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Plano Local de

Desenvolvimento da
Maricultura - (PLDM)
da Estância Balneária de
Cananéia (SP)

Fevereiro de 2008
Plano Local de Desenvolvimento da Maricultura de Cananéia – PLDM Cananéia

PROGRAMA NACIONAL DE
DESENVOLVIMENTO DA MARICULTURA
EM ÁGUAS DA UNIÃO

Plano Local de Desenvolvimento da


Maricultura
(PLDM)

da

Estância Balneária de Cananéia

Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca

Presidência da República

Brasília, 2008

SEAP – Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca – Presidência da República - 2008 2


Plano Local de Desenvolvimento da Maricultura de Cananéia – PLDM Cananéia

PROGRAMA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA MARICULTURA


EM ÁGUAS DA UNIÃO

Luiz Inácio Lula da Silva


Presidente da República Federativa do Brasil

Altemir Gregolin
Secretario Especial de Aqüicultura e Pesca

Dirceu Silva Lopes


Secretário Especial Adjunto de Aqüicultura e Pesca

Karim Bacha
Subsecretário de Desenvolvimento da Aqüicultura e Pesca

Felipe Matias
Diretor de Desenvolvimento da Aqüicultura

Felipe Matarazzo Suplicy


Coordenador Geral de Maricultura

Leinad Ayer de Oliveira


Superintendente da SEAP-PR no Estado de São Paulo

Capa
Rodrigo Diniz Torres

Catalogação na fonte. SEAP/PR

Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da


República (SEAP/PR), 2008. Plano Local de Desenvolvimento da
Maricultura (PLDM) da Estância Balneária de Cananéia.
SEAP/PR. Brasília: 225 pp.

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PLANOS LOCAIS DE DESENVOLVIMENTO DA MARICULTURA EM SÃO


PAULO – PLDM-SP
CONVÊNIO SEAP/PR – FUNDEPAG* No 069/2004
* Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa Agropecuária

Coordenação Geral
Eng. Agr. Helcio Luis de Almeida Marques – Instituto de Pesca – APTA – SAA

Coordenação PLDM - Cananéia


Ocean. Edison Barbieri – Instituto de Pesca – APTA – SAA

Coordenação PLDM - Ubatuba e PLDM – Caraguatatuba/ São Sebastião/


Ilhabela
Eng. Agr. Helcio Luis de Almeida Marques – Instituto de Pesca – APTA – SAA

Diagnóstico ambiental e sócio-econômico


Eng. Agr. Helcio Luis de Almeida Marques – Instituto de Pesca – APTA – SAA
Ocean. Edison Barbieri – Instituto de Pesca – APTA – SAA
Biol. Luciene Mignani – FUNDEPAG
Biol. Daniela Pereira Kuntz - FUNDEPAG

Levantamento participativo de dados de campo


Ocean. Valéria Cress Gelli – Instituto de Pesca – APTA – SAA
Ocean. Edison Barbieri – Instituto de Pesca – APTA – SAA
Biol. Daniela Pereira Kuntz - FUNDEPAG
Biol. Luciene Mignani – FUNDEPAG
Biol. Alexandre Baldassin Gomes Novais – FUNDEPAG
Biol. Ednilson da Silva – FUNDEPAG

Geoprocessamento
Eng. Ambiental Francisco Nunes Lopes – GEOVERTICE Ltda.
Eng. Wagner Antonio da Silva – GEOVERTICE Ltda.

Aquisição de coordenadas e montagem do banco de dados


Geog. Rene Antonio Novaes Junior – INPE – MCT
Eng. Cart. Paulo César Gurgel de Albuquerque – INPE – MCT

Colaboradores
Dr. Ciro Koiti Matsukuma – Instituto Florestal – SEMA
Dra. Cláudia Lamparelli – Setor de Águas Litorâneas - CETESB
Dr. Felipe Matarazzo Suplicy – SEAP/PR
Dra. Marta Emmerich – CPLEA - CETESB
Dr. Ricardo de Camargo – Inst. Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas - USP

Agradecimentos

Aos Exmos. Srs. Prefeitos dos municípios abrangidos pelo PLDM-SP, a saber:

Eduardo de Souza César – Ubatuba


Geraldo Carlos Carneiro Filho – Cananéia

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José Pereira de Aguilar - Caraguatatuba


Juan Manoel Pons Garcia – São Sebastião
Manoel Marcos de Jesus Ferreira – Ilhabela

Aos senhores e senhoras:

Álvaro Augusto – Prefeitura Municipal de São Sebastião


Ana Maria Paschoal da Cruz – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Antonio Domingues Pires – Núcleo de Pesquisa de Cananéia - IP – APTA – SAA
Auracy Mansano – Prefeitura Municipal de Caraguatatuba
Capitão Wilson Antonio Botero – Polícia Ambiental de SP
Edison Kubo – Instituto de Pesca – APTA – SAA
Élvio de Oliveira Damásio – Núcleo de Pesquisa de Ubatuba – IP – APTA – SAA
Euzébio Higino de Oliveira – Colônia de Pescadores de Ubatuba
Francisco Sales Coutinho – Associação da Reserva Extrativista do Mandira
Gilson Costa Calasans – Núcleo de Pesquisa de Cananéia - Instituto de Pesca - SAA
Guilmer Cássio Puertas Tavares – Colônia de Pescadores de São Sebastião
Ingo Miethke – Associação dos Maricultores de Ubatuba
Jean Franco Schmitt – SEAP/PR
José Luiz Alves - Associação dos Pescadores e Maricultores da Praia da Cocanha
José Roberto Carlota – Colônia de Pescadores de Caraguatatuba
Marcelo Martins Ribeiro – Prefeitura Municipal de Cananéia
Marcos Aurélio – Parque Estadual de Ilhabela – SEMA - SP
Marcos Campolim – Parque Estadual da Ilha do Cardoso – SEMA - SP
Maria Cristina Cergole – IBAMA - MMA
Marilia Britto Rodrigues de Morais – Parque Estadual de Ilhabela – SEMA - SP
Marta Maria de Souza Martins – Instituto de Pesca – APTA - SAA
Maurício Rúbio Pinto Alves – Casa da Agricultura de São Sebastião – CATI - SAA
Olga Maria Marcelino – Instituto de Pesca – APTA – SAA
Onésimo Veríssimo – Núcleo de Pesquisa de Cananéia – IP – APTA – SAA
Peter Santos Nemeth – Associação dos Pescadores da Enseada
Ricardo Toledo Lima Pereira – Instituto de Pesca – APTA – SAA
Roberto Lourdes do Nascimento – Colônia de Pescadores de Ilhabela
Rui Donizete Teixeira – SEAP/PR
Silvio Barreto – Núcleo de Pesquisa de Cananéia – IP – APTA – SAA
Sonia Maria Carratu – Instituto de Pesca – APTA - SAA
Valéria Cress Gelli - Secretaria de Agricultura e Pesca de Ubatuba
Veroni Ferreira do Nascimento – Instituto de Pesca – APTA - SAA
Viviane Buchianeri – Parque Estadual da Ilha Anchieta – SEMA - SP

Agradecimentos especiais:

Polícia Ambiental do Estado de São Paulo


Funcionários da Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Abastecimento de
Ubatuba
Funcionários da FUNDEPAG – Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária

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CONTEÚDO
1. APRESENTAÇÃO .............................................................. 008

2. METODOLOGIA

2.1. Metodologia geral ........................................................... 010


2.2. Identificação dos parques aqüícolas e áreas de
Preferência .................................................................... 011
2.3. Elaboração dos diagnósticos e estudos de
impacto ambiental e sócio-econômico ........................ 012
2.4. Aquisição das coordenadas ............................................ 013
2.5. Elaboração do mapa de áreas com potencial
para maricultura utilizando o geoprocessamento ....... 014

3. INFORMAÇÕES GERAIS

3.1. Região de abrangência dos PLDM-SP ........................... 028


3.2. Área abrangida pelo PLDM – Cananéia ......................... 032
3.3. Bacias hidrográficas ....................................................... 044
3.4. Águas estuarinas ............................................................ 048
3.5. Estudos e planejamentos prévios relacionados
ao zoneamento costeiro ............................................... 064
3.6. Legislação federal, estadual e municipal aplicada à
aqüicultura ..................................................................... 067
3.7. Propostas locais para o desenvolvimento da
maricultura ..................................................................... 075

4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

4.1. Clima .................................................................................. 079


4.2. Vegetação costeira ........................................................... 088
4.3. Vegetação aquática marinha ........................................... 109
4.4. Animais terrestres ............................................................ 110
4.5. Animais aquáticos ............................................................ 115
4.6. Avifauna ............................................................................. 120

5. DIAGNÓSTICO DAS FORMAS DE OCUPAÇÃO DA REGIÃO

5.1. A ocupação da região de Cananéia ................................. 131


5.2. Diagnóstico dos setores produtivos ............................... 133
5.3. A atividade náutica ............................................................ 138
5.4. A atividade pesqueira ........................................................ 143
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5.5. Possíveis conflitos com a maricultura ............................ 149

6. DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECONÔMICO DA REGIÃO

6.1. Caracterização sócio-econômica ..................................... 151


6.2. Principais atividades econômicas ................................... 160
6.3. Importância do turismo para a região ............................. 161
6.4. A atividade de extração de organismos aquáticos ........ 164
6.5. Conflitos potenciais com a maricultura ........................... 167

7. DIAGNÓSTICO DE IMPACTO AMBIENTAL


7.1. Impacto sobre o meio aquático ........................................ 170
7.2. Impacto sobre a vegetação aquática ............................... 177
7.3. Impacto da liberação de organismos no ambiente ........ 178
7.4. Impacto sobre áreas de reprodução e de
berçário de organismos marinhos ................................. 179
7.5. Impacto sobre a população de aves marinhas ............... 179
7.6. Conclusão sobre o impacto ambiental da maricultura .. 180

8. DIAGNÓSTICO DE IMPACTOS SÓCIO-ECONÔMICOS

8.1. Impactos visuais ................................................................ 188


8.2. Impactos na pesca comercial e esportiva ....................... 188
8.3. Impactos sobre as populações tradicionais ................... 189
8.4. Impactos positivos da maricultura .................................. 190
8.5. Conclusão do diagnóstico sócio-econômico ................. 191

9. IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS AQUÍCOLAS ....................... 192

10. PLANO DE GERENCIAMENTO E CONTROLE .................. 195

11. PLANO DE MONITORAMENTO AMBIENTAL ................... 204

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................... 206

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1. APRESENTAÇÃO

No Brasil a maricultura vem se expandindo progressivamente,


principalmente a partir da década de 90, expansão essa representada
principalmente pelos moluscos bivalves nas regiões Sul e Sudeste e pelos
camarões marinhos nas regiões Norte e Nordeste. No nosso Estado,
segundo dados da AMESP - Associação de Maricultores do Estado de São
Paulo, a produção de mexilhões estimada para o litoral norte em 2004 foi de
90 toneladas / ano, com um total de 85 produtores, sendo que 90% desse
total é composto por pescadores ou pessoas residentes nas comunidades
situadas ao longo de 26 praias da região. No litoral sul, segundo dados do
Instituto de Pesca, a produção total de ostras em 2004 foi de 75.000 dúzias,
30% das quais provenientes da engorda em viveiros.
Paralelamente ao crescimento da maricultura, aumenta a cada dia a
consciência de que, para o desenvolvimento responsável e sustentável
dessa atividade, são necessários um cuidadoso planejamento participativo
quanto ao ordenamento dos cultivos e um criterioso manejo dos mesmos, de
forma a prevenir e a reduzir os problemas sociais e ambientais resultantes da
implantação dessa atividade ao nível econômico.
As regiões litorâneas são em geral extremamente vulneráveis a ações
com pouco ou nenhum planejamento, devido ao crescente aumento da
população residente, à grande variação da população flutuante e à ampla
variedade de atividades econômicas desenvolvidas nestas áreas como as
pesqueiras, as portuárias e o turismo. De acordo com BARDACH (1997), o
planejamento de implantação de fazendas marinhas nestas áreas deve
integrar a maricultura com as demais atividades nelas desenvolvidas,
mitigando os conflitos dos usos; organizar a distribuição espacial dos
cultivos; assegurar o uso racional dos recursos naturais; garantir que os
benefícios sociais e econômicos originados nas diversas atividades sejam
distribuídos entre os usuários dos recursos da forma mais igualitária possível
e ainda encorajar os governos locais e os produtores a participarem do
planejamento e acompanhamento do desenvolvimento da maricultura.

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Preocupada com as indefinições que há anos cerceiam a


regulamentação da atividade da maricultura em águas públicas e, ciente do
seu papel enquanto órgão de fomento à atividade produtiva, a SEAP/PR
criou o programa Planos Locais de Desenvolvimento da Maricultura – PLDM,
com o objetivo de integrar os conhecimentos técnicos disponíveis e o
trabalho realizado por diversas instituições de fomento e pesquisa, no sentido
de promover o desenvolvimento ordenado e sustentável da atividade da
maricultura, tendo como ação primeira a identificação e a delimitação dos
parques aqüícolas.
No Estado de São Paulo, através do convênio 69/2004 celebrado com a
FUNDEPAG, o PLDM passou a ser executado sob a coordenação do
Instituto de Pesca – APTA – SAA, abrangendo cinco municípios: Ubatuba,
Caraguatatuba, São Sebastião, Ilhabela e Cananéia. O resultado final é
apresentado na forma de três documentos: PLDM – Cananéia, PLDM –
Ubatuba e o PLDM Caraguatatuba/ São Sebastião/ Ilhabela.
O presente trabalho objetivou caracterizar e delimitar os parques e
áreas aqüícolas do município de Cananéia, Litoral Sul do Estado de São
Paulo, atendendo assim ao que dispõe a IN 06 de 31.05.2004 em seu
Capítulo II. A elaboração deste Plano seguiu o roteiro estabelecido no Anexo
II da IN 17 de 23.09.2005.
Com a elaboração dos Planos Locais de Desenvolvimento da
Maricultura para o Estado de São Paulo espera-se dotar os poderes públicos
responsáveis e o setor produtivo, de uma importante ferramenta de
gerenciamento, que possa auxiliar a promover o desenvolvimento da
maricultura de uma forma equilibrada e ordenada em nosso Estado.

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2. METODOLOGIA

2.1. Metodologia geral

Para a elaboração do presente documento utilizou-se uma


metodologia diversificada, composta por:
a) levantamento participativo de dados de campo, realizado durante e
anteriormente ao PLDM-SP pelos pesquisadores do Instituto de Pesca,
equipe de consultores contratadas pelo convênio SEAP/FUDEPAG,
lideranças de comunidades locais, técnicos de órgãos governamentais e
representantes dos poderes públicos municipais;
b) levantamento da bibliografia existente e publicada na forma de
artigos científicos, teses, relatórios, documentos governamentais ou não,
livros e publicações diversas, para a caracterização das áreas de estudo,
diagnósticos ambiental e sócio-econômico e identificação de impactos;
c) trabalhos de campo visando à aquisição das coordenadas dos
pontos necessários à demarcação dos parques e áreas aqüícolas;
d) trabalhos técnico-científicos visando à construção do modelo para a
identificação das áreas potenciais para a implantação de parques e áreas
aqüícolas, com o objetivo de subsidiar tecnicamente a escolha dos locais de
implantação dos mesmos;
A seguir são descritas em detalhes as diversas etapas do presente
trabalho, incluindo a metodologia empregada em cada uma delas.

2.2. Identificação dos parques aqüícolas e áreas de


preferência

A identificação das áreas aqüícolas, com seus respectivos parques e


áreas de preferência foi realizada através de consulta pública diretamente às
comunidades locais, como orienta o Anexo II da Instrução Normativa no 17, de
22.09.2005, em seu item 7. Previamente, em uma fase anterior à solicitação,
para a SEAP, da execução do PLDM-SP, foram realizadas reuniões com as
comunidades interessadas na implantação de fazendas marinhas, bem como

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com órgãos governamentais (Prefeituras, Polícia Ambiental, Instituto de


Pesca, Instituto Florestal, Casas de Agricultura, escritório regional do IBAMA,
representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
Capitania dos Portos de São Sebastião) e entidades de classe (Colônias de
Pescadores, Associação de Maricultores e Pescadores, Sociedades de
Amigos de Bairros), as quais definiram as localizações aproximadas das áreas
a serem demarcadas como futuras áreas aqüícolas. Esse trabalho foi
primeiramente realizado nos quatro municípios do Litoral Norte (Ubatuba,
Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela), onde foram demarcados, através
de um aparelho GPS, pontos correspondentes aos locais aproximados
escolhidos pelas comunidades (GELLI e MARQUES, 2002). A escolha desses
locais foi também subsidiada pela metodologia descrita nos trabalhos de
MARQUES e PEREIRA (1989) e JAMBRINA LEAL (2002). Paralelamente a
esses trabalhos foi iniciado no município de Cananéia, por iniciativa do
Instituto de Pesca, um processo semelhante com as comunidades de
maricultores, no sentido de proceder-se à demarcação das áreas do município
favoráveis a essa atividade.
Os aspectos ambientais considerados para a demarcação das áreas no
município de Cananéia foram: a) situação logística favorável, geralmente
próximo às comunidades interessadas; b) inexistência de fontes poluidoras ou
potencialmente poluidoras nas proximidades. Os aspectos econômicos e
sociais considerados foram: a) ausência de conflitos com fundeadouros de
embarcações, marinas, áreas de navegação marítima, pontos de colocação
de redes de espera, locais de pesca e pontos de instalação de cercos; b)
consentimento da população local (pescadores e moradores); c) Ausência de
conflitos com a legislação referente às áreas de preservação ambiental.
Após a solicitação formal à SEAP da execução do PLDM em São Paulo
e a aprovação dessa solicitação para os cinco municípios envolvidos, o
processo participativo foi retomado e novas reuniões passaram a ser
realizadas com as comunidades interessadas e todos os órgãos acima
relacionados, para a apresentação do projeto PLDM. Dessas novas reuniões,
participaram também técnicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais –
INPE/MCT e técnicos convidados de outros órgãos governamentais como
CETESB e SPU. Após as definições das diretrizes para a execução do
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projeto, uma série de reuniões finais foi realizada com o objetivo de confirmar
os locais das áreas previamente selecionadas e apresentar a metodologia a
ser empregada na demarcação. Essas reuniões finais ocorreram nos dias
16.08.05 (Ubatuba), 01.09.05 (Caraguatatuba), 08.09.05 (São Sebastião), 06
e 07.10.05 (Cananéia) e 11.11.2005 (Ilhabela).
Após a demarcação realizada em campo e a inserção das coordenadas
adquiridas em campo em um programa SIG (Arc-GIS 9.1), as áreas
demarcadas foram revistas pelos técnicos das instituições participantes,
sendo eliminadas aquelas que apresentavam risco potencial à navegação ou
sobreposição com pontos de atracação ou situavam-se em locais com
potencial de contaminação química ou bacteriológica. Após essa revisão,
novas reuniões foram realizadas com as comunidades dos cinco municípios,
nos dias 12.12.06 (Caraguatatuba), 13.12.06 (São Sebastião), 14.12.06
(Ilhabela), 15.12.06 (Ubatuba) e 19.12.06 (Cananéia), para a aprovação
definitiva das demarcações realizadas e a definição das áreas de preferência.

2.3. Elaboração dos diagnósticos e estudos de impacto


ambiental e sócio-econômico

Essa etapa foi conduzida pelos técnicos do Instituto de Pesca e pela


equipe de consultores contratada pelo convênio SEAP/FUNDEPAG.
Procedeu-se a um cuidadoso levantamento da bibliografia existente e
publicada na forma de artigos científicos, teses, relatórios, documentos
governamentais ou não, livros e publicações diversas, para a caracterização
das áreas de estudo, realização dos diagnósticos ambiental e sócio-
econômico e levantamento dos respectivos impactos. A revisão abrangeu
visitas a bibliotecas especializadas como as do Instituto Oceanográfico e
Instituto de Biociências da USP, além de contatos com especialistas de
institutos e universidades, para esclarecimento de dúvidas e levantamento de
dados não disponíveis na literatura. Parte dos dados ambientais e sócio-
econômicos foram levantados através das aerofotos orto-retificadas
adquiridas em vôos realizados em 2000-2001 por KsW/SMA-SP através do
Programa de Proteção à Mata Atlântica (PPMA, 2001), na escala de

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1:35.000.

2.4. Aquisição das coordenadas

A aquisição das coordenadas necessárias à demarcação das áreas e


parques aqüícolas foi realizada através de uma equipe composta por 3
técnicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE-MCT /
FUNCATE, contratada pelo convênio SEAP/FUNDEPAG para essa etapa do
trabalho, 1 consultor ambiental e 1 técnico contratados pelo convênio
SEAP/FUNEPAG, além de 2 tripulantes de embarcação. As aquisições foram
ainda acompanhadas de perto por representantes das comunidades dos
locais onde estavam sendo efetuados os trabalhos, os quais utilizaram para
tal, embarcações de alumínio motorizadas. Esses representantes orientavam,
quando necessário, os trabalhos de obtenção das coordenadas, para
certificação de que os pontos obtidos correspondiam exatamente aos vértices
das áreas demarcadas. As áreas foram fotografadas e alguns dados
preliminares das variáveis oceanográficas foram tomados (temperatura,
transparência, salinidade, pH e condutividade). Os trabalhos de demarcação
ocorreram durante os meses de setembro a dezembro de 2005.
As coordenadas foram adquiridas através do método relativo, com o
auxílio de equipamentos GPS que podem apresentar um erro em torno de 1
metro, segundo nota do fabricante. Seguiram-se as normas da portaria 69/03
que normaliza o uso do Datum SAD-69 de referência geodésica com projeção
UTM – Universal Transversa de Mercator e coordenadas geográficas em
graus, minutos e segundos. Todos os pontos adquiridos em campo foram
inseridos em um banco de dados dentro do software Arc-GIS 9.1, que permite
armazenar, manipular e resgatar as referidas informações. Para a
visualização dos dados armazenados utilizaram-se imagens de cartas
náuticas oficiais do Departamento de Hidrografia e Navegação – DHN, em
escalas variadas (1:27.000 - 1:50.000), bem como imagens do satélite
Landsat TM-7, em razão da falta de algumas cartas. Devido às imprecisões
encontradas nas cartas náuticas e à baixa resolução das imagens do satélite
Landsat TM-7, empregaram-se também aerofotos orto-retificadas adquiridas

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em vôos realizados em 2000-2001 por KsW/SMA-SP através do Programa de


Proteção à Mata Atlântica (PPMA, 2001), na escala de 1:50.000, já
mencionadas anteriormente. Esse material foi também inserido no banco de
dados para subsidiar o geoprocessamento dos mesmos, na visualização das
áreas, principalmente durante as apresentações públicas do projeto e também
na impressão dos resultados e na confecção do documento final. Os
resultados dessa demarcação encontram-se no documento em anexo a este
relatório, contendo os mapas e imagens correspondentes a todas as áreas e
parques demarcados.

2.5. Elaboração do mapa de áreas com potencial para


maricultura utilizando o geoprocessamento

A elaboração do mapa de áreas potencialmente favoráveis à


maricultura objetivou basicamente validar tecnicamente a demarcação das
áreas efetuadas através do processo participativo, fornecendo ao mesmo
tempo subsídios para a gestão do PLDM e para a realocação ou exclusão de
áreas mal localizadas.
Com vistas a padronizar os procedimentos a serem adotados para o
programa dos PLDM da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca – SEAP,
buscou-se nesta etapa seguir basicamente o roteiro empregado pelo grupo
executor do PLDM – Santa Catarina (SEAP, 2007), com as devidas
adaptações e modificações requeridas pelas diferenças ambientais sócio-
econômicas e logísticas existentes entre os dois Estados.
O sistema de informações geográficas - SIG utilizado foi o ArcGis 9
com as extensões Spatial Analyst, 3D Analyst e Wwaves. Foi utilizado um
Personal Geodatabase para armazenar, editar, relacionar e analisar os
dados. Foram geradas ainda matrizes de 10x10 m no formato GRID através
de análise de distância. Todas as matrizes foram normalizadas para valores
entre zero e um, onde zero indica menor potencial, e um, maior. A escala de
trabalho adotada foi 1:50.000.
As análises foram realizadas através de um modelo conceitual para
avaliação de áreas potenciais para maricultura, construído de forma

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participativa com contribuições de pesquisadores, técnicos da empresa Geo-


Vértice e produtores. Utilizou-se o processo analítico hierárquico – AHP
(Saaty, 2001, apud SEAP, 2007) para definir e ponderar as variáveis aqui
denominadas “descritores”. O método foi composto pelas seguintes etapas:

• Construção do modelo conceitual;


• Levantamentos de dados;
• Estruturação do SIG;
• Aplicação do modelo;
• Avaliação dos resultados;
• Validação com os dados levantados em campo

2.5.1. Construção do modelo conceitual

A construção do modelo conceitual teve início com um trabalho de


grupo realizado nos dias 03 e 04 de outubro de 2007 onde estiveram
presentes 05 pessoas de formações diversas, representando as instituições
Instituto de Pesca – APTA - SAA - SP, Associação dos Maricultores do
Estado de São Paulo e a empresa Geo-Vértice. Com base na metodologia
descrita no PLDM Santa Catarina (SEAP, 2007), elaborou-se uma lista
preliminar de descritores necessários para constituir o modelo e utilizando-se
a técnica de processos analíticos hierárquicos (AHP) foi criado um grau de
ponderação para cada um dos mesmos. Os descritores foram agrupados em
ambientais, socioeconômicos e logísticos. Levando em consideração o prazo
para a execução dos trabalhos, disponibilidade de dados, confiabilidades de
fontes de dados, escala e diferenças regionais, selecionaram-se 12
descritores, sendo 6 descritores ambientais, 5 sócio-econômicos, e 1
logístico, além dos de ordem legais, impeditivos, tais como: distância da costa
e das praias (Instrução Normativa no 105 de 20 de julho de 2006 do IBAMA) ,
ZEE – Zoneamento Ecológico Econômico, áreas de preservação e outros.

2.5.2. Levantamento de dados e estruturação do SIG

São os seguintes os dados utilizados na estruturação do SIG, os quais


foram levantados ao longo dos trabalhos de elaboração do documento do
PLDM-SP, nos anos de 2005 a 2006 e revisados em 2007:

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• Base cartográfica digital 1:50.000 – Instituto Florestal do Estado de


São Paulo – PPMA – Programa de Proteção a Mata Atlântica, 2001;
• Divisão hidrográfica do Estado de São Paulo – Instituto Florestal do
Estado de São Paulo – PPMA – Programa de Proteção a Mata
Atlântica, 2001
• Áreas demarcadas para maricultura – INPE (2007);
• Legislação – SEMA (2006) – GERCO – Gerenciamento Costeiro e
Instituto Florestal do Estado de São Paulo – PPMA – Programa de
Proteção a Mata Atlântica, 2001;
• Dados pluviométricos e meteorológicos – Instituto Oceanográfico USP
(1956 a 1994) e CEPTEC/INPE (2002 a 2007)
• Regime de ondas: Dados disponíveis no BNDO – Banco Nacional de
Dados Oceanográficos da Marinha e nos trabalhos de BRANCO
(2005), VIEIRA (2005) e CECÍLIO (2006)
• Balneabilidade – CETESB – Companhia Estadual de Saneamento
Ambiental, 2007 e Instituto de Pesca (BARBIERI e MACHADO, 2006)
• Localização das atividades potencialmente poluidoras segundo a
resolução CONSEMA 01/2004: CETESB – Companhia Estadual de
Saneamento Ambiental, 2007; SEMA, 2006 – GERCO –
Gerenciamento Costeiro;
• Localização dos principais mercados consumidores - Restituído das
imagens Ortofotos 2001 - PPMA;
• Delimitação de baías e enseadas - Restituído das imagens Ortofotos
2001 e base cartográfica;

O banco de dados foi estruturado em um Personal Geodatabase. Duas


áreas foram criadas em mapas distintos no aplicativo Arcmap para compor as
regiões objeto de estudo do trabalho, assim um mapa abrangeu a região do
Município de Cananéia e o outro os 4 Municípios do Litoral Norte (Ubatuba,
Caraguatatuba, Ilhabela e São Sebastião). Foi necessária a conversão de
formatos e sistemas de referência, georreferenciamento, tabulação de

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atributos e restituição, uma vez que os dados foram obtidos em diferentes


instituições, com diversos sistemas e aplicações.

2.5.3. Aplicação do modelo

Foram levantadas as áreas proibidas para a maricultura pela Lei do


Zoneamento Ecológico Costeiro ou por estarem a menos de 50 metros dos
costões ou 200 metros da praia. Estes descritores excludentes foram apenas
representados sobre o resultado do modelo para setorizar áreas onde está
determinado que a atividade não pode ocorrer. A construção do modelo
conceitual gerou um modelo matemático simples, com doze descritores
dentre os quais apenas as matrizes de regime de ondas e ventos
apresentaram unidades diferentes. Para os demais, a unidade utilizada foi de
distância (metros). O tratamento dos doze descritores gerou o total de três
mapas distintos, que resultaram no mapa final de Potencial para a
Maricultura. Para eliminar as unidades e favorecer a integração dos dados, as
matrizes foram normalizadas. Adotaram-se por padrão os valores entre zero
e um, e criou-se um critério qualitativo de análise através de visualização
cartográfica difusa. Valores baixos (representados em vermelho) representam
áreas com menor potencial ou menor probabilidade de sucesso para a
atividade, e valores mais altos (representados em verde), maior potencial ou
maior probabilidade de sucesso.
Dos doze descritores utilizados (TABELA 1), onze foram efetivamente
utilizados no PLDM Cananéia, onde não foi empregado o descritor “regime de
ondas”, devido ao total confinamento das áreas aqüícolas demarcadas no
interior do estuário. Já para os PLDM de Ubatuba, Caraguatatuba, São
Sebastião e Ilhabela esse descritor foi empregado.

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TABELA 1 – Descritores dos modelos utilizados na avaliação de áreas


potenciais para a maricultura.

1 Pista de ventos médios


Oceanografia
2 Regime de ondas *
Atividades potencialmente
3 poluidoras
Ambiental
Potencial Poluidor Foz de rios com drenagem
4 urbana
5 Foz de rio contaminado
Poluição 6 Balneabilidade
7 Ancoradouros
8 Pesca esportiva / mergulho
Sócio-
Conflitos de uso 9 Marinas Econômicos
10 Rotas de navegação
11 Balneários
Facilidade de
Logístico
Escoamento 12 Pontos de Comercialização

* = Descritor não utilizado no PLDM Cananéia

2.5.4. Descrição dos descritores

1. Pista de ventos médios é uma medida de distância linear de contato entre


a atmosfera e a superfície do mar dada uma direção de vento. A
predominância de ventos médios em uma determinada direção é fator
indicativo de uma maior circulação de água em áreas específicas, tornando
estas mais favoráveis à atividade da maricultura. Para o mapeamento da
pista de vento no PLDM Cananéia foi feito um levantamento do regime de
ventos (direção e velocidade) predominantes, com base nos dados históricos
(1956 a 1994) da estação meteorológica do Instituto Oceanográfico da
Universidade de São Paulo situada em Cananéia. Para cada direção foi
gerada uma matriz de pista de vento através do modelo Wwaves
(http://david.p.finlayson.googlepages.com/gisscripts, acessado em
05/11/2007) do ArcGis. As matrizes de pista de vento nas direções
predominantes foram então integradas em uma única matriz por média
ponderada, onde o peso de cada uma foi seu valor de freqüência de
ocorrência.

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2. Regime de ondas: Esse descritor não foi empregado no PLDM Cananéia

3. Atividades Potencialmente Poluidoras: Foram considerados pontos de


potencial para poluição todas as atividades náuticas passíveis de
licenciamento pela CETESB, levantados pelo PPMA – Programa de Proteção
a Mata Atlântica do Instituto Florestal do Estado de São Paulo (PPMA, 2001).
A proximidade destas atividades pode indicar risco à maricultura, assim,
quanto maior a distância destes pontos, menor a probabilidade de
contaminação no caso de acidentes.

4 e 5. Foz de rios com drenagem urbana ou contaminados: Foram


considerados os rios e cursos d’água com essas características, levantados
pelo PPMA – Programa de Proteção a Mata Atlântica do Instituto Florestal do
Estado de São Paulo (PPMA, 2001). No entanto esses descritores foram
agregados ao descritor 6, uma vez que os cursos d’água nessa situação
foram monitorados através de pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesca
com relação à presença de coliformes totais e fecais (BARBIERI e
MACHADO, 2006).

6. Balneabilidade: No município de Cananéia não é feito o monitoramento


ambiental das águas litorâneas pela Companhia Ambiental (CETESB). Assim
os dados foram obtidos de pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesca na
região. (BARBIERI e MACHADO, 2006).

7 a 11. Descritores sócio-econômicos: Foram consideradas atividades


conflitantes com a maricultura: ancoradouros, pontos de pesca esportiva ou
mergulho, rotas de navegação, marinas e locais para banho (balneários).
Considerou-se então que as áreas de menor risco de conflitos sócio-
econômicos com a maricultura seriam aquelas mais distantes destas
atividades. Foram geradas matrizes de distâncias para esses descritores.

12. Pontos de comercialização: A comercialização dos produtos de


maricultura é geralmente feita de forma direta aos consumidores e ocorre
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principalmente no verão. No caso da ostreicultura, parte da produção é


comprada por intermediários e outra parte é depurada antes de ser
comercializada. Assim, as áreas com maior probabilidade e sucesso
comercial são aquelas que possuem maior proximidade e melhor acesso aos
mercados consumidores e unidades beneficiadoras como a depuradora da
Cooperativa dos Produtores de Ostras de Cananéia.

2.5.5. Geração dos mapas do modelo

O Mapa de Potencial para a Maricultura (FIGURA 1) foi gerado a partir


do cruzamento de três mapas: Mapa Ambiental, Mapa Sócio-Econômico e
Mapa Logístico, através da ponderação obtida da ferramenta AHP do Arcgis,
no endereço http://arcscripts.esri.com/details.asp?dbid=13764 acessado em
05/11/2007. Na TABELA 2 são apresentados os pesos da ponderação para o
mapa final e a descrição dos mapas “base”:

TABELA 2 – Mapas constituintes do Mapa de Potencial para a Maricultura e


seus respectivos pesos para o PLDM Cananéia

MAPAS PESOS
Ambiental 0,45
Sócio-Econômico 0,45
Logístico 0,10

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FIGURA 1 – Mapa de Potencial para a maricultura no Município de Cananéia

2.5.5.1. Mapa Ambiental

O Mapa Ambiental (FIGURA 2) é composto pelos seis primeiros


descritores da lista anterior divididos em 3 mapas distintos: Mapa de
Oceanografia; Mapa de Potencial de Poluição e Mapa de Poluição. Cada
matriz (raster) foi normalizada em valores entre 0 e 1, onde 1 é de maior
potencial e 0 menor potencial e gerado uma matriz resultante obedecendo às
proporções registradas na TABELA 3, obtidas através da ferramenta AHP do
Arcgis, no endereço http://arcscripts.esri.com/details.asp?dbid=13764,
acessado em 05/11/2007:

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FIGURA 2 – Mapa Ambiental para a maricultura no Município de Cananéia

TABELA 3 – Mapas constituintes dos Mapas Ambientais e seus respectivos


pesos para o PLDM Cananéia

MAPAS PESOS
Oceanografia 0,20
Potencial de Poluição 0,20
Poluição 0,60

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2.5.5.1.1. Mapa de Oceanografia

O Mapa de Oceanografia no PLDM Cananéia (FIGURA 3) foi gerado a partir


de um único descritor, qual seja a pista de ventos médios. A situação dos
cultivos no interior do estuário dispensa a utilização do descritor regime de
ondas. Na região os ventos têm pequena influência na atividade da
maricultura, daí o seu menor peso (0,20).

FIGURA 3 – Mapa de Oceanografia para a maricultura no Município de


Cananéia

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2.5.5.1.2. Mapa de Potencial de Poluição

As atividades potencialmente poluidoras da região foram levantadas,


constituindo-se basicamente em marinas e clubes náuticos. A proximidade
destas atividades pode indicar risco à maricultura, assim, quanto maior a
distância destes pontos, menor a probabilidade de contaminação no caso de
acidentes (FIGURA 4).

FIGURA 4 – Mapa de Potencial de Poluição para a maricultura no Município


de Cananéia

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2.5.5.1.3. Mapa de Poluição

O mapa de poluição foi gerado através do histórico de contaminações


observadas em amostras de água coletadas nos pontos assinalados no mapa
(FIGURA 5). Igualmente foi gerada uma matriz de distância dos pontos de
coleta com resultados impróprios.

FIGURA 5 – Mapa de Poluição para a maricultura no Município de Cananéia

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2.5.5.2. Mapa Sócio-Econômico

Esse mapa (FIGURA 6) foi elaborado tomando por base as principais


atividades potencialmente geradoras de conflitos com a maricultura na região
(marinas, pontos de pesca e de fundeamento, rotas de navegação).
Estabeleceram-se pesos iguais (0,20) para os diversos fatores sócio-
econômicos, partindo do princípio que todos apresentam um potencial de
conflito semelhante. Considerou-se então que as áreas de menor risco de
conflitos seriam aquelas mais distantes destas atividades. Foram geradas
matrizes de distâncias para esses descritores.

FIGURA 6 – Mapa Sócio-Econômico para a maricultura no Município de


Cananéia

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2.5.5.3. Mapa Logístico

As áreas com maior probabilidade e sucesso comercial são aquelas


que possuem maior proximidade e melhor acesso aos mercados
consumidores e unidades beneficiadoras (FIGURA 7).

FIGURA 7 – Mapa Logístico para a maricultura no Município de Cananéia

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3. INFORMAÇÕES GERAIS

3.1. Regiões de abrangência dos PLDM-SP

As regiões de abrangência dos Planos Locais de Desenvolvimento da


Maricultura – PLDM do Estado de São Paulo localizam-se nos extremos
Norte e Sul do litoral do Estado, descontinuadas pela região conhecida como
Baixada Santista e por parte do Litoral Sul (FIGURA 8).
A região de abrangência Norte situa-se em área oceânica, desde a
linha da costa até a isóbata de 10 metros dos municípios de Ubatuba a São
Sebastião e respectivas ilhas, delimitada pelos paralelos 23o58’02” e
23o19’56” latitude Sul e pelos meridianos 45o50’20” e 44o43’34” longitude
Oeste e coordenadas planas projetadas em Universal Transverse de
Mercator – UTM, Fuso 23 Sul, E min = 414.686,4 m, N min = 7.349.553,8 m e E
max = 528.369,5 m, N max, = 7.419.876,8 m, referenciadas ao Datum Horizontal
South American Datum – SAD69. Os municípios abrangidos pelo PLDM-SP
nessa região são Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela.
Já a região de abrangência Sul engloba águas oceânicas e estuarinas
até a isóbata de 10 metros do município de Cananéia, sendo delimitada pelos
paralelos 25o18’18” e 24o46’32” latitude Sul e pelos meridianos 48o05’50” e
47o39’16” longitude Oeste e coordenadas planas projetadas em Universal
Transverse de Mercator – UTM, Fusos 22 e 23 Sul, E min = 188.133,6 m, N min
= 7.197.674,3 m e E max = 231.602,0 m, N max, = 7.257.302,5 m,
referenciadas ao Datum Horizontal South American Datum – SAD69. O
PLDM-SP nessa região abrange unicamente o município de Cananéia,
constituindo o PLDM-Cananéia.

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FIGURA 8 - Mapa do litoral paulista e os municípios integrantes do mesmo.


Fazem parte do PLDM os municípios de Ubatuba,
Caraguatatuba, Ilhabela e São Sebastião (Litoral Norte) e
Cananéia (Extremo Sul do litoral) (Fonte: CETESB, 2005).

A zona costeira paulista

Com 883 km de extensão, o litoral do Estado de São Paulo abrange 16


municípios perfazendo uma área total de 7.759 km2. O litoral paulista faz
parte da Província Costeira, conforme definido por ALMEIDA (1964) e divide-
se em duas zonas: Serrania Costeira e Baixada Litorânea. Em trabalhos
posteriores (IPT, 1992) foi identificada uma zona de relevo intermediário,
denominada Morraria Costeira, situada na porção mais ao Sul do Estado. O
litoral paulista caracteriza-se ao sul, pela presença de grandes planícies
costeiras arenosas de origem marinha ou flúvio-lagunar, separadas entre si
por pontões do embasamento em contato com o mar (BARBIERI, 1995). Ao
norte do Estado, o litoral é constituído por pequenas planícies costeiras e
enseadas isoladas entre si por pontões de embasamento cristalino da Serra
do Mar. Em função dessas características, DEFFONTAINES (1935) e
RUELLAN (1944) distinguiram dois compartimentos no litoral paulista (sul e

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norte). FÚLFARO et. al (1974) retomaram essa diferenciação reconhecendo


um forte controle tectônico sobre todo o litoral, que estaria em processo de
emersão, de forma mais pronunciada ao sul que ao norte.
SUGUIO e MARTIN (1978) apresentaram uma nova
compartimentação definindo cinco unidades para o litoral paulista e sul
fluminense (Cananéia-Iguape, Itanhaém - Santos, Bertioga - São Sebastião,
São Sebastião - Serra de Parati e Baía da Ilha Grande) em função da
diminuição progressiva das áreas de depósitos quaternários. MAHIQUES et
al. (1991) baseados em parâmetros oceanográficos, geológicos e
geomorfológicos de interesse na caracterização de ecossistemas costeiros,
propuseram 26 compartimentos no litoral de São Paulo, propiciando um
detalhamento maior na caracterização do mesmo.
Vários estudos foram desenvolvidos com o objetivo de classificar, do
ponto de vista geomorfológico, esta porção do território paulista;
(BRASCONSULT apud HERZ, 1992) apresenta uma divisão do litoral sul
baseada em três sub-compartimentos geomorfológicos:

a) Zona litorânea - que inclui os terraços sedimentares de origem marinha e


flúvio-marinha decorrentes de episódios de flutuações glácio-eustáticas
diferenciadas à cota de 25m, coincidente com as planícies costeiras.
b) Zona sub-litorânea - que inclui parte das vertentes da Serra de
Paranapiacaba, além dos morros isolados entre as cotas de 25m a 100m.
c) Zona serrana - que inclui a Serra de Paranapiacaba e vertentes da Serra
do Mar voltadas para o litoral, acima da cota de 100 m.

ALMEIDA (1964) define como Província Costeira, a área


compreendida entre o rebordo do Planalto Atlântico e o Litoral, área essa
drenada diretamente para o mar e que no Estado de São Paulo cobre cerca
de 9% do território. Em sua maior parte compreende uma região serrana
contínua que à beira-mar cede lugar a uma seqüência de planícies de
variadas origens. O mesmo autor classifica a Província Costeira paulista em
dois conjuntos:

1 - Baixada litorânea, que é subdividida em: Sub-Zona Baixada da Ribeira


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de Iguape, Sub-Zona Baixada Santista, Sub-Zona Baixadas Litorâneas.

2 - Serrania costeira, que é subdividida em: Sub-Zona da Serra de


Paranapiacaba e Sub-Zona da Serra do Mar.

Neste contexto, AZEVEDO (1965) na apresentação de "A BAIXADA


SANTISTA", classifica a fachada atlântica do litoral paulista em três sub-
conjuntos, assim individualizados (FIGURA 9):

a) Litoral Sul ou Sudoeste: Região onde as escarpas cada vez mais se


afastam do Atlântico, à proporção que se caminha para o sudoeste, e onde
se abrem à baixada de Itanhaém, abrangendo os municípios de Itanhaém e
Peruíbe e, particularmente, a vasta baixada do Ribeira de Iguape, na qual se
erguem as cidades de Iguape e Cananéia, além de cidades mais afastadas
do litoral, como as do Vale do Ribeira.

b) Baixada Santista: Localizada na região central do litoral, onde são


encontradas duas importantes ilhas, a de São Vicente e a de Santo Amaro,
estreitamente ligadas ao continente a ponto de mal se notar a sua presença.
Caracteriza-se pela existência de extensas formações de manguezais, pelo
admirável adensamento demográfico e por sua evidente vocação urbana,
onde se destacam as cidades de Bertioga, São Vicente, Santos, Guarujá,
Praia Grande e Mongaguá.

c) Litoral Norte ou Nordeste: Região bem marcada pela proximidade das


escarpas da Serra do Mar, em cuja orla litorânea elevam-se as cidades de
São Sebastião, Caraguatatuba e Ubatuba e a cujo conjunto pertence a
grande ilha de São Sebastião, onde se situa Ilhabela.

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FIGURA 9 – Mapa do litoral paulista e suas principais regiões, segundo


AZEVEDO (1965). (Fonte: CETESB, 2005).

3.2. Área abrangida pelo PLDM - Cananéia

3.2.1. Geologia e geomorfologia

O município de Cananéia possui uma área de 1.244 Km², com uma


extensão de costa de 62 Km. Situa-se no extremo sul do Estado de São
Paulo onde ocorre o recuo da escarpa da Serra do Mar, formado pela bacia
hidrográfica do rio Ribeira de Iguape, cuja foz marca o limite norte do
Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape-Cananéia e Paranaguá (BARBIERI e
CAVALHEIRO, 1998) (FIGURA 10). O extremo norte do município situa-se
entre as coordenadas geográficas 24° 46’ 32” S e 47° 39’ 16” W, já a porção
mais ao sul localiza-se entre 25° 18’18” S e 48° 05’50” W.

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FIGURA 10 - Imagem da região destacando o município de Cananéia (Fonte:


Terra Metric, 2006).

A planície costeira do litoral Sul de São Paulo, situada ao sul do Rio


Ribeira, segundo TESSLER (1988) tem a forma de um vasto crescente de
aproximadamente 130 x 40 km Seus limites extremos a SW e NE são
compostos por pontões do embasamento cristalino que alcançam o oceano.
A altitude dessa planície varia de 0 a 10 m, consistindo em um sistema de
canais e lagunas com área aproximada de 10.000 ha (TOMMASI, 1984) e
correspondendo a um complexo ecossistema, associados a ilhas de
barreiras, manguezais, pântanos salobros, restinga, dunas, Mata Atlântica,
planícies de lama e canais lagunares.
O Complexo Estuarino Lagunar Cananéia-Iguape faz parte da maior
planície costeira do Estado de São Paulo (SUGUIU & TESSLER, 1992), e é
separado do oceano por uma ilha de barreira quaternária denominada Ilha
Comprida delimitada ao sul pela Ilha do Cardoso e, ao norte, pela Ilha de
Iguape. A Ilha Comprida, por sua vez, separa-se do continente por uma
laguna denominada Mar Pequeno que, rumo ao sul, subdivide-se formando
os mares de Cubatão e Cananéia. Esses dois mares intercomunicam-se na
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baía de Trapandé (FIGURA 11). A área superficial total dos canais principais
que compõem o sistema (Mar Pequeno, Mar de Cananéia, Mar de Cubatão e
Baía do Trapandé) é de cerca de 115 km². O canal que constitui o Mar de
Cananéia apresenta uma largura média não superior a 1 km, comprimento de
cerca de 7 km e profundidade média máxima de 8 m (KUTNER, 1997). A
complexidade desse ecossistema estuarino-lagunar é resultado da influência
constante dos movimentos de marés, de descargas fluviais e dos ventos, que
afeta a concentração de sais, nutrientes e matéria orgânica tanto em seu
interior, quanto na região marinha adjacente (CRISPINO, 2001). Este
ecossistema foi reconhecido pela UNESCO como parte da Reserva da
Biosfera, devido à sua importância quanto meio ambiente natural e às
culturas tradicionais.

FIGURA 11 - Mapa da região de Cananéia com alguns dos seus acidentes


geográficos (Fonte: BARBIERI, 1995).

A Ilha de Cananéia é formada essencialmente por sedimentos


arenosos de idade quaternária (TESSLER, 1982). Na Ilha de Cananéia,

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excetuando-se o morro de São João que, com 120 m de altitude, é um


afloramento de rocha cristalina pré-cambriana na ponta da Aroeira, o restante
do relevo é constituído por sedimentos quaternários com cerca de 10 m de
altitude (SUGUIU & TESSLER, 1992). SUGUIU & MARTIN (1978) dividiram o
desenvolvimento da planície quaternária em cinco estádios:
Primeiro estádio: Corresponde ao máximo da transgressão Cananéia
há cerca de 120.000 anos, quando o mar atingiu o sopé da Serra do Mar,
ocasionando a deposição das argilas transicionais e marinhas da formação
Cananéia, recobrindo a Formação Pariquera-Açu de origem continental e de
idade terciária. O registro do evento transgressivo anterior foi encontrado
apenas na região de Icapara.
Segundo estádio: Após o máximo de transgressão, ocorreu a fase
regressiva, formando os depósitos de cristas praiais no topo dos depósitos
arenosos da Formação Cananéia.
Terceiro estádio: Durante a fase regressiva, o nível do mar esteve
sempre mais baixo do que hoje em dia, aproximadamente 100 metros abaixo
do nível atual há cerca de 18.000 anos, quando os rios da planície costeira
erodiram profundamente os depósitos da Formação Cananéia.
Quarto estádio: No início do último evento transgressivo, o nível do
mar subiu rapidamente, tendo ultrapassado o nível atual entre 6000 e 7000
anos A.P. Deste modo, o mar invadiu as áreas rebaixadas pela erosão,
formando um extenso sistema lagunar, onde sedimentos areno-argilosos
freqüentemente ricos em matérias orgânicas foram depositados, fato que
deve ter ocorrido há aproximadamente 5.150 anos. Enquanto isso, o mar
deve ter erodido as partes altas da Formação Cananéia, redepositando as
areias para formar depósitos marinhos holocênicos de natureza também
arenosa.
Quinto estádio: Quando ocorreu o retorno ao nível atual do mar,
cristas praiais regressivas holocênicas foram formadas. As flutuações do
nível marinho durante a parte final da última transgressão produziram várias
gerações de cristas praiais.

Área emersa

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A planície costeira de Cananéia - Iguape é delimitada a Nordeste e


Sudoeste por pontões de embasamento cristalino que avançam oceano
adentro, perfazendo uma superfície de quase 2.500 km² (SUGUIU &
TESSLER, 1992). Segundo o relatório da GEOBRÁS (1966), o embasamento
cristalino, de idade pré-cambriana, é de origem metamórfica, estando
relacionado ao Grupo Açungui. As rochas mais representativas são filitos,
micaxistos, migmatitos e gnaisses com intrusões de granitos, adamelitos e
granodioritos. Atravessando todas essas rochas, afloram rochas alcalinas
intrusivas do morro de São João e Morrete, além de outros tipos de rochas,
tais como, quartzitos, anfibolitos, etc.

Área submersa

A Plataforma Continental apresenta largura e relevos regulares, sem


grandes acidentes geográficos, sendo designada como embaiamento São
Paulo (BUTLER, 1970). Possui largura máxima de 210 km, no Estado de São
Paulo, situado no limite de quebra entre a plataforma com o declive suave (1
m/km), com talude de gradiente mais acentuado (20 m/km) entre
profundidades de 160 e 190 m. Nesta área verifica-se a presença de quatro
níveis topográficos, representados por quebra de relevo, respectivamente de
20 a 25 m, 32 a 45 m, 50 m e entre 60 e 75 m. Níveis esses relacionados às
fases de estabilização do nível do mar durante a transgressão pós-glacial
(SUGUIU & TESSLER, 1992).
A geomorfologia é fundamental à compreensão dos processos
naturais, especialmente, os físicos, os biológicos e os sociais, que compõem
a dinâmica da área. Essa compreensão é indispensável para destacarmos o
potencial e restrições do meio frente às possibilidades de ocupação do solo
(SMA, 1999).
As serras e montanhas encontram-se subdivididas em altas e baixas,
com amplitudes locais, respectivamente, acima de 500 m, e entre 300 e 500
m, e declividades altas e muito altas. As serras e montanhas ocorrem,
principalmente, no limite de São Paulo com o Paraná, no divisor de águas da
área de Cananéia com a bacia do Jacupiranga, e no limite entre estes
municípios. As planícies, que ocupam a maior parte da região, estão

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concentradas principalmente a NE e a E da área, sendo subdivididas em:


Terraços Marinhos, Planícies Marinhas, Praias, Planícies Aluviais, Planícies
Mistas, Turfas e os Mangues. As planícies têm o domínio de declividades
muito baixas e são inundáveis ou úmidas, mesmo não sendo homogêneas
entre si. Os canais lagunares e a plataforma tiveram abordagem em conjunto,
uma vez que a característica mais marcante de sua evolução são as
variações da linha de costa, cujos trechos mais móveis são justamente as
"barras", ou seja, a transição entre os dois grupos.

Sambaquis

Palavra de origem indígena, formada a partir de tambá (concha) e ki


(depósito) os Sambaquis são sítios arqueológicos, cujos sedimentos
apresentam mais de 80% de seu conteúdo composto por restos de conchas
de moluscos bivalves (GARCIA, 1992). Em Cananéia, os sambaquis são
formados por valvas de ostras do mangue do gênero Crassostrea, e estão
localizados quase sempre perto d'água. Esses sítios foram formados entre
7.000 a 1.000 anos A.P. por uma cultura pré-agrícola altamente adaptada ao
meio ambiente da costa, como confirmam sua grande longevidade e a grande
quantidade de sítios que deixou (UCHÔA, 1982).
Os sambaquis são registros importantes das oscilações do nível do
mar e da fauna do holoceno. Estes depósitos ocupam um lugar destacado no
panorama científico nacional e internacional enquadrando-se dentro do
Internacional Geological Correlation Programme, por contribuírem
significativamente para os estudos dos eventos geológicos holocênicos
(BARBIERI, 1995).
O Homem do Sambaqui, responsável por estes depósitos, fixava-se
temporariamente à beira-mar, acampava de preferência em lugares onde a
captura de peixes era fácil e os moluscos abundantes. Na Ilha Comprida, os
sambaquis possuem formas e dimensões variáveis: alguns têm até 100
metros de extensão e excepcionalmente alcançam 8 metros de altura. São
quase sempre ovais, mas acompanham as formas irregulares dos terrenos
que lhes servem de base. Estes depósitos são constituídos por camadas
arqueológicas superpostas, que atestam as sucessivas ocupações humanas.
SEAP – Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca – Presidência da República - 2008 37
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Segundo KNEIP (1987), tais camadas não se formam, contudo, de maneira


natural e mecânica, como num depósito de origem geológica, porque
decorrem da atividade antrópica.
Apesar da existência de uma rigorosa legislação para a proteção dos
bens culturais - a Legislação Brasileira Protetora das Jazidas Pré-históricas -
a destruição dos sambaquis vem ocorrendo de maneira sistemática, devido à
abertura de ruas para os loteamentos, que passam sobre este patrimônio
histórico e cultural (BARBIERI, 1995).

3.2.2. Unidades de conservação

As áreas sob proteção legal ocupam parcelas significativas do espaço


físico do Município, compreendendo Unidades de Conservação Ambiental e
áreas com características especiais protegidas por medidas específicas.
Segundo a definição do CONAMA são Unidades de Conservação Ambiental
propriamente ditas os Parques (Nacionais e Estaduais), as Áreas de Proteção
Ambiental - APA, as Estações Ecológicas e as Áreas de Relevante Interesse
Ecológico - ARIE.
As unidades de conservação que cobrem o município e influenciam
diretamente as condições ambientais do Estuário, estão listadas na TABELA
4 e visualizadas na FIGURA 12 (SEMA, 1998).

Parque Estadual da Ilha de Cardoso

Criado pelo Decreto Estadual nº 9.414 de 20 de janeiro de 1977,


possui uma área de aproximadamente 13.600 hectares, sendo administrado
pelo Instituto Florestal - SEMA. A ilha do Cardoso está sob jurisdição do
município de Cananéia e ambientalmente faz parte do Complexo Estuarino–
Lagunar de Iguape-Cananéia-Paranaguá ocupando a sua porção central.
Está localizado no extremo sul do litoral paulista, fazendo fronteira com o
Estado do Paraná. É a única Unidade de Conservação do município que
possui plano de manejo aprovado e em vigor.

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TABELA 4 - Unidades de conservação e áreas protegidas nos entornos de


Cananéia.

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL

Nome Municípios abrangidos


Parque Estadual da Ilha do Cardoso (PEIC) Cananéia
Registro, Jacupiranga, Cananéia,
Parque Estadual de Jacupiranga
Pariquera-Açu e Eldorado
Parque Nacional do Superagui Paraná
Reserva Extrativista do Mandira (RESEX) Cananéia
Estação Ecológica Federal Tupiniquins Peruíbe e Cananéia

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE USO SUSTENTÁVEL


Nome Municípios abrangidos
Área de Proteção Ambiental (APA CIP Federal) Cananéia, Iguape e Peruíbe
Área de Proteção Ambiental (APA Estadual) Ilha Comprida

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FIGURA 12 - Mapa da região de Cananéia com as localizações das Unidades


de Conservação que ocupam parte do território do município
(Fonte: SEMA, 1998).

Parque Estadual de Jacupiranga

O Parque Estadual de Jacupiranga, foi criado em 1969, pelo Decreto-


lei Estadual nº 145, de 8 de agosto. É o segundo maior em extensão no
Estado de São Paulo, sendo administrado pelo Instituto Florestal - SEMA.
Possui uma área aproximada de 150.000 hectares e está parcialmente
inserido no município.

Parque Nacional do Superagüi

Apesar de não estar incluída no município de Cananéia, a Ilha do


Superagüi é um ecossistema que, pela sua posição geográfica, influencia

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fortemente o estuário da região. Com 33.855,00 hectares, foi elevada a


Patrimônio Natural e Histórico em 1970 pela Divisão do Patrimônio Histórico,
Artístico e Cultural do Paraná, sendo tombada em 1985. Com a finalidade de
garantir a proteção das ilhas de forma mais eficaz, foi criado em 1989 o
Parque Nacional, formado pela ilha do Superagüi e pela ilha das Peças. Ao
ser ampliado, em 1997, abrangeu também uma parte do continente,
denominada Vale do Rio dos Patos, e as ilhas do Pinheiro e Pinheirinho. Em
1991 a região foi abrangida pela Reserva da Biosfera Vale do Ribeira-Serra
da Graciosa e em 1998 foi intitulada pela UNESCO como Sítio do Patrimônio
Natural da Humanidade, sendo administrada pelo IBAMA – MMA.

Reserva Extrativista do Mandira

A Reserva foi criada por decreto federal, assinado no dia 13 de


dezembro de 2002, beneficiando uma comunidade de caiçaras e quilombolas
que vivem, principalmente, da extração e do cultivo de ostras. Com área de
1.175 hectares, esta é primeira reserva extrativista no Estado de São Paulo,
cujo objetivo é assegurar o uso sustentável e a conservação dos recursos
naturais renováveis, garantindo os meios de sobrevivência e a preservação
da cultura da população local. A reserva é administrada pelo IBAMA,
responsável pelas medidas necessárias à sua efetiva implantação. Ao órgão
cabe também, a formalização do contrato de cessão de uso gratuito com a
comunidade extrativista e o acompanhamento do cumprimento das condições
estipuladas quando da sua criação.

Estação Ecológica Tupiniquins

Foi criada pelo Decreto Federal nº 92.964 de 21 de junho de 1986 para


proteger as ilhas e lages costeiras situadas ao longo do litoral sul de São
Paulo. Sua administração é do IBAMA. As ilhas sob a sua guarda pertencente
ao município de Cananéia são: ilha de Cambriú, com área aproximada de 2,3
hectares e a Ilha do Castilho com cerca de 6 hectares. O entorno marinho de
cada uma das ilhas, num raio de um quilômetro de extensão a partir das
águas nos rochedos e nas praias, também integra a Estação.
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.
Área de Proteção Ambiental de Cananéia-Iguape-Peruíbe (APA -CIP)

APA federal criada em 1984 é atualmente administrada pelo Instituto


Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). O
decreto que a instituiu definiu inúmeras Zonas de Vida Silvestre (ZVS) com
critérios rígidos, para assegurar as suas características originais. Por ser uma
unidade de uso indireto e de manejo sustentável, permite o exercício de
atividades socioeconômicas, que deverão acomodar-se dentro dos
parâmetros ambientais exigidos. Como ocorre em outras Ucs a APA - CIP, de
acordo com a legislação, é multiplamente protegida em termos ambientais,
combinando o nível federal com o Estadual. Algumas áreas da APA estão
inseridas em outras Ucs, como a EE Juréia-Itatins, a ASPE da Juréia, a APA
da Ilha Comprida, além de duas aldeias indígenas guaranis (Itariri e Rio
Branco), situadas no Município de Cananéia, esta última ainda não
homologada. A APA com cerca de 217.060 hectares, engloba também as
ilhas do Cambriú, do Castilho e da Figueira e conta com outros elementos
protegidos por lei: sambaquis, monumentos arqueológicos e pré-históricos,
submetidos à proteção específica decorrente de legislação federal e estadual.

APA da Ilha Comprida

Criada em 11 de março de 1987, pelo Decreto Estadual nº 26.881 e


regulamentada pelo Decreto Estadual nº 30.817, objetiva adotar um
disciplinamento da ocupação do solo e de atividades potencialmente
causadoras de degradação ambiental. O decreto de sua criação definiu como
área de sua abrangência a totalidade territorial da ilha, com área de 18.923
hectares. Apresentando um formato estreito e alongado, com
aproximadamente 70 km de extensão e 3 km de largura média, sua posição e
configuração são estratégicas para a manutenção do equilíbrio ecológico do
seu entorno, protegendo as águas salobras da laguna da influência direta das
marés e dos ventos oceânicos. Na Ilha Comprida encontram-se também,
além de manguezais, ambientes representativos de florestas da planície
litorânea e outros sistemas associados..
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Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) da Ilha Comprida

A ARIE da Ilha Comprida foi criada em 1989, através do Decreto


Estadual nº 30.817/89, com o objetivo de dar maior proteção aos ambientes
mais frágeis da ilha, ameaçados pela ocupação humana. Sua área se insere
dentro dos limites da APA da Ilha Comprida, além de sobrepor-se
parcialmente à APA de Cananéia-Iguape-Peruíbe. É administrada pela
CPLA/SMA, com área de 13.024 hectares.

Áreas Naturais Tombadas

A Resolução nº 40 de 6 de junho de 1985, do CONDEPHAAT instituiu


o tombamento da Serra do Mar e da Serra de Paranapiacaba. Segundo essa
resolução todos os parques, reservas e áreas de proteção ambiental criados
até aquela data, além de promontórios, morros isolados, ilhas e trechos de
planícies litorâneas, passaram a ser protegidos por mais este dispositivo
legal, denominado Área Natural Tombada. Foram incluídos também no
tombamento, três sambaquis na Fazenda Boa Vista, com área de 26,50
hectares (município de Cananéia). O principal objetivo do tombamento foi
articular e consolidar as múltiplas iniciativas do poder público, envolvendo os
inúmeros espaços protegidos desta região. São áreas de mais alta
importância para a conservação da natureza e manutenção da qualidade
ambiental.

Reserva da Biosfera da Mata Atlântica - REBIOS

A UNESCO nas últimas décadas vem se empenhando para escolher


áreas representativas dos grandes ambiente do mundo, contendo diferentes
biomas (costas, ilhas, montanhas, etc.), destinados a conservar uma
amostragem da diversidade do planeta. Estas áreas serão pesquisadas e
acompanhadas para entendimento de sua evolução, sem interferência
humana e porções com gestão equilibrada, mesmo em áreas de
recuperação. A iniciativa envolve a implantação de redes REBIOs adaptadas

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ao manejo sustentável de recursos naturais, voltadas para o desempenho


simultâneo de funções de conservação (proteção aos recursos genéticos),
logísticas (apoio à pesquisa e educação) e de desenvolvimento econômico e
social, mediante o uso racional e sustentável dos recursos dos ecossistemas
e mediante a cooperação das populações envolvidas. A Reserva da Biosfera
da Mata Atlântica, em fase de viabilização, estende-se desde o Estado do Rio
Grande do Sul até o Ceará, devendo ser uma das maiores do mundo,
podendo agregar outras áreas ou Unidades de Conservação Ambiental no
seu entorno.
Além das áreas protegidas elencadas, os terrenos da Marinha e seus
acréscimos também estão submetidos à legislação de proteção especial.
Constituem faixas de terreno situadas na costa marítima, até uma
profundidade de 33 metros, medidas horizontalmente, em direção à terra, a
partir da posição da linha de preamar média de 1831. Seus terrenos
localizados no continente, na costa e nas margens de rios e lagoas são
delimitados até onde se faça sentir a influência das marés, assim como nas
ilhas situadas em zonas que recebem a mesma influência. De acordo com a
Constituição Federal, estes terrenos são considerados bens da União (Artigo
20, parágrafo VII).

3.3. Bacias hidrográficas

A Bacia Hidrográfica do Rio Ribeira de Iguape e o Complexo Estuarino


Lagunar de Iguape-Cananéia-Paranaguá formam a região denominada Vale
do Ribeira com uma área de 2.830.666 hectares (28.800 km2), sendo
1.119.133 hectares no Paraná e 1.711.533 hectares em São Paulo, com área
de drenagem de 16.771 km2 (DAEE, 1987) (FIGURA 13).

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FIGURA 13 - Cartograma da Bacia Hidrográfica do Rio Ribeira de


Iguape.(Fonte: IBGE, 2000)

Essa bacia abrange 32 municípios, sendo que 23 destes estão


incluídos no Estado de São Paulo: Registro, Apiaí, Barra do Chapéu, Barra
do Turvo, Cajati, Cananéia, Eldorado, Iguape, Ilha Comprida, Iporanga,
Itaóca, Itapirapuã Paulista, Itariri, Jacupiranga, Juquiá, Juquitiba, Miracatu,
Pariquera-Açú, Pedro de Toledo, Ribeira, São Lourenço da Serra, Sete
Barras e Tapiraí (IBGE, 2000).
Seus principais cursos d’água são os Rios Juquiá, Ribeira, Ribeira de
Iguape, São Lourenço, Jacupiranga, Pardo, Una da Aldeia e Itariri. Os
reservatórios existentes são: Alecrim, Barra, França, Fumaça, Porto Raso,
Salto de Iporanga e Serraria .
De acordo com o DAEE, 1987, essa Bacia pode ser dividida em 13
sub-bacias. São elas:
1) Alto Ribeira, abrangendo os municípios de Barra do Chapéu;
Itapirapoã Paulista; Apiaí; Itaóca; Iporanga e Ribeira;
2) Baixo Ribeira, com os municípios de Apiaí; Iporanga, Eldorado e
Sete Barras;
3) Rio Ribeira de Iguape, abrangendo os municípios de Registro,

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Pariquera-Açú e Iguape;
4) Alto Juquiá, incluindo São Lourenço da Serra; Juquitiba e Tapiraí;
5) Médio Juquiá, com Tapiraí; Juquiá e Miracatu;
6) Baixo Juquiá, abrangendo Juquiá Tapiraí e Sete Barras;
7) Rio São Lourenço, que abrange Miracatu, Pedro de Toledo e
Juquiá;
8) Rio Itariri, abrangendo os municípios de Itariri e Pedro de Toledo;
9) Rio Una da Aldeia, município de Iguape;
10) Rio Pardo, município de Barra do Turvo;
11) Rio Jacupiranga, incluindo os municípios de Jacupiranga, Cajati e
Registro;
12) Vertente Marítima Sul, englobando os municípios de Cananéia e
Ilha Comprida;
13) Vertente Marítima Norte, abrangendo o município de Iguape.

Segundo dados do CETEC (2000), o Comitê da Bacia Hidrográfica do


Rio Ribeira de Iguape e Litoral Sul – CBH-RB foi instalado em 13.01.96, com
sede no município de Registro, com a competência de gerenciar os recursos
hídricos, visando à sua recuperação, reservação e conservação, na Unidade
de Gerenciamento de Recursos Hídricos UGRHI-11. De acordo com a
Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras do Governo do
Estado, suas prioridades de ação são as seguintes:

• Controle do desmatamento;
• Implementação do Macrozoneamento do Vale do Ribeira e Litoral Sul;
• Educação ambiental;
• Desenvolvimento do turismo;
• Saneamento básico;
• Abastecimento (captação superficial e subterrânea);
• Fiscalização Ambiental;
• Redução de invasões urbanas;
• Controle de erosão e reflorestamento.

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A sub-bacia Vertente Marítima Sul apresenta uma área de drenagem


de 1544,15 km2. De acordo com o CBH-RB (2004), essa sub-bacia não
apresenta condições de criticidade em relação aos recursos hídricos
disponíveis e à sua situação atual. Com relação à demanda, o índice em
relação à disponibilidade é de 3,4%, o que a coloca em posição bastante
favorável. O índice de tratamento de esgotos domésticos da UGRHI-11 é de
88%. Em particular o município de Cananéia apresenta 53% de coleta com
100% de tratamento, com uma carga poluidora potencial de 545 kg DBO /
dia, sendo o corpo receptor o Mar Pequeno, na altura do Bairro Porto
Cubatão. Segundo dados da CETESB, a carga poluidora proveniente de
esgotos domésticos, lançada na Bacia como um todo, é estimada em 8,3
tDBO5/dia, enquanto que a carga resultante das atividades industriais chega
a 0,05 tDBO5/dia, o que acaba comprometendo especialmente as sub-bacias
Alto Ribeira, Baixo Ribeira, Rio Jacupiranga e Rio Ribeira de Iguape. Na sub-
bacia Vertente Marítima Sul essa porcentagem é ainda menor, sendo
originária de poucas indústrias de processamento de pescado e de
fertilizantes. Não há um monitoramento realizado pela CETESB nas águas
doces do município.
Atualmente, a água doce que chega ao Sistema Estuarino-Lagunar de
Cananéia-Iguape é proveniente de uma bacia de drenagem formada pelos
rios Ribeira de Iguape, Taquari, Mandira, das Minas, Itapitangui e um grande
número de gamboas. O Rio Ribeira de Iguape é responsável pela principal
fonte de água doce do sistema, através de um canal artificial, Valo Grande,
que o interliga ao mar Pequeno. O seu curso final se estende pela planície
litorânea, formando meandros. As águas salobras, caracterizadas pela
mistura das águas salinas e doces, predominam nas regiões estuarinas que
ocorrem no Complexo Estuarino-Lagunar do Litoral Sul, formado pela Baía de
Trapandé e pelas barras de Cananéia e Icapara (Iguape), compondo áreas
importantes de manguezais, restinga e vegetação paludosa.

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A vazão média do Rio Ribeira de Iguape, na altura da cidade de


Registro, foi estimada em 435 m3/s para o período de observação entre 1953
e 1970 (DAEE, 1974). No trecho do Valo Grande, segundo estimativas da
GEOBRÁS (1966), a maior descarga média diária, para um período de
observação de 12 anos, foi 1.601 m3/s e a menor média diária 84 m3/s. A
bacia próxima a cidade de Cananéia, que tem como principais cursos d’água
os Rios Taquari, Mandira, das Minas, Itapitangui, contribuía na época
amostrada com 9,2 x 107 m3/ano , quase 3 m3/s (DAEE, 1987).

3.4. Águas estuarinas

O termo estuário é utilizado genericamente para indicar o encontro do


rio com o mar, caracterizando uma foz litorânea (BARREIRA-ALBA, 2004).
Segundo ADAIME (1985), a região de Cananéia é uma área que ainda se
mantém conservada sob o ponto de vista humano, considerada pela União
Internacional de Conservação da Natureza como o terceiro estuário do
mundo em termos de produtividade primária.
O ambiente natural no qual esta região está inserida pode ser muito
bem definido utilizando a conceituação de DAY e YANEZ-ARENCIBA (1982)
para estuário, como sendo: "um ecótono costeiro, ligado ao mar de maneira
permanente ou efêmera. Esses ecossistemas são corpos de águas rasas,
semi-fechados, de volumes variáveis, dependendo das condições locais
climáticas e hidrológicas. Têm temperaturas e salinidades variáveis, fundos
predominantemente lodosos, alta turbidez (...) A flora e a fauna apresentam
um alto grau de adaptações evolutivas às pressões ambientais e sua origem
é marinha, de água doce e terrestre (...) Nestas condições naturais, o
ecossistema funciona na base de uma matriz de inter-relações bióticas; este
balanço natural é também altamente vulnerável ao impacto do homem".
Do ponto de vista bio-ecológico, a zona estuarina tem um importante
papel na produção da matéria orgânica que serve de alimento para muitas
espécies. A elevada produtividade desta área faz dela um importante
criadouro para um grande número de peixes e crustáceos de interesse
comercial (BARBIERI e CAVALHEIRO, 2000).

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A zona costeira adjacente se enriquece através da contribuição de


matéria orgânica oriunda do estuário, representando também uma importante
zona de crescimento, alimentação, abrigo e trânsito para várias espécies
residentes e migratórias (BARBIERI, 1995).
Os corpos de água que delimitam as ilhas são: Canal de Ararapira,
entre a ilha do Cardoso e o continente; Baía de Trapandé, entre as ilhas de
Cananéia e do Cardoso; Mar de Itapitangui e de Cubatão, entre a Ilha de
Cananéia e o continente; Mar de Cananéia, entre as ilhas de Cananéia e
Comprida; o Mar Pequeno, entre a Ilha Comprida e o continente; e o Valo
Grande e rio Ribeira de Iguape, entre a ilha de Iguape e o continente.
O termo Mar de Cananéia passou a ser adotado à partir de 1950 por
W. Besnard para designar a porção do Mar Pequeno, é o principal canal do
Sistema Estuarino-Lagunar de Cananéia-Iguape. É um canal sinuoso, com
comprimento de aproximadamente 75 km, estendendo-se entre a Barra de
Cananéia (lat. 25º03’S) e a Barra de Icapara (lat. 24º41’S), cuja largura
máxima é cerca de 1,6 km. A área superficial total do canal estuarino, que
compreende o Mar Pequeno, Mar de Cananéia, Mar de Itapitangui, Mar de
Cubatão, Baía de Trapandé e Canal de Ararapira, é aproximadamente 135
km2.
A interligação com a região costeira adjacente é feita através de quatro
barras: Barra de Ararapira e de Cananéia (ao sul), de Icapara e do Ribeira
(ao norte). Sendo a Barra de Cananéia, entre a Ilha Comprida e a Ilha do
Cardoso, a que está mais próxima da região investigada e a que proporciona
trocas mais eficientes, por apresentar maior secção transversal.
Por volta do ano de 1841 o Governo da então Província de São Paulo
construiu um canal, inicialmente com 4,4 m de largura por 1,5 m de
profundidade, denominado “Valo Grande”, com a finalidade de encurtar a
ligação do rio Ribeira com o Porto de Iguape no Mar Pequeno. A vazão do rio
passou a se dar quase totalmente pelo Valo Grande, com apenas uma
pequena parcela de água desembocando pelo antigo leito do rio Ribeira de
Iguape (GEOBRÁS, 1966).
Com o tempo, o canal foi se alargando, atingindo 280 m de largura e
profundidade de 15 m (MISHIMA et al., 1985). Através deste canal fluía 75%
da vazão do Rio Ribeira de Iguape e o volume de água doce trazido pelo Valo
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Grande, era de aproximadamente 25% do volume total de água do mar que


entra pela Barra de Icapara (GEOBRÁS, 1996).
Em 1978, o canal foi fechado por uma barragem que fez com que o
Rio Ribeira de Iguape voltasse a fluir sobre seu leito inicial (ARON, 1989).
Segundo TOMMASI (1984), ocorreram importantes modificações ambientais
decorrentes deste fato, tais como:
a) Aumento da salinidade no sistema Estuarino-Lagunar em torno de
10;
b) Colonização de bancos de areia da região do Mar Pequeno, por
vegetação de mangue;
c) Alteração da macrofauna bêntica da região lagunar;
d) Modificação da ictiofauna, na parte sul do sistema.
Esta situação reverteu-se, em 1995, quando o Valo Grande foi
reaberto, fazendo com que a região recebesse novamente uma grande
quantidade de água doce, proveniente do rio Ribeira de Iguape (KUTNER,
1997). Hoje em dia, o aporte fluvial no sistema estuarino-lagunar se dá
principalmente através do Rio Ribeira de Iguape, cuja área de drenagem é de
aproximadamente 23.350 km², além da contribuição secundária dos rios
Taquari, Mandira, das Minas e Itapitangui (MISHIMA et al, 1985).

Circulação das águas

Com a instalação da base de pesquisa do Instituto Oceanográfico na


Ilha de Cananéia, os primeiros estudos oceanográficos da região lagunar-
estuarina foram publicados por BESNARD (1950), nos quais pode-se obter,
com base nas características oceanográficas e morfológicas da região, um
primeiro ensaio da gênese do sistema, o qual sugeriu a ação das correntes
costeiras como a principal forçante no transporte de sedimentos. Nesse
trabalho pioneiro, o autor definiu o sistema como lagunar. MACHADO (1952)
obteve os primeiros dados físico-químicos da Baía de Trapandé e da entrada
sul do sistema estuarino.
KATO (1966), analisando parâmetros físico-químicos coletados ao
redor da ilha de Cananéia, verificou que a maior parte da água oceânica que

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penetra na região estuarino-lagunar, durante a maré enchente através da


barra de Cananéia, toma a direção oeste, pela Baía de Trapandé, enquanto
uma quantidade menor entra pelo mar de Cananéia, aparentemente impedida
pela exigüidade da passagem. E durante a maré vazante, com a retirada de
água do sistema, observou uma grande velocidade de correntes através da
estreita passagem do mar de Cananéia.
Na área de oceanografia física, os trabalhos foram intensificados nos
anos seguintes. LORENZETTI (1976) identificou um atraso de
aproximadamente uma hora na propagação da onda de maré, entre a ilha de
Bom Abrigo e a estação maregráfica de Cananéia, com a primeira liderando a
segunda. MIYAO (1977) e MIYAO et al. (1986), apresentaram resultados de
distribuição de propriedades físicas e da circulação durante vários ciclos de
maré no Mar de Cananéia, classificando essa região como do tipo
parcialmente misturada, de acordo com o critério de estratificação da
salinidade. As constantes harmônicas das constituintes da maré e a sua
variabilidade interanual no período de 1969 a 1974 foram calculadas por
MESQUITA e HARARI (1983); Nesse trabalho também foram obtidos dados
estatísticos do nível do mar, adequadamente relacionados a um nível de
redução ao zero de marégrafo. Com essas constantes harmônicas, as
previsões de maré são regularmente publicadas desde 1988 (HARARI e
MESQUITA, 1997).
A circulação estuarina, segundo MYAO e HARARI (1989), é composta
de correntes de marés e correntes que derivam dos rios que formam os
estuários. Enquadradas nesta última estão as circulações residuais induzidas
por gradientes de salinidade, ação do vento e descarga fluvial.
A maioria dos trabalhos publicados sobre o sistema estuarino-lagunar
de Cananéia tem analisado basicamente a grande dependência que os
processos de circulação apresentam em relação à maré astronômica e,
secundariamente, ao deságüe continental. Pelos aspectos anteriormente
descritos, não há dúvida sobre estas questões já que as relações
apresentadas são diretas e, para curtos períodos, foram bem analisadas.
Porém os resultados de JOHANNESSEN (1967) indicam variações do nível
médio do mar, no período de 3 a 6 dias, associados à ação do vento, que já
deveriam ter sido mais bem estudados no regime de circulação residual deste
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sistema. Dentre os componentes de longo período, também aparecem as


análises espectrais realizadas por LORENZZETTI (1976), não sendo aí
discutidas por falta de elementos descriminantes. MIYAO e HARARI (1989)
indicaram, pela primeira vez, que existem evidências de uma relação direta
entre a corrente residual do estuário e as variações do nível médio do mar,
com a dependência deste último nas condições meteorológicas, em particular
o vento. Assim, a dinâmica do local e as conseqüências que esta acarreta em
termos de distribuição de propriedades, taxas de renovação de água é de
fundamental importância para a dinâmica do complexo estuarino-lagunar de
Cananéia. A propagação da onda de maré é o principal processo que atinge
a circulação hidrodinâmica no sistema estuarino-lagunar de Cananéia-Iguape,
promovendo as misturas entre as águas oceânicas e estuarinas
(BERNARDES, 2001). O aporte de água doce e a ação dos ventos, embora
de importância secundária, também contribuem para este processo
(BONETTI FILHO et al., 1996). Ocorre uma ramificação da corrente de maré
que entra pela barra de Cananéia, um ramo segue em direção ao Mar
Pequeno e outro segue para o Mar de Cubatão, através da Baía de Trapandé
(MIYAO, 1977). A ação da maré e o influxo de água doce no local ocasionam
os movimentos observados em todos os seus aspectos, tanto na distribuição
de propriedades, como salinidade e temperatura, como no padrão de
circulação resultante (MIYAO, op. cit).
MIYAO e HARARI (1989) demonstraram que a circulação é
predominantemente gerada pela maré semidiurna, com valores extremos de
0,83 m e 0,13 m para amplitudes de sizígia e quadratura, respectivamente. A
altura média da maré de Cananéia é de 81 cm (MESQUITA e HARARI, 1983)
e nas condições de sizígia e de quadratura esta altura atinge valores de 141
e 80 cm (BARREIRA-ALBA et al., 2002).
As correntes ocorrem na direção do eixo longitudinal do Mar de
Cananéia, com velocidades, na superfície, variáveis de 0,1 a 0,4 m/s na
enchente e de 0,04 a 0,7 m/s na vazante. Em profundidade de 6 m, a
velocidade da corrente varia de 0,18 a 0,20 m/s na enchente e de 0,04 a 0,18
m/s na vazante. Entretanto, na superfície, de 0,5 m/s, na enchente e de 1,0 a
2,0 m/s na vazante (MIYAO, 1977). No período de inverno, durante a maré
enchente, as correntes apresentam forte fluxo no sentido leste-oeste, na
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direção da boca do estuário, se estendendo na superfície de fundo tanto em


sizígia como quanto quadratura. Já na maré vazante restringem-se à
superfície devido à baixa descarga fluvial ocorrida no inverno. No sentido
norte-sul, as correntes apresentam fluxo na direção sul, direção preferencial
nesta parte do estuário (PICARELLI, 2001).

Temperatura da água

A temperatura da água apresenta uma variação cíclica anual bem


regular, com valor mínimo de 19,0º C, no inverno e um máximo de 28,0º C,
no verão. A média anual de temperatura da água é 23,8º C. A amplitude de
variação média diária é de 7,9º C (SCHAEFFER-NOVELLI et al., 1990)
(FIGURA 14). De acordo com OCCHIPINTI (1963) as variações na
intensidade de radiação solar, marés, precipitação, ventos, nebulosidade e
correntes marítimas são os principais fatores que afetam a temperatura da
água na região lagunar.
A distribuição longitudinal da temperatura é homogênea e depende das
diferenças de temperatura entre águas oceânicas e do interior do estuário
(MIYAO, 1977). As águas oceânicas, por serem mais frias que as da região
lagunar, provocam uma queda na temperatura ao penetrarem no interior do
estuário. As águas de precipitação são mais frias, o que contribui também
para alterar a variação térmica diária (TUNDISI, 1969).

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FIGURA 14 - Médias mensais de temperatura da água do mar registradas em


Cananéia no período de 1956 a 1994. Fonte: Instituto
Oceanográfico - USP

A variação da temperatura média diária da água estuarina é função da


variação da radiação solar (OCCHIPINTI, 1963). A flutuação da temperatura
da água no decorrer do dia é pequena, porém a temperatura da água é
superior à do ar, revelando a alta capacidade de armazenar o calor absorvido
durante o dia. Portanto, as concentrações de matéria em suspensão e de
taninos na água (estes provenientes da vegetação circundante) são também
fatores que influenciam a absorção da radiação solar, favorecendo o
aquecimento da água (TOMMASI, 1984).

Transparência e coloração das águas

Este é o índice mais evidente das condições estuarinas. Na época


chuvosa e no verão ocorrem valores mais altos. Já durante a seca e inverno,
verificam-se valores mais baixos de transparência da água (WAKAMATSU,
1973).

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Segundo GIANESELLA et al (2003), com relação ao parâmetro


transparência, o perfil de distribuição indica uma relação entre as águas
menos salinas ou densas e a maior quantidade de material orgânico
dissolvido, verificados na parte mais internas do canal. A distribuição vertical
acompanhou o padrão de densidade encontrando-se homogênea.
A coloração da água apresenta relação direta com os materiais nela
dissolvidos, deste modo, a água apresenta-se mais escura no interior do
canal devido à contribuição de ácidos húmicos do mangue (substância
amarela), resultante da decomposição de matéria orgânica pela rede
microbiana. Quanto maior a influência de águas marinhas, mais baixos os
valores da coloração da água (BARCELLOS, 2003).

Salinidade

A salinidade da região varia em função da quantidade de água doce


acumulada. Variações de curto período nos índices de precipitação e
descarga de água doce devem ter efeito significativo nos índices diários de
salinidade (MIYAO et al, 1986). É característica básica dos estuários uma
grande variação temporal e espacial de salinidade (SARTI, 1980).
A salinidade apresenta valor decrescente e distribuição longitudinal,
em direção ao interior do estuário com variáveis que tanto duram curtos
períodos, ou se estendem por toda uma estação. No interior do sistema, a
salinidade, que é bem maior no inverno do que no verão, varia em função da
maré, com os valores máximos e mínimos ocorrendo próximos às estofas de
preamar e baixa-mar, sendo a amplitude muito variável (BÉRGAMO, 2000). A
estrutura salina da Baía do Trapandé se apresenta em condições
semelhantes (SEMA, 1990). No mar de Cananéia existe um gradiente
longitudinal de salinidade, com maiores valores na região próxima da Barra
de Cananéia.
Segundo DULEBA (1997) a contribuição para o transporte advectivo
de sal é dominada pelo efeito da descarga de água doce estuário abaixo na
maré vazante e pelo termo dispersivo (estuário acima) da onda de maré
(transporte de Stokes). Durante a maré de sizígia o transporte de sal no Mar
de Cananéia chegou a cerca de 4,7 kg / m.s (MIRANDA e CASTRO, 1996).
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A salinidade está associada ao aporte fluvial e ao ciclo de maré,


variando de 0 a 34. O maior contribuinte de material terríneo para o sistema
estuarino é o Rio Ribeira de Iguape (MIYAO et al., 1986).

Potencial hidrogeniônico (pH)

A concentração hidrogeniônica da água (pH) flutua de 4,50 (TUNDISI,


1969) a 8,65 (TUNDISI et. al, 1973). Os valores mais baixos de pH ocorrem
próximo ao sedimento de fundo e no interior dos marigôs (rios que se formam
no meio do mangue) (TOMMASI, 1984). Os maiores valores ocorreram no
final da maré enchente e as maiores variações do pH coincidiram com o final
da maré vazante (GIANESELLA et al., 2003).

Oxigênio dissolvido

De acordo com TUNDISI (1969), no Mar de Cananéia, a concentração


de oxigênio dissolvido na água flutua de 1,94 ml/L a 5,52 ml/L. Valores
relativamente baixos de oxigênio dissolvido na água são usualmente
observados na proximidade do sedimento (junto ao fundo) ou no interior dos
marigôs, sendo que valores mais elevados ocorrem, em geral, na superfície
(SARTI, 1980). Porém, dependendo da circulação na área (maré), podem
ocorrer valores mais altos em profundidade do que em superfície (KUTNER,
1972). A supersaturação da água em oxigênio foi atribuída à atividade
fotossintética do fitoplâncton (TOMMASI, 1984).
A concentração de oxigênio em profundidades superiores a 4 m é
menor no verão. Essa redução se dá devido ao acúmulo de material em
suspensão. Os valores mínimos nesse período são de 1,94 ml/L e 2,57 ml/L a
6 m e 9 m respectivamente (TUNDISI, 1969).
O oxigênio dissolvido apresentou valores entre 80 e 90% de saturação,
sendo sua distribuição irregular em função da influência de águas de
gamboas predominantes de locais de processos de consumo ou produção de
oxigênio (MIYAO et al., 1986).
Segundo MIYAO et al. (1986), na Baía de Trapandé, os valores de
porcentagem de saturação são superiores a 85%, enquanto que no Mar de
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Cubatão oscilam entre 75 e 80%. Esses valores são decorrentes da


quantidade de material orgânico carreado pelos rios, presentes em grande
número na região. No Mar Pequeno, os valores de saturação de oxigênio são
altos, geralmente acima da saturação, devido a processos biológicos locais.

Sedimentos

Os sedimentos constituem uma importante fonte de nutrientes


orgânicos para a região de Cananéia (KUTNER, 1997).
A região lagunar é composta por sedimentos arenosos. Contudo, no
Mar de Cananéia, próximo às ilhas do Boqueirão e da Ponta do Padre, locais
de águas mais calmas ocorre a deposição de sedimentos pelíticos
(TESSLER, 1982). Verifica-se ainda uma maior alternância com termos
siltosos, o que permite maior retenção de sedimentos mais finos. Isto se deve
ao perfil meandrante deste sistema (BARCELLOS e FURTADO, 2004).
A distribuição dos sedimentos na região da Barra de Icapara apresenta
uma variabilidade textural, com predominância de termos arenosos. Já os
sedimentos mais lodosos estão associados às desembocaduras do Valo
Grande, de rios e gamboas, como também em locais de circulação mais
restrita, como os baixios ou ao redor de ilhas sedimentares (BARCELLOS e
FURTADO, 2003).
No mar de Cubatão, devido os processos deposicionais atuais,
ocorrem sedimentos com grânulos (BARCELLOS e FURTADO, 2004). Os
sedimentos de fundo da área constituem uma importante fonte de nutrientes
orgânicos (KUTNER, 1997). A região do Mar de Cananéia, até a junção com
o Mar Pequeno e parte da Baía do Trapandé, apresenta o mais baixo teor de
matéria orgânica médio (12,3%) da região de Cananéia, com valores entre
3,00-3,50% de carbono orgânico e entre 0,300-0,400% de nitrogênio total. A
razão Carbono/ Nitrogênio (C/N) foi a menor de todas as áreas, com valores
médios de 8,55, indicando condições para uma decomposição mais ativa de
matéria orgânica. Os baixos conteúdos de matéria orgânica desta área
associam-se à ausência de rios de grande porte, que carreiem quantidades
significativas de detritos orgânicos, especialmente de origem vegetal. Nos
locais em que o contingente de água fluvial é maior, o conteúdo de matéria
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orgânica dos sedimentos se elevou (14,5%). Proporcionalmente, a


concentração de carbono orgânico aumentou mais (5,00-5,50%) do que a
concentração de nitrogênio total (0,400-0,500%), tornando mais alta a razão
C/N (10,68) (KUTNER, 1997).

Nutrientes e matéria orgânica

A água dos estuários do Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape-


Cananéia contém elevadas taxas de sais nutrientes nitrogenados (amônia e
nitratos). A origem desses nutrientes é em parte natural, a partir da
degradação da matéria orgânica do próprio ambiente, e também artificial, a
partir de efluentes urbanos, principalmente aqueles oriundos da cidade de
Cananéia e Iguape (BARBIERI, 1995).
Estas características nutritivas do estuário foram definidas a partir de
estudos locais, que registram teores médios elevados de amônia em
amostragens nas proximidades do porto de Cananéia, em épocas de verão.
Os resultados destes estudos revelam valores considerados altos quando
comparados com aqueles aceitos como normais em estuários (BRAGA,
1999).
Através de dados de KUTNER (1997) verifica-se que existe uma
grande concentração de nutrientes no Complexo. Os principais estão
relacionados abaixo, juntamente com as concentrações observadas por esse
autor.
Amônia dissolvida: As amplitudes de concentrações de amônia
dissolvida foram de 0,12-0,66 µm (verão) e de 0,07-0,69 µm (inverno);
Nitrato e nitrito dissolvidos: Para o nitrato e nitrito dissolvidos, os
valores variaram respectivamente de 1,07-7,69 µm e de 0,11-0,34 µm
durante o verão e de 0,05-1,46 µm e de 0,06-0,35 µm durante o inverno;
Uréia dissolvida: As concentrações de uréia dissolvida oscilaram
entre 0,00-1,41 µm (verão) e entre 0,50-3,90 µm (inverno);
Nitrogênio total dissolvido: Os teores de nitrogênio total dissolvido
não apresentaram grandes variações sazonais. Há predomínio da forma
inorgânica (nitrato) no verão e da forma orgânica no inverno;
Fósforo total dissolvido: A forma inorgânica predominou no verão,
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com uma amplitude de 0,24-0,46 µm e um valor médio ± desvio padrão de


0,36 ± 0,06 µm em relação ao inverno (0,04-0,46 µm; 0,19 ± 0,11 µm). Por
outro lado a forma orgânica predominou ligeiramente durante o inverno (0,01-
0,45 µm; 0,12 ± 0,10 µm), em relação ao verão (0,00-0,14 µm; 0,05 ± 0,04
µm);
Silicato dissolvido: Os teores de silicato dissolvido variaram de 3,7-
13,8 µm (inverno) e de 0,0-314,9 µm (verão).
Ferro dissolvido: É um elemento associado à água de rios, sendo de
grande utilidade para determinar o efeito das águas continentais em estuários
(BARRERA-ALBA et al., 2002). Esse elemento apresentou concentrações
inferiores a 65 µm no sul do estuário, sendo que na região centro-norte foram
superiores a 200 µm (CARMOUZE et al, 1998). Nos estuários observa-se que
estes teores sofrem um decréscimo à medida que as águas doces se
misturam às marinhas (NISHIARA, 1989).
Enxofre: os teores de enxofre total apresentaram distribuição
aleatória, com altos valores localizados próximos de núcleos com baixos
teores. Em áreas abrigadas ocorre um crescimento exponencial do enxofre
em relação a carbono e nitrogênio, devido aos processos de decomposição
anaeróbica de matéria orgânica (BARCELLOS e FURTADO, 2003).
As variações longitudinais das concentrações de nitrato, nitrito e
fosfato são menores no Mar de Cananéia. Durante o verão, as maiores
variações ocorrem na preamar. Os valores médios, observados nos locais
mais próximos da Barra de Cananéia, foram de 0,7 µm para o fosfato, 0,5 µm
para o nitrato e 0,3 µm para o nitrito, havendo uma rápida diminuição em
direção ao estuário. No inverno observaram-se menores concentrações
médias, com cerca de 0,25 µm para o fosfato e nitrato e 0,1 µm, para o nitrito.
Na Baía do Trapandé e Mar de Cubatão, no verão, a distribuição de fosfato é
semelhante à verificada no Mar de Cananéia, com concentrações maiores na
preamar. As concentrações de nutrientes foram geralmente menores do que
as do Mar de Cananéia (MIYAO et al., 1986).
Quanto à entrada de matéria orgânica e inorgânica, a produtividade
primária tem seu ápice no verão na Barra de Cananéia, onde estão presentes
materiais em suspensão devido às zonas máximas de turbidez. A
produtividade também é alta na parte interior do estuário durante o inverno,
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devido à menor descarga fluvial nessa estação e, consequentemente, menor


turbidez (BONETTI FILHO et al., 1996).
Segundo CAMPOS (1998) as regiões estuarinas são ricas em matéria
orgânica com tempo de permanência variável. Em locais com maior influência
de água doce, encontram-se nos sedimentos de fundo, maiores valores de
matéria orgânica (KUTNER, 1997).

Fitoplâncton

Nos sistemas aquáticos, muitas espécies de fitoplâncton (conjunto de


vegetais microscópicos) convivem ao mesmo tempo, estando o seu
crescimento adaptado às condições ambientais e correlacionado com todos
os demais organismos do ecossistema, através da cadeia alimentar. Essas
relações tróficas se estabeleceram ao longo da evolução dos ecossistemas.
Conseqüentemente, quaisquer alterações sofridas por esse grupo
acarretarão uma profunda desestruturação de toda a comunidade, afetando o
balanço natural (BARBIERI, 1995). Especificamente o fitoplâncton da região
de Cananéia compreende organismos adaptados a grandes variações de
salinidade entre 12,00 a 34,90 (TEIXEIRA e KUTNER, 1961).
Dentro do fitoplâncton da região o principal grupo são as diatomáceas,
seguindo-se do grupo dos fitoflagelados (organismos < 10 µm).
Dinoflagelados, silicoflagelados e cianofíceas compõem uma fração muito
pequena e não representativa do fitoplâncton total (KUTNER, 1975). Entre as
espécies presentes se distinguem formas estuarinas, que se caracterizam por
serem eurihalinas e formas estenohalinas oligohalinas (TEIXEIRA e
KUTNER, 1961).
Os estudos taxonômicos sobre o fitoplâncton da Região Lagunar de
Cananéia, centralizam-se basicamente segundo TUNDISI (1987) sobre os
principais gêneros e espécies que compõe a flora de Diatomáceas. Como
formas típicas de fitoplâncton encontram-se as seguintes espécies: Lauderia
annulata Cleve (referida como Lauderia borealis Gran), Skeletonema
constatum (Grev.) Cleve, Guinardia flaccida (Castr.) H. Peragallo, Proboscia
alata (Brightwell) Sundström (referida como Rhizosolenia alata Brightw),
Leptocylindrus danicus Cleve e Detonula pumila (Ca stracane) Gran (referida
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como Schröderella delicatula (H. Per.) Pav.) (KUTNER, 1997).


Trabalhos de ANDRADE e TEIXEIRA, 1957, TEIXEIRA e KUTNER,
1961 mostraram a existência de três tipos de comunidades de fitoplâncton,
características da Região Lagunar e nela distribuídas de acordo com os
padrões de variação de salinidade:

A) Organismos adaptados a pequenas variações dentro de um aspecto de


alta salinidade: Chaectoceros costatus, Chaectoceros curvisetus, Ditylum
brightwelii.

B) Organismos adaptados a grandes variações de salinidade: Skeletonema


costatum, Guinardia flaccida, Rhizosolema alata.

C) Organismos adaptados a pequenas variações dentro de espectro de baixa


salinidade: Pinnularia interrupta, Pinnularia latevitlata.

Estudos do ciclo estacional mostraram um pico de crescimento de


Skeletonema costatum durante os meses de verão (TUNDISI, 1969, 1970,
TUNDISI et al., 1973, KUTNER, 1975, AIDAR-ARAGÃO, 1980). TUNDISI
(1987) constatou o posterior desaparecimento de um desses picos durante o
verão. KUTNER e AIDAR-ARAGÃO (1986) concluíram que uma das
prováveis causas desse desaparecimento foi a diminuição da concentração
de nutrientes como resultado do fechamento do Valo Grande.

Standing-Stock (clorofila-a)

Em relação ao “standing-stock” do fitoplâncton ocorre um máximo no


verão e um mínimo no inverno, com acentuada variação no decorrer do ano,
aumentando da Barra de Cananéia para o interior do estuário
(CARVALHEIRA, 1977).
O fitoplâncton é basicamente constituído por maior quantidade de
células de dimensões incluídas na categoria do nanoplâncton, do que por
células da categoria denominada microplâncton. Há indicações de que a
densidade de células sofre flutuações no decorrer do dia, em função da maré
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(TEIXEIRA e KUTNER, 1961).


As quantidades de clorofila-a apresentam-se muito altas, variando de
2,17 a 9,89 mg/m3, em diferentes regiões, sendo que a média de verão
relativa à superfície e à profundidade, correspondente a 10% de penetração
de luz, é superior a média de inverno, em todos os locais (KUTNER, 1997).
Segundo dados apresentados por GIANESELLA (2003), a quantidade
de clorofila-a variou de 4,64 a 25, 91, sendo que este valor máximo coincidiu
com o seston total e orgânico na região mais profunda. Já a clorofila-a ativa
aumentou em direção à região interna do estuário, conforme se desenvolveu
o período de estofa, permanecendo por volta dos 70% durante as enchentes.
Isto é decorrente das circulações e da grande quantidade de nutrientes
disponíveis, com maior concentração de clorofila-a a 6 m de profundidade.
KUTNER (1975) demonstrou que não houve diferença entre o
“standing-stock” de superfície (100% de intensidade luminosa) e aquele de
profundidade (correspondente a 1% de penetração de luz), sugerindo não
ocorrer estratificação de fitoplâncton na região.

Produção primária

A produção primária sofre acentuada variação sazonal (TUNDISI,


1969), sendo geralmente, mais elevada no verão do que no inverno
(TEIXEIRA, 1969). A elevação da temperatura, o aumento de substâncias
húmicas na água e a eutrofização resultante de maiores índices de
precipitação, com o aumento da drenagem continental e da aceleração dos
processos de regeneração de nutrientes, são fatores responsáveis pelas altas
taxas de produção primária obtidas durante o verão (KUTNER, 1997).
Em Cananéia, determinações de produção primária in situ, mostram
valores que variam de 0,29-18,52 mg C./ m3.h no inverno e de 1,39-87,09 mg
C / m3.h no verão. Porém no verão e no outono, valores superiores, em torno
de 430 mg C/ m3.h, foram determinados também através de experimentos in
situ. Quanto à produção primária estimada in situ, a área é considerada de
moderada a altamente produtiva, ao longo do ano (0,10-0,80 g C./m3.dia)
(TUNDISI et al., 1973).
Na região de Cananéia, os estudos da variabilidade temporal a curto
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prazo do fitoplâncton são escassos (BRAGA, 1995). Esses estudos


demonstram que, em função da hora ou período do dia em que as amostras
são coletadas, grandes discrepâncias podem ocorrer nas estimativas de
biomassa (concentração de clorofila-a) e produção primária, devido à grande
instabilidade de condições físico-químicas do ecossistema, às interações
biológicas e aos ritmos dos processos fisiológicos do fitoplâncton (KUTNER,
1997).

Zooplâncton

O fito e o zooplâncton desempenham o papel mais importante no ciclo


biogeoquímico dos elementos-traços, não somente porque podem concentrar
grandes quantidades de metais pesados e passá-los ao longo da cadeia
alimentar, mas também porque podem redistribuir os elementos-traços
através da submersão de estruturas esqueléticas planctônicas, detritos
orgânicos, resíduos fecais, mudas de carapaças de crustáceos e migrações
verticais. Porém neste ecossistema, o zooplâncton depende troficamente do
manguezal adjacente que proporciona fosfatos, nitratos, detritos orgânicos,
bactérias e matéria orgânica dissolvida (BARBIERI, 1995).
Segundo KOICHI (1998), o zooplâncton do estuário de Cananéia é
composto por organismos pertencentes a vários taxas: Protozoa
(Foraminíferos e Acantharia), Cnidária (Hydroida e Siphonophora),
Chaetognatha, Appendicularia, Nematoda, Mollusca (Gastropoda e Bivalvia),
Bryozoa, Tentaculata, Echinodermata e Polychaeta, Crustácea (Cladocera,
Copepoda, Ostracoda, Mysidacea, Isopoda, Cumacea, Amphipoda,
Decapoda e Cirripedia); ovos e larvas de peixes.
A Classe Copepoda e o Filo Chaetognatha ocorram em todas as
amostras feitas por KOICHI (1998), enquanto que os Cirripedia,
Appendicularia, Gastropoda, Bivalvia, Polychaeta, Decapoda,
Foraminífera/Acantharia, Mysidacea, Pisces (ovos e larvas) e Hydroída
estiveram presentes em 50% das amostras.
Dentro do zooplâncton, os organismos mais freqüentes foram os
Copepodas e larvas meroplanctônicas, seguido de Apendicularia (TEIXEIRA

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et al., 1965). Oithona ovalis, Acartia lilljeborgi, Paracalanus crassirostris e


Oncaeamedia foram espécies dominantes, sendo também encontradas
medusas, Chaetognatha (ALMEIDA PRADO, 1968), Cladocera, Tintinnida e
larvas de moluscos, apresentando os máximos em março e abril, depois dos
“blooms” de fitoplâncton. O decapoda mais comum no estuário é Lucifer
faxoni (BARBIERI, 1995).
Segundo MONTU (1987), as espécies de zooplâncton mais
representativa nos gradientes de salinidade apresentam-se distribuídas da
seguinte maneira:
a) Salinidades médias ou muito baixas: Pseudodiaptonnus acutus.
b) Salinidades médias: Acardia lilljeborgi.
c) Águas costeiras: Euterpina acutifrons.
d) Com ampla distribuição: Paracalunus crassirostris.
Além dos grupos mencionados, foram encontradas 6 espécies de
Mysidacea, todos de origem costeira e de reprodução continua: Mysidopsis
tortenei, Brasilomysis castroi, Metamysidopis elongata, Bowmaniella
brasiliensis, Pranysis atlântica e Mysidopis coelloi (ALMEIDA PRADO, 1972,
1974).
Com o fechamento do Valo Grande, uma das alterações detectadas foi
a substituição de Oithona osvaldocruzi, espécie de águas menos salinas por
Corycaeus giesbrechti própria de águas costeiras e de plataformas (MONTU,
1987).

3.5. Estudos e planejamentos prévios relacionados ao


zoneamento costeiro

São os seguintes os estudos e planejamentos prévios relativos ao


zoneamento costeiro já realizados na região do município de Cananéia:

Zoneamento Ecológico Econômico

O Zoneamento Ecológico Econômico proposto para o Complexo


Estuarino-Lagunar compreende um conjunto de unidades territoriais,

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definindo os usos mais adequados, bem como os planos de manejo da área


abrangida. Busca integrar as iniciativas propostas e consolidar seu
planejamento, visando o desenvolvimento sustentável da região.
A região de Cananéia apresenta uma diversidade de ambientes
naturais preservados que constituem um dos ecossistemas mais produtivos
do planeta, com elevado interesse econômico. Este ambiente natural foi
definido como prioritário para o início do Programa Estadual de
Gerenciamento Costeiro, que se estruturou a partir da Lei Federal n° 7661/99.
A base econômica e cultural da região é constituída através das
atividades agrícola, florestal, pastoril e pesqueira. No entanto, estas
atividades vêm sendo descaracterizadas por problemas de posse de terra,
pela falta de legislação ambiental articulada com a realidade da comunidade
e pela especulação imobiliária. Estes fatores somados ao êxodo rural, ao alto
índice de analfabetismo, às precárias condições de saúde, à urbanização
desordenada e saneamento básico deficiente, tornam-se determinantes da
baixa qualidade de vida da população regional.
Esse plano iniciou-se com uma proposta desenvolvida pela
Coordenadoria de Planejamento Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente
do Estado de São Paulo. O objetivo básico é a proposição de diretrizes de
uso e ocupação do solo e manejo dos recursos naturais da região, visando
integrar e organizar, em conjunto com os municípios, a gestão territorial
necessária para promover o desenvolvimento sustentável (SEMA, 2005).

Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro

O Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro (PEGC), instituído pela


Lei Estadual 10.019 de 03 de julho de 1998, tem por objetivo geral disciplinar
e racionalizar a utilização dos recursos naturais da zona costeira, por meio de
instrumentos próprios, visando proteger os ecossistemas costeiros e melhorar
a qualidade de vida das populações locais. Neste foi previsto a criação de um
Grupo de Coordenação Estadual, com integrantes do Estado, os Municípios e
a Sociedade Civil Organizada. A partir deste grupo foram criados Grupos
Setoriais, com a finalidade de atender as quatro zonas estabelecidas na lei, já
que cada uma possuía características físicas e sociais peculiares, sendo
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essas: Litoral Norte, Baixada Santista, Complexo Estuarino-Lagunar de


Iguape-Cananéia e Vale do Ribeira. A lei 10.019/98 ainda prevê, como
instrumento de gerenciamento costeiro, o Zoneamento Ecológico-Econômico;
Sistema de Informações; Planos de ação e Gestão; Controle e
Monitoramento.
Dentro do Programa Nacional do Meio Ambiente encontra-se
concluído o Macrozoneamento do Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape-
Cananéia (MACROSUL), visando uma economia voltada para o eco-turismo-
pesqueiro que não afete a qualidade dos ecossistemas. Prevê, também, os
usos sustentados da agricultura, reflorestamento e extrativismo vegetal,
utilizando mão-de-obra rural numa perspectiva de sustento e trocas
produtivas, implantando uma infra-estrutura urbana e regional e impede a
formação de colegiados costeiros que devem integrar-se com o Comitê da
Bacia Hidrográfica e o Consórcio de Desenvolvimento Intermunicipal do Vale
do Ribeira (CODIVAR).
O Gerenciamento Costeiro visa ao desenvolvimento sustentável da
área, integrando-se a outras iniciativas governamentais voltadas para a
região (SEMA, 1996).

Projeto Orla

O Projeto Orla iniciou-se em 2001, visando à descentralização dos


procedimentos de destinação de usos de bens da União e aproximação das
políticas ambiental e patrimonial, envolvendo os Órgãos Estaduais de Meio
Ambiente - OEMAs e às Gerências Regionais do Patrimônio da União -
GRPUs.
O objetivo do Projeto é priorizar dentro do plano de gestão para os
municípios participantes os seguintes temas: projetos de urbanização;
projetos paisagísticos; organização e padronização de quiosques; definição
de acessos; construção de passarelas elevadas; construção e implantação de
equipamentos nas praias; saneamento ambiental; elaboração ou revisão de
plano diretor e seus instrumentos complementares; criação, demarcação,
elaboração ou implantação de plano de manejo em unidades de
conservação; regularização fundiária; capacitação e fortalecimento
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comunitário (qualificação da mão de obra local e comunicação/informação


ambiental); manejo de ecossistemas costeiros (dunas, restingas, falésias,
matas ciliares e manguezais); ordenamento de atividades associadas à pesca
e maricultura; sinalização (turística; atividades náuticas: navegação, esporte e
lazer, pesca, atracadouros); gestão de resíduos sólidos; controle e prevenção
de erosão e ações para eco-turismo (MMA, 2002).

3.6. Legislação federal, estadual e municipal aplicada à


aqüicultura

São as seguintes as leis existentes Estaduais, Municipais, Resoluções


e Instrumentos Normativos relacionadas à aqüicultura:

- Decreto nº 24.643 de 10 de julho de 1934 (Código da Águas).


Estabelece o código das águas. Define águas públicas de uso comum e
dominial, bem como os critérios e condições para a sua utilização.

- Decreto nº 55.871, de 26 de março de 1965. Estabelece normas


reguladoras do emprego de aditivos e limites máximos de tolerância de
contaminantes inorgânicos para os alimentos. Para pescadores, em geral, os
limites máximos toleráveis de presença de metais pesados. Antimônio: 2,00
ppm; Chumbo; 2,00 ppm; Arsênico: 1,00 ppm; Cobre: 30,00 ppm; Cádmio:
1,00 ppm; Cromo: 0,10 ppm; Mercúrio: 0,50 ppm; Níquel: 5,00 ppm e Zinco:
50,00ppm.

- Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 (Código Florestal).


Define medidas de proteção de certas formas de vegetação, especialmente,
daquelas intimamente associadas a recursos hídricos (mata ciliar, margens
de rios, reservatórios e mangue). Estes tipos de vegetação encontram-se em
áreas de grande interesse para maricultura. Define os afastamentos
necessários dos mananciais hídricos para a instalação de qualquer
empreendimento, incluindo projetos de aqüicultura.

- Decreto Lei 221, de 28 de fevereiro de 1967 (Código de Pesca).

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Voltado mais amplamente para a atividade pesqueira o decreto estabelece


algumas normas gerais que dão embasamento a várias portarias da SUDEPE
e do IBAMA. Proibe a importação ou a exportação de quaisquer espécies
aquáticas, em qualquer estágio de evolução, bem como a introdução de
espécies nativas ou exóticas nas águas interiores sem autorização. Obriga os
proprietários ou concessionários de represas em cursos d’água, além de
outras disposições legais, a tomar medidas de proteção à fauna. Torna
obrigatória a exploração de campos naturais de invertebrados aquáticos, bem
como de algas, somente dentro das condições que forem especificadas pelo
órgão competente.

- Lei Estadual nº 997/76. Dispõe sobre o controle de poluição do meio


ambiente, enquadrada as águas interiores do Estado de São Paulo em quatro
classes, em função de seus usos preponderantes e fica aos padrões de
qualidade.

- Portaria SUDEPE nº 001, de 04 de janeiro de 1977. Estabelece


normas de proteção à fauna aquática, quando da construção de barragens
que implicarem na alteração de cursos d’água. Obriga as empresas a
elaborar projetos, executar obras e implantar as instalações de proteção à
fauna aqüícola, na forma indicada pela SUDEPE (hoje IBAMA),
simultaneamente com aquelas que irão alterar o curso d’água.

- Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981. Estabelece a Política Nacional


do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação,
constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente, cria o Conselho Nacional do
Meio Ambiente e institui o cadastro Técnico Federal de Atividades e
instrumentos de Defesa Ambiental.

- Resolução CONAMA nº 004, de 18 de setembro de 1985. Esta


resolução está relacionada com a lei 6.938/81, e estabelece definições e
identifica as Reservas Ecológicas de que trata o artigo 18 da lei citada.

- Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Estabelece


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em seu artigo 2º, item XII que o licenciamento de atividades modificadoras


como, por exemplo, extração e cultivo de recursos hídricos, dependerá a
aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA a cujas competências
serão submetidos o estudo de impacto ambiental e respectivo relatório –
RIMA.

- Resolução CONAMA nº 006, de 24 de janeiro de 1986. Aprova os


modelos de publicações de pedidos de licenciamento, em quaisquer de suas
modalidades, a respectiva concessão e aprova os novos modelos para
puiblicações de licenças.

- Resolução CONAMA nº 011, de 18 de março de 1986. Acrescenta


o inciso XVII ao artigo 2º, da resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de
1986, com a seguinte redação: “Projetos agropecuários que contemplam
áreas acima de 1.000 ha. Ou menores, neste caso, quando se tratar de áreas
significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista
ambiental, inclusive nas áreas de proteção ambiental”.

- Resolução CONAMA nº 020 de 18 de junho de 1986. Estabelece a


classificação das águas doces, salobras e salinas do Território Nacional,
considerando seus níveis de qualidade, visando a controlar a poluição, sem
afetar o bem-estar humano, à saúde, evitando alterações no equilíbrio
ecológico aquático.

- Lei nº 7.661, de 16 de maio de 1988 (Gerenciamento Costeiro).


Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro – PNGC. Estabelece
que o PNGC deverá prever o zoneamento de usos e atividades na Zona
Costeira e, dar prioridade à conservação e proteção dos recursos naturais,
renováveis e não-renováveis; recifes, parcéis e bancos de algas; ilhas
costeiras e oceânicas; sistemas fluviais, estuarinos e lagunares, baías e
enseadas; praias; promontórios, costões e grutas marinhas; restinga e dunas;
florestas litorâneas, manguezais e pradarias submersas.

- Lei nº 7.679, de 23 de novembro de 1988. Estabelece entre outras


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proibições, a de pescar exemplares com tamanhos inferiores aos definidos


para cada espécie, proteção da desova.

- Resolução CONAMA nº 013, de 06 de dezembro de 1990.


Estabelece a obrigatoriedade de licenciamento ambiental, em um raio de dez
quilômetros, nas áreas circundantes das Unidades de Conservação, para
qualquer atividade que possa afetar a biota.

- Lei 8.167, de 04 de janeiro de 1993. Dispõe sobre o mar territorial, a


zona contígua, a zona econômica exclusiva e a plataforma continental.

- Portaria do IBAMA nº 142, de 22 de dezembro de 1994. Proíbe a


introdução, a transferência, o cultivo e a comercialização de formas vivas do
bagre-africano (Clarias gariepinus) e do bagre-do-canal (Ictalurus punctatus),
nas áreas abrangidas pelas bacias dos rios Amazonas e Paraguai.

- Portaria do IBAMA nº 1.747, de 22 de outubro de 1996. Delega


competência aos superintendentes estaduais do IBAMA para, no âmbito de
sua atuação, baixarem portaria normativa referente à coleta de sementes de
moluscos bivalves em ambientes naturais, devendo, para tanto, serem
definidos: locais e épocas de coleta; espécies e quantidades coletadas por
empreendimento de aqüicultura/ano; métodos de coleta; tamanhos mínimos e
máximos para coleta.

- Portaria Ministério da Saúde no 01/1987. Relativa ao controle


bacteriológico de moluscos bivalves

- Portaria IBAMA nº 113, de 25 de novembro de 1997. Estabelece a


obrigatoriedade ao registro no Cadastro Técnico Federal de Atividades
Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais para as
pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a atividades potencialmente
poluidoras e/ou extração, transporte e comercialização de produtos
potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de minerais,
produtos e subprodutos da fauna, flora e pesca. Relacionadas à aqüicultura
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estão contempladas as seguintes categorias com seus respectivos códigos:


Aquicultor (20.04); Pesque-pague (20.05) e Empresa que comercializa
animais aquáticos vivos (20.08).

- Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997.


Estabelece a obrigatoriedade ao licenciamento ambiental dos
empreendimentos e das atividades que especifica em anexo.

- Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 (Lei de crimes


ambientais). Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

- Lei Estadual nº 10.019 de 03 de julho de 1998. Dispõe sobre o


Plano Estadual do Gerenciamento Costeiro. Esta lei institui o Plano Estadual
de Gerenciamento Costeiro, estabelece seus objetivos e diretrizes e disciplina
os instrumentos de sua elaboração, aprovação e execução.

- Portaria IBAMA nº 136, de 14 de outubro de 1998. Estabelece


normas para o registro de Aqüicultor e Pesque-pague no IBAMA. Define
como aquicultor: a pessoa física ou jurídica que se dedique ao cultivo ou
criação de organismos cujo ciclo de vida ocorre, inteiramente, em meio
aquático; Pesque-pague: a pessoa física ou jurídica que mantém
estabelecimento constituído de tanques ou viveiros com peixes para
exploração comercial da pesca amadora.

- Portaria do IBAMA nº 145 de 29 de outubro de 1998. Estabelece


normas para introdução, reintrodução e transferência de peixes, crustáceos,
moluscos e macrófitas aquáticas para fins de aqüicultura, excluindo-se as
espécies animais ornamentais. Esta portaria proíbe no Brasil a importação de
formas jovens (sementes, larvas etc) de crustáceos e moluscos.

- Decreto nº 2869 de 09 de dezembro de 1998. Regulamenta a


cessão de águas públicas para exploração da aqüicultura, e dá outras
providências. A demarcação de áreas de criação, a condição de “estudo de
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caso” é claramente favorável, pois legaliza a atividade em algumas áreas e


promove a implantação de projetos de aqüicultura, dando preferência para as
populações locais (Art. 3).

- NORMAN Nº 11 (Norma da Autoridade Marítima) de 2001, item


108. Dispõe sobre obras, dragagens, pesquisa e lavra de minerais sob, sobre
e às margens das águas jurisdicionais brasileiras.

- NORMAM 17. Dispõe sobre a sinalização náutica de estruturas


fundeadas

- Instrução Normativa nº 05, de 18 de janeiro de 2001. Regulamenta


a autorização, permissão ou registro de atividades pesqueiras, incluída a
aqüicultura.

- Resolução RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001. Instrumento legal


da Agência Nacional de Vigilância Sanitária que aprova o regulamento
técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos.

- Instrução Normativa nº 09 de 11 de abril de 2001. Estabelece


normas complementares para o uso das águas públicas da União, para fins
de aqüicultura e dá outras providências. Esta Instrução resolve que, os
interessados na prática da aqüicultura nos bens da União listados no art. 1o
do Decreto no 2.869, de 9 de dezembro de 1998, deverão encaminhar ao
Ministério da Agricultura e do Abastecimento consulta prévia, na forma do
Anexo no 1 desta Instrução Normativa.

- Resolução SMA nº 4/2002. Estabelece os procedimentos para o


cadastro e o licenciamento ambiental de estruturas localizadas nas margens
e nas águas interiores e de mar aberto, destinadas ao acesso de pessoas e
coisas às embarcações de esporte e recreio e ao acesso destas e daquelas
às mesmas águas no Estado de São Paulo e dá providências correlatas.

- Resolução CONAMA nº 302, de 20 de março de 2002. Dispõe


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sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação


Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso de entorno.
Constitui objeto da presente Resolução a instituição da elaboração obrigatória
de plano ambiental de conservação.

- Resolução CONAMA nº 303, de 20 de março de 2002, que está


relacionada com a Lei 6.938/81. Estabelece parâmetros, definições, limites de
áreas de Preservação Permanente e identifica as reservas ecológicas de que
trata o artigo 18 da lei citada.

- Lei Estadual nº 11.165 de 27 de junho de 2002. Institui o Código de


Pesca e Aqüicultura do Estado de São Paulo. Tem o objetivo de incentivar a
pesca responsável, promovendo o ordenamento e a fiscalização das
atividades pesqueiras, e o desenvolvimento sócio-econômico, cultural e
profissional dos que a exercem, de suas comunidades tradicionais, bem
como a preservação e recuperação dos ecossistemas aquáticos, com bases
científicas.

- Portaria do IBAMA nº 9, de 20 de março de 2003. Estabelece


períodos de defeso do mexilhão (Perna perna) nas regiões sudeste e sul do
Brasil de 01 de setembro a 30 de novembro e de 01 de janeiro a 28 de
fevereiro de cada ano; Estabelece critérios para a retirada de sementes de
mexilhões nos costões, pelos aqüicultores devidamente licenciados pelo
órgão competente, como: quantidade máxima por aqüicultores, forma de
extração permitida etc. Proíbe a comercialização de sementes de mexilhões
intra e interestadual provenientes de bancos naturais.

- Instrução Normativa no 53, de 02 de julho de 2003. Aprova o


regulamento técnico do Programa Nacional de Sanidade de Animais
Aquáticos – PNSAA.

- Portaria Interministerial no 573, de 04 de julho de 2003. Institui o


Programa Nacional de Sanidade de Animais Aquáticos.

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- Portaria do IBAMA nº 69, de 30 de outubro de 2003. Resolve


permitir o cultivo de moluscos no litoral Sul e Sudeste, exclusivamente aos
empreendimentos atualmente, em comprovada operação, mediante
assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta, até obtenção da Licença
Ambiental de Operação.

- Decreto nº 4.895 de 25 de novembro de 2003. Dispõe sobre


autorização de uso de espaços físicos de corpos d’água de domínio da União
e dá outras providências. Decreta que os espaços físicos em corpos d'água
da União poderão ter seus usos autorizados para fim da prática de
aqüicultura, observando-se critérios de ordenamento, localização e
preferência, visando o desenvolvimento sustentável, o aumento da produção
brasileira de pescado, à inclusão social e à segurança alimentar.

- Instrução Normativa Interministerial nº 06, de 28 de maio de


2004. Estabelece as normas complementares para a autorização de uso dos
espaços físicos em corpos d’água de domínio da União para fins de
aqüicultura, e dá outras providências.

- Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005. Substitui a


Resolução CONAMA no 20 de 18.06.1986, dispondo sobre a classificação
dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem
como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá
outras providências.

- Decreto Estadual nº 49.125/2004. Dispõe sobre o Zoneamento


Ecológico–Econômico do Litoral Norte de SP.

- Instrução Normativa nº 17 de 22 de setembro de 2005. Dispõe


sobre critérios e procedimentos para formulação e aprovação dos PLDM,
visando à delimitação dos parques aqüícola e faixas ou áreas de preferência
de que trata o art.3º da Instrução Normativa Interministerial nº 06, de 28 de
maio de 2004.

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- Instrução Normativa no 105 de 20 de julho de 2006 do IBAMA.


Estabelece regras de ordenamento pesqueiro para a extração de mexilhões
Perna perna de estoques naturais e os procedimentos para a instalação de
empreendimentos de malacocultura em águas de domínio da União no Litoral
Sudeste e Sul do Brasil.

3.7. Propostas locais para o desenvolvimento da maricultura

O Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape-Cananéia-Paranaguá é


considerado o maior banco natural de ostras do Estado de São Paulo
(PEREIRA et al., 2000a). WAKAMATSU (1973) foi o primeiro a desenvolver
um trabalho científico sobre a ostra do mangue de Cananéia, avaliando o seu
cultivo, desde a captação de sementes até a colheita e depuração,
concluindo pela viabilidade da criação (GARCIA, 2005). Vários estudos
indicaram que esta região apresenta condições propícias para a implantação
do cultivo da ostra do mangue (WAKAMATSU, 1973; AKABOSHI e
PEREIRA, 1981; PEREIRA et al. 2000a; 2001).
A partir da década de 70, o Instituto de Pesca – SAA - SP passou a
desenvolver uma série de pesquisas que resultaram em um pacote
tecnológico sobre a criação da ostra de mangue. Em 1974, o Instituto de
Pesca e a SUDELPA realizaram um curso para o repasse da tecnologia de
criação à comunidade local. A SUDELPA (1986) e a Fundação SOS Mata
Atlântica (1988-1992) também tentaram fomentar esta atividade na região.
Essas experiências não geraram resultados em virtude da abordagem parcial
da questão do ordenamento da atividade e da não-adaptação dos grupos-
alvo ao sistema de criação proposto.
Em 1993, o Instituto de Pesca, a Secretaria do Meio Ambiente - SP e a
Colônia de Pescadores de Cananéia elaboraram o diagnóstico “Viabilidade
da ostreicultura e criação de outros bivalves marinhos na região de
Cananéia”, propondo a introdução da “engorda de ostras”, como alternativa
para os extratores tradicionais da região. A engorda é uma atividade
intermediária entre o extrativismo e a criação, na qual se retira a ostra do
manguezal no tamanho mínimo permitido pela legislação (5 cm) e coloca-se

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em viveiros tipo “tabuleiro”, até que os organismos atinjam o tamanho


comercial, em cerca de 4 a 6 meses, caracterizando um manejo
complementar da espécie. Em 1994 foi implantado um projeto piloto de
engorda de ostras junto ao bairro Mandira, em Cananéia. O grupo adaptou-
se bem à atividade, auxiliando na sua difusão a outras comunidades
(PEREIRA et al, 2000b).
Em 1995, foi aprovado junto ao Programa de Execução
Descentralizada-PED/MMA/BIRD, o Projeto “Uso sustentável do complexo
estuarino-lagunar de Iguape, Cananéia e Ilha Comprida” do qual fazia parte o
subprojeto “Manejo de bancos naturais de ostras (engorda), depuração e
comercialização”, com o Instituto de Pesca como co-executor. Esse sub-
projeto propôs a expansão da criação de ostras junto a 25 famílias de
extratores, a construção de uma Estação Depuradora Comunitária e um
apoio inicial à organização comunitária e comercialização. Ao final da
vigência do projeto PED, parte dos extratores da região encontravam-se
trabalhando na engorda de ostras, a obra da Estação Depuradora estava
iniciada, com todos os equipamentos comprados e a Cooperativa dos
Produtores de Ostras de Cananéia (COOPEROSTRA), já estava
juridicamente constituída (PEREIRA et al, 2000b).
Expirado o prazo de vigência do Programa PED, o projeto passou a
contar com o apoio financeiro da empresa Shell do Brasil. Com isso foi
terminada a obra da Estação Depuradora de Ostras, expandiu-se a atividade
de engorda e estruturou-se a COOPEROSTRA, como entidade
representativa da categoria na região. O apoio da Shell perdurou durante os
anos de 1998 e 1999. A Estação Depuradora foi inaugurada em maio de
1999, começando a funcionar em dezembro do mesmo ano (PEREIRA et al,
2000b).
A partir de julho de 1999, o projeto passou a contar com o apoio do
Programa PD/A – Projetos Demonstrativos tipo A, do Ministério do Meio
Ambiente, através de um financiamento paralelo, de cunho ambientalista, à
Associação dos Moradores da Reserva Extrativista do Bairro Mandira. Este
financiamento, que perdurou até os primeiros meses do ano de 2002,
funcionou como um importante input para a consolidação do
empreendimento, tornando evidentes os principais fatores de fragilidade da
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Plano Local de Desenvolvimento da Maricultura de Cananéia – PLDM Cananéia

iniciativa, que são a gestão comunitária e a comercialização. Estes pontos


são fundamentais para o êxito de projetos semelhantes.
A partir de 2002 o projeto contou com o apoio financeiro do FUNBIO –
Fundo Brasileiro para a Biodiversidade, tratando-se do primeiro
financiamento reembolsável assumido pela comunidade (os anteriores foram
doações). Esse financiamento voltou-se para as questões ligadas à
elaboração e implantação de um Plano de Negócios e um Plano de Gestão
para a COOPEROSTRA, visando preparar efetivamente a comunidade para
assumir estas tarefas. O sucesso do empreendimento levou a
COOPEROSTRA a receber, em 2002, o prêmio "Iniciativa Equatorial" como
um dos quatro melhores projetos brasileiros apresentados na “Cúpula
Mundial para o Desenvolvimento Sustentável”, realizada em Johannesburgo,
África do Sul.
Outro projeto realizado na região foi o do desenvolvimento da
mitilicultura das espécies nativas Perna perna e Mytella sp no Litoral Sul. Este
projeto apoiou o cultivo do mexilhão Perna perna no Pontal do Leste, uma
pequena vila de pescadores localizada na porção sul da Ilha do Cardoso,
junto à barra do Ararapira. O cultivo iniciou-se em 2000, quando foram ali
realizados experimentos pelo Instituto de Pesca e o Parque Estadual da Ilha
do Cardoso (Fonte: Instituto de Pesca - SAA).
A atividade foi proposta a esta comunidade como alternativa de renda
para a subsistência do grupo, conforme previsto pelo Plano de Manejo do
Parque Estadual da Ilha do Cardoso (1995-2001). Buscou-se, desta forma,
proporcionar uma melhoria na qualidade de vida às famílias residentes nesta
área, uma vez que a atividade pesqueira já não supria as necessidades das
mesmas. Com o êxito dos primeiros experimentos, foi conseguido, em 2001,
o primeiro financiamento concedido pelo Consulado Alemão, cobrindo o
material necessário para a implantação. Atualmente a vila dispõe de cinco
espinhéis ou longlines onde são cultivados os mexilhões. A comunidade
envolvida demonstra interesse para continuar investindo na proposta de
cultivo, porém há problemas na viabilização da comercialização, do produto
“in natura”, uma vez que a comunidade é distante da sede do município,
isolada e sem disponibilidade de energia elétrica.

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A fim de estudar a viabilidade técnica e econômica do cultivo do


mexilhão-do-mangue (Mytella sp), O Instituto de Pesca implantou um projeto-
piloto em Ilha Comprida, na porção de manguezal entre os bairros de
Pedrinhas e Juruvaúva no período de outubro de 2000 a outubro de 2002.
Para realização do trabalho, formou-se uma parceria entre a Prefeitura
Municipal de Ilha Comprida, Instituto de Pesca, Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral (os dois últimos órgãos integram a Secretaria de Agricultura
e Abastecimento do Estado de São Paulo) e ONG Gaia Ambiental. O recurso
financeiro foi oriundo do FEHIDRO (Fundo Estadual de Recursos Hídricos). O
projeto priorizou 4 (quatro) temas: levantamento do estoque de Mytella sp em
bancos naturais até a porção limite com o Município de Cananéia, estudo do
ciclo reprodutivo, captação de sementes em substratos artificiais em
ambiente natural e engorda em sistema fixo. Estes estudos, conduzidos nas
comunidades de Juruvaúva e Pedrinhas, na Ilha Comprida, com a
participação direta de alguns membros da comunidade demonstraram que a
criação é tecnicamente viável, necessitando de mais experimentos para
ajustes de tecnologia (Fonte: Instituto de Pesca – SAA).

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4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

4.1. Clima

A principal característica do clima da região é o predomínio de massas


de ar tropical durante o verão, com intensa precipitação pluviométrica e de
massas de ar polar no inverno, com menor precipitação (OCCHIPINTI, 1963).
Constitui um tipo climático designado “equatorial úmido, temperado quente”.
Os períodos de transição entre o domínio das duas massas de ar são: março-
abril e outubro-novembro. Verifica-se intensa precipitação pluviométrica
devida em parte à grande evaporação que ocorre durante o predomínio de
massa de ar tropical. Na época de predomínio da massa de ar de origem
polar, verifica-se bom tempo, maior insolação e menor pluviosidade
(TOMMASI, 1984).
A variação das quantidades médias anuais de radiação solar recebidas
pela superfície do planeta é um dos principais condicionantes de seu clima.
Somando-se a ela as influências do movimento de rotação da Terra, obtêm-
se os principais mecanismos que regem a circulação dos oceanos e da
atmosfera, responsáveis pelos regimes meteorológicos, envolvendo
temperatura, precipitação, evaporação, ventos, ondas, correntes litorâneas,
tempestades, etc (BARBIERI e CAVALHEIRO, 1998).

4.1.1. Temperatura

A média de temperatura anual em Cananéia é de 21,4ºC; a mais alta


media mensal ocorre em fevereiro com 25,2ºC e em julho ocorre a mais
baixa, com 17,7º C (SILVA, 1989; WAINER et al., 1996). A amplitude de
variação média diária é de 6,7º C (Instituto Oceanográfico - USP, 1994)
(FIGURA 15).

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FIGURA 15 - Variação mensal das temperaturas médias do ar registradas em


Cananéia no período de 1956 a 1994. Fonte: Instituto
Oceanográfico - USP

A variação sazonal das temperaturas não é tão marcante no litoral


quanto no interior do território paulista em função do papel regulador dos
oceanos. As médias térmicas de inverno não são inferiores a 18ºC em
Cananéia e Iguape. No verão as temperaturas médias mensais chegam a
24,6ºC em Cananéia e 25,1oC em Iguape. Quanto à amplitude térmica, a
média das máximas, oscila entre 25ºC e 27ºC, com valores absolutos
chegando a ultrapassar os 40ºC em toda a região. A média das mínimas
varia entre 18,5ºC e 18,3ºC e os valores absolutos podem alcançar registros
inferiores a 2ºC em Cananéia e Iguape (BARBIERI e CAVALHEIRO, 1998)
(TABELA 5).

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TABELA 5 – Variação sazonal das temperaturas média do ar em graus


Celsius nos municípios de Cananéia e Iguape. Fonte:
BARBIERI e CAVALHEIRO (1998).

ESTAÇÃO DO ANO CANANÉIA IGUAPE

Verão 24,6 25,1


Outono 20,1 20,5
Inverno 18,3 18,5
Primavera 22,1 22,6
Média anual 21,7 21,6

Observa-se que os fatores que determinam esta pequena variação


de temperatura (0,4ºC), são as condições geográficas locais, tais como as
correntes marinhas e a topografia. Portanto, dado o caráter de tropicalidade
da área e principalmente a presença do oceano, que representa um papel
regulador, as variações de temperatura na zona costeira são bastante
reduzidas, o que significa que o clima da área é caracterizado, basicamente,
pelas variações da pluviosidade (BARBIERI, 1995).

4.1.2. Regime pluviométrico

A região é caracterizada pelo alto índice pluviométrico, com média


anual de 2.670 mm. As chuvas estão relacionadas com as estações do ano,
com verões chuvosos e invernos secos, com uma média anual superior a
2200 mm. sendo que o valor médio mensal máximo é de 266,9 mm no verão
e de 95,3 mm no inverno (SILVA, 1989). O período mais chuvoso se estende
de dezembro a abril, com média mensal de 200 mm, e o mais seco, de maio
a novembro, com valores inferiores, porém nunca abaixo de 80 mm (SILVA,
1989; WAINER et al., 1996) (FIGURA 16).

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FIGURA 16 – Variação mensal da precipitação pluviométrica (mm Hg)


registrada em Cananéia no período de 1956 a 1994. Fonte:
Instituto Oceanográfico – USP.

4.1.3. Umidade relativa, evaporação e nebulosidade

Segundo os dados do Macrozoneamento do Complexo Estuarino-


Lagunar de Iguape e Cananéia publicados pela Secretaria do Meio Ambiente
(1990), são observados valores elevados de umidade relativa do ar, por
causa da influência do oceano. A umidade relativa do ar tem um
comportamento homogêneo ao longo do ano, com média anual de 88%, já
que o mês de menor umidade é o de fevereiro (87,2%) e o mês de maior
umidade é o de setembro (90%) (FIGURA 17).

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FIGURA 17 – Variação mensal da umidade relativa do ar (%) registrada em


Cananéia no período de 1956 a 1994. Fonte: Instituto
Oceanográfico - USP

Constata-se também que a capacidade de evaporação é baixa, com


valores máximos (evaporímetro de Piche) em outubro (68,0 mm) e dezembro
(99,3 mm), mantendo-se entre 61,7mm e 53,0mm nos meses de outono-
inverno (FIGURA 18).
Com relação à nebulosidade, há uma freqüência maior de dias claros
de abril a julho, devido à passagem das massas de ar de origem polar, com
5,2 décimos em maio e 5,5 décimos em junho. Na primavera e no verão a
nebulosidade aumenta, por causa do maior aquecimento do continente e
maior freqüência de perturbações frontais, registrando valores de 7,4 décimos
em outubro e 6,7 em dezembro (BARBIERI, 1995).

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FIGURA 18 – Variação mensal da evaporação (mm) registrada em Cananéia


no período de 1956 a 1994. Fonte: Instituto Oceanográfico –
USP

4.1.4. Ventos

Os ventos mostram uma grande variação diária, sendo que no período


da tarde a brisa marítima influencia a circulação geral, tanto no verão quanto
no inverno. Durante o período matinal e o período noturno, os ventos
provenientes do continente são os mais freqüentes (SILVA, 1989).
Segundo os dados do Boletim Climatológico do Instituto
Oceanográfico, USP (SP), de 1960 a 1988, os ventos predominantes em
Cananéia são fracos, apresentando uma média anual de 3,5 m/s os de
sudeste com 46,9% de persistência anual média (período de 1969 a 1978),
com uma intensidade média de 3 a 3,5 m/seg. No período de janeiro a
setembro a freqüência dos ventos de sudoeste é de 46,7%, já de outubro a
dezembro predominam os ventos de leste com freqüência de 20,9% (FIGURA
19).

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FIGURA 19 – Variação mensal da velocidade do vento (m/s) registrada em


Cananéia no período de 1956 a 1994. Fonte: Instituto
Oceanográfico – USP.

4.1.5. Pressão atmosférica

A pressão atmosférica na região de Cananéia também varia


mensalmente, apresentando valores mais elevados nos meses de junho a
julho e menores em janeiro e dezembro (FIGURA 20).

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FIGURA 20 – Variação mensal da pressão atmosférica (mm Hg) registrada


em Cananéia no período de 1956 a 1994. Fonte: Instituto
Oceanográfico – USP.

4.1.6. Insolação, radiação solar global e radiação líquida

A insolação na região mostra uma elevada influência da nebulosidade.


Os máximos de duração de luz direta ocorrem em fevereiro (5,9 horas) e os
mínimos em setembro (3,2 horas), mostrando um número elevado, entre 40 a
60% de horas do dia com luz difusa (BARBIERI, 1995) (FIGURA 21).

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FIGURA 21 – Variação mensal da insolação relativa (%) registrada em


Cananéia no período de 1956 a 1994. Fonte: Instituto
Oceanográfico - USP

A radiação solar varia sazonalmente, com um valor diário máximo


ocorrendo de novembro a fevereiro e um valor mínimo nos meses de maio a
agosto. No verão a variação de energia solar da região é maior, devido ao
alto teor de umidade das massas de ar e à grande variação da nebulosidade.
Devido à presença de material particulado em suspensão e pela
concentração de substância amarela dissolvida nas águas, a penetração de
luz na água da região é reduzida. Portanto, no verão e nas regiões de menor
influência das águas costeiras, a profundidade da zona eufótica é mais
reduzida (TUNDISI et al., 1973).
Os valores de radiação solar global (Qg) em Cananéia mostram
variações mensais de 183 cal/cm2.dia, em julho, a 390 cal/cm2.dia, em
fevereiro (FIGURA 22). FUNARI (1983) mostrou através de seus dados, que
para um albedo de 0,18 (vegetação litorânea), a radiação líquida (Qn) média
anual é de 25 cal/cm2.dia, com o mês de julho sendo o de menor
disponibilidade de energia para aquecimento do ar, enquanto que valores
máximos são atingidos de novembro a março.

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FIGURA 22 – Variação mensal da radiação solar global (cal/cm2.dia)


registrada em Cananéia no período de 1956 a 1994. Fonte:
Instituto Oceanográfico - USP

4.2. Vegetação costeira

As condições geográficas da zona costeira paulista são fortemente


marcadas pela presença das escarpas íngremes das Serras do Mar e
Paranapiacaba, muito próximas da linha de costa notadamente nos setores
centro e norte do litoral paulista, dispostas a barlavento em relação às
penetrações dos sistemas atmosféricos dominantes. Essas condições
conferem a este território fortes totais pluviais anuais, com ausência de
períodos significativos de estiagem, fornecendo assim as condições ideais
para o aparecimento e desenvolvimento de uma exuberante flora que se
estende por todo o litoral, desde as margens mais elevadas das serras,
descendo pelas encostas até a orla marítima. Trata-se da Floresta Perenifolia
Higrófila Costeira, também denominada de Mata Atlântica, ou Floresta
Latifoliada Úmida de Encosta, ou Floresta Ombrófila Densa. Nas cotas mais
baixas, junto ao litoral, em função da complexidade geo-ecológica, das
influências oceânicas de salinidade e temperatura e da fase atual dos
elementos que compõem a paisagem, desenvolveram-se formas menos

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exuberantes de vegetação, como as vegetações de praias, dunas e restingas,


além dos manguezais (BARBIERI, 1995).
A região estuarino-lagunar de Iguape-Cananéia compõe-se de duas
áreas. A pertencente ao município de Cananéia é mais montanhosa
apresentando as grandes formações florestais. Nesta zona encontram-se
também os manguezais de maior porte, já que aí ocorre um grande aporte de
água doce proveniente das drenagens das montanhas. A região pertencente
ao município de Iguape se apresenta como uma planície úmida com morros
isolados e a presença marcante das matas paludosas (SEMA, 1990).
Particularmente o município de Cananéia apresenta dois grandes conjuntos
bióticos: a Mata Atlântica e a Vegetação Litorânea, ambos constituídos pelas
vegetações de praia, dunas, restingas e pelos manguezais. Destas, as três
primeiras pertencem a um mesmo conjunto geobotânico, uma vez que são,
respectivamente, estágios de um modelado geomorfológico, como nos
aponta MAGNANINI (1965). O conjunto de ecossistemas que formam a
Vegetação Litorânea proporciona alta diversidade biológica (LIGNON et al.,
2000) (FIGURA 23).

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FIGURA 23 – Vista aérea da vegetação costeira da região de Cananéia


(Foto: Edison Barbieri).

4.2.1. Mata Atlântica

Também denominada Floresta Perenifolia Hidrófila Costeira (LIMA,


1966) (FIGURA 24), tem sua área de ocorrência ligada ao relevo, à
pluviosidade e à umidade, que condicionam uma fisionomia alta e densa,
conseqüência da variedade de espécies pertencentes a formas biológicas e
extratos, dos quais os inferiores vivem em um ambiente bastante sombrio e
único, sempre dependentes do estrato superior (ALONSO, 1977). A floresta
não é uniforme em toda sua área, apresentando variações decorrentes do
solo, da topografia e do clima. Possui, como denominador comum, a situação
exposta aos ventos úmidos que sopram do oceano (MAGNANINI, 1965).

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FIGURA 24 – Região de Mata Atlântica do município de Cananéia (Foto:


Edison Barbieri)

A Mata Atlântica sempre foi intensamente devastada desde a


ocupação nos primórdios da colonização brasileira, tratando-se, hoje, de uma
vegetação bastante degradada, com raras exceções nas áreas de mais difícil
acesso. A área que se situa entre Bertioga e Peruíbe, notadamente na
Baixada Santista, caracteriza-se pela maior intensidade de ocupação e
exploração vegetal. As matas localizadas nas cotas mais baixas, nos morros
isolados e nos vales dos principais rios, como o Cubatão e o Mogi, sofreram
forte desmatamento tanto pela ocupação agrícola (banana e cana, entre
outras), como pela exploração mineral de granitos e outras rochas para a
britagem e utilizadas para a pavimentação e construção civil (principalmente
entre Mongaguá e Itanhaém) (BARBIERI, 1995).
Na região do Vale do Ribeira de Iguape, a Serra de Paranapiacaba se
distancia mais de 50 km da costa. Toda esta área de baixada foi bastante
alterada pela exploração vegetal e uso agrícola do solo, pelo cultivo de chá e
banana, extração de madeira e mineração. A região é atravessada pela BR-

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116, em cujo entorno houve ocupação humana ainda incipiente, suficiente


para detonar um processo de alteração antrópica. A extração de palmito,
praticamente fez desaparecer esta espécie da região. Nas encostas serranas,
menos íngremes que no Litoral Norte, há um intenso uso da pecuária e
reflorestamento de eucaliptos e de várias espécies de pinheiros. As áreas
menos degradadas se localizam na região de Jacupiranga, próximo ao limite
SP/PR, e no Maciço da Juréia (BARBIERI, 1995). Nessas áreas percebe-se
um alto índice de endemismo e de espécies raras (Sanchez 1994 apud IPT,
2000), o que torna essa região uma das mais importantes em biodiversidade
do Estado de São Paulo (TABELA 6).

TABELA 6 - Principais espécies encontradas no ecossistema de Mata


Atlântica.

ESPÉCIES FAMÍLIA

Rollinea sericea Annonaceae


Xylopia langsdorffiana Annonaceae
Malouetia cestroides Apocynaceae
Ilex dumosa Aquifoliaceae
Ilex ntegerrima Aquifoliaceae
Ilex theezans var. agrandifolia Aquifoliaceae
Astrocaryum aculeatissimum Arecaceae
Attalea cf. dubia Arecaceae
Bactris setosa Arecaceae
Euterpe edulis Arecaceae
Geonoma gamiova Arecaceae
Tabebuia heptaphylla Bignoniaceae
Tabebuia serratifolia Bignoniaceae
Cordia sellowiana Boraginaceae
Protium kleinii Burseraceae
Copaifera trapezifolia Caesalpinaceae
Schizolobium parayba Caesalpinaceae
Swartzia macrostachya Caesalpinaceae
Zollernia ilicifolia Caesalpinaceae
Cinnamodendron aff. Dinissi Cannelaceae
Cecropia glaziowii Cecropiaceae
Coussapoua microcarpa Cecropiaceae

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Pourouma guianinsis Cecropiaceae


Couepia cf. bondari Chrysobalanaceae
Hirtella hebeclada Chrysobalanaceae
Parinari excelsa Chrysobalanaceae
Reedia gardneriana Clusiaceae
Sloanea guianensis Elaeocarpaceae
Alchornea glandulosa Euphorbiaceae
Alchornea triplinervia Euphorbiaceae
Croton macrobothrys Euphorbiaceae
Hyeronima alchorneoides Euphorbiaceae
Pausandra morisiana Euphorbiaceae
Sapium glandulatum Euphorbiaceae
Tetrorchidium rubrivenium Euphorbiaceae
Centrolobium rebustum Fabaceae
Dahlstedtia pinnata Fabaceae
Machaerium nictitans Fabaceae
Machaerium scleroxylon Fabaceae
Myrocarpus frondosus Fabaceae
Myroxylon peruiferum Fabaceae
Ormosia arborea Fabaceae
Platymiscium floribundus Fabaceae
Pterocarpus rohrii Fabaceae
Casearia obliqua Flacourtiaceae
Casearia sylvestris Flacourtiaceae
Vantanea compacta Humiriaceae
Citronella paniculata Icacinaceae
Lacistema pubescens Lacistemaceae
Cryptocarya moschata Lauraceae
Endlicheria paniculata Lauraceae
Licaria armeniaca Lauraceae
Nectandra leucothyrsus Lauraceae
Ocotea laxa Lauraceae
Cariniana estrellensis Lecytidaceae
Talauma ovata Magnoliaceae
Barnebya díspar Malpighiaceae
Leandra mosseni Melastomataceae
Miconia cabucu Melastomataceae
Miconia dodecandra Melastomataceae
Miconia pyrifolia Melastomataceae
Miconia rigidiuscula Melastomataceae
Cabralea canjerana Meliaceae

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Cedrela odorata Meliaceae


Guarea macrophylla Meliaceae
Trichilia elegans Meliaceae
Trichilia lepidota Meliaceae
Trichilia silvatica Meliaceae
Acacia polyphylla Mimosaceae
Inga edulis Mimosaceae
Pseudopiptadenia warmingii Mimosaceae
Mollinedia schottiana Monimiaceae
Mollinedia uleana Monimiaceae
Brosimum glazioui Moraceae
Brosimum guianensis Moraceae
Ficus insipida Moraceae
Ficus organensis Moraceae
Fícus pulchella Moraceae
Sorocea bonplandii Moraceae
Virola gardneri Myristicaceae
Virola oleifera Myristicaceae
Ardisia catharinensis Myrsinaceae
Rapanea ferruginea Myrsinaceae
Rapanea guianensis Myrsinaceae
Rapanea umbellata Myrsinaceae
Calycorectes australis Myrtaceae
Calyptranthes lanceolata Myrtaceae
Calyptranthes lucida Myrtaceae
Campomanesia guariroba Myrtaceae
Eugenia beaurepaireana Myrtaceae
Eugenia cf. subavenia Myrtaceae
Eugenia cuprea Myrtaceae
Eugenia flavescens Myrtaceae
Eugenia moraviana Myrtaceae
Eugenia oblongata Myrtaceae
Eugenia silvestris Myrtaceae
Gomidesia flagellaris Myrtaceae
Gomidesia spectabilis Myrtaceae
Marlierea obscura Myrtaceae
Marlierea Antonia Myrtaceae
Marlierea cf. polygama Myrtaceae
Marlierea cf. suaveolens Myrtaceae
Marlierea tomentosa Myrtaceae
Myrceugenia miersiana Myrtaceae

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Myrceugenia myrcioides Myrtaceae


Myrcia pubipetala Myrtaceae
Myrcia racemosa Myrtaceae
Myrcia tenuivenosa Myrtaceae
Neomitranthes glomerata Myrtaceae
Psidium cattleianum Myrtaceae
Guapira opposita Nyctaginaceae
Ouratea parviflora Ochnaceae
Heisteria silvianii Olacaceae
Schoepfia brasiliensis Olacaceae
Piper aduncum Piperaceae
Roupala montana Proteaceae
Roupala paulensis Proteaceae
Quina glaziovii Quinaceae
Alibertia myrcifolia Rubiaceae
Alseis floribunda Rubiaceae
Chomelia cf. catharinae Rubiaceae
Coussarea cf. ilheotica Rubiaceae
Ixora cf. burcheliana Rubiaceae
Psychotria maproureooides Rubiaceae
Psychotria nuda Rubiaceae
Psychotria suterella Rubiaceae
Psychottria aff. pubigera Rubiaceae
Rudgea jasminoides Rubiaceae
Angostura odoratissima Rutaceae
Metrodorea nigra Rutaceae
Zanthoxyllum rhoifolium Rutaceae
Meliosma sellowii Sabiaceae
Allophylus petiolatus Sapindaceae
Cupania oblongifolia Sapindaceae
Matayba cf. juglandifolia Sapindaceae
Chrysophyllum inornatum Sapotaceae
Ecclinusa ramiflora Sapotaceae
Manilkara subsericea Sapotaceae
Pouteria cf. laurifolia Sapotaceae
Pouteria psamophila Sapotaceae
Pouteria venosa Sapotaceae
Solanum inaequale Solanaceae
Solanum swartzianum Solanaceae
Symplocos mosenii Symplocaceae
Trema micrantha Ulmaceae

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Urera nitida Urticaceae


Aegiphila sellowiana Verbenaceae
Vochysia bifalcata Vochysiaceae

4.2.2. Vegetação de praia

Este tipo de vegetação desenvolve-se na faixa entre o limite da maré


alta e o início da vegetação de planície. Periodicamente é coberta pelo mar e,
por isso, a areia contém sal e está sempre úmida.
A vegetação da praia é composta normalmente por plantas herbáceas
de caules longos e prostrados. Estes, denominados estolões, funcionam
como barreiras à movimentação da areia. Algumas espécies, como o feijão-
da-praia (Canavalia rosea) e a salsa-da-praia (Ipomoea pes-caprae), têm
mesmo ampla distribuição nas praias tropicais do mundo inteiro. Nessa zona
as plantas suportam altas concentrações de sais presentes no meio, através
de adaptações como a suculência das folhas e o desenvolvimento de formas
de excreção que lhes permitem manter determinados níveis de concentração
interna desses sais. Algumas dessas adaptações são muito semelhantes
àquelas encontradas em plantas de manguezais (BARBIERI, 1995) (FIGURA
25).

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FIGURA 25 – Ecossistema de praia da região de Cananéia (Foto: Edison


Barbieri).

A vegetação da praia está intimamente relacionada com o solo


arenoso submetido à ação da salinidade, dando um caráter halófilo a esta
formação. Por toda a região, esta vegetação apresenta-se de maneira
uniforme floristicamente. A espécie Iresine portulacoides já principia a
aparecer na faixa atingida pela maré alta, onde é uma das únicas
representantes. Na zona aonde as ondas só chegam esporadicamente,
aparecem outras espécies, principalmente de gramíneas, como a grama-de-
praia (Sporobulus virginicus), capim-da-areia (Spartina sp), erva-capão
(Hidrocotyle umbrellata), e a batatinha-da-praia (Ipomoea pes-caprae). Essas
plantas têm forma de tufo e porte herbáceo. Um animal típico desta formação
é o decápodo amarelo maria-farinha (Ocypode albicans), que cava tocas na
areia junto à linha de maré alta (BARBIERI, op. cit).
Na parte mais elevada da praia, que só é invadida pelo mar por
ocasião de ressacas, ocorre um número maior de espécies. Apesar de ainda
pobres floristicamente, já surgem grupos sub-arbóreos mais desenvolvidos

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como: campainhas-brancas, feijões-da-praia (Canavalia rosea), pinheirinhos-


da-praia (Mariscus peduculatus) e os caprichos de espinhos (TABELA 7). A
fauna deste ambiente (vegetação de praia) é caracterizada por moluscos e
crustáceos próprios das zonas entre-marés arenosas. Associadas à fauna
deste terreno encontramos aves migratórias dos hemisférios sul e norte.

TABELA 7 - Principais espécies encontradas no ecossistema de praia


(BARBIERI, 1995)

ESPÉCIES FAMÍLIA NOME COMUM

Hydrocotyle umbrellata Umbelliferae Erva-capão


Chrysobalanus icaco Chrysobalanaceae Mãezinha-da-praia
Acicarpha spathulata Calyceraceae Picão-da-praia
Ipomoea littoralis Convolvulaceae Cipó-da-praia
Ipomoea pés-caprae Convolvulaceae Batatinha-da-praia
Mariscus peduculatus Cyperaceae Pinheirinho-da-praia
Canavalia rósea Fabaceae Feijão-da-praia
Dactylocteniu aegyptium Poaceae Pé-de-galo
Sporobulus virginicus Poaceae Grama-da-praia
Spartina alterniflora Gramineae Capim-da-praia
Spartina ssp Gramineae Capim-da-praia

4.2.3. Vegetação de dunas

Segundo BARBIERI (1995), via de regra, durante boa parte do dia,


sopra a brisa do mar para o continente levando a areia dessecada; a brisa
noturna, de direção contrária, não consegue o mesmo desempenho porque o
sereno umedece a areia, razão pela qual há tendência para acumular areia
no interior. A zona das dunas é rica em água subterrânea, que está localizada
perto da superfície. A face voltada para o mar das dunas mostra-se com
pouca vegetação inicial, uma vez que o substrato é móvel por ação dos
ventos. Já na face voltada para o interior, a vegetação adensa-se e temos as
dunas fixas, imobilizadas sob a cobertura vegetal.
As dunas vêm logo depois da praia e sua formação está relacionada à

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ocorrência de areia com granulometria maior que das praias e com ventos de
direção mais constante. Este ambiente acumula material, em gradientes com
alturas diferentes conforme a idade e a dinâmica do processo de gênese. Na
Ilha Comprida, as dunas chegam a cotas de 8 a 9 metros em média
(BARBIERI, 1995).
A vegetação de dunas tem um papel importante tanto na sua formação
quanto na sua fixação. ALONSO (1977) sugere que neste meio arenoso e
móvel, sob intenso calor e sob ação constante dos ventos, só conseguem se
estabelecer plantas pouco exigentes e altamente adaptadas a tais condições.
As características das espécies vegetais que habitam as dunas são: raízes
profundas, porte reduzido e folhas pequenas. As espécies mais comuns de
serem encontradas na ilha são: Feijão-da-praia (Canavalia rosea), salsa-da-
praia (Ipomea pes-caprae), e arbustos como os guriris, e as pitangueiras,
Hydrocotyle umbrellata, Spartina alterniflora, Acycorpha spathulata, Polygala
cyparissias, Dodonaea viscosa, Gaylussacia brasiliensis (TABELA 8).
Praticamente todas estas espécies de vegetais podem ser consideradas
como fixadoras de dunas. São plantas muito comuns nas dunas da região,
que estão sendo altamente degradadas por causa da utilização das dunas
nos aterros da construção civil. A fauna associada ao terreno das dunas é
composta de crustáceos, insetos e répteis. Já a fauna associada ao
revestimento vegetal é composta por aves da ordem dos passariformes,
coruja buraqueira e Charadrius collaris (BARBIERI e PINNA, 2005).

TABELA 8 - Principais espécies encontradas no ecossistema de dunas


(BARBIERI, 1995).

Espécie Família Nome vulgar


Polygala cyparissias Polygalaceae
Alternanthera brasiliana Maranthaceae Caaponga
A. marítima Amaranthaceae -
Blutaparon portulacoides Amaranthaceae -
Hydrocotyle umbrellata Umbelliferae Ervacapitão
Spartina alterniflora Ramineae Capim-da-praia
Gaylussacia brasiliensi Ericaceae -

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Allagoptera arenaria Arecaceae Guriri


Aechmea nudicaudis Bromeliaceae -
Neoregelia cruenta Bromeliaceae -
Vriesea neoglutinoa Bromeliaceae -
Heliotropium indicum Boraginaceae -
Cereus pernambucensis Cactaceae Saborosa
Chrysobalanus icaco Chrysobalanaceae Maçã-da-praia
Acicarpha spathulata Calyceraceae Picão-da-praia
Commelina virginica Commelinaceae -
Ipomoea littoralis Convolvulaceae Cipó-da-praia
I. pés caprae Convolvulaceae Batata-da-praia
Mariscus pedunculatus Cyperaceae Pinheiro-da-praia
Chamaecyse thymifolia Euphorbiaceae -
Canavalia rosea Fabaceae Feijão-da-praia
Centrosema virginianum Fabaceae -
Sophora tomentosa Fabaceae -
Scaevola plumieri Goodeniaceae -
Cassytha filiformis Lauraceae -
Dactyloctenium aegyptium Poaceae Pé-de-galo
Panicum racemosum Poaceae -
Paspalum maritimum Poaceae -
Sporobulus virginicus Poaceae Grama-da-praia
Stenotaphrum Poaceae -
secundatum
Polygala cyparissias Polygalaceae -
Diodia radula Rubiaceae -
Hybanthus calceolaria Violaceae -
Dodonaea viscosa Sapindaceae -
Panicum rocemosum Graminae -
Cenchrus pauciflorus Graminae -
Paspalum maritimum Graminae -
Canavalia obtusifolia Graminae -

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4.2.4. Vegetação paludosa

A formação de restingas paralelas à linha da costa dá origem, muitas


vezes, a sistemas de cordões intercalados por depressões, que podem ser
ocupados por longas e estreitas lagoas ou por extensos brejos. A formação
dessas extensas áreas alagadas, que em anos chuvosos podem ter até 60
cm de profundidade, deve-se ao afloramento do lençol freático. Dominam aí
as plantas higrófitas, principalmente gramíneas, ciperáceas, juncáceas,
filáceas e macrófitas aquáticas. As espécies mais comuns desta comunidade
são: Tipha domingensis, Lycopodium alopecuroides, Clodium mariscus,
Androtrichum polycephalum, Fuirena umbrellata (TABELA 9). Essas áreas
têm o solo coberto por espessa camada de matéria orgânica de até 30 cm de
profundidade, formando verdadeiros turfeiros. Diversas espécies de animais
utilizam desses “oásis” para nidificação e alimentação. São comuns, nesses
locais, garças e socós. Pequenos mamíferos, roedores e marsupiais são
também freqüentes nas suas proximidades, onde o alimento é abundante.
Nas áreas mais altas e, por conseguinte mais secas podemos encontrar
ainda exemplares arbustivos como as espécies de Tabebuia cassinoides,
Euterpe edulis, Tibouchina holosericea (BARBIERI, 1995) (FIGURA 26).

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TABELA 9 - Principais espécies encontradas no ecossistema paludoso


(BARBIERI, 1995).

ESPÉCIES FAMÍLIA

Thipha domingensis Thiphaceae


Lycopodium alopecuroides Lycopodiaceae
Tabebuia cassinoides Bignomiaceae
Tibouchina holosericea Melastomataceae
Euterpe edulis Arecaceae
Oxypetalum bankzii Asclepiadaceae
Lagenocarpus rigidus Cyperaceae
Cladium mariscus Cyperaceae
Androtrichum polycephalum Cyperaceae
Irlbachia purpuracens Gentianaceae
Tibouchina pallida Melastomataceae
Vanila chamissomis Orchidaceae
Perama hirsuta Rubiaceae
Esterhazya splendida Scrophulariaceae
Xyris spp Xyridaceae
Bommetia stricta Theaceae
Hydrocotyle ranumculoides Umbelliferae

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FIGURA 26 – Vegetação paludosa localizada no município de Cananéia


(Foto: Edison Barbieri).

4.2.5. Vegetação de restinga

SUGUIO (1992) define restinga como sendo uma barreira de natureza


arenosa, especialmente quando estas feições fecham lagunas costeiras.
Neste caso a restinga é normalmente interrompida por braços de mar que
estabelecem uma ligação parcial entre as águas da laguna e do oceano
aberto. No Brasil, esta palavra tem sido utilizada indiscriminadamente
referindo-se a todos os tipos de depósitos arenosos litorâneos que, na
realidade, constituem variadas feições deposicionais. Nestas formações
encontram-se associações vegetais mistas características, comumente
conhecidas como vegetação de restinga.
Já para RIZZINI (1979), a palavra restinga é empregada em três
sentidos: primeiro para designar todas as formações vegetais que cobrem as
areias holocênicas desde o oceano, segundo, para designar a paisagem

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formada pelo areal justamarítimo com sua vegetação global, terceiro, para
designar a vegetação lenhosa e densa da parte interna, plana, definição esta
adotada neste trabalho.
A vegetação das restingas apresenta zonas bem definidas. A
complexidade das comunidades aumenta na medida em que estão mais
distantes do oceano e a composição faunística é determinada pelos fatores
ambientais locais, como a topografia, a proximidade do mar, as condições do
solo, a profundidade do lençol freático, bem como pelas diferentes inter-
relações biológicas entre os componentes das diferentes comunidades. As
espécies mais comumente encontradas neste ambiente são: Ocotea
pulchella, Schinus terebentifolius, Dodonaea viscosa, Gaylusacia brasiliensis,
Cereus fernambucensis, Lantana nive e Cordia verbenácea (BARBIERI,
1995).
Após a zona alagada, vegetação de vários tipos fisionômicos estende-
se continente adentro, sobre o cordão interno de restinga (cordão arenoso
mais antigo e mais afastado do mar). Em lugares menos expostos à ação
deletéria do homem, a vegetação mais alta e mais robusta forma moitas
intercaladas de clareiras e, por vezes, uma mata baixa e contínua. Nessa
mata, as plantas têm características xeromórficas, isto é, apresentam
adaptações morfológicas que aumentam sua resistência ao ambiente
relativamente seco dos cordões arenosos. As folhas são geralmente
suculentas, e envolvidas por uma grossa epiderme, que reduz a perda de
água por evaporação.
As espécies da família das mirtáceas são muito comuns nesse tipo de
vegetação, sendo os generos Eugenia e Myrcia especialmente bem
representados. Além de sua beleza e valor ornamental, essas plantas dão
frutos abundantes e saborosos, importantes para a alimentação da fauna,
sobretudo pássaros. Já a família das gutíferas se faz notar não pelo número
de espécies, mas pela quantidade de indivíduos. O genêro Clusia (abaneiro)
domina a vegetação das moitas, e Rheedia brasiliensis (bacopari), a
vegetação abrasiva fechada juntamente com as espécies de Galaphyllum
brasiliensis, Aracastrum romanzoffianu e Ocotea aciphylla (TABELA 10) À
volta das moitas, formando tapetes sob a vegetação, ou ainda como epífitas
nos arbustos e pequenas árvores, estão as bromélias (BARBIERI, 1995).
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TABELA 10 - Principais espécies encontradas no ecossistema de restinga


(BARBIERI, 1995).

ESPÉCIES FAMÍLIA

Ocotea pulchella Lauraceae


Schinus terebentifolius Anacardiaceae
Dodonea viscosa Sapindaceae
Gaylussacia brasiliensis Ericaceae
Cereus fernambucensis Cactaceae
Cordia verbenacea Baraginaceae
Ternstroemia brasiliensis Ternstroemiacea
Clusia lanceolata Clusiscea
Clusia cruiva Clusiacea
Clusia fluminensis Clusiacea
Ilex theezans Aquifoliaceae
Ilex dumosa Aquifoliaceae
Myrcia multiflora Myrtaceae
Myrcia bicarinata Myrtaceae
Calyptranthes concinna Myrtaceae
Psidium cattleyanum Myrtaceae
Gomidesia palustris Myrtaceae
Gomidesia fenzliana Myrtaceae
Eugenia nitida Myrtaceae
Eugenia cauliflora Myrtaceae
Byrsonima ligustrifolia Malpighiaceae
Pera glabrata Euforbiaceae
Astrocaryum aculeatissimum Arecaceae
Euterpe edulis Arecaceae
Tabebuia cassinoides Bignoniaceae
Pouteria beaurepairei Sapotaceae
Maytenus robusta Celastraceae
Tibouchina trichopoda Melastomataceae
Passiflora gablana Passifloraceae
Passiflora alliacea Passifloraceae

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4.2.6. Floresta de planície litorânea

Na região de Cananéia, o tipo fisionômico de vegetação mais


abundante, é sem dúvida, a Floresta de Planície Litorânea, tanto nas
depressões como nas margens das lagoas, que são florestas bem
desenvolvidas, que ainda resistem à devastação humana (FIGURA 27). São
matas densas e sombrias, com árvores que chegam a 15 a 20 metros de
altura, sendo Symphonia globulifera e Calophyllum brasiliense (guanadi) as
espécies mais comuns (TABELA 11). A camada de detritos no solo é espessa
e, em dias chuvosos, alguns centímetros de água podem cobrir o chão.
Certas palmeiras são características dessas florestas, entre elas o palmito
(Euterpe edulis) e a uva-do-mato (Bactris setosa) (BATISTA, 2002). O chão é
coberto por grande quantidade de bromélias.
Em áreas onde o chão é permanentemente coberto por água, a
floresta é muito menos densa e dominada pelo pau-de-tamanco (Tabebuia
cassinoides). Em estado nativo, essas matas são compostas de altas árvores
com troncos grossos e galhos repletos de epífitas.

TABELA 11 - Principais espécies encontradas no ecossistema de Mata de


Planície Litorânea (BARBIERI, 1995)

ESPÉCIES FAMÍLIA

Euterpe edulis Palmae


Calyptranthes lucida. Myristicaceae
Astrocaryum aculeatissimum Guttiferae
Psychotria nuda Myrtaceae
Rheedia gardneriana Euphorbiaceae
Rudgea jasminoides Rubiaceae
Virola oleifera Lauraceae
Cryptocarya moschata Leguminosae
Chrysophyll umflexuosum Apocynaceae
Malouetia cestroides Sapotaceae

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FIGURA 27 – Vista aérea de um ecossistema de Planície Litorânea em


Cananéia (Foto: Edison Barbieri).

4.2.7. Vegetação de mangue

Nos manguezais, encontra-se pouca diversidade de espécies vegetais,


mas um grande número de indivíduos por espécie. No litoral paulista são três
as espécies dominantes: o mangue-vermelho (Rhizophora mangle), o
mangue-siriúba (Avicennia schaueriana) e o mangue-branco (Laguncularia
racemosa ) (TABELA 12). Além destas, outra espécie é bastante comum, em
lugares mais secos do mangue: o algodoeiro-da-praia (Hibiscus tiliaceus) e
Acrostichum aureum (SCHAEFFER-NOVELLI, 1987; SEMA, 1999).
Além das árvores, os manguezais abrigam grande variedade de outras
plantas e animais característicos. Entre as plantas, destacam-se as epífitas,
como orquídeas e bromélias e certas samambaias. Em conjunto com várias
espécies de líquens, essas plantas constituem o extrato superior do
ecossistema, nas copas das árvores (BARBIERI, 1995).

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No outro extremo, as raízes e os troncos são intensamente


colonizados por algas marinhas, que se fixam nestas estruturas. As capas de
algas, que cobrem todas as estruturas das árvores na faixa entre-marés,
abrigam uma infinidade de pequenos invertebrados marinhos, importante
fonte de alimento para vários animais do mangue e das águas costeiras
adjacentes durante a maré alta (BARBIERI, op. cit).
Segundo HERZ (1992), há no litoral paulista cerca de 240 Km2 de
manguezais, dos quais, em torno de 30 Km2 estão alterados ou em avançado
estágio de degradação. É necessário salientar a importância dos
manguezais, tanto na retificação do litoral, quanto seu papel na sustentação
dos ecossistemas costeiros e de sua cadeia trófica (FIGURA 28).

TABELA 12 - Principais espécies encontradas no ecossistema de Mangue


(BARBIERI, 1995).

ESPÉCIES FAMÍLIA

Rhizophora mangle Rhizophoraceae


Avicennia schaueriana Verbenaceae
Laguncularia racemosa Combretaceae
Hibiscus tiliaceus Malvaceae
Acrostichum aureum Polypodiaceae

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FIGURA 28 – Vegetação de mangue encontrada na região de Cananéia


(Foto: Edison Barbieri).

4.3. Vegetação aquática marinha

Da mesma forma que a vegetação terrestre a flora marinha,


representada principalmente pelas algas, também apresenta uma grande
diversidade de espécies ocupando fragmentos ao longo da costa. Os bancos
de algas existentes são esparsos, geralmente próximos à costões rochosos.
Na região de Cananéia as espécies de algas mais comuns encontradas no
estuário são as algas verdes, tais como, Ulvaria, Enteromorpha e Giffordia
(TABELA 13). Também são encontradas as Rhizoclonium e Cladophoropsis,
além de espécies de algas vermelhas, tais como Caloglossa, Gelidium e
Bostrichia (BARBIERI, 1995).

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TABELA 13 – Principais espécies de plantas aquáticas marinhas encontradas


no Litoral Sul do Estado de São Paulo (BARBIERI, 1995).

ESPÉCIES FAMÍLIAS

Ulva linnaeus Ulvaceae


Enteromorpha Ulvaceae
Cladophora Cladophoraceae
Rizoclonium Cladophoraceae
Gelidium Gelidiaceae
Caloglossa Delesseriaceae
Bostrichia Rhodomelaceae

4.4. Animais terrestres

A estreita relação de espécies da fauna litorânea brasileira com os


ecossistemas costeiros, seja para abrigo, alimentação, reprodução e
nidificação, faz com que a conservação desses ambientes torne-se cada vez
mais importante (PAIVA, 1999).
Dentre a fauna terrestre destacam-se os animais habitantes da Mata
Atlântica. Com relação aos mamíferos, existem cerca de 250 espécies, sendo
55 endêmicas, com a possibilidade de existirem diversas espécies
desconhecidas. São os componentes da fauna que mais sofreram com os
vastos desmatamentos e a caça, verificando-se o desaparecimento total de
algumas espécies em certos locais. Alguns destes animais, como a onça-
pintada e o mono-carvoeiro, por se situarem no topo de cadeias alimentares,
possuem um número reduzido de filhotes, o que dificulta ainda mais a
manutenção das suas populações. Há uma grande quantidade de roedores e
quirópteros (morcegos), e apesar de não ser tão rica em primatas quanto a
Amazônia, possui um número razoável de espécies (COIMBRA-FILHO,
1984). Exceto em relação aos primatas, quase nada se sabe sobre a situação
dos demais grupos de mamíferos da Mata Atlântica. (CÂMARA, 1991). Os
principais mamíferos encontrados são: o cachorro do mato (Cerdocyon

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thous), as onças suçuarana (Felix concolor) e pintada e a jaguatirica, que se


encontram em processo de extinção (BARBIERI, 1995) e outros mais comuns
como o gambá (Didelphia aurita), bicho-preguiça, tamanduá-bandeira, gato-
do-mato, tatu-peludo, paca, cotia, caxinguelê e primatas como o sagüi-da-
serra, bugio e o mono-carvoeiro (COIMBRA FILHO, 1984).
Os répteis são representados por serpentes diversas, lagartos e
espécies endêmicas da Mata Atlântica como o jacaré-do-papo-amarelo
(Caiman latirostris) (CARVALHAL et al., 2000).
Os anfíbios exploram praticamente todos os habitats disponíveis;
apresentam estratégias reprodutivas altamente diversificadas e muitas vezes
bastante sofisticadas, ocupam posição variável na cadeia alimentar e
possuem vocalizações características, demonstrando a diversificação
biológica e seu sucesso evolutivo. Em relação aos anuros (sapos, rãs e
pererecas), um ecossistema bastante importante é o conhecido "copo" das
bromélias, um reservatório que serve de moradia, alimentação e local para
reprodução de algumas espécies. A Mata Atlântica concentra 370 espécies
de anfíbios, cerca de 65% das espécies brasileiras conhecidas. Destas, 90
são endêmicas, evidenciando a importância desse ecossistema com relação
a esse grupo em particular (CARVALHAL et al., 2000)
Já a fauna da vegetação litorânea compreende mamíferos como o
cachorro-do-mato, gambá, capivara, ouriço-cacheiro, preá e tamanduá-mirim.
As praias e dunas possuem importância para alguns grupos de aves
migratórias originárias do Hemisfério Norte ou Sul, que utilizam esta área
para descanso e alimentação (p.ex. maçaricos, batuíras e trinta-réis) ou como
rota migratória para alguns falcões (peregrino), águias, entre outras. A fauna
de invertebrados é composta principalmente por moluscos, crustáceos,
insetos e vermes cavadores (componentes da infauna) (BARBIERI, 1995).
Em áreas alteradas, as aves migratórias desaparecem e surgem as
oportunistas (coruja-buraqueira, anu branco, gavião carrapateiro). Nas
florestas de restinga a fauna é composta por animais residentes e
migratórios, sendo que muitos visitam essas área para alguma atividade
(alimentação, nidificação, etc), porém são provenientes das áreas de encosta
ou de transição. Entre as aves destacam-se o papagaio-da-cara-roxa, jaó do
litoral e a saracura-três-pontes; entre os mamíferos: mico-leão-caiçara,
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queixada, bugio e mono-carvoeiro. As vegetações de brejo são importantes


para os animais como área de pouso, reprodução, alimentação e dormitório,
sendo estes os mais comuns: guaximin, cachorro-do-mato, lontra, pássaro
preto, falconídeos, jacú-guaçú, anú branco, saíras e pererecas associadas às
bromélias entre outros (BARBIERI, 1995).
A fauna terrestre dos manguezais é constituída por diversas espécies
de aves marinhas (biguá, garças, socó, colhereiro, maçaricos, martim-
pescador e muitos passeriformes) e terrestres. Neste grupo há ainda certos
mamíferos que freqüentam o mangue principalmente à noite, em busca de
alimentação, como a lontra e o guaximin ou mão-pelada (BARBIERI, 1995)
(TABELA 14).
TABELA 14 - Composição dos mamíferos do ecossistema de Mata Atlântica
(baseado em FONSECA et al. 1996).

FAMÍLIA / ESPÉCIE NOME VULGAR

DIDELPHIDAE
Caluromys philander Cuíca-lanosa
Chironectis minimus Cuica-d´água
Didelphis aurita * Gambá
Marmosops incanus * Cuíca
Metachirus nudicaudatus Jupatí
Philander opossum Mucura-de-quatro-olhos

MYRMECOPHAGIDAE
Tamandua tetradactyla Tamanduá-mirim

EMBALLONURIDAE
Saccopteryx bilineata Morcego

NOCTILIONIDAE
Noctilio albiventris Morcego
Noctilio leporinus Morcego-pescador

PHYLLOSTOMIDAE
Anoura caudifer Morcego
Anoura geoffroyi Morcego

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Artibeus lituratus Morcego


Artibeus jamaicensis Morcego
Carollia perspicillata Morcego
Chiroderma villosum Morcego
Diphylla ecaudata Morcego-vampiro
Glosophaga soricina Morcego
Phylloderma stenops Morcego
Phyllostomus discolor Morcego
Phyllostomus hastatus Morcego
Sturnira lilium Morcego
Tonatia bidens Morcego
Trachops cirrhosus Morcego
Vampyressa pusilla Morcego

VESPERTILIONIDAE
Lasiurus borealis Morcego
Lasiurus ebenus * Morcego

MOLOSSIDAE
Myotis nigricans Morcego
Myotis ruber Morcego
Molossus ater Morcego
Tadarida brasiliensis Morcego
Promops nasutus Morcego

CEBIDAE
Brachyteles arachnoides * Mono-carvoeiro
Cebus apella Macaco-prego
Alouatta fusca * Bugio

CANIDAE
Cerdocyon thous Cachorro-do-mato
Canis domesticus Cachorro-domestico

PROCYONIDAE
Nasua nasua Quati
Procyon cancrivorus Mão-pelada

FELIDAE
Herpailurus yaguarondi Gato-mourisco
Felis domesticus Gato-domestico

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Leopardus pardalis Jaguatirica


Leopardus tigrinus Gato-do-mato-pequeno
Puma concolor Suçuarana
Panthera onca Onça pintada

TAYASSUIDAE
Tayassu pecari Queixada
Pecari tajacu Cateto

CERVIDAE
Mazama americana Veado-mateiro

SCIURIDAE
Sciurus aestuans Caxinguelê

MURIDAE
Akodon cursor Rato-do-chão
Nectomys squamipes Rato d´água
Oryzomys ratticeps Rato-do-mato
Coendou prehensilis Ouriço-cacheiro
Sphigurus villosus Ouriço-cacheiro

HYDROCHAERIDAE
Hydrochaeris hydrochaeris Capivara

AGOUTIDAE
Agouti paca Paca

DASYPROCTIDAE
Dasyprocta azarae Cutia

ECHIMYIDAE
Echimys blainvillei * Rato-da-árvore
Trinomys iheringi * Rato-de-espinho

* Espécies endêmicas de domínio Atlântico

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2.5. Animais aquáticos

Nas regiões pelágica e bentônica marinha da região de Cananéia


ocorrem diversas espécies que também são encontradas nos canais dos
mangues. Muitas dessas espécies são marinhas, mas adentram os canais
em busca de alimento, abrigo ou nas épocas de reprodução. Segundo
WAKAMATSU (1973), nessa região podem ser encontrados diversos grupos
como:

Peixes: Os mais comuns são a tainha (Mugil spp), robalo (Centropomus spp),
bagres (Arnidae), linguados (Soleidae), pescadas (Scienidae), sardinha
(Chupeidae) e baiacu (Ostraciidae, Diodontidae), garoupas, manjubas e
outros, tainha (Mugil platanus), o robalo (Centropomus paralelus e C.
undecimalis.) e o parati (Mugil curema).

Crustáceos: Esta região é rica em camarões peneídeos das espécies sete-


barbas (Xiphopenaeus kroyeri), camarão-branco (Litopenaeus schmitt) e
camarão-rosa (Farfantepenaeus paulensis) que são capturados
comercialmente por redes de arrasto. São encontradas também várias
espécies de siris e caranguejos como o siri-azul (Callinectes sp), o
caranguejo-uçá (Ucides cordatus) e o guaiamum (Cardisoma guanhumi)

Moluscos: Principalmente gastrópodos e bivalves, como por exemplo,


Littorina angulífera, Littorina flava, Neritina virginea, Tagelus gibbus,
Phacoides pectinatus, Anomalocradia brasiliana, Tivela mactroides, Iphigenia
brasiliensis e Chione pectorina. Também são encontrados polvos (Octopus
vulgaris) e lulas (Loligo plei)

Quelônios: É muito freqüente a tartaruga verde (Chelonia mydas), que utiliza


o estuário de Cananéia para a alimentação.

Mamíferos: Encontra-se freqüentemente o boto (Sotalia guyanensis), e a


toninha (Pontoporia branvile) e a lontra (Lutra longicaudis), mas também

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muitas espécies visitantes provenientes de outras regiões como o lobo-do-


mar, leão-marinho, elefante-marinho e outros, utilizam as praias para
descanso, alimentação e acasalamento, principalmente no inverno. (LIGNON
et al., 2000) (TABELA 15).

TABELA 15 - Composição de mamíferos aquáticos encontrados na região de


Cananéia (baseado em FONSECA et al. 1996).

FAMÍLIA / ESPÉCIE NOME VULGAR

MUSTELIDAE
Lontra longicaudis Lontra

OTARIDAE
Arctocephalus tropicalis Lobo-marinho-subantártico
Arctocephalus australis Lobo-marinho-do-sul
Otaria byronia Leão-marinho-do-sul

PHOCIDAE
Mirounga leonina Elefante-marinho-do-sul
Lobodon carcinophagus Foca-caranquejeira

BALAENIDAE
Balaenoptera acutorostrata Baleia-minke
Balaenoptera edeni Baleia-de-Bryde
Eubalaena australis Baleia-franca-austral
Megaptera novaeangliae Baleia-jubarte
Delphinus delphis Golfinho-comum
Orcinus orca Orça
Sotalia fluviatilis Boto-cinza
Stenella frontalis Golfinho-pintado-do-Atlântico
Tursiops truncatus Golfinho-fliper
Steno bredanensis Golfinho-de-dentes-rugosos

PHYSETERIDAE
Kogia brevipes Cachalote-pigmeu

PLATANISTIDAE
Pontoporia blainvillei Toninha

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A fauna do manguezal propriamente dito é constituída principalmente


por peixes, moluscos e crustáceos, porém diversos animais usufruem deste
ambiente, desde formas microscópicas até répteis e mamíferos. Por serem
muito ricos em nutrientes, os manguezais são locais propícios ao
desenvolvimento e abrigo de organismos jovens. Muitos dos animais que
habitam os manguezais, não vivem toda a sua vida neste ambiente. Os
camarões, por exemplo, migram para dentro do manguezal e lá permanecem
durante a fase de crescimento, passando de larvas a jovens e então voltam
ao oceano. Alguns animais sésseis permanecem a vida toda no manguezal,
como é o caso dos sururus, taiobas, moluscos em geral e ostras. Já os
caranguejos, que possuem capacidade de locomoção, enterram-se em
galerias que escavam no solo (na maré baixa) e sobem nos troncos e raízes
das árvores (na maré cheia).
Dentre os crustáceos se destacam os caranguejos arborícolas, como o
marinheiro ou aratu (Aratus pisonii), o caranguejo-uçá (Ucides cordatus), o
guaiamum (Cardisoma guanhumi), a maria-mulata (Goniopsis cruentata), o
siri-azul (Callinectes sp), o chama-maré (Uca uruguayensis) e outros. Os
moluscos são principalmente os sururus Mytella falcata e Mytella guyanensis
e as ostras Crassostrea rhizophorae que vivem fixas a troncos e raízes
aéreas, formando extensas populações (RODRIGUES, 1998).
As ostras constituem importante fonte de renda para as comunidades
da região. Sua exploração, outrora essencialmente extrativista, hoje é feita de
maneira a constituir um semi-cultivo, no qual as ostras com tamanho de cerca
de 5 cm são retiradas das raízes do mangue e colocadas a engordar em
tabuleiros, atingindo em 4 meses o tamanho comercial de 7 cm.
Nas praias a fauna é constituída por espécies residentes ou visitantes,
estas últimas geralmente trazidas pela ação das ondas durante ressacas.
Dentre as residentes as mais comuns são os crustáceos maria-farinha
(Ocypode quadrata), siri-chita (Areanaues cribarius), tamburutaca (Coronis
scolopendra), tatuíras (Lepidopa richmondiI e Emérita brasiliensis), corrupto
(Callichirus major), camarão-da-areia (Callichirus mirim), os gastrópodes
Olivancillaria brasiliensis e Hastula cinérea, os bivalves Tivella mactroides,
Anomalocadia brasiliana e Donax hanleyanus, além de diversos poliquetos,
equinodermos e representantes de outros grupos. Dentre as espécies
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visitantes destacam-se a caravela (Physalia physalis), a bolacha-da-praia


(Encope emarginata) e algumas espécies de estrelas do mar. Para as
tartarugas marinhas (Caretta caretta e verde), as praias são importantes por
consistirem em área de reprodução (desova).
Os riachos e rios da região de Cananéia apresentam uma fauna
bastante semelhante entre si, com destaque para os peixes lambari e
cascudo e crustáceos como os camarões de água doce (Macrobrachium
acanthurus, Macrobrachium carcinus e Macrobrachium potiuna) e os
caranguejos de água doce.

Organismos aquáticos exóticos e alóctones.

A introdução de espécies exóticas e alóctones no ambiente aquático


representa hoje um sério problema mundial e um dos principais fatores de
modificações do meio ambiente e da biodiversidade de uma região
(BARBIERI e MELO, 2006). As conseqüências da introdução destas espécies
podem causar impactos ao ecossistema e problemas a pesca em geral
(WILLIAMSON, 1996). As invasões das espécies exóticas estão muitas vezes
associadas às atividades humanas, como a introdução através da água de
lastro de navios ou pela fuga de espécimes provenientes da aqüicultura mal
planejada (BARBIERI, 1998).
Na década de 80 a espécie de ostra Crassostrea gigas foi introduzida
na região por um produtor particular, o qual implantou um laboratório para a
produção de sementes dessa espécie. Todavia, apesar de cultivada por
muitos anos, não se observou até o presente o estabelecimento dessa
espécie na região, talvez pelo fato de ser uma espécie que se desenvolve
preferencialmente em água salina e assim, não consegue competir com as
espécies de ostras nativas. Com a transformação da região em APA Federal,
o cultivo de Crassostrea gigas hoje não é mais permitido.
Mais recentemente, no início da presente década, a espécie exótica de
camarão, Litopenaeus vannamei, foi introduzida na região principalmente
para a produção de isca-viva para a pesca esportiva. Até há poucos anos
atrás existia em Cananéia uma fazenda produzindo L. vannamei em viveiros
escavados para fins de engorda e também para a produção de isca viva.
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Todavia uma ação do Ministério Público determinou o fechamento dessa


fazenda. Segundo BARBIERI e MELO (2006) foram capturados exemplares
dessa espécie em diversos pontos do estuário, ainda que em um número
bem reduzido de indivíduos. Ainda segundo os mesmos autores, os dados
coletados não dão indícios que L. vannamei está proliferando na região a
ponto de ser considerada uma espécie invasora e nem de causar problemas
econômicos, porém, é necessário adotar o princípio de precaução quando se
trata de uma espécie exótica. É necessário também, tentar prever as
conseqüências da colonização de L. vannamei no estuário, evitando desta
forma que esta possível introdução tenha conseqüências ecológicas,
sanitárias e econômicas imprevisíveis.
A região do Vale do Ribeira apresenta uma grande produção de
peixes cultivados, sendo que as espécies mais comuns utilizadas para a
piscicultura são a tilápia (Oriochromis niloticus), o bagre-africano (Clarias sp),
carpas (Cyprinus carpio), o pacu (Piaractus mesopotamicus) e o curimbatá
(Prochiladus scrofa), todas exóticas à Bacia do Rio Ribeira de Iguape. Devido
às enchentes que ocorrem freqüentemente na região, os viveiros acabam
transbordando provocando o escape de peixes dos cultivos, principalmente
para o rio Ribeira de Iguape. Muitos destes indivíduos que escapam acabam
sendo encontrados no estuário de Cananéia junto à pesca de peixes nativos,
sendo às vezes o principal produto de captura (BARRETO et al., 2000). Os
peixes exóticos em ambiente natural podem causar impactos às espécies
nativas como a predação, competição e exclusão, além de hibridação
(WILLIAMSON, 1996).
BARRETO et al. (2000) sugerem que seja mais bem avaliada a
construção dos viveiros de cultivo próximos às margens dos rios, evitando
serem atingidos pelas cheias, como também determinar modalidades
precisas de descontaminação ou de quarentena para os organismos de
interesse para a aqüicultura, com normas baseadas em estudos científicos e
não apenas de acordo com o controle sanitário.

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4.6. Avifauna

A presença de aves em uma determinada região depende de fatores


como ambiente, época do ano e localização da região relativa à distribuição
da espécie em questão. A qualquer tempo, certas espécies podem ser
observadas migrando para lugares distantes, outras que vêm para nidificar e
ainda outras que permanecem o ano todo. A soma total de espécies que
partem e chegam e aquelas que sempre estão presentes compõem a
avifauna de uma região. À medida que for ocorrendo a ocupação humana,
essas espécies serão forçadas a procurar outros habitats para se
alimentarem e se reproduzirem (BARBIERI, 2001), podendo acarretar, desta
maneira a exclusão ou desaparecimento de espécies de algumas regiões. O
bioma da Mata Atlântica abriga, aproximadamente, 700 espécies de aves,
das quais cerca de 200 são consideradas endêmicas (SCOTT e BROOKE
1985; CRACRAFT, 1985, Stotz et al., 1996 apud PETROBRÁS, 2006).
O Complexo Estuarino-Lagunar de Cananéia possui grande
diversidade faunística, abrigando uma das maiores colônias de aves
marinhas do sudeste brasileiro (SMA, 1989, BARBIERI e PINNA, 2006). A
região é de extrema importância para as aves residentes e migratórias, pois
abriga espécies ameaçadas de extinção, como o papagaio-da-cara-roxa
(Amazona brasiliensis). De acordo com BARBIERI e PINNA (2005), devido ao
relativo estado de conservação da cobertura vegetal, há uma fauna bastante
rica em espécies e numerosa, destacando-se principalmente pela variedade
de componentes da avifauna e pela presença de mamíferos e répteis que em
outros ecossistemas parecidos estão praticamente extintos.
As aves são representadas principalmente pelos tucanos, pica-paus,
jacus, macucos, marrecos, maritacas, papagaio-chauá (ameaçado de
extinção), garça-branca-pequena, beija-flores e pássaros como saíras, tié-
sangues, sabiás, sanhaços e tico-ticos (BARBIERI, 1995). Esse ecossistema
é um importante centro de endemismo, com várias espécies ameaçadas de
extinção, principalmente pela destruição de hábitats, pelo comércio ilegal e
pela caça seletiva de várias espécies.

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Parte das aves da região constitui-se de espécies visitantes, ou do


Hemisfério Norte ou do Hemisfério Sul (BARBIERI e PINNA, 2005). As
procedentes do Hemisfério Norte aparecem no final do ano, durante o inverno
setentrional, sendo representadas principalmente pelos maçaricos. As
procedentes do Hemisfério Sul chegam durante o nosso inverno, no meio do
ano, como certos petréis e pinguins. Algumas espécies, como os albatrozes e
pardelas, vivem em alto-mar, chegando apenas acidentalmente à costa, às
vezes jogadas mortas na praia após a ocorrência de tempestades (TABELA
16).
Aves de praia e outras espécies migratórias que dependem de áreas
alagadas como ponto de parada, como é o caso da região de Cananéia
(BARBIERI e MENDONÇA, 2005) estão sendo obrigadas a mudar para
outras regiões, devido à rápida mudança na paisagem (FAMER e PARENT,
1997). Por esse motivo é necessário que ocorra um excelente planejamento,
para que as estruturas que serão utilizadas na maricultura, não sejam
impactantes para a avifauna.

TABELA 16 – Composição da avifauna da Região de Cananéia (BARBIERI,


1995) VN - Visitantes procedentes do Norte; VS – Visitantes
procedentes do Sul; * = aves ameaçadas de extinção; ** = aves
sob proteção internacional; *** = aves endêmicas de domínio
Atlântico

ESPÉCIE OBS NOME COMUM

Família Spheniscidae
Spheniscus megellanicus VS Pingüim

Família Tinamidae
Tinamus solitarius *** Macuco
Crypturellus tataupa Inambu

Família Podicipedidae
Podiceps dominicus Mergulhão pequeno
Podilymbus podiceps Mergulhão

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Família Diomedeidae
Thalassarche melanophris** VS Albatroz-de-sobrancelha
Thalassarche chlororhynchos** VS Albatroz- de nariz-amarelo

Família Procellariidae
Macronectes giganteus** VS Pardela gigante
Daption capense VS Pombo-do-cabo
Pachyptila belcheri VS Pardela cinza
Procellaria aequinoctialis VS Pardela-preta
Puffinus diomedea VN Bobo-grande
Puffinus gravis VS Bobo-de sobre-branco
Puffinus puffinus VN Bobo-pequeno

Família Hydrobatidae
Oceanites oceanicus VS Alma-de-mestre

Família Sulidae
Sula leucogaster Atobá

Família Phalacrocoracidae
Phalacrocorax olivaceus Biguá

Família Fregatidae
Fragata magnificens Tesourão

Família Ardeidae
Ardea cocoi Garça-moura
Ardea alba Garça-grande-branca
Egreta thula Garça-branca-pequena
Butorides striatus Socozinho
Syrigma sibilatrix Maria-faceira
Nycticorax nycticorax Savacu
Trigrisoma lineatum* Socó-boi

Família Ciconiidae
Euxenura maguari V Cegonha
Jabiru mycteria V Jaburu

Família Threskiornithidae

Phimosus infuscatus V Maçarico-de cara-pelada


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Eudocimus ruber* V Guará


Plegadis chihi V Caraúna
Ajaia ajaja Colhereiro

Família Anatidae
Dendrocygna bicolor Marreca-caneleira
Dendrocygna viduata Irerê
Anãs bahamensis Marreca-toicinho
Amazonetta brasiliensis Marreca-de-peito vermelho
Anãs platalea VS Marreca-colheira
Cairina moschata Pato-do-mato
Oxyura dominica Marreca-de-bico-roxo
Cairina moschata* Pato-do-mato

Família Cathartidae
Coragyps atratus Urubu-comum

Família Accipitridae
Elanus leucurus Gavião-peneira
Elanoides forficatus Gavião-tesoura
Chondrohierax unicatus Caracoleiro
Harpagus bidentatus Ripina
Accipiter striatus Gaviãozinho
Buteo albicaudatus Gavião-de-rabo-branco
Buteo magnirostris Gavião-carijó
Buteo brachyurus Gavião-de-rabo-curto
Parabuteo unicinctus Gavião-asa-de-telha
Leucopternis lacernulata *** Gavião-pombo
Leucopternis polionota *** Gavião-pombo-grande
Heterospizias meridionalis Gavião-caboclo
Buteogallus urubitinga Gavião-preto
Spizaetus tyrannus Gavião-pega-macaco

Família Falconidae.
Herpetotheres cachinnans Acua
Micrastur semitorquatus Gavião-relógio
Micrastur ruficollis Gavião-cabur
Milvago chimachima Carrapateiro
Caracara plancus Caracará
Falco rufigularis Caur

Falco femoralis Falcão-de-coleira


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Falco sparverius Quiriquiri

Família Cracidae
Penelope superciliaris *** Jacupemba
Pipile jacutinga *** Jacutinga

Família Phasianidae
Odontophorus capueira *** Uru

Família Rallidae
Rallus sanguinolentus Saracura-do-banhado
Rallus nigricans Saracura-anã
Rallus longirostris Saracura-matraca
Aramidis mangle Saracura-da-praia
Aramides cajanea Três-potes
Aramides saracura Saracura do mato
Porzana albicollis Sanã-carijó
Porzana flaviventer Sanã-amarelo
Laterallus melanophaius Pinto-d'gua
Laterallus viridis Siricora-mirim
Porphyriops melanops Frango-d'gua-carijó
Gallinula chloropus Frango-d'gua
Porphyrula martinica Frango-d'gua-azul
Fulica armilata VS Carqueja

Família Jacanidae
Jacana jacana Jaçanã

Família Rostratulidae
Nycticryphes semicollaris Narceja-de-bico-torto

Família Haematopidae
Haematopus ostralegus Piru-piru

Família Charadriidae
Vanellus chilensis Quero-quero
Pluvialis dominica** VN Batuiruçu
Pluvialis squatarola ** VN Batuiruçu-de-axila-preta
Charadrius semipalmatus VN Batuíra-de-bando
Charadrius collaris Batuíra-de-coleira

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Família Scolopacidae
Arenaria interpres VN Vira-pedra
Tringa solitaria VN Maçarico-solitrio
Tringa flavipes VN Maçarico-de-perna-amarela
Tringa melanoleuca VN M.-de-perna-amarela-grande
Tringa macularia VN Maçarico-pintado
Calidris fuscicollis VN Maçarico-de-sobre-branco
Calidris pusilla VN Maçarico-rasteirinho
Calidris alba ** VN Maçarico-branco
Gallinago gallinago VN Narcejinha
Gallinago undulata Narcejão
Calidris canutua**

Família Recurvirostridae
Himantopus himantopus Pernilongo

Família Stercorariidae
Catharacta skua VS Gaivota-rapineira-grande
Stercorarius parasiticus VN Gaivota-rapineira

Família Laridae
Larus dominicanus Gaivotão
Sterna hirundinacea Trinta-reis-de-bico-vermelho
Sterna hirundo VN Trinta-reis-boreal
Sterna superciliaris Trinta-reis-anão
Sterna máxima* VN Trinta-reis-real
Sterna eurygnatha Trinta-reis-de-bico-amarelo

Família Columbidae
Columba livia Pombo-doméstico
Columba cayennensis Pomba-galega
Columba speciosa Pomba-trocal
Columbina minuta Rolinha-de-asa-canela
Columbina talpacoti Rolinha
Leptotila verreauxi Juriti-pupu
Leptotila rufaxilla Juriti-gemedeira

Família Psittacidae
Myiopsitta monachus Caturrita
Forpus xanthopterygius Tuim

Brotogeris tirica *** Periquito-verde


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Pionus maximiliani Maitaca


Amazona brasiliensis * *** Papagaio-de-cara-roxa
Triclaria malachitacea *** Sábia-cica

Família Cuculidae
Piaya cayana Alma-de-gato
Crotaphaga major Anu-coroa
Crotofaga ani Anu-preto
Guira guira Anu branco

Família Tytonidae
Tyto alba Suindara

Família Strigidae
Otus choliba Coruja-do-mato
Speotyto cunicularia Coruja-do-campo
Strix hylophila *** Coruja-pintada

Família Caprimulgidae
Macropsalis creagra *** Curiango-de-cauda-longa
Nyctidromus albicollis Curiango
Caprimulgus maculicaudus Bacurau
Caprimulgus parvulus Bacurau-pequeno
Hydropsalis brasiliana Bacurau-tesoura

Família Trochilidae
Ramphodon naevius *** Beija-flor-grande
Eupetomena macroura Beija-flor-tesoura
Melanotrochilus fuscus *** Beija-flor-preto
Colibri serrirostris Beija-flor-de-canto
Chrysolampis mosquitus Beija-flor-vermelho
Lophornis magnifica Topetinho-vermelho
Popelairia langsdorffi Rabo-de-espinho
Hylocharis sappirina Beija-flor-safira
Hylocharis cyanus *** Beija-flor-roxo
Polytmus guianumbi Beija-flor-dourado
Aphantochroa cirrhochloris Beija-flor-cinza
Calliphlox amethystina Estrelinha

Família Alcedinidae

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Ceryle torquata Martim-pescador-grande


Chlorceryle amazona Martim-pescador-verde
Chlorceryle americana Martim-pescador-pequeno

Família Ramphastidae
Selinidera maculirostris Araçari-poca
Baillonius bailloni *** Araçari-banana
Ramphastos vitellinus Tucano-de-bico-preto
Ramphastos dicolorus Tucano-de-bico-verde

Família Picidae
Picummus cirratus Picapauzinho
Colaptes campestris Pica-pau-do-campo
Piculus flaviguda Pica-pau-bufador
Celeus flavescens João-velho
Melanerpes candidus Pica-pau-branco
Veniliornis maculifrons Pica-pau-de-testa-pintada
Picumnus temmincki *** Picapau-anão-de-coleira
Dryocopus galeatus *** Picapau-de-bochecha-laranja

Família Dendrocolaptidae
Dendrocincla fuliginosa Arapau-liso
Sittasomus griseicapillus Arapau-verde
Lepidocolaptes fuscus Arapau-rajado
Campylorhamphus trochilirostris Arapau-de-bico-torto

Família Furnariidae
Furnarius rufus João-de-barro
Synallaxis spixi João-tenenm
Cetthiaxis cinnamomea Curuti
Philydor atricapillus *** Limpa-folha-de-coroada
Philydor lichtensteini Limpa-folha-ocrcea
Philydor rufus Limpa-folha-de-testa-lisa
Xenops rutilans Bico-virado-carijó
Xenops minutus Bico-virado-liso
Sclerurus scansor Vira-folhas
Batara cinérea *** Matração
Automolus leucophthalmus *** Barranqueiro-de-olho-branco
Pyriglena leucoptera *** Olho-de-fogo-do-sul
Myrmeciza squamosa *** Papa-formiga-de-escamas
Myrmotherula unicolor *** Choquinha-cinzenta

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Hypoedaleus guttatus *** Chocão-carijó


Herpsilochmus rufimarginatus *** Chorozinho-de-asa-ruiva
Dysithamnus mentalis *** Choquinha-lisa
Dysithamnus stichtothorax *** Choquinha-de-peito-pintado
Drymophila squamata *** Pintadinho

Família Formicariidae
Hypoedalus guttatus Chocão-carijó
Taraba major Choró-boi
Thamnophilus palliatus Choca-listrada
Thamnophilus punctatus Choca-bata-cabo
Dysithamnus mentalis Choquinha-lisa
Thamnomanes caesius Ipecu
Myrmotherula unicolor Choquinha
Herpsilochmus rufimarginatus Asa-vermelha
Drymophila squamata Choquinha-escamada
Myrmeciza loricata Papa-formigas
Grallaria varia Tovacuçu

Família Cotingidae
Laniisoma elegans Chibante
Calyptura cristata Tietde-coroa
Pachyramphus polychopterus Caneleirinho-preto
Pachyramphus marginatus Caneleirinho-preto-faiso
Procnias nudicollis *** Araponga
Oxyruncus cristatus Araponguinha

Família Pipridae
Chiroxiphia caudata *** Tangará
Ilicura militaris *** Tangarazinho
Manacus manacus Rendeira
Machaeropterus regulus Tangar-rajado

Família Tyrannidae
Xolmis cinerea Primavera
Xolmis velata Noivinha
Colonia colonus Viuvinha
Gubernetes yetapa Tesoura-do-brejo
Hymenops perspicillata Viuvinha-de-óculos
Arundinicola leucocephala Freirinha
Satrapa icterophrys Suiriri-pequeno

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Machetornis rixosus Suiriri-cavaleiro


Muscivora tyrannus Tesourinha
Tyrannus melancholicus Suiriri
Empidonomus varius Peitica
Myiodynastes maculatus Bem-te-vi-rajado
Myiozetetes similis Bem-te-vi-pequeno
Pitangus sulphuratus Bem-te-vi
Elaenia subcristata Alegrinho
Elaenia albiceps VS Guaracava-migrante
Elaenia obscura Tucão
Todirostrum poliocephalum *** Ferreirinho-teque-teque
Phylloscartes oustaleti *** Papa-mosca-treme-rabo
Phylloscartes paulistus *** Estalinho-verde
Muscipipra vetula *** Papa-mosca-cinza

Família Troglodytidae
Thryothorus longirostris *** Cambaxirra
Troglodytes aedon Corruíra

Família Mimidae
Mimus gilvus Sabiá-da-praia
Mimus suturninus Sabiá-do-campo

Família Turdidae
Platycichla flavipes Sabiá-uma
Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira
Turdus amaurochalinus Sabiá-poca
Turdus albicollis Sabiá-coleira

Família Thraupidae
Tangara velia Saíra-diamante
Tangara sedon Saíra-de-sete-cores
Tangara cyanocephala Saíra-militar
Tangara cayana Saíra-amarela
Thraupis sayaca Sanhau-cinzento
Ramphocelus bresilius *** Tié-sangue
Habia rubica Tié-da-mata
Thlypopsissordida Canário-sapé
Thraupis cyanoptera *** Sanhaço-da-serra
Tachyphonus coronatus *** Gurundi

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Tangara peruviana *** Saíra-de-costa-preta


Dacnis nigripes *** Saí-de-pernas-pretas
Euphonia pectoralis *** Gaturamo-serrador

Família Fringillidae
Saltador maximus Tempera-viola
Sporophila collaris Coleiro-do-brejo
Sporophila lineola Bigodinho
Sporophila caerulescens Coleirinho
Sporophila leucoptera Chorão
Oryzoborus angolensis Curió
Zonotrichia capensis Tico-tico

5. DIAGNÓSTICO DAS FORMAS DE OCUPAÇÃO DA REGIÃO

5.1. A ocupação da região de Cananéia

Boa parte das capitais estaduais do Brasil está distribuída ao longo da


sua costa atlântica, concentrando na região costeira mais de um quinto da

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população, ou seja, quase 25 milhões de habitantes. No entanto, essa


aparente vocação marítima nunca foi traduzida numa valorização dos
recursos naturais aí existentes através de uma coerente planificação e
utilização dos espaços e recursos costeiros.
Esta ocupação litorânea se deve, provavelmente, ao interesse
mercantilista da Coroa Portuguesa, cuja instalação na costa brasileira visava
o comércio direto de seus "produtos da terra" com a Europa. Procuravam,
portanto, locais no litoral adequados para a atracação de embarcações,
pontos estes que seriam os embriões dos núcleos de povoamento.
A colonização portuguesa foi, antes de tudo, litorânea e tropical. Os
portugueses criavam todas as dificuldades às entradas para o interior,
receosos de que com isso se despovoasse a região litorânea. Outra medida
que parece destinada a estimular a povoação no litoral foi a que estipulou as
"Cartas de Doação das Capitanias Hereditárias", segundo as quais "poderão
os donatários edificar junto ao mar e aos rios navegáveis, quantas vilas
quiserem, sem licença prévia de Sua Majestade” (HOLANDA, 1978).
No Estado de São Paulo o processo de colonização foi mais dinâmico
em direção ao planalto paulistano do que no litoral, o que pode ser facilmente
notado pelos dados de crescimento populacional. Fato curioso, se levarmos
em conta a barreira geográfica existente constituída pela Serra do Mar.
Podemos enumerar algumas razões que explicam a individualidade histórica
de São Paulo (cidade) e a relativa autonomia do planalto em relação à
Metrópole portuguesa.
1. A presença de índios hostis que justificou a não ocupação do Litoral
Norte na época inicial da colonização.
2. As numerosas tribos indígenas nos campos de Piratininga, que
representavam para os colonos um farto abastecedouro de mão de obra.
3. O litoral era palco de freqüentes incursões corsárias, enquanto o planalto
estava imune a qualquer forma de invasão, a não ser dos próprios indígenas.
4. Os solos encharcados e os vales sujeitos a inundações periódicas
não apresentam condições para um aproveitamento econômico baseado na
agro-indústria da cana de açúcar. A decadência da cana na região foi tão
rápida que não chegou a participar do comércio mundial do produto, ao
contrário do que se verificou no Nordeste do país.
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5. São Vicente funcionava como "cabeça de ponte" para a penetração


ao interior, em função da procura de metais preciosos, cristalizador da
dinâmica do processo de colonização em relação ao planalto.
Outro fato curioso a ser observado é a posição e o predomínio
populacional do Litoral Sul em relação à Baixada Santista até o início do
século. XIX. A posição de Santos como cidade portuária só começa a ter
grande importância a partir de 1850/60, quando o café plantado no planalto
começa a encabeçar a lista das exportações paulistas. A partir daí, começam
a ser construídas as ferrovias e o porto, além de saneamento básico, obras
financiadas pelo governo do Estado para o escoamento do produto.
No Litoral Sul, dois núcleos foram fundados pelos portugueses para
servirem de ponto de partida para a penetração ao interior, à procura de
metais preciosos: Cananéia, que controlava estrategicamente a navegação
do Mar Pequeno e Iguape, que junto ao mar e ao estuário do rio Ribeira,
controlava a navegação para o interior. Esses dois núcleos cresciam por
serem locais obrigatórios de passagem e, por estarem na divisa do Tratado
de Tordesilhas, eram palco de lutas entre portugueses, espanhóis e até
piratas franceses. Em Iguape surgiu a primeira Casa da Moeda do Brasil.
Os mangues, charcos, várzeas e brejos eram propícios ao cultivo do
arroz no vale do Ribeira, que era transportado através dos rios. Nessa região
uma cooperativa japonesa agiu junto ao governo para conseguir o contrato de
registro da terra (a partir de 1892), colocando-se como intermediária entre os
agricultores imigrantes japoneses e criando para eles uma situação de total
dependência.
A estagnação da economia da região teve início a partir de 1870, com
o início da hegemonia de São Paulo e Minas Gerais (política do café com
leite) e a diminuição de incentivos governamentais. Assim, a decadência do
arroz, extinção da mineração, a crise do café em 1929 provocaria a falência e
emigração dos fazendeiros.
A ocupação humana na ilha de Cananéia começou através do Homem
do Sambaqui e, a grosso modo, deve ter ocorrido entre 5000 e 1500 anos
A.P.. Supõe-se que esse era um grupo etnicamente diferente dos grupos
indígenas que os sucederam - Carijós, Tupiniquins, Guaranis, etc – e sobre o
qual existem poucos registros culturais. Quando a colonização européia
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Plano Local de Desenvolvimento da Maricultura de Cananéia – PLDM Cananéia

chegou a Cananéia, acredita-se que os primeiros povoados se iniciaram na


Ilha Comprida. A maior parte das famílias nessa região veio de locais
próximos, de zonas agrícolas, buscando trocar seus produtos por
manufaturados. No início do Século XX começam a chegar a Cananéia,
embarcações vindas de Santos em busca de pescado, modificando a
estrutura econômica local, principalmente nas zonas ribeirinhas ao Sistema
Lagunar. Desta forma, o habitante desta região abandonou a agricultura para
se dedicar à pesca, em busca de melhores condições de vida, já que as
áreas onde pescavam eram próximas à cidade e garantiam ganhos em
dinheiro imediatos. A urbanização da Ilha de Cananéia começou a partir de
1950, intensificando-se nas décadas de 70 e 80, com a implantação de vários
loteamentos que não levaram em conta o ambiente onde estavam sendo
instalados.

5.2. Diagnóstico dos setores produtivos

5.2.1 Indústria turístico-imobiliária

Os setores produtivos predominantes na região são o imobiliário e o da


náutica e pesca, ambos fortemente influenciados pelo crescimento do turismo
na região. O setor da pesca, por sua importância para o município será
tratado isoladamente mais adiante.
Dados publicados pela SUDELPA (1987) e pela SEMA-SP (1989)
demonstram que nos municípios de Iguape e Cananéia, os fatores que
marginalizaram a região no século XX, como por exemplo, as adversas
condições climáticas e as dificuldades de acesso, contribuíram para a
preservação das grandes áreas. Todavia não evitaram ações de grilagem e
extrativismo, que comprometeram a integridade do meio ambiente,
acarretando a descaracterização cultural e a expulsão das comunidades
originais. O processo de ocupação e povoamento do Vale do Ribeira,
juntamente com as características do relevo, do clima, do solo e da
vegetação, manteve a região afastada do desenvolvimento econômico,
porém permitiu a manutenção da maior porção contínua de ecossistemas da

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Mata Atlântica do território paulista (SEMA, 1996).


Segundo AFONSO (1999), o movimento turístico ao longo de toda a
zona costeira do Estado de São Paulo é o principal indutor de urbanização e
poluição das águas, estando relacionado com uma cadeia de impactos como
desmatamento; conflito de uso do solo; contaminação de águas superficiais e
subterrâneas, solos, praias e estuários; além da alteração de costumes por
parte das comunidades locais. Em Cananéia a situação foi um pouco
diferente. "O grau de desenvolvimento urbano nos arredores deste estuário é
bastante diferenciado. Os maiores núcleos de ocupação na região são as
cidades de Iguape, Cananéia e o Boqueirão Norte, na Ilha Comprida"
(LIGNON et al., 2000).
A urbanização é predominantemente linear, e a estruturação espacial
dos loteamentos dá-se no sentido transversal à Ilha de Cananéia. A
urbanização é o principal agente transformador da paisagem e do ambiente.
Nos últimos dez anos, o crescimento urbano vem ocupando as áreas planas
disponíveis junto aos canais na parte norte da ilha. Algumas áreas
desmatadas ou com mata alterada se entremeiam na mancha urbana que
acompanha a recém-construída “estrada da ponte”, que facilitou a ligação
com o continente.
Os loteamentos seguem o padrão tradicional, ou seja, a malha urbana
em forma de "tabuleiro de xadrez", recortando as áreas de mata. Estes
loteamentos, de modo geral, foram feitos em áreas totalmente inapropriadas.
Quase todos possuem partes de seus lotes em áreas de mangues, restinga,
ou alagadiços permanentes, refletindo diretamente no preço da construção e
contribuindo principalmente para aumentar os efeitos deletérios sobre o meio
ambiente. No município, também existem núcleos de comunidades
tradicionais de pescadores, como São Paulo, Bagre, Agrossolar, Retiro e
Itapitangui, localizados às margens do Mar Pequeno. Estes núcleos vêm
enfrentando problemas graves com o avanço dos loteamentos irregulares
sobre suas terras.

5.2.2. Riscos potenciais de poluição das águas

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Sabe-se que a qualidade da água do litoral está relacionada com as


condições sanitárias dos municípios, determinadas pela infra-estrutura de
saneamento básico, pela população fixa, pelo afluxo de turistas e pelas
condições climáticas. Dessa forma, para melhor compreender a flutuação da
qualidade das águas nas praias do litoral é importante correlacioná-la com os
investimentos em saneamento básico, o crescimento populacional, a
população flutuante e os índices de pluviosidade.
A desorganização dos setores produtivos do município coloca em risco
a qualidade das águas para a implantação de áreas aqüícola. A ocupação
desordenada do solo, os loteamentos irregulares, o avanço imobiliário sobre
as regiões de mangues e restingas e a falta de saneamento básico
constituem fonte permanente de poluição do estuário por resíduos orgânicos
e esgotos domésticos, tornando alguns locais sujeitos à contaminação,
principalmente em determinadas épocas do ano (BARBIERI e MACHADO,
2006).
O grande crescimento populacional pode explicar em parte uma
mudança para pior nas condições de balneabilidade. Outro fator de grande
importância é o número de turistas que visitam o litoral nos meses de verão.
Os meses com maior afluxo de pessoas tenderiam a apresentar piores
condições de balneabilidade.
Os dados dos dois últimos censos mostram um crescimento
populacional elevado para os municípios do litoral. Comparando-os com o
aumento verificado no Estado de São Paulo nesse período (19%), constata-
se que a maioria dos municípios teve aumento superior, destacando-se
Mongaguá, com mais de 90% de crescimento populacional (CETESB, 2005).
Nos municípios de Santos e Iguape não se registrou crescimento
populacional durante o período, provavelmente devido à emancipação de
parte de seus territórios com a criação dos novos municípios de Bertioga e
Ilha Comprida. Considerada a contagem populacional de 1996, os municípios
cujas populações mais cresceram foram Bertioga e Ilha Comprida (aumentos
superiores a 80%).
A carga orgânica remanescente nos cursos d’água é geralmente o
principal fator que define a qualidade das águas costeiras. O município de
Cananéia é um dos poucos do Estado a tratar integralmente os efluentes
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coletados, porém a baixa porcentagem de coleta desses efluentes coloca em


risco a qualidade da água de parte do município, principalmente nas regiões
próximas ao núcleo urbano e nos meses de verão (TABELA 17).

TABELA 17 - Carga orgânica potencial, removida e remanescente do


município de Cananéia. Fonte: CETESB (2005).

CARGA
TRATAMENTO CARGA CARGA
POPULAÇÃO ORGÂNICA ESGOTO
DO ESGOTO ORGÂNICA ORGÂNICA
URBANA POTENCIAL COLETADO
COLETADO REMOVIDA REMANESCENTE
(2005) (KG DBO / (%)
(%) (KG DBO / DIA) (KG DBO / DIA)
DIA)

13.964 643 46% 100% 237 406

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A implantação de áreas aqüícolas na região deverá ser subsidiada por


informações referentes à qualidade da água dos locais demarcados e
acompanhada através do monitoramento dessa qualidade. Os critérios
utilizados pelo CONAMA quanto à qualidade da água variam para água doce,
salobra e salina e em relação ao tipo de uso pretendido. Segundo a
Resolução CONAMA 357/2005, os padrões de qualidade mínima de águas
salinas e salobras para a classe 1, que é a classe correpondente à
maricultura, são (TABELA 18):

TABELA 18 - Padrões de qualidade de água para a classe 1 (maricultura),


com relação aos principais parâmetos, segundo a Resolução
CONAMA 357/05

PARÂMETRO ÁGUAS SALINAS ÁGUAS SALOBRAS

Oxigênio dissolvido 6,0 mg/L 5,0 mg/L


Carbono orgânico total 3,0 mg/L 3,0 mg/L
Nitrogênio amoniacal total 0,40 mg/L 0,40 mg/L
N-Nitrito 0,07 mg/L 0,07 mg/L
N-Nitrato 0,40 mg/L 0,40 mg/L
Fósforo total 0,062 mg/L 0,124 mg/L
Polifosfatos 0,031 mg/L 0,062 mg/L
Mercúrio 0,2 µ/L 1,8 µ/L
Zinco 0,09 mg/L 0,12 mg/L
Cadmio 0,005 mg/L 0,04 mg/L
Selenio 0,01 mg/L 0,29 mg/L
Chumbo 0,01 mg/L 0,210 mg /L
Cobre 0,005 mg/L 0,078 mg/L
Níquel 0,025 mg/L 0,074 mg/L

Na mesma Resolução, à seção III, alínea “g” do inciso I do art. 18


encontra-se que “para o cultivo de moluscos bivalves destinados à
alimentação humana, a média geométrica da densidade de coliformes

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termotolerantes, de um mínimo de 15 amostras coletadas no mesmo local,


não deverá exceder 43 por 100 mililitros, e o percentil 90% não deverá
ultrapassar 88 coliformes termotolerantes por 100 mililitros. Esses índices
deverão ser mantidos em monitoramento anual com um mínimo de 5
amostras”.
BARBIERI e MACHADO (2006) estudaram a concentração de
coliformes totais e fecais em um único ponto do Estuário de Cananéia (Mar
de Cubatão) durante 6 anos consecutivos, verificando que na maior parte das
amostras os índices de coliformes fecais foram superiores ao permitido pela
Resolução 357/2005, existindo ainda uma forte correlação entre esses
índices e os índices pluviométricos mensais na região. Esses resultados,
ainda que pontuais, mostram que há necessidade de se aprofundar os
estudos microbiológicos da água de todos os locais de cultivo para verificar a
adequação da mesma aos padrões de qualidade exigidos por lei.

5.3. A atividade náutica

5.3.1. Áreas utilizadas para o turismo desportivo

Em Cananéia verifica-se a prática de esportes náuticos, como: vela, jet


ski, banana boat, caiaque, entre outras modalidades, inclusive o banho de
mar (FIGURA 29). Os canais do estuário permitem a presença do turismo
desportivo, incluindo a pesca. Estes esportes são exercidos tanto no Mar de
Cananéia (ou Pequeno) quanto no Mar de Dentro, próximo ao bairro de Porto
Cubatão, onde está presente a maioria das marinas da região.
Esse tipo de atividade turística também é desenvolvida na Ilha do
Cardoso, concentrando-se tanto ao sul da ilha na comunidade do Marujá
quanto na ponta norte na região do Pereirinha, tendo um caráter sazonal,
acentuando-se no verão e nos feriados durante todo o ano. Os esportes mais
praticados na Ilha do Cardoso são: o surf, a pesca, vela e o jet ski (PPMA,
2001a).
Na Ilha do Bom Abrigo, localizada na barra do mar de Cananéia, o
esporte náutico mais praticado é o mergulho, devido à visibilidade da água.

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Porém nessa região também há pratica de pesca submarina.


No Agrossolar, comunidade tradicional localizada nas margens do Mar
Pequeno é comum a prática de alguns esportes náuticos como, por exemplo,
a vela e pesca amadora, além da utilização do local como praia para
banhistas.

FIGURA 29 – Mapa com localização dos principais balneários de Cananéia


(Fonte: Terra Metric, 2007).

5.3.2. Localização de marinas

Existem na região cinco marinas de médio porte, tanto em Cananéia


como no município vizinho de Ilha Comprida, as quais exercem influência no
trânsito de embarcações pelos canais de Cananéia, as quais estão listadas
na TABELA 19 e mostradas na FIGURA 30.

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TABELA 19 – Marinas existentes no município de Cananéia e entorno.

Nº DE
NOME LOCAL MUNICÍPIO COORDENADAS
EMBARCAÇÕES
Iate Clube Rio 25º1.0’33.87”
Boqueirão Sul Ilha Comprida 15
Verde 47º54’48.49”

Marina Recanto 24º58’39.7”


Porto Cubatão Cananéia 11
dos Pescadores 47º56’49.3”

Clube de Pesca 24º58’25.5”


Porto Cubatão Cananéia 10
Cananéia 47º56’49.3”

24º58’22.0”
Marina Utamuru Porto Cubatão Cananéia 10
47º56’44.3”
Porto Marina Retiro das 63 25º00’20.5”
Cananéia
Homem do Mar Caravelas 47º55’19.6”

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FIGURA 30 – Mapa com localização georreferenciada das marinas da região


de Cananéia e entorno (Fonte: Terra Metric, 2007).

Verifica-se que a maior parte das marinas situa-se na região do Mar de


Dentro, próximo ao bairro de Porto Cubatão, justamente a região onde se dá
a descarga de efluentes de esgoto tratado do município. O local apresenta
má qualidade de água, não sendo recomendado para a implantação de
cultivos nas proximidades. A única marina da Ilha de Cananéia situa-se no
bairro do Retiro das Caravelas, também distante de pontos de maricultura.
Assim, a influência que esses empreendimentos podem ter sobre os cultivos
e vice-versa, só se dá através do trânsito de embarcações provenientes das
marinas pelos canais.

5.3.3. Riscos da instalação de equipamentos de maricultura


para a navegação

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A instalação de equipamentos de maricultura poderá causar riscos à


navegação caso do posicionamento dos cultivos não considerar outras
formas de utilização da água, além de impactar outras atividades usuais do
estuário e do ambiente marinho, como a pesca, o turismo, esportes e o lazer.
Daí a importância de se discutir a ocupação dos espaços para a maricultura
de uma forma participativa com outros setores da economia regional,
principalmente a pesca e o turismo, respeitando entre outros aspectos, as
principais rotas de navegação (FIGURA 31).

FIGURA 31 – Principais rotas de navegação (turística e pesqueira) do


município de Cananéia

Os tabuleiros fixos para cultivo de ostras são as principais estruturas


de maricultura utilizadas na região de Cananéia. Esses tabuleiros são
geralmente instalados em canais do estuário, local de tráfego de
embarcações, não só de recreio e pesca, mas também de transporte de
pessoas e gêneros. Durante as marés baixas esses tabuleiros tornam-se
visíveis, além do que a navegação próxima aos baixios onde se situam as
criações, torna-se impraticável devido ao pequeno ou nenhum calado. Porém,

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nas marés altas e médias, os tabuleiros ficam submersos e tornam-se


invisíveis, causando riscos às embarcações que trafegam nas proximidades.
Daí a necessidade de sinalização dos locais onde se situam os tabuleiros.
Já a maricultura em estruturas flutuantes permanece sempre visível,
qualquer que seja a altura da maré, oferecendo, portanto, um menor risco à
navegação, além do que, a maior opção em termos de espaço físico para a
instalação desses cultivos faz com que exista um cuidado natural em instalá-
los fora das rotas costumeiras de trânsito de embarcações locais. Mas
sempre existe a possibilidade de trânsito de embarcações forasteiras, que por
desconhecerem a presença dos cultivos, podem correr algum perigo ao
transitar próximo aos mesmos.
Segundo o Código de Conduta para o Desenvolvimento Sustentável e
Responsável da Malacocultura Brasileira (2004), é necessário que as
fazendas mantenham-se totalmente sinalizadas, conforme os parâmetros
estabelecidos pelo Ministério da Marinha e Capitania dos Portos de sua
localidade. Essa sinalização deve mostrar claramente os limites da área
aqüícola, a posição da estrutura flutuante e a presença de cabos de
fundeamento. A sinalização noturna torna-se igualmente imprescindível,
principalmente em locais de trânsito permanente de embarcações.

5.4. A atividade pesqueira

5.4.1. A Colônia de Pesca de Cananéia

Em Cananéia situa-se a Colônia de Pesca Z9 “Apolinário de Araújo”,


que fica localizada na zona central da cidade e que tem como missão “o
apoio aos pescadores e representação da classe pesqueira artesanal, além
da conscientização da classe pesqueira quanto à necessidade da adoção de
práticas ambientalmente sustentáveis”. Hoje, a Colônia apresenta um número
aproximado de 1.400 associados, dos quais apenas 1.000 em atividade. As
principais atividades atualmente desenvolvidas pela Colônia são:

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a) Organização dos pescadores e representação da classe pesqueira


artesanal;
b) Cadastramento dos pescadores da área de jurisdição da colônia Z-9;
c) Representação dos pescadores junto aos órgãos do Ministério da
Agricultura para obtenção das permissões de pesca;
d) Representação dos pescadores junto ao INSS, para fins de seguros
previdenciários (aposentadoria, auxílio doença) e a todos os órgãos e
instâncias regionais;
e) Representação dos pescadores junto ao Ministério do Trabalho para o
seguro defeso das espécies protegidas pelas portarias;
f) Comercialização do pescado obtido pela pesca artesanal na peixaria da
Colônia e em feiras de outros municípios.
g) Encaminhamento de moções e reivindicações da classe pesqueira
artesanal junto aos órgãos competentes.

5.4.2. Pesca comercial

Pesca estuarina

A região tradicionalmente utilizada para pesca comercial inclui todo o


estuário, sendo o cerco-fixo a principal arte empregada no município. Além
deste, outras técnicas de pesca são: o espinhel horizontal, espinhel vertical,
redes de emalhe, arrasto de fundo e o gerival, utilizando embarcações de
diversos tamanhos, motorizadas ou não.
O volume e a diversidade de espécies capturadas depende das
condições climáticas existentes no estuário. As principais espécies
capturadas no cerco-fixo são: a tainha (Mugil platanus), o robalo
(Centropomus paralelus e C. undecimalis.) e o parati (Mugil curema). Já a
arte do espinhel horizontal é utilizada em todo o estuário, capturando diversas
espécies de peixes e o gerival visa à captura de juvenis de camarão-branco
(Litopenaeus shmitti) e camarão-rosa (Farfantepenaeus paulensis e F.
brasiliensis). Já as redes de arrasto têm como alvo o camarão-sete-barbas
(Xiphopenaeus kroyeri), e as de emalhe a corvina (Migroponias furnierii) e as

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pescadas (Cynoscion spp).

Pesca costeira

Fora da região estuarina a pesca é realizada por embarcações locais e


mesmo de outras regiões, com a utilização de diferentes técnicas como as
que se seguem:
Pesca de emalhe: é uma das mais tradicionais da região Sudeste-Sul
(ÁVILA-DA-SILVA, 2005a), sua importância de deve pelo baixo custo de
operação em relação às outras técnicas. Inicialmente tinha como foco a
captura de elasmobrânquios, porém estes vêm sendo substituídos por
cianídeos, principalmente a corvina.
Pesca de arrasto: esta modalidade pode ser dividida em arrasto duplo
ou simples, a primeira era usada, tradicionalmente, na captura de camarão. O
arrasto-duplo-médio, como pode ser observado na tabela abaixo, foi a
principal arte utilizada para capturar camarão-rosa (Farfantepenaeus spp);
porém devido ao declinio dos estoques, passou a ser direcionada para outros
recursos demersais, costeiros e de profundidade, passando a ocupar, já em
2004, o terceiro lugar em quantidade total de pescado capturado. Já o
arrasto-duplo-pequeno tem como espécie-alvo o camarão-sete-barbas
(Xiphopenaeus kroyeri), representando a segunda técnica em produção de
pescado na região. O arrasto-simples, de forma geral, era direcionado à
captura de peixes cianídeos, porém recentemente tem se observado, além do
incremento desta frota, o redirecionamento do esforço pesqueiro para outras
espécies ainda subexploradas como merluza (Merluccius hubbsi), peixe-sapo
(Lophius gastrophysus), abrótea-de-profundidade (Urophycis cirrata),
calamar-argentino (Illex argentinus) e galo-de-profunidade (Zenopsis
conchifer) (CERGOLE, et al, 2005).
Pesca de cerco: Tradicionalmente utilizada para pesca de sardinha-
verdadeira, entrou em declínio pela redução dos estoques da espécie. Porém
outras espécies passaram a ser alvos dessa pescaria, dentre elas o bagre.
Espinhel de fundo: Consiste em pequenos espinhéis de fundo
apoiados em pequenas embarcações. Com o desenvolvimento de novas

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técnicas, como o espinhel com cabo de aço e guincho hidráulico, foi possível
alcançar maiores profundidades e atingir outras áreas.
Espinhel de superfície: técnica introduzida na no Brasil no final da
década de 60 pelos imigrantes japoneses, é utilizada na região para captura
de espécies diversas.
Pesca de linha: Na superfície é bastante utilizada para a captura de
lula e peixe-espada. Já a pesca de linha-de-fundo tem como principais
espécies demersais alvo o peixe-batata, namorado, chernes verdadeiro e
polveiros, bagre e corvina. O peixe-batata foi a principal espécie
desembarcada. O número de barcos passou de 27 em 1996 para 9 em 1998,
havendo um incremento em 1999, quanto passou para 14 embarcações de
linha-de-fundo (ÁVILA-DA-SILVA e MOREIRA, 2003).
Pesca com covos: Tal arte começou a ser usada no Brasil na década
de 80, para a captura de caranguejos de profundidade, sendo introduzidas
por embarcações japonesas. Com algumas adaptações passou a ser
utilizada na captura de polvos.

5.4.3. Pesca esportiva e recreativa

A pesca esportiva e recreativa na região é desenvolvida por turistas,


através da utilização de embarcações de alumínio e lanchas, estimando-se
em 170 as embarcações que atuam no estuário, empregando a pesca de
vara, o gerival e tarrafas.
As áreas tradicionalmente utilizadas para a pesca esportiva e
recreativa abrangem praticamente todo o Complexo Estuarino-Lagunar de
Cananéia-Iguape. As principais concentrações estão localizadas em
Boguaçu, Ilha Comprida (10%), no Marujá, Ilha do Cardoso (12%) e na Ponte
que liga o Continente à Ilha de Cananéia (19%). A FIGURA 32 mostra as
principais regiões onde a pesca amadora é praticada e as respectivas
porcentagens de ocorrência.

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FIGURA 32 - Mapa da pesca amadora em Cananéia e entorno. (Fonte:


Instituto de Pesca, n. publ.).

5.4.4. Principais espécies capturadas

Os recursos pesqueiros são a base econômica de Cananéia, Iguape e


Ilha Comprida. Existe uma grande diversificação de espécies capturadas
pelas comunidades locais, abrangendo desde os peixes e camarões até a
coleta de moluscos, ostras, mexilhão do mangue, crustáceos, caranguejos e
siris.
Segundo dados do INSTITUTO DE PESCA (2004), nos desembarques
da área costeira e estuarina são encontradas várias espécies de pescado,

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como: bagre-branco (Netuma barba), betara (Menticirrhus americanus e


Menticirrhus littoralis), caçonete (Rhizoprionodon porosus), cambeva (Spyrna
tudes), pescada–cambucu (Cynoscion virescens), manjuba (Anchoviella
lepidentostole), carapeba (Diapterus rhombeus), corvina (Micropogonias
furnieri), caranha (Lutjanus griseus), pescada–foguete ou pescada–pan
(Macrondon ancylodon), mero (Epinephelus itajara), oveva (Larimus
breviceps), robalo-flexa (Centropomus undecimalis), robalo-peba
(Centropomus parallelus), salteira ou guaivira (Oligoplites saliens), bagre
bandeira ou sari-sari (Bagre bagre), camarão-sete-barbas (Xiphopenaeus
kroyeri), mangona (Odontaspis taurus), raia-viola (Rhinobatos horkelli),
camarão-branco (Litopenaeus schmitti), camarão-rosa (Farfantepenaeus
brasiliensis), carapau (Caranx crisos), caraputanga (Lutjanus analis),
caratinga (Eugerres brasilianus), garoupa (Epinephelus guaza), goete
(Cynoscion jamaicensis), tainha (Mugil platanus), pampo (Trachinotus
carolinus), trilha (Mullus argentinae), parati (Mugil curema), peixe-espada
(Trichyurus lepturus), pescada–amarela (Cynoscion acoupa), prejereba
(Lobotes surinamensis), pescada-branca (Cynoscion leiarchus), sargo-de-
beiço (Anisotremus surinamensis), sargo-de-dente (Archosargus
rhomboidalis), xaréu (Caranx hippos), congo (Arius spixii), corte-de-faca
(Harengula Clupeola), palombeta (Chloroscombrus chysurus), roncador
(Conodon nobilis), tortinha (Isopisthus parvipinnis), manjubão (Lycengraulis
grossidens), pescada-banana (Nebris microps), maria-luisa (Paralonchurus
brasiliensis), peixe-galo (Selene setapinnis), peixe-galo-de-penacho (Selene
vomer), cangulo (Stellifer stellife, Stellifer rastrifer, Stellifer brasiliensis e
Stelifer sp) e parati-chorão (Polydactylus virginicus), Ucides cordatus
(caranguejo-uçá) Callinectes danae (siri azul); os moluscos Crassostrea
brasiliana (ostra de mangue), Mytella falcata e M. guyanensis (mexilhão do
mangue), Perna perna (mexilhão do costão, marisco), Anomalocardia
brasiliana (berbigão), Lucina pectinata (almeja).
Em termos de volume as principais espécies de pescado capturadas
no estuário são: robalo, tainha, parati e manjuba, com 30% da produção,
sendo o restante proveniente da pesca comercial em mar aberto. Com
relação às ostras, segundo dados do INSTITUTO DE PESCA (2005), são
extraídas 35 mil dúzias mensalmente.
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A produção da pesca extrativa desembarcada no município de


Cananéia, nos anos de 2003 e 2004 foi de 900.421 kg e 828.897 kg,
respectivamente. As espécies mais representativas foram: a corvina,
capturada pela frota de emalhe, com 27,98 % da produção, o camarão sete-
barbas, capturado pela frota de arrasto com 18,5% e a tainha capturada no
cerco-fixo com 10,91% da produção no período. Também foram expressivas
as capturas da pescada-foguete e da sororoca através da rede de emalhe
(ÁVILA da SILVA et al., 2005b).
As práticas pesqueiras utilizadas na região são muitas vezes
predatórias, causando grande impacto nos estoques pesqueiros e no próprio
ecossistema. Segundo dados do INSTITUTO DE PESCA (2003), as espécies
mais afetadas são: Arius spixii (congro), Xiphopenaeus kroyeri (camarão-
sete-barbas), Stellifer sp. (cangulo), Micropogonias furnieri (corvina) e a
classe Echinoidea, que compõe cerca de 63% dos indivíduos presentes na
rejeição da pesca. É importante citar que a principal arte pesqueira que causa
tal impacto é o arrasto, por ser de baixa seletividade.

5.5. Possíveis conflitos com a maricultura

Não se registraram até o momento, na região, conflitos entre a


atividade náutico-pesqueira e a maricultura no município. Contribui para isso
o fato dos cultivos se situarem em sua totalidade no interior do estuário, longe
da ação da frota pesqueira que atua na região pesqueira. Com relação à
pesca no estuário, a principal arte de pesca utilizada (cerco-fixo) não é
conflitante com os cultivos, pois utiliza a parte mais profunda dos canais, ao
passo que a ostreicultura, pela própria necessidade da espécie cultivada, é
praticada nos baixios.
Vale ressaltar ainda que a maioria dos produtores de ostras pertence
às comunidades de pescadores, que utilizam a pesca como atividade
complementar à de produção de ostras e vice-versa. Por outro lado as áreas
demarcadas até o momento para a maricultura ocupam um espaço muito
pequeno em relação ao resto do estuário e isso não deverá ser diferente
devido à necessidade de restringir a ostreicultura às regiões dos baixios. A

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maior aglomeração de peixes junto aos tabuleiros de ostreicultura, atraídos


pela existência de abrigo e alimento não tem sido até o momento explorada
pela comunidade.
No entanto, precauções devem ser tomadas no sentido de ordenar os
cultivos de modo a minimizar o impacto visual, evitar a devastação do
manguezal e não prejudicar principalmente a navegação nos canais, como já
foi mencionado anteriormente. Nesse sentido, medidas de ordenamento de
fazem necessárias e serão discutidas no capítulo 8 deste documento.
A principal contribuição dos setores náutico e pesqueiro em termos de
poluição do estuário dá-se através de uma indústria de processamento de
pescado e do resíduo de tintas à base de metais, utilizadas em embarcações
de madeira, principalmente próximo a marinas e garagens náuticas. O
derramamento de óleo combustível na água também é bastante comum,
principalmente em épocas de maior freqüência turística, como no verão.
Todavia, a tendência de aglomeração das marinas no entorno do núcleo
urbano, torna as regiões de produção de maricultura mais protegidas, uma
vez que a maior parte destas situa-se em locais afastados da sede do
município.

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6. DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECONÔMICO

6.1. Caracterização sócio-econômica

6.1.1. Dados populacionais

Segundo dados do IBGE (1999-2002), a população de Cananéia


compreende um total de 13.035 habitantes. Deste total, 10.204 estão
localizados na área urbana e 2.831 na área rural. Cananéia está entre os
cinco municípios paulistas de menor PIB per capita, com valor total de R$
3.419,58 ao ano. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é de 0,78.
Segundo a Fundação SEADE (2004), o valor adicionado total por setores de
atividade econômica coloca o setor de serviços em primeiro lugar com 33,94
(milhões de reais/ano), seguido pelo da indústria com 9,31 9 (milhões de
reais/ano), e por fim o da agropecuária com 3,64 (milhões de reais/ano).
A TABELA 20 mostra os dados populacionais e os principais
indicadores sócio-econômicos disponíveis para o município.

TABELA 20 – Dados populacionais e sócio-econômicos do município de


Cananéia (SP). Fonte: IBGE – Diretoria de Pesquisas,
Coordenação de Contas Nacionais, apud SEADE (2006).

DADOS POPULACIONAIS E SÓCIO-ECONÔMICOS UNIDADE

Densidade demográfica (Habitantes/km2) – 1980 5,75


Densidade demográfica (Habitantes/km2) – 1991 6,96
Densidade demográfica (Habitantes/km2) – 2000 9,64
Populações e estatísticas vitais (população) – 1980 7.692
Populações e estatísticas vitais (população) – 1991 9.317
Populações e estatísticas vitais (população) – 2000 12.267
Populações e estatísticas vitais (saldo migratório anual)
-
– 1980
Populações e estatísticas vitais (saldo migratório anual) 14

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– 1991
Populações e estatísticas vitais (saldo migratório anual)
153
– 2000
Valor adicionado na agropecuária – 2001 1.993 Mil reais
Valor adicionado na Indústria – 2001 7.699 Mil reais
Valor adicionado no Serviço – 2001 26.155 Mil reais
Dummy – 2001 406 Mil reais
Impostos – 2001 139 Mil reais
PIB a Preço de mercado corrente – 2001 35.581 Mil reais
Valor adicionado na agropecuária – 2002 2.217 Mil reais
Valor adicionado na Indústria – 2002 8.558 Mil reais
Valor adicionado no Serviço – 2002 29.107 Mil reais
Dummy – 2002 796 Mil reais
Impostos – 2002 316 Mil reais
PIB a Preço de mercado corrente – 2002 39.402 Mil reais

O Vale do Ribeira possui significativos recursos naturais e culturais,


abrigando um dos mais importantes patrimônios ecológicos da região. Porém,
em contraposição apresenta os mais baixos índices sociais do Estado de São
Paulo, incluindo os mais altos índices de mortalidade infantil e analfabetismo.
Nos municípios de Cananéia e Iguape, esse processo de marginalização
econômica causou uma migração acentuada da zona rural para urbana,
embora não tenha provocado o completo esvaziamento das comunidades
locais (BARBIERI e CAVALHEIRO, 2000).
A partir da década de 1970, os governos federal e estadual passaram
a incentivar o desenvolvimento da região, com a construção de estradas que
proporcionaram investimentos agropecuários e deram início à indústria
turística e imobiliária, a qual passou a desestabilizar as áreas naturais, em
virtude das grandes mudanças nas formas de uso e de ocupação dos
espaços regionais.
Sob o prisma sócio-econômico, os estuários constituem, usualmente,
importantes núcleos de assentamento populacional, atraídos pelas
oportunidades criadas pelo ambiente em si (pesca, extrativismo, turismo e

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lazer). Os exemplos disponíveis na literatura científica mundial indicam que,


com freqüência, estes assentamentos geram uma pressão que desestrutura o
ambiente natural, prejudicando sua produtividade e equilíbrio (BARBIERI,
1995).

6.1.2. Infra-estrutura

A infra-estrutura é condição necessária para a cidadania econômica,


permitindo que todos tenham acesso a serviços básicos. Ao mesmo tempo a
ampliação da infra-estrutura promove a redução de custos, aumento da
produtividade, aprimoramento da qualidade dos bens e serviços da estrutura
produtiva e consolidação da integração regional.
Na cidade de Cananéia este é um processo que se desenvolve
lentamente, ou seja, a oferta de serviços no setor caminha atrás da demanda,
tornando-se um fator de interrupção de um ciclo de crescimento. A população
não tem acesso a serviços básicos como, por exemplo, hospitais, pois o mais
próximo fica a 45 km, localizado na cidade vizinha de Pariqüera-Açú.
Na área da educação o município conta com 22 escolas de nível
fundamental, 4 de nível médio e 7 pré-escolares, empregando 202 docentes,
localizadas no centro e nos bairros da cidade. Já o serviço de saúde conta
com 3 postos de atendimento de urgência e, como já foi mencionado,
nenhum hospital. O setor de transportes ainda é precário. Na cidade não há
estação rodoviária, e os veículos coletivos apresentam periodocidade
esparsa, não são suficientes para atender toda a comunidade e também não
abrangem as localidades mais afastadas. Estes são alguns exemplos da falta
de infra-estrutura que ainda existe na região, não apenas na cidade de
Cananéia, mas em toda a região do Vale do Ribeira (TABELA 21).
Portanto, retomar investimentos para a expansão destes serviços
constitui um grande desafio a ser enfrentado pelos órgãos estaduais,
municipais e pelo setor privado. Nesse contexto a maricultura certamente tem
muito a contribuir, seja pela geração de empregos diretos seja pela geração
de estabelecimentos comerciais e de serviços associados à atividade.

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TABELA 21 - Infra-estrutura existente na região de Cananéia.

INFRA-ESTRUTURA CANANÉIA Nº TOTAL

Posto de saúde 02
Pronto Socorro 01
Escolas 22
Estradas 04
Hospitais 0
Hotéis e pousadas 24
Restaurantes 15
Advocacias 04
Farmácia 03
Lanchonetes 11
Mercados 07
Rodoviária 0
Padarias 05

6.1.3. Núcleos habitacionais no entorno de Cananéia

Sede do município

A sede do município, com cerca de 10.000 habitantes, é dotada de


infra-estrutura básica, como a presença de água e luz, ruas calçadas, rede de
esgoto parcial e regular rede de serviços. O interesse turístico, entre outros
fatores, faz com que a área urbana e a implantação de novos loteamentos
avancem junto ao Mar Pequeno, trazendo riscos às áreas dos manguezais. A
existência de áreas desmatadas e capoeiras indicam a presença de atividade
agrícola nas regiões mais periféricas.

Porto Cubatão e Itapitangui

Esses bairros limitam-se a sudeste com o Mar de Cubatão e Mar de

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Itapitangui, abrangendo as áreas urbanas de Porto Cubatão e Itapitangui,


onde se localizam segundas residências voltadas para a pesca e atividades
náuticas. O Porto Cubatão é um bairro localizado na área continental de
Cananéia, onde a população vive principalmente de atividades relacionadas
ao turismo e à pesca amadora que movimenta os hotéis, pousadas, marinas
e restaurantes e que contribui para a geração dos serviços de piloteiros,
caseiros e de carpinteiros, entre outros.

Ariri

Ariri é uma vila de pescadores situada em meio à Mata Atlântica,


quase na divisa com o Paraná. O vilarejo é um distrito pertencente ao
município de Cananéia, pouco conhecido pelos turistas e que tem cerca de
600 habitantes. Nesta região se forma o Delta do Rio Ariri, daí o nome do
local. Embora proibida, a extração de palmito é fonte de renda para pequena
parcela dos habitantes locais. A maior parte dos moradores vivem
principalmente da pesca e do turismo, principalmente os relacionados à
pesca desportiva, guias para as trilhas e pequenos comércios.

Agrossolar

Localizado na porção externa da Ilha de Cananéia, às margens do Mar


Pequeno, é uma área considerada urbana, com característica típica de bairro
turístico devido ao grande número de casas de veraneio presentes no local.
No entanto, existem algumas residências de pescadores tradicionais, tendo a
pesca como principal atividade.

São Paulo Bagre

O bairro São Paulo Bagre, localiza-se a cerca de 8 km do centro de


Cananéia e é habitado, em sua maioria, por pescadores tradicionais
(HANAZAKI, 2001). O núcleo de povoamento do São Paulo Bagre teve início
com a chegada de duas famílias arrendatárias de parte das terras do sítio

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Coticaé, entre 1920 e 1930, vindas das fronteiras do Paraná com São Paulo e
do sul da Ilha do Cardoso (SCARPIN, 1992).
A comunidade é servida por energia elétrica, e o abastecimento de
água potável é através de poços, alguns com bombas manuais. A pesca
praticada nesta comunidade é a costeira e a estuarino-lagunar, sendo uma
importante fonte de renda. No entanto, a pesca voltada para a captura do
camarão para venda como isca-viva é mais rentável.

Rio Branco

A comunidade do Rio Branco é formada pela aldeia indígena Rio


Branco de Cananéia. Nela vivem índios guaranis. Está localizada na região
continental do município de Cananéia e é composta por 36 pessoas. Situada
em uma área de mata atlântica, a comunidade é cortada por pequenos
riachos e é formada por algumas moradias e por uma escola. A agricultura é
de subsistência, baseada na cultura da mandioca.

Mandira

A comunidade do Mandira surgiu na segunda metade do século XIX,


em 1868, quando o patriarca da família, Francisco Mandira, recebeu as terras
do sítio, com cerca de 1.200 alqueires (2.880 ha), como doação de sua meia
irmã Celestina Benícia de Andrade. A comunidade Mandira está localizada na
Estrada Itapitangui/Ariri – km 11. Residem na comunidade 25 famílias, sendo
30 crianças, 22 jovens, 44 adultos e 9 idosos, dando um total de 105
pessoas. Quase todas são alfabetizadas, algumas completaram o ensino
médio, outras apenas tem o ensino fundamental e 5 não são alfabetizadas.
Com a impossibilidade de realizar a agricultura e criar animais para a
subsistência, devido às restrições ambientais e indefinição na titulação do
território, a principal fonte de renda dentro da comunidade é o manejo de
ostra. Outras atividades importantes são: apicultura, artesanato de cipó,
bijuteria com sementes nativas, confecção de bolsas, camisetas, macacões
para apicultura, chaveiros, bonecas e enfeites de pano.

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Em uma área de 2.880 hectares, são encontrados dois ambientes: um


de terra firme, com 1.705 ha, cobertos em sua maior parte com a Mata
Atlântica e outro de mangue, com 1.175 ha. A área do mangue foi
transformada na Reserva Extrativista do Mandira em 2002, para regulamentar
a extração e engorda de ostras, além da captura de caranguejos e peixes.
Recentemente a comunidade foi reconhecida como quilombola. O
passo seguinte é a realização da discriminatória do território para assim se
iniciar o processo de titulação.

Marujá (Ilha do Cardoso)

A comunidade do Marujá com cerca de 300 habitantes, é a maior das


seis comunidades caiçaras existentes na Ilha do Cardoso. É formada por
pescadores, sendo que alguns também trabalham como guias turísticos na
região. Existem pousadas rústicas e locais para camping, autorizado pelos
moradores. O limite estabelecido é de 471 leitos em pousadas e 270
barracas. Na comunidade existem bares, restaurantes, posto de saúde e um
centro de visitantes, onde se pode agendar os passeios e obter informações.

Itacuruçá (Ilha do Cardoso)

Comunidade localizada no extremo norte da Ilha do Cardoso. Os


moradores vivem predominantemente da pesca. Alguns pescadores possuem
cerco de pesca (currais). Os moradores residem em casas de madeira
integradas na paisagem, todas possuem energia solar, inclusive a igreja. A
água potável que abastece os moradores é a mesma que abastece o núcleo
Perequê (Fonte: PPMA, 2001a).

Enseada da Baleia (Ilha do Cardoso)

A comunidade da Enseada da Baleia apresenta ocupação mista, com


10 % dos ocupantes residentes não tradicionais e com a metade das
unidades domiciliares pertencentes a veranistas. A principal atividade

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econômica é a pesca artesanal complementada pelos serviços turísticos, tais


como serviços de caseiros guias e outros. Todas as residências possuem
banheiros e energia solar. Possui igreja, centro comunitário e posto telefônico
e está sendo implementado um núcleo de refrigeração comunitário. A água
potável é oriunda do lençol freático. (PPMA, 2001b).
Os pescadores comercializam seu pescado em Cananéia e
Paranaguá, ou vendem a atravessadores. Alguns possuem cercos alocados
no canal. Na época da tainha, quando a produção é grande, esta é secada e
salgada para a comercialização.

Pontal do Leste (Ilha do Cardoso)

No Pontal do Leste a ocupação é dispersa e composta por moradores


tradicionais, perfazendo 58 ocupantes. Existe interesse por parte destes em
alugar quartos e terem barracas, embora a presença dos turistas não seja
desejada pela grande maioria. Há uma escola, posto telefônico e uma igreja.
Está sendo implementado um núcleo de refrigeração comunitário. Todas as
residências possuem energia solar. Os moradores vivem da pesca costeira,
vendida em Cananéia ou em Paranaguá. A água potável é oriunda do lençol
freático. (PPMA, 2001b).

Foles e Cambriú (Ilha do Cardoso)

As vilas localizadas na face oceânica, Foles e Cambriú, são formadas


por pescadores-agricultores, que ocupam a região pelo menos há três
gerações. Suas residências são esparsas construídas de tábuas de madeira
e pintadas. A escola que atende as crianças destas localidades fica na praia
do Cambriú, onde está sendo implementado um núcleo de refrigeração
comunitário. Não há igreja no local, nem comércio. O pescado é vendido em
Cananéia, em embarcações motorizadas. Trata-se de comunidades de difícil
acesso, onde as condições sanitárias são precárias. Recentemente se
implantou o abastecimento de água na comunidade de Cambriú, resolvendo
seu principal problema até então. Estas comunidades recebem poucos

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turistas atualmente, mas desejam incrementar essa visitação como fonte


adicional de renda (TABELAS 22 e 23).

TABELA 22 - Total de ocupantes das comunidades da Ilha do Cardoso


(Fonte: Plano de Manejo do Parque Estadual da Ilha do
Cardoso, 1995-2001).

Edificações Ocupantes Edificações de


Ocupantes
Comunidade de Ocupantes não ocupantes não
tradicionais
tradicionais tradicionais tradicionais
Maruja 144 49 15 28
Enseada da 46 17 05 15
Baleia
Pontal do Leste 58 17 0 3
Foles 21 11 0 0
Cambriú 54 18 0 0
Itacuruça 07 07 0 01
Sítios 14 03 0 01
Pereirinha 15 03 0 01
Total 359 139 20 49

TABELA 23 - Infra-estrutura comunitária das Comunidades da Ilha do


Cardoso (Fonte: Plano de Manejo do Parque Estadual da Ilha
do Cardoso, 1995-2001).

Centro Posto Posto de Núcleos de


Comunidade Escola Igreja
comunitário telefônico saúde refrigeração
Maruja 01 01 01 01 01 01
Enseada da 01 01 01 01 - 01
Baleia
Pontal do 01 - - 01 - 01
Leste
Foles - - - - - -
Cambriú 01 - - - - 01
Itacuruça - 01 - - - 01
Pereirinha - - - - - -
Total 04 03 02 03 01 05

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6.1.4. Vias de acesso

A partir dos anos 60 o litoral paulista experimentou uma explosão do


turismo em conseqüência de rodovias implantadas em meio a Serra do Mar,
pelo governo Estadual ou Federal. As rodovias Padre Manoel da Nóbrega e
BR-101 estimularam o turismo desordenado e, conseqüentemente, a
degradação dos recursos naturais, sem utilizá-los como instrumento benéfico
às comunidades. O município de Cananéia não é cortado por grandes
rodovias, porém já se vislumbra um aumento na especulação imobiliária.
A rodovia Régis Bittencourt é a principal via de ligação com os grandes
centros, principalmente São Paulo e Curitiba. A interligação dessa rodovia
com a região, dá-se através das rodovias estaduais SP-222, que leva à
cidade de Iguape, e SP-226 que leva ao município de Cananéia, via balsa ou
via ponte pela via CN-03. O acesso à cidade de Cananéia ficou mais fácil
após a abertura desta estrada e a construção da ponte que liga a ilha de
Cananéia ao continente, evitando a transposição do canal via balsa. O
asfaltamento dessa via foi obra marcante para o desenvolvimento e ocupação
das áreas pouco alteradas que estão tornando-se alvo fácil para especulação
imobiliária. Além dessas duas estradas principais, uma precária rede de
estradas municipais interliga os núcleos habitacionais. O acesso a Ilha
Comprida se dá através do sistema de balsa operado pelo Departamento
Hidroviário (DH), que se mostra insuficiente para o atendimento ao fluxo
turístico, principalmente nos fins de semana.

6.2. Principais atividades econômicas

As principais atividades econômicas desenvolvidas na região de


Cananéia são as da agropecuária, do extrativismo, da indústria e do setor de
serviços (IBGE, 2005).
A extração vegetal e silvicultura são representadas pela extração de
madeiras, dispostas para lenha entre outras utilidades. Segundo dados do
IBGE, no ano de 2003 a quantidade de madeira extraída foi de 2.700 m3, com
valor de produção em torno de R$ 5.000,00.

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Na lavoura, a banana é o principal produto, com 300 hectares de área


plantada e rendimento médio de 23.000 kg/hectare. Em 2003, a produção
alcançou 6.900 toneladas, com valor de produção de R$ 1.518.000,00. Em
seguida vem a produção do arroz com 72 toneladas neste mesmo ano, com o
valor de R$ 32.000,00. A produção de milho apesar de pequena, produziu
neste mesmo ano 3 toneladas, com 3 hectares de área plantada, rendimento
médio de 1.000 kg/hectare e valor de produção de R$ 1.000,00 (IBGE, 2005).
A pesca é um dos recursos de maior importância na região, pois
segundo os dados da Colônia dos Pescadores de Cananéia, o número
estimado de pescadores ativos cadastrados é de aproximadamente 900
indivíduos, com renda mensal entre 1 e 3 salários mínimos. Já o número de
unidades de pesca registradas (com personalidade jurídica) é de 6
estabelecimentos, empregando 28 pessoas registradas.
Segundo dados do IBGE (2005), o município ainda conta com 13
unidades locais da indústria de transformação, com salários em torno de 10
mil reais /ano. Outra atividade exercida na região é a da construção civil com
7 empresas registradas empregando 13 pessoas. O comércio em geral
destaca-se perante as outras atividades gerando emprego para 538 pessoas,
com 275 estabelecimentos comerciais e renda bruta de R$ 1.696.000,00 /
ano.

6.3. Importância do turismo para a região

A aptidão natural de Cananéia é o turismo ecológico ou o eco-turismo,


atividade que representa cada vez mais uma alternativa de renda para a
comunidade local. Apesar de ainda incipiente, a crescente demanda do
turismo faz com que a população exerça cada vez mais funções
complementares às suas atividades originais, tais como a construção de
casas de veraneio, serviços de jardineiro, caseiro e barqueiro, guias,
monitores ambientais, entre outros (SEMA, 1990).
Essa demanda tem propiciado ainda o surgimento de
estabelecimentos comerciais ligados ao turismo. Existem hoje em Cananéia 9
restaurantes de porte médio e 25 hotéis ou pousadas que apresentam grande

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movimento, principalmente nos meses de verão. Segundo o IBGE (2005),


existem no município 108 unidades de alimentação e alojamento,
empregando 298 pessoas. Durante a temporada de verão (dezembro a
fevereiro), cerca de 30 mil pessoas passam pela cidade de Cananéia
(TABELA 24).

TABELA 24 – Principais hotéis, pousadas e restaurantes localizados na


região de Cananéia.

HOTÉIS E POUSADAS RESTAURANTES

Hotel Beira Mar Restaurante Porto Camarão


Hotel Cabana do Bugre Restaurante Sambaqui
Hotel Coqueiro Restaurante Caiçara
Costa Azul Clube Hotel Restaurante Naguissa do Silêncio
Golfinho Plaza Hotel Restaurante Bacharel
Hotel Pousada Mar Azul Restaurante Pirão no Prato
Hotel Pousada da Néia Restaurante da Tia Inês
Hotel Pousada Pôr do Sol Restaurante Cabana do Bugre
Hotel Sol a Sol Restaurante Coqueiro
Pousada Berro d’água Restaurante Casa Grande
Pousada Bom Abrigo Cantina Gaivota
Candairó Hotel Pousada Restaurante da Dona Judithe
Pousada Cardoso Restaurante Maresia
Pousada Caiçarinha Pizzaria Don Sebastiano
Pousada Chapéu-de-Sol Pizzaria do Babbo
Pousada Ilha de Cananéia -
Pousada Recanto do Morro -
Pousada Retiro das Caravelas -
Pousada Vila São João Batista de Cananéia -
Pousada Vila Maria -
Pousada Vento Leste -
Pousada Tananá -
Pousada Del Maré -
Casarão do Guto -

As principais atrações turísticas do município são: a Ilha do Cardoso,


com seu Parque Estadual e diversas praias (Marujá, Enseada da Baleia e
Pontal), outras praias (Boqueirão do Sul e Pereirinha), a pesca nos canais do

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estuário, além de atrações menores como: as cachoeiras Grande, do Pitú e


do Mandira, o Centro Histórico, com passeios pela Rua do Artesanato e o
Museu Municipal (FIGURA 33). O turismo gastronômico está fundamentado
na oferta de ostras de excelente qualidade, tanto oriundo da extração como
do cultivo, como também de pescado e de frutos do mar em geral. O turismo
cultural também começa a mostrar sinais de desenvolvimento, com a
divulgação de festas típicas da região bem como manifestações culturais e
artísticas ligadas ao folclore regional.

FIGURA 33 – Mapa dos principais pontos turísticos na região de Cananéia e


entorno (Fonte: Terra Metric, 2007).

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6.4. A atividade de extração de organismos aquáticos

Ostras

A região de Cananéia é rica em moluscos, principalmente a ostra de


mangue Crassostrea brasiliana, cujos bancos naturais estendem-se desde a
porção norte da Ilha de Cananéia, até o sul, acompanhando a linha costeira
da Baía de Trapandré e Canal de Ararapira, adentrando a região contígua de
Paranaguá, no Estado do Paraná.
No município, o extrativismo de moluscos é tradição entre a população
ribeirinha, sendo a produção de ostras realizada pelas comunidades
extrativistas tradicionais. Por consistir em uma área rica em moluscos
bivalves, muito explorados pela comunidade, e que apresenta potencial para
a criação e o manejo sustentado, a maricultura tornou-se uma atividade
econômica que atua como geradora de renda para muitos produtores da
região, que antes viviam apenas da pesca, proporcionando uma melhoria na
qualidade de vida dos mesmos.
Até recentemente, a exploração comercial dos bancos naturais de
ostras era exercida de modo desordenado, por famílias tradicionais, que
obtinham um preço muito baixo pela produção, ocasionando uma forte
dependência dos atravessadores que dominavam a comercialização. Esse
quadro não só impossibilitava a melhoria da qualidade de vida desses
grupos, como também representava uma ameaça à sustentabilidade da
atividade, em função da sobrexplotação dos bancos naturais. Atualmente, a
iniciativa de ordenamento da ostreicultura começa a mudar este panorama.
A partir de abril de 1999, o Instituto de Pesca passou a incluir no
trabalho de estatística pesqueira, os dados referentes à produção de ostras
de Cananéia. A produção mensal de ostras no município no ano de 2005
ficou em torno de 35.000 dúzias (cada dúzia corresponde aproximadamente
a 0,7 kg.) e a produção total em torno de 420.000 dúzias / mês, sendo cerca
de 70% ainda provenientes do extrativismo e 30% da atividade de criação.
Considerando-se um preço médio de venda em torno de R$ 5,00 a dúzia,
percebe-se que esse setor movimenta mensalmente valores em torno de R$

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2.100.000,00, mostrando bem a importância da atividade para a economia da


região.
Em função do defeso, a produção por extrativismo tende a diminuir
entre os meses de dezembro e fevereiro, ficando a produção sustentada pela
existência de “estoques” nos viveiros de engorda. Estes estoques são
reconhecidos pelo IBAMA, o qual criou a figura da “Declaração de Estoque”
para regularizá-la. No defeso de 1999-2000 somente a COOPEROSTRA
declarou cerca de 33.000 dúzias de ostras em estoque (cerca de 23
toneladas). Apenas uma pequena parte deste estoque pôde ser escoado
pela entidade, em função de problemas de comercialização. No defeso de
2002-2003 o total declarado pela entidade foi de 31.900 dúzias, a maior
parcela deste estoque foi comercializado na temporada, entre o Litoral Sul,
Baixada Santista e Litoral Norte do Estado, registrando-se grande melhora
nos processos comerciais. Atualmente, a COOPEROSTRA agrega 47
produtores locais. A Estação Depuradora de Moluscos de Cananéia
(estabelecimento pertencente à COOPEROSTRA) possui registro no Serviço
de Inspeção Federal – SIF e opera normalmente desde 2000. O principal
problema até então vivenciado pelo grupo relaciona-se diretamente com a
questão da comercialização e concorrência com o mercado clandestino.
Neste sentido, o grupo necessita de apoio por parte dos órgãos oficiais para
poder promover e viabilizar a entrada do produto certificado no mercado.
A técnica da "engorda de ostras" foi introduzida junto aos produtores de
ostras de Cananéia como uma etapa preliminar, devendo ser transformada
em cultivo integral, quando isso fosse estrategicamente viável. Como se trata
de uma espécie nativa, em que o próprio ambiente proporciona as sementes,
a prática do cultivo integral deve envolver o acréscimo da etapa de captação
de sementes. Apesar da aparente facilidade, a introdução do ciclo de criação
integral com as fases de captação de sementes, berçário, intermediário e
engorda, aumenta o ciclo produtivo de cerca de 6 meses (engorda) para
quase 2 anos, além de envolver um criterioso monitoramento para
determinação do pico de assentamento de sementes, sendo uma atividade
estranha ao universo dos pescadores tradicionais.
Segundo PEREIRA et al. (2001), 8,96% do estoque total das ostras do
estuário de Cananéia encontram-se em tamanho comercial (>50 mm).
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Considerando a mortalidade estimada e por extrativismo, juntamente com os


riscos ambientais aos quais as ostras estão expostas, a cota máxima
sustentável para o extrativismo é de 45 % das ostras que se encontram em
tamanho comercial, ou seja, 4% do total de ostras que ocorrem no estuário.
Em Cananéia, o extrativismo de ostras é praticado ainda de maneira
desordenada, fato este que poderá no futuro prejudicar a sustentabilidade do
setor trazendo conseqüências como, o empobrecimento das comunidades
tradicionais, além de comprometer a criação de ostras. A expansão da
ostreicultura, nos modelos adotados para a criação na região, depende da
captação de sementes em coletores comerciais no ambiente natural, cuja
não preservação poderá comprometer o repovoamento (PEREIRA et al.,
2001).

Mexilhões e outros moluscos bivalves

A extração de moluscos bivalves é representada principalmente pelas


espécies de sururu Mytella falcata e Mytella guyanensis, além do berbigão
(Tivela mactroides e Anomalocardia brasiliana). Não há registro de dados
disponíveis sobre o volume e valor dessa produção.
Em recente pesquisa realizada por FAGUNDES et al. (2004), levantou-
se o número de produtores de mexilhão do município de Cananéia e
descreveu-se o perfil sócio-econômico desses maricultores (TABELA 25).

TABELA 25 - Total de fazendas de mexilhões e de mitilicultores em


Cananéia. Fonte: FAGUNDES et al. (2004).

Fazendas Mitilicultores
Número % Número %
Valores 4 10,5 7 13,7

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A atividade da mitilicultura em Cananéia é pouco expressiva,


resumindo-se à comunidade de pescadores que reside na região do Pontal
da Ilha do Cardoso. Os produtores são todos moradores tradicionais da
comunidade que exercem essa atividade desde o ano de 2001. A produção
chegou a atingir 1 tonelada / ano, gerando uma receita de R$ 5.000,00.
Atualmente o cultivo é pouco expressivo, já que as dificuldades impostas pelo
isolamento da comunidade desestimulam os produtores, principalmente na
hora do escoamento do produto.

Camarões para isca-viva

Essa é uma atividade extrativa recente na região, surgindo com a


demanda do setor da pesca esportiva principalmente do robalo, que paga
valores atraentes pela unidade de camarão, os quais são muito variáveis (em
torno de R$ 0,10 a R$ 0,50, dependendo do tamanho e da espécie
capturada). Essa extração dá-se principalmente na região do Agrossolar e
São Paulo-Bagre, não existindo registro do volume comercializado.

6.5. Conflitos potenciais com a maricultura

Da mesma forma que a pesca, existem poucos riscos potenciais de


conflito entre a maricultura e o setor turístico na região. Contribui para isso o
fato de Cananéia ser um caso isolado no litoral paulista, onde a atividade da
maricultura chegou antes da explosão da atividade turística. De fato, desde a
década de 1970 a presença de tabuleiros de criação de ostras e mesmo
outras estruturas tradicionais de pesca, como os cercos fixos ou currais,
fazem parte da paisagem dos canais de Cananéia, fazendo com que a
atividade turística, principalmente a pesca e a navegação tenham se
habituado com essa presença. Outro fator importante é que o sistema de
criação em tabuleiros permanece submerso durante as marés médias e altas,
fazendo com que sua presença não impacte visualmente os visitantes nessas
ocasiões.

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As regiões de cultivo de ostras situam-se em sua totalidade em baixios


no interior dos canais do estuário, afastadas dos pontos turísticos principais e
dos locais de balneabilidade, bem como das regiões de prática da maioria
das atividades desportivas e das rotas de embarcações, que trafegam no
centro do canal. Apesar disso é necessário que os tabuleiros e as áreas de
cultivo permaneçam sinalizados principalmente à noite.
Verifica-se por outro lado que a interação da maricultura com o turismo
é promissora na região, já que a ostra, ao lado dos valores histórico-culturais-
ambientais, é reconhecida como um emblema do município pelos turistas que
procuram a região. Isso é comprovado pela expressão “ostras de Cananéia”
que é utilizada em outras cidades e mesmo na capital do Estado, como
auxiliar na divulgação da qualidade do produto comercializado. A própria
Cooperativa de Produtores de Ostra local constitui atração para visitantes que
desejam adquirir o produto, seja para consumo no local ou para transporte
até as cidades de origem.
Esses fatores fazem supor que ações simples envolvendo a
comunidade e o poder público, como por exemplo, a realização de festivais
gastronômicos e culturais além da organização do turismo rural, com visitas
monitoradas às fazendas de cultivo, serviriam para estreitar ainda mais essa
relação e auxiliar no desenvolvimento do turismo na região.

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7. DIAGNÓSTICO DE IMPACTO AMBIENTAL

Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades


físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma
de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou
indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as
atividades sociais e econômicas; a biota, as condições estéticas e sanitárias
do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais. Estas alterações
precisam ser quantificadas, pois apresentam variações relativas, podendo ser
positivas ou negativas, grandes ou pequenas.
As diferentes modalidades de aqüicultura podem gerar impactos
ambientais diversos, dependendo principalmente do sistema de cultivo
(sistemas fechados, semi-abertos e abertos); da modalidade de aqüicultura
(água doce ou marinha); das espécies utilizadas e, especialmente da
densidade e quantidade de produção. Devido às inúmeras variáveis que
podem influenciar na geração ou identificação de tais impactos e, por ser uma
atividade relativamente recente no Brasil, poucos estudos conclusivos foram
publicados sobre os possíveis impactos ambientais causados pela
aqüicultura, especialmente pela maricultura. Ainda assim, em qualquer forma
de produção o impacto ao meio ambiente ocorre através de três processos: o
consumo de recursos naturais, o processo de transformação
(processamento) e a geração de produtos finais (resíduos).
Segundo PILLAY (1992), os principais impactos ambientais causados
pela aqüicultura (englobando a piscicultura e a carcinicultura) são os conflitos
com o uso dos corpos d’água, a sedimentação e obstrução dos fluxos de
água, a hipernutrificação e eutrofização, a descarga dos efluentes de viveiros
e a poluição por resíduos químicos empregados nas diferentes fases do
cultivo.
O objetivo de se estudar os impactos ambientais é, principalmente, o
de avaliar as conseqüências de algumas ações, para que possa haver a
prevenção da qualidade ambiental através da execução de certos projetos ou
ações, logo após a implementação dos cultivos ou ao longo da execução dos
mesmos. No Brasil, a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) envolve um

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conjunto de métodos e técnicas de gestão ambiental reconhecidas, com a


finalidade de identificar, predizer e interpretar os efeitos e impactos sobre o
meio ambiente decorrente de ações propostas, tais como: legislação de solo,
políticas, planos, programas, projetos, atividades, entre outros.

7.1. Impacto sobre o meio aquático

7.1.1. Cultivos não arraçoados

No município de Cananéia atualmente são cultivadas duas espécies


de moluscos: a ostra Crassostrea brasiliana e o mexilhão Perna perna. O
cultivo de organismos filtradores como os moluscos, ainda que não implique
em administração externa de alimento, pode concentrar elementos
excretados nas imediações dos locais de cultivo. Entretanto, é necessário
salientar que o impacto causado por essas excreções é pelo menos 15 vezes
menor do que o causado por organismos que requerem um aporte exógeno
de alimento (FAO, 2004) como no caso dos camarões e peixes, apesar de
que esse impacto pode ser maior ou menor, dependendo principalmente das
condições ambientais dos locais onde os empreendimentos estão instalados.
Os resíduos sólidos gerados pelo cultivo de moluscos filtradores são
compostos de fezes e pseudofezes do animal, sendo as pseudofezes nada
mais do que a porção de alimento filtrado que é rejeitado junto com muco
antes de ser ingerido, após uma seleção do sistema filtrador do animal em
busca de partículas de maior teor orgânico. Juntos, fezes e pseudofezes são
também chamados de “biodepósitos”.
É importante frisar que, diferentemente de outras formas de
aqüicultura que utilizam rações, nenhum alimento consumido por moluscos
bivalves é adicionado ao ambiente. Eles se alimentam exclusivamente de
partículas que ocorrem naturalmente na coluna da água. Ao mesmo tempo
em que grande parte do alimento e dos nutrientes consumidos pelos
moluscos retorna ao ambiente como biodepósitos num processo conhecido
como biodeposição, uma porção significante destes é incorporada aos
tecidos do animal permitindo seu crescimento e reprodução. O que não é

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assimilado é biodepositado no sedimento e passa a servir de alimento para


animais detritívoros incluindo muitos dos vermes e crustáceos que por sua
vez servem de alimento para peixes e aves. (SUPLICY, 2006)
A biodeposição e a diminuição da taxa de sedimentação podem variar
dependendo da modalidade de cultivo, diferenças entre as dinâmicas
hidrográficas e às condições climáticas dos lugares em que são instalados os
cultivos (BEVERIDGE, 1996). Trabalhos realizados por JARAMILLO et al.
(1992) confirmam que os biodepósitos podem ocasionar diminuição da
abundância da macrofauna bentônica sob os locais de cultivo. Os
biodepósitos em ambientes estuarinos podem ser dissipados muito
rapidamente pela ação da dinâmica das marés, no entanto em locais de
pouca circulação de água a matéria orgânica pode aumentar sob os long-
lines ou tabuleiros (LOPEZ e BUSCHMANN, 1991). Durante o processo de
sedimentação as partículas podem ser consumidas por peixes e crustáceos
silvestres decompostas assim, em partículas mais finas. A atividade
microbiana permite que os diferentes nutrientes se solubilizem. A quantidade
e a velocidade da decomposição e solubilização dependem de fatores como
a velocidade e intensidade das correntes, temperatura da água e
propriedades físico-químicas das partículas entre outros. Além disso, em
locais com depósito de matéria orgânica são gerados nutrientes dissolvidos
para a coluna da água.
O aumento de matéria orgânica sob os sistemas de cultivos também
pode ser incrementado pela remoção do “fouling” (organismos incrustantes
nos animais e nas estruturas de cultivo), como cracas, ascídias, algas,
anêmonas etc. A acumulação de matéria orgânica depende de vários fatores,
entre outros a espécie cultivada, a qualidade da alimentação, o tipo de
manejo, as correntes e a profundidade. O substrato sob os cultivos tem
maiores concentrações de carbono, nitrogênio e fósforo do que em
sedimentos naturais (ENELL e LOF, 1985). Adicionalmente pode ainda
ocorrer o desprendimento e caída ao fundo dos organismos cultivados,
aumentando a carga orgânica nesse ambiente.
A matéria orgânica acumulada estimula a produção bacteriana,
modificando a composição química, a estrutura e funções dos sedimentos.
Alguns efeitos do aumento da carga da matéria orgânica e dos nutrientes nos
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sedimentos são: a diminuição das concentrações do oxigênio e o aumento da


demanda biológica de oxigênio (os sedimentos aumentam sua condição
anaeróbica e redutora), produzindo alterações nos ciclos normais de
nutrientes e aumentando o ingresso de nitrogênio e fósforo, desde os
sedimentos até a coluna d água, e aumentando ainda a produção de metano
e ácido sulfídrico nas zonas marinhas (HOLMER e KRISTENSEN, 1992),
além do aumento de lipídios (HENDERSON et al., 1997).
Nos ecossistemas marinhos, foram detectadas mudanças na
abundância e diversidade de espécies macro bentônicas, entretanto, nem em
todos os locais estudados os efeitos foram significativos (GRANT et al.,
1995). Sob os sistemas de cultivos de moluscos foram registrados o
incremento da abundância de poliquetos oportunistas, mudanças na rede
trófica e diminuição da diversidade como conseqüência do aumento da
matéria orgânica (JAMBRINA LEAL, 2000).
Os efeitos ecológicos sobre a macrofauna bentônica parecem ser
limitados apesar de ter sido observada na Espanha uma redução da
diversidade faunística no fundo do mar, sob regiões de cultivo intensivo de
mexilhões. Todavia essa diversidade rapidamente volta ao status original (1 a
2 anos) uma vez que cessem os cultivos no local (GONZALEZ et al., 1991). A
abundância de predadores bentônicos aumenta significativamente nos locais
de cultivo, provavelmente devido ao aumento da quantidade de moluscos que
se desprendem do sistema de produção (LOPEZ e BUSCHMANN, 1991).
Já o cultivo de algas macrófitas torna-se menos impactante em virtude
da ausência de excreções. Pelo contrário, experimentos de laboratório com
Kappaphycus alvarezii mostraram que essa espécie pode retirar quantidades
significativas de compostos nitrogenados do meio aquático melhorando a
qualidade do mesmo (HAYASHI, 2007) em condições de eutrofização
pronunciada. Esse fato pode servir como recomendação para o cultivo de
algas macrófitas em ambientes sujeitos à poluição orgânica, como alternativa
ao cultivo de moluscos filtradores. Já os cultivos desprotegidos de redes
atraem diversas formas de herbívoros, tendo-se obervado na região de
Ubatuba (SP) um visível aumento na população de tartarugas no entorno dos
cultivos experimentais, em busca de alimento.

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7.1.2. Cultivos arraçoados

De acordo com SIPAÚBA-TAVARES et al. (1999), o cultivo de peixes


enriquece com material orgânico e inorgânico a coluna de água, através da
excreção, do alimento não ingerido, descamação, mucos, vitaminas e
agentes terapêuticos que podem também ter implicação e possíveis efeitos
sobre a qualidade da água.
Os dejetos da maricultura produzem efeitos tanto na coluna da água,
como no fundo das instalações do cultivo. Na piscicultura, basicamente, um
quarto do nitrogênio da ração consumida é incorporado pelos peixes. Os
restantes três quartos são liberados no mar, na sua maior parte como
compostos dissolvidos (principalmente amônia) (WU, 1995). Este número é
diferente no que diz respeito ao fósforo, onde apenas um quinto é retido pelos
animais, sendo o resto evacuado principalmente como matéria particulada. O
melhoramento nutricional é uma forma de alterar estes números de uma
maneira ambientalmente mais aceitável. O alimento não consumido e
lançado no ambiente, representa uma proporção pouco conhecida,
geralmente avaliada em aproximadamente 15-20% do total distribuído
(BERGHEIM e BRINKER, 2003).
Sólidos em suspensão são veiculados pelas partículas alimentares não
ingeridas pelos peixes, podendo representar até 9% nos alimentos
granulados (CHO e KAUSHIK, 1990), e pelos dejetos de origem fecal
(alimentos não digeridos ou parcialmente digeridos). As partículas sólidas em
suspensão, geralmente imputáveis ao alimento, podem representar 50% do
total da poluição na aqüicultura (BERGHEIM et al., 1991).
De uma maneira geral, as proteínas alimentares são bem digeridas
pelos peixes (digestibilidade superior a 80%). Este fato está relacionado com
o desenvolvimento precoce nos teleósteos do equipamento enzimático
necessário à degradação protéica (KAUSHIK et al, 1989). No entanto, a
qualidade da matéria-prima utilizada (composição em aminoácidos
essenciais, fatores anti-nutricionais, granulometria, etc.), condiciona a sua
utilização digestiva (DE LA HIGUERA e CADERNETE, 1987; KIM e
KAUSHIK, 1992).

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A digestibilidade da gordura (animal e vegetal) é também geralmente


elevada nos peixes (valores superiores a 90 %). Pelo contrário, a
digestibilidade da fração glucídica apresenta uma grande variabilidade nas
diferentes espécies de peixes (SINGH e NOSE, 1967; GUILLAUME, 1986;
COWEY, 1988). A fraca atividade amilásica intestinal e a indigestibilidade da
celulose em muitas espécies de peixes, originam um aumento dos dejetos
fecais quando se utiliza matéria-prima de origem vegetal em teores elevados
(KIM e KAUSHIK, 1992).
No passado, muitos dos problemas verificados na alimentação dos
peixes estavam relacionados a uma fraca qualidade física dos alimentos,
imputável por sua vez a oscilações da qualidade das farinhas e óleos de
peixe utilizados, e a processos de fabricação e práticas de alimentação
inadequadas. O fato da transferência de nutrientes da dieta para os peixes
ser feita através do meio aquático, acarreta problemas diferentes das práticas
tradicionais de alimentação animal.
Alimentos desintegrados e não ingeridos poluem a água, causam
estresse devido a depleções em oxigênio, influenciando o teor em matéria
orgânica que afetam o crescimento e estado sanitário dos peixes (CHO e
KAUSHIK, 1990). A perda de alimento devida a uma má gestão da
alimentação (quantidade, freqüência e número de refeições inadequados),
são fatores que influenciam significativamente o aumento dos dejetos
piscícolas (LUMB, 1989).
Os peixes são animais que excretam os metabolitos resultantes do
catabolismo protéico essencialmente sob a forma de amoníaco (70-90%), ao
contrário dos animais terrestres que o fazem sob a forma de uréia ou ácido
úrico. Esta particularidade e o seu modo de vida aquático permite aos peixes
desembaraçarem-se eficazmente dos produtos do metabolismo azotado com
uma utilização da proteína para fins energéticos mais ou menos eficiente. A
maior percentagem de dejetos azotados solúveis é excretada pelas
brânquias.
Nas zonas costeiras, a identificação dos efeitos da presença de
cultivos marinhos sobre a produtividade e a composição de espécies não é
tão clara, pela maior velocidade de difusão dos nutrientes (BEVERIDGE,
1996). Entretanto, WALLIN e HAKANSON (1991) encontraram correlações
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entre a produção de nutrientes por sistemas de cultivo, e a concentração de


clorofila na água. Em zonas com poucas correntes e troca de água, foi
demonstrado que a produtividade de macro algas e a composição de algas
epífitas, bem como a estrutura da comunidade de peixes, pode ser afetada
pela presença de cultivos (RÖNNBERG et al., 1992). Além disso, foi
observado que em outras regiões houve um aumento do número de peixes
(CARSS, 1990) e das populações de aves nos entornos dos sistemas de
cultivo, em busca de alimento.
As zonas impactadas, no geral, são bem definidas, circunscritas entre
20 e 50 m do cultivo. Porém, em algumas ocasiões os efeitos podem alcançar
distâncias bem maiores. WU et al. (1993) registraram uma diminuição da
concentração do oxigênio dissolvido em distâncias de até 1 km de tanques
redes de maricultura, entretanto, não conseguiu correlacionar essas
mudanças com os sólidos em suspensão ou com os níveis de clorofila
presentes na água. Essas alterações ocasionariam, por sua vez, efeitos na
presença e abundância de espécies que constituem as comunidades
marinhas. O enriquecimento do fundo marinho com matéria orgânica também
pode afetar a abundância da meiofauna (nematódeos e copépodes)
(SANDULLI e GIUDICI, 1989).
Mais recentemente vem causando preocupação o uso de antibióticos
em alimentos destinados à aqüicultura, porque a transferência da resistência
a antibióticos da bactéria associada ao animal para patógenos humanos
tende a aumentar. Embora o tratamento com antibióticos seja, talvez, a
maneira mais rápida de responder a uma doença bacteriana na aqüicultura,
ele também pode ser contraproducente, porque os antibióticos também
podem causar um aumento na virulência dos patógenos.
Outros estudos correlacionaram a abundância de espécies tóxicas de
fitoplancton com a presença de cultivos (CARLSSON et al., 1990). Por sua
vez SUAREZ e GUZMAN (1998) relatam que o manejo inadequado de peixes
e camarões cultivados em espaços confinados, como tanques-rede, podem
causar floração de espécies não tóxicas de microalgas que podem vir a ser
prejudiciais aos cultivos devido à competição pelo oxigênio durante a noite.
Estudos têm correlacionado a abundância de patógenos provocada pela
manutenção em condições de monocultivos, em altas densidades e em
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lugares determinados, por um tempo prolongado (AUSTIN, 1993). Esta


probabilidade gerou preocupação sobre o risco de contaminação de
organismos silvestres, entretanto, não existem evidências do efeito de
patógenos de organismos autóctones em cultivo sobre outras populações
naturais.
Uma vez que todas as áreas de cultivo demarcadas no município
situam-se na Área de Proteção Ambiental de Cananéia – Iguape – Peruíbe,
as restrições à expansão da maricultura para cultivos arraçoados são muitas
e deverão levar em consideração cuidadosos estudos de monitoramento do
ambiente de cultivo nesses casos.

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A TABELA 26 resume os principais impactos causados no ambiente


aquático pela aqüicultura, suas razões e causas.

TABELA 26 – Razões e causas dos principais impactos causados no


ambiente aquático pela aqüicultura

PRINCIPAIS IMPACTOS RAZÕES CAUSAS

Contaminação da água Concentração de


elementos orgânicos
Transmissões de doenças
através de alguns cultivos Concentração total de
Perda da qualidade da água
cada contaminante
Aumento da turbidez
Transmissão de
patologias
Alteração da qualidade da água Alteração da qualidade
limita o habitat. da água.

Redução da diversidade de Número de espécies de


organismos bentônicos. organismos freqüentes
Modificações no habitat

Alteração da comunidade Mudanças na


biológica. diversidade de
organismos com e sem
impacto

7.2. Impacto sobe a vegetação aquática

De uma maneira geral não se encontram na literatura registros sobre


impactos importantes da maricultura sobre a vegetação aquática marinha. A
pressão exercida pela extração indiscriminada de sementes de mexilhões nos
costões rochosos afeta esse ecossistema como um todo e pode prejudicar o
recrutamento de espécies de algas típicas desses habitats, como Sargassum,
Ulva, Porphyra entre outras.
Cultivos de macrófitas, como Kappaphycus alvarezii, podem
eventualmente incrementar o número de animas herbívoros no entorno dos
cultivos que, na impossibilidade de se alimentar das algas em cultivo, podem
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se voltar para a vegetação nativa. Mas essa hipótese não é comprovada


cientificamente e por enquanto assume apenas caráter especulativo.
De qualquer forma, a maricultura no município de Cananéia pouco
afeta a vegetação, principalmente pelo fato de que no estuário as condições
ambientais não favorecem o surgimento de grandes bancos de algas.

7.3. Impacto da liberação de organismos no ambiente

A introdução de espécies exóticas ou alóctones com a finalidade de


produção pode implicar no ingresso de patógenos e estádios microscópicos
de espécies invasoras (CLUGSTON, 1990), as que poderiam se associar à
flora e a fauna local, com efeitos desconhecidos sobre estas (CAUGHLEY &
GUNN, 1996).
O cultivo de espécies exóticas de peixes e camarões em tanques-rede,
diretamente no ambiente marinho deve seguir primeiramente as orientações
e restrições impostas pelos órgãos ambientais. De qualquer forma o cultivo
dessas espécies deve ser evitado, em favor da utilização de espécies
autóctones. A espécie de camarão Litopenaeus vannamei já foi cultivada no
Estado de São Paulo, no município de Cananéia. Durante o período de
funcionamento da fazenda, ocasionalmente eram capturados exemplares
vivos no estuário. Atualmente, dois anos após o fechamento do
empreendimento, essas capturas não mais se verificam (BARBIERI, com.
pess.), o que faz supor que a espécie não chegou a se estabelecer na região.
Em outras regiões do país, o cultivo de L. vannamei é realizado em
grande escala há mais de 10 anos, não havendo até o momento indícios de
que essa espécie esteja estabelecida no ambiente natural ou competindo de
forma significativa com as espécies nativas. Todavia, por precaução,
recomenda-se que seu cultivo em tanques-rede ou para utilização como isca-
viva somente seja permitido após a comprovação de que a espécie não
consegue se estabelecer no ambiente natural ou não seja vetor de
enfermidades que possam atingir as populações naturais.
Já a liberação de organismos autóctones configura pouco impacto ao
meio ambiente, já que são espécies originárias do estuário, o que minimiza

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os riscos decorrentes de eventuais escapes no caso do cultivo das mesmas


em tanques-rede.

7.4. Impacto sobre áreas de reprodução e de berçário de


organismos amarinhos

Os estuários são regiões de importante interesse ambiental e de


elevada diversidade de espécies, rico em termos de produtividade primária e
berçário para vários organismos marinhos. Por este motivo são ecossistemas
que devem merecer atenção especial quando utilizados para fins de
maricultura, assim como qualquer outra atividade antrópica.
A maricultura em larga escala em águas estuarinas pode causar
importantes alterações no ecossistema, modificando assim, os grupos tróficos
existentes. Isto acontece devido à perda da qualidade da água, elevada taxa
de sedimentação e altos teores de matéria orgânica no sedimento, alterando
a comunidade biológica, reduzindo a diversidade de organismos bentônicos
e, possivelmente, a da macrofauna.
Apesar do cultivo de moluscos ser uma atividade de baixo impacto, se
conduzido de forma desordenada pode vir a causar deterioração ambiental.
No caso específico dos cultivos praticados em Cananéia, esse impacto
parece ser mínimo, já que além das pequenas dimensões e porte das
estruturas de cultivo, a área de diluição entre os empreendimentos é muito
vasta. O próprio ambiente estuarino não permite a expansão dos
empreendimentos devido às limitações físicas. Outra característica que é
adotada instintivamente pelos produtores da região é a alternância de áreas,
ou seja, os tabuleiros periodicamente mudam de lugar devido à
movimentação natural dos “baixios”, permitindo a recuperação das áreas
impactadas pelos cultivos.

7.5. Impacto sobre a populaçâo de aves marinhas

O estuário de Cananéia abriga uma enorme diversidade de aves,


principalmente aves migratórias e ameaçadas de extinção que utilizam os

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baixios do estuário como ponto de parada para descanso e alimentação. A


disposição atual dos cultivos na região não causa impacto significativo nas
populações de aves, porém, a ocupação indiscriminada dos baixios poderia
impactar áreas de alimentação e descanso destas aves. Assim, torna-se
importante o ordenamento dos cultivos e a demarcação de áreas aqüícola no
sentido de permitir o compartilhamento dos recursos com as populações de
outras espécies.
Em seus estudos CARSS (1990) observou um aumento das
populações de aves nos entornos dos sistemas de cultivo. A presença dos
tabuleiros de ostreicultura pode propiciar a aglomeração de peixes em seu
entorno, consequentemente atraindo as aves em procura de alimento.
Evidentemente essa não é uma situação equilibrada no ponto de vista
ambiental, pois interfere no mecanismo de regulação das populações de aves
pela restrição alimentar, todavia como já foi mencionado no parágrafo
anterior, as áreas de maricultura em relação à extensão do estuário possuem
dimensões muito reduzidas, minimizando esse efeito.

7.6. Conclusão sobre o impacto ambiental da maricultura

7.6.1. Impactos positivos

A maricultura é reconhecida mundialmente pela como uma importante


alternativa de geração de empregos, renda e alimento, que tem contribuído
para a fixação de comunidades tradicionais em seus locais de origem. O
esgotamento dos estoques de recursos pesqueiros, decorrente do excessivo
esforço de pesca observado mundialmente durante o século passado, exige
que cada vez mais os governos elaborem para seus países políticas de
desenvolvimento sustentável da maricultura, uma vez que esta atividade
possui um enorme potencial de contribuição para o desenvolvimento social
da zona costeira. Particularmente a malacocultura é considerada pela
Organização de Agricultura e Alimento das Nações Unidas (FAO/ONU), como
sendo uma atividade ambientalmente sustentável. O fomento e a promoção
do cultivo de moluscos promove também a preservação e a manutenção dos

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recursos naturais marinhos. Esta atividade não só provê uma colheita


sustentável de alta qualidade e valor do ambiente marinho, como também
provê a fixação de comunidades tradicionais costeiras em seus locais de
origem, gera empregos e desenvolvimento social local, ao mesmo tempo em
que proporciona benefícios tangíveis ao ambiente marinho.
O rápido crescimento deste setor na última década representou formas
diversas de desenvolvimento, variando desde sistemas familiares, com baixa
necessidade de investimentos e utilizando tecnologias rudimentares, a
grandes empreendimentos com altos investimentos e sofisticação
tecnológica. Tem ainda contribuído significativamente na melhoria dos
padrões de vida da população costeira, como também, para a balança
comercial das regiões produtoras (SEAP, 2004).
Dependentes de uma água marinha livre de poluição para produzir
moluscos de qualidade, os maricultores passam também a exercer o papel de
sentinelas na preservação do meio ambiente marinho e estão sempre atentos
à liberação irregular de esgotos domésticos e outras formas de poluição nas
proximidades de suas áreas de cultivo. Em muitos países, como nos EUA,
Nova Zelândia, Chile, Irlanda e Canadá, as organizações de maricultores
estão elaborando seus Códigos de Conduta Responsável contendo Boas
Práticas de Manejo (BPM), de forma a garantir que o setor se desenvolva
com responsabilidade ambiental. Além da preservação das condições
naturais essenciais ao desenvolvimento da atividade, esta iniciativa visa
também a conquista de um crescente mercado internacional que cada vez
mais procura consumir produtos produzidos com responsabilidade ambiental
(SUPLICY, 2006).
O cultivo de moluscos em áreas certificadas como livres de
contaminação produz alimentos saudáveis, seguros e nutritivos. Além disso,
o cultivo de animais filtradores melhora a qualidade da água através da
remoção de matéria particulada em suspensão na coluna d’água e auxiliam
na redução da concentração de nutrientes para níveis desejáveis. Através
desse processo ocorre a redução das quantidades de matéria orgânica,
nutrientes, silte, bactérias e vírus, aumentando a transparência da água e a
penetração da luz solar que por sua vez estimula a atividade fotossintética de
micro e macroalgas, além de outras formas de vegetação subaquática. A
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ação filtradora dos moluscos pode auxiliar no controle e prevenção do


florescimento de algas tóxicas através da remoção dessas células antes que
estas atinjam níveis prejudiciais ao ambiente (SUPLICY, 2006).
Economicamente para o município de Cananéia, a maricultura gera
impacto positivo. Os produtores, apesar de na maioria das vezes não terem
essa atividade como única fonte de renda, aumentam seus rendimentos,
melhorando assim sua qualidade de vida, principalmente nas ocasiões do
defeso de espécies tradicionalmente pescadas.

7.6.2. Impactos negativos

No caso da malacocultura os principais impactos obervados são os


que ocorrem sobre a qualidade da água no entorno dos cultivos e as
alterações nas características dos sedimentos causadas pelos biodepósitos.
Modalidades que requerem a extração parcial de sementes em ambiente
natural para o início da atividade, como é o caso da mitilicultura e da
ostreicultura praticada na região, podem vir a reduzir e degradar os estoques
naturais. Todavia, atualmente existem técnicas de captação artificial de
sementes, tanto de ostras como de mexilhões que são de uso obrigatório por
lei no caso da mitilicultura. Além disso, a extração está regulamentada por lei
(IN IBAMA nº 105/2006), que estabelece períodos de defeso e tamanho
mínimo de captura, bem como quantidades máximas de extração por
empreendimento.
Outro impacto negativo poderia ser causado por eventuais conflitos de
uso das áreas comuns. A expansão indiscriminada na maricultura poderia
causar riscos à navegação pela interferência nas rotas de navegação e
utilização de áreas tradicionalmente empregadas no fundeamento ou como
abrigo em caso de mau tempo. A falta de padronização visual dos
empreendimentos e a geração de resíduos da maricultura (lixo, depósitos de
organismos retirados do “fouling”, combustível, etc.) podem vir a interferir no
bem estar dos moradores ou visitantes dos entornos das áreas aqüícolas.
As matrizes de causa-efeito constituem uma lista de ações humanas e
outros indicadores de impacto ambiental, que se relacionam num diagrama

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matricial. São muito úteis quando se trata de identificar a origem de certos


impactos, porém têm limitações para estabelecer interações, definir impactos
secundários ou terciários e realizar considerações temporais no tempo e no
espaço (TABELA 27).

TABELA 27 – Matriz de causa-efeito, mostrando a valoração dos impactos


gerados pela malacocultura em diferentes fases de
desenvolvimento (implantação, operação e abandono).
Classificação de impacto: Indiferente (I), Aceitável (A) e Crítico
(C).

FASES DO PROJETO

IMPLANTAÇÃO OPERAÇÃO ABANDONO

IMPACTO AMBIENTAL
Ar:
Qualidade I I I
Ruído A I I
Água:
Qualidade I A I
Quantidade I I I
Fauna:
Abundância A A I
Representabilidade A C I
Flora:
Abundância A A I
Representabilidade A C I
Paisagem:
Beleza A A C
Visual A A C
População:
Costumes A A A
Translocacão I I I
Navegação:
Potencial risco A A C
Alteração de rotas A A C

7.6.3. Medidas mitigatórias

A escolha dos locais de implantação dos cultivos apresenta-se como


principal medida preventiva para evitar os riscos ambientais, sendo
necessário propiciar uma correta instalação em áreas que reúnam condições
adequadas para a diluição dos efluentes e sua dispersão, visando à redução
da magnitude do impacto.

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O desenvolvimento da maricultura deve seguir as orientações do


Código de Conduta para o Desenvolvimento Sustentável e Responsável da
Malacocultura Brasileira, atendendo as recomendações referentes à
instalação e posicionamento das áreas aqüícolas, à destinação de resíduos;
ao impacto visual, ao odor; ao controle de incrustações de organismos
competidores no sistema de cultivo; ao uso de embarcações, veículos e
estruturas/equipamentos de cultivo; ao padrão de equipamentos e
construção; ao uso e armazenamento de substâncias químicas combustíveis
e lubrificantes; à segurança na navegação; à prática de cultivo e ao manejo e
coleta de sementes do ambiente marinho. Muitas outras medidas mitigatórias
estão previstas nas legislações, em planos e políticas de desenvolvimento,
como exemplo pode-se citar o Programa Nacional de Sanidade de Animais
Aquáticos e o Gerenciamento Costeiro.
A influência negativa dos biodepósitos sobre a qualidade da água e do
fundo pode ser mitigada por uma correta distribuição dos cultivos,
respeitando-se espaçamentos mínimos entre as estruturas de cultivo. Esse
espaçamento garantirá aos produtores a manutenção de níveis elevados de
produção, reduzindo o tempo de cultivo e consequentemente aumentando a
produtividade. Não são bem conhecidos os mecanismos que determinam a
capacidade de suporte de um determinado ecossistema para fins de cultivo
de moluscos. Assim, a prevenção é a melhor forma de mitigação da
superpopulação, além de permitir a necessária diluição dos biodepósitos. Um
monitoramento permanente do crescimento dos moluscos em cultivo será
necessário ser realizado por parte do produtor, já que a redução do
crescimento é o primeiro indício de que a capacidade de suporte do ambiente
está sendo extrapolada.
Quanto às espécies arraçoadas, e importante notar que a preocupação
ambiental já foi bem estabelecida no Norte da Europa e que as pesquisas
referentes ao impacto da maricultura acompanharam principalmente o
desenvolvimento da produção de salmão. Foram alcançados resultados
importantes, como a melhoria das rações para peixes conduzindo a uma
redução dos desperdícios, introdução de antibióticos mais eficientes e menos
remanescentes, redução da quantidade de antibióticos utilizada, mantendo

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simultaneamente uma produção elevada, métodos naturais de controle de


parasitas, etc.
No caso da piscicultura marinha, algumas medidas mitigatórias são de
suma importância, como por exemplo, a seleção de áreas com profundidade
e com circulação de água adequadas, bem como o rodízio de áreas após
cada ciclo de produção para evitar o acúmulo de matéria orgânica no
sedimento. Outros fatores importantes são: o correto espaçamento entre as
estruturas de cultivo e entre os empreendimentos, bem como a correta
administração de ração, evitando-se sobras, além do freqüente
monitoramento da quantidade de matéria orgânica acumulada sob os
cultivos.
Existe a necessidade de estudos que forneçam suporte científico, para
a implantação e manejo sustentável da maricultura, mitigando os impactos no
meio ambiente. No Brasil existem várias regiões onde é praticada a
maricultura com características diferentes. Nessas regiões são poucas as
áreas onde existem informações que forneçam o suporte para um
desenvolvimento mais sustentável, com parâmetros físicos, químicos e
biológicos que possam fundamentar práticas de manejo menos impactantes.
Portanto, pesquisas futuras são de grande importância para o
desenvolvimento ecologicamente correto da maricultura regional.
Dentre todos os fatores antrópicos que colocam em risco a maricultura
e, como de resto, o principal é a poluição. A literatura mostra que a
eutrofização decorrente de esgotos domésticos causa um desequilíbrio
localizado nas áreas de despejo, favorecendo o florescimento de espécies
oportunistas, de ciclo de vida rápido em detrimento das espécies de ciclo
mais longo. No entanto, são os poluentes industriais que causam dano de
maior monta, especialmente os pesticidas, metais pesados e derivados de
petróleo. Isto tem sido demonstrado em vários estudos (OLIVEIRA e
BERCHEZ, 1978; BERCHEZ e OLIVEIRA, 1991). Uma conseqüência
dramática do lançamento de poluentes industriais na zona costeira e,
sobretudo em baías e enseadas onde a circulação é mais restrita, tem
inviabilizado as zonas de nosso litoral que são mais propícias para a
maricultura (OLIVEIRA, 1977). Assim, torna-se imprescindível que os locais
de cultivo sejam permanentemente monitorados com relação às
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características físicas, químicas e biológicas da água, visando a assegurar


que o produto oferecido ao consumidor tenha sempre uma qualidade
excelente, principalmente no caso de organismos filtradores.
Para uma perfeita avaliação do impacto ambiental proporcionado pela
implantação de parques aqüícolas na região de Cananéia far-se-á necessária
a realização de uma pesquisa intensiva e com este único propósito. A análise
dos locais selecionados para a implantação dos empreendimentos deverá
considerar uma avaliação da relação de custo e benefício dos mesmos, onde
os diversos parâmetros sejam analisados de maneira integrada,
considerando toda a extensão da região. Neste tipo de decisão, devemos
considerar o ecossistema como um todo, pois uma visão compartimentada
poderá levar facilmente a erros graves, a partir dos quais todo o ecossistema
poderia ser comprometido.
Normalmente os projetos implantados com a finalidade de satisfazer
algumas necessidades humanas resultam em uma estrutura bem definida de
fenômenos, que pode ser mais bem compreendida com o auxílio do diagrama
a seguir:

Alguns projetos causam perturbações ambientais somente na fase de


implantação. A maioria, no entanto, uma vez em funcionamento, causa
distúrbios permanentes. Outros causam distúrbios graves desde sua
implantação até o funcionamento. Normalmente os efeitos ambientais que
acompanham tais projetos não são lineares, mas se refletem em cadeias
complexas de interações de retro-alimentação entre causas e efeitos. Assim

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sendo, o município, ao autorizar um empreendimento deveria levar em conta


o fluxograma abaixo:

O que deve ser realçado neste fluxograma é que após o impacto,


teremos as medidas mitigatórias e as políticas ambientais ao nível municipal
e/ou regional e por fim a gestão feita com todos os setores envolvidos, de
forma aberta e participativa.

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8. DIAGNÓSTICO DOS IMPACTOS SÓCIO-ECONÔMICOS

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8.1. Impactos visuais

O impacto visual sobre uma paisagem é geralmente irreversível e,


quando sua recuperação é possível, os custos e investimentos necessários
não condizem com a realidade sócio-econômica de sua população. Portanto,
o manejo adequado da paisagem e de seus ecossistemas consiste no melhor
investimento para a manutenção ecológica do estuário de Cananéia.
Com a degradação paisagística, muitos turistas podem procurar outros
locais de lazer. Este impacto pode ser mitigado por meio da limitação do
tamanho das áreas aqüícola e da padronização de cor e material das
estruturas de suporte.
No caso de Cananéia, a maior parte da maricultura é praticada no
sistema de tabuleiros, que permanecem submersos durante boa parte do
tempo, só ficando emersos durante a maré baixa, tornando-se pouco visíveis.
Por outro lado os locais de cultivo (canais de mangue) não são procurados
por um grande número de turistas, ficando restritos aos pescadores e turistas
em trânsito através de embarcações.
Já foi mencionado anteriormente que a ostreicultura em tabuleiros em
Cananéia é uma atividade anterior ao grande afluxo de turismo que vem
ocorrendo a partir da década de 90. Com isso, os tabuleiros e outras
estruturas de pesca, como os cercos fixos ou currais, já fazem parte
integrante da paisagem dos canais do mangue, desde há muito tempo, tendo
os turistas se habituado com sua presença.
Isso todavia não implica que medidas não devam ser tomadas para
preservar a paisagem da região. Nesse sentido é importante a padronização
das estruturas de cultivo e a restrição das mesmas às áreas efetivamente
delimitadas, para evitar a expansão desordenada.

8.2. Impactos na pesca comercial e esportiva

São pequenos os impactos causados pela maricultura sobre a pesca,


seja comercial ou esportiva na região de Cananéia. Os produtores de ostra

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da região geralmente são também pescadores, atuando na ostreicultura


como atividade complementar. Os tabuleiros de ostreicultura por outro lado,
funcionam como atratores para espécies de peixes, mas esse fato não é
explorado pelos pescadores.
A pesca esportiva nos canais do estuário é feita em embarcações de
pequeno e médio porte. O trânsito de embarcações aumenta muito nos
meses de verão e assim os riscos oferecidos pelos tabuleiros à navegação
também aumentam. Como nas marés altas os tabuleiros ficam submersos, os
mesmos terão que ser obrigatoriamente sinalizados com bóias e com luzes à
noite.

8.3. Impactos sobre as populações tradicionais

A atividade de extração de ostras é muito antiga em Cananéia,


constituindo uma vocação natural dos moradores do município. O processo
de ordenamento da atividade de extração e a introdução do método da
engorda de ostras foram feitas de uma maneira harmoniosa, através da
integração entre órgãos de pesquisa, ambientais e os representantes das
comunidades de pescadores. Com isso muitos dos antigos extratores
tornaram-se criadores de ostras sem que isso representasse um impacto
cultural ou econômico para as comunidades envolvidas. A atividade de
extração ainda existe, mas regulamentada por um defeso e por normas que
limitam a extração e o tamanho das ostras, sendo que não é permitida a
extração de ostras menores que 5 cm. Com isso, a extração torna-se cada
vez menos atraente e permanece restrita à população mais carente, que não
tem condições para arcar com os custos de construção de tabuleiros, ou
reside longe do estuário, o que impede a sua presença constante junto aos
tabuleiros de ostras.
A comunidade do Pontal (Ilha do Cardoso), onde recentemente foi
introduzida a atividade da criação de mexilhões, tampouco foi afetada por
essa atividade, já que esta constitui uma atividade complementar à pesca e
absorve um tempo relativamente pequeno do dia a dia da comunidade.

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8.4. Impactos positivos da maricultura

O cultivo de moluscos na região de Cananéia é desenvolvido de uma


forma bastante artesanal e em pequena escala, além de envolver em sua
quase totalidade os moradores das próprias comunidades. Esse fato permite
aos mesmos o desenvolvimento de uma atividade de vocação natural,
estimulando a fixação das populações no litoral e impedindo a migração para
outras cidades em busca de emprego. Além disso a ostreicultura contribui
para o fortalecimento das comunidades tradicionais, valorizando a cultura
caiçara e aumentando a auto-estima da população (MALDONADO, 2002).
Outros benefícios sócio-econômicos do cultivo de moluscos nessa região
são: a diversificação de atividades voltada ao setor pesqueiro, a preservação
de ambientes aquáticos, o aumento de opções ao turismo através do turismo
gastronômico e o estímulo ao desenvolvimento da indústria de apoio à
atividade (redes, cordas, etc) (CAMPOLIM e MACHADO, 1997).
Em relação a informações econômicas referentes à maricultura,
existem poucos dados, ainda que se saiba de sua importância sócio-
econômica (MANZONI, 2005). Porém pode-se observar que a maioria dos
produtores que entraram na atividade incrementou seus cultivos ao longo do
tempo, demonstrando um impacto positivo na geração de renda e diminuição
da pobreza. Atualmente a Cooperostra congrega 47 produtores, mas o
número total de produtores no município situa-se entre 70 e 80, que embora
não vivam exclusivamente da produção de ostras, tiveram com essa atividade
uma significativa melhora na sua qualidade de vida (GARCIA, 2005).
Também é salientado que os cultivos contribuíram para a fixação das
populações tradicionais em seus locais de origem, além de terem modificado
substancialmente a maneira como estas populações visualizam a
necessidade de preservação do meio ambiente, pois a idéia de cultivar no
mar impõe a necessidade de manutenção da qualidade da água (MANZONI,
2005).

8.5. Conclusão do diagnóstico sócio-economico

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A maricultura em Cananéia apresentou até o momento mais impactos


positivos do que negativos na sócio-economia do município. Pode-se afirmar
que o modelo adotado para o ordenamento da atividade da ostreicultura no
município através principalmente da estruturação da Cooperativa dos
Produtores de Ostra de Cananéia pode servir como exemplo para outras
iniciativas comunitárias do mesmo tipo (GARCIA, 2005). Todavia há
necessidade de prosseguir com a condução responsável do processo de
ordenamento da maricultura, principalmente durante a expansão da mesma
no município.
Os principais conflitos sociais e econômicos que podem ser causados
pela maricultura no município referem-se à disputa pelo espaço, uma vez que
as áreas propícias para a atividade podem também ser utilizadas para
navegação, pesca, lazer e recreação. Como forma de mitigação desses
impactos, foi estabelecido um processo de definição das áreas de cultivo
baseado na consulta participativa com os diferentes segmentos interessados
(pescadores, comunidades tradicionais, órgãos governamentais) e
identificadas as possíveis áreas de conflito e os locais onde já existem outros
usos para que as mesmas sejam descartadas como áreas de maricultura.
Outro impacto relevante da atividade tanto no aspecto social quanto
econômico é a possível contaminação de moluscos bivalves, devendo os
cultivos estar em concordância com o Programa Nacional de Sanidade de
Animais Aquáticos. Dentre as principais doenças bacterianas e virais
causadas pelo consumo de moluscos infectados são: febre tifóide e
paratifóide, hepatite infecciosa, gastroenterites, infecção bacteriana,
desinteria bacilar, toxinfecção alimentar, podendo em alguns casos causar
até óbito. Como forma de prevenir doenças na produção mostra-se
importante a vigilância sanitária constante, o saneamento do ambiente
(principalmente qualidade de água), e promover a capacitação de técnicos
visando esse controle. Diminuindo a ocorrência de doenças e garantindo a
sanidade dos organismos, tem-se a garantia de uma melhor produtividade e
qualidade do produto.
9. IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS AQUÍCOLAS

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Foram demarcados 24 parques aqüícolas no município de Cananéia,


totalizando 1.293.642,7 m2, ou 129,3643 hectares. Desses, 931.198,7 m2
(72,0%) situam-se em áreas de preferência para as comunidades locais. As
demais, num total de 362.444,0 m2 (28,0%) são áreas abertas para utilização
por produtores em geral (TABELA 28). A FIGURA 34 mostra a situação
geográfica dos parques demarcados no município. As áreas demarcadas são
apresentadas, juntamente com as respectivas coordenadas no ANEXO 1.
No Litoral Sul do Estado ainda não foi implantado o Zoneamento
Ecológico Econômico Costeiro. Por isso, ao contrário do Litoral Norte, as
áreas aqüícolas não possuem um tamanho máximo. Os cultivos de ostras
caracterizam-se por mudar constantemente de lugar, devido à dinâmica do
estuário e à movimentação dos bancos de areia. Assim, optou-se por não
demarcar áreas aqüícolas no interior dos parques, destinando a área total
dos mesmos à construção dos tabuleiros de cultivo e à sua realocação
continuada.
As áreas de preferência são destinadas às comunidades locais, a
saber:
a) Itapitangui – Comunidade do Bairro do Itapitangui
b) Jacostra – Detentor do direito de uso da área
c) Mandira – Comunidade do Bairro do Mandira
d) Jacareú e Ilha da Casca – Moradores do Jacareú e da Ilha da Casca
e) Pontal – Moradores do Pontal
Os parques aqüícolas demarcados destinam-se ao cultivo de
moluscos, crustáceos e peixes que suportem o ambiente estuarino e as
baixas salinidades do mesmo.

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Itapitangui Porto Cubatão 1, 2

Mandira
Sede do município
Jacostra

Porto Cubatão 3

Taquari

Jacareú

Ilha da Casca
Itapanhoapina Retiro

Pontal

FIGURA 34 – Localização dos parques aqüícolas demarcados no município


de Cananéia

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TABELA 28 – Relação dos parques aqüícolas demarcados no município de


Cananéia, com as respectivas áreas em m2 e indicação de
preferência

ÁREA
CÓDIGO NOME ÁREA (m2)
PREFERENCIAL
N-01 Porto Cubatão 1 6.579,2 NÃO
N-02 Porto Cubatão 2 25.036,1 NÃO
N-03 Porto Cubatão 3 29.277,2 NÃO
N-04 Itapitangui 1 71.280,7 SIM
N-05 Itapitangui 2 19.744,2 SIM
N-06 Itapitangui 3 21.291,2 SIM
N-07 Itapitangui 4 25.092,9 SIM
N-08 Itapitangui 5 14.765,1 SIM
N-09 Itapitangui 6 15.497,8 SIM
N-10 Itapitangui 7 23.657,1 SIM
N-11 Jacostra 399.081,7 SIM
N-12 Mandira 1 5.208,5 SIM
N-13 Mandira 2 2.269,5 SIM
N-14 Mandira 3 79.641,8 SIM
N-15 Mandira 4 64.383,6 SIM
N-16 Guapara 5.514,5 NÃO
N-17 Taquari 37.090,1 NÃO
N-18 Jacareú 1 2.354,1 SIM
N-19 Jacareú 2 43.856,0 SIM
N-20 Ilha da Casca 76.857,4 SIM
N-21 Retiro 229.444,9 NÃO
N-22 Itapanhoapina 29.502,0 NÃO
N-23 Pontal 1 26.625,8 SIM
N-24 Pontal 2 39.591,3 SIM
TOTAL 1.293.642,7

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10. PLANO DE GERENCIAMENTO E CONTROLE

Para assegurar o desenvolvimento responsável e sustentável da


atividade da maricultura é necessário um planejamento participativo quanto
ao ordenamento dos cultivos e o manejo dos mesmos, de forma a prevenir e
a mitigar os problemas sociais e ambientais resultantes da implantação da
atividade ao nível econômico.
Segundo o Código de Conduta Responsável e Sustentável para
Malacocultura Brasileira (2004), as práticas de cultivo e manejo são de suma
importância, pois possibilitam a minimização de impactos ambientais, bem
como enquadra as condições de cultivo dentro dos padrões sanitários
exigidos para a atividade. Dentro das normas preconizadas no código,
podemos enumerar adiante as principais diretrizes que deverão nortear o
gerenciamento e o controle das áreas aqüícolas demarcadas nos municípios
envolvidos. Essas diretrizes servirão de base para uma discussão mais
aprofundada que será realizada no âmbito dos Comitês Regionais e Estadual
do PLDM-SP, podendo sofrer modificações segundo as propostas levantadas
durante essa discussão.

10.1. Instalação e posicionamento das áreas aqüícolas

a) As áreas aqüícolas do município de Cananéia não terão limite de


superfície, para atender às peculiariedades locais e da atividade da
ostreicultura.

b) As áreas aqüícolas do Município de Cananéia serão destinadas ao cultivo


de moluscos bivalves e de outras espécies, arraçoadas ou não. O cultivo de
espécies arraçoadas deverá obedecer ao disposto nos Planos de Manejo das
Áreas de Preservação onde se situam os parques.

c) O posicionamento das estruturas de cultivo deverá considerar as


necessidades das outras atividades usuárias do estuário, como a pesca, o
turismo, o lazer e o tráfego de embarcações;

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Plano Local de Desenvolvimento da Maricultura de Cananéia – PLDM Cananéia

d) Uma vez estabelecida a área de cultivo, a estrutura de cultivo e todos os


equipamentos relacionados deverão estar contidos dentro da área cedida
pelo SEAP/PR;

e) Os limites das áreas aqüícolas deverão ser sinalizados com bóias


amarelas nos quatro vértices do polígono e os aqüicultores usuários da área
deverão providenciar toda a manutenção necessária para que esta
sinalização seja permanentemente mantida;

f) O espaçamento lateral entre as áreas aqüícolas deverá ser de no mínimo 7


metros. O espaçamento longitudinal, no sentido das estruturas de cultivo
flutuantes (área de fundeamento), dependerá da profundidade do local, sendo
que as poitas de estruturas diferentes deverão estar distantes entre si por 1
metro no mínimo. As áreas de fundeamento e o espaçamento de 7 metros,
também serão consideradas áreas de diluição dos empreendimentos.

g) Toda modificação dos limites ou ampliação da área cedida deverá ser


precedida de solicitação protocolada e aprovada pela SEAP/PR.

10.2. Espaçamento entre as estruturas de cultivo

10.2.1. Para moluscos cultivados em estruturas fixas (tabuleiros)

a) O espaçamento entre as unidades produtivas (tabuleiros) deverá ser de no


mínimo 2 metros. Essa distância será considerada como a área de diluição
dos empreendimentos.

10.2.2. Para moluscos e algas cultivados em estruturas suspensas

a) O cultivo suspenso de moluscos será realizado exclusivamente em


estruturas do tipo “long-line”, padronizados de acordo com o ítem 3 destas
diretrizes.

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Plano Local de Desenvolvimento da Maricultura de Cananéia – PLDM Cananéia

b) As estruturas para cultivo de algas, por ainda estarem em fase de teste,


serão dimensionadas em reunião posterior dos Comitês Regionais do PLDM.

c) O espaçamento entre os long-lines deverá ser de no mínimo 5 m no caso


de long-lines simples e de 10 m no caso de long-lines duplos. Em ambos os
casos a superfície efetivamente ocupada pelos long-lines não poderá exceder
10% da área aqüícola. Os 90% de superfície restante serão considerados
área de diluição do cultivo podendo ser utilizada como área de instalação de
coletores de sementes de mexilhões ou estruturas de cultivo para algas. O
espaçamento entre estruturas de cultivo de algas deverá ser de 5 m, podendo
exceder os 10% de ocupação previstos neste parágrafo.

d) Para fins de cálculo da superfície ocupada, considera-se a largura de um


long-line duplo como sendo de 1 metro e a largura de um long-line simples
como sendo de 50 cm.

e) O espaçamento entre as estruturas de cultivo dentro do long-line (redes de


mexilhão ou lanternas de vieiras e ostras) deverá ser de, no mínimo, 50 cm.

10.2.3. Para peixes e camarões cultivados em tanques-rede

a) O espaçamento mínimo entre os tanques-rede deverá ser igual à máxima


dimensão do tanque, observando-se o mínimo de 2 metros. Ex: tanques-rede
de 5 x 10 m serão espaçados entre si por 10 m.

b) A superfície efetivamente ocupada pelos tanques-rede não poderá exceder


5% da área aqüícola. Os 95% restantes da área serão considerados área de
diluição do cultivo, sendo que em 5% dela poderá ser levado a cabo o cultivo
de moluscos ou algas.

10.3. Padrão de equipamentos e construção.

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Plano Local de Desenvolvimento da Maricultura de Cananéia – PLDM Cananéia

a) As estruturas de cultivo presentes na água devem ser capazes de resistir


às condições climáticas da área, levando-se em conta os piores cenários;

b) Deve-se tomar todas as medidas preventivas para que o ambiente marinho


seja alterado o mínimo possível na implantação dos sistemas de cultivo;

c) Os long-lines para cultivo de moluscos deverão ser compostos por


bombonas e flutuadores específicos para a maricultura, padronizadas em
coloração: azuis para todas as bóias, com exceção das bóias das
extremidades e das bóias de arinque que deverão ser de coloração amarela.
As estruturas de cultivo de algas deverão ser compostas por tubos de PVC
branco ou azul, igualmente sinalizadas com bóias de arinque amarelas.
Flutuadores manufaturados com isopor, garrafas pet e outros produtos
reciclados são inaceitáveis.

d) Os tabuleiros de ostreicultura serão construídos com postes de cimento,


bambu ou eucalipto, cobertos com telas de polietileno preto. Serão
construídos de forma a não agredir a flora e a fauna do local de implantação.

e) Os tanques-rede para cultivo de peixes e camarões também serão


padronizados posteriormente, podendo ter dimensões máximas de 50 m2
cada.

f) O maricultor deverá zelar para que todas as estruturas e equipamentos de


cultivo mantenham-se de acordo com os padrões definidos para a
modalidade.

g) Cada maricultor poderá ter uma área de apoio em terra ou uma balsa
flutuante de manejo, com uma estrutura destinada ao armazenamento e
guarda de petrechos de cultivo (cordas, flutuadores, barco, redes, etc.)

10.4. Destinação de resíduos sólidos e líquidos.

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a) As fazendas e instalações de apoio devem ser mantidas constantemente


limpas, seguras e em boas condições sanitárias;

b) Equipamento estragado ou inseguro deve ser removido;

c) O lixo e os resíduos das estruturas de cultivo (redes, cordas, flutuadores,


etc) a serem descartados deverão ser armazenadas sob responsabilidade do
maricultor em um galpão específico, até que sejam encaminhados a um
destino adequado;

d) Os resíduos de origem biológica (cascas, fouling) deverão ser depositados


em local adequado sob responsabilidade do maricultor até serem
encaminhados a destino adequado, não devendo em hipótese alguma serem
lançados ao mar;

e) Os aqüicultores devem desenvolver e seguir um plano de gerenciamento e


disposição de seu esgoto e resíduos líquidos que inclua:
• Provisão de instalações de banheiro adequado para si e os empregados;
• Sistema de controle e tratamento da água usada na limpeza dos animais e
das estruturas;
• Transporte e disposição adequada do esgoto e dos resíduos líquidos;

f) Os maricultores devem se certificar de que os procedimentos de manejo


das fazendas marinhas e práticas de navegação estejam condizentes com a
legislação vigente em termos de emissão de poluentes.

10.5. Impacto visual

a) Assegurar que as instalações e toda a infra-estrutura da fazenda sejam


mantidas em ótimas condições de higiene;

b) Com exceção dos aparatos de navegação e segurança, os aqüicultores


devem adotar a padronização nas estruturas de cultivo estabelecida nos
ítens, quanto à coloração dos flutuadores e espaçamento entre estruturas;

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Plano Local de Desenvolvimento da Maricultura de Cananéia – PLDM Cananéia

c) A amarração das bóias deve garantir que as mesmas não se soltem ou


afrouxem, alterando a aparência original do cultivo;

10.6. Odor

a) Técnicas de castigo e secagem devem ser administradas de forma que o


odor produzido seja minimizado;

b) O armazenamento e a exposição de equipamentos deve ser conduzido


levando em consideração os vizinhos próximos ao empreendimento e outros
usuários dos recursos;

c) Equipamentos com alto nível de incrustações devem ser previamente


limpos antes de serem armazenados, a fim de evitar ao máximo a putrefação
dos organismos incrustados;

d) Todos os equipamentos devem ser limpos e guardados em instalações


apropriadas e os maricultores devem evitar a utilização de áreas públicas
como as praias para efetuar a limpeza e o armazenamento de equipamentos.

10.7. Controle de incrustações de organismos competidores


nos sistemas de cultivo.

a) Os maricultores devem se comprometer a não descartar organismos


competidores e incrustações fora dos limites da fazenda;

b) O descarte conduzido dentro dos limites da fazenda deve ser administrado


responsavelmente e, quando possível, evitado;

c) Adotar métodos de descarte de organismos competidores e incrustações


que evitem o retorno destes ao ambiente marinho;

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d) Esforços devem ser dirigidos ao reaproveitamento destes organismos e a


formulação de métodos de descarte menos impactantes.

10.8. Uso de embarcações, veículos e


estruturas/equipamentos de cultivo.

a) Devem se adotar medidas para assegurar que embarcações e estruturas/


equipamentos de cultivo não danifiquem ou prejudiquem a fauna e o
ambiente marinho;

b) Devem ser tomadas as devidas precauções para impedir o despejo de


componentes químicos, combustíveis e lubrificantes no ambiente marinho;

c) Os maricultores devem assegurar que todos as estruturas ou


equipamentos de cultivo estejam devidamente fundeados, de forma a evitar o
deslocamento e possível dano ao ambiente;

d) Todas as embarcações, estruturas, equipamentos e veículos devem ser


mantidos em ótimas condições de higiene;

e) Embarcações, veículos, estruturas e equipamentos de cultivo devem


passar por manutenção periódica;

f) A navegação e o tráfego de veículos devem ser conduzidos de forma


responsável e respeitosa perante aos outros usuários dos recursos hídricos e
a comunidade.

10.9. Uso e armazenamento de substâncias químicas,


combustíveis e lubrificantes.

a) Devem ser evitados vazamentos de substâncias químicas, combustíveis e


lubrificantes no ambiente marinho;

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Plano Local de Desenvolvimento da Maricultura de Cananéia – PLDM Cananéia

b) Substâncias químicas, combustíveis e lubrificantes devem ser


armazenadas em locais o mais distante possível do ambiente marinho e do
cultivo;

c) Somente os combustíveis e lubrificantes necessários para operações


diárias devem estar presentes na área da fazenda;

d) Devem ser tomadas todas as medidas preventivas de forma a evitar o


contato direto ou indireto de substâncias e compostos tóxicos com o meio
ambiente.

10.10. Segurança na navegação.

a) Somente iniciar a produção de moluscos após parecer positivo do


Ministério da Marinha sobre a localização da área de cultivo;

b) Devem ser seguidas todas as recomendações de sinalização das áreas de


cultivo estabelecidas pelo Ministério da Marinha;

c) Todos os cabos, estruturas flutuantes e de cultivo devem estar


devidamente sinalizadas e fixadas.

10.11. Praticas de cultivo e manejo

a) Os maricultores devem cultivar apenas a espécie ou espécies para as


quais estiverem devidamente licenciados para produzir;

b) Os maricultores devem aderir e cumprir todos os procedimentos para o


cultivo, colheita, processamento e comercialização estabelecidos pelo
Programa Nacional de Controle Higiênico Sanitário de Moluscos Bivalves.

10.12. Prazo de utilização das áreas aqüícolas

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Plano Local de Desenvolvimento da Maricultura de Cananéia – PLDM Cananéia

Os prazos de autorização de uso das áreas aqüícolas seguirão o disposto no


Artigo 15º do Decreto 4895, de 25.11.2003

10.13. Destinatários das áreas aqüícolas

As áreas aqüícolas serão classificadas em áreas livres, de pesquisa e


preferenciais.

a) Áreas livres: poderão ser cedidas a quaisquer pessoas interessadas, de


acordo com normas estabelecidas pela IN 06 de 28.05.2004 e a legislação
vigente.

b) Áreas de pesquisa: serão destinadas exclusivamente à realização de


pesquisas científicas na área de maricultura.

c) Áreas preferenciais: serão destinadas de preferência para as comunidades


tradicionais usuárias da área. Na ausência de pessoas interessadas na sua
utilização por um prazo de dois anos após a aprovação dos PLDM, outras
pessoas poderão solicitar autorização para uso, sempre de acordo com as
normas estabelecidas pela IN 06 de 28.05.2004.

d) São consideradas áreas preferenciais no presente Plano, com as


respectivas comunidades beneficiadas, todas as áreas aqüícola do município
beneficiando as respectivas comunidades, à exceção das áreas Porto
Cubatão, Retiro, Taquari, Guapara e Itapanhoapina.

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11. PLANO DE MONITORAMENTO AMBIENTAL

É o instrumento técnico que descreve as condições ambientais da área


de entorno de um empreendimento, através da análise comparativa das
variáveis físicas, químicas e biológicas. O Plano de Monitoramento Ambiental
deve assegurar o controle dos aspectos ambientais das atividades de
maricultura que causam impactos ambientais significativos. O monitoramento
ambiental consiste na avaliação contínua ou periódica do desempenho
ambiental, através de medição ou checagem discreta e instantânea de um
parâmetro de controle ambiental, visando estar em conformidade com os
requisitos da legislação ambiental e outros requisitos aplicáveis.

A avaliação ambiental deverá ser feita em duas etapas:

a) Previamente ao licenciamento ambiental, será feita uma macro-descrição


da área a ser licenciada, através da análise do seguinte grupo de variáveis:

Na água
Temperatura, pH, Transparência, Turbidez, Salinidade; Ortofosfato, Fósforo
total, Coliformes termotolerantes ou Enterococos, Oxigênio dissolvido,
Carbono orgânico total, Clorofila-a, Nitrogênio total, Amônia-N, Nitrito-N,
Nitrato-N e Sólidos totais.

No sedimento
Granulometria, pH, Potencial redox, Nitrogênio total, Fósforo total, Carbono
orgânico total e Enxofre.

A análise de metais pesados, óleos e graxas, agrotóxicos e


hidrocarbonetos poderá ser solicitada em caso de suspeita de contaminação
do local ou da presença de fontes potencialmente poluidoras nas
proximidades.

b) Para o monitoramento: freqüência mínima trimestral, em duplicata para a


água, (na baixa-mar e na preamar) e uma amostra única para sedimentos.

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As variáveis analisadas durante o monitoramento serão as mesmas da


macro-descrição. Os coliformes termotolerantes ou Enterococos deverão
também ser analisados em amostras de tecidos de moluscos, coletados
trimestralmente.
Deverão estar inseridos no programa de monitoramento ambiental, a
biomassa cultivada e a densidade de cultivo. No caso do cultivo de moluscos,
deverão estar previstas biometrias periódicas dos organismos cultivados,
especialmente quando forem observadas perdas de produtividade por
diminuição da taxa de crescimento, por ser este fator o primeiro indicador da
superação da capacidade de suporte do ambiente.
Informar se a atividade de maricultura proposta envolverá o uso de
substâncias profiláticas ou terapêuticas. Em caso positivo, deverá ser
informada qual medida será tomada para sua utilização segura e para as
formas de descarte após utilização. Todos os produtos químicos utilizados na
atividade deverão estar devidamente autorizados e obedecer às restrições
existentes na legislação correlata.
Explicitar a necessidade de notificação a SEAP/PR ou autoridades
sanitárias competentes (PNSAA/DDA/SDA/MAPA) sobre qualquer suspeita
da presença de doenças nos organismos cultivados. Prever que os
maricultores não deverão liberar intencionalmente para o mar, espécies
exóticas ou alóctones sem autorização prévia.
Comunicar a ocorrência de “blooms” de algas tóxicas nas
proximidades dos cultivos às autoridades sanitárias competentes
Manter os relatórios técnicos dos parâmetros coletados com todos os
dados analisados e interpretados, no qual deverão constar as principais
alterações ambientais, decorrentes do empreendimento, bem como fazer
comparações com as análises anteriores. Deverão ser guardados e ficar à
disposição da SEAP.

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Plano Local de Desenvolvimento da Maricultura de Cananéia – PLDM Cananéia

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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