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PC-SP
Agente Policial
A apostila preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial com
base no Edital anterior, para que o aluno antecipe seus estudos.
OT137-2017
DADOS DA OBRA
• Língua Portuguesa
• Noções de Direito
• Noções de Criminologia
• Noções de Lógica
• Noções de Informática
Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza
Produção Editorial/Revisão
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Camila Lopes
Suelen Domenica Pereira
Capa
Joel Ferreira dos Santos
Editoração Eletrônica
Marlene Moreno
Gerente de Projetos
Bruno Fernandes
APRESENTAÇÃO
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SUMÁRIO
Língua Portuguesa
Noções de Direito
2. Noções de Direito................................................................................................................................................................................................ 01
2.1. Constituição Federal: artigos 1.º a 14, 37, 41 e 144...................................................................................................................... 01
2.2. Direitos Humanos – conceito e evolução histórica....................................................................................................................... 52
2.2.1. Estado Democrático de Direito.......................................................................................................................................................... 52
2.2.2. Direitos Humanos e Cidadania........................................................................................................................................................... 52
2.3. Direito Penal:...................................................................................................................................................................................................... 63
2.3.1. Crime doloso e crime culposo............................................................................................................................................................ 63
2.3.2. Crime consumado e crime tentado.................................................................................................................................................. 67
2.3.3. Desistência voluntária, arrependimento eficaz e arrependimento posterior................................................................... 68
2.3.4. Dos Crimes contra a Vida – artigos 121 a 128............................................................................................................................. 69
2.3.5. Das Lesões Corporais – artigo 129................................................................................................................................................... 71
2.3.6. Dos Crimes contra o Patrimônio – artigos 155 a 180............................................................................................................... 72
2.3.7. Dos Crimes Praticados por Funcionário Público contra a Administração em Geral – artigos 312 a 327............. 82
2.4. Legislação:........................................................................................................................................................................................................... 86
2.4.1. Lei n.º 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro).......................................................................................................................... 86
2.4.2. Lei Orgânica da Polícia do Estado de São Paulo (Lei Complementar n.º 207 de 05.01.1979, Lei Complementar
n.º 922/02 e Lei Complementar n.º 1.151/11).......................................................................................................................................132
2.4.3. Lei Federal n.º 12.527 de 18.11.2011 (Lei de Acesso à Informação) e Decreto Estadual n.º 58.052 de
16.05.2012............................................................................................................................................................................................................160
Noções de Criminologia
3. Noções de Criminologia.................................................................................................................................................................................... 01
3.1. Criminologia: conceito, método, objeto e finalidades. ............................................................................................................... 01
3.2. Evolução histórica, teorias e escolas criminológicas..................................................................................................................... 09
3.3. Fatores condicionantes e desencadeantes da criminalidade..................................................................................................... 25
3.4. Vitimologia.................................................................................................................................................................................................... 43
3.5. Prevenção do delito................................................................................................................................................................................... 49
SUMÁRIO
Noções de Lógica
Noções de Informática
6.1. MS-Windows 7: instalação e configuração, conceito de pastas, arquivos e atalhos, área de trabalho, manipulação de
arquivos e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjunto de aplicativos......................................01
6.2. MS-Office 2010............................................................................................................................................................................................................09
6.2.1. MS-Word 2010: estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, parágrafos, fontes,
marcadores simbólicos e numéricos, impressão, controle de quebras, numeração de páginas e inserção de objetos..09
6.2.2. MS-Excel 2010: definição, barra de ferramentas, estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas, colu-
nas, pastas, elaboração de tabelas, uso de fórmulas, inserção de objetos e classificação de dados.......................................34
6.2.3. Correio Eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arquivos......................59
6.2.4. Internet: Conceito, provedores, navegação na Internet, links, sites, buscas, vírus................................................................68
LÍNGUA PORTUGUESA
1
LÍNGUA PORTUGUESA
(A) não pode ser considerado literário, visto que a lin- TEXTO II
guagem aí utilizada não está adequada à norma culta for-
mal. A cana-de-açúcar
(B) não pode ser considerado literário, pois nele não
se percebe a preservação do patrimônio cultural brasileiro. Originária da Ásia, a cana-de-açúcar foi introduzida no
(C) não é um texto consagrado pela crítica literária. Brasil pelos colonizadores portugueses no século XVI. A re-
(D) trata-se de um texto literário, porque, no processo gião que durante séculos foi a grande produtora de cana-
criativo da Literatura, o trabalho com a linguagem pode de-açúcar no Brasil é a Zona da Mata nordestina, onde os
aparecer de várias formas: cômica, lúdica, erótica, popular férteis solos de massapé, além da menor distância em re-
etc lação ao mercado europeu, propiciaram condições favorá-
(E) a pobreza vocabular – palavras erradas – não permi- veis a esse cultivo. Atualmente, o maior produtor nacional
te que o consideremos um texto literário. de cana-de-açúcar é São Paulo, seguido de Pernambuco,
Alagoas, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Além de produzir
Leia os fragmentos abaixo para responder às questões o açúcar, que em parte é exportado e em parte abastece o
que seguem: mercado interno, a cana serve também para a produção de
álcool, importante nos dias atuais como fonte de energia
TEXTO I e de bebidas. A imensa expansão dos canaviais no Brasil,
O açúcar especialmente em São Paulo, está ligada ao uso do álcool
O branco açúcar que adoçará meu café como combustível.
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim 2-) Para que um texto seja literário:
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. a) basta somente a correção gramatical; isto é, a ex-
Vejo-o puro pressão verbal segundo as leis lógicas ou naturais.
e afável ao paladar b) deve prescindir daquilo que não tenha correspon-
como beijo de moça, água dência na realidade palpável e externa.
na pele, flor c) deve fugir do inexato, daquilo que confunda a capa-
que se dissolve na boca. Mas este açúcar cidade de compreensão do leitor.
não foi feito por mim. d) deve assemelhar-se a uma ação de desnudamento.
Este açúcar veio O escritor revela, ao escrever, o mundo, e, em especial, re-
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, vela o Homem aos outros homens.
dono da mercearia.
e) deve revelar diretamente as coisas do mundo: senti-
Este açúcar veio
mentos, ideias, ações.
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
3-) Ainda com relação ao textos I e II, assinale a opção
e tampouco o fez o dono da usina.
incorreta
Este açúcar era cana
a) No texto I, em lugar de apenas informar sobre o real,
e veio dos canaviais extensos
ou de produzi-lo, a expressão literária é utilizada principal-
que não nascem por acaso
mente como um meio de refletir e recriar a realidade.
no regaço do vale.
Em lugares distantes, onde não há hospital b) No texto II, de expressão não literária, o autor infor-
nem escola, ma o leitor sobre a origem da cana-de-açúcar, os lugares
homens que não sabem ler e morrem de fome onde é produzida, como teve início seu cultivo no Brasil,
aos 27 anos etc.
plantaram e colheram a cana c) O texto I parte de uma palavra do domínio comum –
que viraria açúcar. açúcar – e vai ampliando seu potencial significativo, explo-
Em usinas escuras, rando recursos formais para estabelecer um paralelo entre
homens de vida amarga o açúcar – branco, doce, puro – e a vida do trabalhador que
e dura o produz – dura, amarga, triste.
produziram este açúcar d) No texto I, a expressão literária desconstrói hábitos
branco e puro de linguagem, baseando sua recriação no aproveitamento
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema. de novas formas de dizer.
e) O texto II não é literário porque, diferentemente do
Fonte: “O açúcar” (Ferreira Gullar. Toda poesia. Rio de literário, parte de um aspecto da realidade, e não da ima-
Janeiro, Civilização Brasileira, 1980, pp.227-228) ginação.
Gabarito
1-) D
2
LÍNGUA PORTUGUESA
2-) D – Esta alternativa está correta, pois ela remete ao Condições básicas para interpretar
caráter reflexivo do autor de um texto literário, ao passo
em que ele revela às pessoas o “seu mundo” de maneira Fazem-se necessários:
peculiar. a) Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros
literários, estrutura do texto), leitura e prática;
3-) E – o texto I também fala da realidade, mas com um b) Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
cunho diferente do texto II. No primeiro há uma colocação texto) e semântico;
diferenciada por parte do autor em que o objetivo não é Observação – na semântica (significado das palavras)
unicamente passar informação, existem outros “motivado- incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e cono-
res” por trás desta escrita. tação, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
gem, entre outros.
É muito comum, entre os candidatos a um cargo pú- c) Capacidade de observação e de síntese e
blico, a preocupação com a interpretação de textos. Isso d) Capacidade de raciocínio.
acontece porque lhes faltam informações específicas a
respeito desta tarefa constante em provas relacionadas a
Interpretar X compreender
concursos públicos.
Por isso, vão aqui alguns detalhes que poderão aju-
Interpretar significa
dar no momento de responder às questões relacionadas
a textos. - explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
- Através do texto, infere-se que...
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- - É possível deduzir que...
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de - O autor permite concluir que...
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
e decodificar ).
Compreender significa
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. - intelecção, entendimento, atenção ao que realmente
Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz está escrito.
ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando con- - o texto diz que...
dições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. - é sugerido pelo autor que...
A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
o relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma ção...
frase for retirada de seu contexto original e analisada se- - o narrador afirma...
paradamente, poderá ter um significado diferente daquele
inicial. Erros de interpretação
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência
rências diretas ou indiretas a outros autores através de ci- de erros de interpretação. Os mais frequentes são:
tações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto.
a) Extrapolação (viagem)
Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia que não estão no texto, quer por conhecimento prévio do
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, tema quer pela imaginação.
ou fundamentações, as argumentações, ou explicações,
que levem ao esclarecimento das questões apresentadas
b) Redução
na prova.
É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a
um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de
Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a:
ideias, o que pode ser insuficiente para o total do entendi-
1. Identificar – é reconhecer os elementos fundamen- mento do tema desenvolvido.
tais de uma argumentação, de um processo, de uma época
(neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais c) Contradição
definem o tempo). Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do can-
2. Comparar – é descobrir as relações de semelhança didato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, conse-
ou de diferenças entre as situações do texto. quentemente, errando a questão.
3. Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado
com uma realidade, opinando a respeito. Observação - Muitos pensam que há a ótica do escritor
4. Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secun- e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova
dárias em um só parágrafo. de concurso, o que deve ser levado em consideração é o
5. Parafrasear – é reescrever o texto com outras pala- que o autor diz e nada mais.
vras.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que - Falante não pode negar que tenha querido transmitir
relacionam palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre a informação expressa pelo pressuposto, mas pode negar
si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de que tenha desejado transmitir a informação expressa pelo
um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um pro- subentendido.
nome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se - Negação da informação não nega o pressuposto.
vai dizer e o que já foi dito. - Pressuposto não verdadeiro – informação explícita ab-
surda.
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia - Principais marcadores de pressupostos: a) adjetivos; b)
-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e verbos; c) advérbios; d) orações adjetivas; e) conjunções.
do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do
verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode esquecer QUESTÕES
também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante- (Agente Estadual de Trânsito – DETRAN - SP – Vu-
cedente. nesp/2013)
Os pronomes relativos são muito importantes na in-
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de O uso da bicicleta no Brasil
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
A utilização da bicicleta como meio de locomoção no
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância,
Brasil ainda conta com poucos adeptos, em comparação
a saber:
com países como Holanda e Inglaterra, por exemplo, nos
quais a bicicleta é um dos principais veículos nas ruas. Ape-
que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, sar disso, cada vez mais pessoas começam a acreditar que
mas depende das condições da frase. a bicicleta é, numa comparação entre todos os meios de
qual (neutro) idem ao anterior. transporte, um dos que oferecem mais vantagens.
quem (pessoa) A bicicleta já pode ser comparada a carros, motocicletas
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois e a outros veículos que, por lei, devem andar na via e jamais
o objeto possuído. na calçada. Bicicletas, triciclos e outras variações são todos
como (modo) considerados veículos, com direito de circulação pelas ruas e
onde (lugar) prioridade sobre os automotores.
quando (tempo) Alguns dos motivos pelos quais as pessoas aderem à
quanto (montante) bicicleta no dia a dia são: a valorização da sustentabilidade,
pois as bikes não emitem gases nocivos ao ambiente, não
Exemplo: consomem petróleo e produzem muito menos sucata de
Falou tudo QUANTO queria (correto) metais, plásticos e borracha; a diminuição dos congestiona-
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria mentos por excesso de veículos motorizados, que atingem
aparecer o demonstrativo O ). principalmente as grandes cidades; o favorecimento da saú-
Dicas para melhorar a interpretação de textos de, pois pedalar é um exercício físico muito bom; e a econo-
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do mia no combustível, na manutenção, no seguro e, claro, nos
assunto; impostos.
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa No Brasil, está sendo implantado o sistema de compar-
a leitura; tilhamento de bicicletas. Em Porto Alegre, por exemplo, o
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto BikePOA é um projeto de sustentabilidade da Prefeitura, em
pelo menos duas vezes; parceria com o sistema de Bicicletas SAMBA, com quase um
- Inferir; ano de operação. Depois de Rio de Janeiro, São Paulo, San-
tos, Sorocaba e outras cidades espalhadas pelo país aderi-
- Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
rem a esse sistema, mais duas capitais já estão com o projeto
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do
pronto em 2013: Recife e Goiânia. A ideia do compartilha-
autor;
mento é semelhante em todas as cidades. Em Porto Alegre,
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor os usuários devem fazer um cadastro pelo site. O valor do
compreensão; passe mensal é R$10 e o do passe diário, R$5, podendo-se
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de utilizar o sistema durante todo o dia, das 6h às 22h, nas duas
cada questão; modalidades. Em todas as cidades que já aderiram ao pro-
- O autor defende ideias e você deve percebê-las; jeto, as bicicletas estão espalhadas em pontos estratégicos.
A cultura do uso da bicicleta como meio de locomo-
Segundo Fiorin: ção não está consolidada em nossa sociedade. Muitos ain-
-Pressupostos – informações implícitas decorrentes ne- da não sabem que a bicicleta já é considerada um meio de
cessariamente de palavras ou expressões contidas na frase. transporte, ou desconhecem as leis que abrangem a bike.
- Subentendidos – insinuações não marcadas clara- Na confusão de um trânsito caótico numa cidade grande,
mente na linguagem. carros, motocicletas, ônibus e, agora, bicicletas, misturam-
- Pressupostos – verdadeiros ou admitidos como tal. se, causando, muitas vezes, discussões e acidentes que po-
- Subentendidos – de responsabilidade do ouvinte. deriam ser evitados.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Ainda são comuns os acidentes que atingem ciclistas. Dirigir pode ser uma experiência arriscada e emocio-
A verdade é que, quando expostos nas vias públicas, eles nante. Para muitos de nós, os carros são a extensão de
estão totalmente vulneráveis em cima de suas bicicletas. nossa personalidade e podem ser o bem mais valioso que
Por isso é tão importante usar capacete e outros itens de possuímos. Dirigir pode ser a expressão de liberdade para
segurança. A maior parte dos motoristas de carros, ônibus, alguns, mas também é uma atividade que tende a aumen-
motocicletas e caminhões desconhece as leis que abran- tar os níveis de estresse, mesmo que não tenhamos cons-
gem os direitos dos ciclistas. Mas muitos ciclistas também ciência disso no momento.
ignoram seus direitos e deveres. Alguém que resolve in- Dirigir é também uma atividade comunitária. Uma vez
tegrar a bike ao seu estilo de vida e usá-la como meio de que entra no trânsito, você se junta a uma comunidade
locomoção precisa compreender que deverá gastar com de outros motoristas, todos com seus objetivos, medos e
alguns apetrechos necessários para poder trafegar. De habilidades ao volante. Os psicólogos Leon James e Diane
acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, as bicicletas Nahl dizem que um dos fatores da ira de trânsito é a ten-
devem, obrigatoriamente, ser equipadas com campainha, dência de nos concentrarmos em nós mesmos, descartan-
sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, do o aspecto comunitário do ato de dirigir.
além de espelho retrovisor do lado esquerdo.
Como perito do Congresso em Psicologia do Trânsito,
(Bárbara Moreira, http://www.eusoufamecos.net.
o Dr. James acredita que a causa principal da ira de trânsi-
Adaptado)
to não são os congestionamentos ou mais motoristas nas
01. De acordo com o texto, o uso da bicicleta como ruas, e sim como nossa cultura visualiza a direção agressiva.
meio de locomoção nas metrópoles brasileiras As crianças aprendem que as regras normais em relação
(A) decresce em comparação com Holanda e Inglaterra ao comportamento e à civilidade não se aplicam quando
devido à falta de regulamentação. dirigimos um carro. Elas podem ver seus pais envolvidos
(B) vem se intensificando paulatinamente e tem sido em comportamentos de disputa ao volante, mudando de
incentivado em várias cidades. faixa continuamente ou dirigindo em alta velocidade, sem-
(C) tornou-se, rapidamente, um hábito cultivado pela pre com pressa para chegar ao destino.
maioria dos moradores. Para complicar as coisas, por vários anos psicólogos
(D) é uma alternativa dispendiosa em comparação com sugeriam que o melhor meio para aliviar a raiva era des-
os demais meios de transporte. carregar a frustração. Estudos mostram, no entanto, que a
(E) tem sido rejeitado por consistir em uma atividade descarga de frustrações não ajuda a aliviar a raiva. Em uma
arriscada e pouco salutar. situação de ira de trânsito, a descarga de frustrações pode
transformar um incidente em uma violenta briga.
02. A partir da leitura, é correto concluir que um dos Com isso em mente, não é surpresa que brigas vio-
objetivos centrais do texto é lentas aconteçam algumas vezes. A maioria das pessoas
(A) informar o leitor sobre alguns direitos e deveres do está predisposta a apresentar um comportamento irracio-
ciclista. nal quando dirige. Dr. James vai ainda além e afirma que a
(B) convencer o leitor de que circular em uma bicicleta maior parte das pessoas fica emocionalmente incapacitada
é mais seguro do que dirigir um carro. quando dirige. O que deve ser feito, dizem os psicólogos,
(C) mostrar que não há legislação acerca do uso da bi- é estar ciente de seu estado emocional e fazer as escolhas
cicleta no Brasil. corretas, mesmo quando estiver tentado a agir só com a
(D) explicar de que maneira o uso da bicicleta como emoção.
meio de locomoção se consolidou no Brasil. (Jonathan Strickland. Disponível em: http://carros.hsw.
(E) defender que, quando circular na calçada, o ciclista uol.com.br/furia-no-transito1 .htm. Acesso em: 01.08.2013.
deve dar prioridade ao pedestre.
Adaptado)
(Oficial Estadual de Trânsito - DETRAN-SP - Vunesp
2013) Leia o texto para responder às questões de 3 a 5 3-) Tomando por base as informações contidas no tex-
to, é correto afirmar que
Propensão à ira de trânsito (A) os comportamentos de disputa ao volante aconte-
cem à medida que os motoristas se envolvem em decisões
Dirigir um carro é estressante, além de inerentemente conscientes.
perigoso. Mesmo que o indivíduo seja o motorista mais se- (B) segundo psicólogos, as brigas no trânsito são cau-
guro do mundo, existem muitas variáveis de risco no trân- sadas pela constante preocupação dos motoristas com o
sito, como clima, acidentes de trânsito e obras nas ruas. E aspecto comunitário do ato de dirigir.
com relação a todas as outras pessoas nas ruas? Algumas (C) para Dr. James, o grande número de carros nas ruas
não são apenas maus motoristas, sem condições de dirigir, é o principal motivo que provoca, nos motoristas, uma di-
mas também se engajam num comportamento de risco – reção agressiva.
algumas até agem especificamente para irritar o outro mo- (D) o ato de dirigir um carro envolve uma série de ex-
torista ou impedir que este chegue onde precisa. periências e atividades não só individuais como também
Essa é a evolução de pensamento que alguém poderá sociais.
ter antes de passar para a ira de trânsito de fato, levando (E) dirigir mal pode estar associado à falta de controle
um motorista a tomar decisões irracionais. das emoções positivas por parte dos motoristas.
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Alunos de colégio fazem robôs com sucata eletrônica 05. Leia as frases abaixo:
1 - Assisti ao ________ do balé Bolshoi;
Você comprou um smartphone e acha que aquele seu 2 - Daqui ______ pouco vão dizer que ______ vida em Mar-
celular antigo é imprestável? Não se engane: o que é lixo te.
para alguns pode ser matéria-prima para outros. O CMID 3 - As _________ da câmara são verdadeiros programas
– Centro Marista de Inclusão Digital –, que funciona junto de humor.
ao Colégio Marista de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, 4 - ___________ dias que não falo com Alfredo.
ensina os alunos do colégio a fazer robôs a partir de lixo
eletrônico. Escolha a alternativa que oferece a sequência correta de
Os alunos da turma avançada de robótica, por exem- vocábulos para as lacunas existentes:
plo, constroem carros com sensores de movimento que a) concerto – há – a – cessões – há;
respondem à aproximação das pessoas. A fonte de energia b) conserto – a – há – sessões – há;
vem de baterias de celular. “Tirando alguns sensores, que c) concerto – a – há – seções – a;
precisamos comprar, é tudo reciclagem”, comentou o ins- d) concerto – a – há – sessões – há;
trutor de robótica do CMID, Leandro Schneider. Esses alu- e) conserto – há – a – sessões – a .
nos também aprendem a consertar computadores antigos.
“O nosso projeto só funciona por causa do lixo eletrônico. 06. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
Se tivéssemos que comprar tudo, não seria viável”, com- NESP – 2013-adap.). Considere o seguinte trecho para res-
pletou. ponder à questão.
Em uma época em que celebridades do mundo digital
fazem campanha a favor do ensino de programação nas Adolescentes vivendo em famílias que não lhes transmi-
escolas, é inspirador o relato de Dionatan Gabriel, aluno da tiram valores sociais altruísticos, formação moral e não lhes
turma avançada de robótica do CMID que, aos 16 anos, já impuseram limites de disciplina.
sabe qual será sua profissão. “Quero ser programador. No
início das aulas, eu achava meio chato, mas depois fui me O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse tre-
interessando”, disse. cho, é:
(Giordano Tronco, www.techtudo.com.br, 07.07.2013. A) de desprendimento. B) de responsabilidade.
Adaptado) C) de abnegação. D) de amor.
E) de egoísmo.
02. A palavra em destaque no trecho –“Tirando alguns
sensores, que precisamos comprar, é tudo reciclagem”... – 07. Assinale o único exemplo cuja lacuna deve ser
pode ser substituída, sem alteração do sentido da mensa- preenchida com a primeira alternativa da série dada nos pa-
gem, pela seguinte expressão: rênteses:
A) Pelo menos B) A contar de A) Estou aqui _______ de ajudar os flagelados das en-
C) Em substituição a D) Com exceção de chentes. (afim- a fim).
E) No que se refere a B) A bandeira está ________. (arreada - arriada).
C) Serão punidos os que ________ o regulamento. (inflin-
03. Assinale a alternativa que apresenta um antônimo girem - infringirem).
para o termo destacado em – …“No início das aulas, eu D) São sempre valiosos os ________ dos mais velhos.
achava meio chato, mas depois fui me interessando”, disse. (concelhos - conselhos).
A) Estimulante. B) Cansativo. E) Moro ________ cem metros da praça principal. (a cerca
C) Irritante. D) Confuso. de - acerca de).
E) Improdutivo.
08. Assinale a alternativa correta, considerando que à
04. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU- direita de cada palavra há um sinônimo.
NESP – 2013). Analise as afirmações a seguir. a) emergir = vir à tona; imergir = mergulhar
I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país)
por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituí- c) delatar = expandir; dilatar = denunciar
do, sem alteração do sentido do texto, por “faz”. d) deferir = diferenciar; diferir = conceder
II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação
reescrita da seguinte forma – Todo preso aspira à liberta-
ção. 09. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013).
III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma dife- Leia o texto a seguir.
rente aqui no presídio devido ao bom comportamento. –
pode-se substituir a expressão em destaque por “em razão Temos o poder da escolha
do”, sem alterar o sentido do texto.
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, Os consumidores são assediados pelo marketing a todo
está correto o que se afirma em momento para comprarem além do que necessitam, mas
A) I, II e III. B) III, apenas. somente eles podem decidir o que vão ou não comprar.
C) I e III, apenas. D) I, apenas. É como se abrissem em nós uma “caixa de necessidades”,
E) I e II, apenas. mas só nós temos o poder da escolha.
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Cada vez mais precisamos do consumo consciente. 4-) I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está
Será que paramos para pensar de onde vem o produto que preso por homicídio. – o termo em destaque pode ser
estamos consumindo e se os valores da empresa são os substituído, sem alteração do sentido do texto, por “faz”.
mesmos em que acreditamos? A competitividade entre as = correta
empresas exige que elas evoluam para serem opções para II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser
o consumidor. Nos anos 60, saber fabricar qualquer coisa reescrita da seguinte forma – Todo preso aspira à liberta-
era o suficiente para ter uma empresa. Nos anos 70, era ção. = correta
preciso saber fazer com qualidade e altos índices de pro-
III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma dife-
dução. Já no ano 2000, a preocupação era fazer melhor ou
diferente da concorrência e as empresas passaram a atuar rente aqui no presídio devido ao bom comportamento. –
com responsabilidade socioambiental. pode-se substituir a expressão em destaque por “em razão
O consumidor tem de aprender a dizer não quando a do”, sem alterar o sentido do texto. = correta
sua relação com a empresa não for boa. Se não for boa,
deve comprar o produto em outro lugar. Os cidadãos não 5-) 1 - Assisti ao concerto do balé Bolshoi;
têm ideia do poder que possuem. 2 - Daqui a pouco vão dizer que há (= existe)
É importante, ainda, entender nossa relação com a em- vida em Marte.
presa ou produto que vamos eleger. Temos uma expectati- 3 – As sessões da câmara são verdadeiros pro-
va, um envolvimento e aceitação e a preferência dependerá gramas de humor.
das ações que aprovamos ou não nas empresas, pois po- 4- Há dias que não falo com Alfredo. (=
demos mudar de ideia. tempo passado)
Há muito a ser feito. Uma pesquisa mostrou que 55,4%
das pessoas acreditam no consumo consciente, mas essas
6-) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes
mesmas pessoas admitem que já compraram produto pira-
transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e
ta. Temos de refletir sobre isso para mudar nossas atitudes.
(Jornal da Tarde 24.04.2007. Adaptado) não lhes impuseram limites de disciplina.
O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse
No trecho – Temos uma expectativa, um envolvimen- trecho, é de egoísmo
to e aceitação... –, a palavra destacada apresenta sentido Altruísmo é um tipo de comportamento encontrado
contrário de nos seres humanos e outros seres vivos, em que as ações
A) vontade. B) apreciação. de um indivíduo beneficiam outros. É sinônimo de filan-
C) avaliação. D) rejeição. tropia. No sentido comum do termo, é muitas vezes per-
E) indiferença. cebida, também, como sinônimo de solidariedade. Esse
conceito opõe-se, portanto, ao egoísmo, que são as incli-
10. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013). nações específica e exclusivamente individuais (pessoais ou
Na frase – Os consumidores são assediados pelo marke- coletivas).
ting... –, a palavra destacada pode ser substituída, sem alte-
ração de sentido, por:
7-) A) Estou aqui a fim de de ajudar os flagela-
A) perseguidos. B) ameaçados.
C) acompanhados. D) gerados. dos das enchentes. (afim = O adjetivo “afim” é empregado
E) preparados. para indicar que uma coisa tem afinidade com a outra. Há
pessoas que têm temperamentos afins, ou seja, parecidos)
GABARITO B) A bandeira está arriada . (arrear = colocar
arreio no cavalo)
01. A 02. D 03. A 04. A 05. D C) Serão punidos os que infringirem o regulamen-
06. E 07. E 08. A 09. D 10. A to. (inflingirem = aplicarem a pena)
D) São sempre valiosos os conselhos dos mais ve-
COMENTÁRIOS lhos; (concelhos= Porção territorial ou parte administrativa
de um distrito).
1-) Da mesma forma que os italianos e japoneses E) Moro a cerca de cem metros da praça principal.
imigraram para o Brasil no século passado, hoje os bra- (acerca de = Acerca de é sinônimo de “a respeito de”.).
sileiros emigram para a Europa e para o Japão, à busca
de uma vida melhor; internamente, migram para o
Sul, pelo mesmo motivo. 8-) b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país)
= significados invertidos
2-) “Com exceção de alguns sensores, que precisamos c) delatar = expandir; dilatar = denunciar = signifi-
comprar, é tudo reciclagem”... cados invertidos
d) deferir = diferenciar; diferir = conceder = signifi-
3-) antônimo para o termo destacado : “No início das au- cados invertidos
las, eu achava meio chato, mas depois fui me interessando” e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação =
“No início das aulas, eu achava meio estimulante, mas significados invertidos
depois fui me interessando”
9
LÍNGUA PORTUGUESA
9-) Temos uma expectativa, um envolvimento e acei- - Conotação: verifica-se quando utilizamos a palavra
tação... –, a palavra destacada apresenta sentido contrário com o seu significado secundário, com o sentido amplo
de rejeição. (ou simbólico); usada de modo criativo, figurado, numa lin-
guagem rica e expressiva. Veja este exemplo:
10-) Os consumidores são assediados pelo marketing... Seria aconselhável cortar as asas deste menino, antes
–, a palavra destacada pode ser substituída, sem alteração que seja tarde demais.
de sentido, por perseguidos. Já neste caso o termo (asas) é empregado de forma
figurada, fazendo alusão à ideia de restrição e/ou controle
de ações; disciplina, limitação de conduta e comportamen-
to.
3. - SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS Questões sobre Denotação e Conotação
PALAVRAS
01. (Agente de Apoio – Microinformática – VUNESP –
2013). Uma frase empregada – exclusivamente – com sen-
tido figurado é:
Na língua portuguesa, uma PALAVRA (do latim parabo- A) Não é o tipo de companhia que se quer para tomar
la, que por sua vez deriva do grego parabolé) pode ser de- um vinho ou ir ao cinema.
finida como sendo um conjunto de letras ou sons de uma B) No início de maio, Buffett convidou um sujeito cha-
língua, juntamente com a ideia associada a este conjunto. mado Doug Kass para participar de um dos painéis que
compuseram a reunião anual de investidores de sua em-
Sentido Próprio e Figurado das Palavras presa, a Berkshire Hathaway.
C) Buffett queria entender o porquê.
Pela própria definição acima destacada podemos per- D) Questiona.
ceber que a palavra é composta por duas partes, uma delas E) Coloca o dedo na ferida.
relacionada a sua forma escrita e os seus sons (denominada
significante) e a outra relacionada ao que ela (palavra) ex- 02. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013).
pressa, ao conceito que ela traz (denominada significado). Assinale a alternativa que apresenta palavra empregada no
sentido figurado.
Em relação ao seu SIGNIFICADO as palavras subdivi-
A)...somente eles podem decidir o que vão ou não
dem-se assim:
comprar.
- Sentido Próprio - é o sentido literal, ou seja, o sentido
B) Há consumidores que gastam rios de dinheiro com
comum que costumamos dar a uma palavra.
supérfluos.
- Sentido Figurado - é o sentido “simbólico”, “figura-
C)… deve comprar o produto em outro lugar.
do”, que podemos dar a uma palavra.
D)… de onde vem o produto que estamos consumin-
Vamos analisar a palavra cobra utilizada em diferentes do…
contextos: E) Temos de refletir sobre isso para mudar nossas ati-
1. A cobra picou o menino. (cobra = tipo de réptil pe- tudes.
çonhento)
2. A sogra dele é uma cobra. (cobra = pessoa desagra- 03. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
dável, que adota condutas pouco apreciáveis) NESP – 2013). Leia o texto a seguir.
3. O cara é cobra em Física! (cobra = pessoa que co-
nhece muito sobre alguma coisa, “expert”) “Xadrez que liberta”: estratégia, concentração e ree-
No item 1 aplica-se o termo cobra em seu sentido co- ducação
mum (ou literal); nos itens 2 e 3 o termo cobra é aplicado
em sentido figurado. João Carlos de Souza Luiz cumpre pena há três anos e
Podemos então concluir que um mesmo significante dois meses por assalto. Fransley Lapavani Silva está há sete
(parte concreta) pode ter vários significados (conceitos). anos preso por homicídio. Os dois têm 30 anos. Além dos
muros, grades, cadeados e detectores de metal, eles têm
Denotação e Conotação outros pontos em comum: tabuleiros e peças de xadrez.
O jogo, que eles aprenderam na cadeia, além de uma
- Denotação: verifica-se quando utilizamos a palavra válvula de escape para as horas de tédio, tornou-se uma
com o seu significado primitivo e original, com o sentido metáfora para o que pretendem fazer quando estiverem
do dicionário; usada de modo automatizado; linguagem em liberdade.
comum. Veja este exemplo: Cortaram as asas da ave “Quando você vai jogar uma partida de xadrez, tem
para que não voasse mais. que pensar duas, três vezes antes. Se você movimenta uma
Aqui a palavra em destaque é utilizada em seu sentido peça errada, pode perder uma peça de muito valor ou to-
próprio, comum, usual, literal. mar um xeque-mate, instantaneamente. Se eu for para a
rua e movimentar a peça errada, eu posso perder uma peça
MINHA DICA - Procure associar Denotação com Dicio- muito importante na minha vida, como eu perdi três anos
nário: trata-se de definição literal, quando o termo é utili- na cadeia. Mas, na rua, o problema maior é tomar o xeque
zado em seu sentido dicionarístico. -mate”, afirma João Carlos.
10
LÍNGUA PORTUGUESA
O xadrez faz parte da rotina de cerca de dois mil inter- RIO DE JANEIRO – Durante entrevista na Festa Literá-
nos em 22 unidades prisionais do Espírito Santo. É o proje- ria Internacional de Paraty deste ano, o cantor Gilberto Gil
to “Xadrez que liberta”. Duas vezes por semana, os presos criticou as arquibancadas dos estádios brasileiros em jogos
podem praticar a atividade sob a orientação de servidores da Copa das Confederações.
da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus). Na próxima sex- Poderia ter dito o mesmo sobre a plateia da Tenda dos
ta-feira, será realizado o primeiro torneio fora dos presídios Autores, para a qual ele e mais de 40 outros se apresen-
desde que o projeto foi implantado. Vinte e oito internos taram. A audiência do evento literário lembra muito a dos
de 14 unidades participam da disputa, inclusive João Carlos eventos Fifa: classe média alta.
e Fransley, que diz que a vitória não é o mais importante. Na Flip, como nas Copas por aqui, pobre só aparece
“Só de chegar até aqui já estou muito feliz, porque eu “como prestador de serviço”, para citar uma participante de
não esperava. A vitória não é tudo. Eu espero alcançar ou- um protesto em Paraty, anteontem.
tras coisas devido ao xadrez, como ser olhado com outros Como lembrou outro dos convidados da festa literária,
olhos, como estou sendo olhado de forma diferente aqui o mexicano Juan Pablo Villalobos, esse cenário é “um espe-
no presídio devido ao bom comportamento”. lho do que é o Brasil”.
Segundo a coordenadora do projeto, Francyany Cân- (Marco Aurélio Canônico, Na Flip, como na Copa. Fo-
lha de S.Paulo, 08.07.2013. Adaptado)
dido Venturin, o “Xadrez que liberta” tem provocado boas
mudanças no comportamento dos presos. “Tem surtido um
O termo espelho está empregado em sentido
efeito positivo por eles se tornarem uma referência positiva
A) figurado, significando qualidade.
dentro da unidade, já que cumprem melhor as regras, res-
B) próprio, significando modelo.
peitam o próximo e pensam melhor nas suas ações, refle- C) figurado, significando advertência.
tem antes de tomar uma atitude”. D) próprio, significando símbolo.
Embora a Sejus não monitore os egressos que ganham E) figurado, significando reflexo.
a liberdade, para saber se mantêm o hábito do xadrez, João
Carlos já faz planos. “Eu incentivo não só os colegas, mas 05. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
também minha família. Sou casado e tenho três filhos. Já NESP – 2013). Leia o texto a seguir.
passei para a minha família: xadrez, quando eu sair para a
rua, todo mundo vai ter que aprender porque vai rolar até Violência epidêmica
o torneio familiar”.
“Medidas de promoção de educação e que possibili- A violência urbana é uma enfermidade contagiosa. Em-
tem que o egresso saia melhor do que entrou são mui- bora possa acometer indivíduos vulneráveis em todas as
to importantes. Nós não temos pena de morte ou prisão classes sociais, é nos bairros pobres que ela adquire carac-
perpétua no Brasil. O preso tem data para entrar e data terísticas epidêmicas.
para sair, então ele tem que sair sem retornar para o crime”, A prevalência varia de um país para outro e entre as
analisa o presidente do Conselho Estadual de Direitos Hu- cidades de um mesmo país, mas, como regra, começa nos
manos, Bruno Alves de Souza Toledo. grandes centros urbanos e se dissemina pelo interior.
(Disponível em: www.inapbrasil.com.br/en/noticias/ As estratégias que as sociedades adotam para com-
xadrez-que-liberta-estrategia-concentracao-e-reeduca- bater a violência variam muito e a prevenção das causas
cao/6/noticias. Acesso em: 18.08.2012. Adaptado) evoluiu muito pouco no decorrer do século 20, ao contrário
dos avanços ocorridos no campo das infecções, câncer, dia-
Considerando o contexto em que as seguintes frases betes e outras enfermidades.
foram produzidas, assinale a alternativa em que há empre- A agressividade impulsiva é consequência de pertur-
go figurado das palavras. bações nos mecanismos biológicos de controle emocional.
A) O xadrez faz parte da rotina de cerca de dois mil Tendências agressivas surgem em indivíduos com dificul-
dades adaptativas que os tornam despreparados para lidar
internos em 22 unidades prisionais do Espírito Santo.
com as frustrações de seus desejos.
B) Além dos muros, grades, cadeados e detectores de
A violência é uma doença. Os mais vulneráveis são os
metal, eles têm outros pontos em comum...
que tiveram a personalidade formada num ambiente des-
C) Nós não temos pena de morte ou prisão perpétua
favorável ao desenvolvimento psicológico pleno.
no Brasil. A revisão de estudos científicos permite identificar três
D) “Mas, na rua, o problema maior é tomar o xeque fatores principais na formação das personalidades com
-mate”, afirma João Carlos. maior inclinação ao comportamento violento:
E) Já passei para a minha família: xadrez, quando eu 1) Crianças que apanharam, foram vítimas de abusos,
sair para a rua, todo mundo vai ter que aprender... humilhadas ou desprezadas nos primeiros anos de vida.
2) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes
04. (Agente de Promotoria – Assessoria – VUNESP – transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e
2013). Leia o texto a seguir. não lhes impuseram limites de disciplina.
3) Associação com grupos de jovens portadores de
Na FLIP, como na Copa comportamento antissocial.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Na periferia das cidades brasileiras vivem milhões de 07. (Analista em C&T Júnior – Administração – VUNESP
crianças que se enquadram nessas três condições de ris- – 2013). Leia o texto a seguir.
co. Associados à falta de acesso aos recursos materiais, à O humor deve visar à crítica, não à graça, ensinou Chi-
desigualdade social, esses fatores de risco criam o caldo co Anysio, o humorista popular. E disse isso quando lhe
de cultura que alimenta a violência crescente nas cidades. solicitaram considerar o estado atual do riso brasileiro. Nos
Na falta de outra alternativa, damos à criminalidade a últimos anos de vida, o escritor contribuía para o cômi-
resposta do aprisionamento. Porém, seu efeito é passagei- co apenas em sua porção de ator, impedido pela televisão
ro: o criminoso fica impedido de delinquir apenas enquan- brasileira de produzir textos. E o que ele dizia sobre a risa-
to estiver preso. Ao sair, estará mais pobre, terá rompido da ajuda a entender a acomodação de muitos humoristas
laços familiares e sociais e dificilmente encontrará quem contemporâneos. Porque, quando eles humilham aqueles
lhe dê emprego. Ao mesmo tempo, na prisão, terá criado julgados inferiores, os pobres, os analfabetos, os negros,
novas amizades e conexões mais sólidas com o mundo do os nordestinos, todos os oprimidos que parece fácil espezi-
crime. nhar, não funcionam bem como humoristas. O humor deve
Construir cadeias custa caro; administrá-las, mais ain- ser o oposto disto, uma restauração do que é justo, para a
da. Obrigados a optar por uma repressão policial mais ati- qual desancar aqueles em condições piores do que as suas
va, aumentaremos o número de prisioneiros. As cadeias não vale. Rimos, isso sim, do superior, do arrogante, daque-
continuarão superlotadas. le que rouba nosso lugar social.
Seria mais sensato investir em educação, para prevenir O curioso é perceber como o Brasil de muito tempo
a criminalidade e tratar os que ingressaram nela. atrás sabia disso, e o ensinava por meio de uma imprensa
Na verdade, não existe solução mágica a curto prazo. ocupada em ferir a brutal desigualdade entre os seres e
Precisamos de uma divisão de renda menos brutal, motivar as classes. Ao percorrer o extenso volume da História da
os policiais a executar sua função com dignidade, criar leis Caricatura Brasileira (Gala Edições), compreendemos que
que acabem com a impunidade dos criminosos bem-su- tal humor primitivo não praticava um rosário de ofensas
cedidos e construir cadeias novas para substituir as velhas. pessoais. Naqueles dias, humor parecia ser apenas, e ne-
Enquanto não aprendermos a educar e oferecer medi- cessariamente, a virulência em relação aos modos opres-
das preventivas para que os pais evitem ter filhos que não sivos do poder.
serão capazes de criar, cabe a nós a responsabilidade de A amplitude dessa obra é inédita. Saem da obscurida-
integrá-los na sociedade por meio da educação formal de de os nomes que sucederam ao mais aclamado dos artistas
bom nível, das práticas esportivas e da oportunidade de a produzir arte naquele Brasil, Angelo Agostini. Corcundas
desenvolvimento artístico. magros, corcundas gordos, corcovas com cabeça de burro,
(Drauzio Varella. In Folha de S.Paulo, 9 mar.2002. Adap- todos esses seres compostos em aspecto polimórfico, com
tado) expressivo valor gráfico, eram os responsáveis por ilustrar
a subserviência a estender-se pela Corte Imperial. Contra a
Assinale a alternativa em cuja frase foi empregada pa- escravidão, o comodismo dos bem--postos e dos covardes
lavra ou expressão com sentido figurado. imperialistas, esses artistas operavam seu espírito crítico
A) Tendências agressivas surgem em indivíduos com em jornais de todos os cantos do País.
dificuldades adaptativas ...(4.º parágrafo) (Carta Capital.13.02.2013. Adaptado)
B) A revisão de estudos científicos permite identificar
três fatores principais na formação das personalidades com Na frase –… compreendemos que tal humor primitivo
maior inclinação ao comportamento violento... (6.º pará- não praticava um rosário de ofensas pessoais. –, observa-se
grafo) emprego de expressão com sentido figurado, o que ocorre
C) As estratégias que as sociedades adotam para com- também em:
bater a violência variam... (3.º parágrafo) A) O livro sobre a história da caricatura estabelece mar-
D) ...esses fatores de risco criam o caldo de cultura que cos inaugurais em relação a essa arte.
alimenta a violência crescente nas cidades. (10.º parágrafo) B) O trabalho do caricaturista pareceu tão importante
E) Os mais vulneráveis são os que tiveram a personali- a seus contemporâneos que recebeu o nome de “nova in-
dade formada num ambiente desfavorável ao desenvolvi- venção artística.”
mento psicológico pleno. (5.º parágrafo) C) Manoel de Araújo Porto-Alegre foi o primeiro pro-
fissional dessa arte e o primeiro a produzir caricaturas no
06. O item em que o termo sublinhado está emprega- Brasil.
do no sentido denotativo é: D) O jornal alternativo em 1834 zunia às orelhas de to-
A) “Além dos ganhos econômicos, a nova realidade dos e atacava esta ou aquela personagem da Corte.
rendeu frutos políticos.” E) O livro sobre a arte caricatural respeita cronologica-
B) “...com percentuais capazes de causar inveja ao pre- mente os acontecimentos da história brasileira, suas temá-
sidente.” ticas políticas e sociais.
C) “Os genéricos estão abrindo as portas do merca-
do...” 08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças
D) “...a indústria disparou gordos investimentos.” Públicas – VUNESP – 2013). Leia o texto a seguir.
E) “Colheu uma revelação surpreendente:...”
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LÍNGUA PORTUGUESA
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LÍNGUA PORTUGUESA
Ponto de Interrogação
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
servem para compor a coesão e a coerência textual, além de “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos vedo)
as principais funções dos sinais de pontuação conhecidos
pelo uso da língua portuguesa. Reticências
1- Indica que palavras foram suprimidas.
Ponto - Comprei lápis, canetas, cadernos...
1- Indica o término do discurso ou de parte dele.
- Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em 2- Indica interrupção violenta da frase.
que se encontra. “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
- Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite.
- Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava. 3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida
- Este mal... pega doutor?
2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr.
4- Indica que o sentido vai além do que foi dito
Ponto e Vírgula ( ; ) - Deixa, depois, o coração falar...
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
importância. Vírgula
- “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo
pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; Não se usa vírgula
os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA) *separando termos que, do ponto de vista sintático, li-
gam-se diretamente entre si:
2- Separa partes de frases que já estão separadas por - entre sujeito e predicado.
vírgulas. Todos os alunos da sala foram advertidos.
- Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, monta- Sujeito predicado
nhas, frio e cobertor.
- entre o verbo e seus objetos.
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de mo- O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
tivos, decreto de lei, etc. V.T.D.I. O.D. O.I.
- Ir ao supermercado;
- Pegar as crianças na escola; Usa-se a vírgula:
- Caminhada na praia; - Para marcar intercalação:
- Reunião com amigos. a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun-
dância, vem caindo de preço.
Dois pontos b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
1- Antes de uma citação produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
- Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto: c) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias
não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem
2- Antes de um aposto abrir mão dos lucros altos.
- Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à
tarde e calor à noite. - Para marcar inversão:
a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fecha-
- Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo das.
a rotina de sempre. b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
4- Em frases de estilo direto c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
Maria perguntou: maio de 1982.
- Por que você não toma uma decisão?
- Para separar entre si elementos coordenados (dispos-
Ponto de Exclamação tos em enumeração):
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
susto, súplica, etc. A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.
- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
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LÍNGUA PORTUGUESA
- Para marcar elipse (omissão) do verbo: C) Duas explicações do treinamento para consultores
Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco. iniciantes receberam destaque; o conceito de PPD e a cons-
- Para isolar: trução de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das
- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira, metas de vendas associadas aos dois temas.
possui um trânsito caótico. D) Duas explicações do treinamento para consultores
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. iniciantes, receberam destaque: o conceito de PPD e a cons-
trução de tabelas Price, mas, por outro lado, faltou falar das
Fontes: metas de vendas associadas aos dois temas.
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/ E) Duas explicações, do treinamento para consultores
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula. iniciantes, receberam destaque; o conceito de PPD e a cons-
htm trução de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das
metas, de vendas associadas aos dois temas.
Questões sobre Pontuação
04.(Escrevente TJ SP – Vunesp 2012). Assinale a alterna-
01. (Agente Policial – Vunesp – 2013). Assinale a alterna-
tiva em que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp
tiva em que a pontuação está corretamente empregada, de
de junho de 2012, está correto quanto à regência nominal e
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em- à pontuação.
bora, experimentasse, a sensação de violar uma intimidade, (A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapida-
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo mente, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exemplo,
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, em- do que em outros.
bora experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, (B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapida-
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo mente seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!,
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em- do que em outros.
bora experimentasse a sensação de violar uma intimidade, (C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam rapida-
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo mente seu espaço, na carreira científica, ainda que o avanço
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um exemplo,
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, do que em outros.
embora experimentasse a sensação de violar uma intimida- (D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida-
de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar mente seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço
algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. seja mais notável em alguns países – o Brasil é um exemplo
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em- – do que em outros.
bora, experimentasse a sensação de violar uma intimidade, (E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamen-
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar te, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja
algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. mais notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do
02. Assinale a opção em que está corretamente indicada que em outros.
a ordem dos sinais de pontuação que devem preencher as 05. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.). As-
lacunas da frase abaixo: sinale a alternativa em que a frase mantém-se correta após
“Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas o acréscimo das vírgulas.
devem ser consideradas ____ uma é a contribuição teórica que
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na
o trabalho oferece ___ a outra é o valor prático que possa ter.
pulseira instruções para que envie, uma mensagem eletrô-
A) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula
nica ao grupo ou acione o código na internet.
B) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula;
(B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde
C) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
D) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula; o código foi acionado.
E) ponto e vírgula, vírgula, vírgula. (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastra-
dos, recebem automaticamente, uma mensagem dizendo
03. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013). Os que a criança foi encontrada.
sinais de pontuação estão empregados corretamente em: (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega pri-
A) Duas explicações, do treinamento para consultores meiro às, areias do Guarujá.
iniciantes receberam destaque, o conceito de PPD e a cons- (E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o te-
trução de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar das lefone de quem a encontrou e informar um ponto de refe-
metas de vendas associadas aos dois temas. rência
B) Duas explicações do treinamento para consultores
iniciantes receberam destaque: o conceito de PPD e a cons-
trução de tabelas Price; mas, por outro lado, faltou falar das
metas de vendas associadas aos dois temas.
15
LÍNGUA PORTUGUESA
06. Assinale a série de sinais cujo emprego corresponde, (E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em-
na mesma ordem, aos parênteses indicados no texto: bora , (X) experimentasse a sensação de violar uma intimidade,
“Pergunta-se ( ) qual é a ideia principal desse pará- procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar
grafo ( ) A chegada de reforços ( ) a condecoração ( ) o algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
escândalo da opinião pública ou a renúncia do presidente ( )
Se é a chegada de reforços ( ) que relação há ( ) ou mostrou 2-) Quando se trata de trabalho científico , duas coisas de-
seu autor haver ( ) entre esse fato e os restantes ( )”. vem ser consideradas : uma é a contribuição teórica que o
A) vírgula, vírgula, interrogação, interrogação, interroga- trabalho oferece ; a outra é o valor prático que possa ter.
ção, vírgula, vírgula, vírgula, ponto final
B) dois pontos, interrogação, vírgula, vírgula, interroga- vírgula, dois pontos, ponto e vírgula
ção, vírgula, travessão, travessão, interrogação
C) travessão, interrogação, vírgula, vírgula, ponto final, 3-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inadequadas
travessão, travessão, ponto final, ponto final A) Duas explicações , (X) do treinamento para consulto-
D) dois pontos, interrogação, vírgula, ponto final, traves- res iniciantes receberam destaque , (X) o conceito de PPD e a
são, vírgula, vírgula, vírgula, interrogação construção de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar das
E) dois pontos, ponto final, vírgula, vírgula, interrogação, metas de vendas associadas aos dois temas.
vírgula, vírgula, travessão, interrogação C) Duas explicações do treinamento para consultores ini-
ciantes receberam destaque ; (X) o conceito de PPD e a cons-
07. (SRF) Das redações abaixo, assinale a que não está trução de tabelas Price , (X) mas por outro lado, faltou falar das
pontuada corretamente: metas de vendas associadas aos dois temas.
A) Os candidatos, em fila, aguardavam ansiosos o resul- D) Duas explicações do treinamento para consultores ini-
tado do concurso. ciantes , (X) receberam destaque: o conceito de PPD e a cons-
B) Em fila, os candidatos, aguardavam, ansiosos, o resul- trução de tabelas Price , (X) mas, por outro lado, faltou falar das
tado do concurso. metas de vendas associadas aos dois temas.
E) Duas explicações , (X) do treinamento para consultores
C) Ansiosos, os candidatos aguardavam, em fila, o resul-
iniciantes , (X) receberam destaque ; (X) o conceito de PPD e a
tado do concurso.
construção de tabelas Price , (X) mas por outro lado, faltou falar
D) Os candidatos ansiosos aguardavam o resultado do
das metas , (X) de vendas associadas aos dois temas.
concurso, em fila.
E) Os candidatos aguardavam ansiosos, em fila, o resul-
4-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inadequadas
tado do concurso.
(A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam , (X) rapi-
damente , (X) seu espaço na carreira científica (, ) ainda que o
08. A frase em que deveria haver uma vírgula é: avanço seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exem-
A) Comi uma fruta pela manhã e outra à tarde. plo, do que em outros.
B) Eu usei um vestido vermelho na festa e minha irmã (B) Não há dúvida de que , (X) as mulheres , (X) ampliam
usou um vestido azul. rapidamente seu espaço na carreira científica ; (X) ainda que o
C) Ela tem lábios e nariz vermelhos. avanço seja mais notável , (X) em alguns países, o Brasil é um
D) Não limparam a sala nem a cozinha. exemplo ! (X) , do que em outros.
(C) Não há dúvida de que as mulheres , (X) ampliam rapi-
GABARITO damente seu espaço , (X) na carreira científica , (X) ainda que
o avanço seja mais notável, em alguns países : (X) o Brasil é um
01. C 02. C 03. B 04. D 05. E exemplo, do que em outros.
06. B 07. B 08. B (E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamen-
RESOLUÇÃO te , (X) seu espaço na carreira científica, ainda que , (X) o avanço
seja mais notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do
1- Assinalei com um (X) as pontuações inadequadas que em outros.
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e,
embora, (X) experimentasse , (X) a sensação de violar uma 5-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inadequa-
intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando en- das
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la , (X) verá na
dona. pulseira instruções para que envie , (X) uma mensagem eletrô-
(B) Diante , (X) da testemunha o homem abriu a bolsa nica ao grupo ou acione o código na internet.
e, embora experimentasse a sensação , (X) de violar uma (B) Um geolocalizador também , (X) avisará , (X) os pais de
intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando en- onde o código foi acionado.
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados
dona. , (X) recebem ( , ) automaticamente, uma mensagem dizendo
(D) Diante da testemunha, o homem , (X) abriu a bolsa e, que a criança foi encontrada.
embora experimentasse a sensação de violar uma intimida- (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha , (X) chega
de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encon- primeiro às , (X) areias do Guarujá.
trar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
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6-) Pergunta-se ( : ) qual é a ideia principal desse pará- Adjetivo Pátrio Composto
grafo
( ? ) A chegada de reforços ( , ) a condecoração ( , ) o Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro
escândalo da opinião pública ou a renúncia do presidente (? elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudi-
) Se é a chegada de reforços ( , ) que relação há ( - ) ou mos- ta. Observe alguns exemplos:
trou seu autor haver ( - ) entre esse fato e os restantes ( ? ) África afro- / Cultura afro-americana
Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto
7-) Em fila, os candidatos , (X) aguardavam, ansiosos, o -inglesas
resultado do concurso. América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
8-) Eu usei um vestido vermelho na festa , e minha irmã China sino- / Acordos sino-japoneses
usou um vestido azul. Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Há situações em que é possível usar a vírgula antes do Europa euro- / Negociações euro-americanas
“e”. Isso ocorre quando a conjunção aditiva coordena ora- França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
ções de sujeitos diferentes nas quais a leitura fluente pode Grécia greco- / Filmes greco-romanos
ser prejudicada pela ausência da pontuação. Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros
5. - CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO,
ADJETIVO, NUMERAL, PRONOME, VERBO, Flexão dos adjetivos
ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO E CONJUNÇÃO:
O adjetivo varia em gênero, número e grau.
EMPREGO E SENTIDO QUE IMPRIMEM
ÀS RELAÇÕES QUE ESTABELECEM Gênero dos Adjetivos
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Preposições Artigos - Não se deve usar artigo antes das palavras casa ( no
o, os sentido de lar, moradia) e terra ( no sentido de chão firme), a
a ao, aos menos que venham especificadas.
de do, dos Eles estavam em casa.
em no, nos Eles estavam na casa dos amigos.
por (per) pelo, pelos Os marinheiros permaneceram em terra.
a, as um, uns uma, umas Os marinheiros permanecem na terra dos anões.
à, às - -
da, das dum, duns duma, dumas - Não se emprega artigo antes dos pronomes de trata-
na, nas num, nuns numa, numas mento, com exceção de senhor(a), senhorita e dona: Vossa
pela, pelas - - excelência resolverá os problemas de Sua Senhoria.
- As formas à e às indicam a fusão da preposição a com o - Não se une com preposição o artigo que faz parte do
artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhecida nome de revistas, jornais, obras literárias: Li a notícia em O
por crase. Estado de S. Paulo.
Morfossintaxe
Constatemos as circunstâncias
em que os artigos se manifestam Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas re-
lações com o substantivo. Assim, nas orações da língua por-
- Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do nu- tuguesa, o artigo exerce a função de adjunto adnominal do
meral “ambos”: Ambos os garotos decidiram participar das olim- substantivo a que se refere. Tal função independe da função
píadas. exercida pelo substantivo:
A existência é uma poesia.
- Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso do Uma existência é a poesia.
artigo, outros não: São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia...
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- Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas de Separando os números em centenas, de trás para frente,
palavras de outras classes, podem aparecer flexionadas no di- obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no
minutivo ou no superlativo: Calminha! Adeusinho! Obrigadinho! início, também de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos
usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela conjunção “e”.
Interjeições, leitura e produção de textos 1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e
vinte e seis.
Usadas com muita frequência na língua falada informal, 45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.
quando empregadas na língua escrita, as interjeições costumam
conferir-lhe certo tom inconfundível de coloquialidade. Além Flexão dos numerais
disso, elas podem muitas vezes indicar traços pessoais do falan-
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
te - como a escassez de vocabulário, o temperamento agressivo
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzen-
ou dócil, até mesmo a origem geográfica. É nos textos narrati-
tas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas,
vos - particularmente nos diálogos - que comumente se faz uso
etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número:
das interjeições com o objetivo de caracterizar personagens e,
milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais são invariáveis.
também, graças à sua natureza sintética, agilizar as falas. Natu-
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
reza sintética e conteúdo mais emocional do que racional fazem
primeiro segundo milésimo
das interjeições presença constante nos textos publicitários.
primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
Fonte: primeiras segundas milésimas
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89.php
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam
Numeral em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e conse-
guiram o triplo de produção.
Numeral é a palavra que indica os seres em termos nu- Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais fle-
méricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa xionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas do
em determinada sequência. medicamento.
Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco. Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e nú-
[quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”] mero. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas ter-
ças partes
Eu quero café duplo, e você? Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dú-
...[duplo: numeral = atributo numérico de “café”] zia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos
A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor! numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sentido.
...[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequência É o que ocorre em frases como:
de “fila”] “Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que O time está arriscado por ter caído na segundona. (= se-
os números indicam em relação aos seres. Assim, quando gunda divisão de futebol)
a expressão é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se
trata de numerais, mas sim de algarismos. Emprego dos Numerais
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala- *Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes
vras consideradas numerais porque denotam quantidade, em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo
proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década, dú- e a partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois
zia, par, ambos(as), novena. do substantivo:
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Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são larga-
mente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância da solidariedade. Ambos agora participam das atividades
comunitárias de seu bairro.
Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.
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Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o tra- Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nossa
tamento. escola neste ano.
Instrumento = Escreveu a lápis. [nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância
Posse = Não posso doar as roupas da mamãe. adequada]
Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom. [neste: pronome que determina “ano” = concordância
Companhia = Estarei com ele amanhã. adequada]
Matéria = Farei um cartão de papel reciclado. [ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor-
Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco. dância inadequada]
Origem = Nós somos do Nordeste, e você? Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume. demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista. Pronomes Pessoais
Essa moça morava nos meus sonhos! Os pronomes retos apresentam flexão de número, gêne-
[qualificação do nome] ro (apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a prin-
cipal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa
Grande parte dos pronomes não possuem significados forma, o quadro dos pronomes retos é assim configurado:
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro
de um contexto, o qual nos permite recuperar a referência - 1ª pessoa do singular: eu
exata daquilo que está sendo colocado por meio dos pro- - 2ª pessoa do singular: tu
nomes no ato da comunicação. Com exceção dos prono- - 3ª pessoa do singular: ele, ela
mes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes têm - 1ª pessoa do plural: nós
por função principal apontar para as pessoas do discurso ou - 2ª pessoa do plural: vós
a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação no tempo - 3ª pessoa do plural: eles, elas
ou no espaço. Em virtude dessa característica, os pronomes
apresentam uma forma específica para cada pessoa do dis- Atenção: esses pronomes não costumam ser usados
curso. como complementos verbais na língua-padrão. Frases como
“Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas
[minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala] na língua formal escrita ou falada. Na língua formal, devem
ser usados os pronomes oblíquos correspondentes: “Vi-o na
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-me até aqui”.
[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se fala]
Obs.: frequentemente observamos a omissão do pronome
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias for-
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem se fala] mas verbais marcam, através de suas desinências, as pessoas do
verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos boa viagem. (Nós)
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em número Pronome Oblíquo
(singular ou plural). Assim, espera-se que a referência atra-
vés do pronome seja coerente em termos de gênero e nú- Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sen-
mero (fenômeno da concordância) com o seu objeto, mes- tença, exerce a função de complemento verbal (objeto dire-
mo quando este se apresenta ausente no enunciado. to ou indireto) ou complemento nominal.
Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
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LÍNGUA PORTUGUESA
Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante do Pronome Oblíquo Tônico
pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função diversa
que eles desempenham na oração: pronome reto marca o sujeito Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos
da oração; pronome oblíquo marca o complemento da oração. por preposições, em geral as preposições a, para, de e com.
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com a Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função de
acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos. objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica forte.
O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim con-
Pronome Oblíquo Átono figurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não - 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica - 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
fraca: Ele me deu um presente. - 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim con- - 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
figurado: - 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas
- 1ª pessoa do singular (eu): me
- 2ª pessoa do singular (tu): te Observe que as únicas formas próprias do pronome tô-
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As
- 1ª pessoa do plural (nós): nos demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.
- 2ª pessoa do plural (vós): vos - As preposições essenciais introduzem sempre prono-
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da lín-
Observações: gua formal, os pronomes costumam ser usados desta forma:
O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se apre- Não há mais nada entre mim e ti.
senta na forma contraída, ou seja, houve a união entre o Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por acompa- Não há nenhuma acusação contra mim.
nhar diretamente uma preposição, o pronome “lhe” exerce Não vá sem mim.
sempre a função de objeto indireto na oração.
Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos Atenção: Há construções em que a preposição, apesar
diretos como objetos indiretos. de surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma
Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo
objetos diretos. pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pronome,
Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combi- deverá ser do caso reto.
nar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
como mo, mos , ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no Não vá sem eu mandar.
-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Observe
o uso dessas formas nos exemplos que seguem: - A combinação da preposição “com” e alguns pronomes
- Trouxeste o pacote? originou as formas especiais comigo, contigo, consigo, conos-
- Sim, entreguei-to ainda há pouco. co e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos frequente-
- Não contaram a novidade a vocês? mente exercem a função de adjunto adverbial de companhia.
- Não, no-la contaram. Ele carregava o documento consigo.
No português do Brasil, essas combinações não são - As formas “conosco” e “convosco” são substituídas por
usadas; até mesmo na língua literária atual, seu emprego é “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são re-
muito raro. forçados por palavras como outros, mesmos, próprios, todos,
ambos ou algum numeral.
Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas Você terá de viajar com nós todos.
especiais depois de certas terminações verbais. Quando o Estávamos com vós outros quando chegaram as más no-
verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome assume a forma tícias.
lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a terminação verbal é Ele disse que iria com nós três.
suprimida. Por exemplo:
fiz + o = fi-lo Pronome Reflexivo
fazeis + o = fazei-lo
dizer + a = dizê-la São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito
Quando o verbo termina em som nasal, o pronome as- da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação ex-
sume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo: pressa pelo verbo.
viram + o: viram-no O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado:
repõe + os = repõe-nos - 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.
retém + a: retém-na Eu não me vanglorio disso.
tem + as = tem-nas Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.
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LÍNGUA PORTUGUESA
A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se quando utilizamos pronomes que, apesar de indicarem nosso interlo-
cutor (portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pessoa. É o caso dos chamados pronomes de tratamento, que
podem ser observados no quadro seguinte:
Pronomes de Tratamento
Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no
tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento familiar. Você e vocês são largamente empregados no português
do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito à
linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.
Observações:
a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes de tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em relação
à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.
*Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.
- Os pronomes de tratamento representam uma forma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao tratarmos
um deputado por Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos endereçando à excelência que esse deputado supostamente
tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
- 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3ª
pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar na
3ª pessoa.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
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LÍNGUA PORTUGUESA
5- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblí- - semelhante(s): Não compre semelhante livro.
quos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe os
passos. (= Vou seguir seus passos.) - tal, tais: Tal era a solução para o problema.
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LÍNGUA PORTUGUESA
O antecedente do pronome relativo pode ser o prono- - “Onde”, como pronome relativo, sempre possui ante-
me demonstrativo o, a, os, as. cedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa
Não sei o que você está querendo dizer. onde morava foi assaltada.
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem ex-
presso. - Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou
Quem casa, quer casa. em que.
Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
Observe: no exterior.
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, - Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa-
quantas. lavras:
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde. - como (= pelo qual): Não me parece correto o modo
como você agiu semana passada.
Note que: - quando (= em que): Bons eram os tempos quando po-
- O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, díamos jogar videogame.
sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser substi-
tuído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu ante- - Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
cedente for um substantivo. numa só frase.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual) O futebol é um esporte.
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a O povo gosta muito deste esporte.
qual) O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
quais) - Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de gen-
quais) te que conversava, (que) ria, (que) fumava.
- O pronome “cujo” não concorda com o seu antece- O pronome pessoal é do caso reto quando tem função
dente, mas com o consequente. Equivale a do qual, da qual, de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo
dos quais, das quais. quando desempenha função de complemento. Vamos en-
Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas. tender, primeiramente, como o pronome pessoal surge na
(antecedente) (consequente) frase e que função exerce. Observe as orações:
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
- “Quanto” é pronome relativo quando tem por antece- 2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
dente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo: lhe ajudar.
Emprestei tantos quantos foram necessários.
(antecedente) Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele”
Ele fez tudo quanto havia falado. exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
(antecedente) reto. Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe”
exercendo função de complemento, e, consequentemente,
- O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre é do caso oblíquo.
precedido de preposição. Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso,
É um professor a quem muito devemos. o pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para
(preposição) a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se
devia ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe).
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LÍNGUA PORTUGUESA
Importante: Em observação à segunda oração, o em- O substantivo Barcelona designa apenas um ser da es-
prego do pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do ver- pécie cidade. Esse substantivo é próprio. Substantivo Pró-
bo intransitivo “ajudar” porque o pronome oblíquo pode prio: é aquele que designa os seres de uma mesma espécie
estar antes, depois ou entre locução verbal, caso o verbo de forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
principal (no caso “ajudar”) esteja no infinitivo ou gerúndio.
Eu desejo lhe perguntar algo. 2 - Substantivos Concretos e Abstratos
Eu estou perguntando-lhe algo.
LÂMPADA MALA
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, di- Os substantivos lâmpada e mala designam seres com
ferentemente dos segundos que são sempre precedidos de existência própria, que são independentes de outros seres.
preposição. São substantivos concretos.
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu
estava fazendo. Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o existe, independentemente de outros seres.
que eu estava fazendo.
Obs.: os substantivos concretos designam seres do
Substantivo mundo real e do mundo imaginário.
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Subs- Brasília, etc.
tantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, as quais Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantasma,
denominam os seres. Além de objetos, pessoas e fenôme- etc.
nos, os substantivos também nomeiam:
-lugares: Alemanha, Porto Alegre... Observe agora:
-sentimentos: raiva, amor... Beleza exposta
-estados: alegria, tristeza... Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual.
-qualidades: honestidade, sinceridade...
-ações: corrida, pescaria... O substantivo beleza designa uma qualidade.
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Com raras exceções, nomes de cidades são femininos. - Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
A histórica Ouro Preto. se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara-
A dinâmica São Paulo. col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul e
A acolhedora Porto Alegre. cônsules.
Uma Londres imensa e triste.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre. - Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
duas maneiras:
Gênero e Significação - Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
Muitos substantivos têm uma significação no masculino
e outra no feminino. Observe: o baliza (soldado que, que à Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas
frente da tropa, indica os movimentos que se deve realizar em maneiras: répteis ou reptis (pouco usada).
conjunto; o que vai à frente de um bloco carnavalesco, mane-
jando um bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca - Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
um limite ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça duas maneiras:
(parte do corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a - Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a capital - Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariá-
(cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma (cabeleira), o veis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), a coral (cobra
venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na administração - Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural de
da crisma e de outros sacramentos), a crisma (sacramento da três maneiras.
confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de curar), o estepe - substituindo o -ão por -ões: ação - ações
(pneu sobressalente), a estepe (vasta planície de vegetação), o - substituindo o -ão por -ães: cão - cães
guia (pessoa que guia outras), a guia (documento, pena gran- - substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
de das asas das aves), o grama (unidade de peso), a grama
(relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa (recipiente, setor - Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o
de pagamentos), o lente (professor), a lente (vidro de aumen- látex - os látex.
to), o moral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes, Plural dos Substantivos Compostos
ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte),
o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria-fu- -A formação do plural dos substantivos compostos de-
maça (locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a pala pende da forma como são grafados, do tipo de palavras que
(parte anterior do boné ou quepe, anteparo), o rádio (apare- formam o composto e da relação que estabelecem entre si.
lho receptor), a rádio (estação emissora), o voga (remador), a Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se como
voga (moda, popularidade). os substantivos simples: aguardente/aguardentes, giras-
sol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malmequeres.
Flexão de Número do Substantivo O plural dos substantivos compostos cujos elementos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
Em português, há dois números gramaticais: o singular, discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:
que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica do - Flexionam-se os dois elementos, quando formados de:
plural é o “s” final. substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
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- Flexiona-se somente o segundo elemento, quando Plural dos Nomes Próprios Personativos
formados de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sem-
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e pre que a terminação preste-se à flexão.
alto- -falantes Os Napoleões também são derrotados.
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos As Raquéis e Esteres.
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Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura
variações de tamanho dos seres. Classifica-se em: dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce-
- Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento
normal. Por exemplo: casa tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, nutro, por
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai
do ser. Classifica-se em: no radical, mas sim na terminação verbal: opinei, aprenderão,
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjeti- nutriríamos.
vo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indica- Classificação dos Verbos
dor de aumento. Por exemplo: casarão.
- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho Classificam-se em:
do ser. Pode ser: - Regulares: são aqueles que possuem as desinências
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca al-
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena. terações no radical: canto cantei cantarei cantava
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indica- cantasse.
dor de diminuição. Por exemplo: casinha. - Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações
no radical ou nas desinências: faço fiz farei fizesse.
Verbo - Defectivos: são aqueles que não apresentam conju-
gação completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais
Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pes- e pessoais:
soa, número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros * Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Nor-
processos: ação (correr); estado (ficar); fenômeno (chover); malmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
principais verbos impessoais são:
ocorrência (nascer); desejo (querer).
** haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-
O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os
se ou fazer (em orações temporais).
seus possíveis significados. Observe que palavras como cor-
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
rida, chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
alguns verbos mencionados acima; não apresentam, porém,
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
todas as possibilidades de flexão que esses verbos possuem.
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz)
Estrutura das Formas Verbais ** fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode Era primavera quando a conheci.
apresentar os seguintes elementos: Estava frio naquele dia.
** Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza
- Radical: é a parte invariável, que expressa o significa- são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhe-
do essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. cer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci
(radical fal-) mal- -humorado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sen-
- Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica tido figurado. Qualquer verbo impessoal, empregado em
a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal.
São três as conjugações: 1ª - Vogal Temática - A - (falar), Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
2ª - Vogal Temática - E - (vender), 3ª - Vogal Temática - I - Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
(partir). Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
- Desinência modo-temporal: é o elemento que desig-
na o tempo e o modo do verbo. Por exemplo: ** São impessoais, ainda:
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.) 1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando
falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.) tempo: Já passa das seis.
- Desinência número-pessoal: é o elemento que desig- 2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição de,
na a pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular indicando suficiência: Basta de tolices. Chega de blasfêmias.
ou plural): 3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está bem,
falamos (indica a 1ª pessoa do plural.) Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem referên-
falavam (indica a 3ª pessoa do plural.) cia a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda, nesse
caso, classificar o sujeito como hipotético, tornando-se, tais
Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados verbos, então, pessoais.
(compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois 4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de
a forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar “ser possível”. Por exemplo:
de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas Não deu para chegar mais cedo.
formas do verbo: põe, pões, põem, etc. Dá para me arrumar uns trocados?
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* Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
A fruta amadureceu.
As frutas amadureceram.
Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada: Teu irmão amadureceu
bastante.
Entre os unipessoais estão os verbos que significam vozes de animais; eis alguns: bramar: tigre, bramir: crocodilo, cacarejar:
galinha, coaxar: sapo, cricrilar: grilo
2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de fumar.)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláudia. (Sujeito: que não vejo Cláudia)
Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.
* Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
- verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que
provavelmente causaria problemas de interpretação em certos contextos.
- verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do indicativo computo, computas, computa - formas de
sonoridade considerada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de
formas verbais repudiadas por alguns gramáticos: exemplo disso é o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento e
a popularização da informática, tem sido conjugado em todos os tempos, modos e pessoas.
- Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma
ocorrer no particípio, em que, além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas
(particípio irregular). Observe:
- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir, Pôr, Ser, Saber (vou, vais,
ides, fui, foste, pus, pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).
- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal,
quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar as moscas.
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)
Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.
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Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês
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Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Pret.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam
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LÍNGUA PORTUGUESA
Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Preté.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
Tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam
- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mesma
pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no próprio
sentido do verbo (reflexivos essenciais). Veja:
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abs-
ter-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já está
implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mesma,
pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante do
verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia reflexiva
expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem
- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto represen-
tado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em geral, os
verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados, formando
o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: Maria se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo:
Maria penteou-me.
Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
- Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente pronomi-
nais, são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito,
exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me (objeto direto) - 1ª pessoa do singular
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- Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três - Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocor-
pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não rer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do im- estudará as lições amanhã.
pessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu) - Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocor-
1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós) rer posteriormente a um determinado fato passado: Se eu
2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós) tivesse dinheiro, viajaria nas férias.
3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles)
Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma 2. Tempos do Subjuntivo
boa colocação.
- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no mo-
- Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo mento atual: É conveniente que estudes para o exame.
ou advérbio. Por exemplo: - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de ad- posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse
vérbio) o jogo.
Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função de ad- Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas cons-
jetivo) truções em que se expressa a ideia de condição ou desejo.
Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeo-
Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em nato.
curso; na forma composta, uma ação concluída. Por exem-
plo: - Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocor-
Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro. rer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele
Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro. vier à loja, levará as encomendas.
Obs.: o futuro do presente é também usado em frases
- Particípio: quando não é empregado na formação dos que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele
tempos compostos, o particípio indica geralmente o resul- vier à loja, levará as encomendas.
tado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero,
número e grau. Por exemplo:
Terminados os exames, os candidatos saíram.
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Presente do Indicativo
Pretérito mais-que-perfeito
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Presente do Subjuntivo
Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do indi-
cativo pela desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).
Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número e
pessoa correspondente.
Futuro do Subjuntivo
Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-
se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa
correspondente.
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Modo Imperativo
Imperativo Afirmativo
Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa
do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:
Imperativo Negativo
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.
Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido ou
conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).
Infinitivo Pessoal
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RESOLUÇÃO 9-)
Vamos aos itens:
1-) a) queres – Presente do Indicativo = eu quero, tu queres -
É comum que objetos sejam esquecidos em locais correta.
públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se b) queria – Futuro do Pretérito do Indicativo = eu quereria,
as pessoas mantivessem a atenção voltada para seus per- tu quererias, ele quereria - incorreta.
tences, conservando-os junto ao corpo. c) quisera – Pretérito mais-que-perfeito do Indicativo = eu
quisera, ele quisera – correta.
2-) d) queira – Presente do Subjuntivo = que eu queira, que tu
Analisemos: queiras, que ele queira - correta
a) No Brasil, a sociedade têm várias questões. = a socie- e) quisesse – Pretérito Imperfeito do Subjuntivo = se eu qui-
sesse, se tu quisesses, se ele quisesse – correta.
dade tem (verbo no singular)
RESPOSTA: B
b) O jovem têm um grande desafio pela frente. = o jo-
vem tem (verbo no singular)
10-)
c) As pessoas tem muitos planos. = as pessoas têm (ver-
I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de madei-
bo no plural)
ra no animal.
d) A mentira tem perna curta. = correta
II. Existiam muitos ferimentos no boi.
RESPOSTA: D
III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida mo-
vimentada.
3-) Haver – sentido de existir= invariável, impessoal;
Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se existir = variável. Portanto, temos:
de um ser cujas interações sociais terminam, 99% das vezes, I – Existiam onze pessoas...
diante da pergunta “débito ou crédito?”. II – Havia muitos ferimentos...
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de III – Existia muita gente...
classificar segundo ideias preconcebidas.
Vozes do Verbo
4-)
(B) Funcionando como um imenso sistema de informa- Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo para
ção e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme ar- indicar se o sujeito gramatical é agente ou paciente da ação. São
quivo virtual. = verbo no futuro do pretérito três as vozes verbais:
- Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação
5-) expressa pelo verbo. Por exemplo:
Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do Ele fez o trabalho.
Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós pode- sujeito agente ação objeto (paciente)
ríamos, vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração é
crescimento econômico (singular), portanto, terceira pessoa - Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a ação
do singular (ele) = poderia. expressa pelo verbo. Por exemplo:
O trabalho foi feito por ele.
6-) sujeito paciente ação agente da passiva
(B) Não haverá prova do crime se o réu se mantiver em
silêncio. - Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agente e
(C) Vão pagar horas-extras aos que se dispuserem a tra- paciente, isto é, pratica e recebe a ação. Por exemplo:
balhar no feriado. O menino feriu-se.
(D) Ficarão surpresos quando o virem com a toga...
(E) Se você quiser a promoção, é necessário que a re- Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com a
queira a seu superior. noção de reciprocidade: Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
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A voz passiva pode ser formada por dois processos: ana- Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substan-
lítico e sintético. cialmente o sentido da frase.
1- Voz Passiva Analítica Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa)
Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particípio Sujeito da Ativa objeto Direto
do verbo principal. Por exemplo:
A escola será pintada. A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Passiva)
O trabalho é feito por ele. Sujeito da Passiva Agente da Passiva
Obs.: o agente da passiva geralmente é acompanhado Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o
da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a sujeito da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo as-
preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados. sumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo. Observe
- Pode acontecer ainda que o agente da passiva não es- mais exemplos:
teja explícito na frase: A exposição será aberta amanhã. - Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transformação mestres.
das frases seguintes:
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo) - Eu o acompanharei.
O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indi- Ele será acompanhado por mim.
cativo)
Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: Prejudi-
O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo) caram-me. / Fui prejudicado.
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RESOLUÇÃO
6. - CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
1-)
No enunciado temos uma oração com a voz passiva do
verbo. Transformando-a em ativa, teremos: “O Instituto Sou
da Paz divulgou dados”. Nessa, “Instituto Sou da Paz” funciona Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos
como sujeito da oração, ou seja, na passiva sua função é a de referindo à relação de dependência estabelecida entre um
agente da passiva. O sujeito paciente é “os dados”. termo e outro mediante um contexto oracional. Desta feita,
os agentes principais desse processo são representados pelo
2-) sujeito, que no caso funciona como subordinante; e o verbo,
Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. = Ele o qual desempenha a função de subordinado.
foi abatido... Dessa forma, temos que a concordância verbal caracte-
riza-se pela adaptação do verbo, tendo em vista os quesitos
3-) “número e pessoa” em relação ao sujeito. Exemplificando,
... valores e princípios que sejam percebidos pela socieda- temos: O aluno chegou atrasado. Temos que o verbo apre-
de como tais = dois verbos na voz passiva, então teremos um senta-se na terceira pessoa do singular, pois faz referência a
na ativa: que a sociedade perceba os valores e princípios... um sujeito, assim também expresso (ele). Como poderíamos
também dizer: os alunos chegaram atrasados.
4-)
As ruas estavam ocupadas pela multidão = dois verbos na Casos referentes a sujeito simples
passiva, um verbo na ativa:
A multidão ocupava as ruas. 1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com o
núcleo em número e pessoa: O aluno chegou atrasado.
5-)
B = as impressoras foram adquiridas... 2) Nos casos referentes a sujeito representado por subs-
C = família numerosa é sustentada... tantivo coletivo, o verbo permanece na terceira pessoa do
D – foi acolhido como patrono... singular: A multidão, apavorada, saiu aos gritos.
E – a primeira grande folhetaria do Recife foi montada... Observação:
- No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto
6-) adnominal no plural, o verbo permanecerá no singular ou
O engajamento moral e político não chegou a consti- poderá ir para o plural:
tuir um deslocamento da atenção intelectual de Said = dois Uma multidão de pessoas saiu aos gritos.
verbos na voz ativa, mas com presença de preposição e, um Uma multidão de pessoas saíram aos gritos.
deles, no infinitivo, então o verbo auxiliar “ser” ficará no in-
finitivo (na voz passiva) e o verbo principal (constituir) ficará 3) Quando o sujeito é representado por expressões par-
no particípio: Um deslocamento da atenção intelectual de titivas, representadas por “a maioria de, a maior parte de, a
Said não chegou a ser constituído pelo engajamento... metade de, uma porção de” entre outras, o verbo tanto pode
concordar com o núcleo dessas expressões quanto com o
7-) substantivo que a segue: A maioria dos alunos resolveu ficar.
’sertanejo’ indicava indistintamente as músicas produzidas A maioria dos alunos resolveram ficar.
no interior do país.
As músicas produzidas no país eram indicadas pelo serta- 4) No caso de o sujeito ser representado por expressões
nejo, indistintamente. aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o ver-
bo concorda com o substantivo determinado por elas: Cerca
8-) de mil candidatos se inscreveram no concurso.
(A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos” = voz ativa
(B) “o consumidor pode solicitar a devolução do dinheiro” 5) Em casos em que o sujeito é representado pela ex-
= voz ativa pressão “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais
(C) “enviar o brinquedo por sedex” = voz ativa de um candidato se inscreveu no concurso de piadas.
(D) “A empresa também é obrigada pelo Código de Defesa Observação:
do Consumidor” = voz passiva - No caso da referida expressão aparecer repetida ou
(E) “A empresa fez campanha para recolher” = voz ativa associada a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo,
necessariamente, deverá permanecer no plural:
9-) Mais de um aluno, mais de um professor contribuíram na
Mais tarde vim a entender a tradução completa... campanha de doação de alimentos.
A tradução completa veio a ser entendida por mim. Mais de um formando se abraçaram durante as solenida-
des de formatura.
10-) ele empreende, de maneira quase clandestina, a sé-
rie Mulheres. 6) Quando o sujeito for composto da expressão “um dos
A série de mulheres é empreendida por ele, de maneira que”, o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi um dos
quase clandestina. que atuaram na Copa América.
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7) Em casos relativos à concordância com locuções pro- Casos referentes a sujeito composto
nominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário 1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas
nos atermos a duas questões básicas: gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estan-
- No caso de o primeiro pronome estar expresso no plu- do relacionado a dois pressupostos básicos:
ral, o verbo poderá com ele concordar, como poderá tam- - Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as
bém concordar com o pronome pessoal: Alguns de nós o demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio.
receberemos. / Alguns de nós o receberão. - Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar
- Quando o primeiro pronome da locução estiver ex- na 2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. Tu e ele são pri-
presso no singular, o verbo permanecerá, também, no sin- mos.
gular: Algum de nós o receberá.
2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer ante-
8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo pro- posto ao verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus dois
nome “quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do filhos compareceram ao evento.
singular ou poderá concordar com o antecedente desse pro-
nome: Fomos nós quem contou toda a verdade para ela. / 3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao ver-
Fomos nós quem contamos toda a verdade para ela. bo, este poderá concordar com o núcleo mais próximo ou
permanecer no plural: Compareceram ao evento o pai e seus
9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela dois filhos. Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos.
palavra “que”, o verbo deverá concordar com o termo que
antecede essa palavra: Nesta empresa somos nós que toma- 4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com
mos as decisões. / Em casa sou eu que decido tudo. mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular:
Meu esposo e grande companheiro merece toda a felicidade
10) No caso de o sujeito aparecer representado por ex- do mundo.
pressões que indicam porcentagens, o verbo concordará
com o numeral ou com o substantivo a que se refere essa 5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinô-
porcentagem: 50% dos funcionários aprovaram a decisão nimas ou ordenado por elementos em gradação, o verbo
da diretoria. / 50% do eleitorado apoiou a decisão. poderá permanecer no singular ou ir para o plural: Minha
vitória, minha conquista, minha premiação são frutos de meu
Observações: esforço. / Minha vitória, minha conquista, minha premiação é
- Caso o verbo apareça anteposto à expressão de por- fruto de meu esforço.
centagem, esse deverá concordar com o numeral: Aprova-
ram a decisão da diretoria 50% dos funcionários. Concordância nominal é o ajuste que fazemos aos de-
- Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no sin- mais termos da oração para que concordem em gênero e
gular: 1% dos funcionários não aprovou a decisão da diretoria. número com o substantivo. Teremos que alterar, portanto,
- Em casos em que o numeral estiver acompanhado de o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso,
determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os temos também o verbo, que se flexionará à sua maneira.
50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria. Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome
concordam em gênero e número com o substantivo.
11) Nos casos em que o sujeito estiver representado por - A pequena criança é uma gracinha.
pronomes de tratamento, o verbo deverá ser empregado na - O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
terceira pessoa do singular ou do plural: Vossas Majesta-
des gostaram das homenagens. Vossa Majestade agradeceu Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à re-
o convite. gra geral mostrada acima.
a) Um adjetivo após vários substantivos
12) Casos relativos a sujeito representado por substan- - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o
tivo próprio no plural se encontram relacionados a alguns plural ou concorda com o substantivo mais próximo.
aspectos que os determinam: - Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do ver- - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
bo ser, este permanece no singular, contanto que o predica-
tivo também esteja no singular: Memórias póstumas de Brás - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural
Cubas é uma criação de Machado de Assis. masculino ou concorda com o substantivo mais próximo.
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo tam- - Ela tem pai e mãe louros.
bém permanece no plural: Os Estados Unidos são uma po- - Ela tem pai e mãe loura.
tência mundial.
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoria-
ele nem aparece, o verbo permanece no singular: Estados mente para o plural.
Unidos é uma potência mundial. - O homem e o menino estavam perdidos.
- O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.
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02. (Agente Técnico – FCC – 2013). As normas de concor- (C) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou
dância verbal e nominal estão inteiramente respeitadas em: até agora uma maneira adequada para que os insumos bá-
A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa lei- sicos sejam quantificado.
tura, que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimora- (D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
mento intelectual, estão na capacidade de criação do autor, trou até agora uma maneira adequada para que os insumos
mediante palavras, sua matéria-prima. básicos seja quantificado.
B) Obras que se considera clássicas na literatura sempre (E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
delineia novos caminhos, pois é capaz de encantar o leitor trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem
ao ultrapassar os limites da época em que vivem seus auto- os insumos básicos.
res, gênios no domínio das palavras, sua matéria-prima.
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhe 05. (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINISTRATIVO
permitem criar todo um mundo de ficção, em que persona- - VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as frases do texto:
gens se transformam em seres vivos a acompanhar os leito- I. Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota negati-
res, numa verdadeira interação com a realidade. va...
D) As possibilidades de comunicação entre autor e leitor II. ... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior classifi-
somente se realiza plenamente caso haja afinidade de ideias cação do continente americano (2,0)...
entre ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o crescimen- Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases I e
to intelectual deste último e o prazer da leitura. II, a concordância segue as mesmas regras, na ordem dos
E) Consta, na literatura mundial, obras-primas que cons- exemplos, em:
titui leitura obrigatória e se tornam referências por seu con- (A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o próxi-
teúdo que ultrapassa os limites de tempo e de época. mo ano. Será que alguém tem opinião diferente da maioria?
(B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas juninas.
03. (Escrevente TJ-SP – Vunesp/2012) Leia o texto para Vêm pessoas de muito longe para brincar de quadrilha.
responder à questão. (C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. Quase
_________dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não todos quiseram ficar até o nascer do sol na praia.
está claro até onde pode realmente chegar uma política ba- (D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, mas
seada em melhorar a eficiência sem preços adequados para também existem umas que não merecem nossa atenção.
o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a terra. É (E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam.
verdade que mesmo que a ameaça dos preços do carbono e
da água em si ___________diferença, as companhias não po- 06. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
dem suportar ter de pagar, de repente, digamos, 40 dólares Os folheteiros vivem em feiras, mercados, praças e locais de
por tonelada de carbono, sem qualquer preparação. Portan- peregrinação.
to, elas começam a usar preços- -sombra. Ainda assim, O verbo da frase acima NÃO pode ser mantido no plural
ninguém encontrou até agora uma maneira de quantificar caso o segmento grifado seja substituído por:
adequadamente os insumos básicos. E sem eles a maioria das (A) Há folheteiros que
políticas de crescimento verde sempre ___________ a segunda (B) A maior parte dos folheteiros
opção. (C) O folheteiro e sua família
(Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado) (D) O grosso dos folheteiros
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, (E) Cada um dos folheteiros
as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e respec- 07. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
tivamente, com: Todas as formas verbais estão corretamente flexionadas em:
(A) Restam… faça… será (A) Enquanto não se disporem a considerar o cordel sem
(B) Resta… faz… será preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir dessas
(C) Restam… faz... serão criações poéticas tão originais.
(D) Restam… façam… serão (B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status atri-
(E) Resta… fazem… será buído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje nas
melhores universidades do país.
04 (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) Assinale a alterna- (C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que
tiva em que o trecho a situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles
– Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma ma- mesmos requizessem o respeito que faziam por merecer.
neira de quantificar adequadamente os insumos básicos.– (D) Se não proveem do preconceito, a desvalorização e
está corretamente reescrito, de acordo com a norma-padrão a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode ser
da língua portuguesa. resultado do puro e simples desconhecimento.
(A) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou (E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu que os proble-
até agora uma maneira adequada de se quantificar os insu- mas dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta de
mos básicos. representatividade.
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
trou até agora uma maneira adequada de os insumos bási-
cos ser quantificados.
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(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- e) No final do século XX já não se via (viam) muitos intelec-
trou até agora uma maneira adequada para que os insumos tuais e escritores como Edward Said, que não apenas era (eram)
básicos sejam quantificados. notícia pelos livros que publicavam como pelas posições que
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- corajosamente assumiam.
trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem os
insumos básicos. = correta 9-)
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) =
5-) Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos “há” permaneceria no singular
aos itens: (B) O que não se sabe ... (ninguém nas regiões do planeta)
(A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém tem = “sabe” permaneceria no singular
(singular) (C) O consumo mundial não dá sinal de trégua ... (O con-
(B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural) sumo mundial de barris de petróleo) = “dá” permaneceria no
(C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quiseram singular
(plural) (D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se no
(D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem umas custo da matéria-prima... Constantes aumentos) = “reflete”
(plural) passaria para “refletem-se”
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas as (E) o tema das mudanças climáticas pressiona os esforços
formas estão no plural) mundiais... (a preocupação em torno das mudanças climáti-
cas) = “pressiona” permaneceria no singular
6-)
A - Há folheteiros que vivem (concorda com o objeto “fo- 10-) Fiz as correções:
lheterios”) (A) Fazem dez anos = faz (sentido de tempo = singular)
B – A maior parte dos folheteiros vivem/vive (opcional) (B) Ainda existe muitas pessoas = existem
C – O folheteiro e sua família vivem (sujeito composto) (C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos riscos
D – O grosso dos folheteiros vive/vivem (opcional) (D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era sete
E – Cada um dos folheteiros vive = somente no singular da manhã = eram
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, co-
7-) Coloquei entre parênteses a forma verbal correta: meçou = começaram
(A) Enquanto não se disporem (dispuserem) a considerar o
cordel sem preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir
dessas criações poéticas tão originais.
(B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status atri- 7. - REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
buído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje nas
melhores universidades do país.
(C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que a si-
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação
tuação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles mesmos
que ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus comple-
requizessem (requeressem) o respeito que faziam por merecer.
(D) Se não proveem (provêm) do preconceito, a desvalori- mentos. Ocupa-se em estabelecer relações entre as palavras,
zação e a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode criando frases não ambíguas, que expressem efetivamente o
(podem) ser resultado do puro e simples desconhecimento. sentido desejado, que sejam corretas e claras.
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu (entreviu) que os
problemas dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta Regência Verbal
de representatividade.
Termo Regente: VERBO
8-) Fiz as correções entre parênteses:
a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como en- A regência verbal estuda a relação que se estabelece en-
tre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofisticadas às tre os verbos e os termos que os complementam (objetos
mais humildes, são (é) cada vez mais comuns (comum) nos dias diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos ad-
de hoje. verbiais).
b) A importância de intelectuais como Edward Said e Tony O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nos-
Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões polêmicas sa capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de
de seu tempo, não estão (está) apenas nos livros que escreve- conhecermos as diversas significações que um verbo pode
ram. assumir com a simples mudança ou retirada de uma prepo-
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre ára- sição. Observe:
bes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto sofrimento, A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, con-
estejam (esteja) próximos (próximo) de serem (ser) resolvidos tentar.
(resolvido) ou pelo menos de terem (ter) alguma trégua. A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar agra-
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a verda- do ou prazer”, satisfazer.
de, ainda que conscientes de que esta é até certo ponto relativa, Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
costumam encontrar muito mais detratores que admiradores. “agradar a alguém”.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Os verbos transitivos diretos são complementados por Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição quando exprime aquilo a que se responde, admite voz pas-
para o estabelecimento da relação de regência. Ao empregar siva analítica. Veja:
esses verbos, devemos lembrar que os pronomes oblíquos O questionário foi respondido corretamente.
o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes po- Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.
dem assumir as formas lo, los, la, las (após formas verbais
terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após formas - Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e lhes são, tos introduzidos pela preposição “com”.
quando complementos verbais, objetos indiretos. Antipatizo com aquela apresentadora.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abandonar, Simpatizo com os que condenam os políticos que gover-
abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, nam para uma minoria privilegiada.
adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar,
condenar, conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, es-
timar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger,
respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.
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Paguei o débito ao cobrador. - A construção “dizer para”, também muito usada po-
Objeto Direto Objeto Indireto pularmente, é igualmente considerada incorreta.
Pedir ASPIRAR
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na - Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar
forma de oração subordinada substantiva) e indireto de pes- (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
soa.
- Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
Pedi-lhe favores. como ambição: Aspirávamos a melhores condições de vida.
Objeto Indireto Objeto Direto (Aspirávamos a elas)
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva pessoa, mas coisa, não se usam as formas pronominais áto-
Objetiva Direta nas “lhe” e “lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela
(s)”. Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
Aspiravam a ela)
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LÍNGUA PORTUGUESA
ASSISTIR IMPLICAR
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar - Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
assistência a, auxiliar. Por exemplo: a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. implicavam um firme propósito.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los. b) Ter como consequência, trazer como consequência,
acarretar, provocar: Liberdade de escolha implica amadureci-
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- mento político de um povo.
ciar, estar presente, caber, pertencer. Exemplos:
Assistimos ao documentário. - Como transitivo direto e indireto, significa comprome-
Não assisti às últimas sessões. ter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões eco-
Essa lei assiste ao inquilino. nômicas.
Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é tran-
intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de sitivo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa quem não trabalhasse arduamente.
conturbada cidade.
PROCEDER
CHAMAR - Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
- Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, so- cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se, agir.
licitar a atenção ou a presença de. Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado de ad-
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá cha- junto adverbial de modo.
má-la. As afirmações da testemunha procediam, não havia
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. como refutá-las.
Você procede muito mal.
- Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apre-
sentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo-
preposicionado ou não.
sição” de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido
A torcida chamou o jogador mercenário.
pela preposição “a”) é transitivo indireto.
A torcida chamou ao jogador mercenário.
O avião procede de Maceió.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
Procedeu-se aos exames.
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
O delegado procederá ao inquérito.
CUSTAR
QUERER
- Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: - Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
Frutas e verduras não deveriam custar muito. vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo Queremos um país melhor.
ou transitivo indireto.
Muito custa viver tão longe da família. - Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
Verbo Oração Subordinada Substantiva estimar, amar.
Subjetiva Quero muito aos meus amigos.
Intransitivo Reduzida de Infinitivo Ele quer bem à linda menina.
Despede-se o filho que muito lhe quer.
Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela
atitude. VISAR
Objeto Oração Subordinada Substantiva - Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar,
Subjetiva fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
Indireto Reduzida de Infinitivo O homem visou o alvo.
O gerente não quis visar o cheque.
Obs.: a Gramática Normativa condena as construções
que atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por - No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como
pessoa. Observe: objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
Custei para entender o problema. O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Forma correta: Custou-me entender o problema. Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
público.
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LÍNGUA PORTUGUESA
ESQUECER – LEMBRAR
- Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)
No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto, tran-
sitivos indiretos:
- Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alteração
de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto bra-
sileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
- Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
- Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma
coisa).
SIMPATIZAR
Transitivo indireto e exige a preposição “com”: Não simpatizei com os jurados.
NAMORAR
É transitivo direto, ou seja, não admite preposição: Maria namora João.
OBEDECER
É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com a preposição “a” (obedecer a): Devemos obedecer aos pais.
Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usado na voz passiva: A fila não foi obedecida.
VER
É transitivo direto, ou seja, não exige preposição: Ele viu o filme.
Regência Nominal
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome.
Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que vá-
rios nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa,
nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes correspondentes:
todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atenta-
mente e procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de
Advérbios
Longe de Perto de
Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; para-
lelamente a; relativa a; relativamente a.
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
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LÍNGUA PORTUGUESA
03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.). 06. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assinale
... constava simplesmente de uma vareta quebrada em a alternativa correta quanto à regência dos termos em des-
partes desiguais... taque.
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que (A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a res-
o grifado acima está empregado em: ponsabilidade pelo problema.
A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a (B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter
extremos de sutileza. se perdido.
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado (C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho de
nos troncos mais robustos. um índio na porta do prédio.
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados deso- (D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se
rientam, não raro, quem... perdido de sua família.
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho (E) A família toda se organizou para realizar a procura
na serra de Tunuí... à garotinha.
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o
gentio, mestre e colaborador... 07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013). Assinale a
alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacu-
04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.). nas do texto, de acordo com as regras de regência.
... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem cor-
o da frase acima se encontra em: poral e a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
A) A palavra direito, em português, vem de directum, do A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que a
verbo latino dirigere... mídia pode exercer sobre os jovens.
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das A) dos … na
sociedades... B) nos … entre a
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado C) aos … para a
pela justiça. D) sobre os … pela
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspira- E) pelos … sob a
ções da justiça...
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sen- 08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças
timento de justiça. Públicas – VUNESP – 2013). Considerando a norma-padrão
da língua, assinale a alternativa em que os trechos desta-
05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2012) Assinale a alterna- cados estão corretos quanto à regência, verbal ou nominal.
tiva em que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais de
de junho de 2012, está correto quanto à regência nominal e dez mil tomadas.
à pontuação. B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapida- um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
mente, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de
seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exemplo, criar logotipos e negociar.
do que em outros. D) O taxista levou o autor a indagar no número de to-
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapida- madas do edifício.
mente seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor repa-
seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!, rasse a um prédio na marginal.
do que em outros.
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam rapida- 09. (Assistente de Informática II – VUNESP – 2013). As-
mente seu espaço, na carreira científica, ainda que o avanço sinale a alternativa que substitui a expressão destacada na
seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um exemplo, frase, conforme as regras de regência da norma-padrão da
do que em outros. língua e sem alteração de sentido.
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida- Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de
mente seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço direitos dos trabalhadores domésticos.
seja mais notável em alguns países – o Brasil é um exemplo A) da
– do que em outros. B) na
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamen- C) pela
te, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja D) sob a
mais notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do E) sobre a
que em outros.
GABARITO
61
LÍNGUA PORTUGUESA
RESOLUÇÃO 6-)
(B) A menina tinha o receio de levar uma bronca por ter
1-) ... a que ponto a astronomia facilitou a obra das ou- se perdido.
tras ciências ... (C) A garota tinha apenas a lembrança do desenho de
Facilitar – verbo transitivo direto um índio na porta do prédio.
A) ...astros que ficam tão distantes ... = verbo de ligação (D) A menina não tinha orgulho do fato de ter se perdi-
B) ...que a astronomia é uma das ciências ... = verbo de do de sua família.
ligação (E) A família toda se organizou para realizar a procura
C) ...que nos proporcionou um espírito ... = verbo transi- pela garotinha.
tivo direto e indireto
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro = 7-) Os estudos aos quais a pesquisadora se reportou
verbo transitivo indireto já assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem
corporal e a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
2-) ... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito A pesquisa faz um alerta para a influência negativa
nos filhos do sueco. que a mídia pode exercer sobre os jovens.
Pedir = verbo transitivo direto e indireto
A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... = tran- 8-)
sitivo direto B) O autor fez conjecturas sobre a possibilidade de haver
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? =verbo de um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
ligação C) Centenas de trabalhadores estão empenhados em
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia... criar logotipos e negociar.
=verbo intransitivo D) O taxista levou o autor a indagar sobre o número de
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevi- tomadas do edifício.
mento. =transitivo direto E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor repa-
rasse em um prédio na marginal.
3-) ... constava simplesmente de uma vareta quebrada
em partes desiguais... 9-) Muitas organizações lutaram pela igualdade de
Constar = verbo intransitivo direitos dos trabalhadores domésticos.
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado
nos troncos mais robustos. =ligação
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados deso-
rientam, não raro, quem... =transitivo direto 8. - COLOCAÇÃO PRONOMINAL
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho
na serra de Tunuí... = transitivo direto
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o Colocação Pronominal
gentio, mestre e colaborador...=transitivo direto
A colocação pronominal é a posição que os pronomes
4-) ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao
Lidar = transitivo indireto verbo a que se referem. São pronomes oblíquos átonos: me,
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das te, se, o, os, a, as, lhe, lhes, nos e vos.
sociedades... =transitivo direto O pronome oblíquo átono pode assumir três posições
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado na oração em relação ao verbo:
pela justiça. =ligação 1. próclise: pronome antes do verbo
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspira- 2. ênclise: pronome depois do verbo
ções da justiça... =transitivo direto e indireto 3. mesóclise: pronome no meio do verbo
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sen-
timento de justiça. =transitivo direto Próclise
5-) A correção do item deve respeitar as regras de pon- A próclise é aplicada antes do verbo quando temos:
tuação também. Assinalei apenas os desvios quanto à regên- - Palavras com sentido negativo:
cia (pontuação encontra-se em tópico específico) Nada me faz querer sair dessa cama.
(A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam, Não se trata de nenhuma novidade.
(B) Não há dúvida de que (erros quanto à pon-
tuação) - Advérbios:
(C) Não há dúvida de que as mulheres, (erros quanto Nesta casa se fala alemão.
à pontuação) Naquele dia me falaram que a professora não veio.
(E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida-
mente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço - Pronomes relativos:
seja mais notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje.
do que em outros. Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram.
62
LÍNGUA PORTUGUESA
A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta Os pronomes “elas” e “eles”, em destaque no texto, refe-
não aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos áto- rem-se, respectivamente, a
nos. A ênclise vai acontecer quando: (A) dúvidas e preços.
- O verbo estiver no imperativo afirmativo: (B) dúvidas e insumos básicos.
Amem-se uns aos outros. (C) companhias e insumos básicos.
Sigam-me e não terão derrotas. (D) companhias e preços do carbono e da água.
(E) políticas de crescimento e preços adequados.
- O verbo iniciar a oração:
Diga-lhe que está tudo bem. 02. (AGENTE DE APOIO ADMINISTRATIVO – FCC – 2013-
Chamaram-me para ser sócio. adap.). Fazendo-se as alterações necessárias, o trecho grifa-
do está corretamente substituído por um pronome em:
- O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da pre- A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-lo
posição “a”: B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-
Naquele instante os dois passaram a odiar-se. lhes desalentado
Passaram a cumprimentar-se mutuamente. C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de
conhecê-lo?
- O verbo estiver no gerúndio: D) ...não parecia ser um importante industrial... − não
Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de despreo- parecia ser-lhe
cupada. E) incomodaram o general... − incomodaram-no
Despediu-se, beijando-me a face.
03.(AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – FCC – 2013-
- Houver vírgula ou pausa antes do verbo: adap.). A substituição do elemento grifado pelo pronome
Se passar no concurso em outra cidade, mudo-me no correspondente, com os necessários ajustes, foi realizada de
mesmo instante. modo INCORRETO em:
Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas. A) mostrando o rio= mostrando-o.
B) como escolher sítio= como escolhê-lo.
Mesóclise C) transpor [...] as matas espessas= transpor-lhes.
D) Às estreitas veredas[...] nada acrescentariam = nada
A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado lhes acrescentariam.
no futuro do presente ou no futuro do pretérito: E) viu uma dessas marcas= viu uma delas.
A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela
se realizará) 04. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VUNESP – 2013). Assi-
Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma pro- nale a alternativa em que o pronome destacado está posi-
posta a você) cionado de acordo com a norma-padrão da língua.
(A) Ela não lembrava-se do caminho de volta.
(B) A menina tinha distanciado-se muito da família.
(C) A garota disse que perdeu-se dos pais.
(D) O pai alegrou-se ao encontrar a filha.
(E) Ninguém comprometeu-se a ajudar a criança.
63
LÍNGUA PORTUGUESA
05. (ESCREVENTE TJ SP – VUNESP 2011). Assinale a al- (A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
ternativa cujo emprego do pronome está em conformidade (B) devoravam-lhe − impedi-las − convencer-lhes
com a norma padrão da língua. (C) devoravam-no − impedi-las − convencer-lhes
(A) Não autorizam-nos a ler os comentários sigilosos. (D) devoravam-nos − impedir-lhe − convencê-los
(B) Nos falaram que a diplomacia americana está aba- (E) devoravam-lhes − impedi-la − convencê-los
lada.
(C) Ninguém o informou sobre o caso WikiLeaks. 10. (AGENTE DE VIGILÂNCIA E RECEPÇÃo – VUNESP –
(D) Conformado, se rendeu às punições. 2013- adap.). No trecho, – Em ambos os casos, as câmeras
(E) Todos querem que combata-se a corrupção. dos estabelecimentos felizmente comprovam os aconteci-
mentos, e testemunhas vão ajudar a polícia na investigação.
06. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL - VUNESP - 2013). Assi- – de acordo com a norma-padrão, os pronomes que substi-
nale a alternativa correta quanto à colocação pronominal, de tuem, corretamente, os termos em destaque são:
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. A) os comprovam … ajudá-la.
(A) Para que se evite perder objetos, recomenda-se que B) os comprovam …ajudar-la.
eles sejam sempre trazidos junto ao corpo. C) os comprovam … ajudar-lhe.
(B) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situação D) lhes comprovam … ajudar-lhe.
de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida. E) lhes comprovam … ajudá-la.
(C) Nos sentimos impotentes quando não conseguimos
restituir um objeto à pessoa que o perdeu. GABARITO
(D) O homem se indignou quando propuseram-lhe que
abrisse a bolsa que encontrara. 01. C 02. E 03. C 04. D 05. C
(E) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma ten- 06. A 07. C 08. E 09. A 10. A
dência natural das pessoas em devolvê-los a seus donos.
RESOLUÇÃO
07. (AGENTE DE APOIO OPERACIONAL – VUNESP –
2013).
1-)
Há pessoas que, mesmo sem condições, compram produ-
Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro,
tos______ não necessitam e______ tendo de pagar tudo______
não está claro até onde pode realmente chegar uma políti-
prazo.
ca baseada em melhorar a eficiência sem preços adequados
Assinale a alternativa que preenche as lacunas, correta
para o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a
e respectivamente, considerando a norma culta da língua.
terra. É verdade que mesmo que a ameaça dos preços do
A) a que … acaba … à
carbono e da água faça em si diferença, as companhias não
B) com que … acabam … à
C) de que … acabam … a podem suportar ter de pagar, de repente, digamos, 40 dó-
D) em que … acaba … a lares por tonelada de carbono, sem qualquer preparação.
E) dos quais … acaba … à Portanto, elas começam a usar preços-sombra. Ainda assim,
ninguém encontrou até agora uma maneira de quantificar
08. (AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO – VUNESP adequadamente os insumos básicos. E sem eles a maioria
– 2013-adap.). Assinale a alternativa que substitui, correta e das políticas de crescimento verde sempre será a segunda
respectivamente, as lacunas do trecho. opção.
______alguns anos, num programa de televisão, uma jo-
vem fazia referência______ violência______ o brasileiro estava 2-)
sujeito de forma cômica. A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-los
A) Fazem... a ... de que B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-os
B) Faz ...a ... que desalentado
C) Fazem ...à ... com que C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de
D) Faz ...à ... que conhecê-las ?
E) Faz ...à ... a que D) ...não parecia ser um importante industrial... − não
parecia sê-lo
09. (TRF 3ª REGIÃO- TÉCNICO JUDICIÁRIO - /2014)
As sereias então devoravam impiedosamente os tripu- 3-)
lantes. transpor [...] as matas espessas= transpô-las
... ele conseguiu impedir a tripulação de perder a cabe-
ça... 4-)
... e fez de tudo para convencer os tripulantes... (A) Ela não se lembrava do caminho de volta.
(B) A menina tinha se distanciado muito da família.
Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos gri- (C) A garota disse que se perdeu dos pais.
fados acima foram corretamente substituídos por um pro- (E) Ninguém se comprometeu a ajudar a criança
nome, na ordem dada, em:
64
LÍNGUA PORTUGUESA
5-)
(A) Não nos autorizam a ler os comentários sigilosos. 9. - CRASE
(B) Falaram-nos que a diplomacia americana está aba-
lada.
(D) Conformado, rendeu-se às punições.
(E) Todos querem que se combata a corrupção. A palavra crase é de origem grega e significa “fusão”, “mis-
tura”. Na língua portuguesa, é o nome que se dá à “junção” de
6-) duas vogais idênticas. É de grande importância a crase da pre-
posição “a” com o artigo feminino “a” (s), com o “a” inicial dos
(B) O passageiro ao lado jamais se imaginou na situação
pronomes aquele(s), aquela (s), aquilo e com o “a” do relativo
de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida.
a qual (as quais). Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para
(C) Sentimo-nos impotentes quando não conseguimos
indicar a crase. O uso apropriado do acento grave depende da
restituir um objeto à pessoa que o perdeu. compreensão da fusão das duas vogais. É fundamental tam-
(D) O homem indignou-se quando lhe propuseram que bém, para o entendimento da crase, dominar a regência dos
abrisse a bolsa que encontrara. verbos e nomes que exigem a preposição “a”. Aprender a usar
(E) Em se tratando de objetos encontrados, há uma ten- a crase, portanto, consiste em aprender a verificar a ocorrên-
dência natural das pessoas em devolvê-los a seus donos. cia simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome.
Observe:
7-) Vou a + a igreja.
Há pessoas que, mesmo sem condições, compram pro- Vou à igreja.
dutos de que não necessitam e acabam tendo de
pagar tudo a prazo. No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição “a”,
exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do arti-
8-) go “a” que está determinando o substantivo feminino igreja.
Faz alguns anos, num programa de televisão, uma jo- Quando ocorre esse encontro das duas vogais e elas se unem,
vem fazia referência à violência a que o brasileiro estava a união delas é indicada pelo acento grave. Observe os outros
sujeito de forma cômica. exemplos:
Conheço a aluna.
Faz, no sentido de tempo passado = sempre no singular
Refiro-me à aluna.
9-)
No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhe-
devoravam - verbo terminado em “m” = pronome oblí- cer algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não
quo no/na (fizeram-na, colocaram-no) pode ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indi-
impedir - verbo transitivo direto = pede objeto direto; reto (referir--se a algo ou a alguém) e exige a preposição “a”.
“lhe” é para objeto indireto Portanto, a crase é possível, desde que o termo seguinte seja
convencer - verbo transitivo direto = pede objeto direto; feminino e admita o artigo feminino “a” ou um dos pronomes
“lhe” é para objeto indireto já especificados.
(A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
Casos em que a crase NÃO ocorre:
10-)
– Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimentos - diante de substantivos masculinos:
felizmente comprovam os acontecimentos, e testemunhas Andamos a cavalo.
vão ajudar a polícia na investigação. Fomos a pé.
felizmente os comprovam ... ajudá-la Passou a camisa a ferro.
(advérbio) Fazer o exercício a lápis.
Compramos os móveis a prazo.
65
LÍNGUA PORTUGUESA
Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes podem ser identificados pelo método: troque a palavra femi-
nina por uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao, ocorrerá crase. Por exemplo:
Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo indivíduo.)
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao senhor.)
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio Cláudio para sair mais cedo.)
- diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de” (mesmo que a expressão moda de fique subentendida):
O jogador fez um gol à (moda de) Pelé.
Usava sapatos à (moda de) Luís XV.
Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho.
O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro.
- na indicação de horas:
Acordei às sete horas da manhã.
Elas chegaram às dez horas.
Foram dormir à meia-noite.
- em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de que participam palavras femininas. Por exemplo:
à tarde às ocultas às pressas à medida que
à noite às claras às escondidas à força
à vontade à beça à larga à escuta
às avessas à revelia à exceção de à imitação de
à esquerda às turras às vezes à chave
à direita à procura à deriva à toa
à luz à sombra de à frente de à proporção que
à semelhança de às ordens à beira de
Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do artigo “a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que
diante deles haverá crase, desde que o termo regente exija a preposição “a”. Para saber se um nome de lugar admite ou não
a anteposição do artigo feminino “a”, deve-se substituir o termo regente por um verbo que peça a preposição “de” ou “em”.
A ocorrência da contração “da” ou “na” prova que esse nome de lugar aceita o artigo e, por isso, haverá crase. Por exemplo:
Vou à França. (Vim da [de+a] França. Estou na [em+a] França.)
Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto Alegre.)
*- Dica da Zê!: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou A volto DE, crase PRA QUÊ?”
Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
Vou à praia. = Volto da praia.
66
LÍNGUA PORTUGUESA
Aquele (s), Aquela (s), Aquilo Se a palavra distância estiver especificada, determinada,
a crase deve ocorrer. Por exemplo: Sua casa fica à distância
Haverá crase diante desses pronomes sempre que o ter- de 100km daqui. (A palavra está determinada)
mo regente exigir a preposição “a”. Por exemplo: Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A
Refiro-me a + aquele atentado. palavra está especificada.)
Preposição Pronome
Refiro-me àquele atentado. Se a palavra distância não estiver especificada, a crase
não pode ocorrer. Por exemplo:
O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo Os militares ficaram a distância.
indireto referir (referir-se a algo ou alguém) e exige prepo- Gostava de fotografar a distância.
sição, portanto, ocorre a crase. Observe este outro exemplo: Ensinou a distância.
Aluguei aquela casa. Dizem que aquele médico cura a distância.
Reconheci o menino a distância.
O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não
exige preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. Veja Observação: por motivo de clareza, para evitar ambigui-
outros exemplos: dade, pode-se usar a crase. Veja:
Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho. Gostava de fotografar à distância.
Quero agradecer àqueles que me socorreram. Ensinou à distância.
Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai. Dizem que aquele médico cura à distância.
Não obedecerei àquele sujeito.
Assisti àquele filme três vezes. Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA
Espero aquele rapaz.
Fiz aquilo que você disse. - diante de nomes próprios femininos:
Comprei aquela caneta. Observação: é facultativo o uso da crase diante de no-
mes próprios femininos porque é facultativo o uso do artigo.
Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais Observe:
Paula é muito bonita. Laura é minha amiga.
A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga.
e as quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses
pronomes exigir a preposição “a”, haverá crase. É possível Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo
detectar a ocorrência da crase nesses casos utilizando a feminino diante de nomes próprios femininos, então pode-
substituição do termo regido feminino por um termo regido mos escrever as frases abaixo das seguintes formas:
masculino. Por exemplo: Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a Roberto.
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade. Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao Ro-
O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade. berto.
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a - diante de pronome possessivo feminino:
crase. Veja outros exemplos: Observação: é facultativo o uso da crase diante de pro-
São normas às quais todos os alunos devem obedecer. nomes possessivos femininos porque é facultativo o uso do
Esta foi a conclusão à qual ele chegou. artigo. Observe:
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está esperando
responder nenhuma das questões. por você.
A sessão à qual assisti estava vazia. A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está espe-
rando por você.
Crase com o Pronome Demonstrativo “a” Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de
pronomes possessivos femininos, então podemos escrever
A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo as frases abaixo das seguintes formas:
“a” também pode ser detectada através da substituição do Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.
termo regente feminino por um termo regido masculino. Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.
Veja:
Minha revolta é ligada à do meu país. - depois da preposição até:
Meu luto é ligado ao do meu país. Fui até a praia. ou Fui até à praia.
As orações são semelhantes às de antes. Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à por-
Os exemplos são semelhantes aos de antes. ta.
Suas perguntas são superiores às dele. A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A
Seus argumentos são superiores aos dele. palestra vai até às cinco horas da tarde.
Sua blusa é idêntica à de minha colega.
Seu casaco é idêntico ao de minha colega.
67
LÍNGUA PORTUGUESA
02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013).Leia 06. O Ministro informou que iria resistir _____ pressões
o texto a seguir. contrárias _____ modificações relativas _____ aquisição da casa
Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, cor- própria.
reu ______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira a) às - àquelas _ à
causa do procedimento de Camilo. Vimos que ______ carto- b) as - aquelas - a
mante restituiu--lhe ______ confiança, e que o rapaz repreen- c) às àquelas - a
deu-a por ter feito o que fez. d) às - aquelas - à
(Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. e) as - àquelas - à
Rio de Janeiro: Globo, 1997, p. 6)
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na 07. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
ordem dada: NESP – 2013-adap) O acento indicativo de crase está corre-
A) à – a – a tamente empregado em:
B) a – a – à A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas
C) à – a – à com as dificuldades para lidar com as frustrações de seus
D) à – à – a desejos.
E) a – à – à B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações
nos mecanismos biológicos de controle emocional.
03 “Nesta oportunidade, volto ___ referir-me ___ proble- C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade.
mas já expostos ___ V. Sª ___ alguns dias”. D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade
a) à - àqueles - a - há alimentam a violência crescente nas cidades.
b) a - àqueles - a - há E) Um ambiente desfavorável à formação da personali-
c) a - aqueles - à - a dade atinge os mais vulneráveis.
d) à - àqueles - a - a
e) a - aqueles - à - há 08. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013).
O sinal indicativo de crase está correto em:
04.(Agente Técnico – FCC – 2013-adap.) Claro que não A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na
me estou referindo a essa vulgar comunicação festiva e área de biotecnologia.
efervescente. B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar à
O vocábulo a deverá receber o sinal indicativo de crase educação dos filhos.
se o segmento grifado for substituído por: C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as
A) leitura apressada e sem profundidade. instalações do prédio.
B) cada um de nós neste formigueiro. D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer de-
C) exemplo de obras publicadas recentemente. talhe que envolva a segurança das pessoas.
D) uma comunicação festiva e virtual. E) É função da política é dedicar-se à todo problema que
E) respeito de autores reconhecidos pelo público. comprometa o bem-estar do cidadão.
68
LÍNGUA PORTUGUESA
09. (Agente Educacional – VUNESP – 2013). Assinale a - Apoio a ? Regência nominal pede preposição;
alternativa em que a sequência da frase a seguir traz o uso - retorno a? regência nominal pede preposição;
correto do acento indicativo de crase, de acordo com a nor- - antes de verbo no infinitivo não há crase.
ma-padrão da língua portuguesa.
6-) O Ministro informou que iria resistir _às__ pressões
Um bom conhecimento de matemática é indispensável contrárias àquelas_ modificações relativas __à_ aquisição da
A) à todo e qualquer estudante. casa própria.
B) à estudantes de nível superior. - resistir a? regência verbal pede preposição;
C) à quem pretende carreiras no campo de exatas. - contrária a? regência nominal pede preposição;
D) à construção do saber nas mais diversas áreas. - relativas a? regência nominal pede preposição.
E) à uma boa formação profissional.
7-)
GABARITO A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas
com as dificuldades para lidar com as frustrações de seus
01. B 02. A 03. B 04. A 05. D desejos. (antes de verbo no infinitivo não há crase)
06. A 07. E 08. B 09. D B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações nos
mecanismos biológicos de controle emocional. (se o “a”
RESOLUÇÃO está no singular e antecede palavra no plural, não há crase)
C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade.
1-) limitar-se _aos _aspectos jurídicos ou policiais. (artigo indefinido)
Raro ler __a__respeito (antes de palavra masculina D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade
não há crase) alimentam a violência crescente nas cidades. (palavra mas-
de reintegração desses_à_ vida. (reintegrar a + a vida culina)
= à) E) Um ambiente desfavorável à formação da personali-
o nome de um médico ou clínica __a_quem tentar en- dade atinge os mais vulneráveis. = correta (regência nomi-
caminhar um drogado da nossa própria família? (antes de nal: desfavorável a?)
pronome indefinido/relativo)
8-)
2-) correu _à (= para a ) cartomante para consultá-la so- A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na
bre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos área de biotecnologia. (artigo indefinido)
que _a__cartomante (objeto direto)restituiu-lhe ___a___ con- B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar
fiança (objeto direto), e que o rapaz repreendeu-a por ter à educação dos filhos. = correta (regência verbal: dedicar a )
feito o que fez. C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as
instalações do prédio. (verbo no infinitivo)
3-) “Nesta oportunidade, volto _a_ referir-me àqueles__ D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer
problemas já expostos a _ V. Sª _há_ alguns dias”. detalhe que envolva a segurança das pessoas. (pronome
- a referir = antes de verbo no infinito não há crase; indefinido)
- quem faz referência, faz referência A algo ou A alguém E) É função da política é dedicar-se à todo problema que
( a regência do verbo pede preposição) comprometa o bem-estar do cidadão. (pronome indefinido)
- antes de pronome de tratamento não há crase (exce-
ção à senhora, que admite artigo); 9-) Um bom conhecimento de matemática é indispensá-
- há no sentido de tempo passado. vel à construção do saber nas mais diversas áreas.
A) à todo e qualquer estudante. (pronome indefinido)
4-) Claro que não me estou referindo à leitura apressada B) à estudantes de nível superior. (“a” no singular antes
e sem profundidade. de palavra no plural)
a cada um de nós neste formigueiro. (antes de pronome C) à quem pretende carreiras no campo de exatas. (pro-
indefinido) nome indefinido/relativo)
a exemplo de obras publicadas recentemente. (palavra E) à uma boa formação profissional. (artigo indefinido)
masculina)
a uma comunicação festiva e virtual. (artigo indefinido)
a respeito de autores reconhecidos pelo público. (pa-
lavra masculina)
69
LÍNGUA PORTUGUESA
ANOTAÇÕES
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NOÇÕES DE DIREITO
2. Noções de Direito................................................................................................................................................................................................ 01
2.1. Constituição Federal: artigos 1.º a 14, 37, 41 e 144...................................................................................................................... 01
2.2. Direitos Humanos – conceito e evolução histórica....................................................................................................................... 52
2.2.1. Estado Democrático de Direito.......................................................................................................................................................... 52
2.2.2. Direitos Humanos e Cidadania........................................................................................................................................................... 52
2.3. Direito Penal:...................................................................................................................................................................................................... 63
2.3.1. Crime doloso e crime culposo............................................................................................................................................................ 63
2.3.2. Crime consumado e crime tentado.................................................................................................................................................. 67
2.3.3. Desistência voluntária, arrependimento eficaz e arrependimento posterior................................................................... 68
2.3.4. Dos Crimes contra a Vida – artigos 121 a 128............................................................................................................................. 69
2.3.5. Das Lesões Corporais – artigo 129................................................................................................................................................... 71
2.3.6. Dos Crimes contra o Patrimônio – artigos 155 a 180............................................................................................................... 72
2.3.7. Dos Crimes Praticados por Funcionário Público contra a Administração em Geral – artigos 312 a 327............. 82
2.4. Legislação:........................................................................................................................................................................................................... 86
2.4.1. Lei n.º 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro).......................................................................................................................... 86
2.4.2. Lei Orgânica da Polícia do Estado de São Paulo (Lei Complementar n.º 207 de 05.01.1979, Lei Complementar
n.º 922/02 e Lei Complementar n.º 1.151/11).......................................................................................................................................132
2.4.3. Lei Federal n.º 12.527 de 18.11.2011 (Lei de Acesso à Informação) e Decreto Estadual n.º 58.052 de
16.05.2012............................................................................................................................................................................................................160
NOÇÕES DE DIREITO
1
NOÇÕES DE DIREITO
Cidadão é o nacional, isto é, aquele que possui o vín- conquista da humanidade, razão pela qual auferiram pro-
culo político-jurídico da nacionalidade com o Estado, que teção especial consistente em indenização por dano moral
goza de direitos políticos, ou seja, que pode votar e ser decorrente de sua violação”5.
votado (sufrágio universal). Para Reale6, a evolução histórica demonstra o domínio
Destacam-se os seguintes conceitos correlatos: de um valor sobre o outro, ou seja, a existência de uma
a) Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político que liga ordem gradativa entre os valores; mas existem os valores
um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele fundamentais e os secundários, sendo que o valor fonte
passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim é o da pessoa humana. Nesse sentido, são os dizeres de
de direitos e obrigações. Reale7: “partimos dessa ideia, a nosso ver básica, de que a
b) Povo: conjunto de pessoas que compõem o Estado, pessoa humana é o valor-fonte de todos os valores. O ho-
unidas pelo vínculo da nacionalidade. mem, como ser natural biopsíquico, é apenas um indivíduo
c) População: conjunto de pessoas residentes no Esta- entre outros indivíduos, um ente animal entre os demais
do, nacionais ou não. da mesma espécie. O homem, considerado na sua obje-
Depreende-se que a cidadania é um atributo conferido tividade espiritual, enquanto ser que só realiza no sentido
aos nacionais titulares de direitos políticos, permitindo a de seu dever ser, é o que chamamos de pessoa. Só o ho-
consolidação do sistema democrático. mem possui a dignidade originária de ser enquanto deve
ser, pondo-se essencialmente como razão determinante do
1.3) Dignidade da pessoa humana processo histórico”.
A dignidade da pessoa humana é o valor-base de inter- Quando a Constituição Federal assegura a dignidade
pretação de qualquer sistema jurídico, internacional ou na- da pessoa humana como um dos fundamentos da Repúbli-
cional, que possa se considerar compatível com os valores ca, faz emergir uma nova concepção de proteção de cada
éticos, notadamente da moral, da justiça e da democracia. membro do seu povo. Tal ideologia de forte fulcro huma-
Pensar em dignidade da pessoa humana significa, acima de nista guia a afirmação de todos os direitos fundamentais
tudo, colocar a pessoa humana como centro e norte para e confere a eles posição hierárquica superior às normas
qualquer processo de interpretação jurídico, seja na elabo- organizacionais do Estado, de modo que é o Estado que
ração da norma, seja na sua aplicação. está para o povo, devendo garantir a dignidade de seus
Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou membros, e não o inverso.
plena, é possível conceituar dignidade da pessoa humana
como o principal valor do ordenamento ético e, por con- 1.4) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
sequência, jurídico que pretende colocar a pessoa humana Quando o constituinte coloca os valores sociais do tra-
como um sujeito pleno de direitos e obrigações na or- balho em paridade com a livre iniciativa fica clara a percep-
dem internacional e nacional, cujo desrespeito acarreta a ção de necessário equilíbrio entre estas duas concepções.
própria exclusão de sua personalidade. De um lado, é necessário garantir direitos aos trabalhado-
Aponta Barroso4: “o princípio da dignidade da pessoa res, notadamente consolidados nos direitos sociais enume-
humana identifica um espaço de integridade moral a ser rados no artigo 7º da Constituição; por outro lado, estes
assegurado a todas as pessoas por sua só existência no direitos não devem ser óbice ao exercício da livre iniciativa,
mundo. É um respeito à criação, independente da crença mas sim vetores que reforcem o exercício desta liberdade
que se professe quanto à sua origem. A dignidade rela- dentro dos limites da justiça social, evitando o predomínio
ciona-se tanto com a liberdade e valores do espírito como do mais forte sobre o mais fraco.
com as condições materiais de subsistência”. Por livre iniciativa entenda-se a liberdade de iniciar
O Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, do a exploração de atividades econômicas no território bra-
Tribunal Superior do Trabalho, trouxe interessante conceito sileiro, coibindo-se práticas de truste (ex.: monopólio). O
numa das decisões que relatou: “a dignidade consiste na constituinte não tem a intenção de impedir a livre inicia-
percepção intrínseca de cada ser humano a respeito dos tiva, até mesmo porque o Estado nacional necessita dela
direitos e obrigações, de modo a assegurar, sob o foco de para crescer economicamente e adequar sua estrutura ao
condições existenciais mínimas, a participação saudável e atendimento crescente das necessidades de todos os que
ativa nos destinos escolhidos, sem que isso importe des- nele vivem. Sem crescimento econômico, nem ao menos é
tilação dos valores soberanos da democracia e das liber- possível garantir os direitos econômicos, sociais e culturais
dades individuais. O processo de valorização do indivíduo afirmados na Constituição Federal como direitos funda-
articula a promoção de escolhas, posturas e sonhos, sem mentais.
olvidar que o espectro de abrangência das liberdades in-
5 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso de Re-
dividuais encontra limitação em outros direitos fundamen-
vista n. 259300-59.2007.5.02.0202. Relator: Alberto Luiz Bresciani
tais, tais como a honra, a vida privada, a intimidade, a ima- de Fontan Pereira. Brasília, 05 de setembro de 2012j1. Disponível em:
gem. Sobreleva registrar que essas garantias, associadas ao www.tst.gov.br. Acesso em: 17 nov. 2012.
princípio da dignidade da pessoa humana, subsistem como 6 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: Sa-
4 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da raiva, 2002, p. 228.
Constituição. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 382. 7 Ibid., p. 220.
2
NOÇÕES DE DIREITO
3
NOÇÕES DE DIREITO
3.4) Promover o bem de todos, sem preconceitos de dial. Na verdade, o próprio compromisso de respeito aos
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas direitos humanos traduz a limitação das ações estatais, que
de discriminação sempre devem se guiar por eles. Logo, o Brasil é um país in-
Ainda no ideário de justiça social, coloca-se o princípio dependente, que não responde a nenhum outro, mas que
da igualdade como objetivo a ser alcançado pela República como qualquer outro possui um dever para com a huma-
brasileira. Sendo assim, a república deve promover o prin- nidade e os direitos inatos a cada um de seus membros.
cípio da igualdade e consolidar o bem comum. Em verda-
de, a promoção do bem comum pressupõe a prevalência 4.2) Prevalência dos direitos humanos
do princípio da igualdade. O Estado existe para o homem e não o inverso. Portan-
Sobre o bem de todos, isto é, o bem comum, o filósofo to, toda normativa existe para a sua proteção como pessoa
Jacques Maritain8 ressaltou que o fim da sociedade é o seu humana e o Estado tem o dever de servir a este fim de pre-
bem comum, mas esse bem comum é o das pessoas huma- servação. A única forma de fazer isso é adotando a pessoa
nas, que compõem a sociedade. Com base neste ideário, humana como valor-fonte de todo o ordenamento, o que
somente é possível com a compreensão de que os direitos
apontou as características essenciais do bem comum: re-
humanos possuem uma posição prioritária no ordenamen-
distribuição, pela qual o bem comum deve ser redistribuído
to jurídico-constitucional.
às pessoas e colaborar para o desenvolvimento delas; res-
Conceituar direitos humanos é uma tarefa complicada,
peito à autoridade na sociedade, pois a autoridade é ne- mas, em síntese, pode-se afirmar que direitos humanos são
cessária para conduzir a comunidade de pessoas humanas aqueles inerentes ao homem enquanto condição para sua
para o bem comum; moralidade, que constitui a retidão de dignidade que usualmente são descritos em documentos
vida, sendo a justiça e a retidão moral elementos essenciais internacionais para que sejam mais seguramente garanti-
do bem comum. dos. A conquista de direitos da pessoa humana é, na verda-
de, uma busca da dignidade da pessoa humana.
4) Princípios de relações internacionais (artigo 4º)
O último artigo do título I trabalha com os princípios 4.3) Autodeterminação dos povos
que regem as relações internacionais da República brasi- A premissa dos direitos políticos é a autodeterminação
leira: dos povos. Neste sentido, embora cada Estado tenha obri-
gações de direito internacional que deve respeitar para a
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas adequada consecução dos fins da comunidade internacio-
relações internacionais pelos seguintes princípios: nal, também tem o direito de se autodeterminar, sendo que
I - independência nacional; tal autodeterminação é feita pelo seu povo.
II - prevalência dos direitos humanos; Se autodeterminar significa garantir a liberdade do
III - autodeterminação dos povos; povo na tomada das decisões políticas, logo, o direito à
IV - não-intervenção; autodeterminação pressupõe a exclusão do colonialismo.
V - igualdade entre os Estados; Não se aceita a ideia de que um Estado domine o outro,
VI - defesa da paz; tirando a sua autodeterminação.
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 4.4) Não-intervenção
IX - cooperação entre os povos para o progresso da hu- Por não-intervenção entenda-se que o Estado brasilei-
manidade; ro irá respeitar a soberania dos demais Estados nacionais.
X - concessão de asilo político. Sendo assim, adotará práticas diplomáticas e respeitará as
decisões políticas tomadas no âmbito de cada Estado, eis
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil bus-
que são paritários na ordem internacional.
cará a integração econômica, política, social e cultural dos
povos da América Latina, visando à formação de uma comu-
4.5) Igualdade entre os Estados
nidade latino-americana de nações. Por este princípio se reconhece uma posição de pari-
dade, ou seja, de igualdade hierárquica, na ordem interna-
De maneira geral, percebe-se na Constituição Federal a cional entre todos os Estados. Em razão disso, cada Estado
compreensão de que a soberania do Estado nacional bra- possuirá direito de voz e voto na tomada de decisões polí-
sileiro não permite a sobreposição em relação à soberania ticas na ordem internacional em cada organização da qual
dos demais Estados, bem como de que é necessário respei- faça parte e deverá ter sua opinião respeitada.
tar determinadas práticas inerentes ao direito internacional
dos direitos humanos. 4.6) Defesa da paz
O direito à paz vai muito além do direito de viver num
4.1) Independência nacional mundo sem guerras, atingindo o direito de ter paz social,
A formação de uma comunidade internacional não sig- de ver seus direitos respeitados em sociedade. Os direitos
nifica a eliminação da soberania dos países, mas apenas e liberdades garantidos internacionalmente não podem
uma relativização, limitando as atitudes por ele tomadas ser destruídos com fundamento nas normas que surgiram
em prol da preservação do bem comum e da paz mun- para protegê-los, o que seria controverso. Em termos de
8 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natural. relações internacionais, depreende-se que deve ser sempre
3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967, p. 20-22. priorizada a solução amistosa de conflitos.
4
NOÇÕES DE DIREITO
4.7) Solução pacífica dos conflitos A cooperação internacional deve ser especialmente
Decorrendo da defesa da paz, este princípio remete econômica e técnica, a fim de conseguir progressivamente
à necessidade de diplomacia nas relações internacionais. a plena efetividade dos direitos humanos fundamentais in-
Caso surjam conflitos entre Estados nacionais, estes deve- ternacionalmente reconhecidos.
rão ser dirimidos de forma amistosa. Os países devem colaborar uns com os outros, o que é
Negociação diplomática, serviços amistosos, bons ofí- possível mediante a integração no âmbito de organizações
cios, mediação, sistema de consultas, conciliação e inqué- internacionais específicas, regionais ou globais.
rito são os meios diplomáticos de solução de controvérsias Em relação a este princípio, o artigo 4º se aprofunda
internacionais, não havendo hierarquia entre eles. Somente em seu parágrafo único, destacando a importância da coo-
o inquérito é um procedimento preliminar e facultativo à peração brasileira no âmbito regional: “A República Fede-
apuração da materialidade dos fatos, podendo servir de rativa do Brasil buscará a integração econômica, política,
base para qualquer meio de solução de conflito9. Concei- social e cultural dos povos da América Latina, visando à for-
tua Neves10: mação de uma comunidade latino-americana de nações”.
- “Negociação diplomática é a forma de autocompo- Neste sentido, o papel desempenhado no MERCOSUL.
sição em que os Estados oponentes buscam resolver suas
divergências de forma direta, por via diplomática”; 4.10) Concessão de asilo político
- “Serviços amistosos é um meio de solução pacífica de Direito de asilo é o direito de buscar abrigo em outro
conflito, sem aspecto oficial, em que o governo designa um país quando naquele do qual for nacional estiver sofren-
diplomada para sua conclusão”; do alguma perseguição. Tal perseguição não pode ter mo-
- “Bons ofícios constituem o meio diplomático de so- tivos legítimos, como a prática de crimes comuns ou de
lução pacífica de controvérsia internacional, em que um atos atentatórios aos princípios das Nações Unidas, o que
subverteria a própria finalidade desta proteção. Em suma,
Estado, uma organização internacional ou até mesmo um
o que se pretende com o direito de asilo é evitar a con-
chefe de Estado apresenta-se como moderador entre os
solidação de ameaças a direitos humanos de uma pessoa
litigantes”;
por parte daqueles que deveriam protegê-los – isto é, os
- “Mediação define-se como instituto por meio do qual
governantes e os entes sociais como um todo –, e não pro-
uma terceira pessoa estranha à contenda, mas aceita pelos
teger pessoas que justamente cometeram tais violações.
litigantes, de forma voluntária ou em razão de estipulação
“Sendo direito humano da pessoa refugiada, é obriga-
anterior, toma conhecimento da divergência e dos argu-
ção do Estado asilante conceder o asilo. Entretanto, preva-
mentos sustentados pelas partes, e propõe uma solução
lece o entendimento que o Estado não tem esta obrigação,
pacífica sujeita à aceitação destas”;
nem de fundamentar a recusa. A segunda parte deste ar-
- “Sistema de Consultas constitui-se em meio diplomá- tigo permite a interpretação no sentido de que é o Estado
tico de solução de litígios em que os Estados ou organiza- asilante que subjetivamente enquadra o refugiado como
ções internacionais sujeitam-se, sem qualquer interferência asilado político ou criminoso comum”11.
pessoal externa, a encontros periódicos com o objetivo de
compor suas divergências”. Direitos e garantias fundamentais
4.8) Repúdio ao terrorismo e ao racismo O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos
Terrorismo é o uso de violência através de ataques lo- e Garantias fundamentais”, gênero que abrange as seguin-
calizados a elementos ou instalações de um governo ou tes espécies de direitos fundamentais: direitos individuais e
da população civil, de modo a incutir medo, terror, e assim coletivos (art. 5º, CF), direitos sociais (genericamente pre-
obter efeitos psicológicos que ultrapassem largamente o vistos no art. 6º, CF), direitos da nacionalidade (artigos 12 e
círculo das vítimas, incluindo, antes, o resto da população 13, CF) e direitos políticos (artigos 14 a 17, CF).
do território. Em termos comparativos à clássica divisão tridimen-
Racismo é a prática de atos discriminatórios baseados sional dos direitos humanos, os direitos individuais (maior
em diferenças étnico-raciais, que podem consistirem vio- parte do artigo 5º, CF), os direitos da nacionalidade e os
lência física ou psicológica direcionada a uma pessoa ou a direitos políticos se encaixam na primeira dimensão (direi-
um grupo de pessoas pela simples questão biológica her- tos civis e políticos); os direitos sociais se enquadram na se-
dada por sua raça ou etnia. gunda dimensão (direitos econômicos, sociais e culturais) e
Sendo o Brasil um país que prega o pacifismo e que é os direitos coletivos na terceira dimensão. Contudo, a enu-
assumidamente pluralista, ambas práticas são considera- meração de direitos humanos na Constituição vai além dos
das vis e devem ser repudiadas pelo Estado nacional. direitos que expressamente constam no título II do texto
constitucional.
4.9) Cooperação entre os povos para o progresso Os direitos fundamentais possuem as seguintes carac-
da humanidade terísticas principais:
9 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público & 11 SANTOS FILHO, Oswaldo de Souza. Comentários aos arti-
Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009, p. 123. gos XIII e XIV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declara-
10 Ibid., p. 123-126. ção Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 83.
5
NOÇÕES DE DIREITO
a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem Atenção para o fato de o constituinte chamar os remé-
antecedentes históricos relevantes e, através dos tempos, dios constitucionais de garantias, e todas as suas fórmulas
adquirem novas perspectivas. Nesta característica se en- de direitos e garantias propriamente ditas apenas de di-
quadra a noção de dimensões de direitos. reitos.
b) Universalidade: os direitos fundamentais perten-
cem a todos, tanto que apesar da expressão restritiva do Direitos e deveres individuais e coletivos
caput do artigo 5º aos brasileiros e estrangeiros residentes
no país tem se entendido pela extensão destes direitos, na O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deveres
perspectiva de prevalência dos direitos humanos. individuais e coletivos”. Da própria nomenclatura do capí-
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não tulo já se extrai que a proteção vai além dos direitos do
possuem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são in- indivíduo e também abrange direitos da coletividade. A
transferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do maior parte dos direitos enumerados no artigo 5º do texto
comércio, o que evidencia uma limitação do princípio da constitucional é de direitos individuais, mas são incluídos
autonomia privada. alguns direitos coletivos e mesmo remédios constitucionais
d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não po- próprios para a tutela destes direitos coletivos (ex.: manda-
dem ser renunciados pelo seu titular devido à fundamenta- do de segurança coletivo).
lidade material destes direitos para a dignidade da pessoa
humana. 1) Brasileiros e estrangeiros
e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção
deixar de ser observados por disposições infraconstitucio- conferida pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamen-
nais ou por atos das autoridades públicas, sob pena de nu- te, “aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”.
lidades. No entanto, tal restrição é apenas aparente e tem sido in-
f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem terpretada no sentido de que os direitos estarão protegi-
um único conjunto de direitos porque não podem ser ana- dos com relação a todas as pessoas nos limites da sobera-
lisados de maneira isolada, separada. nia do país.
g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não
Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode in-
se perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são
gressar com habeas corpus ou mandado de segurança, ou
sempre exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela
então intentar ação reivindicatória com relação a imóvel
falta de uso (prescrição).
seu localizado no Brasil (ainda que não resida no país).
h) Relatividade: os direitos fundamentais não po-
Somente alguns direitos não são estendidos a todas as
dem ser utilizados como um escudo para práticas ilícitas
pessoas. A exemplo, o direito de intentar ação popular exi-
ou como argumento para afastamento ou diminuição da
ge a condição de cidadão, que só é possuída por nacionais
responsabilidade por atos ilícitos, assim estes direitos não
titulares de direitos políticos.
são ilimitados e encontram seus limites nos demais direitos
igualmente consagrados como humanos.
2) Relação direitos-deveres
Vale destacar que a Constituição vai além da proteção O capítulo em estudo é denominado “direitos e garan-
dos direitos e estabelece garantias em prol da preservação tias deveres e coletivos”, remetendo à necessária relação
destes, bem como remédios constitucionais a serem utili- direitos-deveres entre os titulares dos direitos fundamen-
zados caso estes direitos e garantias não sejam preserva- tais. Acima de tudo, o que se deve ter em vista é a premissa
dos. Neste sentido, dividem-se em direitos e garantias as reconhecida nos direitos fundamentais de que não há di-
previsões do artigo 5º: os direitos são as disposições de- reito que seja absoluto, correspondendo-se para cada di-
claratórias e as garantias são as disposições assecuratórias. reito um dever. Logo, o exercício de direitos fundamentais é
O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo limitado pelo igual direito de mesmo exercício por parte de
o direito e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX: “é livre outrem, não sendo nunca absolutos, mas sempre relativos.
a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de Explica Canotilho13 quanto aos direitos fundamentais:
comunicação, independentemente de censura ou licença” “a ideia de deveres fundamentais é suscetível de ser enten-
– o direito é o de liberdade de expressão e a garantia é a dida como o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como
vedação de censura ou exigência de licença. Em outros ca- ao titular de um direito fundamental corresponde um de-
sos, o legislador traz o direito num dispositivo e a garantia ver por parte de um outro titular, poder-se-ia dizer que o
em outro: a liberdade de locomoção, direito, é colocada particular está vinculado aos direitos fundamentais como
no artigo 5º, XV, ao passo que o dever de relaxamento da destinatário de um dever fundamental. Neste sentido, um
prisão ilegal de ofício pelo juiz, garantia, se encontra no direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia um
artigo 5º, LXV12. dever correspondente”. Com efeito, a um direito funda-
Em caso de ineficácia da garantia, implicando em vio- mental conferido à pessoa corresponde o dever de respeito
lação de direito, cabe a utilização dos remédios constitu- ao arcabouço de direitos conferidos às outras pessoas.
cionais.
12 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em telecon- 13 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional
ferência. e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998, p. 479.
6
NOÇÕES DE DIREITO
3) Direitos e garantias em espécie No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que
Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu não bastava igualar todos os homens em direitos e deveres
caput: para torná-los iguais, pois nem todos possuem as mesmas
condições de exercer estes direitos e deveres. Logo, não
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem é suficiente garantir um direito à igualdade formal, mas
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- é preciso buscar progressivamente a igualdade material.
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade No sentido de igualdade material que aparece o direito à
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à igualdade num segundo momento, pretendendo-se do Es-
propriedade, nos termos seguintes [...]. tado, tanto no momento de legislar quanto no de aplicar e
executar a lei, uma postura de promoção de políticas go-
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um vernamentais voltadas a grupos vulneráveis.
dos principais (senão o principal) artigos da Constituição Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notá-
Federal, consagra o princípio da igualdade e delimita as veis: o de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação
cinco esferas de direitos individuais e coletivos que mere- uniforme da lei a todas as pessoas que vivem em socieda-
cem proteção, isto é, vida, liberdade, igualdade, segurança de; e o de igualdade material, correspondendo à necessi-
e propriedade. Os incisos deste artigos delimitam vários dade de discriminações positivas com relação a grupos vul-
direitos e garantias que se enquadram em alguma destas neráveis da sociedade, em contraponto à igualdade formal.
esferas de proteção, podendo se falar em duas esferas es-
pecíficas que ganham também destaque no texto consti- Ações afirmativas
tucional, quais sejam, direitos de acesso à justiça e direitos Neste sentido, desponta a temática das ações
constitucionais-penais. afirmativas,que são políticas públicas ou programas priva-
dos criados temporariamente e desenvolvidos com a fina-
- Direito à igualdade lidade de reduzir as desigualdades decorrentes de discri-
Abrangência minações ou de uma hipossuficiência econômica ou física,
Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o por meio da concessão de algum tipo de vantagem com-
constituinte afirmou por duas vezes o princípio da igual- pensatória de tais condições.
dade: Quem é contra as ações afirmativas argumenta que,
em uma sociedade pluralista, a condição de membro de
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem um grupo específico não pode ser usada como critério de
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- inclusão ou exclusão de benefícios. Ademais, afirma-se que
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade elas desprivilegiam o critério republicano do mérito (se-
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à gundo o qual o indivíduo deve alcançar determinado cargo
propriedade, nos termos seguintes [...]. público pela sua capacidade e esforço, e não por pertencer
a determinada categoria); fomentariam o racismo e o ódio;
Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro bem como ferem o princípio da isonomia por causar uma
inciso: discriminação reversa.
Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas
Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direi- defende que elas representam o ideal de justiça
tos e obrigações, nos termos desta Constituição. compensatória (o objetivo é compensar injustiças passadas,
dívidas históricas, como uma compensação aos negros por
Este inciso é especificamente voltado à necessidade de tê-los feito escravos, p. ex.); representam o ideal de justiça
igualdade de gênero, afirmando que não deve haver ne- distributiva (a preocupação, aqui, é com o presente. Busca-
nhuma distinção sexo feminino e o masculino, de modo -se uma concretização do princípio da igualdade material);
que o homem e a mulher possuem os mesmos direitos e bem como promovem a diversidade.
obrigações. Neste sentido, as discriminações legais asseguram
Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito a verdadeira igualdade, por exemplo, com as ações afir-
mais do que a igualdade de gêneros, envolve uma pers- mativas, a proteção especial ao trabalho da mulher e do
pectiva mais ampla. menor, as garantias aos portadores de deficiência, entre
O direito à igualdade é um dos direitos norteadores outras medidas que atribuam a pessoas com diferentes
de interpretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro condições, iguais possibilidades, protegendo e respeitando
enfoque que foi dado a este direito foi o de direito civil, suas diferenças14. Tem predominado em doutrina e juris-
enquadrando-o na primeira dimensão, no sentido de que a prudência, inclusive no Supremo Tribunal Federal, que as
todas as pessoas deveriam ser garantidos os mesmos direi- ações afirmativas são válidas.
tos e deveres. Trata-se de um aspecto relacionado à igual-
dade enquanto liberdade, tirando o homem do arbítrio dos
14 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos artigos I e
demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria se II. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal
falando na igualdade perante a lei. dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 08.
7
NOÇÕES DE DIREITO
A tortura é um dos piores meios de tratamento de- Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar
sumano, expressamente vedada em âmbito internacional, de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
como visto no tópico anterior. No Brasil, além da disciplina
constitucional, a Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997 define O princípio da legalidade se encontra delimitado neste
os crimes de tortura e dá outras providências, destacando- inciso, prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a fazer
-se o artigo 1º: ou deixar de fazer alguma coisa a não ser que a lei assim
determine. Assim, salvo situações previstas em lei, a pessoa
Art. 1º Constitui crime de tortura: tem liberdade para agir como considerar conveniente.
I - constranger alguém com emprego de violência ou Portanto, o princípio da legalidade possui estrita rela-
grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: ção com o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo à
a) com o fim de obter informação, declaração ou confis- pessoa é lícito. Somente é vedado o que a lei expressamen-
são da vítima ou de terceira pessoa; te estabelecer como proibido. A pessoa pode fazer tudo o
b) para provocar ação ou omissão de natureza crimi- que quiser, como regra, ou seja, agir de qualquer maneira
nosa; que a lei não proíba.
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autori- Liberdade de pensamento e de expressão
dade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso O artigo 5º, IV, CF prevê:
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
pessoal ou medida de caráter preventivo. Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamen-
to, sendo vedado o anonimato.
15 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio Zambitte.
Comentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comen-
tários à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: For- Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de
tium, 2008, p. 15. pensamento e da liberdade de expressão.
8
NOÇÕES DE DIREITO
Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé
Afinal, “o ser humano, através dos processos internos de como bem entender dentro dos limites da lei. Não há uma
reflexão, formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada crença ou religião que seja proibida, garantindo-se que a
mais do que a opinião de seu emitente. Assim, a regra profissão desta fé possa se realizar em locais próprios.
constitucional, ao consagrar a livre manifestação do pensa- Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos
mento, imprime a existência jurídica ao chamado direito de distintos, porém intrinsecamente relacionados de liberda-
opinião”16. Em outras palavras, primeiro existe o direito de des: a liberdade de crença; a liberdade de culto; e a liberda-
ter uma opinião, depois o de expressá-la. de de organização religiosa.
No mais, surge como corolário do direito à liberdade Consoante o magistério de José Afonso da Silva17, entra
de pensamento e de expressão o direito à escusa por con- na liberdade de crença a liberdade de escolha da religião,
vicção filosófica ou política: a liberdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade
(ou o direito) de mudar de religião, além da liberdade de
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por não aderir a religião alguma, assim como a liberdade de
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou descrença, a liberdade de ser ateu e de exprimir o agnos-
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação ticismo, apenas excluída a liberdade de embaraçar o livre
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação al- exercício de qualquer religião, de qualquer crença. A liber-
ternativa, fixada em lei. dade de culto consiste na liberdade de orar e de praticar
os atos próprios das manifestações exteriores em casa ou
Trata-se de instrumento para a consecução do direito em público, bem como a de recebimento de contribuições
assegurado na Constituição Federal – não basta permitir para tanto. Por fim, a liberdade de organização religiosa
que se pense diferente, é preciso respeitar tal posiciona- refere-se à possibilidade de estabelecimento e organização
mento. de igrejas e suas relações com o Estado.
Com efeito, este direito de liberdade de expressão é Como decorrência do direito à liberdade religiosa, as-
limitado. Um destes limites é o anonimato, que consiste na segurando o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF:
garantia de atribuir a cada manifestação uma autoria cer-
ta e determinada, permitindo eventuais responsabilizações Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a pres-
por manifestações que contrariem a lei. tação de assistência religiosa nas entidades civis e mili-
Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF: tares de internação coletiva.
Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade inte-
O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos
lectual, artística, científica e de comunicação, indepen-
prisionais civis e militares, mas também a hospitais.
dentemente de censura ou licença.
Ainda, surge como corolário do direito à liberdade reli-
giosa o direito à escusa por convicção religiosa:
Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expres-
são, referente de forma específica a atividades intelectuais,
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por
artísticas, científicas e de comunicação. Dispensa-se, com
relação a estas, a exigência de licença para a manifestação motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou po-
do pensamento, bem como veda-se a censura prévia. lítica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impe- a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alterna-
dir a divulgação e o acesso a informações como modo de tiva, fixada em lei.
controle do poder. A censura somente é cabível quando
necessária ao interesse público numa ordem democrática, Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por
por exemplo, censurar a publicação de um conteúdo de exemplo, a todos os homens maiores de 18 anos o alis-
exploração sexual infanto-juvenil é adequado. tamento militar, não cabe se escusar, a não ser que tenha
O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à in- fundado motivo em crença religiosa ou convicção filosó-
denização (artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapar- fica/política, caso em que será obrigado a cumprir uma
tida para aquele que teve algum direito seu violado (no- prestação alternativa, isto é, uma outra atividade que não
tadamente inerentes à privacidade ou à personalidade) contrarie tais preceitos.
em decorrência dos excessos no exercício da liberdade de
expressão. Liberdade de informação
O direito de acesso à informação também se liga a uma
Liberdade de crença/religiosa dimensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o ar-
Dispõe o artigo 5º, VI, CF: tigo 5º, XIV, CF:
Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciên- Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à in-
cia e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos formação e resguardado o sigilo da fonte, quando neces-
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção sário ao exercício profissional.
aos locais de culto e a suas liturgias.
16 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. 17 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional
Curso de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
9
NOÇÕES DE DIREITO
Trata-se da liberdade de informação, consistente na Dentro do espectro do direito de petição se insere, por
liberdade de procurar e receber informações e ideias por exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar
quaisquer meios, independente de fronteiras, sem interfe- cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de-
rência. núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez
A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públi-
passo que a liberdade de expressão tem uma caracterís- cos em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que
tica ativa, de forma que juntas formam os aspectos ativo gera confusões conceituais no sentido do direito de obter
e passivo da exteriorização da liberdade de pensamento: certidões ser dissociado do direito de petição.
não basta poder manifestar o seu próprio pensamento, é Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX,
preciso que ele seja ouvido e, para tanto, há necessidade CF:
de se garantir o acesso ao pensamento manifestado para
a sociedade. Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicida-
Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de de dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou
todos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a o interesse social o exigirem.
respeito de fatos que sejam de seu interesse, notadamente
pelos meios de comunicação imparciais e não monopoli- Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas
zados (artigo 220, CF). No entanto, nem sempre é possível o será quando a intimidade merecer preservação (ex: pro-
que a imprensa divulgue com quem obteve a informação cesso criminal de estupro ou causas de família em geral) ou
divulgada, sem o que a segurança desta poderia ficar pre- quando o interesse social exigir (ex: investigações que pos-
judicada e a informação inevitavelmente não chegaria ao sam ser comprometidas pela publicidade). A publicidade é
público. instrumento para a efetivação da liberdade de informação.
Especificadamente quanto à liberdade de informação
no âmbito do Poder Público, merecem destaque algumas Liberdade de locomoção
previsões. Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no ar-
Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF: tigo 5º, XV, CF:
Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território
órgãos públicos informações de seu interesse particular, nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra- termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus
zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas bens.
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e
do Estado. A liberdade de locomoção é um aspecto básico do di-
reito à liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o
A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 território do país em tempos de paz (em tempos de guerra
regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do é possível limitar tal liberdade em prol da segurança). A
art. 5º, CF, também conhecida como Lei do Acesso à Infor- liberdade de sair do país não significa que existe um direito
mação. de ingressar em qualquer outro país, pois caberá à ele, no
Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF: exercício de sua soberania, controlar tal entrada.
Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liber-
Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, indepen- dade. Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser pre-
dentemente do pagamento de taxas: sa nos casos autorizados pela própria Constituição Fede-
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa ral. A despeito da normativa específica de natureza penal,
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; reforça-se a impossibilidade de se restringir a liberdade de
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, locomoção pela prisão civil por dívida.
para defesa de direitos e esclarecimento de situações de in- Prevê o artigo 5º, LXVII, CF:
teresse pessoal.
Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívi-
Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cum- da, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário
pre observar que o direito de petição deve resultar em uma e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário
manifestação do Estado, normalmente dirimindo (resol- infiel.
vendo) uma questão proposta, em um verdadeiro exercí-
cio contínuo de delimitação dos direitos e obrigações que Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo
regulam a vida social e, desta maneira, quando “dificulta a Tribunal Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel,
apreciação de um pedido que um cidadão quer apresen- qualquer que seja a modalidade do depósito”. Por isso, a
tar” (muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça); única exceção à regra da prisão por dívida do ordenamento
“demora para responder aos pedidos formulados” (admi- é a que se refere à obrigação alimentícia.
nistrativa e, principalmente, judicialmente) ou “impõe res-
trições e/ou condições para a formulação de petição”, traz Liberdade de trabalho
a chamada insegurança jurídica, que traz desesperança e O direito à liberdade também é mencionado no artigo
faz proliferar as desigualdades e as injustiças. 5º, XIII, CF:
10
NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer tra- Neste sentido, associações são organizações resultan-
balho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações tes da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou
profissionais que a lei estabelecer. sem personalidade jurídica, para a realização de um objeti-
vo comum; já cooperativas são uma forma específica de as-
O livre exercício profissional é garantido, respeitados sociação, pois visam a obtenção de vantagens comuns em
os limites legais. Por exemplo, não pode exercer a profissão suas atividades econômicas.
de advogado aquele que não se formou em Direito e não Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF:
foi aprovado no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil;
não pode exercer a medicina aquele que não fez faculdade Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser compul-
de medicina reconhecida pelo MEC e obteve o cadastro no soriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por
Conselho Regional de Medicina. decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em
julgado.
Liberdade de reunião
Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF: O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja,
a associação deixará de existir para sempre. Obviamente, é
Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamen- preciso o trânsito em julgado da decisão judicial que assim
te, sem armas, em locais abertos ao público, independen- determine, pois antes disso sempre há possibilidade de re-
temente de autorização, desde que não frustrem outra verter a decisão e permitir que a associação continue em
reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sen- funcionamento. Contudo, a decisão judicial pode suspender
do apenas exigido prévio aviso à autoridade competente. atividades até que o trânsito em julgado ocorra, ou seja, no
curso de um processo judicial.
Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com de- Em destaque, a legitimidade representativa da associa-
mais na defesa de uma causa, apenas possuindo o dever ção quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF:
de informar tal reunião. Tal dever remonta-se a questões de
segurança coletiva. Imagine uma grande reunião de pes- Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando ex-
soas por uma causa, a exemplo da Parada Gay, que chega pressamente autorizadas, têm legitimidade para represen-
a aglomerar milhões de pessoas em algumas capitais: seria
tar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o prévio aviso do
poder público para que ele organize o policiamento e a as-
Trata-se de caso de legitimidade processual extraordi-
sistência médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas
nária, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de
que tenham algum mal-estar no local. Outro limite é o uso
outra(s) pessoa(s) porque a lei assim autoriza.
de armas, totalmente vedado, assim como de substâncias
A liberdade de associação envolve não somente o direi-
ilícitas (Ex: embora a Marcha da Maconha tenha sido auto-
rizada pelo Supremo Tribunal Federal, vedou-se que nela to de criar associações e de fazer parte delas, mas também
tal substância ilícita fosse utilizada). o de não associar-se e o de deixar a associação, conforme
artigo 5º, XX, CF:
Liberdade de associação
No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º, Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a as-
XVII, CF: sociar-se ou a permanecer associado.
Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação - Direitos à privacidade e à personalidade
para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
Abrangência
A liberdade de associação difere-se da de reunião por Prevê o artigo 5º, X, CF:
sua perenidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é
exercida de forma sazonal, eventual, a liberdade de asso- Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida
ciação implica na formação de um grupo organizado que privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
se mantém por um período de tempo considerável, dotado direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente
de estrutura e organização próprias. de sua violação.
Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são asso-
ciações ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem armas O legislador opta por trazer correlacionados no mesmo
e o ideal de realizar sua própria justiça paralelamente à es- dispositivo legal os direitos à privacidade e à personalidade.
tatal. Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimida-
O texto constitucional se estende na regulamentação de, ao abordar a proteção da vida privada – que, em resu-
da liberdade de associação. mo, é a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio
O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza: e de círculos de amigos –, Silva18 entende que “o segredo
da vida privada é condição de expansão da personalidade”,
Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na for- mas não caracteriza os direitos de personalidade em si.
ma da lei, a de cooperativas independem de autorização, 18 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional
sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento. positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
11
NOÇÕES DE DIREITO
A união da intimidade e da vida privada forma a pri- Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se
vacidade, sendo que a primeira se localiza em esfera mais necessário o registro. Por ser instrumento que serve como
estrita. É possível ilustrar a vida social como se fosse um pressuposto ao exercício de direitos fundamentais, asse-
grande círculo no qual há um menor, o da vida privada, e gura-se a sua gratuidade aos que não tiverem condição de
dentro deste um ainda mais restrito e impenetrável, o da com ele arcar.
intimidade. Com efeito, pela “Teoria das Esferas” (ou “Teoria Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
dos Círculos Concêntricos”), importada do direito alemão,
quanto mais próxima do indivíduo, maior a proteção a ser Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconheci-
conferida à esfera (as esferas são representadas pela intimi- damente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nas-
dade, pela vida privada, e pela publicidade). cimento; b) a certidão de óbito.
“O direito à honra distancia-se levemente dos dois an-
teriores, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa
O reconhecimento do marco inicial e do marco final
tem de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fa-
zem os outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabi- da personalidade jurídica pelo registro é direito individual,
lidade no meio social. O direito à imagem também pos- não dependendo de condições financeiras. Evidente, seria
sui duas conotações, podendo ser entendido em sentido absurdo cobrar de uma pessoa sem condições a elabora-
objetivo, com relação à reprodução gráfica da pessoa, por ção de documentos para que ela seja reconhecida como
meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido viva ou morta, o que apenas incentivaria a indigência dos
subjetivo, significando o conjunto de qualidades cultivadas menos favorecidos.
pela pessoa e reconhecidas como suas pelo grupo social”19.
Direito à indenização e direito de resposta
Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspon- Com vistas à proteção do direito à privacidade, do di-
dência reito à personalidade e do direito à imagem, asseguram-se
Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a invio- dois instrumentos, o direito à indenização e o direito de
labilidade do domicílio e o sigilo das correspondências e resposta, conforme as necessidades do caso concreto.
comunicações. Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:
Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê:
Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta,
Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo,
proporcional ao agravo, além da indenização por dano ma-
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo-
terial, moral ou à imagem.
rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
“A manifestação do pensamento é livre e garantida
O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode em nível constitucional, não aludindo a censura prévia em
nele entrar sem o consentimento do morador, a não ser diversões e espetáculos públicos. Os abusos porventura
EM QUALQUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o ocorridos no exercício indevido da manifestação do pensa-
morador foi flagrado na prática de crime e fugiu para seu mento são passíveis de exame e apreciação pelo Poder Ju-
domicílio) ou desastre (incêndio, enchente, terremoto...) ou diciário com a consequente responsabilidade civil e penal
para prestar socorro (morador teve ataque do coração, está de seus autores, decorrentes inclusive de publicações inju-
sufocado, desmaiado...), e SOMENTE DURANTE O DIA por riosas na imprensa, que deve exercer vigilância e controle
determinação judicial. da matéria que divulga”20.
Quanto ao sigilo de correspondência e das comunica- O direito de resposta é o direito que uma pessoa tem
ções, prevê o artigo 5º, XII, CF: de se defender de críticas públicas no mesmo meio em
que foram publicadas garantida exatamente a mesma
Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência repercussão. Mesmo quando for garantido o direito de
e das comunicações telegráficas, de dados e das comunica- resposta não é possível reverter plenamente os danos
ções telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, causados pela manifestação ilícita de pensamento,
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
razão pela qual a pessoa inda fará jus à indenização.
investigação criminal ou instrução processual penal.
A manifestação ilícita do pensamento geralmente cau-
O sigilo de correspondência e das comunicações está sa um dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que
melhor regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996. pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econô-
mico e não econômico.
Personalidade jurídica e gratuidade de registro Dano material é aquele que atinge o patrimônio
Quando se fala em reconhecimento como pessoa pe- (material ou imaterial) da vítima, podendo ser mensurado
rante a lei desdobra-se uma esfera bastante específica dos financeiramente e indenizado.
direitos de personalidade, consistente na personalidade ju- “Dano moral direto consiste na lesão a um interesse
rídica. Basicamente, consiste no direito de ser reconhecido que visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapa-
como pessoa perante a lei. trimonial contido nos direitos da personalidade (como a
19 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito cons- 20 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26.
titucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
12
NOÇÕES DE DIREITO
13
NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a No que tange à desapropriação por necessidade ou
propriedade rural atende, simultaneamente, segundo crité- utilidade pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF:
rios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes
requisitos: Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento
I - aproveitamento racional e adequado; para desapropriação por necessidade ou utilidade pública,
II - utilização adequada dos recursos naturais disponí- ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização
veis e preservação do meio ambiente; em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constitui-
III - observância das disposições que regulam as rela- ção.
ções de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprie- Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF:
tários e dos trabalhadores.
Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urba-
Desapropriação nos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
No caso de desrespeito à função social da proprieda-
de cabe até mesmo desapropriação do bem, de modo que Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF:
pode-se depreender do texto constitucional duas possibili-
dades de desapropriação: por desrespeito à função social e Artigo 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel
por necessidade ou utilidade pública. como de interesse social, para fins de reforma agrária, auto-
A Constituição Federal prevê a possibilidade de desa- riza a União a propor a ação de desapropriação.
propriação por desatendimento à função social:
Artigo 184, §3º, CF. Cabe à lei complementar estabelecer
Artigo 182, § 4º, CF. É facultado ao Poder Público mu- procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o
nicipal, mediante lei específica para área incluída no plano processo judicial de desapropriação.
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do
solo urbano não edificado, subutilizado ou não utiliza- A desapropriação por utilidade ou necessidade pública
do, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, deve se dar mediante prévia e justa indenização em dinhei-
sucessivamente, de: ro. O Decreto-lei nº 3.365/1941 a disciplina, delimitando
I - parcelamento ou edificação compulsórios; o procedimento e conceituando utilidade pública, em seu
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial ur- artigo 5º:
bana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos Artigo 5º, Decreto-lei n. 3.365/1941. Consideram-se ca-
da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo sos de utilidade pública:
Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em a) a segurança nacional;
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real b) a defesa do Estado;
da indenização e os juros legais25. c) o socorro público em caso de calamidade;
d) a salubridade pública;
Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por in- e) a criação e melhoramento de centros de população,
teresse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural seu abastecimento regular de meios de subsistência;
que não esteja cumprindo sua função social, mediante f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas
prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, minerais, das águas e da energia hidráulica;
com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração,
prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua casas de saúde, clínicas, estações de clima e fontes medici-
emissão, e cuja utilização será definida em lei26. nais;
h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos;
Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou
serão indenizadas em dinheiro. logradouros públicos; a execução de planos de urbanização;
o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua
melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a cons-
25 Nota-se que antes de se promover a desapropriação de
imóvel urbano por desatendimento à função social é necessário tomar trução ou ampliação de distritos industriais;
duas providências, sucessivas: primeiro, o parcelamento ou edificação j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;
compulsórios; depois, o estabelecimento de imposto sobre a pro- k) a preservação e conservação dos monumentos históri-
priedade predial e territorial urbana progressivo no tempo. Se ambas cos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos
medidas restarem ineficazes, parte-se para a desapropriação por de- ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes
satendimento à função social. e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e,
26 A desapropriação em decorrência do desatendimento da ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente do-
função social é indenizada, mas não da mesma maneira que a desa-
tados pela natureza;
propriação por necessidade ou utilidade pública, já que na primeira
há violação do ordenamento constitucional pelo proprietário, mas na
l) a preservação e a conservação adequada de arquivos,
segunda não. Por isso, indeniza-se em títulos da dívida agrária, que na documentos e outros bens moveis de valor histórico ou ar-
prática não são tão valorizados quanto o dinheiro. tístico;
14
NOÇÕES DE DIREITO
m) a construção de edifícios públicos, monumentos co- I - a pequena e média propriedade rural, assim definida
memorativos e cemitérios; em lei, desde que seu proprietário não possua outra;
n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pou- II - a propriedade produtiva.
so para aeronaves; Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à
o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natu- propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento
reza científica, artística ou literária; dos requisitos relativos a sua função social.
p) os demais casos previstos por leis especiais.
Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo
Um grande problema que faz com que processos que 187:
tenham a desapropriação por objeto se estendam é a in-
devida valorização do imóvel pelo Poder Público, que ge- Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e exe-
ralmente pretende pagar valor muito abaixo do devido, ne- cutada na forma da lei, com a participação efetiva do setor
cessitando o Judiciário intervir em prol da correta avaliação. de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais,
Outra questão reside na chamada tredestinação, pela bem como dos setores de comercialização, de armazena-
qual há a destinação de um bem expropriado (desapropria- mento e de transportes, levando em conta, especialmente:
ção) a finalidade diversa da que se planejou inicialmente. I - os instrumentos creditícios e fiscais;
A tredestinação pode ser lícita ou ilícita. Será ilícita quan- II - os preços compatíveis com os custos de produção e a
do resultante de desvio do propósito original; e será líci- garantia de comercialização;
ta quando a Administração Pública dê ao bem finalidade III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;
diversa, porém preservando a razão do interesse público. IV - a assistência técnica e extensão rural;
V - o seguro agrícola;
Política agrária e reforma agrária VI - o cooperativismo;
Enquanto desdobramento do direito à propriedade VII - a eletrificação rural e irrigação;
imóvel e da função social desta propriedade, tem-se ainda VIII - a habitação para o trabalhador rural.
§ 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades
o artigo 5º, XXVI, CF:
agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais.
§ 2º Serão compatibilizadas as ações de política agrícola
Artigo 5º, XXVI, CF. A pequena propriedade rural, as-
e de reforma agrária.
sim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não
será objeto de penhora para pagamento de débitos decor-
As terras devolutas e públicas serão destinadas confor-
rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os
me a política agrícola e o plano nacional de reforma agrá-
meios de financiar o seu desenvolvimento.
ria (artigo 188, caput, CF). Neste sentido, “a alienação ou a
concessão, a qualquer título, de terras públicas com área
Assim, se uma pessoa é mais humilde e tem uma pe- superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física
quena propriedade será assegurado que permaneça com ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de
ela e a torne mais produtiva. prévia aprovação do Congresso Nacional”, salvo no caso de
A preservação da pequena propriedade em detrimento alienações ou concessões de terras públicas para fins de
dos grandes latifúndios improdutivos é uma das diretrizes- reforma agrária (artigo 188, §§ 1º e 2º, CF).
-guias da regulamentação da política agrária brasileira, que Os que forem favorecidos pela reforma agrária (ho-
tem como principal escopo a realização da reforma agrária. mens, mulheres, ambos, qualquer estado civil) não pode-
Parte da questão financeira atinente à reforma agrária rão negociar seus títulos pelo prazo de 10 anos (artigo 189,
se encontra prevista no artigo 184, §§ 4º e 5º, CF: CF).
Consta, ainda, que “a lei regulará e limitará a aquisição
Artigo 184, §4º, CF. O orçamento fixará anualmente ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física
o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que depen-
montante de recursos para atender ao programa de reforma derão de autorização do Congresso Nacional” (artigo 190,
agrária no exercício. CF).
Artigo 184, §5º, CF. São isentas de impostos federais, es- Usucapião
taduais e municipais as operações de transferência de imó- Usucapião é o modo originário de aquisição da pro-
veis desapropriados para fins de reforma agrária. priedade que decorre da posse prolongada por um lon-
go tempo, preenchidos outros requisitos legais. Em outras
Como a finalidade da reforma agrária é transformar palavras, usucapião é uma situação em que alguém tem a
terras improdutivas e grandes propriedades em atinentes à posse de um bem por um tempo longo, sem ser incomo-
função social, alguns imóveis rurais não podem ser abran- dado, a ponto de se tornar proprietário.
gidos pela reforma agrária: A Constituição regulamenta o acesso à propriedade
mediante posse prolongada no tempo – usucapião – em
Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para casos específicos, denominados usucapião especial urbana
fins de reforma agrária: e usucapião especial rural.
15
NOÇÕES DE DIREITO
O artigo 183 da Constituição regulamenta a usucapião Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja
especial urbana: pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os
seguintes requisitos específicos:
Art. 183, CF. Aquele que possuir como sua área urbana a) Imóvel rural
de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que
anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para estabelece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da
sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, Terra). É possível usucapir áreas menores que o módulo
desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural? Tem prevalecido o entendimento de que pode, mas
rural. é assunto muito controverso.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05
serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, de outubro de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se
independentemente do estado civil. a área é de até 25 hectares sim, pois já havia tal possibili-
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo dade antes da CF/88. Se área for maior (entre 25 ha e 50
possuidor mais de uma vez. ha) não.
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve mo-
usucapião. rar na área rural.
e) Nenhum outro imóvel.
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado
pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os a área produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro
seguintes requisitos específicos: labore”. Dependerá do caso concreto.
a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da locali-
zação, área urbana é a que está dentro do perímetro urba- Uso temporário
no. Pela teoria da destinação, mais importante que a locali- No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao di-
zação é a sua utilização. Ex.: se tem fins agrícolas/pecuários reito de propriedade que não possui o caráter definitivo
e estiver dentro do perímetro urbana, o imóvel é rural. Para da desapropriação, mas é temporária, conforme artigo 5º,
fins de usucapião a maioria diz que prevalece a teoria da
XXV, CF:
localização.
b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse
Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo públi-
maior isolar área de 250m² e ingressar com a ação? A juris-
co, a autoridade competente poderá usar de propriedade
prudência é pacífica que a posse desde o início deve ficar
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior,
restrita a 250m². Predomina também que o terreno deve
se houver dano.
ter 250m², não a área construída (a área de um sobrado,
por exemplo, pode ser maior que a de um terreno).
Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação
c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição
Federal de 1988 que criou esta modalidade. E se antes de perigo, o poder público pode se utilizar dela (ex: mon-
de 05 de outubro de 1988 uma pessoa tivesse há 4 anos tar uma base para capturar um fugitivo), pois o interesse
dentro do limite da usucapião urbana? Predominou que da coletividade é maior que o do indivíduo proprietário.
só corria o prazo a partir da criação do instituto, não só
porque antes não existia e o prazo não podia correr, como Direito sucessório
também não se poderia prejudicar o proprietário. O direito sucessório aparece como uma faceta do di-
d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse, reito à propriedade, encontrando disciplina constitucional
é preciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família, no artigo 5º, XXX e XXXI, CF:
ao longo de todo o prazo (não só no início ou no final).
Logo, não cabe acessio temporis por cessão da posse. Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança;
e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no
Brasil. O usucapiente não prova isso, apenas alega. Se al- Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estran-
guém não quiser a usucapião, prova o contrário. Este re- geiros situados no País será regulada pela lei brasileira em
quisito é verificado no momento em que completa 5 anos. benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que
Em relação à previsão da usucapião especial rural, des- não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.
taca-se o artigo 191, CF:
O direito à herança envolve o direito de receber – seja
Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imó- devido a uma previsão legal, seja por testamento – bens
vel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos inin- de uma pessoa que faleceu. Assim, o patrimônio passa
terruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não para outra pessoa, conforme a vontade do falecido e/ou
superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu a lei determine. A Constituição estabelece uma disciplina
trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adqui- específica para bens de estrangeiros situados no Brasil, as-
rir-lhe-á a propriedade. segurando que eles sejam repassados ao cônjuge e filhos
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiri- brasileiros nos termos da lei mais benéfica (do Brasil ou do
dos por usucapião. país estrangeiro).
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NOÇÕES DE DIREITO
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NOÇÕES DE DIREITO
Primeiro, Cappelletti e Garth28 entendem que surgiu O constituinte, ciente de que não basta garantir o aces-
uma onda de concessão de assistência judiciária aos po- so ao Poder Judiciário, sendo também necessária a efeti-
bres, partindo-se da prestação sem interesse de remunera- vidade processual, incluiu pela Emenda Constitucional nº
ção por parte dos advogados e, ao final, levando à criação 45/2004 o inciso LXXVIII ao artigo 5º da Constituição:
de um aparato estrutural para a prestação da assistência
pelo Estado. Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e ad-
Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Gar- ministrativo, são assegurados a razoável duração do pro-
th29, veio a onda de superação do problema na representa- cesso e os meios que garantam a celeridade de sua trami-
ção dos interesses difusos, saindo da concepção tradicional tação.
de processo como algo restrito a apenas duas partes indi-
vidualizadas e ocasionando o surgimento de novas institui- Com o tempo se percebeu que não bastava garantir
ções, como o Ministério Público. o acesso à justiça se este não fosse célere e eficaz. Não
Finalmente, Cappelletti e Garth30 apontam uma terceira significa que se deve acelerar o processo em detrimento
onda consistente no surgimento de uma concepção mais de direitos e garantias assegurados em lei, mas sim que é
ampla de acesso à justiça, considerando o conjunto de ins- preciso proporcionar um trâmite que dure nem mais e nem
tituições, mecanismos, pessoas e procedimentos utilizados: menos que o necessário para a efetiva realização da justiça
“[...] esse enfoque encoraja a exploração de uma ampla no caso concreto.
variedade de reformas, incluindo alterações nas formas de
procedimento, mudanças na estrutura dos tribunais ou a - Direitos constitucionais-penais
criação de novos tribunais, o uso de pessoas leigas ou pa-
raprofissionais, tanto como juízes quanto como defensores, Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de ex-
modificações no direito substantivo destinadas a evitar li- ceção
tígios ou facilitar sua solução e a utilização de mecanismos Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona:
privados ou informais de solução dos litígios. Esse enfoque,
em suma, não receia inovações radicais e compreensivas, Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem sen-
tenciado senão pela autoridade competente”, consolida o
que vão muito além da esfera de representação judicial”.
princípio do juiz natural que assegura a toda pessoa o direito
Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos
de conhecer previamente daquele que a julgará no processo
aspectos podem ser destacados: de um lado, deve criar-se
em que seja parte, revestindo tal juízo em jurisdição com-
o Poder Judiciário e se disponibilizar meios para que todas
petente para a matéria específica do caso antes mesmo do
as pessoas possam buscá-lo; de outro lado, não basta ga-
fato ocorrer.
rantir meios de acesso se estes forem insuficientes, já que
para que exista o verdadeiro acesso à justiça é necessário
Por sua vez, um desdobramento deste princípio encon-
que se aplique o direito material de maneira justa e célere. tra-se no artigo 5º, XXXVII, CF:
Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça,
prevê a Constituição em seu artigo 5º, XXXV: Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de
exceção.
Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente
criado para uma situação pretérita, bem como não reco-
O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o princí- nhecido como legítimo pela Constituição do país.
pio de Direito Processual Público subjetivo, também cunha-
do como Princípio da Ação, em que a Constituição garante Tribunal do júri
a necessária tutela estatal aos conflitos ocorrentes na vida A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o
em sociedade. Sempre que uma controvérsia for levada ao artigo 5º, XXXVIII, CF:
Poder Judiciário, preenchidos os requisitos de admissibili-
dade, ela será resolvida, independentemente de haver ou Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri,
não previsão específica a respeito na legislação. com a organização que lhe der a lei, assegurados:
Também se liga à primeira onda de acesso à justiça, a) a plenitude de defesa;
no que tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos b) o sigilo das votações;
favorecidos economicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF: c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurí- contra a vida.
dica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiên-
cia de recursos. O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que
28 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. julgam os seus pares. Entende-se ser direito fundamental
Tradução Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris o de ser julgado por seus iguais, membros da sociedade e
Editor, 1998, p. 31-32. não magistrados, no caso de determinados crimes que por
29 Ibid., p. 49-52 sua natureza possuem fortes fatores de influência emocio-
30 Ibid., p. 67-73 nal.
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NOÇÕES DE DIREITO
Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao
a defesa técnica e deve ser mais ampla que a denominada princípio da igualdade numa concepção ampla, razão pela
ampla defesa assegurada em todos os procedimentos judi- qual práticas discriminatórias não podem ser aceitas. No
ciais e administrativos. entanto, o constituinte entendeu por bem prever tratamen-
Sigilo das votações envolve a realização de votações to específico a certas práticas criminosas.
secretas, preservando a liberdade de voto dos que com- Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF:
põem o conselho que irá julgar o ato praticado.
A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contu- Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime
do, a soberania dos veredictos veda a alteração das deci- inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão,
sões dos jurados, não a recorribilidade dos julgamentos do nos termos da lei.
Tribunal do Júri para que seja procedido novo julgamento
uma vez cassada a decisão recorrida, haja vista preservar A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes
o ordenamento jurídico pelo princípio do duplo grau de resultantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles
não cabe fiança (pagamento de valor para deixar a prisão
jurisdição.
provisória) e não se aplica o instituto da prescrição (perda
Por fim, a competência para julgamento é dos crimes
de pretensão de se processar/punir uma pessoa pelo de-
dolosos (em que há intenção ou ao menos se assume o
curso do tempo).
risco de produção do resultado) contra a vida, que são: ho- Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF:
micídio, aborto, induzimento, instigação ou auxílio a sui-
cídio e infanticídio. Sua competência não é absoluta e é Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafian-
mitigada, por vezes, pela própria Constituição (artigos 29, çáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
X / 102, I, b) e c) / 105, I, a) / 108, I). tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
Anterioridade e irretroatividade da lei respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo
O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza: evitá-los, se omitirem.
Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes
o defina, nem pena sem prévia cominação legal. termos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e
extingue totalmente a punibilidade, a graça e o indulto
É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena apenas extinguem a punibilidade, podendo ser parciais; a
sine praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio anistia, em regra, atinge crimes políticos, a graça e o in-
da legalidade (ou reserva legal), na medida em que não há dulto, crimes comuns; a anistia pode ser concedida pelo
crime sem lei que o defina, nem pena sem prévia comina- Poder Legislativo, a graça e o indulto são de competência
ção legal, e o princípio da anterioridade, posto que não há exclusiva do Presidente da República; a anistia pode ser
crime sem lei anterior que o defina. concedida antes da sentença final ou depois da condena-
Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem- ção irrecorrível, a graça e o indulto pressupõem o trânsito
-se o artigo 5º, XL, CF: em julgado da sentença condenatória; graça e o indulto
apenas extinguem a punibilidade, persistindo os efeitos do
Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para crime, apagados na anistia; graça é em regra individual e
beneficiar o réu. solicitada, enquanto o indulto é coletivo e espontâneo.
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar
que o artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra
O dispositivo consolida outra faceta do princípio da
crimes de tortura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos
anterioridade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha
(previstos na Lei nº 8.072 de 25 de julho de 1990). Além
definido um fato como crime e dado certo tratamento pe-
disso, são crimes que não aceitam fiança.
nal a este fato (ex.: pena de detenção ou reclusão, tempo Ainda, prevê o artigo 5º, XLIV, CF:
de pena, etc.) antes que ele ocorra; por outro lado, se vier
uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de crimes ou Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e im-
que confira tratamento mais benéfico (diminuindo a pena prescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
ou alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio da ir-
retroatividade da lei penal in pejus quanto o da retroativi- Por fim, dispõe a CF sobre a possibilidade de extradi-
dade da lei penal mais benéfica. ção de brasileiro naturalizado caso esteja envolvido com
tráfico ilícito de entorpecentes:
Menções específicas a crimes
O artigo 5º, XLI, CF estabelece: Artigo 5º, LI, CF. Nenhum brasileiro será extraditado,
salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado
Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento
atentatória dos direitos e liberdades fundamentais. em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na for-
ma da lei.
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NOÇÕES DE DIREITO
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NOÇÕES DE DIREITO
trabalho não existe independente da educação, cabe in- Vedação de provas ilícitas
centivar o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o Conforme o artigo 5º, LVI, CF:
trabalho deve se aproximar da realidade do mundo exter-
no, será remunerado; além disso, condições de dignidade e Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as pro-
segurança do trabalhador, como descanso semanal e equi- vas obtidas por meios ilícitos.
pamentos de proteção, deverão ser respeitados.
Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao arti-
Respeito à integridade do preso go 157 do CPP, são as obtidas em violação a normas cons-
Prevê o artigo 5º, XLIX, CF: titucionais ou legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra
de direito material, constitucional ou legal, no momento
Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito da sua obtenção. São vedadas porque não se pode aceitar
à integridade física e moral. o descumprimento do ordenamento para fazê-lo cumprir:
seria paradoxal.
Obviamente, o desrespeito à integridade física e mo-
ral do preso é uma violação do princípio da dignidade da Presunção de inocência
pessoa humana. Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII:
Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade
estão mencionados no próprio artigo 5º da Constituição Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado
Federal. Em primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura e até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
de tratamentos desumanos e degradantes (artigo 5º, III,
CF), o que vale na execução da pena. Consolida-se o princípio da presunção de inocência,
No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF: pelo qual uma pessoa não é culpada até que, em definitivo,
o Judiciário assim decida, respeitados todos os princípios e
Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será garantias constitucionais.
submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
previstas em lei. Ação penal privada subsidiária da pública
Nos termos do artigo 5º, LIX, CF:
Se uma pessoa possui identificação civil, não há por-
que fazer identificação criminal, colhendo digitais, fotos,
Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos cri-
etc. Pensa-se que seria uma situação constrangedora des-
mes de ação pública, se esta não for intentada no prazo
necessária ao suspeito, sendo assim, violaria a integridade
legal.
moral.
Devido processo legal, contraditório e ampla defesa A chamada ação penal privada subsidiária da pública
Estabelece o artigo 5º, LIV, CF: encontra respaldo constitucional, assegurando que a omis-
são do poder público na atividade de persecução criminal
Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou não será ignorada, fornecendo-se instrumento para que o
de seus bens sem o devido processo legal. interessado a proponha.
Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla-
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o grante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a autoridade judiciária competente, salvo nos casos de trans-
ela inerentes. gressão militar ou crime propriamente militar, definidos em
lei.
O devido processo legal possui a faceta formal, pela
qual se deve seguir o adequado procedimento na aplica- Logo, a prisão somente se dará em caso de flagran-
ção da lei e, sendo assim, respeitar o contraditório e a am- te delito (necessariamente antes do trânsito em julgado),
pla defesa. Não obstante, o devido processo legal tem sua ou em caráter temporário, provisório ou definitivo (as duas
faceta material que consiste na tomada de decisões justas, primeiras independente do trânsito em julgado, preenchi-
que respeitem os parâmetros da razoabilidade e da pro- dos requisitos legais e a última pela irreversibilidade da
porcionalidade. condenação).
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NOÇÕES DE DIREITO
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NOÇÕES DE DIREITO
Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucio- Resume Mello35: “a Conferência das Nações Unidas so-
nal nº 45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Consti- bre a criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida
tuição Federal, de modo que os tratados internacionais de em Roma, em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é perma-
direitos humanos foram equiparados às emendas consti- nente. Tem sede em Haia. A corte tem personalidade inter-
tucionais, desde que houvesse a aprovação do tratado em nacional. Ela julga: a) crime de genocídio; b) crime contra
cada Casa do Congresso Nacional e obtivesse a votação em a humanidade; c) crime de guerra; d) crime de agressão.
dois turnos e com três quintos dos votos dos respectivos Para o crime de genocídio usa a definição da convenção
membros: de 1948. Como crimes contra a humanidade são citados:
assassinato, escravidão, prisão violando as normas inter-
Art. 5º, § 3º, CF. Os tratados e convenções interna- nacionais, violação tortura, apartheid, escravidão sexual,
cionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em prostituição forçada, esterilização, etc. São crimes de guer-
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três ra: homicídio internacional, destruição de bens não justifi-
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalen- cada pela guerra, deportação, forçar um prisioneiro a servir
tes às emendas constitucionais. nas forças inimigas, etc.”.
23
NOÇÕES DE DIREITO
suas despesas de saúde, educação, cultura, alimentação e Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do
moradia, assim como nem todos se encontram na posição possível, embora viável, não pode servir de muleta para
de explorador da mão-de-obra, sendo a grande maioria da que o Estado não arque com obrigações básicas. Neste
população de explorados. Estas pessoas estão numa clara viés, geralmente, quando invocada a cláusula é afastada,
posição de desigualdade e caberá ao Estado cuidar para entendendo o Poder Judiciário que não cabe ao Estado se
que progressivamente atinjam uma posição de igualdade eximir de garantir direitos sociais com o simples argumen-
real, já que não é por conta desta posição desfavorável que to de que não há orçamento específico para isso – ele de-
se pode afirmar que são menos dignos, menos titulares de veria ter reservado parcela suficiente de suas finanças para
direitos fundamentais. atender esta demanda.
Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial,
alcançada pelo Estado em prol da consolidação da igual- que tem por fulcro limitar a discricionariedade político-ad-
dade material. Sendo assim, o Estado buscará o crescente ministrativa e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas a
aperfeiçoamento da oferta de serviços públicos com quali- serem seguidas, sob pena de caber a intervenção do Poder
dade para que todos os nacionais tenham garantidos seus Judiciário em prol de sua efetivação.
direitos fundamentais de segunda dimensão da maneira
mais plena possível. 3) Princípio da proibição do retrocesso
Há se ressaltar também que o Estado não possui ape- Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que
nas um papel direto na promoção dos direitos econômicos, uma conquista garantida na Constituição Federal sofra um
sociais e culturais, mas também um indireto, quando por retrocesso, de modo que um direito social garantido não
meio de sua gestão permite que os indivíduos adquiram pode deixar de o ser.
condições para sustentarem suas necessidades pertencen- Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso
tes a esta categoria de direitos. deve ser tomada com reservas, até mesmo porque segun-
do entendimento predominante as normas do artigo 7º,
2) Reserva do possível e mínimo existencial CF não são cláusula pétrea, sendo assim passíveis de alte-
Os direitos sociais serão concretizados gradualmente, ração. Se for alterada normativa sobre direito trabalhista
notadamente porque estão previstos em normas progra-
assegurado no referido dispositivo, não sendo o prejuízo
máticas e porque a implementação deles gera um ônus
evidente, entende-se válida (por exemplo, houve alteração
para o Estado. Diferentemente dos direitos individuais, que
do prazo prescricional diferenciado para os trabalhadores
dependem de uma postura de abstenção estatal, os direi-
agrícolas). O que, em hipótese alguma, pode ser aceito é
tos sociais precisam que o Estado assuma um papel ativo
um retrocesso evidente, seja excluindo uma categoria de
em prol da efetivação destes.
direitos (ex.: abolir o Sistema Único de Saúde), seja dimi-
A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma
nuindo sensivelmente a abrangência da proteção (ex.: ex-
Constituição, a despeito de um instante bem-intencionado
cluindo o ensino médio gratuito).
de palavras promovido pelo constituinte, pode levar à ne-
gativa, paradoxal – e, portanto, inadmissível – consequên- Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso:
cia de uma Carta Magna cujas finalidades não condigam se uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direito
com seus próprios prescritos, fato que deslegitima o Poder social, ela se torna vinculante e é impossível ao legislador
Público como determinador de que particulares respeitem alterar a Constituição para retirar este avanço? Por um lado,
os direitos fundamentais, já que sequer eles próprios, os a proibição do retrocesso merece ser tomada em conceito
administradores, conseguem cumprir o que consta de seu amplo, abrangendo inclusive decisões judiciais; por outro
Estatuto Máximo36. lado, a decisão judicial não tem por fulcro alterar a norma,
Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar o que somente é feito pelo legislador, e ele teria o direito
a cláusula da reserva do possível como argumento para a de prever que aquela decisão judicial não está incorporada
não implementação de determinado direito social – seja na proibição do retrocesso. A questão é polêmica e não há
pela absoluta ausência de recursos (reserva do possível fá- entendimento dominante.
tica), seja pela ausência de previsão orçamentária nos ter-
mos do artigo 167, CF (reserva do possível jurídica). 4) Direito individual do trabalho
O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que O artigo 7º da Constituição enumera os direitos indi-
os direitos sociais “não pode converter-se em promessa viduais dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos
constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Públi- individuais tipicamente trabalhistas, mas que não excluem
co, fraudando justas expectativas nele depositadas pela co- os demais direitos fundamentais (ex.: honra é um direito no
letividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento espaço de trabalho, sob pena de se incidir em prática de
de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de assédio moral).
infidelidade governamental ao que determina a própria Lei
Fundamental do Estado”37. Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra
36 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possível e mí-
despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de
nimo existencial: a pretensão de eficácia da norma constitucional em lei complementar, que preverá indenização compensatória,
face da realidade. Curitiba: Juruá, 2012, p. 56-57. dentre outros direitos.
37 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO.
24
NOÇÕES DE DIREITO
Significa que a demissão, se não for motivada por justa Cada trabalhador, dentro de sua categoria de empre-
causa, assegura ao trabalhador direitos como indenização go, seja ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário,
compensatória, entre outros, a serem arcados pelo empre- construtor civil, enfermeiro, recebe um salário base, chama-
gador. do de Piso Salarial, que é sua garantia de recebimento den-
tro de seu grau profissional. O Valor do Piso Salarial é esta-
Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de de- belecido em conformidade com a data base da categoria,
semprego involuntário. por isso ele é definido em conformidade com um acordo,
ou ainda com um entendimento entre patrão e trabalhador.
Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida
do empregador, o trabalhador que fique involuntariamente Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o
desempregado – entendendo-se por desemprego invo- disposto em convenção ou acordo coletivo.
luntário o que tenha origem num acordo de cessação do
contrato de trabalho – tem direito ao seguro-desemprego, O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão
a ser arcado pela previdência social, que tem o caráter de redução implique num prejuízo maior, por exemplo, demis-
são em massa durante uma crise, situações que devem ser
assistência financeira temporária.
negociadas em convenção ou acordo coletivo.
Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de ser-
Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior
viço.
ao mínimo, para os que percebem remuneração variável.
Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para pro- O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores,
teger o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é mesmo daqueles que recebem remuneração variável (ex.:
constituído de contas vinculadas, abertas em nome de baseada em comissões por venda e metas);
cada trabalhador, quando o empregador efetua o primeiro
depósito. O saldo da conta vinculada é formado pelos de- Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na
pósitos mensais efetivados pelo empregador, equivalentes remuneração integral ou no valor da aposentadoria.
a 8,0% do salário pago ao empregado, acrescido de atua-
lização monetária e juros. Com o FGTS, o trabalhador tem Também conhecido como gratificação natalina, foi ins-
a oportunidade de formar um patrimônio, que pode ser tituída no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o tra-
sacado em momentos especiais, como o da aquisição da balhador receba o correspondente a 1/12 (um doze avos)
casa própria ou da aposentadoria e em situações de dificul- da remuneração por mês trabalhado, ou seja, consiste no
dades, que podem ocorrer com a demissão sem justa causa pagamento de um salário extra ao trabalhador e ao apo-
ou em caso de algumas doenças graves. sentado no final de cada ano.
Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacio- Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno
nalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades superior à do diurno.
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimenta-
ção, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, trans- O adicional noturno é devido para o trabalho exercido
porte e previdência social, com reajustes periódicos que durante a noite, de modo que cada hora noturna sofre a re-
lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincula- dução de 7 minutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acrés-
ção para qualquer fim. cimo de 12,5% sobre o valor da hora diurna. Considera-se
T noturno, nas atividades urbanas, o trabalho realizado entre
rata-se de uma visível norma programática da Cons- as 22:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; nas
atividades rurais, é considerado noturno o trabalho execu-
tituição que tem por pretensão um salário mínimo que
tado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas
atenda a todas as necessidades básicas de uma pessoa e
do dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00
de sua família. Em pesquisa que tomou por parâmetro o
horas do dia seguinte.
preceito constitucional, detectou-se que “o salário mínimo
do trabalhador brasileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47 Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei,
em abril para que ele suprisse suas necessidades básicas e constituindo crime sua retenção dolosa.
da família, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, 07,
pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Quanto ao possível crime de retenção de salário, não
Socioeconômicos (Dieese)”38. há no Código Penal brasileiro uma norma que determina a
ação de retenção de salário como crime. Apesar do artigo
Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e 7º, X, CF dizer que é crime a retenção dolosa de salário,
à complexidade do trabalho. o dispositivo é norma de eficácia limitada, pois depende
de lei ordinária, ainda mais porque qualquer norma penal
38 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario-mini- incriminadora é regida pela legalidade estrita (artigo 5º,
mo-deveria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril XXXIX, CF).
25
NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resul- O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 ho-
tados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, ras para os turnos ininterruptos de revezamento, expres-
participação na gestão da empresa, conforme definido em samente ressalvando a hipótese de negociação coletiva,
lei. objetivou prestigiar a atuação da entidade sindical. Entre-
tanto, a jurisprudência evoluiu para uma interpretação res-
A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é tritiva de seu teor, tendo como parâmetro o fato de que
conhecida também por Programa de Participação nos Re- o trabalho em turnos ininterruptos é por demais desgas-
sultados (PPR), está prevista na Consolidação das Leis do tante, penoso, além de trazer malefícios de ordem fisio-
Trabalho (CLT) desde a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro lógica para o trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito
de 2000. Ela funciona como um bônus, que é ofertado pelo psicossocial já que dificulta o convívio em sociedade e com
empregador e negociado com uma comissão de trabalha- a própria família.
dores da empresa. A CLT não obriga o empregador a forne-
cer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado. Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, pre-
ferencialmente aos domingos.
Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do
dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei. O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e
quatro) horas consecutivas, devendo ser concedido prefe-
Salário-família é o benefício pago na proporção do rencialmente aos domingos, sendo garantido a todo traba-
respectivo número de filhos ou equiparados de qualquer lhador urbano, rural ou doméstico. Havendo necessidade
condição até a idade de quatorze anos ou inválido de qual- de trabalho aos domingos, desde que previamente auto-
quer idade, independente de carência e desde que o salá- rizados pelo Ministério do Trabalho, aos trabalhadores é
rio-de-contribuição seja inferior ou igual ao limite máximo assegurado pelo menos um dia de repouso semanal re-
permitido. De acordo com a Portaria Interministerial MPS/ munerado coincidente com um domingo a cada período,
MF nº 19, de 10/01/2014, valor do salário-família será de dependendo da atividade (artigo 67, CLT).
R$ 35,00, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido,
Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas
para quem ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador que
com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal.
receber de R$ 682,51 até R$ 1.025,81, o valor do salário-
-família por filho de até 14 anos de idade ou inválido de
O salário das férias deve ser superior em pelo menos
qualquer idade será de R$ 24,66.
um terço ao valor da remuneração normal, com todos os
adicionais e benefícios aos quais o trabalhador tem direi-
Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não su-
to. A cada doze meses de trabalho – denominado período
perior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
aquisitivo – o empregado terá direito a trinta dias corridos
facultada a compensação de horários e a redução da jorna- de férias, se não tiver faltado injustificadamente mais de
da, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias das férias
serão diminuídos de acordo com o número de faltas).
Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraor-
dinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo
normal. do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte
dias.
A legislação trabalhista vigente estabelece que a du-
ração normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de O salário da trabalhadora em licença é chamado de
8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, salário-maternidade, é pago pelo empregador e por ele
no máximo. Todavia, poderá a jornada diária de trabalho descontado dos recolhimentos habituais devidos à Previ-
dos empregados maiores ser acrescida de horas suple- dência Social. A trabalhadora pode sair de licença a partir
mentares, em número não excedentes a duas, no máximo, do último mês de gestação, sendo que o período de licen-
para efeito de serviço extraordinário, mediante acordo in- ça é de 120 dias. A Constituição também garante que, do
dividual, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença momento em que se confirma a gravidez até cinco meses
normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade im- após o parto, a mulher não pode ser demitida.
periosa, poderá ser prorrogada além do limite legalmente
permitido. A remuneração do serviço extraordinário, des- Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fi-
de a promulgação da Constituição Federal, deverá cons- xados em lei.
tar, obrigatoriamente, do acordo, convenção ou sentença
normativa, e será, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade
superior à da hora normal. para estar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a
mãe nos processos pós-operatórios.
Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o traba-
lho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da
salvo negociação coletiva. mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei.
26
NOÇÕES DE DIREITO
Nas relações de emprego, quando uma das partes de- Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria.
seja rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por
prazo indeterminado, deverá, antecipadamente, notificar A aposentadoria é um benefício garantido a todo tra-
à outra parte, através do aviso prévio. O aviso prévio tem balhador brasileiro que pode ser usufruído por aquele que
por finalidade evitar a surpresa na ruptura do contrato de tenha contribuído ao Instituto Nacional de Seguridade
trabalho, possibilitando ao empregador o preenchimento Social (INSS) pelos prazos estipulados nas regras da Previ-
do cargo vago e ao empregado uma nova colocação no dência Social e tenha atingido as idades mínimas previstas.
mercado de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser Aliás, o direito à previdência social é considerado um direi-
trabalhado ou indenizado. to social no próprio artigo 6º, CF.
Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e
trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segu-
dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de ida-
rança.
de em creches e pré-escolas.
Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias
do trabalho salubre. Fiorillo39 destaca que o equilíbrio do
com mais de 16 anos tem a obrigação de oferecer um es-
meio ambiente do trabalho está sedimentado na salubri-
dade e na ausência de agentes que possam comprometer paço físico para que as mães deixem o filho de 0 a 6 meses,
a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores. enquanto elas trabalham. Caso não ofereçam esse espaço
aos bebês, a empresa é obrigada a dar auxílio-creche a mu-
Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as lher para que ela pague uma creche para o bebê de até 6
atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da meses. O valor desse auxílio será determinado conforme
lei. negociação coletiva na empresa (acordo da categoria ou
convenção). A empresa que tiver menos de 30 funcionárias
Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, mo- registradas não tem obrigação de conceder o benefício. É
lesto, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que facultativo (ela pode oferecer ou não). Existe a possibilida-
não é perigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção de de o benefício ser estendido até os 6 anos de idade e
e vigilância acima do comum. Ainda não há na legislação incluir o trabalhador homem. A duração do auxílio-creche
específica previsão sobre o adicional de penosidade. e o valor envolvido variarão conforme negociação coletiva
São consideradas atividades ou operações insalubres na empresa.
as que se desenvolvem excesso de limites de tolerância
para: ruído contínuo ou intermitente, ruídos de impacto, Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e
exposição ao calor e ao frio, radiações, certos agentes quí- acordos coletivos de trabalho.
micos e biológicos, vibrações, umidade, etc. O exercício de
trabalho em condições de insalubridade assegura ao traba- Neste dispositivo se funda o direito coletivo do tra-
lhador a percepção de adicional, incidente sobre o salário balho, que encontra regulamentação constitucional nos
base do empregado (súmula 228 do TST), ou previsão mais artigo 8º a 11 da Constituição. Pelas convenções e acor-
benéfica em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalen- dos coletivos, entidades representativas da categoria dos
te a 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau trabalhadores entram em negociação com as empresas na
máximo; 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau defesa dos interesses da classe, assegurando o respeito aos
médio; 10% (dez por cento), para insalubridade de grau direitos sociais;
mínimo.
39 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Am- Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação,
biental brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 21. na forma da lei.
27
NOÇÕES DE DIREITO
Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários,
homem, que pode ser feita, notadamente, qualificando o de exercício de funções e de critério de admissão por motivo
profissional para exercer trabalhos que não possam ser de- de sexo, idade, cor ou estado civil.
sempenhados por uma máquina (ex.: se criada uma máqui-
na que substitui o trabalhador, deve ser ele qualificado para Há uma tendência de se remunerar melhor homens
que possa operá-la). brancos na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo
patente a diferença remuneratória para com pessoas de
Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de tra- diferente etnia, faixa etária ou sexo. Esta distinção atenta
balho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização contra o princípio da igualdade e não é aceita pelo consti-
a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa. tuinte, sendo possível inclusive invocar a equiparação sala-
rial judicialmente.
Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tratar
do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a defi- Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discrimina-
nição de doenças e acidentes do trabalho. Não se trata de ção no tocante a salário e critérios de admissão do trabalha-
legislação específica sobre o tema, mas sim de uma norma dor portador de deficiência.
que dispõe sobre as modalidades de benefícios da previ-
dência social. Referida Lei, em seu artigo 19 da preceitua A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas li-
que acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do mitações, possui condições de ingressar no mercado de
trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do traba- trabalho e não pode ser preterida meramente por conta de
lho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional sua deficiência.
que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho. Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre traba-
Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contri- lho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
buição com natureza de tributo que as empresas pagam respectivos.
para custear benefícios do INSS oriundos de acidente de
trabalho ou doença ocupacional, cobrindo a aposentadoria Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igual-
mente relevantes e contribuem todos para a sociedade,
especial. A alíquota normal é de um, dois ou três por cen-
não cabendo a desvalorização de um trabalho apenas por
to sobre a remuneração do empregado, mas as empresas
se enquadrar numa ou outra categoria.
que expõem os trabalhadores a agentes nocivos químicos,
físicos e biológicos precisam pagar adicionais diferencia-
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno,
dos. Assim, quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas
perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qual-
atualmente o Ministério da Previdência Social pode alterar
quer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na
a alíquota se a empresa investir na segurança do trabalho. condição de aprendiz, a partir de quatorze anos.
Neste sentido, nada impede que a empresa seja res-
ponsabilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabele-
o trabalhador. Na atualidade entende-se que a possibili- cendo-se uma idade mínima para trabalho e proibindo-se
dade de cumulação do benefício previdenciário, assim o trabalho em condições desfavoráveis.
compreendido como prestação garantida pelo Estado ao
trabalhador acidentado (responsabilidade objetiva) com Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o tra-
a indenização devida pelo empregador em caso de culpa balhador com vínculo empregatício permanente e o tra-
(responsabilidade subjetiva), é pacífica, estando ampla- balhador avulso.
mente difundida na jurisprudência do Tribunal Superior do
Trabalho; Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias em-
presas, mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores
Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultan- de mão-de-obra, possuindo os mesmos direitos que um
tes das relações de trabalho, com prazo prescricional de trabalhador com vínculo empregatício permanente.
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como
limite de dois anos após a extinção do contrato de tra- PEC das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único
balho. do artigo 7º:
Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à cate-
jurisdicional para assegurar direitos violados. Sendo assim, goria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos
há um período de tempo que o empregado tem para re- nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI,
querer seu direito na Justiça do Trabalho. A prescrição tra- XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições
balhista é sempre de 2 (dois) anos a partir do término do estabelecidas em lei e observada a simplificação do cum-
contrato de trabalho, atingindo as parcelas relativas aos 5 primento das obrigações tributárias, principais e acessórias,
(cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) anos durante a decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os
vigência do contrato de trabalho. previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como
a sua integração à previdência social.
28
NOÇÕES DE DIREITO
5) Direito coletivo do trabalho A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre
Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos o exercício do direito de greve, define as atividades essen-
dos trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalha- ciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis da
dores, coletivamente ou no interesse de uma coletivida- comunidade, e dá outras providências. Enquanto não for
de, quais sejam: associação profissional ou sindical, greve, disciplinado o direito de greve dos servidores públicos, esta
substituição processual, participação e representação clas- é a legislação que se aplica, segundo o STF.
sista40. O direito de participação é previsto no artigo 10, CF:
A liberdade de associação profissional ou sindical tem
escopo no artigo 8º, CF: Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos trabalha-
dores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos
Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindi- em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam
cal, observado o seguinte: objeto de discussão e deliberação.
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão Por fim, aborda-se o direito de representação classista
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a no artigo 11, CF:
intervenção na organização sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos empre-
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria gados, é assegurada a eleição de um representante destes
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento
será definida pelos trabalhadores ou empregadores interes- direto com os empregadores.
sados, não podendo ser inferior à área de um Município;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes- Nacionalidade
ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que
questões judiciais ou administrativas; vem a ser corolário dos direitos políticos, já que somente um
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em nacional pode adquirir direitos políticos.
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga
se tratando de categoria profissional, será descontada em
um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele
folha, para custeio do sistema confederativo da representa-
passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim
ção sindical respectiva, independentemente da contribuição
de direitos e obrigações.
prevista em lei;
Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
não é a mesma coisa que população. População é o conjun-
filiado a sindicato;
to de pessoas residentes no país – inclui o povo, os estran-
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
geiros residentes no país e os apátridas.
negociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo- 1) Nacionalidade como direito humano fundamental
tado nas organizações sindicais; Os direitos humanos internacionais são completamente
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicali- contrários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o in-
zado a partir do registro da candidatura a cargo de direção divíduo que não possui o vínculo da nacionalidade com ne-
ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, nhum Estado. Logo, a nacionalidade é um direito da pessoa
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta humana, o qual não pode ser privado de forma arbitrária.
grave nos termos da lei. Não há privação arbitrária quando respeitados os critérios
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se legais previstos no texto constitucional no que tange à perda
à organização de sindicatos rurais e de colônias de pes- da nacionalidade. Em outras palavras, o constituinte brasilei-
cadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. ro não admite a figura do apátrida.
Contudo, é exatamente por ser um direito que a nacio-
O direito de greve, por seu turno, está previsto no ar- nalidade não pode ser uma obrigação, garantindo-se à pes-
tigo 9º, CF: soa o direito de deixar de ser nacional de um país e passar a
sê-lo de outro, mudando de nacionalidade, por um processo
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos conhecido como naturalização.
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em
sobre os interesses que devam por meio dele defender. seu artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma naciona-
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais lidade. II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua na-
e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis cionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade”.
da comunidade. A Convenção Americana sobre Direitos Humanos apro-
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às funda-se em meios para garantir que toda pessoa tenha
penas da lei. uma nacionalidade desde o seu nascimento ao adotar o cri-
tério do jus solis, explicitando que ao menos a pessoa terá a
40 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema- nacionalidade do território onde nasceu, quando não tiver
tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. direito a outra nacionalidade por previsões legais diversas.
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NOÇÕES DE DIREITO
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NOÇÕES DE DIREITO
Destaque vai para o requisito da residência contínua. Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasi-
Em regra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos leiro naturalizado como membro do Conselho da Repúbli-
contínuos, conforme o inciso III do referido artigo 112. No ca (artigos 89 e 90, CF); impossibilidade de ser proprietário
entanto, por previsão constitucional do artigo 12, II, “a”, se de empresa jornalística, de radiodifusão sonora e imagens,
o estrangeiro foi originário de país com língua portuguesa salvo se já naturalizado há 10 anos (artigo 222, CF); possi-
o prazo de residência contínua é reduzido para 1 ano. Daí bilidade de extradição do brasileiro naturalizado que tenha
se afirmar que o constituinte estabeleceu a naturalização praticado crime comum antes da naturalização ou, depois
ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização extraordiná- dela, crime de tráfico de drogas (artigo 5º, LI, CF).
ria no artigo 12, II, “a”.
Outra diferença sensível é que à naturalização ordinária 3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses
se aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, segun- Nos termos do artigo 12, § 1º, CF:
do o qual “a satisfação das condições previstas nesta Lei
não assegura ao estrangeiro direito à naturalização”. Logo, Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência
na naturalização ordinária não há direito subjetivo à na- permanente no País, se houver reciprocidade em favor de
turalização, mesmo que preenchidos todos os requisitos. brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao bra-
Trata-se de ato discricionário do Ministério da Justiça. O sileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.
mesmo não vale para a naturalização extraordinária, quan-
do há direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o
Judiciário para fazê-lo valer42. mesmo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado
de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República
c) Tratamento diferenciado Federativa do Brasil e a República Portuguesa, assinado em
A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou 22 de abril de 2000 (Decreto nº 3.927/2001).
naturalizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste As vantagens conferidas são: igualdade de direitos ci-
sentido, o artigo 12, § 2º, CF: vis, não sendo considerado um estrangeiro; gozo de direi-
tos políticos se residir há 3 anos no país, autorizando-se
Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distin-
o alistamento eleitoral. No caso de exercício dos direitos
ção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos ca-
políticos nestes moldes, os direitos desta natureza ficam
sos previstos nesta Constituição.
suspensos no outro país, ou seja, não exerce simultanea-
mente direitos políticos nos dois países.
Percebe-se que a Constituição simultaneamente esta-
belece a não distinção e se reserva ao direito de estabele-
4) Perda da nacionalidade
cer as hipóteses de distinção.
Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacio-
Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram
enumeradas no parágrafo seguinte. nalidade do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença ju-
Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato dicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
os cargos: II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; lei estrangeira;
III - de Presidente do Senado Federal; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangei-
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; ra, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como con-
V - da carreira diplomática; dição para permanência em seu território ou para o exercício
VI - de oficial das Forças Armadas; de direitos civis.
VII - de Ministro de Estado da Defesa.
A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818,
A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no de 18 de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e
exercício da presidência da República ou de cargo que pos- a reaquisição da nacionalidade, e a perda dos direitos po-
sa levar a esta posição provisoriamente deve ser natural do líticos. No processo deve ser respeitado o contraditório e
país (ausente o Presidente da República, seu vice-presiden- a iniciativa de propositura é do Procurador da República.
te desempenha o cargo; ausente este assume o Presiden- No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo,
te da Câmara; também este ausente, em seguida, exerce percebe-se a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea
o cargo o Presidente do Senado; e, por fim, o Presidente “a” aceita-se que a pessoa tenha nacionalidade brasileira
do Supremo pode assumir a presidência na ausência dos e outra se ao seu nascimento tiver adquirido simultanea-
anteriores – e como o Presidente do Supremo é escolhido mente a nacionalidade do Brasil e outro país; na alínea “b”
num critério de revezamento nenhum membro pode ser é reconhecida a mesma situação se a aquisição da nacio-
naturalizado); ou a de que o cargo ocupado possui forte nalidade do outro país for uma exigência para continuar
impacto em termos de representação do país ou de segu- lá permanecendo ou exercendo seus direitos civis, pois se
rança nacional. assim não o fosse o brasileiro seria forçado a optar por uma
42 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em telecon- nacionalidade e, provavelmente, se ver privado da naciona-
ferência. lidade brasileira.
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NOÇÕES DE DIREITO
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NOÇÕES DE DIREITO
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NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os quem os tenha substituído ao final do mandato, a não ser
analfabetos. que seja já titular de mandato eletivo e candidato à reelei-
ção.
O artigo 14, §4º, CF traz duas hipóteses de inelegibili-
dade, que são absolutas, atingem todos os cargos. Para ser Artigo 14, §8º, CF. O militar alistável é elegível,
elegível é preciso ser alfabetizado (os analfabetos têm a atendidas as seguintes condições:
faculdade de votar, mas não podem ser votados) e é preci- I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afas-
so possuir a capacidade eleitoral ativa – poder votar (inalis- tar-se da atividade;
táveis são aqueles que não podem tirar o título de eleitor, II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado
portanto, não podem votar, notadamente: os estrangeiros pela autoridade superior e, se eleito, passará automatica-
e os conscritos durante o serviço militar obrigatório). mente, no ato da diplomação, para a inatividade.
Artigo 14, §5º, CF. O Presidente da República, os São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos,
Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos os militares que não podem se alistar ou os que podem,
e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mas não preenchem as condições do §8º do artigo 14, CF,
mandatos poderão ser reeleitos para um único período sub- ou seja, se não se afastar da atividade caso trabalhe há me-
sequente. nos de 10 anos, se não for agregado pela autoridade supe-
rior (suspenso do exercício das funções por sua autoridade
Descreve-se no dispositivo uma hipótese de inelegibili- sem prejuízo de remuneração) caso trabalhe há mais de
dade relativa. Se um Chefe do Poder Executivo de qualquer 10 anos (sendo que a eleição passa à condição de inativo).
das esferas for substituído por seu vice no curso do man-
dato, este vice somente poderá ser eleito para um período Artigo 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá ou-
subsequente. tros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a
Ex.: Governador renuncia ao mandato no início do seu fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade
último ano de governo para concorrer ao Senado Federal e para exercício de mandato considerada vida pregressa do
é substituído pelo seu vice-governador. Se este se candida- candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições con-
tar e for eleito, não poderá ao final deste mandato se ree- tra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício
leger. Isto é, se o mandato o candidato renuncia no início de função, cargo ou emprego na administração direta ou
indireta.
de 2010 o seu mandato de 2007-2010, assumindo o vice
em 2010, poderá este se candidatar para o mandato 2011-
O rol constitucional de inelegibilidades dos parágrafos
2014, mas caso seja eleito não poderá se reeleger para o
do artigo 14 não é taxativo, pois lei complementar pode
mandato 2015-2018 no mesmo cargo. Foi o que aconteceu
estabelecer outros casos, tanto de inelegibilidades absolu-
com o ex-governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia,
tas como de inelegibilidades relativas. Neste sentido, a Lei
que assumiu em 2010 no lugar de Aécio Neves o governo Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, estabelece
do Estado de Minas Gerais e foi eleito governador entre casos de inelegibilidade, prazos de cessação, e determina
2011 e 2014, mas não pode se candidatar à reeleição, con- outras providências. Esta lei foi alterada por aquela que fi-
correndo por isso a uma vaga no Senado Federal. cou conhecida como Lei da Ficha Limpa, Lei Complementar
nº 135, de 04 de junho de 2010, principalmente em seu
Artigo 14, §6º, CF. Para concorrerem a outros cargos, artigo 1º, que segue.
o Presidente da República, os Governadores de Estado e do
Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respecti- Art. 1º, Lei Complementar nº 64/1990. São inelegíveis:
vos mandatos até seis meses antes do pleito. I - para qualquer cargo:
a) os inalistáveis e os analfabetos;
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer car- b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias
gos, os chefes do Executivo que não renunciarem aos seus Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Munici-
mandatos até seis meses antes do pleito eleitoral, antes das pais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infrin-
eleições. Ex.: Se a eleição aconteceu em 05/10/2014, neces- gência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Consti-
sário que tivesse renunciado até 04/04/2014. tuição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de
mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos
Artigo 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de ju- Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se rea-
risdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos lizarem durante o período remanescente do mandato para o
ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presiden- qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao término
te da República, de Governador de Estado ou Território, do da legislatura;
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído d) os que tenham contra sua pessoa representação jul-
dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular gada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada
de mandato eletivo e candidato à reeleição. em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de
apuração de abuso do poder econômico ou político, para a
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o se- como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;
gundo grau ou por adoção, dos Chefes do Executivo ou de (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
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NOÇÕES DE DIREITO
e) os que forem condenados, em decisão transitada em j) os que forem condenados, em decisão transitada em
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral,
condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por
o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha
Lei Complementar nº 135, de 2010) ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas
1. contra a economia popular, a fé pública, a administra- eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diplo-
ção pública e o patrimônio público; (Incluído pela Lei Com- ma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; (Incluído
plementar nº 135, de 2010) pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o k) o Presidente da República, o Governador de Estado e
mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falên- do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Na-
cia; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) cional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa,
3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) desde o oferecimento de representação ou petição capaz de
4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de autorizar a abertura de processo por infringência a dispositi-
liberdade; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) vo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei
5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Muni-
condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exer- cípio, para as eleições que se realizarem durante o período
cício de função pública; (Incluído pela Lei Complementar nº remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8
135, de 2010) (oito) anos subsequentes ao término da legislatura; (Incluído
6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
(Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) l) os que forem condenados à suspensão dos direitos
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida
tortura, terrorismo e hediondos; por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade
8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído administrativa que importe lesão ao patrimônio público e
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em
9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o
Complementar nº 135, de 2010) cumprimento da pena; (Incluído pela Lei Complementar nº
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou 135, de 2010)
bando; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por
f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou decisão sancionatória do órgão profissional competente, em
com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Redação decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8
dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010) (oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar nº
cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade in- 135, de 2010)
sanável que configure ato doloso de improbidade adminis- n) os que forem condenados, em decisão transitada em
trativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão
se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judi- de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou
ciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos de união estável para evitar caracterização de inelegibilida-
seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se de, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer
o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a a fraude; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de manda- o) os que forem demitidos do serviço público em decor-
tários que houverem agido nessa condição; (Redação dada rência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido
h) os detentores de cargo na administração pública di- suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei
reta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a ter- Complementar nº 135, de 2010)
ceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas res-
condenados em decisão transitada em julgado ou proferida ponsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão
por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual concor- transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da
rem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão,
realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela observando-se o procedimento previsto no art. 22; (Incluído
Lei Complementar nº 135, de 2010) pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento q) os magistrados e os membros do Ministério Público
ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de pro- que forem aposentados compulsoriamente por decisão san-
cesso de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, cionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que
nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva decretação, car- tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na
go ou função de direção, administração ou representação, pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo
enquanto não forem exonerados de qualquer responsabili- de 8 (oito) anos; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de
dade; 2010)
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NOÇÕES DE DIREITO
II - para Presidente e Vice-Presidente da República: h) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das fun-
a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente ções, tenham exercido cargo de Presidente, Diretor ou Supe-
de seus cargos e funções: rintendente de sociedades com objetivos exclusivos de ope-
1. os Ministros de Estado: rações financeiras e façam publicamente apelo à poupança
2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e e ao crédito, inclusive através de cooperativas e da empresa
militar, da Presidência da República; ou estabelecimentos que gozem, sob qualquer forma, de
3. o chefe do órgão de assessoramento de informações vantagens asseguradas pelo poder público, salvo se decor-
da Presidência da República; rentes de contratos que obedeçam a cláusulas uniformes;
4. o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas; i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito,
5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da hajam exercido cargo ou função de direção, administração
República; ou representação em pessoa jurídica ou em empresa que
6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e mantenha contrato de execução de obras, de prestação de
da Aeronáutica; serviços ou de fornecimento de bens com órgão do Poder
7. os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica; Público ou sob seu controle, salvo no caso de contrato que
8. os Magistrados; obedeça a cláusulas uniformes;
9. os Presidentes, Diretores e Superintendentes de autar- j) os que, membros do Ministério Público, não se tenham
quias, empresas públicas, sociedades de economia mista e afastado das suas funções até 6 (seis) meses anteriores ao
fundações públicas e as mantidas pelo poder público; pleito;
10. os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de I) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos
Territórios; órgãos ou entidades da Administração direta ou indireta
11. os Interventores Federais; da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e
12. os Secretários de Estado; dos Territórios, inclusive das fundações mantidas pelo Poder
13. os Prefeitos Municipais; Público, não se afastarem até 3 (três) meses anteriores ao
14. os membros do Tribunal de Contas da União, dos pleito, garantido o direito à percepção dos seus vencimentos
Estados e do Distrito Federal; integrais;
15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal; III - para Governador e Vice-Governador de Estado e do
16. os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os Distrito Federal;
Secretários Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-
e as pessoas que ocupem cargos equivalentes; -Presidente da República especificados na alínea a do inciso
b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores II deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se
à eleição, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e em tratar de repartição pública, associação ou empresas que
qualquer dos poderes da União, cargo ou função, de nomea- operem no território do Estado ou do Distrito Federal, obser-
ção pelo Presidente da República, sujeito à aprovação prévia vados os mesmos prazos;
do Senado Federal; b) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente
c) (Vetado); de seus cargos ou funções:
d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tiverem 1. os chefes dos Gabinetes Civil e Militar do Governador
competência ou interesse, direta, indireta ou eventual, no do Estado ou do Distrito Federal;
lançamento, arrecadação ou fiscalização de impostos, taxas 2. os comandantes do Distrito Naval, Região Militar e
e contribuições de caráter obrigatório, inclusive parafiscais, Zona Aérea;
ou para aplicar multas relacionadas com essas atividades; 3. os diretores de órgãos estaduais ou sociedades de as-
e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tenham sistência aos Municípios;
exercido cargo ou função de direção, administração ou re- 4. os secretários da administração municipal ou mem-
presentação nas empresas de que tratam os arts. 3° e 5° da bros de órgãos congêneres;
Lei n° 4.137, de 10 de setembro de 1962, quando, pelo âm- IV - para Prefeito e Vice-Prefeito:
bito e natureza de suas atividades, possam tais empresas a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações,
influir na economia nacional; os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente
f) os que, detendo o controle de empresas ou grupo de da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do
empresas que atuem no Brasil, nas condições monopolísti- Distrito Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses para
cas previstas no parágrafo único do art. 5° da lei citada na a desincompatibilização;
alínea anterior, não apresentarem à Justiça Eleitoral, até 6 b) os membros do Ministério Público e Defensoria Públi-
(seis) meses antes do pleito, a prova de que fizeram cessar o ca em exercício na Comarca, nos 4 (quatro) meses anteriores
abuso apurado, do poder econômico, ou de que transferiram, ao pleito, sem prejuízo dos vencimentos integrais;
por força regular, o controle de referidas empresas ou grupo c) as autoridades policiais, civis ou militares, com exercí-
de empresas; cio no Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito;
g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses ante- V - para o Senado Federal:
riores ao pleito, ocupado cargo ou função de direção, ad- a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-
ministração ou representação em entidades representativas -Presidente da República especificados na alínea a do in-
de classe, mantidas, total ou parcialmente, por contribuições ciso II deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando
impostas pelo poder Público ou com recursos arrecadados e se tratar de repartição pública, associação ou empresa que
repassados pela Previdência Social; opere no território do Estado, observados os mesmos prazos;
36
NOÇÕES DE DIREITO
b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis I - cancelamento da naturalização por sentença transi-
para os cargos de Governador e Vice-Governador, nas mes- tada em julgado;
mas condições estabelecidas, observados os mesmos prazos; II - incapacidade civil absoluta;
VI - para a Câmara dos Deputados, Assembleia Legisla- III - condenação criminal transitada em julgado, en-
tiva e Câmara Legislativa, no que lhes for aplicável, por iden- quanto durarem seus efeitos;
tidade de situações, os inelegíveis para o Senado Federal, IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
nas mesmas condições estabelecidas, observados os mesmos prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
prazos; V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37,
VII - para a Câmara Municipal: § 4º.
a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações,
os inelegíveis para o Senado Federal e para a Câmara dos O inciso I refere-se ao cancelamento da naturalização,
Deputados, observado o prazo de 6 (seis) meses para a de- o que faz com que a pessoa deixe de ser nacional e, por-
sincompatibilização; tanto, deixe de ser titular de direitos políticos.
b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos de O inciso II trata da incapacidade civil absoluta, ou seja,
Prefeito e Vice-Prefeito, observado o prazo de 6 (seis) meses da interdição da pessoa para a prática de atos da vida civil,
para a desincompatibilização . entre os quais obviamente se enquadra o sufrágio univer-
§ 1° Para concorrência a outros cargos, o Presidente da sal.
República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal O inciso III refere-se a um dos possíveis efeitos da con-
e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos denação criminal, que é a suspensão de direitos políticos.
até 6 (seis) meses antes do pleito. O inciso IV trata da recusa em cumprir a obrigação mi-
§ 2° O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o litar ou a prestação substitutiva imposta em caso de escusa
Vice-Prefeito poderão candidatar-se a outros cargos, moral ou religiosa.
O inciso V se refere à ação de improbidade administra-
preservando os seus mandatos respectivos, desde que,
tiva, que tramita para apurar a prática dos atos de improbi-
nos últimos 6 (seis) meses anteriores ao pleito, não tenham
dade administrativa, na qual uma das penas aplicáveis é a
sucedido ou substituído o titular.
suspensão dos direitos políticos.
§ 3° São inelegíveis, no território de jurisdição do titular,
Os direitos políticos somente são perdidos em dois
o cônjuge e os parentes, consanguíneos ou afins, até o
casos, quais sejam cancelamento de naturalização por
segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
sentença transitada em julgado (o indivíduo naturalizado
de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, volta à condição de estrangeiro) e perda da nacionalidade
de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos brasileira em virtude da aquisição de outra (brasileiro se
6 (seis) meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de naturaliza em outro país e assim deixa de ser considera-
mandato eletivo e candidato à reeleição. do um cidadão brasileiro, perdendo direitos políticos). Nos
§ 4º A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I demais casos, há suspensão. Nota-se que não há perda de
deste artigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles direitos políticos pela prática de atos atentatórios contra a
definidos em lei como de menor potencial ofensivo, Administração Pública por parte do servidor, mas apenas
nem aos crimes de ação penal privada. (Incluído pela Lei suspensão.
Complementar nº 135, de 2010) A cassação de direitos políticos, consistente na retirada
§ 5º A renúncia para atender à desincompatibilização dos direitos políticos por ato unilateral do poder público,
com vistas a candidatura a cargo eletivo ou para assunção sem observância dos princípios elencados no artigo 5º, LV,
de mandato não gerará a inelegibilidade prevista na CF (ampla defesa e contraditório), é um procedimento que
alínea k, a menos que a Justiça Eleitoral reconheça fraude só existe nos governos ditatoriais e que é absolutamente
ao disposto nesta Lei Complementar. (Incluído pela Lei vedado pelo texto constitucional.
Complementar nº 135, de 2010).
8) Anterioridade anual da lei eleitoral
6) Impugnação de mandato
Encerrando a disciplina, o artigo 14, CF, aborda a im- Art. 16, CF. A lei que alterar o processo eleitoral entrará
pugnação de mandato. em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à elei-
ção que ocorra até um ano da data de sua vigência.
Artigo 14, § 10, CF. O mandato eletivo poderá ser im-
pugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias É necessário que a lei eleitoral entre em vigor pelo
contados da diplomação, instruída a ação com provas de menos 1 ano antes da próxima eleição, sob pena de não se
abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. aplicar a ela, mas somente ao próximo pleito.
Artigo 14, § 11, CF. A ação de impugnação de mandato Administração Pública: disposições gerais; servido-
tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na res públicos
forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
1) Princípios da Administração Pública
7) Perda e suspensão de direitos políticos Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permi-
Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos, tem que ele consolide o bem comum e garanta a preser-
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: vação dos interesses da coletividade, se encontram exte-
37
NOÇÕES DE DIREITO
riorizados em princípios e regras. Estes, por sua vez, são pelo qual o alvo a ser alcançado pela administração públi-
estabelecidos na Constituição Federal e em legislações in- ca é somente o interesse público. Com efeito, o interesse
fraconstitucionais, a exemplo das que serão estudadas nes- particular não pode influenciar no tratamento das pessoas,
te tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° 8.112/90 já que deve-se buscar somente a preservação do interesse
e Lei n° 8.429/92. coletivo.
Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no c) Princípio da moralidade: A posição deste princí-
setor público partem da Constituição Federal, que estabe- pio no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de
lece alguns princípios fundamentais para a ética no setor uma espécie de moralidade administrativa, intimamente
público. Em outras palavras, é o texto constitucional do ar- relacionada ao poder público. A administração pública não
tigo 37, especialmente o caput, que permite a compreen- atua como um particular, de modo que enquanto o des-
são de boa parte do conteúdo das leis específicas, porque cumprimento dos preceitos morais por parte deste parti-
possui um caráter amplo ao preconizar os princípios fun- cular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento
damentais da administração pública. Estabelece a Consti- jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento
tuição Federal: imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio
da moralidade deve se fazer presente não só para com os
Artigo 37, CF. A administração pública direta e indireta
administrados, mas também no âmbito interno. Está indis-
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
sociavelmente ligado à noção de bom administrador, que
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legali-
não somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos
dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
princípios éticos regentes da função administrativa. TODO
também, ao seguinte: [...]
ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS
São princípios da administração pública, nesta ordem: IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois princípios
Legalidade anteriores.
Impessoalidade d) Princípio da publicidade: A administração pública
Moralidade é obrigada a manter transparência em relação a todos seus
Publicidade atos e a todas informações armazenadas nos seus ban-
Eficiência cos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras for- a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão
mam o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que
Administração Pública. É de fundamental importância um todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de
olhar atento ao significado de cada um destes princípios, servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se ne-
posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas gar indevidamente a fornecer informações ao administrado
no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, caracteriza ato de improbidade administrativa.
tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho44 No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que
e Spitzcovsky45: o princípio da publicidade seja deturpado em propaganda
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legali- político-eleitoral:
dade significa a permissão de fazer tudo o que a lei não
proíbe. Contudo, como a administração pública representa Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas,
os interesses da coletividade, ela se sujeita a uma relação obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
de subordinação, pela qual só poderá fazer o que a lei ex- caráter educativo, informativo ou de orientação social,
pressamente determina (assim, na esfera estatal, é preciso dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
lei anterior editando a matéria para que seja preservado o caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servido-
princípio da legalidade). A origem deste princípio está na res públicos.
criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio
Estado deve respeitar as leis que dita.
Somente pela publicidade os indivíduos controlarão
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes-
a legalidade e a eficiência dos atos administrativos. Os
ses que representa, a administração pública está proibida
instrumentos para proteção são o direito de petição e as
de promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar
certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e - resi-
alguém de forma diferente dos demais, privilegiando ou
prejudicando. Segundo este princípio, a administração pú- dualmente - do mandado de segurança. Neste viés, ainda,
blica deve tratar igualmente todos aqueles que se encon- prevê o artigo 37, CF em seu §3º:
trem na mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou
igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalida- Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de par-
de no que tange à contratação de serviços. O princípio da ticipação do usuário na administração pública direta e
impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade, indireta, regulando especialmente:
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços
44 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de
45 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e
Paulo: Método, 2011. interna, da qualidade dos serviços;
38
NOÇÕES DE DIREITO
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e com relação aos atos administrativos vinculados; todavia,
a informações sobre atos de governo, observado o disposto diverge quanto à referida necessidade quanto aos atos dis-
no art. 5º, X e XXXIII; cricionários.
III - a disciplina da representação contra o exercício ne- Meirelles47 entende que o ato discricionário, editado
gligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na admi- sob os limites da Lei, confere ao administrador uma mar-
nistração pública. gem de liberdade para fazer um juízo de conveniência e
oportunidade, não sendo necessária a motivação. No en-
e) Princípio da eficiência: A administração pública tanto, se houver tal fundamentação, o ato deverá condi-
deve manter o ampliar a qualidade de seus serviços com cionar-se a esta, em razão da necessidade de observância
controle de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pes- da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento
soas (o concurso público seleciona os mais qualificados ao majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato
exercício do cargo), ao manter tais pessoas em seus cargos discricionário, é necessária a motivação para que se saiba
(pois é possível exonerar um servidor público por ineficiên- qual o caminho adotado pelo administrador. Gasparini48,
cia) e ao controlar gastos (limitando o teto de remunera- com respaldo no art. 50 da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive
ção), por exemplo. O núcleo deste princípio é a procura a superação de tais discussões doutrinárias, pois o referido
por produtividade e economicidade. Alcança os serviços artigo exige a motivação para todos os atos nele elenca-
públicos e os serviços administrativos internos, se referindo dos, compreendendo entre estes, tanto os atos discricioná-
diretamente à conduta dos agentes. rios quanto os vinculados.
Além destes cinco princípios administrativo-constitu-
cionais diretamente selecionados pelo constituinte, podem 2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos ser-
ser apontados como princípios de natureza ética relaciona- vidores
dos à função pública a probidade e a motivação: O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os prin-
a) Princípio da probidade: um princípio constitucio- cípios da administração pública estudados no tópico ante-
nal incluído dentro dos princípios específicos da licitação, rior, aos quais estão sujeitos servidores de quaisquer dos
é o dever de todo o administrador público, o dever de ho- Poderes em qualquer das esferas federativas, e, em seus
nestidade e fidelidade com o Estado, com a população, no incisos, regras mínimas sobre o serviço público:
desempenho de suas funções. Possui contornos mais defi-
nidos do que a moralidade. Diógenes Gasparini46 alerta que Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas
alguns autores tratam veem como distintos os princípios são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisi-
da moralidade e da probidade administrativa, mas não há tos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na
características que permitam tratar os mesmos como pro- forma da lei.
cedimentos distintos, sendo no máximo possível afirmar
que a probidade administrativa é um aspecto particular da Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº
moralidade administrativa. 8.112/1990, que prevê:
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao
administrador de motivar todos os atos que edita, gerais Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para
ou de efeitos concretos. É considerado, entre os demais investidura em cargo público:
princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a I - a nacionalidade brasileira;
motivação não há o devido processo legal, uma vez que a II - o gozo dos direitos políticos;
fundamentação surge como meio interpretativo da decisão III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do
meio de viabilização do controle da legalidade dos atos da cargo;
Administração. V - a idade mínima de dezoito anos;
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicá- VI - aptidão física e mental.
vel ao caso concreto e relacionar os fatos que concreta- § 1º As atribuições do cargo podem justificar a
mente levaram à aplicação daquele dispositivo legal. Todos exigência de outros requisitos estabelecidos em lei. [...]
os atos administrativos devem ser motivados para que o § 3º As universidades e instituições de pesquisa
Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo científica e tecnológica federais poderão prover seus
quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros,
ser observados os motivos dos atos administrativos. de acordo com as normas e os procedimentos desta Lei.
Em relação à necessidade de motivação dos atos ad-
ministrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº
único comportamento possível) e dos atos discricionários 8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no arti-
(aqueles que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta go 207 da Constituição, permitindo que estrangeiros as-
um ou mais comportamentos possíveis, de acordo com um sumam cargos no ramo da pesquisa, ciência e tecnologia.
juízo de conveniência e oportunidade), a doutrina é unís- 47 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro.
sona na determinação da obrigatoriedade de motivação São Paulo: Malheiros, 1993.
46 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São 48 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2004. Paulo: Saraiva, 2004.
39
NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego pú- Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabiliza-
blico depende de aprovação prévia em concurso público ção daquele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingres-
de provas ou de provas e títulos, de acordo com a na- so no serviço público, que em regra se dá por concurso de
tureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma provas ou de provas e títulos.
prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração. Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas ex-
clusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e
Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990: os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores
de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de di-
carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de reção, chefia e assessoramento.
prévia habilitação em concurso público de provas ou de pro-
vas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo Observa-se o seguinte quadro comparativo49:
de sua validade.
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso Função de Confiança Cargo em Comissão
e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante pro-
moção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do Qualquer pessoa, obser-
Exercidas exclusivamente
sistema de carreira na Administração Pública Federal e seus vado o percentual mínimo
por servidores ocupantes
regulamentos. reservado ao servidor de
de cargo efetivo.
carreira.
No concurso de provas o candidato é avaliado ape- Com concurso público, já
nas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos que somente pode exercê- Sem concurso público, res-
concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua -la o servidor de cargo salvado o percentual míni-
atividade profissional também é considerado. Cargo em efetivo, mas a função em mo reservado ao servidor
comissão é o cargo de confiança, que não exige concurso si não prescindível de con- de carreira.
público, sendo exceção à regra geral. curso público.
É atribuído posto (lugar)
Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso públi-
num dos quadros da
co será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual Somente são conferidas
Administração Pública,
período. atribuições e responsabili-
conferida atribuições e
dade
responsabilidade àquele
Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável pre-
visto no edital de convocação, aquele aprovado em concur- que irá ocupá-lo
so público de provas ou de provas e títulos será convocado Destinam-se apenas às Destinam-se apenas às
com prioridade sobre novos concursados para assumir car- atribuições de direção, atribuições de direção,
go ou emprego, na carreira. chefia e assessoramento chefia e assessoramento
De livre nomeação e exo-
Prevê o artigo 12 da Lei nº 8.112/1990: neração no que se refere à De livre nomeação e exo-
função e não em relação ao neração
Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá cargo efetivo.
validade de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma
única vez, por igual período. Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o
§1º O prazo de validade do concurso e as condições de direito à livre associação sindical.
sua realização serão fixados em edital, que será publicado
no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande A liberdade de associação é garantida aos servidores
circulação. públicos tal como é garantida a todos na condição de di-
§ 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver reito individual e de direito social.
candidato aprovado em concurso anterior com prazo de
validade não expirado. Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos
termos e nos limites definidos em lei específica.
O edital delimita questões como valor da taxa de ins-
crição, casos de isenção, número de vagas e prazo de vali- O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores
dade. Havendo candidatos aprovados na vigência do prazo públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar
do concurso, ele deve ser chamado para assumir eventual pela preservação da sociedade quando exercê-lo. Enquan-
vaga e não ser realizado novo concurso. to não for elaborada uma legislação específica para os fun-
Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê: cionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral de gre-
ve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89
Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos in- (Mandado de Injunção nº 20).
cisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da 49 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/
autoridade responsável, nos termos da lei. quadro-comparativo-funcao-de-confianca.html
40
NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos car- emprego ou função pública, ressalvados os cargos acu-
gos e empregos públicos para as pessoas portadoras de muláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e
deficiência e definirá os critérios de sua admissão. os cargos em comissão declarados em lei de livre nomea-
ção e exoneração.
Neste sentido, o §2º do artigo 5º da Lei nº 8.112/1990:
Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos ar-
Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de de- tigos 40 e 41:
ficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso
público para provimento de cargo cujas atribuições sejam Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo
compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para exercício de cargo público, com valor fixado em lei.
tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das
vagas oferecidas no concurso.
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabele-
Prossegue o artigo 37, CF:
cidas em lei.
Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contra- § 1º A remuneração do servidor investido em função
tação por tempo determinado para atender a necessidade ou cargo em comissão será paga na forma prevista no art.
temporária de excepcional interesse público. 62.
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de
A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Cons- órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a
tituição, definindo a natureza da relação estabelecida en- remuneração de acordo com o estabelecido no § 1º do art.
tre o servidor contratado e a Administração Pública, para 93.
atender à “necessidade temporária de excepcional interes- § 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das
se público”. vantagens de caráter permanente, é irredutível.
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de rela- § 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para
ção que comporta dependência jurídica do servidor peran- cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo
te o Estado, duas opções se ofereciam: ou a relação seria Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as
trabalhista, agindo o Estado iure gestionis, sem usar das vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou
prerrogativas de Poder Público, ou institucional, estatutária, ao local de trabalho.
preponderando o ius imperii do Estado. Melhor dizendo: § 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior
o sistema preconizado pela Carta Política de 1988 é o do ao salário mínimo.
contrato, que tanto pode ser trabalhista (inserindo-se na
esfera do Direito Privado) quanto administrativo (situando- Ainda, o artigo 37 da Constituição:
-se no campo do Direito Público). [...] Uma solução inter-
mediária não deixa, entretanto, de ser legítima. Pode-se, Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos
com certeza, abonar um sistema híbrido, eclético, no qual ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da
coexistam normas trabalhistas e estatutárias, pondo-se em administração direta, autárquica e fundacional, dos
contiguidade os vínculos privado e administrativo, no sen-
membros de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
tido de atender às exigências do Estado moderno, que pro-
dos, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores
cura alcançar os seus objetivos com a mesma eficácia dos
de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os
empreendimentos não-governamentais”50.
proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, per-
Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores públi- cebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens
cos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão
poderão ser fixados ou alterados por lei específica, ob- exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros
servada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada re- do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
visão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e
de índices. no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no
âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Es-
Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos taduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o
ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutí- subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, li-
veis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo mitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário,
Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea aplicável este limite aos membros do Ministério Público,
de proventos de aposentadoria decorrentes do art. aos Procuradores e aos Defensores Públicos.
40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo,
50 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de servido-
Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder
res para atender a necessidade temporária de excepcional inte- Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superio-
resse público. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ res aos pagos pelo Poder Executivo.
revista/Rev_39/Artigos/Art_Gustavo.htm>. Acesso em: 23 dez. 2014.
41
NOÇÕES DE DIREITO
Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42: disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro, técnico ou
Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá per- científico; c) a de dois cargos ou empregos privativos
ceber, mensalmente, a título de remuneração, importância de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.
superior à soma dos valores percebidos como remuneração,
em espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos Po- Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se
deres, pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso a empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal. Parágra- empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
fo único. Excluem-se do teto de remuneração as vantagens subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indire-
previstas nos incisos II a VII do art. 61. tamente, pelo poder público.
Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem apro- Segundo Carvalho Filho51, “o fundamento da proibição
fundamentos sobre o mencionado inciso XI: é impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que
o servidor não execute qualquer delas com a necessária efi-
Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efei- ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons-
to dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em
caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório
detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota-
previstas em lei.
-se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em
consequência, se a acumulação só encerra a percepção de
Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso
XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao vencimentos por uma das fontes, não incide a regra cons-
Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às titucional proibitiva”.
respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite úni- A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a ques-
co, o subsídio mensal dos Desembargadores do respec- tão:
tivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e
vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Artigo 118, Lei nº 8.112/1990. Ressalvados os casos pre-
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o vistos na Constituição, é vedada a acumulação remunera-
disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Esta- da de cargos públicos.
duais e Distritais e dos Vereadores. § 1o A proibição de acumular estende-se a cargos,
empregos e funções em autarquias, fundações públicas,
Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equi- empresas públicas, sociedades de economia mista da
paração salarial: União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e
dos Municípios.
Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equipara- § 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica
ção de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de condicionada à comprovação da compatibilidade de ho-
remuneração de pessoal do serviço público. rários.
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção
Os padrões de vencimentos são fixados por conselho de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com
de política de administração e remuneração de pessoal, proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que
integrado por servidores designados pelos respectivos decorram essas remunerações forem acumuláveis na
Poderes (artigo 39, caput e § 1º), sem qualquer garantia atividade.
constitucional de tratamento igualitário aos cargos que se
mostrem similares. Art. 119, Lei nº 8.112/1990. O servidor não poderá
exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso
Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebi-
previsto no parágrafo único do art. 9o, nem ser remunerado
dos por servidor público não serão computados nem acu-
pela participação em órgão de deliberação coletiva.
mulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
à remuneração devida pela participação em conselhos de
A preocupação do constituinte, ao implantar tal pre-
administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de
ceito, foi de que não eclodisse no sistema remuneratório
economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como
dos servidores, ou seja, evitar que se utilize uma vantagem
quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou
como base de cálculo de um outro benefício. Dessa forma,
qualquer gratificação que venha a ser concedida ao servi- indiretamente, detenha participação no capital social, obser-
dor só pode ter como base de cálculo o próprio vencimen- vado o que, a respeito, dispuser legislação específica.
to básico. É inaceitável que se leve em consideração outra
vantagem até então percebida. Art. 120, Lei nº 8.112/1990. O servidor vinculado ao
regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efeti-
Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remune- vos, quando investido em cargo de provimento em comissão,
rada de cargos públicos, exceto, quando houver com- ficará afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipóte-
patibilidade de horários, observado em qualquer caso o 51 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
42
NOÇÕES DE DIREITO
se em que houver compatibilidade de horário e local com o Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislati-
exercício de um deles, declarada pelas autoridades máximas va, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades
dos órgãos ou entidades envolvidos. mencionadas no inciso anterior, assim como a participação
de qualquer delas em empresa privada.
“Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da
acumulação de cargos e funções públicas, regulamentam, Órgãos da administração indireta somente podem
no âmbito do serviço público federal a vedação genérica ser criados por lei específica e a criação de subsidiárias
constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da destes dependem de autorização legislativa (o Estado cria
República. De fato, a acumulação ilícita de cargos públicos e controla diretamente determinada empresa pública ou
constitui uma das infrações mais comuns praticadas por sociedade de economia mista, e estas, por sua vez, passam
servidores públicos, o que se constata observando o eleva- a gerir uma nova empresa, denominada subsidiária.
do número de processos administrativos instaurados com Ex.: Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos um
esse objeto. O sistema adotado pela Lei nº 8.112/90 é rela- parêntese para observar que quase todos os autores
tivamente brando, quando cotejado com outros estatutos que abordam o assunto afirmam categoricamente que, a
de alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso despeito da referência no texto constitucional a ‘subsidiárias
nessa ilicitude diversas oportunidades para regularizar sua das entidades mencionadas no inciso anterior’, somente
situação e escapar da pena de demissão. Também prevê a empresas públicas e sociedades de economia mista podem
lei em comentário, um processo administrativo simplifica- ter subsidiárias, pois a relação de controle que existe
do (processo disciplinar de rito sumário) para a apuração entre a pessoa jurídica matriz e a subsidiária seria própria
dessa infração – art. 133” 52. de pessoas com estrutura empresarial, e inadequada a
autarquias e fundações públicas. OUSAMOS DISCORDAR.
Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e Parece-nos que, se o legislador de um ente federado
seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de com- pretendesse, por exemplo, autorizar a criação de uma
petência e jurisdição, precedência sobre os demais setores subsidiária de uma fundação pública, NÃO haveria base
administrativos, na forma da lei. constitucional para considerar inválida sua autorização”54.
Ainda sobre a questão do funcionamento da adminis-
Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da
tração indireta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
nos §§ 8º e 9º do artigo 37, CF:
atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas
por servidores de carreiras específicas, terão recursos prio-
Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamen-
ritários para a realização de suas atividades e atuarão
tária e financeira dos órgãos e entidades da administração
de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de
direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato,
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou con-
a ser firmado entre seus administradores e o poder público,
vênio.
que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho
“O Estado tem como finalidade essencial a garantia para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
do bem-estar de seus cidadãos, seja através dos serviços I - o prazo de duração do contrato;
públicos que disponibiliza, seja através de investimentos II - os controles e critérios de avaliação de desempenho,
na área social (educação, saúde, segurança pública). Para direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
atingir esses objetivos primários, deve desenvolver uma III - a remuneração do pessoal.
atividade financeira, com o intuito de obter recursos indis-
pensáveis às necessidades cuja satisfação se comprometeu Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às
quando estabeleceu o “pacto” constitucional de 1988. [...] empresas públicas e às sociedades de economia mista
A importância da Administração Tributária foi reconheci- e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos
da expressamente pelo constituinte que acrescentou, no Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para paga-
artigo 37 da Carta Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a mento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
sua precedência e de seus servidores sobre os demais se-
tores da Administração Pública, dentro de suas áreas de Continua o artigo 37, CF:
competência”53.
Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados
Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica pode- na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão
rá ser criada autarquia e autorizada a instituição de contratados mediante processo de licitação pública que
empresa pública, de sociedade de economia mista e de assegure igualdade de condições a todos os concorrentes,
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
definir as áreas de sua atuação. mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
52 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores
Públicos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos. técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumpri-
com.br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013. mento das obrigações.
53 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_tribu- 54 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo Descom-
taria_sao_paulo.htm plicado. São Paulo: GEN, 2014.
43
NOÇÕES DE DIREITO
A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre
o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui nor- o conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego
mas para licitações e contratos da Administração Pública do Poder Executivo federal e impedimentos posteriores ao
e dá outras providências. Licitação nada mais é que o con- exercício do cargo ou emprego; e revoga dispositivos da
junto de procedimentos administrativos (administrativos Lei nº 9.986, de 18 de julho de 2000, e das Medidas Provi-
porque parte da administração pública) para as compras sórias nºs 2.216-37, de 31 de agosto de 2001, e 2.225-45,
ou serviços contratados pelos governos Federal, Estadual de 4 de setembro de 2001.
ou Municipal, ou seja todos os entes federativos. De forma Neste sentido, conforme seu artigo 1º:
mais simples, podemos dizer que o governo deve comprar
e contratar serviços seguindo regras de lei, assim a licita- Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configu-
ção é um processo formal onde há a competição entre os ram conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou
interessados. emprego no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos
e restrições a ocupantes de cargo ou emprego que tenham
Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de pres- acesso a informações privilegiadas, os impedimentos poste-
crição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor riores ao exercício do cargo ou emprego e as competências
ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as res- para fiscalização, avaliação e prevenção de conflitos de inte-
pectivas ações de ressarcimento. resses regulam-se pelo disposto nesta Lei.
A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encon- 3) Atos de improbidade administrativa
tra disciplina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990: A Lei n° 8.429/1992 trata da improbidade administra-
tiva, que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinôni-
Art. 142, Lei nº 8.112/1990. A ação disciplinar pres- mo de desonestidade administrativa. A improbidade é uma
creverá: lesão ao princípio da moralidade, que deve ser respeita-
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com do estritamente pelo servidor público. O agente ímprobo
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e sempre será um violador do princípio da moralidade, pelo
destituição de cargo em comissão; qual “a Administração Pública deve agir com boa-fé, since-
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; ridade, probidade, lhaneza, lealdade e ética”55.
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência. A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada
§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em devido ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes
que o fato se tornou conhecido. do serviço público que se intensificavam com a ineficácia
§ 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal do diploma então vigente, o Decreto-Lei nº 3240/41. De-
aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também correu, assim, da necessidade de acabar com os atos aten-
como crime. tatórios à moralidade administrativa e causadores de pre-
§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de juízo ao erário público ou ensejadores de enriquecimento
processo disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão ilícito, infelizmente tão comuns no Brasil.
final proferida por autoridade competente. Com o advento da Lei nº 8.429/1992, os agentes públi-
§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo cos passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos
começará a correr a partir do dia em que cessar a atos de improbidade administrativa descritos nos artigos
interrupção. 9º, 10 e 11, ficando sujeitos às penas do art. 12. A exis-
tência de esferas distintas de responsabilidade (civil, penal
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do e administrativa) impede falar-se em bis in idem, já que,
direito de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5 ontologicamente, não se trata de punições idênticas, em-
anos para as infrações mais graves, 2 para as de gravidade bora baseadas no mesmo fato, mas de responsabilização
intermediária (pena de suspensão) e 180 dias para as me- em esferas distintas do Direito.
nos graves (pena de advertência), contados da data em que Destaca-se um conceito mais amplo de agente públi-
o fato se tornou conhecido pela administração pública. Se co previsto pela lei nº 8.429/1992 em seus artigos 1º e 2º
a infração disciplinar for crime, valerão os prazos prescri- porque o agente público pode ser ou não um servidor pú-
cionais do direito penal, mais longos, logo, menos favorá- blico. Ele poderá estar vinculado a qualquer instituição ou
veis ao servidor. Interrupção da prescrição significa parar a órgão que desempenhe diretamente o interesse do Estado.
contagem do prazo para que, retornando, comece do zero. Assim, estão incluídos todos os integrantes da administra-
Da abertura da sindicância ou processo administrativo dis- ção direta, indireta e fundacional, conforme o preâmbulo
ciplinar até a decisão final proferida por autoridade com- da legislação. Pode até mesmo ser uma entidade privada
petente não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo que desempenhe tais fins, desde que a verba de criação
começa a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais ou custeio tenha sido ou seja pública em mais de 50%
propor ação disciplinar. do patrimônio ou receita anual. Caso a verba pública que
tenha auxiliado uma entidade privada a qual o Estado não
Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as tenha concorrido para criação ou custeio, também have-
restrições ao ocupante de cargo ou emprego da adminis- rá sujeição às penalidades da lei. Em caso de custeio/cria-
tração direta e indireta que possibilite o acesso a informa- 55 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema-
ções privilegiadas. tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
44
NOÇÕES DE DIREITO
ção pelo Estado que seja inferior a 50% do patrimônio ou consolidou a tese de que é indispensável a existência de
receita anual, a legislação ainda se aplica. Entretanto, nes- dolo nas condutas descritas nos artigos 9º e 11 e ao menos
tes dois casos, a sanção patrimonial se limitará ao que o de culpa nas hipóteses do artigo 10, nas quais o dano ao
ilícito repercutiu sobre a contribuição dos cofres públicos. erário precisa ser comprovado. De acordo com o ministro
Significa que se o prejuízo causado for maior que a efetiva Castro Meira, a conduta culposa ocorre quando o agente
contribuição por parte do poder público, o ressarcimento não pretende atingir o resultado danoso, mas atua com ne-
terá que ser buscado por outra via que não a ação de im- gligência, imprudência ou imperícia (REsp n° 1.127.143)”59.
probidade administrativa. Para Carvalho Filho60, não há inconstitucionalidade na mo-
A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de dalidade culposa, lembrando que é possível dosar a pena
improbidade administrativa em três categorias: conforme o agente aja com dolo ou culpa.
a) Ato de improbidade administrativa que importe O ponto central é lembrar que neste artigo não se exi-
enriquecimento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992) ge que o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevi-
O grupo mais grave de atos de improbidade adminis- das, basta o dano ao erário. Se tiver recebido vantagem
trativa se caracteriza pelos elementos: enriquecimento + indevida, incide no artigo anterior. Exceto pela não per-
ilícito + resultante de uma vantagem patrimonial indevi- cepção da vantagem indevida, os tipos exemplificados se
da + em razão do exercício de cargo, mandato, emprego, aproximam muito dos previstos nos incisos do art. 9°.
função ou outra atividade nas entidades do artigo 1° da c) Ato de Improbidade Administrativa Decorrentes
Lei nº 8.429/1992. de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Fi-
O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não nanceiro ou Tributário (Incluído pela Lei Complementar nº
se opõe que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos
157, de 2016)
ditames morais, notadamente no desempenho de função
Uma das alterações recentes à disciplina do ISS visou
de interesse estatal.
evitar a continuidade da guerra fiscal entre os municípios,
Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimo-
fixando-se a alíquota mínima em 2%.
nial ilícita. Contudo, é dispensável que efetivamente tenha
Com efeito, os municípios não poderão fixar dentro de
ocorrido dano aos cofres públicos (por exemplo, quando
um policial recebe propina pratica ato de improbidade ad- sua competência constitucional alíquotas inferiores a 2%
ministrativa, mas não atinge diretamente os cofres públi- para atrair e fomentar investimentos novos (incentivo fis-
cos). cal), prejudicando os municípios vizinhos.
Como fica difícil imaginar que alguém possa se enri- Em razão disso, tipifica-se como ato de improbidade
quecer ilicitamente por negligência, imprudência ou im- administrativa a eventual concessão do benefício abaixo da
perícia, todas as condutas configuram atos dolosos (com alíquota mínima.
intenção). Não cabe prática por omissão.56 d) Ato de improbidade administrativa que atente
b) Ato de improbidade administrativa que importe contra os princípios da administração pública (artigo
lesão ao erário (artigo 10, Lei nº 8.429/1992) 11, Lei nº 8.429/1992)
O grupo intermediário de atos de improbidade admi- Nos termos do artigo 11 da Lei nº 8.429/1992, “cons-
nistrativa se caracteriza pelos elementos: causar dano ao titui ato de improbidade administrativa que atenta contra
erário ou aos cofres públicos + gerando perda patrimo- os princípios da administração pública qualquer ação ou
nial ou dilapidação do patrimônio público. Assim como omissão que viole os deveres de honestidade, imparciali-
o artigo anterior, o caput descreve a fórmula genérica e dade, legalidade, e lealdade às instituições [...]”. O grupo
os incisos algumas atitudes específicas que exemplificam mais ameno de atos de improbidade administrativa se
o seu conteúdo57. caracteriza pela simples violação a princípios da admi-
Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies: nistração pública, ou seja, aplica-se a qualquer atitude do
desvio, que é o direcionamento indevido; apropriação, que sujeito ativo que viole os ditames éticos do serviço público.
é a transferência indevida para a própria propriedade; mal- Isto é, o legislador pretende a preservação dos princípios
baratamento, que significa desperdício; e dilapidação, que gerais da administração pública61.
se refere a destruição58. O objeto de tutela são os princípios constitucionais.
O objeto da tutela é a preservação do patrimônio pú- Basta a vulneração em si dos princípios, sendo dispensáveis
blico, em todos seus bens e valores. O pressuposto exigível o enriquecimento ilícito e o dano ao erário. Somente é pos-
é a ocorrência de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos.
sível a prática de algum destes atos com dolo (intenção),
Este artigo admite expressamente a variante culpo-
embora caiba a prática por ação ou omissão.
sa, o que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no
REsp n° 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da inconsti- 59 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade admi-
tucionalidade do artigo. Contudo, “a jurisprudência do STJ nistrativa: desonestidade na gestão dos recursos públicos. Disponí-
vel em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.
56 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São area=398&tmp.texto=103422>. Acesso em: 26 mar. 2013.
Paulo: Método, 2011. 60 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
57 Ibid. ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
58 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- 61 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. Paulo: Método, 2011.
45
NOÇÕES DE DIREITO
Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalidade Carvalho Filho63 tece considerações a respeito de algu-
para não permitir a caracterização de abuso de poder, dian- mas das sanções:
te do conteúdo aberto do dispositivo. Na verdade, trata- - Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre
-se de tipo subsidiário, ou seja, que se aplica quando o ato os bens acrescidos após a prática do ato de improbidade.
de improbidade administrativa não tiver gerado obtenção Se alcançasse anteriores, ocorreria confisco, o que restaria
de vantagem sem escora constitucional. Além disso, o acréscimo deve
Com efeito, os atos de improbidade administrativa não derivar de origem ilícita”.
são crimes de responsabilidade. Trata-se de punição na - Ressarcimento integral do dano: há quem entenda
esfera cível, não criminal. Por isso, caso o ato configure que engloba dano moral. Cabe acréscimo de correção mo-
simultaneamente um ato de improbidade administrativa netária e juros de mora.
desta lei e um crime previsto na legislação penal, o que - Perda de função pública: “se o agente é titular de
é comum no caso do artigo 9°, responderá o agente por mandato, a perda se processa pelo instrumento de cassa-
ambos, nas duas esferas. ção. Sendo servidor estatutário, sujeitar-se-á à demissão
do serviço público. Havendo contrato de trabalho (servido-
Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte res trabalhistas e temporários), a perda da função pública
forma: inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito pas- se consubstancia pela rescisão do contrato com culpa do
sivo) e daqueles que podem praticar os atos de improbida- empregado. No caso de exercer apenas uma função públi-
de administrativa (sujeito ativo); ainda, aborda a reparação ca, fora de tais situações, a perda se dará pela revogação
do dano ao lesionado e o ressarcimento ao patrimônio pú- da designação”. Lembra-se que determinadas autoridades
blico; após, traz a tipologia dos atos de improbidade ad- se sujeitam a procedimento especial para perda da função
ministrativa, isto é, enumera condutas de tal natureza; se- pública, ponto em que não se aplica a Lei de Improbidade
guindo-se à definição das sanções aplicáveis; e, finalmente, Administrativa.
descreve os procedimentos administrativo e judicial. - Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo,
No caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente ob- mas flexibilidade dentro deste limite, podendo os julga-
tém um enriquecimento ilícito (vantagem econômica inde- dos nesta margem optar pela mais adequada. Há ainda
vida) e pode ainda causar dano ao erário, por isso, deverá variabilidade na base de cálculo, conforme o tipo de ato
não só reparar eventual dano causado mas também colo- de improbidade (a base será o valor do enriquecimento ou
car nos cofres públicos tudo o que adquiriu indevidamente. o valor do dano ou o valor da remuneração do agente). A
Ou seja, poderá pagar somente o que enriqueceu indevida- natureza da multa é de sanção civil, não possuindo caráter
mente ou este valor acrescido do valor do prejuízo causado indenizatório, mas punitivo.
aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou deixou de - Proibição de receber benefícios: não se incluem as
ganhar). No caso do artigo 10, não haverá enriquecimento imunidades genéricas e o agente punido deve ser ao me-
ilícito, mas sempre existirá dano ao erário, o qual será re- nos sócio majoritário da instituição vitimada.
parado (eventualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito, - Proibição de contratar: o agente punido não pode
devendo o valor adquirido ser tomado pelo Estado). Na hi- participar de processos licitatórios.
pótese do artigo 10-A, não se denota nem enriquecimento
ilícito e nem dano ao erário, pois no máximo a prática de 4) Responsabilidade civil do Estado e de seus ser-
guerra fiscal pode gerar. Já no artigo 11, o máximo que vidores
pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido ressarci- O instituto da responsabilidade civil é parte integran-
mento. Além disso, em todos os casos há perda da função te do direito obrigacional, uma vez que a principal conse-
pública. Nas três categorias, são estabelecidas sanções de quência da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera
suspensão dos direitos políticos, multa e vedação de con- para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamen-
tratação ou percepção de vantagem, graduadas conforme to de indenização que se refere às perdas e danos. Afinal,
a gravidade do ato. É o que se depreende da leitura do quem pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano
artigo 12 da Lei nº 8.929/1992 como §4º do artigo 37, CF, deve suportar as consequências jurídicas decorrentes, res-
que prevê: “Os atos de improbidade administrativa im- taurando-se o equilíbrio social.64
portarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, po-
função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressar- dendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os
cimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, limites da herança, embora existam reflexos na ação que
sem prejuízo da ação penal cabível”. apure a responsabilidade civil conforme o resultado na es-
A única sanção que se encontra prevista na Lei nº fera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de
8.429/1992 mas não na Constituição Federal é a de mul- autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que
ta. (art. 37, §4°, CF). Não há nenhuma inconstitucionalidade uma absolvição por falta de provas não o faz).
disto, pois nada impediria que o legislador infraconstitu- A responsabilidade civil do Estado acompanha o racio-
cional ampliasse a relação mínima de penalidades da Cons- cínio de que a principal consequência da prática de um ato
tituição, pois esta não limitou tal possibilidade e porque a ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o
lei é o instrumento adequado para tanto62. 63 Ibid.
62 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- 64 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9.
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
46
NOÇÕES DE DIREITO
dano, mediante o pagamento de indenização que se refere É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola os
às perdas e danos. Todos os cidadãos se sujeitam às re- direitos humanos, porque o Estado é uma ficção formada
gras da responsabilidade civil, tanto podendo buscar o res- por um grupo de pessoas que desempenham as atividades
sarcimento do dano que sofreu quanto respondendo por estatais diversas. Assim, viola direitos humanos não o Estado
aqueles danos que causar. Da mesma forma, o Estado tem em si, mas o agente que o representa, fazendo com que o
o dever de indenizar os membros da sociedade pelos danos próprio Estado seja responsabilizado por isso civilmente,
que seus agentes causem durante a prestação do serviço, pagando pela indenização (reparação dos danos materiais
inclusive se tais danos caracterizarem uma violação aos di- e morais). Sem prejuízo, com relação a eles, caberá ação de
reitos humanos reconhecidos. regresso se agiram com dolo ou culpa.
Trata-se de responsabilidade extracontratual porque Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:
não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de
elementos genéricos pré-determinados, que perpassam Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito públi-
pela leitura concomitante do Código Civil (artigos 186, 187 co e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa quali-
e 927) com a Constituição Federal (artigo 37, §6°).
dade, causarem a terceiros, assegurado o direito de re-
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil
gresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
se encontram no art. 186 do Código Civil:
Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurí-
Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão vo- dica autônoma entre o Estado e o agente público que cau-
luntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar sou o dano no desempenho de suas funções. Nesta rela-
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ção, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá
ilícito. ao Estado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao
qual foi anteriormente condenado a reparar. Direito de re-
Este é o artigo central do instituto da responsabilidade gresso é justamente o direito de acionar o causador direto
civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima,
(agir como não se deve ou deixar de agir como se deve), considerada a existência de uma relação obrigacional que
culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma se forma entre a vítima e a instituição que o agente com-
violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo cau- põe.
sal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e o dano Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen-
causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo agente, que te causar aos membros da sociedade, mas se este agen-
pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econô- te agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do
mico e não econômico). que foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar
1) Dano - somente é indenizável o dano certo, especial condutas incompatíveis com o comportamento ético dele
e anormal. Certo é o dano real, existente. Especial é o dano esperado.65
específico, individualizado, que atinge determinada ou de- A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro-
terminadas pessoas. Anormal é o dano que ultrapassa os cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado
problemas comuns da vida em sociedade (por exemplo, in- contraditório e ampla defesa. Trata-se de responsabilida-
felizmente os assaltos são comuns e o Estado não responde de civil subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou omis-
por todo assalto que ocorra, a não ser que na circunstância são com culpa do servidor que gere dano ao erário (Ad-
específica possuía o dever de impedir o assalto, como no ministração) ou a terceiro (administrado), o servidor terá o
caso de uma viatura presente no local - muito embora o dever de indenizar.
Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos
direito à segurança pessoal seja um direito humano reco-
violadores de direitos humanos se sujeitam à responsabi-
nhecido).
lidade penal e à responsabilidade administrativa, todas
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe den-
autônomas uma com relação à outra e à já mencionada
tro da administração pública, tenha ingressado ou não por
responsabilidade civil. Neste sentido, o artigo 125 da Lei
concurso, possua cargo, emprego ou função. Envolve os nº 8.112/90:
agentes políticos, os servidores públicos em geral (funcio-
nários, empregados ou temporários) e os particulares em Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais
colaboração (por exemplo, jurado ou mesário). e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes
3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta entre si.
qualidade - é preciso que o agente esteja lançando mão
das prerrogativas do cargo, não agindo como um particular. No caso da responsabilidade civil, o Estado é direta-
Sem estes três requisitos, não será possível acionar o mente acionado e responde pelos atos de seus servido-
Estado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por res que violem direitos humanos, cabendo eventualmente
mais relevante que tenha sido a esfera de direitos atingida. ação de regresso contra ele. Contudo, nos casos da res-
Assim, não é qualquer dano que permite a responsabiliza- ponsabilidade penal e da responsabilidade administrativa
ção civil do Estado, mas somente aquele que é causado por aciona-se o agente público que praticou o ato.
um agente público no exercício de suas funções e que ex- 65 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São
ceda as expectativas do lesado quanto à atuação do Estado. Paulo: Método, 2011.
47
NOÇÕES DE DIREITO
São inúmeros os exemplos de crimes que podem ser I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou
praticados pelo agente público no exercício de sua função distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
que violam direitos humanos. A título de exemplo, pecula- II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
to, consistente em apropriação ou desvio de dinheiro pú- cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela
blico (art. 312, CP), que viola o bem comum e o interesse sua remuneração;
da coletividade; concussão, que é a exigência de vantagem III - investido no mandato de Vereador, havendo compa-
indevida (art. 316, CP), expondo a vítima a uma situação de tibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo,
constrangimento e medo que viola diretamente sua digni- emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo
dade; tortura, a mais cruel forma de tratamento humano, eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a
cuja pena é agravada quando praticada por funcionário norma do inciso anterior;
público (art. 1º, §4º, I, Lei nº 9.455/97); etc. IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
Quanto à responsabilidade administrativa, menciona- exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
-se, a título de exemplo, as penalidades cabíveis descritas contado para todos os efeitos legais, exceto para promo-
no art. 127 da Lei nº 8.112/90, que serão aplicadas pelo ção por merecimento;
funcionário que violar a ética do serviço público, como ad- V - para efeito de benefício previdenciário, no caso
vertência, suspensão e demissão. de afastamento, os valores serão determinados como se no
Evidencia-se a independência entre as esferas civil, pe- exercício estivesse.
nal e administrativa no que tange à responsabilização do
agente público que cometa ato ilícito. 6) Regime de remuneração e previdência dos servi-
Tomadas as exigências de características dos danos aci- dores públicos
ma colacionadas, notadamente a anormalidade, considera- Regulamenta-se o regime de remuneração e previdên-
-se que para o Estado ser responsabilizado por um dano, cia dos servidores públicos nos artigo 39 e 40 da Consti-
ele deve exceder expectativas cotidianas, isto é, não cabe tuição Federal:
exigir do Estado uma excepcional vigilância da sociedade
e a plena cobertura de todas as fatalidades que possam Artigo 39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
acontecer em território nacional. Municípios instituirão conselho de política de administra-
Diante de tal premissa, entende-se que a responsa- ção e remuneração de pessoal, integrado por servidores
bilidade civil do Estado será objetiva apenas no caso de designados pelos respectivos Poderes. (Redação dada pela
ações, mas subjetiva no caso de omissões. Em outras pa- Emenda Constitucional nº 19, de 1998 e aplicação suspensa
lavras, verifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas con- pela ADIN nº 2.135-4, destacando-se a redação anterior: “A
dições de não ter se omitido, isto é, ter deixado de agir União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios institui-
quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarretando em rão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e
prejuízo dentro de sua previsibilidade. planos de carreira para os servidores da administração pú-
São casos nos quais se reconheceu a responsabilida- blica direta, das autarquias e das fundações públicas”).
de omissiva do Estado: morte de filho menor em creche § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
municipal, buracos não sinalizados na via pública, tentativa componentes do sistema remuneratório observará:
de assalto a usuário do metrô resultando em morte, danos I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexi-
provocados por enchentes e escoamento de águas pluviais dade dos cargos componentes de cada carreira;
quando o Estado sabia da problemática e não tomou pro- II - os requisitos para a investidura;
vidência para evitá-las, morte de detento em prisão, incên- III - as peculiaridades dos cargos.
dio em casa de shows fiscalizada com negligência, etc. § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
Logo, não é sempre que o Estado será responsabili- escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento
zado. Há excludentes da responsabilidade estatal, nota- dos servidores públicos, constituindo-se a participação
damente: a) caso fortuito (fato de terceiro) ou força maior nos cursos um dos requisitos para a promoção na carreira,
(fato da natureza) fora dos alcances da previsibilidade do facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos
dano; b) culpa exclusiva da vítima. entre os entes federados.
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo
5) Exercício de mandato eletivo por servidores pú- público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII,
blicos XV,XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a
A questão do exercício de mandato eletivo pelo servi- lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão
dor público encontra previsão constitucional em seu artigo quando a natureza do cargo o exigir.
38, que notadamente estabelece quais tipos de mandatos § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato
geram incompatibilidade ao serviço público e regulamenta eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais
a questão remuneratória: e Municipais serão remunerados exclusivamente por
subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de
Artigo 38, CF. Ao servidor público da administração qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de
direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato representação ou outra espécie remuneratória, obedecido,
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
48
NOÇÕES DE DIREITO
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos § 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios dife-
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e renciados para a concessão de aposentadoria aos abran-
a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, gidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos
em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI. termos definidos em leis complementares, os casos de ser-
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário vidores:
publicarão anualmente os valores do subsídio e da I - portadores de deficiência;
remuneração dos cargos e empregos públicos. II - que exerçam atividades de risco;
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal III - cujas atividades sejam exercidas sob condições es-
e dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
orçamentários provenientes da economia com despesas § 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribuição
correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no §
aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade 1º, III, a, para o professor que comprove exclusivamente
e produtividade, treinamento e desenvolvimento, tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
modernização, reaparelhamento e racionalização do serviço
educação infantil e no ensino fundamental e médio.
público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos car-
produtividade.
gos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados
a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do
em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
regime de previdência previsto neste artigo.
Artigo 40, CF. Aos servidores titulares de cargos efetivos § 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, pensão por morte, que será igual:
incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor fa-
de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante lecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios
contribuição do respectivo ente público, dos servidores do regime geral de previdência social de que trata o art. 201,
ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este
que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto limite, caso aposentado à data do óbito; ou
neste artigo. II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite
previdência de que trata este artigo serão aposentados, máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na previdência social de que trata o art. 201, acrescido de se-
forma dos §§ 3º e 17: tenta por cento da parcela excedente a este limite, caso em
I - por invalidez permanente, sendo os proventos pro- atividade na data do óbito.
porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, confor-
grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei; me critérios estabelecidos em lei.
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao § 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou mu-
tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou nicipal será contado para efeito de aposentadoria e o
aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei tempo de serviço correspondente para efeito de dispo-
complementar; nibilidade.
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo míni- § 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
mo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e contagem de tempo de contribuição fictício.
cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentado- § 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma
ria, observadas as seguintes condições:
total dos proventos de inatividade, inclusive quando de-
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de
correntes da acumulação de cargos ou empregos públicos,
contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade
bem como de outras atividades sujeitas a contribuição para
e trinta de contribuição, se mulher;
o regime geral de previdência social, e ao montante resul-
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses-
senta anos de idade, se mulher, com proventos propor- tante da adição de proventos de inatividade com remunera-
cionais ao tempo de contribuição. ção de cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo
§ 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera-
por ocasião de sua concessão, não poderão exceder a ção, e de cargo eletivo.
remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em § 12. Além do disposto neste artigo, o regime de
que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência previdência dos servidores públicos titulares de cargo
para a concessão da pensão. efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, fixados para o regime geral de previdência social.
por ocasião da sua concessão, serão consideradas as § 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo
remunerações utilizadas como base para as contribuições em comissão declarado em lei de livre nomeação e exone-
do servidor aos regimes de previdência de que tratam este ração bem como de outro cargo temporário ou de emprego
artigo e o art. 201, na forma da lei. público, aplica-se o regime geral de previdência social.
49
NOÇÕES DE DIREITO
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os II - mediante processo administrativo em que lhe
Municípios, desde que instituam regime de previdência seja assegurada ampla defesa;
complementar para os seus respectivos servidores III - mediante procedimento de avaliação periódica
titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada
aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime ampla defesa.
de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do
para os benefícios do regime geral de previdência social servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupan-
de que trata o art. 201. te da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem
§ 15. O regime de previdência complementar de que direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto
trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo em disponibilidade com remuneração proporcional ao tem-
Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus po de serviço.
parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade,
fechadas de previdência complementar, de natureza o servidor estável ficará em disponibilidade, com remune-
pública, que oferecerão aos respectivos participantes planos ração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado
de benefícios somente na modalidade de contribuição aproveitamento em outro cargo.
definida. § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade,
§ 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por co-
o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor missão instituída para essa finalidade.
que tiver ingressado no serviço público até a data da
publicação do ato de instituição do correspondente regime Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o ser-
de previdência complementar. vidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará su-
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados jeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro)
para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão ob-
devidamente atualizados, na forma da lei. jeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de os seguinte fatores:
aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que I - assiduidade;
trata este artigo que superem o limite máximo estabeleci- II - disciplina;
III - capacidade de iniciativa;
do para os benefícios do regime geral de previdência social
IV - produtividade;
de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido
V - responsabilidade.
para os servidores titulares de cargos efetivos.
§ 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha
estágio probatório, será submetida à homologação da
completado as exigências para aposentadoria voluntária
autoridade competente a avaliação do desempenho do
estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em
servidor, realizada por comissão constituída para essa
atividade fará jus a um abono de permanência equivalente finalidade, de acordo com o que dispuser a lei ou o
ao valor da sua contribuição previdenciária até completar regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo
as exigências para aposentadoria compulsória contidas no da continuidade de apuração dos fatores enumerados nos
§ 1º, II. incisos I a V do caput deste artigo.
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório
próprio de previdência social para os servidores titula- será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo
res de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gesto- anteriormente ocupado, observado o disposto no parágrafo
ra do respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o único do art. 29.
disposto no art. 142, § 3º, X. § 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções
incidirá apenas sobre as parcelas de proventos de apo- de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade
sentadoria e de pensão que superem o dobro do limite de lotação, e somente poderá ser cedido a outro órgão
máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de ou entidade para ocupar cargos de Natureza Especial,
previdência social de que trata o art. 201 desta Constituição, cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção e
quando o beneficiário, na forma da lei, for portador de doen- Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou
ça incapacitante. equivalentes.
§ 4º Ao servidor em estágio probatório somente
7) Estágio probatório e perda do cargo poderão ser concedidas as licenças e os afastamentos
Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem
ser lido em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990: assim afastamento para participar de curso de formação
decorrente de aprovação em concurso para outro cargo na
Artigo 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo Administração Pública Federal.
exercício os servidores nomeados para cargo de provi- § 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as
mento efetivo em virtude de concurso público. licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o,
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: 86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso
I - em virtude de sentença judicial transitada em jul- de formação, e será retomado a partir do término do
gado; impedimento.
50
NOÇÕES DE DIREITO
O estágio probatório pode ser definido como um lapso do”. Com isso, isto é, ao colocar a segurança pública antes
de tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor serão de tudo como um dever do Estado, e só depois como um
avaliadas de acordo com critérios de assiduidade, discipli- direito do todos, denota o compromisso dos agentes esta-
na, capacidade de iniciativa, produtividade e responsabili- tais em prevenir a desordem, e, consequencialmente, evitar
dade. O servidor não aprovado no estágio probatório será a justiça por próprias mãos.
exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anterior- Neste prumo, no art. 144, caput, da Constituição Fede-
mente ocupado. Não existe vedação para um servidor em ral, se afirma que “a segurança pública, dever do Estado,
estágio probatório exercer quaisquer cargos de provimen- direito e responsabilidade de todos, é exercida para a pre-
to em comissão ou funções de direção, chefia ou assesso- servação da ordem pública e da incolumidade das pessoas
ramento no órgão ou entidade de lotação.
e do patrimônio [...]”. Conforme enumera o próprio artigo
Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disci-
144, CF em seus incisos, os órgãos responsáveis pela ga-
plina do estágio probatório mudou, notadamente aumen-
tando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista que a rantia da segurança pública, compondo sua estrutura, são:
norma constitucional prevalece sobre a lei federal, mesmo polícia federal; polícia rodoviária federal; polícia ferroviária
que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir o dispos- federal; polícias civis; e polícias militares e corpos de bom-
to no artigo 41 da Constituição Federal. beiros militares.
Uma vez adquirida a aprovação no estágio probató- Os parágrafos do artigo 144 regulamentam cada um
rio, o servidor público somente poderá ser exonerado nos destes órgãos que devem garantir a segurança pública,
casos do §1º do artigo 40 da Constituição Federal, notada- com suas respectivas competências:
mente: em virtude de sentença judicial transitada em jul-
gado; mediante processo administrativo em que lhe seja Artigo 144, § 1º, CF. A polícia federal, instituída por lei
assegurada ampla defesa; ou mediante procedimento como órgão permanente, organizado e mantido pela União
de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei e estruturado em carreira, destina-se a:
complementar, assegurada ampla defesa (sendo esta lei I - apurar infrações penais contra a ordem política e so-
complementar ainda inexistente no âmbito federal. cial ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União
ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, as-
8) Militares dos estados, do Distrito Federal e dos sim como outras infrações cuja prática tenha repercussão
territórios interestadual ou internacional e exija repressão uniforme,
Prevê o artigo 42, CF:
segundo se dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e
Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de
Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da
hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Dis- ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas
trito Federal e dos Territórios. áreas de competência;
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuá-
Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, ria e de fronteiras;
as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia ju-
§§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as diciária da União.
matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos
oficiais conferidas pelos respectivos governadores. Artigo 144, § 2º, CF. A polícia rodoviária federal, órgão
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do permanente, organizado e mantido pela União e estruturado
Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento
em lei específica do respectivo ente estatal. ostensivo das rodovias federais.
Segurança pública Artigo 144, § 3º, CF. A polícia ferroviária federal, ór-
gão permanente, organizado e mantido pela União e estru-
A segurança tem um duplo aspecto na Constituição Fe- turado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulha-
deral, a saber, o aspecto de direito e garantia individual e
mento ostensivo das ferrovias federais.
coletivo, por estar prevista no caput, do artigo 5º, da Cons-
tituição Federal (ao lado do direito à vida, da liberdade, da
igualdade, e da propriedade), bem como o aspecto de di- Artigo 144, § 4º, CF. Às polícias civis, dirigidas por de-
reito social, por estar prevista no artigo 6º, da Constituição legados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a com-
Federal. A segurança do caput, do artigo 5º, CF, todavia, se petência da União, as funções de polícia judiciária e a apu-
refere à “segurança jurídica”. Já a segurança do artigo 6º, ração de infrações penais, exceto as militares.
CF, se refere à “segurança pública”, a qual encontra discipli-
namento no artigo 144, da Constituição da República. Artigo 144, § 1º, CF. Às polícias militares cabem a po-
Ademais, enquanto a Lei Fundamental pátria preceitua lícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos
que a educação e a saúde são “direitos de todos e dever de bombeiros militares, além das atribuições definidas em
do Estado”, fala, por outro lado, que a segurança pública, lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
antes mesmo de ser direito de todos, é um “dever do Esta-
51
NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 144, § 6º, CF. As polícias militares e corpos de C) Essencialidade. No plano formal, isto é, da maneira
bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exérci- como estão topicamente dispostos na Lei Fundamental pá-
to, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Go- tria, os direitos humanos vêm antes mesmo da organização
vernadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios”. do Estado. Vêm logo nos primeiros artigos dispostos na CF.
Sendo que, nos termos do artigo 42, CF, “os membros das Já no plano material, sem os direitos humanos a vida
Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, institui- não se completa em sua inteireza. Não tem vida sem di-
ções organizadas com base na hierarquia e disciplina, são reitos.
militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territó- Com isso, se pode dizer que os direitos humanos são
rios. § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito essenciais tanto sob prisma formal, como sob análise ma-
Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, terial;
as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, D) Irrenunciabilidade. Diferentemente dos direitos sub-
§§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as jetivos em geral (que se pode renunciar), os direitos huma-
matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos nos não são renunciáveis, ou seja, mesmo a autorização do
oficiais conferidas pelos respectivos governadores. § 2º Aos seu titular não justifica a sua violação;
pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e E) Inalienabilidade. São os direitos humanos inaliená-
dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do veis, porque não permitem a desinvestidura por parte de
respectivo ente estatal. seu titular, não podendo ser cedidos gratuita ou onerosa-
mente a outrem. São, assim, inegociáveis;
Artigo 144, § 7º, CF. A lei disciplinará a organização F) Inexauribilidade. Os direitos humanos são inexaurí-
e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança veis, inesgotáveis. Não há ordem cronológica. A maior pro-
pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades. va disso é o segundo parágrafo, do art. 5º, da Constituição,
segundo o qual os direitos e garantias na Lei Fundamental
Artigo 144, § 8º, CF. Os Municípios poderão constituir previstos não excluem outros decorrentes do regime e dos
guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, princípios por ela adotados, ou dos tratados em que a Re-
serviços e instalações, conforme dispuser a lei. pública Federativa do Brasil seja parte;
G) Imprescritibilidade. Os direitos humanos são impres-
Artigo 144, § 9º, CF. A remuneração dos servidores po- critíveis, isto é, podem ser reivindicados a qualquer mo-
liciais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será mento, desde que reconhecidamente direitos humanos.
fixada na forma do § 4º do art. 39.
2 Evolução dos direitos humanos. São as seguintes
Artigo 144, § 10, CF. A segurança viária, exercida para a as fases evolutivas dos direitos humanos:
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas A) Direitos humanos na antiguidade. Esta fase ocorreu
e do seu patrimônio nas vias públicas: entre a antiguidade e o final do século XVIII. O Estado He-
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de breu seria a primeira experiência de direitos humanos, já
trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que asse- que, neste, o Estado sofria limitações de poder por dogmas
gurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e religiosos. Era o chamado “Estado Teocrático”.
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal Esta fase também pode ser observada na Grécia, em
e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades execu- Roma, e na Inglaterra.
tivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na Na Inglaterra, aliás, vários documentos importantes
forma da lei. podem ser observados: o “Rules of Law” (deslocou-se a so-
berania do Monarca para Parlamento); a “Magna Carta”, de
1215; o “Habeas Corpus Act”, de 1679; e o “Bill of Rights”, de
1689. Todos estes documentos foram embriões do Estado
2.2. DIREITOS HUMANOS – CONCEITO E Constitucional Moderno.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA. Dando prosseguimento, são algumas características
2.2.1. ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. desta fase os primeiros conjuntos de princípios que garan-
2.2.2. DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA. tem a existência de direitos perante o monarca, limitando
o seu poder; as Constituições consuetudinárias (ainda não
havia Constituições escritas); a ausência de supremacia da
Constituição; e a ideia de supremacia do parlamento;
1 Noções características dos direitos humanos. São B) Fase liberal dos direitos humanos. Esta etapa começa
características dos direitos humanos: no final do século XVIII, com as Revoluções liberais France-
A) Historicidade. Os direitos humanos são históricos, por- sas e Norte americanas, sob influência de Locke, Montes-
que constituídos pela convivência coletiva edificada ao longo quieu e Rousseau.
dos tempos; A Constituição dos Estados Unidos da América, de
B) Universalidade. Os direitos humanos são universais, 1787, é considerada por muitos a primeira Constituição
porque pertencem ao universo de todas as pessoas, ou seja, escrita do mundo. Logo em seguida, tem-se o advento
significa dizer que basta a condição de ser pessoa/humano da Constituição Francesa de 1791 (que durou apenas dois
para que se possa invocá-los no plano interno e no plano anos, logo sendo substituída por duas Constituições em
internacional ( judiciário interno e internacional); 1793, uma “Jacobina”, e outra “Girondina”).
52
NOÇÕES DE DIREITO
Com efeito, são algumas características desta fase clás- Ademais, por intermédio de Ronald Dworkin, nesta
sica dos direitos humanos a ideia de supremacia formal da etapa se reconhece o caráter normativo dos princípios, ou
Constituição; a necessidade de Constituições escritas para seja, “norma” passa a ser gênero, do qual são espécies as
que esta possua tal supremacia; a defesa da rigidez cons- “regras” e os “princípios”. Robert Alexy também trabalhou
titucional (isto é, a existência de um processo mais dificul- bem essa ideia.
toso para modificação do seu Texto); o primeiro caso de Como características desta etapa pode-se elencar
controle de constitucionalidade (no caso “Marbury vs. Ma- a normatividade da Constituição (isto é, a Constituição
dison”, em 1803, nos EUA); a ideia de separação de poderes como norma obrigatória, vinculante); a superioridade da
e garantias de direitos; a ideia de uma Constituição como Constituição (a qual deve ser suprema, escrita e rígida); a
documento essencialmente jurídico, e, portanto, vinculador centralidade da Constituição (através da chamada “consti-
dos entes da Administração Pública. tucionalização do direito”); a eficácia horizontal dos direi-
Ademais, nessa fase clássica surge a primeira dimen- tos humanos (de forma que os direitos humanos também
são/geração de direitos humanos, ligados ao valor “liber- valham para as relações entre particulares); o princípio da
dade”. Tais direitos são conhecidos como direitos civis e po- interpretação conforme Constituição (segundo o qual, toda
líticos, e possuem caráter negativo, isto é, exigem absten- interpretação jurídica é uma interpretação constitucional);
ção do Estado, muito mais que uma atuação positiva. São a maior abertura da interpretação constitucional (o juiz se
direitos eminentemente individuais oponíveis ao Estado. utiliza da subsunção para as regras, e da ponderação para
Neste período, ainda, surge o Estado de Direito (ou Es- os casos envolvendo princípios); e o fortalecimento do Po-
tado Liberal), no qual se preconiza a ideia de império da der Judiciário (que se torna principal protagonista do con-
lei. Trata-se de um Estado-Abstencionsta (que não se in- trole constitucional).
tromete nos direitos individuais). Como consequência do Ademais, nesta fase dos direitos humanos surge o su-
Estado de Direito, tem-se a concretização, na Inglaterra, cessor do Estado Social, a saber, o Estado Democrático de
das “rules of law” (governo das leis em substituição ao go- Direito, no qual se consagram institutos que permitem a
verno dos homens), que começaram na etapa anterior dos participação do povo na vida política do Estado, e que se
direitos humanos; na Prússia, do “Rechtsstaat”, com uma preocupam com o aspecto material e com a efetividade
ideia formal de poder; e do o “État Legal”, na França, com dos direitos fundamentais.
o estabelecimento de normas por legisladores eleitos de- Como documento de suma importância desta fase, aos
mocraticamente. 10 de Dezembro de 1948 a Assembleia Geral das Nações
Neste período, a interpretação do Direito era vista Unidas proclamou a Declaração Universal dos Direitos Hu-
como atividade mecânica dos juízes. Tanto que Montes- manos. Tal Declaração ganhou uma importância extraordi-
quieu diz que o “juiz é a mera boca da lei”; nária, contudo não obriga juridicamente que todos os Es-
C) Fase social dos direitos humanos. Surgida após o tados a respeitem e, devido a isso, a partir do momento em
fim da Primeira Grande Guerra Mundial, e tendo durado que foi promulgada, foi necessário a preparação de inúme-
até o fim da Segunda Guerra, esta fase social dos direitos ros documentos que especificassem os direitos presentes
humanos marca a superação da ideia de eficácia de um na Declaração. Foi nesse contexto que, no período entre
Estado não-interventor, sobretudo em considerando as ne- 1945-1966 nasceram vários documentos.
cessidades que passava a população assolada pelo primei- Assim, a junção da Declaração Universal dos Direitos
ro conflito de caráter mundial. A ideia de Estado mínimo, Humanos, bem como os dois pactos efetuados em 1966,
portanto, ficou incompatível com o momento de carência a saber, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos
social, e, principalmente, com o temor do socialismo que e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e
despontava no leste europeu com as primeiras políticas as- Culturais, constituem a Carta Internacional dos Direitos do
sistencialistas. Homem.
Esta fase deu ensejo ao Estado Social, adepto da polí-
tica do bem-estar (“welfare-state”) dos indivíduos por ele 3 Conceito sintetizado de direitos humanos. Da
tutelados em áreas como educação, segurança, saúde, as- soma das explicações contidas nos tópicos anteriores, se
sistência aos desamparados e previdência social. pode dizer que os direitos humanos, proteções jurídicas ne-
Nesta etapa, surge a segunda geração/dimensão de cessárias à concretização da dignidade da pessoa humana,
direitos humanos, ligada ao valor “igualdade”. Tratam-se de são históricos, universais, essenciais, irrenunciáveis, inalie-
direitos sociais, econômicos e culturais, notadamente de náveis, inexauríveis, e imprescritíveis.
caráter positivo;
D) Fase contemporânea dos direitos humanos. Surge 4 Estado Democrático de Direito. O art. 1º, caput, CF
com fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e consagra prevê que a união indissolúvel dos membros da federação
o “pós-positivismo” (ou nova etapa do positivismo, para brasileira constitui-se um “Estado Democrático de Direito”
quem não concordar com a expressão “pós-positivismo”) (a expressão “Estado Democrático” também é utilizada no
através da reaproximação entre direito e moral. preâmbulo constitucional), Estado este que representa o
Nesta fase, ainda, tem-se o advento da terceira dimen- resultado de uma revolução histórica.
são/geração de direitos humanos, ligada ao valor “frater- Isto porque, há se atentar para a diferença entre “Esta-
nidade” (nesta dimensão, se pode encontrar o direito ao do de Direito”, “Estado Social”, e “Estado Democrático de
meio-ambiente, à autodeterminação dos povos, ao desen- Direito” (veja-se, pois, que “Estado de Direito” e “Estado
volvimento social, ao progresso, à propriedade sobre o pa- Democrático de Direito” não significam a mesma coisa. É
trimônio comum da humanidade etc.). fundamental ter muito cuidado com isso).
53
NOÇÕES DE DIREITO
O “Estado de Direito” surge em 1789, após a Revolução mas de se estabelecer o que é “indigno”, e, por consequên-
Francesa, como reação ao arbítrio do Estado Absoluto. Tal cia, o que é “digno”. Terceiro, porque se relaciona a impor-
Estado buscava, basicamente, implodir os direitos de mo- tância crescente da dignidade à compreensão normativa
narcas em nome de uma supremacia ainda do parlamento, da Constituição, cujo primado fundamental é defender a
bem como proteger os cidadãos dos arbítrios cometidos ausência de uma norma constitucional que “fale mais alto”
pelo Estado absolutista. Uma maneira de ofertar proteção que as outras. É dizer: ao consagrar a dignidade humana
foi dividindo o Estado em três Poderes fundamentais, con- no bojo de uma Constituição, se lhe atribui os valores de
forme Aristóteles e, mais tarde, Mostesquieu: o Poder Exe- segurança jurídica e humanização aos que se submetem
cutivo (ou Administrativo), o Poder Legislativo, e o Poder à Lei Fundamental, mas, por outro lado, se lhe retira qual-
Judiciário. quer privilégio quando do encontro de diferentes normas
À faceta política do “Estado de Direito” dá-se o nome constitucionais.
de “Estado Liberal”. Já á faceta econômica do “Estado de A importância da dignidade como “princípio funda-
Direito” dá-se o nome de “Liberalismo Econômico”. mental” (ou como sobreprincípio), pois, reside na maneira
O “Estado Social”, por sua vez, surge ao fim da Primeira como ela se acopla às outras regras, princípios e valores
Guerra Mundial, como decorrência da falência da ideia de integrantes de todo o ordenamento jurídico, e na forma
liberalismo econômico, haja vista as necessidades popula- como se deve acoplar os argumentos regrativos, principio-
cionais em decorrência da catástrofe ocasionada por um lógicos e valorativos para derrubá-la num caso concreto.
primeiro conflito de proporções mundiais. Logo, a força da dignidade não está na sua positivação (afi-
Por fim, o “Estado Democrático de Direito” surge após nal, a força de todas as normas é a mesma, isto é, sem qual-
o fim da Segunda Guerra, objetivando reaproximar o direi- quer hierarquia), mas no modo como se a usa para inter-
to da moral. Um “Estado Democrático” é sinônimo de Esta- pretar o direito. Daí sua importância ímpar: funcionar como
do respeitador da igualdade, da liberdade, e da dignidade denominador comum de toda espécie normativa.
da pessoa humana.
Mas, por falar em Estado “Democrático”, o que significa 7 Gerações/dimensões de direitos humanos. Tanto
“democracia”? Não significa apenas o exercício dos direitos a expressão “geração” como a expressão “dimensão” po-
políticos, isto é, o direito de votar e ser votado. Significa dem ser utilizadas sinonimamente. Prefere-se, contudo, a
muito mais do que isso. Em sentido amplo, “democracia” expressão “dimensão”, pois “geração” pressupõe um mo-
significa viver em um Estado no qual são permitidas opor- mento que sucede ao outro, e, em se tratando de direitos
tunidades a todos, no qual a transparência política impera, fundamentais, não há essa sucessão de fenômenos, mas
no qual programas sociais são elaborados para minimizar sim uma sobreposição de fenômenos, tal como ocorrem
as mazelas dos menos favorecidos etc. com as dimensões. Assim, o fato da terceira dimensão es-
tar plenamente vigente em alguns países, p. ex., não obsta
5 Cidadania. É o direito de ter direitos. O indivíduo, que a segunda dimensão continue sendo buscada nestes
por meio da cidadania, pode contrair direitos e obrigações. países. Em Cuba, p. ex., os direitos de segunda dimensão,
Ademais, o cidadão, para efeitos técnicos, é aquele que ligados à igualdade, estão bastante desenvolvidos, apesar
titulariza direitos políticos. de viver o país num cristalino atraso quanto aos direitos de
primeira dimensão, ligados à liberdade.
6 Dignidade da pessoa humana. A dignidade hu- Independentemente da expressão que se utilize (o que
mana é o elemento mais forte que a Constituição Federal importa é entender sua essência), originariamente havia
consagra a um ser humano, apesar de independer desta três dimensões de direitos humanos, as quais foram intro-
consagração constitucional para que o ser humano tenha o duzidas no ordenamento brasileiro por Paulo Bonavides,
direito à existência digna. que acrescentou a estas uma quarta e quinta dimensões.
Consiste a dignidade numa série de fatores que, ne- Veja-se que Paulo Bonavides apenas introduziu e de-
cessariamente, devem ser observados para que o homem senvolveu tal classificação no Brasil. Sua criação propria-
tenha condições de sobrevivência. Não é à toa que a dig- mente dita se deu pelo polonês Karel Vazak, jurista tcheco,
nidade da pessoa humana tem “status” de sobreprincípio em 1979, em conferência realizada em Estrasburgo, inspi-
constitucional (ou “valor supremo”, como preferem alguns), rado nos ideais da Revolução Francesa, a saber, liberdade,
isto é, está acima até mesmo dos princípios. igualdade, e fraternidade.
Como se não bastasse, em que pese o extremo respeito Isto posto, feita esta consideração preliminar, há se se-
pelo posicionamento que pende pelo caráter absoluto da guir pela classificação de Paulo Bonavides, indubitavelmen-
dignidade humana, aquele que entende ser o sobreprincí- te a mais arraigada no constitucionalismo pátrio:
pio relativizável é o que merece prosperar. Primeiro, porque A) Primeira geração/dimensão de direitos humanos. Li-
a simples possibilidade de confronto entre as dignidades gados ao valor “liberdade”, os direitos de primeira geração/
dos sujeitos “X” e “Y”, por si só, já as relativiza. Segundo, dimensão são os direitos civis e políticos, que, dentro da
porque o conceito de dignidade humana apresentou varia- classificação de Jellinek, correspondem aos direitos de de-
ções ao longo dos tempos, não sendo possível identificar fesa, essencialmente negativos. Ademais, são direitos pre-
uma dignidade homogênea: entre morrer queimado como dominantemente individuais (ex.: liberdade de crença);
herege e suportar a fome e a falta de saneamento básico B) Segunda geração/dimensão de direitos humanos. Li-
dos nichos de obscurantismo social há muitas outras for- gados ao valor “igualdade”, os direitos de segunda dimen-
54
NOÇÕES DE DIREITO
são/geração são os direitos sociais, econômicos e culturais, O documento que constitui o marco mais significati-
que, dentro da classificação de Jellinek, são os direitos vo para a formação de uma concepção contemporânea de
prestacionais, essencialmente positivos. Também são pre- direitos humanos é a Declaração Universal de Direitos Hu-
dominantemente individuais, apesar do inevitável reflexo manos de 1948, refletindo a chamada internacionalização
coletivo que produzem (ex.: o direito ao trabalho); dos direitos humanos. Enfim, pela primeira vez foi ela-
C) Terceira geração/dimensão de direitos humanos. borado um documento de abrangência internacional que
Ligados ao valor “fraternidade”, Paulo Bonavides elenca reconhecesse expressamente todos os direitos inerentes á
como alguns dos direitos de terceira dimensão/geração o humanidade, sem os quais ela é tolhida de sua dignidade.
direito ao desenvolvimento/progresso, o direito ao meio am- O antecedente histórico deste documento foi, notadamen-
biente, o direito à autodeterminação dos povos, o direito de te, a 2ª Guerra Mundial, com seus regimes totalitários fas-
comunicação, o direito de propriedade sobre o patrimônio cistas, como o nazismo.
comum da humanidade, dentre outros. Tratam-se de direi- Foi constituído um órgão após a 2ª Guerra Mundial vi-
sando impedir incidentes futuros semelhantes e garantir a
tos predominantemente transindividuais, ou seja, alguns
paz mundial, o qual foi o responsável por redigir a Declara-
são coletivos, outros são difusos;
ção de 1948. Em 26 de junho de 1945 foi assinada a carta
D) Quarta geração/dimensão de direitos humanos. Li- de Organização das Nações Unidas (ONU), que tem por
gados ao valor “pluralidade”, Paulo Bonavides coloca den- fundamento o princípio da igualdade soberana de todos os
tro da quarta geração/dimensão de direitos fundamental- estados que buscassem a paz, possuindo uma Assembleia
mente humanos a democracia, a informação e o pluralismo. Geral, um Conselho de Segurança, uma Secretaria, em Con-
Tratam-se de direitos predominantemente coletivos; selho Econômico e Social, um Conselho de Mandatos e um
E) Quinta geração/dimensão de direitos humanos. Na Tribunal Internacional de Justiça.
quinta dimensão/geração de direitos humanos estaria o No dia 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral
direito à paz, como uma finalidade a ser alcançada. Em ou- das Nações Unidas elaborou a Declaração Universal dos
tros tempos, Paulo Bonavides colocou o direito à paz na Direitos Humanos. Moraes67 lembra que a Declaração de
terceira geração/dimensão de direitos fundamentalmente 1948 foi a mais importante conquista no âmbito dos direi-
humanos, embora recentemente o tenha colocado numa tos humanos fundamentais em nível internacional, muito
dimensão/geração autônoma que aqui se estuda. De toda embora o instrumento adotado tenha sido uma resolução,
forma, não é pacífico, hoje, sobre estar a paz, de fato, na não constituindo seus dispositivos obrigações jurídicas dos
quinta dimensão/geração de direitos humanos. Estados que a compõem. Em outras palavras, a Declaração
em si não possui conteúdo coativo em relação aos Estados-
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMA- -partes, mas seus princípios se refletem em outros tratados
NOS internacionais que o possuem.
O fato é que desse documento se originaram muitos
Os graves eventos que ocorreram durante a guerra ba- outros, nos âmbitos nacional e internacional, sendo que
seados no ideário positivista, notadamente o extermínio de dois deles praticamente repetem e pormenorizam o seu
milhões de civis, numa ideologia antissemita positivada na conteúdo, quais sejam: o Pacto Internacional dos Direitos
Constituição alemã que autorizava tais atos, fez com que Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Eco-
este arcabouço teórico caísse por terra. Passou a ser ne- nômicos, Sociais e Culturais. No âmbito regional, entre ou-
cessário o resgate do conteúdo moral no Direito, deixando tros, a Convenção Interamericana de Direitos Humanos. No
âmbito nacional, destacam-se as positivações nos textos
claro que existem direitos inerentes ao homem que não
das Constituições Federais. Afinal, como explica Lafer68, a
podem ser violados. afirmação do jusnaturalismo moderno de um direito racio-
No passado, tal tarefa era desempenhada pelo chama- nal, universalmente válido, gerou implicações relevantes na
do direito natural, que se contrapõe ao direito positivo, teoria constitucional e influenciou o processo de codifica-
localizado no tempo e no espaço: tem como pressuposto a ção a partir de então.
ideia de imutabilidade de certos princípios, que escapam à
história, e a universalidade destes princípios transcendem Adotada e proclamada pela Resolução n° 217 A (III) da
a geografia. A estes princípios, que são dados e não pos- Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro
tos por convenção, os homens têm acesso através da razão de 1948
comum a todos (todo homem é racional), e são estes prin- Preâmbulo
cípios que permitem qualificar as condutas humanas como O preâmbulo é um elemento comum em textos cons-
boas ou más, qualificação esta que promove uma contínua titucionais. Em relação ao preâmbulo constitucional, Jorge
vinculação entre norma e valor e, portanto, entre Direito e Miranda69 define: “[...] proclamação mais ou menos sole-
Moral.66 ne, mais ou menos significante, anteposta ao articulado
Entretanto, as normas de direito natural não eram de-
claradas expressamente em nenhum documento, além do 67 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais:
teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da Repú-
que geralmente apareciam vinculadas a conceitos religio-
blica Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas,
sos. Nisto se diferenciam das normas de direitos humanos, 1997.
que refletem a concepção contemporânea de direito na- 68 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um
tural. diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das
66 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um Letras, 2009.
diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das 69 MIRANDA, Jorge (Coord.). Estudos sobre a constituição.
Letras, 2009. Lisboa: Petrony, 1978.
55
NOÇÕES DE DIREITO
constitucional, não é componente necessário de qualquer Depois de duas grandes guerras a humanidade conse-
Constituição, mas tão somente um elemento natural de guiu perceber o quanto era prejudicial não manter relações
Constituições feitas em momentos de ruptura histórica ou amistosas entre as nações, de forma que o ideal de paz
de grande transformação político-social”. Do conceito do ganhou uma nova força.
autor é possível extrair elementos para definir o que re- Considerando que os povos das Nações Unidas reafir-
presentam os preâmbulos em documentos internacionais: maram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamen-
proclamação dotada de certa solenidade e significância tais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igual-
que antecede o texto do documento internacional e, em- dade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidi-
bora não seja um elemento necessário a ele, merece ser ram promover o progresso social e melhores condições de
vida em uma liberdade mais ampla,
considerada porque reflete o contexto de ruptura histórica
Considerando que os Estados-Membros se compromete-
e de transformação político-social que levou à elaboração
ram a desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o
do documento como um todo. No caso da Declaração de
respeito universal aos direitos humanos e liberdades funda-
1948 ficam evidentes os antecedentes históricos inerentes mentais e a observância desses direitos e liberdades,
às Guerras Mundiais. Considerando que uma compreensão comum desses di-
Considerando que o reconhecimento da dignidade ine- reitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno
rente a todos os membros da família humana e de seus di- cumprimento desse compromisso,
reitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da Todos os países que fazem parte da Organização das
justiça e da paz no mundo, Nações Unidas, tanto os 51 membros fundadores quanto
O princípio da dignidade da pessoa humana, pelo qual os que ingressaram posteriormente (basicamente, todos
todos os seres humanos são dotados da mesma dignidade demais países do mundo), totalizando 193, assumiram o
e para que ela seja preservada é preciso que os direitos compromisso de cumprir a Carta da ONU, documento que
inerentes à pessoa humana sejam garantidos, já aparece no a fundou e que traz os princípios condutores da ação da
preâmbulo constitucional, sendo guia de todo documento. organização.
Denota-se, ainda, a característica da inalienabilidade
dos direitos humanos, pela qual os direitos humanos não A Assembleia Geral proclama
possuem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são in- A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos
transferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e to-
das as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada
comércio, o que evidencia uma limitação do princípio da
órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declara-
autonomia privada.
ção, se esforce, através do ensino e da educação, por promo-
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos di-
ver o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção
reitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultraja- de medidas progressivas de caráter nacional e internacio-
ram a consciência da Humanidade e que o advento de um nal, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observân-
mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, cia universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios
de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob
necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do sua jurisdição.
homem comum, A Assembleia Geral é o principal órgão deliberativo das
A humanidade nunca irá esquecer das imagens vistas Nações Unidas, no qual há representatividade de todos os
quando da abertura dos campos de concentração nazis- membros e por onde passam inúmeros tratados interna-
tas, nos quais os cadáveres esqueléticos do que não eram cionais.
considerados seres humanos perante aquele regime polí-
tico se amontoavam. Aquelas pessoas não eram conside- Artigo I
radas iguais às demais por possuírem alguma caracterís- Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignida-
tica, crença ou aparência que o Estado não apoiava. Daí a de e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem
importância de se atentar para os antecedentes históricos agir em relação umas às outras com espírito de fraterni-
e compreender a igualdade de todos os homens, indepen- dade.
O primeiro artigo da Declaração é altamente represen-
dentemente de qualquer fator.
tativo, trazendo diversos conceitos chaves de todo o do-
Considerando essencial que os direitos humanos sejam
cumento:
protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não
a) Princípios da universalidade, presente na palavra
seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tira- todos, que se repete no documento inteiro, pelo qual os
nia e a opressão, direitos humanos pertencem a todos e por isso se encon-
Por todo o mundo se espalharam, notadamente du- tram ligados a um sistema global (ONU), o que impede o
rante a Segunda Guerra Mundial, regimes totalitários alta- retrocesso.
mente opressivos, não só por parte das Potências do Eixo Na primeira parte do artigo estatui-se que não basta a
(Alemanha, Itália, Japão), mas também no lado dos Aliados igualdade formal perante a lei, mas é preciso realizar esta
(Rússia e o regime de Stálin). igualdade de forma a ser possível que todo homem atinja
Considerando essencial promover o desenvolvimento de um grau satisfatório de dignidade. Neste sentido, as dis-
relações amistosas entre as nações, criminações legais asseguram a verdadeira igualdade, por
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NOÇÕES DE DIREITO
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NOÇÕES DE DIREITO
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NOÇÕES DE DIREITO
dança forçada de uma pessoa do país, sendo assim tam- para ao final do processo conduzir a culpabilidade do in-
bém uma forma de privar a pessoa de sua liberdade de divíduo admitindo-se a aplicação das penas previamente
locomoção em um determinado território. Nenhuma des- cominadas. Entretanto, a presunção de inocência não afas-
tas práticas é permitida de forma arbitrária, ou seja, sem o ta a possibilidade de medidas cautelares como as prisões
respeito aos requisitos previstos em lei. provisórias, busca e apreensão, quebra de sigilo como me-
Não significa que em alguns casos não seja aceita a pri- didas de caráter excepcional cujos requisitos autorizadores
vação de liberdade, notadamente quando o indivíduo tiver devem estar previstos em lei”82.
praticado um ato que comprometa a segurança ou outro 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou
direito fundamental de outra pessoa. omissão que, no momento, não constituíam delito perante
o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta
Artigo X pena mais forte do que aquela que, no momento da prática,
Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma au- era aplicável ao ato delituoso.
diência justa e pública por parte de um tribunal independen- Evidencia-se o princípio da irretroatividade da lei penal
te e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do in pejus (para piorar a situação do acusado) pelo qual uma
fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.
lei penal elaborada posteriormente não pode se aplicar a
“De acordo com a ordem que promana do preceito
atos praticados no passado - nem para um ato que não era
acima reproduzido, as pessoas têm a faculdade de exigir
considerado crime passar a ser, nem para que a pena de um
um pronunciamento do Poder Judiciário, acerca de seus
direitos e deveres postos em litígio ou do fundamento de ato que era considerado crime seja aumentada. Evidencia
acusação criminal, realizado sob o amparo dos princípios não só o respeito à liberdade, mas também - e principal-
da isonomia, do devido processo legal, da publicidade dos mente - à segurança jurídica.
atos processuais, da ampla defesa e do contraditório e da
imparcialidade do juiz”81. Artigo XII
Em outras palavras não é possível juízo ou tribunal de Ninguém será sujeito a interferências na sua vida pri-
exceção, ou seja, um juízo especialmente delegado para o vada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência,
julgamento do caso daquela pessoa. O juízo deve ser esco- nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem di-
lhido imparcialmente, de acordo com as regras de organi- reito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.
zação judiciária que valem para todos. Não obstante, o juí- A proteção aos direitos à privacidade e à personalidade
zo deve ser independente, isto é, poder julgar independen- se enquadra na primeira dimensão de direitos fundamen-
temente de pressões externas para que o julgamento se dê tais no que tange à proteção à liberdade. Enfim, o exercício
num ou noutro sentido. O juízo também deve ser imparcial, da liberdade lega-se também às limitações a este exercício:
não possuindo amizade ou inimizade em graus relevantes de que adianta ser plenamente livre se a liberdade de um
para com o acusado. Afinal, o direito à liberdade é consa- interfere na liberdade - e nos direitos inerentes a esta liber-
grado e para que alguém possa ser privado dela por uma dade - do outro.
condenação criminal é preciso que esta se dê dentro dos “O direito à intimidade representa relevante manifes-
trâmites legais, sem violar direitos humanos do acusado. tação dos direitos da personalidade e qualifica-se como
expressiva prerrogativa de ordem jurídica que consiste em
Artigo XI reconhecer, em favor da pessoa, a existência de um espaço
1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o di- indevassável destinado a protegê-la contra indevidas inter-
reito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade ferências de terceiros na esfera de sua vida privada”83.
tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento pú- O artigo também abrange a proteção ao domicílio, lo-
blico no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garan- cal no qual a pessoa deseja manter sua privacidade e pode
tias necessárias à sua defesa.
desenvolver sua personalidade; e à correspondência, en-
O princípio da presunção de inocência ou não culpa-
viada ao seu lar unicamente para sua leitura e não de ter-
bilidade liga-se ao direito à liberdade. Antes que ocorra a
ceiros, preservando-se sua privacidade.
condenação criminal transitada em julgado, isto é, proces-
sada até o último recurso interposto pelo acusado, este
deve ser tido como inocente. Durante o processo penal, Artigo XIII
o acusado terá direito ao contraditório e à ampla defesa, 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e
bem como aos meios e recursos inerentes a estas garan- residência dentro das fronteiras de cada Estado.
tias, e caso seja condenado ao final poderá ser considerado Não há limitações ao direito de locomoção dentro do
culpado. A razão é que o estado de inocência é inerente ao próprio Estado, nem ao direito de residir. Vale lembrar que
ser humano até que ele viole direito alheio, caso em que a legislação interna pode estabelecer casos em que tal di-
merecerá sanção. reito seja relativizado, por exemplo, obrigando um funcio-
“Através desse princípio verifica-se a necessidade de o nário público a residir no município em que está sediado
Estado comprovar a culpabilidade do indivíduo presumido ou impedindo o ingresso numa área de interesse estatal.
inocente. Está diretamente relacionado à questão da pro- 82 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni-
va no processo penal que deve ser validamente produzida versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
81 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni- 83 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito cons-
versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. titucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
59
NOÇÕES DE DIREITO
São exceções à liberdade de locomoção: decisão judi- formalizada conforme a lei, com a finalidade de construir
cial que imponha pena privativa de liberdade ou limitação família. A principal finalidade do casamento é estabele-
da liberdade, normas administrativas de controle de vias e cer a comunhão plena de vida, impulsionada pelo amor e
veículos, limitações para estrangeiros em certas regiões ou afeição existente entre o casal e baseada na igualdade de
áreas de segurança nacional e qualquer situação em que direitos e deveres dos cônjuges e na mútua assistência.85
o direito à liberdade deva ceder aos interesses públicos84. Não é aceitável o casamento que se estabeleça à força
2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, para algum dos nubentes, sendo exigido o livre e pleno
inclusive o próprio, e a este regressar. consentimento de ambos. Não obstante, é coerente que a
A nacionalidade é um direito humano, assim como a li- lei traga limitações como a idade, pois o casamento é uma
berdade de locomoção. Destaca-se que o artigo não men- instituição séria, base da família, e somente a maturidade
ciona o direito de entrar em qualquer país, mas sim o de pode permitir compreender tal importância.
deixá-lo.
Artigo XVII
Artigo XIV 1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em so-
1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de ciedade com outros.
procurar e de gozar asilo em outros países. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua pro-
2. Este direito não pode ser invocado em caso de per- priedade.
seguição legitimamente motivada por crimes de direito co- “Toda pessoa [...] tem direito à propriedade, podendo
mum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das o ordenamento jurídico estabelecer suas modalidades de
Nações Unidas. aquisição, perda, uso e limites. O direito de propriedade,
O direito de asilo serve para proteger uma pessoa per- constitucionalmente assegurado, garante que dela nin-
seguida por suas opiniões políticas, situação racial, con- guém poderá ser privado arbitrariamente [...]”86. O direito
vicções religiosas ou outro motivo político em seu país de à propriedade se insere na primeira dimensão de direitos
origem, permitindo que ela requeira perante a autoridade humanos, garantindo que cada qual tenha bens materiais
de outro Estado proteção. Claro, não se protege aquele que justamente adquiridos, respeitada a função social.
praticou um crime comum em seu país e fugiu para outro,
caso em que deverá ser extraditado para responder pelo Artigo XVIII
crime praticado.
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento,
consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mu-
Artigo XV
dar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacio-
pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou
nalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.
em particular.
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um
Silva87 aponta que a liberdade de pensamento, que
indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele pas-
se a integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim de também pode ser chamada de liberdade de opinião, é con-
direitos e obrigações. Não é aceita a figura do apátrida ou siderada pela doutrina como a liberdade primária, eis que
heimatlos, o indivíduo que não possui nenhuma naciona- é ponto de partida de todas as outras, e deve ser entendida
lidade. como a liberdade da pessoa adotar determinada atitude
É possível mudar de nacionalidade nas situações intelectual ou não, de tomar a opinião pública que crê ver-
previstas em lei, naturalizando-se como nacional de outro dadeira. Tal opinião pública se refere a diversos aspectos,
Estado que não aquele do qual originalmente era nacional. entre eles religião e crença.
Geralmente, a permanência no território do pais por um A liberdade de religião atrela-se à liberdade de cons-
longo período de tempo dá direito à naturalização, abrindo ciência e à liberdade de pensamento, mas o inverso não
mão da nacionalidade anterior para incorporar a nova. ocorre, porque é possível existir liberdade de pensamento
e consciência desvinculada de cunho religioso. Aliás, a li-
Artigo XVI berdade de consciência também concretiza a liberdade de
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer ter ou não ter religião, ter ou não ter opinião político-parti-
restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de dária ou qualquer outra manifestação positiva ou negativa
contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais da consciência88.
direitos em relação ao casamento, sua duração e sua disso-
lução. 85 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 6. ed.
São Paulo: Saraiva, 2009. v. 6.
2. O casamento não será válido senão com o livre e ple-
86 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais:
no consentimento dos nubentes.
teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da Repú-
O casamento, como todas as instituições sociais, varia blica Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas,
com o tempo e os povos, que evoluem e adquirem novas 1997.
culturas. Há quem o defina como um ato, outros como um 87 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional
contato. Basicamente, casamento é a união, devidamente positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
84 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni- 88 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni-
versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
60
NOÇÕES DE DIREITO
No que tange à exteriorização da liberdade de religião, por seu representante eleito), nos termos que este artigo
ou seja, à liberdade de expressão religiosa, não é devida da Declaração prevê. A principal classificação das demo-
nenhuma perseguição, assim como é garantido o direito de cracias é a que distingue a direta da indireta - a) direta,
praticá-la em grupo ou individualmente. também chamada de pura, na qual o cidadão expressa sua
vontade por voto direto e individual em casa questão re-
Artigo XIX levante; b) indireta, também chamada representativa, em
Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expres- que os cidadãos exercem individualmente o direito de voto
são; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter para escolher representante(s) e aquele(s) que for(em) mais
opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e escolhido(s) representa(m) todos os eleitores.
ideias por quaisquer meios e independentemente de fron- Não obstante, se introduz a dimensão do Estado So-
teiras. cial, de forma que ao cidadão é garantida a prestação de
Silva89 entende que a liberdade de expressão pode ser serviços públicos. Isto se insere na segunda dimensão de
vista sob diversos enfoques, como o da liberdade de comu- direitos humanos, referentes aos direitos econômicos, so-
nicação, ou liberdade de informação, que consiste em um ciais e culturais - sem os quais não se consolida a igualdade
material.
conjunto de direitos, formas, processos e veículos que via-
bilizam a coordenação livre da criação, expressão e difusão
Artigo XXII
da informação e do pensamento. Contudo, o a manifesta-
Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à
ção do pensamento não pode ocorrer de forma ilimitada, segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela
devendo se pautar na verdade e no respeito dos direitos à cooperação internacional e de acordo com a organização e
honra, à intimidade e à imagem dos demais membros da recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e
sociedade. culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvol-
vimento da sua personalidade.
Artigo XX Direitos econômicos, sociais e culturais compõem a
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e as- segunda dimensão de direitos fundamentais. O Pacto in-
sociação pacíficas. ternacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de
O direito de reunião pode ser exercido independente- 1966 é o documento que especifica e descreve tais direi-
mente de autorização estatal, mas deve se dar de maneira tos. de uma maneira geral, são direitos que não dependem
pacífica, por exemplo, sem utilização de armas. puramente do indivíduo para a implementação, exigindo
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma as- prestações positivas estatais, geralmente externadas por
sociação. políticas públicas (escolhas políticas a respeito de áreas
Por sua vez, “a liberdade de associação para fins lícitos, que necessitam de investimento maior ou menos para pro-
vedada a de caráter paramilitar, é plena. Portanto, ninguém porcionar um bom índice de desenvolvimento social, dimi-
poderá ser compelido a associar-se e, uma vez associado, nuindo desigualdades). Entre outros direitos, envolvem o
será livre, também, para decidir se permanece associado trabalho, a educação, a saúde, a alimentação, a moradia, o
ou não”90. lazer, etc. Como são inúmeras as áreas que necessitam de
investimento estatal, naturalmente o atendimento a estes
Artigo XXI direitos se dá de maneira gradual.
1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo
de seu país, diretamente ou por intermédio de representan- Artigo XXIII
tes livremente escolhidos. 1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha
2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à
proteção contra o desemprego.
público do seu país.
2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a
3. A vontade do povo será a base da autoridade do go-
igual remuneração por igual trabalho.
verno; esta vontade será expressa em eleições periódicas e
3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remu-
legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou proces- neração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à
so equivalente que assegure a liberdade de voto. sua família, uma existência compatível com a dignidade hu-
Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime de mana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios
governo em que o poder de tomar decisões políticas está de proteção social.
com os cidadãos, de forma direta (quando um cidadão se 4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles
reúne com os demais e, juntos, eles tomam a decisão po- ingressar para proteção de seus interesses.
lítica) ou indireta (quando ao cidadão é dado o poder de O trabalho é um instrumento fundamental para asse-
eleger um representante). Uma democracia pode existir gurar a todos uma existência digna: de um lado por pro-
num sistema presidencialista ou parlamentarista, republi- porcionar a remuneração com a qual a pessoa adquirirá
cano ou monárquico - somente importa que seja dado aos bens materiais para sua subsistência, de outro por gerar
cidadãos o poder de tomar decisões políticas (por si só ou por si só o sentimento de importância para a sociedade por
89 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional parte daquele que faz algo útil nela. No entanto, a geração
positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. de empregos não se dá automaticamente, cabendo aos
90 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema- Estados desenvolverem políticas econômicas para diminuir
tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. os índices de desemprego o máximo possível.
61
NOÇÕES DE DIREITO
A remuneração é a retribuição financeira pelo trabalho Fala-se em segurança no sentido de segurança pública,
realizado. Nesta esfera também é necessário o respeito ao de dever do Estado de preservar a ordem pública e a inco-
princípio da igualdade, por não ser justo que uma pessoa lumidade das pessoas e do patrimônio público e privado92.
que desempenhe as mesmas funções que a outra receba Neste conceito enquadra-se a seguridade social, na qual o
menos por um fator externo, característico dela, como sexo Estado, custeado pela coletividade e pelos cofres públicos,
ou raça. No âmbito do serviço público é mais fácil con- garante a manutenção financeira dos que por algum moti-
trolar tal aspecto, mas são inúmeras as empresas privadas vo não possuem condição de trabalhar.
que pagam menor salário a mulheres e que não chegam a 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e
ser levadas à justiça por isso. Não obstante, a remuneração assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou
deve ser suficiente para proporcionar uma existência dig- fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
na, com o necessário para manter assegurados ao menos A proteção da maternidade tem sentido porque sem
minimamente todos os direitos humanos previstos na De- isto o mundo não continua. É preciso que as crianças se-
claração. jam protegidas com atenção especial para que se tornem
Os sindicatos são bastante comuns na seara trabalhista adultos capazes de proporcionar uma melhora no planeta.
e, como visto, a todos é garantida a liberdade de associa-
ção, não podendo ninguém ser impedido ou forçado a in- Artigo XXVI
gressar ou sair de um sindicato. 1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será
gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais.
Artigo XXIV A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-
Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a -profissional será acessível a todos, bem como a instrução
limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas superior, esta baseada no mérito.
remuneradas. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desen-
Por mais que o trabalho seja um direito humano, nem volvimento da personalidade humana e do fortalecimento
somente dele é feita a vida de uma pessoa. Desta forma, do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fun-
assegura-se horários livres para que a pessoa desfrute de damentais. A instrução promoverá a compreensão, a tole-
momentos de lazer e descanso, bem como impede-se a rância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou
fixação de uma jornada de trabalho muito exaustiva. São religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em
medidas que asseguram isto a previsão de descanso se- prol da manutenção da paz.
manal remunerado, a limitação do horário de trabalho, a 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gêne-
concessão de férias remuneradas anuais, entre outras. ro de instrução que será ministrada a seus filhos.
Quanto aos artigos XXIII e XXIV, tem-se que é forneci- O direito à educação deve ser garantido obrigatoria-
do “[...] um conjunto mínimo de direitos dos trabalhadores. mente e gratuitamente, no mínimo, até o ensino funda-
De forma geral, os dispositivos em comento versam sobre mental. O acesso a cursos técnicos não são obrigatórios,
o direito ao trabalho, principal meio de sobrevivência dos mas devem ser disponibilizados. Como o ensino superior é
indivíduos que ‘vendem’ força de trabalho em troca de uma mais caro, o Estado deve criar sistemas de seleção para o
remuneração justa. Ademais, estabelecem a liberdade do ingresso conforme o mérito dos candidatos (vestibulares).
cidadão de escolher o trabalho e, uma vez obtido o empre- Nota-se que o conceito de educação é muito mais
go, o direito de nele encontrar condições justas, tanto no abrangente que a mera alfabetização, envolvendo conteú-
tocante à remuneração, como no que diz respeito ao limite dos voltados à formação da pessoa humana.
de horas trabalhadas e períodos de repouso (disposição
constante do artigo XXIV da Declaração). Garantem ainda o Artigo XXVII
direito dos trabalhadores de se unirem em associação, com 1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da
o objetivo de defesa de seus interesses”91. vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar
do processo científico e de seus benefícios.
Artigo XXV 2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses mo-
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de rais e materiais decorrentes de qualquer produção científica,
assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive ali- literária ou artística da qual seja autor.
mentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os servi- Os conflitos que se dão entre a liberdade e a proprie-
ços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de dade intelectual se evidenciam, principalmente, sob o as-
desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros ca- pecto da liberdade de expressão, na esfera específica da
sos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle. liberdade de comunicação ou informação, que, nos dizeres
O ideal é que todas as pessoas possuam um padrão de Silva93, “compreende a liberdade de informar e a liberda-
de vida suficiente para garantir sua dignidade em todas as de de ser informado”. Sob o enfoque do direito à liberdade
esferas: alimentação, vestuário, moradia, saúde, etc. Bem se e do direito de acesso à cultura, seria livre a divulgação de
sabe que é um objetivo constante do Estado Democrático toda e qualquer informação e o acesso aos dados disponí-
de Direito proporcionar que pessoas cheguem o mais pró- 92 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema-
ximo possível - e cada vez mais - desta circunstância. tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
91 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni- 93 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional
versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
62
NOÇÕES DE DIREITO
63
NOÇÕES DE DIREITO
O crime culposo somente pode ser punido se houver crime material, já que pode não haver qualquer resultado
expressa previsão legal de que o seja. Não fazendo a Lei re- naturalístico. Por exemplo, é comissivo o crime de injúria,
ferência à culpa, somente se punirá a forma dolosa. Por isso mas não é material. O importante é uma conduta da pes-
que se fala em Princípio da Excepcionalidade do crime cul- soa livre e consciente que lhe retire do estado de inércia.
poso ou sistema do “numerus clausus” do crime culposo. b) Crime omissivo próprio ou puro: são crimes em que
A culpa tem que ser expressamente afirmada pelo le- a própria omissão já é prevista no tipo penal, sendo ela
gislador no tipo, primeiro ponto. O que já nos leva a racio- uma elementar, a única forma de se realizar a conduta cri-
cinar que no cenário de uma sociedade utópica, em que minosa. Nesses crimes omissivos basta a abstenção, é sufi-
todos os cidadãos se comportassem cuidadosamente, com ciente a desobediência ao dever de agir para que o delito
zelo para a preservação do bem jurídico alheio, seria de se se consume. O resultado que eventualmente surgir dessa
esperar que o legislador não punisse nunca o crime cul- omissão será irrelevante para a consumação do crime, po-
poso. dendo apenas configurar uma majorante ou qualificadora.
O agente desobedece a uma norma mandamental, norma
Classificação das Infrações Penais esta que determina a prática de uma conduta subentendi-
da no tipo, que não é realizada.
Crime Doloso, Culposo ou Preterdoloso (ou Preterin- c) Crime comissivo por omissão, omissivo impróprio ou
tencional) e de Ímpeto
impuro: são os crimes em que o agente produz o resultado
a) Crime doloso: é o crime em que o agente quis ou
pela própria omissão, após ter assumido o dever de evitá-
assumiu o risco de produzir o resultado. A regra geral é que
-lo ou outras das causas previstas no CP. É previsto no § 2º
todo crime seja doloso.
b) Crime preterdoloso: é o crime em que o resultado do artigo 13 do Código Penal, segundo o qual “a omissão é
delitivo é mais grave do que o querido pelo agente. Ele penalmente relevante quando o agente devia e podia agir
praticou uma conduta dolosa, entretanto o resultado final é para evitar o resultado. Poderão ser tanto dolosos quanto
culposo. Não se admite tentativa em crimes preterdolosos. culposos, admitem tentativa etc. São pressupostos do cri-
Há dolo na ação e culpa na consequência. Deve haver uma me omissivo impróprio:
expressa previsão legal do resultado culposo mais grave. Poder agir: o agente precisa ter a possibilidade física
Se não houver, punir-se-á apenas o crime doloso ou, se de agir.
houver crime culposo após, haverá concurso formal, se este Evitabilidade do resultado: a conduta omitida pelo
estiver previsto em Lei. agente deve ser causa do resultado. Caso, mesmo com a
Todos os crimes preterdolosos são qualificados pelo conduta, o resultado tivesse se verificado, não haveria que
resultado, porém, nem todo crime qualificado pelo resulta- se falar em evitabilidade.
do é preterdoloso (visto que o resultado qualificador pode Dever de impedir o resultado: aqui surge a figura do
ter sido desejado). garantidor: além de poder agir e da evitabilidade do resul-
São elementos do crime preterdoloso: tado, é necessário que o agente tenha o dever de agir que
i. Conduta dolosa visando determinado resultado (le- surgirá nos seguintes casos:
são corporal); a. Ter, por Lei, obrigação de cuidado, proteção ou vi-
ii. Resultado culposo mais grave que o desejado (se- gilância, como no caso do dever do policial, do dever de
guida de morte); mútua assistência entre os cônjuges.
iii. Nexo causal (artigo 129, § 3, CP); b. Quando o agente, de outra forma, assumir a respon-
iv. Previsão na norma das elementares do consequente sabilidade de impedir o resultado de forma voluntária.
culposo. c. Quando o agente cria, com seu comportamento an-
Quando o resultado mais grave advém de caso fortuito terior, o risco da ocorrência do resultado, ou agrava um
ou força maior não se imputa a agravação ao agente. O risco já existente, e não o evita.
resultado mais grave tem que ser pelo menos culposo.
c) Crime culposo: é o crime ao qual o agente deu cau-
Crime Instantâneo, Permanente, Instantâneo de Efeitos
sa por imprudência, negligência ou imperícia, não havendo
Permanentes, Eventualmente Permanente e de Fusão
em si qualquer desejo de praticar o resultado juridicamente
reprovável. O crime culposo só é possível em tipos penais a) Crime instantâneo: é o crime que se consuma num
que expressamente o prevejam, como no homicídio. Quase momento único e determinado do tempo, sem se protrair.
de forma absoluta, não se admite a tentativa nos crimes V.g, invasão de domicílio, injúria etc.
culposos. b) Crime permanente: são os crimes que se perpetuam,
d) Crime de ímpeto: é o praticado sem premeditação. protraem durante o tempo, mesmo que seja curto, como
A vontade delituosa é repentina, sem preceder deliberação, no caso do sequestro, estelionato previdenciário praticado
como ocorre com o homicídio praticado sob domínio de pelo próprio segurado etc. Admitem flagrante enquanto
violenta emoção. não interrompida a consumação.
c) Crime instantâneo de efeitos permanentes: é aquele
Crime Comissivo, Omissivo Próprio ou Comissivo por crime que se consuma num momento determinado, mas
Omissão seus efeitos perduram no tempo .
a) Crime comissivo: crime comissivo é aquele em que d) Crime eventualmente permanente: é o delito ins-
o agente realiza uma ação positiva visando a um resultado tantâneo que, em caráter excepcional, pode realizar-se de
ilícito. Crime comissivo não se confunde, por evidente, com modo a lesionar o bem jurídico de maneira permanente.
64
NOÇÕES DE DIREITO
e) Crime de fusão: é o crime que pressupõe a prática de pretende proteger. O perigo, nesse sentido, não é concreto,
outro, como nos casos dos crimes de lavagem de dinheiro mas apenas abstrato. Não é necessário, portanto, que, no
e de receptação. caso concreto, a lesão ou o perigo de lesão venham a se
efetivar. O delito estará consumado com a mera conduta
Crime de Dano e de Perigo descrita no tipo.
a) Crime de dano: crime em que é necessário haver
uma efetiva lesão ao bem jurídico (lesão perceptível no A atividade legislativa de produção de tipos de perigo
mundo fático) para se caracterizar, como no caso do furto. abstrato, por isso, deve ser objeto de rígida fiscalização a
b) Crime de perigo: crime em que a simples ameaça ao respeito da sua constitucionalidade; especificamente, sobre
bem jurídico já é abominada, justificando, assim, sua pe- sua adequação ao princípio da proporcionalidade. A cria-
nalização. ção de crimes de perigo abstrato não representa, por si só,
Subdivide-se em crime de perigo concreto, crime de comportamento inconstitucional por parte do legislador
perigo abstrato e crime de perigo concreto-abstrato. penal. A tipificação de condutas que geram perigo em abs-
i. Crimes de perigo abstrato: Nos crimes de perigo trato, muitas vezes, acaba sendo a melhor alternativa, ou a
abstrato, como o perigo não é elemento do tipo, não se medida mais eficaz, para proteção de bens jurídico-penais
precisa provar. Só se tem de provar o que é elementar do supraindividuais ou de caráter coletivo, como o meio am-
crime e o perigo não é elementar do crime porque ele não biente, por exemplo. A antecipação da proteção penal em
é requerido no tipo pelo legislador. Consequência: basta relação à efetiva lesão torna mais eficaz, em muitos casos,
praticar a ação e se presume que ela é sempre perigosa. a proteção do bem jurídico. Portanto, pode o legislador,
Haveria então uma presunção iure et de iure de perigo pela dentro de suas amplas margens de avaliação e de deci-
simples realização da conduta tipificada na norma. É o caso são, definir quais as medidas mais adequadas e necessárias
de dirigir embriagado em via pública. para a efetiva proteção de determinado bem jurídico, o que
ii. Crimes de perigo concreto: e os crimes de perigo lhe permite escolher espécies de tipificação próprias de um
concreto? Neles o legislador faz referência no tipo ao pe- direito penal preventivo.
rigo. Normalmente a forma de redigir um tipo de perigo
concreto é assim: “expor a perigo iminente”. Crime Material, Formal e de Mera Conduta ou de Ati-
O perigo então é elementar do tipo e, por isso, tem que vidade
ser provado. Nesses crimes será possível que a conduta se a) Crime material: é o crime cujo tipo penal descreve
realize e o perigo não seja causado. uma conduta e um resultado, o qual necessariamente deve
iii. Crimes de perigo abstrato-concreto crimes de inido- ser verificado, sob pena de se constituir em mera tentativa.
neidade crimes de perigo idôneo crimes de perigo hipoté- Exemplo: homicídio. A conduta é matar; o resultado é a
tico: são aqueles em que a conduta analisada ex ante pelo morte. Caso a vítima não morra, não existe homicídio.
legislador é considerada perigosa ao bem jurídico segundo b) Crime formal ou de consumação antecipada: é o cri-
um juízo de probabilidade do dano. Não exige demonstra- me em que, mesmo sendo possível um resultado naturalís-
ção de risco ao bem. Também não coloca como elementar tico que lese o bem jurídico, o tipo penal adianta a punição
no tipo incriminador. Não coloca no tipo incriminador a aos atos de consumação. Exemplo: extorsão: a simples prá-
exigência de perigo. Não se diferencia muito cabalmente tica da constrição já faz o delito se consumar, independen-
dos crimes de perigo abstrato. Nos dois há ponto comum: temente da pessoa auferir ou não a vantagem indevida.
periculosidade geral. c) Crime de mera conduta ou de atividade: nesses cri-
mes, não só não há resultado naturalístico como é impos-
Crimes de Perigo Abstrato: Aprofundamentos sível que este aconteça. O tipo penal descreve a conduta
Apesar da existência de ampla controvérsia doutrinária, proibida, quase sempre de perigo abstrato. Exemplo clás-
os crimes de perigo abstrato podem ser identificados como sico é o porte de arma sem autorização. O simples portar
aqueles em que não se exige nem a efetiva lesão ao bem arma em nada modifica o mundo real.
jurídico protegido pela norma nem a configuração do peri-
go em concreto a esse bem jurídico. Crime Unissubjetivo e Plurissubjetivo
Nessa espécie de delito, o legislador penal não toma a) Crime unissubjetivo: é o crime que pode ser prati-
como pressuposto da criminalização a lesão ou o perigo cado por qualquer pessoa, sozinha, sem auxílio. Em regra,
de lesão concreta a determinado bem jurídico. Baseado em todo crime é unissubjetivo.
dados empíricos, o legislador seleciona grupos ou classes b) Crime plurissubjetivo: é o crime para cuja realização
de ações que geralmente levam consigo o indesejado pe- necessita-se de pelo menos duas pessoas, como a bigamia
rigo ao bem jurídico. e a formação de quadrilha. Pode ser de condutas conver-
Assim, os tipos de perigo abstrato descrevem ações gentes, contrapostas ou paralelas.
que, segundo a experiência, produzem efetiva lesão ou pe-
rigo de lesão a um bem jurídico digno de proteção penal, Crime Unissubsistente, Plurissubsistente e Pluriofensivo
ainda que concretamente essa lesão ou esse perigo de le- a) Crime unissubsistente: é o crime cuja consumação
são não venham a ocorrer. O legislador, dessa forma, for- ocorre mediante um único ato, não sendo admitido seu
mula uma presunção absoluta a respeito da periculosidade fracionamento, sendo impossível a tentativa. A conduta se
de determinada conduta em relação ao bem jurídico que esgota com a concretização do delito. V.g., injúria, calúnia
65
NOÇÕES DE DIREITO
e difamação na forma verbal. Neles não há um iter criminis objeto não afastam a configuração do crime. O crime im-
perfeito, a pessoa não tem a possibilidade de arrependi- possível deve ser analisado após a realização do fato, visto
mento eficaz. que algo aparentemente inofensivo pode ter o efeito de
b) Crime plurissubsistente: é o crime para cuja consu- efetivamente gerar o crime.
mação podem ser realizados mais de um ato, como no ho-
micídio. Entretanto, esse crime poderá ser realizado com Acerca do crime impossível há três teorias:
apenas um ato. A diferença para o unissubsistente é que
aquele somente poderá, necessariamente, ser realizado Teoria objetiva pura: não distingue entre absoluta ou
apenas com um ato. Logo, em regra os crimes são pluris- relativa impropriedade do objeto ou ineficácia do meio. A
subsistentes. Exatamente por isso, a conduta pode ser fra- teoria dispõe que, não importa saber, por exemplo, se a
cionada, permitindo a tentativa. arma não funcionou porque nunca funcionaria, ou a arma
c) Crime pluriofensivo: é o que lesa ou expõe a perigo não funcionou naquele caso porque, por azar do autor, ela
de dano mais de um bem jurídico. emperrou, uma vez que em ambos os casos se estaria dian-
te de um crime impossível.
Crime Comum, Próprio, Próprio Impuro, Bipróprio, de
Mão Própria e de Acumulação Teoria objetiva temperada: prima pela distinção entre
a) Crime comum: é o crime que pode ser praticado por absoluta ou relativa impropriedade do objeto ou ineficá-
qualquer pessoa, independentemente de alguma qualida- cia do meio. Essa teoria sustenta que só há perigo ao bem
de especial que ela tenha. jurídico apto a fundamentar a punibilidade do crime ten-
b) Crime próprio: é o crime que somente pode ser pra- tado quando o objeto ou o meio forem, em tese, aptos à
ticado por uma pessoa que detenha determinada caracte- produção do resultado, ainda que circunstancialmente não
rística, como no caso do peculato, em que o agente deve, se consiga produzi-lo. Ou seja, em tese, no caso da teoria
necessariamente, ser servidor público. Também se analisa a objetiva temperada, só seria de se reconhecer o crime im-
propriedade do crime com base numa característica espe- possível, por exemplo, após a arma utilizada para um roubo
cial do sujeito passivo. Essa classificação também é chama- ser periciada. Se chegar à conclusão de que a arma que foi
da de crimes especiais próprios. Se for exigida caracterís- acionada não disparou e nunca dispararia por ser defei-
tica especial tanto do agente quanto da vítima, fala-se em tuosa, seria caso de crime impossível. Porém, se essa arma,
crime duplamente próprio. uma vez apreendida e submetida à perícia, for revelada
c) Crime próprio impuro: o crime próprio impuro é como apta a produzir disparos, tendo o insucesso do rou-
aquele que, se desaparecer a qualidade particular do agen- bo decorrido unicamente de seu emperramento episódico,
te (que é exigida para configuração do crime próprio), de- o meio será relativamente ineficaz, merecendo o agente,
saparece também o crime especial. Entretanto, ocorrerá pois, punição pela tentativa. Essa foi a opção adotada pelo
a desclassificação da conduta para outro delito, que terá legislador brasileiro.
natureza diversa. Assim, a falta de uma elementar torna o
crime próprio puro absolutamente atípico, enquanto o cri- Teoria sintomática ou subjetiva: defende que o agente
me próprio impuro, relativamente atípico. Essa classificação deve ser punido, mesmo em caso de crime impossível, por-
também é chamada de crimes especiais impróprios . que demonstrou periculosidade, disposição para agredir
d) Crime bipróprio: aquele que exige uma especial um bem jurídico. Nesse caso, ele seria punido pela inten-
qualidade, tanto do sujeito ativo como do sujeito passivo ção, e não por algum fato. Não é adotada no Brasil.
do delito. b) Crime putativo (delito de alucinação): no crime puta-
e) Crime de mão própria: é o crime em que o agente tivo, o agente pratica uma conduta acreditando estar prati-
deve praticar a execução diretamente, não se admitindo a cando um ilícito penal, quando, de fato, sua ação não está
prática por interposta pessoa. V.g., bigamia, prática de atos tipificada.
obscenos, falso testemunho. O crime putativo pode ocorrer nas seguintes hipóteses:
d) Crimes de acumulação: fruto de uma controversa -Crime putativo por erro de proibição: o agente acredi-
tendência de política criminal voltada à prevenção de ilí- ta ofender uma lei penal que não existe realmente. A exis-
citos. Neles, o legislador incrimina uma conduta que, indi- tência da lei incriminadora só existe na mente do agente,
vidualmente considerada, não encerra um risco jurídico ao recaindo o erro, portanto, sobre a ilicitude do fato.
bem tutelado, mas se vier a ser praticada por um conjunto -Crime putativo por erro de tipo: o crime imaginário
grande de indivíduos, efetivamente lesará tal bem. se verifica quando o autor acredita ofender uma lei penal
incriminadora, mas os fatos revelam faltar uma elementar
Crime Impossível e Putativo do tipo. Ou seja, a lei penal existe, entretanto o fato não foi
a) Crime impossível, quase-crime, tentativa inidônea típico. Aqui, há um erro sobre uma circunstância fática, e
ou tentativa inadequada: ocorre quando o agente se utiliza não sobre uma questão jurídica.
de meio absolutamente ineficaz ou objeto absolutamente -Crime putativo por obra do agente provocador: deno-
impróprio para consumar o crime. É o caso da tentativa de minado crime de ensaio, crime de experiência ou flagrante
homicídio dando-se um copo de água à vítima na expec- provocado, ocorre quando uma pessoa induz o agente a
tativa de que ela venha a morrer (meio absolutamente ine- cometer uma conduta criminosa e, simultaneamente, ado-
ficaz) ou quando se tenta furtar a honra da vítima (objeto ta medidas para impedir a consumação. Aqui, incide a sú-
absolutamente impróprio, honra não pode ser furtada). A mula 145 do STF: “Não há crime, quando a preparação do
relativa ineficácia do meio e a relativa impropriedade do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”.
66
NOÇÕES DE DIREITO
Crime Vago, Remetido, Exaurido, Habitual e Habituali- c) Crime à distância: relacionado ao direito internacio-
dade Criminosa nal, é aquele em que se pratica a conduta num país e ocor-
a) Crime vago, multivitimários ou de vítimas difusas: re o resultado num outro.
crime praticado contra uma coletividade sem personalida-
de jurídica. Por exemplo, o crime de racismo. Crimes de Tendência (Intenção Especial) e Crimes de
b) Crime remetido: ocorre quando a sua definição se Intenção
remete a outros crimes, que passam a integrá-lo (v.g., art. Crimes de tendência ou de intenção especial: neles, o
304 - fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alte- tipo penal requer o ânimo de realizar a própria conduta
rados a que se referem os arts. 297 a 302). legalmente prevista, sem necessidade de transcender tal
c) Crime exaurido : é aquele já consumado nos termos conduta, como ocorre nos delitos de intenção. É aquele
da lei, embora possa ter desdobramentos posteriores que que condiciona a sua existência à intenção do sujeito, de-
não influenciam no fato típico. Nele, o agente, mesmo após vendo necessariamente ser analisado um aspecto subjeti-
ter consumado o delito, o leva a consequências mais le- vo. Em outras palavras, não se exige que o autor do crime
sivas. Ocorre o exaurimento, v.g., na extorsão, quando o deseje um resultado ulterior ao previsto no tipo penal, mas,
agente obtém a vantagem indevida, o que é um indiferente apenas, que confira à ação típica um sentido subjetivo não
penal (exceto para a reparação do dano). previsto expressamente no tipo, mas dedutível da natureza
d) Crime habitual: é aquele crime que exige uma se- do delito.
quência de atos para se consumar, tem uma duração con-
tínua, geralmente indefinida e casuística, no tempo. Crimes Crime Acessório ou Parasitário
habituais não se confundem com crimes continuados. Caso É o crime que pressupõe, para a consumação, a prática
a habitualidade cesse antes de findo o resultado, os fatos de outro, como a receptação, o favorecimento real e a
praticados não serão considerados crimes, podendo, no lavagem de dinheiro.
máximo, haver punição por tentativa. Ao contrário do que
se defendo por aí, esses crimes admitem sim o flagrante, Crime Transeunte e Não Transeunte
quando a prisão é feita após já se ter verificado o imple- Transeunte vem da palavra transitar; passa a ideia de
mento da habitualidade e a configuração criminosa. Exem-
algo que permanece ou não.
plo o rufianismo.
É classificação adotada para os crimes que deixam
-Habitual próprio: habitual próprio é aquele crime cuja
ou não vestígios. Se deixarem vestígios, é não transeunte;
tipicidade depende da reiteração de condutas. No habitual
não deixando, é transeunte. Como exemplo de crimes não
próprio um único ato não é suficiente a dar tipicidade à
transeuntes tem-se a apropriação indébita previdenciária,
conduta, pois a tipicidade decorrerá do somatório dos atos
cujo vestígio é exatamente a diminuição da arrecadação de
típicos praticados.
contribuição previdenciária do empregado.
-Habitual impróprio ou acidentalmente habitual: é
aquele crime que, não obstante a regra seja sua perpetua-
ção no tempo para se configurar, permite que um único Crime transeunte clássico é a invasão de domicílio.
ato seja suficiente para a consumação, em casos extremos,
como ocorre no crime de gestão fraudulenta. Não consti- Crime de Consumação Atípica Impunível
tuirá pluralidade de crimes a repetição de atos. È aquele quando o fato consumado é indiferente penal
e) Habitualidade criminosa: a habitualidade criminosa e a forma tentada é punida pelo ordenamento jurídico.
ocorre quando o agente faz do delito seu meio de vida,
sem que ele queira necessariamente e tenha em mente que
um crime seja tido por continuação do outro, caso contrá- 2.3.2. CRIME CONSUMADO
rio haveria continuidade delitiva. Inclusive, o STJ reiterada- E CRIME TENTADO.
mente tem decidido que a habitualidade criminosa impede
o reconhecimento do benefício da continuidade delitiva, já
que totalmente incompatível com o comportamento social
do réu, que merece maior reprimenda. Nesse sentido:
Consumação e Tentativa
Crime de Espaço Mínimo, Crime de Espaço Máximo ou
Plurilocal e Crime à Distância Crime Consumado
a) Crime de espaço mínimo: aquele que é cometido e Fundamentado no artigo. 14, inciso I do Código Penal,
consumado em um mesmo lugar. o crime consumado é o tipo penal integralmente realizado,
b) Crime de espaço máximo ou plurilocal: aqueles co- ou seja, quando o tipo concreto amolda-se perfeitamente
metidos em território de duas ou mais comarcas ou seções ao tipo abstrato. De acordo com o artigo 14, I do Código
judiciárias de um mesmo país. A comarca responsável pelo Penal, diz-se consumado o crime quando nele se reúnem
julgamento será, em regra, aquela onde ocorreu o resulta- todos os elementos de sua definição legal. No homicídio,
do (teoria prevalente no processo penal), salvo se o crime por exemplo, o tipo penal consiste em “matar alguém” (ar-
for de menor potencial ofensivo ou tentado, caso em que a tigo 121 do CP), assim o crime restará consumado com a
competência é fixada pelo local da conduta. morte da vítima.
67
NOÇÕES DE DIREITO
Pena de Crime Consumado e Crime Tentado Considerações Gerais Acerca da Desistência Voluntária
e do Arrependimento Eficaz
Para a punição da tentativa se considera a extensão da Intenção do Agente
conduta do autor até o momento em que foi interrompida. A aplicação prática desses institutos independe de
Quanto mais próxima da consumação, menor deve ser a considerações acerca de intenção nobre ou não do agente.
redução (1/3). Não é necessário que ele tenha atuado com nobreza, ou
De outro lado, quanto mais longe a conduta do autor com desprendimento, no momento em que ele praticou
ficou da consumação delitiva, maior deve ser a redução da a nova ação, ou no momento em que ele se absteve de
pena (2/3). O Juiz deve fixar a redução dentro desses limi- praticar novas ações. Logo, não se exige sequer a esponta-
tes, de modo justificado. neidade na desistência, ou a espontaneidade na nova ação,
no caso do arrependimento eficaz. Se exige, tão somente,
a voluntariedade no desistir. Ou a voluntariedade no atuar
novamente. Isso para se resguardar o bem jurídico.
68
NOÇÕES DE DIREITO
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NOÇÕES DE DIREITO
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NOÇÕES DE DIREITO
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é prece-
pela Lei nº 13.104, de 2015) dido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores seu representante legal.
ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de
60 (sessenta) anos ou com deficiência; (Incluído pela Lei
nº 13.104, de 2015) 2.3.5. DAS LESÕES CORPORAIS
III - na presença de descendente ou de ascendente da – ARTIGO 129.
vítima. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Aborto provocado pela gestante ou com seu con- Lesão corporal seguida de morte - Se resulta morte e
sentimento as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o re-
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir sultado, nem assumiu o risco de produzi-lo (é o homicídio
que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54) preterintencional).
Pena - detenção, de um a três anos.
Diminuição de pena - Se o agente comete o crime im-
Aborto provocado por terceiro pelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da ainda sob o domínio de violenta emoção, seguida de injus-
gestante: ta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um
Pena - reclusão, de três a dez anos. sexto a um terço.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da
gestante: (Vide ADPF 54) Lesão corporal culposa – Se o agente não queria o re-
Pena - reclusão, de um a quatro anos. sultado do ato praticado, mesmo sabendo que tal resulta-
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, do era previsível.
se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada
ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante Violência doméstica - Se a lesão for praticada contra
fraude, grave ameaça ou violência ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro,
ou com quem conviva ou tenha convivido; ou ainda preva-
Forma qualificada lecendo-se o agente das relações domésticas, de coabita-
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos ante- ção ou de hospitalidade. Pena: detenção, de três meses a
riores são aumentadas de um terço, se, em consequência três anos.
do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a
gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são du- CAPÍTULO II
plicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém DAS LESÕES CORPORAIS
a morte.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médi- Lesão corporal
co: (Vide ADPF 54) Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de
outrem:
Aborto necessário Pena - detenção, de três meses a um ano.
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
71
NOÇÕES DE DIREITO
Lesão corporal de natureza grave § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será
§ 1º Se resulta: aumentada de um terço se o crime for cometido contra
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº
de trinta dias; 11.340, de 2006)
II - perigo de vida; § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade
III - debilidade permanente de membro, sentido ou ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
função; Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Na-
IV - aceleração de parto: cional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
Pena - reclusão, de um a cinco anos. decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
§ 2° Se resulta: parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
I - Incapacidade permanente para o trabalho; condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluí-
II - enfermidade incurável; do pela Lei nº 13.142, de 2015)
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 2.3.6. DOS CRIMES CONTRA O
PATRIMÔNIO – ARTIGOS 155 A 180.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam
que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de
produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. O Título II da parte especial do Código Penal Brasileiro,
faz referências aos Crimes Contra o Patrimônio.
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo Considera-se patrimônio de uma pessoa , os bens, o
de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de poderio econômico, a universalidade de direitos que te-
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da nham expressão econômica para a pessoa. Considera-se em
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. geral, o patrimônio como universalidade de direitos. Vale
dizer como uma unidade abstrata, distinta, diferente dos
Substituição da pena elementos que a compõem isoladamente considerados.
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda Além desse conceito jurídico, que é próprio do direito
substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos privado, há uma noção econômica de patrimônio e, segun-
mil réis a dois contos de réis: do a qual, ele consiste num complexo de bens, através dos
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo an- quais o homem satisfaz suas necessidades.
terior;
II - se as lesões são recíprocas. Cabe lembrar, que o direito penal em relação ao direito
civil, ao direito econômico, ele é autônomo e constitutivo, e
Lesão corporal culposa por isso mesmo quando tutela bens e interesses jurídicos já
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) tutelados por outros ramos do direito, ele o faz com auto-
Pena - detenção, de dois meses a um ano. nomia e de um modo peculiar.
72
NOÇÕES DE DIREITO
Quanto a objetividade jurídica do furto é preciso res- O crime de furto é cometido através do dolo que é
saltar uma divergência na doutrina: entende-se que é pro- a vontade livre e consciente de subtrair, acrescido do ele-
tegida diretamente a posse e indiretamente a propriedade mento subjetivo do injusto também chamado de “dolo
ou, em sentido contrário, que a incriminação no caso de específico”, que no crime de furto está representado pela
furto, visa essencial ou principalmente a tutela da proprie- idéia de finalidade do agente, contida da expressão “para
dade e não da posse. É inegável que o dispositivo protege si ou para outrem”. Independe todavia de intuito, objetivo
não só a propriedade como a posse, seja ela direta ou indi- de lucro por parte do agente, que pode atuar por vingança,
reta além da própria detenção1. capricho, liberalidade.
Devemos si ter primeiro o bem jurídico daquele que é
afetado imediatamente pela conduta criminosa. Vale dizer O consentimento da vítima na subtração elide o crime,
que a vítima de furto não é necessariamente o proprietário já que o patrimônio é um bem disponível, mas se ele ocorre
da coisa subtraída, podendo recair a sujeição passiva sobre depois da consumação, é evidente que sobrevivi o ilícito
o mero detentor ou possuidor da coisa. penal.
Qualquer pessoa pode praticar o crime de furto, não O delito de furto também pode ser praticado entre:
exige além do sujeito ativo qualquer circunstância pessoal cônjuges, ascendentes e descendentes, tios e sobrinhos,
específica. Vale a mesma coisa para o sujeito passivo do cri- entre irmãos.
me, sendo ela física ou jurídica, titular da posse, detenção
ou da propriedade. O direito romano não admitia, nesses casos, a ação pe-
O núcleo do tipo é subtrair, que significa tirar, retirar, nal. Já o direito moderno não proíbe o procedimento pe-
abrangendo mesmo o apossamento à vista do possuidor nal, mas isenta de pena, como elemento de preservação da
ou proprietário. vida familiar.
O crime de furto pode ser praticado também através
de animais amestrados, instrumentos etc. Esse crime será Para se definir o momento da consumação, existem
duas posições:
de apossamento indireto, devido ao emprego de animais,
caso contrário é de apossamento direto.
1) atinge a consumação no momento em que o objeto
Impera uma única controvérsia, tendo em vista o de-
material é retirado de posse e disponibilidade do sujeito
senvolvimento da tecnologia, quanto a subtração praticada
passivo, ingressando na livre disponibilidade do autor, ain-
com o auxílio da informática, se ela resultaria de furto ou
da que não obtenha a posse tranqüila4;
crime de estelionato.
2) quando exige-se a posse tranqüila, ainda que por
O objeto material do furto é a coisa alheia móvel. Coisa
breve tempo. 5
em direito penal representa qualquer substância corpórea,
seja ela material ou materializável, ainda que não tangí- Temos a seguinte classificação para o crime de furto:
vel, suscetível de apreciação e transporte, incluindo aqui os comum quanto ao sujeito, doloso, de forma livre, comissivo
corpos gasosos, os instrumentos , os títulos, etc.2. de dano, material e instantâneo.
A ação penal é pública incondicionada, exceto nas hi-
O homem não pode ser objeto material de furto, con- póteses do artigo 182 do Código Penal Brasileiro, que é
forme o fato, o agente pode responder por sequestro ou condicionada à representação.
cárcere privado, conforme artigo 148 do Código Penal Bra-
sileiro, ou subtração de incapazes artigo 249. O crime de furto pode ser de quatro espécies: furto
simples, furto noturno, furto privilegiado e furto qualifica-
Afirma-se na doutrina que somente pode ser objeto de do
furto a coisa que tiver relevância econômica, ou seja, va-
lor de troca, incluindo no conceito, a ideia de valor afetivo FURTO DE USO
(o que eu acho que não tem validade jurídica penal). Já a
jurisprudência invoca o princípio da insignificância, consi- Furto de uso é a subtração de coisa apenas para usu-
derando que se a coisa furtada tem valor monetário irrisó- fruí-la momentaneamente, está prevista no art. 155 do Có-
rio, ficará eliminada a antijuridicidade do delito e, portanto, digo Penal Brasileiro, para que seja reconhecível o furto de
não ficará caracterizado o crime. uso e não o furto comum, é necessário que a coisa seja
restituída, devolvida, ao possuidor, proprietário ou deten-
Furto é crime material, não existindo sem que haja tor de que foi subtraída, isto é, que seja reposta no lugar,
desfalque do patrimônio alheio. Coisa alheia é a que não para que o proprietário exerça o poder de disposição sobre
pertence ao agente, nem mesmo parcialmente. Por essa a coisa subtraída. Fora daí a exclusão do “animus furandi”
razão não comete furto e sim o crime contido no artigo 346 dependerá de prova plena a ser oferecida pelo agente.
(Subtração ou Dano de Coisa Própria em Poder de Terceiro)
do Código Penal Brasileiro, o proprietário que subtrai coisa Os tribunais tem subordinado o reconhecimento do
sua que está em poder legitimo de outro3. furto de uso a efetiva devolução ou restituição, afirman-
do que há furto comum se a coisa é abandonada em local
73
NOÇÕES DE DIREITO
distante ou diverso ou se não é recolocada na esfera de Vale dizer que é uma forma de causa especial de di-
vigilância de seu dono. Há ainda entendimentos que exi- minuição de pena. Existem requisitos para que se dê essa
gem que a devolução da coisa, além de ser feita no mesmo causa especial:
lugar da subtração seja feita em condições de restituição - O primeiro requisito para que ocorra o privilégio é ser
da coisa em sua integridade e aparência interna e externa, o agente primário, ou seja, que não tenha sofrido em razão
assim como era no momento da subtração. de outro crime condenação anterior transitada em julgado.
- O segundo requisito é ser de pequeno valor a coisa
Vale dizer a coisa devolvida assemelha-se em tudo e subtraída.
por tudo em sua aparência interna e externa à coisa sub- A doutrina e a jurisprudência têm exigido além desses
traída6. dois requisitos já citados, que o agente não revele persona-
lidade ou antecedentes comprometedores, indicativos da
FURTO NOTURNO existência de probabilidade, de voltar a delinquir.
A pena pode-se substituir a de reclusão pela de deten-
O Furto Noturno, está previsto no § 1º do artigo 155: ção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a
“apena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado multa.
durante o repouso noturno”7.
O § 3º do artigo 155 faz menção à igualdade entre
É furto agravado ou qualificado o praticado durante energia elétrica, ou qualquer outra que tenha valor eco-
o repouso noturno, aumenta-se de 1/3 artigo 155 §1º , a nômico à coisa móvel, também a caracterizando como cri-
razão da majorante está ligada ao maior perigo que está me10.
submetido o bem jurídico diante da precariedade de
vigilância por parte de seu titular. A jurisprudência considera essa modalidade de furto
Basta que ocorra a cessação da vigilância da vítima, como crime permanente, pois o agente pratica uma só
que, dormindo, não poderá efetivá-la com a segurança e ação, que se prolonga no tempo.
a amplitude com que a faria, caso estivesse acordada, para
que se configure a agravante do repouso noturno. FURTO QUALIFICADO
Repouso noturno é o tempo em que a cidade repousa,
é variável, dependendo do local e dos costumes. Em determinadas circunstâncias são destacadas o §4º
É discutida pela doutrina e pela jurisprudência a cerca do art. 155, para configurar furto qualificado, ao qual é co-
da necessidade do lugar, ser habitado ou não, para se dar minada pena autônoma sensivelmente mais grave: “reclu-
a agravante. A jurisprudência dominante nos tribunais é no são de 2 à 8 anos seguida de multa”.
sentido de excluir a agravante, se o furto é praticado em
lugar desabitado, pois evidente se praticado desta forma São as seguintes as hipóteses de furto qualificado:
não haveria, mesmo durante a época o momento do não se o crime é cometido com destruição ou rompimento
repouso, a possibilidade de vigilância que continuaria a ser de obstáculos à subtração da coisa; está hipótese trata da
tão precária quanto este momento de repouso. destruição, isto é, fazer desaparecer em sua individualidade
Porém, como diz o mestre Magalhães Noronha “para ou romper, quebrar, rasgar, qualquer obstáculo móvel ou
nós, existe a agravante quando o furto se dá durante o imóvel a apreensão e subtração da coisa.
tempo em que a cidade ou local repousa, o que não impor- A destruição ou rompimento deve dar-se em qualquer
ta necessariamente seja a casa habitada ou estejam seus momento da execução do crime e não apenas para apreen-
moradores dormido. Podem até estar ausente, ou desabi- são da coisa. Porém é imprescindível que seja comprovada
tado o lugar do furto”.
pericialmente, nem mesmo a confissão do acusado supre a
A exposição de motivos como a do mestre Noronha, é
falta da perícia11 .
a que se iguala ao meu parecer, pois é prevista como agra-
vante especial do furto a circunstância de ser o crime prati- Trata-se de circunstância objetiva e comunicável no
cado durante o período do sossego noturno8, seja ou não caso de concurso de pessoas, desde que o seu conteúdo
habitada a casa, estejam ou não seus moradores dormindo, haja ingressado na esfera do conhecimento dos participan-
cabe a majoração se o delito ocorreu naquele período. tes.
A segunda hipótese é quando o crime é cometido com
Furto em garagem de residência, também há duas po- abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou des-
sições, uma em que incide a qualificadora, da qual o Pro- treza.
fessor Damásio é partidário, e outra na qual não incide a Há abuso de confiança quando o agente se prevalece
qualificadora. de qualidade ou condição pessoal que lhe facilite à pratica
do furto. Qualifica o crime de furto quando o agente se
FURTO PRIVILEGIADO ou mínimo serve de algum artifício para fazer a subtração12.
Mediante fraude é o meio enganoso capaz de iludir a
O furto privilegiado está expresso no § 2º do artigo vigilância do ofendido e permitir maior facilidade na sub-
155: “Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a tração do objeto material. O furto mediante fraude distin-
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela gue-se do estelionato, naquele a fraude é empregada para
de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar so- iludir a atenção e vigilância do ofendido, que nem percebe
mente a pena de multa”. que a coisa lhe está sendo subtraída; no estelionato, ao
74
NOÇÕES DE DIREITO
contrário, a fraude antecede o apossamento da coisa e é A razão da incriminação é de que o agente subtraia
a causa de sua entrega ao agente pela vítima; esta entrega coisa que pertença também a outrem. Este crime constitui
a coisa iludida, pois a fraude motivou seu consentimento. caso especial de furto, distinguindo-se dele apenas as re-
É ainda qualificadora a penetração no local do furto lações existentes entre o agente e o lesado ou os lesados.
por via que normalmente não se usa para o acesso, sendo Sujeito ativo, somente pode ser o condômino, co-pro-
necessário o emprego de meio artificial, é no caso de prietário, co- herdeiro ou o sócio. Esta condição é indispen-
escalada, que não se relaciona necessariamente com a sável e chega a ser uma elementar do crime e por tanto é
ação de galgar ou subir. Também deve ser comprovada por transmitido ao partícipe estranho nos termos do artigo 29
meio de perícia, assim como o rompimento de obstáculo. do Código Penal Brasileiro.
Sujeito passivo será sempre o condomínio, co-proprie-
Tentativa, é admissível. Via de regra, a prisão em fla- tário, co- herdeiro ou o sócio, não podendo excluir-se o
grante indica delito tentado nos casos de furto, por não terceiro possuidor legítimo da coisa.
chegar o agente a ter a posse tranquila da coisa subtraída, A vontade de subtrair configura o momento subjetivo,
fala-se em dolo específico na doutrina, na expressão “para
que não ultrapassa a esfera de vigilância da vítima.
si ou para outrem”.
A pena culminada para furto de coisa comum é alter-
Há ainda a tentativa frustrada, citarei um exemplo: um
nativa de detenção de 6 (seis) meses à 2 (dois) anos ou
batedor de carteira segue uma pessoa durante vários dias.
multa. Dá-se ao juiz a margem para individualização da
Decide, então, subtrair, do bolso interno do paletó da víti- pena tendo em vista as circunstâncias do caso concreto.
ma, envelope que julga conter dinheiro. Furtado o envelo-
pe, o batedor de carteira é apanhado. Chegando à Delega- ROUBO
cia, verifica-se que o envelope estava vazio, pois, naquele A ação penal é pública, porém depende de represen-
dia, a vítima esquecera o dinheiro em casa. O agente será tação da parte
responsabilizado pelo crime nesse exemplo? Não, pois a Como expresso no artigo 157 do Código Penal Brasi-
ausência do objeto material do delito faz do evento um leiro: “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,
crime impossível. mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois
O último é a qualificadora da destreza, que se dá quan- de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilida-
do a subtração se dá dissimuladamente com especial habi- de de resistência: pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez)
lidade por parte do agente, onde a ação, sem emprego de anos, e multa”.
violência, em situação em que a vítima, embora consciente Trata-se de crime contra o patrimônio, em que é atingi-
e alerta, não percebe que está tendo os bens furtados. O do também a integridade física ou psíquica da vítima.
arrebatamento violento ou inopinado não a configura. É um crime complexo, onde o objeto jurídico imediato
do crime é o patrimônio, e tutela-se também a integridade
A terceira hipótese é o emprego de chave falsa. corporal, a saúde, a liberdade e na hipótese de latrocínio a
Constitui chave falsa qualquer instrumento ou enge- vida do sujeito passivo.
nho de que se sirva o agente para abrir fechadura e que te- O Roubo também é um delito comum, podendo ser
nha ou não o formato de uma chave, podendo ser grampo, cometido por qualquer pessoa, dando-se o mesmo com
pedaço de arame, pinça, gancho, etc. O exame pericial da o sujeito passivo. Pode ocorrer a hipótese de dois sujeitos
chave ou desse instrumento é indispensável para a caracte- passivos: um que sofre a violência e o titular do direito de
rização da qualificadora propriedade.
Como no Furto, a conduta é subtrair, tirar a coisa mó-
A Quarta e última hipótese é quando ocorre median- vel alheia, mas faça-se necessário que o agente se utilize
de violência, lesões corporais, ou vias de fato, como grave
te concurso de duas ou mais pessoas, quando praticado
ameaça ou de qualquer outro meio que produza a possibi-
nestas circunstâncias, pois isto revela uma maior periculo-
lidade de resistência do sujeito passivo.14
sidade dos agentes, que unem seus esforços para o crime.
A vontade de subtrair com emprego de violência, gra-
No caso de furto cometido por quadrilha, responde ve ameaça ou outro recurso análogo é o dolo do delito
por quadrilha pelo artigo 288 do Código Penal Brasileiro de roubo. Exige-se porém, o elemento subjetivo do tipo, o
seguido de furto simples, ficando excluída a qualificado- chamado dolo específico, idêntico ao do furto, para si ou
ra13, para outrem, é que se dá a subtração.
Concurso de qualificadoras, o agente incidindo em
duas qualificadoras, apenas uma qualifica, podendo servir Há uma figura denominada roubo impróprio que vem
a outra como agravante comum. definido no art.157 §1º do Código Penal Brasileiro: “na
mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coi-
FURTO DE COISA COMUM sa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a
Este crime está definido no art. 156 do Código Penal fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da
Brasileiro, que diz: “Subtrair o condômino, co-herdeiro, ou coisa para si ou para terceiro”. Nesse caso a violência ou
sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a de- a grave ameaça ocorre após a consumação da subtração,
tém, a coisa comum: pena – detenção, de 6 (seis) meses à 2 visando o agente assegurar a posse da coisa subtraída ou a
(dois) anos, ou multa”. impunidade do crime.
75
NOÇÕES DE DIREITO
A violência posterior ou roubo para assegurar a sua im- Pena: reclusão de vinte a trinta anos, sem prejuízo da
punidade, deve ser imediato para caracterização do roubo multa, conforme alteração do artigo 6º da Lei n.º. 8072/90.
impróprio. Conforme o artigo 9º dessa lei, a pena é agravada de me-
A consumação do roubo impróprio ocorre com a vio- tade quando a vítima se encontra nas condições do artigo
lência ou grave ameaça desde que já ocorrido a subtração, 224 do Código Penal Brasileiro: “presunção de violência”.
não se consumando esta, tem se entendido que o agente
deverá ser responsabilizado por tentativa de furto em con- EXTORSÃO
curso com o crime de lesões corporais. O crime de extorsão é formal e consuma-se no mo-
Consuma-se no momento em que o agente retira o mento e no local em que ocorre o constrangimento para
objeto material da esfera de disponibilidade da vítima, que se faça ou se deixe de fazer alguma coisa. Súmula nº
mesmo que não haja a posse tranqüila.
96 do Superior Tribunal de Justiça.
Tentativas, quanto ao roubo próprio ela é admitida,
visto podendo ocorrer quando o sujeito, após empregar
a violência ou grave ameaça contra a pessoa, por motivos Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou
alheios a sua vontade, não consegue efetuar a subtração. grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para
Já a tentativa para o crime de roubo impróprio temos outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que
duas correntes: se faça ou deixar fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Sua classificação doutrinária é de crime comum quanto § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas,
ao sujeito, doloso, de forma livre, de dano, material e ins- ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço
tantâneo. Tendo ação penal pública incondicionada. até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência
ROUBO E LESÃO CORPORAL GRAVE o disposto no § 3º do artigo anterior.
Nos termos do artigo 157 § 3º do Código Penal Brasilei- § 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da
ra primeira parte, é qualificado roubo quando: “da violência liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a
resulta lesão corporal de natureza grave, fixando-se a pena obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão,
num patamar superior ao fixado anteriormente, aqui reclu- de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão
são de 5 (cinco) à 15 (quinze) anos, além da multa”. corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no
É indispensável que a lesão seja causada pela violência, art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº
não estando o agente, sujeito às penas previstas pelo
11.923, de 2009)
dispositivo em estudo, se o evento decorra de grave ameaça,
como enfarte, choque ou do emprego de narcóticos.
Haverá no caso roubo simples seguido de lesões corporais É um crime comum, formal ou material, de forma livre,
de natureza grave em concurso formal. instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente, comissivo,
A lesão poderá ser sofrida pelo titular do direito ou em doloso, de dano, complexo e admite tentativa.
um terceiro. A conduta consiste em constranger (obrigar, forcar,
Se o agente fere gravemente a vítima mas não conse- coagir), mediante violência (física: vias de fato ou lesão
gue subtrair a coisa, há só a tentativa do artigo 157 § 3º 1ª corporal) ou grave ameaça (moral: intimidação idônea ex-
parte (TACrim SP, julgados 72:214). plicita ou explicita que incute medo no ofendido) com o
objetivo de obter para si ou para outrem indevida (injusta,
ROUBO SEGUIDO DE MORTE - LATROCÍNIO ilícita) vantagem econômica (qualquer vantagem seja de
Comina-se pena de reclusão de 20 à 30 anos se resulta coisa móvel ou imóvel).
a morte, as mesmas considerações referentes aos crimes Haverá constrangimento ilegal se a vantagem não for
qualificados pelo resultado, podem ser aqui aplicadas. econômica e exercício arbitrário das próprias razoes se a
O artigo da Lei 8072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), vantagem for devida.
em conformidade com o artigo 5º XLIII, da Constituição
Federal Brasileira, considera crime de latrocínio Hediondo. Tipo subjetivo
Nos termos legais o Latrocínio não exige que o evento
O tipo é composto de dolo duplo: o primeiro constituí-
morte seja desejado pelo agente, basta que ele empregue
do pela vontade livre e consciente de constranger alguém
violência para roubar e que dela resulte a morte para que
se tenha caracterizado o delito. mediante violência ou grave ameaça, dolo genérico; o se-
É indiferente porém, que a violência tenha sido exercida gundo exige o elemento subjetivo do tipo específico na
para o fim da subtração ou para garantir, depois desta, a expressão “com intuito de”.
impunidade do crime ou a detenção da coisa subtraída18 .
Ocorre latrocínio ainda que a violência atinja pessoa Consumação
diversa daquela que sofre o desapossamento da coisa. Ha- Discute-se na doutrina se o crime de extorsão é for-
verá no entanto um só crime com dois sujeitos passivos. mal ou material. Para os que o consideram formal, a con-
A consumação do latrocínio ocorre com a efetiva sub- sumação ocorre independentemente do resultado. Basta
tração e a morte da vítima, embora no latrocínio haja mor- ser idôneo ao constrangimento imposto à vítima, sendo
te da vítima, ele é um crime contra o patrimônio, sendo Juiz irrelevante a enfeitava obtenção da vantagem econômica
singular e não do Tribunal do Júri, essa é a posição válida, indevida.
76
NOÇÕES DE DIREITO
O comportamento da vítima nesse caso é fundamen- Perfeitamente possível a tentativa, já que a execução
tal para a consumação do delito. É a indispensabilidade da do crime requer um iter criminis desdobrado em vários
conduta do sujeito passivo para a consumação do crime, atos. Porém, difícil de se configurar. Hipótese seria aquela
se o constrangimento for sério, idôneo o suficiente para em que os agentes são flagrados logo após colocarem a
ensejar a ação ou omissão da vítima em detrimento do seu vítima no carro, pois aí não teriam privado sua liberdade
patrimônio, perfaz-se o tipo penal do art. 168 do CP. por tempo juridicamente relevante.
Da outra parte, se entendido como crime material, a
consumação se dará com obtenção de indevida vantagem EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO QUALIFICADA
econômica. Seguimos esse entendimento, para nós o crime Se o sequestro dura mais de 24h, se o sequestrado é
de extorsão é material consumando-se com a efetiva ob-
menor de 18 e maior que 60 anos, ou se o crime é cometi-
tenção indevida vantagem econômica.
Tentativa do por bando ou quadrilha a pena será de reclusão de 12
Admite-se quer considerando o crime formal ou mate- a 20 anos. Quanto maior o tempo em que a vítima estiver
rial. Surge quando a vítima mesmo constrangida, mediante em poder do criminoso, maior será o dano à saúde e inte-
violência ou grave ameaça, não realiza a condita por cir- gridade física.
cunstâncias alheias à vontade do agente. A vítima, então
não se intimida, vence o medo e denuncia o fato a polícia. Quanto ao crime cometido por bando ou quadrilha,
entende-se como a reunião permanente de mais de três
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (art. 159) pessoas para cometer e não uma reunião ocasional para
Na extorsão mediante sequestro, diferentemente da cometer o sequestro
extorsão do art. 158, a vantagem pode ser qualquer uma
(inclusive econômica). Trata-se de crime hediondo em to- EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO COM LESÃO
das as suas modalidades, havendo privação da liberdade da CORPORAL GRAVE.
vítima para se obter a vantagem. É crime complexo, resul-
Se o fato resulta lesão corporal de natureza grave a
tante da extorsão + sequestro ou cárcere privado (é o que
diz a doutrina, mas eu não concordo, visto que a extorsão pena será de reclusão de 16 a 24 anos; se resulta a morte a
exige finalidade de obter vantagem econômica indevida). pena será de reclusão de 24 a 30 anos. Observa-se de ime-
Se o sequestro for para obtenção de qualquer van- diato a diferença deste delito com o de roubo qualificado
tagem devida, haverá o crime de exercício arbitrário das pelo resultado. No art. 157 do CP a lei diz: “se da violência
próprias razões em concurso material com o sequestro ou resultar lesão grave ou morte”; logo, num roubo em que
cárcere privado. vítima cardíaca diante de uma ameaça vem a falecer, haverá
Apesar de o tipo se referir a “qualquer vantagem”, não roubo em concurso material com homicídio e não latrocí-
haverá o crime se a vantagem não tiver algum valor econô- nio. O tipo exige o emprego da violência. Na extorsão me-
mico. Isso se depreende da interpretação sistêmica do tipo, diante sequestro a lei menciona: “se dos ato resultar lesão
que está inserido no Título II, relativo aos crimes contra o grave ou morte”, pouco importando para qualificar o delito
patrimônio. que a lesão grave seja culposa ou dolosa.. Evidentemente,
Não influi na caracterização do crime o fato de a ví- se a lesão grave ou morte resultar de caso fortuito ou força
tima ser transportada para algum lugar ou ser retida em
maior, o resultado agravados não poderá ser imputado ao
sua própria casa. Ademais, o sequestro deve se dar como
condição ou preço do resgate. agente.
Sujeito passivo
Pode ser qualquer pessoa, inclusive pessoa jurídica, EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO E TORTURA
que pode ter, v.g., um de seus sócios sequestrados para que Entendemos que os institutos possuem objetividades
seja efetuado o pagamento. Determina-se o sujeito passivo jurídicas distintas e autônomas. Na extorsão são mediante
de acordo com a pessoa que terá o patrimônio lesado. sequestro ofende-se o patrimônio, a liberdade de ir e vir e
Se a pessoa que sofre a privação da liberdade for dife- a vida. Na tortura atinge-se a dignidade humana, consubs-
rente daquela que terá seu patrimônio diminuído, haverá tanciada na integridade física e mental. Cm efeito, a nosso,
apenas um crime, não obstante existirem duas vítimas. juízo, nada impede o reconhecimento do concurso material
Consumação e tentativa de infrações.
Ocorre a consumação quando o agente pratica a con-
duta prevista no núcleo do tipo, quando realiza o sequestro DELAÇÃO PREMIADA
privando a vítima da liberdade por tempo juridicamente re-
O benefício somente se aplica quando o crime for co-
levante, ainda que não aufira a vantagem qualquer e ain-
da que nem tenha sido pedido o resgate. Logo, o crime é metido em concurso de pessoas, devendo o acusado for-
formal. necer às autoridades elementos capazes de facilitar a reso-
“A extorsão mediante sequestro, como crime formal ou lução do crime. Causa obrigatória de diminuição de pena
de consumação antecipada, opera-se com a simples priva- se preenchidos os requisitos estabelecidos pelo parágrafo
ção da liberdade de locomoção da vítima, por tempo juri- 4º do art. 159, qual seja, denúncia à autoridade ( juiz, dele-
dicamente relevante. Ainda que o sequestrado não tenha gado ou promotor) feita por um dos concorrentes, e esta
sido conduzido ao local de destino, o crime está consuma- facilitar a libertação da vítima. Faz-se mister salientar que,
do” (MIRABETE, Julio Fabbrini. Código Penal Interpretado. se não houver a libertação do seqüestrado, mesmo haven-
6ª edição. São Paulo: Atlas. 2007, pág. 1.476). do delação do coautor, não haverá diminuição de pena.
77
NOÇÕES DE DIREITO
Não se confunde com a confissão espontânea, pois § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
nesta o agente garante confessa sua participação no crime, a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão
sem incriminar outrem. pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar
somente a pena de multa.
EXTORSÃO INDIRETA § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou
Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida, qualquer outra que tenha valor econômico.
abusando da situação de alguém, documento que pode
dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou con- Furto qualificado
tra terceiro: § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa,
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à sub-
Classificação doutrinária tração da coisa;
Crime comum, doloso, de dano, formal (exigir) e ma- II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, esca-
terial (receber), instantâneo, comissivo, de forma vinculada, lada ou destreza;
unissubjetivo, unissubsistente (exigir) ou plurissubsistente III - com emprego de chave falsa;
(receber) e admite tentativa. IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
A conduta recai sobre o documento que pode dar cau- § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a
sa a um procedimento criminal contra o devedor, como a subtração for de veículo automotor que venha a ser
confissão de um crime, a falsificação de um título de crédi- transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído
to, uma duplicata fria etc. pela Lei nº 9.426, de 1996)
A conduta consiste ainda em exigir (obrigar, ordenar) § 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se
ou receber (aceitar) um documento que pode dar causa a a subtração for de semovente domesticável de produção,
procedimento criminal contra a vítima ou terceiro. É abusar ainda que abatido ou dividido em partes no local da
da situação daquele que necessita urgentemente de auxílio subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
financeiro. Necessário para a configuração do delito que o
documento exigido ou recebido pelo agente, que pode ser Furto de coisa comum
público ou particular, se preste a instauração de inquérito Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio,
policial contra o ofendido. Não se exige a instauração do para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a
procedimento criminal, basta que o documento em poder coisa comum:
do credor seja potencialmente apto a iniciar o processo. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
Consumação § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum
Na ação de exigir, crime formal, a consumação ocorre fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito
com a simples exigência do documento pelo extorcionário. o agente.
A iniciativa aqui é do agente, na conduta de receber, crime
material, a consumação ocorre com o efetivo recebimento CAPÍTULO II
do documento. Nesse caso a iniciativas provém da vítima. DO ROUBO E DA EXTORSÃO
Tentativa Roubo
Na modalidade exigir, entendemos não ser possível Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
sua configuração, embora uma parcela da doutrina a ad- outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou
mita com o sovado exemplo, também oferecido nos crimes depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossi-
contra a honra, de a exigência ser reduzida por escrito, mas bilidade de resistência:
não chegar ao conhecimento do ofendido. Na de receber, Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
no entanto, é perfeitamente possível, podendo o iter crimi- § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de
nis ser interrompido por circunstâncias alheias à vontade subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou
do agente. grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime
ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
TÍTULO II § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego
CAPÍTULO I de arma;
DO FURTO II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores
Furto e o agente conhece tal circunstância.
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia IV - se a subtração for de veículo automotor que ve-
móvel: nha a ser transportado para outro Estado ou para o exte-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. rior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restrin-
praticado durante o repouso noturno. gindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
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NOÇÕES DE DIREITO
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NOÇÕES DE DIREITO
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou § 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
histórico aplicar somente a de multa se o agente for primário e de
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tomba- bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983,
da pela autoridade competente em virtude de valor artísti- de 2000)
co, arqueológico ou histórico: I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e an-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. tes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição
social previdenciária, inclusive acessórios; ou (Incluído pela
Alteração de local especialmente protegido Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade compe- II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessó-
tente, o aspecto de local especialmente protegido por lei: rios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previ-
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. dência social, administrativamente, como sendo o mínimo
para o ajuizamento de suas execuções fiscais. (Incluído pela
Ação penal Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu pa-
rágrafo e do art. 164, somente se procede mediante queixa.
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito
ou força da natureza
CAPÍTULO V
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
Apropriação indébita Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria,
Aumento de pena no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprie-
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o tário do prédio;
agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário; Apropriação de coisa achada
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria,
inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou
III - em razão de ofício, emprego ou profissão. legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade compe-
tente, dentro no prazo de quinze dias.
Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-
Lei nº 9.983, de 2000) -se o disposto no art. 155, § 2º.
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as
contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e for- CAPÍTULO VI
ma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
2000)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e mul- Estelionato
ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilí-
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar cita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém
de: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra im-
fraudulento:
portância destinada à previdência social que tenha sido
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de qui-
descontada de pagamento efetuado a segurados, a tercei-
nhentos mil réis a dez contos de réis.
ros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº 9.983,
de 2000) § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
II – recolher contribuições devidas à previdência social o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto
que tenham integrado despesas contábeis ou custos rela- no art. 155, § 2º.
tivos à venda de produtos ou à prestação de serviços; (In- § 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
III - pagar benefício devido a segurado, quando as Disposição de coisa alheia como própria
respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou
à empresa pela previdência social. (Incluído pela Lei nº em garantia coisa alheia como própria;
9.983, de 2000)
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia
das contribuições, importâncias ou valores e presta coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou
as informações devidas à previdência social, na forma imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante paga-
definida em lei ou regulamento, antes do início da ação mento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas
fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) circunstâncias;
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NOÇÕES DE DIREITO
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NOÇÕES DE DIREITO
Receptação
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou O Capítulo I do Título XI do Código Penal trata dos
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser crimes funcionais, praticados por determinado grupo de
produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, pessoas no exercício de sua função, associado ou não com
a adquira, receba ou oculte: (Redação dada pela Lei nº pessoa alheia aos quadros administrativos, prejudicando o
9.426, de 1996) correto funcionamento dos órgãos do Estado.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Reda- A Administração Pública deste modo, em geral dire-
ção dada pela Lei nº 9.426, de 1996) ta, indireta e empresas privadas prestadoras de serviços
públicos, contratadas ou conveniadas será vítima primária
Receptação qualificada (Redação dada pela Lei nº e constante, podendo, secundariamente, figurar no polo
9.426, de 1996) passivo eventual administrado prejudicado.
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter
em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à O agente, representante de um poder estatal, tem por
venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio função principal cumprir regularmente seus deveres, con-
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, fiados pelo povo. A traição funcional faz com que todos te-
coisa que deve saber ser produto de crime: (Redação dada nhamos interesse na sua punição, até porque, de certa for-
pela Lei nº 9.426, de 1996) ma, somos afetados por elas. Dentro desse espírito, mesmo
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação quando praticado no estrangeiro, logo, fora do alcance da
dada pela Lei nº 9.426, de 1996) soberania nacional, o delito funcional será alcançado, obri-
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do gatoriamente, pela lei penal.
parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou
clandestino, inclusive o exercício em residência. (Redação Não bastasse, a Lei 10.763, de 12 de novembro de
dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 2003, condicionou a progressão de regime prisional nos
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza crimes contra a Administração Pública à prévia reparação
ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela do dano causado, ou à devolução do produto do ilícito
condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por praticado, com os acréscimos legais.
meio criminoso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou A lei em comento não impede a progressão aos crimes
ambas as penas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) funcionais, mas apenas acrescenta uma nova condição ob-
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido jetiva, de cumprimento obrigatório para que o reeducando
ou isento de pena o autor do crime de que proveio a conquiste o referido benefício.
coisa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, Crimes Funcionais
pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, Espécies
deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o Os delitos funcionais são divididos em duas espécies:
disposto no § 2º do art. 155. (Incluído pela Lei nº 9.426, próprios e impróprios.
de 1996)
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XIV - fornecer aos órgãos e entidades do Sistema Na- XXX - organizar e manter o Registro Nacional de Infra-
cional de Trânsito informações sobre registros de veículos e ções de Trânsito (Renainf). (Incluído pela Lei nº 13.281, de
de condutores, mantendo o fluxo permanente de informa- 2016) (Vigência)
ções com os demais órgãos do Sistema; § 1º Comprovada, por meio de sindicância, a deficiência
XV - promover, em conjunto com os órgãos competen- técnica ou administrativa ou a prática constante de atos
tes do Ministério da Educação e do Desporto, de acordo de improbidade contra a fé pública, contra o patrimônio
com as diretrizes do CONTRAN, a elaboração e a imple- ou contra a administração pública, o órgão executivo de
mentação de programas de educação de trânsito nos esta- trânsito da União, mediante aprovação do CONTRAN,
belecimentos de ensino; assumirá diretamente ou por delegação, a execução total
XVI - elaborar e distribuir conteúdos programáticos ou parcial das atividades do órgão executivo de trânsito
para a educação de trânsito; estadual que tenha motivado a investigação, até que as
XVII - promover a divulgação de trabalhos técnicos so- irregularidades sejam sanadas.
bre o trânsito; § 2º O regimento interno do órgão executivo de trânsito
XVIII - elaborar, juntamente com os demais órgãos e da União disporá sobre sua estrutura organizacional e seu
entidades do Sistema Nacional de Trânsito, e submeter à funcionamento.
aprovação do CONTRAN, a complementação ou alteração § 3º Os órgãos e entidades executivos de trânsito e
executivos rodoviários da União, dos Estados, do Distrito
da sinalização e dos dispositivos e equipamentos de trân-
Federal e dos Municípios fornecerão, obrigatoriamente,
sito;
mês a mês, os dados estatísticos para os fins previstos no
XIX - organizar, elaborar, complementar e alterar os
inciso X.
manuais e normas de projetos de implementação da sina- § 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.281, de
lização, dos dispositivos e equipamentos de trânsito apro- 2016) (Vigência)
vados pelo CONTRAN; Art. 20. Compete à Polícia Rodoviária Federal, no âmbi-
XX – expedir a permissão internacional para conduzir to das rodovias e estradas federais:
veículo e o certificado de passagem nas alfândegas me- I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de
diante delegação aos órgãos executivos dos Estados e do trânsito, no âmbito de suas atribuições;
Distrito Federal ou a entidade habilitada para esse fim pelo II - realizar o patrulhamento ostensivo, executando
poder público federal; (Redação dada pela lei nº 13.258, operações relacionadas com a segurança pública, com o
de 2016) objetivo de preservar a ordem, incolumidade das pessoas,
XXI - promover a realização periódica de reuniões re- o patrimônio da União e o de terceiros;
gionais e congressos nacionais de trânsito, bem como pro- III - aplicar e arrecadar as multas impostas por infra-
por a representação do Brasil em congressos ou reuniões ções de trânsito, as medidas administrativas decorrentes e
internacionais; os valores provenientes de estada e remoção de veículos,
XXII - propor acordos de cooperação com organismos objetos, animais e escolta de veículos de cargas superdi-
internacionais, com vistas ao aperfeiçoamento das ações mensionadas ou perigosas;
inerentes à segurança e educação de trânsito; IV - efetuar levantamento dos locais de acidentes de
XXIII - elaborar projetos e programas de formação, trânsito e dos serviços de atendimento, socorro e salva-
treinamento e especialização do pessoal encarregado da mento de vítimas;
execução das atividades de engenharia, educação, policia- V - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e adotar
mento ostensivo, fiscalização, operação e administração medidas de segurança relativas aos serviços de remoção
de trânsito, propondo medidas que estimulem a pesquisa de veículos, escolta e transporte de carga indivisível;
científica e o ensino técnico-profissional de interesse do VI - assegurar a livre circulação nas rodovias federais,
trânsito, e promovendo a sua realização; podendo solicitar ao órgão rodoviário a adoção de medi-
XXIV - opinar sobre assuntos relacionados ao trânsito das emergenciais, e zelar pelo cumprimento das normas
legais relativas ao direito de vizinhança, promovendo a in-
interestadual e internacional;
terdição de construções e instalações não autorizadas;
XXV - elaborar e submeter à aprovação do CONTRAN
VII - coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre
as normas e requisitos de segurança veicular para fabrica-
acidentes de trânsito e suas causas, adotando ou indicando
ção e montagem de veículos, consoante sua destinação; medidas operacionais preventivas e encaminhando-os ao
XXVI - estabelecer procedimentos para a concessão do órgão rodoviário federal;
código marca-modelo dos veículos para efeito de registro, VIII - implementar as medidas da Política Nacional de
emplacamento e licenciamento; Segurança e Educação de Trânsito;
XXVII - instruir os recursos interpostos das decisões do IX - promover e participar de projetos e programas de
CONTRAN, ao ministro ou dirigente coordenador máximo educação e segurança, de acordo com as diretrizes estabe-
do Sistema Nacional de Trânsito; lecidas pelo CONTRAN;
XXVIII - estudar os casos omissos na legislação de trân- X - integrar-se a outros órgãos e entidades do Sistema
sito e submetê-los, com proposta de solução, ao Ministé- Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e compensa-
rio ou órgão coordenador máximo do Sistema Nacional de ção de multas impostas na área de sua competência, com
Trânsito; vistas à unificação do licenciamento, à simplificação e à ce-
XXIX - prestar suporte técnico, jurídico, administrativo leridade das transferências de veículos e de prontuários de
e financeiro ao CONTRAN. condutores de uma para outra unidade da Federação;
89
NOÇÕES DE DIREITO
XI - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído II - realizar, fiscalizar e controlar o processo de forma-
produzidos pelos veículos automotores ou pela sua car- ção, aperfeiçoamento, reciclagem e suspensão de condu-
ga, de acordo com o estabelecido no art. 66, além de dar tores, expedir e cassar Licença de Aprendizagem, Permissão
apoio, quando solicitado, às ações específicas dos órgãos para Dirigir e Carteira Nacional de Habilitação, mediante
ambientais. delegação do órgão federal competente;
Art. 21. Compete aos órgãos e entidades executivos ro- III - vistoriar, inspecionar quanto às condições de segu-
doviários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos rança veicular, registrar, emplacar, selar a placa, e licenciar
Municípios, no âmbito de sua circunscrição: veículos, expedindo o Certificado de Registro e o Licencia-
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de mento Anual, mediante delegação do órgão federal com-
trânsito, no âmbito de suas atribuições; petente;
II - planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsi- IV - estabelecer, em conjunto com as Polícias Militares,
to de veículos, de pedestres e de animais, e promover o as diretrizes para o policiamento ostensivo de trânsito;
desenvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas; V - executar a fiscalização de trânsito, autuar e aplicar
III - implantar, manter e operar o sistema de sinaliza- as medidas administrativas cabíveis pelas infrações previs-
ção, os dispositivos e os equipamentos de controle viário; tas neste Código, excetuadas aquelas relacionadas nos in-
IV - coletar dados e elaborar estudos sobre os aciden- cisos VI e VIII do art. 24, no exercício regular do Poder de
tes de trânsito e suas causas; Polícia de Trânsito;
V - estabelecer, em conjunto com os órgãos de policia- VI - aplicar as penalidades por infrações previstas neste
mento ostensivo de trânsito, as respectivas diretrizes para Código, com exceção daquelas relacionadas nos incisos VII
o policiamento ostensivo de trânsito; e VIII do art. 24, notificando os infratores e arrecadando as
VI - executar a fiscalização de trânsito, autuar, aplicar as multas que aplicar;
penalidades de advertência, por escrito, e ainda as multas e VII - arrecadar valores provenientes de estada e remo-
medidas administrativas cabíveis, notificando os infratores ção de veículos e objetos;
e arrecadando as multas que aplicar; VIII - comunicar ao órgão executivo de trânsito da
VII - arrecadar valores provenientes de estada e remo- União a suspensão e a cassação do direito de dirigir e o
ção de veículos e objetos, e escolta de veículos de cargas recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação;
superdimensionadas ou perigosas; IX - coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre
VIII - fiscalizar, autuar, aplicar as penalidades e medidas acidentes de trânsito e suas causas;
administrativas cabíveis, relativas a infrações por excesso X - credenciar órgãos ou entidades para a execução
de peso, dimensões e lotação dos veículos, bem como no- de atividades previstas na legislação de trânsito, na forma
tificar e arrecadar as multas que aplicar; estabelecida em norma do CONTRAN;
IX - fiscalizar o cumprimento da norma contida no art. XI - implementar as medidas da Política Nacional de
95, aplicando as penalidades e arrecadando as multas nele Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito;
previstas; XII - promover e participar de projetos e programas de
X - implementar as medidas da Política Nacional de educação e segurança de trânsito de acordo com as dire-
Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito; trizes estabelecidas pelo CONTRAN;
XI - promover e participar de projetos e programas de XIII - integrar-se a outros órgãos e entidades do Siste-
educação e segurança, de acordo com as diretrizes estabe- ma Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e com-
lecidas pelo CONTRAN; pensação de multas impostas na área de sua competência,
XII - integrar-se a outros órgãos e entidades do Siste- com vistas à unificação do licenciamento, à simplificação e
ma Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e com- à celeridade das transferências de veículos e de prontuários
pensação de multas impostas na área de sua competência, de condutores de uma para outra unidade da Federação;
com vistas à unificação do licenciamento, à simplificação e XIV - fornecer, aos órgãos e entidades executivos de
à celeridade das transferências de veículos e de prontuários trânsito e executivos rodoviários municipais, os dados ca-
de condutores de uma para outra unidade da Federação; dastrais dos veículos registrados e dos condutores habilita-
XIII - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído dos, para fins de imposição e notificação de penalidades e
produzidos pelos veículos automotores ou pela sua carga, de arrecadação de multas nas áreas de suas competências;
de acordo com o estabelecido no art. 66, além de dar apoio XV - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído
às ações específicas dos órgãos ambientais locais, quando produzidos pelos veículos automotores ou pela sua car-
solicitado; ga, de acordo com o estabelecido no art. 66, além de dar
XIV - vistoriar veículos que necessitem de autorização apoio, quando solicitado, às ações específicas dos órgãos
especial para transitar e estabelecer os requisitos técnicos a ambientais locais;
serem observados para a circulação desses veículos. XVI - articular-se com os demais órgãos do Sistema
Parágrafo único. (VETADO) Nacional de Trânsito no Estado, sob coordenação do res-
Art. 22. Compete aos órgãos ou entidades executivos pectivo CETRAN.
de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, no âmbito de Art. 23. Compete às Polícias Militares dos Estados e do
sua circunscrição: Distrito Federal:
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de I - (VETADO)
trânsito, no âmbito das respectivas atribuições; II - (VETADO)
90
NOÇÕES DE DIREITO
III - executar a fiscalização de trânsito, quando e con- XIV - implantar as medidas da Política Nacional de
forme convênio firmado, como agente do órgão ou entida- Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito;
de executivos de trânsito ou executivos rodoviários, conco- XV - promover e participar de projetos e programas de
mitantemente com os demais agentes credenciados; educação e segurança de trânsito de acordo com as dire-
IV - (VETADO) trizes estabelecidas pelo CONTRAN;
V - (VETADO) XVI - planejar e implantar medidas para redução da cir-
VI - (VETADO) culação de veículos e reorientação do tráfego, com o obje-
VII - (VETADO) tivo de diminuir a emissão global de poluentes;
Parágrafo único. (VETADO) XVII - registrar e licenciar, na forma da legislação, veí-
Art. 24. Compete aos órgãos e entidades executivos culos de tração e propulsão humana e de tração animal, fis-
de trânsito dos Municípios, no âmbito de sua circunscri- calizando, autuando, aplicando penalidades e arrecadando
ção: (Redação dada pela Lei nº 13.154, de 2015) multas decorrentes de infrações; (Redação dada pela Lei
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de nº 13.154, de 2015)
trânsito, no âmbito de suas atribuições; XVIII - conceder autorização para conduzir veículos de
II - planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsi- propulsão humana e de tração animal;
to de veículos, de pedestres e de animais, e promover o XIX - articular-se com os demais órgãos do Sistema
desenvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas; Nacional de Trânsito no Estado, sob coordenação do res-
III - implantar, manter e operar o sistema de sinaliza- pectivo CETRAN;
ção, os dispositivos e os equipamentos de controle viário; XX - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído
IV - coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre produzidos pelos veículos automotores ou pela sua carga,
os acidentes de trânsito e suas causas; de acordo com o estabelecido no art. 66, além de dar apoio
V - estabelecer, em conjunto com os órgãos de polícia às ações específicas de órgão ambiental local, quando so-
ostensiva de trânsito, as diretrizes para o policiamento os- licitado;
tensivo de trânsito; XXI - vistoriar veículos que necessitem de autorização
VI - executar a fiscalização de trânsito em vias terrestres, especial para transitar e estabelecer os requisitos técnicos a
edificações de uso público e edificações privadas de uso co- serem observados para a circulação desses veículos.
letivo, autuar e aplicar as medidas administrativas cabíveis § 1º As competências relativas a órgão ou entidade
e as penalidades de advertência por escrito e multa, por
municipal serão exercidas no Distrito Federal por seu órgão
infrações de circulação, estacionamento e parada previstas
ou entidade executivos de trânsito.
neste Código, no exercício regular do poder de polícia de
§ 2º Para exercer as competências estabelecidas neste
trânsito, notificando os infratores e arrecadando as multas
artigo, os Municípios deverão integrar-se ao Sistema
que aplicar, exercendo iguais atribuições no âmbito de edi-
Nacional de Trânsito, conforme previsto no art. 333 deste
ficações privadas de uso coletivo, somente para infrações
Código.
de uso de vagas reservadas em estacionamentos; (Reda-
Art. 25. Os órgãos e entidades executivos do Sistema
ção dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
VII - aplicar as penalidades de advertência por escri- Nacional de Trânsito poderão celebrar convênio delegando
to e multa, por infrações de circulação, estacionamento e as atividades previstas neste Código, com vistas à maior
parada previstas neste Código, notificando os infratores e eficiência e à segurança para os usuários da via.
arrecadando as multas que aplicar; Parágrafo único. Os órgãos e entidades de trânsito po-
VIII - fiscalizar, autuar e aplicar as penalidades e medi- derão prestar serviços de capacitação técnica, assessoria e
das administrativas cabíveis relativas a infrações por exces- monitoramento das atividades relativas ao trânsito durante
so de peso, dimensões e lotação dos veículos, bem como prazo a ser estabelecido entre as partes, com ressarcimento
notificar e arrecadar as multas que aplicar; dos custos apropriados.
IX - fiscalizar o cumprimento da norma contida no art.
95, aplicando as penalidades e arrecadando as multas nele CAPÍTULO III
previstas; DAS NORMAS GERAIS DE CIRCULAÇÃO E CONDUTA
X - implantar, manter e operar sistema de estaciona-
mento rotativo pago nas vias; Art. 26. Os usuários das vias terrestres devem:
XI - arrecadar valores provenientes de estada e remo- I - abster-se de todo ato que possa constituir perigo
ção de veículos e objetos, e escolta de veículos de cargas ou obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas ou de
superdimensionadas ou perigosas; animais, ou ainda causar danos a propriedades públicas ou
XII - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e ado- privadas;
tar medidas de segurança relativas aos serviços de remo- II - abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo perigo-
ção de veículos, escolta e transporte de carga indivisível; so, atirando, depositando ou abandonando na via objetos
XIII - integrar-se a outros órgãos e entidades do Siste- ou substâncias, ou nela criando qualquer outro obstáculo.
ma Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e com- Art. 27. Antes de colocar o veículo em circulação nas
pensação de multas impostas na área de sua competência, vias públicas, o condutor deverá verificar a existência e as
com vistas à unificação do licenciamento, à simplificação e boas condições de funcionamento dos equipamentos de
à celeridade das transferências de veículos e de prontuários uso obrigatório, bem como assegurar-se da existência de
dos condutores de uma para outra unidade da Federação; combustível suficiente para chegar ao local de destino.
91
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter do- IX - a ultrapassagem de outro veículo em movimen-
mínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados to deverá ser feita pela esquerda, obedecida a sinalização
indispensáveis à segurança do trânsito. regulamentar e as demais normas estabelecidas neste Có-
Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres aber- digo, exceto quando o veículo a ser ultrapassado estiver
tas à circulação obedecerá às seguintes normas: sinalizando o propósito de entrar à esquerda;
I - a circulação far-se-á pelo lado direito da via, admi- X - todo condutor deverá, antes de efetuar uma ultra-
tindo-se as exceções devidamente sinalizadas; passagem, certificar-se de que:
II - o condutor deverá guardar distância de seguran- a) nenhum condutor que venha atrás haja começado
ça lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem uma manobra para ultrapassá-lo;
como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no b) quem o precede na mesma faixa de trânsito não haja
momento, a velocidade e as condições do local, da circula- indicado o propósito de ultrapassar um terceiro;
ção, do veículo e as condições climáticas; c) a faixa de trânsito que vai tomar esteja livre numa ex-
III - quando veículos, transitando por fluxos que se cru- tensão suficiente para que sua manobra não ponha em pe-
zem, se aproximarem de local não sinalizado, terá preferên- rigo ou obstrua o trânsito que venha em sentido contrário;
cia de passagem: XI - todo condutor ao efetuar a ultrapassagem deverá:
a) no caso de apenas um fluxo ser proveniente de ro- a) indicar com antecedência a manobra pretendida,
dovia, aquele que estiver circulando por ela; acionando a luz indicadora de direção do veículo ou por
b) no caso de rotatória, aquele que estiver circulando meio de gesto convencional de braço;
por ela; b) afastar-se do usuário ou usuários aos quais ultra-
c) nos demais casos, o que vier pela direita do condu- passa, de tal forma que deixe livre uma distância lateral de
tor; segurança;
IV - quando uma pista de rolamento comportar várias c) retomar, após a efetivação da manobra, a faixa de
faixas de circulação no mesmo sentido, são as da direita trânsito de origem, acionando a luz indicadora de direção
destinadas ao deslocamento dos veículos mais lentos e de do veículo ou fazendo gesto convencional de braço, ado-
maior porte, quando não houver faixa especial a eles des- tando os cuidados necessários para não pôr em perigo ou
tinada, e as da esquerda, destinadas à ultrapassagem e ao obstruir o trânsito dos veículos que ultrapassou;
deslocamento dos veículos de maior velocidade; XII - os veículos que se deslocam sobre trilhos terão
preferência de passagem sobre os demais, respeitadas as
V - o trânsito de veículos sobre passeios, calçadas e nos
normas de circulação.
acostamentos, só poderá ocorrer para que se adentre ou
XIII - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.281, de
se saia dos imóveis ou áreas especiais de estacionamento;
2016) (Vigência)
VI - os veículos precedidos de batedores terão priori-
§ 1º As normas de ultrapassagem previstas nas
dade de passagem, respeitadas as demais normas de cir-
alíneas a e b do inciso X e a e b do inciso XI aplicam-se à
culação;
transposição de faixas, que pode ser realizada tanto pela
VII - os veículos destinados a socorro de incêndio e faixa da esquerda como pela da direita.
salvamento, os de polícia, os de fiscalização e operação § 2º Respeitadas as normas de circulação e conduta
de trânsito e as ambulâncias, além de prioridade de trân- estabelecidas neste artigo, em ordem decrescente, os
sito, gozam de livre circulação, estacionamento e parada, veículos de maior porte serão sempre responsáveis
quando em serviço de urgência e devidamente identifica- pela segurança dos menores, os motorizados pelos não
dos por dispositivos regulamentares de alarme sonoro e motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres.
iluminação vermelha intermitente, observadas as seguintes Art. 30. Todo condutor, ao perceber que outro que o
disposições: segue tem o propósito de ultrapassá-lo, deverá:
a) quando os dispositivos estiverem acionados, indi- I - se estiver circulando pela faixa da esquerda, deslo-
cando a proximidade dos veículos, todos os condutores car-se para a faixa da direita, sem acelerar a marcha;
deverão deixar livre a passagem pela faixa da esquerda, II - se estiver circulando pelas demais faixas, manter-se
indo para a direita da via e parando, se necessário; naquela na qual está circulando, sem acelerar a marcha.
b) os pedestres, ao ouvir o alarme sonoro, deverão Parágrafo único. Os veículos mais lentos, quando em
aguardar no passeio, só atravessando a via quando o veí- fila, deverão manter distância suficiente entre si para per-
culo já tiver passado pelo local; mitir que veículos que os ultrapassem possam se intercalar
c) o uso de dispositivos de alarme sonoro e de ilumi- na fila com segurança.
nação vermelha intermitente só poderá ocorrer quando da Art. 31. O condutor que tenha o propósito de ultrapas-
efetiva prestação de serviço de urgência; sar um veículo de transporte coletivo que esteja parado,
d) a prioridade de passagem na via e no cruzamento efetuando embarque ou desembarque de passageiros, de-
deverá se dar com velocidade reduzida e com os devidos verá reduzir a velocidade, dirigindo com atenção redobrada
cuidados de segurança, obedecidas as demais normas des- ou parar o veículo com vistas à segurança dos pedestres.
te Código; Art. 32. O condutor não poderá ultrapassar veículos em
VIII - os veículos prestadores de serviços de utilidade vias com duplo sentido de direção e pista única, nos tre-
pública, quando em atendimento na via, gozam de livre pa- chos em curvas e em aclives sem visibilidade suficiente, nas
rada e estacionamento no local da prestação de serviço, passagens de nível, nas pontes e viadutos e nas travessias
desde que devidamente sinalizados, devendo estar identi- de pedestres, exceto quando houver sinalização permitin-
ficados na forma estabelecida pelo CONTRAN; do a ultrapassagem.
92
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 33. Nas interseções e suas proximidades, o condu- IV - o condutor manterá acesas pelo menos as luzes
tor não poderá efetuar ultrapassagem. de posição do veículo quando sob chuva forte, neblina ou
Art. 34. O condutor que queira executar uma mano- cerração;
bra deverá certificar-se de que pode executá-la sem perigo V - O condutor utilizará o pisca-alerta nas seguintes
para os demais usuários da via que o seguem, precedem ou situações:
vão cruzar com ele, considerando sua posição, sua direção a) em imobilizações ou situações de emergência;
e sua velocidade. b) quando a regulamentação da via assim o determi-
Art. 35. Antes de iniciar qualquer manobra que impli- nar;
que um deslocamento lateral, o condutor deverá indicar VI - durante a noite, em circulação, o condutor manterá
seu propósito de forma clara e com a devida antecedência, acesa a luz de placa;
por meio da luz indicadora de direção de seu veículo, ou VII - o condutor manterá acesas, à noite, as luzes de
fazendo gesto convencional de braço. posição quando o veículo estiver parado para fins de em-
Parágrafo único. Entende-se por deslocamento lateral barque ou desembarque de passageiros e carga ou descar-
a transposição de faixas, movimentos de conversão à direi- ga de mercadorias.
ta, à esquerda e retornos.
Parágrafo único. Os veículos de transporte coletivo re-
Art. 36. O condutor que for ingressar numa via, proce-
gular de passageiros, quando circularem em faixas próprias
dente de um lote lindeiro a essa via, deverá dar preferência
a eles destinadas, e os ciclos motorizados deverão utilizar-
aos veículos e pedestres que por ela estejam transitando.
-se de farol de luz baixa durante o dia e a noite.
Art. 37. Nas vias providas de acostamento, a conversão
à esquerda e a operação de retorno deverão ser feitas nos Art. 41. O condutor de veículo só poderá fazer uso de
locais apropriados e, onde estes não existirem, o condutor buzina, desde que em toque breve, nas seguintes situações:
deverá aguardar no acostamento, à direita, para cruzar a I - para fazer as advertências necessárias a fim de evitar
pista com segurança. acidentes;
Art. 38. Antes de entrar à direita ou à esquerda, em II - fora das áreas urbanas, quando for conveniente ad-
outra via ou em lotes lindeiros, o condutor deverá: vertir a um condutor que se tem o propósito de ultrapassá-
I - ao sair da via pelo lado direito, aproximar-se o má- -lo.
ximo possível do bordo direito da pista e executar sua ma- Art. 42. Nenhum condutor deverá frear bruscamente
nobra no menor espaço possível; seu veículo, salvo por razões de segurança.
II - ao sair da via pelo lado esquerdo, aproximar-se o Art. 43. Ao regular a velocidade, o condutor deverá
máximo possível de seu eixo ou da linha divisória da pista, observar constantemente as condições físicas da via, do
quando houver, caso se trate de uma pista com circulação veículo e da carga, as condições meteorológicas e a inten-
nos dois sentidos, ou do bordo esquerdo, tratando-se de sidade do trânsito, obedecendo aos limites máximos de
uma pista de um só sentido. velocidade estabelecidos para a via, além de:
Parágrafo único. Durante a manobra de mudança de I - não obstruir a marcha normal dos demais veículos
direção, o condutor deverá ceder passagem aos pedestres em circulação sem causa justificada, transitando a uma ve-
e ciclistas, aos veículos que transitem em sentido contrário locidade anormalmente reduzida;
pela pista da via da qual vai sair, respeitadas as normas de II - sempre que quiser diminuir a velocidade de seu
preferência de passagem. veículo deverá antes certificar-se de que pode fazê-lo sem
Art. 39. Nas vias urbanas, a operação de retorno deverá risco nem inconvenientes para os outros condutores, a não
ser feita nos locais para isto determinados, quer por meio ser que haja perigo iminente;
de sinalização, quer pela existência de locais apropriados, III - indicar, de forma clara, com a antecedência neces-
ou, ainda, em outros locais que ofereçam condições de se- sária e a sinalização devida, a manobra de redução de ve-
gurança e fluidez, observadas as características da via, do locidade.
veículo, das condições meteorológicas e da movimentação
Art. 44. Ao aproximar-se de qualquer tipo de cruza-
de pedestres e ciclistas.
mento, o condutor do veículo deve demonstrar prudência
Art. 40. O uso de luzes em veículo obedecerá às se-
especial, transitando em velocidade moderada, de forma
guintes determinações:
que possa deter seu veículo com segurança para dar pas-
I - o condutor manterá acesos os faróis do veículo, uti-
lizando luz baixa, durante a noite e durante o dia nos túneis sagem a pedestre e a veículos que tenham o direito de pre-
providos de iluminação pública e nas rodovias; (Redação ferência.
dada pela Lei nº 13.290, de 2016) (Vigência) Art. 45. Mesmo que a indicação luminosa do semáforo
II - nas vias não iluminadas o condutor deve usar luz lhe seja favorável, nenhum condutor pode entrar em uma
alta, exceto ao cruzar com outro veículo ou ao segui-lo; interseção se houver possibilidade de ser obrigado a imo-
III - a troca de luz baixa e alta, de forma intermitente bilizar o veículo na área do cruzamento, obstruindo ou im-
e por curto período de tempo, com o objetivo de advertir pedindo a passagem do trânsito transversal.
outros motoristas, só poderá ser utilizada para indicar a in- Art. 46. Sempre que for necessária a imobilização tem-
tenção de ultrapassar o veículo que segue à frente ou para porária de um veículo no leito viário, em situação de emer-
indicar a existência de risco à segurança para os veículos gência, deverá ser providenciada a imediata sinalização de
que circulam no sentido contrário; advertência, na forma estabelecida pelo CONTRAN.
93
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 47. Quando proibido o estacionamento na via, a II - segurando o guidom com as duas mãos;
parada deverá restringir-se ao tempo indispensável para III - usando vestuário de proteção, de acordo com as
embarque ou desembarque de passageiros, desde que não especificações do CONTRAN.
interrompa ou perturbe o fluxo de veículos ou a locomoção Art. 55. Os passageiros de motocicletas, motonetas e
de pedestres. ciclomotores só poderão ser transportados:
Parágrafo único. A operação de carga ou descarga será I - utilizando capacete de segurança;
regulamentada pelo órgão ou entidade com circunscrição II - em carro lateral acoplado aos veículos ou em assen-
sobre a via e é considerada estacionamento. to suplementar atrás do condutor;
Art. 48. Nas paradas, operações de carga ou descarga e III - usando vestuário de proteção, de acordo com as
nos estacionamentos, o veículo deverá ser posicionado no especificações do CONTRAN.
sentido do fluxo, paralelo ao bordo da pista de rolamento Art. 56. (VETADO)
e junto à guia da calçada (meio-fio), admitidas as exceções Art. 57. Os ciclomotores devem ser conduzidos pela di-
devidamente sinalizadas. reita da pista de rolamento, preferencialmente no centro da
§ 1º Nas vias providas de acostamento, os veículos faixa mais à direita ou no bordo direito da pista sempre que
parados, estacionados ou em operação de carga ou não houver acostamento ou faixa própria a eles destinada,
descarga deverão estar situados fora da pista de rolamento. proibida a sua circulação nas vias de trânsito rápido e sobre
§ 2º O estacionamento dos veículos motorizados de as calçadas das vias urbanas.
duas rodas será feito em posição perpendicular à guia Parágrafo único. Quando uma via comportar duas ou
da calçada (meio-fio) e junto a ela, salvo quando houver mais faixas de trânsito e a da direita for destinada ao uso
sinalização que determine outra condição. exclusivo de outro tipo de veículo, os ciclomotores deverão
§ 3º O estacionamento dos veículos sem abandono circular pela faixa adjacente à da direita.
do condutor poderá ser feito somente nos locais previstos Art. 58. Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a
neste Código ou naqueles regulamentados por sinalização circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não hou-
específica. ver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for
Art. 49. O condutor e os passageiros não deverão abrir possível a utilização destes, nos bordos da pista de rola-
a porta do veículo, deixá-la aberta ou descer do veículo mento, no mesmo sentido de circulação regulamentado
sem antes se certificarem de que isso não constitui perigo
para a via, com preferência sobre os veículos automotores.
para eles e para outros usuários da via.
Parágrafo único. A autoridade de trânsito com circuns-
Parágrafo único. O embarque e o desembarque devem
crição sobre a via poderá autorizar a circulação de bicicle-
ocorrer sempre do lado da calçada, exceto para o condutor.
tas no sentido contrário ao fluxo dos veículos automotores,
Art. 50. O uso de faixas laterais de domínio e das áreas
desde que dotado o trecho com ciclofaixa.
adjacentes às estradas e rodovias obedecerá às condições
Art. 59. Desde que autorizado e devidamente sinaliza-
de segurança do trânsito estabelecidas pelo órgão ou enti-
do pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via,
dade com circunscrição sobre a via.
será permitida a circulação de bicicletas nos passeios.
Art. 51. Nas vias internas pertencentes a condomínios
constituídos por unidades autônomas, a sinalização de Art. 60. As vias abertas à circulação, de acordo com sua
regulamentação da via será implantada e mantida às ex- utilização, classificam-se em:
pensas do condomínio, após aprovação dos projetos pelo I - vias urbanas:
órgão ou entidade com circunscrição sobre a via. a) via de trânsito rápido;
Art. 52. Os veículos de tração animal serão conduzi- b) via arterial;
dos pela direita da pista, junto à guia da calçada (meio-fio) c) via coletora;
ou acostamento, sempre que não houver faixa especial a d) via local;
eles destinada, devendo seus condutores obedecer, no que II - vias rurais:
couber, às normas de circulação previstas neste Código e a) rodovias;
às que vierem a ser fixadas pelo órgão ou entidade com b) estradas.
circunscrição sobre a via. Art. 61. A velocidade máxima permitida para a via será
Art. 53. Os animais isolados ou em grupos só podem indicada por meio de sinalização, obedecidas suas caracte-
circular nas vias quando conduzidos por um guia, observa- rísticas técnicas e as condições de trânsito.
do o seguinte: § 1º Onde não existir sinalização regulamentadora, a
I - para facilitar os deslocamentos, os rebanhos deve- velocidade máxima será de:
rão ser divididos em grupos de tamanho moderado e se- I - nas vias urbanas:
parados uns dos outros por espaços suficientes para não a) oitenta quilômetros por hora, nas vias de trânsito
obstruir o trânsito; rápido:
II - os animais que circularem pela pista de rolamento b) sessenta quilômetros por hora, nas vias arteriais;
deverão ser mantidos junto ao bordo da pista. c) quarenta quilômetros por hora, nas vias coletoras;
Art. 54. Os condutores de motocicletas, motonetas e d) trinta quilômetros por hora, nas vias locais;
ciclomotores só poderão circular nas vias: II - nas vias rurais:
I - utilizando capacete de segurança, com viseira ou a) nas rodovias de pista dupla: (Redação dada pela Lei
óculos protetores; nº 13.281, de 2016) (Vigência)
94
NOÇÕES DE DIREITO
1. 110 km/h (cento e dez quilômetros por hora) para II - de transporte rodoviário de cargas. (Incluído pela
automóveis, camionetas e motocicletas; (Redação dada Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência)
pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) § 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.103, de
2. 90 km/h (noventa quilômetros por hora) para os 2015) (Vigência)
demais veículos; (Redação dada pela Lei nº 13.281, de § 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.103,
2016) (Vigência) de 2015) (Vigência)
3. (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de § 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.103,
2016) (Vigência) de 2015) (Vigência)
b) nas rodovias de pista simples: (Redação dada pela § 4o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.103,
Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) de 2015) (Vigência)
1. 100 km/h (cem quilômetros por hora) para auto- § 5o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.103,
móveis, camionetas e motocicletas; (Invcluído pela Lei nº de 2015) (Vigência)
13.281, de 2016) (Vigência) § 6o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.103,
2. 90 km/h (noventa quilômetros por hora) para de 2015) (Vigência)
os demais veículos; (Invcluído pela Lei nº 13.281, de § 7o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.103, de
2016) (Vigência) 2015) (Vigência)
c) nas estradas: 60 km/h (sessenta quilômetros por § 8o (VETADO). (Incluído Lei nº 12.619, de
hora). (Invcluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) 2012) (Vigência)
§ 2º O órgão ou entidade de trânsito ou rodoviário com Art 67-B. VETADO). (Incluído Lei nº 12.619, de
circunscrição sobre a via poderá regulamentar, por meio 2012) (Vigência)
de sinalização, velocidades superiores ou inferiores àquelas Art. 67-C. É vedado ao motorista profissional dirigir
estabelecidas no parágrafo anterior. por mais de 5 (cinco) horas e meia ininterruptas veículos
Art. 62. A velocidade mínima não poderá ser inferior à de transporte rodoviário coletivo de passageiros ou de
metade da velocidade máxima estabelecida, respeitadas as transporte rodoviário de cargas.(Redação dada pela Lei nº
condições operacionais de trânsito e da via. 13.103, de 2015) (Vigência)
Art. 63. (VETADO) § 1o Serão observados 30 (trinta) minutos para descanso
Art. 64. As crianças com idade inferior a dez anos de- dentro de cada 6 (seis) horas na condução de veículo de
vem ser transportadas nos bancos traseiros, salvo exceções transporte de carga, sendo facultado o seu fracionamento
regulamentadas pelo CONTRAN. e o do tempo de direção desde que não ultrapassadas 5
(cinco) horas e meia contínuas no exercício da condução.
Art. 65. É obrigatório o uso do cinto de segurança para
(Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência)
condutor e passageiros em todas as vias do território na-
§ 1o-A. Serão observados 30 (trinta) minutos para
cional, salvo em situações regulamentadas pelo CONTRAN.
descanso a cada 4 (quatro) horas na condução de veículo
Art. 66. (VETADO)
rodoviário de passageiros, sendo facultado o seu fracio-
Art. 67. As provas ou competições desportivas, inclu-
namento e o do tempo de direção. (Incluído pela Lei nº
sive seus ensaios, em via aberta à circulação, só poderão
13.103, de 2015) (Vigência)
ser realizadas mediante prévia permissão da autoridade de
§ 2o Em situações excepcionais de inobservância
trânsito com circunscrição sobre a via e dependerão de: justificada do tempo de direção, devidamente registradas,
I - autorização expressa da respectiva confederação o tempo de direção poderá ser elevado pelo período
desportiva ou de entidades estaduais a ela filiadas; necessário para que o condutor, o veículo e a carga cheguem
II - caução ou fiança para cobrir possíveis danos ma- a um lugar que ofereça a segurança e o atendimento
teriais à via; demandados, desde que não haja comprometimento
III - contrato de seguro contra riscos e acidentes em da segurança rodoviária. (Incluído pela Lei nº 13.103, de
favor de terceiros; 2015) (Vigência)
IV - prévio recolhimento do valor correspondente aos § 3o O condutor é obrigado, dentro do período de 24
custos operacionais em que o órgão ou entidade permis- (vinte e quatro) horas, a observar o mínimo de 11 (onze)
sionária incorrerá. horas de descanso, que podem ser fracionadas, usufruídas
Parágrafo único. A autoridade com circunscrição sobre no veículo e coincidir com os intervalos mencionados no
a via arbitrará os valores mínimos da caução ou fiança e do § 1o, observadas no primeiro período 8 (oito) horas inin-
contrato de seguro. terruptas de descanso. (Incluído pela Lei nº 13.103, de
2015) (Vigência)
CAPÍTULO III-A § 4o Entende-se como tempo de direção ou de condução
DA CONDUÇÃO DE VEÍCULOS POR MOTORISTAS apenas o período em que o condutor estiver efetivamente
PROFISSIONAIS ao volante, em curso entre a origem e o destino. (Incluído
pela Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência)
Art. 67-A. O disposto neste Capítulo aplica-se aos mo- § 5o Entende-se como início de viagem a partida
toristas profissionais: (Redação dada pela Lei nº 13.103, de do veículo na ida ou no retorno, com ou sem carga,
2015) (Vigência) considerando-se como sua continuação as partidas nos
I - de transporte rodoviário coletivo de passageiros; (In- dias subsequentes até o destino. (Incluído pela Lei nº
cluído pela Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência) 13.103, de 2015) (Vigência)
95
NOÇÕES DE DIREITO
§ 6o O condutor somente iniciará uma viagem após o sobre os veículos, pelos bordos da pista, em fila única, em
cumprimento integral do intervalo de descanso previsto sentido contrário ao deslocamento de veículos, exceto em
no § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.103, de locais proibidos pela sinalização e nas situações em que a
2015) (Vigência) segurança ficar comprometida.
§ 7o Nenhum transportador de cargas ou coletivo § 4º (VETADO)
de passageiros, embarcador, consignatário de cargas, § 5º Nos trechos urbanos de vias rurais e nas obras
operador de terminais de carga, operador de transporte de arte a serem construídas, deverá ser previsto passeio
multimodal de cargas ou agente de cargas ordenará a destinado à circulação dos pedestres, que não deverão,
qualquer motorista a seu serviço, ainda que subcontratado, nessas condições, usar o acostamento.
que conduza veículo referido no caputs em a observân- § 6º Onde houver obstrução da calçada ou da passagem
cia do disposto no § 6o.(Incluído pela Lei nº 13.103, de para pedestres, o órgão ou entidade com circunscrição
2015) (Vigência) sobre a via deverá assegurar a devida sinalização e proteção
Art. 67-D. (VETADO). (Incluído Lei nº 12.619, de para circulação de pedestres.
2012) (Vigência) Art. 69. Para cruzar a pista de rolamento o pedestre
Art. 67-E. O motorista profissional é responsável por tomará precauções de segurança, levando em conta, prin-
controlar e registrar o tempo de condução estipulado no cipalmente, a visibilidade, a distância e a velocidade dos
art. 67-C, com vistas à sua estrita observância. (Incluído veículos, utilizando sempre as faixas ou passagens a ele
pela Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência) destinadas sempre que estas existirem numa distância de
§ 1o A não observância dos períodos de descanso até cinquenta metros dele, observadas as seguintes dispo-
estabelecidos no art. 67-C sujeitará o motorista profissional sições:
às penalidades daí decorrentes, previstas neste Código. (In- I - onde não houver faixa ou passagem, o cruzamento
cluído pela Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência) da via deverá ser feito em sentido perpendicular ao de seu
§ 2o O tempo de direção será controlado mediante eixo;
registrador instantâneo inalterável de velocidade e tempo II - para atravessar uma passagem sinalizada para pe-
e, ou por meio de anotação em diário de bordo, ou papeleta destres ou delimitada por marcas sobre a pista:
ou ficha de trabalho externo, ou por meios eletrônicos a) onde houver foco de pedestres, obedecer às indica-
instalados no veículo, conforme norma do Contran. (Incluí- ções das luzes;
do pela Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência) b) onde não houver foco de pedestres, aguardar que
§ 3o O equipamento eletrônico ou registrador deverá o semáforo ou o agente de trânsito interrompa o fluxo de
funcionar de forma independente de qualquer interferência veículos;
do condutor, quanto aos dados registrados. (Incluído pela III - nas interseções e em suas proximidades, onde não
Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência) existam faixas de travessia, os pedestres devem atravessar
§ 4o A guarda, a preservação e a exatidão das a via na continuação da calçada, observadas as seguintes
informações contidas no equipamento registrador normas:
instantâneo inalterável de velocidade e de tempo são de a) não deverão adentrar na pista sem antes se certificar
responsabilidade do condutor.(Incluído pela Lei nº 13.103, de que podem fazê-lo sem obstruir o trânsito de veículos;
de 2015) (Vigência) b) uma vez iniciada a travessia de uma pista, os pedes-
tres não deverão aumentar o seu percurso, demorar-se ou
CAPÍTULO IV parar sobre ela sem necessidade.
DOS PEDESTRES E CONDUTORES DE VEÍCULOS NÃO Art. 70. Os pedestres que estiverem atravessando a via
MOTORIZADOS sobre as faixas delimitadas para esse fim terão prioridade
de passagem, exceto nos locais com sinalização semafórica,
Art. 68. É assegurada ao pedestre a utilização dos pas- onde deverão ser respeitadas as disposições deste Código.
seios ou passagens apropriadas das vias urbanas e dos Parágrafo único. Nos locais em que houver sinalização
acostamentos das vias rurais para circulação, podendo a semafórica de controle de passagem será dada preferência
autoridade competente permitir a utilização de parte da aos pedestres que não tenham concluído a travessia, mes-
calçada para outros fins, desde que não seja prejudicial ao mo em caso de mudança do semáforo liberando a passa-
fluxo de pedestres. gem dos veículos.
§ 1º O ciclista desmontado empurrando a bicicleta Art. 71. O órgão ou entidade com circunscrição sobre
equipara-se ao pedestre em direitos e deveres. a via manterá, obrigatoriamente, as faixas e passagens de
§ 2º Nas áreas urbanas, quando não houver passeios ou pedestres em boas condições de visibilidade, higiene, se-
quando não for possível a utilização destes, a circulação de gurança e sinalização.
pedestres na pista de rolamento será feita com prioridade
sobre os veículos, pelos bordos da pista, em fila única, CAPÍTULO V
exceto em locais proibidos pela sinalização e nas situações DO CIDADÃO
em que a segurança ficar comprometida.
§ 3º Nas vias rurais, quando não houver acostamento Art. 72. Todo cidadão ou entidade civil tem o direito de
ou quando não for possível a utilização dele, a circulação de solicitar, por escrito, aos órgãos ou entidades do Sistema
pedestres, na pista de rolamento, será feita com prioridade Nacional de Trânsito, sinalização, fiscalização e implantação
96
NOÇÕES DE DIREITO
de equipamentos de segurança, bem como sugerir altera- II - a adoção de conteúdos relativos à educação para
ções em normas, legislação e outros assuntos pertinentes o trânsito nas escolas de formação para o magistério e o
a este Código. treinamento de professores e multiplicadores;
Art. 73. Os órgãos ou entidades pertencentes ao Siste- III - a criação de corpos técnicos interprofissionais para
ma Nacional de Trânsito têm o dever de analisar as solici- levantamento e análise de dados estatísticos relativos ao
tações e responder, por escrito, dentro de prazos mínimos, trânsito;
sobre a possibilidade ou não de atendimento, esclarecendo IV - a elaboração de planos de redução de acidentes de
ou justificando a análise efetuada, e, se pertinente, infor- trânsito junto aos núcleos interdisciplinares universitários
mando ao solicitante quando tal evento ocorrerá. de trânsito, com vistas à integração universidades-socieda-
Parágrafo único. As campanhas de trânsito devem es- de na área de trânsito.
clarecer quais as atribuições dos órgãos e entidades per- Art. 77. No âmbito da educação para o trânsito caberá
tencentes ao Sistema Nacional de Trânsito e como proce- ao Ministério da Saúde, mediante proposta do CONTRAN,
der a tais solicitações. estabelecer campanha nacional esclarecendo condutas a
serem seguidas nos primeiros socorros em caso de aciden-
te de trânsito.
CAPÍTULO VI
Parágrafo único. As campanhas terão caráter perma-
DA EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO
nente por intermédio do Sistema Único de Saúde - SUS,
sendo intensificadas nos períodos e na forma estabeleci-
Art. 74. A educação para o trânsito é direito de todos e
dos no art. 76.
constitui dever prioritário para os componentes do Sistema Art. 77-A. São assegurados aos órgãos ou entidades
Nacional de Trânsito. componentes do Sistema Nacional de Trânsito os meca-
§ 1º É obrigatória a existência de coordenação nismos instituídos nos arts. 77-B a 77-E para a veiculação
educacional em cada órgão ou entidade componente do de mensagens educativas de trânsito em todo o território
Sistema Nacional de Trânsito. nacional, em caráter suplementar às campanhas previstas
§ 2º Os órgãos ou entidades executivos de trânsito nos arts. 75 e 77. (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
deverão promover, dentro de sua estrutura organizacional Art. 77-B. Toda peça publicitária destinada à divulga-
ou mediante convênio, o funcionamento de Escolas ção ou promoção, nos meios de comunicação social, de
Públicas de Trânsito, nos moldes e padrões estabelecidos produto oriundo da indústria automobilística ou afim, in-
pelo CONTRAN. cluirá, obrigatoriamente, mensagem educativa de trânsito
Art. 75. O CONTRAN estabelecerá, anualmente, os te- a ser conjuntamente veiculada. (Incluído pela Lei nº 12.006,
mas e os cronogramas das campanhas de âmbito nacional de 2009).
que deverão ser promovidas por todos os órgãos ou en- § 1o Para os efeitos dos arts. 77-A a 77-E, consideram-
tidades do Sistema Nacional de Trânsito, em especial nos se produtos oriundos da indústria automobilística ou
períodos referentes às férias escolares, feriados prolonga- afins:(Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
dos e à Semana Nacional de Trânsito. I – os veículos rodoviários automotores de qualquer
§ 1º Os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de espécie, incluídos os de passageiros e os de carga; (In-
Trânsito deverão promover outras campanhas no âmbito cluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
de sua circunscrição e de acordo com as peculiaridades II – os componentes, as peças e os acessórios utilizados
locais. nos veículos mencionados no inciso I. (Incluído pela Lei nº
§ 2º As campanhas de que trata este artigo são de 12.006, de 2009).
caráter permanente, e os serviços de rádio e difusão sonora § 2o O disposto no caput deste artigo aplica-se à
de sons e imagens explorados pelo poder público são propaganda de natureza comercial, veiculada por iniciativa
do fabricante do produto, em qualquer das seguintes
obrigados a difundi-las gratuitamente, com a frequência
modalidades: (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
recomendada pelos órgãos competentes do Sistema
I – rádio; (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
Nacional de Trânsito.
II – televisão;(Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
Art. 76. A educação para o trânsito será promovida na
III – jornal;(Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus, por meio de IV – revista; (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
planejamento e ações coordenadas entre os órgãos e en- V – outdoor.(Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
tidades do Sistema Nacional de Trânsito e de Educação, da § 3o Para efeito do disposto no § 2o, equiparam-se ao
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, fabricante o montador, o encarroçador, o importador e o
nas respectivas áreas de atuação. revendedor autorizado dos veículos e demais produtos dis-
Parágrafo único. Para a finalidade prevista neste artigo, criminados no § 1o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.006,
o Ministério da Educação e do Desporto, mediante pro- de 2009).
posta do CONTRAN e do Conselho de Reitores das Uni- Art. 77-C. Quando se tratar de publicidade veiculada
versidades Brasileiras, diretamente ou mediante convênio, em outdoor instalado à margem de rodovia, dentro ou fora
promoverá: da respectiva faixa de domínio, a obrigação prevista no art.
I - a adoção, em todos os níveis de ensino, de um cur- 77-B estende-se à propaganda de qualquer tipo de produto
rículo interdisciplinar com conteúdo programático sobre e anunciante, inclusive àquela de caráter institucional ou
segurança de trânsito; eleitoral. (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009).
97
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 77-D. O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) § 3º A responsabilidade pela instalação da sinalização
especificará o conteúdo e o padrão de apresentação das nas vias internas pertencentes aos condomínios
mensagens, bem como os procedimentos envolvidos na constituídos por unidades autônomas e nas vias e áreas
respectiva veiculação, em conformidade com as diretrizes de estacionamento de estabelecimentos privados de uso
fixadas para as campanhas educativas de trânsito a que se coletivo é de seu proprietário. (Incluído pela Lei nº 13.281,
refere o art. 75.(Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). de 2016) (Vigência)
Art. 77-E. A veiculação de publicidade feita em desa- Art. 81. Nas vias públicas e nos imóveis é proibido co-
cordo com as condições fixadas nos arts. 77-A a 77-D cons- locar luzes, publicidade, inscrições, vegetação e mobiliário
titui infração punível com as seguintes sanções:(Incluído que possam gerar confusão, interferir na visibilidade da si-
pela Lei nº 12.006, de 2009). nalização e comprometer a segurança do trânsito.
I – advertência por escrito;(Incluído pela Lei nº 12.006, Art. 82. É proibido afixar sobre a sinalização de trânsito
de 2009). e respectivos suportes, ou junto a ambos, qualquer tipo de
II – suspensão, nos veículos de divulgação da publi- publicidade, inscrições, legendas e símbolos que não se re-
cidade, de qualquer outra propaganda do produto, pelo lacionem com a mensagem da sinalização.
prazo de até 60 (sessenta) dias;(Incluído pela Lei nº 12.006, Art. 83. A afixação de publicidade ou de quaisquer
de 2009). legendas ou símbolos ao longo das vias condiciona-se à
III - multa de R$ 1.627,00 (mil, seiscentos e vinte e sete prévia aprovação do órgão ou entidade com circunscrição
reais) a R$ 8.135,00 (oito mil, cento e trinta e cinco reais), sobre a via.
cobrada do dobro até o quíntuplo em caso de reincidên- Art. 84. O órgão ou entidade de trânsito com circuns-
cia. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) crição sobre a via poderá retirar ou determinar a imediata
§ 1o As sanções serão aplicadas isolada retirada de qualquer elemento que prejudique a visibilida-
ou cumulativamente, conforme dispuser o de da sinalização viária e a segurança do trânsito, com ônus
regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009). para quem o tenha colocado.
§ 2o Sem prejuízo do disposto no caput deste artigo, Art. 85. Os locais destinados pelo órgão ou entidade de
qualquer infração acarretará a imediata suspensão da trânsito com circunscrição sobre a via à travessia de pedes-
veiculação da peça publicitária até que sejam cumpridas as tres deverão ser sinalizados com faixas pintadas ou demar-
exigências fixadas nos arts. 77-A a 77-D. (Incluído pela Lei cadas no leito da via.
nº 12.006, de 2009).
Art. 86. Os locais destinados a postos de gasolina, ofici-
Art. 78. Os Ministérios da Saúde, da Educação e do
nas, estacionamentos ou garagens de uso coletivo deverão
Desporto, do Trabalho, dos Transportes e da Justiça, por
ter suas entradas e saídas devidamente identificadas, na
intermédio do CONTRAN, desenvolverão e implementarão
forma regulamentada pelo CONTRAN.
programas destinados à prevenção de acidentes.
Art. 86-A. As vagas de estacionamento regulamentado
Parágrafo único. O percentual de dez por cento do to-
de que trata o inciso XVII do art. 181 desta Lei deverão ser
tal dos valores arrecadados destinados à Previdência Social,
sinalizadas com as respectivas placas indicativas de desti-
do Prêmio do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais cau-
sados por Veículos Automotores de Via Terrestre - DPVAT, nação e com placas informando os dados sobre a infração
de que trata a Lei nº 6.194, de 19 de dezembro de 1974, por estacionamento indevido. (Incluído pela Lei nº 13.146,
serão repassados mensalmente ao Coordenador do Siste- de 2015) (Vigência)
ma Nacional de Trânsito para aplicação exclusiva em pro- Art. 87. Os sinais de trânsito classificam-se em:
gramas de que trata este artigo. I - verticais;
Art. 79. Os órgãos e entidades executivos de trânsito II - horizontais;
poderão firmar convênio com os órgãos de educação da III - dispositivos de sinalização auxiliar;
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, IV - luminosos;
objetivando o cumprimento das obrigações estabelecidas V - sonoros;
neste capítulo. VI - gestos do agente de trânsito e do condutor.
Art. 88. Nenhuma via pavimentada poderá ser entre-
CAPÍTULO VII gue após sua construção, ou reaberta ao trânsito após a
DA SINALIZAÇÃO DE TRÂNSITO realização de obras ou de manutenção, enquanto não esti-
ver devidamente sinalizada, vertical e horizontalmente, de
Art. 80. Sempre que necessário, será colocada ao longo forma a garantir as condições adequadas de segurança na
da via, sinalização prevista neste Código e em legislação circulação.
complementar, destinada a condutores e pedestres, veda- Parágrafo único. Nas vias ou trechos de vias em obras
da a utilização de qualquer outra. deverá ser afixada sinalização específica e adequada.
§ 1º A sinalização será colocada em posição e condições Art. 89. A sinalização terá a seguinte ordem de preva-
que a tornem perfeitamente visível e legível durante o dia lência:
e a noite, em distância compatível com a segurança do I - as ordens do agente de trânsito sobre as normas de
trânsito, conforme normas e especificações do CONTRAN. circulação e outros sinais;
§ 2º O CONTRAN poderá autorizar, em caráter II - as indicações do semáforo sobre os demais sinais;
experimental e por período prefixado, a utilização de III - as indicações dos sinais sobre as demais normas
sinalização não prevista neste Código. de trânsito.
98
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 90. Não serão aplicadas as sanções previstas neste § 4º Ao servidor público responsável pela inobservância
Código por inobservância à sinalização quando esta for in- de qualquer das normas previstas neste e nos arts. 93 e 94,
suficiente ou incorreta. a autoridade de trânsito aplicará multa diária na base de
§ 1º O órgão ou entidade de trânsito com circunscrição cinquenta por cento do dia de vencimento ou remuneração
sobre a via é responsável pela implantação da sinalização, devida enquanto permanecer a irregularidade.
respondendo pela sua falta, insuficiência ou incorreta
colocação. CAPÍTULO IX
§ 2º O CONTRAN editará normas complementares DOS VEÍCULOS
no que se refere à interpretação, colocação e uso da Seção I
sinalização. Disposições Gerais
99
NOÇÕES DE DIREITO
100
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 105. São equipamentos obrigatórios dos veículos, Art. 107. Os veículos de aluguel, destinados ao trans-
entre outros a serem estabelecidos pelo CONTRAN: porte individual ou coletivo de passageiros, deverão satis-
I - cinto de segurança, conforme regulamentação es- fazer, além das exigências previstas neste Código, às condi-
pecífica do CONTRAN, com exceção dos veículos destina- ções técnicas e aos requisitos de segurança, higiene e con-
dos ao transporte de passageiros em percursos em que forto estabelecidos pelo poder competente para autorizar,
seja permitido viajar em pé; permitir ou conceder a exploração dessa atividade.
II - para os veículos de transporte e de condução es- Art. 108. Onde não houver linha regular de ônibus, a
colar, os de transporte de passageiros com mais de dez lu- autoridade com circunscrição sobre a via poderá autorizar,
gares e os de carga com peso bruto total superior a quatro a título precário, o transporte de passageiros em veículo
mil, quinhentos e trinta e seis quilogramas, equipamento de carga ou misto, desde que obedecidas as condições de
registrador instantâneo inalterável de velocidade e tempo; segurança estabelecidas neste Código e pelo CONTRAN.
III - encosto de cabeça, para todos os tipos de veículos Parágrafo único. A autorização citada no caput
automotores, segundo normas estabelecidas pelo CON- não poderá exceder a doze meses, prazo a partir do qual a
TRAN; autoridade pública responsável deverá implantar o serviço
IV - (VETADO) regular de transporte coletivo de passageiros, em confor-
V - dispositivo destinado ao controle de emissão de midade com a legislação pertinente e com os dispositivos
gases poluentes e de ruído, segundo normas estabelecidas deste Código. (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998)
pelo CONTRAN. Art. 109. O transporte de carga em veículos destina-
VI - para as bicicletas, a campainha, sinalização noturna dos ao transporte de passageiros só pode ser realizado de
dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho retrovisor acordo com as normas estabelecidas pelo CONTRAN.
do lado esquerdo. Art. 110. O veículo que tiver alterada qualquer de suas
VII - equipamento suplementar de retenção - air características para competição ou finalidade análoga só
bag frontal para o condutor e o passageiro do banco dian- poderá circular nas vias públicas com licença especial da
teiro. (Incluído pela Lei nº 11.910, de 2009) autoridade de trânsito, em itinerário e horário fixados.
§ 1º O CONTRAN disciplinará o uso dos equipamentos Art. 111. É vedado, nas áreas envidraçadas do veículo:
obrigatórios dos veículos e determinará suas especificações I - (VETADO)
técnicas. II - o uso de cortinas, persianas fechadas ou similares
§ 2º Nenhum veículo poderá transitar com nos veículos em movimento, salvo nos que possuam espe-
equipamento ou acessório proibido, sendo o infrator lhos retrovisores em ambos os lados.
sujeito às penalidades e medidas administrativas previstas III - aposição de inscrições, películas refletivas ou não,
neste Código. painéis decorativos ou pinturas, quando comprometer
§ 3º Os fabricantes, os importadores, os montadores, a segurança do veículo, na forma de regulamentação do
os encarroçadores de veículos e os revendedores devem CONTRAN. (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998)
comercializar os seus veículos com os equipamentos Parágrafo único. É proibido o uso de inscrição de ca-
obrigatórios definidos neste artigo, e com os demais ráter publicitário ou qualquer outra que possa desviar a
estabelecidos pelo CONTRAN. atenção dos condutores em toda a extensão do pára-brisa
§ 4º O CONTRAN estabelecerá o prazo para o e da traseira dos veículos, salvo se não colocar em risco a
atendimento do disposto neste artigo. segurança do trânsito.
§ 5o A exigência estabelecida no inciso VII Art. 112. (Revogado pela Lei nº 9.792, de 1999)
do caput deste artigo será progressivamente incorporada Art. 113. Os importadores, as montadoras, as encar-
aos novos projetos de automóveis e dos veículos roçadoras e fabricantes de veículos e autopeças são res-
deles derivados, fabricados, importados, montados ou ponsáveis civil e criminalmente por danos causados aos
encarroçados, a partir do 1o (primeiro) ano após a definição usuários, a terceiros, e ao meio ambiente, decorrentes de
pelo Contran das especificações técnicas pertinentes falhas oriundas de projetos e da qualidade dos materiais e
e do respectivo cronograma de implantação e a partir equipamentos utilizados na sua fabricação.
do 5o (quinto) ano, após esta definição, para os demais
automóveis zero quilômetro de modelos ou projetos já Seção III
existentes e veículos deles derivados. (Incluído pela Lei nº Da Identificação do Veículo
11.910, de 2009)
§ 6o A exigência estabelecida no inciso VII Art. 114. O veículo será identificado obrigatoriamente
do caput deste artigo não se aplica aos veículos destinados por caracteres gravados no chassi ou no monobloco, repro-
à exportação. (Incluído pela Lei nº 11.910, de 2009) duzidos em outras partes, conforme dispuser o CONTRAN.
Art. 106. No caso de fabricação artesanal ou de modi- § 1º A gravação será realizada pelo fabricante ou
ficação de veículo ou, ainda, quando ocorrer substituição montador, de modo a identificar o veículo, seu fabricante e
de equipamento de segurança especificado pelo fabrican- as suas características, além do ano de fabricação, que não
te, será exigido, para licenciamento e registro, certificado poderá ser alterado.
de segurança expedido por instituição técnica credenciada § 2º As regravações, quando necessárias, dependerão
por órgão ou entidade de metrologia legal, conforme nor- de prévia autorização da autoridade executiva de trânsito
ma elaborada pelo CONTRAN. e somente serão processadas por estabelecimento por ela
101
NOÇÕES DE DIREITO
credenciado, mediante a comprovação de propriedade do § 8o Os veículos artesanais utilizados para trabalho
veículo, mantida a mesma identificação anterior, inclusive o agrícola ( jericos), para efeito do registro de que trata o
ano de fabricação. § 4o-A, ficam dispensados da exigência prevista no art.
§ 3º Nenhum proprietário poderá, sem prévia permissão 106. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
da autoridade executiva de trânsito, fazer, ou ordenar que § 9º As placas que possuírem tecnologia que permita
se faça, modificações da identificação de seu veículo. a identificação do veículo ao qual estão atreladas são
Art. 115. O veículo será identificado externamente por dispensadas da utilização do lacre previsto no caput, na
meio de placas dianteira e traseira, sendo esta lacrada em forma a ser regulamentada pelo Contran. (Incluído pela Lei
sua estrutura, obedecidas as especificações e modelos es- nº 13.281, de 2016) (Vigência)
tabelecidos pelo CONTRAN. Art. 116. Os veículos de propriedade da União, dos
§ 1º Os caracteres das placas serão individualizados Estados e do Distrito Federal, devidamente registrados
para cada veículo e o acompanharão até a baixa do registro, e licenciados, somente quando estritamente usados em
sendo vedado seu reaproveitamento. serviço reservado de caráter policial, poderão usar placas
§ 2º As placas com as cores verde e amarela da particulares, obedecidos os critérios e limites estabelecidos
Bandeira Nacional serão usadas somente pelos veículos de pela legislação que regulamenta o uso de veículo oficial.
representação pessoal do Presidente e do Vice-Presidente Art. 117. Os veículos de transporte de carga e os co-
da República, dos Presidentes do Senado Federal e da letivos de passageiros deverão conter, em local facilmente
Câmara dos Deputados, do Presidente e dos Ministros visível, a inscrição indicativa de sua tara, do peso bruto total
do Supremo Tribunal Federal, dos Ministros de Estado, (PBT), do peso bruto total combinado (PBTC) ou capacidade
do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da máxima de tração (CMT) e de sua lotação, vedado o uso em
República. desacordo com sua classificação.
§ 3º Os veículos de representação dos Presidentes dos
Tribunais Federais, dos Governadores, Prefeitos, Secretários CAPÍTULO X
Estaduais e Municipais, dos Presidentes das Assembleias DOS VEÍCULOS EM CIRCULAÇÃO INTERNACIONAL
Legislativas, das Câmaras Municipais, dos Presidentes dos
Tribunais Estaduais e do Distrito Federal, e do respectivo Art. 118. A circulação de veículo no território nacional,
chefe do Ministério Público e ainda dos Oficiais Generais independentemente de sua origem, em trânsito entre o
das Forças Armadas terão placas especiais, de acordo com Brasil e os países com os quais exista acordo ou tratado
os modelos estabelecidos pelo CONTRAN. internacional, reger-se-á pelas disposições deste Código,
§ 4o Os aparelhos automotores destinados a puxar pelas convenções e acordos internacionais ratificados.
ou a arrastar maquinaria de qualquer natureza ou a Art. 119. As repartições aduaneiras e os órgãos de con-
executar trabalhos de construção ou de pavimentação trole de fronteira comunicarão diretamente ao RENAVAM a
são sujeitos ao registro na repartição competente, se entrada e saída temporária ou definitiva de veículos.
transitarem em via pública, dispensados o licenciamento § 1º Os veículos licenciados no exterior não poderão
e o emplacamento. (Redação dada pela Lei nº 13.154, de sair do território nacional sem o prévio pagamento
2015) (Vide) ou o depósito, judicial ou administrativo, dos valores
§ 4o-A. Os tratores e demais aparelhos automotores correspondentes às infrações de trânsito cometidas
destinados a puxar ou a arrastar maquinaria agrícola ou a e ao ressarcimento de danos que tiverem causado ao
executar trabalhos agrícolas, desde que facultados a transi- patrimônio público ou de particulares, independentemente
tar em via pública, são sujeitos ao registro único, sem ônus, da fase do processo administrativo ou judicial envolvendo a
em cadastro específico do Ministério da Agricultura, Pecuá- questão. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
ria e Abastecimento, acessível aos componentes do Siste- § 2º Os veículos que saírem do território nacional sem
ma Nacional de Trânsito. (Redação dada pela Lei nº 13.154, o cumprimento do disposto no § 1º e que posteriormente
de 2015) (Vide) forem flagrados tentando ingressar ou já em circulação
§ 5º O disposto neste artigo não se aplica aos veículos no território nacional serão retidos até a regularização da
de uso bélico. situação. (Incluído pela Lei nº 13. 281, de 2016) (Vigência)
§ 6º Os veículos de duas ou três rodas são dispensados
da placa dianteira. CAPÍTULO XI
§ 7o Excepcionalmente, mediante autorização específica DO REGISTRO DE VEÍCULOS
e fundamentada das respectivas corregedorias e com a
devida comunicação aos órgãos de trânsito competentes, Art. 120. Todo veículo automotor, elétrico, articulado,
os veículos utilizados por membros do Poder Judiciário e do reboque ou semi-reboque, deve ser registrado perante o
Ministério Público que exerçam competência ou atribuição órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Fede-
criminal poderão temporariamente ter placas especiais, de ral, no Município de domicílio ou residência de seu proprie-
forma a impedir a identificação de seus usuários específicos, tário, na forma da lei.
na forma de regulamento a ser emitido, conjuntamente, § 1º Os órgãos executivos de trânsito dos Estados e
pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ, pelo Conselho do Distrito Federal somente registrarão veículos oficiais
Nacional do Ministério Público - CNMP e pelo Conselho de propriedade da administração direta, da União, dos
Nacional de Trânsito - CONTRAN.(Incluído pela Lei nº Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de qualquer
12.694, de 2012) um dos poderes, com indicação expressa, por pintura nas
102
NOÇÕES DE DIREITO
portas, do nome, sigla ou logotipo do órgão ou entidade VII - certidão negativa de roubo ou furto de veículo,
em cujo nome o veículo será registrado, excetuando-se os expedida no Município do registro anterior, que poderá ser
veículos de representação e os previstos no art. 116. substituída por informação do RENAVAM;
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica ao veículo VIII - comprovante de quitação de débitos relativos a
de uso bélico. tributos, encargos e multas de trânsito vinculados ao veí-
Art. 121. Registrado o veículo, expedir-se-á o Certifica- culo, independentemente da responsabilidade pelas infra-
do de Registro de Veículo - CRV de acordo com os modelos ções cometidas;
e especificações estabelecidos pelo CONTRAN, contendo IX -(Revogado pela Lei nº 9.602, de 1998)
as características e condições de invulnerabilidade à falsifi- X - comprovante relativo ao cumprimento do dispos-
cação e à adulteração. to no art. 98, quando houver alteração nas características
Art. 122. Para a expedição do Certificado de Registro originais do veículo que afetem a emissão de poluentes e
de Veículo o órgão executivo de trânsito consultará o ca- ruído;
dastro do RENAVAM e exigirá do proprietário os seguintes XI - comprovante de aprovação de inspeção veicular e
documentos: de poluentes e ruído, quando for o caso, conforme regula-
I - nota fiscal fornecida pelo fabricante ou revendedor, mentações do CONTRAN e do CONAMA.
ou documento equivalente expedido por autoridade com- Art. 125. As informações sobre o chassi, o monobloco,
petente; os agregados e as características originais do veículo deve-
II - documento fornecido pelo Ministério das Rela- rão ser prestadas ao RENAVAM:
ções Exteriores, quando se tratar de veículo importado por I - pelo fabricante ou montadora, antes da comerciali-
membro de missões diplomáticas, de repartições consula- zação, no caso de veículo nacional;
res de carreira, de representações de organismos interna- II - pelo órgão alfandegário, no caso de veículo impor-
cionais e de seus integrantes. tado por pessoa física;
Art. 123. Será obrigatória a expedição de novo Certifi- III - pelo importador, no caso de veículo importado por
cado de Registro de Veículo quando: pessoa jurídica.
I - for transferida a propriedade; Parágrafo único. As informações recebidas pelo RE-
II - o proprietário mudar o Município de domicílio ou NAVAM serão repassadas ao órgão executivo de trânsito
residência; responsável pelo registro, devendo este comunicar ao RE-
III - for alterada qualquer característica do veículo; NAVAM, tão logo seja o veículo registrado.
IV - houver mudança de categoria.
Art. 126. O proprietário de veículo irrecuperável, ou
§ 1º No caso de transferência de propriedade, o prazo
destinado à desmontagem, deverá requerer a baixa do re-
para o proprietário adotar as providências necessárias à
gistro, no prazo e forma estabelecidos pelo Contran, ve-
efetivação da expedição do novo Certificado de Registro
dada a remontagem do veículo sobre o mesmo chassi de
de Veículo é de trinta dias, sendo que nos demais casos as
forma a manter o registro anterior. (Redação dada pela Lei
providências deverão ser imediatas.
nº 12.977, de 2014) (Vigência)
§ 2º No caso de transferência de domicílio ou residência
Parágrafo único. A obrigação de que trata este artigo
no mesmo Município, o proprietário comunicará o novo
endereço num prazo de trinta dias e aguardará o novo é da companhia seguradora ou do adquirente do veículo
licenciamento para alterar o Certificado de Licenciamento destinado à desmontagem, quando estes sucederem ao
Anual. proprietário.
§ 3º A expedição do novo certificado será comunicada Art. 127. O órgão executivo de trânsito competente só
ao órgão executivo de trânsito que expediu o anterior e ao efetuará a baixa do registro após prévia consulta ao cadas-
RENAVAM. tro do RENAVAM.
Art. 124. Para a expedição do novo Certificado de Re- Parágrafo único. Efetuada a baixa do registro, deverá
gistro de Veículo serão exigidos os seguintes documentos: ser esta comunicada, de imediato, ao RENAVAM.
I - Certificado de Registro de Veículo anterior; Art. 128. Não será expedido novo Certificado de Regis-
II - Certificado de Licenciamento Anual; tro de Veículo enquanto houver débitos fiscais e de multas
III - comprovante de transferência de propriedade, de trânsito e ambientais, vinculadas ao veículo, indepen-
quando for o caso, conforme modelo e normas estabeleci- dentemente da responsabilidade pelas infrações cometi-
das pelo CONTRAN; das.
IV - Certificado de Segurança Veicular e de emissão de Art. 129. O registro e o licenciamento dos veículos de
poluentes e ruído, quando houver adaptação ou alteração propulsão humana e dos veículos de tração animal obe-
de características do veículo; decerão à regulamentação estabelecida em legislação
V - comprovante de procedência e justificativa da pro- municipal do domicílio ou residência de seus proprietá-
priedade dos componentes e agregados adaptados ou rios. (Redação dada pela Lei nº 13.154, de 2015)
montados no veículo, quando houver alteração das carac- Art. 129-A. O registro dos tratores e demais aparelhos
terísticas originais de fábrica; automotores destinados a puxar ou a arrastar maquinaria
VI - autorização do Ministério das Relações Exteriores, agrícola ou a executar trabalhos agrícolas será efetuado,
no caso de veículo da categoria de missões diplomáticas, sem ônus, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-
de repartições consulares de carreira, de representações de tecimento, diretamente ou mediante convênio. (Incluído
organismos internacionais e de seus integrantes; pela Lei nº 13.154, de 2015)
103
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 130. Todo veículo automotor, elétrico, articulado, Art. 136. Os veículos especialmente destinados à con-
reboque ou semi-reboque, para transitar na via, deverá ser dução coletiva de escolares somente poderão circular nas
licenciado anualmente pelo órgão executivo de trânsito do vias com autorização emitida pelo órgão ou entidade exe-
Estado, ou do Distrito Federal, onde estiver registrado o cutivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, exi-
veículo. gindo-se, para tanto:
I - registro como veículo de passageiros;
§ 1º O disposto neste artigo não se aplica a veículo de
II - inspeção semestral para verificação dos equipa-
uso bélico.
mentos obrigatórios e de segurança;
§ 2º No caso de transferência de residência ou domicílio, III - pintura de faixa horizontal na cor amarela, com
é válido, durante o exercício, o licenciamento de origem. quarenta centímetros de largura, à meia altura, em toda a
Art. 131. O Certificado de Licenciamento Anual será ex- extensão das partes laterais e traseira da carroçaria, com o
pedido ao veículo licenciado, vinculado ao Certificado de dístico ESCOLAR, em preto, sendo que, em caso de veículo
Registro, no modelo e especificações estabelecidos pelo de carroçaria pintada na cor amarela, as cores aqui indica-
CONTRAN. das devem ser invertidas;
§ 1º O primeiro licenciamento será feito simultaneamente IV - equipamento registrador instantâneo inalterável
ao registro. de velocidade e tempo;
§ 2º O veículo somente será considerado licenciado V - lanternas de luz branca, fosca ou amarela dispostas
estando quitados os débitos relativos a tributos, encargos nas extremidades da parte superior dianteira e lanternas de
e multas de trânsito e ambientais, vinculados ao veículo, luz vermelha dispostas na extremidade superior da parte
independentemente da responsabilidade pelas infrações traseira;
cometidas. VI - cintos de segurança em número igual à lotação;
§ 3º Ao licenciar o veículo, o proprietário deverá VII - outros requisitos e equipamentos obrigatórios es-
comprovar sua aprovação nas inspeções de segurança tabelecidos pelo CONTRAN.
veicular e de controle de emissões de gases poluentes e de Art. 137. A autorização a que se refere o artigo anterior
deverá ser afixada na parte interna do veículo, em local vi-
ruído, conforme disposto no art. 104.
sível, com inscrição da lotação permitida, sendo vedada a
Art. 132. Os veículos novos não estão sujeitos ao licen- condução de escolares em número superior à capacidade
ciamento e terão sua circulação regulada pelo CONTRAN estabelecida pelo fabricante.
durante o trajeto entre a fábrica e o Município de destino. Art. 138. O condutor de veículo destinado à condução
§ 1o O disposto neste artigo aplica-se, igualmente, aos de escolares deve satisfazer os seguintes requisitos:
veículos importados, durante o trajeto entre a alfândega I - ter idade superior a vinte e um anos;
ou entreposto alfandegário e o Município de destino. II - ser habilitado na categoria D;
(Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.103, de III - (VETADO)
2015) (Vigência) IV - não ter cometido nenhuma infração grave ou gra-
§ 2o (Revogado pela Lei nº 13.154, de 2015) víssima, ou ser reincidente em infrações médias durante os
Art. 133. É obrigatório o porte do Certificado de Licen- doze últimos meses;
ciamento Anual. V - ser aprovado em curso especializado, nos termos
Parágrafo único. O porte será dispensado quando, no da regulamentação do CONTRAN.
momento da fiscalização, for possível ter acesso ao devido Art. 139. O disposto neste Capítulo não exclui a com-
sistema informatizado para verificar se o veículo está licen- petência municipal de aplicar as exigências previstas em
ciado. (Incluído pela Lei nº 13. 281, de 2016) (Vigência) seus regulamentos, para o transporte de escolares.
Art. 134. No caso de transferência de propriedade, o
CAPÍTULO XIII-A
proprietário antigo deverá encaminhar ao órgão executivo
DA CONDUÇÃO DE MOTO-FRETE
de trânsito do Estado dentro de um prazo de trinta dias,
(Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009)
cópia autenticada do comprovante de transferência de
propriedade, devidamente assinado e datado, sob pena de Art. 139-A. As motocicletas e motonetas destinadas
ter que se responsabilizar solidariamente pelas penalidades ao transporte remunerado de mercadorias – moto-frete –
impostas e suas reincidências até a data da comunicação. somente poderão circular nas vias com autorização emitida
Parágrafo único. O comprovante de transferência de pelo órgão ou entidade executivo de trânsito dos Estados
propriedade de que trata o caput poderá ser substituído e do Distrito Federal, exigindo-se, para tanto: (Incluído pela
por documento eletrônico, na forma regulamentada pelo Lei nº 12.009, de 2009)
Contran. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015) I – registro como veículo da categoria de
Art. 135. Os veículos de aluguel, destinados ao trans- aluguel;(Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009)
porte individual ou coletivo de passageiros de linhas re- II – instalação de protetor de motor mata-cachorro, fi-
gulares ou empregados em qualquer serviço remunerado, xado no chassi do veículo, destinado a proteger o motor e
para registro, licenciamento e respectivo emplacamento de a perna do condutor em caso de tombamento, nos termos
característica comercial, deverão estar devidamente autori- de regulamentação do Conselho Nacional de Trânsito –
zados pelo poder público concedente. Contran; (Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009)
104
NOÇÕES DE DIREITO
III – instalação de aparador de linha antena corta-pipas, IV - Categoria D - condutor de veículo motorizado uti-
nos termos de regulamentação do Contran;(Incluído pela lizado no transporte de passageiros, cuja lotação exceda a
Lei nº 12.009, de 2009) oito lugares, excluído o do motorista;
IV – inspeção semestral para verificação dos equipa- V - Categoria E - condutor de combinação de veículos
mentos obrigatórios e de segurança.(Incluído pela Lei nº em que a unidade tratora se enquadre nas categorias B, C
12.009, de 2009) ou D e cuja unidade acoplada, reboque, semirreboque, trai-
§ 1o A instalação ou incorporação de dispositivos ler ou articulada tenha 6.000 kg (seis mil quilogramas) ou
para transporte de cargas deve estar de acordo com a mais de peso bruto total, ou cuja lotação exceda a 8 (oito)
regulamentação do Contran.(Incluído pela Lei nº 12.009, lugares.(Redação dada pela Lei nº 12.452, de 2011)
de 2009) § 1º Para habilitar-se na categoria C, o condutor deverá
§ 2o É proibido o transporte de combustíveis, produtos estar habilitado no mínimo há um ano na categoria B e não
inflamáveis ou tóxicos e de galões nos veículos de que trata ter cometido nenhuma infração grave ou gravíssima, ou ser
este artigo, com exceção do gás de cozinha e de galões reincidente em infrações médias, durante os últimos doze
contendo água mineral, desde que com o auxílio de side- meses.
-car, nos termos de regulamentação do Contran.(Incluído § 2o São os condutores da categoria B autorizados a
pela Lei nº 12.009, de 2009) conduzir veículo automotor da espécie motor-casa, definida
Art. 139-B. O disposto neste Capítulo não exclui a nos termos do Anexo I deste Código, cujo peso não exceda a
competência municipal ou estadual de aplicar as exigên- 6.000 kg (seis mil quilogramas), ou cuja lotação não exceda
cias previstas em seus regulamentos para as atividades de a 8 (oito) lugares, excluído o do motorista. (Incluído pela
moto-frete no âmbito de suas circunscrições. (Incluído Lei nº 12.452, de 2011)
pela Lei nº 12.009, de 2009) § 3º Aplica-se o disposto no inciso V ao condutor
da combinação de veículos com mais de uma unidade
CAPÍTULO XIV tracionada, independentemente da capacidade de tração
DA HABILITAÇÃO ou do peso bruto total. (Renumerado pela Lei nº 12.452,
de 2011)
Art. 140. A habilitação para conduzir veículo automotor
Art. 144. O trator de roda, o trator de esteira, o trator
e elétrico será apurada por meio de exames que deverão
misto ou o equipamento automotor destinado à movimen-
ser realizados junto ao órgão ou entidade executivos do
tação de cargas ou execução de trabalho agrícola, de ter-
Estado ou do Distrito Federal, do domicílio ou residência
raplenagem, de construção ou de pavimentação só podem
do candidato, ou na sede estadual ou distrital do próprio
ser conduzidos na via pública por condutor habilitado nas
órgão, devendo o condutor preencher os seguintes requi-
categorias C, D ou E.
sitos:
Parágrafo único. O trator de roda e os equipamentos
I - ser penalmente imputável;
automotores destinados a executar trabalhos agrícolas po-
II - saber ler e escrever;
III - possuir Carteira de Identidade ou equivalente. derão ser conduzidos em via pública também por condu-
Parágrafo único. As informações do candidato à habili- tor habilitado na categoria B. (Redação dada pela Lei nº
tação serão cadastradas no RENACH. 13.097, de 2015)
Art. 141. O processo de habilitação, as normas relati- Art. 145. Para habilitar-se nas categorias D e E ou para
vas à aprendizagem para conduzir veículos automotores e conduzir veículo de transporte coletivo de passageiros, de
elétricos e à autorização para conduzir ciclomotores serão escolares, de emergência ou de produto perigoso, o candi-
regulamentados pelo CONTRAN. dato deverá preencher os seguintes requisitos:
§ 1º A autorização para conduzir veículos de propulsão I - ser maior de vinte e um anos;
humana e de tração animal ficará a cargo dos Municípios. II - estar habilitado:
§ 2º (VETADO) a) no mínimo há dois anos na categoria B, ou no míni-
Art. 142. O reconhecimento de habilitação obtida em mo há um ano na categoria C, quando pretender habilitar-
outro país está subordinado às condições estabelecidas -se na categoria D; e
em convenções e acordos internacionais e às normas do b) no mínimo há um ano na categoria C, quando pre-
CONTRAN. tender habilitar-se na categoria E;
Art. 143. Os candidatos poderão habilitar-se nas cate- III - não ter cometido nenhuma infração grave ou gra-
gorias de A a E, obedecida a seguinte gradação: víssima ou ser reincidente em infrações médias durante os
I - Categoria A - condutor de veículo motorizado de últimos doze meses;
duas ou três rodas, com ou sem carro lateral; IV - ser aprovado em curso especializado e em curso de
II - Categoria B - condutor de veículo motorizado, não treinamento de prática veicular em situação de risco, nos
abrangido pela categoria A, cujo peso bruto total não exce- termos da normatização do CONTRAN.
da a três mil e quinhentos quilogramas e cuja lotação não Parágrafo único. A participação em curso especia-
exceda a oito lugares, excluído o do motorista; lizado previsto no inciso IV independe da observância
III - Categoria C - condutor de veículo motorizado utili- do disposto no inciso III. (Incluído pela Lei nº 12.619, de
zado em transporte de carga, cujo peso bruto total exceda 2012) (Vigência)
a três mil e quinhentos quilogramas; § 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
105
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 145-A. Além do disposto no art. 145, para con- Art. 148. Os exames de habilitação, exceto os de dire-
duzir ambulâncias, o candidato deverá comprovar treina- ção veicular, poderão ser aplicados por entidades públicas
mento especializado e reciclagem em cursos específicos a ou privadas credenciadas pelo órgão executivo de trânsito
cada 5 (cinco) anos, nos termos da normatização do Con- dos Estados e do Distrito Federal, de acordo com as nor-
tran. (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014) mas estabelecidas pelo CONTRAN.
Art. 146. Para conduzir veículos de outra categoria o § 1º A formação de condutores deverá incluir,
condutor deverá realizar exames complementares exigidos obrigatoriamente, curso de direção defensiva e de conceitos
para habilitação na categoria pretendida. básicos de proteção ao meio ambiente relacionados com o
Art. 147. O candidato à habilitação deverá submeter-se trânsito.
a exames realizados pelo órgão executivo de trânsito, na § 2º Ao candidato aprovado será conferida Permissão
seguinte ordem: para Dirigir, com validade de um ano.
I - de aptidão física e mental; § 3º A Carteira Nacional de Habilitação será conferida
II - (VETADO) ao condutor no término de um ano, desde que o mesmo
III - escrito, sobre legislação de trânsito; não tenha cometido nenhuma infração de natureza grave
IV - de noções de primeiros socorros, conforme regula- ou gravíssima ou seja reincidente em infração média.
mentação do CONTRAN; § 4º A não obtenção da Carteira Nacional de Habilitação,
V - de direção veicular, realizado na via pública, em veí- tendo em vista a incapacidade de atendimento do disposto
culo da categoria para a qual estiver habilitando-se. no parágrafo anterior, obriga o candidato a reiniciar todo o
§ 1º Os resultados dos exames e a identificação processo de habilitação.
dos respectivos examinadores serão registrados no § 5º O Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN poderá
RENACH. (Renumerado do parágrafo único, pela Lei nº dispensar os tripulantes de aeronaves que apresentarem o
9.602, de 1998) cartão de saúde expedido pelas Forças Armadas ou pelo
§ 2º O exame de aptidão física e mental será preliminar Departamento de Aeronáutica Civil, respectivamente, da
e renovável a cada cinco anos, ou a cada três anos para prestação do exame de aptidão física e mental. (Incluído
condutores com mais de sessenta e cinco anos de idade, pela Lei nº 9.602, de 1998)
Art. 148-A. Os condutores das categorias C, D e E de-
no local de residência ou domicílio do examinado. (Incluído
verão submeter-se a exames toxicológicos para a habilita-
pela Lei nº 9.602, de 1998)
ção e renovação da Carteira Nacional de Habilitação. (In-
§ 3o O exame previsto no § 2o incluirá avaliação
cluído pela Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência)
psicológica preliminar e complementar sempre que a ele
§ 1o O exame de que trata este artigo buscará
se submeter o condutor que exerce atividade remunerada
aferir o consumo de substâncias psicoativas que,
ao veículo, incluindo-se esta avaliação para os demais
comprovadamente, comprometam a capacidade de direção
candidatos apenas no exame referente à primeira
e deverá ter janela de detecção mínima de 90 (noventa)
habilitação.(Redação dada pela Lei nº 10.350, de 2001)
dias, nos termos das normas do Contran. (Incluído pela Lei
§ 4º Quando houver indícios de deficiência física, nº 13.103, de 2015) (Vigência)
mental, ou de progressividade de doença que possa § 2o Os condutores das categorias C, D e E com
diminuir a capacidade para conduzir o veículo, o prazo Carteira Nacional de Habilitação com validade de 5 (cinco)
previsto no § 2º poderá ser diminuído por proposta do anos deverão fazer o exame previsto no § 1o no prazo de
perito examinador. (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998) 2 (dois) anos e 6 (seis) meses a contar da realização do
§ 5o O condutor que exerce atividade remunerada disposto no caput. (Incluído pela Lei nº 13.103, de
ao veículo terá essa informação incluída na sua Carteira 2015) (Vigência)
Nacional de Habilitação, conforme especificações do § 3o Os condutores das categorias C, D e E com Carteira
Conselho Nacional de Trânsito – Contran.(Incluído pela Lei Nacional de Habilitação com validade de 3 (três) anos
nº 10.350, de 2001) deverão fazer o exame previsto no § 1o no prazo de 1 (um)
Art. 147-A. Ao candidato com deficiência auditiva é ano e 6 (seis) meses a contar da realização do disposto
assegurada acessibilidade de comunicação, mediante em- no caput. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência)
prego de tecnologias assistivas ou de ajudas técnicas em § 4o É garantido o direito de contraprova e de recurso
todas as etapas do processo de habilitação. (Incluído pela administrativo no caso de resultado positivo para o exame
Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) de que trata o caput, nos termos das normas do Con-
§ 1o O material didático audiovisual utilizado em aulas tran. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência)
teóricas dos cursos que precedem os exames previstos no § 5o A reprovação no exame previsto neste artigo terá
art. 147 desta Lei deve ser acessível, por meio de subtitulação como consequência a suspensão do direito de dirigir pelo
com legenda oculta associada à tradução simultânea em período de 3 (três) meses, condicionado o levantamento
Libras. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) da suspensão ao resultado negativo em novo exame,
§ 2o É assegurado também ao candidato com e vedada a aplicação de outras penalidades, ainda que
deficiência auditiva requerer, no ato de sua inscrição, os acessórias. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência)
serviços de intérprete da Libras, para acompanhamento em § 6o O resultado do exame somente será divulgado
aulas práticas e teóricas. (Incluído pela Lei nº 13.146, de para o interessado e não poderá ser utilizado para fins
2015) (Vigência) estranhos ao disposto neste artigo ou no § 6o do art. 168
106
NOÇÕES DE DIREITO
da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Parágrafo único. As penalidades aplicadas aos instru-
Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943. (Incluído pela tores e examinadores serão de advertência, suspensão e
Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência) cancelamento da autorização para o exercício da atividade,
§ 7o O exame será realizado, em regime de livre conforme a falta cometida.
concorrência, pelos laboratórios credenciados pelo Art. 154. Os veículos destinados à formação de condu-
Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN, nos tores serão identificados por uma faixa amarela, de vinte
termos das normas do Contran, vedado aos entes centímetros de largura, pintada ao longo da carroçaria, à
públicos: (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência) meia altura, com a inscrição AUTO-ESCOLA na cor preta.
I - fixar preços para os exames; (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. No veículo eventualmente utilizado
13.103, de 2015) (Vigência) para aprendizagem, quando autorizado para servir a esse
II - limitar o número de empresas ou o número de lo- fim, deverá ser afixada ao longo de sua carroçaria, à meia
cais em que a atividade pode ser exercida; e (Incluído pela altura, faixa branca removível, de vinte centímetros de lar-
Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência) gura, com a inscrição AUTO-ESCOLA na cor preta.
III - estabelecer regras de exclusividade territo- Art. 155. A formação de condutor de veículo automo-
rial. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência) tor e elétrico será realizada por instrutor autorizado pelo
órgão executivo de trânsito dos Estados ou do Distrito Fe-
Art. 149. (VETADO)
deral, pertencente ou não à entidade credenciada.
Art. 150. Ao renovar os exames previstos no artigo
Parágrafo único. Ao aprendiz será expedida autoriza-
anterior, o condutor que não tenha curso de direção de-
ção para aprendizagem, de acordo com a regulamentação
fensiva e primeiros socorros deverá a eles ser submetido,
do CONTRAN, após aprovação nos exames de aptidão fí-
conforme normatização do CONTRAN. sica, mental, de primeiros socorros e sobre legislação de
Parágrafo único. A empresa que utiliza condutores trânsito.(Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998)
contratados para operar a sua frota de veículos é obrigada Art. 156. O CONTRAN regulamentará o credenciamen-
a fornecer curso de direção defensiva, primeiros socorros e to para prestação de serviço pelas auto-escolas e outras
outros conforme normatização do CONTRAN. entidades destinadas à formação de condutores e às exi-
Art. 151. No caso de reprovação no exame escrito so- gências necessárias para o exercício das atividades de ins-
bre legislação de trânsito ou de direção veicular, o candida- trutor e examinador.
to só poderá repetir o exame depois de decorridos quinze Art. 157. (VETADO)
dias da divulgação do resultado. Art. 158. A aprendizagem só poderá realizar-se:(Vide
Art. 152. O exame de direção veicular será realizado pe- Lei nº 12.217, de 2010) Vigência
rante comissão integrada por 3 (três) membros designados I - nos termos, horários e locais estabelecidos pelo ór-
pelo dirigente do órgão executivo local de trânsito. (Reda- gão executivo de trânsito;
ção dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) II - acompanhado o aprendiz por instrutor autorizado.
§ 1º Na comissão de exame de direção veicular, pelo § 1º Além do aprendiz e do instrutor, o veículo utilizado
menos um membro deverá ser habilitado na categoria na aprendizagem poderá conduzir apenas mais um
igual ou superior à pretendida pelo candidato. acompanhante. (Renumerado do parágrafo único pela
§ 2º Os militares das Forças Armadas e os policiais Lei nº 12.217, de 2010).
e bombeiros dos órgãos de segurança pública da União, § 2o Parte da aprendizagem será obrigatoriamente
dos Estados e do Distrito Federal que possuírem curso de realizada durante a noite, cabendo ao CONTRAN fixar-lhe
formação de condutor ministrado em suas corporações a carga horária mínima correspondente. (Incluído pela Lei
serão dispensados, para a concessão do documento de nº 12.217, de 2010).
habilitação, dos exames aos quais se houverem submetido Art. 159. A Carteira Nacional de Habilitação, expedida
com aprovação naquele curso, desde que neles sejam em modelo único e de acordo com as especificações do
CONTRAN, atendidos os pré-requisitos estabelecidos neste
observadas as normas estabelecidas pelo Contran. (Redação
Código, conterá fotografia, identificação e CPF do condu-
dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
tor, terá fé pública e equivalerá a documento de identidade
§ 3º O militar, o policial ou o bombeiro militar
em todo o território nacional.
interessado na dispensa de que trata o § 2º instruirá
§ 1º É obrigatório o porte da Permissão para Dirigir ou
seu requerimento com ofício do comandante, chefe ou da Carteira Nacional de Habilitação quando o condutor
diretor da unidade administrativa onde prestar serviço, estiver à direção do veículo.
do qual constarão o número do registro de identificação, § 2º (VETADO)
naturalidade, nome, filiação, idade e categoria em que se § 3º A emissão de nova via da Carteira Nacional de
habilitou a conduzir, acompanhado de cópia das atas dos Habilitação será regulamentada pelo CONTRAN.
exames prestados. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de § 4º (VETADO)
2016) (Vigência) § 5º A Carteira Nacional de Habilitação e a Permissão
§ 4º (VETADO) para Dirigir somente terão validade para a condução de
Art. 153. O candidato habilitado terá em seu prontuá- veículo quando apresentada em original.
rio a identificação de seus instrutores e examinadores, que § 6º A identificação da Carteira Nacional de Habilitação
serão passíveis de punição conforme regulamentação a ser expedida e a da autoridade expedidora serão registradas
estabelecida pelo CONTRAN. no RENACH.
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NOÇÕES DE DIREITO
§ 7º A cada condutor corresponderá um único registro Penalidade - multa (três vezes); (Redação dada pela Lei
no RENACH, agregando-se neste todas as informações. nº 13.281, de 2016) (Vigência)
§ 8º A renovação da validade da Carteira Nacional Medida administrativa - recolhimento do documento
de Habilitação ou a emissão de uma nova via somente de habilitação e retenção do veículo até a apresentação
será realizada após quitação de débitos constantes do de condutor habilitado; (Incluído pela Lei nº 13.281, de
prontuário do condutor. 2016) (Vigência)
§ 9º (VETADO) III - com Carteira Nacional de Habilitação ou Permis-
§ 10. A validade da Carteira Nacional de Habilitação são para Dirigir de categoria diferente da do veículo que
está condicionada ao prazo de vigência do exame de esteja conduzindo: (Redação dada pela Lei nº 13.281, de
aptidão física e mental. (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998) 2016) (Vigência)
§ 11. A Carteira Nacional de Habilitação, expedida na Infração - gravíssima; (Redação dada pela Lei nº
vigência do Código anterior, será substituída por ocasião 13.281, de 2016) (Vigência)
do vencimento do prazo para revalidação do exame de Penalidade - multa (duas vezes); (Redação dada pela
aptidão física e mental, ressalvados os casos especiais Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
previstos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998) Medida administrativa - retenção do veículo até a apre-
Art. 160. O condutor condenado por delito de trânsito sentação de condutor habilitado; (Redação dada pela Lei
deverá ser submetido a novos exames para que possa vol- nº 13.281, de 2016) (Vigência)
IV - (VETADO)
tar a dirigir, de acordo com as normas estabelecidas pelo
V - com validade da Carteira Nacional de Habilitação
CONTRAN, independentemente do reconhecimento da
vencida há mais de trinta dias:
prescrição, em face da pena concretizada na sentença.
Infração - gravíssima;
§ 1º Em caso de acidente grave, o condutor nele Penalidade - multa;
envolvido poderá ser submetido aos exames exigidos neste Medida administrativa - recolhimento da Carteira Na-
artigo, a juízo da autoridade executiva estadual de trânsito, cional de Habilitação e retenção do veículo até a apresen-
assegurada ampla defesa ao condutor. tação de condutor habilitado;
§ 2º No caso do parágrafo anterior, a autoridade VI - sem usar lentes corretoras de visão, aparelho auxi-
executiva estadual de trânsito poderá apreender o liar de audição, de prótese física ou as adaptações do veí-
documento de habilitação do condutor até a sua aprovação culo impostas por ocasião da concessão ou da renovação
nos exames realizados. da licença para conduzir:
Infração - gravíssima;
CAPÍTULO XV Penalidade - multa;
DAS INFRAÇÕES Medida administrativa - retenção do veículo até o sa-
neamento da irregularidade ou apresentação de condutor
Art. 161. Constitui infração de trânsito a inobservância habilitado.
de qualquer preceito deste Código, da legislação comple- Art. 163. Entregar a direção do veículo a pessoa nas
mentar ou das resoluções do CONTRAN, sendo o infrator condições previstas no artigo anterior:
sujeito às penalidades e medidas administrativas indicadas Infração - as mesmas previstas no artigo anterior;
em cada artigo, além das punições previstas no Capítulo Penalidade - as mesmas previstas no artigo anterior;
XIX. Medida administrativa - a mesma prevista no inciso III
Parágrafo único. As infrações cometidas em relação às do artigo anterior.
resoluções do CONTRAN terão suas penalidades e medidas Art. 164. Permitir que pessoa nas condições referidas
administrativas definidas nas próprias resoluções. nos incisos do art. 162 tome posse do veículo automotor e
Art. 162. Dirigir veículo: passe a conduzi-lo na via:
I - sem possuir Carteira Nacional de Habilitação, Per- Infração - as mesmas previstas nos incisos do art. 162;
missão para Dirigir ou Autorização para Conduzir Ciclomo- Penalidade - as mesmas previstas no art. 162;
Medida administrativa - a mesma prevista no inciso III
tor: (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
do art. 162.
Infração - gravíssima; (Redação dada pela Lei nº
Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qual-
13.281, de 2016) (Vigência)
quer outra substância psicoativa que determine dependên-
Penalidade - multa (três vezes); (Redação dada pela Lei cia: (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008)
nº 13.281, de 2016) (Vigência) Infração - gravíssima; (Redação dada pela Lei nº
Medida administrativa - retenção do veículo até a 11.705, de 2008)
apresentação de condutor habilitado; (Incluído pela Lei nº Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito
13.281, de 2016) (Vigência) de dirigir por 12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei nº
II - com Carteira Nacional de Habilitação, Permissão 12.760, de 2012)
para Dirigir ou Autorização para Conduzir Ciclomotor cas- Medida administrativa - recolhimento do documento
sada ou com suspensão do direito de dirigir: (Redação de habilitação e retenção do veículo, observado o disposto
dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) no § 4o do art. 270 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de
Infração - gravíssima; (Redação dada pela Lei nº 1997 - do Código de Trânsito Brasileiro. (Redação dada
13.281, de 2016) (Vigência) pela Lei nº 12.760, de 2012)
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III - com dispositivo anti-radar; Medida administrativa - retenção do veículo para cum-
IV - sem qualquer uma das placas de identificação; primento do tempo de descanso aplicável. (Redação dada
V - que não esteja registrado e devidamente licenciado; pela Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência)
VI - com qualquer uma das placas de identificação sem XXIV- (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.619, de
condições de legibilidade e visibilidade: 2012) (Vigência)
Infração - gravíssima; § 1o Se o condutor cometeu infração igual nos últimos
Penalidade - multa e apreensão do veículo; 12 (doze) meses, será convertida, automaticamente,
Medida administrativa - remoção do veículo; a penalidade disposta no inciso XXIII em infração
VII - com a cor ou característica alterada; grave. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência)
VIII - sem ter sido submetido à inspeção de segurança § 2o Em se tratando de condutor estrangeiro, a
veicular, quando obrigatória; liberação do veículo fica condicionada ao pagamento ou
IX - sem equipamento obrigatório ou estando este ine- ao depósito, judicial ou administrativo, da multa. (Incluído
ficiente ou inoperante; pela Lei nº 13.103, de 2015) (Vigência)
X - com equipamento obrigatório em desacordo com o Art. 231. Transitar com o veículo:
estabelecido pelo CONTRAN;
Art. 231. Transitar com o veículo:
XI - com descarga livre ou silenciador de motor de ex-
I - danificando a via, suas instalações e equipamentos;
plosão defeituoso, deficiente ou inoperante;
II - derramando, lançando ou arrastando sobre a via:
XII - com equipamento ou acessório proibido;
a) carga que esteja transportando;
XIII - com o equipamento do sistema de iluminação e
de sinalização alterados; b) combustível ou lubrificante que esteja utilizando;
XIV - com registrador instantâneo inalterável de velo- c) qualquer objeto que possa acarretar risco de aciden-
cidade e tempo viciado ou defeituoso, quando houver exi- te:
gência desse aparelho; Infração - gravíssima;
XV - com inscrições, adesivos, legendas e símbolos de Penalidade - multa;
caráter publicitário afixados ou pintados no pára-brisa e Medida administrativa - retenção do veículo para re-
em toda a extensão da parte traseira do veículo, excetua- gularização;
das as hipóteses previstas neste Código; III - produzindo fumaça, gases ou partículas em níveis
XVI - com vidros total ou parcialmente cobertos por superiores aos fixados pelo CONTRAN;
películas refletivas ou não, painéis decorativos ou pinturas; IV - com suas dimensões ou de sua carga superiores
XVII - com cortinas ou persianas fechadas, não autori- aos limites estabelecidos legalmente ou pela sinalização,
zadas pela legislação; sem autorização:
XVIII - em mau estado de conservação, comprometen- Infração - grave;
do a segurança, ou reprovado na avaliação de inspeção de Penalidade - multa;
segurança e de emissão de poluentes e ruído, prevista no Medida administrativa - retenção do veículo para re-
art. 104; gularização;
XIX - sem acionar o limpador de pára-brisa sob chuva: V - com excesso de peso, admitido percentual de to-
Infração - grave; lerância quando aferido por equipamento, na forma a ser
Penalidade - multa; estabelecida pelo CONTRAN:
Medida administrativa - retenção do veículo para re- Infração - média;
gularização; Penalidade - multa acrescida a cada duzentos quilogra-
XX - sem portar a autorização para condução de esco- mas ou fração de excesso de peso apurado, constante na
lares, na forma estabelecida no art. 136: seguinte tabela:
Infração - grave;
a) até 600 kg (seiscentos quilogramas) - R$ 5,32 (cinco
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
reais e trinta e dois centavos); (Redação dada pela Lei nº
XXI - de carga, com falta de inscrição da tara e demais
13.281, de 2016) (Vigência)
inscrições previstas neste Código;
b) de 601 (seiscentos e um) a 800 kg (oitocentos
XXII - com defeito no sistema de iluminação, de sinali-
zação ou com lâmpadas queimadas: quilogramas) - R$ 10,64 (dez reais e sessenta e qua-
Infração - média; tro centavos); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de
Penalidade - multa. 2016) (Vigência)
XXIII - em desacordo com as condições estabelecidas c) de 801 (oitocentos e um) a 1.000 kg (mil quilogramas)
no art. 67-C, relativamente ao tempo de permanência do - R$ 21,28 (vinte e um reais e vinte e oito centavos); (Reda-
condutor ao volante e aos intervalos para descanso, quan- ção dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
do se tratar de veículo de transporte de carga ou coleti- d) de 1.001 (mil e um) a 3.000 kg (três mil quilogramas) -
vo de passageiros: (Redação dada pela Lei nº 13.103, de R$ 31,92 (trinta e um reais e noventa e dois centavos); (Re-
2015) (Vigência) dação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
Infração - média; (Redação dada pela Lei nº 13.103, e) de 3.001 (três mil e um) a 5.000 kg (cinco mil qui-
de 2015) (Vigência) logramas) - R$ 42,56 (quarenta e dois reais e cinquenta
Penalidade - multa; (Redação dada pela Lei nº 13.103, e seis centavos); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de
de 2015) (Vigência) 2016) (Vigência)
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NOÇÕES DE DIREITO
f) acima de 5.001 kg (cinco mil e um quilogramas) - R$ Medida administrativa - retenção do veículo para
53,20 (cinquenta e três reais e vinte centavos); (Redação transbordo.
dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) Art. 236. Rebocar outro veículo com cabo flexível ou
Medida administrativa - retenção do veículo e trans- corda, salvo em casos de emergência:
bordo da carga excedente; Infração - média;
VI - em desacordo com a autorização especial, expedi- Penalidade - multa.
da pela autoridade competente para transitar com dimen- Art. 237. Transitar com o veículo em desacordo com as
sões excedentes, ou quando a mesma estiver vencida: especificações, e com falta de inscrição e simbologia neces-
Infração - grave; sárias à sua identificação, quando exigidas pela legislação:
Penalidade - multa e apreensão do veículo; Infração - grave;
Medida administrativa - remoção do veículo; Penalidade - multa;
VII - com lotação excedente; Medida administrativa - retenção do veículo para re-
VIII - efetuando transporte remunerado de pessoas ou gularização.
bens, quando não for licenciado para esse fim, salvo casos Art. 238. Recusar-se a entregar à autoridade de trânsito
de força maior ou com permissão da autoridade compe- ou a seus agentes, mediante recibo, os documentos de ha-
tente: bilitação, de registro, de licenciamento de veículo e outros
Infração - média; exigidos por lei, para averiguação de sua autenticidade:
Penalidade - multa; Infração - gravíssima;
Medida administrativa - retenção do veículo; Penalidade - multa e apreensão do veículo;
IX - desligado ou desengrenado, em declive: Medida administrativa - remoção do veículo.
Infração - média; Art. 239. Retirar do local veículo legalmente retido para
Penalidade - multa; regularização, sem permissão da autoridade competente
Medida administrativa - retenção do veículo; ou de seus agentes:
X - excedendo a capacidade máxima de tração: Infração - gravíssima;
Infração - de média a gravíssima, a depender da rela- Penalidade - multa e apreensão do veículo;
ção entre o excesso de peso apurado e a capacidade máxi- Medida administrativa - remoção do veículo.
ma de tração, a ser regulamentada pelo CONTRAN; Art. 240. Deixar o responsável de promover a baixa do
Penalidade - multa; registro de veículo irrecuperável ou definitivamente des-
Medida Administrativa - retenção do veículo e trans- montado:
bordo de carga excedente. Infração - grave;
Parágrafo único. Sem prejuízo das multas previstas Penalidade - multa;
nos incisos V e X, o veículo que transitar com excesso de Medida administrativa - Recolhimento do Certificado
peso ou excedendo à capacidade máxima de tração, não de Registro e do Certificado de Licenciamento Anual.
computado o percentual tolerado na forma do disposto Art. 241. Deixar de atualizar o cadastro de registro do
na legislação, somente poderá continuar viagem após des- veículo ou de habilitação do condutor:
carregar o que exceder, segundo critérios estabelecidos na Infração - leve;
referida legislação complementar. Penalidade - multa.
Art. 232. Conduzir veículo sem os documentos de por- Art. 242. Fazer falsa declaração de domicílio para fins
te obrigatório referidos neste Código: de registro, licenciamento ou habilitação:
Infração - leve; Infração - gravíssima;
Penalidade - multa; Penalidade - multa.
Medida administrativa - retenção do veículo até a apre- Art. 243. Deixar a empresa seguradora de comunicar
sentação do documento. ao órgão executivo de trânsito competente a ocorrência de
Art. 233. Deixar de efetuar o registro de veículo no perda total do veículo e de lhe devolver as respectivas pla-
prazo de trinta dias, junto ao órgão executivo de trânsito, cas e documentos:
ocorridas as hipóteses previstas no art. 123: Infração - grave;
Infração - grave; Penalidade - multa;
Penalidade - multa; Medida administrativa - Recolhimento das placas e dos
Medida administrativa - retenção do veículo para re- documentos.
gularização. Art. 244. Conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor:
Art. 234. Falsificar ou adulterar documento de habilita- I - sem usar capacete de segurança com viseira ou ócu-
ção e de identificação do veículo: los de proteção e vestuário de acordo com as normas e
Infração - gravíssima; especificações aprovadas pelo CONTRAN;
Penalidade - multa e apreensão do veículo; II - transportando passageiro sem o capacete de segu-
Medida administrativa - remoção do veículo. rança, na forma estabelecida no inciso anterior, ou fora do
Art. 235. Conduzir pessoas, animais ou carga nas partes assento suplementar colocado atrás do condutor ou em
externas do veículo, salvo nos casos devidamente autori- carro lateral;
zados: III - fazendo malabarismo ou equilibrando-se apenas
Infração - grave; em uma roda;
Penalidade - multa; IV - com os faróis apagados;
116
NOÇÕES DE DIREITO
V - transportando criança menor de sete anos ou que Parágrafo único. A penalidade será aplicada à pessoa
não tenha, nas circunstâncias, condições de cuidar de sua física ou jurídica responsável pela obstrução, devendo a
própria segurança: autoridade com circunscrição sobre a via providenciar a si-
Infração - gravíssima; nalização de emergência, às expensas do responsável, ou,
Penalidade - multa e suspensão do direito de dirigir; se possível, promover a desobstrução.
Medida administrativa - Recolhimento do documento Art. 247. Deixar de conduzir pelo bordo da pista de
de habilitação; rolamento, em fila única, os veículos de tração ou propul-
VI - rebocando outro veículo; são humana e os de tração animal, sempre que não houver
VII - sem segurar o guidom com ambas as mãos, salvo acostamento ou faixa a eles destinados:
eventualmente para indicação de manobras; Infração - média;
VIII – transportando carga incompatível com suas es- Penalidade - multa.
pecificações ou em desacordo com o previsto no § 2o do Art. 248. Transportar em veículo destinado ao trans-
art. 139-A desta Lei;(Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009) porte de passageiros carga excedente em desacordo com
IX – efetuando transporte remunerado de mercadorias o estabelecido no art. 109:
em desacordo com o previsto no art. 139-A desta Lei ou Infração - grave;
Penalidade - multa;
com as normas que regem a atividade profissional dos mo-
Medida administrativa - retenção para o transbordo.
totaxistas: (Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009)
Art. 249. Deixar de manter acesas, à noite, as luzes de
Infração – grave; (Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009)
posição, quando o veículo estiver parado, para fins de em-
Penalidade – multa; (Incluído pela Lei nº 12.009, de
barque ou desembarque de passageiros e carga ou descar-
2009) ga de mercadorias:
Medida administrativa – apreensão do veículo para re- Infração - média;
gularização. (Incluído pela Lei nº 12.009, de 2009) Penalidade - multa.
§ 1º Para ciclos aplica-se o disposto nos incisos III, VII Art. 250. Quando o veículo estiver em movimento:
e VIII, além de: I - deixar de manter acesa a luz baixa:
a) conduzir passageiro fora da garupa ou do assento a) durante a noite;
especial a ele destinado; b) de dia, nos túneis providos de iluminação públi-
b) transitar em vias de trânsito rápido ou rodovias, sal- ca e nas rodovias; (Redação dada pela Lei nº 13.290, de
vo onde houver acostamento ou faixas de rolamento pró- 2016) (Vigência)
prias; c) de dia e de noite, tratando-se de veículo de trans-
c) transportar crianças que não tenham, nas circuns- porte coletivo de passageiros, circulando em faixas ou pis-
tâncias, condições de cuidar de sua própria segurança. tas a eles destinadas;
§ 2º Aplica-se aos ciclomotores o disposto na d) de dia e de noite, tratando-se de ciclomotores;
alínea b do parágrafo anterior: II - deixar de manter acesas pelo menos as luzes de
Infração - média; posição sob chuva forte, neblina ou cerração;
Penalidade - multa. III - deixar de manter a placa traseira iluminada, à noite;
§ 3o A restrição imposta pelo inciso VI do caput deste Infração - média;
artigo não se aplica às motocicletas e motonetas que Penalidade - multa.
tracionem semi-reboques especialmente projetados Art. 251. Utilizar as luzes do veículo:
para esse fim e devidamente homologados pelo órgão I - o pisca-alerta, exceto em imobilizações ou situações
competente. (Incluído pela Lei nº 10.517, de 2002) de emergência;
Art. 245. Utilizar a via para depósito de mercadorias, II - baixa e alta de forma intermitente, exceto nas se-
materiais ou equipamentos, sem autorização do órgão ou guintes situações:
entidade de trânsito com circunscrição sobre a via: a) a curtos intervalos, quando for conveniente advertir
a outro condutor que se tem o propósito de ultrapassá-lo;
Infração - grave;
b) em imobilizações ou situação de emergência, como
Penalidade - multa;
advertência, utilizando pisca-alerta;
Medida administrativa - remoção da mercadoria ou do
c) quando a sinalização de regulamentação da via de-
material.
terminar o uso do pisca-alerta:
Parágrafo único. A penalidade e a medida administra- Infração - média;
tiva incidirão sobre a pessoa física ou jurídica responsável. Penalidade - multa.
Art. 246. Deixar de sinalizar qualquer obstáculo à livre Art. 252. Dirigir o veículo:
circulação, à segurança de veículo e pedestres, tanto no lei- I - com o braço do lado de fora;
to da via terrestre como na calçada, ou obstaculizar a via II - transportando pessoas, animais ou volume à sua
indevidamente: esquerda ou entre os braços e pernas;
Infração - gravíssima; III - com incapacidade física ou mental temporária que
Penalidade - multa, agravada em até cinco vezes, a cri- comprometa a segurança do trânsito;
tério da autoridade de trânsito, conforme o risco à segu- IV - usando calçado que não se firme nos pés ou que
rança. comprometa a utilização dos pedais;
117
NOÇÕES DE DIREITO
V - com apenas uma das mãos, exceto quando deva Penalidade - multa, em 50% (cinquenta por cento) do
fazer sinais regulamentares de braço, mudar a marcha do valor da infração de natureza leve.
veículo, ou acionar equipamentos e acessórios do veículo; VII - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
VI - utilizando-se de fones nos ouvidos conectados a § 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
aparelhagem sonora ou de telefone celular; § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
Infração - média; § 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
Penalidade - multa. Art. 255. Conduzir bicicleta em passeios onde não seja
VII - realizando a cobrança de tarifa com o veículo em permitida a circulação desta, ou de forma agressiva, em de-
movimento: (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015) sacordo com o disposto no parágrafo único do art. 59:
Infração - média; (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015) Infração - média;
Penalidade - multa. (Incluído pela Lei nº 13.154, de Penalidade - multa;
2015) Medida administrativa - remoção da bicicleta, median-
Parágrafo único. A hipótese prevista no inciso V carac- te recibo para o pagamento da multa.
terizar-se-á como infração gravíssima no caso de o condu-
tor estar segurando ou manuseando telefone celular. (In- CAPÍTULO XVI
cluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) DAS PENALIDADES
Art. 253. Bloquear a via com veículo:
Infração - gravíssima; Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das com-
Penalidade - multa e apreensão do veículo; petências estabelecidas neste Código e dentro de sua cir-
Medida administrativa - remoção do veículo. cunscrição, deverá aplicar, às infrações nele previstas, as
Art. 253-A. Usar qualquer veículo para, deliberada- seguintes penalidades:
mente, interromper, restringir ou perturbar a circulação na I - advertência por escrito;
via sem autorização do órgão ou entidade de trânsito com II - multa;
circunscrição sobre ela: (Incluído pela Lei nº 13. 281, de III - suspensão do direito de dirigir;
2016) IV - (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
Infração - gravíssima; (Incluído pela Lei nº 13.281, de V - cassação da Carteira Nacional de Habilitação;
2016) VI - cassação da Permissão para Dirigir;
Penalidade - multa (vinte vezes) e suspensão do direito VII - frequência obrigatória em curso de reciclagem.
de dirigir por 12 (doze) meses; (Incluído pela Lei nº 13.281, § 1º A aplicação das penalidades previstas neste
de 2016) Código não elide as punições originárias de ilícitos penais
Medida administrativa - remoção do veículo. (Incluído decorrentes de crimes de trânsito, conforme disposições
pela Lei nº 13.281, de 2016) de lei.
§ 1º Aplica-se a multa agravada em 60 (sessenta) vezes § 2º (VETADO)
aos organizadores da conduta prevista no caput. (Incluído § 3º A imposição da penalidade será comunicada aos
pela Lei nº 13.281, de 2016) órgãos ou entidades executivos de trânsito responsáveis
§ 2º Aplica-se em dobro a multa em caso de pelo licenciamento do veículo e habilitação do condutor.
reincidência no período de 12 (doze) meses. (Incluído pela Art. 257. As penalidades serão impostas ao condutor,
Lei nº 13.281, de 2016) ao proprietário do veículo, ao embarcador e ao transpor-
§ 3º As penalidades são aplicáveis a pessoas físicas ou tador, salvo os casos de descumprimento de obrigações e
jurídicas que incorram na infração, devendo a autoridade deveres impostos a pessoas físicas ou jurídicas expressa-
com circunscrição sobre a via restabelecer de imediato, se mente mencionados neste Código.
possível, as condições de normalidade para a circulação na § 1º Aos proprietários e condutores de veículos serão
via. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) impostas concomitantemente as penalidades de que trata
Art. 254. É proibido ao pedestre: este Código toda vez que houver responsabilidade solidária
I - permanecer ou andar nas pistas de rolamento, exce- em infração dos preceitos que lhes couber observar,
to para cruzá-las onde for permitido; respondendo cada um de per si pela falta em comum que
II - cruzar pistas de rolamento nos viadutos, pontes, ou lhes for atribuída.
túneis, salvo onde exista permissão; § 2º Ao proprietário caberá sempre a responsabilidade
III - atravessar a via dentro das áreas de cruzamento, pela infração referente à prévia regularização e
salvo quando houver sinalização para esse fim; preenchimento das formalidades e condições exigidas
IV - utilizar-se da via em agrupamentos capazes de para o trânsito do veículo na via terrestre, conservação
perturbar o trânsito, ou para a prática de qualquer folgue- e inalterabilidade de suas características, componentes,
do, esporte, desfiles e similares, salvo em casos especiais e agregados, habilitação legal e compatível de seus
com a devida licença da autoridade competente; condutores, quando esta for exigida, e outras disposições
V - andar fora da faixa própria, passarela, passagem que deva observar.
aérea ou subterrânea; § 3º Ao condutor caberá a responsabilidade pelas
VI - desobedecer à sinalização de trânsito específica; infrações decorrentes de atos praticados na direção do
Infração - leve; veículo.
118
NOÇÕES DE DIREITO
119
NOÇÕES DE DIREITO
120
NOÇÕES DE DIREITO
XI - realização de exames de aptidão física, mental, de § 2o A liberação do veículo removido é condicionada
legislação, de prática de primeiros socorros e de direção ao reparo de qualquer componente ou equipamento
veicular. (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998) obrigatório que não esteja em perfeito estado de
§ 1º A ordem, o consentimento, a fiscalização, as funcionamento.(Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
medidas administrativas e coercitivas adotadas pelas § 3º Se o reparo referido no § 2º demandar providência
autoridades de trânsito e seus agentes terão por objetivo que não possa ser tomada no depósito, a autoridade
prioritário a proteção à vida e à incolumidade física da responsável pela remoção liberará o veículo para reparo,
pessoa. na forma transportada, mediante autorização, assinalando
§ 2º As medidas administrativas previstas neste artigo prazo para reapresentação. (Redação dada pela Lei nº
não elidem a aplicação das penalidades impostas por 13.281, de 2016)
infrações estabelecidas neste Código, possuindo caráter § 4º Os serviços de remoção, depósito e guarda
complementar a estas. de veículo poderão ser realizados por órgão público,
§ 3º São documentos de habilitação a Carteira Nacional diretamente, ou por particular contratado por licitação
de Habilitação e a Permissão para Dirigir. pública, sendo o proprietário do veículo o responsável pelo
§ 4º Aplica-se aos animais recolhidos na forma do pagamento dos custos desses serviços. (Redação dada
inciso X o disposto nos arts. 271 e 328, no que couber. pela Lei nº 13.281, de 2016)
Art. 270. O veículo poderá ser retido nos casos expres- § 5o O proprietário ou o condutor deverá ser notificado,
sos neste Código. no ato de remoção do veículo, sobre as providências
§ 1º Quando a irregularidade puder ser sanada no necessárias à sua restituição e sobre o disposto no art. 328,
local da infração, o veículo será liberado tão logo seja conforme regulamentação do CONTRAN.(Incluído pela Lei
regularizada a situação. nº 13.160, de 2015)
§ 2o Não sendo possível sanar a falha no local da § 6º Caso o proprietário ou o condutor não esteja
infração, o veículo, desde que ofereça condições de presente no momento da remoção do veículo, a autoridade
segurança para circulação, poderá ser liberado e entregue a de trânsito, no prazo de 10 (dez) dias contado da data da
condutor regularmente habilitado, mediante recolhimento remoção, deverá expedir ao proprietário a notificação
do Certificado de Licenciamento Anual, contra apresentação prevista no § 5º, por remessa postal ou por outro meio
de recibo, assinalando-se prazo razoável ao condutor para
tecnológico hábil que assegure a sua ciência, e, caso reste
regularizar a situação, para o que se considerará, desde
frustrada, a notificação poderá ser feita por edital. (Reda-
logo, notificado.(Redação dada pela Lei nº 13.160, de 2015)
ção dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
§ 3º O Certificado de Licenciamento Anual será
§ 7o A notificação devolvida por desatualização do
devolvido ao condutor no órgão ou entidade aplicadores
endereço do proprietário do veículo ou por recusa desse
das medidas administrativas, tão logo o veículo seja
de recebê-la será considerada recebida para todos os
apresentado à autoridade devidamente regularizado.
efeitos(Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 4º Não se apresentando condutor habilitado no local
da infração, o veículo será removido a depósito, aplicando- § 8o Em caso de veículo licenciado no exterior, a
se neste caso o disposto no art. 271. (Redação dada pela notificação será feita por edital.(Incluído pela Lei nº 13.160,
Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) de 2015)
§ 5º A critério do agente, não se dará a retenção § 9o Não caberá remoção nos casos em que a
imediata, quando se tratar de veículo de transporte coletivo irregularidade puder ser sanada no local da infração.
transportando passageiros ou veículo transportando (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
produto perigoso ou perecível, desde que ofereça § 10. O pagamento das despesas de remoção e estada
condições de segurança para circulação em via pública. será correspondente ao período integral, contado em dias,
§ 6º Não efetuada a regularização no prazo a que se em que efetivamente o veículo permanecer em depósito,
refere o § 2o, será feito registro de restrição administrativa limitado ao prazo de 6 (seis) meses. (Incluído pela Lei nº
no Renavam por órgão ou entidade executivo de trânsito 13.281, de 2016)
dos Estados e do Distrito Federal, que será retirada após § 11. Os custos dos serviços de remoção e estada
comprovada a regularização.(Incluído pela Lei nº 13.160, de prestados por particulares poderão ser pagos pelo
2015) proprietário diretamente ao contratado. (Incluído pela Lei
§ 7o O descumprimento das obrigações estabelecidas nº 13.281, de 2016)
no § 2o resultará em recolhimento do veículo ao depósito, § 12. O disposto no § 11 não afasta a possibilidade de
aplicando-se, nesse caso, o disposto no art. 271.(Incluído o respectivo ente da Federação estabelecer a cobrança por
pela Lei nº 13.160, de 2015) meio de taxa instituída em lei. (Incluído pela Lei nº 13.281,
Art. 271. O veículo será removido, nos casos previstos de 2016)
neste Código, para o depósito fixado pelo órgão ou entida- § 13. No caso de o proprietário do veículo objeto do
de competente, com circunscrição sobre a via. recolhimento comprovar, administrativa ou judicialmente,
§ 1o A restituição do veículo removido só ocorrerá que o recolhimento foi indevido ou que houve abuso no
mediante prévio pagamento de multas, taxas e despesas período de retenção em depósito, é da responsabilidade
com remoção e estada, além de outros encargos previstos do ente público a devolução das quantias pagas por força
na legislação específica.(Incluído pela Lei nº 13.160, de deste artigo, segundo os mesmos critérios da devolução
2015) de multas indevidas. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
121
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 272. O recolhimento da Carteira Nacional de Habi- Parágrafo único. No caso de fuga do condutor à ação
litação e da Permissão para Dirigir dar-se-á mediante reci- policial, a apreensão do veículo dar-se-á tão logo seja loca-
bo, além dos casos previstos neste Código, quando houver lizado, aplicando-se, além das penalidades em que incorre,
suspeita de sua inautenticidade ou adulteração. as estabelecidas no art. 210.
Art. 273. O recolhimento do Certificado de Registro Art. 279. Em caso de acidente com vítima, envolvendo
dar-se-á mediante recibo, além dos casos previstos neste veículo equipado com registrador instantâneo de veloci-
Código, quando: dade e tempo, somente o perito oficial encarregado do
I - houver suspeita de inautenticidade ou adulteração; levantamento pericial poderá retirar o disco ou unidade
II - se, alienado o veículo, não for transferida sua pro- armazenadora do registro.
priedade no prazo de trinta dias.
Art. 274. O recolhimento do Certificado de Licencia- CAPÍTULO XVIII
mento Anual dar-se-á mediante recibo, além dos casos DO PROCESSO ADMINISTRATIVO
previstos neste Código, quando: Seção I
I - houver suspeita de inautenticidade ou adulteração; Da Autuação
II - se o prazo de licenciamento estiver vencido;
III - no caso de retenção do veículo, se a irregularidade Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de
não puder ser sanada no local. trânsito, lavrar-se-á auto de infração, do qual constará:
Art. 275. O transbordo da carga com peso excedente I - tipificação da infração;
é condição para que o veículo possa prosseguir viagem e II - local, data e hora do cometimento da infração;
será efetuado às expensas do proprietário do veículo, sem III - caracteres da placa de identificação do veículo, sua
prejuízo da multa aplicável. marca e espécie, e outros elementos julgados necessários
Parágrafo único. Não sendo possível desde logo aten- à sua identificação;
der ao disposto neste artigo, o veículo será recolhido ao IV - o prontuário do condutor, sempre que possível;
depósito, sendo liberado após sanada a irregularidade e V - identificação do órgão ou entidade e da autorida-
pagas as despesas de remoção e estada. de ou agente autuador ou equipamento que comprovar a
Art. 276. Qualquer concentração de álcool por litro de
infração;
sangue ou por litro de ar alveolar sujeita o condutor às pe-
VI - assinatura do infrator, sempre que possível, valen-
nalidades previstas no art. 165. (Redação dada pela Lei nº
do esta como notificação do cometimento da infração.
12.760, de 2012)
§ 1º (VETADO)
Parágrafo único. O Contran disciplinará as margens
§ 2º A infração deverá ser comprovada por declaração
de tolerância quando a infração for apurada por meio de
da autoridade ou do agente da autoridade de trânsito,
aparelho de medição, observada a legislação metrológi-
por aparelho eletrônico ou por equipamento audiovisual,
ca. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
reações químicas ou qualquer outro meio tecnologicamente
Art. 277. O condutor de veículo automotor envolvido
em acidente de trânsito ou que for alvo de fiscalização de disponível, previamente regulamentado pelo CONTRAN.
trânsito poderá ser submetido a teste, exame clínico, pe- § 3º Não sendo possível a autuação em flagrante, o
rícia ou outro procedimento que, por meios técnicos ou agente de trânsito relatará o fato à autoridade no próprio
científicos, na forma disciplinada pelo Contran, permita auto de infração, informando os dados a respeito do
certificar influência de álcool ou outra substância psicoati- veículo, além dos constantes nos incisos I, II e III, para o
va que determine dependência. (Redação dada pela Lei nº procedimento previsto no artigo seguinte.
12.760, de 2012) § 4º O agente da autoridade de trânsito competente
§ 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.760, para lavrar o auto de infração poderá ser servidor civil,
de 2012) estatutário ou celetista ou, ainda, policial militar designado
§ 2o A infração prevista no art. 165 também poderá pela autoridade de trânsito com jurisdição sobre a via no
ser caracterizada mediante imagem, vídeo, constatação de âmbito de sua competência.
sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran,
alteração da capacidade psicomotora ou produção de Seção II
quaisquer outras provas em direito admitidas. (Redação Do Julgamento das Autuações e Penalidades
dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
§ 3º Serão aplicadas as penalidades e medidas Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da compe-
administrativas estabelecidas no art. 165-A deste Código tência estabelecida neste Código e dentro de sua circuns-
ao condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos crição, julgará a consistência do auto de infração e aplicará
procedimentos previstos no caput deste artigo. (Redação a penalidade cabível.
dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e
Art. 278. Ao condutor que se evadir da fiscalização, seu registro julgado insubsistente:
não submetendo veículo à pesagem obrigatória nos pon- I - se considerado inconsistente ou irregular;
tos de pesagem, fixos ou móveis, será aplicada a penalida- II - se, no prazo máximo de trinta dias, não for expe-
de prevista no art. 209, além da obrigação de retornar ao dida a notificação da autuação.(Redação dada pela Lei nº
ponto de evasão para fim de pesagem obrigatória. 9.602, de 1998)
122
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 282. Aplicada a penalidade, será expedida notifica- § 2º O recolhimento do valor da multa não implica
ção ao proprietário do veículo ou ao infrator, por remessa renúncia ao questionamento administrativo, que pode ser
postal ou por qualquer outro meio tecnológico hábil, que realizado a qualquer momento, respeitado o disposto no §
assegure a ciência da imposição da penalidade. 1º. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
§ 1º A notificação devolvida por desatualização do § 3º Não incidirá cobrança moratória e não poderá
endereço do proprietário do veículo será considerada ser aplicada qualquer restrição, inclusive para fins
válida para todos os efeitos. de licenciamento e transferência, enquanto não for
§ 2º A notificação a pessoal de missões diplomáticas, encerrada a instância administrativa de julgamento de
de repartições consulares de carreira e de representações infrações e penalidades. (Incluído pela Lei nº 13.281, de
de organismos internacionais e de seus integrantes será 2016) (Vigência)
remetida ao Ministério das Relações Exteriores para as § 4º Encerrada a instância administrativa de julgamento
providências cabíveis e cobrança dos valores, no caso de de infrações e penalidades, a multa não paga até o
multa. vencimento será acrescida de juros de mora equivalentes
§ 3º Sempre que a penalidade de multa for imposta a à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação
condutor, à exceção daquela de que trata o § 1º do art. 259, e de Custódia (Selic) para títulos federais acumulada
mensalmente, calculados a partir do mês subsequente
a notificação será encaminhada ao proprietário do veículo,
ao da consolidação até o mês anterior ao do pagamento,
responsável pelo seu pagamento.
e de 1% (um por cento) relativamente ao mês em que o
§ 4º Da notificação deverá constar a data do término
pagamento estiver sendo efetuado. (Incluído pela Lei nº
do prazo para apresentação de recurso pelo responsável
13.281, de 2016) (Vigência)
pela infração, que não será inferior a trinta dias contados Art. 285. O recurso previsto no art. 283 será interpos-
da data da notificação da penalidade. (Incluído pela Lei nº to perante a autoridade que impôs a penalidade, a qual
9.602, de 1998) remetê-lo-á à JARI, que deverá julgá-lo em até trinta dias.
§ 5º No caso de penalidade de multa, a data estabelecida § 1º O recurso não terá efeito suspensivo.
no parágrafo anterior será a data para o recolhimento de § 2º A autoridade que impôs a penalidade remeterá
seu valor.(Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998) o recurso ao órgão julgador, dentro dos dez dias úteis
Art. 282-A. O proprietário do veículo ou o condutor au- subsequentes à sua apresentação, e, se o entender intem-
tuado poderá optar por ser notificado por meio eletrônico pestivo, assinalará o fato no despacho de encaminhamen-
se o órgão do Sistema Nacional de Trânsito responsável to.
pela autuação oferecer essa opção. (Incluído pela Lei nº § 3º Se, por motivo de força maior, o recurso não for
13.281, de 2016) (Vigência) julgado dentro do prazo previsto neste artigo, a autoridade
§ 1º O proprietário ou o condutor autuado que optar que impôs a penalidade, de ofício, ou por solicitação do
pela notificação por meio eletrônico deverá manter seu recorrente, poderá conceder-lhe efeito suspensivo.
cadastro atualizado no órgão executivo de trânsito do Art. 286. O recurso contra a imposição de multa poderá
Estado ou do Distrito Federal. (Incluído pela Lei nº 13.281, ser interposto no prazo legal, sem o recolhimento do seu
de 2016) (Vigência) valor.
§ 2º Na hipótese de notificação por meio eletrônico, § 1º No caso de não provimento do recurso, aplicar-
o proprietário ou o condutor autuado será considerado se-á o estabelecido no parágrafo único do art. 284.
notificado 30 (trinta) dias após a inclusão da informação § 2º Se o infrator recolher o valor da multa e apresentar
no sistema eletrônico. (Incluído pela Lei nº 13.281, de recurso, se julgada improcedente a penalidade, ser-lhe-á
2016) (Vigência) devolvida a importância paga, atualizada em UFIR ou por
§ 3º O sistema previsto no caput será certificado índice legal de correção dos débitos fiscais.
digitalmente, atendidos os requisitos de autenticidade, Art. 287. Se a infração for cometida em localidade di-
integridade, validade jurídica e interoperabilidade versa daquela do licenciamento do veículo, o recurso po-
derá ser apresentado junto ao órgão ou entidade de trân-
da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-
sito da residência ou domicílio do infrator.
Brasil). (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
Parágrafo único. A autoridade de trânsito que receber
Art. 283. (VETADO)
o recurso deverá remetê-lo, de pronto, à autoridade que
Art. 284. O pagamento da multa poderá ser efetuado
impôs a penalidade acompanhado das cópias dos prontuá-
até a data do vencimento expressa na notificação, por oi- rios necessários ao julgamento.
tenta por cento do seu valor. Art. 288. Das decisões da JARI cabe recurso a ser inter-
§ 1º Caso o infrator opte pelo sistema de notificação posto, na forma do artigo seguinte, no prazo de trinta dias
eletrônica, se disponível, conforme regulamentação do contado da publicação ou da notificação da decisão.
Contran, e opte por não apresentar defesa prévia nem § 1º O recurso será interposto, da decisão do não
recurso, reconhecendo o cometimento da infração, poderá provimento, pelo responsável pela infração, e da decisão
efetuar o pagamento da multa por 60% (sessenta por de provimento, pela autoridade que impôs a penalidade.
cento) do seu valor, em qualquer fase do processo, até § 2º (Revogado pela Lei nº 12.249, de 2010)
o vencimento da multa. (Incluído pela Lei nº 13.281, de Art. 289. O recurso de que trata o artigo anterior será
2016) (Vigência) apreciado no prazo de trinta dias:
123
NOÇÕES DE DIREITO
I - tratando-se de penalidade imposta pelo órgão ou Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a
entidade de trânsito da União: permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor
a) em caso de suspensão do direito de dirigir por mais pode ser imposta isolada ou cumulativamente com ou-
de seis meses, cassação do documento de habilitação ou tras penalidades. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de
penalidade por infrações gravíssimas, pelo CONTRAN; 2014) (Vigência)
b) nos demais casos, por colegiado especial integrado Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição
pelo Coordenador-Geral da JARI, pelo Presidente da Junta de se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veícu-
que apreciou o recurso e por mais um Presidente de Junta; lo automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos.
II - tratando-se de penalidade imposta por órgão ou § 1º Transitada em julgado a sentença condenatória,
entidade de trânsito estadual, municipal ou do Distrito Fe- o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em
deral, pelos CETRAN E CONTRANDIFE, respectivamente. quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira
Parágrafo único. No caso da alínea b do inciso I, quando de Habilitação.
houver apenas uma JARI, o recurso será julgado por seus § 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de
próprios membros. se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
Art. 290. Implicam encerramento da instância adminis- automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito
trativa de julgamento de infrações e penalidades: (Reda- de condenação penal, estiver recolhido a estabelecimento
ção dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) prisional.
I - o julgamento do recurso de que tratam os arts. 288 Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação
e 289; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) penal, havendo necessidade para a garantia da ordem pú-
II - a não interposição do recurso no prazo legal; e (In- blica, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou
cluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante
III - o pagamento da multa, com reconhecimento da representação da autoridade policial, decretar, em decisão
infração e requerimento de encerramento do processo na motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para
fase em que se encontra, sem apresentação de defesa ou dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção.
recurso. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão
Parágrafo único. Esgotados os recursos, as penalidades ou a medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento
aplicadas nos termos deste Código serão cadastradas no do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito,
sem efeito suspensivo.
RENACH.
Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou
a proibição de se obter a permissão ou a habilitação será
CAPÍTULO XIX
sempre comunicada pela autoridade judiciária ao Conselho
DOS CRIMES DE TRÂNSITO
Nacional de Trânsito - CONTRAN, e ao órgão de trânsito
Seção I
do Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou
Disposições Gerais
residente.
Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de cri-
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos
me previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de
automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo
gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabí-
este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como veis. (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008)
a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber. Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no
§ 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão pagamento, mediante depósito judicial em favor da víti-
corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei ma, ou seus sucessores, de quantia calculada com base no
no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente disposto no § 1º do art. 49 do Código Penal, sempre que
estiver: (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 11.705, houver prejuízo material resultante do crime.
de 2008) § 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao
I - sob a influência de álcool ou qualquer outra subs- valor do prejuízo demonstrado no processo.
tância psicoativa que determine dependência; (Incluído § 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts.
pela Lei nº 11.705, de 2008) 50 a 52 do Código Penal.
II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou § 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa
competição automobilística, de exibição ou demonstração reparatória será descontado.
de perícia em manobra de veículo automotor, não auto- Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as
rizada pela autoridade competente; (Incluído pela Lei nº penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do veí-
11.705, de 2008) culo cometido a infração:
III - transitando em velocidade superior à máxima per- I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou
mitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros;
hora).(Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008) II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas
§ 2o Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, ou adulteradas;
deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
da infração penal.(Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008) Habilitação;
124
NOÇÕES DE DIREITO
IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilita- Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do
ção de categoria diferente da do veículo; acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que
V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados lhe possa ser atribuída:
especiais com o transporte de passageiros ou de carga; Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade
equipamentos ou características que afetem a sua segu- psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou
rança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de outra substância psicoativa que determine dependên-
de velocidade prescritos nas especificações do fabricante; cia: (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanente- Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e
mente destinada a pedestres. suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habi-
Art. 299. (VETADO) litação para dirigir veículo automotor.
§ 1o As condutas previstas no caput serão constatadas
Art. 300. (VETADO)
por: (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de aciden-
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de
tes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 mili-
em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e in- grama de álcool por litro de ar alveolar; ou (Incluído pela
tegral socorro àquela. Lei nº 12.760, de 2012)
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo
Seção II Contran, alteração da capacidade psicomotora. (Incluído
Dos Crimes em Espécie pela Lei nº 12.760, de 2012)
§ 2o A verificação do disposto neste artigo poderá
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veí- ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico,
culo automotor: exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão meios de prova em direito admitidos, observado o direito
ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para à contraprova. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de
dirigir veículo automotor. 2014) (Vigência)
§ 1o No homicídio culposo cometido na direção de § 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os
veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito
à metade, se o agente: (Incluído pela Lei nº 12.971, de de caracterização do crime tipificado neste artigo. (Redação
2014) (Vigência) dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Ha-
a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor
bilitação; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) imposta com fundamento neste Código:
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; (In- Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com
cluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo ou de proibição.
sem risco pessoal, à vítima do acidente;(Incluído pela Lei nº Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o conde-
12.971, de 2014) (Vigência) nado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no §
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de
conduzindo veículo de transporte de passageiros. (Incluído Habilitação.
pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor,
V -(Revogado pela Lei nº 11.705, de 2008) em via pública, de corrida, disputa ou competição auto-
§ 2o (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) mobilística não autorizada pela autoridade competente,
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de gerando situação de risco à incolumidade pública ou priva-
veículo automotor: da: (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspen- Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, mul-
são ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação ta e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
para dirigir veículo automotor. habilitação para dirigir veículoautomotor. (Redação dada
pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço)
§ 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar
à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art.
lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias
302. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) demonstrarem que o agente não quis o resultado nem
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade
acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não po- é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das
dendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de soli- outras penas previstas neste artigo. (Incluído pela Lei nº
citar auxílio da autoridade pública: 12.971, de 2014) (Vigência)
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se § 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar
o fato não constituir elemento de crime mais grave. morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agente
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste ar- não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a
tigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja pena privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10
suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte (dez) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste
instantânea ou com ferimentos leves. artigo. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
125
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem como revisar todas as resoluções anteriores à sua publica-
a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se ção, dando prioridade àquelas que visam a diminuir o nú-
cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano: mero de acidentes e a assegurar a proteção de pedestres.
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. Parágrafo único. As resoluções do CONTRAN, existen-
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veí- tes até a data de publicação deste Código, continuam em
culo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação vigor naquilo em que não conflitem com ele.
cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a Art. 315. O Ministério da Educação e do Desporto, me-
quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por diante proposta do CONTRAN, deverá, no prazo de duzen-
embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com tos e quarenta dias contado da publicação, estabelecer o
segurança: currículo com conteúdo programático relativo à segurança
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. e à educação de trânsito, a fim de atender o disposto neste
Art. 310-A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.619, de Código.
2012) (Vigência) Art. 316. O prazo de notificação previsto no inciso II
Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a do parágrafo único do art. 281 só entrará em vigor após
segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações duzentos e quarenta dias contados da publicação desta Lei.
Art. 317. Os órgãos e entidades de trânsito concederão
de embarque e desembarque de passageiros, logradouros
prazo de até um ano para a adaptação dos veículos de con-
estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concen-
dução de escolares e de aprendizagem às normas do inciso
tração de pessoas, gerando perigo de dano: III do art. 136 e art. 154, respectivamente.
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. Art. 318. (VETADO)
Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de aciden- Art. 319. Enquanto não forem baixadas novas normas
te automobilístico com vítima, na pendência do respectivo pelo CONTRAN, continua em vigor o disposto no art. 92 do
procedimento policial preparatório, inquérito policial ou Regulamento do Código Nacional de Trânsito - Decreto nº
processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, 62.127, de 16 de janeiro de 1968.
a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz: Art. 319-A. Os valores de multas constantes deste Có-
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. digo poderão ser corrigidos monetariamente pelo Contran,
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ain- respeitado o limite da variação do Índice Nacional de Pre-
da que não iniciados, quando da inovação, o procedimento ços ao Consumidor Amplo (IPCA) no exercício anterior. (In-
preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere. cluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302 Parágrafo único. Os novos valores decorrentes do
a 312 deste Código, nas situações em que o juiz aplicar disposto no caput serão divulgados pelo Contran com,
a substituição de pena privativa de liberdade por pena no mínimo, 90 (noventa) dias de antecedência de sua
restritiva de direitos, esta deverá ser de prestação de ser- aplicação. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
viço à comunidade ou a entidades públicas, em uma das Art. 320. A receita arrecadada com a cobrança das mul-
tas de trânsito será aplicada, exclusivamente, em sinaliza-
seguintes atividades: (Incluído pela Lei nº 13.281, de
ção, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fisca-
2016) (Vigência) lização e educação de trânsito.
I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate § 1º O percentual de cinco por cento do valor das multas
dos corpos de bombeiros e em outras unidades móveis es- de trânsito arrecadadas será depositado, mensalmente, na
pecializadas no atendimento a vítimas de trânsito; (Incluí- conta de fundo de âmbito nacional destinado à segurança
do pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) e educação de trânsito. (Redação dada pela Lei nº 13.281,
II - trabalho em unidades de pronto-socorro de hos- de 2016) (Vigência)
pitais da rede pública que recebem vítimas de acidente de § 2º O órgão responsável deverá publicar, anualmente,
trânsito e politraumatizados; (Incluído pela Lei nº 13.281, na rede mundial de computadores (internet), dados
de 2016) (Vigência) sobre a receita arrecadada com a cobrança de multas de
III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas trânsito e sua destinação. (Incluído pela Lei nº 13. 281, de
na recuperação de acidentados de trânsito; (Incluído pela 2016) (Vigência)
Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) Art. 320-A. Os órgãos e as entidades do Sistema Na-
IV - outras atividades relacionadas ao resgate, aten- cional de Trânsito poderão integrar-se para a ampliação e
dimento e recuperação de vítimas de acidentes de trânsi- o aprimoramento da fiscalização de trânsito, inclusive por
to. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) meio do compartilhamento da receita arrecadada com a
cobrança das multas de trânsito. (Redação dada pela Lei
nº 13.281, de 2016)
CAPÍTULO XX
Art. 321. (VETADO)
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 322. (VETADO)
Art. 323. O CONTRAN, em cento e oitenta dias, fixará a
Art. 313. O Poder Executivo promoverá a nomeação metodologia de aferição de peso de veículos, estabelecen-
dos membros do CONTRAN no prazo de sessenta dias da do percentuais de tolerância, sendo durante este período
publicação deste Código. suspensa a vigência das penalidades previstas no inciso V
Art. 314. O CONTRAN tem o prazo de duzentos e qua- do art. 231, aplicando-se a penalidade de vinte UFIR por
renta dias a partir da publicação deste Código para expe- duzentos quilogramas ou fração de excesso.
dir as resoluções necessárias à sua melhor execução, bem
126
NOÇÕES DE DIREITO
Parágrafo único. Os limites de tolerância a que se refere § 4o É vedado o retorno do veículo leiloado como
este artigo, até a sua fixação pelo CONTRAN, são aque- sucata à circulação. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
les estabelecidos pela Lei nº 7.408, de 25 de novembro de § 5o A cobrança das despesas com estada no depósito
1985. será limitada ao prazo de seis meses. (Incluído pela Lei nº
Art. 324. (VETADO) 13.160, de 2015)
Art. 325. As repartições de trânsito conservarão por, § 6o Os valores arrecadados em leilão deverão ser
no mínimo, 5 (cinco) anos os documentos relativos à ha- utilizados para custeio da realização do leilão, dividindo-se
bilitação de condutores, ao registro e ao licenciamento de os custos entre os veículos arrematados, proporcionalmente
veículos e aos autos de infração de trânsito. (Redação dada ao valor da arrematação, e destinando-se os valores
pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) remanescentes, na seguinte ordem, para: (Incluído pela Lei
§ 1º Os documentos previstos no caput poderão nº 13.160, de 2015)
ser gerados e tramitados eletronicamente, bem como
I – as despesas com remoção e estada; (Incluído pela
arquivados e armazenados em meio digital, desde
Lei nº 13.160, de 2015)
que assegurada a autenticidade, a fidedignidade, a
confiabilidade e a segurança das informações, e serão II – os tributos vinculados ao veículo, na forma do §
válidos para todos os efeitos legais, sendo dispensada, 10; (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
nesse caso, a sua guarda física. (Incluído pela Lei nº 13.281, III – os credores trabalhistas, tributários e titulares de
de 2016) (Vigência) crédito com garantia real, segundo a ordem de preferência
§ 2º O Contran regulamentará a geração, a tramitação, estabelecida no art. 186 da Lei no 5.172, de 25 de outubro
o arquivamento, o armazenamento e a eliminação de de 1966 (Código Tributário Nacional); (Incluído pela Lei nº
documentos eletrônicos e físicos gerados em decorrência 13.160, de 2015)
da aplicação das disposições deste Código. (Incluído pela IV – as multas devidas ao órgão ou à entidade respon-
Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) sável pelo leilão; (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 3º Na hipótese prevista nos §§ 1º e 2º, o sistema de- V – as demais multas devidas aos órgãos integrantes
verá ser certificado digitalmente, atendidos os requisitos de do Sistema Nacional de Trânsito, segundo a ordem crono-
autenticidade, integridade, validade jurídica e interoperabi- lógica; e (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
lidade da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP- VI – os demais créditos, segundo a ordem de preferên-
-Brasil). (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) cia legal. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
Art. 326. A Semana Nacional de Trânsito será comemo- § 7o Sendo insuficiente o valor arrecadado para quitar
rada anualmente no período compreendido entre 18 e 25 os débitos incidentes sobre o veículo, a situação será
de setembro.
comunicada aos credores. (Incluído pela Lei nº 13.160, de
Art. 327. A partir da publicação deste Código, somen-
2015)
te poderão ser fabricados e licenciados veículos que obe-
deçam aos limites de peso e dimensões fixados na forma § 8o Os órgãos públicos responsáveis serão comunicados
desta Lei, ressalvados os que vierem a ser regulamentados do leilão previamente para que formalizem a desvinculação
pelo CONTRAN. dos ônus incidentes sobre o veículo no prazo máximo de
Parágrafo único. (VETADO) dez dias. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
Art. 328. O veículo apreendido ou removido a qualquer § 9o Os débitos incidentes sobre o veículo antes da
título e não reclamado por seu proprietário dentro do pra- alienação administrativa ficam dele automaticamente
zo de sessenta dias, contado da data de recolhimento, será desvinculados, sem prejuízo da cobrança contra o
avaliado e levado a leilão, a ser realizado preferencialmente proprietário anterior. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
por meio eletrônico. (Redação dada pela Lei nº 13.160, de § 10. Aplica-se o disposto no § 9o inclusive ao débito
2015) relativo a tributo cujo fato gerador seja a propriedade, o
§ 1o Publicado o edital do leilão, a preparação domínio útil, a posse, a circulação ou o licenciamento de
poderá ser iniciada após trinta dias, contados da data de veículo. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
recolhimento do veículo, o qual será classificado em duas § 11. Na hipótese de o antigo proprietário reaver o
categorias: (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) veículo, por qualquer meio, os débitos serão novamente
I – conservado, quando apresenta condições de segu- vinculados ao bem, aplicando-se, nesse caso, o disposto
rança para trafegar; e (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) nos §§ 1o, 2o e 3o do art. 271. (Incluído pela Lei nº 13.160,
II – sucata, quando não está apto a trafegar. (Incluído
de 2015)
pela Lei nº 13.160, de 2015)
§ 12. Quitados os débitos, o saldo remanescente será
§ 2o Se não houver oferta igual ou superior ao valor da
avaliação, o lote será incluído no leilão seguinte, quando depositado em conta específica do órgão responsável
será arrematado pelo maior lance, desde que por valor não pela realização do leilão e ficará à disposição do antigo
inferior a cinquenta por cento do avaliado. (Incluído pela proprietário, devendo ser expedida notificação a ele, no
Lei nº 13.160, de 2015) máximo em trinta dias após a realização do leilão, para o
§ 3o Mesmo classificado como conservado, o veículo levantamento do valor no prazo de cinco anos, após os
que for levado a leilão por duas vezes e não for arrematado quais o valor será transferido, definitivamente, para o fundo
será leiloado como sucata. (Incluído pela Lei nº 13.160, de a que se refere o parágrafo único do art. 320. (Incluído pela
2015) Lei nº 13.160, de 2015)
127
NOÇÕES DE DIREITO
§ 13. Aplica-se o disposto neste artigo, no que couber, IV - nome, endereço e identidade do comprador;
ao animal recolhido, a qualquer título, e não reclamado V - características do veículo constantes do seu certifi-
por seu proprietário no prazo de sessenta dias, a contar cado de registro;
da data de recolhimento, conforme regulamentação do VI - número da placa de experiência.
CONTRAN. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) § 2º Os livros terão suas páginas numeradas
§ 14. Se identificada a existência de restrição policial tipograficamente e serão encadernados ou em folhas soltas,
ou judicial sobre o prontuário do veículo, a autoridade sendo que, no primeiro caso, conterão termo de abertura
responsável pela restrição será notificada para a retirada e encerramento lavrados pelo proprietário e rubricados
do bem do depósito, mediante a quitação das despesas pela repartição de trânsito, enquanto, no segundo, todas
com remoção e estada, ou para a autorização do leilão nos as folhas serão autenticadas pela repartição de trânsito.
termos deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de § 3º A entrada e a saída de veículos nos estabelecimentos
2016) (Vigência) referidos neste artigo registrar-se-ão no mesmo dia em
§ 15. Se no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da que se verificarem assinaladas, inclusive, as horas a elas
notificação de que trata o § 14, não houver manifestação correspondentes, podendo os veículos irregulares lá
da autoridade responsável pela restrição judicial ou policial, encontrados ou suas sucatas ser apreendidos ou retidos
estará o órgão de trânsito autorizado a promover o leilão para sua completa regularização.
do veículo nos termos deste artigo. (Incluído pela Lei nº § 4º As autoridades de trânsito e as autoridades
13.281, de 2016) (Vigência) policiais terão acesso aos livros sempre que o solicitarem,
§ 16. Os veículos, sucatas e materiais inservíveis de não podendo, entretanto, retirá-los do estabelecimento.
bens automotores que se encontrarem nos depósitos há § 5º A falta de escrituração dos livros, o atraso, a fraude
mais de 1 (um) ano poderão ser destinados à reciclagem, ao realizá-lo e a recusa de sua exibição serão punidas com a
independentemente da existência de restrições sobre o multa prevista para as infrações gravíssimas, independente
veículo. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) das demais cominações legais cabíveis.
§ 17. O procedimento de hasta pública na hipótese § 6o Os livros previstos neste artigo poderão ser
do § 16 será realizado por lote de tonelagem de material substituídos por sistema eletrônico, na forma regulamentada
ferroso, observando-se, no que couber, o disposto neste pelo Contran. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
artigo, condicionando-se a entrega do material arrematado Art. 331. Até a nomeação e posse dos membros que
aos procedimentos necessários à descaracterização passarão a integrar os colegiados destinados ao julgamen-
total do bem e à destinação exclusiva, ambientalmente to dos recursos administrativos previstos na Seção II do Ca-
adequada, à reciclagem siderúrgica, vedado qualquer pítulo XVIII deste Código, o julgamento dos recursos ficará
aproveitamento de peças e partes. (Incluído pela Lei nº a cargo dos órgãos ora existentes.
13.281, de 2016) (Vigência) Art. 332. Os órgãos e entidades integrantes do Siste-
§ 18. Os veículos sinistrados irrecuperáveis queimados, ma Nacional de Trânsito proporcionarão aos membros do
adulterados ou estrangeiros, bem como aqueles sem CONTRAN, CETRAN e CONTRANDIFE, em serviço, todas as
possibilidade de regularização perante o órgão de trânsito, facilidades para o cumprimento de sua missão, fornecen-
serão destinados à reciclagem, independentemente do-lhes as informações que solicitarem, permitindo-lhes
do período em que estejam em depósito, respeitado inspecionar a execução de quaisquer serviços e deverão
o prazo previsto no caput deste artigo, sempre que atender prontamente suas requisições.
a autoridade responsável pelo leilão julgar ser essa a Art. 333. O CONTRAN estabelecerá, em até cento e vin-
medida apropriada. (Incluído pela Lei nº 13.281, de te dias após a nomeação de seus membros, as disposições
2016) (Vigência) previstas nos arts. 91 e 92, que terão de ser atendidas pelos
Art. 329. Os condutores dos veículos de que tratam os órgãos e entidades executivos de trânsito e executivos ro-
arts. 135 e 136, para exercerem suas atividades, deverão doviários para exercerem suas competências.
apresentar, previamente, certidão negativa do registro de § 1º Os órgãos e entidades de trânsito já existentes
distribuição criminal relativamente aos crimes de homicí- terão prazo de um ano, após a edição das normas, para
dio, roubo, estupro e corrupção de menores, renovável a se adequarem às novas disposições estabelecidas pelo
cada cinco anos, junto ao órgão responsável pela respecti- CONTRAN, conforme disposto neste artigo.
va concessão ou autorização. § 2º Os órgãos e entidades de trânsito a serem criados
Art. 330. Os estabelecimentos onde se executem re- exercerão as competências previstas neste Código em
formas ou recuperação de veículos e os que comprem, cumprimento às exigências estabelecidas pelo CONTRAN,
vendam ou desmontem veículos, usados ou não, são obri- conforme disposto neste artigo, acompanhados pelo
gados a possuir livros de registro de seu movimento de en- respectivo CETRAN, se órgão ou entidade municipal, ou
trada e saída e de uso de placas de experiência, conforme CONTRAN, se órgão ou entidade estadual, do Distrito
modelos aprovados e rubricados pelos órgãos de trânsito. Federal ou da União, passando a integrar o Sistema
§ 1º Os livros indicarão: Nacional de Trânsito.
I - data de entrada do veículo no estabelecimento; Art. 334. As ondulações transversais existentes deverão
II - nome, endereço e identidade do proprietário ou ser homologadas pelo órgão ou entidade competente no
vendedor; prazo de um ano, a partir da publicação deste Código, de-
III - data da saída ou baixa, nos casos de desmontagem; vendo ser retiradas em caso contrário.
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NOÇÕES DE DIREITO
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NOÇÕES DE DIREITO
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NOÇÕES DE DIREITO
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NOÇÕES DE DIREITO
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NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 5.º - Os direitos, deveres, vantagens e regime j) Delegado de Polícia Substituto;
de trabalho dos policiais civis e militares, bem como as l) Escrivão de Polícia Chefe II;
condições de ingresso as classes, séries de classes, carreiras m) Investigador de Polícia Chefe II;
ou quadros são estabelecidos em estatutos. n) Escrivão de Polícia Chefe I;
Artigo 6.º - É vedada, salvo com autorização expressa o) Investigador de Polícia Chefe I;
do Governador em cada caso, a utilização de integrantes II - na Tabela II (SQC-II):
dos órgãos policiais em funções estranhas ao serviço a) Chefe de Seção (Telecomunicação Policial);
policial, sob pena de responsabilidade da autoridade que b) Encarregado de Setor (Telecomunicação Policial);
o permitir. c) Chefe de Seção (Pesquisador Dactiloscópico Policial);
Parágrafo único - É considerado serviço policial, para d) Encarregado de Setor (Pesquisador Dactiloscópico
todos os efeitos inclusive arregimentação, o exercido em Policial)
cargo, ou funções de natureza policial, inclusive os de e) Encarregado de Setor (Carceragem);
ensino a esta legados.
f) Chefe de Seção (Dactiloscopista Policial);
Artigo 7.º - As funções administrativas e outras de na-
g) Encarregado de Setor (Dactiloscopista Policial);
tureza não policial serão exercidas por funcionário ou por
h) Perito Criminal Chefe; (NR)
servidor, admitido nos termos da legislação vigente não
i) Perito Criminal Encarregado. (NR)
pertencente às classes, séries de classes, carreiras e qua-
dros policiais. - Alíneas “h” e “i” acrescentadas pela Lei Complementar
Parágrafo único - Vetado. n° 247, de 06/04/1981.
Artigo 8.º - As guardas municipais, guardas noturnas III - na Tabela III (SQC-III)
e os serviços de segurança e vigilância, autorizados por lei, a) os das séries de classe de:
ficam sujeitos à orientação, condução e fiscalização da Se- 1. Delegado de Polícia;
cretaria da Segurança Pública, na forma de regulamentada 2. Escrivão de Polícia;
específica. 3. Investigador de Polícia;
b) os das seguintes classes:
TÍTULO II 1. Perito Criminal;
Da Polícia Civil 2. Técnico em Telecomunicações Policial;
CAPÍTULO I 3. Operador de Telecomunicações Policial;
Das Disposições Preliminares 4. Fotógrafo (Técnica Policial);
5. Inspetor de Diversões Públicas;
Artigo 9.º - Esta lei complementar estabelece as nor- 6. Auxiliar de Necrópsia;
mas, os direitos, os deveres e as vantagens dos titulares de 7. Pesquisador Dactiloscópico Policial;
cargos policiais civis do Estado. 8. Carcereiro;
Artigo 10. - Consideram-se para os fins desta lei com- 9. Dactiloscopista Policial;
plementar: 10. Agente Policial; (NR)
I - classe: conjunto de cargos públicos de natureza po- - Item 10 com redação dada pela Lei Complementar n.º
licial da mesma denominação e amplitude de vencimentos; 456, de 12/5/1986.
II - série de classes: conjunto de classes da mesma na- 11. Atendente de Necrotério Policial.
tureza de trabalho policial, hierarquicamente escalonadas § 1.º - Vetado.
de acordo com o grau de complexidade das atribuições e § 2.º - O provimento dos cargos de que trata o inciso
nível de responsabilidade; II deste artigo far-se-á por transposição, na forma prevista
III - carreira policial: conjunto de cargos de natureza
no artigo 27 da Lei Complementar n.º 180, de 12 de maio
policial civil, de provimento efetivo.
de 1978.
Artigo 11 - São classes policiais civis aquelas constan-
§ 3.º - Vetado.
tes do anexo que faz parte integrante desta lei comple-
mentar.
Artigo 12 - As classes e as séries de classes policiais CAPÍTULO II
civis integram o Quadro da Secretaria da Segurança Pública Vetado
na seguinte conformidade:
I - na Tabela I (SQC-I): Artigo 13 - Vetado.
a) Delegado Geral de Polícia; Artigo 14 - Vetado:
b) Diretor Geral de Polícia (Departamento Policial); I - vetado;
c) Assistente Técnico de Polícia; II - vetado;
d) Delegado Regional de Polícia; III - vetado;
e) Diretor de Divisão Policial; IV - vetado;
f) Vetado; V - vetado.
g) Vetado; § 1.º - vetado.
h) Assistente de Planejamento e Controle Policial; § 2.º - vetado.
i) Vetado; § 3.º - Vetado.
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NOÇÕES DE DIREITO
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NOÇÕES DE DIREITO
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NOÇÕES DE DIREITO
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NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 50 - O policial civil que ficar inválido ou que Parágrafo único - Em nenhuma hipótese, a Adminis-
vier a falecer em conseqüência de lesões recebidas ou de tração poderá recusar-se a protocolar, encaminhar ou apre-
doenças contraídas em razão do serviço será promovido à ciar a petição, sob pena de responsabilidade do agente.
classe imediatamente superior. (NR) (NR)
§ 1º - Se o policial civil estiver enquadrado na última - Artigo 55 com redação dada pela Lei Complementar n°
classe da carreira, ser-lhe-á atribuída a diferença entre o 922, de 02/07/2002.
valor do padrão de vencimento do seu cargo e o da classe Artigo 56 - Qualquer pessoa poderá reclamar sobre
imediatamente inferior. (NR) abuso, erro, omissão ou conduta incompatível no serviço
§ 2º - A concessão do benefício será precedida da policial. (NR)
competente apuração, retroagindo seus efeitos à data da - Artigo 56 com redação dada pela Lei Complementar n°
invalidez ou da morte. (NR) 922, de 02/07/2002.
§ 3º - O policial inválido nos termos deste artigo será Artigo 57 - Ao policial civil é assegurado o direito de
aposentado com proventos decorrentes da promoção, requerer ou representar, bem como, nos termos desta lei
observado o disposto no parágrafo anterior. (NR) complementar, pedir reconsideração e recorrer de deci-
§ 4º - Aos beneficiários do policial civil falecido sões. (NR)
nos termos deste artigo será deferida pensão mensal - Artigo 57 com redação dada pela Lei Complementar n°
correspondente aos vencimentos integrais, observado o 922, de 02/07/2002.
disposto nos parágrafos anteriores. (NR)
- Artigo 50 com redação dada Lei Complementar n° 765, CAPÍTULO VII
de 12/12/1994. Do Elogio
Artigo 51 - Ao cônjuge, companheiro ou companheira
ou, na falta destes, à pessoa que provar ter feito despesas Artigo 58 - Entende-se por elogio, para os fins desta
em virtude do falecimento do policial civil, ativo ou inativo, lei, a menção nominal ou coletiva que deva constar dos as-
será concedido auxílio-funeral, a título de benefício assis- sentamentos funcionais do policial civil por atos meritórios
tencial, de valor correspondente a 1 (um) mês da respectiva que haja praticado.
remuneração. (NR) Artigo 59 - O elogio destina-se a ressaltar:
§ 1º - O pagamento será efetuado pelo órgão I - morte, invalidez ou lesão corporal de natureza gra-
competente, mediante apresentação de atestado de ve, no cumprimento do dever;
óbito pelas pessoas indicadas no “caput” deste artigo, II - ato que traduza dedicação excepcional no
ou procurador legalmente habilitado, feita a prova de cumprimento do dever, transcendendo ao que e
identidade. (NR) normalmente exigível do policial civil por disposição legal
§ 2º - No caso de ficar comprovado, por meio de ou regulamentar e que importe ou possa importar risco da
competente apuração que o óbito do policial civil decorreu própria segurança pessoal;
de lesões recebidas no exercício de suas funções ou III - execução de serviços que, pela sua relevância e
doenças delas decorrentes, o benefício será acrescido do pelo que representam para a instituição ou para a coletivi-
valor correspondente a mais 1 (um) mês da respectiva dade, mereçam ser enaltecidos como reconhecimento pela
remuneração, cujo pagamento será efetivado mediante atividade desempenhada.
apresentação de alvará judicial. (NR) Artigo 60 - Não constitui motivo para elogio o cum-
§ 3º - O pagamento do benefício previsto neste artigo, primento dos deveres impostos ao policial civil.
caso as despesas tenham sido custeadas por terceiros, em Artigo 61 - São competentes para determinar a inscri-
virtude da contratação de planos funerários, somente será ção de elogios nos assentamentos do policial o Secretário
efetivado mediante apresentação de alvará judicial. (NR) da Segurança e o Delegado Geral de Polícia, ouvido, no
- Artigo 51 com redação dada pela Lei Complementar n° caso deste, o Conselho da Polícia Civil.
1.123, de 01/07/2010. Parágrafo único - Os elogios nos casos dos incisos II e
Artigo 52 - O policial civil que sofrer lesões no exer- III do artigo 59 serão obrigatoriamente considerados para
cício de suas funções deverá ser encaminhado a qualquer efeito de avaliação de desempenho.
hospital, público ou particular às expensas do Estado.
Artigo 53 - Ao policial civil processado por ato pra- CAPÍTULO VIII
ticado no desempenho de função policial, será prestada Dos Deveres, das Transgressões Disciplinares e das
assistência judiciária na forma que dispuser o regulamento. Responsabilidades
Artigo 54 - Vetado. SEÇÃO I
Parágrafo único - Vetado. Dos Deveres
CAPÍTULO VI Artigo 62 - São deveres do policial civil:
Do Direito de Petição I - ser assíduo e pontual;
II - ser leal as instituições;
Artigo 55 - É assegurado a qualquer pessoa, física ou III - cumprir as normas legais e regulamentares;
jurídica, independentemente de pagamento, o direito de IV - zelar pela economia e conservação dos bens do
petição contra ilegalidade ou abuso de poder e para defesa Estado, especialmente daqueles cuja guarda ou utilização
de direitos. (NR) lhe for confiada;
137
NOÇÕES DE DIREITO
V - desempenhar com zelo e presteza as missões que XI - usar vestuário incompatível com o decoro da
lhe forem contidas, usando moderadamente de força ou função;
outro meio adequado de que dispõe, para esse fim; XII - descurar de sua aparência física ou do asseio;
VI - informar incontinente toda e qualquer alteração de XIII - apresentar-se ao trabalho alcoolizado ou sob
endereço da residência e número de telefone, se houver; efeito de substância que determine dependência física ou
VII - prestar informações corretas ou encaminhar o psíquica;
solicitante a quem possa prestá-las; XIV - lançar intencionalmente, em registros oficiais,
VIII - comunicar o endereço onde possa ser encontrado, papeis ou quaisquer expedientes, dados errôneos,
quando dos afastamentos regulamentares; incompletos ou que possam induzir a erro, bem como
IX - proceder na vida pública e particular de modo a inserir neles anotações indevidas;
dignificar a função policial; XV - faltar, salvo motivo relevante a ser comunicado
X - residir na sede do município onde exerça o cargo por escrito no primeiro dia em que comparecer à sua sede
ou função, ou onde autorizado; de exercício, a ato processual, judiciário ou administrativo,
XI - frequentar, com assiduidade, para fins de do qual tenha sido previamente cientificado;
aperfeiçoamento e atualização de conhecimentos XVI - utilizar, para fins particulares, qualquer que seja o
profissionais, cursos instituídos periodicamente pela pretexto, material pertencente ao Estado;
Academia de Polícia; XVII - interferir indevidamente em assunto de natureza
XII - portar a carteira funcional; policial, que não seja de sua competência;
XIII - promover as comemorações do «Dia da Policia» XVIII - fazer uso indevido de bens ou valores que lhe
a 21 de abril, ou delas participar, exaltando o vulto de Joa- cheguem as mãos, em decorrência da função, ou não en-
quim José da Silva Xavier, o Tiradentes, Patrono da Polícia; tregá-los, com a brevidade possível, a quem de direito;
XIV - ser leal para com os companheiros de trabalho e XIX - exibir, desnecessariamente, arma, distintivo ou
com eles cooperar e manter espirito de solidariedade; algema;
XV - estar em dia com as normas de interesse policial; XX - deixar de ostentar distintivo quando exigido para
XVI - divulgar para conhecimento dos subordinados as o serviço;
normas referidas no inciso anterior; XXI - deixar de identificar-se, quando solicitado ou
quando as circunstâncias o exigirem;
XVII - manter discrição sobre os assuntos da repartição
XXII - divulgar ou propiciar a divulgação, sem
e, especialmente, sobre despachos, decisões e providências.
autorização da autoridade competente, através da imprensa
escrita, falada ou televisada, de fato ocorrido na repartição.
SEÇÃO II
XXIII - promover manifestações contra atos da
Das Transgressões Disciplinares
administração ou movimentos de apreço ou desapreço a
qualquer autoridade;
Artigo 63 - São transgressões disciplinares:
XXIV - referir-se de modo depreciativo às autoridades
I - manter relações de amizade ou exibir-se em público
e a atos da administração pública, qualquer que seja o
com pessoas de notórios e desabonadores antecedentes meio empregado para esse fim;
criminais, salvo por motivo de serviço; XXV - retirar, sem prévia autorização da autoridade
II - constituir-se procurador de partes ou servir de in- competente, qualquer objeto ou documentos da reparti-
termediário, perante qualquer repartição pública, salvo ção;
quando se tratar de interesse de cônjuge ou parente até XXVI - tecer comentários que possam gerar descrédito
segundo grau; da instituição policial;
III - descumprir ordem superior salvo quando manifes- XXVII - valer-se do cargo com o fim, ostensivo ou
tamente ilegal, representando neste caso; IV - não tomar as velado, de obter proveito de qualquer natureza para si ou
providências necessárias ou deixar de comunicar, imediata- para terceiros;
mente, à autoridade competente, faltas ou irregularidades XXVIII - deixar de reassumir exercício sem motivo
de que tenha conhecimento; justo, ao final dos afastamentos regulares ou, ainda depois
V - deixar de oficiar tempestivamente nos expedientes de saber que qualquer deste foi interrompido por ordem
que lhe forem encaminhados; superior;
VI - negligenciar na execução de ordem legítima; XXIX - atribuir-se qualidade funcional diversa do cargo
VII - interceder maliciosamente em favor de parte; ou função que exerce;
VIII - simular doença para esquivar-se ao cumprimento XXX - fazer uso indevido de documento funcional,
de obrigação; arma, algema ou bens da repartição ou cedê-los a terceiro;
IX - faltar, chegar atrasado ou abandonar escala XXXI - maltratar ou permitir maltrato físico ou moral a
de serviço ou plantões, ou deixar de comunicar, com preso sob sua guarda;
antecedência, à autoridade a que estiver subordinado, XXXII - negligenciar na revista a preso;
a impossibilidade de comparecer à repartição, salvo por XXXIII - desrespeitar ou procrastinar o cumprimento
motivo justo; de decisão ou ordem judicial;
X - permutar horário de serviço ou execução de tarefa XXXIV - tratar o superior hierárquico, subordinado ou
sem expressa permissão da autoridade competente; colega sem o devido respeito ou deferência;
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NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 98 - Autuada a portaria e demais peças pree- § 3º - Não tendo o acusado recursos financeiros ou
xistentes, designará o presidente dia e hora para audiência negando-se a constituir advogado, o presidente nomeará
de interrogatório, determinando a citação do acusado e a advogado dativo. (NR)
notificação do denunciante, se houver. (NR) § 4º - O acusado poderá, a qualquer tempo, constituir
§ 1º - O mandado de citação deverá conter: (NR) advogado para prosseguir na sua defesa. (NR)
1 - cópia da portaria; (NR) - Artigo 102 com redação dada pela Lei Complementar
2 - data, hora e local do interrogatório, que poderá ser n° 922, de 02/07/2002.
acompanhado pelo advogado do acusado; (NR) Artigo 103 - Comparecendo ou não o acusado ao in-
3 - data, hora e local da oitiva do denunciante, se terrogatório, inicia-se o prazo de 3 (três) dias para requerer
houver, que deverá ser acompanhada pelo advogado do a produção de provas, ou apresentálas. (NR)
acusado; (NR) § 1º - Ao acusado é facultado arrolar até 5 (cinco)
4 - esclarecimento de que o acusado será defendido testemunhas. (NR)
por advogado dativo, caso não constitua advogado § 2º - A prova de antecedentes do acusado será feita
próprio; (NR) exclusivamente por documentos, até as alegações finais.
5 - informação de que o acusado poderá arrolar (NR)
testemunhas e requerer provas, no prazo de 3 (três) dias § 3º - Até a data do interrogatório, será designada a
após a data designada para seu interrogatório; (NR) audiência de instrução. (NR)
6 - advertência de que o processo será extinto se o - Artigo 103 com redação dada pela Lei Complementar
acusado pedir exoneração até o interrogatório, quando se n° 922, de 02/07/2002.
tratar exclusivamente de abandono de cargo. (NR) Artigo 104 - Na audiência de instrução, serão ouvidas,
§ 2º - A citação do acusado será feita pessoalmente, no pela ordem, as testemunhas arroladas pelo presidente, em
mínimo 2 (dois) dias antes do interrogatório, por intermédio número não superior a 5 (cinco), e pelo acusado. (NR)
do respectivo superior hierárquico, ou diretamente, onde Parágrafo único - Tratando-se de servidor público,
possa ser encontrado. (NR) seu comparecimento poderá ser solicitado ao respectivo
§ 3º - Não sendo encontrado, furtando-se o acusado superior imediato com as indicações necessárias. (NR)
à citação ou ignorando-se seu paradeiro, a citação far-se-á - Artigo 104 com redação dada pela Lei Complementar
por edital, publicado uma vez no Diário Oficial do Estado,
n° 922, de 02/07/2002.
no mínimo 10 (dez) dias antes do interrogatório. (NR)
Artigo 105 - A testemunha não poderá eximir-se de
- Artigo 98 com redação dada pela Lei Complementar n°
depor, salvo se for ascendente, descendente, cônjuge, ain-
922, de 02/07/2002.
da que legalmente separado, companheiro, irmão, sogro
Artigo 99 - Havendo denunciante, este deverá prestar
e cunhado, pai, mãe ou filho adotivo do acusado, exceto
declarações, no interregno entre a data da citação e a fixa-
quando não for possível, por outro modo, obter-se ou inte-
da para o interrogatório do acusado, sendo notificado para
grar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. (NR)
tal fim. (NR)
§ 1º - A oitiva do denunciante deverá ser acompanhada § 1º - Se o parentesco das pessoas referidas for com
pelo advogado do acusado, próprio ou dativo. (NR) o denunciante, ficam elas proibidas de depor, observada a
§ 2º - O acusado não assistirá à inquirição do exceção deste artigo. (NR)
denunciante; antes porém de ser interrogado, poderá ter § 2º - Ao policial civil que se recusar a depor, sem justa
ciência das declarações que aquele houver prestado. (NR) causa, será pela autoridade competente aplicada a sanção
- Artigo 99 com redação dada pela Lei Complementar n° a que se refere o artigo 82, mediante comunicação do
922, de 02/07/2002. presidente. (NR)
Artigo 100 - Não comparecendo o acusado, será, por § 3º - O policial civil que tiver de depor como testemu-
despacho, decretada sua revelia, prosseguindo-se nos de- nha fora da sede de seu exercício, terá direito a transporte
mais atos e termos do processo. (NR) e diárias na forma da legislação em vigor, podendo ainda
- Artigo 100 com redação dada pela Lei Complementar expedir-se precatória para esse efeito à autoridade do do-
n° 922, de 02/07/2002. micílio do depoente. (NR)
Artigo 101 - Ao acusado revel será nomeado advoga- § 4º - São proibidas de depor as pessoas que, em razão
do dativo. (NR) de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar
- Artigo 101 com redação dada pela Lei Complementar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada,
n° 922, de 02/07/2002. quiserem dar o seu testemunho. (NR)
Artigo 102 - O acusado poderá constituir advogado - Artigo 105 com redação dada pela Lei Complementar
que o representará em todos os atos e termos do processo. n° 922, de 02/07/2002.
(NR) Artigo 106 - A testemunha que morar em comarca di-
§ 1º - É faculdade do acusado tomar ciência ou assistir versa poderá ser inquirida pela autoridade do lugar de sua
aos atos e termos do processo, não sendo obrigatória residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória,
qualquer notificação. (NR) com prazo razoável, intimada a defesa. (NR)
§ 2º - O advogado será intimado por publicação no § 1º - Deverá constar da precatória a síntese da
Diário Oficial do Estado, de que conste seu nome e número imputação e os esclarecimentos pretendidos. (NR)
de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, bem como § 2º - A expedição da precatória não suspenderá a
os dados necessários à identificação do procedimento. (NR) instrução do procedimento. (NR)
143
NOÇÕES DE DIREITO
§ 3º - Findo o prazo marcado, o procedimento poderá - Artigo 111 com redação dada pela Lei Complementar
prosseguir até final decisão; a todo tempo, a precatória, n° 922, de 02/07/2002.
uma vez devolvida, será juntada aos autos. (NR) Artigo 112 - Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista
- Artigo 106 com redação dada pela Lei Complementar dos autos à defesa, que poderá apresentar alegações finais,
n° 922, de 02/07/2002. no prazo de 7 (sete) dias. (NR)
Artigo 107 - As testemunhas arroladas pelo acusado Parágrafo único - Não apresentadas no prazo as ale-
comparecerão à audiência designada independente de no- gações finais, o presidente designará advogado dativo,
tificação. (NR) assinando-lhe novo prazo. (NR)
§ 1º - Deverá ser notificada a testemunha cujo - Artigo 112 com redação dada pela Lei Complementar
depoimento for relevante e que não comparecer n° 922, de 02/07/2002.
espontaneamente. (NR) Artigo 113 - O relatório deverá ser apresentado no
§ 2º - Se a testemunha não for localizada, a defesa prazo de 10 (dez) dias, contados da apresentação das ale-
poderá substitui-la, se quiser, levando na mesma gações finais. (NR)
data designada para a audiência outra testemunha, § 1º - O relatório deverá descrever, em relação a cada
independente de notificação. (NR) acusado, separadamente, as irregularidades imputadas,
- Artigo 107 com redação dada pela Lei Complementar as provas colhidas e as razões de defesa, propondo a
n° 922, de 02/07/2002. absolvição ou punição e indicando, nesse caso, a pena que
Artigo 108 - Em qualquer fase do processo, poderá o entender cabível. (NR)
presidente, de ofício ou a requerimento da defesa, ordenar § 2º - O relatório deverá conter, também, a sugestão
diligências que entenda convenientes. (NR) de quaisquer outras providências de interesse do serviço
§ 1º - As informações necessárias à instrução do público. (NR)
processo serão solicitadas diretamente, sem observância - Artigo 113 com redação dada pela Lei Complementar
de vinculação hierárquica, mediante ofício, do qual cópia n° 922, de 02/07/2002.
Artigo 114 - Relatado, o processo será encaminhado
será juntada aos autos. (NR)
ao Delegado Geral de Polícia, que o submeterá ao Conse-
§ 2º - Sendo necessário o concurso de técnicos ou
lho da Polícia Civil, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas.
peritos oficiais, o presidente os requisitará, observados os
(NR)
impedimentos do artigo 105. (NR)
§ 1º - O Presidente do Conselho da Polícia Civil, no
- Artigo 108 com redação dada pela Lei Complementar
prazo de 20 (vinte) dias, poderá determinar a realização de
n° 922, de 02/07/2002. diligência, sempre que necessário ao esclarecimento dos
Artigo 109 - Durante a instrução, os autos do proce- fatos. (NR)
dimento administrativo permanecerão na repartição com- § 2º - Determinada a diligência, a autoridade encarre-
petente. (NR) gada do processo administrativo terá prazo de 15 (quinze)
§ 1º - Será concedida vista dos autos ao acusado, dias para seu cumprimento, abrindo vista à defesa para
mediante simples solicitação, sempre que não prejudicar o manifestar-se em 5 (cinco) dias. (NR)
curso do procedimento. (NR) § 3º - Cumpridas as diligências, o Conselho da Polícia
§ 2º - A concessão de vista será obrigatória, no prazo Civil emitirá parecer conclusivo, no prazo de 20 (vinte) dias,
para manifestação do acusado ou para apresentação de encaminhando os autos ao Delegado Geral de Polícia. (NR)
recursos, mediante publicação no Diário Oficial do Estado. § 4º - O Delegado Geral de Polícia, no prazo de 10
(NR) (dez) dias, emitirá manifestação conclusiva e encaminhará
§ 3º - Ao advogado é assegurado o direito de retirar o processo administrativo à autoridade competente para
os autos da repartição, mediante recibo, durante o prazo decisão. (NR)
para manifestação de seu representado, salvo na hipótese § 5º - A autoridade que proferir decisão determinará os
de prazo comum, de processo sob regime de segredo de atos dela decorrentes e as providências necessárias a sua
justiça ou quando existirem nos autos documentos originais execução. (NR)
de difícil restauração ou ocorrer circunstância relevante - Artigo 114 com redação dada pela Lei Complementar
que justifique a permanência dos autos na repartição, n° 922, de 02/07/2002.
reconhecida pela autoridade em despacho motivado. (NR) Artigo 115 - Terão forma processual resumida, quan-
- Artigo 109 com redação dada pela Lei Complementar do possível, todos os termos lavrados pelo secretário, quais
n° 922, de 02/07/2002. sejam: autuação, juntada, conclusão, intimação, data de re-
Artigo 110 - Somente poderão ser indeferidos pelo cebimento, bem como certidões e compromissos. (NR)
presidente, mediante decisão fundamentada, os reque- Parágrafo único - Toda e qualquer juntada aos autos
rimentos de nenhum interesse para o esclarecimento do se fará na ordem cronológica da apresentação, rubricando
fato, bem como as provas ilícitas, impertinentes, desneces- o presidente as folhas acrescidas. (NR)
sárias ou protelatórias. (NR) - Artigo 115 com redação dada pela Lei Complementar
- Artigo 110 com redação dada pela Lei Complementar n° 922, de 02/07/2002.
n° 922, de 02/07/2002. Artigo 116 - Não será declarada a nulidade de ne-
Artigo 111 - Quando, no curso do procedimento, nhum ato processual que não houver influído na apuração
surgirem fatos novos imputáveis ao acusado, poderá ser da verdade substancial ou diretamente na decisão do pro-
promovida a instauração de novo procedimento para sua cesso ou sindicância. (NR)
apuração, ou, caso conveniente, aditada a portaria, reabrin- - Artigo 116 com redação dada pela Lei Complementar
do-se oportunidade de defesa. (NR) n° 922, de 02/07/2002.
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NOÇÕES DE DIREITO
Chefe de Seção
(Dactiloscopista Po- SQC-II 24 41 II VE-2
licial)
Encarregado de Se-
Encarregado de Setor
SQC-II 17 34 II VE-2 tor (Dactiloscopista SQC-II 17 34 II VE-2
(Dactiloscopista Policial)
Policial)
Perito Criminal Chefe
- Classe incluída pela Lei Perito Criminal
SQC-II 44 65 IV VE-4 SQC-II 44 65 IV VE-4
Complementar nº 247, Chefe
de 06/04/1981.
Perito Criminal Encarre-
gado
Perito Criminal
- Classe incluída pela Lei SQC-II 42 63 IV VE-4 SQC-II 42 63 IV VE-4
Encarregado
Complementar nº 247,
de 06/04/1981.
Perito Criminal SQC-III 40 61 IV VE-4 Perito Criminal SQC-III 40 61 IV VE-4
Técnico de Telecomuni- Técnico de Teleco-
SQC-III 27 44 II VE-2 SQC-III 27 44 II VE-2
cações Policial municações Policial
Operador de Tele-
Operador de Telecomu-
SQC-III 27 44 II VE-2 comunicações Po- SQC-III 27 44 II VE-2
nicações Policial
licial
Fotógrafo (Técnica Poli- Fotógrafo (Técnica
SQC-III 27 44 II VE-2 SQC-III 27 44 II VE-2
cial) Policial)
Inspetor de Diversões Inspetor de Diver-
SQC-III 27 44 II VE-2 SQC-III 27 44 II VE-2
Públicas sões Públicas
Auxiliar de Necróp-
Auxiliar de Necrópsia SQC-III 27 44 II VE-2 SQC-III 27 44 II VE-2
sia
Pesquisador Dactiloscó- Pesquisador Dacti-
SQC-III 24 41 II VE-2 SQC-III 24 41 II VE-2
pico Policial loscópico Policial
Carcereiro SQC-III 23 40 II VE-2 Carcereiro SQC-III 23 40 II VE-2
Dactiloscopista Po-
Dactiloscopista Policial SQC-III 16 31 I VE-1 SQC-III 16 31 I VE-1
licial
Motorista Policial
- Vide Lei Complementar SQC-III 16 33 II VE-2 Motorista Policial SQC-III 16 33 II VE-2
n° 456, de 12/05/1986.
Atendente de Necroté- Atendente de Ne-
SQC-III 15 32 II VE-2 SQC-III 15 32 II VE-2
rio Policial crotério Policial
- Vide Lei Complementar nº 219, de 10/07/1979.
- Vide Lei Complementar nº 247, de 06/04/1981.
SITUAÇÃO ATUAL SITUAÇÃO NOVA
Referência Referência
DENOMINAÇÃO Tabela A V DENOMINAÇÃO Tabela A V
Inicial Final Inicial Final
SÉRIE DE CLASSES SÉRIE DE CLASSES
Delegado de Polí-
Delegado de Polícia:
cia:
Delegado de Polícia Delegado de Polícia
SQC-III 52 71 III VE-2 SQC-III 52 71 III VE-2
Classe Especial Classe Especial
Delegado de Polícia 1ª Delegado de Polícia
SQC-III 50 69 III VE-2 SQC-III 50 69 III VE-2
Classe 1ª Classe
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NOÇÕES DE DIREITO
Altera a Lei Complementar nº 207, de 5 de janeiro de 1979 - Lei Orgânica da Polícia do Estado de São Paulo, e
dá providências correlatas.
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NOÇÕES DE DIREITO
§ 2º - Compete às autoridades enumeradas neste arti- § 1º - O início da apuração será comunicado ao Dele-
go, até o inciso III, inclusive, a aplicação de pena a Delega- gado de Polícia Diretor da Corregedoria, devendo ser con-
do de Polícia. (NR) cluída e a este encaminhada no prazo de 30 (trinta) dias.
§ 3º - Para o exercício da competência prevista nos in- (NR)
cisos I e II será ouvido o órgão de consultoria jurídica. (NR) § 2º - Não concluída no prazo a apuração, a autoridade
§ 4º - Para a aplicação da pena prevista no artigo 68 é deverá imediatamente encaminhar ao Delegado de Polícia
competente o Delegado Geral de Polícia.” (NR); Diretor da Corregedoria relatório das diligências realizadas
III - o artigo 80: e definir o tempo necessário para o término dos trabalhos.
“Artigo 80 - Extingue-se a punibilidade pela prescrição: (NR)
I - da falta sujeita à pena de advertência, repreensão, § 3º - Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade
multa ou suspensão, em 2 (dois) anos; (NR) deverá opinar fundamentadamente pelo arquivamento ou
II - da falta sujeita à pena de demissão, demissão a bem pela instauração de sindicância ou processo administrativo.
do serviço público e de cassação da aposentadoria ou dis- (NR)
ponibilidade, em 5 (cinco) anos; (NR) Artigo 86 - Determinada a instauração de sindicância
III - da falta prevista em lei como infração penal, no ou processo administrativo, ou no seu curso, havendo con-
prazo de prescrição em abstrato da pena criminal, se for veniência para a
superior a 5 (cinco) anos. (NR) instrução ou para o serviço policial, poderá o Delegado
§ 1º - A prescrição começa a correr: (NR) Geral de Polícia, por despacho fundamentado, ordenar as
1 - do dia em que a falta for cometida; (NR) seguintes providências: (NR)
2 - do dia em que tenha cessado a continuação ou a I - afastamento preventivo do policial civil, quando o
permanência, nas faltas continuadas ou permanentes. (NR) recomendar a moralidade administrativa ou a repercussão
§ 2º - Interrompe a prescrição a portaria que instaura do fato, sem prejuízo de vencimentos ou vantagens, até
sindicância e a que instaura processo administrativo. (NR) 180 (cento e oitenta) dias, prorrogáveis uma única vez por
§ 3º - O lapso prescricional corresponde: (NR) 1 - na igual período; (NR)
hipótese de desclassificação da infração, ao da pena efeti- II - designação do policial acusado para o exercício de
vamente aplicada; (NR) atividades exclusivamente burocráticas até decisão final do
2 - na hipótese de mitigação ou atenuação, ao da pena procedimento; (NR)
em tese cabível. (NR) III - recolhimento de carteira funcional, distintivo, ar-
§ 4º - A prescrição não corre: (NR) mas e algemas; (NR)
1 - enquanto sobrestado o processo administrativo IV - proibição do porte de armas; (NR)
para aguardar decisão judicial, na forma do § 3º do artigo V - comparecimento obrigatório, em periodicidade a
65; (NR) ser estabelecida, para tomar ciência dos atos do procedi-
2 - enquanto insubsistente o vínculo funcional que ve- mento. (NR)
nha a ser restabelecido. (NR) § 1º - O Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria,
§ 5º - A decisão que reconhecer a existência de prescri- ou qualquer autoridade que determinar a instauração ou
ção deverá determinar, desde logo, as providências neces- presidir sindicância ou processo administrativo, poderá re-
sárias à apuração da responsabilidade pela sua ocorrência.” presentar ao Delegado Geral de Polícia para propor a apli-
(NR); cação das medidas previstas neste artigo, bem como sua
IV - os artigos 84 a 128, agrupados nas seções e capí- cessação ou alteração. (NR)
tulos a seguir indicados: § 2º - O Delegado Geral de Polícia poderá, a qualquer
momento, por despacho fundamentado, fazer cessar ou al-
“SEÇÃO III terar as medidas previstas neste artigo. (NR)
Das Providências Preliminares (NR) § 3º - O período de afastamento preventivo compu-
ta- se como de efetivo exercício, não sendo descontado da
Artigo 84 - A autoridade policial que, por qualquer pena de suspensão eventualmente aplicada. (NR)
meio, tiver conhecimento de irregularidade praticada por
policial civil, comunicará imediatamente o fato ao órgão CAPÍTULO X
corregedor, sem prejuízo das medidas urgentes que o caso Do Procedimento Disciplinar (NR)
exigir. (NR) SEÇÃO I
Parágrafo único - Ao instaurar procedimento adminis- Das Disposições Gerais
trativo ou de polícia judiciária contra policial civil, a auto-
ridade que o presidir comunicará o fato ao Delegado de Artigo 87 - A apuração das infrações será feita median-
Polícia Diretor da Corregedoria. (NR) te sindicância ou processo administrativo, assegurados o
Artigo 85 - A autoridade corregedora realizará apu- contraditório e a ampla defesa. (NR).
ração preliminar, de natureza simplesmente investigativa, Artigo 88 - Será instaurada sindicância quando a falta
quando a infração não estiver suficientemente caracteriza- disciplinar, por sua natureza, possa determinar as penas de
da ou definida autoria. (NR) advertência, repreensão, multa e suspensão. (NR)
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NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 89 - Será obrigatório o processo administrativo Parágrafo único - A autoridade ou o funcionário desig-
quando a falta disciplinar, por sua natureza, possa determi- nado deverão comunicar, desde logo, à autoridade compe-
nar a pena de demissão, demissão a bem do serviço pú- tente, o impedimento que houver. (NR)
blico, cassação de aposentadoria ou disponibilidade. (NR) Artigo 97 - O processo administrativo deverá ser ins-
§ 1º - Não será instaurado processo para apurar aban- taurado por portaria, no prazo improrrogável de 8 (oito)
dono de cargo, se o servidor tiver pedido exoneração. (NR) dias do recebimento da determinação, e concluído no de
§ 2º - Extingue-se o processo instaurado exclusivamen- 90 (noventa) dias da citação do acusado. (NR)
te para apurar abandono de cargo, se o indiciado pedir § 1º - Da portaria deverá constar o nome e a identifi-
exoneração até a data designada para o interrogatório, ou cação do acusado, a infração que lhe é atribuída, com des-
por ocasião deste. (NR) crição sucinta dos fatos e indicação das normas infringidas.
(NR)
SEÇÃO II § 2º - Vencido o prazo, caso não concluído o processo,
Da Sindicância a autoridade deverá imediatamente encaminhar ao Dele-
gado de Polícia Diretor da Corregedoria relatório indicando
Artigo 90 - São competentes para determinar a instau- as providências faltantes e o tempo necessário para térmi-
ração de sindicância as autoridades enumeradas no artigo no dos trabalhos. (NR)
70. (NR) § 3º - Caso o processo não esteja concluído no prazo
Parágrafo único - Quando a determinação incluir Dele- de 180 (cento e oitenta) dias, o Delegado de Polícia Dire-
gado de Polícia, a competência é das autoridades enume- tor da Corregedoria deverá justificar o fato circunstancia-
radas no artigo 70, até o inciso IV, inclusive. (NR) damente ao Delegado Geral de Polícia e ao Secretário da
Artigo 91 - Instaurada a sindicância, a autoridade que a Segurança Pública. (NR)
presidir comunicará o fato à Corregedoria Geral da Polícia Artigo 98 - Autuada a portaria e demais peças pree-
Civil e ao órgão setorial de pessoal. (NR) xistentes, designará o presidente dia e hora para audiência
Artigo 92 - Aplicam-se à sindicância as regras previs- de interrogatório, determinando a citação do acusado e a
tas nesta lei complementar para o processo administrativo, notificação do denunciante, se houver. (NR)
com as seguintes modificações: (NR) § 1º - O mandado de citação deverá conter: (NR)
I - a autoridade sindicante e cada acusado poderão ar- 1 - cópia da portaria; (NR)
rolar até 3 (três) testemunhas; (NR) 2 - data, hora e local do interrogatório, que poderá ser
II - a sindicância deverá estar concluída no prazo de 60 acompanhado pelo advogado do acusado; (NR)
(sessenta) dias; (NR) 3 - data, hora e local da oitiva do denunciante, se hou-
III - com o relatório, a sindicância será enviada à auto- ver, que deverá ser acompanhada pelo advogado do acu-
ridade competente para a decisão. (NR) sado; (NR)
Artigo 93 - O Delegado Geral de Polícia poderá, quan- 4 - esclarecimento de que o acusado será defendido
do entender conveniente, solicitar manifestação do Conse- por advogado dativo, caso não constitua advogado pró-
lho da Polícia Civil, antes de opinar ou proferir decisão em prio; (NR)
sindicância. (NR) 5 - informação de que o acusado poderá arrolar teste-
munhas e requerer provas, no prazo de 3 (três) dias após a
SEÇÃO III data designada para seu interrogatório; (NR)
Do Processo Administrativo 6 - advertência de que o processo será extinto se o
acusado pedir exoneração até o interrogatório, quando se
Artigo 94 - São competentes para determinar a instau- tratar exclusivamente de abandono de cargo. (NR)
ração de processo administrativo as autoridades enumera- § 2º - A citação do acusado será feita pessoalmente,
das no artigo 70, até o inciso IV, inclusive. (NR) no mínimo 2 (dois) dias antes do interrogatório, por inter-
Parágrafo único - Quando a determinação incluir Dele- médio do respectivo superior hierárquico, ou diretamente,
gado de Polícia, a competência é das autoridades enume- onde possa ser encontrado. (NR)
radas no artigo 70, até o inciso III, inclusive. (NR) § 3º - Não sendo encontrado, furtando-se o acusado
Artigo 95 - O processo administrativo será presidido à citação ou ignorando-se seu paradeiro, a citação far-se-á
por Delegado de Polícia, que designará como secretário por edital, publicado uma vez no Diário Oficial do Estado,
um Escrivão de Polícia. (NR) no mínimo 10 (dez) dias antes do interrogatório. (NR)
Parágrafo único - Havendo imputação contra Delega- Artigo 99 - Havendo denunciante, este deverá prestar
do de Polícia, a autoridade que presidir a apuração será de declarações, no interregno entre a data da citação e a fixa-
classe igual ou superior à do acusado. (NR) da para o interrogatório do acusado, sendo notificado para
Artigo 96 - Não poderá ser encarregado da apuração, tal fim. (NR)
nem atuar como secretário, amigo íntimo ou inimigo, pa- § 1º - A oitiva do denunciante deverá ser acompanhada
rente consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até pelo advogado do acusado, próprio ou dativo. (NR)
o terceiro grau inclusive, cônjuge, companheiro ou qual- § 2º - O acusado não assistirá à inquirição do denun-
quer integrante do núcleo familiar do denunciante ou do ciante; antes porém de ser interrogado, poderá ter ciência
acusado, bem assim o subordinado deste. (NR) das declarações que aquele houver prestado. (NR)
151
NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 100 - Não comparecendo o acusado, será, por Artigo 106 - A testemunha que morar em comarca di-
despacho, decretada sua revelia, prosseguindo-se nos de- versa poderá ser inquirida pela autoridade do lugar de sua
mais atos e termos do processo. (NR) residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória,
Artigo 101 - Ao acusado revel será nomeado advogado com prazo razoável, intimada a defesa. (NR)
dativo. (NR) § 1º - Deverá constar da precatória a síntese da impu-
Artigo 102 - O acusado poderá constituir advogado tação e os esclarecimentos pretendidos. (NR)
que o representará em todos os atos e termos do processo. § 2º - A expedição da precatória não suspenderá a ins-
(NR) trução do procedimento. (NR)
§ 1º - É faculdade do acusado tomar ciência ou assistir § 3º - Findo o prazo marcado, o procedimento pode-
aos atos e termos do processo, não sendo obrigatória qual- rá prosseguir até final decisão; a todo tempo, a precatória,
quer notificação. (NR) uma vez devolvida, será juntada aos autos. (NR)
§ 2º - O advogado será intimado por publicação no Artigo 107 - As testemunhas arroladas pelo acusado
Diário Oficial do Estado, de que conste seu nome e núme- comparecerão à audiência designada independente de no-
ro de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, bem tificação. (NR)
como os dados necessários à identificação do procedimen- § 1º - Deverá ser notificada a testemunha cujo depoi-
to. (NR) mento for relevante e que não comparecer espontanea-
§ 3º - Não tendo o acusado recursos financeiros ou mente. (NR)
negando-se a constituir advogado, o presidente nomeará § 2º - Se a testemunha não for localizada, a defesa po-
advogado dativo. (NR) derá substituí-la, se quiser, levando na mesma data desig-
§ 4º - O acusado poderá, a qualquer tempo, constituir nada para a audiência outra testemunha, independente de
advogado para prosseguir na sua defesa. (NR) notificação. (NR)
Artigo 103 - Comparecendo ou não o acusado ao in- Artigo 108 - Em qualquer fase do processo, poderá o
terrogatório, inicia-se o prazo de 3 (três) dias para requerer presidente, de ofício ou a requerimento da defesa, ordenar
a produção de provas, ou apresentá-las. (NR) diligências que entenda convenientes. (NR)
§ 1º - Ao acusado é facultado arrolar até 5 (cinco) tes- § 1º - As informações necessárias à instrução do pro-
temunhas. (NR) cesso serão solicitadas diretamente, sem observância de
§ 2º - A prova de antecedentes do acusado será feita vinculação hierárquica, mediante ofício, do qual cópia será
exclusivamente por documentos, até as alegações finais. juntada aos autos. (NR)
(NR) § 2º - Sendo necessário o concurso de técnicos ou pe-
§ 3º - Até a data do interrogatório, será designada a ritos oficiais, o presidente os requisitará, observados os im-
audiência de instrução. (NR) pedimentos do artigo 105. (NR)
Artigo 104 - Na audiência de instrução, serão ouvidas, Artigo 109 - Durante a instrução, os autos do procedi-
pela ordem, as testemunhas arroladas pelo presidente, em mento administrativo permanecerão na repartição compe-
número não superior a 5 (cinco), e pelo acusado. (NR) tente. (NR)
Parágrafo único - Tratando-se de servidor público, seu § 1º - Será concedida vista dos autos ao acusado, me-
comparecimento poderá ser solicitado ao respectivo supe- diante simples solicitação, sempre que não prejudicar o
rior imediato com as indicações necessárias. (NR) curso do procedimento. (NR)
Artigo 105 - A testemunha não poderá eximir-se de § 2º - A concessão de vista será obrigatória, no prazo
depor, salvo se for ascendente, descendente, cônjuge, ain- para manifestação do acusado ou para apresentação de re-
da que legalmente separado, companheiro, irmão, sogro cursos, mediante publicação no Diário Oficial do Estado.
e cunhado, pai, mãe ou filho adotivo do acusado, exceto (NR)
quando não for possível, por outro modo, obter-se ou inte- § 3º - Ao advogado é assegurado o direito de retirar os
grar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. (NR) autos da repartição, mediante recibo, durante o prazo para
§ 1º - Se o parentesco das pessoas referidas for com manifestação de seu representado, salvo na hipótese de
o denunciante, ficam elas proibidas de depor, observada a prazo comum, de processo sob regime de segredo de jus-
exceção deste artigo. (NR) tiça ou quando existirem nos autos documentos originais
§ 2º - Ao policial civil que se recusar a depor, sem justa de difícil restauração ou ocorrer circunstância relevante que
causa, será pela autoridade competente aplicada a sanção justifique a permanência dos autos na repartição, reconhe-
a que se refere o artigo 82, mediante comunicação do pre- cida pela autoridade em despacho motivado. (NR)
sidente. (NR) Artigo 110 - Somente poderão ser indeferidos pelo
§ 3º - O policial civil que tiver de depor como testemu- presidente, mediante decisão fundamentada, os reque-
nha fora da sede de seu exercício, terá direito a transporte rimentos de nenhum interesse para o esclarecimento do
e diárias na forma da legislação em vigor, podendo ainda fato, bem como as provas ilícitas, impertinentes, desneces-
expedir-se precatória para esse efeito à autoridade do do- sárias ou protelatórias. (NR)
micílio do depoente. (NR) Artigo 111 - Quando, no curso do procedimento, surgi-
§ 4º - São proibidas de depor as pessoas que, em razão rem fatos novos imputáveis ao acusado, poderá ser promo-
de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar vida a instauração de novo procedimento para sua apura-
segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, qui- ção, ou, caso conveniente, aditada a portaria, reabrindo-se
serem dar o seu testemunho. (NR) oportunidade de defesa. (NR)
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NOÇÕES DE DIREITO
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NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 125 - O exame da admissibilidade do pedido de Artigo 3º - Serão adaptados os procedimentos em
revisão será feito pela autoridade que aplicou a penalidade, curso na data da entrada em vigor desta lei complementar,
ou que a tiver confirmado em grau de recurso. (NR) cabendo ao presidente tomar as providências necessárias,
Artigo 126 - Deferido o processamento da revisão, será ouvido o acusado.
este realizado por Delegado de Polícia de classe igual ou Parágrafo único - O presidente da Comissão
superior à do acusado, que não tenha funcionado no pro- Processante assumirá a condução do processo
cedimento disciplinar de que resultou a punição do reque- administrativo em curso, podendo propor, motivadamente,
rente. (NR) ao Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria, sua
Artigo 127 - Recebido o pedido, o presidente provi- substituição por outro membro.
denciará o apensamento dos autos originais e notificará o Artigo 4º - Os policiais civis que tiverem recebido
requerente para, no prazo de 8 (oito) dias, oferecer rol de punição da qual ainda caiba recurso ou pedido de
testemunhas, ou requerer outras provas que pretenda pro- reconsideração, terão prazo decadencial de 30 (trinta)
duzir. (NR) dias para a respectiva interposição, na forma desta lei
Parágrafo único - No processamento da revisão serão complementar.
observadas as normas previstas nesta lei complementar Parágrafo único - A Administração publicará aviso,
para o processo administrativo. (NR)
por 3 (três) vezes, no Diário Oficial do Estado, quanto ao
Artigo 128 - A decisão que julgar procedente a revisão
disposto no “caput”, contando-se o prazo do primeiro dia
poderá alterar a classificação da infração, absolver o puni-
útil após a terceira publicação.
do, modificar a pena ou anular o processo, restabelecendo
Palácio dos Bandeirantes, 2 de julho de 2002.
os direitos atingidos pela decisão reformada. (NR)”
Artigo 2º - Ficam acrescentados à Lei Complementar
nº 207, de 5 de janeiro de 1979, os seguintes dispositivos: LEI COMPLEMENTAR Nº 1.151, DE 25 DE OUTU-
I - ao artigo 65, os §§ 1º, 2º e 3º: BRO DE 2011
§ 1º - A responsabilidade administrativa é independen- (Atualizada até a Lei Complementar nº 1.249, de
te da civil e da criminal. 03 de julho de 2014 )
§ 2º - Será reintegrado ao serviço público, no cargo
que ocupava e com todos os direitos e vantagens devidas, Dispõe sobre a reestruturação das carreiras de poli-
o servidor absolvido pela Justiça, mediante simples com- ciais civis, do Quadro da Secretaria da Segurança Públi-
provação do trânsito em julgado de decisão que negue a ca, e dá providências correlatas
existência de sua autoria ou do fato que deu origem à sua
demissão. O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
§ 3º - O processo administrativo só poderá ser sobres- Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu
tado para aguardar decisão judicial por despacho motivado promulgo a seguinte lei complementar:
da autoridade competente para aplicar a pena.” Artigo 1º - As carreiras policiais civis, do Quadro
II - ao artigo 74, o inciso VI: da Secretaria da Segurança Pública, de que trata a Lei
“VI - ausência ao serviço, sem causa justificável, por Complementar nº 494, de 24 de dezembro de 1986, altera-
mais de 45 (quarenta e cinco) dias, interpoladamente, du- da pela Lei Complementar nº 1.064, de 13 de novembro de
rante um ano.” 2008, ficam estruturadas, para efeito de escalonamento e
III - ao artigo 75, os incisos X, XI e XII: promoção, em quatro classes, dispostas hierarquicamente
“X - praticar ato definido como crime hediondo, tor- de acordo com o grau de complexidade das atribuições e
tura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e ter- nível de responsabilidade.
rorismo; Artigo 2º - As carreiras policiais civis passam a ser
XI - praticar ato definido como crime contra o Sistema compostas pelo quantitativo de cargos fixados no Anexo
Financeiro, ou de lavagem ou ocultação de bens, direitos I desta lei complementar, cujos ocupantes são distribuídos
ou valores;
hierarquicamente em ordem crescente na seguinte confor-
XII - praticar ato definido em lei como de improbidade.”
midade: (NR)
Artigo 3º - Esta lei complementar entra em vigor na
I - 3ª Classe; (NR)
data de sua publicação.
II - 2ª Classe; (NR)
Disposições Transitórias III - 1ª Classe; (NR)
IV - Classe Especial. (NR)
Artigo 1º - A nova tipificação acrescentada aos artigos - Artigo 2º com redação dada pela Lei Complementar
74 e 75 da Lei Complementar nº 207, de 5 de janeiro de nº 1.249, de 03/07/2014, produzindo efeitos a partir de
1979, só se aplica aos atos praticados após a entrada em 01/08/2014.
vigor desta lei complementar. Artigo 3º - O ingresso nas carreiras policiais civis, pre-
Artigo 2º - As demais disposições desta lei cedido de aprovação em concurso público de provas e tí-
complementar aplicam-se imediatamente, sem prejuízo tulos, darse- á na 3ª Classe, mediante nomeação em caráter
da validade dos atos realizados na vigência da legislação de estágio probatório, pelo exercício de 3 (três) anos de
anterior. efetivo exercício, obrigatoriamente em unidade territorial
154
NOÇÕES DE DIREITO
de polícia judiciária e da polícia técnico-científica, salvo § 1º - Durante o período a que se refere o “caput” deste
autorização do Secretário da Segurança Pública, mediante artigo, os integrantes das carreiras policiais civis serão ob-
representação do Delegado Geral de Polícia. (NR) servados e avaliados, semestralmente, no mínimo, quanto
- Artigo 3º com redação dada pela Lei Complementar aos seguintes requisitos:
nº 1.249, de 03/07/2014, produzindo efeitos a partir de 1 - aprovação no curso de formação técnico-
01/08/2014. profissional;
Artigo 4º - Constituem exigências prévias para inscri- 2 - conduta ilibada, na vida pública e na vida privada,
ção no concurso público de ingresso nas carreiras policiais inclusive em período anterior ao início do exercício; (NR)
civis ser portador de nível de escolaridade estabelecido 3 - aptidão, inclusive física e mental; (NR)
para cada carreira no artigo 5º da Lei Complementar nº - Itens 2 e 3 com redação dada pela Lei Complemen-
tar nº 1.249, de 03/07/2014, produzindo efeitos a partir de
494, de 24 de dezembro de 1986, e no artigo 1º da Lei
01/08/2014.
Complementar nº 1.067, de 1º de dezembro de 2008.
4 - disciplina;
Artigo 5º - O concurso público a que se refere o artigo 5 - assiduidade;
3º desta lei complementar será realizado em 5 (cinco) fases, 6 - dedicação ao serviço;
a saber: (NR) 7 - eficiência;
I - prova preambular com questões de múltipla esco- 8 - responsabilidade.
lha; (NR) § 2º - O curso de formação técnico-profissional, fase
II - prova escrita com questões dissertativas, quando inicial do estágio probatório, a que se refere o item 1 do §
for o caso, a ser regulada em edital de concurso público; 1º deste artigo, terá a duração mínima 3 (três) meses.
(NR) § 3º - O policial civil será considerado aprovado no
III - comprovação de idoneidade e conduta escorreita, curso de formação técnico-profissional desde que obtenha
mediante investigação social; (NR) nota mínima correspondente a 50% (cinquenta por cento)
IV - prova oral, obrigatória para todas as carreiras nas da pontuação máxima, em cada disciplina.
quais seja exigido nível de ensino superior, e facultativa § 4º - Durante o período de estágio probatório, será
para as demais, conforme deliberação do Conselho da Po- exonerado, mediante procedimento administrativo, a qual-
lícia Civil; (NR) quer tempo, o policial civil que não atender aos requisitos
V - prova de títulos, quando for o caso, a ser regulada estabelecidos neste artigo, assegurados o contraditório e a
em edital de concurso público. (NR) ampla defesa.
§ 5º - Os demais critérios e procedimentos para fins do
§ 1º - As fases a que se referem os incisos I a IV deste
cumprimento do estágio probatório serão estabelecidos
artigo serão sucessivas e de caráter eliminatório, e a do
em decreto, mediante proposta do Secretário da Seguran-
inciso V, de caráter classificatório. (NR) ça Pública, ouvida a Secretaria de Gestão Pública, no prazo
§ 2º - A aplicação de fases de que trata o “caput” máximo de 90 (noventa) dias a contar da data da publica-
poderá ser descentralizada para os núcleos de ensino da ção desta lei complementar.
Academia de Polícia, exceto aquela prevista no inciso IV § 6º - Cumpridos os requisitos para fins de estágio pro-
deste artigo. (NR) batório, o policial civil obterá estabilidade, mantido o nível
§ 3º - O edital de concurso estabelecerá o momento de ingresso na respectiva carreira.
em que o candidato deverá realizar exame de caráter Artigo 8º - Os vencimentos dos integrantes das
psicotécnico. (NR) carreiras policiais civis, de que trata o artigo 2º da Lei
- Artigo 5º com redação dada pela Lei Complementar Complementar nº 731, de 26 de outubro de 1993, alterado
nº 1.249, de 03/07/2014, produzindo efeitos a partir de pelo artigo 2º da Lei Complementar nº 1.064, de 13 de no-
01/08/2014. vembro de 2008, em decorrência de reclassificação, passam
Artigo 5º-A - Constitui requisito para fins de ingresso a ser fixados na seguinte conformidade:
nas carreiras policiais civis, além das previstas na Lei Com- I - Anexos II e III desta lei complementar, a partir de 1º
plementar nº 494, de 24 de dezembro de 1986, e na Lei de julho de 2011;
Complementar nº 1.067, de 1º de dezembro de 2008, a II - Anexos IV e V desta lei complementar, a partir de 1º
comprovação da capacidade física e mental. (NR) de agosto de 2012.
Artigo 9º - A evolução funcional dos integrantes das
- Artigo 5º-A acrescentado pela Lei Complementar
carreiras policiais civis dar-se-á por meio de promoção, que
nº 1.249, de 03/07/2014, produzindo efeitos a partir de
consiste na elevação à classe imediatamente superior da
01/08/2014. respectiva carreira.
Artigo 6º - O cargo de Superintendente da Polícia Téc- Artigo 10 - A promoção será processada pelo Con-
nico-Científica, de provimento em comissão, será ocupado, selho da Polícia Civil, adotados os critérios de antiguidade
alternadamente, por integrante das carreiras de Médico Le- e merecimento, realizando-se, no mínimo, uma promoção
gista e Perito Criminal, nos termos da lei. por semestre.
Artigo 7º - Os primeiros 3 (três) anos de efetivo exer- § 1º - A evolução funcional até a 1ª Classe das carreiras
cício nos cargos das carreiras policiais civis de 3ª Classe, a de policiais civis dar-se-á por quaisquer dos critérios esta-
que se refere o artigo 3º desta lei complementar, caracteri- belecidos neste artigo, e para a Classe Especial, somente
za-se como estágio probatório. por merecimento.
155
NOÇÕES DE DIREITO
§ 2º - O processo de promoção a que se refere o “ca- Artigo 14 - Na promoção por antiguidade, apurada
put” deste artigo instaura-se mediante Portaria do Presi- pelo tempo de efetivo exercício na classe, computado até
dente do Conselho da Polícia Civil. a data que antecede a abertura do respectivo processo,
Artigo 11 - A promoção de que trata o artigo 10 o empate na classificação final resolver-se-á observada a
desta lei complementar será processada na seguinte seguinte ordem:
conformidade: I - maior tempo de serviço na respectiva carreira;
I - alternadamente, em proporções iguais, por antigui- II - maior tempo de serviço público estadual;
dade e por merecimento, da 3ª até a 1ª Classe, limitado III - maior idade.
o quantitativo de promoções ao número correspondente Artigo 15 - A promoção por merecimento depende
de vacâncias ocorridas em cada uma das classes das res- do preenchimento dos requisitos e de avaliação do
pectivas carreiras, no período que antecede a abertura do merecimento.
respectivo processo; § 1º - Para fins de promoção a que se refere o “caput”
II - somente por merecimento, para a Classe Especial, deste artigo, além do interstício de que trata o artigo 12
limitado o quantitativo de promoções a um número que desta lei complementar, o policial civil deverá preencher os
não ultrapasse o contingente estabelecido no Anexo VI seguintes requisitos:
desta lei complementar, em atividade, na referida classe
1 - estar na primeira metade da lista de classificação
das respectivas carreiras.
em sua respectiva classe, salvo o disposto no inciso II do
§ 1º - O quantitativo de promoções a que se refere o
artigo 16 desta lei complementar; (NR)
inciso I deste artigo poderá ser acrescido em número cor-
respondente ao de promoções ocorridas dentro do próprio 2 - estar em efetivo exercício na Secretaria da Segurança
processo, inclusive aquelas ocorridas nos termos do artigo Pública, ou regularmente afastado para exercer cargo ou
22 desta lei complementar. função de interesse estritamente policial; (NR)
§ 2º - Poderá concorrer à promoção o policial civil - Itens 1 e 2 com redação dada pela Lei Complemen-
que, no período que anteceder a abertura do processo de tar nº 1.249, de 03/07/2014, produzindo efeitos a partir de
promoção: 01/08/2014.
1 - esteja em efetivo exercício na Secretaria da 3 - não ter sofrido punição disciplinar na qual tenha
Segurança Pública ou regularmente afastado para exercer sido imposta pena de:
cargo ou função de interesse estritamente policial; a) advertência ou de repreensão, nos 12 (doze) meses
2 - tenha cumprido o interstício a que se refere o artigo anteriores;
12 desta lei complementar. b) multa ou de suspensão, nos 24 (vinte e quatro) me-
§ 3º - A promoção de que trata o “caput” deste artigo ses anteriores.
produzirá efeitos a partir da data da publicação do ato a 4 - haver concluído, com aproveitamento, curso
que se refere o artigo 23 desta lei complementar. específico ministrado pela Academia de Polícia “Dr.
Artigo 12 - Poderá participar do processo de promo- Coriolano Nogueira Cobra. (NR)
ção de que trata o artigo 10 desta lei complementar o po- - Item 4 acrescentado pela Lei Complementar nº 1.249,
licial civil que tenha cumprido o interstício mínimo de: (NR) de 03/07/2014, produzindo efeitos a partir de 01/08/2014.
I - 3 (três) anos de efetivo exercício na 3ª Classe; (NR) § 2º - O preenchimento dos requisitos deverá ser apu-
II - 2 (dois) anos de efetivo exercício na 2ª e na 1ª rado pelo Conselho da Polícia Civil até a data que antecede
Classe. (NR) a abertura do processo de promoção.
- Artigo 12 com redação dada pela Lei Complemen- § 3º - A avaliação por merecimento será efetuada pelo
tar nº 1.249, de 03/04/2014, produzindo efeitos a partir de Conselho da Polícia Civil e deverá observar, entre outros, os
01/08/2014. seguintes critérios:
Artigo 13 - Interromper-se-á o interstício a que se re- 1 - conduta do candidato;
fere o artigo 12 desta lei complementar quando o policial
2 - assiduidade;
civil estiver afastado para ter exercício em cargo ou função
3 - eficiência;
de natureza diversa da do cargo ou função que exerce, ex-
4 - elaboração de trabalho técnico-científico de inte-
ceto quando:
I - afastado nos termos dos artigos 78, 79 e 80 da Lei resse policial.
nº 10.261, de 28 de outubro de 1968; 5 - coordenação ou efetiva participação em seminários,
II - afastado, sem prejuízo dos vencimentos, para cursos, congressos, simpósios, oficinas e outros eventos
participação em cursos, congressos ou demais certames reconhecidos, voltados ao aperfeiçoamento profissional.
afetos à sua área de atuação, pelo prazo máximo de 90 (NR)
(noventa) dias; - Item 5 acrescentado pela Lei Complementar nº 1.249,
III - afastado nos termos do § 1º do artigo 125 da de 03/07/2014, produzindo efeitos a partir de 01/08/2014.
Constituição do Estado; Artigo 16 - A promoção do policial civil da 1ª Clas-
IV - designado para função de direção, chefia ou se para a Classe Especial, até o limite previsto no inciso II
encarregatura retribuída mediante gratificação “pro labore” do artigo 11 desta lei complementar, deverá observar os
a que se refere o artigo 7º da Lei Complementar nº 731, de seguintes requisitos, além daqueles previstos no artigo 15
26 de outubro de 1993, com alterações posteriores, e o ar- desta lei complementar: (NR)
tigo 5º da Lei Complementar nº 1.064, de 13 de novembro I - o interstício de 20 (vinte) anos na respectiva carreira;
de 2008. (NR)
156
NOÇÕES DE DIREITO
II - encontrar-se, no mínimo, dentre os dois terços mais I - para a 2ª Classe da respectiva carreira, contar com
antigos dos classificados na 1ª Classe. (NR) 15 (quinze) anos de efetivo exercício na carreira, considera-
- Artigo 16 com redação dada pela Lei Complemen- do o tempo de estágio probatório;
tar nº 1.249, de 03/07/2014, produzindo efeitos a partir de II - para a 1ª Classe, se contar com 25 (vinte e cinco)
01/08/2014. anos de efetivo exercício na carreira. (NR)
Artigo 17 - Para promoção por merecimento serão - Inciso II com redação dada pela Lei Complementar
indicados policiais civis em número equivalente ao quanti- nº 1.249, de 03/07/2014, produzindo efeitos a partir de
tativo de promoções fixado para cada classe da respectiva 01/08/2014.
carreira, mais dois. § 1º - A promoção de que trata este artigo será reali-
§ 1º - A votação será descoberta e única para cada zada semestralmente, nos meses de março e setembro de
cada ano, e produzirá efeitos a partir da data subsequente
indicação.
ao implemento dos critérios estabelecidos nos incisos I e II
§ 2º - O policial civil com maior número de votos será
deste artigo.
considerado indicado para promoção. § 2º - Caberá ao órgão setorial de recursos humanos
§ 3º - Ao Presidente do Conselho da Polícia Civil caberá apresentar a lista dos policiais civis com direito à promoção
emitir o voto de qualidade, em caso de empate. de que trata este artigo, para homologação pelo Conselho
§ 4º - Quando o quantitativo fixado para promoção for da Polícia Civil.
superior ao número de indicações possíveis, observar-se-á Artigo 23 - Atendidas as exigências previstas nesta lei
lista de antiguidade para a respectiva promoção. complementar, as promoções serão efetivadas por ato do
Artigo 18 - Ao policial civil indicado para promoção Governador.
pelo Conselho da Polícia Civil e não promovido, fica asse- Artigo 24 - Na vacância, os cargos das carreiras
gurado o direito de novas indicações, desde que não so- policiais civis de 2ª Classe a Classe Especial retornarão à 3ª
brevenha punição administrativa. Classe da respectiva carreira.
Parágrafo único - O policial civil que figurar em três Artigo 25 - Os dispositivos adiante mencionados
listas consecutivas de merecimento terá sua promoção passam a vigorar com a seguinte redação:
assegurada, por esse critério, no processo de promoção I - a alínea “a” do inciso II do artigo 3º da Lei Com-
subsequente. plementar nº 696, de 18 de novembro de 1992, alterado
Artigo 19 - As listas dos policiais civis indicados à pro- pela Lei Complementar nº 1.114, de 26 de maio de 2010:
“Artigo 3º - Os valores do Adicional de Local de Exercí-
moção por antiguidade e merecimento, esta última dispos-
cio ficam fixados na seguinte conformidade:
ta em ordem alfabética, serão publicadas no Diário Oficial
............................................................................
do Estado, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, a partir II - para o Local II:
da data da portaria de instauração do respectivo processo. a) R$ 1.575,00 (mil, quinhentos e setenta e cinco reais),
§ 1º - Cabe reclamação, dentro do prazo de 5 (cinco) para o Delegado Geral de Polícia, Superintendente da Po-
dias úteis a partir da publicação, dirigida ao Presidente do lícia Técnico-Científica e para as carreiras de Delegado de
Conselho, contra a classificação na lista de antiguidade ou Polícia, Médico Legista e Perito Criminal;” (NR);
não indicação na lista de merecimento. II - os incisos I e II do artigo 4º da Lei Complementar nº
§ 2º - Findo o prazo, as reclamações serão distribuídas 1.114, de 26 de maio de 2010:
mediante rotatividade entre os membros do Conselho da “Artigo 4º - Quando a retribuição total mensal do po-
Polícia Civil, que deverão emitir parecer no prazo improrro- licial civil for inferior aos valores fixados neste artigo, será
gável de 3 (três) dias úteis. concedido abono complementar para que sua retribuição
§ 3º - Esgotado o prazo a que se refere o § 2º deste total mensal corresponda a esses valores, na seguinte con-
artigo, as reclamações serão submetidas à deliberação do formidade:
Conselho da Polícia Civil, que as decidirá no prazo impror- I - R$ 1.350,00 (mil, trezentos e cinquenta reais), para
rogável de 3 (três) dias úteis. as carreiras de Investigador de Polícia, Escrivão de Polícia,
§ 4º - A decisão e a alteração das listas, se houver, se- Agente Policial, Carcereiro, Auxiliar de Papiloscopista Po-
rão publicadas no Diário Oficial do Estado. licial, Atendente de Necrotério Policial, Papiloscopista Po-
licial, Desenhista Técnico-Pericial, Auxiliar de Necropsia,
§ 5º - Não caberá qualquer recurso contra a nova clas-
Agente de Telecomunicações Policial e Fotógrafo Técnico-
sificação.
-Pericial, quando o policial civil prestar serviços em muni-
Artigo 20 - O Presidente do Conselho da Polícia cípio com população inferior a 500.000 (quinhentos mil)
Civil encaminhará as listas de promoção ao Secretário da habitantes;
Segurança Pública, que as transmitirá ao Governador, para II - R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), para as carrei-
efetivação da promoção dos classificados por antiguidade ras de Investigador de Polícia, Escrivão de Polícia, Agen-
e por merecimento. te Policial, Carcereiro, Auxiliar de Papiloscopista Policial,
Artigo 21 - Os casos omissos serão objeto de delibe- Atendente de Necrotério Policial, Papiloscopista Policial,
ração do Conselho da Polícia Civil. Desenhista Técnico-Pericial, Auxiliar de Necropsia, Agente
Artigo 22 - Além da promoção prevista no artigo 10 de Telecomunicações Policial e Fotógrafo Técnico-Pericial,
desta lei complementar, o policial civil será promovido à quando o policial civil prestar serviços em município com
classe superior, independente de limite, observados os população igual ou superior 500.000 (quinhentos mil) ha-
seguintes critérios: bitantes.” (NR)
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NOÇÕES DE DIREITO
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NOÇÕES DE DIREITO
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NOÇÕES DE DIREITO
ANEXO VI
a que se refere o inciso II do artigo 11 da Lei Complemen-
tar nº 1.151, de 25/10/2011
160
NOÇÕES DE DIREITO
Mapa da lei:
Tratamento de informações
Artigo 31 Respeito às liberdades e garantias individuais
Pessoais
Responsabilidade dos
Artigos 32, 33, 34 Condutas ilícitas/Princípio do contraditório
agentes públicos
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da
Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e
dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União, Estados, Distrito Federal e Municí-
pios, com o fim de garantir o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3º do art. 37 e no §
2º do art. 216 da Constituição Federal.
98 http://www.acessoainformacao.gov.br/
161
NOÇÕES DE DIREITO
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei: determinado indivíduo, equipamento ou sistema;
I - os órgãos públicos integrantes da administração VIII - integridade: qualidade da informação não modi-
direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes ficada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino;
de Contas, e Judiciário e do Ministério Público; IX - primariedade: qualidade da informação coletada
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas na fonte, com o máximo de detalhamento possível, sem mo-
públicas, as sociedades de economia mista e demais enti- dificações.
dades controladas direta ou indiretamente pela União,
Estados, Distrito Federal e Municípios. Art. 5o É dever do Estado garantir o direito de acesso à
informação, que será franqueada, mediante procedimen-
Art. 2o Aplicam-se as disposições desta Lei, no que tos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em
couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que linguagem de fácil compreensão.
recebam, para realização de ações de interesse público,
recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante CAPÍTULO II
subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGA-
convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos congêne- ÇÃO
res.
Parágrafo único. A publicidade a que estão submeti- Art. 6o Cabe aos órgãos e entidades do poder público,
das as entidades citadas no caput refere-se à parcela dos observadas as normas e procedimentos específicos
recursos públicos recebidos e à sua destinação, sem pre- aplicáveis, assegurar a:
juízo das prestações de contas a que estejam legalmente I - gestão transparente da informação, propiciando
obrigadas. amplo acesso a ela e sua divulgação;
II - proteção da informação, garantindo-se sua dispo-
Art. 3o Os procedimentos previstos nesta Lei destinam- nibilidade, autenticidade e integridade; e
se a assegurar o direito fundamental de acesso à infor- III - proteção da informação sigilosa e da informa-
mação e devem ser executados em conformidade com os ção pessoal, observada a sua disponibilidade, autenticida-
princípios básicos da administração pública e com as seguin- de, integridade e eventual restrição de acesso.
tes diretrizes:
I - observância da publicidade como preceito geral e Art. 7o O acesso à informação de que trata esta Lei
do sigilo como exceção; compreende, entre outros, os direitos de obter:
II - divulgação de informações de interesse público, I - orientação sobre os procedimentos para a consecução
independentemente de solicitações; de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encon-
III - utilização de meios de comunicação viabiliza- trada ou obtida a informação almejada;
dos pela tecnologia da informação; II - informação contida em registros ou documentos,
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades,
transparência na administração pública; recolhidos ou não a arquivos públicos;
V - desenvolvimento do controle social da adminis- III - informação produzida ou custodiada por pessoa físi-
tração pública. ca ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com
seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha
Art. 4o Para os efeitos desta Lei, considera-se: cessado;
I - informação: dados, processados ou não, que podem IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualiza-
ser utilizados para produção e transmissão de conhecimen- da;
to, contidos em qualquer meio, suporte ou formato; V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos
II - documento: unidade de registro de informações, e entidades, inclusive as relativas à sua política, organização
qualquer que seja o suporte ou formato; e serviços;
III - informação sigilosa: aquela submetida tempora- VI - informação pertinente à administração do patrimô-
riamente à restrição de acesso público em razão de sua im- nio público, utilização de recursos públicos, licitação, contra-
prescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado; tos administrativos; e
IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa VII - informação relativa:
natural identificada ou identificável; a) à implementação, acompanhamento e resultados dos
V - tratamento da informação: conjunto de ações programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas,
referentes à produção, recepção, classificação, utilização, bem como metas e indicadores propostos;
acesso, reprodução, transporte, transmissão, distribuição, b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e to-
arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação, des- madas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno
tinação ou controle da informação; e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercí-
VI - disponibilidade: qualidade da informação que cios anteriores.
pode ser conhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos § 1o O acesso à informação previsto no caput não com-
ou sistemas autorizados; preende as informações referentes a projetos de pesquisa e
VII - autenticidade: qualidade da informação que te- desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja
nha sido produzida, expedida, recebida ou modificada por imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
162
NOÇÕES DE DIREITO
§ 2o Quando não for autorizado acesso integral à V - garantir a autenticidade e a integridade das infor-
informação por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado mações disponíveis para acesso;
o acesso à parte não sigilosa por meio de certidão, extrato VI - manter atualizadas as informações disponíveis para
ou cópia com ocultação da parte sob sigilo. acesso;
§ 3o O direito de acesso aos documentos ou às VII - indicar local e instruções que permitam ao interes-
informações neles contidas utilizados como fundamento da sado comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o
tomada de decisão e do ato administrativo será assegurado órgão ou entidade detentora do sítio; e
com a edição do ato decisório respectivo. VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a
§ 4o A negativa de acesso às informações objeto de acessibilidade de conteúdo para pessoas com deficiência,
pedido formulado aos órgãos e entidades referidas no art. nos termos do art. 17 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro
1o, quando não fundamentada, sujeitará o responsável a de 2000, e do art. 9o da Convenção sobre os Direitos das
medidas disciplinares, nos termos do art. 32 desta Lei. Pessoas com Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo
§ 5o Informado do extravio da informação solicitada, no 186, de 9 de julho de 2008.
poderá o interessado requerer à autoridade competente § 4o Os Municípios com população de até 10.000 (dez
a imediata abertura de sindicância para apurar o mil) habitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória
desaparecimento da respectiva documentação. na internet a que se refere o § 2o, mantida a obrigatoriedade
§ 6o Verificada a hipótese prevista no § 5o deste artigo, de divulgação, em tempo real, de informações relativas à
o responsável pela guarda da informação extraviada execução orçamentária e financeira, nos critérios e prazos
deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar previstos no art. 73-B da Lei Complementar no 101, de 4 de
testemunhas que comprovem sua alegação. maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal).
Art. 8o É dever dos órgãos e entidades públicas promo- Art. 9o O acesso a informações públicas será assegu-
ver, independentemente de requerimentos, a divulgação rado mediante:
em local de fácil acesso, no âmbito de suas competências, I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos
de informações de interesse coletivo ou geral por eles órgãos e entidades do poder público, em local com condições
produzidas ou custodiadas. apropriadas para:
§ 1o Na divulgação das informações a que se refere a) atender e orientar o público quanto ao acesso a
o caput, deverão constar, no mínimo: informações;
I - registro das competências e estrutura organizacional, b) informar sobre a tramitação de documentos nas
endereços e telefones das respectivas unidades e horários de suas respectivas unidades;
atendimento ao público; c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso
II - registros de quaisquer repasses ou transferências de a informações; e
recursos financeiros; II - realização de audiências ou consultas públicas,
III - registros das despesas; incentivo à participação popular ou a outras formas de
IV - informações concernentes a procedimentos licitató- divulgação.
rios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como
a todos os contratos celebrados; CAPÍTULO III
V - dados gerais para o acompanhamento de progra- DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO
mas, ações, projetos e obras de órgãos e entidades; e
VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade. Seção I
§ 2o Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos Do Pedido de Acesso
e entidades públicas deverão utilizar todos os meios e ins-
trumentos legítimos de que dispuserem, sendo obrigatória a Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar
divulgação em sítios oficiais da rede mundial de computa- pedido de acesso a informações aos órgãos e entidades
dores (internet). referidos no art. 1o desta Lei, por qualquer meio legítimo,
§ 3o Os sítios de que trata o § 2o deverão, na forma de devendo o pedido conter a identificação do requerente e a
regulamento, atender, entre outros, aos seguintes requisitos: especificação da informação requerida.
I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que per- § 1o Para o acesso a informações de interesse público,
mita o acesso à informação de forma objetiva, transparente, a identificação do requerente não pode conter exigências
clara e em linguagem de fácil compreensão; que inviabilizem a solicitação.
II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos for- § 2o Os órgãos e entidades do poder público devem
matos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais viabilizar alternativa de encaminhamento de pedidos de
como planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das acesso por meio de seus sítios oficiais na internet.
informações; § 3o São vedadas quaisquer exigências relativas aos
III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas ex- motivos determinantes da solicitação de informações de
ternos em formatos abertos, estruturados e legíveis por má- interesse público.
quina;
IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou
estruturação da informação; conceder o acesso imediato à informação disponível.
163
NOÇÕES DE DIREITO
164
NOÇÕES DE DIREITO
diciário e do Ministério Público, em seus respectivos âmbi- IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira,
tos, assegurado ao solicitante, em qualquer caso, o direito de econômica ou monetária do País;
ser informado sobre o andamento de seu pedido. V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações
estratégicos das Forças Armadas;
Art. 19. (VETADO). VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa
§ 1o (VETADO). e desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como
§ 2o Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Pú- a sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estraté-
blico informarão ao Conselho Nacional de Justiça e ao gico nacional;
Conselho Nacional do Ministério Público, respectivamen- VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de
te, as decisões que, em grau de recurso, negarem acesso a altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus fa-
informações de interesse público. miliares; ou
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem
Art. 20. Aplica-se subsidiariamente, no que couber, como de investigação ou fiscalização em andamento, rela-
a Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento cionadas com a prevenção ou repressão de infrações.
de que trata este Capítulo.
A lei “[´...] estabelece normas básicas sobre o processo Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades
administrativo no âmbito da Administração Federal direta públicas, observado o seu teor e em razão de sua imprescin-
e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos dibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, poderá
administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Admi- ser classificada como ultrassecreta, secreta ou reserva-
nistração” (artigo 1º da Lei nº 9.784/99). da.
§ 1o Os prazos máximos de restrição de acesso à infor-
CAPÍTULO IV mação, conforme a classificação prevista no caput, vigoram
DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO a partir da data de sua produção e são os seguintes:
I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;
Seção I II - secreta: 15 (quinze) anos; e
Disposições Gerais
III - reservada: 5 (cinco) anos.
§ 2o As informações que puderem colocar em risco a
Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação
segurança do Presidente e Vice-Presidente da República e
necessária à tutela judicial ou administrativa de direi-
respectivos cônjuges e filhos(as) serão classificadas como re-
tos fundamentais.
servadas e ficarão sob sigilo até o término do mandato em
Parágrafo único. As informações ou documentos que
exercício ou do último mandato, em caso de reeleição.
versem sobre condutas que impliquem violação dos direitos
§ 3o Alternativamente aos prazos previstos no § 1o, pode-
humanos praticada por agentes públicos ou a mando de
rá ser estabelecida como termo final de restrição de acesso
autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição de
acesso. a ocorrência de determinado evento, desde que este ocorra
antes do transcurso do prazo máximo de classificação.
Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais hi- § 4o Transcorrido o prazo de classificação ou consumado
póteses legais de sigilo e de segredo de justiça nem as o evento que defina o seu termo final, a informação tornar-
hipóteses de segredo industrial decorrentes da exploração -se-á, automaticamente, de acesso público.
direta de atividade econômica pelo Estado ou por pessoa fí- § 5o Para a classificação da informação em determinado
sica ou entidade privada que tenha qualquer vínculo com o grau de sigilo, deverá ser observado o interesse público da
poder público. informação e utilizado o critério menos restritivo possível,
considerados:
Seção II I - a gravidade do risco ou dano à segurança da socie-
Da Classificação da Informação quanto ao Grau e dade e do Estado; e
Prazos de Sigilo II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento
que defina seu termo final.
Art. 23. São consideradas imprescindíveis à seguran-
ça da sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de Seção III
classificação as informações cuja divulgação ou acesso ir- Da Proteção e do Controle de Informações Sigilosas
restrito possam:
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a
integridade do território nacional; divulgação de informações sigilosas produzidas por seus
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de nego- órgãos e entidades, assegurando a sua proteção.
ciações ou as relações internacionais do País, ou as que § 1o O acesso, a divulgação e o tratamento de informa-
tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros ção classificada como sigilosa ficarão restritos a pessoas que
Estados e organismos internacionais; tenham necessidade de conhecê-la e que sejam devidamen-
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da te credenciadas na forma do regulamento, sem prejuízo das
população; atribuições dos agentes públicos autorizados por lei.
165
NOÇÕES DE DIREITO
§ 2o O acesso à informação classificada como sigilosa Art. 28. A classificação de informação em qualquer
cria a obrigação para aquele que a obteve de resguardar o grau de sigilo deverá ser formalizada em decisão que con-
sigilo. terá, no mínimo, os seguintes elementos:
§ 3o Regulamento disporá sobre procedimentos e medi- I - assunto sobre o qual versa a informação;
das a serem adotados para o tratamento de informação sigi- II - fundamento da classificação, observados os critérios
losa, de modo a protegê-la contra perda, alteração indevida, estabelecidos no art. 24;
acesso, transmissão e divulgação não autorizados. III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, me-
ses ou dias, ou do evento que defina o seu termo final, con-
Art. 26. As autoridades públicas adotarão as providên- forme limites previstos no art. 24; e
cias necessárias para que o pessoal a elas subordinado hie- IV - identificação da autoridade que a classificou.
rarquicamente conheça as normas e observe as medidas e Parágrafo único. A decisão referida no caput será mantida
procedimentos de segurança para tratamento de infor- no mesmo grau de sigilo da informação classificada.
mações sigilosas.
Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada
Art. 29. A classificação das informações será reavalia-
que, em razão de qualquer vínculo com o poder público,
da pela autoridade classificadora ou por autoridade
executar atividades de tratamento de informações sigilosas
hierarquicamente superior, mediante provocação ou de
adotará as providências necessárias para que seus empre-
gados, prepostos ou representantes observem as medidas e ofício, nos termos e prazos previstos em regulamento, com
procedimentos de segurança das informações resultantes da vistas à sua desclassificação ou à redução do prazo de sigilo,
aplicação desta Lei. observado o disposto no art. 24.
§ 1o O regulamento a que se refere o caput deverá
Seção IV considerar as peculiaridades das informações produzidas
Dos Procedimentos de Classificação, Reclassifica- no exterior por autoridades ou agentes públicos.
ção e Desclassificação § 2o Na reavaliação a que se refere o caput, deverão ser
examinadas a permanência dos motivos do sigilo e a possi-
Art. 27. A classificação do sigilo de informações no âm- bilidade de danos decorrentes do acesso ou da divulgação
bito da administração pública federal é de competência: da informação.
I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades: § 3o Na hipótese de redução do prazo de sigilo da in-
a) Presidente da República; formação, o novo prazo de restrição manterá como termo
b) Vice-Presidente da República; inicial a data da sua produção.
c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas
prerrogativas; Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou en-
d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aero- tidade publicará, anualmente, em sítio à disposição na
náutica; e internet e destinado à veiculação de dados e informações
e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares per- administrativas, nos termos de regulamento:
manentes no exterior; I - rol das informações que tenham sido desclassifi-
II - no grau de secreto, das autoridades referidas no cadas nos últimos 12 (doze) meses;
inciso I, dos titulares de autarquias, fundações ou em- II - rol de documentos classificados em cada grau de
presas públicas e sociedades de economia mista; e sigilo, com identificação para referência futura;
III - no grau de reservado, das autoridades referi- III - relatório estatístico contendo a quantidade de pe-
das nos incisos I e II e das que exerçam funções de di- didos de informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem
reção, comando ou chefia, nível DAS 101.5, ou superior,
como informações genéricas sobre os solicitantes.
do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores, ou de
§ 1o Os órgãos e entidades deverão manter exemplar da
hierarquia equivalente, de acordo com regulamentação
publicação prevista no caput para consulta pública em suas
específica de cada órgão ou entidade, observado o disposto
sedes.
nesta Lei.
§ 1o A competência prevista nos incisos I e II, no que se § 2o Os órgãos e entidades manterão extrato com a lis-
refere à classificação como ultrassecreta e secreta, poderá ta de informações classificadas, acompanhadas da data, do
ser delegada pela autoridade responsável a agente público, grau de sigilo e dos fundamentos da classificação.
inclusive em missão no exterior, vedada a subdelegação.
§ 2o A classificação de informação no grau de sigilo ul- Seção V
trassecreto pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e “e” Das Informações Pessoais
do inciso I deverá ser ratificada pelos respectivos Ministros
de Estado, no prazo previsto em regulamento. Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve
§ 3o A autoridade ou outro agente público que classificar ser feito de forma transparente e com respeito à intimida-
informação como ultrassecreta deverá encaminhar a decisão de, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como
de que trata o art. 28 à Comissão Mista de Reavaliação de às liberdades e garantias individuais.
Informações, a que se refere o art. 35, no prazo previsto em § 1o As informações pessoais, a que se refere este artigo,
regulamento. relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem:
166
NOÇÕES DE DIREITO
I - terão seu acesso restrito, independentemente de clas- I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças
sificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos Armadas, transgressões militares médias ou graves, segundo
a contar da sua data de produção, a agentes públicos legal- os critérios neles estabelecidos, desde que não tipificadas em
mente autorizados e à pessoa a que elas se referirem; e lei como crime ou contravenção penal; ou
II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por II - para fins do disposto na Lei no 8.112, de 11
terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso de dezembro de 1990, e suas alterações, infrações
da pessoa a que elas se referirem. administrativas, que deverão ser apenadas, no mínimo,
§ 2o Aquele que obtiver acesso às informações de que com suspensão, segundo os critérios nela estabelecidos.
trata este artigo será responsabilizado por seu uso indevido. § 2o Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar
§ 3o O consentimento referido no inciso II do § 1o não ou agente público responder, também, por improbidade ad-
será exigido quando as informações forem necessárias: ministrativa, conforme o disposto nas Leis nos 1.079, de 10 de
I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa abril de 1950, e 8.429, de 2 de junho de 1992.
estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única
e exclusivamente para o tratamento médico; Art. 33. A pessoa física ou entidade privada que deti-
II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de ver informações em virtude de vínculo de qualquer natureza
evidente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo com o poder público e deixar de observar o disposto nesta Lei
vedada a identificação da pessoa a que as informações se estará sujeita às seguintes sanções:
referirem; I - advertência;
III - ao cumprimento de ordem judicial;
II - multa;
IV - à defesa de direitos humanos; ou
III - rescisão do vínculo com o poder público;
V - à proteção do interesse público e geral preponde-
rante. IV - suspensão temporária de participar em licita-
§ 4o A restrição de acesso à informação relativa à vida ção e impedimento de contratar com a administração
privada, honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada pública por prazo não superior a 2 (dois) anos; e
com o intuito de prejudicar processo de apuração de irregu- V - declaração de inidoneidade para licitar ou con-
laridades em que o titular das informações estiver envolvido, tratar com a administração pública, até que seja pro-
bem como em ações voltadas para a recuperação de fatos movida a reabilitação perante a própria autoridade que
históricos de maior relevância. aplicou a penalidade.
§ 5o Regulamento disporá sobre os procedimentos para § 1o As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser
tratamento de informação pessoal. aplicadas juntamente com a do inciso II, assegurado o direito
de defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo de
CAPÍTULO V 10 (dez) dias.
DAS RESPONSABILIDADES § 2o A reabilitação referida no inciso V será autorizada
somente quando o interessado efetivar o ressarcimento ao
Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam res- órgão ou entidade dos prejuízos resultantes e após decorrido
ponsabilidade do agente público ou militar: o prazo da sanção aplicada com base no inciso IV.
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos § 3o A aplicação da sanção prevista no inciso V é de com-
termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu forneci- petência exclusiva da autoridade máxima do órgão ou enti-
mento ou fornecê-la intencionalmente de forma incorreta, dade pública, facultada a defesa do interessado, no respecti-
incompleta ou imprecisa; vo processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista.
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, des-
truir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem
parcialmente, informação que se encontre sob sua guarda diretamente pelos danos causados em decorrência da
ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão do exer- divulgação não autorizada ou utilização indevida de
cício das atribuições de cargo, emprego ou função pública; informações sigilosas ou informações pessoais, cabendo
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicita-
a apuração de responsabilidade funcional nos casos de dolo
ções de acesso à informação;
ou culpa, assegurado o respectivo direito de regresso.
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou
permitir acesso indevido à informação sigilosa ou infor- Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à
mação pessoal; pessoa física ou entidade privada que, em virtude de vín-
V - impor sigilo à informação para obter proveito culo de qualquer natureza com órgãos ou entidades, tenha
pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de ato acesso a informação sigilosa ou pessoal e a submeta a tra-
ilegal cometido por si ou por outrem; tamento indevido.
VI - ocultar da revisão de autoridade superior com-
petente informação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, CAPÍTULO VI
ou em prejuízo de terceiros; e DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, docu-
mentos concernentes a possíveis violações de direitos Art. 35. (VETADO).
humanos por parte de agentes do Estado. § 1o É instituída a Comissão Mista de Reavaliação
§ 1o Atendido o princípio do contraditório, da ampla de- de Informações, que decidirá, no âmbito da administração
fesa e do devido processo legal, as condutas descritas no ca- pública federal, sobre o tratamento e a classificação de infor-
put serão consideradas: mações sigilosas e terá competência para:
167
NOÇÕES DE DIREITO
168
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei no 8.112, de 56.260, de 6 de outubro de 2010, nº 55.559, de 12 de março
1990, passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126-A: de 2010, que institui o Portal do Governo Aberto SP e nº
“Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabili- 57.500, de 8 de novembro de 2011, que reorganiza a Corre-
zado civil, penal ou administrativamente por dar ciência à gedoria Geral da Administração e institui o Sistema Estadual
autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvi- de Controladoria; e
mento desta, a outra autoridade competente para apuração Considerando, finalmente, a proposta apresentada pelo
de informação concernente à prática de crimes ou improbi- Grupo Técnico instituído pela Resolução CC-3, de 9 de janei-
dade de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência ro de 2012, junto ao Comitê de Qualidade da Gestão Pública,
do exercício de cargo, emprego ou função pública.” Decreta:
169
NOÇÕES DE DIREITO
VI - custódia: responsabilidade pela guarda de docu- XXI - rol de documentos, dados e informações sigilosas
mentos, dados e informações; e pessoais: relação anual, a ser publicada pelas autorida-
VII - dado público: sequência de símbolos ou valores, des máximas de órgãos e entidades, de documentos, dados
representado em algum meio, produzido ou sob a guarda e informações classificadas, no período, como sigilosas ou
governamental, em decorrência de um processo natural ou pessoais, com identificação para referência futura;
artificial, que não tenha seu acesso restrito por legislação XXII - serviço ou atendimento presencial: aquele pres-
específica; tado a presença física do cidadão, principal beneficiário ou
VIII - desclassificação: supressão da classificação de si- interessado no serviço;
gilo por ato da autoridade competente ou decurso de prazo, XXIII - serviço ou atendimento eletrônico: aquele presta-
tornando irrestrito o acesso a documentos, dados e informa- do remotamente ou à distância, utilizando meios eletrônicos
ções sigilosas; de comunicação;
IX - documentos de arquivo: todos os registros de in- XXIV - tabela de documentos, dados e informações si-
formação, em qualquer suporte, inclusive o magnético ou gilosas e pessoais: relação exaustiva de documentos, dados
óptico, produzidos, recebidos ou acumulados por órgãos e e informações com quaisquer restrição de acesso, com a in-
entidades da Administração Pública Estadual, no exercício dicação do grau de sigilo, decorrente de estudos e pesquisas
de suas funções e atividades; promovidos pelas Comissões de Avaliação de Documentos e
X - disponibilidade: qualidade da informação que pode Acesso - CADA, e publicada pelas autoridades máximas dos
ser conhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou órgãos e entidades;
sistemas autorizados; XXV - tratamento da informação: conjunto de ações
XI - documento: unidade de registro de informações, referentes à produção, recepção, classificação, utilização,
qualquer que seja o suporte ou formato; acesso, reprodução, transporte, transmissão, distribuição,
XII - gestão de documentos: conjunto de procedimentos arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação, des-
operações técnicas referentes à sua produção, classificação, tinação ou controle da informação.
avaliação, tramitação, uso, arquivamento e reprodução, que
assegura a racionalização e a eficiência dos arquivos; CAPÍTULO II
XIII - informação: dados, processados ou não, que po- Do Acesso a Documentos, Dados e Informações
dem ser utilizados para produção e transmissão de conhe-
cimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato; SEÇÃO I
XIV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa Disposições Gerais
natural identificada ou identificável;
XV - informação sigilosa: aquela submetida temporaria- Art. 4º É dever dos órgãos e entidades da Administração
mente à restrição de acesso público em razão de sua impres- Pública Estadual:
cindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado; I - promover a gestão transparente de documentos,
XVI - integridade: qualidade da informação não modifi- dados e informações, assegurando sua disponibilidade, au-
cada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino; tenticidade e integridade, para garantir o pleno direito de
XVII - marcação: aposição de marca assinalando o grau acesso;
de sigilo de documentos, dados ou informações, ou sua con- II - divulgar documentos, dados e informações de inte-
dição de acesso irrestrito, após sua desclassificação; resse coletivo ou geral, sob sua custódia, independentemente
XVIII - metadados: são informações estruturadas e codi- de solicitações;
ficadas que descrevem e permitem gerenciar, compreender, III - proteger os documentos, dados e informações sigi-
preservar e acessar os documentos digitais ao longo do tem- losas e pessoais, por meio de critérios técnicos e objetivos, o
po e referem-se a: menos restritivo possível.
a) identificação e contexto documental (identificador
único, instituição produtora, nomes, assunto, datas, local, SEÇÃO II
código de classificação, tipologia documental, temporalida- Da Gestão de Documentos, Dados e Informações
de, destinação, versão, documentos relacionados, idioma e
indexação); Art. 5º A Unidade do Arquivo Público do Estado, na con-
b) segurança (grau de sigilo, informações sobre cripto- dição de órgão central do Sistema de Arquivos do Estado de
grafia, assinatura digital e outras marcas digitais); São Paulo - SAESP, é a responsável pela formulação e imple-
c) contexto tecnológico (formato de arquivo, tamanho mentação da política estadual de arquivos e gestão de do-
de arquivo, dependências de hardware e software, tipos de cumentos, a que se refere o artigo 2º, inciso II deste decreto,
mídias, algoritmos de compressão) e localização física do e deverá propor normas, procedimentos e requisitos técnicos
documento; complementares, visando o tratamento da informação.
XIX - primariedade: qualidade da informação coletada Parágrafo único. Integram a política estadual de arqui-
na fonte, com o máximo de detalhamento possível, sem mo- vos e gestão de documentos:
dificações; 1. os serviços de protocolo e arquivo dos órgãos e enti-
XX - reclassificação: alteração, pela autoridade compe- dades;
tente, da classificação de sigilo de documentos, dados e in- 2. as Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso -
formações; CADA, a que se refere o artigo 11 deste decreto;
170
NOÇÕES DE DIREITO
3. o Sistema Informatizado Unificado de Gestão Arqui- Art. 8º A Casa Civil deverá providenciar a contratação
vística de Documentos e Informações - SPdoc; de serviços para o desenvolvimento de “Sistema Integrado de
4. os Serviços de Informações ao Cidadão - SIC. Informações ao Cidadão”, capaz de interoperar com o SPdoc,
a ser utilizado por todos os órgãos e entidades nos seus res-
Art. 6º Para garantir efetividade à política de arquivos e pectivos Serviços de Informações ao Cidadão - SIC.
gestão de documentos, os órgãos e entidades da Administra-
ção Pública Estadual deverão: Art. 9º A Unidade do Arquivo Público do Estado, da Casa
I - providenciar a elaboração de planos de classificação Civil, deverá adotar as providências necessárias para a orga-
e tabelas de temporalidade de documentos de suas ativida- nização dos serviços da Central de Atendimento ao Cidadão
des-fim, a que se referem, respectivamente, os artigos 10 a - CAC, instituída pelo Decreto nº 54.276, de 27 de abril de
18 e 19 a 23, do Decreto nº 48.897, de 27 de agosto de 2004; 2009, com a finalidade de:
II - cadastrar todos os seus documentos no Sistema In- I - coordenar a integração sistêmica dos Serviços de In-
formatizado Unificado de Gestão Arquivística de Documen- formações ao Cidadão - SIC, instituídos nos órgãos e enti-
tos e Informações - SPdoc. dades;
Parágrafo único. As propostas de planos de classificação II - realizar a consolidação e sistematização de dados a
e de tabelas de temporalidade de documentos deverão ser que se refere o artigo 26 deste decreto, bem como a elabora-
apreciadas pelos órgãos jurídicos dos órgãos e entidades e ção de estatísticas sobre as demandas de consulta e os perfis
encaminhadas à Unidade do Arquivo Público do Estado para de usuários, visando o aprimoramento dos serviços.
aprovação, antes de sua oficialização. Parágrafo único - Os Serviços de Informações ao Ci-
dadão - SIC deverão fornecer, periodicamente, à Central
Art. 7º Ficam criados, em todos os órgãos e entidades da de Atendimento ao Cidadão - CAC, dados atualizados dos
Administração Pública Estadual, os Serviços de Informações atendimentos prestados.
ao Cidadão - SIC, a que se refere o artigo 5º, inciso IV, deste
decreto, diretamente subordinados aos seus titulares, em lo- Art. 10. O acesso aos documentos, dados e informações
cal com condições apropriadas, infraestrutura tecnológica e compreende, entre outros, os direitos de obter:
equipe capacitada para: I - orientação sobre os procedimentos para a consecução
de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontra-
I - realizar atendimento presencial e/ou eletrônico na
do ou obtido o documento, dado ou informação almejada;
sede e nas unidades subordinadas, prestando orientação ao
II - dado ou informação contida em registros ou docu-
público sobre os direitos do requerente, o funcionamento do
mentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou enti-
Serviço de Informações ao Cidadão - SIC, a tramitação de
dades, recolhidos ou não a arquivos públicos;
documentos, bem como sobre os serviços prestados pelas
III - documento, dado ou informação produzida ou cus-
respectivas unidades do órgão ou entidade; todiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de
II - protocolar documentos e requerimentos de acesso qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que
a informações, bem como encaminhar os pedidos de infor- esse vínculo já tenha cessado;
mação aos setores produtores ou detentores de documentos, IV - dado ou informação primária, íntegra, autêntica e
dados e informações; atualizada;
III - controlar o cumprimento de prazos por parte dos V - documento, dado ou informação sobre atividades
setores produtores ou detentores de documentos, dados e in- exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à
formações, previstos no artigo 15 deste decreto; sua política, organização e serviços;
IV - realizar o serviço de busca e fornecimento de docu- VI - documento, dado ou informação pertinente à admi-
mentos, dados e informações sob custódia do respectivo ór- nistração o patrimônio público, utilização de recursos públi-
gão ou entidade, ou fornecer ao requerente orientação sobre cos, licitação, contratos administrativos;
o local onde encontrá-los. VII - documento, dado ou informação relativa:
§ 1º As autoridades máximas dos órgãos e entidades a) à implementação, acompanhamento e resultados dos
da Administração Pública Estadual deverão designar, no programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas,
prazo de 30 (trinta) dias, os responsáveis pelos Serviços de bem como metas e indicadores propostos;
Informações ao Cidadão - SIC. b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e to-
§ 2º Para o pleno desempenho de suas atribuições, os madas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno
Serviços de Informações ao Cidadão - SIC deverão: e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercí-
1. manter intercâmbio permanente com os serviços de cios anteriores.
protocolo e arquivo; § 1º O acesso aos documentos, dados e informações
2. buscar informações junto aos gestores de sistemas in- previsto no caput deste artigo não compreende as
formatizados e bases de dados, inclusive de portais e sítios informações referentes a projetos de pesquisa e
institucionais; desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo
3. atuar de forma integrada com as Ouvidorias, insti- seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
tuídas pela Lei estadual nº 10.294, de 20 de abril de 1999, e § 2º Quando não for autorizado acesso integral ao
organizadas pelo Decreto nº 44.074, de 1º de julho de 1999. documento, dado ou informação por ser ela parcialmente
§ 3º Os Serviços de Informações ao Cidadão - SIC, sigilosa, é assegurado o acesso à parte não sigilosa por
independentemente do meio utilizado, deverão ser meio de certidão, extrato ou cópia com ocultação da parte
identificados com ampla visibilidade. sob sigilo.
171
NOÇÕES DE DIREITO
§ 3º O direito de acesso aos documentos, aos dados ou IV - orientar o órgão ou entidade sobre a correta aplica-
às informações neles contidas utilizados como fundamento ção dos critérios de restrição de acesso constantes das tabe-
da tomada de decisão e do ato administrativo será las de documentos, dados e informações sigilosas e pessoais;
assegurado com a edição do ato decisório respectivo. V - comunicar à Unidade do Arquivo Público do Estado
§ 4º A negativa de acesso aos documentos, dados e a publicação de tabela de documentos, dados e informações
informações objeto de pedido formulado aos órgãos e sigilosas e pessoais, e suas eventuais alterações, para conso-
entidades referidas no artigo 1º deste decreto, quando lidação de dados, padronização de critérios e realização de
não fundamentada, sujeitará o responsável a medidas estudos técnicos na área;
disciplinares, nos termos do artigo 32 da Lei Federal nº VI - propor à autoridade máxima do órgão ou entidade
12.527, de 18 de novembro de 2011.
a renovação, alteração de prazos, reclassificação ou desclas-
§ 5º Informado do extravio da informação solicitada,
poderá o interessado requerer à autoridade competente a sificação de documentos, dados e informações sigilosas;
imediata instauração de apuração preliminar para investigar VII - manifestar-se sobre os prazos mínimos de restrição
o desaparecimento da respectiva documentação. de acesso aos documentos, dados ou informações pessoais;
§ 6º Verificada a hipótese prevista no § 5º deste artigo, VIII - atuar como instância consultiva da autoridade
o responsável pela guarda da informação extraviada máxima do órgão ou entidade, sempre que provocada, sobre
deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar os recursos interpostos relativos às solicitações de acesso a
testemunhas que comprovem sua alegação. documentos, dados e informações não atendidas ou inde-
feridas, nos termos do parágrafo único do artigo 19 deste
SEÇÃO III decreto;
Das Comissões de Avaliação de Documentos e IX - informar à autoridade máxima do órgão ou enti-
Acesso dade a previsão de necessidades orçamentárias, bem como
encaminhar relatórios periódicos sobre o andamento dos
Art. 11. As Comissões de Avaliação de Documentos de
trabalhos.
Arquivo, a que se referem os Decretos nº 29.838, de 18 de
abril de 1989, e nº 48.897, de 27 de agosto de 2004, instituí- Parágrafo único. Para o perfeito cumprimento de suas
das nos órgãos e entidades da Administração Pública Esta- atribuições as Comissões de Avaliação de Documentos e
dual, passarão a ser denominadas Comissões de Avaliação Acesso - CADA poderão convocar servidores que possam
de Documentos e Acesso - CADA. contribuir com seus conhecimentos e experiências, bem
§ 1º As Comissões de Avaliação de Documentos e como constituir subcomissões e grupos de trabalho.
Acesso - CADA deverão ser vinculadas ao Gabinete da
autoridade máxima do órgão ou entidade. Art. 13. À Unidade do Arquivo Público do Estado, ór-
§ 2º As Comissões de Avaliação de Documentos e gão central do Sistema de Arquivos do Estado de São Pau-
Acesso - CADA serão integradas por servidores de nível lo - SAESP, responsável por propor a política de acesso aos
superior das áreas jurídica, de administração geral, de documentos públicos, nos termos do artigo 6º, inciso XII, do
administração financeira, de arquivo e protocolo, de Decreto nº 22.789, de 19 de outubro de 1984, caberá o ree-
tecnologia da informação e por representantes das áreas xame, a qualquer tempo, das tabelas de documentos, dados
específicas da documentação a ser analisada.
e informações sigilosas e pessoais dos órgãos e entidades da
§ 3º As Comissões de Avaliação de Documentos e
Administração Pública Estadual.
Acesso - CADA serão compostas por 5 (cinco), 7 (sete) ou
9 (nove) membros, designados pela autoridade máxima do
órgão ou entidade. SEÇÃO IV
Do Pedido
Art. 12. São atribuições das Comissões de Avaliação de
Documentos e Acesso - CADA, além daquelas previstas para Art. 14. O pedido de informações deverá ser apresentado
as Comissões de Avaliação de Documentos de Arquivo nos ao Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do órgão ou
Decretos nº 29.838, de 18 de abril de 1989, e nº 48.897, de entidade, por qualquer meio legítimo que contenha a iden-
27 de agosto de 2004: tificação do interessado (nome, número de documento e en-
I - orientar a gestão transparente dos documentos, da- dereço) e a especificação da informação requerida.
dos e informações do órgão ou entidade, visando assegurar
o amplo acesso e divulgação; Art. 15. O Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do
II - realizar estudos, sob a orientação técnica da Unidade órgão ou entidade responsável pelas informações solicitadas
do Arquivo Público do Estado, órgão central do Sistema de
deverá conceder o acesso imediato àquelas disponíveis.
Arquivos do Estado de São Paulo - SAESP, visando à identifi-
cação e elaboração de tabela de documentos, dados e infor- § 1º Na impossibilidade de conceder o acesso imediato,
mações sigilosas e pessoais, de seu órgão ou entidade; o Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do órgão ou
III - encaminhar à autoridade máxima do órgão ou en- entidade, em prazo não superior a 20 (vinte) dias, deverá:
tidade a tabela mencionada no inciso II deste artigo, bem 1. comunicar a data, local e modo para se realizar a
como as normas e procedimentos visando à proteção de consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão;
documentos, dados e informações sigilosas e pessoais, para 2. indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total
oitiva do órgão jurídico e posterior publicação; ou parcial, do acesso pretendido;
172
NOÇÕES DE DIREITO
173
NOÇÕES DE DIREITO
174
NOÇÕES DE DIREITO
175
NOÇÕES DE DIREITO
II - análise do caso concreto pela autoridade responsável ou de ofício, nos termos e prazos previstos em regulamento,
ou agente público competente, e formalização da decisão com vistas à sua desclassificação ou à redução do prazo de
de classificação, reclassificação ou desclassificação de sigilo, sigilo, observado o disposto no artigo 31 deste decreto.
bem como de restrição de acesso à informação pessoal, que § 1º O regulamento a que se refere o caput deste
conterá, no mínimo, os seguintes elementos: artigo deverá considerar as peculiaridades das informações
a) assunto sobre o qual versa a informação; produzidas no exterior por autoridades ou agentes públicos.
b) fundamento da classificação, reclassificação ou des- § 2º Na reavaliação a que se refere o caput deste artigo
classificação de sigilo, observados os critérios estabelecidos deverão ser examinadas a permanência dos motivos do
no artigo 31 deste decreto, bem como da restrição de acesso sigilo e a possibilidade de danos decorrentes do acesso ou
à informação pessoal; da divulgação da informação.
c) indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses § 3º Na hipótese de redução do prazo de sigilo da
ou dias, ou do evento que defina o seu termo final, confor- informação, o novo prazo de restrição manterá como
me limites previstos no artigo 31 deste decreto, bem como termo inicial a data da sua produção.
a indicação do prazo mínimo de restrição de acesso à infor-
mação pessoal; SEÇÃO III
d) identificação da autoridade que a classificou, reclassi- Da Proteção de Documentos, Dados e Informações
ficou ou desclassificou. Pessoais
Parágrafo único. O prazo de restrição de acesso contar-
-se-á da data da produção do documento, dado ou infor- Art. 35. O tratamento de documentos, dados e informa-
mação. ções pessoais deve ser feito de forma transparente e com
respeito à intimidade, vida privada, honra e imagem das
Art. 33. A classificação de sigilo de documentos, dados e pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais.
informações no âmbito da Administração Pública Estadual, § 1º Os documentos, dados e informações pessoais,
a que se refere o inciso II do artigo 32 deste decreto, é de a que se refere este artigo, relativas à intimidade, vida
competência: privada, honra e imagem:
I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades: 1. terão seu acesso restrito, independentemente de clas-
a) Governador do Estado;
sificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos
b) Vice-Governador do Estado;
a contar da sua data de produção, a agentes públicos legal-
c) Secretários de Estado e Procurador Geral do Estado;
mente autorizados e à pessoa a que elas se referirem;
d) Delegado Geral de Polícia e Comandante Geral da
2. poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por
olícia Militar;
terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso
II - no grau de secreto, das autoridades referidas no in-
da pessoa a que elas se referirem.
ciso I deste artigo, das autoridades máximas de autarquias,
§ 2º Aquele que obtiver acesso às informações de
fundações ou empresas públicas e sociedades de economia
que trata este artigo será responsabilizado por seu uso
mista;
III - no grau de reservado, das autoridades referidas nos indevido.
incisos I e II deste artigo e das que exerçam funções de di- § 3º O consentimento referido no item 2 do § 1º deste
reção, comando ou chefia, ou de hierarquia equivalente, de artigo não será exigido quando as informações forem
acordo com regulamentação específica de cada órgão ou necessárias:
entidade, observado o disposto neste decreto. 1. à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa
§ 1º A competência prevista nos incisos I e II deste estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única
artigo, no que se refere à classificação como ultrassecreta e e exclusivamente para o tratamento médico;
secreta, poderá ser delegada pela autoridade responsável 2. à realização de estatísticas e pesquisas científicas de
a agente público, vedada a subdelegação. evidente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo
§ 2º A classificação de documentos, dados e informações vedada a identificação da pessoa a que as informações se
no grau de sigilo ultrassecreto pelas autoridades previstas referirem;
na alínea «d» do inciso I deste artigo deverá ser ratificada 3. ao cumprimento de ordem judicial;
pelo Secretário da Segurança Pública, no prazo de 10 (dez) 4. à defesa de direitos humanos;
dias. 5. à proteção do interesse público e geral preponderante.
§ 3º A autoridade ou outro agente público que classificar § 4º A restrição de acesso aos documentos, dados e
documento, dado e informação como ultrassecreto deverá informações relativos à vida privada, honra e imagem de
encaminhar a decisão de que trata o inciso II do artigo 32 pessoa não poderá ser invocada com o intuito de prejudicar
deste decreto, à Comissão Estadual de Acesso à Informação, processo de apuração de irregularidades em que o titular
a que se refere o artigo 76 deste diploma legal, no prazo das informações estiver envolvido, bem como em ações
previsto em regulamento. voltadas para a recuperação de fatos históricos de maior
relevância.
Art. 34. A classificação de documentos, dados e informa- § 5º Os documentos, dados e informações identificados
ções será reavaliada pela autoridade classificadora ou por como pessoais somente poderão ser fornecidos
autoridade hierarquicamente superior, mediante provocação pessoalmente, com a identificação do interessado.
176
NOÇÕES DE DIREITO
177
NOÇÕES DE DIREITO
178
NOÇÕES DE DIREITO
SUBSEÇÃO IV SUBSEÇÃO VI
Da Preservação e Eliminação Da Credencial de Segurança
Art. 57. Aplicam-se aos documentos, dados e informa- Art. 62. O credenciamento e a necessidade de conhe-
ções sigilosos os prazos de guarda estabelecidos na Tabela cer são condições indispensáveis para que o agente público
de Temporalidade de Documentos das Atividades-Meio, ofi- estadual no efetivo exercício de cargo, função, emprego ou
cializada pelo Decreto nº 48.898, de 27 de agosto de 2004, e atividade tenha acesso a documentos, dados e informações
nas Tabelas de Temporalidade de Documentos das Ativida- sigilosos equivalentes ou inferiores ao de sua credencial de
des-Fim, oficializadas pelos órgãos e entidades da Adminis- segurança.
tração Pública Estadual, ressalvado o disposto no artigo 59
deste decreto. Art. 63. As credenciais de segurança referentes aos graus
de sigilo previstos no artigo 31 deste decreto, serão classifi-
Art. 58. Os documentos, dados e informações sigilosos cadas nos graus de sigilo ultrassecreta, secreta ou reservada.
considerados de guarda permanente, nos termos dos Decre-
Art. 64. A credencial de segurança referente à informa-
tos nº 48.897 e nº 48.898, ambos de 27 de agosto de 2004,
ção pessoal, prevista no artigo 35 deste decreto, será identi-
somente poderão ser recolhidos à Unidade do Arquivo Públi-
ficada como personalíssima.
co do Estado após a sua desclassificação.
Parágrafo único. Excetuam-se do disposto no caput des- Art. 65. A emissão da credencial de segurança compete
te artigo, os documentos de guarda permanente de órgãos às autoridades máximas de órgãos e entidades da Adminis-
ou entidades extintos ou que cessaram suas atividades, em tração Pública Estadual, podendo ser objeto de delegação.
conformidade com o artigo 7, § 2º, da Lei Federal nº 8.159, § 1º A credencial de segurança será concedida
de 8 de janeiro de 1991, e com o artigo 1º, § 2º, do Decreto mediante termo de compromisso de preservação de
nº 48.897, de 27 de agosto de 2004. sigilo, pelo qual os agentes públicos responsabilizam-se
por não revelarem ou divulgarem documentos, dados ou
Art. 59. Decorridos os prazos previstos nas tabelas de informações sigilosos dos quais tiverem conhecimento
temporalidade de documentos, os documentos, dados e in- direta ou indiretamente no exercício de cargo, função ou
formações sigilosos de guarda temporária somente poderão emprego público.
ser eliminados após 1 (um) ano, a contar da data de sua § 2º Para a concessão de credencial de segurança
desclassificação, a fim de garantir o pleno acesso às infor- serão avaliados, por meio de investigação, os requisitos
mações neles contidas. profissionais, funcionais e pessoais dos propostos.
§ 3º A validade da credencial de segurança poderá ser
Art. 60. A eliminação de documentos dados ou infor- limitada no tempo e no espaço.
mações sigilosos em suporte magnético ou ótico que não § 4º O compromisso referido no caput deste artigo
possuam valor permanente deve ser feita, por método que persistirá enquanto durar o sigilo dos documentos a que
sobrescreva as informações armazenadas, após sua desclas- tiveram acesso.
sificação.
Parágrafo único. Se não estiver ao alcance do órgão a SUBSEÇÃO VII
eliminação que se refere o caput deste artigo, deverá ser Da Reprodução e Autenticação
providenciada a destruição física dos dispositivos de arma-
zenamento. Art. 66. Os Serviços de Informações ao Cidadão - SIC
dos órgãos e entidades da Administração Pública Estadual
fornecerão, desde que haja autorização expressa das auto-
SUBSEÇÃO V
ridades classificadoras ou das autoridades hierarquicamente
Da Publicidade de Atos Administrativos
superiores, reprodução total ou parcial de documentos, da-
dos e informações sigilosos.
Art. 61. A publicação de atos administrativos referen- § 1º A reprodução do todo ou de parte de documentos,
tes a documentos, dados e informações sigilosos poderá ser dados e informações sigilosos terá o mesmo grau de sigilo
efetuada mediante extratos, com autorização da autoridade dos documentos, dados e informações originais.
classificadora ou hierarquicamente superior. § 2º A reprodução e autenticação de cópias de
§ 1º Os extratos referidos no caput deste artigo limitar- documentos, dados e informações sigilosos serão
se-ão ao seu respectivo número, ao ano de edição e à sua realizadas por agentes públicos credenciados.
ementa, redigidos por agente público credenciado, de § 3º Serão fornecidas certidões de documentos sigilosos
modo a não comprometer o sigilo. que não puderem ser reproduzidos integralmente, em razão
§ 2º A publicação de atos administrativos que trate das restrições legais ou do seu estado de conservação.
de documentos, dados e informações sigilosos para sua § 4º A reprodução de documentos, dados e informações
divulgação ou execução dependerá de autorização da pessoais que possam comprometer a intimidade, a vida
autoridade classificadora ou autoridade competente privada, a honra ou a imagem de terceiros poderá ocorrer
hierarquicamente superior. desde que haja autorização nos termos item 2 do § 1º do
artigo 35 deste decreto.
179
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 67. O responsável pela preparação ou reprodução V - impor sigilo a documento, dado e informação para
de documentos sigilosos deverá providenciar a eliminação obter proveito pessoal ou de terceiro, ou para fins de oculta-
de provas ou qualquer outro recurso, que possam dar origem ção de ato ilegal cometido por si ou por outrem;
à cópia não autorizada do todo ou parte. VI - ocultar da revisão de autoridade superior competen-
te documento, dado ou informação sigilosos para beneficiar
Art. 68. Sempre que a preparação, impressão ou, se for a si ou a outrem, ou em prejuízo de terceiros;
o caso, reprodução de documentos, dados e informações si- VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos
gilosos forem efetuadas em tipografias, impressoras, oficinas concernentes a possíveis violações de direitos humanos por
gráficas, ou similares, essa operação deverá ser acompanha- parte de agentes do Estado.
da por agente público credenciado, que será responsável § 1º Atendido o princípio do contraditório, da ampla
pela garantia do sigilo durante a confecção do documento. defesa e do devido processo legal, as condutas descritas
no caput deste artigo serão apuradas e punidas na forma
SUBSEÇÃO VIII da legislação em vigor.
§ 2º Pelas condutas descritas no caput deste artigo,
Da Gestão de Contratos
poderá o agente público responder, também, por
improbidade administrativa, conforme o disposto na Lei
Art. 69. O contrato cuja execução implique o acesso por
Federal nº 8.429, de 2 de junho de 1992.
parte da contratada a documentos, dados ou informações
sigilosos, obedecerá aos seguintes requisitos: Art. 72. O agente público que tiver acesso a documentos,
I - assinatura de termo de compromisso de manutenção dados ou informações sigilosos, nos termos deste decreto, é
de sigilo; responsável pela preservação de seu sigilo, ficando sujeito às
II - o contrato conterá cláusulas prevendo: sanções administrativas, civis e penais previstas na legisla-
a) obrigação de o contratado manter o sigilo relativo ao ção, em caso de eventual divulgação não autorizada.
objeto contratado, bem como à sua execução;
b) obrigação de o contratado adotar as medidas de se- Art. 73. Os agentes responsáveis pela custódia de docu-
gurança adequadas, no âmbito de suas atividades, para a mentos e informações sigilosos sujeitam-se às normas re-
manutenção do sigilo de documentos, dados e informações ferentes ao sigilo profissional, em razão do ofício, e ao seu
aos quais teve acesso; código de ética específico, sem prejuízo das sanções legais.
c) identificação, para fins de concessão de credencial de
segurança, das pessoas que, em nome da contratada, terão Art. 74. A pessoa física ou entidade privada que detiver
acesso a documentos, dados e informações sigilosos. documentos, dados e informações em virtude de vínculo de
qualquer natureza com o poder público e deixar de observar
Art. 70. Os órgãos contratantes da Administração Públi- o disposto na Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de
ca Estadual fiscalizarão o cumprimento das medidas neces- 2011, e neste decreto estará sujeita às seguintes sanções:
sárias à proteção dos documentos, dados e informações de I - advertência;
natureza sigilosa transferidos aos contratados ou decorren- II - multa;
tes da execução do contrato. III - rescisão do vínculo com o poder público;
IV - suspensão temporária de participar em licitação e
CAPÍTULO V impedimento de contratar com a Administração Pública Es-
Das Responsabilidades tadual por prazo não superior a 2 (dois) anos;
V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
Art. 71. Constituem condutas ilícitas que ensejam res- com a Administração Pública Estadual, até que seja promo-
vida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou
ponsabilidade do agente público:
a penalidade.
I - recusar-se a fornecer documentos, dados e informa-
§ 1º As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste
ções requeridas nos termos deste decreto, retardar delibera-
artigo poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso
damente o seu fornecimento ou fornecê-la intencionalmente
II, assegurado o direito de defesa do interessado, no
de forma incorreta, incompleta ou imprecisa; respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias.
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, § 2º A reabilitação referida no inciso V deste artigo
inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmen- será autorizada somente quando o interessado efetivar
te, documento, dado ou informação que se encontre sob sua o ressarcimento ao órgão ou entidade dos prejuízos
guarda ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão resultantes e decorrido o prazo da sanção aplicada com
do exercício das atribuições de cargo, emprego ou função base no inciso IV.
pública; § 3º A aplicação da sanção prevista no inciso V deste
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações artigo é de competência exclusiva da autoridade máxima
de acesso a documento, dado e informação; do órgão ou entidade pública, facultada a defesa do
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou interessado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez)
permitir acesso indevido ao documento, dado e informação dias da abertura de vista.
sigilosos ou pessoal;
180
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 75. Os órgãos e entidades estaduais respondem di- Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração Pública
retamente pelos danos causados em decorrência da divulga- Estadual deverão proceder à reavaliação dos documentos,
ção não autorizada ou utilização indevida de documentos, dados e informações classificados como ultrassecretos e se-
dados e informações sigilosos ou pessoais, cabendo a apu- cretos no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo
ração de responsabilidade funcional nos casos de dolo ou inicial de vigência da Lei Federal nº 12.527, de 18 de novem-
culpa, assegurado o respectivo direito de regresso. bro de 2011.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à pes- § 1º A restrição de acesso a documentos, dados e
soa física ou entidade privada que, em virtude de vínculo informações, em razão da reavaliação prevista no caput
de qualquer natureza com órgãos ou entidades estaduais, deste artigo, deverá observar os prazos e condições
tenha acesso a documento, dado ou informação sigilosos ou previstos na Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de
pessoal e a submeta a tratamento indevido. 2011.
§ 2º No âmbito da administração pública estadual,
CAPÍTULO VI a reavaliação prevista no caput deste artigo poderá ser
Disposições Finais revista, a qualquer tempo, pela Comissão Estadual de
Acesso à Informação, observados os termos da Lei Federal
Art. 76. O tratamento de documento, dado ou informa- nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e deste decreto.
ção sigilosos resultante de tratados, acordos ou atos inter- § 3º Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação
nacionais atenderá às normas e recomendações constantes previsto no caput deste artigo, será mantida a classificação
desses instrumentos. dos documentos, dados e informações nos termos da
legislação precedente.
Art. 77. Aplica-se, no que couber, a Lei Federal nº 9.507, § 4º Os documentos, dados e informações classificados
de 12 de novembro de 1997, em relação à informação de como secretos e ultrassecretos não reavaliados no prazo
pessoa, física ou jurídica, constante de registro ou banco de previsto no caput deste artigo serão considerados,
dados de entidades governamentais ou de caráter público. automaticamente, de acesso público.
Art. 78. Cabe à Secretaria de Gestão Pública: Art. 3º No prazo de 30 (trinta) dias, a contar da vigên-
I - realizar campanha de abrangência estadual de fo- cia deste decreto, a autoridade máxima de cada órgão ou
mento à cultura da transparência na Administração Pública entidade da Administração Pública Estadual designará su-
Estadual e conscientização do direito fundamental de acesso bordinado para, no âmbito do respectivo órgão ou entidade,
à informação; exercer as seguintes atribuições:
II - promover treinamento de agentes públicos no que se I - planejar e propor, no prazo de 90 (noventa) dias, os
refere ao desenvolvimento de práticas relacionadas à trans- recursos organizacionais, materiais e humanos, bem como
parência na Administração Pública Estadual; as demais providências necessárias à instalação e funciona-
III - formular e implementar política de segurança da mento dos Serviços de Informações ao Cidadão - SIC, a que
informação, em consonância com as diretrizes da política se refere o artigo 7º deste decreto;
estadual de arquivos e gestão de documentos; II - assegurar o cumprimento das normas relativas ao
IV - propor e promover a regulamentação do creden- acesso a documentos, dados ou informações, de forma efi-
ciamento de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos ciente e adequada aos objetivos da Lei Federal nº 12.527, de
e entidades da Administração Pública Estadual para trata- 18 de novembro de 2011, e deste decreto;
mento de informações sigilosas e pessoais. III - orientar e monitorar a implementação do dispos-
to na Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e
Art. 79. A Corregedoria Geral da Administração será neste decreto, e apresentar relatórios periódicos sobre o seu
responsável pela fiscalização da aplicação da Lei Federal cumprimento;
nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e deste decreto no IV - recomendar as medidas indispensáveis à imple-
âmbito da Administração Pública Estadual, sem prejuízo da mentação e ao aperfeiçoamento das normas e procedimen-
atuação dos órgãos de controle interno. tos necessários ao correto cumprimento do disposto neste
decreto;
Art. 80. Este decreto e suas disposições transitórias en- V - promover a capacitação, o aperfeiçoamento e a
tram em vigor na data de sua publicação. atualização de pessoal que desempenhe atividades inerentes
à salvaguarda de documentos, dados e informações sigilosos
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS e pessoais.
Art. 1º Fica instituído Grupo Técnico, junto ao Comitê de Art. 4º As Comissões de Avaliação de Documentos e
Qualidade da Gestão Pública - CQGP, visando a promover Acesso - CADA deverão apresentar à autoridade máxima do
os estudos necessários à criação, composição, organização órgão ou entidade, plano e cronograma de trabalho, no pra-
e funcionamento da Comissão Estadual de Acesso à Infor- zo de 30 (trinta) dias, para o cumprimento das atribuições
mação. previstas no artigo 6º, incisos I e II, e artigo 32, inciso I, deste
Parágrafo único. O Presidente do Comitê de Qualidade decreto.
da Gestão Pública designará, no prazo de 30 (trinta) dias, os
membros integrantes do Grupo Técnico. Palácio dos Bandeirantes, 16 de maio de 2012
181
NOÇÕES DE DIREITO
182
NOÇÕES DE DIREITO
183
NOÇÕES DE DIREITO
II - A lei só poderá restringir a publicidade dos atos (A) livre a manifestação do pensamento, sendo fo-
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse mentado o anonimato;
social o exigirem. (B) assegurado o direito de resposta, proporcional ao
III - São admissíveis, no processo, as provas obtidas por agravo, que substitui o direito à indenização por dano ma-
meios ilícitos. terial, moral ou à imagem;
IV - Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, (C) assegurado a todos o acesso à informação e res-
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
fiança. profissional;
V - Não haverá prisão civil por dívida, nem mesmo a do (D) livre a expressão da atividade intelectual, artística,
depositário infiel. científica e de comunicação, ressalvados os casos de cen-
(A) Apenas I, II e IV estão corretas. sura ou licença;
(B) Apenas I, III e V estão corretas. (E) direito de todos receber dos órgãos públicos in-
(C) Apenas III e IV estão corretas. formações de seu interesse particular, sendo vedada a ale-
(D) Apenas IV e V estão corretas. gação de sigilo por imprescindibilidade à segurança da so-
(E) Todas as questões estão corretas. ciedade e do Estado.
13. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU- 18. (TJ-RJ - Técnico de Atividade Judiciária -
MARC/2014) Sobre a Lei Penal, é CORRETO afirmar que FGV/2014) A partir da Emenda Constitucional nº 45/2004,
(A) não retroage, salvo para beneficiar o réu. os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu-
(B) não retroage, salvo se o fato criminoso ainda não manos:
for conhecido. (A) sempre terão a natureza jurídica de lei, exigindo a
(C) retroage, salvo disposição expressa em contrário. sua aprovação, pelo Congresso Nacional e a promulgação,
(D) retroage, se ainda não houver processo penal ins- na ordem interna, pelo Chefe do Poder Executivo;
taurado. (B) sempre terão a natureza jurídica de emenda cons-
titucional, exigindo, apenas, que a sua aprovação, pelo
14. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU- Congresso Nacional, se dê em dois turnos de votação, com
MARC/2014) Sobre as garantias fundamentais estabeleci- o voto favorável de dois terços dos respectivos membros;
das na Constituição Federal, é CORRETO afirmar que (C) podem ter a natureza jurídica de emenda constitu-
(A) a Lei Penal é sempre irretroativa.
cional, desde que a sua aprovação, pelo Congresso Nacio-
(B) a prática do racismo constitui crime inafiançável e
nal, se dê em dois turnos de votação, com o voto favorável
imprescritível.
de três quintos dos respectivos membros;
(C) não haverá pena de morte em nenhuma circuns-
(D) podem ter a natureza jurídica de lei complemen-
tância.
tar, desde que o Congresso Nacional venha a aprová-los
(D) os templos religiosos, entendidos como casas de
com observância do processo legislativo ordinário;
Deus, possuem garantia de inviolabilidade domiciliar.
(E) sempre terão a natureza jurídica de atos de direito
15. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU- internacional, não se integrando, em qualquer hipótese, à
MARC/2014) NÃO figura entre as garantias expressas no ordem jurídica interna.
artigo 5º da Constituição Federal:
(A) a obtenção de certidões em repartições públicas. 19. (OAB - Exame de Ordem Unificado - FGV/2014)
(B) a defesa do consumidor, prevista em estatuto pró- Pedro promoveu ação em face da União Federal e seu pedi-
prio. do foi julgado procedente, com efeitos patrimoniais venci-
(C) o respeito à integridade física dos presos, garanti- dos e vincendos, não havendo mais recurso a ser interpos-
do pela lei de execução penal. to. Posteriormente, o Congresso Nacional aprovou lei, que
(D) a remuneração do trabalho noturno superior ao foi sancionada, extinguindo o direito reconhecido a Pedro.
diurno, posto que contido na legislação ordinária trabalhis- Após a publicação da referida lei, a Administração Pública
ta. federal notificou Pedro para devolver os valores recebidos,
comunicando que não mais ocorreriam os pagamentos fu-
16. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU- turos, em decorrência da norma em foco.
MARC/2014) A casa é asilo inviolável do indivíduo, po- Nos termos da Constituição Federal, assinale a opção
dendo-se nela entrar, sem permissão do morador, EXCETO correta
(A) em caso de desastre. (A) A lei não pode retroagir, porque a situação versa
(B) em caso de flagrante delito. sobre direitos indisponíveis de Pedro
(C) para prestar socorro. (B) A lei não pode retroagir para prejudicar a coisa jul-
(D) por determinação judicial, a qualquer hora. gada formada em favor de Pedro.
(C) A lei pode retroagir, pois não há direito adquirido
17. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Administrador de Pedro diante de nova legislação.
- FGV/2014) Em tema de direitos e garantias fundamen- (D) A lei pode retroagir, porque não há ato jurídico
tais, o artigo 5º da Constituição da República estabelece perfeito em favor de Pedro diante de pagamentos penden-
que é: tes.
184
NOÇÕES DE DIREITO
20. (SP-URBANISMO - Analista Administrativo - Ju- (A) determinou a extensão ao trabalhador doméstico,
rídico - VUNESP/2014) João apresenta requerimento jun- dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço ex-
to à Prefeitura do Município de São Paulo, pleiteando que traordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento a
lhe seja informado o número de licitações, na modalidade do normal e à proteção do mercado de trabalho da mulher,
pregão, realizadas pela São Paulo Urbanismo desde 2010. mediante incentivos específicos.
O pleito de João (A) instituiu vedação ao legislador para conferir tra-
(A) não encontra previsão expressa como direito fun- tamento diferenciado aos trabalhadores domésticos, em
damental na Constituição Federal, mas, todavia, deverá ser relação aos trabalhadores urbanos e rurais.
acolhido em virtude do texto constitucional prever que a (B) não determinou a extensão ao trabalhador do-
lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou méstico, dentre outros, dos direitos à proteção em face da
ameaça a direito automação e à proteção do mercado de trabalho da mu-
(B) é constitucionalmente previsto, pois é a todos lher, mediante incentivos específicos.
assegurado, mediante o pagamento de taxa, o direito de (C) determinou a extensão ao trabalhador doméstico,
petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou dentre outros, dos direitos à proteção em face da automa-
contra ilegalidade ou abuso de poder ção e ao piso salarial proporcional à extensão e à comple-
(C) não encontra amparo constitucional, uma vez xidade do trabalho.
que a obtenção de certidões em repartições públicas será (D) não determinou a extensão ao trabalhador do-
atendida apenas se o objeto do pedido for para defesa de méstico, dentre outros, dos direitos à remuneração do ser-
direitos ou para esclarecimento de situações de interesse viço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por
pessoal. cento a do normal e ao piso salarial proporcional à exten-
(D) encontra amparo constitucional, pois todos têm são e à complexidade do trabalho.
direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que 23. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014)
serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabili- Com referência à CF, aos direitos e garantias fundamen-
dade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à tais, à organização político-administrativa, à administração
segurança da sociedade e do Estado. pública e ao Poder Judiciário, julgue os itens subsecutivos.
(E) é constitucionalmente previsto, devendo ser A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e
respondido em 48 (quarenta e oito) horas, pois a todos, determina que cabe à lei definir os serviços ou atividades
no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades
razoável duração do processo e os meios que garantam a inadiáveis da comunidade.
celeridade de sua tramitação. Certo ( )
Errado ( )
21. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) A teoria
24. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a
da reserva do possível
alternativa correta.
(A) significa a inoponibilidade do arbítrio estatal à
(A) O rol de direitos sociais nos incisos do art. 7º e
efetivação dos direitos sociais, econômicos e culturais.
seguintes é exaustivo.
(B) gira em torno da legitimidade constitucional do
(B) É vedada a redução proporcional do salário do
controle e da intervenção do poder judiciário em tema de
trabalhador sob qualquer hipótese.
implementação de políticas públicas, quando caracterizada
(C) É assegurado ao trabalhador o gozo de férias
hipótese de omissão governamental. anuais remuneradas com, no mínimo, um terço a mais do
(C) considera que as políticas públicas são reservadas que o salário normal.
discricionariamente à análise e intervenção do poder judi- (D) A licença à gestante, sem prejuízo do emprego e
ciário, que as limitará ou ampliará, de acordo com o caso do salário, não está constitucionalmente prevista, mas é
concreto. determinada pela CLT.
(D) é sinônima, em significado e extensão, à teoria (E) O direito à licença paternidade, sem prejuízo do
do mínimo existencial, examinado à luz da violação dos emprego e do salário, não está constitucionalmente previs-
direitos fundamentais sociais, culturais e econômicos, to, mas é determinado pela CLT.
como o direito à saúde e à educação básica.
(E) defende a integridade e a intangibilidade dos di- 25. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário -
reitos fundamentais, independentemente das possibilida- FCC/2014) Pietro, nascido na Itália, naturalizou-se brasilei-
des financeiras e orçamentárias do estado. ro no ano de 2012. No ano de 2011, Pietro acabou come-
tendo um crime de roubo, cuja autoria foi apurada apenas
22. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador - no ano de 2013, sendo instaurada a competente ação pe-
FCC/2014) A Emenda Constitucional nº 72, promulgada nal, culminando com a condenação de Pietro, pela Justiça
em 2 de abril de 2013, tem por finalidade estabelecer a Pública, ao cumprimento da pena de 05 anos e 04 meses
igualdade de direitos entre os trabalhadores domésticos e de reclusão, em regime inicial fechado, por sentença tran-
os demais trabalhadores urbanos e rurais. Nos termos de sitada em julgado. Neste caso, nos termos estabelecidos
suas disposições, a Emenda pela Constituição federal, Pietro
185
NOÇÕES DE DIREITO
(A) não poderá ser extraditado, tendo em vista a quan- 30. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária -
tidade de pena que lhe foi imposta pelo Poder Judiciário. CESPE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à or-
(B) não poderá ser extraditado, pois o crime foi come- ganização político-administrativa da República Federativa
tido antes da sua naturalização. do Brasil.
(C) poderá ser extraditado. O poder constituinte dos estados, dada a sua condição
(D) não poderá ser extraditado, pois não cometeu cri- de ente federativo autônomo, é soberano e ilimitado.
me hediondo ou de tráfico ilícito de entorpecentes e dro- Certo ( )
gas afim. Errado ( )
(E) não poderá ser extraditado, pois a sentença con-
denatória transitou em julgado após a naturalização. 31. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária -
CESPE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à or-
26. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) É ganização político-administrativa da República Federativa
privativo de brasileiro nato o cargo de do Brasil.
(A) Ministro do Supremo Tribunal Federal. A despeito de serem entes federativos, os territórios
federais carecem de autonomia.
(B) Senador.
Certo ( )
(C) Juiz de Direito.
Errado ( )
(D) Delegado de Polícia.
(E) Deputado Federal. 32. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a al-
27. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) ternativa INCORRETA:
No caso de condenação criminal transitada em julgado, (A) A administração pública direta e indireta de qual-
enquanto durarem seus efeitos, o condenado terá seus di- quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
reitos políticos: e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
(A) mantidos. moralidade, publicidade, eficiência e impessoalidade.
(B) cassados. (B) É garantido ao servidor público civil o direito à
(C) perdidos. livre associação sindical.
(D) suspensos. (C) A administração fazendária e seus servidores fis-
cais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdi-
28. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) No que ção, precedência sobre os demais setores administrativos,
concerne às condições de elegibilidade para o cargo de na forma da lei.
prefeito previstas na CRFB/88, assinale a opção correta. (D) A proibição de acumulação remunerada de cargos
(A) José, ex-prefeito, que renunciou ao cargo 120 dias públicos se estende a emprego e funções, não abrangen-
antes da eleição poderá candidatar-se à reeleição ao cargo do, pois, sociedades de economia mista.
de prefeito. (E) As funções de confiança, exercidas exclusivamente
(B) João, brasileiro, solteiro, 22 anos, poderá candida- por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
tar-se, pela primeira vez, ao cargo de prefeito. comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira
(C) Marcos, brasileiro, 35 anos e analfabeto, poderá nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em
candidatar-se ao cargo de prefeito. lei, destinam-se, apenas, às atribuições de direção, chefia e
(D) Luís, capitão do exército com 5 anos de serviço, assessoramento.
mas que não pretende e nem irá afastar-se das atividades
militares, poderá candidatar-se ao cargo de prefeito. 33. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “A ad-
ministração pública pode ser definida objetivamente como
a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve
29. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) Assinale a alterna-
para a consecução dos interesses coletivos e subjetivamen-
tiva correta a respeito dos partidos políticos.
te como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos
(A) É vedado a eles o recebimento de recursos quais a lei atribui o exercício da função administrativa do
financeiros por parte de empresas transnacionais. Estado”. (MORAES, Alexandre de, Direito Constitucional.
(B) É assegurado a eles o acesso gratuito à propaganda São Paulo: Atlas, 2007, 22. ed., p. 310)
no rádio e na televisão, exceto aqueles que não possuam Com base no que determina a Constituição Federal a
representação no Congresso Nacional. respeito da administração pública é correto afirmar, exceto:
(C) Os partidos devem, obrigatoriamente, ter caráter (A) A investidura em cargo ou emprego público de-
nacional. pende de aprovação prévia em concurso público de pro-
(D) Os partidos devem, após cada campanha, apre- vas e títulos, de acordo com a natureza e complexidade do
sentar ao Congresso Nacional a sua prestação de contas cargo, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão.
para aprovação. (B) A Administração pública direta e indireta obede-
(E) Em razão de sua importante função institucional, cerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, morali-
os partidos políticos possuem natureza jurídica de direito dade, publicidade e eficiência.
público. (C) O prazo de validade do concurso público será de
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.
186
NOÇÕES DE DIREITO
(D) A Constituição Federal não veda a acumulação re- (C) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
munerada de cargos públicos. destinam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usu-
(E) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para fruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, nelas existentes.
que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas (D) É vedado às universidades e às instituições de
ações de ressarcimento. pesquisa científica e tecnológica admitir professores,
técnicos e cientistas estrangeiros.
34. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Com
relação à competência privativa da União para legislar, é 37. (SEAP/DF - Analista Direito - IADES/2014) Acer-
INCORRETO afirmar que compete privativamente à União ca da organização do Estado, em consonância com a Cons-
legislar sobre tituição Federal, assinale a alternativa correta.
(A) registros públicos. (A) É competência comum da União, dos estados, do
(B) comércio exterior e interestadual. Distrito Federal e dos municípios proporcionar os meios de
(C) organização do sistema nacional de emprego e acesso à cultura, à educação e à ciência.
condições para o exercício de profissões. (B) É competência exclusiva da União proteger os
(D) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, documentos, as obras e outros bens de valor histórico,
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho. artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais
(E) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natu- notáveis e os sítios arqueológicos.
reza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do (C) É competência exclusiva dos estados impedir a
meio ambiente e controle da poluição. evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte
e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural.
35. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside- (D) Compete, exclusivamente, à União legislar sobre a
rando as regras constitucionais sobre a administração pú- proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turísti-
blica, analise as afirmativas. co e paisagístico.
I. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e (E) Compete, exclusivamente, aos estados legislar so-
do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos bre educação, cultura, ensino e desporto.
pelo Poder Executivo.
38. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho -
II. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de car-
FCC/2014) O exercício do direito de greve pelos servidores
gos, funções e empregos públicos da administração direta,
públicos civis da Administração direta
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos
(A) deve ser considerado inconstitucional, até que
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
seja editada a lei definidora dos termos e limites em que
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos de-
possa ser exercido, a fim de preservar a continuidade da
mais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra
prestação dos serviços públicos.
espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou (B) deve ser considerado abusivo se exercido por ser-
não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra vidores públicos em estágio probatório.
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em es- (C) é constitucional, visto que previsto em norma
pécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. da constituição federal com aplicabilidade imediata, não
III. É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer necessitando de regulamentação, nem de integração
espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de normativa, para que o direito nela previsto possa ser
pessoal do serviço público. exercido.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s): (D) é constitucional, devendo, no entanto, observar
(A) I, II e III. a regulamentação legislativa da greve dos trabalhadores
(B) I, apenas. em geral, que se aplica, naquilo que couber, aos servidores
(C) I e II, apenas. públicos enquanto não for promulgada lei específica para
(D) I e III, apenas. o exercício desse direito.
(E) II e III, apenas. (E) é constitucional e poderá ensejar convenção
coletiva em que seja prevista a majoração dos vencimentos
36. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) Assinale dos servidores públicos.
a alternativa que está de acordo com o disposto na Cons-
tituição Federal. 39. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho -
(A) Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino FCC/2014) Certo Município editou lei municipal que dis-
fundamental e na educação infantil, enquanto os Estados e ciplinou o horário de funcionamento de farmácias e dro-
o Distrito Federal atuarão exclusivamente nos ensinos fun- garias. O sindicato dos empregados do comércio da região
damental e médio. pretende impugnar judicialmente a referida norma, sob o
(B) As pessoas físicas que praticarem condutas e ati- argumento de que o Município não teria competência para
vidades consideradas lesivas ao meio ambiente ficarão su- legislar sobre a matéria, mesmo na ausência de lei fede-
jeitas às respectivas sanções penais e administrativas, e as ral e estadual sobre o tema. Considerando a Constituição
pessoas jurídicas serão obrigadas, exclusivamente, a repa- Federal e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a
rar os danos causados ao meio ambiente. pretensão do sindicato
187
NOÇÕES DE DIREITO
(A) não encontra fundamento constitucional, uma vez (C) O federalismo centrípeto se caracteriza pelo forta-
que cabe aos Municípios fixar o horário de funcionamen- lecimento do poder central decorrente da predominância
to desses estabelecimentos, inserindo-se a matéria na sua de atribuições conferidas à União.
competência para legislar sobre assuntos de interesse local. (D) No federalismo atípico, constata-se a existência de
(B) não encontra fundamento constitucional, uma vez três esferas de competências: União, Estados e Municípios.
que, apesar da matéria se inserir na competência residual
dos Estados, cabe aos Municípios suprir a ausência de lei 44. (UNICAMP - Procurador - VUNESP/2014) Consi-
estadual para atender as suas peculiaridades locais. derando o disposto na Constituição Federal sobre o Poder
(C) encontra fundamento constitucional, uma vez que Judiciário, assinale a alternativa correta.
a ausência de norma federal disciplinando a matéria não (A) As decisões administrativas dos tribunais serão
poderia ser suprida por lei estadual, nem por lei municipal. motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares to-
(D) encontra fundamento constitucional, uma vez madas pelo voto da maioria absoluta de seus membros, em
que, inexistindo lei federal a respeito, apenas os Estados sessão secreta.
poderiam legislar sobre a matéria para atender as suas pe- (B) Os servidores dos cartórios judiciais receberão de-
culiaridades. legação para a prática de atos de administração e atos de
(E) encontra fundamento constitucional, uma vez que mero expediente, limitados às decisões de caráter interlo-
a matéria insere-se na competência residual dos Estados cutório.
para legislar sobre as competências que não lhes sejam ve- (C) Um quinto dos lugares dos Tribunais dos Estados
dadas pela Constituição. será composto de advogados de notório saber jurídico e
de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva ati-
40. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) vidade profissional, indicados em lista tríplice pelos órgãos
Compete privativamente à União legislar sobre de representação das respectivas classes.
(A) produção e consumo. (D) Aos juízes é vedado exercer a advocacia no juízo
(B) assistência jurídica e defensoria pública. ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos cinco
(C) trânsito e transporte. anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exo-
(D) direito tributário, financeiro, penitenciário, econô- neração.
mico e urbanístico. (E) O juiz goza da garantia da inamovibilidade, mas,
(E) educação, cultura, ensino e desporto. havendo interesse público, poderá ser removido, por deci-
são da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Con-
41. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) selho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa.
Os atos de improbidade administrativa importarão, nos
termos da Constituição Federal, dentre outros, 45. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
(A) a prisão provisória, sem direito à fiança. 23ªR/2014) Assinale a alternativa CORRETA:
(B) a indisponibilidade dos bens. (A) Compete ao Supremo Tribunal Federal processar
(C) a impossibilidade de deixar o país. e julgar, originariamente, o litígio entre Estado estrangeiro
(D) a suspensão dos direitos civis. ou organismo internacional e a União, Estados, Distrito Fe-
(E) o pagamento de multa ao fundo de proteção so- deral ou Município.
cial. (B) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, em
recurso extraordinário, o habeas corpus, habeas data, man-
42. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) José é ci- dado de segurança e mandado de injunção decididos, em
dadão do município W, onde está localizado o distrito de B. instância única, pelos Tribunais Superiores, se denegatória
Após consultas informais, José verifica o desejo da popula- a decisão.
ção distrital de obter a emancipação do distrito em relação (C) Compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em
ao município de origem. grau de recurso especial, os conflitos de competência entre
De acordo com as normas constitucionais federais, quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no artigo 102, I,
dentre outros requisitos para legitimar a criação de um “o”, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados,
novo Município, são indispensáveis: e entre juízes vinculados a tribunais diversos.
(A) lei estadual e referendo. (D) Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar
(B) lei municipal e plebiscito. e julgar, originariamente, os conflitos de atribuições entre
(C) lei municipal e referendo. autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre
(D) lei estadual e plebiscito. autoridades Judiciárias de um Estado e administrativas de
outro ou do Distrito Federal, ou entre as destes e da União.
43. (MPE/MG - Promotor de Justiça - MPE/2014) (E) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, em
Assinale a afirmativa INCORRETA: recurso ordinário, os conflitos de competência entre o Su-
(A) O federalismo por agregação surge quando Esta- perior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais.
dos soberanos cedem uma parcela de sua soberania para
formar um ente único. 46. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
(B) O federalismo dualista caracteriza-se pela sujeição 23ªR/2014) Sobre o Estatuto da Magistratura, NÃO É COR-
dos Estados federados à União. RETO afirmar:
188
NOÇÕES DE DIREITO
(A) A aferição do merecimento, para fins de promo- III. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal,
ção, ocorrerá conforme o desempenho e pelos critérios ob- organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de
jetivos de produtividade e presteza no exercício da jurisdi- concurso público de provas e títulos, com a participação
ção e pela frequência e aproveitamento em cursos oficiais facultativa da Ordem dos Advogados do Brasil, exercerão a
ou reconhecidos de aperfeiçoamento. representação judicial e a consultoria jurídica das respecti-
(B) Não será promovido o juiz que, injustificadamen- vas unidades federadas.
te, retiver os autos em seu poder além do prazo legal, não Está(ão) INCORRETA(S) a(s) afirmativa(s):
podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho (A) I, II e III.
ou decisão. (B) II, apenas.
(C) Na apuração da antiguidade, o Tribunal somente (C) I e II, apenas.
poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado (D) I e III, apenas.
de dois terços dos membros presentes à sessão, conforme (E) II e III, apenas.
procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repe-
tindo-se a votação até fixar-se a indicação. 49. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) “Joaqui-
na impetra mandado de segurança no Tribunal de Justiça
(D) O juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo
do local em que reside por ter direito líquido e certo que
autorização do Tribunal.
foi violado por abuso de autoridade da autoridade coatora
(E) A distribuição de processos será imediata em to-
envolvida na situação. Considere que, nessa hipótese, a au-
dos os graus de jurisdição. toridade coatora era o Governador do Estado, que possuía
foro por prerrogativa de função e que, por essa razão, a
47. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT competência para julgamento do writ era mesmo do Tri-
23ªR/2014) Sob a égide da Constituição Federal, assinale bunal de Justiça local. Considere, ainda, que a impetração
a alternativa INCORRETA: ocorreu tempestivamente, e que todos os requisitos de ad-
(A) é vedada a edição de medida provisória sobre missibilidade foram observados. Entretanto, mesmo com a
matéria já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo observância de todos os requisitos formais, meritoriamen-
congresso nacional e pendente de sanção ou veto te, foi denegatória a decisão do mandado de segurança
presidencial. impetrado por Joaquina.”
(B) as decisões administrativas dos tribunais serão Tendo em vista todos os aspectos apresentados no
motivadas e em sessão pública. caso anterior, assinale a opção que indica, acertadamente,
(C) as decisões administrativas de natureza disciplinar o recurso a ser interposto por Joaquina.
serão tomadas pelo voto de dois terços dos membros do (A) Recurso especial para o STJ.
tribunal. (B) Recurso ordinário para o STJ.
(D) o número de juízes na unidade jurisdicional será (C) Embargos infringentes para o STJ.
proporcional à efetiva demanda judicial com à Respectiva (D) Agravo de instrumento para o STJ.
população. (E) Recurso extraordinário para o STF.
(E) a inamovibilidade e a irredutibilidade salarial são
garantias da magistratura, mas não são absolutas, posto 50. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) De
que comportem exceções, ditadas em lei. acordo com o texto constitucional, lei complementar, de
iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o
48. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside- Estatuto da Magistratura, observados, entre outros, os se-
rando as regras constitucionais sobre as funções essenciais guintes princípios:
da justiça, analise. (A) o ato de remoção, disponibilidade, demissão e
aposentadoria do magistrado, por interesse público, fun-
I. Constituem garantias do Ministério Público: vitali-
dar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do res-
ciedade, após 2 anos de exercício, não podendo perder o
pectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, asse-
cargo senão por sentença judicial transitada em julgado,
gurada ampla defesa.
e inamovibilidade, salvo por motivo de interesse públi- (B) um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Fe-
co, mediante decisão do órgão colegiado competente do derais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e
Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus Territórios será composto de membros, do Ministério Pú-
membros, assegurada ampla defesa. Constituem vedações blico, com mais de dez anos de carreira, e de advogados
do Ministério Público: participar de sociedade comercial, de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais
na forma da lei, exercer atividade político-partidária e exer- de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em
cer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respecti-
pública, sem exceções. vas classes.
II. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, di- (C) todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judi-
retamente ou por meio de órgão vinculado, representa a ciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões,
União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos ter- sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em
mos da lei complementar que dispuser sobre sua organiza- determinados atos, às próprias partes e a seus advogados,
ção e funcionamento, as atividades de consultoria e asses- ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do
soramento jurídico do Poder Executivo e a representação direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudi-
da União na execução da dívida ativa de natureza tributária. que o interesse da Administração Pública.
189
NOÇÕES DE DIREITO
(D) nos tribunais com número superior a vinte e cinco (B) Tem competência para julgar magistrados por cri-
julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o me de autoridade
mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, (C) Tem como função apreciar a legalidade dos atos
para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicio- administrativos praticados por membros do Poder Judiciá-
nais delegadas da competência do tribunal pleno, proven- rio.
do-se metade das vagas por antiguidade, e a outra metade (D) Não possui competência para rever processos
por merecimento. disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há
menos de um ano.
51. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) (E) O CNJ pode suspender e fiscalizar decisão conces-
M. T. foi condenado, em primeira instância, pela prática de siva de mandado de segurança.
crime político. Contra a referida sentença condenatória é
cabível: 55. (TRT 3ª Região/MG - Juiz do Trabalho - TRT
(A) recurso em sentido estrito para o Tribunal de Jus- 3R/2014) Sobre as funções institucionais do Ministério Pú-
tiça. blico é incorreto afirmar:
(B) apelação para o Tribunal Regional Federal. (A) Defender judicialmente os direitos e interesses
(C) recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal. das populações indígenas, inclusive através de Promotor
(D) recurso inominado para o Superior Tribunal de de Justiça ad hoc.
Justiça. (B) Promover, privativamente, a ação penal pública, na
forma da lei.
52. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) (C) Promover o inquérito civil e a ação civil pública,
O processo e julgamento da execução de carta rogatória, para a proteção do patrimônio público e social, do meio
após o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homo- ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.
logação, é de competência: (D) Expedir notificações nos procedimentos adminis-
(A) dos Tribunais Regionais Federais. trativos de sua competência, requisitando informações e
(B) dos juízes federais. documentos para instruí-los, na forma da lei complementar
(C) do Supremo Tribunal Federal. respectiva.
(D) do Superior Tribunal de Justiça. (E) Exercer o controle externo da atividade policial, na
forma da lei complementar.
53. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária -
FGV/2014) A Emenda Constitucional nº 45, de 2004, adi- 56. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014)
cionou o art. 103-B na Constituição da República, crian- No que se refere aos Poderes Legislativo, Executivo e Judi-
do o Conselho Nacional de Justiça, órgão composto por ciário, bem como às funções essenciais à justiça, julgue os
membros do Judiciário, do Ministério Público, advogados seguintes itens.
e cidadãos, com o intuito mor de supervisionar a atuação A CF garante autonomia funcional e administrativa à
administrativa e financeira do Poder Judiciário e o cumpri- defensoria pública estadual e ao Ministério Público.
mento dos deveres funcionais dos juízes, além de outras Certo ( )
atribuições constantes no Estatuto da Magistratura e ou- Errado ( )
tras que a própria Constituição lhe atribui. Com base no
disposto na Constituição da República, constitui uma atri- 57. (TJ/SE - Titular de Serviços de Notas e de Regis-
buição do Conselho Nacional de Justiça: tro - CESPE/2014) No que se refere às funções essenciais à
(A) determinar a aposentadoria de juiz federal com justiça, assinale a opção correta de acordo com a CF.
subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço, (A) De acordo com a CF, a representação judicial dos
assegurada a ampla defesa. Estados, do Distrito Federal e dos municípios cabe exclu-
(B) encaminhar projeto de lei orçamentária referente sivamente aos procuradores organizados em carreira, de-
a tribunal de justiça que não o tenha feito no prazo devido. pendendo o ingresso nessa carreira de aprovação em con-
(C) expedir atos regulamentares, no âmbito de sua curso público de provas e títulos.
competência, que só terão eficácia depois de sancionados (B) As defensorias públicas dos Estados, do Distrito
pelo presidente da república. Federal e da União possuem autonomia funcional e admi-
(D) rever unicamente, mediante provocação, os pro- nistrativa, sendo-lhes assegurada a iniciativa de suas pro-
cessos disciplinares de juízes e membros de tribunais jul- postas orçamentárias na forma estabelecida na CF.
gados há menos de um ano. (C) Cabe ao Ministério Público Federal representar a
(E) declarar, observando a reserva de plenário, a in- União na execução de sua dívida ativa de natureza tribu-
constitucionalidade das leis que envolvam conflitos de tária.
massa. (D) A CF estabelece um rol exemplificativo de funções
institucionais do MP, como, por exemplo, a função de pro-
54. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) A respeito do Con- mover, privativamente, as ações civil e penal públicas, na
selho Nacional de Justiça, assinale a alternativa correta. forma da lei.
(A) Possui como função a fiscalização do Poder Judi- (E) À imunidade profissional do advogado não se
ciário e, eminentemente, função jurisdicional. podem aplicar restrições de qualquer natureza.
190
NOÇÕES DE DIREITO
58. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou
23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a al- não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra
ternativa INCORRETA: natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em es-
(F) A administração pública direta e indireta de qual- pécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal III. É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de
moralidade, publicidade, eficiência e impessoalidade. pessoal do serviço público.
(G) É garantido ao servidor público civil o direito à Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
livre associação sindical. (F) I, II e III.
(H) A administração fazendária e seus servidores fis- (G) I, apenas.
cais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdi- (H) I e II, apenas.
ção, precedência sobre os demais setores administrativos, (I) I e III, apenas.
na forma da lei. (J) II e III, apenas.
(I) A proibição de acumulação remunerada de cargos
públicos se estende a emprego e funções, não abrangen- RESPOSTAS
do, pois, sociedades de economia mista.
(J) As funções de confiança, exercidas exclusivamente 1. Resposta: “C”. Constituição é muito mais do que
por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em um documento escrito que fica no ápice do ordenamen-
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira to jurídico nacional estabelecendo normas de limitação e
nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em organização do Estado, mas tem um significado intrínseco
lei, destinam-se, apenas, às atribuições de direção, chefia e sociológico, político, cultural e econômico. Independente
assessoramento.
do conceito, percebe-se que o foco é a organização do Es-
tado e a limitação de seu poder.
59. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “A ad-
ministração pública pode ser definida objetivamente como
a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve 2. Resposta: “D”. Quanto à origem, a Constituição
para a consecução dos interesses coletivos e subjetivamen- pode ser outorgada, quando imposta unilateralmente pelo
te como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos agente revolucionário, ou promulgada, quando é votada,
quais a lei atribui o exercício da função administrativa do sendo também conhecida como democrática ou popular.
Estado”. (MORAES, Alexandre de, Direito Constitucional.
São Paulo: Atlas, 2007, 22. ed., p. 310) 3. Resposta: “B”. A Constituição Federal e os demais
Com base no que determina a Constituição Federal a atos normativos que compõem o denominado bloco de
respeito da administração pública é correto afirmar, exceto: constitucionalidade, notadamente, emendas constitucio-
(F) A investidura em cargo ou emprego público de- nais e tratados internacionais de direitos humanos apro-
pende de aprovação prévia em concurso público de pro- vados com quórum especial após a Emenda Constitucional
vas e títulos, de acordo com a natureza e complexidade do nº 45/2004, estão no topo do ordenamento jurídico. Sendo
cargo, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão. assim, todos os atos abaixo deles devem guardar uma es-
(G) A Administração pública direta e indireta obede- trita compatibilidade, sob pena de serem inconstitucionais.
cerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, morali- Por isso, estes atos que estão abaixo na pirâmide, se sujei-
dade, publicidade e eficiência. tam a controle de constitucionalidade.
(H) O prazo de validade do concurso público será de
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período. 4. Resposta: “A”. Carl Schmitt propõe que o conceito
(I) A Constituição Federal não veda a acumulação re- de Constituição não está na Constituição em si, mas nas
munerada de cargos públicos. decisões políticas tomadas antes de sua elaboração. Sen-
(J) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para do assim, o conceito de Constituição será estruturado por
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, fatores como o regime de governo e a forma de Estado
que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas vigentes no momento de elaboração da lei maior. A Cons-
ações de ressarcimento. tituição é o produto de uma decisão política e variará con-
forme o modelo político à época de sua elaboração.
60. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside-
rando as regras constitucionais sobre a administração pú-
5. Resposta: “B”. Todas as alternativas descrevem ca-
blica, analise as afirmativas.
I. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e racterísticas, atributos do Estado Democrático de Direito
do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos que é a República Federativa brasileira, notadamente: er-
pelo Poder Executivo. radicação da pobreza e diminuição de desigualdades (ar-
II. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de car- tigo 3º, III, CF); soberania, cidadania e pluralismo político
gos, funções e empregos públicos da administração direta, (artigo 1º, I, II e V, CF); princípio da legalidade (artigo 5º, II,
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos CF); liberdade de expressão (artigo 5º, IV, CF); construção
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos de sociedade justa, livre e solidária (artigo 3º, I, CF). Sendo
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos de- assim, incorreta a afirmação de que soberania, cidadania
mais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra e pluralismo político não são fundamentos da República
191
NOÇÕES DE DIREITO
Federativa do Brasil, pois estão como tais enumerados no terial ou moral decorrente de sua violação”; o que faz tam-
artigo 1º, CF, além de decorrerem da própria estrutura de bém o item V com relação ao artigo 5º, VI, CF que diz que
um Estado Democrático de Direito. “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garanti-
6. Resposta: “D”. O item “I” descreve alguns dos prin- da, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
cípios que regem as relações internacionais brasileiras, liturgias”. Sendo assim, todas afirmativas estão corretas.
enumerados no artigo 4º, CF, estando correto; o item “II”
afasta a normatividade dos princípios, o que é incorreto, 10. Resposta: “D”. O habeas corpus é garantia pre-
pois os princípios têm forma normativa e, inclusive, po- vista no artigo 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á habeas corpus
dem ser aplicados de forma autônoma se não houver lei sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
específica a respeito ou se esta se mostrar inadequada, por violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
isso mesmo, correta a afirmação do item “III”; os princípios ilegalidade ou abuso de poder”. A respeito dele, a lei bus-
descritos no item “IV” são alguns dos que regem a ordem ca torná-lo o mais acessível possível, por ser diretamente
econômica, enumerados no artigo 170, CF, restando corre- relacionado a um direito fundamental da pessoa humana.
ta; o item “V” traz um exemplo de violação ao princípio da O objeto de tutela é a liberdade de locomoção; a propo-
igualdade material, assegurado no artigo 5º, CF e refletido situra não depende de advogado; o que propõe a ação é
em todo texto constitucional, estando assim correto. Logo, denominado impetrante e quem será por ela beneficiado é
apenas o item “II” está incorreto. chamado paciente (podendo a mesma pessoa ser os dois),
contra quem é proposta a ação é a denominada autoridade
7. Resposta: “D”. O artigo 1º, CF traz os princípios coatora; e é possível utilizar habeas corpus repressivamen-
fundamentais (fundamentos) da República Federativa do te e preventivamente. Por sua vez, a Constituição Federal
Brasil: “I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da prevê no artigo 142, §2º que “não caberá habeas corpus em
pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da relação a punições disciplinares militares”.
livre iniciativa; V - o pluralismo político”. O princípio de “A”
se encontra no inciso V; o de “B” no inciso IV; o de “C” no 11. Resposta: “A”. No que tange ao tema, destaque
inciso III, pois viola a dignidade humana da mãe forçá-la a para os seguintes incisos do artigo 5º da CF: “LXXI - conce-
dar luz à um filho que resulte de estupro; o de “E” decorre der-se-á mandado de injunção sempre que a falta de nor-
dos incisos I e II e é previsão do artigo 2º, que dispõe que ma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos
“são Poderes da União, independentes e harmônicos entre e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Somente resta a nacionalidade, à soberania e à cidadania; LXXII - conceder-
alternativa “D”, que apesar de realmente trazer um objetivo -se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de
da República Federativa brasileira – previsto no artigo 3º, informações relativas à pessoa do impetrante, constantes
IV, não tem a ver com os princípios fundamentais, mas sim de registros ou bancos de dados de entidades governa-
com os objetivos. mentais ou de caráter público; b) para a retificação de da-
dos, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
8. Resposta: “C”. A democracia brasileira adota a mo- judicial ou administrativo”. Os itens “I” e “II” repetem o teor
dalidade semidireta, porque possibilita a participação po- do artigo 5º, LXXII, CF. Já o item “III” decorre logicamente
pular direta no poder por intermédio de processos como da previsão dos direitos fundamentais como limitadores da
o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. Como são atuação do Estado, logo, as informações requeridas serão
hipóteses restritas, pode-se afirmar que a democracia indi- contra uma entidade governamental da administração di-
reta é predominantemente adotada no Brasil, por meio do reta ou indireta. Por sua vez, o item “IV” reflete o artigo
sufrágio universal e do voto direto e secreto com igual va- 5º, LXXI, CF, do qual decorre logicamente o item “V”, posto
lor para todos. Contudo, não é a única maneira de se exer- que a demora do legislador em regulamentar uma norma
cer o poder (artigo 14, CF e artigo 1º, parágrafo único, CF). constitucional de aplicabilidade mediata, que necessita do
preenchimento de seu conteúdo, evidencia-se em risco aos
9. Resposta: “E”. “I” está correta porque a principal di- direitos fundamentais garantidos pela Constituição Fede-
ferença entre direitos e garantias é que os primeiros servem ral.
para determinar os bens jurídicos tutelados e as segundas
são os instrumentos para assegurar estes (ex: direito de li- 12. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 5º, LIII, CF,
berdade de locomoção – garantia do habeas corpus). “II” “ninguém será processado nem sentenciado senão pela
está correta, afinal, o próprio artigo 5º prevê em seu §2º autoridade competente”, restando o item “I” correto; pelo
que “os direitos e garantias expressos nesta Constituição artigo 5º, LX, CF, “a lei só poderá restringir a publicidade
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a interesse social o exigirem”, motivo pelo qual o item “II”
República Federativa do Brasil seja parte”, fundamento que está correto; e prevê o artigo 5º, LXVI, CF que “ninguém
também demonstra que o item “III” está correto. O item IV será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir
traz cópia do artigo 5º, X, CF, que prevê que “são inviolá- a liberdade provisória, com ou sem fiança”, confirmando o
veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das item “IV”. Por sua vez, o item “III” está incorreto porque “são
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano ma- inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilí-
192
NOÇÕES DE DIREITO
citos” (artigo 5º, LVI, CF); e o item “V” está incorreto porque particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão pres-
a jurisprudência atual ainda aceita a prisão civil do devedor tadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, res-
de alimentos, sendo que o texto constitucional autoriza salvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança
tanto esta quanto a do depositário infiel (artigo 5º, LXVII, da sociedade e do Estado”.
CF).
21. Resposta: “B”. A teoria da reserva do possível bus-
13. Resposta: “A”. Preconiza o artigo 5º, XL, CF: “XL ca impedir que se argumente por uma obrigação infinita
- a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. do Estado de atender direitos econômicos, sociais e cultu-
Assim, se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do rais. No entanto, não pode ser invocada como muleta para
rol de crimes ou que confira tratamento mais benéfico (di- impedir que estes direitos adquiram efetividade. Se a invo-
minuindo a pena ou alterando o regime de cumprimento, cação da reserva do possível não demonstrar cabalmente
notadamente), ela será aplicada. que o Estado não tem condições de arcar com as despesas,
o Poder Judiciário irá intervir e sanar a omissão.
14. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 5º,
22. Resposta: “C”. A Emenda Constitucional nº
XLII, CF: “XLII - a prática do racismo constitui crime ina-
72/2013, que ficou conhecida no curso de seu processo de
fiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos votação como PEC das domésticas, deu redação ao pará-
termos da lei”, restando “B” correta. “A” é incorreta porque grafo único do artigo 7º, o qual estende alguns dos direi-
a lei penal retroage para beneficiar o réu; “C” é incorreta tos enumerados nos incisos do caput para a categoria dos
porque é aceita a pena de morte para os crimes militares trabalhadores domésticos, quais sejam: “IV, VI, VII, VIII, X,
praticados em tempo de guerra; “D” é incorreta porque XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI
igrejas não possuem inviolabilidade domiciliar. e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e
observada a simplificação do cumprimento das obrigações
15. Resposta: “D”. Embora o direito previsto na alter- tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação
nativa “D” seja um direito fundamental, não é um direito de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos
individual, logo, não está previsto no artigo 5º, e sim no I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à
artigo 7º, CF, em seu inciso IX (“remuneração do trabalho previdência social”. Os direitos descritos na alternativa “C”
noturno superior à do diurno”). estão previstos nos incisos XXVII e XX do artigo 7º da Cons-
tituição, não estendidos aos empregados domésticos pela
16. Resposta: “D”. A propósito, o artigo 5º, XI, CF dis- emenda.
põe: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo 23. Resposta: “Certo”. O artigo 9º, CF disciplina o di-
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar so- reito de greve: “É assegurado o direito de greve, compe-
corro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. Sen- tindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
do assim, não cabe o ingresso por determinação judicial a exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele
qualquer hora, mas somente durante o dia. defender. § 1º A lei definirá os serviços ou atividades es-
senciais e disporá sobre o atendimento das necessidades
17. Resposta: C. Dispõe o artigo 5º, CF em seu inciso inadiáveis da comunidade. § 2º Os abusos cometidos su-
XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e res- jeitam os responsáveis às penas da lei”.
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
24. Resposta: “C”. “A” está incorreta porque o rol de
profissional”.
direitos sociais do artigo 7º é apenas exemplificativo, não
excluindo outros que decorram das normas trabalhistas,
18. Resposta: “C”. Estabelece o §3º do artigo 5º,CF:
dos direitos humanos internacionais e das convenções e
“Os tratados e convenções internacionais sobre direitos acordos coletivos; “B” está incorreta porque a redução pro-
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Con- porcional pode ser aceita se intermediada por negociação
gresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos coletiva, evitando cenário de demissão em massa; “D” está
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas incorreta porque a licença-gestante encontra arcabouço
constitucionais”. Logo, é necessário o preenchimento de constitucional, tal como a licença-paternidade, restando “E”
determinados requisitos para a incorporação. também incorreta (artigo 7º, XVIII e XIX, CF. Sendo assim,
“C” está correta, conforme disposto no artigo 7º: “gozo de
19. Resposta: “B”. No que tange à segurança jurídica, férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a
tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: “XXXVI - a lei mais do que o salário normal” (artigo 7º, XVII, CF).
não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito
e a coisa julgada”. A coisa julgada se formou a favor de 25. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 5º, LI, CF, “ne-
Pedro e não pode ser quebrada por lei posterior que altere nhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em
a situação fático-jurídica, sob pena de se atentar contra a caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou
segurança jurídica. de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpe-
20. Resposta: “D”. Trata-se de garantia constitucio- centes e drogas afins, na forma da lei”. Embora a condena-
nal prevista no artigo 5º, XXXIII, CF: “todos têm direito a ção tenha ocorrido após a naturalização, o crime comum
receber dos órgãos públicos informações de seu interesse foi praticado antes dela, permitindo a extradição de Pietro.
193
NOÇÕES DE DIREITO
26. Resposta: “A”. Conforme disciplina o artigo 12, § que não podem dele se desvincularem (atitudes neste sen-
3º, CF, “São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de tido podem gerar intervenção federal por atentarem contra
Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presiden- o regime federativo). Logo, os Estados-membros possuem
te da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado autonomia relativa, limitada ao previsto pela Constituição,
Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V e não possuem soberania.
- da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas;
VII - de Ministro de Estado da Defesa”. O motivo da veda- 31. Resposta: “Errado”. Os Territórios, atualmente não
ção é que em determinadas circunstâncias o Ministro do existentes no país, se vierem a existir, possuem vinculação
Supremo Tribunal Federal pode assumir substitutivamente com a União e não a autonomia enquanto entes federati-
a Presidência da República. vos. Somente são entes federativos a União, os Estados, O
distrito Federal e os Municípios.
27. Resposta: “D”. Os direitos políticos nunca podem
ser cassados ou perdidos, mas no máximo suspensos. A 32. Resposta: “D”. O artigo 37, caput da Constituição
condenação criminal transitada em julgado justifica a sus- Federal colaciona os cinco princípios descritos na alterna-
pensão dos direitos políticos, o que é disposto no artigo tiva “A” como de necessária observância na Administração
Pública em todas suas esferas e em todos os seus Poderes.
15, III, CF: “é vedada a cassação de direitos políticos, cuja
Já a alternativa “B” repete previsão expressa do artigo 37,
perda ou suspensão só se dará nos casos de: [...] III - con-
VI, CF; assim como a alternativa “C” traz a previsão do ar-
denação criminal transitada em julgado, enquanto durarem tigo 37, XVIII, CF; e a alternativa “E” repete o previsto no
seus efeitos”. artigo 37, V, CF.
Somente resta a alternativa “D”, que contraria o teor do
28. Resposta: “B”. Prevê o artigo 14, § 3º, CF: São con- artigo 37, XVII, CF: “A proibição de acumular estende-se a
dições de elegibilidade, na forma da lei: [...] VI - a idade empregos e funções e abrange autarquias, fundações, em-
mínima de: c) vinte e um anos para Deputado Federal, De- presas públicas, sociedades de economia mista, suas subsi-
putado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de diárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente,
paz”, de modo que João preenche o requisito etário para a pelo poder público”. Com efeito, as sociedades de econo-
candidatura. “A” está errada porque a renúncia é exigida mia mista não estão excluídas da proibição de acumulação
para cargo diverso (artigo 14, §6º, CF); “C” está errada por- remunerada de cargos, razão pela qual a alternativa é in-
que o analfabeto não pode se eleger (artigo 14, §4º, CF); correta.
“D” está errada porque o afastamento neste caso é exigido
(artigo 14, §8º, I, CF). 33. Resposta: “D”. A alternativa “A” colaciona a exi-
gência do artigo 37, II, CF; a alternativa “B” traz os clássicos
29. Resposta: “C”. O artigo 17 da Constituição Federal princípios da Administração Pública previstos no caput do
regulamenta os partidos políticos e coloca o caráter nacio- artigo 37; em “C” percebe-se o prazo de validade de um
nal como preceito que deva necessariamente se observado: concurso público e sua possibilidade de prorrogação nos
“É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de parti- moldes exatos do artigo 37, III, CF; e “E” repete o teor do
dos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime artigo 37, §5º, CF. Por sua vez, a vedação de acumulações
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais ao servidor público está prevista no artigo 37, XVI, CF: “é
da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, ex-
I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de re- ceto, quando houver compatibilidade de horários, obser-
cursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou vado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois
de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça cargos de professor; b) a de um cargo de professor com
outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empre-
Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a
gos privativos de profissionais de saúde, com profissões
lei. § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para
regulamentadas”.
definir sua estrutura interna, organização e funcionamento
e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas 34. Resposta: “E”. A competência descrita em “E” é
coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação comum entre União, Estados e Distrito Federal: “Art. 24.
entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distri- Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legis-
tal ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer nor- lar concorrentemente sobre: [...] VI - florestas, caça, pesca,
mas de disciplina e fidelidade partidária. § 2º Os partidos fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos re-
políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma cursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da
da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior poluição”. O artigo 22, CF descreve nos incisos XXV, VIII, XVI
Eleitoral. § 3º Os partidos políticos têm direito a recursos e I competências privativas da União que constam, nesta
do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, ordem, as alternativas “A”, “B”, “C” e “D”.
na forma da lei. § 4º É vedada a utilização pelos partidos
políticos de organização paramilitar”. 35. Resposta: “A”. O item I traz o teor do artigo 37,
30. Resposta: “Errado”. A soberania é elemento intrín- XII, CF: “os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e
seco ao Estado nacional, ou seja, à União. O Brasil, enquan- do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos
to Estado Nacional, é soberano. Suas unidades federativas, pelo Poder Executivo”. O item II corresponde ao artigo 37,
por seu turno, não possuem o atributo da soberania, tanto XI, CF: “XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
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NOÇÕES DE DIREITO
cargos, funções e empregos públicos da administração di- 39. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 30, I, CF,
reta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer “Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de in-
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e teresse local”. A questão é que o Município tem autonomia
dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos para legislar sobre temas de seu particularizado interesse
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou ou- e não de forma privativa. A mera alegação de que se faz
tra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente necessária a existência de lei delimitando o interesse local
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer do Município apresenta-se apenas como outra possibilida-
outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, de de atuação. Nada impede a elaboração de legislação
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, definindo o que seria de interesse do Município, mas em
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do
sua ausência, a Carta Constitucional conferiu-lhe autono-
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio
mia para decidir o que seria de seu interesse.
mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito
do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores 40. Resposta: “C”. A competência privativa legislativa
do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e da União está descrita no artigo 22 da Constituição e a pre-
cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espé- visão da alternativa “C” é a do seu inciso XI. Sobre produção
cie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito e consumo, a competência é legislativa concorrente entre
do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do União, estados e Distrito Federal (artigo 24, V, CF), assim
Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Pú- como a de legislar sobre assistência jurídica e Defensoria
blicos”. O item III refere-se ao inciso XIII do artigo 37, CF: “é Pública (artigo 24, XIII, CF), a de legislar sobre direito tri-
vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies butário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico
remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal (artigo 24, I, CF) e a de legislar sobre educação, cultura,
do serviço público”. Logo, as três afirmativas estão corretas. ensino e desporto (artigo 24, IX, CF).
36. Resposta: “C”. A alternativa “C” traz o teor do arti- 41. Resposta: “B”. Nos moldes do artigo 37, §4º, CF,
go 231, §2º, CF: “As terras tradicionalmente ocupadas pelos “os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos la- indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
gos nelas existentes”, restando correta. “A” está errada por-
na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
que o artigo 211, §3º, CF prevê que “os Estados e o Distrito
penal cabível”. Dentre as alternativas, somente “B” descreve
Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e
médio”, não exclusivamente nestes. “B” está errada porque previsão do dispositivo retro.
pessoas jurídicas se sujeitam também a sanções penais e
administrativas (artigo 225, §3º, CF). “D” está incorreta por- 42. Resposta: “D”. Disciplina o artigo 18, §4º, CF: “§ 4º
que nestes casos estrangeiros podem ser admitidos (artigo A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento
207, §1º, CF). de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do perío-
do determinado por Lei Complementar Federal, e depen-
37. Resposta: “A”. A alternativa “A” traz competência derão de consulta prévia, mediante plebiscito, às popula-
descrita no artigo 23, V, CF: “Art. 23. É competência comum ções dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estu-
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- dos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados
pios: [...] V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à na forma da lei”.
educação e à ciência”. Todas as demais estão incorretas: “B”
competência concorrente entre todos os entes federados 43. Resposta: “B”. O federalismo dualista é caracte-
(artigo 24, III, CF); “C” competência concorrente entre todos rizado por uma rígida separação de competências entre o
os entes federados (artigo 24, IV, CF); “D” competência con- ente central (união) e os entes regionais (estados-mem-
corrente entre União, estados e DF (artigo 24, VII, CF); “E” bros). Sendo assim, não há uma relação mais intensa de
competência concorrente entre União, estados e DF (artigo submissão e sim de autonomia.
24, IX, CF).
44. Resposta: “E”. “A” está incorreta porque a decisão,
38. Resposta: “D”. A greve é um direito do servidor
público, previsto no inciso VII do artigo 37 da Constituição mesmo sobre infrações disciplinares, é tomada em sessão
Federal de 1988, portanto, trata-se de um direito consti- pública; “B” está incorreta porque o único legitimado para
tucional. Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de decidir é o juiz e não seu servidor, ainda que por delega-
Justiça ao julgar o recurso no Mandado de Segurança nº ção; “C” está incorreta porque a lista é sêxtupla; “D” está
2.677, que, em suas razões, aduziu que “o servidor público, incorreta porque o prazo em que se proíbe o exercício é de
independente da lei complementar, tem o direito público, três anos. Somente resta a alternativa “D”, aplicando-se o
subjetivo, constitucionalizado de declarar greve”. Esse di- artigo 95, CF: Os juízes gozam das seguintes garantias: [...]
reito abrange o servidor público em estágio probatório, II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público,
não podendo ser penalizado pelo exercício de um direito na forma do art. 93, VIII”. Logo, o motivo de interesse pú-
constitucionalmente garantido. blico pode gerar a quebra da garantia da inamovibilidade.
195
NOÇÕES DE DIREITO
45. Resposta: “D”. As competências de processamen- 48. Resposta: “A”. O item I está praticamente inteiro
to e julgamento estão previstas nos artigos 102, CF – em correto, somente se percebendo o erro ao final, quando
relação ao Supremo Tribunal Federal – e 105, CF – quanto afirma que não há exceções para o exercício de outra fun-
ao Superior Tribunal de Justiça. As regras de competências ção pública porque a própria Constituição prevê uma exce-
previstas nas alternativas “A”, “B”, “C” e “E” estão incorretas, ção no artigo 128, §5º, II, “d” – uma atividade de magistério.
pelos seguintes motivos: II está incorreta porque a Advocacia Geral da União não re-
Quanto à alternativa “A”, o art. 102, I, “e”, CF prevê que o presenta o Executivo federal na execução de dívida ativa de
Supremo Tribunal Federal processa e julga originariamente natureza tributária: “Artigo 131, §3º, CF. Na execução da dí-
“o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo interna- vida ativa de natureza tributária, a representação da União
cional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Territó- cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observado
rio”, excluindo os Municípios. o disposto em lei”. III está incorreta porque a participação
Em relação à alternativa “B”, o artigo 102, II, “a”, CF, da Ordem dos Advogados do Brasil no concurso de provas
prevê que compete ao Supremo Tribunal Federal “julgar,
e títulos é obrigatória em todas as fases (artigo 132, CF).
em recurso ordinário: a) o ‘habeas corpus’, o mandado de
Neste sentido, as três afirmativas estão incorretas.
segurança, o ‘habeas data’ e o mandado de injunção de-
cididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se
denegatória a decisão”, logo, o recurso é ordinário, não ex- 49. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 105,
traordinário. I, “b”, CF: “Compete ao Superior Tribunal de Justiça: [...] II
No que tange à alternativa “C”, o artigo 105, I, “d”, CF - julgar, em recurso ordinário: [...] b) os mandados de se-
prevê que o Superior Tribunal de Justiça processará e jul- gurança decididos em única instância pelos Tribunais Re-
gará originariamente “os conflitos de competência entre gionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito
quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, ‘o’, Federal e Territórios, quando denegatória a decisão”.
bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e
entre juízes vinculados a tribunais diversos”, de modo que 50. Resposta: “B”. A regra do quinto constitucional
o julgamento é originário, não em sede de recurso especial. está prevista na Constituição Federal com o seguinte teor:
Sobre a alternativa “E”, “os conflitos de competência “Art. 94, CF. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais
entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e
entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer ou- Territórios será composto de membros, do Ministério Pú-
tro tribunal” são julgados pelo Supremo Tribunal Federal, blico, com mais de dez anos de carreira, e de advogados
conforme artigo 102, I, “o”, CF, mas não em sede de recurso de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais
ordinário, e sim originariamente. de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em
Resta a alternativa “D”, que vai de encontro com o ar- lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respec-
tigo 105, I, “g”, CF, competindo originariamente ao Supe- tivas classes. Parágrafo único. Recebidas as indicações, o
rior Tribunal de Justiça processar e julgar “os conflitos de tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Exe-
atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias cutivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de
da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e seus integrantes para nomeação”.
administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as
deste e da União”. 51. Resposta: “C”. Os crimes políticos são julgados em
recurso ordinário pelo Supremo Tribunal Federal sempre,
46. Resposta: “C”. O Estatuto da Magistratura tem conforme artigo 102, II, “b”, CF: “Compete ao Supremo Tri-
suas regulamentações gerais descritas no artigo 93 da CF,
bunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,
sendo que todas as alternativas, exceto a “C” estão em
cabendo-lhe: [...] II - julgar, em recurso ordinário: [...] b) o
compatibilidade com este dispositivo. Neste sentido, o ar-
crime político”.
tigo 93, II, “d”, CF prevê que “na apuração de antiguidade,
o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo
voto fundamentado de dois terços de seus membros, 52. Resposta: “B”. Nos termos do artigo 109, X, CF,
conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defe- “aos juízes federais compete processar e julgar: [...] X - os
sa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação”. Sendo crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangei-
assim, não consideram-se apenas os membros presentes, ro, a execução de carta rogatória, após o exequatur, e de
mas todos os membros do Tribunal. sentença estrangeira, após a homologação, as causas re-
ferentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à
47. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 93, X, CF, “as naturalização”. Nota para a pergunta capciosa do examina-
decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e dor, afinal, a competência para conceder o exequatur é do
em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo Superior Tribunal de Justiça (artigo 105, I, “i”, CF).
voto da maioria absoluta de seus membros”, logo, o quó-
rum é de maioria absoluta e não de 2/3, e as decisões são 53. Resposta: “A”. As competências do Conselho Na-
motivadas e tomadas em sessão pública, afastando-se a cional de Justiça estão descritas no artigo 103-B, § 4º, CF:
alternativa “C” e confirmando-se a alternativa “B”. A alter- “§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação adminis-
nativa “A” está de acordo com o artigo 62, §1º, IV, CF; a “D” trativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento
com o artigo 93, XIII, CF; e a “E” segue o disposto no artigo dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de
95, II e III, CF.
196
NOÇÕES DE DIREITO
outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes
da Magistratura: I - zelar pela autonomia do Poder Judi- Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos
ciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas
podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua necessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil
competência, ou recomendar providências; II - zelar pela e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio
observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante público e social, do meio ambiente e de outros interes-
provocação, a legalidade dos atos administrativos pratica- ses difusos e coletivos; IV - promover a ação de incons-
dos por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo titucionalidade ou representação para fins de intervenção
da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Consti-
desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se ado-
tuição; V - defender judicialmente os direitos e interesses
tem as providências necessárias ao exato cumprimento da
das populações indígenas; VI - expedir notificações nos
lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da
procedimentos administrativos de sua competência, re-
União; III - receber e conhecer das reclamações contra quisitando informações e documentos para instruí-los,
membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer
seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de o controle externo da atividade policial, na forma da lei
serviços notariais e de registro que atuem por delegação complementar mencionada no artigo anterior; VIII - requi-
do poder público ou oficializados, sem prejuízo da com- sitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito
petência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas mani-
avocar processos disciplinares em curso e determinar a festações processuais; IX - exercer outras funções que lhe
remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com sub- forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalida-
sídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço de, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consul-
e aplicar outras sanções administrativas, assegurada am- toria jurídica de entidades públicas”. Com efeito, embora
pla defesa; IV - representar ao Ministério Público, no caso o Ministério Público possa promover a defesa dos direitos
de crime contra a administração pública ou de abuso de e dos interessas das populações indígenas, não o faz por
autoridade; V - rever, de ofício ou mediante provocação, os promotor ad hoc, figura não mais aceita, nos termos do
processos disciplinares de juízes e membros de tribunais artigo 129, §2º, CF, que prevê: “As funções do Ministério
julgados há menos de um ano; VI - elaborar semestralmen- Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira,
que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo
te relatório estatístico sobre processos e sentenças prola-
autorização do chefe da instituição”.
tadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do
Poder Judiciário; VII - elaborar relatório anual, propondo
56. Resposta: “Certo”. A autonomia funcional e admi-
as providências que julgar necessárias, sobre a situação do nistrativa do Ministério Público é garantida no artigo 127,
Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual §2º, CF e a autonomia funcional e administrativa da Defen-
deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tri- soria Pública estadual é garantida no artigo 134, §2º, CF.
bunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por
ocasião da abertura da sessão legislativa”. Conforme grifos 57. Resposta: “B”. “B” está correta porque autonomia
no inciso III do referido dispositivo, um juiz federal, como funcional e administrativa pertencem às Defensorias Públi-
funcionário do Poder Judiciário, pode ter sua aposentado- cas como um todo, conforme artigo 134, CF: “§ 2º Às De-
ria determinada pelo Conselho Nacional de Justiça com fensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia
subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço, funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta
tendo preservado seu direito à ampla defesa. orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no
54. Resposta: “C”. Preconiza o artigo 103-B, § 4º, II: art. 99, § 2º. § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defenso-
“Compete ao Conselho o controle da atuação adminis- rias Públicas da União e do Distrito Federal” (grifo nos-
trativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento so). Por seu turno, “A” está incorreta porque nas carreiras
dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de iniciais de fato o ingresso se dá por concurso de provas e
títulos, mas o Advogado-Geral da União é de livre nomea-
outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto
ção do Presidente da República (artigo 131, §1º, CF); “C”
da Magistratura: [...] II - zelar pela observância do art. 37 e
está incorreta porque tal incumbência é da Procuradoria-
apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade
-Geral da Fazenda Nacional (artigo 131, §1º, CF); “D” está
dos atos administrativos praticados por membros ou incorreta porque a competência de promover ação civil pú-
órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, blica não é privativa do Ministério Público e nem mesmo a
revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências de promover a ação penal, já que o constituinte assegura a
necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da ação penal subsidiária da pública; “E” está incorreta porque
competência do Tribunal de Contas da União” (grifo nosso). logicamente a imunidade profissional do advogado sofre
restrições.
55. Resposta: “A”. O artigo 129, CF, estabelece as fun-
ções institucionais do Ministério Público, nos seguintes ter- 58. Resposta: “D”. O artigo 37, caput da Constituição
mos: “Art. 129. São funções institucionais do Ministério Pú- Federal colaciona os cinco princípios descritos na alterna-
blico: I - promover, privativamente, a ação penal pública, tiva “A” como de necessária observância na Administração
197
NOÇÕES DE DIREITO
198
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
3. Noções de Criminologia.................................................................................................................................................................................... 01
3.1. Criminologia: conceito, método, objeto e finalidades. ............................................................................................................... 01
3.2. Evolução histórica, teorias e escolas criminológicas..................................................................................................................... 09
3.3. Fatores condicionantes e desencadeantes da criminalidade..................................................................................................... 25
3.4. Vitimologia.................................................................................................................................................................................................... 43
3.5. Prevenção do delito................................................................................................................................................................................... 49
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
1
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
tudo nos agregados sociais urbanos de densa população, rejeitava as penas fixas e propunha que as sentenças va-
a Criminologia precisa traçar uma tática eficaz. A crimino- riassem em função das circunstâncias concretas do delito,
logia, não trata unicamente da pessoa humana, porque como a idade, o nível intelectual e o estado psicológico do
o homem é o agente do ato antissocial, mas sobre este delinquente. A chamada escola italiana outorgava às medi-
agente existem várias causas e muitas ainda desconheci- das preventivas do delito mais importância do que às des-
das, que modificarão o caráter essencialmente humano ou tinadas a reprimi-lo. As tentativas modernas de tratamento
antropológico do fenômeno. A criminologia é e deve ser dos delinquentes devem quase tudo à psiquiatria e aos
considerada de acordo com a maioria dos estudiosos do métodos de estudo aplicados a casos concretos. A atitude
assunto, uma ciência pré-jurídica, sua matéria de estudos é dos cientistas contemporâneos é de que os delinquentes
o homem, o seu viver social, suas ações, toda sua evolução, são indivíduos e sua reabilitação só poderá ser alcançada
como espécie e como indivíduo. Para um estudo completo através de tratamentos individuais e específicos.
de criminologia devemos estudar tanto a filosofia, sociolo- Entretanto, há na ciência, Criminologia, já um acervo
gia, psicologia, e a ética. Esta última, que vai à base moral com que se deve contar, para ir em demanda das novas
da humanidade, daí deve-se entender melhor o que é essa rotas que se nos deparam. E esse acervo já vem sendo co-
Moral; pois o Código Penal apoia-se sobre a moral. lhido em longas décadas de estudo e de meditação, arma-
Esta ciência social que estuda a natureza, a extensão e zenando largos cabedais que constituem uma bibliografia
as causas do crime, possui dois objetivos básicos: a deter- inumerável, na qual, ao lado de muito joio, excelentes con-
minação de causas, tanto pessoais como sociais, do com- tribuições se podem contar. Todavia, alguns menos ansio-
portamento criminoso e o desenvolvimento de princípios sos por avançar sempre na procura da solução de múltiplas
válidos para o controle social do delito. Desde o século incógnitas que ainda nos enfrentam, creem desde logo de
XVIII, são formuladas várias teorias científicas para explicar assentar a Criminologia em bases suficientemente estáveis.
as causas do delito. O médico alemão Franz Joseph Gall O crime apresenta uma transformação, ou ampliação,
procurou relacionar a estrutura cerebral com as inclinações que de uma forma aceitavelmente denominada “normal”,
criminosas. No final do século XIX, o criminologista Cesa- se projeta hoje para configurações que poderiam ser con-
re Lombroso afirmava que os delitos são cometidos por sideradas “anormais”. Apenas se deve ponderar que essa
aqueles que nascem com certos traços físicos hereditários atual anormalidade assim se nos apresenta por não terem
reconhecíveis, teoria refutada no começo do século XX podido estar os gabaritos normativos acompanhando sem-
por Charles Goring, que fez um estudo comparativo entre pre as transformações psico-sociais que a época atual ofe-
delinquentes encarcerados e cidadãos respeitadores das rece, dada à tumultuosa evolução dos sistemas de vida e
leis, chegando à conclusão de que não existem os chama- das colisões sociais. E daí desde logo nos apresenta um dos
dos “tipos criminais” com disposição inata para o crime. problemas básicos da Criminologia: é que ela se desenvol-
Na França, Montesquieu procurou relacionar o compor- veu a partir do Direito Criminal, mas, por assim dizer, disci-
tamento criminoso com o ambiente natural e físico. Por plinada, ou jungida, às condições penais e, ainda, demarca-
outro lado, os estudiosos ligados aos movimentos socia- da, em seus horizontes, por uma finalidade que ia mais às
listas têm considerado o delito como um efeito derivado situações pós-delituais, e avança preferentemente para os
das necessidades da pobreza. Outros teóricos relacionam aspectos punitivos e, depois, recuperados do delinquente.
a criminalidade com o estado geral da cultura, sobretudo Desta sorte, há uma Criminologia ainda hoje definida
pelo impacto desencadeado pelas crises econômicas, as como um ramo subsidiário do Direito Penal, e que serviria
guerras, as revoluções e o sentimento generalizado de in- mais para a correta aplicação desse mesmo Direito; visaria
segurança e desproteção derivados de tais fenômenos. No ela ilustrá-lo com os conhecimentos que se foram adqui-
século XX, destacam-se as teorias elaboradas por psicólo- rindo quanto à pessoa do criminoso, às condições do crime
gos e psiquiatras, que indicam que cerca de um quarto da dentro da dinâmica delituosa e da eventual motivação do
população reclusa é composta por psicóticos, neuróticos ato antissocial, inclusive pela incorporação da vitimologia
ou pessoas instáveis emocionalmente, e outro quarto pa- hoje de tanta nomeada nos círculos científicos.
dece de deficiências mentais. A maioria dos especialistas, Tratar-se-á de uma Criminologia que se poderá de-
porém, está mais inclinada a assumir as teorias do fator nominar de pragmática e que, na escala do conhecimen-
múltiplo, de que o delito surge como consequência de um to, sempre definida como sendo de posição pré-jurídica.
conjunto de conflitos e influências biológicas, psicológicas, A partir dos Códigos, e atendendo ao seu espírito, busca
culturais, econômicas e políticas. essa Criminologia oferecer ao aplicador da Lei os meios
Ao lado do desenvolvimento das teorias sobre as cau- mais efetivos e esclarecidos para que o cumprimento dos
sas do delito, são estudados vários modelos correcionais. dispositivos penais se torne mais cientificamente apoiado
Assim, a antiga teoria teológica e moral entendia o castigo e informado.
como uma retribuição à sociedade pelo mal cometido. Je- Nessa mesma ordem de aplicação científica dos co-
remy Bentham procurou que houvesse uma relação mais nhecimentos criminológicos se situou o nosso sábio legis-
precisa entre castigo e delito e insistia na fixação de penas lador de 1940 quando, no já citado artigo 42 do Código
definidas e inflexíveis para cada classe de crime, de tal for- Penal, ainda vigente, preceituou que o Juiz, para aplicar a
ma que a dor da pena superasse apenas um pouco o prazer pena, deverá atender “aos antecedentes e à personalidade
do delito. No princípio do século XX, a escola neoclássica do agente, à intensidade do dolo ou grau da culpa, aos
motivos, às circunstâncias e consequências do crime”.
2
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Aí estão, pois, as vias da Criminologia pragmática, Mas desde logo se percebe que a solução bio-crimi-
auxiliar do Direito, para assessorá-lo, em matéria de sua nogenética é um dédalo em que se tem perdido a ânsia
competência, e visando a personalização do tratamento de resolver o problema apenas por esse lado. E, ademais,
penal. Como nem sempre se pode realizar este exame do desde logo se verificou que só o exame do “uomo delin-
delinquente antes do julgamento, momento esse que seria qüente” não bastava, visto que ele era também produto
idealmente o ótimo pra o levar a efeito, e como é deter- do meio. E a Sociologia se aplicou também aos estudos
minado pela Lei, segundo ficou registrado, quando menos criminogenéticos, dando origem á Sociologia Criminal,
deve essa análise do criminoso ser posta de triagem sufi- que se arrogava, por sua vez, a pretensão de Ter em si a
cientemente capaz de apreciar a pluridimensional persona- solução sempre tão ambicionada. Já vinha, aliás, de Platão,
lidade do agente antissocial. E dessa análise deverá surgir a este pensamento precursor, “atribuindo os crimes à falta
orientação a seguir no tratamento, para melhor perspectiva de educação dos cidadãos e má organização do Estado”,
de êxito do mesmo, desde que bem adequado à persona- como lembrava oportunamente Afrânio Peixoto, em sua
lidade do delinquente e às várias opções que se ofereçam “Criminologia”. Com Durkhein, Ferri, Lacassagne, Tarde,
dentro do sistema penitenciário existente. Turati, Bataglia, Lafargue, Bebel... desenvolveu-se esta escola
Além desta Criminologia pragmática, ainda e sempre que opunha, ao falar biológico, a gênese social dos delitos.
ao lado do Direito, para servi-lo nas suas indagações sobre E houve, incrivelmente, um dissídio que pretendeu, cada um
a criminogênese dos fatos delituosos, poder-se-á colocar do seu lado, impor a conclusão de que o fator mesológico,
a Criminologia especulativa, causal da genética, que teria ou o fator biológico, é que determinava prevalentemente o
uma posição para-jurídica, cuidando da grande ambição crime. Só mais tarde, e agora mais lucidamente, é que veio
de todos os criminólogos, ou seja, de indagar e identificar a prevalecer o princípio de uma globalização de todos os
as causas da criminalidade. chamados fatores criminogenéticos que, num caso, podem
É a grande meta que os estudos criminogenéticos têm oferecer predomínio da influência mesológica, num outro
como alvo e que, se acaso lá pudéssemos aportar, nos caso, podem apontar a biologia como sobressalente, e, em
levaria, quiçá, um dia, a poder aplicar, com total sucesso, muitos outros, se verificava certa equivalência na atuação
o velho preceito, que dita: «sublata causa tollitur effectus» de tais fatores. Mas sempre se reconhecendo, em todos os
ideal fagueiro dos estudos criminológicos, mas que tem casos, a presença de ambos esses fatores, como desde Fer-
sido ainda a miragem fugidia de todas as esperanças cau- ri, já se fazia patente. Daí resultou, até, uma classificação de
sal-explicativas do delito. criminosos, que tem feito sucesso, e que é absolutamente
Recorde-se, ainda uma vez, que, inicialmente, houve a natural em sua formulação.
fase biológica estricta; a Somatologia criminal, com os seus Mesmo quando muito se haja batendo neste caudal
tipos lombrosianos, pretendeu fornecer a primeira chave
das possíveis causas do delito, tanto no campo da biologia,
para abrir a incógnita criminogenética, chegando-se até
quanto no da mesologia, ainda devemos confessar que a
à abstração do criminoso nato, que não chegou a vingar.
gênese delitual continua a oferecer pontos penumbrosos.
Recolhidos os contributos desta fase, prosseguiram as es-
De onde, as palavras de Roberto Lyra Filho.
peranças quando se iniciou a era endocrinológica, de que
É que não há fatores específicos para o crime, que o
nos dá informação assaz completa a monumental obra de
venham a ocasionar dentro de um determinismo irreversível
Mariano Ruiz-Funes, Mestre espanhol que, na Faculdade de
Direito da Universidade de São Paulo, proferiu o curso “En- - nem do ponto de vista endógeno, nem dentro do
docrinologia Y criminalidad”, de 1929, que marcou época ângulo exógeno. Essa identificação de causas específicas,
pela amplitude e segurança de seus conceitos. Esta fase como se fossem sintomas patagnomônicos, era a grande
funcional das endocrinias, por vez, deu ensejo à concep- ambição do lombrosianismo, para desde logo caracterizar
ção biotipológica, já integrada do tipo humano vivente, e os criminosos. Ao início de sua carreira, tinha o sábio de
que logo se desenvolveu para a Biotipologia criminal. E a Turim essa visão: “um periodista francês, Laveleye, que o
cada passo, novas esperanças, mas acompanhadas do re- conheceu neste estágio de sua crítica científica, registrou
conhecimento de que era mister da Psiquiatria forense, a a seguinte impressão sobre o emérito investigador, tocada
então recente concepção freudiana, mais euforia dominou de laivos de ironia:” Apresentaram-me esta noite um jovem
o campo da criminogênese - e a Psicanálise criminal dava a sábio desconhecido, chamado Lombroso; fala de cenas
entender que tudo estava resolvido a partir de então. caracteres pelos quais se poderia reconhecer facilmente o
O que estava a se verificar era o entusiasmo que cada delinquente. Que útil e cômoda descoberta para os juizes
“pílula científica”, cada nova fresta entreaberta, parecia de instrução...
anunciar-se como fórmula final para a solução da incóg- Buscava-se, então, a solução de um problema de con-
nita criminogenética. Mas, a cada nova esperança, depois duta humana sem atentar holisticamente para o autor des-
se verificava que nem tudo estava resolvido, e que só mais se tal comportamento. Não só a disputa de primazias bio
um ângulo, de abertura estreita, no caminho cada vez mais ou mesológicas, como também, e principalmente, a exclu-
longo da via causal do delito. E como já foi dito, novas são do núcleo ético da personalidade, entre os núcleos de
pílulas foram se acrescendo, até à diencefalose, criminó- geração do ato antissocial, levaram a decepções no campo
gena, até aos conjuntos cromossômicos aberrantes (XYX, da caracterização naturalística das causas do delito. E só
XXY etc.), até às indagações citoquímicas, enzimáticas, até... mais moderadamente se volvem as mentes dos criminó-
aonde puderem ser levadas as observações mais agudas de logos para uma conceituação mais globalizadora da gêne-
campos cada vez mais miúdos e estreitos. se delital, incluindo todos os elementos com que se deve
3
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
contar: os chamados fatores criminogenéticos, e também criminológica estrita; ao passo que o fator ético, onde se
os fundamentos éticos da personalidade, sobre os quais insere a condição que procura justificar a origem do delito,
agem exatamente aqueles fatores. O “cientificismo” (ex- só pode ser apreciada pela capacidade do Juiz. Daí, surge
pressão com que se busca denominar a falsa posição de aquela distinção do Prof. López-Rey Y Arrojo, ao recordar
uma ciência daltônica que não sabe ver senão o seu estrei- que se deve distinguir precisamente entre o que tende a
to espectro de visada) deve-se curvar à evidência de que, explicar, daquilo que pode justificar uma conduta antisso-
se podemos falar, como dizia Di Túllio e, fatores crimino- cial. Se escusável, ou não, só o Juiz pode decidir mas, para
-impelentes, devemos também reconhecer, por parte da- tanto, deverá ele atender às causas aferíveis que podem
quele núcleo ético, a existência de fatores crimino-repelen- explicar porque a deliberação humana tenha sido mais ou
tes. O ato antissocial só resultará se, à ação dos ditos falares menos comprometida pela influência dos fatores crimino-
que impelem para o crime, se somar à ação consensual do genéticos endo e exógenos; e até que o ponto ético teria
núcleo ético da pessoa sobre a qual eles agem. Daí que é sido consensual com a prática criminosa.
necessário não nos fixarmos somente na Biologia criminal Por isso, e para isso mesmo, deve ser considerada tam-
e na Sociologia criminal, olvidando que, em cada pessoa, o bém, ao lado da Criminologia pragmática (pré-jurídica) e
que realmente a caracteriza como ser humano é a existên- da Criminologia especulativa (para-jurídica), uma Crimino-
cia, ainda e sempre vigente, de um arbítrio. Não é ele livre logia crítica ou, melhor, dialética, ao estilo do que o pro-
na existência do homem, como o é era sua essência: mas põe Roberto Lyra Filho, a cuja posição seria de colocação
é sempre, em certa medida capaz de enfrentar a ação dos metajurídica. Esta Criminologia dialética deve propor a si
fatores criminogenéticos, E porque, às vezes, cede é que se mesma um estudo das mutações do conceito social da vida
faz mister julgar o homem inteligentemente, a fim de saber humana. Se voltarmos ao início destas considerações, e nos
até onde e como agiram os referidos fatores, e até que me- recordarmos de que há uma criminalidade nova, devemos
dida e de maneira o núcleo moral consentiu, ou se dobrou, consequentemente ter a decisão de rever os valores so-
à ação dos ditos fatores. ciais, éticos e jurídicos, em face da sociedade tecnocráti-
O reconhecimento de uma avaliação globalizante das ca em que ingressamos, para buscar as formas adequadas
condições personalíssimas de cada criminoso, em razão para uma reformulação, inclusive estrutural, das condições
desse conjunto ora referido, leva a um neo-ecletismo penal. anuais da vida humana.
Assim, só será válida a retornada da gênese criminal se, às Evidentemente, a tripartição da Criminologia em se-
causas endo e exógenas, soubermos anexar o núcleo sobre ções, pragmática (pré-jurídica), especulativa (para-jurídica)
o qual elas agem, ou seja, a essência ética da personali- e dialética (metajurídica), não quererá significar, de forma
dade, sem cuja consideração a criminogênese clássica, ou alguma, que haja uma separação estanque entre esses de-
ortodoxa, cairá na decepção de que nos falava Afrânio Pei- partamentos; antes, eles se entrosam e entre si estabele-
xoto. Como entender a ação de fatores criminogenéticos cem uma linha de plena fusão. Apenas, em graus suces-
sem os coligar à pessoa humana, e ao núcleo dessa pessoa sivos, procura-se ampliar progressivamente o estudo e o
no qual, enfim, se delibera? Atualmente, tomadas mais hu- conhecimento da dificílima e ampla ciência que é a Crimi-
mildes, e sábias, por isso, as pretensões criminogenéticas nologia, para chegar até a formulação de princípios que so-
naturalísticas, pode-se passar àquele neo-ecletismo penal, lucionem os intrincados problemas da vida contemporânea
em que, como causas, se escalonam as ambientais, as bio- e prevejam as possíveis rotas a seguir para uma prevenção
-psíquicas e as éticas (ou volitivas, em termos de delibera- mais efetiva dos conflitos humanos, profilaxia essa que é o
ção, ou de arbítrio). alvo supremo das cogitações, e que deve pretender chegar
Então, só se podendo caracterizar o ratio crime se, aos até às próprias estruturas e valores fundamentais, a fim de
fatores endo e exógenos, se associar o fato ético, esta tri- advertir quanto à conveniência ou necessidade de se rea-
peça, bio-psiquismo, mesologia e anuência ética, deverá lizar as mudanças possíveis e indicadas para se avançar no
ser considerada como o conjunto indispensável para se objetivo de uma Justiça Social mais efetiva. E só a partir
poder falar em delito, em seu sentido mais exato, científico de uma base que considere realisticamente, mais instrui-
e compreensivo de um complexo pessoal que só assim se damente, os fatos fundamentais da vida humana hodierna,
constitui completamente. com todas as suas especificações mais compreensivas da
É desse fato fundamental, mas que se tem mantido conduta dos homens, e não ficar só na obsessão de saber
sem a devida conotação consciente de seus elementos como lutar mais efetivamente contra o delito já praticado,
constitutivos, que decorre o neo-ecletismo penal, o em termos de penitenciariarismo, supostamente ressociali-
qual proclama estas verdades basilares, sem as quais zante. Assim, se fará a macro-criminologia de que nos fala,
a Criminologia nunca alcançará uma formulação mais sábia e oportunamente, usando expressões trazidas das
inteligente a adequada das suas postulações. Ciências Econômicas, Roberto Lyra Filho, indo, então, mais
Desde que integremos estas noções, de que, na gênese além da micro-criminologia que se atém ao âmbito de es-
criminal, devem ser considerados os falares bio e mesológi- tudo apenas do crime e do criminoso.
cos, e também o falar ético leva-nos a admitir, todavia, uma No que se refere à Criminologia especulativa, sem dú-
separação das capacidades que podem apreciar e decidir vida alguma, necessita-se do seu estudo pormenorizado,
sobre a forma de atuação e sobre a ordenação dos seus fazendo sentir quantas informações úteis se recolhem na
respectivos valores. É que os fatores bio-mesológicos, que análise pluridimensional que busca das causas do delito,
procuram explicar a gênese criminosa, são de apreciação não só em sentido casuístico, e em perspectiva globaliza-
4
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
dora, em fluxo analítico-sintético, como também em sen- e que lhe impõe o estabelecimento dessa Inter-relação. E
tido de generalização dos conceitos que daí decorreram, isso deve assim ocorrer para que o ser humano, no con-
desse conhecimento individualizado, para prudentes con- junto complexo da sua personalidade, seja deveras tratado
siderações gerais. Dentro desse estudo, outrossim, é ne- lá onde o exigir a frincha que permitiu a maior influência
cessário deixar bem patente que cada delinquente deve crimino-impelente, seja essa debilidade de ordem somáti-
ser considerado em seu contorno situacional, de modo a co, fisiológico ou cultural, além de ética.
permitir uma avaliação dos fatores que possam explicar a A prática tem demonstrado que a “prisão não cura,
sua conduta, e daqueles que a possam justificar, ou não. corrompe”, segundo a frase feita que já corre mundo. Mas
Ou seja, sopesar ambos os campos em que se desenvolve se a prisão ainda assim se apresenta, é apenas porque ela
a atuação humana, o daquele que sofre a ação dos fatores não se deixou embeber do seu legítimo sentido e da sua
bio-psicológicos e sociais, e o daquele em que se manifes- verdadeira meta.
ta o fator deliberativo, em razão do arbítrio, à luz da ética Para que a distorção do tratamento não venha a ocor-
exigível dentro do “mínimo de moral” que se espera para a rer na prisão, levando-a para a perversão moral, é que tan-
conduta humana. to se está lutando no campo da doutrina para iluminar uma
Por fim, no que se projeta dentro do campo imenso prática mais sadia. E o que aqui se vem dizendo, quanto
e intensamente sedutor da Criminologia dialética, há que ao tratamento, visa exatamente uma prisão que não cor-
ensejar um amplo debate em busca, ansiosa e plena de in- rompa, que não destrua mais o que deve reconstruir. E este
quietude interrogativa, do quanto se possa vislumbrar den- último alvo é, sem dúvida, possível, para os legítimos pena-
tro da avaliação epistemológica do que, em verdade, possa listas, cônscios, em verdade, da ciência a que servem.
continuar a ser admitido e respeitado, e do quanto se deva E enfim, fale-se em tratamento, sempre como alvo que
ciente e conscientemente entender objeto de modificação, se sucede ao conhecimento da personalidade e ao reco-
de reformulação. nhecimento das suas possíveis falhas, deficiências ou de-
É evidente que, por sua mesma posição de ciência feitos.
auxiliar do Direito, a Criminologia só poderá ir ao ponto Ainda dentro desse tratamento, deve-se considerar o
de oferecer a sua colaboração, sem pretender dogmatizar, seu papel disciplinador, ou seja, criar ou desenvolver no de-
o que seja uma atitude, aliás, contrária ao espírito íntimo linquente a necessidade basilar de integrar, em sua maneira
dessa disciplina especulativa e de investigação científica. de ser, uma estrutura disciplinatória de todas as suas vivên-
Mas, se for válida esta atitude, estudar mais afincadamente cias, tomando-as sintônicas com a convivência, obrigatória,
esta Ciência Criminológica, para poder oferecer uma a que somos levados pela própria natureza da nossa vida
cooperação cada vez mais instruída e idônea, e sacar dela social.
prestimosas conclusões. Disciplina, outrossim, não quer significar despersona-
Recorde-se que a referida definição assim soa: pena é lização, amolgamento da vontade, submissão passiva a
“o tratamento compulsório ressocializante, personalizado e outrem, e coisas desse tipo. Com disciplina quer-se signifi-
indeterminado”. car a conjugação daquilo que somos, em todos os nossos
Retira-se dessa definição um conceito acolhedor da atributos e prerrogativas, com a necessidade da convivên-
mais atualizada doutrina neo-eclética, iniciando-se por ca- cia, que sempre impõe necessárias limitações e normas. O
racterizar a pena como tratamento. A introdução dessa ex- que define uma sociedade é justamente uma unidade de
pressão, hoje de livre curso para os próprios jus-penalistas, ordem, que põe sentido, pragmatismo e possibilidade de
desde logo dá a demonstração de como a influência médi- sobrevivência, de todo um grupo, mas que não pode abo-
co-psicológica foi levada avante e com plena aceitação, em lir necessariamente a personalidade de cada um, antes até
certos aspectos, pelos cultores do Direito. Nos nossos dias, lhe dá condições de preservação e permanência. Sem essa
já não causa espécie o emprego dessa palavra, que traz em unidade de ordem, a vida seria insuportável e o caos social
seu bojo um conteúdo de índole médica, antropológica, só seria de esperar. E aquilo que se poderia entender como
clínica. liberdade individual, sempre tão ardorosamente defendida,
Fala-se, pois, em tratamento como um processo a que até além dos seus convenientes limites, desapareceria, en-
deve ser submetido o criminoso e que visa corrigir os de- volvida a pessoa no turbilhão em que não poderia sequer
feitos, que possa haver apresentado em sua personalidade. sobreviver. Daí que a unidade de ordem é indispensável à
É claro que o termo até ultrapassa, de muito, o que em si própria liberdade, garantindo-a, ainda que disciplinando-a.
mesmo quereria traduzir, desde que esse tratamento às ve- Disciplinado, em que sentido? No de união, conjuga-
zes em nada será médico, podendo ser apenas pedagógi- ção, cooperação de esforços e de sacrifícios para o bem
co, ou social. E sempre deverá admitir parâmetros jurídico- comum. Sem esse princípio, a liberdade seria licenciosida-
-penais sob os quais ainda e sempre deve permanecer a de, a pessoa passando a ser uma vítima da solidão que essa
aplicação da Justiça, segundo o venho defendendo dentro própria liberdade então imporia, pois que viver em socie-
do neo-ecletismo penal. dade é, essencialmente, conviver (com equivale a junto, e
Assim, tratamento será a pena, dentro do amplo con- conviver significa viver junto).
ceito ora expendido, em que entra a atividade médica pro- Essa disciplina social precisa ser ensinada e reestrutu-
priamente dita, mas em que, ao lado dela, entra também rada em cada criminoso. O seu crime nada mais é do que
a pedagogia, o cultivo de uma profissão e que a pessoa um ato, afinal, de indisciplina. É mister que o ensino do
humana tem de considerar, como “animal gregário” que é, respeito e da integração dessa disciplina social seja minis-
5
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
trado subjetiva e objetivamente ao delinquente. E até com (piscinas, quadras de vários esportes, enxadrismo, cinema,
um cuidado muito zeloso, eis que o criminoso, ao deixar TV, etc.) que o locutor de um dos canais, causticamente,
a prisão, certamente vai encontrar uma sociedade diversa comentou: o problema que está surgindo é o número ex-
daquela que ele deixou ao iniciar o cumprimento da pena, cessivo de telefonemas para essas cidades, de numerosos
e isso devido ao vertiginoso desenvolvimento da era pre- interessados em saber o que é necessário realizar para se
sente. Desta forma, acompanhando esse desenvolvimento, ingressar e obter vagas nessas instituições...
é indispensável que o regime penitenciário coloque com o A justiça, que hoje vê bem e julga melhor, deve cercar-
devido cuidado e com a necessária sapiência um sistema -se de serenidade, competência e profundo conhecimento,
disciplinar que prepare o delinquente a compreender que, para saber o que deve ser feito de melhor, mas sempre com
sem aquelas limitações indispensáveis para a manutenção a extrema seriedade, que a superioridade da sua posição
desse regime de convivência, sem essa obrigatória disci- de suprema sabedoria e equanimidade deve saber atender
plina, ao voltar ao convívio social, este lhe imporá, como e impor. Não é conveniente esse caráter que, às vezes, as-
resultante da sua própria essência, aquelas e até novas li- sume uma inautêntica ciência penitenciária, de uma piegui-
mitações. ce falsa e quase consensual com o delito e o delinquente.
Esse regime disciplinar começa por impor ao criminoso O tratamento deve visar o reforço da intimidade anímica
um tratamento compulsório, isto é, um regime que não é do criminoso, robustecendo caracteres, e não alagando os
adotado espontaneamente, mas que se é obrigado a acei- autores de condutas que já foram agressivas para a socie-
tar e a seguir. Haverá aí um certo ressabio aflitivo, e até dade, e que se necessita evitar que reincidam na cedência
retribuitivo. Mas não há mal algum em que se mantenha, da vontade. E, para tanto, use-se a compreensão, o auxílio,
na dose adequada, esse caráter também, desde que, enfim, a filantropia, o real interesse em tudo fazer para recuperar
o criminoso é submetido a esse tratamento a partir de um o criminoso, mas não se desvirtue a rota a seguir por falsas
ato antissocial que praticou, em que foram feridos interes- imagens que se afastem da realidade crua da disciplina so-
ses, valores, normas, de importância para a manutenção da cial e de suas correspondentes responsabilidade. O trata-
comunidade. E até hoje existe uma corrente que tende para mento deveria buscar a reeducação (correção do caminho
uma revisão do excesso de liberalidade em termos de re- a seguir).
gime penitenciário, com uma também excessiva preocupa- A personalização da pena foi uma das conquistas mais
ção com o welfare of the offender, como se só o bem-estar efetivas do positivismo penal e decorre diretamente da An-
do delinquente importasse e fosse o motivo e a razão de tropologia Criminal. Foi a demonstração, feita a partir de
ser dos sistemas penitenciários. Esta preocupação mereceu Lombroso, de que se deve enfocar o criminoso em seus
um justo reparo por parte do Prof.López-Rey Y Arrojo, que caracteres pessoais, diversos em cada indivíduo, quer do
não deixou de criticar esse erro em colocar tanta ênfase ponto de vista biológico, quer ainda das influências meso-
naquilo que deve ser apenas um dos aspectos a considerar lógicas que haja recebido, o que levou a tentar um trata-
no regime prisional, mas não o principal, nem o essencial. E mento adequado a cada um desses tipos personalizados
que não pode fazer descuidar o que é primordial, que será de criminosos.
sempre a recomposição de uma personalidade, inclusive É bem claro que não deve ser permitido exagero nesse
pela compreensão que ela deva integrar quanto ao erro campo, aliás como em nenhum outro. Não é rigorosamente
cometido, pelo qual deve responder moralmente também. necessário que se pormenorize um só tratamento, e
E então, neste neo-ecletismo penal que deve prevalecer exclusivo, para cada um dos criminosos. De fato, ainda
nas modernas perspectivas da Criminologia, não se pode como para os doentes, a terapêutica dispõe de meios
descartar uma retomada de posição quanto a estas impli- que abrangem grupos humanos com caracteres afins. Há
cações éticas do tratamento penitenciário, no qual se deve grupos que podem receber um tratamento basicamente
menosprezar o campo moral do problema, em termos de comum a todos os seus integrantes. Daí que sempre se
tratamento. cogitou de estabelecer classificações penitenciadas dos
Há aqui toda uma infinita problemática penitenciária, criminosos, para ensejar um agrupamento de delinquentes
que dependerá das possibilidades efetivas de cada país e de características assimiláveis, para serem enviadas a
região; mas sempre se devendo manter uma certa segu- estabelecimentos de determinado tipo.
rança e atenção para com o tipo especial de população Na prática, é admissível, porque necessário, que se fa-
com que se vai lidar, sem nos deixar seduzir por facilitações çam estes grupos de tipos afins. Mas não se creia que essa
generosas, mas imprudentes, e sem deixarmos de consi- seja a maneira ideal de enfrentar e resolver o problema
derar que, no início de tudo, sempre se parte de uma ação terapêutico penal, desde que, bem no âmago dos fatos,
antissocial praticada, cuja responsabilidade moral cabe a, está o ser humano, único em seu perfil e na sua colocação
quem a efetivou, sem excusa bastante para ela, como o perante a circunstância ambiental.
julgamento o deve haver definido. Nunca os regimes pe- Como, todavia, será impraticável uma distribuição dos
nitenciários devem assumir liberalidades excessivas, e até delinquentes indo até uma personalização assim tão exclu-
às vezes anunciadas quase com excesso, que toca as raias siva, é admitida a divisão dos estabelecimentos penais em
de uma espécie de propaganda. Recentemente, o noticiário diversos tipos, dentro dos quais se enquadrarão, mais ou
dos canais de televisão deu conhecimento de suas peni- menos de acordo com os seus perfis individuais, os diver-
tenciárias que se projetam em cidades do Interior de São sos tipos de personalizados de criminosos.
Paulo, com tantas vantagens para o welfare of the offender Mas não se deixe de dizer que, feita a triagem de acor-
6
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
do com as várias possibilidades que se ofereçam á admi- Quanto ao primeiro desses argumentos contrários à
nistração penitenciária, e enviados os criminosos para os pena indeterminada, deve-se informar que o tipo de de-
vários tipos de estabelecimentos mais adequados às suas lito praticado nem sempre corresponde à deformação da
características pessoais, em cada um desses estabeleci- personalidade ocorrida no criminoso; às vezes, sim, desde
mentos poder-se-á, e se deverá, ir mais longe na personali- logo se tem uma noção de gravidade do comprometimen-
zação, a partir dos grandes grupos considerados. to dessa personalidade, como ocorre na hediondez de cer-
De um ponto de vista ético, todavia, não deve se afas- tos crimes; mas pode acontecer o contrário, isto é, de um
tar esse tratamento: deve ele dar ao criminoso, sem que pequeno delito seja, todavia, a primeira manifestação de
assim ele se sinta deprimido, ou deformado, ou mesmo uma personalidade bastante agressiva.
sensibilizado, a noção da necessidade da sua recuperação Justifica-se plenamente que a pena indeterminada
moral, desde que o ponto de partida da sua ação agressiva seja dotada nas nossas leis penais, desde que atendidos
contra a sociedade se reconheceu sempre no animus que os pontos fundamentais anteriormente referidos, ou seja:
pôs ao serviço da mentalidade criminosa de que se dei- que a sua indeterminação não fique fora da competência
xou assenhorear o seu espírito. Tudo o mais que se possa judicante, a qual deliberará sobre a extinção da medida pu-
fazer do ponto de vista médico, psicológico, pedagógico nitiva, desde que proposta pelos auxiliares técnicos do Juiz.
em um enfoque holístico, enfim, ressocializante, deve-se Na realidade, a pena fixa é contrária à boa recupera-
apoiar na base de uma sólida, tão sólida quanto possível, ção dos criminosos, ao marcar limites artificiais à mesma,
reconstrução ética da sua personalidade. Se não houver a e apenas decorrentes da quantidade do delito praticado. E
mudança da mente (a metanoia, dos gregos), se não hou- deixando de lado a personalidade do réu, e sua capacidade
ver a sideração da vontade no sentido de se robustecer a de recuperação ético-social, mesmo quando esteja em vi-
âmago anímico da personalidade, tudo o mais pode entrar gência o artigo 42 do Código Penal, até hoje não atendido
em falência, pode a qualquer momento ser, de novo, sub- adequadamente quanto “aos antecedentes e à personali-
metido às forças crímino-impelentes e por elas dominado, dade do agente, à intensidade do dolo ou grau da culpa,
e a reincidência se manifestar. aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime”.
Portanto, dê-se a ênfase maior na reeducação e no Não fique sem dizer que, também na apreciação crimi-
fortalecimento do núcleo moral da personalidade; ou seja, nológico-clínica do delinquente, deve entrar em cogitação
daquele núcleo que é o que define exatamente a natureza a natureza do delito praticado; é um dos elementos cen-
humana de que somos participantes. A partir daí, então, trais que informa a observação do criminoso.
dê-se ao tratamento todo o conteúdo de um processo ree- Mesmo que fossem aceitos e praticados estes precei-
ducativo, recuperador, ressocializante, indo alcançar todos tos, sempre caberá plenamente a manutenção da liberdade
os ângulos da personalidade e mirando a volta de delin- condicional, para os que hajam estado segregados do con-
quente ao convívio social, com todas as implicações que vívio social. E isto porque ela representa, nos dizeres de Fla-
daí decorrem, inclusive, e principalmente, a atenção que mínio Fávero, a convalescença penal, isto é, aquele período
deva ser dada aos deveres sociais e à integração de uma de prova em que se verifica se o delinquente já se encontra
pessoa na comunidade; o que importa era receber logo es- efetivamente em condições de conviver em sociedade de
tímulos vários para agir de maneira agressiva, antissocial e maneira sintônica, e não agressiva.
criminosa, aos quais é dever resistir. O neo-ecletismo penal pretende dar todo o valor, que
Ora, uma corrente de penalistas e criminologistas há é inconstante, à evolução da Criminologia Clínica e na in-
muito vem reclamando de situação semelhante para a apli- vestigação científica das causas da criminalidade, até onde
cação das penas, naquilo que se denomina de pena inde- elas possam ser rastreadas e reconhecidas. Mas quer rei-
terminada. De fato, um tratamento penal deverá ser apli- vindicar a necessidade de se valorizar a atenção para os
cado até o momento em que um mínimo de recuperação aspectos morais do ente humano, que devem ser devida-
haja sido obtido, compatível com a volta do criminoso ao mente computados:
convívio social. Passar daí, é arriscar-se em perder o que se - para a indispensável avaliação da responsabilidade
haja alcançado. A doutrina tem repetido, com carradas de moral pelo ato praticado, em termos de uma justificação, ou
razão, que, tanto as penas de curta duração, quanto aque- não, de tal ato;
las de longa duração, são prejudiciais para a pessoa do - para o reaparelhamento do núcleo moral do delin-
delinquente. Ora, desde logo se deduz que essa duração quente, a fim de aumentar-lhe as resistências futuras aos
deverá ser idealmente aquela que leve o indivíduo a obter falares crímino-impelentes que no porvir venham a agir de
aquele ótimo de recuperação, nem antes, e nem depois. E, novo sobre o indivíduo.
assim, estabelecer-se-ia condições para um melhor resul- Deixar de dar, entretanto, toda a ênfase que merece
tado final. este núcleo Moral do ser humano é incidir num erro fun-
Dois óbices têm sido levantados contra esse ideal da damental, visto que a explicação científica da gênese do
pena indeterminada: um decorrente ainda de um remanes- delito não afasta a necessidade de se enfocar este outro
cente espírito retributivo, que deseja para uma espécie de aspecto da questão, que, no homem, é primordial.
crimes, uma pena mais severa que para outras espécies de A forma de atender às necessidades morais da criatu-
delitos; o outro óbice provém de uma ideia, a ser corrigida, ra humana tem sido apanágio do ensino religioso; e este
de que a execução penal passada, das mãos do Juiz, para ensino tem sido facultado nas instituições penitenciárias
as mãos do técnico. com ampla liberdade de crença. Ao lado dele, entretanto,
7
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
complementando-o e abrindo a visão para campos mais Entre as áreas de estudo mais próximas da Criminolo-
amplos, deve-se dar toda a oportunidade à instrução moral gia temos:
e cívica, de largo horizonte, o que não exclui, como disse, - Direito Penal: o principal ponto de contato da crimi-
a prática do culto religioso, mas que abrange inclusive os nologia com o Direito Penal está no fato de que este de-
que não se declaram religiosos, ou tenham apenas parcas limita o campo de estudo da criminologia, na medida em
noções sobre as suas crenças. que tipifica (define juridicamente) a conduta delituosa; O
direito penal é sancional por excelência; Ele caracteriza os
A criminologia é ciência moderna, sendo um modo delitos e, através de normas rígidas, prescreve penas que
específico e qualificado de conhecimento e uma sistema- objetivam levar os indivíduos a evitar essas condutas.
tização do saber de várias disciplinas. A partir da experi- - Direito Processual Penal: a Criminologia fornece os
mentação desse saber multidisciplinar surgem teorias (um elementos necessários para que se estipule o adequado
corpo de conceitos sistematizados que permitem conhecer tratamento do réu no âmbito jurisdicional. Também indi-
um dado domínio da realidade). ca qual a personalidade e o contexto social do acusado e
Enquanto ciência, a criminologia possui objeto próprio do crime, auxiliando os juristas para que a sentença seja
e um rigor metodológico (método) que inclui a necessi- mais justa. A criminologia oferece os critérios valorativos da
dade de experimentação, a possibilidade de refutação de conduta criminosa. Ela pesquisa a eficácia das normas do
suas teorias e a consciência da transitoriedade de seus pos- Direito Penal, bem como estuda e desenvolve métodos de
tulados. Ainda que interdisciplinar é também ciência autô- prevenção e ressocialização do criminoso.
noma, não se confundindo com nenhuma das áreas que - Direito Penitenciário: os dados criminológicos são im-
contribuem para a sua formação e sem deixar considerar o portantes no Direito Penitenciário para permitir o correto
jogo dialético da realidade social como um todo. e eficaz tratamento e ressocialização do apenado. A crimi-
Objeto da criminologia é o crime, o criminoso (que é o nologia ajuda a tornar a pena mais humana, buscando o
sujeito que se envolve numa situação criminógena de onde objetivo de punir sem castigar.
deriva o crime), os mecanismos de controle social (formais - Psicologia Criminal: é ciência que demonstra
e informais) que atuam sobre o crime; e, a vítima (que às a dimensão individual do ato criminoso; estuda a
vezes pode ter inclusive certa culpa no evento). personalidade do criminoso, orientando a Criminologia.
A relevância da criminologia reside no fato de que não - Psiquiatria Criminal: é ramo do saber que identifica
existe sociedade sem crime. Ela contribui para o crescimen- as diversas patologias que afetam o criminoso e envolve o
to do conhecimento científico com uma abordagem ade- estudo da sanidade mental.
quada do fenômeno criminal. O fato de ser ciência não sig- - Antropologia Criminal: abrange o fenômeno crimino-
nifica que ela esteja alheia a sua função na sociedade. Mui- lógico em sua dimensão holística, ou seja, biopsicosocial.
to pelo contrário, ela filia-se ao princípio de justiça social. É o Estudo do homem na sua história, em sua totalidade
Os estudos em criminologia têm como finalidade, en- (homem como fator presente no todo);
tre outros aspectos, determinar a etiologia do crime, fazer - Sociologia Criminal: demonstra que a personalida-
uma análise da personalidade e conduta do criminoso para de criminosa é resultante de influências psicológicas e do
que se possa puni-lo de forma justa (que é uma preocupa- meio social;
ção da criminologia e não do Direito Penal), identificar as - Ciências Biológicas: fornecem os elementos naturais
causas determinantes do fenômeno criminógeno, auxiliar e orgânicos que influenciam ou determinam a conduta do
na prevenção da criminalidade; e permitir a ressocialização criminoso;
do delinquente. - Vitimologia: estuda a vítima e sua relação com o cri-
Os estudos em criminologia se dividem em dois ramos me e o criminoso (estuda a proteção e tratamento da ví-
que não são independentes, mas sim interdependentes. Te- tima, bem como sua possível influência para a ocorrência
mos de um lado a Criminologia Clínica (bioantropológica), do crime);
esta utiliza-se do método individual, (particular, análise de - Criminalística: é o ramo do conhecimento que cuida
casos, biológico, experimental), que envolve a indução. De da dinâmica de um crime. Estuda os fatores técnicos de
outro lado vemos a Criminologia Penal (sociológica), esta como o crime aconteceu. Há um setor especializado da po-
utiliza-se do método estatístico (de grupo, estatístico, so- lícia destinado a essa área.
ciológico, histórico) que enfatiza o procedimento de de- - Ciências Econômicas: estuda o crime a partir do ins-
dução. trumental analítico racionalista. O crime é visto como um
mercado e sua oferta é determinada por fatores como o
Criminologia e ciências afins ganho esperado da atividade criminosa, probabilidade de
sucesso e intensidade da punição em caso de falha.
A interdisciplinaridade é uma perspectiva de aborda-
gem científica envolvendo diversos continentes do saber. No entanto, não só do pensamento sociológico se sus-
Ela é uma visão importante para qualquer ciência social. Em tenta a Criminologia, que, pelo contrário, possui aparência
seus estudos, a criminologia se engaja em diálogo tanto eminentemente multidisciplinar, sempre se enriquecendo
com disciplinas das Ciências Sociais ou humanas quanto com diferentes ciências posicionadas à sua volta e áreas do
das Ciências Físicas ou naturais. conhecimento afins ou afluentes.
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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
O “crime” passou a ser definido diferentemente pelas divisível, como bem adverte o Prof. Luiz Alberto Machado:
dezenas de escolas penais. E, dentro destas definições, ha- “Não significa que os elementos encontrados na sua defini-
viam ainda sub-divisões, levando-se em conta o foco de ção analítica ocorram sequencialmente, de forma cronologi-
observação do jurista. Surgem então, os conceitos formal, camente ordenada; em verdade acontecem todos no mesmo
material e analítico do crime como expressões mais sig- momento histórico, no mesmo instante, tal como o instan-
nificativas, dentre outras de menor expressão. O conceito te da junção de duas partículas de hidrogênio com uma de
formal corresponde a definição nominal, ou seja, relação oxigênio produz a molécula da água”. Assim sendo, o fato
de um termo a aquilo que o designa. O conceito material dos elementos constitutivos do crime, serem analisados in-
corresponde a definição real, que procura estabelecer o dividualmente, não descaracterizam o ato criminoso que
conteúdo do fato punível. O conceito analítico indica as ca- criou, alterou ou produziu efeitos no mundo jurídico (fato-
racterísticas ou elementos constitutivos do crime, portanto, -crime), mas, unicamente facilitam a tarefa de averiguar a
de grande importância técnica. conduta humana criminosa, para uma justa aplicação da
reprimenda.
Um homem, em determinado dia, encontrou um ra-
paz baleado e sem vida, com ferimento em região letal, Vejamos então, os seus elementos:
esticado no meio da rua. Um leigo certamente afirmaria - Ação ou omissão: Significa que o crime sempre é
tratar-se de um homicídio. Para os juristas, entretanto, praticado através de uma conduta positiva (ação), comis-
essa conclusão seria, naquele momento, impossível. É ló- siva. Ou, através de uma conduta negativa (omissão). É o
gico que existiria uma ideia, um indício da existência de não fazer. A inércia. Tanto é criminoso o fato do marginal
um homicídio, mas pode-se ponderar que a morte violenta esfaquear uma pessoa até matá-la (ação), como o fato de
dada àquele homem, poderia, por exemplo, estar justifica- uma mãe, por preguiça ou comodidade, não retirar de cima
da, e, evidentemente, não haveria crime (legítima defesa da mesa de sua casa (omissão) o veneno para matar bara-
ou outra excludente de ilicitude). Para que exista crime, há tas, que foi posteriormente ingerido pelo seu filho de três
necessidade de se percorrer um caminho, passando por to- anos, provocando-lhe a morte, enquanto aquela, assistia
das as características que o delito deve apresentar, para, só sua novela preferida.
depois, chegarmos a uma conclusão: realmente trata-se de Dentro destas condutas positivas (ação) e negativas
um homicídio.
(omissão) pertencentes a estrutura do crime, não vamos
A conceituação jurídica do crime é ponto culminante e,
olvidar os crimes comissivos por omissão, ou seja, aque-
ao mesmo tempo, um dos mais controversos e desconcer-
les que são praticados através de uma conduta negativa
tantes da moderna doutrina penal, este já era o pensamen-
(omissão), mas que produz um resultado positivo (um fato
to do mestre Nelson Hungria, afirmando ainda que “o cri-
visado e desejado pelo agente). É o clássico exemplo da
me é, antes de tudo, um fato, entendendo-se por tal não só a
mãe, que desejando matar seu próprio filho de tenra ida-
expressão da vontade mediante ação (voluntário movimento
de, deixa de amamentá-lo, com a finalidade de matá-lo de
corpóreo) ou omissão (voluntária abstenção de movimento
fome.
corpóreo), como também o resultado (effectussceleris), isto é,
a consequente lesão ou periclitação de um bem ou interesse - Típica: Significa que a ação ou omissão praticada
jurídico penalmente tutelado.” pelo sujeito, deve ser tipificada. Isto é, descrita em lei como
Inicialmente, na doutrina penal brasileira, adotou-se delito. A conduta praticada deve se ajustar a descrição do
um conceito formal do delito, no qual o crime seria toda a crime criado pelo legislador e previsto em lei. Pois, pode a
conduta humana que infringisse a lei penal. Neste conceito, conduta não ser crime, e, não sendo crime, denomina-se:
verificava-se o fato do indivíduo transgredir a lei penal ape- conduta atípica (não punida, tendo em vista que não existe
nas, sem que qualquer outro fator fosse analisado. um dispositivo penal que a incrimine).
Posteriormente, adotou-se uma definição material de Mas, cumpre lembrar, que uma conduta atípica como
crime, cujo nascimento foi atribuído a Ihering. Passou-se crime, pode ser tipificada como contravenção penal. Não
a definir o crime como sendo o fato oriundo de uma con- se pode confundir de modo algum, crime com contraven-
duta humana que lesa ou põe em perigo um bem jurídico ção penal. Esta, é um “crime anão”, é menos grave que o
protegido pela lei. delito (ou crime) e possui legislação própria (Decreto-lei n.º
Por derradeiro, chegamos ao conceito dogmático ou 3.688/41), com tipificação e características próprias.
jurídico de crime, apelidado por muitos de “analítico”. Sua - Antijurídica: Significa que a conduta positiva ou ne-
origem remonta ao ano de 1906, oriunda da doutrina ale- gativa, além de típica, deve ser antijurídica, contrária ao di-
mã de Beling, através de sua obra: “Die LehrevomVerbre- reito. É a oposição ou contrariedade entre o fato e o direito.
chen” (“A Teoria do Crime”), que culminou em 1930 com Será antijurídica a conduta que não encontrar uma causa
sua segunda obra “Die LehrevomTatbestand” (“A Teoria do que venha a justificá-la. “A conduta descrita em norma pe-
Tipo”). nal incriminadora será ilícita ou antijurídica quando não for
O crime portanto, passou a ser definido como: - Crime expressamente declarada lícita. Assim, o conceito de ilicitu-
é toda a ação ou omissão, típica, antijurídica e culpável. de de um fato típico é encontrado por exclusão: é antijurí-
Este conceito, decompõe a figura do crime em elemen- dico quando não declarado lícito por causas de exclusão da
tos constitutivos que seriam individualmente analisados. antijuridicidade (CP, art. 23, ou normas permissivas encon-
Entretanto, resta afirmar, que o crime é um ato uno e in- tradas em sua parte especial ou em leis especiais).”
10
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Desta forma, uma pessoa pode ser morta, e se consta- Em vista disto, é oportuno lembrar de que existem ex-
tar, a título de exempllificação, que: cludentes de culpabilidade previstas pelo Código Penal que
1- Ela foi morta injustificadamente. Portanto foi vítima determinam que o agente não deve ser punido, mesmo
de um homicídio (art. 121 CP). sendo a sua conduta (ativa ou positiva), típica e antijurídica.
2- Ela foi morta justificadamente, porque estava de Neste caso, o legislador empregou expressões como:
posse de uma pistola carregada e prestes a matar seu de- “é isento de pena” (artigos 26, caput; e 28, parágrafo 1º do
safeto, quando foi morto por este, que agiu em legítima CP); ou de forma indireta: “só é punível o autor da coação
defesa (art. 23, II do CP), uma excludente de ilicitude (anti- ou da ordem”, dando a entender que o autor do fato não
juridicidade). é punível (art. 22 do CP). Entre estas excludentes de culpa-
3- Ela foi morta justificadamente, porque mesmo não bilidade, encontramos como destaque, a menoridade (art.
27 CP).
estando armado, ele havia ameaçado de morte seu desa-
Estes seriam então, os elementos integrantes do con-
feto, que, por erro plenamente justificado pelas circunstân-
ceito jurídico, dogmático ou analítico de crime, defendidos
cias, supôs que na realidade estivesse armado, vindo a ma- pela doutrina prevalente.
tá-lo. Tendo, desta forma, agido em legítima defesa putati- Entretanto, existem autores que não aceitam esta de-
va (uma excludente de culpabilidade, art.20, parágrafo 1º). finição. Enquanto alguns pretendem retirar um dos seus
Ora, o crime não pode ser um ato lícito! Quando a elementos, outros, desejam acrescentar novos elementos.
agressão física contra uma pessoa é praticada, poderemos Sobre este assunto, o Prof. Luiz Alberto Machado esclarece
ter a morte ou a ofensa à integridade física deste indivíduo, que “o conceito analítico do crime vem sofrendo profundo
ocorrendo então um crime de homicídio (art.121 CP); ou reexame do mundo jurídico-criminal. A mais ou menos pa-
um crime de lesão corporal (art.129 CP). Mas, se a agressão cífica e tradicional composição tripartida (tipicidade, antiju-
foi praticada, estando o agente acobertado por uma das ridicidade, culpabilidade) tem trazido inquietações, seja pela
excludentes de ilicitude previstas pelo artigo 23 do Códi- estrutura interna desses elementos, com a transposição de
go Penal (estado de necessidade; legítima defesa; estrito fatores de um para outro, seja pela atual tentativa de retorno
cumprimento do dever legal ou exercício regular de direito) a uma concepção bipartida.”
deixa de existir crime. O referido dispositivo legal, é bem O maior expoente da teoria finalista da ação em nosso
claro: “Não há crime quando o agente pratica o fato: I) em meio, Prof. Damásio Evangelista de Jesus, sustenta que a
estado de necessidade; ...”; assim sendo, houve uma agres- culpabilidade não é elemento ou requisito do crime. Ela so-
são que resultou em morte ou lesão corporal em uma pes- mente funciona como pressuposto da pena; e que o juízo
de reprovabilidade não incidiria sobre o fato, mas sim sobre
soa, porém, não houve crime.
o sujeito. Não se tratando de fato culpável, mas de sujeito
Além do mais, o crime não pode ser considerado como
culpável. Culpabilidade seria um juízo de reprovação que
um “fato jurídico”, o crime nada mais é do que um ato (cri- recairia sobre o sujeito que praticou o delito, desta forma,
minoso) que provoca um fato jurídico que vem a alterar; a culpabilidade seria uma condição de imposição de pena.
criar ou extinguir direitos. O fato, ou situação existente Alguns autores, influenciados pela doutrina italiana de
após a prática do crime, é a consequência do ato crimi- Bataglini, defendem a inclusão da punibilidade no conceito
noso. (Ex: o ato de agredir violentamente alguém, resulta do crime.
no fato dela possuir hematomas, que caracterizam o crime A pena a ser aplicada ao autor do crime, uma vez con-
de lesão corporal. Assim, o crime é a ação, que resultou denado, é uma consequência do crime, e não parte inte-
naquele hematoma produzido (um fato). grante do crime.
- Culpável: a culpabilidade é o elemento subjetivo do Nas palavras do Prof. Magalhães Noronha, “a pena não
autor do crime. É aquilo que se passa na mente daquela integra o delito, por ser este seu pressuposto. Tê-la como
pessoa que praticou um delito. constitutiva do crime é considerar como elemento da causa
Ela poderia ter desejado um resultado criminoso qual- o efeito.”.... “A pena vem a ser, então, um efeito do delito. É
quer (agiu com dolo direto); ele poderia ter assumido o sua consequência ou resultado.” E, realmente, este é o en-
risco de produzir um resultado criminoso (agiu com dolo tendimento da doutrina dominante.
indireto eventual); ou, não desejava aquele resultado crimi- Face a todas as considerações acima, podemos concluir
que o conceito de crime ainda está em evolução. O atual
noso, mas deu causa à ele por imprudência, negligência ou
conceito adotado pela doutrina prevalente não perdurará
imperícia (agiu com culpa).
por muito tempo. Logo, o crime como “ação ou omissão,
A culpabilidade portanto, é a culpa em sentido amplo, típica, antijurídica e culpável”, passará por algumas modifi-
que abrange o dolo (artigo 18, inciso I; CP); e a culpa em cações e “reformas”, aliás, como tudo em nossas vidas.
sentido estrito (artigo 18, inciso II; CP).
Por outro lado, ela resulta ainda, da união de três ele- Separaremos os conceitos para melhor aprendizado:
mentos: imputabilidade, consciência efetiva da antijuridici-
dade e exigibilidade de conduta conforme ao Direito. Ou Conceito Formal de Crime
seja: deve o autor do delito ser imputável; ter conhecimen-
to ou possibilidade de conhecimento da antijuridicidade de Afirma Damásio de Jesus que este conceito deriva da
sua conduta; e ter condições de, no momento da prática análise do crime sobre o “aspecto da técnica jurídica, do
daquele ato criminoso, ter agido de modo diverso do qual ponto de vista da lei”. Neste sentido, abundam definições:
agiu. “Crime é o fato humano contrário à lei” (Carmignani). “Cri-
11
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
me é qualquer ação legalmente punível” (Maggiore). “Cri- A raiz da valorização destes tipos de conceitos pura-
me é toda ação ou omissão proibida pela lei sob ameaça da mente materiais do direito pode ser encontrada através
pena” (Fragoso). “Crime é uma conduta (ação ou omissão do desenvolvimento de correntes que negavam o direi-
contrária ao Direito, a que a lei atribui uma pena” (Pimen- to como uma expressão autônoma, ora o caracterizando
tel). “Todo ato ou fato que a lei proíbe sob ameaça de uma como apenas um fato social (sociologismo jurídico), ora
pena” (Bruno). “o fato ao qual a ordem jurídica associa a como expressão de relações puramente econômicas de re-
pena como legítima consequência” (Liszt). “ação punível: pressão (materialismo jurídico), o que castravam do mundo
conjunto dos pressupostos da pena” (Mezger). “l´azionevie jurídico a sua capacidade de auto-alimentação científica.
tatadaldirittoconlaminaciadella pena” (Petrocelli). Na corrente materialista econômica mais radical (mar-
Como se percebe, estes significados conceituam o cri- xismo vulgar), para compreender o fenômeno jurídico, se
me através da descrição obtida através de um imperati- utiliza uma compreensão sociológica baseada em fatos
vo legal vigente. Segundo L.A. Machado, esta formulação economicamente valorados, na qual as condições mate-
é “claramente tautológica, a nada conduz. Pode ser, sem riais de produção e existência econômica (a infra-estrutura)
ofensa à verdade, reduzida a uma igualdade matemática: exerceriam um determinismo sobre a superestrutura, isto
o crime é o crime.” De fato, sobre o prisma da moderni- é, sobre o plano cultural e psicológico, na qual se insere o
dade, o conceito formal de crime não só é insuficiente e estado, o direito, a política, a consciência individual e cole-
tiva, etc. Esta corrente era tão exacerbada que não admitia
vazio, como claramente dogmático. No entanto, não basta
que a superestrutura influenciasse a infra-estrutura, e, des-
criticá-lo, é necessário demonstrar a sua importância, visto
ta forma, o direito adquiria a forma de um “instrumento de
que, em termos, o conceito analítico vem a resgatar um
dominação do homem pelo homem”, refletindo condições
pouco desta dogmática. concretas de existência puramente econômica.
A conceituação formal como uma definição auto-sufi- Evidentemente, esta teoria não era capaz de formular
ciente poderia ser fundamentada através do pensamento um importante conceito suficiente de crime, já que, se o
normativista, principalmente através de Kelsen e o seu pre- direito era um instrumento de dominação, não explicava
tenso purismo metodológico. A tentativa normativista de como o crime poderia ser um mal social que poderia afetar
unificar o direito em um bloco monolítico foi um sucesso, toda a sociedade, e não apenas a sua classe dominante.
no entanto, o mesmo não pode ser dito sobre o esforço Outro erro era o fato de asseverar que as correntes sociais
de firmar o direito como uma ciência absolutamente au- se constituíam principalmente por interesses econômicos.
tônoma, em atitude típica do modernismo, cujas reflexões A expressão mais correta é que as realizações subjetivas
tanto ciências quanto nas artes procuravam objetos puros podem ser traduzidas e expressas através dos seus equiva-
auto-referidos, visto que a existência da insuperável inter- lentes econômicos, muitas vezes de forma árdua e impreci-
disciplinaridade. sa, no entanto, apenas para aferição das consequências de-
Muito embora a função de garantia dos direitos do ci- rivadas de interesses socialmente difundidos e transplantá-
dadão (segurança jurídica) já estivesse a muito sedimen- -los para o da economia desta sociedade, sem resumir ou
tada através do princípio da legalidade, e, aliás, com uma menosprezar as análises sociais que visualizam as relações
doutrina que remonta a vários séculos atrás, foi o norma- sociais sobre outras perspectivas.
tivismo que contribuiu com o seu radicalismo para expur- Outro problema do materialismo radical é que não ex-
gar da aplicação do direito os valores que externos a este, plica porque a culpabilidade ( juízo de reprovação social)
apesar da segurança jurídica poder ser abalroada de outras não é menor em casos de crimes contra vida que naqueles
maneiras, como leis retroativas, cuja teoria pura do Direito furtos e roubos que envolvem valores monetários de enor-
não refuta, mas até explica. me valia, que, na teoria, afetam as classes dominantes no
A aparente suficiência de conceitos formais era prove- seu instrumento básico de poder. No entanto, serve de ex-
niente da necessidade de certeza, assim como a eliminação plicação para o fato do latrocínio possuir uma pena maior
da insegurança que atingia os juristas, por isto, nada mais que o homicídio e o estupro seguido de morte.
Existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha
certo e ausente de dúvidas interpretativas que afirmar “cri-
o nosso vão materialismo radical, e é nesse sentido que o
me é crime”. Todavia, está clara a tautologia, assim como a
sociologismo jurídico é capaz de superá-lo, quando atri-
impossibilidade de se utilizar deste conceito para desenhar
buiu maior relevância a caracterização material do crime
os critérios de orientação da materialidade legislativa. fundada em elementos sociais mais complexos. Em contra-
posição, a sua maior desvantagem é atribuir a sociologia o
Conceito Puramente Material do Crime papel de ciência enciclopédica do ramo cultural, tornando
a sociologia como a única ciência social (cultural/humana).
Como afirma o L.A. Machado, “o conceito material bus- Os juristas que aderiram a esta corrente, para poderem
ca a essência … do delito, a fixação de limites legislativos afirmar que o direito constituía ciência, deveriam fazê-lo
à incriminação de condutas”. Desta forma, o crime é um como uma subdivisão da sociologia. Desta forma, nada
“desvalor da vida social”, e, segundo Garofalo, “a violação mais correto que caracterizar o direito como um fato social,
dos sentimentos altruísticos fundamentais de piedade e como outro qualquer, cuja análise também deveria ser so-
probidade, na medida média em que se encontram na hu- ciológica. Daí o surgimento do conceito puramente mate-
manidade civilizada, por meio de ações nocivas à coletivi- rial do crime como algo auto-suficiente, o que precedeu os
dade”. dogmáticos normativistas neste tipo de orgulho insensato.
12
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
É desta doutrina que se origina a afirmativa que Portanto, “crime é, assim, numa definição material, a
o direito é um mero reflexo da sociedade, criado pela ação ou omissão que, a juízo do legislador, contrasta vio-
simples observação dos fatos sociais e suas relações, lentamente com valores ou interesses do corpo social, de
negando qualquer abstração independente orientada modo a exigir seja proibida sob ameaça de pena”, seria
exclusivamente no plano teórico, já que todas as iniciativas a “infração da lei do Estado, promulgada para proteger a
criativas do direito deveriam surgir de outros fatos sociais. segurança dos cidadãos, resultante de um ato externo do
Destarte, o crime seria uma ofensa ao corpo social, uma homem, positivo ou negativo, moralmente imputável e po-
atitude patológica, que abalava a harmonia e a saúde deste liticamente danoso”.
organismo, tornando necessária o tratamento (eliminação) Podemos destacar deste discurso dois elementos, a lei
da doença. penal e o “bem jurídico material” que visa proteger, saben-
Seus defeitos são definidos por Machado: “É evidente do que bem jurídico material não só engloba objetos ma-
que, pela sua amplitude conceitual, a definição material de teriais, como abstratos, como os religiosos, morais e psico-
crime tem sabor pré-legislativo, de orientação e parâmetro lógicos. Destarte, o problema do conceito material puro é
à liberdade legislativa de criação de delitos... Não presta à solucionado, no entanto, apesar de representar um avanço
formulação dogmática pela sua volatilidade e inseguran- em relação ao parâmetro anterior, é apenas com o con-
ça conceituais”. No entanto, mesmo como definidor pré- ceito analítico que podemos extrair de forma mais exata
-legislativo, o conceito material puro é incompetente, pois e melhor o conceito de crime. Mesmo assim, é de grande
resume os crimes aos de dano, perigo e dano presumido valia o presente conceito para a definição de critérios para
(sem comprovação prática), quando, como em caso de al- incriminação de condutas.
guns crimes de mera desobediência, o sistema penal pode
classificar algo como crime apenas por causa da mobiliza- Conceito Analítico de Crime
ção social que se comove a favor de tal medida, sem que
este represente um problema efetivo. A classificação analítica tem várias vantagens, como de-
Várias condutas são assim proibidas não porque repre- monstra a analogia de Machado: “Ainda que, formalmente,
sentam ou podem potencialmente representar algum dano, a água seja água e, materialmente, seja um líquido insípido,
mas por razões de vontade, pura e simples. Na sociedade inodoro e incolor que serve para, entre outras coisas, saciar
atual, o surgimento destes crimes ocorre pela proliferação a sede, analiticamente a sua composição é H2O”.
de toda sorte de fobias, terrores, horrores e medos, são ge- Preliminarmente, disciplina Fragoso que a expressão
rados pelo constante fluxo de informações realizadas por “elemento” é inadequada, pois dá a ideia de partes simples
veículos de informação, cujo interesse primário é de atrair de um composto. Seria mais adequado falar em “caracterís-
o público com notícias chocantes. ticas” ou em “requisitos”, embora este mesmo autor admita
Não obstante, quase todos os autores conceituados, que esta questão não afete a “essência das coisas”.
ao definirem o conceito material de crime, sempre trazem Existem duas formas de classificação analítica do crime.
ao bojo uma análise material através dos olhos da moder- Embora a primeira classificação (bipartida) não seja mais
nidade, não tratando do conceito material puro justamente aceita pela doutrina, reservaremos a esta algum espaço, as-
por causa da sua instabilidade, instabilidade esta que surge sim como para a corrente dominante, que é a conceituação
do fato que alguns fatos só são danosos se situados em tripartida.
uma determinada conjuntura, e estas conjunturas modi- A concepção bipartida define o crime através de dois
ficam rapidamente, assim como o dano potencial destas critérios: o subjetivo e o objetivo, quer dizer a força moral
condutas, que pode mesmo não mais existir; enquanto, por e a força física, “na força moral teríamos a culpabilidade
outro lado, o direito penal é dogmático, e a descriminali- (vontade inteligente) e o dano moral do delito, constituído
zação de uma conduta não depende de uma modificação pela intimidação (dano imediato) e pelo mau exemplo que
social, pura e simples, mas um esforço despendido através o delito apresenta; na força física teríamos a ação com que
do processo legislativo. o agente executa o desígnio malvado e o dano material do
Então, atualmente, o conceito de crime não pode ser delito”.
desvinculado da legislação penal, e uma análise científica Porém, é pacífica a caracterização analítica do crime da
da lei deve ser necessariamente destacada como indepen- forma tripartida, como uma ação ou omissão típica, anti-
dente do corpo social que lhe deu razão, mesmo que ape- jurídica e culpável. No entanto, disciplina Magalhães No-
nas a título de interpretação. ronha que, “com segurança escreve Hungria que um fato
pode ser típico, antijurídico, culpado e ameaçado com pena
Conceito Moderno Material de Crime (“inthesi”), isto é, criminoso, e, no entanto, anormalmente
deixar de acarretar a efetiva imposição de pena, como nas
Este conceito que foi inaugurado por Rudolf Von Ihe- causas pessoais de exclusão da pena (eximentes, escusas
ring, e baseado neste, autores defendem que crime seria “o absolutórias), tal qual se dá no furto familiar (art. 181, I e
ato que ofende ou ameaça um bem jurídico tutelado pela II) e no favorecimento pessoal (art. 348, §2º), nas causas de
lei penal”, o que, ao contrário do conceito anterior, vincu- extinção da punibilidade nas extintivas condicionais (livra-
la a avaliação do que seja socialmente valioso a noção de mento condicional e “sursis”), em que não há aplicação de
bem jurídico (valor juridicamente protegido). pena, mas o crime permanece”.
13
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Enquanto a ação é atividade, a omissão seria a falta ficação ou extinção de uma relação jurídica. Fatos jurídicos
de ação, falta que é uma transgressão a uma expectativa dividem-se em fatos naturais (ou fatos jurídicos em sentido
jurídica sobre um ato considerado imperativo e necessário. estrito) e fatos voluntários (ou atos jurídicos). Aqueles são
A conduta típica seria a correspondência entre o fato con- fatos da natureza, como o nascimento ou a morte. Estes
creto e o modelo abstrato (previsão legislativa), a ilicitude são condutas voluntárias, que influem sobre relações jurídi-
(antijuridicidade) é a característica deste ato, que é juridica- cas. Os fatos voluntários (ou atos jurídicos) subdividem-se
mente proibida, (sempre que a conduta é típica e não estão em duas grandes categorias, a dos atos lícitos e a dos atos
presentes os excludentes de ilicitude, quer dizer, a legítima ilícitos. Os atos lícitos são atos praticados de acordo com
defesa, o estado de necessidade e o estrito cumprimento o direito e podem ser declarações de vontade dirigidas a
de dever legal e o exercício regular de direito, conforme art. produzir efeitos jurídicos (negócios jurídicos) ou ações, po-
19 do Código Penal). sitivas ou negativas, que produzem efeitos jurídicos, sem
Já a culpabilidade seria o juízo de reprovação social so- serem dirigidas a produzi-los”.
bre a ação ou omissão, pois, quando era esperado que o Assim, a Ciência Penal se torna principalmente o estu-
sujeito tomasse uma determinada atitude, toma outra proi- do jurídico dos atos ilícitos, que são fatos em sentido am-
bida em seu lugar. Todavia, a conduta, apesar de ser vedada plo. A definição do crime é tão importante que tem serven-
pelo ordenamento, não é reprovável quando o sujeito não tia para o desenvolvimento de inúmeros outros conceitos,
é imputável, quando não tem potencial consciência da ili- como por exemplo, a determinação do objeto do crime
citude ou quando dele não se poderia exigir do indivíduo ( jurídico formal, jurídico substancial e material), a diferença
conduta diversa. entre os ilícitos civis e os ilícitos penais e etc.
Parte bastante recessiva da doutrina diverge do aqui
estabelecido, fixando que o conceito de crime é consti- Observação:Quando se aborda o fenômeno crime, uma
tuído apenas de uma conduta ilegal e culpável, já que a das questões mais frequentemente colocadas é a das suas
conduta ilegal é necessariamente típica. Outros acreditam razões ou causas, sendo comum ouvir como resposta que
que a culpabilidade é pressuposto da pena, e não do cri- é porque os sujeitos são fracos, são maus ou são anormais.
me. Como podemos perceber, nos baseamos na doutrina No entanto a resposta parece ter de ser bem mais comple-
dominante para trabalhar esta parte. Baseada nesta carac- xa, implicando estudar o sujeito criminoso, de modo a dar
terização analítica, afirma Fragoso que “é feliz a expressão conta de todos os fatores que influenciam o seu comporta-
que alguns autores empregam, segundo a qual, se concebe mento. Tenta-se seguidamente demonstrar a necessidade
o crime como um prisma, seus componentes devem ser de incluir as abordagens biológicas no estudo do crime.
representados por suas faces e não como suas partes”. A utilização do atual paradigma científico, o paradigma
sistêmico comunicacional informacional, permite ter uma
A conceituação do crime foi delongada porque esta visão complexa do ser humano, pois ao considerá-lo como
definição é a mais importante do Direito Penal. É o conceito um sistema biopsicossocial, realça não só a existência dos
chave deste ramo do direito, que, segundo alguns autores, níveis biológico, psicológico e social, separadamente, mas
deveria ser chamado de “Direito Criminal”, e não “Penal”. também a articulação e comunicação entre eles. Num com-
Embora se tenha valorado cada uma destas definições portamento complexo e problemático como é o crime, a
como completas ou incompletas, todas são importantes. complexidade do sistema biopsicossocial torna-se particu-
Apesar disto, alguns autores se esforçaram para concretizar larmente importante, pois para intervir é necessário conhe-
uma conceituação mais definitiva do crime, algo que o ju- cer os diferentes níveis do sistema humano e a importância
rista Damásio parece ter tentado ao desenvolver o critério de cada um deles no comportamento do sujeito.
“formal, material e sintomático do crime”, que “visa o as- Um dos níveis mais criticado e desvalorizado é o nível
pecto formal e material do delito, incluindo na conceitua- biológico. Defender a existência e a importância das abor-
ção a personalidade do agente. Ranieri, sob esse aspecto, dagens biológicas no estudo do crime implica entrar num
define o delito como “fato humano tipicamente previsto tema polêmico, frequentemente utilizado pelos meios de
por norma jurídica sancionada mediante pena em sentido comunicação social como explicação securizante de casos
estrito (pena criminal), lesivo ou perigoso para bens ou in- pontuais. No entanto, convém não esquecer que esta uti-
teresses considerados merecedores da mais enérgica tute- lização da biologia como justificação do comportamento
la, constituindo expressão reprovável da personalidade do não é recente, pois há bem menos de um século quer a
agente, tal como se revela no momento de sua realização”. biologia, quer o darwinismo social serviram de base para o
Alguns acentuam que o crime não é o fato em si, como colonialismo, o racismo e a procura da raça pura. Contudo,
postula Machado, já que o fato é a consequência do ato/ não considerar este nível, elimina à partida um dos elemen-
omissão criminosa, sendo que esta consequência não é tos do triplo sistema, o sistema biopsicossocial.
sempre necessária para a caracterização da atitude crimi- O crime, definido como um “ato que ofende certos
nosa. No entanto, segundo doutrina dominante, esta sepa- sentimentos coletivos”, apesar da sua natureza aparente-
ração de fato e ato não é procedente, pelo menos não da mente patológica, não deixa de ser considerado como um
forma como foi realizada. Melhor caracterização nos traz fenômeno normal, no entanto, com algumas precauções.
Heleno Fragoso: “O crime é, sem dúvida, fato jurídico. Fato O que é normal é que “exista uma criminalidade, contanto
jurídico é designação genérica de todo acontecimento re- que atinja e não ultrapasse, para cada tipo social, um certo
levante para o direito, provocando o nascimento, a modi- nível”.
14
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
cos, psíquicos, sociais...). Uma das funções principais da Assim, trataremos as teorias legitimadoras da pena
criminologia é estabelecer uma relação estreita entre três como um reflexo imediato, ou melhor, uma decomposição
disciplinas consideradas fundamentais: a psicopatologia, o obrigatória do principio constitucional da individualização,
direito penal e a ciência político-criminal. tratando as finalidades da pena abstraindo a concepção
Outra atribuição da criminologia é, por exemplo, ela- dogmática e o discurso oficial, no entanto colacionando
borar uma série de teorias e hipóteses sobre as razões para concepções de base empíricas e teóricas com seu desdo-
o aumento de um determinado delito. Os criminólogos se bramento lógico-reflexivo das diversas correntes filosóficas
encarregam de dar esse tipo de informação a quem ela- a respeito da matéria.
bora a política criminal, os quais, por sua vez, idealizarão Cumpre observar antes de adentrar na teoria justifica-
soluções, proporão leis, etc. Esta última etapa se faz através dora da intervenção estatal, a busca por um conceito de
do direito penal. Posteriormente, outra vez mais o crimi- pena que contemple os valores humanísticos inerentes de
nólogo avaliará o impacto produzido por essa nova lei na sociedades em evolução, fugindo das conceituações me-
criminalidade. díocres e massificas em grande parte da doutrina onde
Interessam ao criminólogo as causas e os motivos definem pena como aquela resposta estatal ao agente
para o fato delituoso. Normalmente ele procura fazer um culpável, autor de um fato típico e antijurídico. Por isso, a
diagnóstico do crime e uma tipologia do criminoso, assim melhor, definição de pena se extrai da lição de René Ariel
como uma classificação do delito cometido. Essas causas e Dotti onde “a pena é uma instituição social que reflete a
motivos abrangem desde avaliação do entorno prévio ao medida do estagio cultural de um povo, e ainda o regime
crime, os antecedentes vivenciais e emocionais do delin- político que está submetido”. Assim a pena passa a ser o
quente, até a motivação pragmática para o crime. termômetro da evolução de um povo, onde a evolução so-
cial é medida pela maneira como é tratado e punido aquele
Pena nas diversas correntes do pensamento crimi- que cometeu um ilícito penal, e o senso crítico das razões,
nológico motivos e fins para os quais são aplicadas as sanções. Mui-
tas foram as justificativas, no transcorrer da historia, para
“Toda pena que não derive da absoluta necessidade, legitimar e fundamentar a repressão estatal frente a delin-
diz o grande Montesquieu, é tirânica, proposição esta que quência, senão vejamos:
pode ser assim generalizada: todo ato de autoridade de
homem para homem que não derive da absoluta necessi-
Teorias Absolutas ou Retributivas
dade é tirânico. Eis, então, sobre o que se funda o direito
do soberano em punir os delitos: sobre a necessidade de
As teorias retributivas são absolutas, porque não se
defender o depósito da salvação pública das usurpações
vinculam a nenhum fim, concebendo a pena com um fun-
particulares. Tanto mais justas são as penas quanto mais
damento em si mesmo, isto é, como castigo, compensação,
sagrada e inviolável é a segurança e maior a liberdade que
reação ou retribuição ao delito, justificado por seu valor
o soberano dá aos súditos. Consultemos o coração huma-
no e nele encontraremos os princípios fundamentais do axiológico intrínseco; portanto, não é meio, mas um dever
verdadeiro direito do soberano de punir os delitos, pois metajurídico.
não se pode esperar nenhuma vantagem durável da po- Na teoria retribucionista, a imposição de pena tem
lítica moral, se ela não se fundamentar nos sentimentos exclusiva tarefa de realizar justiça, devendo a culpabilida-
indeléveis do homem. Toda lei que se afaste deles encon- de do autor ser compensada com a imposição de um mal
trará sempre resistência contrária, que acabará vencendo, proporcional, a pena, como consequência jurídico penal
da mesma forma que uma força, embora mínima, aplicada, do delito,encontrando fundamento no livre arbítrio como
porém, continuamente, vencerá qualquer movimento apli- capacidade do homem de decidir entre o justo e o injusto.
cado com violência a um corpo”. CesareBeccaria (1764) O crime é negado e expiado pelo sofrimento da pena que
A individualização da pena tem como escopo antever compensa a culpa, voltando-se para o passado (quiapecca-
as justificações da pena dentro de um determinado sistema tum), pois seria justo devolver um mal com outro mal.
jurídico-penal, no qual redundará certamente em uma de- Os principais defensores desta teoria foram Kant e He-
cisão judicial que conterá valorações fundantes para uma gel. No entendimento de Kant, afirma que a lei é um im-
efetiva fixação da pena, é o que se extrai das lições de Jes- perativo categórico, tem-se a pena destituída de qualquer
check quando afirma que: “A análise prévia da finalidade da função utilitária, aplicada somente pelo fato de a lei ter sido
pena é seguida pela verificação dos elementos fáticos, isto violada, visando a fazer justiça; pois, se esta é desconheci-
é, a constatação das circunstâncias de fato que podem ter da, os homens não teriam razão de ser sobre a terra. Este
interesse no caso concreto. Ex: valor da coisa furtada, modo autor (Kant) define a justiça retributiva como lei inviolável,
e motivos da subtração, etc. Encerrando-se esse processo um imperativo categórico pelo qual todo aquele que mata
com as considerações de como valorar esses elementos na deve morrer, para que cada um receba o valor de seu fato
individualização, atendendo aos fins da pena, e como se e a culpa de sangue não recai sobre o povo que não pu-
transformarão em magnitudes penais, competindo ao juiz niu os culpados. É o que se verifica do magistério de Salo
uma razoável consequência e suficiente conexão intelec- Carvalho: “O modelo penalógico de Kant é estruturado na
tual entre os elementos fáticos da individualização, o fato premissa básica de que a pena não pode ter jamais a fi-
concreto, suas circunstâncias e as condições pessoais do nalidade de melhorar ou corrigir o homem, ou seja, o fim
autor do delito”. utilitário ilegítimo. Se o direito utilizasse a pena como ins-
16
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
trumento de dissuasão, acabaria por mediatizar o homem, Sobre a impossibilidade de o Estado personificar o
tornando imoral. Logo, a penalidade teria como thelos a ensejo de vingança do povo (maioria), pois a democracia
imposição de um mal decorrente da violação do dever ju- não é simplesmente a vontade da maioria, mas o respeito
rídico, encontrando neste mal (violação do direito) sua de- a garantias mínimas da minoria, ClausRoxin nos ensina: “(...)
vida proporção. Muito embora utilize critérios de medida e considerando-o racionalmente, não se compreende como
proporção da pena, Kant rememorará modelos primitivos se pode pagar um mal cometido, acrescentando-lhe um
de vingança privada. A teoria absoluta da pena sob o viés segundo mal, sofrer a pena. É claro que tal procedimento
Kantiano recupera o principio taliônico, encobrindo-o, no corresponde ao arraigado impulso de vingança humana,
entanto, pelos pressupostos de civilidade e legalidade....” do qual surgiu historicamente a pena; mas considerar que
Hegel define crime como a negação do direito e pena a assunção da retribuição pelo Estado seja algo qualitati-
como negação da negação e, portanto, como reafirmação vamente distinto da vingança humana, e que a retribuição
tome a seu cargo a culpa de sangue do povo, expie o de-
do direito. A pena encontraria justificação na necessidade
linquente etc. Tudo isto é concebível apenas por um ato de
de restabelecer a vigência da vontade geral representada
fé que, segundo nossa constituição, não pode ser imposto
na ordem jurídica, e que foi negada pela vontade do de- a ninguém, e não é valido para uma fundamentação, vincu-
linquente, devendo esta ser negada por meio do castigo lante para todos, de uma pena Estatal”.
penal, para que renasça a afirmação da vontade geral e se Luigi Ferrajoli tece críticas a teoria absoluta ou retribu-
restabeleça o direito, sendo que, conforme o grau de in- tivistas, pois entende que: “A ideia da pena como restaura-
tensidade da negação ao direito, também será o quantum ção ou reafirmação de ordem violada demonstra um equí-
ou intensidade da negação representada pela pena, como voco derivado da confusão entre direito e natureza. Tanto
expõe o prof. Salo Carvalho: “O princípio fundamental da a purificação do delito através do castigo como negação
teoria hegeliana da pena é centrado na ideia de que a vio- do direito por parte do ilícito e sua simétrica reparação se-
lência destrói a si mesma com outra violência: a supressão riam insustentáveis, dado ao fato de crerem erroneamente
do crime é a remissão, quer segundo o conceito, pois ela haver relação de causalidade necessária entre culpa e casti-
constitui uma violência contra violência, quer segundo a go. Além de representarem concepções substancialistas de
existência, quando o crime possui uma certa grandeza qua- delito, veem na pena função de restauração de uma ordem
litativa e quantitativa que se pode também encontrar na sua ( jurídica e/ou moral) natural violada”.
negação como existência.” Para o professor baiano GamilFöppel El Hireche, esta
teoria “é ainda mais imprestável quando se trata de medida
Críticas Jurídicas a Teoria Retributivista de segurança. De fato, não se pode legitimar a intervenção
estatal para o inimputável para lhe retribuir o mal que cau-
sou, até porque este não tem condições nem de entender
Juarez Cirino dos Santos assevera diversas críticas ao
a ilicitude dos fatos praticados, muito menos a retribuição
discurso jurídico retributivo entre os quais a de que: “retri- que lhe se sucederia”.
buir, como método de expiar ou de compensar um mal (o Consequentemente, com as notórias deficiências apre-
crime) com outro mal (a pena), pode corresponder a uma sentadas na teoria retributiva, surgem as teorias relativas
crença e, nessa medida, constituir um ato de fé, mas não é ou preventivas com o fito de suprir as falhas da teoria que
democrático, nem cientifico. Não é democrático porque o a precedeu.
Estado democrático de Direito o poder é exercido em nome
do povo, e não em nome de Deus, além disso, o direito Teoria Relativa ou Preventiva
penal não tem por objetivo realizar vinganças, mas prote-
ger bens jurídicos. Por outro lado, não é científico porque a Com a discordância dos fundamentos apresentados
retribuição do crime pressupõe um dado indemonstrável: a pela teoria retributivista, a ciência criminal busca outros
liberdade de vontade do ser humano, pressuposta no juízo elementos técnicos científicos para legitimar a pena, são as
de culpabilidade, e presente em fórmulas famosas como por chamadas teorias preventivas, que tem como um dos seus
exemplo, o poder agir de outro modo de Welzel, ou a falha principais idealizadores Feuerbach, pois este já preconizava
de motivação jurídica de Jakobs, ou mesmo a moderna di- a necessidade de ser reconhecida à função de segurança
rigibilidade normativa de Roxin, não admite prova empírica. do Estado, pois entendia que a finalidade deste é a convi-
Assim, a pena como retribuição do crime se fundamenta vência humana de acordo com o direito, o crime representa
sua violação, consequentemente o Estado o impede por
num dado indemonstrável: o mito da liberdade pressuposta
meio da coação psíquica (intimidação) ou física (segrega-
da na culpabilidade do autor. A impossibilidade de demons-
ção), onde a pena é intimidação para todos, ao ser comi-
trar a liberdade pressuposta na culpabilidade determinou nada abstratamente, e para o criminoso, ao ser imposta no
uma mudança na função atribuída a culpabilidade no mo- caso concreto, como aponta o Prof. Salo Carvalho: “(...) o
derno direito penal: a culpabilidade perde a antiga função fundamento intimidatório da pena estaria condicionado a
de fundamento da pena, que legitima o poder punitivo do eficácia dos aparelhos judiciários e executivos. Se o objetivo
Estado em face do individuo, para assumir a função atual de da pena é a coação psicológica aos pretendentes de ações
limitação da pena, que garante o indivíduo contra o poder ilícitas, sua execução deveria ser certa perante os sujeitos
punitivo do Estado, uma mudança de sinal dotada de óbvio passivos primários (infrator) e secundários (sociedade), sob
significado político”. pena de perda do seu caráter essencial: o simbolismo”.
17
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Assim a partir desta teoria busca-se uma finalidade a pensar que não vale a pena praticar o crime porque po-
para pena, fundamentado na preservação e/ou sobrevi- derá ser castigado. Em resumo, esta concepção encontra-
vência do grupo social, ou seja, a pena serviria como um -se centrada na ideia de intimidação coletiva por meio da
instrumento ou meio de prevenção da prática do delito, cominação abstrata da pena, que produziria uma contra-
inibindo, evitando ou impedindo tanto quanto possível a -motivação aos comportamentos ilegais”. E conclui o autor
prática ou a reincidência de delitos, configurando assim um “Este esquema encontra respaldo na intimidação por meio
viés utilitarista, como expõe Cezar Bitencourt: “As teorias da gravidade da cominação penal abstrato, na condenação
relativas da pena apresentam considerável diferença em re- criminal e intensidade da persecução criminal, visando a
lação às teorias absolutas, na medida em que buscam fins aplicação da pena. Com base na prevenção geral negativa
preventivos posteriores e fundamentam-se na sua necessi- o legislador aumenta ou comina sanções severas, acredi-
dade para a sobrevivência do grupo social. Para as teorias tando possível reduzir a criminalidade, e é com a mesma
preventivas, a pena não visa retribuir o fato delitivo come- intenção, que o juiz imporia penas exemplares, desvincula-
tido e sim prevenir a sua comissão. Se o castigo ao autor das da culpabilidade ou de qualquer garantia”.
do delito se impõe, segundo a lógica das teorias absolutas, Crítica Jurídica da Prevencão Geral Negativa:A crítica ju-
quiapeccatum est, somente por que delinquiu nas teorias rídica à prevenção geral negativa aborda diferentes facetas
relativas à pena se impõe ut nepeccetur, isto é para que não na sua abordagem o que a torna insuperáveis, a primeira e
volte a delinquir”. a sua ineficácia inibidora de comportamentos antissociais
Indubitavelmente, as funções preventivas da pena di- da ameaça estatal, pois não é a gravidade da pena ou rigor
vidiram-se em duas direções bem definidas: a prevenção da execução penal que desestimularia o autor de praticar
geral e prevenção especial. crimes, mas sim a certeza ou a probabilidade e/ou risco
da punição. A segunda crítica está fundada na falta de um
- Prevenção Geral:A prevenção nasce dentro de uma critério limitador da pena transformando esta prevenção
concepção iluminista, na transição de um modelo de Esta- em um terrorismo estatal e por outro lado a exemplaridade
do absoluto ao Estado Liberal, contemporizando a vida em incutida nesta prevenção afronta a dignidade humana, uma
sociedade em face da guerra de todos contra todos ou dos vez que os acusados reais são punidos de forma exemplar
impulsos da irracionalidade comuns a todos os indivíduos, para influenciar a conduta dos acusados em potenciais.
como explica o prof. Cezar Bitencourt: “Essas ideias pre-
vencionistas desenvolveram-se no período do Iluminismo. Prevenção Geral Positiva:No final do século XX, a pre-
São teorias que surgem na transição do Estado absoluto ao venção geral adquiriu uma forma positiva, onde expressa-
Estado liberal. Segundo Bustos Ramirez e HormazabalMa- ria um ideal retributivo modificativo, considerando que se
larée, tais ideias tiveram como consequência levar o Estado fundamenta na afirmação da validade das normas, obtida
a fundamentar a pena utilizando os princípios que os filó- por meio de uma justa punição ao delinquente, conclusão
sofos do iluminismo opuseram ao absolutismo, isto é, de que pode ser extraída do conceito formulado por Jescheck,
direito natural ou de estrito laicismo: livre arbítrio ou medo no qual a pena serviria para: “Neutralizar o efeito do delito
(racionalidade). Em ambos, substitui o poder físico, poder como, por exemplo, negativo para a comunidade, contri-
sobre o corpo, pelo poder sobre a alma, sobre o psique. buindo para o fortalecimento da consciência jurídica da co-
O pressuposto antropológico supõe um indivíduo que a munidade, à medida que se procura satisfazer o sentimen-
todo momento pode comparar, calculadamente, vantagens to de justiça do mundo que esta em torno do delinquente”.
e desvantagens da realização do delito e da imposição da No entanto, existem divergências quanto, a existência
pena. A pena, conclui-se, apoia a razão do sujeito na luta de outras finalidades da pena que não, simplesmente, a de
contra os impulsos ou motivos que o pressionam a favor confirmar a vigência da norma. Surge então uma subdivi-
do delito e exerce coerção psicológica perante os motivos são nesta teoria, uma fundamentadora e outra limitadora.
contrários ao ditame do direito”. Dessa maneira a preven- Para teoria preventiva positiva fundamentadora, defendidas
ção geral deve ser analisada sob dois enfoques: a preven- por Welzel e Jakobs, nos ensina Juarez Cirino dos Santos:
ção geral negativa e a prevenção geral positiva. “Jakobsabsoltiza a função de prevenção geral positiva, con-
cebida como teoria totalizadora da pena criminal, que con-
Prevenção Geral Negativa:De acordo com a teoria da centra as funções declaradas ou manifestas de intimidação,
prevenção geral negativa, a pena deve produzir efeitos de de correção, de neutralização e de retribuição atribuídas a
intimidação sobre a generalidade das pessoas, atemorizan- pena criminal pelo discurso punitivo. Nesse sentido, a pena
do os possíveis infratores a fim de que estes não come- criminal definida como prevenção geral positiva, realiza a
tam quaisquer delitos, essa intimidação penal encontra-se função de afirmar a validade da norma penal violada; por
alicerçada na teoria da coação psicológica de Feuerbach outro lado, a norma penal rearfimada pela pena criminal,
onde o Estado espera desestimular pessoas de praticarem é definida como bem jurídico, um conceito que substitui
crimes pela ameaça de pena, como se depreende das lições o conceito de bem jurídico, considerado inútil pelo autor.
do Prof. Paulo de Souza: “Nesse sentido, a pena é a ameaça Assim, define prevenção geral positiva como demonstra-
da lei contra cidadãos para que se abstenham de cometer ção da validade da norma, manifestada através de reação
crimes, uma coação psicológica que pretende evitar o fe- contra violação da norma realizada as custas do compe-
nômeno delitivo, pois diante da ameaça estatal e, ponde- tente/responsável, necessária para reafirmar as expectati-
rando a racionalidade do individuo, pode ser persuadido vas normativa frustradas pelo comportamento criminoso.
18
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
A função positiva de prevenção geral seria dirigida a todos Crítica à Prevenção Geral Positiva:A crítica que se faz a
os seres humanas, como exercício (a) de confiança na nor- teoria preventiva geral positiva é a total, ou melhor, a au-
ma, necessário para saber o que esperar na interação so- sência de eficácia, pois não há estudos que demonstrem
cial, (b) de fidelidade jurídica pelo reconhecimento da pena o poder da pena de motivar a fidelidade ao Direito, con-
como efeito da contradição da norma e, finalmente, (c) sequentemente emprestando a pena criminal um caráter
de aceitação das consequências respectivas, pela conexão de instrumentalização de opressão social, legitimando a
do comportamento criminoso com o dever de suportar a seletividade do sistema, vez que a resposta penal depende
pena, na verdade, postulados do contrato social do século estreitamente do grau de visibilidade social dos conflitos
XVIII, com a aceitação das normas sociais na qualidade de de desviação existentes numa sociedade.
membro da sociedade e aceitação da punição na qualidade
de infrator de normas sociais”. - Prevenção Especial:A teoria da prevenção especial
Já na teoria da prevenção geral limitadora, defendi- visa o delinquente tendo por objetivo que este não volte a
das por Hassemer e Roxin, a pena seria a reação estatal praticar novos delitos, todavia o fim da pena passa a conter
perante fatos puníveis, para proteger a consciência social seu viés utilitarista, ou seja, é uma atribuição legal dos su-
da norma. Hassemer acredita que essa proteção consistiria jeitos da aplicação e da execução penal.
na ajuda prestada ao delinquente na medida do possível, Na aplicação penal, quando definido pelo juiz na apli-
bem como, na limitação desta ajuda, imposta por meios cação da pena, através da sentença devendo ser esta indi-
de critérios da proporcionalidade e de consideração a ví- vidualizada, necessária e suficiente para prevenir o crime
tima, espécie de prevenção geral que somente poderá ser como preceitua o art.59 do CP. Já na execução penal, esta
alcançada se o direito penal conseguir a formalização do é realizada pelos técnicos visando a promoção harmônica
controle social. Roxin tem suas premissas fundadas em três de integração social do condenado. A prevenção especial
superposições a respeito da prevenção geral positiva limi- ocorre em dois caminhos: a prevenção especial positiva e a
tadora: a primeira no efeito sócio pedagógico de exercício prevenção especial negativa.
em fidelidade jurídica, produzido pela atividade da justiça
penal; segundo, o efeito de aumento da confiança do ci- Prevenção Especial Positiva:A prevenção especial posi-
tiva representa o intento ressocializador, a reeducação e a
dadão no ordenamento jurídico pela percepção da impo-
correção do delinquente, realizado pelo trabalho de psicó-
sição do direito e o terceiro é o efeito da pacificação social,
logos, sociólogos, assistentes sociais entre outros, visando
como nos ensina o Prof. Gustavo Junqueira: “... a função de
com a aplicação da pena, a readaptação do sujeito à vida
informação e confiança acerca da vigência da norma serve
em sociedade.
não como fundamento único, mas como outro mecanismo
Críticas a Prevenção Especial Positiva:Indubitavelmente,
de limite em uma dialética com ideia retributivista da pena
o que se percebe é a dificuldade de conjugação de valores,
proporcional e com as necessidades de reintegração social.
se por um lado esta uma pseudo reestruturação moral por
A atuação serviria para efeito de aprendizagem, para man-
outro lado estão os ideais de uma sociedade democrática
ter e reforçar a confiança da comunidade na inquebranta- e pluralista. Destarte como afirma Gustavo Junqueira “....
bilidade do ordenamento jurídico penal, com que se atinge na ideia de conformação íntima que por mais um motivo
um efeito de pacificação concluindo que foi pacificado o tal ideia não pode ser aceita, ou seja, em uma democracia,
conflito com o autor. Assim, é possível perceber presen- que exige uma participação ativa e potencial pluralismo, a
te a ideia do exercício de confiança da vigência da norma, pretensão de conformar a esfera íntima do sujeito ao ta-
mas não de forma diretamente reitora da necessidade, da lante do que entende conveniente o Estado não pode ser
medida ou espécie de pena. Assume tal corrente que o fim imposta”.
da pena no Estado democrático de direito não pode ser ClausRoxin criticando a legitimidade desta corrente
outro que não a tutela necessária dos bens jurídicos, penais questiona alguns aspectos: “o que legitima a maioria da
no caso concreto, e que tal tutela não deve se referir ao população a obrigar a minoria a adaptar-se aos modos de
passado, mas ao futuro, buscando o restabelecimento da vida que lhe são gratos? De onde nos vem o direito de po-
paz jurídica abalada, reforçando a confiança da sociedade der educar e submeter à tratamento contra a sua vontade
na guarda de seus interesses por parte do Estado. Seria pessoas adultas? Por que não hão de poder viver conforme
também a necessidade de prevenção geral positiva o ali- desejam os que o fazem a margem da sociedade, quer se
cerce capaz de legitimar a necessidade da pena, verdadeiro pense em mendigos, prostitutas ou homossexuais? Será
princípio do qual não pode se afastar o Estado sob pena de a circunstância de serem incômodos ou indesejáveis para
afronta aos princípios democráticos”. muitos concidadãos, causa suficiente para contra eles pro-
Vê-se que a diferença entre a teoria limitadora e fun- ceder com penas discriminatórias?”.
damentadora é que a primeira define a finalidade da pena
e empresta um sentido limitador ao direito de punir do Prevenção Especial Negativa:A prevenção especial ne-
Estado, lastreado nos princípios da intervenção mínima, gativa pretende com a aplicação da pena, a intimidação
da proporcionalidade, da ressocialização entre outros. En- do delinquente, sua inocuização, para que não volte a
quanto na teoria fundamentadora o fim pretendido com a delinquir, como expõe o Prof. Alberto Zacharias Toron: “...
imposição da pena é especificadamente, a confirmação das trata de evitar que o agente criminoso expresse sua maior
normas e seus valores. ou menor periculosidade nas relações sociais. Fala-se em
19
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
maior ou menor grau numa espécie de neutralização ou ção da pena, tem com função da pena a proteção subsidia-
inocuização absoluta ou relativa. Esta pode ter um caráter ria de bens jurídicos, mediante a prevenção geral negativa
temporal, quando com pena se aparta o sentenciado de na cominação da pena; prevenção geral e especial na apli-
forma perpetua, ou por um determinado período da vida cação da pena, limitada pela culpabilidade; e prevenção es-
social, custodiando-o. Mas a inocuização pode ter um cará- pecial na execução da pena. Esta construção teórica impõe
ter absoluto (definitivo) quando se trata da pena de morte ao magistrado a determinar até onde pode chegar com a
(não se conhece nesta hipótese nenhum caso de reincidên- pena que reputa justa e/ou adequada a responsabilidade
cia) ou relativo quando destrói parcialmente a pessoa e, do autor.
por exemplo, castra-se o estuprador ou cortam-se as mãos A crítica imposta a estas construções teóricas unifica-
do assaltante ou, ainda, as pernas do trombadinha etc.” doras tem como argumento que estas representam uma
Juarez Cirino diz que a prevenção especial negativa é justaposição das diversas teorias destruindo assim suas
“baseada na premissa de que a privação de liberdade do concepções originárias ou fundantes, consequentemente
condenado produz segurança social, parece óbvia: a cha- ampliando a raio de aplicação da resposta penal estatal,
mada incapacitação seletiva de indivíduos considerados quebrando a ideia de um direito penal concebido como
perigosos constitui efeito evidente da execução da pena, mínimo. Outra crítica é a incongruência filosófica de tentar
porque impede a prática de crimes fora dos limites da pri- compatibilizar uma teoria que nega um fim a pena (absolu-
são, e assim a neutralização do condenado seria uma das ta), com outra que explicita uma finalidade (relativa).
funções manifestas e declaradas cumpridas pela pena cri-
minal”. Percebe-se que na compreensão da teoria justificado-
Crítica a Prevenção Especial Negativa:A crítica a essa ras da pena esta respaldado a (in) evolução de uma deter-
espécie de prevenção especial deve ser analisada sobre minada sociedade confundindo-se com o próprio conceito
dois prismas, o primeiro em relação à inocuização, pois de pena a ser buscado. Destarte a partir de um estudo cri-
a irracionalidade entre o fato e a sanção faz sucumbir o minal, afastando todo óbice moral, religioso, maniqueísta
próprio Estado democrático de direito que apresenta suas de uma finalidade da pena, encontra-se no moderno direi-
premissas nas garantias e direitos fundamentais do indiví- to penal o alicerce para uma profunda modificação de ve-
duo preconizado na Carta de 1988, assim a eliminação do tores que é a inversão de sinal, ou seja, enxergar a legitima-
homem ou de suas eventuais potencialidades fere o plu- ção da pena tendo como ponto de partida a culpabilidade,
ralismo ínsito da democracia. Já a segunda guarda relação porém não como fundamento da pena, mas sim como li-
com a intimidação, que facilita os eventuais abusos ou ar- mitação desta, do jus puniendi do Estado. Sendo o critério
bitrariedades, pois rompe com o ideal de garantismo do indispensável para esta mudança, a individualização judi-
direito penal, vez que nem ao menos previne porque atua cial da pena onde o magistrado poderá cotejar os valores
após a prática de um crime, não buscando, ao menos um humanísticos e proporcionais intrínsecos a cada individuo,
fim preponderante. necessários para uma correta prestação jurisdicional.
Criminologia Científica e os seus Modelos Teóricos
Teorias Mistas ou Unificadoras
Com a luta de Escolas surgiram no panorama crimino-
As teorias unificadas trazem em seu bojo a tentativa de lógico três orientações relativamente definidas: as biológi-
uma combinação entre as teorias isoladas (retributivista e cas, as psicológicas e as sociológicas.
relativas) com o intuito de superar as deficiências apresen- As primeiras cuidam de novo do homem delinquente,
tadas por estas, buscando uma pena que resulte ao mesmo tratando de localizar e identificar em alguma parte de seu
tempo ser útil e justa, convertendo a reação penal estatal corpo ou no funcionamento dos diversos sistemas e sub-
em meio utilizável para sanar qualquer infração a norma. sistemas deste, o fator diferencial que explica a conduta
Incidem a teoria da união de forma prática nos critérios delitiva que é entendida como consequência de alguma
levados em conta por legisladores, juízes e tribunais para patologia, disfunção ou transtorno orgânico. As hipóteses
a fixação de penas, como é o caso no Brasil, onde encon- são tão variadas como as disciplinas e especialidades que
tra preconizado no art. 59 do CP, justamente consagração existem no âmbito das ciências: antropológicas, biotipoló-
desta teoria. A teoria da união apresenta duas vertentes gicas, endocrinológicas, genéticas, neurofisiológicas, bio-
dependendo da preferência às exigências de justiça ou de químicas etc.
prevenção: a teoria de união aditiva e a teoria da união As orientações psicológicas, entendida esta expres-
dialética. são em sua acepção mais ampla, buscam a explicação do
Na teoria da união aditiva se caracteriza pelo propósito comportamento delitivo no mundo anímico do homem,
de compatibilizar justiça e utilidade, dando prioridade as nos processos psíquicos anormais (psicopatologia) ou nas
exigências da primeira sobre a segunda. Tem como premis- vivências subconscientes que têm sua origem no passado
sa que o magistrado deve buscar uma fixação de pena justa remoto do indivíduo e que só podem ser captadas por
e adequada a gravidade da culpabilidade do agente pelo meio da introspecção (Psicanálise); ou, ademais, creem que
pratica do delito, verifica-se neste entendimento a carga o comportamento delitivo, em sua gênese (aprendizagem),
ínsita das teorias absolutas como o fundamento da pena. estrutura e dinâmica, tem idênticas características e se rege
No que tange a teoria dialética unificadora, formulada pelas mesmas pautas que o comportamento não-delitivo
por ClausRoxin, recusa a retribuição como fim da imposi- (teorias psicológicas da aprendizagem).
20
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Por último, as orientações sociológicas contemplam o de conduta do indivíduo e a própria gênese do comporta-
fato delitivo como “fenômeno social”, aplicando à sua aná- mento criminal, que evoluem em função das diversas eta-
lise diversos marcos teóricos precisos: ecológico, estrutu- pas do curso da vida do infrator. Estes enfoques dinâmicos,
ral-funcionalista, subcultural, conflitual, interacionista etc. evolutivos, sequer pretendem trazer uma análise etiológica
De qualquer maneira, a atual polêmica se desenvol- do delito (não, ao menos, no sentido tradicional, de causas
ve tendo por base pacífica o método empírico, o método remotas ou processos causais que repousam no passado
científico. do sujeito e predeterminam sua conduta), nem uma teoria
generalizadora da criminalidade. Perseguem, ao contrário,
- A moderna criminologia “científica”: modelos teó- descrever a gênese do comportamento delitivo dinamica-
ricos explicativos do comportamento criminal. Tradicio- mente, isto é, inserindo o processo e evolução dos padrões
nalmente tem-se destinado à Criminologia, entre outras, de conduta no curso da vida do autor, nas diversas etapas
a função de explicar cientificamente o crime elaborando deste, estudando, caso a caso o comportamento das variá-
modelos teóricos que esclareçam a etiologia e gênese des- veis que interagem no mesmo.
te problema social e comunitário. E a Criminologia o tem A presente classificação sublinha, a meu modo de ver,
tentado desde seu início, com melhor ou pior fortuna, se- quatro dos principais modelos ou enfoques teóricos expli-
guindo caminhos muito diversos: cativos do comportamento criminal. Não esgota, contudo,
A Criminologia clássica e neoclássica: partiam do dog- a rica gama de recursos e instrumentos que utiliza a Crimi-
ma do livre arbítrio porque não poderiam admitir sequer a nologia para analisar e descrever a etiologia ou a gênese
do delito. Teria que se mencionar, além disso, aos autores
hipótese de que o comportamento humano estivesse regi-
que renunciam à pretensão ambiciosa de formular teorias
do por causas ou fatores. Opostas ao determinismo bioló-
gerais da criminalidade optando por trazer no lugar das
gico ou social, atribuíam o crime a uma decisão racional e mesmas tipologias; ou análise sobre os fatores de risco.
livre do infrator baseada em critérios de utilidade e opor- Não obstante, analisamos a teoria da reação social ou
tunidade. A Escola Clássica e neoclássica não professaram, do etiquetamento não como modelo ou paradigma inde-
portanto, uma teoria etiológica da delinquência senão, ao pendente (o conflito das teorias da criminalização), que
máximo, uma teoria situacional da mesma. provavelmente o seja, senão marco das teorias de orienta-
A Criminologia positivista: (que se inicia com a Scuo- ção sociológica. A decisão, que responde a razões didáticas
la Positiva), pelo contrário, abraça o paradigma etiológico e expositivas, pretende situar a teoria do labelling em seu
(busca das causas do delito). Sua conhecida análise cau- contexto correto, sem isolá-la de outras teorias sociológi-
sal-explicativa atribui o comportamento criminal a certos cas. Não deve, contudo, induzir a erro porque a diferen-
fatores biológicos, psicológicos ou sociais que determina- ça de muitas destas últimas, a teoria da reação social ou
riam o mesmo. Não obstante, na atualidade, estes enfo- do etiquetamento não é uma teoria etiológica, senão uma
ques outrora simplistas e monocausais se tornaram mais teoria da criminalização.
complexos apontando inclusive para modelos explicativos
integrados; e utilizando uma linguagem estatística relativi- - O modelo clássico do livre arbítrio da opção racio-
zadora que mitiga as pretensões deterministas radicais de nal e teorias situacionais da criminalidade: o modelo
seus pioneiros. da opção racional, a diferença das teorias etiológicas da
No marco da Sociologia criminal: a teoria da reação so- criminalidade do modelo científico-positivista, não se re-
cial ou do etiquetamento (labelling approach) marca um monta ao passado para buscar as causas últimas do de-
novo caminho ao substituir as teorias clássicas (etiológicas) lito. Precisamente por sua herança ius naturalista (dogma
da criminalidade pelas chamadas teorias da criminalização. do livre arbítrio) faz uma abstração deliberada dos fatores
Para o labelling approach, enfoque que assume os postu- que possam ter influído na decisão delitiva (predisposição
lados do modelo conflitual, não interessam as causas do deste, pulsões internas, frustrações, etc.), negando-lhes em
delito, do desvio primário, senão os fatores e variáveis que todo caso relevância causal etiológica. Por isso, para quem
decidem o curso seletivo e discriminatório dos processos ao longo dos séculos e de enfoque muito heterogêneo
participam desta análise, filósofos, economistas, psicólo-
de criminalização. Não importa porque se delinqüe, senão
gos, juristas, importa fundamentalmente a própria eleição
porque precisamente certas pessoas são etiquetadas como
do autor, sua opção livre e racional a favor da conduta de-
delinqüentes pelas instâncias do controle social formal. A
litiva; decisão que, como qualquer outra decisão do indiví-
análise criminológica se desloca, como consequência, do duo e pela natureza deste, se explica por critérios utilitá-
âmbito etiológico abstrato ao concreto dos processos de rios que pondera o mesmo em cada contexto situacional
criminalização que administram as agências do controle ou cenário. O modelo da opção racional realça, portanto,
social de forma muito discriminatória, já que o decisivo no presente do autor; sua autonomia para decidir, livre de
para estas não é o feito cometido (natureza definitória do processos causais que determinem sua conduta; e o utili-
delito) porém a condição do autor. tarismo de suas ações, guiado pelo anúncio da situação e
Finalmente, diversas correntes da moderna Criminolo- da oportunidade. Como consequência, não verá no crime a
gia: (carreiras e trajetórias criminais, teorias do curso da resposta cega aos conflitos, complexos ou tensões aními-
vida, Criminologia do desenvolvimento etc.) tratam de ex- cas do sujeito; nem o produto inevitável da herança; nem o
plicar o delito seguindo um enfoque dinâmico com méto- resultado de um complexo processo de aprendizagem; ou
dos preferencialmente longitudinais de acordo com a natu- de determinados fatores sociais; senão, simplesmente, uma
reza do processo de consolidação e mudança dos padrões eleição racional e livre do autor.
21
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
O modelo que agora se examina não é um modelo este produz e com a personalidade do autor. Do mesmo
unitário e monolítico. Receber contribuições de procedên- modo, os conceitos de custo (castigo, perdas etc.) e benefí-
cia muito distinta, cunhadas em marcos históricos também cio (recompensa, prazer etc.) associados ao comportamen-
diferentes. Nasce, sem dúvida, com o pensamento do Ilu- to delitivo têm diversas dimensões e conteúdos. O primei-
minismo que professava uma imagem do homem como ro (custo), inclui não somente as sanções formais, senão
ser racional e livre; e uma concepção consensual da ordem também, as perdas materiais, a desaprovação da conduta
social (filosofia do contrato social), que assumiu a chamada por terceiras pessoas, o temor à vingança da vítima, o com-
Escola Clássica. No dito cenário, o dogma do livre arbítrio plexo de culpa etc. Quanto aos benefícios ou recompensas,
não pretendeu oferecer uma teoria etiológica da criminali- teria que se ponderar, também, a gratificação emocional,
dade, das causas desta, senão o suporte de uma resposta a aprovação dos pais e amigos, a satisfação pelo ajuste de
legal racional e justa ao delito. Posteriormente, as orienta- contas com um inimigo, o realce do próprio sentimento de
ções economicistas têm convertido um princípio abstrato justiça etc.
racional-utilitarista pensado como fundamento ao novo Três suborientações criminológicas respondem funda-
sistema de penas, no eixo e modelo do atuar humano, ao mentalmente às premissas do modelo da opção racional:
fazer da ponderação de custos e benefícios, do equilíbrio o denominado neomodernismo ou escola neoclássica, de
de ganâncias e perdas, o critério diretor de qualquer deci- acusado viés economicista, as teorias das atividades roti-
são do indivíduo. A velha análise utilitarista de Bentham, neiras, que acentuam a relevância etiológica do fator opor-
redefinida e abafada com o manto fascinante de refinados tunidade e, por último, as teorias espaciais, herdadas da
métodos quantitativos converteu o arquétipo quase algé- tradição ecológica, que sublinham o meio ou entorno físico
brico da opção racional (opção econômica) em um novo colocando em destaque o particular atrativo criminógeno
modelo ou teoria explicativa do delito com pretensões de de determinados lugares (hot spots).
universalidade. A teoria dissuasiva clássica se torna em teo-
ria da criminalidade. Finalmente, o paradigma da opção ra- - Teoria da opção racional como opção econômica
cional culmina durante os últimos quinquênios na evolução (“economicchoice”): os modelos de orientação economi-
mencionada operando como cobertura teórica dos mode- cista neoclássicos. A concepção do delinquente como in-
los prevencionistas nos quais se integra. Estes constituem, divíduo racional e livre que opta pelo crime em virtude de
uma decisão guiada por critérios subjetivos de utilidade,
sem dúvida, sua vocação natural. As teorias situacionais, as
tem larga tradição na Criminologia. Até o ponto que para
de atividades rotineiras e as do meio ambiente têm ressal-
alguns autores as atuais teorias economicistas da crimi-
tado o interesse prático que com objetivo da eficaz pre-
nalidade reproduzem, com dois séculos de atraso, o pen-
venção do delito tem o desenvolvimento e explicação do
samento de Bentham. Não obstante, a análise econômica
modelo analisado.
do delito transcende a mera reformulação do pensamento
Prescindindo dos antecedentes remotos do paradigma
racionalista e utilitário do mundo clássico e ilustrado, tanto
da opção racional no mundo ilustrado e clássico e dos mo- de um ponto de vista metodológico e instrumental como
delos dissuasivos que articulavam o sistema de penas da- ideológico.
quele, muito arraigados no pensamento penal tradicional, Metodologicamente, a grande influência da Economia
pode se considerar representativa desta análise a obra de nas ciências sociais e humanas tem generalizado o empre-
Wilson e Herrnstein, junto a Clarke e Cornish, Becker, entre go de técnicas de investigação quantitativas (sobretudo,
outros. Ponto de partida é a tese de que o ser humano econométricas) à análise do problema do crime, propician-
se comporta de uma maneira ou outra dependendo das do o êxito de um paradigma ou modelo, o da opção racio-
expectativas que associa em termos de benefícios e custos nal, que aquela professa de forma monopolista e trata de
(não somente econômicos) a sua conduta, o que serviria aplicar ao estudo de qualquer decisão humana. Não é em
também para a delitiva. Face à imagem muitas vezes ator- vão, a juízo de um de seus pioneiros, Becker, a Criminologia
mentada do infrator, e do delito mesmo, que muitas vezes poderia limitar-se a estender-se ao fenômeno criminal dito
trazem as teorias clássicas da criminalidade, o novo para- análise (economicchoice) prescindindo, sem mais das teo-
digma da opção delitiva desmistifica e retira o drama ao rias convencionais da anomia, a frustração, a herança etc.
invés de manter a racionalidade da opção delitiva que, sob A análise econômica do delito tem contribuído, sem
um, ponto de vista motivacional, seria regida pelos mes- dúvida, para consolidar uma imagem de normalidade do
mos padrões de conduta de qualquer outra decisão huma- infrator (e do próprio fato criminal); racionalizar a resposta
na: seus custos e benefícios. legal ao mesmo, otimizando o emprego dos sempre escas-
Naturalmente, se trata sempre de uma racionalidade sos recursos do sistema; e, sobretudo, desenhar eficazes
limitada, não absoluta, e de um cálculo de custos e bene- políticas criminais de prevenção e controle, ponderando
fícios complexos nos quais intervêm numerosas variáveis, sempre critérios de custos e benefícios.
apreciadas subjetivamente pelo autor em um determinado Que a decisão racional de custos e benefícios expresse
momento temporal e contextual. O dito cálculo foi sub- a estrutura motivacional do infrator, e a de qualquer cida-
metido a possíveis erros e distorções porque não se leva dão nos mais diversos âmbitos da vida humana, não ex-
a cabo em um cenário ideal e o delinquente pode ter que clui a possibilidade de valorações subjetivas discrepantes
decidir em pouco tempo, com escassa informação e com daqueles elementos pelos quais os processos decisórios
suas próprias limitações cognitivas. Varia, ou pode variar, seguem o mencionado esquema, mas intervêm uma infini-
com cada delito, com a situação ou marco concreto no que dade de variáveis, incluídas as pessoais.
22
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Mas o significado ideológico profundo do modelo ra- Como recorda Schneider, a originária Escola “Clássica”
cional da economicchoice e seu contexto histórico pedem polarizou toda sua teoria da criminalidade acerca do “livre
uma análise mais detida do denominado “neoclassicismo” arbítrio” e à racionalidade do indivíduo, signos distintivos
ou “moderno classicismo”, que triunfou nos EUA durante a do ser humano e chaves de seu comportamento que lhe
década de setenta do século passado. permitiram professar um profundo otimismo antropológi-
co. O panorama mudou substancialmente ao se impor o
Excurso: O denominado neoclassicismo ou moderno determinismo positivista, se bem que os postulados clás-
classicismo. O crime como economicchoice. Assistimos na sicos subsistiram no âmbito da Dogmática Penal e no da
década de setenta, do século passado, a um chamado re- “execução penal”. Com a crise do positivismo criminológico
vival do classicismo e de seus esquemas teóricos (letthepu- reaparecem fortalecidos, com o apoio agora de um enfo-
nishmentfitthe crime). A um tardio ressurgir ou retorno à que racionalista de corte econômico que vê no crime sem
ideia do castigo, da retribuição e do controle social como dúvida alguma, o resultado de uma opção livre, racional e
meios eficazes de prevenção do delito, em um sentido mui- interessada do indivíduo de acordo com uma análise prévia
to semelhante ao que em seu dia mantiveram os autores de custos e benefícios.
clássicos. A primeira formulação nesse sentido procede do eco-
Três fatos explicam, ao menos nos Estados Unidos, tal nomista G. S. Becker (em 1968), bem secundado, posterior-
mudança de enfoque. O fracasso do positivismo em seu mente (1973), pelo também economista I. Ehrlich.
intento de isolar e identificar os fatores criminógenos e de Segundo Becker, reiterando a argumentação dos clás-
oferecer uma teoria generalizadora do delito; o escasso sicos, nada distingue o homem delinqüente do não delin-
êxito dos programas ressocializadores, que tornaram am- quente do ponto de vista da racionalidade de seu com-
biciosas expectativas em frustração social e desencanto; e, portamento, da estrutura motivacional de um e outro. O
por último, o incremento das taxas reais de criminalidade e, que varia são as consequências que, em cada caso, se des-
em consequência, a necessidade apressada de dar resposta prendem de uma análise dos custos e benefícios derivados
a curto prazo e com eficácia a um problema grave. da decisão criminal que o infrator potencial pondera an-
Esta nova orientação, acusadamenteneo-retribucionis- tecipadamente. Mas também esta é uma opção “racional”.
O infrator valora, segundo suas fontes de informação, as
ta, renega os programas a longo prazo, das metas reabili-
“chances” que existem e escolhe aquela alternativa que lhe
tadoras, das investigações dirigidas a averiguar os fatores
traz maiores vantagens com os menores custos e riscos.
individuais e sociais que propiciam o fato criminal e, em
Em termos semelhantes se pronuncia Isaac Ehrlich, para
seu lugar, voltam-se os olhos para a ideia do castigo, da re-
quem delinquente e não-delinquente reagem do mesmo
tribuição, do justdeserts, revivendo a polêmica sobre a pena
modo e a idênticos estímulos, de acordo com a conheci-
capital e, sobretudo, sobre o efeito dissuasivo e efetividade
da análise de custos e benefícios. O criminoso potencial,
das sanções (deterrence).
sobretudo nos delitos patrimoniais avalia o lucro e as van-
O moderno classicismo aborda o problema do impac-
tagens pretendida, de uma parte (“benefícios”), e de outra,
to dissuasivo e efetividade das penas (deterrence), tratando a probabilidade de sua captura, apresentação ao juiz e im-
de desenvolver os esquemas clássicos à luz dos conheci- posição de uma pena, assim como a gravidade e duração
mentos que hoje fornecem as ciências da conduta e dos de uma eventual privação de liberdade (“custos”). E atua
dados trazidos por investigações empíricas a respeito da como consequência. Segundo Ehrlich, o indivíduo é um ser
incidência da certeza e severidade do castigo nas taxas da racional, não um preso de seu entorno, que nasce com a
criminalidade. capacidade de escolher seu próprio futuro, mediante o uso
Enquanto a polêmica sobre a deterrence foi levada a pragmático de seus recursos e possibilidades, orientados
cabo por sociólogos e criminólogos, os economistas mo- à consecução de máximo proveito pessoal. Existiria, pois,
nopolizaram a relativa a respeito da severidade, celeridade uma espécie de mercado invisible de ações delitivas que
e certeza da sanção nas decisões do delinquente potencial coordena as modalidades de comportamento infrator, de
ou cidadão indeciso (“técnicas econométricas”). Desde G. S. suas possíveis vítimas e da aplicação das leis penais. Mer-
Becker proliferaram-se os estudos que respondem à deno- cado em situação de equilíbrio estável mercê à competição
minada análise econômica do delito; isto é, se contempla de preços diferentes: preços dos negócios ilegais (preços
a opção delitiva como uma opção racional, “econômica” “abertos”) e preços do sistema penal e dos dispositivos pri-
(economicchoice) em termos de custos e benefícios para vados de prevenção do delito (“preços na sombra”). A maior
o autor (não somente estritamente monetários; também severidade das penas e a certeza, também maior, da efetiva
se ponderam outros fatores: o prestígio, conforto, gosto, imposição das mesmas, produzirá, um indiscutível impacto
conveniência etc.); desde a análise econômica se reclama, dissuasivo na comunidade, com a consequente queda da
também, um funcionamento operativo e decisional do sis- delinquência. O risco comprovado de receber uma pena
tema penal que responda ao citado cálculo de custos e be- (que resulta da probabilidade de ser capturado, condenado
nefícios. e executado o castigo) dissuade, sem dúvida, a uma parte
Procede, pois, examinar a denominada Escola “Neo- da sociedade da comissão de delitos por medo do castigo.
clássica” ou “moderno classicismo”, ainda que mais de dois Dito efeito desestimulante nas penas privativas de liberda-
séculos separem seus representantes daqueles da Escola de tem uma relação estreita com a duração daquelas. Por
Clássica do final do século XVIII. isso, a pena capital tem um óbvio impacto intimidatório
23
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
em homicidas potenciais, superior ao da pena de perpé- R. Shinnar, a tendência paulatina dos Tribunais de Justiça a
tua privação de liberdade. Sob esta ótica economicista, os impor penas privativas de curta duração, e outros substitu-
mecanismos de auto-proteção empregados pelas vítimas tivos destas, reduziu os custos da comissão do delito para
em potencial do delito elevam os custos deste, a dificultar o criminal. De modo que, existiria uma clara correlação,
e encarecer sua execução. Por último, segundo Ehrlich, a para os autores citados, entre o aumento muito apontado
desigualdade de receita e o desemprego involuntário são da criminalidade e as mudanças (mitigação) no processo e
causas da criminalidade, pelo que seria oportuno buscar modalidades de execução das leis penais: se reduz a du-
cotas superiores de ocupação e uma progressiva equipara- ração da pena e a segurança de sua imposição, afirmam,
ção de rendas e acesso à cultura e instrução. crescerá a criminalidade, posto que são reduzidos os custos
Um modelo “economicista” similar de Ehrlich tem sido e riscos do infrator em potencial.
desenvolvido e aplicado por outros autores em diversos Não é necessário ressaltar, todavia, que um enfoque
âmbitos de criminalidade. Assim, por Ann P. Bartel (1979), economicista rigoroso tem só aplicabilidade relativa ao
com relação à criminalidade feminina; e por William M. mundo do crime. Nem todos os delitos respondem a ações
Landes (1979), a propósito do sequestro de aeronaves; racionais e econômicas nem pode supor-se que uma op-
por Wiliam E. Cobb (1973), G. Krohm (1973) e J. P. Gunning ção racional, exclusivamente racional, separa as “carreiras”
(1973) em determinadas modalidades de roubo etc. criminais das não criminais. O homem não é tampouco
Em definitivo, todas estas doutrinas buscam articular um ser ideal e racional que opta, em cada momento, de
políticas de controle do delito racionais a partir de um pon- acordo com uma análise puramente econômica de custos
to de vista econômico. Por isso, partem do princípio de que e benefícios. Outro dos postulados do enfoque exposto, o
as pessoas delinquem quando o coeficiente de benefícios impacto preventivo e dissuasório da pena, tampouco conta
e respeito dos custos é maior para o comportamento cri- com o necessário respaldo empírico. Nem a pena intimida
minal que para as alternativas não criminais. O castigo, no o que se supõe, nem o faz da forma que às vezes se pensa.
entender dessa concepção, é um custo da atividade delitiva Que a criminalidade aumentou porque experimentou-se
que, sendo certo, severo e com recursos (capital e mão-de- uma suavização das penas é uma tese sem fundamento.
-obra) pode diminuir as taxas daquela. Poder-se-ia sustentar o contrário, que as penas são cada
Existem também diversas investigações sobre o efei- vez menos severas porque a criminalidade aumenta. A ex-
to intimidatório e dissuasivo da aplicação de leis penais. V. periência parece demonstrar que os Tribunais contam com
Tullock (1980) e P. J. Cook (1980), entre outros, manifestam a superpopulação dos cárceres no momento de ditar suas
seu convencimento de que quando falha o controle social sentenças. E que uma maior intensidade na ação policial, e
formal (por exemplo, no caso de greves da Polícia) incre- na dos restantes controles formais, têm menos repercussão
mentam-se as taxas de criminalidade de forma alarmante. da que poderia estimar na prevenção do delito. Cumpri-
O efeito duradouro, a longo prazo, de uma aplicação con- ria-se a profecia de Jeffery: mais Polícia, leis mais severas,
sequente das leis penais consistiria, então, na fiança dos mais cárceres significam um incremento da população re-
valores da sociedade, na criação de hábitos ajustados aos clusa, mas não a correlativa diminuição da criminalidade
Direito e em respeito às leis. Previsões radicalmente oti- real. Uma política repressiva baseada no progressivo rigor
mistas sobre as possibilidades de prevenir a criminalidade das penas e na eficácia crescente do controle social for-
mediante o mencionado efeito dissuasivo das leis penais, mal enche os cárceres, crias novoscárcereres (que também
efetiva e eficazmente aplicadas, podem ser encontradas em preenche), mas não contêm as taxas de criminalidade real.
P. H. Rubin (1980). Segundo este autor, a sociedade tem o O Direito comparado põe em relevo que esta dinâmica
crime que quer ter; isto é: dinheiro e meios para Polícia, conduz, paradoxalmente à necessidade de acordar medi-
Tribunais e estabelecimentos penitenciários que tornem das de graça, se quer para aliviar a situação congestionada
muito verossímil a detenção e o castigo de todos os delin- dos estabelecimentos penitenciários, e ao ensaio de medi-
quentes. É fácil conseguir as máximas cotas de prevenção das substitutivas da pena privativa de liberdade, cujo efeito
da criminalidade incrementando a duração das penas pri- estigmatizante piora a sorte do infrator que padece de seu
vativas de liberdade e impondo um castigo mais severo aos cumprimento nas instituições fechadas convencionais.
delinquentes. Em resumo, pois, a Escola “Neoclássica” ou “moderno
Shlomo e Reuel Shinnar (1975) têm tratado de analisar, classicismo” propugna uma imagem “racional” ao impulso
por sua parte, a comissão de delitos e a probabilidade de do comportamento humano, válida, em um setor da crimi-
se converter em vítima de acordo com a menor ou maior nalidade econômico-patrimonial e na delinquência organi-
gravidade das penas existentes e as modalidades de execu- zada, mas não suscetível de generalização ao resto dos fa-
ção destas. Partem ambos de uma constatação: a probabili- tos puníveis. Extrapolar uma análise de custos e benefícios
dade de se converter em vítima de determinados delitos ao a significativos campos da criminalidade alheios a motiva-
longo de toda vida passou, na cidade e no Estado de Nova ções e chaves econômico-lucrativas é como desconhecer a
York, de 14% a 99% de 1940 a 1970; correlativamente hou- realidade, muito mais complexa. Da realidade de separar,
ve aumento. Os custos e riscos unidos à comissão de tais também, o moderno classicismo quando reitera sua des-
delitos diminuíram de forma sensível para o infrator poten- medida confiança na lei penal (efeito dissuasório desta)
cial, durante o citado período (entendendo por “custos” e e nas instituições de controle social formal. A experiência
“riscos” a duração média das penas privativas de liberdade empírica desmistificou hoje em dia velhos tópicos e dog-
impostas a uma pessoa condenada). De acordo com S. e mas clássicos. Não é já razoável seguir esperando uma so-
24
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
ciedade sem delito, nem muito menos supor accesible dita para o mal, por razões congênitas. Ele traz no seu âmago
meta mediante o rigor das leis penais ou o funcionamento a reminiscência de comportamento adquirido na sua evo-
mais eficaz do controle penal. Os problemas “sociais”, e o lução psicofisiológica. É uma tendência inata para o crime.”
crime é um problema social, não são solucionados exclu- Pelas ideias de Lombroso, percebe-se que o criminoso
sivamente com leis penais, ao contrário, ao Direito Penal não é totalmente vítima das circunstâncias sociais e
corresponde um papel muito secundário (como “ultima educacionais desfavoráveis, contrário, ele sofre pela
ratio”, “subsidiário”) no controle e prevenção do delito. O chamada “Tendência atávica”, hereditariamente para o mal.
moderno classicismo ou neoclassicismo implica um retorno O delinquente é doente; a deliquência é uma doença.
extemporâneo a posições retributivistas superadas. O ponto de partida da teoria de Lombroso proveio
Como aponta Garland, diferentemente do que acon- de pesquisas craniométricas de criminosos, abrangendo
teceu com este enfoque teórico e sua incidência na Cri- fatores anatômicos, fisiológicos e mentais. A base da
minologia das décadas passadas, na atualidade, a análise teoria, primeiramente foi o atavismo: o retrocessoatávico
econômica penetrou pouco a pouco nas políticas de pre- ao homem primitivo. Depois, a parada do desenvolvimento
venção, contemplando delinquente e vítima como agentes psíquico: comportamento do deliquente semelhante ao da
racionais e sugerindo programas que modifiquem o risco criança. Por fim, agressividade explosiva do epilético.
de cometer ou sofrer o delito. A ideia surgiu, segundo o A contribuição principal de Lombroso para a
autor, no setor privado das Companhias de Seguros (estu- Criminologia não reside tanto em sua famosa tipologia
dos de custos) para inspirar, depois, desde os anos 1980, (onde destaca a categoria do “deliquente nato”) ou em
as instituições e práticas estatais. Desse modo, chegou-se sua teoria criminológica, senão no método que utilizou
à “Criminologia da vida quotidiana”, isto é, a concepção do em suas investigações: o método empírico. Sua teoria do
delito como “evento normal e mundano” e a tese de que deliquente nato foi formulada com base em resultados de
correspondem à Política Criminal “a gestão dos riscos deli- mais de quatrocentas autópsias de delinquentes e seis mil
tivos”, como se tratasse de qualquer outro risco social. análises de delinquentes vivos; e o atavismo que, conforme
o seu ponto de vista caracteriza o tipo criminoso, ao que
parece, contou com o estudo minucioso de vinte e cinco
3.3. FATORES CONDICIONANTES E mil reclusos de prisões europeias.
DESENCADEANTES DA CRIMINALIDADE. Lombroso apontava as seguintes características corpo-
rais do homem delinquente: protuberância occipital, óbitas
grandes, testa fugida, arcos superciliares excessivos, zigo-
mas salientes, prognatismo inferior, nariz torcido, lábios
Cesar e Lombroso: Nascido na cidade de Verona em grossos, arcada dentária defeituosa, braços excessivamente
1835, estudou medicina na Universidade de Paiva e se for- longos, mãos grandes, anomalias dos órgãos sexuais, ore-
mou em 1858 aos 23 anos, profissionalmente foi médico e lhas grandes e separadas, polidactia. As características aní-
intelectualmente filósofo. Especializado em psiquiatria, de- micas, segundo o autor, são: insensibilidade à dor, tendên-
dicou grande parte de sua vida aos doentes mentais sendo cia a tatuagem, cinismo, vaidade, crueldade, falta de senso
nomeado diretor do manicômio na cidade de Pesaro onde moral, preguiça excessiva, caráter impulsivo.
aprofundou seus estudos e experiências relacionando a de- Muitas pessoas discordaram e discordam até hoje
mência com a delinquência para a produção da obra Gênio das teorias lombrosianas, ainda mais, pelo fato de que o
e Loucura publicada em 1870. Na cidade de Turim, foi no- mesmo se baseia na desconsideração do livre arbítrio, uma
meado médico da penitenciária, onde nasceu seu vínculo vez que ele não tem forças para lutar contra seus ímpetos.
intelectual com os delinquentes. Escritor de várias obras, Como se vê, Lombroso não era defensor dos criminosos,
dentre elas destacamos: Gênio e Loucura, O homem delin- para ele o mesmo deveria ser isolado do convívio social,
quente, O delito, etc. “Suas ideias revolucionárias originam como uma prisão perpétua.
a Escola Positiva do Direito Penal.” “Carlos Alberto Elbert registra que, em muito pouco
“[...] um apego positivo aos fatos, por exemplo, é o es- tempo, diversas verificações médicas foram relativizando
tudo delicado as tatuagens, com base nas quais Lombroso a validade das descobertas de Lombroso, que teve de re-
fez classificação aos diversos tipos de criminosos. Dedicou tificar constantemente suas afirmações mais ousadas; as-
exaustivos estudos a essa questão, insvestigando centenas sim, no princípio afirmou que entre 65% e 75% do total de
de casos e louvando-se nos estudos sobre tatuagens, de- criminosos tendiam à classificação de “natos”, para depois
senvolvidos por vários autores. Fato constatado e positivo fixar essa quantidade em 40%, e finalmente em um terço.
é que os dementes, em grande parte, demonstram tendên- Terminou atribuindo à epilepsia a causa da delinquência,
cia à tatuagem, a par de outras tendências estabelecidas, tese que também foi refutada em pouco tempo.”
como a insensibilidade a dor, o cinismo, a vaidade, falta De qualquer forma este comportamento delituoso,
de senso moral, preguiça, caráter impulsivo. Outro apego não é nada desculpável na visão lombrosiana. Há outras
científico, pra justificar suas teorias, foi a pesquisa constan- causas e não só os traços físicos, que mascaram ou anulam
te na medicina legal, dos caracteres físicos e fisiológicos, as tendências de certos indivíduos. Não se justifica á
como o tamanho da mandíbula, a conformação do cére- renuncia a luta, por parte do delinquente e dos que estejam
bro, estrutura óssea e a hereditariedade biológica referida a sua volta, contra os fatores congênitos ou inatos que o
como atavismo. O criminoso é geneticamente determinado inclinam para a vida delituosa.
25
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Os fatores extras são muitos variados: o clima, o grau luxo que não deveria ter. A escravidão era fruto da preguiça,
de cultura e civilização, a densidade de população, o al- e não existia trabalho, por mais penoso que fosse, que não
coolismo, a situação econômica, a religião. A consideração pudesse ser desempenhado por homens livres.
dada a esses fatores torna pétreo um Código Penal para Todavia, logo em seguida, ao tratar da escravidão dos
vasto país, pois em cada região predominam fatores muito negros, Montesquieu se declarava favorável, pois acreditava
diferentes. ser necessária a escravidão para o desbravamento das Amé-
As pesquisas de Lombroso ocorreram por volta de ricas. Ainda: considerava natural a cor constituir a essência
150 anos atrás, quando não havia recursos suficientes da humanidade e duvidava que os negros possuíssem alma.
para exames mais detalhados como, por exemplo, o DNA, Para comprovar sua tese, declarava o fato dos negros troca-
desta forma não pode contar com dados mais seguros rem ouro por colares ou espelhos sem valor, demonstrando,
e científicos em que pudesse se basear. Apesar dessa assim, sua ausência de discernimento.
natureza inconsciente nas suas teorias, Lombroso foi muito Os homens sempre criaram teorias que pudessem jus-
influente, tanto na Europa quando no Brasil entre crimino- tificar a exploração de uma camada da população sobre a
logistas, juristas e antropólogos. outra. Era o caso da escravidão da guerra ou de castas so-
Lombroso foi pioneiro no que se tratava de estudar o ciais intransponíveis.
crime e suas causas, com seriedade e dedicação durante As teorias bioantropológicas surgiram neste contexto
anos. Suas observações e experiências foram de suma im- de legitimação do poder mediante a criação de uma lógica
portância para o direito, é conveniente destacar que não de diferenciação de grupos pautadas nas ciências biológi-
apenas os fatores de caráter físico e mental, a frenologia, o cas e antropológicas. Conforme atesta Jacques Maritain, os
atavismo entre outros foram estudados por Lombroso. Es- postulados pseudo-biológicos, retirados arbitrariamente de
tereotipar o ser humano teve seus pesares, pois de acordo verdades e hipóteses da biologia e etnologia, foram utiliza-
com a teoria as pessoas tinham que ser segregadas da so- dos para satisfazer a vontade de poderio ou defender, de
ciedade se tivesse tais características e cometessem crimes. maneira feroz, a preservação de um grupo étnico.
Ele acreditava que o indivíduo já nascia com pré-disposição Embora a criação de teorias discriminatórias sempre
para o crime e seu perfil era então traçado. tivesse existido, pela primeira vez, uma lógica de discrimi-
Logo foram surgindo críticas a seu respeito, a evolução nação fundada na defesa da raça real, poderia se avocar
deixou no esquecimento suas teorias de muita valia para como científica (e, portanto verdadeira), uma vez que se-
época, não havia exames que pudessem comprovar guia os rigores de observação dos métodos biológicos e
com exatidão o que ele propunha, logo as classes mais antropológicos.
desfavorecidas eram prejudicadas pois as pessoas eram O racismo científico veio a formar um casamento per-
punidas pelo que elas eram. feito com a escola positiva italiana, criadora da criminolo-
Conclui-se que de um início ardioso no qual ainda gia. A escola positiva via a criminologia como uma ciência
temos reflexo conseguimos aprimorar de forma cientifica empírica preocupada não em interpretar a lei penal, mas
alguns fatores, punindo e analisando sob o ponto de vista em reconhecer as causas da criminalidade. Somente pelo
de nossa constituição que resguarda direitos humanitários conhecimento das causas do crime seria possível extingui-
que todos são iguais perante a lei. -lo. Assim, a escola positiva assumiu como missão política
defender a sociedade contra o crime, denotando uma visão
As teorias bioantropológicas da criminologia, inaugura- organicista, tal como a defesa de um corpo contra um vírus.
das por CesareLombroso, objetivavam fixar critérios cientí- O objeto de estudo não era o crime, mas o criminoso,
ficos de investigação das causas da delinquência com base e o que revelava o caráter criminoso de um indivíduo era o
no estudo do biotipo do criminoso. Este artigo discute as seu biotipo. Com isso, a tarefa do criminólogo assemelha-
razões pelas quais, no Brasil, o negro tornou-se o delin- va-se a classificação de um biólogo em busca das caracte-
quente nato e como as teorias bioantropológicas contribuí- rísticas físicas do delinquente.
ram para a estigmatização negativa do negro, tornando-o Estas teorias, embora possuíssem grande variedade,
presença privilegiada na população carcerária. caracterizavam-se pelo uso do método indutivo (observa-
Não seria razoável delegar às teorias bioantropológicas ção do delinquente) e na formulação de leis que relacio-
da criminologia, inauguradas a partir de Lombroso no final nassem causa (biotipo) e efeito (crime cometido).
do século XIX, a responsabilidade pelas altas taxas de con- Desta forma, a crença na possibilidade de erradicar o
denação dos indivíduos negros e pardos. Embora não se crime a partir de um estudo do biotipo do criminoso acar-
consiga determinar ao certo a origem da discriminação dos retou em diversas políticas criminais racistas que, em última
negros, sabe-se que a crença na existência de raças supe- instância, praticaram o extermínio das denominadas “raças
riores é tão antiga quanto a própria história da humanidade. inferiores” (fosse mediante o genocídio, como ocorreu com
A teoria de justiça de Aristóteles não o impediu de pro- os judeus na Alemanha nazista, ou mediante a prática da
clamar que havia povos que tendiam naturalmente à escra- esterilização).
vidão. Montesquieu, por sua vez, compartilhava a tese de Se no Brasil não existiu nenhuma política de extermínio
que no regime democrático, em que todos seriam iguais, (pelo menos não institucionalizada), o racismo científico
ou na aristocracia, em que todos seriam tão iguais quanto à influencia, ainda hoje, a criminologia moderna. Consoante
natureza do governo permitisse, os escravos seriam contra Jorge Dias e Manoel Andrade, a nova criminologia não des-
o espírito da constituição, pois só davam ao homem um conhece que existam tipos de pessoas portadoras de estig-
26
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
mas negativos, que tem uma presença privilegiada entre a assim também há aquele que, nascido delinquente, não se
população delinquente, como, por exemplo, na população manifesta como tal, porque lhe falta a ocasião”. A heredita-
carcerária. riedade era um dos fatores que contribuíam potencialmen-
Não é mera coincidência que os grupos estigmatizados te à prática do delito, agregados a fatores psicológicos e
sejam justamente os grupos outrora denominados “inferio- sociais. Ademais, Lombroso também não pretendia afirmar
res” ou “potencialmente criminosos”, como aconteceu com que todos os crimes possuiam um fundo hereditário. Era o
os negros no Brasil. caso dos delinquentes ocasionais e dos delinquentes pas-
sionais. Neste, o ímpeto era justamente o oposto do de-
A Tradição Lombrosiana na criação do Homem De- linquente natural, enquanto que, no criminoso ocasional,
linquente era possível encontrar criminosos que cometeram apenas
delitos motivados pelas circunstâncias, como os criminosos
A criminologia como uma ciência empírica surgiu com políticos e prostitutas.
a escola positiva italiana, mais especificamente em 1876, O ciclo iniciado por Lombroso ao investigar a delin-
com a publicação da obra de CesareLombroso intitulada quência a partir de fatores bioantropológicos influenciou
“O homem delinquente”. Embora Lombroso não fosse o pri- diversos criminólogos que o sucederam. É possível citar,
dentre os autores mais famosos, Ferri, Garofalo, Charles
meiro a realizar estudos anatômicos e antropológicos em
Goering (com a teoria da hereditariedade), Goddard (teoria
prisões (como Lauvergne, na França, e Nicholson e Thomp-
da debilidade mental) e Ernest Hooton (teoria da inferiori-
son, na Inglaterra), foi a doutrina do criminoso nato que lhe dade antropológica).
deu fama mundial. Na teoria de Ferri, a responsabilidade penal do crimi-
A doutrina lombrosiana procurava características or- noso deveria ser compreendida a partir de sua raça. Na
gânicas e tipológicas que permitissem identificar o indiví- realidade, existia uma responsabilidade social, já que as cir-
duo delinquente de maneira diversa do indivíduo “normal”. cunstâncias que motivavam o delito estariam relacionadas
Consoante esta doutrina, o criminoso já nascia portando com a raça do criminoso e somente a partir da raça seria
estigmas físicos e psíquicos herdados de seus ancestrais, possível averiguar a responsabilidade do crime.
tais como um tamanho específico de crânio, orelhas gran- Emílio Laurent, por sua vez, observava o biotipo de cri-
des e afastadas da cabeça, sobrancelhas largas ou lábios minosos famosos na História, como Calígula, cuja aparên-
virados. cia descrita pelos maxilares grossos e assimétricos, orelhas
De acordo com Lombroso, havia diversos troncos ho- afastadas anormalmente do crânio, assimetria das arcadas
minídeos diferentes, uns mais antigos que outros. Quanto orbitárias, lóbio superior levantado de um lado, caráter
mais recente a espécie humana de seu tronco original, mais atávico e expressão sardônica e cruel, revelaria seus maus
agressivos e selvagens seriam os seus membros. Este con- instintos. Em Nero, o mesmo cientista reparou a expressão
junto de características, no entender de Orlando Soares, desvairada, comissuras labiais fundas e descaídas e um as-
denotava a influência da teoria evolucionista de Darwin na pecto bestial. No Brasil, houve quem defendesse a autópsia
concepção lombrosiana. do corpo de Virgulino Ferreira, o Lampião, na tentativa de
Com o passar do tempo, e à medida que as espécies conhecer o biotipo criminoso do cangaceiro.
humanas se distanciavam do tronco principal, mais civili- Diante das descobertas da escola positiva italiana,
zados se tornavam os homens. Os criminosos natos eram surgiu a necessidade de reelaborar as políticas criminais,
os indivíduos nascidos de troncos ainda atrasados, o que antes pautadas na escola clássica, para extinguir as causas
explicava a presença de pessoas mais perigosas que outras. da criminalidade. Neste contexto, qualquer política criminal
O criminoso lombrosianopossuia uma anormalidade eficiente deveria localizar a causa do crime e adotar meca-
em relação aos demais membros da sociedade decorrente nismos aptos a eliminá-la. Em termos práticos, diminuir a
taxa de criminalidade significava eliminar as raças de troncos
da selvageria ancestral. Tanto seu desenvolvimento físico
ainda primitivos.
como seu desenvolvimento mental eram incompletos (por
isso havia uma aproximação entre o louco moral e o delin-
A Influência das Teorias Bioantropológicas nas Polí-
quente). ticas Criminais
O resquício desta anomalia primitiva foi encontrada
por Lombroso em 1871, quando realizava a autópsia do A partir da repercussão da teoria lombrosiana do cri-
crânio de um bandido milanês chamado Vilela. Nesta au- minoso nato, diversos criminólogos ocuparam-se do estudo
tópsia, Lombroso achou a terceira fosseta média occipital, da biotipologia do infrator, criando a antropologia criminal.
também encontrada em crânios de homens primitivos. A Para este novo ramo, o crime era um fenômeno biossocial
partir disso, deu origem à sua teoria do atavismo, que con- que revelava um biotipo anormal, perigoso e irresponsável.
sistia no aparecimento de características da espécie primi- Além disso, pesquisadores de outras áreas começaram
tiva presente nos embriões, em virtude da herança de um a relacionar características físicas com o delito cometido.
ascendente remoto, ainda que não estivesse presente nos Surgiram, então, as teorias endocrinológicas (explicavam as
ascendentes imediatos. causas do crime a partir do estudo das glândulas), as teorias
Destarte a teoria do atavismo, Lombroso nunca pre- genéticas (estudavam o crime a partir de anomalias cromos-
gou o fatalismo biológico como se o crime fosse produ- sômicas) e as teorias psicológicas (estudavam o comporta-
to incontrolável da herança primitiva dos pais. O próprio mento do delinquente a partir do funcionamento do sistema
Lombroso já dizia: “assim como há criminoso ocasional, nervoso, especialmente o cerebral).
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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Cada país procurou adaptar e desenvolver políticas cri- -psicológicos inadaptáveis e resistentes a todas as formas
minais voltadas às últimas descobertas de Lombroso e às de ressocialiazação (a segregação perpétua, defendida por
novas teorias criminológicas. Ainda que cada teoria desse QuintilianoSaldaña, seria muito onerosa ao Estado).
ênfase a um aspecto orgânico, como o tipo, os gens, o cé- Diferentemente dos Estados Unidos, que possuiam
rebro ou as glândulas, a nova ciência criminológica possuia uma segregação racial bem definida, e dos países europeus,
um objetivo muito claro: o aperfeiçoamento da raça, ou em cuja população racial era muito homogênea, o Brasil, face à
outras palavras, a eugenia. grande população negra, necessitou encontrar uma saída
Diverso do caráter punitivo das penas, as teorias se- alternativa, e no mínimo criativa, para implementar as teo-
guidoras da bioantropologia procuravam a “cura” dos de- rias bioantropológicas e suas políticas criminais eugênicas.
linquentes, daí porque o sistema penal deveria promover
políticas criminais eugênicas voltadas ao melhoramento das A lógica das políticas criminais eugênicas contribuiu
características físicas e psíquicas da raça. para o desenvolvimento de leis de segregação. Foi o caso
As políticas eugênicas foram desenvolvidas a partir da da política de Apartheid, na África do Sul, que durou até o
realidade sociocriminal de cada país, variando desde a en- final do século XX e nos Estados Unidos, onde a lei da en-
dogamia com o fito de evitar a transmissão de doenças he- dogamia racial só foi considerada inconstitucional no ano
reditárias, até o uso de meios cirúrgicos. Nos Estados Unidos de 1954. Antes disso, a segregação era legalmente institu-
e na África do Sul (mesmo não havendo mais escravatura) cionalizada e o casamento inter-racial proibido, havia a se-
foram proibidos os casamentos inter-raciais, para a preser- paração de escolas, bairros, restaurantes e hotéis de acordo
vação da raça e contenção da criminalidade. Já na Austrália, com a raça do indivíduo.
os filhos de aborígines com brancos ficavam sob a tutela do Devido às leis de segregação norte-americanas, a so-
Estado, o objetivo era que os mestiços se casassem somente ciedade dividia-se em duas categorias raciais definidas com
com indivíduos brancos, para ocorrer o embranquecimento clareza: os negros e brancos (ou os brancos e os não-bran-
da raça. cos). A endogamia permitiu a classificação bi-racial median-
A preocupação na transmissão de doenças hereditárias te o critério da ancestralidade (princípio da descendência),
era tamanha que cientistas em todo o mundo passaram a cuja regra definia a raça a partir dos ascendentes e era certi-
defender a adoção da esterilização e, em alguns casos, da ficada nos registros públicos. De acordo com Thomas Skid-
castração e da pena de morte. more, as teorias do racismo científico acabavam por agravar
A Alemanha foi um dos países que mais absorveu as a categorização bi-racial nos círculos acadêmicos e elitistas
teorias eugênicas. Em 24 de novembro de 1933, foi introdu-
da sociedade norte-americana.
zida a lei de castração como medida de segurança aos de-
Ao realizar um estudo comparativo, o historiador ame-
linquentes culpados de crimes sexuais graves e reincidentes
ricano observou que a realidade multi-racial brasileira dife-
de crime contra os costumes, sendo seguida pela aprovação
ria significativamente da segregação bi-racial dos Estados
da lei que previa a esterilização a todos os indivíduos dege-
Unidos. Não que no Brasil não houvesse preconceito, mas
nerados. Nos dizeres de Aureliano Araújo, o intuito dessas
porque a inexistência de regras de ancestralidade impediam
normas era impedir a propagação das características psico-
uma definição das categorias raciais.
patológicas aos descendentes: “A referida lei, que tem ob-
No Brasil, Carl Degler observou que o surgimento da
jetivos de prevenção, refere-se à esterilização compulsória
dos indivíduos afetados de doenças hereditárias, tais como a “escapatória mulata” era a maior dicotomia entre as relações
imbecilidade congênita, a esquizofrenia, a loucura circular, a raciais brasileiras e as relações raciais norte-americanas (um
epilepsia hereditária, o alcoolismo crônico e a cegueira tam- dos motivos seria a incapacidade das mulheres da América
bém transmissível por meio da hereditariedade.” Portuguesa em impedir a legitimação dos filhos mestiços
O ápice da política criminal nazista ocorre com o geno- ilícitos de seus maridos com as escravas). O fato é que a
cídio de milhões de judeus, negros, ciganos e portadores de aprovação de diversas leis contra o tráfico negreiro (entre
deficiência, considerados indivíduos de raças inferiores e 1831 e 1854), a lei do ventre livre (1871) e a lei dos sexage-
uma ameaça à sociedade alemã. nários (1885) no período anterior à abolição da escravatura
Embora as políticas germânicas de castração e o geno- aumentou consideravelmente a população negra e mestiça
cídio tivessem sofrido críticas pela maior parte dos criminó- alforriada ou livre por nascimento.
logos, a esterilização foi legalmente aprovada nos Estados Enquanto nos Estados unidos o mulato era visto como
Unidos, México, Dinamarca, Canadá, Suécia e Suíça, por não negro (ou afro-americano, de acordo com a terminologia
causar os traumas da mutilação ou impedir o coito, mas americana), no Brasil o mestiço era considerado uma ter-
apenas interrompendo a capacidade reprodutiva. No Bra- ceira categoria racial, com potencial de tornar-se cada vez
sil, a esterilização como método de prevenção do crime foi mais branca e, consequentemente, menos degenerada.
defendida por autores como Aureliano Araújo (ex-Professor Embora não existisse uma “linha de cor” clara, a elite
da Faculdade de Direito do Recife), Edgar Altino, Nina Ro- brasileira aceitou a tese da superioridade branca e tentou
drigues e Lemos Brito, cujos argumentos se justificam em conciliar a sociedade multi-racial às teorias bioantropológi-
prol do aperfeiçoamento da espécie humana, como medida cas, mediante o argumento de que, no Brasil, o branco pre-
de profilaxia social e criminal, realizada antes e após o de- valeceria através da miscigenação: “Ao invés de mongreli-
lito. Aureliano Araújo, inclusive, chegou a defender a pena zar a raça, a mistura racial estava embranquecendo o Brasil.
de morte a uma certa categoria de delinquentes antro- Longe de ser uma ameaça, a miscigenação era a salvação”.
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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Jorge Pontual narra que no ano de 1986, o Congres- Diante dos fatos fica o desafio de Jorge da Silva: “Se
so americano aprovou leis de combate às drogas e iniciou os estudiosos, entretanto, partirem da premissa de que as
uma forte política criminal de repressão ao consumo e ao diferenças nada têm a ver com a raça, a não ser, como en-
tráfico. Consoante as novas leis, o juiz perdia a possibili- sinaram Richard Leakey e outros estudiosos, as referentes
dade de condenar um usuário de crack, por exemplo, a se ao fenótipo, sem importância, portanto, para comparar os
tratar em uma clínica especializada, pois a pena era auto- seres humanos, terão um grande campo de estudo para
maticamente fixada em 5 anos de prisão sem redução (em- tentar compreender as causas da marginalização particular
bora o consumo do crack nunca tenha ultrapassado 0,5% das populações negras, e as formas para reverter o quadro,
da população). Diante do conjunto de leis, os negros aca- em proveito de todos. Se, ao contrário, não conseguirem
baram se tornando os principais alvos da repressão: “Como se desvencilhar da visão tradicional a respeito da “nocivida-
o uso desse subproduto barato da cocaína se concentra de inerente” dos negros, basta evitar o assunto ou repetir
nos centros urbanos, cresceu muito a proporção de negros Nina Rodrigues. E continuar convivendo com a crise social.
na população carcerária. Entre 1985 e 1995, o número de E partir para a repressão e, por que não dizer, para o exter-
presos por drogas cresceu 707% entre os negros contra mínio, e para os movimentos eugênicos, e para o “controle
306% entre os brancos.”
da natalidade”...
Os negros representam 60% de todas as condenações
por tráfico de drogas nos Estados Unidos. A pena de um
Face às descobertas da escola positiva italiana, as po-
negro que comete estupro é fixada em 70 meses de prisão,
em média, já um branco condenado por estupro recebe, líticas criminais de vários países reelaboraram suas políti-
em média, 56 meses. A população de negros nos Estados cas criminais na tentativa de extinguir a criminalidade. Na
Unidos é de 12%, mas de acordo com o censo penitenciá- prática, essas políticas criminais foram desenvolvidas no
rio, 70% dos presos no país são negros, perfazendo o total sentido de extirpar as raças que possuíam a “degeneração
de 1,43 milhão. genética”, seja mediante o extermínio ou a esterilização. No
A alta taxa de indivíduos negros nas populações car- Brasil, diante da ausência de critérios claros de fixação da
cerárias brasileiras ou norte-americanas demonstram uma raça, as políticas criminais eugênicas foram adaptadas com
relação direta entre raça e condenação. Primeiramente a miscigenação para o embranquecimento da população,
porque, em ambos os países, a cor está relacionada com a assim, a raça branca acabaria por prevalecer após suces-
pobreza, o que dificulta que os indivíduos negros possam sivas diluições sanguíneas, desde que o excedente branco
se servir de uma assessoria jurídica de qualidade. A tes- puro (trazido pelos imigrantes euroupeus) não fosse en-
temunha de defesa, por exemplo, que pode ser de extre- cerrado.
ma importância num processo criminal, não é apresentada A ideologia assimilacionista afetou consideravelmente
pela grande maioria. a percepção da identidade racial no Brasil, inclusive entre
Além disso, a exemplo do que ocorre nos Estados Uni- os negros, que buscavam parceiros cada vez mais claros na
dos, existe uma preocupação especial, por parte das insti- tentativa de alcançar maior mobilidade social. A investiga-
tuições políticas e jurídicas, nos crimes tipicamente come- ção da raça era realizada pela aparência da pessoa, por isso
tidos pelos delinqüentes negros, seja mediante uma rigo- a sociedade brasileira tornou-se uma sociedade extrema-
rosa fixação de pena ou uma diligente averiguação policial. mente atenta a quaisquer sinais que permitissem classificar
Como já dito anteriormente, o roubo qualificado é o crime a raça do indivíduo, como os olhos, o nariz, a boca, o tipo
de maior condenação, porém, crimes amplamente pratica- de cabelo, para poder “escapar” do estigma negativo de ser
dos, como o aborto, são raríssimas vezes objeto de apre- negro (daí a denominação escapatória mulata).
ciação pelo Poder Judiciário, embora o objeto de violação Além disso, como não existiam dados sobre a situação
seja a vida humana e não o patrimônio, como no caso do racial no Brasil, criou-se o mito de que no Brasil não existia
roubo.
racismo e qualquer teoria que pudesse afirmar o contrário
A preocupação em tipificar condutas próprias da raça
era vista como atentatória à democracia racial brasileira.
negra não é recente. O Código Penal de 1890, em seu artigo
402, declarava: “Fazer nas ruas e praças públicas exercícios Atualmente, os negros compõem a maior parte da po-
de agilidade e destreza corporal conhecidos pela denomi- pulação prisional e registram penas superiores pelos mes-
nação de capoeiragem (...). Pena, Prisão celular por 2 a 6 mos crimes, comprovando que o fator raça ainda é um for-
meses”. Na Bahia, as manifestações de candomblé só eram te indicador na condenação de um indivíduo. Além disso,
autorizadas uma vez ao ano e até a prática do candomblé os crimes mais comuns cometidos por membros das clas-
era considerado como uma prova da “incapacidade das ra- ses baixas (e conseqüentemente negros), como o crime de
ças inferiores para as elevadas abstrações do monoteísmo”. roubo qualificado, são justamente os crimes mais apurados
Somado a estes fatores, o legado das teorias bioan- e que representam a maior taxa de condenação.
tropológicas contribuiu para a formação do esteriótipo Uma das justificativas deste fenômeno reside justa-
dos negros como infratores, transformando-os em alvo de mente no legado das teorias bioantropológicas, da escola
constante vigia por parte do sistema criminal. Basta lem- positiva italiana, que dá ao negro o estigma negativo de
brar das denúncias de agressão por parte dos policiais ao criminoso, seja mediante a esteriotipização ou pela forte
realizarem as famosas “batidas” e “revistas” nas favelas. repressão criminal da cultura negra delinqüente. A classe
Mesmo sabendo que a maior parte dos moradores é for- baixa, composta principalmente por negros e mulatos, aca-
mada por trabalhadores pobres, acabam tratando a todos ba sendo mais vigiada e punida do que a classe média e
como traficantes. alta.
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Empenho: “Este elemento corresponde, noutros ter- levam ao crime? Seria do próprio povo, uma espécie de
mos, ao cálculo custos-ganhos que empresta racionalidade boiada mansa, movido pelo senso comum imposto? Seria
à decisão de cometer ou não um crime […] Quanto mais o da mídia, conhecida também como o quarto poder, a qual
indivíduo investir (tempo, recursos, energia) em carreiras induz o povo a ter um determinado comportamento até
convencionais, quanto mais expressivas forem as gratifica- mesmo com o uso de enxertos subliminares? Seria do mo-
ções realizadas ou esperadas, menos interessante surgirá a delo neoliberal, com a sua nova sociedade consumerista
solução delinquente.” exacerbada e controlada por alguns que estão acima dos
Envolvimento: “Representa a medida das energias e do políticos?
tempo dispendidos em carreiras convencionais. Sendo as Vários são os paradigmas, rotulagem, etiquetagem, es-
energias e o tempo bens escassos, o seu consumo em ati- tereótipos e estigmas desenvolvidos pela sociedade elitiza-
vidades legais reduz as oportunidades delinquentes.” da dominante, nos últimos séculos, para com a classe mais
Crença: “Significa a validação moral das normas con- pauperizada ou estigmatizada, principalmente para com os
vencionais e o grau de respeito que merecem por parte negros, os pardos e os índios. O reflexo dessa discrimina-
dos indivíduos.” ção está refletida no cárcere, cadeia ou casa de detenção,
denominado por Beccaria de “a horrível mansão do deses-
A Sociedade Criminógena pero e da fome”, nas quais a maioria dos detentos pertence
aos grupos citados. Só coincidência?
A criminologia de conflito é contrária à criminologia Alguns dos fatores criminógenos que influenciam no
de consenso. Enquanto esta corresponde à criminologia crescimento da criminalidade entre os grupos secularmen-
tradicional (ou positiva) e, portanto, a seus pressupostos, te estereotipados pela rotulagem ou etiquetagem, e por
aquela se caracteriza pela percepção da distribuição da cri- uma questão de justiça, e alguns fatores criminais enrai-
minalidade condicionada pelos modelos institucionais (em zados nas classes sociais mais abastadas, individualistas e
especial o modelo econômico). elitizadas da moderna sociedade globalizada.
A violência pandêmica urbana das médias e grandes De imediato podemos observar que as autoridades
cidades vem atingindo níveis cada vez mais contundentes e governamentais continuam insistindo em dar maior aten-
estarrecedores. Em Boa Vista, capital do Estado de Roraima, ção aos efeitos criminógenos, enquanto que as causas exó-
a segurança está em um contínuo processo de degradação. genas, consorciadas com as causas endógenas, as quais
Os políticos, muitos apenas demagogos, pouco fazem para ensejam o surgimento dos crimes através da indução, da
reverter a situação, além de se aproveitarem dessa conjun- imitação, das psicopatias, neuroses, fanatismo etc., são
tura social degradante. modestamente combatidas ou simplesmente ignoradas de
O medo e a desconfiança são dominantes e estão re- acordo com os interesses circunstanciais do momento po-
fletidos nas residências das classes média e alta, transfor- lítico ou econômico.
madas em verdadeiros “bunkers”, com muros altos, alarmes Várias são as origens históricas das causas criminóge-
eletrônicos, câmeras de segurança, cães de guardas, cercas nas. Modernamente podemos citar que, com o advento da
eletrificadas e seguranças privados. O óbvio fica explícito 3ª revolução industrial, nos últimos decênios, milhares de
com relação à confiança depositada na segurança pública pessoas, desqualificadas tecnologicamente, abandonaram
oferecida pelo Estado. E os bons cidadãos, pobres e mise- a área rural pela pressão de latifúndios nacionais e interna-
ráveis das periferias, como fica a segurança deles? cionais, sequiosos unicamente por lucros, pela monocultu-
Por esse caminho, fica denotado que a segurança é pí- ra predatória, pela mecanização e robotização da lavoura,
fia com relação aos homicídios e latrocínios, os quais ocor- pela falta de terras, pela falta de trabalho e de perspec-
rem, por coisas triviais, à luz do dia, em pleno centro e nos tivas de uma vida melhor. Esses fatores impulsionaram e
bairros, quase todos os dias e isto sem falar do trânsito impulsionam ainda o fenômeno da migração das famílias
com um percentual alto de condutores de veículos mal pre- camponesas pobres em busca de novos horizontes mais
parados que chacinam e mutilam diariamente. promissores. O rumo tomado foi à direção do brilho enga-
O Estado e os órgãos repressivos, lentos, enfraqueci- noso das grandes cidades. Nas cidades ocorreu e continua
dos, e mal preparados para os modelos de prevencionismo ocorrendo a não adaptação de milhares de pessoas. Nas
moderno, fazem o que podem, mas os índices não dimi- cidades, fatores sociais diversos e adversos, acabaram ge-
nuem. O pior é que empresas privadas de segurança apro- rando a marginalização de milhões de seres humanos, bem
veitam o filão de ouro e passam a ocupar as lacunas deixa- como o surgimento das favelas e de bairros miseráveis, os
das pelo Estado com a venda de proteção aos apaniguados quais acabam servindo aos interesses de justiceiros, nar-
da classe média alta e políticos. cotraficantes, grupos paramilitares (milicianos), de políticos
oportunistas de caráter pérfido, de religiosos fundamen-
Os Fatores Criminógenos talistas e de dezenas de outros aproveitadores. Desse ca-
dinho, agigantam-se, paulatinamente, os crimes contra a
Afinal de contas, de quem é a culpa pela expansão des- vida (humana/fauna/flora). A corrupção cria raízes profun-
comunal da criminalidade? Seria exclusivamente dos crimi- das e, obviamente, os crimes contra o patrimônio público
nosos que por livre arbítrio escolhem o caminho do crime? e privado não ficam de fora. Toda essa situação propicia
Seria dos políticos e governantes corruptos que se aprovei- um terreno muito fértil para os grupos citados, os quais
tam da ignorância do povo e não combatem os fatores que estão a gerar outras dezenas de males e contaminando, de
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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
maneira insidiosa, a nossa democracia, a qual já não ocupa Com relação aos bancos, o iminente pesquisador e es-
uma boa posição no ranking mundial (42º entre 165 paí- critor Gustavo Barroso já mostrava detalhes íntimos de fa-
ses), sendo considerada uma democracia imperfeita. tores criminógenos da Monarquia, e posteriormente com a
Nesse sentido, algumas opiniões são marcantes e pes- República, nas transações financeiras. Os banqueiros sem-
simistas com relação à qualidade de vida nesses grandes pre foram protegidos pelos governantes (o governo do so-
centros urbanos. ciólogo FHC socorreu, com dinheiro público, os bancos que
estavam prestes a quebrar, socializando o prejuízo). Sem-
“As maiores cidades brasileiras são grandes feridas sem pre foram favorecidos com juros escrachantes e aviltantes,
cura provável a médio ou longo prazo. Em todas elas insta- além, obviamente, do contumaz, septicêmico e histórico
lou-se o caos, uma desordem que, nem de longe, é semente desvio do erário público pela classe elitizada, através da
que venha a produzir em um bom fruto. Segurança pública, corrupção endêmica (uma das maiores do mundo) consor-
saneamento básico, saúde, trânsito, tudo é uma imensa su- ciada com a volúpia de ganhos fáceis, pela fraude através
de atos infames, enriquecidos pela engenhosidade de bur-
cata. Temo que os próximos quarenta anos apenas agravem
lar. Como esses fatores continuam entranhados nos basti-
a atual situação”.
dores do poder e acentuados nos últimos decênios, eles
acabam ajudando a enfraquecer ou a maquilar o trabalho
É lastimável, mas a opinião acima não deixa de ter
do Estado no combate às verdadeiras causas da criminali-
uma boa dose de realidade. Nas cidades existem centenas dade, pois é mais interessante combater, ilusoriamente, os
de bolsões de miséria. Nesses locais a promiscuidade efeitos criminógenos das classes sociais mais debilitadas e,
com doenças sexualmente transmissíveis é crescente, a de vez em quando, algemar (agora limitado) algum figurão
educação pública, caso exista, é de baixíssima qualidade, da alta sociedade, preferencialmente, com todos os holo-
não existe saneamento básico, o qual está a gerar inúmeras fotes midiáticos presentes para que o espetáculo circense
doenças, a degradação ambiental é intensa e a inexistência destinado para os cidadãos de senso comum não pare.
de perspectivas para os mais jovens é um fato concreto. O Estado vendo o crescimento descomunal do crime,
Nesses locais, o consumo de drogas lícitas (álcool), o con- numa tentativa paliativa de estancar a criminalidade cres-
sumo, comércio de drogas ilícitas (cocaína, crack, psico- cente e organizada nas grandes cidades, cria novas legisla-
trópicos, maconha transgênica etc.) e a desestruturação ções penais mais duras, as quais, infelizmente, não conse-
familiar são sintomas mais do que preocupantes, pois es- guem amainar o recrudescimento do crime e acabam aju-
ses fatores ajudam a fomentar inúmeras ações criminosas. dando, ainda mais, a “empilhar” somente seres humanos
Ações estas que, na grande maioria, fogem do controle do miseráveis, analfabetos, alguns até inocentes, e outros por
Estado, gerando altíssimas cifras negras. crimes de bagatela, em presídios com chances mínimas de
Dos crimes que chegam ao conhecimento do Estado ressocialização, a não ser de se especializarem ainda mais
apenas uma parcela ínfima acaba sendo elucidada. Essa no crime e no ódio. Obviamente para os criminosos das
parcela ínfima, de acordo com alguns especialistas, é em classes abastadas tudo fica mais fácil com a contratação de
torno de 2,5%. Isto não é mostrado pelos governantes, na bons advogados para se livrarem ou de emperrarem pro-
mídia oficial televisiva, por questões óbvias. É bom deixar cessos que se arrastam por anos nas estâncias judiciárias
explícito que os filhos de famílias abastadas também se en- superioras, além de conservarem todo ou parte do lucro
volvem com o uso e comércio de drogas e, sendo assim, há do butim do erário público, das drogas, do descaminho etc.
uma maior dificuldade de serem combatidos. Sobra tempo até para alguns virarem políticos e consegui-
Dentro da célula familiar a falta de conhecimentos gera rem o fórum privilegiado.
a ignorância (mãe de todos os males), os bons costumes se Entre as várias leis que buscam refrear o recrudesci-
mento do crime, uma se destaca, pois foi criada pela boa
pervertem e a moralidade entra em colapso pela má for-
sociedade e pela pressão internacional com precípuo de
mação familiar. As virtudes viram moedas enferrujadas e
proteger crianças, adolescentes e amenizar a violência con-
sem valor. Os fatores que geram estas causas acabam fican-
tra elas. O Estado promulgou o Estatuto da Criança e do
do, hipocritamente, em segundo plano, induzindo a uma Adolescente (ECA), o qual possui, inquestionavelmente,
visão falseada da interpretação da verdadeira realidade dezenas de artigos extremamente importantes para a pro-
social, principalmente pelos governados de senso comum teção do menor de idade, mas em contrapartida, o Estado
que veem apenas os efeitos criminógenos. é leniente para com a aplicação integral do texto, além de
Convém deixar frisado que algumas raízes criminóge- ser extremamente paternalista com menores de alta peri-
nas históricas são alimentadas pelo injusto modelo concen- culosidade.
trador neoliberal capitalista brasileiro, aliado a um modelo As consequências dessa leniência foram à permanên-
de globalização totalmente insustentável para o planeta, o cia da prostituição infantil, do trabalho escravo, do abuso
qual, diga-se de passagem, possui recursos limitados, ou sexual, dos crimes contra o patrimônio e dos crimes contra
seja, milhões de pessoas jamais terão acesso a esses re- a vida. Neste último quesito os infantes e adolescentes ma-
cursos. Em contrapartida, esse modelo gera para alguns tam e morrem pela necessidade de sobrevivência ou movi-
um enriquecimento descomunal, principalmente para ban- dos pelo ódio. Nessa degenerescência bárbara e estúpida,
queiros, narcotraficantes, políticos adeptos de Maquiavel, o Brasil prepara as levas de futuras gerações de brasileiros,
empresários de mau caráter, empresários da indústria de pois os programas para eliminar as causas são deficitários
armamentos, igrejas etc. na maioria das cidades brasileiras.
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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Para alguns criminólogoso ECA é uma falácia, já que lha na ressocialização da grande maioria dos detentos. A
as causas permanecem incólumes na grande maioria das corrupção chega a um nível pandêmico, provando defini-
cidades. Miguel GranatoVelasquez, Promotor de Justi- tivamente a falência do sistema correcional vigente, bem
ça, mostra alguns desses fatores que maculam a infância como da ineficácia da legislação penal baseada apenas nas
brasileira, principalmente a pobre: “No entanto, além da causas criminais.
violência contra a vida, os jovens brasileiros também são Enquanto isso, na sociedade civil, os fatores criminóge-
submetidos a muitos outros tipos de violência, como a mi- nos ampliam-se em proporções alarmantes, os bons costu-
séria, a negligência e abandono paternos, o desemprego, mes são invertidos ou pervertidos. O caos do medo e da
as agressões domésticas, tanto físicas quanto psíquicas, a desconfiança é instalado no seio das comunidades, além
falta de atendimento básico de saúde, a educação deficien- de ocorrer à banalização do bem mais precioso do ser hu-
te, as drogas e o tráfico e a moradia em locais marcados mano: a vida.
pela criminalidade ou controlados pelo crime organizado. João Farias Júnior reforça alguns dos fatores criminó-
De fato, crescer no Brasil, especialmente para as popula- genos já expostos quando assim se explana: “Além desses
ções carentes, é uma experiência de alto risco”. fatores há ainda a acrescentar as migrações e inadaptações
Nesse sentido João Farias Júnior acrescenta: “É a crimi- sociais, os efeitos maléficos das comunicações sociais e
imprensa, o tratamento corrupto e arbitrário da polícia, a
nalidade que, tendo suas raízes intocadas, cresce, devasta,
morosidade da justiça criminal e a degenerescência prisio-
violenta, chacina, mutila e dilapida patrimônio, e se torna
nal”. E ainda complementa: “Os influxos sociais maléficos se
cada vez mais poderosa, mais potente, e mais desafiante”. transmitem e são contraídos por indução, instigação, con-
Por outro lado, famílias das classes sociais abastadas, tágio, sugestão e imitação”.
e principalmente as classes de parcos recursos, já não con- Como muito pouco se tem feito no combate as causas
seguem mais impedir as más companhias dos filhos. Na endógenas e exógenas, ao atingirmos o fundo do poço,
luta pela sobrevivência dos mais pobres e pela ganância poderá haver o surgimento de um ordenamento jurídico
dos ricos, ocorre o afastamento dos genitores na educação penal cada vez mais contundente e insidioso, com a pos-
básica das crianças. As influências negativas e sem limites sibilidade, dependendo do rumo político dos hipócritas,
da mídia televisiva em horário nobre, com o seu culto às de ocorrer à oficialização da prisão perpétua e da pena
futilidades, novelas que incentivam ao crime, à prostituição, de morte e com o total apoio do povo míope, de senso
às drogas, à indução consumerista sem limites e às arma- comum, conduzido até mesmo por enxertos sublimina-
dilhas da internet (pedófilos a caça de criancinhas, apolo- res midiáticos. Concretizando essas duas modalidades de
gia as drogas, os perigos do Orkut) e filmes que induzem pena máxima, estará decretado o afastamento definitivo
ao mundo da criminalidade é uma realidade incontestável das causas geradoras do crime e estarão atacando, poten-
e em plena ascensão. Milhares de infantes ricos e pobres cialmente, apenas os efeitos criminógenos, além de ense-
estão sob os influxos da pedofilia, das drogas e da prosti- jar o surgimento de um Estado policial, semelhante ao que
tuição infantil. Frequentam lugares degradantes, utilizam- ocorre nos EUA, cujo modelo já está sendo exportado para
-se de substâncias alucinógenas, muitas vezes vendidas nas outros países que orbitam em sua volta.
portas das escolas e até mesmo no interior delas. Tais fatos Qualquer semelhança com o Brasil não será mera coin-
permitem que milhares sejam recrutados para as fileiras cidência. LoicWacquant em sua magnífica obra deixa claro
do crime organizado, outros tantos serão explorados se- o tratamento dado pelo Estado Policial dos EUA para com
xualmente ou escravizados por adultos de personalidade e a sua população pobre esteoritipada: “O encarceramento
caráter pútrido e, entre esses exploradores, temos até au- serve antes de tudo para ‘governar a ralé’que incomoda –
toridades ou profissionais de todos os níveis de educação segundo a expressão de John Irwin (1986), bem mais do
que, aparentemente, estão acima de qualquer suspeita. O que para lutar contra os crimes de sangue cujo espectro
freqüenta as mídias e alimenta uma florescente industria
lastimável é que alguns desses criminosos, muitos de cola-
cultural do medo dos pobres (com emissões de televisão
rinho branco, frequentam algumas sociedades que pregam
Cops 911, que difundem, em horas de grande audiência,
as virtudes nobres, a moral, a retidão nos pensamentos, a
vídeos de intervenções reais dos serviços de polícia nos
retidão nas ações, o humanismo, o holismo etc. O mais in- bairros negros e latinos deserdados, com o mais absolu-
teressante é reparar que alguns deles continuam ativos em to desprezo pelo direito das pessoas presas e humilhadas
suas fileiras, mesmo depois de descobertos em seus torpes diante das câmeras)”.
crimes contra crianças, contra o erário público etc. Há al- Nesse sentido, algumas autoridades brasileiras já en-
guns séculos passados seriam imediatamente banidos das saiam medidas mais duras sem reconhecer os respectivos
fileiras de algumas dessas organizações e teriam a espada motivos que levam para o crescimento da criminalidade.
de Dâmocles bailando acima das suas cabeças. Para essas comunidades pobres, o direito básico consti-
Por sua vez, o Estado, permeado por agentes corrup- tucional de ir e vir são tolhidos, além de outras garantias
tos, já não consegue mais esconder a degradação psíquica, constitucionais serem desrespeitadas. Dessa maneira sór-
ética e moral dos reclusos sob a sua guarda, os quais pas- dida, a democracia de compadres e criminosos instalados
sam a viver um inferno em vida. Dentro dos presídios do no poder de várias localidades não permitem que as opor-
Estado, os prisioneiros vivem em celas contaminadas por tunidades sejam iguais para todos, estando a gerar os eti-
doenças, sujas, úmidas e superlotadas. A promiscuidade é quetados e os rotulados dessa nossa pérfida sociedade. É
tão acentuada que o preso perde a dignidade e a própria festa na floresta de pedra para uns poucos e desgraça para
honra que ainda lhe resta. O sistema prisional falhou e fa- muitos.
35
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Com tudo já exposto, as causas exógenas poderão (Alemanha/China/URSS/EUA etc.) e o que alguns líderes da
ser ampliadas ainda mais com a possibilidade de termos atualidade estão fazendo na África, Ásia, Ámerica do Sul e
mais criminosos instalados no poder dito democrático. E Oriente Médio. E como será a situação no Brasil? Alguém
em todo o Brasil quantos criminosos estarão pleiteando com transtornos mentais pode ser eleito sem o menor per-
um cargo de prefeito ou vereador? O inacreditável é que calço, pois nenhuma cobrança lhe será feita. Quem almeja
pessoas, bem instruídas, chegam a dizer, laconicamente e um emprego público terá que provar a sua sanidade men-
ironicamente, que isto é salutar para a democracia. Salutar tal antes de assumir o cargo.
para quem? Por esse caminho, dos fatores endógenos, é sábio,
O povo sem acesso as fichas sujas desses candidatos conveniente e salutar, observar que alguns medicamentos
e sem uma excelente educação, com uma base sólida em podem produzir efeitos colaterais, os quais podem induzir
organização social e política do Brasil, bem como uma o individuo a cometer atos criminosos como, por exemplo,
educação moral cívica aprofundada, não terá condições de desenvolver a cleptomania. Experimente ler na bula os de-
discernir entre os candidatos sérios e honestos (poucos) e talhes sobre efeitos colaterais. Você poderá ter surpresas.
centenas de criminosos que estão pleiteando cargos po- Apesar de tudo, ainda temos saída para transformar a
líticos, além do mais, muitos do povo pobre e miserável, sociedade criminógena em algo melhor? A reforma política
vendem o seu voto por alguns míseros trocados. Não po- é essencial, pois assim como esta não haverá mudanças e a
demos nos esquecer de que temos (ex)governadores, (ex) violência será ampliada. Os ilusionistas de plantão, os ban-
senadores, (ex)deputados, (ex)prefeitos e (ex)vereadores doleiros, os homicidas, os corruptos, os pedófilos, os vendi-
sendo processado por diversos crimes em todo o Brasil. lhões da pátria etc., fazem parte da atual seara política mal-
Sofrerão algum tipo de punição? A maioria escapará ilesa! sã, estando a contaminar as três esferas governamentais e
É a criminalidade se organizando, ampliando os seus tentá- a própria República. Somente uma mudança drástica colo-
culos e ameaçando a própria democracia, além de institu- caria um ponto final nessa festa de “arromba” dos compa-
cionalizar a corrupção desenfreada. dres poderosos e perigosos que se escondem por de trás
As diversas causas sociais (exógenas), ampliam a cri- das coligações políticas e que se revezam a cada pleito com
minalidade de maneira imensurável e para somar a essas utilização de urnas eletrônicas passíveis de fraude.
causas criminógenas, temos ainda, as dezenas de desequi- Se a utópica reforma política chegasse a se concreti-
líbrios fisiológicos que podem levar o indivíduo a delinquir, zar teria que ocorrer mudanças no Direito Penal brasileiro
que é livre-arbitrista, ou seja, não se preocupa com influxos
muitas vezes de maneira dissimulada, como por exemplo,
exógenos e endógenos. Para esse direito penal, o indiví-
os pedófilos que levam a desgraça a tantas crianças. Entre
duo se torna criminoso por sua livre vontade, e, portanto,
essas causas (endógenas) citaremos apenas algumas das
combate apenas os efeitos criminógenos com punições
dezenas de distúrbios cientificamente catalogados:
que não atingem a ressocialização correta. Essa visão penal
- às Perversões e Anormalidades Sexuais, como por
errônea e secular teria que mudar, pois, na realidade, está
exemplo, a necrofilia e a pedofilia;
apenas a realimentar a criminalidade.
- os Paranóicos Ideológicos; Se ocorressem mudanças saneadoras no ordenamen-
- os Fanáticos Religiosos, como por exemplo, os inte- to jurídico voltada realmente para as causas criminógenas,
grantes do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição (1231- uma medida social por parte dos governantes seria cru-
1821) que levou milhares de inocentes a serem torturados ciante: para alguns cientistas sociais as cidades precisariam
e queimados vivos em fogueiras, tudo em nome de Deus; diminuir urgentemente o contingente populacional através
- mais modernamente surgiram novos grupos de Faná- de um plano social governamental realmente voltado para
ticos Terroristas Religiosos que já levaram milhares à morte o povo. Milhares deveriam de retornar para a área rural
(Torres gêmeas-EUA), novamente tudo em nome de Deus. para trabalhar em pequenas propriedades com apoio tec-
- Paranóia Persecutória; nológico baseado em uma racionalidade ambiental e uma
- o Maníaco de Notoriedade; produção diversificada. Muitos aspectos positivos pode-
- o Deprimido; riam ser retirados dos belos exemplos oferecidos por Israel
- o Explosivo; através dos Kibtuz, dos Moshav e dos IshuvKehilati para um
- o Astênico; modelo auto-sustentável, apoiados na agroecologiae, por
- a Neurose de Guerra; indução, respeito à biodiversidade, evitando-se a monocul-
- a Neurose Traumática; tura e transgênicos, comprovadamente, nocivos a flora e a
- a Histeria; fauna. Uma reforma agrária justa evitaria que milhares de
- a Neurastemiaetc. hectares fiquem nas mãos de latifundiários, de estrangei-
ros, de igrejas e de bancos, cujo objetivo é apenas o lucro
A lista dos fatores endógenos apresenta centenas de exacerbado, não importando os meios.
psicopatias e os poucos exemplos acima servem apenas Um outro fator para mudanças nos grupos mais mi-
para chamar a atenção de que as ações criminosas jamais seráveis da sociedade está relacionado com a educação
poderiam ser um produto da livre vontade do individuo, que é uma das piores do mundo. Há a necessidade de que
como querem os aguerridos defensores do livre-arbitrismo ocorra a erradicação de mais de 14.000.000 de analfabe-
do Direito Penal. Quantos chefes de nações já estiveram ou tos, a erradicação dos milhares de analfabetos funcionais
estão sob algum influxo endógeno ou exógeno? Basta ver que terminam o ensino fundamental e Ensino Médio mal
o comportamento de alguns chefes de Estado no passado sabendo ler e escrever e, obviamente, sem ter um senso
36
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
crítico desenvolvido, o qual seria vital para amainar a crimi- O Estado, por sua vez, manteria uma economia aberta,
nalidade. Além do mais esse grupo social não está prepa- porém com oportunidades de ascensão social igual para
rado para ser inserido no mercado de trabalho altamente todos e não apenas para uma minoria de privilegiados. Veja
meritocrático e tecnológico, mesmo quando alguns conse- que estamos falando de um Estado voltado para os princí-
guem concluir o ensino superior em algumas instituições pios humanistas e holistas e não do atual Estado, minado
de qualidade duvidosa que os aceitam nessas condições. pelo vírus da corrupção, que dividiu a Nação em poucos
Infelizmente esse povo, esquecido pelo Estado e pela incluídos e a maioria em excluídos, obviamente todos ro-
sociedade individualista dos incluídos não passam de pre- tulados ou etiquetados e com um péssimo sistema educa-
sas fáceis, uma espécie de “boiada mansa”, para direcionar cional com reflexos diretos na economia, nas comunidades
votos aos políticos maquiavélicos deserdados de honra e sociais pobres e na ascensão da criminalidade organizada.
dignidade. É interessante observar que essa minoria elitizada
Essa situação paradoxal do analfabetismo e da inver- combate os efeitos criminosos com medidas cada vez mais
são de valores morais como causas da criminalidade pode repressivas, com um absoluto desprezo pelos direitos das
ser bem expressa nas palavras do corifeu Rui Barbosa: “De pessoas pobres, presas e humilhadas, preferencialmente
tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as in- diante de algumas câmeras, esquecendo-se que esses
justiças, de tanto ver o poder agigantar-se nas mãos dos efeitos criminógenos foram produzidos pelo seu modelo
maus, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver a de vida egoístico, predador e individualista.
verdade vencida pela mentira, de tanto ver promessas não A situação de insegurança da sociedade, deixa trans-
cumpridas, de tanto ver o povo subjugado e maltratado,
parecer a possibilidade de que possam existir outros ob-
o homem chega a desanimar-se das virtudes, e a rir-se da
jetivos maiores, os quais, insidiosamente, dominam os
honra, e a ter vergonha de ser honesto”.
políticos e a própria sociedade de maneira muito sutil. Na
Dando continuidade à sequência salvacionista quase
prática temos a ampliação da criminalidade, com seus fa-
que ilusória ou utópica, seria necessária ainda a criação de
um sistema educacional de cunho transdisciplinar, de tem- tores endógenos e exógenos centrados apenas nos efeitos
po integral, para que se adquira a luz da cidadania, a luz criminógenos, utilizados como desculpas para ampliar o
do saber, a luz do humanismo, para que se tenha a cons- controle sobre as populações marginalizadas, incluindo a
ciência de que tudo no universo está interligado ao Todo. classe média, as quais são induzidas por propagandas mi-
Para João Viegas Fernandes, a educação atual baseia-se na diáticas e, por “slogans sem sentido”.
“fragmentação e compartimentação do conhecimento por Essas propagandas e esses slogans fazem com que as
disciplinas não permite a compreensão da complexidade comunidades marginalizadas e classe média aceitem, pla-
da natureza nem da sociedade”. cidamente, as novas formas de controle social que lhes se-
Uma educação baseada em princípios transdisciplina- rão impostas em médio prazo. Para manter essa, digamos,
res, acimentada na educação familiar correta, as trevas da “boiada assustada” sob controle, os donos do poder conti-
ignorância seriam afastadas, a marginalização e o crime nuarão as distraindo e as marginalizando com os campeo-
entrariam em declínio e com um percentual altíssimo. Ci- natos de futebol, com sexualismo desvairado da podridão
dadãos assim formados, dentro dos princípios de um novo das novelas indutivas de novos costumes deletérios, com
humanismo e princípios holistas, teriam condições de criar os filmes violentos, com carnavais anuais e fora de época,
um Código Preventivo Penal voltado para as causas crimi- com os programas humorísticos, mantendo-as permanen-
nógenas (exógenas e endógenas), pois debelada estas, o temente assustadas com a criminalidade fora de controle,
efeito deixa de existir. Políticos hipócritas que vêem apenas mantendo-as afastadas de vários problemas domésticos e
as causas criminais e se aproveitam delas, a exemplo da- principalmente políticos.
queles que queriam construir muros segregacionistas, iso- Enfim, as peças enxadrísticas estão em movimento no
lando favelas, ensejando uma indução a um apartheid so- grande tabuleiro da curta e cruel história brasileira. Vamos
cial e econômico, deixariam de existir na política brasileira. ver qual o lado que dará o cheque mate para o recomeço
É interessante frisar que na visão de pensadores de mais um novo período histórico, o qual poderá ser to-
marxistas o delinquente seria um produto da sociedade talmente democrático (para todos e não para alguns), ho-
capitalista, portanto apenas uma vítima. A alternativa para lista e humanizado ou poderemos ter o pior de todos os
a diminuição da criminalidade teria que partir da revisão
horrores com o surgimento de regimes de extrema direita
dos valores capitalistas pela sociedade. Enfim corrigida
policialesco ou algo de podre parecido, preferencialmente
as causas criminógenas históricas mais comuns (Sócio-
importado dos EUA ou da Europa. Nesse tabuleiro um dos
familiares, Sócio-econômicas, Sócio-ético-pedagógicos,
lados já está em desequilíbrio acentuado.
Sócio-ambiental), e, infelizmente, somente a longo prazo,
Quem conseguir sobreviver ao trânsito caótico, regado
a população carcerária iria diminuir substancialmente. A
a álcool e da demência das nossas grandes cidades, quem
criminalidade e a segurança iriam retornar a patamares
conseguir sobreviver às ações criminógenas das hordas de
aceitáveis nas cidades. Os crimes seriam apreciados sob a luz
excluídos e dos desmandos criminógenos dos incluídos,
das causas endógenas e exógenas. A partir desse enfoque
todos enriquecidos dentro das causas exógenas e endóge-
seriam aplicadas medidas de ressocialização, adequadas
nas, será a testemunha ocular de um novo regime em um
a cada caso, e sob um severo controle tecnológico pelo
futuro não muito distante.
Estado.
37
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Sociologia Criminal Ferri acreditava que o delito não era produto exclusi-
vo de nenhuma patologia individual, para ele o delito era
A Sociologia Criminal, segundo Fernandes e Fernandes resultado da contribuição de diversos fatores: individuais,
busca explicar e justificar a maneira como os fatores do físicos e sociais. Na tese de Ferri, “o delito é um fenômeno
meio ambiente social atuam sobre a conduta individual, de social, com uma dinâmica própria e etiologia específica, na
forma a conduzirem o homem à iniciação delitiva, o crime qual predominam os fatores sociais”. A pena, por si só, seria
seria um fenômeno social. ineficaz, precisa vir antecedida ou acompanhada das ade-
Dias e Andrad elucidam que a referida teoria tem como quadas reformas econômicas, sociais, entre outras.
propósito problematizar a ordem social, ou seja, “a expli-
cação sociológica do crime deve ser tendencialmente glo- Sociologia Criminal e Teoria da Desorganização So-
balizante: para além e antes da sua explicação no plano do cial
acontecer e dos dados sociológicos, há que tentar explicá-
-lo ao nível da própria ordem social”. A teoria ecológica deu início à criminologia americana
Para Garcia-Pablos, esta teoria contempla o fato deliti- nas décadas de 20 e 30. A escola criminológica de Chicago
vo como fenômeno social e pretende explicá-lo em função tratou o crime como um “[…] fenômeno ligado a uma área
de um determinado marco teórico. Ainda, os modelos so- natural. Historicamente coincidente com o período das
ciológicos obtêm êxito em virtude da utilidade prática da grandes migrações e da formação das grandes metrópoles,
informação que subministram para os efeitos político-cri- teve a escola de Chicago que afrontar-se com o problema
minais. Esta teoria parte da premissa de que o crime é um característico do ghetto.”
fenômeno social muito seletivo, e que está unido a certos Segundo Dias e Andrade, a teoria da desorganização
processos, estruturas e conflitos sociais, tratando de isolar social se define como: “[…] o afrouxamento da influência
suas variáveis, constituindo, hoje, o paradigma dominante das regras sociais de conduta existentes sobre os mem-
e o contributo decisivo para um conhecimento realista do bros individuais do grupo” Thomas. A desorganização social
problema social. significa, do ponto de vista institucional, do grupo ou da
Em relação às causas que levam o homem ao crime comunidade, a impossibilidade de definir e impor mode-
a Sociologia Criminal, estudando as causas que levam o los coletivos de ação. E corresponde, para o indivíduo, a
homem ao crime, não desconsidera que a própria forma de uma condição de total liberdade para a expressão das suas
organização da sociedade, com suas falhas e defeitos sur- inclinações. Ainda segundo Thomas, a desorganização so-
gidos ao sabor da crescente complexidade de suas exigên- cial não passa de uma fase de um processo dinâmico de
cias, pode revestir-se de condição para que a criminalidade mudança, alternando, por isso, com fases de organização
aconteça. Essa sociedade, diga-se, necessita de leis gerais social.
que presidam sua constituição, organização, funcionamen- Reforçando esse entendimento, vale a pena reprodu-
to e sua própria evolução. zir o depoimento de Stanley no livro de Shaw: “[…] a vida
Constata-se assim, à luz dessa teoria, que o crime ad- nas ruas, tornou-se para mim fascinante e excitante (…). Eu
vém do meio social em que o indivíduo interage. Confor- era como uma canoa no meio duma forte corrente (…), as
me preceitua Hassemer, “há tempos encontram-se sinais possibilidades que eu tinha de dominar os desejos de me
favoráveis em relação às teorias, cuja origem e desenvol- deixar levar no sentido da corrente do mundo subterrâneo,
vimento da conduta criminosa localizam-se em um setor eram iguais aos que teria uma frágil canoa de vencer a cor-
intermediário entre os fatores individuais e os sociais”. rente”. E acrescenta: “Furtar na vizinhança era uma prática
Segundo este mesmo autor de acordo com o ponto comum entre os rapazes e aprovada pelo pais. Sempre que
de vista das teorias da socialização, a conduta criminosa é os rapazes se juntavam era para falar de furtos e para o
aprendida, é conduta socializada. A família, a escola, a vizi- planear (…). Os mais velhos entregavam-se a tarefas mais
nhança, os grupos de amigos, o ambiente profissional, as sérias como roubos, assaltos e furto de automóveis. Os
instâncias que realizam, portanto, o processo de socializa- mais novos admiravam os grandes golpes e aguardavam
ção do indivíduo, sua prática no padrão de conduta social, ansiosamente o dia de poderem participar deles”.
sua mentalidade e as normas, são as instituições, cujos de- Em razão dessa perspectiva, a proposta de política cri-
feitos prematuros podem colocar o germe do desvio deli- minal apropriada, esclarecem ainda os autores menciona-
tivo. dos, deve-se dar na pequena comunidade em que vivem
As teorias da socialização buscam as fixações históricas os delinquentes, por meio da mobilização das instituições
na pessoa do próprio desviante, e estabelecem conexões sociais locais, como, vizinhança, igreja, escolas, etc, a fim
com grupos sociais ou até mesmo com a sociedade em de que seja reconstruída a solidariedade social, atuante no
seu conjunto, a partir dos quais podem ser explicados os controle dos delinquentes.
defeitos de socialização. Sutherland, diz que “as chances Tal teoria procura explicar aqueles crimes de gangues,
de se tornar criminoso dependem da espécie, intensidade baseando-se no livro Delinquent boys, de Albert Cohen.
e duração, em dado momento, de diversos contatos do in- Afirma-se o seguinte: tais gangues formam-se dentro das
divíduo com outros”. cidades e possuem um conjunto de valores próprios (She-
Em suma, segundo o pensamento de Hassemer, a teo- caira).Esse novo conhecimento que vai sendo incorpora-
ria criminológica da aprendizagem pode ser compreendida do como qualquer outro elemento cultural e passa a ser
como sendo uma conduta criminosa aprendida em intera- aceito, fazendo parte de um comportamento que se afasta
ção com outras pessoas em um processo de comunicação, cada vez mais do que é socialmente aceito (exemplo: van-
principalmente nos grupos pessoais íntimos. dalismo).
38
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
O que se passa na mente desses criminosos? Segun- po possui seu próprio código de valores, que nem sempre
do Cohen, o indivíduo pratica o crime por prazer, sem que coincidem com os valores majoritários e oficiais, e todos
haja uma explicação racional para se cometer o crime, para cuidam de fazê-los valer frente aos restantes, ocupando o
ganhar status dentro do seu grupo de delinquentes o qual correspondente espaço social.
se rege pelas regras totalmente opostas às impostas pelo A conduta delitiva para as teorias subculturais, diferen-
Estado. Assim, segundo Cohen, existem três fatores carac- temente do que sustentavam as teses ecológicas, não seria
terísticos da subcultura deliquencial: o nãoutilitarismo; a produto da “desorganização” ou da “ausência de valores”,
malícia na conduta e o negativismo (Lallement). Em poucas senão reflexo e expressão de outros sistemas de normas e
palavras, o indivíduo pratica o crime sem que o produto lhe de valores distintos: os “subculturais”. Teria, portanto, um
seja útil, tem prazer em desconcertar e agredir o outro e respaldo normativo. Assim, tanto a conduta normal, regu-
ainda nega as normas vigentes, seguindo regras completa- lar, adequada ao Direito, como a irregular, desviada, deliti-
mente opostas a fim de afrontar a sociedade, resultante do va, seriam definidas em relação aos respectivos sistemas de
choque de culturas, o do sonho americano da classe média normas e valores oficiais e subculturais, isto é, contariam
e os jovens das classes populares. com uma estrutura e significação muito semelhante, visto
que o autor, em última análise (delinquente ou não-delin-
Teorias da Subcultura Delinquente quente), o que faz é refletir com sua conduta o grau de
aceitação e interiorização dos valores da cultura ou sub-
Diferentemente da teoria da desorganização social, as cultura à qual pertence (não por decisão própria), valores
teorias da subcultura delinquente partem da perspectiva que se interiorizam, reforçam e transmitem, mediante idên-
de que há, na verdade, uma integração, por parte do cri- ticos mecanismos de aprendizagem e socialização, tanto
minoso nos valores culturalmente dominantes, ou seja, a no caso de conduta normal ou regular como no de conduta
busca por sucesso e status. No entanto, muitos são conde- irregular ou desviada.
nados à frustração, e esta acaba por conduzi-los à alterna- As teorias subculturais, não obstante, afastam-se sensi-
tivas subculturais. velmente dos postulados estrutural-funcionalistas susten-
Segundo as teorias da subcultura delinquente, o cri- tados pelas teorias da “anomia” e discrepam, também, da
me resulta da interiorização e da obediência a um código análise ecológica da Escola de Chicago.
moral ou cultural que torna a delinquência imperativa. À Com efeito, o conceito de subcultura pressupõe a exis-
tência de uma sociedade pluralista, com diversos sistemas
semelhança do que acontece com o comportamento con-
de valores divergentes em torno dos quais se organizam
forme à lei, também a delinquência significa a conversão
outros tantos grupos desviados. Obriga, ademais, exami-
de um sistema de crenças e valores em ações. À luz destas
nar internamente referidas minorias e seus códigos axio-
teorias, não é só o delinquente que é visto como normal.
lógicos, é dizer, a partir da óptica dos próprios subgrupos.
Igualmente normal é o seu processo de aprendizagem,
Mais importante: obriga compreender o delito como op-
socialização e motivação. Com efeito, ao obedecer às
ção coletiva, como opção de grupo, com um particular sim-
normas subculturais, o delinquente mais não pretende do bolismo ou significado. No caso concreto da delinqüência
que corresponder à expectativa dos outros significantes “juvenil”, ela deveria ser vista como decisão de rebeldia aos
que definem o seu meio cultural e funcionam como grupo valores oficiais das classes médias, não como atitude racio-
de referência para efeitos de status e de sucesso. Isto é, nal e utilitária própria do mundo dos adultos. Todas essas
segundo a expressiva caracterização de Hirschi, “as teorias premissas, logicamente, são inadmissíveis para as teorias
da subcultura partem do princípio de que delinquentes são da “anomia”.
as culturas e não as pessoas”. De outro lado, para as teorias subculturais não interes-
As teorias subculturais surgem, na década de 50, como sa tanto a estrutura interna dos “bandos” e “organizações”
resposta, talvez, ao problema que suscitavam determina- (objetivo prioritário das teorias “ecológicas”), senão a “ori-
das minorias marginalizadas, sobretudo nos Estados Uni- gem” deles, que estão estreitamente vinculados ao proble-
dos: minorias étnicas, políticas, raciais, culturais etc., muito ma da estratificação social. Elas representam um “enfoque
ativas. Ainda que tais teorias pretendam circunscrever-se de classe social” que supera e enriquece a análise pura-
a esta temática (e, de modo particular, à delinquência “ju- mente ecológica ou ambiental. Para os modelos subcul-
venil”), com a obra de Cohen elas se convertem em uma turais não são certas áreas deterioradas (desorganização
explicação generalizadora da conduta desviada, chegando social) que geram a criminalidade das baixas classes sociais
a adquirir um papel predominante nas teorias da criminali- que nelas vivem, senão pelo contrário: as subculturas crimi-
dade da Sociologia Criminal norte-americana. nais constituem um produto do limitado acesso das classes
As teorias subculturais sustentam três ideias funda- sociais oprimidas aos objetivos e metas culturais das clas-
mentais: o caráter pluralista e atomizado da ordem social, ses médias, operando como instrumento para que aquelas
a cobertura normativa da conduta desviada e a semelhan- obtenham suas formas de êxito alternativas ou sucedâneos
ça estrutural, em sua gênese, do comportamento regular e gratificantes em guetos restringidos. Dito de outra manei-
irregular. A premissa destas teorias subculturais, antes de ra: o delito não é consequência da desorganização social
tudo, é contrária à imagem monolítica da ordem social que ou da carência ou vazio normativo, senão de uma organi-
era oferecida pela Criminologia tradicional. Referida ordem zação social distinta, de certos códigos de valores próprios
social, a teor deste novo modelo é um mosaico de grupos, ou ambivalentes em relação aos da sociedade oficial: dos
subgrupos, fragmentado, conflitivo; cada grupo ou subgru- valores de cada subcultura.
39
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Mas o conceito de “subcultura” está longe de ser pa- valorizada que se encontra estreitamente conectada com
cífico. Alguns autores o utilizam como sinônimo de “sub- a fama, o valor e a íntima satisfação”. A intencionalidade
sociedade”; outros para designar a mera “diferenciação de nos grupos subculturais, conforme o autor, se aproxima
papéis” ou, inclusive, para expressar a bem distinta acepção da “malícia” (dolo) e consiste em uma particular autocom-
de “contracultura”. placência para a provocação e o desafio dos tabus sociais
Os autores mais representativos destas novas concep- da cultura “oficial”. A última característica que apresentam
ções foram Cohen e Whyte, mas também são importantes as subculturas consiste no rechaço deliberado dos valores
as posteriores investigações de Matza, Bloch, Cloward, Oh- correlativos da classe média, pois não em vão a própria
lin, Wolfgang e Ferracuti etc. subcultura se autodefine como alternativa, como recâmbio,
Cohen (Delinquent boys) e Whyte (Street cornersociety) como mecanismo de substituição. Em todo caso, a subcul-
são os promotores das teses subculturais. O primeiro cen- tura criminal é uma cultura de “grupo”, coletiva, não uma
trou sua obra na análise da delinquência juvenil nas classes opção individual, privada, no sentido de Merton.
baixas, concluindo, da mesma maneira que Whyte, que as A tese de Cohen é inequivocamente sociológica, ainda
delinquencyareas ou zonas onde se concentra a criminali- que admita a existência de uma pluralidade de “tipos” de
dade não são âmbitos “desorganizados”, carentes de nor- delinqüentes juvenis, sendo que alguns se determinariam
mas e de controles sociais, senão zonas ou terrenos nos não por fatores subculturais senão psicogenéticos. O deci-
quais vigoram normas distintas das oficiais, é dizer, outros sivo, para o referido autor, é porque existem as subculturas,
valores “em bom estado de funcionamento”. e a gênese das mesmas, é dizer, como e por que surgem,
Cohen tratou de verificar por que as estatísticas oficiais que relação mantêm com a sociedade oficial etc., não por-
refletem índices de criminalidade tão elevados das baixas que um jovem passa de uma subcultura a outra. Estratifica-
classes sociais dos bairros pobres (slum), concluindo que ção social, dualismo normativo (valores das classes médias
o comportamento delitivo espelha um protesto contra as versus valores das classes baixas), conflito e atitude ambi-
normas das classes médias da cultura norte-americana. valente do jovem das baixas classes sociais e frustração são
Posto que a estrutura social impede o jovem das classes os conceitos básicos da teoria subcultural de Cohen.
baixas de ter acesso ao bem-estar por vias legais, ele ex- Com efeito, para este autor cada classe social tem seu
perimenta um conflito “cultural” ou um “estado de frustra- particular código de valores. A classe média põe especial
ção” que determina a sua integração em uma subcultura ênfase na eficiência e na responsabilidade individual, na
separada da sociedade ou cultura oficial, subcultura esta racionalidade, no respeito à propriedade, na construtivi-
“maliciosa, negativa e não utilitária”, provida de um sistema dade, no emprego do tempo livre, na poupança, na des-
de valores próprio e conflitante com o sistema oficial. consideração do prazer e na mobilidade social. Por sua
O delito, assim, não é consequência do “contágio so- vez as classes baixas concedem maior importância à força
cial” ou da “desorganização” (como sustentavam as teorias física e à coletividade e menor à desconsideração do pra-
ecológicas), senão expressão de outros sistemas normati- zer e à poupança. Os jovens pertencentes a estas últimas
vos (subculturais), cujos valores diferem dos majoritários, classes estão propensos ao conflito e à frustração porque
quando não são deliberadamente contrapostos. A subcul- se acham em desvantagem. De algum modo, participam
tura opera como evasão da cultura geral ou como reação de ambos sistemas de valores, pois pertencendo à classe
negativa frente a ela; é uma espécie de “cultura de recâm- trabalhadora seus próprios pais se sentem atraídos pelos
bio” que certas minorias marginalizadas, pertencentes a modelos das classes médias, atitude que é reforçada pelo
classes menos favorecidas, criam dentro da cultura oficial sistema educativo e pelo bombardeio institucional que ofe-
para dar vazão à ansiedade e frustração que sentem ao não rece êxito e estima social. Sem embargo, carecem das ade-
poder participar, por meios legítimos, das expectativas que quadas técnicas de socialização para seguir alguns valores,
teoricamente seriam oferecidas a todos pela sociedade. A os das classes médias, que não se coadunam com o status
via “criminal” é considerada, assim, um mecanismo subs- destes jovens, o que constitui um handicap intransponível
titutivo da ausência real de vias legítimas para fazer valer para atender às demandas da sociedade. O “conflito” é pro-
as metas culturais ideais que, de fato, a mesma sociedade duzido, diz Cohen, quando referidos jovens se identificam
nega para as classes menos privilegiadas. É uma forma que com as classes médias e, ao mesmo tempo, interiorizam os
permitiria às classes proletárias participar, ainda que seja valores da classe a que pertencem. Vinculados a uma posi-
por meios ilegítimos, do conjunto de valores das classes ção social inferior, e em desvantagem, não poderão superar
médias (êxitos, respeitabilidade, poder, influência etc.). as demandas do grupo a que aspiram sem sofrer graves
Conforme Cohen, suas investigações demonstram que problemas de adaptação.
tais subculturas criminais (de jovens) caracterizam-se por O conflito, na opinião do autor aqui várias vezes cita-
certas notas: não são utilitárias, possuem uma clara in- do, admite três alternativas: a adaptação, a transação ou o
tencionalidade, espírito de grupo e pretendem negar os pacto e a rebelião frente aos valores das classes médias. O
valores correlativos da sociedade oficial. Não são “utilitá- delinquent boy resolve sua “frustração de status” enfrentan-
rias” porque predomina em seus comportamentos o “sig- do de forma aberta os padrões da sociedade oficial, porque
nificado” simbólico sobre o material pecuniário: um furto, a subcultura criminal não “pactua” nem tolera ambiguida-
por exemplo, afirma Cohen, quando é cometido em um des e, ademais, precisamente referida rebeldia confere-
contexto subcultural “está longe de reflexões vinculadas -lhe prestígio. Na gênese da subcultura criminal, por outra
ao proveito ou ao lucro, pois na verdade é uma atividade parte, outorga Cohen grande relevância a certo processo
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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
41
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Assim, no pensamento de Durkheim, criminoso é o in- Erving Goffman, embora tenha reivindicado não ter
dividuo que deixa de obedecer as leis (símbolo visível da sido um interationista simbólico, é reconhecido como um
solidariedade social e fenômeno de ordem moral), produ- dos principais contribuintes à perspectiva.
zindo uma ruptura no organismo social. Robert Merton, Herbert Blumer selecionou três premissas básicas dessa
outro autor concordante com tal teoria, afirma que toda perspectiva que ampliam a compreensão usual do é a mo-
vez que a sociedade impõe metas (um determinado estilo tivação, a tradição e suas transformações (re-significações):
de vida, por exemplo) sem oferecer respaldo para que os - “Os seres humanos agem em relação às coisas com
indivíduos as atinjam, está criando uma situação de anomia base nos significados que eles atribuem a essas coisas”.
(a = ausência; nomos = lei) já que exerce pressão sobre o - “O significado de tais coisas é derivado de, ou é an-
individuo. terior à, interação social que uns têm com outros e com a
sociedade”.
Perspectiva Interacionista - “Esses significados são controlados em, e modifica-
dos por, um processo interpretativo usado pelas pessoas
O interacionismo simbólico é uma abordagem socio- interagindo entre si e com as coisas que elas encontram
lógica das relações humanas que considera de suma im- (em função do consenso que, no mínimo, torna a comuni-
portância a influência, na interação social, dos significados cação possível)”.
bem particulares trazidos pelo indivíduo à interação, assim
Blumer seguiu Mead e apresentou a proposição de que
como os significados bastante particulares que ele obtém
as pessoas interagem umas com as outras por meio de in-
a partir dessa interação sob sua interpretação pessoal. Ori- terpretação mutua das ações e definição um do outro, em
ginada na Escola de Chicago, essa abordagem é especial- vez de somente reagir às ações um do outro. Suas respos-
mente relevante na microsociologia e psicologia social. tas não são dadas diretamente às ações um do outro, mas
O interacionismo simbólico não se limita a essa inter- baseadas no significado que eles atribuem a tais ações. As-
pretação. Segundo a proposição de Hegel, por exemplo, sim, interação humana é mediada pelo uso de símbolos e
e de outros filósofos que escreveram sobre a linguagem, significados, através de interpretação, ou determinação do
o mundo simbólico só se constroi por meio da interação significado das ações um do outro (Blumer). Blumer com-
entre duas ou mais pessoas e, portanto, o simbolismo não parou esse processo, que ele designou “interação simbóli-
é resultado de interação do sujeito consigo ou mesmo de ca”, com as explicações behavioristas do comportamento
sua interação com um simples objeto. Apesar de ser um humano que não consideram a interpretação entre estímu-
sentido individual e uma base para todos e quaisquer sen- lo e resposta.
tidos que cada um dá às suas próprias ações, ela é fundada O interacionismo simbólico também vê além de sim-
nas interações do individuo, ou naquilo que o “eu” faz sen- ples indivíduos espalhados em atividades de comércio e
do regulado pelo que “nós” construímos socialmente. fast-food. Na realidade, muitas das redes de fast-food,
Essa escola se originou no pragmatismo americano e como McDonald’s, Burger King e outras do gênero, utili-
particularmente no trabalho de George Herbert Mead, que zam interacionismo simbólico. Com efeito, o que elas têm
demonstrou que os egos (self) das pessoas são produtos em comum é o uso das cores primárias vermelho e amarelo
sociais, sem deixar de ser propositados e criativos. Outros nos anúncios das suas casas comerciais. O vermelho e o
pioneiros na área foram Hebert Blumer e Charles Cooley. amarelo se associam, em nossa sociedade, à fome, porque
Blumer, um estudioso e intérprete de Mead, e criador do eles simbolicamente representam catchup e mostarda. As-
termo “interacionismo simbólico”, pôs em evidência as sim, aumentam o fluxo de clientes com fome.
principais perspectivas dessa abordagem: as pessoas agem Estudiosos do interacionismo simbólico investigam
em relação às coisas baseando-se no significado que essas como as pessoas criam significados durante interação so-
coisas tenham para elas; e esses significados são resultan- cial, como eles se apresentam e constroem o próprio ego
(ou “identidade”), e como são definidas as situações de
tes da sua interação social e modificados por sua interpre-
co-participação com outros. Um das idéias centrais dessa
tação.
perspective teórica é que as pessoas agem como elas agem
Sociólogos que trabalham nessa linha pesquisaram
por causa do modo como definem tais situações. Uma das
uma extensiva gama de tópicos utilizando uma varieda- aplicações de tais estudos é a sociologia da saúde-doença.
de de métodos de investigação. Entretanto, a maioria das Embora conceitos do interacionismo simbólico tenham
pesquisas de interacionistas utiliza métodos de pesquisa ganho um difundido uso entre sociólogos e influenciado
qualitativa, como observação participante, para estudar as- especialistas em psicologia social, tal perspectiva foi criti-
pectos da interação social e/ou self (individualidade). cada, particularmente durante os anos setenta quando os
As áreas da sociologia que foram mais influenciadas métodos quantitativos eram dominantes na sociologia.
pelo interacionismo simbólico incluem a sociologia das Ás críticas metodológicas, se somam críticas ao
emoções, comportamento desviante / criminologia, com- interacionismo simbólico por sua limitação teórica para
portamento coletivo / movimentos sociais e a sociologia lidar com estrutura social (um conceito sociológico
da vida sexual. Os conceitos interacionistas que ganharam fundamental) entre outros aspectos macrosociologicos.
ampla difusão incluem definição de situação (definition of Apesar de vários teóricos do interacionismo simbólico
the situation); trabalho emocional; administração de im- dirigiram-se a estes temas sem contudo conseguirem
pressão (manipulação da identidade); espelhamento do reconhecimento ou influenciara os trabalhos que focalizam
self (formação da identidade); e instituição total. esse nível de interação.
42
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Essa teoria se insere na teoria das ciências socias que Percebe-se então, que no estudo da vitimologia há
estudam as representações sociais e etnomedodologias. dois pontos fundamentais: o estudo do comportamento
Destacams-se como continuadores Becker e Goffman am- da vítima de forma geral, sua personalidade, seu atuar na
bos com importantes contribuições ao estudo do desvio, dinâmica do crime, sua etiologia e relações com o agente
saúde mental e criminologia. criminoso e a reparação do dano causado pelo delito.
Os participantes da Teoria das representações coleti- Podemos dizer que no Brasil já tinha noções de vitimi-
vas ou sociais iniciada na sociologia e antropologia com as logia, quando estudos demonstram que o Santo ofício da
contribuições de Durkheim e Lévy-Bruhl (teoria da magia, Inquisição agia como uma espécie de jus punienti contra
das religiões e do pensamento mítico) qualquer um que pudesse colaborar com ideias diferentes.
Destacam-se ainda Peter Berger importante teórico da Nunca se estabeleceu oficialmente um Tribunal no Brasil,
Sociologia do conhecimento autor do livro A construção so- embora tenha sempre agido em terras brasileiras por inter-
cial da realidade em co autoria com Thomas Luckmann, da médio das autoridades eclesiásticas locais e visitadores. Na
primeira década do século XVIII a Inquisição fez prisões em
Universidade de Frankfurt;
massa, no auto de fé de 1711 havia 52 brasileiros, as perse-
Berger e Luckmann situam Durkheim, Marx ,e Weber
guições e os confiscos de propriedades nesse ano levaram
entre seus antecessores onde quanto aos aspectos sócio-
a uma paralisação crescente na fabricação do açúcar, pre-
-psicológicos, especialmente importantes para análise da
judicando seriamente o comércio. Procurando resolver as
interiorização da realidade social, como destacam se di- demandas, necessita assim de um engajamento do poder
zendo influenciados por Mead e a escola simbólico inte- público, a fim de proporcionar melhores condições de vida
racionista, também criticando esta por não ter criado um à população desprovida de recurso.
conceito de estrutura social o que os impediu de relacio-
nar suas perspectivas com uma teoria macro-sociológica. Vítima: Etmon: Victima ae = da vítima + logos = trata-
Além de opor esta às contribuições de Freud identificando do, estudo = estudo da vítima. A palavra foi usada pela pri-
uma incompatibilidade entre Freud e Marx especialmen- meira vez, por Benjamim Mendelson, advogado israelense,
te quanto aos fundamentos antropológicos do Marxismo vítima da II Guerra mundial, em 1947, em palestra intitulada
ao contrário da teoria de Mead que também propõe uma “The origins of the Doctrine of Victimology”.
relação dialética entre a sociedade e o indivíduo. (Berger; “Pessoa que, individual ou coletivamente, tenha sofrido
Luckmann) danos, inclusive lesões físicas ou mentais, sofrimento emo-
No âmbito da psicologia considera-se que sobretudo cional, perda financeira ou diminuição substancial de seus
Mead e Blumer representam a principal corrente das deno- direitos fundamentais, como consequências de ações ou
mindadas formas sociológicas da psicologia social.A teo- omissões que violem a legislação penal vigente, nos Esta-
ria das representações sociais por sua vez influenciou os dos–Membros, incluída a que prescreve o abuso de poder”.
trabalhos de Vigotsky (desenvolvimento cultural) e Piaget (Resolução 40/34 da Assembléia Geral das Nações Unidas,
(teoria das representações infantis) além de Winnicott. de 29/11/85).
Pensou-se no passado que a vítima era sempre ino-
cente e o causador do delito o único e exclusivamente cul-
3.4. VITIMOLOGIA. pado. Com o tempo, as pesquisas, os estudos e segundo
a designação de Benjamin Mendelsohn, a vítima pode ser
inteiramente inocente na dinâmica do crime; pode ser tão
culpada quanto o agente; mais culpada do que o agen-
Vitimologia: é muito mais do que o estudo da in- te; pode ser menos culpada de que o agente criminoso e
ainda, poderá ser a única culpada do cometimento de um
fluência da vítima na ocorrência do delito, pois estuda os
crime.
vários momentos do crime, desde a sua ocorrência até as
O vitimólogo fundamenta sua classificação na corre-
suas consequências. O Direito Penal desde a Escola Clássica
lação da culpabilidade entre a vítima e o infrator. Vislum-
sempre concentrou seus estudos no trinômio delinquente
brando, pois, em primeira mão, a atitude da vítima relacio-
– pena – crime, após trabalhos apresentados sobre a situa- nada à aplicação da pena.
ção da vítima começaria a mudar, com a evolução do Direi- Vitimização: Vitimização, processo vitimizatório, ou
to Penal e os estudos sobre o delito, o infrator e a vítima foi vitimação são termos neológicos, oriundos de “vítima”, e
tendo importância no mundo todo. significam ação ou efeito de alguém vem a ser vítima de
Vitimologia é o estudo da vítima sob todos os aspec- sua própria conduta ou da conduta de terceiro, ou fato da
tos, possuindo assim, um caráter multi e interdisciplinar. natureza.
Nesse sentido, conforme assevera Eduardo Mayr, vitimo-
logia constitui “... o estudo da vítima no que se refere Classificação Vitimológica
à sua personalidade, quer do ponto de vista biológico,
psicológico e social, quer o de sua proteção social e ju- - Vítimas Inocentes “realmente vítimas”: São aquelas
rídica, bem como dos meios de vitimização, sua inter- que podem ser definidas como vítimas de si próprias. Não
-relação com o vitimizador e aspectos interdisciplinares tendo causa e nem fator, não tendo culpa alguma na reali-
e comparativos”. zação do delito.
43
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
- Vítimas Culpadas “falsa vítima”: São aquelas que - Ampla discussão na academias sobre a dimensão de
induzem, urdem, instigam e provocam o agente a ponto “Reparação do Dano”.
deste não suportar mais e praticar o delito. “Como duas - Divulgação ao alcance de todos, “entidades de ampa-
espécies de vítimas simuladoras e as imaginárias”. ro e socorro à vítima”.
- Vítimas Alternativas “vítimas ou delinquentes”: São
aquelas, que tanto podem ser vítimas como delinquentes Diferentemente de Vitimologia o campo de Direitos
ou se tornaram conhecidas com o desfecho do fato, uma Humano tem pouco apelo de pesquisa acadêmica e cientí-
vez que antes do fato não se sabe quem vai ser a vítima ou fica e menos literatura examinando temas de Vitimização.
quem vai ser delinquente. A Vitimologia pode oferecer aos Direitos Humanos
a metodologia e um conjunto de Teorias Vitimológicas e
Proteção às Vítimas questões, sem contar com dados comparativos e outras
categorias de vítimas, como vítimas de crime. Com ênfase
A política criminal não pode continuar limitada à ideia
no crime, a Vitimologia pode auxiliar os Direitos Humanos
de “tratamento”, deve-se tentar de todas as formas de in-
a teorizar mais claramente sobre “crimes contra a humani-
tervenção destinadas a neutralizar as cargas de medo e
dade”, ainda parcialmente operacionalizado. Pode também
frustração da vítima, consolidando que se converta à vítima
ajudar a melhor conceituar a Vitimização definida como
em fim autônomo da própria política criminal.
A inclusão real da vítima na investigação e no pró- Criminal, comparativamente às não consideradas Criminais,
prio processo criminal na condição de aliada ao trabalho apesar de seus efeitos danosos.
do Ministério Público, demonstram que, inúmeros delitos O Direito Humano pode ajudar a examinar as fontes
não ocorreriam se a vítima não facilita-se, diretamente a de Vitimização e a relação entre causa da opressão. As ví-
ação do criminoso. A Lei 9.807 de 13 de Julho de 1.999 timas de opressão terão uma responsabilidade funcional
estabelece normas e programas para proteção das vítimas, para com a Vitimização? A que ponto as violações de Direi-
que tenham ou venham a ser ameaçadas pelos criminosos. tos Humanos emergem de mecanismos de controle social
Dentre tantas algumas destacam-se: doméstico? Alguns grupos ou poucos poderiam Ter sido
- A Lei 8.078/90 “Fundo para indenização ao consumi- designados implícita ou explicitamente vítima alternada-
dor”. mente “legitimadas”, não lhes garantindo proteção efetiva?
- A Lei 9.503/98 “Instituiu o Código de Trânsito, no arti- Paradoxalmente pode, se fornecer mais dados adotan-
go 297 fazendo previsão de multa reparatória, consistindo do perspectivas, mas amplas dos Direitos Humanos.
no pagamento mediante depósito no artigo 49 do Código
Penal, sempre que houver prejuízo demonstrado no pro- Fases do Inter Victimae, o crime precipitado pela
cesso”. vítima
- A Lei 9.605 de 12/2/98, “no âmbito dos crimes contra
o meio ambiente, instituiu a pena pecuniária consistindo - Intuição, “quando se planta na mente da vítima a
no pagamento em dinheiro a vítima ou entidade pública, ideia de ser prejudicado por um ofensor”.
privada de acordo com o artigo 45 § 1º do Código Penal a - Atos preparatórios (conatus remotus), “momento em
serem fixados pelo juiz”. que revela a preocupação de tomar as medidas prelimina-
res para defender-se ou ajustar o seu comportamento”.
Algumas Propostas: - Início da execução (conatus proximus), “oportunidade
- Implementação do disposto no artigo 245 da Consti- em que a vítima começa a operacionalização de sua defesa
tuição Federal do Brasil. aproveitando a chance que dispõe para exercitá-la”.
- Disposições Constitucionais Gerais.
- Execução (executio), “resistência da vítima para evitar
- Criação de programas ou organismos de iniciativa pri-
a todo custo, que seja atingida pelo resultado pretendido
vada de defesa, amparo e proteção dos direitos da vítima.
por seu agressor”.
- Criação do “ressarcimento securitário”.
- Consumação (consumatio), “quando a prática do fato
- Fundos de compensação, “caixa de ressarcimento”
(modelo cubano, peruano e boliviano: O Estado indeniza a demonstrar que o autor não alcançou seu propósito (fins
vítima depois cobra o infrator). operantis) em virtude de algum impedimento alheio à sua
- Implementação do que dispõem as Leis 7.347/85 vontade, aí pode se classificar como tentativa de crime”.
(fundo para indenizações ao consumidor).
- Utilização do Fundo Penitenciário que dentre suas Diante do que discorre o artigo 59, Caput do Código
funções, uma delas é a reparação à vítima de crime. Penal, passou a ser do magistrado na dosimetria da pena,
- Rede Pró-Justiça Comunitária e Solução de Conflitos, analisar o comportamento da vítima (antes e depois do
“vigentes no Canadá, desde 1985”. delito) como circunstância judicial na individualização da
- Lei nº 9.807 de 13 de Julho de 1999, “que estabelece pena imposta ao acusado. De acordo com o professor Ed-
normas para organização e manutenção de programas es- mundo de Oliveira, “Inter Victimae é o caminho, interno
peciais de proteção a vítimas e a testemunhas ameaçadas”. e externo, que segue um indivíduo para se converter em
- Divulgação ampla de uma “Cartilha dos Direitos das vítima, o conjunto de etapas que se operam cronologica-
Vítimas”. mente no desenvolvimento de Vitimização”.
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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Recentemente, a situação vem se revertendo, o nosso circunstâncias mais apropriadas para a análise desses ou-
ordenamento jurídico abriga alguns dispositivos consti- tros fatores. Deve se ressaltar que os crime prescritos não
tucionais e infraconstitucionais relacionados à vítima, tais devem ser levados em consideração neste caso, embora
como, o art. 245 da Constituição Federal de 1988 e arts. 59, haja entendimento diverso.
61, II, c, parte final e art. 65, III, c, do Código Penal. A conduta social do acusado está relacionada, com a
Assim, a principal mudança deu-se com a reforma do comunidade em que ele se encontra inserido, seu compor-
Código Penal pelo advento da Lei n.º 7.209/84 que veio tamento familiar, no trabalho, na vizinhança. Esse fator faz
modificar a Parte Geral do Código Penal, cujo texto contido com que o juiz conheça a pessoa que está julgando a fim de
no Capítulo III – Da aplicação da pena, art. 59 caput, passou analisar se merece maior ou menor reprimenda.
a estabelecer, in verbis: “O juiz atendendo à culpabilida- A personalidade do réu, não pode ser confundida com
de, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade maus antecedentes, servindo para determinar o âmbito de
do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequên- autodeterminação do indivíduo, a fim de firmar o grau de
cias do crime, bem como o comportamento da vítima, sua culpabilidade. Os motivos são os fatos que levaram o
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente individuo à prática da conduta criminosa. É o elemento psi-
para reprovação e prevenção do crime”. cológico que propulsiona a conduta e, para dosagem da
Resta claro, pois, a importância do art. 59, caput do Có- pena, deve-se levar em conta sua natureza e qualidade.
digo Penal no momento em que o magistrado vai fazer a As circunstâncias do crime constituem um complemen-
dosimetria da pena, sendo seu dever levar em considera- to ao tipo penal, não existindo sem ele. Elas promovem
ção, dentre outras circunstâncias, o comportamento vitimal mudanças qualitativas e quantitativas na reprovabilidade
no cometimento do delito e mesmo antes deste, a fim de da conduta e, consequentemente na sua gravidade. Não se
que se dê a correta aplicação da pena. O referido artigo, confundem com as circunstâncias legais dos artigos 61, 62,
portanto, encontra amparo Constitucional - art. 5º XLVI. 65 e 66 do Código Penal.
As consequências do crime representam o dano causa-
Nosso Código Penal, em seu artigo 59, orienta o juiz na do pela conduta delituosa e sua repercussão social e cla-
primeira fase de fixação da pena, levando em conta não só mor público.
o agente ativo ou as circunstâncias, mas também a vítima, O comportamento da vítima, em estudo neste trabalho,
sendo o primeiro dispositivo legal que permite a aplicação poderá aumentar ou diminuir a reprovabilidade da condu-
da vitimologia. Assim dispõe o artigo: “art. 59. O juiz, aten- ta delituosa, não podendo haver compensação de culpas.
dendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, Essa contribuição da vítima é levada em conta apenas para
o abrandamento da pena aplicada, entretanto é de gran-
à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e
de importância sua análise como explana Delmanto: “O
consequências do crime, bem como ao comportamento da
comportamento do ofendido deve ser apreciado de modo
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente
amplo no contexto da censurabilidade do autor do crime,
para reprovação e prevenção do crime”.
não só diminuindo, mas também aumentando, eventual-
Com base neste artigo, o juiz deverá fixar o tipo de
mente. Não deve ser igual a censura que recai sobre quem
pena, sua quantidade, o regime de cumprimento e, quando
rouba as fulgurantes jóias que uma senhora ostenta e a
permitido, a substituição de pena, necessários e suficientes responsabilidade de quem subtrai donativos, por exemplo,
para a repressão do crime cometido e sua prevenção. do Exército da Salvação”.
Esse dispositivo busca atender ao princípio constitucio- O processo de fixação da pena, como demonstra Bar-
nal da individualização da pena, a fim de alcançar reprova- reiros, ao citar Nucci, é ato de discricionariedade onde o
ção e a prevenção do crime praticado, bem como a resso- juiz, observando o limite mínimo e máximo da pena es-
cialização do agente, levando em consideração as circuns- tabelecidos na lei para o determinado delito, estabelece
tâncias judiciais, assim chamadas por servirem de base para o quantum de acordo com seu convencimento, formado
uma atividade jurisdicional, nele mencionadas. A reprova- durante o processo.
ção equivale à punição do agente pelo delito praticado, já a Todavia, essa discricionariedade é limitada a fim de
prevenção está não só em fazer com que o agente não volte prevalecer uma pena justa e suficiente para aquele delito
a delinquir, como também em evitar que outras pessoas ve- e aquele delinquente. Essa limitação está exatamente na
nham a delinqüir pelo medo da punição. exigência de fundamentação de todos os argumentos uti-
As circunstâncias judiciais são subdivididas em subjeti- lizados na sentença, seja ela condenatória ou absolutória,
vas, compreendendo os antecedentes, a conduta, a perso- prevista no artigo 93, inciso IX da Constituição Federal.
nalidade e os motivos do delito e objetivas, que constituem A fundamentação faz-se necessária também, como
as circunstâncias do crime, suas consequências e o com- lembra Barreiros, em caso de recurso. Estando a parte in-
portamento da vítima. Estas circunstâncias são descritas por conformada com a decisão, irão exercitar e fundamentar
Barreiros, detalhadamente em seu artigo. Pelos anteceden- seu direito de recurso com base na motivação.
tes, entendemos as ocorrências criminais na vida pregressa Atualmente, entende-se que essa fundamentação so-
do infrator, embora o STF esteja hoje levando em considera- mente se faz necessária, em relação aos pontos desfavorá-
ção como antecedentes as circunstâncias do crime e a per- veis ao infrator, vez que, para fixação da pena o juiz parte do
sonalidade do agente. Independente desse posicionamen- mínimo previsto em lei e a pena final não pode ser inferior
to entende-se mais acertado não considerar antecedente, a esse mínimo. Presume-se assim que as circunstâncias não
nada além das ocorrências criminais, já que o artigo 59 traz mencionadas são favoráveis ao réu.
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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
O Código Penal, como ressalta Damásio, adotou o siste- Já na terceira fase, onde são aplicadas as causas de au-
ma de fixação de pena de Nelson Hungria, que a divide em mento e diminuição, tendo em vista que a lei traz previsão
três fases. Na primeira, o juiz deve considerar primeiro as de quanto deve aumentar ou diminuir, a pena final aplicada
circunstâncias judiciais do artigo 59, dentre elas o compor- pode ficar abaixo do mínimo ou acima do máximo previsto
tamento da vítima, em relação à pena abstrata, para depois para o tipo penal do caput.
levar em conta as circunstâncias legais genéricas, sendo Havendo conflito entre circunstâncias judiciais favo-
elas as agravantes e atenuantes, para, em seguida, aplicar ráveis e desfavoráveis ao agente, deve-se levar em conta
as causas de aumento ou diminuição. Estas últimas fases primeiramente as que digam respeito à personalidade do
são aplicadas em relação à pena fixada na primeira fase. agente, aos motivos do crime e aos antecedentes, em se-
Essa posição é questionada pela doutrina, pois pode guida as circunstâncias subjetivas e, finalmente, as conse-
levar o juiz a considerar duas vezes a mesma circunstâncias, quências do crime e o comportamento da vítima.
ou seja, ao fixar a pena base levaria em conta, por exemplo, Nos ensina Capez, que as circunstâncias judiciais do ar-
o motivo, com fundamento no artigo 59, e depois, na se- tigo 59, além de influenciarem na fixação da pena, também
gunda fase, consideraria o mesmo motivo, com fundamen- são levadas em conta na fixação do regime de cumprimen-
to no artigo 61, II, “a”. to da pena final fixada, devendo também ser fundamenta-
Essa discussão, contudo, segundo Damásio, não é cor- da com base nelas a fixação de um regime mais severo ou
reta, tendo em vista que o juiz, ao levar em conta qualquer mais brando. O artigo 59 também terá relevância quando
circunstância, deve fundamentá-la de forma pormenoriza- a lei e o caso concreto permitirem a substituição da pena
da. privativa de liberdade por outra.
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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
A preocupação com a reparação causada injustamen- Todavia, este argumento posteriormente fora refutado
te como medida de justiça remonta desde a antiguidade, por Mendelsohn, que ao ampliar seu conceito, consideran-
embora sem a clareza científica da vitimologia atual, como do todas as categorias de vítimas na sociedade, inclusive
podemos verificar através dos Códigos e Leis antigos, den- as não decorrentes de crimes, antecipou-se à concepção
tre eles o Código de Ur-Nammu, as Leis de Eshnunna, o atual de vitimologia. É por esta amplitude conceitual que
Código de Hammurabi, o Alcorão, o Código de Manu e a transcende o estudo das vítimas criminais, que a vitimo-
Lei das XII Tábuas. logia era considerada por Mendelsohn e hoje, por vários
A vitimologia nasceu após a segunda Guerra Mundial, outros estudiosos, como ciência autônoma.
mais especificamente em 1947, dois anos após seu térmi- Essa consolidação da vitimologia como ciência inde-
no, em decorrência do sofrimento dos judeus pelo nazismo pendente, veio a se confirmar com a Declaração dos Princí-
de Hitler que teve como resultado milhões de mortos, feri- pios Básicos de Justiça para as Vítimas de Delitos e Abuso
dos e desaparecidos que chocou o mundo e influenciou o de Poder, no 7° Congresso das Nações Unidas sobre a Pre-
Direito Penal na Europa. venção do Crime e Tratamento do Delinquente, no ano de
1985, em Milão.
Com isso, o estudo da vítima, que se encontrava es-
Nesse congresso firmou-se um conceito mundial de
quecida desde a época da vingança privada, voltou a ter
vítima, como sendo o individuo ou coletividade que tenha
importância deixando de ser o Direito Penal, o Direito dos
sofrido lesões de qualquer tipo (físicas ou psíquicas) em
Criminosos, como afirmou Carrara.
decorrência de violações da legislação de cada Estado-
Nos mostra Calhau que o estudo da vítima teve como -Membro ou ainda de normas reconhecidas mundialmen-
seu precursor Benjamim Mendelsohn, Professor Emérito da te, relativas a Direitos Humanos.
Universidade Hebraica de Jerusalém e também vítima da No Brasil, temos como estudiosos do tema Edgard de
Guerra, quando falou em 1947 sobre o assunto na con- Moura Bittencourt, Laércio Pelegrino e a professora Armin-
ferencia realizada na Universidade de Bucareste. No ano da Bergamini Miotto, que contribuíram para a difusão da
seguinte o tema foi abordado por Hans Von Hentig ao di- vitimologia no país.
vulgar sua pesquisa “O criminoso e sua vítima” na universi-
dade de Yale, onde traçou a importância da psicologia no A aplicabilidade da Vitimologia no Brasil
estudo da vítima juntamente com seu ofensor.
Após estes estudiosos que deram o primeiro passo, Atualmente temos o que podemos chamar de crimi-
outros vieram a discutir o tema, com destaque para Vasile nalidade oculta vez que nem todos os delitos que ocorrem
Stanciu autor de grandes obras sobre sociologia criminal, são levados a conhecimento das autoridades policiais e ju-
com enfoque para a vitimologia. diciária (cifra negra) devido ao medo de represálias ou pela
A vitimologia se consagrou como disciplina criminoló- descrença na justiça penal, fazendo com que as estatísticas
gica em 1956 quando o próprio Mendelsohn sistematizou oficiais não representem fielmente a real criminalidade.
vários estudos de sua autoria; começou a crescer, chegan- Assim, as pesquisas de vitimização compostas por
do em 1965 à América Latina, com Jimenez de Asúa, sendo questionários estruturados, direcionados às vítimas dos
ali o primeiro jurista a se ocupar dela em seminário reali- delitos, sem levar em conta as estatísticas oficiais, como
zado na Faculdade de Direito de Buenos Aires. Em segui- aponta Molinas, “permitem avaliar cientificamente a crimi-
da, chegou a Israel, onde foi realizado no ano de 1973, na nalidade real, constituindo a técnica mais adequada para
cidade de Jerusalém, sob a supervisão de Israel Drapkin quantificá-la e identificar suas variáveis”. Permitem identi-
(diretor do Instituto de Criminologia da Faculdade de Direi- ficar variáveis como idade, nível econômico e sexo das ví-
to da Universidade Hebraica de Jerusalém), o I Congresso timas em cada tipo de delito, facilitando os programas de
Internacional de Vitimologia onde se discutiu as causas da prevenção.
Nosso pais é recordista em analfabetismo, desigual-
vitimização e sua prevenção e pesquisa.
dade social pela alta concentração de renda nas mão de
Após este, vários outros simpósios foram organizados
poucos, desemprego, desnutrição infantil e falta de sanea-
ao longo dos anos pelo mundo: 1976 em Boston, Estados
mento básico e água potável. Esses fatores favorecem, e
Unidos; 1979 em Münter, República Federal da Alemanha;
muito, o processo de vitimização da nossa população. Daí
1982 em Tóquio e Quioto, Japão; 1985 em Zagreb, Iugoslá- a necessidade de se dar maior importância à vitimologia,
via e os Congressos Internacionais realizados em 1980 nos não só buscando a punição do infrator ou a reparação das
Estados Unidos e em 1982 na Itália. consequências de sua conduta mas também orientando o
O surgimento repentino da vítima, a exemplo do que Poder Público na prevenção dessas causas de vitimização.
ocorrera no passado com o criminoso, fez com que Men- O estudo da vítima, sob seus variados aspectos cons-
delsohn propusesse à ONU que considerasse a vitimologia titui um dos grandes desafios das ciências criminais. O as-
como uma ciência e não mais como um desdobramento sunto reúne à elevação teórica uma significativa importân-
da criminologia, o que foi objetado por Pinatel sob o argu- cia prática, isso concernente ao comportamento da vítima
mento de que criminoso e vítima são indissociáveis, sendo no julgamento e aplicação da pena e quanto à reparação
a criminologia e a vitimologia o estudo do fato crimino- do dano. Podemos afirmar que a vítima foi, durante muito
so como um todo, definindo a tese de Mendelsohn como tempo esquecida, porém, modernamente, e com a edição
abrangente. da Lei n.º 9.099/95 que trouxe importantes modificações, a
48
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
tendência atual do direito penal, seguido por outros ramos O termo “estado democrático de direito” conjuga dois
do Direito, é a valorização da vítima. Resta claro, pois, que conceitos distintos que, juntos, definem a forma de funcio-
ainda há muito a se explorar, porém, é mister concluirmos namento tipicamente assumido pelo Estado de inspiração
pela ascensão do papel da vítima como elemento estrutu- ocidental. Cada um destes termos possui sua própria defi-
ral do Estado Democrático de Direito. nição técnica, mas, neste contexto, referem-se especifica-
mente a parâmetros de funcionamento do Estado ociden-
tal moderno.
3.5. PREVENÇÃO DO DELITO. Neste contexto específico, o termo “democracia” refe-
re-se à forma pela qual o Estado exerce o seu poder so-
berano. Mais especificamente, refere-se a quem exercerá o
poder de estado, já que o Estado propriamente dito é uma
Institucional, no qual cada um é submetido ao respeito ficção jurídica, isto é, não possui vontade própria e depen-
do direito, do simples indivíduo até a potência pública. O de de pessoas para funcionar.
estado de direito é assim ligado ao respeito da hierarquia Em sua origem grega, “democratia” quer dizer “go-
das normas, da separação dos poderes e dos direitos fun- verno do povo”. No sistema moderno, no entanto, o povo
damentais. não governa propriamente (o que representaria uma de-
Em outras palavras, o estado de direito é aquele no mocracia direta). Assim, os atos de governo são exercidos
qual os mandatários políticos (na democracia: os eleitos) por membros do povo ditos “politicamente constituídos”,
são submissos às leis promulgadas. que são aqueles nomeados para cargos públicos através
A teoria da separação dos poderes de Montesquieu, na de eleição.
qual se baseiam a maioria dos estados ocidentais moder- No Estado democrático, as funções típicas e indele-
nos, afirma a distinção dos três poderes (executivo, legis- gáveis do Estado são exercidas por indivíduos eleitos pelo
lativo e judiciário) e suas limitações mútuas. Por exemplo, povo para tanto, de acordo com regras pré-estabelecidas
em uma democracia parlamentar, o legislativo (Parlamen- que regerão o pleito eleitoral.
to) limita o poder do executivo (Governo): este não está O estado de direito é aquele em que vigora o chama-
livre para agir à vontade e deve constantemente garantir do “império da lei”. Este termo engloba alguns significa-
o apoio do Parlamento, que é a expressão da vontade do dos: primeiro que, neste tipo de estado, as leis são criadas
povo. Da mesma forma, o poder judiciário permite fazer pelo próprio Estado, através de seus representantes politi-
contrapeso às certas decisões governamentais (especial- camente constituídos; o segundo aspecto é que, uma vez
mente, no Canadá, com o poder que a Carta dos Direitos que o Estado criou as leis e estas passam a ser eficazes
e Liberdades da pessoa confere aos magistrados). O estado (isto é, aplicáveis), o próprio Estado fica adstrito ao cumpri-
de direito se opõe assim às monarquias absolutas de direi- mento das regras e dos limites por ele mesmo impostos; o
to divino (o rei no antigo regime pensava ter recebido seu terceiro aspecto, que se liga diretamente ao segundo, é a
poder de Deus e, assim, não admitia qualquer limitação a característica de que, no estado de direito, o poder estatal
ele: “O Estado, sou eu”, como afirmava Luís XIV) e às ditadu- é limitado pela lei, não sendo absoluto, e o controle desta
ras, na qual a autoridade age frequentemente em violação limitação se dá através do acesso de todos ao Poder Judi-
aos direitos fundamentais. O estado de direito não exige ciário, que deve possuir autoridade e autonomia para ga-
que todo o direito seja escrito. A Constituição do Reino rantir que as leis existentes cumpram o seu papel de impor
Unido, por exemplo, é fundada unicamente no costume: regras e limites ao exercício do poder estatal.
ela não dispõe de disposições escritas. Num tal sistema de Outro aspecto do termo “de direito” refere-se a que tipo
direito, os mandatários políticos devem respeitar o direito de direito exercerá o papel de limitar o exercício do poder
baseado no costume com a mesma consideração que num estatal. No estado democrático de direito, apenas o direito
sistema de direito escrito. positivo (isto é, aquele que foi codificado e aprovado pe-
O poder do Estado é uno e indivisível. A função do po- los órgãos estatais competentes, como o Poder Legislati-
der se divide em três grandes funções: a função legislativa, vo) poderá limitar a ação estatal, e somente ele poderá ser
a função judicial e a função executiva. invocado nos tribunais para garantir o chamado “império
da lei”. Todas as outras fontes de direito, como o Direito
Estado Democrático de Direito Canônico ou o Direito natural, ficam excluídas, a não ser
que o direito positivo lhes atribua esta eficácia, e apenas
Estado democrático de direito é um conceito que de- nos limites estabelecidos pelo último.
signa qualquer Estado que se aplica a garantir os respeitos Nesse contexto, destaca-se o papel exercido pela
das mulheres em liberdades civis, ou seja, o respeito pelos Constituição. Nela delineiam-se os limites e as regras para
direitos humanos e pelas liberdades fundamentais, através o exercício do poder estatal (onde se inscrevem as cha-
do estabelecimento de uma proteção jurídica. Em um es- madas “garantias fundamentais”), e, a partir dela, e sempre
tado de direito, as próprias autoridades políticas estão su- tendo-a como baliza, redige-se o restante do chamado “or-
jeitas ao respeito da regra de direito. Trata-se de um termo denamento jurídico”, isto é, o conjunto de leis que regem
complexo que define certos aspectos do funcionamento de uma sociedade. O estado democrático de direito não pode
um ente político soberano, o Estado. prescindir da existência de uma Constituição.
49
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Origem: Considera-se o livro Die deutsche Polizeiwis- que favoreceu o surgimento do positivismo jurídico como
senschaft nach den Grundsätzen des Rechtsstaates (A Ciên- garantia do Estado de Direito. Por outro lado, a igualdade
cia Policial Alemã de acordo com os princípios do estado formal, por si só, com o tempo, acabou revelando-se uma
de Direito), do escritor alemão Robert von Mohl, como a garantia inócua, pois, embora todos estivessem submeti-
obra seminal, inauguradora do pensamento teórico sobre dos ao império da letra da lei, não havia controle sobre seu
o “império da lei”. A obra foi escrita entre 1832 e 1834 e conteúdo material, o que levou à substituição do arbítrio
publicada em 1835. Além disso, existe corrente teórica do do rei pelo do legislador.
pensamento político alemão, que foi comandada pelo in- Em outras palavras: no Estado Formal de Direito, todos
fluente filósofo político Friedrich Hayek, que considera os são iguais porque a lei é igual para todos e nada mais. No
escritos de Immanuel Kant como a base sobre a qual se plano concreto e social não existe intervenção efetiva do
construiria, mais tarde, o pensamento político de von Mohl. Poder Público, pois este já fez a sua parte ao assegurar a
todos as mesmas chances, do ponto de vista do aparato
Direito Penal no Estado Democrático de Direito legal. De resto, é cada um por si.
Ocorre que as normas, embora genéricas e impessoais,
A Constituição Federal brasileira, em seu art. 1º, caput, podem ser socialmente injustas quanto ao seu conteúdo.
definiu o perfil político-constitucional do Brasil como o de É perfeitamente possível um Estado de Direito, com leis
um Estado Democrático de Direito. Trata-se do mais im- iguais para todos, sem que, no entanto, se realize justiça
portante dispositivo da Carta de 1988, pois dele decorrem social. É que não existe discussão sobre os critérios de sele-
todos os princípios fundamentais de nosso Estado. ção de condutas delituosas feitos pelo legislador. A lei não
Estado Democrático de Direito é muito mais do que reconhece como crime uma situação preexistente, mas, ao
simplesmente Estado de Direito. Este último assegura a contrário, cria o crime. Não existe necessidade de se fixar
igualdade meramente formal entre os homens, e tem como um conteúdo material para o fato típico, pois a vontade su-
características: prema da lei é dotada de poder absoluto para eleger como
- a submissão de todos ao império da lei; talo que bem entender, sendo impossível qualquer discus-
- a divisão formal do exercício das funções derivadas são acerca do seu conteúdo.
do poder, entre os órgãos executivos, legislativos e judi- Diante disso, pode-se afirmar que a expressão “Estado
ciários, como forma de evitar a concentração da força e de Direito”, por si só, caracteriza a garantia inócua de que
combater o arbítrio; todos estão submetidos ao império da lei, cujo conteúdo
- o estabelecimento formal de garantias individuais; fica em aberto, limitado apenas à impessoalidade e à não-
- o povo como origem formal de todo e qualquer po- -violação de garantias individuais mínimas.
der; Por essa razão, nosso constituinte foi além, afirmando
- a igualdade de todos perante a lei, na medida em que o Brasil não é apenas um Estado de Direito, mas um
que estão submetidos às mesmas regras gerais, abstratas Estado Democrático de Direito.
e impessoais; Verifica-se o Estado Democrático de Direito não ape-
- a igualdade meramente formal, sem atuação efetiva nas pela proclamação formal da igualdade entre todos os
e interventiva do Poder Público, no sentido de impedir dis- homens, mas pela imposição de metas e deveres quanto à
torções sociais de ordem material. construção de uma sociedade livre, justa e solidária; pela
Embora configurasse relevantíssimo avanço no com- garantia do desenvolvimento nacional; pela erradicação da
bate ao arbítrio do absolutismo monárquico, a expressão pobreza e da marginalização; pela redução das desigual-
“Estado de Direito” ainda carecia de um conteúdo social. dades sociais e regionais; pela promoção do bem comum;
Pela concepção jurídico-positivista do liberalismo pelo combate ao preconceito de raça, cor, origem, sexo,
burguês, ungida da necessidade de normas objetivas in- idade e quaisquer outras formas de discriminação (CF, art.
flexíveis, como único mecanismo para conter o arbítrio do 3º, I a IV); pelo pluralismo político e liberdade de expressão
Absolutismo monárquico, considerava-se direito apenas das idéias; pelo resgate da cidadania, pela afirmação do
aquilo que se encontrava formalmente disposto no orde- povo como fonte única do poder e pelo respeito inarredá-
namento legal, sendo desnecessário qualquer juízo de va- vel da dignidade humana.
lor acerca de seu conteúdo. A busca da igualdade se con- Significa, portanto, não apenas aquele que impõe a
tentava com a generalidade e impessoalidade da norma, submissão de todos ao império da mesma lei, mas onde
que garante a todos um tratamento igualitário, ainda que a as leis possuam conteúdo e adequação social, descreven-
sociedade seja totalmente injusta e desigual. do como infrações penais somente os fatos que realmente
Tal visão defensiva do direito constituía um avanço e colocam em perigo bens jurídicos fundamentais para a so-
uma necessidade para a época em que predominavam os ciedade.
abusos e mimos do monarca sobre padrões objetivos de Sem esse conteúdo, a norma se configurará como
segurança jurídica, de maneira que se tomara uma obses- atentatória aos princípios básicos da dignidade humana.
são da ascendente classe burguesa a busca da igualdade A norma penal, portanto, em um Estado Democrático de
por meio de normas gerais, realçando-se a preocupação Direito não é somente aquela que formalmente descreve
com a rigidez e a inflexibilidade das regras. Nesse contexto, um fato como infração penal, pouco importando se ele
qualquer interpretação que refugisse à visão literal do texto ofende ou não o sentimento social de justiça; ao contrário,
legal poderia ser confundida com subjetivismo arbitrário, o sob pena de colidir com a Constituição, o tipo incriminador
50
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
deverá obrigatoriamente selecionar, dentre todos os com- uma vez que nenhuma conduta pode, materialmente, ser
portamentos humanos, somente aqueles que realmente considerada criminosa se, de algum modo, não colocar em
possuem real lesividade social. perigo valores fundamentais da sociedade.
Sendo o Brasil um Estado Democrático de Direito, por Imaginemos um tipo com a seguinte descrição: “ma-
reflexo, seu direito penal há de ser legítimo, democrático nifestar ponto de vista contrário ao regime político domi-
e obediente aos princípios constitucionais que o infor- nante ou opinião contrária à orientação política dominante:
mam, passando o tipo penal a ser uma categoria aberta, Pena - 6 meses a 1 ano de detenção”.
cujo conteúdo deve ser preenchido em consonância com Evidentemente, a par de estarem sendo obedecidas as
os princípios derivados deste perfil político-constitucional. garantias de exigência de subsunção formal e de veiculação
Não se admitem mais critérios absolutos na definição dos em lei, materialmente este tipo não teria qualquer subsis-
crimes, os quais passam a ter exigências de ordem formal tência por ferir o princípio da dignidade humana e, conse-
(somente a lei pode descrevê-Ios e cominarlhes uma pena qüentemente, não resistir ao controle de compatibilidade
correspondente) e material (o seu conteúdo deve ser ques- vertical com os princípios insertos na ordem constitucional.
tionado à luz dos princípios constitucionais derivados do Tipos penais que se limitem a descrever formalmente
Estado Democrático de Direito). infrações penais, independentemente de sua efetiva po-
Pois bem. Do Estado Democrático de Direito partem tencialidade lesiva, atentam contra a dignidade da pessoa
princípios regradores dos mais diversos campos da atua- humana.
ção humana. No que diz respeito ao âmbito penal, há um Nesse passo, convém lembrar a lição de Celso Antônio
gigantesco princípio a regular e orientar todo o sistema, Bandeira de Mello: “Violar um princípio é muito mais grave
transformando-o em um direito penal democrático. Trata- do que transgredir uma norma. A desatenção ao princípio
-se de um braço genérico e abrangente, que deriva direta implica ofensa não apenas a um específico mandamento
e imediatamente deste moderno perfil político do Estado obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais
brasileiro, a partir do qual partem inúmeros outros princí- grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, con-
pios próprios afetos à esfera criminal, que nele encontram forme o escalão do princípio atingido, porque representa
guarida e orientam o legislador na definição das condutas ingerência contra todo o sistema, subversão de seus valo-
delituosas. Estamos falando do princípio da dignidade hu- res fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço
mana (CF, art. 1º, III). lógico e corrosão de sua estrutura mestra”.
Podemos, então, afirmar que do Estado Democrático Aplicar a justiça de forma plena, e não apenas formal,
de Direito parte o princípio da dignidade humana, orien- implica, portanto, aliar ao ordenamento jurídico positivo a
tando toda a formação do Direito Penal. Qualquer constru- interpretação evolutiva, calcada nos costumes e nas ordens
ção típica, cujo conteúdo contrariar e afrontar a dignidade normativas locais, erigidas sobre padrões culturais, morais
humana, será materialmente inconstitucional, posto que e sociais de determinado grupo social ou que estejam liga-
atentatória ao próprio fundamento da existência de nosso dos ao desempenho de determinada atividade.
Estado. Os princípios constitucionais e as garantias individuais
Cabe ao operador do Direito exercer controle técnico devem atuar como balizas para a correta interpretação e a
de verificação da constitucionalidade de todo tipo penal e justa aplicação das normas penais, não se podendo cogitar
de toda adequação típica, de acordo com o seu conteúdo. de uma aplicação meramente robotizada dos tipos incrimi-
Afrontoso à dignidade humana, deverá ser expurgado do nadores, ditada pela verificação rudimentar da adequação
ordenamento jurídico. típica formal, descurando-se de qualquer apreciação onto-
Em outras situações, o tipo, abstratamente, pode não lógica do injusto. Da dignidade humana, princípio genérico
ser contrário à Constituição, mas, em determinado caso e reitor do Direito Penal, partem outros princípios mais es-
específico, o enquadramento de uma conduta em sua de- pecíficos, os quais são transportados dentro daquele prin-
finição pode revelar-se atentatório ao mandamento cons- cípio maior, tal como passageiros de uma embarcação.
titucional (por exemplo, enquadrar no tipo do furto a sub- Desta forma, do Estado Democrático de Direito parte o
tração de uma tampinha de refrigerante). princípio reitor de todo o Direito Penal, que é o da dignida-
A dignidade humana, assim, orienta o legislador no de humana, adequando-o ao perfil constitucional do Brasil
momento de criar um novo delito e o operador no instante e erigindo-o à categoria de Direito Penal Democrático. Da
em que vai realizar a atividade de adequação típica. dignidade humana, por sua vez, derivam outros princípios
Com isso, pode-se afirmar que a norma penal em um mais específicos, os quais propiciam um controle de quali-
Estado Democrático de Direito não é somente aquela que dade do tipo penal, isto é, sobre o seu conteúdo, em inú-
formalmente descreve um fato como infração penal, pouco meras situações específicas da vida concreta.
importando se ele ofende ou não o sentimento social de Os mais importantes princípios penais derivados da
justiça; ao contrário, sob pena de colidir com a Constitui- dignidade humana são: legalidade, insignificância, alte-
ção, o tipo incriminador deverá obrigatoriamente selecio- ridade, confiança, adequação social, intervenção mínima,
nar, dentre todos os comportamentos humanos, somente fragmentariedade, proporcionalidade, humanidade, neces-
aqueles que realmente possuam lesividade social. sidade e ofensividade.
É imperativo do Estado Democrático de Direito a De pouco adiantaria assegurar ao cidadão a garantia
investigação ontológica do tipo incriminador. Crime não é de submissão do poder persecutório à exigência prévia da
apenas aquilo que o legislador diz sê-Io (conceito formal), definição legal, se o legislador tivesse liberdade para eleger
51
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
de modo autoritário e livre de balizas quais os bens jurídi- - A criação do tipo e a adequação concreta da conduta
cos merecedores de proteção, ou seja, se pudesse, a seu ao tipo devem operar-se em consonância com os princípios
bel-prazer, escolher, sem limites impostos por princípios constitucionais do Direito Penal, os quais derivam da dig-
maiores, o que vai ser e o que não vai ser crime. nidade humana que, por sua vez, encontra fundamento no
O Direito Penal é muito mais do que um instrumento Estado Democrático de Direito.
opressivo em defesa do aparelho estatal. Exerce uma fun-
ção de ordenação dos contatos sociais, estimulando práti- No Estado Democrático de Direito é necessário que a
cas positivas e refreando as perniciosas e, por essa razão, conduta considerada criminosa tenha realmente conteú-
não pode ser fruto de uma elucubração abstrata ou da do de crime. Crime não é apenas aquilo que o legislador
necessidade de atender a momentâneos apelos demagó- diz sê-Io (conceito formal), uma vez que nenhuma conduta
gicos, mas, ao contrário, refletir, com método e ciência, o pode, materialmente, ser considerada criminosa se, de al-
justo anseio social. gum modo, não colocar em perigo valores fundamentais
Com base nessas premissas, deve-se estabelecer uma da sociedade.
Da dignidade nascem os demais princípios orientado-
limitação à eleição de bens jurídicos por parte do legis-
res e limitadores do Direito Penal, dentre os quais merecem
lador, ou seja, não é todo e qualquer interesse que pode
destaque:
ser selecionado para ser defendido pelo Direito Penal, mas
Insignificância ou Bagatela: originário do Direito
tão-somente aquele reconhecido e valorado pelo Direito,
Romano, e de cunho civilista, tal princípio funda-se no co-
de acordo com seus princípios reitores. nhecido brocardo de minimis non curat praetor. Em 1964
O tipo penal está sujeito a um permanente controle acabou sendo introduzido no sistema penal por Claus Ro-
prévio (ex ante), no sentido de que o legislador deve guiar- xin, tendo em vista sua utilidade na realização dos objetivos
-se pelos valores consagrados pela dialética social, cultural sociais traçados pela moderna política criminal.
e histórica, conformada ao espírito da Constituição, e a um Segundo tal princípio, o Direito Penal não deve preo-
controle posterior, estando sujeito ao controle de constitu- cupar-se com bagatelas, do mesmo modo que não podem
cionalidade concentrado e difuso. ser admitidos tipos incriminadores que descrevam condutas
A função da norma é a proteção de bens jurídicos a incapazes de lesar o bem jurídico.
partir da solução dos conflitos sociais, razão pela qual a A tipicidade penal exige um mínimo de lesividade ao
conduta somente será considerada típica se criar uma si- bem jurídico protegido, pois é inconcebível que o legislador
tuação de real perigo para a coletividade. tenha imaginado inserir em um tipo penal condutas total-
De todo o exposto, podemos extrair as seguintes con- mente inofensivas ou incapazes de lesar o interesse prote-
siderações: gido.
- O Direito Penal brasileiro somente pode ser conce- Se a finalidade do tipo penal é tutelar um bem jurídico,
bido à luz do perfil constitucional do Estado Democrático sempre que a lesão for insignificante, a ponto de se tornar
de Direito, devendo, portanto, ser um direito penal demo- incapaz de lesar o interesse protegido, não haverá adequa-
crático. ção típica. É que no tipo não estão descritas condutas inca-
- Do Estado Democrático de Direito parte um gigantes- pazes de ofender o bem tutelado, razão pela qual os danos
co tentáculo, a regular todo o sistema penal, que é o princí- de nenhuma monta devem ser considerados fatos atípicos.
pio da dignidade humana, de modo que toda incriminação O Superior Tribunal de Justiça, por intermédio de sua
contrária ao mesmo é substancialmente inconstitucional. 5ª Turma, tem reconhecido a tese da exclusão da tipicida-
- Da dignidade humana derivam princípios constitu- de nos chamados delitos de bagatela, aos quais se aplica o
cionais do Direito Penal, cuja função é estabelecer limites princípio da insignificância, dado que à lei não cabe preo-
à liberdade de seleção típica do legislador, buscando, com cupar-se com infrações de pouca monta, insuscetíveis de
causar o mais ínfimo dano à coletividade.
isso, uma definição material do crime.
Na hipótese de crime de descaminho de bens, em que
- Esses contornos tomam o tipo legal uma estrutura
o débito tributário e a multa não excederem determinado
bem distinta da concepção meramente descritiva do início
valor, a Fazenda Pública se recusa a efetuar a cobrança em
do século passado, de modo que o processo de adequação
juízo, nos termos da Lei n. 9.579/97, sob o argumento de
de um fato passa a submeter-se à rígida apreciação axioló- que a irrisória quantia não compensa a instauração de um
gica. executivo fiscal, o que levou o Superior Tribunal de Justiça a
- O legislador, no momento de escolher os interesses considerar atípico o fato, por influxo do princípio da insig-
que merecerão a tutela penal, bem como o operador do nificância. De acordo com o art. 20 da Lei nº 10.522, de 19
direito, no instante em que vai proceder à adequação típi- de julho de 2002, as execuções fiscais da União de débitos
ca, devem, forçosamente, verificar se o conteúdo material iguais ou inferiores a R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos
daquela conduta atenta contra a dignidade humana ou os reais) serão arquivadas pela Procuradoria da Fazenda Na-
princípios que dela derivam. Em caso positivo, estará ma- cional, sem cobrança, dada a insignificância do valor da dí-
nifestada a inconstitucionalidade substancial da norma ou vida. Com isso, entendemos que referido montante passou
daquele enquadramento, devendo ser exercitado o controle a servir de parâmetro para se considerar atípica a sonega-
técnico, afirmando a incompatibilidade vertical com o Texto ção fiscal de até R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais)
Magno. (Atualmente, esse valor sofreu nova modificação, de forma
52
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
que serão arquivados os autos das execuções fiscais de dé- Tal princípio foi desenvolvido por Claus Roxin, segun-
bitos inscritos como Dívida Ativa da União inferiores a R$ do o qual “só pode ser castigado aquele comportamento
10.000,00 (dez mil reais) (CF art. 20 da Lei nº 10.522/2002, que lesione direitos de outras pessoas e que não seja sim-
com a redação determinada pela Lei nº 11.033/2004). Man- plesmente pecaminoso ou imoral. À conduta puramente
tido o raciocínio, atualmente, a sonegação fiscal de até R$ interna, ou puramente individual - seja pecaminosa, imo-
10.000,00 (dez mil reais) passa a ser atípica, em face do ral, escandalosa ou diferente -, falta a lesividade que pode
princípio da insignificância). legitimar a intervenção penal” (Nilo Batista).
Não se pode, porém, confundir delito insignificante ou Por essa razão, a autolesão não é crime, salvo quando
de bagatela com crimes de menor potencial ofensivo. Es- houver intenção de prejudicar terceiros, como na auto-
tes últimos são definidos pelo art. 61 da Lei nº 9.099/95 e -agressão cometida com o fim de fraude ao seguro, em
submetem-se aos Juizados Especiais Criminais, sendo que que a instituição seguradora será vítima de estelionato (CP,
neles a ofensa não pode ser acoimada de insignificante, art. 171, § 2º, V).
pois possui gravidade ao menos perceptível socialmente, No delito previsto no art. 16 da Lei n. 6.368/76 – Art. 28,
não podendo falar-se em aplicação desse princípio. Crimes e Penas, Atividades de Prevenção do Uso Indevido,
O princípio da insignificância não é aplicado no plano Atenção e Reinserção Social de Usuários e Dependentes
abstrato. Não se pode, por exemplo, afirmar que todas as de Drogas, Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre
contravenções penais são insignificantes, pois, dependen- Drogas, Sisnad, Medidas para Prevenção do Uso Indevido,
do do caso concreto, isto não se pode revelar verdadeiro. Atenção e Reinserção Social de Usuários e Dependentes
Andar pelas ruas armado com uma faca é um fato con- de Drogas, Normas para Repressão à Produção não autori-
travencional que não pode ser considerado insignificante. zada e ao Tráfico Ilícito de Drogas, Crimes, L-011.343-2006,
São de menor potencial ofensivo, submetem-se ao proce- poder-se-ia alegar ofensa a este princípio, pois quem usa
dimento sumaríssimo, beneficiamse de institutos despena- droga só está fazendo mal a própria saúde, o que não jus-
lizadores (transação penal, suspensão condicional do pro- tificaria uma intromissão repressiva do Estado (os droga-
cesso etc.), mas não são, a priori, insignificantes. dos costumam dizer: “se eu uso droga, ninguém tem nada
Tal princípio deverá ser verificado em cada caso con- a ver com isso, pois o único prejudicado sou eu”).
creto, de acordo com as suas especificidades. O furto, abs- Tal argumento não convence. A Lei n. 6.368/76 – revo-
tratamente, não é uma bagatela, mas a subtração de um gada, L-011.343-2006 não tipifica a ação de “usar a droga”,
chiclete pode ser. Em outras palavras, nem toda conduta
mas apenas o porte, pois o que a lei visa é coibir o perigo
subsumível ao art. 155 do Código Penal é alcançada por
social representado pela detenção, evitando facilitar a cir-
este princípio, algumas sim, outras não. É um princípio apli-
culação da substância entorpecente pela sociedade, ainda
cável no plano concreto, portanto.
que a finalidade do sujeito seja apenas a de uso próprio.
Com relação à aplicação desse princípio, nos crimes
Assim, existe transcendentalidade na conduta e perigo
contra a administração pública, não existe razão para negar
para a saúde da coletividade, bem jurídico tutelado pela
incidência nas hipóteses em que a lesão ao erário for de ín-
fima monta. É o caso do funcionário público que leva para norma do art. 16.
casa algumas folhas, um punhado de clips ou uma bor- Interessante questão será a de quem consome ime-
racha, apropriando-se de tais bens. Como o Direito Penal diatamente a substância, sem portá-Ia por mais tempo do
tutela bens jurídicos, e não a moral, objetivamente o fato que o estritamente necessário para o uso. Nesta hipótese
será atípico, dada a sua irrelevância. No crime de lesões o STF decidiu: “não constitui delito de posse de droga para
corporais, em que se tutela bem indisponível, se as lesões uso próprio a conduta de quem, recebendo de terceiro a
forem insignificantes, como mera vermelhidão provocada droga, para uso próprio, incontinenti a consome”. Neste
por um beliscão, também não há que se negar a aplicação caso não houve detenção, nem perigo social, mas simples-
do mencionado princípio. mente o uso. Se houvesse crime, a pessoa estaria sendo
Finalmente, a insignificância nos delitos patrimoniais castigada pelo Poder Público, por ter feito mal à sua saúde
não leva em conta a capacidade econômica do ofendido, e a de mais ninguém. Não se pode confundir a conduta
mas o valor do bem em si mesmo. Assim, o furto de um de portar para uso futuro com a de portar enquanto usa.
automóvel jamais será insignificante, mesmo que, diante Somente na primeira hipótese estará configurado o crime
do patrimônio da vítima, o valor seja pequeno quando co- do art. 16 da Lei de Tóxicos, art. 28, L-011.343-2006. Quem
tejado com os seus demais bens. detém a droga somente durante o tempo estritamente ne-
Alteridade ou Transcendentalidade: proíbe a incrimi- cessário em que a consome limita-se a utilizáIa em prejuí-
nação de atitude meramente interna, subjetiva do agente zo de sua própria saúde, sem provocar danos a interesses
e que, por essa razão, revela-se incapaz de lesionar o bem de terceiros, de modo que o fato é atípico por influxo do
jurídico. O fato típico pressupõe um comportamento que princípio da alteridade.
transcenda a esfera individual do autor e seja capaz de O princípio da alteridade veda também a incriminação
atingir o interesse do outro (altero). do pensamento (pensiero non paga gabella) ou de condu-
Ninguém pode ser punido por ter feito mal só a si tas moralmente censuráveis, mas incapazes de penetrar na
mesmo. Não há lógica em punir o suicida frustrado ou a esfera do altero.
pessoa que se açoita, na lúgubre solidão de seu quarto. O bem jurídico tutelado pela norma é, portanto, o
Se a conduta se esgota na esfera do próprio autor, não há interesse de terceiros, pois seria inconcebível provocar a
fato típico. interveniência criminal repressiva contra alguém que está
53
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
fazendo apenas mal a si mesmo, como, por exemplo, punir- Adequação social: todo comportamento que, a des-
-se um suicida malsucedido com pena pecuniária, corporal peito de ser considerado criminoso pela lei, não afrontar
ou até mesmo capital. o sentimento social de justiça (aquilo que a sociedade tem
Confiança: trata-se de requisito para a existência do por justo) não pode ser considerado criminoso. Para essa
fato típico, não devendo ser relegado para o exame da teoria, o Direito Penal somente tipifica condutas que te-
culpabilidade. Funda-se na premissa de que todos devem nham certa relevância social. O tipo penal pressupõe uma
esperar por parte das outras pessoas que estas sejam res- atividade seletiva de comportamento, escolhendo somente
ponsáveis e ajam de acordo com as normas da sociedade, aqueles que sejam contrários e nocivos ao interesse pú-
visando a evitar danos a terceiros. Por essa razão, consis- blico, para serem erigidos à categoria de infrações penais;
te na realização da conduta, na confiança de que o outro por conseguinte, as condutas aceitas socialmente e consi-
atuará de um modo normal já esperado, baseando-se na deradas normais não podem sofrer este tipo de valoração
justa expectativa de que o comportamento das outras pes- negativa, sob pena de a lei incriminadora padecer do vício
soas se dará de acordo com o que normalmente acontece. de inconstitucionalidade.
Por isso é que Jakobs afirma que determinadas formas
Por exemplo: nas intervenções médico-cirúrgicas, o ci-
de atividade permitida não podem ser incriminadas, uma
rurgião tem de confiar na assistência correta que costuma
vez que se tomaram consagradas pelo uso histórico, isto
receber dos seus auxiliares, de maneira que, se a enfermei- é, costumeiro, aceitando-se como socialmente adequadas.
ra lhe passa uma injeção com medicamento trocado e, em Não se pode confundir o princípio em análise com o da
face disso, o paciente vem a falecer, não haverá conduta insignificância. Na adequação social, a conduta deixa de ser
culposa por parte do médico, pois não foi sua ação mas sim punida por não mais ser considerada injusta pela socieda-
a de sua auxiliar que violou o dever objetivo de cuidado. de; na insignificância, a conduta é considerada injusta, mas
O médico ministrou a droga fatal impelido pela natural e de escassa lesividade.
esperada confiança depositada em sua funcionária. Critica-se essa teoria porque, em primeiro lugar, cos-
Outro exemplo é o do motorista que, trafegando pela tume não revoga lei, e, em segundo, porque não pode o
preferencial, passa por um cruzamento, na confiança de juiz substituir-se ao legislador e dar por revogada uma lei
que o veículo da via secundária aguardará sua passagem. incriminadora em plena vigência, sob pena de afronta ao
No caso de um acidente, não terá agido com culpa. princípio constitucional da separação dos poderes, deven-
A vida social se tornaria extremamente dificultosa se do a atividade fiscalizadora do juiz ser suplementar e, em
cada um tivesse de vigiar o comportamento do outro, para casos extremos, de clara atuação abusiva do legislador na
verificar se está cumprindo todos os seus deveres de cui- criação do tipo.
dado; por conseguinte, não realiza conduta típica aquele Além disso, o conceito de adequação social é um tanto
que, agindo de acordo com o direito, acaba por envolver-se quanto vago e impreciso, criando insegurança e excesso de
subjetividade na análise material do tipo, não se ajustando
em situação em que um terceiro descumpriu seu dever de
por isso às exigências da moderna dogmática penal.
lealdade e cuidado.
Entretanto, é forçoso reconhecer que, embora o con-
O princípio da confiança, contudo, não se aplica quan- ceito de adequação social não possa ser aceito com ex-
do era função do agente compensar eventual comporta- clusividade, atualmente é impossível deixar de reconhecer
mento defeituoso de terceiros. Por exemplo: um motorista sua importância na interpretação da subsunção de um fato
que passa bem ao lado de um ciclista não tem por que concreto a um tipo penal. Atuando ao lado de outros prin-
esperar uma súbita guinada do mesmo em sua direção, cípios, pode levar à exclusão da tipicidade.
mas deveria ter se acautelado para que não passasse tão Intervenção mínima: assenta-se na Declaração de Di-
próximo, a ponto de criar uma situação de perigo (Günther reitos do Homem e do Cidadão, de 1789, cujo art. 8º de-
Jakobs). Como atuou quebrando uma expectativa social de terminou que a lei só deve prever as penas estritamente
cuidado, a confiança que depositou na vítima qualifica-se necessárias.
como proibida: é o chamado abuso da situação de con- A intervenção mínima tem como ponto de partida a
fiança. característica da fragmentariedade do Direito Penal. Este
Deste modo, surge a confiança permitida, que é aquela se apresenta por meio de pequenos flashs, que são pontos
que decorre do normal desempenho das atividades sociais, de luz na escuridão do universo. Trata-se de um gigantesco
dentro do papel que se espera de cada um, a qual exclui a oceano de irrelevância, ponteado por ilhas de tipicidade,
tipicidade da conduta, em caso de comportaménto irregu- enquanto o crime é um náufrago à deriva, procurando uma
lar inesperado de terceiro; e a confiança proibida, quando o porção de terra na qual se possa achegar.
Somente haverá Direito Penal naqueles raros episódios
autor não deveria ter depositado no outro toda a expecta-
típicos em que a lei descreve um fato como crime; ao con-
tiva, agindo no limite do que lhe era permitido, com nítido
trário, quando ela nada disser, não haverá espaço para a
espírito emulativo. atuação criminal. Nisso, aliás, consiste a principal proteção
Em suma, se o comportamento do agente se deu den- política do cidadão em face do poder punitivo estatal, qual
tro do que dele se esperava, a confiança é permitida; quan- seja, a de que somente poderá ter invadida sua esfera de li-
do há abuso de sua parte em usufruir da posição que des- berdade, se realizar uma conduta descrita em um daqueles
fruta incorrerá em fato típico. raros pontos onde a lei definiu a existência de uma infração
penal.
54
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Ou o autor recai sobre um dos tipos, ou se perde no A resposta se impõe, com o reconhecimento prévio da
vazio infinito da ausência de previsão e refoge à incidência existência da fragmentariedade e da necessidade de em-
punitiva. O sistema é, portanto, descontínuo, fragmentado pregar critérios reparadores das falhas de todo o sistema,
(um tipo aqui, um tipo ali, outro lá e assim por diante). dentre os quais a intervenção mínima.
Por outro lado, esta seleção, a despeito de excepcional, Somente assim será possível compensar o alcance
é feita sem nenhum método científico, atendendo apenas excessivamente incriminador de hipóteses concretas tão
aos reclamos momentâneos da opinião pública, da mídia e quantitativamente diversas do ponto de vista da danosi-
das necessidades impostas pela classe dominante, confor- dade social.
me bem ressaltou Juarez Tavares, em ácida crítica ao sis- A intervenção mínima tem, por conseguinte, dois des-
tema legiferante: “Analisando atentamente o processo de tinatários principais. Ao legislador o princípio exige cautela
elaboração das normas incriminadoras, a partir primeira- no momento de eleger as condutas que merecerão pu-
mente do dado histórico e depois do objetivo jurídico por nição criminal, abstendo-se de incriminar qualquer com-
elas perseguido, bem como o próprio enunciado típico das portamento. Somente aqueles que, segundo comprovada
ações proibidas ou mandadas, chega-se à conclusão inicial, experiência anterior, não puderam ser convenientemente
embora trágica, de que efetivamente, na maioria das vezes, contidos pela aplicação de outros ramos do direito deve-
não há critérios para essa elaboração. Isto pode parecer rão ser catalogados como crimes em modelos descritivos
panfletário, à primeira vista, mas retrata fielmente a ativi- legais.
dade de elaboração legislativa. Estudos de Haferkamp na Ao operador do Direito recomenda-se não proceder ao
Alemanha e Weinberger na França demonstram que, com a enquadramento típico, quando notar que aquela pendên-
institucionalização do poder político, a elaboração das nor- cia pode ser satisfatoriamente resolvida com a atuação de
mas se expressa como evento do jogo de poder efetuado outros ramos menos agressivos do ordenamento jurídico.
no marco das forças hegemônicas atuantes no Parlamento. Assim, se a demissão comjusta causa pacifica o conflito
A norma, portanto, deixaria de exprimir o tão propa- gerado pelo pequeno furto cometido pelo empregado, o
lado interesse geral, cuja simbolização aparece como jus- direito trabalhista tomou inoportuno o ingresso do penal.
tificativa do princípio representativo para significar, muitas Se o furto de um chocolate em um supermercado já foi
vezes, simples manifestação de interesses partidários, sem solucionado com o pagamento do débito e a expulsão do
qualquer vínculo com a real necessidade da nação. inconveniente freguês, não há necessidade de movimentar
Além disso, as descrições são abstratas, objetivas e im- a máquina persecutória do Estado, tão assoberbada com
pessoais, alcançando uma gigantesca gama de situações
a criminalidade violenta, a organizada, o narcotráfico e as
bem diversas entre si. Os tipos nesse sistema fragmentário
dilapidações ao erário.
transportam desde gravíssimas violações operadas no caso
Da intervenção mínima decorre, como corolário indes-
concreto até ínfimas agressões. Quando se descreve como
tacável, a característica de subsidiariedade. Com efeito, o
infração penal “subtrair para si ou para outrem coisa alheia
ramo penal só deve atuar quando os demais campos do
móvel”, incrimina-se tanto o furto de centenas de milhões
de uma instituição bancária, com nefastas conseqüências Direito, os controles formais e sociais tenham perdido a
para milhares de correntistas, quanto a subtração de uma eficácia e não sejam capazes de exercer essa tutela. Sua in-
estatueta oca de gesso em uma feira de artesanato. tervenção só deve operar quando fracassam as demais bar-
O tipo do furto é uma nuvem incriminadora na imen- reiras protetoras do bem jurídico predispostas por outros
sidão do céu de atipicidade, mas o método abstrato, que ramos do Direito. Pressupõe, portanto, que a intervenção
tem a vantagem da impessoalidade, tem o desconforto de repressiva no círculo jurídico dos cidadãos só tenha sentido
alcançar comportamentos de toda a ordem, mesmo con- como imperativo de necessidade, isto é, quando a pena se
tando com descrição taxativa. mostrar como único e último recurso para a proteção do
A imperfeição não decorre da construção abstrata do bem jurídico, cedendo a ciência criminal a tutela imediata
tipo, mas da fragmentariedade do sistema criminalizador, dos valores primordiais da convivência humana a outros
totalmente dependente de previsões genéricas, abstratas campos do Direito, e atuando somente em último caso (ul-
e abrangentes, incapazes de, por si sós, distinguirem entre tima ratio) (Nilo Batista).
os fatos relevantes e os irrelevantes que nela formalmente Se existe um recurso mais suave em condições de solu-
se subsumem. cionar plenamente o conflito, torna-se abusivo e desneces-
Além de defeituoso o sistema de criação normativa e sário aplicar outro mais traumático.
da excessiva abrangência dos modelos objetivos, os quais A intervenção mínima e o caráter subsidiário do Direi-
não levam em consideração a disparidade das situações to Penal decorrem da dignidade humana, pressuposto do
concretas, concorre ainda a panacéia cultural que faz sur- Estado Democrático de Direito, e são uma exigência para a
gir, dentro do mesmo país, inúmeras nações, com costu- distribuição mais equilibrada da justiça.
mes, tradições e conceitos bem diversos, mas submetidas à Proporcionalidade: além de encontrar assento na
mesma ordem de incriminação abstrata. imperativa exigência de respeito à dignidade humana, tal
Nesse triplo problema, déficit do sistema tipificador, princípio aparece insculpido em diversas passagens de
diversidade cultural e abrangência demasiada de casos nosso Texto Constitucional, quando abole certos tipos de
concretamente diversos, mas abstratamente idênticos, in- sanções (art. 5º, XLVII), exige individualização da pena (art.
sere-se o caráter fragmentário do Direito Penal, fincando 5º, XLVI), maior rigor para casos de maior gravidade (art. 5º,
a questão: Como solucionar, por meio de descrições pon- XLII, XLII e XLIV) e moderação para infrações menos graves
tuais e abstratas, todos os variados problemas reais? (art. 98, I). Baseia-se na relação custo-benefício.
55
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Toda vez que o legislador cria um novo delito, impõe Disso resulta ser inconstitucional a criação de um tipo
um ônus à sociedade, decorrente da ameaça de punição ou a cominação de alguma pena que atente desnecessa-
que passa a pairar sobre todos os cidadãos. riamente contra a incolumidade física ou moral de alguém
Uma sociedade incriminadora é uma sociedade invasi- (atentar necessariamente significa restringir alguns direitos
va, que limita em demasia a liberdade das pessoas. nos termos da Constituição e quando exigido para a prote-
Por outro lado, esse ônus é compensado pela vanta- ção do bem jurídico).
gem de proteção do interesse tutelado pelo tipo incrimi- Do princípio da humanidade decorre a impossibilida-
nador. A sociedade vê limitados certos comportamentos, de de a pena passar da pessoa do delinqüente, ressalva-
ante a cominação da pena, mas também desfruta de uma dos alguns dos efeitos extrapenais da condenação, como
tutela a certos bens, os quais ficarão sob a guarda do Di- a obrigação de reparar o dano na esfera cível, que podem
reito Penal. atingir os herdeiros do infrator até os limites da herança,
Para o princípio da proporcionalidade, quando o custo (CF, art. 5º, XLV).
for maior do que a vantagem, o tipo será inconstitucional,
porque contrário ao Estado Democrático de Direito. Em Necessidade e idoneidade: decorrem da proporciona-
outras palavras: a criação de tipos incriminadores deve ser lidade. A incriminação de determinada situação só pode
uma atividade compensadora para os membros da coleti- ocorrer quando a tipificação revelar-se necessária, idônea e
vidade. adequada ao fim a que se destina, ou seja, à concreta e real
Com efeito, um Direito Penal democrático não pode proteção do bem jurídico.
conceber uma incriminação que traga mais temor, mais Quando a comprovada demonstração empírica revelar
ônus, mais limitação social do que benefício à coletividade. que o tipo não precisava tutelar aquele interesse, dado que
Somente se pode falar na tipificação de um comporta- outros campos do direito ou mesmo de outras ciências têm
mento humano, na medida em que isto se revele vantajoso plenas condições de fazê-lo com sucesso, ou ainda quando
em uma relação de custos e benefícios sociais. Em outras a descrição for inadequada, ou ainda quando o rigor for ex-
palavras, com a transformação de uma conduta em infra- cessivo, sem trazer em contrapartida a eficácia pretendida,
ção penal impõe-se a toda coletividade uma limitação, a o dispositivo incriminador padecerá de insuperável vício de
qual precisa ser compensada por uma efetiva vantagem: ter incompatibilidade vertical com os princípios constitucio-
um relevante interesse tutelado penalmente. nais regentes do sistema penal.
Quando a criação do tipo não se revelar proveitosa para Nenhuma incriminação subsistirá em nosso ordena-
a sociedade, estará ferido o princípio da proporcionalidade,
mento jurídico, quando a definição legal revelar-se incapaz,
devendo a descrição legal ser expurgada do ordenamento
seja pelo critério definidor empregado, seja pelo excessivo
jurídico por vício de inconstitucionalidade. Além disso, a
rigor, seja ainda pela afronta à dignidade humana, de tute-
pena, isto é, a resposta punitiva estatal ao crime, deve guar-
lar concretamente o bem jurídico.
dar proporção com o mal infligido ao corpo social. Deve ser
Surge, então, a necessidade de precisa definição do
proporcional à extensão do dano, não se admitindo penas
bem jurídico, sem o que a norma não tem objeto e, por
idênticas para crimes de lesividades distintas, ou para infra-
ções dolosas e culposas. conseguinte, não pode existir. Um tipo sem bem jurídico
Exemplo da aplicação do princípio da proporcionali- para defender é como um processo sem lide para solucio-
dade ocorreu no julgamento de uma Ação Direta de In- nar, ou seja, um nada.
constitucionalidade, na qual o Supremo Tribunal Federal O conceito de bem jurídico é, atualmente, um dos
suspendeu, por liminar, os efeitos da Medida Provisória n. maiores desafios de nossa doutrina, na busca de um direi-
2.045/2000, que proibia o registro de armas de fogo, por to protetivo e garantista, e, portanto, obediente ao Estado
considerar não haver proporcionalidade entre os custos so- Democrático de Direito.
ciais como desemprego e perda de arrecadação tributária e
os benefícios que compensassem o sacrifício. Ofensividade, princípio do fato e da exclusiva pro-
Necessário, portanto, para que a sociedade suporte teção do bem jurídico: não há crime quando a conduta
os custos sociais de tipificações limitadoras da prática de não tiver oferecido ao menos um perigo concreto, real, efe-
determinadas condutas, que se demonstre a utilidade da tivo e comprovado de lesão ao bem jurídico. A punição de
incriminação para a defesa do bem jurídico que se quer uma agressão em sua fase ainda embrionária, embora apa-
proteger, bem como a sua relevância em cotejo com a na- rentemente útil do ponto de vista da defesa social, repre-
tureza e quantidade da sanção cominada. senta ameaça à proteção do indivíduo contra uma atuação
demasiadamente intervencionista do Estado.
Humanidade: a vedação constitucional da tortura e Como ensina Luiz Flávio Gomes, “o princípio do fato
de tratamento desumano ou degradante a qualquer pes- não permite que o direito penal se ocupe das intenções
soa (art. 5º, III), a proibição da pena de morte, da prisão e pensamentos das pessoas, do seu modo de viver ou de
perpétua, de trabalhos forçados, de banimento e das pe- pensar, das suas atitudes internas (enquanto não exteriori-
nas cruéis (art. 5º, XLVII), o respeito e proteção à figura do zada a conduta delitiva)...”.
preso (art. 5º, XLVIII, XLIX e L) e ainda normas disciplinado- A atuação repressivo-penal pressupõe que haja um
ras da prisão processual (art. 5º, LXI, LXII, LXIII, LXIV, LXV e efetivo e concreto ataque a um interesse socialmente rele-
LXVI), apenas para citar alguns casos, impõem ao legislador vante, isto é, o surgimento de, pelo menos, um real perigo
e ao intérprete mecanismos de controle de tipos legais. ao bem jurídico.
56
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
O princípio da ofensividade considera inconstitucionais Sem afetar o bem jurídico, não existe infração penal.
todos os chamados “delitos de perigo abstrato”, pois, se- Trata-se de princípio ainda em discussão no Brasil. En-
gundo ele, não há crime sem comprovada lesão ou perigo tendemos que subsiste a possibilidade de tipificação dos
de lesão a um bem jurídico. Não se confunde com princípio crimes de perigo abstrato em nosso ordenamento legal,
da exclusiva proteção do bem jurídico, segundo o qual o como legítima estratégia de defesa do bem jurídico contra
direito não pode defender valores meramente morais, éti- agressões em seu estágio ainda embrionário, reprimindo-
cos ou religiosos, mas tão-somente os bens fundamentais -se a conduta, antes que ela venha a produzir um perigo
para a convivência e o desenvolvimento social. Na ofensi- concreto ou um dano efetivo. Trata-se de cautela revelado-
vidade, somente se considera a existência de uma infração ra de zelo do Estado em proteger adequadamente certos
penal quando houver efetiva lesão ou real perigo de lesão interesses. Eventuais excessos podem, no entanto, ser cor-
ao bem jurídico. No primeiro, há uma limitação quanto aos rigidos pela aplicação do princípio da proporcionalidade
interesses que podem ser tutelados pelo Direito Penal; no (Cf. sobre o assunto nosso Estatuto do Desarmamento).
segundo, só se considera existente o delito quando o in-
teresse já selecionado sofrer um ataque ou perigo efetivo, Princípio da auto-responsabilidade: os resultados
real e concreto. danosos que decorrem da ação livre e inteiramente res-
“A função principal do princípio da exclusiva proteção ponsável de alguém só podem ser imputados a este e não
de bens jurídicos é a de delimitar uma forma de direito àquele que o tenha anteriormente motivado. Exemplo: o
penal, o direito penal do bem jurídico, daí que não seja suj eito, aconselhado por outro a praticar esportes mais
tarefa sua proteger a ética, a moral, os costumes, uma ideo- “radicais”, resolve voar de asa-delta. Acaba sofrendo um
logia, uma determinada religião, estratégias sociais, valores acidente e vindo a falecer. O resultado morte não pode ser
culturais como tais, programas de governo, a norma penal imputado a ninguém mais além da vítima, pois foi a sua
em si etc. O direito penal, em outras palavras, pode e deve vontade livre, consciente e responsável que a impeliu a cor-
ser conceituado como um conjunto normativo destinado rer riscos.
à tutela de bens jurídicos, isto é, de relações sociais confli-
tivas vaI oradas positivamente na sociedade democrática. Princípio da responsabilidade pelo fato: o direito pe-
O princípio da ofensividade, por sua vez, nada diz direta- nal não se presta a punir pensamentos, idéias, ideologias,
mente sobre a missão ou forma do direito penal, senão nem o modo de ser das pessoas, mas, ao contrário, fatos
que expressa uma forma de compreender ou de conceber devidamente exteriorizados no mundo concreto e objeti-
o delito: o delito como ofensa a um bem jurídico. E disso vamente descritos e identificados em tipos legais. A fun-
deriva, como já afirmamos tantas vezes, a inadmissibilidade
ção do Estado consiste em proteger bens jurídicos contra
de outras formas de delito (mera desobediência, simples
comportamentos externos, efetivas agressões previamente
violação da norma imperativa etc.). Em face do exposto im-
descritas em lei como delitos, bem como estabelecer um
pende a conclusão de que não podemos mencionar tais
compromisso ético com o cidadão para o melhor desenvol-
princípios indistintamente, tal como vêm fazendo alguns
vimento das relações intersociais. Não pode castigar meros
setores da doutrina e da jurisprudência estrangeira” (Prin-
pensamentos, idéias, ideologias, manifestações políticas ou
cípio da ofensividade).
A função principal da ofensividade é a de limitar a pre- culturais discordantes, tampouco incriminar categorias de
tensão punitiva estatal, de maneira que não pode haver pessoas. Os tipos devem definir fatos, associando-Ihes pe-
proibição penal sem um conteúdo ofensivo a bens jurídi- nas, e não estereotipar autores. Na Alemanha nazista, por
cos. exemplo, não havia propriamente crimes, mas criminosos.
O legislador deve se abster de formular descrições in- Incriminavamse os “traidores” da nação ariana e não os fa-
capazes de lesar ou, pelo menos, colocar em real perigo tos eventualmente cometidos. Eram tipos de pessoas, não
o interesse tutelado pela norma. Caso isto ocorra, o tipo de condutas. Castigavam-se a deslealdade com o Estado,
deverá ser excluído do ordenamento jurídico por incompa- as manifestações ideológicas contrárias à doutrina nacio-
tibilidade vertical com o Texto Constitucional. nal-socialista, os subversivos e assim por diante. Não pode
Toda norma penal em cujo teor não se vislumbrar um existir, portanto, um direito penal do autor, mas sim do fato.
bem jurídico claramente definido e dotado de um mínimo Princípio da imputação pessoal: o direito penal não
de relevância social, será considerada nula e materialmente pode castigar um fato cometido por quem não reúna ca-
inconstitucional. pacidade mental suficiente para compreender o que faz ou
O intérprete também deve cuidar para que em especí- de se determinar de acordo com esse entendimento. Não
fico caso concreto, no qual não se vislumbre ofensividade pune os inimputáveis.
ou real risco de afetação do bem jurídico, não haja adequa-
ção na descrição abstrata contida na lei. Princípio da personalidade: ninguém pode ser res-
Em vista disso, somente restará justificada a interven- ponsabilizado por fato cometido por outra pessoa. A pena
ção do Direito Penal quando houver um ataque capaz de não pode passar da pessoa do condenado (CF, art. 5º, XLV).
colocar em concreto e efetivo perigo um bem jurídico.
Delineando-se em termos precisos, a noção de bem Princípio da responsabilidade subjetiva: nenhum
jurídico poderá exercer papel fundamental como mecanis- resultado objetivamente típico pode ser atribuído a quem
mo garantidor e limitador dos abusos repressivos do Poder não o tenha produzido por dolo ou culpa, afastando-se
Público. a responsabilidade objetiva. Do mesmo modo, ninguém
57
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
pode ser responsabilizado sem que reúna todos os requisi- de constitucionalidade material do tipo deve ser excepcio-
tos da culpabilidade. Por exemplo: nos crimes qualificados nal e exercido em caso de flagrante atentado aos princípios
pelo resultado, o resultado agravador não pode ser atri- constitucionais sensíveis. Não padecendo de vícios explíci-
buído a quem não o tenha causado pelo menos culposa- tos em seu conteúdo, não cabe ao magistrado determinar
mente. Tome-se o exemplo de um sujeito que acaba de o expurgo do crime de nosso ordenamento jurídico, sob o
conhecer um hemofílico e, após breve discussão, lhe faz um argumento de que não reflete um verdadeiro anseio po-
pequeno corte no braço. Em face da patologia já existente, pular. O controle material é, por essa razão, excepcional e
a vítima sangra até morrer. O agente deu causa à morte deve ser feito apenas em casos óbvios de afronta a direitos
(conditio sine qua non), mas não responde por ela, pois fundamentais do homem.
não a causou com dolo (quem quer matar corta a artéria
aorta, não o braço), nem com culpa (não tinha como prever Da Parte Geral do Código Penal: finalidade
o desfecho trágico, pois desconhecia a existência do pro-
blema anterior). É a inteligência do art. 19 do CP. Ao se analisar o Código Penal brasileiro, verifica-se que
a sua estrutura sistemática possibilita, desde logo, vislum-
Princípio da co-culpabilidade ou co-responsabili- brar os princípios comuns e as orientações gerais que o
dade: entende que a responsabilidade pela prática de uma norteiam. É a denominada “Parte Geral”. Nela constam os
infração penal deve ser compartilhada entre o infrator e a dispositivos comuns incidentes sobre todas as normas. Na
sociedade, quando essa não lhe tiver proporcionado opor- concepção de Wetzel, a finalidade da Parte Geral do Códi-
tunidades. Não foi adotado entre nós. go Penal é assinalar as características essenciais do delito e
de seu autor, comuns a todas as condutas puníveis.
Os limites do controle material do tipo incriminador Assim é que toda ação ou omissão penalmente rele-
vante é uma unidade constituída por momentos objetivos
É imperativo do Estado Democrático de Direito a e subjetivos. A realização dessas condutas percorre dife-
investigação ontológica do tipo incriminador. Crime não é rentes etapas: a preparação, a tentativa e a consumação. A
apenas aquilo que o legislador diz sê-lo (conceito formal), comunidade pode valorar tais condutas como jurídicas ou
uma vez que nenhuma conduta pode, materialmente, ser antijurídicas, culpáveis ou não. Elas estão relacionadas inse-
considerada criminosa se, de algum modo, não colocar em paravelmente com seu autor, cuja personalidade, vontade e
perigo valores fundamentais da sociedade. consciência imprimem sua peculiaridade. Expor esses mo-
Imaginemos um tipo com a seguinte descrição: “ma- mentos é a missão da Parte Geral, competindo, por sua vez,
nifestar ponto de vista contrário ao regime político domi- à Parte Especial delimitar as classes particulares de delitos,
nante ou opinião capaz de causar melindre nas lideranças como o homicídio, o estupro, o dano etc.
políticas”. Por evidente, a par de estarem sendo obedecidas Miguel Reale Júnior acentua a função restritiva da Parte
as garantias formais de veiculação em lei, materialmente Geral, ao fixar certos limites de incidência das normas incri-
esse tipo não teria qualquer subsistência, por ferir o princí- minadoras e das sanções. E, referindo-se ao ensinamento
pio da dignidade humana e, assim, não resistir ao controle de Romagnosi, sustenta “que a liberdade legal depende da
de compatibilidade vertical com os princípios insertos na fixação de quais são as ações verdadeiramente criminosas,
ordem constitucional. Na doutrina não existe divergência a tarefa que compreende não só a especificação de quais
respeito. A polêmica circunscreve-se aos limites desse con- são os atos que podem a buon diritto cair sob sanção, mas
trole por parte do Poder Judiciário. Entendemos que, a des- também dos limites dentre os quais o delito tem existência
peito de necessária, a verificação do conteúdo da norma e os quais, ao se ultrapassar, deixam de existir e nem punir
deva ser feita em caráter excepcional e somente quando se possa. Esta finalidade ao ver de Romagnosi não é apenas
houver clara afronta à Constituição. um objeto importantíssimo mas primário para o legislador
Com efeito, a regra do art. 5º XXXIX, da Constituição que comanda e para os cidadãos que obedecem”.
Federal, segundo a qual “não há crime sem lei anterior que
o defina, nem pena sem prévia cominação legal”, incum- A vítima de crime no Estado Democrático de Direito
biu, com exclusividade, ao legislador a tarefa de selecionar,
dentre todas as condutas do gênero humano, aquelas ca- A importância da vítima para a Vitimologia foi defini-
pazes de colocar em risco a tranquilidade social e a ordem da em três fases: a fase protagonista, identificada com a
pública. A isso se convencionou chamar “função seletiva vingança privada e a justiça privada; a fase de neutraliza-
do tipo”. ção, fundada na compreensão da expropriação do conflito
A missão de detectar os anseios nas manifestações penal pelo Estado; e a fase da redescoberta, que se inicia
sociais é específica de quem detém mandato popular. Ao a partir da Segunda Guerra Mundial, com a formação e a
Poder Legislativo cabe, por conseguinte, a exclusiva fun- estruturação da Vitimologia como ciência autônoma, ou
ção de selecionar as condutas mais perniciosas ao convívio vinculada à Criminologia. (Gomes).
social e defini-Ias como delitos, associando-Ihes penas. A Importante salientar que a denominação redescoberta
discussão sobre esses critérios escapa à formação predo- da vítima, para a fase atual de estudo da Vitimologia (como
minantemente técnica do Poder Judiciário. Daí por que, em ressalta Ana Sofia Schimidt de Oliveira), não é adequada, já
atenção ao princípio da separação dos Poderes, ínsito em que sugere um retorno à “Idade de Ouro”, isto é, a retoma-
nosso Texto Constitucional (art. 2º, III), o controle judicial da de um papel anterior, que era o de protagonista (Olivei-
58
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
ra). Ela não é adequada, pois não condiz com o paradigma direitos, aliando autonomia pública e autonomia privada.
do Estado Democrático de Direito, cunhado em sua visão Como analisam Canêdo e Chamon Junior: O Estado Demo-
procedimentalista, que será exposta em sequência, já que crático de Direito implica uma pretensão de aceitabilidade
indicaria a retomada da vingança privada, o que de forma do Direito por todos, diferente do Estado do Bem-Estar so-
alguma é pretensão daqueles que estudam a vítima. cial, em que a expansão do Estado, no sentido de buscar
Assim, é de se perquirir qual seja o papel pretendido um tratamento jurídico de qualquer situação que visasse o
para a vítima no Estado Democrático de Direito, compreen- “fim social”, acabou criando “guetos jurídicos” (direito dos
dido a partir de uma visão procedimentalista do Direito negros, da criança, das mulheres, dos idosos etc) sem que
(Habermas). Para tanto, será feita uma breve exposição a houvesse uma efetiva participação dos afetados pelas nor-
respeito dos paradigmas do Estado Liberal e do Estado So- mas criadas. (Canedo e Chamon).
cial, e de sua ruptura, até se atingir a compreensão do para- E é justamente a partir desta compreensão do Estado
digma do Estado Democrático de Direito. Democrático de Direito que se precisa analisar a participa-
No paradigma do Estado Liberal, vislumbra-se uma di- ção da vítima de crime na solução do fato, com base no
visão entre a sociedade civil e seus interesses, como liberda- devido processo penal.
de, propriedade, relação de trabalho, isto é, a esfera privada
do indivíduo, e a sociedade política, definida como a esfera O movimento vitimológico no Estado Democrático de
pública. De modo que os direitos são compreendidos como Direito
normas abstratas e genéricas, que garantam a menor inter-
venção na esfera privada dos indivíduos e, assim, os direitos Adotando a compreensão do Estado Democrático de
fundamentais estruturam-se como forma de limitação da Direito a partir da concepção jurídica procedimentalista de
atuação estatal. Habermas, é importante definir a perspectiva do movimen-
A crítica ao Estado Liberal decorre da não consecução to vitimológico, no referido paradigma.
das liberdades individuais como realizadores de justiça so- Para tanto, é possível buscar amparo na análise feita
cial, já que direitos como igualdade, liberdade e proprieda- por Habermas do movimento feminista, que antes polari-
de são garantidos somente em seu “status jurídico negati- zava entre as perspectivas do Estado Liberal, igualdade de
vo” (Habermas). liberdades subjetivas, e do Estado Social: políticas públicas
Com a ruptura do paradigma do Estado Liberal e a for- que garantam justiça social.
mação do Estado Social, no qual são cunhados os direitos Isso porque, em um primeiro momento, as demandas
sociais, os direitos fundamentais clássicos são revisados sob femininas eram por direitos de iguais liberdades subjetivas,
essa nova perspectiva paradigmática, como por exemplo, o como direito ao voto e direito à igualdade de tratamento,
direito de propriedade e sua função social. Políticas públicas coibindo discriminações existentes no âmbito da educação,
são implantadas a fim de planificar desigualdades, ou seja, do trabalho.
constituem uma tentativa de propiciar justiça social a partir Mas as garantias de liberdades subjetivas, apenas em
da efetiva garantia de igualdade de chances e de uma maior seu aspecto negativo, não propiciavam a efetivação dos
distribuição de riquezas. respectivos direitos. Por consequência, na perspectiva do
Contudo, a impossibilidade de o Estado Social resolver Estado Social, se impõe a necessidade de políticas públicas
todas as demandas e a crítica às políticas eticizantes decor- de proteção, principalmente nas áreas relativas ao trabalho
rentes do paternalismo socioestatal, que alijam minorias, já e à família, para compensação das desigualdades. Contu-
que normatizam questões sem a provável adesão dos seus do, as políticas paternalistas do Estado Social ampliaram
destinatários, fundamentam a crítica e propõem a ruptura ainda mais as desigualdades e a segregação, gerando o fe-
deste paradigma. nômeno da feminização da pobreza. Ou seja, a instituição
Destarte, no contexto do paradigma do Estado Demo- de políticas que ao invés de protegerem acabam gerando
crático de Direito, este se funda nas autonomias pública e discriminação dos destinatários, daqueles que visava pro-
privada dos indivíduos, que são garantidas através de sua teger.
co-originalidade e equiprimordialidade. Na formulação de Logo, a crítica ao modelo eticizante do Estado Social
Habermas: A intuição expressa-se, por um lado, no fato de pode ser rompida com a compreensão da coesão interna
que os cidadãos só podem fazer um uso adequado de sua entre autonomias pública e privada, pela qual os sujeitos
autonomia pública quando são independentes o bastante, de direitos são compreendidos tanto como autores, quanto
em razão de uma autonomia privada que esteja equanime- como destinatários das normas jurídicas. Pois, no Estado
mente assegurada; mas também no fato de que só poderão Democrático de Direito, busca-se a participação dos afeta-
chegar a uma regulamentação capaz de gerar consenso, se dos, através da compreensão de seu papel como sujeito de
fizerem uso adequado de sua autonomia pública enquanto direitos, na formulação das pautas públicas.
cidadãos do Estado. (Habermas) Com conclui Habermas a respeito das políticas femini-
Assim, no Estado Democrático de Direito, o cidadão nas de equiparação: ... surge agora uma concepção jurídica
deve ser compreendido como autor e destinatário do direi- procedimentalista, segundo a qual o processo democrático
to, de modo que a principal mudança, baseada na crítica às precisa assegurar ao mesmo tempo a autonomia privada
políticas eticizantes do Estado Social, há pouco ressaltada, e autonomia pública: os direitos subjetivos, cuja tarefa é
consiste justamente na participação dos afetados no pro- garantir às mulheres um delineamento autônomo e prova-
cesso de construção e reconstrução comunicativa de seus do para suas próprias vidas, não podem ser formulados de
59
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
modo adequado sem que os próprios envolvidos articulem la posición y actitud de la víctima, y que por ello los tipos
e fundamentem os aspectos considerados relevantes para penales expresan um conflito y, consecuentemente, una re-
o tratamento igual ou desigual em casos típicos. (Haber- lación dialogal (autor,víctima, colectivo, Estado).
mas) É em virtude de sua natureza dialógica que ganham
Esse é o ponto de contato para a compreensão do mo- respaldo as críticas do movimento abolicionista a respeito
vimento vitimológico no paradigma do Estado Democrá- da posição do Estado, como aquele que rouba o conflito
tico de Direito: não se pode propor políticas de proteção dos seus verdadeiros protagonistas (Hulsman e Celis).
às vítimas de crime sem lhes garantir a participação na de- Logo, no Estado Democrático de Direito, o movimento
finição de pautas publicas relevantes e adequadas e sem vitimológico volta seus olhos para o estudo da sobrevi-
a garantia de sua participação no processo penal, como timização, também denominada vitimização secundária,
sujeito de direitos. gerada a partir do “indevido funcionamento do sistema
Ou seja, compreender a vítima de crime como sujeito processual e da irregular atuação da máquina policial e
de direitos, garantindo- lhe a co-originalidade de sua auto- judiciária” (Fernandes).
nomia privada e sua autonomia cidadã. Atualmente, tem-se atribuído muito mais relevo à
Assim, a posição da vítima no processo penal, fundada preocupação com a vitimização secundária, do que com a
na compreensão da expropriação do conflito pelo Estado, primária. Como revela Ana Sofia Schimidt de Oliveira: Vale
na qual esta (a vítima) era neutralizada, já que seu interesse analisar alguns possíveis motivos pelos quais a vitimização
era a vingança, não pode mais ser sustentada. Bem como, secundária é mais preocupante que a primária. O primeiro
não se pode afirmar que o estudo da fase atual da Vitimo- deles diz respeito ao desvio de finalidade: afinal, as ins-
logia se denomine redescoberta. tâncias formais de controle social destinam-se a evitar a
Na visão procedimentalista do direito, é necessário ga- vitimização. Assim, a vitimização secundária pode trazer
rantir às vítimas dos delitos a possibilidade de participar do uma sensação de desamparo e frustração maior que a vi-
contraditório definido no processo penal, já que o devido timização primária (do delinquente, a vítima não esperava
processo legal visa a reconstruir o fato delituoso, o qual foi ajuda ou empatia). (Oliveira)
protagonizado por dois sujeitos: o acusado e a vítima. Esse ponto deve ser analisado sob o paradigma do Es-
Pois o processo, na referida concepção, define-se tado Democrático de Direito. Não é aceitável, sob este pa-
como um conjunto de atos e posições subjetivas, dirigi- radigma, que aquele que é o titular responsável pela tutela
das a um provimento final, realizado em contraditório pe- jurisdicional, necessária para efetivar o devido processo
los afetados pela decisão (Fazallari). Assim, é através do penal, ao atuar, lese direitos daquele que já foi atingido e
procedimento realizado em contraditório que os afetados prejudicado pelo delito.
participam da construção do provimento final, em posi- Cumpre afirmar que a sobrevitimização, expressão aqui
ção de simétrica paridade, pois a eles incumbe o ônus da usada como sinônima de vitimização secundária, foi prefe-
argumentação da norma jurídica mais adequada ao caso rida por demonstrar com maior eficácia o desvio de fina-
concreto. (Günther) lidade da atuação jurisdicional, porque reforça a noção de
Conclui-se, portanto, que no paradigma do Estado uma nova vitimização em decorrência do aparato proces-
Democrático de Direito deve-se garantir a participação sual penal, e não apenas de uma conseqüência da vitimi-
das vítimas de crimes, tanto nas decisões a respeito das zação primária, como se denota da expressão “vitimização
políticas públicas de proteção, de definição e garantia de secundária”.
direitos fundamentais, como também sua participação no A sobrevitimização é, portanto, o desrespeito às ga-
processo que reconstruirá o fato criminoso, ou seja, no rantias e aos direitos fundamentais das vítimas de crime no
processo penal. processo penal, que olvida a compreensão de que a vítima
é sujeito de direitos, e como tal deve ter garantida a parti-
A questão da Sobrevitimização cipação no processo penal como parte contraditora, já que
também afetada pela decisão jurisdicional.
A Vitimologia inicia-se, em sua perspectiva crimino- Nessa perspectiva, ganha importância a Declaração de
lógica, a partir do estudo do comportamento vitimal, de princípios básicos de justiça para as vítimas de delitos e abu-
suas causas biológicas, antropológicas e sociais, realizando so de poder, aprovada pela ONU em 1985. Pois ela pontua
pesquisas, a fim de definir classificações e categorias para e define justamente direitos e garantias para as vítimas, a
as vítimas, analisando o comportamento da vítima como fim de, exatamente, evitar a sobrevitimização, já que enfoca
uma das causas da culpabilidade do autor. Mas, como res- garantias como o acesso à justiça e o tratamento justo das
saltado por Bustos, o movimento vitimológico, no para- vítimas, a assistência às vítimas e o direito à reparação do
digma do Estado Democrático de Direito, compreende e dano.
critica esses estudos de feições positivistas (Bustos), que
se propõem a estudar a vitimização primária. No novo pa- A respeito do Projeto de Lei nº 269/2003
radigma, o estudo da vítima reclama a compreensão de
que o crime representa um conflito de natureza dialógica, Apesar do espaço exíguo de um artigo, para se fazer
assim revelado por Bustos: esto no significa desconocer que uma análise das hipóteses de sobrevitimização no processo
los tipos penales no describen un comportamiento, sino un penal brasileiro, é possível enumerar, pelo menos, as hipó-
âmbito situacional y, por tanto, que hay que tener en cuenta teses mais flagrantes: como a definição de poderes restri-
60
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
tos da vítima, definidos no art. 271, do Código de Processo Contudo, o objetivo do presente trabalho é, com base
Penal (CPP); a ausência de direitos de informação, já que na concepção procedimentalista do direito, no paradigma
a vítima não é intimada do início e do fim do processo; do Estado Democrático de Direito, definidos inicialmente,
a ausência de programas de atendimento emergencial à fazer um estudo do projeto em análise.
vítima de crime e de assistência jurídica a ela; a dificuldade Como ressaltado anteriormente, na compreensão do
em efetivar o direito à reparação do dano, visto que o CPP Estado Democrático de Direito, fundado na co-origina-
adota o sistema da separação, que impossibilita a solução lidade e equiprimordialidade entre autonomia pública e
da questão da reparação do dano no processo penal; o autonomia privada, deve-se garantir a participação dos
desrespeito aos direitos individuais da vítima no processo, afetados, pois são eles, ao mesmo tempo, autores e des-
já que ela pode ser conduzida coercitivamente para prestar tinatários das normas jurídicas. Participação esta que se
depoimento (art. 201, do CPP), ou para ser submetida a deve garantir, tanto na perspectiva do processo jurisdicio-
exame de corpo de delito, nos crimes que deixam vestígios; nal, quanto no processo legislativo. Pois, como assevera
a impossibilidade de a vítima impugnar a decisão do juiz, Cattoni de Oliveira, o processo legislativo é compreendido
que acolhe o pedido de arquivamento do inquérito. como uma sequência de atos dirigidos a um provimento
Mas também é possível observar alguns aprimoramen- final, que, portanto, se estruturam em uma cadeia procedi-
tos na legislação brasileira, a respeito da participação da mental, que se realiza discursivamente através do contradi-
vítima na solução do conflito penal, como a introdução tório (Fazzalari) entre os agentes legitimados no contexto
da composição civil do dano para os crimes de menor po- do discurso de justificação (Günther).
tencial ofensivo, estabelecida no art. 74, da Lei 9.099/95, Logo, é preciso aperfeiçoar o discurso de justificação
que possibilita a formação de um acordo entre vítima e do presente projeto, buscando a participação, principal-
autor do fato, que ao retomarem o diálogo, transacionam mente, da sociedade civil organizada e de entidades pú-
a respeito da questão da reparação do dano, podendo esta blicas que têm atuado na assistência às vítimas, bem como
transação extinguir a punibilidade nos crimes de iniciativa a participação dos próprios afetados, ou seja, das vítimas.
privada ou de iniciativa pública condicionada à reparação Essa participação deve se dar não só no discurso de
do dano. justificação estabelecido no processo legislativo, mas tam-
Ou ainda, a inovação definida na Lei 9.605/98, Lei dos bém devem ser as vítimas de crimes incluídas no discurso
Crimes Ambientais, que privilegia a reparação do dano am- de aplicação das referidas normas jurídicas.
biental, principalmente no crime de menor potencial ofen- Sob este aspecto, o órgão deliberativo do Fundo que
sivo, já que a lei condiciona o oferecimento da transação se propõe criar ficará a cargo do Ministério da Justiça. Mas
penal à anterior reparação do dano ambiental (art. 27, da seria importante que o referido órgão deliberativo tives-
Lei 9.605/98). se uma composição plural, que representasse, também, os
afetados: assim, poderia ele ser composto por membros
É deste panorama que o Projeto de Lei do Senado
da Administração Pública, do Ministério da Justiça, mas
nº 269, de 2003, passa a ser discutido, propondo a
também por membros do Poder Judiciário, do Ministério
definição de direitos das vítimas de ações criminosas, e
Público, e da sociedade civil organizada.
regulamentando o art. 245, da CF/88, através da instituição
Outro ponto importante, que merece ser destacado, é
do Fundo Nacional de Assistência às Vítimas de Crimes
o rol de direitos das vítimas, definido no art. 2º do referido
Violentos (FUNAV).
projeto. Trata-se de uma enumeração de direitos funda-
A definição dos direitos das vítimas segue a estrutura
mentais da vítima, que já possuía assento constitucional,
definida pela Declaração da ONU, estabelecendo seu direi-
pois estes estão previstos, implícita ou explicitamente, no
to ao tratamento digno pelas autoridades públicas, direito art. 5º da Constituição da República, como próprios do
à informação e à orientação a respeito de seus direitos no princípio da dignidade da pessoa humana, da garantia do
processo, direito de prestar declarações em dia e hora ajus- contraditório entre os afetados pela decisão, do direito à
tados, direito de petição ao órgão jurisdicional, a respeito reparação do dano às vítimas de delito. Mas, mesmo com
de questões processuais, direito de proteção, no caso de a positivação desses direitos, através de lei específica, é im-
ameaça, direito à restituição, à reparação do dano, através prescindível uma interpretação constitucionalmente ade-
de procedimentos simplificados e de fácil acesso, e direito quada, a fim de que os referidos direitos sejam efetivados.
à assistência financeira do Estado. Tome-se como exemplo o direito à reparação do dano:
Em termos concretos, o projeto propõe a modificação prevê o presente projeto, no art. 2º, IX, o direito da vítima,
da norma do parágrafo único, do art. 201, do CPP, que defi- de obter do autor do crime a reparação dos danos causa-
ne a condução coercitiva da vítima, passando a prever-lhe o dos, por meio de procedimentos judiciais simplificados e
dever de prestar declarações, mas facultando- lhe a possi- de fácil acesso. Como efetivar essa garantia, no contexto da
bilidade de ajustar dia e hora para prestar suas declarações, legislação atual? Como ressaltado anteriormente, o sistema
sem a presença do acusado. E mais: a instituição do FUNAV, brasileiro de reparação do dano é o sistema da separação,
Fundo Nacional de Assistência às Vítimas de Crimes Vio- com modificações que o mitigam, a fim de evitar decisões
lentos, que segue em termos o modelo definido em outros contraditórias (Fernandes). No sistema brasileiro, a questão
países, como Portugal, Espanha, e ainda na Convenção Eu- penal é decidida no processo penal e a questão da repara-
ropeia relativa à indenização da vítima de crimes violentos ção do dano, no processo civil, podendo a vítima usufruir
e no Estatuto de Roma, do Tribunal Penal Internacional. o titulo executivo judicial, quando o juiz penal condenar o
61
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
acusado. Em geral, a vítima espera o trânsito em julgado da preendem que o único “interesse” da vítima no processo
decisão penal para ingressar com a execução, isto é, aguar- penal é a obtenção de um título executivo, para consubs-
da até que possua informações a respeito desse seu direito. tanciar seu pedido de reparação no processo civil. Verifica-
Onde está o fácil acesso, previsto no novo processo? Não -se que, sequer a proteção jurisdicional, baseada na inafas-
se pode garantir fácil acesso, isto é, efetividade e celerida- tabilidade da tutela jurisdicional, na hipótese de lesão ou
de, no sistema brasileiro, fundado na separação. Ademais, ameaça de lesão a direitos, no caso específico, direitos da
no sistema processual pátrio, se a vítima preferir ingressar vítima, lhe é garantida, já que, apesar de afetada pelo pro-
imediatamente com a ação de reparação do dano, sem a vimento jurisdicional penal, não participa do contraditório
solução do processo penal, pode o juiz cível suspender o realizado no processo, de forma plena.
processo (art. 110, do CPC), à espera da decisão da questão Logo, pode-se concluir que o projeto analisado é de
prejudicial, decidida no processo penal. grande relevância, se garantida a participação dos afeta-
Mas, se a sentença penal for uma sentença absolutória, dos, tanto na formação do discurso de justificação no pro-
a questão da reparação do dano trás uma outra hipótese cesso legislativo, quanto na formação e deliberação do FU-
de sobrevitimização. Pois, segundo a norma do art. 935, do NAV. Mas faz-se necessário ampliar o debate a respeito da
Código Civil, que repetiu a disposição do art. 1.225 do an- vítima, para que se possa efetivar seus direitos fundamen-
tigo Código Civil, faz coisa julgada no juízo cível a decisão tais no processo penal, evitando assim a sobrevitimização,
do juiz penal que declara que o fato não ocorreu e/ou que através de uma interpretação adequada do ordenamento
o acusado não é o autor do crime. Bem como, faz coisa brasileiro, com base nos direitos fundamentais da vítima
julgada no cível a decisão do juiz penal que declara que o de crimes.
fato foi cometido em legitima defesa (Assis). Se a decisão
penal faz coisa julgada, significa que, mesmo que a vítima CRIMINOLOGIA E POLÍTICA CRIMINAL
não atue no processo penal como parte contraditora, ela
será afetada pela decisão jurisdicional. O que se demonstra Há muito, a doutrina penal se ressente de uma explica-
flagrantemente inconstitucional, pois alguém que não par- ção mais substanciosa para o crime. Com efeito, o complexo
ticipou do processo em contraditório não pode ser afetado existencial humano, de proteiformes manifestações, entre
pelo provimento (Gonçalves). picos de lucidez e depressões de inconsciência, não é sa-
Argumentando com base em um caso concreto, to- tisfatoriamente explicado por uma dogmática encastelada
memos uma denúncia por homicídio simples, crime do- no árido universo das normas (ou, para utilizar a expressão
loso contra vida, de competência do Tribunal do Júri. Na de Zaffaroni, no impenetrável “mundo do esquizofrênico”).
primeira fase do procedimento do Júri, no momento da Malgrado sua repercussão acadêmica, impende aquiescer
pronúncia, o juiz, ao invés de pronunciar, reconhece a tese que o conceito analítico de crime, ação típica, antijurídica
da defesa de legítima defesa própria, e assim, absolve su- e culpável, não é suficiente para satisfazer a exigência de
mariamente o acusado. Ao se analisar a legitimidade para uma explicação plausível do comportamento criminoso.
recorrer, de quem não participou do processo, prevista nas Não raro, a concepção de crime, tal qual é difundida nos
normas do art. 271 e do § 1º, do art. 584, ambos do Código bancos acadêmicos, afigura-se primária e ginasiana, quan-
de Processo Penal (o assistente, ou mesmo, a vítima), veri- do cotejada com as modernas elucubrações da psicanálise
fica-se que a hipótese de absolvição sumária, impugnável e com as recentes descobertas da (meta) física. É que (como
por recursos em sentido estrito (art. 581, VI, do CPP) não é consabido) a conduta humana transcende e extravasa os
foi agraciada. Assim, esta vítima, mesmo ingressando no estreitos conceitos da dogmática penal, de modo que não
processo penal como assistente, não poderá exercer ple- pode ser asfixiada pela redoma analítica sob a qual alguns
namente o seu direito à ampla defesa e ao contraditório, pretendem aprisioná-la. Urge, pois, que novas categorias
já que não lhe seria permitido recorrer autonomamente da conceituais sejam trazidas para o continente jurídico-penal
referida decisão, podendo tãosomente oferecer razões ao a fim de enriquecer os paradigmas pelos quais a doutrina
recurso em sentido estrito interposto pelo Ministério Pú- entrevê o comportamento humano. Não se trata de negar
blico, ou esperar a modificação da decisão pelo Tribunal, a idéia analítica do crime. Refutá-la, jamais. Aperfeiçoá-la,
em virtude da remessa necessária8 prevista para a hipó- sim. Na era pós-freudiana, com os adventos da psiquia-
tese elencada (art. 411, CPP). A referida decisão, que na tria sobre o arquétipo humano, permanecer com a simples
compreensão da doutrina supracitada estaria investida nos idéia de que crime é, tão somente, ação típica, antijurídica
efeitos da coisa julgada, impediria a via civil da reparação e culpável, seria um subterfúgio evasivo para negligenciar
do dano. Contudo, esta não pode ser a interpretação cons- os avanços da ciência humana.
titucionalmente adequada9, já que o provimento jurisdicio- É aí que se inserem duas perspectivas do direito penal:
nal afetará a vítima, mas o processo penal não lhe garante a Criminologia e a Política Criminal.
a possibilidade de atuação ampla em contraditório, já que Na dicção de Franz Von Lizst, as ciências criminais per-
lhe veda a possibilidade de recorrer autonomamente; ou fazem uma enciclopédia que pode ser vista a partir de três
seja, não lhe garante o duplo grau de jurisdição. recortes epistemológicos:
Neste ponto, é flagrante a inexatidão da doutrina pro- - a dogmática estrita, como substrato científico do direi-
cessual penal brasileira a respeito da participação da vítima to penal;
no processo penal, para a defesa de seus direitos relativos - a criminologia, como plataforma para as investiga-
à reparação do dano. Mesmo naqueles autores que com- ções sobre as origens do crime e da delinquência;
62
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
- a política criminal como trampolim para a concreção filosofia espírita. Quanto mais dilatado for o espectro rela-
de medidas que visem diminuir a criminalidade. cional do direito penal com outros ramos do saber huma-
no, tanto maior será a contribuição da jurisprudência para
Segundo o penalista lusitano, Jorge de Figueiredo Dias, a sociedade. Por outro lado, o isolamento hermético da
“política criminal, dogmática jurídico-penal e criminologia doutrina penal em relação às ciências que lhe tangenciam
são assim, do ponto de vista científico, três âmbitos autô- atravancam a evolução do pensamento criminal. É por isso
nomos, ligados porém, em vista do integral processo da que o jurista moderno deve estar aberto às múltiplas ma-
realização do direito penal em uma unidade teleológico- nifestações do conhecimento: para entender mais e mais o
-funcional”. De igual modo, Claus Roxin admite que “polí- comportamento humano.
tica criminal, prevenção e fins da pena possuem um direito Levando-se em consideração que as condições econô-
de argumentar também na dogmática jurídico-penal”, pois micas possibilitam diferentes formas de proteção contra a
“são ideias reitoras que podem constituir uma ponte de li- criminalidade, elas não são suficientes e nem superiores a
gação com a criminologia”. força protetora do Estado. Embora as formas de proteção,
Aliás, as comportas da criminologia e da política crimi-
diante da criminalidade, variem de acordo com as condi-
nal têm sido o canal de comunicação da dogmática penal
ções sócio-econômicas, existe um fato comum: todas as
com outros ramos do saber humano. É por esse flanco que
camadas da sociedade imploram uma enérgica interven-
o professor Alessandro Baratta lança as bases de sua Cri-
ção estatal objetivando combater a escalada da violência e
minologia Crítica e o mestre Joe Tennyson Velo solidifica
os alicerces de sua Psicologia Analítica. É pela política cri- o estabelecimento de uma aceitável segurança social.
minal que o doutrinador Antonio Beristain alija as raízes de Por isso, sempre que são cometidos crimes que cho-
seus estudos sobre a Vitimologia. Nesta mesma seara, o cam a coletividade ou a quantidade de crimes supera o li-
laureado mestre Jacinto Nelson de Miranda Coutinho tem mite do suportável, as autoridades são chamadas a prestar
importado conceitos da Psiquiatria para preencher a lacu- esclarecimentos sobre as atitudes tomadas pelos órgãos
na da dogmática em relação à atividade jurisdicional. De públicos no intuito de conter e punir os infratores da lei.
igual modo, o notável professor Juarez Cirino dos Santos Nesse ponto, surge a Política Criminal que através de
buscou na Sociologia Criminal a ampliação dos horizontes decisão política desenvolve meios e técnicas para diminuir
científicos para fundamentar a sua Moderna Teoria do Fato e controlar a atividade criminosa na sociedade. Nesse sen-
Punível. tido, para Zaffaroni e Pierangelli “A Política Criminal é a
Durante muito tempo predominou a idéia atomista ciência ou a arte de selecionar os bens jurídicos que devem
de ciência. A cognição científica era aquela que conseguia ser tutelados penalmente e os caminhos para tal tutela, o
individualizar o núcleo embrionário de um conhecimento que implica a crítica dos valores e caminhos já eleitos”.
despoluído de todos os elementos que gravitavam em tor- Em sua obra, Nilo Batista, conceitua a Política Criminal
no sua órbita. Foi assim que se alcançou o átomo, na física; como: Do incessante processo de mudança social, dos re-
a célula, na biologia; a fração numérica, na matemática; a sultados que apresentem novas ou antigas propostas do
vírgula, na gramática. Todavia, com o passar dos anos, o direito penal, das revelações empíricas propiciadas pelo
paradigma científico mudou. Nasceu a ideia de estrutura- desempenho das instituições que integram o sistema pe-
lismo. As ciências passaram a conceber a idéia de todo e nal, dos avanços e descobertas da criminologia, surgem
de conjunto, como busca do conhecimento. Hodiernamen- princípios e recomendações para a reforma ou transforma-
te, a contextualização e a visão estrutural fazem parte da ção da legislação criminal e dos órgãos encarregados de
moderna dialética que estuda o fenômeno jurídico, sob o sua aplicação. A esse conjunto de princípios e recomenda-
prisma da complementaridade, de que falam Miguel Reale ções denomina-se política criminal.
e Luiz Fernando Coelho. Assim, do mesmo modo Rocha assevera: “(...) a política
Daí essa noção de tridimensional das ciências penais.
criminal determina a missão, os conteúdos e o alcance dos
De um lado, o aporte dogmático que lhe confere estabili-
institutos jurídicos-penais, bem como a aplicação prática
dade científica. Noutro vértice, o arrimo criminológico que
do direito penal aos casos concretos. São as opções da po-
lhe garante investigações empíricas. Por fim, o supedâneo
lítica criminal que decidem sobre a incriminação ou não
político-criminal que lhe assegura o retorno às soluções
concretas. Essas três faces constituem um poliedro inque- de determinadas condutas, considerando-se a vantagem
brantável que se consubstancia na penalística contempo- social da qualificação, bem como quem deve ser respon-
rânea. Esse influxo de três canais a um mesmo ponto de sabilizado”.
convergência fomenta uma efervescência científica que se Não obstante, com bastante propriedade, Salo de
oportuniza uma abertura a enfoques multidisciplinares. Carvalho, traz em sua obra os prolegómenos da política
Dentro dessa abertura, cabe destacar o oportuno tra- criminal:
balho da lavra do professor Doutor Cândido Furtado Maia Segundo Franz Von Liszt, a política criminal
Neto em parceria com o médium Carlos Lenchoff que ob- nasce na segunda metade do século XVIII na Itália,
serva a Criminalidade e a Doutrina Penal sob a ótica da fundamentalmente com o advento da publicação da obra
Filosofia Espírita. É interessante observar essa ampliação do de Beccaria e sua preocupação com as formas eficazes de
leque de convívio dos conceitos penais, ora tendentes à prevenção do delito e o conteúdo legislativo efetivo para
psicanálise, ora inclinados à sociologia e agora voltados à alcançar tal finalidade.
63
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
O questionamento de Beccaria projeta a teoria do Não perdendo a crítica, Santoro Filho, com espeque no
direito penal da estrutura meramente descritiva e submissa Estado Democrático de Direito, descarta a utilização dessa
às funções declarativas da lei penal (perspectiva de lege corrente no ordenamento jurídico:
lata) à busca de soluções para o problema da criminalidade A Nova Defesa Social, assim, que represente em relação
(perspectiva lege ferenda). ao movimento de lei e ordem muito maior proximidade com
Seguindo o entendimento dominante, a política crimi- a perspectiva de elaboração de um direito penal democráti-
nal seria o conjunto de princípios e recomendações para co, fundado em bases cientificas e não passionais, não está
reagir contra o fenômeno delitivo através do sistema pe- isenta de sérias críticas a pontos essenciais de sua teoria, que
nal (instituição policial, instituição judiciária e a instituição trazem, inclusive, riscos aos direitos e garantias individuais,
penitenciária), utilizando os meios mais adequados para o o que impede a sua admissão, entre nós, como idéia funda-
controle da criminalidade. mental para uma nova política criminal.
Compartilhando com o entendimento, Araújo Junior ex-
Principais movimentos da Política Criminal plica: A Novíssima Defesa Social adotou um caminho mo-
derado para promoção das reformas penais, preferindo não
Para compreensão da Política Criminal, se faz necessário correr os riscos das mudanças bruscas, que podem conduzir,
um exame sobre suas principais correntes de pensamento. em caso de insucesso, à perda das grandes conquistas já
Neste caso, destacam-se três correntes: A Novíssima Defe- obtidas ou à interrupção de sua evolução. Evidentemente,
sa Social ou Nova Defesa Social (NDS), Movimentos de Lei não se trata de um movimento revolucionário, mas, sim, de
e Ordem (MDLO) e a Política Criminal Alternativa ou Nova uma política criminal humanista, ancorada em profundas ba-
Criminologia. ses científicas, que dá ao Direito Penal caráter preventivo e
A Defesa Social, posteriormente transformada em Nova protetor da dignidade humana.
Defesa Social, foi um movimento criado por Filippo Grama- Portanto, o movimento da Nova Defesa Social, em de-
tica que fundou o Centro Internacional de Defesa Social. Em corrência da concepção universalista e da manutenção do
1954, com a publicação do livro La Défense Sociale Nouvelle princípio da legalidade como forma protetora atrelada ao
de Marc Ancel, Gramatica perdeu seu lugar em decorrên- processo legislativo, sofreu grande abalo a partir do surgi-
cia do novo pensamento defendido por Marc que buscou a mento das correntes críticas da criminologia nos anos 60
que constatarão o fracasso das penas privativas de liber-
transformação e humanização do direito penal ao invés da
dade.
sua eliminação, contrariando Gramatica. Daí, a denominação
de Nova Defesa Social, movimento que seria uma conjuga-
O Movimento da Lei e Ordem tem origem nos Estados
ção de aspirações humanistas e democráticas, em matéria
Unidos da América onde ficou conhecido como “law and
penal.
order”. Sua orientação de reação ao fenômeno criminal tem
A Nova Defesa Social foi a corrente de pensamento da
sentido, absolutamente oposto ao da Defesa Social. É um
política criminal de maior aquiescência pela sociedade cien-
movimento integrado principalmente por políticos e sen-
tifica do século XX, conforme apresentado por Salo Carva-
sacionalistas que defendem uma ideologia da repressão
lho, em sua obra: para conter um inimigo criado através do medo. Para isso,
Apropriando-se deste legado e ciente de sua autonomia a mídia difunde a idéia de que a criminalidade e a violência
discursiva, Marc Ancel criará o movimento político-criminal encontram-se sem controle criando um verdadeiro estado
de maior aceitação pela comunidade científica das ciências de pânico e desespero entre as pessoas que reclamam, sem
criminais do século XX: a Nova Defesa Social (NDS). A NDS muita racionalidade, solução imediata para o angustiante
unifica e formata os discursos político-criminais com a fina- problema da segurança pública.
lidade de criação de medidas de prevenção da reincidência Nesse sentido, vale ressaltar o entendimento de Araújo
em todos os níveis repressivos.(...) A política criminal atuaria Jr. sobre a corrente: Este movimento, integrado principal-
como conselheira dos órgãos de segurança pública e “se li- mente por políticos com inclinações contrárias às conquis-
mitaria a indicar ao legislador onde e quando criminalizar tas das organizações de defesa dos direitos humanos, e
condutas. pela mídia voltada à população econômica e culturalmente
Nesse sentido, as idéias propugnadas pela Nova Defe- menos favorecida, parte do pressuposto de que a crimina-
sa Social estão consolidadas na coerência do pensamento lidade e a violência encontram-se em limites incontroláveis,
moderado sobre os pensamentos exagerados de Gramatica, e que este fenômeno é fruto de legislação muito branda e
que defendiam a eliminação do Direito Penal. dos benefícios excessivos conferidos aos criminosos, pois
O movimento da Nova Defesa Social tem três caracte- não têm estes receio de sofrer a sanção.
rísticas básicas: caráter multidisciplinar ao abrigar diversas Portanto, na tentativa de defender seus interesses
posições; caráter universal por se encontrar acima das legis- escusos, os integrantes dos Movimentos de Lei e Ordem
lações nacionais e como traço peculiar a mutabilidade por pregam que a pena tenha caráter de castigo e retribuição,
variar no tempo se adequando ao avanço da sociedade. os crimes graves requerem longa privação de liberdade ou
Dentre os seus postulados, a Nova Defesa Social visa o morte, a serem cumpridas em estabelecimentos penais de
exame crítico das instituições vigentes, a conexão com todos segurança máxima, em regime de rigorismo, tais como o
os ramos do conhecimento humano e um sistema político Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). Além disso, procla-
criminal de proteção dos direitos dos homens. mam que exista uma resposta imediata ao crime, com am-
64
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
pliação da prisão provisória e que a execução da pena deve o objetivo de proteger os conceitos e interesses que são
ser realizada pela autoridade penitenciária, restringindo-se próprios da classe dominante. Os instrumentos de controle
os demais controles, dentre ele o judicial. social, por isso, estão dispostos opressivamente, de modo
Com bastante propriedade, Santoro Filho, desmascara a manter dóceis os prestadores de força de trabalho, em
essa política de medo implantada na sociedade: O movi- benefício daqueles que detém os meios de produção. O
mento de lei e ordem representa a perspectiva de um di- Direito Penal é, assim, elitista e seletivo, fazendo cair frago-
reito penal simbólico, uma onda propagandística dirigida rosamente seu peso sobre as classes sociais mais débeis,
especialmente às massas populares, por aqueles que, preo- evitando atuar sobre aquelas que detém o poder de fazer
cupados em desviar a atenção dos graves problemas so- as leis. O sistema destina-se a conservar a estrutura vertical
ciais e econômicos, tentam encobrir que estes fenômenos de dominação e poder, que existe na sociedade, a um tem-
desgastantes do tecido social são, evidentemente entre po desigual e provocadora de desigualdade.
outros, os principais fatores que desencadeiam o aumento, Realmente, o caminho pelo qual enveredou a Crimi-
não tão desenfreado e incontrolável quanto alarmeiam, da nologia Crítica foi inicialmente aberto pelas correntes mais
criminalidade. progressistas da criminologia liberal. Hoje, ela parte da
Essa Política Criminal defende a luta contra a crimina- idéia de sociedade de classes, entendendo que o sistema
lidade de forma irresponsável onde, na maioria das vezes, punitivo está organizado ideologicamente, ou seja, com
os postulados da dignidade humana são desrespeitados e o objetivo de proteger os conceitos e interesses que são
o Estado Democrático de Direito é ameaçado pela ideolo- próprios da classe dominante. Por essa linha alternativa,
gia do Estado do Terror. Nilo Batista citando Baratta ao propor uma das quatro in-
Geralmente, em decorrência dessa linha de pensamen- dicações estratégicas para uma política criminal das classes
tos, surgem grupos de extermínio conhecidos como esqua- dominadas, discorre o seguinte: (...) propõe Baratta uma
drão da morte e grupos que cultivam a imagem da caveira “batalha cultural e ideológica em favor do desenvolvimen-
sobreposta ao fardamento da polícia, o maior destes gru- to de uma consciência alternativa no campo das condutas
pos foi a Scuderie Detetive Le Coq (SDLC), que surgiu para desviantes e da criminalidade”, tentando-se inverter as “re-
vingar a morte do famoso detetive Milton Le Coq, tendo lações da hegemonia cultural com um trabalho de decidida
por finalidade executar pessoas consideradas criminosas, crítica ideológica, de produção científica e de informação”.
muitas vezes utilizando métodos lombrosianos. A Política Criminal, portanto, assinala métodos consi-
Baseados, em sua maioria, nos discursos de descrimi- derados racionais visando combater a criminalidade. Na
nalização, as políticas criminais alternativas proporão no- verdade, a realidade não é considerada em si própria e,
vas formas de gestão do fenômeno delitivo. Na verdade, sim, os interesses daqueles que detêm o controle e mani-
trata-se de um movimento que tem por expressão gené- pulam a sociedade. Daí surge à confirmação de arbitrarie-
rica outras tendências que conforme Araújo Junior são as dade por parte da atual Política Criminal na adoção de me-
seguintes: “Criminologia Crítica, Criminologia Radical, Cri- didas para atender aos interesses de uma elite detentora
minologia da Reação Social, Economia Política do Delito” e do poder. Nesse sentido, Zafarroni sustenta que: (…) todo
outras. Em verdade, a Nova Criminologia tem um cunho de saber criminológico está previamente delimitado por uma
inspiração marxista que ao longo do tempo vai se transfor- intencionalidade política ou “político-criminal” se preferir.
mar numa criminologia dialética em oposição à criminolo- Em nossa opinião, a criminologia não é uma ciência, mas o
gia sociológica. saber, proveniente de múltiplos ramos, necessário para ins-
Dentre os princípios fundamentais deste movimento trumentalizar a decisão política de salvar vidas e diminuir
alternativo tem-se a abolição da pena privativa de liber- a violência política em nossa região marginal com vistas a
dade, pois é considerada inútil como meio de repressão se alcançar um dia, a supressão dos sistemas penais e sua
do delito e como forma de ressocialização do delinqüente. substituição por formas efetivas de solução de conflitos.
Além deste princípio basilar o movimento prega uma Polí- Nesse sentido, vale destacar a contribuição de Lênin
tica Criminal voltada para duas classes, ou seja, a criminali- revelando a dominação existente na política: Os homens
dade deve ser considerada segundo a classe social de que foram e serão sempre em política os ingênuos engana-
provenha. Ainda, dentre os postulados básicos, com a fina- dos pelos outros e por si próprios, enquanto não tiverem
lidade de alcançar a abolição do sistema penal, a corrente aprendido, por detrás das frases, das declarações e das
defende um processo gradativo passando pela descrimina- promessas morais, religiosas, políticas e sociais, a discer-
lização, despenalização e desjudicialização. Ao lado dessa nir os interesses de tais ou tais classes. Os partidários das
ampla redução de atividade punitiva do Estado recomenda reformas e melhoramentos serão sempre enganados pelos
a criminalização dos comportamentos que causem dano defensores da velha ordem das coisas, enquanto não tive-
ou ameacem os interesses essenciais da comunidade e, por rem compreendido que toda a velha instituição, por mais
fim, com o objetivo de difundir sua ideologia propõe uma bárbara e apodrecida que pareça, é sustentada por forças
intensa propaganda, visando aumentar seus discípulos. de tais e tais classes dominantes.
Nesse sentido, Araújo Júnior ao falar que a Nova Crimi- Diante desta constatação, em seu importante trabalho,
nologia explora seu objeto de estudo demonstra que o seu Nilo Batista, consegue de forma surpreendente ser explici-
princípio basilar tem um seu caráter dialético: Ela parte da tamente crítico e demonstrar o verdadeiro papel atual da
ideia de sociedade de classes, entendendo que o sistema omissão existente no acatamento das leis: Quando a crimi-
punitivo está organizado ideologicamente, ou seja, com nologia positivista não questiona a construção política do
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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
direito penal (como, por quê e para quê se ameaçam pe- Torna-se fundamental destacar que diante desta pers-
nalmente determinadas condutas, e não outras, que atin- pectiva, demasiado clara, as teorias utilizadas para legi-
gem determinados interesses, e não outros, com o resulta- timar a intervenção estatal começam a dar sinais de des-
do prático, estatisticamente demonstrável, de se alcançar gaste. O Estado está tendo dificuldades para arcar com as
sempre pessoas de determinada classe, e não de outra), responsabilidades assumidas e quem sofre com isso é a
nem a aparição social de comportamentos desviantes (seja coletividade, independente da esfera social. Pois, a falta de
pelo silêncio estratégico do legislador, que não converte enfrentamento aos graves problemas sociais (saúde, fome,
aquilo que a maioria desaprova, desviante, em delituo- desemprego, educação, dentre outros) resulta em cresci-
so, seja pelo descompasso entre vetustas bases morais, mento dos conflitos de interesses e da criminalidade.
a partir das quais se instalaram instrumentos de controle Portanto, para entendimento do contexto é necessário
social, e sua incessante transformação histórica, seja até fazer uma análise sob a perspectiva da Crise da Moderni-
pela própria etiologia enquanto processo social individua- dade para só assim utilizar uma Política Criminal justa e
lizável), nem a reação social (desde as representações do combater a criminalidade de forma efetiva e enérgica sem
delito, do desvio, da pena e do sistema penal, dispersas no mascarar a realidade. Por isso, só em uma sociedade em
movimento social, ou sinalizadas na opinião pública e nos que as relações sociais e interpessoais estejam equilibradas
meios de comunicação, até o exame das funções, aparen- é que se torna possível o exercício sereno e justo da função
tes e ocultas, que a pena desempenha, nomeadamente a jurisdicional.
pena privativa da liberdade, tal como existe e é executada A criminologia se ocupa do estudo do criminoso e das
pelas diversas instituições que dela participam); quando a causas da criminalidade, enquanto que a política criminal,
criminologia positivista não questiona nada disso, ela cum- estuda e recomenda os meios de prevenção e repressão à
pre um importante papel político, de legitimação da ordem delinquência. Todavia, nos dias de hoje, essa distinção qua-
estabelecida. se não existe mais, pois a criminologia já não se preocupa
Sem dúvida, esta situação crítica resultou num proces- tanto em querer explicar as causas do comportamento do
so em que a responsabilidade pela formação da opinião criminoso, mas em fazer críticas e sugerir estratégias para
pública sobre a criminalidade e segurança foi assumida por o controle da criminalidade, confundindo-se, dessa forma,
leigos que, com ou sem interesses escusos, ocuparam o com os objetivos da política criminal.
centro das atenções, como freqüentemente é observado
nos programas sensacionalistas. Consequentemente, isso Como ciência social, os diversos elementos que com-
fez decrescer a importância dos pesquisadores criminais põe a sociedade também são articulados pela criminolo-
no papel de trazer credibilidade as discussões públicas. Por gia. Quando este ramo de estudo passou a criticar o poder
isso, antes de uma crise de legitimidade, existe, portanto, criminalizante e o direito penal se questiona a respeito do
um grave conflito de credibilidade, onde a palavra do cien- sentido ideológico da punição, ambas as áreas se conver-
tista criminal não tem valor diante dos apelos midiáticos gem no campo da política criminal, que, segundo Zaffaroni,
anunciados por leigos. “deve ter sempre um fundamento antropológico (filosofia).
Em sua obra, Zaffaroni tratando da possibilidade de A abordagem etiológica da criminologia positivista
resposta político-criminal a partir do realismo marginal despertou o desenvolvimento da multidisciplinariedade,
supõe que: O amplo direito à informação não é limitado ampliando as formas metodológicas para tratar da questão
quando não se impede a circulação das notícias, mas quan- criminal.
do se proíbe inventar fatos violentos não ocorridos, mos- A política criminal consiste na orientação advinda dos
trar pela televisão cadáveres despedaçados, explorar a dor responsáveis políticos quanto aos aparelhos repressivos,
alheia surpreendendo declarações de vítimas desoladas e condizentes com a situação legislativa do momento; Por
desconcertadas, violar privacidade de vítimas humildes e sua vez, através das decisões políticas, essa orientação
outros recursos semelhantes, como a incitação de brigas pode vir a ser exteriorizada na legislação penal, que tão-
entre vizinhos de bairros populares, invenção de pseudo- -somente limita-se a compilar as condutas que ferem os
-especialistas em matérias que desconhecem totalmente, bens jurídicos fundamentais e lhes atribui sanções corres-
apresentação de profissionais desconhecidos como cate- pondentes à gravidade do dano. Quem acreditou na inte-
dráticos, etc., isto é, a propagação de mensagens irrespon- ração das três vertentes de modo a favorecer a aplicação
sáveis que constituem uma deslealdade comercial com o do direito penal na tarefa sócio-política de controle do fe-
simples objetivo de obter audiência, numa competição vi- nômeno do crime foi Liszt, que a esse conjunto atribuiu o
ciada que se considera normal na região. O grau de aberra- nome de “enciclopédia das ciências criminais”. Defendem
ção é tão grande que quem consegue filmar um homicídio também essa interação Molina e Núñez Paz, ao afirmar, o
ou um suicídio pula para a fama, questão que pouco tem a primeiro, que os três âmbitos aduzidos são pilares do siste-
ver com o direito de dar ou receber informação. ma das ciências criminais, e o segundo, que a possibilidade
Por isso, aproveitando o entendimento de Richard integradora da dogmática e da análise criminológica se as-
Quinney mencionado por Nilo Batista, indubitavelmente sentam na política criminal como pilar básico (Núñez Paz).
“compreender que o sistema penal não serve à sociedade Os estudos da criminologia ao longo do tempo oca-
como um todo, mas serve os interesses da classe domi- sionaram sua “desconstrução epistemológica” (Andrade)
nante, é o começo de uma compreensão crítica do direito a partir da teoria do labelling approach, subsistindo com
criminal, na sociedade capitalista”. sua carga contributiva social, e agora, também política. Se
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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
a criminologia positivista já poderia ser considerada como cológicos, atingindo enfim, o exaurimento dessas teorias.
“ciência do controle social” por ter estimulado a constru- A mudança de paradigma da criminologia se direcionou
ção de uma política criminal com base nos estudos causal- aos fatores externos ao indivíduo delinqüente, e ademais,
-explicativos do crime, a criminologia contemporânea, por aos reflexos da atuação estatal sobre ele. A defesa social, à
se interferir com mais assiduidade nas ciências criminais, época, foi defendida sob a concepção de que fossem iden-
pode receber a nomenclatura de “ciência do controle só- tificáveis os indivíduos que transgrediam a norma, sem se
cio-penal”. Para finalizar este artigo, ilustro as contribuições atentar à mudança na sociedade e aos estudos evolutivos,
que a criminologia, através de seus estudos seculares, pode vindo a influenciar assim, um preconceito social com re-
proporcionar no campo jurídico penal. lação aos submetidos ao controle formal. Nesse sentido,
No tribunal do júri, afirma que os advogados criminais o positivismo jurídico e a dogmática penal se instalaram
freqüentemente têm se concentrado nos estudos crimino- firmemente, fazendo entrever os fundamentos do Estado
lógicos pautados no comportamento da vítima, quando Democrático de Direito, por vezes, paradoxalmente ao
não encontra muitas provas da inocência do réu. A inserção estabelecido na Carta Magna. A criminologia crítica, por
dos conceitos da Vitimologia, visando o acesso à justiça abarcar o estudo do social, transparece a atuação estatal
pela vítima e sua maior adequação na estrutura judiciária, penal em detrimento do homem, interferindo-se na políti-
faz com que aproxime o infrator da vítima, estimulando ca criminal e no direito penal.
um diálogo positivo entre eles e propiciando condutas so- Desta forma, revela-se a viabilidade funcional das
cialmente positivas (Smanio). Já com base na criminologia questões criminológicas na atuação do jurista, de modo a
contemporânea, assinala a contribuição na execução penal, ampliar a sua visão diante dos processos, da interpretação
destacando que o método APAC (Associação de Proteção dos códigos, das audiências, da seletividade e da falibilida-
e Assistência aos Condenados), que pode comportar em de do aparato repressor formal, do enfoque vitimológico,
sua gênese as teses criminológicas para sua melhor pro- do controle social, da relação do fenômeno da criminalida-
pagação. No que tange ao artigo 59 do Código Penal, o de com a identidade social e com os aspectos econômicos,
magistrado procura se preocupar mais com relação à con- dentre outras.
denação ou não do acusado, manifestando-se vagamente
com as expressões “nada nos autos sobre a personalidade
do réu” ou “o dolo é intenso”; Aqui também, a atuação da
criminologia pode auxiliar na análise da personalidade do
agente. A criminologia pode ainda apontar as situações ju-
rídicas que possam se enquadrar como atividades de or-
ganizações criminosas, já que o crime organizado não tem
definição em lei, gerando entendimentos não consensuais.
Para a aplicação da remissão e na escolha da medida sócio-
-educativa ao adolescente infrator, a criminologia também
pode indicar subsídios de acordo com o caso concreto, de
modo que o agente ministerial realize a oitiva informal do
adolescente com bom senso, podendo se beneficiar dos
conceitos da criminologia concernentes à delinqüência
juvenil. Por fim, evidenciando a amplitude de atuação da
criminologia, Newton e Valter Fernandes apresentam os
ramos e atribuições da criminologia, segundo a reunião in-
ternacional da Unesco: criminologia científica, criminologia
aplicada, criminologia acadêmica e criminologia analítica
(Fernandes).
Estas são as contribuições reunidas pelos autores que
engrandecem o diálogo restabelecido entre o social, o eco-
nômico, o político e o jurídico graças à ciência da crimino-
logia e sua práxis humanista.
Já a partir da apresentação da ciência da criminologia,
mostra-se inquestionável a sua amplitude de fundamentos
e de estudos. O cunho ramificado devido ao envolvimento
com uma diversidade de ramos científicos requer do jurista
uma visão mais dinâmica, cabendo à ele a convergência
dos variados pontos de vista. Ao tomar como base a vi-
são de conjunto sobre o fenômeno da criminalidade, ou
da criminalização, amplia-se o modo de proceder perante
este problema. A preocupação com a criminalidade partiu
da visão do humanismo racionalista até a perquirição das
causas inerentes à pessoa do delinquente, fatores biopsi-
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NOÇÕES DE LÓGICA
A razão entre duas grandezas de mesma espécie é o Um carro percorreu, na cidade, 83,76 km com 8 L de
quociente dos números que expressam as medidas dessas gasolina. Dividindo-se o número de quilômetros percorridos
grandezas numa mesma unidade. pelo número de litros de combustível consumidos, teremos
Exemplo o número de quilômetros que esse carro percorre com um
litro de gasolina:
Uma sala tem 18 m2. Um tapete que ocupar o centro
dessa sala mede 384 dm2. Vamos calcular a razão entre a 83, 76km
≅ 10, 47km / l
área do tapete e a área da sala. 8l
Primeiro, devemos transformar as duas grandezas em A esse tipo de razão dá-se o nome de consumo médio.
uma mesma unidade: A notação km/l (lê-se: “quilômetro por litro”) deve
Área da sala: 18 m2 = 1 800 dm2 acompanhar a razão.
1
NOÇÕES DE LÓGICA
Uma sala tem 8 m de comprimento. Esse comprimento O produto dos extremos é igual ao produto dos meios:
é representado num desenho por 20 cm. Qual é a escala essa propriedade possibilita reconhecer quando duas ra-
do desenho? zões formam ou não uma proporção.
4 12
comprimento i no i desenho 20cm 20cm 1 e
Escala =
comprimento i real
=
8m
= =
800cm 40
ou1 : 40 3 9 formam uma proporção, pois
2
NOÇÕES DE LÓGICA
3
NOÇÕES DE LÓGICA
Respostas
1 – Resposta “B”
240.x = 4,2.180 → 240x = 756 → x = 3,15 bilhões
7 - RESPOSTA: “A”
2 – Resposta “A” Como 6 são do sexo feminino, 4 são do sexo masculi-
Sejam CP e CL o número de pessoas que consumiram no(10-6 = 4) .Então temos a seguinte razão:
café puro e café com leite respectivamente. Como na se-
mana o número total de pessoas que consumiram café foi
de 180, temos que: 6x = 72 x = 12
CP+CL = 180
A relação encontrada entre eles é de ; assim
aplicando a propriedade da proporção teremos:
‘ 180.2 = CP.5 CP = CP = 72
4
NOÇÕES DE LÓGICA
8- RESPOSTA: “C”
5.2. GRANDEZAS PROPORCIONAIS.
Se 2/5 chegaram atrasados
chegaram no horário
NÚMEROS DIRETAMENTE PROPORCIONAIS
3 ovos
1 lata de leite condensado
1 xícara de leite
2 colheres das de sopa de farinha de trigo
1 colher das de sobremesa de fermento em pó
1 pacote de coco ralado
9 – RESPOSTA: “C” 1 xícara de queijo ralado
1 colher das de sopa de manteiga
A razão entre a idade do pai e do filho é respectiva-
mente , se quando o filho nasceu o pai tinha 21, sig- Veja que:
nifica que hoje o pai tem x + 21 , onde x é a idade do filho.
Montando a proporção teremos: - Para se fazerem 2 receitas seriam usados 6 ovos para 4
colheres de farinha;
- Para se fazerem 3 receitas seriam usados 9 ovos para 6
colheres de farinha;
- Para se fazerem 4 receitas seriam usados 12 ovos para
8 colheres de farinha;
- Observe agora as duas sucessões de números:
6 9 12 3
5I = 3I+420 2I = 420 I = 210 Assim: = = =
4 6 8 2
Dizemos, então, que:
I+E = 210+140 = 350
- os números da sucessão 6, 9, 12 são diretamente pro-
porcionais aos da sucessão 4, 6, 8;
3
- o número 2 , que é a razão entre dois termos corres-
pondentes, é chamado fator de proporcionalidade.
Duas sucessões de números não-nulos são diretamente
proporcionais quando as razões entre cada termo da primei-
ra sucessão e o termo correspondente da segunda sucessão
são iguais.
Exemplo 1: Vamos determinar x e y, de modo que as
sucessões sejam diretamente proporcionais:
2 8 y
3 x 21
5
NOÇÕES DE LÓGICA
32400
1 4 é mesmo que
é o mesmo que 1.120=120
x y z x+ y+z 1 1
= = =
24000 27000 30000 24000
+
27000
+ 30000
20 30
4.30=120
81000
Resolvendo as proporções:
2 é o mesmo que 2.60=120 6 é o mesmo que
x 32400 4 1 1
= 60
24000 8100010 20
6.20= 120
10x = 96 000
x = 9 600
y 4 Podemos dizer que: Duas sucessões de números
= não-nulos são inversamente proporcionais quando os
27000 10
produtos de cada termo da primeira sucessão pelo termo
correspondente da segunda sucessão são iguais.
10y = 108 000
y = 10 800 Exemplo 1: Vamos determinar x e y, de modo que as
z 4 sucessões sejam inversamente proporcionais:
=
3000 10 4 x 8
10z = 120 000 20 16 y
z = 12 000
Para que as sucessões sejam inversamente
Logo, Júlio recebeu R$ 9.600,00, César recebeu R$ proporcionais, os produtos dos termos correspondentes
10.800,00 e Toni, R$ 12.000,00. deverão ser iguais. Então devemos ter:
4 . 20 = 16 . x = 8 . y
6
NOÇÕES DE LÓGICA
16 . x = 4 . 20 8 . y = 4 . 20
16x = 80 8y = 80
x = 80/16 y = 80/8
x=5 y = 10
Logo, x = 5 e y = 10.
Isso nos leva a estabelecer que: Duas grandezas são
Exemplo 2: Vamos dividir o número 104 em partes diretamente proporcionais quando a razão entre os valores
inversamente proporcionais aos números 2, 3 e 4. da primeira é igual à razão entre os valores da segunda.
Velocidade Tempo
Logo, os números procurados são 48, 32 e 24. 30 km/h 12 h
60 km/h 6h
Grandezas Diretamente Proporcionais
90 km/h 4h
Considere uma usina de açúcar cuja produção, nos 120 km/h 3h
cinco primeiros dias da safra de 2005, foi a seguinte:
Com base na tabela apresentada observamos que:
Dias Sacos de açúcar
- duplicando a velocidade da moto, o número de horas
1 5 000 fica reduzido à metade;
2 10 000 - triplicando a velocidade, o número de horas fica
reduzido à terça parte, e assim por diante.
3 15 000
4 20 000 Nesse caso dizemos que as grandezas velocidade e
5 25 000 tempo são inversamente proporcionais.
Observe que, duas a duas, as razões entre os números
Com base na tabela apresentada observamos que: que indicam a velocidade são iguais ao inverso das razões
que indicam o tempo:
- duplicando o número de dias, duplicou a 30 6
produção de açúcar; = inverso da razão 12
60 12 6
- triplicando o número de dias, triplicou a produção
de açúcar, e assim por diante. 30 4
= inverso da razão 12
90 12 4
Nesse caso dizemos que as grandezas tempo e
produção são diretamente proporcionais. 30 3 12
Observe também que, duas a duas, as razões entre o = inverso da razão
120 12 3
número de dias e o número de sacos de açúcar são iguais:
7
NOÇÕES DE LÓGICA
60
=
4 6 3 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO AD-
inverso da razão
90 6 4 MINISTRATIVO – FCC/2014) Uma empresa foi consti-
tuída por três sócios, que investiram, respectivamente,
60 3 R$60.000,00, R$40.000,00 e R$20.000,00. No final do pri-
= inverso da razão 6
120 6 3 meiro ano de funcionamento, a empresa obteve um lucro
de R$18.600,00 para dividir entre os sócios em quantias di-
90 3 retamente proporcionais ao que foi investido. O sócio que
= inverso da razão 4
120 6 3 menos investiu deverá receber
A) R$2.100,00.
B) R$2.800,00.
Podemos, então, estabelecer que: Duas grandezas
C) R$3.400,00.
são inversamente proporcionais quando a razão entre os
D) R$4.000,00.
valores da primeira é igual ao inverso da razão entre os
E) R$3.100,00.
valores da segunda.
Acompanhe o exemplo a seguir:
4 - (METRÔ/SP - AGENTE DE SEGURANÇA METRO-
VIÁRIA I - FCC/2013) Um mosaico foi construído com
Cinco máquinas iguais realizam um trabalho em 36 dias.
triângulos, quadrados e hexágonos. A quantidade de po-
De acordo com esses dados, podemos supor que:
lígonos de cada tipo é proporcional ao número de lados
do próprio polígono. Sabe-se que a quantidade total de
- o dobro do número de máquinas realiza o mesmo
polígonos do mosaico é 351. A quantidade de triângulos e
trabalho na metade do tempo, isto é, 18 dias;
quadrados somada supera a quantidade de hexágonos em
- o triplo do número de máquinas realiza o mesmo
A) 108.
trabalho na terça parte do tempo, isto é, 12 dias.
B) 27.
Então concluímos que as grandezas quantidade de
C) 35.
máquinas e tempo são inversamente proporcionais.
D) 162.
E) 81.
QUESTÕES
5 - (PC/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO – VU-
1 - (PGE/BA – ASSISTENTE DE PROCURADORIA –
NESP/2014) Foram construídos dois reservatórios de
FCC/2013) Uma faculdade irá inaugurar um novo espaço
água. A razão entre os volumes internos do primeiro e do
para sua biblioteca, composto por três salões. Estima-se
segundo é de 2 para 5, e a soma desses volumes é 14m³.
que, nesse espaço, poderão ser armazenados até 120.000
Assim, o valor absoluto da diferença entre as capacidades
livros, sendo 60.000 no salão maior, 15.000 no menor e os
desses dois reservatórios, em litros, é igual a
demais no intermediário. Como a faculdade conta atual-
A) 8000.
mente com apenas 44.000 livros, a bibliotecária decidiu co-
B) 6000.
locar, em cada salão, uma quantidade de livros diretamente
C) 4000.
proporcional à respectiva capacidade máxima de armaze-
D) 6500.
namento. Considerando a estimativa feita, a quantidade de
E) 9000.
livros que a bibliotecária colocará no salão intermediário é
igual a
6 – (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMI-
A) 17.000.
NISTRATIVO – FCC/2014) Na tabela abaixo, a sequência
B) 17.500.
de números da coluna A é inversamente proporcional à se-
C) 16.500.
quência de números da coluna B.
D) 18.500.
E) 18.000.
8
NOÇÕES DE LÓGICA
RESPOSTAS X=80
1 - RESPOSTA: “C”. 7 - RESPOSTA: “B”.
Como é diretamente proporcional, podemos analisar
Marcos: a
da seguinte forma:
Fábio: b
No salão maior, percebe-se que é a metade dos livros,
a+b=8400
no salão menor é 1/8 dos livros.
b=4800
Então, como tem 44.000 livros, no salão maior ficará
com 22.000 e no salão menor é 5.500 livros.
22000+5500=27500
Salão intermediário:44.000-27.500=16.500 livros.
2 - RESPOSTA: “C”.
5x+8x+12x=750.000
25x=750.000
X=30.000
O mais velho receberá:12⋅30000=360.000,00
3 - RESPOSTA: “E”.
20000 :40000 :60000
1: 2: 3
k+2k+3k=18600
6k=18600 8 - RESPOSTA “A”.
k=3100
O sócio que investiu R$20.000,00 receberá R$3.100,00.
4 - RESPOSTA: “B”.
189-162= 27
9
NOÇÕES DE LÓGICA
Exemplo
5.3. PORCENTAGEM.
Uma mercadoria foi comprada por R$ 500,00 e vendida
por R$ 800,00.
Pede-se:
PORCENTAGEM - o lucro obtido na transação;
- a porcentagem de lucro sobre o preço de custo;
É uma fração de denominador centesimal, ou seja, é uma - a porcentagem de lucro sobre o preço de venda.
fração de denominador 100. Representamos porcentagem pelo
símbolo % e lê-se: “por cento”. Resposta:
50
Deste modo, a fração é uma porcentagem que Lucro = 800 – 500 = R$ 300,00
100
podemos representar por 50%. Lc = 300 = 0,60 = 60%
500
Forma Decimal: É comum representarmos uma 300
Lv = = 0,375 = 37,5%
porcentagem na forma decimal, por exemplo, 35% na forma 800
decimal seriam representados por 0,35.
Aumento
75
75% = = 0,75
100 Aumento Percentual: Consideremos um valor inicial
Cálculo de uma Porcentagem: Para calcularmos uma V que deve sofrer um aumento de p% de seu valor.
porcentagem p% de V, basta multiplicarmos a fração p por V. Chamemos de A o valor do aumento e VA o valor após o
100 aumento. Então, A = p% de V = p . V
p 100
P% de V = .V
100
p
Exemplo 1 VA = V + A = V + .V
100
23 VA = ( 1 +
p
).V
23% de 240 = . 240 = 55,2 100
100
p
Exemplo 2 Em que (1 + 100 ) é o fator de aumento.
10
NOÇÕES DE LÓGICA
Aumentos e Descontos Sucessivos: Consideremos um valor inicial V, e vamos considerar que ele irá sofrer dois
aumentos sucessivos de p1% e p2%. Sendo V1 o valor após o primeiro aumento, temos:
p
V1 = V . (1 + 1 )
100
Sendo V2 o valor após o segundo aumento, temos:
V2 = V1 . (1 + p2 )
100
p p
V2 = V . (1 + 1 ) . (1 + 2 )
100 100
Sendo V um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer dois descontos sucessivos de p1% e p2%.
Exemplo
(VUNESP-SP) Uma instituição bancária oferece um rendimento de 15% ao ano para depósitos feitos numa certa
modalidade de aplicação financeira. Um cliente deste banco deposita 1 000 reais nessa aplicação. Ao final de n anos, o
capital que esse cliente terá em reais, relativo a esse depósito, são:
n
p
Resolução: VA = 1 + .v
100
VA = 1. 15 .1000
n
100
V = 1 000 . (1,15)n
A
VA = 1 000 . 1,15n
VA = 1 150,00n
11
NOÇÕES DE LÓGICA
QUESTÕES
1 - (PREF. AMPARO/SP – AGENTE ESCOLAR – CONRIO/2014) Se em um tanque de um carro for misturado 45 litros
de etanol em 28 litros de gasolina, qual será o percentual aproximado de gasolina nesse tanque?
A) 38,357%
B) 38,356%
C) 38,358%
D) 38,359%
2 - (CEF / Escriturário) Uma pessoa x pode realizar uma certa tarefa em 12 horas. Outra pessoa, y, é 50% mais eficiente
que x. Nessas condições, o número de horas necessárias para que y realize essa tarefa é :
A) 4
B) 5
C) 6
D) 7
E) 8
3 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Observe a tabela que indica o consumo mensal de uma mesma torneira da pia
de uma cozinha, aberta meia volta por um minuto, uma vez ao dia.
Em relação ao cosumo mensal da torneira alimentada pela água da rua, o da torneira alimentada pela água da caixa
representa, aproximadamente,
A) 20%
B) 26%
C) 30%
D) 35%
E) 40%
4 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – FCC/2014) O preço de uma mercadoria, na loja J, é
de R$ 50,00. O dono da loja J resolve reajustar o preço dessa mercadoria em 20%. A mesma mercadoria, na loja K, é vendida
por R$ 40,00. O dono da loja K resolve reajustar o preço dessa mercadoria de maneira a igualar o preço praticado na loja J
após o reajuste de 20%. Dessa maneira o dono da loja K deve reajustar o preço em
A) 20%.
B) 50%.
C) 10%.
D) 15%.
E) 60%.
5 - (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – FCC/2014) O preço de venda de um produto, des-
contado um imposto de 16% que incide sobre esse mesmo preço, supera o preço de compra em 40%, os quais constituem
o lucro líquido do vendedor. Em quantos por cento, aproximadamente, o preço de venda é superior ao de compra?
A) 67%.
B) 61%.
C) 65%.
D) 63%.
E) 69%.
6 - (DPE/SP – AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – FCC/2013) Um comerciante comprou uma mercadoria por R$
350,00. Para estabelecer o preço de venda desse produto em sua loja, o comerciante decidiu que o valor deveria ser sufi-
ciente para dar 30% de desconto sobre o preço de venda e ainda assim garantir lucro de 20% sobre o preço de compra.
Nessas condições, o preço que o comerciante deve vender essa mercadoria é igual a
A) R$ 620,00.
B) R$ 580,00.
C) R$ 600,00.
D) R$ 590,00.
E) R$ 610,00.
12
NOÇÕES DE LÓGICA
7 - (DPE/SP – AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – Vitor arrematou um lote, pagou o combinado no ato
FCC/2013) Uma bolsa contém apenas 5 bolas brancas e 7 da arrematação e os R$28.800,00 restantes no dia 10 de
bolas pretas. Sorteando ao acaso uma bola dessa bolsa, a dezembro. Com base nas informações contidas no texto,
probabilidade de que ela seja preta é calcule o valor total gasto por Vitor nesse leilão.
A) maior do que 55% e menor do que 60%.
B) menor do que 50%. A) R$34.600,00
C) maior do que 65%. B) R$36.000,00
D) maior do que 50% e menor do que 55%. C) R$35.400,00
E) maior do que 60% e menor do que 65%. D) R$32.000,00
E) R$37.800,00
8 - PREF. JUNDIAI/SP – ELETRICISTA – MAKIYA-
MA/2013) Das 80 crianças que responderam a uma en- RESPOSTAS
quete referente a sua fruta favorita, 70% eram meninos.
Dentre as meninas, 25% responderam que sua fruta favori- 1 - RESPOSTA: “B”.
ta era a maçã. Sendo assim, qual porcentagem representa, Mistura:28+45=73
em relação a todas as crianças entrevistadas, as meninas 73------100%
que têm a maçã como fruta preferida? 28------x
A) 10% X=38,356%
B) 1,5%
C) 25%
D) 7,5% 2 - RESPOSTA “C”.
E) 5% 12 horas → 100 %
50 % de 12 horas = = 6 horas
9 - (PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB/2014)
Numa liquidação de bebidas, um atacadista fez a seguinte X = 12 horas → 100 % = total de horas trabalhado
promoção: Y = 50 % mais rápido que X.
Então, se 50% de 12 horas equivalem a 6 horas, logo Y
faz o mesmo trabalho em 6 horas.
3 - RESPOSTA: “B”.
13
NOÇÕES DE LÓGICA
6 - RESPOSTA: “C”.
Preço de venda: PV 5.4. REGRA DE TRÊS SIMPLES.
Preço de compra: 350
30% de desconto, deixa o produto com 70% do seu
valor.
Como ele queria ter um lucro de 20% sobre o preço REGRA DE TRÊS SIMPLES
de compra, devemos multiplicar por 1,2(350+0,2.350) ➜
0,7PV = 1,2 . 350 Os problemas que envolvem duas grandezas direta-
mente ou inversamente proporcionais podem ser resol-
vidos através de um processo prático, chamado regra de
três simples.
O preço de venda deve ser R$600,00.
Exemplo 1: Um carro faz 180 km com 15L de álcool.
Quantos litros de álcool esse carro gastaria para percorrer
7 - RESPOSTA: “A”. 210 km?
Ao todo tem 12 bolas, portanto a probabilidade de se
tirar uma preta é: Solução:
O problema envolve duas grandezas: distância e litros
de álcool.
Indiquemos por x o número de litros de álcool a ser
consumido.
Coloquemos as grandezas de mesma espécie em uma
8 - RESPOSTA: “D”. mesma coluna e as grandezas de espécies diferentes que
Tem que ser menina E gostar de maçã. se correspondem em uma mesma linha:
Meninas:100-70=30% Distância (km) Litros de álcool
180 15
, simplificando temos ➜ 210 x
P = 0,075 . 100% = 7,5%. Na coluna em que aparece a variável x (“litros de
álcool”), vamos colocar uma flecha:
Distância (km) Litros de álcool
9 - RESPOSTA: “A”. 180 15
210 x
10 - RESPOSTA: “E”.
R$28.800-------80% mesmo sentido
x------------------100% Armando a proporção pela orientação das flechas, temos:
180 6 15
= 6x = 7 . 15 6x = 105 x = 105 x
210 7 x = 17,5 6
14
NOÇÕES DE LÓGICA
15
NOÇÕES DE LÓGICA
Reposta: Devem ser contratados 105 pessoas. 5 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Em uma ma-
quete, uma janela de formato retangular mede 2,0 cm de
largura por 3,5 cm de comprimento. No edifício, a largura
real dessa janela será de 1,2 m. O comprimento real corres-
pondente será de:
A) 1,8 m
B) 1,35 m
C) 1,5 m
D) 2,1 m
E) 2,45 m
16
NOÇÕES DE LÓGICA
17
NOÇÕES DE LÓGICA
4. RESPOSTA : “A”
75% Homens = 72
25% Mulheres = 24 Antes
40% Mulheres = 24
60% Homens = x Depois
40% -------------- 24
60% -------------- x
8- RESPOSTA: “B”
40x = 60 . 24 ➜ x = ➜ x = 36. Temos 10 funcionários inicialmente, com os afastamen-
to esse número passou para 8. Se eles trabalham 8 horas
Portanto: 72 – 36 = 36 Homens se retiraram. por dia , passarão a trabalhar uma hora a mais perfazendo
um total de 9 horas, nesta condições temos:
Funcionários↑ horas↑ dias↓
5. RESPOSTA: “D” 10---------------8--------------27
Transformando de cm para metro temos : 1 metro = 8----------------9-------------- x
100cm
➜ 2 cm = 0,02 m e 3,5 cm = 0,035 m Quanto menos funcionários, mais dias devem ser tra-
Largura comprimento balhados (inversamente proporcionais).
0,02m ------------ 0,035m Quanto mais horas por dia, menos dias devem ser tra-
1,2m ------------- x balhados (inversamente proporcionais).
18
NOÇÕES DE LÓGICA
Exemplos
19
NOÇÕES DE LÓGICA
20
NOÇÕES DE LÓGICA
União de conjuntos
Exemplos Observações:
Exemplos
- {2,3,4} ∩ {3,5}={3}
- {1,2,3} ∩ {2,3,4}={2,3}
- {2,3} ∩ {1,2,3,5}={2,3}
- {2,4} ∩ {3,5,7}= φ
Subtração
Observação: Se A ∩ B= φ , dizemos que A e B são
conjuntos disjuntos. A diferença entre os conjuntos A e B é o conjunto
formado por todos os elementos que pertencem a A e não
pertencem a B. Representa-se por A – B. Simbolicamente:
A – B = {X | X ∈ A e X ∉ B}
Dados dois conjuntos A e B, como vemos na figura O conjunto A – B é também chamado de conjunto
abaixo, podemos estabelecer uma relação entre os complementar de B em relação a A, representado por CAB.
respectivos números de elementos. Simbolicamente: CAB = A - B{X | X ∈ A e X ∉ B}
21
NOÇÕES DE LÓGICA
Exemplos Sejam:
A o conjunto dos meninos ruivos e n(A) = x
- A = {0, 1, 2, 3} e B = {0, 2} B o conjunto das meninas ruivas e n(B) = 9
CAB = A – B = {1,3} e CBA = B – A = φ C o conjunto dos meninos não ruivos e n(C) = 13
D o conjunto das meninas não ruivas e n(D) = y
- A = {1, 2, 3} e B = {2, 3, 4} De acordo com o enunciado temos:
CAB = A – B = {1} e CBA = B – A = {14}
n( B ∪ D) = n( B) + n( D) = 9 + y = 42 ⇔ y = 33
- A = {0, 2, 4} e B = {1 ,3 ,5}
CAB = A – B = {0,2,4} e CBA = B – A = {1,3,5} n( A ∪ D) = n( A) + n( B) = x + 9 = 24 ⇔ x = 15
Questões
22
NOÇÕES DE LÓGICA
23
NOÇÕES DE LÓGICA
5 -RESPOSTA: “B”.
Se nos basearmos na tabuada do 3 , teremos o seguinte
conjunto
A={3,6,9,12,15,18,21,24,27,30}
10 elementos.
7 - Resposta “A”.
70 – 50 = 20.
3 - RESPOSTA: “B”. 20% utilizam as duas empresas.
Técnicos arquivam e classificam: 15
Arquivam e atendem: 46-15=31 8 - RESPOSTA: “E”.
classificam e atendem: 4
Classificam: 15+4=19 como são 27 faltam 8
Dos 11 técnicos aptos a atender ao público 4 são capa-
zes de classificar processos, logo apenas 11-4 = 7 técnicos
são aptos a atender ao público.
Somando todos os valores obtidos no diagrama tere-
mos: 31+15+7+4+8 = 65 técnicos.
92-[38-x+x+42-x]+94-[38-x+x+60-x]+110-[42-x+x+-
60-x]+(38-x)+x+(42-x)+(60-x)+26=200
92-[80-x]+94-[98-x]+110-[102-x]+38+42-x+-
60-x+26=200
92-80+x+94-98+x+110-102+x+166-2x=200
x+462-180=200 ➜ x+182 = 200 ➜ x = 200-182 ➜ x = 18
24
NOÇÕES DE LÓGICA
x + x + 2 + x + 4 = 96
3x = 96 – 4 – 2
3x = 96 – 6
3x = 90
x=
x = 30
25
NOÇÕES DE LÓGICA
Exemplo 4 Exercícios
O dobro de um número adicionado ao seu triplo 1. A soma das idades de Arthur e Baltazar é de 42
corresponde a 20. Qual é o número? anos. Qual a idade de cada um, se a idade de Arthur é
2 da idade de Baltazar?
Resolução 5
2. A diferença entre as idades de José e Maria é de
2x + 3x = 20 20 anos. Qual a idade de cada um, sabendo-se que a
5x = 20 idade de José é 9 da idade de Maria?
5 5
x = 20 3. Verificou-se que numa feira 9 dos feirantes são de
5 origem japonesa e 52 do resto são de origem portuguesa.
x=4 O total de feirantes japoneses e portugueses é de 99.
Qual o total de feirantes dessa feira?
O número corresponde a 4.
4. Certa quantidade de cards é repartida entre três
3
Exemplo 5 meninos. O primeiro menino recebe 7 da quantidade
e o segundo, metade do resto. Dessa maneira, os dois
Em uma chácara existem galinhas e coelhos totalizando receberam 250 cards. Quantos cards havia para serem
35 animais, os quais somam juntos 100 pés. Determine o repartidos e quantos cards recebeu o terceiro menino?
número de galinhas e coelhos existentes nessa chácara. 3
5. Num dia, uma pessoa lê os 5 de um livro. No
Galinhas: G dia seguinte, lê os 34 do resto e no terceiro dia, lê as 20
Coelhos: C páginas finais. Quantas páginas têm o livro?
G + C = 35
6. Uma caixa contém medalhas de ouro, de prata
Cada galinha possui 2 pés e cada coelho 4, então: e de bronze. As medalhas de ouro totalizam 53 das
2G + 4C = 100 medalhas da caixa. O número de medalhas de prata
1
é 30. O total de medalhas de bronze é do total de
4
Sistema de equações medalhas. Quantas são as medalhas de ouro e de bronze
Isolando C na 1ª equação: contidas na caixa?
G + C = 35
C = 35 – G 7. Uma viagem é feita em quatro etapas. Na
2
primeira etapa, percorrem-se os 7 da distância total. Na
3
Substituindo C na 2ª equação: segunda, os 5 do resto. Na terceira, a metade do novo
2G + 4C = 100 resto. Dessa maneira foram percorridos 60 quilômetros.
2G + 4 . (35 – G) = 100 Qual a distância total a ser percorrida e quanto se
2G + 140 – 4G = 100 percorreu na quarta etapa?
2G – 4G = 100 – 140
- 2G = - 40 8. A soma das idades de Lúcia e Gabriela é de 49
anos. Qual a idade de cada uma, sabendo-se que a
3
G= idade de Lúcia é da idade de Gabriela?
4
2
G = 20 9. Num dia, um pintor pinta 5 de um muro. No dia
seguinte, pinta mais 51 metros do muro. Desse modo,
Calculando C pintou 7 do muro todo. Quantos metros têm o muro?
9
C = 35 – G 3
C = 35 – 20 10. Um aluno escreve 8 do total de páginas de seu
C = 15 caderno com tinta azul e 58 páginas com tinta vermelha.
Escreveu, dessa maneira, 7 do total de páginas do
9
caderno. Quantas páginas possuem o caderno?
26
NOÇÕES DE LÓGICA
portanto:
2) Resposta “Maria 25; José 45”. 1° = 3 . 350 = 150
Solução: 7
J – M = 20 2° =
2
. 350 = 100
9 7
J= M
5 3° = 350 - 250 = 100
9
(substituindo a letra “J” por M
5
9 5) Resposta “200”.
M - M = 20 (mmc: 1; 5)
5
Solução:
9M - 5M = 100
x = Livro
4M=100
1 dia = 3 x
M= 100 5
4
M=25 e J=45 2 dia = 3 (x − 3 x)
4 5
3 dia = 20 páginas
3) Resposta “135”.
Solução: 1 dia + 2 dia + 3 dia = X
F = feirantes 3 3 3
x + (x − x) + 20 = x
J = 5 .F 5 4 5
9 3 3 5x − 3x
J + P = 99 x+ ( ) + 20 = x
5 4 5
(substituindo a letra “J”por 5 F)
3 3 2x
5 2 9 x + . + 20 = x
F + .(F- 5 F) = 99 5 4 5
9 5 9 3 6x
5 F + 2 . ⎛ 9F − 5F ⎞ = 900 x+ + 20 = x(mmc : 5;20)
⎜ ⎟⎠ 5 20
9 5 ⎝ 9
5 2 4F 12x + 6x + 400 = 20x
F+ . = 99
9 5 9 20x - 18x = 400
5 8F 2x = 400
F+ = 99 (mmc:9; 45)
9 45 x = 400 = 200 páginas
25
F + 8F = 4455 2
45 45 45
33F = 4455
F= 4455
33
F = 135
27
NOÇÕES DE LÓGICA
6) Resposta “Ouro = 120; Bronze = 50”. 8) Resposta “Gabriela: 28 anos; Lúcia: 21 anos”.
Solução: Solução:
T = Total L + G = 49 anos
O= 3 L= 3
5T 4G
P = 30 Substitui a letra “L” por 3
4G
B= 1 3 + G = 49 (mmc:1; 4)
4T 4G
O+P+B=T 3G + 4G = 196
7G = 196
3 1 G = 196 = 28 anos
+ 30 + = T (mmc : 5; 4) 7
5T 4T
L = 49 - 28 = 21 anos
12t 5t 600 20t
+ + =
20 20 20 20
9) Resposta “135 metros”.
17T + 600 = 20T Solução:
M = muro
20T - 17T = 600
2
1 dia = M
3T = 600 5
2 dia = 51 metros
T = 600 = 200 medalhas 2 7
3 M + 51 = M (mmc : 5;9)
5 9
Portanto
18M 2295 35M
O = 3 = 3 . 200 = 120 + =
5T 5 45 45 45
18M + 2295 = 35M
B = 1 = 1 . 200 = 50 35M – 18M = 2295
4T 4 17M = 2295
M = 2295
7) Resposta “Distancia total: 70 km; Quarta etapa: 10 17
km”. M = 135 metros.
Solução:
T = total
1ª = 2 10) Resposta “144 páginas”.
7T Solução:
P = total
2ª = 3 ⎛ T − 2 T ⎞ = 3 .⎛ 7T − 2T ⎞ = 3 . 5T = 3T Azul = 3 P
⎜⎝ ⎟⎠ ⎜⎝ ⎟⎠ 8
5 7 5 7 5 7 7
Vermelha = 58
2T 3T 7T − 2T − 3T 2T
T− − 3 7
P + 58 = P (mmc:8 ; 9)
3ª = 7 7 = 7 2T
= 7 = 8 9
2 2 2 14
1ª + 2ª + 3ª = 60 27P + 4176 = 56P
56P - 27P = 4176
2T 3T 2T
+ + = 60 (mmc:7;14) 29P = 4176
7 7 14 P = 4176 = 144 páginas
4T + 6T + 2T = 840 29
12T = 840
840
T=
12
T = 70
4ª = 70 – 60 = 10
28
NOÇÕES DE LÓGICA
ANOTAÇÕES
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NOÇÕES DE LÓGICA
ANOTAÇÕES
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30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
6.1. MS-Windows 7: instalação e configuração, conceito de pastas, arquivos e atalhos, área de trabalho, manipulação de
arquivos e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjunto de aplicativos......................................01
6.2. MS-Office 2010............................................................................................................................................................................................................09
6.2.1. MS-Word 2010: estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, parágrafos, fontes,
marcadores simbólicos e numéricos, impressão, controle de quebras, numeração de páginas e inserção de objetos..09
6.2.2. MS-Excel 2010: definição, barra de ferramentas, estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas, colu-
nas, pastas, elaboração de tabelas, uso de fórmulas, inserção de objetos e classificação de dados.......................................34
6.2.3. Correio Eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arquivos......................59
6.2.4. Internet: Conceito, provedores, navegação na Internet, links, sites, buscas, vírus................................................................68
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Grupo Doméstico
Snap
Ao se utilizar o Windows por muito tempo, é comum
ver várias janelas abertas pelo seu monitor. Com o recur-
so de Snap, você pode posicioná-las de um jeito prático e
divertido. Basta apenas clicar e arrastá-las pelas bordas da
tela para obter diferentes posicionamentos.
O Snap é útil tanto para a distribuição como para a
comparação de janelas. Por exemplo, jogue uma para a es-
querda e a outra na direita. Ambas ficaram abertas e divi-
dindo igualmente o espaço pela tela, permitindo que você
as veja ao mesmo tempo.
Windows Search
O sistema de buscas no Windows 7 está refinado e es-
tendido. Podemos fazer buscas mais simples e específicas
Microsoft Surface Collage, desenvolvido para usar tela diretamente do menu iniciar, mas foi mantida e melhorada
sensível ao toque. a busca enquanto você navega pelas pastas.
2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Abaixo as categorias nas quais o resultado de sua bus- A busca não se limita a digitação de palavras. Você
ca pode ser dividido. pode aplicar filtros, por exemplo, buscar, na pasta músicas,
· Programas todas as canções do gênero Rock. Existem outros, como
· Painel de Controle data, tamanho e tipo. Dependendo do arquivo que você
· Documentos procura, podem existir outras classificações disponíveis.
· Música Imagine que todo arquivo de texto sem seu computa-
· Arquivos dor possui um autor. Se você está buscando por arquivos
de texto, pode ter a opção de filtrar por autores.
Fonte: http://ead.go.gov.br/ficead/mod/book/tool/
print/index.php?id=53&chapterid=56
Central de ações
A central de ações consolida todas as mensagens de
segurança e manutenção do Windows. Elas são classifica-
das em vermelho (importante – deve ser resolvido rapida-
mente) e amarelas (tarefas recomendadas).
O painel também é útil caso você sinta algo de estra-
nho no computador. Basta checar o painel e ver se o Win-
Windows Explorer com a caixa de busca (Jim Boyce; dows detectou algo de errado.
Windows 7 Bible, pg 774).
3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Aplicativos novos
Uma das principais características do mundo Linux é
suas versões virem com muitos aplicativos, assim o usuário
não precisa ficar baixando arquivos após instalar o sistema,
o que não ocorre com as versões Windows.
O Windows 7 começa a mudar essa questão, agora
existe uma serie de aplicativos juntos com o Windows 7,
para que o usuário não precisa baixar programas para ati-
vidades básicas.
Com o Sticky Notes pode-se deixar lembretes no desk-
top e também suportar entrada por caneta e toque.
No Math Input Center, utilizando recursos multitoque,
equações matemáticas escritas na tela são convertidas em Calculadora: 2 novos modos.
texto, para poder adicioná-la em um processador de texto.
5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Atualização
“Atualizar é a forma mais conveniente de ter o Windows
7 em seu computador, pois mantém os arquivos, as configu-
rações e os programas do Windows Vista no lugar” (Site da
Microsoft, http://windows.microsoft.com/pt-
BR/windows7/help/upgrading-from-windows-vista-to-
windows-7).
É o método mais adequado, se o usuário não possui co-
nhecimento ou tempo para fazer uma instalação do método
tradicional. Optando por essa opção, ainda devesse tomar
cuidado com a compatibilidade dos programas, o que fun-
ciona no Vista nem sempre funcionará no 7.
Instalação
Por qualquer motivo que a atualização não possa ser
WordPad remodelado efetuada, a instalação completa se torna a opção mais viável.
Neste caso, é necessário fazer backup de dados que se
Requisitos deseja utilizar, como drivers e documentos de texto, pois to-
Apesar desta nova versão do Windows estar mais leve das as informações no computador serão perdidas. Quan-
em relação ao Vista, ainda é exigido uma configuração de do iniciar o Windows 7, ele vai estar sem os programas que
hardware (peças) relativamente boa, para que seja utilizado você havia instalado e com as configurações padrão.
sem problemas de desempenho.
Esta é a configuração mínima: Desempenho
· Processador de 1 GHz (32-bit)
De nada adiantariam os novos recursos do Windows 7
· Memória (RAM) de 1 GB
se ele mantivesse a fama de lento e paranóico, adquirida
· Placa de Vídeo compatível com DirectX 9.0 e 32 MB de
por seu antecessor. Testes indicam que a nova versão tem
memória (sem Windows Aero)
ganhou alguns pontos na velocidade.
· Espaço requerido de 16GB
O 7 te ajuda automaticamente com o desempenho:
· DVD-ROM
“Seu sistema operacional toma conta do gerenciamento do
· Saída de Áudio
processador e memória para você” (Jim Boyce; Windows 7
Bible, pg 1041, tradução nossa).
Se for desejado rodar o sistema sem problemas de len-
tidão e ainda usufruir de recursos como o Aero, o reco- Além disso, as tarefas recebem prioridades. Apesar de
mendado é a seguinte configuração. não ajudar efetivamente no desempenho, o Windows 7 prio-
Configuração Recomendada: riza o que o usuário está interagindo (tarefas “foreground”).
· Processador de 2 GHz (32 ou 64 bits) Outras, como uma impressão, tem baixa prioridade pois
· Memória (RAM) de 2 GB são naturalmente lentas e podem ser executadas “longe da
· Espaço requerido de disco rígido: 16 GB visão” do usuário, dando a impressão que o computador
· Placa de vídeo com suporte a elementos gráficos Di- não está lento.
rectX 9 com 256 MB de memória (para habilitar o tema do Essa característica permite que o usuário não sinta uma
Windows Aero) lentidão desnecessária no computador.
· Unidade de DVD-R/W Entretanto, não se pode ignorar o fato que, com cada
· Conexão com a Internet (para obter atualizações) vez mais recursos e “efeitos gráficos”, a tendência é que o
sistema operacional se torne um forte consumidor de me-
Atualizar de um SO antigo mória e processamento. O 7 disponibiliza vários recursos de
ponta e mantêm uma performance satisfatória.
O melhor cenário possível para a instalação do Win-
dows 7 é com uma máquina nova, com os requisitos apro- Monitor de desempenho
priados. Entretanto, é possível utilizá-lo num computador Apesar de não ser uma exclusividade do 7, é uma fer-
antigo, desde que atenda as especificações mínimas. ramenta poderosa para verificar como o sistema está se
Se o aparelho em questão possuir o Windows Vista portando. Podem-se adicionar contadores (além do que já
instalado, você terá a opção de atualizar o sistema opera- existe) para colher ainda mais informações e gerar relatórios.
cional. Caso sua máquina utilize Windows XP, você deverá
fazer a re-instalação do sistema operacional. Monitor de recursos
Utilizando uma versão anterior a do XP, muito prova- Com o monitor de recursos, uma série de abas mostra
velmente seu computador não atende aos requisitos míni- informações sobre o uso do processador, da memória, disco
mos. Entretanto, nada impede que você tente fazer a re- e conexão à rede.
instalação.
6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS VERSÕES Para isso foram desenvolvidos aplicativos como o
Domain Join, que ajuda os computadores de uma rede a
Windows 7 Starter “se enxergarem” e conseguirem se comunicar. O Location
Como o próprio título acima sugere, esta versão do Aware Printing, por sua vez, tem como objetivo tornar mui-
Windows é a mais simples e básica de todas. A Barra de to mais fácil o compartilhamento de impressoras.
Tarefas foi completamente redesenhada e não possui su- Como empresas sempre estão procurando maneiras
porte ao famoso Aero Glass. Uma limitação da versão é para se proteger de fraudes, o Windows 7 Professional traz
que o usuário não pode abrir mais do que três aplicativos o Encrypting File System, que dificulta a violação de dados.
ao mesmo tempo. Esta versão também será encontrada em lojas de varejo ou
Esta versão será instalada em computadores novo ape- computadores novos.
nas nos países em desenvolvimento, como Índia, Rússia e
Brasil. Disponível apenas na versão de 32 bits. Windows 7 Enterprise, apenas para vários
Sim, é “apenas para vários” mesmo. Como esta é uma
Windows 7 Home Basic versão mais voltada para empresas de médio e grande por-
Esta é uma versão intermediária entre as edições Star-
te, só poderá ser adquirida com licenciamento para diver-
ter e Home Premium (que será mostrada logo abaixo). Terá
sas máquinas. Acumula todas as funcionalidades citadas na
também a versão de 64 bits e permitirá a execução de mais
edição Professional e possui recursos mais sofisticados de
de três aplicativos ao mesmo tempo.
segurança.
Assim como a anterior, não terá suporte para o Aero Glass
nem para as funcionalidades sensíveis ao toque, fugindo um Dentre esses recursos estão o BitLocker, responsável
pouco da principal novidade do Windows 7. Computadores pela criptografia de dados e o AppLocker, que impede a
novos poderão contar também com a instalação desta edi- execução de programas não-autorizados. Além disso, há
ção, mas sua venda será proibida nos Estados Unidos. ainda o BrachCache, para turbinar transferência de arqui-
vos grandes e também o DirectAccess, que dá uma super
Windows 7 Home Premium ajuda com a configuração de redes corporativas.
Edição que os usuários domésticos podem chamar de
“completa”, a Home Premium acumula todas as funciona- Windows 7 Ultimate, o mais completo e mais caro
lidades das edições citadas anteriormente e soma mais al- Esta será, provavelmente, a versão mais cara de todas,
gumas ao pacote. pois contém todas as funcionalidades já citadas neste ar-
Dentre as funções adicionadas, as principais são o su- tigo e mais algumas. Apesar de sua venda não ser restrita
porte à interface Aero Glass e também aos recursos Touch às empresas, o Microsoft disponibilizará uma quantidade
Windows (tela sensível ao toque) e Aero Background, que limitada desta versão do sistema.
troca seu papel de parede automaticamente no intervalo Isso porque grande parte dos aplicativos e recursos
de tempo determinado. Haverá ainda um aplicativo nativo presentes na Ultimate são dedicados às corporações, não
para auxiliar no gerenciamento de redes wireless, conheci- interessando muito aos usuários comuns.
do como Mobility Center.
Esta edição será colocada à venda em lojas de varejo e Usando a Ajuda e Suporte do Windows
também poderá ser encontrada em computadores novos. A Ajuda e Suporte do Windows é um sistema de ajuda
interno do Windows, no qual você obtém respostas rápidas
Windows 7 Professional, voltado às pequenas empresas a dúvidas comuns, sugestões para solução de problemas e
Mais voltada para as pequenas empresas, a versão instruções sobre diversos itens e tarefas. Caso precise de
Professional do Windows 7 possuirá diversos recursos que ajuda com relação a um programa que não faz parte do
visam facilitar a comunicação entre computadores e até Windows, consulte a Ajuda desse programa (consulte “Ob-
mesmo impressoras de uma rede corporativa. tendo ajuda sobre um programa”, a seguir).
7
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para abrir a Ajuda e Suporte do Windows, clique no botão Iniciar e, em seguida, clique em Ajuda e Suporte.
Obter o conteúdo mais recente da Ajuda
Se você estiver conectado à Internet, verifique se o Centro de Ajuda e Suporte do Windows está configurado como Aju-
da Online. A Ajuda Online inclui novos tópicos da Ajuda e as versões mais recentes dos tópicos existentes.
Clique no botão Iniciar e em Ajuda e Suporte.
Na barra de ferramentas Ajuda e Suporte do Windows, clique em Opções e em Configurações.
Em Resultados da pesquisa, marque a caixa de seleção Melhorar os resultados de pesquisa usando a Ajuda online
(recomendado) e clique em OK. Quando você estiver conectado, as palavras Ajuda Online serão exibidas no canto inferior
direito da janela Ajuda e Suporte.
Pesquisar na Ajuda
A maneira mais rápida de obter ajuda é digitar uma ou duas palavras na caixa de pesquisa. Por exemplo, para obter in-
formações sobre rede sem fio, digite rede sem fio e pressione Enter. Será exibida uma lista de resultados, com os mais úteis
na parte superior. Clique em um dos resultados para ler o tópico.
Pesquisar Ajuda
Você pode pesquisar tópicos da Ajuda por assunto. Clique no botão Pesquisar Ajuda e, em seguida, clique em um item na
lista de títulos de assuntos que será exibida. Esses títulos podem conter tópicos da Ajuda ou outros títulos de assuntos. Clique em
um tópico da Ajuda para abri-lo ou clique em outro título para investigar mais a fundo a lista de assuntos.
8
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
MS WORD
O Word faz parte da suíte de aplicativos Office, e é considerado um dos principais produtos da Microsoft sendo a suíte
que domina o mercado de suítes de escritório, mesmo com o crescimento de ferramentas gratuitas como Google Docs e
Open Office.
Interface
ABAS
Os comandos para a edição de nosso texto agora ficam agrupadas dentro destas guias. Dentro destas guias temos
os grupos de ferramentas, por exemplo, na guia Inicio, temos “Fonte”, “Parágrafo”, etc., nestes grupos fica visíveis para os
usuários os principais comandos, para acessar os demais comandos destes grupos de ferramentas, alguns destes grupos
possuem pequenas marcações na sua direita inferior.
9
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O Word possui também guias contextuais quando determinados elementos dentro de seu texto são selecionados, por
exemplo, ao selecionar uma imagem, ele criar na barra de guias, uma guia com a possibilidade de manipulação do elemen-
to selecionado.
10
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Visualização do Documento
11
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Configuração de Documentos
Um dos principais cuidados que se deve ter com seus
documentos é em relação à configuração da página. A
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) possui um
Os cinco primeiros botões são os mesmos que temos manual de regras para documentações, então é comum es-
em miniaturas no rodapé. cutar “o documento tem que estar dentro das normas”, não
• Layout de Impressão: Formato atual de seu docu- vou me atentar a nenhuma das normas especificas, porém
mento é o formato de como seu documento ficará na folha vou ensinar como e onde estão as opções de configuração
impressa. de um documento.
• Leitura em Tela Inteira: Ele oculta as barras de No Word 2010 a ABA que permite configurar sua pági-
seu documento, facilitando a leitura em tela, observe que na é a ABA Layout da Página.
no rodapé do documento à direita, ele possui uma flecha
apontado para a próxima página. Para sair desse modo de
visualização, clique no botão fechar no topo à direita da
tela.
• Layout da Web: Aproxima seu texto de uma visua-
lização na Internet, esse formato existe, pois muitos usuá-
rios postam textos produzidos no Word em sites e blogs
na Internet.
• Estrutura de Tópicos: Permite visualizar seu docu-
mento em tópicos, o formato terá melhor compreensão
quando trabalharmos com marcadores.
• Rascunho: É o formato bruto, permite aplicar di-
versos recursos de produção de texto, porém não visualiza
como impressão nem outro tipo de meio.
O terceiro grupo de ferramentas da Aba exibição per-
mite trabalhar com o Zoom da página. Ao clicar no botão
Zoom o Word apresenta a seguinte janela:
12
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Colunas
13
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Selecionando Textos
Copiar e Colar
O copiar e colar no Word funciona da mesma forma
que qualquer outro programa, pode-se utilizar as teclas de
atalho CTRL+C (copiar), CTRL+X (Recortar) e CTRL+V(Co-
lar), ou o primeiro grupo na ABA Inicio.
14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
matações e padrões deferentes dos editores de texto. Ao • Usar caracteres curinga: Procura somente as pa-
copiar um texto da Internet, se você precisa adequá-lo ao lavras que você especificou com o caractere coringa. Ex.
seu documento, não basta apenas clicar em colar, é ne- Se você digitou *ão o Word vai localizar todas as palavras
cessário clicar na setinha apontando para baixo no botão terminadas em ão.
Colar, escolher Colar Especial. • Semelhantes: Localiza palavras que tem a mesma
sonoridade, mas escrita diferente. Disponível somente para
palavras em inglês.
• Todas as formas de palavra: Localiza todas as for-
mas da palavra, não será permitida se as opções usar carac-
tere coringa e semelhantes estiverem marcadas.
• Formatar: Localiza e Substitui de acordo com o es-
pecificado como formatação.
• Especial: Adiciona caracteres especiais à caixa lo-
calizar. A caixa de seleção usar caracteres curinga.
Formatação de texto
Um dos maiores recursos de uma edição de texto é a
possibilidade de se formatar o texto. No Office 2010 a ABA
responsável pela formatação é a Inicio e os grupo Fonte,
Parágrafo e Estilo.
15
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
16
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Bordas no parágrafo.
Marcadores e Numeração
17
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A opção vários níveis é utilizada quando nosso texto Onde você poderá escolher a Fonte (No caso acon-
tenha níveis de marcação como, por exemplo, contratos e selha-se a utilizar fontes de símbolos como a Winddings,
petições. Os marcadores do tipo Símbolos como o nome já Webdings), e depois o símbolo. Ao clicar em Imagem, você
diz permite adicionar símbolos a frente de seus parágrafos. poderá utilizar uma imagem do Office, e ao clicar no botão
Se precisarmos criar níveis nos marcadores, basta clicar importar, poderá utilizar uma imagem externa.
antes do inicio da primeira palavra do parágrafo e pressio-
nar a tecla TAB no teclado. Bordas e Sombreamento
18
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Podemos começar escolhendo uma definição de borda (caixa, sombra, 3D e outra), ou pode-se especificar cada uma
das bordas na direita onde diz Visualização. Pode-se pelo meio da janela especificar cor e largura da linha da borda. A Guia
Sombreamento permite atribuir um preenchimento de fundo ao texto selecionado. Você pode escolher uma cor base, e
depois aplicar uma textura junto dessa cor.
Cabeçalho e Rodapé
O Word sempre reserva uma parte das margens para o cabeçalho e rodapé. Para acessar as opções de cabeçalho e
rodapé, clique na ABA Inserir, Grupo Cabeçalho e Rodapé.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ao clicar em Cabeçalho o Word disponibiliza algumas opções de caixas para que você possa digitar seu texto. Ao clicar
em Editar Cabeçalho o Word edita a área de cabeçalho e a barra superior passa a ter comandos para alteração do cabeça-
lho.
A área do cabeçalho é exibida em um retângulo pontilhado, o restante do documento fica em segundo plano. Tudo
o que for inserido no cabeçalho será mostrado em todas as páginas, com exceção se você definiu seções diferentes nas
páginas.
Para aplicar números de páginas automaticamente em seu cabeçalho basta clicar em Números de Página, apenas tome
o cuidado de escolher Inicio da Página se optar por Fim da Página ele aplicará o número da página no rodapé. Podemos
também aplicar cabeçalhos e rodapés diferentes a um documento, para isso basta que ambos estejam em seções diferentes
do documento. O cuidado é ao aplicar o cabeçalho ou o rodapé, desmarcar a opção Vincular ao anterior.
O funcionamento para o rodapé é o mesmo para o cabeçalho, apenas deve-se clicar no botão Rodapé.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Data e Hora
O Word Permite que você possa adicionar um campo de Data e Hora em seu texto, dentro da ABA Inserir, no grupo
Texto, temos o botão Data e Hora.
Basta escolher o formato a ser aplicado e clicar em OK. Se precisar que esse campo sempre atualize data, marque a
opção Atualizar automaticamente.
Imagens
O primeiro elemento gráfico que temos é o elemento Imagem. Para inserir uma imagem clique no botão com o mesmo
nome no grupo Ilustrações na ABA Inserir. Na janela que se abre, localize o arquivo de imagem em seu computador.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O primeiro grupo é o Ajustar, dentre as opções temos Brilho e Contraste, que permite clarear ou escurecer a imagem e
adicionar ou remover o contraste. Podemos recolorir a imagem.
Entre as opções de recolorir podemos colocar nossa imagem em tons de cinza, preto e branco, desbotar a imagem e
remover uma cor da imagem. Este recurso permite definir uma imagem com fundo transparente. A opção Compactar Ima-
gens permite deixar sua imagem mais adequada ao editor de textos. Ao clicar nesta opção o Word mostra a seguinte janela:
Pode-se aplicar a compactação a imagem selecionada, ou a todas as imagens do texto. Podemos alterar a resolução
da imagem. A opção Redefinir Imagem retorna a imagem ao seu estado inicial, abandonando todas as alterações feitas.
O próximo grupo chama-se Sombra, como o próprio nome diz, permite adicionar uma sombra a imagem que foi inserida.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Formas
Podemos também adicionar formas ao nosso conteú-
do do texto
Clip Art
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
SmartArt
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
No grupo Layout podemos mudar a disposição de nos- Será solicitado a digitação do texto do WordArt. Digite
so organograma. seu texto e clique em OK. Será mostrada a barra do Wor-
O próximo grupo é o Estilos de SmartArt que permite dArt
mudar as cores e o estilo do organograma.
Tabelas
As tabelas são com certeza um dos elementos mais im-
portantes para colocar dados em seu documento.
Use tabelas para organizar informações e criar formas
de páginas interessantes e disponibilizar seus dados.
Para inserir uma tabela, na ABA Inserir clique no botão
Tabela.
WordArt
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Você pode criar facilmente uma tabela mais complexa, por exemplo, que contenha células de diferentes alturas ou um
número variável de colunas por linha semelhante à maneira como você usa uma caneta para desenhar uma tabela.
Ao desenhar a caixa que fará parte da tabela, você pode utilizar o topo
Ferramentas de Tabela.
Através do grupo Opções de Estilo de Tabela é possível definir células de cabeçalho. O grupo Estilos de Tabela permite
aplicar uma formatação a sua tabela e o grupo Desenhar Bordas permite definir o estilo, espessura e cor da linha. O botão
Desenhar Tabela transforma seu cursor em um lápis para desenhar as células de sua tabela, e o botão Borracha apaga as
linhas da tabela.
Você pode observar também que ao estar com alguma célula da tabela com o cursor o Word acrescenta mais uma ABA
ao final, chamada Layout, clique sobre essa ABA.
O primeiro grupo Tabela permite selecionar em sua tabela, apenas uma célula, uma linha, uma coluna ou toda a tabela.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ao clicar na opção Propriedades será aberto uma jane- Ao clicar na Faixa deste grupo ele abre uma janela onde
la com as propriedades da janela. é possível deslocar células, inserir linhas e colunas. O ter-
ceiro grupo é referente à divisão e mesclagem de células.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A opção classificar como o próprio nome diz permite classificar os dados de sua tabela.
Ele abre a seguinte janela e coloca sua primeira linha como a linha de cabeçalho, você pode colocar até três colunas
como critérios de classificação.
O botão Converter em Texto permite transformar sua tabela em textos normal. A opção fórmula permite fazer cálculos
na tabela.
ABA Revisão
A ABA revisão é responsável por correção, proteção, comentários etc., de seu documento.
O primeiro grupo Revisão de Texto tem como principal botão o de ortografia e Gramática, clique sobre ele.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O objetivo desta ferramenta e verificar todo o seu do- Para aplicar um estilo ao um texto é simples. Se você
cumento em busca de erros. clicar em seu texto sem selecioná-lo, e clicar sobre um esti-
lo existente, ele aplica o estilo ao parágrafo inteiro, porém
Os de ortografia ele marca em vermelho e os de gra- se algum texto estiver selecionado o estilo será aplicado
mática em verde. É importante lembrar que o fato dele somente ao que foi selecionado.
marcar com cores para verificação na impressão sairá com
as cores normais. Ao encontrar uma palavra considerada
pelo Word como errada você pode:
• Ignorar uma vez: Ignora a palavra somente nessa
parte do texto.
• Ignorar Todas: Ignora a palavra quando ela apare-
cer em qualquer parte do texto.
• Adicionar ao dicionário: Adiciona a palavra ao Observe na imagem acima que foi aplicado o estilo Tí-
dicionário do Word, ou seja, mesmo que ela apareça em tulo2 em ambos os textos, mas no de cima como foi clicado
outro texto ela não será grafada como errada. Esta opção somente no texto, o estilo está aplicado ao parágrafo, na
deve ser utilizada quando palavras que existam, mas que linha de baixo o texto foi selecionado, então a aplicação do
ainda não façam parte do Word. estilo foi somente no que estava selecionado. Ao clicar no
• Alterar: Altera a palavra. Você pode alterá-la por botão Alterar Estilos é possível acessar a diversas defini-
uma palavra que tenha aparecido na caixa de sugestões, ou ções de estilos através da opção Conjunto de Estilos.
se você a corrigiu no quadro superior.
• Alterar Todas: Faz a alteração em todas as palavras
que estejam da mesma forma no texto.
Impressão
Estilos
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Índices
Sumário
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Interface
Guias de Planilha
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Um arquivo do Excel ao iniciar com três guias de plani- Se precisar selecionar células alternadamente, clique
lha, estas guias permite que se possa em um único arqui- sobre a primeira célula a ser selecionada, pressione CTRL e
vo armazenar mais de uma planilha, inicialmente o Excel vá clicando nas que você quer selecionar.
possui três planilhas, e ao final da Plan3 temos o ícone de
inserir planilha que cria uma nova planilha. Você pode clicar
com o botão direito do mouse em uma planilha existente
para manipular as planilhas.
Movimentação na planilha
Para selecionar uma célula ou torná-la ativa, basta movi-
mentar o retângulo (cursor) de seleção para a posição desejada.
A movimentação poderá ser feita através do mouse ou teclado.
Com o mouse para selecionar uma célula basta dar um
clique em cima dela e observe que a célula na qual você
clicou é mostrada como referência na barra de fórmulas. Entrada de textos e números
Na área de trabalho do Excel podem ser digitados ca-
racteres, números e fórmulas. Ao finalizar a digitação de
seus dados, você pode pressionar a tecla ENTER, ou com
as setas mudar de célula, esse recurso somente não será
válido quando estiver efetuando um cálculo. Caso preci-
se alterar o conteúdo de uma célula sem precisar redigitar
tudo novamente, clique sobre ela e pressione F2, faça sua
alteração e pressione ENTER em seu teclado.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Dê um nome ao seu arquivo, defina o local onde ele Vamos montar uma planilha simples.
deverá ser salvo e clique em Salvar, o formato padrão das
planilhas do Excel 2010 é o xlsx, se precisar salvar em xls
para manter compatibilidade com as versões anteriores é
preciso em tipo definir como Pasta de Trabalho do Excel
97 – 2003.
Para abrir um arquivo existente, clique no botão Office
e depois no botão Abrir, localize seu arquivo e clique sobre
ele e depois em abrir.
Operadores
Operadores são símbolos matemáticos que permitem
fazer cálculos e comparações entre as células. Os operado-
res são:
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Poderíamos fazer o seguinte cálculo =1*20 que me Para calcular o total você poderia utilizar o seguinte
traria o resultado, porém bastaria alterar o valor da quan- cálculo D4+D5+D6+D7+D8, porém isso não seria nada
tidade ou o V. unitário que eu precisaria fazer novamente pratico em planilhas maiores. Quando tenho sequências
o cálculo. O correto é então é fazer =A4*C4 com isso eu de cálculos o Excel permite a utilização de funções.
multiplico referenciando as células, independente do con- No caso a função a ser utilizada é a função SOMA, a
teúdo dela, ele fará a multiplicação, desde que ali se tenha sua estrutura é =SOMA(CelIni:Celfim), ou seja, inicia-se
um número. com o sinal de igual (=), escreve-se o nome da função,
abrem-se parênteses, clica-se na célula inicial da soma
e arrasta-se até a última célula a ser somada, este intervalo
é representado pelo sinal de dois pontos (:), e fecham-se
os parênteses.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Formatação de células
A formatação de células é muito semelhante a que vimos para formatação de fonte no Word, basta apenas que a célula
onde será aplicada a formatação esteja selecionada, se precisar selecionar mais de uma célula, basta selecioná-las.
As opções de formatação de célula estão na ABA Inicio.
Temos o grupo Fonte que permite alterar a fonte a ser utilizada, o tamanho, aplicar negrito, itálico e sublinhado, linhas
de grade, cor de preenchimento e cor de fonte. Ao clicar na faixa do grupo será mostrada a janela de fonte.
A guia mostrada nesta janela é a Fonte nela temos o tipo da letra, estilo, tamanho, sublinhado e cor, observe que exis-
tem menos recursos de formatação do que no Word.
A guia Número permite que se formatem os números de suas células. Ele dividido em categorias e dentro de cada
categoria ele possui exemplos de utilização e algumas personalizações como, por exemplo, na categoria Moeda em que é
possível definir o símbolo a ser usado e o número de casas decimais.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Através da opção Formatar podemos também definir a largura das linhas e colunas.
Congelar Painéis
Algumas planilhas quando muito longas necessitam que sejam mantidos seus cabeçalho e primeiras linhas, evitando-se
assim a digitação de valores em locais errados. Esse recurso chama-se congelar painéis e está disponível na ABA exibição.
No grupo Janela temos o botão Congelar Painéis, clique na opção congelar primeira linha e mesmo que você role a
tela a primeira linha ficará estática.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Porém se utilizarmos o conceito aprendido de copiar Pressione ENTER e agora você poderá copiar a sua cé-
a célula E4 para resolver os demais cálculos na célula E5 à lula.
fórmula ficará =D5/D10, porém se observarmos o correto
seria ficar =D5/D9, pois a célula D9 é a célula com o valor
total, ou seja, esta é a célula comum a todos os cálculos a
serem feitos, com isso não posso copiar a fórmula, pelo
menos não como está.
Uma solução seria fazer uma a uma, mas a ideia de
uma planilha é ganhar-se tempo.
A célula D9 então é um valor absoluto, ele não muda é
também chamado de valor constante.
A solução é então travar a célula dentro da formula,
para isso usamos o símbolo do cifrão ($), na célula que fize-
mos o cálculo E4 de clique sobre ela, depois clique na barra
de fórmulas sobre a referência da célula D9.
Pressione em seu teclado a tecla F4. Será então adi- Vamos inicialmente montar a seguinte planilha
cionado o símbolo de cifrão antes da letra D e antes do
número 9. $D$9.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Máximo
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Vamos incrementar um pouco mais nossa planilha, va- Adicione as seguintes linhas abaixo de sua planilha
mos criar uma tabela em separado com a seguinte defini-
ção. Até 18 anos será juvenil, de 18 anos até 30 anos será
considerado profissional e acima dos 30 anos será consi-
derado Master.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para exemplificar monte a seguinte planilha. Após isso coloque o valor em formato Moeda.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O conceito de planilha 3D foi implantado no Excel Retorne a planilha resultado e coloque um valor qual-
na versão 5 do programa, ele é chamado dessa forma quer no campo onde será digitado valor.
pois permite que se façam referências de uma planilha
em outra.
Vamos a um exemplo
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O ideal nesta planilha é que a única célula onde o usuário possa manipular seja a célula onde será digitado valor em
real para a conversão, então vamos bloquear a planilha deixando essa célula desprotegia.
Clique na célula onde será digitado o valor em real depois na ABA Inicio no grupo Fonte clique na faixa e na janela que
se abre clique na guia Proteção.
Desmarque a opção Bloqueadas, isso é necessário, pois esta célula é a única que poderá receber dados.
Clique agora na ABA Revisão e no grupo Alterações clique no botão Proteger Planilha.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Se precisar alterar alguma célula protegida basta clicar no botão Desproteger Planilha no grupo Alterações.
Inserção de Objetos
A inserção de objetos no Excel é muito semelhante ao que aprendemos no Word, as opções de inserção de objetos
estão na ABA Inserir.
Podemos inserir Imagens, clip-arts, formas, SmartArt, caixas de texto, WordArt, objetos, símbolos, etc.
Como a maioria dos elementos já sabemos como implementar vamos focar em Gráficos.
Gráficos
A utilização de um gráfico em uma planilha além de deixá-la com uma aparência melhor também facilita na hora de
mostrar resultados. As opções de gráficos, esta no grupo Gráficos na ABA Inserir do Excel
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para criar um gráfico é importante decidir quais dados serão avaliados para o gráfico. Vamos utilizar a planilha Atletas
para criarmos nosso gráfico, vamos criar um gráfico que mostre os atletas x peso.
Selecione a coluna com o nome dos atletas, pressione CTRL e selecione os valores do peso.
Ao clicar em um dos modelos de gráfico no grupo Gráficos você poderá selecionar um tipo de gráfico disponível, no
exemplo cliquei no estilo de gráfico de colunas.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para mover o gráfico para qualquer parte de sua planilha basta clicar em uma área em branco de o gráfico manter o
mouse pressionado e arrastar para outra parte.
Na parte superior do Excel é mostrada a ABA Design (Acima dela Ferramentas de Gráfico).
Se você quiser mudar o estilo de seu gráfico, você pode clicar no botão Alterar Tipo de Gráfico.
Para alterar a exibição entre linhas e colunas, basta clicar no botão Alterar Linha/Coluna.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ainda em Layout do Gráfico podemos modificar a dis- Podemos também deixar nosso gráfico isolado em
tribuição dos elementos do Gráfico. uma nova planilha, basta clicar no botão Mover Gráfico.
Classificação
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Você precisa definir quais serão os critérios de sua classificação, onde diz
Classificar por clique e escolha nome, depois clique no botão Adicionar Nível e coloque Modalidade.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Antes de clicar em OK, verifique se está marcada a opção Meus dados contêm cabeçalhos, pois selecionamos a linha
de títulos em nossa planilha e clique em OK.
Você pode mudar a ordem de classificação sempre que for necessário, basta clicar no botão de Classificar.
Auto Filtro
Este é um recurso que permite listar somente os dados que você precisa visualizar no momento em sua planilha. Com
seus dados selecionados clique no botão Filtro e observe que será adicionado junto a cada célula do cabeçalho da planilha
uma seta.
Estas setas permite visualizar somente os dados que te interessam na planilha, por exemplo caso eu precise da relação
de atletas do sexo feminino, basta eu clicar na seta do cabeçalho sexo e marcar somente Feminino, que os demais dados
da planilha ficarão ocultos.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Posso ainda refinar mais a minha filtragem, caso precise saber dentro do sexo feminino quantos atletas estão na cate-
goria Profissional, eu faço um novo filtro na coluna Categoria.
Observe que as colunas que estão com filtro possuem um ícone em forma de funil no lugar da seta.
Para remover os filtros, basta clicar nos cabeçalhos com filtro e escolher a opção selecionar tudo.
Você também pode personalizar seus filtros através da opção Filtros de Texto e Filtro de número (quando conteúdo da
célula for um número).
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Impressão
Subtotais O processo de impressão no Excel é muito parecido
Podemos agrupar nossos dados através de seus valo- com o que fizemos no Word.
res, vamos inicialmente classificar nossa planilha pelo sexo Clique no botão Office e depois em Imprimir e escolha
dos atletas relacionado com a idade. Visualizar Impressão.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Marque a opção Paisagem e clique em OK. CTRL + Sinal de adição (+): quando você precisar inse-
rir células, linhas ou colunas no meio dos dados, ao invés
de clicar com o mouse no número da linha ou na letra da
coluna, basta pressionar esse comando.
*Utilize o sinal de adição do teclado numérico ou a
combinação CTRL + SHIFT + Sinal de adição que fica à es-
querda da tecla backspace, pois ela tem o mesmo efeito.
CTRL + Sinal de subtração (-): para excluir células, li-
nhas ou colunas inteiras, pressione essas teclas. Esse co-
mando funciona tanto no teclado normal quanto no tecla-
do numérico.
CTRL + D: você pode precisar que todas as células de
determinada coluna tenham o mesmo valor. Apertando
CTRL + D, você fará com que a célula ativa seja preenchi-
da com o mesmo valor da célula que está acima dela. Por
Teclas de atalho do Excel exemplo: você digitou o número 5432 na célula A1 e quer
que ele se repita até a linha 30. Selecione da célula A1 até
CTRL + !: quando se está trabalhando com planilhas a A30 e pressione o comando. Veja que todas as células
grandes, quando os dados precisam ser apresentados a um serão preenchidas com o valor 5432.
gerente, ou mesmo só para facilitar sua vida, a melhor ma- CTRL + R: funciona da mesma forma que o comando
neira de destacar certas informações é formatar a célula, de acima, mas para preenchimento de colunas. Exemplo: sele-
modo que a fonte, a cor do texto, as bordas e várias outras cione da célula A1 até a E1 e pressione CTRL + R. Todas as
configurações de formatação. Mas ter que usar o mouse células selecionadas terão o mesmo valor da A1.
para encontrar as opções de formatação faz você perder CTRL + ALT + V: você já deve ter cometido o erro de co-
muito tempo. Portanto, pressionando CTRL + !, você fará piar uma célula e colar em outro local, acabando com a for-
com que a janela de opções de formatação da célula seja matação que tinha definido anteriormente, pois as células
exibida. Lembre-se que você pode selecionar várias células de origem eram azuis e as de destino eram verdes. Ou seja,
para aplicar a formatação de uma só vez. você agora tem células azuis onde tudo deveria ser verde.
CTRL + (: muitas vezes você precisa visualizar dados Para que isso não aconteça, você pode utilizar o comando
que não estão próximos uns dos outros. Para isso o Excel “colar valores”, que fará com que somente os valores das
fornece a opção de ocultar células e colunas. Pressionan- células copiadas apareçam, sem qualquer formatação. Para
do CTRL + (, você fará com que as linhas correspondentes não precisar usar o mouse, copie as células desejadas e na
à seleção sejam ocultadas. Se houver somente uma célula hora de colar utilize as teclas CTRL + ALT + V.
ativa, só será ocultada a linha correspondente. Por exem- CTRL + PAGE DOWN: não há como ser rápido utilizan-
plo: se você selecionar células que estão nas linhas 1, 2, 3 do o mouse para alternar entre as planilhas de um mesmo
e 4 e pressionar as teclas mencionadas, essas quatro linhas arquivo. Utilize esse comando para mudar para a próxima
serão ocultadas. planilha da sua pasta de trabalho.
Para reexibir aquilo que você ocultou, selecione uma CTRL + PAGE UP: similar ao comando anterior. Porém,
célula da linha anterior e uma da próxima, depois utilize executando-o você muda para a planilha anterior.
as teclas CTRL + SHIFT + (. Por exemplo: se você ocultou a *É possível selecionar as planilhas que estão antes ou
linha 14 e precisa reexibi-la, selecione uma célula da linha depois da atual, pressionando também o SHIFT nos dois
13, uma da linha 15 e pressione as teclas de atalho. comando acima.
CTRL + ): esse atalho funciona exatamente como o
anterior, porém, ele não oculta linhas, mas sim COLUNAS. Teclas de função
Para reexibir as colunas que você ocultou, utilize as teclas Poucas pessoas conhecem todo o potencial das teclas
CTRL + SHIFT + ). Por exemplo: você ocultou a coluna C e que ficam na mesma linha do “Esc”. Assim como o CTRL,
quer reexibi-la. Selecione uma célula da coluna B e uma da as teclas de função podem ser utilizadas em combinação
célula D, depois pressione as teclas mencionadas. com outras, para produzir comandos diferentes do padrão
CTRL + SHIFT + $: quando estiver trabalhando com va- atribuído a elas. Veja alguns deles abaixo.
lores monetários, você pode aplicar o formato de moeda F2: se você cometer algum erro enquanto está inse-
utilizando esse atalho. Ele coloca o símbolo R$ no número rindo fórmulas em uma célula, pressione o F2 para poder
e duas casas decimais. Valores negativos são colocados en- mover o cursor do teclado dentro da célula, usando as se-
tre parênteses. tas para a direita e esquerda. Caso você pressione uma da
CTRL + SHIFT + Asterisco (*): esse comando é extre- setas sem usar o F2, o cursor será movido para outra célula.
mamente útil quando você precisa selecionar os dados ALT + SHIFT + F1: inserir novas planilhas dentro de um
que estão envolta da célula atualmente ativa. Caso existam arquivo do Excel também exige vários cliques com o mou-
células vazias no meio dos dados, elas também serão se- se, mas você pode usar o comando ALT + SHIFT + F1 para
lecionadas. Veja na imagem abaixo um exemplo. A célula ganhar algum tempo. As teclas SHIFT + F11 produzem o
selecionada era a D6. mesmo efeito.
58
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
F8: use essa tecla para ligar ou desligar o modo de se- Estrutura e Funcionalidade do e-mail
leção estendida. Esse pode ser usado da mesma forma que
o SHIFT. Porém, ele só será desativado quando for pres- Como no primeiro e-mail criado por Tomlinson, todos
sionado novamente, diferente do SHIFT, que precisa ser os endereços eletrônicos seguem uma estrutura padrão,
mantido pressionado para que você possa selecionar várias nome do usuário + @ + host, onde:
células da planilha. » Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo
usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: sergiodecastro.
Veja abaixo outros comandos úteis: » @ - é o símbolo, definido por Tomlinson, que separa
CTRL + Setas de direção: move o cursor para a última o nome do usuário do seu provedor.
célula preenchida. Se houve alguma célula vazia no meio, » Host – é o nome do provedor onde foi criado o ende-
o cursor será movido para a última célula preenchida que reço eletrônico. Exemplo: click21.com.br .
estiver antes da vazia. » Provedor – é o host, um computador dedicado ao
END: pressione essa tecla uma vez para ativar ou de- serviço 24 horas por dia.
sativar o “Modo de Término”. Sua função é parecida com o
comando anterior. Pressiona uma vez para ativar e depois Vejamos um exemplo real: sergiodecastro@click21.
pressione uma tecla de direção para mover o cursor para a com.br
última célula preenchida.
*Se a tecla Scroll Lock estiver ativada, pressionar END A caixa postal é composta pelos seguintes itens:
fará com que o cursor seja movido para a célula que estiver » Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as men-
visível no canto inferior direito da janela. sagens recebidas.
CTRL + BARRA DE ESPAÇO: utilize essa atalho se você » Caixa de Saída – Armazena as mensagens ainda não
quiser selecionar a coluna inteira onde está o cursor. enviadas.
SHIFT + BARRA DE ESPAÇOS: semelhante ao comando » E-mails Enviados – Como o nome diz, ficam os e-mails
acima, porém, seleciona a linha inteira onde está o cursor. que foram enviados.
» Rascunho – Guarda as mensagens que você ainda
não terminou de redigir.
» Lixeira – Armazena as mensagens excluídas.
6.2.3. CORREIO ELETRÔNICO: USO DE
CORREIO ELETRÔNICO, PREPARO E ENVIO DE Ao redigir mensagem, os seguintes campos estão pre-
MENSAGENS, ANEXAÇÃO DE ARQUIVOS. sentes:
» Para – é o campo onde será inserido o endereço do
destinatário.
» Cc – este campo é utilizado para mandar cópias da
mesma mensagem, ao usar este campo os endereços apa-
CORREIO ELETRÔNICO recerão para todos os destinatários.
» Cco – sua funcionalidade é igual ao campo anterior,
O correio eletrônico1 se parece muito com o correio no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos
tradicional. Todo usuário tem um endereço próprio e uma donos.
caixa postal, o carteiro é a Internet. Você escreve sua men- » Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem.
sagem, diz pra quem quer mandar e a Internet cuida do » Anexos – são dados que são anexados à mensagem
resto. Mas por que o e-mail se popularizou tão depressa? (imagens, programas, música, arquivos de texto, etc.).
A primeira coisa é pelo custo. Você não paga nada por uma » Corpo da Mensagem – espaço onde será redigida a
comunicação via e-mail, apenas os custos de conexão com mensagem.
a Internet. Outro fator é a rapidez, enquanto o correio tra-
dicional levaria dias para entregar uma mensagem, o ele- Alguns nomes podem mudar de servidor para servidor,
trônico faz isso quase que instantaneamente e não utiliza porém representando as mesmas funções. Além dos destes
papel. Por último, a mensagem vai direto ao destinatário, campos tem ainda os botões para EVIAR, ENCAMINHAR e
não precisa passa de mão-em-mão (funcionário do correio, EXCLUIR as mensagens, este botões bem como suas fun-
carteiro, etc.), fica na sua caixa postal onde somente o dono cionalidades veremos em detalhes, mais à frente.
tem acesso e, apesar de cada pessoa ter seu endereço pró- Para receber seus e-mails você não precisa estar co-
prio, você pode acessar seu e-mail de qualquer computa- nectado à Internet, pois o e-mail funciona com provedores.
dor conectado à Internet. Bem, o e-mail mesclou a faci- Mesmo você não estado com seu computador ligado, seus
lidade de uso do correio convencional com a velocidade e-mail são recebidos e armazenados na sua caixa postal,
do telefone, se tornando um dos melhores e mais utilizado localizada no seu provedor. Quando você acessa sua caixa
meio de comunicação. postal, pode ler seus e-mail on-line (diretamente na Inter-
net, pelo WebMail) ou baixar todos para seu computador
através de programas de correio eletrônico. Um programa
1 Fonte: http://juliobattisti.com.br/tutoriais/sergiocastro/correioeletronico- muito conhecido é o Outlook Express, o qual detalhar mais
ewebmail001.asp à frente.
59
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A sua caixa postal é identificada pelo seu endereço de 1. Acesse a página do provedor (www.ibestmail.com.br)
e-mail e qualquer pessoa que souber esse endereço, pode ou qualquer outro de sua preferência.
enviar mensagens para você. Também é possível enviar men- 2. Clique no link “Não tem uma conta? Crie uma!”, será
sagens para várias pessoas ao mesmo tempo, para isto basta aberto um formulário, preencha-o observando todos os
usar os campos “Cc” e “Cco” descritos acima. campos. Os campos do formulário têm suas particularida-
Atualmente, devido à grande facilidade de uso, a maioria des de provedor para provedor, no entanto todos trazem
das pessoas acessa seu e-mail diretamente na Internet através a mesma ideia, colher informações do usuário. Este será a
do navegador. Este tipo de correio é chamado de WebMail. O primeira parte do seu e-mail e é igual a este em qualquer
WebMail é responsável pela grande popularização do e-mail, cadastro, no exemplo temos “@outlook.com”. A junção do
pois mesmo as pessoas que não tem computador, podem nome de usuário com o nome do provedor é que será seu
acessar sua caixa postal de qualquer lugar (um cyber, casa de endereço eletrônico. No exemplo ficaria o seguinte: seuno-
um amigo, etc.). Para ter um endereço eletrônico basta que- me@outlook.com.
rer e acessar a Internet, é claro. Existe quase que uma guerra 3. Após preencher todo o formulário clique no botão
por usuários. Os provedores, também, disputam quem ofe- “Criar conta”, pronto seu cadastro estará efetivado.
rece maior espaço em suas caixas postais. Há pouco tempo Pelo fato de ser gratuito e ter muitos usuários é co-
encontrar um e-mail com mais de 10 Mb, grátis, não era fácil. mum que muitos nomes já tenham sido cadastrados por
Lembro que, quando a Embratel ofereceu o Click21 com 30 outros usuários, neste caso será exibida uma mensagem
Mb, achei que era muito espaço, mas logo o iBest ofereceu lhe informando do problema. Isso acontece porque den-
120 Mb e não parou por ai, a “guerra” continuo culminando tro de um mesmo provedor não pode ter dois nomes de
com o anúncio de que o Google iria oferecer 1 Gb (1024 Mb). usuários iguais. A solução é procurar outro nome que ainda
A última campanha do GMail, e-mail do Google, é de aumen- esteja livre, alguns provedores mostram sugestões como:
tar sua caixa postal constantemente, a última vez que acessei seunome2005; seunome28, etc. Se ocorrer isso com você
estava em 2663 Mb. (o que é bem provável que acontecerá) escolha uma das
sugestões ou informe outro nome (não desista, você vai
WebMail conseguir), finalize seu cadastro que seu e-mail vai está
pronto para ser usado.
O WebMail, como descrito acima, é uma aplicação aces-
sada diretamente na Internet, sem a necessidade de usar pro- » Entendendo a Interface do WebMail
grama de correio eletrônico. Praticamente todos os e-mails A interface é a parte gráfica do aplicativo de e-mail que
possuem aplicações para acesso direto na Internet. É grande o nos liga do mundo externo aos comandos do programa.
número de provedores que oferecem correio eletrônico gra- Estes conhecimentos vão lhe servir para qualquer WebMail
tuitamente, logo abaixo segue uma lista dos mais populares.
que você tiver e também para o Outlook, que é um progra-
» Outlook (antigo Hotmail) – http://www.outlook.com
ma de gerenciamento de e-mails, vamos ver este programa
» GMail – http://www.gmail.com
mais adiante.
» Bol (Brasil on line) – http://www.bol.com.br
1. Chegou e-mail? – Este botão serve para atualizar sua
» iG Mail – http://www.ig.com.br
caixa de entrar, verificando se há novas mensagens no ser-
» Yahoo – http://www.yahoo.com.br
vidor.
Para criar seu e-mail basta visitar o endereço acima e se- 2. Escrever – Ao clicar neste botão a janela de edição
guir as instruções do site. Outro importante fator a ser ob- de e-mail será aberta. A janela de edição é o espaço no
servado é o tamanho máximo permitido por anexo, este foi qual você vai redigir, responder e encaminhar mensagens.
outro fator que aumentou muito de tamanho, há pouco tem- Semelhante à função novo e-mail do Outlook.
po a maioria dos provedores permitiam em torno de 2 Mb, 3. Contatos – Abre a seção de contatos. Aqui os seus
mas atualmente a maioria já oferecem em média 25 Mb. Além endereços de e-mail são previamente guardados para uti-
de caixa postal os provedores costumam oferecer serviços de lização futura, nesta seção também é possível criar grupos
agenda e contatos. para facilitar o gerenciamento dos seus contatos.
Todos os WebMail acima são ótimos, então fica a critério 4. Configurações – Este botão abre (como o próprio
de cada um escolher o seu, ou até mesmo os seus, eu, por nome já diz) a janela de configurações. Nesta janela podem
exemplo, procuro aqueles que oferecem uma interface com o ser feitas diversas configurações, tais como: mudar senha,
menor propaganda possível. definir número de e-mail por página, assinatura, resposta
» Criando seu e-mail automática, etc.
Fazer sua conta de e-mail é uma tarefa extremamen- 5. Ajuda – Abre, em outra janela do navegador, uma
te simples, eu escolhi o Outlook.com, pois a interface deste seção com vários tópicos de ajuda.
WebMail não tem propagandas e isso ajudar muito os en- 6. Sair – Este botão é muito importante, pois é através
tendimentos, no entanto você pode acessar qualquer dos dele que você vai fechar sua caixa postal, muito recomen-
endereços informados acima ou ainda qualquer outro que dado quando o uso de seu e-mail ocorrer em computado-
você conheça. O processo de cadastro é muito simples, bas- res de terceiros.
ta preencher um formulário e depois você terá sua conta de 7. Espaço – Esta seção é apenas informativa, exibe seu
e-mail pronta para ser usada. Vamos aos passos: endereço de e-mail; quantidade total de sua caixa posta;
parte utilizada em porcentagem e um pequeno gráfico.
60
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
61
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
1. Inicie o Outlook.
2. Quando solicitado a configurar uma conta de
email, clique em Avançar.
62
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Se você tiver adicionado uma conta do Exchange Ser- 3. Em Informações do Usuário, faça o seguinte:
ver, deverá sair e reiniciar o Outlook para que essa conta • Na caixa Nome, digite seu nome da forma que
apareça e possa ser usada no Outlook. aparecerá para as outras pessoas.
Observação: Se o seu perfil já tiver uma conta do Mi- • Na caixa Endereço de Email, digite o endereço de
crosoft Exchange Server e você quiser adicionar outra, será email completo atribuído por seu administrador de email
necessário usar a Configuração Automática de Conta. Para ou ISP. Não se esqueça de incluir o nome de usuário, o
configurar manualmente uma conta adicional do Exchange símbolo @ e o nome do domínio como, por exemplo, pat@
Server, você deve sair do Outlook e depois usar o módulo contoso.com.
Email no Painel de Controle. • Nas caixas Senha e Confirmar Senha, digite a se-
nha atribuída ou criada por você.
Adicionar uma conta de email manualmente Dica: A senha poderá diferenciar maiúsculas de mi-
Existem três maneiras de adicionar manualmente sua núsculas. Verifique se a tecla CAPS LOCK foi pressionada
conta de email. A maioria das pessoas só possui um perfil e durante a inserção da sua senha.
deverá usar a seção Adicionar ao perfil em execução. 4. Em Informações do Servidor, faça o seguinte:
Observação A configuração manual de contas do Mi- • Na caixa de listagem Tipo de Conta, escolha POP3
crosoft Exchange não pode ser feita enquanto o Outlook ou IMAP.
estiver em execução. Use as etapas das seções Adicionar a • Na caixa Servidor de entrada de emails, digite o
um perfil existente ou Adicionar a um novo perfil. nome completo do servidor fornecido pelo provedor de
Adicionar ao perfil em execução serviços de Internet ou pelo administrador de email. Geral-
1. Clique na guia Arquivo. mente, é mail. seguido do nome de domínio, por exemplo,
2. Na guia Info, em Informações da Conta, clique em mail.contoso.com.
Configurações de Conta. • Na caixa Servidor de saída de emails (SMTP), digi-
3. Clique em Configurações de Conta. te o nome completo do servidor fornecido pelo provedor
4. Clique em Adicionar Conta. de serviços de Internet ou pelo administrador de email. Ge-
Adicionar a um perfil existente
ralmente, é mail. seguido do nome do domínio, por exem-
1. Feche o Outlook.
plo, mail.contoso.com.
2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes
5. Em Informações de Logon, faça o seguinte:
em Email.
• Na caixa Nome de Usuário, digite o nome do
A barra de título da caixa de diálogo Configurar Email
usuário fornecido pelo provedor ou pelo administrador de
contém o nome do perfil atual. Para selecionar um perfil
email. Ele pode fazer parte do seu endereço de email antes
diferente já existente, clique em Mostrar Perfis, selecione
do símbolo @, como pat, ou pode ser o seu endereço de
o nome do perfil e, em seguida, clique em Propriedades.
email completo, como pat@contoso.com.
3. Clique em Contas de Email.
Adicionar a um novo perfil • Na caixa Senha, digite a senha fornecida pelo pro-
1. Feche o Outlook. vedor ou pelo administrador de email ou uma senha que
2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes tenha sido criada por você.
no módulo Email. • Marque a caixa de seleção Lembrar senha.
3. Em Perfis, clique em Mostrar Perfis. Observação: Você tem a opção de salvar sua senha
4. Clique em Adicionar. digitando-a na caixa Senha e marcando a caixa de seleção
5. Na caixa de diálogo Novo Perfil, digite um nome Lembrar senha. Se você escolheu essa opção, não precisará
para o perfil e, em seguida, clique em OK. digitar a senha sempre que acessar a conta. No entanto,
Trata-se do nome que você vê ao iniciar o Outlook caso isso também torna a conta vulnerável a qualquer pessoa
configure o Outlook para solicitar o perfil a ser usado. que tenha acesso ao seu computador.
6. Clique em Contas de Email. Opcionalmente, você poderá denominar sua conta de
email como ela aparece no Outlook. Isso será útil caso você
Configurar manualmente uma conta POP3 ou IMAP esteja usando mais de uma conta de email. Clique em Mais
Configurações. Na guia Geral, em Conta de Email, digite
Uma conta POP3 é o tipo mais comum de conta de
um nome que ajudará a identificar a conta, por exemplo,
email.
Meu Email de Provedor de Serviços de Internet Residencial.
Uma conta IMAP é um tipo avançado de conta de
A sua conta de email pode exigir uma ou mais das con-
email que oferece várias pastas de email em um servidor
figurações adicionais a seguir. Entre em contato com o seu
de emails. As contas do Google GMail e da AOL podem ser
ISP se tiver dúvidas sobre quais configurações usar para
usadas no Outlook 2010 como contas IMAP.
sua conta de email.
Se não souber ao certo qual é o tipo da sua conta, en-
• Autenticação de SMTP Clique em Mais Confi-
tre em contato com o seu provedor de serviços de Internet
gurações. Na guia Saída, marque a caixa de seleção Meu
(ISP) ou administrador de email.
servidor de saída de emails requer autenticação, caso isso
1. Clique em Definir manualmente as configurações seja exigido pela conta.
do servidor ou tipos de servidor adicionais e em Avançar.
2. Clique em Email da Internet e em Avançar.
63
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Criptografia de POP3 Para contas POP3, clique • Clique em Mais Configurações. Em qualquer uma
em Mais Configurações. Na guia Avançada, em Números das guias, configure as opções desejadas.
das portas do servidor, em Servidor de entrada (POP3), • Clique em Verificar Nomes para confirmar se o
marque a caixa de seleção O servidor requer uma conexão servidor reconhece o seu nome e se o computador está
criptografada (SSL), caso o provedor de serviços de Inter- conectado com a rede. Os nomes de conta e de servidor
net instrua você a usar essa configuração. especificados nas etapas 3 e 5 devem se tornar sublinha-
• Criptografia de IMAP Para contas IMAP, clique dos. Se isso não acontecer, entre em contato com o admi-
em Mais Configurações. Na guia Avançada, em Números nistrador do Exchange.
das portas do servidor, em Servidor de entrada (IMAP), 7. Se você clicou em Mais Configurações e abriu a
para a opção Usar o seguinte tipo de conexão criptogra- caixa de diálogo Microsoft Exchange Server, clique em OK.
fada, clique em Nenhuma, SSL, TLS ou Automática, caso o 8. Clique em Avançar.
provedor de serviços de Internet instrua você a usar uma 9. Clique em Concluir.
dessas configurações.
• Criptografia de SMTP Clique em Mais Configu- Remover uma conta de email
rações. Na guia Avançada, em Números das portas do ser- 1. Clique na guia Arquivo.
vidor, em Servidor de saída (SMTP), para a opção Usar o 2. Em Informações da Conta, clique em Configura-
seguinte tipo de conexão criptografada, clique em Nenhu- ções de Conta e depois em Configurações de Conta.
ma, SSL, TLS ou Automática, caso o provedor de serviços
de internet instrua você a usar uma dessas configurações.
Opcionalmente, clique em Testar Configurações da
Conta para verificar se a conta está funcionando. Se houver
informações ausentes ou incorretas, como a senha, será so-
licitado que sejam fornecidas ou corrigidas. Verifique se o
computador está conectado com a Internet.
Clique em Avançar.
Clique em Concluir.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Agendar uma reunião com outras pessoas • Em Contatos, na guia Página Inicial, no grupo Novo,
Uma reunião é um compromisso que inclui outras pessoas clique em Novo Contato.
e pode incluir recursos como salas de conferência. As respos-
tas às suas solicitações de reunião são exibidas na Caixa de
Entrada.
• Em Calendário, na guia Página Inicial, no grupo Novo,
clique em Nova Reunião.
Criar um contato
Contatos podem ser tão simples quanto um nome e en-
dereço de email ou incluir outras informações detalhadas,
como endereço físico, vários telefones, uma imagem, datas de
aniversário e quaisquer outras informações que se relacionem
ao contato.
67
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
68
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Browser ou Navegador
É o programa específico para visualizar as páginas da Entre cada par de camadas adjacentes há uma interfa-
web. ce. A interface define quais operações primitivas e serviços
O Browser lê e interpreta os documentos escritos em a camada inferior oferece à camada superior. Quando os
HTML, apresentando as páginas formatadas para os projetistas decidem quantas camadas incluir em uma rede
usuários. e o que cada camada deve fazer, uma das considerações
mais importantes é definir interfaces limpas entre as cama-
ARQUITETURAS DE REDES das. Isso requer, por sua vez, que cada camada desempe-
As modernas redes de computadores são projetadas nhe um conjunto específico de funções bem compreendi-
de forma altamente estruturada. Nas seções seguintes exa- das. Além de minimizar a quantidade de informações que
minaremos com algum detalhe a técnica de estruturação. deve ser passada de camada em camada, interfaces bem
definidas também tornam fácil a troca da implementação
de uma camada por outra implementação completamente
HIERARQUIAS DE PROTOCOLOS
diferente (por exemplo, trocar todas as linhas telefônicas
Para reduzir a complexidade de projeto, a maioria das por canais de satélite), pois tudo o que é exigido da nova
redes é organizada em camadas ou níveis, cada uma cons- implementação é que ela ofereça à camada superior exa-
truída sobre sua predecessora. O número de camadas, o tamente os mesmos serviços que a implementação antiga
nome, o conteúdo e a função de cada camada diferem de oferecia.
uma rede para outra. No entanto, em todas as redes, o pro- O conjunto de camadas e protocolos é chamado de
pósito de cada camada é oferecer certos serviços às cama- arquitetura de rede. A especificação de arquitetura deve
das superiores, protegendo essas camadas dos detalhes de conter informações suficientes para que um implementa-
como os serviços oferecidos são de fato implementados. dor possa escrever o programa ou construir o hardware de
A camada n em uma máquina estabelece uma con- cada camada de tal forma que obedeça corretamente ao
versão com a camada n em outra máquina. As regras e protocolo apropriado. Nem os detalhes de implementação
convenções utilizadas nesta conversação são chamadas nem a especificação das interfaces são parte da arquitetura,
coletivamente de protocolo da camada n, conforme ilus- pois esses detalhes estão escondidos dentro da máquina e
trado na Figura abaixo para uma rede com sete camadas. não são visíveis externamente. Não é nem mesmo neces-
As entidades que compõem as camadas correspondentes sário que as interfaces em todas as máquinas em uma rede
em máquinas diferentes são chamadas de processos par- sejam as mesmas, desde que cada máquina possa usar cor-
ceiros. Em outras palavras, são os processos parceiros que retamente todos os protocolos.
se comunicam utilizando o protocolo.
Na verdade, nenhum dado é transferido diretamente O endereço IP
da camada n em uma máquina para a camada n em outra Quando você quer enviar uma carta a alguém, você...
máquina. Em vez disso, cada camada passa dados e infor- Ok, você não envia mais cartas; prefere e-mail ou deixar um
mações de controle para a camada imediatamente abaixo, recado no Facebook. Vamos então melhorar este exemplo:
até que o nível mais baixo seja alcançado. Abaixo do nível quando você quer enviar um presente a alguém, você ob-
1 está o meio físico de comunicação, através do qual a co- tém o endereço da pessoa e contrata os Correios ou uma
municação ocorre. Na Figura abaixo, a comunicação virtual transportadora para entregar. É graças ao endereço que é
é mostrada através de linhas pontilhadas e a comunicação possível encontrar exatamente a pessoa a ser presenteada.
física através de linhas sólidas. Também é graças ao seu endereço - único para cada resi-
dência ou estabelecimento - que você recebe suas contas
de água, aquele produto que você comprou em uma loja
on-line, enfim.
69
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Na internet, o princípio é o mesmo. Para que o seu Classe A: 0.0.0.0 até 127.255.255.255 - permite até 128
computador seja encontrado e possa fazer parte da rede redes, cada uma com até 16.777.214 dispositivos conectados;
mundial de computadores, necessita ter um endereço úni- Classe B: 128.0.0.0 até 191.255.255.255 - permite até
co. O mesmo vale para websites: este fica em um servidor, 16.384 redes, cada uma com até 65.536 dispositivos;
que por sua vez precisa ter um endereço para ser localiza- Classe C: 192.0.0.0 até 223.255.255.255 - permite até
do na internet. Isto é feito pelo endereço IP (IP Address), 2.097.152 redes, cada uma com até 254 dispositivos;
recurso que também é utilizado para redes locais, como a Classe D: 224.0.0.0 até 239.255.255.255 - multicast;
existente na empresa que você trabalha, por exemplo. Classe E: 240.0.0.0 até 255.255.255.255 - multicast reser-
O endereço IP é uma sequência de números composta vado.
de 32 bits. Esse valor consiste em um conjunto de quatro As três primeiras classes são assim divididas para atender
sequências de 8 bits. Cada uma destas é separada por um às seguintes necessidades:
ponto e recebe o nome de octeto ou simplesmente byte, já
que um byte é formado por 8 bits. O número 172.31.110.10 - Os endereços IP da classe A são usados em locais onde
é um exemplo. Repare que cada octeto é formado por nú- são necessárias poucas redes, mas uma grande quantida-
meros que podem ir de 0 a 255, não mais do que isso. de de máquinas nelas. Para isso, o primeiro byte é utilizado
como identificador da rede e os demais servem como iden-
tificador dos dispositivos conectados (PCs, impressoras, etc);
- Os endereços IP da classe B são usados nos casos onde
a quantidade de redes é equivalente ou semelhante à quan-
tidade de dispositivos. Para isso, usam-se os dois primeiros
bytes do endereço IP para identificar a rede e os restantes
para identificar os dispositivos;
- Os endereços IP da classe C são usados em locais que
requerem grande quantidade de redes, mas com poucos dis-
positivos em cada uma. Assim, os três primeiros bytes são
A divisão de um IP em quatro partes facilita a organi-
usados para identificar a rede e o último é utilizado para
zação da rede, da mesma forma que a divisão do seu en-
identificar as máquinas.
dereço em cidade, bairro, CEP, número, etc, torna possível
Quanto às classes D e E, elas existem por motivos espe-
a organização das casas da região onde você mora. Neste
ciais: a primeira é usada para a propagação de pacotes espe-
sentido, os dois primeiros octetos de um endereço IP po-
ciais para a comunicação entre os computadores, enquanto
dem ser utilizados para identificar a rede, por exemplo. Em
que a segunda está reservada para aplicações futuras ou ex-
uma escola que tem, por exemplo, uma rede para alunos
perimentais.
e outra para professores, pode-se ter 172.31.x.x para uma
Vale frisar que há vários blocos de endereços reservados
rede e 172.32.x.x para a outra, sendo que os dois últimos para fins especiais. Por exemplo, quando o endereço começa
octetos são usados na identificação de computadores. com 127, geralmente indica uma rede “falsa”, isto é, inexisten-
Classes de endereços IP te, utilizada para testes. No caso do endereço 127.0.0.1, este
Neste ponto, você já sabe que os endereços IP podem sempre se refere à própria máquina, ou seja, ao próprio host,
ser utilizados tanto para identificar o seu computador den- razão esta que o leva a ser chamado de localhost. Já o endere-
tro de uma rede, quanto para identificá-lo na internet. ço 255.255.255.255 é utilizado para propagar mensagens para
Se na rede da empresa onde você trabalha o seu com- todos os hosts de uma rede de maneira simultânea.
putador tem, como exemplo, IP 172.31.100.10, uma má-
quina em outra rede pode ter este mesmo número, afinal, Endereços IP privados
ambas as redes são distintas e não se comunicam, sequer Há conjuntos de endereços das classes A, B e C que são
sabem da existência da outra. Mas, como a internet é uma privados. Isto significa que eles não podem ser utilizados na
rede global, cada dispositivo conectado nela precisa ter um internet, sendo reservados para aplicações locais. São, essen-
endereço único. O mesmo vale para uma rede local: nesta, cialmente, estes:
cada dispositivo conectado deve receber um endereço úni- -Classe A: 10.0.0.0 à 10.255.255.255;
co. Se duas ou mais máquinas tiverem o mesmo IP, tem-se -Classe B: 172.16.0.0 à 172.31.255.255;
então um problema chamado “conflito de IP”, que dificulta -Classe C: 192.168.0.0 à 192.168.255.255.
a comunicação destes dispositivos e pode inclusive atrapa- Suponha então que você tenha que gerenciar uma rede
lhar toda a rede. com cerca de 50 computadores. Você pode alocar para es-
Para que seja possível termos tanto IPs para uso em re- tas máquinas endereços de 192.168.0.1 até 192.168.0.50, por
des locais quanto para utilização na internet, contamos com exemplo. Todas elas precisam de acesso à internet. O que
um esquema de distribuição estabelecido pelas entidades fazer? Adicionar mais um IP para cada uma delas? Não. Na
IANA (Internet Assigned Numbers Authority) e ICANN (In- verdade, basta conectá-las a um servidor ou equipamento de
ternet Corporation for Assigned Names and Numbers) que, rede - como um roteador - que receba a conexão à internet
basicamente, divide os endereços em três classes principais e a compartilhe com todos os dispositivos conectados a ele.
Com isso, somente este equipamento precisará de um ende-
e mais duas complementares. São elas:
reço IP para acesso à rede mundial de computadores.
70
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Máscara de sub-rede
As classes IP ajudam na organização deste tipo de endereçamento, mas podem também representar desperdício. Uma
solução bastante interessante para isso atende pelo nome de máscara de sub-rede, recurso onde parte dos números que
um octeto destinado a identificar dispositivos conectados (hosts) é “trocado” para aumentar a capacidade da rede. Para
compreender melhor, vamos enxergar as classes A, B e C da seguinte forma:
- A: N.H.H.H;
- B: N.N.H.H;
- C: N.N.N.H.
N significa Network (rede) e H indica Host. Com o uso de máscaras, podemos fazer uma rede do N.N.H.H se “transfor-
mar” em N.N.N.H. Em outras palavras, as máscaras de sub-rede permitem determinar quantos octetos e bits são destinados
para a identificação da rede e quantos são utilizados para identificar os dispositivos.
Para isso, utiliza-se, basicamente, o seguinte esquema: se um octeto é usado para identificação da rede, este receberá a
máscara de sub-rede 255. Mas, se um octeto é aplicado para os dispositivos, seu valor na máscara de sub-rede será 0 (zero).
A tabela a seguir mostra um exemplo desta relação:
Você percebe então que podemos ter redes com máscara 255.0.0.0, 255.255.0.0 e 255.255.255.0, cada uma indicando
uma classe. Mas, como já informado, ainda pode haver situações onde há desperdício. Por exemplo, suponha que uma fa-
culdade tenha que criar uma rede para cada um de seus cinco cursos. Cada curso possui 20 computadores. A solução seria
então criar cinco redes classe C? Pode ser melhor do que utilizar classes B, mas ainda haverá desperdício. Uma forma de
contornar este problema é criar uma rede classe C dividida em cinco sub-redes. Para isso, as máscaras novamente entram
em ação.
Nós utilizamos números de 0 a 255 nos octetos, mas estes, na verdade, representam bytes (linguagem binária). 255 em
binário é 11111111. O número zero, por sua vez, é 00000000. Assim, a máscara de um endereço classe C, 255.255.255.0, é:
11111111.11111111.11111111.00000000
Perceba então que, aqui, temos uma máscara formada por 24 bits 1: 11111111 + 11111111 + 11111111. Para criarmos
as nossas sub-redes, temos que ter um esquema com 25, 26 ou mais bits, conforme a necessidade e as possibilidades. Em
outras palavras, precisamos trocar alguns zeros do último octeto por 1.
Suponha que trocamos os três primeiros bits do último octeto (sempre trocamos da esquerda para a direita), resultando
em:
11111111.11111111.11111111.11100000
Se fizermos o número 2 elevado pela quantidade de bits “trocados”, teremos a quantidade possível de sub-redes. Em
nosso caso, temos 2^3 = 8. Temos então a possibilidade de criar até oito sub-redes. Sobrou cinco bits para o endereçamen-
to dos host. Fazemos a mesma conta: 2^5 = 32. Assim, temos 32 dispositivos em cada sub-rede (estamos fazendo estes
cálculos sem considerar limitações que possam impedir o uso de todos os hosts e sub-redes).
11100000 corresponde a 224, logo, a máscara resultante é 255.255.255.224.
Perceba que esse esquema de “trocar” bits pode ser empregado também em endereços classes A e B, conforme a ne-
cessidade. Vale ressaltar também que não é possível utilizar 0.0.0.0 ou 255.255.255.255 como máscara.
IP estático e IP dinâmico
IP estático (ou fixo) é um endereço IP dado permanentemente a um dispositivo, ou seja, seu número não muda, exceto
se tal ação for executada manualmente. Como exemplo, há casos de assinaturas de acesso à internet via ADSL onde o pro-
vedor atribui um IP estático aos seus assinantes. Assim, sempre que um cliente se conectar, usará o mesmo IP.
O IP dinâmico, por sua vez, é um endereço que é dado a um computador quando este se conecta à rede, mas que muda
toda vez que há conexão. Por exemplo, suponha que você conectou seu computador à internet hoje. Quando você conectá
-lo amanhã, lhe será dado outro IP. Para entender melhor, imagine a seguinte situação: uma empresa tem 80 computadores
ligados em rede. Usando IPs dinâmicos, a empresa disponibiliza 90 endereços IP para tais máquinas. Como nenhum IP é
fixo, um computador receberá, quando se conectar, um endereço IP destes 90 que não estiver sendo utilizado. É mais ou
menos assim que os provedores de internet trabalham.
O método mais utilizado na distribuição de IPs dinâmicos é o protocolo DHCP (Dynamic Host Configuration Protocol).
71
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
IP nos sites A esta altura, você também deve estar querendo desco-
Você já sabe que os sites na Web também necessitam brir qual o seu IP. Cada sistema operacional tem uma forma
de um IP. Mas, se você digitar em seu navegador www.in- de mostrar isso. Se você é usuário de Windows, por exemplo,
fowester.com, por exemplo, como é que o seu computador pode fazê-lo digitando cmd em um campo do Menu Iniciar
sabe qual o IP deste site ao ponto de conseguir encontrá-lo? e, na janela que surgir, informar ipconfig /all e apertar Enter.
Quando você digitar um endereço qualquer de um site, Em ambientes Linux, o comando é ifconfig.
um servidor de DNS (Domain Name System) é consultado.
Ele é quem informa qual IP está associado a cada site. O sis-
tema DNS possui uma hierarquia interessante, semelhante a
uma árvore (termo conhecido por programadores). Se, por
exemplo, o site www.infowester.com é requisitado, o sistema
envia a solicitação a um servidor responsável por termina-
ções “.com”. Esse servidor localizará qual o IP do endereço
e responderá à solicitação. Se o site solicitado termina com
“.br”, um servidor responsável por esta terminação é consul-
tado e assim por diante.
IPv6
O mundo está cada vez mais conectado. Se, em um pas-
sado não muito distante, você conectava apenas o PC da sua Perceba, no entanto, que se você estiver conectado a
casa à internet, hoje o faz com o celular, com o seu notebook partir de uma rede local - tal como uma rede wireless - visua-
em um serviço de acesso Wi-Fi no aeroporto e assim por lizará o IP que esta disponibiliza à sua conexão. Para saber
diante. Somando este aspecto ao fato de cada vez mais pes- o endereço IP do acesso à internet em uso pela rede, você
soas acessarem a internet no mundo inteiro, nos deparamos pode visitar sites como whatsmyip.org.
com um grande problema: o número de IPs disponíveis dei-
Provedor
xa de ser suficiente para toda as (futuras) aplicações.
O provedor é uma empresa prestadora de serviços que
A solução para este grande problema (grande mesmo,
oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é necessá-
afinal, a internet não pode parar de crescer!) atende pelo
rio conectar-se com um computador que já esteja na Internet
nome de IPv6, uma nova especificação capaz de suportar até
(no caso, o provedor) e esse computador deve permitir que
- respire fundo - 340.282.366.920.938.463.463.374.607.431.7
seus usuários também tenham acesso a Internet.
68.211.456 de endereços, um número absurdamente alto!
No Brasil, a maioria dos provedores está conectada à
Embratel, que por sua vez, está conectada com outros com-
putadores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link, que é
a conexão física que interliga o provedor de acesso com a
Embratel. Neste caso, a Embratel é conhecida como backbo-
ne, ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet no Brasil. Pode-se
imaginar o backbone como se fosse uma avenida de três pis-
tas e os links como se fossem as ruas que estão interligadas
nesta avenida.
Tanto o link como o backbone possui uma velocidade
de transmissão, ou seja, com qual velocidade ele transmite
os dados. Esta velocidade é dada em bps (bits por segundo).
O IPv6 não consiste, necessariamente, apenas no au- Deve ser feito um contrato com o provedor de acesso, que
mento da quantidade de octetos. Um endereço do tipo fornecerá um nome de usuário, uma senha de acesso e um
pode ser, por exemplo: endereço eletrônico na Internet.
FEDC:2D9D:DC28:7654:3210:FC57:D4C8:1FFF
URL - Uniform Resource Locator
Finalizando Tudo na Internet tem um endereço, ou seja, uma identifi-
Com o surgimento do IPv6, tem-se a impressão de que a cação de onde está localizado o computador e quais recursos
especificação tratada neste texto, o IPv4, vai sumir do mapa. este computador oferece. Por exemplo, a URL:
Isso até deve acontecer, mas vai demorar bastante. Durante http://www.novaconcursos.com.br
essa fase, que podemos considerar de transição, o que ve- Será mais bem explicado adiante.
remos é a “convivência” entre ambos os padrões. Não por
menos, praticamente todos os sistemas operacionais atuais Como descobrir um endereço na Internet?
e a maioria dos dispositivos de rede estão aptos a lidar tanto
com um quanto com o outro. Por isso, se você é ou pretende Para que possamos entender melhor, vamos exemplificar.
ser um profissional que trabalha com redes ou simplesmen- Você estuda em uma universidade e precisa fazer algu-
te quer conhecer mais o assunto, procure se aprofundar nas mas pesquisas para um trabalho. Onde procurar as informa-
duas especificações. ções que preciso?
72
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
73
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O navegador de WWW é a ferramenta mais importante Digite na barra de endereço o endereço do site de pes-
para o usuário de Internet. É com ele que se podem vi- quisa. Por exemplo:
sitar museus, ler revistas eletrônicas, fazer compras e até www.google.com.br
participar de novelas interativas. As informações na Web
são organizadas na forma de páginas de hipertexto, cada
um com seu endereço próprio, conhecido como URL. Para
começar a navegar, é preciso digitar um desses endereços
no campo chamado Endereço no navegador. O software
estabelece a conexão e traz, para a tela, a página corres-
pondente.
O navegador não precisa de nenhuma configuração
especial para exibir uma página da Web, mas é necessário
ajustar alguns parâmetros para que ele seja capaz de enviar
e receber algumas mensagens de correio eletrônico e aces-
sar grupos de discussão (news).
O World Wide Web foi inicialmente desenvolvido no
Centro de Pesquisas da CERN (Conseil Europeen pour la
Recherche Nucleaire), Suíça. Originalmente, o WWW era Em pesquisar pode-se escolher onde será feita a pes-
um meio para físicos da CERN trocar experiências sobre quisa.
suas pesquisas através da exibição de páginas de texto. Fi-
cou claro, desde o início, o imenso potencial que o WWW
possuía para diversos tipos de aplicações, inclusive não
científicas.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Empresa estendida
O acesso à intranet de uma empresa através de um Por-
tal (internet) estabelecido na web de forma que pessoas e
funcionários de uma empresa consigam ter acesso à intra-
net através de redes externas ao ambiente da empresa.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Uma extranet é uma intranet que pode ser acessada via Multitarefas com guias e janelas
Web por clientes ou outros usuários autorizados. Uma in- Com as guias, você pode ter muitos sites abertos em
tranet é uma rede restrita à empresa que utiliza as mesmas uma só janela do navegador, para que seja mais fácil abrir,
tecnologias presentes na Internet, como e-mail, webpages, fechar e alternar os sites. A barra de guias mostra todas as
servidor FTP etc. guias ou janelas que estão abertas no Internet Explorer. Para
A ideia de uma extranet é melhorar a comunicação entre ver a barra de guias, passe o dedo de baixo para cima (ou
os funcionários e parceiros além de acumular uma base de clique) na tela.
conhecimento que possa ajudar os funcionários a criar novas
soluções.
Exemplificando uma rede de conexões privadas, baseada
na Internet, utilizada entre departamentos de uma empresa
ou parceiros externos, na cadeia de abastecimento, trocando
informações sobre compras, vendas, fabricação, distribuição,
contabilidade entre outros.
Internet Explorer2
O Internet Explorer facilita o acesso a sites e ajuda a ver
com o máximo de qualidade todo o conteúdo incrível que
você pode encontrar. Depois de aprender alguns gestos e
truques comuns, você poderá usar seu novo navegador com
todo o conforto e aproveitar ao máximo seus sites favoritos.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para salvar seus sites favoritos Lendo, salvando e compartilhando conteúdo da In-
Salvar um site como favorito é uma forma simples de ternet
memorizar os sites de que você gosta e que deseja visitar Ao examinar seu conteúdo online favorito, procure
sempre. (Se você tiver feito a atualização para o Windo- pelo ícone Modo de exibição de leitura na barra de en-
ws 8.1 a partir do Windows 8 e entrado usando sua conta dereços. O Modo de exibição de leitura retira quaisquer
da Microsoft, todos os favoritos já existentes terão sido im- itens desnecessários, como anúncios, para que as matérias
portados automaticamente.) sejam destacadas. Toque ou clique no ícone para abrir a
Vá até um site que deseja adicionar. página no modo de exibição de leitura. Quando quiser re-
Passe o dedo de baixo para cima (ou clique) para exibir tornar à navegação, basta tocar ou clicar no ícone nova-
os comandos de aplicativos. Em seguida, toque ou clique mente.
no botão Favoritos para mostrar a barra de favoritos.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Use a Proteção contra Rastreamento e o recurso Do · O campo de pesquisa pelo Google fica na direita na
Not Track para ajudar a proteger sua privacidade. O ras- barra de ferramentas e abre direto a página com os resul-
treamento refere-se à maneira como os sites, os provedo- tados, poupando o tempo de acesso à página de pesquisa
res de conteúdo terceiros, os anunciantes, etc. aprendem antes de ter que digitar as palavras chaves. O novo localiza-
a forma como você interage com eles. Isso pode incluir o dor de palavras na página busca pelo texto na medida em
rastreamento das páginas que você visita, os links em que que você as digita, agilizando a busca;
você clica e os produtos que você adquire ou analisa. No · Favoritos RSS;
Internet Explorer, você pode usar a Proteção contra Ras- · A integração do RSS nos favoritos permite que você
treamento e o recurso Do Not Track para ajudar a limitar fique sabendo das atualizações e últimas notícias dos seus
as informações que podem ser coletadas por terceiros so- sites preferidos cadastrados. Essa função é disponibilizada
bre a sua navegação e para expressar suas preferências de a partir do Firefox 2;
privacidade para os sites que visita. · Downloads sem perturbação;
· Os arquivos recebidos são salvos automaticamente na
FIREFOX3 área de trabalho, onde são fáceis de achar. Menos interrup-
Firefox é um navegador web de código aberto e mul- ções significam downloads mais rápidos. Claro, essa função
tiplataforma com versões para Windows, OS X (Mac), Linux pode ser personalizada sem problemas;
e Android, em variantes de 32 e 64 bits, dependendo da · Você decide como deve ser seu navegador;
plataforma. O Firefox possui suporte para extensões, na- · O Firefox é o navegador mais personalizável que exis-
vegação por abas, alerta contra sites maliciosos, suporte te. Coloque novos botões nas barras de ferramentas, ins-
para sincronização de informações, gerenciador de senhas, tale extensões que adiciona novas funções, adicione temas
bloqueador de janelas pop-up, pesquisa integrada, corre- que modificam o visual do Firefox e coloque mais mecanis-
tor ortográfico, gerenciador de download, leitor de feeds mos nos campos de pesquisa.
RSS e outros recursos.
Além de ser multiplataforma, o Firefox também supor- O Firefox pode se tornar o navegador mais adequado
ta diferentes linguagens, incluindo o português do Brasil
para a sua necessidade:
(Pt Br).
· Fácil utilização;
Surgido de um projeto criado por Dave Hyatt e Blake
· Simples e intuitivo, mas repleto de recursos. O Firefox
Ross em 2002, somente dois anos depois a plataforma de
tem todas as funções que você está acostumado - favori-
navegação pela internet se desmembrou de outras ferra-
tos, histórico, tela inteira, zoom de texto para tornar as pá-
mentas e se tornou um browser independente. No começo,
ginas mais fáceis de ler, e diversas outras funcionalidades
o Firefox se popularizou apenas entre o nicho de adeptos
intuitivas;
do “software livre”, e mesmo assim já alcançou dezenas de
milhões de downloads. · Compacto;
Não demorou muito para que o navegador começasse · A maioria das distribuições está em torno dos 5MB.
a receber melhorias relevantes e o seu potencial fosse ob- Você leva apenas alguns minutos para copiar o Firefox para
servado por outros perfis de internautas. E foi basicamente o seu computador em uma conexão discada e segunda em
assim que o produto da Fundação Mozilla ganhou seu es- uma conexão banda larga. A configuração é simples e in-
paço e quase desbancou a hegemonia do Internet Explorer. tuitiva. Logo você estará navegando com essa ferramenta.
Seu sistema de abas permite que o usuário navegue
em diversos sites sem a necessidade de abrir várias instân- Principais novidades
cias do programa. A função de navegação privativa é muito Tudo começa pelo novo e intuitivo menu
útil, pois com ela, o Mozilla Firefox não memoriza histórico, - As opções que você mais acessa, todas no mesmo
dados fornecidos a páginas e ao campo de pesquisa, lista lugar
de downloads, cookies e arquivos temporários. Serão pre- - Pensado para facilitar o acesso
servados apenas arquivos salvos por downloads e novos - Converse por vídeo com qualquer pessoa diretamen-
favoritos. Além dessas opções, o navegador continua com te do Firefox
as funções básicas de qualquer outro aplicativo semelhan-
te: gerenciador de favoritos, suporte a complementos e
sincronização de dados na nuvem.
Principais características
· Navegação em abas;
· A mesma janela pode conter diversas páginas. Abrin-
do os links em segundo plano
Eles já estarão carregados quando você for ler;
· Bloqueador de popups:
· O Firefox já vem com um bloqueador embutido de
popups;
· Pesquisa inteligente;
3 Fonte: Ajuda do Firefox
81
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Uma nova maneira de pesquisar, ainda mais inteligente Ocultar ou exibir Sugestões na Nova Aba
- Sugestões de pesquisa aparecerão conforme você
digita Você pode determinar sua página Nova Aba para exibir
- Escolha o site certo para cada pesquisa seus sites mais visitados ou até mesmo nada. Para acessar
- Use a estrela para adicionar Favoritos estes controles clique no ícone da engrenagem no canto
superior direito da nova aba.
82
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Fixar
Reorganizar
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Conecte dispositivos adicionais ao Sync Como eu mudo o nome ou onde fica guardado um
Tudo que precisa fazer é entrar e deixar o Sync fazer o favorito?
resto. Para entrar você precisa do endereço de e-mail e a Para editar os detalhes do seu favorito, clique nova-
senha que usou no começo da configuração do sync. mente na estrela e a caixa Propriedades do favorito apa-
Clique no botão de menu , e, em seguida, clique recerá.
em Entrar no Sync.
Clique no botão Começar para abrir a página Crie uma
conta Firefox.
Clique no link Already have an account? Sign in na par-
te inferior da página.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Gerenciador de Downloads
A Biblioteca e o painel de downloads controlam os arqui-
vos baixado pelo Firefox. Aprenda a gerenciar seus arquivos e
configurar as definições de download.
A Biblioteca mostra essas informações para todos os
Como faço para acessar meus downloads? seus arquivos baixados, a menos que você tenha removido
Você pode acessar seus downloads facilmente clicando eles do seu histórico.
no icone download (a seta para baixo na barra de ferramen-
tas). A seta vai aparecer azul para que você saiba que exis-
tem arquivos baixados.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Que coisas estão incluídas no meu histórico? Como limpo meu histórico?
Clique no botão de menu , selecione Histórico e, em
seguida, Limpar dados de navegação….
Selecione o quanto do histórico você deseja limpar:
Clique no menu suspenso ao lado de Intervalo de tem-
po a limpar para escolher quanto de seu histórico o Firefox
limpará.
90
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O leitor de PDF
O visualizador de PDF integrado de maneira nativa ao
navegador. Isto significa que agora não é mais necessário
ter que instalar um plugin externo no Mozilla Firefox para
fazê-lo visualizar um documento neste formato. Este visua-
lizador, inclusive, funciona da mesma forma como ocorre
no Google Chrome, que também suporta a visualização de
arquivos PDF nativamente.
Agora, sempre que você clicar em um documento PDF
no navegador, ele será aberto diretamente na tela. Os con-
troles são exibidos na parte superior, com os quais você
pode salvar ou imprimir o documento, bem como usar re-
cursos como zoom, ou ir diretamente para uma página es-
pecífica. Também é possível alternar para o modo de apre-
sentação e exibir o PDF em tela cheia.
Após selecionar os itens a serem limpos, clique em OK Durante os testes realizados, conseguimos abrir vários
para fechar a janela Configurações para a limpeza do his- PDFs em diversas abas sem nenhum problema, já que não
tórico. houve travamentos. O segredo por trás do leitor é que ele
Feche a janela about:preferences. Quaisquer alterações converte os PDFs para o HTML 5.
feitas serão salvas automaticamente.
Como faço para remover um único site do meu histó-
rico?
Clique no botão , depois em Histórico, em seguida,
clique no link no final da lista Exibir todo o histórico, para
abrir a janela da Biblioteca.
Use o campo Localizar no histórico no canto superior
direito e pressione a tecla Enter para procurar pelo site que
você deseja remover do histórico.
Nos resultados da busca, clique com o botão direito no
site que você deseja remover, e selecione Limpar tudo so-
bre este site. Ou simplesmente selecione o site que deseja
excluir e pressione a tecla ‘Delete’.
Todos os dados de histórico (histórico de navegação e
downloads, cookies, cache, logins ativos, senhas, dados de
formulários, exceções para cookies, imagens, pop-ups) do
site serão removidos.
91
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Imprimindo uma página web Seção Intervalo de impressão - Especifique quais pági-
nas da página web atual será impressa:
Clique no menu e depois em Imprimir. Selecione Tudo para imprimir tudo.
Selecione Páginas e coloque o intervalo de páginas
que você quer imprimir. Por exemplo, selecionando “de 1 a
1” imprimirá somente a primeira página.
Selecione Seleção para imprimir somente a parte da
página que você selecionou.
Seção Cópias - Especifique quantas cópias você quer
imprimir.
Se colocar mais do que 1 no campo Número de cópias,
você também pode escolher se quer agrupá-las. Por exem-
plo, se você escolheu fazer 2 cópias e selecionou Juntar,
elas serão impressas na ordem 1, 2, 3, 1, 2, 3. Caso contrá-
rio, elas serão impressas na ordem 1, 1, 2, 2, 3, 3.
Nota: As seguintes configurações são salvas como pre-
ferências do Firefox em uma base por impressora.
SeçãoImprimir bordas - Se você está vendo uma pá-
gina web com bordas, poderá selecionar como as bordas
serão impressas:
92
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
93
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Navegação Privativa
Quando navega na web, o Firefox lembra de varias in-
formação para você - como os sites visitados. No entan-
to, pode haver momentos em que não deseja que outros
usuários tenham acesso a tais informações, como quando
estiver comprando um presente de aniversário. A navega-
ção privativa permite que navegue na internet sem salvar
informações sobre os sites e páginas visitadas.
A navegação privativa também inclui Proteção contra
rastreamento na navegação privada, a qual impede que
seja rastreado enquanto navega.
Mostraremos a você como funciona.
Importante: A navegação privativa não o torna anôni-
mo na Internet. Seu provedor de acesso a internet ou os
próprios sites ainda podem rastrear as páginas visitadas.
Use as seguintes opções para convidar seus amigos: Além disso, a navegação privativa não o protege de key-
loggers ou spywares que podem estar alojados em seu
computador
Compartilhar no Facebook.
Quando seu amigo se juntar à conversa, você verá um
alerta.
Para encerrar a chamada, clique em .
Se juntar a uma conversa
Recebeu um convite? Se juntar a uma conversa é fácil! Abrir um link em nova janela privativa
Apenas clique no link do seu convite e clique no botão na Clique com o botão direito do mouse e escolha Abrir
página para entrar na conversa. link em uma nova janela privativa no menu contextual.
94
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Dica: Janelas de navegação privativas tem uma másca- Como saber se a minha conexão com um site é se-
ra roxa no topo. gura?
O botão de Identidade do Site (um cadeado) aparece
na sua barra de endereço quando você visita um site segu-
ro. Você pode descobrir rapidamente se a conexão para o
site que estar visualizando é criptografado. Isso deve lhe
ajudar a evitar sites maliciosos que estão tentando obter
sua informação pessoal.
95
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Configurações de Segurança
Alertar se sites tentarem instalar extensões ou temas
O Firefox sempre pedirá a sua confirmação para a ins-
talação de complementos. Para evitar que tentativas de
Para sites usando certificados VE, o botão de identida- instalação não requisitadas resultem em instalações aci-
de do site exibe tanto um cadeado verde e o nome legal dentais, o Firefox exibe um aviso quando um site tentar ins-
da companhia ou organização do website, então você sabe talar um complemento e bloqueia a tentativa de instalação.
quem está operando ele. Por exemplo, isto mostra que o Para permitir que sites específicos instalem complementos,
mozilla.org é de propriedade da Fundação Mozilla. você deve clicar em Exceções…, digitar o endereço do site
Cadeado verde com um triângulo cinza de alerta e clicar em Permitir. Desmarque essa opção para desativar
Um cadeado verde com um triângulo cinza de alerta esse aviso para todos os sites.
indica que o site é seguro; no entanto, o firefox bloqueou Bloquear sites avaliados como focos de ataques: Mar-
o conteúdo inseguro e, assim, o site pode não necessaria- que isso se você quer que o Firefox verifique se o site que
mente exibir ou funcionar inteiramente correto. você está visitando pode ser uma tentativa de interfirir nas
funções normais do computador ou mandar dados pes-
Cadeado cinza com um triângulo amarelo de alerta soais sobre você sem autorização através da Internet.
Um cadeado cinza com um triângulo amarelo de alerta A ausência deste aviso não garante que o site seja con-
indica que a conexão entre o Firefox e o website é apenas fiável.
parcialmente criptografada e não impede espionagem. Bloquear sites avaliados como falsos: Marque isso se
você quer que o Firefox verifique ativamente se o site que
você está visitando pode ser uma tentativa de enganar
você fazendo com que passe suas informações pessoais
(isto é frequentemente chamado de “phishing”).
Nota: Não envie qualquer tipo de informação sensível
(informação bancária, dados de cartão de crédito, Números Logins
de Seguridade Social, etc.) para sites onde o botão de iden- Memorizar logins de sites: I Firefox pode salvar com
tidade do site tem o ícone de triângulo de alerta amarelo. segurança senhas que você digita em formulários web para
Cadeado cinza com um traço vermelho facilitar seu acesso aos websites. Desmarque essa opção
Um cadeado cinza com um traço vermelho indica que para impedir o Firefox de memorizar suas senhas. No en-
a conexão entre o Firefox e o website é apenas parcial- tanto, mesmo com isso marcado, você ainda será questio-
mente criptografada e não previne contra espionagem ou nado se deseja salvar ou não as senhas para um site quan-
ataque man-in-the-middle. do você visitá-lo pela primeira vez. Se você selecionar Nun-
ca para este site, aquele site será adicionado à uma lista de
exceções. Para acessar essa lista ou para remover sites dela,
clique no botão Exceções….
Usar uma senha mestra: O Firefox pode proteger infor-
Esse ícone não aparecerá a menos que você manual- mações sensíveis, como senhas salvas e certificados, crip-
mente desativou o bloqueio de conteúdo misto. tografando eles usando uma senha mestra. Se você criar
Nota: Não envie qualquer tipo de informação sensível uma senha mestra, cada vez que você iniciar o Firefox, será
(informação bancária, dados de cartão de crédito, números solicitado que você digite a senha na primeira vez que for
de seguridade social, etc.) para sites onde o botão de iden- necessário acessar um certificado ou uma senha salva. Você
tidade do site tem o ícone de um cadeado cinza com uma pode definir, alterar, ou remover a senha mestra marcando
listra vermelha. ou desmarcando essa opção ou clicando no botão Modifi-
car senha mestra…. Se uma senha mestra já estiver defini-
Configurações de segurança e senhas da, você precisará digitá-la para alterar ou remover a senha
Este artigo explica as configurações disponíveis no pai- mestra.
nel Segurança da janela Opções do Firefox. Você pode gerenciar senhas salvas e excluir senhas in-
O painel Segurança contém Opções relacionadas à sua dividuais clicando no botão Logins salvos….
segurança ao navegar na internet.
Encontrar e instalar complementos para adicionar
funcionalidades ao Firefox
Complementos são como os aplicativos que você ins-
tala para adicionar sinos e assobios para o Firefox. Você
pode obter complementos para comparar preços, verificar
o tempo, mudar o visual do Firefox, ouvir música, ou mes-
mo atualizar o seu perfil no Facebook. Este artigo aborda
os diferentes tipos de complementos disponíveis e como
encontrar e instalá-los.
96
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
- Extensões
Extensões adicionam novas funcionalidades ao Firefox
ou modificam as já existentes. Existem extensões que per-
mitem bloquear anúncios, baixar vídeos de sites, integrar
o Firefox com sites, como o Facebook ou o Twitter, e até
mesmo adicionar recursos de outros navegadores.
- Aparência
Existem dois tipos de complementos de aparência:
temas completos, que mudam a aparência de botões e
menus, e temas de fundo, que decoram a barra de menu e
faixa de abas com uma imagem de fundo O Firefox irá fazer o download do complemento e pode
pedir que você confirme a sua instalação.
- Plugins Clique em Reiniciar agora se ele aparecer. Seus abas
Plugins permitem adicionar suporte para todos os tipos serão salvas e restauradas após a reinicialização.
de conteúdo da Internet. Estes geralmente incluem forma- Algumas extensões colocam um botão na barra de fer-
tos patenteados como o Flash, QuickTime e Silverlight que ramentas após a instalação..
são usados para vídeo, áudio, jogos on-line, apresentações
e muito mais. Plugins são criados e distribuídos por outras Como desativar extensões e temas
empresas. Ao desativar um complemento ele deixará de funcio-
nar sem ser removido:
Para visualizar quais complementos estão instalados: Clique no botão de menu e selecione Complemen-
Clique no botão escolha complementos. A aba com- tos para abrir a aba do gerenciador de complementos.
plementos irá abrir. No gerenciador de complementos, selecione o pai-
Selecione o painel Extensões, Aparência ou Plugins. nel Extensões ou Aparência.
Como faço para encontrar e instalar complementos? Selecione o complemento que deseja desativar.
Aqui está um resumo para você começar: Clique no botão Desativar.
Clique no botão de menu e selecione Complemen- Se surgir uma mensagem em pop-up, clique em Rei-
tos para abrir a aba do gerenciador de complementos. niciar agora. As suas abas serão salvas e restauradas ao
No gerenciador de complementos, selecione o painel reiniciar.
Get Add-ons. Para reativar um complemento, encontre-o na lista de
complementos e clique em Ativar, será solicitado reiniciar
Para ver mais informações sobre um complemento ou o Firefox.
tema, clique nele. Você pode em seguida clicar no botão
verde Adicionar ao Firefox para instalá-lo. Como desativar plugins
Você também pode pesquisar por complementos es- Ao desativar um plugin ele irá deixar de funcionar sem
pecíficos usando a caixa de busca na parte superior. Po- ser removido:
dendo então instalar qualquer complemento que encon- Clique no botão de menu e selecione Complemen-
trar, com o botão Instalar. tos para abrir a aba do gerenciador de complementos.
No gerenciador de complementos, selecione o pai-
nel Plugins.
Selecione o plugin que deseja desativar.
Selecione Nunca Ativar no menu de seleção.
Para reativar um plugin, encontre-o na sua lista de plu-
gins e clique em Sempre ativo no menu de seleção.
97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
98
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
1. As setas são ferramentas bem conhecidas por todos que Abas
já utilizaram um navegador. Elas permitem avançar ou voltar nas
páginas em exibição, sem maiores detalhes. Ao manter o bo- A segunda tarefa importante para quem quer usar o
tão pressionado sobre elas, você fará com que o histórico inteiro Chrome é lidar com suas abas. Elas são ferramentas muito
apareça na janela. úteis e facilitam a navegação. Como citado anteriormente,
2. Reenviar dados, atualizar ou recarregar a página. Todos basta clicar no botão com um “+” para abrir uma nova guia.
são sinônimos desta função, ideal para conferir novamente o link Outra forma de abri-las é clicar em qualquer link ao
em que você se encontra, o que serve para situações bem espe- pressionar a rodinha do mouse, o que torna tudo ainda
cíficas – links de download perdidos, imagens que não abriram, mais rápido. Também é possível utilizar o botão direito so-
erros na diagramação da página. bre o novo endereço e escolher a opção “Abrir link em uma
3. O ícone remete à palavra home (casa) e leva o navegador nova guia”.
à página inicial do programa. Mais tarde ensinaremos você a mo-
dificar esta página para qualquer endereço de sua preferência. Liberdade
4. A estrela adiciona a página em exibição aos favoritos, que
nada mais são do que sites que você quer ter a disposição de um É muito fácil manipular as abas no Google Chrome. É
modo mais rápido e fácil de encontrar. possível arrastá-las e mudar sua ordem, além de arrancar
5. Abre uma nova aba de navegação, o que permite visitar a aba da janela e desta forma abrir outra independente.
outros sites sem precisar de duas janelas diferentes. Basta segurar a aba com o botão esquerdo do mouse para
6. A barra de endereços é o local em que se encontra o link testar suas funções. Clicar nelas com a rodinha do mouse
da página visitada. A função adicional dessa parte no Chrome é faz com que fechem automaticamente.
que ao digitar palavras-chave na lacuna, o mecanismo de busca
do Google é automaticamente ativado e exibe os resultados em
questão de poucos segundos.
7. Simplesmente ativa o link que você digitar na lacuna à
esquerda.
8. Abre as opções especiais para a página aberta no nave-
gador. Falaremos um pouco mais sobre elas em seguida.
9. Abre as funções gerais do navegador, que serão melhor
detalhadas nos próximos parágrafos.
Para Iniciantes
100
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Configurações avançadas
Rede: configura um Proxy para a sua rede. (Indicado para
usuários avançados)
Privacidade: aqui há diversas funções de privacidade, que
podem ser marcadas ou desmarcadas de acordo com suas
preferências.
Downloads: esta é a opção mais importante da aba. Em
“Local de download” é possível escolher a pasta em que os
arquivos baixados serão salvos. Você também pode definir
que o navegador pergunte o local para cada novo download.
Básicas
Inicialização: aqui é possível definir a página inicial do Downloads
navegador. Basta selecionar a melhor opção para você e Todos os navegadores mais famosos da atualidade con-
configurar as páginas que deseja abrir. tam com pequenos gerenciadores de download, o que fa-
Página inicial: caso esta tenha sido a sua escolha na aba cilita a vida de quem baixa várias coisas ao mesmo tempo.
anterior, defina qual será a página inicial do Chrome. Tam- Com o Google Chrome não é diferente. Ao clicar em um link
bém é possível escolher se o atalho para a home (aquele de download, muitas vezes o programa perguntará se você
em formato de casinha) aparecerá na janela do navegador. deseja mesmo baixar o arquivo, como ilustrado abaixo:
Pesquisa padrão: como o próprio nome já deixa claro,
aqui você escolhe o site de pesquisas utilizado ao digitar
na lacuna do programa. O botão “Gerenciar” mostra a lista
de mecanismos.
Navegador padrão: aqui você pode definir o aplicativo
como seu navegador padrão. Se você optar por isso, sem-
pre que algum software ou link for executado, o Chrome
será automaticamente utilizado pelo sistema.
Coisas pessoais
101
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
102
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O computador (ou, melhor dizendo, o sistema operacio- Ao contrário do que é erroneamente informado na mí-
nal), por si só, não tem como detectar a existência deste pro- dia, que classifica o Cavalo de Tróia como um vírus, ele não
graminha. Ele não é referenciado em nenhuma parte dos seus se reproduz e não tem nenhuma comparação com vírus de
arquivos, ninguém sabe dele, e ele não costuma se mostrar an- computador, sendo que seu objetivo é totalmente diverso.
tes do ataque fatal. Deve-se levar em consideração, também, que a maioria dos
Em linhas gerais, um vírus completo (entenda-se por com- antivírus faz a sua detecção e os classificam como tal. A
pleto o vírus que usa todas as formas possíveis de contaminar expressão “Trojan” deve ser usada, exclusivamente, como
e se ocultar) chega até a memória do computador de duas for- definição para programas que capturam dados sem o co-
mas. nhecimento do usuário.
A primeira e a mais simples é a seguinte: em qualquer disco O Cavalo de Tróia é um programa que se aloca como
(tanto disquete quanto HD) existe um setor que é lido primeiro um arquivo no computador da vítima. Ele tem o intuito
pelo sistema operacional quando o computador o acessa. Este de roubar informações como passwords, logins e quais-
setor identifica o disco e informa como o sistema operacional quer dados, sigilosos ou não, mantidos no micro da vítima.
(SO) deve agir. O vírus se aloja exatamente neste setor, e espera Quando a máquina contaminada por um Trojan conectar-
que o computador o acesse. se à Internet, poderá ter todas as informações contidas no
A partir daí ele passa para a memória do computador e HD visualizadas e capturadas por um intruso qualquer. Es-
entra na segunda fase da infecção. Mas antes de falarmos da tas visitas são feitas imperceptivelmente. Só quem já esteve
segunda fase, vamos analisar o segundo método de infecção: o dentro de um computador alheio sabe as possibilidades
vírus se agrega a um arquivo executável (fica pendurado oferecidas.
mesmo nesse arquivo). Acessar o disco onde este arquivo está
não é o suficiente para se contaminar. Worm
É preciso executar o arquivo contaminado. O vírus se ane-
xa, geralmente, em uma parte do arquivo onde não interfira no Os worms (vermes) podem ser interpretados como um
seu funcionamento (do arquivo), pois assim o usuário não vai tipo de vírus mais inteligente que os demais. A principal
perceber nenhuma alteração e vai continuar usando o progra- diferença entre eles está na forma de propagação: os wor-
ma infectado. ms podem se propagar rapidamente para outros computa-
O vírus, após ter sido executado, fica escondido agora na dores, seja pela Internet, seja por meio de uma rede local.
memória do computador, e imediatamente infecta todos os Geralmente, a contaminação ocorre de maneira discreta e
discos que estão ligados ao computador, colocando uma cópia o usuário só nota o problema quando o computador apre-
de si mesmo no tal setor que é lido primeiro (chamado setor de senta alguma anormalidade. O que faz destes vírus inteli-
boot), e quando o disco for transferido para outro computador, gentes é a gama de possibilidades de propagação. O worm
este ao acessar o disco contaminado (lendo o setor de boot), pode capturar endereços de e-mail em arquivos do usuá-
executará o vírus e o alocará na sua memória, o que por sua rio, usar serviços de SMTP (sistema de envio de e-mails)
vez irá infectar todos os discos utilizados neste computador, e próprios ou qualquer outro meio que permita a contamina-
assim o vírus vai se alastrando. ção de computadores (normalmente milhares) em pouco
Os vírus que se anexam a arquivos infectam também todos tempo.
os arquivos que estão sendo ou e serão executados. Alguns às
vezes re-contaminam o mesmo arquivo tantas vezes e ele fica Spywares, keyloggers e hijackers
tão grande que passa a ocupar um espaço considerável (que é
sempre muito precioso) em seu disco. Outros, mais inteligen- Apesar de não serem necessariamente vírus, estes três
tes, se escondem entre os espaços do programa original, para nomes também representam perigo. Spywares são progra-
não dar a menor pista de sua existência. mas que ficam “espionando” as atividades dos internautas
Cada vírus possui um critério para começar o ataque pro- ou capturam informações sobre eles. Para contaminar um
priamente dito, onde os arquivos começam a ser apagados, o computador, os spywares podem vir embutidos em soft-
micro começa a travar, documentos que não são salvos e várias wares desconhecidos ou serem baixados automaticamente
outras tragédias. Alguns apenas mostram mensagens chatas, quando o internauta visita sites de conteúdo duvidoso.
outros mais elaborados fazem estragos muitos grandes. Os keyloggers são pequenos aplicativos que podem
vir embutidos em vírus, spywares ou softwares suspeitos,
TIPOS destinados a capturar tudo o que é digitado no teclado. O
objetivo principal, nestes casos, é capturar senhas.
Cavalo-de-Tróia Hijackers são programas ou scripts que “sequestram”
navegadores de Internet, principalmente o Internet Explo-
A denominação “Cavalo de Tróia” (Trojan Horse) foi atribuí- rer. Quando isso ocorre, o hijacker altera a página inicial do
da aos programas que permitem a invasão de um computador browser e impede o usuário de mudá-la, exibe propagan-
alheio com espantosa facilidade. Nesse caso, o termo é análogo das em pop-ups ou janelas novas, instala barras de ferra-
ao famoso artefato militar fabricado pelos gregos espartanos. mentas no navegador e podem impedir acesso a determi-
Um “amigo” virtual presenteia o outro com um “presente de nados sites (como sites de software antivírus, por exemplo).
grego”, que seria um aplicativo qualquer. Quando o leigo o exe-
cuta, o programa atua de forma diferente do que era esperado.
103
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O que acontece se ocorrer uma infecção? 2- Nos sistemas operacionais como o Windows, as
Você ficará à mercê de pessoas inescrupulosas quan- informações estão contidas em arquivos de vários for-
do estiver conectado à Internet. Elas poderão invadir seu matos, que são armazenados no disco fixo ou em ou-
computador e realizar atividades nocivas desde apenas ler tros tipos de mídias removíveis do computador, orga-
seus arquivos, até causar danos como apagar arquivos, e nizados em:
até mesmo roubar suas senhas, causando todo o tipo de (A) telas.
prejuízos. (B) pastas.
(C) janelas.
Como me proteger? (D) imagens.
Em primeiro lugar, voltemos a enfatizar a atitude bá- (E) programas.
sica de evitar executar programas desconhecidos ou de
origem duvidosa. Portanto, mais uma vez, Jamais execute Comentários: O Windows Explorer, mostra de forma
programas que não tenham sido obtidos de fontes absolu- bem clara a organização por meio de PASTAS, que nada
tamente confiáveis. mais são do que compartimentos que ajudam a organizar
Além disto, há a questão das senhas. Se o seu micro os arquivos em endereços específicos, como se fosse um
estiver infectado outras pessoas poderiam acessar as suas sistema de armário e gavetas.
senhas. E troca-las não seria uma solução definitiva, pois Resposta: Letra B
os invasores poderiam entrar no seu micro outra vez e
rouba-la novamente. Portanto, como medida extrema de 3- Um item selecionado do Windows XP pode ser
prevenção, o melhor mesmo é NÃO DEIXAR AS SENHAS excluído permanentemente, sem colocá-Lo na Lixeira,
NO COMPUTADOR. Isto quer dizer que você não deve usar, pressionando-se simultaneamente as teclas
ou deve desabilitar, se já usa, os recursos do tipo “lembrar (A) Ctrl + Delete.
senha”. Eles gravam sua senha para evitar a necessidade (B) Shift + End.
de digitá-la novamente. Só que, se a sua senha está grava- (C) Shift + Delete.
da no seu computador, ela pode ser lida por um invasor. (D) Ctrl + End.
Atualmente, é altamente recomendável que você prefira (E) Ctrl + X.
digitar a senha a cada vez que faz uma conexão. Abra mão
do conforto em favor da sua segurança. Comentário: Quando desejamos excluir permanente-
mente um arquivo ou pasta no Windows sem enviar antes
QUESTÕES GERAIS para a lixeira, basta pressionarmos a tecla Shift em conjun-
to com a tecla Delete. O Windows exibirá uma mensagem
1- Com relação ao sistema operacional Windows, do tipo “Você tem certeza que deseja excluir permanente-
assinale a opção correta. mente este arquivo?” ao invés de “Você tem certeza que
(A) A desinstalação de um aplicativo no Windows deseja enviar este arquivo para a lixeira?”.
deve ser feita a partir de opção equivalente do Painel Resposta: C
de Controle, de modo a garantir a correta remoção dos
arquivos relacionados ao aplicativo, sem prejuízo ao 4- Qual a técnica que permite reduzir o tamanho de
sistema operacional. arquivos, sem que haja perda de informação?
(B) O acionamento simultâneo das teclas CTRL, ALT (A) Compactação
e DELETE constitui ferramenta poderosa de acesso dire- (B) Deleção
to aos diretórios de programas instalados na máquina (C) Criptografia
em uso. (D) Minimização
(C) O Windows oferece acesso facilitado a usuários (E) Encolhimento adaptativo
de um computador, pois bastam o nome do usuário e
a senha da máquina para se ter acesso às contas dos Comentários: A compactação de arquivos é uma téc-
demais usuários possivelmente cadastrados nessa má- nica amplamente utilizada. Alguns arquivos compactados
quina. podem conter extensões ZIP, TAR, GZ, RAR e alguns exem-
(D) O Windows oferece um conjunto de acessórios plos de programas compactadores são o WinZip, WinRar,
disponíveis por meio da instalação do pacote Office, en- SolusZip, etc.
tre eles, calculadora, bloco de notas, WordPad e Paint. Resposta: A
(E) O comando Fazer Logoff, disponível a partir do
botão Iniciar do Windows, oferece a opção de se encer-
rar o Windows, dar saída no usuário correntemente em
uso na máquina e, em seguida, desligar o computador.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Comentários: Os itens apresentados nessa questão es- Todo trabalho produzido deverá ser salvo e cuidados de-
tão relacionados a protocolos de acesso. Segue abaixo os vem ser tomados para a recuperação em caso de perda e
protocolos mais comuns: também para evitar o acesso por pessoas não autorizadas às
- HTTP(Hypertext Transfer Protocol) – Protocole de car- informações guardadas.
regamento de páginas de Hipertexto – HTML Os funcionários serão estimulados a realizar pesquisas
- IP (Internet Protocol) – Identificação lógica de uma na internet visando o atendimento do nível de qualidade da
máquina na rede informação prestada à sociedade, pelo órgão.
- POP (Post Office Protocol) – Protocolo de recebimen- O ambiente operacional de computação disponível para
to de emails direto no PC via gerenciador de emails realizar estas operações envolve o uso do MS-Windows, do
- SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) – Protocolo pa- MS-Office, das ferramentas Internet Explorer e de correio
drão de envio de emails eletrônico, em português e em suas versões padrões mais
- IMAP(Internet Message Access Protocol) – Semelhan- utilizadas atualmente.
te ao POP, no entanto, possui mais recursos e dá ao usuário Observação: Entenda-se por mídia removível disquetes,
a possibilidade de armazenamento e acesso a suas mensa- CD’s e DVD’s graváveis, Pen Drives (mídia removível acopla-
gens de email direto no servidor. da em portas do tipo USB) e outras funcionalmente seme-
- FTP(File Transfer Protocol) – Protocolo para transfe- lhantes.
rência de arquivos
Resposta: D 12- As células que contêm cálculos feitos na plani-
lha eletrônica,
11- Quanto ao Windows Explorer, assinale a opção (A) quando “coladas” no editor de textos, apresen-
correta. tarão resultados diferentes do original.
(A) O Windows Explorer é utilizado para gerenciar (B) não podem ser “coladas” no editor de textos.
pastas e arquivos e por seu intermédio não é possível (C) somente podem ser copiadas para o editor de
acessar o Painel de Controle, o qual só pode ser acessa- textos dentro de um limite máximo de dez linhas e cin-
do pelo botão Iniciar do Windows. co colunas.
(B) Para se obter a listagem completa dos arquivos (D) só podem ser copiadas para o editor de texto
salvos em um diretório, exibindo-se tamanho, tipo e uma a uma.
data de modificação, deve-se selecionar Detalhes nas (E) quando integralmente selecionadas, copiadas e
opções de Modos de Exibição. “coladas” no editor de textos, serão exibidas na forma
(C) No Windows Explorer, o item Meus Locais de de tabela.
Rede oferece um histórico de páginas visitadas na In-
ternet para acesso direto a elas. Comentários: Sempre que se copia células de uma pla-
(D) Quando um arquivo estiver aberto no Windows nilha eletrônica e cola-se no Word, estas se apresentam
e a opção Renomear for acionada no Windows Explo- como uma tabela simples, onde as fórmulas são esqueci-
rer com o botão direito do mouse,será salva uma nova das e só os números são colados.
versão do arquivo e a anterior continuará aberta com o Resposta: E
nome antigo.
(E) Para se encontrar arquivos armazenados na es- 13- O envio do arquivo que contém o texto, por meio
trutura de diretórios do Windows, deve-se utilizar o sí- do correio eletrônico, deve considerar as operações de
tio de busca Google, pois é ele que dá acesso a todos os (A) anexação de arquivos e de inserção dos endere-
diretórios de máquinas ligadas à Internet. ços eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”.
(B) de desanexação de arquivos e de inserção dos en-
Comentários: Na opção Modos de Exibição, os arqui- dereços eletrônicos dos destinatários no campo “Para”.
vos são mostrados de várias formas como Listas, Miniatu- (C) de anexação de arquivos e de inserção dos ende-
ras e Detalhes. reços eletrônicos dos destinatários no campo “Cc”.
Resposta: B (D) de desanexação de arquivos e de inserção dos
endereços eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”.
Atenção: Para responder às questões de números (E) de anexação de arquivos e de inserção dos en-
12 e 13, considere integralmente o texto abaixo: dereços eletrônicos dos destinatários no campo “Para”.
Todos os textos produzidos no editor de textos padrão Comentários: Claro que, para se enviar arquivos pelo
deverão ser publicados em rede interna de uso exclusivo do correio eletrônico deve-se recorrer ao uso de anexação, ou
órgão, com tecnologia semelhante à usada na rede mundial seja, anexar o arquivo à mensagem. Quando colocamos
de computadores. os endereços dos destinatários no campo Cco, ou seja, no
Antes da impressão e/ou da publicação os textos deve- campo “com cópia oculta”, um destinatário não ficará sa-
rão ser verificados para que não contenham erros. Alguns bendo quem mais recebeu aquela mensagem, o que aten-
artigos digitados deverão conter a imagem dos resultados de a segurança solicitada no enunciado.
obtidos em planilhas eletrônicas, ou seja, linhas, colunas, va- Resposta: A
lores e totais.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
14. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário 17- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011) As-
Novo - CESGRANRIO/2012) Usado para o manuseio de sinale a alternativa que contém os nomes dos menus do
arquivos em lotes, também denominados scripts, o shell programa Microsoft Word XP, em sua configuração pa-
de comando é um programa que fornece comunicação drão, que, respectivamente, permitem aos usuários: (I)
entre o usuário e o sistema operacional de forma direta numerar as páginas do documento, (II) contar as palavras
e independente. Nos sistemas operacionais Windows XP, de um parágrafo e (III) adicionar um cabeçalho ao texto
esse programa pode ser acessado por meio de um co- em edição.
mando da pasta Acessórios denominado a) Janela, Ferramentas e Inserir.
(A) Prompt de Comando b) Inserir, Ferramentas e Exibir.
(B) Comandos de Sistema c) Formatar, Editar e Janela.
(C) Agendador de Tarefas d) Arquivo, Exibir e Formatar.
(D) Acesso Independente e) Arquivo, Ferramentas e Tabela.
(E) Acesso Direto
Resposta: “B”
Resposta: “A” Comentário:
Comentários • Ação numerar - “INSERIR”
Prompt de Comando é um recurso do Windows que ofe- • Ação contar paginas - “FERRAMENTAS”
rece um ponto de entrada para a digitação de comandos do • Ação adicionar cabeçalho - “EXIBIR”
MSDOS (Microsoft Disk Operating System) e outros comandos
do computador. O mais importante é o fato de que, ao digi-
tar comandos, você pode executar tarefas no computador sem 18- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011)
usar a interface gráfica do Windows. O Prompt de Comando é
normalmente usado apenas por usuários avançados.
a) 3, 0 e 7.
Resposta: “C” b) 5, 0 e 7.
Comentários: c) 5, 1 e 2.
Temos 3 itens com a formatação taxado aplicada: c, d, e. En- d) 7, 5 e 2.
tretanto, temos que observar que na questão os itens d, e, além de e) 8, 3 e 4.
receberem taxado, também ficaram em caixa alta. O único que re-
cebe apenas o taxada, sem alterar outras formatações foi o item c. Resposta: “C”
Comentário:
16. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário Expressão =MÉDIA(A1:A3)
Novo - CESGRANRIO/2012) O envio e o recebimento de São somadas as celular A1, A2 e A3, sendo uma média é
um arquivo de textos ou de imagens na internet, entre dividido por 3 (pois tem 3 células): (8+3+4)/3 = 5
um servidor e um cliente, constituem, em relação ao Expressão =MENOR(B1:B3;2)
cliente, respectivamente, um Da célula B1 até a B3, deve mostrar o 2º menor número,
(A) download e um upload que seria o número 1. Para facilitar coloque esses números em
(B) downgrade e um upgrade ordem crescente.
(C) downfile e um upfile Expressão =MAIOR(C1:C3;3)
(D) upgrade e um downgrade Da célula C1 até a C3, deve mostrar o 3º maior número,
(E) upload e um download que seria o número 2. Para facilitar coloque esses números em
ordem decrescente.
Resposta: “E”.
Comentários:
Up – Cima / Down – baixo / Load – Carregar;
Upload – Carregar para cima (enviar).
Download – Carregar para baixo (receber ou “baixar”)
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5 20- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No Po-
werPoint 2007, a inserção de um novo comentário pode
Resposta: “D” ser feita na guia
Comentário: a) Geral.
Passo 1 b) Inserir.
A célula A1 contém a fórmula =B$1+C1 c) Animações.
d) Apresentação de slides.
e) Revisão.
Resposta: “E”
Comentário:
Passo 2
que foi propagada pela alça de preenchimento para A2
e A3 21- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No âmbi-
to das URLs, considere o exemplo: protocolo://xxx.yyy.
zzz.br. O domínio de topo (ou TLD, conforme sigla em
inglês) utilizado para classificar o tipo de instituição, no
exemplo dado acima, é o
a) protocolo.
b) xxx.
c) zzz.
d) yyy.
e) br.
Resposta: “C”
Comentários:
Click na imagem para melhor visualizar a) protocolo. protocolo HTTP
b) xxx. o nome do domínio
c) zzz. o tipo de domínio
d) yyy. subdomínios
e) br. indicação do país ao qual pertence o domínio
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Resposta: D
Comentário:
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Considere a figura que mostra o Windows Explorer 25. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) Ao
do Microsoft Windows XP, em sua configuração origi- se clicar em , localizado abaixo do menu Favoritos,
nal, e responda às questões de números 24 e 25.
será fechado
(A) o Meu computador.
(B) o Disco Local (C:).
(C) o painel Pastas.
(D) Meus documentos.
(E) o painel de arquivos.
Resposta: C
Comentário:
Resposta: E
Comentário:
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das
pastas em seu computador e todos os arquivos e pastas loca-
lizados em cada pasta selecionada. Ele é especialmente útil
para copiar e mover arquivos.
Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis:
O painel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquiza- Este botão, contido na barra de ferramentas, exibe/
da que mostra todas as unidades de disco, a Lixeira, a área oculta o painel PASTAS.
de trabalho ou Desktop (também tratada como uma pasta);
O painel da direita exibe o conteúdo do item selecionado à
esquerda e funciona de maneira idêntica às janelas do Meu
Computador (no Meu Computador, como padrão ele traz a
janela sem divisão, as é possível dividi-la também clicando
no ícone Pastas na Barra de Ferramentas)
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
informações desse tamanho. Qualquer informação é trans- 07. (TRT 17ª REGIÃO (ES) - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
formada em código binário para ser trabalhada na máqui- TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – CESPE/2013)
na. Às vezes um dado, quando transformado em código bi-
nário, fica maior que 32 bits e é processado em partes pelo
processador, sendo de 32 em 32 bits.É possível constatar
que um processador de 32 bits não consegue executar um
programa de 64 bits, pois só opera com 32 bits de cada
vez. Mas se tivermos um processador de 64 bits, sabemos
que ele pode executar um programa de 32 bits, pois sendo
maior, sobra “espaço” quando colocamos algo de 32 bits Considerando a figura acima, que ilustra um esque-
em algo que caberia 64 bits. ma básico de um computador, julgue os itens a seguir.
RESPOSTA: “CERTO”. A memória é o dispositivo responsável pelas entra-
das e saídasde dados do computador
05. (IPEM/RO - TÉCNICO EM INFORMÁTICA -FUN- ( ) Certo
CAB – 2013) - O tipo de memória cache que não está in- ( ) Errado
serida diretamente no chip do processador, mas sim em
um invólucro (cartucho) ao lado do processador, sendo Memória: no caso exposto no enunciado, a memória é
seu tamanho compreendido entre 512 KB e 12MB, é: um dispositivo de armazenamento temporário que aloca
a) Setup. os dados e programas a serem executados pelo proces-
b) Flash. sador.
c) L2. Barramento: o barramento é por onde os dados per-
d) EPROM. correm da origem ao destino. A origem e o destino são
e) BIOS dispositivos eletrônicos do computador, representados no
esquema como Memória, Processador e Periféricos.
Processador: é o responsável pela execução dos dados
A memória cache é um tipo de dispositivo de arma-
e programas armazenados em memória. Ele que realiza as
zenamento aplicado em pequena quantidade, em lugares
funções aritméticas e lógicas, aloca e busca informações na
específicos do computador. Considerada mais rápida que
memória e conclui as tarefas.
a memória RAM, mas mais cara e com restrições de uso
Periféricos: são dispositivos de entrada e saída de da-
devido a sua instabilidade, possui os mesmos princípios da
dos. Por exemplo, o mouse é um dispositivo de entrada
memória principal: memória volátil de leitura e gravação.
de dados, pois envia cliques do usuário ao computador. A
Armazena dados que são usados com maior frequência
impressora é um dispositivo de saída, pois imprime infor-
pelo processador para evitar que este perca sua velocidade mações do computador para o usuário.
de execução indo até a memória RAM buscar informações RESPOSTA: “ERRADO”.
e passando a trabalhar no seu clock externo. Quando está
presente junto ao processador, é chamada de cache L1, ou 08. (DPE/SP - OFICIAL DE DEFENSORIA PÚBLICA –
cache primário (level1) e quando está fora do processado, FCC/2013) -
na situação proposta pelo enunciado, é chamada cache se-
cundário (level 2).
RESPOSTA: “C”.
114
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
d) existe uma relação entre a velocidade do clock e RISC (reducedinstrution-set computer) – é a arquitetura
o MIPS. A velocidade máxima do clock é uma função do que considera que um reduzido subconjunto das combi-
processo de fabricação do chip. Os processadores como nações disponíveis era utilizado nos programas gerados
o i7 executam milhões de instruções por ciclo. manualmente ou automaticamente em linguagem de má-
e) largura de dados é a largura da UCP. quina, levando à conclusão de que, provavelmente, de 32 a
Uma UCP de 32 bits pode fazer opera- 64 operações seriam suficientes (FOSTER, 1971) para exe-
ções aritméticas com dois números de 32 bits. cutar as operações. As instruções dessa arquitetura levam
Uma UCP de 32 bits teria que executar quatro instru- aproximadamente o mesmo tempo para serem executadas.
ções para somar dois números de 64 bits, enquanto que Os chips RISC são mais simples e mais baratos que o CISC
uma de 64 bits precisa de apenas duas instruções. e possuem um número de circuitos internos menor, o que
permite que trabalhem em alta velocidade.
Core i7 é um processador Intel que possui as seguintes CISC (complexinstrution-set computer) – é a arquitetura
tecnologias: que considera um computador comum um conjunto com-
- Hyperthreading: capaz de simular até oito CPUs ló- plexo de instruções. O processador com esta arquitetura é
gicas. capaz de executar centenas de instruções complexas dife-
- QPI (QuickPathInterconnect): traz o chip responsável rentes. O CISC é capaz de executar centenas de instruções
pela comunicação entre o processador e a memória RAM; diferentes do RISC, mas poucas delas são usadas com fre-
agora é “embutido” no próprio processador. quência, por isso a tecnologia CISC foi implementada para
- “Turbo mode”: aumenta a performance do processa- trabalhar adequadamente.
dor quando um dos núcleos não está sendo usado, novas RESPOSTA: “CERTO”.
instruções para processamento multimídia foram adiciona-
das visando a aumentar consideravelmente o desempenho 10. (IPEM/RO - TÉCNICO EM INFORMÁTICA – FUN-
do processador em jogos e programas que exijam muito CAB/2013) - Nos microcomputadores, a quantidade
processamento gráfico. de bits que é tratada em cada ciclo de processamento, in-
dependente do processador utilizado, é conhecida como:
a) byte.
Na tabela do enunciado temos:
b) campo.
- Nome: é o nome do processador.
c) registro.
- Ano: ano de lançamento do processador.
d) palavra.
- Transistores: número de transistores do processador.
e) arquivo.
- Mícrons: é a largura, em mícrons, do menor fio do
chip.
Quando dizemos que um processador é de 32 ou 64
- Velocidade do clock: é o tempo que o processador bits, determinamos o tamanho da palavra que ele é capaz
executa uma instrução ou busca e envia os dados. de processar. A palavra é determinada pelo tamanho de
- Largura de dados: é o tamanho da informação que o bits que é executado em conjunto pelo processador.
processador consegue trabalhar por vez. RESPOSTA: “D”.
- MIPS: é a sigla para milhões de instruções por se-
gundo. 11. (PC/RJ - PERITO CRIMINAL - ENGENHARIA DA
COMPUTAÇÃO – IBFC/2013) - Complete a lacuna do
Na tabela é possível perceber que há uma relação en- texto a seguir com a resposta correta. Os equipamen-
tre a velocidade do clock e o MIPS. A velocidade máxima tos atuais utilizam processadores de alto desempenho
do clock é uma função do processo de fabricação e dos como o I5 e o I7 da empresa Intel. O soquete ____________
atrasos internos. Também existe uma relação entre o nú- atende a demanda para os processadores Core i3 , i5
mero de transistores e o MIPS. Por exemplo, o 8088 tinha e i7, além do Celeron G1101 e o Pentium série G6900.
um clock de 5 MHz, mas tinha MIPS de 0,33 (cerca de uma a) AM3.
instrução para cada 15 ciclos do clock). Os processadores b) LGA1156
modernos executam milhões de instruções por ciclo. Essa c) número 7
melhoria está diretamente relacionada ao número de tran- d) 370
sistores no chip. e) FM2.
RESPOSTA: “D”.
115
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
15. (FBN - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – c) A geração DIMM-DDR3 possui 240 vias e acei-
FGV/2013) - Analise a citação a seguir. ta memórias DDR3 com frequências de 800 MHz, 1066
“No ambiente de microinformática, um dispositivo MHz, 1333 MHz ou1600 MHz.
utilizado na configuração de um microcomputador In- d) Em computadores Pentium muitas placas-mãe
tel i5, é caracterizado como um que emprega tecnologia vinham com banco SIMM e DIMM, mas o usuário po-
SATA e possui capacidade de armazenamento de 500 deria usar apenas umadas duas. Em novas gerações de
GB.” computadores, a maior parte possui bancos de memó-
A citação faz referência ao seguinte componente ria do tipo DIMM.
de hardware: e) Uma placa-mãe, que possui somente banco de
a) disco óptico. memória DIMM-DDR2 de 400 MHz, 533 MHz ou 667
b) zipdrive. MHz, aceita umamemória DDR2 de 800 MHz ou 1066
c) pendrive. MHz e irá funcionar perfeitamente.
d) disco rígido.
As memórias DDR não são totalmente incompatíveis
A denominação do microcomputador da questão é re- entre si, mas não há como fazer o computador funcionar
ferenciada pelo processador Intel i5. É comum dizermos o com 800 MHz ou 1066 MHz de memória, sendo que foi de-
tipo do computador que temos pelo processador que pos- senvolvido para trabalhar apenas com 400 MHz, 533 MHz
sui. A tecnologia SATA (serial ATA) é empregada na conexão ou 667 MHz, pois ele não estaria preparado para aceitar
do HD à placa-mãe, com um cabo serial, possibilitando a esta frequência em seu barramento.
transmissão dos dados de forma serial. RESPOSTA: “E”.
RESPOSTA: “D”.
18. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO - CES-
16. (BANCO DO BRASIL - ESCRITURÁRIO – 2013 – GRANRIO/2012) - Nos sistemas operacionais Microsoft
FCC/2013) - Paulo possui R$3.500,00 para comprar um Windows, como o Windows XP, a interação direta (não
computador para uso pessoal. Ele deseja um computa- gráfica) entre o usuário e o sistema operacional na qual
dor atual, novo e com configurações padrão de mer- ele pode criar e editar arquivos de lotes é proporciona-
cado. Ao fazer uma pesquisa pela Internet observou, da pelo uso do
nas configurações dos componentes de hardware, os a)teclado virtual
seguintes parâmetros: 3.3 GHz, 4 MB, 2 TB, 100 Mbps b)windows update
e 64 bits. c)microsoft access
De acordo com as informações acima, d)prompt de comando
a) 2 TB é a quantidade de memória RAM e)windows movie maker
b) 3.3 GHz é a velocidade do processador.
c) 100 Mbps é a velocidade do chipset Arquivos de lotes são arquivos como os de extensão.
d) 4 MB é a capacidade do HD. bat, que contêm comandos lineares que são executados
e) 64 bits é a capacidade da memória ROM. em lotes ou grupos.
Para usar esses arquivos, no Windows XP, clique em Ini-
As unidades de medida ou armazenamento apresenta- ciar, Todos os Programas, Acessórios, Prompt de comando.
das na questão são: RESPOSTA:“D”.
- TB = Terabyte - corresponde ao tamanho do HD.
- GHz = Gigahertz - é a frequência do processador. 19. (PREF. ANGICOS/RN - AUXILIAR ADMINISTRA-
- Mbps = Megabyte por segundo – é a velocidade de TIVO – ACAPLAM/2012) - Observe as seguintes afirma-
transmissão da placa de rede. ções referentes a bibliotecas no Windows 7:
- MB = Megabyte – capacidade da memória RAM. I. Uma biblioteca reúne arquivos de diferentes lo-
- bits = bits – nesse caso específico, refere-se ao tama- cais e os exibe em uma única coleção, sem os mover de
nho da palavra que pode ser executada pelo processador. onde estão armazenados.
RESPOSTA: “B”. II. Quando não quiser mais monitorar uma pasta
em uma biblioteca, você pode removê-la. Quando você
17. (MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO AMA- remove uma pasta de uma biblioteca, a pasta e seu con-
ZONAS - AGENTE DE APOIO MANUTENÇÃO E SUPOR- teúdo não são excluídos do seu local original.
TE DE INFORMÁTICA – FCC/2013) - A partir da geração III. Os itens em uma biblioteca podem ser organiza-
das placas-mãe para Pentium surgiram os bancos de dos de diferentes maneiras, usando o menu Organizar
memória DIMM − Dual In-lineMemory Module. Asge- por, localizado no painel de bibliotecas (acima da lista
rações DIMM são DDR, DDR2 e DDR3. Considerando de arquivos) de qualquer biblioteca aberta.
estas memórias, é INCORRETO afirmar: Quanto às firmações feitas, pode-se deduzir que:
a) Apesar das memórias DDR, DDR2 e DDR3 serem a) Apenas a I e a III são verdadeiras.
DDR e terem o mesmo comprimento são totalmente in- b) Nenhuma é verdadeira.
compatíveis entresi. c) Apenas a I e a II são verdadeiras.
b) As tensões de cada uma das memórias são dife- d) Todas são verdadeiras.
rentes: DDR = 2.5 V / 2.6 V, DDR2 = 1.8 V, DDR3 = 1.5 V. e) Apenas II e a III são verdadeiras.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
As Bibliotecas – novo recurso do Windows 7 – tornam computador. Um programa antivírus funciona como um
mais fácil localizar, trabalhar e organizar arquivos espalha- centro de vacinas. Nele são encontrados códigos especiais
dos por seu PC ou pela rede. Uma biblioteca reúne suas que reparam danos causados por vírus de computador,
coisas em um lugar – sem importar onde realmente elas removem-nos ou os colocam em quarentena. Como o fi-
estão armazenadas. O resultado? Você se torna mais pro- rewall e o antivírus têm objetivos de proteção, mas com
dutivo. funcionalidades distintas, ambos são necessários para a
Todas as alternativas são verdadeiras, segundo o site proteção do computador.
oficial do Microsoft Windows 7, que pode ser acessado a RESPOSTA: “B”.
partir do link http://windows.microsoft.com/pt-BR/windo-
ws7/Include-folders-in-a-library. 22. (PC/SP - INVESTIGADOR POLICIAL – VU-
RESPOSTA: “D”. NESP/2013) -A área de transferência do MS-Windows
7, na sua configuração padrão,
20. (PREF. ANGICOS/RN - AUXILIAR ADMINISTRA- a) consegue armazenar arquivos inteiros, mas não
TIVO – ACAPLAM/2012) - No Windows 7, se você sele- pastas.
cionar uma mensagem de e-mail, um arquivo de texto b) trabalha com um bloco de informações por vez,
ou uma imagem, poderá ver seu conteúdo sem abri-lo ou seja, o conteúdo anterior será sempre substituído
em um programa através do Painel de pelo novo conteúdo.
a) Visualização. c) é visualizada após a execução do comando cli-
b) Detalhes. pbrd.exe.
c) Navegação. d) consegue armazenar apenas pastas que não
d) Ferramentas. contêm subpastas.
e) Biblioteca. e) armazena qualquer tipo de informação, exceto
som; exemplos: arquivos com extensão MP3.
O Painel de visualização do Windows 7 permite que
você selecione o arquivo e veja uma miniatura dele, sem Quando copiamos ou recortamos um conteúdo no
precisar abri-lo. Funciona para arquivos de vídeo, texto, Windows, seja ele pasta ou arquivo, este é levado para a
imagens e outros. Para ativar essa função, abra o Explo- área de transferência, que consiste em espaços na memória
rer, selecione o arquivo ou pasta e clique em Organizar. No do computador, usados para esta finalidade em determina-
menu, clique em Paginação e em Painel de Visualização. do momento. Conforme os conteúdos vão sendo usados,
RESPOSTA: “A”. a área da memória que alocava o conteúdo é reutilizada.
Dessa forma, o que estava anteriormente na área de trans-
21. (MPE/AC - ANALISTA - TECNOLOGIA DA IN- ferência é substituído pelo novo conteúdo copiado ou re-
FORMAÇÃO - FMP-RS/2013) -Com relação ao Fire- cortado pelo usuário.
wall do Windows assinale a alternativa correta. RESPOSTA: “B”.
a) O Firewall do Windows executa as mesmas tare-
fas de um antivírus, sendo equivalente a este, porém já 23.(CODATA - TÉCNICO DE ADMINISTRAÇÃO - FI-
vem embutido no Windows. NANÇAS FUNCAB/2013) - Sobre a cópia de arquivos no
b) O Firewall do Windows, entre outras funções, Windows Explorer, é correto afirmar:
protege as portas e janelas contra a invasão de intrusos a) Ao copiar um arquivo, a cópia é salva na pasta
e deve trabalhar junto com um programa antivírus para Cópias, proprietária do ambiente Windows.
adequada proteção. b) A cópia de arquivos somente pode ser feita para
c) O Firewall do Windows, entre outras funções, a mesma unidade de armazenamento.
protege as portas e janelas contra a invasão de intrusos c) O processo de cópia no disco é diferente do pro-
e não necessita trabalhar junto com um programa anti- cesso de cópia num local de rede.
vírus para adequada proteção. d) Se algum programa estiver com um arquivo
d) O Firewall do Windows difere de um antivírus aberto, esse arquivo não poderá ser copiado.
porque, enquanto o primeiro protege contra qualquer e) Mais de um arquivo pode ser copiado por vez.
vírus que se instale no computador, o segundo protege
as portas e janelas contra invasão de intrusos. Se estivermos no Windows Explorer, com os recursos
e) O Firewall do Windows pode ser dispensado se das teclas de função CTRL ou SHIFT, ou pressionando o bo-
for usado o Windows Defender (também chamado de- tão esquerdo do mouse e arrastando para selecionar os
Windows Spyware em algumas versões). arquivos, podemos, respectivamente, selecionar vários ar-
quivos e executar os comandos de cópia ou recorte.
O Firewall é um software ou hardware que faz defe- RESPOSTA: “E”.
sas quanto às tentativas de acesso externo ao computador,
tanto pela Internet quanto por máquinas de uma rede. Por
esse motivo, dizemos que ele protege as portas e janelas,
que seriam os possíveis caminhos de entrada e saída do
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