orientando seus passos a serviço da comunidade
atitude perante os demais, quanto para os Estados, ao ex-
humana”95.
ternar o compromisso global assumido perante a ONU.
Artigo XXIX
1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em
que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é 2.3. DIREITO PENAL:
possível. 2.3.1. CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO.
2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa
estará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei,
exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhe-
cimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de
Tipo Doloso
satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e
Dolo é a vontade e consciência dirigidas a realizar a
do bem-estar de uma sociedade democrática.
conduta prevista no tipo penal incriminador. De acordo
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese
alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e prin- com o art. 18, I, do CP, há dolo quando a pessoa quer o
cípios das Nações Unidas. resultado ou assume o risco de produzi-lo. Lembrar que o
Explica Canotilho96 que “a ideia de deveres fundamen- dolo e a culpa integram a conduta, devem ser nela analisa-
tais é suscetível de ser entendida como o ‘outro lado’ dos das. Não havendo ambos, não haverá crime.
direitos fundamentais. Como ao titular de um direito fun-
damental corresponde um dever por parte de um outro Tipo Culposo
titular, poder-se-ia dizer que o particular está vinculado É culposo o crime, de acordo com o art. 18, II, do CP,
aos direitos fundamentais como destinatário de um dever quando o agente deu causa ao resultado por imprudência,
fundamental. Neste sentido, um direito fundamental, en- negligência ou imperícia.
quanto protegido, pressuporia um dever correspondente”. De acordo com Mirabete, o crime culposo é a conduta
Esta é a ideia que a Declaração de 1948 busca trazer: não humana voluntária (ação ou omissão) que produz resultado
será assegurada nenhuma liberdade que contrarie a lei ou antijurídico não querido, mas previsível, e excepcionalmen-
os demais direitos de outras pessoas, isto é, os preceitos te previsto, que podia, com a devida atenção, ser evitado.
universais consagrados pelas Nações Unidas. O tipo culposo é um tipo aberto, pois não há descrição
da conduta. Assim, se o legislador tentasse descrever todas
94 PAESANI, Liliana Minardi. Direito e Internet: liberdade de as hipóteses em que ocorresse culpa, certamente jamais
informação, privacidade e responsabilidade civil. 3. ed. São Paulo:
Atlas, 2006.
esgotaria o rol. Somente excepcionalmente será um tipo
fechado, quando expressamente previsto em Lei, como no
95 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni-
versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. caso da receptação culposa.
96 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional 97 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni-
e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998. versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

63
NOÇÕES DE DIREITO

O crime culposo somente pode ser punido se houver crime material, já que pode não haver qualquer resultado
expressa previsão legal de que o seja. Não fazendo a Lei re- naturalístico. Por exemplo, é comissivo o crime de injúria,
ferência à culpa, somente se punirá a forma dolosa. Por isso mas não é material. O importante é uma conduta da pes-
que se fala em Princípio da Excepcionalidade do crime cul- soa livre e consciente que lhe retire do estado de inércia.
poso ou sistema do “numerus clausus” do crime culposo. b) Crime omissivo próprio ou puro: são crimes em que
A culpa tem que ser expressamente afirmada pelo le- a própria omissão já é prevista no tipo penal, sendo ela
gislador no tipo, primeiro ponto. O que já nos leva a racio- uma elementar, a única forma de se realizar a conduta cri-
cinar que no cenário de uma sociedade utópica, em que minosa. Nesses crimes omissivos basta a abstenção, é sufi-
todos os cidadãos se comportassem cuidadosamente, com ciente a desobediência ao dever de agir para que o delito
zelo para a preservação do bem jurídico alheio, seria de se se consume. O resultado que eventualmente surgir dessa
esperar que o legislador não punisse nunca o crime cul- omissão será irrelevante para a consumação do crime, po-
poso. dendo apenas configurar uma majorante ou qualificadora.
O agente desobedece a uma norma mandamental, norma
Classificação das Infrações Penais esta que determina a prática de uma conduta subentendi-
da no tipo, que não é realizada.
Crime Doloso, Culposo ou Preterdoloso (ou Preterin- c) Crime comissivo por omissão, omissivo impróprio ou
tencional) e de Ímpeto
impuro: são os crimes em que o agente produz o resultado
a) Crime doloso: é o crime em que o agente quis ou
pela própria omissão, após ter assumido o dever de evitá-
assumiu o risco de produzir o resultado. A regra geral é que
-lo ou outras das causas previstas no CP. É previsto no § 2º
todo crime seja doloso.
b) Crime preterdoloso: é o crime em que o resultado do artigo 13 do Código Penal, segundo o qual “a omissão é
delitivo é mais grave do que o querido pelo agente. Ele penalmente relevante quando o agente devia e podia agir
praticou uma conduta dolosa, entretanto o resultado final é para evitar o resultado. Poderão ser tanto dolosos quanto
culposo. Não se admite tentativa em crimes preterdolosos. culposos, admitem tentativa etc. São pressupostos do cri-
Há dolo na ação e culpa na consequência. Deve haver uma me omissivo impróprio:
expressa previsão legal do resultado culposo mais grave. Poder agir: o agente precisa ter a possibilidade física
Se não houver, punir-se-á apenas o crime doloso ou, se de agir.
houver crime culposo após, haverá concurso formal, se este Evitabilidade do resultado: a conduta omitida pelo
estiver previsto em Lei. agente deve ser causa do resultado. Caso, mesmo com a
Todos os crimes preterdolosos são qualificados pelo conduta, o resultado tivesse se verificado, não haveria que
resultado, porém, nem todo crime qualificado pelo resulta- se falar em evitabilidade.
do é preterdoloso (visto que o resultado qualificador pode Dever de impedir o resultado: aqui surge a figura do
ter sido desejado). garantidor: além de poder agir e da evitabilidade do resul-
São elementos do crime preterdoloso: tado, é necessário que o agente tenha o dever de agir que
i. Conduta dolosa visando determinado resultado (le- surgirá nos seguintes casos:
são corporal); a. Ter, por Lei, obrigação de cuidado, proteção ou vi-
ii. Resultado culposo mais grave que o desejado (se- gilância, como no caso do dever do policial, do dever de
guida de morte); mútua assistência entre os cônjuges.
iii. Nexo causal (artigo 129, § 3, CP); b. Quando o agente, de outra forma, assumir a respon-
iv. Previsão na norma das elementares do consequente sabilidade de impedir o resultado de forma voluntária.
culposo. c. Quando o agente cria, com seu comportamento an-
Quando o resultado mais grave advém de caso fortuito terior, o risco da ocorrência do resultado, ou agrava um
ou força maior não se imputa a agravação ao agente. O risco já existente, e não o evita.
resultado mais grave tem que ser pelo menos culposo.
c) Crime culposo: é o crime ao qual o agente deu cau-
Crime Instantâneo, Permanente, Instantâneo de Efeitos
sa por imprudência, negligência ou imperícia, não havendo
Permanentes, Eventualmente Permanente e de Fusão
em si qualquer desejo de praticar o resultado juridicamente
reprovável. O crime culposo só é possível em tipos penais a) Crime instantâneo: é o crime que se consuma num
que expressamente o prevejam, como no homicídio. Quase momento único e determinado do tempo, sem se protrair.
de forma absoluta, não se admite a tentativa nos crimes V.g, invasão de domicílio, injúria etc.
culposos. b) Crime permanente: são os crimes que se perpetuam,
d) Crime de ímpeto: é o praticado sem premeditação. protraem durante o tempo, mesmo que seja curto, como
A vontade delituosa é repentina, sem preceder deliberação, no caso do sequestro, estelionato previdenciário praticado
como ocorre com o homicídio praticado sob domínio de pelo próprio segurado etc. Admitem flagrante enquanto
violenta emoção. não interrompida a consumação.
c) Crime instantâneo de efeitos permanentes: é aquele
Crime Comissivo, Omissivo Próprio ou Comissivo por crime que se consuma num momento determinado, mas
Omissão seus efeitos perduram no tempo .
a) Crime comissivo: crime comissivo é aquele em que d) Crime eventualmente permanente: é o delito ins-
o agente realiza uma ação positiva visando a um resultado tantâneo que, em caráter excepcional, pode realizar-se de
ilícito. Crime comissivo não se confunde, por evidente, com modo a lesionar o bem jurídico de maneira permanente.

64
NOÇÕES DE DIREITO

e) Crime de fusão: é o crime que pressupõe a prática de pretende proteger. O perigo, nesse sentido, não é concreto,
outro, como nos casos dos crimes de lavagem de dinheiro mas apenas abstrato. Não é necessário, portanto, que, no
e de receptação. caso concreto, a lesão ou o perigo de lesão venham a se
efetivar. O delito estará consumado com a mera conduta
Crime de Dano e de Perigo descrita no tipo.
a) Crime de dano: crime em que é necessário haver
uma efetiva lesão ao bem jurídico (lesão perceptível no A atividade legislativa de produção de tipos de perigo
mundo fático) para se caracterizar, como no caso do furto. abstrato, por isso, deve ser objeto de rígida fiscalização a
b) Crime de perigo: crime em que a simples ameaça ao respeito da sua constitucionalidade; especificamente, sobre
bem jurídico já é abominada, justificando, assim, sua pe- sua adequação ao princípio da proporcionalidade. A cria-
nalização. ção de crimes de perigo abstrato não representa, por si só,
Subdivide-se em crime de perigo concreto, crime de comportamento inconstitucional por parte do legislador
perigo abstrato e crime de perigo concreto-abstrato. penal. A tipificação de condutas que geram perigo em abs-
i. Crimes de perigo abstrato: Nos crimes de perigo trato, muitas vezes, acaba sendo a melhor alternativa, ou a
abstrato, como o perigo não é elemento do tipo, não se medida mais eficaz, para proteção de bens jurídico-penais
precisa provar. Só se tem de provar o que é elementar do supraindividuais ou de caráter coletivo, como o meio am-
crime e o perigo não é elementar do crime porque ele não biente, por exemplo. A antecipação da proteção penal em
é requerido no tipo pelo legislador. Consequência: basta relação à efetiva lesão torna mais eficaz, em muitos casos,
praticar a ação e se presume que ela é sempre perigosa. a proteção do bem jurídico. Portanto, pode o legislador,
Haveria então uma presunção iure et de iure de perigo pela dentro de suas amplas margens de avaliação e de deci-
simples realização da conduta tipificada na norma. É o caso são, definir quais as medidas mais adequadas e necessárias
de dirigir embriagado em via pública. para a efetiva proteção de determinado bem jurídico, o que
ii. Crimes de perigo concreto: e os crimes de perigo lhe permite escolher espécies de tipificação próprias de um
concreto? Neles o legislador faz referência no tipo ao pe- direito penal preventivo.
rigo. Normalmente a forma de redigir um tipo de perigo
concreto é assim: “expor a perigo iminente”. Crime Material, Formal e de Mera Conduta ou de Ati-
O perigo então é elementar do tipo e, por isso, tem que vidade
ser provado. Nesses crimes será possível que a conduta se a) Crime material: é o crime cujo tipo penal descreve
realize e o perigo não seja causado. uma conduta e um resultado, o qual necessariamente deve
iii. Crimes de perigo abstrato-concreto crimes de inido- ser verificado, sob pena de se constituir em mera tentativa.
neidade crimes de perigo idôneo crimes de perigo hipoté- Exemplo: homicídio. A conduta é matar; o resultado é a
tico: são aqueles em que a conduta analisada ex ante pelo morte. Caso a vítima não morra, não existe homicídio.
legislador é considerada perigosa ao bem jurídico segundo b) Crime formal ou de consumação antecipada: é o cri-
um juízo de probabilidade do dano. Não exige demonstra- me em que, mesmo sendo possível um resultado naturalís-
ção de risco ao bem. Também não coloca como elementar tico que lese o bem jurídico, o tipo penal adianta a punição
no tipo incriminador. Não coloca no tipo incriminador a aos atos de consumação. Exemplo: extorsão: a simples prá-
exigência de perigo. Não se diferencia muito cabalmente tica da constrição já faz o delito se consumar, independen-
dos crimes de perigo abstrato. Nos dois há ponto comum: temente da pessoa auferir ou não a vantagem indevida.
periculosidade geral. c) Crime de mera conduta ou de atividade: nesses cri-
mes, não só não há resultado naturalístico como é impos-
Crimes de Perigo Abstrato: Aprofundamentos sível que este aconteça. O tipo penal descreve a conduta
Apesar da existência de ampla controvérsia doutrinária, proibida, quase sempre de perigo abstrato. Exemplo clás-
os crimes de perigo abstrato podem ser identificados como sico é o porte de arma sem autorização. O simples portar
aqueles em que não se exige nem a efetiva lesão ao bem arma em nada modifica o mundo real.
jurídico protegido pela norma nem a configuração do peri-
go em concreto a esse bem jurídico. Crime Unissubjetivo e Plurissubjetivo
Nessa espécie de delito, o legislador penal não toma a) Crime unissubjetivo: é o crime que pode ser prati-
como pressuposto da criminalização a lesão ou o perigo cado por qualquer pessoa, sozinha, sem auxílio. Em regra,
de lesão concreta a determinado bem jurídico. Baseado em todo crime é unissubjetivo.
dados empíricos, o legislador seleciona grupos ou classes b) Crime plurissubjetivo: é o crime para cuja realização
de ações que geralmente levam consigo o indesejado pe- necessita-se de pelo menos duas pessoas, como a bigamia
rigo ao bem jurídico. e a formação de quadrilha. Pode ser de condutas conver-
Assim, os tipos de perigo abstrato descrevem ações gentes, contrapostas ou paralelas.
que, segundo a experiência, produzem efetiva lesão ou pe-
rigo de lesão a um bem jurídico digno de proteção penal, Crime Unissubsistente, Plurissubsistente e Pluriofensivo
ainda que concretamente essa lesão ou esse perigo de le- a) Crime unissubsistente: é o crime cuja consumação
são não venham a ocorrer. O legislador, dessa forma, for- ocorre mediante um único ato, não sendo admitido seu
mula uma presunção absoluta a respeito da periculosidade fracionamento, sendo impossível a tentativa. A conduta se
de determinada conduta em relação ao bem jurídico que esgota com a concretização do delito. V.g., injúria, calúnia

65
NOÇÕES DE DIREITO

e difamação na forma verbal. Neles não há um iter criminis objeto não afastam a configuração do crime. O crime im-
perfeito, a pessoa não tem a possibilidade de arrependi- possível deve ser analisado após a realização do fato, visto
mento eficaz. que algo aparentemente inofensivo pode ter o efeito de
b) Crime plurissubsistente: é o crime para cuja consu- efetivamente gerar o crime.
mação podem ser realizados mais de um ato, como no ho-
micídio. Entretanto, esse crime poderá ser realizado com Acerca do crime impossível há três teorias:
apenas um ato. A diferença para o unissubsistente é que
aquele somente poderá, necessariamente, ser realizado Teoria objetiva pura: não distingue entre absoluta ou
apenas com um ato. Logo, em regra os crimes são pluris- relativa impropriedade do objeto ou ineficácia do meio. A
subsistentes. Exatamente por isso, a conduta pode ser fra- teoria dispõe que, não importa saber, por exemplo, se a
cionada, permitindo a tentativa. arma não funcionou porque nunca funcionaria, ou a arma
c) Crime pluriofensivo: é o que lesa ou expõe a perigo não funcionou naquele caso porque, por azar do autor, ela
de dano mais de um bem jurídico. emperrou, uma vez que em ambos os casos se estaria dian-
te de um crime impossível.
Crime Comum, Próprio, Próprio Impuro, Bipróprio, de
Mão Própria e de Acumulação Teoria objetiva temperada: prima pela distinção entre
a) Crime comum: é o crime que pode ser praticado por absoluta ou relativa impropriedade do objeto ou ineficá-
qualquer pessoa, independentemente de alguma qualida- cia do meio. Essa teoria sustenta que só há perigo ao bem
de especial que ela tenha. jurídico apto a fundamentar a punibilidade do crime ten-
b) Crime próprio: é o crime que somente pode ser pra- tado quando o objeto ou o meio forem, em tese, aptos à
ticado por uma pessoa que detenha determinada caracte- produção do resultado, ainda que circunstancialmente não
rística, como no caso do peculato, em que o agente deve, se consiga produzi-lo. Ou seja, em tese, no caso da teoria
necessariamente, ser servidor público. Também se analisa a objetiva temperada, só seria de se reconhecer o crime im-
propriedade do crime com base numa característica espe- possível, por exemplo, após a arma utilizada para um roubo
cial do sujeito passivo. Essa classificação também é chama- ser periciada. Se chegar à conclusão de que a arma que foi
da de crimes especiais próprios. Se for exigida caracterís- acionada não disparou e nunca dispararia por ser defei-
tica especial tanto do agente quanto da vítima, fala-se em tuosa, seria caso de crime impossível. Porém, se essa arma,
crime duplamente próprio. uma vez apreendida e submetida à perícia, for revelada
c) Crime próprio impuro: o crime próprio impuro é como apta a produzir disparos, tendo o insucesso do rou-
aquele que, se desaparecer a qualidade particular do agen- bo decorrido unicamente de seu emperramento episódico,
te (que é exigida para configuração do crime próprio), de- o meio será relativamente ineficaz, merecendo o agente,
saparece também o crime especial. Entretanto, ocorrerá pois, punição pela tentativa. Essa foi a opção adotada pelo
a desclassificação da conduta para outro delito, que terá legislador brasileiro.
natureza diversa. Assim, a falta de uma elementar torna o
crime próprio puro absolutamente atípico, enquanto o cri- Teoria sintomática ou subjetiva: defende que o agente
me próprio impuro, relativamente atípico. Essa classificação deve ser punido, mesmo em caso de crime impossível, por-
também é chamada de crimes especiais impróprios . que demonstrou periculosidade, disposição para agredir
d) Crime bipróprio: aquele que exige uma especial um bem jurídico. Nesse caso, ele seria punido pela inten-
qualidade, tanto do sujeito ativo como do sujeito passivo ção, e não por algum fato. Não é adotada no Brasil.
do delito. b) Crime putativo (delito de alucinação): no crime puta-
e) Crime de mão própria: é o crime em que o agente tivo, o agente pratica uma conduta acreditando estar prati-
deve praticar a execução diretamente, não se admitindo a cando um ilícito penal, quando, de fato, sua ação não está
prática por interposta pessoa. V.g., bigamia, prática de atos tipificada.
obscenos, falso testemunho. O crime putativo pode ocorrer nas seguintes hipóteses:
d) Crimes de acumulação: fruto de uma controversa -Crime putativo por erro de proibição: o agente acredi-
tendência de política criminal voltada à prevenção de ilí- ta ofender uma lei penal que não existe realmente. A exis-
citos. Neles, o legislador incrimina uma conduta que, indi- tência da lei incriminadora só existe na mente do agente,
vidualmente considerada, não encerra um risco jurídico ao recaindo o erro, portanto, sobre a ilicitude do fato.
bem tutelado, mas se vier a ser praticada por um conjunto -Crime putativo por erro de tipo: o crime imaginário
grande de indivíduos, efetivamente lesará tal bem. se verifica quando o autor acredita ofender uma lei penal
incriminadora, mas os fatos revelam faltar uma elementar
Crime Impossível e Putativo do tipo. Ou seja, a lei penal existe, entretanto o fato não foi
a) Crime impossível, quase-crime, tentativa inidônea típico. Aqui, há um erro sobre uma circunstância fática, e
ou tentativa inadequada: ocorre quando o agente se utiliza não sobre uma questão jurídica.
de meio absolutamente ineficaz ou objeto absolutamente -Crime putativo por obra do agente provocador: deno-
impróprio para consumar o crime. É o caso da tentativa de minado crime de ensaio, crime de experiência ou flagrante
homicídio dando-se um copo de água à vítima na expec- provocado, ocorre quando uma pessoa induz o agente a
tativa de que ela venha a morrer (meio absolutamente ine- cometer uma conduta criminosa e, simultaneamente, ado-
ficaz) ou quando se tenta furtar a honra da vítima (objeto ta medidas para impedir a consumação. Aqui, incide a sú-
absolutamente impróprio, honra não pode ser furtada). A mula 145 do STF: “Não há crime, quando a preparação do
relativa ineficácia do meio e a relativa impropriedade do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”.

66
NOÇÕES DE DIREITO

Crime Vago, Remetido, Exaurido, Habitual e Habituali- c) Crime à distância: relacionado ao direito internacio-
dade Criminosa nal, é aquele em que se pratica a conduta num país e ocor-
a) Crime vago, multivitimários ou de vítimas difusas: re o resultado num outro.
crime praticado contra uma coletividade sem personalida-
de jurídica. Por exemplo, o crime de racismo. Crimes de Tendência (Intenção Especial) e Crimes de
b) Crime remetido: ocorre quando a sua definição se Intenção
remete a outros crimes, que passam a integrá-lo (v.g., art. Crimes de tendência ou de intenção especial: neles, o
304 - fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alte- tipo penal requer o ânimo de realizar a própria conduta
rados a que se referem os arts. 297 a 302). legalmente prevista, sem necessidade de transcender tal
c) Crime exaurido : é aquele já consumado nos termos conduta, como ocorre nos delitos de intenção. É aquele
da lei, embora possa ter desdobramentos posteriores que que condiciona a sua existência à intenção do sujeito, de-
não influenciam no fato típico. Nele, o agente, mesmo após vendo necessariamente ser analisado um aspecto subjeti-
ter consumado o delito, o leva a consequências mais le- vo. Em outras palavras, não se exige que o autor do crime
sivas. Ocorre o exaurimento, v.g., na extorsão, quando o deseje um resultado ulterior ao previsto no tipo penal, mas,
agente obtém a vantagem indevida, o que é um indiferente apenas, que confira à ação típica um sentido subjetivo não
penal (exceto para a reparação do dano). previsto expressamente no tipo, mas dedutível da natureza
d) Crime habitual: é aquele crime que exige uma se- do delito.
quência de atos para se consumar, tem uma duração con-
tínua, geralmente indefinida e casuística, no tempo. Crimes Crime Acessório ou Parasitário
habituais não se confundem com crimes continuados. Caso É o crime que pressupõe, para a consumação, a prática
a habitualidade cesse antes de findo o resultado, os fatos de outro, como a receptação, o favorecimento real e a
praticados não serão considerados crimes, podendo, no lavagem de dinheiro.
máximo, haver punição por tentativa. Ao contrário do que
se defendo por aí, esses crimes admitem sim o flagrante, Crime Transeunte e Não Transeunte
quando a prisão é feita após já se ter verificado o imple- Transeunte vem da palavra transitar; passa a ideia de
mento da habitualidade e a configuração criminosa. Exem-
algo que permanece ou não.
plo o rufianismo.
É classificação adotada para os crimes que deixam
-Habitual próprio: habitual próprio é aquele crime cuja
ou não vestígios. Se deixarem vestígios, é não transeunte;
tipicidade depende da reiteração de condutas. No habitual
não deixando, é transeunte. Como exemplo de crimes não
próprio um único ato não é suficiente a dar tipicidade à
transeuntes tem-se a apropriação indébita previdenciária,
conduta, pois a tipicidade decorrerá do somatório dos atos
cujo vestígio é exatamente a diminuição da arrecadação de
típicos praticados.
contribuição previdenciária do empregado.
-Habitual impróprio ou acidentalmente habitual: é
aquele crime que, não obstante a regra seja sua perpetua-
ção no tempo para se configurar, permite que um único Crime transeunte clássico é a invasão de domicílio.
ato seja suficiente para a consumação, em casos extremos,
como ocorre no crime de gestão fraudulenta. Não consti- Crime de Consumação Atípica Impunível
tuirá pluralidade de crimes a repetição de atos. È aquele quando o fato consumado é indiferente penal
e) Habitualidade criminosa: a habitualidade criminosa e a forma tentada é punida pelo ordenamento jurídico.
ocorre quando o agente faz do delito seu meio de vida,
sem que ele queira necessariamente e tenha em mente que
um crime seja tido por continuação do outro, caso contrá- 2.3.2. CRIME CONSUMADO
rio haveria continuidade delitiva. Inclusive, o STJ reiterada- E CRIME TENTADO.
mente tem decidido que a habitualidade criminosa impede
o reconhecimento do benefício da continuidade delitiva, já
que totalmente incompatível com o comportamento social
do réu, que merece maior reprimenda. Nesse sentido:
Consumação e Tentativa
Crime de Espaço Mínimo, Crime de Espaço Máximo ou
Plurilocal e Crime à Distância Crime Consumado
a) Crime de espaço mínimo: aquele que é cometido e Fundamentado no artigo. 14, inciso I do Código Penal,
consumado em um mesmo lugar. o crime consumado é o tipo penal integralmente realizado,
b) Crime de espaço máximo ou plurilocal: aqueles co- ou seja, quando o tipo concreto amolda-se perfeitamente
metidos em território de duas ou mais comarcas ou seções ao tipo abstrato. De acordo com o artigo 14, I do Código
judiciárias de um mesmo país. A comarca responsável pelo Penal, diz-se consumado o crime quando nele se reúnem
julgamento será, em regra, aquela onde ocorreu o resulta- todos os elementos de sua definição legal. No homicídio,
do (teoria prevalente no processo penal), salvo se o crime por exemplo, o tipo penal consiste em “matar alguém” (ar-
for de menor potencial ofensivo ou tentado, caso em que a tigo 121 do CP), assim o crime restará consumado com a
competência é fixada pelo local da conduta. morte da vítima.

67
NOÇÕES DE DIREITO

Crime Tentado Arrependimento Eficaz


O crime tentado tem fundamentação no artigo 14, in- (art. 15, CP)
ciso II do Código Penal ocorre quando o agente inicia a Aqui, o agente exaure a execução do crime, entretanto,
execução do delito mas este não se consuma por circuns- arrepende-se e atua de forma a evitar o resultado. possui
tâncias alheias à sua vontade. De acordo com o parágrafo natureza jurídica de causa geradora da atipicidade.
único do art. 14, do Código Penal, “salvo disposição em Considerando que apenas crimes materiais exigem a
contrário, pune-se a tentativa com a pena corresponden- ocorrência do resultado para consumação, somente tem
te ao crime consumado, diminuída de um a dois terços”. sentido em falar de arrependimento eficaz nesta categoria
Para fixar a pena, o magistrado deve usar como critério a de crime. A conduta do agente não precisa ser espontânea
maior ou menor proximidade da consumação, de forma (ele teve a ideia de desistir ou impedir o resultado), mas
que quanto mais o agente percorrer o “iter criminis”, maior apenas voluntária (há vontade própria, ainda advenha da
será sua punição. sugestão de terceiros).

Pena de Crime Consumado e Crime Tentado Considerações Gerais Acerca da Desistência Voluntária
e do Arrependimento Eficaz
Para a punição da tentativa se considera a extensão da Intenção do Agente
conduta do autor até o momento em que foi interrompida. A aplicação prática desses institutos independe de
Quanto mais próxima da consumação, menor deve ser a considerações acerca de intenção nobre ou não do agente.
redução (1/3). Não é necessário que ele tenha atuado com nobreza, ou
De outro lado, quanto mais longe a conduta do autor com desprendimento, no momento em que ele praticou
ficou da consumação delitiva, maior deve ser a redução da a nova ação, ou no momento em que ele se absteve de
pena (2/3). O Juiz deve fixar a redução dentro desses limi- praticar novas ações. Logo, não se exige sequer a esponta-
tes, de modo justificado. neidade na desistência, ou a espontaneidade na nova ação,
no caso do arrependimento eficaz. Se exige, tão somente,
a voluntariedade no desistir. Ou a voluntariedade no atuar
novamente. Isso para se resguardar o bem jurídico.

2.3.3. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA, Finalidade dos Institutos


ARREPENDIMENTO EFICAZ E Esses institutos existem para que não seja frustrada a
ARREPENDIMENTO POSTERIOR. expectativa do Direito Penal como um todo, que é a de
proteger o bem jurídico. O Direito Penal opta por não pu-
nir, desde que a pessoa cesse a sua atividade, no caso da
desistência voluntária, ou pratique uma nova atividade, no
caso do arrependimento eficaz. E, com isso, ao cessar ou
Desistência Voluntária ou Tentativa Abandonada
praticar uma nova atividade, evite a lesão ao bem jurídico,
(Art. 15, CP) evite a produção do resultado.
Ocorre quando, após iniciados os atos executórios,
mas antes de esgotá-los, o agente interrompe a prática cri- Natureza Jurídica dos Institutos
minosa voluntariamente, ainda que por motivos egoísticos. Há três principais correntes sobre a natureza jurídica:
Deve-se pensar da seguinte forma: “posso prosseguir, mas a) Causa de exclusão de tipicidade: O fato praticado é
não quero”. Se isso se configurar, haverá desistência volun- atípico, visto que o crime visado pelo agente não foi prati-
tária. Somente é possível na tentativa imperfeita ou inaca- cado, por ter sido evitado. Trata-se da tese dominante. So-
bada. Além disso, não é cabível no crime unissubsistente mente responderá o agente pelos atos já praticados, desde
( já que não admite tentativa). que típicos, evidentemente.
De fato, nos crimes unissubsistentes não se admite a b) Causa de extinção da punibilidade: tese sustentada
desistência voluntária (agente interrompe voluntariamente por Nelson Hungria. No caso de homicídio tentado, a evi-
a execução do crime) porque se praticado o primeiro ato tação do resultado praticada pelo agente faz surgir uma
ocorre o fim da execução. E, por outro lado, se não pratica- causa de extinção da punibilidade pelo homicídio tentado,
do o primeiro ato, o crime simplesmente não sai da cabeça ao mesmo tempo em que faz surgir uma tipicidade pelos
do agente, não sendo a cogitação punível. atos já praticados, se existir correspondência típica.
A Fórmula de Frank define a desistência voluntária de c) Causa de isenção de pena: defendida por Rogério
forma lapidar. Ela consiste na seguinte expressão: Posso, Greco. Ele adota esse entendimento sob o argumento de
mas não quero continuar. Isso é importantíssimo porque, que, se o ato foi praticado pelo agente, por exemplo, se um
por exemplo, se foram outros fatores que não a própria tiro foi dado na vítima com a intenção de matá-la, não há
vontade do agente que o impediu de continuar, como fica? como um ato posterior tornar atípico um ato que foi típico,
A desistência voluntária, está ligada a uma omissão na como se apagasse acontecimentos passados. Não, para ele
prática de atos complementares que seriam praticados, se- o ato praticado é típico, porém o Direito Penal, com vistas a
gundo o plano e que poderiam ter sido praticados, dadas resguardar o bem jurídico, evitando maiores danos, não faz
as circunstâncias. incidir pena ao agente.

68
NOÇÕES DE DIREITO

Arrependimento Posterior No crime de emissão de cheque sem fundo, o paga-


(Art. 16, CP) mento até o recebimento da denúncia ou queixa extingue
Tem natureza jurídica de causa geral de diminuição de a punibilidade (Súmula 554, STF).
pena. Ele se dá quando, nos crimes cometidos sem violên- No peculato culposo, se a reparação do dano prece-
cia ou grave ameaça à pessoa, o agente repare voluntaria- de à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é
mente o dano até o recebimento da denúncia ou queixa posterior, reduz em metade a pena imposta.
pelo juiz (não é oferecimento pelo MP), sendo-lhe reduzida
a pena de um a dois terços (se a reparação se der após o
recebimento, haverá apenas uma atenuante genérica).
2.3.4. DOS CRIMES CONTRA A VIDA
De acordo com Von Liszt, enquanto o art. 15 (o arre-
– ARTIGOS 121 A 128.
pendimento eficaz e desistência voluntária) configura uma
ponte de ouro que o Direito Penal oferece ao delinquente,
o art. 16 configura a ponte de prata, porque agora ele vai
responder pelo crime. Mas, igualmente, aqui a razão do Crimes.
instituto é entre punir completamente e punir menos de
acordo com a restituição da esfera jurídica alheia. Dos crimes contra a pessoa - crimes contra a vida
Com o arrependimento posterior, já fracassou o obje-
tivo preventivo do Direito Penal. O bem jurídico já foi le- HOMICÍDIO
sionado. Porém, ainda resta como alternativa a sua recom- De forma geral, o homicídio é o ato de destruição da
posição. E aí o Direito Penal oferece para o agente: “olha vida de um homem por outro homem. De forma objetiva,
meu amigo, aqui você já tem que ser punido, porque o é o ato cometido ou omitido que resulta na eliminação da
bem jurídico alheio já foi lesionado. No art. 15 não. Sua vida do ser humano.
ação impediu a lesão efetiva. Aqui, a lesão já ocorreu. Mas Homicídio simples – Artigo 121 do CPB – É a conduta
você pode responder inteiramente, ou você pode respon- típica limitada a “matar alguém”. Esta espécie de homicídio
der com a diminuição de pena, desde que repare a esfera não possui características de qualificação, privilégio ou ate-
jurídica lesionada. E aí eu vou diminuir a sua pena. Porém, nuação. É o simples ato da prática descrita na interpretação
pena eu tenho que aplicar”. da lei, ou seja, o ato de trazer a morte a uma pessoa.
São, então, requisitos para seu reconhecimento: Homicídio privilegiado - Artigo 121 - parágrafo primei-
a) A conduta tem que ter produzido o resultado (caso ro – É a conduta típica do homicídio que recebe o benefício
contrário será arrependimento eficaz); do privilégio, sempre que o agente comete o crime impeli-
b) Voluntariedade; do por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o
c) Crimes sem violência ou grave ameaça (tem-se ad- domínio de violenta emoção, logo após a injusta provoca-
mitido o arrependimento posterior nos crimes com violên- ção da vítima, podendo o juiz reduzir a pena de um sexto
cia culposos); a um terço.
d) Arrependimento antes de recebida a denúncia pelo Homicídio qualificado - Artigo 121 - parágrafo segun-
juiz; do – É a conduta típica do homicídio onde se aumenta a
e) Reparação do dano seja completa (requisito mitiga- pena pela prática do crime, pela sua ocorrência nas seguin-
do. Vide julgado abaixo). tes condições: mediante paga ou promessa de recompen-
sa, ou por outro motivo torpe; por motivo fútil, com em-
Presentes os requisitos acima elencados, a incidência prego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro
da causa de diminuição de pena é direito subjetivo do réu, meio insidioso ou cruel, ou do qual possa resultar perigo
e não uma faculdade do juiz. comum; por traição, emboscada, ou mediante dissimula-
O agente será beneficiado pelo arrependimento poste- ção ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a
rior mesmo que somente repare o dano por ter sido des- defesa do ofendido; e para assegurar a execução, a oculta-
coberto pela polícia. Isso visa resguardar a vítima, melhorar ção, a impunidade ou a vantagem de outro crime.
sua condição enquanto ofendida. Homicídio Culposo - Artigo 121- parágrafo terceiro – É
Os coautores de crimes também serão beneficiados a conduta típica do homicídio que se dá pela imprudência,
caso um dos agentes repare o dano, mesmo que aqueles negligência ou imperícia do agente, o qual produz um re-
não quiseram a reparação ou dela não participaram. Isso sultado não pretendido, mas previsível, estando claro que
porque é circunstância de caráter objetivo. o resultado poderia ter sido evitado.
Nos crimes submetidos ao Juizado Especial Criminal, No homicídio culposo a pena é aumentada de um ter-
caso o agente repare o dano (se houver composição ci- ço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de
vil), mesmo após o recebimento da queixa ou da repre- profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
sentação, e mesmo que o crime tenha sido com violência imediato socorro à vítima. O mesmo ocorre se não procura
ou grave ameaça, o agente será beneficiado, não somente diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar
com a diminuição de pena, mas sim com a extinção de sua prisão em flagrante. Sendo o homicídio doloso, a pena é
punibilidade e a renúncia legal pela vítima do direito de aumentada de um terço se o crime é praticado contra pes-
ingressar em juízo. soa menor de quatorze ou maior de sessenta anos.

69
NOÇÕES DE DIREITO

Perdão Judicial - Na hipótese de homicídio culposo, o Homicídio qualificado


juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências § 2° Se o homicídio é cometido:
da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por
que torne desnecessária a sanção penal. outro motivo torpe;
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio - Artigo II - por motivo fútil;
122 do CPB – Ato pelo qual o agente induz ou instiga al- III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,
guém a se suicidar ou presta-lhe auxílio para que o faça. tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
Reclusão de dois a seis anos, se o suicídio se consumar, resultar perigo comum;
ou reclusão de um a três anos, se da tentativa de suicídio IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimula-
resultar lesão corporal de natureza grave. ção ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a
A pena é duplicada se o crime é praticado por motivo defesa do ofendido;
egoístico, se a vítima é menor ou se tem diminuída, por V - para assegurar a execução, a ocultação, a impuni-
qualquer causa, a capacidade de resistência. Neste crime dade ou vantagem de outro crime:
não se pune a tentativa. Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Infanticídio - Artigo 123 – Homicídio praticado pela
mãe contra o filho, sob condições especiais (em estado Feminicídio       (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
puerperal, isto é, logo pós o parto). VI - contra a mulher por razões da condição de sexo
Aborto - Artigo 124 – Ato pelo qual a mulher interrom- feminino:      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
pe a gravidez de forma a trazer destruição do produto da VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts.
concepção. No auto-aborto ou no aborto com consenti- 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do siste-
mento da gestante, esta sempre será o sujeito ativo do ato, ma prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
e o feto, o sujeito passivo. No aborto sem o consentimento exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
da gestante, os sujeitos passivos serão o feto e a gestante. cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até tercei-
Aborto provocado por terceiro – É o aborto provocado ro grau, em razão dessa condição:     (Incluído pela Lei nº
sem o consentimento da gestante. Pena: reclusão, de três 13.142, de 2015)
a dez anos. Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Aborto provocado com o consentimento da gestante § 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo
feminino quando o crime envolve:      (Incluído pela Lei nº
– Reclusão, de um a quatro anos. A pena pode ser aumen-
13.104, de 2015)
tada para reclusão de três a dez anos, se a gestante for
I - violência doméstica e familiar;      (Incluído pela Lei
menor de quatorze anos, se for alienada ou débil mental,
nº 13.104, de 2015)
ou ainda se o consentimento for obtido mediante fraude,
II - menosprezo ou discriminação à condição de mu-
grave ameaça ou violência.
lher.      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Forma qualificada - As penas são aumentadas de um
terço se, em conseqüência do aborto ou dos meios em-
Homicídio culposo
pregados para provocá-lo, a gestante sofrer lesão corporal
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de
de natureza grave. São duplicadas se, por qualquer dessas 1965)
causas, lhe sobrevém a morte. Pena - detenção, de um a três anos.
Aborto necessário - Não se pune o aborto praticado
por médico: se não há outro meio de salvar a vida da ges- Aumento de pena
tante; e se a gravidez resulta de estupro e o aborto é pre- § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de
cedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de
de seu representante legal. regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente
deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura
PARTE ESPECIAL diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar
TÍTULO I prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra
CAPÍTULO I pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta)
DOS CRIMES CONTRA A VIDA anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá
Homicídio simples deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração
Art. 121. Matar alguém: atingirem o próprio agente de forma tão grave que a
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº
6.416, de 24.5.1977)
Caso de diminuição de pena § 6o  A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo metade se o crime for praticado por milícia privada, sob
de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da grupo de extermínio.       (Incluído pela Lei nº 12.720, de
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 2012)

70
NOÇÕES DE DIREITO

§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
terço) até a metade se o crime for praticado:      (Incluído II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é prece-
pela Lei nº 13.104, de 2015) dido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores seu representante legal.
ao parto;      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de
60 (sessenta) anos ou com deficiência;      (Incluído pela Lei
nº 13.104, de 2015) 2.3.5. DAS LESÕES CORPORAIS
III - na presença de descendente ou de ascendente da – ARTIGO 129.
vítima.      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)

Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio Lesões corporais


Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou
prestar-lhe auxílio para que o faça: Lesão corporal - Ofensa à integridade corporal ou a
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se saúde de outra pessoa.
consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de
suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. Lesão corporal de natureza grave - Artigo 129 - pará-
Parágrafo único - A pena é duplicada: grafo primeiro - Se resulta: incapacidade para as ocupações
habituais, por mais de trinta dias; perigo de vida; debilida-
Aumento de pena
de permanente de membro, sentido ou função; ou acele-
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
ração de parto.
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer
causa, a capacidade de resistência.
Lesão corporal de natureza gravíssima - Artigo 129 -
parágrafo primeiro - Se resulta: incapacidade permanente
Infanticídio
para o trabalho; enfermidade incurável; perda ou inutiliza-
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal,
ção do membro, sentido ou função; deformidade perma-
o próprio filho, durante o parto ou logo após:
nente; ou aborto.
Pena - detenção, de dois a seis anos.

Aborto provocado pela gestante ou com seu con- Lesão corporal seguida de morte - Se resulta morte e
sentimento as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o re-
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir sultado, nem assumiu o risco de produzi-lo (é o homicídio
que outrem lho provoque:  (Vide ADPF 54) preterintencional).
Pena - detenção, de um a três anos.
Diminuição de pena - Se o agente comete o crime im-
Aborto provocado por terceiro pelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da ainda sob o domínio de violenta emoção, seguida de injus-
gestante: ta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um
Pena - reclusão, de três a dez anos. sexto a um terço.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da
gestante:  (Vide ADPF 54) Lesão corporal culposa – Se o agente não queria o re-
Pena - reclusão, de um a quatro anos. sultado do ato praticado, mesmo sabendo que tal resulta-
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, do era previsível.
se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada
ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante Violência doméstica - Se a lesão for praticada contra
fraude, grave ameaça ou violência ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro,
ou com quem conviva ou tenha convivido; ou ainda preva-
Forma qualificada lecendo-se o agente das relações domésticas, de coabita-
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos ante- ção ou de hospitalidade. Pena: detenção, de três meses a
riores são aumentadas de um terço, se, em consequência três anos.
do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a
gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são du- CAPÍTULO II
plicadas, se, por qualquer dessas      causas, lhe sobrevém DAS LESÕES CORPORAIS
a morte.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médi- Lesão corporal
co:  (Vide ADPF 54) Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de
outrem:
Aborto necessário Pena - detenção, de três meses a um ano.
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

71
NOÇÕES DE DIREITO

Lesão corporal de natureza grave § 11.  Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será
§ 1º Se resulta: aumentada de um terço se o crime for cometido contra
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais pessoa portadora de deficiência.  (Incluído pela Lei nº
de trinta dias; 11.340, de 2006)
II - perigo de vida; § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade
III - debilidade permanente de membro, sentido ou ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
função; Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Na-
IV - aceleração de parto: cional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
Pena - reclusão, de um a cinco anos. decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
§ 2° Se resulta: parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
I - Incapacidade permanente para o trabalho; condição, a pena é aumentada de um a dois terços.  (Incluí-
II - enfermidade incurável; do pela Lei nº 13.142, de 2015)
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 2.3.6. DOS CRIMES CONTRA O
PATRIMÔNIO – ARTIGOS 155 A 180.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam
que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de
produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. O Título II da parte especial do Código Penal Brasileiro,
faz referências aos Crimes Contra o Patrimônio.
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo Considera-se patrimônio de uma pessoa , os bens, o
de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de poderio econômico, a universalidade de direitos que te-
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da nham expressão econômica para a pessoa. Considera-se em
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. geral, o patrimônio como universalidade de direitos. Vale
dizer como uma unidade abstrata, distinta, diferente dos
Substituição da pena elementos que a compõem isoladamente considerados.
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda Além desse conceito jurídico, que é próprio do direito
substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos privado, há uma noção econômica de patrimônio e, segun-
mil réis a dois contos de réis: do a qual, ele consiste num complexo de bens, através dos
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo an- quais o homem satisfaz suas necessidades.
terior;
II - se as lesões são recíprocas. Cabe lembrar, que o direito penal em relação ao direito
civil, ao direito econômico, ele é autônomo e constitutivo, e
Lesão corporal culposa por isso mesmo quando tutela bens e interesses jurídicos já
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) tutelados por outros ramos do direito, ele o faz com auto-
Pena - detenção, de dois meses a um ano. nomia e de um modo peculiar.

Aumento de pena A tutela jurídica do patrimônio no âmbito do Código


§ 7o  Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer Penal Brasileiro, é sem duvida extensamente realizada, mas
qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste não se pode perder jamais em conta, a necessidade de que
Código.(Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012) no conceito de patrimônio esteja envolvida uma noção eco-
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do nômica, um noção de valor material econômico do bem.
art. 121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990)
FURTO
Violência Doméstica    (Incluído pela Lei nº 10.886,
de 2004) O primeiro é o crime de furto descrito no artigo 155 do
§ 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, Código Penal Brasileiro, em sua forma básica: “subtrair, para
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com si ou para outrem, coisa alheia móvel: pena – reclusão, de 1
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo- (um) a 4 (quatro) anos, e multa”.
se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
O conceito de furto pode ser expresso nas seguintes
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Re-
palavras: furto é a subtração de coisa alheia móvel para
dação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, si ou para outrem sem a pratica de violência ou de grave
se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, ameaça ou de qualquer espécie de constrangimento físico
aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº ou moral à pessoa. Significa pois o assenhoramento da coi-
10.886, de 2004) sa com fim de apoderar-se dela com ânimo definitivo.

72
NOÇÕES DE DIREITO

Quanto a objetividade jurídica do furto é preciso res- O crime de furto é cometido através do dolo que é
saltar uma divergência na doutrina: entende-se que é pro- a vontade livre e consciente de subtrair, acrescido do ele-
tegida diretamente a posse e indiretamente a propriedade mento subjetivo do injusto também chamado de “dolo
ou, em sentido contrário, que a incriminação no caso de específico”, que no crime de furto está representado pela
furto, visa essencial ou principalmente a tutela da proprie- idéia de finalidade do agente, contida da expressão “para
dade e não da posse. É inegável que o dispositivo protege si ou para outrem”. Independe todavia de intuito, objetivo
não só a propriedade como a posse, seja ela direta ou indi- de lucro por parte do agente, que pode atuar por vingança,
reta além da própria detenção1. capricho, liberalidade.
Devemos si ter primeiro o bem jurídico daquele que é
afetado imediatamente pela conduta criminosa. Vale dizer O consentimento da vítima na subtração elide o crime,
que a vítima de furto não é necessariamente o proprietário já que o patrimônio é um bem disponível, mas se ele ocorre
da coisa subtraída, podendo recair a sujeição passiva sobre depois da consumação, é evidente que sobrevivi o ilícito
o mero detentor ou possuidor da coisa. penal.

Qualquer pessoa pode praticar o crime de furto, não O delito de furto também pode ser praticado entre:
exige além do sujeito ativo qualquer circunstância pessoal cônjuges, ascendentes e descendentes, tios e sobrinhos,
específica. Vale a mesma coisa para o sujeito passivo do cri- entre irmãos.
me, sendo ela física ou jurídica, titular da posse, detenção
ou da propriedade. O direito romano não admitia, nesses casos, a ação pe-
O núcleo do tipo é subtrair, que significa tirar, retirar, nal. Já o direito moderno não proíbe o procedimento pe-
abrangendo mesmo o apossamento à vista do possuidor nal, mas isenta de pena, como elemento de preservação da
ou proprietário. vida familiar.
O crime de furto pode ser praticado também através
de animais amestrados, instrumentos etc. Esse crime será Para se definir o momento da consumação, existem
duas posições:
de apossamento indireto, devido ao emprego de animais,
caso contrário é de apossamento direto.
1) atinge a consumação no momento em que o objeto
Impera uma única controvérsia, tendo em vista o de-
material é retirado de posse e disponibilidade do sujeito
senvolvimento da tecnologia, quanto a subtração praticada
passivo, ingressando na livre disponibilidade do autor, ain-
com o auxílio da informática, se ela resultaria de furto ou
da que não obtenha a posse tranqüila4;
crime de estelionato.
2) quando exige-se a posse tranqüila, ainda que por
O objeto material do furto é a coisa alheia móvel. Coisa
breve tempo. 5
em direito penal representa qualquer substância corpórea,
seja ela material ou materializável, ainda que não tangí- Temos a seguinte classificação para o crime de furto:
vel, suscetível de apreciação e transporte, incluindo aqui os comum quanto ao sujeito, doloso, de forma livre, comissivo
corpos gasosos, os instrumentos , os títulos, etc.2. de dano, material e instantâneo.
A ação penal é pública incondicionada, exceto nas hi-
O homem não pode ser objeto material de furto, con- póteses do artigo 182 do Código Penal Brasileiro, que é
forme o fato, o agente pode responder por sequestro ou condicionada à representação.
cárcere privado, conforme artigo 148 do Código Penal Bra-
sileiro, ou subtração de incapazes artigo 249. O crime de furto pode ser de quatro espécies: furto
simples, furto noturno, furto privilegiado e furto qualifica-
Afirma-se na doutrina que somente pode ser objeto de do
furto a coisa que tiver relevância econômica, ou seja, va-
lor de troca, incluindo no conceito, a ideia de valor afetivo FURTO DE USO
(o que eu acho que não tem validade jurídica penal). Já a
jurisprudência invoca o princípio da insignificância, consi- Furto de uso é a subtração de coisa apenas para usu-
derando que se a coisa furtada tem valor monetário irrisó- fruí-la momentaneamente, está prevista no art. 155 do Có-
rio, ficará eliminada a antijuridicidade do delito e, portanto, digo Penal Brasileiro, para que seja reconhecível o furto de
não ficará caracterizado o crime. uso e não o furto comum, é necessário que a coisa seja
restituída, devolvida, ao possuidor, proprietário ou deten-
Furto é crime material, não existindo sem que haja tor de que foi subtraída, isto é, que seja reposta no lugar,
desfalque do patrimônio alheio. Coisa alheia é a que não para que o proprietário exerça o poder de disposição sobre
pertence ao agente, nem mesmo parcialmente. Por essa a coisa subtraída. Fora daí a exclusão do “animus furandi”
razão não comete furto e sim o crime contido no artigo 346 dependerá de prova plena a ser oferecida pelo agente.
(Subtração ou Dano de Coisa Própria em Poder de Terceiro)
do Código Penal Brasileiro, o proprietário que subtrai coisa Os tribunais tem subordinado o reconhecimento do
sua que está em poder legitimo de outro3. furto de uso a efetiva devolução ou restituição, afirman-
do que há furto comum se a coisa é abandonada em local

73
NOÇÕES DE DIREITO

distante ou diverso ou se não é recolocada na esfera de Vale dizer que é uma forma de causa especial de di-
vigilância de seu dono. Há ainda entendimentos que exi- minuição de pena. Existem requisitos para que se dê essa
gem que a devolução da coisa, além de ser feita no mesmo causa especial:
lugar da subtração seja feita em condições de restituição - O primeiro requisito para que ocorra o privilégio é ser
da coisa em sua integridade e aparência interna e externa, o agente primário, ou seja, que não tenha sofrido em razão
assim como era no momento da subtração. de outro crime condenação anterior transitada em julgado.
- O segundo requisito é ser de pequeno valor a coisa
Vale dizer a coisa devolvida assemelha-se em tudo e subtraída.
por tudo em sua aparência interna e externa à coisa sub- A doutrina e a jurisprudência têm exigido além desses
traída6. dois requisitos já citados, que o agente não revele persona-
lidade ou antecedentes comprometedores, indicativos da
FURTO NOTURNO existência de probabilidade, de voltar a delinquir.
A pena pode-se substituir a de reclusão pela de deten-
O Furto Noturno, está previsto no § 1º do artigo 155: ção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a
“apena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado multa.
durante o repouso noturno”7.
O § 3º do artigo 155 faz menção à igualdade entre
É furto agravado ou qualificado o praticado durante energia elétrica, ou qualquer outra que tenha valor eco-
o repouso noturno, aumenta-se de 1/3 artigo 155 §1º , a nômico à coisa móvel, também a caracterizando como cri-
razão da majorante está ligada ao maior perigo que está me10.
submetido o bem jurídico diante da precariedade de
vigilância por parte de seu titular. A jurisprudência considera essa modalidade de furto
Basta que ocorra a cessação da vigilância da vítima, como crime permanente, pois o agente pratica uma só
que, dormindo, não poderá efetivá-la com a segurança e ação, que se prolonga no tempo.
a amplitude com que a faria, caso estivesse acordada, para
que se configure a agravante do repouso noturno. FURTO QUALIFICADO
Repouso noturno é o tempo em que a cidade repousa,
é variável, dependendo do local e dos costumes. Em determinadas circunstâncias são destacadas o §4º
É discutida pela doutrina e pela jurisprudência a cerca do art. 155, para configurar furto qualificado, ao qual é co-
da necessidade do lugar, ser habitado ou não, para se dar minada pena autônoma sensivelmente mais grave: “reclu-
a agravante. A jurisprudência dominante nos tribunais é no são de 2 à 8 anos seguida de multa”.
sentido de excluir a agravante, se o furto é praticado em
lugar desabitado, pois evidente se praticado desta forma São as seguintes as hipóteses de furto qualificado:
não haveria, mesmo durante a época o momento do não se o crime é cometido com destruição ou rompimento
repouso, a possibilidade de vigilância que continuaria a ser de obstáculos à subtração da coisa; está hipótese trata da
tão precária quanto este momento de repouso. destruição, isto é, fazer desaparecer em sua individualidade
Porém, como diz o mestre Magalhães Noronha “para ou romper, quebrar, rasgar, qualquer obstáculo móvel ou
nós, existe a agravante quando o furto se dá durante o imóvel a apreensão e subtração da coisa.
tempo em que a cidade ou local repousa, o que não impor- A destruição ou rompimento deve dar-se em qualquer
ta necessariamente seja a casa habitada ou estejam seus momento da execução do crime e não apenas para apreen-
moradores dormido. Podem até estar ausente, ou desabi- são da coisa. Porém é imprescindível que seja comprovada
tado o lugar do furto”.
pericialmente, nem mesmo a confissão do acusado supre a
A exposição de motivos como a do mestre Noronha, é
falta da perícia11 .
a que se iguala ao meu parecer, pois é prevista como agra-
vante especial do furto a circunstância de ser o crime prati- Trata-se de circunstância objetiva e comunicável no
cado durante o período do sossego noturno8, seja ou não caso de concurso de pessoas, desde que o seu conteúdo
habitada a casa, estejam ou não seus moradores dormindo, haja ingressado na esfera do conhecimento dos participan-
cabe a majoração se o delito ocorreu naquele período. tes.
A segunda hipótese é quando o crime é cometido com
Furto em garagem de residência, também há duas po- abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou des-
sições, uma em que incide a qualificadora, da qual o Pro- treza.
fessor Damásio é partidário, e outra na qual não incide a Há abuso de confiança quando o agente se prevalece
qualificadora. de qualidade ou condição pessoal que lhe facilite à pratica
do furto. Qualifica o crime de furto quando o agente se
FURTO PRIVILEGIADO ou mínimo serve de algum artifício para fazer a subtração12.
Mediante fraude é o meio enganoso capaz de iludir a
O furto privilegiado está expresso no § 2º do artigo vigilância do ofendido e permitir maior facilidade na sub-
155: “Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a tração do objeto material. O furto mediante fraude distin-
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela gue-se do estelionato, naquele a fraude é empregada para
de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar so- iludir a atenção e vigilância do ofendido, que nem percebe
mente a pena de multa”. que a coisa lhe está sendo subtraída; no estelionato, ao

74
NOÇÕES DE DIREITO

contrário, a fraude antecede o apossamento da coisa e é A razão da incriminação é de que o agente subtraia
a causa de sua entrega ao agente pela vítima; esta entrega coisa que pertença também a outrem. Este crime constitui
a coisa iludida, pois a fraude motivou seu consentimento. caso especial de furto, distinguindo-se dele apenas as re-
É ainda qualificadora a penetração no local do furto lações existentes entre o agente e o lesado ou os lesados.
por via que normalmente não se usa para o acesso, sendo Sujeito ativo, somente pode ser o condômino, co-pro-
necessário o emprego de meio artificial, é no caso de prietário, co- herdeiro ou o sócio. Esta condição é indispen-
escalada, que não se relaciona necessariamente com a sável e chega a ser uma elementar do crime e por tanto é
ação de galgar ou subir. Também deve ser comprovada por transmitido ao partícipe estranho nos termos do artigo 29
meio de perícia, assim como o rompimento de obstáculo. do Código Penal Brasileiro.
Sujeito passivo será sempre o condomínio, co-proprie-
Tentativa, é admissível. Via de regra, a prisão em fla- tário, co- herdeiro ou o sócio, não podendo excluir-se o
grante indica delito tentado nos casos de furto, por não terceiro possuidor legítimo da coisa.
chegar o agente a ter a posse tranquila da coisa subtraída, A vontade de subtrair configura o momento subjetivo,
fala-se em dolo específico na doutrina, na expressão “para
que não ultrapassa a esfera de vigilância da vítima.
si ou para outrem”.
A pena culminada para furto de coisa comum é alter-
Há ainda a tentativa frustrada, citarei um exemplo: um
nativa de detenção de 6 (seis) meses à 2 (dois) anos ou
batedor de carteira segue uma pessoa durante vários dias.
multa. Dá-se ao juiz a margem para individualização da
Decide, então, subtrair, do bolso interno do paletó da víti- pena tendo em vista as circunstâncias do caso concreto.
ma, envelope que julga conter dinheiro. Furtado o envelo-
pe, o batedor de carteira é apanhado. Chegando à Delega- ROUBO
cia, verifica-se que o envelope estava vazio, pois, naquele A ação penal é pública, porém depende de represen-
dia, a vítima esquecera o dinheiro em casa. O agente será tação da parte
responsabilizado pelo crime nesse exemplo? Não, pois a Como expresso no artigo 157 do Código Penal Brasi-
ausência do objeto material do delito faz do evento um leiro: “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,
crime impossível. mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois
O último é a qualificadora da destreza, que se dá quan- de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilida-
do a subtração se dá dissimuladamente com especial habi- de de resistência: pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez)
lidade por parte do agente, onde a ação, sem emprego de anos, e multa”.
violência, em situação em que a vítima, embora consciente Trata-se de crime contra o patrimônio, em que é atingi-
e alerta, não percebe que está tendo os bens furtados. O do também a integridade física ou psíquica da vítima.
arrebatamento violento ou inopinado não a configura. É um crime complexo, onde o objeto jurídico imediato
do crime é o patrimônio, e tutela-se também a integridade
A terceira hipótese é o emprego de chave falsa. corporal, a saúde, a liberdade e na hipótese de latrocínio a
Constitui chave falsa qualquer instrumento ou enge- vida do sujeito passivo.
nho de que se sirva o agente para abrir fechadura e que te- O Roubo também é um delito comum, podendo ser
nha ou não o formato de uma chave, podendo ser grampo, cometido por qualquer pessoa, dando-se o mesmo com
pedaço de arame, pinça, gancho, etc. O exame pericial da o sujeito passivo. Pode ocorrer a hipótese de dois sujeitos
chave ou desse instrumento é indispensável para a caracte- passivos: um que sofre a violência e o titular do direito de
rização da qualificadora propriedade.
Como no Furto, a conduta é subtrair, tirar a coisa mó-
A Quarta e última hipótese é quando ocorre median- vel alheia, mas faça-se necessário que o agente se utilize
de violência, lesões corporais, ou vias de fato, como grave
te concurso de duas ou mais pessoas, quando praticado
ameaça ou de qualquer outro meio que produza a possibi-
nestas circunstâncias, pois isto revela uma maior periculo-
lidade de resistência do sujeito passivo.14
sidade dos agentes, que unem seus esforços para o crime.
A vontade de subtrair com emprego de violência, gra-
No caso de furto cometido por quadrilha, responde ve ameaça ou outro recurso análogo é o dolo do delito
por quadrilha pelo artigo 288 do Código Penal Brasileiro de roubo. Exige-se porém, o elemento subjetivo do tipo, o
seguido de furto simples, ficando excluída a qualificado- chamado dolo específico, idêntico ao do furto, para si ou
ra13, para outrem, é que se dá a subtração.
Concurso de qualificadoras, o agente incidindo em
duas qualificadoras, apenas uma qualifica, podendo servir Há uma figura denominada roubo impróprio que vem
a outra como agravante comum. definido no art.157 §1º do Código Penal Brasileiro: “na
mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coi-
FURTO DE COISA COMUM sa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a
Este crime está definido no art. 156 do Código Penal fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da
Brasileiro, que diz: “Subtrair o condômino, co-herdeiro, ou coisa para si ou para terceiro”. Nesse caso a violência ou
sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a de- a grave ameaça ocorre após a consumação da subtração,
tém, a coisa comum: pena – detenção, de 6 (seis) meses à 2 visando o agente assegurar a posse da coisa subtraída ou a
(dois) anos, ou multa”. impunidade do crime.

75
NOÇÕES DE DIREITO

A violência posterior ou roubo para assegurar a sua im- Pena: reclusão de vinte a trinta anos, sem prejuízo da
punidade, deve ser imediato para caracterização do roubo multa, conforme alteração do artigo 6º da Lei n.º. 8072/90.
impróprio. Conforme o artigo 9º dessa lei, a pena é agravada de me-
A consumação do roubo impróprio ocorre com a vio- tade quando a vítima se encontra nas condições do artigo
lência ou grave ameaça desde que já ocorrido a subtração, 224 do Código Penal Brasileiro: “presunção de violência”.
não se consumando esta, tem se entendido que o agente
deverá ser responsabilizado por tentativa de furto em con- EXTORSÃO
curso com o crime de lesões corporais. O crime de extorsão é formal e consuma-se no mo-
Consuma-se no momento em que o agente retira o mento e no local em que ocorre o constrangimento para
objeto material da esfera de disponibilidade da vítima, que se faça ou se deixe de fazer alguma coisa. Súmula nº
mesmo que não haja a posse tranqüila.
96 do Superior Tribunal de Justiça.
Tentativas, quanto ao roubo próprio ela é admitida,
visto podendo ocorrer quando o sujeito, após empregar
a violência ou grave ameaça contra a pessoa, por motivos Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou
alheios a sua vontade, não consegue efetuar a subtração. grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para
Já a tentativa para o crime de roubo impróprio temos outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que
duas correntes: se faça ou deixar fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Sua classificação doutrinária é de crime comum quanto § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas,
ao sujeito, doloso, de forma livre, de dano, material e ins- ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço
tantâneo. Tendo ação penal pública incondicionada. até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência
ROUBO E LESÃO CORPORAL GRAVE o disposto no § 3º do artigo anterior.
Nos termos do artigo 157 § 3º do Código Penal Brasilei- § 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da
ra primeira parte, é qualificado roubo quando: “da violência liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a
resulta lesão corporal de natureza grave, fixando-se a pena obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão,
num patamar superior ao fixado anteriormente, aqui reclu- de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão
são de 5 (cinco) à 15 (quinze) anos, além da multa”. corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no
É indispensável que a lesão seja causada pela violência, art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº
não estando o agente, sujeito às penas previstas pelo
11.923, de 2009)
dispositivo em estudo, se o evento decorra de grave ameaça,
como enfarte, choque ou do emprego de narcóticos.
Haverá no caso roubo simples seguido de lesões corporais É um crime comum, formal ou material, de forma livre,
de natureza grave em concurso formal. instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente, comissivo,
A lesão poderá ser sofrida pelo titular do direito ou em doloso, de dano, complexo e admite tentativa.
um terceiro. A conduta consiste em constranger (obrigar, forcar,
Se o agente fere gravemente a vítima mas não conse- coagir), mediante violência (física: vias de fato ou lesão
gue subtrair a coisa, há só a tentativa do artigo 157 § 3º 1ª corporal) ou grave ameaça (moral: intimidação idônea ex-
parte (TACrim SP, julgados 72:214). plicita ou explicita que incute medo no ofendido) com o
objetivo de obter para si ou para outrem indevida (injusta,
ROUBO SEGUIDO DE MORTE - LATROCÍNIO ilícita) vantagem econômica (qualquer vantagem seja de
Comina-se pena de reclusão de 20 à 30 anos se resulta coisa móvel ou imóvel).
a morte, as mesmas considerações referentes aos crimes Haverá constrangimento ilegal se a vantagem não for
qualificados pelo resultado, podem ser aqui aplicadas. econômica e exercício arbitrário das próprias razoes se a
O artigo da Lei 8072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), vantagem for devida.
em conformidade com o artigo 5º XLIII, da Constituição
Federal Brasileira, considera crime de latrocínio Hediondo. Tipo subjetivo
Nos termos legais o Latrocínio não exige que o evento
O tipo é composto de dolo duplo: o primeiro constituí-
morte seja desejado pelo agente, basta que ele empregue
do pela vontade livre e consciente de constranger alguém
violência para roubar e que dela resulte a morte para que
se tenha caracterizado o delito. mediante violência ou grave ameaça, dolo genérico; o se-
É indiferente porém, que a violência tenha sido exercida gundo exige o elemento subjetivo do tipo específico na
para o fim da subtração ou para garantir, depois desta, a expressão “com intuito de”.
impunidade do crime ou a detenção da coisa subtraída18 .
Ocorre latrocínio ainda que a violência atinja pessoa Consumação
diversa daquela que sofre o desapossamento da coisa. Ha- Discute-se na doutrina se o crime de extorsão é for-
verá no entanto um só crime com dois sujeitos passivos. mal ou material. Para os que o consideram formal, a con-
A consumação do latrocínio ocorre com a efetiva sub- sumação ocorre independentemente do resultado. Basta
tração e a morte da vítima, embora no latrocínio haja mor- ser idôneo ao constrangimento imposto à vítima, sendo
te da vítima, ele é um crime contra o patrimônio, sendo Juiz irrelevante a enfeitava obtenção da vantagem econômica
singular e não do Tribunal do Júri, essa é a posição válida, indevida.

76
NOÇÕES DE DIREITO

O comportamento da vítima nesse caso é fundamen- Perfeitamente possível a tentativa, já que a execução
tal para a consumação do delito. É a indispensabilidade da do crime requer um iter criminis desdobrado em vários
conduta do sujeito passivo para a consumação do crime, atos. Porém, difícil de se configurar. Hipótese seria aquela
se o constrangimento for sério, idôneo o suficiente para em que os agentes são flagrados logo após colocarem a
ensejar a ação ou omissão da vítima em detrimento do seu vítima no carro, pois aí não teriam privado sua liberdade
patrimônio, perfaz-se o tipo penal do art. 168 do CP. por tempo juridicamente relevante.
Da outra parte, se entendido como crime material, a
consumação se dará com obtenção de indevida vantagem EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO QUALIFICADA
econômica. Seguimos esse entendimento, para nós o crime Se o sequestro dura mais de 24h, se o sequestrado é
de extorsão é material consumando-se com a efetiva ob-
menor de 18 e maior que 60 anos, ou se o crime é cometi-
tenção indevida vantagem econômica.
Tentativa do por bando ou quadrilha a pena será de reclusão de 12
Admite-se quer considerando o crime formal ou mate- a 20 anos. Quanto maior o tempo em que a vítima estiver
rial. Surge quando a vítima mesmo constrangida, mediante em poder do criminoso, maior será o dano à saúde e inte-
violência ou grave ameaça, não realiza a condita por cir- gridade física.
cunstâncias alheias à vontade do agente. A vítima, então
não se intimida, vence o medo e denuncia o fato a polícia. Quanto ao crime cometido por bando ou quadrilha,
entende-se como a reunião permanente de mais de três
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (art. 159) pessoas para cometer e não uma reunião ocasional para
Na extorsão mediante sequestro, diferentemente da cometer o sequestro
extorsão do art. 158, a vantagem pode ser qualquer uma
(inclusive econômica). Trata-se de crime hediondo em to- EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO COM LESÃO
das as suas modalidades, havendo privação da liberdade da CORPORAL GRAVE.
vítima para se obter a vantagem. É crime complexo, resul-
Se o fato resulta lesão corporal de natureza grave a
tante da extorsão + sequestro ou cárcere privado (é o que
diz a doutrina, mas eu não concordo, visto que a extorsão pena será de reclusão de 16 a 24 anos; se resulta a morte a
exige finalidade de obter vantagem econômica indevida). pena será de reclusão de 24 a 30 anos. Observa-se de ime-
Se o sequestro for para obtenção de qualquer van- diato a diferença deste delito com o de roubo qualificado
tagem devida, haverá o crime de exercício arbitrário das pelo resultado. No art. 157 do CP a lei diz: “se da violência
próprias razões em concurso material com o sequestro ou resultar lesão grave ou morte”; logo, num roubo em que
cárcere privado. vítima cardíaca diante de uma ameaça vem a falecer, haverá
Apesar de o tipo se referir a “qualquer vantagem”, não roubo em concurso material com homicídio e não latrocí-
haverá o crime se a vantagem não tiver algum valor econô- nio. O tipo exige o emprego da violência. Na extorsão me-
mico. Isso se depreende da interpretação sistêmica do tipo, diante sequestro a lei menciona: “se dos ato resultar lesão
que está inserido no Título II, relativo aos crimes contra o grave ou morte”, pouco importando para qualificar o delito
patrimônio. que a lesão grave seja culposa ou dolosa.. Evidentemente,
Não influi na caracterização do crime o fato de a ví- se a lesão grave ou morte resultar de caso fortuito ou força
tima ser transportada para algum lugar ou ser retida em
maior, o resultado agravados não poderá ser imputado ao
sua própria casa. Ademais, o sequestro deve se dar como
condição ou preço do resgate. agente.
Sujeito passivo
Pode ser qualquer pessoa, inclusive pessoa jurídica, EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO E TORTURA
que pode ter, v.g., um de seus sócios sequestrados para que Entendemos que os institutos possuem objetividades
seja efetuado o pagamento. Determina-se o sujeito passivo jurídicas distintas e autônomas. Na extorsão são mediante
de acordo com a pessoa que terá o patrimônio lesado. sequestro ofende-se o patrimônio, a liberdade de ir e vir e
Se a pessoa que sofre a privação da liberdade for dife- a vida. Na tortura atinge-se a dignidade humana, consubs-
rente daquela que terá seu patrimônio diminuído, haverá tanciada na integridade física e mental. Cm efeito, a nosso,
apenas um crime, não obstante existirem duas vítimas. juízo, nada impede o reconhecimento do concurso material
Consumação e tentativa de infrações.
Ocorre a consumação quando o agente pratica a con-
duta prevista no núcleo do tipo, quando realiza o sequestro DELAÇÃO PREMIADA
privando a vítima da liberdade por tempo juridicamente re-
O benefício somente se aplica quando o crime for co-
levante, ainda que não aufira a vantagem qualquer e ain-
da que nem tenha sido pedido o resgate. Logo, o crime é metido em concurso de pessoas, devendo o acusado for-
formal. necer às autoridades elementos capazes de facilitar a reso-
“A extorsão mediante sequestro, como crime formal ou lução do crime. Causa obrigatória de diminuição de pena
de consumação antecipada, opera-se com a simples priva- se preenchidos os requisitos estabelecidos pelo parágrafo
ção da liberdade de locomoção da vítima, por tempo juri- 4º do art. 159, qual seja, denúncia à autoridade ( juiz, dele-
dicamente relevante. Ainda que o sequestrado não tenha gado ou promotor) feita por um dos concorrentes, e esta
sido conduzido ao local de destino, o crime está consuma- facilitar a libertação da vítima. Faz-se mister salientar que,
do” (MIRABETE, Julio Fabbrini. Código Penal Interpretado. se não houver a libertação do seqüestrado, mesmo haven-
6ª edição. São Paulo: Atlas. 2007, pág. 1.476). do delação do coautor, não haverá diminuição de pena.

77
NOÇÕES DE DIREITO

Não se confunde com a confissão espontânea, pois § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
nesta o agente garante confessa sua participação no crime, a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão
sem incriminar outrem. pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar
somente a pena de multa.
EXTORSÃO INDIRETA § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou
Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida, qualquer outra que tenha valor econômico.
abusando da situação de alguém, documento que pode
dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou con- Furto qualificado
tra terceiro: § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa,
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à sub-
Classificação doutrinária tração da coisa;
Crime comum, doloso, de dano, formal (exigir) e ma- II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, esca-
terial (receber), instantâneo, comissivo, de forma vinculada, lada ou destreza;
unissubjetivo, unissubsistente (exigir) ou plurissubsistente III - com emprego de chave falsa;
(receber) e admite tentativa. IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
A conduta recai sobre o documento que pode dar cau- § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a
sa a um procedimento criminal contra o devedor, como a subtração for de veículo automotor que venha a ser
confissão de um crime, a falsificação de um título de crédi- transportado para outro Estado ou para o exterior.   (Incluído
to, uma duplicata fria etc. pela Lei nº 9.426, de 1996)
A conduta consiste ainda em exigir (obrigar, ordenar) § 6o  A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se
ou receber (aceitar) um documento que pode dar causa a a subtração for de semovente domesticável de produção,
procedimento criminal contra a vítima ou terceiro. É abusar ainda que abatido ou dividido em partes no local da
da situação daquele que necessita urgentemente de auxílio subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
financeiro. Necessário para a configuração do delito que o
documento exigido ou recebido pelo agente, que pode ser Furto de coisa comum
público ou particular, se preste a instauração de inquérito Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio,
policial contra o ofendido. Não se exige a instauração do para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a
procedimento criminal, basta que o documento em poder coisa comum:
do credor seja potencialmente apto a iniciar o processo. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
Consumação § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum
Na ação de exigir, crime formal, a consumação ocorre fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito
com a simples exigência do documento pelo extorcionário. o agente.
A iniciativa aqui é do agente, na conduta de receber, crime
material, a consumação ocorre com o efetivo recebimento CAPÍTULO II
do documento. Nesse caso a iniciativas provém da vítima. DO ROUBO E DA EXTORSÃO

Tentativa Roubo
Na modalidade exigir, entendemos não ser possível Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
sua configuração, embora uma parcela da doutrina a ad- outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou
mita com o sovado exemplo, também oferecido nos crimes depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossi-
contra a honra, de a exigência ser reduzida por escrito, mas bilidade de resistência:
não chegar ao conhecimento do ofendido. Na de receber, Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
no entanto, é perfeitamente possível, podendo o iter crimi- § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de
nis ser interrompido por circunstâncias alheias à vontade subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou
do agente. grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime
ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
TÍTULO II § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego
CAPÍTULO I de arma;
DO FURTO II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores
Furto e o agente conhece tal circunstância.
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia IV - se a subtração for de veículo automotor que ve-
móvel: nha a ser transportado para outro Estado ou para o exte-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. rior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restrin-
praticado durante o repouso noturno. gindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

78
NOÇÕES DE DIREITO

§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a CAPÍTULO III


pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; DA USURPAÇÃO
se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem
prejuízo da multa.  (Redação dada pela Lei nº 9.426, de Alteração de limites
1996) Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para apro-
Extorsão priar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para ou- § 1º - Na mesma pena incorre quem:
trem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se
faça ou deixar de fazer alguma coisa: Usurpação de águas
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de ou-
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, trem, águas alheias;
ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço
até metade.
Esbulho possessório
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça,
o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de
ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou
25.7.90
§ 3o  Se o crime é cometido mediante a restrição da edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a § 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na
obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, pena a esta cominada.
de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão § 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego
corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no de violência, somente se procede mediante queixa.
art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº
11.923, de 2009) Supressão ou alteração de marca em animais
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado
Extorsão mediante sequestro ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de proprie-
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para dade:
si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90   (Vide Lei nº
10.446, de 2002) CAPÍTULO IV
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. (Redação dada DO DANO
pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 1o  Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) Dano
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90     (Redação dada
pela Lei nº 10.741, de 2003) Dano qualificado
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada Parágrafo único - Se o crime é cometido:
pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza II - com emprego de substância inflamável ou explosi-
grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 va, se o fato não constitui crime mais grave
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Re-
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município,
dação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade
§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
de economia mista; (Redação dada pela Lei nº 5.346, de
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Reda-
3.11.1967)
ção dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concor- IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável
rente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação para a vítima:
do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois ter- Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa,
ços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996) além da pena correspondente à violência.

Extorsão indireta Introdução ou abandono de animais em proprieda-


Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, de alheia
abusando da situação de alguém, documento que pode Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade
dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou con- alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que
tra terceiro: o fato resulte prejuízo:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.

79
NOÇÕES DE DIREITO

Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou § 3o  É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
histórico aplicar somente a de multa se o agente for primário e de
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tomba- bons antecedentes, desde que:  (Incluído pela Lei nº 9.983,
da pela autoridade competente em virtude de valor artísti- de 2000)
co, arqueológico ou histórico: I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e an-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. tes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição
social previdenciária, inclusive acessórios; ou  (Incluído pela
Alteração de local especialmente protegido Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade compe- II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessó-
tente, o aspecto de local especialmente protegido por lei: rios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previ-
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. dência social, administrativamente, como sendo o mínimo
para o ajuizamento de suas execuções fiscais. (Incluído pela
Ação penal Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu pa-
rágrafo e do art. 164, somente se procede mediante queixa.
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito
ou força da natureza
CAPÍTULO V
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
Apropriação indébita Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria,
Aumento de pena no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprie-
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o tário do prédio;
agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário; Apropriação de coisa achada
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria,
inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou
III - em razão de ofício, emprego ou profissão. legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade compe-
tente, dentro no prazo de quinze dias.
Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-
Lei nº 9.983, de 2000) -se o disposto no art. 155, § 2º.
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as
contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e for- CAPÍTULO VI
ma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
2000)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e mul- Estelionato
ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilí-
§ 1o  Nas mesmas penas incorre quem deixar cita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém
de: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra im-
fraudulento:
portância destinada à previdência social que tenha sido
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de qui-
descontada de pagamento efetuado a segurados, a tercei-
nhentos mil réis a dez contos de réis.
ros ou arrecadada do público;  (Incluído pela Lei nº 9.983,
de 2000) § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
II – recolher contribuições devidas à previdência social o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto
que tenham integrado despesas contábeis ou custos rela- no art. 155, § 2º.
tivos à venda de produtos ou à prestação de serviços;  (In- § 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
III - pagar benefício devido a segurado, quando as Disposição de coisa alheia como própria
respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou
à empresa pela previdência social.  (Incluído pela Lei nº em garantia coisa alheia como própria;
9.983, de 2000)
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia
das contribuições, importâncias ou valores e presta coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou
as informações devidas à previdência social, na forma imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante paga-
definida em lei ou regulamento, antes do início da ação mento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas
fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) circunstâncias;

80
NOÇÕES DE DIREITO

Defraudação de penhor I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria


III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo falsificada ou deteriorada;
credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando II - entregando uma mercadoria por outra:
tem a posse do objeto empenhado; Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a
Fraude na entrega de coisa qualidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor
coisa que deve entregar a alguém; valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, como
precioso, metal de ou outra qualidade:
Fraude para recebimento de indenização ou valor Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
de seguro § 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa pró-
pria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as con- Outras fraudes
seqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver in- Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em
denização ou valor de seguro; hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de
recursos para efetuar o pagamento:
Fraude no pagamento por meio de cheque Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos Parágrafo único - Somente se procede mediante repre-
em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. sentação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é de aplicar a pena.
cometido em detrimento de entidade de direito público
ou de instituto de economia popular, assistência social ou Fraudes e abusos na fundação ou administração de
beneficência. sociedade por ações
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por
Estelionato contra idoso
ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao pú-
§ 4o  Aplica-se a pena em dobro se o crime for
blico ou à assembleia, afirmação falsa sobre a constituição
cometido contra idoso.(Incluído pela Lei nº 13.228, de
da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela
2015)
relativo:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato
Duplicata simulada
não constitui crime contra a economia popular.
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui
não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou
crime contra a economia popular: (Vide Lei nº 1.521, de
qualidade, ou ao serviço prestado. (Redação dada pela Lei
nº 8.137, de 27.12.1990) 1951)
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e mul- I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por
ta.  (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou co-
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele municação ao público ou à assembleia, faz afirmação falsa
que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Regis- sobre as condições econômicas da sociedade, ou oculta
tro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968) fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo;
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por
Abuso de incapazes qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros tí-
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de ne- tulos da sociedade;
cessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da aliena- III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à so-
ção ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer ciedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos
deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da assem-
em prejuízo próprio ou de terceiro: bleia geral;
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por
conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando
Induzimento à especulação a lei o permite;
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédi-
inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental to social, aceita em penhor ou em caução ações da própria
de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à sociedade;
especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou de- VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em
vendo saber que a operação é ruinosa: desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. lucros ou dividendos fictícios;
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta
Fraude no comércio pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, de conta ou parecer;
o adquirente ou consumidor: VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;

81
NOÇÕES DE DIREITO

IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, § 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio


autorizada a funcionar no País, que pratica os atos men- da União, Estado, Município, empresa concessionária
cionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo. de serviços públicos ou sociedade de economia mista,
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em
anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem dobro.    (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)       
para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de
assembleia geral. Receptação de animal
Art. 180-A.   Adquirir, receber, transportar, conduzir,
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de
“warrant” produção ou de comercialização, semovente domesticá-
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, vel de produção, ainda que abatido ou dividido em partes,
em desacordo com disposição legal: que deve saber ser produto de crime:  (Incluído pela Lei nº
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 13.330, de 2016)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e mul-
Fraude à execução ta. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, des-
truindo ou danificando bens, ou simulando dívidas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante quei- 2.3.7. DOS CRIMES PRATICADOS POR
xa. FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A
ADMINISTRAÇÃO EM GERAL –
CAPÍTULO VII ARTIGOS 312 A 327.
DA RECEPTAÇÃO

Receptação
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou O Capítulo I do Título XI do Código Penal trata dos
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser crimes funcionais, praticados por determinado grupo de
produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, pessoas no exercício de sua função, associado ou não com
a adquira, receba ou oculte:    (Redação dada pela Lei nº pessoa alheia aos quadros administrativos, prejudicando o
9.426, de 1996) correto funcionamento dos órgãos do Estado.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.    (Reda- A Administração Pública deste modo, em geral dire-
ção dada pela Lei nº 9.426, de 1996) ta, indireta e empresas privadas prestadoras de serviços
públicos, contratadas ou conveniadas será vítima primária
Receptação qualificada  (Redação dada pela Lei nº e constante, podendo, secundariamente, figurar no polo
9.426, de 1996) passivo eventual administrado prejudicado.
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter
em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à O agente, representante de um poder estatal, tem por
venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio função principal cumprir regularmente seus deveres, con-
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, fiados pelo povo. A traição funcional faz com que todos te-
coisa que deve saber ser produto de crime:   (Redação dada nhamos interesse na sua punição, até porque, de certa for-
pela Lei nº 9.426, de 1996) ma, somos afetados por elas. Dentro desse espírito, mesmo
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.  (Redação quando praticado no estrangeiro, logo, fora do alcance da
dada pela Lei nº 9.426, de 1996) soberania nacional, o delito funcional será alcançado, obri-
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do gatoriamente, pela lei penal.
parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou
clandestino, inclusive o exercício em residência.  (Redação Não bastasse, a Lei 10.763, de 12 de novembro de
dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 2003, condicionou a progressão de regime prisional nos
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza crimes contra a Administração Pública à prévia reparação
ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela do dano causado, ou à devolução do produto do ilícito
condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por praticado, com os acréscimos legais.
meio criminoso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou A lei em comento não impede a progressão aos crimes
ambas as penas.   (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) funcionais, mas apenas acrescenta uma nova condição ob-
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido jetiva, de cumprimento obrigatório para que o reeducando
ou isento de pena o autor do crime de que proveio a conquiste o referido benefício.
coisa.    (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, Crimes Funcionais
pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, Espécies
deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o Os delitos funcionais são divididos em duas espécies:
disposto no § 2º do art. 155.     (Incluído pela Lei nº 9.426, próprios e impróprios.
de 1996)

82
NOÇÕES DE DIREITO

Nos crimes funcionais próprios, na qualidade de fun- Peculato Desvio


cionário público ao autor, o fato passa a ser tratado como
um tipo penal descrito. O servidor desvia a coisa em vez de apropriar-se. Aqui
Já nos impróprios desaparecendo a qualidade de o sujeito ativo além do servidor pode tem participação de
servidor publico, desaparece também o crime funcional, uma 3a pessoa. Consumação: No momento do desvio e
desclassificando a conduta para outro delito, de natureza admite-se a tentativa.
diversa.
Peculato Furto
Conceito de Funcionário Público para Efeitos Penais
Art. 327. Considera-se funcionário público, para os Previsto no Art. 312 CP., aqui o funcionário público
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem re- não detêm a posse, mas consegue deter a coisa em razão
muneração, exerce cargo, emprego ou função pública. da facilidade de ser servidor público. Ex: Diretor de esco-
§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exer- la pública que tem a chave de todas as salas da escola,
ce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e aproveita-se da sua função e facilidade e subtrai algo que
quem trabalha para empresa prestadora de serviço contra- não estava sob sua posse, tem-se o peculato furto.
tada ou conveniada para a execução de atividade típica da
Administração Pública. Peculato Culposo
§ 2º A pena será aumentada da terça parte quando
os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocu- Aproveitando o exemplo da escola, neste caso o di-
pantes de cargos em comissão ou de função de direção retor esquece a porta aberta e alguém entra no colégio
ou assessoramento de órgão da administração direta, so- e subtrai um bem. A consumação se dá no momento em
ciedade de economia mista, empresa pública ou fundação que o 3o subtrai a coisa. Não admite-se a tentativa.
instituída pelo poder público.
Contudo, ao considerar o que seja funcionário público
Peculato mediante Erro de Outrem
para fins penais, nosso Código Penal nos dá um conceito
unitário, sem atender aos ensinamentos do Direito Admi-
Art. 313 C.P., o seu objeto jurídico é a probidade
nistrativo, tomando a expressão no sentido amplo.
administrativa. Sujeito ativo: funcionário público; sujeito
Dessa forma, para os efeitos penais, considera-se fun-
passivo: Estado e o particular lesado. A modalidade de
cionário público não apenas o servidor legalmente investi-
peculato mediante erro de outrem, é um peculato este-
do em cargo público, mas também o que servidor publico
lionato, onde a pessoa é induzida a erro. Ex: Um fiscal vai
efetivo ou temporário.
aplicar uma multa a um determinado contribuinte e esse
contribuinte paga o valor direto a esse fiscal, que embolsa
Tipos penais Contra Administração Pública
o dinheiro. Só que na verdade nunca existiu multa alguma
O crime de Peculato, Peculato apropriação, Peculato e esse dinheiro não tinha como destino os cofres públi-
desvio, Peculato furto, Peculato culposo, Peculato mediante cos e sim o favorecimento pessoal do agente. É um crime
erro de outrem, Concussão, Excesso de exação, Corrupção doloso e sua consumação se dá quando ele passa a ser o
passiva e Prevaricação, são os crimes tipificado com prati- titular da coisa. Admite-se a tentativa.
cados por agentes públicos.
Concussão
Peculato
Art. 316 C.P., é uma espécie de extorsão praticada
Previsto no artigo 312 do C.P., a objetividade jurídica pelo servidor público com abuso de autoridade. O objeto
do peculato é a probidade da administração pública. É um jurídico é a probidade da administração pública. Sujeito
crime próprio onde o sujeito ativo será sempre o funcioná- ativo: Crime próprio praticado pelo servidor e o seu jeito
rio público e o sujeito passivo o Estado e em alguns casos passivo é o Estado e a pessoa lesada. A conduta é exigir.
o particular. Admite-se a participação. Trata-se de crime formal pois consuma-se com a exigên-
cia, se houver entrega de valor há exaurimento do crime
Peculato Apropriação e a vítima não responde por corrupção ativa porque foi
obrigada a agir dessa maneira.
É uma apropriação indébita e o objeto pode ser di-
nheiro, valor ou bem móvel. É de extrema importância que Excesso de Exação
o funcionário tenha a posse da coisa em razão do seu car-
go. Consumação: Se dá no momento da apropriação, em A exigência vai para os cofres públicos, isto é, reco-
que ele passa a agir como o titular da coisa apropriada. lhe aos cofres valor não devido, ou era para recolher aos
Admite-se a tentativa. cofres públicos, porém o funcionário se apropria do valor.

83
NOÇÕES DE DIREITO

Corrupção Passiva Peculato mediante erro de outrem


Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilida-
Art. 317 C.P., o Objeto jurídico é a probidade admi- de que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
nistrativa. Sujeito ativo: funcionário público. A vítima é o Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Estado e apenas na conduta solicitar é que a vítima será,
além do Estado a pessoa ao qual foi solicitada. Inserção de dados falsos em sistema de informa-
ções (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Condutas: Solicitar, receber e aceitar promessa, aumen- Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado,
ta-se a pena se o funcionário retarda ou deixa de praticar a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamen-
atos de ofício. Não admite-se a tentativa, é no caso de pri- te dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos
vilegiado, onde cede ao pedido ou influência de 3a pessoa. de dados da Administração Pública com o fim de obter
Só se consuma pela prática do ato do servidor público. vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar
dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000))
Prevaricação Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e mul-
ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 319 C.P., aqui também tutela-se a probidade ad-
ministrativa. É um crime próprio, cometido por funcioná- Modificação ou alteração não autorizada de siste-
rio público e a vítima é o Estado. A conduta é: retardar ou ma de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
deixar de praticar ato de ofício. O Crime consuma-se com Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema
o retardamento ou a omissão, é doloso e o objetivo do de informações ou programa de informática sem autori-
agente é buscar satisfação ou vantagem pessoal. zação ou solicitação de autoridade competente:  (Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000)
Os crimes contra a Administração Pública é demasia- Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e
damente prejudicial, pois refletem e afetam a todos os multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
cidadãos dependentes do serviço publico, colocando em Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço
crédito e a prova a credibilidade das instituições públicas, até a metade se da modificação ou alteração resulta dano
para apenas satisfazer o egoísmo e egocentrismo desses para a Administração Pública ou para o administrado.(In-
agentes corruptos.
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Tais mecanismos de combate devem ser aplicas com
rigor e aperfeiçoados para que estes desviantes do servi-
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou do-
ço publico, tenham suas praticas de errôneas coibidas e
cumento
extintas, podem assim fortalecer as instituições publica e
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documen-
valorizar os servidores.
to, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou
TÍTULO XI inutilizá-lo, total ou parcialmente:
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
CAPÍTULO I constitui crime mais grave.
DOS CRIMES PRATICADOS
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação
diversa da estabelecida em lei:
Peculato Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinhei-
ro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particu- Concussão
lar, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indi-
em proveito próprio ou alheio: retamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. mas em razão dela, vantagem indevida:
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou
bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em Excesso de exação
proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição
lhe proporciona a qualidade de funcionário. social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso,
Peculato culposo que a lei não autoriza:  (Redação dada pela Lei nº 8.137, de
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o 27.12.1990)
crime de outrem: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Re-
Pena - detenção, de três meses a um ano. dação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou
do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena cofres públicos:
imposta. Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

84
NOÇÕES DE DIREITO

Corrupção passiva Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.


Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, § 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa
aceitar promessa de tal vantagem: de fronteira:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e mul- Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
ta. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em Exercício funcional ilegalmente antecipado ou pro-
consequência da vantagem ou promessa, o funcionário longado
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes
pratica infringindo dever funcional. de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la,
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exo-
retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, nerado, removido, substituído ou suspenso:
cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Violação de sigilo funcional
Facilitação de contrabando ou descaminho
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a
cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe
prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Re- a revelação:
dação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
se o fato não constitui crime mais grave.
Prevaricação § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamen- quem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
te, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa I – permite ou facilita, mediante atribuição, forneci-
de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: mento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informa-
Art. 319-A.  Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou ções ou banco de dados da Administração Pública; (Incluí-
agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o do pela Lei nº 9.983, de 2000)
acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que per- II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluí-
mita a comunicação com outros presos ou com o ambiente do pela Lei nº 9.983, de 2000)
externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007). § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Pública ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (In-
Condescendência criminosa cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de res-
ponsabilizar subordinado que cometeu infração no exercí- Violação do sigilo de proposta de concorrência
cio do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrên-
fato ao conhecimento da autoridade competente: cia pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. -lo:
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
Advocacia administrativa Funcionário público
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interes- Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os
se privado perante a administração pública, valendo-se da
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem re-
qualidade de funcionário:
muneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da mul-
ta. trabalha para empresa prestadora de serviço contratada
ou conveniada para a execução de atividade típica da
Violência arbitrária Administração Pública.      (Incluído pela Lei nº 9.983, de
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou 2000)
a pretexto de exercê-la: § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem
pena correspondente à violência. ocupantes de cargos em comissão ou de função de
direção ou assessoramento de órgão da administração
Abandono de função direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei
permitidos em lei: nº 6.799, de 1980)

85
NOÇÕES DE DIREITO

Art. 4º Os conceitos e definições estabelecidos para os


2.4. LEGISLAÇÃO: efeitos deste Código são os constantes do Anexo I.
2.4.1. LEI N.º 9.503/97 (CÓDIGO
DE TRÂNSITO BRASILEIRO). CAPÍTULO II
DO SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO
Seção I
Disposições Gerais
LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997.
Art. 5º O Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto
Institui o Código de Trânsito Brasileiro. de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios que tem por finalidade o exer-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- cício das atividades de planejamento, administração, nor-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: matização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos,
formação, habilitação e reciclagem de condutores, educa-
CAPÍTULO I ção, engenharia, operação do sistema viário, policiamento,
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e apli-
cação de penalidades.
Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terres- Art. 6º São objetivos básicos do Sistema Nacional de
tres do território nacional, abertas à circulação, rege-se por Trânsito:
I - estabelecer diretrizes da Política Nacional de Trân-
este Código.
sito, com vistas à segurança, à fluidez, ao conforto, à defe-
§ 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por
sa ambiental e à educação para o trânsito, e fiscalizar seu
pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos,
cumprimento;
conduzidos ou não, para fins de circulação, parada,
II - fixar, mediante normas e procedimentos, a padro-
estacionamento e operação de carga ou descarga. nização de critérios técnicos, financeiros e administrativos
§ 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito para a execução das atividades de trânsito;
de todos e dever dos órgãos e entidades componentes III - estabelecer a sistemática de fluxos permanentes
do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no de informações entre os seus diversos órgãos e entidades,
âmbito das respectivas competências, adotar as medidas a fim de facilitar o processo decisório e a integração do
destinadas a assegurar esse direito. Sistema.
§ 3º Os órgãos e entidades componentes do Sistema
Nacional de Trânsito respondem, no âmbito das respectivas Seção II 
competências, objetivamente, por danos causados aos Da Composição e da Competência do Sistema Nacional
cidadãos em virtude de ação, omissão ou erro na execução de Trânsito
e manutenção de programas, projetos e serviços que
garantam o exercício do direito do trânsito seguro. Art. 7º Compõem o Sistema Nacional de Trânsito os
§ 4º (VETADO) seguintes órgãos e entidades:
§ 5º Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes I - o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, coor-
ao Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade em suas denador do Sistema e órgão máximo normativo e consul-
ações à defesa da vida, nela incluída a preservação da tivo;
saúde e do meio-ambiente. II - os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e o
Art. 2º São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as Conselho de Trânsito do Distrito Federal - CONTRANDIFE,
avenidas, os logradouros, os caminhos, as passagens, as órgãos normativos, consultivos e coordenadores;
estradas e as rodovias, que terão seu uso regulamentado III - os órgãos e entidades executivos de trânsito da
pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre elas, de União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
acordo com as peculiaridades locais e as circunstâncias es- IV - os órgãos e entidades executivos rodoviários da
peciais. União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
Parágrafo único.  Para os efeitos deste Código, são V - a Polícia Rodoviária Federal;
VI - as Polícias Militares dos Estados e do Distrito Fe-
consideradas vias terrestres as praias abertas à circula-
deral; e
ção pública, as vias internas pertencentes aos condo-
VII - as Juntas Administrativas de Recursos de Infrações
mínios constituídos por unidades autônomas e as vias e
- JARI.
áreas de estacionamento de estabelecimentos privados
Art. 7o-A.  A autoridade portuária ou a entidade con-
de uso coletivo.  (Redação dada pela Lei nº 13.146, de cessionária de porto organizado poderá celebrar convênios
2015)      (Vigência) com os órgãos previstos no art. 7o, com a interveniência
Art. 3º As disposições deste Código são aplicáveis a dos Municípios e Estados, juridicamente interessados, para
qualquer veículo, bem como aos proprietários, condutores o fim específico de facilitar a autuação por descumprimen-
dos veículos nacionais ou estrangeiros e às pessoas nele to da legislação de trânsito.      (Incluído pela Lei nº 12.058,
expressamente mencionadas. de 2009)

86
NOÇÕES DE DIREITO

§ 1o  O convênio valerá para toda a área física do Art. 11. (VETADO)


porto organizado, inclusive, nas áreas dos terminais Art. 12. Compete ao CONTRAN:
alfandegados, nas estações de transbordo, nas instalações I - estabelecer as normas regulamentares referidas nes-
portuárias públicas de pequeno porte e nos respectivos te Código e as diretrizes da Política Nacional de Trânsito;
estacionamentos ou vias de trânsito internas.      (Incluído II - coordenar os órgãos do Sistema Nacional de Trânsi-
pela Lei nº 12.058, de 2009) to, objetivando a integração de suas atividades;
§ 2o  (VETADO)(Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009) III -  (VETADO)
§ 3o   (VETADO)(Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009) IV - criar Câmaras Temáticas;
Art. 8º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios V - estabelecer seu regimento interno e as diretrizes
organizarão os respectivos órgãos e entidades executivos para o funcionamento dos CETRAN e CONTRANDIFE;
de trânsito e executivos rodoviários, estabelecendo os limi- VI - estabelecer as diretrizes do regimento das JARI;
tes circunscricionais de suas atuações. VII - zelar pela uniformidade e cumprimento das nor-
Art. 9º O Presidente da República designará o ministé- mas contidas neste Código e nas resoluções complemen-
rio ou órgão da Presidência responsável pela coordenação tares;
máxima do Sistema Nacional de Trânsito, ao qual estará VIII - estabelecer e normatizar os procedimentos para
vinculado o CONTRAN e subordinado o órgão máximo a aplicação das multas por infrações, a arrecadação e o re-
executivo de trânsito da União. passe dos valores arrecadados; (Redação dada pela Lei nº
Art. 10.  O Conselho Nacional de Trânsito (Contran), 13.281, de 2016)      (Vigência)
com sede no Distrito Federal e presidido pelo dirigente do IX - responder às consultas que lhe forem formuladas,
órgão máximo executivo de trânsito da União, tem a se- relativas à aplicação da legislação de trânsito;
guinte composição:(Redação dada pela Lei nº 12.865, de X - normatizar os procedimentos sobre a aprendiza-
2013) gem, habilitação, expedição de documentos de conduto-
I -  (VETADO) res, e registro e licenciamento de veículos;
II - (VETADO) XI - aprovar, complementar ou alterar os dispositivos
III - um representante do Ministério da Ciência e Tec- de sinalização e os dispositivos e equipamentos de trânsito;
nologia; XII - apreciar os recursos interpostos contra as decisões
IV - um representante do Ministério da Educação e do das instâncias inferiores, na forma deste Código;
Desporto;
XIII - avocar, para análise e soluções, processos sobre
V - um representante do Ministério do Exército;
conflitos de competência ou circunscrição, ou, quando ne-
VI - um representante do Ministério do Meio Ambiente
cessário, unificar as decisões administrativas; e
e da Amazônia Legal;
XIV - dirimir conflitos sobre circunscrição e competên-
VII - um representante do Ministério dos Transportes;
cia de trânsito no âmbito da União, dos Estados e do Dis-
VIII -  (VETADO)
trito Federal.
IX -  (VETADO)
XV - normatizar o processo de formação do candidato
X -  (VETADO)
XI -  (VETADO) à obtenção da Carteira Nacional de Habilitação, estabele-
XII -  (VETADO) cendo seu conteúdo didático-pedagógico, carga horária,
XIII -  (VETADO) avaliações, exames, execução e fiscalização.  (Incluído pela
XIV - (VETADO) Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
XV - (VETADO) Art. 13. As Câmaras Temáticas, órgãos técnicos vincu-
XVI - (VETADO) lados ao CONTRAN, são integradas por especialistas e têm
XVII -  (VETADO) como objetivo estudar e oferecer sugestões e embasamen-
XVIII -  (VETADO) to técnico sobre assuntos específicos para decisões daque-
XIX -  (VETADO) le colegiado.
XX - um representante do ministério ou órgão coorde- § 1º Cada Câmara é constituída por especialistas
nador máximo do Sistema Nacional de Trânsito; representantes de órgãos e entidades executivos da União,
XXI -  (VETADO) dos Estados, ou do Distrito Federal e dos Municípios,
XXII - um representante do Ministério da Saúde. (In- em igual número, pertencentes ao Sistema Nacional de
cluído pela Lei nº 9.602, de 1998) Trânsito, além de especialistas representantes dos diversos
XXIII - 1 (um) representante do Ministério da Justiça. segmentos da sociedade relacionados com o trânsito,
(Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008) todos indicados segundo regimento específico definido
XXIV - 1 (um) representante do Ministério do Desen- pelo CONTRAN e designados pelo ministro ou dirigente
volvimento, Indústria e Comércio Exterior;(Incluído pela Lei coordenador máximo do Sistema Nacional de Trânsito.
nº 12.865, de 2013) § 2º Os segmentos da sociedade, relacionados no
XXV - 1 (um) representante da Agência Nacional de parágrafo anterior, serão representados por pessoa
Transportes Terrestres (ANTT). (Incluído pela Lei nº 12.865, jurídica e devem atender aos requisitos estabelecidos pelo
de 2013) CONTRAN.
§ 1º (VETADO) § 3º Os coordenadores das Câmaras Temáticas serão
§ 2º (VETADO) eleitos pelos respectivos membros.
§ 3º (VETADO) § 4º  (VETADO)

87
NOÇÕES DE DIREITO

I -  (VETADO) Art. 17. Compete às JARI:


II -  (VETADO) I - julgar os recursos interpostos pelos infratores;
III -  (VETADO) II - solicitar aos órgãos e entidades executivos de trân-
IV - (VETADO) sito e executivos rodoviários informações complementares
Art. 14. Compete aos Conselhos Estaduais de Trânsito relativas aos recursos, objetivando uma melhor análise da
- CETRAN e ao Conselho de Trânsito do Distrito Federal - situação recorrida;
CONTRANDIFE: III - encaminhar aos órgãos e entidades executivos de
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito e executivos rodoviários informações sobre pro-
trânsito, no âmbito das respectivas atribuições; blemas observados nas autuações e apontados em recur-
II - elaborar normas no âmbito das respectivas com- sos, e que se repitam sistematicamente.
petências; Art. 18. (VETADO)
III - responder a consultas relativas à aplicação da legis- Art. 19. Compete ao órgão máximo executivo de trân-
lação e dos procedimentos normativos de trânsito; sito da União:
IV - estimular e orientar a execução de campanhas I - cumprir e fazer cumprir a legislação de trânsito e a
educativas de trânsito; execução das normas e diretrizes estabelecidas pelo CON-
V - julgar os recursos interpostos contra decisões:
TRAN, no âmbito de suas atribuições;
a) das JARI;
II - proceder à supervisão, à coordenação, à correição
b) dos órgãos e entidades executivos estaduais, nos ca-
dos órgãos delegados, ao controle e à fiscalização da exe-
sos de inaptidão permanente constatados nos exames de
aptidão física, mental ou psicológica; cução da Política Nacional de Trânsito e do Programa Na-
VI - indicar um representante para compor a comissão cional de Trânsito;
examinadora de candidatos portadores de deficiência física III - articular-se com os órgãos dos Sistemas Nacionais
à habilitação para conduzir veículos automotores; de Trânsito, de Transporte e de Segurança Pública, obje-
VII - (VETADO) tivando o combate à violência no trânsito, promovendo,
VIII - acompanhar e coordenar as atividades de admi- coordenando e executando o controle de ações para a pre-
nistração, educação, engenharia, fiscalização, policiamento servação do ordenamento e da segurança do trânsito;
ostensivo de trânsito, formação de condutores, registro e IV - apurar, prevenir e reprimir a prática de atos de
licenciamento de veículos, articulando os órgãos do Siste- improbidade contra a fé pública, o patrimônio, ou a ad-
ma no Estado, reportando-se ao CONTRAN; ministração pública ou privada, referentes à segurança do
IX - dirimir conflitos sobre circunscrição e competência trânsito;
de trânsito no âmbito dos Municípios; e V - supervisionar a implantação de projetos e progra-
X - informar o CONTRAN sobre o cumprimento das mas relacionados com a engenharia, educação, administra-
exigências definidas nos §§ 1º e 2º do art. 333. ção, policiamento e fiscalização do trânsito e outros, visan-
XI - designar, em caso de recursos deferidos e na hi- do à uniformidade de procedimento;
pótese de reavaliação dos exames, junta especial de saúde VI - estabelecer procedimentos sobre a aprendizagem
para examinar os candidatos à habilitação para conduzir e habilitação de condutores de veículos, a expedição de
veículos automotores.  (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998) documentos de condutores, de registro e licenciamento de
Parágrafo único. Dos casos previstos no inciso V, julga- veículos;
dos pelo órgão, não cabe recurso na esfera administrativa. VII - expedir a Permissão para Dirigir, a Carteira Nacio-
Art. 15. Os presidentes dos CETRAN e do CONTRAN- nal de Habilitação, os Certificados de Registro e o de Licen-
DIFE são nomeados pelos Governadores dos Estados e do ciamento Anual mediante delegação aos órgãos executivos
Distrito Federal, respectivamente, e deverão ter reconheci- dos Estados e do Distrito Federal;
da experiência em matéria de trânsito. VIII - organizar e manter o Registro Nacional de Cartei-
§ 1º Os membros dos CETRAN e do CONTRANDIFE são
ras de Habilitação - RENACH;
nomeados pelos Governadores dos Estados e do Distrito
IX - organizar e manter o Registro Nacional de Veículos
Federal, respectivamente.
Automotores - RENAVAM;
§ 2º Os membros do CETRAN e do CONTRANDIFE
deverão ser pessoas de reconhecida experiência em X - organizar a estatística geral de trânsito no território
trânsito. nacional, definindo os dados a serem fornecidos pelos de-
§ 3º O mandato dos membros do CETRAN e do mais órgãos e promover sua divulgação;
CONTRANDIFE é de dois anos, admitida a recondução. XI - estabelecer modelo padrão de coleta de informa-
Art. 16. Junto a cada órgão ou entidade executivos de ções sobre as ocorrências de acidentes de trânsito e as es-
trânsito ou rodoviário funcionarão Juntas Administrativas tatísticas do trânsito;
de Recursos de Infrações - JARI, órgãos colegiados respon- XII - administrar fundo de âmbito nacional destinado à
sáveis pelo julgamento dos recursos interpostos contra pe- segurança e à educação de trânsito;
nalidades por eles impostas. XIII - coordenar a administração do registro das infra-
Parágrafo único. As JARI têm regimento próprio, ob- ções de trânsito, da pontuação e das penalidades aplicadas
servado o disposto no inciso VI do art. 12, e apoio admi- no prontuário do infrator, da arrecadação de multas e do
nistrativo e financeiro do órgão ou entidade junto ao qual repasse de que trata o § 1º do art. 320;  (Redação dada pela
funcionem. Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)

88
NOÇÕES DE DIREITO

XIV - fornecer aos órgãos e entidades do Sistema Na- XXX - organizar e manter o Registro Nacional de Infra-
cional de Trânsito informações sobre registros de veículos e ções de Trânsito (Renainf).  (Incluído pela Lei nº 13.281, de
de condutores, mantendo o fluxo permanente de informa- 2016)      (Vigência)
ções com os demais órgãos do Sistema; § 1º Comprovada, por meio de sindicância, a deficiência
XV - promover, em conjunto com os órgãos competen- técnica ou administrativa ou a prática constante de atos
tes do Ministério da Educação e do Desporto, de acordo de improbidade contra a fé pública, contra o patrimônio
com as diretrizes do CONTRAN, a elaboração e a imple- ou contra a administração pública, o órgão executivo de
mentação de programas de educação de trânsito nos esta- trânsito da União, mediante aprovação do CONTRAN,
belecimentos de ensino; assumirá diretamente ou por delegação, a execução total
XVI - elaborar e distribuir conteúdos programáticos ou parcial das atividades do órgão executivo de trânsito
para a educação de trânsito; estadual que tenha motivado a investigação, até que as
XVII - promover a divulgação de trabalhos técnicos so- irregularidades sejam sanadas.
bre o trânsito; § 2º O regimento interno do órgão executivo de trânsito
XVIII - elaborar, juntamente com os demais órgãos e da União disporá sobre sua estrutura organizacional e seu
entidades do Sistema Nacional de Trânsito, e submeter à funcionamento.
aprovação do CONTRAN, a complementação ou alteração § 3º Os órgãos e entidades executivos de trânsito e
executivos rodoviários da União, dos Estados, do Distrito
da sinalização e dos dispositivos e equipamentos de trân-
Federal e dos Municípios fornecerão, obrigatoriamente,
sito;
mês a mês, os dados estatísticos para os fins previstos no
XIX - organizar, elaborar, complementar e alterar os
inciso X.
manuais e normas de projetos de implementação da sina- § 4º  (VETADO).  (Incluído pela Lei nº 13.281, de
lização, dos dispositivos e equipamentos de trânsito apro- 2016)      (Vigência)
vados pelo CONTRAN; Art. 20. Compete à Polícia Rodoviária Federal, no âmbi-
XX – expedir a permissão internacional para conduzir to das rodovias e estradas federais:
veículo e o certificado de passagem nas alfândegas me- I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de
diante delegação aos órgãos executivos dos Estados e do trânsito, no âmbito de suas atribuições;
Distrito Federal ou a entidade habilitada para esse fim pelo II - realizar o patrulhamento ostensivo, executando
poder público federal; (Redação dada pela lei nº 13.258, operações relacionadas com a segurança pública, com o
de 2016) objetivo de preservar a ordem, incolumidade das pessoas,
XXI - promover a realização periódica de reuniões re- o patrimônio da União e o de terceiros;
gionais e congressos nacionais de trânsito, bem como pro- III - aplicar e arrecadar as multas impostas por infra-
por a representação do Brasil em congressos ou reuniões ções de trânsito, as medidas administrativas decorrentes e
internacionais; os valores provenientes de estada e remoção de veículos,
XXII - propor acordos de cooperação com organismos objetos, animais e escolta de veículos de cargas superdi-
internacionais, com vistas ao aperfeiçoamento das ações mensionadas ou perigosas;
inerentes à segurança e educação de trânsito; IV - efetuar levantamento dos locais de acidentes de
XXIII - elaborar projetos e programas de formação, trânsito e dos serviços de atendimento, socorro e salva-
treinamento e especialização do pessoal encarregado da mento de vítimas;
execução das atividades de engenharia, educação, policia- V - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e adotar
mento ostensivo, fiscalização, operação e administração medidas de segurança relativas aos serviços de remoção
de trânsito, propondo medidas que estimulem a pesquisa de veículos, escolta e transporte de carga indivisível;
científica e o ensino técnico-profissional de interesse do VI - assegurar a livre circulação nas rodovias federais,
trânsito, e promovendo a sua realização; podendo solicitar ao órgão rodoviário a adoção de medi-
XXIV - opinar sobre assuntos relacionados ao trânsito das emergenciais, e zelar pelo cumprimento das normas
legais relativas ao direito de vizinhança, promovendo a in-
interestadual e internacional;
terdição de construções e instalações não autorizadas;
XXV - elaborar e submeter à aprovação do CONTRAN
VII - coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre
as normas e requisitos de segurança veicular para fabrica-
acidentes de trânsito e suas causas, adotando ou indicando
ção e montagem de veículos, consoante sua destinação; medidas operacionais preventivas e encaminhando-os ao
XXVI - estabelecer procedimentos para a concessão do órgão rodoviário federal;
código marca-modelo dos veículos para efeito de registro, VIII - implementar as medidas da Política Nacional de
emplacamento e licenciamento; Segurança e Educação de Trânsito;
XXVII - instruir os recursos interpostos das decisões do IX - promover e participar de projetos e programas de
CONTRAN, ao ministro ou dirigente coordenador máximo educação e segurança, de acordo com as diretrizes estabe-
do Sistema Nacional de Trânsito; lecidas pelo CONTRAN;
XXVIII - estudar os casos omissos na legislação de trân- X - integrar-se a outros órgãos e entidades do Sistema
sito e submetê-los, com proposta de solução, ao Ministé- Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e compensa-
rio ou órgão coordenador máximo do Sistema Nacional de ção de multas impostas na área de sua competência, com
Trânsito; vistas à unificação do licenciamento, à simplificação e à ce-
XXIX - prestar suporte técnico, jurídico, administrativo leridade das transferências de veículos e de prontuários de
e financeiro ao CONTRAN. condutores de uma para outra unidade da Federação;

89
NOÇÕES DE DIREITO

XI - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído II - realizar, fiscalizar e controlar o processo de forma-
produzidos pelos veículos automotores ou pela sua car- ção, aperfeiçoamento, reciclagem e suspensão de condu-
ga, de acordo com o estabelecido no art. 66, além de dar tores, expedir e cassar Licença de Aprendizagem, Permissão
apoio, quando solicitado, às ações específicas dos órgãos para Dirigir e Carteira Nacional de Habilitação, mediante
ambientais. delegação do órgão federal competente;
Art. 21. Compete aos órgãos e entidades executivos ro- III - vistoriar, inspecionar quanto às condições de segu-
doviários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos rança veicular, registrar, emplacar, selar a placa, e licenciar
Municípios, no âmbito de sua circunscrição: veículos, expedindo o Certificado de Registro e o Licencia-
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de mento Anual, mediante delegação do órgão federal com-
trânsito, no âmbito de suas atribuições; petente;
II - planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsi- IV - estabelecer, em conjunto com as Polícias Militares,
to de veículos, de pedestres e de animais, e promover o as diretrizes para o policiamento ostensivo de trânsito;
desenvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas; V - executar a fiscalização de trânsito, autuar e aplicar
III - implantar, manter e operar o sistema de sinaliza- as medidas administrativas cabíveis pelas infrações previs-
ção, os dispositivos e os equipamentos de controle viário; tas neste Código, excetuadas aquelas relacionadas nos in-
IV - coletar dados e elaborar estudos sobre os aciden- cisos VI e VIII do art. 24, no exercício regular do Poder de
tes de trânsito e suas causas; Polícia de Trânsito;
V - estabelecer, em conjunto com os órgãos de policia- VI - aplicar as penalidades por infrações previstas neste
mento ostensivo de trânsito, as respectivas diretrizes para Código, com exceção daquelas relacionadas nos incisos VII
o policiamento ostensivo de trânsito; e VIII do art. 24, notificando os infratores e arrecadando as
VI - executar a fiscalização de trânsito, autuar, aplicar as multas que aplicar;
penalidades de advertência, por escrito, e ainda as multas e VII - arrecadar valores provenientes de estada e remo-
medidas administrativas cabíveis, notificando os infratores ção de veículos e objetos;
e arrecadando as multas que aplicar; VIII - comunicar ao órgão executivo de trânsito da
VII - arrecadar valores provenientes de estada e remo- União a suspensão e a cassação do direito de dirigir e o
ção de veículos e objetos, e escolta de veículos de cargas recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação;
superdimensionadas ou perigosas; IX - coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre
VIII - fiscalizar, autuar, aplicar as penalidades e medidas acidentes de trânsito e suas causas;
administrativas cabíveis, relativas a infrações por excesso X - credenciar órgãos ou entidades para a execução
de peso, dimensões e lotação dos veículos, bem como no- de atividades previstas na legislação de trânsito, na forma
tificar e arrecadar as multas que aplicar; estabelecida em norma do CONTRAN;
IX - fiscalizar o cumprimento da norma contida no art. XI - implementar as medidas da Política Nacional de
95, aplicando as penalidades e arrecadando as multas nele Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito;
previstas; XII - promover e participar de projetos e programas de
X - implementar as medidas da Política Nacional de educação e segurança de trânsito de acordo com as dire-
Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito; trizes estabelecidas pelo CONTRAN;
XI - promover e participar de projetos e programas de XIII - integrar-se a outros órgãos e entidades do Siste-
educação e segurança, de acordo com as diretrizes estabe- ma Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e com-
lecidas pelo CONTRAN; pensação de multas impostas na área de sua competência,
XII - integrar-se a outros órgãos e entidades do Siste- com vistas à unificação do licenciamento, à simplificação e
ma Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e com- à celeridade das transferências de veículos e de prontuários
pensação de multas impostas na área de sua competência, de condutores de uma para outra unidade da Federação;
com vistas à unificação do licenciamento, à simplificação e XIV - fornecer, aos órgãos e entidades executivos de
à celeridade das transferências de veículos e de prontuários trânsito e executivos rodoviários municipais, os dados ca-
de condutores de uma para outra unidade da Federação; dastrais dos veículos registrados e dos condutores habilita-
XIII - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído dos, para fins de imposição e notificação de penalidades e
produzidos pelos veículos automotores ou pela sua carga, de arrecadação de multas nas áreas de suas competências;
de acordo com o estabelecido no art. 66, além de dar apoio XV - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído
às ações específicas dos órgãos ambientais locais, quando produzidos pelos veículos automotores ou pela sua car-
solicitado; ga, de acordo com o estabelecido no art. 66, além de dar
XIV - vistoriar veículos que necessitem de autorização apoio, quando solicitado, às ações específicas dos órgãos
especial para transitar e estabelecer os requisitos técnicos a ambientais locais;
serem observados para a circulação desses veículos. XVI - articular-se com os demais órgãos do Sistema
Parágrafo único.  (VETADO) Nacional de Trânsito no Estado, sob coordenação do res-
Art. 22. Compete aos órgãos ou entidades executivos pectivo CETRAN.
de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, no âmbito de Art. 23. Compete às Polícias Militares dos Estados e do
sua circunscrição: Distrito Federal:
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de I -  (VETADO)
trânsito, no âmbito das respectivas atribuições; II - (VETADO)

90
NOÇÕES DE DIREITO

III - executar a fiscalização de trânsito, quando e con- XIV - implantar as medidas da Política Nacional de
forme convênio firmado, como agente do órgão ou entida- Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito;
de executivos de trânsito ou executivos rodoviários, conco- XV - promover e participar de projetos e programas de
mitantemente com os demais agentes credenciados; educação e segurança de trânsito de acordo com as dire-
IV - (VETADO) trizes estabelecidas pelo CONTRAN;
V - (VETADO) XVI - planejar e implantar medidas para redução da cir-
VI - (VETADO) culação de veículos e reorientação do tráfego, com o obje-
VII -  (VETADO) tivo de diminuir a emissão global de poluentes;
Parágrafo único.  (VETADO) XVII - registrar e licenciar, na forma da legislação, veí-
Art. 24. Compete aos órgãos e entidades executivos culos de tração e propulsão humana e de tração animal, fis-
de trânsito dos Municípios, no âmbito de sua circunscri- calizando, autuando, aplicando penalidades e arrecadando
ção:   (Redação dada pela Lei nº 13.154, de 2015) multas decorrentes de infrações;   (Redação dada pela Lei
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de nº 13.154, de 2015)
trânsito, no âmbito de suas atribuições; XVIII - conceder autorização para conduzir veículos de
II - planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsi- propulsão humana e de tração animal;
to de veículos, de pedestres e de animais, e promover o XIX - articular-se com os demais órgãos do Sistema
desenvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas; Nacional de Trânsito no Estado, sob coordenação do res-
III - implantar, manter e operar o sistema de sinaliza- pectivo CETRAN;
ção, os dispositivos e os equipamentos de controle viário; XX - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído
IV - coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre produzidos pelos veículos automotores ou pela sua carga,
os acidentes de trânsito e suas causas; de acordo com o estabelecido no art. 66, além de dar apoio
V - estabelecer, em conjunto com os órgãos de polícia às ações específicas de órgão ambiental local, quando so-
ostensiva de trânsito, as diretrizes para o policiamento os- licitado;
tensivo de trânsito; XXI - vistoriar veículos que necessitem de autorização
VI - executar a fiscalização de trânsito em vias terrestres, especial para transitar e estabelecer os requisitos técnicos a
edificações de uso público e edificações privadas de uso co- serem observados para a circulação desses veículos.
letivo, autuar e aplicar as medidas administrativas cabíveis § 1º As competências relativas a órgão ou entidade
e as penalidades de advertência por escrito e multa, por
municipal serão exercidas no Distrito Federal por seu órgão
infrações de circulação, estacionamento e parada previstas
ou entidade executivos de trânsito.
neste Código, no exercício regular do poder de polícia de
§ 2º Para exercer as competências estabelecidas neste
trânsito, notificando os infratores e arrecadando as multas
artigo, os Municípios deverão integrar-se ao Sistema
que aplicar, exercendo iguais atribuições no âmbito de edi-
Nacional de Trânsito, conforme previsto no art. 333 deste
ficações privadas de uso coletivo, somente para infrações
Código.
de uso de vagas reservadas em estacionamentos;  (Reda-
Art. 25. Os órgãos e entidades executivos do Sistema
ção dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
VII - aplicar as penalidades de advertência por escri- Nacional de Trânsito poderão celebrar convênio delegando
to e multa, por infrações de circulação, estacionamento e as atividades previstas neste Código, com vistas à maior
parada previstas neste Código, notificando os infratores e eficiência e à segurança para os usuários da via.
arrecadando as multas que aplicar; Parágrafo único. Os órgãos e entidades de trânsito po-
VIII - fiscalizar, autuar e aplicar as penalidades e medi- derão prestar serviços de capacitação técnica, assessoria e
das administrativas cabíveis relativas a infrações por exces- monitoramento das atividades relativas ao trânsito durante
so de peso, dimensões e lotação dos veículos, bem como prazo a ser estabelecido entre as partes, com ressarcimento
notificar e arrecadar as multas que aplicar; dos custos apropriados.
IX - fiscalizar o cumprimento da norma contida no art.
95, aplicando as penalidades e arrecadando as multas nele CAPÍTULO III
previstas; DAS NORMAS GERAIS DE CIRCULAÇÃO E CONDUTA
X - implantar, manter e operar sistema de estaciona-
mento rotativo pago nas vias; Art. 26. Os usuários das vias terrestres devem:
XI - arrecadar valores provenientes de estada e remo- I - abster-se de todo ato que possa constituir perigo
ção de veículos e objetos, e escolta de veículos de cargas ou obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas ou de
superdimensionadas ou perigosas; animais, ou ainda causar danos a propriedades públicas ou
XII - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e ado- privadas;
tar medidas de segurança relativas aos serviços de remo- II - abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo perigo-
ção de veículos, escolta e transporte de carga indivisível; so, atirando, depositando ou abandonando na via objetos
XIII - integrar-se a outros órgãos e entidades do Siste- ou substâncias, ou nela criando qualquer outro obstáculo.
ma Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e com- Art. 27. Antes de colocar o veículo em circulação nas
pensação de multas impostas na área de sua competência, vias públicas, o condutor deverá verificar a existência e as
com vistas à unificação do licenciamento, à simplificação e boas condições de funcionamento dos equipamentos de
à celeridade das transferências de veículos e de prontuários uso obrigatório, bem como assegurar-se da existência de
dos condutores de uma para outra unidade da Federação; combustível suficiente para chegar ao local de destino.

91
NOÇÕES DE DIREITO

Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter do- IX - a ultrapassagem de outro veículo em movimen-
mínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados to deverá ser feita pela esquerda, obedecida a sinalização
indispensáveis à segurança do trânsito. regulamentar e as demais normas estabelecidas neste Có-
Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres aber- digo, exceto quando o veículo a ser ultrapassado estiver
tas à circulação obedecerá às seguintes normas: sinalizando o propósito de entrar à esquerda;
I - a circulação far-se-á pelo lado direito da via, admi- X - todo condutor deverá, antes de efetuar uma ultra-
tindo-se as exceções devidamente sinalizadas; passagem, certificar-se de que:
II - o condutor deverá guardar distância de seguran- a) nenhum condutor que venha atrás haja começado
ça lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem uma manobra para ultrapassá-lo;
como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no b) quem o precede na mesma faixa de trânsito não haja
momento, a velocidade e as condições do local, da circula- indicado o propósito de ultrapassar um terceiro;
ção, do veículo e as condições climáticas; c) a faixa de trânsito que vai tomar esteja livre numa ex-
III - quando veículos, transitando por fluxos que se cru- tensão suficiente para que sua manobra não ponha em pe-
zem, se aproximarem de local não sinalizado, terá preferên- rigo ou obstrua o trânsito que venha em sentido contrário;
cia de passagem: XI - todo condutor ao efetuar a ultrapassagem deverá:
a) no caso de apenas um fluxo ser proveniente de ro- a) indicar com antecedência a manobra pretendida,
dovia, aquele que estiver circulando por ela; acionando a luz indicadora de direção do veículo ou por
b) no caso de rotatória, aquele que estiver circulando meio de gesto convencional de braço;
por ela; b) afastar-se do usuário ou usuários aos quais ultra-
c) nos demais casos, o que vier pela direita do condu- passa, de tal forma que deixe livre uma distância lateral de
tor; segurança;
IV - quando uma pista de rolamento comportar várias c) retomar, após a efetivação da manobra, a faixa de
faixas de circulação no mesmo sentido, são as da direita trânsito de origem, acionando a luz indicadora de direção
destinadas ao deslocamento dos veículos mais lentos e de do veículo ou fazendo gesto convencional de braço, ado-
maior porte, quando não houver faixa especial a eles des- tando os cuidados necessários para não pôr em perigo ou
tinada, e as da esquerda, destinadas à ultrapassagem e ao obstruir o trânsito dos veículos que ultrapassou;
deslocamento dos veículos de maior velocidade; XII - os veículos que se deslocam sobre trilhos terão
preferência de passagem sobre os demais, respeitadas as
V - o trânsito de veículos sobre passeios, calçadas e nos
normas de circulação.
acostamentos, só poderá ocorrer para que se adentre ou
XIII - (VETADO).  (Incluído pela Lei nº 13.281, de
se saia dos imóveis ou áreas especiais de estacionamento;
2016)      (Vigência)
VI - os veículos precedidos de batedores terão priori-
§ 1º As normas de ultrapassagem previstas nas
dade de passagem, respeitadas as demais normas de cir-
alíneas a e b do inciso X e a e b do inciso XI aplicam-se à
culação;
transposição de faixas, que pode ser realizada tanto pela
VII - os veículos destinados a socorro de incêndio e faixa da esquerda como pela da direita.
salvamento, os de polícia, os de fiscalização e operação § 2º Respeitadas as normas de circulação e conduta
de trânsito e as ambulâncias, além de prioridade de trân- estabelecidas neste artigo, em ordem decrescente, os
sito, gozam de livre circulação, estacionamento e parada, veículos de maior porte serão sempre responsáveis
quando em serviço de urgência e devidamente identifica- pela segurança dos menores, os motorizados pelos não
dos por dispositivos regulamentares de alarme sonoro e motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres.
iluminação vermelha intermitente, observadas as seguintes Art. 30. Todo condutor, ao perceber que outro que o
disposições: segue tem o propósito de ultrapassá-lo, deverá:
a) quando os dispositivos estiverem acionados, indi- I - se estiver circulando pela faixa da esquerda, deslo-
cando a proximidade dos veículos, todos os condutores car-se para a faixa da direita, sem acelerar a marcha;
deverão deixar livre a passagem pela faixa da esquerda, II - se estiver circulando pelas demais faixas, manter-se
indo para a direita da via e parando, se necessário; naquela na qual está circulando, sem acelerar a marcha.
b) os pedestres, ao ouvir o alarme sonoro, deverão Parágrafo único. Os veículos mais lentos, quando em
aguardar no passeio, só atravessando a via quando o veí- fila, deverão manter distância suficiente entre si para per-
culo já tiver passado pelo local; mitir que veículos que os ultrapassem possam se intercalar
c) o uso de dispositivos de alarme sonoro e de ilumi- na fila com segurança.
nação vermelha intermitente só poderá ocorrer quando da Art. 31. O condutor que tenha o propósito de ultrapas-
efetiva prestação de serviço de urgência; sar um veículo de transporte coletivo que esteja parado,
d) a prioridade de passagem na via e no cruzamento efetuando embarque ou desembarque de passageiros, de-
deverá se dar com velocidade reduzida e com os devidos verá reduzir a velocidade, dirigindo com atenção redobrada
cuidados de segurança, obedecidas as demais normas des- ou parar o veículo com vistas à segurança dos pedestres.
te Código; Art. 32. O condutor não poderá ultrapassar veículos em
VIII - os veículos prestadores de serviços de utilidade vias com duplo sentido de direção e pista única, nos tre-
pública, quando em atendimento na via, gozam de livre pa- chos em curvas e em aclives sem visibilidade suficiente, nas
rada e estacionamento no local da prestação de serviço, passagens de nível, nas pontes e viadutos e nas travessias
desde que devidamente sinalizados, devendo estar identi- de pedestres, exceto quando houver sinalização permitin-
ficados na forma estabelecida pelo CONTRAN; do a ultrapassagem.

92
NOÇÕES DE DIREITO

Art. 33. Nas interseções e suas proximidades, o condu- IV - o condutor manterá acesas pelo menos as luzes
tor não poderá efetuar ultrapassagem. de posição do veículo quando sob chuva forte, neblina ou
Art. 34. O condutor que queira executar uma mano- cerração;
bra deverá certificar-se de que pode executá-la sem perigo V - O condutor utilizará o pisca-alerta nas seguintes
para os demais usuários da via que o seguem, precedem ou situações:
vão cruzar com ele, considerando sua posição, sua direção a) em imobilizações ou situações de emergência;
e sua velocidade. b) quando a regulamentação da via assim o determi-
Art. 35. Antes de iniciar qualquer manobra que impli- nar;
que um deslocamento lateral, o condutor deverá indicar VI - durante a noite, em circulação, o condutor manterá
seu propósito de forma clara e com a devida antecedência, acesa a luz de placa;
por meio da luz indicadora de direção de seu veículo, ou VII - o condutor manterá acesas, à noite, as luzes de
fazendo gesto convencional de braço. posição quando o veículo estiver parado para fins de em-
Parágrafo único. Entende-se por deslocamento lateral barque ou desembarque de passageiros e carga ou descar-
a transposição de faixas, movimentos de conversão à direi- ga de mercadorias.
ta, à esquerda e retornos.
Parágrafo único. Os veículos de transporte coletivo re-
Art. 36. O condutor que for ingressar numa via, proce-
gular de passageiros, quando circularem em faixas próprias
dente de um lote lindeiro a essa via, deverá dar preferência
a eles destinadas, e os ciclos motorizados deverão utilizar-
aos veículos e pedestres que por ela estejam transitando.
-se de farol de luz baixa durante o dia e a noite.
Art. 37. Nas vias providas de acostamento, a conversão
à esquerda e a operação de retorno deverão ser feitas nos Art. 41. O condutor de veículo só poderá fazer uso de
locais apropriados e, onde estes não existirem, o condutor buzina, desde que em toque breve, nas seguintes situações:
deverá aguardar no acostamento, à direita, para cruzar a I - para fazer as advertências necessárias a fim de evitar
pista com segurança. acidentes;
Art. 38. Antes de entrar à direita ou à esquerda, em II - fora das áreas urbanas, quando for conveniente ad-
outra via ou em lotes lindeiros, o condutor deverá: vertir a um condutor que se tem o propósito de ultrapassá-
I - ao sair da via pelo lado direito, aproximar-se o má- -lo.
ximo possível do bordo direito da pista e executar sua ma- Art. 42. Nenhum condutor deverá frear bruscamente
nobra no menor espaço possível; seu veículo, salvo por razões de segurança.
II - ao sair da via pelo lado esquerdo, aproximar-se o Art. 43. Ao regular a velocidade, o condutor deverá
máximo possível de seu eixo ou da linha divisória da pista, observar constantemente as condições físicas da via, do
quando houver, caso se trate de uma pista com circulação veículo e da carga, as condições meteorológicas e a inten-
nos dois sentidos, ou do bordo esquerdo, tratando-se de sidade do trânsito, obedecendo aos limites máximos de
uma pista de um só sentido. velocidade estabelecidos para a via, além de:
Parágrafo único. Durante a manobra de mudança de I - não obstruir a marcha normal dos demais veículos
direção, o condutor deverá ceder passagem aos pedestres em circulação sem causa justificada, transitando a uma ve-
e ciclistas, aos veículos que transitem em sentido contrário locidade anormalmente reduzida;
pela pista da via da qual vai sair, respeitadas as normas de II - sempre que quiser diminuir a velocidade de seu
preferência de passagem. veículo deverá antes certificar-se de que pode fazê-lo sem
Art. 39. Nas vias urbanas, a operação de retorno deverá risco nem inconvenientes para os outros condutores, a não
ser feita nos locais para isto determinados, quer por meio ser que haja perigo iminente;
de sinalização, quer pela existência de locais apropriados, III - indicar, de forma clara, com a antecedência neces-
ou, ainda, em outros locais que ofereçam condições de se- sária e a sinalização devida, a manobra de redução de ve-
gurança e fluidez, observadas as características da via, do locidade.
veículo, das condições meteorológicas e da movimentação
Art. 44. Ao aproximar-se de qualquer tipo de cruza-
de pedestres e ciclistas.
mento, o condutor do veículo deve demonstrar prudência
Art. 40. O uso de luzes em veículo obedecerá às se-
especial, transitando em velocidade moderada, de forma
guintes determinações:
que possa deter seu veículo com segurança para dar pas-
I - o condutor manterá acesos os faróis do veículo, uti-
lizando luz baixa, durante a noite e durante o dia nos túneis sagem a pedestre e a veículos que tenham o direito de pre-
providos de iluminação pública e nas rodovias;  (Redação ferência.
dada pela Lei  nº 13.290, de 2016)     (Vigência) Art. 45. Mesmo que a indicação luminosa do semáforo
II - nas vias não iluminadas o condutor deve usar luz lhe seja favorável, nenhum condutor pode entrar em uma
alta, exceto ao cruzar com outro veículo ou ao segui-lo; interseção se houver possibilidade de ser obrigado a imo-
III - a troca de luz baixa e alta, de forma intermitente bilizar o veículo na área do cruzamento, obstruindo ou im-
e por curto período de tempo, com o objetivo de advertir pedindo a passagem do trânsito transversal.
outros motoristas, só poderá ser utilizada para indicar a in- Art. 46. Sempre que for necessária a imobilização tem-
tenção de ultrapassar o veículo que segue à frente ou para porária de um veículo no leito viário, em situação de emer-
indicar a existência de risco à segurança para os veículos gência, deverá ser providenciada a imediata sinalização de
que circulam no sentido contrário; advertência, na forma estabelecida pelo CONTRAN.

93
NOÇÕES DE DIREITO

Art. 47. Quando proibido o estacionamento na via, a II - segurando o guidom com as duas mãos;
parada deverá restringir-se ao tempo indispensável para III - usando vestuário de proteção, de acordo com as
embarque ou desembarque de passageiros, desde que não especificações do CONTRAN.
interrompa ou perturbe o fluxo de veículos ou a locomoção Art. 55. Os passageiros de motocicletas, motonetas e
de pedestres. ciclomotores só poderão ser transportados:
Parágrafo único. A operação de carga ou descarga será I - utilizando capacete de segurança;
regulamentada pelo órgão ou entidade com circunscrição II - em carro lateral acoplado aos veículos ou em assen-
sobre a via e é considerada estacionamento. to suplementar atrás do condutor;
Art. 48. Nas paradas, operações de carga ou descarga e III - usando vestuário de proteção, de acordo com as
nos estacionamentos, o veículo deverá ser posicionado no especificações do CONTRAN.
sentido do fluxo, paralelo ao bordo da pista de rolamento Art. 56.  (VETADO)
e junto à guia da calçada (meio-fio), admitidas as exceções Art. 57. Os ciclomotores devem ser conduzidos pela di-
devidamente sinalizadas. reita da pista de rolamento, preferencialmente no centro da
§ 1º Nas vias providas de acostamento, os veículos faixa mais à direita ou no bordo direito da pista sempre que
parados, estacionados ou em operação de carga ou não houver acostamento ou faixa própria a eles destinada,
descarga deverão estar situados fora da pista de rolamento. proibida a sua circulação nas vias de trânsito rápido e sobre
§ 2º O estacionamento dos veículos motorizados de as calçadas das vias urbanas.
duas rodas será feito em posição perpendicular à guia Parágrafo único. Quando uma via comportar duas ou
da calçada (meio-fio) e junto a ela, salvo quando houver mais faixas de trânsito e a da direita for destinada ao uso
sinalização que determine outra condição. exclusivo de outro tipo de veículo, os ciclomotores deverão
§ 3º O estacionamento dos veículos sem abandono circular pela faixa adjacente à da direita.
do condutor poderá ser feito somente nos locais previstos Art. 58. Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a
neste Código ou naqueles regulamentados por sinalização circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não hou-
específica. ver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for
Art. 49. O condutor e os passageiros não deverão abrir possível a utilização destes, nos bordos da pista de rola-
a porta do veículo, deixá-la aberta ou descer do veículo mento, no mesmo sentido de circulação regulamentado
sem antes se certificarem de que isso não constitui perigo
para a via, com preferência sobre os veículos automotores.
para eles e para outros usuários da via.
Parágrafo único. A autoridade de trânsito com circuns-
Parágrafo único. O embarque e o desembarque devem
crição sobre a via poderá autorizar a circulação de bicicle-
ocorrer sempre do lado da calçada, exceto para o condutor.
tas no sentido contrário ao fluxo dos veículos automotores,
Art. 50. O uso de faixas laterais de domínio e das áreas
desde que dotado o trecho com ciclofaixa.
adjacentes às estradas e rodovias obedecerá às condições
Art. 59. Desde que autorizado e devidamente sinaliza-
de segurança do trânsito estabelecidas pelo órgão ou enti-
do pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via,
dade com circunscrição sobre a via.
será permitida a circulação de bicicletas nos passeios.
Art. 51. Nas vias internas pertencentes a condomínios
constituídos por unidades autônomas, a sinalização de Art. 60. As vias abertas à circulação, de acordo com sua
regulamentação da via será implantada e mantida às ex- utilização, classificam-se em:
pensas do condomínio, após aprovação dos projetos pelo I - vias urbanas:
órgão ou entidade com circunscrição sobre a via. a) via de trânsito rápido;
Art. 52. Os veículos de tração animal serão conduzi- b) via arterial;
dos pela direita da pista, junto à guia da calçada (meio-fio) c) via coletora;
ou acostamento, sempre que não houver faixa especial a d) via local;
eles destinada, devendo seus condutores obedecer, no que II - vias rurais:
couber, às normas de circulação previstas neste Código e a) rodovias;
às que vierem a ser fixadas pelo órgão ou entidade com b) estradas.
circunscrição sobre a via. Art. 61. A velocidade máxima permitida para a via será
Art. 53. Os animais isolados ou em grupos só podem indicada por meio de sinalização, obedecidas suas caracte-
circular nas vias quando conduzidos por um guia, observa- rísticas técnicas e as condições de trânsito.
do o seguinte: § 1º Onde não existir sinalização regulamentadora, a
I - para facilitar os deslocamentos, os rebanhos deve- velocidade máxima será de:
rão ser divididos em grupos de tamanho moderado e se- I - nas vias urbanas:
parados uns dos outros por espaços suficientes para não a) oitenta quilômetros por hora, nas vias de trânsito
obstruir o trânsito; rápido:
II - os animais que circularem pela pista de rolamento b) sessenta quilômetros por hora, nas vias arteriais;
deverão ser mantidos junto ao bordo da pista. c) quarenta quilômetros por hora, nas vias coletoras;
Art. 54. Os condutores de motocicletas, motonetas e d) trinta quilômetros por hora, nas vias locais;
ciclomotores só poderão circular nas vias: II - nas vias rurais:
I - utilizando capacete de segurança, com viseira ou a) nas rodovias de pista dupla:  (Redação dada pela Lei
óculos protetores; nº 13.281, de 2016)      (Vigência)

94
NOÇÕES DE DIREITO

1. 110 km/h (cento e dez quilômetros por hora) para II - de transporte rodoviário de cargas.   (Incluído pela
automóveis, camionetas e motocicletas;  (Redação dada Lei nº 13.103, de 2015)     (Vigência)
pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) § 1o  (Revogado).   (Redação dada pela Lei nº 13.103, de
2. 90 km/h (noventa quilômetros por hora) para os 2015)     (Vigência)
demais veículos;  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de § 2o  (Revogado).    (Redação dada pela Lei nº 13.103,
2016)      (Vigência) de 2015)     (Vigência)
3. (revogado);  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de § 3o  (Revogado).    (Redação dada pela Lei nº 13.103,
2016)      (Vigência) de 2015)     (Vigência)
b) nas rodovias de pista simples:  (Redação dada pela  § 4o  (Revogado).   (Redação dada pela Lei nº 13.103,
Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) de 2015)     (Vigência)
1. 100 km/h (cem quilômetros por hora) para auto- § 5o  (Revogado).    (Redação dada pela Lei nº 13.103,
móveis, camionetas e motocicletas;  (Invcluído pela Lei nº de 2015)     (Vigência)
13.281, de 2016)      (Vigência) § 6o  (Revogado).    (Redação dada pela Lei nº 13.103,
2. 90 km/h (noventa quilômetros por hora) para de 2015)     (Vigência)
os demais veículos;  (Invcluído pela Lei nº 13.281, de § 7o  (Revogado).   (Redação dada pela Lei nº 13.103, de
2016)      (Vigência) 2015)     (Vigência)
c) nas estradas: 60 km/h (sessenta quilômetros por § 8o  (VETADO).  (Incluído Lei nº 12.619, de
hora).  (Invcluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) 2012) (Vigência)
§ 2º O órgão ou entidade de trânsito ou rodoviário com Art 67-B.  VETADO).  (Incluído Lei nº 12.619, de
circunscrição sobre a via poderá regulamentar, por meio 2012) (Vigência)
de sinalização, velocidades superiores ou inferiores àquelas Art. 67-C.   É vedado ao motorista profissional dirigir
estabelecidas no parágrafo anterior. por mais de 5 (cinco) horas e meia ininterruptas veículos
Art. 62. A velocidade mínima não poderá ser inferior à de transporte rodoviário coletivo de passageiros ou de
metade da velocidade máxima estabelecida, respeitadas as transporte rodoviário de cargas.(Redação dada pela Lei nº
condições operacionais de trânsito e da via. 13.103, de 2015)     (Vigência)
Art. 63.  (VETADO) § 1o Serão observados 30 (trinta) minutos para descanso
Art. 64. As crianças com idade inferior a dez anos de- dentro de cada 6 (seis) horas na condução de veículo de
vem ser transportadas nos bancos traseiros, salvo exceções transporte de carga, sendo facultado o seu fracionamento
regulamentadas pelo CONTRAN. e o do tempo de direção desde que não ultrapassadas 5
(cinco) horas e meia contínuas no exercício da condução.
Art. 65. É obrigatório o uso do cinto de segurança para
(Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)     (Vigência)
condutor e passageiros em todas as vias do território na-
§ 1o-A.  Serão observados 30 (trinta) minutos para
cional, salvo em situações regulamentadas pelo CONTRAN.
descanso a cada 4 (quatro) horas na condução de veículo
Art. 66.  (VETADO)
rodoviário de passageiros, sendo facultado o seu fracio-
Art. 67. As provas ou competições desportivas, inclu-
namento e o do tempo de direção.  (Incluído pela Lei nº
sive seus ensaios, em via aberta à circulação, só poderão
13.103, de 2015)     (Vigência)
ser realizadas mediante prévia permissão da autoridade de
§ 2o Em situações excepcionais de inobservância
trânsito com circunscrição sobre a via e dependerão de: justificada do tempo de direção, devidamente registradas,
I - autorização expressa da respectiva confederação o tempo de direção poderá ser elevado pelo período
desportiva ou de entidades estaduais a ela filiadas; necessário para que o condutor, o veículo e a carga cheguem
II - caução ou fiança para cobrir possíveis danos ma- a um lugar que ofereça a segurança e o atendimento
teriais à via; demandados, desde que não haja comprometimento
III - contrato de seguro contra riscos e acidentes em da segurança rodoviária. (Incluído pela Lei nº 13.103, de
favor de terceiros; 2015)     (Vigência)
IV - prévio recolhimento do valor correspondente aos § 3o O condutor é obrigado, dentro do período de 24
custos operacionais em que o órgão ou entidade permis- (vinte e quatro) horas, a observar o mínimo de 11 (onze)
sionária incorrerá. horas de descanso, que podem ser fracionadas, usufruídas
Parágrafo único. A autoridade com circunscrição sobre no veículo e coincidir com os intervalos mencionados no
a via arbitrará os valores mínimos da caução ou fiança e do § 1o, observadas no primeiro período 8 (oito) horas inin-
contrato de seguro.  terruptas de descanso.  (Incluído pela Lei nº 13.103, de
2015)     (Vigência)
CAPÍTULO III-A § 4o Entende-se como tempo de direção ou de condução
DA CONDUÇÃO DE VEÍCULOS POR MOTORISTAS apenas o período em que o condutor estiver efetivamente
PROFISSIONAIS ao volante, em curso entre a origem e o destino. (Incluído
pela Lei nº 13.103, de 2015)     (Vigência)
Art. 67-A.  O disposto neste Capítulo aplica-se aos mo- § 5o Entende-se como início de viagem a partida
toristas profissionais:  (Redação dada pela Lei nº 13.103, de do veículo na ida ou no retorno, com ou sem carga,
2015)     (Vigência) considerando-se como sua continuação as partidas nos
I - de transporte rodoviário coletivo de passageiros; (In- dias subsequentes até o destino.  (Incluído pela Lei nº
cluído pela Lei nº 13.103, de 2015)     (Vigência) 13.103, de 2015)     (Vigência)

95
NOÇÕES DE DIREITO

§ 6o O condutor somente iniciará uma viagem após o sobre os veículos, pelos bordos da pista, em fila única, em
cumprimento integral do intervalo de descanso previsto sentido contrário ao deslocamento de veículos, exceto em
no § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.103, de locais proibidos pela sinalização e nas situações em que a
2015)     (Vigência) segurança ficar comprometida.
§ 7o Nenhum transportador de cargas ou coletivo § 4º (VETADO)
de passageiros, embarcador, consignatário de cargas, § 5º Nos trechos urbanos de vias rurais e nas obras
operador de terminais de carga, operador de transporte de arte a serem construídas, deverá ser previsto passeio
multimodal de cargas ou agente de cargas ordenará a destinado à circulação dos pedestres, que não deverão,
qualquer motorista a seu serviço, ainda que subcontratado, nessas condições, usar o acostamento.
que conduza veículo referido no  caputs em a observân- § 6º Onde houver obstrução da calçada ou da passagem
cia do disposto no § 6o.(Incluído pela Lei nº 13.103, de para pedestres, o órgão ou entidade com circunscrição
2015)     (Vigência) sobre a via deverá assegurar a devida sinalização e proteção
Art. 67-D.  (VETADO).  (Incluído Lei nº 12.619, de para circulação de pedestres.
2012) (Vigência) Art. 69. Para cruzar a pista de rolamento o pedestre
Art. 67-E.  O motorista profissional é responsável por tomará precauções de segurança, levando em conta, prin-
controlar e registrar o tempo de condução estipulado no cipalmente, a visibilidade, a distância e a velocidade dos
art. 67-C, com vistas à sua estrita observância.  (Incluído veículos, utilizando sempre as faixas ou passagens a ele
pela Lei nº 13.103, de 2015)     (Vigência) destinadas sempre que estas existirem numa distância de
§ 1o A não observância dos períodos de descanso até cinquenta metros dele, observadas as seguintes dispo-
estabelecidos no art. 67-C sujeitará o motorista profissional sições:
às penalidades daí decorrentes, previstas neste Código. (In- I - onde não houver faixa ou passagem, o cruzamento
cluído pela Lei nº 13.103, de 2015)     (Vigência) da via deverá ser feito em sentido perpendicular ao de seu
§ 2o O tempo de direção será controlado mediante eixo;
registrador instantâneo inalterável de velocidade e tempo II - para atravessar uma passagem sinalizada para pe-
e, ou por meio de anotação em diário de bordo, ou papeleta destres ou delimitada por marcas sobre a pista:
ou ficha de trabalho externo, ou por meios eletrônicos a) onde houver foco de pedestres, obedecer às indica-
instalados no veículo, conforme norma do Contran. (Incluí- ções das luzes;
do pela Lei nº 13.103, de 2015)    (Vigência) b) onde não houver foco de pedestres, aguardar que
§ 3o  O equipamento eletrônico ou registrador deverá o semáforo ou o agente de trânsito interrompa o fluxo de
funcionar de forma independente de qualquer interferência veículos;
do condutor, quanto aos dados registrados. (Incluído pela III - nas interseções e em suas proximidades, onde não
Lei nº 13.103, de 2015)     (Vigência) existam faixas de travessia, os pedestres devem atravessar
§ 4o A guarda, a preservação e a exatidão das a via na continuação da calçada, observadas as seguintes
informações contidas no equipamento registrador normas:
instantâneo inalterável de velocidade e de tempo são de a) não deverão adentrar na pista sem antes se certificar
responsabilidade do condutor.(Incluído pela Lei nº 13.103, de que podem fazê-lo sem obstruir o trânsito de veículos;
de 2015)     (Vigência) b) uma vez iniciada a travessia de uma pista, os pedes-
tres não deverão aumentar o seu percurso, demorar-se ou
CAPÍTULO IV parar sobre ela sem necessidade.
DOS PEDESTRES E CONDUTORES DE VEÍCULOS NÃO Art. 70. Os pedestres que estiverem atravessando a via
MOTORIZADOS sobre as faixas delimitadas para esse fim terão prioridade
de passagem, exceto nos locais com sinalização semafórica,
Art. 68. É assegurada ao pedestre a utilização dos pas- onde deverão ser respeitadas as disposições deste Código.
seios ou passagens apropriadas das vias urbanas e dos Parágrafo único. Nos locais em que houver sinalização
acostamentos das vias rurais para circulação, podendo a semafórica de controle de passagem será dada preferência
autoridade competente permitir a utilização de parte da aos pedestres que não tenham concluído a travessia, mes-
calçada para outros fins, desde que não seja prejudicial ao mo em caso de mudança do semáforo liberando a passa-
fluxo de pedestres. gem dos veículos.
§ 1º O ciclista desmontado empurrando a bicicleta Art. 71. O órgão ou entidade com circunscrição sobre
equipara-se ao pedestre em direitos e deveres. a via manterá, obrigatoriamente, as faixas e passagens de
§ 2º Nas áreas urbanas, quando não houver passeios ou pedestres em boas condições de visibilidade, higiene, se-
quando não for possível a utilização destes, a circulação de gurança e sinalização.
pedestres na pista de rolamento será feita com prioridade
sobre os veículos, pelos bordos da pista, em fila única, CAPÍTULO V
exceto em locais proibidos pela sinalização e nas situações DO CIDADÃO
em que a segurança ficar comprometida.
§ 3º Nas vias rurais, quando não houver acostamento Art. 72. Todo cidadão ou entidade civil tem o direito de
ou quando não for possível a utilização dele, a circulação de solicitar, por escrito, aos órgãos ou entidades do Sistema
pedestres, na pista de rolamento, será feita com prioridade Nacional de Trânsito, sinalização, fiscalização e implantação

96
NOÇÕES DE DIREITO

de equipamentos de segurança, bem como sugerir altera- II - a adoção de conteúdos relativos à educação para
ções em normas, legislação e outros assuntos pertinentes o trânsito nas escolas de formação para o magistério e o
a este Código. treinamento de professores e multiplicadores;
Art. 73. Os órgãos ou entidades pertencentes ao Siste- III - a criação de corpos técnicos interprofissionais para
ma Nacional de Trânsito têm o dever de analisar as solici- levantamento e análise de dados estatísticos relativos ao
tações e responder, por escrito, dentro de prazos mínimos, trânsito;
sobre a possibilidade ou não de atendimento, esclarecendo IV - a elaboração de planos de redução de acidentes de
ou justificando a análise efetuada, e, se pertinente, infor- trânsito junto aos núcleos interdisciplinares universitários
mando ao solicitante quando tal evento ocorrerá. de trânsito, com vistas à integração universidades-socieda-
Parágrafo único. As campanhas de trânsito devem es- de na área de trânsito.
clarecer quais as atribuições dos órgãos e entidades per- Art. 77. No âmbito da educação para o trânsito caberá
tencentes ao Sistema Nacional de Trânsito e como proce- ao Ministério da Saúde, mediante proposta do CONTRAN,
der a tais solicitações. estabelecer campanha nacional esclarecendo condutas a
serem seguidas nos primeiros socorros em caso de aciden-
te de trânsito.
CAPÍTULO VI
Parágrafo único. As campanhas terão caráter perma-
DA EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO
nente por intermédio do Sistema Único de Saúde - SUS,
sendo intensificadas nos períodos e na forma estabeleci-
Art. 74. A educação para o trânsito é direito de todos e
dos no art. 76.
constitui dever prioritário para os componentes do Sistema Art. 77-A.  São assegurados aos órgãos ou entidades
Nacional de Trânsito. componentes do Sistema Nacional de Trânsito os meca-
§ 1º É obrigatória a existência de coordenação nismos instituídos nos arts. 77-B a 77-E para a veiculação
educacional em cada órgão ou entidade componente do de mensagens educativas de trânsito em todo o território
Sistema Nacional de Trânsito. nacional, em caráter suplementar às campanhas previstas
§ 2º Os órgãos ou entidades executivos de trânsito nos arts. 75 e 77.       (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
deverão promover, dentro de sua estrutura organizacional Art. 77-B.  Toda peça publicitária destinada à divulga-
ou mediante convênio, o funcionamento de Escolas ção ou promoção, nos meios de comunicação social, de
Públicas de Trânsito, nos moldes e padrões estabelecidos produto oriundo da indústria automobilística ou afim, in-
pelo CONTRAN. cluirá, obrigatoriamente, mensagem educativa de trânsito
Art. 75. O CONTRAN estabelecerá, anualmente, os te- a ser conjuntamente veiculada.  (Incluído pela Lei nº 12.006,
mas e os cronogramas das campanhas de âmbito nacional de 2009).
que deverão ser promovidas por todos os órgãos ou en- § 1o  Para os efeitos dos arts. 77-A a 77-E, consideram-
tidades do Sistema Nacional de Trânsito, em especial nos se produtos oriundos da indústria automobilística ou
períodos referentes às férias escolares, feriados prolonga- afins:(Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
dos e à Semana Nacional de Trânsito. I – os veículos rodoviários automotores de qualquer
§ 1º Os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de espécie, incluídos os de passageiros e os de carga;       (In-
Trânsito deverão promover outras campanhas no âmbito cluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
de sua circunscrição e de acordo com as peculiaridades II – os componentes, as peças e os acessórios utilizados
locais. nos veículos mencionados no inciso I. (Incluído pela Lei nº
§ 2º As campanhas de que trata este artigo são de 12.006, de 2009).
caráter permanente, e os serviços de rádio e difusão sonora § 2o  O disposto no caput deste artigo aplica-se à
de sons e imagens explorados pelo poder público são propaganda de natureza comercial, veiculada por iniciativa
do fabricante do produto, em qualquer das seguintes
obrigados a difundi-las gratuitamente, com a frequência
modalidades: (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
recomendada pelos órgãos competentes do Sistema
I – rádio;       (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
Nacional de Trânsito.
II – televisão;(Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
Art. 76. A educação para o trânsito será promovida na
III – jornal;(Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus, por meio de IV – revista;       (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
planejamento e ações coordenadas entre os órgãos e en- V – outdoor.(Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
tidades do Sistema Nacional de Trânsito e de Educação, da § 3o  Para efeito do disposto no § 2o, equiparam-se ao
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, fabricante o montador, o encarroçador, o importador e o
nas respectivas áreas de atuação. revendedor autorizado dos veículos e demais produtos dis-
Parágrafo único. Para a finalidade prevista neste artigo, criminados no § 1o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.006,
o Ministério da Educação e do Desporto, mediante pro- de 2009).
posta do CONTRAN e do Conselho de Reitores das Uni- Art. 77-C.  Quando se tratar de publicidade veiculada
versidades Brasileiras, diretamente ou mediante convênio, em outdoor instalado à margem de rodovia, dentro ou fora
promoverá: da respectiva faixa de domínio, a obrigação prevista no art.
I - a adoção, em todos os níveis de ensino, de um cur- 77-B estende-se à propaganda de qualquer tipo de produto
rículo interdisciplinar com conteúdo programático sobre e anunciante, inclusive àquela de caráter institucional ou
segurança de trânsito; eleitoral.       (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).

97
NOÇÕES DE DIREITO

Art. 77-D.  O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) § 3º  A responsabilidade pela instalação da sinalização
especificará o conteúdo e o padrão de apresentação das nas vias internas pertencentes aos condomínios
mensagens, bem como os procedimentos envolvidos na constituídos por unidades autônomas e nas vias e áreas
respectiva veiculação, em conformidade com as diretrizes de estacionamento de estabelecimentos privados de uso
fixadas para as campanhas educativas de trânsito a que se coletivo é de seu proprietário.  (Incluído pela Lei nº 13.281,
refere o art. 75.(Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). de 2016)      (Vigência)
Art. 77-E.  A veiculação de publicidade feita em desa- Art. 81. Nas vias públicas e nos imóveis é proibido co-
cordo com as condições fixadas nos arts. 77-A a 77-D cons- locar luzes, publicidade, inscrições, vegetação e mobiliário
titui infração punível com as seguintes sanções:(Incluído que possam gerar confusão, interferir na visibilidade da si-
pela Lei nº 12.006, de 2009). nalização e comprometer a segurança do trânsito.
I – advertência por escrito;(Incluído pela Lei nº 12.006, Art. 82. É proibido afixar sobre a sinalização de trânsito
de 2009). e respectivos suportes, ou junto a ambos, qualquer tipo de
II – suspensão, nos veículos de divulgação da publi- publicidade, inscrições, legendas e símbolos que não se re-
cidade, de qualquer outra propaganda do produto, pelo lacionem com a mensagem da sinalização.
prazo de até 60 (sessenta) dias;(Incluído pela Lei nº 12.006, Art. 83. A afixação de publicidade ou de quaisquer
de 2009). legendas ou símbolos ao longo das vias condiciona-se à
III - multa de R$ 1.627,00 (mil, seiscentos e vinte e sete prévia aprovação do órgão ou entidade com circunscrição
reais) a R$ 8.135,00 (oito mil, cento e trinta e cinco reais), sobre a via.
cobrada do dobro até o quíntuplo em caso de reincidên- Art. 84. O órgão ou entidade de trânsito com circuns-
cia.  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) crição sobre a via poderá retirar ou determinar a imediata
§ 1o  As sanções serão aplicadas isolada retirada de qualquer elemento que prejudique a visibilida-
ou cumulativamente, conforme dispuser o de da sinalização viária e a segurança do trânsito, com ônus
regulamento.  (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). para quem o tenha colocado.
§ 2o  Sem prejuízo do disposto no caput deste artigo, Art. 85. Os locais destinados pelo órgão ou entidade de
qualquer infração acarretará a imediata suspensão da trânsito com circunscrição sobre a via à travessia de pedes-
veiculação da peça publicitária até que sejam cumpridas as tres deverão ser sinalizados com faixas pintadas ou demar-
exigências fixadas nos arts. 77-A a 77-D. (Incluído pela Lei cadas no leito da via.
nº 12.006, de 2009).
Art. 86. Os locais destinados a postos de gasolina, ofici-
Art. 78. Os Ministérios da Saúde, da Educação e do
nas, estacionamentos ou garagens de uso coletivo deverão
Desporto, do Trabalho, dos Transportes e da Justiça, por
ter suas entradas e saídas devidamente identificadas, na
intermédio do CONTRAN, desenvolverão e implementarão
forma regulamentada pelo CONTRAN.
programas destinados à prevenção de acidentes.
Art. 86-A.  As vagas de estacionamento regulamentado
Parágrafo único. O percentual de dez por cento do to-
de que trata o inciso XVII do art. 181 desta Lei deverão ser
tal dos valores arrecadados destinados à Previdência Social,
sinalizadas com as respectivas placas indicativas de desti-
do Prêmio do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais cau-
sados por Veículos Automotores de Via Terrestre - DPVAT, nação e com placas informando os dados sobre a infração
de que trata a Lei nº 6.194, de 19 de dezembro de 1974, por estacionamento indevido.  (Incluído pela Lei nº 13.146,
serão repassados mensalmente ao Coordenador do Siste- de 2015)      (Vigência)
ma Nacional de Trânsito para aplicação exclusiva em pro- Art. 87. Os sinais de trânsito classificam-se em:
gramas de que trata este artigo. I - verticais;
Art. 79. Os órgãos e entidades executivos de trânsito II - horizontais;
poderão firmar convênio com os órgãos de educação da III - dispositivos de sinalização auxiliar;
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, IV - luminosos;
objetivando o cumprimento das obrigações estabelecidas V - sonoros;
neste capítulo. VI - gestos do agente de trânsito e do condutor.
Art. 88. Nenhuma via pavimentada poderá ser entre-
CAPÍTULO VII gue após sua construção, ou reaberta ao trânsito após a
DA SINALIZAÇÃO DE TRÂNSITO realização de obras ou de manutenção, enquanto não esti-
ver devidamente sinalizada, vertical e horizontalmente, de
Art. 80. Sempre que necessário, será colocada ao longo forma a garantir as condições adequadas de segurança na
da via, sinalização prevista neste Código e em legislação circulação.
complementar, destinada a condutores e pedestres, veda- Parágrafo único. Nas vias ou trechos de vias em obras
da a utilização de qualquer outra. deverá ser afixada sinalização específica e adequada.
§ 1º A sinalização será colocada em posição e condições Art. 89. A sinalização terá a seguinte ordem de preva-
que a tornem perfeitamente visível e legível durante o dia lência:
e a noite, em distância compatível com a segurança do I - as ordens do agente de trânsito sobre as normas de
trânsito, conforme normas e especificações do CONTRAN. circulação e outros sinais;
§ 2º O CONTRAN poderá autorizar, em caráter II - as indicações do semáforo sobre os demais sinais;
experimental e por período prefixado, a utilização de III - as indicações dos sinais sobre as demais normas
sinalização não prevista neste Código. de trânsito.

98
NOÇÕES DE DIREITO

Art. 90. Não serão aplicadas as sanções previstas neste § 4º Ao servidor público responsável pela inobservância
Código por inobservância à sinalização quando esta for in- de qualquer das normas previstas neste e nos arts. 93 e 94,
suficiente ou incorreta. a autoridade de trânsito aplicará multa diária na base de
§ 1º O órgão ou entidade de trânsito com circunscrição cinquenta por cento do dia de vencimento ou remuneração
sobre a via é responsável pela implantação da sinalização, devida enquanto permanecer a irregularidade.
respondendo pela sua falta, insuficiência ou incorreta
colocação. CAPÍTULO IX
§ 2º O CONTRAN editará normas complementares DOS VEÍCULOS
no que se refere à interpretação, colocação e uso da Seção I
sinalização. Disposições Gerais

CAPÍTULO VIII Art. 96. Os veículos classificam-se em:


DA ENGENHARIA DE TRÁFEGO, DA OPERAÇÃO, DA I - quanto à tração:
FISCALIZAÇÃO E DO POLICIAMENTO OSTENSIVO DE a) automotor;
TRÂNSITO b) elétrico;
c) de propulsão humana;
Art. 91. O CONTRAN estabelecerá as normas e regu- d) de tração animal;
lamentos a serem adotados em todo o território nacional e) reboque ou semi-reboque;
quando da implementação das soluções adotadas pela En- II - quanto à espécie:
genharia de Tráfego, assim como padrões a serem pratica- a) de passageiros:
dos por todos os órgãos e entidades do Sistema Nacional 1 - bicicleta;
de Trânsito. 2 - ciclomotor;
Art. 92.  (VETADO) 3 - motoneta;
Art. 93. Nenhum projeto de edificação que possa trans- 4 - motocicleta;
formar-se em pólo atrativo de trânsito poderá ser aprovado 5 - triciclo;
sem prévia anuência do órgão ou entidade com circuns- 6 - quadriciclo;
crição sobre a via e sem que do projeto conste área para 7 - automóvel;
estacionamento e indicação das vias de acesso adequadas. 8 - microônibus;
Art. 94. Qualquer obstáculo à livre circulação e à se-
9 - ônibus;
gurança de veículos e pedestres, tanto na via quanto na
10 - bonde;
calçada, caso não possa ser retirado, deve ser devida e ime-
11 - reboque ou semi-reboque;
diatamente sinalizado.
12 - charrete;
Parágrafo único. É proibida a utilização das ondulações
b) de carga:
transversais e de sonorizadores como redutores de veloci-
1 - motoneta;
dade, salvo em casos especiais definidos pelo órgão ou en-
2 - motocicleta;
tidade competente, nos padrões e critérios estabelecidos
pelo CONTRAN. 3 - triciclo;
Art. 95. Nenhuma obra ou evento que possa perturbar 4 - quadriciclo;
ou interromper a livre circulação de veículos e pedestres, 5 - caminhonete;
ou colocar em risco sua segurança, será iniciada sem per- 6 - caminhão;
missão prévia do órgão ou entidade de trânsito com cir- 7 - reboque ou semi-reboque;
cunscrição sobre a via. 8 - carroça;
§ 1º A obrigação de sinalizar é do responsável pela 9 - carro-de-mão;
execução ou manutenção da obra ou do evento. c) misto:
§ 2º Salvo em casos de emergência, a autoridade de 1 - camioneta;
trânsito com circunscrição sobre a via avisará a comunidade, 2 - utilitário;
por intermédio dos meios de comunicação social, com 3 - outros;
quarenta e oito horas de antecedência, de qualquer d) de competição;
interdição da via, indicando-se os caminhos alternativos a e) de tração:
serem utilizados. 1 - caminhão-trator;
§ 3º  O descumprimento do disposto neste artigo será 2 - trator de rodas;
punido com multa de R$ 81,35 (oitenta e um reais e trinta e 3 - trator de esteiras;
cinco centavos) a R$ 488,10 (quatrocentos e oitenta e oito 4 - trator misto;
reais e dez centavos), independentemente das cominações f) especial;
cíveis e penais cabíveis, além de multa diária no mesmo g) de coleção;
valor até a regularização da situação, a partir do prazo III - quanto à categoria:
final concedido pela autoridade de trânsito, levando-se a) oficial;
em consideração a dimensão da obra ou do evento e o b) de representação diplomática, de repartições consu-
prejuízo causado ao trânsito.  (Redação pela Lei nº 13.281, lares de carreira ou organismos internacionais acreditados
de 2016)      (Vigência) junto ao Governo brasileiro;

99
NOÇÕES DE DIREITO

c) particular; § 2º A autorização não exime o beneficiário da


d) de aluguel; responsabilidade por eventuais danos que o veículo ou a
e) de aprendizagem. combinação de veículos causar à via ou a terceiros.
Art. 97. As características dos veículos, suas especifica- § 3º Aos guindastes autopropelidos ou sobre caminhões
ções básicas, configuração e condições essenciais para re- poderá ser concedida, pela autoridade com circunscrição
gistro, licenciamento e circulação serão estabelecidas pelo sobre a via, autorização especial de trânsito, com prazo
CONTRAN, em função de suas aplicações. de seis meses, atendidas as medidas de segurança
Art. 98. Nenhum proprietário ou responsável poderá, consideradas necessárias.
sem prévia autorização da autoridade competente, fazer Art. 102. O veículo de carga deverá estar devidamente
ou ordenar que sejam feitas no veículo modificações de equipado quando transitar, de modo a evitar o derrama-
suas características de fábrica. mento da carga sobre a via.
Parágrafo único. Os veículos e motores novos ou usa- Parágrafo único. O CONTRAN fixará os requisitos mí-
dos que sofrerem alterações ou conversões são obrigados nimos e a forma de proteção das cargas de que trata este
a atender aos mesmos limites e exigências de emissão de artigo, de acordo com a sua natureza.
poluentes e ruído previstos pelos órgãos ambientais com-
petentes e pelo CONTRAN, cabendo à entidade executora Seção II
das modificações e ao proprietário do veículo a responsa- Da Segurança dos Veículos
bilidade pelo cumprimento das exigências.
Art. 99. Somente poderá transitar pelas vias terrestres Art. 103. O veículo só poderá transitar pela via quando
o veículo cujo peso e dimensões atenderem aos limites es- atendidos os requisitos e condições de segurança estabele-
tabelecidos pelo CONTRAN. cidos neste Código e em normas do CONTRAN.
§ 1º O excesso de peso será aferido por equipamento § 1º Os fabricantes, os importadores, os montadores e
de pesagem ou pela verificação de documento fiscal, na os encarroçadores de veículos deverão emitir certificado de
forma estabelecida pelo CONTRAN. segurança, indispensável ao cadastramento no RENAVAM,
§ 2º Será tolerado um percentual sobre os limites nas condições estabelecidas pelo CONTRAN.
de peso bruto total e peso bruto transmitido por eixo § 2º O CONTRAN deverá especificar os procedimentos
de veículos à superfície das vias, quando aferido por e a periodicidade para que os fabricantes, os importadores,
equipamento, na forma estabelecida pelo CONTRAN. os montadores e os encarroçadores comprovem o
§ 3º Os equipamentos fixos ou móveis utilizados
atendimento aos requisitos de segurança veicular, devendo,
na pesagem de veículos serão aferidos de acordo com
para isso, manter disponíveis a qualquer tempo os
a metodologia e na periodicidade estabelecidas pelo
resultados dos testes e ensaios dos sistemas e componentes
CONTRAN, ouvido o órgão ou entidade de metrologia
abrangidos pela legislação de segurança veicular.
legal.
Art. 104. Os veículos em circulação terão suas condi-
Art. 100. Nenhum veículo ou combinação de veículos
ções de segurança, de controle de emissão de gases po-
poderá transitar com lotação de passageiros, com peso
luentes e de ruído avaliadas mediante inspeção, que será
bruto total, ou com peso bruto total combinado com peso
obrigatória, na forma e periodicidade estabelecidas pelo
por eixo, superior ao fixado pelo fabricante, nem ultrapas-
sar a capacidade máxima de tração da unidade tratora. CONTRAN para os itens de segurança e pelo CONAMA
§ 1º  Os veículos de transporte coletivo de passageiros para emissão de gases poluentes e ruído.
poderão ser dotados de pneus extralargos.  (Incluído pela § 1º  (VETADO)
Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) § 2º  (VETADO)
§ 2º  O Contran regulamentará o uso de pneus § 3º  (VETADO)
extralargos para os demais veículos.  (Incluído pela Lei nº § 4º  (VETADO)
13.281, de 2016)      (Vigência) § 5º Será aplicada a medida administrativa de retenção
§ 3º  É permitida a fabricação de veículos de transporte aos veículos reprovados na inspeção de segurança e na de
de passageiros de até 15 m (quinze metros) de comprimento emissão de gases poluentes e ruído.
na configuração de chassi 8x2. (Incluído pela Lei nº 13.281, § 6º   Estarão isentos da inspeção de que trata o  ca-
de 2016)      (Vigência) put, durante 3 (três) anos a partir do primeiro licenciamen-
Art. 101. Ao veículo ou combinação de veículos utiliza- to, os veículos novos classificados na categoria particu-
do no transporte de carga indivisível, que não se enquadre lar, com capacidade para até 7 (sete) passageiros, desde
nos limites de peso e dimensões estabelecidos pelo CON- que mantenham suas características originais de fábrica e
TRAN, poderá ser concedida, pela autoridade com circuns- não se envolvam em acidente de trânsito com danos de
crição sobre a via, autorização especial de trânsito, com média ou grande monta.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de
prazo certo, válida para cada viagem, atendidas as medidas 2016)      (Vigência)
de segurança consideradas necessárias. § 7º  Para os demais veículos novos, o período de que
§ 1º A autorização será concedida mediante trata o § 6º será de 2 (dois) anos, desde que mantenham
requerimento que especificará as características do veículo suas características originais de fábrica e não se envolvam
ou combinação de veículos e de carga, o percurso, a data e em acidente de trânsito com danos de média ou grande
o horário do deslocamento inicial. monta.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)

100
NOÇÕES DE DIREITO

Art. 105. São equipamentos obrigatórios dos veículos, Art. 107. Os veículos de aluguel, destinados ao trans-
entre outros a serem estabelecidos pelo CONTRAN: porte individual ou coletivo de passageiros, deverão satis-
I - cinto de segurança, conforme regulamentação es- fazer, além das exigências previstas neste Código, às condi-
pecífica do CONTRAN, com exceção dos veículos destina- ções técnicas e aos requisitos de segurança, higiene e con-
dos ao transporte de passageiros em percursos em que forto estabelecidos pelo poder competente para autorizar,
seja permitido viajar em pé; permitir ou conceder a exploração dessa atividade.
II - para os veículos de transporte e de condução es- Art. 108. Onde não houver linha regular de ônibus, a
colar, os de transporte de passageiros com mais de dez lu- autoridade com circunscrição sobre a via poderá autorizar,
gares e os de carga com peso bruto total superior a quatro a título precário, o transporte de passageiros em veículo
mil, quinhentos e trinta e seis quilogramas, equipamento de carga ou misto, desde que obedecidas as condições de
registrador instantâneo inalterável de velocidade e tempo; segurança estabelecidas neste Código e pelo CONTRAN.
III - encosto de cabeça, para todos os tipos de veículos        Parágrafo único. A autorização citada no caput
automotores, segundo normas estabelecidas pelo CON- não poderá exceder a doze meses, prazo a partir do qual a
TRAN; autoridade pública responsável deverá implantar o serviço
IV - (VETADO) regular de transporte coletivo de passageiros, em confor-
V - dispositivo destinado ao controle de emissão de midade com a legislação pertinente e com os dispositivos
gases poluentes e de ruído, segundo normas estabelecidas deste Código.  (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998)
pelo CONTRAN. Art. 109. O transporte de carga em veículos destina-
VI - para as bicicletas, a campainha, sinalização noturna dos ao transporte de passageiros só pode ser realizado de
dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho retrovisor acordo com as normas estabelecidas pelo CONTRAN.
do lado esquerdo. Art. 110. O veículo que tiver alterada qualquer de suas
VII - equipamento suplementar de retenção -  air características para competição ou finalidade análoga só
bag frontal para o condutor e o passageiro do banco dian- poderá circular nas vias públicas com licença especial da
teiro.  (Incluído pela Lei nº 11.910, de 2009) autoridade de trânsito, em itinerário e horário fixados.
§ 1º O CONTRAN disciplinará o uso dos equipamentos Art. 111. É vedado, nas áreas envidraçadas do veículo:
obrigatórios dos veículos e determinará suas especificações I - (VETADO)
técnicas. II - o uso de cortinas, persianas fechadas ou similares
§ 2º Nenhum veículo poderá transitar com nos veículos em movimento, salvo nos que possuam espe-
equipamento ou acessório proibido, sendo o infrator lhos retrovisores em ambos os lados.
sujeito às penalidades e medidas administrativas previstas III - aposição de inscrições, películas refletivas ou não,
neste Código. painéis decorativos ou pinturas, quando comprometer
§ 3º Os fabricantes, os importadores, os montadores, a segurança do veículo, na forma de regulamentação do
os encarroçadores de veículos e os revendedores devem CONTRAN.  (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998)
comercializar os seus veículos com os equipamentos Parágrafo único. É proibido o uso de inscrição de ca-
obrigatórios definidos neste artigo, e com os demais ráter publicitário ou qualquer outra que possa desviar a
estabelecidos pelo CONTRAN. atenção dos condutores em toda a extensão do pára-brisa
§ 4º O CONTRAN estabelecerá o prazo para o e da traseira dos veículos, salvo se não colocar em risco a
atendimento do disposto neste artigo. segurança do trânsito.
   § 5o  A exigência estabelecida no inciso VII Art. 112.       (Revogado pela Lei nº 9.792, de 1999)
do caput deste artigo será progressivamente incorporada Art. 113. Os importadores, as montadoras, as encar-
aos novos projetos de automóveis e dos veículos roçadoras e fabricantes de veículos e autopeças são res-
deles derivados, fabricados, importados, montados ou ponsáveis civil e criminalmente por danos causados aos
encarroçados, a partir do 1o (primeiro) ano após a definição usuários, a terceiros, e ao meio ambiente, decorrentes de
pelo Contran das especificações técnicas pertinentes falhas oriundas de projetos e da qualidade dos materiais e
e do respectivo cronograma de implantação e a partir equipamentos utilizados na sua fabricação.
do 5o  (quinto) ano, após esta definição, para os demais
automóveis zero quilômetro de modelos ou projetos já Seção III
existentes e veículos deles derivados. (Incluído pela Lei nº Da Identificação do Veículo
11.910, de 2009)
   § 6o  A exigência estabelecida no inciso VII Art. 114. O veículo será identificado obrigatoriamente
do caput deste artigo não se aplica aos veículos destinados por caracteres gravados no chassi ou no monobloco, repro-
à exportação.  (Incluído pela Lei nº 11.910, de 2009) duzidos em outras partes, conforme dispuser o CONTRAN.
Art. 106. No caso de fabricação artesanal ou de modi- § 1º A gravação será realizada pelo fabricante ou
ficação de veículo ou, ainda, quando ocorrer substituição montador, de modo a identificar o veículo, seu fabricante e
de equipamento de segurança especificado pelo fabrican- as suas características, além do ano de fabricação, que não
te, será exigido, para licenciamento e registro, certificado poderá ser alterado.
de segurança expedido por instituição técnica credenciada § 2º As regravações, quando necessárias, dependerão
por órgão ou entidade de metrologia legal, conforme nor- de prévia autorização da autoridade executiva de trânsito
ma elaborada pelo CONTRAN. e somente serão processadas por estabelecimento por ela

101
NOÇÕES DE DIREITO

credenciado, mediante a comprovação de propriedade do § 8o  Os veículos artesanais utilizados para trabalho
veículo, mantida a mesma identificação anterior, inclusive o agrícola ( jericos), para efeito do registro de que trata o
ano de fabricação. § 4o-A, ficam dispensados da exigência prevista no art.
§ 3º Nenhum proprietário poderá, sem prévia permissão 106. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
da autoridade executiva de trânsito, fazer, ou ordenar que § 9º  As placas que possuírem tecnologia que permita
se faça, modificações da identificação de seu veículo. a identificação do veículo ao qual estão atreladas são
Art. 115. O veículo será identificado externamente por dispensadas da utilização do lacre previsto no  caput, na
meio de placas dianteira e traseira, sendo esta lacrada em forma a ser regulamentada pelo Contran.  (Incluído pela Lei
sua estrutura, obedecidas as especificações e modelos es- nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
tabelecidos pelo CONTRAN. Art. 116. Os veículos de propriedade da União, dos
§ 1º Os caracteres das placas serão individualizados Estados e do Distrito Federal, devidamente registrados
para cada veículo e o acompanharão até a baixa do registro, e licenciados, somente quando estritamente usados em
sendo vedado seu reaproveitamento. serviço reservado de caráter policial, poderão usar placas
§ 2º As placas com as cores verde e amarela da particulares, obedecidos os critérios e limites estabelecidos
Bandeira Nacional serão usadas somente pelos veículos de pela legislação que regulamenta o uso de veículo oficial.
representação pessoal do Presidente e do Vice-Presidente Art. 117. Os veículos de transporte de carga e os co-
da República, dos Presidentes do Senado Federal e da letivos de passageiros deverão conter, em local facilmente
Câmara dos Deputados, do Presidente e dos Ministros visível, a inscrição indicativa de sua tara, do peso bruto total
do Supremo Tribunal Federal, dos Ministros de Estado, (PBT), do peso bruto total combinado (PBTC) ou capacidade
do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da máxima de tração (CMT) e de sua lotação, vedado o uso em
República. desacordo com sua classificação.
§ 3º Os veículos de representação dos Presidentes dos
Tribunais Federais, dos Governadores, Prefeitos, Secretários CAPÍTULO X
Estaduais e Municipais, dos Presidentes das Assembleias DOS VEÍCULOS EM CIRCULAÇÃO INTERNACIONAL
Legislativas, das Câmaras Municipais, dos Presidentes dos
Tribunais Estaduais e do Distrito Federal, e do respectivo Art. 118. A circulação de veículo no território nacional,
chefe do Ministério Público e ainda dos Oficiais Generais independentemente de sua origem, em trânsito entre o
das Forças Armadas terão placas especiais, de acordo com Brasil e os países com os quais exista acordo ou tratado
os modelos estabelecidos pelo CONTRAN. internacional, reger-se-á pelas disposições deste Código,
§ 4o Os aparelhos automotores destinados a puxar pelas convenções e acordos internacionais ratificados.
ou a arrastar maquinaria de qualquer natureza ou a Art. 119. As repartições aduaneiras e os órgãos de con-
executar trabalhos de construção ou de pavimentação trole de fronteira comunicarão diretamente ao RENAVAM a
são sujeitos ao registro na repartição competente, se entrada e saída temporária ou definitiva de veículos.
transitarem em via pública, dispensados o licenciamento § 1º  Os veículos licenciados no exterior não poderão
e o emplacamento.  (Redação dada pela Lei nº 13.154, de sair do território nacional sem o prévio pagamento
2015)      (Vide) ou o depósito, judicial ou administrativo, dos valores
§ 4o-A.  Os tratores e demais aparelhos automotores correspondentes às infrações de trânsito cometidas
destinados a puxar ou a arrastar maquinaria agrícola ou a e ao ressarcimento de danos que tiverem causado ao
executar trabalhos agrícolas, desde que facultados a transi- patrimônio público ou de particulares, independentemente
tar em via pública, são sujeitos ao registro único, sem ônus, da fase do processo administrativo ou judicial envolvendo a
em cadastro específico do Ministério da Agricultura, Pecuá- questão.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
ria e Abastecimento, acessível aos componentes do Siste- § 2º  Os veículos que saírem do território nacional sem
ma Nacional de Trânsito. (Redação dada pela Lei nº 13.154, o cumprimento do disposto no § 1º e que posteriormente
de 2015)      (Vide) forem flagrados tentando ingressar ou já em circulação
§ 5º O disposto neste artigo não se aplica aos veículos no território nacional serão retidos até a regularização da
de uso bélico. situação.  (Incluído pela Lei nº 13. 281, de 2016)      (Vigência)
§ 6º Os veículos de duas ou três rodas são dispensados
da placa dianteira. CAPÍTULO XI
§ 7o  Excepcionalmente, mediante autorização específica DO REGISTRO DE VEÍCULOS
e fundamentada das respectivas corregedorias e com a
devida comunicação aos órgãos de trânsito competentes, Art. 120. Todo veículo automotor, elétrico, articulado,
os veículos utilizados por membros do Poder Judiciário e do reboque ou semi-reboque, deve ser registrado perante o
Ministério Público que exerçam competência ou atribuição órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Fede-
criminal poderão temporariamente ter placas especiais, de ral, no Município de domicílio ou residência de seu proprie-
forma a impedir a identificação de seus usuários específicos, tário, na forma da lei.
na forma de regulamento a ser emitido, conjuntamente, § 1º Os órgãos executivos de trânsito dos Estados e
pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ, pelo Conselho do Distrito Federal somente registrarão veículos oficiais
Nacional do Ministério Público - CNMP e pelo Conselho de propriedade da administração direta, da União, dos
Nacional de Trânsito - CONTRAN.(Incluído pela Lei nº Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de qualquer
12.694, de 2012) um dos poderes, com indicação expressa, por pintura nas

102
NOÇÕES DE DIREITO

portas, do nome, sigla ou logotipo do órgão ou entidade VII - certidão negativa de roubo ou furto de veículo,
em cujo nome o veículo será registrado, excetuando-se os expedida no Município do registro anterior, que poderá ser
veículos de representação e os previstos no art. 116. substituída por informação do RENAVAM;
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica ao veículo VIII - comprovante de quitação de débitos relativos a
de uso bélico. tributos, encargos e multas de trânsito vinculados ao veí-
Art. 121. Registrado o veículo, expedir-se-á o Certifica- culo, independentemente da responsabilidade pelas infra-
do de Registro de Veículo - CRV de acordo com os modelos ções cometidas;
e especificações estabelecidos pelo CONTRAN, contendo IX -(Revogado pela Lei nº 9.602, de 1998)
as características e condições de invulnerabilidade à falsifi- X - comprovante relativo ao cumprimento do dispos-
cação e à adulteração. to no art. 98, quando houver alteração nas características
Art. 122. Para a expedição do Certificado de Registro originais do veículo que afetem a emissão de poluentes e
de Veículo o órgão executivo de trânsito consultará o ca- ruído;
dastro do RENAVAM e exigirá do proprietário os seguintes XI - comprovante de aprovação de inspeção veicular e
documentos: de poluentes e ruído, quando for o caso, conforme regula-
I - nota fiscal fornecida pelo fabricante ou revendedor, mentações do CONTRAN e do CONAMA.
ou documento equivalente expedido por autoridade com- Art. 125. As informações sobre o chassi, o monobloco,
petente; os agregados e as características originais do veículo deve-
II - documento fornecido pelo Ministério das Rela- rão ser prestadas ao RENAVAM:
ções Exteriores, quando se tratar de veículo importado por I - pelo fabricante ou montadora, antes da comerciali-
membro de missões diplomáticas, de repartições consula- zação, no caso de veículo nacional;
res de carreira, de representações de organismos interna- II - pelo órgão alfandegário, no caso de veículo impor-
cionais e de seus integrantes. tado por pessoa física;
Art. 123. Será obrigatória a expedição de novo Certifi- III - pelo importador, no caso de veículo importado por
cado de Registro de Veículo quando: pessoa jurídica.
I - for transferida a propriedade; Parágrafo único. As informações recebidas pelo RE-
II - o proprietário mudar o Município de domicílio ou NAVAM serão repassadas ao órgão executivo de trânsito
residência; responsável pelo registro, devendo este comunicar ao RE-
III - for alterada qualquer característica do veículo; NAVAM, tão logo seja o veículo registrado.
IV - houver mudança de categoria.
Art. 126.  O proprietário de veículo irrecuperável, ou
§ 1º No caso de transferência de propriedade, o prazo
destinado à desmontagem, deverá requerer a baixa do re-
para o proprietário adotar as providências necessárias à
gistro, no prazo e forma estabelecidos pelo Contran, ve-
efetivação da expedição do novo Certificado de Registro
dada a remontagem do veículo sobre o mesmo chassi de
de Veículo é de trinta dias, sendo que nos demais casos as
forma a manter o registro anterior.   (Redação dada pela Lei
providências deverão ser imediatas.
nº 12.977, de 2014)  (Vigência)
§ 2º No caso de transferência de domicílio ou residência
Parágrafo único. A obrigação de que trata este artigo
no mesmo Município, o proprietário comunicará o novo
endereço num prazo de trinta dias e aguardará o novo é da companhia seguradora ou do adquirente do veículo
licenciamento para alterar o Certificado de Licenciamento destinado à desmontagem, quando estes sucederem ao
Anual. proprietário.
§ 3º A expedição do novo certificado será comunicada Art. 127. O órgão executivo de trânsito competente só
ao órgão executivo de trânsito que expediu o anterior e ao efetuará a baixa do registro após prévia consulta ao cadas-
RENAVAM. tro do RENAVAM.
Art. 124. Para a expedição do novo Certificado de Re- Parágrafo único. Efetuada a baixa do registro, deverá
gistro de Veículo serão exigidos os seguintes documentos: ser esta comunicada, de imediato, ao RENAVAM.
I - Certificado de Registro de Veículo anterior; Art. 128. Não será expedido novo Certificado de Regis-
II - Certificado de Licenciamento Anual; tro de Veículo enquanto houver débitos fiscais e de multas
III - comprovante de transferência de propriedade, de trânsito e ambientais, vinculadas ao veículo, indepen-
quando for o caso, conforme modelo e normas estabeleci- dentemente da responsabilidade pelas infrações cometi-
das pelo CONTRAN; das.
IV - Certificado de Segurança Veicular e de emissão de Art. 129. O registro e o licenciamento dos veículos de
poluentes e ruído, quando houver adaptação ou alteração propulsão humana e dos veículos de tração animal obe-
de características do veículo; decerão à regulamentação estabelecida em legislação
V - comprovante de procedência e justificativa da pro- municipal do domicílio ou residência de seus proprietá-
priedade dos componentes e agregados adaptados ou rios.    (Redação dada pela Lei nº 13.154, de 2015)
montados no veículo, quando houver alteração das carac- Art. 129-A. O registro dos tratores e demais aparelhos
terísticas originais de fábrica; automotores destinados a puxar ou a arrastar maquinaria
VI - autorização do Ministério das Relações Exteriores, agrícola ou a executar trabalhos agrícolas será efetuado,
no caso de veículo da categoria de missões diplomáticas, sem ônus, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-
de repartições consulares de carreira, de representações de tecimento, diretamente ou mediante convênio.  (Incluído
organismos internacionais e de seus integrantes; pela Lei nº 13.154, de 2015)

103
NOÇÕES DE DIREITO

CAPÍTULO XII CAPÍTULO XIII


DO LICENCIAMENTO DA CONDUÇÃO DE ESCOLARES

Art. 130. Todo veículo automotor, elétrico, articulado, Art. 136. Os veículos especialmente destinados à con-
reboque ou semi-reboque, para transitar na via, deverá ser dução coletiva de escolares somente poderão circular nas
licenciado anualmente pelo órgão executivo de trânsito do vias com autorização emitida pelo órgão ou entidade exe-
Estado, ou do Distrito Federal, onde estiver registrado o cutivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, exi-
veículo. gindo-se, para tanto:
I - registro como veículo de passageiros;
§ 1º O disposto neste artigo não se aplica a veículo de
II - inspeção semestral para verificação dos equipa-
uso bélico.
mentos obrigatórios e de segurança;
§ 2º No caso de transferência de residência ou domicílio, III - pintura de faixa horizontal na cor amarela, com
é válido, durante o exercício, o licenciamento de origem. quarenta centímetros de largura, à meia altura, em toda a
Art. 131. O Certificado de Licenciamento Anual será ex- extensão das partes laterais e traseira da carroçaria, com o
pedido ao veículo licenciado, vinculado ao Certificado de dístico ESCOLAR, em preto, sendo que, em caso de veículo
Registro, no modelo e especificações estabelecidos pelo de carroçaria pintada na cor amarela, as cores aqui indica-
CONTRAN. das devem ser invertidas;
§ 1º O primeiro licenciamento será feito simultaneamente IV - equipamento registrador instantâneo inalterável
ao registro. de velocidade e tempo;
§ 2º O veículo somente será considerado licenciado V - lanternas de luz branca, fosca ou amarela dispostas
estando quitados os débitos relativos a tributos, encargos nas extremidades da parte superior dianteira e lanternas de
e multas de trânsito e ambientais, vinculados ao veículo, luz vermelha dispostas na extremidade superior da parte
independentemente da responsabilidade pelas infrações traseira;
cometidas. VI - cintos de segurança em número igual à lotação;
§ 3º Ao licenciar o veículo, o proprietário deverá VII - outros requisitos e equipamentos obrigatórios es-
comprovar sua aprovação nas inspeções de segurança tabelecidos pelo CONTRAN.
veicular e de controle de emissões de gases poluentes e de Art. 137. A autorização a que se refere o artigo anterior
deverá ser afixada na parte interna do veículo, em local vi-
ruído, conforme disposto no art. 104.
sível, com inscrição da lotação permitida, sendo vedada a
Art. 132. Os veículos novos não estão sujeitos ao licen- condução de escolares em número superior à capacidade
ciamento e terão sua circulação regulada pelo CONTRAN estabelecida pelo fabricante.
durante o trajeto entre a fábrica e o Município de destino. Art. 138. O condutor de veículo destinado à condução
§ 1o O disposto neste artigo aplica-se, igualmente, aos de escolares deve satisfazer os seguintes requisitos:
veículos importados, durante o trajeto entre a alfândega I - ter idade superior a vinte e um anos;
ou entreposto alfandegário e o Município de destino. II - ser habilitado na categoria D;
(Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.103, de III -  (VETADO)
2015)     (Vigência) IV - não ter cometido nenhuma infração grave ou gra-
§ 2o       (Revogado pela Lei nº 13.154, de 2015) víssima, ou ser reincidente em infrações médias durante os
Art. 133. É obrigatório o porte do Certificado de Licen- doze últimos meses;
ciamento Anual. V - ser aprovado em curso especializado, nos termos
Parágrafo único. O porte será dispensado quando, no da regulamentação do CONTRAN.
momento da fiscalização, for possível ter acesso ao devido Art. 139. O disposto neste Capítulo não exclui a com-
sistema informatizado para verificar se o veículo está licen- petência municipal de aplicar as exigências previstas em
ciado.  (Incluído pela Lei nº 13. 281, de 2016)      (Vigência) seus regulamentos, para o transporte de escolares.
Art. 134. No caso de transferência de propriedade, o
CAPÍTULO XIII-A
proprietário antigo deverá encaminhar ao órgão executivo
DA CONDUÇÃO DE MOTO-FRETE
de trânsito do Estado dentro de um prazo de trinta dias,
(Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009)
cópia autenticada do comprovante de transferência de
propriedade, devidamente assinado e datado, sob pena de Art. 139-A.  As motocicletas e motonetas destinadas
ter que se responsabilizar solidariamente pelas penalidades ao transporte remunerado de mercadorias – moto-frete –
impostas e suas reincidências até a data da comunicação. somente poderão circular nas vias com autorização emitida
Parágrafo único. O comprovante de transferência de pelo órgão ou entidade executivo de trânsito dos Estados
propriedade de que trata o  caput  poderá ser substituído e do Distrito Federal, exigindo-se, para tanto: (Incluído pela
por documento eletrônico, na forma regulamentada pelo Lei nº 12.009, de 2009)
Contran.  (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015) I – registro como veículo da categoria de
Art. 135. Os veículos de aluguel, destinados ao trans- aluguel;(Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009)
porte individual ou coletivo de passageiros de linhas re- II – instalação de protetor de motor mata-cachorro, fi-
gulares ou empregados em qualquer serviço remunerado, xado no chassi do veículo, destinado a proteger o motor e
para registro, licenciamento e respectivo emplacamento de a perna do condutor em caso de tombamento, nos termos
característica comercial, deverão estar devidamente autori- de regulamentação do Conselho Nacional de Trânsito –
zados pelo poder público concedente. Contran; (Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009)

104
NOÇÕES DE DIREITO

III – instalação de aparador de linha antena corta-pipas, IV - Categoria D - condutor de veículo motorizado uti-
nos termos de regulamentação do Contran;(Incluído pela lizado no transporte de passageiros, cuja lotação exceda a
Lei nº 12.009, de 2009) oito lugares, excluído o do motorista;
IV – inspeção semestral para verificação dos equipa- V - Categoria E - condutor de combinação de veículos
mentos obrigatórios e de segurança.(Incluído pela Lei nº em que a unidade tratora se enquadre nas categorias B, C
12.009, de 2009) ou D e cuja unidade acoplada, reboque, semirreboque, trai-
§ 1o  A instalação ou incorporação de dispositivos ler ou articulada tenha 6.000 kg (seis mil quilogramas) ou
para transporte de cargas deve estar de acordo com a mais de peso bruto total, ou cuja lotação exceda a 8 (oito)
regulamentação do Contran.(Incluído pela Lei nº 12.009, lugares.(Redação dada pela Lei nº 12.452, de 2011)
de 2009) § 1º Para habilitar-se na categoria C, o condutor deverá
§ 2o  É proibido o transporte de combustíveis, produtos estar habilitado no mínimo há um ano na categoria B e não
inflamáveis ou tóxicos e de galões nos veículos de que trata ter cometido nenhuma infração grave ou gravíssima, ou ser
este artigo, com exceção do gás de cozinha e de galões reincidente em infrações médias, durante os últimos doze
contendo água mineral, desde que com o auxílio de side- meses.
-car, nos termos de regulamentação do Contran.(Incluído § 2o  São os condutores da categoria B autorizados a
pela Lei nº 12.009, de 2009) conduzir veículo automotor da espécie motor-casa, definida
Art. 139-B.  O disposto neste Capítulo não exclui a nos termos do Anexo I deste Código, cujo peso não exceda a
competência municipal ou estadual de aplicar as exigên- 6.000 kg (seis mil quilogramas), ou cuja lotação não exceda
cias previstas em seus regulamentos para as atividades de a 8 (oito) lugares, excluído o do motorista.   (Incluído pela
moto-frete no âmbito de suas circunscrições.  (Incluído Lei nº 12.452, de 2011)
pela Lei nº 12.009, de 2009) § 3º Aplica-se o disposto no inciso V ao condutor
da combinação de veículos com mais de uma unidade
CAPÍTULO XIV tracionada, independentemente da capacidade de tração
DA HABILITAÇÃO ou do peso bruto total. (Renumerado pela Lei nº 12.452,
de 2011)
Art. 140. A habilitação para conduzir veículo automotor
Art. 144. O trator de roda, o trator de esteira, o trator
e elétrico será apurada por meio de exames que deverão
misto ou o equipamento automotor destinado à movimen-
ser realizados junto ao órgão ou entidade executivos do
tação de cargas ou execução de trabalho agrícola, de ter-
Estado ou do Distrito Federal, do domicílio ou residência
raplenagem, de construção ou de pavimentação só podem
do candidato, ou na sede estadual ou distrital do próprio
ser conduzidos na via pública por condutor habilitado nas
órgão, devendo o condutor preencher os seguintes requi-
categorias C, D ou E.
sitos:
Parágrafo único.  O trator de roda e os equipamentos
I - ser penalmente imputável;
automotores destinados a executar trabalhos agrícolas po-
II - saber ler e escrever;
III - possuir Carteira de Identidade ou equivalente. derão ser conduzidos em via pública também por condu-
Parágrafo único. As informações do candidato à habili- tor habilitado na categoria B.  (Redação dada pela Lei nº
tação serão cadastradas no RENACH. 13.097, de 2015)
Art. 141. O processo de habilitação, as normas relati- Art. 145. Para habilitar-se nas categorias D e E ou para
vas à aprendizagem para conduzir veículos automotores e conduzir veículo de transporte coletivo de passageiros, de
elétricos e à autorização para conduzir ciclomotores serão escolares, de emergência ou de produto perigoso, o candi-
regulamentados pelo CONTRAN. dato deverá preencher os seguintes requisitos:
§ 1º A autorização para conduzir veículos de propulsão I - ser maior de vinte e um anos;
humana e de tração animal ficará a cargo dos Municípios. II - estar habilitado:
§ 2º  (VETADO) a) no mínimo há dois anos na categoria B, ou no míni-
Art. 142. O reconhecimento de habilitação obtida em mo há um ano na categoria C, quando pretender habilitar-
outro país está subordinado às condições estabelecidas -se na categoria D; e
em convenções e acordos internacionais e às normas do b) no mínimo há um ano na categoria C, quando pre-
CONTRAN. tender habilitar-se na categoria E;
Art. 143. Os candidatos poderão habilitar-se nas cate- III - não ter cometido nenhuma infração grave ou gra-
gorias de A a E, obedecida a seguinte gradação: víssima ou ser reincidente em infrações médias durante os
I - Categoria A - condutor de veículo motorizado de últimos doze meses;
duas ou três rodas, com ou sem carro lateral; IV - ser aprovado em curso especializado e em curso de
II - Categoria B - condutor de veículo motorizado, não treinamento de prática veicular em situação de risco, nos
abrangido pela categoria A, cujo peso bruto total não exce- termos da normatização do CONTRAN.
da a três mil e quinhentos quilogramas e cuja lotação não Parágrafo único.  A participação em curso especia-
exceda a oito lugares, excluído o do motorista; lizado previsto no inciso IV independe da observância
III - Categoria C - condutor de veículo motorizado utili- do disposto no inciso III.  (Incluído pela Lei nº 12.619, de
zado em transporte de carga, cujo peso bruto total exceda 2012) (Vigência)
a três mil e quinhentos quilogramas; § 2o (VETADO).  (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)

105
NOÇÕES DE DIREITO

Art. 145-A.  Além do disposto no art. 145, para con- Art. 148. Os exames de habilitação, exceto os de dire-
duzir ambulâncias, o candidato deverá comprovar treina- ção veicular, poderão ser aplicados por entidades públicas
mento especializado e reciclagem em cursos específicos a ou privadas credenciadas pelo órgão executivo de trânsito
cada 5 (cinco) anos, nos termos da normatização do Con- dos Estados e do Distrito Federal, de acordo com as nor-
tran.   (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014) mas estabelecidas pelo CONTRAN.
Art. 146. Para conduzir veículos de outra categoria o § 1º A formação de condutores deverá incluir,
condutor deverá realizar exames complementares exigidos obrigatoriamente, curso de direção defensiva e de conceitos
para habilitação na categoria pretendida. básicos de proteção ao meio ambiente relacionados com o
Art. 147. O candidato à habilitação deverá submeter-se trânsito.
a exames realizados pelo órgão executivo de trânsito, na § 2º Ao candidato aprovado será conferida Permissão
seguinte ordem: para Dirigir, com validade de um ano.
I - de aptidão física e mental; § 3º A Carteira Nacional de Habilitação será conferida
II -  (VETADO) ao condutor no término de um ano, desde que o mesmo
III - escrito, sobre legislação de trânsito; não tenha cometido nenhuma infração de natureza grave
IV - de noções de primeiros socorros, conforme regula- ou gravíssima ou seja reincidente em infração média.
mentação do CONTRAN; § 4º A não obtenção da Carteira Nacional de Habilitação,
V - de direção veicular, realizado na via pública, em veí- tendo em vista a incapacidade de atendimento do disposto
culo da categoria para a qual estiver habilitando-se. no parágrafo anterior, obriga o candidato a reiniciar todo o
§ 1º  Os resultados dos exames e a identificação processo de habilitação.
dos respectivos examinadores serão registrados no § 5º O Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN poderá
RENACH.      (Renumerado do parágrafo único, pela Lei nº dispensar os tripulantes de aeronaves que apresentarem o
9.602, de 1998) cartão de saúde expedido pelas Forças Armadas ou pelo
§ 2º O exame de aptidão física e mental será preliminar Departamento de Aeronáutica Civil, respectivamente, da
e renovável a cada cinco anos, ou a cada três anos para prestação do exame de aptidão física e mental. (Incluído
condutores com mais de sessenta e cinco anos de idade, pela Lei nº 9.602, de 1998)
Art. 148-A.  Os condutores das categorias C, D e E de-
no local de residência ou domicílio do examinado. (Incluído
verão submeter-se a exames toxicológicos para a habilita-
pela Lei nº 9.602, de 1998)
ção e renovação da Carteira Nacional de Habilitação.   (In-
§ 3o O exame previsto no § 2o incluirá avaliação
cluído pela Lei nº 13.103, de 2015)  (Vigência)
psicológica preliminar e complementar sempre que a ele
§ 1o   O exame de que trata este artigo buscará
se submeter o condutor que exerce atividade remunerada
aferir o consumo de substâncias psicoativas que,
ao veículo, incluindo-se esta avaliação para os demais
comprovadamente, comprometam a capacidade de direção
candidatos apenas no exame referente à primeira
e deverá ter janela de detecção mínima de 90 (noventa)
habilitação.(Redação dada pela Lei nº 10.350, de 2001)
dias, nos termos das normas do Contran.  (Incluído pela Lei
§ 4º Quando houver indícios de deficiência física, nº 13.103, de 2015)  (Vigência)
mental, ou de progressividade de doença que possa § 2o  Os condutores das categorias C, D e E com
diminuir a capacidade para conduzir o veículo, o prazo Carteira Nacional de Habilitação com validade de 5 (cinco)
previsto no § 2º poderá ser diminuído por proposta do anos deverão fazer o exame previsto no § 1o no prazo de
perito examinador.  (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998) 2 (dois) anos e 6 (seis) meses a contar da realização do
§ 5o  O condutor que exerce atividade remunerada disposto no caput.        (Incluído pela Lei nº 13.103, de
ao veículo terá essa informação incluída na sua Carteira 2015)  (Vigência)
Nacional de Habilitação, conforme especificações do § 3o  Os condutores das categorias C, D e E com Carteira
Conselho Nacional de Trânsito – Contran.(Incluído pela Lei Nacional de Habilitação com validade de 3 (três) anos
nº 10.350, de 2001) deverão fazer o exame previsto no § 1o no prazo de 1 (um)
Art. 147-A.   Ao candidato com deficiência auditiva é ano e 6 (seis) meses a contar da realização do disposto
assegurada acessibilidade de comunicação, mediante em- no caput.  (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)  (Vigência)
prego de tecnologias assistivas ou de ajudas técnicas em § 4o  É garantido o direito de contraprova e de recurso
todas as etapas do processo de habilitação.   (Incluído pela administrativo no caso de resultado positivo para o exame
Lei nº 13.146, de 2015)   (Vigência) de que trata o  caput,  nos termos das normas do Con-
§ 1o  O material didático audiovisual utilizado em aulas tran.  (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)  (Vigência)
teóricas dos cursos que precedem os exames previstos no § 5o  A reprovação no exame previsto neste artigo terá
art. 147 desta Lei deve ser acessível, por meio de subtitulação como consequência a suspensão do direito de dirigir pelo
com legenda oculta associada à tradução simultânea em período de 3 (três) meses, condicionado o levantamento
Libras. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)   (Vigência) da suspensão ao resultado negativo em novo exame,
§ 2o  É assegurado também ao candidato com e vedada a aplicação de outras penalidades, ainda que
deficiência auditiva requerer, no ato de sua inscrição, os acessórias.   (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)  (Vigência)
serviços de intérprete da Libras, para acompanhamento em § 6o  O resultado do exame somente será divulgado
aulas práticas e teóricas. (Incluído pela Lei nº 13.146, de para o interessado e não poderá ser utilizado para fins
2015)   (Vigência) estranhos ao disposto neste artigo ou no § 6o do art. 168

106
NOÇÕES DE DIREITO

da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Parágrafo único. As penalidades aplicadas aos instru-
Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943.   (Incluído pela tores e examinadores serão de advertência, suspensão e
Lei nº 13.103, de 2015)  (Vigência) cancelamento da autorização para o exercício da atividade,
§ 7o   O exame será realizado, em regime de livre conforme a falta cometida.
concorrência, pelos laboratórios credenciados pelo Art. 154. Os veículos destinados à formação de condu-
Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN, nos tores serão identificados por uma faixa amarela, de vinte
termos das normas do Contran, vedado aos entes centímetros de largura, pintada ao longo da carroçaria, à
públicos:  (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)     (Vigência) meia altura, com a inscrição AUTO-ESCOLA na cor preta.
I - fixar preços para os exames; (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. No veículo eventualmente utilizado
13.103, de 2015)  (Vigência) para aprendizagem, quando autorizado para servir a esse
II - limitar o número de empresas ou o número de lo- fim, deverá ser afixada ao longo de sua carroçaria, à meia
cais em que a atividade pode ser exercida; e    (Incluído pela altura, faixa branca removível, de vinte centímetros de lar-
Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência) gura, com a inscrição AUTO-ESCOLA na cor preta.
III - estabelecer regras de exclusividade territo- Art. 155. A formação de condutor de veículo automo-
rial.        (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)  (Vigência) tor e elétrico será realizada por instrutor autorizado pelo
órgão executivo de trânsito dos Estados ou do Distrito Fe-
Art. 149.  (VETADO)
deral, pertencente ou não à entidade credenciada.
Art. 150. Ao renovar os exames previstos no artigo
Parágrafo único. Ao aprendiz será expedida autoriza-
anterior, o condutor que não tenha curso de direção de-
ção para aprendizagem, de acordo com a regulamentação
fensiva e primeiros socorros deverá a eles ser submetido,
do CONTRAN, após aprovação nos exames de aptidão fí-
conforme normatização do CONTRAN. sica, mental, de primeiros socorros e sobre legislação de
Parágrafo único. A empresa que utiliza condutores trânsito.(Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998)
contratados para operar a sua frota de veículos é obrigada Art. 156. O CONTRAN regulamentará o credenciamen-
a fornecer curso de direção defensiva, primeiros socorros e to para prestação de serviço pelas auto-escolas e outras
outros conforme normatização do CONTRAN. entidades destinadas à formação de condutores e às exi-
Art. 151. No caso de reprovação no exame escrito so- gências necessárias para o exercício das atividades de ins-
bre legislação de trânsito ou de direção veicular, o candida- trutor e examinador.
to só poderá repetir o exame depois de decorridos quinze Art. 157.  (VETADO)
dias da divulgação do resultado. Art. 158. A aprendizagem só poderá realizar-se:(Vide
Art. 152.  O exame de direção veicular será realizado pe- Lei nº 12.217, de 2010) Vigência
rante comissão integrada por 3 (três) membros designados I - nos termos, horários e locais estabelecidos pelo ór-
pelo dirigente do órgão executivo local de trânsito.  (Reda- gão executivo de trânsito;
ção dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) II - acompanhado o aprendiz por instrutor autorizado.       
§ 1º Na comissão de exame de direção veicular, pelo § 1º Além do aprendiz e do instrutor, o veículo utilizado
menos um membro deverá ser habilitado na categoria na aprendizagem poderá conduzir apenas mais um
igual ou superior à pretendida pelo candidato. acompanhante.       (Renumerado do parágrafo único pela
§ 2º  Os militares das Forças Armadas e os policiais Lei nº 12.217, de 2010).
e bombeiros dos órgãos de segurança pública da União, § 2o  Parte da aprendizagem será obrigatoriamente
dos Estados e do Distrito Federal que possuírem curso de realizada durante a noite, cabendo ao CONTRAN fixar-lhe
formação de condutor ministrado em suas corporações a carga horária mínima correspondente. (Incluído pela Lei
serão dispensados, para a concessão do documento de nº 12.217, de 2010).
habilitação, dos exames aos quais se houverem submetido Art. 159. A Carteira Nacional de Habilitação, expedida
com aprovação naquele curso, desde que neles sejam em modelo único e de acordo com as especificações do
CONTRAN, atendidos os pré-requisitos estabelecidos neste
observadas as normas estabelecidas pelo Contran.  (Redação
Código, conterá fotografia, identificação e CPF do condu-
dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
tor, terá fé pública e equivalerá a documento de identidade
§ 3º  O militar, o policial ou o bombeiro militar
em todo o território nacional.
interessado na dispensa de que trata o § 2º instruirá
§ 1º É obrigatório o porte da Permissão para Dirigir ou
seu requerimento com ofício do comandante, chefe ou da Carteira Nacional de Habilitação quando o condutor
diretor da unidade administrativa onde prestar serviço, estiver à direção do veículo.
do qual constarão o número do registro de identificação, § 2º  (VETADO)
naturalidade, nome, filiação, idade e categoria em que se § 3º A emissão de nova via da Carteira Nacional de
habilitou a conduzir, acompanhado de cópia das atas dos Habilitação será regulamentada pelo CONTRAN.
exames prestados.  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de § 4º  (VETADO)
2016)      (Vigência) § 5º A Carteira Nacional de Habilitação e a Permissão
§ 4º  (VETADO) para Dirigir somente terão validade para a condução de
Art. 153. O candidato habilitado terá em seu prontuá- veículo quando apresentada em original.
rio a identificação de seus instrutores e examinadores, que § 6º A identificação da Carteira Nacional de Habilitação
serão passíveis de punição conforme regulamentação a ser expedida e a da autoridade expedidora serão registradas
estabelecida pelo CONTRAN. no RENACH.

107
NOÇÕES DE DIREITO

§ 7º A cada condutor corresponderá um único registro Penalidade - multa (três vezes);  (Redação dada pela Lei
no RENACH, agregando-se neste todas as informações. nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
§ 8º A renovação da validade da Carteira Nacional Medida administrativa - recolhimento do documento
de Habilitação ou a emissão de uma nova via somente de habilitação e retenção do veículo até a apresentação
será realizada após quitação de débitos constantes do de condutor habilitado;  (Incluído pela Lei nº 13.281, de
prontuário do condutor. 2016)      (Vigência)
§ 9º  (VETADO) III - com Carteira Nacional de Habilitação ou Permis-
§ 10. A validade da Carteira Nacional de Habilitação são para Dirigir de categoria diferente da do veículo que
está condicionada ao prazo de vigência do exame de esteja conduzindo:  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de
aptidão física e mental. (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998) 2016)      (Vigência)
§ 11. A Carteira Nacional de Habilitação, expedida na Infração - gravíssima;  (Redação dada pela Lei nº
vigência do Código anterior, será substituída por ocasião 13.281, de 2016)      (Vigência)
do vencimento do prazo para revalidação do exame de Penalidade - multa (duas vezes);  (Redação dada pela
aptidão física e mental, ressalvados os casos especiais Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
previstos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998) Medida administrativa - retenção do veículo até a apre-
Art. 160. O condutor condenado por delito de trânsito sentação de condutor habilitado;  (Redação dada pela Lei
deverá ser submetido a novos exames para que possa vol- nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
IV -  (VETADO)
tar a dirigir, de acordo com as normas estabelecidas pelo
V - com validade da Carteira Nacional de Habilitação
CONTRAN, independentemente do reconhecimento da
vencida há mais de trinta dias:
prescrição, em face da pena concretizada na sentença.       
Infração - gravíssima;
§ 1º Em caso de acidente grave, o condutor nele Penalidade - multa;
envolvido poderá ser submetido aos exames exigidos neste Medida administrativa - recolhimento da Carteira Na-
artigo, a juízo da autoridade executiva estadual de trânsito, cional de Habilitação e retenção do veículo até a apresen-
assegurada ampla defesa ao condutor. tação de condutor habilitado;
§ 2º No caso do parágrafo anterior, a autoridade VI - sem usar lentes corretoras de visão, aparelho auxi-
executiva estadual de trânsito poderá apreender o liar de audição, de prótese física ou as adaptações do veí-
documento de habilitação do condutor até a sua aprovação culo impostas por ocasião da concessão ou da renovação
nos exames realizados. da licença para conduzir:
Infração - gravíssima;
CAPÍTULO XV Penalidade - multa;
DAS INFRAÇÕES Medida administrativa - retenção do veículo até o sa-
neamento da irregularidade ou apresentação de condutor
Art. 161. Constitui infração de trânsito a inobservância habilitado.
de qualquer preceito deste Código, da legislação comple- Art. 163. Entregar a direção do veículo a pessoa nas
mentar ou das resoluções do CONTRAN, sendo o infrator condições previstas no artigo anterior:
sujeito às penalidades e medidas administrativas indicadas Infração - as mesmas previstas no artigo anterior;
em cada artigo, além das punições previstas no Capítulo Penalidade - as mesmas previstas no artigo anterior;
XIX. Medida administrativa - a mesma prevista no inciso III
Parágrafo único. As infrações cometidas em relação às do artigo anterior.
resoluções do CONTRAN terão suas penalidades e medidas Art. 164. Permitir que pessoa nas condições referidas
administrativas definidas nas próprias resoluções. nos incisos do art. 162 tome posse do veículo automotor e
Art. 162. Dirigir veículo: passe a conduzi-lo na via:
I - sem possuir Carteira Nacional de Habilitação, Per- Infração - as mesmas previstas nos incisos do art. 162;
missão para Dirigir ou Autorização para Conduzir Ciclomo- Penalidade - as mesmas previstas no art. 162;
Medida administrativa - a mesma prevista no inciso III
tor:  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
do art. 162.
Infração - gravíssima;  (Redação dada pela Lei nº
Art. 165.  Dirigir sob a influência de álcool ou de qual-
13.281, de 2016)      (Vigência)
quer outra substância psicoativa que determine dependên-
Penalidade - multa (três vezes);  (Redação dada pela Lei cia:       (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008)
nº 13.281, de 2016)      (Vigência) Infração - gravíssima;       (Redação dada pela Lei nº
Medida administrativa - retenção do veículo até a 11.705, de 2008) 
apresentação de condutor habilitado;  (Incluído pela Lei nº Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito
13.281, de 2016)      (Vigência) de dirigir por 12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei nº
II - com Carteira Nacional de Habilitação, Permissão 12.760, de 2012)
para Dirigir ou Autorização para Conduzir Ciclomotor cas- Medida administrativa - recolhimento do documento
sada ou com suspensão do direito de dirigir: (Redação de habilitação e retenção do veículo, observado o disposto
dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) no § 4o do art. 270 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de
Infração - gravíssima;  (Redação dada pela Lei nº 1997 - do Código de Trânsito Brasileiro.      (Redação dada
13.281, de 2016)      (Vigência) pela Lei nº 12.760, de 2012)

108
NOÇÕES DE DIREITO

Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista Infração - gravíssima;


no caput  em caso de reincidência no período de até 12 Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de
(doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) dirigir e apreensão do veículo; (Redação dada pela Lei nº
Art. 165-A.  Recusar-se a ser submetido a teste, exame 12.971, de 2014)    (Vigência)
clínico, perícia ou outro procedimento que permita certi- Medida administrativa - recolhimento do documento
ficar influência de álcool ou outra substância psicoativa, de habilitação e remoção do veículo.
na forma estabelecida pelo art. 277:  (Incluído pela Lei nº Parágrafo único.  Aplica-se em dobro a multa prevista
13.281, de 2016)      (Vigência) no caput em caso de reincidência no período de 12 (doze)
Infração - gravíssima;  (Incluído pela Lei nº 13.281, de meses da infração anterior.(Incluído pela Lei nº 12.971, de
2016)      (Vigência) 2014)    (Vigência)
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito Art. 174.  Promover, na via, competição, eventos orga-
de dirigir por 12 (doze) meses;  (Incluído pela Lei nº 13.281, nizados, exibição e demonstração de perícia em manobra
de 2016)      (Vigência) de veículo, ou deles participar, como condutor, sem per-
Medida administrativa - recolhimento do documen- missão da autoridade de trânsito com circunscrição sobre a
to de habilitação e retenção do veículo, observado o dis- via: (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)
posto no § 4º do art. 270.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de Infração - gravíssima;
2016)      (Vigência) Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa pre- dirigir e apreensão do veículo; (Redação dada pela Lei nº
vista no caput em caso de reincidência no período de 12.971, de 2014)    (Vigência)
até 12 (doze) meses   (Incluído pela Lei nº 13.281, de Medida administrativa - recolhimento do documento
2016)      (Vigência) de habilitação e remoção do veículo.
Art. 166. Confiar ou entregar a direção de veículo a pes- § 1o   As penalidades são aplicáveis aos promotores e
soa que, mesmo habilitada, por seu estado físico ou psíqui- aos condutores participantes.(Incluído pela Lei nº 12.971,
co, não estiver em condições de dirigi-lo com segurança: de 2014)    (Vigência)
Infração - gravíssima; § 2o  Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em
Penalidade - multa. caso de reincidência no período de 12 (doze) meses
Art. 167. Deixar o condutor ou passageiro de usar o da infração anterior.         Incluído pela Lei nº 12.971, de
cinto de segurança, conforme previsto no art. 65: 2014)    (Vigência)
Infração - grave; Art. 175.   Utilizar-se de veículo para demonstrar ou
Penalidade - multa; exibir manobra perigosa, mediante arrancada brusca,
Medida administrativa - retenção do veículo até colo- derrapagem ou frenagem com deslizamento ou arrasta-
cação do cinto pelo infrator. mento de pneus:  (Redação dada pela Lei nº 12.971, de
Art. 168. Transportar crianças em veículo automotor 2014)    (Vigência)
sem observância das normas de segurança especiais esta- Infração - gravíssima;
belecidas neste Código: Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de
Infração - gravíssima; dirigir e apreensão do veículo;  (Redação dada pela Lei nº
Penalidade - multa; 12.971, de 2014)    (Vigência)
Medida administrativa - retenção do veículo até que a Medida administrativa - recolhimento do documento
irregularidade seja sanada. de habilitação e remoção do veículo.
Art. 169. Dirigir sem atenção ou sem os cuidados indis- Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista
pensáveis à segurança: no caput em caso de reincidência no período de 12 (doze)
Infração - leve; meses da infração anterior.  (Incluído pela Lei nº 12.971, de
Penalidade - multa. 2014)    (Vigência)
Art. 170. Dirigir ameaçando os pedestres que estejam Art. 176. Deixar o condutor envolvido em acidente com
atravessando a via pública, ou os demais veículos: vítima:
Infração - gravíssima; I - de prestar ou providenciar socorro à vítima, poden-
Penalidade - multa e suspensão do direito de dirigir; do fazê-lo;
Medida administrativa - retenção do veículo e recolhi- II - de adotar providências, podendo fazê-lo, no senti-
mento do documento de habilitação. do de evitar perigo para o trânsito no local;
Art. 171. Usar o veículo para arremessar, sobre os pe- III - de preservar o local, de forma a facilitar os traba-
destres ou veículos, água ou detritos: lhos da polícia e da perícia;
Infração - média; IV - de adotar providências para remover o veículo do
Penalidade - multa. local, quando determinadas por policial ou agente da au-
Art. 172. Atirar do veículo ou abandonar na via objetos toridade de trânsito;
ou substâncias: V - de identificar-se ao policial e de lhe prestar infor-
Infração - média; mações necessárias à confecção do boletim de ocorrência:
Penalidade - multa. Infração - gravíssima;
Art. 173.  Disputar corrida:(Redação dada pela Lei nº Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito
12.971, de 2014)    (Vigência) de dirigir;

109
NOÇÕES DE DIREITO

Medida administrativa - recolhimento do documento Infração - média;


de habilitação. Penalidade - multa;
Art. 177. Deixar o condutor de prestar socorro à vítima Medida administrativa - remoção do veículo;
de acidente de trânsito quando solicitado pela autoridade VII - nos acostamentos, salvo motivo de força maior:
e seus agentes: Infração - leve;
Infração - grave; Penalidade - multa;
Penalidade - multa. Medida administrativa - remoção do veículo;
Art. 178. Deixar o condutor, envolvido em acidente sem VIII - no passeio ou sobre faixa destinada a pedestre,
vítima, de adotar providências para remover o veículo do sobre ciclovia ou ciclofaixa, bem como nas ilhas, refúgios,
local, quando necessária tal medida para assegurar a segu- ao lado ou sobre canteiros centrais, divisores de pista de
rança e a fluidez do trânsito: rolamento, marcas de canalização, gramados ou jardim pú-
Infração - média; blico:
Penalidade - multa. Infração - grave;
Art. 179. Fazer ou deixar que se faça reparo em veículo Penalidade - multa;
na via pública, salvo nos casos de impedimento absoluto Medida administrativa - remoção do veículo;
de sua remoção e em que o veículo esteja devidamente IX - onde houver guia de calçada (meio-fio) rebaixada
sinalizado: destinada à entrada ou saída de veículos:
I - em pista de rolamento de rodovias e vias de trânsito Infração - média;
rápido: Penalidade - multa;
Infração - grave; Medida administrativa - remoção do veículo;
Penalidade - multa; X - impedindo a movimentação de outro veículo:
Medida administrativa - remoção do veículo; Infração - média;
II - nas demais vias:
Penalidade - multa;
Infração - leve;
Medida administrativa - remoção do veículo;
Penalidade - multa.
XI - ao lado de outro veículo em fila dupla:
Art. 180. Ter seu veículo imobilizado na via por falta de
Infração - grave;
combustível:
Penalidade - multa;
Infração - média;
Medida administrativa - remoção do veículo;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo. XII - na área de cruzamento de vias, prejudicando a cir-
Art. 181. Estacionar o veículo: culação de veículos e pedestres:
I - nas esquinas e a menos de cinco metros do bordo Infração - grave;
do alinhamento da via transversal: Penalidade - multa;
Infração - média; Medida administrativa - remoção do veículo;
Penalidade - multa; XIII - onde houver sinalização horizontal delimitadora
Medida administrativa - remoção do veículo; de ponto de embarque ou desembarque de passageiros de
II - afastado da guia da calçada (meio-fio) de cinquenta transporte coletivo ou, na inexistência desta sinalização, no
centímetros a um metro: intervalo compreendido entre dez metros antes e depois
Infração - leve; do marco do ponto:
Penalidade - multa; Infração - média;
Medida administrativa - remoção do veículo; Penalidade - multa;
III - afastado da guia da calçada (meio-fio) a mais de Medida administrativa - remoção do veículo;
um metro: XIV - nos viadutos, pontes e túneis:
Infração - grave; Infração - grave;
Penalidade - multa; Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo; Medida administrativa - remoção do veículo;
IV - em desacordo com as posições estabelecidas neste XV - na contramão de direção:
Código: Infração - média;
Infração - média; Penalidade - multa;
Penalidade - multa; XVI - em aclive ou declive, não estando devidamente
Medida administrativa - remoção do veículo; freado e sem calço de segurança, quando se tratar de veí-
V - na pista de rolamento das estradas, das rodovias, culo com peso bruto total superior a três mil e quinhentos
das vias de trânsito rápido e das vias dotadas de acosta- quilogramas:
mento: Infração - grave;
Infração - gravíssima; Penalidade - multa;
Penalidade - multa; Medida administrativa - remoção do veículo;
Medida administrativa - remoção do veículo; XVII - em desacordo com as condições regulamenta-
VI - junto ou sobre hidrantes de incêndio, registro de das especificamente pela sinalização (placa - Estaciona-
água ou tampas de poços de visita de galerias subterrâ- mento Regulamentado):
neas, desde que devidamente identificados, conforme es- Infração - grave; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
pecificação do CONTRAN: 2015)      (Vigência)

110
NOÇÕES DE DIREITO

Penalidade - multa; Infração - média;


Medida administrativa - remoção do veículo; Penalidade - multa;
XVIII - em locais e horários proibidos especificamente IX - na contramão de direção:
pela sinalização (placa - Proibido Estacionar): Infração - média;
Infração - média; Penalidade - multa;
Penalidade - multa; X - em local e horário proibidos especificamente pela
Medida administrativa - remoção do veículo; sinalização (placa - Proibido Parar):
XIX - em locais e horários de estacionamento e parada Infração - média;
proibidos pela sinalização (placa - Proibido Parar e Esta- Penalidade - multa.
cionar): Art. 183. Parar o veículo sobre a faixa de pedestres na
Infração - grave; mudança de sinal luminoso:
Penalidade - multa; Infração - média;
Medida administrativa - remoção do veículo. Penalidade - multa.
XX - nas vagas reservadas às pessoas com deficiência Art. 184. Transitar com o veículo:
ou idosos, sem credencial que comprove tal condição:  (In- I - na faixa ou pista da direita, regulamentada como
cluído pela Lei nº 13.281, de 2016)     (Vigência) de circulação exclusiva para determinado tipo de veículo,
Infração - gravíssima;  (Incluído pela Lei nº 13.281, de exceto para acesso a imóveis lindeiros ou conversões à di-
2016)      (Vigência) reita:
Penalidade - multa;  (Incluído pela Lei nº 13.281, de Infração - leve;
2016)      (Vigência) Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo.  (Incluído II - na faixa ou pista da esquerda regulamentada como
pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) de circulação exclusiva para determinado tipo de veículo:
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, a autoridade de Infração - grave;
trânsito aplicará a penalidade preferencialmente após a Penalidade - multa.
remoção do veículo. III - na faixa ou via de trânsito exclusivo, regulamen-
§ 2º No caso previsto no inciso XVI é proibido tada com circulação destinada aos veículos de transporte
abandonar o calço de segurança na via. público coletivo de passageiros, salvo casos de força maior
Art. 182. Parar o veículo: e com autorização do poder público competente:(Incluído
I - nas esquinas e a menos de cinco metros do bordo pela Lei nº 13.154, de 2015)
do alinhamento da via transversal: Infração - gravíssima;  (Incluído pela Lei nº 13.154, de
Infração - média; 2015)
Penalidade - multa; Penalidade - multa e apreensão do veículo;  (Incluído
II - afastado da guia da calçada (meio-fio) de cinquenta pela Lei nº 13.154, de 2015)
centímetros a um metro: Medida Administrativa - remoção do veículo.  (Incluído
Infração - leve; pela Lei nº 13.154, de 2015)
Penalidade - multa; Art. 185. Quando o veículo estiver em movimento, dei-
III - afastado da guia da calçada (meio-fio) a mais de xar de conservá-lo:
um metro: I - na faixa a ele destinada pela sinalização de regula-
Infração - média; mentação, exceto em situações de emergência;
Penalidade - multa; II - nas faixas da direita, os veículos lentos e de maior
IV - em desacordo com as posições estabelecidas neste porte:
Código: Infração - média;
Infração - leve; Penalidade - multa.
Penalidade - multa; Art. 186. Transitar pela contramão de direção em:
V - na pista de rolamento das estradas, das rodovias, I - vias com duplo sentido de circulação, exceto para
das vias de trânsito rápido e das demais vias dotadas de ultrapassar outro veículo e apenas pelo tempo necessário,
acostamento: respeitada a preferência do veículo que transitar em senti-
Infração - grave; do contrário:
Penalidade - multa; Infração - grave;
VI - no passeio ou sobre faixa destinada a pedestres, Penalidade - multa;
nas ilhas, refúgios, canteiros centrais e divisores de pista de II - vias com sinalização de regulamentação de sentido
rolamento e marcas de canalização: único de circulação:
Infração - leve; Infração - gravíssima;
Penalidade - multa; Penalidade - multa.
VII - na área de cruzamento de vias, prejudicando a Art. 187. Transitar em locais e horários não permitidos
circulação de veículos e pedestres: pela regulamentação estabelecida pela autoridade compe-
Infração - média; tente: 
Penalidade - multa; I - para todos os tipos de veículos:
VIII - nos viadutos, pontes e túneis: Infração - média;

111
NOÇÕES DE DIREITO

Penalidade - multa; Infração - grave;


II - (Revogado pela Lei nº 9.602, de 1998) Penalidade - multa.
Art. 188. Transitar ao lado de outro veículo, interrom- Art. 197. Deixar de deslocar, com antecedência, o veí-
pendo ou perturbando o trânsito: culo para a faixa mais à esquerda ou mais à direita, dentro
Infração - média; da respectiva mão de direção, quando for manobrar para
Penalidade - multa. um desses lados:
Art. 189. Deixar de dar passagem aos veículos prece- Infração - média;
didos de batedores, de socorro de incêndio e salvamento, Penalidade - multa.
de polícia, de operação e fiscalização de trânsito e às am- Art. 198. Deixar de dar passagem pela esquerda, quan-
bulâncias, quando em serviço de urgência e devidamente do solicitado:
identificados por dispositivos regulamentados de alarme Infração - média;
sonoro e iluminação vermelha intermitentes: Penalidade - multa.
Infração - gravíssima; Art. 199. Ultrapassar pela direita, salvo quando o veícu-
Penalidade - multa. lo da frente estiver colocado na faixa apropriada e der sinal
Art. 190. Seguir veículo em serviço de urgência, estan- de que vai entrar à esquerda:
do este com prioridade de passagem devidamente identi- Infração - média;
ficada por dispositivos regulamentares de alarme sonoro e Penalidade - multa.
iluminação vermelha intermitentes: Art. 200. Ultrapassar pela direita veículo de transporte
Infração - grave; coletivo ou de escolares, parado para embarque ou desem-
Penalidade - multa. barque de passageiros, salvo quando houver refúgio de se-
Art. 191. Forçar passagem entre veículos que, transi- gurança para o pedestre:
tando em sentidos opostos, estejam na iminência de passar Infração - gravíssima;
um pelo outro ao realizar operação de ultrapassagem: Penalidade - multa.
Infração - gravíssima; Art. 201. Deixar de guardar a distância lateral de um
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do di- metro e cinquenta centímetros ao passar ou ultrapassar bi-
reito de dirigir. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de cicleta:
2014)    (Vigência) Infração - média;
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista Penalidade - multa.
no caput em caso de reincidência no período de até 12 Art. 202. Ultrapassar outro veículo:
(doze) meses da infração anterior.     (Incluído pela Lei nº I - pelo acostamento;
12.971, de 2014)    (Vigência) II - em interseções e passagens de nível;
Art. 192. Deixar de guardar distância de segurança late- Infração - gravíssima;   (Redação dada pela Lei nº
ral e frontal entre o seu veículo e os demais, bem como em 12.971, de 2014)    (Vigência)
relação ao bordo da pista, considerando-se, no momento, Penalidade - multa (cinco vezes).    (Redação dada pela
a velocidade, as condições climáticas do local da circulação Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)
e do veículo: Art. 203. Ultrapassar pela contramão outro veículo:
Infração - grave; I - nas curvas, aclives e declives, sem visibilidade sufi-
Penalidade - multa. ciente;
Art. 193. Transitar com o veículo em calçadas, passeios, II - nas faixas de pedestre;
passarelas, ciclovias, ciclofaixas, ilhas, refúgios, ajardina- III - nas pontes, viadutos ou túneis;
mentos, canteiros centrais e divisores de pista de rolamen- IV - parado em fila junto a sinais luminosos, porteiras,
to, acostamentos, marcas de canalização, gramados e jar- cancelas, cruzamentos ou qualquer outro impedimento à
dins públicos: livre circulação;
Infração - gravíssima; V - onde houver marcação viária longitudinal de di-
Penalidade - multa (três vezes). visão de fluxos opostos do tipo linha dupla contínua ou
Art. 194. Transitar em marcha à ré, salvo na distância simples contínua amarela:
necessária a pequenas manobras e de forma a não causar Infração - gravíssima;   (Redação dada pela Lei nº
riscos à segurança: 12.971, de 2014)    (Vigência)
Infração - grave; Penalidade - multa (cinco vezes).  (Redação dada pela
Penalidade - multa. Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)
Art. 195. Desobedecer às ordens emanadas da autori- Parágrafo único.  Aplica-se em dobro a multa prevista
dade competente de trânsito ou de seus agentes: no caput  em caso de reincidência no período de até 12
Infração - grave; (doze) meses da infração anterior.  (Incluído pela Lei nº
Penalidade - multa. 12.971, de 2014)    (Vigência)
Art. 196. Deixar de indicar com antecedência, mediante Art. 204. Deixar de parar o veículo no acostamento à
gesto regulamentar de braço ou luz indicadora de direção direita, para aguardar a oportunidade de cruzar a pista ou
do veículo, o início da marcha, a realização da manobra entrar à esquerda, onde não houver local apropriado para
de parar o veículo, a mudança de direção ou de faixa de operação de retorno:
circulação: Infração - grave;

112
NOÇÕES DE DIREITO

Penalidade - multa. Infração - grave;


Art. 205. Ultrapassar veículo em movimento que integre Penalidade - multa.
cortejo, préstito, desfile e formações militares, salvo com Art. 214. Deixar de dar preferência de passagem a pe-
autorização da autoridade de trânsito ou de seus agentes: destre e a veículo não motorizado:
Infração - leve; I - que se encontre na faixa a ele destinada;
Penalidade - multa. II - que não haja concluído a travessia mesmo que
Art. 206. Executar operação de retorno: ocorra sinal verde para o veículo;
I - em locais proibidos pela sinalização; III - portadores de deficiência física, crianças, idosos e
II - nas curvas, aclives, declives, pontes, viadutos e tú- gestantes:
neis; Infração - gravíssima;
III - passando por cima de calçada, passeio, ilhas, ajar- Penalidade - multa.
dinamento ou canteiros de divisões de pista de rolamento, IV - quando houver iniciado a travessia mesmo que
refúgios e faixas de pedestres e nas de veículos não moto- não haja sinalização a ele destinada;
rizados; V - que esteja atravessando a via transversal para onde
IV - nas interseções, entrando na contramão de direção se dirige o veículo:
da via transversal; Infração - grave;
V - com prejuízo da livre circulação ou da segurança, Penalidade - multa.
ainda que em locais permitidos: Art. 215. Deixar de dar preferência de passagem:
Infração - gravíssima; I - em interseção não sinalizada:
Penalidade - multa. a) a veículo que estiver circulando por rodovia ou ro-
Art. 207. Executar operação de conversão à direita ou à tatória;
esquerda em locais proibidos pela sinalização: b) a veículo que vier da direita;
Infração - grave; II - nas interseções com sinalização de regulamentação
Penalidade - multa. de Dê a Preferência:
Art. 208. Avançar o sinal vermelho do semáforo ou o de Infração - grave;
parada obrigatória: Penalidade - multa.
Infração - gravíssima; Art. 216. Entrar ou sair de áreas lindeiras sem estar
Penalidade - multa. adequadamente posicionado para ingresso na via e sem
Art. 209. Transpor, sem autorização, bloqueio viário as precauções com a segurança de pedestres e de outros
com ou sem sinalização ou dispositivos auxiliares, deixar veículos:
de adentrar às áreas destinadas à pesagem de veículos ou Infração - média;
evadir-se para não efetuar o pagamento do pedágio: Penalidade - multa.
Infração - grave; Art. 217. Entrar ou sair de fila de veículos estacionados
Penalidade - multa. sem dar preferência de passagem a pedestres e a outros
Art. 210. Transpor, sem autorização, bloqueio viário po- veículos:
licial: Infração - média;
Infração - gravíssima; Penalidade - multa.
Penalidade - multa, apreensão do veículo e suspensão Art. 218.  Transitar em velocidade superior à máxima
do direito de dirigir; permitida para o local, medida por instrumento ou equi-
Medida administrativa - remoção do veículo e recolhi- pamento hábil, em rodovias, vias de trânsito rápido, vias
mento do documento de habilitação. arteriais e demais vias: (Redação dada pela Lei nº 11.334,
Art. 211. Ultrapassar veículos em fila, parados em ra- de 2006)
zão de sinal luminoso, cancela, bloqueio viário parcial ou I - quando a velocidade for superior à máxima em até
qualquer outro obstáculo, com exceção dos veículos não 20% (vinte por cento):       (Redação dada pela Lei nº 11.334,
motorizados: de 2006)
Infração - grave; Infração - média;       (Redação dada pela Lei nº 11.334,
Penalidade - multa. de 2006)
Art. 212. Deixar de parar o veículo antes de transpor Penalidade - multa;       (Redação dada pela Lei nº
linha férrea: 11.334, de 2006)
Infração - gravíssima; II - quando a velocidade for superior à máxima em
Penalidade - multa. mais de 20% (vinte por cento) até 50% (cinquenta por
Art. 213. Deixar de parar o veículo sempre que a res- cento):(Redação dada pela Lei nº 11.334, de 2006)
pectiva marcha for interceptada: Infração - grave;(Redação dada pela Lei nº 11.334, de
I - por agrupamento de pessoas, como préstitos, pas- 2006)
seatas, desfiles e outros: Penalidade - multa; (Redação dada pela Lei nº 11.334,
Infração - gravíssima; de 2006)
Penalidade - multa. III - quando a velocidade for superior à máxima em
II - por agrupamento de veículos, como cortejos, for- mais de 50% (cinquenta por cento):  (Incluído pela Lei nº
mações militares e outros: 11.334, de 2006)

113
NOÇÕES DE DIREITO

Infração - gravíssima;  (Incluído pela Lei nº 11.334, de Infração - média;


2006) Penalidade - multa.
Penalidade - multa [3 (três) vezes], suspensão imediata Art. 223. Transitar com o farol desregulado ou com o
do direito de dirigir e apreensão do documento de habili- facho de luz alta de forma a perturbar a visão de outro
tação.(Incluído pela Lei nº 11.334, de 2006) condutor:
Art. 219. Transitar com o veículo em velocidade inferior Infração - grave;
à metade da velocidade máxima estabelecida para a via, Penalidade - multa;
retardando ou obstruindo o trânsito, a menos que as con- Medida administrativa - retenção do veículo para re-
dições de tráfego e meteorológicas não o permitam, salvo gularização.
se estiver na faixa da direita: Art. 224. Fazer uso do facho de luz alta dos faróis em
Infração - média; vias providas de iluminação pública:
Penalidade - multa. Infração - leve;
Art. 220. Deixar de reduzir a velocidade do veículo de Penalidade - multa.
forma compatível com a segurança do trânsito: Art. 225. Deixar de sinalizar a via, de forma a prevenir
I - quando se aproximar de passeatas, aglomerações, os demais condutores e, à noite, não manter acesas as lu-
cortejos, préstitos e desfiles: zes externas ou omitir-se quanto a providências necessá-
Infração - gravíssima; rias para tornar visível o local, quando:
Penalidade - multa; I - tiver de remover o veículo da pista de rolamento ou
II - nos locais onde o trânsito esteja sendo controlado permanecer no acostamento;
pelo agente da autoridade de trânsito, mediante sinais so- II - a carga for derramada sobre a via e não puder ser
noros ou gestos; retirada imediatamente:
III - ao aproximar-se da guia da calçada (meio-fio) ou Infração - grave;
acostamento; Penalidade - multa.
IV - ao aproximar-se de ou passar por interseção não Art. 226. Deixar de retirar todo e qualquer objeto que
sinalizada; tenha sido utilizado para sinalização temporária da via:
V - nas vias rurais cuja faixa de domínio não esteja cer- Infração - média;
cada; Penalidade - multa.
VI - nos trechos em curva de pequeno raio; Art. 227. Usar buzina:
VII - ao aproximar-se de locais sinalizados com adver- I - em situação que não a de simples toque breve como
tência de obras ou trabalhadores na pista; advertência ao pedestre ou a condutores de outros veícu-
VIII - sob chuva, neblina, cerração ou ventos fortes; los;
IX - quando houver má visibilidade; II - prolongada e sucessivamente a qualquer pretexto;
X - quando o pavimento se apresentar escorregadio, III - entre as vinte e duas e as seis horas;
defeituoso ou avariado; IV - em locais e horários proibidos pela sinalização;
XI - à aproximação de animais na pista; V - em desacordo com os padrões e frequências
XII - em declive; estabelecidas pelo CONTRAN:
XIII - ao ultrapassar ciclista: Infração - leve;
Infração - grave; Penalidade - multa.
Penalidade - multa; Art. 228. Usar no veículo equipamento com som em
XIV - nas proximidades de escolas, hospitais, estações volume ou frequência que não sejam autorizados pelo
de embarque e desembarque de passageiros ou onde haja CONTRAN:
intensa movimentação de pedestres: Infração - grave;
Infração - gravíssima; Penalidade - multa;
Penalidade - multa. Medida administrativa - retenção do veículo para re-
Art. 221. Portar no veículo placas de identificação em gularização.
desacordo com as especificações e modelos estabelecidos Art. 229. Usar indevidamente no veículo aparelho de
pelo CONTRAN: alarme ou que produza sons e ruído que perturbem o
Infração - média; sossego público, em desacordo com normas fixadas pelo
Penalidade - multa; CONTRAN:
Medida administrativa - retenção do veículo para regu- Infração - média;
larização e apreensão das placas irregulares. Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Parágrafo único. Incide na mesma penalidade aquele Medida administrativa - remoção do veículo.
que confecciona, distribui ou coloca, em veículo próprio ou Art. 230. Conduzir o veículo:
de terceiros, placas de identificação não autorizadas pela I - com o lacre, a inscrição do chassi, o selo, a placa ou
regulamentação. qualquer outro elemento de identificação do veículo viola-
Art. 222. Deixar de manter ligado, nas situações de do ou falsificado;
atendimento de emergência, o sistema de iluminação ver- II - transportando passageiros em compartimento de
melha intermitente dos veículos de polícia, de socorro de carga, salvo por motivo de força maior, com permissão da
incêndio e salvamento, de fiscalização de trânsito e das autoridade competente e na forma estabelecida pelo CON-
ambulâncias, ainda que parados: TRAN;

114
NOÇÕES DE DIREITO

III - com dispositivo anti-radar; Medida administrativa - retenção do veículo para cum-
IV - sem qualquer uma das placas de identificação; primento do tempo de descanso aplicável. (Redação dada
V - que não esteja registrado e devidamente licenciado; pela Lei nº 13.103, de 2015)  (Vigência)
VI - com qualquer uma das placas de identificação sem XXIV- (VETADO).   (Incluído pela Lei nº 12.619, de
condições de legibilidade e visibilidade: 2012)  (Vigência)
Infração - gravíssima; § 1o  Se o condutor cometeu infração igual nos últimos
Penalidade - multa e apreensão do veículo; 12 (doze) meses, será convertida, automaticamente,
Medida administrativa - remoção do veículo; a penalidade disposta no inciso XXIII em infração
VII - com a cor ou característica alterada; grave. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)  (Vigência)
VIII - sem ter sido submetido à inspeção de segurança § 2o  Em se tratando de condutor estrangeiro, a
veicular, quando obrigatória; liberação do veículo fica condicionada ao pagamento ou
IX - sem equipamento obrigatório ou estando este ine- ao depósito, judicial ou administrativo, da multa.   (Incluído
ficiente ou inoperante; pela Lei nº 13.103, de 2015)  (Vigência)
X - com equipamento obrigatório em desacordo com o Art. 231. Transitar com o veículo:
estabelecido pelo CONTRAN;
Art. 231. Transitar com o veículo:
XI - com descarga livre ou silenciador de motor de ex-
I - danificando a via, suas instalações e equipamentos;
plosão defeituoso, deficiente ou inoperante;
II - derramando, lançando ou arrastando sobre a via:
XII - com equipamento ou acessório proibido;
a) carga que esteja transportando;
XIII - com o equipamento do sistema de iluminação e
de sinalização alterados; b) combustível ou lubrificante que esteja utilizando;
XIV - com registrador instantâneo inalterável de velo- c) qualquer objeto que possa acarretar risco de aciden-
cidade e tempo viciado ou defeituoso, quando houver exi- te:
gência desse aparelho; Infração - gravíssima;
XV - com inscrições, adesivos, legendas e símbolos de Penalidade - multa;
caráter publicitário afixados ou pintados no pára-brisa e Medida administrativa - retenção do veículo para re-
em toda a extensão da parte traseira do veículo, excetua- gularização;
das as hipóteses previstas neste Código; III - produzindo fumaça, gases ou partículas em níveis
XVI - com vidros total ou parcialmente cobertos por superiores aos fixados pelo CONTRAN;
películas refletivas ou não, painéis decorativos ou pinturas; IV - com suas dimensões ou de sua carga superiores
XVII - com cortinas ou persianas fechadas, não autori- aos limites estabelecidos legalmente ou pela sinalização,
zadas pela legislação; sem autorização:
XVIII - em mau estado de conservação, comprometen- Infração - grave;
do a segurança, ou reprovado na avaliação de inspeção de Penalidade - multa;
segurança e de emissão de poluentes e ruído, prevista no Medida administrativa - retenção do veículo para re-
art. 104; gularização;
XIX - sem acionar o limpador de pára-brisa sob chuva: V - com excesso de peso, admitido percentual de to-
Infração - grave; lerância quando aferido por equipamento, na forma a ser
Penalidade - multa; estabelecida pelo CONTRAN:
Medida administrativa - retenção do veículo para re- Infração - média;
gularização; Penalidade - multa acrescida a cada duzentos quilogra-
XX - sem portar a autorização para condução de esco- mas ou fração de excesso de peso apurado, constante na
lares, na forma estabelecida no art. 136: seguinte tabela:
Infração - grave;
a) até 600 kg (seiscentos quilogramas) - R$ 5,32 (cinco
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
reais e trinta e dois centavos);  (Redação dada pela Lei nº
XXI - de carga, com falta de inscrição da tara e demais
13.281, de 2016)      (Vigência)
inscrições previstas neste Código;
b) de 601 (seiscentos e um) a 800 kg (oitocentos
XXII - com defeito no sistema de iluminação, de sinali-
zação ou com lâmpadas queimadas: quilogramas) - R$ 10,64 (dez reais e sessenta e qua-
Infração - média; tro centavos);  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de
Penalidade - multa. 2016)      (Vigência)
XXIII - em desacordo com as condições estabelecidas c) de 801 (oitocentos e um) a 1.000 kg (mil quilogramas)
no art. 67-C, relativamente ao tempo de permanência do - R$ 21,28 (vinte e um reais e vinte e oito centavos);  (Reda-
condutor ao volante e aos intervalos para descanso, quan- ção dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
do se tratar de veículo de transporte de carga ou coleti- d) de 1.001 (mil e um) a 3.000 kg (três mil quilogramas) -
vo de passageiros:  (Redação dada pela Lei nº 13.103, de R$ 31,92 (trinta e um reais e noventa e dois centavos);  (Re-
2015)  (Vigência) dação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
Infração - média;    (Redação dada pela Lei nº 13.103, e) de 3.001 (três mil e um) a 5.000 kg (cinco mil qui-
de 2015)  (Vigência) logramas) - R$ 42,56 (quarenta e dois reais e cinquenta
Penalidade - multa;   (Redação dada pela Lei nº 13.103, e seis centavos);  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de
de 2015)  (Vigência) 2016)      (Vigência)

115
NOÇÕES DE DIREITO

f) acima de 5.001 kg (cinco mil e um quilogramas) - R$ Medida administrativa - retenção do veículo para
53,20 (cinquenta e três reais e vinte centavos);   (Redação transbordo.
dada pela Lei nº 13.281, de 2016)     (Vigência) Art. 236. Rebocar outro veículo com cabo flexível ou
Medida administrativa - retenção do veículo e trans- corda, salvo em casos de emergência:
bordo da carga excedente; Infração - média;
VI - em desacordo com a autorização especial, expedi- Penalidade - multa.
da pela autoridade competente para transitar com dimen- Art. 237. Transitar com o veículo em desacordo com as
sões excedentes, ou quando a mesma estiver vencida: especificações, e com falta de inscrição e simbologia neces-
Infração - grave; sárias à sua identificação, quando exigidas pela legislação:
Penalidade - multa e apreensão do veículo; Infração - grave;
Medida administrativa - remoção do veículo; Penalidade - multa;
VII - com lotação excedente; Medida administrativa - retenção do veículo para re-
VIII - efetuando transporte remunerado de pessoas ou gularização.
bens, quando não for licenciado para esse fim, salvo casos Art. 238. Recusar-se a entregar à autoridade de trânsito
de força maior ou com permissão da autoridade compe- ou a seus agentes, mediante recibo, os documentos de ha-
tente: bilitação, de registro, de licenciamento de veículo e outros
Infração - média; exigidos por lei, para averiguação de sua autenticidade:
Penalidade - multa; Infração - gravíssima;
Medida administrativa - retenção do veículo; Penalidade - multa e apreensão do veículo;
IX - desligado ou desengrenado, em declive: Medida administrativa - remoção do veículo.
Infração - média; Art. 239. Retirar do local veículo legalmente retido para
Penalidade - multa; regularização, sem permissão da autoridade competente
Medida administrativa - retenção do veículo; ou de seus agentes:
X - excedendo a capacidade máxima de tração: Infração - gravíssima;
Infração - de média a gravíssima, a depender da rela- Penalidade - multa e apreensão do veículo;
ção entre o excesso de peso apurado e a capacidade máxi- Medida administrativa - remoção do veículo.
ma de tração, a ser regulamentada pelo CONTRAN; Art. 240. Deixar o responsável de promover a baixa do
Penalidade - multa; registro de veículo irrecuperável ou definitivamente des-
Medida Administrativa - retenção do veículo e trans- montado:
bordo de carga excedente. Infração - grave;
Parágrafo único. Sem prejuízo das multas previstas Penalidade - multa;
nos incisos V e X, o veículo que transitar com excesso de Medida administrativa - Recolhimento do Certificado
peso ou excedendo à capacidade máxima de tração, não de Registro e do Certificado de Licenciamento Anual.
computado o percentual tolerado na forma do disposto Art. 241. Deixar de atualizar o cadastro de registro do
na legislação, somente poderá continuar viagem após des- veículo ou de habilitação do condutor:
carregar o que exceder, segundo critérios estabelecidos na Infração - leve;
referida legislação complementar. Penalidade - multa.
Art. 232. Conduzir veículo sem os documentos de por- Art. 242. Fazer falsa declaração de domicílio para fins
te obrigatório referidos neste Código: de registro, licenciamento ou habilitação:
Infração - leve; Infração - gravíssima;
Penalidade - multa; Penalidade - multa.
Medida administrativa - retenção do veículo até a apre- Art. 243. Deixar a empresa seguradora de comunicar
sentação do documento. ao órgão executivo de trânsito competente a ocorrência de
Art. 233. Deixar de efetuar o registro de veículo no perda total do veículo e de lhe devolver as respectivas pla-
prazo de trinta dias, junto ao órgão executivo de trânsito, cas e documentos:
ocorridas as hipóteses previstas no art. 123: Infração - grave;
Infração - grave; Penalidade - multa;
Penalidade - multa; Medida administrativa - Recolhimento das placas e dos
Medida administrativa - retenção do veículo para re- documentos.
gularização. Art. 244. Conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor:
Art. 234. Falsificar ou adulterar documento de habilita- I - sem usar capacete de segurança com viseira ou ócu-
ção e de identificação do veículo: los de proteção e vestuário de acordo com as normas e
Infração - gravíssima; especificações aprovadas pelo CONTRAN;
Penalidade - multa e apreensão do veículo; II - transportando passageiro sem o capacete de segu-
Medida administrativa - remoção do veículo. rança, na forma estabelecida no inciso anterior, ou fora do
Art. 235. Conduzir pessoas, animais ou carga nas partes assento suplementar colocado atrás do condutor ou em
externas do veículo, salvo nos casos devidamente autori- carro lateral;
zados: III - fazendo malabarismo ou equilibrando-se apenas
Infração - grave; em uma roda;
Penalidade - multa; IV - com os faróis apagados;

116
NOÇÕES DE DIREITO

V - transportando criança menor de sete anos ou que Parágrafo único. A penalidade será aplicada à pessoa
não tenha, nas circunstâncias, condições de cuidar de sua física ou jurídica responsável pela obstrução, devendo a
própria segurança: autoridade com circunscrição sobre a via providenciar a si-
Infração - gravíssima; nalização de emergência, às expensas do responsável, ou,
Penalidade - multa e suspensão do direito de dirigir; se possível, promover a desobstrução.
Medida administrativa - Recolhimento do documento Art. 247. Deixar de conduzir pelo bordo da pista de
de habilitação; rolamento, em fila única, os veículos de tração ou propul-
VI - rebocando outro veículo; são humana e os de tração animal, sempre que não houver
VII - sem segurar o guidom com ambas as mãos, salvo acostamento ou faixa a eles destinados:
eventualmente para indicação de manobras; Infração - média;
VIII – transportando carga incompatível com suas es- Penalidade - multa.
pecificações ou em desacordo com o previsto no § 2o do Art. 248. Transportar em veículo destinado ao trans-
art. 139-A desta Lei;(Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009) porte de passageiros carga excedente em desacordo com
IX – efetuando transporte remunerado de mercadorias o estabelecido no art. 109:
em desacordo com o previsto no art. 139-A desta Lei ou Infração - grave;
Penalidade - multa;
com as normas que regem a atividade profissional dos mo-
Medida administrativa - retenção para o transbordo.
totaxistas:   (Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009)
Art. 249. Deixar de manter acesas, à noite, as luzes de
Infração – grave; (Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009)
posição, quando o veículo estiver parado, para fins de em-
Penalidade – multa;   (Incluído pela Lei nº 12.009, de
barque ou desembarque de passageiros e carga ou descar-
2009) ga de mercadorias:
Medida administrativa – apreensão do veículo para re- Infração - média;
gularização.  (Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009) Penalidade - multa.
§ 1º Para ciclos aplica-se o disposto nos incisos III, VII Art. 250. Quando o veículo estiver em movimento:
e VIII, além de: I - deixar de manter acesa a luz baixa:
a) conduzir passageiro fora da garupa ou do assento a) durante a noite;
especial a ele destinado; b) de dia, nos túneis providos de iluminação públi-
b) transitar em vias de trânsito rápido ou rodovias, sal- ca e nas rodovias;  (Redação dada pela Lei  nº 13.290, de
vo onde houver acostamento ou faixas de rolamento pró- 2016)     (Vigência)
prias; c) de dia e de noite, tratando-se de veículo de trans-
c) transportar crianças que não tenham, nas circuns- porte coletivo de passageiros, circulando em faixas ou pis-
tâncias, condições de cuidar de sua própria segurança. tas a eles destinadas;
§ 2º Aplica-se aos ciclomotores o disposto na d) de dia e de noite, tratando-se de ciclomotores;
alínea b do parágrafo anterior: II - deixar de manter acesas pelo menos as luzes de
Infração - média; posição sob chuva forte, neblina ou cerração;
Penalidade - multa. III - deixar de manter a placa traseira iluminada, à noite;
§ 3o A restrição imposta pelo inciso VI do caput deste Infração - média;
artigo não se aplica às motocicletas e motonetas que Penalidade - multa.
tracionem semi-reboques especialmente projetados Art. 251. Utilizar as luzes do veículo:
para esse fim e devidamente homologados pelo órgão I - o pisca-alerta, exceto em imobilizações ou situações
competente.  (Incluído pela Lei nº 10.517, de 2002) de emergência;
Art. 245. Utilizar a via para depósito de mercadorias, II - baixa e alta de forma intermitente, exceto nas se-
materiais ou equipamentos, sem autorização do órgão ou guintes situações:
entidade de trânsito com circunscrição sobre a via: a) a curtos intervalos, quando for conveniente advertir
a outro condutor que se tem o propósito de ultrapassá-lo;
Infração - grave;
b) em imobilizações ou situação de emergência, como
Penalidade - multa;
advertência, utilizando pisca-alerta;
Medida administrativa - remoção da mercadoria ou do
c) quando a sinalização de regulamentação da via de-
material.
terminar o uso do pisca-alerta:
Parágrafo único. A penalidade e a medida administra- Infração - média;
tiva incidirão sobre a pessoa física ou jurídica responsável. Penalidade - multa.
Art. 246. Deixar de sinalizar qualquer obstáculo à livre Art. 252. Dirigir o veículo:
circulação, à segurança de veículo e pedestres, tanto no lei- I - com o braço do lado de fora;
to da via terrestre como na calçada, ou obstaculizar a via II - transportando pessoas, animais ou volume à sua
indevidamente: esquerda ou entre os braços e pernas;
Infração - gravíssima; III - com incapacidade física ou mental temporária que
Penalidade - multa, agravada em até cinco vezes, a cri- comprometa a segurança do trânsito;
tério da autoridade de trânsito, conforme o risco à segu- IV - usando calçado que não se firme nos pés ou que
rança. comprometa a utilização dos pedais;

117
NOÇÕES DE DIREITO

V - com apenas uma das mãos, exceto quando deva Penalidade - multa, em 50% (cinquenta por cento) do
fazer sinais regulamentares de braço, mudar a marcha do valor da infração de natureza leve.
veículo, ou acionar equipamentos e acessórios do veículo; VII - (VETADO).  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
VI - utilizando-se de fones nos ouvidos conectados a § 1º  (VETADO).  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
aparelhagem sonora ou de telefone celular; § 2º  (VETADO).  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
Infração - média; § 3º  (VETADO).  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
Penalidade - multa. Art. 255. Conduzir bicicleta em passeios onde não seja
VII - realizando a cobrança de tarifa com o veículo em permitida a circulação desta, ou de forma agressiva, em de-
movimento:  (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015) sacordo com o disposto no parágrafo único do art. 59:
Infração - média;  (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015) Infração - média;
Penalidade - multa.  (Incluído pela Lei nº 13.154, de Penalidade - multa;
2015) Medida administrativa - remoção da bicicleta, median-
Parágrafo único. A hipótese prevista no inciso V carac- te recibo para o pagamento da multa.
terizar-se-á como infração gravíssima no caso de o condu-
tor estar segurando ou manuseando telefone celular.  (In- CAPÍTULO XVI
cluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) DAS PENALIDADES
Art. 253. Bloquear a via com veículo:
Infração - gravíssima; Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das com-
Penalidade - multa e apreensão do veículo; petências estabelecidas neste Código e dentro de sua cir-
Medida administrativa - remoção do veículo. cunscrição, deverá aplicar, às infrações nele previstas, as
Art. 253-A. Usar qualquer veículo para, deliberada- seguintes penalidades:
mente, interromper, restringir ou perturbar a circulação na I - advertência por escrito;
via sem autorização do órgão ou entidade de trânsito com II - multa;
circunscrição sobre ela:   (Incluído pela Lei nº 13. 281, de III - suspensão do direito de dirigir;
2016) IV -  (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
Infração - gravíssima;  (Incluído pela Lei nº 13.281, de V - cassação da Carteira Nacional de Habilitação;
2016) VI - cassação da Permissão para Dirigir;
Penalidade - multa (vinte vezes) e suspensão do direito VII - frequência obrigatória em curso de reciclagem.
de dirigir por 12 (doze) meses;  (Incluído pela Lei nº 13.281, § 1º A aplicação das penalidades previstas neste
de 2016) Código não elide as punições originárias de ilícitos penais
Medida administrativa - remoção do veículo.  (Incluído decorrentes de crimes de trânsito, conforme disposições
pela Lei nº 13.281, de 2016) de lei.
§ 1º Aplica-se a multa agravada em 60 (sessenta) vezes § 2º  (VETADO)
aos organizadores da conduta prevista no caput.  (Incluído § 3º A imposição da penalidade será comunicada aos
pela Lei nº 13.281, de 2016) órgãos ou entidades executivos de trânsito responsáveis
§ 2º  Aplica-se em dobro a multa em caso de pelo licenciamento do veículo e habilitação do condutor.
reincidência no período de 12 (doze) meses.  (Incluído pela Art. 257. As penalidades serão impostas ao condutor,
Lei nº 13.281, de 2016) ao proprietário do veículo, ao embarcador e ao transpor-
§ 3º  As penalidades são aplicáveis a pessoas físicas ou tador, salvo os casos de descumprimento de obrigações e
jurídicas que incorram na infração, devendo a autoridade deveres impostos a pessoas físicas ou jurídicas expressa-
com circunscrição sobre a via restabelecer de imediato, se mente mencionados neste Código.
possível, as condições de normalidade para a circulação na § 1º Aos proprietários e condutores de veículos serão
via.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) impostas concomitantemente as penalidades de que trata
Art. 254. É proibido ao pedestre: este Código toda vez que houver responsabilidade solidária
I - permanecer ou andar nas pistas de rolamento, exce- em infração dos preceitos que lhes couber observar,
to para cruzá-las onde for permitido; respondendo cada um de per si pela falta em comum que
II - cruzar pistas de rolamento nos viadutos, pontes, ou lhes for atribuída.
túneis, salvo onde exista permissão; § 2º Ao proprietário caberá sempre a responsabilidade
III - atravessar a via dentro das áreas de cruzamento, pela infração referente à prévia regularização e
salvo quando houver sinalização para esse fim; preenchimento das formalidades e condições exigidas
IV - utilizar-se da via em agrupamentos capazes de para o trânsito do veículo na via terrestre, conservação
perturbar o trânsito, ou para a prática de qualquer folgue- e inalterabilidade de suas características, componentes,
do, esporte, desfiles e similares, salvo em casos especiais e agregados, habilitação legal e compatível de seus
com a devida licença da autoridade competente; condutores, quando esta for exigida, e outras disposições
V - andar fora da faixa própria, passarela, passagem que deva observar.
aérea ou subterrânea; § 3º Ao condutor caberá a responsabilidade pelas
VI - desobedecer à sinalização de trânsito específica; infrações decorrentes de atos praticados na direção do
Infração - leve; veículo.

118
NOÇÕES DE DIREITO

§ 4º O embarcador é responsável pela infração relativa § 3o (VETADO).   (Incluído pela Lei nº 12.619, de


ao transporte de carga com excesso de peso nos eixos ou 2012) (Vigência)
no peso bruto total, quando simultaneamente for o único § 4o   Ao condutor identificado no ato da infração
remetente da carga e o peso declarado na nota fiscal, fatura será atribuída pontuação pelas infrações de sua
ou manifesto for inferior àquele aferido. responsabilidade, nos termos previstos no § 3o do art. 257,
§ 5º O transportador é o responsável pela infração excetuando-se aquelas praticadas por passageiros usuários
relativa ao transporte de carga com excesso de peso nos do serviço de transporte rodoviário de passageiros em
eixos ou quando a carga proveniente de mais de um viagens de longa distância transitando em rodovias com
embarcador ultrapassar o peso bruto total. a utilização de ônibus, em linhas regulares intermunicipal,
§ 6º O transportador e o embarcador são solidariamente interestadual, internacional e aquelas em viagem de
responsáveis pela infração relativa ao excesso de peso longa distância por fretamento e turismo ou de qualquer
bruto total, se o peso declarado na nota fiscal, fatura ou modalidade, excetuadas as situações regulamentadas pelo
manifesto for superior ao limite legal. Contran a teor do art. 65 da Lei no 9.503, de 23 de setem-
§ 7º Não sendo imediata a identificação do infrator, o bro de 1997 - Código de Trânsito Brasileiro.     (Incluído pela
proprietário do veículo terá quinze dias de prazo, após a Lei nº 13.103, de 2015)  (Vigência)
notificação da autuação, para apresentá-lo, na forma em
Art. 260. As multas serão impostas e arrecadadas pelo
que dispuser o CONTRAN, ao fim do qual, não o fazendo,
órgão ou entidade de trânsito com circunscrição sobre a
será considerado responsável pela infração.
via onde haja ocorrido a infração, de acordo com a compe-
§ 8º Após o prazo previsto no parágrafo anterior, não
tência estabelecida neste Código.
havendo identificação do infrator e sendo o veículo de
propriedade de pessoa jurídica, será lavrada nova multa ao § 1º As multas decorrentes de infração cometida
proprietário do veículo, mantida a originada pela infração, em unidade da Federação diversa da do licenciamento
cujo valor é o da multa multiplicada pelo número de do veículo serão arrecadadas e compensadas na forma
infrações iguais cometidas no período de doze meses. estabelecida pelo CONTRAN.
§ 9º O fato de o infrator ser pessoa jurídica não o exime § 2º As multas decorrentes de infração cometida em
do disposto no § 3º do art. 258 e no art. 259. unidade da Federação diversa daquela do licenciamento
Art. 258. As infrações punidas com multa classificam- do veículo poderão ser comunicadas ao órgão ou entidade
-se, de acordo com sua gravidade, em quatro categorias: responsável pelo seu licenciamento, que providenciará a
I - infração de natureza gravíssima, punida com mul- notificação.
ta no valor de R$ 293,47 (duzentos e noventa e três reais § 3º  (Revogado pela Lei nº 9.602, de 1998)
e quarenta e sete centavos);   (Redação dada pela Lei nº § 4º Quando a infração for cometida com veículo
13.281, de 2016)      (Vigência) licenciado no exterior, em trânsito no território nacional,
II - infração de natureza grave, punida com multa no a multa respectiva deverá ser paga antes de sua saída do
valor de R$ 195,23 (cento e noventa e cinco reais e vin- País, respeitado o princípio de reciprocidade.
te e três centavos);  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de Art. 261.  A penalidade de suspensão do direito de di-
2016)      (Vigência) rigir será imposta nos seguintes casos:  (Redação dada pela
III - infração de natureza média, punida com mul- Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
ta no valor de R$ 130,16 (cento e trinta reais e dezes- I - sempre que o infrator atingir a contagem de 20
seis centavos);  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de (vinte) pontos, no período de 12 (doze) meses, conforme a
2016)      (Vigência) pontuação prevista no art. 259;  (Incluído pela Lei nº 13.281,
IV - infração de natureza leve, punida com mul- de 2016)      (Vigência)
ta no valor de R$ 88,38 (oitenta e oito reais e trinta e II - por transgressão às normas estabelecidas neste Có-
oito centavos).  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de digo, cujas infrações preveem, de forma específica, a pena-
2016)      (Vigência) lidade de suspensão do direito de dirigir. (Incluído pela Lei
§ 1º (Revogado).  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de
nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
2016)      (Vigência)
§ 1º   Os prazos para aplicação da penalidade de
§ 2º Quando se tratar de multa agravada, o fator
suspensão do direito de dirigir são os seguintes:  (Redação
multiplicador ou índice adicional específico é o previsto
dada pela Lei nº 13.281, de 2016)     (Vigência)
neste Código.
§ 3º  (VETADO)  I - no caso do inciso I do caput: de 6 (seis) meses a
§ 4º  (VETADO) 1 (um) ano e, no caso de reincidência no período de 12
Art. 259. A cada infração cometida são computados os (doze) meses, de 8 (oito) meses a 2 (dois) anos;  (Incluído
seguintes números de pontos: pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
I - gravíssima - sete pontos;  II - no caso do inciso II do caput: de 2 (dois) a 8 (oito)
II - grave - cinco pontos; meses, exceto para as infrações com prazo descrito no dis-
III - média - quatro pontos; positivo infracional, e, no caso de reincidência no período
IV - leve - três pontos. de 12 (doze) meses, de 8 (oito) a 18 (dezoito) meses, res-
§ 1º  (VETADO) peitado o disposto no inciso II do art. 263.  (Incluído pela
§ 2º  (VETADO) Lei nº 13.281, de 2016)     (Vigência)

119
NOÇÕES DE DIREITO

§ 2º Quando ocorrer a suspensão do direito de dirigir, Art. 264.  (VETADO)


a Carteira Nacional de Habilitação será devolvida a seu ti- Art. 265. As penalidades de suspensão do direito de di-
tular imediatamente após cumprida a penalidade e o curso rigir e de cassação do documento de habilitação serão apli-
de reciclagem. cadas por decisão fundamentada da autoridade de trânsito
 § 3o  A imposição da penalidade de suspensão do competente, em processo administrativo, assegurado ao
direito de dirigir elimina os 20 (vinte) pontos computados infrator amplo direito de defesa.
para fins de contagem subsequente.  (Incluído pela Lei nº Art. 266. Quando o infrator cometer, simultaneamente,
12.547, de 2011) duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativa-
§ 4o (VETADO).  (Incluído pela Lei nº 12.619, de 2012) mente, as respectivas penalidades.
(Vigência) Art. 267. Poderá ser imposta a penalidade de adver-
§ 5º  O condutor que exerce atividade remunerada em tência por escrito à infração de natureza leve ou média,
veículo, habilitado na categoria C, D ou E, poderá optar por passível de ser punida com multa, não sendo reincidente o
participar de curso preventivo de reciclagem sempre que, infrator, na mesma infração, nos últimos doze meses, quan-
no período de 1 (um) ano, atingir 14 (quatorze) pontos, do a autoridade, considerando o prontuário do infrator, en-
conforme regulamentação do Contran.  (Redação dada tender esta providência como mais educativa.
pela Lei nº 13.281, de 2016)     (Vigência) § 1º A aplicação da advertência por escrito não elide
§ 6o Concluído o curso de reciclagem previsto no § 5o, o acréscimo do valor da multa prevista no § 3º do art. 258,
o condutor terá eliminados os pontos que lhe tiverem sido imposta por infração posteriormente cometida.
atribuídos, para fins de contagem subsequente.  (Incluído § 2º O disposto neste artigo aplica-se igualmente
pela Lei nº 13.154, de 2015) aos pedestres, podendo a multa ser transformada na
§ 7º   O motorista que optar pelo curso previsto participação do infrator em cursos de segurança viária, a
no § 5º  não poderá fazer nova opção no período de 12 critério da autoridade de trânsito.
(doze) meses.   (Redação dada pela Lei nº 13.281, de Art. 268. O infrator será submetido a curso de recicla-
2016)      (Vigência) gem, na forma estabelecida pelo CONTRAN:
§ 8o A pessoa jurídica concessionária ou permissionária I - quando, sendo contumaz, for necessário à sua ree-
de serviço público tem o direito de ser informada dos ducação;
pontos atribuídos, na forma do art. 259, aos motoristas II - quando suspenso do direito de dirigir;
que integrem seu quadro funcional, exercendo atividade III - quando se envolver em acidente grave para o qual
remunerada ao volante, na forma que dispuser o haja contribuído, independentemente de processo judicial;
Contran.  (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015) IV - quando condenado judicialmente por delito de
§ 9º  Incorrerá na infração prevista no inciso II do art. 162 trânsito;
o condutor que, notificado da penalidade de que trata este V - a qualquer tempo, se for constatado que o condu-
artigo, dirigir veículo automotor em via pública.  (Incluído tor está colocando em risco a segurança do trânsito;
pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) VI - em outras situações a serem definidas pelo CON-
   § 10.  O processo de suspensão do direito de TRAN.
dirigir referente ao inciso II do caput deste artigo deverá
ser instaurado concomitantemente com o processo de CAPÍTULO XVII
aplicação da penalidade de multa.  (Incluído pela Lei nº DAS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS
13.281, de 2016)      (Vigência)
   § 11.  O Contran regulamentará as disposições deste Art. 269. A autoridade de trânsito ou seus agentes,
artigo.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) na esfera das competências estabelecidas neste Código
Art. 262.  (Revogado pela Lei nº 13.281, de e dentro de sua circunscrição, deverá adotar as seguintes
2016)      (Vigência) medidas administrativas:
Art. 263. A cassação do documento de habilitação dar- I - retenção do veículo;
-se-á: II - remoção do veículo;
I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator con- III - recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação;
duzir qualquer veículo; IV - recolhimento da Permissão para Dirigir;
II - no caso de reincidência, no prazo de doze meses, V - recolhimento do Certificado de Registro;
das infrações previstas no inciso III do art. 162 e nos arts. VI - recolhimento do Certificado de Licenciamento
163, 164, 165, 173, 174 e 175; Anual;
III - quando condenado judicialmente por delito de VII -  (VETADO)
trânsito, observado o disposto no art. 160. VIII - transbordo do excesso de carga;
§ 1º Constatada, em processo administrativo, a IX - realização de teste de dosagem de alcoolemia ou
irregularidade na expedição do documento de habilitação, perícia de substância entorpecente ou que determine de-
a autoridade expedidora promoverá o seu cancelamento. pendência física ou psíquica;
§ 2º Decorridos dois anos da cassação da Carteira X - recolhimento de animais que se encontrem soltos
Nacional de Habilitação, o infrator poderá requerer sua nas vias e na faixa de domínio das vias de circulação, res-
reabilitação, submetendo-se a todos os exames necessários tituindo-os aos seus proprietários, após o pagamento de
à habilitação, na forma estabelecida pelo CONTRAN. multas e encargos devidos.

120
NOÇÕES DE DIREITO

XI - realização de exames de aptidão física, mental, de   § 2o A liberação do veículo removido é condicionada
legislação, de prática de primeiros socorros e de direção ao reparo de qualquer componente ou equipamento
veicular. (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998) obrigatório que não esteja em perfeito estado de
§ 1º A ordem, o consentimento, a fiscalização, as funcionamento.(Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
medidas administrativas e coercitivas adotadas pelas § 3º  Se o reparo referido no § 2º demandar providência
autoridades de trânsito e seus agentes terão por objetivo que não possa ser tomada no depósito, a autoridade
prioritário a proteção à vida e à incolumidade física da responsável pela remoção liberará o veículo para reparo,
pessoa. na forma transportada, mediante autorização, assinalando
§ 2º As medidas administrativas previstas neste artigo prazo para reapresentação.   (Redação dada pela Lei nº
não elidem a aplicação das penalidades impostas por 13.281, de 2016)
infrações estabelecidas neste Código, possuindo caráter   § 4º  Os serviços de remoção, depósito e guarda
complementar a estas. de veículo poderão ser realizados por órgão público,
§ 3º São documentos de habilitação a Carteira Nacional diretamente, ou por particular contratado por licitação
de Habilitação e a Permissão para Dirigir. pública, sendo o proprietário do veículo o responsável pelo
§ 4º Aplica-se aos animais recolhidos na forma do pagamento dos custos desses serviços.  (Redação dada
inciso X o disposto nos arts. 271 e 328, no que couber. pela Lei nº 13.281, de 2016)
Art. 270. O veículo poderá ser retido nos casos expres- § 5o O proprietário ou o condutor deverá ser notificado,
sos neste Código. no ato de remoção do veículo, sobre as providências
§ 1º Quando a irregularidade puder ser sanada no necessárias à sua restituição e sobre o disposto no art. 328,
local da infração, o veículo será liberado tão logo seja conforme regulamentação do CONTRAN.(Incluído pela Lei
regularizada a situação. nº 13.160, de 2015)
§ 2o  Não sendo possível sanar a falha no local da § 6º  Caso o proprietário ou o condutor não esteja
infração, o veículo, desde que ofereça condições de presente no momento da remoção do veículo, a autoridade
segurança para circulação, poderá ser liberado e entregue a de trânsito, no prazo de 10 (dez) dias contado da data da
condutor regularmente habilitado, mediante recolhimento remoção, deverá expedir ao proprietário a notificação
do Certificado de Licenciamento Anual, contra apresentação prevista no § 5º, por remessa postal ou por outro meio
de recibo, assinalando-se prazo razoável ao condutor para
tecnológico hábil que assegure a sua ciência, e, caso reste
regularizar a situação, para o que se considerará, desde
frustrada, a notificação poderá ser feita por edital.   (Reda-
logo, notificado.(Redação dada pela Lei nº 13.160, de 2015)
ção dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 3º O Certificado de Licenciamento Anual será
  § 7o  A notificação devolvida por desatualização do
devolvido ao condutor no órgão ou entidade aplicadores
endereço do proprietário do veículo ou por recusa desse
das medidas administrativas, tão logo o veículo seja
de recebê-la será considerada recebida para todos os
apresentado à autoridade devidamente regularizado.
efeitos(Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 4º  Não se apresentando condutor habilitado no local
da infração, o veículo será removido a depósito, aplicando-   § 8o Em caso de veículo licenciado no exterior, a
se neste caso o disposto no art. 271. (Redação dada pela notificação será feita por edital.(Incluído pela Lei nº 13.160,
Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) de 2015)
§ 5º A critério do agente, não se dará a retenção   § 9o  Não caberá remoção nos casos em que a
imediata, quando se tratar de veículo de transporte coletivo irregularidade puder ser sanada no local da infração.
transportando passageiros ou veículo transportando (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
produto perigoso ou perecível, desde que ofereça   § 10.  O pagamento das despesas de remoção e estada
condições de segurança para circulação em via pública. será correspondente ao período integral, contado em dias,
§ 6º  Não efetuada a regularização no prazo a que se em que efetivamente o veículo permanecer em depósito,
refere o   § 2o, será feito registro de restrição administrativa limitado ao prazo de 6 (seis) meses.  (Incluído pela Lei nº
no Renavam por órgão ou entidade executivo de trânsito 13.281, de 2016)
dos Estados e do Distrito Federal, que será retirada após § 11.  Os custos dos serviços de remoção e estada
comprovada a regularização.(Incluído pela Lei nº 13.160, de prestados por particulares poderão ser pagos pelo
2015) proprietário diretamente ao contratado.  (Incluído pela Lei
 § 7o O descumprimento das obrigações estabelecidas nº 13.281, de 2016)
no § 2o resultará em recolhimento do veículo ao depósito, § 12.  O disposto no § 11 não afasta a possibilidade de
aplicando-se, nesse caso, o disposto no art. 271.(Incluído o respectivo ente da Federação estabelecer a cobrança por
pela Lei nº 13.160, de 2015) meio de taxa instituída em lei. (Incluído pela Lei nº 13.281,
Art. 271. O veículo será removido, nos casos previstos de 2016)
neste Código, para o depósito fixado pelo órgão ou entida- § 13.  No caso de o proprietário do veículo objeto do
de competente, com circunscrição sobre a via. recolhimento comprovar, administrativa ou judicialmente,
 § 1o A restituição do veículo removido só ocorrerá que o recolhimento foi indevido ou que houve abuso no
mediante prévio pagamento de multas, taxas e despesas período de retenção em depósito, é da responsabilidade
com remoção e estada, além de outros encargos previstos do ente público a devolução das quantias pagas por força
na legislação específica.(Incluído pela Lei nº 13.160, de deste artigo, segundo os mesmos critérios da devolução
2015) de multas indevidas.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)

121
NOÇÕES DE DIREITO

Art. 272. O recolhimento da Carteira Nacional de Habi- Parágrafo único. No caso de fuga do condutor à ação
litação e da Permissão para Dirigir dar-se-á mediante reci- policial, a apreensão do veículo dar-se-á tão logo seja loca-
bo, além dos casos previstos neste Código, quando houver lizado, aplicando-se, além das penalidades em que incorre,
suspeita de sua inautenticidade ou adulteração. as estabelecidas no art. 210.
Art. 273. O recolhimento do Certificado de Registro Art. 279. Em caso de acidente com vítima, envolvendo
dar-se-á mediante recibo, além dos casos previstos neste veículo equipado com registrador instantâneo de veloci-
Código, quando: dade e tempo, somente o perito oficial encarregado do
I - houver suspeita de inautenticidade ou adulteração; levantamento pericial poderá retirar o disco ou unidade
II - se, alienado o veículo, não for transferida sua pro- armazenadora do registro.
priedade no prazo de trinta dias.
Art. 274. O recolhimento do Certificado de Licencia- CAPÍTULO XVIII
mento Anual dar-se-á mediante recibo, além dos casos DO PROCESSO ADMINISTRATIVO
previstos neste Código, quando: Seção I
I - houver suspeita de inautenticidade ou adulteração; Da Autuação
II - se o prazo de licenciamento estiver vencido;
III - no caso de retenção do veículo, se a irregularidade Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de
não puder ser sanada no local. trânsito, lavrar-se-á auto de infração, do qual constará:
Art. 275. O transbordo da carga com peso excedente I - tipificação da infração;
é condição para que o veículo possa prosseguir viagem e II - local, data e hora do cometimento da infração;
será efetuado às expensas do proprietário do veículo, sem III - caracteres da placa de identificação do veículo, sua
prejuízo da multa aplicável. marca e espécie, e outros elementos julgados necessários
Parágrafo único. Não sendo possível desde logo aten- à sua identificação;
der ao disposto neste artigo, o veículo será recolhido ao IV - o prontuário do condutor, sempre que possível;
depósito, sendo liberado após sanada a irregularidade e V - identificação do órgão ou entidade e da autorida-
pagas as despesas de remoção e estada. de ou agente autuador ou equipamento que comprovar a
Art. 276.  Qualquer concentração de álcool por litro de
infração;
sangue ou por litro de ar alveolar sujeita o condutor às pe-
VI - assinatura do infrator, sempre que possível, valen-
nalidades previstas no art. 165. (Redação dada pela Lei nº
do esta como notificação do cometimento da infração.
12.760, de 2012)
§ 1º (VETADO)
Parágrafo único. O Contran disciplinará as margens
§ 2º A infração deverá ser comprovada por declaração
de tolerância quando a infração for apurada por meio de
da autoridade ou do agente da autoridade de trânsito,
aparelho de medição, observada a legislação metrológi-
por aparelho eletrônico ou por equipamento audiovisual,
ca.  (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
reações químicas ou qualquer outro meio tecnologicamente
Art. 277.  O condutor de veículo automotor envolvido
em acidente de trânsito ou que for alvo de fiscalização de disponível, previamente regulamentado pelo CONTRAN.
trânsito poderá ser submetido a teste, exame clínico, pe- § 3º Não sendo possível a autuação em flagrante, o
rícia ou outro procedimento que, por meios técnicos ou agente de trânsito relatará o fato à autoridade no próprio
científicos, na forma disciplinada pelo Contran, permita auto de infração, informando os dados a respeito do
certificar influência de álcool ou outra substância psicoati- veículo, além dos constantes nos incisos I, II e III, para o
va que determine dependência.  (Redação dada pela Lei nº procedimento previsto no artigo seguinte.
12.760, de 2012) § 4º O agente da autoridade de trânsito competente
§ 1o  (Revogado).  (Redação dada pela Lei nº 12.760, para lavrar o auto de infração poderá ser servidor civil,
de 2012) estatutário ou celetista ou, ainda, policial militar designado
§ 2o  A infração prevista no art. 165 também poderá pela autoridade de trânsito com jurisdição sobre a via no
ser caracterizada mediante imagem, vídeo, constatação de âmbito de sua competência.
sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran,
alteração da capacidade psicomotora ou produção de Seção II
quaisquer outras provas em direito admitidas.   (Redação Do Julgamento das Autuações e Penalidades
dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
  § 3º  Serão aplicadas as penalidades e medidas Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da compe-
administrativas estabelecidas no art. 165-A deste Código tência estabelecida neste Código e dentro de sua circuns-
ao condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos crição, julgará a consistência do auto de infração e aplicará
procedimentos previstos no caput deste artigo.  (Redação a penalidade cabível.
dada pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e
Art. 278. Ao condutor que se evadir da fiscalização, seu registro julgado insubsistente:
não submetendo veículo à pesagem obrigatória nos pon- I - se considerado inconsistente ou irregular;
tos de pesagem, fixos ou móveis, será aplicada a penalida- II - se, no prazo máximo de trinta dias, não for expe-
de prevista no art. 209, além da obrigação de retornar ao dida a notificação da autuação.(Redação dada pela Lei nº
ponto de evasão para fim de pesagem obrigatória. 9.602, de 1998)

122
NOÇÕES DE DIREITO

Art. 282. Aplicada a penalidade, será expedida notifica- § 2º  O recolhimento do valor da multa não implica
ção ao proprietário do veículo ou ao infrator, por remessa renúncia ao questionamento administrativo, que pode ser
postal ou por qualquer outro meio tecnológico hábil, que realizado a qualquer momento, respeitado o disposto no §
assegure a ciência da imposição da penalidade. 1º.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
§ 1º A notificação devolvida por desatualização do § 3º  Não incidirá cobrança moratória e não poderá
endereço do proprietário do veículo será considerada ser aplicada qualquer restrição, inclusive para fins
válida para todos os efeitos. de licenciamento e transferência, enquanto não for
§ 2º A notificação a pessoal de missões diplomáticas, encerrada a instância administrativa de julgamento de
de repartições consulares de carreira e de representações infrações e penalidades.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de
de organismos internacionais e de seus integrantes será 2016)      (Vigência)
remetida ao Ministério das Relações Exteriores para as § 4º  Encerrada a instância administrativa de julgamento
providências cabíveis e cobrança dos valores, no caso de de infrações e penalidades, a multa não paga até o
multa. vencimento será acrescida de juros de mora equivalentes
§ 3º Sempre que a penalidade de multa for imposta a à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação
condutor, à exceção daquela de que trata o § 1º do art. 259, e de Custódia (Selic) para títulos federais acumulada
mensalmente, calculados a partir do mês subsequente
a notificação será encaminhada ao proprietário do veículo,
ao da consolidação até o mês anterior ao do pagamento,
responsável pelo seu pagamento.
e de 1% (um por cento) relativamente ao mês em que o
§ 4º Da notificação deverá constar a data do término
pagamento estiver sendo efetuado.  (Incluído pela Lei nº
do prazo para apresentação de recurso pelo responsável
13.281, de 2016)      (Vigência)
pela infração, que não será inferior a trinta dias contados Art. 285. O recurso previsto no art. 283 será interpos-
da data da notificação da penalidade. (Incluído pela Lei nº to perante a autoridade que impôs a penalidade, a qual
9.602, de 1998) remetê-lo-á à JARI, que deverá julgá-lo em até trinta dias.
§ 5º No caso de penalidade de multa, a data estabelecida § 1º O recurso não terá efeito suspensivo.
no parágrafo anterior será a data para o recolhimento de § 2º A autoridade que impôs a penalidade remeterá
seu valor.(Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998) o recurso ao órgão julgador, dentro dos dez dias úteis
Art. 282-A. O proprietário do veículo ou o condutor au- subsequentes à sua apresentação, e, se o entender intem-
tuado poderá optar por ser notificado por meio eletrônico pestivo, assinalará o fato no despacho de encaminhamen-
se o órgão do Sistema Nacional de Trânsito responsável to.
pela autuação oferecer essa opção.  (Incluído pela Lei nº § 3º Se, por motivo de força maior, o recurso não for
13.281, de 2016)      (Vigência) julgado dentro do prazo previsto neste artigo, a autoridade
§ 1º  O proprietário ou o condutor autuado que optar que impôs a penalidade, de ofício, ou por solicitação do
pela notificação por meio eletrônico deverá manter seu recorrente, poderá conceder-lhe efeito suspensivo.
cadastro atualizado no órgão executivo de trânsito do Art. 286. O recurso contra a imposição de multa poderá
Estado ou do Distrito Federal.  (Incluído pela Lei nº 13.281, ser interposto no prazo legal, sem o recolhimento do seu
de 2016)      (Vigência) valor.
§ 2º  Na hipótese de notificação por meio eletrônico, § 1º No caso de não provimento do recurso, aplicar-
o proprietário ou o condutor autuado será considerado se-á o estabelecido no parágrafo único do art. 284.
notificado 30 (trinta) dias após a inclusão da informação § 2º Se o infrator recolher o valor da multa e apresentar
no sistema eletrônico.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de recurso, se julgada improcedente a penalidade, ser-lhe-á
2016)      (Vigência) devolvida a importância paga, atualizada em UFIR ou por
§ 3º O  sistema previsto no caput  será certificado índice legal de correção dos débitos fiscais.
digitalmente, atendidos os requisitos de autenticidade, Art. 287. Se a infração for cometida em localidade di-
integridade, validade jurídica e interoperabilidade versa daquela do licenciamento do veículo, o recurso po-
derá ser apresentado junto ao órgão ou entidade de trân-
da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-
sito da residência ou domicílio do infrator.
Brasil).  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
Parágrafo único. A autoridade de trânsito que receber
Art. 283. (VETADO)
o recurso deverá remetê-lo, de pronto, à autoridade que
Art. 284. O pagamento da multa poderá ser efetuado
impôs a penalidade acompanhado das cópias dos prontuá-
até a data do vencimento expressa na notificação, por oi- rios necessários ao julgamento.
tenta por cento do seu valor. Art. 288. Das decisões da JARI cabe recurso a ser inter-
§ 1º  Caso o infrator opte pelo sistema de notificação posto, na forma do artigo seguinte, no prazo de trinta dias
eletrônica, se disponível, conforme regulamentação do contado da publicação ou da notificação da decisão.
Contran, e opte por não apresentar defesa prévia nem § 1º O recurso será interposto, da decisão do não
recurso, reconhecendo o cometimento da infração, poderá provimento, pelo responsável pela infração, e da decisão
efetuar o pagamento da multa por 60% (sessenta por de provimento, pela autoridade que impôs a penalidade.
cento) do seu valor, em qualquer fase do processo, até § 2º (Revogado pela Lei nº 12.249, de 2010)
o vencimento da multa.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de Art. 289. O recurso de que trata o artigo anterior será
2016)      (Vigência) apreciado no prazo de trinta dias:

123
NOÇÕES DE DIREITO

I - tratando-se de penalidade imposta pelo órgão ou Art. 292.  A suspensão ou a proibição de se obter a
entidade de trânsito da União: permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor
a) em caso de suspensão do direito de dirigir por mais pode ser imposta isolada ou cumulativamente com ou-
de seis meses, cassação do documento de habilitação ou tras penalidades.   (Redação dada pela Lei nº 12.971, de
penalidade por infrações gravíssimas, pelo CONTRAN; 2014)    (Vigência)
b) nos demais casos, por colegiado especial integrado Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição
pelo Coordenador-Geral da JARI, pelo Presidente da Junta de se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veícu-
que apreciou o recurso e por mais um Presidente de Junta; lo automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos.
II - tratando-se de penalidade imposta por órgão ou § 1º Transitada em julgado a sentença condenatória,
entidade de trânsito estadual, municipal ou do Distrito Fe- o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em
deral, pelos CETRAN E CONTRANDIFE, respectivamente. quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira
Parágrafo único. No caso da alínea b do inciso I, quando de Habilitação.
houver apenas uma JARI, o recurso será julgado por seus § 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de
próprios membros. se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
Art. 290. Implicam encerramento da instância adminis- automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito
trativa de julgamento de infrações e penalidades:  (Reda- de condenação penal, estiver recolhido a estabelecimento
ção dada pela Lei nº 13.281, de 2016)     (Vigência) prisional.
I - o julgamento do recurso de que tratam os arts. 288 Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação
e 289;  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) penal, havendo necessidade para a garantia da ordem pú-
II - a não interposição do recurso no prazo legal; e  (In- blica, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou
cluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante
III - o pagamento da multa, com reconhecimento da representação da autoridade policial, decretar, em decisão
infração e requerimento de encerramento do processo na motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para
fase em que se encontra, sem apresentação de defesa ou dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção.
recurso.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)  (Vigência) Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão
Parágrafo único. Esgotados os recursos, as penalidades ou a medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento
aplicadas nos termos deste Código serão cadastradas no do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito,
sem efeito suspensivo.
RENACH.
Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou
a proibição de se obter a permissão ou a habilitação será
CAPÍTULO XIX
sempre comunicada pela autoridade judiciária ao Conselho
DOS CRIMES DE TRÂNSITO
Nacional de Trânsito - CONTRAN, e ao órgão de trânsito
Seção I
do Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou
Disposições Gerais
residente.
Art. 296.  Se o réu for reincidente na prática de cri-
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos
me previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de
automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo
gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabí-
este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como veis. (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008)
a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber. Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no
§ 1o  Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão pagamento, mediante depósito judicial em favor da víti-
corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei ma, ou seus sucessores, de quantia calculada com base no
no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente disposto no § 1º do art. 49 do Código Penal, sempre que
estiver: (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 11.705, houver prejuízo material resultante do crime.
de 2008) § 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao
I - sob a influência de álcool ou qualquer outra subs- valor do prejuízo demonstrado no processo.
tância psicoativa que determine dependência;  (Incluído § 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts.
pela Lei nº 11.705, de 2008) 50 a 52 do Código Penal.
II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou § 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa
competição automobilística, de exibição ou demonstração reparatória será descontado.
de perícia em manobra de veículo automotor, não auto- Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as
rizada pela autoridade competente;  (Incluído pela Lei nº penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do veí-
11.705, de 2008) culo cometido a infração:
III - transitando em velocidade superior à máxima per- I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou
mitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros;
hora).(Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008) II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas
§ 2o  Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, ou adulteradas;
deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
da infração penal.(Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008) Habilitação;

124
NOÇÕES DE DIREITO

IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilita- Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do
ção de categoria diferente da do veículo; acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que
V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados lhe possa ser atribuída:
especiais com o transporte de passageiros ou de carga; Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados Art. 306.  Conduzir veículo automotor com capacidade
equipamentos ou características que afetem a sua segu- psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou
rança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de outra substância psicoativa que determine dependên-
de velocidade prescritos nas especificações do fabricante; cia:  (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanente- Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e
mente destinada a pedestres. suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habi-
Art. 299.  (VETADO) litação para dirigir veículo automotor.
§ 1o  As condutas previstas no caput serão constatadas
Art. 300.  (VETADO)
por:   (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de aciden-
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de
tes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 mili-
em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e in- grama de álcool por litro de ar alveolar; ou  (Incluído pela
tegral socorro àquela. Lei nº 12.760, de 2012)
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo
Seção II Contran, alteração da capacidade psicomotora.   (Incluído
Dos Crimes em Espécie pela Lei nº 12.760, de 2012)
§ 2o   A verificação do disposto neste artigo poderá
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veí- ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico,
culo automotor: exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão meios de prova em direito admitidos, observado o direito
ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para à contraprova.   (Redação dada pela Lei nº 12.971, de
dirigir veículo automotor. 2014)    (Vigência)
§ 1o  No homicídio culposo cometido na direção de § 3o  O Contran disporá sobre a equivalência entre os
veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito
à metade, se o agente:  (Incluído pela Lei nº 12.971, de de caracterização do crime tipificado neste artigo.  (Redação
2014)    (Vigência) dada pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)
Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Ha-
a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor
bilitação; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência) imposta com fundamento neste Código:
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; (In- Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com
cluído pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência) nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo ou de proibição.
sem risco pessoal, à vítima do acidente;(Incluído pela Lei nº Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o conde-
12.971, de 2014)    (Vigência) nado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no §
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de
conduzindo veículo de transporte de passageiros. (Incluído Habilitação.
pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência) Art. 308.  Participar, na direção de veículo automotor,
V -(Revogado pela Lei nº 11.705, de 2008) em via pública, de corrida, disputa ou competição auto-
§ 2o   (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) mobilística não autorizada pela autoridade competente,
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de gerando situação de risco à incolumidade pública ou priva-
veículo automotor: da:   (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)
Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspen- Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, mul-
são ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação ta e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
para dirigir veículo automotor. habilitação para dirigir veículoautomotor.  (Redação dada
pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)
Parágrafo único.  Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço)
§ 1o  Se da prática do crime previsto no caput resultar
à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art.
lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias
302.  (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência) demonstrarem que o agente não quis o resultado nem
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade
acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não po- é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das
dendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de soli- outras penas previstas neste artigo.   (Incluído pela Lei nº
citar auxílio da autoridade pública: 12.971, de 2014)    (Vigência) 
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se § 2o  Se da prática do crime previsto no caput resultar
o fato não constituir elemento de crime mais grave. morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agente
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste ar- não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a
tigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja pena privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10
suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte (dez) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste
instantânea ou com ferimentos leves. artigo. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência) 

125
NOÇÕES DE DIREITO

Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem como revisar todas as resoluções anteriores à sua publica-
a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se ção, dando prioridade àquelas que visam a diminuir o nú-
cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano: mero de acidentes e a assegurar a proteção de pedestres.
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. Parágrafo único. As resoluções do CONTRAN, existen-
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veí- tes até a data de publicação deste Código, continuam em
culo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação vigor naquilo em que não conflitem com ele.
cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a Art. 315. O Ministério da Educação e do Desporto, me-
quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por diante proposta do CONTRAN, deverá, no prazo de duzen-
embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com tos e quarenta dias contado da publicação, estabelecer o
segurança: currículo com conteúdo programático relativo à segurança
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. e à educação de trânsito, a fim de atender o disposto neste
Art. 310-A.  (VETADO)   (Incluído pela Lei nº 12.619, de Código.
2012) (Vigência) Art. 316. O prazo de notificação previsto no inciso II
Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a do parágrafo único do art. 281 só entrará em vigor após
segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações duzentos e quarenta dias contados da publicação desta Lei.
Art. 317. Os órgãos e entidades de trânsito concederão
de embarque e desembarque de passageiros, logradouros
prazo de até um ano para a adaptação dos veículos de con-
estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concen-
dução de escolares e de aprendizagem às normas do inciso
tração de pessoas, gerando perigo de dano: III do art. 136 e art. 154, respectivamente.
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. Art. 318.  (VETADO)
Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de aciden- Art. 319. Enquanto não forem baixadas novas normas
te automobilístico com vítima, na pendência do respectivo pelo CONTRAN, continua em vigor o disposto no art. 92 do
procedimento policial preparatório, inquérito policial ou Regulamento do Código Nacional de Trânsito - Decreto nº
processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, 62.127, de 16 de janeiro de 1968.
a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz: Art. 319-A.  Os valores de multas constantes deste Có-
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. digo poderão ser corrigidos monetariamente pelo Contran,
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ain- respeitado o limite da variação do Índice Nacional de Pre-
da que não iniciados, quando da inovação, o procedimento ços ao Consumidor Amplo (IPCA) no exercício anterior.  (In-
preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere. cluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
Art. 312-A.  Para os crimes relacionados nos arts. 302 Parágrafo único. Os novos valores decorrentes do
a 312 deste Código, nas situações em que o juiz aplicar disposto no caput serão divulgados pelo Contran com,
a substituição de pena privativa de liberdade por pena no mínimo, 90 (noventa) dias de antecedência de sua
restritiva de direitos, esta deverá ser de prestação de ser- aplicação.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência)
viço à comunidade ou a entidades públicas, em uma das Art. 320. A receita arrecadada com a cobrança das mul-
tas de trânsito será aplicada, exclusivamente, em sinaliza-
seguintes atividades:  (Incluído pela Lei nº 13.281, de
ção, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fisca-
2016)      (Vigência) lização e educação de trânsito.
I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate § 1º  O percentual de cinco por cento do valor das multas
dos corpos de bombeiros e em outras unidades móveis es- de trânsito arrecadadas será depositado, mensalmente, na
pecializadas no atendimento a vítimas de trânsito;  (Incluí- conta de fundo de âmbito nacional destinado à segurança
do pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) e educação de trânsito.  (Redação dada pela Lei nº 13.281,
II - trabalho em unidades de pronto-socorro de hos- de 2016)      (Vigência)
pitais da rede pública que recebem vítimas de acidente de § 2º  O órgão responsável deverá publicar, anualmente,
trânsito e politraumatizados;  (Incluído pela Lei nº 13.281, na rede mundial de computadores (internet), dados
de 2016)      (Vigência) sobre a receita arrecadada com a cobrança de multas de
III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas trânsito e sua destinação.  (Incluído pela Lei nº 13. 281, de
na recuperação de acidentados de trânsito;  (Incluído pela 2016)      (Vigência)
Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) Art. 320-A.  Os órgãos e as entidades do Sistema Na-
IV - outras atividades relacionadas ao resgate, aten- cional de Trânsito poderão integrar-se para a ampliação e
dimento e recuperação de vítimas de acidentes de trânsi- o aprimoramento da fiscalização de trânsito, inclusive por
to.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)     (Vigência) meio do compartilhamento da receita arrecadada com a
cobrança das multas de trânsito.  (Redação dada pela Lei
nº 13.281, de 2016)
CAPÍTULO XX
Art. 321.  (VETADO)
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 322.  (VETADO)
Art. 323. O CONTRAN, em cento e oitenta dias, fixará a
Art. 313. O Poder Executivo promoverá a nomeação metodologia de aferição de peso de veículos, estabelecen-
dos membros do CONTRAN no prazo de sessenta dias da do percentuais de tolerância, sendo durante este período
publicação deste Código. suspensa a vigência das penalidades previstas no inciso V
Art. 314. O CONTRAN tem o prazo de duzentos e qua- do art. 231, aplicando-se a penalidade de vinte UFIR por
renta dias a partir da publicação deste Código para expe- duzentos quilogramas ou fração de excesso.
dir as resoluções necessárias à sua melhor execução, bem

126
NOÇÕES DE DIREITO

Parágrafo único. Os limites de tolerância a que se refere § 4o É vedado o retorno do veículo leiloado como
este artigo, até a sua fixação pelo CONTRAN, são aque- sucata à circulação.  (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
les estabelecidos pela Lei nº 7.408, de 25 de novembro de § 5o A cobrança das despesas com estada no depósito
1985. será limitada ao prazo de seis meses.  (Incluído pela Lei nº
Art. 324.  (VETADO) 13.160, de 2015)
Art. 325.  As repartições de trânsito conservarão por, § 6o Os valores arrecadados em leilão deverão ser
no mínimo, 5 (cinco) anos os documentos relativos à ha- utilizados para custeio da realização do leilão, dividindo-se
bilitação de condutores, ao registro e ao licenciamento de os custos entre os veículos arrematados, proporcionalmente
veículos e aos autos de infração de trânsito.  (Redação dada ao valor da arrematação, e destinando-se os valores
pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) remanescentes, na seguinte ordem, para:  (Incluído pela Lei
§ 1º Os documentos previstos no caput poderão nº 13.160, de 2015)
ser gerados e tramitados eletronicamente, bem como
I – as despesas com remoção e estada;  (Incluído pela
arquivados e armazenados em meio digital, desde
Lei nº 13.160, de 2015)
que assegurada a autenticidade, a fidedignidade, a
confiabilidade e a segurança das informações, e serão II – os tributos vinculados ao veículo, na forma do §
válidos para todos os efeitos legais, sendo dispensada, 10;  (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
nesse caso, a sua guarda física.  (Incluído pela Lei nº 13.281, III – os credores trabalhistas, tributários e titulares de
de 2016)      (Vigência) crédito com garantia real, segundo a ordem de preferência
§ 2º  O Contran regulamentará a geração, a tramitação, estabelecida no art. 186 da Lei no 5.172, de 25 de outubro
o arquivamento, o armazenamento e a eliminação de de 1966 (Código Tributário Nacional); (Incluído pela Lei nº
documentos eletrônicos e físicos gerados em decorrência 13.160, de 2015)
da aplicação das disposições deste Código.  (Incluído pela IV – as multas devidas ao órgão ou à entidade respon-
Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) sável pelo leilão;  (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 3º  Na hipótese prevista nos §§ 1º e 2º, o sistema de- V – as demais multas devidas aos órgãos integrantes
verá ser certificado digitalmente, atendidos os requisitos de do Sistema Nacional de Trânsito, segundo a ordem crono-
autenticidade, integridade, validade jurídica e interoperabi- lógica; e  (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
lidade da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP- VI – os demais créditos, segundo a ordem de preferên-
-Brasil).  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) cia legal.  (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
Art. 326. A Semana Nacional de Trânsito será comemo- § 7o Sendo insuficiente o valor arrecadado para quitar
rada anualmente no período compreendido entre 18 e 25 os débitos incidentes sobre o veículo, a situação será
de setembro.
comunicada aos credores.  (Incluído pela Lei nº 13.160, de
Art. 327. A partir da publicação deste Código, somen-
2015)
te poderão ser fabricados e licenciados veículos que obe-
deçam aos limites de peso e dimensões fixados na forma § 8o Os órgãos públicos responsáveis serão comunicados
desta Lei, ressalvados os que vierem a ser regulamentados do leilão previamente para que formalizem a desvinculação
pelo CONTRAN. dos ônus incidentes sobre o veículo no prazo máximo de
Parágrafo único.  (VETADO) dez dias.  (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
Art. 328. O veículo apreendido ou removido a qualquer § 9o Os débitos incidentes sobre o veículo antes da
título e não reclamado por seu proprietário dentro do pra- alienação administrativa ficam dele automaticamente
zo de sessenta dias, contado da data de recolhimento, será desvinculados, sem prejuízo da cobrança contra o
avaliado e levado a leilão, a ser realizado preferencialmente proprietário anterior.  (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
por meio eletrônico.  (Redação dada pela Lei nº 13.160, de § 10. Aplica-se o disposto no § 9o inclusive ao débito
2015) relativo a tributo cujo fato gerador seja a propriedade, o
§ 1o Publicado o edital do leilão, a preparação domínio útil, a posse, a circulação ou o licenciamento de
poderá ser iniciada após trinta dias, contados da data de veículo.  (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
recolhimento do veículo, o qual será classificado em duas § 11. Na hipótese de o antigo proprietário reaver o
categorias:  (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) veículo, por qualquer meio, os débitos serão novamente
I – conservado, quando apresenta condições de segu- vinculados ao bem, aplicando-se, nesse caso, o disposto
rança para trafegar; e  (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) nos §§ 1o, 2o e 3o do art. 271.  (Incluído pela Lei nº 13.160,
II – sucata, quando não está apto a trafegar.  (Incluído
de 2015)
pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 12. Quitados os débitos, o saldo remanescente será
§ 2o Se não houver oferta igual ou superior ao valor da
avaliação, o lote será incluído no leilão seguinte, quando depositado em conta específica do órgão responsável
será arrematado pelo maior lance, desde que por valor não pela realização do leilão e ficará à disposição do antigo
inferior a cinquenta por cento do avaliado.  (Incluído pela proprietário, devendo ser expedida notificação a ele, no
Lei nº 13.160, de 2015) máximo em trinta dias após a realização do leilão, para o
§ 3o  Mesmo classificado como conservado, o veículo levantamento do valor no prazo de cinco anos, após os
que for levado a leilão por duas vezes e não for arrematado quais o valor será transferido, definitivamente, para o fundo
será leiloado como sucata.  (Incluído pela Lei nº 13.160, de a que se refere o parágrafo único do art. 320.  (Incluído pela
2015) Lei nº 13.160, de 2015)

127
NOÇÕES DE DIREITO

§ 13. Aplica-se o disposto neste artigo, no que couber, IV - nome, endereço e identidade do comprador;
ao animal recolhido, a qualquer título, e não reclamado V - características do veículo constantes do seu certifi-
por seu proprietário no prazo de sessenta dias, a contar cado de registro;
da data de recolhimento, conforme regulamentação do VI - número da placa de experiência.
CONTRAN.  (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) § 2º Os livros terão suas páginas numeradas
§ 14.  Se identificada a existência de restrição policial tipograficamente e serão encadernados ou em folhas soltas,
ou judicial sobre o prontuário do veículo, a autoridade sendo que, no primeiro caso, conterão termo de abertura
responsável pela restrição será notificada para a retirada e encerramento lavrados pelo proprietário e rubricados
do bem do depósito, mediante a quitação das despesas pela repartição de trânsito, enquanto, no segundo, todas
com remoção e estada, ou para a autorização do leilão nos as folhas serão autenticadas pela repartição de trânsito.
termos deste artigo.  (Redação dada pela Lei nº 13.281, de § 3º A entrada e a saída de veículos nos estabelecimentos
2016)      (Vigência) referidos neste artigo registrar-se-ão no mesmo dia em
  § 15.  Se no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da que se verificarem assinaladas, inclusive, as horas a elas
notificação de que trata o § 14, não houver manifestação correspondentes, podendo os veículos irregulares lá
da autoridade responsável pela restrição judicial ou policial, encontrados ou suas sucatas ser apreendidos ou retidos
estará o órgão de trânsito autorizado a promover o leilão para sua completa regularização.
do veículo nos termos deste artigo.  (Incluído pela Lei nº § 4º As autoridades de trânsito e as autoridades
13.281, de 2016)     (Vigência) policiais terão acesso aos livros sempre que o solicitarem,
  § 16.  Os veículos, sucatas e materiais inservíveis de não podendo, entretanto, retirá-los do estabelecimento.
bens automotores que se encontrarem nos depósitos há § 5º A falta de escrituração dos livros, o atraso, a fraude
mais de 1 (um) ano poderão ser destinados à reciclagem, ao realizá-lo e a recusa de sua exibição serão punidas com a
independentemente da existência de restrições sobre o multa prevista para as infrações gravíssimas, independente
veículo.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)      (Vigência) das demais cominações legais cabíveis.
  § 17.  O procedimento de hasta pública na hipótese § 6o Os livros previstos neste artigo poderão ser
do § 16 será realizado por lote de tonelagem de material substituídos por sistema eletrônico, na forma regulamentada
ferroso, observando-se, no que couber, o disposto neste pelo Contran. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
artigo, condicionando-se a entrega do material arrematado Art. 331. Até a nomeação e posse dos membros que
aos procedimentos necessários à descaracterização passarão a integrar os colegiados destinados ao julgamen-
total do bem e à destinação exclusiva, ambientalmente to dos recursos administrativos previstos na Seção II do Ca-
adequada, à reciclagem siderúrgica, vedado qualquer pítulo XVIII deste Código, o julgamento dos recursos ficará
aproveitamento de peças e partes.  (Incluído pela Lei nº a cargo dos órgãos ora existentes.
13.281, de 2016)      (Vigência) Art. 332. Os órgãos e entidades integrantes do Siste-
  § 18.  Os veículos sinistrados irrecuperáveis queimados, ma Nacional de Trânsito proporcionarão aos membros do
adulterados ou estrangeiros, bem como aqueles sem CONTRAN, CETRAN e CONTRANDIFE, em serviço, todas as
possibilidade de regularização perante o órgão de trânsito, facilidades para o cumprimento de sua missão, fornecen-
serão destinados à reciclagem, independentemente do-lhes as informações que solicitarem, permitindo-lhes
do período em que estejam em depósito, respeitado inspecionar a execução de quaisquer serviços e deverão
o prazo previsto no  caput  deste artigo, sempre que atender prontamente suas requisições.
a autoridade responsável pelo leilão julgar ser essa a Art. 333. O CONTRAN estabelecerá, em até cento e vin-
medida apropriada.  (Incluído pela Lei nº 13.281, de te dias após a nomeação de seus membros, as disposições
2016)      (Vigência) previstas nos arts. 91 e 92, que terão de ser atendidas pelos
Art. 329. Os condutores dos veículos de que tratam os órgãos e entidades executivos de trânsito e executivos ro-
arts. 135 e 136, para exercerem suas atividades, deverão doviários para exercerem suas competências.
apresentar, previamente, certidão negativa do registro de § 1º Os órgãos e entidades de trânsito já existentes
distribuição criminal relativamente aos crimes de homicí- terão prazo de um ano, após a edição das normas, para
dio, roubo, estupro e corrupção de menores, renovável a se adequarem às novas disposições estabelecidas pelo
cada cinco anos, junto ao órgão responsável pela respecti- CONTRAN, conforme disposto neste artigo.
va concessão ou autorização. § 2º Os órgãos e entidades de trânsito a serem criados
Art. 330. Os estabelecimentos onde se executem re- exercerão as competências previstas neste Código em
formas ou recuperação de veículos e os que comprem, cumprimento às exigências estabelecidas pelo CONTRAN,
vendam ou desmontem veículos, usados ou não, são obri- conforme disposto neste artigo, acompanhados pelo
gados a possuir livros de registro de seu movimento de en- respectivo CETRAN, se órgão ou entidade municipal, ou
trada e saída e de uso de placas de experiência, conforme CONTRAN, se órgão ou entidade estadual, do Distrito
modelos aprovados e rubricados pelos órgãos de trânsito. Federal ou da União, passando a integrar o Sistema
§ 1º Os livros indicarão: Nacional de Trânsito.
I - data de entrada do veículo no estabelecimento; Art. 334. As ondulações transversais existentes deverão
II - nome, endereço e identidade do proprietário ou ser homologadas pelo órgão ou entidade competente no
vendedor; prazo de um ano, a partir da publicação deste Código, de-
III - data da saída ou baixa, nos casos de desmontagem; vendo ser retiradas em caso contrário.

128
NOÇÕES DE DIREITO

Art. 335.  (VETADO) BALANÇO TRASEIRO - distância entre o plano vertical


Art. 336. Aplicam-se os sinais de trânsito previstos no passando pelos centros das rodas traseiras extremas e o
Anexo II até a aprovação pelo CONTRAN, no prazo de tre- ponto mais recuado do veículo, considerando-se todos os
zentos e sessenta dias da publicação desta Lei, após a ma- elementos rigidamente fixados ao mesmo.
nifestação da Câmara Temática de Engenharia, de Vias e BICICLETA - veículo de propulsão humana, dotado de
Veículos e obedecidos os padrões internacionais. duas rodas, não sendo, para efeito deste Código, similar à
Art. 337. Os CETRAN terão suporte técnico e financeiro motocicleta, motoneta e ciclomotor.
dos Estados e Municípios que os compõem e, o CONTRAN- BICICLETÁRIO - local, na via ou fora dela, destinado ao
DIFE, do Distrito Federal. estacionamento de bicicletas.
Art. 338. As montadoras, encarroçadoras, os importa- BONDE - veículo de propulsão elétrica que se move
dores e fabricantes, ao comerciarem veículos automotores sobre trilhos.
de qualquer categoria e ciclos, são obrigados a fornecer, BORDO DA PISTA - margem da pista, podendo ser de-
no ato da comercialização do respectivo veículo, manual marcada por linhas longitudinais de bordo que delineiam a
contendo normas de circulação, infrações, penalidades, di- parte da via destinada à circulação de veículos.
reção defensiva, primeiros socorros e Anexos do Código de CALÇADA - parte da via, normalmente segregada e
Trânsito Brasileiro. em nível diferente, não destinada à circulação de veículos,
Art. 339. Fica o Poder Executivo autorizado a abrir cré- reservada ao trânsito de pedestres e, quando possível, à
dito especial no valor de R$ 264.954,00 (duzentos e sessen- implantação de mobiliário urbano, sinalização, vegetação
ta e quatro mil, novecentos e cinquenta e quatro reais), em e outros fins.
favor do ministério ou órgão a que couber a coordenação CAMINHÃO-TRATOR - veículo automotor destinado a
máxima do Sistema Nacional de Trânsito, para atender as tracionar ou arrastar outro.
despesas decorrentes da implantação deste Código. CAMINHONETE - veículo destinado ao transporte de
Art. 340. Este Código entra em vigor cento e vinte dias carga com peso bruto total de até três mil e quinhentos
após a data de sua publicação. quilogramas.
Art. 341. Ficam revogadas as Leis nºs 5.108, de 21 de CAMIONETA - veículo misto destinado ao transporte
setembro de 1966, 5.693, de 16 de agosto de 1971, 5.820, de passageiros e carga no mesmo compartimento.
de 10 de novembro de 1972, 6.124, de 25 de outubro de CANTEIRO CENTRAL - obstáculo físico construído
1974, 6.308, de 15 de dezembro de 1975, 6.369, de 27 de como separador de duas pistas de rolamento, eventual-
outubro de 1976, 6.731, de 4 de dezembro de 1979, 7.031, mente substituído por marcas viárias (canteiro fictício).
de 20 de setembro de 1982,  7.052, de 02 de dezembro CAPACIDADE MÁXIMA DE TRAÇÃO - máximo peso que
de 1982, 8.102, de 10 de dezembro de 1990, os arts. 1º a a unidade de tração é capaz de tracionar, indicado pelo
6º e 11 do Decreto-lei nº 237, de 28 de fevereiro de 1967, e fabricante, baseado em condições sobre suas limitações de
os Decretos-leis nºs 584, de 16 de maio de 1969, 912, de 2 geração e multiplicação de momento de força e resistência
de outubro de 1969, e 2.448, de 21 de julho de 1988. dos elementos que compõem a transmissão.
Brasília, 23 de setembro de 1997; 176º da Independên- CARREATA - deslocamento em fila na via de veículos
cia e 109º da República. automotores em sinal de regozijo, de reivindicação, de pro-
testo cívico ou de uma classe.
ANEXO I CARRO DE MÃO - veículo de propulsão humana utili-
DOS CONCEITOS E DEFINIÇÕES zado no transporte de pequenas cargas.
CARROÇA - veículo de tração animal destinado ao
Para efeito deste Código adotam-se as seguintes de- transporte de carga.
finições: CATADIÓPTRICO - dispositivo de reflexão e refração
ACOSTAMENTO - parte da via diferenciada da pista de da luz utilizado na sinalização de vias e veículos (olho-de-
rolamento destinada à parada ou estacionamento de veí- -gato).
culos, em caso de emergência, e à circulação de pedestres CHARRETE - veículo de tração animal destinado ao
e bicicletas, quando não houver local apropriado para esse transporte de pessoas.
fim. CICLO - veículo de pelo menos duas rodas a propulsão
AGENTE DA AUTORIDADE DE TRÂNSITO - pessoa, civil humana.
ou policial militar, credenciada pela autoridade de trânsito CICLOFAIXA - parte da pista de rolamento destinada
para o exercício das atividades de fiscalização, operação, à circulação exclusiva de ciclos, delimitada por sinalização
policiamento ostensivo de trânsito ou patrulhamento. específica.
AR ALVEOLAR - ar expirado pela boca de um indivíduo, CICLOMOTOR - veículo de duas ou três rodas, provido
originário dos alvéolos pulmonares.  (Incluído pela Lei nº de um motor de combustão interna, cuja cilindrada não ex-
12.760, de 2012) ceda a cinquenta centímetros cúbicos (3,05 polegadas cú-
AUTOMÓVEL - veículo automotor destinado ao trans- bicas) e cuja velocidade máxima de fabricação não exceda
porte de passageiros, com capacidade para até oito pes- a cinquenta quilômetros por hora.
soas, exclusive o condutor. CICLOVIA - pista própria destinada à circulação de ci-
AUTORIDADE DE TRÂNSITO - dirigente máximo de ór- clos, separada fisicamente do tráfego comum.
gão ou entidade executivo integrante do Sistema Nacional CONVERSÃO - movimento em ângulo, à esquerda ou à
de Trânsito ou pessoa por ele expressamente credenciada. direita, de mudança da direção original do veículo.

129
NOÇÕES DE DIREITO

CRUZAMENTO - interseção de duas vias em nível. INTERRUPÇÃO DE MARCHA - imobilização do veículo


DISPOSITIVO DE SEGURANÇA - qualquer elemento que para atender circunstância momentânea do trânsito.
tenha a função específica de proporcionar maior segurança LICENCIAMENTO - procedimento anual, relativo a obri-
ao usuário da via, alertando-o sobre situações de perigo gações do proprietário de veículo, comprovado por meio
que possam colocar em risco sua integridade física e dos de documento específico (Certificado de Licenciamento
demais usuários da via, ou danificar seriamente o veículo. Anual).
ESTACIONAMENTO - imobilização de veículos por LOGRADOURO PÚBLICO - espaço livre destinado pela
tempo superior ao necessário para embarque ou desem- municipalidade à circulação, parada ou estacionamento de
barque de passageiros. veículos, ou à circulação de pedestres, tais como calçada,
ESTRADA - via rural não pavimentada. parques, áreas de lazer, calçadões.
ETILÔMETRO - aparelho destinado à medição do teor LOTAÇÃO - carga útil máxima, incluindo condutor e
alcoólico no ar alveolar.   (Incluído pela Lei nº 12.760, de passageiros, que o veículo transporta, expressa em quilo-
2012) gramas para os veículos de carga, ou número de pessoas,
FAIXAS DE DOMÍNIO - superfície lindeira às vias rurais, para os veículos de passageiros.
delimitada por lei específica e sob responsabilidade do ór- LOTE LINDEIRO - aquele situado ao longo das vias ur-
gão ou entidade de trânsito competente com circunscrição banas ou rurais e que com elas se limita.
sobre a via. LUZ ALTA - facho de luz do veículo destinado a iluminar
FAIXAS DE TRÂNSITO - qualquer uma das áreas lon- a via até uma grande distância do veículo.
gitudinais em que a pista pode ser subdividida, sinalizada LUZ BAIXA - facho de luz do veículo destinada a ilumi-
ou não por marcas viárias longitudinais, que tenham uma nar a via diante do veículo, sem ocasionar ofuscamento ou
largura suficiente para permitir a circulação de veículos au- incômodo injustificáveis aos condutores e outros usuários
tomotores. da via que venham em sentido contrário.
FISCALIZAÇÃO - ato de controlar o cumprimento das LUZ DE FREIO - luz do veículo destinada a indicar aos
normas estabelecidas na legislação de trânsito, por meio demais usuários da via, que se encontram atrás do veículo,
do poder de polícia administrativa de trânsito, no âmbi- que o condutor está aplicando o freio de serviço.
to de circunscrição dos órgãos e entidades executivos de LUZ INDICADORA DE DIREÇÃO (pisca-pisca) - luz do
trânsito e de acordo com as competências definidas neste veículo destinada a indicar aos demais usuários da via que
Código. o condutor tem o propósito de mudar de direção para a
FOCO DE PEDESTRES - indicação luminosa de permis- direita ou para a esquerda.
são ou impedimento de locomoção na faixa apropriada. LUZ DE MARCHA À RÉ - luz do veículo destinada a ilu-
FREIO DE ESTACIONAMENTO - dispositivo destinado minar atrás do veículo e advertir aos demais usuários da via
a manter o veículo imóvel na ausência do condutor ou, no que o veículo está efetuando ou a ponto de efetuar uma
caso de um reboque, se este se encontra desengatado. manobra de marcha à ré.
FREIO DE SEGURANÇA OU MOTOR - dispositivo desti- LUZ DE NEBLINA - luz do veículo destinada a aumen-
nado a diminuir a marcha do veículo no caso de falha do tar a iluminação da via em caso de neblina, chuva forte ou
freio de serviço. nuvens de pó.
FREIO DE SERVIÇO - dispositivo destinado a provocar a LUZ DE POSIÇÃO (lanterna) - luz do veículo destinada
diminuição da marcha do veículo ou pará-lo. a indicar a presença e a largura do veículo.
GESTOS DE AGENTES - movimentos convencionais de MANOBRA - movimento executado pelo condutor
braço, adotados exclusivamente pelos agentes de autori- para alterar a posição em que o veículo está no momento
dades de trânsito nas vias, para orientar, indicar o direito em relação à via.
de passagem dos veículos ou pedestres ou emitir ordens, MARCAS VIÁRIAS - conjunto de sinais constituídos de
sobrepondo-se ou completando outra sinalização ou nor- linhas, marcações, símbolos ou legendas, em tipos e cores
ma constante deste Código. diversas, apostos ao pavimento da via.
GESTOS DE CONDUTORES - movimentos convencio- MICROÔNIBUS - veículo automotor de transporte co-
nais de braço, adotados exclusivamente pelos condutores, letivo com capacidade para até vinte passageiros.
para orientar ou indicar que vão efetuar uma manobra de MOTOCICLETA - veículo automotor de duas rodas, com
mudança de direção, redução brusca de velocidade ou pa- ou sem side-car, dirigido por condutor em posição mon-
rada. tada.
ILHA - obstáculo físico, colocado na pista de rolamen- MOTONETA - veículo automotor de duas rodas, dirigi-
to, destinado à ordenação dos fluxos de trânsito em uma do por condutor em posição sentada.
interseção. MOTOR-CASA (MOTOR-HOME) - veículo automotor
INFRAÇÃO - inobservância a qualquer preceito da le- cuja carroçaria seja fechada e destinada a alojamento, es-
gislação de trânsito, às normas emanadas do Código de critório, comércio ou finalidades análogas.
Trânsito, do Conselho Nacional de Trânsito e a regulamen- NOITE - período do dia compreendido entre o pôr-do-
tação estabelecida pelo órgão ou entidade executiva do -sol e o nascer do sol.
trânsito. ÔNIBUS - veículo automotor de transporte coletivo
INTERSEÇÃO - todo cruzamento em nível, entronca- com capacidade para mais de vinte passageiros, ainda que,
mento ou bifurcação, incluindo as áreas formadas por tais em virtude de adaptações com vista à maior comodidade
cruzamentos, entroncamentos ou bifurcações. destes, transporte número menor.

130
NOÇÕES DE DIREITO

OPERAÇÃO DE CARGA E DESCARGA - imobilização do POLICIAMENTO OSTENSIVO DE TRÂNSITO - função


veículo, pelo tempo estritamente necessário ao carrega- exercida pelas Polícias Militares com o objetivo de preve-
mento ou descarregamento de animais ou carga, na forma nir e reprimir atos relacionados com a segurança pública
disciplinada pelo órgão ou entidade executivo de trânsito e de garantir obediência às normas relativas à segurança
competente com circunscrição sobre a via. de trânsito, assegurando a livre circulação e evitando aci-
OPERAÇÃO DE TRÂNSITO - monitoramento técnico dentes.
baseado nos conceitos de Engenharia de Tráfego, das con- PONTE - obra de construção civil destinada a ligar mar-
dições de fluidez, de estacionamento e parada na via, de gens opostas de uma superfície líquida qualquer.
forma a reduzir as interferências tais como veículos que- REBOQUE - veículo destinado a ser engatado atrás de
brados, acidentados, estacionados irregularmente atrapa- um veículo automotor.
lhando o trânsito, prestando socorros imediatos e informa- REGULAMENTAÇÃO DA VIA - implantação de sinaliza-
ções aos pedestres e condutores. ção de regulamentação pelo órgão ou entidade competen-
PARADA - imobilização do veículo com a finalidade e te com circunscrição sobre a via, definindo, entre outros,
pelo tempo estritamente necessário para efetuar embar- sentido de direção, tipo de estacionamento, horários e dias.
que ou desembarque de passageiros. REFÚGIO - parte da via, devidamente sinalizada e pro-
PASSAGEM DE NÍVEL - todo cruzamento de nível entre tegida, destinada ao uso de pedestres durante a travessia
uma via e uma linha férrea ou trilho de bonde com pista da mesma.
própria. RENACH - Registro Nacional de Condutores Habilita-
PASSAGEM POR OUTRO VEÍCULO - movimento de pas- dos.
sagem à frente de outro veículo que se desloca no mesmo RENAVAM - Registro Nacional de Veículos Automoto-
sentido, em menor velocidade, mas em faixas distintas da res.
via. RETORNO - movimento de inversão total de sentido da
PASSAGEM SUBTERRÂNEA - obra de arte destinada à direção original de veículos.
RODOVIA - via rural pavimentada.
transposição de vias, em desnível subterrâneo, e ao uso de
SEMI-REBOQUE - veículo de um ou mais eixos que se
pedestres ou veículos.
apoia na sua unidade tratora ou é a ela ligado por meio de
PASSARELA - obra de arte destinada à transposição de
articulação.
vias, em desnível aéreo, e ao uso de pedestres.
SINAIS DE TRÂNSITO - elementos de sinalização viária
PASSEIO - parte da calçada ou da pista de rolamento,
que se utilizam de placas, marcas viárias, equipamentos de
neste último caso, separada por pintura ou elemento físico
controle luminosos, dispositivos auxiliares, apitos e gestos,
separador, livre de interferências, destinada à circulação ex-
destinados exclusivamente a ordenar ou dirigir o trânsito
clusiva de pedestres e, excepcionalmente, de ciclistas.
dos veículos e pedestres.
PATRULHAMENTO - função exercida pela Polícia Ro-
SINALIZAÇÃO - conjunto de sinais de trânsito e dispo-
doviária Federal com o objetivo de garantir obediência às sitivos de segurança colocados na via pública com o ob-
normas de trânsito, assegurando a livre circulação e evitan- jetivo de garantir sua utilização adequada, possibilitando
do acidentes. melhor fluidez no trânsito e maior segurança dos veículos
PERÍMETRO URBANO - limite entre área urbana e área e pedestres que nela circulam.
rural. SONS POR APITO - sinais sonoros, emitidos exclusiva-
PESO BRUTO TOTAL - peso máximo que o veículo mente pelos agentes da autoridade de trânsito nas vias,
transmite ao pavimento, constituído da soma da tara mais para orientar ou indicar o direito de passagem dos veículos
a lotação. ou pedestres, sobrepondo-se ou completando sinalização
PESO BRUTO TOTAL COMBINADO - peso máximo existente no local ou norma estabelecida neste Código.
transmitido ao pavimento pela combinação de um cami- TARA - peso próprio do veículo, acrescido dos pesos da
nhão-trator mais seu semi-reboque ou do caminhão mais carroçaria e equipamento, do combustível, das ferramentas
o seu reboque ou reboques. e acessórios, da roda sobressalente, do extintor de incêndio
PISCA-ALERTA - luz intermitente do veículo, utilizada e do fluido de arrefecimento, expresso em quilogramas.
em caráter de advertência, destinada a indicar aos demais TRAILER - reboque ou semi-reboque tipo casa, com
usuários da via que o veículo está imobilizado ou em situa- duas, quatro, ou seis rodas, acoplado ou adaptado à tra-
ção de emergência. seira de automóvel ou camionete, utilizado em geral em
PISTA - parte da via normalmente utilizada para a circu- atividades turísticas como alojamento, ou para atividades
lação de veículos, identificada por elementos separadores comerciais.
ou por diferença de nível em relação às calçadas, ilhas ou TRÂNSITO - movimentação e imobilização de veículos,
aos canteiros centrais. pessoas e animais nas vias terrestres.
PLACAS - elementos colocados na posição vertical, TRANSPOSIÇÃO DE FAIXAS - passagem de um veículo
fixados ao lado ou suspensos sobre a pista, transmitindo de uma faixa demarcada para outra.
mensagens de caráter permanente e, eventualmente, va- TRATOR - veículo automotor construído para realizar
riáveis, mediante símbolo ou legendas pré-reconhecidas e trabalho agrícola, de construção e pavimentação e tracio-
legalmente instituídas como sinais de trânsito. nar outros veículos e equipamentos.

131
NOÇÕES DE DIREITO

ULTRAPASSAGEM - movimento de passar à frente de


outro veículo que se desloca no mesmo sentido, em menor 2.4.2. LEI ORGÂNICA DA POLÍCIA
velocidade e na mesma faixa de tráfego, necessitando sair DO ESTADO DE SÃO PAULO (LEI
e retornar à faixa de origem.
UTILITÁRIO - veículo misto caracterizado pela versatili- COMPLEMENTAR N.º 207 DE 05.01.1979,
dade do seu uso, inclusive fora de estrada. LEI COMPLEMENTAR N.º 922/02 E LEI
VEÍCULO ARTICULADO - combinação de veículos aco- COMPLEMENTAR N.º 1.151/11).
plados, sendo um deles automotor.
VEÍCULO AUTOMOTOR - todo veículo a motor de pro-
pulsão que circule por seus próprios meios, e que serve
normalmente para o transporte viário de pessoas e coisas,
ou para a tração viária de veículos utilizados para o trans- LEI COMPLEMENTAR Nº 207, DE 05 DE JANEIRO
porte de pessoas e coisas. O termo compreende os veí- DE 1979
culos conectados a uma linha elétrica e que não circulam (Atualizada até a Lei Complementar n° 1.282, de
sobre trilhos (ônibus elétrico). 18 de janeiro de 2016)
VEÍCULO DE CARGA - veículo destinado ao transporte
de carga, podendo transportar dois passageiros, exclusive Lei Orgânica da Polícia do Estado de São Paulo
o condutor.
VEÍCULO DE COLEÇÃO - aquele que, mesmo tendo O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
sido fabricado há mais de trinta anos, conserva suas ca- Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu
racterísticas originais de fabricação e possui valor histórico promulgo a seguinte lei complementar:
próprio.
VEÍCULO CONJUGADO - combinação de veículos, sen- TÍTULO I
do o primeiro um veículo automotor e os demais reboques
Da Polícia do Estado de São Paulo
ou equipamentos de trabalho agrícola, construção, terra-
plenagem ou pavimentação.
VEÍCULO DE GRANDE PORTE - veículo automotor des- Artigo 1.º - A Secretaria de Estado dos Negócios da
tinado ao transporte de carga com peso bruto total máxi- Segurança Pública responsável pela manutenção, em todo
mo superior a dez mil quilogramas e de passageiros, supe- o Estado, da ordem e da segurança pública internas, execu-
rior a vinte passageiros. tará o serviço policial por intermédio dos órgãos policiais
VEÍCULO DE PASSAGEIROS - veículo destinado ao que a integram.
transporte de pessoas e suas bagagens. Parágrafo único - Abrange o serviço policial a pre-
VEÍCULO MISTO - veículo automotor destinado ao venção e investigação criminais, o policiamento ostensivo,
transporte simultâneo de carga e passageiro. o trânsito e a proteção em casos de calamidade pública,
VIA - superfície por onde transitam veículos, pessoas e incêndio e salvamento.
animais, compreendendo a pista, a calçada, o acostamento, Artigo 2.º - São órgãos policiais, subordinados hie-
ilha e canteiro central. rárquica, administrativa e funcionalmente ao Secretário da
VIA DE TRÂNSITO RÁPIDO - aquela caracterizada por Segurança Pública:
acessos especiais com trânsito livre, sem interseções em I - Polícia Civil;
nível, sem acessibilidade direta aos lotes lindeiros e sem II - Polícia Militar.
travessia de pedestres em nível. § 1.º - Integrarão também a Secretaria da Segurança
VIA ARTERIAL - aquela caracterizada por interseções Pública os órgãos de assessoramento do Secretário da
em nível, geralmente controlada por semáforo, com aces-
Segurança, que constituem a administração superior da
sibilidade aos lotes lindeiros e às vias secundárias e locais,
possibilitando o trânsito entre as regiões da cidade. Pasta.
VIA COLETORA - aquela destinada a coletar e distri- § 2.º - A organização, estrutura, atribuições e compe-
buir o trânsito que tenha necessidade de entrar ou sair das tência pormenorizada dos órgãos de que trata este artigo
vias de trânsito rápido ou arteriais, possibilitando o trânsito serão estabelecidos por decreto, nos termos desta lei e da
dentro das regiões da cidade. legislação federal pertinente.
VIA LOCAL - aquela caracterizada por interseções em Artigo 3.º - São atribuições básicas:
nível não semaforizadas, destinada apenas ao acesso local I - Da Polícia Civil - o exercício da Polícia Judiciária, ad-
ou a áreas restritas. ministrativa e preventiva especializada;
VIA RURAL - estradas e rodovias. II - Da Polícia Militar - o planejamento, a coordenação
VIA URBANA - ruas, avenidas, vielas, ou caminhos e e a execução do policiamento ostensivo, fardado e a
similares abertos à circulação pública, situados na área ur- prevenção e extinção de incêndios.
bana, caracterizados principalmente por possuírem imóveis Artigo 4.º - Para efeito de entrosamento dos órgãos
edificados ao longo de sua extensão. policiais contará a administração superior com mecanis-
VIAS E ÁREAS DE PEDESTRES - vias ou conjunto de vias mos de planejamento, coordenação e controle, pelos quais
destinadas à circulação prioritária de pedestres. se assegurem, tanto a eficiência, quanto a complementa-
VIADUTO - obra de construção civil destinada a trans- ridade das ações, quando necessárias a consecução dos
por uma depressão de terreno ou servir de passagem su- objetivos policiais.
perior.

132
NOÇÕES DE DIREITO

Artigo 5.º - Os direitos, deveres, vantagens e regime j) Delegado de Polícia Substituto;
de trabalho dos policiais civis e militares, bem como as l) Escrivão de Polícia Chefe II;
condições de ingresso as classes, séries de classes, carreiras m) Investigador de Polícia Chefe II;
ou quadros são estabelecidos em estatutos. n) Escrivão de Polícia Chefe I;
Artigo 6.º - É vedada, salvo com autorização expressa o) Investigador de Polícia Chefe I;
do Governador em cada caso, a utilização de integrantes II - na Tabela II (SQC-II):
dos órgãos policiais em funções estranhas ao serviço a) Chefe de Seção (Telecomunicação Policial);
policial, sob pena de responsabilidade da autoridade que b) Encarregado de Setor (Telecomunicação Policial);
o permitir. c) Chefe de Seção (Pesquisador Dactiloscópico Policial);
Parágrafo único - É considerado serviço policial, para d)  Encarregado de Setor (Pesquisador Dactiloscópico
todos os efeitos inclusive arregimentação, o exercido em Policial)
cargo, ou funções de natureza policial, inclusive os de e) Encarregado de Setor (Carceragem);
ensino a esta legados.
f) Chefe de Seção (Dactiloscopista Policial);
Artigo 7.º - As funções administrativas e outras de na-
g) Encarregado de Setor (Dactiloscopista Policial);
tureza não policial serão exercidas por funcionário ou por
h) Perito Criminal Chefe; (NR)
servidor, admitido nos termos da legislação vigente não
i) Perito Criminal Encarregado. (NR)
pertencente às classes, séries de classes, carreiras e qua-
dros policiais. - Alíneas “h” e “i” acrescentadas pela Lei Complementar
Parágrafo único - Vetado. n° 247, de 06/04/1981.
Artigo 8.º - As guardas municipais, guardas noturnas III - na Tabela III (SQC-III)
e os serviços de segurança e vigilância, autorizados por lei, a) os das séries de classe de:
ficam sujeitos à orientação, condução e fiscalização da Se- 1. Delegado de Polícia;
cretaria da Segurança Pública, na forma de regulamentada 2. Escrivão de Polícia;
específica. 3. Investigador de Polícia;
b) os das seguintes classes:
TÍTULO II 1. Perito Criminal;
Da Polícia Civil 2. Técnico em Telecomunicações Policial;
CAPÍTULO I 3. Operador de Telecomunicações Policial;
Das Disposições Preliminares 4. Fotógrafo (Técnica Policial);
  5. Inspetor de Diversões Públicas;
Artigo 9.º - Esta lei complementar estabelece as nor- 6. Auxiliar de Necrópsia;
mas, os direitos, os deveres e as vantagens dos titulares de 7. Pesquisador Dactiloscópico Policial;
cargos policiais civis do Estado. 8. Carcereiro;
Artigo 10. - Consideram-se para os fins desta lei com- 9. Dactiloscopista Policial;
plementar: 10. Agente Policial;  (NR)
I - classe: conjunto de cargos públicos de natureza po- - Item 10 com redação dada pela Lei Complementar n.º
licial da mesma denominação e amplitude de vencimentos; 456, de 12/5/1986.
II - série de classes: conjunto de classes da mesma na- 11. Atendente de Necrotério Policial.
tureza de trabalho policial, hierarquicamente escalonadas § 1.º - Vetado.
de acordo com o grau de complexidade das atribuições e § 2.º - O provimento dos cargos de que trata o inciso
nível de responsabilidade; II deste artigo far-se-á por transposição, na forma prevista
III - carreira policial: conjunto de cargos de natureza
no artigo 27 da Lei Complementar n.º 180, de 12 de maio
policial civil, de provimento efetivo.
de 1978.
Artigo 11 - São classes policiais civis aquelas constan-
§ 3.º - Vetado.
tes do anexo que faz parte integrante desta lei comple-
mentar.
Artigo 12 - As classes e as séries de classes policiais CAPÍTULO II
civis integram o Quadro da Secretaria da Segurança Pública Vetado
na seguinte conformidade:
I - na Tabela I (SQC-I): Artigo 13 - Vetado.
a) Delegado Geral de Polícia; Artigo 14 - Vetado:
b) Diretor Geral de Polícia (Departamento Policial); I - vetado;
c) Assistente Técnico de Polícia; II - vetado;
d) Delegado Regional de Polícia; III - vetado;
e) Diretor de Divisão Policial; IV - vetado;
f) Vetado; V - vetado.
g) Vetado; § 1.º - vetado.
h) Assistente de Planejamento e Controle Policial; § 2.º - vetado.
i) Vetado; § 3.º - Vetado.

133
NOÇÕES DE DIREITO

CAPÍTULO III III -  a de frequência e aproveitamento em curso de


Do Provimento de Cargos formação técnico-profissional na Academia de Polícia. (NR)
SEÇÃO I - Artigo 16 com redação dada pela Lei Complementar n°
Das Exigências para Provimento 268, de 25/11/1981.
Artigo 17 - Os concursos públicos terão validade má-
Artigo 15 - No provimento dos cargos policiais civis, xima de 2 (dois) anos e reger-se-ão por instruções especiais
serão exigidos os seguintes requisitos: que estabelecerão, em função da natureza do cargo:
I - Para o de Delegado Geral de Polícia, ser ocupante do I - tipo e conteúdo das provas e as categorias dos tí-
cargo de Delegado de Polícia de Classe Especial (vetado); tulos;
II - Para os de Diretor Geral de Polícia, Assistente Técnico II - a forma de julgamento das provas e dos títulos;
de Polícia e Delegado Regional de Polícia, ser ocupante do III -  cursos de formação a que ficam sujeitos os
cargo de Delegado de Polícia de Classe Especial; candidatos classificados;
III - vetado; IV - os critérios de habilitação e classificação final para
IV - vetado; fins de nomeação;
V - para os de Diretor de Divisão Policial: ser ocupante, V - as condições para provimento do cargo, referentes
no mínimo. do cargo de Delegado de Polícia de 1.ª Classe; a:
VI - para os de Assistente de Planejamento e Controle a) capacidade, física e mental;
Policial: ser ocupante, no mínimo, de cargo de Delegado de b) conduta na vida pública e privada e a forma de sua
Polícia de 2.ª Classe; apuração;
VII - para os de Escrivão de Polícia Chefe II: ser ocupante c) diplomas e certificados.
do cargo de Escrivão de Polícia III; Artigo 18 - São requisitos para a inscrição nos con-
VIII - para os de Investigador de Polícia Chefe II: ser cursos:
ocupante do cargo de Investigador de Polícia III; I - ser brasileiro;
IX - para os de Escrivão de Polícia Chefe I: ser ocupante II - ter no mínimo 18 (dezoito) anos, e no máximo 45
do cargo de Escrivão de Polícia III ou II; (quarenta e cinco) anos incompletos, à data do encerra-
X - para os de Investigador de Polícia Chefe I: ser ocu- mento das inscrições;
III - não registrar antecedentes criminais;
pante do cargo de Investigador de Polícia III ou II;
IV - estar em gozo dos direitos políticos;
XI - para os de Delegado de Polícia de 5.ª Classe; ser
V - estar quite com o serviço militar;
portador de Diploma de Bacharel em Direito;
VI - Revogado.
XII - para os de Delegado de Polícia de Classe Especial e
- Inciso VI revogado pela Lei Complementar n° 538, de
de 2.ª Classe: ser portador de certificado de curso específico
26/05/1988.
ministrado pela Academia de Polícia de São Paulo;
Parágrafo único - Para efeito de inscrição, ficam dis-
XII - Revogado.
pensados do limite de idade, a que se refere o inciso II, os
- Inciso XII revogado pela Lei Complementar n° 238, de ocupantes de cargos policiais civis. (NR)
27/06/1980. - Parágrafo único com redação dada pela Lei Comple-
XIII - para os de Escrivão de Polícia e Investigador dc mentar n° 350, de 25/06/1984.
Policia: ser portador de certificado de conclusão de curso Artigo 19 - Observada a ordem de classificação pela
de segundo grau. média aritmética das notas obtidas nas provas escrita e oral
XIV - para os de Agente Policial: ser portador de (incisos I e II do artigo 16), os candidatos, em número equi-
certificado de conclusão de curso de segundo grau. (NR) valente ao de cargos vagos, serão matriculados no curso de
- Inciso XIV com redação dada pela Lei Complementar formação técnico-profissional específico. (NR)
n° 858, de 02/09/1999. - Artigo 19 com redação dada pela Lei Complementar n°
- Parágrafo único acrescentado pela Lei Complementar 268, de 25/11/1981.
n° 238, de 27/06/1980. Artigo 20 - Os candidatos a que se refere o artigo an-
Parágrafo único - Revogado. terior serão admitidos, pelo Secretário da Segurança Públi-
- Parágrafo único revogado pela Lei Complementar n° ca, em caráter experimental e transitório para a formação
503, de 06/01/1987. técnico-profissional.
  § 1.º - A admissão de que trata este artigo far-se-á com
SEÇÃO II retribuição equivalente a do vencimento e demais vantagens
Dos Concursos Públicos do cargo vago a que se candidatar o concursando.
  § 2.º - Sendo funcionário ou servidor, o candidato
Artigo 16 - O provimento mediante nomeação para matriculado ficara afastado do seu cargo ou função-
cargos policiais civis, de caráter efetivo, será precedido de atividade, até o término do concurso junto à Academia
concurso público, realizado em 3 (três) fases eliminatórias de Polícia de São Paulo, sem prejuízo do vencimento ou
e sucessivas: (NR) salário e demais vantagens, contando-se-lhe o tempo de
I - a de prova escrita ou, quando se tratar de provimento serviço para todos os efeitos legais.
de cargos em relação aos quais a lei exija formação de nível § 3.º - É facultado ao funcionário ou servidor, afastado
universitário, de prova escrita e títulos; (NR) nos termos do parágrafo anterior, optar pela retribuição
II - a de prova oral; (NR) prevista no § 1.º.

134
NOÇÕES DE DIREITO

Artigo 21 - O candidato terá sua matricula cancelada SEÇÃO IV


e será dispensado do curso de formação, nas hipóteses em Do Exercício
que:  
I - não atinja o minimo de frequência estabelecida para Artigo 30 - O exercício terá início dentro de 15 (quin-
o curso; ze) dias, contados
II - não revele aproveitamento no curso; I - da data da posse,
III - não tenha conduta irrepreensível na vida pública II - da data da publicação do ato no caso de remoção.
ou privada. Parágrafo 1.º - Quando o acesso, remoção ou trans-
Parágrafo único - Os critérios para a apuração das posição não importar mudança de município, deverá o po-
condições constantes dos incisos II e III serão fixados em licial civil entrar em exercício no prazo de 5 (cinco) dias.
regulamento. Parágrafo 2.º - No interesse do serviço policial o
Artigo 22 - Homologado o concurso pelo Secretá- Delegado Geral de Polícia poderá determinar que os
rio da Segurança Pública, serão nomeados os candidatos policiais civis assumam imediatamente o exercício do cargo.
aprovados, expedindo-se lhes certificados dos quais cons- Artigo 31 - O exercício terá inicio dentro de 15 (quin-
tará a média final. ze) dias, constados: unidade diversa daquela para o qual foi
Artigo 23 - A nomeação obedecerá a ordem de classi- designado, salvo autorização do Delegado Geral de Polícia.
ficação no concurso. Artigo 32 - O Delegado de Polícia só poderá chefiar
  unidade ou serviço de categoria correspondente à sua clas-
SEÇÃO III se, ou, em caso excepcional, à classe imediatamente supe-
Da Posse rior.
  Artigo 33 - Quando em exercício em unidade ou ser-
Artigo 24 - Posse é o ato que investe o cidadão em viço de categoria superior, nos termos deste artigo, terá o
cargo público polícia civil. Delegado de Polícia direito à percepção da diferença entre
Artigo 25 - São competentes para dar posse: os vencimentos do seu cargo e os do cargo de classe ime-
I - O Secretário da Segurança Pública, ao Delegado Ge- diatamente superior.
ral de Polícia; Parágrafo único - Na hipótese deste artigo aplicam-se
II - O Delegado Geral de Polícia, aos Delegados de Po- as disposições do artigo 195 da Lei Complementar n. 180,
lícia; de 12 de maio de 1978.
III - O Diretor do Departamento de Administração da  
Polícia Civil, nos demais casos. SEÇÃO V
Artigo 26 - A autoridade que der posse deverá ve- Da reversão “Ex Offício”
rificar, sob pena de responsabilidade, se foram satisfeitas  
as condições estabelecidas em lei ou regulamento para a Artigo 34 - Reversão “ex offício” é o ato pelo qual o
investidura no cargo policial civil. aposentado reingressa no serviço policial quando insub-
Artigo 27 - A posse verificar-se-á mediante assinatura sistentes as razões que determinaram a aposentadoria por
de termo em livro próprio, assinado pelo empossado e pela invalidez.
autoridade competente, após o policial civil prestar solene- Parágrafo 1.º - A reversão só poderá efetivar-se quan-
mente o respectivo compromisso, cujo teor será definido do, em inspeção médica, ficar comprovada à capacidade
pelo Secretário da Segurança Pública. para o exercício do cargo.
Artigo 28 - A posse deverá verificar-se no prazo de 15 Parágrafo 2.º - Será tornada sem efeito a reversão “ex
(quinze) dias, contados da publicação do ato de provimen- offício” e cassada a aposentadoria do policial civil que re-
to, no órgão oficial. verter e não tomar posse ou não entrar em exercício injus-
§ 1.º -  O prazo fixado neste artigo poderá ser tificadamente, dentro do prazo legal.
prorrogado por mais 15 (quinze) dias, a requerimento do Artigo 35 - A reversão far-se-á no mesmo cargo.
interessado.  
§ 2.º - Se a posse não se der dentro do prazo será tor- CAPÍTULO IV
nado sem efeito o ato de provimento. Da Remoção
Artigo 29 - A contagem do prazo a que se refere o  
artigo anterior poderá ser suspensa até o máximo de 120 Artigo 36 - O Delegado de Polícia só poderá ser remo-
(cento e vinte) dias, a critério do órgão médico encarre- vido, de um para o outro município (vetado):
gado da inspeção respectiva, sempre que este estabelecer I - a pedido;
exigência para a expedição de certificado de sanidade. II - por permuta;
Parágrafo único - O prazo a que se refere este artigo III - com seu assentimento, após consulta.
recomeçara a fluir sempre que o candidato, sem motivo IV - no interesse do serviço policial, com a aprovação
justificado, deixar de cumprir as exigências do órgão mé- de dois terça do Conselho da Polícia Civil (vetado).
dico. Artigo 37 - A remoção dos integrantes das demais sé-
  ries de classe e cargos policiais civis, de uma para outra
unidade policial, será processada:
I - a pedido;

135
NOÇÕES DE DIREITO

II - por permuta; b)  decorrentes de convênio firmado entre Estado e


III - no interesse do serviço policial. municípios ou com associações e entidades privadas para
Artigo 38 - A remoção só poderá ser feita, respeitada gestão associada de serviços públicos, cuja execução possa
a lotação cada unidade policial. ser atribuída à Polícia Civil; (NR)
Artigo 39 - O policial civil não poderá, ser removido no III - pelo risco de o policial tornar-se vítima de crime no
interesse serviço, para município diverso do de sua sede de exercício ou em razão de suas atribuições. (NR)
exercício, no período de 6 (seis meses antes e até 3 (três) § 1º - O exercício, pelo policial civil, de atividades
meses após a data das eleições. decorrentes do convênio a que se refere a alínea “b” do
Parágrafo único - Esta proibição vigorará no caso de inciso II deste artigo dependerá: (NR)
eleições federal estaduais ou municipais, isolada ou simul- 1 - de inscrição voluntária do interessado, revestindo-
taneamente realizadas. se de obrigatoriedade depois de publicadas as respectivas
Artigo 40 - É preferencial, na união de cônjuges, a escalas; (NR)
sede de exercício do policial civil, quando este for cabeça 2 - de estrita observância, nas escalas, do direito ao
do casal. descanso mínimo previsto na legislação em vigor. (NR)
  § 2º -  À sujeição ao regime de que trata este artigo
CAPÍTULO V corresponde gratificação que se incorpora aos vencimentos
para todos os efeitos legais. (NR);
Do Vencimento e Outras Vantagens de Ordem Pe-
- Artigo 44 com redação dada pela Lei Complementar n°
cuniária
1.249, de 03/07/2014.
SEÇÃO I
Artigo 45 - Pela sujeição ao regime de que trata o ar-
Do Vencimento tigo anterior, os titulares de cargos policiais civis fazem jus
  a gratificação calculada sobre o respectivo padrão de ven-
Artigo 41 - Aos cargos policiais civis aplicam-se os va- cimento, na seguinte conformidade: (NR)
lores dos grau das referências numéricas fixados na Tabela I - de 140% (cento e quarenta por cento), os titulares
I da escala de vencimentos do funcionalismo público civil de cargos da série de classes de Delegado de Polícia, bem
do Estado. como titular do cargo de Delegado Geral de Polícia; (NR)
- Vide Lei Complementar n° 219, de 10/07/1979. II - de 200% (duzentos por cento), os titulares de cargos
Artigo 42 - O enquadramento das classes na escala de das demais classes policiais civis. (NR)
vencimentos bem como a amplitude de vencimentos, e a - Artigo 45 com redação dada pela Lei Complementar n°
velocidade evolutiva correspondente, cada classe policial, 491, de 23/12/1986.
são estabelecidos na conformidade do Anexo que faz parte  
Integrante desta lei complementar. SUBSEÇÃO III
- Vide Lei Complementar n° 219, de 10/07/1979. Da Ajuda de Custo em Caso de Remoção
- Vide Lei Complementar nº 247, de 06/04/1981.  
  Artigo 46 - Ao policial civil removido no interesse do
SEÇÃO II serviço policial de um para outro município, será concedida
Das Vantagens de Ordem Pecuniária ajuda de custo correspondente a um mês de vencimento.
SUBSEÇÃO I § 1.º - A ajuda de custo será paga à vista da publicação
Das Disposições Gerais do ato de remoção no Diário Oficial.
  § 2.º - A ajuda de custo de que trata este decreto não
Artigo 43 - Além do valor do padrão do cargo e sem será devida. quando a remoção se processar a pedido ou
prejuízo das vantagens previstas na Lei n.º 10.261, de 28 de por permuta.
outubro de 1978, e demais legislação pertinente, o policial  
civil fará jus as seguintes vantagens pecuniárias. SEÇÃO III
Das Outras Concessões
I - gratificação por regime especial de trabalho policial;
 
II - ajuda de custo, em caso de remoção.
Artigo 47 - Ao policial civil licenciado para tratamento
 
de saúde, em razão de moléstia profissional ou lesão rece-
SUBSEÇÃO II bida em serviço, será concedido transporte por conta do
Da Gratificação pelo Regime Especial de Trabalho Estado para instituição onde deva ser atendido.
Policial Artigo 48 - A família do policial civil que falecer fora
  da sede de exercício e dentro do território nacional no de-
Artigo 44 - O exercício dos cargos policiais civis dar- sempenho de serviço, será concedido transporte para, no
-se-á, necessariamente, em Regime Especial de Trabalho máximo, 3 (três) pessoas do local de domicílio ao do óbito
Policial - RETP, o qual é caracterizado: (NR) (ida e volta).
I - pela prestação de serviços em condições precárias Artigo 49 - O Secretário da Segurança Pública, por
de segurança, cumprimento de horário irregular, sujeito a proposta do Delegado Geral de Polícia, ouvido o Conselho
plantões noturnos e a chamadas a qualquer hora; (NR) da Polícia Civil, poderá conceder honrarias ou prêmios aos
II - pela proibição do exercício de atividade remunerada, policiais autores de trabalhos de relevante interesse policial
exceto aquelas: (NR) ou por atos de bravura, na forma em que for regulamen-
a) relativas ao ensino e à difusão cultural; (NR) tado.

136
NOÇÕES DE DIREITO

Artigo 50 - O policial civil que ficar inválido ou que Parágrafo único - Em nenhuma hipótese, a Adminis-
vier a falecer em conseqüência de lesões recebidas ou de tração poderá recusar-se a protocolar, encaminhar ou apre-
doenças contraídas em razão do serviço será promovido à ciar a petição, sob pena de responsabilidade do agente.
classe imediatamente superior. (NR) (NR)
§ 1º - Se o policial civil estiver enquadrado na última - Artigo 55 com redação dada pela Lei Complementar n°
classe da carreira, ser-lhe-á atribuída a diferença entre o 922, de 02/07/2002.
valor do padrão de vencimento do seu cargo e o da classe Artigo 56 - Qualquer pessoa poderá reclamar sobre
imediatamente inferior. (NR) abuso, erro, omissão ou conduta incompatível no serviço
§ 2º - A concessão do benefício será precedida da policial. (NR)
competente apuração, retroagindo seus efeitos à data da - Artigo 56 com redação dada pela Lei Complementar n°
invalidez ou da morte. (NR) 922, de 02/07/2002.
§ 3º - O policial inválido nos termos deste artigo será Artigo 57 - Ao policial civil é assegurado o direito de
aposentado com proventos decorrentes da promoção, requerer ou representar, bem como, nos termos desta lei
observado o disposto no parágrafo anterior. (NR) complementar, pedir reconsideração e recorrer de deci-
§ 4º -  Aos beneficiários do policial civil falecido sões. (NR)
nos termos deste artigo será deferida pensão mensal - Artigo 57 com redação dada pela Lei Complementar n°
correspondente aos vencimentos integrais, observado o 922, de 02/07/2002.
disposto nos parágrafos anteriores. (NR)  
- Artigo 50 com redação dada Lei Complementar n° 765, CAPÍTULO VII
de 12/12/1994. Do Elogio
Artigo 51 - Ao cônjuge, companheiro ou companheira  
ou, na falta destes, à pessoa que provar ter feito despesas Artigo 58 - Entende-se por elogio, para os fins desta
em virtude do falecimento do policial civil, ativo ou inativo, lei, a menção nominal ou coletiva que deva constar dos as-
será concedido auxílio-funeral, a título de benefício assis- sentamentos funcionais do policial civil por atos meritórios
tencial, de valor correspondente a 1 (um) mês da respectiva que haja praticado.
remuneração. (NR) Artigo 59 - O elogio destina-se a ressaltar:
§ 1º - O pagamento será efetuado pelo órgão I - morte, invalidez ou lesão corporal de natureza gra-
competente, mediante apresentação de atestado de ve, no cumprimento do dever;
óbito pelas pessoas indicadas no “caput” deste artigo, II -  ato que traduza dedicação excepcional no
ou procurador legalmente habilitado, feita a prova de cumprimento do dever, transcendendo ao que e
identidade. (NR) normalmente exigível do policial civil por disposição legal
§ 2º -  No caso de ficar comprovado, por meio de ou regulamentar e que importe ou possa importar risco da
competente apuração que o óbito do policial civil decorreu própria segurança pessoal;
de lesões recebidas no exercício de suas funções ou III - execução de serviços que, pela sua relevância e
doenças delas decorrentes, o benefício será acrescido do pelo que representam para a instituição ou para a coletivi-
valor correspondente a mais 1 (um) mês da respectiva dade, mereçam ser enaltecidos como reconhecimento pela
remuneração, cujo pagamento será efetivado mediante atividade desempenhada.
apresentação de alvará judicial. (NR) Artigo 60 - Não constitui motivo para elogio o cum-
§ 3º - O pagamento do benefício previsto neste artigo, primento dos deveres impostos ao policial civil.
caso as despesas tenham sido custeadas por terceiros, em Artigo 61 - São competentes para determinar a inscri-
virtude da contratação de planos funerários, somente será ção de elogios nos assentamentos do policial o Secretário
efetivado mediante apresentação de alvará judicial. (NR) da Segurança e o Delegado Geral de Polícia, ouvido, no
- Artigo 51 com redação dada pela Lei Complementar n° caso deste, o Conselho da Polícia Civil.
1.123, de 01/07/2010. Parágrafo único - Os elogios nos casos dos incisos II e
Artigo 52 - O policial civil que sofrer lesões no exer- III do artigo 59 serão obrigatoriamente considerados para
cício de suas funções deverá ser encaminhado a qualquer efeito de avaliação de desempenho.
hospital, público ou particular às expensas do Estado.  
Artigo 53 - Ao policial civil processado por ato pra- CAPÍTULO VIII
ticado no desempenho de função policial, será prestada Dos Deveres, das Transgressões Disciplinares e das
assistência judiciária na forma que dispuser o regulamento. Responsabilidades
Artigo 54 - Vetado. SEÇÃO I
Parágrafo único - Vetado. Dos Deveres
   
CAPÍTULO VI Artigo 62 - São deveres do policial civil:
Do Direito de Petição I - ser assíduo e pontual;
  II - ser leal as instituições;
Artigo 55 - É assegurado a qualquer pessoa, física ou III - cumprir as normas legais e regulamentares;
jurídica, independentemente de pagamento, o direito de IV - zelar pela economia e conservação dos bens do
petição contra ilegalidade ou abuso de poder e para defesa Estado, especialmente daqueles cuja guarda ou utilização
de direitos. (NR) lhe for confiada;

137
NOÇÕES DE DIREITO

V - desempenhar com zelo e presteza as missões que XI - usar vestuário incompatível com o decoro da
lhe forem contidas, usando moderadamente de força ou função;
outro meio adequado de que dispõe, para esse fim; XII - descurar de sua aparência física ou do asseio;
VI - informar incontinente toda e qualquer alteração de XIII -  apresentar-se ao trabalho alcoolizado ou sob
endereço da residência e número de telefone, se houver; efeito de substância que determine dependência física ou
VII - prestar informações corretas ou encaminhar o psíquica;
solicitante a quem possa prestá-las; XIV -  lançar intencionalmente, em registros oficiais,
VIII - comunicar o endereço onde possa ser encontrado, papeis ou quaisquer expedientes, dados errôneos,
quando dos afastamentos regulamentares; incompletos ou que possam induzir a erro, bem como
IX - proceder na vida pública e particular de modo a inserir neles anotações indevidas;
dignificar a função policial; XV - faltar, salvo motivo relevante a ser comunicado
X - residir na sede do município onde exerça o cargo por escrito no primeiro dia em que comparecer à sua sede
ou função, ou onde autorizado; de exercício, a ato processual, judiciário ou administrativo,
XI -  frequentar, com assiduidade, para fins de do qual tenha sido previamente cientificado;
aperfeiçoamento e atualização de conhecimentos XVI - utilizar, para fins particulares, qualquer que seja o
profissionais, cursos instituídos periodicamente pela pretexto, material pertencente ao Estado;
Academia de Polícia; XVII - interferir indevidamente em assunto de natureza
XII - portar a carteira funcional; policial, que não seja de sua competência;
XIII - promover as comemorações do «Dia da Policia» XVIII - fazer uso indevido de bens ou valores que lhe
a 21 de abril, ou delas participar, exaltando o vulto de Joa- cheguem as mãos, em decorrência da função, ou não en-
quim José da Silva Xavier, o Tiradentes, Patrono da Polícia; tregá-los, com a brevidade possível, a quem de direito;
XIV - ser leal para com os companheiros de trabalho e XIX - exibir, desnecessariamente, arma, distintivo ou
com eles cooperar e manter espirito de solidariedade; algema;
XV - estar em dia com as normas de interesse policial; XX - deixar de ostentar distintivo quando exigido para
XVI - divulgar para conhecimento dos subordinados as o serviço;
normas referidas no inciso anterior; XXI - deixar de identificar-se, quando solicitado ou
quando as circunstâncias o exigirem;
XVII - manter discrição sobre os assuntos da repartição
XXII - divulgar ou propiciar a divulgação, sem
e, especialmente, sobre despachos, decisões e providências.
autorização da autoridade competente, através da imprensa
 
escrita, falada ou televisada, de fato ocorrido na repartição.
SEÇÃO II
XXIII - promover manifestações contra atos da
Das Transgressões Disciplinares
administração ou movimentos de apreço ou desapreço a
 
qualquer autoridade;
Artigo 63 - São transgressões disciplinares:
XXIV - referir-se de modo depreciativo às autoridades
I - manter relações de amizade ou exibir-se em público
e a atos da administração pública, qualquer que seja o
com pessoas de notórios e desabonadores antecedentes meio empregado para esse fim;
criminais, salvo por motivo de serviço; XXV - retirar, sem prévia autorização da autoridade
II - constituir-se procurador de partes ou servir de in- competente, qualquer objeto ou documentos da reparti-
termediário, perante qualquer repartição pública, salvo ção;
quando se tratar de interesse de cônjuge ou parente até XXVI - tecer comentários que possam gerar descrédito
segundo grau; da instituição policial;
III - descumprir ordem superior salvo quando manifes- XXVII -  valer-se do cargo com o fim, ostensivo ou
tamente ilegal, representando neste caso; IV - não tomar as velado, de obter proveito de qualquer natureza para si ou
providências necessárias ou deixar de comunicar, imediata- para terceiros;
mente, à autoridade competente, faltas ou irregularidades XXVIII - deixar de reassumir exercício sem motivo
de que tenha conhecimento; justo, ao final dos afastamentos regulares ou, ainda depois
V - deixar de oficiar tempestivamente nos expedientes de saber que qualquer deste foi interrompido por ordem
que lhe forem encaminhados; superior;
VI - negligenciar na execução de ordem legítima; XXIX - atribuir-se qualidade funcional diversa do cargo
VII - interceder maliciosamente em favor de parte; ou função que exerce;
VIII - simular doença para esquivar-se ao cumprimento XXX - fazer uso indevido de documento funcional,
de obrigação; arma, algema ou bens da repartição ou cedê-los a terceiro;
IX -  faltar, chegar atrasado ou abandonar escala XXXI - maltratar ou permitir maltrato físico ou moral a
de serviço ou plantões, ou deixar de comunicar, com preso sob sua guarda;
antecedência, à autoridade a que estiver subordinado, XXXII - negligenciar na revista a preso;
a impossibilidade de comparecer à repartição, salvo por XXXIII - desrespeitar ou procrastinar o cumprimento
motivo justo; de decisão ou ordem judicial;
X - permutar horário de serviço ou execução de tarefa XXXIV - tratar o superior hierárquico, subordinado ou
sem expressa permissão da autoridade competente; colega sem o devido respeito ou deferência;

138
NOÇÕES DE DIREITO

XXXV - faltar à verdade no exercício de suas funções; SEÇÃO III


XXXVI - deixar de comunicar incontinente à autorida- Das responsabilidades
de competente informação que tiver sobre perturbação da  
ordem pública ou qualquer fato que exija intervenção po- Artigo 65 - O policial responde civil, penal e adminis-
licial; trativamente pelo exercício irregular de suas atribuições,
XXXVII - dificultar ou deixar de encaminhar expedien- ficando sujeito, cumulativamente, às respectivas comina-
te à autoridade competente, se não estiver na sua alçada ções.
resolvê-lo; § 1º - A responsabilidade administrativa é independente
XXXVIII - concorrer para o não cumprimento ou da civil e da criminal. (NR)
retardamento de ordem de autoridade competente; § 2º - Será reintegrado ao serviço público, no cargo
XXXIX - deixar, sem justa causa, de submeter-se a que ocupava e com todos os direitos e vantagens devidas,
inspeção médica determinada por lei ou pela autoridade o servidor absolvido pela Justiça, mediante simples
competente; comprovação do trânsito em julgado de decisão que negue
XL - deixar de concluir nos prazos legais, sem motivo a existência de sua autoria ou do fato que deu origem à sua
justo, procedimento de polícia judiciária, administrativos demissão. (NR)
ou disciplinares; § 3º - O processo administrativo só poderá ser sobres-
XLI - cobrar taxas ou emolumentos não previstos em tado para aguardar decisão judicial por despacho motivado
lei; da autoridade competente para aplicar a pena. (NR)
XLII - expedir identidade funcional ou qualquer tipo de - §§1º ao §3º acrescentados pela Lei Complementar n°
credencial a quem não exerça cargo ou função policial civil; 922, de 02/07/2002.
XLIII - deixar de encaminhar ao órgão competente, Artigo 66 - A responsabilidade civil decorre de proce-
para tratamento ou inspeção médica, subordinado dimento doloso ou culposo, que importe prejuízo à Fazen-
que apresentar sintomas de intoxicação habitual por da Pública ou a terceiros.
álcool, entorpecente ou outra substância que determine Parágrafo único - A importância da indenização será
dependência física ou psíquica, ou de comunicar tal fato, descontada dos vencimentos e vantagens e o desconto
se incompetente, à autoridade que o for;
não excederá à décima parte do valor destes.
XLIV - dirigir viatura policial com imprudência,
 
imperícia, negligência ou sem habilitação;
CAPÍTULO IX
XLV - manter transação ou relacionamento indevido
Das Penalidades, da Extinção da Punibilidade das
com preso, pessoa em custódia ou respectivos familiares;
Providências Preliminares (NR)
XLVI - criar animosidade, velada ou ostensivamente,
- Capítulo IX com redação dada pela Lei Comple-
entre subalternos e superiores ou entre colegas, ou indispô-
mentar n° 922, de 02/07/2002.
los de qualquer forma;
XLVII - atribuir ou permitir que se atribua a pessoa es-
tranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o de- SEÇÃO I
sempenho de encargos policiais;  
XLVIII - praticar a usura em qualquer de suas formas; Artigo 67 - São penas disciplinares principais:
XLIX - praticar ato definido em lei como abuso de po- I - advertência;
der; II - repreensão;
L - aceitar representação de Estado estrangeiro, sem III - multa;
autorização do Presidente da República; IV - suspensão;
LI - tratar de interesses particulares na repartição; V - demissão;
LII - exercer comércio entre colegas, promover ou VI - demissão a bem do serviço público;
subscrever listas de donativos dentro da repartição; VII - cassação de aposentadoria ou disponibilidade.
LIII - exercer comércio ou participar de sociedade Artigo 68 - Constitui pena disciplinar a remoção com-
comercial salvo como acionista, cotista ou comanditário; pulsória, que poderá ser aplicada cumulativamente com
LIV - exercer, mesmo nas horas de folga, qualquer ou- as penas previstas nos incisos II, III e IV do artigo anterior
tro emprego ou função, exceto atividade relativa ao ensino quando em razão da falta cometida houver conveniência
e à difusão cultural, quando compatível com a atividade nesse afastamento para o serviço policial.
policial; Parágrafo único - Quando se tratar de Delegado de
LV -  exercer pressão ou influir junto a subordinado Polícia, para a aplicação da pena prevista neste artigo deve-
para forçar determinada solução ou resultado. rá ser observado o disposto no artigo 36, inciso IV.
Artigo 64 - É vedado ao policial civil trabalhar sob Artigo 69 - Na aplicação das penas disciplinares serão
as ordens imediatas de parentes, até segundo grau, salvo considerados a natureza, a gravidade, os motivos determi-
quando se tratar de função de confiança e livre escolha, nantes e a repercussão da infração, os danos causados, a
não podendo exceder de 2 (dois) o número de auxiliares personalidade e os antecedentes do agente, a intensidade
nestas condições. do dolo ou o grau de culpa.
  Artigo 70 - Para a aplicação das penas previstas no
artigo 67 são competentes: (NR)

139
NOÇÕES DE DIREITO

I - o Governador; (NR) Artigo 75 - Será aplicada a pena de demissão a bem


II - o Secretário da Segurança Pública; (NR) do serviço público, nos casos de:
III - o Delegado Geral de Polícia, até a de suspensão; I - conduzir-se com incontinência pública e escandalo-
(NR) sa e praticar Jogos proibidos;
IV - o Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria, até II - praticar ato definido como crime contra a Adminis-
a de suspensão limitada a 60 (sessenta) dias; (NR) tração Pública, a Fé Pública e a Fazenda Pública ou previsto
V - os Delegados de Polícia Corregedores Auxiliares, na Lei de Segurança Nacional;
até a de repreensão. (NR) III - revelar dolosamente segredos de que tenha co-
§ 1º - Compete exclusivamente ao Governador do nhecimento em razão do cargo ou função, com prejuízo
Estado, a aplicação das penas de demissão, demissão a para o Estado ou particulares;
bem do serviço público e cassação de aposentadoria ou IV - praticar ofensas físicas contra funcionários, servi-
disponibilidade a Delegado de Polícia. (NR) dores ou particulares, salvo em legitíma defesa;
§ 2º - Compete às autoridades enumeradas neste V - causar lesão dolosa ao patrimônio ou aos cofres
artigo, até o inciso III, inclusive, a aplicação de pena a
públicos;
Delegado de Polícia. (NR)
VI - exigir, receber ou solicitar vantagem indevida, di-
§ 3º - Para o exercício da competência prevista nos
incisos I e II será ouvido o órgão de consultoria jurídica. retamente ou por intermédio de outrem, ainda que fora de
(NR) suas funções, mas em razão destas;
§ 4º - Para a aplicação da pena prevista no artigo 68 é VII - provocar movimento de paralisação total ou
competente o Delegado Geral de Polícia. (NR) parcial do serviço policial ou outro qualquer serviço, ou
- Artigo 70 com redação dada pela Lei Complementar n° dele participar;
922, de 02/07/2002. VIII - pedir ou aceitar empréstimo de dinheiro ou valor
Artigo 71 - A pena de advertência será aplicada ver- de pessoas que tratem de interesses ou os tenham na
balmente, no caso de falta de cumprimento dos deveres, repartição, ou estejam sujeitos à sua fiscalização;
ao infrator primário. IX - exercer advocacia administrativa.
Parágrafo único - A pena de advertência não acarreta X - praticar ato definido como crime hediondo, tortura,
perda de vencimentos ou de qualquer vantagem de ordem tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e terrorismo;
funcional, mas contará pontos negativos na avaliação de (NR)
desempenho.
XI - praticar ato definido como crime contra o Sistema
Artigo 72 - A pena de repreensão será aplicada por
escrito, no caso de transgressão disciplinar, sendo o infra- Financeiro, ou de lavagem ou ocultação de bens, direitos
tor primário e na reincidência de falta de cumprimento dos ou valores; (NR)
deveres. XII - praticar ato definido em lei como de improbidade.
Parágrafo único - A pena de repreensão poderá ser (NR)
transformada em advertência, aplicada por escrito e sem - Incisos X a XII acrescentados pela Lei Complementar n°
publicidade. 922, de 02/07/2002.
Artigo 73 - A pena de suspensão, que não excederá de Artigo 76 - O ato que cominar pena ao policial civil
90 (noventa) dias, será aplicada nos casos de: mencionará, sempre, a disposição legal em que se funda-
I - descumprimento dos deveres e transgressão disci- menta.
plinar, ocorrendo dolo ou má fé; § 1.º - Desse ato será dado conhecimento ao órgão do
II - reincidência em falta já punida com repreensão. pessoal, para registro e publicidade, no prazo de 8 (oito)
Parágrafo 1.º - O policial suspenso perderá, durante o dias, desde que não se tenha revestido de reserva.
período da suspensão, todos os direitos e vantagens de-
§ 2.º - As penas previstas nos incisos I a IV do artigo 67,
correntes do exercício do cargo.
Parágrafo 2.º - A autoridade que aplicar a pena de sus- quando aplicadas aos integrantes da carreira de Delegado
pensão poderá convertê-la em multa, na base de 50% (cin- de Polícia, revestir-se-ão sempre de reserva.
quenta por cento), por dia, do vencimento e demais vanta- Artigo 77 - Será aplicada a pena de cassação de apo-
gens, sendo o policial, neste caso, obrigado a permanecer sentadoria ou disponibilidade, se ficar provado que o ina-
em serviço. tivo:
Artigo 74 - Será aplicada a pena de demissão nos ca- I - praticou, quando em atividade, falta para a qual é
sos de: cominada nesta lei a pena de demissão ou de demissão a
I - abandono de cargo; bem do serviço público;
II - procedimento irregular, de natureza grave; II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública;
III - ineficiência intencional e reiterada no serviço; III - aceitou representação de Estado estrangeiro sem
IV - aplicação indevida de dinheiros públicos; previa autorização do Presidente da República.
V - insubordinação grave. Artigo 78 - Constitui motivo de exclusão de falta disci-
VI - ausência ao serviço, sem causa justificável, por
plinar a não exigibilidade de outra conduta do policial civil.
mais de 45 (quarenta e cinco) dias, interpoladamente, du-
Artigo 79 - Independe do resultado de eventual ação
rante um ano. (NR)
- Inciso VI acrescentado pela Lei Complementar n° 922, penal a aplicação das penas disciplinares previstas neste
de 02/07/2002. Estatuto.

140
NOÇÕES DE DIREITO

SEÇÃO II Parágrafo único - Ao instaurar procedimento admi-


Da Extinção da Punibilidade nistrativo ou de polícia judiciária contra policial civil, a au-
  toridade que o presidir comunicará o fato ao Delegado de
Artigo 80 - Extingue-se a punibilidade pela prescrição: Polícia Diretor da Corregedoria. (NR)
(NR) - Artigo 84 com redação dada pela Lei Complementar n°
I - da falta sujeita à pena de advertência, repreensão, 922, de 02/07/2002.
multa ou suspensão, em 2 (dois) anos; (NR) Artigo 85 - A autoridade corregedora realizará apu-
II - da falta sujeita à pena de demissão, demissão a ração preliminar, de natureza simplesmente investigativa,
bem do serviço público e de cassação da aposentadoria ou quando a infração não estiver suficientemente caracteriza-
disponibilidade, em 5 (cinco) anos; (NR)
da ou definida autoria. (NR)
III - da falta prevista em lei como infração penal, no
§ 1º - O início da apuração será comunicado ao Dele-
prazo de prescrição em abstrato da pena criminal, se for
superior a 5 (cinco) anos. (NR) gado de Polícia Diretor da Corregedoria, devendo ser con-
§ 1º - A prescrição começa a correr: (NR) cluída e a este encaminhada no prazo de 30 (trinta) dias.
1 - do dia em que a falta for cometida; (NR) (NR)
2 - do dia em que tenha cessado a continuação ou a § 2º - Não concluída no prazo a apuração, a autoridade
permanência, nas faltas continuadas ou permanentes. (NR) deverá imediatamente encaminhar ao Delegado de Polícia
§ 2º - Interrompe a prescrição a portaria que instaura Diretor da Corregedoria relatório das diligências realizadas
sindicância e a que instaura processo administrativo. (NR) e definir o tempo necessário para o término dos trabalhos.
§ 3º - O lapso prescricional corresponde: (NR) (NR)
1 - na hipótese de desclassificação da infração, ao da § 3º - Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade
pena efetivamente aplicada; (NR) deverá opinar fundamentadamente pelo arquivamento ou
2 - na hipótese de mitigação ou atenuação, ao da pena pela instauração de sindicância ou processo administrativo.
em tese cabível. (NR) (NR)
§ 4º - A prescrição não corre: (NR) - Artigo 85 com redação dada pela Lei Complementar n°
1 -  enquanto sobrestado o processo administrativo 922, de 02/07/2002.
para aguardar decisão judicial, na forma do § 3º do artigo Artigo 86 - Determinada a instauração de sindicân-
65; (NR) cia ou processo administrativo, ou no seu curso, havendo
2 -  enquanto insubsistente o vínculo funcional que
conveniência para a instrução ou para o serviço policial,
venha a ser restabelecido. (NR)
poderá o Delegado Geral de Polícia, por despacho funda-
§ 5º -  A decisão que reconhecer a existência de
prescrição deverá determinar, desde logo, as providências mentado, ordenar as seguintes providências: (NR)
necessárias à apuração da responsabilidade pela sua I -  afastamento preventivo do policial civil, quando o
ocorrência. (NR) recomendar a moralidade administrativa ou a repercussão
- Artigo 80 com redação dada pela Lei Complementar n° do fato, sem prejuízo de vencimentos ou vantagens, até
922, de 02/07/2002. 180 (cento e oitenta) dias, prorrogáveis uma única vez por
Artigo 81 - Extingue-se, ainda, a punibilidade: igual período; (NR)
I - Pela morte do agente; II - designação do policial acusado para o exercício de
II - Pela anistia administrativa; atividades exclusivamente burocráticas até decisão final do
III - Pela retroatividade da lei que não considere o fato procedimento; (NR)
como falta III - recolhimento de carteira funcional, distintivo,
Artigo 82 - O policial civil que, sem justa causa, deixar armas e algemas; (NR)
de atender a qualquer exigência para cujo cumprimento IV - proibição do porte de armas; (NR)
seja marcado prazo certo, terá suspenso o pagamento de V - comparecimento obrigatório, em periodicidade
seu vencimento ou remuneração até que satisfaça essa exi- a ser estabelecida, para tomar ciência dos atos do
gência. procedimento. (NR)
Parágrafo único - Aplica-se aos aposentados ou em § 1º - O Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria,
disponibilidade o disposto neste artigo.
ou qualquer autoridade que determinar a instauração ou
Artigo 83 - Deverão constar do assentamento indivi-
presidir sindicância ou processo administrativo, poderá
dual do policial civil as penas que lhe forem impostas.
  representar ao Delegado Geral de Polícia para propor a
SEÇÃO III aplicação das medidas previstas neste artigo, bem como
Das Providências Preliminares (NR) sua cessação ou alteração. (NR)
- Seção III com redação dada pela Lei Complemen- § 2º - O Delegado Geral de Polícia poderá, a qualquer
tar n° 922, de 02/07/2002. momento, por despacho fundamentado, fazer cessar ou
  alterar as medidas previstas neste artigo. (NR)
Artigo 84 - A autoridade policial que, por qualquer § 3º - O período de afastamento preventivo computa-
meio, tiver conhecimento de irregularidade praticada por se como de efetivo exercício, não sendo descontado da
policial civil, comunicará imediatamente o fato ao órgão pena de suspensão eventualmente aplicada. (NR)
corregedor, sem prejuízo das medidas urgentes que o caso - Artigo 86 com redação dada pela Lei Complementar n°
exigir. (NR) 922, de 02/07/2002.

141
NOÇÕES DE DIREITO

CAPÍTULO X Artigo 93 - O Delegado Geral de Polícia poderá, quan-


Do Procedimento Disciplinar (NR) do entender conveniente, solicitar manifestação do Conse-
- Capítulo X com redação dada pela Lei Comple- lho da Polícia Civil, antes de opinar ou proferir decisão em
mentar n° 922, de 02/07/2002. sindicância. (NR)
SEÇÃO I - Artigo 93 com redação dada pela Lei Complementar n°
Das Disposições Gerais 922, de 02/07/2002.
   
Artigo 87 - A apuração das infrações será feita me- SEÇÃO III
diante sindicância ou processo administrativo, assegurados Do Processo Administrativo
o contraditório e a ampla defesa. (NR).  
- Artigo 87 com redação dada pela Lei Complementar n° Artigo 94 - São competentes para determinar a ins-
922, de 02/07/2002. tauração de processo administrativo as autoridades enu-
Artigo 88 - Será instaurada sindicância quando a falta meradas no artigo 70, até o inciso IV, inclusive. (NR)
disciplinar, por sua natureza, possa determinar as penas de
Parágrafo único - Quando a determinação incluir De-
advertência, repreensão, multa e suspensão. (NR)
legado de Polícia, a competência é das autoridades enume-
- Artigo 88 com redação dada pela Lei Complementar n°
radas no artigo 70, até o inciso III, inclusive. (NR)
922, de 02/07/2002.
- Artigo 94 com redação dada pela Lei Complementar n°
Artigo 89 - Será obrigatório o processo administrativo
quando a falta disciplinar, por sua natureza, possa determi- 922, de 02/07/2002.
nar a pena de demissão, demissão a bem do serviço pú- Artigo 95 - O processo administrativo será presidido
blico, cassação de aposentadoria ou disponibilidade. (NR) por Delegado de Polícia, que designará como secretário
§ 1º - Não será instaurado processo para apurar um Escrivão de Polícia. (NR)
abandono de cargo, se o servidor tiver pedido exoneração. Parágrafo único - Havendo imputação contra Delega-
(NR) do de Polícia, a autoridade que presidir a apuração será de
§ 2º - Extingue-se o processo instaurado exclusivamente classe igual ou superior à do acusado. (NR)
para apurar abandono de cargo, se o indiciado pedir - Artigo 95 com redação dada pela Lei Complementar n°
exoneração até a data 922, de 02/07/2002.
designada para o interrogatório, ou por ocasião deste. Artigo 96 - Não poderá ser encarregado da apuração,
(NR) nem atuar como secretário, amigo íntimo ou inimigo, pa-
- Artigo 89 com redação dada pela Lei Complementar n° rente consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até
922, de 02/07/2002. o terceiro grau inclusive, cônjuge, companheiro ou qual-
  quer integrante do núcleo familiar do denunciante ou do
SEÇÃO II acusado, bem assim o subordinado deste. (NR)
Da Sindicância Parágrafo único - A autoridade ou o funcionário de-
  signado deverão comunicar, desde logo, à autoridade com-
Artigo 90 - São competentes para determinar a ins- petente, o impedimento que houver. (NR)
tauração de sindicância as autoridades enumeradas no ar- - Artigo 96 com redação dada pela Lei Complementar n°
tigo 70. (NR) 922, de 02/07/2002.
Parágrafo único - Quando a determinação incluir De- Artigo 97 - O processo administrativo deverá ser ins-
legado de Polícia, a competência é das autoridades enume- taurado por portaria, no prazo improrrogável de 8 (oito)
radas no artigo 70, até o inciso IV, inclusive. (NR) dias do recebimento da determinação, e concluído no de
- Artigo 90 com redação dada pela Lei Complementar n° 90 (noventa) dias da citação do acusado. (NR)
922, de 02/07/2002.
§ 1º - Da portaria deverá constar o nome e a
Artigo 91 - Instaurada a sindicância, a autoridade que
identificação do acusado, a infração que lhe é atribuída,
a presidir comunicará o fato à Corregedoria Geral da Polícia
com descrição sucinta dos fatos e indicação das normas
Civil e ao órgão setorial de pessoal. (NR)
infringidas. (NR)
- Artigo 91 com redação dada pela Lei Complementar n°
922, de 02/07/2002. § 2º - Vencido o prazo, caso não concluído o processo,
Artigo 92 - Aplicam-se à sindicância as regras previs- a autoridade deverá imediatamente encaminhar ao
tas nesta lei complementar para o processo administrativo, Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria relatório
com as seguintes modificações: (NR) indicando as providências faltantes e o tempo necessário
I - a autoridade sindicante e cada acusado poderão ar- para término dos trabalhos. (NR)
rolar até 3 (três) testemunhas; (NR) § 3º - Caso o processo não esteja concluído no prazo de
II - a sindicância deverá estar concluída no prazo de 60 180 (cento e oitenta) dias, o Delegado de Polícia Diretor da
(sessenta) dias; (NR) Corregedoria deverá justificar o fato circunstanciadamente
III - com o relatório, a sindicância será enviada à auto- ao Delegado Geral de Polícia e ao Secretário da Segurança
ridade competente para a decisão. (NR) Pública. (NR)
- Artigo 92 com redação dada pela Lei Complementar n° - Artigo 97 com redação dada pela Lei Complementar n°
922, de 02/07/2002. 922, de 02/07/2002.

142
NOÇÕES DE DIREITO

Artigo 98 - Autuada a portaria e demais peças pree- § 3º -  Não tendo o acusado recursos financeiros ou
xistentes, designará o presidente dia e hora para audiência negando-se a constituir advogado, o presidente nomeará
de interrogatório, determinando a citação do acusado e a advogado dativo. (NR)
notificação do denunciante, se houver. (NR) § 4º - O acusado poderá, a qualquer tempo, constituir
§ 1º - O mandado de citação deverá conter: (NR) advogado para prosseguir na sua defesa. (NR)
1 - cópia da portaria; (NR) - Artigo 102 com redação dada pela Lei Complementar
2 - data, hora e local do interrogatório, que poderá ser n° 922, de 02/07/2002.
acompanhado pelo advogado do acusado; (NR) Artigo 103 - Comparecendo ou não o acusado ao in-
3 - data, hora e local da oitiva do denunciante, se terrogatório, inicia-se o prazo de 3 (três) dias para requerer
houver, que deverá ser acompanhada pelo advogado do a produção de provas, ou apresentálas. (NR)
acusado; (NR) § 1º - Ao acusado é facultado arrolar até 5 (cinco)
4 -  esclarecimento de que o acusado será defendido testemunhas. (NR)
por advogado dativo, caso não constitua advogado § 2º - A prova de antecedentes do acusado será feita
próprio; (NR) exclusivamente por documentos, até as alegações finais.
5 -  informação de que o acusado poderá arrolar (NR)
testemunhas e requerer provas, no prazo de 3 (três) dias § 3º - Até a data do interrogatório, será designada a
após a data designada para seu interrogatório; (NR) audiência de instrução. (NR)
6 -  advertência de que o processo será extinto se o - Artigo 103 com redação dada pela Lei Complementar
acusado pedir exoneração até o interrogatório, quando se n° 922, de 02/07/2002.
tratar exclusivamente de abandono de cargo. (NR) Artigo 104 - Na audiência de instrução, serão ouvidas,
§ 2º - A citação do acusado será feita pessoalmente, no pela ordem, as testemunhas arroladas pelo presidente, em
mínimo 2 (dois) dias antes do interrogatório, por intermédio número não superior a 5 (cinco), e pelo acusado. (NR)
do respectivo superior hierárquico, ou diretamente, onde Parágrafo único - Tratando-se de servidor público,
possa ser encontrado. (NR) seu comparecimento poderá ser solicitado ao respectivo
§ 3º - Não sendo encontrado, furtando-se o acusado superior imediato com as indicações necessárias. (NR)
à citação ou ignorando-se seu paradeiro, a citação far-se-á - Artigo 104 com redação dada pela Lei Complementar
por edital, publicado uma vez no Diário Oficial do Estado,
n° 922, de 02/07/2002.
no mínimo 10 (dez) dias antes do interrogatório. (NR)
Artigo 105 - A testemunha não poderá eximir-se de
- Artigo 98 com redação dada pela Lei Complementar n°
depor, salvo se for ascendente, descendente, cônjuge, ain-
922, de 02/07/2002.
da que legalmente separado, companheiro, irmão, sogro
Artigo 99 - Havendo denunciante, este deverá prestar
e cunhado, pai, mãe ou filho adotivo do acusado, exceto
declarações, no interregno entre a data da citação e a fixa-
quando não for possível, por outro modo, obter-se ou inte-
da para o interrogatório do acusado, sendo notificado para
grar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. (NR)
tal fim. (NR)
§ 1º - A oitiva do denunciante deverá ser acompanhada § 1º - Se o parentesco das pessoas referidas for com
pelo advogado do acusado, próprio ou dativo. (NR) o denunciante, ficam elas proibidas de depor, observada a
§ 2º -  O acusado não assistirá à inquirição do exceção deste artigo. (NR)
denunciante; antes porém de ser interrogado, poderá ter § 2º - Ao policial civil que se recusar a depor, sem justa
ciência das declarações que aquele houver prestado. (NR) causa, será pela autoridade competente aplicada a sanção
- Artigo 99 com redação dada pela Lei Complementar n° a que se refere o artigo 82, mediante comunicação do
922, de 02/07/2002. presidente. (NR)
Artigo 100 - Não comparecendo o acusado, será, por § 3º - O policial civil que tiver de depor como testemu-
despacho, decretada sua revelia, prosseguindo-se nos de- nha fora da sede de seu exercício, terá direito a transporte
mais atos e termos do processo. (NR) e diárias na forma da legislação em vigor, podendo ainda
- Artigo 100 com redação dada pela Lei Complementar expedir-se precatória para esse efeito à autoridade do do-
n° 922, de 02/07/2002. micílio do depoente. (NR)
Artigo 101 - Ao acusado revel será nomeado advoga- § 4º - São proibidas de depor as pessoas que, em razão
do dativo. (NR) de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar
- Artigo 101 com redação dada pela Lei Complementar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada,
n° 922, de 02/07/2002. quiserem dar o seu testemunho. (NR)
Artigo 102 - O acusado poderá constituir advogado - Artigo 105 com redação dada pela Lei Complementar
que o representará em todos os atos e termos do processo. n° 922, de 02/07/2002.
(NR) Artigo 106 - A testemunha que morar em comarca di-
§ 1º - É faculdade do acusado tomar ciência ou assistir versa poderá ser inquirida pela autoridade do lugar de sua
aos atos e termos do processo, não sendo obrigatória residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória,
qualquer notificação. (NR) com prazo razoável, intimada a defesa. (NR)
§ 2º - O advogado será intimado por publicação no § 1º - Deverá constar da precatória a síntese da
Diário Oficial do Estado, de que conste seu nome e número imputação e os esclarecimentos pretendidos. (NR)
de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, bem como § 2º - A expedição da precatória não suspenderá a
os dados necessários à identificação do procedimento. (NR) instrução do procedimento. (NR)

143
NOÇÕES DE DIREITO

§ 3º - Findo o prazo marcado, o procedimento poderá - Artigo 111 com redação dada pela Lei Complementar
prosseguir até final decisão; a todo tempo, a precatória, n° 922, de 02/07/2002.
uma vez devolvida, será juntada aos autos. (NR) Artigo 112 - Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista
- Artigo 106 com redação dada pela Lei Complementar dos autos à defesa, que poderá apresentar alegações finais,
n° 922, de 02/07/2002. no prazo de 7 (sete) dias. (NR)
Artigo 107 - As testemunhas arroladas pelo acusado Parágrafo único - Não apresentadas no prazo as ale-
comparecerão à audiência designada independente de no- gações finais, o presidente designará advogado dativo,
tificação. (NR) assinando-lhe novo prazo. (NR)
§ 1º -  Deverá ser notificada a testemunha cujo - Artigo 112 com redação dada pela Lei Complementar
depoimento for relevante e que não comparecer n° 922, de 02/07/2002.
espontaneamente. (NR) Artigo 113 - O relatório deverá ser apresentado no
§ 2º -  Se a testemunha não for localizada, a defesa prazo de 10 (dez) dias, contados da apresentação das ale-
poderá substitui-la, se quiser, levando na mesma gações finais. (NR)
data designada para a audiência outra testemunha, § 1º - O relatório deverá descrever, em relação a cada
independente de notificação. (NR) acusado, separadamente, as irregularidades imputadas,
- Artigo 107 com redação dada pela Lei Complementar as provas colhidas e as razões de defesa, propondo a
n° 922, de 02/07/2002. absolvição ou punição e indicando, nesse caso, a pena que
Artigo 108 - Em qualquer fase do processo, poderá o entender cabível. (NR)
presidente, de ofício ou a requerimento da defesa, ordenar § 2º - O relatório deverá conter, também, a sugestão
diligências que entenda convenientes. (NR) de quaisquer outras providências de interesse do serviço
§ 1º - As informações necessárias à instrução do público. (NR)
processo serão solicitadas diretamente, sem observância - Artigo 113 com redação dada pela Lei Complementar
de vinculação hierárquica, mediante ofício, do qual cópia n° 922, de 02/07/2002.
Artigo 114 - Relatado, o processo será encaminhado
será juntada aos autos. (NR)
ao Delegado Geral de Polícia, que o submeterá ao Conse-
§ 2º - Sendo necessário o concurso de técnicos ou
lho da Polícia Civil, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas.
peritos oficiais, o presidente os requisitará, observados os
(NR)
impedimentos do artigo 105. (NR)
§ 1º - O Presidente do Conselho da Polícia Civil, no
- Artigo 108 com redação dada pela Lei Complementar
prazo de 20 (vinte) dias, poderá determinar a realização de
n° 922, de 02/07/2002. diligência, sempre que necessário ao esclarecimento dos
Artigo 109 - Durante a instrução, os autos do proce- fatos. (NR)
dimento administrativo permanecerão na repartição com- § 2º - Determinada a diligência, a autoridade encarre-
petente. (NR) gada do processo administrativo terá prazo de 15 (quinze)
§ 1º - Será concedida vista dos autos ao acusado, dias para seu cumprimento, abrindo vista à defesa para
mediante simples solicitação, sempre que não prejudicar o manifestar-se em 5 (cinco) dias. (NR)
curso do procedimento. (NR) § 3º - Cumpridas as diligências, o Conselho da Polícia
§ 2º - A concessão de vista será obrigatória, no prazo Civil emitirá parecer conclusivo, no prazo de 20 (vinte) dias,
para manifestação do acusado ou para apresentação de encaminhando os autos ao Delegado Geral de Polícia. (NR)
recursos, mediante publicação no Diário Oficial do Estado. § 4º -  O Delegado Geral de Polícia, no prazo de 10
(NR) (dez) dias, emitirá manifestação conclusiva e encaminhará
§ 3º - Ao advogado é assegurado o direito de retirar o processo administrativo à autoridade competente para
os autos da repartição, mediante recibo, durante o prazo decisão. (NR)
para manifestação de seu representado, salvo na hipótese § 5º - A autoridade que proferir decisão determinará os
de prazo comum, de processo sob regime de segredo de atos dela decorrentes e as providências necessárias a sua
justiça ou quando existirem nos autos documentos originais execução. (NR)
de difícil restauração ou ocorrer circunstância relevante - Artigo 114 com redação dada pela Lei Complementar
que justifique a permanência dos autos na repartição, n° 922, de 02/07/2002.
reconhecida pela autoridade em despacho motivado. (NR) Artigo 115 - Terão forma processual resumida, quan-
- Artigo 109 com redação dada pela Lei Complementar do possível, todos os termos lavrados pelo secretário, quais
n° 922, de 02/07/2002. sejam: autuação, juntada, conclusão, intimação, data de re-
Artigo 110 - Somente poderão ser indeferidos pelo cebimento, bem como certidões e compromissos. (NR)
presidente, mediante decisão fundamentada, os reque- Parágrafo único - Toda e qualquer juntada aos autos
rimentos de nenhum interesse para o esclarecimento do se fará na ordem cronológica da apresentação, rubricando
fato, bem como as provas ilícitas, impertinentes, desneces- o presidente as folhas acrescidas. (NR)
sárias ou protelatórias. (NR) - Artigo 115 com redação dada pela Lei Complementar
- Artigo 110 com redação dada pela Lei Complementar n° 922, de 02/07/2002.
n° 922, de 02/07/2002. Artigo 116 - Não será declarada a nulidade de ne-
Artigo 111 - Quando, no curso do procedimento, nhum ato processual que não houver influído na apuração
surgirem fatos novos imputáveis ao acusado, poderá ser da verdade substancial ou diretamente na decisão do pro-
promovida a instauração de novo procedimento para sua cesso ou sindicância. (NR)
apuração, ou, caso conveniente, aditada a portaria, reabrin- - Artigo 116 com redação dada pela Lei Complementar
do-se oportunidade de defesa. (NR) n° 922, de 02/07/2002.

144
NOÇÕES DE DIREITO

Artigo 117 - É defeso fornecer à imprensa ou a outros CAPÍTULO XI


meios de divulgação notas sobre os atos processuais, salvo Da Revisão (NR)
no interesse da Administração, a juízo do Delegado Geral - Capítulo XI com redação dada pela Lei Comple-
de Polícia. (NR) mentar n° 922, de 02/07/2002.
- Artigo 117 com redação dada pela Lei Complementar  
n° 922, de 02/07/2002. Artigo 122 - Admitir-se-á, a qualquer tempo, a revisão
Artigo 118 - Decorridos 5 (cinco) anos de efetivo exer- de punição disciplinar, se surgirem fatos ou circunstâncias
cício, contados do cumprimento da sanção disciplinar, sem ainda não apreciados, ou vícios insanáveis de procedimen-
cometimento de nova infração, não mais poderá aquela ser to, que possam justificar redução ou anulação da pena apli-
considerada em prejuízo do infrator, inclusive para efeito cada. (NR)
de reincidência. (NR) § 1º - A simples alegação da injustiça da decisão não
- Artigo 118 com redação dada pela Lei Complementar constitui fundamento do pedido. (NR)
n° 922, de 02/07/2002. § 2º - Não será admitida reiteração de pedido pelo
mesmo fundamento. (NR)
 
§ 3º - Os pedidos formulados em desacordo com este
SEÇÃO IV (NR)
artigo serão indeferidos. (NR)
Dos Recursos (NR)
§ 4º - O ônus da prova cabe ao requerente. (NR)
- Seção inserida pela Lei Complementar n° 922, de - Artigo 122 com redação dada pela Lei Complementar
02/07/2002. n° 922, de 02/07/2002.
  Artigo 123 - A pena imposta não poderá ser agravada
Artigo 119 - Caberá recurso, por uma única vez, da pela revisão. (NR)
decisão que aplicar penalidade. (NR) - Artigo 123 com redação dada pela Lei Complementar
§ 1º - O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, conta- n° 922, de 02/07/2002.
dos da publicação da decisão impugnada no Diário Oficial Artigo 124 - A instauração de processo revisional po-
do Estado. (NR) derá ser requerida fundamentadamente pelo interessado
§ 2º - Tratando-se de pena de advertência, sem ou, se falecido ou incapaz, por seu curador, cônjuge, com-
publicidade, o prazo será contado da data em que o policial panheiro, ascendente, descendente ou irmão, sempre por
civil for pessoalmente intimado da decisão. (NR) intermédio de advogado. (NR)
§ 3º - Do recurso deverá constar, além do nome e Parágrafo único - O pedido será instruído com as pro-
qualificação do recorrente, a exposição das razões de vas que o requerente possuir ou com indicação daquelas
inconformismo. (NR) que pretenda produzir. (NR)
§ 4º -  O recurso será apresentado à autoridade que - Artigo 124 com redação dada pela Lei Complementar
aplicou a pena, que terá o prazo de 10 (dez) dias para, n° 922, de 02/07/2002.
motivadamente, manter sua decisão ou reformá-la. (NR) Artigo 125 - O exame da admissibilidade do pedido
§ 5º - Mantida a decisão, ou reformada parcialmente, de revisão será feito pela autoridade que aplicou a penali-
será imediatamente encaminhada a reexame pelo superior dade, ou que a tiver confirmado em grau de recurso. (NR)
hierárquico. (NR) - Artigo 125 com redação dada pela Lei Complementar
§ 6º - O recurso será apreciado pela autoridade n° 922, de 02/07/2002.
competente ainda que incorretamente denominado ou Artigo 126 - Deferido o processamento da revisão,
endereçado. (NR) será este realizado por Delegado de Polícia de classe igual
- Artigo 119 com redação dada pela Lei Complementar ou superior à do acusado, que não tenha funcionado no
procedimento disciplinar de que resultou a punição do re-
n° 922, de 02/07/2002.
querente. (NR)
Artigo 120 - Caberá pedido de reconsideração, que
- Artigo 126 com redação dada pela Lei Complementar
não poderá ser renovado, de decisão tomada pelo Gover-
n° 922, de 02/07/2002.
nador do Estado em única instância, no prazo de 30 (trinta) Artigo 127 - Recebido o pedido, o presidente provi-
dias. (NR) denciará o apensamento dos autos originais e notificará o
- Artigo 120 com redação dada pela Lei Complementar requerente para, no prazo de 8 (oito) dias, oferecer rol de
n° 922, de 02/07/2002. testemunhas, ou requerer outras provas que pretenda pro-
Artigo 121 - Os recursos de que trata esta lei comple- duzir. (NR)
mentar não têm efeito suspensivo; os que forem providos Parágrafo único - No processamento da revisão serão
darão lugar às retificações necessárias, retroagindo seus observadas as normas previstas nesta lei complementar
efeitos à data do ato punitivo. (NR) para o processo administrativo. (NR)
- Artigo 121 com redação dada pela Lei Complementar - Artigo 127 com redação dada pela Lei Complementar
n° 922, de 02/07/2002. n° 922, de 02/07/2002.
  Artigo 128 - A decisão que julgar procedente a revisão
poderá alterar a classificação da infração, absolver o puni-
do, modificar a pena ou anular o processo, restabelecendo
os direitos atingidos pela decisão reformada. (NR)
- Artigo 128 com redação dada pela Lei Complementar
n° 922, de 02/07/2002.

145
NOÇÕES DE DIREITO

CAPÍTULO XII n.º 7.626, de 6 de dezembro de 1962, o Decreto-lei n.º 156,


Das Disposições Gerais e Finais de 8 de outubro de 1969, bem como a alínea “a” do inciso
  III do artigo 64 e o artigo 182, ambos da Lei Complementar
Artigo 129 - Vetado. n.º 180, de 12 de maio de 1978.
Artigo 130 - Contar-se-ão por dias corridos os prazos Das Disposições Transitórias
previstos nesta lei complementar. Artigo 1.º - Somente se aplicará esta lei complemen-
Parágrafo único - Computam-se os prazos excluindo tar às infrações disciplinares praticadas na vigência da lei
o dia do começo e incluindo o do vencimento, prorrogan- anterior, quando:
do-se este, quando incidir em sábado, domingo, feriado ou I - o fato não for mais considerado infração disciplinar;
facultativo, para o primeiro dia útil seguinte. II - de qualquer forma, for mais branda a pena comi-
Artigo 131 - Compete ao órgão Setorial de Recursos nada.
Humanos da Polícia Civil, o planejamento, a coordenação, Artigo 2.º - Os processos em curso, quando da entra-
a orientação técnica e o controle, sempre em integração da em vigor desta lei complementar, obedecerão ao rito
com o órgão central, das atividades de administração do processual estabelecido pela legislação anterior.
pessoal policial civil. Artigo 3.º - Os atuais cargos de Delegado de Polícia
Artigo 132 - O Estado fornecerá aos policiais civis car- Substituto serão extintos na vacância.
teira de identidade funcional, distintivo, algema, armamen- Parágrafo único - Os ocupantes dos cargos a que alu-
to e munição, para o efetivo exercício de suas funções. (NR) de este artigo, serão inscritos nos concursos de ingresso na
§ 1º - A carteira de identidade funcional dos policiais carreira de Delegado de Polícia.
civis será elaborada com observância das diretrizes básicas Artigo 4.º - Vetado.
previstas na legislação federal para emissão da carteira Artigo 5.º - Vetado.
de identidade pelo órgão estadual de identificação, dará Parágrafo único - Vetado.
direito ao porte de arma e ao uso de distintivo, e terá fé Artigo 6.º - Vetado.
pública e validade como documento de identificação civil. a) vetado;
(NR) b) vetado;
§ 2º - Aplica-se, no que couber, à carteira de identidade c) vetado;
funcional instituída para os policiais civis aposentados o d) vetado.
disposto no §1º deste artigo. (NR) Palácio dos Bandeirantes, 5 de janeiro de 1979.
- Artigo 132 com redação dada pela Lei Complementar PAULO EGYDIO MARTINS
n° 1.282, de 18/01/2016. Murillo Macêdo, Secretário da Fazenda
Artigo 133 - É proibida a acumulação de férias, salvo Antonio Erasmo Dias, Secretário da Segurança Pública
por absoluta necessidade de serviço e pelo prazo máximo Fernando Milliet de Oliveira, Secretário da Administra-
de 3 (três) anos consecutivos. ção
Artigo 134 - O disposto nos artigos 41, 42, 44 e 45 Jorge Wilheim, Secretário de Economia e Planejamento
desta lei complementar aplica-se aos integrantes da série Péricles Eugênio da Silva Ramos, Secretário Extraordi-
de classes de Agente de Segurança Penitenciária da Secre- nário do Governo
taria da Justiça. (NR) Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 5 de
- Artigo 134 com redação dada pela Lei Complementar janeiro de 1979.
n° 498, de 29/12/1986. Nelson Petersen da Costa, Diretor (Divisão Nível II)
Artigo 135 - Aplicam-se aos funcionários policiais Subst.º
civis, no que não conflitar com esta lei complementar as  
disposições da Lei n º 199, de 1.º de dezembro de 1948,
do Decreto-lei n.º 141, de 24 de julho de 1969, da Lei n.º Lei
Complementar n.º 180, de 12 de maio de 1978, bem como
o regime de mensal, instituído pela Lei n.º 4.832, de 4 de
setembro de 1958, com alterações posteriores.
Artigo 136 - Esta lei complementar aplica-se, nas mes-
mas bases, termos e condições, aos inativos.
Artigo 137 - As despesas decorrentes da aplicação
desta lei complementar, correrão à conta de créditos suple-
mentares que o Poder Executivo fica autorizado a abrir, até
o limite de Cr$ 270.000.000,00 (duzentos e setenta milhões
de cruzeiros).
Parágrafo único - O valor do crédito autorizado neste
artigo será coberto com recursos de que trata o artigo 43
da Lei Federal n.º 4.320, de 17 de março de 1964.
Artigo 138 - Esta lei complementar e suas disposições
transitórias entrarão em vigor em 1.º de março de 1979
revogadas as disposições em contrário, especialmente a Lei

146
NOÇÕES DE DIREITO

ANEXO A QUE SE REFERE O ARTIGO 42 DA LEI COMPLEMENTAR N. 207, DE 5 DE JANEIRO DE 1979

SITUAÇÃO ATUAL SITUAÇÃO NOVA


Referência Referência
DENOMINAÇÃO Tabela A V DENOMINAÇÃO Tabela A V
Inicial Final Inicial Final
Delegado Geral de
Delegado Geral SQC-I 60 75 I VE-1 SQC-I 60 75 I VE-1
Polícia
Diretor Geral de Po-
Diretor Geral de Polícia
SQC-I 59 74 I VE-1 lícia (Departamento SQC-I 59 74 I VE-1
(Departamento Nível II)
Policial)
Assistente Técnico de Assistente Técnico
SQC-I 58 73 I VE-1 SQC-I 58 73 I VE-1
Polícia de Polícia
Diretor Técnico (Divisão
SQC-I 58 73 I VE-1 Vetado          
- Nível III)
Diretor Técnico (Divisão
SQC-I 58 73 I VE-1 Vetado          
- Nível III)
Diretor Técnico (Divisão
SQC-I 57 72 I VE-1 Vetado          
- Nível II)
Diretor Técnico (Serviço
SQC-I 55 70 I VE-1 Vetado          
- Nível I)
Delegado Regional de Delegado Regional
SQC-I 58 73 I VE-1 SQC-I 58 73 I VE-1
Polícia de Polícia
Assistente de Pla-
Assistente de Planeja-
SQC-I 55 70 I VE-1 nejamento e Con- SQC-I 55 70 I VE-1
mento e Controle II
trole Policial
Delegado de Polícia Delegado de Polícia
SQC-I 43 58 I VE-3 SQC-I 43 58 I VE-3
Substituto Substituto
Escrivão de Polícia Che- Escrivão de Polícia
SQC-I 34 53 III VE-2 SQC-I 34 53 III VE-2
fe II Chefe II
Investigador de Polícia Investigador de Po-
SQC-I 34 53 III VE-2 SQC-I 34 53 III VE-2
Chefe II lícia Chefe II
Escrivão de Polícia Che- Escrivão de Polícia
SQC-I 33 52 III VE-2 SQC-I 33 52 III VE-2
fe I Chefe I
Investigador de Polícia Investigador de Po-
SQC-I 33 52 III VE-2 SQC-I 33 52 III VE-2
Chefe I lícia Chefe I
Chefe de Seção (Te-
Chefe de Seção Teleco-
SQC-II 34 53 III VE-3 lecomunicações Po- SQC-II 34 53 III VE-3
municações Policial
licial)
Encarregado de Setor Encarregado de Se-
de Telecomunicações SQC-II 31 48 II VE-2 tor (Telecomunica- SQC-II 31 48 II VE-2
Policial ções Policial)
Chefe de Seção
            (Pesquisador Dacti- SQC-II 30 47 II VE-2
loscópico Policial)
Encarregado de
Setor (Pesquisador
            SQC-II 28 45 II VE-2
Dactiloscópico Po-
licial)
Encarregado de Se-
            SQC-II 27 44 III VE-2
tor (Carceragem)

147
NOÇÕES DE DIREITO

Chefe de Seção
            (Dactiloscopista Po- SQC-II 24 41 II VE-2
licial)
Encarregado de Se-
Encarregado de Setor
SQC-II 17 34 II VE-2 tor (Dactiloscopista SQC-II 17 34 II VE-2
(Dactiloscopista Policial)
Policial)
Perito Criminal Chefe
- Classe incluída pela Lei Perito Criminal
SQC-II 44 65 IV VE-4 SQC-II 44 65 IV VE-4
Complementar nº 247, Chefe
de 06/04/1981.
Perito Criminal Encarre-
gado
Perito Criminal
- Classe incluída pela Lei SQC-II 42 63 IV VE-4 SQC-II 42 63 IV VE-4
Encarregado
Complementar nº 247,
de 06/04/1981.
Perito Criminal SQC-III 40 61 IV VE-4 Perito Criminal SQC-III 40 61 IV VE-4
Técnico de Telecomuni- Técnico de Teleco-
SQC-III 27 44 II VE-2 SQC-III 27 44 II VE-2
cações Policial municações Policial
Operador de Tele-
Operador de Telecomu-
SQC-III 27 44 II VE-2 comunicações Po- SQC-III 27 44 II VE-2
nicações Policial
licial
Fotógrafo (Técnica Poli- Fotógrafo (Técnica
SQC-III 27 44 II VE-2 SQC-III 27 44 II VE-2
cial) Policial)
Inspetor de Diversões Inspetor de Diver-
SQC-III 27 44 II VE-2 SQC-III 27 44 II VE-2
Públicas sões Públicas
Auxiliar de Necróp-
Auxiliar de Necrópsia SQC-III 27 44 II VE-2 SQC-III 27 44 II VE-2
sia
Pesquisador Dactiloscó- Pesquisador Dacti-
SQC-III 24 41 II VE-2 SQC-III 24 41 II VE-2
pico Policial loscópico Policial
Carcereiro SQC-III 23 40 II VE-2 Carcereiro SQC-III 23 40 II VE-2
Dactiloscopista Po-
Dactiloscopista Policial SQC-III 16 31 I VE-1 SQC-III 16 31 I VE-1
licial
Motorista Policial
- Vide Lei Complementar SQC-III 16 33 II VE-2 Motorista Policial SQC-III 16 33 II VE-2
n° 456, de 12/05/1986.
Atendente de Necroté- Atendente de Ne-
SQC-III 15 32 II VE-2 SQC-III 15 32 II VE-2
rio Policial crotério Policial
- Vide Lei Complementar nº 219, de 10/07/1979.
- Vide Lei Complementar nº 247, de 06/04/1981.
SITUAÇÃO ATUAL SITUAÇÃO NOVA
Referência Referência
DENOMINAÇÃO Tabela A V DENOMINAÇÃO Tabela A V
Inicial Final Inicial Final
SÉRIE DE CLASSES           SÉRIE DE CLASSES          
                       
Delegado de Polí-
Delegado de Polícia:                    
cia:
Delegado de Polícia Delegado de Polícia
SQC-III 52 71 III VE-2 SQC-III 52 71 III VE-2
Classe Especial Classe Especial
Delegado de Polícia 1ª Delegado de Polícia
SQC-III 50 69 III VE-2 SQC-III 50 69 III VE-2
Classe 1ª Classe

148
NOÇÕES DE DIREITO

Delegado de Polícia 2ª Delegado de Polícia


SQC-III 48 65 II VE-2 SQC-III 48 65 II VE-2
Classe 2ª Classe
Delegado de Polícia 3ª Delegado de Polícia
SQC-III 46 61 I VE-2 SQC-III 46 61 I VE-2
Classe 3ª Classe
Delegado de Polícia 4ª Delegado de Polícia
SQC-III 44 59 I VE-3 SQC-III 44 59 I VE-3
Classe 4ª Classe
Delegado de Polícia 5ª Delegado de Polícia
SQC-III 43 58 I VE-3 SQC-III 43 58 I VE-3
Classe 5ª Classe
                       
Escrivão de Polícia:           Escrivão de Polícia:          
Escrivão de Polícia
Escrivão de Polícia III SQC-III 33 52 III VE-2 SQC-III 33 52 III VE-2
III
Escrivão de Polícia II SQC-III 31 48 II VE-2 Escrivão de Polícia II SQC-III 31 48 II VE-2
Escrivão de Polícia I SQC-III 30 45 I VE-2 Escrivão de Polícia I SQC-III 30 45 I VE-2
                       
Investigador de Po-
Investigador de Polícia:                    
lícia:
Investigador de Polícia Investigador de Po-
SQC-III 33 52 III VE-2 SQC-III 33 52 III VE-2
III lícia III
Investigador de Polícia Investigador de Po-
SQC-III 31 48 II VE-2 SQC-III 31 48 II VE-2
II lícia II
Investigador de Po-
Investigador de Polícia I SQC-III 30 45 I VE-2 SQC-III 30 45 I VE-2
lícia I

LEI COMPLEMENTAR Nº 922, DE 02 DE JULHO DE 2002

Altera a Lei Complementar nº 207, de 5 de janeiro de 1979 - Lei Orgânica da Polícia do Estado de São Paulo, e
dá providências correlatas.

O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:


Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei complementar:
Artigo 1º - Passam a vigorar com a seguinte redação os dispositivos adiante enumerados da Lei Complementar nº 207,
de 5 de janeiro de 1979:
I - os artigos 55, 56 e 57:
“Artigo 55 - É assegurado a qualquer pessoa, física ou jurídica, independentemente de pagamento, o direito de petição
contra ilegalidade ou abuso de poder e para defesa de direitos. (NR)
Parágrafo único - Em nenhuma hipótese, a Administração poderá recusar-se a protocolar, encaminhar ou apreciar a
petição, sob pena de responsabilidade do agente. (NR)
Artigo 56 - Qualquer pessoa poderá reclamar sobre abuso, erro, omissão ou conduta incompatível no serviço policial.
(NR)
Artigo 57 - Ao policial civil é assegurado o direito de requerer ou representar, bem como, nos termos desta lei comple-
mentar, pedir reconsideração
e recorrer de decisões.” (NR);
II - o artigo 70, passando o CAPÍTULO IX a denominar-se “Das Penalidades, da Extinção da Punibilidade das Providências
Preliminares” (NR):
“Artigo 70 - Para a aplicação das penas previstas no artigo 67 são competentes:
I - o Governador; (NR)
II - o Secretário da Segurança Pública; (NR)
III - o Delegado Geral de Polícia, até a de suspensão; (NR)
IV - o Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria, até a de suspensão limitada a 60 (sessenta)dias; (NR)
V - os Delegados de Polícia Corregedores Auxiliares, até a de repreensão. (NR)
§ 1º - Compete exclusivamente ao Governador do Estado, a aplicação das penas de demissão, demissão a bem do ser-
viço público e cassação de aposentadoria ou disponibilidade a Delegado de Polícia. (NR)

149
NOÇÕES DE DIREITO

§ 2º - Compete às autoridades enumeradas neste arti- § 1º - O início da apuração será comunicado ao Dele-
go, até o inciso III, inclusive, a aplicação de pena a Delega- gado de Polícia Diretor da Corregedoria, devendo ser con-
do de Polícia. (NR) cluída e a este encaminhada no prazo de 30 (trinta) dias.
§ 3º - Para o exercício da competência prevista nos in- (NR)
cisos I e II será ouvido o órgão de consultoria jurídica. (NR) § 2º - Não concluída no prazo a apuração, a autoridade
§ 4º - Para a aplicação da pena prevista no artigo 68 é deverá imediatamente encaminhar ao Delegado de Polícia
competente o Delegado Geral de Polícia.” (NR); Diretor da Corregedoria relatório das diligências realizadas
III - o artigo 80: e definir o tempo necessário para o término dos trabalhos.
“Artigo 80 - Extingue-se a punibilidade pela prescrição: (NR)
I - da falta sujeita à pena de advertência, repreensão, § 3º - Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade
multa ou suspensão, em 2 (dois) anos; (NR) deverá opinar fundamentadamente pelo arquivamento ou
II - da falta sujeita à pena de demissão, demissão a bem pela instauração de sindicância ou processo administrativo.
do serviço público e de cassação da aposentadoria ou dis- (NR)
ponibilidade, em 5 (cinco) anos; (NR) Artigo 86 - Determinada a instauração de sindicância
III - da falta prevista em lei como infração penal, no ou processo administrativo, ou no seu curso, havendo con-
prazo de prescrição em abstrato da pena criminal, se for veniência para a 
superior a 5 (cinco) anos. (NR) instrução ou para o serviço policial, poderá o Delegado
§ 1º - A prescrição começa a correr: (NR) Geral de Polícia, por despacho fundamentado, ordenar as
1 - do dia em que a falta for cometida; (NR) seguintes providências: (NR)
2 - do dia em que tenha cessado a continuação ou a I  - afastamento preventivo do policial civil, quando o
permanência, nas faltas continuadas ou permanentes. (NR) recomendar a moralidade administrativa ou a repercussão
§ 2º - Interrompe a prescrição a portaria que instaura do fato, sem prejuízo de vencimentos ou vantagens, até
sindicância e a que instaura processo administrativo. (NR) 180 (cento e oitenta) dias, prorrogáveis uma única vez por
§ 3º - O lapso prescricional corresponde: (NR) 1 - na igual período; (NR)
hipótese de desclassificação da infração, ao da pena efeti- II - designação do policial acusado para o exercício de
vamente aplicada; (NR) atividades exclusivamente burocráticas até decisão final do
2 - na hipótese de mitigação ou atenuação, ao da pena procedimento; (NR)
em tese cabível. (NR) III - recolhimento de carteira funcional, distintivo, ar-
§ 4º - A prescrição não corre: (NR) mas e algemas; (NR)
1 - enquanto sobrestado o processo administrativo IV - proibição do porte de armas; (NR)
para aguardar decisão judicial, na forma do § 3º do artigo V - comparecimento obrigatório, em periodicidade a
65; (NR) ser estabelecida, para tomar ciência dos atos do procedi-
2 - enquanto insubsistente o vínculo funcional que ve- mento. (NR)
nha a ser restabelecido. (NR) § 1º - O Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria,
§ 5º - A decisão que reconhecer a existência de prescri- ou qualquer autoridade que determinar a instauração ou
ção deverá determinar, desde logo, as providências neces- presidir sindicância ou processo administrativo, poderá re-
sárias à apuração da responsabilidade pela sua ocorrência.” presentar ao Delegado Geral de Polícia para propor a apli-
(NR); cação das medidas previstas neste artigo, bem como sua
IV - os artigos 84 a 128, agrupados nas seções e capí- cessação ou alteração. (NR)
tulos a seguir indicados: § 2º - O Delegado Geral de Polícia poderá, a qualquer
momento, por despacho fundamentado, fazer cessar ou al-
“SEÇÃO III terar as medidas previstas neste artigo. (NR)
Das Providências Preliminares (NR) § 3º - O período de afastamento preventivo compu-
ta- se como de efetivo exercício, não sendo descontado da
Artigo 84  - A autoridade policial que, por qualquer pena de suspensão eventualmente aplicada. (NR)
meio, tiver conhecimento de irregularidade praticada por
policial civil, comunicará imediatamente o fato ao órgão CAPÍTULO X
corregedor, sem prejuízo das medidas urgentes que o caso Do Procedimento Disciplinar (NR)
exigir. (NR) SEÇÃO I
Parágrafo único - Ao instaurar procedimento adminis- Das Disposições Gerais
trativo ou de polícia judiciária contra policial civil, a auto-
ridade que o presidir comunicará o fato ao Delegado de Artigo 87 - A apuração das infrações será feita median-
Polícia Diretor da Corregedoria. (NR) te sindicância ou processo administrativo, assegurados o
Artigo 85  - A autoridade corregedora realizará apu- contraditório e a ampla defesa. (NR). 
ração preliminar, de natureza simplesmente investigativa, Artigo 88 - Será instaurada sindicância quando a falta
quando a infração não estiver suficientemente caracteriza- disciplinar, por sua natureza, possa determinar as penas de
da ou definida autoria. (NR) advertência, repreensão, multa e suspensão. (NR)

150
NOÇÕES DE DIREITO

Artigo 89 - Será obrigatório o processo administrativo Parágrafo único - A autoridade ou o funcionário desig-
quando a falta disciplinar, por sua natureza, possa determi- nado deverão comunicar, desde logo, à autoridade compe-
nar a pena de demissão, demissão a bem do serviço pú- tente, o impedimento que houver. (NR)
blico, cassação de aposentadoria ou disponibilidade. (NR) Artigo 97 - O processo administrativo deverá ser ins-
§ 1º - Não será instaurado processo para apurar aban- taurado por portaria, no prazo improrrogável de 8 (oito)
dono de cargo, se o servidor tiver pedido exoneração. (NR) dias do recebimento da determinação, e concluído no de
§ 2º - Extingue-se o processo instaurado exclusivamen- 90 (noventa) dias da citação do acusado. (NR)
te para apurar abandono de cargo, se o indiciado pedir § 1º - Da portaria deverá constar o nome e a identifi-
exoneração até a data designada para o interrogatório, ou cação do acusado, a infração que lhe é atribuída, com des-
por ocasião deste. (NR) crição sucinta dos fatos e indicação das normas infringidas.
(NR)
SEÇÃO II § 2º - Vencido o prazo, caso não concluído o processo,
Da Sindicância a autoridade deverá imediatamente encaminhar ao Dele-
gado de Polícia Diretor da Corregedoria relatório indicando
Artigo 90 - São competentes para determinar a instau- as providências faltantes e o tempo necessário para térmi-
ração de sindicância as autoridades enumeradas no artigo no dos trabalhos. (NR)
70. (NR) § 3º - Caso o processo não esteja concluído no prazo
Parágrafo único - Quando a determinação incluir Dele- de 180 (cento e oitenta) dias, o Delegado de Polícia Dire-
gado de Polícia, a competência é das autoridades enume- tor da Corregedoria deverá justificar o fato circunstancia-
radas no artigo 70, até o inciso IV, inclusive. (NR) damente ao Delegado Geral de Polícia e ao Secretário da
Artigo 91 - Instaurada a sindicância, a autoridade que a Segurança Pública. (NR)
presidir comunicará o fato à Corregedoria Geral da Polícia Artigo 98 - Autuada a portaria e demais peças pree-
Civil e ao órgão setorial de pessoal. (NR) xistentes, designará o presidente dia e hora para audiência
Artigo 92 - Aplicam-se à sindicância as regras previs- de interrogatório, determinando a citação do acusado e a
tas nesta lei complementar para o processo administrativo, notificação do denunciante, se houver. (NR)
com as seguintes modificações: (NR) § 1º - O mandado de citação deverá conter: (NR)
I - a autoridade sindicante e cada acusado poderão ar- 1 - cópia da portaria; (NR)
rolar até 3 (três) testemunhas; (NR) 2 - data, hora e local do interrogatório, que poderá ser
II - a sindicância deverá estar concluída no prazo de 60 acompanhado pelo advogado do acusado; (NR)
(sessenta) dias; (NR) 3 - data, hora e local da oitiva do denunciante, se hou-
III - com o relatório, a sindicância será enviada à auto- ver, que deverá ser acompanhada pelo advogado do acu-
ridade competente para a decisão. (NR) sado; (NR)
Artigo 93 - O Delegado Geral de Polícia poderá, quan- 4 - esclarecimento de que o acusado será defendido
do entender conveniente, solicitar manifestação do Conse- por advogado dativo, caso não constitua advogado pró-
lho da Polícia Civil, antes de opinar ou proferir decisão em prio; (NR)
sindicância. (NR) 5 - informação de que o acusado poderá arrolar teste-
munhas e requerer provas, no prazo de 3 (três) dias após a
SEÇÃO III data designada para seu interrogatório; (NR)
Do Processo Administrativo 6 - advertência de que o processo será extinto se o
acusado pedir exoneração até o interrogatório, quando se
Artigo 94 - São competentes para determinar a instau- tratar exclusivamente de abandono de cargo. (NR)
ração de processo administrativo as autoridades enumera- § 2º - A citação do acusado será feita pessoalmente,
das no artigo 70, até o inciso IV, inclusive. (NR) no mínimo 2 (dois) dias antes do interrogatório, por inter-
Parágrafo único - Quando a determinação incluir Dele- médio do respectivo superior hierárquico, ou diretamente,
gado de Polícia, a competência é das autoridades enume- onde possa ser encontrado. (NR)
radas no artigo 70, até o inciso III, inclusive. (NR) § 3º - Não sendo encontrado, furtando-se o acusado
Artigo 95 - O processo administrativo será presidido à citação ou ignorando-se seu paradeiro, a citação far-se-á
por Delegado de Polícia, que designará como secretário por edital, publicado uma vez no Diário Oficial do Estado,
um Escrivão de Polícia. (NR) no mínimo 10 (dez) dias antes do interrogatório. (NR)
Parágrafo único - Havendo imputação contra Delega- Artigo 99 - Havendo denunciante, este deverá prestar
do de Polícia, a autoridade que presidir a apuração será de declarações, no interregno entre a data da citação e a fixa-
classe igual ou superior à do acusado. (NR) da para o interrogatório do acusado, sendo notificado para
Artigo 96 - Não poderá ser encarregado da apuração, tal fim. (NR)
nem atuar como secretário, amigo íntimo ou inimigo, pa- § 1º - A oitiva do denunciante deverá ser acompanhada
rente consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até pelo advogado do acusado, próprio ou dativo. (NR)
o terceiro grau inclusive, cônjuge, companheiro ou qual- § 2º - O acusado não assistirá à inquirição do denun-
quer integrante do núcleo familiar do denunciante ou do ciante; antes porém de ser interrogado, poderá ter ciência
acusado, bem assim o subordinado deste. (NR) das declarações que aquele houver prestado. (NR)

151
NOÇÕES DE DIREITO

Artigo 100 - Não comparecendo o acusado, será, por Artigo 106 - A testemunha que morar em comarca di-
despacho, decretada sua revelia, prosseguindo-se nos de- versa poderá ser inquirida pela autoridade do lugar de sua
mais atos e termos do processo. (NR) residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória,
Artigo 101 - Ao acusado revel será nomeado advogado com prazo razoável, intimada a defesa. (NR)
dativo. (NR) § 1º - Deverá constar da precatória a síntese da impu-
Artigo 102 - O acusado poderá constituir advogado tação e os esclarecimentos pretendidos. (NR)
que o representará em todos os atos e termos do processo. § 2º - A expedição da precatória não suspenderá a ins-
(NR) trução do procedimento. (NR)
§ 1º - É faculdade do acusado tomar ciência ou assistir § 3º - Findo o prazo marcado, o procedimento pode-
aos atos e termos do processo, não sendo obrigatória qual- rá prosseguir até final decisão; a todo tempo, a precatória,
quer notificação. (NR) uma vez devolvida, será juntada aos autos. (NR)
§ 2º - O advogado será intimado por publicação no Artigo 107 - As testemunhas arroladas pelo acusado
Diário Oficial do Estado, de que conste seu nome e núme- comparecerão à audiência designada independente de no-
ro de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, bem tificação. (NR)
como os dados necessários à identificação do procedimen- § 1º - Deverá ser notificada a testemunha cujo depoi-
to. (NR) mento for relevante e que não comparecer espontanea-
§ 3º  - Não tendo o acusado recursos financeiros ou mente. (NR)
negando-se a constituir advogado, o presidente nomeará § 2º - Se a testemunha não for localizada, a defesa po-
advogado dativo. (NR) derá substituí-la, se quiser, levando na mesma data desig-
§ 4º - O acusado poderá, a qualquer tempo, constituir nada para a audiência outra testemunha, independente de
advogado para prosseguir na sua defesa. (NR) notificação. (NR)
Artigo 103 - Comparecendo ou não o acusado ao in- Artigo 108 - Em qualquer fase do processo, poderá o
terrogatório, inicia-se o prazo de 3 (três) dias para requerer presidente, de ofício ou a requerimento da defesa, ordenar
a produção de provas, ou apresentá-las. (NR) diligências que entenda convenientes. (NR)
§ 1º - Ao acusado é facultado arrolar até 5 (cinco) tes- § 1º - As informações necessárias à instrução do pro-
temunhas. (NR) cesso serão solicitadas diretamente, sem observância de
§ 2º - A prova de antecedentes do acusado será feita vinculação hierárquica, mediante ofício, do qual cópia será
exclusivamente por documentos, até as alegações finais. juntada aos autos. (NR)
(NR) § 2º - Sendo necessário o concurso de técnicos ou pe-
§ 3º - Até a data do interrogatório, será designada a ritos oficiais, o presidente os requisitará, observados os im-
audiência de instrução. (NR) pedimentos do artigo 105. (NR)
Artigo 104 - Na audiência de instrução, serão ouvidas, Artigo 109 - Durante a instrução, os autos do procedi-
pela ordem, as testemunhas arroladas pelo presidente, em mento administrativo permanecerão na repartição compe-
número não superior a 5 (cinco), e pelo acusado. (NR) tente. (NR)
Parágrafo único - Tratando-se de servidor público, seu § 1º - Será concedida vista dos autos ao acusado, me-
comparecimento poderá ser solicitado ao respectivo supe- diante simples solicitação, sempre que não prejudicar o
rior imediato com as indicações necessárias. (NR) curso do procedimento. (NR)
Artigo 105 - A testemunha não poderá eximir-se de § 2º - A concessão de vista será obrigatória, no prazo
depor, salvo se for ascendente, descendente, cônjuge, ain- para manifestação do acusado ou para apresentação de re-
da que legalmente separado, companheiro, irmão, sogro cursos, mediante publicação no Diário Oficial do Estado.
e cunhado, pai, mãe ou filho adotivo do acusado, exceto (NR)
quando não for possível, por outro modo, obter-se ou inte- § 3º - Ao advogado é assegurado o direito de retirar os
grar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. (NR) autos da repartição, mediante recibo, durante o prazo para
§ 1º - Se o parentesco das pessoas referidas for com manifestação de seu representado, salvo na hipótese de
o denunciante, ficam elas proibidas de depor, observada a prazo comum, de processo sob regime de segredo de jus-
exceção deste artigo. (NR) tiça ou quando existirem nos autos documentos originais
§ 2º - Ao policial civil que se recusar a depor, sem justa de difícil restauração ou ocorrer circunstância relevante que
causa, será pela autoridade competente aplicada a sanção justifique a permanência dos autos na repartição, reconhe-
a que se refere o artigo 82, mediante comunicação do pre- cida pela autoridade em despacho motivado. (NR)
sidente. (NR) Artigo 110 - Somente poderão ser indeferidos pelo
§ 3º - O policial civil que tiver de depor como testemu- presidente, mediante decisão fundamentada, os reque-
nha fora da sede de seu exercício, terá direito a transporte rimentos de nenhum interesse para o esclarecimento do
e diárias na forma da legislação em vigor, podendo ainda fato, bem como as provas ilícitas, impertinentes, desneces-
expedir-se precatória para esse efeito à autoridade do do- sárias ou protelatórias. (NR)
micílio do depoente. (NR) Artigo 111 - Quando, no curso do procedimento, surgi-
§ 4º - São proibidas de depor as pessoas que, em razão rem fatos novos imputáveis ao acusado, poderá ser promo-
de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar vida a instauração de novo procedimento para sua apura-
segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, qui- ção, ou, caso conveniente, aditada a portaria, reabrindo-se
serem dar o seu testemunho. (NR) oportunidade de defesa. (NR)

152
NOÇÕES DE DIREITO

Artigo 112 - Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista SEÇÃO IV


dos autos à defesa, que poderá apresentar alegações finais, Dos Recursos
no prazo de 7 (sete) dias. (NR)
Parágrafo único  - Não apresentadas no prazo as ale- Artigo 119 - Caberá recurso, por uma única vez, da de-
gações finais, o presidente designará advogado dativo, cisão que aplicar penalidade. (NR)
assinando-lhe novo prazo. (NR) § 1º - O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, conta-
Artigo 113 - O relatório deverá ser apresentado no pra- dos da publicação da decisão impugnada no Diário Oficial
zo de 10 (dez) dias, contados da apresentação das alega- do Estado. (NR)
ções finais. (NR) § 2º - Tratando-se de pena de advertência, sem publi-
§ 1º - O relatório deverá descrever, em relação a cada cidade, o prazo será contado da data em que o policial civil
acusado, separadamente, as irregularidades imputadas, as for pessoalmente intimado da decisão. (NR)
provas colhidas e as razões de defesa, propondo a absolvi- § 3º - Do recurso deverá constar, além do nome e qua-
ção ou punição e indicando, nesse caso, a pena que enten- lificação do recorrente, a exposição das razões de inconfor-
der cabível. (NR) mismo. (NR)
§ 2º - O relatório deverá conter, também, a sugestão § 4º  - O recurso será apresentado à autoridade que
de quaisquer outras providências de interesse do serviço aplicou a pena, que terá o prazo de 10 (dez) dias para, mo-
público. (NR) tivadamente, manter sua decisão ou reformá-la. (NR)
Artigo 114 - Relatado, o processo será encaminhado § 5º - Mantida a decisão, ou reformada parcialmente,
ao Delegado Geral de Polícia, que o submeterá ao Conse-
será imediatamente encaminhada a reexame pelo superior
lho da Polícia Civil, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas.
hierárquico. (NR)
(NR)
§ 6º - O recurso será apreciado pela autoridade com-
§ 1º - O Presidente do Conselho da Polícia Civil, no pra-
petente ainda que incorretamente denominado ou ende-
zo de 20 (vinte) dias, poderá determinar a realização de
diligência, sempre que necessário ao esclarecimento dos reçado. (NR)
fatos. (NR) Artigo 120  - Caberá pedido de reconsideração, que
§ 2º - Determinada a diligência, a autoridade encarre- não poderá ser renovado, de decisão tomada pelo Gover-
gada do processo administrativo terá prazo de 15 (quinze) nador do Estado em única instância, no prazo de 30 (trinta)
dias para seu cumprimento, abrindo vista à defesa para dias. (NR)
manifestar-se em 5 (cinco) dias. (NR) Artigo 121 - Os recursos de que trata esta lei comple-
§ 3º - Cumpridas as diligências, o Conselho da Polícia mentar não têm efeito suspensivo; os que forem providos
Civil emitirá parecer conclusivo, no prazo de 20 (vinte) dias, darão lugar às retificações necessárias, retroagindo seus
encaminhando os autos ao Delegado Geral de Polícia. (NR) efeitos à data do ato punitivo. (NR)
§ 4º  - O Delegado Geral de Polícia, no prazo de 10
(dez) dias, emitirá manifestação conclusiva e encaminhará CAPÍTULO XI
o processo administrativo à autoridade competente para Da Revisão
decisão. (NR)
§ 5º - A autoridade que proferir decisão determinará os Artigo 122 - Admitir-se-á, a qualquer tempo, a revisão
atos dela decorrentes e as providências necessárias a sua de punição disciplinar, se surgirem fatos ou circunstâncias
execução. (NR) ainda não apreciados, ou vícios insanáveis de procedimen-
Artigo 115 - Terão forma processual resumida, quando to, que possam justificar redução ou anulação da pena apli-
possível, todos os termos lavrados pelo secretário, quais cada. (NR)
sejam: autuação, juntada, conclusão, intimação, data de re- § 1º - A simples alegação da injustiça da decisão não
cebimento, bem como certidões e compromissos. (NR) constitui fundamento do pedido. (NR)
Parágrafo único - Toda e qualquer juntada aos autos se § 2º - Não será admitida reiteração de pedido pelo
fará na ordem cronológica da apresentação, rubricando o mesmo fundamento. (NR)
presidente as folhas acrescidas. (NR) § 3º - Os pedidos formulados em desacordo com este
Artigo 116 - Não será declarada a nulidade de nenhum artigo serão indeferidos. (NR)
ato processual que não houver influído na apuração da ver-
§ 4º - O ônus da prova cabe ao requerente. (NR)
dade substancial ou diretamente na decisão do processo
Artigo 123 - A pena imposta não poderá ser agravada
ou sindicância. (NR)
pela revisão. (NR)
Artigo 117 - É defeso fornecer à imprensa ou a outros
Artigo 124 - A instauração de processo revisional po-
meios de divulgação notas sobre os atos processuais, salvo
no interesse da Administração, a juízo do Delegado Geral derá ser requerida fundamentadamente pelo interessado
de Polícia. (NR) ou, se falecido ou incapaz, por seu curador, cônjuge, com-
Artigo 118 - Decorridos 5 (cinco) anos de efetivo exer- panheiro, ascendente, descendente ou irmão, sempre por
cício, contados do cumprimento da sanção disciplinar, sem intermédio de advogado. (NR)
cometimento de nova infração, não mais poderá aquela ser Parágrafo único - O pedido será instruído com as pro-
considerada em prejuízo do infrator, inclusive para efeito vas que o requerente possuir ou com indicação daquelas
de reincidência. (NR) que pretenda produzir. (NR)

153
NOÇÕES DE DIREITO

Artigo 125 - O exame da admissibilidade do pedido de Artigo 3º - Serão adaptados os procedimentos em
revisão será feito pela autoridade que aplicou a penalidade, curso na data da entrada em vigor desta lei complementar,
ou que a tiver confirmado em grau de recurso. (NR) cabendo ao presidente tomar as providências necessárias,
Artigo 126 - Deferido o processamento da revisão, será ouvido o acusado.
este realizado por Delegado de Polícia de classe igual ou Parágrafo único - O presidente da Comissão
superior à do acusado, que não tenha funcionado no pro- Processante assumirá a condução do processo
cedimento disciplinar de que resultou a punição do reque- administrativo em curso, podendo propor, motivadamente,
rente. (NR) ao Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria, sua
Artigo 127 - Recebido o pedido, o presidente provi- substituição por outro membro.
denciará o apensamento dos autos originais e notificará o Artigo 4º  - Os policiais civis que tiverem recebido
requerente para, no prazo de 8 (oito) dias, oferecer rol de punição da qual ainda caiba recurso ou pedido de
testemunhas, ou requerer outras provas que pretenda pro- reconsideração, terão prazo decadencial de 30 (trinta)
duzir. (NR) dias para a respectiva interposição, na forma desta lei
Parágrafo único - No processamento da revisão serão complementar.
observadas as normas previstas nesta lei complementar Parágrafo único - A Administração publicará aviso,
para o processo administrativo. (NR)
por 3 (três) vezes, no Diário Oficial do Estado, quanto ao
Artigo 128 - A decisão que julgar procedente a revisão
disposto no “caput”, contando-se o prazo do primeiro dia
poderá alterar a classificação da infração, absolver o puni-
útil após a terceira publicação.
do, modificar a pena ou anular o processo, restabelecendo
Palácio dos Bandeirantes, 2 de julho de 2002.
os direitos atingidos pela decisão reformada. (NR)”
Artigo 2º - Ficam acrescentados à Lei Complementar
nº 207, de 5 de janeiro de 1979, os seguintes dispositivos: LEI COMPLEMENTAR Nº 1.151, DE 25 DE OUTU-
I - ao artigo 65, os §§ 1º, 2º e 3º: BRO DE 2011
§ 1º - A responsabilidade administrativa é independen- (Atualizada até a Lei Complementar nº 1.249, de
te da civil e da criminal. 03 de julho de 2014 )
§ 2º - Será reintegrado ao serviço público, no cargo
que ocupava e com todos os direitos e vantagens devidas, Dispõe sobre a reestruturação das carreiras de poli-
o servidor absolvido pela Justiça, mediante simples com- ciais civis, do Quadro da Secretaria da Segurança Públi-
provação do trânsito em julgado de decisão que negue a ca, e dá providências correlatas
existência de sua autoria ou do fato que deu origem à sua
demissão. O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
§ 3º - O processo administrativo só poderá ser sobres- Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu
tado para aguardar decisão judicial por despacho motivado promulgo a seguinte lei complementar:
da autoridade competente para aplicar a pena.” Artigo 1º - As carreiras policiais civis, do Quadro
II - ao artigo 74, o inciso VI: da Secretaria da Segurança Pública, de que trata a  Lei
“VI  - ausência ao serviço, sem causa justificável, por Complementar nº 494, de 24 de dezembro de 1986, altera-
mais de 45 (quarenta e cinco) dias, interpoladamente, du- da pela Lei Complementar nº 1.064, de 13 de novembro de
rante um ano.” 2008, ficam estruturadas, para efeito de escalonamento e
III - ao artigo 75, os incisos X, XI e XII: promoção, em quatro classes, dispostas hierarquicamente
“X  - praticar ato definido como crime hediondo, tor- de acordo com o grau de complexidade das atribuições e
tura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e ter- nível de responsabilidade.
rorismo; Artigo 2º - As carreiras policiais civis passam a ser
XI - praticar ato definido como crime contra o Sistema compostas pelo quantitativo de cargos fixados no Anexo
Financeiro, ou de lavagem ou ocultação de bens, direitos I desta lei complementar, cujos ocupantes são distribuídos
ou valores;
hierarquicamente em ordem crescente na seguinte confor-
XII - praticar ato definido em lei como de improbidade.”
midade: (NR)
Artigo 3º - Esta lei complementar entra em vigor na
I - 3ª Classe; (NR)
data de sua publicação.
II - 2ª Classe; (NR)
Disposições Transitórias III - 1ª Classe; (NR)
IV - Classe Especial. (NR)
Artigo 1º - A nova tipificação acrescentada aos artigos - Artigo 2º com redação dada pela Lei Complementar
74 e 75 da Lei Complementar nº 207, de 5 de janeiro de nº 1.249, de 03/07/2014, produzindo efeitos a partir de
1979, só se aplica aos atos praticados após a entrada em 01/08/2014.
vigor desta lei complementar. Artigo 3º - O ingresso nas carreiras policiais civis, pre-
Artigo 2º - As demais disposições desta lei cedido de aprovação em concurso público de provas e tí-
complementar aplicam-se imediatamente, sem prejuízo tulos, darse- á na 3ª Classe, mediante nomeação em caráter
da validade dos atos realizados na vigência da legislação de estágio probatório, pelo exercício de 3 (três) anos de
anterior. efetivo exercício, obrigatoriamente em unidade territorial

154
NOÇÕES DE DIREITO

de polícia judiciária e da polícia técnico-científica, salvo § 1º - Durante o período a que se refere o “caput” deste
autorização do Secretário da Segurança Pública, mediante artigo, os integrantes das carreiras policiais civis serão ob-
representação do Delegado Geral de Polícia. (NR) servados e avaliados, semestralmente, no mínimo, quanto
- Artigo 3º com redação dada pela Lei Complementar aos seguintes requisitos:
nº 1.249, de 03/07/2014, produzindo efeitos a partir de 1 - aprovação no curso de formação técnico-
01/08/2014. profissional;
Artigo 4º - Constituem exigências prévias para inscri- 2 - conduta ilibada, na vida pública e na vida privada,
ção no concurso público de ingresso nas carreiras policiais inclusive em período anterior ao início do exercício; (NR)
civis ser portador de nível de escolaridade estabelecido 3 - aptidão, inclusive física e mental; (NR)
para cada carreira no artigo 5º da Lei Complementar nº - Itens 2 e 3 com redação dada pela Lei Complemen-
tar nº 1.249, de 03/07/2014, produzindo efeitos a partir de
494, de 24 de dezembro de 1986, e no artigo 1º da Lei
01/08/2014.
Complementar nº 1.067, de 1º de dezembro de 2008.
4 - disciplina;
Artigo 5º - O concurso público a que se refere o artigo 5 - assiduidade;
3º desta lei complementar será realizado em 5 (cinco) fases, 6 - dedicação ao serviço;
a saber: (NR) 7 - eficiência;
I - prova preambular com questões de múltipla esco- 8 - responsabilidade.
lha; (NR) § 2º -  O curso de formação técnico-profissional, fase
II - prova escrita com questões dissertativas, quando inicial do estágio probatório, a que se refere o item 1 do §
for o caso, a ser regulada em edital de concurso público; 1º deste artigo, terá a duração mínima 3 (três) meses.
(NR) § 3º - O policial civil será considerado aprovado no
III - comprovação de idoneidade e conduta escorreita, curso de formação técnico-profissional desde que obtenha
mediante investigação social; (NR) nota mínima correspondente a 50% (cinquenta por cento)
IV - prova oral, obrigatória para todas as carreiras nas da pontuação máxima, em cada disciplina.
quais seja exigido nível de ensino superior, e facultativa § 4º - Durante o período de estágio probatório, será
para as demais, conforme deliberação do Conselho da Po- exonerado, mediante procedimento administrativo, a qual-
lícia Civil; (NR) quer tempo, o policial civil que não atender aos requisitos
V - prova de títulos, quando for o caso, a ser regulada estabelecidos neste artigo, assegurados o contraditório e a
em edital de concurso público. (NR) ampla defesa.
§ 5º - Os demais critérios e procedimentos para fins do
§ 1º - As fases a que se referem os incisos I a IV deste
cumprimento do estágio probatório serão estabelecidos
artigo serão sucessivas e de caráter eliminatório, e a do
em decreto, mediante proposta do Secretário da Seguran-
inciso V, de caráter classificatório. (NR) ça Pública, ouvida a Secretaria de Gestão Pública, no prazo
§ 2º -  A aplicação de fases de que trata o “caput” máximo de 90 (noventa) dias a contar da data da publica-
poderá ser descentralizada para os núcleos de ensino da ção desta lei complementar.
Academia de Polícia, exceto aquela prevista no inciso IV § 6º - Cumpridos os requisitos para fins de estágio pro-
deste artigo. (NR) batório, o policial civil obterá estabilidade, mantido o nível
§ 3º - O edital de concurso estabelecerá o momento de ingresso na respectiva carreira.
em que o candidato deverá realizar exame de caráter Artigo 8º - Os vencimentos dos integrantes das
psicotécnico. (NR) carreiras policiais civis, de que trata o artigo 2º da  Lei
- Artigo 5º com redação dada pela Lei Complementar Complementar nº 731, de 26 de outubro de 1993, alterado
nº 1.249, de 03/07/2014, produzindo efeitos a partir de pelo artigo 2º da Lei Complementar nº 1.064, de 13 de no-
01/08/2014. vembro de 2008, em decorrência de reclassificação, passam
Artigo 5º-A - Constitui requisito para fins de ingresso a ser fixados na seguinte conformidade:
nas carreiras policiais civis, além das previstas na Lei Com- I - Anexos II e III desta lei complementar, a partir de 1º
plementar nº 494, de 24 de dezembro de 1986, e na Lei de julho de 2011;
Complementar nº 1.067, de 1º de dezembro de 2008, a II - Anexos IV e V desta lei complementar, a partir de 1º
comprovação da capacidade física e mental. (NR) de agosto de 2012.
Artigo 9º - A evolução funcional dos integrantes das
- Artigo 5º-A acrescentado pela Lei Complementar
carreiras policiais civis dar-se-á por meio de promoção, que
nº 1.249, de 03/07/2014, produzindo efeitos a partir de
consiste na elevação à classe imediatamente superior da
01/08/2014. respectiva carreira.
Artigo 6º - O cargo de Superintendente da Polícia Téc- Artigo 10 - A promoção será processada pelo Con-
nico-Científica, de provimento em comissão, será ocupado, selho da Polícia Civil, adotados os critérios de antiguidade
alternadamente, por integrante das carreiras de Médico Le- e merecimento, realizando-se, no mínimo, uma promoção
gista e Perito Criminal, nos termos da lei. por semestre.
Artigo 7º - Os primeiros 3 (três) anos de efetivo exer- § 1º - A evolução funcional até a 1ª Classe das carreiras
cício nos cargos das carreiras policiais civis de 3ª Classe, a de policiais civis dar-se-á por quaisquer dos critérios esta-
que se refere o artigo 3º desta lei complementar, caracteri- belecidos neste artigo, e para a Classe Especial, somente
za-se como estágio probatório. por merecimento.

155
NOÇÕES DE DIREITO

§ 2º - O processo de promoção a que se refere o “ca- Artigo 14 - Na promoção por antiguidade, apurada
put” deste artigo instaura-se mediante Portaria do Presi- pelo tempo de efetivo exercício na classe, computado até
dente do Conselho da Polícia Civil. a data que antecede a abertura do respectivo processo,
Artigo 11 -  A promoção de que trata o artigo 10 o empate na classificação final resolver-se-á observada a
desta lei complementar será processada na seguinte seguinte ordem:
conformidade: I - maior tempo de serviço na respectiva carreira;
I - alternadamente, em proporções iguais, por antigui- II - maior tempo de serviço público estadual;
dade e por merecimento, da 3ª até a 1ª Classe, limitado III - maior idade.
o quantitativo de promoções ao número correspondente Artigo 15 - A promoção por merecimento depende
de vacâncias ocorridas em cada uma das classes das res- do preenchimento dos requisitos e de avaliação do
pectivas carreiras, no período que antecede a abertura do merecimento.
respectivo processo; § 1º - Para fins de promoção a que se refere o “caput”
II - somente por merecimento, para a Classe Especial, deste artigo, além do interstício de que trata o artigo 12
limitado o quantitativo de promoções a um número que desta lei complementar, o policial civil deverá preencher os
não ultrapasse o contingente estabelecido no Anexo VI seguintes requisitos:
desta lei complementar, em atividade, na referida classe
1 -  estar na primeira metade da lista de classificação
das respectivas carreiras.
em sua respectiva classe, salvo o disposto no inciso II do
§ 1º - O quantitativo de promoções a que se refere o
artigo 16 desta lei complementar; (NR)
inciso I deste artigo poderá ser acrescido em número cor-
respondente ao de promoções ocorridas dentro do próprio 2 - estar em efetivo exercício na Secretaria da Segurança
processo, inclusive aquelas ocorridas nos termos do artigo Pública, ou regularmente afastado para exercer cargo ou
22 desta lei complementar. função de interesse estritamente policial; (NR)
§ 2º - Poderá concorrer à promoção o policial civil - Itens 1 e 2 com redação dada pela Lei Complemen-
que, no período que anteceder a abertura do processo de tar nº 1.249, de 03/07/2014, produzindo efeitos a partir de
promoção: 01/08/2014.
1 - esteja em efetivo exercício na Secretaria da 3 -  não ter sofrido punição disciplinar na qual tenha
Segurança Pública ou regularmente afastado para exercer sido imposta pena de:
cargo ou função de interesse estritamente policial; a) advertência ou de repreensão, nos 12 (doze) meses
2 - tenha cumprido o interstício a que se refere o artigo anteriores;
12 desta lei complementar. b) multa ou de suspensão, nos 24 (vinte e quatro) me-
§ 3º - A promoção de que trata o “caput” deste artigo ses anteriores.
produzirá efeitos a partir da data da publicação do ato a 4 - haver concluído, com aproveitamento, curso
que se refere o artigo 23 desta lei complementar. específico ministrado pela Academia de Polícia “Dr.
Artigo 12 - Poderá participar do processo de promo- Coriolano Nogueira Cobra. (NR)
ção de que trata o artigo 10 desta lei complementar o po- - Item 4 acrescentado pela Lei Complementar nº 1.249,
licial civil que tenha cumprido o interstício mínimo de: (NR) de 03/07/2014, produzindo efeitos a partir de 01/08/2014.
I - 3 (três) anos de efetivo exercício na 3ª Classe; (NR) § 2º - O preenchimento dos requisitos deverá ser apu-
II - 2 (dois) anos de efetivo exercício na 2ª e na 1ª rado pelo Conselho da Polícia Civil até a data que antecede
Classe. (NR) a abertura do processo de promoção.
- Artigo 12 com redação dada pela Lei Complemen- § 3º - A avaliação por merecimento será efetuada pelo
tar nº 1.249, de 03/04/2014, produzindo efeitos a partir de Conselho da Polícia Civil e deverá observar, entre outros, os
01/08/2014. seguintes critérios:
Artigo 13 - Interromper-se-á o interstício a que se re- 1 - conduta do candidato;
fere o artigo 12 desta lei complementar quando o policial
2 - assiduidade;
civil estiver afastado para ter exercício em cargo ou função
3 - eficiência;
de natureza diversa da do cargo ou função que exerce, ex-
4 - elaboração de trabalho técnico-científico de inte-
ceto quando:
I - afastado nos termos dos artigos 78, 79 e 80 da Lei resse policial.
nº 10.261, de 28 de outubro de 1968; 5 - coordenação ou efetiva participação em seminários,
II -  afastado, sem prejuízo dos vencimentos, para cursos, congressos, simpósios, oficinas e outros eventos
participação em cursos, congressos ou demais certames reconhecidos, voltados ao aperfeiçoamento profissional.
afetos à sua área de atuação, pelo prazo máximo de 90 (NR)
(noventa) dias; - Item 5 acrescentado pela Lei Complementar nº 1.249,
III - afastado nos termos do § 1º do artigo 125 da de 03/07/2014, produzindo efeitos a partir de 01/08/2014.
Constituição do Estado; Artigo 16 - A promoção do policial civil da 1ª Clas-
IV -  designado para função de direção, chefia ou se para a Classe Especial, até o limite previsto no inciso II
encarregatura retribuída mediante gratificação “pro labore” do artigo 11 desta lei complementar, deverá observar os
a que se refere o artigo 7º da Lei Complementar nº 731, de seguintes requisitos, além daqueles previstos no artigo 15
26 de outubro de 1993, com alterações posteriores, e o ar- desta lei complementar: (NR)
tigo 5º da Lei Complementar nº 1.064, de 13 de novembro I - o interstício de 20 (vinte) anos na respectiva carreira;
de 2008. (NR)

156
NOÇÕES DE DIREITO

II - encontrar-se, no mínimo, dentre os dois terços mais I - para a 2ª Classe da respectiva carreira, contar com
antigos dos classificados na 1ª Classe. (NR) 15 (quinze) anos de efetivo exercício na carreira, considera-
- Artigo 16 com redação dada pela  Lei Complemen- do o tempo de estágio probatório;
tar nº 1.249, de 03/07/2014, produzindo efeitos a partir de II - para a 1ª Classe, se contar com 25 (vinte e cinco)
01/08/2014. anos de efetivo exercício na carreira. (NR)
Artigo 17 - Para promoção por merecimento serão - Inciso II com redação dada pela Lei Complementar
indicados policiais civis em número equivalente ao quanti- nº 1.249, de 03/07/2014, produzindo efeitos a partir de
tativo de promoções fixado para cada classe da respectiva 01/08/2014.
carreira, mais dois. § 1º - A promoção de que trata este artigo será reali-
§ 1º - A votação será descoberta e única para cada zada semestralmente, nos meses de março e setembro de
cada ano, e produzirá efeitos a partir da data subsequente
indicação.
ao implemento dos critérios estabelecidos nos incisos I e II
§ 2º - O policial civil com maior número de votos será
deste artigo.
considerado indicado para promoção. § 2º - Caberá ao órgão setorial de recursos humanos
§ 3º - Ao Presidente do Conselho da Polícia Civil caberá apresentar a lista dos policiais civis com direito à promoção
emitir o voto de qualidade, em caso de empate. de que trata este artigo, para homologação pelo Conselho
§ 4º - Quando o quantitativo fixado para promoção for da Polícia Civil.
superior ao número de indicações possíveis, observar-se-á Artigo 23 - Atendidas as exigências previstas nesta lei
lista de antiguidade para a respectiva promoção. complementar, as promoções serão efetivadas por ato do
Artigo 18 - Ao policial civil indicado para promoção Governador.
pelo Conselho da Polícia Civil e não promovido, fica asse- Artigo 24 - Na vacância, os cargos das carreiras
gurado o direito de novas indicações, desde que não so- policiais civis de 2ª Classe a Classe Especial retornarão à 3ª
brevenha punição administrativa. Classe da respectiva carreira.
Parágrafo único - O policial civil que figurar em três Artigo 25 - Os dispositivos adiante mencionados
listas consecutivas de merecimento terá sua promoção passam a vigorar com a seguinte redação:
assegurada, por esse critério, no processo de promoção I - a alínea “a” do inciso II do artigo 3º da Lei Com-
subsequente. plementar nº 696, de 18 de novembro de 1992, alterado
Artigo 19 - As listas dos policiais civis indicados à pro- pela Lei Complementar nº 1.114, de 26 de maio de 2010:
“Artigo 3º - Os valores do Adicional de Local de Exercí-
moção por antiguidade e merecimento, esta última dispos-
cio ficam fixados na seguinte conformidade:
ta em ordem alfabética, serão publicadas no Diário Oficial
............................................................................
do Estado, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, a partir II - para o Local II:
da data da portaria de instauração do respectivo processo. a) R$ 1.575,00 (mil, quinhentos e setenta e cinco reais),
§ 1º - Cabe reclamação, dentro do prazo de 5 (cinco) para o Delegado Geral de Polícia, Superintendente da Po-
dias úteis a partir da publicação, dirigida ao Presidente do lícia Técnico-Científica e para as carreiras de Delegado de
Conselho, contra a classificação na lista de antiguidade ou Polícia, Médico Legista e Perito Criminal;” (NR);
não indicação na lista de merecimento. II - os incisos I e II do artigo 4º da Lei Complementar nº
§ 2º - Findo o prazo, as reclamações serão distribuídas 1.114, de 26 de maio de 2010:
mediante rotatividade entre os membros do Conselho da “Artigo 4º - Quando a retribuição total mensal do po-
Polícia Civil, que deverão emitir parecer no prazo improrro- licial civil for inferior aos valores fixados neste artigo, será
gável de 3 (três) dias úteis. concedido abono complementar para que sua retribuição
§ 3º - Esgotado o prazo a que se refere o § 2º deste total mensal corresponda a esses valores, na seguinte con-
artigo, as reclamações serão submetidas à deliberação do formidade:
Conselho da Polícia Civil, que as decidirá no prazo impror- I - R$ 1.350,00 (mil, trezentos e cinquenta reais), para
rogável de 3 (três) dias úteis. as carreiras de Investigador de Polícia, Escrivão de Polícia,
§ 4º - A decisão e a alteração das listas, se houver, se- Agente Policial, Carcereiro, Auxiliar de Papiloscopista Po-
rão publicadas no Diário Oficial do Estado. licial, Atendente de Necrotério Policial, Papiloscopista Po-
licial, Desenhista Técnico-Pericial, Auxiliar de Necropsia,
§ 5º - Não caberá qualquer recurso contra a nova clas-
Agente de Telecomunicações Policial e Fotógrafo Técnico-
sificação.
-Pericial, quando o policial civil prestar serviços em muni-
Artigo 20 - O Presidente do Conselho da Polícia cípio com população inferior a 500.000 (quinhentos mil)
Civil encaminhará as listas de promoção ao Secretário da habitantes;
Segurança Pública, que as transmitirá ao Governador, para II - R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), para as carrei-
efetivação da promoção dos classificados por antiguidade ras de Investigador de Polícia, Escrivão de Polícia, Agen-
e por merecimento. te Policial, Carcereiro, Auxiliar de Papiloscopista Policial,
Artigo 21 - Os casos omissos serão objeto de delibe- Atendente de Necrotério Policial, Papiloscopista Policial,
ração do Conselho da Polícia Civil. Desenhista Técnico-Pericial, Auxiliar de Necropsia, Agente
Artigo 22 - Além da promoção prevista no artigo 10 de Telecomunicações Policial e Fotógrafo Técnico-Pericial,
desta lei complementar, o policial civil será promovido à quando o policial civil prestar serviços em município com
classe superior, independente de limite, observados os população igual ou superior 500.000 (quinhentos mil) ha-
seguintes critérios: bitantes.” (NR)

157
NOÇÕES DE DIREITO

Artigo 26 - Fica constituído grupo de trabalho inte-


grado por representantes do Poder Executivo e Legislativo,
com a finalidade de avaliar as possibilidades de valorização
das carreiras de Investigador de Polícia e Escrivão de Polí-
cia, considerando a Lei Complementar nº 1.067, de 1º de
dezembro de 2008, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias.
Artigo 27 - Esta lei complementar e suas disposições
transitórias aplicam-se, no que couber, aos ocupantes de
funçõesatividades, bem como aos inativos e pensionistas.
Artigo 28 - As despesas decorrentes desta lei
complementar correrão à conta das dotações próprias
consignadas no orçamento da Secretaria da Segurança
Pública, suplementadas, se necessário, mediante utilização
de recursos nos termos do § 1º do artigo 43 da Lei federal
nº 4.320, de 17 de março de 1964.
Artigo 29 - Esta lei complementar e suas disposições
transitórias entram em vigor na data de sua publicação,
retroagindo seus efeitos a 1º de julho de 2011, exceto o
artigo 25, que retroage seus efeitos a 1º de março de 2010,
ficando revogados os artigos 5º a 14 da Lei Complementar
nº 675, de 5 de junho de 1992. - Anexo I com redação dada pela Lei Complementar nº
1.206, de 03/07/2013.
Disposições Transitórias  
 
Artigo 1º - Os atuais policiais civis de 4ª Classe terão
seus cargos enquadrados na 3ª Classe da respectiva carrei-
ra, mantida a ordem de classificação.
§ 1º - O tempo de efetivo exercício no cargo de 4ª
Classe será computado para efeito de estágio probatório a
que se refere o artigo 3º desta lei complementar.
§ 2º - Os títulos dos servidores abrangidos por este
artigo serão apostilados pelas autoridades competentes.
Artigo 2º - O provimento em cargos das carreiras de
policiais civis de candidatos aprovados em concursos públi-
cos de ingresso, em andamento ou encerrado, cujo prazo
de validade não tenha se expirado, dar-se-á em conformi-
dade com o disposto no artigo 3º desta lei complementar.
Parágrafo único -  Os policiais civis que tenham
concluído ou estejam frequentando o Curso Específico
de Aperfeiçoamento necessário à promoção de 3ª Classe
para 2ª Classe, e de 1ª Classe para a Classe Especial,
terão preferência para concorrer ao primeiro processo
de promoção que houver após a aprovação desta lei
complementar.
Artigo 3º - O primeiro processo de promoção a que se
refere o artigo 22 desta lei complementar observará os cri-
térios estabelecidos de tempo de efetivo exercício na classe  
e na respectiva carreira até a data que antecede a publica-
ção desta lei complementar.
Parágrafo único - As promoções a que se refere o
“caput” deste artigo produzirão efeitos a partir da vigência
desta lei complementar.
Palácio dos Bandeirantes, 25 de outubro de 2011

158
NOÇÕES DE DIREITO

159
NOÇÕES DE DIREITO

ANEXO VI
a que se refere o inciso II do artigo 11 da Lei Complemen-
tar nº 1.151, de 25/10/2011

2.4.3. LEI FEDERAL N.º 12.527 DE 18.11.2011


(LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO) E DECRETO
ESTADUAL N.º 58.052 DE 16.05.2012.

LEI FEDERAL Nº 12.527, de 18 de novembro de


2011

A Lei nº 12.527, sancionada em 18 de novembro de


2011, tem o propósito de regulamentar o direito constitu-
cional de acesso dos cidadãos às informações públicas e
seus dispositivos são aplicáveis aos três Poderes da União,
Estados, Distrito Federal e Municípios.
A publicação da Lei de Acesso a Informações significa
um importante passo para a consolidação democrática do
Brasil e também para o sucesso das ações de prevenção da
corrupção no país. Por tornar possível uma maior participa-
ção popular e o controle social das ações governamentais,
o acesso da sociedade às informações públicas permite
que ocorra uma melhoria na gestão pública.
No Brasil, o direito de acesso à informação pública foi
previsto na Constituição Federal, no artigo 5º, inciso XXXIII,
do Capítulo I - dos Direitos e Deveres Individuais e Coleti-
vos - que dispõe que: “todos têm direito a receber dos ór-
gãos públicos informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da
lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Es-
tado”.
A Constituição também tratou do acesso à informação
pública no art. 5º, inciso XIV; art. 37, § 3º, inciso II e no art.
216, § 2º. São estes os dispositivos que a Lei de Acesso a
Informações regulamenta, estabelecendo requisitos míni-
mos para a divulgação de informações públicas e procedi-
mentos para facilitar e agilizar o seu acesso por qualquer
pessoa.

160
NOÇÕES DE DIREITO

Mapa da lei:

Tema Localização  Palavras-chave


Garantias do direito de Princípios do direito de acesso/Compromisso
Artigos 3º, 6º, 7º
acesso do Estado
Regras sobre a divulgação
Categorias de informação/Serviço de
de rotina ou proativa de Artigos 8º e 9º
Informações ao Cidadão/Modos de divulgar
informações
Processamento de pedidos Artigos 10,11,12,13 Identificação e pesquisa de documentos/Meios
de Informação e 14 de divulgação/Custos/Prazos de atendimento

Direito de recurso a recusa


Pedido de desclassificação/Autoridades
de  Artigos 15 ao 20
responsáveis/Ritos legais
liberação de informação

Exceções ao direito de Níveis de classificação/Regras/Justificativa do


Artigos 21 ao 30
acesso não-acesso

Tratamento de informações
Artigo 31 Respeito às liberdades e garantias individuais
Pessoais

Responsabilidade dos
Artigos 32, 33, 34 Condutas ilícitas/Princípio do contraditório
agentes públicos

Acesso: Quais as exceções?


A informação sob a guarda do Estado é sempre pública, devendo o acesso a ela ser restringido apenas em casos espe-
cíficos e por período de tempo determinado.
A Lei de Acesso a Informações no Brasil prevê como exceções à regra de acesso os dados pessoais e as informações
classificadas por autoridades como sigilosas.
Dados Pessoais são aquelas informações relacionadas à pessoa natural identificada ou identificável. Seu tratamento
deve ser feito de forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como
às liberdades e garantias individuais.
As informações pessoais não são públicas e terão seu acesso restrito, independentemente de classificação de sigilo,
pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da sua data de produção. Elas sempre podem ser acessadas pelos próprios
indivíduos e, por terceiros, apenas em casos excepcionais previstos na Lei.
Informações classificadas como sigilosas são aquelas cuja Lei de Acesso a Informações prevê alguma restrição de
acesso, mediante classificação por autoridade competente, visto que são consideradas imprescindíveis à segurança da
sociedade (à vida, segurança ou saúde da população) ou do Estado (soberania nacional, relações internacionais, atividades
de inteligência).
Conforme a Lei de Acesso a Informações, a informação pública pode ser classificada como:
- Ultrassecreta - prazo de segredo: 25 anos (renovável uma única vez)
- Secreta - prazo de segredo: 15 anos
- Reservada - prazo de segredo: 5 anos98

Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da
Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e
dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1o Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União, Estados, Distrito Federal e Municí-
pios, com o fim de garantir o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3º do art. 37 e no §
2º do art. 216 da Constituição Federal. 
98 http://www.acessoainformacao.gov.br/

161
NOÇÕES DE DIREITO

Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei:  determinado indivíduo, equipamento ou sistema; 
I - os órgãos públicos integrantes da administração VIII - integridade: qualidade da informação não modi-
direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes ficada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino; 
de Contas, e Judiciário e do Ministério Público;  IX - primariedade: qualidade da informação coletada
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas na fonte, com o máximo de detalhamento possível, sem mo-
públicas, as sociedades de economia mista e demais enti- dificações. 
dades controladas direta ou indiretamente pela União,
Estados, Distrito Federal e Municípios.  Art. 5o  É dever do Estado garantir o direito de acesso à
informação, que será franqueada, mediante procedimen-
Art. 2o  Aplicam-se as disposições desta Lei, no que tos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em
couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que linguagem de fácil compreensão. 
recebam, para realização de ações de interesse público,
recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante CAPÍTULO II
subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGA-
convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos congêne- ÇÃO
res. 
Parágrafo único.  A publicidade a que estão submeti- Art. 6o  Cabe aos órgãos e entidades do poder público,
das as entidades citadas no caput refere-se à parcela dos observadas as normas e procedimentos específicos
recursos públicos recebidos e à sua destinação, sem pre- aplicáveis, assegurar a: 
juízo das prestações de contas a que estejam legalmente I - gestão transparente da informação, propiciando
obrigadas.  amplo acesso a ela e sua divulgação; 
II - proteção da informação, garantindo-se sua dispo-
Art. 3o  Os procedimentos previstos nesta Lei destinam- nibilidade, autenticidade e integridade; e 
se a assegurar o direito fundamental de acesso à infor- III - proteção da informação sigilosa e da informa-
mação e devem ser executados em conformidade com os ção pessoal, observada a sua disponibilidade, autenticida-
princípios básicos da administração pública e com as seguin- de, integridade e eventual restrição de acesso. 
tes diretrizes: 
I - observância da publicidade como preceito geral e Art. 7o  O acesso à informação de que trata esta Lei
do sigilo como exceção;  compreende, entre outros, os direitos de obter: 
II - divulgação de informações de interesse público, I - orientação sobre os procedimentos para a consecução
independentemente de solicitações;  de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encon-
III - utilização de meios de comunicação viabiliza- trada ou obtida a informação almejada; 
dos pela tecnologia da informação;  II - informação contida em registros ou documentos,
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades,
transparência na administração pública;  recolhidos ou não a arquivos públicos; 
V - desenvolvimento do controle social da adminis- III - informação produzida ou custodiada por pessoa físi-
tração pública.  ca ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com
seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha
Art. 4o  Para os efeitos desta Lei, considera-se:  cessado; 
I - informação: dados, processados ou não, que podem IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualiza-
ser utilizados para produção e transmissão de conhecimen- da; 
to, contidos em qualquer meio, suporte ou formato;  V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos
II - documento: unidade de registro de informações, e entidades, inclusive as relativas à sua política, organização
qualquer que seja o suporte ou formato;  e serviços; 
III - informação sigilosa: aquela submetida tempora- VI - informação pertinente à administração do patrimô-
riamente à restrição de acesso público em razão de sua im- nio público, utilização de recursos públicos, licitação, contra-
prescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado;  tos administrativos; e 
IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa VII - informação relativa: 
natural identificada ou identificável;  a) à implementação, acompanhamento e resultados dos
V - tratamento da informação: conjunto de ações programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas,
referentes à produção, recepção, classificação, utilização, bem como metas e indicadores propostos; 
acesso, reprodução, transporte, transmissão, distribuição, b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e to-
arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação, des- madas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno
tinação ou controle da informação;  e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercí-
VI - disponibilidade: qualidade da informação que cios anteriores. 
pode ser conhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos § 1o  O acesso à informação previsto no caput não com-
ou sistemas autorizados;  preende as informações referentes a projetos de pesquisa e
VII - autenticidade: qualidade da informação que te- desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja
nha sido produzida, expedida, recebida ou modificada por imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. 

162
NOÇÕES DE DIREITO

§ 2o  Quando não for autorizado acesso integral à V - garantir a autenticidade e a integridade das infor-
informação por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado mações disponíveis para acesso; 
o acesso à parte não sigilosa por meio de certidão, extrato VI - manter atualizadas as informações disponíveis para
ou cópia com ocultação da parte sob sigilo.  acesso; 
§ 3o  O direito de acesso aos documentos ou às VII - indicar local e instruções que permitam ao interes-
informações neles contidas utilizados como fundamento da sado comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o
tomada de decisão e do ato administrativo será assegurado órgão ou entidade detentora do sítio; e 
com a edição do ato decisório respectivo.  VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a
§ 4o  A negativa de acesso às informações objeto de acessibilidade de conteúdo para pessoas com deficiência,
pedido formulado aos órgãos e entidades referidas no art. nos termos do art. 17 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro
1o, quando não fundamentada, sujeitará o responsável a de 2000, e do art. 9o da Convenção sobre os Direitos das
medidas disciplinares, nos termos do art. 32 desta Lei.  Pessoas com Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo
§ 5o  Informado do extravio da informação solicitada, no 186, de 9 de julho de 2008. 
poderá o interessado requerer à autoridade competente § 4o Os Municípios com população de até 10.000 (dez
a imediata abertura de sindicância para apurar o mil) habitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória
desaparecimento da respectiva documentação.  na internet a que se refere o § 2o, mantida a obrigatoriedade
§ 6o  Verificada a hipótese prevista no § 5o deste artigo, de divulgação, em tempo real, de informações relativas à
o responsável pela guarda da informação extraviada execução orçamentária e financeira, nos critérios e prazos
deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar previstos no art. 73-B da Lei Complementar no 101, de 4 de
testemunhas que comprovem sua alegação.  maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal). 

Art. 8o É dever dos órgãos e entidades públicas promo- Art. 9o  O acesso a informações públicas será assegu-
ver, independentemente de requerimentos, a divulgação rado mediante: 
em local de fácil acesso, no âmbito de suas competências, I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos
de informações de interesse coletivo ou geral por eles órgãos e entidades do poder público, em local com condições
produzidas ou custodiadas.  apropriadas para: 
§ 1o  Na divulgação das informações a que se refere a) atender e orientar o público quanto ao acesso a
o caput, deverão constar, no mínimo:  informações; 
I - registro das competências e estrutura organizacional, b) informar sobre a tramitação de documentos nas
endereços e telefones das respectivas unidades e horários de suas respectivas unidades; 
atendimento ao público;  c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso
II - registros de quaisquer repasses ou transferências de a informações; e 
recursos financeiros;  II - realização de audiências ou consultas públicas,
III - registros das despesas;  incentivo à participação popular ou a outras formas de
IV - informações concernentes a procedimentos licitató- divulgação. 
rios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como
a todos os contratos celebrados;  CAPÍTULO III
V - dados gerais para o acompanhamento de progra- DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO
mas, ações, projetos e obras de órgãos e entidades; e 
VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade.  Seção I
§ 2o Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos Do Pedido de Acesso
e entidades públicas deverão utilizar todos os meios e ins-
trumentos legítimos de que dispuserem, sendo obrigatória a Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar
divulgação em sítios oficiais da rede mundial de computa- pedido de acesso a informações aos órgãos e entidades
dores (internet).  referidos no art. 1o desta Lei, por qualquer meio legítimo,
§ 3o Os sítios de que trata o § 2o deverão, na forma de devendo o pedido conter a identificação do requerente e a
regulamento, atender, entre outros, aos seguintes requisitos:  especificação da informação requerida. 
I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que per- § 1o  Para o acesso a informações de interesse público,
mita o acesso à informação de forma objetiva, transparente, a identificação do requerente não pode conter exigências
clara e em linguagem de fácil compreensão;  que inviabilizem a solicitação. 
II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos for- § 2o  Os órgãos e entidades do poder público devem
matos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais viabilizar alternativa de encaminhamento de pedidos de
como planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das acesso por meio de seus sítios oficiais na internet. 
informações;  § 3o  São vedadas quaisquer exigências relativas aos
III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas ex- motivos determinantes da solicitação de informações de
ternos em formatos abertos, estruturados e legíveis por má- interesse público. 
quina; 
IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou
estruturação da informação;  conceder o acesso imediato à informação disponível. 

163
NOÇÕES DE DIREITO

§ 1o Não sendo possível conceder o acesso imediato, na Seção II


forma disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o Dos Recursos
pedido deverá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias: 
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informa-
consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão;  ções ou às razões da negativa do acesso, poderá o interessa-
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total do interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 (dez)
ou parcial, do acesso pretendido; ou  dias a contar da sua ciência. 
III - comunicar que não possui a informação, indicar, se Parágrafo único.  O recurso será dirigido à autoridade
for do seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a de- hierarquicamente superior à que exarou a decisão im-
tém, ou, ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou en- pugnada, que deverá se manifestar no prazo de 5 (cinco)
tidade, cientificando o interessado da remessa de seu pedido dias. 
de informação. 
§ 2o O prazo referido no § 1o poderá ser prorrogado por Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou
mais 10 (dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá
será cientificado o requerente.  recorrer à Controladoria-Geral da União, que delibera-
§ 3o Sem prejuízo da segurança e da proteção das infor- rá no prazo de 5 (cinco) dias se: 
mações e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão I - o acesso à informação não classificada como sigilosa
ou entidade poderá oferecer meios para que o próprio reque- for negado; 
rente possa pesquisar a informação de que necessitar.  II - a decisão de negativa de acesso à informação to-
§ 4o Quando não for autorizado o acesso por se tratar de tal ou parcialmente classificada como sigilosa não indicar a
informação total ou parcialmente sigilosa, o requerente de- autoridade classificadora ou a hierarquicamente superior a
verá ser informado sobre a possibilidade de recurso, prazos quem possa ser dirigido pedido de acesso ou desclassificação; 
e condições para sua interposição, devendo, ainda, ser-lhe III - os procedimentos de classificação de informação si-
indicada a autoridade competente para sua apreciação.  gilosa estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e 
§ 5o A informação armazenada em formato digital será IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros pro-
fornecida nesse formato, caso haja anuência do requerente.  cedimentos previstos nesta Lei. 
§ 6o Caso a informação solicitada esteja disponível ao § 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser
público em formato impresso, eletrônico ou em qualquer dirigido à Controladoria-Geral da União depois de submeti-
outro meio de acesso universal, serão informados ao re- do à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarqui-
querente, por escrito, o lugar e a forma pela qual se poderá camente superior àquela que exarou a decisão impugnada,
consultar, obter ou reproduzir a referida informação, proce- que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. 
dimento esse que desonerará o órgão ou entidade pública da § 2o Verificada a procedência das razões do recurso, a
obrigação de seu fornecimento direto, salvo se o requerente Controladoria-Geral da União determinará ao órgão ou en-
declarar não dispor de meios para realizar por si mesmo tais tidade que adote as providências necessárias para dar cum-
procedimentos.  primento ao disposto nesta Lei. 
§ 3o Negado o acesso à informação pela Controladoria-
Art. 12. O serviço de busca e fornecimento da informa- -Geral da União, poderá ser interposto recurso à Comissão
ção é gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de docu- Mista de Reavaliação de Informações, a que se refere o art.
mentos pelo órgão ou entidade pública consultada, situação 35. 
em que poderá ser cobrado exclusivamente o valor ne-
cessário ao ressarcimento do custo dos serviços e dos Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de des-
materiais utilizados.  classificação de informação protocolado em órgão da ad-
Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos pre- ministração pública federal, poderá o requerente recorrer
vistos no caput  todo aquele cuja situação econômica não ao Ministro de Estado da área, sem prejuízo das compe-
lhe permita fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou tências da Comissão Mista de Reavaliação de Informações,
da família, declarada nos termos da Lei no 7.115, de 29 de previstas no art. 35, e do disposto no art. 16. 
agosto de 1983.  § 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser
dirigido às autoridades mencionadas depois de submetido à
Art. 13.  Quando se tratar de acesso à informação con- apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamen-
tida em documento cuja manipulação possa prejudicar sua te superior à autoridade que exarou a decisão impugnada e,
integridade, deverá ser oferecida a consulta de cópia, com no caso das Forças Armadas, ao respectivo Comando. 
certificação de que esta confere com o original.  § 2o Indeferido o recurso previsto no caput  que tenha
Parágrafo único.  Na impossibilidade de obtenção de como objeto a desclassificação de informação secreta
cópias, o interessado poderá solicitar que, a suas expensas ou ultrassecreta, caberá recurso à Comissão Mista de
e sob supervisão de servidor público, a reprodução seja feita Reavaliação de Informações prevista no art. 35. 
por outro meio que não ponha em risco a conservação do
documento original.  Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões de-
negatórias proferidas no recurso previsto no art. 15 e de
Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor de revisão de classificação de documentos sigilosos serão objeto
decisão de negativa de acesso, por certidão ou cópia.  de regulamentação própria dos Poderes Legislativo e Ju-

164
NOÇÕES DE DIREITO

diciário e do Ministério Público, em seus respectivos âmbi- IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira,
tos, assegurado ao solicitante, em qualquer caso, o direito de econômica ou monetária do País; 
ser informado sobre o andamento de seu pedido.  V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações
estratégicos das Forças Armadas; 
Art. 19. (VETADO).  VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa
§ 1o (VETADO).  e desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como
§ 2o Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Pú- a sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estraté-
blico informarão ao Conselho Nacional de Justiça e ao gico nacional; 
Conselho Nacional do Ministério Público, respectivamen- VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de
te, as decisões que, em grau de recurso, negarem acesso a altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus fa-
informações de interesse público.  miliares; ou 
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem
Art. 20.  Aplica-se subsidiariamente, no que couber, como de investigação ou fiscalização em andamento, rela-
a Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento cionadas com a prevenção ou repressão de infrações. 
de que trata este Capítulo. 
A lei “[´...] estabelece normas básicas sobre o processo Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades
administrativo no âmbito da Administração Federal direta públicas, observado o seu teor e em razão de sua imprescin-
e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos dibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, poderá
administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Admi- ser classificada como ultrassecreta, secreta ou reserva-
nistração” (artigo 1º da Lei nº 9.784/99). da. 
§ 1o Os prazos máximos de restrição de acesso à infor-
CAPÍTULO IV mação, conforme a classificação prevista no caput, vigoram
DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO a partir da data de sua produção e são os seguintes: 
I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos; 
Seção I II - secreta: 15 (quinze) anos; e 
Disposições Gerais
III - reservada: 5 (cinco) anos. 
§ 2o As informações que puderem colocar em risco a
Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação
segurança do Presidente e Vice-Presidente da República e
necessária à tutela judicial ou administrativa de direi-
respectivos cônjuges e filhos(as) serão classificadas como re-
tos fundamentais. 
servadas e ficarão sob sigilo até o término do mandato em
Parágrafo único. As informações ou documentos que
exercício ou do último mandato, em caso de reeleição. 
versem sobre condutas que impliquem violação dos direitos
§ 3o Alternativamente aos prazos previstos no § 1o, pode-
humanos praticada por agentes públicos ou a mando de
rá ser estabelecida como termo final de restrição de acesso
autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição de
acesso.  a ocorrência de determinado evento, desde que este ocorra
antes do transcurso do prazo máximo de classificação. 
Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais hi- § 4o Transcorrido o prazo de classificação ou consumado
póteses legais de sigilo e de segredo de justiça nem as o evento que defina o seu termo final, a informação tornar-
hipóteses de segredo industrial decorrentes da exploração -se-á, automaticamente, de acesso público. 
direta de atividade econômica pelo Estado ou por pessoa fí- § 5o Para a classificação da informação em determinado
sica ou entidade privada que tenha qualquer vínculo com o grau de sigilo, deverá ser observado o interesse público da
poder público.  informação e utilizado o critério menos restritivo possível,
considerados: 
Seção II I - a gravidade do risco ou dano à segurança da socie-
Da Classificação da Informação quanto ao Grau e dade e do Estado; e 
Prazos de Sigilo II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento
que defina seu termo final. 
Art. 23. São consideradas imprescindíveis à seguran-
ça da sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de Seção III
classificação as informações cuja divulgação ou acesso ir- Da Proteção e do Controle de Informações Sigilosas
restrito possam: 
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a
integridade do território nacional;  divulgação de informações sigilosas produzidas por seus
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de nego- órgãos e entidades, assegurando a sua proteção.
ciações ou as relações internacionais do País, ou as que § 1o O acesso, a divulgação e o tratamento de informa-
tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros ção classificada como sigilosa ficarão restritos a pessoas que
Estados e organismos internacionais;  tenham necessidade de conhecê-la e que sejam devidamen-
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da te credenciadas na forma do regulamento, sem prejuízo das
população;  atribuições dos agentes públicos autorizados por lei. 

165
NOÇÕES DE DIREITO

§ 2o O acesso à informação classificada como sigilosa Art. 28. A classificação de informação em qualquer
cria a obrigação para aquele que a obteve de resguardar o grau de sigilo deverá ser formalizada em decisão que con-
sigilo.  terá, no mínimo, os seguintes elementos: 
§ 3o Regulamento disporá sobre procedimentos e medi- I - assunto sobre o qual versa a informação; 
das a serem adotados para o tratamento de informação sigi- II - fundamento da classificação, observados os critérios
losa, de modo a protegê-la contra perda, alteração indevida, estabelecidos no art. 24; 
acesso, transmissão e divulgação não autorizados.  III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, me-
ses ou dias, ou do evento que defina o seu termo final, con-
Art. 26. As autoridades públicas adotarão as providên- forme limites previstos no art. 24; e 
cias necessárias para que o pessoal a elas subordinado hie- IV - identificação da autoridade que a classificou. 
rarquicamente conheça as normas e observe as medidas e Parágrafo único.  A decisão referida no caput será mantida
procedimentos de segurança para tratamento de infor- no mesmo grau de sigilo da informação classificada.
mações sigilosas. 
 
Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada
Art. 29.  A classificação das informações será reavalia-
que, em razão de qualquer vínculo com o poder público,
da pela autoridade classificadora ou por autoridade
executar atividades de tratamento de informações sigilosas
hierarquicamente superior, mediante provocação ou de
adotará as providências necessárias para que seus empre-
gados, prepostos ou representantes observem as medidas e ofício, nos termos e prazos previstos em regulamento, com
procedimentos de segurança das informações resultantes da vistas à sua desclassificação ou à redução do prazo de sigilo,
aplicação desta Lei.  observado o disposto no art. 24. 
§ 1o O regulamento a que se refere o caput deverá
Seção IV considerar as peculiaridades das informações produzidas
Dos Procedimentos de Classificação, Reclassifica- no exterior por autoridades ou agentes públicos. 
ção e Desclassificação § 2o Na reavaliação a que se refere o caput, deverão ser
examinadas a permanência dos motivos do sigilo e a possi-
Art. 27.  A classificação do sigilo de informações no âm- bilidade de danos decorrentes do acesso ou da divulgação
bito da administração pública federal é de competência:  da informação. 
I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:  § 3o Na hipótese de redução do prazo de sigilo da in-
a) Presidente da República;  formação, o novo prazo de restrição manterá como termo
b) Vice-Presidente da República;  inicial a data da sua produção. 
c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas
prerrogativas;  Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou en-
d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aero- tidade publicará, anualmente, em sítio à disposição na
náutica; e  internet e destinado à veiculação de dados e informações
e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares per- administrativas, nos termos de regulamento: 
manentes no exterior;  I - rol das informações que tenham sido desclassifi-
II - no grau de secreto, das autoridades referidas no cadas nos últimos 12 (doze) meses; 
inciso I, dos titulares de autarquias, fundações ou em- II - rol de documentos classificados em cada grau de
presas públicas e sociedades de economia mista; e  sigilo, com identificação para referência futura; 
III - no grau de reservado, das autoridades referi- III - relatório estatístico contendo a quantidade de pe-
das nos incisos I e II e das que exerçam funções de di- didos de informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem
reção, comando ou chefia, nível DAS 101.5, ou superior,
como informações genéricas sobre os solicitantes. 
do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores, ou de
§ 1o Os órgãos e entidades deverão manter exemplar da
hierarquia equivalente, de acordo com regulamentação
publicação prevista no caput para consulta pública em suas
específica de cada órgão ou entidade, observado o disposto
sedes. 
nesta Lei. 
§ 1o A competência prevista nos incisos I e II, no que se § 2o Os órgãos e entidades manterão extrato com a lis-
refere à classificação como ultrassecreta e secreta, poderá ta de informações classificadas, acompanhadas da data, do
ser delegada pela autoridade responsável a agente público, grau de sigilo e dos fundamentos da classificação. 
inclusive em missão no exterior, vedada a subdelegação. 
§ 2o A classificação de informação no grau de sigilo ul- Seção V
trassecreto pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e “e” Das Informações Pessoais
do inciso I deverá ser ratificada pelos respectivos Ministros
de Estado, no prazo previsto em regulamento.  Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve
§ 3o A autoridade ou outro agente público que classificar ser feito de forma transparente e com respeito à intimida-
informação como ultrassecreta deverá encaminhar a decisão de, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como
de que trata o art. 28 à Comissão Mista de Reavaliação de às liberdades e garantias individuais. 
Informações, a que se refere o art. 35, no prazo previsto em § 1o As informações pessoais, a que se refere este artigo,
regulamento.  relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem: 

166
NOÇÕES DE DIREITO

I - terão seu acesso restrito, independentemente de clas- I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças
sificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos Armadas, transgressões militares médias ou graves, segundo
a contar da sua data de produção, a agentes públicos legal- os critérios neles estabelecidos, desde que não tipificadas em
mente autorizados e à pessoa a que elas se referirem; e  lei como crime ou contravenção penal; ou 
II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por II - para fins do disposto na  Lei no 8.112, de 11
terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso de dezembro de 1990, e suas alterações, infrações
da pessoa a que elas se referirem.  administrativas, que deverão ser apenadas, no mínimo,
§ 2o Aquele que obtiver acesso às informações de que com suspensão, segundo os critérios nela estabelecidos. 
trata este artigo será responsabilizado por seu uso indevido.  § 2o  Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar
§ 3o O consentimento referido no inciso II do § 1o não ou agente público responder, também, por improbidade ad-
será exigido quando as informações forem necessárias:  ministrativa, conforme o disposto nas Leis nos 1.079, de 10 de
I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa abril de 1950, e 8.429, de 2 de junho de 1992. 
estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única
e exclusivamente para o tratamento médico;  Art. 33.  A pessoa física ou entidade privada que deti-
II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de ver informações em virtude de vínculo de qualquer natureza
evidente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo com o poder público e deixar de observar o disposto nesta Lei
vedada a identificação da pessoa a que as informações se estará sujeita às seguintes sanções: 
referirem;  I - advertência; 
III - ao cumprimento de ordem judicial; 
II - multa; 
IV - à defesa de direitos humanos; ou 
III - rescisão do vínculo com o poder público; 
V - à proteção do interesse público e geral preponde-
rante.  IV - suspensão temporária de participar em licita-
§ 4o A restrição de acesso à informação relativa à vida ção e impedimento de contratar com a administração
privada, honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada pública por prazo não superior a 2 (dois) anos; e 
com o intuito de prejudicar processo de apuração de irregu- V - declaração de inidoneidade para licitar ou con-
laridades em que o titular das informações estiver envolvido, tratar com a administração pública, até que seja pro-
bem como em ações voltadas para a recuperação de fatos movida a reabilitação perante a própria autoridade que
históricos de maior relevância.  aplicou a penalidade. 
§ 5o Regulamento disporá sobre os procedimentos para § 1o As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser
tratamento de informação pessoal.  aplicadas juntamente com a do inciso II, assegurado o direito
de defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo de
CAPÍTULO V 10 (dez) dias. 
DAS RESPONSABILIDADES § 2o A reabilitação referida no inciso V será autorizada
somente quando o interessado efetivar o ressarcimento ao
Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam res- órgão ou entidade dos prejuízos resultantes e após decorrido
ponsabilidade do agente público ou militar:  o prazo da sanção aplicada com base no inciso IV. 
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos § 3o A aplicação da sanção prevista no inciso V é de com-
termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu forneci- petência exclusiva da autoridade máxima do órgão ou enti-
mento ou fornecê-la intencionalmente de forma incorreta, dade pública, facultada a defesa do interessado, no respecti-
incompleta ou imprecisa;  vo processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista. 
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, des-
truir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem
parcialmente, informação que se encontre sob sua guarda diretamente pelos danos causados em decorrência da
ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão do exer- divulgação não autorizada ou utilização indevida de
cício das atribuições de cargo, emprego ou função pública;  informações sigilosas ou informações pessoais, cabendo
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicita-
a apuração de responsabilidade funcional nos casos de dolo
ções de acesso à informação; 
ou culpa, assegurado o respectivo direito de regresso. 
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou
permitir acesso indevido à informação sigilosa ou infor- Parágrafo único.  O disposto neste artigo aplica-se à
mação pessoal;  pessoa física ou entidade privada que, em virtude de vín-
V - impor sigilo à informação para obter proveito culo de qualquer natureza com órgãos ou entidades, tenha
pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de ato acesso a informação sigilosa ou pessoal e a submeta a tra-
ilegal cometido por si ou por outrem;  tamento indevido. 
VI - ocultar da revisão de autoridade superior com-
petente informação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, CAPÍTULO VI
ou em prejuízo de terceiros; e  DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, docu-
mentos concernentes a possíveis violações de direitos Art. 35. (VETADO). 
humanos por parte de agentes do Estado.  § 1o  É instituída a Comissão Mista de Reavaliação
§ 1o Atendido o princípio do contraditório, da ampla de- de Informações, que decidirá, no âmbito da administração
fesa e do devido processo legal, as condutas descritas no ca- pública federal, sobre o tratamento e a classificação de infor-
put serão consideradas:  mações sigilosas e terá competência para: 

167
NOÇÕES DE DIREITO

I - requisitar da autoridade que classificar informação § 1o A restrição de acesso a informações, em razão da


como ultrassecreta e secreta esclarecimento ou conteúdo, reavaliação prevista no caput, deverá observar os prazos e
parcial ou integral da informação;  condições previstos nesta Lei. 
II - rever a classificação de informações ultrassecre- § 2o No âmbito da administração pública federal, a rea-
tas ou secretas, de ofício ou mediante provocação de pes- valiação prevista no caput  poderá ser revista, a qualquer
soa interessada, observado o disposto no art. 7o e demais tempo, pela Comissão Mista de Reavaliação de Informações,
dispositivos desta Lei; e  observados os termos desta Lei.
III - prorrogar o prazo de sigilo de informação classifica- § 3o Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação
da como ultrassecreta, sempre por prazo determinado, en- previsto no caput, será mantida a classificação da informa-
quanto o seu acesso ou divulgação puder ocasionar ameaça ção nos termos da legislação precedente. 
externa à soberania nacional ou à integridade do território § 4o As informações classificadas como secretas e ultras-
nacional ou grave risco às relações internacionais do País, secretas não reavaliadas no prazo previsto no caput serão
observado o prazo previsto no § 1o do art. 24.  consideradas, automaticamente, de acesso público. 
§ 2o  O prazo referido no inciso III é limitado a uma
única renovação.  Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vi-
§ 3o  A revisão de ofício a que se refere o inciso II do gência desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou
§ 1o  deverá ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, entidade da administração pública federal direta e in-
após a reavaliação prevista no art. 39, quando se tratar de direta designará autoridade que lhe seja diretamente su-
documentos ultrassecretos ou secretos.  bordinada para, no âmbito do respectivo órgão ou entidade,
§ 4o  A não deliberação sobre a revisão pela Comissão exercer as seguintes atribuições: 
Mista de Reavaliação de Informações nos prazos previstos I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao
no § 3o  implicará a desclassificação automática das acesso a informação, de forma eficiente e adequada aos ob-
informações.  jetivos desta Lei; 
§ 5o  Regulamento disporá sobre a composição, II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e
organização e funcionamento da Comissão Mista de apresentar relatórios periódicos sobre o seu cumprimento; 
Reavaliação de Informações, observado o mandato de III - recomendar as medidas indispensáveis à implemen-
2 (dois) anos para seus integrantes e demais disposições tação e ao aperfeiçoamento das normas e procedimentos
desta Lei.  necessários ao correto cumprimento do disposto nesta Lei; e 
IV - orientar as respectivas unidades no que se refere
Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resultante ao cumprimento do disposto nesta Lei e seus regulamentos. 
de tratados, acordos ou atos internacionais atenderá às
normas e recomendações constantes desses instrumen- Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão
tos.  da administração pública federal responsável: 
I - pela promoção de campanha de abrangência nacio-
Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de Segu- nal de fomento à cultura da transparência na administração
rança Institucional da Presidência da República, o Nú- pública e conscientização do direito fundamental de acesso
cleo de Segurança e Credenciamento (NSC), que tem por à informação; 
objetivos:  II - pelo treinamento de agentes públicos no que se re-
I - promover e propor a regulamentação do credencia- fere ao desenvolvimento de práticas relacionadas à transpa-
mento de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos e rência na administração pública; 
entidades para tratamento de informações sigilosas; e  III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbito
II - garantir a segurança de informações sigilosas, in- da administração pública federal, concentrando e consoli-
clusive aquelas provenientes de países ou organizações in- dando a publicação de informações estatísticas relacionadas
ternacionais com os quais a República Federativa do Brasil no art. 30; 
tenha firmado tratado, acordo, contrato ou qualquer outro IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de
ato internacional, sem prejuízo das atribuições do Ministério relatório anual com informações atinentes à implementação
das Relações Exteriores e dos demais órgãos competentes.  desta Lei. 
Parágrafo único.  Regulamento disporá sobre a compo-
sição, organização e funcionamento do NSC.  Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o disposto
nesta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar
Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei no 9.507, de 12 da data de sua publicação. 
de novembro de 1997, em relação à informação de pessoa,
física ou jurídica, constante de registro ou banco de dados de Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de 11 de
entidades governamentais ou de caráter público.  dezembro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação: 
“Art. 116. [...]
Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão proce- VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em ra-
der à reavaliação das informações classificadas como zão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou,
ultrassecretas e secretas no prazo máximo de 2 (dois) quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conheci-
anos, contado do termo inicial de vigência desta Lei.  mento de outra autoridade competente para apuração; [...]”

168
NOÇÕES DE DIREITO

Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei no 8.112, de 56.260, de 6 de outubro de 2010, nº 55.559, de 12 de março
1990, passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126-A:  de 2010, que institui o Portal do Governo Aberto SP e nº
“Art. 126-A.  Nenhum servidor poderá ser responsabili- 57.500, de 8 de novembro de 2011, que reorganiza a Corre-
zado civil, penal ou administrativamente por dar ciência à gedoria Geral da Administração e institui o Sistema Estadual
autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvi- de Controladoria; e
mento desta, a outra autoridade competente para apuração Considerando, finalmente, a proposta apresentada pelo
de informação concernente à prática de crimes ou improbi- Grupo Técnico instituído pela Resolução CC-3, de 9 de janei-
dade de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência ro de 2012, junto ao Comitê de Qualidade da Gestão Pública,
do exercício de cargo, emprego ou função pública.”  Decreta:

Art. 45.  Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos CAPÍTULO I


Municípios, em legislação própria, obedecidas as nor- Disposições Gerais
mas gerais estabelecidas nesta Lei, definir regras espe-
cíficas, especialmente quanto ao disposto no art. 9o e na Art. 1º Este decreto define procedimentos a serem ob-
Seção II do Capítulo III.  servados pelos órgãos e entidades da Administração Pública
Neste sentido, a legislação compilada no próximo tó- Estadual, e pelas entidades privadas sem fins lucrativos que
pico. recebam recursos públicos estaduais para a realização de
atividades de interesse público, à vista das normas gerais
Art. 46.  Revogam-se:  estabelecidas na Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro
I - a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005; e  de 2011.
II - os arts. 22 a 24 da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de
1991.  Art. 2º O direito fundamental de acesso a documentos,
dados e informações será assegurado mediante:
Art. 47.  Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias I - observância da publicidade como preceito geral e do
após a data de sua publicação.   sigilo como exceção;
II - implementação da política estadual de arquivos e
Brasília, 18 de novembro de 2011; 190o da Independência gestão de documentos;
e 123o da República.   III - divulgação de informações de interesse público, in-
dependentemente de solicitações;
Decreto n° 58.052, de 16 de maio de 2012 IV - utilização de meios de comunicação viabilizados
pela tecnologia da informação;
Regulamenta a Lei Federal n° 12.527, de 18 de novem- V - fomento ao desenvolvimento da cultura de transpa-
bro de 2011, que regula o acesso a informações, e dá provi- rência na administração pública;
dências correlatas VI - desenvolvimento do controle social da administra-
ção pública.
GERALDO ALCKMIN, Governador do Estado de São Pau-
lo, no uso de suas atribuições legais, Art. 3º Para os efeitos deste decreto, consideram-se as
Considerando que é dever do Poder Público promover a seguintes definições:
gestão dos documentos públicos para assegurar o acesso às I - arquivos públicos: conjuntos de documentos produ-
informações neles contidas, de acordo com o § 2º do artigo zidos, recebidos e acumulados por órgãos públicos, autar-
216 da Constituição Federal e com o artigo 1º da Lei Federal quias, fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público,
nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; empresas públicas, sociedades de economia mista, entidades
Considerando que cabe ao Estado definir, em legislação privadas encarregadas da gestão de serviços públicos e or-
própria, regras específicas para o cumprimento das determi- ganizações sociais, no exercício de suas funções e atividades;
nações previstas na Lei Federal nº 12.527, de 18 de novem- II - autenticidade: qualidade da informação que tenha
bro de 2011, que regula o acesso a informações; sido produzida, expedida, recebida ou modificada por deter-
Considerando as disposições das Leis estaduais nº minado indivíduo, equipamento ou sistema;
10.177, de 30 de dezembro de 1998, que regula o processo III - classificação de sigilo: atribuição, pela autoridade
administrativo e nº 10.294, de 20 de abril de 1999, que dis- competente, de grau de sigilo a documentos, dados e infor-
põe sobre proteção e defesa do usuário de serviços públicos, e mações;
dos Decretos estaduais nº 22.789, de 19 de outubro de 1984, IV - credencial de segurança: autorização por escrito
que institui o Sistema de Arquivos do Estado de São Paulo - concedida por autoridade competente, que habilita o agente
SAESP, nº 44.074, de 1º de julho de 1999, que regulamenta público estadual no efetivo exercício de cargo, função, em-
a composição e estabelece a competência das Ouvidorias, nº prego ou atividade pública a ter acesso a documentos, dados
54.276, de 27 de abril de 2009, que reorganiza a Unidade do e informações sigilosas;
Arquivo Público do Estado, da Casa Civil, nº 55.479, de 25 de V - criptografia: processo de escrita à base de métodos
fevereiro de 2010, que institui na Casa Civil o Comitê Gestor lógicos e controlados por chaves, cifras ou códigos, de forma
do Sistema Informatizado Unificado de Gestão Arquivística que somente os usuários autorizados possam reestabelecer
de Documentos e Informações - SPdoc, alterado pelo de nº sua forma original;

169
NOÇÕES DE DIREITO

VI - custódia: responsabilidade pela guarda de docu- XXI - rol de documentos, dados e informações sigilosas
mentos, dados e informações; e pessoais: relação anual, a ser publicada pelas autorida-
VII - dado público: sequência de símbolos ou valores, des máximas de órgãos e entidades, de documentos, dados
representado em algum meio, produzido ou sob a guarda e informações classificadas, no período, como sigilosas ou
governamental, em decorrência de um processo natural ou pessoais, com identificação para referência futura;
artificial, que não tenha seu acesso restrito por legislação XXII - serviço ou atendimento presencial: aquele pres-
específica; tado a presença física do cidadão, principal beneficiário ou
VIII - desclassificação: supressão da classificação de si- interessado no serviço;
gilo por ato da autoridade competente ou decurso de prazo, XXIII - serviço ou atendimento eletrônico: aquele presta-
tornando irrestrito o acesso a documentos, dados e informa- do remotamente ou à distância, utilizando meios eletrônicos
ções sigilosas; de comunicação;
IX - documentos de arquivo: todos os registros de in- XXIV - tabela de documentos, dados e informações si-
formação, em qualquer suporte, inclusive o magnético ou gilosas e pessoais: relação exaustiva de documentos, dados
óptico, produzidos, recebidos ou acumulados por órgãos e e informações com quaisquer restrição de acesso, com a in-
entidades da Administração Pública Estadual, no exercício dicação do grau de sigilo, decorrente de estudos e pesquisas
de suas funções e atividades; promovidos pelas Comissões de Avaliação de Documentos e
X - disponibilidade: qualidade da informação que pode Acesso - CADA, e publicada pelas autoridades máximas dos
ser conhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou órgãos e entidades;
sistemas autorizados; XXV - tratamento da informação: conjunto de ações
XI - documento: unidade de registro de informações, referentes à produção, recepção, classificação, utilização,
qualquer que seja o suporte ou formato; acesso, reprodução, transporte, transmissão, distribuição,
XII - gestão de documentos: conjunto de procedimentos arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação, des-
operações técnicas referentes à sua produção, classificação, tinação ou controle da informação.
avaliação, tramitação, uso, arquivamento e reprodução, que
assegura a racionalização e a eficiência dos arquivos; CAPÍTULO II
XIII - informação: dados, processados ou não, que po- Do Acesso a Documentos, Dados e Informações
dem ser utilizados para produção e transmissão de conhe-
cimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato; SEÇÃO I
XIV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa Disposições Gerais
natural identificada ou identificável;
XV - informação sigilosa: aquela submetida temporaria- Art. 4º É dever dos órgãos e entidades da Administração
mente à restrição de acesso público em razão de sua impres- Pública Estadual:
cindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado; I - promover a gestão transparente de documentos,
XVI - integridade: qualidade da informação não modifi- dados e informações, assegurando sua disponibilidade, au-
cada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino; tenticidade e integridade, para garantir o pleno direito de
XVII - marcação: aposição de marca assinalando o grau acesso;
de sigilo de documentos, dados ou informações, ou sua con- II - divulgar documentos, dados e informações de inte-
dição de acesso irrestrito, após sua desclassificação; resse coletivo ou geral, sob sua custódia, independentemente
XVIII - metadados: são informações estruturadas e codi- de solicitações;
ficadas que descrevem e permitem gerenciar, compreender, III - proteger os documentos, dados e informações sigi-
preservar e acessar os documentos digitais ao longo do tem- losas e pessoais, por meio de critérios técnicos e objetivos, o
po e referem-se a: menos restritivo possível.
a) identificação e contexto documental (identificador
único, instituição produtora, nomes, assunto, datas, local, SEÇÃO II
código de classificação, tipologia documental, temporalida- Da Gestão de Documentos, Dados e Informações
de, destinação, versão, documentos relacionados, idioma e
indexação); Art. 5º A Unidade do Arquivo Público do Estado, na con-
b) segurança (grau de sigilo, informações sobre cripto- dição de órgão central do Sistema de Arquivos do Estado de
grafia, assinatura digital e outras marcas digitais); São Paulo - SAESP, é a responsável pela formulação e imple-
c) contexto tecnológico (formato de arquivo, tamanho mentação da política estadual de arquivos e gestão de do-
de arquivo, dependências de hardware e software, tipos de cumentos, a que se refere o artigo 2º, inciso II deste decreto,
mídias, algoritmos de compressão) e localização física do e deverá propor normas, procedimentos e requisitos técnicos
documento; complementares, visando o tratamento da informação.
XIX - primariedade: qualidade da informação coletada Parágrafo único. Integram a política estadual de arqui-
na fonte, com o máximo de detalhamento possível, sem mo- vos e gestão de documentos:
dificações; 1. os serviços de protocolo e arquivo dos órgãos e enti-
XX - reclassificação: alteração, pela autoridade compe- dades;
tente, da classificação de sigilo de documentos, dados e in- 2. as Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso -
formações; CADA, a que se refere o artigo 11 deste decreto;

170
NOÇÕES DE DIREITO

3. o Sistema Informatizado Unificado de Gestão Arqui- Art. 8º A Casa Civil deverá providenciar a contratação
vística de Documentos e Informações - SPdoc; de serviços para o desenvolvimento de “Sistema Integrado de
4. os Serviços de Informações ao Cidadão - SIC. Informações ao Cidadão”, capaz de interoperar com o SPdoc,
a ser utilizado por todos os órgãos e entidades nos seus res-
Art. 6º Para garantir efetividade à política de arquivos e pectivos Serviços de Informações ao Cidadão - SIC.
gestão de documentos, os órgãos e entidades da Administra-
ção Pública Estadual deverão: Art. 9º A Unidade do Arquivo Público do Estado, da Casa
I - providenciar a elaboração de planos de classificação Civil, deverá adotar as providências necessárias para a orga-
e tabelas de temporalidade de documentos de suas ativida- nização dos serviços da Central de Atendimento ao Cidadão
des-fim, a que se referem, respectivamente, os artigos 10 a - CAC, instituída pelo Decreto nº 54.276, de 27 de abril de
18 e 19 a 23, do Decreto nº 48.897, de 27 de agosto de 2004; 2009, com a finalidade de:
II - cadastrar todos os seus documentos no Sistema In- I - coordenar a integração sistêmica dos Serviços de In-
formatizado Unificado de Gestão Arquivística de Documen- formações ao Cidadão - SIC, instituídos nos órgãos e enti-
tos e Informações - SPdoc. dades;
Parágrafo único. As propostas de planos de classificação II - realizar a consolidação e sistematização de dados a
e de tabelas de temporalidade de documentos deverão ser que se refere o artigo 26 deste decreto, bem como a elabora-
apreciadas pelos órgãos jurídicos dos órgãos e entidades e ção de estatísticas sobre as demandas de consulta e os perfis
encaminhadas à Unidade do Arquivo Público do Estado para de usuários, visando o aprimoramento dos serviços.
aprovação, antes de sua oficialização. Parágrafo único - Os Serviços de Informações ao Ci-
dadão - SIC deverão fornecer, periodicamente, à Central
Art. 7º Ficam criados, em todos os órgãos e entidades da de Atendimento ao Cidadão - CAC, dados atualizados dos
Administração Pública Estadual, os Serviços de Informações atendimentos prestados.
ao Cidadão - SIC, a que se refere o artigo 5º, inciso IV, deste
decreto, diretamente subordinados aos seus titulares, em lo- Art. 10. O acesso aos documentos, dados e informações
cal com condições apropriadas, infraestrutura tecnológica e compreende, entre outros, os direitos de obter:
equipe capacitada para: I - orientação sobre os procedimentos para a consecução
de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontra-
I - realizar atendimento presencial e/ou eletrônico na
do ou obtido o documento, dado ou informação almejada;
sede e nas unidades subordinadas, prestando orientação ao
II - dado ou informação contida em registros ou docu-
público sobre os direitos do requerente, o funcionamento do
mentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou enti-
Serviço de Informações ao Cidadão - SIC, a tramitação de
dades, recolhidos ou não a arquivos públicos;
documentos, bem como sobre os serviços prestados pelas
III - documento, dado ou informação produzida ou cus-
respectivas unidades do órgão ou entidade; todiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de
II - protocolar documentos e requerimentos de acesso qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que
a informações, bem como encaminhar os pedidos de infor- esse vínculo já tenha cessado;
mação aos setores produtores ou detentores de documentos, IV - dado ou informação primária, íntegra, autêntica e
dados e informações; atualizada;
III - controlar o cumprimento de prazos por parte dos V - documento, dado ou informação sobre atividades
setores produtores ou detentores de documentos, dados e in- exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à
formações, previstos no artigo 15 deste decreto; sua política, organização e serviços;
IV - realizar o serviço de busca e fornecimento de docu- VI - documento, dado ou informação pertinente à admi-
mentos, dados e informações sob custódia do respectivo ór- nistração o patrimônio público, utilização de recursos públi-
gão ou entidade, ou fornecer ao requerente orientação sobre cos, licitação, contratos administrativos;
o local onde encontrá-los. VII - documento, dado ou informação relativa:
§ 1º As autoridades máximas dos órgãos e entidades a) à implementação, acompanhamento e resultados dos
da Administração Pública Estadual deverão designar, no programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas,
prazo de 30 (trinta) dias, os responsáveis pelos Serviços de bem como metas e indicadores propostos;
Informações ao Cidadão - SIC. b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e to-
§ 2º Para o pleno desempenho de suas atribuições, os madas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno
Serviços de Informações ao Cidadão - SIC deverão: e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercí-
1. manter intercâmbio permanente com os serviços de cios anteriores.
protocolo e arquivo; § 1º O acesso aos documentos, dados e informações
2. buscar informações junto aos gestores de sistemas in- previsto no caput deste artigo não compreende as
formatizados e bases de dados, inclusive de portais e sítios informações referentes a projetos de pesquisa e
institucionais; desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo
3. atuar de forma integrada com as Ouvidorias, insti- seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
tuídas pela Lei estadual nº 10.294, de 20 de abril de 1999, e § 2º Quando não for autorizado acesso integral ao
organizadas pelo Decreto nº 44.074, de 1º de julho de 1999. documento, dado ou informação por ser ela parcialmente
§ 3º Os Serviços de Informações ao Cidadão - SIC, sigilosa, é assegurado o acesso à parte não sigilosa por
independentemente do meio utilizado, deverão ser meio de certidão, extrato ou cópia com ocultação da parte
identificados com ampla visibilidade. sob sigilo.

171
NOÇÕES DE DIREITO

§ 3º O direito de acesso aos documentos, aos dados ou IV - orientar o órgão ou entidade sobre a correta aplica-
às informações neles contidas utilizados como fundamento ção dos critérios de restrição de acesso constantes das tabe-
da tomada de decisão e do ato administrativo será las de documentos, dados e informações sigilosas e pessoais;
assegurado com a edição do ato decisório respectivo. V - comunicar à Unidade do Arquivo Público do Estado
§ 4º A negativa de acesso aos documentos, dados e a publicação de tabela de documentos, dados e informações
informações objeto de pedido formulado aos órgãos e sigilosas e pessoais, e suas eventuais alterações, para conso-
entidades referidas no artigo 1º deste decreto, quando lidação de dados, padronização de critérios e realização de
não fundamentada, sujeitará o responsável a medidas estudos técnicos na área;
disciplinares, nos termos do artigo 32 da Lei Federal nº VI - propor à autoridade máxima do órgão ou entidade
12.527, de 18 de novembro de 2011.
a renovação, alteração de prazos, reclassificação ou desclas-
§ 5º Informado do extravio da informação solicitada,
poderá o interessado requerer à autoridade competente a sificação de documentos, dados e informações sigilosas;
imediata instauração de apuração preliminar para investigar VII - manifestar-se sobre os prazos mínimos de restrição
o desaparecimento da respectiva documentação. de acesso aos documentos, dados ou informações pessoais;
§ 6º Verificada a hipótese prevista no § 5º deste artigo, VIII - atuar como instância consultiva da autoridade
o responsável pela guarda da informação extraviada máxima do órgão ou entidade, sempre que provocada, sobre
deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar os recursos interpostos relativos às solicitações de acesso a
testemunhas que comprovem sua alegação. documentos, dados e informações não atendidas ou inde-
feridas, nos termos do parágrafo único do artigo 19 deste
SEÇÃO III decreto;
Das Comissões de Avaliação de Documentos e IX - informar à autoridade máxima do órgão ou enti-
Acesso dade a previsão de necessidades orçamentárias, bem como
encaminhar relatórios periódicos sobre o andamento dos
Art. 11. As Comissões de Avaliação de Documentos de
trabalhos.
Arquivo, a que se referem os Decretos nº 29.838, de 18 de
abril de 1989, e nº 48.897, de 27 de agosto de 2004, instituí- Parágrafo único. Para o perfeito cumprimento de suas
das nos órgãos e entidades da Administração Pública Esta- atribuições as Comissões de Avaliação de Documentos e
dual, passarão a ser denominadas Comissões de Avaliação Acesso - CADA poderão convocar servidores que possam
de Documentos e Acesso - CADA. contribuir com seus conhecimentos e experiências, bem
§ 1º As Comissões de Avaliação de Documentos e como constituir subcomissões e grupos de trabalho.
Acesso - CADA deverão ser vinculadas ao Gabinete da
autoridade máxima do órgão ou entidade. Art. 13. À Unidade do Arquivo Público do Estado, ór-
§ 2º As Comissões de Avaliação de Documentos e gão central do Sistema de Arquivos do Estado de São Pau-
Acesso - CADA serão integradas por servidores de nível lo - SAESP, responsável por propor a política de acesso aos
superior das áreas jurídica, de administração geral, de documentos públicos, nos termos do artigo 6º, inciso XII, do
administração financeira, de arquivo e protocolo, de Decreto nº 22.789, de 19 de outubro de 1984, caberá o ree-
tecnologia da informação e por representantes das áreas xame, a qualquer tempo, das tabelas de documentos, dados
específicas da documentação a ser analisada.
e informações sigilosas e pessoais dos órgãos e entidades da
§ 3º As Comissões de Avaliação de Documentos e
Administração Pública Estadual.
Acesso - CADA serão compostas por 5 (cinco), 7 (sete) ou
9 (nove) membros, designados pela autoridade máxima do
órgão ou entidade. SEÇÃO IV
Do Pedido
Art. 12. São atribuições das Comissões de Avaliação de
Documentos e Acesso - CADA, além daquelas previstas para Art. 14. O pedido de informações deverá ser apresentado
as Comissões de Avaliação de Documentos de Arquivo nos ao Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do órgão ou
Decretos nº 29.838, de 18 de abril de 1989, e nº 48.897, de entidade, por qualquer meio legítimo que contenha a iden-
27 de agosto de 2004: tificação do interessado (nome, número de documento e en-
I - orientar a gestão transparente dos documentos, da- dereço) e a especificação da informação requerida.
dos e informações do órgão ou entidade, visando assegurar
o amplo acesso e divulgação; Art. 15. O Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do
II - realizar estudos, sob a orientação técnica da Unidade órgão ou entidade responsável pelas informações solicitadas
do Arquivo Público do Estado, órgão central do Sistema de
deverá conceder o acesso imediato àquelas disponíveis.
Arquivos do Estado de São Paulo - SAESP, visando à identifi-
cação e elaboração de tabela de documentos, dados e infor- § 1º Na impossibilidade de conceder o acesso imediato,
mações sigilosas e pessoais, de seu órgão ou entidade; o Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do órgão ou
III - encaminhar à autoridade máxima do órgão ou en- entidade, em prazo não superior a 20 (vinte) dias, deverá:
tidade a tabela mencionada no inciso II deste artigo, bem 1. comunicar a data, local e modo para se realizar a
como as normas e procedimentos visando à proteção de consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão;
documentos, dados e informações sigilosas e pessoais, para 2. indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total
oitiva do órgão jurídico e posterior publicação; ou parcial, do acesso pretendido;

172
NOÇÕES DE DIREITO

3. comunicar que não possui a informação, indicar, se for SEÇÃO V


do seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, Dos Recursos
ou, ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou entida-
de, cientificando o interessado da remessa de seu pedido de Art. 19. No caso de indeferimento de acesso aos docu-
informação. mentos, dados e informações ou às razões da negativa do
§ 2º O prazo referido no § 1º deste artigo poderá ser acesso, bem como o não atendimento do pedido, poderá o
prorrogado por mais 10 (dez) dias, mediante justificativa interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de 10
expressa, da qual será cientificado o interessado. (dez) dias a contar de sua ciência.
§ 3º Sem prejuízo da segurança e da proteção das Parágrafo único. O recurso será dirigido à apreciação
informações e do cumprimento da legislação aplicável, de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior à
o Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do órgão que exarou a decisão impugnada, que deverá se manifestar,
ou entidade poderá oferecer meios para que o próprio após eventual consulta à Comissão de Avaliação de Docu-
interessado possa pesquisar a informação de que necessitar. mentos e Acesso - CADA, a que se referem os artigos 11 e 12
§ 4º Quando não for autorizado o acesso por se tratar deste decreto, e ao órgão jurídico, no prazo de 5 (cinco) dias.
de informação total ou parcialmente sigilosa, o interessado
deverá ser informado sobre a possibilidade de recurso, Art. 20. Negado o acesso ao documento, dado e infor-
prazos e condições para sua interposição, devendo, mação pelos órgãos ou entidades da Administração Pública
ainda, ser-lhe indicada a autoridade competente para sua Estadual, o interessado poderá recorrer à Corregedoria Geral
apreciação. da Administração, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias
§ 5º A informação armazenada em formato digital será se:
fornecida nesse formato, caso haja anuência do interessado. I - o acesso ao documento, dado ou informação não
§ 6º Caso a informação solicitada esteja disponível ao classificada como sigilosa for negado;
público em formato impresso, eletrônico ou em qualquer II - a decisão de negativa de acesso ao documento, dado
outro meio de acesso universal, serão informados ao ou informação, total ou parcialmente classificada como si-
interessado, por escrito, o lugar e a forma pela qual se gilosa, não indicar a autoridade classificadora ou a hierar-
poderá consultar, obter ou reproduzir a referida informação, quicamente superior a quem possa ser dirigido o pedido de
procedimento esse que desonerará o órgão ou entidade acesso ou desclassificação;
pública da obrigação de seu fornecimento direto, salvo se o III - os procedimentos de classificação de sigilo estabele-
interessado declarar não dispor de meios para realizar por cidos na Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011,
si mesmo tais procedimentos. não tiverem sido observados;
IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros
Art. 16. O serviço de busca e fornecimento da informa- procedimentos revistos na Lei Federal nº 12.527, de 18 de
ção é gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de docu- novembro de 2011.
mentos pelo órgão ou entidade pública consultada, situação § 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá
em que poderá ser cobrado exclusivamente o valor necessá- ser dirigido à Corregedoria Geral da Administração depois
rio ao ressarcimento do custo dos serviços e dos materiais de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade
utilizados, a ser fixado em ato normativo pelo Chefe do Exe- hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão
cutivo. impugnada, nos termos do parágrafo único do artigo 19
Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos pre- deste decreto.
vistos no caput deste artigo todo aquele cuja situação eco- § 2º Verificada a procedência das razões do recurso,
nômica não lhe permita fazê-lo sem prejuízo do sustento a Corregedoria Geral da Administração determinará ao
próprio ou da família, declarada nos termos da Lei Federal órgão ou entidade que adote as providências necessárias
nº 7.115, de 29 de agosto de 1983. para dar cumprimento ao disposto na Lei Federal nº 12.527,
de 18 de novembro de 2011, e neste decreto.
Art. 17. Quando se tratar de acesso à informação con-
tida em documento cuja manipulação possa prejudicar sua Art. 21. Negado o acesso ao documento, dado ou in-
integridade, deverá ser oferecida a consulta de cópia, com formação pela Corregedoria Geral da Administração, o re-
certificação de que esta confere com o original. querente poderá, no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua
Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de có- ciência, interpor recurso à Comissão Estadual de Acesso à
pias, o interessado poderá solicitar que, a suas expensas e Informação, de que trata o artigo 76 deste decreto.
sob Grupo Técnico supervisão de servidor público, a repro-
dução seja feita por outro meio que não ponha em risco a Art. 22. Aplica-se, no que couber, a Lei estadual nº
conservação do documento original. 10.177, de 30 de dezembro de 1998, ao procedimento de
que trata este Capítulo.
Art. 18. É direito do interessado obter o inteiro teor de
decisão de negativa de acesso, por certidão ou cópia.

173
NOÇÕES DE DIREITO

CAPÍTULO III Art. 24. Os documentos que contenham informações que


Da Divulgação de Documentos, Dados e Informa- se enquadrem nos casos referidos no artigo anterior deverão
ções estar cadastrados no Sistema Informatizado Unificado de
Gestão Arquivística de Documentos e Informações - SPdoc.
Art. 23. É dever dos órgãos e entidades da Administração
Pública Estadual promover, independentemente de requeri- Art. 25. A autoridade máxima de cada órgão ou enti-
mentos, a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de dade estadual publicará, anualmente, em sítio próprio, bem
suas competências, de documentos, dados e informações de como no Portal da Transparência e do Governo Aberto:
interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodia- I - rol de documentos, dados e informações que tenham
das. sido desclassificadas nos últimos 12 (doze) meses;
§ 1º - Na divulgação das informações a que se refere o II - rol de documentos classificados em cada grau de
caput deste artigo, deverão constar, no mínimo: sigilo, com identificação para referência futura;
1. registro das competências e estrutura organizacional, III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedi-
endereços e telefones das respectivas unidades e horários de dos de informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem
atendimento ao público; como informações genéricas sobre os solicitantes.
2. registros de quaisquer repasses ou transferências de Parágrafo único - Os órgãos e entidades da Administra-
recursos financeiros; ção Pública Estadual deverão manter exemplar da publica-
3. registros de receitas e despesas; ção prevista no caput deste artigo para consulta pública em
4. informações concernentes a procedimentos licitató- suas sedes, bem como o extrato com o rol de documentos,
rios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como dados e informações classificadas, acompanhadas da data,
a todos os contratos celebrados; do grau de sigilo e dos fundamentos da classificação.
5. relatórios, estudos e pesquisas;
6. dados gerais para o acompanhamento da execução Art. 26. Os órgãos e entidades da Administração Públi-
orçamentária, de programas, ações, projetos e obras de ór- ca Estadual deverão prestar no prazo de 60 (sessenta) dias,
gãos e entidades; para compor o “Catálogo de Sistemas e Bases de Dados da
7. respostas a perguntas mais frequentes da sociedade. Administração Pública do Estado de São Paulo - CSBD”, as
§ 2º Para o cumprimento do disposto no caput deste seguintes informações:
artigo, os órgãos e entidades estaduais deverão utilizar I - tamanho e descrição do conteúdo das bases de da-
todos os meios e instrumentos legítimos de que dispuserem, dos;
sendo obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede II - metadados;
mundial de computadores (internet). III - dicionário de dados com detalhamento de conteú-
§ 3º Os sítios de que trata o § 2º deste artigo deverão do;
atender, entre outros, aos seguintes requisitos: IV - arquitetura da base de dados;
1. conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que per- V - periodicidade de atualização;
mita o acesso à informação de forma objetiva, transparente, VI - software da base de dados;
clara e em linguagem de fácil compreensão; VII - existência ou não de sistema de consulta à base de
2. possibilitar a gravação de relatórios em diversos for- dados e sua linguagem de programação;
matos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais VIII - formas de consulta, acesso e obtenção à base de
como planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das dados.
informações; § 1º Os órgãos e entidades da Administração
3. possibilitar o acesso automatizado por sistemas ex- Pública Estadual deverão indicar o setor responsável
ternos em formatos abertos, estruturados e legíveis por má- pelo fornecimento e atualização permanente de dados
quina; e informações que compõem o «Catálogo de Sistemas e
4. divulgar em detalhes os formatos utilizados para es- Bases de Dados da Administração Pública do Estado de
truturação da informação; São Paulo - CSBD».
5. garantir a autenticidade e a integridade das informa- § 2º O desenvolvimento do «Catálogo de Sistemas e
ções disponíveis para acesso; Bases de Dados da Administração Pública do Estado de
6. manter atualizadas as informações disponíveis para São Paulo - CSBD», coleta de informações, manutenção
acesso; e atualização permanente ficará a cargo da Fundação
7. indicar local e instruções que permitam ao interes- Sistema Estadual de Análise de Dados - SEADE.
sado comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o § 3º O «Catálogo de Sistemas e Bases de Dados da
órgão ou entidade detentora do sítio; Administração Pública do Estado de São Paulo - CSBD»,
8. adotar as medidas necessárias para garantir a acessi- bem como as bases de dados da Administração Pública
bilidade de conteúdo para pessoas com deficiência, nos ter- Estadual deverão estar disponíveis no Portal do Governo
mos do artigo 17 da Lei Federal nº 10.098, de 19 de dezem- Aberto e no Portal da Transparência, nos termos dos
bro de 2000, artigo 9° da Convenção sobre os Direitos das Decretos nº 57.500, de 8 de novembro de 2011, e nº
Pessoas com Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo 55.559, de 12 de março de 2010, com todos os elementos
nº 186, de 9 de julho de 2008, e da Lei estadual n° 12.907, de necessários para permitir sua utilização por terceiros,
15 de abril de 2008. como a arquitetura da base e o dicionário de dados.

174
NOÇÕES DE DIREITO

CAPÍTULO IV V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações es-


Das Restrições de Acesso a Documentos, Dados e tratégicos das Forças Armadas;
Informações VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa
e desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como a
SEÇÃO I sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estratégico
Disposições Gerais nacional;
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas
Art. 27. São consideradas passíveis de restrição de aces- autoridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares;
so, no âmbito da Administração Pública Estadual, duas cate- VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como
gorias de documentos, dados e informações: de investigação ou fiscalização em andamento, relacionadas
I - Sigilosos: aqueles submetidos temporariamente à res- com a prevenção ou repressão de infrações.
trição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade
para a segurança da sociedade e do Estado; Art. 31. Os documentos, dados e informações sigilosas
II - Pessoais: aqueles relacionados à pessoa natural iden- em poder de órgãos e entidades da Administração Pública
tificada ou identificável, relativas à intimidade, vida privada, Estadual, observado o seu teor e em razão de sua imprescin-
honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e ga- dibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, poderão
ser classificados nos seguintes graus:
rantias individuais.
I - ultrassecreto;
Parágrafo único. Cabe aos órgãos e entidades da Ad-
II - secreto;
ministração Pública Estadual, por meio de suas respectivas III - reservado.
Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso - CADA, a § 1º Os prazos máximos de restrição de acesso aos
que se referem os artigos 11 e 12 deste decreto, promover os documentos, dados e informações, conforme a classificação
estudos necessários à elaboração de tabela com a identifi- prevista no caput e incisos deste artigo, vigoram a partir da
cação de documentos, dados e informações sigilosas e pes- data de sua produção e são os seguintes:
soais, visando assegurar a sua proteção. 1. ultrassecreto: até 25 (vinte e cinco) anos;
2. secreto: até 15 (quinze) anos;
Art. 28. Não poderá ser negado acesso à informação ne- 3. reservado: até 5 (cinco) anos.
cessária à tutela judicial ou administrativa de direitos fun- § 2º Os documentos, dados e informações que
damentais. puderem colocar em risco a segurança do Governador e
Parágrafo único. Os documentos, dados e informações Vice-Governador do Estado e respectivos cônjuges e filhos
que versem sobre condutas que impliquem violação dos di- (as) serão classificados como reservados e ficarão sob
reitos humanos praticada por agentes públicos ou a mando sigilo até o término do mandato em exercício ou do último
de autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição mandato, em caso de reeleição.
de acesso. § 3º Alternativamente aos prazos previstos no § 1º
deste artigo, poderá ser estabelecida como termo final de
Art. 29. O disposto neste decreto não exclui as demais restrição de acesso a ocorrência de determinado evento,
hipóteses legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hi- desde que este ocorra antes do transcurso do prazo
póteses de segredo industrial decorrentes da exploração di- máximo de classificação.
reta de atividade econômica pelo Estado ou por pessoa física § 4º Transcorrido o prazo de classificação ou consumado
ou entidade privada que tenha qualquer vínculo com o po- o evento que defina o seu termo final, o documento, dado
der público. ou informação tornar-se-á, automaticamente, de acesso
público.
SEÇÃO II § 5º Para a classificação do documento, dado ou
informação em determinado grau de sigilo, deverá ser
Da Classificação, Reclassificação e Desclassifica-
observado o interesse público da informação, e utilizado o
ção de Documentos, Dados e Informações Sigilosas
critério menos restritivo possível, considerados:
1. a gravidade do risco ou dano à segurança da socieda-
Art. 30. São considerados imprescindíveis à segurança de e do Estado;
da sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de classi- 2. o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento
ficação de sigilo, os documentos, dados e informações cuja que defina seu termo final.
divulgação ou acesso irrestrito possam:
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a Art. 32. A classificação de sigilo de documentos, dados
integridade do território nacional; e informações no âmbito da Administração Pública Estadual
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negocia- deverá ser realizada mediante:
ções ou as relações internacionais do País, ou as que tenham I - publicação oficial, pela autoridade máxima do órgão
sido fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e or- ou entidade, de tabela de documentos, dados e informações
ganismos internacionais; sigilosas e pessoais, que em razão de seu teor e de sua im-
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da po- prescindibilidade à segurança da sociedade e do Estado ou à
pulação; proteção da intimidade, da vida privada, da honra e imagem
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, eco- das pessoas, sejam passíveis de restrição de acesso, a partir
nômica ou monetária do País; do momento de sua produção,

175
NOÇÕES DE DIREITO

II - análise do caso concreto pela autoridade responsável ou de ofício, nos termos e prazos previstos em regulamento,
ou agente público competente, e formalização da decisão com vistas à sua desclassificação ou à redução do prazo de
de classificação, reclassificação ou desclassificação de sigilo, sigilo, observado o disposto no artigo 31 deste decreto.
bem como de restrição de acesso à informação pessoal, que § 1º O regulamento a que se refere o caput deste
conterá, no mínimo, os seguintes elementos: artigo deverá considerar as peculiaridades das informações
a) assunto sobre o qual versa a informação; produzidas no exterior por autoridades ou agentes públicos.
b) fundamento da classificação, reclassificação ou des- § 2º Na reavaliação a que se refere o caput deste artigo
classificação de sigilo, observados os critérios estabelecidos deverão ser examinadas a permanência dos motivos do
no artigo 31 deste decreto, bem como da restrição de acesso sigilo e a possibilidade de danos decorrentes do acesso ou
à informação pessoal; da divulgação da informação.
c) indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses § 3º Na hipótese de redução do prazo de sigilo da
ou dias, ou do evento que defina o seu termo final, confor- informação, o novo prazo de restrição manterá como
me limites previstos no artigo 31 deste decreto, bem como termo inicial a data da sua produção.
a indicação do prazo mínimo de restrição de acesso à infor-
mação pessoal; SEÇÃO III
d) identificação da autoridade que a classificou, reclassi- Da Proteção de Documentos, Dados e Informações
ficou ou desclassificou. Pessoais
Parágrafo único. O prazo de restrição de acesso contar-
-se-á da data da produção do documento, dado ou infor- Art. 35. O tratamento de documentos, dados e informa-
mação. ções pessoais deve ser feito de forma transparente e com
respeito à intimidade, vida privada, honra e imagem das
Art. 33. A classificação de sigilo de documentos, dados e pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais.
informações no âmbito da Administração Pública Estadual, § 1º Os documentos, dados e informações pessoais,
a que se refere o inciso II do artigo 32 deste decreto, é de a que se refere este artigo, relativas à intimidade, vida
competência: privada, honra e imagem:
I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades: 1. terão seu acesso restrito, independentemente de clas-
a) Governador do Estado;
sificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos
b) Vice-Governador do Estado;
a contar da sua data de produção, a agentes públicos legal-
c) Secretários de Estado e Procurador Geral do Estado;
mente autorizados e à pessoa a que elas se referirem;
d) Delegado Geral de Polícia e Comandante Geral da
2. poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por
olícia Militar;
terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso
II - no grau de secreto, das autoridades referidas no in-
da pessoa a que elas se referirem.
ciso I deste artigo, das autoridades máximas de autarquias,
§ 2º Aquele que obtiver acesso às informações de
fundações ou empresas públicas e sociedades de economia
que trata este artigo será responsabilizado por seu uso
mista;
III - no grau de reservado, das autoridades referidas nos indevido.
incisos I e II deste artigo e das que exerçam funções de di- § 3º O consentimento referido no item 2 do § 1º deste
reção, comando ou chefia, ou de hierarquia equivalente, de artigo não será exigido quando as informações forem
acordo com regulamentação específica de cada órgão ou necessárias:
entidade, observado o disposto neste decreto. 1. à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa
§ 1º A competência prevista nos incisos I e II deste estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única
artigo, no que se refere à classificação como ultrassecreta e e exclusivamente para o tratamento médico;
secreta, poderá ser delegada pela autoridade responsável 2. à realização de estatísticas e pesquisas científicas de
a agente público, vedada a subdelegação. evidente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo
§ 2º A classificação de documentos, dados e informações vedada a identificação da pessoa a que as informações se
no grau de sigilo ultrassecreto pelas autoridades previstas referirem;
na alínea «d» do inciso I deste artigo deverá ser ratificada 3. ao cumprimento de ordem judicial;
pelo Secretário da Segurança Pública, no prazo de 10 (dez) 4. à defesa de direitos humanos;
dias. 5. à proteção do interesse público e geral preponderante.
§ 3º A autoridade ou outro agente público que classificar § 4º A restrição de acesso aos documentos, dados e
documento, dado e informação como ultrassecreto deverá informações relativos à vida privada, honra e imagem de
encaminhar a decisão de que trata o inciso II do artigo 32 pessoa não poderá ser invocada com o intuito de prejudicar
deste decreto, à Comissão Estadual de Acesso à Informação, processo de apuração de irregularidades em que o titular
a que se refere o artigo 76 deste diploma legal, no prazo das informações estiver envolvido, bem como em ações
previsto em regulamento. voltadas para a recuperação de fatos históricos de maior
relevância.
Art. 34. A classificação de documentos, dados e informa- § 5º Os documentos, dados e informações identificados
ções será reavaliada pela autoridade classificadora ou por como pessoais somente poderão ser fornecidos
autoridade hierarquicamente superior, mediante provocação pessoalmente, com a identificação do interessado.

176
NOÇÕES DE DIREITO

SEÇÃO IV IV - o envelope interno será fechado, lacrado e expedido


Da Proteção e do Controle de Documentos, Dados e mediante relação de remessa, que indicará, necessariamen-
Informações Sigilosos te, remetente, destinatário, número de registro e o grau de
sigilo do documento;
Art. 36. É dever da Administração Pública Estadual con- V - para os documentos sigilosos digitais deverão ser ob-
trolar o acesso e a divulgação de documentos, dados e infor- servadas as prescrições referentes à criptografia.
mações sigilosos sob a custódia de seus órgãos e entidades,
assegurando a sua proteção contra perda, alteração indevi- Art. 41. A expedição, tramitação e entrega de documen-
da, acesso, transmissão e divulgação não autorizados. to ultrassecreto e secreto, deverá ser efetuadas pessoalmen-
§ 1º O acesso, a divulgação e o tratamento de te, por agente público credenciado, sendo vedada a sua pos-
tagem.
documentos, dados e informações classificados como
Parágrafo único. A comunicação de informação de
sigilosos ficarão restritos a pessoas que tenham necessidade
natureza ultrassecreta e secreta, de outra forma que não
de conhecê-la e que sejam devidamente credenciadas na
a prescrita no caput deste artigo, só será permitida excep-
forma dos artigos 62 a 65 deste decreto, sem prejuízo das cionalmente e em casos extremos, que requeiram tramita-
atribuições dos agentes públicos autorizados por lei. ção e solução imediatas, em atendimento ao princípio da
§ 2º O acesso aos documentos, dados e informações oportunidade e considerados os interesses da segurança da
classificados como sigilosos ou identificados como sociedade e do Estado, utilizando-se o adequado meio de
pessoais, cria a obrigação para aquele que as obteve de criptografia.
resguardar restrição de acesso.
Art. 42. A expedição de documento reservado poderá ser
Art. 37. As autoridades públicas adotarão as providên- feita mediante serviço postal, com opção de registro, men-
cias necessárias para que o pessoal a elas subordinado hie- sageiro oficialmente designado, sistema de encomendas ou,
rarquicamente conheça as normas e observe as medidas e quando for o caso, mala diplomática.
procedimentos de segurança para tratamento de documen- Parágrafo único. A comunicação dos documentos de
tos, dados e informações sigilosos e pessoais. que trata este artigo poderá ser feita por outros meios, desde
Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada que sejam usados recursos de criptografia compatíveis com
que, em razão de qualquer vínculo com o poder público o grau de sigilo do documento, conforme previsto nos artigos
executar atividades de tratamento de documentos, dados e 51 a 56 deste decreto.
informações sigilosos e pessoais adotará as providências ne-
Art. 43. Cabe aos agentes públicos credenciados respon-
cessárias para que seus empregados, prepostos ou represen-
sáveis pelo recebimento de documentos sigilosos:
tantes observem as medidas e procedimentos de segurança
I - verificar a integridade na correspondência recebida e
das informações resultantes da aplicação deste decreto. registrar indícios de violação ou de qualquer irregularidade,
dando ciência do fato ao seu superior hierárquico e ao desti-
Art. 38. O acesso a documentos, dados e informações si- natário, o qual informará imediatamente ao remetente;
gilosos, originários de outros órgãos ou instituições privadas, II - proceder ao registro do documento e ao controle de
custodiados para fins de instrução de procedimento, proces- sua tramitação.
so administrativo ou judicial, somente poderá ser realizado
para outra finalidade se autorizado pelo agente credenciado Art. 44. O envelope interno só será aberto pelo destina-
do respectivo órgão, entidade ou instituição de origem. tário, seu representante autorizado ou autoridade compe-
tente hierarquicamente superior, observados os requisitos do
SUBSEÇÃO I artigo 62 deste decreto.
Da Produção, do Registro, Expedição, Tramitação e
Guarda Art. 45. O destinatário de documento sigiloso comunica-
rá imediatamente ao remetente qualquer indício de violação
Art. 39. A produção, manuseio, consulta, transmissão, ou adulteração do documento.
manutenção e guarda de documentos, dados e informações
sigilosos observarão medidas especiais de segurança. Art. 46. Os documentos, dados e informações sigilosos
serão mantidos em condições especiais de segurança, na for-
ma do regulamento interno de cada órgão ou entidade.
Art. 40. Os documentos sigilosos em sua expedição e tra-
Parágrafo único. Para a guarda de documentos secretos
mitação obedecerão às seguintes prescrições:
e ultrassecretos deverá ser utilizado cofre forte ou estrutura
I - deverão ser registrados no momento de sua produ- que ofereça segurança equivalente ou superior.
ção, prioritariamente em sistema informatizado de gestão
arquivística de documentos; Art. 47 Os agentes públicos responsáveis pela guarda
II - serão acondicionados em envelopes duplos; ou custódia de documentos sigilosos os transmitirão a seus
III - no envelope externo não constará qualquer indica- substitutos, devidamente conferidos, quando da passagem
ção do grau de sigilo ou do teor do documento; ou transferência de responsabilidade.

177
NOÇÕES DE DIREITO

SUBSEÇÃO II Art. 53. A aquisição e uso de aplicativos de criptografia


Da Marcação no âmbito da Administração Pública Estadual sujeitar-se-
-ão às normas gerais baixadas pelo Comitê de Qualidade da
Art. 48. O grau de sigilo será indicado em todas as pá- Gestão Pública - CQGP.
ginas do documento, nas capas e nas cópias, se houver, pelo Parágrafo único. Os programas, aplicativos, sistemas e
produtor do documento, dado ou informação, após classi- equipamentos de criptografia são considerados sigilosos e
ficação, ou pelo agente classificador que juntar a ele docu- deverão, antecipadamente, ser submetidos à certificação de
mento ou informação com alguma restrição de acesso. conformidade.
§ 1º Os documentos, dados ou informações cujas
partes contenham diferentes níveis de restrição de acesso Art. 54. Aplicam-se aos programas, aplicativos, sistemas
devem receber diferentes marcações, mas no seu todo, e equipamentos de criptografia todas as medidas de segu-
será tratado nos termos de seu grau de sigilo mais elevado. rança previstas neste decreto para os documentos, dados e
§ 2º A marcação será feita em local que não comprometa informações sigilosos e também os seguintes procedimentos:
a leitura e compreensão do conteúdo do documento e em I - realização de vistorias periódicas, com a finalidade
local que possibilite sua reprodução em eventuais cópias. de assegurar uma perfeita execução das operações cripto-
§ 3º As páginas serão numeradas seguidamente, gráficas;
devendo a juntada ser precedida de termo próprio II - elaboração de inventários completos e atualizados
consignando o número total de folhas acrescidas ao do material de criptografia existente;
documento. III - escolha de sistemas criptográficos adequados a cada
§ 4º A marcação deverá ser necessariamente datada. destinatário, quando necessário;
IV - comunicação, ao superior hierárquico ou à auto-
Art. 49. A marcação em extratos de documentos, esbo- ridade competente, de qualquer anormalidade relativa ao
ços, desenhos, fotografias, imagens digitais, multimídia, ne- sigilo, à inviolabilidade, à integridade, à autenticidade, à le-
gativos, diapositivos, mapas, cartas e fotocartas obedecerá gitimidade e à disponibilidade de documentos, dados e in-
ao prescrito no artigo 48 deste decreto. formações sigilosos criptografados;
§ 1º Em fotografias e reproduções de negativos sem V - identificação e registro de indícios de violação ou
legenda, a indicação do grau de sigilo será no verso e nas interceptação ou de irregularidades na transmissão ou re-
respectivas embalagens. cebimento
§ 2º Em filmes cinematográficos, negativos em rolos de documentos, dados e informações criptografados.
contínuos e microfilmes, a categoria e o grau de sigilo serão § 1º A autoridade máxima do órgão ou entidade da
indicados nas imagens de abertura e de encerramento de Administração Pública Estadual responsável pela custódia
cada rolo, cuja embalagem será tecnicamente segura e de documentos, dados e informações sigilosos e detentor
exibirá a classificação do conteúdo. de material criptográfico designará um agente público
§ 3º Os esboços, desenhos, fotografias, imagens responsável pela segurança criptográfica, devidamente
digitais, multimídia, negativos, diapositivos, mapas, cartas credenciado, que deverá observar os procedimentos
e fotocartas de que trata esta seção, que não apresentem previstos no caput deste artigo.
condições para a indicação do grau de sigilo, serão § 2º O agente público referido no § 1º deste
guardados em embalagens que exibam a classificação artigo deverá providenciar as condições de segurança
correspondente à classificação do conteúdo. necessárias ao resguardo do sigilo de documentos, dados
e informações durante sua produção, tramitação e guarda,
Art. 50. A marcação da reclassificação e da desclassifica- em suporte magnético ou óptico, bem como a segurança
ção de documentos, dados ou informações sigilosos obede- dos equipamentos e sistemas utilizados.
cerá às mesmas regras da marcação da classificação. § 3º As cópias de segurança de documentos, dados
Parágrafo único. Havendo mais de uma marcação, pre- e informações sigilosos deverão ser criptografados,
valecerá a mais recente. observadas as disposições dos §§ 1º e 2º deste artigo.

SUBSEÇÃO III Art. 55. Os equipamentos e sistemas utilizados para a


Da Criptografia produção e guarda de documentos, dados e informações
sigilosos poderão estar ligados a redes de comunicação de
Art. 51. Fica autorizado o uso de código, cifra ou sistema dados desde que possuam sistemas de proteção e segurança
de criptografia no âmbito da Administração Pública Esta- adequados, nos termos das normas gerais baixadas pelo Co-
dual e das instituições de caráter público para assegurar o mitê de Qualidade da Gestão Pública - CQGP.
sigilo de documentos, dados e informações.
Art. 56. Cabe ao órgão responsável pela criptografia de
Art. 52. Para circularem fora de área ou instalação sigi- documentos, dados e informações sigilosos providenciar a
losa, os documentos, dados e informações sigilosos, produ- sua descriptação após a sua desclassificação.
zidos em suporte magnético ou óptico, deverão necessaria-
mente estar criptografados.

178
NOÇÕES DE DIREITO

SUBSEÇÃO IV SUBSEÇÃO VI
Da Preservação e Eliminação Da Credencial de Segurança

Art. 57. Aplicam-se aos documentos, dados e informa- Art. 62. O credenciamento e a necessidade de conhe-
ções sigilosos os prazos de guarda estabelecidos na Tabela cer são condições indispensáveis para que o agente público
de Temporalidade de Documentos das Atividades-Meio, ofi- estadual no efetivo exercício de cargo, função, emprego ou
cializada pelo Decreto nº 48.898, de 27 de agosto de 2004, e atividade tenha acesso a documentos, dados e informações
nas Tabelas de Temporalidade de Documentos das Ativida- sigilosos equivalentes ou inferiores ao de sua credencial de
des-Fim, oficializadas pelos órgãos e entidades da Adminis- segurança.
tração Pública Estadual, ressalvado o disposto no artigo 59
deste decreto. Art. 63. As credenciais de segurança referentes aos graus
de sigilo previstos no artigo 31 deste decreto, serão classifi-
Art. 58. Os documentos, dados e informações sigilosos cadas nos graus de sigilo ultrassecreta, secreta ou reservada.
considerados de guarda permanente, nos termos dos Decre-
Art. 64. A credencial de segurança referente à informa-
tos nº 48.897 e nº 48.898, ambos de 27 de agosto de 2004,
ção pessoal, prevista no artigo 35 deste decreto, será identi-
somente poderão ser recolhidos à Unidade do Arquivo Públi-
ficada como personalíssima.
co do Estado após a sua desclassificação.
Parágrafo único. Excetuam-se do disposto no caput des- Art. 65. A emissão da credencial de segurança compete
te artigo, os documentos de guarda permanente de órgãos às autoridades máximas de órgãos e entidades da Adminis-
ou entidades extintos ou que cessaram suas atividades, em tração Pública Estadual, podendo ser objeto de delegação.
conformidade com o artigo 7, § 2º, da Lei Federal nº 8.159, § 1º A credencial de segurança será concedida
de 8 de janeiro de 1991, e com o artigo 1º, § 2º, do Decreto mediante termo de compromisso de preservação de
nº 48.897, de 27 de agosto de 2004. sigilo, pelo qual os agentes públicos responsabilizam-se
por não revelarem ou divulgarem documentos, dados ou
Art. 59. Decorridos os prazos previstos nas tabelas de informações sigilosos dos quais tiverem conhecimento
temporalidade de documentos, os documentos, dados e in- direta ou indiretamente no exercício de cargo, função ou
formações sigilosos de guarda temporária somente poderão emprego público.
ser eliminados após 1 (um) ano, a contar da data de sua § 2º Para a concessão de credencial de segurança
desclassificação, a fim de garantir o pleno acesso às infor- serão avaliados, por meio de investigação, os requisitos
mações neles contidas. profissionais, funcionais e pessoais dos propostos.
§ 3º A validade da credencial de segurança poderá ser
Art. 60. A eliminação de documentos dados ou infor- limitada no tempo e no espaço.
mações sigilosos em suporte magnético ou ótico que não § 4º O compromisso referido no caput deste artigo
possuam valor permanente deve ser feita, por método que persistirá enquanto durar o sigilo dos documentos a que
sobrescreva as informações armazenadas, após sua desclas- tiveram acesso.
sificação.
Parágrafo único. Se não estiver ao alcance do órgão a SUBSEÇÃO VII
eliminação que se refere o caput deste artigo, deverá ser Da Reprodução e Autenticação
providenciada a destruição física dos dispositivos de arma-
zenamento. Art. 66. Os Serviços de Informações ao Cidadão - SIC
dos órgãos e entidades da Administração Pública Estadual
fornecerão, desde que haja autorização expressa das auto-
SUBSEÇÃO V
ridades classificadoras ou das autoridades hierarquicamente
Da Publicidade de Atos Administrativos
superiores, reprodução total ou parcial de documentos, da-
dos e informações sigilosos.
Art. 61. A publicação de atos administrativos referen- § 1º A reprodução do todo ou de parte de documentos,
tes a documentos, dados e informações sigilosos poderá ser dados e informações sigilosos terá o mesmo grau de sigilo
efetuada mediante extratos, com autorização da autoridade dos documentos, dados e informações originais.
classificadora ou hierarquicamente superior. § 2º A reprodução e autenticação de cópias de
§ 1º Os extratos referidos no caput deste artigo limitar- documentos, dados e informações sigilosos serão
se-ão ao seu respectivo número, ao ano de edição e à sua realizadas por agentes públicos credenciados.
ementa, redigidos por agente público credenciado, de § 3º Serão fornecidas certidões de documentos sigilosos
modo a não comprometer o sigilo. que não puderem ser reproduzidos integralmente, em razão
§ 2º A publicação de atos administrativos que trate das restrições legais ou do seu estado de conservação.
de documentos, dados e informações sigilosos para sua § 4º A reprodução de documentos, dados e informações
divulgação ou execução dependerá de autorização da pessoais que possam comprometer a intimidade, a vida
autoridade classificadora ou autoridade competente privada, a honra ou a imagem de terceiros poderá ocorrer
hierarquicamente superior. desde que haja autorização nos termos item 2 do § 1º do
artigo 35 deste decreto.

179
NOÇÕES DE DIREITO

Art. 67. O responsável pela preparação ou reprodução V - impor sigilo a documento, dado e informação para
de documentos sigilosos deverá providenciar a eliminação obter proveito pessoal ou de terceiro, ou para fins de oculta-
de provas ou qualquer outro recurso, que possam dar origem ção de ato ilegal cometido por si ou por outrem;
à cópia não autorizada do todo ou parte. VI - ocultar da revisão de autoridade superior competen-
te documento, dado ou informação sigilosos para beneficiar
Art. 68. Sempre que a preparação, impressão ou, se for a si ou a outrem, ou em prejuízo de terceiros;
o caso, reprodução de documentos, dados e informações si- VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos
gilosos forem efetuadas em tipografias, impressoras, oficinas concernentes a possíveis violações de direitos humanos por
gráficas, ou similares, essa operação deverá ser acompanha- parte de agentes do Estado.
da por agente público credenciado, que será responsável § 1º Atendido o princípio do contraditório, da ampla
pela garantia do sigilo durante a confecção do documento. defesa e do devido processo legal, as condutas descritas
no caput deste artigo serão apuradas e punidas na forma
SUBSEÇÃO VIII da legislação em vigor.
§ 2º Pelas condutas descritas no caput deste artigo,
Da Gestão de Contratos
poderá o agente público responder, também, por
improbidade administrativa, conforme o disposto na Lei
Art. 69. O contrato cuja execução implique o acesso por
Federal nº 8.429, de 2 de junho de 1992.
parte da contratada a documentos, dados ou informações
sigilosos, obedecerá aos seguintes requisitos: Art. 72. O agente público que tiver acesso a documentos,
I - assinatura de termo de compromisso de manutenção dados ou informações sigilosos, nos termos deste decreto, é
de sigilo; responsável pela preservação de seu sigilo, ficando sujeito às
II - o contrato conterá cláusulas prevendo: sanções administrativas, civis e penais previstas na legisla-
a) obrigação de o contratado manter o sigilo relativo ao ção, em caso de eventual divulgação não autorizada.
objeto contratado, bem como à sua execução;
b) obrigação de o contratado adotar as medidas de se- Art. 73. Os agentes responsáveis pela custódia de docu-
gurança adequadas, no âmbito de suas atividades, para a mentos e informações sigilosos sujeitam-se às normas re-
manutenção do sigilo de documentos, dados e informações ferentes ao sigilo profissional, em razão do ofício, e ao seu
aos quais teve acesso; código de ética específico, sem prejuízo das sanções legais.
c) identificação, para fins de concessão de credencial de
segurança, das pessoas que, em nome da contratada, terão Art. 74. A pessoa física ou entidade privada que detiver
acesso a documentos, dados e informações sigilosos. documentos, dados e informações em virtude de vínculo de
qualquer natureza com o poder público e deixar de observar
Art. 70. Os órgãos contratantes da Administração Públi- o disposto na Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de
ca Estadual fiscalizarão o cumprimento das medidas neces- 2011, e neste decreto estará sujeita às seguintes sanções:
sárias à proteção dos documentos, dados e informações de I - advertência;
natureza sigilosa transferidos aos contratados ou decorren- II - multa;
tes da execução do contrato. III - rescisão do vínculo com o poder público;
IV - suspensão temporária de participar em licitação e
CAPÍTULO V impedimento de contratar com a Administração Pública Es-
Das Responsabilidades tadual por prazo não superior a 2 (dois) anos;
V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
Art. 71. Constituem condutas ilícitas que ensejam res- com a Administração Pública Estadual, até que seja promo-
vida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou
ponsabilidade do agente público:
a penalidade.
I - recusar-se a fornecer documentos, dados e informa-
§ 1º As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste
ções requeridas nos termos deste decreto, retardar delibera-
artigo poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso
damente o seu fornecimento ou fornecê-la intencionalmente
II, assegurado o direito de defesa do interessado, no
de forma incorreta, incompleta ou imprecisa; respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias.
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, § 2º A reabilitação referida no inciso V deste artigo
inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmen- será autorizada somente quando o interessado efetivar
te, documento, dado ou informação que se encontre sob sua o ressarcimento ao órgão ou entidade dos prejuízos
guarda ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão resultantes e decorrido o prazo da sanção aplicada com
do exercício das atribuições de cargo, emprego ou função base no inciso IV.
pública; § 3º A aplicação da sanção prevista no inciso V deste
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações artigo é de competência exclusiva da autoridade máxima
de acesso a documento, dado e informação; do órgão ou entidade pública, facultada a defesa do
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou interessado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez)
permitir acesso indevido ao documento, dado e informação dias da abertura de vista.
sigilosos ou pessoal;

180
NOÇÕES DE DIREITO

Art. 75. Os órgãos e entidades estaduais respondem di- Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração Pública
retamente pelos danos causados em decorrência da divulga- Estadual deverão proceder à reavaliação dos documentos,
ção não autorizada ou utilização indevida de documentos, dados e informações classificados como ultrassecretos e se-
dados e informações sigilosos ou pessoais, cabendo a apu- cretos no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo
ração de responsabilidade funcional nos casos de dolo ou inicial de vigência da Lei Federal nº 12.527, de 18 de novem-
culpa, assegurado o respectivo direito de regresso. bro de 2011.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à pes- § 1º A restrição de acesso a documentos, dados e
soa física ou entidade privada que, em virtude de vínculo informações, em razão da reavaliação prevista no caput
de qualquer natureza com órgãos ou entidades estaduais, deste artigo, deverá observar os prazos e condições
tenha acesso a documento, dado ou informação sigilosos ou previstos na Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de
pessoal e a submeta a tratamento indevido. 2011.
§ 2º No âmbito da administração pública estadual,
CAPÍTULO VI a reavaliação prevista no caput deste artigo poderá ser
Disposições Finais revista, a qualquer tempo, pela Comissão Estadual de
Acesso à Informação, observados os termos da Lei Federal
Art. 76. O tratamento de documento, dado ou informa- nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e deste decreto.
ção sigilosos resultante de tratados, acordos ou atos inter- § 3º Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação
nacionais atenderá às normas e recomendações constantes previsto no caput deste artigo, será mantida a classificação
desses instrumentos. dos documentos, dados e informações nos termos da
legislação precedente.
Art. 77. Aplica-se, no que couber, a Lei Federal nº 9.507, § 4º Os documentos, dados e informações classificados
de 12 de novembro de 1997, em relação à informação de como secretos e ultrassecretos não reavaliados no prazo
pessoa, física ou jurídica, constante de registro ou banco de previsto no caput deste artigo serão considerados,
dados de entidades governamentais ou de caráter público. automaticamente, de acesso público.

Art. 78. Cabe à Secretaria de Gestão Pública: Art. 3º No prazo de 30 (trinta) dias, a contar da vigên-
I - realizar campanha de abrangência estadual de fo- cia deste decreto, a autoridade máxima de cada órgão ou
mento à cultura da transparência na Administração Pública entidade da Administração Pública Estadual designará su-
Estadual e conscientização do direito fundamental de acesso bordinado para, no âmbito do respectivo órgão ou entidade,
à informação; exercer as seguintes atribuições:
II - promover treinamento de agentes públicos no que se I - planejar e propor, no prazo de 90 (noventa) dias, os
refere ao desenvolvimento de práticas relacionadas à trans- recursos organizacionais, materiais e humanos, bem como
parência na Administração Pública Estadual; as demais providências necessárias à instalação e funciona-
III - formular e implementar política de segurança da mento dos Serviços de Informações ao Cidadão - SIC, a que
informação, em consonância com as diretrizes da política se refere o artigo 7º deste decreto;
estadual de arquivos e gestão de documentos; II - assegurar o cumprimento das normas relativas ao
IV - propor e promover a regulamentação do creden- acesso a documentos, dados ou informações, de forma efi-
ciamento de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos ciente e adequada aos objetivos da Lei Federal nº 12.527, de
e entidades da Administração Pública Estadual para trata- 18 de novembro de 2011, e deste decreto;
mento de informações sigilosas e pessoais. III - orientar e monitorar a implementação do dispos-
to na Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e
Art. 79. A Corregedoria Geral da Administração será neste decreto, e apresentar relatórios periódicos sobre o seu
responsável pela fiscalização da aplicação da Lei Federal cumprimento;
nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e deste decreto no IV - recomendar as medidas indispensáveis à imple-
âmbito da Administração Pública Estadual, sem prejuízo da mentação e ao aperfeiçoamento das normas e procedimen-
atuação dos órgãos de controle interno. tos necessários ao correto cumprimento do disposto neste
decreto;
Art. 80. Este decreto e suas disposições transitórias en- V - promover a capacitação, o aperfeiçoamento e a
tram em vigor na data de sua publicação. atualização de pessoal que desempenhe atividades inerentes
à salvaguarda de documentos, dados e informações sigilosos
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS e pessoais.

Art. 1º Fica instituído Grupo Técnico, junto ao Comitê de Art. 4º As Comissões de Avaliação de Documentos e
Qualidade da Gestão Pública - CQGP, visando a promover Acesso - CADA deverão apresentar à autoridade máxima do
os estudos necessários à criação, composição, organização órgão ou entidade, plano e cronograma de trabalho, no pra-
e funcionamento da Comissão Estadual de Acesso à Infor- zo de 30 (trinta) dias, para o cumprimento das atribuições
mação. previstas no artigo 6º, incisos I e II, e artigo 32, inciso I, deste
Parágrafo único. O Presidente do Comitê de Qualidade decreto.
da Gestão Pública designará, no prazo de 30 (trinta) dias, os
membros integrantes do Grupo Técnico. Palácio dos Bandeirantes, 16 de maio de 2012

181
NOÇÕES DE DIREITO

EXERCÍCIOS (B) a soberania, a cidadania e o pluralismo político


não são fundamentos da república federativa do brasil.
1. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre o conceito de (C) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
Constituição, assinale a alternativa CORRETA. alguma coisa senão em virtude de lei.
(A) É o estatuto que regula as relações entre Estados (D) é livre a manifestação de pensamento, sendo
soberanos. vedado o anonimato.
(B) É o conjunto de normas que regula os direitos e (E) construir uma sociedade livre, justa e solidária é
deveres de um povo. um dos objetivos fundamentais da república federativa do
(C) É a lei fundamental e suprema de um Estado, Brasil.
que contém normas referentes à estruturação, à formação
dos poderes públicos, direitos, garantias e deveres dos 6. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Cons-
cidadãos. tituição brasileira inicia com o Título I dedicado aos “prin-
(D) É a norma maior de um Estado, que regula os cípios fundamentais”, que são as regras informadoras de
direitos e deveres de um povo nas suas relações. todo um sistema de normas, as diretrizes básicas do orde-
namento constitucional brasileiro. São regras que contêm
2. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Dentre as formas os mais importantes valores que informam a elaboração da
de classificação das Constituições, uma delas é quanto à Constituição da República Federativa do Brasil.
origem. Diante dessa afirmação, analise as questões a seguir e
Em relação às características de uma Constituição assinale a alternativa correta.
quanto à sua origem, assinale a alternativa CORRETA. I - Nas relações internacionais, a República brasileira
(A) Dogmáticas ou históricas. rege-se, entre outros, pelos seguintes princípios: autode-
(B) Materiais ou formais. terminação dos povos, defesa da paz, igualdade entre os
(C) Analíticas ou sintéticas. Estados, concessão de asilo político.
(D) Promulgadas ou outorgadas. II - Os princípios não são dotados de normatividade,
ou seja, possuem efeito vinculante, mas constituem regras
3. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre a supremacia jurídicas efetivas.
da Constituição da República, assinale a alternativa COR-
III - Violar um princípio é muito mais grave que trans-
RETA.
gredir uma norma qualquer, pois implica ofensa a todo o
(A) A supremacia está no fato de o controle da cons-
sistema de comandos.
titucionalidade das leis só ser exercido pelo Supremo Tri-
IV - São princípios que norteiam a atividade econômica
bunal Federal.
no Brasil: a soberania nacional, a função social da proprie-
(B) A supremacia está na obrigatoriedade de submis-
dade, a livre concorrência, a defesa do consumidor; a pro-
são das leis aos princípios que norteiam o Estado por ela
priedade privada.
instituído.
(C) A supremacia está no fato de a interpretação da V - A diferença de salários, de critério de admissão por
constituição não depender da observância dos princípios motivo de sexo, idade, cor ou estado civil a qualquer dos
que a norteiam. trabalhadores urbanos e rurais fere o princípio da igualda-
(D) A supremacia está no fato de que os princípios e de do caput do art. 5º da Constituição Federal.
fundamentos da constituição se resumam na declaração de (A) Apenas I, II, III estão corretas.
soberania. (B) Apenas II e IV estão corretas.
(C) Apenas III e V estão corretas.
4. (PC/PI - Delegado de Polícia – UESPI/2014) Entre (D) Apenas I, III, IV e V estão corretas.
os chamados sentidos doutrinariamente atribuídos à Cons- (E) Todas as afirmações estão corretas.
tituição, existe um que realiza a distinção entre Constituição
e lei constitucional. Assinale a alternativa que o contempla. 7. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A pro-
(A) Sentido político pósito dos princípios fundamentais da República Federati-
(B) Sentido sociológico. va do Brasil, reconhece-se que:
(C) Sentido jurídico. (A) o pluralismo político está inserido entre seus ob-
(D) Sentido culturalista. jetivos.
(E) Sentido simbólico. (B) a livre iniciativa é um de seus fundamentos e se
contrapõe ao valor social do trabalho.
5. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Repú- (C) a dignidade é também do nascituro, o que desau-
blica Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel toriza, portanto, a prática da interrupção da gravidez quan-
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se do decorrente de estupro.
em Estado Democrático de Direito (art. 1º da CF). (D) a promoção do bem de todos, sem preconceito
Com base no enunciado acima é correto afirmar, ex- de origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer outra forma de
ceto: discriminação, é um de seus objetivos.
(A) são objetivos fundamentais da república federati- (E) o legislativo, o executivo e o judiciário, dependen-
va do Brasil erradicar a pobreza e a marginalização e redu- tes e harmônicos entre si, são poderes da união.
zir as desigualdades sociais e regionais.

182
NOÇÕES DE DIREITO

8. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária - 10. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Os


FGV/2014) Sobre os Princípios Fundamentais da República remédios constitucionais são as formas estabelecidas pela
Federativa do Brasil, à luz do texto constitucional de 1988, Constituição Federal para concretizar e proteger os direitos
é INCORRETO afirmar que: fundamentais a fim de que sejam assegurados os valores
(A) a República Federativa do Brasil tem como funda- essenciais e indisponíveis do ser humano.
mentos: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa Assim, é correto afirmar, exceto:
humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e (A) O habeas corpus pode ser formulado sem advo-
o pluralismo político. gado, não tendo de obedecer a qualquer formalidade pro-
(B) a República Federativa do Brasil tem como obje- cessual, e o próprio cidadão prejudicado pode ser o autor.
tivos fundamentais: construir uma sociedade livre, justa e (B) O habeas corpus é utilizado sempre que alguém
solidária; garantir o desenvolvimento nacional, erradicar sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
sociais e regionais; promover o bem de todos, sem precon- de poder.
ceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras (C) O autor da ação constitucional de habeas corpus
formas de discriminação. recebe o nome de impetrante; o indivíduo em favor do qual
(C) todo o poder emana do povo, que o exerce unica- se impetra, paciente, podendo ser o mesmo impetrante, e
mente por meio de representantes eleitos. a autoridade que pratica a ilegalidade, autoridade coatora.
(D) entre outros, são princípios adotados pela Repú- (D) Caberá habeas corpus em relação a punições dis-
blica Federativa do Brasil nas suas relações internacionais, ciplinares militares.
os seguintes: a independência nacional, a prevalência dos (E) O habeas corpus será preventivo quando alguém
direitos humanos e o repúdio ao terrorismo e ao racismo. se achar ameaçado de sofrer violência, ou repressivo, quan-
(E) a autodeterminação dos povos, a não intervenção do for concreta a lesão.
e a defesa da paz são princípios regedores das relações
internacionais da República Federativa do Brasil. 11. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Ainda
em relação aos outros remédios constitucionais analise as
9. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O art. questões a seguir e assinale a alternativa correta.
5º da Constituição Federal trata dos direitos e deveres in- I - O habeas data assegura o conhecimento de infor-
dividuais e coletivos, espécie do gênero direitos e garan- mações relativas à pessoa do impetrante, constantes de
tias fundamentais (Título II). Assim, apesar de referir-se, registros ou banco de dados de entidades governamentais
de modo expresso, apenas a direitos e deveres, também ou de caráter público.
consagrou as garantias fundamentais. (LENZA, Pedro. Di- II - Será concedido habeas data para a retificação de
reito Constitucional Esquematizado, São Paulo: Saraiva, dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
2009,13ª. ed., p. 671). judicial ou administrativo.
Com base na afirmação acima, analise as questões a III - Em se tratando de registro ou banco de dados de
seguir e assinale a alternativa correta. entidade governamental, o sujeito passivo na ação de ha-
I - Os direitos são bens e vantagens prescritos na norma beas data será a pessoa jurídica componente da adminis-
constitucional, enquanto as garantias são os instrumentos tração direta e indireta do Estado.
através dos quais se assegura o exercício dos aludidos di- IV - O mandado de injunção serve para requerer à au-
reitos. toridade competente que faça uma lei para tornar viável o
II - O rol dos direitos expressos nos 78 incisos e pa- exercício dos direitos e liberdades constitucionais.
rágrafos do art. 5º da Constituição Federal é meramente V - O pressuposto lógico do mandado de injunção é a
exemplificativo. demora legislativa que impede um direito de ser efetivado
III - Os direitos e garantias expressos na Constituição pela falta de complementação de uma lei.
Federal não excluem outros decorrentes do regime e dos (A) Todas as afirmações estão corretas.
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais (B) Apenas I, II e III estão corretas.
em que o Brasil seja parte. (C) Apenas II, III e IV estão corretas.
IV - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra (D) Apenas II, III e V estão corretas.
e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indeniza- (E) Apenas IV e V estão corretas.
ção pelo dano material ou moral decorrente de sua viola-
ção. 12. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O de-
V - É inviolável a liberdade de consciência e de crença, vido processo legal estabelecido como direito do cidadão
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e na Constituição Federal configura dupla proteção ao indi-
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e víduo, pois atua no âmbito material de proteção ao direito
suas liturgias. de liberdade e no âmbito formal, ao assegurar-lhe paridade
(A) Apenas I, II e III estão corretas. de condições com o Estado para defender-se.
(B) Apenas II, III e IV estão corretas. Com base na afirmação acima, analise as questões a
(C) Apenas III e V estão corretas. seguir e assinale a alternativa correta.
(D) Apenas IV e V estão corretas. I - Ninguém será processado nem sentenciado senão
(E) Todas as questões estão corretas. pela autoridade competente.

183
NOÇÕES DE DIREITO

II - A lei só poderá restringir a publicidade dos atos (A) livre a manifestação do pensamento, sendo fo-
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse mentado o anonimato;
social o exigirem. (B) assegurado o direito de resposta, proporcional ao
III - São admissíveis, no processo, as provas obtidas por agravo, que substitui o direito à indenização por dano ma-
meios ilícitos. terial, moral ou à imagem;
IV - Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, (C) assegurado a todos o acesso à informação e res-
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
fiança. profissional;
V - Não haverá prisão civil por dívida, nem mesmo a do (D) livre a expressão da atividade intelectual, artística,
depositário infiel. científica e de comunicação, ressalvados os casos de cen-
(A) Apenas I, II e IV estão corretas. sura ou licença;
(B) Apenas I, III e V estão corretas. (E) direito de todos receber dos órgãos públicos in-
(C) Apenas III e IV estão corretas. formações de seu interesse particular, sendo vedada a ale-
(D) Apenas IV e V estão corretas. gação de sigilo por imprescindibilidade à segurança da so-
(E) Todas as questões estão corretas. ciedade e do Estado.

13. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU- 18. (TJ-RJ - Técnico de Atividade Judiciária -
MARC/2014) Sobre a Lei Penal, é CORRETO afirmar que FGV/2014) A partir da Emenda Constitucional nº 45/2004,
(A) não retroage, salvo para beneficiar o réu. os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu-
(B) não retroage, salvo se o fato criminoso ainda não manos:
for conhecido. (A) sempre terão a natureza jurídica de lei, exigindo a
(C) retroage, salvo disposição expressa em contrário. sua aprovação, pelo Congresso Nacional e a promulgação,
(D) retroage, se ainda não houver processo penal ins- na ordem interna, pelo Chefe do Poder Executivo;
taurado. (B) sempre terão a natureza jurídica de emenda cons-
titucional, exigindo, apenas, que a sua aprovação, pelo
14. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU- Congresso Nacional, se dê em dois turnos de votação, com
MARC/2014) Sobre as garantias fundamentais estabeleci- o voto favorável de dois terços dos respectivos membros;
das na Constituição Federal, é CORRETO afirmar que (C) podem ter a natureza jurídica de emenda constitu-
(A) a Lei Penal é sempre irretroativa.
cional, desde que a sua aprovação, pelo Congresso Nacio-
(B) a prática do racismo constitui crime inafiançável e
nal, se dê em dois turnos de votação, com o voto favorável
imprescritível.
de três quintos dos respectivos membros;
(C) não haverá pena de morte em nenhuma circuns-
(D) podem ter a natureza jurídica de lei complemen-
tância.
tar, desde que o Congresso Nacional venha a aprová-los
(D) os templos religiosos, entendidos como casas de
com observância do processo legislativo ordinário;
Deus, possuem garantia de inviolabilidade domiciliar.
(E) sempre terão a natureza jurídica de atos de direito
15. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU- internacional, não se integrando, em qualquer hipótese, à
MARC/2014) NÃO figura entre as garantias expressas no ordem jurídica interna.
artigo 5º da Constituição Federal:
(A) a obtenção de certidões em repartições públicas. 19. (OAB - Exame de Ordem Unificado - FGV/2014)
(B) a defesa do consumidor, prevista em estatuto pró- Pedro promoveu ação em face da União Federal e seu pedi-
prio. do foi julgado procedente, com efeitos patrimoniais venci-
(C) o respeito à integridade física dos presos, garanti- dos e vincendos, não havendo mais recurso a ser interpos-
do pela lei de execução penal. to. Posteriormente, o Congresso Nacional aprovou lei, que
(D) a remuneração do trabalho noturno superior ao foi sancionada, extinguindo o direito reconhecido a Pedro.
diurno, posto que contido na legislação ordinária trabalhis- Após a publicação da referida lei, a Administração Pública
ta. federal notificou Pedro para devolver os valores recebidos,
comunicando que não mais ocorreriam os pagamentos fu-
16. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU- turos, em decorrência da norma em foco.
MARC/2014) A casa é asilo inviolável do indivíduo, po- Nos termos da Constituição Federal, assinale a opção
dendo-se nela entrar, sem permissão do morador, EXCETO correta
(A) em caso de desastre. (A) A lei não pode retroagir, porque a situação versa
(B) em caso de flagrante delito. sobre direitos indisponíveis de Pedro
(C) para prestar socorro. (B) A lei não pode retroagir para prejudicar a coisa jul-
(D) por determinação judicial, a qualquer hora. gada formada em favor de Pedro.
(C) A lei pode retroagir, pois não há direito adquirido
17. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Administrador de Pedro diante de nova legislação.
- FGV/2014) Em tema de direitos e garantias fundamen- (D) A lei pode retroagir, porque não há ato jurídico
tais, o artigo 5º da Constituição da República estabelece perfeito em favor de Pedro diante de pagamentos penden-
que é: tes.

184
NOÇÕES DE DIREITO

20. (SP-URBANISMO - Analista Administrativo - Ju- (A) determinou a extensão ao trabalhador doméstico,
rídico - VUNESP/2014) João apresenta requerimento jun- dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço ex-
to à Prefeitura do Município de São Paulo, pleiteando que traordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento a
lhe seja informado o número de licitações, na modalidade do normal e à proteção do mercado de trabalho da mulher,
pregão, realizadas pela São Paulo Urbanismo desde 2010. mediante incentivos específicos.
O pleito de João (A) instituiu vedação ao legislador para conferir tra-
(A) não encontra previsão expressa como direito fun- tamento diferenciado aos trabalhadores domésticos, em
damental na Constituição Federal, mas, todavia, deverá ser relação aos trabalhadores urbanos e rurais.
acolhido em virtude do texto constitucional prever que a (B) não determinou a extensão ao trabalhador do-
lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou méstico, dentre outros, dos direitos à proteção em face da
ameaça a direito automação e à proteção do mercado de trabalho da mu-
(B) é constitucionalmente previsto, pois é a todos lher, mediante incentivos específicos.
assegurado, mediante o pagamento de taxa, o direito de (C) determinou a extensão ao trabalhador doméstico,
petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou dentre outros, dos direitos à proteção em face da automa-
contra ilegalidade ou abuso de poder ção e ao piso salarial proporcional à extensão e à comple-
(C) não encontra amparo constitucional, uma vez xidade do trabalho.
que a obtenção de certidões em repartições públicas será (D) não determinou a extensão ao trabalhador do-
atendida apenas se o objeto do pedido for para defesa de méstico, dentre outros, dos direitos à remuneração do ser-
direitos ou para esclarecimento de situações de interesse viço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por
pessoal. cento a do normal e ao piso salarial proporcional à exten-
(D) encontra amparo constitucional, pois todos têm são e à complexidade do trabalho.
direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que 23. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014)
serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabili- Com referência à CF, aos direitos e garantias fundamen-
dade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à tais, à organização político-administrativa, à administração
segurança da sociedade e do Estado. pública e ao Poder Judiciário, julgue os itens subsecutivos.
(E) é constitucionalmente previsto, devendo ser A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e
respondido em 48 (quarenta e oito) horas, pois a todos, determina que cabe à lei definir os serviços ou atividades
no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades
razoável duração do processo e os meios que garantam a inadiáveis da comunidade.
celeridade de sua tramitação. Certo ( )
Errado ( )
21. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) A teoria
24. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a
da reserva do possível
alternativa correta.
(A) significa a inoponibilidade do arbítrio estatal à
(A) O rol de direitos sociais nos incisos do art. 7º e
efetivação dos direitos sociais, econômicos e culturais.
seguintes é exaustivo.
(B) gira em torno da legitimidade constitucional do
(B) É vedada a redução proporcional do salário do
controle e da intervenção do poder judiciário em tema de
trabalhador sob qualquer hipótese.
implementação de políticas públicas, quando caracterizada
(C) É assegurado ao trabalhador o gozo de férias
hipótese de omissão governamental. anuais remuneradas com, no mínimo, um terço a mais do
(C) considera que as políticas públicas são reservadas que o salário normal.
discricionariamente à análise e intervenção do poder judi- (D) A licença à gestante, sem prejuízo do emprego e
ciário, que as limitará ou ampliará, de acordo com o caso do salário, não está constitucionalmente prevista, mas é
concreto. determinada pela CLT.
(D) é sinônima, em significado e extensão, à teoria (E) O direito à licença paternidade, sem prejuízo do
do mínimo existencial, examinado à luz da violação dos emprego e do salário, não está constitucionalmente previs-
direitos fundamentais sociais, culturais e econômicos, to, mas é determinado pela CLT.
como o direito à saúde e à educação básica.
(E) defende a integridade e a intangibilidade dos di- 25. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário -
reitos fundamentais, independentemente das possibilida- FCC/2014) Pietro, nascido na Itália, naturalizou-se brasilei-
des financeiras e orçamentárias do estado. ro no ano de 2012. No ano de 2011, Pietro acabou come-
tendo um crime de roubo, cuja autoria foi apurada apenas
22. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador - no ano de 2013, sendo instaurada a competente ação pe-
FCC/2014) A Emenda Constitucional nº 72, promulgada nal, culminando com a condenação de Pietro, pela Justiça
em 2 de abril de 2013, tem por finalidade estabelecer a Pública, ao cumprimento da pena de 05 anos e 04 meses
igualdade de direitos entre os trabalhadores domésticos e de reclusão, em regime inicial fechado, por sentença tran-
os demais trabalhadores urbanos e rurais. Nos termos de sitada em julgado. Neste caso, nos termos estabelecidos
suas disposições, a Emenda pela Constituição federal, Pietro

185
NOÇÕES DE DIREITO

(A) não poderá ser extraditado, tendo em vista a quan- 30. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária -
tidade de pena que lhe foi imposta pelo Poder Judiciário. CESPE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à or-
(B) não poderá ser extraditado, pois o crime foi come- ganização político-administrativa da República Federativa
tido antes da sua naturalização. do Brasil.
(C) poderá ser extraditado. O poder constituinte dos estados, dada a sua condição
(D) não poderá ser extraditado, pois não cometeu cri- de ente federativo autônomo, é soberano e ilimitado.
me hediondo ou de tráfico ilícito de entorpecentes e dro- Certo ( )
gas afim. Errado ( )
(E) não poderá ser extraditado, pois a sentença con-
denatória transitou em julgado após a naturalização. 31. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária -
CESPE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à or-
26. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) É ganização político-administrativa da República Federativa
privativo de brasileiro nato o cargo de do Brasil.
(A) Ministro do Supremo Tribunal Federal. A despeito de serem entes federativos, os territórios
federais carecem de autonomia.
(B) Senador.
Certo ( )
(C) Juiz de Direito.
Errado ( )
(D) Delegado de Polícia.
(E) Deputado Federal. 32. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a al-
27. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) ternativa INCORRETA:
No caso de condenação criminal transitada em julgado, (A) A administração pública direta e indireta de qual-
enquanto durarem seus efeitos, o condenado terá seus di- quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
reitos políticos: e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
(A) mantidos. moralidade, publicidade, eficiência e impessoalidade.
(B) cassados. (B) É garantido ao servidor público civil o direito à
(C) perdidos. livre associação sindical.
(D) suspensos. (C) A administração fazendária e seus servidores fis-
cais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdi-
28. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) No que ção, precedência sobre os demais setores administrativos,
concerne às condições de elegibilidade para o cargo de na forma da lei.
prefeito previstas na CRFB/88, assinale a opção correta. (D) A proibição de acumulação remunerada de cargos
(A) José, ex-prefeito, que renunciou ao cargo 120 dias públicos se estende a emprego e funções, não abrangen-
antes da eleição poderá candidatar-se à reeleição ao cargo do, pois, sociedades de economia mista.
de prefeito. (E) As funções de confiança, exercidas exclusivamente
(B) João, brasileiro, solteiro, 22 anos, poderá candida- por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
tar-se, pela primeira vez, ao cargo de prefeito. comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira
(C) Marcos, brasileiro, 35 anos e analfabeto, poderá nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em
candidatar-se ao cargo de prefeito. lei, destinam-se, apenas, às atribuições de direção, chefia e
(D) Luís, capitão do exército com 5 anos de serviço, assessoramento.
mas que não pretende e nem irá afastar-se das atividades
militares, poderá candidatar-se ao cargo de prefeito. 33. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “A ad-
ministração pública pode ser definida objetivamente como
a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve
29. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) Assinale a alterna-
para a consecução dos interesses coletivos e subjetivamen-
tiva correta a respeito dos partidos políticos.
te como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos
(A) É vedado a eles o recebimento de recursos quais a lei atribui o exercício da função administrativa do
financeiros por parte de empresas transnacionais. Estado”. (MORAES, Alexandre de, Direito Constitucional.
(B) É assegurado a eles o acesso gratuito à propaganda São Paulo: Atlas, 2007, 22. ed., p. 310)
no rádio e na televisão, exceto aqueles que não possuam Com base no que determina a Constituição Federal a
representação no Congresso Nacional. respeito da administração pública é correto afirmar, exceto:
(C) Os partidos devem, obrigatoriamente, ter caráter (A) A investidura em cargo ou emprego público de-
nacional. pende de aprovação prévia em concurso público de pro-
(D) Os partidos devem, após cada campanha, apre- vas e títulos, de acordo com a natureza e complexidade do
sentar ao Congresso Nacional a sua prestação de contas cargo, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão.
para aprovação. (B) A Administração pública direta e indireta obede-
(E) Em razão de sua importante função institucional, cerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, morali-
os partidos políticos possuem natureza jurídica de direito dade, publicidade e eficiência.
público. (C) O prazo de validade do concurso público será de
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.

186
NOÇÕES DE DIREITO

(D) A Constituição Federal não veda a acumulação re- (C) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
munerada de cargos públicos. destinam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usu-
(E) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para fruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, nelas existentes.
que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas (D) É vedado às universidades e às instituições de
ações de ressarcimento. pesquisa científica e tecnológica admitir professores,
técnicos e cientistas estrangeiros.
34. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Com
relação à competência privativa da União para legislar, é 37. (SEAP/DF - Analista Direito - IADES/2014) Acer-
INCORRETO afirmar que compete privativamente à União ca da organização do Estado, em consonância com a Cons-
legislar sobre tituição Federal, assinale a alternativa correta.
(A) registros públicos. (A) É competência comum da União, dos estados, do
(B) comércio exterior e interestadual. Distrito Federal e dos municípios proporcionar os meios de
(C) organização do sistema nacional de emprego e acesso à cultura, à educação e à ciência.
condições para o exercício de profissões. (B) É competência exclusiva da União proteger os
(D) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, documentos, as obras e outros bens de valor histórico,
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho. artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais
(E) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natu- notáveis e os sítios arqueológicos.
reza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do (C) É competência exclusiva dos estados impedir a
meio ambiente e controle da poluição. evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte
e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural.
35. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside- (D) Compete, exclusivamente, à União legislar sobre a
rando as regras constitucionais sobre a administração pú- proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turísti-
blica, analise as afirmativas. co e paisagístico.
I. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e (E) Compete, exclusivamente, aos estados legislar so-
do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos bre educação, cultura, ensino e desporto.
pelo Poder Executivo.
38. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho -
II. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de car-
FCC/2014) O exercício do direito de greve pelos servidores
gos, funções e empregos públicos da administração direta,
públicos civis da Administração direta
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos
(A) deve ser considerado inconstitucional, até que
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
seja editada a lei definidora dos termos e limites em que
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos de-
possa ser exercido, a fim de preservar a continuidade da
mais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra
prestação dos serviços públicos.
espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou (B) deve ser considerado abusivo se exercido por ser-
não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra vidores públicos em estágio probatório.
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em es- (C) é constitucional, visto que previsto em norma
pécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. da constituição federal com aplicabilidade imediata, não
III. É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer necessitando de regulamentação, nem de integração
espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de normativa, para que o direito nela previsto possa ser
pessoal do serviço público. exercido.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s): (D) é constitucional, devendo, no entanto, observar
(A) I, II e III. a regulamentação legislativa da greve dos trabalhadores
(B) I, apenas. em geral, que se aplica, naquilo que couber, aos servidores
(C) I e II, apenas. públicos enquanto não for promulgada lei específica para
(D) I e III, apenas. o exercício desse direito.
(E) II e III, apenas. (E) é constitucional e poderá ensejar convenção
coletiva em que seja prevista a majoração dos vencimentos
36. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) Assinale dos servidores públicos.
a alternativa que está de acordo com o disposto na Cons-
tituição Federal. 39. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho -
(A) Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino FCC/2014) Certo Município editou lei municipal que dis-
fundamental e na educação infantil, enquanto os Estados e ciplinou o horário de funcionamento de farmácias e dro-
o Distrito Federal atuarão exclusivamente nos ensinos fun- garias. O sindicato dos empregados do comércio da região
damental e médio. pretende impugnar judicialmente a referida norma, sob o
(B) As pessoas físicas que praticarem condutas e ati- argumento de que o Município não teria competência para
vidades consideradas lesivas ao meio ambiente ficarão su- legislar sobre a matéria, mesmo na ausência de lei fede-
jeitas às respectivas sanções penais e administrativas, e as ral e estadual sobre o tema. Considerando a Constituição
pessoas jurídicas serão obrigadas, exclusivamente, a repa- Federal e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a
rar os danos causados ao meio ambiente. pretensão do sindicato

187
NOÇÕES DE DIREITO

(A) não encontra fundamento constitucional, uma vez (C) O federalismo centrípeto se caracteriza pelo forta-
que cabe aos Municípios fixar o horário de funcionamen- lecimento do poder central decorrente da predominância
to desses estabelecimentos, inserindo-se a matéria na sua de atribuições conferidas à União.
competência para legislar sobre assuntos de interesse local. (D) No federalismo atípico, constata-se a existência de
(B) não encontra fundamento constitucional, uma vez três esferas de competências: União, Estados e Municípios.
que, apesar da matéria se inserir na competência residual
dos Estados, cabe aos Municípios suprir a ausência de lei 44. (UNICAMP - Procurador - VUNESP/2014) Consi-
estadual para atender as suas peculiaridades locais. derando o disposto na Constituição Federal sobre o Poder
(C) encontra fundamento constitucional, uma vez que Judiciário, assinale a alternativa correta.
a ausência de norma federal disciplinando a matéria não (A) As decisões administrativas dos tribunais serão
poderia ser suprida por lei estadual, nem por lei municipal. motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares to-
(D) encontra fundamento constitucional, uma vez madas pelo voto da maioria absoluta de seus membros, em
que, inexistindo lei federal a respeito, apenas os Estados sessão secreta.
poderiam legislar sobre a matéria para atender as suas pe- (B) Os servidores dos cartórios judiciais receberão de-
culiaridades. legação para a prática de atos de administração e atos de
(E) encontra fundamento constitucional, uma vez que mero expediente, limitados às decisões de caráter interlo-
a matéria insere-se na competência residual dos Estados cutório.
para legislar sobre as competências que não lhes sejam ve- (C) Um quinto dos lugares dos Tribunais dos Estados
dadas pela Constituição. será composto de advogados de notório saber jurídico e
de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva ati-
40. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) vidade profissional, indicados em lista tríplice pelos órgãos
Compete privativamente à União legislar sobre de representação das respectivas classes.
(A) produção e consumo. (D) Aos juízes é vedado exercer a advocacia no juízo
(B) assistência jurídica e defensoria pública. ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos cinco
(C) trânsito e transporte. anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exo-
(D) direito tributário, financeiro, penitenciário, econô- neração.
mico e urbanístico. (E) O juiz goza da garantia da inamovibilidade, mas,
(E) educação, cultura, ensino e desporto. havendo interesse público, poderá ser removido, por deci-
são da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Con-
41. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) selho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa.
Os atos de improbidade administrativa importarão, nos
termos da Constituição Federal, dentre outros, 45. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
(A) a prisão provisória, sem direito à fiança. 23ªR/2014) Assinale a alternativa CORRETA:
(B) a indisponibilidade dos bens. (A) Compete ao Supremo Tribunal Federal processar
(C) a impossibilidade de deixar o país. e julgar, originariamente, o litígio entre Estado estrangeiro
(D) a suspensão dos direitos civis. ou organismo internacional e a União, Estados, Distrito Fe-
(E) o pagamento de multa ao fundo de proteção so- deral ou Município.
cial. (B) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, em
recurso extraordinário, o habeas corpus, habeas data, man-
42. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) José é ci- dado de segurança e mandado de injunção decididos, em
dadão do município W, onde está localizado o distrito de B. instância única, pelos Tribunais Superiores, se denegatória
Após consultas informais, José verifica o desejo da popula- a decisão.
ção distrital de obter a emancipação do distrito em relação (C) Compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em
ao município de origem. grau de recurso especial, os conflitos de competência entre
De acordo com as normas constitucionais federais, quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no artigo 102, I,
dentre outros requisitos para legitimar a criação de um “o”, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados,
novo Município, são indispensáveis: e entre juízes vinculados a tribunais diversos.
(A) lei estadual e referendo. (D) Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar
(B) lei municipal e plebiscito. e julgar, originariamente, os conflitos de atribuições entre
(C) lei municipal e referendo. autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre
(D) lei estadual e plebiscito. autoridades Judiciárias de um Estado e administrativas de
outro ou do Distrito Federal, ou entre as destes e da União.
43. (MPE/MG - Promotor de Justiça - MPE/2014) (E) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, em
Assinale a afirmativa INCORRETA: recurso ordinário, os conflitos de competência entre o Su-
(A) O federalismo por agregação surge quando Esta- perior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais.
dos soberanos cedem uma parcela de sua soberania para
formar um ente único. 46. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
(B) O federalismo dualista caracteriza-se pela sujeição 23ªR/2014) Sobre o Estatuto da Magistratura, NÃO É COR-
dos Estados federados à União. RETO afirmar:

188
NOÇÕES DE DIREITO

(A) A aferição do merecimento, para fins de promo- III. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal,
ção, ocorrerá conforme o desempenho e pelos critérios ob- organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de
jetivos de produtividade e presteza no exercício da jurisdi- concurso público de provas e títulos, com a participação
ção e pela frequência e aproveitamento em cursos oficiais facultativa da Ordem dos Advogados do Brasil, exercerão a
ou reconhecidos de aperfeiçoamento. representação judicial e a consultoria jurídica das respecti-
(B) Não será promovido o juiz que, injustificadamen- vas unidades federadas.
te, retiver os autos em seu poder além do prazo legal, não Está(ão) INCORRETA(S) a(s) afirmativa(s):
podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho (A) I, II e III.
ou decisão. (B) II, apenas.
(C) Na apuração da antiguidade, o Tribunal somente (C) I e II, apenas.
poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado (D) I e III, apenas.
de dois terços dos membros presentes à sessão, conforme (E) II e III, apenas.
procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repe-
tindo-se a votação até fixar-se a indicação. 49. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) “Joaqui-
na impetra mandado de segurança no Tribunal de Justiça
(D) O juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo
do local em que reside por ter direito líquido e certo que
autorização do Tribunal.
foi violado por abuso de autoridade da autoridade coatora
(E) A distribuição de processos será imediata em to-
envolvida na situação. Considere que, nessa hipótese, a au-
dos os graus de jurisdição. toridade coatora era o Governador do Estado, que possuía
foro por prerrogativa de função e que, por essa razão, a
47. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT competência para julgamento do writ era mesmo do Tri-
23ªR/2014) Sob a égide da Constituição Federal, assinale bunal de Justiça local. Considere, ainda, que a impetração
a alternativa INCORRETA: ocorreu tempestivamente, e que todos os requisitos de ad-
(A) é vedada a edição de medida provisória sobre missibilidade foram observados. Entretanto, mesmo com a
matéria já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo observância de todos os requisitos formais, meritoriamen-
congresso nacional e pendente de sanção ou veto te, foi denegatória a decisão do mandado de segurança
presidencial. impetrado por Joaquina.”
(B) as decisões administrativas dos tribunais serão Tendo em vista todos os aspectos apresentados no
motivadas e em sessão pública. caso anterior, assinale a opção que indica, acertadamente,
(C) as decisões administrativas de natureza disciplinar o recurso a ser interposto por Joaquina.
serão tomadas pelo voto de dois terços dos membros do (A) Recurso especial para o STJ.
tribunal. (B) Recurso ordinário para o STJ.
(D) o número de juízes na unidade jurisdicional será (C) Embargos infringentes para o STJ.
proporcional à efetiva demanda judicial com à Respectiva (D) Agravo de instrumento para o STJ.
população. (E) Recurso extraordinário para o STF.
(E) a inamovibilidade e a irredutibilidade salarial são
garantias da magistratura, mas não são absolutas, posto 50. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) De
que comportem exceções, ditadas em lei. acordo com o texto constitucional, lei complementar, de
iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o
48. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside- Estatuto da Magistratura, observados, entre outros, os se-
rando as regras constitucionais sobre as funções essenciais guintes princípios:
da justiça, analise. (A) o ato de remoção, disponibilidade, demissão e
aposentadoria do magistrado, por interesse público, fun-
I. Constituem garantias do Ministério Público: vitali-
dar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do res-
ciedade, após 2 anos de exercício, não podendo perder o
pectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, asse-
cargo senão por sentença judicial transitada em julgado,
gurada ampla defesa.
e inamovibilidade, salvo por motivo de interesse públi- (B) um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Fe-
co, mediante decisão do órgão colegiado competente do derais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e
Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus Territórios será composto de membros, do Ministério Pú-
membros, assegurada ampla defesa. Constituem vedações blico, com mais de dez anos de carreira, e de advogados
do Ministério Público: participar de sociedade comercial, de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais
na forma da lei, exercer atividade político-partidária e exer- de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em
cer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respecti-
pública, sem exceções. vas classes.
II. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, di- (C) todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judi-
retamente ou por meio de órgão vinculado, representa a ciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões,
União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos ter- sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em
mos da lei complementar que dispuser sobre sua organiza- determinados atos, às próprias partes e a seus advogados,
ção e funcionamento, as atividades de consultoria e asses- ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do
soramento jurídico do Poder Executivo e a representação direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudi-
da União na execução da dívida ativa de natureza tributária. que o interesse da Administração Pública.

189
NOÇÕES DE DIREITO

(D) nos tribunais com número superior a vinte e cinco (B) Tem competência para julgar magistrados por cri-
julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o me de autoridade
mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, (C) Tem como função apreciar a legalidade dos atos
para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicio- administrativos praticados por membros do Poder Judiciá-
nais delegadas da competência do tribunal pleno, proven- rio.
do-se metade das vagas por antiguidade, e a outra metade (D) Não possui competência para rever processos
por merecimento. disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há
menos de um ano.
51. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) (E) O CNJ pode suspender e fiscalizar decisão conces-
M. T. foi condenado, em primeira instância, pela prática de siva de mandado de segurança.
crime político. Contra a referida sentença condenatória é
cabível: 55. (TRT 3ª Região/MG - Juiz do Trabalho - TRT
(A) recurso em sentido estrito para o Tribunal de Jus- 3R/2014) Sobre as funções institucionais do Ministério Pú-
tiça. blico é incorreto afirmar:
(B) apelação para o Tribunal Regional Federal. (A) Defender judicialmente os direitos e interesses
(C) recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal. das populações indígenas, inclusive através de Promotor
(D) recurso inominado para o Superior Tribunal de de Justiça ad hoc.
Justiça. (B) Promover, privativamente, a ação penal pública, na
forma da lei.
52. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) (C) Promover o inquérito civil e a ação civil pública,
O processo e julgamento da execução de carta rogatória, para a proteção do patrimônio público e social, do meio
após o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homo- ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.
logação, é de competência: (D) Expedir notificações nos procedimentos adminis-
(A) dos Tribunais Regionais Federais. trativos de sua competência, requisitando informações e
(B) dos juízes federais. documentos para instruí-los, na forma da lei complementar
(C) do Supremo Tribunal Federal. respectiva.
(D) do Superior Tribunal de Justiça. (E) Exercer o controle externo da atividade policial, na
forma da lei complementar.
53. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária -
FGV/2014) A Emenda Constitucional nº 45, de 2004, adi- 56. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014)
cionou o art. 103-B na Constituição da República, crian- No que se refere aos Poderes Legislativo, Executivo e Judi-
do o Conselho Nacional de Justiça, órgão composto por ciário, bem como às funções essenciais à justiça, julgue os
membros do Judiciário, do Ministério Público, advogados seguintes itens.
e cidadãos, com o intuito mor de supervisionar a atuação A CF garante autonomia funcional e administrativa à
administrativa e financeira do Poder Judiciário e o cumpri- defensoria pública estadual e ao Ministério Público.
mento dos deveres funcionais dos juízes, além de outras Certo ( )
atribuições constantes no Estatuto da Magistratura e ou- Errado ( )
tras que a própria Constituição lhe atribui. Com base no
disposto na Constituição da República, constitui uma atri- 57. (TJ/SE - Titular de Serviços de Notas e de Regis-
buição do Conselho Nacional de Justiça: tro - CESPE/2014) No que se refere às funções essenciais à
(A) determinar a aposentadoria de juiz federal com justiça, assinale a opção correta de acordo com a CF.
subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço, (A) De acordo com a CF, a representação judicial dos
assegurada a ampla defesa. Estados, do Distrito Federal e dos municípios cabe exclu-
(B) encaminhar projeto de lei orçamentária referente sivamente aos procuradores organizados em carreira, de-
a tribunal de justiça que não o tenha feito no prazo devido. pendendo o ingresso nessa carreira de aprovação em con-
(C) expedir atos regulamentares, no âmbito de sua curso público de provas e títulos.
competência, que só terão eficácia depois de sancionados (B) As defensorias públicas dos Estados, do Distrito
pelo presidente da república. Federal e da União possuem autonomia funcional e admi-
(D) rever unicamente, mediante provocação, os pro- nistrativa, sendo-lhes assegurada a iniciativa de suas pro-
cessos disciplinares de juízes e membros de tribunais jul- postas orçamentárias na forma estabelecida na CF.
gados há menos de um ano. (C) Cabe ao Ministério Público Federal representar a
(E) declarar, observando a reserva de plenário, a in- União na execução de sua dívida ativa de natureza tribu-
constitucionalidade das leis que envolvam conflitos de tária.
massa. (D) A CF estabelece um rol exemplificativo de funções
institucionais do MP, como, por exemplo, a função de pro-
54. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) A respeito do Con- mover, privativamente, as ações civil e penal públicas, na
selho Nacional de Justiça, assinale a alternativa correta. forma da lei.
(A) Possui como função a fiscalização do Poder Judi- (E) À imunidade profissional do advogado não se
ciário e, eminentemente, função jurisdicional. podem aplicar restrições de qualquer natureza.

190
NOÇÕES DE DIREITO

58. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou
23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a al- não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra
ternativa INCORRETA: natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em es-
(F) A administração pública direta e indireta de qual- pécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal III. É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de
moralidade, publicidade, eficiência e impessoalidade. pessoal do serviço público.
(G) É garantido ao servidor público civil o direito à Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
livre associação sindical. (F) I, II e III.
(H) A administração fazendária e seus servidores fis- (G) I, apenas.
cais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdi- (H) I e II, apenas.
ção, precedência sobre os demais setores administrativos, (I) I e III, apenas.
na forma da lei. (J) II e III, apenas.
(I) A proibição de acumulação remunerada de cargos
públicos se estende a emprego e funções, não abrangen- RESPOSTAS
do, pois, sociedades de economia mista.
(J) As funções de confiança, exercidas exclusivamente 1. Resposta: “C”. Constituição é muito mais do que
por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em um documento escrito que fica no ápice do ordenamen-
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira to jurídico nacional estabelecendo normas de limitação e
nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em organização do Estado, mas tem um significado intrínseco
lei, destinam-se, apenas, às atribuições de direção, chefia e sociológico, político, cultural e econômico. Independente
assessoramento.
do conceito, percebe-se que o foco é a organização do Es-
tado e a limitação de seu poder.
59. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “A ad-
ministração pública pode ser definida objetivamente como
a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve 2. Resposta: “D”. Quanto à origem, a Constituição
para a consecução dos interesses coletivos e subjetivamen- pode ser outorgada, quando imposta unilateralmente pelo
te como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos agente revolucionário, ou promulgada, quando é votada,
quais a lei atribui o exercício da função administrativa do sendo também conhecida como democrática ou popular.
Estado”. (MORAES, Alexandre de, Direito Constitucional.
São Paulo: Atlas, 2007, 22. ed., p. 310) 3. Resposta: “B”. A Constituição Federal e os demais
Com base no que determina a Constituição Federal a atos normativos que compõem o denominado bloco de
respeito da administração pública é correto afirmar, exceto: constitucionalidade, notadamente, emendas constitucio-
(F) A investidura em cargo ou emprego público de- nais e tratados internacionais de direitos humanos apro-
pende de aprovação prévia em concurso público de pro- vados com quórum especial após a Emenda Constitucional
vas e títulos, de acordo com a natureza e complexidade do nº 45/2004, estão no topo do ordenamento jurídico. Sendo
cargo, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão. assim, todos os atos abaixo deles devem guardar uma es-
(G) A Administração pública direta e indireta obede- trita compatibilidade, sob pena de serem inconstitucionais.
cerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, morali- Por isso, estes atos que estão abaixo na pirâmide, se sujei-
dade, publicidade e eficiência. tam a controle de constitucionalidade.
(H) O prazo de validade do concurso público será de
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período. 4. Resposta: “A”. Carl Schmitt propõe que o conceito
(I) A Constituição Federal não veda a acumulação re- de Constituição não está na Constituição em si, mas nas
munerada de cargos públicos. decisões políticas tomadas antes de sua elaboração. Sen-
(J) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para do assim, o conceito de Constituição será estruturado por
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, fatores como o regime de governo e a forma de Estado
que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas vigentes no momento de elaboração da lei maior. A Cons-
ações de ressarcimento. tituição é o produto de uma decisão política e variará con-
forme o modelo político à época de sua elaboração.
60. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside-
rando as regras constitucionais sobre a administração pú-
5. Resposta: “B”. Todas as alternativas descrevem ca-
blica, analise as afirmativas.
I. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e racterísticas, atributos do Estado Democrático de Direito
do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos que é a República Federativa brasileira, notadamente: er-
pelo Poder Executivo. radicação da pobreza e diminuição de desigualdades (ar-
II. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de car- tigo 3º, III, CF); soberania, cidadania e pluralismo político
gos, funções e empregos públicos da administração direta, (artigo 1º, I, II e V, CF); princípio da legalidade (artigo 5º, II,
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos CF); liberdade de expressão (artigo 5º, IV, CF); construção
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos de sociedade justa, livre e solidária (artigo 3º, I, CF). Sendo
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos de- assim, incorreta a afirmação de que soberania, cidadania
mais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra e pluralismo político não são fundamentos da República

191
NOÇÕES DE DIREITO

Federativa do Brasil, pois estão como tais enumerados no terial ou moral decorrente de sua violação”; o que faz tam-
artigo 1º, CF, além de decorrerem da própria estrutura de bém o item V com relação ao artigo 5º, VI, CF que diz que
um Estado Democrático de Direito. “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garanti-
6. Resposta: “D”. O item “I” descreve alguns dos prin- da, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
cípios que regem as relações internacionais brasileiras, liturgias”. Sendo assim, todas afirmativas estão corretas.
enumerados no artigo 4º, CF, estando correto; o item “II”
afasta a normatividade dos princípios, o que é incorreto, 10. Resposta: “D”. O habeas corpus é garantia pre-
pois os princípios têm forma normativa e, inclusive, po- vista no artigo 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á habeas corpus
dem ser aplicados de forma autônoma se não houver lei sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
específica a respeito ou se esta se mostrar inadequada, por violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
isso mesmo, correta a afirmação do item “III”; os princípios ilegalidade ou abuso de poder”. A respeito dele, a lei bus-
descritos no item “IV” são alguns dos que regem a ordem ca torná-lo o mais acessível possível, por ser diretamente
econômica, enumerados no artigo 170, CF, restando corre- relacionado a um direito fundamental da pessoa humana.
ta; o item “V” traz um exemplo de violação ao princípio da O objeto de tutela é a liberdade de locomoção; a propo-
igualdade material, assegurado no artigo 5º, CF e refletido situra não depende de advogado; o que propõe a ação é
em todo texto constitucional, estando assim correto. Logo, denominado impetrante e quem será por ela beneficiado é
apenas o item “II” está incorreto. chamado paciente (podendo a mesma pessoa ser os dois),
contra quem é proposta a ação é a denominada autoridade
7. Resposta: “D”. O artigo 1º, CF traz os princípios coatora; e é possível utilizar habeas corpus repressivamen-
fundamentais (fundamentos) da República Federativa do te e preventivamente. Por sua vez, a Constituição Federal
Brasil: “I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da prevê no artigo 142, §2º que “não caberá habeas corpus em
pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da relação a punições disciplinares militares”.
livre iniciativa; V - o pluralismo político”. O princípio de “A”
se encontra no inciso V; o de “B” no inciso IV; o de “C” no 11. Resposta: “A”. No que tange ao tema, destaque
inciso III, pois viola a dignidade humana da mãe forçá-la a para os seguintes incisos do artigo 5º da CF: “LXXI - conce-
dar luz à um filho que resulte de estupro; o de “E” decorre der-se-á mandado de injunção sempre que a falta de nor-
dos incisos I e II e é previsão do artigo 2º, que dispõe que ma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos
“são Poderes da União, independentes e harmônicos entre e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Somente resta a nacionalidade, à soberania e à cidadania; LXXII - conceder-
alternativa “D”, que apesar de realmente trazer um objetivo -se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de
da República Federativa brasileira – previsto no artigo 3º, informações relativas à pessoa do impetrante, constantes
IV, não tem a ver com os princípios fundamentais, mas sim de registros ou bancos de dados de entidades governa-
com os objetivos. mentais ou de caráter público; b) para a retificação de da-
dos, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
8. Resposta: “C”. A democracia brasileira adota a mo- judicial ou administrativo”. Os itens “I” e “II” repetem o teor
dalidade semidireta, porque possibilita a participação po- do artigo 5º, LXXII, CF. Já o item “III” decorre logicamente
pular direta no poder por intermédio de processos como da previsão dos direitos fundamentais como limitadores da
o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. Como são atuação do Estado, logo, as informações requeridas serão
hipóteses restritas, pode-se afirmar que a democracia indi- contra uma entidade governamental da administração di-
reta é predominantemente adotada no Brasil, por meio do reta ou indireta. Por sua vez, o item “IV” reflete o artigo
sufrágio universal e do voto direto e secreto com igual va- 5º, LXXI, CF, do qual decorre logicamente o item “V”, posto
lor para todos. Contudo, não é a única maneira de se exer- que a demora do legislador em regulamentar uma norma
cer o poder (artigo 14, CF e artigo 1º, parágrafo único, CF). constitucional de aplicabilidade mediata, que necessita do
preenchimento de seu conteúdo, evidencia-se em risco aos
9. Resposta: “E”. “I” está correta porque a principal di- direitos fundamentais garantidos pela Constituição Fede-
ferença entre direitos e garantias é que os primeiros servem ral.
para determinar os bens jurídicos tutelados e as segundas
são os instrumentos para assegurar estes (ex: direito de li- 12. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 5º, LIII, CF,
berdade de locomoção – garantia do habeas corpus). “II” “ninguém será processado nem sentenciado senão pela
está correta, afinal, o próprio artigo 5º prevê em seu §2º autoridade competente”, restando o item “I” correto; pelo
que “os direitos e garantias expressos nesta Constituição artigo 5º, LX, CF, “a lei só poderá restringir a publicidade
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a interesse social o exigirem”, motivo pelo qual o item “II”
República Federativa do Brasil seja parte”, fundamento que está correto; e prevê o artigo 5º, LXVI, CF que “ninguém
também demonstra que o item “III” está correto. O item IV será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir
traz cópia do artigo 5º, X, CF, que prevê que “são inviolá- a liberdade provisória, com ou sem fiança”, confirmando o
veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das item “IV”. Por sua vez, o item “III” está incorreto porque “são
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano ma- inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilí-

192
NOÇÕES DE DIREITO

citos” (artigo 5º, LVI, CF); e o item “V” está incorreto porque particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão pres-
a jurisprudência atual ainda aceita a prisão civil do devedor tadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, res-
de alimentos, sendo que o texto constitucional autoriza salvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança
tanto esta quanto a do depositário infiel (artigo 5º, LXVII, da sociedade e do Estado”.
CF).
21. Resposta: “B”. A teoria da reserva do possível bus-
13. Resposta: “A”. Preconiza o artigo 5º, XL, CF: “XL ca impedir que se argumente por uma obrigação infinita
- a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. do Estado de atender direitos econômicos, sociais e cultu-
Assim, se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do rais. No entanto, não pode ser invocada como muleta para
rol de crimes ou que confira tratamento mais benéfico (di- impedir que estes direitos adquiram efetividade. Se a invo-
minuindo a pena ou alterando o regime de cumprimento, cação da reserva do possível não demonstrar cabalmente
notadamente), ela será aplicada. que o Estado não tem condições de arcar com as despesas,
o Poder Judiciário irá intervir e sanar a omissão.
14. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 5º,
22. Resposta: “C”. A Emenda Constitucional nº
XLII, CF: “XLII - a prática do racismo constitui crime ina-
72/2013, que ficou conhecida no curso de seu processo de
fiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos votação como PEC das domésticas, deu redação ao pará-
termos da lei”, restando “B” correta. “A” é incorreta porque grafo único do artigo 7º, o qual estende alguns dos direi-
a lei penal retroage para beneficiar o réu; “C” é incorreta tos enumerados nos incisos do caput para a categoria dos
porque é aceita a pena de morte para os crimes militares trabalhadores domésticos, quais sejam: “IV, VI, VII, VIII, X,
praticados em tempo de guerra; “D” é incorreta porque XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI
igrejas não possuem inviolabilidade domiciliar. e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e
observada a simplificação do cumprimento das obrigações
15. Resposta: “D”. Embora o direito previsto na alter- tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação
nativa “D” seja um direito fundamental, não é um direito de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos
individual, logo, não está previsto no artigo 5º, e sim no I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à
artigo 7º, CF, em seu inciso IX (“remuneração do trabalho previdência social”. Os direitos descritos na alternativa “C”
noturno superior à do diurno”). estão previstos nos incisos XXVII e XX do artigo 7º da Cons-
tituição, não estendidos aos empregados domésticos pela
16. Resposta: “D”. A propósito, o artigo 5º, XI, CF dis- emenda.
põe: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo 23. Resposta: “Certo”. O artigo 9º, CF disciplina o di-
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar so- reito de greve: “É assegurado o direito de greve, compe-
corro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. Sen- tindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
do assim, não cabe o ingresso por determinação judicial a exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele
qualquer hora, mas somente durante o dia. defender. § 1º A lei definirá os serviços ou atividades es-
senciais e disporá sobre o atendimento das necessidades
17. Resposta: C. Dispõe o artigo 5º, CF em seu inciso inadiáveis da comunidade. § 2º Os abusos cometidos su-
XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e res- jeitam os responsáveis às penas da lei”.
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
24. Resposta: “C”. “A” está incorreta porque o rol de
profissional”.
direitos sociais do artigo 7º é apenas exemplificativo, não
excluindo outros que decorram das normas trabalhistas,
18. Resposta: “C”. Estabelece o §3º do artigo 5º,CF:
dos direitos humanos internacionais e das convenções e
“Os tratados e convenções internacionais sobre direitos acordos coletivos; “B” está incorreta porque a redução pro-
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Con- porcional pode ser aceita se intermediada por negociação
gresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos coletiva, evitando cenário de demissão em massa; “D” está
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas incorreta porque a licença-gestante encontra arcabouço
constitucionais”. Logo, é necessário o preenchimento de constitucional, tal como a licença-paternidade, restando “E”
determinados requisitos para a incorporação. também incorreta (artigo 7º, XVIII e XIX, CF. Sendo assim,
“C” está correta, conforme disposto no artigo 7º: “gozo de
19. Resposta: “B”. No que tange à segurança jurídica, férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a
tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: “XXXVI - a lei mais do que o salário normal” (artigo 7º, XVII, CF).
não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito
e a coisa julgada”. A coisa julgada se formou a favor de 25. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 5º, LI, CF, “ne-
Pedro e não pode ser quebrada por lei posterior que altere nhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em
a situação fático-jurídica, sob pena de se atentar contra a caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou
segurança jurídica. de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpe-
20. Resposta: “D”. Trata-se de garantia constitucio- centes e drogas afins, na forma da lei”. Embora a condena-
nal prevista no artigo 5º, XXXIII, CF: “todos têm direito a ção tenha ocorrido após a naturalização, o crime comum
receber dos órgãos públicos informações de seu interesse foi praticado antes dela, permitindo a extradição de Pietro.

193
NOÇÕES DE DIREITO

26. Resposta: “A”. Conforme disciplina o artigo 12, § que não podem dele se desvincularem (atitudes neste sen-
3º, CF, “São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de tido podem gerar intervenção federal por atentarem contra
Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presiden- o regime federativo). Logo, os Estados-membros possuem
te da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado autonomia relativa, limitada ao previsto pela Constituição,
Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V e não possuem soberania.
- da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas;
VII - de Ministro de Estado da Defesa”. O motivo da veda- 31. Resposta: “Errado”. Os Territórios, atualmente não
ção é que em determinadas circunstâncias o Ministro do existentes no país, se vierem a existir, possuem vinculação
Supremo Tribunal Federal pode assumir substitutivamente com a União e não a autonomia enquanto entes federati-
a Presidência da República. vos. Somente são entes federativos a União, os Estados, O
distrito Federal e os Municípios.
27. Resposta: “D”. Os direitos políticos nunca podem
ser cassados ou perdidos, mas no máximo suspensos. A 32. Resposta: “D”. O artigo 37, caput da Constituição
condenação criminal transitada em julgado justifica a sus- Federal colaciona os cinco princípios descritos na alterna-
pensão dos direitos políticos, o que é disposto no artigo tiva “A” como de necessária observância na Administração
Pública em todas suas esferas e em todos os seus Poderes.
15, III, CF: “é vedada a cassação de direitos políticos, cuja
Já a alternativa “B” repete previsão expressa do artigo 37,
perda ou suspensão só se dará nos casos de: [...] III - con-
VI, CF; assim como a alternativa “C” traz a previsão do ar-
denação criminal transitada em julgado, enquanto durarem tigo 37, XVIII, CF; e a alternativa “E” repete o previsto no
seus efeitos”. artigo 37, V, CF.
Somente resta a alternativa “D”, que contraria o teor do
28. Resposta: “B”. Prevê o artigo 14, § 3º, CF: São con- artigo 37, XVII, CF: “A proibição de acumular estende-se a
dições de elegibilidade, na forma da lei: [...] VI - a idade empregos e funções e abrange autarquias, fundações, em-
mínima de: c) vinte e um anos para Deputado Federal, De- presas públicas, sociedades de economia mista, suas subsi-
putado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de diárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente,
paz”, de modo que João preenche o requisito etário para a pelo poder público”. Com efeito, as sociedades de econo-
candidatura. “A” está errada porque a renúncia é exigida mia mista não estão excluídas da proibição de acumulação
para cargo diverso (artigo 14, §6º, CF); “C” está errada por- remunerada de cargos, razão pela qual a alternativa é in-
que o analfabeto não pode se eleger (artigo 14, §4º, CF); correta.
“D” está errada porque o afastamento neste caso é exigido
(artigo 14, §8º, I, CF). 33. Resposta: “D”. A alternativa “A” colaciona a exi-
gência do artigo 37, II, CF; a alternativa “B” traz os clássicos
29. Resposta: “C”. O artigo 17 da Constituição Federal princípios da Administração Pública previstos no caput do
regulamenta os partidos políticos e coloca o caráter nacio- artigo 37; em “C” percebe-se o prazo de validade de um
nal como preceito que deva necessariamente se observado: concurso público e sua possibilidade de prorrogação nos
“É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de parti- moldes exatos do artigo 37, III, CF; e “E” repete o teor do
dos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime artigo 37, §5º, CF. Por sua vez, a vedação de acumulações
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais ao servidor público está prevista no artigo 37, XVI, CF: “é
da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, ex-
I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de re- ceto, quando houver compatibilidade de horários, obser-
cursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou vado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois
de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça cargos de professor; b) a de um cargo de professor com
outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empre-
Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a
gos privativos de profissionais de saúde, com profissões
lei. § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para
regulamentadas”.
definir sua estrutura interna, organização e funcionamento
e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas 34. Resposta: “E”. A competência descrita em “E” é
coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação comum entre União, Estados e Distrito Federal: “Art. 24.
entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distri- Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legis-
tal ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer nor- lar concorrentemente sobre: [...] VI - florestas, caça, pesca,
mas de disciplina e fidelidade partidária. § 2º Os partidos fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos re-
políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma cursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da
da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior poluição”. O artigo 22, CF descreve nos incisos XXV, VIII, XVI
Eleitoral. § 3º Os partidos políticos têm direito a recursos e I competências privativas da União que constam, nesta
do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, ordem, as alternativas “A”, “B”, “C” e “D”.
na forma da lei. § 4º É vedada a utilização pelos partidos
políticos de organização paramilitar”. 35. Resposta: “A”. O item I traz o teor do artigo 37,
30. Resposta: “Errado”. A soberania é elemento intrín- XII, CF: “os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e
seco ao Estado nacional, ou seja, à União. O Brasil, enquan- do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos
to Estado Nacional, é soberano. Suas unidades federativas, pelo Poder Executivo”. O item II corresponde ao artigo 37,
por seu turno, não possuem o atributo da soberania, tanto XI, CF: “XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de

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NOÇÕES DE DIREITO

cargos, funções e empregos públicos da administração di- 39. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 30, I, CF,
reta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer “Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de in-
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e teresse local”. A questão é que o Município tem autonomia
dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos para legislar sobre temas de seu particularizado interesse
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou ou- e não de forma privativa. A mera alegação de que se faz
tra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente necessária a existência de lei delimitando o interesse local
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer do Município apresenta-se apenas como outra possibilida-
outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, de de atuação. Nada impede a elaboração de legislação
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, definindo o que seria de interesse do Município, mas em
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do
sua ausência, a Carta Constitucional conferiu-lhe autono-
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio
mia para decidir o que seria de seu interesse.
mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito
do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores 40. Resposta: “C”. A competência privativa legislativa
do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e da União está descrita no artigo 22 da Constituição e a pre-
cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espé- visão da alternativa “C” é a do seu inciso XI. Sobre produção
cie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito e consumo, a competência é legislativa concorrente entre
do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do União, estados e Distrito Federal (artigo 24, V, CF), assim
Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Pú- como a de legislar sobre assistência jurídica e Defensoria
blicos”. O item III refere-se ao inciso XIII do artigo 37, CF: “é Pública (artigo 24, XIII, CF), a de legislar sobre direito tri-
vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies butário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico
remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal (artigo 24, I, CF) e a de legislar sobre educação, cultura,
do serviço público”. Logo, as três afirmativas estão corretas. ensino e desporto (artigo 24, IX, CF).

36. Resposta: “C”. A alternativa “C” traz o teor do arti- 41. Resposta: “B”. Nos moldes do artigo 37, §4º, CF,
go 231, §2º, CF: “As terras tradicionalmente ocupadas pelos “os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos la- indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
gos nelas existentes”, restando correta. “A” está errada por-
na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
que o artigo 211, §3º, CF prevê que “os Estados e o Distrito
penal cabível”. Dentre as alternativas, somente “B” descreve
Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e
médio”, não exclusivamente nestes. “B” está errada porque previsão do dispositivo retro.
pessoas jurídicas se sujeitam também a sanções penais e
administrativas (artigo 225, §3º, CF). “D” está incorreta por- 42. Resposta: “D”. Disciplina o artigo 18, §4º, CF: “§ 4º
que nestes casos estrangeiros podem ser admitidos (artigo A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento
207, §1º, CF). de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do perío-
do determinado por Lei Complementar Federal, e depen-
37. Resposta: “A”. A alternativa “A” traz competência derão de consulta prévia, mediante plebiscito, às popula-
descrita no artigo 23, V, CF: “Art. 23. É competência comum ções dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estu-
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- dos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados
pios: [...] V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à na forma da lei”.
educação e à ciência”. Todas as demais estão incorretas: “B”
competência concorrente entre todos os entes federados 43. Resposta: “B”. O federalismo dualista é caracte-
(artigo 24, III, CF); “C” competência concorrente entre todos rizado por uma rígida separação de competências entre o
os entes federados (artigo 24, IV, CF); “D” competência con- ente central (união) e os entes regionais (estados-mem-
corrente entre União, estados e DF (artigo 24, VII, CF); “E” bros). Sendo assim, não há uma relação mais intensa de
competência concorrente entre União, estados e DF (artigo submissão e sim de autonomia.
24, IX, CF).
44. Resposta: “E”. “A” está incorreta porque a decisão,
38. Resposta: “D”. A greve é um direito do servidor
público, previsto no inciso VII do artigo 37 da Constituição mesmo sobre infrações disciplinares, é tomada em sessão
Federal de 1988, portanto, trata-se de um direito consti- pública; “B” está incorreta porque o único legitimado para
tucional. Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de decidir é o juiz e não seu servidor, ainda que por delega-
Justiça ao julgar o recurso no Mandado de Segurança nº ção; “C” está incorreta porque a lista é sêxtupla; “D” está
2.677, que, em suas razões, aduziu que “o servidor público, incorreta porque o prazo em que se proíbe o exercício é de
independente da lei complementar, tem o direito público, três anos. Somente resta a alternativa “D”, aplicando-se o
subjetivo, constitucionalizado de declarar greve”. Esse di- artigo 95, CF: Os juízes gozam das seguintes garantias: [...]
reito abrange o servidor público em estágio probatório, II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público,
não podendo ser penalizado pelo exercício de um direito na forma do art. 93, VIII”. Logo, o motivo de interesse pú-
constitucionalmente garantido. blico pode gerar a quebra da garantia da inamovibilidade.

195
NOÇÕES DE DIREITO

45. Resposta: “D”. As competências de processamen- 48. Resposta: “A”. O item I está praticamente inteiro
to e julgamento estão previstas nos artigos 102, CF – em correto, somente se percebendo o erro ao final, quando
relação ao Supremo Tribunal Federal – e 105, CF – quanto afirma que não há exceções para o exercício de outra fun-
ao Superior Tribunal de Justiça. As regras de competências ção pública porque a própria Constituição prevê uma exce-
previstas nas alternativas “A”, “B”, “C” e “E” estão incorretas, ção no artigo 128, §5º, II, “d” – uma atividade de magistério.
pelos seguintes motivos: II está incorreta porque a Advocacia Geral da União não re-
Quanto à alternativa “A”, o art. 102, I, “e”, CF prevê que o presenta o Executivo federal na execução de dívida ativa de
Supremo Tribunal Federal processa e julga originariamente natureza tributária: “Artigo 131, §3º, CF. Na execução da dí-
“o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo interna- vida ativa de natureza tributária, a representação da União
cional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Territó- cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observado
rio”, excluindo os Municípios. o disposto em lei”. III está incorreta porque a participação
Em relação à alternativa “B”, o artigo 102, II, “a”, CF, da Ordem dos Advogados do Brasil no concurso de provas
prevê que compete ao Supremo Tribunal Federal “julgar,
e títulos é obrigatória em todas as fases (artigo 132, CF).
em recurso ordinário: a) o ‘habeas corpus’, o mandado de
Neste sentido, as três afirmativas estão incorretas.
segurança, o ‘habeas data’ e o mandado de injunção de-
cididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se
denegatória a decisão”, logo, o recurso é ordinário, não ex- 49. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 105,
traordinário. I, “b”, CF: “Compete ao Superior Tribunal de Justiça: [...] II
No que tange à alternativa “C”, o artigo 105, I, “d”, CF - julgar, em recurso ordinário: [...] b) os mandados de se-
prevê que o Superior Tribunal de Justiça processará e jul- gurança decididos em única instância pelos Tribunais Re-
gará originariamente “os conflitos de competência entre gionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito
quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, ‘o’, Federal e Territórios, quando denegatória a decisão”.
bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e
entre juízes vinculados a tribunais diversos”, de modo que 50. Resposta: “B”. A regra do quinto constitucional
o julgamento é originário, não em sede de recurso especial. está prevista na Constituição Federal com o seguinte teor:
Sobre a alternativa “E”, “os conflitos de competência “Art. 94, CF. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais
entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e
entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer ou- Territórios será composto de membros, do Ministério Pú-
tro tribunal” são julgados pelo Supremo Tribunal Federal, blico, com mais de dez anos de carreira, e de advogados
conforme artigo 102, I, “o”, CF, mas não em sede de recurso de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais
ordinário, e sim originariamente. de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em
Resta a alternativa “D”, que vai de encontro com o ar- lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respec-
tigo 105, I, “g”, CF, competindo originariamente ao Supe- tivas classes. Parágrafo único. Recebidas as indicações, o
rior Tribunal de Justiça processar e julgar “os conflitos de tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Exe-
atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias cutivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de
da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e seus integrantes para nomeação”.
administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as
deste e da União”. 51. Resposta: “C”. Os crimes políticos são julgados em
recurso ordinário pelo Supremo Tribunal Federal sempre,
46. Resposta: “C”. O Estatuto da Magistratura tem conforme artigo 102, II, “b”, CF: “Compete ao Supremo Tri-
suas regulamentações gerais descritas no artigo 93 da CF,
bunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,
sendo que todas as alternativas, exceto a “C” estão em
cabendo-lhe: [...] II - julgar, em recurso ordinário: [...] b) o
compatibilidade com este dispositivo. Neste sentido, o ar-
crime político”.
tigo 93, II, “d”, CF prevê que “na apuração de antiguidade,
o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo
voto fundamentado de dois terços de seus membros, 52. Resposta: “B”. Nos termos do artigo 109, X, CF,
conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defe- “aos juízes federais compete processar e julgar: [...] X - os
sa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação”. Sendo crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangei-
assim, não consideram-se apenas os membros presentes, ro, a execução de carta rogatória, após o exequatur, e de
mas todos os membros do Tribunal. sentença estrangeira, após a homologação, as causas re-
ferentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à
47. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 93, X, CF, “as naturalização”. Nota para a pergunta capciosa do examina-
decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e dor, afinal, a competência para conceder o exequatur é do
em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo Superior Tribunal de Justiça (artigo 105, I, “i”, CF).
voto da maioria absoluta de seus membros”, logo, o quó-
rum é de maioria absoluta e não de 2/3, e as decisões são 53. Resposta: “A”. As competências do Conselho Na-
motivadas e tomadas em sessão pública, afastando-se a cional de Justiça estão descritas no artigo 103-B, § 4º, CF:
alternativa “C” e confirmando-se a alternativa “B”. A alter- “§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação adminis-
nativa “A” está de acordo com o artigo 62, §1º, IV, CF; a “D” trativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento
com o artigo 93, XIII, CF; e a “E” segue o disposto no artigo dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de
95, II e III, CF.

196
NOÇÕES DE DIREITO

outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes
da Magistratura: I - zelar pela autonomia do Poder Judi- Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos
ciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas
podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua necessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil
competência, ou recomendar providências; II - zelar pela e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio
observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante público e social, do meio ambiente e de outros interes-
provocação, a legalidade dos atos administrativos pratica- ses difusos e coletivos; IV - promover a ação de incons-
dos por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo titucionalidade ou representação para fins de intervenção
da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Consti-
desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se ado-
tuição; V - defender judicialmente os direitos e interesses
tem as providências necessárias ao exato cumprimento da
das populações indígenas; VI - expedir notificações nos
lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da
procedimentos administrativos de sua competência, re-
União; III - receber e conhecer das reclamações contra quisitando informações e documentos para instruí-los,
membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer
seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de o controle externo da atividade policial, na forma da lei
serviços notariais e de registro que atuem por delegação complementar mencionada no artigo anterior; VIII - requi-
do poder público ou oficializados, sem prejuízo da com- sitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito
petência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas mani-
avocar processos disciplinares em curso e determinar a festações processuais; IX - exercer outras funções que lhe
remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com sub- forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalida-
sídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço de, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consul-
e aplicar outras sanções administrativas, assegurada am- toria jurídica de entidades públicas”. Com efeito, embora
pla defesa; IV - representar ao Ministério Público, no caso o Ministério Público possa promover a defesa dos direitos
de crime contra a administração pública ou de abuso de e dos interessas das populações indígenas, não o faz por
autoridade; V - rever, de ofício ou mediante provocação, os promotor ad hoc, figura não mais aceita, nos termos do
processos disciplinares de juízes e membros de tribunais artigo 129, §2º, CF, que prevê: “As funções do Ministério
julgados há menos de um ano; VI - elaborar semestralmen- Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira,
que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo
te relatório estatístico sobre processos e sentenças prola-
autorização do chefe da instituição”.
tadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do
Poder Judiciário; VII - elaborar relatório anual, propondo
56. Resposta: “Certo”. A autonomia funcional e admi-
as providências que julgar necessárias, sobre a situação do nistrativa do Ministério Público é garantida no artigo 127,
Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual §2º, CF e a autonomia funcional e administrativa da Defen-
deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tri- soria Pública estadual é garantida no artigo 134, §2º, CF.
bunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por
ocasião da abertura da sessão legislativa”. Conforme grifos 57. Resposta: “B”. “B” está correta porque autonomia
no inciso III do referido dispositivo, um juiz federal, como funcional e administrativa pertencem às Defensorias Públi-
funcionário do Poder Judiciário, pode ter sua aposentado- cas como um todo, conforme artigo 134, CF: “§ 2º Às De-
ria determinada pelo Conselho Nacional de Justiça com fensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia
subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço, funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta
tendo preservado seu direito à ampla defesa. orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no
54. Resposta: “C”. Preconiza o artigo 103-B, § 4º, II: art. 99, § 2º. § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defenso-
“Compete ao Conselho o controle da atuação adminis- rias Públicas da União e do Distrito Federal” (grifo nos-
trativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento so).  Por seu turno, “A” está incorreta porque nas carreiras
dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de iniciais de fato o ingresso se dá por concurso de provas e
títulos, mas o Advogado-Geral da União é de livre nomea-
outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto
ção do Presidente da República (artigo 131, §1º, CF); “C”
da Magistratura: [...] II - zelar pela observância do art. 37 e
está incorreta porque tal incumbência é da Procuradoria-
apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade
-Geral da Fazenda Nacional (artigo 131, §1º, CF); “D” está
dos atos administrativos praticados por membros ou incorreta porque a competência de promover ação civil pú-
órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, blica não é privativa do Ministério Público e nem mesmo a
revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências de promover a ação penal, já que o constituinte assegura a
necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da ação penal subsidiária da pública; “E” está incorreta porque
competência do Tribunal de Contas da União” (grifo nosso). logicamente a imunidade profissional do advogado sofre
restrições.
55. Resposta: “A”. O artigo 129, CF, estabelece as fun-
ções institucionais do Ministério Público, nos seguintes ter- 58. Resposta: “D”. O artigo 37, caput da Constituição
mos: “Art. 129. São funções institucionais do Ministério Pú- Federal colaciona os cinco princípios descritos na alterna-
blico: I - promover, privativamente, a ação penal pública, tiva “A” como de necessária observância na Administração

197
NOÇÕES DE DIREITO

Pública em todas suas esferas e em todos os seus Poderes.


Já a alternativa “B” repete previsão expressa do artigo 37,
VI, CF; assim como a alternativa “C” traz a previsão do ar-
tigo 37, XVIII, CF; e a alternativa “E” repete o previsto no
artigo 37, V, CF.
Somente resta a alternativa “D”, que contraria o teor do
artigo 37, XVII, CF: “A proibição de acumular estende-se a
empregos e funções e abrange autarquias, fundações, em-
presas públicas, sociedades de economia mista, suas subsi-
diárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente,
pelo poder público”. Com efeito, as sociedades de econo-
mia mista não estão excluídas da proibição de acumulação
remunerada de cargos, razão pela qual a alternativa é in-
correta.

59. Resposta: “D”. A alternativa “A” colaciona a exi-


gência do artigo 37, II, CF; a alternativa “B” traz os clássicos
princípios da Administração Pública previstos no caput do
artigo 37; em “C” percebe-se o prazo de validade de um
concurso público e sua possibilidade de prorrogação nos
moldes exatos do artigo 37, III, CF; e “E” repete o teor do
artigo 37, §5º, CF. Por sua vez, a vedação de acumulações
ao servidor público está prevista no artigo 37, XVI, CF: “é
vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, ex-
ceto, quando houver compatibilidade de horários, obser-
vado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois
cargos de professor; b) a de um cargo de professor com
outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empre-
gos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas”.

60. Resposta: “A”. O item I traz o teor do artigo 37,


XII, CF: “os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e
do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos
pelo Poder Executivo”. O item II corresponde ao artigo 37,
XI, CF: “XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
cargos, funções e empregos públicos da administração di-
reta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou ou-
tra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer
outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal,
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio
mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito
do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores
do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e
cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espé-
cie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito
do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do
Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Pú-
blicos”. O item III refere-se ao inciso XIII do artigo 37, CF: “é
vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies
remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal
do serviço público”. Logo, as três afirmativas estão corretas.

198
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

3. Noções de Criminologia.................................................................................................................................................................................... 01
3.1. Criminologia: conceito, método, objeto e finalidades. ............................................................................................................... 01
3.2. Evolução histórica, teorias e escolas criminológicas..................................................................................................................... 09
3.3. Fatores condicionantes e desencadeantes da criminalidade..................................................................................................... 25
3.4. Vitimologia.................................................................................................................................................................................................... 43
3.5. Prevenção do delito................................................................................................................................................................................... 49
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Isoladamente, tanto as tendências sociológicas, quanto


3. NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA as orgânicas fracassaram. Hoje em dia fala-se no elemento
3.1. CRIMINOLOGIA: CONCEITO, MÉTODO, bio-psico-social. Volta a tomar força os estudos de endo-
OBJETO E FINALIDADES. crinologia, que associam a agressividade do delinquente à
testosterona (hormônio masculino), os estudos de genética
ao tentar identificar no genoma humano um possível “gene
da criminalidade”, juntamente com os transtornos da vio-
A criminologia é um conjunto de conhecimentos que lência urbana, de guerra, da fome, etc.
se ocupa do crime, da criminalidade e suas causas, da víti- De qualquer forma, a criminologia transita pelas teo-
ma, do controle social do ato criminoso, bem como da per- rias que buscam analisar o crime, a criminalidade, o crimi-
sonalidade do criminoso e da maneira de ressocializá-lo. noso e a vítima. Passa pela sociologia, pela psicopatologia,
Etmologicamente o termo deriva do latim crimino (crime) psicologia, religião (nos casos de crimes satânicos), antro-
e do grego logos (tratado ou estudo), seria portanto o “es- pologia, política, enfim, a criminologia habita o universo da
tudo do crime”. É uma ciência empírica e interdisciplinar. É ação humana.
empírica, pois baseia-se na experiência da observação, nos Como em outras ciências, também em criminologia se
fatos e na prática, mais que em opiniões e argumentos. É tem tentado eliminar o conceito de “causa”, substituindo-
interdisciplinar e portanto formada pelo diálogo de uma -o pela ideia de “fator”. Isso implica no reconhecimento
série de ciências e disciplinas, tais como a biologia, a psico-
de não apenas uma causa mas, sobretudo, de fatores que
patologia, a sociologia, a política, a antropologia, o direito,
possam desencadear o efeito criminoso (fatores biológi-
a criminalística, a filosofia e outros.
A Criminologia é uma visão de 360° sobre os seus ob- cos, psíquicos, sociais...). Uma das funções principais da
jetos, não apenas uma visão de “Ser contra” ou a “Favor” criminologia é estabelecer uma relação estreita entre três
de uma punição, desenvolvendo linhas de raciocínio e ul- disciplinas consideradas fundamentais: a psicopatologia, o
trapassando a linha do senso comum. Trabalha com dados direito penal e a ciência político-criminal.
de fatos passados e não é conclusiva, dando subsídios as Outra atribuição da criminologia é, por exemplo,
ciências penais. elaborar uma série de teorias e hipóteses sobre as razões
para o aumento de um determinado delito. Os criminólo-
Objetos: gos se encarregam de dar esse tipo de informação a quem
elabora a política criminal, os quais, por sua vez, idealizarão
- Ser Humano e sua imprevisibilidade. soluções, proporão leis, etc. Esta última etapa se faz através
- O Infrator. do direito penal. Posteriormente, outra vez mais o crimi-
- As determinantes endógenas e exógenas. nólogo avaliará o impacto produzido por essa nova lei na
- A Vítima. criminalidade.
- O Controle Social. Interessam ao criminólogo as causas e os motivos
para o fato delituoso. Normalmente ele procura fazer um
Métodos: diagnóstico do crime e uma tipologia do criminoso, assim
como uma classificação do delito cometido. Essas causas e
- Empirismo.
- Interdisciplinaridade (Sociologia, Psicologia, Ciências motivos abrangem desde avaliação do entorno prévio ao
Exatas, etc). crime, os antecedentes vivenciais e emocionais do delin-
- Trabalha com fatos sociais e individuais. quente, até a motivação pragmática para o crime.
Define-se também, em regra como sendo o estudo do
Quando nasceu, a criminologia tratava de explicar a crime e do criminoso, isto é: criminalidade. A Criminologia,
origem da delinquência, utilizando o método das ciências, o estudo do crime e dos criminosos, dentro de um recorte
o esquema causal e explicativo, ou seja, buscava a causa causal, explicativo, informado de elementos naturalísticos
do efeito produzido. Pensou-se que erradicando a causa (psicofísicos). Não é uma ciência independente, mas atre-
se eliminaria o efeito, como se fosse suficiente fechar as lada à Sociologia, à apreciação científica da organização da
maternidades para o controle da natalidade. sociedade humana. Ao lado da Sociologia, se mostra numa
Academicamente a Criminologia começa com a publi- condição de contrastante de ‘‘uma das mais jovens e uma
cação da obra de Cesare Lombroso chamad “L’Uomo Delin- das mais velhas ciências’’
quente”, em 1876. Sua tese principal era a do delinquente Jovem e livre até da rotulação relativamente recente
nato. do respectivo vocábulo, um termo híbrido, por Augusto
Já existiram várias tendências causais na criminologia. Comte, do latim socius, amigo ou companheiro, e do grego
Baseado em Rousseau, a criminologia deveria procurar a logos, ciência. Velha, uma vez que a análise da vida gregária
causa do delito na sociedade, baseado em Lombroso, para
dos seres humanos já era praticada de vários modos pela
erradicar o delito deveríamos encontrar a eventual causa
Antropologia, bem antes de sua aparição no panorama cul-
no próprio delinquente e não no meio. Um extremo que
procura as causas de toda criminalidade na sociedade e tural.
o outro, organicista, investigava o arquétipo do criminoso Não é tarefa fácil para a Criminologia lidar com a de-
nato (um delinquente com determinados traços morfoló- linquência constantemente sofisticada, assim como com a
gicos). violência, que hoje se banalizou. Para ficar mais a par do
itinerário, e dos atalhos, que conduzem ao delito, sobre-

1
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

tudo nos agregados sociais urbanos de densa população, rejeitava as penas fixas e propunha que as sentenças va-
a Criminologia precisa traçar uma tática eficaz. A crimino- riassem em função das circunstâncias concretas do delito,
logia, não trata unicamente da pessoa humana, porque como a idade, o nível intelectual e o estado psicológico do
o homem é o agente do ato antissocial, mas sobre este delinquente. A chamada escola italiana outorgava às medi-
agente existem várias causas e muitas ainda desconheci- das preventivas do delito mais importância do que às des-
das, que modificarão o caráter essencialmente humano ou tinadas a reprimi-lo. As tentativas modernas de tratamento
antropológico do fenômeno. A criminologia é e deve ser dos delinquentes devem quase tudo à psiquiatria e aos
considerada de acordo com a maioria dos estudiosos do métodos de estudo aplicados a casos concretos. A atitude
assunto, uma ciência pré-jurídica, sua matéria de estudos é dos cientistas contemporâneos é de que os delinquentes
o homem, o seu viver social, suas ações, toda sua evolução, são indivíduos e sua reabilitação só poderá ser alcançada
como espécie e como indivíduo. Para um estudo completo através de tratamentos individuais e específicos.
de criminologia devemos estudar tanto a filosofia, sociolo- Entretanto, há na ciência, Criminologia, já um acervo
gia, psicologia, e a ética. Esta última, que vai à base moral com que se deve contar, para ir em demanda das novas
da humanidade, daí deve-se entender melhor o que é essa rotas que se nos deparam. E esse acervo já vem sendo co-
Moral; pois o Código Penal apoia-se sobre a moral. lhido em longas décadas de estudo e de meditação, arma-
Esta ciência social que estuda a natureza, a extensão e zenando largos cabedais que constituem uma bibliografia
as causas do crime, possui dois objetivos básicos: a deter- inumerável, na qual, ao lado de muito joio, excelentes con-
minação de causas, tanto pessoais como sociais, do com- tribuições se podem contar. Todavia, alguns menos ansio-
portamento criminoso e o desenvolvimento de princípios sos por avançar sempre na procura da solução de múltiplas
válidos para o controle social do delito. Desde o século incógnitas que ainda nos enfrentam, creem desde logo de
XVIII, são formuladas várias teorias científicas para explicar assentar a Criminologia em bases suficientemente estáveis.
as causas do delito. O médico alemão Franz Joseph Gall O crime apresenta uma transformação, ou ampliação,
procurou relacionar a estrutura cerebral com as inclinações que de uma forma aceitavelmente denominada “normal”,
criminosas. No final do século XIX, o criminologista Cesa- se projeta hoje para configurações que poderiam ser con-
re Lombroso afirmava que os delitos são cometidos por sideradas “anormais”. Apenas se deve ponderar que essa
aqueles que nascem com certos traços físicos hereditários atual anormalidade assim se nos apresenta por não terem
reconhecíveis, teoria refutada no começo do século XX podido estar os gabaritos normativos acompanhando sem-
por Charles Goring, que fez um estudo comparativo entre pre as transformações psico-sociais que a época atual ofe-
delinquentes encarcerados e cidadãos respeitadores das rece, dada à tumultuosa evolução dos sistemas de vida e
leis, chegando à conclusão de que não existem os chama- das colisões sociais. E daí desde logo nos apresenta um dos
dos “tipos criminais” com disposição inata para o crime. problemas básicos da Criminologia: é que ela se desenvol-
Na França, Montesquieu procurou relacionar o compor- veu a partir do Direito Criminal, mas, por assim dizer, disci-
tamento criminoso com o ambiente natural e físico. Por plinada, ou jungida, às condições penais e, ainda, demarca-
outro lado, os estudiosos ligados aos movimentos socia- da, em seus horizontes, por uma finalidade que ia mais às
listas têm considerado o delito como um efeito derivado situações pós-delituais, e avança preferentemente para os
das necessidades da pobreza. Outros teóricos relacionam aspectos punitivos e, depois, recuperados do delinquente.
a criminalidade com o estado geral da cultura, sobretudo Desta sorte, há uma Criminologia ainda hoje definida
pelo impacto desencadeado pelas crises econômicas, as como um ramo subsidiário do Direito Penal, e que serviria
guerras, as revoluções e o sentimento generalizado de in- mais para a correta aplicação desse mesmo Direito; visaria
segurança e desproteção derivados de tais fenômenos. No ela ilustrá-lo com os conhecimentos que se foram adqui-
século XX, destacam-se as teorias elaboradas por psicólo- rindo quanto à pessoa do criminoso, às condições do crime
gos e psiquiatras, que indicam que cerca de um quarto da dentro da dinâmica delituosa e da eventual motivação do
população reclusa é composta por psicóticos, neuróticos ato antissocial, inclusive pela incorporação da vitimologia
ou pessoas instáveis emocionalmente, e outro quarto pa- hoje de tanta nomeada nos círculos científicos.
dece de deficiências mentais. A maioria dos especialistas, Tratar-se-á de uma Criminologia que se poderá de-
porém, está mais inclinada a assumir as teorias do fator nominar de pragmática e que, na escala do conhecimen-
múltiplo, de que o delito surge como consequência de um to, sempre definida como sendo de posição pré-jurídica.
conjunto de conflitos e influências biológicas, psicológicas, A partir dos Códigos, e atendendo ao seu espírito, busca
culturais, econômicas e políticas. essa Criminologia oferecer ao aplicador da Lei os meios
Ao lado do desenvolvimento das teorias sobre as cau- mais efetivos e esclarecidos para que o cumprimento dos
sas do delito, são estudados vários modelos correcionais. dispositivos penais se torne mais cientificamente apoiado
Assim, a antiga teoria teológica e moral entendia o castigo e informado.
como uma retribuição à sociedade pelo mal cometido. Je- Nessa mesma ordem de aplicação científica dos co-
remy Bentham procurou que houvesse uma relação mais nhecimentos criminológicos se situou o nosso sábio legis-
precisa entre castigo e delito e insistia na fixação de penas lador de 1940 quando, no já citado artigo 42 do Código
definidas e inflexíveis para cada classe de crime, de tal for- Penal, ainda vigente, preceituou que o Juiz, para aplicar a
ma que a dor da pena superasse apenas um pouco o prazer pena, deverá atender “aos antecedentes e à personalidade
do delito. No princípio do século XX, a escola neoclássica do agente, à intensidade do dolo ou grau da culpa, aos
motivos, às circunstâncias e consequências do crime”.

2
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Aí estão, pois, as vias da Criminologia pragmática, Mas desde logo se percebe que a solução bio-crimi-
auxiliar do Direito, para assessorá-lo, em matéria de sua nogenética é um dédalo em que se tem perdido a ânsia
competência, e visando a personalização do tratamento de resolver o problema apenas por esse lado. E, ademais,
penal. Como nem sempre se pode realizar este exame do desde logo se verificou que só o exame do “uomo delin-
delinquente antes do julgamento, momento esse que seria qüente” não bastava, visto que ele era também produto
idealmente o ótimo pra o levar a efeito, e como é deter- do meio. E a Sociologia se aplicou também aos estudos
minado pela Lei, segundo ficou registrado, quando menos criminogenéticos, dando origem á Sociologia Criminal,
deve essa análise do criminoso ser posta de triagem sufi- que se arrogava, por sua vez, a pretensão de Ter em si a
cientemente capaz de apreciar a pluridimensional persona- solução sempre tão ambicionada. Já vinha, aliás, de Platão,
lidade do agente antissocial. E dessa análise deverá surgir a este pensamento precursor, “atribuindo os crimes à falta
orientação a seguir no tratamento, para melhor perspectiva de educação dos cidadãos e má organização do Estado”,
de êxito do mesmo, desde que bem adequado à persona- como lembrava oportunamente Afrânio Peixoto, em sua
lidade do delinquente e às várias opções que se ofereçam “Criminologia”. Com Durkhein, Ferri, Lacassagne, Tarde,
dentro do sistema penitenciário existente. Turati, Bataglia, Lafargue, Bebel... desenvolveu-se esta escola
Além desta Criminologia pragmática, ainda e sempre que opunha, ao falar biológico, a gênese social dos delitos.
ao lado do Direito, para servi-lo nas suas indagações sobre E houve, incrivelmente, um dissídio que pretendeu, cada um
a criminogênese dos fatos delituosos, poder-se-á colocar do seu lado, impor a conclusão de que o fator mesológico,
a Criminologia especulativa, causal da genética, que teria ou o fator biológico, é que determinava prevalentemente o
uma posição para-jurídica, cuidando da grande ambição crime. Só mais tarde, e agora mais lucidamente, é que veio
de todos os criminólogos, ou seja, de indagar e identificar a prevalecer o princípio de uma globalização de todos os
as causas da criminalidade. chamados fatores criminogenéticos que, num caso, podem
É a grande meta que os estudos criminogenéticos têm oferecer predomínio da influência mesológica, num outro
como alvo e que, se acaso lá pudéssemos aportar, nos caso, podem apontar a biologia como sobressalente, e, em
levaria, quiçá, um dia, a poder aplicar, com total sucesso, muitos outros, se verificava certa equivalência na atuação
o velho preceito, que dita: «sublata causa tollitur effectus» de tais fatores. Mas sempre se reconhecendo, em todos os
ideal fagueiro dos estudos criminológicos, mas que tem casos, a presença de ambos esses fatores, como desde Fer-
sido ainda a miragem fugidia de todas as esperanças cau- ri, já se fazia patente. Daí resultou, até, uma classificação de
sal-explicativas do delito. criminosos, que tem feito sucesso, e que é absolutamente
Recorde-se, ainda uma vez, que, inicialmente, houve a natural em sua formulação.
fase biológica estricta; a Somatologia criminal, com os seus Mesmo quando muito se haja batendo neste caudal
tipos lombrosianos, pretendeu fornecer a primeira chave
das possíveis causas do delito, tanto no campo da biologia,
para abrir a incógnita criminogenética, chegando-se até
quanto no da mesologia, ainda devemos confessar que a
à abstração do criminoso nato, que não chegou a vingar.
gênese delitual continua a oferecer pontos penumbrosos.
Recolhidos os contributos desta fase, prosseguiram as es-
De onde, as palavras de Roberto Lyra Filho.
peranças quando se iniciou a era endocrinológica, de que
É que não há fatores específicos para o crime, que o
nos dá informação assaz completa a monumental obra de
venham a ocasionar dentro de um determinismo irreversível
Mariano Ruiz-Funes, Mestre espanhol que, na Faculdade de
Direito da Universidade de São Paulo, proferiu o curso “En- - nem do ponto de vista endógeno, nem dentro do
docrinologia Y criminalidad”, de 1929, que marcou época ângulo exógeno. Essa identificação de causas específicas,
pela amplitude e segurança de seus conceitos. Esta fase como se fossem sintomas patagnomônicos, era a grande
funcional das endocrinias, por vez, deu ensejo à concep- ambição do lombrosianismo, para desde logo caracterizar
ção biotipológica, já integrada do tipo humano vivente, e os criminosos. Ao início de sua carreira, tinha o sábio de
que logo se desenvolveu para a Biotipologia criminal. E a Turim essa visão: “um periodista francês, Laveleye, que o
cada passo, novas esperanças, mas acompanhadas do re- conheceu neste estágio de sua crítica científica, registrou
conhecimento de que era mister da Psiquiatria forense, a a seguinte impressão sobre o emérito investigador, tocada
então recente concepção freudiana, mais euforia dominou de laivos de ironia:” Apresentaram-me esta noite um jovem
o campo da criminogênese - e a Psicanálise criminal dava a sábio desconhecido, chamado Lombroso; fala de cenas
entender que tudo estava resolvido a partir de então. caracteres pelos quais se poderia reconhecer facilmente o
O que estava a se verificar era o entusiasmo que cada delinquente. Que útil e cômoda descoberta para os juizes
“pílula científica”, cada nova fresta entreaberta, parecia de instrução...
anunciar-se como fórmula final para a solução da incóg- Buscava-se, então, a solução de um problema de con-
nita criminogenética. Mas, a cada nova esperança, depois duta humana sem atentar holisticamente para o autor des-
se verificava que nem tudo estava resolvido, e que só mais se tal comportamento. Não só a disputa de primazias bio
um ângulo, de abertura estreita, no caminho cada vez mais ou mesológicas, como também, e principalmente, a exclu-
longo da via causal do delito. E como já foi dito, novas são do núcleo ético da personalidade, entre os núcleos de
pílulas foram se acrescendo, até à diencefalose, criminó- geração do ato antissocial, levaram a decepções no campo
gena, até aos conjuntos cromossômicos aberrantes (XYX, da caracterização naturalística das causas do delito. E só
XXY etc.), até às indagações citoquímicas, enzimáticas, até... mais moderadamente se volvem as mentes dos criminó-
aonde puderem ser levadas as observações mais agudas de logos para uma conceituação mais globalizadora da gêne-
campos cada vez mais miúdos e estreitos. se delital, incluindo todos os elementos com que se deve

3
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

contar: os chamados fatores criminogenéticos, e também criminológica estrita; ao passo que o fator ético, onde se
os fundamentos éticos da personalidade, sobre os quais insere a condição que procura justificar a origem do delito,
agem exatamente aqueles fatores. O “cientificismo” (ex- só pode ser apreciada pela capacidade do Juiz. Daí, surge
pressão com que se busca denominar a falsa posição de aquela distinção do Prof. López-Rey Y Arrojo, ao recordar
uma ciência daltônica que não sabe ver senão o seu estrei- que se deve distinguir precisamente entre o que tende a
to espectro de visada) deve-se curvar à evidência de que, explicar, daquilo que pode justificar uma conduta antisso-
se podemos falar, como dizia Di Túllio e, fatores crimino- cial. Se escusável, ou não, só o Juiz pode decidir mas, para
-impelentes, devemos também reconhecer, por parte da- tanto, deverá ele atender às causas aferíveis que podem
quele núcleo ético, a existência de fatores crimino-repelen- explicar porque a deliberação humana tenha sido mais ou
tes. O ato antissocial só resultará se, à ação dos ditos falares menos comprometida pela influência dos fatores crimino-
que impelem para o crime, se somar à ação consensual do genéticos endo e exógenos; e até que o ponto ético teria
núcleo ético da pessoa sobre a qual eles agem. Daí que é sido consensual com a prática criminosa.
necessário não nos fixarmos somente na Biologia criminal Por isso, e para isso mesmo, deve ser considerada tam-
e na Sociologia criminal, olvidando que, em cada pessoa, o bém, ao lado da Criminologia pragmática (pré-jurídica) e
que realmente a caracteriza como ser humano é a existên- da Criminologia especulativa (para-jurídica), uma Crimino-
cia, ainda e sempre vigente, de um arbítrio. Não é ele livre logia crítica ou, melhor, dialética, ao estilo do que o pro-
na existência do homem, como o é era sua essência: mas põe Roberto Lyra Filho, a cuja posição seria de colocação
é sempre, em certa medida capaz de enfrentar a ação dos metajurídica. Esta Criminologia dialética deve propor a si
fatores criminogenéticos, E porque, às vezes, cede é que se mesma um estudo das mutações do conceito social da vida
faz mister julgar o homem inteligentemente, a fim de saber humana. Se voltarmos ao início destas considerações, e nos
até onde e como agiram os referidos fatores, e até que me- recordarmos de que há uma criminalidade nova, devemos
dida e de maneira o núcleo moral consentiu, ou se dobrou, consequentemente ter a decisão de rever os valores so-
à ação dos ditos fatores. ciais, éticos e jurídicos, em face da sociedade tecnocráti-
O reconhecimento de uma avaliação globalizante das ca em que ingressamos, para buscar as formas adequadas
condições personalíssimas de cada criminoso, em razão para uma reformulação, inclusive estrutural, das condições
desse conjunto ora referido, leva a um neo-ecletismo penal. anuais da vida humana.
Assim, só será válida a retornada da gênese criminal se, às Evidentemente, a tripartição da Criminologia em se-
causas endo e exógenas, soubermos anexar o núcleo sobre ções, pragmática (pré-jurídica), especulativa (para-jurídica)
o qual elas agem, ou seja, a essência ética da personali- e dialética (metajurídica), não quererá significar, de forma
dade, sem cuja consideração a criminogênese clássica, ou alguma, que haja uma separação estanque entre esses de-
ortodoxa, cairá na decepção de que nos falava Afrânio Pei- partamentos; antes, eles se entrosam e entre si estabele-
xoto. Como entender a ação de fatores criminogenéticos cem uma linha de plena fusão. Apenas, em graus suces-
sem os coligar à pessoa humana, e ao núcleo dessa pessoa sivos, procura-se ampliar progressivamente o estudo e o
no qual, enfim, se delibera? Atualmente, tomadas mais hu- conhecimento da dificílima e ampla ciência que é a Crimi-
mildes, e sábias, por isso, as pretensões criminogenéticas nologia, para chegar até a formulação de princípios que so-
naturalísticas, pode-se passar àquele neo-ecletismo penal, lucionem os intrincados problemas da vida contemporânea
em que, como causas, se escalonam as ambientais, as bio- e prevejam as possíveis rotas a seguir para uma prevenção
-psíquicas e as éticas (ou volitivas, em termos de delibera- mais efetiva dos conflitos humanos, profilaxia essa que é o
ção, ou de arbítrio). alvo supremo das cogitações, e que deve pretender chegar
Então, só se podendo caracterizar o ratio crime se, aos até às próprias estruturas e valores fundamentais, a fim de
fatores endo e exógenos, se associar o fato ético, esta tri- advertir quanto à conveniência ou necessidade de se rea-
peça, bio-psiquismo, mesologia e anuência ética, deverá lizar as mudanças possíveis e indicadas para se avançar no
ser considerada como o conjunto indispensável para se objetivo de uma Justiça Social mais efetiva. E só a partir
poder falar em delito, em seu sentido mais exato, científico de uma base que considere realisticamente, mais instrui-
e compreensivo de um complexo pessoal que só assim se damente, os fatos fundamentais da vida humana hodierna,
constitui completamente. com todas as suas especificações mais compreensivas da
É desse fato fundamental, mas que se tem mantido conduta dos homens, e não ficar só na obsessão de saber
sem a devida conotação consciente de seus elementos como lutar mais efetivamente contra o delito já praticado,
constitutivos, que decorre o neo-ecletismo penal, o em termos de penitenciariarismo, supostamente ressociali-
qual proclama estas verdades basilares, sem as quais zante. Assim, se fará a macro-criminologia de que nos fala,
a Criminologia nunca alcançará uma formulação mais sábia e oportunamente, usando expressões trazidas das
inteligente a adequada das suas postulações. Ciências Econômicas, Roberto Lyra Filho, indo, então, mais
Desde que integremos estas noções, de que, na gênese além da micro-criminologia que se atém ao âmbito de es-
criminal, devem ser considerados os falares bio e mesológi- tudo apenas do crime e do criminoso.
cos, e também o falar ético leva-nos a admitir, todavia, uma No que se refere à Criminologia especulativa, sem dú-
separação das capacidades que podem apreciar e decidir vida alguma, necessita-se do seu estudo pormenorizado,
sobre a forma de atuação e sobre a ordenação dos seus fazendo sentir quantas informações úteis se recolhem na
respectivos valores. É que os fatores bio-mesológicos, que análise pluridimensional que busca das causas do delito,
procuram explicar a gênese criminosa, são de apreciação não só em sentido casuístico, e em perspectiva globaliza-

4
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

dora, em fluxo analítico-sintético, como também em sen- e que lhe impõe o estabelecimento dessa Inter-relação. E
tido de generalização dos conceitos que daí decorreram, isso deve assim ocorrer para que o ser humano, no con-
desse conhecimento individualizado, para prudentes con- junto complexo da sua personalidade, seja deveras tratado
siderações gerais. Dentro desse estudo, outrossim, é ne- lá onde o exigir a frincha que permitiu a maior influência
cessário deixar bem patente que cada delinquente deve crimino-impelente, seja essa debilidade de ordem somáti-
ser considerado em seu contorno situacional, de modo a co, fisiológico ou cultural, além de ética.
permitir uma avaliação dos fatores que possam explicar a A prática tem demonstrado que a “prisão não cura,
sua conduta, e daqueles que a possam justificar, ou não. corrompe”, segundo a frase feita que já corre mundo. Mas
Ou seja, sopesar ambos os campos em que se desenvolve se a prisão ainda assim se apresenta, é apenas porque ela
a atuação humana, o daquele que sofre a ação dos fatores não se deixou embeber do seu legítimo sentido e da sua
bio-psicológicos e sociais, e o daquele em que se manifes- verdadeira meta.
ta o fator deliberativo, em razão do arbítrio, à luz da ética Para que a distorção do tratamento não venha a ocor-
exigível dentro do “mínimo de moral” que se espera para a rer na prisão, levando-a para a perversão moral, é que tan-
conduta humana. to se está lutando no campo da doutrina para iluminar uma
Por fim, no que se projeta dentro do campo imenso prática mais sadia. E o que aqui se vem dizendo, quanto
e intensamente sedutor da Criminologia dialética, há que ao tratamento, visa exatamente uma prisão que não cor-
ensejar um amplo debate em busca, ansiosa e plena de in- rompa, que não destrua mais o que deve reconstruir. E este
quietude interrogativa, do quanto se possa vislumbrar den- último alvo é, sem dúvida, possível, para os legítimos pena-
tro da avaliação epistemológica do que, em verdade, possa listas, cônscios, em verdade, da ciência a que servem.
continuar a ser admitido e respeitado, e do quanto se deva E enfim, fale-se em tratamento, sempre como alvo que
ciente e conscientemente entender objeto de modificação, se sucede ao conhecimento da personalidade e ao reco-
de reformulação. nhecimento das suas possíveis falhas, deficiências ou de-
É evidente que, por sua mesma posição de ciência feitos.
auxiliar do Direito, a Criminologia só poderá ir ao ponto Ainda dentro desse tratamento, deve-se considerar o
de oferecer a sua colaboração, sem pretender dogmatizar, seu papel disciplinador, ou seja, criar ou desenvolver no de-
o que seja uma atitude, aliás, contrária ao espírito íntimo linquente a necessidade basilar de integrar, em sua maneira
dessa disciplina especulativa e de investigação científica. de ser, uma estrutura disciplinatória de todas as suas vivên-
Mas, se for válida esta atitude, estudar mais afincadamente cias, tomando-as sintônicas com a convivência, obrigatória,
esta Ciência Criminológica, para poder oferecer uma a que somos levados pela própria natureza da nossa vida
cooperação cada vez mais instruída e idônea, e sacar dela social.
prestimosas conclusões. Disciplina, outrossim, não quer significar despersona-
Recorde-se que a referida definição assim soa: pena é lização, amolgamento da vontade, submissão passiva a
“o tratamento compulsório ressocializante, personalizado e outrem, e coisas desse tipo. Com disciplina quer-se signifi-
indeterminado”. car a conjugação daquilo que somos, em todos os nossos
Retira-se dessa definição um conceito acolhedor da atributos e prerrogativas, com a necessidade da convivên-
mais atualizada doutrina neo-eclética, iniciando-se por ca- cia, que sempre impõe necessárias limitações e normas. O
racterizar a pena como tratamento. A introdução dessa ex- que define uma sociedade é justamente uma unidade de
pressão, hoje de livre curso para os próprios jus-penalistas, ordem, que põe sentido, pragmatismo e possibilidade de
desde logo dá a demonstração de como a influência médi- sobrevivência, de todo um grupo, mas que não pode abo-
co-psicológica foi levada avante e com plena aceitação, em lir necessariamente a personalidade de cada um, antes até
certos aspectos, pelos cultores do Direito. Nos nossos dias, lhe dá condições de preservação e permanência. Sem essa
já não causa espécie o emprego dessa palavra, que traz em unidade de ordem, a vida seria insuportável e o caos social
seu bojo um conteúdo de índole médica, antropológica, só seria de esperar. E aquilo que se poderia entender como
clínica. liberdade individual, sempre tão ardorosamente defendida,
Fala-se, pois, em tratamento como um processo a que até além dos seus convenientes limites, desapareceria, en-
deve ser submetido o criminoso e que visa corrigir os de- volvida a pessoa no turbilhão em que não poderia sequer
feitos, que possa haver apresentado em sua personalidade. sobreviver. Daí que a unidade de ordem é indispensável à
É claro que o termo até ultrapassa, de muito, o que em si própria liberdade, garantindo-a, ainda que disciplinando-a.
mesmo quereria traduzir, desde que esse tratamento às ve- Disciplinado, em que sentido? No de união, conjuga-
zes em nada será médico, podendo ser apenas pedagógi- ção, cooperação de esforços e de sacrifícios para o bem
co, ou social. E sempre deverá admitir parâmetros jurídico- comum. Sem esse princípio, a liberdade seria licenciosida-
-penais sob os quais ainda e sempre deve permanecer a de, a pessoa passando a ser uma vítima da solidão que essa
aplicação da Justiça, segundo o venho defendendo dentro própria liberdade então imporia, pois que viver em socie-
do neo-ecletismo penal. dade é, essencialmente, conviver (com equivale a junto, e
Assim, tratamento será a pena, dentro do amplo con- conviver significa viver junto).
ceito ora expendido, em que entra a atividade médica pro- Essa disciplina social precisa ser ensinada e reestrutu-
priamente dita, mas em que, ao lado dela, entra também rada em cada criminoso. O seu crime nada mais é do que
a pedagogia, o cultivo de uma profissão e que a pessoa um ato, afinal, de indisciplina. É mister que o ensino do
humana tem de considerar, como “animal gregário” que é, respeito e da integração dessa disciplina social seja minis-

5
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

trado subjetiva e objetivamente ao delinquente. E até com (piscinas, quadras de vários esportes, enxadrismo, cinema,
um cuidado muito zeloso, eis que o criminoso, ao deixar TV, etc.) que o locutor de um dos canais, causticamente,
a prisão, certamente vai encontrar uma sociedade diversa comentou: o problema que está surgindo é o número ex-
daquela que ele deixou ao iniciar o cumprimento da pena, cessivo de telefonemas para essas cidades, de numerosos
e isso devido ao vertiginoso desenvolvimento da era pre- interessados em saber o que é necessário realizar para se
sente. Desta forma, acompanhando esse desenvolvimento, ingressar e obter vagas nessas instituições...
é indispensável que o regime penitenciário coloque com o A justiça, que hoje vê bem e julga melhor, deve cercar-
devido cuidado e com a necessária sapiência um sistema -se de serenidade, competência e profundo conhecimento,
disciplinar que prepare o delinquente a compreender que, para saber o que deve ser feito de melhor, mas sempre com
sem aquelas limitações indispensáveis para a manutenção a extrema seriedade, que a superioridade da sua posição
desse regime de convivência, sem essa obrigatória disci- de suprema sabedoria e equanimidade deve saber atender
plina, ao voltar ao convívio social, este lhe imporá, como e impor. Não é conveniente esse caráter que, às vezes, as-
resultante da sua própria essência, aquelas e até novas li- sume uma inautêntica ciência penitenciária, de uma piegui-
mitações. ce falsa e quase consensual com o delito e o delinquente.
Esse regime disciplinar começa por impor ao criminoso O tratamento deve visar o reforço da intimidade anímica
um tratamento compulsório, isto é, um regime que não é do criminoso, robustecendo caracteres, e não alagando os
adotado espontaneamente, mas que se é obrigado a acei- autores de condutas que já foram agressivas para a socie-
tar e a seguir. Haverá aí um certo ressabio aflitivo, e até dade, e que se necessita evitar que reincidam na cedência
retribuitivo. Mas não há mal algum em que se mantenha, da vontade. E, para tanto, use-se a compreensão, o auxílio,
na dose adequada, esse caráter também, desde que, enfim, a filantropia, o real interesse em tudo fazer para recuperar
o criminoso é submetido a esse tratamento a partir de um o criminoso, mas não se desvirtue a rota a seguir por falsas
ato antissocial que praticou, em que foram feridos interes- imagens que se afastem da realidade crua da disciplina so-
ses, valores, normas, de importância para a manutenção da cial e de suas correspondentes responsabilidade. O trata-
comunidade. E até hoje existe uma corrente que tende para mento deveria buscar a reeducação (correção do caminho
uma revisão do excesso de liberalidade em termos de re- a seguir).
gime penitenciário, com uma também excessiva preocupa- A personalização da pena foi uma das conquistas mais
ção com o welfare of the offender, como se só o bem-estar efetivas do positivismo penal e decorre diretamente da An-
do delinquente importasse e fosse o motivo e a razão de tropologia Criminal. Foi a demonstração, feita a partir de
ser dos sistemas penitenciários. Esta preocupação mereceu Lombroso, de que se deve enfocar o criminoso em seus
um justo reparo por parte do Prof.López-Rey Y Arrojo, que caracteres pessoais, diversos em cada indivíduo, quer do
não deixou de criticar esse erro em colocar tanta ênfase ponto de vista biológico, quer ainda das influências meso-
naquilo que deve ser apenas um dos aspectos a considerar lógicas que haja recebido, o que levou a tentar um trata-
no regime prisional, mas não o principal, nem o essencial. E mento adequado a cada um desses tipos personalizados
que não pode fazer descuidar o que é primordial, que será de criminosos.
sempre a recomposição de uma personalidade, inclusive É bem claro que não deve ser permitido exagero nesse
pela compreensão que ela deva integrar quanto ao erro campo, aliás como em nenhum outro. Não é rigorosamente
cometido, pelo qual deve responder moralmente também. necessário que se pormenorize um só tratamento, e
E então, neste neo-ecletismo penal que deve prevalecer exclusivo, para cada um dos criminosos. De fato, ainda
nas modernas perspectivas da Criminologia, não se pode como para os doentes, a terapêutica dispõe de meios
descartar uma retomada de posição quanto a estas impli- que abrangem grupos humanos com caracteres afins. Há
cações éticas do tratamento penitenciário, no qual se deve grupos que podem receber um tratamento basicamente
menosprezar o campo moral do problema, em termos de comum a todos os seus integrantes. Daí que sempre se
tratamento. cogitou de estabelecer classificações penitenciadas dos
Há aqui toda uma infinita problemática penitenciária, criminosos, para ensejar um agrupamento de delinquentes
que dependerá das possibilidades efetivas de cada país e de características assimiláveis, para serem enviadas a
região; mas sempre se devendo manter uma certa segu- estabelecimentos de determinado tipo.
rança e atenção para com o tipo especial de população Na prática, é admissível, porque necessário, que se fa-
com que se vai lidar, sem nos deixar seduzir por facilitações çam estes grupos de tipos afins. Mas não se creia que essa
generosas, mas imprudentes, e sem deixarmos de consi- seja a maneira ideal de enfrentar e resolver o problema
derar que, no início de tudo, sempre se parte de uma ação terapêutico penal, desde que, bem no âmago dos fatos,
antissocial praticada, cuja responsabilidade moral cabe a, está o ser humano, único em seu perfil e na sua colocação
quem a efetivou, sem excusa bastante para ela, como o perante a circunstância ambiental.
julgamento o deve haver definido. Nunca os regimes pe- Como, todavia, será impraticável uma distribuição dos
nitenciários devem assumir liberalidades excessivas, e até delinquentes indo até uma personalização assim tão exclu-
às vezes anunciadas quase com excesso, que toca as raias siva, é admitida a divisão dos estabelecimentos penais em
de uma espécie de propaganda. Recentemente, o noticiário diversos tipos, dentro dos quais se enquadrarão, mais ou
dos canais de televisão deu conhecimento de suas peni- menos de acordo com os seus perfis individuais, os diver-
tenciárias que se projetam em cidades do Interior de São sos tipos de personalizados de criminosos.
Paulo, com tantas vantagens para o welfare of the offender Mas não se deixe de dizer que, feita a triagem de acor-

6
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

do com as várias possibilidades que se ofereçam á admi- Quanto ao primeiro desses argumentos contrários à
nistração penitenciária, e enviados os criminosos para os pena indeterminada, deve-se informar que o tipo de de-
vários tipos de estabelecimentos mais adequados às suas lito praticado nem sempre corresponde à deformação da
características pessoais, em cada um desses estabeleci- personalidade ocorrida no criminoso; às vezes, sim, desde
mentos poder-se-á, e se deverá, ir mais longe na personali- logo se tem uma noção de gravidade do comprometimen-
zação, a partir dos grandes grupos considerados. to dessa personalidade, como ocorre na hediondez de cer-
De um ponto de vista ético, todavia, não deve se afas- tos crimes; mas pode acontecer o contrário, isto é, de um
tar esse tratamento: deve ele dar ao criminoso, sem que pequeno delito seja, todavia, a primeira manifestação de
assim ele se sinta deprimido, ou deformado, ou mesmo uma personalidade bastante agressiva.
sensibilizado, a noção da necessidade da sua recuperação Justifica-se plenamente que a pena indeterminada
moral, desde que o ponto de partida da sua ação agressiva seja dotada nas nossas leis penais, desde que atendidos
contra a sociedade se reconheceu sempre no animus que os pontos fundamentais anteriormente referidos, ou seja:
pôs ao serviço da mentalidade criminosa de que se dei- que a sua indeterminação não fique fora da competência
xou assenhorear o seu espírito. Tudo o mais que se possa judicante, a qual deliberará sobre a extinção da medida pu-
fazer do ponto de vista médico, psicológico, pedagógico nitiva, desde que proposta pelos auxiliares técnicos do Juiz.
em um enfoque holístico, enfim, ressocializante, deve-se Na realidade, a pena fixa é contrária à boa recupera-
apoiar na base de uma sólida, tão sólida quanto possível, ção dos criminosos, ao marcar limites artificiais à mesma,
reconstrução ética da sua personalidade. Se não houver a e apenas decorrentes da quantidade do delito praticado. E
mudança da mente (a metanoia, dos gregos), se não hou- deixando de lado a personalidade do réu, e sua capacidade
ver a sideração da vontade no sentido de se robustecer a de recuperação ético-social, mesmo quando esteja em vi-
âmago anímico da personalidade, tudo o mais pode entrar gência o artigo 42 do Código Penal, até hoje não atendido
em falência, pode a qualquer momento ser, de novo, sub- adequadamente quanto “aos antecedentes e à personali-
metido às forças crímino-impelentes e por elas dominado, dade do agente, à intensidade do dolo ou grau da culpa,
e a reincidência se manifestar. aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime”.
Portanto, dê-se a ênfase maior na reeducação e no Não fique sem dizer que, também na apreciação crimi-
fortalecimento do núcleo moral da personalidade; ou seja, nológico-clínica do delinquente, deve entrar em cogitação
daquele núcleo que é o que define exatamente a natureza a natureza do delito praticado; é um dos elementos cen-
humana de que somos participantes. A partir daí, então, trais que informa a observação do criminoso.
dê-se ao tratamento todo o conteúdo de um processo ree- Mesmo que fossem aceitos e praticados estes precei-
ducativo, recuperador, ressocializante, indo alcançar todos tos, sempre caberá plenamente a manutenção da liberdade
os ângulos da personalidade e mirando a volta de delin- condicional, para os que hajam estado segregados do con-
quente ao convívio social, com todas as implicações que vívio social. E isto porque ela representa, nos dizeres de Fla-
daí decorrem, inclusive, e principalmente, a atenção que mínio Fávero, a convalescença penal, isto é, aquele período
deva ser dada aos deveres sociais e à integração de uma de prova em que se verifica se o delinquente já se encontra
pessoa na comunidade; o que importa era receber logo es- efetivamente em condições de conviver em sociedade de
tímulos vários para agir de maneira agressiva, antissocial e maneira sintônica, e não agressiva.
criminosa, aos quais é dever resistir. O neo-ecletismo penal pretende dar todo o valor, que
Ora, uma corrente de penalistas e criminologistas há é inconstante, à evolução da Criminologia Clínica e na in-
muito vem reclamando de situação semelhante para a apli- vestigação científica das causas da criminalidade, até onde
cação das penas, naquilo que se denomina de pena inde- elas possam ser rastreadas e reconhecidas. Mas quer rei-
terminada. De fato, um tratamento penal deverá ser apli- vindicar a necessidade de se valorizar a atenção para os
cado até o momento em que um mínimo de recuperação aspectos morais do ente humano, que devem ser devida-
haja sido obtido, compatível com a volta do criminoso ao mente computados:
convívio social. Passar daí, é arriscar-se em perder o que se - para a indispensável avaliação da responsabilidade
haja alcançado. A doutrina tem repetido, com carradas de moral pelo ato praticado, em termos de uma justificação, ou
razão, que, tanto as penas de curta duração, quanto aque- não, de tal ato;
las de longa duração, são prejudiciais para a pessoa do - para o reaparelhamento do núcleo moral do delin-
delinquente. Ora, desde logo se deduz que essa duração quente, a fim de aumentar-lhe as resistências futuras aos
deverá ser idealmente aquela que leve o indivíduo a obter falares crímino-impelentes que no porvir venham a agir de
aquele ótimo de recuperação, nem antes, e nem depois. E, novo sobre o indivíduo.
assim, estabelecer-se-ia condições para um melhor resul- Deixar de dar, entretanto, toda a ênfase que merece
tado final. este núcleo Moral do ser humano é incidir num erro fun-
Dois óbices têm sido levantados contra esse ideal da damental, visto que a explicação científica da gênese do
pena indeterminada: um decorrente ainda de um remanes- delito não afasta a necessidade de se enfocar este outro
cente espírito retributivo, que deseja para uma espécie de aspecto da questão, que, no homem, é primordial.
crimes, uma pena mais severa que para outras espécies de A forma de atender às necessidades morais da criatu-
delitos; o outro óbice provém de uma ideia, a ser corrigida, ra humana tem sido apanágio do ensino religioso; e este
de que a execução penal passada, das mãos do Juiz, para ensino tem sido facultado nas instituições penitenciárias
as mãos do técnico. com ampla liberdade de crença. Ao lado dele, entretanto,

7
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

complementando-o e abrindo a visão para campos mais Entre as áreas de estudo mais próximas da Criminolo-
amplos, deve-se dar toda a oportunidade à instrução moral gia temos:
e cívica, de largo horizonte, o que não exclui, como disse, - Direito Penal: o principal ponto de contato da crimi-
a prática do culto religioso, mas que abrange inclusive os nologia com o Direito Penal está no fato de que este de-
que não se declaram religiosos, ou tenham apenas parcas limita o campo de estudo da criminologia, na medida em
noções sobre as suas crenças. que tipifica (define juridicamente) a conduta delituosa; O
direito penal é sancional por excelência; Ele caracteriza os
A criminologia é ciência moderna, sendo um modo delitos e, através de normas rígidas, prescreve penas que
específico e qualificado de conhecimento e uma sistema- objetivam levar os indivíduos a evitar essas condutas.
tização do saber de várias disciplinas. A partir da experi- - Direito Processual Penal: a Criminologia fornece os
mentação desse saber multidisciplinar surgem teorias (um elementos necessários para que se estipule o adequado
corpo de conceitos sistematizados que permitem conhecer tratamento do réu no âmbito jurisdicional. Também indi-
um dado domínio da realidade). ca qual a personalidade e o contexto social do acusado e
Enquanto ciência, a criminologia possui objeto próprio do crime, auxiliando os juristas para que a sentença seja
e um rigor metodológico (método) que inclui a necessi- mais justa. A criminologia oferece os critérios valorativos da
dade de experimentação, a possibilidade de refutação de conduta criminosa. Ela pesquisa a eficácia das normas do
suas teorias e a consciência da transitoriedade de seus pos- Direito Penal, bem como estuda e desenvolve métodos de
tulados. Ainda que interdisciplinar é também ciência autô- prevenção e ressocialização do criminoso.
noma, não se confundindo com nenhuma das áreas que - Direito Penitenciário: os dados criminológicos são im-
contribuem para a sua formação e sem deixar considerar o portantes no Direito Penitenciário para permitir o correto
jogo dialético da realidade social como um todo. e eficaz tratamento e ressocialização do apenado. A crimi-
Objeto da criminologia é o crime, o criminoso (que é o nologia ajuda a tornar a pena mais humana, buscando o
sujeito que se envolve numa situação criminógena de onde objetivo de punir sem castigar.
deriva o crime), os mecanismos de controle social (formais - Psicologia Criminal: é ciência que demonstra
e informais) que atuam sobre o crime; e, a vítima (que às a dimensão individual do ato criminoso; estuda a
vezes pode ter inclusive certa culpa no evento). personalidade do criminoso, orientando a Criminologia.
A relevância da criminologia reside no fato de que não - Psiquiatria Criminal: é ramo do saber que identifica
existe sociedade sem crime. Ela contribui para o crescimen- as diversas patologias que afetam o criminoso e envolve o
to do conhecimento científico com uma abordagem ade- estudo da sanidade mental.
quada do fenômeno criminal. O fato de ser ciência não sig- - Antropologia Criminal: abrange o fenômeno crimino-
nifica que ela esteja alheia a sua função na sociedade. Mui- lógico em sua dimensão holística, ou seja, biopsicosocial.
to pelo contrário, ela filia-se ao princípio de justiça social. É o Estudo do homem na sua história, em sua totalidade
Os estudos em criminologia têm como finalidade, en- (homem como fator presente no todo);
tre outros aspectos, determinar a etiologia do crime, fazer - Sociologia Criminal: demonstra que a personalida-
uma análise da personalidade e conduta do criminoso para de criminosa é resultante de influências psicológicas e do
que se possa puni-lo de forma justa (que é uma preocupa- meio social;
ção da criminologia e não do Direito Penal), identificar as - Ciências Biológicas: fornecem os elementos naturais
causas determinantes do fenômeno criminógeno, auxiliar e orgânicos que influenciam ou determinam a conduta do
na prevenção da criminalidade; e permitir a ressocialização criminoso;
do delinquente. - Vitimologia: estuda a vítima e sua relação com o cri-
Os estudos em criminologia se dividem em dois ramos me e o criminoso (estuda a proteção e tratamento da ví-
que não são independentes, mas sim interdependentes. Te- tima, bem como sua possível influência para a ocorrência
mos de um lado a Criminologia Clínica (bioantropológica), do crime);
esta utiliza-se do método individual, (particular, análise de - Criminalística: é o ramo do conhecimento que cuida
casos, biológico, experimental), que envolve a indução. De da dinâmica de um crime. Estuda os fatores técnicos de
outro lado vemos a Criminologia Penal (sociológica), esta como o crime aconteceu. Há um setor especializado da po-
utiliza-se do método estatístico (de grupo, estatístico, so- lícia destinado a essa área.
ciológico, histórico) que enfatiza o procedimento de de- - Ciências Econômicas: estuda o crime a partir do ins-
dução. trumental analítico racionalista. O crime é visto como um
mercado e sua oferta é determinada por fatores como o
Criminologia e ciências afins ganho esperado da atividade criminosa, probabilidade de
sucesso e intensidade da punição em caso de falha.
A interdisciplinaridade é uma perspectiva de aborda-
gem científica envolvendo diversos continentes do saber. No entanto, não só do pensamento sociológico se sus-
Ela é uma visão importante para qualquer ciência social. Em tenta a Criminologia, que, pelo contrário, possui aparência
seus estudos, a criminologia se engaja em diálogo tanto eminentemente multidisciplinar, sempre se enriquecendo
com disciplinas das Ciências Sociais ou humanas quanto com diferentes ciências posicionadas à sua volta e áreas do
das Ciências Físicas ou naturais. conhecimento afins ou afluentes.

8
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

A maioria vai listada adiante: primus inter pares, o Di-


reito Penal, ramo da Dogmática Jurídica que definem quais 3.2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA, TEORIAS E
condutas tipificam crimes ou contravenções, estabelecen- ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS.
do as respectivas penas; a Medicina Legal (aí compreendida
a Psiquiatria Forense), aplicação específica das ciências mé-
dicas, paramédicas e biológicas ao Direito; Psicologia Cri-
minal, cuja matriz é a Psicologia (comum), ciência ocupada Crimologia: é a ciência empírica e interdisciplinar que
com a mente humana, seus estados e processos: a Antro- se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da
pologia Criminal (Ferri, Lombroso e Garofalo), que assume vítima e do controle social, do comportamento delitivo, o
para si a responsabilidade de pesquisar e desenhar supos- que trata de ministrar uma informação válida, contratada,
tos perfis dos infratores penais, a partir de disposições ana- sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do crime,
tômicas e estigmas somáticos particulares, hoje um pouco contemplando este como problema individual e como pro-
desprovida do crédito que foi desfrutado antigamente; a blema social, assim como sobre os programas de preven-
Sociologia Criminal (subdivisão da Sociologia, filiada à So- ção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no
ciologia Jurídica), fundada por Enrico Ferri, que visualiza o homem delinquente e nos diversos modelos ou sistemas
ilícito penal como fenômeno gerado no desenvolvimento de resposta ao delito.
do convívio, em escala ampla, dos homens, analisando a A cada dia que passa, a humanidade descobre novas
importância direta ou indireta do ambiente social na for- necessidades e alcança novos objetivos. Estas transforma-
mação da personalidade de cada um; a Psicosociologia ções ocorrem em todas as áreas do conhecimento huma-
Criminal, subordinada a Psicosociologia, suma psicológica no, e entre elas, na ciência jurídica.
dos fatos sociais; a Política Criminal, que rastreia e monito- O Direito é dinâmico. Acompanha a evolução da socie-
ra os meios educativos ou intimidativos de que dispõe ou dade, adaptando-se aos seus clamores. Dentro dos ramos
deve dispor o Estado, inclusive no terreno da elaboração do Direito, encontramos no Direito Penal o exemplo fiel e
legislativa, para o melhor desempenho, em seu papel de, legítimo de adaptação social. De forma brilhante o Prof.
prevenir e reprimir a criminalidade, procurando ela, parale- Magalhães Noronha presenteou o Direito Penal brasileiro
lamente, fornecer fórmulas para se achar a proporção ideal com uma frase memorável que merece ser relembrada: “A
entre a gravidade da conduta de um determinado crimino- história do direito penal é a história da humanidade. Ele sur-
so ou contraventor penal e o quantum da sanção a aplicar- ge com o homem e o acompanha através dos tempos, isso
-lhe, face a face com a situação concreta, a Lógica Jurídica, porque o crime, qual sombra sinistra, nunca dele se afastou.”
no seu segmento que se dirige para a fenomenologia e Realmente, ele atravessa os séculos tal qual um ca-
a problemática do crime, lastreada na Lógica formal, pura maleão, alterando suas cores (seus comportamentos), não
para se aproveitar de seus semelhantes, como ocorre no
(ciência da razão, em si mesma).
“stelius nato”; mas, para estudar seus anseios, suas revoltas,
Igualmente, conta a Criminologia com complemento
seus atos violentos, a criminalidade. Bem como, encontrar
de ciências auxiliares: a Genética, ciência da hereditarie-
formas de prevenir e combater a criminalidade através da
dade; a Demografia, levantamento numérico populacional
aplicação justa de uma penalidade.
(taxas de natalidade e de mortalidade, distribuição de fai-
Crime, além de um fenômeno social, é na realidade, um
xas etárias, expectativa de vida, migrações etc.); a Etologia,
episódio na vida de um indivíduo. Não podendo portanto,
investigação de natureza científica do comportamento hu-
ser dele destacado e isolado, nem mesmo ser estudado em
mano, de acordo com as leis gerais da Psicologia, levan- laboratório ou reproduzido. Não se apresenta no mundo
do em conta às múltiplas influências e acomodações que do dia a dia como apenas um conceito, único, imutável,
as circunstâncias ambientais exercem, de ordinário, sobre estático no tempo e no espaço. Ou seja: “cada crime tem a
o comportamento da pessoa ou da sociedade; a Penalo- sua história, a sua individualidade; não há dois que possam
gia (ou Penologia) que Francis Lieber, o criador da palavra ser reputados perfeitamente iguais.” Evidentemente, cada
(1834), conceituou como ‘‘o ramo das ciências criminais que conduta criminosa faz nascer para as vítimas, resultados
cuida do castigo do delinquente’’, a Vitimologia, estudo do que jamais serão esquecidos, pois delimitou-se no espaço
comportamento da vítima, com avaliação das causas e dos a marca de uma agressão, seja ela de que tipo for (moral;
efeitos da ação delitiva, esquadrinhada sob o prisma e a in- patrimonial; física; etc...).
teração da dupla penal criminoso/vítima, a Estatística, con- O próprio conceito de “crime” evoluiu no passar dos
junto de métodos matemáticos, centrada em dados reais, séculos, “a elaboração do conceito de crime compete à dou-
de que se serve para construir modelos de probabilidade trina”. Pois, o próprio Código Penal vigente, com suas alte-
relativos a indivíduos, grupos ou coisas (por exemplo, defa- rações oriundas da Lei nº7.209/84 que reformulou toda a
sagem quantitativa ou qualitativa na oferta de empregos), Parte Geral do Código de 1940, não define o que é “crime”,
quando, numa fonte especializada (Estatística Criminal) re- embora algumas de nossas legislações penais antigas o fa-
trate fatores ou indutores de criminalidade. “Toda ciência, ziam. O Código Criminal do Império de 1830 determinava
proclamou Aristóteles, tem por objeto o necessário” em seu artigo 2º, parágrafo 1º: Julgar-se-á crime ou delito
toda ação ou omissão contrária às leis penais. E, o Código
Penal Republicano de 1890 assim se manifestava em seu
artigo 7º: Crime é a violação imputável e culposa da lei pe-
nal.

9
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

O “crime” passou a ser definido diferentemente pelas divisível, como bem adverte o Prof. Luiz Alberto Machado:
dezenas de escolas penais. E, dentro destas definições, ha- “Não significa que os elementos encontrados na sua defini-
viam ainda sub-divisões, levando-se em conta o foco de ção analítica ocorram sequencialmente, de forma cronologi-
observação do jurista. Surgem então, os conceitos formal, camente ordenada; em verdade acontecem todos no mesmo
material e analítico do crime como expressões mais sig- momento histórico, no mesmo instante, tal como o instan-
nificativas, dentre outras de menor expressão. O conceito te da junção de duas partículas de hidrogênio com uma de
formal corresponde a definição nominal, ou seja, relação oxigênio produz a molécula da água”. Assim sendo, o fato
de um termo a aquilo que o designa. O conceito material dos elementos constitutivos do crime, serem analisados in-
corresponde a definição real, que procura estabelecer o dividualmente, não descaracterizam o ato criminoso que
conteúdo do fato punível. O conceito analítico indica as ca- criou, alterou ou produziu efeitos no mundo jurídico (fato-
racterísticas ou elementos constitutivos do crime, portanto, -crime), mas, unicamente facilitam a tarefa de averiguar a
de grande importância técnica. conduta humana criminosa, para uma justa aplicação da
reprimenda.
Um homem, em determinado dia, encontrou um ra-
paz baleado e sem vida, com ferimento em região letal, Vejamos então, os seus elementos:
esticado no meio da rua. Um leigo certamente afirmaria - Ação ou omissão: Significa que o crime sempre é
tratar-se de um homicídio. Para os juristas, entretanto, praticado através de uma conduta positiva (ação), comis-
essa conclusão seria, naquele momento, impossível. É ló- siva. Ou, através de uma conduta negativa (omissão). É o
gico que existiria uma ideia, um indício da existência de não fazer. A inércia. Tanto é criminoso o fato do marginal
um homicídio, mas pode-se ponderar que a morte violenta esfaquear uma pessoa até matá-la (ação), como o fato de
dada àquele homem, poderia, por exemplo, estar justifica- uma mãe, por preguiça ou comodidade, não retirar de cima
da, e, evidentemente, não haveria crime (legítima defesa da mesa de sua casa (omissão) o veneno para matar bara-
ou outra excludente de ilicitude). Para que exista crime, há tas, que foi posteriormente ingerido pelo seu filho de três
necessidade de se percorrer um caminho, passando por to- anos, provocando-lhe a morte, enquanto aquela, assistia
das as características que o delito deve apresentar, para, só sua novela preferida.
depois, chegarmos a uma conclusão: realmente trata-se de Dentro destas condutas positivas (ação) e negativas
um homicídio.
(omissão) pertencentes a estrutura do crime, não vamos
A conceituação jurídica do crime é ponto culminante e,
olvidar os crimes comissivos por omissão, ou seja, aque-
ao mesmo tempo, um dos mais controversos e desconcer-
les que são praticados através de uma conduta negativa
tantes da moderna doutrina penal, este já era o pensamen-
(omissão), mas que produz um resultado positivo (um fato
to do mestre Nelson Hungria, afirmando ainda que “o cri-
visado e desejado pelo agente). É o clássico exemplo da
me é, antes de tudo, um fato, entendendo-se por tal não só a
mãe, que desejando matar seu próprio filho de tenra ida-
expressão da vontade mediante ação (voluntário movimento
de, deixa de amamentá-lo, com a finalidade de matá-lo de
corpóreo) ou omissão (voluntária abstenção de movimento
fome.
corpóreo), como também o resultado (effectussceleris), isto é,
a consequente lesão ou periclitação de um bem ou interesse - Típica: Significa que a ação ou omissão praticada
jurídico penalmente tutelado.” pelo sujeito, deve ser tipificada. Isto é, descrita em lei como
Inicialmente, na doutrina penal brasileira, adotou-se delito. A conduta praticada deve se ajustar a descrição do
um conceito formal do delito, no qual o crime seria toda a crime criado pelo legislador e previsto em lei. Pois, pode a
conduta humana que infringisse a lei penal. Neste conceito, conduta não ser crime, e, não sendo crime, denomina-se:
verificava-se o fato do indivíduo transgredir a lei penal ape- conduta atípica (não punida, tendo em vista que não existe
nas, sem que qualquer outro fator fosse analisado. um dispositivo penal que a incrimine).
Posteriormente, adotou-se uma definição material de Mas, cumpre lembrar, que uma conduta atípica como
crime, cujo nascimento foi atribuído a Ihering. Passou-se crime, pode ser tipificada como contravenção penal. Não
a definir o crime como sendo o fato oriundo de uma con- se pode confundir de modo algum, crime com contraven-
duta humana que lesa ou põe em perigo um bem jurídico ção penal. Esta, é um “crime anão”, é menos grave que o
protegido pela lei. delito (ou crime) e possui legislação própria (Decreto-lei n.º
Por derradeiro, chegamos ao conceito dogmático ou 3.688/41), com tipificação e características próprias.
jurídico de crime, apelidado por muitos de “analítico”. Sua - Antijurídica: Significa que a conduta positiva ou ne-
origem remonta ao ano de 1906, oriunda da doutrina ale- gativa, além de típica, deve ser antijurídica, contrária ao di-
mã de Beling, através de sua obra: “Die LehrevomVerbre- reito. É a oposição ou contrariedade entre o fato e o direito.
chen” (“A Teoria do Crime”), que culminou em 1930 com Será antijurídica a conduta que não encontrar uma causa
sua segunda obra “Die LehrevomTatbestand” (“A Teoria do que venha a justificá-la. “A conduta descrita em norma pe-
Tipo”). nal incriminadora será ilícita ou antijurídica quando não for
O crime portanto, passou a ser definido como: - Crime expressamente declarada lícita. Assim, o conceito de ilicitu-
é toda a ação ou omissão, típica, antijurídica e culpável. de de um fato típico é encontrado por exclusão: é antijurí-
Este conceito, decompõe a figura do crime em elemen- dico quando não declarado lícito por causas de exclusão da
tos constitutivos que seriam individualmente analisados. antijuridicidade (CP, art. 23, ou normas permissivas encon-
Entretanto, resta afirmar, que o crime é um ato uno e in- tradas em sua parte especial ou em leis especiais).”

10
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Desta forma, uma pessoa pode ser morta, e se consta- Em vista disto, é oportuno lembrar de que existem ex-
tar, a título de exempllificação, que: cludentes de culpabilidade previstas pelo Código Penal que
1- Ela foi morta injustificadamente. Portanto foi vítima determinam que o agente não deve ser punido, mesmo
de um homicídio (art. 121 CP). sendo a sua conduta (ativa ou positiva), típica e antijurídica.
2- Ela foi morta justificadamente, porque estava de Neste caso, o legislador empregou expressões como:
posse de uma pistola carregada e prestes a matar seu de- “é isento de pena” (artigos 26, caput; e 28, parágrafo 1º do
safeto, quando foi morto por este, que agiu em legítima CP); ou de forma indireta: “só é punível o autor da coação
defesa (art. 23, II do CP), uma excludente de ilicitude (anti- ou da ordem”, dando a entender que o autor do fato não
juridicidade). é punível (art. 22 do CP). Entre estas excludentes de culpa-
3- Ela foi morta justificadamente, porque mesmo não bilidade, encontramos como destaque, a menoridade (art.
27 CP).
estando armado, ele havia ameaçado de morte seu desa-
Estes seriam então, os elementos integrantes do con-
feto, que, por erro plenamente justificado pelas circunstân-
ceito jurídico, dogmático ou analítico de crime, defendidos
cias, supôs que na realidade estivesse armado, vindo a ma- pela doutrina prevalente.
tá-lo. Tendo, desta forma, agido em legítima defesa putati- Entretanto, existem autores que não aceitam esta de-
va (uma excludente de culpabilidade, art.20, parágrafo 1º). finição. Enquanto alguns pretendem retirar um dos seus
Ora, o crime não pode ser um ato lícito! Quando a elementos, outros, desejam acrescentar novos elementos.
agressão física contra uma pessoa é praticada, poderemos Sobre este assunto, o Prof. Luiz Alberto Machado esclarece
ter a morte ou a ofensa à integridade física deste indivíduo, que “o conceito analítico do crime vem sofrendo profundo
ocorrendo então um crime de homicídio (art.121 CP); ou reexame do mundo jurídico-criminal. A mais ou menos pa-
um crime de lesão corporal (art.129 CP). Mas, se a agressão cífica e tradicional composição tripartida (tipicidade, antiju-
foi praticada, estando o agente acobertado por uma das ridicidade, culpabilidade) tem trazido inquietações, seja pela
excludentes de ilicitude previstas pelo artigo 23 do Códi- estrutura interna desses elementos, com a transposição de
go Penal (estado de necessidade; legítima defesa; estrito fatores de um para outro, seja pela atual tentativa de retorno
cumprimento do dever legal ou exercício regular de direito) a uma concepção bipartida.”
deixa de existir crime. O referido dispositivo legal, é bem O maior expoente da teoria finalista da ação em nosso
claro: “Não há crime quando o agente pratica o fato: I) em meio, Prof. Damásio Evangelista de Jesus, sustenta que a
estado de necessidade; ...”; assim sendo, houve uma agres- culpabilidade não é elemento ou requisito do crime. Ela so-
são que resultou em morte ou lesão corporal em uma pes- mente funciona como pressuposto da pena; e que o juízo
de reprovabilidade não incidiria sobre o fato, mas sim sobre
soa, porém, não houve crime.
o sujeito. Não se tratando de fato culpável, mas de sujeito
Além do mais, o crime não pode ser considerado como
culpável. Culpabilidade seria um juízo de reprovação que
um “fato jurídico”, o crime nada mais é do que um ato (cri- recairia sobre o sujeito que praticou o delito, desta forma,
minoso) que provoca um fato jurídico que vem a alterar; a culpabilidade seria uma condição de imposição de pena.
criar ou extinguir direitos. O fato, ou situação existente Alguns autores, influenciados pela doutrina italiana de
após a prática do crime, é a consequência do ato crimi- Bataglini, defendem a inclusão da punibilidade no conceito
noso. (Ex: o ato de agredir violentamente alguém, resulta do crime.
no fato dela possuir hematomas, que caracterizam o crime A pena a ser aplicada ao autor do crime, uma vez con-
de lesão corporal. Assim, o crime é a ação, que resultou denado, é uma consequência do crime, e não parte inte-
naquele hematoma produzido (um fato). grante do crime.
- Culpável: a culpabilidade é o elemento subjetivo do Nas palavras do Prof. Magalhães Noronha, “a pena não
autor do crime. É aquilo que se passa na mente daquela integra o delito, por ser este seu pressuposto. Tê-la como
pessoa que praticou um delito. constitutiva do crime é considerar como elemento da causa
Ela poderia ter desejado um resultado criminoso qual- o efeito.”.... “A pena vem a ser, então, um efeito do delito. É
quer (agiu com dolo direto); ele poderia ter assumido o sua consequência ou resultado.” E, realmente, este é o en-
risco de produzir um resultado criminoso (agiu com dolo tendimento da doutrina dominante.
indireto eventual); ou, não desejava aquele resultado crimi- Face a todas as considerações acima, podemos concluir
que o conceito de crime ainda está em evolução. O atual
noso, mas deu causa à ele por imprudência, negligência ou
conceito adotado pela doutrina prevalente não perdurará
imperícia (agiu com culpa).
por muito tempo. Logo, o crime como “ação ou omissão,
A culpabilidade portanto, é a culpa em sentido amplo, típica, antijurídica e culpável”, passará por algumas modifi-
que abrange o dolo (artigo 18, inciso I; CP); e a culpa em cações e “reformas”, aliás, como tudo em nossas vidas.
sentido estrito (artigo 18, inciso II; CP).
Por outro lado, ela resulta ainda, da união de três ele- Separaremos os conceitos para melhor aprendizado:
mentos: imputabilidade, consciência efetiva da antijuridici-
dade e exigibilidade de conduta conforme ao Direito. Ou Conceito Formal de Crime
seja: deve o autor do delito ser imputável; ter conhecimen-
to ou possibilidade de conhecimento da antijuridicidade de Afirma Damásio de Jesus que este conceito deriva da
sua conduta; e ter condições de, no momento da prática análise do crime sobre o “aspecto da técnica jurídica, do
daquele ato criminoso, ter agido de modo diverso do qual ponto de vista da lei”. Neste sentido, abundam definições:
agiu. “Crime é o fato humano contrário à lei” (Carmignani). “Cri-

11
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

me é qualquer ação legalmente punível” (Maggiore). “Cri- A raiz da valorização destes tipos de conceitos pura-
me é toda ação ou omissão proibida pela lei sob ameaça da mente materiais do direito pode ser encontrada através
pena” (Fragoso). “Crime é uma conduta (ação ou omissão do desenvolvimento de correntes que negavam o direi-
contrária ao Direito, a que a lei atribui uma pena” (Pimen- to como uma expressão autônoma, ora o caracterizando
tel). “Todo ato ou fato que a lei proíbe sob ameaça de uma como apenas um fato social (sociologismo jurídico), ora
pena” (Bruno). “o fato ao qual a ordem jurídica associa a como expressão de relações puramente econômicas de re-
pena como legítima consequência” (Liszt). “ação punível: pressão (materialismo jurídico), o que castravam do mundo
conjunto dos pressupostos da pena” (Mezger). “l´azionevie jurídico a sua capacidade de auto-alimentação científica.
tatadaldirittoconlaminaciadella pena” (Petrocelli). Na corrente materialista econômica mais radical (mar-
Como se percebe, estes significados conceituam o cri- xismo vulgar), para compreender o fenômeno jurídico, se
me através da descrição obtida através de um imperati- utiliza uma compreensão sociológica baseada em fatos
vo legal vigente. Segundo L.A. Machado, esta formulação economicamente valorados, na qual as condições mate-
é “claramente tautológica, a nada conduz. Pode ser, sem riais de produção e existência econômica (a infra-estrutura)
ofensa à verdade, reduzida a uma igualdade matemática: exerceriam um determinismo sobre a superestrutura, isto
o crime é o crime.” De fato, sobre o prisma da moderni- é, sobre o plano cultural e psicológico, na qual se insere o
dade, o conceito formal de crime não só é insuficiente e estado, o direito, a política, a consciência individual e cole-
tiva, etc. Esta corrente era tão exacerbada que não admitia
vazio, como claramente dogmático. No entanto, não basta
que a superestrutura influenciasse a infra-estrutura, e, des-
criticá-lo, é necessário demonstrar a sua importância, visto
ta forma, o direito adquiria a forma de um “instrumento de
que, em termos, o conceito analítico vem a resgatar um
dominação do homem pelo homem”, refletindo condições
pouco desta dogmática. concretas de existência puramente econômica.
A conceituação formal como uma definição auto-sufi- Evidentemente, esta teoria não era capaz de formular
ciente poderia ser fundamentada através do pensamento um importante conceito suficiente de crime, já que, se o
normativista, principalmente através de Kelsen e o seu pre- direito era um instrumento de dominação, não explicava
tenso purismo metodológico. A tentativa normativista de como o crime poderia ser um mal social que poderia afetar
unificar o direito em um bloco monolítico foi um sucesso, toda a sociedade, e não apenas a sua classe dominante.
no entanto, o mesmo não pode ser dito sobre o esforço Outro erro era o fato de asseverar que as correntes sociais
de firmar o direito como uma ciência absolutamente au- se constituíam principalmente por interesses econômicos.
tônoma, em atitude típica do modernismo, cujas reflexões A expressão mais correta é que as realizações subjetivas
tanto ciências quanto nas artes procuravam objetos puros podem ser traduzidas e expressas através dos seus equiva-
auto-referidos, visto que a existência da insuperável inter- lentes econômicos, muitas vezes de forma árdua e impreci-
disciplinaridade. sa, no entanto, apenas para aferição das consequências de-
Muito embora a função de garantia dos direitos do ci- rivadas de interesses socialmente difundidos e transplantá-
dadão (segurança jurídica) já estivesse a muito sedimen- -los para o da economia desta sociedade, sem resumir ou
tada através do princípio da legalidade, e, aliás, com uma menosprezar as análises sociais que visualizam as relações
doutrina que remonta a vários séculos atrás, foi o norma- sociais sobre outras perspectivas.
tivismo que contribuiu com o seu radicalismo para expur- Outro problema do materialismo radical é que não ex-
gar da aplicação do direito os valores que externos a este, plica porque a culpabilidade ( juízo de reprovação social)
apesar da segurança jurídica poder ser abalroada de outras não é menor em casos de crimes contra vida que naqueles
maneiras, como leis retroativas, cuja teoria pura do Direito furtos e roubos que envolvem valores monetários de enor-
não refuta, mas até explica. me valia, que, na teoria, afetam as classes dominantes no
A aparente suficiência de conceitos formais era prove- seu instrumento básico de poder. No entanto, serve de ex-
niente da necessidade de certeza, assim como a eliminação plicação para o fato do latrocínio possuir uma pena maior
da insegurança que atingia os juristas, por isto, nada mais que o homicídio e o estupro seguido de morte.
Existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha
certo e ausente de dúvidas interpretativas que afirmar “cri-
o nosso vão materialismo radical, e é nesse sentido que o
me é crime”. Todavia, está clara a tautologia, assim como a
sociologismo jurídico é capaz de superá-lo, quando atri-
impossibilidade de se utilizar deste conceito para desenhar
buiu maior relevância a caracterização material do crime
os critérios de orientação da materialidade legislativa. fundada em elementos sociais mais complexos. Em contra-
posição, a sua maior desvantagem é atribuir a sociologia o
Conceito Puramente Material do Crime papel de ciência enciclopédica do ramo cultural, tornando
a sociologia como a única ciência social (cultural/humana).
Como afirma o L.A. Machado, “o conceito material bus- Os juristas que aderiram a esta corrente, para poderem
ca a essência … do delito, a fixação de limites legislativos afirmar que o direito constituía ciência, deveriam fazê-lo
à incriminação de condutas”. Desta forma, o crime é um como uma subdivisão da sociologia. Desta forma, nada
“desvalor da vida social”, e, segundo Garofalo, “a violação mais correto que caracterizar o direito como um fato social,
dos sentimentos altruísticos fundamentais de piedade e como outro qualquer, cuja análise também deveria ser so-
probidade, na medida média em que se encontram na hu- ciológica. Daí o surgimento do conceito puramente mate-
manidade civilizada, por meio de ações nocivas à coletivi- rial do crime como algo auto-suficiente, o que precedeu os
dade”. dogmáticos normativistas neste tipo de orgulho insensato.

12
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

É desta doutrina que se origina a afirmativa que Portanto, “crime é, assim, numa definição material, a
o direito é um mero reflexo da sociedade, criado pela ação ou omissão que, a juízo do legislador, contrasta vio-
simples observação dos fatos sociais e suas relações, lentamente com valores ou interesses do corpo social, de
negando qualquer abstração independente orientada modo a exigir seja proibida sob ameaça de pena”, seria
exclusivamente no plano teórico, já que todas as iniciativas a “infração da lei do Estado, promulgada para proteger a
criativas do direito deveriam surgir de outros fatos sociais. segurança dos cidadãos, resultante de um ato externo do
Destarte, o crime seria uma ofensa ao corpo social, uma homem, positivo ou negativo, moralmente imputável e po-
atitude patológica, que abalava a harmonia e a saúde deste liticamente danoso”.
organismo, tornando necessária o tratamento (eliminação) Podemos destacar deste discurso dois elementos, a lei
da doença. penal e o “bem jurídico material” que visa proteger, saben-
Seus defeitos são definidos por Machado: “É evidente do que bem jurídico material não só engloba objetos ma-
que, pela sua amplitude conceitual, a definição material de teriais, como abstratos, como os religiosos, morais e psico-
crime tem sabor pré-legislativo, de orientação e parâmetro lógicos. Destarte, o problema do conceito material puro é
à liberdade legislativa de criação de delitos... Não presta à solucionado, no entanto, apesar de representar um avanço
formulação dogmática pela sua volatilidade e inseguran- em relação ao parâmetro anterior, é apenas com o con-
ça conceituais”. No entanto, mesmo como definidor pré- ceito analítico que podemos extrair de forma mais exata
-legislativo, o conceito material puro é incompetente, pois e melhor o conceito de crime. Mesmo assim, é de grande
resume os crimes aos de dano, perigo e dano presumido valia o presente conceito para a definição de critérios para
(sem comprovação prática), quando, como em caso de al- incriminação de condutas.
guns crimes de mera desobediência, o sistema penal pode
classificar algo como crime apenas por causa da mobiliza- Conceito Analítico de Crime
ção social que se comove a favor de tal medida, sem que
este represente um problema efetivo. A classificação analítica tem várias vantagens, como de-
Várias condutas são assim proibidas não porque repre- monstra a analogia de Machado: “Ainda que, formalmente,
sentam ou podem potencialmente representar algum dano, a água seja água e, materialmente, seja um líquido insípido,
mas por razões de vontade, pura e simples. Na sociedade inodoro e incolor que serve para, entre outras coisas, saciar
atual, o surgimento destes crimes ocorre pela proliferação a sede, analiticamente a sua composição é H2O”.
de toda sorte de fobias, terrores, horrores e medos, são ge- Preliminarmente, disciplina Fragoso que a expressão
rados pelo constante fluxo de informações realizadas por “elemento” é inadequada, pois dá a ideia de partes simples
veículos de informação, cujo interesse primário é de atrair de um composto. Seria mais adequado falar em “caracterís-
o público com notícias chocantes. ticas” ou em “requisitos”, embora este mesmo autor admita
Não obstante, quase todos os autores conceituados, que esta questão não afete a “essência das coisas”.
ao definirem o conceito material de crime, sempre trazem Existem duas formas de classificação analítica do crime.
ao bojo uma análise material através dos olhos da moder- Embora a primeira classificação (bipartida) não seja mais
nidade, não tratando do conceito material puro justamente aceita pela doutrina, reservaremos a esta algum espaço, as-
por causa da sua instabilidade, instabilidade esta que surge sim como para a corrente dominante, que é a conceituação
do fato que alguns fatos só são danosos se situados em tripartida.
uma determinada conjuntura, e estas conjunturas modi- A concepção bipartida define o crime através de dois
ficam rapidamente, assim como o dano potencial destas critérios: o subjetivo e o objetivo, quer dizer a força moral
condutas, que pode mesmo não mais existir; enquanto, por e a força física, “na força moral teríamos a culpabilidade
outro lado, o direito penal é dogmático, e a descriminali- (vontade inteligente) e o dano moral do delito, constituído
zação de uma conduta não depende de uma modificação pela intimidação (dano imediato) e pelo mau exemplo que
social, pura e simples, mas um esforço despendido através o delito apresenta; na força física teríamos a ação com que
do processo legislativo. o agente executa o desígnio malvado e o dano material do
Então, atualmente, o conceito de crime não pode ser delito”.
desvinculado da legislação penal, e uma análise científica Porém, é pacífica a caracterização analítica do crime da
da lei deve ser necessariamente destacada como indepen- forma tripartida, como uma ação ou omissão típica, anti-
dente do corpo social que lhe deu razão, mesmo que ape- jurídica e culpável. No entanto, disciplina Magalhães No-
nas a título de interpretação. ronha que, “com segurança escreve Hungria que um fato
pode ser típico, antijurídico, culpado e ameaçado com pena
Conceito Moderno Material de Crime (“inthesi”), isto é, criminoso, e, no entanto, anormalmente
deixar de acarretar a efetiva imposição de pena, como nas
Este conceito que foi inaugurado por Rudolf Von Ihe- causas pessoais de exclusão da pena (eximentes, escusas
ring, e baseado neste, autores defendem que crime seria “o absolutórias), tal qual se dá no furto familiar (art. 181, I e
ato que ofende ou ameaça um bem jurídico tutelado pela II) e no favorecimento pessoal (art. 348, §2º), nas causas de
lei penal”, o que, ao contrário do conceito anterior, vincu- extinção da punibilidade nas extintivas condicionais (livra-
la a avaliação do que seja socialmente valioso a noção de mento condicional e “sursis”), em que não há aplicação de
bem jurídico (valor juridicamente protegido). pena, mas o crime permanece”.

13
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Enquanto a ação é atividade, a omissão seria a falta ficação ou extinção de uma relação jurídica. Fatos jurídicos
de ação, falta que é uma transgressão a uma expectativa dividem-se em fatos naturais (ou fatos jurídicos em sentido
jurídica sobre um ato considerado imperativo e necessário. estrito) e fatos voluntários (ou atos jurídicos). Aqueles são
A conduta típica seria a correspondência entre o fato con- fatos da natureza, como o nascimento ou a morte. Estes
creto e o modelo abstrato (previsão legislativa), a ilicitude são condutas voluntárias, que influem sobre relações jurídi-
(antijuridicidade) é a característica deste ato, que é juridica- cas. Os fatos voluntários (ou atos jurídicos) subdividem-se
mente proibida, (sempre que a conduta é típica e não estão em duas grandes categorias, a dos atos lícitos e a dos atos
presentes os excludentes de ilicitude, quer dizer, a legítima ilícitos. Os atos lícitos são atos praticados de acordo com
defesa, o estado de necessidade e o estrito cumprimento o direito e podem ser declarações de vontade dirigidas a
de dever legal e o exercício regular de direito, conforme art. produzir efeitos jurídicos (negócios jurídicos) ou ações, po-
19 do Código Penal). sitivas ou negativas, que produzem efeitos jurídicos, sem
Já a culpabilidade seria o juízo de reprovação social so- serem dirigidas a produzi-los”.
bre a ação ou omissão, pois, quando era esperado que o Assim, a Ciência Penal se torna principalmente o estu-
sujeito tomasse uma determinada atitude, toma outra proi- do jurídico dos atos ilícitos, que são fatos em sentido am-
bida em seu lugar. Todavia, a conduta, apesar de ser vedada plo. A definição do crime é tão importante que tem serven-
pelo ordenamento, não é reprovável quando o sujeito não tia para o desenvolvimento de inúmeros outros conceitos,
é imputável, quando não tem potencial consciência da ili- como por exemplo, a determinação do objeto do crime
citude ou quando dele não se poderia exigir do indivíduo ( jurídico formal, jurídico substancial e material), a diferença
conduta diversa. entre os ilícitos civis e os ilícitos penais e etc.
Parte bastante recessiva da doutrina diverge do aqui
estabelecido, fixando que o conceito de crime é consti- Observação:Quando se aborda o fenômeno crime, uma
tuído apenas de uma conduta ilegal e culpável, já que a das questões mais frequentemente colocadas é a das suas
conduta ilegal é necessariamente típica. Outros acreditam razões ou causas, sendo comum ouvir como resposta que
que a culpabilidade é pressuposto da pena, e não do cri- é porque os sujeitos são fracos, são maus ou são anormais.
me. Como podemos perceber, nos baseamos na doutrina No entanto a resposta parece ter de ser bem mais comple-
dominante para trabalhar esta parte. Baseada nesta carac- xa, implicando estudar o sujeito criminoso, de modo a dar
terização analítica, afirma Fragoso que “é feliz a expressão conta de todos os fatores que influenciam o seu comporta-
que alguns autores empregam, segundo a qual, se concebe mento. Tenta-se seguidamente demonstrar a necessidade
o crime como um prisma, seus componentes devem ser de incluir as abordagens biológicas no estudo do crime.
representados por suas faces e não como suas partes”. A utilização do atual paradigma científico, o paradigma
sistêmico comunicacional informacional, permite ter uma
A conceituação do crime foi delongada porque esta visão complexa do ser humano, pois ao considerá-lo como
definição é a mais importante do Direito Penal. É o conceito um sistema biopsicossocial, realça não só a existência dos
chave deste ramo do direito, que, segundo alguns autores, níveis biológico, psicológico e social, separadamente, mas
deveria ser chamado de “Direito Criminal”, e não “Penal”. também a articulação e comunicação entre eles. Num com-
Embora se tenha valorado cada uma destas definições portamento complexo e problemático como é o crime, a
como completas ou incompletas, todas são importantes. complexidade do sistema biopsicossocial torna-se particu-
Apesar disto, alguns autores se esforçaram para concretizar larmente importante, pois para intervir é necessário conhe-
uma conceituação mais definitiva do crime, algo que o ju- cer os diferentes níveis do sistema humano e a importância
rista Damásio parece ter tentado ao desenvolver o critério de cada um deles no comportamento do sujeito.
“formal, material e sintomático do crime”, que “visa o as- Um dos níveis mais criticado e desvalorizado é o nível
pecto formal e material do delito, incluindo na conceitua- biológico. Defender a existência e a importância das abor-
ção a personalidade do agente. Ranieri, sob esse aspecto, dagens biológicas no estudo do crime implica entrar num
define o delito como “fato humano tipicamente previsto tema polêmico, frequentemente utilizado pelos meios de
por norma jurídica sancionada mediante pena em sentido comunicação social como explicação securizante de casos
estrito (pena criminal), lesivo ou perigoso para bens ou in- pontuais. No entanto, convém não esquecer que esta uti-
teresses considerados merecedores da mais enérgica tute- lização da biologia como justificação do comportamento
la, constituindo expressão reprovável da personalidade do não é recente, pois há bem menos de um século quer a
agente, tal como se revela no momento de sua realização”. biologia, quer o darwinismo social serviram de base para o
Alguns acentuam que o crime não é o fato em si, como colonialismo, o racismo e a procura da raça pura. Contudo,
postula Machado, já que o fato é a consequência do ato/ não considerar este nível, elimina à partida um dos elemen-
omissão criminosa, sendo que esta consequência não é tos do triplo sistema, o sistema biopsicossocial.
sempre necessária para a caracterização da atitude crimi- O crime, definido como um “ato que ofende certos
nosa. No entanto, segundo doutrina dominante, esta sepa- sentimentos coletivos”, apesar da sua natureza aparente-
ração de fato e ato não é procedente, pelo menos não da mente patológica, não deixa de ser considerado como um
forma como foi realizada. Melhor caracterização nos traz fenômeno normal, no entanto, com algumas precauções.
Heleno Fragoso: “O crime é, sem dúvida, fato jurídico. Fato O que é normal é que “exista uma criminalidade, contanto
jurídico é designação genérica de todo acontecimento re- que atinja e não ultrapasse, para cada tipo social, um certo
levante para o direito, provocando o nascimento, a modi- nível”. 

14
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

A sociedade constrói-se, na verdade, em torno de sen- Escolas


timentos mais ou menos fortes, sentimentos cuja dignida-
de parece tanto mais inquestionável quanto mais forem Quando surgiu, a criminologia tratava de explicar a
respeitados. No entanto isso não quer dizer que todos os origem da delinquência (crime), utilizando o método das
membros da coletividade partilhem dos mesmos sentimen- ciências naturais, a etiologia, ou seja, buscava a causa do
tos com a mesma intensidade. De fato, alguns indivíduos delito. Pensou-se que erradicando a causa se eliminaria
tenderão a interiorizar mais esses sentimentos que outros, o efeito, como se fosse suficiente fechar as maternidades
o que explica que possam existir condutas que, pelo seu para o controle da natalidade.
grau de desvio, venham a apresentar-se como criminosas. A criminologia é dividida em Escola Clássica (Beccaria,
Isso explicará naturalmente a natureza do crime como um séc XVIII), Escola Positiva (Lombroso, séc, XIX) e Escola So-
fato de sociologia normal. Essa constatação não impede ciológica (final do séc XIX).
contudo que se considerem algumas condutas como parti- Academicamente a Criminologia começa com a pu-
cularmente anormais, o que será perfeitamente admissível, blicação da obra de Cesare Lombroso chamada “L’Uomo
segundo Durkheim, tendo em consideração alguns fatores Delinquente”, em 1876. Sua tese principal era a do delin-
de ordem biológica e psicológica na constituição da pessoa quente nato.
do delinquente. Já existiram várias tendências causais na criminologia.
Para além disso, o crime deverá ser reconhecido não Baseado em Rousseau, a criminologia deveria procurar a
como um “mal” mas pela sua função utilitária enquanto um causa do delito na sociedade; baseado em Lombroso, para
indicador da sanidade do sistema de valores que constitui erradicar o delito deveríamos encontrar a eventual causa
a consciência coletiva. Nesse sentido, o crime será mesmo no próprio delinquente e não no meio. Enquanto um extre-
um elemento promotor da mudança e da evolução da so- mo que procura todas as causas de toda criminalidade na
ciedade. É a este propósito que Durkheim refere peculiar- sociedade, o outro, organicista, investigava o arquétipo do
mente que, face aos sentimentos atenienses, a condenação criminoso nato (um delinquente com determinados traços
de Sócrates “nada tinha de injusto”. Efetivamente, será esta morfológicos, influência do Darwinismo).
dimensão do crime que explica que a mesma conduta po- Isoladamente, tanto as tendências sociológicas, quanto
derá ser censurada por uma determinada sociedade num as orgânicas fracassaram. Hoje em dia fala-se no elemento
determinado momento da sua evolução cultural como bio-psico-social. Volta a tomar força os estudos de endo-
poderá nada ter de censurável na mesma sociedade num crinologia, que associam a agressividade do delinquente à
outro e diferente momento da sua evolução cultural. Isso
testosterona (hormônio masculino), os estudos de gené-
permitir-nos-á compreender que um ato criminoso trans-
tica ao tentar identificar no genoma humano um possível
põe, de modo negativo, uma construção valorativa, de tal
conjunto de “genes da criminalidade” (fator biológico ou
modo que poderá dizer-se que “não há ato algum que seja,
endógeno), e ainda há os que atribuem a criminalidade
em si mesmo, um crime. Por mais graves que sejam os da-
meramente ao ambiente (fator mesológico), como fruto de
nos que ele possa causar, o seu autor só será considerado
transtornos como a violência familiar, a falta de oportuni-
criminoso se a opinião comum da respectiva sociedade o
dades, etc.
considerar como tal”
Lombroso é considerado o marco da Escola Positivista,
Criminoso: A violência, de alguma forma, sempreeste- em termos filosóficos encontramos Augusto Comte. Esta
ve presente nahistória da humanidade, assumindo carac- escola italiana critica os da Escola Clássica, como Beccaria
terísticas diferentes nos diversos contextos sociais e eco- e Bentham, no que diz respeito à utilização de uma me-
nômicos, sobretudo, emsuavertente urbana nasociedade todologia lógico-dedutiva, metafísica, onde não existia a
capitalista contemporânea. Analisa-se, com base nahistória observação empírica dos fatos. As caracterísicas principais
do direito penal, a centralidade que o conceito de crimino- desta escola mostram-se em três pontos: Empirismo (cien-
so alcançou no decorrer da história da sociedade moderna. tificidade, observação e experimentação dos fatos. Nega-
A partir dos dados observados, busca-se refletir sobre a ção aos pensamentos dedutivos e abstratos); O Criminoso
irrupção da violência individual em detrimento das demais como objeto de estudo (importância do estudo do crimi-
formas de violência, presentes naordemsocietária capi- noso como autor do crime. A delinquência é vista como
talista. Examina-se, no segmento, como os processos de um mero sintoma dos instintos criminogêneos do sujeito.
criminalização e de controle social, empregados pelo apa- Deve-se procurar trabalhar com estes instintos por forma a
rato estatal elegemuminimigocomum a ser combatido: o evitar o crime); Determinismo.
delinquente. Com o aporte teórico da criminologia crítica, Ele aborda o delinquente através de um caráter pluri-
discutem-se as contribuições que essasideiastrazem para o fatorial, para ele o indivíduo é compelido a delinquir por
Serviço Social e como o assistente social pode apropriar-se causas externas, as quais não consegue controlar, assim,
delas emseuprocesso de formação e exercícioprofissional. as penas teriam o objetivo de proteção da sociedade e de
Da mesma forma, o conceito de crime, de criminoso e o de reeducação do delinquente.
vítima são permeados pelo chamado controle social, for- Como em outras ciências, também em criminologia se
mal ou informal, que o constrói com base em estigmas e tem tentado eliminar o conceito de “causa”, substituindo-
ideologias, de forma que quase sempre dista da realidade. -o pela ideia de “fator”. Isso implica no reconhecimento
Tudo isso, sob uma perspectiva ontológica e determinista, de não apenas uma causa mas, sobretudo, de fatores que
se pretende contemplado pela lei penal. possam desencadear o efeito criminoso (fatores biológi-

15
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

cos, psíquicos, sociais...). Uma das funções principais da Assim, trataremos as teorias legitimadoras da pena
criminologia é estabelecer uma relação estreita entre três como um reflexo imediato, ou melhor, uma decomposição
disciplinas consideradas fundamentais: a psicopatologia, o obrigatória do principio constitucional da individualização,
direito penal e a ciência político-criminal. tratando as finalidades da pena abstraindo a concepção
Outra atribuição da criminologia é, por exemplo, ela- dogmática e o discurso oficial, no entanto colacionando
borar uma série de teorias e hipóteses sobre as razões para concepções de base empíricas e teóricas com seu desdo-
o aumento de um determinado delito. Os criminólogos se bramento lógico-reflexivo das diversas correntes filosóficas
encarregam de dar esse tipo de informação a quem ela- a respeito da matéria.
bora a política criminal, os quais, por sua vez, idealizarão Cumpre observar antes de adentrar na teoria justifica-
soluções, proporão leis, etc. Esta última etapa se faz através dora da intervenção estatal, a busca por um conceito de
do direito penal. Posteriormente, outra vez mais o crimi- pena que contemple os valores humanísticos inerentes de
nólogo avaliará o impacto produzido por essa nova lei na sociedades em evolução, fugindo das conceituações me-
criminalidade. díocres e massificas em grande parte da doutrina onde
Interessam ao criminólogo as causas e os motivos definem pena como aquela resposta estatal ao agente
para o fato delituoso. Normalmente ele procura fazer um culpável, autor de um fato típico e antijurídico. Por isso, a
diagnóstico do crime e uma tipologia do criminoso, assim melhor, definição de pena se extrai da lição de René Ariel
como uma classificação do delito cometido. Essas causas e Dotti onde “a pena é uma instituição social que reflete a
motivos abrangem desde avaliação do entorno prévio ao medida do estagio cultural de um povo, e ainda o regime
crime, os antecedentes vivenciais e emocionais do delin- político que está submetido”. Assim a pena passa a ser o
quente, até a motivação pragmática para o crime. termômetro da evolução de um povo, onde a evolução so-
cial é medida pela maneira como é tratado e punido aquele
Pena nas diversas correntes do pensamento crimi- que cometeu um ilícito penal, e o senso crítico das razões,
nológico motivos e fins para os quais são aplicadas as sanções. Mui-
tas foram as justificativas, no transcorrer da historia, para
“Toda pena que não derive da absoluta necessidade, legitimar e fundamentar a repressão estatal frente a delin-
diz o grande Montesquieu, é tirânica, proposição esta que quência, senão vejamos:
pode ser assim generalizada: todo ato de autoridade de
homem para homem que não derive da absoluta necessi-
Teorias Absolutas ou Retributivas
dade é tirânico. Eis, então, sobre o que se funda o direito
do soberano em punir os delitos: sobre a necessidade de
As teorias retributivas são absolutas, porque não se
defender o depósito da salvação pública das usurpações
vinculam a nenhum fim, concebendo a pena com um fun-
particulares. Tanto mais justas são as penas quanto mais
damento em si mesmo, isto é, como castigo, compensação,
sagrada e inviolável é a segurança e maior a liberdade que
reação ou retribuição ao delito, justificado por seu valor
o soberano dá aos súditos. Consultemos o coração huma-
no e nele encontraremos os princípios fundamentais do axiológico intrínseco; portanto, não é meio, mas um dever
verdadeiro direito do soberano de punir os delitos, pois metajurídico.
não se pode esperar nenhuma vantagem durável da po- Na teoria retribucionista, a imposição de pena tem
lítica moral, se ela não se fundamentar nos sentimentos exclusiva tarefa de realizar justiça, devendo a culpabilida-
indeléveis do homem. Toda lei que se afaste deles encon- de do autor ser compensada com a imposição de um mal
trará sempre resistência contrária, que acabará vencendo, proporcional, a pena, como consequência jurídico penal
da mesma forma que uma força, embora mínima, aplicada, do delito,encontrando fundamento no livre arbítrio como
porém, continuamente, vencerá qualquer movimento apli- capacidade do homem de decidir entre o justo e o injusto.
cado com violência a um corpo”. CesareBeccaria (1764) O crime é negado e expiado pelo sofrimento da pena que
A individualização da pena tem como escopo antever compensa a culpa, voltando-se para o passado (quiapecca-
as justificações da pena dentro de um determinado sistema tum), pois seria justo devolver um mal com outro mal.
jurídico-penal, no qual redundará certamente em uma de- Os principais defensores desta teoria foram Kant e He-
cisão judicial que conterá valorações fundantes para uma gel. No entendimento de Kant, afirma que a lei é um im-
efetiva fixação da pena, é o que se extrai das lições de Jes- perativo categórico, tem-se a pena destituída de qualquer
check quando afirma que: “A análise prévia da finalidade da função utilitária, aplicada somente pelo fato de a lei ter sido
pena é seguida pela verificação dos elementos fáticos, isto violada, visando a fazer justiça; pois, se esta é desconheci-
é, a constatação das circunstâncias de fato que podem ter da, os homens não teriam razão de ser sobre a terra. Este
interesse no caso concreto. Ex: valor da coisa furtada, modo autor (Kant) define a justiça retributiva como lei inviolável,
e motivos da subtração, etc. Encerrando-se esse processo um imperativo categórico pelo qual todo aquele que mata
com as considerações de como valorar esses elementos na deve morrer, para que cada um receba o valor de seu fato
individualização, atendendo aos fins da pena, e como se e a culpa de sangue não recai sobre o povo que não pu-
transformarão em magnitudes penais, competindo ao juiz niu os culpados. É o que se verifica do magistério de Salo
uma razoável consequência e suficiente conexão intelec- Carvalho: “O modelo penalógico de Kant é estruturado na
tual entre os elementos fáticos da individualização, o fato premissa básica de que a pena não pode ter jamais a fi-
concreto, suas circunstâncias e as condições pessoais do nalidade de melhorar ou corrigir o homem, ou seja, o fim
autor do delito”. utilitário ilegítimo. Se o direito utilizasse a pena como ins-

16
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

trumento de dissuasão, acabaria por mediatizar o homem, Sobre a impossibilidade de o Estado personificar o
tornando imoral. Logo, a penalidade teria como thelos a ensejo de vingança do povo (maioria), pois a democracia
imposição de um mal decorrente da violação do dever ju- não é simplesmente a vontade da maioria, mas o respeito
rídico, encontrando neste mal (violação do direito) sua de- a garantias mínimas da minoria, ClausRoxin nos ensina: “(...)
vida proporção. Muito embora utilize critérios de medida e considerando-o racionalmente, não se compreende como
proporção da pena, Kant rememorará modelos primitivos se pode pagar um mal cometido, acrescentando-lhe um
de vingança privada. A teoria absoluta da pena sob o viés segundo mal, sofrer a pena. É claro que tal procedimento
Kantiano recupera o principio taliônico, encobrindo-o, no corresponde ao arraigado impulso de vingança humana,
entanto, pelos pressupostos de civilidade e legalidade....” do qual surgiu historicamente a pena; mas considerar que
Hegel define crime como a negação do direito e pena a assunção da retribuição pelo Estado seja algo qualitati-
como negação da negação e, portanto, como reafirmação vamente distinto da vingança humana, e que a retribuição
tome a seu cargo a culpa de sangue do povo, expie o de-
do direito. A pena encontraria justificação na necessidade
linquente etc. Tudo isto é concebível apenas por um ato de
de restabelecer a vigência da vontade geral representada
fé que, segundo nossa constituição, não pode ser imposto
na ordem jurídica, e que foi negada pela vontade do de- a ninguém, e não é valido para uma fundamentação, vincu-
linquente, devendo esta ser negada por meio do castigo lante para todos, de uma pena Estatal”.
penal, para que renasça a afirmação da vontade geral e se Luigi Ferrajoli tece críticas a teoria absoluta ou retribu-
restabeleça o direito, sendo que, conforme o grau de in- tivistas, pois entende que: “A ideia da pena como restaura-
tensidade da negação ao direito, também será o quantum ção ou reafirmação de ordem violada demonstra um equí-
ou intensidade da negação representada pela pena, como voco derivado da confusão entre direito e natureza. Tanto
expõe o prof. Salo Carvalho: “O princípio fundamental da a purificação do delito através do castigo como negação
teoria hegeliana da pena é centrado na ideia de que a vio- do direito por parte do ilícito e sua simétrica reparação se-
lência destrói a si mesma com outra violência: a supressão riam insustentáveis, dado ao fato de crerem erroneamente
do crime é a remissão, quer segundo o conceito, pois ela haver relação de causalidade necessária entre culpa e casti-
constitui uma violência contra violência, quer segundo a go. Além de representarem concepções substancialistas de
existência, quando o crime possui uma certa grandeza qua- delito, veem na pena função de restauração de uma ordem
litativa e quantitativa que se pode também encontrar na sua ( jurídica e/ou moral) natural violada”.
negação como existência.” Para o professor baiano GamilFöppel El Hireche, esta
teoria “é ainda mais imprestável quando se trata de medida
Críticas Jurídicas a Teoria Retributivista de segurança. De fato, não se pode legitimar a intervenção
estatal para o inimputável para lhe retribuir o mal que cau-
sou, até porque este não tem condições nem de entender
Juarez Cirino dos Santos assevera diversas críticas ao
a ilicitude dos fatos praticados, muito menos a retribuição
discurso jurídico retributivo entre os quais a de que: “retri- que lhe se sucederia”.
buir, como método de expiar ou de compensar um mal (o Consequentemente, com as notórias deficiências apre-
crime) com outro mal (a pena), pode corresponder a uma sentadas na teoria retributiva, surgem as teorias relativas
crença e, nessa medida, constituir um ato de fé, mas não é ou preventivas com o fito de suprir as falhas da teoria que
democrático, nem cientifico. Não é democrático porque o a precedeu.
Estado democrático de Direito o poder é exercido em nome
do povo, e não em nome de Deus, além disso, o direito Teoria Relativa ou Preventiva
penal não tem por objetivo realizar vinganças, mas prote-
ger bens jurídicos. Por outro lado, não é científico porque a Com a discordância dos fundamentos apresentados
retribuição do crime pressupõe um dado indemonstrável: a pela teoria retributivista, a ciência criminal busca outros
liberdade de vontade do ser humano, pressuposta no juízo elementos técnicos científicos para legitimar a pena, são as
de culpabilidade, e presente em fórmulas famosas como por chamadas teorias preventivas, que tem como um dos seus
exemplo, o poder agir de outro modo de Welzel, ou a falha principais idealizadores Feuerbach, pois este já preconizava
de motivação jurídica de Jakobs, ou mesmo a moderna di- a necessidade de ser reconhecida à função de segurança
rigibilidade normativa de Roxin, não admite prova empírica. do Estado, pois entendia que a finalidade deste é a convi-
Assim, a pena como retribuição do crime se fundamenta vência humana de acordo com o direito, o crime representa
sua violação, consequentemente o Estado o impede por
num dado indemonstrável: o mito da liberdade pressuposta
meio da coação psíquica (intimidação) ou física (segrega-
da na culpabilidade do autor. A impossibilidade de demons-
ção), onde a pena é intimidação para todos, ao ser comi-
trar a liberdade pressuposta na culpabilidade determinou nada abstratamente, e para o criminoso, ao ser imposta no
uma mudança na função atribuída a culpabilidade no mo- caso concreto, como aponta o Prof. Salo Carvalho: “(...) o
derno direito penal: a culpabilidade perde a antiga função fundamento intimidatório da pena estaria condicionado a
de fundamento da pena, que legitima o poder punitivo do eficácia dos aparelhos judiciários e executivos. Se o objetivo
Estado em face do individuo, para assumir a função atual de da pena é a coação psicológica aos pretendentes de ações
limitação da pena, que garante o indivíduo contra o poder ilícitas, sua execução deveria ser certa perante os sujeitos
punitivo do Estado, uma mudança de sinal dotada de óbvio passivos primários (infrator) e secundários (sociedade), sob
significado político”. pena de perda do seu caráter essencial: o simbolismo”.

17
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Assim a partir desta teoria busca-se uma finalidade a pensar que não vale a pena praticar o crime porque po-
para pena, fundamentado na preservação e/ou sobrevi- derá ser castigado. Em resumo, esta concepção encontra-
vência do grupo social, ou seja, a pena serviria como um -se centrada na ideia de intimidação coletiva por meio da
instrumento ou meio de prevenção da prática do delito, cominação abstrata da pena, que produziria uma contra-
inibindo, evitando ou impedindo tanto quanto possível a -motivação aos comportamentos ilegais”. E conclui o autor
prática ou a reincidência de delitos, configurando assim um “Este esquema encontra respaldo na intimidação por meio
viés utilitarista, como expõe Cezar Bitencourt: “As teorias da gravidade da cominação penal abstrato, na condenação
relativas da pena apresentam considerável diferença em re- criminal e intensidade da persecução criminal, visando a
lação às teorias absolutas, na medida em que buscam fins aplicação da pena. Com base na prevenção geral negativa
preventivos posteriores e fundamentam-se na sua necessi- o legislador aumenta ou comina sanções severas, acredi-
dade para a sobrevivência do grupo social. Para as teorias tando possível reduzir a criminalidade, e é com a mesma
preventivas, a pena não visa retribuir o fato delitivo come- intenção, que o juiz imporia penas exemplares, desvincula-
tido e sim prevenir a sua comissão. Se o castigo ao autor das da culpabilidade ou de qualquer garantia”.
do delito se impõe, segundo a lógica das teorias absolutas, Crítica Jurídica da Prevencão Geral Negativa:A crítica ju-
quiapeccatum est, somente por que delinquiu nas teorias rídica à prevenção geral negativa aborda diferentes facetas
relativas à pena se impõe ut nepeccetur, isto é para que não na sua abordagem o que a torna insuperáveis, a primeira e
volte a delinquir”. a sua ineficácia inibidora de comportamentos antissociais
Indubitavelmente, as funções preventivas da pena di- da ameaça estatal, pois não é a gravidade da pena ou rigor
vidiram-se em duas direções bem definidas: a prevenção da execução penal que desestimularia o autor de praticar
geral e prevenção especial. crimes, mas sim a certeza ou a probabilidade e/ou risco
da punição. A segunda crítica está fundada na falta de um
- Prevenção Geral:A prevenção nasce dentro de uma critério limitador da pena transformando esta prevenção
concepção iluminista, na transição de um modelo de Esta- em um terrorismo estatal e por outro lado a exemplaridade
do absoluto ao Estado Liberal, contemporizando a vida em incutida nesta prevenção afronta a dignidade humana, uma
sociedade em face da guerra de todos contra todos ou dos vez que os acusados reais são punidos de forma exemplar
impulsos da irracionalidade comuns a todos os indivíduos, para influenciar a conduta dos acusados em potenciais.
como explica o prof. Cezar Bitencourt: “Essas ideias pre-
vencionistas desenvolveram-se no período do Iluminismo. Prevenção Geral Positiva:No final do século XX, a pre-
São teorias que surgem na transição do Estado absoluto ao venção geral adquiriu uma forma positiva, onde expressa-
Estado liberal. Segundo Bustos Ramirez e HormazabalMa- ria um ideal retributivo modificativo, considerando que se
larée, tais ideias tiveram como consequência levar o Estado fundamenta na afirmação da validade das normas, obtida
a fundamentar a pena utilizando os princípios que os filó- por meio de uma justa punição ao delinquente, conclusão
sofos do iluminismo opuseram ao absolutismo, isto é, de que pode ser extraída do conceito formulado por Jescheck,
direito natural ou de estrito laicismo: livre arbítrio ou medo no qual a pena serviria para: “Neutralizar o efeito do delito
(racionalidade). Em ambos, substitui o poder físico, poder como, por exemplo, negativo para a comunidade, contri-
sobre o corpo, pelo poder sobre a alma, sobre o psique. buindo para o fortalecimento da consciência jurídica da co-
O pressuposto antropológico supõe um indivíduo que a munidade, à medida que se procura satisfazer o sentimen-
todo momento pode comparar, calculadamente, vantagens to de justiça do mundo que esta em torno do delinquente”.
e desvantagens da realização do delito e da imposição da No entanto, existem divergências quanto, a existência
pena. A pena, conclui-se, apoia a razão do sujeito na luta de outras finalidades da pena que não, simplesmente, a de
contra os impulsos ou motivos que o pressionam a favor confirmar a vigência da norma. Surge então uma subdivi-
do delito e exerce coerção psicológica perante os motivos são nesta teoria, uma fundamentadora e outra limitadora.
contrários ao ditame do direito”. Dessa maneira a preven- Para teoria preventiva positiva fundamentadora, defendidas
ção geral deve ser analisada sob dois enfoques: a preven- por Welzel e Jakobs, nos ensina Juarez Cirino dos Santos:
ção geral negativa e a prevenção geral positiva. “Jakobsabsoltiza a função de prevenção geral positiva, con-
cebida como teoria totalizadora da pena criminal, que con-
Prevenção Geral Negativa:De acordo com a teoria da centra as funções declaradas ou manifestas de intimidação,
prevenção geral negativa, a pena deve produzir efeitos de de correção, de neutralização e de retribuição atribuídas a
intimidação sobre a generalidade das pessoas, atemorizan- pena criminal pelo discurso punitivo. Nesse sentido, a pena
do os possíveis infratores a fim de que estes não come- criminal definida como prevenção geral positiva, realiza a
tam quaisquer delitos, essa intimidação penal encontra-se função de afirmar a validade da norma penal violada; por
alicerçada na teoria da coação psicológica de Feuerbach outro lado, a norma penal rearfimada pela pena criminal,
onde o Estado espera desestimular pessoas de praticarem é definida como bem jurídico, um conceito que substitui
crimes pela ameaça de pena, como se depreende das lições o conceito de bem jurídico, considerado inútil pelo autor.
do Prof. Paulo de Souza: “Nesse sentido, a pena é a ameaça Assim, define prevenção geral positiva como demonstra-
da lei contra cidadãos para que se abstenham de cometer ção da validade da norma, manifestada através de reação
crimes, uma coação psicológica que pretende evitar o fe- contra violação da norma realizada as custas do compe-
nômeno delitivo, pois diante da ameaça estatal e, ponde- tente/responsável, necessária para reafirmar as expectati-
rando a racionalidade do individuo, pode ser persuadido vas normativa frustradas pelo comportamento criminoso.

18
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

A função positiva de prevenção geral seria dirigida a todos Crítica à Prevenção Geral Positiva:A crítica que se faz a
os seres humanas, como exercício (a) de confiança na nor- teoria preventiva geral positiva é a total, ou melhor, a au-
ma, necessário para saber o que esperar na interação so- sência de eficácia, pois não há estudos que demonstrem
cial, (b) de fidelidade jurídica pelo reconhecimento da pena o poder da pena de motivar a fidelidade ao Direito, con-
como efeito da contradição da norma e, finalmente, (c) sequentemente emprestando a pena criminal um caráter
de aceitação das consequências respectivas, pela conexão de instrumentalização de opressão social, legitimando a
do comportamento criminoso com o dever de suportar a seletividade do sistema, vez que a resposta penal depende
pena, na verdade, postulados do contrato social do século estreitamente do grau de visibilidade social dos conflitos
XVIII, com a aceitação das normas sociais na qualidade de de desviação existentes numa sociedade.
membro da sociedade e aceitação da punição na qualidade
de infrator de normas sociais”. - Prevenção Especial:A teoria da prevenção especial
Já na teoria da prevenção geral limitadora, defendi- visa o delinquente tendo por objetivo que este não volte a
das por Hassemer e Roxin, a pena seria a reação estatal praticar novos delitos, todavia o fim da pena passa a conter
perante fatos puníveis, para proteger a consciência social seu viés utilitarista, ou seja, é uma atribuição legal dos su-
da norma. Hassemer acredita que essa proteção consistiria jeitos da aplicação e da execução penal.
na ajuda prestada ao delinquente na medida do possível, Na aplicação penal, quando definido pelo juiz na apli-
bem como, na limitação desta ajuda, imposta por meios cação da pena, através da sentença devendo ser esta indi-
de critérios da proporcionalidade e de consideração a ví- vidualizada, necessária e suficiente para prevenir o crime
tima, espécie de prevenção geral que somente poderá ser como preceitua o art.59 do CP. Já na execução penal, esta
alcançada se o direito penal conseguir a formalização do é realizada pelos técnicos visando a promoção harmônica
controle social. Roxin tem suas premissas fundadas em três de integração social do condenado. A prevenção especial
superposições a respeito da prevenção geral positiva limi- ocorre em dois caminhos: a prevenção especial positiva e a
tadora: a primeira no efeito sócio pedagógico de exercício prevenção especial negativa.
em fidelidade jurídica, produzido pela atividade da justiça
penal; segundo, o efeito de aumento da confiança do ci- Prevenção Especial Positiva:A prevenção especial posi-
tiva representa o intento ressocializador, a reeducação e a
dadão no ordenamento jurídico pela percepção da impo-
correção do delinquente, realizado pelo trabalho de psicó-
sição do direito e o terceiro é o efeito da pacificação social,
logos, sociólogos, assistentes sociais entre outros, visando
como nos ensina o Prof. Gustavo Junqueira: “... a função de
com a aplicação da pena, a readaptação do sujeito à vida
informação e confiança acerca da vigência da norma serve
em sociedade.
não como fundamento único, mas como outro mecanismo
Críticas a Prevenção Especial Positiva:Indubitavelmente,
de limite em uma dialética com ideia retributivista da pena
o que se percebe é a dificuldade de conjugação de valores,
proporcional e com as necessidades de reintegração social.
se por um lado esta uma pseudo reestruturação moral por
A atuação serviria para efeito de aprendizagem, para man-
outro lado estão os ideais de uma sociedade democrática
ter e reforçar a confiança da comunidade na inquebranta- e pluralista. Destarte como afirma Gustavo Junqueira “....
bilidade do ordenamento jurídico penal, com que se atinge na ideia de conformação íntima que por mais um motivo
um efeito de pacificação concluindo que foi pacificado o tal ideia não pode ser aceita, ou seja, em uma democracia,
conflito com o autor. Assim, é possível perceber presen- que exige uma participação ativa e potencial pluralismo, a
te a ideia do exercício de confiança da vigência da norma, pretensão de conformar a esfera íntima do sujeito ao ta-
mas não de forma diretamente reitora da necessidade, da lante do que entende conveniente o Estado não pode ser
medida ou espécie de pena. Assume tal corrente que o fim imposta”.
da pena no Estado democrático de direito não pode ser ClausRoxin criticando a legitimidade desta corrente
outro que não a tutela necessária dos bens jurídicos, penais questiona alguns aspectos: “o que legitima a maioria da
no caso concreto, e que tal tutela não deve se referir ao população a obrigar a minoria a adaptar-se aos modos de
passado, mas ao futuro, buscando o restabelecimento da vida que lhe são gratos? De onde nos vem o direito de po-
paz jurídica abalada, reforçando a confiança da sociedade der educar e submeter à tratamento contra a sua vontade
na guarda de seus interesses por parte do Estado. Seria pessoas adultas? Por que não hão de poder viver conforme
também a necessidade de prevenção geral positiva o ali- desejam os que o fazem a margem da sociedade, quer se
cerce capaz de legitimar a necessidade da pena, verdadeiro pense em mendigos, prostitutas ou homossexuais? Será
princípio do qual não pode se afastar o Estado sob pena de a circunstância de serem incômodos ou indesejáveis para
afronta aos princípios democráticos”. muitos concidadãos, causa suficiente para contra eles pro-
Vê-se que a diferença entre a teoria limitadora e fun- ceder com penas discriminatórias?”.
damentadora é que a primeira define a finalidade da pena
e empresta um sentido limitador ao direito de punir do Prevenção Especial Negativa:A prevenção especial ne-
Estado, lastreado nos princípios da intervenção mínima, gativa pretende com a aplicação da pena, a intimidação
da proporcionalidade, da ressocialização entre outros. En- do delinquente, sua inocuização, para que não volte a
quanto na teoria fundamentadora o fim pretendido com a delinquir, como expõe o Prof. Alberto Zacharias Toron: “...
imposição da pena é especificadamente, a confirmação das trata de evitar que o agente criminoso expresse sua maior
normas e seus valores. ou menor periculosidade nas relações sociais. Fala-se em

19
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

maior ou menor grau numa espécie de neutralização ou ção da pena, tem com função da pena a proteção subsidia-
inocuização absoluta ou relativa. Esta pode ter um caráter ria de bens jurídicos, mediante a prevenção geral negativa
temporal, quando com pena se aparta o sentenciado de na cominação da pena; prevenção geral e especial na apli-
forma perpetua, ou por um determinado período da vida cação da pena, limitada pela culpabilidade; e prevenção es-
social, custodiando-o. Mas a inocuização pode ter um cará- pecial na execução da pena. Esta construção teórica impõe
ter absoluto (definitivo) quando se trata da pena de morte ao magistrado a determinar até onde pode chegar com a
(não se conhece nesta hipótese nenhum caso de reincidên- pena que reputa justa e/ou adequada a responsabilidade
cia) ou relativo quando destrói parcialmente a pessoa e, do autor.
por exemplo, castra-se o estuprador ou cortam-se as mãos A crítica imposta a estas construções teóricas unifica-
do assaltante ou, ainda, as pernas do trombadinha etc.” doras tem como argumento que estas representam uma
Juarez Cirino diz que a prevenção especial negativa é justaposição das diversas teorias destruindo assim suas
“baseada na premissa de que a privação de liberdade do concepções originárias ou fundantes, consequentemente
condenado produz segurança social, parece óbvia: a cha- ampliando a raio de aplicação da resposta penal estatal,
mada incapacitação seletiva de indivíduos considerados quebrando a ideia de um direito penal concebido como
perigosos constitui efeito evidente da execução da pena, mínimo. Outra crítica é a incongruência filosófica de tentar
porque impede a prática de crimes fora dos limites da pri- compatibilizar uma teoria que nega um fim a pena (absolu-
são, e assim a neutralização do condenado seria uma das ta), com outra que explicita uma finalidade (relativa).
funções manifestas e declaradas cumpridas pela pena cri-
minal”. Percebe-se que na compreensão da teoria justificado-
Crítica a Prevenção Especial Negativa:A crítica a essa ras da pena esta respaldado a (in) evolução de uma deter-
espécie de prevenção especial deve ser analisada sobre minada sociedade confundindo-se com o próprio conceito
dois prismas, o primeiro em relação à inocuização, pois de pena a ser buscado. Destarte a partir de um estudo cri-
a irracionalidade entre o fato e a sanção faz sucumbir o minal, afastando todo óbice moral, religioso, maniqueísta
próprio Estado democrático de direito que apresenta suas de uma finalidade da pena, encontra-se no moderno direi-
premissas nas garantias e direitos fundamentais do indiví- to penal o alicerce para uma profunda modificação de ve-
duo preconizado na Carta de 1988, assim a eliminação do tores que é a inversão de sinal, ou seja, enxergar a legitima-
homem ou de suas eventuais potencialidades fere o plu- ção da pena tendo como ponto de partida a culpabilidade,
ralismo ínsito da democracia. Já a segunda guarda relação porém não como fundamento da pena, mas sim como li-
com a intimidação, que facilita os eventuais abusos ou ar- mitação desta, do jus puniendi do Estado. Sendo o critério
bitrariedades, pois rompe com o ideal de garantismo do indispensável para esta mudança, a individualização judi-
direito penal, vez que nem ao menos previne porque atua cial da pena onde o magistrado poderá cotejar os valores
após a prática de um crime, não buscando, ao menos um humanísticos e proporcionais intrínsecos a cada individuo,
fim preponderante. necessários para uma correta prestação jurisdicional.
Criminologia Científica e os seus Modelos Teóricos
Teorias Mistas ou Unificadoras
Com a luta de Escolas surgiram no panorama crimino-
As teorias unificadas trazem em seu bojo a tentativa de lógico três orientações relativamente definidas: as biológi-
uma combinação entre as teorias isoladas (retributivista e cas, as psicológicas e as sociológicas.
relativas) com o intuito de superar as deficiências apresen- As primeiras cuidam de novo do homem delinquente,
tadas por estas, buscando uma pena que resulte ao mesmo tratando de localizar e identificar em alguma parte de seu
tempo ser útil e justa, convertendo a reação penal estatal corpo ou no funcionamento dos diversos sistemas e sub-
em meio utilizável para sanar qualquer infração a norma. sistemas deste, o fator diferencial que explica a conduta
Incidem a teoria da união de forma prática nos critérios delitiva que é entendida como consequência de alguma
levados em conta por legisladores, juízes e tribunais para patologia, disfunção ou transtorno orgânico. As hipóteses
a fixação de penas, como é o caso no Brasil, onde encon- são tão variadas como as disciplinas e especialidades que
tra preconizado no art. 59 do CP, justamente consagração existem no âmbito das ciências: antropológicas, biotipoló-
desta teoria. A teoria da união apresenta duas vertentes gicas, endocrinológicas, genéticas, neurofisiológicas, bio-
dependendo da preferência às exigências de justiça ou de químicas etc.
prevenção: a teoria de união aditiva e a teoria da união As orientações psicológicas, entendida esta expres-
dialética. são em sua acepção mais ampla, buscam a explicação do
Na teoria da união aditiva se caracteriza pelo propósito comportamento delitivo no mundo anímico do homem,
de compatibilizar justiça e utilidade, dando prioridade as nos processos psíquicos anormais (psicopatologia) ou nas
exigências da primeira sobre a segunda. Tem como premis- vivências subconscientes que têm sua origem no passado
sa que o magistrado deve buscar uma fixação de pena justa remoto do indivíduo e que só podem ser captadas por
e adequada a gravidade da culpabilidade do agente pelo meio da introspecção (Psicanálise); ou, ademais, creem que
pratica do delito, verifica-se neste entendimento a carga o comportamento delitivo, em sua gênese (aprendizagem),
ínsita das teorias absolutas como o fundamento da pena. estrutura e dinâmica, tem idênticas características e se rege
No que tange a teoria dialética unificadora, formulada pelas mesmas pautas que o comportamento não-delitivo
por ClausRoxin, recusa a retribuição como fim da imposi- (teorias psicológicas da aprendizagem).

20
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Por último, as orientações sociológicas contemplam o de conduta do indivíduo e a própria gênese do comporta-
fato delitivo como “fenômeno social”, aplicando à sua aná- mento criminal, que evoluem em função das diversas eta-
lise diversos marcos teóricos precisos: ecológico, estrutu- pas do curso da vida do infrator. Estes enfoques dinâmicos,
ral-funcionalista, subcultural, conflitual, interacionista etc. evolutivos, sequer pretendem trazer uma análise etiológica
De qualquer maneira, a atual polêmica se desenvol- do delito (não, ao menos, no sentido tradicional, de causas
ve tendo por base pacífica o método empírico, o método remotas ou processos causais que repousam no passado
científico. do sujeito e predeterminam sua conduta), nem uma teoria
generalizadora da criminalidade. Perseguem, ao contrário,
- A moderna criminologia “científica”: modelos teó- descrever a gênese do comportamento delitivo dinamica-
ricos explicativos do comportamento criminal. Tradicio- mente, isto é, inserindo o processo e evolução dos padrões
nalmente tem-se destinado à Criminologia, entre outras, de conduta no curso da vida do autor, nas diversas etapas
a função de explicar cientificamente o crime elaborando deste, estudando, caso a caso o comportamento das variá-
modelos teóricos que esclareçam a etiologia e gênese des- veis que interagem no mesmo.
te problema social e comunitário. E a Criminologia o tem A presente classificação sublinha, a meu modo de ver,
tentado desde seu início, com melhor ou pior fortuna, se- quatro dos principais modelos ou enfoques teóricos expli-
guindo caminhos muito diversos: cativos do comportamento criminal. Não esgota, contudo,
A Criminologia clássica e neoclássica: partiam do dog- a rica gama de recursos e instrumentos que utiliza a Crimi-
ma do livre arbítrio porque não poderiam admitir sequer a nologia para analisar e descrever a etiologia ou a gênese
do delito. Teria que se mencionar, além disso, aos autores
hipótese de que o comportamento humano estivesse regi-
que renunciam à pretensão ambiciosa de formular teorias
do por causas ou fatores. Opostas ao determinismo bioló-
gerais da criminalidade optando por trazer no lugar das
gico ou social, atribuíam o crime a uma decisão racional e mesmas tipologias; ou análise sobre os fatores de risco.
livre do infrator baseada em critérios de utilidade e opor- Não obstante, analisamos a teoria da reação social ou
tunidade. A Escola Clássica e neoclássica não professaram, do etiquetamento não como modelo ou paradigma inde-
portanto, uma teoria etiológica da delinquência senão, ao pendente (o conflito das teorias da criminalização), que
máximo, uma teoria situacional da mesma. provavelmente o seja, senão marco das teorias de orienta-
A Criminologia positivista: (que se inicia com a Scuo- ção sociológica. A decisão, que responde a razões didáticas
la Positiva), pelo contrário, abraça o paradigma etiológico e expositivas, pretende situar a teoria do labelling em seu
(busca das causas do delito). Sua conhecida análise cau- contexto correto, sem isolá-la de outras teorias sociológi-
sal-explicativa atribui o comportamento criminal a certos cas. Não deve, contudo, induzir a erro porque a diferen-
fatores biológicos, psicológicos ou sociais que determina- ça de muitas destas últimas, a teoria da reação social ou
riam o mesmo. Não obstante, na atualidade, estes enfo- do etiquetamento não é uma teoria etiológica, senão uma
ques outrora simplistas e monocausais se tornaram mais teoria da criminalização.
complexos apontando inclusive para modelos explicativos
integrados; e utilizando uma linguagem estatística relativi- - O modelo clássico do livre arbítrio da opção racio-
zadora que mitiga as pretensões deterministas radicais de nal e teorias situacionais da criminalidade: o modelo
seus pioneiros. da opção racional, a diferença das teorias etiológicas da
No marco da Sociologia criminal: a teoria da reação so- criminalidade do modelo científico-positivista, não se re-
cial ou do etiquetamento (labelling approach) marca um monta ao passado para buscar as causas últimas do de-
novo caminho ao substituir as teorias clássicas (etiológicas) lito. Precisamente por sua herança ius naturalista (dogma
da criminalidade pelas chamadas teorias da criminalização. do livre arbítrio) faz uma abstração deliberada dos fatores
Para o labelling approach, enfoque que assume os postu- que possam ter influído na decisão delitiva (predisposição
lados do modelo conflitual, não interessam as causas do deste, pulsões internas, frustrações, etc.), negando-lhes em
delito, do desvio primário, senão os fatores e variáveis que todo caso relevância causal etiológica. Por isso, para quem
decidem o curso seletivo e discriminatório dos processos ao longo dos séculos e de enfoque muito heterogêneo
participam desta análise, filósofos, economistas, psicólo-
de criminalização. Não importa porque se delinqüe, senão
gos, juristas, importa fundamentalmente a própria eleição
porque precisamente certas pessoas são etiquetadas como
do autor, sua opção livre e racional a favor da conduta de-
delinqüentes pelas instâncias do controle social formal. A
litiva; decisão que, como qualquer outra decisão do indiví-
análise criminológica se desloca, como consequência, do duo e pela natureza deste, se explica por critérios utilitá-
âmbito etiológico abstrato ao concreto dos processos de rios que pondera o mesmo em cada contexto situacional
criminalização que administram as agências do controle ou cenário. O modelo da opção racional realça, portanto,
social de forma muito discriminatória, já que o decisivo no presente do autor; sua autonomia para decidir, livre de
para estas não é o feito cometido (natureza definitória do processos causais que determinem sua conduta; e o utili-
delito) porém a condição do autor. tarismo de suas ações, guiado pelo anúncio da situação e
Finalmente, diversas correntes da moderna Criminolo- da oportunidade. Como consequência, não verá no crime a
gia: (carreiras e trajetórias criminais, teorias do curso da resposta cega aos conflitos, complexos ou tensões aními-
vida, Criminologia do desenvolvimento etc.) tratam de ex- cas do sujeito; nem o produto inevitável da herança; nem o
plicar o delito seguindo um enfoque dinâmico com méto- resultado de um complexo processo de aprendizagem; ou
dos preferencialmente longitudinais de acordo com a natu- de determinados fatores sociais; senão, simplesmente, uma
reza do processo de consolidação e mudança dos padrões eleição racional e livre do autor.

21
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

O modelo que agora se examina não é um modelo este produz e com a personalidade do autor. Do mesmo
unitário e monolítico. Receber contribuições de procedên- modo, os conceitos de custo (castigo, perdas etc.) e benefí-
cia muito distinta, cunhadas em marcos históricos também cio (recompensa, prazer etc.) associados ao comportamen-
diferentes. Nasce, sem dúvida, com o pensamento do Ilu- to delitivo têm diversas dimensões e conteúdos. O primei-
minismo que professava uma imagem do homem como ro (custo), inclui não somente as sanções formais, senão
ser racional e livre; e uma concepção consensual da ordem também, as perdas materiais, a desaprovação da conduta
social (filosofia do contrato social), que assumiu a chamada por terceiras pessoas, o temor à vingança da vítima, o com-
Escola Clássica. No dito cenário, o dogma do livre arbítrio plexo de culpa etc. Quanto aos benefícios ou recompensas,
não pretendeu oferecer uma teoria etiológica da criminali- teria que se ponderar, também, a gratificação emocional,
dade, das causas desta, senão o suporte de uma resposta a aprovação dos pais e amigos, a satisfação pelo ajuste de
legal racional e justa ao delito. Posteriormente, as orienta- contas com um inimigo, o realce do próprio sentimento de
ções economicistas têm convertido um princípio abstrato justiça etc.
racional-utilitarista pensado como fundamento ao novo Três suborientações criminológicas respondem funda-
sistema de penas, no eixo e modelo do atuar humano, ao mentalmente às premissas do modelo da opção racional:
fazer da ponderação de custos e benefícios, do equilíbrio o denominado neomodernismo ou escola neoclássica, de
de ganâncias e perdas, o critério diretor de qualquer deci- acusado viés economicista, as teorias das atividades roti-
são do indivíduo. A velha análise utilitarista de Bentham, neiras, que acentuam a relevância etiológica do fator opor-
redefinida e abafada com o manto fascinante de refinados tunidade e, por último, as teorias espaciais, herdadas da
métodos quantitativos converteu o arquétipo quase algé- tradição ecológica, que sublinham o meio ou entorno físico
brico da opção racional (opção econômica) em um novo colocando em destaque o particular atrativo criminógeno
modelo ou teoria explicativa do delito com pretensões de de determinados lugares (hot spots).
universalidade. A teoria dissuasiva clássica se torna em teo-
ria da criminalidade. Finalmente, o paradigma da opção ra- - Teoria da opção racional como opção econômica
cional culmina durante os últimos quinquênios na evolução (“economicchoice”): os modelos de orientação economi-
mencionada operando como cobertura teórica dos mode- cista neoclássicos. A concepção do delinquente como in-
los prevencionistas nos quais se integra. Estes constituem, divíduo racional e livre que opta pelo crime em virtude de
uma decisão guiada por critérios subjetivos de utilidade,
sem dúvida, sua vocação natural. As teorias situacionais, as
tem larga tradição na Criminologia. Até o ponto que para
de atividades rotineiras e as do meio ambiente têm ressal-
alguns autores as atuais teorias economicistas da crimi-
tado o interesse prático que com objetivo da eficaz pre-
nalidade reproduzem, com dois séculos de atraso, o pen-
venção do delito tem o desenvolvimento e explicação do
samento de Bentham. Não obstante, a análise econômica
modelo analisado.
do delito transcende a mera reformulação do pensamento
Prescindindo dos antecedentes remotos do paradigma
racionalista e utilitário do mundo clássico e ilustrado, tanto
da opção racional no mundo ilustrado e clássico e dos mo- de um ponto de vista metodológico e instrumental como
delos dissuasivos que articulavam o sistema de penas da- ideológico.
quele, muito arraigados no pensamento penal tradicional, Metodologicamente, a grande influência da Economia
pode se considerar representativa desta análise a obra de nas ciências sociais e humanas tem generalizado o empre-
Wilson e Herrnstein, junto a Clarke e Cornish, Becker, entre go de técnicas de investigação quantitativas (sobretudo,
outros. Ponto de partida é a tese de que o ser humano econométricas) à análise do problema do crime, propician-
se comporta de uma maneira ou outra dependendo das do o êxito de um paradigma ou modelo, o da opção racio-
expectativas que associa em termos de benefícios e custos nal, que aquela professa de forma monopolista e trata de
(não somente econômicos) a sua conduta, o que serviria aplicar ao estudo de qualquer decisão humana. Não é em
também para a delitiva. Face à imagem muitas vezes ator- vão, a juízo de um de seus pioneiros, Becker, a Criminologia
mentada do infrator, e do delito mesmo, que muitas vezes poderia limitar-se a estender-se ao fenômeno criminal dito
trazem as teorias clássicas da criminalidade, o novo para- análise (economicchoice) prescindindo, sem mais das teo-
digma da opção delitiva desmistifica e retira o drama ao rias convencionais da anomia, a frustração, a herança etc.
invés de manter a racionalidade da opção delitiva que, sob A análise econômica do delito tem contribuído, sem
um, ponto de vista motivacional, seria regida pelos mes- dúvida, para consolidar uma imagem de normalidade do
mos padrões de conduta de qualquer outra decisão huma- infrator (e do próprio fato criminal); racionalizar a resposta
na: seus custos e benefícios. legal ao mesmo, otimizando o emprego dos sempre escas-
Naturalmente, se trata sempre de uma racionalidade sos recursos do sistema; e, sobretudo, desenhar eficazes
limitada, não absoluta, e de um cálculo de custos e bene- políticas criminais de prevenção e controle, ponderando
fícios complexos nos quais intervêm numerosas variáveis, sempre critérios de custos e benefícios.
apreciadas subjetivamente pelo autor em um determinado Que a decisão racional de custos e benefícios expresse
momento temporal e contextual. O dito cálculo foi sub- a estrutura motivacional do infrator, e a de qualquer cida-
metido a possíveis erros e distorções porque não se leva dão nos mais diversos âmbitos da vida humana, não ex-
a cabo em um cenário ideal e o delinquente pode ter que clui a possibilidade de valorações subjetivas discrepantes
decidir em pouco tempo, com escassa informação e com daqueles elementos pelos quais os processos decisórios
suas próprias limitações cognitivas. Varia, ou pode variar, seguem o mencionado esquema, mas intervêm uma infini-
com cada delito, com a situação ou marco concreto no que dade de variáveis, incluídas as pessoais.

22
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Mas o significado ideológico profundo do modelo ra- Como recorda Schneider, a originária Escola “Clássica”
cional da economicchoice e seu contexto histórico pedem polarizou toda sua teoria da criminalidade acerca do “livre
uma análise mais detida do denominado “neoclassicismo” arbítrio” e à racionalidade do indivíduo, signos distintivos
ou “moderno classicismo”, que triunfou nos EUA durante a do ser humano e chaves de seu comportamento que lhe
década de setenta do século passado. permitiram professar um profundo otimismo antropológi-
co. O panorama mudou substancialmente ao se impor o
Excurso: O denominado neoclassicismo ou moderno determinismo positivista, se bem que os postulados clás-
classicismo. O crime como economicchoice. Assistimos na sicos subsistiram no âmbito da Dogmática Penal e no da
década de setenta, do século passado, a um chamado re- “execução penal”. Com a crise do positivismo criminológico
vival do classicismo e de seus esquemas teóricos (letthepu- reaparecem fortalecidos, com o apoio agora de um enfo-
nishmentfitthe crime). A um tardio ressurgir ou retorno à que racionalista de corte econômico que vê no crime sem
ideia do castigo, da retribuição e do controle social como dúvida alguma, o resultado de uma opção livre, racional e
meios eficazes de prevenção do delito, em um sentido mui- interessada do indivíduo de acordo com uma análise prévia
to semelhante ao que em seu dia mantiveram os autores de custos e benefícios.
clássicos. A primeira formulação nesse sentido procede do eco-
Três fatos explicam, ao menos nos Estados Unidos, tal nomista G. S. Becker (em 1968), bem secundado, posterior-
mudança de enfoque. O fracasso do positivismo em seu mente (1973), pelo também economista I. Ehrlich.
intento de isolar e identificar os fatores criminógenos e de Segundo Becker, reiterando a argumentação dos clás-
oferecer uma teoria generalizadora do delito; o escasso sicos, nada distingue o homem delinqüente do não delin-
êxito dos programas ressocializadores, que tornaram am- quente do ponto de vista da racionalidade de seu com-
biciosas expectativas em frustração social e desencanto; e, portamento, da estrutura motivacional de um e outro. O
por último, o incremento das taxas reais de criminalidade e, que varia são as consequências que, em cada caso, se des-
em consequência, a necessidade apressada de dar resposta prendem de uma análise dos custos e benefícios derivados
a curto prazo e com eficácia a um problema grave. da decisão criminal que o infrator potencial pondera an-
Esta nova orientação, acusadamenteneo-retribucionis- tecipadamente. Mas também esta é uma opção “racional”.
O infrator valora, segundo suas fontes de informação, as
ta, renega os programas a longo prazo, das metas reabili-
“chances” que existem e escolhe aquela alternativa que lhe
tadoras, das investigações dirigidas a averiguar os fatores
traz maiores vantagens com os menores custos e riscos.
individuais e sociais que propiciam o fato criminal e, em
Em termos semelhantes se pronuncia Isaac Ehrlich, para
seu lugar, voltam-se os olhos para a ideia do castigo, da re-
quem delinquente e não-delinquente reagem do mesmo
tribuição, do justdeserts, revivendo a polêmica sobre a pena
modo e a idênticos estímulos, de acordo com a conheci-
capital e, sobretudo, sobre o efeito dissuasivo e efetividade
da análise de custos e benefícios. O criminoso potencial,
das sanções (deterrence).
sobretudo nos delitos patrimoniais avalia o lucro e as van-
O moderno classicismo aborda o problema do impac-
tagens pretendida, de uma parte (“benefícios”), e de outra,
to dissuasivo e efetividade das penas (deterrence), tratando a probabilidade de sua captura, apresentação ao juiz e im-
de desenvolver os esquemas clássicos à luz dos conheci- posição de uma pena, assim como a gravidade e duração
mentos que hoje fornecem as ciências da conduta e dos de uma eventual privação de liberdade (“custos”). E atua
dados trazidos por investigações empíricas a respeito da como consequência. Segundo Ehrlich, o indivíduo é um ser
incidência da certeza e severidade do castigo nas taxas da racional, não um preso de seu entorno, que nasce com a
criminalidade. capacidade de escolher seu próprio futuro, mediante o uso
Enquanto a polêmica sobre a deterrence foi levada a pragmático de seus recursos e possibilidades, orientados
cabo por sociólogos e criminólogos, os economistas mo- à consecução de máximo proveito pessoal. Existiria, pois,
nopolizaram a relativa a respeito da severidade, celeridade uma espécie de mercado invisible de ações delitivas que
e certeza da sanção nas decisões do delinquente potencial coordena as modalidades de comportamento infrator, de
ou cidadão indeciso (“técnicas econométricas”). Desde G. S. suas possíveis vítimas e da aplicação das leis penais. Mer-
Becker proliferaram-se os estudos que respondem à deno- cado em situação de equilíbrio estável mercê à competição
minada análise econômica do delito; isto é, se contempla de preços diferentes: preços dos negócios ilegais (preços
a opção delitiva como uma opção racional, “econômica” “abertos”) e preços do sistema penal e dos dispositivos pri-
(economicchoice) em termos de custos e benefícios para vados de prevenção do delito (“preços na sombra”). A maior
o autor (não somente estritamente monetários; também severidade das penas e a certeza, também maior, da efetiva
se ponderam outros fatores: o prestígio, conforto, gosto, imposição das mesmas, produzirá, um indiscutível impacto
conveniência etc.); desde a análise econômica se reclama, dissuasivo na comunidade, com a consequente queda da
também, um funcionamento operativo e decisional do sis- delinquência. O risco comprovado de receber uma pena
tema penal que responda ao citado cálculo de custos e be- (que resulta da probabilidade de ser capturado, condenado
nefícios. e executado o castigo) dissuade, sem dúvida, a uma parte
Procede, pois, examinar a denominada Escola “Neo- da sociedade da comissão de delitos por medo do castigo.
clássica” ou “moderno classicismo”, ainda que mais de dois Dito efeito desestimulante nas penas privativas de liberda-
séculos separem seus representantes daqueles da Escola de tem uma relação estreita com a duração daquelas. Por
Clássica do final do século XVIII. isso, a pena capital tem um óbvio impacto intimidatório

23
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

em homicidas potenciais, superior ao da pena de perpé- R. Shinnar, a tendência paulatina dos Tribunais de Justiça a
tua privação de liberdade. Sob esta ótica economicista, os impor penas privativas de curta duração, e outros substitu-
mecanismos de auto-proteção empregados pelas vítimas tivos destas, reduziu os custos da comissão do delito para
em potencial do delito elevam os custos deste, a dificultar o criminal. De modo que, existiria uma clara correlação,
e encarecer sua execução. Por último, segundo Ehrlich, a para os autores citados, entre o aumento muito apontado
desigualdade de receita e o desemprego involuntário são da criminalidade e as mudanças (mitigação) no processo e
causas da criminalidade, pelo que seria oportuno buscar modalidades de execução das leis penais: se reduz a du-
cotas superiores de ocupação e uma progressiva equipara- ração da pena e a segurança de sua imposição, afirmam,
ção de rendas e acesso à cultura e instrução. crescerá a criminalidade, posto que são reduzidos os custos
Um modelo “economicista” similar de Ehrlich tem sido e riscos do infrator em potencial.
desenvolvido e aplicado por outros autores em diversos Não é necessário ressaltar, todavia, que um enfoque
âmbitos de criminalidade. Assim, por Ann P. Bartel (1979), economicista rigoroso tem só aplicabilidade relativa ao
com relação à criminalidade feminina; e por William M. mundo do crime. Nem todos os delitos respondem a ações
Landes (1979), a propósito do sequestro de aeronaves; racionais e econômicas nem pode supor-se que uma op-
por Wiliam E. Cobb (1973), G. Krohm (1973) e J. P. Gunning ção racional, exclusivamente racional, separa as “carreiras”
(1973) em determinadas modalidades de roubo etc. criminais das não criminais. O homem não é tampouco
Em definitivo, todas estas doutrinas buscam articular um ser ideal e racional que opta, em cada momento, de
políticas de controle do delito racionais a partir de um pon- acordo com uma análise puramente econômica de custos
to de vista econômico. Por isso, partem do princípio de que e benefícios. Outro dos postulados do enfoque exposto, o
as pessoas delinquem quando o coeficiente de benefícios impacto preventivo e dissuasório da pena, tampouco conta
e respeito dos custos é maior para o comportamento cri- com o necessário respaldo empírico. Nem a pena intimida
minal que para as alternativas não criminais. O castigo, no o que se supõe, nem o faz da forma que às vezes se pensa.
entender dessa concepção, é um custo da atividade delitiva Que a criminalidade aumentou porque experimentou-se
que, sendo certo, severo e com recursos (capital e mão-de- uma suavização das penas é uma tese sem fundamento.
-obra) pode diminuir as taxas daquela. Poder-se-ia sustentar o contrário, que as penas são cada
Existem também diversas investigações sobre o efei- vez menos severas porque a criminalidade aumenta. A ex-
to intimidatório e dissuasivo da aplicação de leis penais. V. periência parece demonstrar que os Tribunais contam com
Tullock (1980) e P. J. Cook (1980), entre outros, manifestam a superpopulação dos cárceres no momento de ditar suas
seu convencimento de que quando falha o controle social sentenças. E que uma maior intensidade na ação policial, e
formal (por exemplo, no caso de greves da Polícia) incre- na dos restantes controles formais, têm menos repercussão
mentam-se as taxas de criminalidade de forma alarmante. da que poderia estimar na prevenção do delito. Cumpri-
O efeito duradouro, a longo prazo, de uma aplicação con- ria-se a profecia de Jeffery: mais Polícia, leis mais severas,
sequente das leis penais consistiria, então, na fiança dos mais cárceres significam um incremento da população re-
valores da sociedade, na criação de hábitos ajustados aos clusa, mas não a correlativa diminuição da criminalidade
Direito e em respeito às leis. Previsões radicalmente oti- real. Uma política repressiva baseada no progressivo rigor
mistas sobre as possibilidades de prevenir a criminalidade das penas e na eficácia crescente do controle social for-
mediante o mencionado efeito dissuasivo das leis penais, mal enche os cárceres, crias novoscárcereres (que também
efetiva e eficazmente aplicadas, podem ser encontradas em preenche), mas não contêm as taxas de criminalidade real.
P. H. Rubin (1980). Segundo este autor, a sociedade tem o O Direito comparado põe em relevo que esta dinâmica
crime que quer ter; isto é: dinheiro e meios para Polícia, conduz, paradoxalmente à necessidade de acordar medi-
Tribunais e estabelecimentos penitenciários que tornem das de graça, se quer para aliviar a situação congestionada
muito verossímil a detenção e o castigo de todos os delin- dos estabelecimentos penitenciários, e ao ensaio de medi-
quentes. É fácil conseguir as máximas cotas de prevenção das substitutivas da pena privativa de liberdade, cujo efeito
da criminalidade incrementando a duração das penas pri- estigmatizante piora a sorte do infrator que padece de seu
vativas de liberdade e impondo um castigo mais severo aos cumprimento nas instituições fechadas convencionais.
delinquentes. Em resumo, pois, a Escola “Neoclássica” ou “moderno
Shlomo e Reuel Shinnar (1975) têm tratado de analisar, classicismo” propugna uma imagem “racional” ao impulso
por sua parte, a comissão de delitos e a probabilidade de do comportamento humano, válida, em um setor da crimi-
se converter em vítima de acordo com a menor ou maior nalidade econômico-patrimonial e na delinquência organi-
gravidade das penas existentes e as modalidades de execu- zada, mas não suscetível de generalização ao resto dos fa-
ção destas. Partem ambos de uma constatação: a probabili- tos puníveis. Extrapolar uma análise de custos e benefícios
dade de se converter em vítima de determinados delitos ao a significativos campos da criminalidade alheios a motiva-
longo de toda vida passou, na cidade e no Estado de Nova ções e chaves econômico-lucrativas é como desconhecer a
York, de 14% a 99% de 1940 a 1970; correlativamente hou- realidade, muito mais complexa. Da realidade de separar,
ve aumento. Os custos e riscos unidos à comissão de tais também, o moderno classicismo quando reitera sua des-
delitos diminuíram de forma sensível para o infrator poten- medida confiança na lei penal (efeito dissuasório desta)
cial, durante o citado período (entendendo por “custos” e e nas instituições de controle social formal. A experiência
“riscos” a duração média das penas privativas de liberdade empírica desmistificou hoje em dia velhos tópicos e dog-
impostas a uma pessoa condenada). De acordo com S. e mas clássicos. Não é já razoável seguir esperando uma so-

24
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

ciedade sem delito, nem muito menos supor accesible dita para o mal, por razões congênitas. Ele traz no seu âmago
meta mediante o rigor das leis penais ou o funcionamento a reminiscência de comportamento adquirido na sua evo-
mais eficaz do controle penal. Os problemas “sociais”, e o lução psicofisiológica. É uma tendência inata para o crime.”
crime é um problema social, não são solucionados exclu-  Pelas ideias de Lombroso, percebe-se que o criminoso
sivamente com leis penais, ao contrário, ao Direito Penal não é totalmente vítima das circunstâncias sociais e
corresponde um papel muito secundário (como “ultima educacionais desfavoráveis, contrário, ele sofre pela
ratio”, “subsidiário”) no controle e prevenção do delito. O chamada “Tendência atávica”, hereditariamente para o mal.
moderno classicismo ou neoclassicismo implica um retorno O delinquente é doente; a deliquência é uma doença.
extemporâneo a posições retributivistas superadas.  O ponto de partida da teoria de Lombroso proveio
Como aponta Garland, diferentemente do que acon- de pesquisas craniométricas de criminosos, abrangendo
teceu com este enfoque teórico e sua incidência na Cri- fatores anatômicos, fisiológicos e mentais. A base da
minologia das décadas passadas, na atualidade, a análise teoria, primeiramente foi o atavismo: o retrocessoatávico
econômica penetrou pouco a pouco nas políticas de pre- ao homem primitivo. Depois, a parada do desenvolvimento
venção, contemplando delinquente e vítima como agentes psíquico: comportamento do deliquente semelhante ao da
racionais e sugerindo programas que modifiquem o risco criança. Por fim, agressividade explosiva do epilético.
de cometer ou sofrer o delito. A ideia surgiu, segundo o  A contribuição principal de Lombroso para a
autor, no setor privado das Companhias de Seguros (estu- Criminologia não reside tanto em sua famosa tipologia
dos de custos) para inspirar, depois, desde os anos 1980, (onde destaca a categoria do “deliquente nato”) ou em
as instituições e práticas estatais. Desse modo, chegou-se sua teoria criminológica, senão no método que utilizou
à “Criminologia da vida quotidiana”, isto é, a concepção do em suas investigações: o método empírico. Sua teoria do
delito como “evento normal e mundano” e a tese de que deliquente nato foi formulada com base em resultados de
correspondem à Política Criminal “a gestão dos riscos deli- mais de quatrocentas autópsias de delinquentes e seis mil
tivos”, como se tratasse de qualquer outro risco social. análises de delinquentes vivos; e o atavismo que, conforme
o seu ponto de vista caracteriza o tipo criminoso, ao que
parece, contou com o estudo minucioso de vinte e cinco
3.3. FATORES CONDICIONANTES E mil reclusos de prisões europeias.
DESENCADEANTES DA CRIMINALIDADE. Lombroso apontava as seguintes características corpo-
rais do homem delinquente: protuberância occipital, óbitas
grandes, testa fugida, arcos superciliares excessivos, zigo-
mas salientes, prognatismo inferior, nariz torcido, lábios
Cesar e Lombroso: Nascido na cidade de Verona em grossos, arcada dentária defeituosa, braços excessivamente
1835, estudou medicina na Universidade de Paiva e se for- longos, mãos grandes, anomalias dos órgãos sexuais, ore-
mou em 1858 aos 23 anos, profissionalmente foi médico e lhas grandes e separadas, polidactia. As características aní-
intelectualmente filósofo. Especializado em psiquiatria, de- micas, segundo o autor, são: insensibilidade à dor, tendên-
dicou grande parte de sua vida aos doentes mentais sendo cia a tatuagem, cinismo, vaidade, crueldade, falta de senso
nomeado diretor do manicômio na cidade de Pesaro onde moral, preguiça excessiva, caráter impulsivo.
aprofundou seus estudos e experiências relacionando a de-  Muitas pessoas discordaram e discordam até hoje
mência com a delinquência para a produção da obra Gênio das teorias lombrosianas, ainda mais, pelo fato de que o
e Loucura publicada em 1870. Na cidade de Turim, foi no- mesmo se baseia na desconsideração do livre arbítrio, uma
meado médico da penitenciária, onde nasceu seu vínculo vez que ele não tem forças para lutar contra seus ímpetos.
intelectual com os delinquentes. Escritor de várias obras, Como se vê, Lombroso não era defensor dos criminosos,
dentre elas destacamos: Gênio e Loucura, O homem delin- para ele o mesmo deveria ser isolado do convívio social,
quente, O delito, etc. “Suas ideias revolucionárias originam como uma prisão perpétua.
a Escola Positiva do Direito Penal.” “Carlos Alberto Elbert registra que, em muito pouco
“[...] um apego positivo aos fatos, por exemplo, é o es- tempo, diversas verificações médicas foram relativizando
tudo delicado as tatuagens, com base nas quais Lombroso a validade das descobertas de Lombroso, que teve de re-
fez classificação aos diversos tipos de criminosos. Dedicou tificar constantemente suas afirmações mais ousadas; as-
exaustivos estudos a essa questão, insvestigando centenas sim, no princípio afirmou que entre 65% e 75% do total de
de casos e louvando-se nos estudos sobre tatuagens, de- criminosos tendiam à classificação de “natos”, para depois
senvolvidos por vários autores. Fato constatado e positivo fixar essa quantidade em 40%, e finalmente em um terço.
é que os dementes, em grande parte, demonstram tendên- Terminou atribuindo à epilepsia a causa da delinquência,
cia à tatuagem, a par de outras tendências estabelecidas, tese que também foi refutada em pouco tempo.”
como a insensibilidade a dor, o cinismo, a vaidade, falta  De qualquer forma este comportamento delituoso,
de senso moral, preguiça, caráter impulsivo. Outro apego não é nada desculpável na visão lombrosiana. Há outras
científico, pra justificar suas teorias, foi a pesquisa constan- causas e não só os traços físicos, que mascaram ou anulam
te na medicina legal, dos caracteres físicos e fisiológicos, as tendências de certos indivíduos. Não se justifica á
como o tamanho da mandíbula, a conformação do cére- renuncia a luta, por parte do delinquente e dos que estejam
bro, estrutura óssea e a hereditariedade biológica referida a sua volta, contra os fatores congênitos ou inatos que o
como atavismo. O criminoso é geneticamente determinado inclinam para a vida delituosa.

25
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Os fatores extras são muitos variados: o clima, o grau luxo que não deveria ter. A escravidão era fruto da preguiça,
de cultura e civilização, a densidade de população, o al- e não existia trabalho, por mais penoso que fosse, que não
coolismo, a situação econômica, a religião. A consideração pudesse ser desempenhado por homens livres.
dada a esses fatores torna pétreo um Código Penal para Todavia, logo em seguida, ao tratar da escravidão dos
vasto país, pois em cada região predominam fatores muito negros, Montesquieu se declarava favorável, pois acreditava
diferentes. ser necessária a escravidão para o desbravamento das Amé-
 As pesquisas de Lombroso ocorreram por volta de ricas. Ainda: considerava natural a cor constituir a essência
150 anos atrás, quando não havia recursos suficientes da humanidade e duvidava que os negros possuíssem alma.
para exames mais detalhados como, por exemplo, o DNA, Para comprovar sua tese, declarava o fato dos negros troca-
desta forma não pode contar com dados mais seguros rem ouro por colares ou espelhos sem valor, demonstrando,
e científicos em que pudesse se basear. Apesar dessa assim, sua ausência de discernimento.
natureza inconsciente nas suas teorias, Lombroso foi muito Os homens sempre criaram teorias que pudessem jus-
influente, tanto na Europa quando no Brasil entre crimino- tificar a exploração de uma camada da população sobre a
logistas, juristas e antropólogos. outra. Era o caso da escravidão da guerra ou de castas so-
Lombroso foi pioneiro no que se tratava de estudar o ciais intransponíveis.
crime e suas causas, com seriedade e dedicação durante As teorias bioantropológicas surgiram neste contexto
anos. Suas observações e experiências foram de suma im- de legitimação do poder mediante a criação de uma lógica
portância para o direito, é conveniente destacar que não de diferenciação de grupos pautadas nas ciências biológi-
apenas os fatores de caráter físico e mental, a frenologia, o cas e antropológicas. Conforme atesta Jacques Maritain, os
atavismo entre outros foram estudados por Lombroso. Es- postulados pseudo-biológicos, retirados arbitrariamente de
tereotipar o ser humano teve seus pesares, pois de acordo verdades e hipóteses da biologia e etnologia, foram utiliza-
com a teoria as pessoas tinham que ser segregadas da so- dos para satisfazer a vontade de poderio ou defender, de
ciedade se tivesse tais características e cometessem crimes. maneira feroz, a preservação de um grupo étnico.
Ele acreditava que o indivíduo já nascia com pré-disposição Embora a criação de teorias discriminatórias sempre
para o crime e seu perfil era então traçado. tivesse existido, pela primeira vez, uma lógica de discrimi-
 Logo foram surgindo críticas a seu respeito, a evolução nação fundada na defesa da raça real, poderia se avocar
deixou no esquecimento suas teorias de muita valia para como científica (e, portanto verdadeira), uma vez que se-
época, não havia exames que pudessem comprovar guia os rigores de observação dos métodos biológicos e
com exatidão o que ele propunha, logo as classes mais antropológicos.
desfavorecidas eram prejudicadas pois as pessoas eram O racismo científico veio a formar um casamento per-
punidas pelo que elas eram. feito com a escola positiva italiana, criadora da criminolo-
 Conclui-se que de um início ardioso no qual ainda gia. A escola positiva via a criminologia como uma ciência
temos reflexo conseguimos aprimorar de forma cientifica empírica preocupada não em interpretar a lei penal, mas
alguns fatores, punindo e analisando sob o ponto de vista em reconhecer as causas da criminalidade. Somente pelo
de nossa constituição que resguarda direitos humanitários conhecimento das causas do crime seria possível extingui-
que todos são iguais perante a lei. -lo. Assim, a escola positiva assumiu como missão política
defender a sociedade contra o crime, denotando uma visão
As teorias bioantropológicas da criminologia, inaugura- organicista, tal como a defesa de um corpo contra um vírus.
das por CesareLombroso, objetivavam fixar critérios cientí- O objeto de estudo não era o crime, mas o criminoso,
ficos de investigação das causas da delinquência com base e o que revelava o caráter criminoso de um indivíduo era o
no estudo do biotipo do criminoso. Este artigo discute as seu biotipo. Com isso, a tarefa do criminólogo assemelha-
razões pelas quais, no Brasil, o negro tornou-se o delin- va-se a classificação de um biólogo em busca das caracte-
quente nato e como as teorias bioantropológicas contribuí- rísticas físicas do delinquente.
ram para a estigmatização negativa do negro, tornando-o Estas teorias, embora possuíssem grande variedade,
presença privilegiada na população carcerária. caracterizavam-se pelo uso do método indutivo (observa-
Não seria razoável delegar às teorias bioantropológicas ção do delinquente) e na formulação de leis que relacio-
da criminologia, inauguradas a partir de Lombroso no final nassem causa (biotipo) e efeito (crime cometido).
do século XIX, a responsabilidade pelas altas taxas de con- Desta forma, a crença na possibilidade de erradicar o
denação dos indivíduos negros e pardos. Embora não se crime a partir de um estudo do biotipo do criminoso acar-
consiga determinar ao certo a origem da discriminação dos retou em diversas políticas criminais racistas que, em última
negros, sabe-se que a crença na existência de raças supe- instância, praticaram o extermínio das denominadas “raças
riores é tão antiga quanto a própria história da humanidade. inferiores” (fosse mediante o genocídio, como ocorreu com
A teoria de justiça de Aristóteles não o impediu de pro- os judeus na Alemanha nazista, ou mediante a prática da
clamar que havia povos que tendiam naturalmente à escra- esterilização).
vidão. Montesquieu, por sua vez, compartilhava a tese de Se no Brasil não existiu nenhuma política de extermínio
que no regime democrático, em que todos seriam iguais, (pelo menos não institucionalizada), o racismo científico
ou na aristocracia, em que todos seriam tão iguais quanto à influencia, ainda hoje, a criminologia moderna. Consoante
natureza do governo permitisse, os escravos seriam contra Jorge Dias e Manoel Andrade, a nova criminologia não des-
o espírito da constituição, pois só davam ao homem um conhece que existam tipos de pessoas portadoras de estig-

26
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

mas negativos, que tem uma presença privilegiada entre a assim também há aquele que, nascido delinquente, não se
população delinquente, como, por exemplo, na população manifesta como tal, porque lhe falta a ocasião”. A heredita-
carcerária. riedade era um dos fatores que contribuíam potencialmen-
Não é mera coincidência que os grupos estigmatizados te à prática do delito, agregados a fatores psicológicos e
sejam justamente os grupos outrora denominados “inferio- sociais. Ademais, Lombroso também não pretendia afirmar
res” ou “potencialmente criminosos”, como aconteceu com que todos os crimes possuiam um fundo hereditário. Era o
os negros no Brasil. caso dos delinquentes ocasionais e dos delinquentes pas-
sionais. Neste, o ímpeto era justamente o oposto do de-
A Tradição Lombrosiana na criação do Homem De- linquente natural, enquanto que, no criminoso ocasional,
linquente era possível encontrar criminosos que cometeram apenas
delitos motivados pelas circunstâncias, como os criminosos
A criminologia como uma ciência empírica surgiu com políticos e prostitutas.
a escola positiva italiana, mais especificamente em 1876, O ciclo iniciado por Lombroso ao investigar a delin-
com a publicação da obra de CesareLombroso intitulada quência a partir de fatores bioantropológicos influenciou
“O homem delinquente”. Embora Lombroso não fosse o pri- diversos criminólogos que o sucederam. É possível citar,
dentre os autores mais famosos, Ferri, Garofalo, Charles
meiro a realizar estudos anatômicos e antropológicos em
Goering (com a teoria da hereditariedade), Goddard (teoria
prisões (como Lauvergne, na França, e Nicholson e Thomp-
da debilidade mental) e Ernest Hooton (teoria da inferiori-
son, na Inglaterra), foi a doutrina do criminoso nato que lhe dade antropológica).
deu fama mundial. Na teoria de Ferri, a responsabilidade penal do crimi-
A doutrina lombrosiana procurava características or- noso deveria ser compreendida a partir de sua raça. Na
gânicas e tipológicas que permitissem identificar o indiví- realidade, existia uma responsabilidade social, já que as cir-
duo delinquente de maneira diversa do indivíduo “normal”. cunstâncias que motivavam o delito estariam relacionadas
Consoante esta doutrina, o criminoso já nascia portando com a raça do criminoso e somente a partir da raça seria
estigmas físicos e psíquicos herdados de seus ancestrais, possível averiguar a responsabilidade do crime.
tais como um tamanho específico de crânio, orelhas gran- Emílio Laurent, por sua vez, observava o biotipo de cri-
des e afastadas da cabeça, sobrancelhas largas ou lábios minosos famosos na História, como Calígula, cuja aparên-
virados. cia descrita pelos maxilares grossos e assimétricos, orelhas
De acordo com Lombroso, havia diversos troncos ho- afastadas anormalmente do crânio, assimetria das arcadas
minídeos diferentes, uns mais antigos que outros. Quanto orbitárias, lóbio superior levantado de um lado, caráter
mais recente a espécie humana de seu tronco original, mais atávico e expressão sardônica e cruel, revelaria seus maus
agressivos e selvagens seriam os seus membros. Este con- instintos. Em Nero, o mesmo cientista reparou a expressão
junto de características, no entender de Orlando Soares, desvairada, comissuras labiais fundas e descaídas e um as-
denotava a influência da teoria evolucionista de Darwin na pecto bestial. No Brasil, houve quem defendesse a autópsia
concepção lombrosiana. do corpo de Virgulino Ferreira, o Lampião, na tentativa de
Com o passar do tempo, e à medida que as espécies conhecer o biotipo criminoso do cangaceiro.
humanas se distanciavam do tronco principal, mais civili- Diante das descobertas da escola positiva italiana,
zados se tornavam os homens. Os criminosos natos eram surgiu a necessidade de reelaborar as políticas criminais,
os indivíduos nascidos de troncos ainda atrasados, o que antes pautadas na escola clássica, para extinguir as causas
explicava a presença de pessoas mais perigosas que outras. da criminalidade. Neste contexto, qualquer política criminal
O criminoso lombrosianopossuia uma anormalidade eficiente deveria localizar a causa do crime e adotar meca-
em relação aos demais membros da sociedade decorrente nismos aptos a eliminá-la. Em termos práticos, diminuir a
taxa de criminalidade significava eliminar as raças de troncos
da selvageria ancestral. Tanto seu desenvolvimento físico
ainda primitivos.
como seu desenvolvimento mental eram incompletos (por
isso havia uma aproximação entre o louco moral e o delin-
A Influência das Teorias Bioantropológicas nas Polí-
quente). ticas Criminais
O resquício desta anomalia primitiva foi encontrada
por Lombroso em 1871, quando realizava a autópsia do A partir da repercussão da teoria lombrosiana do cri-
crânio de um bandido milanês chamado Vilela. Nesta au- minoso nato, diversos criminólogos ocuparam-se do estudo
tópsia, Lombroso achou a terceira fosseta média occipital, da biotipologia do infrator, criando a antropologia criminal.
também encontrada em crânios de homens primitivos. A Para este novo ramo, o crime era um fenômeno biossocial
partir disso, deu origem à sua teoria do atavismo, que con- que revelava um biotipo anormal, perigoso e irresponsável.
sistia no aparecimento de características da espécie primi- Além disso, pesquisadores de outras áreas começaram
tiva presente nos embriões, em virtude da herança de um a relacionar características físicas com o delito cometido.
ascendente remoto, ainda que não estivesse presente nos Surgiram, então, as teorias endocrinológicas (explicavam as
ascendentes imediatos. causas do crime a partir do estudo das glândulas), as teorias
Destarte a teoria do atavismo, Lombroso nunca pre- genéticas (estudavam o crime a partir de anomalias cromos-
gou o fatalismo biológico como se o crime fosse produ- sômicas) e as teorias psicológicas (estudavam o comporta-
to incontrolável da herança primitiva dos pais. O próprio mento do delinquente a partir do funcionamento do sistema
Lombroso já dizia: “assim como há criminoso ocasional, nervoso, especialmente o cerebral).

27
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Cada país procurou adaptar e desenvolver políticas cri- -psicológicos inadaptáveis e resistentes a todas as formas
minais voltadas às últimas descobertas de Lombroso e às de ressocialiazação (a segregação perpétua, defendida por
novas teorias criminológicas. Ainda que cada teoria desse QuintilianoSaldaña, seria muito onerosa ao Estado).
ênfase a um aspecto orgânico, como o tipo, os gens, o cé- Diferentemente dos Estados Unidos, que possuiam
rebro ou as glândulas, a nova ciência criminológica possuia uma segregação racial bem definida, e dos países europeus,
um objetivo muito claro: o aperfeiçoamento da raça, ou em cuja população racial era muito homogênea, o Brasil, face à
outras palavras, a eugenia. grande população negra, necessitou encontrar uma saída
Diverso do caráter punitivo das penas, as teorias se- alternativa, e no mínimo criativa, para implementar as teo-
guidoras da bioantropologia procuravam a “cura” dos de- rias bioantropológicas e suas políticas criminais eugênicas.
linquentes, daí porque o sistema penal deveria promover
políticas criminais eugênicas voltadas ao melhoramento das A lógica das políticas criminais eugênicas contribuiu
características físicas e psíquicas da raça. para o desenvolvimento de leis de segregação. Foi o caso
As políticas eugênicas foram desenvolvidas a partir da da política de Apartheid, na África do Sul, que durou até o
realidade sociocriminal de cada país, variando desde a en- final do século XX e nos Estados Unidos, onde a lei da en-
dogamia com o fito de evitar a transmissão de doenças he- dogamia racial só foi considerada inconstitucional no ano
reditárias, até o uso de meios cirúrgicos. Nos Estados Unidos de 1954. Antes disso, a segregação era legalmente institu-
e na África do Sul (mesmo não havendo mais escravatura) cionalizada e o casamento inter-racial proibido, havia a se-
foram proibidos os casamentos inter-raciais, para a preser- paração de escolas, bairros, restaurantes e hotéis de acordo
vação da raça e contenção da criminalidade. Já na Austrália, com a raça do indivíduo.
os filhos de aborígines com brancos ficavam sob a tutela do Devido às leis de segregação norte-americanas, a so-
Estado, o objetivo era que os mestiços se casassem somente ciedade dividia-se em duas categorias raciais definidas com
com indivíduos brancos, para ocorrer o embranquecimento clareza: os negros e brancos (ou os brancos e os não-bran-
da raça. cos). A endogamia permitiu a classificação bi-racial median-
A preocupação na transmissão de doenças hereditárias te o critério da ancestralidade (princípio da descendência),
era tamanha que cientistas em todo o mundo passaram a cuja regra definia a raça a partir dos ascendentes e era certi-
defender a adoção da esterilização e, em alguns casos, da ficada nos registros públicos. De acordo com Thomas Skid-
castração e da pena de morte. more, as teorias do racismo científico acabavam por agravar
A Alemanha foi um dos países que mais absorveu as a categorização bi-racial nos círculos acadêmicos e elitistas
teorias eugênicas. Em 24 de novembro de 1933, foi introdu-
da sociedade norte-americana.
zida a lei de castração como medida de segurança aos de-
Ao realizar um estudo comparativo, o historiador ame-
linquentes culpados de crimes sexuais graves e reincidentes
ricano observou que a realidade multi-racial brasileira dife-
de crime contra os costumes, sendo seguida pela aprovação
ria significativamente da segregação bi-racial dos Estados
da lei que previa a esterilização a todos os indivíduos dege-
Unidos. Não que no Brasil não houvesse preconceito, mas
nerados. Nos dizeres de Aureliano Araújo, o intuito dessas
porque a inexistência de regras de ancestralidade impediam
normas era impedir a propagação das características psico-
uma definição das categorias raciais.
patológicas aos descendentes: “A referida lei, que tem ob-
No Brasil, Carl Degler observou que o surgimento da
jetivos de prevenção, refere-se à esterilização compulsória
dos indivíduos afetados de doenças hereditárias, tais como a “escapatória mulata” era a maior dicotomia entre as relações
imbecilidade congênita, a esquizofrenia, a loucura circular, a raciais brasileiras e as relações raciais norte-americanas (um
epilepsia hereditária, o alcoolismo crônico e a cegueira tam- dos motivos seria a incapacidade das mulheres da América
bém transmissível por meio da hereditariedade.” Portuguesa em impedir a legitimação dos filhos mestiços
O ápice da política criminal nazista ocorre com o geno- ilícitos de seus maridos com as escravas). O fato é que a
cídio de milhões de judeus, negros, ciganos e portadores de aprovação de diversas leis contra o tráfico negreiro (entre
deficiência, considerados indivíduos de raças inferiores e 1831 e 1854), a lei do ventre livre (1871) e a lei dos sexage-
uma ameaça à sociedade alemã. nários (1885) no período anterior à abolição da escravatura
Embora as políticas germânicas de castração e o geno- aumentou consideravelmente a população negra e mestiça
cídio tivessem sofrido críticas pela maior parte dos criminó- alforriada ou livre por nascimento.
logos, a esterilização foi legalmente aprovada nos Estados Enquanto nos Estados unidos o mulato era visto como
Unidos, México, Dinamarca, Canadá, Suécia e Suíça, por não negro (ou afro-americano, de acordo com a terminologia
causar os traumas da mutilação ou impedir o coito, mas americana), no Brasil o mestiço era considerado uma ter-
apenas interrompendo a capacidade reprodutiva. No Bra- ceira categoria racial, com potencial de tornar-se cada vez
sil, a esterilização como método de prevenção do crime foi mais branca e, consequentemente, menos degenerada.
defendida por autores como Aureliano Araújo (ex-Professor Embora não existisse uma “linha de cor” clara, a elite
da Faculdade de Direito do Recife), Edgar Altino, Nina Ro- brasileira aceitou a tese da superioridade branca e tentou
drigues e Lemos Brito, cujos argumentos se justificam em conciliar a sociedade multi-racial às teorias bioantropológi-
prol do aperfeiçoamento da espécie humana, como medida cas, mediante o argumento de que, no Brasil, o branco pre-
de profilaxia social e criminal, realizada antes e após o de- valeceria através da miscigenação: “Ao invés de mongreli-
lito. Aureliano Araújo, inclusive, chegou a defender a pena zar a raça, a mistura racial estava embranquecendo o Brasil.
de morte a uma certa categoria de delinquentes antro- Longe de ser uma ameaça, a miscigenação era a salvação”.

28
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

A ideologia da miscigenação para o embranquecimen- O maior efeito da ideologia do embranquecimento,


to da população criou o mito da democracia racial brasilei- derivada das teorias bioantropológicas, é a destruição da
ra, como se o país passasse do período da escravidão para identidade negra e o fortalecimento da estigmatização
o período da abolição sem quaisquer traumas racistas em desta raça como inferior. O país que recebeu a maior po-
relação aos negros: “cria-se a crença de que não há precon- pulação escrava da África possui índices que revelam uma
ceito no Brasil”. Além disso, o assimilacionismo permitia ao queda vertiginosa da população negra, ou pelo menos, da
mulato uma maior mobilidade social, se o indivíduo não população que se considera negra.
poderia ser classificado como branco, pelo menos não era A morte de seis milhões de judeus durante a 2ª guer-
classificado como negro. ra mundial deixou um alerta ao mundo acerca das conse-
Paralelamente, o governo tomava diversas medidas quências de uma política sócio-criminal eugênica.
voltadas para o embranquecimento. Entre 1890 a 1940 A partir dos anos 50, começaram a surgir diversas ações
não foi realizado o levantamento da população racial nos de fortalecimento da raça negra. Nesta década, era feita a
censos, o mesmo aconteceu no censo de 1970 (época da integração forçada nos Estados Unidos e criado o movi-
ditadura), sob a justificativa da ausência de definições das mento black´sisbeautiful. O processo de descolonização da
África também fortaleceu o sentimento de nacionalismo na
categorias raciais. Na introdução ao censo de 1940, Fernan-
cor. No Brasil, diversos grupos de militância negra e acadê-
do Azevedo escreveu: “A admitir-se que continuem negros
micos passaram a denunciar a ideologia assimilacionista.
e índios a desaparecer, tanto nas diluições sucessivas de
A figura do criminoso nato, própria das teorias bioan-
sangue banco como pelo processo constante de seleção
tropológicas, foi questionada por diversos cientistas. Pri-
biológica e social, e desde que não seja estancada a imigra- meiramente, porque não se chegou à qualquer conclusão
ção, sobretudo de origem mediterrânea, o homem branco definitiva acerca das características biotipológicas do delin-
não só terá no Brasil seu maior campo de experiência e de quente (cada país adaptava as teses do racismo científico
cultura nos trópicos, mas poderá recolher à velha Europa, em detrimento dos segmentos sociais já discriminados),
cidadela da raça branca, antes que passe a outras mãos, o em segundo, porque a nova criminologia entendia o crime
facho da civilização ocidental a que os brasileiros empres- como um fato social e não antropológico.
tarão uma luz nova e intensa a da atmosfera de sua própria Mas se o biotipo não interferia na delinquência de um
civilização.” indivíduo, como justificar o fenômeno de que, no censo
O Decreto nº 528/1890 e o Decreto-Lei nº 7.967/1945 penitenciário realizado pelo Conselho Nacional de Política
autorizaram a entrada de mais de 4 milhões de imigran- Criminal, entre 1992 a 1993, dois terços da população car-
tes europeus, registrando a maior história de imigração em cerária era formada por indivíduos negros e pardos? Se os
massa do país, enquanto isso, o ingresso de negros e asiá- negros não possuem uma tendência natural ao crime e se
ticos só eram admitidos com a autorização do Congresso no Brasil não existe racismo (como quer a ideologia assimi-
Nacional. lacionista), por que eles compõem a maioria da população
A subjetividade da definição das categorias raciais fez carcerária?
com que, no Brasil, diferente da ancestralidade, os indiví- Durante os anos de 1900 e 1930, o sociólogo Carlos
duos delimitassem a raça baseada na aparência e na posi- Antônio Costa Ribeiro Filho estudou 400 processos no Rio
ção social, em busca de traços característicos, como o nariz, de Janeiro e constatou que os negros e pardos tinham mais
orelhas, cor da pele, cor dos olhos e tipo de cabelo, permi- probabilidade de serem condenados do que um branco
tindo definir o indivíduo com negro, mulato ou branco. Em respondendo à mesma acusação. Ainda: a cor negra das
vez de garantir a democracia racial, a ideologia assimilacio- vítimas acabava funcionando como atenuante (situação
nista, na realidade, acabou por introduzir o preconceito ra- igualmente constatada em estudos realizados nos Estados
cial entre os negros e mestiços, que procuravam parceiros Unidos).
cada vez mais claros para embranquecer a raça. O sociólogo Sérgio Adorno, do Núcleo de Estudos da
Violência da USP, realizou uma pesquisa semelhante em
A existência de maior mobilidade social entre os mu-
São Paulo entre os anos de 1984 e 1988, e observou que
latos e o preconceito racial entre indivíduos negros foi evi-
48% dos condenados são negros, contra 24% de negros na
denciada nas pesquisas de Carlos Alfredo Hasenbalg. Entre
população. As condenações por roubo qualificado somam
os anos de 1968 e 1977, Hasenbalg registra pelo menos 48
38% de todas as condenações, e 58% dos flagrantes reali-
ocorrências de crimes de racismo.  Em uma delas conta a zados são em pessoas negras, contra 46% em brancos.
notícia publicada pelo Jornal do Brasil, no dia 15 de abril de O total de 42% de brancos apresentam testemunhas,
1971, onde o Clube Náutico de Ipojuca proibiu em seu re- contra 25% dos negros; 27% dos brancos conseguem res-
gulamento a contratação de jogadores negros, sendo per- ponder o processo em liberdade, enquanto apenas 15%
mitido, no máximo, a contratação de morenos “desde que dos negros conseguem este benefício. Finalmente, 60%
não fossem morenos demais”. No ano seguinte, o juizado dos brancos são absolvidos contra 27% de absolvição en-
de menores da Guanabara constatou que, durante o pro- tre os negros.
cesso de adoção, as crianças negras eram preteridas inclu- Nos Estados Unidos, os dados impressionam. Com
sive por casais de cor: “quando pretendem adotar, prefe- uma população carcerária de dois milhões de presos, os
rem crianças pardas, e, quando forem escuras, que tenham norte-americanos são considerados a democracia que mais
cabelos lisos”. encarcera no mundo.

29
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Jorge Pontual narra que no ano de 1986, o Congres- Diante dos fatos fica o desafio de Jorge da Silva: “Se
so americano aprovou leis de combate às drogas e iniciou os estudiosos, entretanto, partirem da premissa de que as
uma forte política criminal de repressão ao consumo e ao diferenças nada têm a ver com a raça, a não ser, como en-
tráfico. Consoante as novas leis, o juiz perdia a possibili- sinaram Richard Leakey e outros estudiosos, as referentes
dade de condenar um usuário de crack, por exemplo, a se ao fenótipo, sem importância, portanto, para comparar os
tratar em uma clínica especializada, pois a pena era auto- seres humanos, terão um grande campo de estudo para
maticamente fixada em 5 anos de prisão sem redução (em- tentar compreender as causas da marginalização particular
bora o consumo do crack nunca tenha ultrapassado 0,5% das populações negras, e as formas para reverter o quadro,
da população). Diante do conjunto de leis, os negros aca- em proveito de todos. Se, ao contrário, não conseguirem
baram se tornando os principais alvos da repressão: “Como se desvencilhar da visão tradicional a respeito da “nocivida-
o uso desse subproduto barato da cocaína se concentra de inerente” dos negros, basta evitar o assunto ou repetir
nos centros urbanos, cresceu muito a proporção de negros Nina Rodrigues. E continuar convivendo com a crise social.
na população carcerária. Entre 1985 e 1995, o número de E partir para a repressão e, por que não dizer, para o exter-
presos por drogas cresceu 707% entre os negros contra mínio, e para os movimentos eugênicos, e para o “controle
306% entre os brancos.”
da natalidade”...
Os negros representam 60% de todas as condenações
por tráfico de drogas nos Estados Unidos. A pena de um
Face às descobertas da escola positiva italiana, as po-
negro que comete estupro é fixada em 70 meses de prisão,
em média, já um branco condenado por estupro recebe, líticas criminais de vários países reelaboraram suas políti-
em média, 56 meses. A população de negros nos Estados cas criminais na tentativa de extinguir a criminalidade. Na
Unidos é de 12%, mas de acordo com o censo penitenciá- prática, essas políticas criminais foram desenvolvidas no
rio, 70% dos presos no país são negros, perfazendo o total sentido de extirpar as raças que possuíam a “degeneração
de 1,43 milhão. genética”, seja mediante o extermínio ou a esterilização. No
A alta taxa de indivíduos negros nas populações car- Brasil, diante da ausência de critérios claros de fixação da
cerárias brasileiras ou norte-americanas demonstram uma raça, as políticas criminais eugênicas foram adaptadas com
relação direta entre raça e condenação. Primeiramente a miscigenação para o embranquecimento da população,
porque, em ambos os países, a cor está relacionada com a assim, a raça branca acabaria por prevalecer após suces-
pobreza, o que dificulta que os indivíduos negros possam sivas diluições sanguíneas, desde que o excedente branco
se servir de uma assessoria jurídica de qualidade. A tes- puro (trazido pelos imigrantes euroupeus) não fosse en-
temunha de defesa, por exemplo, que pode ser de extre- cerrado.
ma importância num processo criminal, não é apresentada A ideologia assimilacionista afetou consideravelmente
pela grande maioria. a percepção da identidade racial no Brasil, inclusive entre
Além disso, a exemplo do que ocorre nos Estados Uni- os negros, que buscavam parceiros cada vez mais claros na
dos, existe uma preocupação especial, por parte das insti- tentativa de alcançar maior mobilidade social. A investiga-
tuições políticas e jurídicas, nos crimes tipicamente come- ção da raça era realizada pela aparência da pessoa, por isso
tidos pelos delinqüentes negros, seja mediante uma rigo- a sociedade brasileira tornou-se uma sociedade extrema-
rosa fixação de pena ou uma diligente averiguação policial. mente atenta a quaisquer sinais que permitissem classificar
Como já dito anteriormente, o roubo qualificado é o crime a raça do indivíduo, como os olhos, o nariz, a boca, o tipo
de maior condenação, porém, crimes amplamente pratica- de cabelo, para poder “escapar” do estigma negativo de ser
dos, como o aborto, são raríssimas vezes objeto de apre- negro (daí a denominação escapatória mulata).
ciação pelo Poder Judiciário, embora o objeto de violação Além disso, como não existiam dados sobre a situação
seja a vida humana e não o patrimônio, como no caso do racial no Brasil, criou-se o mito de que no Brasil não existia
roubo.
racismo e qualquer teoria que pudesse afirmar o contrário
A preocupação em tipificar condutas próprias da raça
era vista como atentatória à democracia racial brasileira.
negra não é recente. O Código Penal de 1890, em seu artigo
402, declarava: “Fazer nas ruas e praças públicas exercícios Atualmente, os negros compõem a maior parte da po-
de agilidade e destreza corporal conhecidos pela denomi- pulação prisional e registram penas superiores pelos mes-
nação de capoeiragem (...). Pena, Prisão celular por 2 a 6 mos crimes, comprovando que o fator raça ainda é um for-
meses”. Na Bahia, as manifestações de candomblé só eram te indicador na condenação de um indivíduo. Além disso,
autorizadas uma vez ao ano e até a prática do candomblé os crimes mais comuns cometidos por membros das clas-
era considerado como uma prova da “incapacidade das ra- ses baixas (e conseqüentemente negros), como o crime de
ças inferiores para as elevadas abstrações do monoteísmo”. roubo qualificado, são justamente os crimes mais apurados
Somado a estes fatores, o legado das teorias bioan- e que representam a maior taxa de condenação.
tropológicas contribuiu para a formação do esteriótipo Uma das justificativas deste fenômeno reside justa-
dos negros como infratores, transformando-os em alvo de mente no legado das teorias bioantropológicas, da escola
constante vigia por parte do sistema criminal. Basta lem- positiva italiana, que dá ao negro o estigma negativo de
brar das denúncias de agressão por parte dos policiais ao criminoso, seja mediante a esteriotipização ou pela forte
realizarem as famosas “batidas” e “revistas” nas favelas. repressão criminal da cultura negra delinqüente. A classe
Mesmo sabendo que a maior parte dos moradores é for- baixa, composta principalmente por negros e mulatos, aca-
mada por trabalhadores pobres, acabam tratando a todos ba sendo mais vigiada e punida do que a classe média e
como traficantes. alta.

30
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

O estudo científico-explicativo do crime, inicialmente, com certas predisposições e capacidades de resposta e um


foi feito em caráter individual. As teorias que foram sur- sistema nervoso central, permitindo respostas muito dife-
gindo pautavam-se, como ressalta Shah, nos processos e renciadas a estímulos ambientais. (…) Desejamos também
condições característicos do organismo e não do ambiente. explicitar que não há nenhuma categoria de crime, nem
Aqui são privilegiados os fatores constitutivos do homem mesmo os casos de violência episódica, que seja especifi-
como responsáveis por seu comportamento, e não por fa- camente determinada por fatores biológicos. Não susten-
tores resultantes de seu processo de socialização. Ou seja, tamos que exista qualquer nexo exclusivo de causalidade
nessa perspectiva, pode-se dizer que o criminoso não é entre os fatores bioantropológicos e o crime‟.
totalmente responsável pelo crime, pois os fatores que o
influenciam escapam a seu controle. Teorias Psicodinâmicas

Teorias Bioantropológicas O surgimento dessas teorias significa a passagem do


plano bioantropológico para o plano da psicologia crimi-
No século XIX, surgem as teorias bioantropológicas, nal.
que têm seu maior representante em Lombroso, cuja tese Para essas teorias, o homem é um ser anti-social e, par-
central era o atavismo. Segundo essas teorias, há “tipos de tindo dessa premissa, elas se colocam a seguinte questão:
pessoas” predispostas ao crime. Para Lombroso, por exem- Por que a generalidade das pessoas não comete crimes?
plo, criminoso nato seria o indivíduo que manifestasse os Como bem explicam Dias e Andrade, a diferença entre o
ferozes instintos, seja do homem primitivo, seja dos pró- delinquente e o cidadão normal encontra-se no sucesso ou
prios animais inferiores. insucesso dos processos de aprendizagem e socialização.
Dentro dessa perspectiva, Hooton pretendeu dar ba- Como diz Cohen: “As fontes de variação do impulso e das
ses científicas à tese de Lombroso do “tipo físico”. Segundo variáveis de controlo estão na biografia do indivíduo ou na
Dias e Andrade, comentando a tese de Hooton, esse au- situação contemporânea e não na sua constituição bioló-
tor teria analisado mais de 13.000 reclusos e solidificado gica”.
a tese da inferioridade. Para ele, o delinquente seria um A preocupação dessas teorias gira em torno dos me-
ser humano físico, moral e intelectualmente inferior. Sendo canismos de indução do comportamento normal e não em
torno do cometimento do crime. Como dizem Dias e An-
assim, o crime só poderia ser evitado com a eliminação ou
drade, “a explicação do crime é relativamente fácil”, visto
segregação absoluta dos indivíduos inferiores fisica, moral
ser resultante do conflito interior entre os impulsos natu-
ou intelectualmente.
rais e as resistências adquiridas pela aprendizagem de um
Atualmente, com o desenvolvimento de disciplinas
sistema de normas (consciência ou super ego). Assim se
como a genética, a bioquímica, a endocrinologia e a psicofi-
percebe a preocupação com o estudo dos mecanismos de
siologia, surgiram as “modernas teorias bioantropológicas”
socialização para a investigação criminológica.
para tentar dar explicações para o crime. Para essas teorias, Há uma fórmula criada por Abrahansen que explicita
embora permaneça o pressuposto de que o comporta- bem essa percepção: C = T + S / R, onde C = crime; T = ten-
mento será melhor compreendido se forem compreendi- dências impulsivas; S = peso das variáveis situacionais e R =
das as determinantes biológicas, elas se diferenciam das resistências racionais e emocionais do indivíduo ao cometi-
antigas teorias bioantropológicas a partir da mudança na mento do crime. Destaca ainda o autor que as resistências
explicação do crime. Como dizem Dias e Andrade: “[…] podem ser interiores ou exteriores. Sendo interiores, elas
o que verdadeiramente caracteriza as modernas teorias se exprimem na culpa e, sendo exteriores, na vergonha ou
bioantropológicas, mais do que o conteúdo das suas hi- no medo.
póteses, é a sua atitude fundamental face ao problema da Dentre essas teorias, vale a pena destacar a “crimino-
explicação do crime. Abandonaram-se, desde logo, as pre- logia psicanalítica”, cujas primeiras manifestações se deram
tensões de definitividade e exclusividade, características de com as obras de Freud, Adler e Jung, e que objetiva “expli-
autores como Lombroso ou Hooton. As teorias explicativas car o crime como um ato individual e analisar a psicologia
são acompanhadas de marcados coeficientes de dúvida e da sociedade punitiva”. Conforme Dias e Andrade, a crimi-
provisoriedade. Por seu turno, parece ter-se superado a ve- nologia psicanalítica se baseia em três princípios:
lha controvérsia natureza/educação […] Não se pretende - O homem é, por natureza, um ser a-social. Por isso é
que as variáveis bioantropológicas sejam de per si determi- que Freud refere a criança como um perverso polimórfico e
nantes do crime em geral ou de qualquer forma específica Stekel como um criminoso universal.
de criminalidade. Entende-se, pelo contrário, que estas va- - A causa do crime é, em última instância, social. “O
riáveis funcionam em interação contínua com as variáveis crime, escreve Glover, representa uma das parcelas do pre-
de índole sociológica ou ambiental. Como escrevem dois ço pago pela domesticação de um animal selvagem por
autores (S.Shah e L.Roth) que mais têm contribuído para natureza; ou, numa formulação mais atenuada, é uma das
a fundamentação desta nova perspectiva: „Partimos do consequências de uma domesticação sem êxito‟.
postulado de que o comportamento tem de ser entendido - É durante a infância que se modela a personalidade. É,
como implicando uma interação entre um organismo e um noutros termos, durante a infância que se definem os equi-
ambiente determinado. Por variáveis orgânicas entende- líbrios ou desequilíbrios que, com caráter duradouro, hão
mos os fatores psicológicos, fisiológicos, bioquímicos, ge- de dar origem ao comportamento desviante ou às condu-
néticos e outros fatores biológicos que dotam o organismo tas socialmente aceitas.

31
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

A tese central dessa teoria consiste, portanto, na ex- Teorias Psicossociológicas


plicação de que o crime se dá quando o Super ego não
consegue inibir o Ego, deixando-o livre para as demandas As teorias psicossociológicas se caracterizam pela
do Id. O crime significa uma fuga à vigilância do Super ego. abordagem dos vínculos do indivíduo com a sociedade,
Para fins de ilustração dessa teoria, vale destacar as ca- procurando detectar as resistências interiores e exteriores
tegorias do criminoso por sentimento de culpa e do crimi- que conduzem o sujeito à obediência da lei. Dentre essas,
noso normal. O criminoso por sentimento de culpa pratica se destacam a “containmenttheory” de Walter Reckless e a
um crime pela necessidade de ser punido, ou seja, a culpa “teoria do vínculo social” de TravisHirschi.
é a causa e não a consequência. Para a “containmenttheory”, os processos de controle
É comum nesses criminosos formas inconscientes de social se distinguem em internos (resistências do próprio
autodenúncia e de confissão, como, por exemplo, deixar indivíduo) e externos (resistências da estrutura social, cul-
certos vestígios, ou mesmo, a tendência de voltar ao local tural e moral do indivíduo). A importância desses dois tipos
do crime. Já o criminoso normal é aquele cuja personalidade de controle varia de sociedade para sociedade, ou seja, o
controle externo, proveniente, por exemplo, da família e da
se identifica com o crime, não havendo conflito, portanto,
vizinhança é maior numa sociedade fechada do que numa
entre o Super ego e o Id. Trata-se do sujeito socializado
sociedade de mobilidade e diversidade, como a sociedade
conforme modos de vida desviantes, como exemplo temos
industrial.
a “delinquência juvenil mais ou menos organizada e a
É importante diferenciar, pormenorizando, o controle
delinquência habitual”. externo do controle interno (ou autocontrole).
No que tange à psicanálise da sociedade punitiva, po- Segundo Dias e Andrade, controle externo: Trata-se
de-se dizer que a criminologia psicanalítica antecipou-se à das pressões, no sentido da conformidade às normas e
teoria do labeling, tentando descobrir os mecanismos que às expectativas comunitárias, oriundas das estruturas so-
levam uma sociedade a punir criminosos. cioculturais em que o indivíduo se insere. As suas compo-
A psicanálise da sociedade punitiva procura, assim, res- nentes fundamentais são: a existência de uma estrutura
ponder a um conjunto de questões do gênero: como deve ocupacional e de papéis aberta ao indivíduo; um quadro
compreender-se a indignação coletiva que o crime desper- de oportunidades de acesso ao status; a forte coesão do
ta? Como se explica que o crime exerça um fascínio latente grupo ou comunidade em que o indivíduo se integra e a
tão poderoso e funcione como um “exemplo corruptor” identificação com uma ou várias pessoas deste grupo ou
com uma tão eficaz força infecciosa? Onde se situam as comunidade; sistemas alternativos de meios para a satis-
raízes dos sentimentos individuais e coletivos de vingança, fação das necessidades socialmente aceites. Em síntese,
expiação e retribuição? Como se explica o sentimento de a eficácia do outercontainmentserá, sobretudo, função da
justiça que preside à sociedade? Que funções desempenha existência, no indivíduo, de um sentimento de pertença a
o criminoso na vida espiritual da comunidade e dos seus uma comunidade e a uma tradição.
membros? Já controle interno (ou autocontrole) configura-se com
Nessa perspectiva, a pena tem a função de legitimação a interiorização do controle (consciência). A presença dessa
da ordem vigente. A punição reforça o Ego social, evitando consciência, desse autocontrole, dá-se através de cinco in-
o contágio do crime, pois castigar o delinquente significa dicadores, como descrevem Dias e Andrade:
reconfortar aquele que cumpre a lei. Os sentimentos de - Uma imagem favorável de si mesmo (“um bom con-
ambivalência da sociedade frente ao crime (ou seja, ora a ceito-de-si mesmo”) como pessoa responsável e fiel aos
sociedade se identifica com a vítima ora com o agressor) valores legais e morais;
se exprimem na pena. Portanto, a pena, violência legíti- - Orientação para objetivos (legais e legítimos);
ma, livra a sociedade do uso de seus instintos de agressão - Tolerância da frustração;
- Realismo nos objetivos;
quando essa se identifica com a vítima, pois quem aplica a
- Identificação com a ordem legal e moral vigente.
pena, de forma legítima, também pratica atos criminosos. E
A “teoria do vínculo social”, também teoria do contro-
quando a identidade é com o criminoso, a pena atua como
le, caracteriza-se pela perspectiva de que a delinquência é
uma espécie de “autopunição e expiação” dos sentimentos
resultante do enfraquecimento ou rompimento do vínculo
coletivos de culpa, ou seja, a sociedade se pune, punindo entre o indivíduo e a sociedade. Essa teoria, que sustenta
o delinquente, transferindo sua culpa para ele (teoria do críticas às teorias da subcultura delinquente e da anomia,
bode expiatório). traz um equilíbrio entre os elementos psicológicos (quan-
Em razão das diferentes perspectivas da teoria psicana- to ao conteúdo) e sociológicos (quanto à metodologia e
lítica do crime, diversas são as propostas de política crimi- à linguagem). Tal teoria se vale de quatro elementos para
nal. Enquanto a interpretação etiológica do crime propõe analisar o vínculo social, quais sejam: apego (ou simpatia),
para o criminoso um “tratamento” pautado na psicanálise, empenho, envolvimento e crença. Explicam Dias e Andrade:
a interpretação da sociedade punitiva propõe: “[…] a mais Apego: “É o elemento emocional do vínculo social.
radical superação dos modelos tradicionais de sociedade, Consiste na ligação afetiva de apego, simpatia, empatia
dos seus sistemas jurídico-institucionais, dos seus valores e atração do indivíduo para com o outro convencional; a
culturais e dos seus mecanismos de educação e socializa- sociedade, que aos olhos do jovem se mostra sobretudo
ção”. através do pais, professores e amigos.”

32
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Empenho: “Este elemento corresponde, noutros ter- levam ao crime? Seria do próprio povo, uma espécie de
mos, ao cálculo custos-ganhos que empresta racionalidade boiada mansa, movido pelo senso comum imposto? Seria
à decisão de cometer ou não um crime […] Quanto mais o da mídia, conhecida também como o quarto poder, a qual
indivíduo investir (tempo, recursos, energia) em carreiras induz o povo a ter um determinado comportamento até
convencionais, quanto mais expressivas forem as gratifica- mesmo com o uso de enxertos subliminares? Seria do mo-
ções realizadas ou esperadas, menos interessante surgirá a delo neoliberal, com a sua nova sociedade consumerista
solução delinquente.” exacerbada e controlada por alguns que estão acima dos
Envolvimento: “Representa a medida das energias e do políticos?
tempo dispendidos em carreiras convencionais. Sendo as Vários são os paradigmas, rotulagem, etiquetagem, es-
energias e o tempo bens escassos, o seu consumo em ati- tereótipos e estigmas desenvolvidos pela sociedade elitiza-
vidades legais reduz as oportunidades delinquentes.” da dominante, nos últimos séculos, para com a classe mais
Crença: “Significa a validação moral das normas con- pauperizada ou estigmatizada, principalmente para com os
vencionais e o grau de respeito que merecem por parte negros, os pardos e os índios. O reflexo dessa discrimina-
dos indivíduos.” ção está refletida no cárcere, cadeia ou casa de detenção,
denominado por Beccaria de “a horrível mansão do deses-
A Sociedade Criminógena pero e da fome”, nas quais a maioria dos detentos pertence
aos grupos citados. Só coincidência?
A criminologia de conflito é contrária à criminologia Alguns dos fatores criminógenos que influenciam no
de consenso. Enquanto esta corresponde à criminologia crescimento da criminalidade entre os grupos secularmen-
tradicional (ou positiva) e, portanto, a seus pressupostos, te estereotipados pela rotulagem ou etiquetagem, e por
aquela se caracteriza pela percepção da distribuição da cri- uma questão de justiça, e alguns fatores criminais enrai-
minalidade condicionada pelos modelos institucionais (em zados nas classes sociais mais abastadas, individualistas e
especial o modelo econômico). elitizadas da moderna sociedade globalizada.
A violência pandêmica urbana das médias e grandes De imediato podemos observar que as autoridades
cidades vem atingindo níveis cada vez mais contundentes e governamentais continuam insistindo em dar maior aten-
estarrecedores. Em Boa Vista, capital do Estado de Roraima, ção aos efeitos criminógenos, enquanto que as causas exó-
a segurança está em um contínuo processo de degradação. genas, consorciadas com as causas endógenas, as quais
Os políticos, muitos apenas demagogos, pouco fazem para ensejam o surgimento dos crimes através da indução, da
reverter a situação, além de se aproveitarem dessa conjun- imitação, das psicopatias, neuroses, fanatismo etc., são
tura social degradante. modestamente combatidas ou simplesmente ignoradas de
O medo e a desconfiança são dominantes e estão re- acordo com os interesses circunstanciais do momento po-
fletidos nas residências das classes média e alta, transfor- lítico ou econômico.
madas em verdadeiros “bunkers”, com muros altos, alarmes Várias são as origens históricas das causas criminóge-
eletrônicos, câmeras de segurança, cães de guardas, cercas nas. Modernamente podemos citar que, com o advento da
eletrificadas e seguranças privados. O óbvio fica explícito 3ª revolução industrial, nos últimos decênios, milhares de
com relação à confiança depositada na segurança pública pessoas, desqualificadas tecnologicamente, abandonaram
oferecida pelo Estado. E os bons cidadãos, pobres e mise- a área rural pela pressão de latifúndios nacionais e interna-
ráveis das periferias, como fica a segurança deles? cionais, sequiosos unicamente por lucros, pela monocultu-
Por esse caminho, fica denotado que a segurança é pí- ra predatória, pela mecanização e robotização da lavoura,
fia com relação aos homicídios e latrocínios, os quais ocor- pela falta de terras, pela falta de trabalho e de perspec-
rem, por coisas triviais, à luz do dia, em pleno centro e nos tivas de uma vida melhor. Esses fatores impulsionaram e
bairros, quase todos os dias e isto sem falar do trânsito impulsionam ainda o fenômeno da migração das famílias
com um percentual alto de condutores de veículos mal pre- camponesas pobres em busca de novos horizontes mais
parados que chacinam e mutilam diariamente. promissores. O rumo tomado foi à direção do brilho enga-
O Estado e os órgãos repressivos, lentos, enfraqueci- noso das grandes cidades. Nas cidades ocorreu e continua
dos, e mal preparados para os modelos de prevencionismo ocorrendo a não adaptação de milhares de pessoas. Nas
moderno, fazem o que podem, mas os índices não dimi- cidades, fatores sociais diversos e adversos, acabaram ge-
nuem. O pior é que empresas privadas de segurança apro- rando a marginalização de milhões de seres humanos, bem
veitam o filão de ouro e passam a ocupar as lacunas deixa- como o surgimento das favelas e de bairros miseráveis, os
das pelo Estado com a venda de proteção aos apaniguados quais acabam servindo aos interesses de justiceiros, nar-
da classe média alta e políticos. cotraficantes, grupos paramilitares (milicianos), de políticos
oportunistas de caráter pérfido, de religiosos fundamen-
Os Fatores Criminógenos talistas e de dezenas de outros aproveitadores. Desse ca-
dinho, agigantam-se, paulatinamente, os crimes contra a
Afinal de contas, de quem é a culpa pela expansão des- vida (humana/fauna/flora). A corrupção cria raízes profun-
comunal da criminalidade? Seria exclusivamente dos crimi- das e, obviamente, os crimes contra o patrimônio público
nosos que por livre arbítrio escolhem o caminho do crime? e privado não ficam de fora. Toda essa situação propicia
Seria dos políticos e governantes corruptos que se aprovei- um terreno muito fértil para os grupos citados, os quais
tam da ignorância do povo e não combatem os fatores que estão a gerar outras dezenas de males e contaminando, de

33
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

maneira insidiosa, a nossa democracia, a qual já não ocupa Com relação aos bancos, o iminente pesquisador e es-
uma boa posição no ranking mundial (42º entre 165 paí- critor Gustavo Barroso já mostrava detalhes íntimos de fa-
ses), sendo considerada uma democracia imperfeita. tores criminógenos da Monarquia, e posteriormente com a
Nesse sentido, algumas opiniões são marcantes e pes- República, nas transações financeiras. Os banqueiros sem-
simistas com relação à qualidade de vida nesses grandes pre foram protegidos pelos governantes (o governo do so-
centros urbanos. ciólogo FHC socorreu, com dinheiro público, os bancos que
estavam prestes a quebrar, socializando o prejuízo). Sem-
“As maiores cidades brasileiras são grandes feridas sem pre foram favorecidos com juros escrachantes e aviltantes,
cura provável a médio ou longo prazo. Em todas elas insta- além, obviamente, do contumaz, septicêmico e histórico
lou-se o caos, uma desordem que, nem de longe, é semente desvio do erário público pela classe elitizada, através da
que venha a produzir em um bom fruto. Segurança pública, corrupção endêmica (uma das maiores do mundo) consor-
saneamento básico, saúde, trânsito, tudo é uma imensa su- ciada com a volúpia de ganhos fáceis, pela fraude através
de atos infames, enriquecidos pela engenhosidade de bur-
cata. Temo que os próximos quarenta anos apenas agravem
lar. Como esses fatores continuam entranhados nos basti-
a atual situação”.
dores do poder e acentuados nos últimos decênios, eles
acabam ajudando a enfraquecer ou a maquilar o trabalho
É lastimável, mas a opinião acima não deixa de ter
do Estado no combate às verdadeiras causas da criminali-
uma boa dose de realidade. Nas cidades existem centenas dade, pois é mais interessante combater, ilusoriamente, os
de bolsões de miséria. Nesses locais a promiscuidade efeitos criminógenos das classes sociais mais debilitadas e,
com doenças sexualmente transmissíveis é crescente, a de vez em quando, algemar (agora limitado) algum figurão
educação pública, caso exista, é de baixíssima qualidade, da alta sociedade, preferencialmente, com todos os holo-
não existe saneamento básico, o qual está a gerar inúmeras fotes midiáticos presentes para que o espetáculo circense
doenças, a degradação ambiental é intensa e a inexistência destinado para os cidadãos de senso comum não pare.
de perspectivas para os mais jovens é um fato concreto. O Estado vendo o crescimento descomunal do crime,
Nesses locais, o consumo de drogas lícitas (álcool), o con- numa tentativa paliativa de estancar a criminalidade cres-
sumo, comércio de drogas ilícitas (cocaína, crack, psico- cente e organizada nas grandes cidades, cria novas legisla-
trópicos, maconha transgênica etc.) e a desestruturação ções penais mais duras, as quais, infelizmente, não conse-
familiar são sintomas mais do que preocupantes, pois es- guem amainar o recrudescimento do crime e acabam aju-
ses fatores ajudam a fomentar inúmeras ações criminosas. dando, ainda mais, a “empilhar” somente seres humanos
Ações estas que, na grande maioria, fogem do controle do miseráveis, analfabetos, alguns até inocentes, e outros por
Estado, gerando altíssimas cifras negras. crimes de bagatela, em presídios com chances mínimas de
Dos crimes que chegam ao conhecimento do Estado ressocialização, a não ser de se especializarem ainda mais
apenas uma parcela ínfima acaba sendo elucidada. Essa no crime e no ódio. Obviamente para os criminosos das
parcela ínfima, de acordo com alguns especialistas, é em classes abastadas tudo fica mais fácil com a contratação de
torno de 2,5%. Isto não é mostrado pelos governantes, na bons advogados para se livrarem ou de emperrarem pro-
mídia oficial televisiva, por questões óbvias. É bom deixar cessos que se arrastam por anos nas estâncias judiciárias
explícito que os filhos de famílias abastadas também se en- superioras, além de conservarem todo ou parte do lucro
volvem com o uso e comércio de drogas e, sendo assim, há do butim do erário público, das drogas, do descaminho etc.
uma maior dificuldade de serem combatidos. Sobra tempo até para alguns virarem políticos e consegui-
Dentro da célula familiar a falta de conhecimentos gera rem o fórum privilegiado.
a ignorância (mãe de todos os males), os bons costumes se Entre as várias leis que buscam refrear o recrudesci-
mento do crime, uma se destaca, pois foi criada pela boa
pervertem e a moralidade entra em colapso pela má for-
sociedade e pela pressão internacional com precípuo de
mação familiar. As virtudes viram moedas enferrujadas e
proteger crianças, adolescentes e amenizar a violência con-
sem valor. Os fatores que geram estas causas acabam fican-
tra elas. O Estado promulgou o Estatuto da Criança e do
do, hipocritamente, em segundo plano, induzindo a uma Adolescente (ECA), o qual possui, inquestionavelmente,
visão falseada da interpretação da verdadeira realidade dezenas de artigos extremamente importantes para a pro-
social, principalmente pelos governados de senso comum teção do menor de idade, mas em contrapartida, o Estado
que veem apenas os efeitos criminógenos. é leniente para com a aplicação integral do texto, além de
Convém deixar frisado que algumas raízes criminóge- ser extremamente paternalista com menores de alta peri-
nas históricas são alimentadas pelo injusto modelo concen- culosidade.
trador neoliberal capitalista brasileiro, aliado a um modelo As consequências dessa leniência foram à permanên-
de globalização totalmente insustentável para o planeta, o cia da prostituição infantil, do trabalho escravo, do abuso
qual, diga-se de passagem, possui recursos limitados, ou sexual, dos crimes contra o patrimônio e dos crimes contra
seja, milhões de pessoas jamais terão acesso a esses re- a vida. Neste último quesito os infantes e adolescentes ma-
cursos. Em contrapartida, esse modelo gera para alguns tam e morrem pela necessidade de sobrevivência ou movi-
um enriquecimento descomunal, principalmente para ban- dos pelo ódio. Nessa degenerescência bárbara e estúpida,
queiros, narcotraficantes, políticos adeptos de Maquiavel, o Brasil prepara as levas de futuras gerações de brasileiros,
empresários de mau caráter, empresários da indústria de pois os programas para eliminar as causas são deficitários
armamentos, igrejas etc. na maioria das cidades brasileiras.

34
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Para alguns criminólogoso ECA é uma falácia, já que lha na ressocialização da grande maioria dos detentos. A
as causas permanecem incólumes na grande maioria das corrupção chega a um nível pandêmico, provando defini-
cidades. Miguel GranatoVelasquez, Promotor de Justi- tivamente a falência do sistema correcional vigente, bem
ça, mostra alguns desses fatores que maculam a infância como da ineficácia da legislação penal baseada apenas nas
brasileira, principalmente a pobre: “No entanto, além da causas criminais.
violência contra a vida, os jovens brasileiros também são Enquanto isso, na sociedade civil, os fatores criminóge-
submetidos a muitos outros tipos de violência, como a mi- nos ampliam-se em proporções alarmantes, os bons costu-
séria, a negligência e abandono paternos, o desemprego, mes são invertidos ou pervertidos. O caos do medo e da
as agressões domésticas, tanto físicas quanto psíquicas, a desconfiança é instalado no seio das comunidades, além
falta de atendimento básico de saúde, a educação deficien- de ocorrer à banalização do bem mais precioso do ser hu-
te, as drogas e o tráfico e a moradia em locais marcados mano: a vida.
pela criminalidade ou controlados pelo crime organizado. João Farias Júnior reforça alguns dos fatores criminó-
De fato, crescer no Brasil, especialmente para as popula- genos já expostos quando assim se explana: “Além desses
ções carentes, é uma experiência de alto risco”. fatores há ainda a acrescentar as migrações e inadaptações
Nesse sentido João Farias Júnior acrescenta: “É a crimi- sociais, os efeitos maléficos das comunicações sociais e
imprensa, o tratamento corrupto e arbitrário da polícia, a
nalidade que, tendo suas raízes intocadas, cresce, devasta,
morosidade da justiça criminal e a degenerescência prisio-
violenta, chacina, mutila e dilapida patrimônio, e se torna
nal”. E ainda complementa: “Os influxos sociais maléficos se
cada vez mais poderosa, mais potente, e mais desafiante”. transmitem e são contraídos por indução, instigação, con-
Por outro lado, famílias das classes sociais abastadas, tágio, sugestão e imitação”.
e principalmente as classes de parcos recursos, já não con- Como muito pouco se tem feito no combate as causas
seguem mais impedir as más companhias dos filhos. Na endógenas e exógenas, ao atingirmos o fundo do poço,
luta pela sobrevivência dos mais pobres e pela ganância poderá haver o surgimento de um ordenamento jurídico
dos ricos, ocorre o afastamento dos genitores na educação penal cada vez mais contundente e insidioso, com a pos-
básica das crianças. As influências negativas e sem limites sibilidade, dependendo do rumo político dos hipócritas,
da mídia televisiva em horário nobre, com o seu culto às de ocorrer à oficialização da prisão perpétua e da pena
futilidades, novelas que incentivam ao crime, à prostituição, de morte e com o total apoio do povo míope, de senso
às drogas, à indução consumerista sem limites e às arma- comum, conduzido até mesmo por enxertos sublimina-
dilhas da internet (pedófilos a caça de criancinhas, apolo- res midiáticos. Concretizando essas duas modalidades de
gia as drogas, os perigos do Orkut) e filmes que induzem pena máxima, estará decretado o afastamento definitivo
ao mundo da criminalidade é uma realidade incontestável das causas geradoras do crime e estarão atacando, poten-
e em plena ascensão. Milhares de infantes ricos e pobres cialmente, apenas os efeitos criminógenos, além de ense-
estão sob os influxos da pedofilia, das drogas e da prosti- jar o surgimento de um Estado policial, semelhante ao que
tuição infantil. Frequentam lugares degradantes, utilizam- ocorre nos EUA, cujo modelo já está sendo exportado para
-se de substâncias alucinógenas, muitas vezes vendidas nas outros países que orbitam em sua volta.
portas das escolas e até mesmo no interior delas. Tais fatos Qualquer semelhança com o Brasil não será mera coin-
permitem que milhares sejam recrutados para as fileiras cidência. LoicWacquant em sua magnífica obra deixa claro
do crime organizado, outros tantos serão explorados se- o tratamento dado pelo Estado Policial dos EUA para com
xualmente ou escravizados por adultos de personalidade e a sua população pobre esteoritipada: “O encarceramento
caráter pútrido e, entre esses exploradores, temos até au- serve antes de tudo para ‘governar a ralé’que incomoda –
toridades ou profissionais de todos os níveis de educação segundo a expressão de John Irwin (1986), bem mais do
que, aparentemente, estão acima de qualquer suspeita. O que para lutar contra os crimes de sangue cujo espectro
freqüenta as mídias e alimenta uma florescente industria
lastimável é que alguns desses criminosos, muitos de cola-
cultural do medo dos pobres (com emissões de televisão
rinho branco, frequentam algumas sociedades que pregam
Cops 911, que difundem, em horas de grande audiência,
as virtudes nobres, a moral, a retidão nos pensamentos, a
vídeos de intervenções reais dos serviços de polícia nos
retidão nas ações, o humanismo, o holismo etc. O mais in- bairros negros e latinos deserdados, com o mais absolu-
teressante é reparar que alguns deles continuam ativos em to desprezo pelo direito das pessoas presas e humilhadas
suas fileiras, mesmo depois de descobertos em seus torpes diante das câmeras)”.
crimes contra crianças, contra o erário público etc. Há al- Nesse sentido, algumas autoridades brasileiras já en-
guns séculos passados seriam imediatamente banidos das saiam medidas mais duras sem reconhecer os respectivos
fileiras de algumas dessas organizações e teriam a espada motivos que levam para o crescimento da criminalidade.
de Dâmocles bailando acima das suas cabeças. Para essas comunidades pobres, o direito básico consti-
Por sua vez, o Estado, permeado por agentes corrup- tucional de ir e vir são tolhidos, além de outras garantias
tos, já não consegue mais esconder a degradação psíquica, constitucionais serem desrespeitadas. Dessa maneira sór-
ética e moral dos reclusos sob a sua guarda, os quais pas- dida, a democracia de compadres e criminosos instalados
sam a viver um inferno em vida. Dentro dos presídios do no poder de várias localidades não permitem que as opor-
Estado, os prisioneiros vivem em celas contaminadas por tunidades sejam iguais para todos, estando a gerar os eti-
doenças, sujas, úmidas e superlotadas. A promiscuidade é quetados e os rotulados dessa nossa pérfida sociedade. É
tão acentuada que o preso perde a dignidade e a própria festa na floresta de pedra para uns poucos e desgraça para
honra que ainda lhe resta. O sistema prisional falhou e fa- muitos.

35
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Com tudo já exposto, as causas exógenas poderão (Alemanha/China/URSS/EUA etc.) e o que alguns líderes da
ser ampliadas ainda mais com a possibilidade de termos atualidade estão fazendo na África, Ásia, Ámerica do Sul e
mais criminosos instalados no poder dito democrático. E Oriente Médio. E como será a situação no Brasil? Alguém
em todo o Brasil quantos criminosos estarão pleiteando com transtornos mentais pode ser eleito sem o menor per-
um cargo de prefeito ou vereador? O inacreditável é que calço, pois nenhuma cobrança lhe será feita. Quem almeja
pessoas, bem instruídas, chegam a dizer, laconicamente e um emprego público terá que provar a sua sanidade men-
ironicamente, que isto é salutar para a democracia. Salutar tal antes de assumir o cargo.
para quem? Por esse caminho, dos fatores endógenos, é sábio,
O povo sem acesso as fichas sujas desses candidatos conveniente e salutar, observar que alguns medicamentos
e sem uma excelente educação, com uma base sólida em podem produzir efeitos colaterais, os quais podem induzir
organização social e política do Brasil, bem como uma o individuo a cometer atos criminosos como, por exemplo,
educação moral cívica aprofundada, não terá condições de desenvolver a cleptomania. Experimente ler na bula os de-
discernir entre os candidatos sérios e honestos (poucos) e talhes sobre efeitos colaterais. Você poderá ter surpresas.
centenas de criminosos que estão pleiteando cargos po- Apesar de tudo, ainda temos saída para transformar a
líticos, além do mais, muitos do povo pobre e miserável, sociedade criminógena em algo melhor? A reforma política
vendem o seu voto por alguns míseros trocados. Não po- é essencial, pois assim como esta não haverá mudanças e a
demos nos esquecer de que temos (ex)governadores, (ex) violência será ampliada. Os ilusionistas de plantão, os ban-
senadores, (ex)deputados, (ex)prefeitos e (ex)vereadores doleiros, os homicidas, os corruptos, os pedófilos, os vendi-
sendo processado por diversos crimes em todo o Brasil. lhões da pátria etc., fazem parte da atual seara política mal-
Sofrerão algum tipo de punição? A maioria escapará ilesa! sã, estando a contaminar as três esferas governamentais e
É a criminalidade se organizando, ampliando os seus tentá- a própria República. Somente uma mudança drástica colo-
culos e ameaçando a própria democracia, além de institu- caria um ponto final nessa festa de “arromba” dos compa-
cionalizar a corrupção desenfreada. dres poderosos e perigosos que se escondem por de trás
As diversas causas sociais (exógenas), ampliam a cri- das coligações políticas e que se revezam a cada pleito com
minalidade de maneira imensurável e para somar a essas utilização de urnas eletrônicas passíveis de fraude.
causas criminógenas, temos ainda, as dezenas de desequi- Se a utópica reforma política chegasse a se concreti-
líbrios fisiológicos que podem levar o indivíduo a delinquir, zar teria que ocorrer mudanças no Direito Penal brasileiro
que é livre-arbitrista, ou seja, não se preocupa com influxos
muitas vezes de maneira dissimulada, como por exemplo,
exógenos e endógenos. Para esse direito penal, o indiví-
os pedófilos que levam a desgraça a tantas crianças. Entre
duo se torna criminoso por sua livre vontade, e, portanto,
essas causas (endógenas) citaremos apenas algumas das
combate apenas os efeitos criminógenos com punições
dezenas de distúrbios cientificamente catalogados:
que não atingem a ressocialização correta. Essa visão penal
- às Perversões e Anormalidades Sexuais, como por
errônea e secular teria que mudar, pois, na realidade, está
exemplo, a necrofilia e a pedofilia;
apenas a realimentar a criminalidade.
- os Paranóicos Ideológicos; Se ocorressem mudanças saneadoras no ordenamen-
- os Fanáticos Religiosos, como por exemplo, os inte- to jurídico voltada realmente para as causas criminógenas,
grantes do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição (1231- uma medida social por parte dos governantes seria cru-
1821) que levou milhares de inocentes a serem torturados ciante: para alguns cientistas sociais as cidades precisariam
e queimados vivos em fogueiras, tudo em nome de Deus; diminuir urgentemente o contingente populacional através
- mais modernamente surgiram novos grupos de Faná- de um plano social governamental realmente voltado para
ticos Terroristas Religiosos que já levaram milhares à morte o povo. Milhares deveriam de retornar para a área rural
(Torres gêmeas-EUA), novamente tudo em nome de Deus. para trabalhar em pequenas propriedades com apoio tec-
- Paranóia Persecutória; nológico baseado em uma racionalidade ambiental e uma
- o Maníaco de Notoriedade; produção diversificada. Muitos aspectos positivos pode-
- o Deprimido; riam ser retirados dos belos exemplos oferecidos por Israel
- o Explosivo; através dos Kibtuz, dos Moshav e dos IshuvKehilati para um
- o Astênico; modelo auto-sustentável, apoiados na agroecologiae, por
- a Neurose de Guerra; indução, respeito à biodiversidade, evitando-se a monocul-
- a Neurose Traumática; tura e transgênicos, comprovadamente, nocivos a flora e a
- a Histeria; fauna. Uma reforma agrária justa evitaria que milhares de
- a Neurastemiaetc. hectares fiquem nas mãos de latifundiários, de estrangei-
ros, de igrejas e de bancos, cujo objetivo é apenas o lucro
A lista dos fatores endógenos apresenta centenas de exacerbado, não importando os meios.
psicopatias e os poucos exemplos acima servem apenas Um outro fator para mudanças nos grupos mais mi-
para chamar a atenção de que as ações criminosas jamais seráveis da sociedade está relacionado com a educação
poderiam ser um produto da livre vontade do individuo, que é uma das piores do mundo. Há a necessidade de que
como querem os aguerridos defensores do livre-arbitrismo ocorra a erradicação de mais de 14.000.000 de analfabe-
do Direito Penal. Quantos chefes de nações já estiveram ou tos, a erradicação dos milhares de analfabetos funcionais
estão sob algum influxo endógeno ou exógeno? Basta ver que terminam o ensino fundamental e Ensino Médio mal
o comportamento de alguns chefes de Estado no passado sabendo ler e escrever e, obviamente, sem ter um senso

36
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

crítico desenvolvido, o qual seria vital para amainar a crimi- O Estado, por sua vez, manteria uma economia aberta,
nalidade. Além do mais esse grupo social não está prepa- porém com oportunidades de ascensão social igual para
rado para ser inserido no mercado de trabalho altamente todos e não apenas para uma minoria de privilegiados. Veja
meritocrático e tecnológico, mesmo quando alguns conse- que estamos falando de um Estado voltado para os princí-
guem concluir o ensino superior em algumas instituições pios humanistas e holistas e não do atual Estado, minado
de qualidade duvidosa que os aceitam nessas condições. pelo vírus da corrupção, que dividiu a Nação em poucos
Infelizmente esse povo, esquecido pelo Estado e pela incluídos e a maioria em excluídos, obviamente todos ro-
sociedade individualista dos incluídos não passam de pre- tulados ou etiquetados e com um péssimo sistema educa-
sas fáceis, uma espécie de “boiada mansa”, para direcionar cional com reflexos diretos na economia, nas comunidades
votos aos políticos maquiavélicos deserdados de honra e sociais pobres e na ascensão da criminalidade organizada.
dignidade. É interessante observar que essa minoria elitizada
Essa situação paradoxal do analfabetismo e da inver- combate os efeitos criminosos com medidas cada vez mais
são de valores morais como causas da criminalidade pode repressivas, com um absoluto desprezo pelos direitos das
ser bem expressa nas palavras do corifeu Rui Barbosa: “De pessoas pobres, presas e humilhadas, preferencialmente
tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as in- diante de algumas câmeras, esquecendo-se que esses
justiças, de tanto ver o poder agigantar-se nas mãos dos efeitos criminógenos foram produzidos pelo seu modelo
maus, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver a de vida egoístico, predador e individualista.
verdade vencida pela mentira, de tanto ver promessas não A situação de insegurança da sociedade, deixa trans-
cumpridas, de tanto ver o povo subjugado e maltratado,
parecer a possibilidade de que possam existir outros ob-
o homem chega a desanimar-se das virtudes, e a rir-se da
jetivos maiores, os quais, insidiosamente, dominam os
honra, e a ter vergonha de ser honesto”.
políticos e a própria sociedade de maneira muito sutil. Na
Dando continuidade à sequência salvacionista quase
prática temos a ampliação da criminalidade, com seus fa-
que ilusória ou utópica, seria necessária ainda a criação de
um sistema educacional de cunho transdisciplinar, de tem- tores endógenos e exógenos centrados apenas nos efeitos
po integral, para que se adquira a luz da cidadania, a luz criminógenos, utilizados como desculpas para ampliar o
do saber, a luz do humanismo, para que se tenha a cons- controle sobre as populações marginalizadas, incluindo a
ciência de que tudo no universo está interligado ao Todo. classe média, as quais são induzidas por propagandas mi-
Para João Viegas Fernandes, a educação atual baseia-se na diáticas e, por “slogans sem sentido”.
“fragmentação e compartimentação do conhecimento por Essas propagandas e esses slogans fazem com que as
disciplinas não permite a compreensão da complexidade comunidades marginalizadas e classe média aceitem, pla-
da natureza nem da sociedade”. cidamente, as novas formas de controle social que lhes se-
Uma educação baseada em princípios transdisciplina- rão impostas em médio prazo. Para manter essa, digamos,
res, acimentada na educação familiar correta, as trevas da “boiada assustada” sob controle, os donos do poder conti-
ignorância seriam afastadas, a marginalização e o crime nuarão as distraindo e as marginalizando com os campeo-
entrariam em declínio e com um percentual altíssimo. Ci- natos de futebol, com sexualismo desvairado da podridão
dadãos assim formados, dentro dos princípios de um novo das novelas indutivas de novos costumes deletérios, com
humanismo e princípios holistas, teriam condições de criar os filmes violentos, com carnavais anuais e fora de época,
um Código Preventivo Penal voltado para as causas crimi- com os programas humorísticos, mantendo-as permanen-
nógenas (exógenas e endógenas), pois debelada estas, o temente assustadas com a criminalidade fora de controle,
efeito deixa de existir. Políticos hipócritas que vêem apenas mantendo-as afastadas de vários problemas domésticos e
as causas criminais e se aproveitam delas, a exemplo da- principalmente políticos.
queles que queriam construir muros segregacionistas, iso- Enfim, as peças enxadrísticas estão em movimento no
lando favelas, ensejando uma indução a um apartheid so- grande tabuleiro da curta e cruel história brasileira. Vamos
cial e econômico, deixariam de existir na política brasileira. ver qual o lado que dará o cheque mate para o recomeço
É interessante frisar que na visão de pensadores de mais um novo período histórico, o qual poderá ser to-
marxistas o delinquente seria um produto da sociedade talmente democrático (para todos e não para alguns), ho-
capitalista, portanto apenas uma vítima. A alternativa para lista e humanizado ou poderemos ter o pior de todos os
a diminuição da criminalidade teria que partir da revisão
horrores com o surgimento de regimes de extrema direita
dos valores capitalistas pela sociedade. Enfim corrigida
policialesco ou algo de podre parecido, preferencialmente
as causas criminógenas históricas mais comuns (Sócio-
importado dos EUA ou da Europa. Nesse tabuleiro um dos
familiares, Sócio-econômicas, Sócio-ético-pedagógicos,
lados já está em desequilíbrio acentuado.
Sócio-ambiental), e, infelizmente, somente a longo prazo,
Quem conseguir sobreviver ao trânsito caótico, regado
a população carcerária iria diminuir substancialmente. A
a álcool e da demência das nossas grandes cidades, quem
criminalidade e a segurança iriam retornar a patamares
conseguir sobreviver às ações criminógenas das hordas de
aceitáveis nas cidades. Os crimes seriam apreciados sob a luz
excluídos e dos desmandos criminógenos dos incluídos,
das causas endógenas e exógenas. A partir desse enfoque
todos enriquecidos dentro das causas exógenas e endóge-
seriam aplicadas medidas de ressocialização, adequadas
nas, será a testemunha ocular de um novo regime em um
a cada caso, e sob um severo controle tecnológico pelo
futuro não muito distante.
Estado.

37
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Sociologia Criminal Ferri acreditava que o delito não era produto exclusi-
vo de nenhuma patologia individual, para ele o delito era
A Sociologia Criminal, segundo Fernandes e Fernandes resultado da contribuição de diversos fatores: individuais,
busca explicar e justificar a maneira como os fatores do físicos e sociais. Na tese de Ferri, “o delito é um fenômeno
meio ambiente social atuam sobre a conduta individual, de social, com uma dinâmica própria e etiologia específica, na
forma a conduzirem o homem à iniciação delitiva, o crime qual predominam os fatores sociais”. A pena, por si só, seria
seria um fenômeno social. ineficaz, precisa vir antecedida ou acompanhada das ade-
Dias e Andrad elucidam que a referida teoria tem como quadas reformas econômicas, sociais, entre outras.
propósito problematizar a ordem social, ou seja, “a expli-
cação sociológica do crime deve ser tendencialmente glo- Sociologia Criminal e Teoria da Desorganização So-
balizante: para além e antes da sua explicação no plano do cial
acontecer e dos dados sociológicos, há que tentar explicá-
-lo ao nível da própria ordem social”. A teoria ecológica deu início à criminologia americana
Para Garcia-Pablos, esta teoria contempla o fato deliti- nas décadas de 20 e 30. A escola criminológica de Chicago
vo como fenômeno social e pretende explicá-lo em função tratou o crime como um “[…] fenômeno ligado a uma área
de um determinado marco teórico. Ainda, os modelos so- natural. Historicamente coincidente com o período das
ciológicos obtêm êxito em virtude da utilidade prática da grandes migrações e da formação das grandes metrópoles,
informação que subministram para os efeitos político-cri- teve a escola de Chicago que afrontar-se com o problema
minais. Esta teoria parte da premissa de que o crime é um característico do ghetto.”
fenômeno social muito seletivo, e que está unido a certos Segundo Dias e Andrade, a teoria da desorganização
processos, estruturas e conflitos sociais, tratando de isolar social se define como: “[…] o afrouxamento da influência
suas variáveis, constituindo, hoje, o paradigma dominante das regras sociais de conduta existentes sobre os mem-
e o contributo decisivo para um conhecimento realista do bros individuais do grupo” Thomas. A desorganização social
problema social. significa, do ponto de vista institucional, do grupo ou da
Em relação às causas que levam o homem ao crime comunidade, a impossibilidade de definir e impor mode-
a Sociologia Criminal, estudando as causas que levam o los coletivos de ação. E corresponde, para o indivíduo, a
homem ao crime, não desconsidera que a própria forma de uma condição de total liberdade para a expressão das suas
organização da sociedade, com suas falhas e defeitos sur- inclinações. Ainda segundo Thomas, a desorganização so-
gidos ao sabor da crescente complexidade de suas exigên- cial não passa de uma fase de um processo dinâmico de
cias, pode revestir-se de condição para que a criminalidade mudança, alternando, por isso, com fases de organização
aconteça. Essa sociedade, diga-se, necessita de leis gerais social.
que presidam sua constituição, organização, funcionamen- Reforçando esse entendimento, vale a pena reprodu-
to e sua própria evolução. zir o depoimento de Stanley no livro de Shaw: “[…] a vida
Constata-se assim, à luz dessa teoria, que o crime ad- nas ruas, tornou-se para mim fascinante e excitante (…). Eu
vém do meio social em que o indivíduo interage. Confor- era como uma canoa no meio duma forte corrente (…), as
me preceitua Hassemer, “há tempos encontram-se sinais possibilidades que eu tinha de dominar os desejos de me
favoráveis em relação às teorias, cuja origem e desenvol- deixar levar no sentido da corrente do mundo subterrâneo,
vimento da conduta criminosa localizam-se em um setor eram iguais aos que teria uma frágil canoa de vencer a cor-
intermediário entre os fatores individuais e os sociais”. rente”. E acrescenta: “Furtar na vizinhança era uma prática
Segundo este mesmo autor de acordo com o ponto comum entre os rapazes e aprovada pelo pais. Sempre que
de vista das teorias da socialização, a conduta criminosa é os rapazes se juntavam era para falar de furtos e para o
aprendida, é conduta socializada. A família, a escola, a vizi- planear (…). Os mais velhos entregavam-se a tarefas mais
nhança, os grupos de amigos, o ambiente profissional, as sérias como roubos, assaltos e furto de automóveis. Os
instâncias que realizam, portanto, o processo de socializa- mais novos admiravam os grandes golpes e aguardavam
ção do indivíduo, sua prática no padrão de conduta social, ansiosamente o dia de poderem participar deles”.
sua mentalidade e as normas, são as instituições, cujos de- Em razão dessa perspectiva, a proposta de política cri-
feitos prematuros podem colocar o germe do desvio deli- minal apropriada, esclarecem ainda os autores menciona-
tivo. dos, deve-se dar na pequena comunidade em que vivem
As teorias da socialização buscam as fixações históricas os delinquentes, por meio da mobilização das instituições
na pessoa do próprio desviante, e estabelecem conexões sociais locais, como, vizinhança, igreja, escolas, etc, a fim
com grupos sociais ou até mesmo com a sociedade em de que seja reconstruída a solidariedade social, atuante no
seu conjunto, a partir dos quais podem ser explicados os controle dos delinquentes.
defeitos de socialização. Sutherland, diz que “as chances Tal teoria procura explicar aqueles crimes de gangues,
de se tornar criminoso dependem da espécie, intensidade baseando-se no livro Delinquent boys, de Albert Cohen.
e duração, em dado momento, de diversos contatos do in- Afirma-se o seguinte: tais gangues formam-se dentro das
divíduo com outros”. cidades e possuem um conjunto de valores próprios (She-
Em suma, segundo o pensamento de Hassemer, a teo- caira).Esse novo conhecimento que vai sendo incorpora-
ria criminológica da aprendizagem pode ser compreendida do como qualquer outro elemento cultural e passa a ser
como sendo uma conduta criminosa aprendida em intera- aceito, fazendo parte de um comportamento que se afasta
ção com outras pessoas em um processo de comunicação, cada vez mais do que é socialmente aceito (exemplo: van-
principalmente nos grupos pessoais íntimos. dalismo).

38
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

O que se passa na mente desses criminosos? Segun- po possui seu próprio código de valores, que nem sempre
do Cohen, o indivíduo pratica o crime por prazer, sem que coincidem com os valores majoritários e oficiais, e todos
haja uma explicação racional para se cometer o crime, para cuidam de fazê-los valer frente aos restantes, ocupando o
ganhar status dentro do seu grupo de delinquentes o qual correspondente espaço social.
se rege pelas regras totalmente opostas às impostas pelo A conduta delitiva para as teorias subculturais, diferen-
Estado. Assim, segundo Cohen, existem três fatores carac- temente do que sustentavam as teses ecológicas, não seria
terísticos da subcultura deliquencial: o nãoutilitarismo; a produto da “desorganização” ou da “ausência de valores”,
malícia na conduta e o negativismo (Lallement). Em poucas senão reflexo e expressão de outros sistemas de normas e
palavras, o indivíduo pratica o crime sem que o produto lhe de valores distintos: os “subculturais”. Teria, portanto, um
seja útil, tem prazer em desconcertar e agredir o outro e respaldo normativo. Assim, tanto a conduta normal, regu-
ainda nega as normas vigentes, seguindo regras completa- lar, adequada ao Direito, como a irregular, desviada, deliti-
mente opostas a fim de afrontar a sociedade, resultante do va, seriam definidas em relação aos respectivos sistemas de
choque de culturas, o do sonho americano da classe média normas e valores oficiais e subculturais, isto é, contariam
e os jovens das classes populares. com uma estrutura e significação muito semelhante, visto
que o autor, em última análise (delinquente ou não-delin-
Teorias da Subcultura Delinquente quente), o que faz é refletir com sua conduta o grau de
aceitação e interiorização dos valores da cultura ou sub-
Diferentemente da teoria da desorganização social, as cultura à qual pertence (não por decisão própria), valores
teorias da subcultura delinquente partem da perspectiva que se interiorizam, reforçam e transmitem, mediante idên-
de que há, na verdade, uma integração, por parte do cri- ticos mecanismos de aprendizagem e socialização, tanto
minoso nos valores culturalmente dominantes, ou seja, a no caso de conduta normal ou regular como no de conduta
busca por sucesso e status. No entanto, muitos são conde- irregular ou desviada.
nados à frustração, e esta acaba por conduzi-los à alterna- As teorias subculturais, não obstante, afastam-se sensi-
tivas subculturais. velmente dos postulados estrutural-funcionalistas susten-
Segundo as teorias da subcultura delinquente, o cri- tados pelas teorias da “anomia” e discrepam, também, da
me resulta da interiorização e da obediência a um código análise ecológica da Escola de Chicago.
moral ou cultural que torna a delinquência imperativa. À Com efeito, o conceito de subcultura pressupõe a exis-
tência de uma sociedade pluralista, com diversos sistemas
semelhança do que acontece com o comportamento con-
de valores divergentes em torno dos quais se organizam
forme à lei, também a delinquência significa a conversão
outros tantos grupos desviados. Obriga, ademais, exami-
de um sistema de crenças e valores em ações. À luz destas
nar internamente referidas minorias e seus códigos axio-
teorias, não é só o delinquente que é visto como normal.
lógicos, é dizer, a partir da óptica dos próprios subgrupos.
Igualmente normal é o seu processo de aprendizagem,
Mais importante: obriga compreender o delito como op-
socialização e motivação. Com efeito, ao obedecer às
ção coletiva, como opção de grupo, com um particular sim-
normas subculturais, o delinquente mais não pretende do bolismo ou significado. No caso concreto da delinqüência
que corresponder à expectativa dos outros significantes “juvenil”, ela deveria ser vista como decisão de rebeldia aos
que definem o seu meio cultural e funcionam como grupo valores oficiais das classes médias, não como atitude racio-
de referência para efeitos de status e de sucesso. Isto é, nal e utilitária própria do mundo dos adultos. Todas essas
segundo a expressiva caracterização de Hirschi, “as teorias premissas, logicamente, são inadmissíveis para as teorias
da subcultura partem do princípio de que delinquentes são da “anomia”.
as culturas e não as pessoas”. De outro lado, para as teorias subculturais não interes-
As teorias subculturais surgem, na década de 50, como sa tanto a estrutura interna dos “bandos” e “organizações”
resposta, talvez, ao problema que suscitavam determina- (objetivo prioritário das teorias “ecológicas”), senão a “ori-
das minorias marginalizadas, sobretudo nos Estados Uni- gem” deles, que estão estreitamente vinculados ao proble-
dos: minorias étnicas, políticas, raciais, culturais etc., muito ma da estratificação social. Elas representam um “enfoque
ativas. Ainda que tais teorias pretendam circunscrever-se de classe social” que supera e enriquece a análise pura-
a esta temática (e, de modo particular, à delinquência “ju- mente ecológica ou ambiental. Para os modelos subcul-
venil”), com a obra de Cohen elas se convertem em uma turais não são certas áreas deterioradas (desorganização
explicação generalizadora da conduta desviada, chegando social) que geram a criminalidade das baixas classes sociais
a adquirir um papel predominante nas teorias da criminali- que nelas vivem, senão pelo contrário: as subculturas crimi-
dade da Sociologia Criminal norte-americana. nais constituem um produto do limitado acesso das classes
As teorias subculturais sustentam três ideias funda- sociais oprimidas aos objetivos e metas culturais das clas-
mentais: o caráter pluralista e atomizado da ordem social, ses médias, operando como instrumento para que aquelas
a cobertura normativa da conduta desviada e a semelhan- obtenham suas formas de êxito alternativas ou sucedâneos
ça estrutural, em sua gênese, do comportamento regular e gratificantes em guetos restringidos. Dito de outra manei-
irregular. A premissa destas teorias subculturais, antes de ra: o delito não é consequência da desorganização social
tudo, é contrária à imagem monolítica da ordem social que ou da carência ou vazio normativo, senão de uma organi-
era oferecida pela Criminologia tradicional. Referida ordem zação social distinta, de certos códigos de valores próprios
social, a teor deste novo modelo é um mosaico de grupos, ou ambivalentes em relação aos da sociedade oficial: dos
subgrupos, fragmentado, conflitivo; cada grupo ou subgru- valores de cada subcultura.

39
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Mas o conceito de “subcultura” está longe de ser pa- valorizada que se encontra estreitamente conectada com
cífico. Alguns autores o utilizam como sinônimo de “sub- a fama, o valor e a íntima satisfação”. A intencionalidade
sociedade”; outros para designar a mera “diferenciação de nos grupos subculturais, conforme o autor, se aproxima
papéis” ou, inclusive, para expressar a bem distinta acepção da “malícia” (dolo) e consiste em uma particular autocom-
de “contracultura”. placência para a provocação e o desafio dos tabus sociais
Os autores mais representativos destas novas concep- da cultura “oficial”. A última característica que apresentam
ções foram Cohen e Whyte, mas também são importantes as subculturas consiste no rechaço deliberado dos valores
as posteriores investigações de Matza, Bloch, Cloward, Oh- correlativos da classe média, pois não em vão a própria
lin, Wolfgang e Ferracuti etc. subcultura se autodefine como alternativa, como recâmbio,
Cohen (Delinquent boys) e Whyte (Street cornersociety) como mecanismo de substituição. Em todo caso, a subcul-
são os promotores das teses subculturais. O primeiro cen- tura criminal é uma cultura de “grupo”, coletiva, não uma
trou sua obra na análise da delinquência juvenil nas classes opção individual, privada, no sentido de Merton.
baixas, concluindo, da mesma maneira que Whyte, que as A tese de Cohen é inequivocamente sociológica, ainda
delinquencyareas ou zonas onde se concentra a criminali- que admita a existência de uma pluralidade de “tipos” de
dade não são âmbitos “desorganizados”, carentes de nor- delinqüentes juvenis, sendo que alguns se determinariam
mas e de controles sociais, senão zonas ou terrenos nos não por fatores subculturais senão psicogenéticos. O deci-
quais vigoram normas distintas das oficiais, é dizer, outros sivo, para o referido autor, é porque existem as subculturas,
valores “em bom estado de funcionamento”. e a gênese das mesmas, é dizer, como e por que surgem,
Cohen tratou de verificar por que as estatísticas oficiais que relação mantêm com a sociedade oficial etc., não por-
refletem índices de criminalidade tão elevados das baixas que um jovem passa de uma subcultura a outra. Estratifica-
classes sociais dos bairros pobres (slum), concluindo que ção social, dualismo normativo (valores das classes médias
o comportamento delitivo espelha um protesto contra as versus valores das classes baixas), conflito e atitude ambi-
normas das classes médias da cultura norte-americana. valente do jovem das baixas classes sociais e frustração são
Posto que a estrutura social impede o jovem das classes os conceitos básicos da teoria subcultural de Cohen.
baixas de ter acesso ao bem-estar por vias legais, ele ex- Com efeito, para este autor cada classe social tem seu
perimenta um conflito “cultural” ou um “estado de frustra- particular código de valores. A classe média põe especial
ção” que determina a sua integração em uma subcultura ênfase na eficiência e na responsabilidade individual, na
separada da sociedade ou cultura oficial, subcultura esta racionalidade, no respeito à propriedade, na construtivi-
“maliciosa, negativa e não utilitária”, provida de um sistema dade, no emprego do tempo livre, na poupança, na des-
de valores próprio e conflitante com o sistema oficial. consideração do prazer e na mobilidade social. Por sua
O delito, assim, não é consequência do “contágio so- vez as classes baixas concedem maior importância à força
cial” ou da “desorganização” (como sustentavam as teorias física e à coletividade e menor à desconsideração do pra-
ecológicas), senão expressão de outros sistemas normati- zer e à poupança. Os jovens pertencentes a estas últimas
vos (subculturais), cujos valores diferem dos majoritários, classes estão propensos ao conflito e à frustração porque
quando não são deliberadamente contrapostos. A subcul- se acham em desvantagem. De algum modo, participam
tura opera como evasão da cultura geral ou como reação de ambos sistemas de valores, pois pertencendo à classe
negativa frente a ela; é uma espécie de “cultura de recâm- trabalhadora seus próprios pais se sentem atraídos pelos
bio” que certas minorias marginalizadas, pertencentes a modelos das classes médias, atitude que é reforçada pelo
classes menos favorecidas, criam dentro da cultura oficial sistema educativo e pelo bombardeio institucional que ofe-
para dar vazão à ansiedade e frustração que sentem ao não rece êxito e estima social. Sem embargo, carecem das ade-
poder participar, por meios legítimos, das expectativas que quadas técnicas de socialização para seguir alguns valores,
teoricamente seriam oferecidas a todos pela sociedade. A os das classes médias, que não se coadunam com o status
via “criminal” é considerada, assim, um mecanismo subs- destes jovens, o que constitui um handicap intransponível
titutivo da ausência real de vias legítimas para fazer valer para atender às demandas da sociedade. O “conflito” é pro-
as metas culturais ideais que, de fato, a mesma sociedade duzido, diz Cohen, quando referidos jovens se identificam
nega para as classes menos privilegiadas. É uma forma que com as classes médias e, ao mesmo tempo, interiorizam os
permitiria às classes proletárias participar, ainda que seja valores da classe a que pertencem. Vinculados a uma posi-
por meios ilegítimos, do conjunto de valores das classes ção social inferior, e em desvantagem, não poderão superar
médias (êxitos, respeitabilidade, poder, influência etc.). as demandas do grupo a que aspiram sem sofrer graves
Conforme Cohen, suas investigações demonstram que problemas de adaptação.
tais subculturas criminais (de jovens) caracterizam-se por O conflito, na opinião do autor aqui várias vezes cita-
certas notas: não são utilitárias, possuem uma clara in- do, admite três alternativas: a adaptação, a transação ou o
tencionalidade, espírito de grupo e pretendem negar os pacto e a rebelião frente aos valores das classes médias. O
valores correlativos da sociedade oficial. Não são “utilitá- delinquent boy resolve sua “frustração de status” enfrentan-
rias” porque predomina em seus comportamentos o “sig- do de forma aberta os padrões da sociedade oficial, porque
nificado” simbólico sobre o material pecuniário: um furto, a subcultura criminal não “pactua” nem tolera ambiguida-
por exemplo, afirma Cohen, quando é cometido em um des e, ademais, precisamente referida rebeldia confere-
contexto subcultural “está longe de reflexões vinculadas -lhe prestígio. Na gênese da subcultura criminal, por outra
ao proveito ou ao lucro, pois na verdade é uma atividade parte, outorga Cohen grande relevância a certo processo

40
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

psicológico, psicanalítico, de “formação reativa”, que ex- Formação da subcultura:


plicaria, ademais, algumas características da delinquência - Adesão ao “americandream”: sonho de sucesso ape-
subcultural: trata-se, em suma, de um mecanismo de neu- nas aparentemente “democrático”, que coloca em desvan-
tralização dirigido a compensar a angústia do jovem das tagem o jovem de baixa renda, pois valores como raciona-
baixas classes sociais que para conseguir a estima social do lidade, disciplina, cortesia, cultura acadêmica, etc. não são
seu grupo se lança contra os valores e estilos de vida, por compartilhados no seu processo de socialização. Ética da
ele já interiorizados, das classes médias. responsabilidade individual X Ética da reciprocidade. Isso
gera frustração e humilhação, confundindo sucesso e vir-
Características Gerais: tude, razão pela qual optam por “sair do jogo” e criar seu
- Sempre existiram teorias subculturais (ex. “classes pe- próprio código;
rigosas” da literatura vitoriana), o que caracteriza as teses - Processo coletivo de reação/formação, coletivo e dia-
sociológicas é a busca da origem das subculturas, vincula- lógico, produto de interações recíprocas.
das à estratificação social; - Walter Miller, cultura da “lowerclass” (sistema cultural
- Surgidas na década de 50 nos EUA como resposta radicalmente diferente, delito seria adesão a essa cultura);
ao problema das minorias marginalizadas: étnicas, raciais, - Subcultura da classe média, “Youthculture” (subcultu-
culturais, etc., muito ativas; ra juvenil que não se opõe à dominante, apenas a distorce
- Voltada sobretudo para a delinquência juvenil; em nome do hedonismo e crises de identidade);
- Visão contraposta à orgânica: a ordem social é um - Integração com a teoria da anomia (Cloward e Oh-
mosaico de grupos, subgrupos, fragmentado, conflitivo; lin). Acrescem à anomia o conceito de “oportunidades ile-
- Cada grupo possui seu código de valores e é anali- gítimas”, que tratam do aprendizado de valores e técnicas
sado não a partir de um código geral, mas do seu código; necessárias ao papel desviante e possibilidade de atuação
- Delito como opção coletiva ou de grupo, contraposto com apoio subcultural, formando alternativas como as
à visão patológica, com particular simbolismo ou significa- subculturas criminal (roubos, furtos, carreiras criminais), de
do. Delinquente é normal, assim como normal é seu pro- conflito (violência difusa) ou de evasão. Atribuem a forma-
cesso de aprendizagem. ção da subcultura a um sentimento coletivo, não individual,
- Não são produto da desorganização social ou ausên- de injustiça, que causaria a alienação.
cia de valores, mas da existência de valores distintos (“sub-
culturais”); Teoria da Anomia
- Caráter pluralista e atomizado da ordem social;
- Cobertura normativa da conduta desviada, “o crime Essa teoria parte da perspectiva de que o crime é pro-
resulta da interiorização e da obediência a um código mo- duto do sistema e é tratado como um resultado normal, ou
ral ou cultural que torna a delinquência imperativa”; seja, esperado e funcional para o próprio sistema. A teo-
- Semelhança estrutural, em sua gênese, do comporta- ria da anomia parte do pressuposto de que os indivíduos
mento regular e irregular; são homogeneizados na identificação com os valores do
- Não são certas áreas deterioradas (desorganização americandream. A ambição, por exemplo, conduz o com-
social) que geram criminalidade das classes baixas, senão o portamento desviante. Como diz Merton, a anomia é um
contrário: as subculturas criminais são produto da ausência conceito sociológico que se refere à “ruptura dos padrões
de acesso aos goals culturais das classes médias, formando sociais que comandam a conduta”. O grau de anomia au-
guetos restritos; menta com a diminuição da força das regras na regulação
- Delito não é consequência da desorganização social da conduta.
nem do vazio normativo, senão de uma organização social É por conta da frustração socialmente induzida que o
distintas e códigos ambivalentes em relação aos da “socie- sujeito recorre à delinquência, ou seja, para a realização dos
dade oficial”. objetivos culturais (sucesso). Não tendo meios legítimos, o
sujeito recorre aos ilegítimos. Trata-se da defasagem entre
Delinquência Juvenil: “A explicação da delinquência ju- a estrutura cultural e a estrutura social, como diz o referido
venil é óbvia: o crime resulta da identificação dos jovens autor.
das classes trabalhadoras com os valores e as regras de A seguinte teoria trará uma forma de pensamento ir-
conduta emergentes da subcultura delinquente” (Figueire- reverente: não mais encarará o crime como uma anomalia,
do Dias). Representa “a resposta coletiva às experiências de disfunção ou patologia, mas sim como um fato integrante
frustração nas tentativas de aquisição de status no contex- e necessário da sociedade, um elemento dessa. Os autores
to da sociedade respeitável e sua cultura”. de tal teoria consideram o crime como um fato social que
possui uma função dentro da sociedade, assim como os
Pressupostos: outros institutos (Shecaira). Não é, portanto, algo ruim e
- delinquência é fundamentalmente produto dos jo- negativo, mas sim um fenômeno normal que integra a so-
vens masculinos de classe média baixa; ciedade desde seu nascimento e possui o poder de retificar
- subcultura delinquente é não-utilitária (não é meio valores dentro da mesma, posto que um crime gera indig-
racional), má (malicious) ( jovens das gangs revelam prazer nação e assim aciona princípios consagrados que se reva-
em quebrar regras e tabus) e negativa (subversão total e lidam quando da aplicação da sanção.Reforça o chamado
inversão das normas). sentimento de “justiça feita”.

41
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Assim, no pensamento de Durkheim, criminoso é o in- Erving Goffman, embora tenha reivindicado não ter
dividuo que deixa de obedecer as leis (símbolo visível da sido um interationista simbólico, é reconhecido como um
solidariedade social e fenômeno de ordem moral), produ- dos principais contribuintes à perspectiva.
zindo uma ruptura no organismo social. Robert Merton, Herbert Blumer selecionou três premissas básicas dessa
outro autor concordante com tal teoria, afirma que toda perspectiva que ampliam a compreensão usual do é a mo-
vez que a sociedade impõe metas (um determinado estilo tivação, a tradição e suas transformações (re-significações):
de vida, por exemplo) sem oferecer respaldo para que os - “Os seres humanos agem em relação às coisas com
indivíduos as atinjam, está criando uma situação de anomia base nos significados que eles atribuem a essas coisas”.
(a = ausência; nomos = lei) já que exerce pressão sobre o - “O significado de tais coisas é derivado de, ou é an-
individuo. terior à, interação social que uns têm com outros e com a
sociedade”.
Perspectiva Interacionista - “Esses significados são controlados em, e modifica-
dos por, um processo interpretativo usado pelas pessoas
O interacionismo simbólico é uma abordagem socio- interagindo entre si e com as coisas que elas encontram
lógica das relações humanas que considera de suma im- (em função do consenso que, no mínimo, torna a comuni-
portância a influência, na interação social, dos significados cação possível)”.
bem particulares trazidos pelo indivíduo à interação, assim
Blumer seguiu Mead e apresentou a proposição de que
como os significados bastante particulares que ele obtém
as pessoas interagem umas com as outras por meio de in-
a partir dessa interação sob sua interpretação pessoal. Ori- terpretação mutua das ações e definição um do outro, em
ginada na Escola de Chicago, essa abordagem é especial- vez de somente reagir às ações um do outro. Suas respos-
mente relevante na microsociologia e psicologia social. tas não são dadas diretamente às ações um do outro, mas
O interacionismo simbólico não se limita a essa inter- baseadas no significado que eles atribuem a tais ações. As-
pretação. Segundo a proposição de Hegel, por exemplo, sim, interação humana é mediada pelo uso de símbolos e
e de outros filósofos que escreveram sobre a linguagem, significados, através de interpretação, ou determinação do
o mundo simbólico só se constroi por meio da interação significado das ações um do outro (Blumer). Blumer com-
entre duas ou mais pessoas e, portanto, o simbolismo não parou esse processo, que ele designou “interação simbóli-
é resultado de interação do sujeito consigo ou mesmo de ca”, com as explicações behavioristas do comportamento
sua interação com um simples objeto. Apesar de ser um humano que não consideram a interpretação entre estímu-
sentido individual e uma base para todos e quaisquer sen- lo e resposta.
tidos que cada um dá às suas próprias ações, ela é fundada O interacionismo simbólico também vê além de sim-
nas interações do individuo, ou naquilo que o “eu” faz sen- ples indivíduos espalhados em atividades de comércio e
do regulado pelo que “nós” construímos socialmente. fast-food. Na realidade, muitas das redes de fast-food,
Essa escola se originou no pragmatismo americano e como McDonald’s, Burger King e outras do gênero, utili-
particularmente no trabalho de George Herbert Mead, que zam interacionismo simbólico. Com efeito, o que elas têm
demonstrou que os egos (self) das pessoas são produtos em comum é o uso das cores primárias vermelho e amarelo
sociais, sem deixar de ser propositados e criativos. Outros nos anúncios das suas casas comerciais. O vermelho e o
pioneiros na área foram Hebert Blumer e Charles Cooley. amarelo se associam, em nossa sociedade, à fome, porque
Blumer, um estudioso e intérprete de Mead, e criador do eles simbolicamente representam catchup e mostarda. As-
termo “interacionismo simbólico”, pôs em evidência as sim, aumentam o fluxo de clientes com fome.
principais perspectivas dessa abordagem: as pessoas agem Estudiosos do interacionismo simbólico investigam
em relação às coisas baseando-se no significado que essas como as pessoas criam significados durante interação so-
coisas tenham para elas; e esses significados são resultan- cial, como eles se apresentam e constroem o próprio ego
(ou “identidade”), e como são definidas as situações de
tes da sua interação social e modificados por sua interpre-
co-participação com outros. Um das idéias centrais dessa
tação.
perspective teórica é que as pessoas agem como elas agem
Sociólogos que trabalham nessa linha pesquisaram
por causa do modo como definem tais situações. Uma das
uma extensiva gama de tópicos utilizando uma varieda- aplicações de tais estudos é a sociologia da saúde-doença.
de de métodos de investigação. Entretanto, a maioria das Embora conceitos do interacionismo simbólico tenham
pesquisas de interacionistas utiliza métodos de pesquisa ganho um difundido uso entre sociólogos e influenciado
qualitativa, como observação participante, para estudar as- especialistas em psicologia social, tal perspectiva foi criti-
pectos da interação social e/ou self (individualidade). cada, particularmente durante os anos setenta quando os
As áreas da sociologia que foram mais influenciadas métodos quantitativos eram dominantes na sociologia.
pelo interacionismo simbólico incluem a sociologia das Ás críticas metodológicas, se somam críticas ao
emoções, comportamento desviante / criminologia, com- interacionismo simbólico por sua limitação teórica para
portamento coletivo / movimentos sociais e a sociologia lidar com estrutura social (um conceito sociológico
da vida sexual. Os conceitos interacionistas que ganharam fundamental) entre outros aspectos macrosociologicos.
ampla difusão incluem definição de situação (definition of Apesar de vários teóricos do interacionismo simbólico
the situation); trabalho emocional; administração de im- dirigiram-se a estes temas sem contudo conseguirem
pressão (manipulação da identidade); espelhamento do reconhecimento ou influenciara os trabalhos que focalizam
self (formação da identidade); e instituição total. esse nível de interação.

42
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Essa teoria se insere na teoria das ciências socias que Percebe-se então, que no estudo da vitimologia há
estudam as representações sociais e etnomedodologias. dois pontos fundamentais: o estudo do comportamento
Destacams-se como continuadores Becker e Goffman am- da vítima de forma geral, sua personalidade, seu atuar na
bos com importantes contribuições ao estudo do desvio, dinâmica do crime, sua etiologia e relações com o agente
saúde mental e criminologia. criminoso e a reparação do dano causado pelo delito.
Os participantes da Teoria das representações coleti- Podemos dizer que no Brasil já tinha noções de vitimi-
vas ou sociais iniciada na sociologia e antropologia com as logia, quando estudos demonstram que o Santo ofício da
contribuições de Durkheim e Lévy-Bruhl (teoria da magia, Inquisição agia como uma espécie de jus punienti contra
das religiões e do pensamento mítico) qualquer um que pudesse colaborar com ideias diferentes.
Destacam-se ainda Peter Berger importante teórico da Nunca se estabeleceu oficialmente um Tribunal no Brasil,
Sociologia do conhecimento autor do livro A construção so- embora tenha sempre agido em terras brasileiras por inter-
cial da realidade em co autoria com Thomas Luckmann, da médio das autoridades eclesiásticas locais e visitadores. Na
primeira década do século XVIII a Inquisição fez prisões em
Universidade de Frankfurt;
massa, no auto de fé de 1711 havia 52 brasileiros, as perse-
Berger e Luckmann situam Durkheim, Marx ,e Weber
guições e os confiscos de propriedades nesse ano levaram
entre seus antecessores onde quanto aos aspectos sócio-
a uma paralisação crescente na fabricação do açúcar, pre-
-psicológicos, especialmente importantes para análise da
judicando seriamente o comércio. Procurando resolver as
interiorização da realidade social, como destacam se di- demandas, necessita assim de um engajamento do poder
zendo influenciados por Mead e a escola simbólico inte- público, a fim de proporcionar melhores condições de vida
racionista, também criticando esta por não ter criado um à população desprovida de recurso.
conceito de estrutura social o que os impediu de relacio-
nar suas perspectivas com uma teoria macro-sociológica. Vítima: Etmon: Victima ae = da vítima + logos = trata-
Além de opor esta às contribuições de Freud identificando do, estudo = estudo da vítima. A palavra foi usada pela pri-
uma incompatibilidade entre Freud e Marx especialmen- meira vez, por Benjamim Mendelson, advogado israelense,
te quanto aos fundamentos antropológicos do Marxismo vítima da II Guerra mundial, em 1947, em palestra intitulada
ao contrário da teoria de Mead que também propõe uma “The origins of the Doctrine of Victimology”.
relação dialética entre a sociedade e o indivíduo. (Berger; “Pessoa que, individual ou coletivamente, tenha sofrido
Luckmann) danos, inclusive lesões físicas ou mentais, sofrimento emo-
No âmbito da psicologia considera-se que sobretudo cional, perda financeira ou diminuição substancial de seus
Mead e Blumer representam a principal corrente das deno- direitos fundamentais, como consequências de ações ou
mindadas formas sociológicas da psicologia social.A teo- omissões que violem a legislação penal vigente, nos Esta-
ria das representações sociais por sua vez influenciou os dos–Membros, incluída a que prescreve o abuso de poder”.
trabalhos de Vigotsky (desenvolvimento cultural) e Piaget (Resolução 40/34 da Assembléia Geral das Nações Unidas,
(teoria das representações infantis) além de Winnicott. de 29/11/85).
Pensou-se no passado que a vítima era sempre ino-
cente e o causador do delito o único e exclusivamente cul-
3.4. VITIMOLOGIA. pado. Com o tempo, as pesquisas, os estudos e segundo
a designação de Benjamin Mendelsohn, a vítima pode ser
inteiramente inocente na dinâmica do crime; pode ser tão
culpada quanto o agente; mais culpada do que o agen-
Vitimologia: é muito mais do que o estudo da in- te; pode ser menos culpada de que o agente criminoso e
ainda, poderá ser a única culpada do cometimento de um
fluência da vítima na ocorrência do delito, pois estuda os
crime.
vários momentos do crime, desde a sua ocorrência até as
O vitimólogo fundamenta sua classificação na corre-
suas consequências. O Direito Penal desde a Escola Clássica
lação da culpabilidade entre a vítima e o infrator. Vislum-
sempre concentrou seus estudos no trinômio delinquente
brando, pois, em primeira mão, a atitude da vítima relacio-
– pena – crime, após trabalhos apresentados sobre a situa- nada à aplicação da pena.
ção da vítima começaria a mudar, com a evolução do Direi- Vitimização: Vitimização, processo vitimizatório, ou
to Penal e os estudos sobre o delito, o infrator e a vítima foi vitimação são termos neológicos, oriundos de “vítima”, e
tendo importância no mundo todo. significam ação ou efeito de alguém vem a ser vítima de
Vitimologia é o estudo da vítima sob todos os aspec- sua própria conduta ou da conduta de terceiro, ou fato da
tos, possuindo assim, um caráter multi e interdisciplinar. natureza.
Nesse sentido, conforme assevera Eduardo Mayr, vitimo-
logia constitui “... o estudo da vítima no que se refere Classificação Vitimológica
à sua personalidade, quer do ponto de vista biológico,
psicológico e social, quer o de sua proteção social e ju- - Vítimas Inocentes “realmente vítimas”: São aquelas
rídica, bem como dos meios de vitimização, sua inter- que podem ser definidas como vítimas de si próprias. Não
-relação com o vitimizador e aspectos interdisciplinares tendo causa e nem fator, não tendo culpa alguma na reali-
e comparativos”. zação do delito.

43
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

- Vítimas Culpadas “falsa vítima”: São aquelas que - Ampla discussão na academias sobre a dimensão de
induzem, urdem, instigam e provocam o agente a ponto “Reparação do Dano”.
deste não suportar mais e praticar o delito. “Como duas - Divulgação ao alcance de todos, “entidades de ampa-
espécies de vítimas simuladoras e as imaginárias”. ro e socorro à vítima”.
- Vítimas Alternativas “vítimas ou delinquentes”: São
aquelas, que tanto podem ser vítimas como delinquentes Diferentemente de Vitimologia o campo de Direitos
ou se tornaram conhecidas com o desfecho do fato, uma Humano tem pouco apelo de pesquisa acadêmica e cientí-
vez que antes do fato não se sabe quem vai ser a vítima ou fica e menos literatura examinando temas de Vitimização.
quem vai ser delinquente. A Vitimologia pode oferecer aos Direitos Humanos
a metodologia e um conjunto de Teorias Vitimológicas e
Proteção às Vítimas questões, sem contar com dados comparativos e outras
categorias de vítimas, como vítimas de crime. Com ênfase
A política criminal não pode continuar limitada à ideia
no crime, a Vitimologia pode auxiliar os Direitos Humanos
de “tratamento”, deve-se tentar de todas as formas de in-
a teorizar mais claramente sobre “crimes contra a humani-
tervenção destinadas a neutralizar as cargas de medo e
dade”, ainda parcialmente operacionalizado. Pode também
frustração da vítima, consolidando que se converta à vítima
ajudar a melhor conceituar a Vitimização definida como
em fim autônomo da própria política criminal.
A inclusão real da vítima na investigação e no pró- Criminal, comparativamente às não consideradas Criminais,
prio processo criminal na condição de aliada ao trabalho apesar de seus efeitos danosos.
do Ministério Público, demonstram que, inúmeros delitos O Direito Humano pode ajudar a examinar as fontes
não ocorreriam se a vítima não facilita-se, diretamente a de Vitimização e a relação entre causa da opressão. As ví-
ação do criminoso. A Lei 9.807 de 13 de Julho de 1.999 timas de opressão terão uma responsabilidade funcional
estabelece normas e programas para proteção das vítimas, para com a Vitimização? A que ponto as violações de Direi-
que tenham ou venham a ser ameaçadas pelos criminosos. tos Humanos emergem de mecanismos de controle social
Dentre tantas algumas destacam-se: doméstico? Alguns grupos ou poucos poderiam Ter sido
- A Lei 8.078/90 “Fundo para indenização ao consumi- designados implícita ou explicitamente vítima alternada-
dor”. mente “legitimadas”, não lhes garantindo proteção efetiva?
- A Lei 9.503/98 “Instituiu o Código de Trânsito, no arti- Paradoxalmente pode, se fornecer mais dados adotan-
go 297 fazendo previsão de multa reparatória, consistindo do perspectivas, mas amplas dos Direitos Humanos.
no pagamento mediante depósito no artigo 49 do Código
Penal, sempre que houver prejuízo demonstrado no pro- Fases do Inter Victimae, o crime precipitado pela
cesso”. vítima
- A Lei 9.605 de 12/2/98, “no âmbito dos crimes contra
o meio ambiente, instituiu a pena pecuniária consistindo - Intuição, “quando se planta na mente da vítima a
no pagamento em dinheiro a vítima ou entidade pública, ideia de ser prejudicado por um ofensor”.
privada de acordo com o artigo 45 § 1º do Código Penal a - Atos preparatórios (conatus remotus), “momento em
serem fixados pelo juiz”. que revela a preocupação de tomar as medidas prelimina-
res para defender-se ou ajustar o seu comportamento”.
Algumas Propostas: - Início da execução (conatus proximus), “oportunidade
- Implementação do disposto no artigo 245 da Consti- em que a vítima começa a operacionalização de sua defesa
tuição Federal do Brasil. aproveitando a chance que dispõe para exercitá-la”.
- Disposições Constitucionais Gerais.
- Execução (executio), “resistência da vítima para evitar
- Criação de programas ou organismos de iniciativa pri-
a todo custo, que seja atingida pelo resultado pretendido
vada de defesa, amparo e proteção dos direitos da vítima.
por seu agressor”.
- Criação do “ressarcimento securitário”.
- Consumação (consumatio), “quando a prática do fato
- Fundos de compensação, “caixa de ressarcimento”
(modelo cubano, peruano e boliviano: O Estado indeniza a demonstrar que o autor não alcançou seu propósito (fins
vítima depois cobra o infrator). operantis) em virtude de algum impedimento alheio à sua
- Implementação do que dispõem as Leis 7.347/85 vontade, aí pode se classificar como tentativa de crime”.
(fundo para indenizações ao consumidor).
- Utilização do Fundo Penitenciário que dentre suas Diante do que discorre o artigo 59, Caput do Código
funções, uma delas é a reparação à vítima de crime. Penal, passou a ser do magistrado na dosimetria da pena,
- Rede Pró-Justiça Comunitária e Solução de Conflitos, analisar o comportamento da vítima (antes e depois do
“vigentes no Canadá, desde 1985”. delito) como circunstância judicial na individualização da
- Lei nº 9.807 de 13 de Julho de 1999, “que estabelece pena imposta ao acusado. De acordo com o professor Ed-
normas para organização e manutenção de programas es- mundo de Oliveira, “Inter Victimae é o caminho, interno
peciais de proteção a vítimas e a testemunhas ameaçadas”. e externo, que segue um indivíduo para se converter em
- Divulgação ampla de uma “Cartilha dos Direitos das vítima, o conjunto de etapas que se operam cronologica-
Vítimas”. mente no desenvolvimento de Vitimização”.

44
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

LEI 9.99/95 Mais do que em outros países do mundo, na América


Latina, apesar das constituições democráticas e dos Códi-
Principais avanços gerais: gos Penais, a percepção de crime está diretamente influen-
- Concepção do delito como um fato histórico, inter ciada pelo uso que as elites fazem dos aparelhos judiciais.
pessoal, comunitário e social; Há uma confluência entre os alvos do medo, do crime das
- Transformação da vítima em sujeito de direitos; políticas judiciais e da percepção da mídia nas práticas cri-
- O fim da despersonalização do conflito; minosas que são os crimes comuns.
- A ponderação das várias expectativas geradas pelo Em consequência, as políticas de prevenção do crime,
crime; especialmente aquelas propostas nas campanhas eleitorais
- A comunicabilidade, possibilidade do diálogo entre visam menos reduzir e controlar o crime e as oportunida-
infrator e vítima; des de delinquir ou aprofundar a eficiência de políticas de
- Resolutibilidade, que a decisão adotada pelo juiz cri- prevenção ao crime, mas apenas diminuir o medo e a sen-
minal resolva o conflito, é dizer, permita a reparação do sação de insegurança das classes.
dano; Teóricos apontam ferminização dos processos migra-
- A vítima passa a ser comunicada de todo o andamen- tórios, milhares de mulheres deixam o Terceiro Mundo para
to do feito e de seus direitos; tentar a sorte em países industrializados e acabam se trans-
- Evita-se a vulgarização da pena de prisão (última ra- formando na face feudal das ricas e modernas sociedades
tio) desmistificando-se; privilegiadas. Tráfico humano, prostituição involuntária, ca-
- A pretensão punitiva, na linha da “força do Direito”. samentos forçados, são vários os métodos da escravidão
moderna.
Reparação do dano: O tema remota a mais longíqua Para as vítimas desse tráfico humano moderno, o so-
antiguidade, vários monumentos legislativos da história nho de uma vida melhor quase sempre desmorona mais
demonstraram a preocupação do legislador, da comuni- rápido do que o esperado. O aumento da discriminação e
dade e do grupo social com um todo, pela reparação do da violência contra os migrantes é uma das consequências
dano, exemplificando o Código de Hamurabi datado do de 11 de Setembro de 2001.
século XXIII a.C. O Departamento de Estado dos EUA, em relatório
divulgado, considera o Brasil, País fornecedor de vítimas
Modernamente, há que se destacar a Lei n.º 9.099/95
para o tráfico doméstico e internacional de seres huma-
que preocupou-se com a reparação do dano à vítima. Co-
nos. Além de uma falta de percepção do crime por vítimas,
menta Luiz Flávio Gomes: “...a lei 9.099/95, no âmbito da
denunciantes, órgãos de defesa e operadores de direito,
criminalidade pequena e média, introduziu no Brasil
outros fatores negativos são as leis inadequadas, a falta de
o chamado modelo consensual de Justiça Criminal. A
conhecimento da legislação nacional, tanto de brasileiros
prioridade agora não é o castigo do infrator, senão so-
quanto estrangeiros. As embaixadas e consulados também
bretudo a indenização dos danos e prejuízo causados
estão despreparados para proceder nos casos de diagnós-
pelo delito em favor da vítima”.
ticos de tráfico, processos e inquéritos sistematizados. É
Assim, a Lei propõe uma inversão, a pena privativa de
essencial haver enfrentamento do problema sob a ótica de
liberdade como exceção para casos especiais, e maior des- responsabilização, aumentando a capacidade institucional
taque para as penas alternativas. de investigação e incrementar políticas de apoio às vítimas
A Lei enfoca a vítima direta ou indiretamente vária ve- e testemunhas do tráfico.
zes com o intuito de participação ativa desta no processo, A legislação existente deve vigorar, não permitindo la-
visando, pois, minorar os efeitos da vitimização secundária cunas ou incorreção legais. Aquele que “compra” a pessoa
e, consequentemente, atingir um dos objetivos da vitimo- traficada deve ser punido também, o tráfico não deve res-
logia, a reparação do dano. tringir à prostituição e sim incluir outras modalidades esta-
Há evidências disto quando do estudo dos novos insti- belecendo uma figura autônoma com punição mais eleva-
tutos da Lei n.º 9.099/95, tais como, a composição civil que da, depois do tráfico de drogas e de armas, o de pessoas
implica em renúncia da vítima ao direito de queixa ou re- é o ramo mais lucrativo do crime estabelecido. Propõe-se
presentação; a ampliação do rol de crimes que dependem um novo modelo de Justiça Penal, em que o Estado dará
de representação; e a suspensão condicional do processo, resposta eficaz à população que exige um sistema adequa-
institutos esses, que evidenciam, repita-se, o incentivo à re- do garantindo o ressarcimento do dano causado pela cri-
paração do dano. minalidade.
Outros diplomas legais preocuparam-se com a vítima
no tocante a reparação do dano, citamos: a Lei n.º 8.078/90, O artigo 59, caput do Código Penal Brasileiro e a
Código de Defesa do Consumidor; a Lei n.º 9.503/98 que dosimetria da pena
instituiu o Código de Trânsito; a Lei n.º 9.714/98 que deu 
nova redação a vários artigos do Código Penal; e a Lei n.º Percebemos pela análise do Código Penal de 1940 que
9.605/98 que regulamentou a prestação pecuniária nos cri- a referência à reparação do dano é mínima, e durante mui-
mes ambientais. to tempo, a vítima foi esquecida pelo Direito Penal, preocu-
pando-se este, exclusivamente, com a imposição da pena.

45
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Recentemente, a situação vem se revertendo, o nosso circunstâncias mais apropriadas para a análise desses ou-
ordenamento jurídico abriga alguns dispositivos consti- tros fatores. Deve se ressaltar que os crime prescritos não
tucionais e infraconstitucionais relacionados à vítima, tais devem ser levados em consideração neste caso, embora
como, o art. 245 da Constituição Federal de 1988 e arts. 59, haja entendimento diverso.
61, II, c, parte final e art. 65, III, c, do Código Penal. A conduta social do acusado está relacionada, com a
Assim, a principal mudança deu-se com a reforma do comunidade em que ele se encontra inserido, seu compor-
Código Penal pelo advento da Lei n.º 7.209/84 que veio tamento familiar, no trabalho, na vizinhança. Esse fator faz
modificar a Parte Geral do Código Penal, cujo texto contido com que o juiz conheça a pessoa que está julgando a fim de
no Capítulo III – Da aplicação da pena, art. 59 caput, passou analisar se merece maior ou menor reprimenda.
a estabelecer, in verbis: “O juiz atendendo à culpabilida- A personalidade do réu, não pode ser confundida com
de, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade maus antecedentes, servindo para determinar o âmbito de
do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequên- autodeterminação do indivíduo, a fim de firmar o grau de
cias do crime, bem como o comportamento da vítima, sua culpabilidade. Os motivos são os fatos que levaram o
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente individuo à prática da conduta criminosa. É o elemento psi-
para reprovação e prevenção do crime”. cológico que propulsiona a conduta e, para dosagem da
Resta claro, pois, a importância do art. 59, caput do Có- pena, deve-se levar em conta sua natureza e qualidade.
digo Penal no momento em que o magistrado vai fazer a As circunstâncias do crime constituem um complemen-
dosimetria da pena, sendo seu dever levar em considera- to ao tipo penal, não existindo sem ele. Elas promovem
ção, dentre outras circunstâncias, o comportamento vitimal mudanças qualitativas e quantitativas na reprovabilidade
no cometimento do delito e mesmo antes deste, a fim de da conduta e, consequentemente na sua gravidade. Não se
que se dê a correta aplicação da pena. O referido artigo, confundem com as circunstâncias legais dos artigos 61, 62,
portanto, encontra amparo Constitucional - art. 5º XLVI. 65 e 66 do Código Penal.
As consequências do crime representam o dano causa-
Nosso Código Penal, em seu artigo 59, orienta o juiz na do pela conduta delituosa e sua repercussão social e cla-
primeira fase de fixação da pena, levando em conta não só mor público.
o agente ativo ou as circunstâncias, mas também a vítima, O comportamento da vítima, em estudo neste trabalho,
sendo o primeiro dispositivo legal que permite a aplicação poderá aumentar ou diminuir a reprovabilidade da condu-
da vitimologia. Assim dispõe o artigo: “art. 59. O juiz, aten- ta delituosa, não podendo haver compensação de culpas.
dendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, Essa contribuição da vítima é levada em conta apenas para
o abrandamento da pena aplicada, entretanto é de gran-
à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e
de importância sua análise como explana Delmanto: “O
consequências do crime, bem como ao comportamento da
comportamento do ofendido deve ser apreciado de modo
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente
amplo no contexto da censurabilidade do autor do crime,
para reprovação e prevenção do crime”.
não só diminuindo, mas também aumentando, eventual-
Com base neste artigo, o juiz deverá fixar o tipo de
mente. Não deve ser igual a censura que recai sobre quem
pena, sua quantidade, o regime de cumprimento e, quando
rouba as fulgurantes jóias que uma senhora ostenta e a
permitido, a substituição de pena, necessários e suficientes responsabilidade de quem subtrai donativos, por exemplo,
para a repressão do crime cometido e sua prevenção. do Exército da Salvação”.
Esse dispositivo busca atender ao princípio constitucio- O processo de fixação da pena, como demonstra Bar-
nal da individualização da pena, a fim de alcançar reprova- reiros, ao citar Nucci, é ato de discricionariedade onde o
ção e a prevenção do crime praticado, bem como a resso- juiz, observando o limite mínimo e máximo da pena es-
cialização do agente, levando em consideração as circuns- tabelecidos na lei para o determinado delito, estabelece
tâncias judiciais, assim chamadas por servirem de base para o quantum de acordo com seu convencimento, formado
uma atividade jurisdicional, nele mencionadas. A reprova- durante o processo.
ção equivale à punição do agente pelo delito praticado, já a Todavia, essa discricionariedade é limitada a fim de
prevenção está não só em fazer com que o agente não volte prevalecer uma pena justa e suficiente para aquele delito
a delinquir, como também em evitar que outras pessoas ve- e aquele delinquente. Essa limitação está exatamente na
nham a delinqüir pelo medo da punição. exigência de fundamentação de todos os argumentos uti-
As circunstâncias judiciais são subdivididas em subjeti- lizados na sentença, seja ela condenatória ou absolutória,
vas, compreendendo os antecedentes, a conduta, a perso- prevista no artigo 93, inciso IX da Constituição Federal.
nalidade e os motivos do delito e objetivas, que constituem A fundamentação faz-se necessária também, como
as circunstâncias do crime, suas consequências e o com- lembra Barreiros, em caso de recurso. Estando a parte in-
portamento da vítima. Estas circunstâncias são descritas por conformada com a decisão, irão exercitar e fundamentar
Barreiros, detalhadamente em seu artigo. Pelos anteceden- seu direito de recurso com base na motivação.
tes, entendemos as ocorrências criminais na vida pregressa Atualmente, entende-se que essa fundamentação so-
do infrator, embora o STF esteja hoje levando em considera- mente se faz necessária, em relação aos pontos desfavorá-
ção como antecedentes as circunstâncias do crime e a per- veis ao infrator, vez que, para fixação da pena o juiz parte do
sonalidade do agente. Independente desse posicionamen- mínimo previsto em lei e a pena final não pode ser inferior
to entende-se mais acertado não considerar antecedente, a esse mínimo. Presume-se assim que as circunstâncias não
nada além das ocorrências criminais, já que o artigo 59 traz mencionadas são favoráveis ao réu.

46
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

O Código Penal, como ressalta Damásio, adotou o siste- Já na terceira fase, onde são aplicadas as causas de au-
ma de fixação de pena de Nelson Hungria, que a divide em mento e diminuição, tendo em vista que a lei traz previsão
três fases. Na primeira, o juiz deve considerar primeiro as de quanto deve aumentar ou diminuir, a pena final aplicada
circunstâncias judiciais do artigo 59, dentre elas o compor- pode ficar abaixo do mínimo ou acima do máximo previsto
tamento da vítima, em relação à pena abstrata, para depois para o tipo penal do caput.
levar em conta as circunstâncias legais genéricas, sendo Havendo conflito entre circunstâncias judiciais favo-
elas as agravantes e atenuantes, para, em seguida, aplicar ráveis e desfavoráveis ao agente, deve-se levar em conta
as causas de aumento ou diminuição. Estas últimas fases primeiramente as que digam respeito à personalidade do
são aplicadas em relação à pena fixada na primeira fase. agente, aos motivos do crime e aos antecedentes, em se-
Essa posição é questionada pela doutrina, pois pode guida as circunstâncias subjetivas e, finalmente, as conse-
levar o juiz a considerar duas vezes a mesma circunstâncias, quências do crime e o comportamento da vítima.
ou seja, ao fixar a pena base levaria em conta, por exemplo, Nos ensina Capez, que as circunstâncias judiciais do ar-
o motivo, com fundamento no artigo 59, e depois, na se- tigo 59, além de influenciarem na fixação da pena, também
gunda fase, consideraria o mesmo motivo, com fundamen- são levadas em conta na fixação do regime de cumprimen-
to no artigo 61, II, “a”. to da pena final fixada, devendo também ser fundamenta-
Essa discussão, contudo, segundo Damásio, não é cor- da com base nelas a fixação de um regime mais severo ou
reta, tendo em vista que o juiz, ao levar em conta qualquer mais brando. O artigo 59 também terá relevância quando
circunstância, deve fundamentá-la de forma pormenoriza- a lei e o caso concreto permitirem a substituição da pena
da. privativa de liberdade por outra.

O artigo 68 do Código Penal trata da aplicação da Síntese Histórica


pena, disciplinando que esta se dará segundo os critérios
do artigo 59, já estudado no item anterior, seguida da apli- As escolas penais, tanto a Escola Clássica de Becaria e
cação das circunstâncias atenuantes ou agravantes e das Fuerbach, como a Escola Positiva de Lombroso, Ferri e Ga-
causas da diminuição ou aumento da pena. rofalo, estavam centradas nos elementos delito/delinquen-
Cabe primeiramente diferenciar as elementares, que te/pena. Não houve grande preocupação com a vítima.
são os componentes essenciais do tipo sem as quais este Nesse sentido, Luiz Flávio Gomes e Antônio Garcia Pa-
não existe ou pode se configurar em outro, das circunstân- blos de Molina comentam: “O abandono da vítima do de-
lito é um fato incontestável que se manifesta em todos
cias que, como aponta Capez, são dados que se agregam
os âmbitos: no Direito Penal (material e processual), na
à figura típica sem alterar o tipo, servindo apenas para a
Política Criminal, na Política Social, nas próprias ciências
dosagem da pena.
criminológicas. Desde o campo da Sociologia e da Psi-
Os critérios do artigo 59 bem como as atenuantes ou
cologia social, diversos autores, têm denunciado esse
agravantes, as causas de aumento ou diminuição, são cir-
abandono: o Direito Penal contemporâneo, advertem,
cunstâncias, levadas em conta na fixação da pena. As cir- acha-se unilateral e equivocadamente voltado para a
cunstâncias do referido artigo são judiciais, pois são fixadas pessoa do infrator, relegando a vítima a uma posição
pelo juiz, de acordo com seu convencimento. Já as causas marginal, no âmbito da previsão social e do Direto civil
de aumento ou diminuição e as atenuantes ou agravantes material e processual”.
são causas legais, que, quando presentes, devem obriga- Praticamente, só no final da Segunda Guerra Mundial,
toriamente ser apreciadas pelo juiz, ficando a critério des- um advogado de origem israelita chamado Benjamin Men-
te somente o quantum da atenuação ou agravamento. As delsohn, também vítima da guerra, começou a pensar em
causas de aumento ou diminuição trazem o quantum já sistematizar uma nova ciência ou desenvolver um ramo da
previsto no dispositivo legal. criminologia que foi a vitimologia.
Neste artigo 68, podemos observar o sistema trifásico Sua obra “Horizonte Novo na ciência Bio-psicosocial – A
de aplicação da pena de Nelson Hungria. O artigo 59, com Vitimologia”, publicada em 1956 passou a ser um marco no
suas circunstâncias judiciais é a primeira fase desse sistema, assunto, seguido posteriormente, de vários outros estudos
não bastando a mera menção à essas circunstâncias, sendo iniciando uma fase de redescoberta da vítima, pois, até en-
necessária sua fundamentação, sob pena de nulidade do tão não passava de um subdesenvolvido sujeito passivo no
ato decisório, seguida das circunstâncias legais que ate- crime ou no processo penal.
nuam ou agravam e aumentam ou diminuem a pena. Importante ainda, ressaltar no processo evolutivo, a
Todavia, faz-se importante o juiz, antes do início da Resolução n.º 40/34 denominada Declaração Universal dos
fixação da pena, observar se existe qualificadora no caso Direitos da Vítima, promulgada pela ONU em 29 de no-
em análise uma vez que a qualificadora altera a pena base, vembro de 1985.
como ressalta Capez, citando o exemplo do homicídio, cuja Nesse sentido, Antônio Scarance Fernandes reconhe-
pena base está entre 6 e 20 anos, mas quando qualificado, ce a importância da vítima na história do Direito Criminal,
esta passa para 12 a 30 anos. citando três momentos distintos na história processual pe-
Na primeira e segunda parte é impossível a fixação da nal: o primeiro ainda à época da vingança Privada ou Jus-
pena abaixo do mínimo ou acima do máximo, independen- tiça Privada, depois, corresponderia, a punição do culpado,
te do fato de todas as agravantes estarem contra o autor, a um dever sagrado exercido conjuntamente pela Igreja e
ou todas as atenuantes a seu favor, posto que a lei não Estado e, por último, o estágio atual onde o direito de punir
estabelece quanto deve diminuir ou aumentar. é exclusivo do Estado.

47
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

A preocupação com a reparação causada injustamen- Todavia, este argumento posteriormente fora refutado
te como medida de justiça remonta desde a antiguidade, por Mendelsohn, que ao ampliar seu conceito, consideran-
embora sem a clareza científica da vitimologia atual, como do todas as categorias de vítimas na sociedade, inclusive
podemos verificar através dos Códigos e Leis antigos, den- as não decorrentes de crimes, antecipou-se à concepção
tre eles o Código de Ur-Nammu, as Leis de Eshnunna, o atual de vitimologia. É por esta amplitude conceitual que
Código de Hammurabi, o Alcorão, o Código de Manu e a transcende o estudo das vítimas criminais, que a vitimo-
Lei das XII Tábuas. logia era considerada por Mendelsohn e hoje, por vários
A vitimologia nasceu após a segunda Guerra Mundial, outros estudiosos, como ciência autônoma.
mais especificamente em 1947, dois anos após seu térmi- Essa consolidação da vitimologia como ciência inde-
no, em decorrência do sofrimento dos judeus pelo nazismo pendente, veio a se confirmar com a Declaração dos Princí-
de Hitler que teve como resultado milhões de mortos, feri- pios Básicos de Justiça para as Vítimas de Delitos e Abuso
dos e desaparecidos que chocou o mundo e influenciou o de Poder, no 7° Congresso das Nações Unidas sobre a Pre-
Direito Penal na Europa. venção do Crime e Tratamento do Delinquente, no ano de
1985, em Milão.
Com isso, o estudo da vítima, que se encontrava es-
Nesse congresso firmou-se um conceito mundial de
quecida desde a época da vingança privada, voltou a ter
vítima, como sendo o individuo ou coletividade que tenha
importância deixando de ser o Direito Penal, o Direito dos
sofrido lesões de qualquer tipo (físicas ou psíquicas) em
Criminosos, como afirmou Carrara.
decorrência de violações da legislação de cada Estado-
Nos mostra Calhau que o estudo da vítima teve como -Membro ou ainda de normas reconhecidas mundialmen-
seu precursor Benjamim Mendelsohn, Professor Emérito da te, relativas a Direitos Humanos.
Universidade Hebraica de Jerusalém e também vítima da No Brasil, temos como estudiosos do tema Edgard de
Guerra, quando falou em 1947 sobre o assunto na con- Moura Bittencourt, Laércio Pelegrino e a professora Armin-
ferencia realizada na Universidade de Bucareste. No ano da Bergamini Miotto, que contribuíram para a difusão da
seguinte o tema foi abordado por Hans Von Hentig ao di- vitimologia no país.
vulgar sua pesquisa “O criminoso e sua vítima” na universi-
dade de Yale, onde traçou a importância da psicologia no A aplicabilidade da Vitimologia no Brasil
estudo da vítima juntamente com seu ofensor.
Após estes estudiosos que deram o primeiro passo, Atualmente temos o que podemos chamar de crimi-
outros vieram a discutir o tema, com destaque para Vasile nalidade oculta vez que nem todos os delitos que ocorrem
Stanciu autor de grandes obras sobre sociologia criminal, são levados a conhecimento das autoridades policiais e ju-
com enfoque para a vitimologia. diciária (cifra negra) devido ao medo de represálias ou pela
A vitimologia se consagrou como disciplina criminoló- descrença na justiça penal, fazendo com que as estatísticas
gica em 1956 quando o próprio Mendelsohn sistematizou oficiais não representem fielmente a real criminalidade.
vários estudos de sua autoria; começou a crescer, chegan- Assim, as pesquisas de vitimização compostas por
do em 1965 à América Latina, com Jimenez de Asúa, sendo questionários estruturados, direcionados às vítimas dos
ali o primeiro jurista a se ocupar dela em seminário reali- delitos, sem levar em conta as estatísticas oficiais, como
zado na Faculdade de Direito de Buenos Aires. Em segui- aponta Molinas, “permitem avaliar cientificamente a crimi-
da, chegou a Israel, onde foi realizado no ano de 1973, na nalidade real, constituindo a técnica mais adequada para
cidade de Jerusalém, sob a supervisão de Israel Drapkin quantificá-la e identificar suas variáveis”. Permitem identi-
(diretor do Instituto de Criminologia da Faculdade de Direi- ficar variáveis como idade, nível econômico e sexo das ví-
to da Universidade Hebraica de Jerusalém), o I Congresso timas em cada tipo de delito, facilitando os programas de
Internacional de Vitimologia onde se discutiu as causas da prevenção.
Nosso pais é recordista em analfabetismo, desigual-
vitimização e sua prevenção e pesquisa.
dade social pela alta concentração de renda nas mão de
Após este, vários outros simpósios foram organizados
poucos, desemprego, desnutrição infantil e falta de sanea-
ao longo dos anos pelo mundo: 1976 em Boston, Estados
mento básico e água potável. Esses fatores favorecem, e
Unidos; 1979 em Münter, República Federal da Alemanha;
muito, o processo de vitimização da nossa população. Daí
1982 em Tóquio e Quioto, Japão; 1985 em Zagreb, Iugoslá- a necessidade de se dar maior importância à vitimologia,
via e os Congressos Internacionais realizados em 1980 nos não só buscando a punição do infrator ou a reparação das
Estados Unidos e em 1982 na Itália. consequências de sua conduta mas também orientando o
O surgimento repentino da vítima, a exemplo do que Poder Público na prevenção dessas causas de vitimização.
ocorrera no passado com o criminoso, fez com que Men- O estudo da vítima, sob seus variados aspectos cons-
delsohn propusesse à ONU que considerasse a vitimologia titui um dos grandes desafios das ciências criminais. O as-
como uma ciência e não mais como um desdobramento sunto reúne à elevação teórica uma significativa importân-
da criminologia, o que foi objetado por Pinatel sob o argu- cia prática, isso concernente ao comportamento da vítima
mento de que criminoso e vítima são indissociáveis, sendo no julgamento e aplicação da pena e quanto à reparação
a criminologia e a vitimologia o estudo do fato crimino- do dano. Podemos afirmar que a vítima foi, durante muito
so como um todo, definindo a tese de Mendelsohn como tempo esquecida, porém, modernamente, e com a edição
abrangente. da Lei n.º 9.099/95 que trouxe importantes modificações, a

48
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

tendência atual do direito penal, seguido por outros ramos O termo “estado democrático de direito” conjuga dois
do Direito, é a valorização da vítima. Resta claro, pois, que conceitos distintos que, juntos, definem a forma de funcio-
ainda há muito a se explorar, porém, é mister concluirmos namento tipicamente assumido pelo Estado de inspiração
pela ascensão do papel da vítima como elemento estrutu- ocidental. Cada um destes termos possui sua própria defi-
ral do Estado Democrático de Direito. nição técnica, mas, neste contexto, referem-se especifica-
mente a parâmetros de funcionamento do Estado ociden-
tal moderno.
3.5. PREVENÇÃO DO DELITO. Neste contexto específico, o termo “democracia” refe-
re-se à forma pela qual o Estado exerce o seu poder so-
berano. Mais especificamente, refere-se a quem exercerá o
poder de estado, já que o Estado propriamente dito é uma
Institucional, no qual cada um é submetido ao respeito ficção jurídica, isto é, não possui vontade própria e depen-
do direito, do simples indivíduo até a potência pública. O de de pessoas para funcionar.
estado de direito é assim ligado ao respeito da hierarquia Em sua origem grega, “democratia” quer dizer “go-
das normas, da separação dos poderes e dos direitos fun- verno do povo”. No sistema moderno, no entanto, o povo
damentais. não governa propriamente (o que representaria uma de-
Em outras palavras, o estado de direito é aquele no mocracia direta). Assim, os atos de governo são exercidos
qual os mandatários políticos (na democracia: os eleitos) por membros do povo ditos “politicamente constituídos”,
são submissos às leis promulgadas. que são aqueles nomeados para cargos públicos através
A teoria da separação dos poderes de Montesquieu, na de eleição.
qual se baseiam a maioria dos estados ocidentais moder- No Estado democrático, as funções típicas e indele-
nos, afirma a distinção dos três poderes (executivo, legis- gáveis do Estado são exercidas por indivíduos eleitos pelo
lativo e judiciário) e suas limitações mútuas. Por exemplo, povo para tanto, de acordo com regras pré-estabelecidas
em uma democracia parlamentar, o legislativo (Parlamen- que regerão o pleito eleitoral.
to) limita o poder do executivo (Governo): este não está O estado de direito é aquele em que vigora o chama-
livre para agir à vontade e deve constantemente garantir do “império da lei”. Este termo engloba alguns significa-
o apoio do Parlamento, que é a expressão da vontade do dos: primeiro que, neste tipo de estado, as leis são criadas
povo. Da mesma forma, o poder judiciário permite fazer pelo próprio Estado, através de seus representantes politi-
contrapeso às certas decisões governamentais (especial- camente constituídos; o segundo aspecto é que, uma vez
mente, no Canadá, com o poder que a Carta dos Direitos que o Estado criou as leis e estas passam a ser eficazes
e Liberdades da pessoa confere aos magistrados). O estado (isto é, aplicáveis), o próprio Estado fica adstrito ao cumpri-
de direito se opõe assim às monarquias absolutas de direi- mento das regras e dos limites por ele mesmo impostos; o
to divino (o rei no antigo regime pensava ter recebido seu terceiro aspecto, que se liga diretamente ao segundo, é a
poder de Deus e, assim, não admitia qualquer limitação a característica de que, no estado de direito, o poder estatal
ele: “O Estado, sou eu”, como afirmava Luís XIV) e às ditadu- é limitado pela lei, não sendo absoluto, e o controle desta
ras, na qual a autoridade age frequentemente em violação limitação se dá através do acesso de todos ao Poder Judi-
aos direitos fundamentais. O estado de direito não exige ciário, que deve possuir autoridade e autonomia para ga-
que todo o direito seja escrito. A Constituição do Reino rantir que as leis existentes cumpram o seu papel de impor
Unido, por exemplo, é fundada unicamente no costume: regras e limites ao exercício do poder estatal.
ela não dispõe de disposições escritas. Num tal sistema de Outro aspecto do termo “de direito” refere-se a que tipo
direito, os mandatários políticos devem respeitar o direito de direito exercerá o papel de limitar o exercício do poder
baseado no costume com a mesma consideração que num estatal. No estado democrático de direito, apenas o direito
sistema de direito escrito. positivo (isto é, aquele que foi codificado e aprovado pe-
O poder do Estado é uno e indivisível. A função do po- los órgãos estatais competentes, como o Poder Legislati-
der se divide em três grandes funções: a função legislativa, vo) poderá limitar a ação estatal, e somente ele poderá ser
a função judicial e a função executiva. invocado nos tribunais para garantir o chamado “império
da lei”. Todas as outras fontes de direito, como o Direito
Estado Democrático de Direito Canônico ou o Direito natural, ficam excluídas, a não ser
que o direito positivo lhes atribua esta eficácia, e apenas
Estado democrático de direito é um conceito que de- nos limites estabelecidos pelo último.
signa qualquer Estado que se aplica a garantir os respeitos Nesse contexto, destaca-se o papel exercido pela
das mulheres em liberdades civis, ou seja, o respeito pelos Constituição. Nela delineiam-se os limites e as regras para
direitos humanos e pelas liberdades fundamentais, através o exercício do poder estatal (onde se inscrevem as cha-
do estabelecimento de uma proteção jurídica. Em um es- madas “garantias fundamentais”), e, a partir dela, e sempre
tado de direito, as próprias autoridades políticas estão su- tendo-a como baliza, redige-se o restante do chamado “or-
jeitas ao respeito da regra de direito. Trata-se de um termo denamento jurídico”, isto é, o conjunto de leis que regem
complexo que define certos aspectos do funcionamento de uma sociedade. O estado democrático de direito não pode
um ente político soberano, o Estado. prescindir da existência de uma Constituição.

49
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Origem: Considera-se o livro Die deutsche Polizeiwis- que favoreceu o surgimento do positivismo jurídico como
senschaft nach den Grundsätzen des Rechtsstaates (A Ciên- garantia do Estado de Direito. Por outro lado, a igualdade
cia Policial Alemã de acordo com os princípios do estado formal, por si só, com o tempo, acabou revelando-se uma
de Direito), do escritor alemão Robert von Mohl, como a garantia inócua, pois, embora todos estivessem submeti-
obra seminal, inauguradora do pensamento teórico sobre dos ao império da letra da lei, não havia controle sobre seu
o “império da lei”. A obra foi escrita entre 1832 e 1834 e conteúdo material, o que levou à substituição do arbítrio
publicada em 1835. Além disso, existe corrente teórica do do rei pelo do legislador.
pensamento político alemão, que foi comandada pelo in- Em outras palavras: no Estado Formal de Direito, todos
fluente filósofo político Friedrich Hayek, que considera os são iguais porque a lei é igual para todos e nada mais. No
escritos de Immanuel Kant como a base sobre a qual se plano concreto e social não existe intervenção efetiva do
construiria, mais tarde, o pensamento político de von Mohl. Poder Público, pois este já fez a sua parte ao assegurar a
todos as mesmas chances, do ponto de vista do aparato
Direito Penal no Estado Democrático de Direito legal. De resto, é cada um por si.
Ocorre que as normas, embora genéricas e impessoais,
A Constituição Federal brasileira, em seu art. 1º, caput, podem ser socialmente injustas quanto ao seu conteúdo.
definiu o perfil político-constitucional do Brasil como o de É perfeitamente possível um Estado de Direito, com leis
um Estado Democrático de Direito. Trata-se do mais im- iguais para todos, sem que, no entanto, se realize justiça
portante dispositivo da Carta de 1988, pois dele decorrem social. É que não existe discussão sobre os critérios de sele-
todos os princípios fundamentais de nosso Estado. ção de condutas delituosas feitos pelo legislador. A lei não
Estado Democrático de Direito é muito mais do que reconhece como crime uma situação preexistente, mas, ao
simplesmente Estado de Direito. Este último assegura a contrário, cria o crime. Não existe necessidade de se fixar
igualdade meramente formal entre os homens, e tem como um conteúdo material para o fato típico, pois a vontade su-
características: prema da lei é dotada de poder absoluto para eleger como
- a submissão de todos ao império da lei; talo que bem entender, sendo impossível qualquer discus-
- a divisão formal do exercício das funções derivadas são acerca do seu conteúdo.
do poder, entre os órgãos executivos, legislativos e judi- Diante disso, pode-se afirmar que a expressão “Estado
ciários, como forma de evitar a concentração da força e de Direito”, por si só, caracteriza a garantia inócua de que
combater o arbítrio; todos estão submetidos ao império da lei, cujo conteúdo
- o estabelecimento formal de garantias individuais; fica em aberto, limitado apenas à impessoalidade e à não-
- o povo como origem formal de todo e qualquer po- -violação de garantias individuais mínimas.
der; Por essa razão, nosso constituinte foi além, afirmando
- a igualdade de todos perante a lei, na medida em que o Brasil não é apenas um Estado de Direito, mas um
que estão submetidos às mesmas regras gerais, abstratas Estado Democrático de Direito.
e impessoais; Verifica-se o Estado Democrático de Direito não ape-
- a igualdade meramente formal, sem atuação efetiva nas pela proclamação formal da igualdade entre todos os
e interventiva do Poder Público, no sentido de impedir dis- homens, mas pela imposição de metas e deveres quanto à
torções sociais de ordem material. construção de uma sociedade livre, justa e solidária; pela
Embora configurasse relevantíssimo avanço no com- garantia do desenvolvimento nacional; pela erradicação da
bate ao arbítrio do absolutismo monárquico, a expressão pobreza e da marginalização; pela redução das desigual-
“Estado de Direito” ainda carecia de um conteúdo social. dades sociais e regionais; pela promoção do bem comum;
Pela concepção jurídico-positivista do liberalismo pelo combate ao preconceito de raça, cor, origem, sexo,
burguês, ungida da necessidade de normas objetivas in- idade e quaisquer outras formas de discriminação (CF, art.
flexíveis, como único mecanismo para conter o arbítrio do 3º, I a IV); pelo pluralismo político e liberdade de expressão
Absolutismo monárquico, considerava-se direito apenas das idéias; pelo resgate da cidadania, pela afirmação do
aquilo que se encontrava formalmente disposto no orde- povo como fonte única do poder e pelo respeito inarredá-
namento legal, sendo desnecessário qualquer juízo de va- vel da dignidade humana.
lor acerca de seu conteúdo. A busca da igualdade se con- Significa, portanto, não apenas aquele que impõe a
tentava com a generalidade e impessoalidade da norma, submissão de todos ao império da mesma lei, mas onde
que garante a todos um tratamento igualitário, ainda que a as leis possuam conteúdo e adequação social, descreven-
sociedade seja totalmente injusta e desigual. do como infrações penais somente os fatos que realmente
Tal visão defensiva do direito constituía um avanço e colocam em perigo bens jurídicos fundamentais para a so-
uma necessidade para a época em que predominavam os ciedade.
abusos e mimos do monarca sobre padrões objetivos de Sem esse conteúdo, a norma se configurará como
segurança jurídica, de maneira que se tomara uma obses- atentatória aos princípios básicos da dignidade humana.
são da ascendente classe burguesa a busca da igualdade A norma penal, portanto, em um Estado Democrático de
por meio de normas gerais, realçando-se a preocupação Direito não é somente aquela que formalmente descreve
com a rigidez e a inflexibilidade das regras. Nesse contexto, um fato como infração penal, pouco importando se ele
qualquer interpretação que refugisse à visão literal do texto ofende ou não o sentimento social de justiça; ao contrário,
legal poderia ser confundida com subjetivismo arbitrário, o sob pena de colidir com a Constituição, o tipo incriminador

50
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

deverá obrigatoriamente selecionar, dentre todos os com- uma vez que nenhuma conduta pode, materialmente, ser
portamentos humanos, somente aqueles que realmente considerada criminosa se, de algum modo, não colocar em
possuem real lesividade social. perigo valores fundamentais da sociedade.
Sendo o Brasil um Estado Democrático de Direito, por Imaginemos um tipo com a seguinte descrição: “ma-
reflexo, seu direito penal há de ser legítimo, democrático nifestar ponto de vista contrário ao regime político domi-
e obediente aos princípios constitucionais que o infor- nante ou opinião contrária à orientação política dominante:
mam, passando o tipo penal a ser uma categoria aberta, Pena - 6 meses a 1 ano de detenção”.
cujo conteúdo deve ser preenchido em consonância com Evidentemente, a par de estarem sendo obedecidas as
os princípios derivados deste perfil político-constitucional. garantias de exigência de subsunção formal e de veiculação
Não se admitem mais critérios absolutos na definição dos em lei, materialmente este tipo não teria qualquer subsis-
crimes, os quais passam a ter exigências de ordem formal tência por ferir o princípio da dignidade humana e, conse-
(somente a lei pode descrevê-Ios e cominarlhes uma pena qüentemente, não resistir ao controle de compatibilidade
correspondente) e material (o seu conteúdo deve ser ques- vertical com os princípios insertos na ordem constitucional.
tionado à luz dos princípios constitucionais derivados do Tipos penais que se limitem a descrever formalmente
Estado Democrático de Direito). infrações penais, independentemente de sua efetiva po-
Pois bem. Do Estado Democrático de Direito partem tencialidade lesiva, atentam contra a dignidade da pessoa
princípios regradores dos mais diversos campos da atua- humana.
ção humana. No que diz respeito ao âmbito penal, há um Nesse passo, convém lembrar a lição de Celso Antônio
gigantesco princípio a regular e orientar todo o sistema, Bandeira de Mello: “Violar um princípio é muito mais grave
transformando-o em um direito penal democrático. Trata- do que transgredir uma norma. A desatenção ao princípio
-se de um braço genérico e abrangente, que deriva direta implica ofensa não apenas a um específico mandamento
e imediatamente deste moderno perfil político do Estado obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais
brasileiro, a partir do qual partem inúmeros outros princí- grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, con-
pios próprios afetos à esfera criminal, que nele encontram forme o escalão do princípio atingido, porque representa
guarida e orientam o legislador na definição das condutas ingerência contra todo o sistema, subversão de seus valo-
delituosas. Estamos falando do princípio da dignidade hu- res fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço
mana (CF, art. 1º, III). lógico e corrosão de sua estrutura mestra”.
Podemos, então, afirmar que do Estado Democrático Aplicar a justiça de forma plena, e não apenas formal,
de Direito parte o princípio da dignidade humana, orien- implica, portanto, aliar ao ordenamento jurídico positivo a
tando toda a formação do Direito Penal. Qualquer constru- interpretação evolutiva, calcada nos costumes e nas ordens
ção típica, cujo conteúdo contrariar e afrontar a dignidade normativas locais, erigidas sobre padrões culturais, morais
humana, será materialmente inconstitucional, posto que e sociais de determinado grupo social ou que estejam liga-
atentatória ao próprio fundamento da existência de nosso dos ao desempenho de determinada atividade.
Estado. Os princípios constitucionais e as garantias individuais
Cabe ao operador do Direito exercer controle técnico devem atuar como balizas para a correta interpretação e a
de verificação da constitucionalidade de todo tipo penal e justa aplicação das normas penais, não se podendo cogitar
de toda adequação típica, de acordo com o seu conteúdo. de uma aplicação meramente robotizada dos tipos incrimi-
Afrontoso à dignidade humana, deverá ser expurgado do nadores, ditada pela verificação rudimentar da adequação
ordenamento jurídico. típica formal, descurando-se de qualquer apreciação onto-
Em outras situações, o tipo, abstratamente, pode não lógica do injusto. Da dignidade humana, princípio genérico
ser contrário à Constituição, mas, em determinado caso e reitor do Direito Penal, partem outros princípios mais es-
específico, o enquadramento de uma conduta em sua de- pecíficos, os quais são transportados dentro daquele prin-
finição pode revelar-se atentatório ao mandamento cons- cípio maior, tal como passageiros de uma embarcação.
titucional (por exemplo, enquadrar no tipo do furto a sub- Desta forma, do Estado Democrático de Direito parte o
tração de uma tampinha de refrigerante). princípio reitor de todo o Direito Penal, que é o da dignida-
A dignidade humana, assim, orienta o legislador no de humana, adequando-o ao perfil constitucional do Brasil
momento de criar um novo delito e o operador no instante e erigindo-o à categoria de Direito Penal Democrático. Da
em que vai realizar a atividade de adequação típica. dignidade humana, por sua vez, derivam outros princípios
Com isso, pode-se afirmar que a norma penal em um mais específicos, os quais propiciam um controle de quali-
Estado Democrático de Direito não é somente aquela que dade do tipo penal, isto é, sobre o seu conteúdo, em inú-
formalmente descreve um fato como infração penal, pouco meras situações específicas da vida concreta.
importando se ele ofende ou não o sentimento social de Os mais importantes princípios penais derivados da
justiça; ao contrário, sob pena de colidir com a Constitui- dignidade humana são: legalidade, insignificância, alte-
ção, o tipo incriminador deverá obrigatoriamente selecio- ridade, confiança, adequação social, intervenção mínima,
nar, dentre todos os comportamentos humanos, somente fragmentariedade, proporcionalidade, humanidade, neces-
aqueles que realmente possuam lesividade social. sidade e ofensividade.
É imperativo do Estado Democrático de Direito a De pouco adiantaria assegurar ao cidadão a garantia
investigação ontológica do tipo incriminador. Crime não é de submissão do poder persecutório à exigência prévia da
apenas aquilo que o legislador diz sê-Io (conceito formal), definição legal, se o legislador tivesse liberdade para eleger

51
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

de modo autoritário e livre de balizas quais os bens jurídi- - A criação do tipo e a adequação concreta da conduta
cos merecedores de proteção, ou seja, se pudesse, a seu ao tipo devem operar-se em consonância com os princípios
bel-prazer, escolher, sem limites impostos por princípios constitucionais do Direito Penal, os quais derivam da dig-
maiores, o que vai ser e o que não vai ser crime. nidade humana que, por sua vez, encontra fundamento no
O Direito Penal é muito mais do que um instrumento Estado Democrático de Direito.
opressivo em defesa do aparelho estatal. Exerce uma fun-
ção de ordenação dos contatos sociais, estimulando práti- No Estado Democrático de Direito é necessário que a
cas positivas e refreando as perniciosas e, por essa razão, conduta considerada criminosa tenha realmente conteú-
não pode ser fruto de uma elucubração abstrata ou da do de crime. Crime não é apenas aquilo que o legislador
necessidade de atender a momentâneos apelos demagó- diz sê-Io (conceito formal), uma vez que nenhuma conduta
gicos, mas, ao contrário, refletir, com método e ciência, o pode, materialmente, ser considerada criminosa se, de al-
justo anseio social. gum modo, não colocar em perigo valores fundamentais
Com base nessas premissas, deve-se estabelecer uma da sociedade.
Da dignidade nascem os demais princípios orientado-
limitação à eleição de bens jurídicos por parte do legis-
res e limitadores do Direito Penal, dentre os quais merecem
lador, ou seja, não é todo e qualquer interesse que pode
destaque:
ser selecionado para ser defendido pelo Direito Penal, mas
Insignificância ou Bagatela: originário do Direito
tão-somente aquele reconhecido e valorado pelo Direito,
Romano, e de cunho civilista, tal princípio funda-se no co-
de acordo com seus princípios reitores. nhecido brocardo de minimis non curat praetor. Em 1964
O tipo penal está sujeito a um permanente controle acabou sendo introduzido no sistema penal por Claus Ro-
prévio (ex ante), no sentido de que o legislador deve guiar- xin, tendo em vista sua utilidade na realização dos objetivos
-se pelos valores consagrados pela dialética social, cultural sociais traçados pela moderna política criminal.
e histórica, conformada ao espírito da Constituição, e a um Segundo tal princípio, o Direito Penal não deve preo-
controle posterior, estando sujeito ao controle de constitu- cupar-se com bagatelas, do mesmo modo que não podem
cionalidade concentrado e difuso. ser admitidos tipos incriminadores que descrevam condutas
A função da norma é a proteção de bens jurídicos a incapazes de lesar o bem jurídico.
partir da solução dos conflitos sociais, razão pela qual a A tipicidade penal exige um mínimo de lesividade ao
conduta somente será considerada típica se criar uma si- bem jurídico protegido, pois é inconcebível que o legislador
tuação de real perigo para a coletividade. tenha imaginado inserir em um tipo penal condutas total-
De todo o exposto, podemos extrair as seguintes con- mente inofensivas ou incapazes de lesar o interesse prote-
siderações: gido.
- O Direito Penal brasileiro somente pode ser conce- Se a finalidade do tipo penal é tutelar um bem jurídico,
bido à luz do perfil constitucional do Estado Democrático sempre que a lesão for insignificante, a ponto de se tornar
de Direito, devendo, portanto, ser um direito penal demo- incapaz de lesar o interesse protegido, não haverá adequa-
crático. ção típica. É que no tipo não estão descritas condutas inca-
- Do Estado Democrático de Direito parte um gigantes- pazes de ofender o bem tutelado, razão pela qual os danos
co tentáculo, a regular todo o sistema penal, que é o princí- de nenhuma monta devem ser considerados fatos atípicos.
pio da dignidade humana, de modo que toda incriminação O Superior Tribunal de Justiça, por intermédio de sua
contrária ao mesmo é substancialmente inconstitucional. 5ª Turma, tem reconhecido a tese da exclusão da tipicida-
- Da dignidade humana derivam princípios constitu- de nos chamados delitos de bagatela, aos quais se aplica o
cionais do Direito Penal, cuja função é estabelecer limites princípio da insignificância, dado que à lei não cabe preo-
à liberdade de seleção típica do legislador, buscando, com cupar-se com infrações de pouca monta, insuscetíveis de
causar o mais ínfimo dano à coletividade.
isso, uma definição material do crime.
Na hipótese de crime de descaminho de bens, em que
- Esses contornos tomam o tipo legal uma estrutura
o débito tributário e a multa não excederem determinado
bem distinta da concepção meramente descritiva do início
valor, a Fazenda Pública se recusa a efetuar a cobrança em
do século passado, de modo que o processo de adequação
juízo, nos termos da Lei n. 9.579/97, sob o argumento de
de um fato passa a submeter-se à rígida apreciação axioló- que a irrisória quantia não compensa a instauração de um
gica. executivo fiscal, o que levou o Superior Tribunal de Justiça a
- O legislador, no momento de escolher os interesses considerar atípico o fato, por influxo do princípio da insig-
que merecerão a tutela penal, bem como o operador do nificância. De acordo com o art. 20 da Lei nº 10.522, de 19
direito, no instante em que vai proceder à adequação típi- de julho de 2002, as execuções fiscais da União de débitos
ca, devem, forçosamente, verificar se o conteúdo material iguais ou inferiores a R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos
daquela conduta atenta contra a dignidade humana ou os reais) serão arquivadas pela Procuradoria da Fazenda Na-
princípios que dela derivam. Em caso positivo, estará ma- cional, sem cobrança, dada a insignificância do valor da dí-
nifestada a inconstitucionalidade substancial da norma ou vida. Com isso, entendemos que referido montante passou
daquele enquadramento, devendo ser exercitado o controle a servir de parâmetro para se considerar atípica a sonega-
técnico, afirmando a incompatibilidade vertical com o Texto ção fiscal de até R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais)
Magno. (Atualmente, esse valor sofreu nova modificação, de forma

52
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

que serão arquivados os autos das execuções fiscais de dé- Tal princípio foi desenvolvido por Claus Roxin, segun-
bitos inscritos como Dívida Ativa da União inferiores a R$ do o qual “só pode ser castigado aquele comportamento
10.000,00 (dez mil reais) (CF art. 20 da Lei nº 10.522/2002, que lesione direitos de outras pessoas e que não seja sim-
com a redação determinada pela Lei nº 11.033/2004). Man- plesmente pecaminoso ou imoral. À conduta puramente
tido o raciocínio, atualmente, a sonegação fiscal de até R$ interna, ou puramente individual - seja pecaminosa, imo-
10.000,00 (dez mil reais) passa a ser atípica, em face do ral, escandalosa ou diferente -, falta a lesividade que pode
princípio da insignificância). legitimar a intervenção penal” (Nilo Batista).
Não se pode, porém, confundir delito insignificante ou Por essa razão, a autolesão não é crime, salvo quando
de bagatela com crimes de menor potencial ofensivo. Es- houver intenção de prejudicar terceiros, como na auto-
tes últimos são definidos pelo art. 61 da Lei nº 9.099/95 e -agressão cometida com o fim de fraude ao seguro, em
submetem-se aos Juizados Especiais Criminais, sendo que que a instituição seguradora será vítima de estelionato (CP,
neles a ofensa não pode ser acoimada de insignificante, art. 171, § 2º, V).
pois possui gravidade ao menos perceptível socialmente, No delito previsto no art. 16 da Lei n. 6.368/76 – Art. 28,
não podendo falar-se em aplicação desse princípio. Crimes e Penas, Atividades de Prevenção do Uso Indevido,
O princípio da insignificância não é aplicado no plano Atenção e Reinserção Social de Usuários e Dependentes
abstrato. Não se pode, por exemplo, afirmar que todas as de Drogas, Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre
contravenções penais são insignificantes, pois, dependen- Drogas, Sisnad, Medidas para Prevenção do Uso Indevido,
do do caso concreto, isto não se pode revelar verdadeiro. Atenção e Reinserção Social de Usuários e Dependentes
Andar pelas ruas armado com uma faca é um fato con- de Drogas, Normas para Repressão à Produção não autori-
travencional que não pode ser considerado insignificante. zada e ao Tráfico Ilícito de Drogas, Crimes, L-011.343-2006,
São de menor potencial ofensivo, submetem-se ao proce- poder-se-ia alegar ofensa a este princípio, pois quem usa
dimento sumaríssimo, beneficiamse de institutos despena- droga só está fazendo mal a própria saúde, o que não jus-
lizadores (transação penal, suspensão condicional do pro- tificaria uma intromissão repressiva do Estado (os droga-
cesso etc.), mas não são, a priori, insignificantes. dos costumam dizer: “se eu uso droga, ninguém tem nada
Tal princípio deverá ser verificado em cada caso con- a ver com isso, pois o único prejudicado sou eu”).
creto, de acordo com as suas especificidades. O furto, abs- Tal argumento não convence. A Lei n. 6.368/76 – revo-
tratamente, não é uma bagatela, mas a subtração de um gada, L-011.343-2006 não tipifica a ação de “usar a droga”,
chiclete pode ser. Em outras palavras, nem toda conduta
mas apenas o porte, pois o que a lei visa é coibir o perigo
subsumível ao art. 155 do Código Penal é alcançada por
social representado pela detenção, evitando facilitar a cir-
este princípio, algumas sim, outras não. É um princípio apli-
culação da substância entorpecente pela sociedade, ainda
cável no plano concreto, portanto.
que a finalidade do sujeito seja apenas a de uso próprio.
Com relação à aplicação desse princípio, nos crimes
Assim, existe transcendentalidade na conduta e perigo
contra a administração pública, não existe razão para negar
para a saúde da coletividade, bem jurídico tutelado pela
incidência nas hipóteses em que a lesão ao erário for de ín-
fima monta. É o caso do funcionário público que leva para norma do art. 16.
casa algumas folhas, um punhado de clips ou uma bor- Interessante questão será a de quem consome ime-
racha, apropriando-se de tais bens. Como o Direito Penal diatamente a substância, sem portá-Ia por mais tempo do
tutela bens jurídicos, e não a moral, objetivamente o fato que o estritamente necessário para o uso. Nesta hipótese
será atípico, dada a sua irrelevância. No crime de lesões o STF decidiu: “não constitui delito de posse de droga para
corporais, em que se tutela bem indisponível, se as lesões uso próprio a conduta de quem, recebendo de terceiro a
forem insignificantes, como mera vermelhidão provocada droga, para uso próprio, incontinenti a consome”. Neste
por um beliscão, também não há que se negar a aplicação caso não houve detenção, nem perigo social, mas simples-
do mencionado princípio. mente o uso. Se houvesse crime, a pessoa estaria sendo
Finalmente, a insignificância nos delitos patrimoniais castigada pelo Poder Público, por ter feito mal à sua saúde
não leva em conta a capacidade econômica do ofendido, e a de mais ninguém. Não se pode confundir a conduta
mas o valor do bem em si mesmo. Assim, o furto de um de portar para uso futuro com a de portar enquanto usa.
automóvel jamais será insignificante, mesmo que, diante Somente na primeira hipótese estará configurado o crime
do patrimônio da vítima, o valor seja pequeno quando co- do art. 16 da Lei de Tóxicos, art. 28, L-011.343-2006. Quem
tejado com os seus demais bens. detém a droga somente durante o tempo estritamente ne-
Alteridade ou Transcendentalidade: proíbe a incrimi- cessário em que a consome limita-se a utilizáIa em prejuí-
nação de atitude meramente interna, subjetiva do agente zo de sua própria saúde, sem provocar danos a interesses
e que, por essa razão, revela-se incapaz de lesionar o bem de terceiros, de modo que o fato é atípico por influxo do
jurídico. O fato típico pressupõe um comportamento que princípio da alteridade.
transcenda a esfera individual do autor e seja capaz de O princípio da alteridade veda também a incriminação
atingir o interesse do outro (altero). do pensamento (pensiero non paga gabella) ou de condu-
Ninguém pode ser punido por ter feito mal só a si tas moralmente censuráveis, mas incapazes de penetrar na
mesmo. Não há lógica em punir o suicida frustrado ou a esfera do altero.
pessoa que se açoita, na lúgubre solidão de seu quarto. O bem jurídico tutelado pela norma é, portanto, o
Se a conduta se esgota na esfera do próprio autor, não há interesse de terceiros, pois seria inconcebível provocar a
fato típico. interveniência criminal repressiva contra alguém que está

53
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

fazendo apenas mal a si mesmo, como, por exemplo, punir- Adequação social: todo comportamento que, a des-
-se um suicida malsucedido com pena pecuniária, corporal peito de ser considerado criminoso pela lei, não afrontar
ou até mesmo capital. o sentimento social de justiça (aquilo que a sociedade tem
Confiança: trata-se de requisito para a existência do por justo) não pode ser considerado criminoso. Para essa
fato típico, não devendo ser relegado para o exame da teoria, o Direito Penal somente tipifica condutas que te-
culpabilidade. Funda-se na premissa de que todos devem nham certa relevância social. O tipo penal pressupõe uma
esperar por parte das outras pessoas que estas sejam res- atividade seletiva de comportamento, escolhendo somente
ponsáveis e ajam de acordo com as normas da sociedade, aqueles que sejam contrários e nocivos ao interesse pú-
visando a evitar danos a terceiros. Por essa razão, consis- blico, para serem erigidos à categoria de infrações penais;
te na realização da conduta, na confiança de que o outro por conseguinte, as condutas aceitas socialmente e consi-
atuará de um modo normal já esperado, baseando-se na deradas normais não podem sofrer este tipo de valoração
justa expectativa de que o comportamento das outras pes- negativa, sob pena de a lei incriminadora padecer do vício
soas se dará de acordo com o que normalmente acontece. de inconstitucionalidade.
Por isso é que Jakobs afirma que determinadas formas
Por exemplo: nas intervenções médico-cirúrgicas, o ci-
de atividade permitida não podem ser incriminadas, uma
rurgião tem de confiar na assistência correta que costuma
vez que se tomaram consagradas pelo uso histórico, isto
receber dos seus auxiliares, de maneira que, se a enfermei- é, costumeiro, aceitando-se como socialmente adequadas.
ra lhe passa uma injeção com medicamento trocado e, em Não se pode confundir o princípio em análise com o da
face disso, o paciente vem a falecer, não haverá conduta insignificância. Na adequação social, a conduta deixa de ser
culposa por parte do médico, pois não foi sua ação mas sim punida por não mais ser considerada injusta pela socieda-
a de sua auxiliar que violou o dever objetivo de cuidado. de; na insignificância, a conduta é considerada injusta, mas
O médico ministrou a droga fatal impelido pela natural e de escassa lesividade.
esperada confiança depositada em sua funcionária. Critica-se essa teoria porque, em primeiro lugar, cos-
Outro exemplo é o do motorista que, trafegando pela tume não revoga lei, e, em segundo, porque não pode o
preferencial, passa por um cruzamento, na confiança de juiz substituir-se ao legislador e dar por revogada uma lei
que o veículo da via secundária aguardará sua passagem. incriminadora em plena vigência, sob pena de afronta ao
No caso de um acidente, não terá agido com culpa. princípio constitucional da separação dos poderes, deven-
A vida social se tornaria extremamente dificultosa se do a atividade fiscalizadora do juiz ser suplementar e, em
cada um tivesse de vigiar o comportamento do outro, para casos extremos, de clara atuação abusiva do legislador na
verificar se está cumprindo todos os seus deveres de cui- criação do tipo.
dado; por conseguinte, não realiza conduta típica aquele Além disso, o conceito de adequação social é um tanto
que, agindo de acordo com o direito, acaba por envolver-se quanto vago e impreciso, criando insegurança e excesso de
subjetividade na análise material do tipo, não se ajustando
em situação em que um terceiro descumpriu seu dever de
por isso às exigências da moderna dogmática penal.
lealdade e cuidado.
Entretanto, é forçoso reconhecer que, embora o con-
O princípio da confiança, contudo, não se aplica quan- ceito de adequação social não possa ser aceito com ex-
do era função do agente compensar eventual comporta- clusividade, atualmente é impossível deixar de reconhecer
mento defeituoso de terceiros. Por exemplo: um motorista sua importância na interpretação da subsunção de um fato
que passa bem ao lado de um ciclista não tem por que concreto a um tipo penal. Atuando ao lado de outros prin-
esperar uma súbita guinada do mesmo em sua direção, cípios, pode levar à exclusão da tipicidade.
mas deveria ter se acautelado para que não passasse tão Intervenção mínima: assenta-se na Declaração de Di-
próximo, a ponto de criar uma situação de perigo (Günther reitos do Homem e do Cidadão, de 1789, cujo art. 8º de-
Jakobs). Como atuou quebrando uma expectativa social de terminou que a lei só deve prever as penas estritamente
cuidado, a confiança que depositou na vítima qualifica-se necessárias.
como proibida: é o chamado abuso da situação de con- A intervenção mínima tem como ponto de partida a
fiança. característica da fragmentariedade do Direito Penal. Este
Deste modo, surge a confiança permitida, que é aquela se apresenta por meio de pequenos flashs, que são pontos
que decorre do normal desempenho das atividades sociais, de luz na escuridão do universo. Trata-se de um gigantesco
dentro do papel que se espera de cada um, a qual exclui a oceano de irrelevância, ponteado por ilhas de tipicidade,
tipicidade da conduta, em caso de comportaménto irregu- enquanto o crime é um náufrago à deriva, procurando uma
lar inesperado de terceiro; e a confiança proibida, quando o porção de terra na qual se possa achegar.
Somente haverá Direito Penal naqueles raros episódios
autor não deveria ter depositado no outro toda a expecta-
típicos em que a lei descreve um fato como crime; ao con-
tiva, agindo no limite do que lhe era permitido, com nítido
trário, quando ela nada disser, não haverá espaço para a
espírito emulativo. atuação criminal. Nisso, aliás, consiste a principal proteção
Em suma, se o comportamento do agente se deu den- política do cidadão em face do poder punitivo estatal, qual
tro do que dele se esperava, a confiança é permitida; quan- seja, a de que somente poderá ter invadida sua esfera de li-
do há abuso de sua parte em usufruir da posição que des- berdade, se realizar uma conduta descrita em um daqueles
fruta incorrerá em fato típico. raros pontos onde a lei definiu a existência de uma infração
penal.

54
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Ou o autor recai sobre um dos tipos, ou se perde no A resposta se impõe, com o reconhecimento prévio da
vazio infinito da ausência de previsão e refoge à incidência existência da fragmentariedade e da necessidade de em-
punitiva. O sistema é, portanto, descontínuo, fragmentado pregar critérios reparadores das falhas de todo o sistema,
(um tipo aqui, um tipo ali, outro lá e assim por diante). dentre os quais a intervenção mínima.
Por outro lado, esta seleção, a despeito de excepcional, Somente assim será possível compensar o alcance
é feita sem nenhum método científico, atendendo apenas excessivamente incriminador de hipóteses concretas tão
aos reclamos momentâneos da opinião pública, da mídia e quantitativamente diversas do ponto de vista da danosi-
das necessidades impostas pela classe dominante, confor- dade social.
me bem ressaltou Juarez Tavares, em ácida crítica ao sis- A intervenção mínima tem, por conseguinte, dois des-
tema legiferante: “Analisando atentamente o processo de tinatários principais. Ao legislador o princípio exige cautela
elaboração das normas incriminadoras, a partir primeira- no momento de eleger as condutas que merecerão pu-
mente do dado histórico e depois do objetivo jurídico por nição criminal, abstendo-se de incriminar qualquer com-
elas perseguido, bem como o próprio enunciado típico das portamento. Somente aqueles que, segundo comprovada
ações proibidas ou mandadas, chega-se à conclusão inicial, experiência anterior, não puderam ser convenientemente
embora trágica, de que efetivamente, na maioria das vezes, contidos pela aplicação de outros ramos do direito deve-
não há critérios para essa elaboração. Isto pode parecer rão ser catalogados como crimes em modelos descritivos
panfletário, à primeira vista, mas retrata fielmente a ativi- legais.
dade de elaboração legislativa. Estudos de Haferkamp na Ao operador do Direito recomenda-se não proceder ao
Alemanha e Weinberger na França demonstram que, com a enquadramento típico, quando notar que aquela pendên-
institucionalização do poder político, a elaboração das nor- cia pode ser satisfatoriamente resolvida com a atuação de
mas se expressa como evento do jogo de poder efetuado outros ramos menos agressivos do ordenamento jurídico.
no marco das forças hegemônicas atuantes no Parlamento. Assim, se a demissão comjusta causa pacifica o conflito
A norma, portanto, deixaria de exprimir o tão propa- gerado pelo pequeno furto cometido pelo empregado, o
lado interesse geral, cuja simbolização aparece como jus- direito trabalhista tomou inoportuno o ingresso do penal.
tificativa do princípio representativo para significar, muitas Se o furto de um chocolate em um supermercado já foi
vezes, simples manifestação de interesses partidários, sem solucionado com o pagamento do débito e a expulsão do
qualquer vínculo com a real necessidade da nação. inconveniente freguês, não há necessidade de movimentar
Além disso, as descrições são abstratas, objetivas e im- a máquina persecutória do Estado, tão assoberbada com
pessoais, alcançando uma gigantesca gama de situações
a criminalidade violenta, a organizada, o narcotráfico e as
bem diversas entre si. Os tipos nesse sistema fragmentário
dilapidações ao erário.
transportam desde gravíssimas violações operadas no caso
Da intervenção mínima decorre, como corolário indes-
concreto até ínfimas agressões. Quando se descreve como
tacável, a característica de subsidiariedade. Com efeito, o
infração penal “subtrair para si ou para outrem coisa alheia
ramo penal só deve atuar quando os demais campos do
móvel”, incrimina-se tanto o furto de centenas de milhões
de uma instituição bancária, com nefastas conseqüências Direito, os controles formais e sociais tenham perdido a
para milhares de correntistas, quanto a subtração de uma eficácia e não sejam capazes de exercer essa tutela. Sua in-
estatueta oca de gesso em uma feira de artesanato. tervenção só deve operar quando fracassam as demais bar-
O tipo do furto é uma nuvem incriminadora na imen- reiras protetoras do bem jurídico predispostas por outros
sidão do céu de atipicidade, mas o método abstrato, que ramos do Direito. Pressupõe, portanto, que a intervenção
tem a vantagem da impessoalidade, tem o desconforto de repressiva no círculo jurídico dos cidadãos só tenha sentido
alcançar comportamentos de toda a ordem, mesmo con- como imperativo de necessidade, isto é, quando a pena se
tando com descrição taxativa. mostrar como único e último recurso para a proteção do
A imperfeição não decorre da construção abstrata do bem jurídico, cedendo a ciência criminal a tutela imediata
tipo, mas da fragmentariedade do sistema criminalizador, dos valores primordiais da convivência humana a outros
totalmente dependente de previsões genéricas, abstratas campos do Direito, e atuando somente em último caso (ul-
e abrangentes, incapazes de, por si sós, distinguirem entre tima ratio) (Nilo Batista).
os fatos relevantes e os irrelevantes que nela formalmente Se existe um recurso mais suave em condições de solu-
se subsumem. cionar plenamente o conflito, torna-se abusivo e desneces-
Além de defeituoso o sistema de criação normativa e sário aplicar outro mais traumático.
da excessiva abrangência dos modelos objetivos, os quais A intervenção mínima e o caráter subsidiário do Direi-
não levam em consideração a disparidade das situações to Penal decorrem da dignidade humana, pressuposto do
concretas, concorre ainda a panacéia cultural que faz sur- Estado Democrático de Direito, e são uma exigência para a
gir, dentro do mesmo país, inúmeras nações, com costu- distribuição mais equilibrada da justiça.
mes, tradições e conceitos bem diversos, mas submetidas à Proporcionalidade: além de encontrar assento na
mesma ordem de incriminação abstrata. imperativa exigência de respeito à dignidade humana, tal
Nesse triplo problema, déficit do sistema tipificador, princípio aparece insculpido em diversas passagens de
diversidade cultural e abrangência demasiada de casos nosso Texto Constitucional, quando abole certos tipos de
concretamente diversos, mas abstratamente idênticos, in- sanções (art. 5º, XLVII), exige individualização da pena (art.
sere-se o caráter fragmentário do Direito Penal, fincando 5º, XLVI), maior rigor para casos de maior gravidade (art. 5º,
a questão: Como solucionar, por meio de descrições pon- XLII, XLII e XLIV) e moderação para infrações menos graves
tuais e abstratas, todos os variados problemas reais? (art. 98, I). Baseia-se na relação custo-benefício.

55
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

Toda vez que o legislador cria um novo delito, impõe Disso resulta ser inconstitucional a criação de um tipo
um ônus à sociedade, decorrente da ameaça de punição ou a cominação de alguma pena que atente desnecessa-
que passa a pairar sobre todos os cidadãos. riamente contra a incolumidade física ou moral de alguém
Uma sociedade incriminadora é uma sociedade invasi- (atentar necessariamente significa restringir alguns direitos
va, que limita em demasia a liberdade das pessoas. nos termos da Constituição e quando exigido para a prote-
Por outro lado, esse ônus é compensado pela vanta- ção do bem jurídico).
gem de proteção do interesse tutelado pelo tipo incrimi- Do princípio da humanidade decorre a impossibilida-
nador. A sociedade vê limitados certos comportamentos, de de a pena passar da pessoa do delinqüente, ressalva-
ante a cominação da pena, mas também desfruta de uma dos alguns dos efeitos extrapenais da condenação, como
tutela a certos bens, os quais ficarão sob a guarda do Di- a obrigação de reparar o dano na esfera cível, que podem
reito Penal. atingir os herdeiros do infrator até os limites da herança,
Para o princípio da proporcionalidade, quando o custo (CF, art. 5º, XLV).
for maior do que a vantagem, o tipo será inconstitucional,
porque contrário ao Estado Democrático de Direito. Em Necessidade e idoneidade: decorrem da proporciona-
outras palavras: a criação de tipos incriminadores deve ser lidade. A incriminação de determinada situação só pode
uma atividade compensadora para os membros da coleti- ocorrer quando a tipificação revelar-se necessária, idônea e
vidade. adequada ao fim a que se destina, ou seja, à concreta e real
Com efeito, um Direito Penal democrático não pode proteção do bem jurídico.
conceber uma incriminação que traga mais temor, mais Quando a comprovada demonstração empírica revelar
ônus, mais limitação social do que benefício à coletividade. que o tipo não precisava tutelar aquele interesse, dado que
Somente se pode falar na tipificação de um comporta- outros campos do direito ou mesmo de outras ciências têm
mento humano, na medida em que isto se revele vantajoso plenas condições de fazê-lo com sucesso, ou ainda quando
em uma relação de custos e benefícios sociais. Em outras a descrição for inadequada, ou ainda quando o rigor for ex-
palavras, com a transformação de uma conduta em infra- cessivo, sem trazer em contrapartida a eficácia pretendida,
ção penal impõe-se a toda coletividade uma limitação, a o dispositivo incriminador padecerá de insuperável vício de
qual precisa ser compensada por uma efetiva vantagem: ter incompatibilidade vertical com os princípios constitucio-
um relevante interesse tutelado penalmente. nais regentes do sistema penal.
Quando a criação do tipo não se revelar proveitosa para Nenhuma incriminação subsistirá em nosso ordena-
a sociedade, estará ferido o princípio da proporcionalidade,
mento jurídico, quando a definição legal revelar-se incapaz,
devendo a descrição legal ser expurgada do ordenamento
seja pelo critério definidor empregado, seja pelo excessivo
jurídico por vício de inconstitucionalidade. Além disso, a
rigor, seja ainda pela afronta à dignidade humana, de tute-
pena, isto é, a resposta punitiva estatal ao crime, deve guar-
lar concretamente o bem jurídico.
dar proporção com o mal infligido ao corpo social. Deve ser
Surge, então, a necessidade de precisa definição do
proporcional à extensão do dano, não se admitindo penas
bem jurídico, sem o que a norma não tem objeto e, por
idênticas para crimes de lesividades distintas, ou para infra-
ções dolosas e culposas. conseguinte, não pode existir. Um tipo sem bem jurídico
Exemplo da aplicação do princípio da proporcionali- para defender é como um processo sem lide para solucio-
dade ocorreu no julgamento de uma Ação Direta de In- nar, ou seja, um nada.
constitucionalidade, na qual o Supremo Tribunal Federal O conceito de bem jurídico é, atualmente, um dos
suspendeu, por liminar, os efeitos da Medida Provisória n. maiores desafios de nossa doutrina, na busca de um direi-
2.045/2000, que proibia o registro de armas de fogo, por to protetivo e garantista, e, portanto, obediente ao Estado
considerar não haver proporcionalidade entre os custos so- Democrático de Direito.
ciais como desemprego e perda de arrecadação tributária e
os benefícios que compensassem o sacrifício. Ofensividade, princípio do fato e da exclusiva pro-
Necessário, portanto, para que a sociedade suporte teção do bem jurídico: não há crime quando a conduta
os custos sociais de tipificações limitadoras da prática de não tiver oferecido ao menos um perigo concreto, real, efe-
determinadas condutas, que se demonstre a utilidade da tivo e comprovado de lesão ao bem jurídico. A punição de
incriminação para a defesa do bem jurídico que se quer uma agressão em sua fase ainda embrionária, embora apa-
proteger, bem como a sua relevância em cotejo com a na- rentemente útil do ponto de vista da defesa social, repre-
tureza e quantidade da sanção cominada. senta ameaça à proteção do indivíduo contra uma atuação
demasiadamente intervencionista do Estado.
Humanidade: a vedação constitucional da tortura e Como ensina Luiz Flávio Gomes, “o princípio do fato
de tratamento desumano ou degradante a qualquer pes- não permite que o direito penal se ocupe das intenções
soa (art. 5º, III), a proibição da pena de morte, da prisão e pensamentos das pessoas, do seu modo de viver ou de
perpétua, de trabalhos forçados, de banimento e das pe- pensar, das suas atitudes internas (enquanto não exteriori-
nas cruéis (art. 5º, XLVII), o respeito e proteção à figura do zada a conduta delitiva)...”.
preso (art. 5º, XLVIII, XLIX e L) e ainda normas disciplinado- A atuação repressivo-penal pressupõe que haja um
ras da prisão processual (art. 5º, LXI, LXII, LXIII, LXIV, LXV e efetivo e concreto ataque a um interesse socialmente rele-
LXVI), apenas para citar alguns casos, impõem ao legislador vante, isto é, o surgimento de, pelo menos, um real perigo
e ao intérprete mecanismos de controle de tipos legais. ao bem jurídico.

56
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

O princípio da ofensividade considera inconstitucionais Sem afetar o bem jurídico, não existe infração penal.
todos os chamados “delitos de perigo abstrato”, pois, se- Trata-se de princípio ainda em discussão no Brasil. En-
gundo ele, não há crime sem comprovada lesão ou perigo tendemos que subsiste a possibilidade de tipificação dos
de lesão a um bem jurídico. Não se confunde com princípio crimes de perigo abstrato em nosso ordenamento legal,
da exclusiva proteção do bem jurídico, segundo o qual o como legítima estratégia de defesa do bem jurídico contra
direito não pode defender valores meramente morais, éti- agressões em seu estágio ainda embrionário, reprimindo-
cos ou religiosos, mas tão-somente os bens fundamentais -se a conduta, antes que ela venha a produzir um perigo
para a convivência e o desenvolvimento social. Na ofensi- concreto ou um dano efetivo. Trata-se de cautela revelado-
vidade, somente se considera a existência de uma infração ra de zelo do Estado em proteger adequadamente certos
penal quando houver efetiva lesão ou real perigo de lesão interesses. Eventuais excessos podem, no entanto, ser cor-
ao bem jurídico. No primeiro, há uma limitação quanto aos rigidos pela aplicação do princípio da proporcionalidade
interesses que podem ser tutelados pelo Direito Penal; no (Cf. sobre o assunto nosso Estatuto do Desarmamento).
segundo, só se considera existente o delito quando o in-
teresse já selecionado sofrer um ataque ou perigo efetivo, Princípio da auto-responsabilidade: os resultados
real e concreto. danosos que decorrem da ação livre e inteiramente res-
“A função principal do princípio da exclusiva proteção ponsável de alguém só podem ser imputados a este e não
de bens jurídicos é a de delimitar uma forma de direito àquele que o tenha anteriormente motivado. Exemplo: o
penal, o direito penal do bem jurídico, daí que não seja suj eito, aconselhado por outro a praticar esportes mais
tarefa sua proteger a ética, a moral, os costumes, uma ideo- “radicais”, resolve voar de asa-delta. Acaba sofrendo um
logia, uma determinada religião, estratégias sociais, valores acidente e vindo a falecer. O resultado morte não pode ser
culturais como tais, programas de governo, a norma penal imputado a ninguém mais além da vítima, pois foi a sua
em si etc. O direito penal, em outras palavras, pode e deve vontade livre, consciente e responsável que a impeliu a cor-
ser conceituado como um conjunto normativo destinado rer riscos.
à tutela de bens jurídicos, isto é, de relações sociais confli-
tivas vaI oradas positivamente na sociedade democrática. Princípio da responsabilidade pelo fato: o direito pe-
O princípio da ofensividade, por sua vez, nada diz direta- nal não se presta a punir pensamentos, idéias, ideologias,
mente sobre a missão ou forma do direito penal, senão nem o modo de ser das pessoas, mas, ao contrário, fatos
que expressa uma forma de compreender ou de conceber devidamente exteriorizados no mundo concreto e objeti-
o delito: o delito como ofensa a um bem jurídico. E disso vamente descritos e identificados em tipos legais. A fun-
deriva, como já afirmamos tantas vezes, a inadmissibilidade
ção do Estado consiste em proteger bens jurídicos contra
de outras formas de delito (mera desobediência, simples
comportamentos externos, efetivas agressões previamente
violação da norma imperativa etc.). Em face do exposto im-
descritas em lei como delitos, bem como estabelecer um
pende a conclusão de que não podemos mencionar tais
compromisso ético com o cidadão para o melhor desenvol-
princípios indistintamente, tal como vêm fazendo alguns
vimento das relações intersociais. Não pode castigar meros
setores da doutrina e da jurisprudência estrangeira” (Prin-
pensamentos, idéias, ideologias, manifestações políticas ou
cípio da ofensividade).
A função principal da ofensividade é a de limitar a pre- culturais discordantes, tampouco incriminar categorias de
tensão punitiva estatal, de maneira que não pode haver pessoas. Os tipos devem definir fatos, associando-Ihes pe-
proibição penal sem um conteúdo ofensivo a bens jurídi- nas, e não estereotipar autores. Na Alemanha nazista, por
cos. exemplo, não havia propriamente crimes, mas criminosos.
O legislador deve se abster de formular descrições in- Incriminavamse os “traidores” da nação ariana e não os fa-
capazes de lesar ou, pelo menos, colocar em real perigo tos eventualmente cometidos. Eram tipos de pessoas, não
o interesse tutelado pela norma. Caso isto ocorra, o tipo de condutas. Castigavam-se a deslealdade com o Estado,
deverá ser excluído do ordenamento jurídico por incompa- as manifestações ideológicas contrárias à doutrina nacio-
tibilidade vertical com o Texto Constitucional. nal-socialista, os subversivos e assim por diante. Não pode
Toda norma penal em cujo teor não se vislumbrar um existir, portanto, um direito penal do autor, mas sim do fato.
bem jurídico claramente definido e dotado de um mínimo Princípio da imputação pessoal: o direito penal não
de relevância social, será considerada nula e materialmente pode castigar um fato cometido por quem não reúna ca-
inconstitucional. pacidade mental suficiente para compreender o que faz ou
O intérprete também deve cuidar para que em especí- de se determinar de acordo com esse entendimento. Não
fico caso concreto, no qual não se vislumbre ofensividade pune os inimputáveis.
ou real risco de afetação do bem jurídico, não haja adequa-
ção na descrição abstrata contida na lei. Princípio da personalidade: ninguém pode ser res-
Em vista disso, somente restará justificada a interven- ponsabilizado por fato cometido por outra pessoa. A pena
ção do Direito Penal quando houver um ataque capaz de não pode passar da pessoa do condenado (CF, art. 5º, XLV).
colocar em concreto e efetivo perigo um bem jurídico.
Delineando-se em termos precisos, a noção de bem Princípio da responsabilidade subjetiva: nenhum
jurídico poderá exercer papel fundamental como mecanis- resultado objetivamente típico pode ser atribuído a quem
mo garantidor e limitador dos abusos repressivos do Poder não o tenha produzido por dolo ou culpa, afastando-se
Público. a responsabilidade objetiva. Do mesmo modo, ninguém

57
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

pode ser responsabilizado sem que reúna todos os requisi- de constitucionalidade material do tipo deve ser excepcio-
tos da culpabilidade. Por exemplo: nos crimes qualificados nal e exercido em caso de flagrante atentado aos princípios
pelo resultado, o resultado agravador não pode ser atri- constitucionais sensíveis. Não padecendo de vícios explíci-
buído a quem não o tenha causado pelo menos culposa- tos em seu conteúdo, não cabe ao magistrado determinar
mente. Tome-se o exemplo de um sujeito que acaba de o expurgo do crime de nosso ordenamento jurídico, sob o
conhecer um hemofílico e, após breve discussão, lhe faz um argumento de que não reflete um verdadeiro anseio po-
pequeno corte no braço. Em face da patologia já existente, pular. O controle material é, por essa razão, excepcional e
a vítima sangra até morrer. O agente deu causa à morte deve ser feito apenas em casos óbvios de afronta a direitos
(conditio sine qua non), mas não responde por ela, pois fundamentais do homem.
não a causou com dolo (quem quer matar corta a artéria
aorta, não o braço), nem com culpa (não tinha como prever Da Parte Geral do Código Penal: finalidade
o desfecho trágico, pois desconhecia a existência do pro-
blema anterior). É a inteligência do art. 19 do CP. Ao se analisar o Código Penal brasileiro, verifica-se que
a sua estrutura sistemática possibilita, desde logo, vislum-
Princípio da co-culpabilidade ou co-responsabili- brar os princípios comuns e as orientações gerais que o
dade: entende que a responsabilidade pela prática de uma norteiam. É a denominada “Parte Geral”. Nela constam os
infração penal deve ser compartilhada entre o infrator e a dispositivos comuns incidentes sobre todas as normas. Na
sociedade, quando essa não lhe tiver proporcionado opor- concepção de Wetzel, a finalidade da Parte Geral do Códi-
tunidades. Não foi adotado entre nós. go Penal é assinalar as características essenciais do delito e
de seu autor, comuns a todas as condutas puníveis.
Os limites do controle material do tipo incriminador Assim é que toda ação ou omissão penalmente rele-
vante é uma unidade constituída por momentos objetivos
É imperativo do Estado Democrático de Direito a e subjetivos. A realização dessas condutas percorre dife-
investigação ontológica do tipo incriminador. Crime não é rentes etapas: a preparação, a tentativa e a consumação. A
apenas aquilo que o legislador diz sê-lo (conceito formal), comunidade pode valorar tais condutas como jurídicas ou
uma vez que nenhuma conduta pode, materialmente, ser antijurídicas, culpáveis ou não. Elas estão relacionadas inse-
considerada criminosa se, de algum modo, não colocar em paravelmente com seu autor, cuja personalidade, vontade e
perigo valores fundamentais da sociedade. consciência imprimem sua peculiaridade. Expor esses mo-
Imaginemos um tipo com a seguinte descrição: “ma- mentos é a missão da Parte Geral, competindo, por sua vez,
nifestar ponto de vista contrário ao regime político domi- à Parte Especial delimitar as classes particulares de delitos,
nante ou opinião capaz de causar melindre nas lideranças como o homicídio, o estupro, o dano etc.
políticas”. Por evidente, a par de estarem sendo obedecidas Miguel Reale Júnior acentua a função restritiva da Parte
as garantias formais de veiculação em lei, materialmente Geral, ao fixar certos limites de incidência das normas incri-
esse tipo não teria qualquer subsistência, por ferir o princí- minadoras e das sanções. E, referindo-se ao ensinamento
pio da dignidade humana e, assim, não resistir ao controle de Romagnosi, sustenta “que a liberdade legal depende da
de compatibilidade vertical com os princípios insertos na fixação de quais são as ações verdadeiramente criminosas,
ordem constitucional. Na doutrina não existe divergência a tarefa que compreende não só a especificação de quais
respeito. A polêmica circunscreve-se aos limites desse con- são os atos que podem a buon diritto cair sob sanção, mas
trole por parte do Poder Judiciário. Entendemos que, a des- também dos limites dentre os quais o delito tem existência
peito de necessária, a verificação do conteúdo da norma e os quais, ao se ultrapassar, deixam de existir e nem punir
deva ser feita em caráter excepcional e somente quando se possa. Esta finalidade ao ver de Romagnosi não é apenas
houver clara afronta à Constituição. um objeto importantíssimo mas primário para o legislador
Com efeito, a regra do art. 5º XXXIX, da Constituição que comanda e para os cidadãos que obedecem”.
Federal, segundo a qual “não há crime sem lei anterior que
o defina, nem pena sem prévia cominação legal”, incum- A vítima de crime no Estado Democrático de Direito
biu, com exclusividade, ao legislador a tarefa de selecionar,
dentre todas as condutas do gênero humano, aquelas ca- A importância da vítima para a Vitimologia foi defini-
pazes de colocar em risco a tranquilidade social e a ordem da em três fases: a fase protagonista, identificada com a
pública. A isso se convencionou chamar “função seletiva vingança privada e a justiça privada; a fase de neutraliza-
do tipo”. ção, fundada na compreensão da expropriação do conflito
A missão de detectar os anseios nas manifestações penal pelo Estado; e a fase da redescoberta, que se inicia
sociais é específica de quem detém mandato popular. Ao a partir da Segunda Guerra Mundial, com a formação e a
Poder Legislativo cabe, por conseguinte, a exclusiva fun- estruturação da Vitimologia como ciência autônoma, ou
ção de selecionar as condutas mais perniciosas ao convívio vinculada à Criminologia. (Gomes).
social e defini-Ias como delitos, associando-Ihes penas. A Importante salientar que a denominação redescoberta
discussão sobre esses critérios escapa à formação predo- da vítima, para a fase atual de estudo da Vitimologia (como
minantemente técnica do Poder Judiciário. Daí por que, em ressalta Ana Sofia Schimidt de Oliveira), não é adequada, já
atenção ao princípio da separação dos Poderes, ínsito em que sugere um retorno à “Idade de Ouro”, isto é, a retoma-
nosso Texto Constitucional (art. 2º, III), o controle judicial da de um papel anterior, que era o de protagonista (Olivei-

58
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

ra). Ela não é adequada, pois não condiz com o paradigma direitos, aliando autonomia pública e autonomia privada.
do Estado Democrático de Direito, cunhado em sua visão Como analisam Canêdo e Chamon Junior: O Estado Demo-
procedimentalista, que será exposta em sequência, já que crático de Direito implica uma pretensão de aceitabilidade
indicaria a retomada da vingança privada, o que de forma do Direito por todos, diferente do Estado do Bem-Estar so-
alguma é pretensão daqueles que estudam a vítima. cial, em que a expansão do Estado, no sentido de buscar
Assim, é de se perquirir qual seja o papel pretendido um tratamento jurídico de qualquer situação que visasse o
para a vítima no Estado Democrático de Direito, compreen- “fim social”, acabou criando “guetos jurídicos” (direito dos
dido a partir de uma visão procedimentalista do Direito negros, da criança, das mulheres, dos idosos etc) sem que
(Habermas). Para tanto, será feita uma breve exposição a houvesse uma efetiva participação dos afetados pelas nor-
respeito dos paradigmas do Estado Liberal e do Estado So- mas criadas. (Canedo e Chamon).
cial, e de sua ruptura, até se atingir a compreensão do para- E é justamente a partir desta compreensão do Estado
digma do Estado Democrático de Direito. Democrático de Direito que se precisa analisar a participa-
No paradigma do Estado Liberal, vislumbra-se uma di- ção da vítima de crime na solução do fato, com base no
visão entre a sociedade civil e seus interesses, como liberda- devido processo penal.
de, propriedade, relação de trabalho, isto é, a esfera privada
do indivíduo, e a sociedade política, definida como a esfera O movimento vitimológico no Estado Democrático de
pública. De modo que os direitos são compreendidos como Direito
normas abstratas e genéricas, que garantam a menor inter-
venção na esfera privada dos indivíduos e, assim, os direitos Adotando a compreensão do Estado Democrático de
fundamentais estruturam-se como forma de limitação da Direito a partir da concepção jurídica procedimentalista de
atuação estatal. Habermas, é importante definir a perspectiva do movimen-
A crítica ao Estado Liberal decorre da não consecução to vitimológico, no referido paradigma.
das liberdades individuais como realizadores de justiça so- Para tanto, é possível buscar amparo na análise feita
cial, já que direitos como igualdade, liberdade e proprieda- por Habermas do movimento feminista, que antes polari-
de são garantidos somente em seu “status jurídico negati- zava entre as perspectivas do Estado Liberal, igualdade de
vo” (Habermas). liberdades subjetivas, e do Estado Social: políticas públicas
Com a ruptura do paradigma do Estado Liberal e a for- que garantam justiça social.
mação do Estado Social, no qual são cunhados os direitos Isso porque, em um primeiro momento, as demandas
sociais, os direitos fundamentais clássicos são revisados sob femininas eram por direitos de iguais liberdades subjetivas,
essa nova perspectiva paradigmática, como por exemplo, o como direito ao voto e direito à igualdade de tratamento,
direito de propriedade e sua função social. Políticas públicas coibindo discriminações existentes no âmbito da educação,
são implantadas a fim de planificar desigualdades, ou seja, do trabalho.
constituem uma tentativa de propiciar justiça social a partir Mas as garantias de liberdades subjetivas, apenas em
da efetiva garantia de igualdade de chances e de uma maior seu aspecto negativo, não propiciavam a efetivação dos
distribuição de riquezas. respectivos direitos. Por consequência, na perspectiva do
Contudo, a impossibilidade de o Estado Social resolver Estado Social, se impõe a necessidade de políticas públicas
todas as demandas e a crítica às políticas eticizantes decor- de proteção, principalmente nas áreas relativas ao trabalho
rentes do paternalismo socioestatal, que alijam minorias, já e à família, para compensação das desigualdades. Contu-
que normatizam questões sem a provável adesão dos seus do, as políticas paternalistas do Estado Social ampliaram
destinatários, fundamentam a crítica e propõem a ruptura ainda mais as desigualdades e a segregação, gerando o fe-
deste paradigma. nômeno da feminização da pobreza. Ou seja, a instituição
Destarte, no contexto do paradigma do Estado Demo- de políticas que ao invés de protegerem acabam gerando
crático de Direito, este se funda nas autonomias pública e discriminação dos destinatários, daqueles que visava pro-
privada dos indivíduos, que são garantidas através de sua teger.
co-originalidade e equiprimordialidade. Na formulação de Logo, a crítica ao modelo eticizante do Estado Social
Habermas: A intuição expressa-se, por um lado, no fato de pode ser rompida com a compreensão da coesão interna
que os cidadãos só podem fazer um uso adequado de sua entre autonomias pública e privada, pela qual os sujeitos
autonomia pública quando são independentes o bastante, de direitos são compreendidos tanto como autores, quanto
em razão de uma autonomia privada que esteja equanime- como destinatários das normas jurídicas. Pois, no Estado
mente assegurada; mas também no fato de que só poderão Democrático de Direito, busca-se a participação dos afeta-
chegar a uma regulamentação capaz de gerar consenso, se dos, através da compreensão de seu papel como sujeito de
fizerem uso adequado de sua autonomia pública enquanto direitos, na formulação das pautas públicas.
cidadãos do Estado. (Habermas) Com conclui Habermas a respeito das políticas femini-
Assim, no Estado Democrático de Direito, o cidadão nas de equiparação: ... surge agora uma concepção jurídica
deve ser compreendido como autor e destinatário do direi- procedimentalista, segundo a qual o processo democrático
to, de modo que a principal mudança, baseada na crítica às precisa assegurar ao mesmo tempo a autonomia privada
políticas eticizantes do Estado Social, há pouco ressaltada, e autonomia pública: os direitos subjetivos, cuja tarefa é
consiste justamente na participação dos afetados no pro- garantir às mulheres um delineamento autônomo e prova-
cesso de construção e reconstrução comunicativa de seus do para suas próprias vidas, não podem ser formulados de

59
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

modo adequado sem que os próprios envolvidos articulem la posición y actitud de la víctima, y que por ello los tipos
e fundamentem os aspectos considerados relevantes para penales expresan um conflito y, consecuentemente, una re-
o tratamento igual ou desigual em casos típicos. (Haber- lación dialogal (autor,víctima, colectivo, Estado).
mas) É em virtude de sua natureza dialógica que ganham
Esse é o ponto de contato para a compreensão do mo- respaldo as críticas do movimento abolicionista a respeito
vimento vitimológico no paradigma do Estado Democrá- da posição do Estado, como aquele que rouba o conflito
tico de Direito: não se pode propor políticas de proteção dos seus verdadeiros protagonistas (Hulsman e Celis).
às vítimas de crime sem lhes garantir a participação na de- Logo, no Estado Democrático de Direito, o movimento
finição de pautas publicas relevantes e adequadas e sem vitimológico volta seus olhos para o estudo da sobrevi-
a garantia de sua participação no processo penal, como timização, também denominada vitimização secundária,
sujeito de direitos. gerada a partir do “indevido funcionamento do sistema
Ou seja, compreender a vítima de crime como sujeito processual e da irregular atuação da máquina policial e
de direitos, garantindo- lhe a co-originalidade de sua auto- judiciária” (Fernandes).
nomia privada e sua autonomia cidadã. Atualmente, tem-se atribuído muito mais relevo à
Assim, a posição da vítima no processo penal, fundada preocupação com a vitimização secundária, do que com a
na compreensão da expropriação do conflito pelo Estado, primária. Como revela Ana Sofia Schimidt de Oliveira: Vale
na qual esta (a vítima) era neutralizada, já que seu interesse analisar alguns possíveis motivos pelos quais a vitimização
era a vingança, não pode mais ser sustentada. Bem como, secundária é mais preocupante que a primária. O primeiro
não se pode afirmar que o estudo da fase atual da Vitimo- deles diz respeito ao desvio de finalidade: afinal, as ins-
logia se denomine redescoberta. tâncias formais de controle social destinam-se a evitar a
Na visão procedimentalista do direito, é necessário ga- vitimização. Assim, a vitimização secundária pode trazer
rantir às vítimas dos delitos a possibilidade de participar do uma sensação de desamparo e frustração maior que a vi-
contraditório definido no processo penal, já que o devido timização primária (do delinquente, a vítima não esperava
processo legal visa a reconstruir o fato delituoso, o qual foi ajuda ou empatia). (Oliveira)
protagonizado por dois sujeitos: o acusado e a vítima. Esse ponto deve ser analisado sob o paradigma do Es-
Pois o processo, na referida concepção, define-se tado Democrático de Direito. Não é aceitável, sob este pa-
como um conjunto de atos e posições subjetivas, dirigi- radigma, que aquele que é o titular responsável pela tutela
das a um provimento final, realizado em contraditório pe- jurisdicional, necessária para efetivar o devido processo
los afetados pela decisão (Fazallari). Assim, é através do penal, ao atuar, lese direitos daquele que já foi atingido e
procedimento realizado em contraditório que os afetados prejudicado pelo delito.
participam da construção do provimento final, em posi- Cumpre afirmar que a sobrevitimização, expressão aqui
ção de simétrica paridade, pois a eles incumbe o ônus da usada como sinônima de vitimização secundária, foi prefe-
argumentação da norma jurídica mais adequada ao caso rida por demonstrar com maior eficácia o desvio de fina-
concreto. (Günther) lidade da atuação jurisdicional, porque reforça a noção de
Conclui-se, portanto, que no paradigma do Estado uma nova vitimização em decorrência do aparato proces-
Democrático de Direito deve-se garantir a participação sual penal, e não apenas de uma conseqüência da vitimi-
das vítimas de crimes, tanto nas decisões a respeito das zação primária, como se denota da expressão “vitimização
políticas públicas de proteção, de definição e garantia de secundária”.
direitos fundamentais, como também sua participação no A sobrevitimização é, portanto, o desrespeito às ga-
processo que reconstruirá o fato criminoso, ou seja, no rantias e aos direitos fundamentais das vítimas de crime no
processo penal. processo penal, que olvida a compreensão de que a vítima
é sujeito de direitos, e como tal deve ter garantida a parti-
A questão da Sobrevitimização cipação no processo penal como parte contraditora, já que
também afetada pela decisão jurisdicional.
A Vitimologia inicia-se, em sua perspectiva crimino- Nessa perspectiva, ganha importância a Declaração de
lógica, a partir do estudo do comportamento vitimal, de princípios básicos de justiça para as vítimas de delitos e abu-
suas causas biológicas, antropológicas e sociais, realizando so de poder, aprovada pela ONU em 1985. Pois ela pontua
pesquisas, a fim de definir classificações e categorias para e define justamente direitos e garantias para as vítimas, a
as vítimas, analisando o comportamento da vítima como fim de, exatamente, evitar a sobrevitimização, já que enfoca
uma das causas da culpabilidade do autor. Mas, como res- garantias como o acesso à justiça e o tratamento justo das
saltado por Bustos, o movimento vitimológico, no para- vítimas, a assistência às vítimas e o direito à reparação do
digma do Estado Democrático de Direito, compreende e dano.
critica esses estudos de feições positivistas (Bustos), que
se propõem a estudar a vitimização primária. No novo pa- A respeito do Projeto de Lei nº 269/2003
radigma, o estudo da vítima reclama a compreensão de
que o crime representa um conflito de natureza dialógica, Apesar do espaço exíguo de um artigo, para se fazer
assim revelado por Bustos: esto no significa desconocer que uma análise das hipóteses de sobrevitimização no processo
los tipos penales no describen un comportamiento, sino un penal brasileiro, é possível enumerar, pelo menos, as hipó-
âmbito situacional y, por tanto, que hay que tener en cuenta teses mais flagrantes: como a definição de poderes restri-

60
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

tos da vítima, definidos no art. 271, do Código de Processo Contudo, o objetivo do presente trabalho é, com base
Penal (CPP); a ausência de direitos de informação, já que na concepção procedimentalista do direito, no paradigma
a vítima não é intimada do início e do fim do processo; do Estado Democrático de Direito, definidos inicialmente,
a ausência de programas de atendimento emergencial à fazer um estudo do projeto em análise.
vítima de crime e de assistência jurídica a ela; a dificuldade Como ressaltado anteriormente, na compreensão do
em efetivar o direito à reparação do dano, visto que o CPP Estado Democrático de Direito, fundado na co-origina-
adota o sistema da separação, que impossibilita a solução lidade e equiprimordialidade entre autonomia pública e
da questão da reparação do dano no processo penal; o autonomia privada, deve-se garantir a participação dos
desrespeito aos direitos individuais da vítima no processo, afetados, pois são eles, ao mesmo tempo, autores e des-
já que ela pode ser conduzida coercitivamente para prestar tinatários das normas jurídicas. Participação esta que se
depoimento (art. 201, do CPP), ou para ser submetida a deve garantir, tanto na perspectiva do processo jurisdicio-
exame de corpo de delito, nos crimes que deixam vestígios; nal, quanto no processo legislativo. Pois, como assevera
a impossibilidade de a vítima impugnar a decisão do juiz, Cattoni de Oliveira, o processo legislativo é compreendido
que acolhe o pedido de arquivamento do inquérito. como uma sequência de atos dirigidos a um provimento
Mas também é possível observar alguns aprimoramen- final, que, portanto, se estruturam em uma cadeia procedi-
tos na legislação brasileira, a respeito da participação da mental, que se realiza discursivamente através do contradi-
vítima na solução do conflito penal, como a introdução tório (Fazzalari) entre os agentes legitimados no contexto
da composição civil do dano para os crimes de menor po- do discurso de justificação (Günther).
tencial ofensivo, estabelecida no art. 74, da Lei 9.099/95, Logo, é preciso aperfeiçoar o discurso de justificação
que possibilita a formação de um acordo entre vítima e do presente projeto, buscando a participação, principal-
autor do fato, que ao retomarem o diálogo, transacionam mente, da sociedade civil organizada e de entidades pú-
a respeito da questão da reparação do dano, podendo esta blicas que têm atuado na assistência às vítimas, bem como
transação extinguir a punibilidade nos crimes de iniciativa a participação dos próprios afetados, ou seja, das vítimas.
privada ou de iniciativa pública condicionada à reparação Essa participação deve se dar não só no discurso de
do dano. justificação estabelecido no processo legislativo, mas tam-
Ou ainda, a inovação definida na Lei 9.605/98, Lei dos bém devem ser as vítimas de crimes incluídas no discurso
Crimes Ambientais, que privilegia a reparação do dano am- de aplicação das referidas normas jurídicas.
biental, principalmente no crime de menor potencial ofen- Sob este aspecto, o órgão deliberativo do Fundo que
sivo, já que a lei condiciona o oferecimento da transação se propõe criar ficará a cargo do Ministério da Justiça. Mas
penal à anterior reparação do dano ambiental (art. 27, da seria importante que o referido órgão deliberativo tives-
Lei 9.605/98). se uma composição plural, que representasse, também, os
afetados: assim, poderia ele ser composto por membros
É deste panorama que o Projeto de Lei do Senado
da Administração Pública, do Ministério da Justiça, mas
nº 269, de 2003, passa a ser discutido, propondo a
também por membros do Poder Judiciário, do Ministério
definição de direitos das vítimas de ações criminosas, e
Público, e da sociedade civil organizada.
regulamentando o art. 245, da CF/88, através da instituição
Outro ponto importante, que merece ser destacado, é
do Fundo Nacional de Assistência às Vítimas de Crimes
o rol de direitos das vítimas, definido no art. 2º do referido
Violentos (FUNAV).
projeto. Trata-se de uma enumeração de direitos funda-
A definição dos direitos das vítimas segue a estrutura
mentais da vítima, que já possuía assento constitucional,
definida pela Declaração da ONU, estabelecendo seu direi-
pois estes estão previstos, implícita ou explicitamente, no
to ao tratamento digno pelas autoridades públicas, direito art. 5º da Constituição da República, como próprios do
à informação e à orientação a respeito de seus direitos no princípio da dignidade da pessoa humana, da garantia do
processo, direito de prestar declarações em dia e hora ajus- contraditório entre os afetados pela decisão, do direito à
tados, direito de petição ao órgão jurisdicional, a respeito reparação do dano às vítimas de delito. Mas, mesmo com
de questões processuais, direito de proteção, no caso de a positivação desses direitos, através de lei específica, é im-
ameaça, direito à restituição, à reparação do dano, através prescindível uma interpretação constitucionalmente ade-
de procedimentos simplificados e de fácil acesso, e direito quada, a fim de que os referidos direitos sejam efetivados.
à assistência financeira do Estado. Tome-se como exemplo o direito à reparação do dano:
Em termos concretos, o projeto propõe a modificação prevê o presente projeto, no art. 2º, IX, o direito da vítima,
da norma do parágrafo único, do art. 201, do CPP, que defi- de obter do autor do crime a reparação dos danos causa-
ne a condução coercitiva da vítima, passando a prever-lhe o dos, por meio de procedimentos judiciais simplificados e
dever de prestar declarações, mas facultando- lhe a possi- de fácil acesso. Como efetivar essa garantia, no contexto da
bilidade de ajustar dia e hora para prestar suas declarações, legislação atual? Como ressaltado anteriormente, o sistema
sem a presença do acusado. E mais: a instituição do FUNAV, brasileiro de reparação do dano é o sistema da separação,
Fundo Nacional de Assistência às Vítimas de Crimes Vio- com modificações que o mitigam, a fim de evitar decisões
lentos, que segue em termos o modelo definido em outros contraditórias (Fernandes). No sistema brasileiro, a questão
países, como Portugal, Espanha, e ainda na Convenção Eu- penal é decidida no processo penal e a questão da repara-
ropeia relativa à indenização da vítima de crimes violentos ção do dano, no processo civil, podendo a vítima usufruir
e no Estatuto de Roma, do Tribunal Penal Internacional. o titulo executivo judicial, quando o juiz penal condenar o

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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

acusado. Em geral, a vítima espera o trânsito em julgado da preendem que o único “interesse” da vítima no processo
decisão penal para ingressar com a execução, isto é, aguar- penal é a obtenção de um título executivo, para consubs-
da até que possua informações a respeito desse seu direito. tanciar seu pedido de reparação no processo civil. Verifica-
Onde está o fácil acesso, previsto no novo processo? Não -se que, sequer a proteção jurisdicional, baseada na inafas-
se pode garantir fácil acesso, isto é, efetividade e celerida- tabilidade da tutela jurisdicional, na hipótese de lesão ou
de, no sistema brasileiro, fundado na separação. Ademais, ameaça de lesão a direitos, no caso específico, direitos da
no sistema processual pátrio, se a vítima preferir ingressar vítima, lhe é garantida, já que, apesar de afetada pelo pro-
imediatamente com a ação de reparação do dano, sem a vimento jurisdicional penal, não participa do contraditório
solução do processo penal, pode o juiz cível suspender o realizado no processo, de forma plena.
processo (art. 110, do CPC), à espera da decisão da questão Logo, pode-se concluir que o projeto analisado é de
prejudicial, decidida no processo penal. grande relevância, se garantida a participação dos afeta-
Mas, se a sentença penal for uma sentença absolutória, dos, tanto na formação do discurso de justificação no pro-
a questão da reparação do dano trás uma outra hipótese cesso legislativo, quanto na formação e deliberação do FU-
de sobrevitimização. Pois, segundo a norma do art. 935, do NAV. Mas faz-se necessário ampliar o debate a respeito da
Código Civil, que repetiu a disposição do art. 1.225 do an- vítima, para que se possa efetivar seus direitos fundamen-
tigo Código Civil, faz coisa julgada no juízo cível a decisão tais no processo penal, evitando assim a sobrevitimização,
do juiz penal que declara que o fato não ocorreu e/ou que através de uma interpretação adequada do ordenamento
o acusado não é o autor do crime. Bem como, faz coisa brasileiro, com base nos direitos fundamentais da vítima
julgada no cível a decisão do juiz penal que declara que o de crimes.
fato foi cometido em legitima defesa (Assis). Se a decisão
penal faz coisa julgada, significa que, mesmo que a vítima CRIMINOLOGIA E POLÍTICA CRIMINAL
não atue no processo penal como parte contraditora, ela
será afetada pela decisão jurisdicional. O que se demonstra Há muito, a doutrina penal se ressente de uma explica-
flagrantemente inconstitucional, pois alguém que não par- ção mais substanciosa para o crime. Com efeito, o complexo
ticipou do processo em contraditório não pode ser afetado existencial humano, de proteiformes manifestações, entre
pelo provimento (Gonçalves). picos de lucidez e depressões de inconsciência, não é sa-
Argumentando com base em um caso concreto, to- tisfatoriamente explicado por uma dogmática encastelada
memos uma denúncia por homicídio simples, crime do- no árido universo das normas (ou, para utilizar a expressão
loso contra vida, de competência do Tribunal do Júri. Na de Zaffaroni, no impenetrável “mundo do esquizofrênico”).
primeira fase do procedimento do Júri, no momento da Malgrado sua repercussão acadêmica, impende aquiescer
pronúncia, o juiz, ao invés de pronunciar, reconhece a tese que o conceito analítico de crime, ação típica, antijurídica
da defesa de legítima defesa própria, e assim, absolve su- e culpável, não é suficiente para satisfazer a exigência de
mariamente o acusado. Ao se analisar a legitimidade para uma explicação plausível do comportamento criminoso.
recorrer, de quem não participou do processo, prevista nas Não raro, a concepção de crime, tal qual é difundida nos
normas do art. 271 e do § 1º, do art. 584, ambos do Código bancos acadêmicos, afigura-se primária e ginasiana, quan-
de Processo Penal (o assistente, ou mesmo, a vítima), veri- do cotejada com as modernas elucubrações da psicanálise
fica-se que a hipótese de absolvição sumária, impugnável e com as recentes descobertas da (meta) física. É que (como
por recursos em sentido estrito (art. 581, VI, do CPP) não é consabido) a conduta humana transcende e extravasa os
foi agraciada. Assim, esta vítima, mesmo ingressando no estreitos conceitos da dogmática penal, de modo que não
processo penal como assistente, não poderá exercer ple- pode ser asfixiada pela redoma analítica sob a qual alguns
namente o seu direito à ampla defesa e ao contraditório, pretendem aprisioná-la. Urge, pois, que novas categorias
já que não lhe seria permitido recorrer autonomamente da conceituais sejam trazidas para o continente jurídico-penal
referida decisão, podendo tãosomente oferecer razões ao a fim de enriquecer os paradigmas pelos quais a doutrina
recurso em sentido estrito interposto pelo Ministério Pú- entrevê o comportamento humano. Não se trata de negar
blico, ou esperar a modificação da decisão pelo Tribunal, a idéia analítica do crime. Refutá-la, jamais. Aperfeiçoá-la,
em virtude da remessa necessária8 prevista para a hipó- sim. Na era pós-freudiana, com os adventos da psiquia-
tese elencada (art. 411, CPP). A referida decisão, que na tria sobre o arquétipo humano, permanecer com a simples
compreensão da doutrina supracitada estaria investida nos idéia de que crime é, tão somente, ação típica, antijurídica
efeitos da coisa julgada, impediria a via civil da reparação e culpável, seria um subterfúgio evasivo para negligenciar
do dano. Contudo, esta não pode ser a interpretação cons- os avanços da ciência humana.
titucionalmente adequada9, já que o provimento jurisdicio- É aí que se inserem duas perspectivas do direito penal:
nal afetará a vítima, mas o processo penal não lhe garante a Criminologia e a Política Criminal.
a possibilidade de atuação ampla em contraditório, já que Na dicção de Franz Von Lizst, as ciências criminais per-
lhe veda a possibilidade de recorrer autonomamente; ou fazem uma enciclopédia que pode ser vista a partir de três
seja, não lhe garante o duplo grau de jurisdição. recortes epistemológicos:
Neste ponto, é flagrante a inexatidão da doutrina pro- - a dogmática estrita, como substrato científico do direi-
cessual penal brasileira a respeito da participação da vítima to penal;
no processo penal, para a defesa de seus direitos relativos - a criminologia, como plataforma para as investiga-
à reparação do dano. Mesmo naqueles autores que com- ções sobre as origens do crime e da delinquência;

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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

- a política criminal como trampolim para a concreção filosofia espírita. Quanto mais dilatado for o espectro rela-
de medidas que visem diminuir a criminalidade. cional do direito penal com outros ramos do saber huma-
no, tanto maior será a contribuição da jurisprudência para
Segundo o penalista lusitano, Jorge de Figueiredo Dias, a sociedade. Por outro lado, o isolamento hermético da
“política criminal, dogmática jurídico-penal e criminologia doutrina penal em relação às ciências que lhe tangenciam
são assim, do ponto de vista científico, três âmbitos autô- atravancam a evolução do pensamento criminal. É por isso
nomos, ligados porém, em vista do integral processo da que o jurista moderno deve estar aberto às múltiplas ma-
realização do direito penal em uma unidade teleológico- nifestações do conhecimento: para entender mais e mais o
-funcional”. De igual modo, Claus Roxin admite que “polí- comportamento humano.
tica criminal, prevenção e fins da pena possuem um direito Levando-se em consideração que as condições econô-
de argumentar também na dogmática jurídico-penal”, pois micas possibilitam diferentes formas de proteção contra a
“são ideias reitoras que podem constituir uma ponte de li- criminalidade, elas não são suficientes e nem superiores a
gação com a criminologia”. força protetora do Estado. Embora as formas de proteção,
Aliás, as comportas da criminologia e da política crimi-
diante da criminalidade, variem de acordo com as condi-
nal têm sido o canal de comunicação da dogmática penal
ções sócio-econômicas, existe um fato comum: todas as
com outros ramos do saber humano. É por esse flanco que
camadas da sociedade imploram uma enérgica interven-
o professor Alessandro Baratta lança as bases de sua Cri-
ção estatal objetivando combater a escalada da violência e
minologia Crítica e o mestre Joe Tennyson Velo solidifica
os alicerces de sua Psicologia Analítica. É pela política cri- o estabelecimento de uma aceitável segurança social.
minal que o doutrinador Antonio Beristain alija as raízes de Por isso, sempre que são cometidos crimes que cho-
seus estudos sobre a Vitimologia. Nesta mesma seara, o cam a coletividade ou a quantidade de crimes supera o li-
laureado mestre Jacinto Nelson de Miranda Coutinho tem mite do suportável, as autoridades são chamadas a prestar
importado conceitos da Psiquiatria para preencher a lacu- esclarecimentos sobre as atitudes tomadas pelos órgãos
na da dogmática em relação à atividade jurisdicional. De públicos no intuito de conter e punir os infratores da lei.
igual modo, o notável professor Juarez Cirino dos Santos Nesse ponto, surge a Política Criminal que através de
buscou na Sociologia Criminal a ampliação dos horizontes decisão política desenvolve meios e técnicas para diminuir
científicos para fundamentar a sua Moderna Teoria do Fato e controlar a atividade criminosa na sociedade. Nesse sen-
Punível. tido, para Zaffaroni e  Pierangelli “A Política Criminal é a
Durante muito tempo predominou a idéia atomista ciência ou a arte de selecionar os bens jurídicos que devem
de ciência. A cognição científica era aquela que conseguia ser tutelados penalmente e os caminhos para tal tutela, o
individualizar o núcleo embrionário de um conhecimento que implica a crítica dos valores e caminhos já eleitos”.
despoluído de todos os elementos que gravitavam em tor- Em sua obra, Nilo Batista, conceitua a Política Criminal
no sua órbita. Foi assim que se alcançou o átomo, na física; como: Do incessante processo de mudança social, dos re-
a célula, na biologia; a fração numérica, na matemática; a sultados que apresentem novas ou antigas propostas do
vírgula, na gramática. Todavia, com o passar dos anos, o direito penal, das revelações empíricas propiciadas pelo
paradigma científico mudou. Nasceu a ideia de estrutura- desempenho das instituições que integram o sistema pe-
lismo. As ciências passaram a conceber a idéia de todo e nal, dos avanços e descobertas da criminologia, surgem
de conjunto, como busca do conhecimento. Hodiernamen- princípios e recomendações para a reforma ou transforma-
te, a contextualização e a visão estrutural fazem parte da ção da legislação criminal e dos órgãos encarregados de
moderna dialética que estuda o fenômeno jurídico, sob o sua aplicação. A esse conjunto de princípios e recomenda-
prisma da complementaridade, de que falam Miguel Reale ções denomina-se política criminal.
e Luiz Fernando Coelho. Assim, do mesmo modo Rocha assevera: “(...) a política
Daí essa noção de tridimensional das ciências penais.
criminal determina a missão, os conteúdos e o alcance dos
De um lado, o aporte dogmático que lhe confere estabili-
institutos jurídicos-penais, bem como a aplicação prática
dade científica. Noutro vértice, o arrimo criminológico que
do direito penal aos casos concretos. São as opções da po-
lhe garante investigações empíricas. Por fim, o supedâneo
lítica criminal que decidem sobre a incriminação ou não
político-criminal que lhe assegura o retorno às soluções
concretas. Essas três faces constituem um poliedro inque- de determinadas condutas, considerando-se a vantagem
brantável que se consubstancia na penalística contempo- social da qualificação, bem como quem deve ser respon-
rânea. Esse influxo de três canais a um mesmo ponto de sabilizado”.
convergência fomenta uma efervescência científica que se  Não obstante, com bastante propriedade, Salo de
oportuniza uma abertura a enfoques multidisciplinares. Carvalho, traz em sua obra os prolegómenos da política
Dentro dessa abertura, cabe destacar o oportuno tra- criminal:
balho da lavra do professor Doutor Cândido Furtado Maia   Segundo Franz Von Liszt, a política criminal
Neto em parceria com o médium Carlos Lenchoff que ob- nasce na segunda metade do século XVIII na Itália,
serva a Criminalidade e a Doutrina Penal sob a ótica da fundamentalmente com o advento da publicação da obra
Filosofia Espírita. É interessante observar essa ampliação do de Beccaria e sua preocupação com as formas eficazes de
leque de convívio dos conceitos penais, ora tendentes à prevenção do delito e o conteúdo legislativo efetivo para
psicanálise, ora inclinados à sociologia e agora voltados à alcançar tal finalidade.

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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

 O questionamento de Beccaria projeta a teoria do Não perdendo a crítica, Santoro Filho, com espeque no
direito penal da estrutura meramente descritiva e submissa Estado Democrático de Direito, descarta a utilização dessa
às funções declarativas da lei penal (perspectiva de lege corrente no ordenamento jurídico:
lata) à busca de soluções para o problema da criminalidade A Nova Defesa Social, assim, que represente em relação
(perspectiva lege ferenda). ao movimento de lei e ordem muito maior proximidade com
Seguindo o entendimento dominante, a política crimi- a perspectiva de elaboração de um direito penal democráti-
nal seria o conjunto de princípios e recomendações para co, fundado em bases cientificas e não passionais, não está
reagir contra o fenômeno delitivo através do sistema pe- isenta de sérias críticas a pontos essenciais de sua teoria, que
nal (instituição policial, instituição judiciária e a instituição trazem, inclusive, riscos aos direitos e garantias individuais,
penitenciária), utilizando os meios mais adequados para o o que impede a sua admissão, entre nós, como idéia funda-
controle da criminalidade. mental para uma nova política criminal.
Compartilhando com o entendimento, Araújo Junior ex-
Principais movimentos da Política Criminal plica: A Novíssima Defesa Social adotou um caminho mo-
derado para promoção das reformas penais, preferindo não
Para compreensão da Política Criminal, se faz necessário correr os riscos das mudanças bruscas, que podem conduzir,
um exame sobre suas principais correntes de pensamento. em caso de insucesso, à perda das grandes conquistas já
Neste caso, destacam-se três correntes: A Novíssima Defe- obtidas ou à interrupção de sua evolução. Evidentemente,
sa Social ou Nova Defesa Social (NDS), Movimentos de Lei não se trata de um movimento revolucionário, mas, sim, de
e Ordem (MDLO) e a Política Criminal Alternativa ou Nova uma política criminal humanista, ancorada em profundas ba-
Criminologia. ses científicas, que dá ao Direito Penal caráter preventivo e
A Defesa Social, posteriormente transformada em Nova protetor da dignidade humana.
Defesa Social, foi um movimento criado por Filippo Grama- Portanto, o movimento da Nova Defesa Social, em de-
tica que fundou o Centro Internacional de Defesa Social. Em corrência da concepção universalista e da manutenção do
1954, com a publicação do livro La Défense Sociale Nouvelle princípio da legalidade como forma protetora atrelada ao
de Marc Ancel, Gramatica perdeu seu lugar  em decorrên- processo legislativo, sofreu grande abalo a partir do surgi-
cia do novo pensamento defendido por Marc que buscou a mento das correntes críticas da criminologia nos anos 60
que constatarão o fracasso das penas privativas de liber-
transformação e humanização do direito penal ao invés da
dade.
sua eliminação, contrariando Gramatica. Daí, a denominação
de Nova Defesa Social, movimento que seria uma conjuga-
O Movimento da Lei e Ordem tem origem nos Estados
ção de aspirações humanistas e democráticas, em matéria
Unidos da América onde ficou conhecido como “law and
penal.
order”. Sua orientação de reação ao fenômeno criminal tem
A Nova Defesa Social foi a corrente de pensamento da
sentido, absolutamente oposto ao da Defesa Social. É um
política criminal de maior aquiescência pela sociedade cien-
movimento integrado principalmente por políticos e sen-
tifica do século XX, conforme apresentado por Salo Carva-
sacionalistas que defendem uma ideologia da repressão
lho, em sua obra: para conter um inimigo criado através do medo. Para isso,
Apropriando-se deste legado e ciente de sua autonomia a mídia difunde a idéia de que a criminalidade e a violência
discursiva, Marc Ancel criará o movimento político-criminal encontram-se sem controle criando um verdadeiro estado
de maior aceitação pela comunidade científica das ciências de pânico e desespero entre as pessoas que reclamam, sem
criminais do século XX: a Nova Defesa Social (NDS). A NDS muita racionalidade, solução imediata para o angustiante
unifica e formata os discursos político-criminais com a fina- problema da segurança pública.
lidade de criação de medidas de prevenção da reincidência Nesse sentido, vale ressaltar o entendimento de Araújo
em todos os níveis repressivos.(...) A política criminal atuaria Jr. sobre a corrente: Este movimento, integrado principal-
como conselheira dos órgãos de segurança pública e “se li- mente por políticos com inclinações contrárias às conquis-
mitaria a indicar ao legislador onde e quando criminalizar tas das organizações de defesa dos direitos humanos, e
condutas. pela mídia voltada à população econômica e culturalmente
Nesse sentido, as idéias propugnadas pela Nova Defe- menos favorecida, parte do pressuposto de que a crimina-
sa Social estão consolidadas na coerência do pensamento lidade e a violência encontram-se em limites incontroláveis,
moderado sobre os pensamentos exagerados de Gramatica, e que este fenômeno é fruto de legislação muito branda e
que defendiam a eliminação do Direito Penal. dos benefícios excessivos conferidos aos criminosos, pois
O movimento da Nova Defesa Social tem três caracte- não têm estes receio de sofrer a sanção.
rísticas básicas: caráter multidisciplinar ao abrigar diversas Portanto, na tentativa de defender seus interesses
posições; caráter universal por se encontrar acima das legis- escusos, os integrantes dos Movimentos de Lei e Ordem
lações nacionais e como traço peculiar a mutabilidade por pregam que a pena tenha caráter de castigo e retribuição,
variar no tempo se adequando ao avanço da sociedade. os crimes graves requerem longa privação de liberdade ou
Dentre os seus postulados, a Nova Defesa Social visa o morte, a serem cumpridas em estabelecimentos penais de
exame crítico das instituições vigentes, a conexão com todos segurança máxima, em regime de rigorismo, tais como o
os ramos do conhecimento humano e um sistema político Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). Além disso, procla-
criminal de proteção dos direitos dos homens. mam que exista uma resposta imediata ao crime, com am-

64
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

pliação da prisão provisória e que a execução da pena deve o objetivo de proteger os conceitos e interesses que são
ser realizada pela autoridade penitenciária, restringindo-se próprios da classe dominante. Os instrumentos de controle
os demais controles, dentre ele o judicial. social, por isso, estão dispostos opressivamente, de modo
Com bastante propriedade, Santoro Filho, desmascara a manter dóceis os prestadores de força de trabalho, em
essa política de medo implantada na sociedade: O movi- benefício daqueles que detém os meios de produção. O
mento de lei e ordem representa a perspectiva de um di- Direito Penal é, assim, elitista e seletivo, fazendo cair frago-
reito penal simbólico, uma onda propagandística dirigida rosamente seu peso sobre as classes sociais mais débeis,
especialmente às massas populares, por aqueles que, preo- evitando atuar sobre aquelas que detém o poder de fazer
cupados em desviar a atenção dos graves problemas so- as leis. O sistema destina-se a conservar a estrutura vertical
ciais e econômicos, tentam encobrir que estes fenômenos de dominação e poder, que existe na sociedade, a um tem-
desgastantes do tecido social são, evidentemente entre po desigual e provocadora de desigualdade.
outros, os principais fatores que desencadeiam o aumento, Realmente, o caminho pelo qual enveredou a Crimi-
não tão desenfreado e incontrolável quanto alarmeiam, da nologia Crítica foi inicialmente aberto pelas correntes mais
criminalidade. progressistas da criminologia liberal. Hoje, ela parte da
Essa Política Criminal defende a luta contra a crimina- idéia de sociedade de classes, entendendo que o sistema
lidade de forma irresponsável onde,  na maioria das vezes, punitivo está organizado ideologicamente, ou seja, com
os postulados da dignidade humana são desrespeitados e o objetivo de proteger os conceitos e interesses que são
o Estado Democrático de Direito é ameaçado pela ideolo- próprios da classe dominante. Por essa linha alternativa,
gia do Estado do Terror. Nilo Batista citando Baratta ao propor uma das quatro in-
Geralmente, em decorrência dessa linha de pensamen- dicações estratégicas para uma política criminal das classes
tos, surgem grupos de extermínio conhecidos como esqua- dominadas, discorre  o seguinte: (...) propõe Baratta uma
drão da morte e grupos que cultivam a imagem da caveira “batalha cultural e ideológica em favor do desenvolvimen-
sobreposta ao fardamento da polícia, o maior destes gru- to de uma consciência alternativa no campo das condutas
pos foi a Scuderie Detetive Le Coq (SDLC), que surgiu para desviantes e da criminalidade”, tentando-se inverter as “re-
vingar a morte do famoso detetive Milton Le Coq, tendo lações da hegemonia cultural com um trabalho de decidida
por finalidade executar pessoas consideradas criminosas, crítica ideológica, de produção científica e de informação”.
muitas vezes utilizando métodos lombrosianos. A Política Criminal, portanto, assinala métodos consi-
Baseados, em sua maioria, nos discursos de descrimi- derados racionais visando combater a criminalidade. Na
nalização, as políticas criminais alternativas proporão no- verdade, a realidade não é considerada em si própria e,
vas formas de gestão do fenômeno delitivo. Na verdade, sim, os interesses daqueles que detêm o controle e mani-
trata-se de um movimento que tem por expressão gené- pulam a sociedade. Daí surge à confirmação de arbitrarie-
rica outras tendências que conforme Araújo Junior são as dade por parte da atual Política Criminal na adoção de me-
seguintes: “Criminologia Crítica, Criminologia Radical, Cri- didas para atender aos interesses de uma elite detentora
minologia da Reação Social, Economia Política do Delito” e do poder. Nesse sentido, Zafarroni sustenta que: (…) todo
outras. Em verdade, a Nova Criminologia tem um cunho de saber criminológico está previamente delimitado por uma
inspiração marxista que ao longo do tempo vai se transfor- intencionalidade política ou “político-criminal” se preferir.
mar numa criminologia dialética em oposição à criminolo- Em nossa opinião, a criminologia não é uma ciência, mas o
gia sociológica. saber, proveniente de múltiplos ramos, necessário para ins-
Dentre os princípios fundamentais deste movimento trumentalizar a decisão política de salvar vidas e diminuir
alternativo tem-se a abolição da pena privativa de liber- a violência política em nossa região marginal com vistas a
dade, pois é considerada inútil como meio de repressão se alcançar um dia, a supressão dos sistemas penais e sua
do delito e como forma de ressocialização do delinqüente. substituição por formas efetivas de solução de conflitos.
Além deste princípio basilar o movimento prega uma Polí- Nesse sentido, vale destacar a contribuição de Lênin
tica Criminal voltada para duas classes, ou seja, a criminali- revelando a dominação existente na política: Os homens
dade deve ser considerada segundo a classe social de que foram e serão sempre em política os ingênuos engana-
provenha. Ainda, dentre os postulados básicos, com a fina- dos pelos outros e por si próprios, enquanto não tiverem
lidade de alcançar a abolição do sistema penal, a corrente aprendido, por detrás das frases, das declarações e das
defende um processo gradativo passando pela descrimina- promessas morais, religiosas, políticas e sociais, a discer-
lização, despenalização e desjudicialização.  Ao lado dessa nir os interesses de tais ou tais classes. Os partidários das
ampla redução de atividade punitiva do Estado recomenda reformas e melhoramentos serão sempre enganados pelos
a criminalização dos comportamentos que causem dano defensores da velha ordem das coisas, enquanto não tive-
ou ameacem os interesses essenciais da comunidade e, por rem compreendido que toda a velha instituição, por mais
fim, com o objetivo de difundir sua  ideologia  propõe uma  bárbara e apodrecida que pareça, é sustentada por forças
intensa propaganda, visando aumentar seus discípulos. de tais e tais classes dominantes.
Nesse sentido, Araújo Júnior ao falar que a Nova Crimi- Diante desta constatação, em seu importante trabalho,
nologia explora seu objeto de estudo demonstra que o seu Nilo Batista, consegue de forma surpreendente ser explici-
princípio basilar tem um seu caráter dialético: Ela parte da tamente crítico e demonstrar o verdadeiro papel atual da
ideia de sociedade de classes, entendendo que o sistema omissão existente no acatamento das leis: Quando a crimi-
punitivo está organizado ideologicamente, ou seja, com nologia positivista não questiona a construção política do

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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

direito penal (como, por quê e para quê se ameaçam pe- Torna-se fundamental destacar que diante desta pers-
nalmente determinadas condutas, e não outras, que atin- pectiva, demasiado clara, as teorias  utilizadas para legi-
gem determinados interesses, e não outros, com o resulta- timar a intervenção estatal começam a dar sinais de des-
do prático, estatisticamente demonstrável, de se alcançar gaste. O Estado está tendo dificuldades para arcar com as
sempre pessoas de determinada classe, e não de outra), responsabilidades assumidas e quem sofre com isso é a
nem a aparição social de comportamentos desviantes (seja coletividade, independente da esfera social. Pois, a falta de
pelo silêncio estratégico do legislador, que não converte enfrentamento aos graves problemas sociais (saúde, fome,
aquilo que a maioria desaprova, desviante, em delituo- desemprego, educação, dentre outros) resulta em cresci-
so, seja pelo descompasso entre vetustas bases morais, mento dos conflitos de interesses e da criminalidade.
a partir das quais se instalaram instrumentos de controle Portanto, para entendimento do contexto é necessário
social, e sua incessante transformação histórica, seja até fazer uma análise sob a perspectiva da Crise da Moderni-
pela própria etiologia enquanto processo social individua- dade para só assim utilizar uma Política Criminal justa e
lizável), nem a reação social (desde as representações do combater a criminalidade de forma efetiva e enérgica sem
delito, do desvio, da pena e do sistema penal, dispersas no mascarar a realidade. Por isso, só em uma sociedade em
movimento social, ou sinalizadas na opinião pública e nos que as relações sociais e interpessoais estejam equilibradas
meios de comunicação, até o exame das funções, aparen- é que se torna possível o exercício sereno e justo da função
tes e ocultas, que a pena desempenha, nomeadamente a jurisdicional.
pena privativa da liberdade, tal como existe e é executada A criminologia se ocupa do estudo do criminoso e das
pelas diversas instituições que dela participam); quando a causas da criminalidade, enquanto que a política criminal,
criminologia positivista não questiona nada disso, ela cum- estuda e recomenda os meios de prevenção e repressão à
pre um importante papel político, de legitimação da ordem delinquência. Todavia, nos dias de hoje, essa distinção qua-
estabelecida. se não existe mais, pois a criminologia já não se preocupa
Sem dúvida, esta situação crítica resultou num proces- tanto em querer explicar as causas do comportamento do
so em que a responsabilidade pela formação da opinião criminoso, mas em fazer críticas e sugerir estratégias para
pública sobre a criminalidade e segurança foi assumida por o controle da criminalidade, confundindo-se, dessa forma,
leigos que, com ou sem interesses escusos, ocuparam o com os objetivos da política criminal.
centro das atenções, como freqüentemente é observado
nos programas sensacionalistas. Consequentemente, isso Como ciência social, os diversos elementos que com-
fez decrescer a importância dos pesquisadores criminais põe a sociedade também são articulados pela criminolo-
no papel de trazer credibilidade as discussões públicas. Por gia. Quando este ramo de estudo passou a criticar o poder
isso, antes de uma crise de legitimidade, existe, portanto, criminalizante e o direito penal se questiona a respeito do
um grave conflito de credibilidade, onde a palavra do cien- sentido ideológico da punição, ambas as áreas se conver-
tista criminal não tem valor diante dos apelos midiáticos gem no campo da política criminal, que, segundo Zaffaroni,
anunciados por leigos. “deve ter sempre um fundamento antropológico (filosofia).
Em sua obra, Zaffaroni tratando da possibilidade de A abordagem etiológica da criminologia positivista
resposta político-criminal a partir do realismo marginal despertou o desenvolvimento da multidisciplinariedade,
supõe que: O amplo direito à informação não é limitado ampliando as formas metodológicas para tratar da questão
quando não se impede a circulação das notícias, mas quan- criminal.
do se proíbe inventar fatos violentos não ocorridos, mos- A política criminal consiste na orientação advinda dos
trar pela televisão cadáveres despedaçados, explorar a dor responsáveis políticos quanto aos aparelhos repressivos,
alheia surpreendendo declarações de vítimas desoladas e condizentes com a situação legislativa do momento; Por
desconcertadas, violar privacidade de vítimas humildes e sua vez, através das decisões políticas, essa orientação
outros recursos semelhantes, como a incitação de brigas pode vir a ser exteriorizada na legislação penal, que tão-
entre vizinhos de bairros populares, invenção de pseudo- -somente limita-se a compilar as condutas que ferem os
-especialistas em matérias que desconhecem totalmente, bens jurídicos fundamentais e lhes atribui sanções corres-
apresentação de profissionais desconhecidos como cate- pondentes à gravidade do dano. Quem acreditou na inte-
dráticos, etc., isto é, a propagação de mensagens irrespon- ração das três vertentes de modo a favorecer a aplicação
sáveis que constituem uma deslealdade comercial com o do direito penal na tarefa sócio-política de controle do fe-
simples objetivo de obter audiência, numa competição vi- nômeno do crime foi Liszt, que a esse conjunto atribuiu o
ciada que se considera normal na região. O grau de aberra- nome de “enciclopédia das ciências criminais”. Defendem
ção é tão grande que quem consegue filmar um homicídio também essa interação Molina e Núñez Paz, ao afirmar, o
ou um suicídio pula para a fama, questão que pouco tem a primeiro, que os três âmbitos aduzidos são pilares do siste-
ver com o direito de dar ou receber informação. ma das ciências criminais, e o segundo, que a possibilidade
Por isso, aproveitando o entendimento de Richard integradora da dogmática e da análise criminológica se as-
Quinney mencionado por Nilo Batista, indubitavelmente sentam na política criminal como pilar básico (Núñez Paz).
“compreender  que o sistema penal não serve à sociedade Os estudos da criminologia ao longo do tempo oca-
como um todo, mas serve os interesses da classe domi- sionaram sua “desconstrução epistemológica” (Andrade)
nante, é o começo de uma compreensão crítica do direito a partir da teoria do labelling approach, subsistindo com
criminal, na sociedade capitalista”. sua carga contributiva social, e agora, também política. Se

66
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

a criminologia positivista já poderia ser considerada como cológicos, atingindo enfim, o exaurimento dessas teorias.
“ciência do controle social” por ter estimulado a constru- A mudança de paradigma da criminologia se direcionou
ção de uma política criminal com base nos estudos causal- aos fatores externos ao indivíduo delinqüente, e ademais,
-explicativos do crime, a criminologia contemporânea, por aos reflexos da atuação estatal sobre ele. A defesa social, à
se interferir com mais assiduidade nas ciências criminais, época, foi defendida sob a concepção de que fossem iden-
pode receber a nomenclatura de “ciência do controle só- tificáveis os indivíduos que transgrediam a norma, sem se
cio-penal”. Para finalizar este artigo, ilustro as contribuições atentar à mudança na sociedade e aos estudos evolutivos,
que a criminologia, através de seus estudos seculares, pode vindo a influenciar assim, um preconceito social com re-
proporcionar no campo jurídico penal. lação aos submetidos ao controle formal. Nesse sentido,
No tribunal do júri, afirma que os advogados criminais o positivismo jurídico e a dogmática penal se instalaram
freqüentemente têm se concentrado nos estudos crimino- firmemente, fazendo entrever os fundamentos do Estado
lógicos pautados no comportamento da vítima, quando Democrático de Direito, por vezes, paradoxalmente ao
não encontra muitas provas da inocência do réu. A inserção estabelecido na Carta Magna. A criminologia crítica, por
dos conceitos da Vitimologia, visando o acesso à justiça abarcar o estudo do social, transparece a atuação estatal
pela vítima e sua maior adequação na estrutura judiciária, penal em detrimento do homem, interferindo-se na políti-
faz com que aproxime o infrator da vítima, estimulando ca criminal e no direito penal.
um diálogo positivo entre eles e propiciando condutas so- Desta forma, revela-se a viabilidade funcional das
cialmente positivas (Smanio). Já com base na criminologia questões criminológicas na atuação do jurista, de modo a
contemporânea, assinala a contribuição na execução penal, ampliar a sua visão diante dos processos, da interpretação
destacando que o método APAC (Associação de Proteção dos códigos, das audiências, da seletividade e da falibilida-
e Assistência aos Condenados), que pode comportar em de do aparato repressor formal, do enfoque vitimológico,
sua gênese as teses criminológicas para sua melhor pro- do controle social, da relação do fenômeno da criminalida-
pagação. No que tange ao artigo 59 do Código Penal, o de com a identidade social e com os aspectos econômicos,
magistrado procura se preocupar mais com relação à con- dentre outras.
denação ou não do acusado, manifestando-se vagamente
com as expressões “nada nos autos sobre a personalidade
do réu” ou “o dolo é intenso”; Aqui também, a atuação da
criminologia pode auxiliar na análise da personalidade do
agente. A criminologia pode ainda apontar as situações ju-
rídicas que possam se enquadrar como atividades de or-
ganizações criminosas, já que o crime organizado não tem
definição em lei, gerando entendimentos não consensuais.
Para a aplicação da remissão e na escolha da medida sócio-
-educativa ao adolescente infrator, a criminologia também
pode indicar subsídios de acordo com o caso concreto, de
modo que o agente ministerial realize a oitiva informal do
adolescente com bom senso, podendo se beneficiar dos
conceitos da criminologia concernentes à delinqüência
juvenil. Por fim, evidenciando a amplitude de atuação da
criminologia, Newton e Valter Fernandes apresentam os
ramos e atribuições da criminologia, segundo a reunião in-
ternacional da Unesco: criminologia científica, criminologia
aplicada, criminologia acadêmica e criminologia analítica
(Fernandes).
Estas são as contribuições reunidas pelos autores que
engrandecem o diálogo restabelecido entre o social, o eco-
nômico, o político e o jurídico graças à ciência da crimino-
logia e sua práxis humanista.
Já a partir da apresentação da ciência da criminologia,
mostra-se inquestionável a sua amplitude de fundamentos
e de estudos. O cunho ramificado devido ao envolvimento
com uma diversidade de ramos científicos requer do jurista
uma visão mais dinâmica, cabendo à ele a convergência
dos variados pontos de vista. Ao tomar como base a vi-
são de conjunto sobre o fenômeno da criminalidade, ou
da criminalização, amplia-se o modo de proceder perante
este problema. A preocupação com a criminalidade partiu
da visão do humanismo racionalista até a perquirição das
causas inerentes à pessoa do delinquente, fatores biopsi-

67
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

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69
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

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70
NOÇÕES DE LÓGICA

5.1. Razão e proporção........................................................................................................................................................................................... 01


5.2. Grandezas proporcionais............................................................................................................................................................................... 05
5.3. Porcentagem...................................................................................................................................................................................................... 10
5.4. Regra de três simples...................................................................................................................................................................................... 14
5.5. Teoria dos conjuntos....................................................................................................................................................................................... 19
5.6. Problemas com raciocínio lógico, compatíveis com o nível fundamental completo............................................................ 25
NOÇÕES DE LÓGICA

Área do tapete: 384 dm2


5.1. RAZÃO E PROPORÇÃO. Estando as duas áreas na mesma unidade, podemos es-
crever a razão:
384dm 2 384 16
2
= =
1800dm 1800 75
Razão
Razão entre grandezas de espécies diferentes
Sejam dois números reais a e b, com b ≠ 0. Chama-se
razão entre a e b (nessa ordem) o quociente a b, ou . Exemplo 1
A razão é representada por um número racional, mas é
lida de modo diferente. Considere um carro que às 9 horas passa pelo quilôme-
tro 30 de uma estrada e, às 11 horas, pelo quilômetro 170.
Exemplos
Distância percorrida: 170 km – 30 km = 140 km
3 Tempo gasto: 11h – 9h = 2h
a) A fração lê-se: “três quintos”.
5 Calculamos a razão entre a distância percorrida e o tem-
po gasto para isso:
3
b) A razão lê-se: “3 para 5”. 140km
5 = 70km / h
2h
Os termos da razão recebem nomes especiais.
A esse tipo de razão dá-se o nome de velocidade média.
O número 3 é numerador
3 Observe que:
a) Na fração - as grandezas “quilômetro e hora” são de naturezas di-
5
O número 5 é denominador ferentes;
- a notação km/h (lê-se: “quilômetros por hora”) deve
O número 3 é antecedente acompanhar a razão.
Exemplo 2
a) Na razão 3
5 O número 5 é consequente A Região Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de
Janeiro e São Paulo) tem uma área aproximada de 927 286
Exemplo 1 km2 e uma população de 66 288 000 habitantes, aproxima-
A razão entre 20 e 50 é 20 = 2 ; já a razão entre 50 e
damente, segundo estimativas projetadas pelo Instituto Bra-
sileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o ano de 1995.
20 é 50 5 . 50 5
=
20 2 Dividindo-se o número de habitantes pela área, obtere-
mos o número de habitantes por km2 (hab./km2):
Exemplo 2
6628000
Numa classe de 42 alunos há 18 rapazes e 24 moças. A ≅ 71,5hab. / km 2
927286
razão
18 3entre o número de rapazes e o número de moças é
= , o que significa que para “cada 3 rapazes há 4 mo- A esse tipo de razão dá-se o nome de densidade de-
24 Por
ças”. 4 outro lado, a razão entre o número de rapazes e o
18 3 mográfica.
total de alunos é dada por = , o que equivale a dizer A notação hab./km2 (lê-se: ”habitantes por quilômetro
42 37 são rapazes”.
que “de cada 7 alunos na classe, quadrado”) deve acompanhar a razão.

Razão entre grandezas de mesma espécie Exemplo 3

A razão entre duas grandezas de mesma espécie é o Um carro percorreu, na cidade, 83,76 km com 8 L de
quociente dos números que expressam as medidas dessas gasolina. Dividindo-se o número de quilômetros percorridos
grandezas numa mesma unidade. pelo número de litros de combustível consumidos, teremos
Exemplo o número de quilômetros que esse carro percorre com um
litro de gasolina:
Uma sala tem 18 m2. Um tapete que ocupar o centro
dessa sala mede 384 dm2. Vamos calcular a razão entre a 83, 76km
≅ 10, 47km / l
área do tapete e a área da sala. 8l
Primeiro, devemos transformar as duas grandezas em A esse tipo de razão dá-se o nome de consumo médio.
uma mesma unidade: A notação km/l (lê-se: “quilômetro por litro”) deve
Área da sala: 18 m2 = 1 800 dm2 acompanhar a razão.

1
NOÇÕES DE LÓGICA

Exemplo 4 Propriedades da Proporção

Uma sala tem 8 m de comprimento. Esse comprimento O produto dos extremos é igual ao produto dos meios:
é representado num desenho por 20 cm. Qual é a escala essa propriedade possibilita reconhecer quando duas ra-
do desenho? zões formam ou não uma proporção.

4 12
comprimento i no i desenho 20cm 20cm 1 e
Escala =
comprimento i real
=
8m
= =
800cm 40
ou1 : 40 3 9 formam uma proporção, pois

Produtos dos extremos ← 4.9


 = 3.12
 → Produtos dos
A razão entre um comprimento no desenho e o corres- meios. 36 36

pondente comprimento real, chama-se Escala.


A soma dos dois primeiros termos está para o primeiro
Proporção (ou para o segundo termo) assim como a soma dos dois
últimos está para o terceiro (ou para o quarto termo).
A igualdade entre duas razões recebe o nome de pro-
porção. 5 10 ⎧ 5 + 2 10 + 4 7 14
= ⇒⎨ = ⇒ =
3 6 2 4 ⎩ 5 10 5 10
Na proporção 5 = 10 (lê-se: “3 está para 5 assim como ou
6 está para 10”), os números 3 e 10 são chamados extre-
mos, e os números 5 e 6 são chamados meios. 5 10 ⎧ 5 + 2 10 + 4 7 14
= ⇒⎨ = ⇒ =
2 4 ⎩ 2 4 2 4
Observemos que o produto 3 x 10 = 30 é igual ao pro-
duto 5 x 6 = 30, o que caracteriza a propriedade fundamen- A diferença entre os dois primeiros termos está para
tal das proporções: o primeiro (ou para o segundo termo) assim como a dife-
rença entre os dois últimos está para o terceiro (ou para o
“Em toda proporção, o produto dos meios é igual quarto termo).
ao produto dos extremos”.
Exemplo 1 4 8 4 − 3 8 − 6 1 2
= ⇒ = ⇒ =
3 6  4 8 4 8
2 6
Na proporção = , temos 2 x 9 = 3 x 6 = 18; ou
3 9
4 8 4 − 3 8 − 6 1 2
e em 1 = 4 , temos 4 x 4 = 1 x 16 = 16. = ⇒ = ⇒ =
4 16 3 6  3 6 3 6
A soma dos antecedentes está para a soma dos con-
Exemplo 2 sequentes assim como cada antecedente está para o seu
consequente.
Na bula de um remédio pediátrico recomenda-se a
seguinte dosagem: 5 gotas para cada 2 kg do “peso” da 12 3 ⎧12 + 3 12 15 12
criança. = ⇒⎨ = ⇒ =
Se uma criança tem 12 kg, a dosagem correta x é dada 8 2 ⎩ 8+2 8 10 8
por: ou
12 3 ⎧12 + 3 3 15 3
= ⇒⎨ = ⇒ =
5gotas x 8 2 ⎩ 8 + 2 2 10 2
= → x = 30gotas
2kg 12kg
A diferença dos antecedentes está para a diferença dos
Por outro lado, se soubermos que foram corretamente consequentes assim como cada antecedente está para o
ministradas 20 gotas a uma criança, podemos concluir que seu consequente.
seu “peso” é 8 kg, pois:
3 1 ⎧ 3−1 3 2 3
= ⇒⎨ = ⇒ =
5gotas 15 5 ⎩15 − 5 15 10 15
= 20gotas / p → p = 8kg
2kg ou
3 1 ⎧ 3−1 1 2 1
(nota: o procedimento utilizado nesse exemplo é co- = ⇒⎨ = ⇒ =
mumente chamado de regra de três simples.) 15 5 ⎩15 − 5 5 10 5

2
NOÇÕES DE LÓGICA

Questões 5 - (CREFITO/SP – ALMOXARIFE – VUNESP/2012) Na


biblioteca de uma faculdade, a relação entre a quantidade
1 - (VUNESP - AgSegPenClasseI-V1 - 2012) – Em um de livros e de revistas era de 1 para 4. Com a compra de
concurso participaram 3000 pessoas e foram aprovadas novos exemplares, essa relação passou a ser de 2 para 3.
1800. A razão do número de candidatos aprovados para o Assinale a única tabela que está associada corretamen-
total de candidatos participantes do concurso é: te a essa situação.
A) 2/3
B) 3/5 A)
C) 5/10
Nº de livros Nº de revistas
D) 2/7
E) 6/7 Antes da compra 50 200
Após a compra 200 300
2 – (VNSP1214/001-AssistenteAdministrativo-I – 2012)
– Em uma padaria, a razão entre o número de pessoas que B)
tomam café puro e o número de pessoas que tomam café
com leite, de manhã, é 2/3. Se durante uma semana, 180 Nº de livros Nº de revistas
pessoas tomarem café de manhã nessa padaria, e supondo Antes da compra 50 200
que essa razão permaneça a mesma, pode-se concluir que
o número de pessoas que tomarão café puro será: Após a compra 300 200
A) 72
B) 86 C)
C) 94 Nº de livros Nº de revistas
D) 105
Antes da compra 200 50
E) 112
Após a compra 200 300
3 - (PREF. NEPOMUCENO/MG – TÉCNICO EM SEGU-
RANÇA DO TRABALHO – CONSULPLAN/2013) Num zooló- D)
gico, a razão entre o número de aves e mamíferos é igual à Nº de livros Nº de revistas
razão entre o número de anfíbios e répteis. Considerando
que o número de aves, mamíferos e anfíbios são, respecti- Antes da compra 200 50
vamente, iguais a 39, 57 e 26, quantos répteis existem neste Após a compra 300 200
zoológico?
A) 31 E)
B) 34
C) 36 Nº de livros Nº de revistas
D) 38 Antes da compra 200 200
E) 43 Após a compra 50 300

4 - (TRT - Técnico Judiciário) Na figura abaixo, os pon- 6 - (CREFITO/SP – ALMOXARIFE – VUNESP/2012)


tos E e F dividem o lado AB do retângulo ABCD em seg- Uma rede varejista teve um faturamento anual de 4,2 bi-
mentos de mesma medida. lhões de reais com 240 lojas em um estado. Considerando
que esse faturamento é proporcional ao número de lojas,
em outro estado em que há 180 lojas, o faturamento anual,
em bilhões de reais, foi de
A) 2,75
B) 2,95
C) 3,15
D) 3,35
E) 3,55

7 - (PREF. IMARUÍ – AGENTE EDUCADOR – PREF. IMA-


RUÍ/2014) De cada dez alunos de uma sala de aula, seis são
A razão entre a área do triângulo (CEF) e a área do re- do sexo feminino. Sabendo que nesta sala de aula há de-
tângulo é: zoito alunos do sexo feminino, quantos são do sexo mas-
a) 1/8
culino?
b) 1/6
A) Doze alunos.
c) 1/2
B) Quatorze alunos.
d) 2/3
C) Dezesseis alunos.
e) 3/4
D) Vinte alunos.

3
NOÇÕES DE LÓGICA

8 - (TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU- 3 - RESPOSTA: “D”


NESP/2013) Em um dia de muita chuva e trânsito caótico,
2/5 dos alunos de certa escola chegaram atrasados, sendo
que 1/4 dos atrasados tiveram mais de 30 minutos de atra-
so. Sabendo que todos os demais alunos chegaram no ho-
rário, pode-se afirmar que nesse dia, nessa escola, a razão
entre o número de alunos que chegaram com mais de 30
minutos de atraso e número de alunos que chegaram no Aplicando-se o produto dos meios pe-
horário, nessa ordem, foi de los extremos temos:
A) 2:3
B) 1:3
C) 1:6
D) 3:4
E) 2:5
4 - Resposta “B”
9 - (PMPP1101/001-Escriturário-I-manhã – 2012) – A
razão entre as idades de um pai e de seu filho é hoje de  
5/2. Quando o filho nasceu, o pai tinha 21 anos. A idade do
filho hoje é de
A) 10 anos
B) 12 anos
C) 14 anos
D) 16 anos
E) 18 anos

10 - (FAPESP – ANALISTA ADMINISTRATIVO – VU-


NESP/2012) Em uma fundação, verificou-se que a razão
entre o número de atendimentos a usuários internos e o
5 - RESPOSTA: “A”
número de atendimento total aos usuários (internos e ex-
Para cada 1 livro temos 4 revistas
ternos), em um determinado dia, nessa ordem, foi de 3/5.
Significa que o número de revistas é 4x o número de
Sabendo que o número de usuários externos atendidos foi
livros.
140, pode-se concluir que, no total, o número de usuários
atendidos foi 50 livros: 200 revistas
A) 84 Depois da compra
B) 100 2 livros :3 revistas
C) 217 200 livros: 300 revistas
D) 280
E) 350 6 - RESPOSTA: “C”

Respostas

1 – Resposta “B”
240.x = 4,2.180 → 240x = 756 → x = 3,15 bilhões

7 - RESPOSTA: “A”
2 – Resposta “A” Como 6 são do sexo feminino, 4 são do sexo masculi-
Sejam CP e CL o número de pessoas que consumiram no(10-6 = 4) .Então temos a seguinte razão:
café puro e café com leite respectivamente. Como na se-
mana o número total de pessoas que consumiram café foi
de 180, temos que:  6x = 72  x = 12
CP+CL = 180
A relação encontrada entre eles é de ; assim
aplicando a propriedade da proporção teremos:

‘   180.2 = CP.5  CP =  CP = 72

4
NOÇÕES DE LÓGICA

8- RESPOSTA: “C”
5.2. GRANDEZAS PROPORCIONAIS.
Se 2/5 chegaram atrasados

chegaram no horário
NÚMEROS DIRETAMENTE PROPORCIONAIS

Considere a seguinte situação:


tiveram mais de 30 minutos de atraso
Joana gosta de queijadinha e por isso resolveu aprender
a fazê-las. Adquiriu a receita de uma amiga. Nessa receita, os
ingredientes necessários são:

3 ovos
1 lata de leite condensado
1 xícara de leite
2 colheres das de sopa de farinha de trigo
1 colher das de sobremesa de fermento em pó
1 pacote de coco ralado
9 – RESPOSTA: “C” 1 xícara de queijo ralado
1 colher das de sopa de manteiga
A razão entre a idade do pai e do filho é respectiva-
mente , se quando o filho nasceu o pai tinha 21, sig- Veja que:
nifica que hoje o pai tem x + 21 , onde x é a idade do filho.
Montando a proporção teremos: - Para se fazerem 2 receitas seriam usados 6 ovos para 4
colheres de farinha;
- Para se fazerem 3 receitas seriam usados 9 ovos para 6
colheres de farinha;
- Para se fazerem 4 receitas seriam usados 12 ovos para
8 colheres de farinha;
- Observe agora as duas sucessões de números:

Sucessão do número de ovos: 6 9 12


Sucessão do número de colheres de farinha: 4 6 8

Nessas sucessões as razões entre os termos


10 - RESPOSTA: “E” correspondentes são iguais:
Usuários internos: I 6 3 9 3 12 3
Usuários externos : E = = =
4 2 6 2 8 2

6 9 12 3
 5I = 3I+420 2I = 420 I = 210 Assim: = = =
4 6 8 2
Dizemos, então, que:
I+E = 210+140 = 350
- os números da sucessão 6, 9, 12 são diretamente pro-
porcionais aos da sucessão 4, 6, 8;
3
- o número 2 , que é a razão entre dois termos corres-
pondentes, é chamado fator de proporcionalidade.
Duas sucessões de números não-nulos são diretamente
proporcionais quando as razões entre cada termo da primei-
ra sucessão e o termo correspondente da segunda sucessão
são iguais.
Exemplo 1: Vamos determinar x e y, de modo que as
sucessões sejam diretamente proporcionais:

2 8 y
3 x 21

5
NOÇÕES DE LÓGICA

Como as sucessões são diretamente proporcionais, as Números Inversamente Proporcionais


razões são iguais, isto é:
Considere os seguintes dados, referentes à produção de
2 8 y
= = sorvete por uma máquina da marca x-5:
3 x 21
2 1 máquina x-5 produz 32 litros de sorvete em 120 min.
2 8 y
= = 2 máquinas x-5 produzem 32 litros de sorvete em 60 min.
3 x 3 21 4 máquinas x-5 produzem 32 litros de sorvete em 30 min.
2x = 3 . 8 3y = 2 . 21 6 máquinas x-5 produzem 32 litros de sorvete em 20 min.
2x = 24 3y = 42
Observe agora as duas sucessões de números:
24 42
x= y=
2 3 Sucessão do número de máquinas: 1 2 4 6
x=12 y=14 Sucessão do número de minutos: 120 60 30 20

Logo, x = 12 e y = 14 Nessas sucessões as razões entre cada termo da


primeira sucessão e o inverso do termo correspondente da
Exemplo 2: Para montar uma pequena empresa, Júlio, segunda são iguais:
César e Toni formaram uma sociedade. Júlio entrou com R$ 1
=
2
=
4
=
6
= 120
24.000,00, César com R$ 27.000,00 e Toni com R$ 30.000,00. 1 1 1 1
Depois de 6 meses houve um lucro de R$ 32.400,00 que foi 120 60 30 20
repartido entre eles em partes diretamente proporcionais
à quantia investida. Calcular a parte que coube a cada um.
Dizemos, então, que:
- os números da sucessão 1, 2, 4, 6 são inversamente
Solução:
proporcionais aos da sucessão 120, 60, 30, 20;
Representando a parte de Júlio por x, a de César por y,
- o número 120, que é a razão entre cada termo da
e a de Toni por z, podemos escrever:
primeira sucessão e o inverso do seu correspondente na
 x + y + z = 32400  segunda, é chamado fator de proporcionalidade.
 
 x y z 
 24000 = 27000 = 30000  Observando que


32400
 1 4 é mesmo que
é o mesmo que 1.120=120
x y z x+ y+z 1 1
= = =
24000 27000 30000 24000
 +
27000
+ 30000
 20 30
4.30=120
81000

Resolvendo as proporções:
2 é o mesmo que 2.60=120 6 é o mesmo que
x 32400 4 1 1
= 60
24000 8100010 20
6.20= 120
10x = 96 000
x = 9 600
y 4 Podemos dizer que: Duas sucessões de números
= não-nulos são inversamente proporcionais quando os
27000 10
produtos de cada termo da primeira sucessão pelo termo
correspondente da segunda sucessão são iguais.
10y = 108 000
y = 10 800 Exemplo 1: Vamos determinar x e y, de modo que as
z 4 sucessões sejam inversamente proporcionais:
=
3000 10 4 x 8
10z = 120 000 20 16 y
z = 12 000
Para que as sucessões sejam inversamente
Logo, Júlio recebeu R$ 9.600,00, César recebeu R$ proporcionais, os produtos dos termos correspondentes
10.800,00 e Toni, R$ 12.000,00. deverão ser iguais. Então devemos ter:
4 . 20 = 16 . x = 8 . y

6
NOÇÕES DE LÓGICA

16 . x = 4 . 20 8 . y = 4 . 20
16x = 80 8y = 80
x = 80/16 y = 80/8
x=5 y = 10

Logo, x = 5 e y = 10.
Isso nos leva a estabelecer que: Duas grandezas são
Exemplo 2: Vamos dividir o número 104 em partes diretamente proporcionais quando a razão entre os valores
inversamente proporcionais aos números 2, 3 e 4. da primeira é igual à razão entre os valores da segunda.

Representamos os números procurados por x, y e z. E Tomemos agora outro exemplo.


como as sucessões (x, y, z) e (2, 3, 4) devem ser inversamente Com 1 tonelada de cana-de-açúcar, uma usina produz
proporcionais, escrevemos: 70l de álcool.
 104
  De acordo com esses dados podemos supor que:
x y z x y z x+ y+z
= = = = = - com o dobro do número de toneladas de cana, a usina
1 1 1 1 1 1 1 1 1 produza o dobro do número de litros de álcool, isto é, 140l;
+ +
2 3 4 2 3 4 2 3 4 - com o triplo do número de toneladas de cana, a usina
produza o triplo do número de litros de álcool, isto é, 210l.

Então concluímos que as grandezas quantidade de cana-


de-açúcar e número de litros de álcool são diretamente
Como, vem proporcionais.

Grandezas Inversamente Proporcionais

Considere uma moto cuja velocidade média e o tempo gasto


para percorrer determinada distância encontram-se na tabela:

Velocidade Tempo
Logo, os números procurados são 48, 32 e 24. 30 km/h 12 h
60 km/h 6h
Grandezas Diretamente Proporcionais
90 km/h 4h
Considere uma usina de açúcar cuja produção, nos 120 km/h 3h
cinco primeiros dias da safra de 2005, foi a seguinte:
Com base na tabela apresentada observamos que:
Dias Sacos de açúcar
- duplicando a velocidade da moto, o número de horas
1 5 000 fica reduzido à metade;
2 10 000 - triplicando a velocidade, o número de horas fica
reduzido à terça parte, e assim por diante.
3 15 000
4 20 000 Nesse caso dizemos que as grandezas velocidade e
5 25 000 tempo são inversamente proporcionais.
Observe que, duas a duas, as razões entre os números
Com base na tabela apresentada observamos que: que indicam a velocidade são iguais ao inverso das razões
que indicam o tempo:
- duplicando o número de dias, duplicou a 30 6
produção de açúcar; = inverso da razão 12
60 12 6
- triplicando o número de dias, triplicou a produção
de açúcar, e assim por diante. 30 4
= inverso da razão 12
90 12 4
Nesse caso dizemos que as grandezas tempo e
produção são diretamente proporcionais. 30 3 12
Observe também que, duas a duas, as razões entre o = inverso da razão
120 12 3
número de dias e o número de sacos de açúcar são iguais:

7
NOÇÕES DE LÓGICA

60
=
4 6 3 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO AD-
inverso da razão
90 6 4 MINISTRATIVO – FCC/2014) Uma empresa foi consti-
tuída por três sócios, que investiram, respectivamente,
60 3 R$60.000,00, R$40.000,00 e R$20.000,00. No final do pri-
= inverso da razão 6
120 6 3 meiro ano de funcionamento, a empresa obteve um lucro
de R$18.600,00 para dividir entre os sócios em quantias di-
90 3 retamente proporcionais ao que foi investido. O sócio que
= inverso da razão 4
120 6 3 menos investiu deverá receber
A) R$2.100,00.
B) R$2.800,00.
Podemos, então, estabelecer que: Duas grandezas
C) R$3.400,00.
são inversamente proporcionais quando a razão entre os
D) R$4.000,00.
valores da primeira é igual ao inverso da razão entre os
E) R$3.100,00.
valores da segunda.
Acompanhe o exemplo a seguir:
4 - (METRÔ/SP - AGENTE DE SEGURANÇA METRO-
VIÁRIA I - FCC/2013) Um mosaico foi construído com
Cinco máquinas iguais realizam um trabalho em 36 dias.
triângulos, quadrados e hexágonos. A quantidade de po-
De acordo com esses dados, podemos supor que:
lígonos de cada tipo é proporcional ao número de lados
do próprio polígono. Sabe-se que a quantidade total de
- o dobro do número de máquinas realiza o mesmo
polígonos do mosaico é 351. A quantidade de triângulos e
trabalho na metade do tempo, isto é, 18 dias;
quadrados somada supera a quantidade de hexágonos em
- o triplo do número de máquinas realiza o mesmo
A) 108.
trabalho na terça parte do tempo, isto é, 12 dias.
B) 27.
Então concluímos que as grandezas quantidade de
C) 35.
máquinas e tempo são inversamente proporcionais.
D) 162.
E) 81.
QUESTÕES
5 - (PC/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO – VU-
1 - (PGE/BA – ASSISTENTE DE PROCURADORIA –
NESP/2014) Foram construídos dois reservatórios de
FCC/2013) Uma faculdade irá inaugurar um novo espaço
água. A razão entre os volumes internos do primeiro e do
para sua biblioteca, composto por três salões. Estima-se
segundo é de 2 para 5, e a soma desses volumes é 14m³.
que, nesse espaço, poderão ser armazenados até 120.000
Assim, o valor absoluto da diferença entre as capacidades
livros, sendo 60.000 no salão maior, 15.000 no menor e os
desses dois reservatórios, em litros, é igual a
demais no intermediário. Como a faculdade conta atual-
A) 8000.
mente com apenas 44.000 livros, a bibliotecária decidiu co-
B) 6000.
locar, em cada salão, uma quantidade de livros diretamente
C) 4000.
proporcional à respectiva capacidade máxima de armaze-
D) 6500.
namento. Considerando a estimativa feita, a quantidade de
E) 9000.
livros que a bibliotecária colocará no salão intermediário é
igual a
6 – (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMI-
A) 17.000.
NISTRATIVO – FCC/2014) Na tabela abaixo, a sequência
B) 17.500.
de números da coluna A é inversamente proporcional à se-
C) 16.500.
quência de números da coluna B.
D) 18.500.
E) 18.000.

2 - (PREF. PAULISTANA/PI – PROFESSOR DE MATE-


MÁTICA – IMA/2014) Uma herança de R$ 750.000,00 deve
ser repartida entre três herdeiros, em partes proporcionais
a suas idades que são de 5, 8 e 12 anos. O mais velho re-
ceberá o valor de:
A) R$ 420.000,00
A letra X representa o número
B) R$ 250.000,00
C) R$ 360.000,00
A) 90.
D) R$ 400.000,00
B) 80.
E) R$ 350.000,00
C) 96.
D) 84.
E) 72.

8
NOÇÕES DE LÓGICA

7 - (SAMU/SC – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – 5 - RESPOSTA: “B”.


SPDM/2012) Carlos dividirá R$ 8.400,00 de forma inver- Primeiro:2k
samente proporcional à idade de seus dois filhos: Marcos, Segundo:5k
de12 anos, e Fábio, de 9 anos. O valor que caberá a Fábio 2k+5k=14
será de: 7k=14
A) R$ 3.600,00 K=2
B) R$ 4.800,00 Primeiro=2.2=4
C) R$ 7.000,00 Segundo=5.2=10
D) R$ 5.600,00 Diferença=10-4=6m³

8 - (TRT – FCC) Três técnicos judiciários arquivaram 1m³------1000L


um total de 382 processos, em quantidades inversamente 6--------x
proporcionais as suas respectivas idades: 28, 32 e 36 anos. X=6000 l
Nessas condições, é correto afirmar que o número de pro-
cessos arquivados pelo mais velho foi: 6 - RESPOSTA: “B”.
A) 112
B) 126
C) 144
D) 152
E) 164

RESPOSTAS X=80
1 - RESPOSTA: “C”. 7 - RESPOSTA: “B”.
Como é diretamente proporcional, podemos analisar
Marcos: a
da seguinte forma:
Fábio: b
No salão maior, percebe-se que é a metade dos livros,
a+b=8400
no salão menor é 1/8 dos livros.
b=4800
Então, como tem 44.000 livros, no salão maior ficará
com 22.000 e no salão menor é 5.500 livros.
22000+5500=27500
Salão intermediário:44.000-27.500=16.500 livros.

2 - RESPOSTA: “C”.
5x+8x+12x=750.000
25x=750.000
X=30.000
O mais velho receberá:12⋅30000=360.000,00

3 - RESPOSTA: “E”.
20000 :40000 :60000
1: 2: 3
k+2k+3k=18600
6k=18600 8 - RESPOSTA “A”.
k=3100
O sócio que investiu R$20.000,00 receberá R$3.100,00.

4 - RESPOSTA: “B”.

382 ➜Somamos os inversos dos números, ou seja:


. Dividindo-se os denominadores por 4, ficamos

com: = . Eliminando-se os de-


nominadores, temos  191 que corresponde a uma soma.
Dividindo-se a soma pela soma:

189-162= 27

9
NOÇÕES DE LÓGICA

Exemplo
5.3. PORCENTAGEM.
Uma mercadoria foi comprada por R$ 500,00 e vendida
por R$ 800,00.
Pede-se:
PORCENTAGEM - o lucro obtido na transação;
- a porcentagem de lucro sobre o preço de custo;
É uma fração de denominador centesimal, ou seja, é uma - a porcentagem de lucro sobre o preço de venda.
fração de denominador 100. Representamos porcentagem pelo
símbolo % e lê-se: “por cento”. Resposta:
50
Deste modo, a fração é uma porcentagem que Lucro = 800 – 500 = R$ 300,00
100
podemos representar por 50%. Lc = 300 = 0,60 = 60%
500
Forma Decimal: É comum representarmos uma 300
Lv = = 0,375 = 37,5%
porcentagem na forma decimal, por exemplo, 35% na forma 800
decimal seriam representados por 0,35.
Aumento
75
75% = = 0,75
100 Aumento Percentual: Consideremos um valor inicial
Cálculo de uma Porcentagem: Para calcularmos uma V que deve sofrer um aumento de p% de seu valor.
porcentagem p% de V, basta multiplicarmos a fração p por V. Chamemos de A o valor do aumento e VA o valor após o
100 aumento. Então, A = p% de V = p . V
p 100
P% de V = .V
100
p
Exemplo 1 VA = V + A = V + .V
100
23 VA = ( 1 +
p
).V
23% de 240 = . 240 = 55,2 100
100
p
Exemplo 2 Em que (1 + 100 ) é o fator de aumento.

Em uma pesquisa de mercado, constatou-se que 67%


de uma amostra assistem a um certo programa de TV. Se a Desconto
população é de 56.000 habitantes, quantas pessoas assistem ao
tal programa? Desconto Percentual: Consideremos um valor inicial
67 V que deve sofrer um desconto de p% de seu valor.
Resolução: 67% de 56 000 = .56000 = 37520 Chamemos de D o valor do desconto e VD o valor após o
100
desconto. Então, D = p% de V = p . V
Resposta: 37 520 pessoas. 100

Porcentagem que o lucro representa em relação ao VD = V – D = V –


p
.V
preço de custo e em relação ao preço de venda 100
p
VD = (1 – ).V
Chamamos de lucro em uma transação comercial de 100
compra e venda a diferença entre o preço de venda e o preço p
de custo. Em que (1 – ) é o fator de desconto.
100
Lucro = preço de venda – preço de custo
Caso essa diferença seja negativa, ela será chamada de Exemplo
prejuízo.
Uma empresa admite um funcionário no mês de janeiro
Assim, podemos escrever: sabendo que, já em março, ele terá 40% de aumento. Se a
Preço de custo + lucro = preço de venda empresa deseja que o salário desse funcionário, a partir de
Preço de custo – prejuízos = preço de venda março, seja R$ 3 500,00, com que salário deve admiti-lo?
Resolução: VA = 1,4 . V
Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem de 3 500 = 1,4 . V
duas formas: 3500
Lucro sobre o custo = lucro/preço de custo. 100% V= = 2500
1,4
Lucro sobre a venda = lucro/preço de venda. 100%
Resposta: R$ 2 500,00
Observação: A mesma análise pode ser feita para o caso
de prejuízo.

10
NOÇÕES DE LÓGICA

Aumentos e Descontos Sucessivos: Consideremos um valor inicial V, e vamos considerar que ele irá sofrer dois
aumentos sucessivos de p1% e p2%. Sendo V1 o valor após o primeiro aumento, temos:
p
V1 = V . (1 + 1 )
100
Sendo V2 o valor após o segundo aumento, temos:
V2 = V1 . (1 + p2 )
100
p p
V2 = V . (1 + 1 ) . (1 + 2 )
100 100

Sendo V um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer dois descontos sucessivos de p1% e p2%.

Sendo V1 o valor após o primeiro desconto, temos:


V1 = V. (1 – p1 )
100
Sendo V2 o valor após o segundo desconto, temos:
p2
V2 = V1 . (1 – )
100
V2 = V . (1 – p1 ) . (1 – p2 )
100 100
Sendo V um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer um aumento de p1% e, sucessivamente, um desconto de
p2%.

Sendo V1 o valor após o aumento, temos:


p
V1 = V . (1+ 1 )
100

Sendo V2 o valor após o desconto, temos:


V2 = V1 . (1 – p2 )
100
V2 = V . (1 + p1 ) . (1 – p2 )
100 100

Exemplo

(VUNESP-SP) Uma instituição bancária oferece um rendimento de 15% ao ano para depósitos feitos numa certa
modalidade de aplicação financeira. Um cliente deste banco deposita 1 000 reais nessa aplicação. Ao final de n anos, o
capital que esse cliente terá em reais, relativo a esse depósito, são:
n
 p 
Resolução: VA = 1 +  .v
 100 
VA = 1. 15  .1000
n

 100 
V = 1 000 . (1,15)n
A

VA = 1 000 . 1,15n
VA = 1 150,00n

11
NOÇÕES DE LÓGICA

QUESTÕES

1 - (PREF. AMPARO/SP – AGENTE ESCOLAR – CONRIO/2014) Se em um tanque de um carro for misturado 45 litros
de etanol em 28 litros de gasolina, qual será o percentual aproximado de gasolina nesse tanque?
A) 38,357%
B) 38,356%
C) 38,358%
D) 38,359%

2 - (CEF / Escriturário) Uma pessoa x pode realizar uma certa tarefa em 12 horas. Outra pessoa, y, é 50% mais eficiente
que x. Nessas condições, o número de horas necessárias para que y realize essa tarefa é :
A) 4
B) 5
C) 6
D) 7
E) 8

3 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Observe a tabela que indica o consumo mensal de uma mesma torneira da pia
de uma cozinha, aberta meia volta por um minuto, uma vez ao dia.

Em relação ao cosumo mensal da torneira alimentada pela água da rua, o da torneira alimentada pela água da caixa
representa, aproximadamente,
A) 20%
B) 26%
C) 30%
D) 35%
E) 40%

4 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – FCC/2014) O preço de uma mercadoria, na loja J, é
de R$ 50,00. O dono da loja J resolve reajustar o preço dessa mercadoria em 20%. A mesma mercadoria, na loja K, é vendida
por R$ 40,00. O dono da loja K resolve reajustar o preço dessa mercadoria de maneira a igualar o preço praticado na loja J
após o reajuste de 20%. Dessa maneira o dono da loja K deve reajustar o preço em
A) 20%.
B) 50%.
C) 10%.
D) 15%.
E) 60%.

5 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – FCC/2014) O preço de venda de um produto, des-
contado um imposto de 16% que incide sobre esse mesmo preço, supera o preço de compra em 40%, os quais constituem
o lucro líquido do vendedor. Em quantos por cento, aproximadamente, o preço de venda é superior ao de compra?
A) 67%.
B) 61%.
C) 65%.
D) 63%.
E) 69%.

6 - (DPE/SP – AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – FCC/2013) Um comerciante comprou uma mercadoria por R$
350,00. Para estabelecer o preço de venda desse produto em sua loja, o comerciante decidiu que o valor deveria ser sufi-
ciente para dar 30% de desconto sobre o preço de venda e ainda assim garantir lucro de 20% sobre o preço de compra.
Nessas condições, o preço que o comerciante deve vender essa mercadoria é igual a
A) R$ 620,00.
B) R$ 580,00.
C) R$ 600,00.
D) R$ 590,00.
E) R$ 610,00.

12
NOÇÕES DE LÓGICA

7 - (DPE/SP – AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – Vitor arrematou um lote, pagou o combinado no ato
FCC/2013) Uma bolsa contém apenas 5 bolas brancas e 7 da arrematação e os R$28.800,00 restantes no dia 10 de
bolas pretas. Sorteando ao acaso uma bola dessa bolsa, a dezembro. Com base nas informações contidas no texto,
probabilidade de que ela seja preta é calcule o valor total gasto por Vitor nesse leilão.
A) maior do que 55% e menor do que 60%.
B) menor do que 50%. A) R$34.600,00
C) maior do que 65%. B) R$36.000,00
D) maior do que 50% e menor do que 55%. C) R$35.400,00
E) maior do que 60% e menor do que 65%. D) R$32.000,00
E) R$37.800,00
8 - PREF. JUNDIAI/SP – ELETRICISTA – MAKIYA-
MA/2013) Das 80 crianças que responderam a uma en- RESPOSTAS
quete referente a sua fruta favorita, 70% eram meninos.
Dentre as meninas, 25% responderam que sua fruta favori- 1 - RESPOSTA: “B”.
ta era a maçã. Sendo assim, qual porcentagem representa, Mistura:28+45=73
em relação a todas as crianças entrevistadas, as meninas 73------100%
que têm a maçã como fruta preferida? 28------x
A) 10% X=38,356%
B) 1,5%
C) 25%
D) 7,5% 2 - RESPOSTA “C”.
E) 5% 12 horas → 100 %
50 % de 12 horas = = 6 horas
9 - (PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB/2014)
Numa liquidação de bebidas, um atacadista fez a seguinte X = 12 horas → 100 % = total de horas trabalhado
promoção: Y = 50 % mais rápido que X.
Então, se 50% de 12 horas equivalem a 6 horas, logo Y
faz o mesmo trabalho em 6 horas.

3 - RESPOSTA: “B”.

Alexandre comprou duas embalagens nessa promoção


e revendeu cada unidade por R$3,50. O lucro obtido por 4 - RESPOSTA: “B”.
ele com a revenda das latas de cerveja das duas embala-
gens completas foi:
A) R$33,60
B) R$28,60
C) R$26,40
D) R$40,80
E) R$43,20 O reajuste deve ser de 50%.

10 - (PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB/2014)


Leilão de veículos apreendidos do Detran aconteceu no dia 5 - RESPOSTA: “A”.
7 de dezembro. Preço de venda: PV
Preço de compra: PC
O Departamento Estadual de Trânsito de Sergipe – De-
tran/SE – realizou, no dia 7 de dezembro, sábado, às 9 ho- Note que: 1,4 = 100%+40% ou 1+0,4.Como ele supe-
ras, no Espaço Emes, um leilão de veículos apreendidos em rou o preço de venda (100%) em 40% , isso significa soma
fiscalizações de trânsito. Ao todo foram leiloados 195 veí- aos 100% mais 40%, logo 140%= 1,4.
culos, sendo que 183 foram comercializados como sucatas
e 12 foram vendidos como aptos para circulação. PV - 0,16PV = 1,4PC
0,84PV=1,4PC
Quem arrematou algum dos lotes disponíveis no leilão
pagou 20% do lance mais 5% de comissão do leiloeiro no
ato da arrematação. Os 80% restantes foram pagos impre-
terivelmente até o dia 11 de dezembro.
Fonte: http://www.ssp.se.gov.br05/12/13 (modificada). O preço de venda é 67% superior ao preço de compra.

13
NOÇÕES DE LÓGICA

6 - RESPOSTA: “C”.
Preço de venda: PV 5.4. REGRA DE TRÊS SIMPLES.
Preço de compra: 350
30% de desconto, deixa o produto com 70% do seu
valor.
Como ele queria ter um lucro de 20% sobre o preço REGRA DE TRÊS SIMPLES
de compra, devemos multiplicar por 1,2(350+0,2.350) ➜
0,7PV = 1,2 . 350 Os problemas que envolvem duas grandezas direta-
mente ou inversamente proporcionais podem ser resol-
vidos através de um processo prático, chamado regra de
três simples.
O preço de venda deve ser R$600,00.
Exemplo 1: Um carro faz 180 km com 15L de álcool.
Quantos litros de álcool esse carro gastaria para percorrer
7 - RESPOSTA: “A”. 210 km?
Ao todo tem 12 bolas, portanto a probabilidade de se
tirar uma preta é: Solução:
O problema envolve duas grandezas: distância e litros
de álcool.
Indiquemos por x o número de litros de álcool a ser
consumido.
Coloquemos as grandezas de mesma espécie em uma
8 - RESPOSTA: “D”. mesma coluna e as grandezas de espécies diferentes que
Tem que ser menina E gostar de maçã. se correspondem em uma mesma linha:
Meninas:100-70=30% Distância (km) Litros de álcool
180 15
, simplificando temos ➜ 210 x
P = 0,075 . 100% = 7,5%. Na coluna em que aparece a variável x (“litros de
álcool”), vamos colocar uma flecha:
Distância (km) Litros de álcool
9 - RESPOSTA: “A”. 180 15  
210 x

Observe que, se duplicarmos a distância, o consumo


de álcool também duplica. Então, as grandezas distância
e litros de álcool são diretamente proporcionais. No es-
quema que estamos montando, indicamos esse fato colo-
cando uma flecha na coluna “distância” no mesmo sentido
da flecha da coluna “litros de álcool”:

Distância (km) Litros de álcool


O lucro de Alexandre foi de R$33,60. 180 15
210 x

10 - RESPOSTA: “E”.
R$28.800-------80% mesmo sentido
x------------------100% Armando a proporção pela orientação das flechas, temos:

180 6 15
= 6x = 7 . 15 6x = 105 x = 105 x
210 7 x = 17,5 6

Resposta: O carro gastaria 17,5 L de álcool.

Valor total: R$36.000,00+R$1.800,00=R$37.800,00 Exemplo 2: Viajando de automóvel, à velocidade


de 60 km/h, eu gastaria 4 h para fazer certo percurso.
Aumentando a velocidade para 80 km/h, em quanto tempo
farei esse percurso?

14
NOÇÕES DE LÓGICA

Solução: Indicando por x o número de horas e colocando Daí temos:


as grandezas de mesma espécie em uma mesma coluna e 200 . 18 = 240 . x
as grandezas de espécies diferentes que se correspondem 3 600 = 240x
em uma mesma linha, temos: 240x = 3 600
x = 3600
Velocidade (km/h) Tempo (h) 240
60 4 x = 15
80 x
Conclui-se, então, que se o competidor tivesse andando
Na coluna em que aparece a variável x (“tempo”), em 200 km/h, teria gasto 18 segundos para realizar o percurso.
vamos colocar uma flecha:
REGRA DE TRÊS COMPOSTA
Velocidade (km/h) Tempo (h)
O processo usado para resolver problemas que envolvem
60 4
mais de duas grandezas, diretamente ou inversamente
80 x
proporcionais, é chamado regra de três composta.
Observe que, se duplicarmos a velocidade, o tempo Exemplo 1: Em 4 dias 8 máquinas produziram 160
fica reduzido à metade. Isso significa que as grandezas peças. Em quanto tempo 6 máquinas iguais às primeiras
velocidade e tempo são inversamente proporcionais. produziriam 300 dessas peças?
No nosso esquema, esse fato é indicado colocando-se na Solução: Indiquemos o número de dias por x.
coluna “velocidade” uma flecha em sentido contrário ao Coloquemos as grandezas de mesma espécie em uma
da flecha da coluna “tempo”: só coluna e as grandezas de espécies diferentes que se
correspondem em uma mesma linha. Na coluna em que
Velocidade (km/h) Tempo (h) aparece a variável x (“dias”), coloquemos uma flecha:
60 4
80 x Máquinas Peças Dias
8 160 4  
6 300 x
sentidos contrários Comparemos cada grandeza com aquela em que está o x.
Na montagem da proporção devemos seguir o sentido As grandezas peças e dias são diretamente
das flechas. Assim, temos: proporcionais. No nosso esquema isso será indicado
colocando-se na coluna “peças” uma flecha no mesmo
4 80 4 12
= 4x = 4 . 3 4x = 12 x= x=3 sentido da flecha da coluna “dias”:
x 60 3 4 Máquinas Peças Dias
Resposta: Farei esse percurso em 3 h. 8 160 4
6 300 x
Exemplo 3: Ao participar de um treino de Fórmula
1, um competidor, imprimindo velocidade média de 200 Mesmo sentido
km/h, faz o percurso em 18 segundos. Se sua velocidade
As grandezas máquinas e dias são inversamente
fosse de 240 km/h, qual o tempo que ele teria gasto no
proporcionais (duplicando o número de máquinas, o
percurso?
número de dias fica reduzido à metade). No nosso esquema
Vamos representar pela letra x o tempo procurado.
isso será indicado colocando-se na coluna (máquinas) uma
Estamos relacionando dois valores da grandeza flecha no sentido contrário ao da flecha da coluna “dias”:
velocidade (200 km/h e 240 km/h) com dois valores da Máquinas Peças Dias
grandeza tempo (18 s e x s). 8 160 4
Queremos determinar um desses valores, conhecidos 6 300 x
os outros três.
Sentidos contrários
Tempo gasto para fazer o
Velocidade Agora vamos montar
percurso 4 a proporção, igualando a razão
que contém o x, que é , com o produto das outras razões,
200 km/h 18 s x
obtidas segundo a orientação das flechas  6 160  :
240 km/h x  . 
4 6 2 160 8
1
 8 300 
= .
x 81 30015
5
Se duplicarmos a velocidade inicial do carro, o tempo
gasto para fazer o percurso cairá para a metade; logo, 4 2 4 2.5
as grandezas são inversamente proporcionais. Assim, os = => 2x = 4 . 5 a x = => x = 10
x 5 21
números 200 e 240 são inversamente proporcionais aos
números 18 e x. Resposta: Em 10 dias.

15
NOÇÕES DE LÓGICA

Exemplo 2: Uma empreiteira contratou 210 pessoas Questões


para pavimentar uma estrada de 300 km em 1 ano. Após
4 meses de serviço, apenas 75 km estavam pavimentados. 1 – (FUNDAÇÃO CASA – AGENTE DE APOIO OPE-
Quantos empregados ainda devem ser contratados para RACIONAL – VUNESP/2013) Um atleta está treinando
que a obra seja concluída no tempo previsto? para fazer 1 500 metros em 5 minutos. Como ele pretende
manter um ritmo sempre constante, deve fazer cada 100
Solução: Em de ano foi pavimentada de estrada. metros em
A) 15 segundos.
Comparemos cada grandeza com aquela em que está B) 20 segundos.
o x. C) 22 segundos.
D) 25 segundos.
E) 30 segundos.

2 – (SAP/SP – AGENTE DE SEGURANÇA PENITEN-


CIÁRIA DE CLASSE I – VUNESP/2013) Uma máquina de-
Sentido contrário mora 1 hora para fabricar 4 500 peças. Essa mesma máqui-
na, mantendo o mesmo funcionamento, para fabricar 3 375
dessas mesmas peças, irá levar
As grandezas “pessoas” e “tempo” são inversamente A) 55 min.
proporcionais (duplicando o número de pessoas, o tem- B) 15 min.
po fica reduzido à metade). No nosso esquema isso será C) 35 min.
indicado colocando-se na coluna “tempo” uma flecha no D) 1h 15min.
sentido contrário ao da flecha da coluna “pessoas”: E) 45 min.

3 - (PREF. IMARUÍ – AGENTE EDUCADOR – PREF.


IMARUÍ/2014) Manoel vendeu seu carro por R$27.000,00(-
vinte e sete mil reais) e teve um prejuízo de 10%(dez por
cento) sobre o valor de custo do tal veículo, por quanto
Manoel adquiriu o carro em questão?
A) R$24.300,00
B) R$29.700,00
C) R$30.000,00
D)R$33.000,00
As grandezas “pessoas” e “estrada” são diretamente E) R$36.000,00
proporcionais. No nosso esquema isso será indicado colo-
cando-se na coluna “estrada” uma flecha no mesmo senti- 4 - (DNOCS -2010) Das 96 pessoas que participaram
do da flecha da coluna “pessoas”: de uma festa de Confraternização dos funcionários do De-
partamento Nacional de Obras Contra as Secas, sabe-se
que 75% eram do sexo masculino. Se, num dado momento
antes do término da festa, foi constatado que a porcen-
tagem dos homens havia se reduzido a 60% do total das
pessoas presentes, enquanto que o número de mulheres
permaneceu inalterado, até o final da festa, então a quanti-
dade de homens que haviam se retirado era?
A) 36.
B) 38.
C) 40.
Como já haviam 210 pessoas trabalhando, logo 315 – D) 42.
210 = 105 pessoas. E) 44.

Reposta: Devem ser contratados 105 pessoas. 5 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Em uma ma-
quete, uma janela de formato retangular mede 2,0 cm de
largura por 3,5 cm de comprimento. No edifício, a largura
real dessa janela será de 1,2 m. O comprimento real corres-
pondente será de:
A) 1,8 m
B) 1,35 m
C) 1,5 m
D) 2,1 m
E) 2,45 m

16
NOÇÕES DE LÓGICA

6 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMI- A) 2300 pães.


NISTRATIVO – FCC/2014) O trabalho de varrição de 6.000 B) 3000 pães.
m² de calçada é feita em um dia de trabalho por 18 varre- C) 2600 pães.
dores trabalhando 5 horas por dia. Mantendo-se as mes- D) 3200 pães.
mas proporções, 15 varredores varrerão 7.500 m² de calça- E) 3600 pães.
das, em um dia, trabalhando por dia, o tempo de
A) 8 horas e 15 minutos. Respostas
B) 9 horas.
C) 7 horas e 45 minutos. 1- RESPOSTA: “B”
D) 7 horas e 30 minutos. Como as alternativas estão em segundo, devemos tra-
E) 5 horas e 30 minutos. balhar com o tempo em segundo.
1 minuto = 60 segundos ; logo 5minutos = 60.5 = 300
7 – (PREF. CORBÉLIA/PR – CONTADOR – FAUEL/2014) segundos
Uma equipe constituída por 20 operários, trabalhando 8 Metro Segundos
horas por dia durante 60 dias, realiza o calçamento de uma 1500 ----- 300
área igual a 4800 m². Se essa equipe fosse constituída por 100 ----- x
15 operários, trabalhando 10 horas por dia, durante 80
dias, faria o calçamento de uma área igual a: Como estamos trabalhando com duas grandezas dire-
A) 4500 m² tamente proporcionais temos:
B) 5000 m²
C) 5200 m²
D) 6000 m²
E) 6200 m²
15.x = 300.1 ➜ 15x = 300 ➜ x = 20 segundos
8 – (PC/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO – VU-
NESP/2014) Dez funcionários de uma repartição traba-
lham 8 horas por dia, durante 27 dias, para atender certo 2- RESPOSTA: “E”.
número de pessoas. Se um funcionário doente foi afastado Peças Tempo
por tempo indeterminado e outro se aposentou, o total de 4500 ----- 1 h
dias que os funcionários restantes levarão para atender o 3375 ----- x
mesmo número de pessoas, trabalhando uma hora a mais
por dia, no mesmo ritmo de trabalho, será: Como estamos trabalhando com duas grandezas dire-
A) 29. tamente proporcionais temos:
B) 30.
C) 33.
D) 28.
E) 31.
4500.x = 3375.1 ➜ x = 0,75 h
9 - (TRF 3ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2014) Sa- Como a resposta esta em minutos devemos achar o
be-se que uma máquina copiadora imprime 80 cópias em correspondente em minutos
1 minuto e 15 segundos. O tempo necessário para que 7 Hora Minutos
máquinas copiadoras, de mesma capacidade que a primei- 1 ------ 60
ra citada, possam imprimir 3360 cópias é de 0,75 ----- x
A) 15 minutos. 1.x = 0,75.60 ➜ x = 45 minutos.
B) 3 minutos e 45 segundos.
C) 7 minutos e 30 segundos.
D) 4 minutos e 50 segundos. 3. RESPOSTA : “C”
E) 7 minutos. Como ele teve um prejuízo de 10%, quer dizer 27000 é
90% do valor total.
10 – (PREF. JUNDIAI/SP – ELETRICISTA – MAKIYA- Valor %
MA/2013) Os 5 funcionários de uma padaria produzem, 27000 ------ 90
utilizando três fornos, um total de 2500 pães ao longo das X ------- 100
10 horas de sua jornada de trabalho. No entanto, o dono
de tal padaria pretende contratar mais um funcionário, = 27000.10 ➜ 9x = 270000
comprar mais um forno e reduzir a jornada de trabalho de
seus funcionários para 8 horas diárias. Considerando que ➜ x = 30000.
todos os fornos e funcionários produzem em igual quan-
tidade e ritmo, qual será, após as mudanças, o número de
pães produzidos por dia?

17
NOÇÕES DE LÓGICA

4. RESPOSTA : “A”

75% Homens = 72
25% Mulheres = 24 Antes

40% Mulheres = 24
60% Homens = x Depois

40% -------------- 24
60% -------------- x
8- RESPOSTA: “B”
40x = 60 . 24 ➜ x = ➜ x = 36. Temos 10 funcionários inicialmente, com os afastamen-
to esse número passou para 8. Se eles trabalham 8 horas
Portanto: 72 – 36 = 36 Homens se retiraram. por dia , passarão a trabalhar uma hora a mais perfazendo
um total de 9 horas, nesta condições temos:
Funcionários↑ horas↑ dias↓
5. RESPOSTA: “D” 10---------------8--------------27
Transformando de cm para metro temos : 1 metro = 8----------------9-------------- x
100cm
➜ 2 cm = 0,02 m e 3,5 cm = 0,035 m Quanto menos funcionários, mais dias devem ser tra-
Largura comprimento balhados (inversamente proporcionais).
0,02m ------------ 0,035m Quanto mais horas por dia, menos dias devem ser tra-
1,2m ------------- x balhados (inversamente proporcionais).

Funcionários↓ horas↓ dias↓


8---------------9-------------- 27
10----------------8----------------x

6. - RESPOSTA: “D”. ➜ x.8.9 = 27.10.8 ➜ 72x = 2160 ➜ x = 30


Comparando- se cada grandeza com aquela onde esta dias.
o x.
M²↑ varredores↓ horas↑
6000--------------18-------------- 5 9 - RESPOSTA: “C”.
7500--------------15--------------- x Transformando o tempo para segundos: 1 min e 15 se-
gundos = 75 segundos
Quanto mais a área, mais horas(diretamente propor- Quanto mais máquinas menor o tempo (flecha con-
cionais) trária) e quanto mais cópias, mais tempo (flecha mesma
Quanto menos trabalhadores, mais horas(inversamen- posição)
te proporcionais)
Máquina↑ cópias↓ tempo↓
1----------------80-----------75 segundos
7--------------3360-----------x
Devemos deixar as 3 grandezas da mesma forma, in-
vertendo os valores de” máquina”.

Máquina↓ cópias↓ tempo↓


7----------------80----------75 segundos
1--------------3360--------- x
Como 0,5 h equivale a 30 minutos , logo o tempo será
de 7 horas e 30 minutos.
➜ x.7.80 = 75.1.3360 ➜ 560x = 252000
➜ x = 450 segundos
7 - RESPOSTA: “D”.
Operários↑ horas↑ dias↑ área↑ Transformando
20-----------------8-------------60-------4800 1minuto-----60segundos
15----------------10------------80-------- x x-------------450
x=7,5 minutos=7 minutos e 30segundos.
Todas as grandezas são diretamente proporcionais,
logo:

18
NOÇÕES DE LÓGICA

10 - RESPOSTA: “D”. Lê-se: x é elemento de A ou x pertence a A.


Funcionários↑ Fornos ↑ pães ↑ horas↑
5--------------------3-----------2500----------10 Se x não é um elemento de um conjunto A, escreveremos
6--------------------4-------------x--------------8 x∉ A
As flecham indicam se as grandezas são inversamente Lê-se x não é elemento de A ou x não pertence a A.
ou diretamente proporcionais.
Quanto mais funcionários mais pães são feitos(direta- Como representar um conjunto
mente)
Pela designação de seus elementos: Escrevemos os
elementos entre chaves, separando os por vírgula.

Exemplos

- {3, 6, 7, 8} indica o conjunto formado pelos elementos


3, 6, 7 e 8.
{a; b; m} indica o conjunto constituído pelos elementos
a, b e m.
{1; {2; 3}; {3}} indica o conjunto cujos elementos são 1,
{2; 3} e {3}.

Pela propriedade de seus elementos: Conhecida


uma propriedade P que caracteriza os elementos de um
5.5. TEORIA DOS CONJUNTOS. conjunto A, este fica bem determinado.
P termo “propriedade P que caracteriza os elementos
de um conjunto A” significa que, dado um elemento x
qualquer temos:
Conjuntos Assim sendo, o conjunto dos elementos x que possuem
a propriedade P é indicado por:
É uma reunião, agrupamento de pessoas, seres ou ob- {x, tal que x tem a propriedade P}
jetos. Dá a ideia de coleção.
Uma vez que “tal que” pode ser denotado por t.q. ou |
Conjuntos Primitivos ou ainda :, podemos indicar o mesmo conjunto por:
{x, t . q . x tem a propriedade P} ou, ainda,
Os conceitos de conjunto, elemento e pertinência são {x : x tem a propriedade P}
primitivos, ou seja, não são definidos.
Um cacho de bananas, um cardume de peixes ou uma Exemplos
porção de livros são todos exemplos de conjuntos.
Conjuntos, como usualmente são concebidos, têm - { x, t.q. x é vogal } é o mesmo que {a, e, i, o, u}
elementos. Um elemento de um conjunto pode ser uma - {x | x é um número natural menor que 4 } é o mesmo
banana, um peixe ou um livro. Convém frisar que um que {0, 1, 2, 3}
conjunto pode ele mesmo ser elemento de algum outro - {x : x em um número inteiro e x2 = x } é o mesmo que
conjunto. {0, 1}
Por exemplo, uma reta é um conjunto de pontos; um
feixe de retas é um conjunto onde cada elemento (reta) é Pelo diagrama de Venn-Euler: O diagrama de Venn-
também conjunto (de pontos). Euler consiste em representar o conjunto através de um
Em geral indicaremos os conjuntos pelas letras “círculo” de tal forma que seus elementos e somente eles
maiúsculas A, B, C, ..., X, e os elementos pelas letras estejam no “círculo”.
minúsculas a, b, c, ..., x, y, ..., embora não exista essa
obrigatoriedade. Exemplos
Em Geometria, por exemplo, os pontos são indicados - Se A = {a, e, i, o, u} então
por letras maiúsculas e as retas (que são conjuntos de
pontos) por letras minúsculas.
Outro conceito fundamental é o de relação de
pertinência que nos dá um relacionamento entre um
elemento e um conjunto.

Se x é um elemento de um conjunto A, escreveremos


x∈ A

19
NOÇÕES DE LÓGICA

- Se B = {0, 1, 2, 3 }, então Igualdade

Sejam A e B dois conjuntos. Dizemos que A é igual a B e


indicamos por A = B se, e somente se, A é subconjunto de B
e B é também subconjunto de A.
Simbolicamente: A = B ⇔ A ⊂ B e B ⊂ A
Demonstrar que dois conjuntos A e B são iguais equivale,
segundo a definição, a demonstrar que A ⊂ B e B ⊂ A.
Segue da definição que dois conjuntos são iguais se, e
Conjunto Vazio somente se, possuem os mesmos elementos.
Portanto A ≠ B significa que A é diferente de B. Portanto
Conjunto vazio é aquele que não possui elementos. A ≠ B se, e somente se, A não é subconjunto de B ou B não é
subconjunto de A. Simbolicamente: A ≠ B ⇔ A ⊄ B ou B ⊄ A
Representa-se pela letra do alfabeto norueguês 0/ ou,
simplesmente { }.
Exemplos
Simbolicamente: ∀ x, x ∉ 0/
- {2,4} = {4,2}, pois {2,4} ⊂ {4,2} e {4,2} ⊂ {2,4}. Isto nos
Exemplos mostra que a ordem dos elementos de um conjunto não deve
ser levada em consideração. Em outras palavras, um conjunto
- 0/ = {x : x é um número inteiro e 3x = 1} fica determinado pelos elementos que o mesmo possui e
- 0/ = {x | x é um número natural e 3 – x = 4} não pela ordem em que esses elementos são descritos.
- 0/ = {x | x ≠ x} - {2,2,2,4} = {2,4}, pois {2,2,2,4} ⊂ {2,4} e {2,4} ⊂ {2,2,2,4}.
Isto nos mostra que a repetição de elementos é desnecessária.
Subconjunto - {a,a} = {a}
- {a,b = {a} ⇔ a= b
Sejam A e B dois conjuntos. Se todo elemento de A é - {1,2} = {x,y} ⇔ (x = 1 e y = 2) ou (x = 2 e y = 1)
também elemento de B, dizemos que A é um subconjunto Conjunto das partes
de B ou A é a parte de B ou, ainda, A está contido em B e
indicamos por A ⊂ B. Dado um conjunto A podemos construir um novo
Simbolicamente: A ⊂ B ⇔ ( ∀ x)(x ∈ ∀ ⇒ x ∈ B) conjunto formado por todos os subconjuntos (partes) de A.
Esse novo conjunto chama-se conjunto dos subconjuntos
Portanto, A ⊄ B significa que A não é um subconjunto (ou das partes) de A e é indicado por P(A).
de B ou A não é parte de B ou, ainda, A não está contido Simbolicamente: P(A)={X | X ⊂ A} ou X ⊂ P(A) ⇔ X ⊂ A
em B.
Por outro lado, A ⊄ B se, e somente se, existe, pelo Exemplos
menos, um elemento de A que não é elemento de B.
Simbolicamente: A ⊄ B ⇔ ( ∃ x)(x ∈ A e x ∉ B) a) = {2, 4, 6}
P(A) = { 0/ , {2}, {4}, {6}, {2,4}, {2,6}, {4,6}, A}
Exemplos
b) = {3,5}
P(B) = { 0/ , {3}, {5}, B}
- {2 . 4} ⊂ {2, 3, 4}, pois 2 ∈ {2, 3, 4} e 4 ∈ {2, 3, 4}
- {2, 3, 4} ⊄ {2, 4}, pois 3 ∉ {2, 4}
c) = {8}
- {5, 6} ⊂ {5, 6}, pois 5 ∈ {5, 6} e 6 ∈ {5, 6}
P(C) = { 0/ , C}
Inclusão e pertinência d) = 0/
P(D) = { 0/ }
A definição de subconjunto estabelece um
relacionamento entre dois conjuntos e recebe o nome de Propriedades
relação de inclusão ( ⊂ ).
A relação de pertinência ( ∈ ) estabelece um Seja A um conjunto qualquer e 0/ o conjunto vazio.
relacionamento entre um elemento e um conjunto e, Valem as seguintes propriedades
portanto, é diferente da relação de inclusão.
Simbolicamente
x ∈ A ⇔ {x} ⊂ A 0/ ≠( 0/ ) 0/ ∉ 0/ 0/ ⊂ 0/ 0/ ∈ { 0/ }
x ∉ A ⇔ {x} ⊄ A 0/ ⊂ A ⇔ 0/ ∈ P(A) A ⊂ A ⇔ A ∈ P(A)

Se A tem n elementos então A possui 2n subconjuntos


e, portanto, P(A) possui 2n elementos.

20
NOÇÕES DE LÓGICA

União de conjuntos

A união (ou reunião) dos conjuntos A e B é o conjunto


formado por todos os elementos que pertencem a A ou a
B. Representa-se por A ∪ B.
Simbolicamente: A 4 ∉BN = {X | X ∈ A ou X ∈ B}

Note que ao subtrairmos os elementos comuns


evitamos que eles sejam contados duas vezes.

Exemplos Observações:

- {2,3} ∪ {4,5,6}={2,3,4,5,6} a) Se os conjuntos A e B forem disjuntos ou se mesmo


- {2,3,4} ∪ {3,4,5}={2,3,4,5} um deles estiver contido no outro, ainda assim a relação
- {2,3} ∪ {1,2,3,4}={1,2,3,4} dada será verdadeira.
- {a,b} ∪ φ {a,b} b) Podemos ampliar a relação do número de elementos
Intersecção de conjuntos para três ou mais conjuntos com a mesma eficiência.

A intersecção dos conjuntos A e B é o conjunto formado Observe o diagrama e comprove.


por todos os elementos que pertencem, simultaneamente,
a A e a B. Representa-se por A ∩ B. Simbolicamente: A ∩ B
= {X | X ∈ A ou X ∈ B}

Exemplos

- {2,3,4} ∩ {3,5}={3}
- {1,2,3} ∩ {2,3,4}={2,3}
- {2,3} ∩ {1,2,3,5}={2,3}
- {2,4} ∩ {3,5,7}= φ
Subtração
Observação: Se A ∩ B= φ , dizemos que A e B são
conjuntos disjuntos. A diferença entre os conjuntos A e B é o conjunto
formado por todos os elementos que pertencem a A e não
pertencem a B. Representa-se por A – B. Simbolicamente:
A – B = {X | X ∈ A e X ∉ B}

Número de Elementos da União e da Intersecção de


Conjuntos

Dados dois conjuntos A e B, como vemos na figura O conjunto A – B é também chamado de conjunto
abaixo, podemos estabelecer uma relação entre os complementar de B em relação a A, representado por CAB.
respectivos números de elementos. Simbolicamente: CAB = A - B{X | X ∈ A e X ∉ B}

21
NOÇÕES DE LÓGICA

Exemplos Sejam:
A o conjunto dos meninos ruivos e n(A) = x
- A = {0, 1, 2, 3} e B = {0, 2} B o conjunto das meninas ruivas e n(B) = 9
CAB = A – B = {1,3} e CBA = B – A = φ C o conjunto dos meninos não ruivos e n(C) = 13
D o conjunto das meninas não ruivas e n(D) = y
- A = {1, 2, 3} e B = {2, 3, 4} De acordo com o enunciado temos:
CAB = A – B = {1} e CBA = B – A = {14}
n( B ∪ D) = n( B) + n( D) = 9 + y = 42 ⇔ y = 33
- A = {0, 2, 4} e B = {1 ,3 ,5} 
CAB = A – B = {0,2,4} e CBA = B – A = {1,3,5} n( A ∪ D) = n( A) + n( B) = x + 9 = 24 ⇔ x = 15

Observações: Alguns autores preferem utilizar o conceito de Assim sendo


completar de B em relação a A somente nos casos em que B ⊂ A. a) O número total de crianças da escola é:
- Se B ⊂ A representa-se por B o conjunto n( A ∪ B ∪ C ∪ D ) = n( A) + n( B ) + n(C ) + n( D ) = 15 + 9 + 13 + 33 = 70
complementar de B em relação a A. Simbolicamente: B ⊂ A
⇔ B = A – B = CAB` b) O número de crianças que são meninas ou são ruivas é:
n[( A ∪ B ) ∪ ( B ∪ D )] = n( A) + n( B ) + n( D ) = 15 + 9 + 33 = 57

Questões

1 – (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINIS-


TRATIVO – FCC/2014) Dos 43 vereadores de uma cidade, 13
dele não se inscreveram nas comissões de Educação, Saúde e
Saneamento Básico. Sete dos vereadores se inscreveram nas
três comissões citadas. Doze deles se inscreveram apenas nas
Exemplos
comissões de Educação e Saúde e oito deles se inscreveram
apenas nas comissões de Saúde e Saneamento Básico. Ne-
Seja S = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6}. Então:
nhum dos vereadores se inscreveu em apenas uma dessas
a) A = {2, 3, 4} ⇒ A = {0, 1, 5, 6}
comissões. O número de vereadores inscritos na comissão de
b) B = {3, 4, 5, 6 } ⇒ B = {0, 1, 2}
Saneamento Básico é igual a
c) C = φ ⇒ C = S
A) 15.
Número de elementos de um conjunto B) 21.
C) 18.
Sendo X um conjunto com um número finito de D) 27.
elementos, representa-se por n(X) o número de elementos E) 16.
de X. Sendo, ainda, A e B dois conjuntos quaisquer, com
número finito de elementos temos: 2 – (TJ-SC) Num grupo de motoristas, há 28 que dirigem
n(A ∪ B)=n(A)+n(B)-n(A ∩ B) automóvel, 12 que dirigem motocicleta e 8 que dirigem auto-
A ∩ B= φ ⇒ n(A ∪ B)=n(A)+n(B) móveis e motocicleta. Quantos motoristas há no grupo?
n(A -B)=n(A)-n(A ∩ B) A) 16 motoristas
B ⊂ A ⇒ n(A-B)=n(A)-n(B) B) 32 motoristas
C) 48 motoristas
Resolução de Problemas D) 36 motoristas
Exemplo:
Numa escola mista existem 42 meninas, 24 crianças 3 – (TRT 19ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2014) Dos
ruivas, 13 meninos não ruivos e 9 meninas ruivas. Pergunta-se 46 técnicos que estão aptos para arquivar documentos 15 de-
a) quantas crianças existem na escola? les também estão aptos para classificar processos e os demais
b) quantas crianças são meninas ou são ruivas estão aptos para atender ao público. Há outros 11 técnicos
que estão aptos para atender ao público, mas não são ca-
pazes de arquivar documentos. Dentre esses últimos técnicos
mencionados, 4 deles também são capazes de classificar pro-
cessos. Sabe-se que aqueles que classificam processos são, ao
todo, 27 técnicos. Considerando que todos os técnicos que
executam essas três tarefas foram citados anteriormente, eles
somam um total de
A) 58.
B) 65.
C) 76.
D) 53.
E) 95.

22
NOÇÕES DE LÓGICA

4 – (METRÔ/SP – OFICIAL LOGISTICA –ALMOXARI- 8 – (METRÔ/SP – ENGENHEIRO SEGURANÇA DO


FADO I – FCC/2014) O diagrama indica a distribuição de TRABALHO – FCC/2014) Uma pesquisa, com 200 pessoas,
atletas da delegação de um país nos jogos universitários investigou como eram utilizadas as três linhas: A, B e C do
por medalha conquistada. Sabe-se que esse país conquis- Metrô de uma cidade. Verificou-se que 92 pessoas utilizam
tou medalhas apenas em modalidades individuais. Sabe-se a linha A; 94 pessoas utilizam a linha B e 110 pessoas utili-
ainda que cada atleta da delegação desse país que ganhou zam a linha C. Utilizam as linhas A e B um total de 38 pes-
uma ou mais medalhas não ganhou mais de uma meda- soas, as linhas A e C um total de 42 pessoas e as linhas B e
lha do mesmo tipo (ouro, prata, bronze). De acordo com o C um total de 60 pessoas; 26 pessoas que não se utilizam
diagrama, por exemplo, 2 atletas da delegação desse país dessas linhas. Desta maneira, conclui-se corretamente que
ganharam, cada um, apenas uma medalha de ouro. o número de entrevistados que utilizam as linhas A e B e
C é igual a
A) 50.
B) 26.
C) 56.
D) 10.
E) 18.

9 – TJ/RS – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁ-


RIA E ADMINISTRATIVA – FAURGS/2012) Observando-
se, durante certo período, o trabalho de 24 desenhistas do
A análise adequada do diagrama permite concluir cor- Tribunal de Justiça, verificou-se que 16 executaram dese-
retamente que o número de medalhas conquistadas por nhos arquitetônicos, 15 prepararam croquis e 3 realizaram
esse país nessa edição dos jogos universitários foi de outras atividades. O número de desenhistas que executa-
A) 15. ram desenho arquitetônico e prepararam croquis, nesse
B) 29.
período, é de
C) 52.
A) 10.
D) 46.
B) 11.
E) 40.
C) 12.
D) 13.
5 – (PREF. CAMAÇARI/BA – TÉC. VIGILÂNCIA EM
E) 14.
SAÚDE NM – AOCP/2014) Qual é o número de elementos
que formam o conjunto dos múltiplos estritamente positi-
vos do número 3, menores que 31? 10 - (TJ/RS – OFICIAL DE TRANSPORTE – CE-
A) 9 TRO/2013) Dados os conjuntos A = {x | x é vogal da pa-
B) 10 lavra CARRO} e B = {x | x é letra da palavra CAMINHO}, é
C) 11 correto afirmar que A∩ B tem
D) 12 A) 1 elemento.
E) 13 B) 2 elementos.
C) 3 elementos.
6 - (PREF. CAMAÇARI/BA – TÉC. VIGILÂNCIA EM D) 4 elementos.
SAÚDE NM – AOCP/2014) Considere dois conjuntos A e E) 5 elementos.
B, sabendo que A ∩ B = {3}, A ∪ B = {0; 1; 2; 3; 5} e A – B = F)
{1 ; 2}, assinale a alternativa que apresenta o conjunto B.
A) {1; 2; 3}
B) {0; 3}
C) {0; 1; 2; 3; 5}
D) {3; 5}
E) {0; 3; 5}

7 – (Agente Administrativo) Em uma cidade existem


duas empresas de transporte coletivo, A e B. Exatamente
70% dos estudantes desta cidade utilizam a Empresa A e
50% a Empresa B. Sabendo que todo estudante da cidade
é usuário de pelo menos uma das empresas, qual o % deles
que utilizam as duas empresas?
A) 20%
B) 25%
C) 27%
D) 33%
E) 35%

23
NOÇÕES DE LÓGICA

RESPOSTAS 4 - RESPOSTA: “D”.


O diagrama mostra o número de atletas que ganharam
1 - RESPOSTA: “C” medalhas.
De acordo com os dados temos: No caso das intersecções, devemos multiplicar por 2 por
7 vereadores se inscreveram nas 3. ser 2 medalhas e na intersecção das três medalhas multiplica-
APENAS 12 se inscreveram em educação e saúde (o 12 se por 3.
não deve ser tirado de 7 como costuma fazer nos conjuntos, Intersecções:
pois ele já desconsidera os que se inscreveram nos três)
APENAS 8 se inscreveram em saúde e saneamento básico.
São 30 vereadores que se inscreveram nessas 3 comis-
sões, pois 13 dos 43 não se inscreveram.
Portanto, 30-7-12-8=3
Se inscreveram em educação e saneamento 3 vereadores.
Somando as outras:
2+5+8+12+2+8+9=46

5 -RESPOSTA: “B”.
Se nos basearmos na tabuada do 3 , teremos o seguinte
conjunto
A={3,6,9,12,15,18,21,24,27,30}
10 elementos.

Só em saneamento se inscreveram: 3+7+8=18


6 - RESPOSTA: “E”.
A intersecção dos dois conjuntos, mostra que 3 é elemen-
2 – RESPOSTA: “B” to de B.
A-B são os elementos que tem em A e não em B.
Então de A∪B, tiramos que B={0;3;5}.

7 - Resposta “A”.

Os que dirigem automóveis e motocicleta: 8


Os que dirigem apenas automóvel: 28-8 = 20
Os que dirigem apenas motocicleta: 12-8= 4
A quantidade de motoristas é o somatório: 20+8+4 =
32 motoristas.

70 – 50 = 20.
3 - RESPOSTA: “B”. 20% utilizam as duas empresas.
Técnicos arquivam e classificam: 15
Arquivam e atendem: 46-15=31 8 - RESPOSTA: “E”.
classificam e atendem: 4
Classificam: 15+4=19 como são 27 faltam 8
Dos 11 técnicos aptos a atender ao público 4 são capa-
zes de classificar processos, logo apenas 11-4 = 7 técnicos
são aptos a atender ao público.
Somando todos os valores obtidos no diagrama tere-
mos: 31+15+7+4+8 = 65 técnicos.

92-[38-x+x+42-x]+94-[38-x+x+60-x]+110-[42-x+x+-
60-x]+(38-x)+x+(42-x)+(60-x)+26=200
92-[80-x]+94-[98-x]+110-[102-x]+38+42-x+-
60-x+26=200
92-80+x+94-98+x+110-102+x+166-2x=200
x+462-180=200 ➜ x+182 = 200 ➜ x = 200-182 ➜ x = 18

24
NOÇÕES DE LÓGICA

9 - RESPOSTA: “A”. Resolução:

x + x + 2 + x + 4 = 96
3x = 96 – 4 – 2
3x = 96 – 6
3x = 90

x=

x = 30

16-x+x+15-x+3=24 ➜ x+34 = 24 ➜ -x = 24-34 ➜ -x 1º número: x = 30


= -10, como não existe variável negativa neste caso multi- 2º número: x + 2 = 30 + 2 = 32
plica-se por (-1) ambos os lados , logo x = 10. 3º número: x + 4 = 30 + 4 = 34

10 - RESPOSTA: “B”. Os números são 30, 32 e 34.


Como o conjunto A é dado pelas vogais: A={A,O}, e
B é dado pelas letras : B={ C,A,M,I,N,H,O}, portanto A∩ Exemplo 2
B={A,O}
O triplo de um número natural somado a 4 é igual ao
quadrado de 5. Calcule-o:

5.6. PROBLEMAS COM RACIOCÍNIO LÓGICO, Resolução:


COMPATÍVEIS COM O NÍVEL FUNDAMENTAL 3x + 4 = 52
COMPLETO. 3x = 25 – 4
3x = 21
21
x=
Os problemas matemáticos são resolvidos utilizando 3
inúmeros recursos matemáticos, destacando, entre todos, x=7
os princípios algébricos, os quais são divididos de acordo
com o nível de dificuldade e abordagem dos conteúdos. O número procurado é igual a 7.
Primeiramente os cálculos envolvem adições e
subtrações, posteriormente as multiplicações e divisões. Exemplo 3
Depois os problemas são resolvidos com a utilização
dos fundamentos algébricos, isto é, criamos equações A idade de um pai é o quádruplo da idade de seu filho.
matemáticas com valores desconhecidos (letras). Observe Daqui a cinco anos, a idade do pai será o triplo da idade do
algumas situações que podem ser descritas com utilização filho. Qual é a idade atual de cada um?
da álgebra.
Resolução:
- O dobro de um número adicionado com 4: 2x + 4;
- A soma de dois números consecutivos: x + (x + 1); Atualmente
- O quadrado de um número mais 10: x2 + 10; Filho: x
- O triplo de um número adicionado ao dobro do Pai: 4x
número: 3x + 2x;
- A metade da soma de um número mais 15: + 15; Futuramente
- A quarta parte de um número: . Filho: x + 5
Pai: 4x + 5
Exemplo 1
4x + 5 = 3 . (x + 5)
A soma de três números pares consecutivos é igual a 4x + 5 = 3x + 15
96. Determine-os. 4x – 3x = 15 – 5
1º número: x X = 10
2º número: x + 2
3º número: x + 4 Pai: 4x = 4 . 10 = 40

(x) + (x + 2) + (x + 4) = 96 O filho tem 10 anos e o pai tem 40.

25
NOÇÕES DE LÓGICA

Exemplo 4 Exercícios

O dobro de um número adicionado ao seu triplo 1. A soma das idades de Arthur e Baltazar é de 42
corresponde a 20. Qual é o número? anos. Qual a idade de cada um, se a idade de Arthur é
2 da idade de Baltazar?
Resolução 5
2. A diferença entre as idades de José e Maria é de
2x + 3x = 20 20 anos. Qual a idade de cada um, sabendo-se que a
5x = 20 idade de José é 9 da idade de Maria?
5 5
x = 20 3. Verificou-se que numa feira 9 dos feirantes são de
5 origem japonesa e 52 do resto são de origem portuguesa.
x=4 O total de feirantes japoneses e portugueses é de 99.
Qual o total de feirantes dessa feira?
O número corresponde a 4.
4. Certa quantidade de cards é repartida entre três
3
Exemplo 5 meninos. O primeiro menino recebe 7 da quantidade
e o segundo, metade do resto. Dessa maneira, os dois
Em uma chácara existem galinhas e coelhos totalizando receberam 250 cards. Quantos cards havia para serem
35 animais, os quais somam juntos 100 pés. Determine o repartidos e quantos cards recebeu o terceiro menino?
número de galinhas e coelhos existentes nessa chácara. 3
5. Num dia, uma pessoa lê os 5 de um livro. No
Galinhas: G dia seguinte, lê os 34 do resto e no terceiro dia, lê as 20
Coelhos: C páginas finais. Quantas páginas têm o livro?
G + C = 35
6. Uma caixa contém medalhas de ouro, de prata
Cada galinha possui 2 pés e cada coelho 4, então: e de bronze. As medalhas de ouro totalizam 53 das
2G + 4C = 100 medalhas da caixa. O número de medalhas de prata
1
é 30. O total de medalhas de bronze é do total de
4
Sistema de equações medalhas. Quantas são as medalhas de ouro e de bronze
Isolando C na 1ª equação: contidas na caixa?
G + C = 35
C = 35 – G 7. Uma viagem é feita em quatro etapas. Na
2
primeira etapa, percorrem-se os 7 da distância total. Na
3
Substituindo C na 2ª equação: segunda, os 5 do resto. Na terceira, a metade do novo
2G + 4C = 100 resto. Dessa maneira foram percorridos 60 quilômetros.
2G + 4 . (35 – G) = 100 Qual a distância total a ser percorrida e quanto se
2G + 140 – 4G = 100 percorreu na quarta etapa?
2G – 4G = 100 – 140
- 2G = - 40 8. A soma das idades de Lúcia e Gabriela é de 49
anos. Qual a idade de cada uma, sabendo-se que a
3
G= idade de Lúcia é da idade de Gabriela?
4
2
G = 20 9. Num dia, um pintor pinta 5 de um muro. No dia
seguinte, pinta mais 51 metros do muro. Desse modo,
Calculando C pintou 7 do muro todo. Quantos metros têm o muro?
9
C = 35 – G 3
C = 35 – 20 10. Um aluno escreve 8 do total de páginas de seu
C = 15 caderno com tinta azul e 58 páginas com tinta vermelha.
Escreveu, dessa maneira, 7 do total de páginas do
9
caderno. Quantas páginas possuem o caderno?

26
NOÇÕES DE LÓGICA

Respostas 4) Resposta “350 cards; 3˚ menino recebeu 100”.


Solução:
1) Resposta “Arthur 30; Baltazar 12”. x = cards
Solução: 1° = 3 .x
A + B = 42 anos 7
3x 7x − 3x
A= 2 .B x−
2° = 7 = 7 4x 2x
5 = =
2 . B) 2 2 14 7
(substituindo a letra “A” pelo valor
5 (substituindo o “1°”e “2°”pelos valores respectivos)
2 . B + B = 42 (mmc: 5)
3 2x
5 x+ = 250 (mmc:1; 7)
2B + 5B = 210 7 7
7B = 210 3x+2x = 1750
210 5x = 1750
B= x = 1750
7
5
B = 30 A = 12 x = 350 cards

portanto:
2) Resposta “Maria 25; José 45”. 1° = 3 . 350 = 150
Solução: 7
J – M = 20 2° =
2
. 350 = 100
9 7
J= M
5 3° = 350 - 250 = 100
9
(substituindo a letra “J” por M
5
9 5) Resposta “200”.
M - M = 20 (mmc: 1; 5)
5
Solução:
9M - 5M = 100
x = Livro
4M=100
1 dia = 3 x
M= 100 5
4
M=25 e J=45 2 dia = 3 (x − 3 x)
4 5
3 dia = 20 páginas
3) Resposta “135”.
Solução: 1 dia + 2 dia + 3 dia = X
F = feirantes 3 3 3
x + (x − x) + 20 = x
J = 5 .F 5 4 5
9 3 3 5x − 3x
J + P = 99 x+ ( ) + 20 = x
5 4 5
(substituindo a letra “J”por 5 F)
3 3 2x
5 2 9 x + . + 20 = x
F + .(F- 5 F) = 99 5 4 5
9 5 9 3 6x
5 F + 2 . ⎛ 9F − 5F ⎞ = 900 x+ + 20 = x(mmc : 5;20)
⎜ ⎟⎠ 5 20
9 5 ⎝ 9
5 2 4F 12x + 6x + 400 = 20x
F+ . = 99
9 5 9 20x - 18x = 400
5 8F 2x = 400
F+ = 99 (mmc:9; 45)
9 45 x = 400 = 200 páginas
25
F + 8F = 4455 2
45 45 45
33F = 4455
F= 4455
33
F = 135

27
NOÇÕES DE LÓGICA

6) Resposta “Ouro = 120; Bronze = 50”. 8) Resposta “Gabriela: 28 anos; Lúcia: 21 anos”.
Solução: Solução:
T = Total L + G = 49 anos
O= 3 L= 3
5T 4G
P = 30 Substitui a letra “L” por 3
4G
B= 1 3 + G = 49 (mmc:1; 4)
4T 4G
O+P+B=T 3G + 4G = 196
7G = 196
3 1 G = 196 = 28 anos
+ 30 + = T (mmc : 5; 4) 7
5T 4T
L = 49 - 28 = 21 anos
12t 5t 600 20t
+ + =
20 20 20 20
9) Resposta “135 metros”.
17T + 600 = 20T Solução:
M = muro
20T - 17T = 600
2
1 dia = M
3T = 600 5
2 dia = 51 metros
T = 600 = 200 medalhas 2 7
3 M + 51 = M (mmc : 5;9)
5 9
Portanto
18M 2295 35M
O = 3 = 3 . 200 = 120 + =
5T 5 45 45 45
18M + 2295 = 35M
B = 1 = 1 . 200 = 50 35M – 18M = 2295
4T 4 17M = 2295

M = 2295
7) Resposta “Distancia total: 70 km; Quarta etapa: 10 17
km”. M = 135 metros.
Solução:
T = total
1ª = 2 10) Resposta “144 páginas”.
7T Solução:
P = total
2ª = 3 ⎛ T − 2 T ⎞ = 3 .⎛ 7T − 2T ⎞ = 3 . 5T = 3T Azul = 3 P
⎜⎝ ⎟⎠ ⎜⎝ ⎟⎠ 8
5 7 5 7 5 7 7
Vermelha = 58
2T 3T 7T − 2T − 3T 2T
T− − 3 7
P + 58 = P (mmc:8 ; 9)
3ª = 7 7 = 7 2T
= 7 = 8 9
2 2 2 14
1ª + 2ª + 3ª = 60 27P + 4176 = 56P
56P - 27P = 4176
2T 3T 2T
+ + = 60 (mmc:7;14) 29P = 4176
7 7 14 P = 4176 = 144 páginas
4T + 6T + 2T = 840 29
12T = 840
840
T=
12
T = 70
4ª = 70 – 60 = 10

28
NOÇÕES DE LÓGICA

ANOTAÇÕES

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29
NOÇÕES DE LÓGICA

ANOTAÇÕES

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30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

6.1. MS-Windows 7: instalação e configuração, conceito de pastas, arquivos e atalhos, área de trabalho, manipulação de
arquivos e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjunto de aplicativos......................................01
6.2. MS-Office 2010............................................................................................................................................................................................................09
6.2.1. MS-Word 2010: estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, parágrafos, fontes,
marcadores simbólicos e numéricos, impressão, controle de quebras, numeração de páginas e inserção de objetos..09
6.2.2. MS-Excel 2010: definição, barra de ferramentas, estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas, colu-
nas, pastas, elaboração de tabelas, uso de fórmulas, inserção de objetos e classificação de dados.......................................34
6.2.3. Correio Eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arquivos......................59
6.2.4. Internet: Conceito, provedores, navegação na Internet, links, sites, buscas, vírus................................................................68
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Apesar do Windows 7 conter muitos novos recursos


6.1. MS-WINDOWS 7: INSTALAÇÃO E o número de capacidades e certos programas que faziam
CONFIGURAÇÃO, CONCEITO DE PASTAS, parte do Windows Vista não estão mais presentes ou mu-
ARQUIVOS EATALHOS, daram, resultando na remoção de certas funcionalidades.
Mesmo assim, devido ao fato de ainda ser um sistema ope-
ÁREA DE TRABALHO, MANIPULAÇÃO DE
racional em desenvolvimento, nem todos os recursos po-
ARQUIVOS E PASTAS, USO DOS MENUS,
dem ser definitivamente considerados excluídos. Fixar na-
PROGRAMAS E APLICATIVOS, INTERAÇÃO
vegador de internet e cliente de e-mail padrão no menu
COM O CONJUNTO DE APLICATIVOS. Iniciar e na área de trabalho (programas podem ser fixados
manualmente).

Windows Photo Gallery, Windows Movie Maker, Win-


Windows 7 dows Mail e Windows
O Windows 7 foi lançado para empresas no dia 22 de
Calendar foram substituídos pelas suas respectivas con-
julho de 2009, e começou a ser vendido livremente para
trapartes do Windows Live, com a perda de algumas funcio-
usuários comuns dia 22 de outubro de 2009.
nalidades. O Windows 7, assim como o Windows Vista, es-
Diferente do Windows Vista, que introduziu muitas no-
vidades, o Windows 7 é uma atualização mais modesta e tará disponível em cinco diferentes edições, porém apenas
direcionada para a linha Windows, tem a intenção de tor- o Home Premium, Professional e Ultimate serão vendidos
ná-lo totalmente compatível com aplicações e hardwares na maioria dos países, restando outras duas edições que se
com os quais o Windows Vista já era compatível. concentram em outros mercados, como mercados de em-
Apresentações dadas pela companhia no começo de presas ou só para países em desenvolvimento. Cada edição
2008 mostraram que o Windows 7 apresenta algumas va- inclui recursos e limitações, sendo que só o Ultimate não
riações como uma barra de tarefas diferente, um sistema tem limitações de uso. Segundo a Microsoft, os recursos
de “network” chamada de “HomeGroup”, e aumento na para todas as edições do Windows 7 são armazenadas no
performance. computador.
· Interface gráfica aprimorada, com nova barra de tare- Um dos principais objetivos da Microsoft com este novo
fas e suporte para telas touch screen e multi-táctil (multi- Windows é proporcionar uma melhor interação e integra-
touch) ção do sistema com o usuário, tendo uma maior otimização
· Internet Explorer 8; dos recursos do Windows 7, como maior autonomia e me-
· Novo menu Iniciar; nor consumo de energia, voltado a profissionais ou usuários
· Nova barra de ferramentas totalmente reformulada; de internet que precisam interagir com clientes e familiares
· Comando de voz (inglês); com facilidade, sincronizando e compartilhando facilmente
· Gadgets sobre o desktop; arquivos e diretórios.
· Novos papéis de parede, ícones, temas etc.;
· Conceito de Bibliotecas (Libraries), como no Windows Recursos
Media Player, integrado ao Windows Explorer;
· Arquitetura modular, como no Windows Server 2008; Segundo o site da própria Microsoft, os recursos en-
· Faixas (ribbons) nos programas incluídos com o Win- contrados no Windows 7 são fruto das novas necessidades
dows (Paint e WordPad, por exemplo), como no Office encontradas pelos usuários. Muitos vêm de seu antecessor,
2007; Windows Vista, mas existem novas funcionalidades exclusi-
· Aceleradores no Internet Explorer 8;
vas, feitas para facilitar a utilização e melhorar o desempe-
· Aperfeiçoamento no uso da placa de vídeo e memória
nho do SO (Sistema Operacional) no computador.
RAM;
Vale notar que, se você tem conhecimentos em outras
· Home Groups;
versões do Windows, não terá que jogar todo o conheci-
· Melhor desempenho;
· Windows Media Player 12; mento fora. Apenas vai se adaptar aos novos caminhos e
· Nova versão do Windows Media Center; aprender “novos truques” enquanto isso.
· Gerenciador de Credenciais;
· Instalação do sistema em VHDs; Tarefas Cotidianas
· Nova Calculadora, com interface aprimorada e com
mais funções; Já faz tempo que utilizar um computador no dia a dia
· Reedição de antigos jogos, como Espadas Internet, se tornou comum. Não precisamos mais estar em alguma
Gamão Internet e Internet Damas; empresa enorme para precisar sempre de um computador
· Windows XP Mode; perto de nós. O Windows 7 vem com ferramentas e funções
· Aero Shake; para te ajudar em tarefas comuns do cotidiano.

1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Grupo Doméstico

Ao invés de um, digamos que você tenha dois ou mais


computadores em sua casa. Permitir a comunicação entre
várias estações vai te poupar de ter que ir fisicamente aonde
a outra máquina está para recuperar uma foto digital arma-
zenada apenas nele.
Com o Grupo Doméstico, a troca de arquivos fica sim-
plificada e segura. Você decide o que compartilhar e qual os
privilégios que os outros terão ao acessar a informação, se é
apenas de visualização, de edição e etc.

Tela sensível ao toque

O Windows 7 está preparado para a tecnologia sensível


ao toque com opção a multitoque, recurso difundido pelo
iPhone.
O recurso multitoque percebe o toque em diversos pon-
tos da tela ao mesmo tempo, assim tornando possível di-
mensionar uma imagem arrastando simultaneamente duas
pontas da imagem na tela.
O Touch Pack para Windows 7 é um conjunto de aplica-
Exemplo de arquivos recentes no Paint.
tivos e jogos para telas sensíveis ao toque. O Surface Collage
é um aplicativo para organizar e redimensionar fotos. Nele é
Pode, inclusive, fixar conteúdo que você considere im-
possível montar slide show de fotos e criar papeis de parede
portante. Se a edição de um determinado documento é
personalizados. Essas funções não são novidades, mas por
serem feitas para usar uma tela sensível a múltiplos toques constante, vale a pena deixá-lo entre os “favoritos”, visto
as tornam novidades. que a lista de recentes se modifica conforme você abre e
fecha novos documentos.

Snap
Ao se utilizar o Windows por muito tempo, é comum
ver várias janelas abertas pelo seu monitor. Com o recur-
so de Snap, você pode posicioná-las de um jeito prático e
divertido. Basta apenas clicar e arrastá-las pelas bordas da
tela para obter diferentes posicionamentos.
O Snap é útil tanto para a distribuição como para a
comparação de janelas. Por exemplo, jogue uma para a es-
querda e a outra na direita. Ambas ficaram abertas e divi-
dindo igualmente o espaço pela tela, permitindo que você
as veja ao mesmo tempo.

Windows Search
O sistema de buscas no Windows 7 está refinado e es-
tendido. Podemos fazer buscas mais simples e específicas
Microsoft Surface Collage, desenvolvido para usar tela diretamente do menu iniciar, mas foi mantida e melhorada
sensível ao toque. a busca enquanto você navega pelas pastas.

Lista de Atalhos Menu iniciar


As pesquisas agora podem ser feitas diretamente do
Novidade desta nova versão, agora você pode abrir di- menu iniciar. É útil quando você necessita procurar, por
retamente um arquivo recente, sem nem ao menos abrir o exemplo, pelo atalho de inicialização de algum programa
programa que você utilizou. Digamos que você estava edi- ou arquivo de modo rápido.
tando um relatório em seu editor de texto e precisou fechá “Diferente de buscas com as tecnologias anteriores do
-lo por algum motivo. Quando quiser voltar a trabalhar nele, Windows Search, a pesquisa do menu início não olha ape-
basta clicar com o botão direito sob o ícone do editor e o nas aos nomes de pastas e arquivos.
arquivo estará entre os recentes. Considera-se o conteúdo do arquivo, tags e proprieda-
Ao invés de ter que abrir o editor e somente depois se des também” (Jim Boyce; Windows 7 Bible, pg 770).
preocupar em procurar o arquivo, você pula uma etapa e vai
Os resultados são mostrados enquanto você digita e
diretamente para a informação, ganhando tempo.
são divididos em categorias, para facilitar sua visualização.

2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Abaixo as categorias nas quais o resultado de sua bus- A busca não se limita a digitação de palavras. Você
ca pode ser dividido. pode aplicar filtros, por exemplo, buscar, na pasta músicas,
· Programas todas as canções do gênero Rock. Existem outros, como
· Painel de Controle data, tamanho e tipo. Dependendo do arquivo que você
· Documentos procura, podem existir outras classificações disponíveis.
· Música Imagine que todo arquivo de texto sem seu computa-
· Arquivos dor possui um autor. Se você está buscando por arquivos
de texto, pode ter a opção de filtrar por autores.

Você observará que o Windows Explorer traz a janela


dividida em duas partes.

Fonte: http://ead.go.gov.br/ficead/mod/book/tool/
print/index.php?id=53&chapterid=56

Controle dos pais


Não é uma tarefa fácil proteger os mais novos do que
Ao digitar “pai” temos os itens que contêm essas letras visualizam por meio do computador. O Windows 7 ajuda
em seu nome. a limitar o que pode ser visualizado ou não. Para que essa
funcionalidade fique disponível, é importante que o com-
Windows Explorer putador tenha uma conta de administrador, protegida por
O que você encontra pelo menu iniciar é uma pequena senha, registrada. Além disso, o usuário que se deseja res-
parte do total disponível. tringir deve ter sua própria conta.
Fazendo a busca pelo Windows Explorer – que é acio- As restrições básicas que o 7 disponibiliza:
nado automaticamente quando você navega pelas pastas · Limite de Tempo: Permite especificar quais horas do
do seu computador – você encontrará uma busca mais dia que o PC pode ser utilizado.
abrangente. · Jogos: Bloqueia ou permite jogar, se baseando pelo
Em versões anteriores, como no Windows XP, antes de horário e também pela classificação do jogo. Vale notar
se fazer uma busca é necessário abrir a ferramenta de bus- que a classificação já vem com o próprio game.
ca. No 7, precisamos apenas digitar os termos na caixa de · Bloquear programas: É possível selecionar quais apli-
busca, que fica no canto superior direito. cativos estão autorizados a serem executados.
Fazendo download de add-on’s é possível aumentar a
quantidade de restrições, como controlar as páginas que
são acessadas, e até mesmo manter um histórico das ativi-
dades online do usuário.

Central de ações
A central de ações consolida todas as mensagens de
segurança e manutenção do Windows. Elas são classifica-
das em vermelho (importante – deve ser resolvido rapida-
mente) e amarelas (tarefas recomendadas).
O painel também é útil caso você sinta algo de estra-
nho no computador. Basta checar o painel e ver se o Win-
Windows Explorer com a caixa de busca (Jim Boyce; dows detectou algo de errado.
Windows 7 Bible, pg 774).

3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A central de ações e suas opções.


- Do seu jeito Gadgets de calendário e relógio.
O ambiente que nos cerca faz diferença, tanto para
nossa qualidade de vida quanto para o desempenho no Temas
trabalho. O computador é uma extensão desse ambiente. Como nem sempre há tempo de modificar e deixar to-
das as configurações exatamente do seu gosto, o Windows
O Windows 7 permite uma alta personalização de ícones,
7 disponibiliza temas, que mudam consideravelmente os
cores e muitas outras opções, deixando um ambiente mais
aspectos gráficos, como em papéis de parede e cores.
confortável, não importa se utilizado no ambiente profis-
sional ou no doméstico.
ClearType
Muitas opções para personalizar o Windows 7 estão
“Clear Type é uma tecnologia que faz as fontes pare-
na página de Personalização1, que pode ser acessada por
cerem mais claras e suaves no monitor. É particularmente
um clique com o botão direito na área de trabalho e em
efetivo para monitores LCD, mas também tem algum efeito
seguida um clique em Personalizar. nos antigos modelos CRT(monitores de tubo). O Windows
É importante notar que algumas configurações podem 7 dá suporte a esta tecnologia” (Jim Boyce; Windows 7 Bib-
deixar seu computador mais lento, especialmente efeitos le, pg 163, tradução nossa).
de transparência. Abaixo estão algumas das opções de per-
sonalização mais interessantes. Novas possibilidades
Os novos recursos do Windows 7 abrem, por si só, no-
Papéis de Parede vas possibilidades de configuração, maior facilidade na na-
Os papéis de parede não são tamanha novidade, virou vega, dentre outros pontos. Por enquanto, essas novidades
praticamente uma rotina entre as pessoas colocarem fotos foram diretamente aplicadas no computador em uso, mas
de ídolos, paisagens ou qualquer outra figura que as agra- no 7 podemos também interagir com outros dispositivos.
de. Uma das novidades fica por conta das fotos que você
encontra no próprio SO. Variam de uma foto focando uma Reproduzir em
única folha numa floresta até uma montanha. Permitindo acessando de outros equipamentos a um
A outra é a possibilidade de criar um slide show com computador com o Windows 7, é possível que eles se co-
várias fotos. Elas ficaram mudando em sequência, dando a muniquem e seja possível tocar, por exemplo, num aparelho
impressão que sua área de trabalho está mais viva. de som as músicas que você tem no HD de seu computador.
É apenas necessário que o aparelho seja compatível
Gadgets com o Windows 7 – geralmente indicado com um logotipo
As “bugigangas” já são conhecidas do Windows Vista, “Compatível com o Windows 7”.
mas eram travadas no canto direito. Agora elas podem ficar
em qualquer local do desktop. Streaming de mídia remoto
Servem para deixar sua área de trabalho com ele- Com o Reproduzir em é possível levar o conteúdo do
mentos sortidos, desde coisas úteis – como uma pequena computador para outros lugares da casa. Se quiser levar
agenda – até as de gosto mais duvidosas – como uma que para fora dela, uma opção é o Streaming de mídia remoto.
mostra o símbolo do Corinthians. Fica a critério do usuário Com este novo recurso, dois computadores rodando
o que e como utilizar. Windows 7 podem compartilhar músicas através do Win-
O próprio sistema já vem com algumas, mas se sentir dows Media Player 12. É necessário que ambos estejam as-
necessidade, pode baixar ainda mais opções da internet. sociados com um ID online, como a do Windows Live.

4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Personalização O print screen agora tem um aplicativo que permite cap-


Você pode adicionar recursos ao seu computador al- turar de formas diferentes a tela, como por exemplo, a tela
terando o tema, a cor, os sons, o plano de fundo da área inteira, partes ou áreas desenhadas da tela com o mouse.
de trabalho, a proteção de tela, o tamanho da fonte e a
imagem da conta de usuário. Você pode também selecionar
“gadgets” específicos para sua área de trabalho.
Ao alterar o tema você inclui um plano de fundo na área
de trabalho, uma proteção de tela, a cor da borda da janela
sons e, às vezes, ícones e ponteiros de mouse.
Você pode escolher entre vários temas do Aero, que é
um visual premium dessa versão do Windows, apresentan-
do um design como o vidro transparente com animações
de janela, um novo menu Iniciar, uma nova barra de tarefas
e novas cores de borda de janela. Use o tema inteiro ou
crie seu próprio tema personalizado alterando as imagens,
cores e sons individualmente. Você também pode locali-
zar mais temas online no site do Windows. Você também
pode alterar os sons emitidos pelo computador quando,
por exemplo, você recebe um e-mail, inicia o Windows ou
desliga o computador.
O plano de fundo da área de trabalho, chamado de pa-
pel de parede, é uma imagem, cor ou design na área de Aplicativo de copiar tela (botão print screen).
trabalho que cria um fundo para as janelas abertas. Você
pode escolher uma imagem para ser seu plano de fundo de O Paint foi reformulado, agora conta com novas ferra-
área de trabalho ou pode exibir uma apresentação de slides mentas e design melhorado, ganhou menus e ferramentas
de imagens. Também pode ser usada uma proteção de tela
que parecem do Office 2007.
onde uma imagem ou animação aparece em sua tela quan-
do você não utiliza o mouse ou o teclado por determinado
Paint com novos recursos.
período de tempo. Você pode escolher uma variedade de
proteções de tela do Windows. Aumentando o tamanho da
O WordPad também foi reformulado, recebeu novo vi-
fonte você pode tornar o texto, os ícones e outros itens da
sual mais próximo ao Word 2007, também ganhou novas
tela mais fáceis de ver. Também é possível reduzir a escala
ferramentas, assim se tornando um bom editor para quem
DPI, escala de pontos por polegada, para diminuir o tama-
nho do texto e outros itens na tela para que caibam mais não tem o Word 2007.
informações na tela. A calculadora também sofreu mudanças, agora conta
Outro recurso de personalização é colocar imagem de com 2 novos modos, programador e estatístico. No modo
conta de usuário que ajuda a identificar a sua conta em um programador ela faz cálculos binários e tem opção de álge-
computador. A imagem é exibida na tela de boas vindas e bra booleana. A estatística tem funções de cálculos básicos.
no menu Iniciar. Você pode alterar a imagem da sua conta Também foi adicionado recurso de conversão de uni-
de usuário para uma das imagens incluídas no Windows ou dades como de pés para metros.
usar sua própria imagem. E para finalizar você pode adicio-
nar “gadgets” de área de trabalho, que são miniprogramas
personalizáveis que podem exibir continuamente informa-
ções atualizadas como a apresentação de slides de imagens
ou contatos, sem a necessidade de abrir uma nova janela.

Aplicativos novos
Uma das principais características do mundo Linux é
suas versões virem com muitos aplicativos, assim o usuário
não precisa ficar baixando arquivos após instalar o sistema,
o que não ocorre com as versões Windows.
O Windows 7 começa a mudar essa questão, agora
existe uma serie de aplicativos juntos com o Windows 7,
para que o usuário não precisa baixar programas para ati-
vidades básicas.
Com o Sticky Notes pode-se deixar lembretes no desk-
top e também suportar entrada por caneta e toque.
No Math Input Center, utilizando recursos multitoque,
equações matemáticas escritas na tela são convertidas em Calculadora: 2 novos modos.
texto, para poder adicioná-la em um processador de texto.

5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Atualização
“Atualizar é a forma mais conveniente de ter o Windows
7 em seu computador, pois mantém os arquivos, as configu-
rações e os programas do Windows Vista no lugar” (Site da
Microsoft, http://windows.microsoft.com/pt-

BR/windows7/help/upgrading-from-windows-vista-to-
windows-7).
É o método mais adequado, se o usuário não possui co-
nhecimento ou tempo para fazer uma instalação do método
tradicional. Optando por essa opção, ainda devesse tomar
cuidado com a compatibilidade dos programas, o que fun-
ciona no Vista nem sempre funcionará no 7.

Instalação
Por qualquer motivo que a atualização não possa ser
WordPad remodelado efetuada, a instalação completa se torna a opção mais viável.
Neste caso, é necessário fazer backup de dados que se
Requisitos deseja utilizar, como drivers e documentos de texto, pois to-
Apesar desta nova versão do Windows estar mais leve das as informações no computador serão perdidas. Quan-
em relação ao Vista, ainda é exigido uma configuração de do iniciar o Windows 7, ele vai estar sem os programas que
hardware (peças) relativamente boa, para que seja utilizado você havia instalado e com as configurações padrão.
sem problemas de desempenho.
Esta é a configuração mínima: Desempenho
· Processador de 1 GHz (32-bit)
De nada adiantariam os novos recursos do Windows 7
· Memória (RAM) de 1 GB
se ele mantivesse a fama de lento e paranóico, adquirida
· Placa de Vídeo compatível com DirectX 9.0 e 32 MB de
por seu antecessor. Testes indicam que a nova versão tem
memória (sem Windows Aero)
ganhou alguns pontos na velocidade.
· Espaço requerido de 16GB
O 7 te ajuda automaticamente com o desempenho:
· DVD-ROM
“Seu sistema operacional toma conta do gerenciamento do
· Saída de Áudio
processador e memória para você” (Jim Boyce; Windows 7
Bible, pg 1041, tradução nossa).
Se for desejado rodar o sistema sem problemas de len-
tidão e ainda usufruir de recursos como o Aero, o reco- Além disso, as tarefas recebem prioridades. Apesar de
mendado é a seguinte configuração. não ajudar efetivamente no desempenho, o Windows 7 prio-
Configuração Recomendada: riza o que o usuário está interagindo (tarefas “foreground”).
· Processador de 2 GHz (32 ou 64 bits) Outras, como uma impressão, tem baixa prioridade pois
· Memória (RAM) de 2 GB são naturalmente lentas e podem ser executadas “longe da
· Espaço requerido de disco rígido: 16 GB visão” do usuário, dando a impressão que o computador
· Placa de vídeo com suporte a elementos gráficos Di- não está lento.
rectX 9 com 256 MB de memória (para habilitar o tema do Essa característica permite que o usuário não sinta uma
Windows Aero) lentidão desnecessária no computador.
· Unidade de DVD-R/W Entretanto, não se pode ignorar o fato que, com cada
· Conexão com a Internet (para obter atualizações) vez mais recursos e “efeitos gráficos”, a tendência é que o
sistema operacional se torne um forte consumidor de me-
Atualizar de um SO antigo mória e processamento. O 7 disponibiliza vários recursos de
ponta e mantêm uma performance satisfatória.
O melhor cenário possível para a instalação do Win-
dows 7 é com uma máquina nova, com os requisitos apro- Monitor de desempenho
priados. Entretanto, é possível utilizá-lo num computador Apesar de não ser uma exclusividade do 7, é uma fer-
antigo, desde que atenda as especificações mínimas. ramenta poderosa para verificar como o sistema está se
Se o aparelho em questão possuir o Windows Vista portando. Podem-se adicionar contadores (além do que já
instalado, você terá a opção de atualizar o sistema opera- existe) para colher ainda mais informações e gerar relatórios.
cional. Caso sua máquina utilize Windows XP, você deverá
fazer a re-instalação do sistema operacional. Monitor de recursos
Utilizando uma versão anterior a do XP, muito prova- Com o monitor de recursos, uma série de abas mostra
velmente seu computador não atende aos requisitos míni- informações sobre o uso do processador, da memória, disco
mos. Entretanto, nada impede que você tente fazer a re- e conexão à rede.
instalação.

6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS VERSÕES Para isso foram desenvolvidos aplicativos como o
Domain Join, que ajuda os computadores de uma rede a
Windows 7 Starter “se enxergarem” e conseguirem se comunicar. O Location
Como o próprio título acima sugere, esta versão do Aware Printing, por sua vez, tem como objetivo tornar mui-
Windows é a mais simples e básica de todas. A Barra de to mais fácil o compartilhamento de impressoras.
Tarefas foi completamente redesenhada e não possui su- Como empresas sempre estão procurando maneiras
porte ao famoso Aero Glass. Uma limitação da versão é para se proteger de fraudes, o Windows 7 Professional traz
que o usuário não pode abrir mais do que três aplicativos o Encrypting File System, que dificulta a violação de dados.
ao mesmo tempo. Esta versão também será encontrada em lojas de varejo ou
Esta versão será instalada em computadores novo ape- computadores novos.
nas nos países em desenvolvimento, como Índia, Rússia e
Brasil. Disponível apenas na versão de 32 bits. Windows 7 Enterprise, apenas para vários
Sim, é “apenas para vários” mesmo. Como esta é uma
Windows 7 Home Basic versão mais voltada para empresas de médio e grande por-
Esta é uma versão intermediária entre as edições Star-
te, só poderá ser adquirida com licenciamento para diver-
ter e Home Premium (que será mostrada logo abaixo). Terá
sas máquinas. Acumula todas as funcionalidades citadas na
também a versão de 64 bits e permitirá a execução de mais
edição Professional e possui recursos mais sofisticados de
de três aplicativos ao mesmo tempo.
segurança.
Assim como a anterior, não terá suporte para o Aero Glass
nem para as funcionalidades sensíveis ao toque, fugindo um Dentre esses recursos estão o BitLocker, responsável
pouco da principal novidade do Windows 7. Computadores pela criptografia de dados e o AppLocker, que impede a
novos poderão contar também com a instalação desta edi- execução de programas não-autorizados. Além disso, há
ção, mas sua venda será proibida nos Estados Unidos. ainda o BrachCache, para turbinar transferência de arqui-
vos grandes e também o DirectAccess, que dá uma super
Windows 7 Home Premium ajuda com a configuração de redes corporativas.
Edição que os usuários domésticos podem chamar de
“completa”, a Home Premium acumula todas as funciona- Windows 7 Ultimate, o mais completo e mais caro
lidades das edições citadas anteriormente e soma mais al- Esta será, provavelmente, a versão mais cara de todas,
gumas ao pacote. pois contém todas as funcionalidades já citadas neste ar-
Dentre as funções adicionadas, as principais são o su- tigo e mais algumas. Apesar de sua venda não ser restrita
porte à interface Aero Glass e também aos recursos Touch às empresas, o Microsoft disponibilizará uma quantidade
Windows (tela sensível ao toque) e Aero Background, que limitada desta versão do sistema.
troca seu papel de parede automaticamente no intervalo Isso porque grande parte dos aplicativos e recursos
de tempo determinado. Haverá ainda um aplicativo nativo presentes na Ultimate são dedicados às corporações, não
para auxiliar no gerenciamento de redes wireless, conheci- interessando muito aos usuários comuns.
do como Mobility Center.

Esta edição será colocada à venda em lojas de varejo e Usando a Ajuda e Suporte do Windows
também poderá ser encontrada em computadores novos. A Ajuda e Suporte do Windows é um sistema de ajuda
interno do Windows, no qual você obtém respostas rápidas
Windows 7 Professional, voltado às pequenas empresas a dúvidas comuns, sugestões para solução de problemas e
Mais voltada para as pequenas empresas, a versão instruções sobre diversos itens e tarefas. Caso precise de
Professional do Windows 7 possuirá diversos recursos que ajuda com relação a um programa que não faz parte do
visam facilitar a comunicação entre computadores e até Windows, consulte a Ajuda desse programa (consulte “Ob-
mesmo impressoras de uma rede corporativa. tendo ajuda sobre um programa”, a seguir).

7
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para abrir a Ajuda e Suporte do Windows, clique no botão Iniciar e, em seguida, clique em Ajuda e Suporte.
Obter o conteúdo mais recente da Ajuda
Se você estiver conectado à Internet, verifique se o Centro de Ajuda e Suporte do Windows está configurado como Aju-
da Online. A Ajuda Online inclui novos tópicos da Ajuda e as versões mais recentes dos tópicos existentes.
Clique no botão Iniciar  e em Ajuda e Suporte.
Na barra de ferramentas Ajuda e Suporte do Windows, clique em Opções e em Configurações.
Em  Resultados da pesquisa, marque a caixa de seleção  Melhorar os resultados de pesquisa usando a Ajuda online
(recomendado) e clique em OK. Quando você estiver conectado, as palavras Ajuda Online serão exibidas no canto inferior
direito da janela Ajuda e Suporte.

Pesquisar na Ajuda
A maneira mais rápida de obter ajuda é digitar uma ou duas palavras na caixa de pesquisa. Por exemplo, para obter in-
formações sobre rede sem fio, digite rede sem fio e pressione Enter. Será exibida uma lista de resultados, com os mais úteis
na parte superior. Clique em um dos resultados para ler o tópico.

A caixa de pesquisa na Ajuda e Suporte do Windows

Pesquisar Ajuda
Você pode pesquisar tópicos da Ajuda por assunto. Clique no botão Pesquisar Ajuda e, em seguida, clique em um item na
lista de títulos de assuntos que será exibida. Esses títulos podem conter tópicos da Ajuda ou outros títulos de assuntos. Clique em
um tópico da Ajuda para abri-lo ou clique em outro título para investigar mais a fundo a lista de assuntos.

Navegando em tópicos da Ajuda por assunto

8
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

6.2. MS-OFFICE 2010.


6.2.1. MS-WORD 2010: ESTRUTURA
BÁSICA DOS DOCUMENTOS, EDIÇÃO E
FORMATAÇÃO DE TEXTOS, CABEÇALHOS,
PARÁGRAFOS, FONTES, MARCADORES
SIMBÓLICOS E NUMÉRICOS,
IMPRESSÃO, CONTROLE DE QUEBRAS,
NUMERAÇÃO DE PÁGINAS E INSERÇÃO DE
OBJETOS.

MS WORD

O Word faz parte da suíte de aplicativos Office, e é considerado um dos principais produtos da Microsoft sendo a suíte
que domina o mercado de suítes de escritório, mesmo com o crescimento de ferramentas gratuitas como Google Docs e
Open Office.

Interface

No cabeçalho de nosso programa temos a barra de títulos do documento


, que como é um novo documento apresenta como título “Documen-
to1”. Na esquerda temos a Barra de acesso rápido, que permite acessar alguns comandos mais rapidamen-
te como salvar, desfazer. Você pode personalizar essa barra, clicando no menu de contexto (flecha para baixo) à direita dela.

Mais a esquerda tem a ABA Arquivo.


Através dessa ABA, podemos criar novos documentos, abrir arquivos existentes, salvar documentos, imprimir, preparar
o documento (permite adicionar propriedades ao documento, criptografar, adicionar assinaturas digitais, etc.). Vamos uti-
lizar alguns destes recursos no andamento de nosso curso.

ABAS

Os comandos para a edição de nosso texto agora ficam agrupadas dentro destas guias. Dentro destas guias temos
os grupos de ferramentas, por exemplo, na guia Inicio, temos “Fonte”, “Parágrafo”, etc., nestes grupos fica visíveis para os
usuários os principais comandos, para acessar os demais comandos destes grupos de ferramentas, alguns destes grupos
possuem pequenas marcações na sua direita inferior.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Word possui também guias contextuais quando determinados elementos dentro de seu texto são selecionados, por
exemplo, ao selecionar uma imagem, ele criar na barra de guias, uma guia com a possibilidade de manipulação do elemen-
to selecionado.

Trabalhando com documentos


Ao iniciarmos o Word temos um documento em branco que é sua área de edição de texto. Vamos digitar um pequeno
texto conforme abaixo:

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Salvando Arquivos Abrindo um arquivo do Word


É importante ao terminar um documento, ou durante a di-
gitação do mesmo, quando o documento a ser criado é longo, Para abrir um arquivo, você precisa clicar na ABA Ar-
salvar seu trabalho. Salvar consiste em armazenar se documen- quivo.
to em forma de arquivo em seu computador, pendrive, ou outro
dispositivo de armazenamento. Para salvar seu documento, cli-
que no botão salvar no topo da tela. Será aberta uma tela onde
você poderá definir o nome, local e formato de seu arquivo.

Na esquerda da janela, o botão abrir é o segundo abai-


xo de novo, observe também que ele mostra uma relação
de documentos recentes, nessa área serão mostrados os
últimos documentos abertos pelo Word facilitando a aber-
tura. Ao clicar em abrir, será necessário localizar o arquivo
no local onde o mesmo foi salvo.
Observe na janela de salvar que o Word procura salvar
seus arquivos na pasta Documents do usuário, você pode
mudar o local do arquivo a ser salvo, pela parte esquerda da
janela. No campo nome do arquivo, o Word normalmente
preenche com o título do documento, como o documento
não possui um título, ele pega os primeiros 255 caracteres e
atribui como nome, é aconselhável colocar um nome menor e
que se aproxime do conteúdo de seu texto. “Em Tipo a maior
mudança, até versão 2003, os documentos eram salvos no
formato”. DOC”, a partir da versão 2010, os documentos são
salvos na versão”. DOCX”, que não são compatíveis com as
versões anteriores. Para poder salvar seu documento e manter
ele compatível com versões anteriores do Word, clique na di-
reita dessa opção e mude para Documento do Word 97-2003.

Caso necessite salvar seu arquivo em outro formato,


outro local ou outro nome, clique no botão Office e esco-
lha Salvar Como.

Visualização do Documento

Podemos alterar a forma de visualização de nosso do-


cumento. No rodapé a direta da tela temos o controle de
Zoom.·. Anterior a este controle de zoom temos os botões
de forma de visualização de seu documento,
que podem também ser acessados pela Aba Exibição.
Observe que o nome de seu arquivo agora aparece na
barra de títulos.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Configuração de Documentos
Um dos principais cuidados que se deve ter com seus
documentos é em relação à configuração da página. A
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) possui um
Os cinco primeiros botões são os mesmos que temos manual de regras para documentações, então é comum es-
em miniaturas no rodapé. cutar “o documento tem que estar dentro das normas”, não
• Layout de Impressão: Formato atual de seu docu- vou me atentar a nenhuma das normas especificas, porém
mento é o formato de como seu documento ficará na folha vou ensinar como e onde estão as opções de configuração
impressa. de um documento.
• Leitura em Tela Inteira: Ele oculta as barras de No Word 2010 a ABA que permite configurar sua pági-
seu documento, facilitando a leitura em tela, observe que na é a ABA Layout da Página.
no rodapé do documento à direita, ele possui uma flecha
apontado para a próxima página. Para sair desse modo de
visualização, clique no botão fechar no topo à direita da
tela.
• Layout da Web: Aproxima seu texto de uma visua-
lização na Internet, esse formato existe, pois muitos usuá-
rios postam textos produzidos no Word em sites e blogs
na Internet.
• Estrutura de Tópicos: Permite visualizar seu docu-
mento em tópicos, o formato terá melhor compreensão
quando trabalharmos com marcadores.
• Rascunho: É o formato bruto, permite aplicar di-
versos recursos de produção de texto, porém não visualiza
como impressão nem outro tipo de meio.
O terceiro grupo de ferramentas da Aba exibição per-
mite trabalhar com o Zoom da página. Ao clicar no botão
Zoom o Word apresenta a seguinte janela:

O grupo “Configurar Página”, permite definir as mar-


gens de seu documento, ele possui alguns tamanhos pré-
definidos, como também personalizá-las.
Ao personalizar as margens, é possível alterar as mar-
gens superior, esquerda, inferior e direita, definir a orien-
tação da página, se retrato ou paisagem, configurar a fora
de várias páginas, como normal, livro, espelho. Ainda nessa
mesma janela temos a guia Papel.

Onde podemos utilizar um valor de zoom predefinido,


ou colocarmos a porcentagem desejada, podemos visuali-
zar o documento em várias páginas. E finalizando essa aba
temos as formas de exibir os documentos aberto em uma
mesma seção do Word.

Nesta guia podemos definir o tipo de papel, e fonte de


alimentação do papel.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao clicar em mais Colunas, é possível personalizar as


suas colunas, o Word disponibiliza algumas opções pré-
definidas, mas você pode colocar em um número maior de
colunas, adicionar linha entre as colunas, definir a largura
e o espaçamento entre as colunas. Observe que se você
pretende utilizar larguras de colunas diferentes é preciso
desmarcar a opção “Colunas de mesma largura”. Atente
também que se preciso adicionar colunas a somente uma
parte do texto, eu preciso primeiro selecionar esse texto.

A terceira guia dessa janela chama-se Layout. A primei-


ra opção dessa guia chama-se seção. Aqui se define como
será uma nova seção do documento, vamos aprender mais
frente como trabalhar com seções.
Em cabeçalhos e rodapés podemos definir se vamos Números de Linha
utilizar cabeçalhos e rodapés diferentes nas páginas pares
e ímpares, e se quero ocultar as informações de cabeçalho É bastante comum em documentos acrescentar nume-
e rodapé da primeira página. Em Página, pode-se definir o ração nas páginas dos documentos, o Word permite que
alinhamento do conteúdo do texto na página. O padrão é você possa fazer facilmente, clicando no botão “Números
o alinhamento superior, mesmo que fique um bom espa- de Linhas”.
ço em branco abaixo do que está editado. Ao escolher a
opção centralizada, ele centraliza o conteúdo na vertical. A
opção números de linha permite adicionar numeração as
linhas do documento.

Ao clicar em “Opções de Numeração de Linhas...”,


abre-se a janela que vimos em Layout.

Plano de Fundo da Página

Colunas

Podemos adicionar as páginas do documento, marcas


d’água, cores e bordas. O grupo Plano de Fundo da Página
possui três botões para modificar o documento.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique no botão Marca d’água.

O botão Bordas da Página, já estudamos seu funciona-


mento ao clicar nas opções de Margens.

Selecionando Textos

Embora seja um processo simples, a seleção de tex-


tos é indispensável para ganho de tempo na edição de seu
texto. Através da seleção de texto podemos mudar a cor,
tamanho e tipo de fonte, etc.

Selecionando pelo Mouse

Ao posicionar o mouse mais a esquerda do texto, o


cursor aponta para a direita.
• Ao dar um clique ele seleciona toda a linha
• Ao dar um duplo clique ele seleciona todo o pa-
rágrafo.
• Ao dar um triplo clique seleciona todo o texto
Com o cursor no meio de uma palavra:
• Ao dar um clique o cursor se posiciona onde foi
clicado
• Ao dar um duplo clique, ele seleciona toda a pa-
O Word apresenta alguns modelos, mais abaixo temos lavra.
o item Personalizar Marca D’água. Clique nessa opção. • Ao dar um triplo clique ele seleciona todo o pa-
rágrafo

Podemos também clicar, manter o mouse pressionado


e arrastar até onde se deseja selecionar. O problema é que
se o mouse for solto antes do desejado, é preciso reiniciar
o processo, ou pressionar a tecla SHIFT no teclado e clicar
ao final da seleção desejada. Podemos também clicar onde
começa a seleção, pressionar a tecla SHIFT e clicar onde
termina a seleção. É possível selecionar palavras alternadas.
Selecione a primeira palavra, pressione CTRL e vá selecio-
nando as partes do texto que deseja modificar.

Copiar e Colar
O copiar e colar no Word funciona da mesma forma
que qualquer outro programa, pode-se utilizar as teclas de
atalho CTRL+C (copiar), CTRL+X (Recortar) e CTRL+V(Co-
lar), ou o primeiro grupo na ABA Inicio.

Nesta janela podemos definir uma imagem como mar-


ca d’água, basta clicar em Selecionar Imagem, escolher a
imagem e depois definir a dimensão e se a imagem fica-
rá mais fraca (desbotar) e clicar em OK. Como também é
possível definir um texto como marca d’água. O segundo
botão permite colocar uma cor de fundo em seu texto, um
recurso interessante é que o Word verifica a cor aplicada e Este é um processo comum, porém um cuidado impor-
automaticamente ele muda a cor do texto. tante é quando se copia texto de outro tipo de meio como,
por exemplo, da Internet. Textos na Internet possuem for-

14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

matações e padrões deferentes dos editores de texto. Ao • Usar caracteres curinga: Procura somente as pa-
copiar um texto da Internet, se você precisa adequá-lo ao lavras que você especificou com o caractere coringa. Ex.
seu documento, não basta apenas clicar em colar, é ne- Se você digitou *ão o Word vai localizar todas as palavras
cessário clicar na setinha apontando para baixo no botão terminadas em ão.
Colar, escolher Colar Especial. • Semelhantes: Localiza palavras que tem a mesma
sonoridade, mas escrita diferente. Disponível somente para
palavras em inglês.
• Todas as formas de palavra: Localiza todas as for-
mas da palavra, não será permitida se as opções usar carac-
tere coringa e semelhantes estiverem marcadas.
• Formatar: Localiza e Substitui de acordo com o es-
pecificado como formatação.
• Especial: Adiciona caracteres especiais à caixa lo-
calizar. A caixa de seleção usar caracteres curinga.

Formatação de texto
Um dos maiores recursos de uma edição de texto é a
possibilidade de se formatar o texto. No Office 2010 a ABA
responsável pela formatação é a Inicio e os grupo Fonte,
Parágrafo e Estilo.

Observe na imagem que ele traz o texto no formato


HTML. Precisa-se do texto limpo para que você possa ma-
nipulá-lo, marque a opção Texto não formatado e clique Formatação de Fonte
em OK. A formatação de fonte diz respeito ao tipo de letra,
tamanho de letra, cor, espaçamento entre caracteres, etc.,
para formatar uma palavra, basta apenas clicar sobre ela,
Localizar e Substituir
para duas ou mais é necessário selecionar o texto, se quiser
Ao final da ABA Inicio temos o grupo edição, dentro
formatar somente uma letra também é necessário selecio-
dela temos a opção Localizar e a opção Substituir. Clique
nar a letra. No grupo Fonte, temos visível o tipo de letra,
na opção Substituir.
tamanho, botões de aumentar fonte e diminuir fonte, lim-
par formatação, negrito, itálico, sublinhado, observe que ao
lado de sublinhado temos uma seta apontando para baixo,
ao clicar nessa seta, é possível escolher tipo e cor de linha.

A janela que se abre possui três guias, localizar, Substi-


tuir e Ir para. A guia substituir que estamos vendo, permi-
te substituir em seu documento uma palavra por outra. A
substituição pode ser feita uma a uma, clicando em subs-
tituir, ou pode ser todas de uma única vez clicando-se no
botão Substituir Tudo.
Algumas vezes posso precisar substituir uma palavra
por ela mesma, porém com outra cor, ou então somente
quando escrita em maiúscula, etc., nestes casos clique no
botão Mais. As opções são: Ao lado do botão de sublinhado temos o botão Ta-
• Pesquisar: Use esta opção para indicar a direção chado – que coloca um risco no meio da palavra, botão
da pesquisa; subscrito e sobrescrito e o botão Maiúsculas e Minúsculas.
• Diferenciar maiúsculas de minúsculas: Será locali-
zada exatamente a palavra como foi digitada na caixa lo-
calizar.
• Palavras Inteiras: Localiza uma palavra inteira e
não parte de uma palavra. Ex: Atenciosamente.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Este botão permite alterar a colocação de letras maiús-


culas e minúsculas em seu texto. Após esse botão temos
o de realce – que permite colocar uma cor de fundo para
realçar o texto e o botão de cor do texto.

Podemos definir a escala da fonte, o espaçamento en-


tre os caracteres que pode ser condensado ou comprimido,
a posição é referente ao sobrescrito e subscrito, permitindo
que se faça algo como: .

Kerning: é o acerto entre o espaço dentro das palavras,


pois algumas vezes acontece de as letras ficaram com es-
paçamento entre elas de forma diferente. Uma ferramenta
interessante do Word é a ferramenta pincel, pois com ela
você pode copiar toda a formatação de um texto e aplicar
em outro.
Podemos também clicar na Faixa no grupo Fonte.
Formatação de parágrafos

A principal regra da formatação de parágrafos é que


independente de onde estiver o cursor a formatação será
aplicada em todo o parágrafo, tendo ele uma linha ou mais.
Quando se trata de dois ou mais parágrafos será necessá-
rioselecionar os parágrafos a serem formatados. A forma-
tação de parágrafos pode ser localizada na ABA Inicio, e os
recuos também na ABA Layout da Página.

A janela fonte contém os principais comandos de


formatação e permite que você possa observar as alte- No grupo da Guia Inicio, temos as opções de marcado-
rações antes de aplica. Ainda nessa janela temos a opção res (bullets e numeração e listas de vários níveis), diminuir
Avançado. e aumentar recuo, classificação e botão Mostrar Tudo, na
segunda linha temos os botões de alinhamentos: esquer-
da, centralizado, direita e justificado, espaçamento entre li-
nhas, observe que o espaçamento entre linhas possui uma
seta para baixo, permitindo que se possa definir qual o es-
paçamento a ser utilizado.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Cor do Preenchimento do Parágrafo.

Bordas no parágrafo.

As opções disponíveis são praticamente as mesmas


disponíveis pelo grupo.

Podemos trabalhar os recuos de texto também pelas


réguas superiores.

Marcadores e Numeração

Os marcadores e numeração fazem parte do grupo


parágrafos, mas devido a sua importância, merecem um
destaque. Existem dois tipos de marcadores: Símbolos e
Na guia parágrafo da ABA Layout de Página temos Numeração.
apenas os recuos e os espaçamentos entre parágrafos. Ao
clicar na Faixa do grupo Parágrafos, será aberta a janela de
Formatação de Parágrafos.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao clicar em Símbolo, será mostrada a seguinte janela:

A opção vários níveis é utilizada quando nosso texto Onde você poderá escolher a Fonte (No caso acon-
tenha níveis de marcação como, por exemplo, contratos e selha-se a utilizar fontes de símbolos como a Winddings,
petições. Os marcadores do tipo Símbolos como o nome já Webdings), e depois o símbolo. Ao clicar em Imagem, você
diz permite adicionar símbolos a frente de seus parágrafos. poderá utilizar uma imagem do Office, e ao clicar no botão
Se precisarmos criar níveis nos marcadores, basta clicar importar, poderá utilizar uma imagem externa.
antes do inicio da primeira palavra do parágrafo e pressio-
nar a tecla TAB no teclado. Bordas e Sombreamento

Podemos colocar bordas e sombreamentos em nosso


texto. Podem ser bordas simples aplicadas a textos e pará-
grafos. Bordas na página como vimos quando estudamos a
ABA Layout da Página e sombreamentos. Selecione o texto
ou o parágrafo a ser aplicado à borda e ao clicar no botão
de bordas do grupo Parágrafo, você pode escolher uma
borda pré-definida ou então clicar na última opção Bordas
e Sombreamento.
Você pode observar que o Word automaticamente
adicionou outros símbolos ao marcador, você pode alte-
rar os símbolos dos marcadores, clicando na seta ao lado
do botão Marcadores e escolhendo a opção Definir Novo
Marcador.

18
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Podemos começar escolhendo uma definição de borda (caixa, sombra, 3D e outra), ou pode-se especificar cada uma
das bordas na direita onde diz Visualização. Pode-se pelo meio da janela especificar cor e largura da linha da borda. A Guia
Sombreamento permite atribuir um preenchimento de fundo ao texto selecionado. Você pode escolher uma cor base, e
depois aplicar uma textura junto dessa cor.

Cabeçalho e Rodapé
O Word sempre reserva uma parte das margens para o cabeçalho e rodapé. Para acessar as opções de cabeçalho e
rodapé, clique na ABA Inserir, Grupo Cabeçalho e Rodapé.

Ele é composto de três opções Cabeçalho, Rodapé e Número de Página.

19
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao clicar em Cabeçalho o Word disponibiliza algumas opções de caixas para que você possa digitar seu texto. Ao clicar
em Editar Cabeçalho o Word edita a área de cabeçalho e a barra superior passa a ter comandos para alteração do cabeça-
lho.

A área do cabeçalho é exibida em um retângulo pontilhado, o restante do documento fica em segundo plano. Tudo
o que for inserido no cabeçalho será mostrado em todas as páginas, com exceção se você definiu seções diferentes nas
páginas.

Para aplicar números de páginas automaticamente em seu cabeçalho basta clicar em Números de Página, apenas tome
o cuidado de escolher Inicio da Página se optar por Fim da Página ele aplicará o número da página no rodapé. Podemos
também aplicar cabeçalhos e rodapés diferentes a um documento, para isso basta que ambos estejam em seções diferentes
do documento. O cuidado é ao aplicar o cabeçalho ou o rodapé, desmarcar a opção Vincular ao anterior.
O funcionamento para o rodapé é o mesmo para o cabeçalho, apenas deve-se clicar no botão Rodapé.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Data e Hora

O Word Permite que você possa adicionar um campo de Data e Hora em seu texto, dentro da ABA Inserir, no grupo
Texto, temos o botão Data e Hora.

Basta escolher o formato a ser aplicado e clicar em OK. Se precisar que esse campo sempre atualize data, marque a
opção Atualizar automaticamente.

Inserindo Elementos Gráficos


O Word permite que se insira em seus documentos arquivos gráficos como Imagem, Clip-art, Formas, etc., as opções
de inserção estão disponíveis na ABA Inserir.

Imagens
O primeiro elemento gráfico que temos é o elemento Imagem. Para inserir uma imagem clique no botão com o mesmo
nome no grupo Ilustrações na ABA Inserir. Na janela que se abre, localize o arquivo de imagem em seu computador.

21
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A imagem será inserida no local onde estava seu cursor.


O que será ensinado agora é praticamente igual para todo os elementos gráficos, que é a manipulação dos elementos
gráficos. Ao inserir a imagem é possível observar que a mesma enquanto selecionada possui uma caixa pontilhadas em
sua volta, para mover a imagem de local, basta clicar sobre ela e arrastar para o local desejado, se precisar redimensionar a
imagem, basta clicar em um dos pequenos quadrados em suas extremidades, que são chamados por Alças de redimensio-
namento. Para sair da seleção da imagem, basta apenas clicar em qualquer outra parte do texto. Ao clicar sobre a imagem,
a barra superior mostra as configurações de manipulação da imagem.

O primeiro grupo é o Ajustar, dentre as opções temos Brilho e Contraste, que permite clarear ou escurecer a imagem e
adicionar ou remover o contraste. Podemos recolorir a imagem.

Entre as opções de recolorir podemos colocar nossa imagem em tons de cinza, preto e branco, desbotar a imagem e
remover uma cor da imagem. Este recurso permite definir uma imagem com fundo transparente. A opção Compactar Ima-
gens permite deixar sua imagem mais adequada ao editor de textos. Ao clicar nesta opção o Word mostra a seguinte janela:

Pode-se aplicar a compactação a imagem selecionada, ou a todas as imagens do texto. Podemos alterar a resolução
da imagem. A opção Redefinir Imagem retorna a imagem ao seu estado inicial, abandonando todas as alterações feitas.
O próximo grupo chama-se Sombra, como o próprio nome diz, permite adicionar uma sombra a imagem que foi inserida.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No botão Efeitos de Sombra, você poderá escolher al-


gumas posições de sombra (Projetada, Perspectiva) e cor
da sombra. Ao lado deste botão é possível definir a posi-
ção da sombra e no meio a opção de ativar e desativar a
sombra. No grupo Organizar é possível definir a posição da
imagem em relação ao texto.

O primeiro dos botões é a Posição, ela permite defi-


nir em qual posição a imagem deverá ficar em relação ao
texto.

O último grupo é referente às dimensões da imagem.

Ao clicar na opção Mais Opções de Layout abre-se a


janela Layout Avançado que permite trabalhar a disposição
da imagem em relação ao bloco de texto no qual ela esta
inserida. Essas mesmas opções estão disponíveis na opção
Quebra Automática de Texto nesse mesmo grupo. Ao colo-
car a sua imagem em uma disposição com o texto, é habi- Neste grupo você pode cortar a sua imagem, ou redi-
litado alguns recursos da barra de imagens. Como bordas mensionar a imagem definindo Largura e Altura.

Os comandos vistos até o momento estavam dispo-


níveis da seguinte forma, pois nosso documento esta sal-
vo em.DOC – versão compatível com Office XP e 2003. Ao
salvar o documento em .DOCX compatível somente com
a versão 2010, acontecem algumas alterações na barra de
imagens.
Através deste grupo é possível acrescentar bordas a
sua imagem E no grupo Organizar ele habilita as opções de
Trazer para Frente, Enviar para Trás e Alinhar. Ao clicar no
botão Trazer para Frente, ele abre três opções: Trazer para
Frente e Avançar, são utilizadas quando houver duas ou
mais imagens e você precisa mudar o empilhamento delas.
A opção Trazer para Frente do Texto faz com que a ima-
gem flutue sobre o Texto. Ao ter mais de uma imagem e ao
selecionar as imagens (Utilize a tecla SHIFT), você poderá
alinhar as suas imagens.

23
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No grupo Ajustar já temos algumas alterações, ao cli-


car no item Cor. Em estilos de imagem podemos definir
bordas e sombreamentos para a imagem.

Podemos aplicar também os Efeitos de Imagem

Clique sobre a imagem a ser adicionada ao seu texto


com o botão direito e escolha Copiar (CTRL+C). Clique em
seu texto onde o Clip-Art deve ser adicionado e clique em
Colar (CTRL+V) As configurações de manipulação do clip
-art são as mesmas das imagens.

Formas
Podemos também adicionar formas ao nosso conteú-
do do texto

Clip Art

Clip-Art são imagens, porém são imagens que fazem


parte do pacote Office. Para inserir um clipart, basta pela
ABA Inserir, clicar na opção Clip-Art. Na direita da tela
abre-se a opção de consulta aos clip-Art.

24
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para desenhar uma forma, o processo é simples, basta


clicar na forma desejada e arrastar o mouse na tela para
definir as suas dimensões. Ao desenhar a sua forma a barra
passa a ter as propriedade para modificar a forma.

O primeiro grupo chama-se Inserir Forma, ele possui


a ferramenta de Inserir uma forma. Ao lado temos a fer-
ramenta Editar Forma essa ferramenta permite trabalhar
os nós da forma – Algumas formas bloqueiam a utilização
dessa ferramenta. Abaixo dela temos a ferramenta de caixa
de texto, que permite adicionar uma caixa de texto ao seu
documento. Estando com uma forma fechada, podemos
transformar essa forma em uma caixa de texto. Ao lado
temos o Grupo Estilos de Forma.

Os primeiros botões permitem aplicar um estilo a sua


forma.
A opção Imagem preenche sua forma com alguma
imagem. A opção Gradação permite aplicar tons de gra-
diente em sua forma.

Ainda nesse grupo temos a opção de trabalharmos as


cores, contorno e alterar a forma.

25
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao clicar em Mais Gradações, será possível personalizar


a forma como será o preenchimento do gradiente.

Ao clicar em Pré-definidas, o Office possui algumas co-


res de preenchimento prontas.

Na guia gradiente, temos as opções de Uma cor, Duas


cores e Pré-definidas.
Ao escolher uma cor você pode escolher a cor a ser
aplicada, se quer ela mais para o claro ou escuro, pode de-
finir a transparência do gradiente e como será o sombrea-
mento.

A Guia Textura permite aplicar imagens como texturas


ao preenchimento, a guia Padrão permite aplicar padrões
de preenchimento e imagem permite aplicar uma imagem
Após o grupo Estilos de Forma temos o grupo sombra e
após ele o grupo Efeitos 3D.

Ao clicar na opção Duas Cores, você pode definir a cor


1 e cor 2, o nível de transparência e o sombreamento.

26
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Basta selecionar o tipo de organograma a ser trabalha-


do e clique em OK. Porém se o formato de seu documento
for DOCX, a janela a ser mostrada será:

Em hierarquia, escolha o primeiro da segunda linha e


clique em OK.
Podemos aplicar efeitos tridimensionais em nossas
formas. Além de aplicar o efeitos podemos mudar a cor
do 3D, alterar a profundidade, a direção, luminosidade e
superfície. As demais opções da Forma são idênticas as das
imagens.

SmartArt

O SmartArt permite ao você adicionar Organogramas


ao seu documento. Se você estiver usando o Office 2003
ou seu documento estiver salvo em DOC, ao clicar nesse
botão, ele habilita a seguinte janela:

Altere os textos conforme a sua necessidade. Ao clicar


no topo em Ferramentas SmartArt, serão mostradas as op-
ções de alteração do objeto.

O primeiro botão é o de Adicionar uma forma. Basta


clicar em um botão do mesmo nível do que será criado
e clicar neste botão. Outra forma de se criar novas caixas
dentro de um mesmo nível é ao terminar de digitar o texto
pressionar ENTER. Ainda no grupo Criar Gráfico temos os
botões de Elevar / Rebaixar que permite mudar o nível hie-
rárquico de nosso organograma.

27
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No grupo Layout podemos mudar a disposição de nos- Será solicitado a digitação do texto do WordArt. Digite
so organograma. seu texto e clique em OK. Será mostrada a barra do Wor-
O próximo grupo é o Estilos de SmartArt que permite dArt
mudar as cores e o estilo do organograma.

O primeiro grupo é o Texto, nesse grupo podemos edi-


tar o texto digitado e definir seu espaçamento e alinha-
mentos. No grupo Estilos de WordArt pode-se mudar a
forma do WordArt, depois temos os grupos de Sombra,
Efeitos 3D, Organizar e Tamanho.

Tabelas
As tabelas são com certeza um dos elementos mais im-
portantes para colocar dados em seu documento.
Use tabelas para organizar informações e criar formas
de páginas interessantes e disponibilizar seus dados.
Para inserir uma tabela, na ABA Inserir clique no botão
Tabela.

WordArt

Para finalizarmos o trabalho com elementos gráficos


temo os WordArt que já um velho conhecido da suíte
Office, ele ainda mantém a mesma interface desde a ver-
são do Office 97 No grupo Texto da ABA Inserir temos
o botão de WorArt Selecione um formato de WordArt e
clique sobre ele.

Ao clicar no botão de Tabela, você pode definir a quan-


tidade de linhas e colunas, pode clicar no item Inserir Ta-
bela ou Desenhar a Tabela, Inserir uma planilha do Excel ou
usar uma Tabela Rápida que nada mais são do que tabelas
prontas onde será somente necessário alterar o conteúdo.

28
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você pode criar facilmente uma tabela mais complexa, por exemplo, que contenha células de diferentes alturas ou um
número variável de colunas por linha semelhante à maneira como você usa uma caneta para desenhar uma tabela.

Ao desenhar a caixa que fará parte da tabela, você pode utilizar o topo

Ferramentas de Tabela.

Através do grupo Opções de Estilo de Tabela é possível definir células de cabeçalho. O grupo Estilos de Tabela permite
aplicar uma formatação a sua tabela e o grupo Desenhar Bordas permite definir o estilo, espessura e cor da linha. O botão
Desenhar Tabela transforma seu cursor em um lápis para desenhar as células de sua tabela, e o botão Borracha apaga as
linhas da tabela.

Você pode observar também que ao estar com alguma célula da tabela com o cursor o Word acrescenta mais uma ABA
ao final, chamada Layout, clique sobre essa ABA.

O primeiro grupo Tabela permite selecionar em sua tabela, apenas uma célula, uma linha, uma coluna ou toda a tabela.

29
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao clicar na opção Propriedades será aberto uma jane- Ao clicar na Faixa deste grupo ele abre uma janela onde
la com as propriedades da janela. é possível deslocar células, inserir linhas e colunas. O ter-
ceiro grupo é referente à divisão e mesclagem de células.

A opção Mesclar Células, somente estará disponível se


você selecionar duas ou mais células. Esse comando permi-
te fazer com que as células selecionadas tornem-se uma só.

A opção dividir células permite dividir uma célula. Ao


clicar nessa opção será mostrada uma janela onde você
deve definir em quantas linhas e colunas a célula será di-
Nesta janela existem quatro Guias. vidida.
A primeira é relativa à tabela, pode-se definir a largura
da tabela, o alinhamento e a quebra do texto na tabela. Ao
clicar no botão Bordas e Sombreamento abre-se a janela
de bordas e sombreamento estudada anteriormente. Ao
clicar em Opções é possível definir as margens das células
e o espaçamento entre as células.

A opção dividir tabela insere um parágrafo acima da


célula que o cursor está, dividindo a tabela. O grupo Tama-
nho da Célula permite definir a largura e altura da célula.
A opção AutoAjuste tem a função de ajustar sua célula de
acordo com o conteúdo dentro dela.

O grupo Alinhamento permite definir o alinhamento


O segundo grupo é o Linhas e Colunas permite adicio- do conteúdo da tabela. O botão Direção do Texto permite
nar e remover linhas e colunas de sua tabela. mudar a direção de seu texto. A opção Margens da Célula,
permite alterar as margens das células como vimos ante-
riormente.

30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O grupo Dados permite classificar, criar cálculos, etc., em sua tabela.

A opção classificar como o próprio nome diz permite classificar os dados de sua tabela.

Ele abre a seguinte janela e coloca sua primeira linha como a linha de cabeçalho, você pode colocar até três colunas
como critérios de classificação.
O botão Converter em Texto permite transformar sua tabela em textos normal. A opção fórmula permite fazer cálculos
na tabela.

ABA Revisão

A ABA revisão é responsável por correção, proteção, comentários etc., de seu documento.

O primeiro grupo Revisão de Texto tem como principal botão o de ortografia e Gramática, clique sobre ele.

31
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O objetivo desta ferramenta e verificar todo o seu do- Para aplicar um estilo ao um texto é simples. Se você
cumento em busca de erros. clicar em seu texto sem selecioná-lo, e clicar sobre um esti-
lo existente, ele aplica o estilo ao parágrafo inteiro, porém
Os de ortografia ele marca em vermelho e os de gra- se algum texto estiver selecionado o estilo será aplicado
mática em verde. É importante lembrar que o fato dele somente ao que foi selecionado.
marcar com cores para verificação na impressão sairá com
as cores normais. Ao encontrar uma palavra considerada
pelo Word como errada você pode:
• Ignorar uma vez: Ignora a palavra somente nessa
parte do texto.
• Ignorar Todas: Ignora a palavra quando ela apare-
cer em qualquer parte do texto.
• Adicionar ao dicionário: Adiciona a palavra ao Observe na imagem acima que foi aplicado o estilo Tí-
dicionário do Word, ou seja, mesmo que ela apareça em tulo2 em ambos os textos, mas no de cima como foi clicado
outro texto ela não será grafada como errada. Esta opção somente no texto, o estilo está aplicado ao parágrafo, na
deve ser utilizada quando palavras que existam, mas que linha de baixo o texto foi selecionado, então a aplicação do
ainda não façam parte do Word. estilo foi somente no que estava selecionado. Ao clicar no
• Alterar: Altera a palavra. Você pode alterá-la por botão Alterar Estilos é possível acessar a diversas defini-
uma palavra que tenha aparecido na caixa de sugestões, ou ções de estilos através da opção Conjunto de Estilos.
se você a corrigiu no quadro superior.
• Alterar Todas: Faz a alteração em todas as palavras
que estejam da mesma forma no texto.

Impressão

Para imprimir seu documento o processo é muito sim-


ples. Clique no botão

Office e ao posicionar o mouse em Imprimir ele abre


algumas opções.

Podemos também se necessário criarmos nossos pró-


prios estilos. Clique na Faixa do grupo Estilo.

Estilos

Os estilos podem ser considerados formatações pron-


tas a serem aplicadas em textos e parágrafos. O Word dis-
ponibiliza uma grande quantidade de estilos através do
grupo estilos.

32
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Será mostrado todos os estilos presentes no docu-


mento em uma caixa à direita. Na parte de baixo da janela
existem três botões, o primeiro deles chama-se Novo Esti-
lo, clique sobre ele.

No exemplo dei o nome de Citações ao meu estilo,


defini que ele será aplicado a parágrafos, que a base de
criação dele foi o estilo corpo e que ao finalizar ele e iniciar
um novo parágrafo o próximo será também corpo.
Abaixo definir a formatação a ser aplicada no mesmo.
Na parte de baixo mantive a opção dele aparecer nos esti-
los rápidos e que o mesmo está disponível somente a este
documento. Ao finalizar clique em OK. Veja um exemplo
do estilo aplicado:

Será mostrada uma janela de configuração de seu índi-


ce. Clique no botão Opções.

Índices

Sumário

O Sumário ou Índice Analítico é o mais utilizado, ele


normalmente aparece no inicio de documentos. A prin-
cipal regra é que todo parágrafo que faça parte de seu
índice precisa estar atrelado a um estilo. Clique no local
onde você precisa que fique seu índice e clique no botão
Sumário. Serão mostrados alguns modelos de sumário, cli-
que em Inserir Sumário.

33
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Será aberta outra janela, nesta janela aparecem todos


os estilos presentes no documento, então é nela que você 6.2.2. MS-EXCEL 2010: DEFINIÇÃO,
define quais estilos farão parte de seu índice. BARRA DE FERRAMENTAS,
No exemplo apliquei o nível 1 do índice ao estilo Título ESTRUTURA BÁSICA DAS PLANILHAS,
1, o nível 2 ao Título 2 e o nível 3 ao Título 3. Após definir
CONCEITOS DE CÉLULAS, LINHAS, COLUNAS,
quais serão suas entradas de índice clique em OK.
Retorna-se a janela anterior, onde você pode definir
PASTAS, ELABORAÇÃO DE TABELAS, USO DE
qual será o preenchimento entre as chamadas de índice e FÓRMULAS, INSERÇÃO DE OBJETOS E
seu respectivo número de página e na parte mais abaixo, CLASSIFICAÇÃO DE DADOS.
você pode definir o Formato de seu índice e quantos níveis
farão parte do índice.

Ao clicar em Ok, seu índice será criado. MS EXCEL

O Excel é uma das melhores planilhas existentes no


mercado. As planilhas eletrônicas são programas que se
assemelham a uma folha de trabalho, na qual podemos
colocar dados ou valores em forma de tabela e aproveitar
a grande capacidade de cálculo e armazenamento do
computador para conseguir efetuar trabalhos que,
Quando houver necessidade de atualizar o índice, bas- normalmente, seriam resolvidos com uma calculadora, lápis
ta clicar com o botão direito do mouse em qualquer parte e papel. A tela do computador se transforma numa folha
do índice e escolher Atualizar Campo. onde podemos observar uma série de linhas (números) e
colunas (letras). A cada encontro de uma linha com uma
coluna temos uma célula onde podemos armazenar um
texto, um valor, funções ou fórmula para os cálculos. O
Excel oferece, inicialmente, em uma única pasta de trabalho
três planilhas, mas é claro que você poderá inserir mais
planilhas conforma sua necessidade.

Interface

A interface do Excel segue o padrão dos aplicativos Of-


fice, com ABAS, Botão Office, controle de Zoom na direita.
O que muda são alguns grupos e botões exclusivos do Ex-
cel e as guias de planilha no rodapé à esquerda:
Na janela que se abre escolha Atualizar o índice inteiro.

Guias de Planilha

34
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Um arquivo do Excel ao iniciar com três guias de plani- Se precisar selecionar células alternadamente, clique
lha, estas guias permite que se possa em um único arqui- sobre a primeira célula a ser selecionada, pressione CTRL e
vo armazenar mais de uma planilha, inicialmente o Excel vá clicando nas que você quer selecionar.
possui três planilhas, e ao final da Plan3 temos o ícone de
inserir planilha que cria uma nova planilha. Você pode clicar
com o botão direito do mouse em uma planilha existente
para manipular as planilhas.

Podemos também nos movimentar com o teclado,


neste caso usamos a combinação das setas do teclado com
a tecla SHIFT.

Na janela que é mostrada é possível inserir uma nova


planilha, excluir uma planilha existente, renomear uma pla-
nilha, mover ou copiar essa planilha, etc...

Movimentação na planilha
Para selecionar uma célula ou torná-la ativa, basta movi-
mentar o retângulo (cursor) de seleção para a posição desejada.
A movimentação poderá ser feita através do mouse ou teclado.
Com o mouse para selecionar uma célula basta dar um
clique em cima dela e observe que a célula na qual você
clicou é mostrada como referência na barra de fórmulas. Entrada de textos e números
Na área de trabalho do Excel podem ser digitados ca-
racteres, números e fórmulas. Ao finalizar a digitação de
seus dados, você pode pressionar a tecla ENTER, ou com
as setas mudar de célula, esse recurso somente não será
válido quando estiver efetuando um cálculo. Caso preci-
se alterar o conteúdo de uma célula sem precisar redigitar
tudo novamente, clique sobre ela e pressione F2, faça sua
alteração e pressione ENTER em seu teclado.

Salvando e Abrindo Arquivos


Para salvar uma planilha o processo é igual ao feito no
Word, clique no botão Office e clique me Salvar.

Se você precisar selecionar mais de uma célula, basta


manter pressionado o mouse e arrastar selecionando as
células em sequência.

35
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dê um nome ao seu arquivo, defina o local onde ele Vamos montar uma planilha simples.
deverá ser salvo e clique em Salvar, o formato padrão das
planilhas do Excel 2010 é o xlsx, se precisar salvar em xls
para manter compatibilidade com as versões anteriores é
preciso em tipo definir como Pasta de Trabalho do Excel
97 – 2003.
Para abrir um arquivo existente, clique no botão Office
e depois no botão Abrir, localize seu arquivo e clique sobre
ele e depois em abrir.

Observe que o conteúdo de algumas células é maior


que a sua largura, podemos acertar isso da seguinte forma.
Se precisar trabalhar a largura de uma coluna, posicio-
no o mouse entre as colunas, o mouse fica com o formato
de uma flecha de duas pontas, posso arrastar para definir a
nova largura, ou posso dar um duplo clique que fará com
que a largura da coluna acerte-se com o conteúdo. Posso
também clicar com o botão direito do mouse e escolher
Largura da Coluna.
Operadores e Funções

A função é um método utilizado para tornar mais fácil


e rápido a montagem de fórmulas que envolvem cálculos
mais complexos e vários valores.
Existem funções para os cálculos matemáticos, fi-
nanceiros e estatísticos. Por exemplo, na função: =SOMA
(A1:A10) seria o mesmo que (A1+A2+A3+A4+A5+A6+A7
+A8+A9+A10), só que com a função o processo passa a
ser mais fácil. Ainda conforme o exemplo pode-se observar
que é necessário sempre iniciar um cálculo com sinal de
igual (=) e usa-se nos cálculos a referência de células (A1) e
não somente valores.
A quantidade de argumentos empregados em uma
função depende do tipo de função a ser utilizada. Os ar-
gumentos podem ser números, textos, valores lógicos, re-
ferências, etc...

Operadores
Operadores são símbolos matemáticos que permitem
fazer cálculos e comparações entre as células. Os operado-
res são:

O objetivo desta planilha é calcularmos o valor total de


cada produto (quantidade multiplicado por valor unitário)
e depois o total de todos os produtos.
Para o total de cada produto precisamos utilizar o ope-
rador de multiplicação (*), no caso do Mouse temos que
a quantidade está na célula A4 e o valor unitário está na
célula C4, o nosso caçulo será feito na célula D4.

36
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Poderíamos fazer o seguinte cálculo =1*20 que me Para calcular o total você poderia utilizar o seguinte
traria o resultado, porém bastaria alterar o valor da quan- cálculo D4+D5+D6+D7+D8, porém isso não seria nada
tidade ou o V. unitário que eu precisaria fazer novamente pratico em planilhas maiores. Quando tenho sequências
o cálculo. O correto é então é fazer =A4*C4 com isso eu de cálculos o Excel permite a utilização de funções.
multiplico referenciando as células, independente do con- No caso a função a ser utilizada é a função SOMA, a
teúdo dela, ele fará a multiplicação, desde que ali se tenha sua estrutura é =SOMA(CelIni:Celfim), ou seja, inicia-se
um número. com o sinal de igual (=), escreve-se o nome da função,
abrem-se parênteses, clica-se na célula inicial da soma
e arrasta-se até a última célula a ser somada, este intervalo
é representado pelo sinal de dois pontos (:), e fecham-se
os parênteses.

Embora você possa fazer manualmente na célula o Ex-


cel possui um assistente de função que facilita e muito a
utilização das mesmas em sua planilha. Na ABA Inicio do
Excel dentro do grupo Edição existe o botão de função.

Observe que ao fazer o cálculo é colocado também na


barra de fórmulas, e mesmo após pressionar ENTER, ao cli-
car sobre a célula onde está o resultado, você poderá ver
como se chegou ao resultado pela barra de fórmulas.

A primeira função é justamente Soma, então clique na


célula e clique no botão de função.

Para o cálculo do teclado é necessário então fazer o


cálculo da segunda linha A5*C5 e assim sucessivamente.
Observamos então que a coluna representada pela letra Observe conforme a imagem que o Excel acrescenta a
não muda, muda-se somente o número que representa a soma e o intervalo de células pressione ENTER e você terá
linha, e se nossa planilha tivesse uma grande quantidade seu cálculo.
de produtos, repetir o cálculo seria cansativo e com certe-
za sujeita a erros. Quando temos uma sequência de cálcu-
los como a nossa planilha o Excel permite que se faça um
único cálculo e ao posicionar o cursor do mouse no canto
inferior direito da célula o cursor se transforma em uma
cruz (não confundir com a seta branca que permite mover
o conteúdo da célula e ao pressionar o mouse e arrastar ele
copia a fórmula poupando tempo).

37
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formatação de células
A formatação de células é muito semelhante a que vimos para formatação de fonte no Word, basta apenas que a célula
onde será aplicada a formatação esteja selecionada, se precisar selecionar mais de uma célula, basta selecioná-las.
As opções de formatação de célula estão na ABA Inicio.

Temos o grupo Fonte que permite alterar a fonte a ser utilizada, o tamanho, aplicar negrito, itálico e sublinhado, linhas
de grade, cor de preenchimento e cor de fonte. Ao clicar na faixa do grupo será mostrada a janela de fonte.

A guia mostrada nesta janela é a Fonte nela temos o tipo da letra, estilo, tamanho, sublinhado e cor, observe que exis-
tem menos recursos de formatação do que no Word.
A guia Número permite que se formatem os números de suas células. Ele dividido em categorias e dentro de cada
categoria ele possui exemplos de utilização e algumas personalizações como, por exemplo, na categoria Moeda em que é
possível definir o símbolo a ser usado e o número de casas decimais.

38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A guia Preenchimento permite adicionar cores de


preenchimento às suas células.

A guia Alinhamento permite definir o alinhamento do


conteúdo da célula na horizontal e vertical, além do con-
trole do texto. Vamos então formatar nossa planilha, inicialmente sele-
cione todas as células de valores em moeda. Você pode uti-
lizar a janela de formatação como vimos antes, como pode
também no grupo Número clicar sobre o botão moeda.

A guia Bordas permite adicionar bordas a sua planilha,


embora a planilha já possua as linhas de grade que faci- Vamos colocar também a linha onde estão Quant, Pro-
litam a identificação de suas células, você pode adicionar duto etc... em negrito e centralizado.
bordas para dar mais destaque. O título Relação de Produtos ficará melhor visualmente
se estiver centralizado entra a largura da planilha, então
selecione desde a célula A1 até a célula D1 depois clique
no botão Mesclar e Centralizar centralize e aumente um
pouco o tamanho da fonte.

39
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para finalizar selecione toda a sua planilha e no botão


de bordas, selecione uma borda externa.

Ele acrescenta uma coluna superior com indicações de


colunas e abre uma nova ABA chamada Design

Estilos No grupo Opções de Estilo de Tabela desmarque a op-


Esta opção é utilizada par aplicar, automaticamente um ção Linhas de Cabeçalho.
formato pré-definido a uma planilha selecionada. Para poder manipular também os dados de sua pla-
nilha é necessário selecionar as células que pretende ma-
nipular como planilha e no grupo Ferramentas clique no
botão Converter em Intervalo.

O botão estilo de Célula permite que se utilize um esti-


lo de cor para sua planilha.

Auto Preenchimento das Células


Vimos no exemplo anterior que é possível copiar uma
fórmula que o Excel entende que ali temos uma fórmula e
faz a cópia. Podemos usar este recurso em outras situações,
se eu tiver um texto comum ou um número único, e aplicar
este recurso, ele copia sem alterar o que será copiado, mas
posso utilizar este recurso para ganhar tempo.
Se eu criar uma sequência numérica, por exemplo, na
célula A1 o número 1 e na célula A2 o número 2, ao se-
lecionar ambos, o Excel entende que preciso copiar uma
sequência.
Se eu colocar na célula A1 o número 1 e na célula A2
o número 3, ele entende que agora a sequência é de dois
A segunda opção Formatar como Tabela permite tam- em dois.
bém aplicar uma formatação a sua planilha, porém ele já
começa a trabalhar com Dados.

Esta mesma sequência pode ser aplicada a dias da se-


mana, horas, etc...

40
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Inserção de linhas e colunas


Para adicionar ou remover linhas e colunas no Excel é simples. Para adicionar, basta clicar com o botão direito do mouse
em uma linha e depois clicar em Inserir, a linha será adicionada acima da selecionada, no caso a coluna será adicionada à
esquerda. Para excluir uma linha ou uma coluna, basta clicar com o botão direito na linha ou coluna a ser excluída.
Este processo pode ser feito também pelo grupo Células que está na ABA inicio.

Através da opção Formatar podemos também definir a largura das linhas e colunas.

Congelar Painéis

Algumas planilhas quando muito longas necessitam que sejam mantidos seus cabeçalho e primeiras linhas, evitando-se
assim a digitação de valores em locais errados. Esse recurso chama-se congelar painéis e está disponível na ABA exibição.

No grupo Janela temos o botão Congelar Painéis, clique na opção congelar primeira linha e mesmo que você role a
tela a primeira linha ficará estática.

41
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Trabalhando com Referências


Percebemos que ao copiar uma fórmula, automatica-
mente são alteradas as referências, isso ocorre, pois traba-
lhamos até o momento com valores relativos.
Porém, vamos adicionar em nossa planilha mais
uma coluna onde pretendo calcular qual a porcentagem
cada produto representa no valor total

Ainda dentro desta ABA podemos criar uma nova ja-


nela da planilha Ativa clicando no botão Nova Janela, po-
demos organizar as janelas abertas clicando no botão Or-
ganizar Tudo,
O cálculo ficaria para o primeiro produto =D4/D9 e de-
pois bastaria aplicar a formatação de porcentagem e acres-
centar duas casas decimais.

Pelo grupo Mostrar / Ocultar podemos retirar as linhas


de grade, as linhas de cabeçalho de coluna e linha e a barra
de formulas.

42
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Porém se utilizarmos o conceito aprendido de copiar Pressione ENTER e agora você poderá copiar a sua cé-
a célula E4 para resolver os demais cálculos na célula E5 à lula.
fórmula ficará =D5/D10, porém se observarmos o correto
seria ficar =D5/D9, pois a célula D9 é a célula com o valor
total, ou seja, esta é a célula comum a todos os cálculos a
serem feitos, com isso não posso copiar a fórmula, pelo
menos não como está.
Uma solução seria fazer uma a uma, mas a ideia de
uma planilha é ganhar-se tempo.
A célula D9 então é um valor absoluto, ele não muda é
também chamado de valor constante.
A solução é então travar a célula dentro da formula,
para isso usamos o símbolo do cifrão ($), na célula que fize-
mos o cálculo E4 de clique sobre ela, depois clique na barra
de fórmulas sobre a referência da célula D9.

No exemplo acima foi possível travar toda a células,


existem casos em que será necessário travar somente a li-
nha e casos onde será necessário travar somente a coluna.
As combinações então ficariam (tomando como base
a célula D9)
D9 - Relativa, não fixa linha nem coluna
$D9 - Mista, fixa apenas a coluna, permitindo a varia-
ção da linha.
D$9 - Mista, fixa apenas a linha, permitindo a variação
da coluna.
$D$9 - Absoluta, fixa a linha e a coluna.

Algumas outras funções

Pressione em seu teclado a tecla F4. Será então adi- Vamos inicialmente montar a seguinte planilha
cionado o símbolo de cifrão antes da letra D e antes do
número 9. $D$9.

Em nosso controle de atletas vamos através de algu-


mas outras funções saber algumas outras informações de
nossa planilha.
O Excel possui muitas funções, você pode conhecer
mais sobre elas através do assistente de função.

43
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Máximo

Mostra o valor MAIOR de uma seleção de células.


Em nossa planilha vamos utilizar essa função para sa-
ber é a maior idade, maior peso e a maior altura.
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de
idade na linha de valores máximos E15 e monte a seguin-
te função =MAXIMO(E4:E13). Com essa função estamos
buscando no intervalo das células E4 à E13 qual é valor
máximo encontrado.

Vamos repetir o processo para os valores máximos do


peso e da altura.
Ao clicar na opção Mais Funções abre-se a tela de In- MIN
serir Função, você pode digitar uma descrição do que gos- Mostra o valor mínimo de uma seleção de células.
taria de saber calcular, pode buscar por categoria, como Vamos utilizar essa função em nossa planilha para sa-
Financeira,m Data Hora etc..., ao escolher uma categoria, ber os valores mínimos nas características de nossos atle-
na caixa central serão mostradas todas as funções relativas tas.
a essa categoria. Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de
Ao selecionar, por exemplo, a categoria Estatística e idade na linha de valores máximos E16 e monte a seguinte
dentro do conjunto de funções desta categoria a função função =MIN(E4:E13). Com essa função está buscando no
Máximo abaixo é apresentado uma breve explicação da uti- intervalo das células E4 à E13 qual é valor máximo encon-
lização desta função. Se precisar de mais detalhes da utili- trado.
zação da função clique sobre o link Ajuda sobre esta função.

Para calcular os valores mínimos para o peso e a altura


o processo é o mesmo.

44
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Média Esta função retorna um valor de teste_lógico que per-


mite avaliar uma célula ou um cálculo e retornar um valor
Calcula a média aritmética de uma seleção de valores. verdadeiro ou um valor falso.
Vamos utilizar essa função em nossa planilha para sa-
ber os valores médios nas características de nossos atletas. Sua sintaxe é =SE (TESTELÓGICO;VALOR
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna VERDADEIRO;VALOR FALSO).
de idade na linha de valores máximos E17 e monte a se- =SE - Atribuição de inicio da função;
guinte função =MEDIA(E4:E13). Com essa função estamos
buscando no intervalo das células E4 à E13 qual é valor TESTELÓGICO - Teste a ser feito par validar a célula;
máximo encontrado. VALOR VERDADEIRO - Valor a ser apresentado na cé-
lula quando o teste lógico for verdadeiro, pode ser outra
célula, um caçulo, um número ou um texto, apenas lem-
brando que se for um texto deverá estar entre aspas.
VALOR FALSO - Valor a ser apresentado na célula quan-
do o teste lógico for falso, pode ser outra célula, um caçulo,
um número ou um texto, apenas lembrando que se for um
texto deverá estar entre aspas.
Para exemplificar o funcionamento da função vamos
acrescentar em nossa planilha de controle de atletas uma
coluna chamada categoria.

Para o peso e a altura basta apenas repetir o processo


Vamos utilizar essa função em nossa planilha de con-
trole de atletas. Vamos utilizar a função nos valores médios
da planilha, deixaremos com duas casas decimais.

Vamos aproveitar também o exemplo para utilizarmos


um recurso muito interessante do Excel que é o aninha-
mento de funções, ou seja, uma função fazendo parte de
outra.
A função para o cálculo da média da Idade é =MÉ-
DIA(E4:E13) clique na célula onde está o cálculo e depois Vamos atribuir inicialmente que atletas com idade me-
clique na barra de fórmulas. nor que 18 anos serão da categoria Juvenil e acima disso
Altere a função para =ARRED(MÉDIA(E4:E13);1) com categoria Profissional. Então a lógica da função será que
isso fizemos com que caso exista números após a vírgu- quando a Idade do atleta for menor que 18 ele será Juvenil
la o mesmo será arredonda a somente uma casa decimal. e quando ela for igual ou maior que 18 ele será Profissional.
Caso você não queira casas decimais coloque após o ponto Convertendo isso para a função e baseando-se que a
e vírgula o número zero. idade do primeiro atleta está na célula E4 à função ficará:
=SE(E4<18;”Juvenil”;”Profissional”.)
Nesta situação deve-se ter uma atenção grande em re-
lação aos parênteses, observe que foi aberto uma após a
função ARRED e um a pós a função MÉDIA então se deve
ter o cuidado de fechá-los corretamente. O que auxilia no
fechamento correto dos parênteses é que o Excel vai colo-
rindo os mesmos enquanto você faz o cálculo.

Função SE Explicando a função.


Esta é com certeza uma das funções mais importantes =SE(E4<18: inicio da função e teste lógico, aqui é veri-
do Excel e provavelmente uma das mais complexas para ficado se o conteúdo da célula E4 é menor que 18.
quem está iniciando. “Juvenil”: Valor a ser apresentado como verdadeiro.
“Profissional”: Valor a ser apresentado como falso.

45
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vamos incrementar um pouco mais nossa planilha, va- Adicione as seguintes linhas abaixo de sua planilha
mos criar uma tabela em separado com a seguinte defini-
ção. Até 18 anos será juvenil, de 18 anos até 30 anos será
considerado profissional e acima dos 30 anos será consi-
derado Master.

Nossa planilha ficará da seguinte forma.

Então vamos utilizar a função CONT.SE para buscar em


nossa planilha quantos atletas temos em cada categoria.

Temos então agora na coluna J a referência de idade, e


na coluna K a categoria.

Então agora preciso verificar a idade de acordo com


o valor na coluna J e retornar com valores verdadeiros e
falsos o conteúdo da coluna K. A função então ficará da
seguinte forma:

A função ficou da seguinte forma =CONT.SE(H4:H13;K4)


onde se faz a contagem em um intervalo de H3:H13 que é
o resultado calculado pela função
SE e retorna a célula K4 onde está a categoria juvenil de
atletas. Para as demais categorias basta repetir o cálculo
=SE(E4<J4;K4;SE(E4<J5;K5;K6)) mudando-se somente a categoria que está sendo buscada.
Temos então:
=SE(E4<J4: Aqui temos nosso primeiro teste lógico, Funções de Data e Hora
onde verificamos se a idade que consta na célula E4 é Podemos trabalhar com diversas funções que se ba-
menor que o valor que consta na célula J4. seiam na data e hora de seu computador. As principais fun-
K4: Célula definida a ser retornada como verdadeiro ções de data e hora são:
deste teste lógico, no caso o texto “Juvenil”. =HOJE( ) Retorna a data atual.
SE(E4<J5: segundo teste lógico, onde verificamos se =MÊS(HOJE()) Retorna o mês atual
valor da célula E4 é menor que 30, se for real retorna o =ANO(HOJE()) Retorna o ano atual
segundo valor verdadeiro, é importante ressaltar que este =HORA(AGORA()) Retorna à hora atual
teste lógico somente será utilizado se o primeiro teste der =MINUTO(AGORA()) Retorna o minuto atual
como falso. =SEGUNDO(AGORA()) Retorna o segundo atual
K5: Segundo valor verdadeiro, será retornado se o se- =AGORA( ) Retorna a data e à hora
gundo teste lógico estiver correto. =DIA.DA.SEMANA(HOJE()) Retorna o dia da semana
K6: Valor falso, será retornado se todos os testes lógi- em número
cos derem como falso. =DIAS360( ) Calcula o número de dias que há entre
Permite contar em um intervalo de valores quantas ve- uma data inicial e uma data final.
zes se repete determinado item. Vamos aplicar a função
em nossa planilha de controle de atletas

46
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para exemplificar monte a seguinte planilha. Após isso coloque o valor em formato Moeda.

Em V.Diário, vamos calcular quantas horas foram tra-


balhadas durante cada dia. Para os demais cálculos o V.Hora será igual há todos
=B3-B2+B5-B4, pegamos a data de saída e subtraímos os dias então ele precisa ser fixo para que o cálculo possa
pela data de entrada de manhã, com isso sabemos quan- ser copiado, o número 60 por ser um número não é muda.
tas horas foram trabalhadas pela manhã na mesma função
faço a subtração da saída no período da tarde pela entrada =HORA(B6)*$B$7+MINUTO(B6)*$B$7/60
do período da tarde e somo os dois períodos. Para sabermos quantas horas o funcionário trabalhou
na semana, faça a soma de todos os dias trabalhados.

Repita o processo para todos os demais dias da sema-


na, somente no sábado é preciso apenas calcular a parte da
manhã, ou seja, não precisa ser feito o cálculo do período
da tarde. Ao observar atentamente o valor calculado ele mostra
20:40, porém nessa semana o funcionário trabalhou mais
de 40 horas, isso ocorre pois o cálculo de horas zera ao
chegar em 23:59:59, então preciso fazer com que o Excel
entenda que ele precisa continuar a contagem. Clique na
faixa do grupo número na ABA Inicio, na janela que se abre
clique na categoria Hora e escolha o formato 37:30:55 esse
formato faz com que a contagem continue.

Para calcular o V. da hora que o funcionário recebe co-


loque um valor, no caso adicione 15 e coloquei no formato
Moeda. Vamos agora então calcular quanto ele ganhou por
dia, pois temos quantas horas ele trabalhou durante o dia
e sabemos o valor da hora. Como temos dois formatos de
números precisamos durante o cálculo fazer a conversão.
Para a segunda-feira o cálculo fica da seguinte forma:
=HORA(B6)*B7+MINUTO(B6)*B7/60.
Inicialmente utilizamos a função HORA e pegamos
como referência de hora o valor da célula B6, multiplica-
mos pelo valor que está em B7, essa parte calcula somente
à hora cheia então precisamos somar os minutos que pega
a função MINUTO e multiplica a quantidade de horas pelo
valor da hora, como o valor é para a hora o dividimos então
por 60

47
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Crie um novo campo abaixo da Tabela e coloque V. a


receber e faça a soma dos valores totais.

Planilhas 3D Renomeie essa planilha para valores

O conceito de planilha 3D foi implantado no Excel Retorne a planilha resultado e coloque um valor qual-
na versão 5 do programa, ele é chamado dessa forma quer no campo onde será digitado valor.
pois permite que se façam referências de uma planilha
em outra.

Posso por exemplo fazer uma soma de valores que es-


tejam em outra planilha, ou seja quando na planilha matriz
algum valor seja alterado na planilha que possui referência
com ela também muda.

Vamos a um exemplo

Clique agora no campo onde será colocado o valor de


compra do dólar na célula B4 e clique na célula onde está
o valor que acabou de digitar célula B2, adicione o sinal de
divisão (/) e depois clique na planilha valores ele vai colocar
o nome da planilha seguido de um ponto de exclamação
(!) e clique onde está o valor de compra do dólar. A função
ficará da seguinte forma =B2/valores!B2.

Faremos uma planilha para conversão de valores, en-


tão na planilha 1 vamos ter um campo para que se coloque
o valore em real e automaticamente ele fará a conversão
para outras moedas, monte a seguinte planilha.

Vamos renomear a planilha para resultado.

Com isso toda vez que eu alterar na planilha valores o


valor do dólar, ele atualiza na planilha resultado.
Para isso dê um duplo clique no nome de sua planilha Faça o cálculo para o valor do dólar para venda, a fun-
Plan1 e digite o novo nome. ção ficará da seguinte forma: =B2/valores!C2.
Para poder copiar a fórmula para as demais células,
Salve seu arquivo e clique na guia Plan2 e digite a se- bloqueie a célula B2 que é referente ao valor em real.
guinte planilha

48
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O ideal nesta planilha é que a única célula onde o usuário possa manipular seja a célula onde será digitado valor em
real para a conversão, então vamos bloquear a planilha deixando essa célula desprotegia.
Clique na célula onde será digitado o valor em real depois na ABA Inicio no grupo Fonte clique na faixa e na janela que
se abre clique na guia Proteção.
Desmarque a opção Bloqueadas, isso é necessário, pois esta célula é a única que poderá receber dados.

Clique agora na ABA Revisão e no grupo Alterações clique no botão Proteger Planilha.

Será mostrada mais uma janela coloque uma senha (recomendável)

49
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao tentar alterar uma célula protegida será mostrado o seguinte aviso

Se precisar alterar alguma célula protegida basta clicar no botão Desproteger Planilha no grupo Alterações.

Inserção de Objetos

A inserção de objetos no Excel é muito semelhante ao que aprendemos no Word, as opções de inserção de objetos
estão na ABA Inserir.

Podemos inserir Imagens, clip-arts, formas, SmartArt, caixas de texto, WordArt, objetos, símbolos, etc.
Como a maioria dos elementos já sabemos como implementar vamos focar em Gráficos.

Gráficos
A utilização de um gráfico em uma planilha além de deixá-la com uma aparência melhor também facilita na hora de
mostrar resultados. As opções de gráficos, esta no grupo Gráficos na ABA Inserir do Excel

50
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para criar um gráfico é importante decidir quais dados serão avaliados para o gráfico. Vamos utilizar a planilha Atletas
para criarmos nosso gráfico, vamos criar um gráfico que mostre os atletas x peso.
Selecione a coluna com o nome dos atletas, pressione CTRL e selecione os valores do peso.

Ao clicar em um dos modelos de gráfico no grupo Gráficos você poderá selecionar um tipo de gráfico disponível, no
exemplo cliquei no estilo de gráfico de colunas.

51
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Escolha no subgrupo coluna 2D a primeira opção e seu gráfico será criado.

Para mover o gráfico para qualquer parte de sua planilha basta clicar em uma área em branco de o gráfico manter o
mouse pressionado e arrastar para outra parte.
Na parte superior do Excel é mostrada a ABA Design (Acima dela Ferramentas de Gráfico).

Se você quiser mudar o estilo de seu gráfico, você pode clicar no botão Alterar Tipo de Gráfico.

Para alterar a exibição entre linhas e colunas, basta clicar no botão Alterar Linha/Coluna.

52
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ainda em Layout do Gráfico podemos modificar a dis- Podemos também deixar nosso gráfico isolado em
tribuição dos elementos do Gráfico. uma nova planilha, basta clicar no botão Mover Gráfico.

Podemos também modificar o estilo de nosso gráfico


através do grupo Estilos de Gráfico Dados

O Excel possui uma ABA chamada Dados que permite


importar dados de outras fontes, ou trabalhar os dados de
uma planilha do Excel

Classificação

Vamos agora trabalhar com o gerenciamento de dados


criados no Excel.
Vamos utilizar para isso a planilha de Atletas.
Classificar uma lista de dados é muito fácil, e este re-
curso pode ser obtido pelo botão Classificar e Filtrar na
ABA Inicio, ou pelo grupo Classificar e Filtrar na ABA Dados.

53
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vamos então selecionar os dados de nossa planilha que serão classificados.

Clique no botão Classificar.

Você precisa definir quais serão os critérios de sua classificação, onde diz
Classificar por clique e escolha nome, depois clique no botão Adicionar Nível e coloque Modalidade.

54
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Antes de clicar em OK, verifique se está marcada a opção Meus dados contêm cabeçalhos, pois selecionamos a linha
de títulos em nossa planilha e clique em OK.

Você pode mudar a ordem de classificação sempre que for necessário, basta clicar no botão de Classificar.

Auto Filtro
Este é um recurso que permite listar somente os dados que você precisa visualizar no momento em sua planilha. Com
seus dados selecionados clique no botão Filtro e observe que será adicionado junto a cada célula do cabeçalho da planilha
uma seta.

Estas setas permite visualizar somente os dados que te interessam na planilha, por exemplo caso eu precise da relação
de atletas do sexo feminino, basta eu clicar na seta do cabeçalho sexo e marcar somente Feminino, que os demais dados
da planilha ficarão ocultos.

55
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Posso ainda refinar mais a minha filtragem, caso precise saber dentro do sexo feminino quantos atletas estão na cate-
goria Profissional, eu faço um novo filtro na coluna Categoria.

Observe que as colunas que estão com filtro possuem um ícone em forma de funil no lugar da seta.
Para remover os filtros, basta clicar nos cabeçalhos com filtro e escolher a opção selecionar tudo.
Você também pode personalizar seus filtros através da opção Filtros de Texto e Filtro de número (quando conteúdo da
célula for um número).

56
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Observe na esquerda que são mostrados os níveis de


visualização dos subtotais e que ele faz um total a cada
sequência do sexo dos atletas.
Para remover os subtotais, basta clicar no botão Subto-
tal e na janela que aparece clique em Remover Todos.

Impressão
Subtotais O processo de impressão no Excel é muito parecido
Podemos agrupar nossos dados através de seus valo- com o que fizemos no Word.
res, vamos inicialmente classificar nossa planilha pelo sexo Clique no botão Office e depois em Imprimir e escolha
dos atletas relacionado com a idade. Visualizar Impressão.

Depois clique no botão Subtotal.


Em A cada alteração em: coloque sexo e em Adicionar
subtotal a deixe marcado apenas Peso, depois clique em OK.
No caso escolhi a planilha atletas, podemos observar
que a mesma não cabe em uma única página. Clique no
botão Configurar Página.

57
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Marque a opção Paisagem e clique em OK. CTRL + Sinal de adição (+): quando você precisar inse-
rir células, linhas ou colunas no meio dos dados, ao invés
de clicar com o mouse no número da linha ou na letra da
coluna, basta pressionar esse comando.
*Utilize o sinal de adição do teclado numérico ou a
combinação CTRL + SHIFT + Sinal de adição que fica à es-
querda da tecla backspace, pois ela tem o mesmo efeito.
CTRL + Sinal de subtração (-): para excluir células, li-
nhas ou colunas inteiras, pressione essas teclas. Esse co-
mando funciona tanto no teclado normal quanto no tecla-
do numérico.
CTRL + D: você pode precisar que todas as células de
determinada coluna tenham o mesmo valor. Apertando
CTRL + D, você fará com que a célula ativa seja preenchi-
da com o mesmo valor da célula que está acima dela. Por
Teclas de atalho do Excel exemplo: você digitou o número 5432 na célula A1 e quer
que ele se repita até a linha 30. Selecione da célula A1 até
CTRL + !: quando se está trabalhando com planilhas a A30 e pressione o comando. Veja que todas as células
grandes, quando os dados precisam ser apresentados a um serão preenchidas com o valor 5432.
gerente, ou mesmo só para facilitar sua vida, a melhor ma- CTRL + R: funciona da mesma forma que o comando
neira de destacar certas informações é formatar a célula, de acima, mas para preenchimento de colunas. Exemplo: sele-
modo que a fonte, a cor do texto, as bordas e várias outras cione da célula A1 até a E1 e pressione CTRL + R. Todas as
configurações de formatação. Mas ter que usar o mouse células selecionadas terão o mesmo valor da A1.
para encontrar as opções de formatação faz você perder CTRL + ALT + V: você já deve ter cometido o erro de co-
muito tempo. Portanto, pressionando CTRL + !, você fará piar uma célula e colar em outro local, acabando com a for-
com que a janela de opções de formatação da célula seja matação que tinha definido anteriormente, pois as células
exibida. Lembre-se que você pode selecionar várias células de origem eram azuis e as de destino eram verdes. Ou seja,
para aplicar a formatação de uma só vez. você agora tem células azuis onde tudo deveria ser verde.
CTRL + (: muitas vezes você precisa visualizar dados Para que isso não aconteça, você pode utilizar o comando
que não estão próximos uns dos outros. Para isso o Excel “colar valores”, que fará com que somente os valores das
fornece a opção de ocultar células e colunas. Pressionan- células copiadas apareçam, sem qualquer formatação. Para
do CTRL + (, você fará com que as linhas correspondentes não precisar usar o mouse, copie as células desejadas e na
à seleção sejam ocultadas. Se houver somente uma célula hora de colar utilize as teclas CTRL + ALT + V.
ativa, só será ocultada a linha correspondente. Por exem- CTRL + PAGE DOWN: não há como ser rápido utilizan-
plo: se você selecionar células que estão nas linhas 1, 2, 3 do o mouse para alternar entre as planilhas de um mesmo
e 4 e pressionar as teclas mencionadas, essas quatro linhas arquivo. Utilize esse comando para mudar para a próxima
serão ocultadas. planilha da sua pasta de trabalho.
Para reexibir aquilo que você ocultou, selecione uma CTRL + PAGE UP: similar ao comando anterior. Porém,
célula da linha anterior e uma da próxima, depois utilize executando-o você muda para a planilha anterior.
as teclas CTRL + SHIFT + (. Por exemplo: se você ocultou a *É possível selecionar as planilhas que estão antes ou
linha 14 e precisa reexibi-la, selecione uma célula da linha depois da atual, pressionando também o SHIFT nos dois
13, uma da linha 15 e pressione as teclas de atalho. comando acima.
CTRL + ): esse atalho funciona exatamente como o
anterior, porém, ele não oculta linhas, mas sim COLUNAS. Teclas de função
Para reexibir as colunas que você ocultou, utilize as teclas Poucas pessoas conhecem todo o potencial das teclas
CTRL + SHIFT + ). Por exemplo: você ocultou a coluna C e que ficam na mesma linha do “Esc”. Assim como o CTRL,
quer reexibi-la. Selecione uma célula da coluna B e uma da as teclas de função podem ser utilizadas em combinação
célula D, depois pressione as teclas mencionadas. com outras, para produzir comandos diferentes do padrão
CTRL + SHIFT + $: quando estiver trabalhando com va- atribuído a elas. Veja alguns deles abaixo.
lores monetários, você pode aplicar o formato de moeda F2: se você cometer algum erro enquanto está inse-
utilizando esse atalho. Ele coloca o símbolo R$ no número rindo fórmulas em uma célula, pressione o F2 para poder
e duas casas decimais. Valores negativos são colocados en- mover o cursor do teclado dentro da célula, usando as se-
tre parênteses. tas para a direita e esquerda. Caso você pressione uma da
CTRL + SHIFT + Asterisco (*): esse comando é extre- setas sem usar o F2, o cursor será movido para outra célula.
mamente útil quando você precisa selecionar os dados ALT + SHIFT + F1: inserir novas planilhas dentro de um
que estão envolta da célula atualmente ativa. Caso existam arquivo do Excel também exige vários cliques com o mou-
células vazias no meio dos dados, elas também serão se- se, mas você pode usar o comando ALT + SHIFT + F1 para
lecionadas. Veja na imagem abaixo um exemplo. A célula ganhar algum tempo. As teclas SHIFT + F11 produzem o
selecionada era a D6. mesmo efeito.

58
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

F8: use essa tecla para ligar ou desligar o modo de se- Estrutura e Funcionalidade do e-mail
leção estendida. Esse pode ser usado da mesma forma que
o SHIFT. Porém, ele só será desativado quando for pres- Como no primeiro e-mail criado por Tomlinson, todos
sionado novamente, diferente do SHIFT, que precisa ser os endereços eletrônicos seguem uma estrutura padrão,
mantido pressionado para que você possa selecionar várias nome do usuário + @ + host, onde:
células da planilha. » Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo
usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: sergiodecastro.
Veja abaixo outros comandos úteis: » @ - é o símbolo, definido por Tomlinson, que separa
CTRL + Setas de direção: move o cursor para a última o nome do usuário do seu provedor.
célula preenchida. Se houve alguma célula vazia no meio, » Host – é o nome do provedor onde foi criado o ende-
o cursor será movido para a última célula preenchida que reço eletrônico. Exemplo: click21.com.br .
estiver antes da vazia. » Provedor – é o host, um computador dedicado ao
END: pressione essa tecla uma vez para ativar ou de- serviço 24 horas por dia.
sativar o “Modo de Término”. Sua função é parecida com o
comando anterior. Pressiona uma vez para ativar e depois Vejamos um exemplo real: sergiodecastro@click21.
pressione uma tecla de direção para mover o cursor para a com.br
última célula preenchida.
*Se a tecla Scroll Lock estiver ativada, pressionar END A caixa postal é composta pelos seguintes itens:
fará com que o cursor seja movido para a célula que estiver » Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as men-
visível no canto inferior direito da janela. sagens recebidas.
CTRL + BARRA DE ESPAÇO: utilize essa atalho se você » Caixa de Saída – Armazena as mensagens ainda não
quiser selecionar a coluna inteira onde está o cursor. enviadas.
SHIFT + BARRA DE ESPAÇOS: semelhante ao comando » E-mails Enviados – Como o nome diz, ficam os e-mails
acima, porém, seleciona a linha inteira onde está o cursor. que foram enviados.
» Rascunho – Guarda as mensagens que você ainda
não terminou de redigir.
» Lixeira – Armazena as mensagens excluídas.
6.2.3. CORREIO ELETRÔNICO: USO DE
CORREIO ELETRÔNICO, PREPARO E ENVIO DE Ao redigir mensagem, os seguintes campos estão pre-
MENSAGENS, ANEXAÇÃO DE ARQUIVOS. sentes:
» Para – é o campo onde será inserido o endereço do
destinatário.
» Cc – este campo é utilizado para mandar cópias da
mesma mensagem, ao usar este campo os endereços apa-
CORREIO ELETRÔNICO recerão para todos os destinatários.
» Cco – sua funcionalidade é igual ao campo anterior,
O correio eletrônico1 se parece muito com o correio no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos
tradicional. Todo usuário tem um endereço próprio e uma donos.
caixa postal, o carteiro é a Internet. Você escreve sua men- » Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem.
sagem, diz pra quem quer mandar e a Internet cuida do » Anexos – são dados que são anexados à mensagem
resto. Mas por que o e-mail se popularizou tão depressa? (imagens, programas, música, arquivos de texto, etc.).
A primeira coisa é pelo custo. Você não paga nada por uma » Corpo da Mensagem – espaço onde será redigida a
comunicação via e-mail, apenas os custos de conexão com mensagem.
a Internet. Outro fator é a rapidez, enquanto o correio tra-
dicional levaria dias para entregar uma mensagem, o ele- Alguns nomes podem mudar de servidor para servidor,
trônico faz isso quase que instantaneamente e não utiliza porém representando as mesmas funções. Além dos destes
papel. Por último, a mensagem vai direto ao destinatário, campos tem ainda os botões para EVIAR, ENCAMINHAR e
não precisa passa de mão-em-mão (funcionário do correio, EXCLUIR as mensagens, este botões bem como suas fun-
carteiro, etc.), fica na sua caixa postal onde somente o dono cionalidades veremos em detalhes, mais à frente.
tem acesso e, apesar de cada pessoa ter seu endereço pró- Para receber seus e-mails você não precisa estar co-
prio, você pode acessar seu e-mail de qualquer computa- nectado à Internet, pois o e-mail funciona com provedores.
dor conectado à Internet. Bem, o e-mail mesclou a faci- Mesmo você não estado com seu computador ligado, seus
lidade de uso do correio convencional com a velocidade e-mail são recebidos e armazenados na sua caixa postal,
do telefone, se tornando um dos melhores e mais utilizado localizada no seu provedor. Quando você acessa sua caixa
meio de comunicação. postal, pode ler seus e-mail on-line (diretamente na Inter-
net, pelo WebMail) ou baixar todos para seu computador
através de programas de correio eletrônico. Um programa
1 Fonte: http://juliobattisti.com.br/tutoriais/sergiocastro/correioeletronico- muito conhecido é o Outlook Express, o qual detalhar mais
ewebmail001.asp à frente.

59
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A sua caixa postal é identificada pelo seu endereço de 1. Acesse a página do provedor (www.ibestmail.com.br)
e-mail e qualquer pessoa que souber esse endereço, pode ou qualquer outro de sua preferência.
enviar mensagens para você. Também é possível enviar men- 2. Clique no link “Não tem uma conta? Crie uma!”, será
sagens para várias pessoas ao mesmo tempo, para isto basta aberto um formulário, preencha-o observando todos os
usar os campos “Cc” e “Cco” descritos acima. campos. Os campos do formulário têm suas particularida-
Atualmente, devido à grande facilidade de uso, a maioria des de provedor para provedor, no entanto todos trazem
das pessoas acessa seu e-mail diretamente na Internet através a mesma ideia, colher informações do usuário. Este será a
do navegador. Este tipo de correio é chamado de WebMail. O primeira parte do seu e-mail e é igual a este em qualquer
WebMail é responsável pela grande popularização do e-mail, cadastro, no exemplo temos “@outlook.com”. A junção do
pois mesmo as pessoas que não tem computador, podem nome de usuário com o nome do provedor é que será seu
acessar sua caixa postal de qualquer lugar (um cyber, casa de endereço eletrônico. No exemplo ficaria o seguinte: seuno-
um amigo, etc.). Para ter um endereço eletrônico basta que- me@outlook.com.
rer e acessar a Internet, é claro. Existe quase que uma guerra 3. Após preencher todo o formulário clique no botão
por usuários. Os provedores, também, disputam quem ofe- “Criar conta”, pronto seu cadastro estará efetivado.
rece maior espaço em suas caixas postais. Há pouco tempo Pelo fato de ser gratuito e ter muitos usuários é co-
encontrar um e-mail com mais de 10 Mb, grátis, não era fácil. mum que muitos nomes já tenham sido cadastrados por
Lembro que, quando a Embratel ofereceu o Click21 com 30 outros usuários, neste caso será exibida uma mensagem
Mb, achei que era muito espaço, mas logo o iBest ofereceu lhe informando do problema. Isso acontece porque den-
120 Mb e não parou por ai, a “guerra” continuo culminando tro de um mesmo provedor não pode ter dois nomes de
com o anúncio de que o Google iria oferecer 1 Gb (1024 Mb). usuários iguais. A solução é procurar outro nome que ainda
A última campanha do GMail, e-mail do Google, é de aumen- esteja livre, alguns provedores mostram sugestões como:
tar sua caixa postal constantemente, a última vez que acessei seunome2005; seunome28, etc. Se ocorrer isso com você
estava em 2663 Mb. (o que é bem provável que acontecerá) escolha uma das
sugestões ou informe outro nome (não desista, você vai
WebMail conseguir), finalize seu cadastro que seu e-mail vai está
pronto para ser usado.
O WebMail, como descrito acima, é uma aplicação aces-
sada diretamente na Internet, sem a necessidade de usar pro- » Entendendo a Interface do WebMail
grama de correio eletrônico. Praticamente todos os e-mails A interface é a parte gráfica do aplicativo de e-mail que
possuem aplicações para acesso direto na Internet. É grande o nos liga do mundo externo aos comandos do programa.
número de provedores que oferecem correio eletrônico gra- Estes conhecimentos vão lhe servir para qualquer WebMail
tuitamente, logo abaixo segue uma lista dos mais populares.
que você tiver e também para o Outlook, que é um progra-
» Outlook (antigo Hotmail) – http://www.outlook.com
ma de gerenciamento de e-mails, vamos ver este programa
» GMail – http://www.gmail.com
mais adiante.
» Bol (Brasil on line) – http://www.bol.com.br
1. Chegou e-mail? – Este botão serve para atualizar sua
» iG Mail – http://www.ig.com.br
caixa de entrar, verificando se há novas mensagens no ser-
» Yahoo – http://www.yahoo.com.br
vidor.
Para criar seu e-mail basta visitar o endereço acima e se- 2. Escrever – Ao clicar neste botão a janela de edição
guir as instruções do site. Outro importante fator a ser ob- de e-mail será aberta. A janela de edição é o espaço no
servado é o tamanho máximo permitido por anexo, este foi qual você vai redigir, responder e encaminhar mensagens.
outro fator que aumentou muito de tamanho, há pouco tem- Semelhante à função novo e-mail do Outlook.
po a maioria dos provedores permitiam em torno de 2 Mb, 3. Contatos – Abre a seção de contatos. Aqui os seus
mas atualmente a maioria já oferecem em média 25 Mb. Além endereços de e-mail são previamente guardados para uti-
de caixa postal os provedores costumam oferecer serviços de lização futura, nesta seção também é possível criar grupos
agenda e contatos. para facilitar o gerenciamento dos seus contatos.
Todos os WebMail acima são ótimos, então fica a critério 4. Configurações – Este botão abre (como o próprio
de cada um escolher o seu, ou até mesmo os seus, eu, por nome já diz) a janela de configurações. Nesta janela podem
exemplo, procuro aqueles que oferecem uma interface com o ser feitas diversas configurações, tais como: mudar senha,
menor propaganda possível. definir número de e-mail por página, assinatura, resposta
» Criando seu e-mail automática, etc.
Fazer sua conta de e-mail é uma tarefa extremamen- 5. Ajuda – Abre, em outra janela do navegador, uma
te simples, eu escolhi o Outlook.com, pois a interface deste seção com vários tópicos de ajuda.
WebMail não tem propagandas e isso ajudar muito os en- 6. Sair – Este botão é muito importante, pois é através
tendimentos, no entanto você pode acessar qualquer dos dele que você vai fechar sua caixa postal, muito recomen-
endereços informados acima ou ainda qualquer outro que dado quando o uso de seu e-mail ocorrer em computado-
você conheça. O processo de cadastro é muito simples, bas- res de terceiros.
ta preencher um formulário e depois você terá sua conta de 7. Espaço – Esta seção é apenas informativa, exibe seu
e-mail pronta para ser usada. Vamos aos passos: endereço de e-mail; quantidade total de sua caixa posta;
parte utilizada em porcentagem e um pequeno gráfico.

60
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

8. Seção atual – Mostra o nome da seção na qual você MS OUTLOOK 2010


está, no exemplo a Caixa de Entrada.
9. Número de Mensagens – Exibe o intervalo de men- O Microsoft Outlook 2010 oferece excelentes ferramen-
sagens que estão na tela e também o total da seção sele- tas de gerenciamento de emails profissionais e pessoais para
cionada. mais de 500 milhões de usuários do Microsoft Office no
10. Caixa de Comandos – Neste menu suspenso estão mundo todo. Com o lançamento do Outlook 2010, você terá
todos os comandos relacionados com as mensagens exi- uma série de experiências mais ricas para atender às suas ne-
bidas. Para usar estes comandos, selecione uma ou mais cessidades de comunicação no trabalho, em casa e na escola.
mensagens o comando desejado e clique no botão “OK”. O Do visual redesenhado aos avançados recursos de orga-
nização de emails, pesquisa, comunicação e redes sociais, o
botão “Bloquear”, bloqueia o endereço de e-mail da men-
Outlook 2010 proporciona uma experiência fantástica para
sagem, útil para bloquear e-mails indesejados. Já o botão você se manter produtivo e em contato com suas redes pes-
“Contas externas” abre uma seção para configurar outras soais e profissionais.
contas de e-mails que enviarão as mensagens a sua caixa
postal. Para o correto funcionamento desta opção é preci- Adicionar uma conta de email
so que a conta a ser acessada tenha serviço POP3 e SMTP. Antes de poder enviar e receber emails no Outlook 2010,
11. Lista de Páginas – Este menu suspenso exibe a lista você precisa adicionar e configurar uma conta de email. Se
de página, que aumenta conforme a quantidade de e-mails tiver usado uma versão anterior do Microsoft Outlook no
na seção. Para acessar selecione a página desejada e clique mesmo computador em que instalou o Outlook 2010, suas
no botão “OK”. Veja que todos os comandos estão dispo- configurações de conta serão importadas automaticamente.
níveis também na parte inferior, isto para facilitar o uso de Se você não tem experiência com o Outlook ou se esti-
sua caixa postal. ver instalando o Outlook 2010 em um computador novo, o
12. Pastas do Sistema – Exibe as pastas padrões de um recurso Configuração Automática de Conta será iniciado au-
correio eletrônico. Caixa de Entrada; Mensagens Enviadas; tomaticamente e o ajudará a configurar as definições de suas
Rascunho e Lixeira. Um detalhe importante é o estilo do contas de email. Essa configuração exige somente seu nome,
nome, quando está normal significa que todas as mensa- endereço de email e senha. Se não for possível configurar sua
gens foram abertas, porém quando estão em negrito, acu- conta de email automaticamente, será necessário digitar as
sam que há uma ou mais mensagens que não foram lidas, informações adicionais obrigatórias manualmente.
o número entre parêntese indica a quantidade. Este deta- 1. Clique na guia Arquivo.
2. Em Dados da Conta e clique em Adicionar Conta.
lhe funciona para todas as pastas e mensagens do correio.
13. Painel de Visualização – Espaço destinado a exibir
as mensagens. Por padrão, ao abrir sua caixa postal, é exi-
bido o conteúdo da Caixa de Entrada, mas este painel exibe
também as mensagens das diversas pastas existentes na
sua caixa postal. A observação feita no item anterior, sobre
negrito, também é válida para esta seção. Observe as caixas
de seleção localizadas do lado esquerdo de cada mensa-
gem, é através delas que as mensagens são selecionadas. A
seleção de todos os itens ao mesmo tempo, também pode
ser feito pela caixa de seleção do lado esquerdo do título Sobre contas de email
da coluna “Remetente”. O título das colunas, além de no- O Outlook dá suporte a contas do Microsoft Exchange,
meá-las, também serve para classificar as mensagens que POP3 e IMAP. Seu ISP (provedor de serviços de Internet) ou
por padrão estão classificadas através da coluna “Data”, administrador de emails pode lhe fornecer as informações
para usar outra coluna na classificação basta clicar sobre necessárias para a configuração da sua conta de email no
nome dela. Outlook.
14. Gerenciador de Pastas – Nesta seção é possível adi- Contas de email estão contidas em um perfil. Um perfil é
cionar, renomear e apagar as suas pastas. As pastas são composto de contas, arquivos de dados e configurações que
um modo de organizar seu conteúdo, armazenando suas especificam onde as suas mensagens de email são salvas. Um
mensagens por temas. Quando seu e-mail é criado não novo perfil é criado automaticamente quando o Outlook é
existem pastas nesta seção, isso deve ser feito pelo usuário executando pela primeira vez.
de acordo com suas necessidades. Adicionar uma conta de email ao iniciar o Outlook 2010
15. Contas Externas – Este item é um link que abrirá a pela primeira vez
seção onde pode ser feita uma configuração que permitirá Se você ainda não tem experiência com o Outlook ou se
você acessar outras caixas postais diretamente da sua. O estiver instalando o Outlook 2010 em um computador novo,
próximo link, como o nome já diz, abre a janela de confi- o recurso Configuração Automática de Conta será iniciado
guração dos e-mails bloqueados e mais abaixo o link para automaticamente e o ajudará a definir as configurações das
baixar um plug-in que lhe permite fazer uma configuração suas contas de email. Esse processo exige somente seu nome,
automática do Outlook Express. Estes dois primeiros links endereço de email e senha. Se não for possível configurar a
são os mesmos apresentados no item 10. sua conta de email automaticamente, você precisará inserir
as informações adicionais obrigatórias manualmente.

61
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1. Inicie o Outlook.
2. Quando solicitado a configurar uma conta de
email, clique em Avançar.

Se a tentativa inicial de configurar a conta falhar, uma


segunda tentativa poderá ser feita com o uso de uma co-
nexão não criptografada com o servidor de email. Se você
vir essa mensagem, clique em Avançar para continuar. Se a
conexão não criptografada também falhar, não será possí-
3. Para adicionar uma conta de email, clique em Sim vel configurar a sua conta de email automaticamente.
e depois em Avançar.
4. Insira seu nome, endereço de email e senha e cli-
que em Avançar.

Clique em Repetir ou marque a caixa de seleção Confi-


gurar servidor manualmente.
Depois que a conta for adicionada com êxito, você
poderá adicionar mais contas clicando em Adicionar outra
conta.

Observação: Quando o seu computador está conecta-


do a um domínio de rede de uma organização que usa o
Microsoft Exchange Server, suas informações de email são
automaticamente inseridas. A senha não aparece porque a
sua senha de rede é usada. Um indicador de progresso é
exibido à medida que a sua conta está sendo configurada.
O processo de configuração pode levar vários minutos.

5. Para sair da caixa de diálogo Adicionar Nova Con-


ta, clique em Concluir.

62
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Se você tiver adicionado uma conta do Exchange Ser- 3. Em Informações do Usuário, faça o seguinte:
ver, deverá sair e reiniciar o Outlook para que essa conta • Na caixa Nome, digite seu nome da forma que
apareça e possa ser usada no Outlook. aparecerá para as outras pessoas.
 Observação: Se o seu perfil já tiver uma conta do Mi- • Na caixa Endereço de Email, digite o endereço de
crosoft Exchange Server e você quiser adicionar outra, será email completo atribuído por seu administrador de email
necessário usar a Configuração Automática de Conta. Para ou ISP. Não se esqueça de incluir o nome de usuário, o
configurar manualmente uma conta adicional do Exchange símbolo @ e o nome do domínio como, por exemplo, pat@
Server, você deve sair do Outlook e depois usar o módulo contoso.com.
Email no Painel de Controle. • Nas caixas Senha e Confirmar Senha, digite a se-
nha atribuída ou criada por você.
Adicionar uma conta de email manualmente   Dica:  A senha poderá diferenciar maiúsculas de mi-
Existem três maneiras de adicionar manualmente sua núsculas. Verifique se a tecla CAPS LOCK foi pressionada
conta de email. A maioria das pessoas só possui um perfil e durante a inserção da sua senha.
deverá usar a seção Adicionar ao perfil em execução. 4. Em Informações do Servidor, faça o seguinte:
 Observação   A configuração manual de contas do Mi- • Na caixa de listagem Tipo de Conta, escolha POP3
crosoft Exchange não pode ser feita enquanto o Outlook ou IMAP.
estiver em execução. Use as etapas das seções Adicionar a • Na caixa Servidor de entrada de emails, digite o
um perfil existente ou Adicionar a um novo perfil. nome completo do servidor fornecido pelo provedor de
Adicionar ao perfil em execução serviços de Internet ou pelo administrador de email. Geral-
1. Clique na guia Arquivo. mente, é mail. seguido do nome de domínio, por exemplo,
2. Na guia Info, em Informações da Conta, clique em mail.contoso.com.
Configurações de Conta. • Na caixa Servidor de saída de emails (SMTP), digi-
3. Clique em Configurações de Conta. te o nome completo do servidor fornecido pelo provedor
4. Clique em Adicionar Conta. de serviços de Internet ou pelo administrador de email. Ge-
Adicionar a um perfil existente
ralmente, é mail. seguido do nome do domínio, por exem-
1. Feche o Outlook.
plo, mail.contoso.com.
2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes
5. Em Informações de Logon, faça o seguinte:
em Email.
• Na caixa Nome de Usuário, digite o nome do
A barra de título da caixa de diálogo Configurar Email
usuário fornecido pelo provedor ou pelo administrador de
contém o nome do perfil atual. Para selecionar um perfil
email. Ele pode fazer parte do seu endereço de email antes
diferente já existente, clique em Mostrar Perfis, selecione
do símbolo @, como pat, ou pode ser o seu endereço de
o nome do perfil e, em seguida, clique em Propriedades.
email completo, como pat@contoso.com.
3. Clique em Contas de Email.
Adicionar a um novo perfil • Na caixa Senha, digite a senha fornecida pelo pro-
1. Feche o Outlook. vedor ou pelo administrador de email ou uma senha que
2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes tenha sido criada por você.
no módulo Email. • Marque a caixa de seleção Lembrar senha.
3. Em Perfis, clique em Mostrar Perfis.   Observação: Você tem a opção de salvar sua senha
4. Clique em Adicionar. digitando-a na caixa Senha e marcando a caixa de seleção
5. Na caixa de diálogo Novo Perfil, digite um nome Lembrar senha. Se você escolheu essa opção, não precisará
para o perfil e, em seguida, clique em OK. digitar a senha sempre que acessar a conta. No entanto,
Trata-se do nome que você vê ao iniciar o Outlook caso isso também torna a conta vulnerável a qualquer pessoa
configure o Outlook para solicitar o perfil a ser usado. que tenha acesso ao seu computador.
6. Clique em Contas de Email. Opcionalmente, você poderá denominar sua conta de
email como ela aparece no Outlook. Isso será útil caso você
Configurar manualmente uma conta POP3 ou IMAP esteja usando mais de uma conta de email. Clique em Mais
Configurações. Na guia Geral, em Conta de Email, digite
Uma conta POP3 é o tipo mais comum de conta de
um nome que ajudará a identificar a conta, por exemplo,
email.
Meu Email de Provedor de Serviços de Internet Residencial.
Uma conta IMAP é um tipo avançado de conta de
A sua conta de email pode exigir uma ou mais das con-
email que oferece várias pastas de email em um servidor
figurações adicionais a seguir. Entre em contato com o seu
de emails. As contas do Google GMail e da AOL podem ser
ISP se tiver dúvidas sobre quais configurações usar para
usadas no Outlook 2010 como contas IMAP.
sua conta de email.
Se não souber ao certo qual é o tipo da sua conta, en-
• Autenticação de SMTP     Clique em Mais Confi-
tre em contato com o seu provedor de serviços de Internet
gurações. Na guia Saída, marque a caixa de seleção Meu
(ISP) ou administrador de email.
servidor de saída de emails requer autenticação, caso isso
1. Clique em Definir manualmente as configurações seja exigido pela conta.
do servidor ou tipos de servidor adicionais e em Avançar.
2. Clique em Email da Internet e em Avançar.

63
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Criptografia de POP3    Para contas POP3, clique • Clique em Mais Configurações. Em qualquer uma
em Mais Configurações. Na guia Avançada, em Números das guias, configure as opções desejadas.
das portas do servidor, em Servidor de entrada (POP3), • Clique em Verificar Nomes para confirmar se o
marque a caixa de seleção O servidor requer uma conexão servidor reconhece o seu nome e se o computador está
criptografada (SSL), caso o provedor de serviços de Inter- conectado com a rede. Os nomes de conta e de servidor
net instrua você a usar essa configuração. especificados nas etapas 3 e 5 devem se tornar sublinha-
• Criptografia de IMAP     Para contas IMAP, clique dos. Se isso não acontecer, entre em contato com o admi-
em Mais Configurações. Na guia Avançada, em Números nistrador do Exchange.
das portas do servidor, em Servidor de entrada (IMAP), 7. Se você clicou em Mais Configurações e abriu a
para a opção Usar o seguinte tipo de conexão criptogra- caixa de diálogo Microsoft Exchange Server, clique em OK.
fada, clique em Nenhuma, SSL, TLS ou Automática, caso o 8. Clique em Avançar.
provedor de serviços de Internet instrua você a usar uma 9. Clique em Concluir.
dessas configurações.
• Criptografia de SMTP    Clique em Mais Configu- Remover uma conta de email
rações. Na guia Avançada, em Números das portas do ser- 1. Clique na guia Arquivo.
vidor, em Servidor de saída (SMTP), para a opção Usar o 2. Em Informações da Conta, clique em Configura-
seguinte tipo de conexão criptografada, clique em Nenhu- ções de Conta e depois em Configurações de Conta.
ma, SSL, TLS ou Automática, caso o provedor de serviços
de internet instrua você a usar uma dessas configurações.
Opcionalmente, clique em Testar Configurações da
Conta para verificar se a conta está funcionando. Se houver
informações ausentes ou incorretas, como a senha, será so-
licitado que sejam fornecidas ou corrigidas. Verifique se o
computador está conectado com a Internet.
Clique em Avançar.
Clique em Concluir.

Configurar manualmente uma conta do Microsoft


Exchange
As contas do Microsoft Exchange são usadas por or-
ganizações como parte de um pacote de ferramentas de
3. Selecione a conta de email que você deseja remo-
colaboração incluindo mensagens de email, calendário e
ver e clique em Remover.
agendamento de reuniões e controle de tarefas. Alguns 4. Para confirmar a remoção da conta, clique em Sim.
provedores de serviços de Internet (ISPs) também ofere- Para remover uma conta de email de um perfil diferen-
cem contas do Exchange hospedadas. Se não estiver certo te, encerre e reinicie o Outlook com o outro perfil e siga as
sobre o tipo de conta que utiliza, entre em contato com o etapas anteriores. Você também pode remover contas de
seu ISP ou administrador de email. outros perfis da seguinte forma:
A configuração manual de contas do Microsoft Exchan- 1. Saia do Outlook.
ge não pode ser feita enquanto o Outlook estiver em exe- 2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes
cução. Para adicionar uma conta do Microsoft Exchange, em Email.
siga as etapas de Adicionar a um perfil existente ou Adi-
cionar a um novo perfil e siga um destes procedimentos: A barra de título da caixa de diálogo Configurar Email
1. Clique em Definir manualmente as configurações contém o nome do perfil atual. Para selecionar um perfil
do servidor ou tipos de servidor adicionais e em Avançar. diferente já existente, clique em Mostrar Perfis, selecione
2. Clique em Microsoft Exchange e, em seguida, cli- o nome do perfil e, em seguida, clique em Propriedades.
que em Avançar. 3. Clique em Contas de Email.
3. Digite o nome atribuído pelo administrador de 4. Selecione a conta e clique em Remover.
email para o servidor executando o Exchange. 5. Para confirmar a remoção da conta, clique em Sim.
4. Para usar as Configurações do Modo Cache do Ex-  Observações 
change, marque a caixa de seleção Usar o Modo Cache do • A remoção de uma conta de email POP3 ou IMAP
Exchange. não exclui os itens enviados e recebidos com o uso dessa
5. Na caixa Nome de Usuário, digite o nome do conta. Se você estiver usando uma conta POP3, ainda po-
usuário atribuído ao administrador de email. Ele não costu- derá usar o Arquivo de Dados do Outlook (.pst) para traba-
ma ser seu nome completo. lhar com os seus itens.
6. Opcionalmente, siga um destes procedimentos: • Se estiver usando uma conta do Exchange, seus
• Clique em Mais Configurações. Na guia Geral em dados permanecerão no servidor de email, a não ser que
Conta de Email, digite o nome que ajudará a identificar a eles sejam movidos para um Arquivo de Dados do Outlook
conta, por exemplo, Meu Email de Trabalho. (.pst).

64
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Criar uma mensagem de email Encaminhar uma mensagem


1. Na guia Página Inicial, no grupo Novo, clique em Ao encaminhar uma mensagem, ela incluirá todos os
Novo Email. anexos que estavam incluídos na mensagem original. Para
incluir mais anexos, consulte Anexar um arquivo ou outro
item a uma mensagem de email.
1. Na guia Página Inicial ou Mensagem, no grupo Res-
ponder, clique em Encaminhar.
Observação: O nome da guia depende da condição da
mensagem, se está selecionada na lista de mensagens ou se
está aberta na respectiva janela.
2. Especifique destinatários nas caixas Para, Cc ou Cco.
3. Escreva sua mensagem.
Atalho do teclado  Para criar uma mensagem de email
4. Clique em Enviar.
a partir de qualquer pasta do Outlook, pressione CTR-
Dica: Se quiser encaminhar duas ou mais mensagens
L+SHIFT+M
para os mesmos destinatários, como se fossem uma só, em
2. Na caixa Assunto, digite o assunto da mensagem.
Email, clique em uma das mensagens, pressione CTRL e cli-
3. Insira os endereços de email ou os nomes dos des-
tinatários na caixa Para, Cc ou Cco. Separe vários destinatá- que em cada mensagem adicional. Na guia Página Inicial, no
rios por ponto-e-vírgula. grupo Responder, clique em Encaminhar. Cada mensagem
Para selecionar os nomes dos destinatários em uma lis- será encaminhada como anexo de uma nova mensagem.
ta no Catálogo de Endereços, clique em Para, Cc ou Cco e
clique nos nomes desejados. Adicionar um anexo a uma mensagem de email
4. Depois de redigir a mensagem, clique em Enviar. Arquivos podem ser anexados a uma mensagem de
email. Além disso, outros itens do Outlook, como mensa-
Responder ou encaminhar uma mensagem de email gens, contatos ou tarefas, podem ser incluídos com as men-
Quando você responde a uma mensagem de email, o sagens enviadas.
remetente da mensagem original é automaticamente adi- 1. Crie uma mensagem ou, para uma mensagem exis-
cionado à caixa Para. De modo semelhante, quando você tente, clique em Responder, Responder a Todos ou Encami-
usa Responder a Todos, uma mensagem é criada e endere- nhar.
çada ao remetente e a todos os destinatários adicionais da 2. Na janela da mensagem, na guia Mensagem, no
mensagem original. Seja qual for sua escolha, você poderá grupo Incluir, clique em Anexar Arquivo.
alterar os destinatários nas caixas Para, Cc e Cco.

Ao encaminhar uma mensagem, as caixas Para, Cc e


Cco ficam vazias e é preciso fornecer pelo menos um des-
tinatário.

Responder ao remetente ou a outros destinatários


Você poder responder apenas ao remetente de uma
mensagem ou a qualquer combinação de pessoas existen- Abrir e salvar anexos
te nas linhas Para e Cc. Pode também adicionar novos des- Anexos são arquivos ou itens que podem ser incluídos
tinatários. em uma mensagem de email. As mensagens com anexos
1. Na guia Página Inicial ou na guia Mensagem, no são identificadas por um ícone de clipe de papel   na lis-
grupo Responder, clique em Responder ou em Responder ta de mensagens. Dependendo do formato da mensagem
a Todos. recebida, os anexos são exibidos em um de dois locais na
 Observação: O nome da guia depende da condição da mensagem.
mensagem, se está selecionada na lista de mensagens ou • Se o formato da mensagem for HTML ou texto
se está aberta na respectiva janela. sem formatação, os anexos serão exibidos na caixa de ane-
Para remover o nome das linhas Para e Cc, clique no xo, sob a linha Assunto.
nome e pressione DELETE. Para adicionar um destinatário, • Se o formato da mensagem for o formato menos
clique na caixa Para, Cc ou Cco e especifique o destinatário.
comum RTF (Rich Text Format), os anexos serão exibidos
2. Escreva sua mensagem.
no corpo da mensagem. Mesmo que o arquivo apareça no
3. Clique em Enviar.
corpo da mensagem, ele continua sendo um anexo sepa-
 Dica   Seja cuidadoso ao clicar em Responder a Todos,
rado.
principalmente quando houver listas de distribuição ou um
Observação   O formato utilizado na criação da men-
grande número de destinatários em sua resposta. Geral-
sagem é indicado na barra de título, na parte superior da
mente, o melhor é usar Responder e adicionar somente
mensagem.
os destinatários necessários, ou então usar Responder a
Todos, mas remover os destinatários desnecessários e as
listas de distribuição.

65
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Abrir um anexo 3. Clique em uma local de pasta e clique em OK.


Um anexo pode ser aberto no Painel de Leitura ou em Salvar todos os anexos de uma mensagem
uma mensagem aberta. Em qualquer um dos casos, clique 1. No Painel de Leitura ou na mensagem aberta, clique
duas vezes no anexo para abri-lo. em um anexo.
Para abrir um anexo na lista de mensagens, clique com 2. Siga um destes procedimentos:
o botão direito do mouse na mensagem que contém o • Se a mensagem estiver no formato HTML ou de tex-
anexo, clique em Exibir Anexos e clique no nome do anexo. to sem formatação     Na guia Anexos, no grupo Ações, clique
 Observações  em Salvar Todos os Anexos.
• Você pode visualizar anexos de mensagens HTML • Se a mensagem estiver no formato RTF     Clique na
ou com texto sem formatação no Painel de Leitura e em guia Arquivo para abrir o modo de exibição Backstage. Em
mensagens abertas. Clique no anexo a ser visualizado e ele seguida, clique em Salvar anexos e depois em OK.
será exibido no corpo da mensagem. Para voltar à mensa- 3. Clique em uma local de pasta e clique em OK.
gem, na guia Ferramentas de Anexo, no grupo Mensagem,
Adicionar uma assinatura de email às mensagens
clique em Mostrar Mensagem. O recurso de visualização
Você pode criar assinaturas personalizadas para suas
não está disponível para mensagens RTF.
mensagens de email que incluem texto, imagens, seu Cartão
• Por padrão, o Microsoft Outlook bloqueia arqui-
de Visita Eletrônico, um logotipo ou até mesmo uma imagem
vos de anexo potencialmente perigosos (inclusive os ar- da sua assinatura manuscrita.
quivos .bat, .exe, .vbs e .js), os quais possam conter vírus. Criar uma assinatura
Se o Outlook bloquear algum arquivo de anexo em uma • Abra uma nova mensagem. Na guia Mensagem, no
mensagem, uma lista dos tipos de arquivos bloqueados grupo Incluir, clique em Assinatura e em Assinaturas.
será exibida na Barra de Informações, na parte superior da
mensagem.

• Na guia Assinatura de Email, clique em Novo.

Salvar um anexo Adicionar uma assinatura


Após abrir e exibir um anexo, você pode preferir salvá • Em uma nova mensagem, na guia Mensagem, no gru-
-lo em uma unidade de disco. Se a mensagem tiver mais de po Incluir, clique em Assinatura e clique na assinatura desejada.
um anexo, você poderá salvar os vários anexos como um
grupo ou um de cada vez.
Salvar um único anexo de mensagem
Execute um dos seguintes procedimentos:
• Se a mensagem estiver no formato HTML ou de
texto sem formatação     Clique no anexo, no Painel de
Leitura, ou abra a mensagem. Na guia Anexos, no grupo
Ações, clique em Salvar como. É possível clicar com o botão
Criar um compromisso de calendário
direito do mouse no anexo e então clicar em Salvar como.
Compromissos são atividades que você agenda no seu
• Se a mensagem estiver no formato RTF     No Pai- calendário e que não envolvem convites a outras pessoas
nel de Leitura ou na mensagem aberta, clique com o botão nem reserva de recursos.
direito do mouse no anexo e clique em Salvar como. • Em Calendário, na guia Página Inicial, no grupo Novo,
Escolha uma local de pasta e clique em Salvar. clique em Novo Compromisso. Como alternativa, você pode
Salvar vários anexos de uma mensagem clicar com o botão direito do mouse em um bloco de tempo
1. No Painel de Leitura ou na mensagem aberta, se- em sua grade de calendário e clicar em Novo Compromisso.
lecione os anexos a serem salvos. Para selecionar vários
anexos, clique neles mantendo pressionada a tecla CTRL.
2. Execute um dos seguintes procedimentos:
• Se a mensagem estiver no formato HTML ou de
texto sem formatação     Na guia Anexos, no grupo Ações,
clique em Salvar como.
• Se a mensagem estiver no formato RTF     Clique
com o botão direito do mouse em uma das mensagens Atalho do teclado: Para criar um compromisso, pressio-
selecionadas e depois clique em Salvar como. ne CTRL+SHIFT+A.

66
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Agendar uma reunião com outras pessoas • Em Contatos, na guia Página Inicial, no grupo Novo,
Uma reunião é um compromisso que inclui outras pessoas clique em Novo Contato.
e pode incluir recursos como salas de conferência. As respos-
tas às suas solicitações de reunião são exibidas na Caixa de
Entrada.
• Em Calendário, na guia Página Inicial, no grupo Novo,
clique em Nova Reunião.

Atalho do teclado: Para criar um contato de qualquer


pasta no Outlook, pressione CTRL+SHIFT+C.

Criar uma tarefa


Atalho do teclado: Para criar uma nova solicitação de reu-  Muitas pessoas mantêm uma lista de coisas a fazer  —
nião de qualquer pasta no Outlook, pressione CTRL+SHIFT+Q. em papel, em uma planilha ou com uma combinação de
papel e métodos eletrônicos. No Microsoft Outlook, você
Definir um lembrete pode combinar várias listas em uma só, receber lembretes
Você pode definir ou remover lembretes para vários itens, e controlar o andamento das tarefas.
incluindo mensagens de email, compromissos e contatos. • Em Tarefas, na guia Página Inicial, no grupo Novo,
Para compromissos ou reuniões clique em Nova Tarefa.
Em um item aberto, na guia Compromisso ou Reunião,
no grupo Opções, na lista suspensa Lembrete, selecione o pe-
ríodo de tempo antes do compromisso ou da reunião para
que o lembrete apareça. Para desativar um lembrete, selecione
Nenhum.
Para mensagens de email, contatos e tarefas
• Na guia Página Inicial, no grupo Marcas, clique em
Acompanhar e em Adicionar Lembrete.

Atalho do teclado: Para criar uma nova tarefa, pressio-


ne CTRL+SHIFT+K.

Criar uma anotação


Anotações são o equivalente eletrônico de notas ade-
sivas em papel. Use-as para rascunhar dúvidas, ideias, lem-
bretes e qualquer coisa que você escreveria em papel.
• Em Anotações, no grupo Novo, clique em Nova
Anotação.

  Dica: Você pode sinalizar rapidamente mensagens de


email como itens de tarefas pendentes usando lembretes. Cli-
que com o botão direito do mouse na coluna Status do Sinali-
zador na lista de mensagens. Ou, se a mensagem estiver aber-
ta, na guia Mensagem, no grupo Controle, clique em Acompa- Atalho do teclado: Para criar uma anotação, pressione
nhamento e, em seguida, clique em Adicionar Lembrete. CTRL+SHIFT+N.

Criar um contato
Contatos podem ser tão simples quanto um nome e en-
dereço de email ou incluir outras informações detalhadas,
como endereço físico, vários telefones, uma imagem, datas de
aniversário e quaisquer outras informações que se relacionem
ao contato.

67
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Provedores de Acesso: São instituições que se conec-


6.2.4. INTERNET: CONCEITO, PROVEDORES, tam à Internet via um ou mais acessos dedicados e disponi-
NAVEGAÇÃO NA INTERNET, LINKS, SITES, bilizam acesso à terceiros a partir de suas instalações;
BUSCAS, VÍRUS. • Provedores de Informação: São instituições que dis-
ponibilizam informação através da Internet.

INTERNET Endereço Eletrônico ou URL


Para se localizar um recurso na rede mundial, deve-se
“Imagine que fosse descoberto um continente tão conhecer o seu endereço.
vasto que suas dimensões não tivessem fim. Imagine Este endereço, que é único, também é considerado sua
um mundo novo, com tantos recursos que a ganância URL (Uniform Resource Locator), ou Localizador de Recur-
do futuro não seria capaz de esgotar; com tantas oportuni- sos Universal. Boa parte dos endereços apresenta-se assim:
dades que os empreendedores seriam poucos para apro- www.xxxx.com.br
veitá-las; e com um tipo peculiar de imóvel que se Onde:
expandiria com o desenvolvimento.” www = protocolo da World Wide Web
John P. Barlow xxx = domínio
Os Estados Unidos temiam que em um ataque nuclear com = comercial
ficassem sem comunicação entre a Casa Branca e o Pentá- br = brasil
gono.
Este meio de comunicação “infalível”, até o fim da dé- WWW = World Wide Web ou Grande Teia Mundial
cada de 60, ficou em poder exclusivo do governo conec-
tando bases militares, em quatro localidades. É um serviço disponível na Internet que possui um con-
Nos anos 70, seu uso foi liberado para instituições junto de documentos espalhados por toda rede e disponi-
norte-americanas de pesquisa que desejassem aprimorar bilizados a qualquer um.
a tecnologia, logo vinte e três computadores foram conec- Estes documentos são escritos em hipertexto, que uti-
tados, porém o padrão de conversação entre as máquinas liza uma linguagem especial, chamada HTML.
se tornou impróprio pela quantidade de equipamentos.
Era necessário criar um modelo padrão e univer- Domínio
sal para que as máquinas continuassem trocando da- Designa o dono do endereço eletrônico em ques-
dos, surgiu então o Protocolo Padrão TCP/IP, que permi- tão, e onde os hipertextos deste empreendimento estão
tiria portanto que mais outras máquinas fossem inseridas localizados. Quanto ao tipo do domínio, existem:
àquela rede. .com = Instituição comercial ou provedor de serviço
Com esses avanços, em 1972 é criado o correio eletrô- .edu = Instituição acadêmica
nico, o E-mail, permitindo a troca de mensagens entre as .gov = Instituição governamental
máquinas que compunham aquela rede de pesquisa, assim .mil = Instituição militar norte-americana
no ano seguinte a rede se torna internacional. .net = Provedor de serviços em redes
Na década de 80, a Fundação Nacional de Ciência do .org = Organização sem fins lucrativos
Brasil conectou sua grande rede à ARPANET, gerando aqui-
lo que conhecemos hoje como internet, auxiliando portan- HTTP, Hyper Texto Transfer Protocol ou Protocolo de
to o processo de pesquisa em tecnologia e outras áreas a Trasferência em Hipertexto
nível mundial, além de alimentar as forças armadas brasi- É um protocolo ou língua específica da internet, res-
leiras de informação de todos os tipos, até que em 1990 ponsável pela comunicação entre computadores.
caísse no domínio público. Um hipertexto é um texto em formato digital, e
Com esta popularidade e o surgimento de softwares pode levar a outros, fazendo o uso de elementos espe-
de navegação de interface amigável, no fim da década de ciais (palavras, frases, ícones, gráficos) ou ainda um Mapa
90, pessoas que não tinham conhecimentos profundos de Sensitivo o qual leva a outros conjuntos de informação na
informática começaram a utilizar a rede internacional. forma de blocos de textos, imagens ou sons.
Assim, um link ou hiperlink, quando acionado com o
Acesso à Internet mouse, remete o usuário à outra parte do documento ou
O ISP, Internet Service Provider, ou Provedor de Serviço outro documento.
de Internet, oferece principalmente serviço de acesso à In-
ternet, adicionando serviços como e-mail, hospedagem de Home Page
sites ou blogs, ou seja, são instituições que se conectam Sendo assim, home page designa a página inicial, prin-
à Internet com o objetivo de fornecer serviços à ela cipal do site ou web page.
relacionados, e em função do serviço classificam-se em: É muito comum os usuários confundirem um Blog ou
• Provedores de Backbone: São instituições que cons- Perfil no Orkut com uma Home Page, porém são coisas dis-
troem e administram backbones de longo alcance, ou seja, tintas, aonde um Blog é um diário e um Perfil no Orkut é
estrutura física de conexão, com o objetivo de fornecer um Profile, ou seja um hipertexto que possui informações
acesso à Internet para redes locais; de um usuário dentro de uma comunidade virtual.

68
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

HTML, Hyper Text Markut language ou Linguagem de


Marcação de Hipertexto
É a linguagem com a qual se cria as páginas para a web.
Suas principais características são:
• Portabilidade (Os documentos escritos em HTML de-
vem ter aparência semelhante nas diversas plataformas de
trabalho);
• Flexibilidade (O usuário deve ter a liberdade de “cus-
tomizar” diversos elementos do documento, como o tama-
nho padrão da letra, as cores, etc);
• Tamanho Reduzido (Os documentos devem ter
um tamanho reduzido, a fim de economizar tempo na
transmissão através da Internet, evitando longos perío-
dos de espera e congestionamento na rede).

Browser ou Navegador
É o programa específico para visualizar as páginas da Entre cada par de camadas adjacentes há uma interfa-
web. ce. A interface define quais operações primitivas e serviços
O Browser lê e interpreta os documentos escritos em a camada inferior oferece à camada superior. Quando os
HTML, apresentando as páginas formatadas para os projetistas decidem quantas camadas incluir em uma rede
usuários. e o que cada camada deve fazer, uma das considerações
mais importantes é definir interfaces limpas entre as cama-
ARQUITETURAS DE REDES das. Isso requer, por sua vez, que cada camada desempe-
As modernas redes de computadores são projetadas nhe um conjunto específico de funções bem compreendi-
de forma altamente estruturada. Nas seções seguintes exa- das. Além de minimizar a quantidade de informações que
minaremos com algum detalhe a técnica de estruturação. deve ser passada de camada em camada, interfaces bem
definidas também tornam fácil a troca da implementação
de uma camada por outra implementação completamente
HIERARQUIAS DE PROTOCOLOS
diferente (por exemplo, trocar todas as linhas telefônicas
Para reduzir a complexidade de projeto, a maioria das por canais de satélite), pois tudo o que é exigido da nova
redes é organizada em camadas ou níveis, cada uma cons- implementação é que ela ofereça à camada superior exa-
truída sobre sua predecessora. O número de camadas, o tamente os mesmos serviços que a implementação antiga
nome, o conteúdo e a função de cada camada diferem de oferecia.
uma rede para outra. No entanto, em todas as redes, o pro- O conjunto de camadas e protocolos é chamado de
pósito de cada camada é oferecer certos serviços às cama- arquitetura de rede. A especificação de arquitetura deve
das superiores, protegendo essas camadas dos detalhes de conter informações suficientes para que um implementa-
como os serviços oferecidos são de fato implementados. dor possa escrever o programa ou construir o hardware de
A camada n em uma máquina estabelece uma con- cada camada de tal forma que obedeça corretamente ao
versão com a camada n em outra máquina. As regras e protocolo apropriado. Nem os detalhes de implementação
convenções utilizadas nesta conversação são chamadas nem a especificação das interfaces são parte da arquitetura,
coletivamente de protocolo da camada n, conforme ilus- pois esses detalhes estão escondidos dentro da máquina e
trado na Figura abaixo para uma rede com sete camadas. não são visíveis externamente. Não é nem mesmo neces-
As entidades que compõem as camadas correspondentes sário que as interfaces em todas as máquinas em uma rede
em máquinas diferentes são chamadas de processos par- sejam as mesmas, desde que cada máquina possa usar cor-
ceiros. Em outras palavras, são os processos parceiros que retamente todos os protocolos.
se comunicam utilizando o protocolo.
Na verdade, nenhum dado é transferido diretamente O endereço IP
da camada n em uma máquina para a camada n em outra Quando você quer enviar uma carta a alguém, você...
máquina. Em vez disso, cada camada passa dados e infor- Ok, você não envia mais cartas; prefere e-mail ou deixar um
mações de controle para a camada imediatamente abaixo, recado no Facebook. Vamos então melhorar este exemplo:
até que o nível mais baixo seja alcançado. Abaixo do nível quando você quer enviar um presente a alguém, você ob-
1 está o meio físico de comunicação, através do qual a co- tém o endereço da pessoa e contrata os Correios ou uma
municação ocorre. Na Figura abaixo, a comunicação virtual transportadora para entregar. É graças ao endereço que é
é mostrada através de linhas pontilhadas e a comunicação possível encontrar exatamente a pessoa a ser presenteada.
física através de linhas sólidas. Também é graças ao seu endereço - único para cada resi-
dência ou estabelecimento - que você recebe suas contas
de água, aquele produto que você comprou em uma loja
on-line, enfim.

69
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na internet, o princípio é o mesmo. Para que o seu Classe A: 0.0.0.0 até 127.255.255.255 - permite até 128
computador seja encontrado e possa fazer parte da rede redes, cada uma com até 16.777.214 dispositivos conectados;
mundial de computadores, necessita ter um endereço úni- Classe B: 128.0.0.0 até 191.255.255.255 - permite até
co. O mesmo vale para websites: este fica em um servidor, 16.384 redes, cada uma com até 65.536 dispositivos;
que por sua vez precisa ter um endereço para ser localiza- Classe C: 192.0.0.0 até 223.255.255.255 - permite até
do na internet. Isto é feito pelo endereço IP (IP Address), 2.097.152 redes, cada uma com até 254 dispositivos;
recurso que também é utilizado para redes locais, como a Classe D: 224.0.0.0 até 239.255.255.255 - multicast;
existente na empresa que você trabalha, por exemplo. Classe E: 240.0.0.0 até 255.255.255.255 - multicast reser-
O endereço IP é uma sequência de números composta vado.
de 32 bits. Esse valor consiste em um conjunto de quatro As três primeiras classes são assim divididas para atender
sequências de 8 bits. Cada uma destas é separada por um às seguintes necessidades:
ponto e recebe o nome de octeto ou simplesmente byte, já
que um byte é formado por 8 bits. O número 172.31.110.10 - Os endereços IP da classe A são usados em locais onde
é um exemplo. Repare que cada octeto é formado por nú- são necessárias poucas redes, mas uma grande quantida-
meros que podem ir de 0 a 255, não mais do que isso. de de máquinas nelas. Para isso, o primeiro byte é utilizado
como identificador da rede e os demais servem como iden-
tificador dos dispositivos conectados (PCs, impressoras, etc);
- Os endereços IP da classe B são usados nos casos onde
a quantidade de redes é equivalente ou semelhante à quan-
tidade de dispositivos. Para isso, usam-se os dois primeiros
bytes do endereço IP para identificar a rede e os restantes
para identificar os dispositivos;
- Os endereços IP da classe C são usados em locais que
requerem grande quantidade de redes, mas com poucos dis-
positivos em cada uma. Assim, os três primeiros bytes são
A divisão de um IP em quatro partes facilita a organi-
usados para identificar a rede e o último é utilizado para
zação da rede, da mesma forma que a divisão do seu en-
identificar as máquinas.
dereço em cidade, bairro, CEP, número, etc, torna possível
Quanto às classes D e E, elas existem por motivos espe-
a organização das casas da região onde você mora. Neste
ciais: a primeira é usada para a propagação de pacotes espe-
sentido, os dois primeiros octetos de um endereço IP po-
ciais para a comunicação entre os computadores, enquanto
dem ser utilizados para identificar a rede, por exemplo. Em
que a segunda está reservada para aplicações futuras ou ex-
uma escola que tem, por exemplo, uma rede para alunos
perimentais.
e outra para professores, pode-se ter 172.31.x.x para uma
Vale frisar que há vários blocos de endereços reservados
rede e 172.32.x.x para a outra, sendo que os dois últimos para fins especiais. Por exemplo, quando o endereço começa
octetos são usados na identificação de computadores. com 127, geralmente indica uma rede “falsa”, isto é, inexisten-
Classes de endereços IP te, utilizada para testes. No caso do endereço 127.0.0.1, este
Neste ponto, você já sabe que os endereços IP podem sempre se refere à própria máquina, ou seja, ao próprio host,
ser utilizados tanto para identificar o seu computador den- razão esta que o leva a ser chamado de localhost. Já o endere-
tro de uma rede, quanto para identificá-lo na internet. ço 255.255.255.255 é utilizado para propagar mensagens para
Se na rede da empresa onde você trabalha o seu com- todos os hosts de uma rede de maneira simultânea.
putador tem, como exemplo, IP 172.31.100.10, uma má-
quina em outra rede pode ter este mesmo número, afinal, Endereços IP privados
ambas as redes são distintas e não se comunicam, sequer Há conjuntos de endereços das classes A, B e C que são
sabem da existência da outra. Mas, como a internet é uma privados. Isto significa que eles não podem ser utilizados na
rede global, cada dispositivo conectado nela precisa ter um internet, sendo reservados para aplicações locais. São, essen-
endereço único. O mesmo vale para uma rede local: nesta, cialmente, estes:
cada dispositivo conectado deve receber um endereço úni- -Classe A: 10.0.0.0 à 10.255.255.255;
co. Se duas ou mais máquinas tiverem o mesmo IP, tem-se -Classe B: 172.16.0.0 à 172.31.255.255;
então um problema chamado “conflito de IP”, que dificulta -Classe C: 192.168.0.0 à 192.168.255.255.
a comunicação destes dispositivos e pode inclusive atrapa- Suponha então que você tenha que gerenciar uma rede
lhar toda a rede. com cerca de 50 computadores. Você pode alocar para es-
Para que seja possível termos tanto IPs para uso em re- tas máquinas endereços de 192.168.0.1 até 192.168.0.50, por
des locais quanto para utilização na internet, contamos com exemplo. Todas elas precisam de acesso à internet. O que
um esquema de distribuição estabelecido pelas entidades fazer? Adicionar mais um IP para cada uma delas? Não. Na
IANA (Internet Assigned Numbers Authority) e ICANN (In- verdade, basta conectá-las a um servidor ou equipamento de
ternet Corporation for Assigned Names and Numbers) que, rede - como um roteador - que receba a conexão à internet
basicamente, divide os endereços em três classes principais e a compartilhe com todos os dispositivos conectados a ele.
Com isso, somente este equipamento precisará de um ende-
e mais duas complementares. São elas:
reço IP para acesso à rede mundial de computadores.

70
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Máscara de sub-rede
As classes IP ajudam na organização deste tipo de endereçamento, mas podem também representar desperdício. Uma
solução bastante interessante para isso atende pelo nome de máscara de sub-rede, recurso onde parte dos números que
um octeto destinado a identificar dispositivos conectados (hosts) é “trocado” para aumentar a capacidade da rede. Para
compreender melhor, vamos enxergar as classes A, B e C da seguinte forma:
- A: N.H.H.H;
- B: N.N.H.H;
- C: N.N.N.H.
N significa Network (rede) e H indica Host. Com o uso de máscaras, podemos fazer uma rede do N.N.H.H se “transfor-
mar” em N.N.N.H. Em outras palavras, as máscaras de sub-rede permitem determinar quantos octetos e bits são destinados
para a identificação da rede e quantos são utilizados para identificar os dispositivos.
Para isso, utiliza-se, basicamente, o seguinte esquema: se um octeto é usado para identificação da rede, este receberá a
máscara de sub-rede 255. Mas, se um octeto é aplicado para os dispositivos, seu valor na máscara de sub-rede será 0 (zero).
A tabela a seguir mostra um exemplo desta relação:

Classe Endereço IP Identificador da rede Identificador do computador Máscara de sub-rede

A 10.2.68.12 10 2.68.12 255.0.0.0


B 172.31.101.25 172.31 101.25 255.255.0.0
C 192.168.0.10 192.168.0 10 255.255.255.0

Você percebe então que podemos ter redes com máscara 255.0.0.0, 255.255.0.0 e 255.255.255.0, cada uma indicando
uma classe. Mas, como já informado, ainda pode haver situações onde há desperdício. Por exemplo, suponha que uma fa-
culdade tenha que criar uma rede para cada um de seus cinco cursos. Cada curso possui 20 computadores. A solução seria
então criar cinco redes classe C? Pode ser melhor do que utilizar classes B, mas ainda haverá desperdício. Uma forma de
contornar este problema é criar uma rede classe C dividida em cinco sub-redes. Para isso, as máscaras novamente entram
em ação.
Nós utilizamos números de 0 a 255 nos octetos, mas estes, na verdade, representam bytes (linguagem binária). 255 em
binário é 11111111. O número zero, por sua vez, é 00000000. Assim, a máscara de um endereço classe C, 255.255.255.0, é:
11111111.11111111.11111111.00000000
Perceba então que, aqui, temos uma máscara formada por 24 bits 1: 11111111 + 11111111 + 11111111. Para criarmos
as nossas sub-redes, temos que ter um esquema com 25, 26 ou mais bits, conforme a necessidade e as possibilidades. Em
outras palavras, precisamos trocar alguns zeros do último octeto por 1.
Suponha que trocamos os três primeiros bits do último octeto (sempre trocamos da esquerda para a direita), resultando
em:
11111111.11111111.11111111.11100000
Se fizermos o número 2 elevado pela quantidade de bits “trocados”, teremos a quantidade possível de sub-redes. Em
nosso caso, temos 2^3 = 8. Temos então a possibilidade de criar até oito sub-redes. Sobrou cinco bits para o endereçamen-
to dos host. Fazemos a mesma conta: 2^5 = 32. Assim, temos 32 dispositivos em cada sub-rede (estamos fazendo estes
cálculos sem considerar limitações que possam impedir o uso de todos os hosts e sub-redes).
11100000 corresponde a 224, logo, a máscara resultante é 255.255.255.224.
Perceba que esse esquema de “trocar” bits pode ser empregado também em endereços classes A e B, conforme a ne-
cessidade. Vale ressaltar também que não é possível utilizar 0.0.0.0 ou 255.255.255.255 como máscara.
IP estático e IP dinâmico
IP estático (ou fixo) é um endereço IP dado permanentemente a um dispositivo, ou seja, seu número não muda, exceto
se tal ação for executada manualmente. Como exemplo, há casos de assinaturas de acesso à internet via ADSL onde o pro-
vedor atribui um IP estático aos seus assinantes. Assim, sempre que um cliente se conectar, usará o mesmo IP.

O IP dinâmico, por sua vez, é um endereço que é dado a um computador quando este se conecta à rede, mas que muda
toda vez que há conexão. Por exemplo, suponha que você conectou seu computador à internet hoje. Quando você conectá
-lo amanhã, lhe será dado outro IP. Para entender melhor, imagine a seguinte situação: uma empresa tem 80 computadores
ligados em rede. Usando IPs dinâmicos, a empresa disponibiliza 90 endereços IP para tais máquinas. Como nenhum IP é
fixo, um computador receberá, quando se conectar, um endereço IP destes 90 que não estiver sendo utilizado. É mais ou
menos assim que os provedores de internet trabalham.
O método mais utilizado na distribuição de IPs dinâmicos é o protocolo DHCP (Dynamic Host Configuration Protocol).

71
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

IP nos sites A esta altura, você também deve estar querendo desco-
Você já sabe que os sites na Web também necessitam brir qual o seu IP. Cada sistema operacional tem uma forma
de um IP. Mas, se você digitar em seu navegador www.in- de mostrar isso. Se você é usuário de Windows, por exemplo,
fowester.com, por exemplo, como é que o seu computador pode fazê-lo digitando cmd em um campo do Menu Iniciar
sabe qual o IP deste site ao ponto de conseguir encontrá-lo? e, na janela que surgir, informar ipconfig /all e apertar Enter.
Quando você digitar um endereço qualquer de um site, Em ambientes Linux, o comando é ifconfig.
um servidor de DNS (Domain Name System) é consultado.
Ele é quem informa qual IP está associado a cada site. O sis-
tema DNS possui uma hierarquia interessante, semelhante a
uma árvore (termo conhecido por programadores). Se, por
exemplo, o site www.infowester.com é requisitado, o sistema
envia a solicitação a um servidor responsável por termina-
ções “.com”. Esse servidor localizará qual o IP do endereço
e responderá à solicitação. Se o site solicitado termina com
“.br”, um servidor responsável por esta terminação é consul-
tado e assim por diante.

IPv6
O mundo está cada vez mais conectado. Se, em um pas-
sado não muito distante, você conectava apenas o PC da sua Perceba, no entanto, que se você estiver conectado a
casa à internet, hoje o faz com o celular, com o seu notebook partir de uma rede local - tal como uma rede wireless - visua-
em um serviço de acesso Wi-Fi no aeroporto e assim por lizará o IP que esta disponibiliza à sua conexão. Para saber
diante. Somando este aspecto ao fato de cada vez mais pes- o endereço IP do acesso à internet em uso pela rede, você
soas acessarem a internet no mundo inteiro, nos deparamos pode visitar sites como whatsmyip.org.
com um grande problema: o número de IPs disponíveis dei-
Provedor
xa de ser suficiente para toda as (futuras) aplicações.
O provedor é uma empresa prestadora de serviços que
A solução para este grande problema (grande mesmo,
oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é necessá-
afinal, a internet não pode parar de crescer!) atende pelo
rio conectar-se com um computador que já esteja na Internet
nome de IPv6, uma nova especificação capaz de suportar até
(no caso, o provedor) e esse computador deve permitir que
- respire fundo - 340.282.366.920.938.463.463.374.607.431.7
seus usuários também tenham acesso a Internet.
68.211.456 de endereços, um número absurdamente alto!
No Brasil, a maioria dos provedores está conectada à
Embratel, que por sua vez, está conectada com outros com-
putadores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link, que é
a conexão física que interliga o provedor de acesso com a
Embratel. Neste caso, a Embratel é conhecida como backbo-
ne, ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet no Brasil. Pode-se
imaginar o backbone como se fosse uma avenida de três pis-
tas e os links como se fossem as ruas que estão interligadas
nesta avenida.
Tanto o link como o backbone possui uma velocidade
de transmissão, ou seja, com qual velocidade ele transmite
os dados. Esta velocidade é dada em bps (bits por segundo).
O IPv6 não consiste, necessariamente, apenas no au- Deve ser feito um contrato com o provedor de acesso, que
mento da quantidade de octetos. Um endereço do tipo fornecerá um nome de usuário, uma senha de acesso e um
pode ser, por exemplo: endereço eletrônico na Internet.
FEDC:2D9D:DC28:7654:3210:FC57:D4C8:1FFF
URL - Uniform Resource Locator
Finalizando Tudo na Internet tem um endereço, ou seja, uma identifi-
Com o surgimento do IPv6, tem-se a impressão de que a cação de onde está localizado o computador e quais recursos
especificação tratada neste texto, o IPv4, vai sumir do mapa. este computador oferece. Por exemplo, a URL:
Isso até deve acontecer, mas vai demorar bastante. Durante http://www.novaconcursos.com.br
essa fase, que podemos considerar de transição, o que ve- Será mais bem explicado adiante.
remos é a “convivência” entre ambos os padrões. Não por
menos, praticamente todos os sistemas operacionais atuais Como descobrir um endereço na Internet?
e a maioria dos dispositivos de rede estão aptos a lidar tanto
com um quanto com o outro. Por isso, se você é ou pretende Para que possamos entender melhor, vamos exemplificar.
ser um profissional que trabalha com redes ou simplesmen- Você estuda em uma universidade e precisa fazer algu-
te quer conhecer mais o assunto, procure se aprofundar nas mas pesquisas para um trabalho. Onde procurar as informa-
duas especificações. ções que preciso?

72
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para isso, existem na Internet os “famosos” sites de PLUG-INS


procura, que são sites que possuem um enorme banco de Os plug-ins são programas que expandem a capacida-
dados (que contém o cadastro de milhares de Home Pa- de do Browser em recursos específicos - permitindo, por
ges), que permitem a procura por um determinado assun- exemplo, que você toque arquivos de som ou veja filmes
to. Caso a palavra ou o assunto que foi procurado exista em vídeo dentro de uma Home Page. As empresas de soft-
em alguma dessas páginas, será listado toda esta relação ware vêm desenvolvendo plug-ins a uma velocidade im-
de páginas encontradas. pressionante. Maiores informações e endereços sobre plu-
A pesquisa pode ser realizada com uma palavra, refe- g-ins são encontradas na página:
rente ao assunto desejado. Por exemplo, você quer pesqui- http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/Soft-
sar sobre amortecedores, caso não encontre nada como ware/Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/Indi-
amortecedores, procure como autopeças, e assim suces- ces/
sivamente. Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo
temos uma relação de alguns deles:
- 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime,
Barra de endereços
etc.).
- Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.).
- Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP,
PCX, etc.).
A Barra de Endereços possibilita que se possa navegar - Negócios e Utilitários
em páginas da internet, bastando para isto digitar o ende- - Apresentações
reço da página.
Alguns sites interessantes: FTP - Transferência de Arquivos
• www.diariopopular.com.br (Jornal Diário Popular) Permite copiar arquivos de um computador da Internet
• www.ufpel.tche.br (Ufpel) para o seu computador.
• www.cefetrs.tche.br (Cefet) Os programas disponíveis na Internet podem ser:
• www.servidor.gov.br (Informações sobre servidor pú- • Freeware: Programa livre que pode ser distribuí-
blico) do e utilizado livremente, não requer nenhuma taxa para
• www.siapenet.gog.br (contracheque) sua utilização, e não é considerado “pirataria” a cópia deste
• www.pelotas.com.br (Site Oficial de Pelotas) programa.
• www.mec.gov.br (Ministério da Educação) • Shareware: Programa demonstração que pode ser
Identificação de endereços de um site utilizado por um determinado prazo ou que contém alguns
Exemplo: http://www.pelotas.com.br limites, para ser utilizado apenas como um teste do progra-
http:// -> (Hiper Text Tranfer Protocol) protocolo de ma. Se o usuário gostar ele compra, caso contrário, não usa
comunicação mais o programa. Na maioria das vezes, esses programas
WWW -> (World Wide Web) Grande rede mundial exibem, de tempos em tempos, uma mensagem avisando
pelotas -> empresa ou organização que mantém o site que ele deve ser registrado. Outros tipos de shareware têm
.com -> tipo de organização tempo de uso limitado. Depois de expirado este tempo de
......br -> identifica o país teste, é necessário que seja feito a compra deste programa.
Tipos de Organizações:
.edu -> instituições educacionais. Exemplo: michigam. Navegar nas páginas
edu Consiste percorrer as páginas na internet a partir de
.com -> instituções comerciais. Exemplo: microsoft. um documento normal e de links das próprias páginas.
com
.gov -> governamental. Exemplo: fazenda.gov
Como salvar documentos, arquivos e sites
.mil -> instalação militar. Exemplo: af.mil
.net -> computadores com funções de administrar re- Clique no menu Arquivo e na opção Salvar como.
des. Exemplo: embratel.net
.org -> organizações não governamentais. Exemplo: Como copiar e colar para um editor de textos
care.org Selecionar o conteúdo ou figura da página. Clicar com
o botão direito do mouse e escolha a opção Copiar.
Home Page
Pela definição técnica temos que uma Home Page é
um arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de compu-
tadores rodando um Navegador (Browser), que permite o
acesso às informações em um ambiente gráfico e multimí-
dia. Todo em hipertexto, facilitando a busca de informações
dentro das Home Pages.
O endereço de Home Pages tem o seguinte formato:
http://www.endereço.com/página.html
Por exemplo, a página principal da Pronag:
http://www.pronag.com.br/index.html Abra o editor de texto clique em colar

73
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Navegadores Como fazer a pesquisa

O navegador de WWW é a ferramenta mais importante Digite na barra de endereço o endereço do site de pes-
para o usuário de Internet. É com ele que se podem vi- quisa. Por exemplo:
sitar museus, ler revistas eletrônicas, fazer compras e até www.google.com.br
participar de novelas interativas. As informações na Web
são organizadas na forma de páginas de hipertexto, cada
um com seu endereço próprio, conhecido como URL. Para
começar a navegar, é preciso digitar um desses endereços
no campo chamado Endereço no navegador. O software
estabelece a conexão e traz, para a tela, a página corres-
pondente.
O navegador não precisa de nenhuma configuração
especial para exibir uma página da Web, mas é necessário
ajustar alguns parâmetros para que ele seja capaz de enviar
e receber algumas mensagens de correio eletrônico e aces-
sar grupos de discussão (news).
O World Wide Web foi inicialmente desenvolvido no
Centro de Pesquisas da CERN (Conseil Europeen pour la
Recherche Nucleaire), Suíça. Originalmente, o WWW era Em pesquisar pode-se escolher onde será feita a pes-
um meio para físicos da CERN trocar experiências sobre quisa.
suas pesquisas através da exibição de páginas de texto. Fi-
cou claro, desde o início, o imenso potencial que o WWW
possuía para diversos tipos de aplicações, inclusive não
científicas.

O WWW não dispunha de gráficos em seus primór-


dios, apenas de hipertexto. Entretanto, em 1993, o projeto Os sites de pesquisa em geral não fazem distinção na
WWW ganhou força extra com a inserção de um visualiza- pesquisa com letras maiúsculas e minúsculas e nem pala-
dor (também conhecido como browser) de páginas capaz vras com ou sem acento.
não apenas de formatar texto, mas também de exibir grá-
ficos, som e vídeo. Este browser chamava-se Mosaic e foi Opções de pesquisa
desenvolvido dentro da NCSA, por um time chefiado por
Mark Andreesen. O sucesso do Mosaic foi espetacular.
Depois disto, várias outras companhias passaram a
produzir browsers que deveriam fazer concorrência ao
Mosaic. Mark Andreesen partiu para a criação da Netscape Web: pesquisa em todos os sites
Communications, criadora do browser Netscape. Imagens: pesquisa por imagens anexadas nas páginas.
Surgiram ainda o Cello, o AIR Mosaic, o SPRY Mosaic, Exemplo do resultado se uma pesquisa.
o Microsoft Internet Explorer, o Mozilla Firefox e muitos
outros browsers.

Busca e pesquisa na web

Os sites de busca servem para procurar por um deter-


minado assunto ou informação na internet.
Alguns sites interessantes:
• www.google.com.br
• http://br.altavista.com
• http://cade.search.yahoo.com
• http://br.bing.com/

74
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Grupos: pesquisa nos grupos de discussão da Usenet. INTRANET


Exemplo:
A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de
uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma
empresa. As intranets ou Webs corporativas, são redes de
comunicação internas baseadas na tecnologia usada na In-
ternet. Como um jornal editado internamente, e que pode
ser acessado apenas pelos funcionários da empresa.
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais e
departamentos, mesclando (com segurança) as suas infor-
Diretórios: pesquisa o conteúdo da internet organiza- mações particulares dentro da estrutura de comunicações
dos por assunto em categorias. Exemplo: da empresa.
O grande sucesso da Internet, é particularmente da
World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na
evolução da informática nos últimos anos.
Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos
interligados através de vínculos, ou links) e a enorme fa-
cilidade de se criar, interligar e disponibilizar documentos
multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democratiza-
ram o acesso à informação através de redes de computa-
Como escolher palavra-chave dores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca base de
usuários, já familiarizados com conhecimentos básicos de
• Busca com uma palavra: retorna páginas que in- informática e de navegação na Internet. Finalmente, surgi-
cluam a palavra digitada. ram muitas ferramentas de software de custo zero ou pe-
• “Busca entre aspas”: a pesquisa só retorna páginas queno, que permitem a qualquer organização ou empresa,
que incluam todos os seus termos de busca, ou seja, toda a sem muito esforço, “entrar na rede” e começar a acessar e
sequência de termos que foram digitadas. colocar informação. O resultado inevitável foi a impressio-
• Busca com sinal de mais (+): a pesquisa retorna nante explosão na informação disponível na Internet, que
páginas que incluam todas segundo consta, está dobrando de tamanho a cada mês.
• as palavras aleatoriamente na página. Assim, não demorou muito a surgir um novo conceito,
• Busca com sinal de menos (-): as palavras que fi- que tem interessado um número cada vez maior de em-
cam antes do sinal de presas, hospitais, faculdades e outras organizações interes-
• menos são excluídas da pesquisa. sadas em integrar informações e usuários: a intranet. Seu
• Resultado de um cálculo: pode ser efetuado um advento e disseminação promete operar uma revolução
cálculo em um site de pesquisa. tão profunda para a vida organizacional quanto o apare-
cimento das primeiras redes locais de computadores, no
Por exemplo: 3+4 final da década de 80.
O que é Intranet?
O termo “intranet” começou a ser usado em meados de
Irá retornar: 1995 por fornecedores de produtos de rede para se refe-
rirem ao uso dentro das empresas privadas de tecnologias
O resultado da pesquisa projetadas para a comunicação por computador entre em-
O resultado da pesquisa é visualizado da seguinte for- presas. Em outras palavras, uma intranet consiste em uma
ma: rede privativa de computadores que se baseia nos padrões
de comunicação de dados da Internet pública, baseadas na
tecnologia usada na Internet (páginas HTML, e-mail, FTP,
etc.) que vêm, atualmente fazendo muito sucesso. Entre
as razões para este sucesso, estão o custo de implantação
relativamente baixo e a facilidade de uso propiciada pelos
programas de navegação na Web, os browsers.

Objetivo de construir uma Intranet


Organizações constroem uma intranet porque ela é
uma ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficiente
para economizar tempo, diminuir as desvantagens da dis-
tância e alavancar sobre o seu maior patrimônio de capital-
funcionários com conhecimentos das operações e produ-
tos da empresa.

75
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Aplicações da Intranet Protocolos - São os diferentes idiomas de comunicação


Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de comu- utilizados. O servidor deve abrigar quatro protocolos. O pri-
nicações corporativas em uma intranet dá para simplificar o meiro é o HTTP, responsável pela comunicação do browser
trabalho, pois estamos virtualmente todos na mesma sala. com o servidor, em seguida vem o SMTP ligado ao envio
De qualquer modo, é cedo para se afirmar onde a intranet de mensagens pelo e-mail, e o FTP usado na transferência
vai ser mais efetiva para unir (no sentido operacional) os de arquivos. Independentemente das aplicações utilizadas
diversos profissionais de uma empresa. Mas em algumas na intranet, todas as máquinas nela ligadas devem falar um
áreas já se vislumbram benefícios, por exemplo: idioma comum: o TCP/IP, protocolo da Internet.
• Marketing e Vendas - Informações sobre produtos,
listas de preços, promoções, planejamento de eventos; Identificação do Servidor e das Estações - Depois de
• Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação de definidos os protocolos, o sistema já sabe onde achar as
Trabalho), planejamentos, listas de responsabilidades de informações e como requisitá-las. Falta apenas saber o
membros das equipes, situações de projetos; nome de quem pede e de quem solicita. Para isso existem
• Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, sis- dois programas: o DNS que identifica o servidor e o DHCP
temas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões), ma- (Dinamic Host Configuration Protocol) que atribui nome às
nuais de qualidade; estações clientes.
• Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apos- Estações da Rede - Nas estações da rede, os funcio-
tilas, políticas da companhia, organograma, oportunidades nários acessam as informações colocadas à sua disposição
de trabalho, programas de desenvolvimento pessoal, be- no servidor. Para isso usam o Web browser, software que
nefícios. permite folhear os documentos.
Para acessar as informações disponíveis na Web corpo-
rativa, o funcionário praticamente não precisa ser treinado. Comparando Intranet com Internet
Afinal, o esforço de operação desses programas se resume Na verdade as diferenças entre uma intranet e a In-
quase somente em clicar nos links que remetem às novas ternet, é uma questão de semântica e de escala. Ambas
páginas. No entanto, a simplicidade de uma intranet termi- utilizam as mesmas técnicas e ferramentas, os mesmos
protocolos de rede e os mesmos produtos servidores. O
na aí. Projetar e implantar uma rede desse tipo é uma tarefa
conteúdo na Internet, por definição, fica disponível em es-
complexa e exige a presença de profissionais especializa-
cala mundial e inclui tudo, desde uma home-page de al-
dos. Essa dificuldade aumenta com o tamanho da intranet,
guém com seis anos de idade até as previsões do tempo.
sua diversidade de funções e a quantidade de informações
A maior parte dos dados de uma empresa não se destina
nela armazenadas.
ao consumo externo, na verdade, alguns dados, tais como
A intranet é baseada em quatro conceitos: as cifras das vendas, clientes e correspondências legais, de-
• Conectividade - A base de conexão dos computa- vem ser protegidos com cuidado. E, do ponto de vista da
dores ligados através de uma rede, e que podem transferir escala, a Internet é global, uma intranet está contida den-
qualquer tipo de informação digital entre si; tro de um pequeno grupo, departamento ou organização
• Heterogeneidade - Diferentes tipos de computa- corporativa. No extremo, há uma intranet global, mas ela
dores e sistemas operacionais podem ser conectados de ainda conserva a natureza privada de uma Internet menor.
forma transparente; A Internet e a Web ficaram famosas, com justa razão,
• Navegação - É possível passar de um documento a
por serem uma mistura caótica de informações úteis e ir-
outro através de referências ou vínculos de hipertexto, que
relevantes, o meteórico aumento da popularidade de sites
facilitam o acesso não linear aos documentos;
da Web dedicados a índices e mecanismos de busca é uma
• Execução Distribuída - Determinadas tarefas de
medida da necessidade de uma abordagem organizada.
acesso ou manipulação na intranet só podem ocorrer gra-
Uma intranet aproveita a utilidade da Internet e da Web
ças à execução de programas aplicativos, que podem es-
num ambiente controlado e seguro.
tar no servidor, ou nos microcomputadores que acessam a
rede (também chamados de clientes, daí surgiu à expressão
que caracteriza a arquitetura da intranet: cliente-servidor). Vantagens e Desvantagens da Intranet
A vantagem da intranet é que esses programas são ati- Alguns dos benefícios são:
vados através da WWW, permitindo grande flexibilidade. • Redução de custos de impressão, papel, distribuição
Determinadas linguagens, como Java, assumiram grande de software, e-mail e processamento de pedidos;
importância no desenvolvimento de softwares aplicativos • Redução de despesas com telefonemas e pessoal no
que obedeçam aos três conceitos anteriores. suporte telefônico;
• Maior facilidade e rapidez no acesso as informações
Como montar uma Intranet técnicas e de marketing;
Basicamente a montagem de uma intranet consiste em • Maior rapidez e facilidade no acesso a localizações
usar as estruturas de redes locais existentes na maioria das remotas;
empresas, e em instalar um servidor Web. • Incrementando o acesso a informações da concor-
Servidor Web - É a máquina que faz o papel de repo- rência;
sitório das informações contidas na intranet. É lá que os • Uma base de pesquisa mais compreensiva;
clientes vão buscar as páginas HTML, mensagens de e-mail • Facilidade de acesso a consumidores (clientes) e par-
ou qualquer outro tipo de arquivo. ceiros (revendas);

76
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Aumento da precisão e redução de tempo no acesso Segurança da Intranet


à informação; Três tecnologias fornecem segurança ao armazenamen-
• Uma única interface amigável e consistente para to e à troca de dados em uma rede: autenticação, controle
aprender e usar; de acesso e criptografia.
• Informação e treinamento imediato (Just in Time); Autenticação - É o processo que consiste em verificar se
• As informações disponíveis são visualizadas com cla- um usuário é realmente quem alega ser. Os documentos e
reza; dados podem ser protegidos através da solicitação de uma
• Redução de tempo na pesquisa a informações; combinação de nome do usuário/senha, ou da verificação
• Compartilhamento e reutilização de ferramentas e do endereço IP do solicitante, ou de ambas. Os usuários
informação; autenticados têm o acesso autorizado ou negado a recursos
• Redução no tempo de configuração e atualização dos específicos de uma intranet, com base em uma ACL (Access
sistemas; Control List) mantida no servidor Web;
• Simplificação e/ou redução das licenças de software
Criptografia - É a conversão dos dados para um for-
e outros;
mato que pode ser lido por alguém que tenha uma chave
• Redução de custos de documentação;
secreta de descriptografia. Um método de criptografia am-
• Redução de custos de suporte; plamente utilizado para a segurança de transações Web é a
• Redução de redundância na criação e manutenção tecnologia de chave pública, que constitui a base do HTTPS
de páginas; - um protocolo Web seguro;
• Redução de custos de arquivamento;
• Compartilhamento de recursos e habilidade. Firewall - Você pode proporcionar uma comunicação
segura entre uma intranet e a Internet através de servidores
proxy, que são programas que residem no firewall e permi-
Alguns dos empecilhos são: tem (ou não) a transmissão de pacotes com base no servi-
• Aplicativos de Colaboração - Os aplicativos de cola- ço que está sendo solicitado. Um proxy HTTP, por exemplo,
boração, não são tão poderosos quanto os oferecidos pe- pode permitir que navegadores Webs internos da empresa
los programas para grupos de trabalho tradicionais. É ne- acessem servidores Web externos, mas não o contrário.
cessário configurar e manter aplicativos separados, como Dispositivos para realização de Cópias de Segurança
e-mail e servidores Web, em vez de usar um sistema unifi- Os dispositivos para a realização de cópias de seguran-
cado, como faria com um pacote de software para grupo ça do(s) servidor(es) constituem uma das peças de espe-
de trabalho; cial importância. Por exemplo, unidades de disco amovíveis
• Número Limitado de Ferramentas - Há um número com grande capacidade de armazenamento, tapes...
limitado de ferramentas para conectar um servidor Web a Queremos ainda referir que para o funcionamento de
bancos de dados ou outros aplicativos back-end. As intra- uma rede existem outros conceitos como topologias/con-
nets exigem uma rede TCP/IP, ao contrário de outras solu- figurações (rede linear, rede em estrela, rede em anel, rede
ções de software para grupo de trabalho que funcionam em árvore, rede em malha …), métodos de acesso, tipos de
com os protocolos de transmissão de redes local existentes; cabos, protocolos de comunicação, velocidade de transmis-
• Ausência de Replicação Embutida – As intranets não são …
apresentam nenhuma replicação embutida para usuários
remotos. A HMTL não é poderosa o suficiente para desen- EXTRANET
volver aplicativos cliente/servidor. A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de
Como a Intranet é ligada à Internet computadores que faz uso da Internet para partilhar com
segurança parte do seu sistema de informação.
A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de
computadores que faz uso da Internet para partilhar com
segurança parte do seu sistema de informação.
Tomado o termo em seu sentido mais amplo, o concei-
to confunde-se com Intranet. Uma Extranet também pode
ser vista como uma parte da empresa que é estendida a
usuários externos (“rede extra-empresa”), tais como repre-
sentantes e clientes. Outro uso comum do termo Extranet
ocorre na designação da “parte privada” de um site, onde
somente “usuários registrados” podem navegar, previamen-
te autenticados por sua senha (login).

Empresa estendida
O acesso à intranet de uma empresa através de um Por-
tal (internet) estabelecido na web de forma que pessoas e
funcionários de uma empresa consigam ter acesso à intra-
net através de redes externas ao ambiente da empresa.

77
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Uma extranet é uma intranet que pode ser acessada via Multitarefas com guias e janelas
Web por clientes ou outros usuários autorizados. Uma in- Com as guias, você pode ter muitos sites abertos em
tranet é uma rede restrita à empresa que utiliza as mesmas uma só janela do navegador, para que seja mais fácil abrir,
tecnologias presentes na Internet, como e-mail, webpages, fechar e alternar os sites. A barra de guias mostra todas as
servidor FTP etc. guias ou janelas que estão abertas no Internet Explorer. Para
A ideia de uma extranet é melhorar a comunicação entre ver a barra de guias, passe o dedo de baixo para cima (ou
os funcionários e parceiros além de acumular uma base de clique) na tela.
conhecimento que possa ajudar os funcionários a criar novas
soluções.
Exemplificando uma rede de conexões privadas, baseada
na Internet, utilizada entre departamentos de uma empresa
ou parceiros externos, na cadeia de abastecimento, trocando
informações sobre compras, vendas, fabricação, distribuição,
contabilidade entre outros.

Internet Explorer2
O Internet Explorer facilita o acesso a sites e ajuda a ver
com o máximo de qualidade todo o conteúdo incrível que
você pode encontrar. Depois de aprender alguns gestos e
truques comuns, você poderá usar seu novo navegador com
todo o conforto e aproveitar ao máximo seus sites favoritos.

Noções básicas sobre navegação Abrindo e alternando as guias


Mãos à obra. Para abrir o Internet Explorer, toque ou cli- Abra uma nova guia tocando ou clicando no botão Nova
que no bloco Internet Explorer na tela Inicial.
guia . Em seguida, insira uma URL ou um termo de pesqui-
Uma barra de endereços, três formas de usar
sa ou selecione um de seus sites favoritos ou mais visitados.
A barra de endereços é o seu ponto de partida para na-
Alterne várias guias abertas tocando ou clicando nelas na
vegar pela Internet. Ela combina barra de endereços e cai-
barra de guias. Você pode ter até 100 guias abertas em uma
xa de pesquisa para que você possa navegar, pesquisar ou
só janela. Feche as guias tocando ou clicando em Fechar
receber sugestões em um só local. Ela permanece fora do
no canto de cada guia.
caminho quando não está em uso para dar mais espaço para
os sites. Para que a barra de endereços apareça, passe o dedo
de baixo para cima na tela ou clique na barra na parte infe-
rior da tela se estiver usando um mouse. Há três maneiras de
utilizá-la:

Para navegar. Insira uma URL na barra de endereços para


ir diretamente para um site. Ou toque, ou clique, na barra
de endereços para ver os sites que mais visita (os sites mais
frequentes).
Para pesquisar. Insira um termo na barra de endereços
e toque ou clique em Ir para pesquisar a Internet com o
mecanismo de pesquisa padrão.
Para obter sugestões. Não sabe para onde deseja ir? Di-
gite uma palavra na barra de endereços para ver sugestões
de sites, aplicativos e pesquisa enquanto digita. Basta tocar Usando várias janelas de navegação
ou clicar em uma das sugestões acima da barra de endereços. Também é possível abrir várias janelas no Internet Explo-
rer 11 e exibir duas delas lado a lado. Para abrir uma nova
janela, pressione e segure o bloco Internet Explorer (ou clique
nele com o botão direito do mouse) na tela Inicial e, em se-
guida, toque ou clique em Abrir nova janela.
Duas janelas podem ser exibidas lado a lado na tela. Abra
uma janela e arraste-a de cima para baixo, para o lado direito
ou esquerdo da tela. Em seguida, arraste a outra janela a par-
tir do lado esquerdo da tela.
Dica
Você pode manter a barra de endereços e as guias en-
caixadas na parte inferior da tela para abrir sites e fazer pes-
quisas rapidamente. Abra o botão Configurações, toque ou
clique em Opções e, em Aparência, altere Sempre mostrar a
2 Fonte: Ajuda do Internet Explorer barra de endereços e as guias para Ativado.

78
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Personalizando sua navegação Toque ou clique em Adicionar a favoritos e, em se-


Depois de ter aprendido as noções básicas sobre o uso guida, toque ou clique em Adicionar.
do navegador, você poderá alterar suas home pages, adi-
cionar sites favoritos e fixar sites à tela Inicial.
Para escolher suas home pages

Para fixar um site na tela Inicial


A fixação de um site cria um bloco na tela Inicial, o
que fornece acesso com touch ao site em questão. Alguns
sites fixados mostrarão notificações quando houver novo
conteúdo disponível. Você pode fixar quantos sites quiser e
organizá-los em grupos na tela Inicial.

As home pages são os sites que se abrem sempre que


você inicia uma nova sessão de navegação no Internet Ex-
plorer. Você pode escolher vários sites, como seus sites de
notícias ou blogs favoritos, a serem carregados na abertura
do navegador. Dessa maneira, os sites que você visita com
mais frequência estarão prontos e esperando por você.
Passe o dedo da borda direita da tela e toque em Con-
figurações.
Para exibir os comandos de aplicativos, passe o dedo
(Se você estiver usando um mouse, aponte para o can- de baixo para cima (ou clique).
to inferior direito da tela, mova o ponteiro do mouse para Toque ou clique no botão Favoritos , toque ou clique
cima e clique em Configurações.) no botão Fixar site  e, em seguida, toque ou clique em
Toque ou clique em Opções e, em Home pages, toque Fixar na Tela Inicial.
ou clique em Gerenciar.
Insira a URL de um site que gostaria de definir como Dica
home page ou toque ou clique em Adicionar site atual se Você pode alternar rapidamente os favoritos e as guias
estiver em um site que gostaria de transformar em home tocando ou clicando no botão Favoritos ou no botão
page. Guias nos comandos de aplicativos.

Para salvar seus sites favoritos Lendo, salvando e compartilhando conteúdo da In-
Salvar um site como favorito é uma forma simples de ternet
memorizar os sites de que você gosta e que deseja visitar Ao examinar seu conteúdo online favorito, procure
sempre. (Se você tiver feito a atualização para o Windo- pelo ícone Modo de exibição de leitura na barra de en-
ws 8.1 a partir do Windows 8 e entrado usando sua conta dereços. O Modo de exibição de leitura retira quaisquer
da Microsoft, todos os favoritos já existentes terão sido im- itens desnecessários, como anúncios, para que as matérias
portados automaticamente.) sejam destacadas. Toque ou clique no ícone para abrir a
Vá até um site que deseja adicionar. página no modo de exibição de leitura. Quando quiser re-
Passe o dedo de baixo para cima (ou clique) para exibir tornar à navegação, basta tocar ou clicar no ícone nova-
os comandos de aplicativos. Em seguida, toque ou clique mente.
no botão Favoritos  para mostrar a barra de favoritos.

79
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Um artigo da Internet com o modo de exibição de lei-


tura desativado

Para salvar páginas na Lista de Leitura


Quando você tiver um artigo ou outro conteúdo que
deseje ler mais tarde, basta compartilhá-lo com sua Lista
de Leitura em vez de enviá-lo por email para você mesmo
ou de deixar mais guias de navegação abertas. A Lista de
Leitura é a sua biblioteca pessoal de conteúdo. Você pode
adicionar artigos, vídeos ou outros tipos de conteúdo a ela
diretamente do Internet  Explorer, sem sair da página em
que você está.
Um artigo da Internet com o modo de exibição de lei- Passe o dedo desde a borda direita da tela e toque em
tura ativado Compartilhar.
(Se usar um mouse, aponte para o canto superior direi-
Para personalizar as configurações do modo de exibi- to da tela, mova o ponteiro do mouse para baixo e clique
ção de leitura em Compartilhar.)
Passe o dedo da borda direita da tela e toque em Con- Toque ou clique em Lista de Leitura e, em seguida, em
figurações. Adicionar. O link para o conteúdo será armazenado na Lista
de Leitura.
(Se você estiver usando um mouse, aponte para o can-
to inferior direito da tela, mova o ponteiro do mouse para Ajudando a proteger sua privacidade
cima e clique em Configurações.) Interagir em redes sociais, fazer compras, estudar,
Toque ou clique em Opções e, em Modo de exibição de compartilhar e trabalhar: você provavelmente faz tudo isso
leitura, escolha um estilo de fonte e um tamanho de texto. diariamente na Internet, o que pode disponibilizar suas in-
Estas são algumas opções de estilo que você pode se- formações pessoais para outras pessoas. O Internet Explo-
lecionar. rer ajuda você a se proteger melhor com uma segurança
reforçada e mais controle sobre sua privacidade. Estas são
algumas das maneiras pela quais você pode proteger me-
lhor a sua privacidade durante a navegação:
Use a Navegação InPrivate. Os navegadores armaze-
nam informações como o seu histórico de pesquisa para
ajudar a melhorar sua experiência. Quando você usa uma
guia InPrivate, pode navegar normalmente, mas os dados
como senhas, o histórico de pesquisa e o histórico de pá-
ginas da Internet são excluídos quando o navegador é fe-
chado. Para abrir uma nova guia InPrivate, passe o dedo
de baixo para cima na tela (ou clique nela) para mostrar
os comandos de aplicativos, ou toque ou clique no botão
Ferramentas de guia e em Nova guia InPrivate.

80
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Use a Proteção contra Rastreamento e o recurso Do · O campo de pesquisa pelo Google fica na direita na
Not Track para ajudar a proteger sua privacidade. O ras- barra de ferramentas e abre direto a página com os resul-
treamento refere-se à maneira como os sites, os provedo- tados, poupando o tempo de acesso à página de pesquisa
res de conteúdo terceiros, os anunciantes, etc. aprendem antes de ter que digitar as palavras chaves. O novo localiza-
a forma como você interage com eles. Isso pode incluir o dor de palavras na página busca pelo texto na medida em
rastreamento das páginas que você visita, os links em que que você as digita, agilizando a busca;
você clica e os produtos que você adquire ou analisa. No · Favoritos RSS;
Internet Explorer, você pode usar a Proteção contra Ras- · A integração do RSS nos favoritos permite que você
treamento e o recurso Do Not Track para ajudar a limitar fique sabendo das atualizações e últimas notícias dos seus
as informações que podem ser coletadas por terceiros so- sites preferidos cadastrados. Essa função é disponibilizada
bre a sua navegação e para expressar suas preferências de a partir do Firefox 2;
privacidade para os sites que visita. · Downloads sem perturbação;
· Os arquivos recebidos são salvos automaticamente na
FIREFOX3 área de trabalho, onde são fáceis de achar. Menos interrup-
Firefox é um navegador web de código aberto e mul- ções significam downloads mais rápidos. Claro, essa função
tiplataforma com versões para Windows, OS X (Mac), Linux pode ser personalizada sem problemas;
e Android, em variantes de 32 e 64 bits, dependendo da · Você decide como deve ser seu navegador;
plataforma. O Firefox possui suporte para extensões, na- · O Firefox é o navegador mais personalizável que exis-
vegação por abas, alerta contra sites maliciosos, suporte te. Coloque novos botões nas barras de ferramentas, ins-
para sincronização de informações, gerenciador de senhas, tale extensões que adiciona novas funções, adicione temas
bloqueador de janelas pop-up, pesquisa integrada, corre- que modificam o visual do Firefox e coloque mais mecanis-
tor ortográfico, gerenciador de download, leitor de feeds mos nos campos de pesquisa.
RSS e outros recursos.
Além de ser multiplataforma, o Firefox também supor- O Firefox pode se tornar o navegador mais adequado
ta diferentes linguagens, incluindo o português do Brasil
para a sua necessidade:
(Pt Br).
· Fácil utilização;
Surgido de um projeto criado por Dave Hyatt e Blake
· Simples e intuitivo, mas repleto de recursos. O Firefox
Ross em 2002, somente dois anos depois a plataforma de
tem todas as funções que você está acostumado - favori-
navegação pela internet se desmembrou de outras ferra-
tos, histórico, tela inteira, zoom de texto para tornar as pá-
mentas e se tornou um browser independente. No começo,
ginas mais fáceis de ler, e diversas outras funcionalidades
o Firefox se popularizou apenas entre o nicho de adeptos
intuitivas;
do “software livre”, e mesmo assim já alcançou dezenas de
milhões de downloads. · Compacto;
Não demorou muito para que o navegador começasse · A maioria das distribuições está em torno dos 5MB.
a receber melhorias relevantes e o seu potencial fosse ob- Você leva apenas alguns minutos para copiar o Firefox para
servado por outros perfis de internautas. E foi basicamente o seu computador em uma conexão discada e segunda em
assim que o produto da Fundação Mozilla ganhou seu es- uma conexão banda larga. A configuração é simples e in-
paço e quase desbancou a hegemonia do Internet Explorer. tuitiva. Logo você estará navegando com essa ferramenta.
Seu sistema de abas permite que o usuário navegue
em diversos sites sem a necessidade de abrir várias instân- Principais novidades
cias do programa. A função de navegação privativa é muito Tudo começa pelo novo e intuitivo menu
útil, pois com ela, o Mozilla Firefox não memoriza histórico, - As opções que você mais acessa, todas no mesmo
dados fornecidos a páginas e ao campo de pesquisa, lista lugar
de downloads, cookies e arquivos temporários. Serão pre- - Pensado para facilitar o acesso
servados apenas arquivos salvos por downloads e novos - Converse por vídeo com qualquer pessoa diretamen-
favoritos. Além dessas opções, o navegador continua com te do Firefox
as funções básicas de qualquer outro aplicativo semelhan-
te: gerenciador de favoritos, suporte a complementos e
sincronização de dados na nuvem.

Principais características
· Navegação em abas;
· A mesma janela pode conter diversas páginas. Abrin-
do os links em segundo plano
Eles já estarão carregados quando você for ler;
· Bloqueador de popups:
· O Firefox já vem com um bloqueador embutido de
popups;
· Pesquisa inteligente;
3 Fonte: Ajuda do Firefox

81
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Conheça o Firefox Hello Como funcionam as sugestões de sites?


- Converse por vídeo com qualquer pessoa, em qual- O Firefox exibe links de sites como miniaturas ou lo-
quer lugar gotipos na página Nova Aba. Quando usar o Firefox pela
- É grátis! Não é preciso ter conta ou baixar comple- primeira vez, verá links para sites da Mozilla. Esses sites
mentos. serão eventualmente substituídos por sites visitados com
- Escolha como você quer pesquisar mais frequência.

Uma nova maneira de pesquisar, ainda mais inteligente Ocultar ou exibir Sugestões na Nova Aba
- Sugestões de pesquisa aparecerão conforme você
digita Você pode determinar sua página Nova Aba para exibir
- Escolha o site certo para cada pesquisa seus sites mais visitados ou até mesmo nada. Para acessar
- Use a estrela para adicionar Favoritos estes controles clique no ícone da engrenagem no canto
superior direito da nova aba.

Exibir seus sites principais


Clique no ícone de engrenagem na página Nova Aba e
marque Exibir os sites mais visitados.

Mostrar uma Nova Aba em branco


Para remover todos os sites da página Nova Aba, sele-
cione Exibir página em branco.

Seus sites favoritos estão mais perto do que nunca


- Adicione e visualize seus Favoritos rapidamente
- Salve qualquer site com apenas um clique

82
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Desativar os controles da Nova Aba Adicionar um dos seus favoritos


Para ocultar tudo na sua página Nova Aba, incluindo os Você também pode abrir a biblioteca de favoritos e ar-
controles da Nova Aba (ou para escolher a página que abre rastá-los para a página Nova Aba.
em uma nova aba) você pode instalar o complemento New Antes de iniciar, configure o Firefox para lembrar o his-
Tab Override (browser.newtab.url replacement). tórico.
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos
Personalizar a página Nova aba os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
O comportamento padrão do Firefox é exibir os sites Arraste um favorito para dentro da posição que você
em destaque em uma nova aba. Aprenda como personali- quiser.
zar, fixar, remover e reorganizar esses sites.

Fixar

Clique no ícone no canto superior esquerdo da suges-


tão para fixá-la naquela posição na página. Como faço para configurar o Sync no meu compu-
Dica: Configure o Firefox Sync para sincronizar suas Su- tador?
gestões fixadas entre os seus outros computadores. O Sync permite compartilhar seus dados e preferên-
cias (como favoritos, histórico, senhas, abas abertas, Lista
Remover de Leitura e complementos instalados) com todos os seus
dispositivos. Aprenda como configurar o Firefox Sync.
Importante:  O  Sync  requer a versão mais recente do
Firefox. Certifique-se de que você atualizou o Firefox em
quaisquer computadores ou dispositivos Android.
Configurar o Sync requer duas partes: A criação de
uma conta no seu dispositivo principal e entrar nesta conta
usando outros dispositivos. Aqui estão os passos em de-
talhes:
Clique no “X” no canto superior direito do site para ex- - Crie uma conta do Sync
cluí-lo da página. Clique no botão de menu    e depois em  Entrar no
Nota: Se acidentalmente remover um site, pode recu- Sync. A página de acesso será aberta em uma nova aba.
perá-lo clicando em Desfazer no topo da página. Se muitos
sites foram removidos clique em Restaurar tudo.

Reorganizar

Nota: Se não visualizar uma seção do Sync no menu,


você ainda está usando uma versão antiga do Sync. 
Clique no botão Começar.
Preencha o formulário para criar uma conta e clique
em Sign Up. Anote o endereço de e-mail e a senha usada,
você precisará disso mais tarde para entrar.
Verifique nas suas mensagens se recebeu o link de
verificação e clique nele para confirmar seu endereço de
Clique e arraste uma Sugestão para dentro da posição e-mail. Você já está pronto para começar a usar!
que desejar. Ela será “fixada” nesse novo local.

83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Conecte dispositivos adicionais ao Sync Como eu mudo o nome ou onde fica guardado um
Tudo que precisa fazer é entrar e deixar o Sync fazer o favorito?
resto. Para entrar você precisa do endereço de e-mail e a Para editar os detalhes do seu favorito, clique nova-
senha que usou no começo da configuração do sync. mente na estrela e a caixa Propriedades do favorito apa-
Clique no botão de menu    , e, em seguida, clique recerá.
em Entrar no Sync.
Clique no botão Começar para abrir a página Crie uma
conta Firefox.
Clique no link Already have an account? Sign in na par-
te inferior da página.

Na janela Propriedades do favorito você pode modifi-


car qualquer um dos seguintes detalhes:
Insira o e-mail e a senha que você usou para criar sua Nome: O nome que o Firefox exibe para os favoritos
nova conta do Sync. em menus.
Depois que você tiver entrado, o Firefox Sync começará Pasta: Escolha em que pasta guardar seu favorito sele-
a sincronização de suas informações através dos seus dis- cionando uma do menu deslizante (por exemplo, o Menu
positivos conectados. Favoritos ou a Barra dos favoritos). Nesse menu, você tam-
bém pode clicar em Selecionar... para exibir uma lista de
Remover um dispositivo do Sync todas as pastas de favoritos.
Clique no botão   para expandir o Menu. Tags: Você pode usar tags para ajudá-lo a pesquisar e
Clique no nome da sua conta no Sync (geralmente seu organizar seus favoritos. Quando você terminar suas modi-
endereço de e-mail) para abrir as preferências do Sync. ficações, clique em Concluir para fechar a caixa.
Clique em Desconectar. Seu dispositivo não será mais
sincronizado. Onde posso encontrar meus favoritos?
A forma mais fácil de encontrar um site para o qual
você criou um favorito é digitar seu nome na Barra de En-
Crie favoritos para salvar suas páginas favoritas dereços. Enquanto você digita, uma lista de sites que já
Os favoritos são atalhos para as páginas da web que você visitou, adicionou aos favoritos ou colocou tags apa-
você mais gosta. recerá. Sites com favoritos terão uma estrela amarela ao
Como eu crio um favorito? seu lado. Apenas clique em um deles e você será levado até
Fácil — é só clicar na estrela! lá instantaneamente.
Para criar um favorito, clique no ícone da estrela na
Barra de ferramentas. A estrela ficará azul e seu favorito
será adicionado na pasta “Não organizados”. Pronto!

Como eu organizo os meus favoritos?


Na Biblioteca, você pode ver e organizar todos os seus
Dica: Quer adicionar todas as abas de uma só vez? favoritos.
Clique com o botão direito do mouse em qualquer aba e Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos
selecione Adicionar todas as abas.... Dê um nome a pasta os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
e escolha onde quer guardá-la. Clique adicionar favoritos
para finalizar.

84
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Removendo mais de uma página ou pasta dos Favo-


ritos
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
No painel esquerdo da janela do gerenciador, clique na
pasta que deseja visualizar. Seu conteúdo será mostrado
no painel direito.
No painel direito, selecione os itens que deseja remo-
Por padrão, os favoritos que você cria estarão localiza- ver.
dos na pasta “Não organizados”. Selecione-a na barra late- Com os itens a serem removidos selecionado, clique no
ral da janela “Biblioteca” para exibir os favoritos que você botão Organizar e selecione Excluir.
adicionou. Dê um clique duplo em um favorito para abri-lo.
Enquanto a janela da Biblioteca está aberta, você tam-
bém pode arrastar favoritos para outras pastas como a
“Menu Favoritos”, que exibe seus favoritos no menu aberto
pelo botão Favoritos. Se você adicionar favoritos à pasta
“Barra de favoritos”, eles aparecerão nela (embaixo da Bar-
ra de navegação).

Criando novas pastas

Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos


os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
Clique com o botão direito do mouse na pasta que irá
conter a nova pasta, então selecione Nova pasta....

Como eu ativo a Barra de favoritos?


Se você gostaria de usar a Barra de Favoritos, faça o
seginte:
Clique no botão e escolhe Personalizar.
Clique na lista Exibir/ocultar barras e no final selecione
Barra dos favoritos.
Clique no botão verde Sair da personalização.

Removendo apenas uma página dos Favoritos


Acesse a página que deseja remover nos Favoritos.
Clique no ícone da estrela à direita da sua barra de pes-
quisa.
Na janela Editar este favorito, clique Remover Favorito.
Na janela de nova pasta, digite o nome e (opcional-
mente) uma descrição para a pasta que você deseja criar.

85
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Adicionando favoritos em pastas As alterações efetuadas na janela Biblioteca serão re-


Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos fletidas na barra lateral, no menu e no botão de favoritos.
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
Clique na pasta que contém atualmente o favorito que Ordenar visualizações na janela Biblioteca
você deseja mover. Para ver os seus favoritos em várias ordens de classifi-
Arraste o favorito sobre a pasta e solte o botão para cação, use a janela Biblioteca:
mover o favorito para a pasta. Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
Ordenando por nome No painel esquerdo, clique na pasta que deseja visuali-
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos zar. O conteúdo será exibido no painel da direita.
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca. Clique no botão Exibir, selecione Ordenar e depois
Clique com o botão direito do mouse na pasta que de- escolha uma ordem de classificação.
seja ordenar e selecione Ordenar pelo nome. Os Favoritos A ordem de classificação na janela Biblioteca é apenas
serão colocados em ordem alfabética. para visualização, e não vai ser refletido na barra lateral, no
menu ou no botão de favoritos.
Definindo a Página Inicial
Veja como abrir automaticamente qualquer página
web na inicialização do Firefox ou clicando no botão Pági-
na inicial .
Abra a página web que deseja definir como sua página
inicial.
Clique e arraste a aba para cima do botão Página Inicial
.

Clique em Sim para definir esta página como sua pá-


gina inicial.
As alterações efetuadas na janela Biblioteca será refle-
tido na barra lateral, no menu e no botão de favoritos.
Reorganizando manualmente
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos
os favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
Clique na pasta que contém o favorito que você deseja
mover para expandi-la.
Clique no favorito que você quer mover e arraste-o
para a posição desejada.
Dica: Mais opções de configuração da página inicial es-
tão disponíveis na janela Opções .

Clique no botão menu e depois em Opções, na ja-


nela que foi aberta vá para o painel Geral.
A partir do menu drop-down, selecione Abrir página
em branco na inicialização ou Restaurar janelas e abas an-
teriores.
Clicando em Usar as páginas abertas, as páginas que
estiverem abertas serão configuradas como páginas ini-
ciais, abrindo cada página em uma aba separada.

Para restaurar as configurações da página inicial, siga


os seguintes passos:
Clique no botão , depois em Opções
Selecione o painel Geral.
Para mover um favorito para uma pasta diferente, ar- Clique no botão Restaurar o padrão localizado logo
raste-o para cima da pasta. abaixo do campo Página Inicial.

86
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O mecanismo de pesquisa padrão pode coletar essas


informações de acordo com os termos da política de pri-
vacidade deles, e os usuários preocupados sobre essas in-
formações sendo coletadas podem desejar não ativar as
sugestões de pesquisa. As sugestões de pesquisa estão de-
sativadas por padrão no modo de Navegação Privada. Você
deve ativá-las explicitamente em uma janela de navegação
privativa para ativá-las nesse modo.

Ativando ou desativando as sugestões de pesquisa


As sugestões de pesquisa podem ser ativadas ou de-
sativadas a qualquer momento marcando ou desmarcando
a caixa Fornecer sugestões de pesquisa na seção Pesquisar
Feche a janela about:preferences. Quaisquer alterações das opções do Firefox:
feitas serão salvas automaticamente.

Sugestões de pesquisa no Firefox


Muitos mecanismos de pesquisa (incluindo Yahoo,
Google, Bing e outros) fornecem sugestões de pesquisa,
as quais são baseadas em pesquisas populares que outras
pessoas fazem e que estão relacionadas com uma pala-
vra ou palavras que você inserir. Quando as Sugestões de
Pesquisa estão ativadas, o texto que você digita em um
campo de pesquisa é enviado para o mecanismo de busca,
o qual analisa as palavras e exibe uma lista de pesquisas
relacionadas.

Para ver sugestões de pesquisa na barra de endereços,


marque a opção Mostrar sugestões de pesquisa na barra
de localização.

Usando a Barra de Pesquisa


Basta digitar na barra de Pesquisa na sua barra de fer-
ramentas ou na página de Nova Aba.

Como as sugestões de pesquisa funcionam


Se você ver uma sugestão de pesquisa que correspon-
de ao que você está procurando, clique nela para ver re-
sultados para aquele termo de pesquisa. Isso pode poupar
tempo e ajudar você a encontrar o que está procurando
com menos digitação. Enquanto você digita na busca da barra de ferramen-
Ativar as sugestões de pesquisa enviará as palavras- tas, o seu mecanismo de pesquisa padrão mostra suges-
chave que você digita num campo de busca para o me- tões para ajudá-lo a procurar mais rápido. Essas sugestões
canismo de pesquisa padrão - a menos que pareça que são baseadas em pesquisas populares ou em suas pesqui-
você está digitando uma URL ou hostname. Os campos de sas anteriores (se estiver ativado).
pesquisa incluem:
- a barra de pesquisa
- páginas iniciais (como mostrado na imagem acima)
- a barra de endereço (onde as Sugestões de Pesquisa
podem ser desativadas separadamente)

87
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique no icone download para abrir o painel de down-


loads. O painel Downloads exibe os últimos três arquivos
baixados, juntamente com o tempo, tamanho e fonte do
download:

Pressione Enter para pesquisar usando o seu mecanismo


de pesquisa padrão, ou selecione outro mecanismo de pes-
quisa clicando no logotipo.
Mecanismos de pesquisa disponíveis
O Firefox vem com os seguintes mecanismos de pesqui- Para ver todos os seus downloads, acesse a Biblioteca
sa por padrão: clicando em Exibir todos os downloads na parte inferior do
- Google para pesquisar na web através do Google painel de Downloads.
Nota: O padrão de busca do Google é criptografado para
evitar espionagem.
- Yahoo para pesquisar na web através do Yahoo
- Bing para pesquisar na web através do Microsoft Bing
- BuscaPé para procurar comparações de preços, produ-
tos e serviços no site BuscaPé.
- DuckDuckGo como mecanismo de pesquisa para para
usuários que não querem ser rastreados.
- Mercado Livre para procurar por itens à venda ou em
leilão no Mercado Livre
- Twitter para procurar pessoas no Twitter
- Wikipédia (pt) para pesquisar na enciclopédia online
gratuita Wikipédia Portuguesa.

Gerenciador de Downloads
A Biblioteca e o painel de downloads controlam os arqui-
vos baixado pelo Firefox. Aprenda a gerenciar seus arquivos e
configurar as definições de download.
A Biblioteca mostra essas informações para todos os
Como faço para acessar meus downloads? seus arquivos baixados, a menos que você tenha removido
Você pode acessar seus downloads facilmente clicando eles do seu histórico.
no icone download (a seta para baixo na barra de ferramen-
tas). A seta vai aparecer azul para que você saiba que exis-
tem arquivos baixados.

Durante um download, o icone de download muda para


um timer que mostra o progresso do seu download. O timer
volta a ser uma seta quando o download for concluído.

Como posso gerenciar meus arquivos baixados?


No painel Downloads e na sua Biblioteca, existe um
botão icone a direita de cada arquivo que muda de acordo
com o progresso atual do download.

88
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Pausar: Você pode pausar qualquer download em


progresso clicando com o botão direito no arquivo e se-
lecionando Pausar. Isto pode ser útil, por exemplo, se você
precisa abrir um pequeno download que começou depois
de um download grande. A Pausa de downloads lhe dá a
opção de decidir qual dos seus downloads são mais impor-
tantes.Quando você quiser continuar o download desses
arquivos, clique com o botão direito no arquivo e selecione
Continue.
Cancelar : Se depois de iniciar o download você de-
cidir que não precisa mais do arquivo, cancelar o download Desative o modo Tela inteira
é simples: apenas clique no botão X ao lado do arquivo. Traga o meu computador de volta! Encolha o Firefox
Este botão se transformará em um símbolo de atualização, para seu tamanho normal.
clique novamente para reiniciar o download. Mova o mouse para o topo da tela para fazer a barra de
Abrir o arquivo: Quando o download acabar, você pode ferramentas reaparecer
dar um clique no arquivo para abrir-lo. Clique no botão menu no lado direito da barra de
Abrir pasta : Uma vez que o arquivo tenha concluído ferramentas e selecione Tela inteira.
o download, o ícone à direita da entrada do arquivo torna- Atalhos de teclado
se uma pasta. Clique no ícone da pasta para abrir a pasta Para aqueles de boa memória. Use a tela inteira através
que contém esse arquivo. do teclado.
Remover arquivo da lista: Se você não quiser manter o
registro de um determinado download, simplesmente cli- Atalho para alternar o modo Tela inteira: Pressione a
que com o botão direito no arquivo, então selecione Excluir tecla F11.
da lista. Isto irá remover a arquivo da lista, mas não vai Nota: Em computadores com teclado compacto (como
apagar o arquivo em si. netbooks e laptops), pode ser necessário usar a combina-
Repetir um download : Se por qualquer razão um ção de teclas fn + F11.
download não completar, clique no botão a direita do ar-
quivo - um simbolo de atualizar - para reiniciar. Histórico
Limpar downloads: Clique no botão Limpar Downloads
no topo da janela da Biblioteca para limpar todo o histórico Toda vez que você navega na internet o Firefox guarda
de itens baixados. várias informações suas, como por exemplo: sites que você
visitou, arquivos que você baixou, logins ativos, dados de
Como deixar o Firefox em tela inteira formulários, entre outros. Toda essa informação é chamada
Tela inteira é um recurso do Firefox que permite que de histórico. No entanto, se estiver usando um computador
ele ocupe a tela toda, ótimo para aquelas telinhas aperta- público ou compartilha um computador com alguém, você
das de netbooks, aproveitando o máximo da sua HDTV ou pode não querer que outras pessoas vejam esses dados.
só porque quer!
Ative o modo Tela inteira
Maior é melhor! Preencha sua tela com o Firefox.
Clique no botão menu no lado direito da barra de
ferramentas e selecione Tela inteira.

89
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Que coisas estão incluídas no meu histórico? Como limpo meu histórico?
Clique no botão de menu , selecione Histórico e, em
seguida, Limpar dados de navegação….
Selecione o quanto do histórico você deseja limpar:
Clique no menu suspenso ao lado de Intervalo de tem-
po a limpar para escolher quanto de seu histórico o Firefox
limpará.

Em seguida, clique na seta ao lado de Detalhes para se-


lecionar exatamente quais informações você quer que sejam
Histórico de navegação e downloads: Histórico de na- limpas.
vegação é a lista de sites que você visitou que são exibidos
no menu Histórico, a lista do Histórico na janela Biblioteca
e a lista de endereços da função de completar automati-
camente da Barra de endereços. Histórico dos downloads
é a lista de arquivos que foram baixados por você e são
exibidos na janela Downloads.
Dados memorizados de formulários e Barra de Pesqui-
sa: O histórico de dados memorizados de formulários inclui
os itens que você preencheu em formulários de páginas
web para a funcionalidade de Preenchimento Automático
de Formulários. O histórico da Barra de Pesquisa inclui os
itens que você pesquisou na Barra de Pesquisa do Firefox.
Cookies: Cookies armazenam informações sobre os
websites que você visita, tais como o estado da sua auten-
ticação e preferências do site. Também incluem informa-
ções e preferências do site armazenadas por plugins como
o Adobe Flash. Cookies podem também ser usados por Finalmente, clique no botão Limpar agora. A janela será
terceiros para rastreá-lo entre páginas. fechada e os itens selecionados serão limpos.
Nota: Para poder limpar cookies criados pelo Flash Como faço para o Firefox limpar meu histórico automa-
você precisa estar usando a versão mais recente do plugin. ticamente?
Cache: O cache armazena arquivos temporariamente, Se você precisa limpar seu histórico sempre que usar o
tais como páginas web e outras mídias online, que o Firefox Firefox, você pode configurá-lo para que isso seja feito au-
baixou da Internet para tornar o carregamento das páginas tomaticamente assim que você sair, assim você não esquece.
e sites que você já visitou mais rápido. Clique no botão , depois em Opções
Logins ativos: Caso você tenha se logado em um web- Selecione o painel Privacidade.
site que usa autenticação HTTP desde a vez mais recente Defina O Firefox irá: para Usar minhas configurações.
que você abriu o Firefox, este site é considerado “ativo”. Ao
limpar estes registros você sai destes sites.
Dados offline de sites: Se você permitir, um website
pode guardar informações em seu computador para que
você possa continuar a utilizá-lo mesmo sem estar conec-
tado à Internet.
Preferências de sites: Preferências de sites, incluindo
o nível de zoom salvo para cada página específica, codi-
ficação de caracteres e as permissões de páginas (como
excessões para bloqueadores de anúncios) estão descritas
em janela de Propriedades da Página.

90
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Marque a opção Limpar histórico quando o Firefox fe-


char.

Para especificar que tipos de histórico devem ser lim-


pos, clique no botão Configurar..., ao lado de Limpar histó-
rico quando o Firefox fechar.
Na janela Configurações para a limpeza do histórico,
marque os itens que você quer que sejam limpos automa-
ticamente sempre que você sair do Firefox.
Finalmente, feche a janela Biblioteca.

O leitor de PDF
O visualizador de PDF integrado de maneira nativa ao
navegador. Isto significa que agora não é mais necessário
ter que instalar um plugin externo no Mozilla Firefox para
fazê-lo visualizar um documento neste formato. Este visua-
lizador, inclusive, funciona da mesma forma como ocorre
no Google Chrome, que também suporta a visualização de
arquivos PDF nativamente.
Agora, sempre que você clicar em um documento PDF
no navegador, ele será aberto diretamente na tela. Os con-
troles são exibidos na parte superior, com os quais você
pode salvar ou imprimir o documento, bem como usar re-
cursos como zoom, ou ir diretamente para uma página es-
pecífica. Também é possível alternar para o modo de apre-
sentação e exibir o PDF em tela cheia.
Após selecionar os itens a serem limpos, clique em OK Durante os testes realizados, conseguimos abrir vários
para fechar a janela Configurações para a limpeza do his- PDFs em diversas abas sem nenhum problema, já que não
tórico. houve travamentos. O segredo por trás do leitor é que ele
Feche a janela about:preferences. Quaisquer alterações converte os PDFs para o HTML 5.
feitas serão salvas automaticamente.
Como faço para remover um único site do meu histó-
rico?
Clique no botão , depois em Histórico, em seguida,
clique no link no final da lista Exibir todo o histórico, para
abrir a janela da Biblioteca.
Use o campo Localizar no histórico no canto superior
direito e pressione a tecla Enter para procurar pelo site que
você deseja remover do histórico.
Nos resultados da busca, clique com o botão direito no
site que você deseja remover, e selecione Limpar tudo so-
bre este site. Ou simplesmente selecione o site que deseja
excluir e pressione a tecla ‘Delete’.
Todos os dados de histórico (histórico de navegação e
downloads, cookies, cache, logins ativos, senhas, dados de
formulários, exceções para cookies, imagens, pop-ups) do
site serão removidos.

91
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Imprimindo uma página web Seção Intervalo de impressão - Especifique quais pági-
nas da página web atual será impressa:
Clique no menu e depois em Imprimir. Selecione Tudo para imprimir tudo.
Selecione Páginas e coloque o intervalo de páginas
que você quer imprimir. Por exemplo, selecionando “de 1 a
1” imprimirá somente a primeira página.
Selecione Seleção para imprimir somente a parte da
página que você selecionou.
Seção Cópias - Especifique quantas cópias você quer
imprimir.
Se colocar mais do que 1 no campo Número de cópias,
você também pode escolher se quer agrupá-las. Por exem-
plo, se você escolheu fazer 2 cópias e selecionou Juntar,
elas serão impressas na ordem 1, 2, 3, 1, 2, 3. Caso contrá-
rio, elas serão impressas na ordem 1, 1, 2, 2, 3, 3.
Nota: As seguintes configurações são salvas como pre-
ferências do Firefox em uma base por impressora.
SeçãoImprimir bordas - Se você está vendo uma pá-
gina web com bordas, poderá selecionar como as bordas
serão impressas:

Na janela de impressão que foi aberta, ajuste as con-


figurações do que você está prestes a imprimir, se for ne-
cessário.
Clique em OK para iniciar a impressão.
Janela de configurações de impressão

Como apresentado na tela irá imprimir da mesma for-


ma que você vê a página web no Firefox.
O campo selecionado irá imprimir somente o conteúdo
dentro da última borda que você clicou.
Cada campo separadamente irá imprimir o conteúdo
de todas as bordas, mas em páginas separadas.
Mudando a configuração da página
Para alterar a orientação da página, alterar se as cores
e imagens de fundo são impressas, as margens da página,
o que incluir no cabeçalho e rodapé das páginas impressas,
na parte superior da janela do Firefox, clique no botão Fi-
refox, veja mais em Imprimir... (menu Arquivo no Windows
XP) e selecione Configurar página.... A janela de configura-
Seção Impressoras: ção de página irá aparecer.
Nota: As seguintes configurações são salvas como pre-
Clique no menu drop-down ao lado de Name para mu- ferências do Firefox em uma base por impressora.
dar qual a impressora imprimirá a página que você está
vendo.
Nota: A impressora padrão é a do Windows. Quando
uma página da web é impressa com a impressora selecio-
nada, ela se torna a impressora padrão do Firefox.
Cique em Propiedades... para mudar o tamanho do pa-
pel, qualidade de impressão e outras configurações espe-
cíficas da impressora.

92
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formato e Opções Na aba Margens e Cabeçalhos/Rodapé você pode al-


terar:
Margens: Você pode colocar a largura da margem se-
paradamente para cima, baixo, esquerda e direita.
Cabeçalho e Rodapé: Use os menus dropdown para
selecionar o que irá aparecer na página impressa. O valor
do dropdown superior esquerdo aparece no canto superior
esquerdo da página; o valor do dropdown superior central
aparece na parte superior central da página, e assim por
diante. Você pode escolher entre:
--em branco--: Nada será impresso.
Título: Imprime o título das páginas web.
Endereço: Imprime o endereço das páginas web.
Data/Hora: Imprime a data e hora em que a página foi
impressa.
Página #: Imprime o número da página.
Página # de #: Imprime o número da página e o total
de páginas.
Personalizar...: Coloque seu próprio texto de cabeçalho
ou rodapé. Isso pode ser usado pra mostrar o nome da
empresa ou organização no alto ou na parte de baixo de
Na aba Formato e Opções você pode alterar: toda página impressa.
Formato: Clique em OK para concluir as alterações e fechar a
Selecione Retrato para a maioria dos documentos e janela de configuração de páginas.
páginas web.
Selecione Paisagem para páginas e imagens largas. Visualizar impressão
Escala: Para tentar uma página web em menos folhas Para ver como a página web que você quer imprimir
impressas, você pode ajustar a escala. Reduzir para caber ficará quando impressa, na parte superior da janela do Fire-
ajusta automaticamente a escala. fox, clique no botão Firefox, veja mais em Imprimir...(menu
Opções: Selecione Imprimir cores e imagens de fundo Arquivo no Windows XP), e selecione Visualizar impressão.
para que o Firefox imprima as páginas com cor e imagens A janela de pré-visualização permite mudar algumas
de fundo como elas são mostradas na tela, caso contrário, das opções descritas acima. Acesse a janela de impressão
Firefox imprimirá com o fundo branco. clicando em Imprimir..., ou a janela de configuração de pá-
Margens e Cabeçalho/ Rodapé gina clicando em Configurar página.... Clique nas setas ao
lado do campo Página: para trocar as páginas do docu-
mento. As setas duplas mudam para a primeira ou última
página, as setas únicas vão para a próxima página ou a
anterior. Você também pode ajustar a escala e o formato
(veja acima).

Clique em Fechar para sair da visualização da impres-


são.
Firefox Hello - conversas por vídeo e voz online
O Firefox Hello lhe deixa navergar e discutir páginas
web com seus amigos diretamente no navegador. Tudo
que você precisa é uma webcam (opcional), um microfone,
e a versão mais recente do Firefox para ligar para os ami-
gos que estão em navegadores suportados pelo WebRTC
como Firefox, Chrome, ou Opera.
Nota: O Firefox Hello não está disponível na Navega-
ção Privada.
Iniciar uma conversa
Clique no botão Hello .
Clique em Navegar nessa página com um amigo.

93
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Navegação Privativa
Quando navega na web, o Firefox lembra de varias in-
formação para você - como os sites visitados. No entan-
to, pode haver momentos em que não deseja que outros
usuários tenham acesso a tais informações, como quando
estiver comprando um presente de aniversário. A navega-
ção privativa permite que navegue na internet sem salvar
informações sobre os sites e páginas visitadas.
A navegação privativa também inclui Proteção contra
rastreamento na navegação privada, a qual impede que
seja rastreado enquanto navega.
Mostraremos a você como funciona.
Importante: A navegação privativa não o torna anôni-
mo na Internet. Seu provedor de acesso a internet ou os
próprios sites ainda podem rastrear as páginas visitadas.
Use as seguintes opções para convidar seus amigos: Além disso, a navegação privativa não o protege de key-
loggers ou spywares que podem estar alojados em seu
computador

Como abrir uma nova janela privativa?


Existem duas maneiras de se abrir uma nova Janela Pri-
vativa.
Abrir uma nova Janela Privativa vazia
Clique no botão de menu e depois em Nova janela
privativa.

Copie e cole o link para a sua ferramenta de mensa-


gens preferida clicando em Copiar Link.
Envie o link por e-mail para o seu amigo clicando no
botão Enviar link por E-mail. Isso abrirá sua aplicação de
e-mail padrão.

Compartilhar no Facebook.
Quando seu amigo se juntar à conversa, você verá um
alerta.
Para encerrar a chamada, clique em .
Se juntar a uma conversa

Recebeu um convite? Se juntar a uma conversa é fácil! Abrir um link em nova janela privativa
Apenas clique no link do seu convite e clique no botão na Clique com o botão direito do mouse e escolha Abrir
página para entrar na conversa. link em uma nova janela privativa no menu contextual.

Controlar suas notificações


Você pode desligar as notificações no Firefox se você
preferir não ser notificado quando um amigo se juntar:

Clique no botão do Hello .


Clique na engrenagem na parte de baixo do painel e
escolha Desligar notificações.

94
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dica: Janelas de navegação privativas tem uma másca- Como saber se a minha conexão com um site é se-
ra roxa no topo. gura?
O botão de Identidade do Site (um cadeado) aparece
na sua barra de endereço quando você visita um site segu-
ro. Você pode descobrir rapidamente se a conexão para o
site que estar visualizando é criptografado. Isso deve lhe
ajudar a evitar sites maliciosos que estão tentando obter
sua informação pessoal.

O que a navegação privativa não salva?


Páginas visitadas: Nenhuma página será adicionada à
lista de sites no histórico, lista de história da janela da Bi- O botão de Identidade do Site estar na barra de ende-
blioteca, ou na lista de endereços da Awesome Bar. reço à esquerda do endereço web. Mais comumente, quan-
Entradas em formulário e na barra de pesquisa: Nada do visualizando um site seguro, o botão de Identidade do
digitado em caixas de texto em páginas web ou na barra de Site será um cadeado verde.
busca será salvo para o autocomplete.
Senhas: Nenhuma senha será salva.
Lista de arquivos baixados: os arquivos que você baixar
não serão listados na Janela de Downloads depois de de- No entanto, em algumas circunstâncias raras, ele tam-
sativar a Navegação Privativa. bém pode ser um cadeado verde com um triângulo de
Cookies: Cookies armazenam informações sobre os si- alerta cinza, um cadeado cinza com um triângulo de alerta
tes que você visita como preferências, status de login, e os amarelo, ou um cadeado cinza com uma linha vermelha.
dados utilizados por plugins, como o Adobe Flash. Cookies
também podem ser utilizados por terceiros para rastreá-lo
através dos sites.
Conteúdo web em Cache e Conteúdo Web off-line e Nota: Clicando no botão à esquerda da barra de en-
de dados do usuário ‘: Nenhum arquivo temporário da In- dereço nos traz o Centro de Controle, o qual lhe permite
ternet (cache) ou arquivos armazenados para o uso off-line visualizar mais informações detalhadas sobre o estado de
serão salvo. segurança da conexão e alterar algumas configurações de
Nota: segurança e privacidade. Aviso: Você nunca deve enviar
Favoritos criados ao usar a Navegação Privativa serão qualquer tipo de informação sensível (informação bancá-
salvos. ria, dados de cartão de crédito, Números de Seguridade
Todos os arquivos que você baixar para o seu compu- Social, etc.) para um site sem o ícone de cadeado na barra
tador durante o uso de navegação privada serão salvos. de endereço - neste caso não é verificado que você está se
O Firefox Hello não está disponível na navegação pri- comunicando com o site pretendido nem que seus dados
vativa. estão seguros contra espionagem!
Posso definir o Firefox para sempre usar a navegação
privativa? Cadeado verde
O Firefox está definido para lembrar o histórico por Um cadeado verde (com ou sem um nome de organi-
padrão, mas você pode alterar essa configuração de pri- zação) indica que:
vacidade no Firefox Opções (clique no menu Firefox , Você está realmente conectado ao website cujjo en-
escolha Opções e selecione o painel Privacidade). Quando dereço é exibido na barra de endereço; a conexão não foi
alterar a configuração do histórico para nunca lembrar o interceptada.
histórico, isto equivale a estar sempre no modo de nave- A conexão entre o Firefox e o website é criptografada
gação privativa. para evitar espionagem.
Importante: Quando o firefox está definido para nunca
lembrar o histórico você não verá uma máscara roxa na
parte superior de cada janela, mesmo que esteja efetiva-
mente no modo de navegação privativa. Para restaurar a
navegação normal, vá para o painel privacidade Opções e
defina o Firefox para lembrar o histórico. Um cadeado verde mais o nome da empresa ou or-
Outras formas de controlar as informações que o Fire- ganização, também em verde, significa que o website está
fox salva usando um Certificado de Validação Avançada. Um certi-
Você sempre pode remover a navegação recente, as ficado de Validação Avançada é um tipo especial de cer-
pesquisas e histórico de download depois de visitar um tificado do site que requer um processo de verificação de
site. identidade significativamente mais rigoroso do que outros
tipos de certificados.

95
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Configurações de Segurança
Alertar se sites tentarem instalar extensões ou temas
O Firefox sempre pedirá a sua confirmação para a ins-
talação de complementos. Para evitar que tentativas de
Para sites usando certificados VE, o botão de identida- instalação não requisitadas resultem em instalações aci-
de do site exibe tanto um cadeado verde e o nome legal dentais, o Firefox exibe um aviso quando um site tentar ins-
da companhia ou organização do website, então você sabe talar um complemento e bloqueia a tentativa de instalação.
quem está operando ele. Por exemplo, isto mostra que o Para permitir que sites específicos instalem complementos,
mozilla.org é de propriedade da Fundação Mozilla. você deve clicar em Exceções…, digitar o endereço do site
Cadeado verde com um triângulo cinza de alerta e clicar em Permitir. Desmarque essa opção para desativar
Um cadeado verde com um triângulo cinza de alerta esse aviso para todos os sites.
indica que o site é seguro; no entanto, o firefox bloqueou Bloquear sites avaliados como focos de ataques: Mar-
o conteúdo inseguro e, assim, o site pode não necessaria- que isso se você quer que o Firefox verifique se o site que
mente exibir ou funcionar inteiramente correto. você está visitando pode ser uma tentativa de interfirir nas
funções normais do computador ou mandar dados pes-
Cadeado cinza com um triângulo amarelo de alerta soais sobre você sem autorização através da Internet.
Um cadeado cinza com um triângulo amarelo de alerta A ausência deste aviso não garante que o site seja con-
indica que a conexão entre o Firefox e o website é apenas fiável.
parcialmente criptografada e não impede espionagem. Bloquear sites avaliados como falsos: Marque isso se
você quer que o Firefox verifique ativamente se o site que
você está visitando pode ser uma tentativa de enganar
você fazendo com que passe suas informações pessoais
(isto é frequentemente chamado de “phishing”).
Nota: Não envie qualquer tipo de informação sensível
(informação bancária, dados de cartão de crédito, Números Logins
de Seguridade Social, etc.) para sites onde o botão de iden- Memorizar logins de sites: I Firefox pode salvar com
tidade do site tem o ícone de triângulo de alerta amarelo. segurança senhas que você digita em formulários web para
Cadeado cinza com um traço vermelho facilitar seu acesso aos websites. Desmarque essa opção
Um cadeado cinza com um traço vermelho indica que para impedir o Firefox de memorizar suas senhas. No en-
a conexão entre o Firefox e o website é apenas parcial- tanto, mesmo com isso marcado, você ainda será questio-
mente criptografada e não previne contra espionagem ou nado se deseja salvar ou não as senhas para um site quan-
ataque man-in-the-middle. do você visitá-lo pela primeira vez. Se você selecionar Nun-
ca para este site, aquele site será adicionado à uma lista de
exceções. Para acessar essa lista ou para remover sites dela,
clique no botão Exceções….
Usar uma senha mestra: O Firefox pode proteger infor-
Esse ícone não aparecerá a menos que você manual- mações sensíveis, como senhas salvas e certificados, crip-
mente desativou o bloqueio de conteúdo misto. tografando eles usando uma senha mestra. Se você criar
Nota: Não envie qualquer tipo de informação sensível uma senha mestra, cada vez que você iniciar o Firefox, será
(informação bancária, dados de cartão de crédito, números solicitado que você digite a senha na primeira vez que for
de seguridade social, etc.) para sites onde o botão de iden- necessário acessar um certificado ou uma senha salva. Você
tidade do site tem o ícone de um cadeado cinza com uma pode definir, alterar, ou remover a senha mestra marcando
listra vermelha. ou desmarcando essa opção ou clicando no botão Modifi-
car senha mestra…. Se uma senha mestra já estiver defini-
Configurações de segurança e senhas da, você precisará digitá-la para alterar ou remover a senha
Este artigo explica as configurações disponíveis no pai- mestra.
nel Segurança da janela Opções do Firefox. Você pode gerenciar senhas salvas e excluir senhas in-
O painel Segurança contém Opções relacionadas à sua dividuais clicando no botão Logins salvos….
segurança ao navegar na internet.
Encontrar e instalar complementos para adicionar
funcionalidades ao Firefox
Complementos são como os aplicativos que você ins-
tala para adicionar sinos e assobios para o Firefox. Você
pode obter complementos para comparar preços, verificar
o tempo, mudar o visual do Firefox, ouvir música, ou mes-
mo atualizar o seu perfil no Facebook. Este artigo aborda
os diferentes tipos de complementos disponíveis e como
encontrar e instalá-los.

96
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Existem três tipos de complementos:

- Extensões
Extensões adicionam novas funcionalidades ao Firefox
ou modificam as já existentes. Existem extensões que per-
mitem bloquear anúncios, baixar vídeos de sites, integrar
o Firefox com sites, como o Facebook ou o Twitter, e até
mesmo adicionar recursos de outros navegadores.

- Aparência
Existem dois tipos de complementos de aparência:
temas completos, que mudam a aparência de botões e
menus, e temas de fundo, que decoram a barra de menu e
faixa de abas com uma imagem de fundo O Firefox irá fazer o download do complemento e pode
pedir que você confirme a sua instalação.
- Plugins Clique em Reiniciar agora se ele aparecer. Seus abas
Plugins permitem adicionar suporte para todos os tipos serão salvas e restauradas após a reinicialização.
de conteúdo da Internet. Estes geralmente incluem forma- Algumas extensões colocam um botão na barra de fer-
tos patenteados como o Flash, QuickTime e Silverlight que ramentas após a instalação..
são usados para vídeo, áudio, jogos on-line, apresentações
e muito mais. Plugins são criados e distribuídos por outras Como desativar extensões e temas
empresas. Ao desativar um complemento ele deixará de funcio-
nar sem ser removido:
Para visualizar quais complementos estão instalados: Clique no botão de menu   e selecione Complemen-
Clique no botão escolha complementos. A aba com- tos para abrir a aba do gerenciador de complementos.
plementos irá abrir. No gerenciador de complementos, selecione o pai-
Selecione o painel Extensões, Aparência ou Plugins. nel Extensões ou Aparência.
Como faço para encontrar e instalar complementos? Selecione o complemento que deseja desativar.
Aqui está um resumo para você começar: Clique no botão Desativar.
Clique no botão de menu e selecione Complemen- Se surgir uma mensagem em pop-up, clique em  Rei-
tos para abrir a aba do gerenciador de complementos. niciar agora. As suas abas serão salvas e restauradas ao
No gerenciador de complementos, selecione o painel reiniciar.
Get Add-ons. Para reativar um complemento, encontre-o na lista de
complementos e clique em Ativar, será solicitado reiniciar
Para ver mais informações sobre um complemento ou o Firefox.
tema, clique nele. Você pode em seguida clicar no botão
verde Adicionar ao Firefox para instalá-lo. Como desativar plugins
Você também pode pesquisar por complementos es- Ao desativar um plugin ele irá deixar de funcionar sem
pecíficos usando a caixa de busca na parte superior. Po- ser removido:
dendo então instalar qualquer complemento que encon- Clique no botão de menu   e selecione Complemen-
trar, com o botão Instalar. tos para abrir a aba do gerenciador de complementos.
No gerenciador de complementos, selecione o pai-
nel Plugins.
Selecione o plugin que deseja desativar.
Selecione Nunca Ativar no menu de seleção.
Para reativar um plugin, encontre-o na sua lista de plu-
gins e clique em Sempre ativo no menu de seleção.

Como remover extensões e temas


Clique no botão de menu   e selecione Complemen-
tos para abrir a aba do gerenciador de complementos.
No gerenciador de complementos, selecione o pai-
nel Extensões ou Aparência.
Selecione o complemento que você deseja remover.
Clique no botão Excluir.
Se surgir uma mensagem em pop-up, clique em  Rei-
niciar agora. As suas abas serão salvas e restauradas ao
reiniciar.

97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Como desinstalar plugins Diálogo de fontes


Geralmente os plugins vem com seus próprios desins- Na lista  Fontes padrão para, escolha um grupo de
taladores. Se precisar de ajuda para desinstalar alguns dos caracteres/idioma. Por exemplo, para configurar o grupo
plugins mais populares, vá para lista de artigos de plugins e de fontes padrão dos idiomas ocidentais (latinos), clique
selecione o artigo do respectivo plugin que você quer de- em Latin.. Para um grupo de caracteres/idioma que não es-
sinstalar. teja na lista, clique em Outros Sistemas de Escrita.
Escolha se a fonte proporcional deverá ser com serifa
Configurações de Conteúdo (como “Times New Roman”) ou sem serifa (como “Arial”),
e então especifique o tamanho padrão da fonte propor-
cional.
Especifique as fontes utilizadas para fontes com seri-
fa, sem serifa e monoespaçada (largura fixa). Você também
pode especificar o tamanho para as fontes monoespaça-
das.
Você também pode especificar o tamanho mínimo de
fonte que pode ser exibido na tela. Isso pode ser útil em
sites que utilizam tamanhos de fonte muito pequenos e
pouco legíveis.
Páginas podem usar outras fontes: Por padrão, o Fi-
refox exibe as fontes especificadas pelo autor da página.
Desative essa  opção  para forçar todos os sites a usar as
fontes padrão.
Codificação de texto para conteudo legado: A codifica-
ção de caracteres selecionada nessa caixa será a codifica-
ção padrão utilizada para exibir páginas que não especifi-
quem uma codificação.
Diálogo de cores
Cores padrão: Aqui você pode modificar as cores pa-
DRM Content
drão de texto e fundo que serão utilizadas nas páginas em
Reproduzir conteúdo DRM: Por padrão, o Firefox per-
que essas cores não foram especificadas por seu autor. Cli-
mite a reprodução de conteúdo de áudio e vídeo protegido
que nas amostras de cores para modificá-las.
por Gerencimento de Direitos Digitais (DRM). Ao desmar-
car esta opção essa funcionalidade será desligada. Usar cores do sistema: Marque essa opção para usar as
cores de fonte e fundo definidas pelo seu Sistema Opera-
Notificações cional em vez das cores definidas acima.
O Firefox lhe permite escolher quais websites tem Aparência padrão dos links: Aqui você pode modificar
permissão para lhe enviar notificações. Clique em  Esco- as cores padrão dos links das páginas. Clique nas amostras
lher para fazer alterações na lista de sites permitidos. de cores para modificá-las.
Não me perturbe: Selecione esta opção para suspen- Sublinhar: Por padrão, o Firefox sublinha os links das
der temporariamente todas as notificações até você fechar páginas. Desmarque essa opção para modificar esse com-
e reiniciar o Firefox. portamento. Note que vários sites especificam seus pró-
prios estilos de links e nesses sites essa  opção  não tem
Pop-ups efeito.
Bloquear janelas popup: Por padrão, o Firefox bloqueia Páginas podem usar outras cores: Por padrão, o Firefox
janelas popup inconvenientes em sites da web. Desmarque exibe as cores especificadas pelo autor da página. Desa-
essa opção para desativar o Bloqueador de Popups. Alguns tive essa opção para forçar todos os sites a usar as cores
sites utilizam popups com funções importantes. Para per- padrão.
mitir que sites específicos utilizem popups, clique em Exce- Idiomas
ções…, digite o domínio do site e clique em Permitir. Para Algumas páginas oferecem mais de um idioma para
excluir um site da lista de sites permitidos, selecione-o e exibição. Clique no botão  Selecionar…para especificar o
clique em Excluir o site. Para limpar a lista completamente, idioma ou idiomas de sua preferência.
clique em Excluir tudo. Idiomas: Para adicionar um idioma à lista de idiomas
clique emSelecione um idioma para adicionar…, clique so-
Fontes e cores bre o idioma escolhido e clique no botãoAdicionar. Exclua
Fonte padrão e Tamanho: Normalmente as páginas da um idioma da lista selecionando-o e clicando no botão Ex-
web são exibidas na fonte e tamanho especificados aqui. cluir. Você também pode reordenar os idiomas usando os
Entretanto, páginas da web podem definir fontes diferen- botões Para cima e Para baixo para determinar a ordem de
tes, que serão exibidos a não ser que você especifique o preferência no caso de haver mais de um idioma disponí-
contrário na janela Fontes. Clique no botãoAvançado… para vel.
acessar mais opções de fontes.

98
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Use atalhos do mouse para executar tarefas comuns Página atual


no Firefox
Esta é uma lista dos atalhos do mouse mais comuns no Comando Atalho
Mozilla Firefox.
Ir uma tela para baixo Page Down
Comando Atalho Ir uma tela para cima Page Up
Shift + Rolar para bai- Ir para o final da página End
Voltar
xo Ir para o início da página Home
Shift  + Rolar para Ir para o próximo frame F6
Avançar
cima
Ir para o frame anterior Shift + F6
Aumentar Zoom Ctrl + Rolar para cima
Ctrl  + Rolar para bai- Imprimir Ctrl + P
Diminuir Zoom
xo Salvar página como Ctrl + S
Clicar com botão do Mais zoom Ctrl + +
Fechar Aba
meio na Aba
Menos zoom Ctrl + -
Abrir link em uma nova Clicar com botão do
Aba meio no link tamanho normal Ctrl + 0
clicar com o botão do
Nova aba Editando
meio na barra de abas
Ctrl  + Clicar com bo-
Abrir em nova Aba em se- tão esquerdo no link Comando Atalho
gundo plano* Clicar com botão do Copiar Ctrl + C
meio no link Recortar Ctrl + X
Ctrl  +  Shift  + Botão
Abrir em nova Aba em pri- Apagar Del
esquerdo
meiro plano*
Shift + Botão do meio Colar Ctrl + V
Shift + Clicar com bo- Colar (como texto simples) Ctrl + Shift + V
Abrir em uma Nova Janela
tão esquerdo no link
Refazer Ctrl + Y
Duplicar Aba ou Favoritos Ctrl + Arrastar Aba
Selecionar tudo Ctrl + A
Shift + Botão recarre-
Recarregar (ignorar cache) Desfazer Ctrl + Z
gar
Salvar como... Alt + Botão esquerdo
* Os atalhos para abrir Abas em primeiro e segun-
do plano serão trocadas se a opção  Ao abrir um link em GOOGLE CHROME
uma nova Aba, carregá-la em primeiro plano estiver ativa O Chrome é o mais novo dos grandes navegadores e
no Painel de configurações geral.. já conquistou legiões de adeptos no mundo todo. O pro-
grama apresenta excelente qualidade em seu desenvolvi-
Atalhos de teclado mento, como quase tudo o que leva a marca Google. O
Navegação browser não deve nada para os gigantes Firefox e Internet
Explorer e mostra que não está de brincadeira no mundo
dos softwares.
Comando Atalho Confira nas linhas abaixo um pouco mais sobre o ótimo
Alt + ← Google Chrome.
Voltar
Backspace
Funções visíveis
Alt + →
Avançar Antes de detalhar melhor os aspectos mais complica-
Shift + Backspace
dos do navegador, vamos conferir todas as funções dis-
Página inicial Alt + Home poníveis logo em sua janela inicial. Observe a numeração
Abrir arquivo Ctrl + O na imagem abaixo e acompanhe sua explicação logo em
seguida:
F5
Atualizar a página
Ctrl + R
Atualizar a página (ignorar o ca- Ctrl + F5
che) Ctrl + Shift + R
Parar o carregamento Esc

99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1.    As setas são ferramentas bem conhecidas por todos que Abas
já utilizaram um navegador. Elas permitem avançar ou voltar nas
páginas em exibição, sem maiores detalhes. Ao manter o bo- A segunda tarefa importante para quem quer usar o
tão pressionado sobre elas, você fará com que o histórico inteiro Chrome é lidar com suas abas. Elas são ferramentas muito
apareça na janela. úteis e facilitam a navegação. Como citado anteriormente,
2.   Reenviar dados, atualizar ou recarregar a página. Todos basta clicar no botão com um “+” para abrir uma nova guia.
são sinônimos desta função, ideal para conferir novamente o link Outra forma de abri-las é clicar em qualquer link ao
em que você se encontra, o que serve para situações bem espe- pressionar a rodinha do mouse, o que torna tudo ainda
cíficas – links de download perdidos, imagens que não abriram, mais rápido. Também é possível utilizar o botão direito so-
erros na diagramação da página. bre o novo endereço e escolher a opção “Abrir link em uma
3.   O ícone remete à palavra home (casa) e leva o navegador nova guia”.
à página inicial do programa. Mais tarde ensinaremos você a mo-
dificar esta página para qualquer endereço de sua preferência. Liberdade
4.   A estrela adiciona a página em exibição aos favoritos, que
nada mais são do que sites que você quer ter a disposição de um É muito fácil manipular as abas no Google Chrome. É
modo mais rápido e fácil de encontrar. possível arrastá-las e mudar sua ordem, além de arrancar
5.   Abre uma nova aba de navegação, o que permite visitar a aba da janela e desta forma abrir outra independente.
outros sites sem precisar de duas janelas diferentes. Basta segurar a aba com o botão esquerdo do mouse para
6.   A barra de endereços é o local em que se encontra o link testar suas funções. Clicar nelas com a rodinha do mouse
da página visitada. A função adicional dessa parte no Chrome é faz com que fechem automaticamente.
que ao digitar palavras-chave na lacuna, o mecanismo de busca
do Google é automaticamente ativado e exibe os resultados em
questão de poucos segundos.
7. Simplesmente ativa o link que você digitar na lacuna à
esquerda.
8. Abre as opções especiais para a página aberta no nave-
gador. Falaremos um pouco mais sobre elas em seguida.
9. Abre as funções gerais do navegador, que serão melhor
detalhadas nos próximos parágrafos.

Para Iniciantes

Se você nunca utilizou um navegador ou ainda tem dúvidas


básicas sobre essa categoria de programas, continue lendo este
parágrafo. Do contrário, pule para o próximo e poupe seu tem- O botão direito abre o menu de contexto da aba, em
po. Aqui falaremos um pouco mais sobre os conceitos e ações que é possível abrir uma nova, recarregar a atual, fechar
mais básicas do programa. a guia ou cancelar todas as outras. No teclado você pode
Com o Google Chrome, você acessa os sites da mesma abrir uma nova aba com o comando Ctrl + T ou simples-
forma que seus semelhantes – IE, Firefox, Opera. Ao executar o mente apertando o F1.
programa, tudo o que você precisa fazer é digitar o endereço do
local que quer visitar. Para acessar o portal Baixaki, por exemplo, Fechei sem querer!
basta escrever baixaki.com.br (hoje é possível dispensar o famo-
so “www”, inserido automaticamente pelo programa.) Quem nunca fechou uma aba importante acidental-
No entanto nem sempre sabemos exatamente o link que mente em um momento de distração? Pensando nisso,
queremos acessar. Para isso, digite o nome ou as palavras-chave o Chrome conta com a função “Reabrir guia fechada” no
do que você procura na mesma lacuna. Desta forma o Chrome menu de contexto (botão direito do mouse). Basta selecio-
acessa o site de buscas do Google e exibe os resultados rapida- ná-la para que a última página retorne ao navegador.
mente. No exemplo utilizamos apenas a palavra “Baixaki”.

100
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Configuração Dados de navegação: durante o uso do computador, o


Chrome salva os dados da sua navegação para encontrar si-
Antes de continuar com as outras funções do Google tes, links e conteúdos com mais facilidade. O botão “Limpar
Chrome é legal deixar o programa com a sua cara. Para dados de navegação” apaga esse conteúdo, enquanto a fun-
isso, vamos às configurações. Vá até o canto direito da tela ção “Importar dados” coleta informações de outros navega-
e procure o ícone com uma chave de boca. Clique nele e dores.
selecione “Opções”. Temas: é possível modificar as cores e todo o visual do
navegador. Para isso, clique em “Obter temas” e aplique um
de sua preferência. Para retornar ao normal, selecione “Rede-
finir para o tema padrão”.

Configurações avançadas
Rede: configura um Proxy para a sua rede. (Indicado para
usuários avançados)
Privacidade: aqui há diversas funções de privacidade, que
podem ser marcadas ou desmarcadas de acordo com suas
preferências.
Downloads: esta é a opção mais importante da aba. Em
“Local de download” é possível escolher a pasta em que os
arquivos baixados serão salvos. Você também pode definir
que o navegador pergunte o local para cada novo download.
Básicas
Inicialização: aqui é possível definir a página inicial do Downloads
navegador. Basta selecionar a melhor opção para você e Todos os navegadores mais famosos da atualidade con-
configurar as páginas que deseja abrir. tam com pequenos gerenciadores de download, o que fa-
Página inicial: caso esta tenha sido a sua escolha na aba cilita a vida de quem baixa várias coisas ao mesmo tempo.
anterior, defina qual será a página inicial do Chrome. Tam- Com o Google Chrome não é diferente. Ao clicar em um link
bém é possível escolher se o atalho para a home (aquele de download, muitas vezes o programa perguntará se você
em formato de casinha) aparecerá na janela do navegador. deseja mesmo baixar o arquivo, como ilustrado abaixo:
Pesquisa padrão: como o próprio nome já deixa claro,
aqui você escolhe o site de pesquisas utilizado ao digitar
na lacuna do programa. O botão “Gerenciar” mostra a lista
de mecanismos.
Navegador padrão: aqui você pode definir o aplicativo
como seu navegador padrão. Se você optar por isso, sem-
pre que algum software ou link for executado, o Chrome
será automaticamente utilizado pelo sistema.

Coisas pessoais

Senhas: define basicamente se o programa salvará ou


não as senhas que você digitar durante a navegação. A op-
ção “Mostrar senhas salvas” exibe uma tabela com tudo o
que já foi inserido por você. Logo em seguida uma pequena aba aparecerá embaixo
Preenchimento automático de formulário: define se os da janela, mostrando o progresso do download. Você pode
formulários da internet (cadastros e aberturas de contas) clicar no canto dela e conferir algumas funções especiais para
serão sugeridos automaticamente após a primeira digita- a situação. Além disso, ao selecionar a função “Mostrar todos
ção. os downloads” (Ctrl + J), uma nova aba é exibida com ainda
mais detalhes sobre os arquivos que você está baixando

101
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Desta forma, uma nova janela aparecerá em sua tela.


Ela controla todas as abas e funções executadas pelo na-
vegador. Caso uma das guias apresente problemas você
pode fechá-la individualmente, sem comprometer todo o
programa. A função é muito útil e evita diversas dores de
cabeça.

Pesquise dentro dos sites

Outra ferramenta muito prática do navegador é a pos-


sibilidade de realizar pesquisas diretamente dentro de al-
guns sites, como o próprio portal Baixaki. Depois de usar a
busca normalmente no nosso site pela primeira vez, tudo o NOÇÕES BÁSICAS A RESPEITO DE VÍRUS DE COM-
que você precisa fazer é digitar baixaki e teclar o TAB para PUTADOR
que a busca desejada seja feita diretamente na lacuna do
Chrome. DEFINIÇÃO E PROGRAMAS ANTIVÍRUS

O que são vírus de computador?


Os vírus representam um dos maiores problemas para
usuários de computador.
Consistem em pequenos programas criados para cau-
Navegação anônima sar algum dano ao computador infectado, seja apagando
dados, seja capturando informações, seja alterando o fun-
Se você quer entrar em alguns sites sem deixar rastros cionamento normal da máquina. Os usuários dos sistemas
ou históricos de navegação no computador, utilize a nave- operacionais Windows são vítimas quase que exclusivas
gação anônima. Basta clicar no menu com o desenho da de vírus, já que os sistemas da Microsoft são largamente
chave de boca e escolher a função “Nova janela anônima”, usados no mundo todo. Existem vírus para sistemas ope-
que também pode ser aberta com o comando Ctrl + Shift racionais Mac e os baseados em Unix, mas estes são extre-
+ N. mamente raros e costumam ser bastante limitados. Esses
“programas maliciosos” receberam o nome vírus porque
possuem a característica de se multiplicar facilmente, assim
como ocorre com os vírus reais, ou seja, os vírus biológicos.
Eles se disseminam ou agem por meio de falhas ou limita-
ções de determinados programas, se espalhando como em
uma infecção.
Para contaminarem os computadores, os vírus antiga-
mente usavam disquetes ou arquivos infectados. Hoje, os
vírus podem atingir em poucos minutos milhares de com-
Gerenciador de tarefas putadores em todo mundo. Isso tudo graças à Internet. O
método de propagação mais comum é o uso de e-mails,
Uma das funções mais úteis do Chrome é o pequeno onde o vírus usa um texto que tenta convencer o inter-
gerenciador de tarefas incluso no programa. Clique com o nauta a clicar no arquivo em anexo. É nesse anexo que se
botão direito no topo da página (como indicado na figura) encontra o vírus. Os meios de convencimento são muitos e
e selecione a função “Gerenciador de tarefas”. costumam ser bastante criativos. O e-mail (e até o campo
assunto da mensagem) costuma ter textos que despertam
a curiosidade do internauta. Muitos exploram assuntos eró-
ticos ou abordam questões atuais. Alguns vírus podem até
usar um remetente falso, fazendo o destinatário do e-mail
acreditar que se trata de uma mensagem verdadeira. Mui-
tos internautas costumam identificar e-mails de vírus, mas
os criadores destas “pragas digitais” podem usar artifícios
inéditos que não poupam nem o usuário mais experiente.

102
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O computador (ou, melhor dizendo, o sistema operacio- Ao contrário do que é erroneamente informado na mí-
nal), por si só, não tem como detectar a existência deste pro- dia, que classifica o Cavalo de Tróia como um vírus, ele não
graminha. Ele não é referenciado em nenhuma parte dos seus se reproduz e não tem nenhuma comparação com vírus de
arquivos, ninguém sabe dele, e ele não costuma se mostrar an- computador, sendo que seu objetivo é totalmente diverso.
tes do ataque fatal. Deve-se levar em consideração, também, que a maioria dos
Em linhas gerais, um vírus completo (entenda-se por com- antivírus faz a sua detecção e os classificam como tal. A
pleto o vírus que usa todas as formas possíveis de contaminar expressão “Trojan” deve ser usada, exclusivamente, como
e se ocultar) chega até a memória do computador de duas for- definição para programas que capturam dados sem o co-
mas. nhecimento do usuário.
A primeira e a mais simples é a seguinte: em qualquer disco O Cavalo de Tróia é um programa que se aloca como
(tanto disquete quanto HD) existe um setor que é lido primeiro um arquivo no computador da vítima. Ele tem o intuito
pelo sistema operacional quando o computador o acessa. Este de roubar informações como passwords, logins e quais-
setor identifica o disco e informa como o sistema operacional quer dados, sigilosos ou não, mantidos no micro da vítima.
(SO) deve agir. O vírus se aloja exatamente neste setor, e espera Quando a máquina contaminada por um Trojan conectar-
que o computador o acesse. se à Internet, poderá ter todas as informações contidas no
A partir daí ele passa para a memória do computador e HD visualizadas e capturadas por um intruso qualquer. Es-
entra na segunda fase da infecção. Mas antes de falarmos da tas visitas são feitas imperceptivelmente. Só quem já esteve
segunda fase, vamos analisar o segundo método de infecção: o dentro de um computador alheio sabe as possibilidades
vírus se agrega a um arquivo executável (fica pendurado oferecidas.
mesmo nesse arquivo). Acessar o disco onde este arquivo está
não é o suficiente para se contaminar. Worm
É preciso executar o arquivo contaminado. O vírus se ane-
xa, geralmente, em uma parte do arquivo onde não interfira no Os worms (vermes) podem ser interpretados como um
seu funcionamento (do arquivo), pois assim o usuário não vai tipo de vírus mais inteligente que os demais. A principal
perceber nenhuma alteração e vai continuar usando o progra- diferença entre eles está na forma de propagação: os wor-
ma infectado. ms podem se propagar rapidamente para outros computa-
O vírus, após ter sido executado, fica escondido agora na dores, seja pela Internet, seja por meio de uma rede local.
memória do computador, e imediatamente infecta todos os Geralmente, a contaminação ocorre de maneira discreta e
discos que estão ligados ao computador, colocando uma cópia o usuário só nota o problema quando o computador apre-
de si mesmo no tal setor que é lido primeiro (chamado setor de senta alguma anormalidade. O que faz destes vírus inteli-
boot), e quando o disco for transferido para outro computador, gentes é a gama de possibilidades de propagação. O worm
este ao acessar o disco contaminado (lendo o setor de boot), pode capturar endereços de e-mail em arquivos do usuá-
executará o vírus e o alocará na sua memória, o que por sua rio, usar serviços de SMTP (sistema de envio de e-mails)
vez irá infectar todos os discos utilizados neste computador, e próprios ou qualquer outro meio que permita a contamina-
assim o vírus vai se alastrando. ção de computadores (normalmente milhares) em pouco
Os vírus que se anexam a arquivos infectam também todos tempo.
os arquivos que estão sendo ou e serão executados. Alguns às
vezes re-contaminam o mesmo arquivo tantas vezes e ele fica Spywares, keyloggers e hijackers
tão grande que passa a ocupar um espaço considerável (que é
sempre muito precioso) em seu disco. Outros, mais inteligen- Apesar de não serem necessariamente vírus, estes três
tes, se escondem entre os espaços do programa original, para nomes também representam perigo. Spywares são progra-
não dar a menor pista de sua existência. mas que ficam “espionando” as atividades dos internautas
Cada vírus possui um critério para começar o ataque pro- ou capturam informações sobre eles. Para contaminar um
priamente dito, onde os arquivos começam a ser apagados, o computador, os spywares podem vir embutidos em soft-
micro começa a travar, documentos que não são salvos e várias wares desconhecidos ou serem baixados automaticamente
outras tragédias. Alguns apenas mostram mensagens chatas, quando o internauta visita sites de conteúdo duvidoso.
outros mais elaborados fazem estragos muitos grandes. Os keyloggers são pequenos aplicativos que podem
vir embutidos em vírus, spywares ou softwares suspeitos,
TIPOS destinados a capturar tudo o que é digitado no teclado. O
objetivo principal, nestes casos, é capturar senhas.
Cavalo-de-Tróia Hijackers são programas ou scripts que “sequestram”
navegadores de Internet, principalmente o Internet Explo-
A denominação “Cavalo de Tróia” (Trojan Horse) foi atribuí- rer. Quando isso ocorre, o hijacker altera a página inicial do
da aos programas que permitem a invasão de um computador browser e impede o usuário de mudá-la, exibe propagan-
alheio com espantosa facilidade. Nesse caso, o termo é análogo das em pop-ups ou janelas novas, instala barras de ferra-
ao famoso artefato militar fabricado pelos gregos espartanos. mentas no navegador e podem impedir acesso a determi-
Um “amigo” virtual presenteia o outro com um “presente de nados sites (como sites de software antivírus, por exemplo).
grego”, que seria um aplicativo qualquer. Quando o leigo o exe-
cuta, o programa atua de forma diferente do que era esperado.

103
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os spywares e os keyloggers podem ser identificados PROTEÇÃO


por programas anti-spywares. Porém, algumas destas pra-
gas são tão perigosas que alguns antivírus podem ser pre- A melhor política com relação à proteção do seu com-
parados para identificá-las, como se fossem vírus. No caso putador contra vírus é possuir um bom software antivírus
de hijackers, muitas vezes é necessário usar uma ferramen- original instalado e atualizá-lo com frequência, pois surgem
ta desenvolvida especialmente para combater aquela pra- vírus novos a cada dia. Portanto, a regra básica com relação
ga. Isso porque os hijackers podem se infiltrar no sistema a vírus (e outras infecções) é: Jamais execute programas que
operacional de uma forma que nem antivírus nem anti-s- não tenham sido obtidos de fontes absolutamente confiá-
pywares conseguem “pegar”. veis. O tema dos vírus é muito extenso e não se pode preten-
der abordá-lo aqui senão superficialmente, para dar orienta-
Hoaxes, o que são? ções essenciais. Vamos a algumas recomendações.
Os processos mais comuns de se receber arquivos são
como anexos de mensagens de e-mail, através de progra-
São boatos espalhados por mensagens de correio ele-
mas de FTP, ou por meio de programas de comunicação,
trônico, que servem para assustar o usuário de computa-
como o ICQ, o NetMeeting, etc.
dor. Uma mensagem no e-mail alerta para um novo vírus
Note que:
totalmente destrutivo que está circulando na rede e que in-
Não existem vírus de e-mail. O que existem são vírus
fectará o micro do destinatário enquanto a mensagem esti- escondidos em programas anexados ao e-mail. Você não in-
ver sendo lida ou quando o usuário clicar em determinada fecta seu computador só de ler uma mensagem de correio
tecla ou link. Quem cria a mensagem hoax normalmente eletrônico escrita em formato texto (.txt). Mas evite ler o con-
costuma dizer que a informação partiu de uma empresa teúdo de arquivos anexados sem antes certificar-se de que
confiável, como IBM e Microsoft, e que tal vírus poderá da- eles estão livres de vírus. Salve-os em um diretório e passe
nificar a máquina do usuário. Desconsidere a mensagem. um programa antivírus atualizado. Só depois abra o arquivo.
Cuidados que se deve tomar com mensagens de cor-
FIREWALL reio eletrônico – Como já foi falado, simplesmente ler a
mensagem não causa qualquer problema. No entanto, se a
Firewall é um programa que monitora as conexões fei- mensagem contém anexos (ou attachments, em Inglês), é
tas pelo seu computador para garantir que nenhum recur- preciso cuidado. O anexo pode ser um arquivo executável
so do seu computador esteja sendo usado indevidamente. (programa) e, portanto, pode estar contaminado. A não ser
São úteis para a prevenção de worms e trojans. que você tenha certeza absoluta da integridade do arquivo,
é melhor ser precavido e suspeitar. Não abra o arquivo sem
ANTIVÍRUS antes passá-lo por uma análise do antivírus atualizado
Mas se o anexo não for um programa, for um arquivo
Existe uma variedade enorme de softwares antivírus apenas de texto, é possível relaxar os cuidados?
no mercado. Independente de qual você usa, mantenha-o Não. Infelizmente, os criadores de vírus são muito ati-
sempre atualizado. Isso porque surgem vírus novos todos vos, e existem hoje, disseminando-se rapidamente, vírus que
os dias e seu antivírus precisa saber da existência deles contaminam arquivos do MS Word ou do MS Excel. São os
para proteger seu sistema operacional. chamados vírus de macro, que infectam os macros (executá-
A maioria dos softwares antivírus possuem serviços de veis) destes arquivos. Assim, não abra anexos deste tipo sem
atualização automática. Abaixo há uma lista com os antiví- prévia verificação.
rus mais conhecidos: É possível clicar no indicador de anexo para ver do que
se trata? E como fazer em seguida?
Norton AntiVirus - Symantec - www.symantec.com.br -
Apenas clicar no indicador (que no MS Outlook Express
Possui versão de teste.
é uma imagem de um clip), sim. Mas cuidado para não dar
McAfee - McAfee - http://www.mcafee.com.br - Possui
um clique duplo, ou clicar no nome do arquivo, pois se o
versão de teste. anexo for um programa, será executado. Faça assim:
AVG - Grisoft - www.grisoft.com - Possui versão paga 1- Abra a janela da mensagem (em que o anexo aparece
e outra gratuita para uso não comercial (com menos fun- como um ícone no rodapé);
cionalidades). 2- Salve o anexo em um diretório à sua escolha, o que
Panda Antivírus - Panda Software - www.pandasoftwa- pode ser feito de dois modos:
re.com.br - Possui versão de teste. a) clicar o anexo com o botão direito do mouse e em
É importante frisar que a maioria destes desenvolve- seguida clicar em “Salvar como...”;
dores possuem ferramentas gratuitas destinadas a remo- b) sequência de comandos: Arquivo / Salvar anexos...
ver vírus específicos. Geralmente, tais softwares são criados 3- Passe um antivírus atualizado no anexo salvo para se
para combater vírus perigosos ou com alto grau de propa- certificar de que este não está infectado.
gação. Riscos dos “downloads”- Simplesmente baixar o progra-
ma para o seu computador não causa infecção, seja por FTP,
ICQ, ou o que for. Mas de modo algum execute o programa
(de qualquer tipo, joguinhos, utilitários, protetores de tela,
etc.) sem antes submetê-lo a um bom antivírus.

104
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O que acontece se ocorrer uma infecção? 2- Nos sistemas operacionais como o Windows, as
Você ficará à mercê de pessoas inescrupulosas quan- informações estão contidas em arquivos de vários for-
do estiver conectado à Internet. Elas poderão invadir seu matos, que são armazenados no disco fixo ou em ou-
computador e realizar atividades nocivas desde apenas ler tros tipos de mídias removíveis do computador, orga-
seus arquivos, até causar danos como apagar arquivos, e nizados em:
até mesmo roubar suas senhas, causando todo o tipo de (A) telas.
prejuízos. (B) pastas.
(C) janelas.
Como me proteger? (D) imagens.
Em primeiro lugar, voltemos a enfatizar a atitude bá- (E) programas.
sica de evitar executar programas desconhecidos ou de
origem duvidosa. Portanto, mais uma vez, Jamais execute Comentários: O Windows Explorer, mostra de forma
programas que não tenham sido obtidos de fontes absolu- bem clara a organização por meio de PASTAS, que nada
tamente confiáveis. mais são do que compartimentos que ajudam a organizar
Além disto, há a questão das senhas. Se o seu micro os arquivos em endereços específicos, como se fosse um
estiver infectado outras pessoas poderiam acessar as suas sistema de armário e gavetas.
senhas. E troca-las não seria uma solução definitiva, pois Resposta: Letra B
os invasores poderiam entrar no seu micro outra vez e
rouba-la novamente. Portanto, como medida extrema de 3- Um item selecionado do Windows XP pode ser
prevenção, o melhor mesmo é NÃO DEIXAR AS SENHAS excluído permanentemente, sem colocá-Lo na Lixeira,
NO COMPUTADOR. Isto quer dizer que você não deve usar, pressionando-se simultaneamente as teclas
ou deve desabilitar, se já usa, os recursos do tipo “lembrar (A) Ctrl + Delete.
senha”. Eles gravam sua senha para evitar a necessidade (B) Shift + End.
de digitá-la novamente. Só que, se a sua senha está grava- (C) Shift + Delete.
da no seu computador, ela pode ser lida por um invasor. (D) Ctrl + End.
Atualmente, é altamente recomendável que você prefira (E) Ctrl + X.
digitar a senha a cada vez que faz uma conexão. Abra mão
do conforto em favor da sua segurança. Comentário: Quando desejamos excluir permanente-
mente um arquivo ou pasta no Windows sem enviar antes
QUESTÕES GERAIS para a lixeira, basta pressionarmos a tecla Shift em conjun-
to com a tecla Delete. O Windows exibirá uma mensagem
1- Com relação ao sistema operacional Windows, do tipo “Você tem certeza que deseja excluir permanente-
assinale a opção correta. mente este arquivo?” ao invés de “Você tem certeza que
(A) A desinstalação de um aplicativo no Windows deseja enviar este arquivo para a lixeira?”.
deve ser feita a partir de opção equivalente do Painel Resposta: C
de Controle, de modo a garantir a correta remoção dos
arquivos relacionados ao aplicativo, sem prejuízo ao 4- Qual a técnica que permite reduzir o tamanho de
sistema operacional. arquivos, sem que haja perda de informação?
(B) O acionamento simultâneo das teclas CTRL, ALT (A) Compactação
e DELETE constitui ferramenta poderosa de acesso dire- (B) Deleção
to aos diretórios de programas instalados na máquina (C) Criptografia
em uso. (D) Minimização
(C) O Windows oferece acesso facilitado a usuários (E) Encolhimento adaptativo
de um computador, pois bastam o nome do usuário e
a senha da máquina para se ter acesso às contas dos Comentários: A compactação de arquivos é uma téc-
demais usuários possivelmente cadastrados nessa má- nica amplamente utilizada. Alguns arquivos compactados
quina. podem conter extensões ZIP, TAR, GZ, RAR e alguns exem-
(D) O Windows oferece um conjunto de acessórios plos de programas compactadores são o WinZip, WinRar,
disponíveis por meio da instalação do pacote Office, en- SolusZip, etc.
tre eles, calculadora, bloco de notas, WordPad e Paint. Resposta: A
(E) O comando Fazer Logoff, disponível a partir do
botão Iniciar do Windows, oferece a opção de se encer-
rar o Windows, dar saída no usuário correntemente em
uso na máquina e, em seguida, desligar o computador.

Comentários: Para desinstalar um programa de forma


segura deve-se acessar Painel de Controle / Adicionar ou
remover programas
Resposta – Letra A

105
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

5- A figura a seguir foi extraída do MS-Excel: Principais Vantagens do Gerenciador de e-mail:


• Pode ler e escrever mensagens mesmo quando
está desconectado da Internet;
• Permite armazenar as mensagens localmente (no
computador local);
• Permite utilizar várias caixas de e-mail ao mesmo
tempo;
Maiores Desvantagens:
• Ocupam espaço em disco;
  • Compatibilidade com os servidores de e-mail
Se o conteúdo da célula D1 for copiado (Ctrl+C) e (nem sempre são compatíveis).
colado (Ctrl+V) na célula D3, seu valor será: A seguir, uma lista de gerenciadores de e-mail (em ne-
(A) 7 grito os mais conhecidos e utilizados atualmente):
(B) 56 Microsoft Office Outlook
(C) 448 Microsoft Outlook Express;
(D) 511 Mozilla Thunderbird;
(E) uma mensagem de erro IcrediMail
  Eudora
Comentários: temos que D1=SOMA(A1:C1). Quando Pegasus Mail
copiamos uma célula que contém uma fórmula e colamos Apple Mail (Apple)
em outra célula, a fórmula mudará ajustando-se à nova po- Kmail (Linux)
sição. Veja como saber como ficará a nova fórmula ao ser Windows Mail
copiada de D1 para D3: A questão cita o Yahoo Mail, mas este é um WEBMAIL,
ou seja, não é instalado no computador local. Logo, é o
gabarito da questão.
Resposta: B.

7- Sobre os conceitos de utilização da Internet e


correio eletrônico, analise:
I. A URL digitada na barra de Endereço é usada pe-
los navegadores da Web (Internet Explorer, Mozilla e
Google Chrome) para localizar recursos e páginas da
Internet (Exemplo: http://www.google.com.br).
Agora é só substituir os valores: A fórmula diz para so- II. Download significa descarregar ou baixar; é a
mar todas as células de A3 até C3(dois pontos significam transferência de dados de um servidor ou computador
‘até’), sendo assim teremos que somar A3,  , B3, C3 obten- remoto para um computador local.
do-se o resultado 448. III. Upload é a transferência de dados de um com-
Resposta: C. putador local para um servidor ou computador remoto.
IV. Anexar um arquivo em mensagem de e-mail sig-
nifica movê-lo definitivamente da máquina local, para
6- “O correio eletrônico é um método que permite envio a um destinatário, com endereço eletrônico.
compor, enviar e receber mensagens através de siste- Estão corretas apenas as afirmativas:
mas eletrônicos de comunicação”. São softwares geren- A) I, II, III, IV
ciadores de email, EXCETO: B) I, II
A) Mozilla Thunderbird. C) I, II, III
B) Yahoo Messenger. D) I, II, IV
C) Outlook Express. E) I, III, IV
D) IncrediMail.
E) Microsoft Office Outlook 2003. Comentários: O URL é o endereço (único) de um recur-
so na Internet. A questão parece diferenciar um recurso de
Comentários: Podemos citar vários gerenciadores de página, mas na verdade uma página é um recurso (o mais
e-mail (eletronic mail ou correio eletrônico), mas devemos conhecido, creio) da Web. Item verdadeiro.
memorizar que os sistemas que trabalham o correio eletrô- É comum confundir os itens II e III, por isso memorize:
nico podem funcionar por meio de um software instalado down = baixo = baixar para sua máquina, descarregar. II e
em nosso computador local ou por meio de um progra- III são verdadeiros.
ma que funciona dentro de um navegador, via acesso por
Internet. Este programa da Internet, que não precisa ser
instalado, e é chamado de WEBMAIL, enquanto o software
local é o gerenciador de e-mail citado pela questão.

106
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

9- Com relação a conceitos de Internet e intranet, as-


sinale a opção correta.
(A) Domínio é o nome dado a um servidor que con-
trola a entrada e a saída de conteúdo em uma rede, como
ocorre na Internet.
(B) A intranet só pode ser acessada por usuários da
Internet que possuam uma conexão http, ao digitarem na
barra de endereços do navegador: http://intranet.com.
(C) Um modem ADSL não pode ser utilizado em uma
rede local, pois sua função é conectar um computador à
rede de telefonia fixa.
(D) O modelo cliente/servidor, em que uma máqui-
No item IV encontramos o item falso da questão, o que na denominada cliente requisita serviços a outra, deno-
nos leva ao gabarito – letra C. Anexar um arquivo em men- minada servidor, ainda é o atual paradigma de acesso à
sagem de e-mail significa copiar e não mover! Internet.
Resposta: C. (E) Um servidor de páginas web é a máquina que ar-
mazena os nomes dos usuários que possuem permissão
8- A respeito dos modos de utilização de aplicativos de acesso a uma quantidade restrita de páginas da Inter-
do ambiente MS Office, assinale a opção correta. net.
(A) Ao se clicar no nome de um documento grava-
do com a extensão .xls a partir do Meu Computador, o Comentários: O modelo cliente/servidor é questionado
Windows ativa o MS Access para a abertura do docu- em termos de internet pois não é tão robusto quanto redes
mento em tela. P2P pois, enquanto no primeiro modelo uma queda do servi-
(B) As opções Copiar e Colar, que podem ser obti- dor central impede o acesso aos usuários clientes, no segun-
das ao se acionar simultaneamente as teclas CTRL + C do mesmo que um servidor “caia” outros servidores ainda da-
e CTRL + V,respectivamente, estão disponíveis no menu rão acesso ao mesmo conteúdo permitindo que o download
Editar de todos os aplicativos da suíte MS Office. continue. Ex: programas torrent, Emule, Limeware, etc.
(C) A opção Salvar Como, disponível no menu das Em relação às outras letras:
aplicações do MS Office, permite que o usuário salve letra A – Incorreto – Domínio é um nome que serve para
o documento correntemente aberto com outro nome. localizar e identificar conjuntos de computadores na Internet
Nesse caso, a versão antiga do documento é apagada e corresponde ao endereço que digitamos no navegador.
e só a nova versão permanece armazenada no compu- letra B – Incorreto – A intranet é acessada da mesma for-
tador. ma que a internet, contudo, o ambiente de acesso a rede é
(D) O menu Exibir permite a visualização do docu- restrito a uma rede local e não a internet como um todo.
mento aberto correntemente, por exemplo, no formato letra C – Incorreto – O modem ADSL conecta o compu-
do MS Word para ser aberto no MS PowerPoint. tador a internet, como o acesso a intranet se faz da mesma
(E) Uma das vantagens de se utilizar o MS Word é forma só que de maneira local, o acesso via ADSL pode sim
a elaboração de apresentações de slides que utilizem acessar redes locais.
conteúdo e imagens de maneira estruturada e organi- letra E – Incorreto – Um servidor é um sistema de com-
zada. putação que fornece serviços a uma rede de computadores. E
não necessariamente armazena nomes de usuários e/ou res-
Comentários: O menu editar geralmente contém os co- tringe acessos.
mandos universais dos programas da Microsoft como é o Resposta: D
caso dos atalhos CTRL + C, CTRL + V, CTRL + X, além do
localizar. 10- Com relação à Internet, assinale a opção correta.
Em relação às outras letras: (A) A URL é o endereço físico de uma máquina na Inter-
Letra A – Incorreto – A extensão .xls abre o aplicativo net, pois, por esse endereço, determina-se a cidade onde está
Excel e não o Access localizada tal máquina.
Letra C – Incorreto – A opção salvar como, cria uma (B) O SMTP é um serviço que permite a vários usuários se
cópia do arquivo corrente e não apaga a sua versão antiga. conectarem a uma mesma máquina simultaneamente, como
Letra D – Incorreto – O menu exibir mostra formas de no caso de salas de bate-papo.
exibição do documento dentro do contexto de cada pro- (C) O servidor Pop é o responsável pelo envio e recebi-
grama e não de um programa para o outro como é o caso mento de arquivos na Internet.
da afirmativa. (D) Quando se digita o endereço de uma página web, o
Letra E – Incorreto – O Ms Word não faz apresentação termo http significa o protocolo de acesso a páginas em for-
de slides e sim o Ms Power Point. mato HTML, por exemplo.
Resposta: B (E) O protocolo FTP é utilizado quando um usuário de
correio eletrônico envia uma mensagem com anexo para ou-
tro destinatário de correio eletrônico.

107
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Comentários: Os itens apresentados nessa questão es- Todo trabalho produzido deverá ser salvo e cuidados de-
tão relacionados a protocolos de acesso. Segue abaixo os vem ser tomados para a recuperação em caso de perda e
protocolos mais comuns: também para evitar o acesso por pessoas não autorizadas às
- HTTP(Hypertext Transfer Protocol) – Protocole de car- informações guardadas.
regamento de páginas de Hipertexto –  HTML Os funcionários serão estimulados a realizar pesquisas
- IP (Internet Protocol) – Identificação lógica de uma na internet visando o atendimento do nível de qualidade da
máquina na rede informação prestada à sociedade, pelo órgão.
- POP (Post Office Protocol) – Protocolo de recebimen- O ambiente operacional de computação disponível para
to de emails direto no PC via gerenciador de emails realizar estas operações envolve o uso do MS-Windows, do
- SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) – Protocolo pa- MS-Office, das ferramentas Internet Explorer e de correio
drão de envio de emails eletrônico, em português e em suas versões padrões mais
- IMAP(Internet Message Access Protocol) – Semelhan- utilizadas atualmente.
te ao POP, no entanto, possui mais recursos e dá ao usuário Observação: Entenda-se por mídia removível disquetes,
a possibilidade de armazenamento e acesso a suas mensa- CD’s e DVD’s graváveis, Pen Drives (mídia removível acopla-
gens de email direto no servidor. da em portas do tipo USB) e outras funcionalmente seme-
- FTP(File Transfer Protocol) – Protocolo para transfe- lhantes.
rência de arquivos
Resposta: D 12- As células que contêm cálculos feitos na plani-
lha eletrônica,
11- Quanto ao Windows Explorer, assinale a opção (A) quando “coladas” no editor de textos, apresen-
correta. tarão resultados diferentes do original.
(A) O Windows Explorer é utilizado para gerenciar (B) não podem ser “coladas” no editor de textos.
pastas e arquivos e por seu intermédio não é possível (C) somente podem ser copiadas para o editor de
acessar o Painel de Controle, o qual só pode ser acessa- textos dentro de um limite máximo de dez linhas e cin-
do pelo botão Iniciar do Windows. co colunas.
(B) Para se obter a listagem completa dos arquivos (D) só podem ser copiadas para o editor de texto
salvos em um diretório, exibindo-se tamanho, tipo e uma a uma.
data de modificação, deve-se selecionar Detalhes nas (E) quando integralmente selecionadas, copiadas e
opções de Modos de Exibição. “coladas” no editor de textos, serão exibidas na forma
(C) No Windows Explorer, o item Meus Locais de de tabela.
Rede oferece um histórico de páginas visitadas na In-  
ternet para acesso direto a elas. Comentários: Sempre que se copia células de uma pla-
(D) Quando um arquivo estiver aberto no Windows nilha eletrônica e cola-se no Word, estas se apresentam
e a opção Renomear for acionada no Windows Explo- como uma tabela simples, onde as fórmulas são esqueci-
rer com o botão direito do mouse,será salva uma nova das e só os números são colados.
versão do arquivo e a anterior continuará aberta com o Resposta: E
nome antigo.
(E) Para se encontrar arquivos armazenados na es- 13- O envio do arquivo que contém o texto, por meio
trutura de diretórios do Windows, deve-se utilizar o sí- do correio eletrônico, deve considerar as operações de
tio de busca Google, pois é ele que dá acesso a todos os (A) anexação de arquivos e de inserção dos endere-
diretórios de máquinas ligadas à Internet. ços eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”.
(B) de desanexação de arquivos e de inserção dos en-
Comentários: Na opção Modos de Exibição, os arqui- dereços eletrônicos dos destinatários no campo “Para”.
vos são mostrados de várias formas como Listas, Miniatu- (C) de anexação de arquivos e de inserção dos ende-
ras e Detalhes. reços eletrônicos dos destinatários no campo “Cc”.
Resposta: B (D) de desanexação de arquivos e de inserção dos
endereços eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”.
Atenção: Para responder às questões de números (E) de anexação de arquivos e de inserção dos en-
12 e 13, considere integralmente o texto abaixo: dereços eletrônicos dos destinatários no campo “Para”.
 
Todos os textos produzidos no editor de textos padrão Comentários: Claro que, para se enviar arquivos pelo
deverão ser publicados em rede interna de uso exclusivo do correio eletrônico deve-se recorrer ao uso de anexação, ou
órgão, com tecnologia semelhante à usada na rede mundial seja, anexar o arquivo à mensagem. Quando colocamos
de computadores. os endereços dos destinatários no campo Cco, ou seja, no
Antes da impressão e/ou da publicação os textos deve- campo “com cópia oculta”, um destinatário não ficará sa-
rão ser verificados para que não contenham erros. Alguns bendo quem mais recebeu aquela mensagem, o que aten-
artigos digitados deverão conter a imagem dos resultados de a segurança solicitada no enunciado.
obtidos em planilhas eletrônicas, ou seja, linhas, colunas, va- Resposta: A
lores e totais.

108
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

14. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário 17- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011) As-
Novo - CESGRANRIO/2012) Usado para o manuseio de sinale a alternativa que contém os nomes dos menus do
arquivos em lotes, também denominados scripts, o shell programa Microsoft Word XP, em sua configuração pa-
de comando é um programa que fornece comunicação drão, que, respectivamente, permitem aos usuários: (I)
entre o usuário e o sistema operacional de forma direta numerar as páginas do documento, (II) contar as palavras
e independente. Nos sistemas operacionais Windows XP, de um parágrafo e (III) adicionar um cabeçalho ao texto
esse programa pode ser acessado por meio de um co- em edição.
mando da pasta Acessórios denominado a) Janela, Ferramentas e Inserir.
(A) Prompt de Comando b) Inserir, Ferramentas e Exibir.
(B) Comandos de Sistema c) Formatar, Editar e Janela.
(C) Agendador de Tarefas d) Arquivo, Exibir e Formatar.
(D) Acesso Independente e) Arquivo, Ferramentas e Tabela.
(E) Acesso Direto
Resposta: “B”
Resposta: “A” Comentário:
Comentários • Ação numerar - “INSERIR”
Prompt de Comando é um recurso do Windows que ofe- • Ação contar paginas - “FERRAMENTAS”
rece um ponto de entrada para a digitação de comandos do • Ação adicionar cabeçalho - “EXIBIR”
MSDOS (Microsoft Disk Operating System) e outros comandos
do computador. O mais importante é o fato de que, ao digi-
tar comandos, você pode executar tarefas no computador sem 18- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011)
usar a interface gráfica do Windows. O Prompt de Comando é
normalmente usado apenas por usuários avançados.

15. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário


Novo - CESGRANRIO/2012) Seja o texto a seguir digita-
do no aplicativo Word. Aplicativos para edição de textos.
Aplicando-se a esse texto o efeito de fonte Tachado, o
resultado obtido será

a) 3, 0 e 7.
Resposta: “C” b) 5, 0 e 7.
Comentários: c) 5, 1 e 2.
Temos 3 itens com a formatação taxado aplicada: c, d, e. En- d) 7, 5 e 2.
tretanto, temos que observar que na questão os itens d, e, além de e) 8, 3 e 4.
receberem taxado, também ficaram em caixa alta. O único que re-
cebe apenas o taxada, sem alterar outras formatações foi o item c. Resposta: “C”
Comentário:
16. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário Expressão =MÉDIA(A1:A3)
Novo - CESGRANRIO/2012) O envio e o recebimento de São somadas as celular A1, A2 e A3, sendo uma média é
um arquivo de textos ou de imagens na internet, entre dividido por 3 (pois tem 3 células): (8+3+4)/3 = 5
um servidor e um cliente, constituem, em relação ao Expressão =MENOR(B1:B3;2)
cliente, respectivamente, um Da célula B1 até a B3, deve mostrar o 2º menor número,
(A) download e um upload que seria o número 1. Para facilitar coloque esses números em
(B) downgrade e um upgrade ordem crescente.
(C) downfile e um upfile Expressão =MAIOR(C1:C3;3)
(D) upgrade e um downgrade Da célula C1 até a C3, deve mostrar o 3º maior número,
(E) upload e um download que seria o número 2. Para facilitar coloque esses números em
ordem decrescente.
Resposta: “E”.
Comentários:
 Up – Cima / Down – baixo  / Load – Carregar;
Upload – Carregar para cima (enviar).
Download – Carregar para baixo (receber ou “baixar”)

109
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

19- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 – II) Passo 3


Assim, a célula com interrogação (A3) apresenta, após a
propagação, o resultado

a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5 20- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No Po-
werPoint 2007, a inserção de um novo comentário pode
Resposta: “D” ser feita na guia
Comentário: a) Geral.
Passo 1 b) Inserir.
A célula A1 contém a fórmula =B$1+C1 c) Animações.
d) Apresentação de slides.
e) Revisão.

Resposta: “E”
Comentário:

Passo 2
que foi propagada pela alça de preenchimento para A2
e A3 21- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No âmbi-
to das URLs, considere o exemplo: protocolo://xxx.yyy.
zzz.br. O domínio de topo (ou TLD, conforme sigla em
inglês) utilizado para classificar o tipo de instituição, no
exemplo dado acima, é o
a) protocolo.
b) xxx.
c) zzz.
d) yyy.
e) br.

Resposta: “C”
Comentários:
Click na imagem para melhor visualizar a) protocolo. protocolo HTTP
b) xxx. o nome do domínio
c) zzz. o tipo de domínio
d) yyy. subdomínios
e) br. indicação do país ao qual pertence o domínio

110
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

22. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) Resposta: E


Analise a régua horizontal do Microsoft Word, na sua Comentário:
configuração padrão, exibida na figura.

Assinale a alternativa que contém apenas os indica-


dores de tabulação.
(A) II, III, IV e V.
(B) III e VI.
(C) I, IV e V.
(D) III, IV e V.
(E) I, II e VI.

Resposta: D
Comentário:

Você pode usar a régua para definir tabulações manuais


no lado esquerdo, no meio e no lado direito do documento.
Obs.: Se a régua horizontal localizada no topo do do-
cumento não estiver sendo exibida, clique no botão Exibir
Régua no topo da barra de rolagem vertical.
É possível definir tabulações rapidamente clicando no
seletor de tabulação na extremidade esquerda da régua
até que ela exiba o tipo de tabulação que você deseja. Em
seguida, clique na régua no local desejado.
Uma tabulação Direita define a extremidade do texto
à direita. Conforme você digita, o texto é movido para a es-
querda.
Uma tabulação Decimal alinha números ao redor de
um ponto decimal. Independentemente do numero de dígi- Nesta questão, foram colocadas várias funções, destrin-
tos, o ponto decimal ficará na mesma posição. chadas no exemplo acima (arredondamento, mínimo e so-
Uma tabulação Barra não posiciona o texto. Ela insere matório) em uma única questão. A função ARRED é para
uma barra vertical na posição de tabulação. arredondamento e pertence a mesma família de INT(parte
inteira) e TRUNCAR (parte do valor sem arredondamento).
23. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) A resposta está no item 2 que indica a quantidade de casas
Uma planilha do Microsoft Excel, na sua configuração decimais. Sendo duas casas decimais, não poderia ser letra
padrão, possui os seguintes valores nas células: B1=4, A, C ou D. A função SOMA efetua a soma das três células
B2=1 e B3=3. A fórmula =ARRED(MÍNIMO(SOMA (B1:B3->B1 até B3). A função MÍNIMO descobre o menor
(B1:B3)/3;2,7);2) inserida na célula B5 apresentará o se- entre os dois valores informados (2,66666 - dízima periódi-
guinte resultado: ca - e 2,7). A função ARRED arredonda o número com duas
(A) 2 casas decimais.
(B) 1,66
(C) 2,667
(D) 2,7
(E) 2,67

111
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Considere a figura que mostra o Windows Explorer 25. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) Ao
do Microsoft Windows XP, em sua configuração origi- se clicar em , localizado abaixo do menu Favoritos,
nal, e responda às questões de números 24 e 25.
será fechado
(A) o Meu computador.
(B) o Disco Local (C:).
(C) o painel Pastas.
(D) Meus documentos.
(E) o painel de arquivos.

Resposta: C
Comentário:

24. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) O


arquivo zaSetup_en se encontra
(A) no disquete.
(B) no DVD.
(C) em Meus documentos.
(D) no Desktop.
(E) na raiz do disco rígido.

Resposta: E
Comentário:
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das
pastas em seu computador e todos os arquivos e pastas loca-
lizados em cada pasta selecionada. Ele é especialmente útil
para copiar e mover arquivos.
Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis:
O painel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquiza- Este botão, contido na barra de ferramentas, exibe/
da que mostra todas as unidades de disco, a Lixeira, a área oculta o painel PASTAS.
de trabalho ou Desktop (também tratada como uma pasta);
O painel da direita exibe o conteúdo do item selecionado à
esquerda e funciona de maneira idêntica às janelas do Meu
Computador (no Meu Computador, como padrão ele traz a
janela sem divisão, as é possível dividi-la também clicando
no ícone Pastas na Barra de Ferramentas)

112
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES 03. (TRT 12ª REGIÃO (SC) - TÉCNICO JUDICIÁRIO


- TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – FCC/2013) - O pro-
01. (POLÍCIA FEDERAL - ESCRIVÃO DA POLÍCIA FE- cessador de um computador executa uma série de ins-
DERAL -CESPE/2013) - A respeito de tipos de computa- truções de máquina que o instruem o que fazer. Sobre
dores e sua arquitetura de processador, julgue os itens os processadores e seu funcionamento é INCORRETO
subsequentes. afirmar que:
Um processador moderno de 32 bits pode ter mais a) utilizando a ULA (Unidade Lógico-Aritmética),
de um núcleo por processador. o processador pode executar operações matemáticas
( ) Certo como adição, subtração, multiplicação e divisão e pode
( ) Errado executar operações sofisticadas com números grandes
em ponto flutuante.
Um bit (Binarydigit) é a menor unidade de medida da b) um processador pode mover dados de um en-
Informática e representa o código binário que pode arma- dereço de memória para outro, pode tomar decisões e
zenar o valor de 0 ou 1, significando muitas vezes verdadei- desviar para um outro conjunto de instruções baseado
ro ou falso ou ainda presença ou ausência. Quando falamos nestas decisões.
em bits do processador, nós nos referimos ao tamanho da c) o barramento de endereços envia e recebe da-
palavra que ele consegue processar por vez. Se um proces- dos da memória e o barramento de dados envia um en-
sador é de 32 bits, ele pode manipular números de valor dereço para a memória; estes barramentos possuem o
até 4.294.967.296 em uma única operação. mesmo número de bits.
Os processadores com dois núcleos são denominados d) uma linha RD (ReaD/Leitura) e WR (WRite/Escri-
dual core e contam com dois núcleos distintos no mesmo ta) diz à memória se ela deve gravar ou ler o conteúdo
circuito integrado, simulando a presença de dois processa- da posição de memória endereçada.
dores e podendo executar dois processos ao mesmo tem- e) um sinal de clock fornece uma sequência de pul-
po. Com a criação dos processadores de 64 bits os de 32 sos de relógio para o processador; um sinal de reset
bits com a tecnologia dual core não são tão comuns, mas reinicia o contador do programa para zero (ou outro
ainda são encontrados. valor) e recomeça a execução do programa.
RESPOSTA: “CERTO”.
O barramento pode ser entendido como um conjunto
02. (CPRM - ANALISTA EM GEOCIÊNCIAS – BIBLIO- de linhas e fios que interligam eletronicamente os dispo-
TECONOMIA – CESPE/2013) - A respeito de informática sitivos. Nos computadores, temos a ligação de memória e
para bibliotecas, julgue os itens a seguir. processador, por exemplo, pelos barramentos.
Unidade lógica e unidade de controle são compo- No Barramento de Endereço (Address Bus) circulam en-
nentes de um processador. dereços de memória ou de dispositivos de entrada e saída
( ) Certo que o processador necessita. Ele localiza a fonte e o destino
( ) Errado dos dados.
No Barramento de dados (Address Bus)circulam as in-
Na arquitetura dos processadores estão presentes a formações enviadas e recebidas pelo processador para a
Unidade Lógica e a Unidade de Controle, os Barramentos e memória RAM ou para os dispositivos de entrada e saída.
os Registradores. Seguiremos com a descrição da Unidade Os dados tanto são enviados quanto recebidos por este
Lógica e de Controle, visto que são abordadas na questão. barramento.
- Unidade lógica – A sigla que envolve a Unidade Ló- RESPOSTA: “C”.
gica é ULA, referente à Unidade Lógica e Aritmética. Nes-
ta unidade são realizadas instruções lógicas como E, OU, 04. (POLÍCIA FEDERAL - ESCRIVÃO DA POLÍCIA FE-
Não, Verdadeiro ou Falso e também operações aritméticas DERAL – CESPE/2013) - A respeito de tipos de computa-
de soma, multiplicação e outras. Com a “ULA (Unidade Ló- dores e sua arquitetura de processador, julgue os itens
gico-Aritmética), o processador pode executar operações subsequentes.
matemáticas como adição, subtração, multiplicação e divi- Diferentemente de um processador de 32 bits, que
são e pode executar operações sofisticadas com números não suporta programas feitos para 64 bits, um proces-
grandes em ponto flutuante”. sador de 64 bits é capaz de executar programas de 32
- Unidade de Controle (UC) – Possui uma pequena bits e de 64 bits.
quantidade de memória que guarda o endereço da memó- ( ) Certo
ria que contém a próxima instrução a ser executada. Outra ( ) Errado
pequena quantidade de memória representa os registra-
dores, que guardam as instruções que serão executadas Na Informática, a menor unidade de informação é o
pelo processador. A UC possui um circuito que decodifica bit. O bit representa o valor 0 (zero) ou 1 (um) que significa
instruções, verificando o que ela faz e quais os operadores também a ausência (0) ou presença (1) de energia. Todas
envolvidos. as informações que o processador opera estão traduzidas
RESPOSTA: “CERTO”. para o código binário, ou seja, a linguagem de zero e um.
Quando um processador tem 32 bits ele consegue executar

113
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

informações desse tamanho. Qualquer informação é trans- 07. (TRT 17ª REGIÃO (ES) - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
formada em código binário para ser trabalhada na máqui- TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – CESPE/2013)
na. Às vezes um dado, quando transformado em código bi-
nário, fica maior que 32 bits e é processado em partes pelo
processador, sendo de 32 em 32 bits.É possível constatar
que um processador de 32 bits não consegue executar um
programa de 64 bits, pois só opera com 32 bits de cada
vez. Mas se tivermos um processador de 64 bits, sabemos
que ele pode executar um programa de 32 bits, pois sendo
maior, sobra “espaço” quando colocamos algo de 32 bits Considerando a figura acima, que ilustra um esque-
em algo que caberia 64 bits. ma básico de um computador, julgue os itens a seguir.
RESPOSTA: “CERTO”. A memória é o dispositivo responsável pelas entra-
das e saídasde dados do computador 
05. (IPEM/RO - TÉCNICO EM INFORMÁTICA -FUN- ( ) Certo
CAB – 2013) - O tipo de memória cache que não está in- ( ) Errado
serida diretamente no chip do processador, mas sim em
um invólucro (cartucho) ao lado do processador, sendo Memória: no caso exposto no enunciado, a memória é
seu tamanho compreendido entre 512 KB e 12MB, é:  um dispositivo de armazenamento temporário que aloca
a) Setup. os dados e programas a serem executados pelo proces-
b) Flash. sador.
c) L2. Barramento: o barramento é por onde os dados per-
d) EPROM. correm da origem ao destino. A origem e o destino são
e) BIOS dispositivos eletrônicos do computador, representados no
esquema como Memória, Processador e Periféricos.
Processador: é o responsável pela execução dos dados
A memória cache é um tipo de dispositivo de arma-
e programas armazenados em memória. Ele que realiza as
zenamento aplicado em pequena quantidade, em lugares
funções aritméticas e lógicas, aloca e busca informações na
específicos do computador. Considerada mais rápida que
memória e conclui as tarefas.
a memória RAM, mas mais cara e com restrições de uso
Periféricos: são dispositivos de entrada e saída de da-
devido a sua instabilidade, possui os mesmos princípios da
dos. Por exemplo, o mouse é um dispositivo de entrada
memória principal: memória volátil de leitura e gravação.
de dados, pois envia cliques do usuário ao computador. A
Armazena dados que são usados com maior frequência
impressora é um dispositivo de saída, pois imprime infor-
pelo processador para evitar que este perca sua velocidade mações do computador para o usuário.
de execução indo até a memória RAM buscar informações RESPOSTA: “ERRADO”.
e passando a trabalhar no seu clock externo. Quando está
presente junto ao processador, é chamada de cache L1, ou 08. (DPE/SP - OFICIAL DE DEFENSORIA PÚBLICA –
cache primário (level1) e quando está fora do processado, FCC/2013) -
na situação proposta pelo enunciado, é chamada cache se-
cundário (level 2).
RESPOSTA: “C”.

06. (SERPRO - ANALISTA - SUPORTE TÉCNICO – CES-


PE/2013) - A respeito das arquiteturas de hardware exis-
tentes em servidores, julgue os itens que se seguem. Considere os dados acima relativos ao processa-
Um mainframe possui múltiplas unidades de pro- dor Intel Core i7 : 
cessamento, sendo cada unidade um processador co-
mum, tipicamente Intel ou AMD. Sobre os dados apresentados, é correto afirmar que
( ) Certo a) 731.000.000 é o número de transistores no chip.
( ) Errado O Core i7  atingiu o topo da tecnologia, chegando ao
limite do número de transistores que podem ser grava-
Mainframes são computadores robustos com grande dos num chip de silício.
poder de processamento, capazes de trabalhar com milha- b) 45 nm é a largura, em mícrons, do menor fio
res e milhares de instruções, dando suporte a vários termi- do chip. Em termos comparativos, o fio de cabelo hu-
nais que podem estar conectados a ele. mano tem a espessura de 100 mícrons. A tendência
O hardware do mainframe é específico para todo o su- agora é que os chips aumentem de tamanho para que se
porte a terminais que oferece e, para não prejudicar o aten- possa ultrapassar a marca de 800 milhões de transistores.
dimento às solicitações e processamentos que ocorrem, c) velocidade do  clock  é a taxa máxima
possui vários processadores, que podem ser substituídos do clock do chip. A velocidade do clock é limitada pela
até mesmo com ele ligado. largura dos dados. Chips de 64 bits não conseguem ultra-
RESPOSTA: “ERRADO”. passar os 3,2 GHz.

114
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

d) existe uma relação entre a velocidade do clock e RISC (reducedinstrution-set computer) – é a arquitetura
o MIPS. A velocidade máxima do clock é uma função do que considera que um reduzido subconjunto das combi-
processo de fabricação do chip. Os processadores como nações disponíveis era utilizado nos programas gerados
o i7 executam milhões de instruções por ciclo. manualmente ou automaticamente em linguagem de má-
e) largura de dados é a largura da UCP. quina, levando à conclusão de que, provavelmente, de 32 a
Uma UCP de 32 bits pode fazer opera- 64 operações seriam suficientes (FOSTER, 1971) para exe-
ções aritméticas com dois números de 32 bits. cutar as operações. As instruções dessa arquitetura levam
Uma UCP de 32 bits teria que executar quatro instru- aproximadamente o mesmo tempo para serem executadas.
ções para somar dois números de 64 bits, enquanto que Os chips RISC são mais simples e mais baratos que o CISC
uma de 64 bits precisa de apenas duas instruções. e possuem um número de circuitos internos menor, o que
permite que trabalhem em alta velocidade.
Core i7 é um processador Intel que possui as seguintes CISC (complexinstrution-set computer) – é a arquitetura
tecnologias: que considera um computador comum um conjunto com-
- Hyperthreading: capaz de simular até oito CPUs ló- plexo de instruções. O processador com esta arquitetura é
gicas. capaz de executar centenas de instruções complexas dife-
- QPI (QuickPathInterconnect): traz o chip responsável rentes. O CISC é capaz de executar centenas de instruções
pela comunicação entre o processador e a memória RAM; diferentes do RISC, mas poucas delas são usadas com fre-
agora é “embutido” no próprio processador. quência, por isso a tecnologia CISC foi implementada para
- “Turbo mode”: aumenta a performance do processa- trabalhar adequadamente.
dor quando um dos núcleos não está sendo usado, novas RESPOSTA: “CERTO”.
instruções para processamento multimídia foram adiciona-
das visando a aumentar consideravelmente o desempenho 10. (IPEM/RO - TÉCNICO EM INFORMÁTICA – FUN-
do processador em jogos e programas que exijam muito CAB/2013) - Nos microcomputadores, a quantidade
processamento gráfico. de bits que é tratada em cada ciclo de processamento, in-
dependente do processador utilizado, é conhecida como:
a) byte.
Na tabela do enunciado temos:
b) campo.
- Nome: é o nome do processador.
c) registro.
- Ano: ano de lançamento do processador.
d) palavra.
- Transistores: número de transistores do processador.
e) arquivo.
- Mícrons: é a largura, em mícrons, do menor fio do
chip.
Quando dizemos que um processador é de 32 ou 64
- Velocidade do clock: é o tempo que o processador bits, determinamos o tamanho da palavra que ele é capaz
executa uma instrução ou busca e envia os dados. de processar. A palavra é determinada pelo tamanho de
- Largura de dados: é o tamanho da informação que o bits que é executado em conjunto pelo processador.
processador consegue trabalhar por vez. RESPOSTA: “D”.
- MIPS: é a sigla para milhões de instruções por se-
gundo. 11. (PC/RJ - PERITO CRIMINAL - ENGENHARIA DA
COMPUTAÇÃO – IBFC/2013) - Complete a lacuna do
Na tabela é possível perceber que há uma relação en- texto a seguir com a resposta correta. Os equipamen-
tre a velocidade do clock e o MIPS. A velocidade máxima tos atuais utilizam processadores de alto desempenho
do clock é uma função do processo de fabricação e dos como o I5 e o I7 da empresa Intel. O soquete ____________
atrasos internos. Também existe uma relação entre o nú- atende a demanda para os processadores Core i3 , i5
mero de transistores e o MIPS. Por exemplo, o 8088 tinha e i7, além do Celeron G1101 e o Pentium série G6900.
um clock de 5 MHz, mas tinha MIPS de 0,33 (cerca de uma a) AM3.
instrução para cada 15 ciclos do clock). Os processadores b) LGA1156
modernos executam milhões de instruções por ciclo. Essa c) número 7
melhoria está diretamente relacionada ao número de tran- d) 370
sistores no chip. e) FM2.
RESPOSTA: “D”.

09. (SERPRO - ANALISTA - SUPORTE TÉCNICO –


CESPE/2013) - A respeito das arquiteturas de hardwa-
re existentes em servidores, julgue os itens que se se-
guem.
Processadores RISC e CISC diferem, fundamental-
mente, no tamanho e na complexidade do conjunto de
instruções.
( ) Certo
( ) Errado Soquete LGA1156

115
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Um soquete é o lugar adequado para se instalar proces- b) um processador de 4 núcleos é, necessariamente,


sadores à placa-mãe do computador, como mostra a figura mais rápido do que um processador de 2 núcleos.
acima. c) alguns processadores da Intel possuem um recur-
Cada soquete possui um número determinado de furos so chamado double-threading, que simula dois processa-
e partes específicas de bloqueio que tentam minimizar ou dores por núcleo de processamento, todos com o mesmo
impedir a possível conexão inadequada deprocessadores desempenho de processadores reais.
impróprios a ele, pois são projetados para dar atendimento d) um computador que utiliza um processador
às necessidades específicas de um processador ou alguns de clock mais elevado é, necessariamente, mais rápido
processadores. que outro que utiliza um de clock mais baixo.
O soquete LGA1156 dá suporte ao uso dos processado- e) o clock interno, que representa o número de ci-
res Core i3 , i5 e i7, além do Celeron G1101 e o Pentium série clos por milissegundo de um sinal de sincronismo usado
G6900. Esta afirmativa pode ser observada no manual da dentro do processador, é medido na casa dos MHz (mega
placa-mãe do computador ou nas especificações técnicas -hertz).
de cada processador.
RESPOSTA: “B”. A memória cache é um dispositivo de armazenamento
presente dentro do processador ou próxima a ele. Aloca da-
12. (TJ/SP - MÉDICO JUDICIÁRIO - CLÍNICO GERAL dos frequentemente utilizados pelo processador para evitar
– VUNESP/2013) - Observe os processadores da Intel lis- que ele reduza drasticamente sua velocidade indo buscar as
tados a seguir: informações na memória RAM.
I. Intel® Core™ i3  A cache L1 (level1) é a primeira a ser verificada pelo pro-
II. Intel® Core™ i5  cessador devido a sua velocidade e localização (dentro do
III. Intel® Core™ i7  processador), mas guarda uma quantidade reduzida de in-
Assinale a alternativa que traz V (verdadeiro) para formações.
o(s) processador(es) que possui(em) a característica A L2 (level2) fica próxima ao processador e, em alguns
Turbo Boost e F (falso) para aquele(s) que não a pos-
poucos casos, dentro dele, próximo a L1; a troca de infor-
sui(em).
mações é mais lenta do que com a L1, mas, mesmo assim,
a) I (V), II (F) e III (V).
continua mais veloz se comparada à comunicação processa-
b) I (V), II (V) e III (V).
dor x RAM. A cache L2 é mais lenta e mais barata que a L1,
c) I (V), II (F) e III (F).
mas quando é colocada dentro do processador, aumenta seu
d) I (V), II (V) e III (F).
custo.
e) I (F), II (V) e III (V).
A cache L3 (level3) está presente em processadores
Conforme informações do site oficial da Intel, a Tecno- como (Core i5 e i7) e da AMD (Phenon X e Phenon II X), por
logia Intel® Turbo Boost1 oferece mais desempenho quan- exemplo.
do necessário nos sistemas baseados na  quarta geração RESPOSTA: “A”.
dos processadores Intel® Core™. A Tecnologia Intel® Turbo
Boost 2.0 permite automaticamente que os núcleos do pro- 14. (IBAMA - ANALISTA ADMINISTRATIVO – CES-
cessador trabalhem mais rapidamente do que a frequência PE/2013) - A respeito dos conceitos fundamentais de
básica de operação quando estiverem operando abaixo dos informática, julgue os itens a seguir.
limites especificados para energia, corrente e temperatura. A velocidade de resposta do computador depende
Famílias de processadores que suportam Tecnologia exclusivamente do hardware do equipamento em questão.
Intel® Turbo Boost? ( ) Certo
Intel® Core™ i7 processadores para desktop e para ( ) Errado
portáteis 
processador desktop Intel® Core™ i7 Extreme Edition  O funcionamento adequado do computador depende
Processador para portáteis Intel® Core™ i7 Extreme de dois fatores que podem ser considerados essenciais:
Edition  - Hardware – que é a parte física do computador.
Intel® Core™ i5 processadores para desktop e para - Software – a parte lógica, ou seja, o sistema operacional
portáteis  e os outros softwares instalados.
RESPOSTA: “E”. Softwares e hardwares têm que ser compatíveis e estar
de acordo com as especificações técnicas para que a veloci-
13. (TRT 5ª REGIÃO (BA) - ANALISTA JUDICIÁRIO - dade da resposta do computador seja adequada. Por exem-
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – FCC/2013) -Os pro- plo, se instalarmos um programa em um computador que já
cessadores possuem diversas características técnicas está com o HD cheio, ele demorará mais para responder. Se
que os tornam diferentes entre si. Sobre eles é correto instalarmos duas versões do Microsoft Office, por exemplo,
afirmar que atualmente  quando abrirmos uma das versões ou um arquivo criado em
a) há uma memória super-rápida localizada dentro uma delas, ele demorará mais para responder.
dos processadores chamada memória cache, que pode RESPOSTA: “ERRADA”.
ser classificada em níveis como L1, L2 e L3, dependendo
do processador.

116
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

15. (FBN - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – c) A geração DIMM-DDR3 possui 240 vias e acei-
FGV/2013) - Analise a citação a seguir.  ta memórias DDR3 com frequências de 800 MHz, 1066
“No ambiente de microinformática, um dispositivo MHz, 1333 MHz ou1600 MHz.
utilizado na configuração de um microcomputador In- d) Em computadores Pentium muitas placas-mãe
tel i5, é caracterizado como um que emprega tecnologia vinham com banco SIMM e DIMM, mas o usuário po-
SATA e possui capacidade de armazenamento de 500 deria usar apenas umadas duas. Em novas gerações de
GB.” computadores, a maior parte possui bancos de memó-
A citação faz referência ao seguinte componente ria do tipo DIMM.
de hardware: e) Uma placa-mãe, que possui somente banco de
a) disco óptico. memória DIMM-DDR2 de 400 MHz, 533 MHz ou 667
b) zipdrive. MHz, aceita umamemória DDR2 de 800 MHz ou 1066
c) pendrive. MHz e irá funcionar perfeitamente.
d) disco rígido.
As memórias DDR não são totalmente incompatíveis
A denominação do microcomputador da questão é re- entre si, mas não há como fazer o computador funcionar
ferenciada pelo processador Intel i5. É comum dizermos o com 800 MHz ou 1066 MHz de memória, sendo que foi de-
tipo do computador que temos pelo processador que pos- senvolvido para trabalhar apenas com 400 MHz, 533 MHz
sui. A tecnologia SATA (serial ATA) é empregada na conexão ou 667 MHz, pois ele não estaria preparado para aceitar
do HD à placa-mãe, com um cabo serial, possibilitando a esta frequência em seu barramento.
transmissão dos dados de forma serial. RESPOSTA: “E”.
RESPOSTA: “D”.
18. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO - CES-
16. (BANCO DO BRASIL - ESCRITURÁRIO – 2013 – GRANRIO/2012) - Nos sistemas operacionais Microsoft
FCC/2013) - Paulo possui R$3.500,00 para comprar um Windows, como o Windows XP, a interação direta (não
computador para uso pessoal. Ele deseja um computa- gráfica) entre o usuário e o sistema operacional na qual
dor atual, novo e com configurações padrão de mer- ele pode criar e editar arquivos de lotes é proporciona-
cado. Ao fazer uma pesquisa pela Internet observou, da pelo uso do
nas configurações dos componentes de  hardware, os a)teclado virtual
seguintes parâmetros: 3.3 GHz, 4 MB, 2 TB, 100 Mbps b)windows update
e 64 bits. c)microsoft access
De acordo com as informações acima, d)prompt de comando
a) 2 TB é a quantidade de memória RAM e)windows movie maker
b) 3.3 GHz é a velocidade do processador.
c) 100 Mbps é a velocidade do chipset Arquivos de lotes são arquivos como os de extensão.
d) 4 MB é a capacidade do HD. bat, que contêm comandos lineares que são executados
e) 64 bits é a capacidade da memória ROM. em lotes ou grupos.
Para usar esses arquivos, no Windows XP, clique em Ini-
As unidades de medida ou armazenamento apresenta- ciar, Todos os Programas, Acessórios, Prompt de comando.
das na questão são: RESPOSTA:“D”.
- TB = Terabyte - corresponde ao tamanho do HD.
- GHz = Gigahertz - é a frequência do processador. 19. (PREF. ANGICOS/RN - AUXILIAR ADMINISTRA-
- Mbps = Megabyte por segundo – é a velocidade de TIVO – ACAPLAM/2012) - Observe as seguintes afirma-
transmissão da placa de rede. ções referentes a bibliotecas no Windows 7:
- MB = Megabyte – capacidade da memória RAM. I. Uma biblioteca reúne arquivos de diferentes lo-
- bits = bits – nesse caso específico, refere-se ao tama- cais e os exibe em uma única coleção, sem os mover de
nho da palavra que pode ser executada pelo processador. onde estão armazenados.
RESPOSTA: “B”. II. Quando não quiser mais monitorar uma pasta
em uma biblioteca, você pode removê-la. Quando você
17. (MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO AMA- remove uma pasta de uma biblioteca, a pasta e seu con-
ZONAS - AGENTE DE APOIO MANUTENÇÃO E SUPOR- teúdo não são excluídos do seu local original.
TE DE INFORMÁTICA – FCC/2013) - A partir da geração III. Os itens em uma biblioteca podem ser organiza-
das placas-mãe para Pentium surgiram os bancos de dos de diferentes maneiras, usando o menu Organizar
memória DIMM − Dual In-lineMemory Module. Asge- por, localizado no painel de bibliotecas (acima da lista
rações DIMM são DDR, DDR2 e DDR3. Considerando de arquivos) de qualquer biblioteca aberta.
estas memórias, é INCORRETO afirmar: Quanto às firmações feitas, pode-se deduzir que:
a) Apesar das memórias DDR, DDR2 e DDR3 serem a) Apenas a I e a III são verdadeiras.
DDR e terem o mesmo comprimento são totalmente in- b) Nenhuma é verdadeira.
compatíveis entresi. c) Apenas a I e a II são verdadeiras.
b) As tensões de cada uma das memórias são dife- d) Todas são verdadeiras.
rentes: DDR = 2.5 V / 2.6 V, DDR2 = 1.8 V, DDR3 = 1.5 V. e) Apenas II e a III são verdadeiras.

117
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As Bibliotecas – novo recurso do Windows 7 – tornam computador. Um programa antivírus funciona como um
mais fácil localizar, trabalhar e organizar arquivos espalha- centro de vacinas. Nele são encontrados códigos especiais
dos por seu PC ou pela rede. Uma biblioteca reúne suas que reparam danos causados por vírus de computador,
coisas em um lugar – sem importar onde realmente elas removem-nos ou os colocam em quarentena. Como o fi-
estão armazenadas. O resultado? Você se torna mais pro- rewall e o antivírus têm objetivos de proteção, mas com
dutivo. funcionalidades distintas, ambos são necessários para a
Todas as alternativas são verdadeiras, segundo o site proteção do computador.
oficial do Microsoft Windows 7, que pode ser acessado a RESPOSTA: “B”.
partir do link http://windows.microsoft.com/pt-BR/windo-
ws7/Include-folders-in-a-library. 22. (PC/SP - INVESTIGADOR POLICIAL – VU-
RESPOSTA: “D”. NESP/2013) -A área de transferência do MS-Windows
7, na sua configuração padrão,
20. (PREF. ANGICOS/RN - AUXILIAR ADMINISTRA- a) consegue armazenar arquivos inteiros, mas não
TIVO – ACAPLAM/2012) - No Windows 7, se você sele- pastas.
cionar uma mensagem de e-mail, um arquivo de texto b) trabalha com um bloco de informações por vez,
ou uma imagem, poderá ver seu conteúdo sem abri-lo ou seja, o conteúdo anterior será sempre substituído
em um programa através do Painel de pelo novo conteúdo.
a) Visualização. c) é visualizada após a execução do comando cli-
b) Detalhes. pbrd.exe.
c) Navegação. d) consegue armazenar apenas pastas que não
d) Ferramentas. contêm subpastas.
e) Biblioteca. e) armazena qualquer tipo de informação, exceto
som; exemplos: arquivos com extensão MP3.
O Painel de visualização do Windows 7 permite que
você selecione o arquivo e veja uma miniatura dele, sem Quando copiamos ou recortamos um conteúdo no
precisar abri-lo. Funciona para arquivos de vídeo, texto, Windows, seja ele pasta ou arquivo, este é levado para a
imagens e outros. Para ativar essa função, abra o Explo- área de transferência, que consiste em espaços na memória
rer, selecione o arquivo ou pasta e clique em Organizar. No do computador, usados para esta finalidade em determina-
menu, clique em Paginação e em Painel de Visualização. do momento. Conforme os conteúdos vão sendo usados,
RESPOSTA: “A”. a área da memória que alocava o conteúdo é reutilizada.
Dessa forma, o que estava anteriormente na área de trans-
21. (MPE/AC - ANALISTA - TECNOLOGIA DA IN- ferência é substituído pelo novo conteúdo copiado ou re-
FORMAÇÃO - FMP-RS/2013) -Com relação ao  Fire- cortado pelo usuário.
wall do Windows assinale a alternativa correta. RESPOSTA: “B”.
a) O Firewall do Windows executa as mesmas tare-
fas de um antivírus, sendo equivalente a este, porém já 23.(CODATA - TÉCNICO DE ADMINISTRAÇÃO - FI-
vem embutido no Windows. NANÇAS FUNCAB/2013) - Sobre a cópia de arquivos no
b) O  Firewall  do  Windows, entre outras funções, Windows Explorer, é correto afirmar:
protege as portas e janelas contra a invasão de intrusos a) Ao copiar um arquivo, a cópia é salva na pasta
e deve trabalhar junto com um programa antivírus para Cópias, proprietária do ambiente Windows.
adequada proteção. b) A cópia de arquivos somente pode ser feita para
c) O  Firewall  do  Windows,  entre outras funções, a mesma unidade de armazenamento.
protege as portas e janelas contra a invasão de intrusos c) O processo de cópia no disco é diferente do pro-
e não necessita trabalhar junto com um programa anti- cesso de cópia num local de rede.
vírus para adequada proteção. d) Se algum programa estiver com um arquivo
d) O  Firewall  do  Windows  difere de um antivírus aberto, esse arquivo não poderá ser copiado.
porque, enquanto o primeiro protege contra qualquer e) Mais de um arquivo pode ser copiado por vez.
vírus que se instale no computador, o segundo protege
as portas e janelas contra invasão de intrusos. Se estivermos no Windows Explorer, com os recursos
e) O Firewall do Windows pode ser dispensado se das teclas de função CTRL ou SHIFT, ou pressionando o bo-
for usado o Windows Defender (também chamado de- tão esquerdo do mouse e arrastando para selecionar os
Windows Spyware em algumas versões). arquivos, podemos, respectivamente, selecionar vários ar-
quivos e executar os comandos de cópia ou recorte.
O Firewall é um software ou hardware que faz defe- RESPOSTA: “E”.
sas quanto às tentativas de acesso externo ao computador,
tanto pela Internet quanto por máquinas de uma rede. Por
esse motivo, dizemos que ele protege as portas e janelas,
que seriam os possíveis caminhos de entrada e saída do

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