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Coordenação
Prof.ª Dr.ª Raylane Andreza Dias Navarro Barreto (ITP/Unit–SE)
Colaboradora internacional
Prof.ª Dr.ª Cristina Maria Coimbra Vieira – Faculdade de Psicologia e de Ciências da
Educação (Universidade de Coimbra)
Pesquisadoras brasileiras
Prof.ª Dr.ª Alessandra Cristina Furtado (UFGD)
Prof.ª Dr.ª Laura Maria Silva Araujo Alves (UFPA)
Prof.ª Dr.ª Lia Ciomar Macedo de Faria (UERJ)
Prof.ª Dr.ª Lia Machado Fiuza Fialho (UECE)
Prof.ª Dr.ª Maria Celi Chaves Vasconcelos (UERJ)
Prof.ª Dr.ª Dra. Marta Maria de Araújo (UFRN)
Prof.ª Dr.ª Rosa Lydia Teixeira Corrêa (PUC-PR)
Setembro – 2018
Sumário
Identificação do projeto 3
Dados do proponente e da equipe 5
Áreas de conhecimentos predominantes 9
Instituições participantes 10
Objetivo geral e objetivos específicos 11
Metodologia proposta 13
Etapas de execução do projeto 29
Produtos esperados como resultado da execução do projeto 30
Potencial de impacto dos resultados do projeto 31
Colaborações e parcerias estabelecidas para a execução do projeto 32
Perspectivas de colaborações interinstitucionais para a execução do projeto 33
Recursos financeiros de outras fontes para aplicação no projeto 34
Disponibilidade de infraestrutura e de apoio técnico para o desenvolvimento do projeto
35
Orçamento 36
Referências 39
3
The interinstitutional research project titled " The Education of Women in Brazil during
the 19th and 20th centuries" comprises a historical study that proposes to offer
theoretical possibilities to be traced in the investigation of the Brazilian reality, through
the construction of the trajectory of women, through the understanding of its
composition and, within it, its formative instances, with a view to show how the relation
between women and education was being built in a long duration. Seven institutions are
involved in seven Brazilian states (SE, RN, CE, PA, MT, RJ, PR) distributed by the five
regions of the country and counts on the collaboration and advice of a foreign university
professor (University of Coimbra). The research seeks, among other aspects, to
compose a panorama of the female education, locating it among the existing educational
modalities and differentiating it in terms of the target public, methods used, manuals,
curricula, perspectives of its recipients and the status that these modalities acquired in a
society with markedly patriarchal traditions. The proposed research is an outcome of the
joint research project "The Education of Women in Brazil and Portugal (19th and 20th
Centuries)", from collaborations and exchanges established by researchers on the
subject. The project team has solid and relevant training to the research topic involving
researchers of recognized leadership, with consistent and contributory publications for
the field of Brazilian history of education. The proposal also aims to produce new
knowledge about the education of women and to contribute to the training of human
resources in the production and dissemination of scientific knowledge, in the production
of inputs for the debates and in the elaboration of public policies aimed at the
consolidation of more egalitarian gender relations in the country.
Keywords: Brazil. Education of women. Formation. History of education.
5
d) Instituições participantes
Instituto de Tecnologia e Pesquisa/Universidade Tiradentes
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Universidade Estadual do Ceará
Pontifícia Universidade Católica do Paraná
Universidade Federal do Pará
Universidade Federal da Grande Dourados
Universidade de Coimbra
11
linguagem que utilizavam nos textos que escreviam, e destacar os aspectos que
interferiram na sua formação educativa para possibilitar a atuação como
docente e as conquistas e os desafios refletidos em seu protagonismo social.
Considerando os objetivos definidos e partindo da premissa da importância e
da abrangência das circunstâncias que envolveram a educação feminina, o Projeto de
Pesquisa Interinstitucional “ A Educação de Mulheres ao longo dos Séculos XIX e XX”
pretende, portanto, realizar um aprofundamento sobre a investigação deste tema, por
meio do estudo da trajetória de diferentes representantes na condição de aprendizes,
alunas e/ou também professoras. Além disso, como já mencionado, o Projeto busca, no
marco temporal estabelecido, e que considerou o século XIX como o da independência
política brasileira e tudo que acarretou em termos educacionais e o século XX como
aquele que melhor deu a ver distintas identidades de mulher, abranger as cinco regiões
do país, com investigações localizadas nas Universidades das quais fazem parte as
integrantes do Grupo de Pesquisa, ressalvando o fato de que, embora se resguardando a
individualidade de cada estudo realizado, serão todos eles, em sua particular abordagem,
demonstrativos de toda uma geração e da cultura que a cercava, em suas distintas
expectativas em relação à mulher e aos seus cenários de atuação.
13
f) Metodologia proposta
Justificativa e problematização
Em janeiro de 2016, as professoras pesquisadoras da Universidade de Coimbra,
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, da Universidade Pontifícia Católica do Paraná, da Universidade Estadual do
Ceará e da Universidade Tiradentes de Sergipe constituíram o Grupo de Pesquisa
Mulheres e Educação, que concebeu o Projeto de Pesquisa Interinstitucional “A
Educação de Mulheres no Brasil e em Portugal (séculos XIX e XX)”, desenvolvido de
janeiro de 2017 a julho de 2018. Nesse ínterim, o referido Projeto de Pesquisa integrou
o Grupo de Políticas e Organizações Educativas e Dinâmicas Educacionais da
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.
ensina Marc Bloch (2001, p. 66), a partir de “nossas experiências cotidianas”, “matizes
novos” e elementos para investigar o passado, buscando o quanto dele ainda se encontra
na atualidade. Ao problematizar as circunstâncias de como se constituiu historicamente
a educação de mulheres, ao longo dos séculos XIX e XX, surgem evidências de como
vamos construindo nossa identidade como mulheres, alunas, professoras, militantes em
diversas frentes, cujas defesas se justificam também em nossas trajetórias de vida, nas
quais ressoa, com muita intensidade, nossa biografia educativa.
O Projeto de Pesquisa em pauta constitui-se, pois, em um estudo aprofundado
sobre a educação feminina, abrangendo um amplo escopo, com vistas a detectar
aproximações e distanciamentos entre as diferentes regiões do país, resguardando suas
peculiaridades e historicidades. Consoante ao objeto em análise, o presente Projeto
Interinstitucional tenciona contribuir, tanto com os estudos do campo da história da
educação quanto com a discussão atual no âmbito da história das mulheres (e das
políticas educacionais), que, cada vez mais, lutam pela igualdade e legitimidade de
oportunidades sociais.
2018)1. Nesse sentido, o conjunto da produção referenciada pode ser vista como ainda
incipiente; mesmo assim, revela o potencial investigativo da educação feminina. E
1
Em relação à produção historiográfica brasileira sobre educação de mulheres, é imprescindível a menção
aos seguintes trabalhos elaborados por membros da equipe do projeto:
ARAÚJO, Marta Maria de; MARQUES, Berenice Pinto; MEDEIROS, Ana Luíza. A educação primária
de uma menina da classe trabalhadora (Natal, 1937-1941). Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)
Biográfica, Salvador, v.3, n. 8, p. 644-656, maio/ago. 2018.
ARAÚJO, Marta Maria de. A educação formativa da estudante Petronila da Silva Neri no Grupo Escolar
`João Tibúrcio’ da cidade de Natal (1935-1938). Revista Brasileira de História da Educação, Maringá, v.
17, n. 4, p. 81-102, out./dez. 2017.
ARAÚJO, Marta. M.; CUNHA, R. M.; ALCÂNTARA, P. B. A educação escolar primária de mulheres e
homens de cor negra (Rio Grande do Norte, 1931-1948). Práxis Educacional, Vitória da Conquista, v. 13,
n. 26, p. 281-298, set./dez. 2017a.
ARAÚJO, Marta Maria de; PAULA, Thiago do Nascimento Torres de. A educação da criança enjeitada e
da súdita na Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação (Natal, século XVIII). Revista Educação em
Questão, Natal, v. 56, n. 47, p. 69-96, jan./mar. 2018.
ARAÚJO, Marta Maria de; VIEIRA, Cristina Maria Coimbra. Educação em nível secundário de moças de
Natal e de Coimbra (1941-1948). Cadernos de História da Educação, Uberlândia, v. 17, n. 2, p. 328-342,
maio/ago. 2018a. (Dossiê: Educação de Mulheres no Brasil e em Portugal (séculos XIX e XX).
ARAÚJO, M. M. Mulheres educadoras, mulheres professoras, mulheres notáveis norte-rio-grandenses.
Dário de Natal, Natal, p. 14-15, 9 mar. 2007.
AVELAR, E.; FARIA, L. C. M. Ser mulher na contemporaneidade: contribuições da teoria do imaginário.
Vertentes, São João Del-Rei, n. 29, p. 111-116, 2007.
BARRETO, Raylane Andreza Dias Navarro; MESQUITA, Ilka Miglio de; SILVA, Rony Rei do
Nascimento. O coser das memórias de aluna, de operária e de professora na roça... as experiências de
Luzia Honória dos Santos. História Oral, Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, p. 101-127, jul./dez. 2013.
BARRETO, Raylane Andreza Dias Navarro; GUMARÃES, Joaquim Soares. Pelo enraizamento da
história, memórias de educadoras sergipanas se revelam. Educação e Contemporaneidade, Salvador, v.
23, n. 42, p. 231-241, jul./dez. 2014.
BARRETO, Raylane Andreza dias Navarro. A educação em nível primário da professora Isabel Doraci
Cardoso (1940-1944): uma história da educação vista de baixo. Cadernos de História da Educação,
Uberlândia, v. 17, n. 2, p. 309-327, maio/ago. 2018. (Dossiê: Educação de Mulheres no Brasil e em
Portugal (séculos XIX e XX).
FARIA, L. C. M. A mulher como professora e o magistério como profissão feminina. Cedim Conselho
Estadual dos Direitos da Mulher, Imprensa Oficial do Estado do RJ, p. 21-27, 1991.
FARIA, L. C. M.; OLIVEIRA, Rosiska Darcy de. Mulher e mulheridade. In: RIBEIRO, Darcy Carta -
Falas, Reflexões, Memórias, Brasilia, 1991a.
FARIA, L. C. M. MARTINS, T. Mulheres Sindicalistas numa cidade operária: Preservando a memória
feminina em Volta Redonda. Arenal, Revista Historia de las Mujeres, Granada, v. 1, p. 12-27, 2017.
FIALHO, L. M. F.; VASCONCELOS, J. G. (Org.); SANTANA, J. R. (Org.). Biografia de mulheres.
Fortaleza: EdUECE, 2015.
FIALHO, L. M. F.; FREIRE, V. C. C. Educação formativa de uma líder política cearense (Maria Luiza
Fontenele, 1950 a 1965). Cadernos de História da Educação, Uberlândia, v. 17, n. 2, p. 343-364,
maio/ago. 2018. (Dossiê: Educação de Mulheres no Brasil e em Portugal (séculos XIX e XX).
FIALHO, L. M. F.; SA, E. C. V. Educadora Henriqueta Galeno: a biografia de uma literata e feminista
(1887- 1964). História da Educação, Porto Alegre, v. 22, n. 55, p. 169-188, maio/ago. 2018a.
FURTADO, A. C.; COSTA, M. C. (Maria Carolina da Costa). Mulheres: Retratos da Profissão Docente
através da Literatura Brasileira. Caderno Espaço Feminino, Uberlândia, v. 21, p. 77-98, jan./jun. 2009.
FURTADO, A. C.; SARAT, M. Relações de Gênero e História da Educação Brasileira: a educação da
mulher, do lar à escola de formação docente. In: CARVALHO, Carlos Henrique de (Org.). Desafios da
produção e da divulgação do conhecimento. Uberlândia: EDUFU, 2012.
RIBEIRO, A. I. M.; MANZKE, J. F.; VASCONCELOS, M. C. C. (Org.). Mulheres, professoras, artistas
e intelectuais: ensaios biográficos. São Luis: EUFMA, 2011.
18
RIBEIRO, A. I. M.; MANZKE, J. F.; VASCONCELOS, M. C. C. Introdução - Mulheres, professoras,
artistas e intelectuais: ensaios biográficos. In: RIBEIRO, Arilda Inês Miranda; MANZKE, José Fernando;
VASCONCELOS, Maria Celi Chaves (Org.). Mulheres, professoras, artistas e intelectuais: ensaios
biográficos. São Luis: EDUFMA, 2011a.
SILVA, M. L.; FARIA, L. C. M. La construcción discursiva de género en los procesos independentistas:
Independência, Gênero e Reconhecimento: o lugar das mulheres na invenção da Nação Brasileira. In:
GUARDIA, Sara Beatriz (Org.). Las mujeres en los procesos de Independencia de América Latina. Lima:
CEMHAL, UNESCO, USMP, 2014.
SILVA., L. A. N.; FARIA, L. C. M.; Vittorio Lo Bianco. O amor de Pedro, Leopoldina e Domitila e de
Simón e Manuela: dependências nas independências da América Latina e o não-lugar da mulher. In: Sara
Beatriz Guardia (Org.). Las mujeres en los procesos de Independencia de América Latina. Lima
CEMHAL, UNESCO, USMP, 2014a.
VASCONCELOS; Maria Celi; FRANCISCO, Ana Cristina Borges Lopes Monteiro. Entre cadernos e
pincéis: a obra inacabada na educação da princesa “Flor”. Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)
Biográfica, Salvador, v.3, n. 8, p. 578-590, maio/ago. 2018.
VASCONCELOS, Maria Celi Chaves. Preceptoras estrangeiras para educar meninas nas casas brasileiras
do século XIX. Cadernos de História da Educação, Uberlândia, v. 17, n. 2, p. 285-308, maio/ago. 2018.
(Dossiê: Educação de Mulheres no Brasil e em Portugal (séculos XIX e XX).
VASCONCELOS, M. C. C. Mulheres preceptoras no Brasil oitocentista: gênero, sistema social e
educação feminina. In: PALHARES, Nicanor; FRANCO, Sebastião Pimentel (Org.). Gênero, etnia, e
movimentos sociais na história da educação. Vitória: EDUFES, 2011.
VASCONCELOS, M. C. C.; RODRIGUES, M. G. D. Mulheres educadas e mulheres educadoras no
Brasil oitocentista: perspectivas biográficas de Madame Diémer. In: RIBEIRO, Arilda Ines Miranda;
MANZKE, José Fernando; VASCONCELOS, Maria Celi Chaves (Org.). Mulheres, professoras, artistas
e intelectuais: ensaios biográficos. São Luis: EUFMA, 2011a.
VASCONCELOS, M. C. C.; FELIX, I. O. Histórias de vida: mulheres professoras e a escolha do
magistério. Indagatio Didactica, Aveiro (Portugal), v. 5, n. 2, p. 273-288, 2013.
VASCONCELOS, M. C. C.; FRANCISCO, Ana Cristina Borges López Monteiro. Em busca de uma
preceptora para a nobreza brasileira: a condessa e o imperador. In: SILVA, Alexandra Lima da; MONTI,
Ednardo Monteiro Gonzaga do (Org.). Escritas (auto)biográficas e histórias da educação. Curitiba:
Editora CRV, 2014.
19
conectadas, e [...] se comunicam entre si” (GRUZINSKI, 2001, p. 176). Isso subentende
uma nova perspectiva analítica, preocupada com as partes e com as representações.
A investigação proposta neste projeto de pesquisa propicia a triangulação entre
as Histórias Cultural e Social, a História das Mulheres e a História da Educação, e
assume o pressuposto de que mobilizar o diálogo entre esses campos, considerando a
Educação de Mulheres como objeto de pesquisa, exige dos que se envolvem nesse
processo, uma nova postura, no sentido de compreender que o ser mulher é uma
construção não apenas social (BUTLER, 2003) mas também cultural e educacional.
Tendo por direção esse modo de compreender, procede-se à investigação que será
fundamentada em referenciais teóricos e procedimentos metodológicos básicos que
alicerçam esta proposta e que serão aprofundados pelas pesquisadoras, conforme
abordagem escolhida.
a) Pesquisa bibliográfica
Serão analisados livros, artigos, dissertações, teses e textos sobre educação
feminina no Brasil no período do Império e da Republica. A intenção é aprofundar e
ampliar o referencial bibliográfico e teórico, por meio da interlocução com autores da
história, particularmente da história da educação no Brasil.
b) Pesquisa documental
Para a pesquisa documental, faz-se necessária a localização e o mapeamento de
acervos, instituições de preservação do patrimônio histórico e documental. Nesse
sentido, pretende-se realizar uma investigação minuciosa em acervos digitais
disponíveis na rede mundial de computadores, bem como na Biblioteca Nacional, nas
bibliotecas, nos arquivos estaduais, nos acervos particulares e demais lugares de
memórias. A partir desse levantamento, prevê-se a análise dos documentos encontrados
(como documentos oficiais, relatos de viajantes, cartas, diários, biografias e
autobiografias, folhetins, jornais, revistas, iconografias, fotografias). Para além dessas
fontes, também serão considerados outros documentos que se revelem úteis ao estudo,
no decorrer deste. Sem pretender submeter os documentos pesquisados a esquemas
preconcebidos, será constantemente verificada a emergência de significados e categorias
de análise, durante o próprio processo de pesquisa.
O levantamento de fontes documentais em arquivos públicos e/ou lugares de
memórias existentes nos diferentes estados será realizado nas seguintes instituições:
ü Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
22
Sob essa ótica, a cultura material escolar tem sido objeto de preocupação de
pesquisadores no âmbito da História da Educação nestas últimas décadas, não só pela gama
de possibilidades de objetos que constituem a materialidade escolar, os quais podem ser
analisados dessa perspectiva (livros escolares, periódicos, cadernos, provas, mobiliário,
arquitetura escolar) mas, substancialmente, pelas contribuições que trazem, para a análise
histórica da educação, os estudos desses objetos, conjuntamente com outros documentos,
que permitem possibilidades de compreensão sobre a formação e constituição do ser
mulher.
Para o estudo das produções escritas por mulheres (professoras, jornalistas,
musicistas, militantes, dentre outras) nas materialidades pesquisadas, faz-se necessário
proceder ás interpretações pertinentes sobre os ditos e suas sublinhas, uma vez que não se
pode descurar do fato de que as mulheres que escrevem em revistas pedagógicas são, antes
de tudo, mulheres atuantes no seu espaço de enunciação, protagonistas do seu tempo e
lugar, que, no exercício de funções e de papéis diferenciados, redimensionaram
substancialmente a participação social/cultural e política das mulheres no mundo
contemporâneo (PERROT; DUBY 1991).
c) A metodologia da história oral biográfica
Um outro procedimento metodológico que também fará parte da pesquisa
proposta alia os estudos biográficos à metodologia da história oral. Segundo Schultz
(1964), cada ator social experimenta e conhece o fato social de maneira particular, mas as
experiências vivenciadas e internalizadas ganham significados que perpassam pelo
convívio grupal, de modo que as interpretações dos acontecimentos não se reduzem à soma
dos elementos, mas sim à compreensão dos modelos culturais e das particularidades do
entorno. Nesse sentido, a história oral é social, sobretudo porque o indivíduo só se explica
na vida comunitária (LORIGA, 2011).
Essa metodologia permite trazer à tona as memórias e narrativas orais de
mulheres ou de outros personagens que conviveram com elas, captando silêncios,
emoções e contradições que originaram uma fonte oral de inigualável originalidade.
Sem o intuito de encontrar verdades inquestionáveis, a coleta de dados será realizada
por intermédio de entrevistas livres, gravadas, transcritas e validadas em uma relação
dialógica. A conversão da fonte oral em escrita possibilita analisar com maior critério a
vida das educadoras, contemplando suas trajetórias, desde a mais terna infância até sua
idade atual, ou data de falecimento para as educadoras que não se fazem mais presentes.
24
É, no entanto, com foco nas contribuições da trajetória profissional que serão discutidos
os resultados da pesquisa.
Tendo em vista o fato de que a história oral considera as lembranças, os
esquecimentos e subjetividades, abordando um universo de significados, significações,
ressignificações, representações psíquicas e sociais, simbolizações, simbolismos,
percepções, pontos de vista, perspectivas, experiências de vida e analogias (TURATO,
2003), as subjetivações das mulheres possibilitam lançar luz nas interpretações que os
sujeitos constroem sobre si e sobre seus artefatos, clareando o que sentem e pensam
acerca das vivências pessoais e grupais. Importa esclarecer que “grupal”, “cultural”,
“social” ou “coletivo”, em história oral, define-se pelo resultado de experiências que
vinculam umas pessoas às outras, segundo pressupostos articuladores de construções de
identidades decorrentes de memórias expressadas em termos comunitários (MEIHY,
HOLANDA, 2007).
Segundo Alberti (2004), o pesquisador cuidadoso
[...] tem o grande mérito de permitir que os fenômenos subjetivos se
tornem inteligíveis – isto é, que se reconheça, neles, um estatuto tão
concreto e capaz de incidir sobre a realidade quanto qualquer outro
fato. [...] É claro que a análise desses fatos não é simples, devendo-se
levar em conta a relação de entrevista, as intenções do entrevistado e
as opiniões de outras fontes (inclusive entrevistas). Antes de tudo, é
preciso saber “ouvir contar”: apurar o ouvido e reconhecer esses fatos,
que muitas vezes podem passar despercebidos (ALBERTI, 2004, p.
10).
Minayo (2006), por sua vez, reafirma que a história oral é considerada, no
âmbito da pesquisa qualitativa, poderoso instrumento para a descoberta, a exploração e
a avaliação de como as pessoas compreendem seu passado, vinculam sua experiência
individual a seu contexto social, interpretam-na e dão-lhe significado, a partir do
momento presente. Por isso, ela oferece material para a descrição de época e possibilita
levantar questões novas e de diversos níveis de abrangência, assim como corrigir teses
consagradas ou inconsistências teóricas (LE GOFF, 1990).
Partindo desses pressupostos da História Oral, os depoimentos serão obtidos
por meio de entrevistas, com o recurso à técnica do gravador, que, de acordo com
Queiroz (1991, p. 56), “[...] permite acompanhar com fidelidade os monólogos dos
informantes, ou o diálogo entre o informante e o pesquisador” para guardá-los ou
interpretá-los posteriormente. Cada depoente assinará um documento, na verdade, um
25
história do país. Isso porque prescindir de tal enfoque é deixar de lado a maioria da
população brasileira, a qual se constitui o maior público do campo educacional.
Nesse sentido, foram pensados três eixos de investigação a saber.
Eixo de Investigação 1
A educação de mulheres das elites econômicas e políticas do país é o foco de
análise dos trabalhos deste eixo. A pretensão é analisar a educação de nobres a cargo de
preceptoras ou educadoras no ambiente familiar (os ideários pedagógicos; os planos de
estudo; o calendário escolar; os materiais didáticos, pedagógicos e tecnológicos; as
formalidades das práticas educativas cotidianas).
Eixo de Investigação 2
Nesse eixo, propõe-se analisar a formação e a escolarização de mulheres
“simples” na acepção dos historiadores da “história vista de baixo”, o que inclui
mulheres professoras, artesãs, indígenas, dentre outras, por meio de diferentes tipologias
de fontes, incluindo narrativas biográficas e autobiográficas.
Eixo de Investigação 3
Nesse eixo, estarão dispostas as pesquisas dedicadas à educação de mulheres
militantes políticas e sociais, o que inclui mulheres da classe trabalhadora. O propósito é
discutir não somente o direito das mulheres à educação nas políticas públicas, mas
também analisar o cotidiano feminino em diferentes realidades e contextos regionais e
sociais a partir de suas lutas e de seus engajamentos.
Como é possível constatar, cada um dos eixos de investigação aqui proposto
objetiva compreender as mulheres brasileiras a partir de sua formação, educação e/ou
experiências. Trata-se, portanto, de investigar caminhos com diferentes origens e
destinos e não somente reconstituir histórias de mulheres de grande relevância para uma
determinada área. Como participantes ativas da vida pública de seus tempos, seja nas
salas de aula, nas bandas de música, na militância política e/ou social, seja dentro de
casa ou em outros espaços por elas ocupados, interessa-nos entendê-las como sujeitos
que reúnem contornos mais ou menos fixos, mas que revelam, em suas atuações,
elementos que as identificam e as constituem como gênero feminino.
A essa diversidade inerente aos dos objetos de pesquisa aqui reunidos, é
preciso somar a própria multiplicidade de tempos históricos, em que os
sujeitos/mulheres da investigação estão imersos. Assim, é justamente em razão dessa
28
serem apresentados em
Congressos da área e publicados
em periódicos qualificados e no
livro coletivo com resultados do
Projeto.
n) Orçamento
Cronograma de desembolso
Soma 800,00
TOTAL 2º Ano 19.350,00
Referências