Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
2
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
(JAMES-MOORE & GIBBONS, 1997). O STP foi popularizado no ocidente por Womack et
al. (1992) como Lean Manufacturing.
Para Pereira (2009) Lean é uma filosofia que engloba vários princípios e por isso é difícil a
sua explicação numa só frase. Atualmente coexistem várias definições para o lean
manufacturing (LM). Womack & Jones (1998), por exemplo, definem LM como uma
filosofia que busca uma forma melhor de organizar e gerenciar os relacionamentos de uma
empresa com seus clientes, cadeia de fornecedores, desenvolvimento de produtos e operações
de produção, segundo a qual é possível fazer cada vez mais com menos (menos equipamento,
menos esforço humano, menos tempo, etc.). Segundo Shah & Ward (2003), a filosofia LM
engloba ampla variedade de práticas gerenciais, incluindo just in time, sistemas de qualidade,
manufatura celular, entre outros. Ainda de acordo com esse autor, o ponto fundamental do
LM é que essas práticas devem trabalhar de maneira sinérgica para criar um sistema de alta
qualidade que fabrica produtos no ritmo que o cliente deseja, sem desperdícios. O Lean tem
como foco eliminar os desperdícios (Muda em japonês), sendo este o foco dos projetos de
melhoria analisados nesta pesquisa. O lean descreve sete desperdícios (quadro 1).
Desperdícios Descrição
Superprodução Produzir mais e antes que o necessário.
Inventário Peças semi-acabadas entre as operações.
Transporte Movimento excessivo de peças, pessoas e informações
Processos desnecessários Passos não necessários no processo.
Má qualidade Peças que necessitam retrabalho ou são sucata.
Manuseio Movimentos desnecessários do trabalhador.
Espera Trabalhadores esperando por máquinas ou peças.
Fonte: Shingo (1996)
Quadro 1 – Os 7 desperdícios.
Dentro do LM, um mecanismo cada vez mais utilizado é o evento kaizen, que objetiva, por
meio de uma equipe funcional, focar e estruturar projetos de melhoria contínua com escopo
definido (FARRIS et al., 2008). Estes projetos baseiam-se em métodos estruturados e
sistematizados que visam assegurar as etapas de sua implantação. O método objeto desta
pesquisa é o A3 utilizado no STP.
2.1 Método A3
Embora muito tenha se escrito sobre o Sistema Toyota de Produção, pouco tem se falado da
maneira de como a companhia gerencia pessoas para permitir o aprendizado operacional. Na
Toyota, existe uma maneira de identificação e resolução de problemas que gera conhecimento
e ajuda as pessoas a aprender como aprender. Os gerentes da companhia utilizam o método
A3 para desenvolverem seus projetos de melhoria (Kaizen). O nome A3 tem sua origem no
tamanho da folha utilizado para o registro do projeto de melhoria, ou seja, uma folha no
formato A3 (SHOOK, 2009).
Para Shook (2009) os A3s são compostos por uma seqüência de etapas: (1) estabelecer o
contexto do trabalho e a importância de um problema ou assunto específico; (2) Descrever as
condições atuais do problema; (3) Identificar o resultado desejado (metas); (4) Analisar a
situação para estabelecer suas causas; (5) Propor contramedidas; (6) Prescrever um plano de
ação para conseguir o feito; (7) Mapear o processo de acompanhamento. Complementa o
autor de que não é o formato do relatório que importa, mas a mentalidade subjacente que leva
principalmente o ciclo PDCA (quadro 2).
3
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
Etapas Descrição
Contextos histórico e organizacional da situação analisada
Contexto
Qual é a relação com os requisitos do negócio? Qual é o problema?
Diagrama da condição atual
Evidenciar o problema
Situação Atual Perguntar onde, o quê, quando, como , quanto?
Fatos e dados
Elaboração do fluxo de processo (mapeamento)
Metas Algo específico a ser alcançado para melhorar a situação atual
Listar os problemas
Análise de Causas Qual é a causa-raiz?
Quais são as restrições?
Ações proposta e porque estão sendo recomendadas
Contramedidas
Contra-medidas conterão a causa-raiz?
Que atividades serão necessárias para alcançar a situação alvo?
Plano de Ação Quem será responsável por o quê e quando?
Procure planejar em função de entregas, não de tarefas
Acompanhamento Como saber se as ações tomadas estão causando o impacto planejado?
Fonte adaptada de Torres Jr (2010)
Quadro 2 – Método A3.
Segundo Sobek II e Smalley (2010) o relatório A3 é uma ferramenta que estabelece uma
estrutura concreta para implementar a gestão PDCA e ajuda a levar os autores dos relatórios a
uma compreensão mais profunda do problema ou da oportunidade, além de dar novas idéias
sobre como solucionar um problema. Os princípios são: todo problema pode e deve ser
capturado em uma única folha de papel; a organização deve basear-se em responsabilidade e
não na autoridade, ou seja, “nunca diga a sua equipe exatamente o que fazer. Sempre que você
faz isso tira a responsabilidade deles” (SHOOK, 2009).
Planejar Executar, Visualizar e Agir
CONTEXTO CONTRAMEDIDAS
SITUAÇÃO ATUAL
PLANO DE AÇÃO
ANÁLISE DE CAUSAS
ACOMPANHAMENTO
METAS
4
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
5
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
6
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
caso, temos: a empresa esta implantando a filosofia Lean desde 2009; contratou o pesquisador
como estagiário, tendo como função implementar o método A3; e disponibilizou via seu
diretor acesso aos dados e posterior divulgação dos resultados.
2ª Etapa: Coletar os dados
Para a coleta de dados fez-se o uso do Mapeamento do Fluxo de Valor, realizado em janeiro
de 2010, o qual foi mapeado toda a empresa, pois, dessa maneira seria possível visualizar a
empresa como um todo, ou seja, enxergar os macroprocessos e seus fluxos tanto de materiais
como de informações. O mapa foi elaborado através da coleta de dados em todos os
departamentos da empresa, onde as técnicas de coleta de dados foram entrevista, documentos
e observações dos pesquisadores.
7
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
8
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
9
Figura 2 – Relatório A3: Otimização da Linha Automática (LA01). Fonte: NetWorker Engenharia.
5ª Etapa: Avaliar resultados e gerar relatório
Os resultados foram analisados e avaliados em função dos fatores identificados na revisão
bibliográfica deste trabalho, sendo possível visualizar no quadro 4.
12
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
Referências
ADAIR, C. B.; MURRAY, B. A. Revolução total dos processos. São Paulo: Nobel. 2006.
ALLWAY, M., CORBETT, S. Shifting to lean service: stealing a page from manufacturer’s playbooks. Journal
of Organizational Excellence 21 (Spring (2)), 45–54. 2002.
CAMPOS, Vicente Falconi. TQC – Gerenciamento da Rotina do Trabalho do dia a dia. Rio de Janeiro: Bloch
Editores SA. 1994.
COMUNIDADE LEAN THINKING (CLT). A criação de valor através da eliminação do desperdício.
Disponível em: http://www.leanthinkingcommunity.org. Acesso em 16.10.2010.
DENNIS, Pascal. Fazendo acontecer a coisa certa. São Paulo: Lean Institute Brasil, 2007
FARRIS, J., VAN AKEN, E.M., DOOLEN, T.L., WORLEY, J. Learning from less successful Kaizen events:
A case study. Engineering Management Journal 20(3), 10–20. 2008.
GHINATO, P. Produção Enxuta I. Apostila Interna no Mestrado do PPGEP. UFRGS, Porto Alegre. 1999.
GHINATO, P. Elementos Fundamentais do Sistema Toyota de Produção. In: Almeida & Souza (Org.).
Produção e Competitividade: Aplicações & Inovações. Pernambuco: Editora UFPE, p. 31-59. 2000.
HALL, R.H. ‘Lean’ and the Toyota Production System. Target. 2004.
James-Moore, S.M., Gibbons, A. Is lean manufacturing universally relevant? An integrative methodology.
International Journal of Operations Product Management 17 (9), 899–911. 1997.
LIKER, J.K. Introduction: bringing lean back to the U.S.A. In: Liker, J.K. (Ed.), Becoming Lean, Inside Storied
of U.S. Manufacturers. Productivity Press, Portland, OR, pp. 3–40. 1998.
Pagatheodrou, Y. The price of leanness. Industrial Management 47, 8–14. 2005.
SHAH, R., WARD, P. Lean manufacturing: context, practice bundles, and performance. Journal of Operations
Management 21, 129–149. 2003.
SHINGO, S. O Sistema Toyota de Produção: do ponto de vista da engenharia de produção. Porto Alegre:
Editora Bookman. 1996.
SHOOK, J. Toyota’s Secret: The A3 Report. MIT Sloan Manegement Review. Vol. 50 Nº4. 2009.
SHOOK, John; ROTHER, Mike. Aprendendo a Enxergar – Mapeando Valor e Eliminar o Desperdício. São
Paulo: Lean Institute Brasil. 2003.
SOBEK II, D.K.; SMALLEY,A. Entendendo o pensamento A3 Toyota. Porto Alegre: Bookman. 2010.
TORRES, A.S. Jr. Processo Decisório na Toyota. São Paulo: Lean Institute Brasil. 2010.
WOMACK, J. P.; JONES, D. T. A Mentalidade Enxuta nas Empresas: elimine o desperdício e crie riqueza.
Rio de Janeiro: Editora Campus. 1998.
WOMACK, J.P., JONES, D.T., ROOS, D. The Machine That Changed the World. Harper Collins, New York,
NY. 1992.
13